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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


IRRESISTIBLY YOURS / Lauren Layne
IRRESISTIBLY YOURS / Lauren Layne

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

Biblio VT

 

 

 

 

Cole estava observando a morena durante a maior parte dos três períodos.
O que era simplesmente errado em vários níveis.
Para começar, era raro uma mulher que podia ficar entre Cole Sharpe e o beisebol. Ou entre Cole e qualquer esporte, na verdade.
E no Yankee Stadium em particular, o jogo vinha em primeiro lugar. Especialmente um jogo em que os Yankees estavam tentando estabelecer o domínio precoce sobre o Blue Jays na divisão Leste da Liga Americana.
Os olhos de Cole deveriam estar colados no campo. Não apenas porque os Yankees eram sua equipe - ele era um fã obstinado desde seus dias da Little League - mas porque Cole era um jornalista esportivo. Amanhã de manhã seria esperado que Cole soubesse todos os detalhes do jogo.
E mesmo assim...
Seus olhos moveram-se mais uma vez para a figura magra da morena enquanto ele tomava mais um gole de cerveja.
Havia algo sobre ela que exigia um segundo olhar e, ao mesmo tempo, não havia nada demais sobre ela. Ela era totalmente, completamente, simples.
E essa era a outra razão pela qual o fascínio de Cole pela mulher não fazia sentido.
Cole amava as mulheres quase tanto quanto amava esportes, mas essa mulher?

 


 


Ele gostava de mulheres curvilíneas, mas essa era sem curvas a ponto de ser magra. Não havia nenhuma definição notável de sua cintura através de sua camisa do Jeter. Nenhuma definição feminina de seus quadris.

Além disso, Cole preferia loiras, e o rabo de cavalo bagunçado dessa era apenas alguns tons mais claros do que preto.

Quanto ao seu rosto? Bem, ele ainda não tinha visto. Não totalmente. Mas ela virou a cabeça uma vez no terceiro período, dando a Cole uma rápida olhada no perfil dela. O nariz empinado era fofo, mas o resto dos traços dela não eram tão pronunciados a ponto de explicar por que ele continuava a olhar para ela.

Foi preciso passar a metade do terceiro período para Cole perceber o que o tinha cativado.

Pela primeira vez em sua vida, ele estava vendo uma mulher que estava mais concentrada em um jogo de beisebol do que ele.

Pequena morena, como ele tinha começado a pensar nela, não tinha perdido o interesse no jogo uma única vez. Mesmo entre os períodos, quando o resto do estádio ia pegar mais cerveja e amendoins, ela simplesmente escrevia como louca em um pequeno caderno que deixava no colo.

Era como um relógio. A terceira saída sinalizaria a troca dos jogadores em campo, e a atenção da pequena morena se voltaria para o maldito caderno.

Sua mão esquerda se moveria para girar seu rabo de cavalo em torno de um dedo enquanto sua mão direita apressadamente escrevia...

O quê?

O que ela escrevia naquele caderno? E exatamente porque é que ele queria tanto saber?

Normalmente, Cole simplesmente perguntaria. O assento ao lado da pequena morena estava livre. Todos os outros no camarote estavam lá mais para fazer conexões e pela comida e bebida grátis do que para o jogo. Teria sido tão fácil simplesmente sentar ao lado dela, iniciar uma conversa. Flertar.

Mas por alguma razão, ele estava hesitante.

Cole disse a si mesmo que era porque ele não queria interromper o que quer que fosse que ela estava trabalhando tão diligentemente, mas havia um medo desconhecido também.

O medo da rejeição.

Porque nada sobre essa mulher sinalizava que ela estaria interessada em conversar com ele.

E essa seria a primeira vez.

Mas antes que Cole pudesse decidir se deveria ou não morrer de curiosidade sobre aquele maldito caderno ou arriscar a rejeição da pequena morena, seu melhor amigo e colega de trabalho estava segurando uma cerveja gelada na frente de seu rosto.

— Você parece que precisa disso — disse Lincoln Mathis, bebendo a espuma de sua própria cerveja.

— Como você saberia? — Cole disse. — Você tem conversado com a esposa de Jonas Leroy durante a melhor parte dos quatro períodos.

— Tive que fazer isso, — disse Lincoln com um pequeno dar de ombros. — Ela estava entediada. Seu marido está completamente preocupado com o que quer que esteja acontecendo com aquela bola ali embaixo.

— Como ele deveria estar em um jogo de beisebol. — Cole disse com precisão.

Cole não sabia porque ele se preocupava. Seu amigo já estava de volta ao celular, nem um pouco interessado no jogo.

Lincoln Mathis parecia o tipo de homem que deveria gostar de esportes: alto, atlético, bem musculoso graças as suas sessões de academia matinal. Cabelo preto descuidadamente estilizado e olhos azuis amigáveis que gritavam o cara tão alto quanto eles gritavam mulherengo.

Mas, para o desânimo de Cole, ele nunca havia conseguido que seu amigo investisse mais do que um interesse passageiro em esportes - qualquer esporte. Lincoln sempre gostou de participar de jogos que envolvessem álcool e mulheres, mas pergunte a ele quem ele achava que seria o MVP deste ano, e ele diria Babe Ruth sem o menor traço de ironia.

Ainda assim, esta noite, Cole não poderia exatamente reclamar com Lincoln por não prestar atenção quando ele mesmo estava tendo um péssimo momento tentando manter a atenção na pontuação.

Mais uma vez, seus olhos encontraram a pequena morena, que estava... sim. Escrevendo em seu caderno.

— Ei, Sharpe. Você sabe onde eles guardam um extintor de incêndio por aqui? — Lincoln perguntou, olhando ao redor do luxuoso camarote do Yankee Stadium.

Cole afastou o olhar da mulher e do maldito caderno dela. — Para quê?

— Se você encarar aquela garota com mais força, ela vai explodir em chamas. — Lincoln disse, indicando com o queixo para a pequena morena.

— Eu não estava encarando.

— Não insulte nosso bromance. — Lincoln disse alegremente.

— Continua a falar e não teremos um bromance. — Cole se forçou a não olhar para a mulher novamente.

— Ei, se você tem uma quedinha pela garotinha, você pode me dizer. — Lincoln disse, tomando outro gole de sua cerveja.

— Eu não tenho uma quedinha. E garotinha? Sério? Você é escocês agora?

— Às vezes. As garotas curtem o sotaque. Você deveria experimentar com a sua garota ali.

— Ela não é minha garota. Ela é apenas... — Interessante, Cole terminou silenciosamente.

— Bom, — disse Lincoln, batendo uma mão no ombro dele. — Então você não vai se importar em saber que ela foi embora.

Os olhos de Cole voaram para o assento onde a mulher estava sentada, irritado ao ver que seu amigo estava certo. Ela tinha ido embora.

— É melhor assim. — Lincoln disse. — Nós temos coisas maiores para focar. Diga, como nós vamos aniquilar o bastardo que está atrás do seu trabalho?

— Não é meu trabalho. — Cole disse, cuidadosamente mantendo a nota de amargura fora de sua fala.

— Ainda não. — Lincoln disse. — Mas vai ser. Tirar a competição de fora da jogada é a única razão pela qual eu estou nesse evento bárbaro.

— Me lembre de nunca te levar a um jogo de hóquei. — Cole murmurou.

Ainda assim, ele apreciou a lealdade de seu amigo. E Lincoln estava certo. Esta noite não era sobre pequenas fãs de beisebol e seus malditos cadernos.

Esta noite era sobre o futuro profissional de Cole.

A chave para esse futuro? Revista Oxford.

Oxford era a revista masculina mais vendida do país, onde Lincoln - e a maioria dos outros amigos mais próximos de Cole - trabalhavam.

Mas mais importante, era também onde Cole trabalhava.

Bem, mais ou menos.

Ele iria trabalhar lá. Assim que encontrasse o idiota que estava atrás do emprego dele.

Cole não ia fingir que não tinha uma tendência competitiva. Era um pré-requisito para alguém cujo pão de cada dia vinha do conhecimento das nuances do esporte profissional.

E era raro que Cole sentisse um investimento pessoal numa competição. Mas esta noite? Esta noite, era definitivamente pessoal. Cole era o concorrente.

O prêmio?

O título de Editor Sênior de Esportes na Oxford.

A revista estava finalmente ganhando uma seção de esportes de verdade. Sua amostra de duas páginas sobre futebol que eram espremidas entre críticas de colônia e a maneira correta de usar um clipe de gravata estava sendo expandida para uma seção de esportes com multi páginas e multi tópicos.

Uma seção que precisava de um editor.

Cole era o homem certo para o trabalho. O único homem para o trabalho. Não só ele tinha escrito para Oxford como freelancer por anos, mas o editor-chefe, Alex Cassidy, era um de seus amigos mais próximos.

Quando Cassidy chegou a Cole e explicou que queria fazer de Oxford uma candidata séria como concorrente para os leitores da Sports Illustrated, Cole tinha certeza de que Cassidy estava oferecendo-lhe o emprego.

Inferno, Cassidy vinha lhe implorando a meses para se juntar à equipe, e Cole estava finalmente pronto para um salário fixo.

Pronto para pertencer a alguma coisa.

Porque, embora Cole não estivesse exatamente ansiando para comprar uma casa nos subúrbios e se estabelecer com uma garota legal, não se tratava apenas de Cole.

Era sobre Bobby, e o fato de que o cuidado de Bobby estava ficando cada vez mais caro. Seu irmão precisava de mais do que os cheques de freelance ocasionais de Cole podiam oferecer.

Cole não estava apenas pronto para esse trabalho. Ele precisava dele.

E foi quando Alex Cassidy largou a bomba.

O trabalho não era do Cole.

Então, adeus ao Cole descontraído. Olá, Cole Gladiador.

Porque, sério, que porra é essa?

Cole não se importou que eles tivessem que postar a vaga publicamente. Ele entendeu que havia caixas de RH que tinham que ser checadas. Mas nunca pensou que haveria competição. Não só porque os caras de Oxford eram praticamente sua família, mas porque Cole era o melhor jornalista esportivo da cidade.

Sua candidatura deveria ter sido uma formalidade. O pedido para que ele atualizasse seu currículo e apresentasse um portfólio deveria ter sido apenas uma questão de documentação.

O cargo era dele, caramba. Cole era a seção de esportes de Oxford.

Só que ele não era. Ainda não.

Cassidy ligou ontem para informar que ele era um finalista. Um maldito finalista.

Irritando ainda mais Cole, Cassidy não disse a ele quem era seu competidor. Cole tinha nomeado todos os jornalistas esportivos da cidade, mas Cassidy não iria nem mesmo grunhido de confirmação.

Maldito Cassidy e seu profissionalismo inabalável.

Mas seu amigo não havia deixado completamente em apuros.

Cassidy tinha mencionado a Lincoln que o outro candidato tinha sido convidado ao camarote reservado pelo Grupo da Hospitalidade de Berkin para o jogo de hoje à noite dos Yankees.

Lincoln tinha, naturalmente, dito a Cole.

Por isso eles estão aqui, tentando descobrir quem era competidor.

Era a única razão para que Cole fosse encontrado no camarote luxuoso. Ele odiava camarotes de luxo.

Isso não era o que o beisebol - ou qualquer jogo - era. O beisebol era sobre os amendoins, as multidões barulhentas, a cerveja acima do preço. Era sobre o som de uma bola rápida chocando-se contra a luva do receptor, a fissura satisfatória de um taco quando um batedor novato conseguisse realmente um bom lançamento.

Para Cole, ver beisebol era sobre sentar com seu irmão nas arquibancadas, ver o rosto de Bobby ficar positivamente extasiado toda vez que faziam a onda, e o jeito que seu irmão nunca se cansou da sétima entrada.

Isso era beisebol.

E Cole queria nada mais do que ser uma parte anônima na multidão, de preferência na terceira linha de base, vendo os Yankees esperançosamente atropelarem os Blue Jays.

Em vez disso, ele estava preso aqui com um bando de tolos que não reconheceriam uma bola a meia altura nem se ela os atingisse na bunda.

Colocando sal na ferida, foi tudo por nada. Não havia nenhum sinal de sua concorrência. Cole conhecia todos os jornalistas esportivos decentes da cidade, e nenhum deles estava ali esta noite.

Era possível, ele supôs, que Cassidy estivesse considerando algum desportista de fora da cidade para a posição, mas uma rápida varredura da sala mostrou apenas rostos familiares, todos grandes corporativistas.

— Vamos sair daqui. — Cole disse a Lincoln, terminando com o resto de sua cerveja em três goles.

— Você não quer esperar pelo Cassidy?

— Nah, eu falo com ele amanhã.

Antes de Cole se virar para sair, ele não conseguiu resistir a um último olhar na direção onde sua pequena morena estava sentada.

Ele parou quando viu que ela tinha voltado e, incrivelmente, a mulher tinha se tornado mais atraente.

Seu rosto estava ligeiramente virado para o lado, seu caderno estava agora aberto no assento à direita ao invés de no seu colo, e ela escrevia furiosamente com a mão direita, enquanto sua mão esquerda segurava...

Um cachorro-quente.

Acalme-se, coração.

Aparentemente, senhorita Vidrada-no-Jogo tinha conseguido se afastar tempo suficiente para conseguir um bom cachorro-quente à moda antiga. Só mostarda, pelo que parece. Pessoalmente, Cole teria adicionado um pouco de ketchup, mas ainda assim... uma mulher que comia um cachorro-quente tão descaradamente?

Ele tem que falar com essa mulher, o risco de rejeição que se ferrasse.

Cole estava ao lado dela antes mesmo de se comprometer totalmente com a decisão de se mover, ignorando o riso de Lincoln atrás dele.

De perto, ela era ainda menor do que ele esperava. Ombros estreitos, sem peitos para que se tecesse um comentário, braços pequenos e magros.

Ele ainda não tinha visto seu rosto completamente, graças ao boné que ela usava, e de repente ele não tinha certeza do que ele estava mais desesperado para ver, seu rosto ou seu caderno de anotações.

Ele limpou a garganta. — Ei.

Não exatamente sua melhor apresentação, mas foi o suficiente para chamar a atenção dela.

A caneta da pequena morena parou de rabiscar furiosamente, e a mandíbula dela pausou na mastigação constante do cachorro-quente.

Lentamente o rosto dela se levantou para o dele e Cole teve a mais estranha sensação de perder o fôlego enquanto ele esperava para finalmente encontrar os olhos dessa mulher.

E, uau. Que incrível par de olhos que eles eram.

Se o resto dela era pequeno, os olhos dela eram enormes em comparação. Enormes, castanho-escuros e amigáveis.

Maldição, ela era fofa.

Não era gostosa. Não era linda. Mas ela tinha algo do tipo de charme de garota-comum, quer-tomar-uma-cerveja?

Ela também não era o tipo do Cole. Nem um pouco. Ele gostava de loiras, com belas pernas e sedutoras.

Mesmo assim, aquele maldito caderno...

— Cole Sharpe. — Disse ele, erguendo uma mão.

Os olhos dela se abriram um pouco mais, e por um segundo ele pensou que talvez ela tivesse reconhecido o nome dele, mas então ela sorriu e foi apenas pura curiosidade amigável.

— Oi! — A voz dela combinava com a do resto dela. Feminina e inocente.

Cole se viu estranhamente encantado. Ela era tão... diferente.

— Posso? — Ele perguntou, gesticulando com o queixo dele em direção ao assento ao lado dela.

— Claro que sim!

Cole tentou pegar seu caderno sob o pretexto de abrir espaço para si mesmo, mas ela puxou-o para o colo antes que ele pudesse tocá-lo.

Merda.

Ele sentou e se permitiu satisfazer totalmente sua curiosidade, aproveitando que agora ele podia vê-la cara a cara.

O boné dos Yankees ainda protegia a parte de cima do rosto dela, mas ele podia ver claramente um queixo pontiagudo, nariz pequeno, e aqueles grandes e lindos olhos castanhos. Até onde ele podia dizer, ela não estava usando uma grama de maquiagem, o que permitiu que uma leve camada de sardas se mostrassem fortes e orgulhosas sobre o nariz e o topo de suas bochechas.

Fofa. Definitivamente fofa.

E, rapidamente, ela voltou a focar no jogo.

Os olhos de Cole se estreitaram um pouco quando ele percebeu que tinha sido o único a encarar. A atenção dela tinha voltado para o campo, quase antes dele se sentar.

O que era essa merda?

A falta de apreciação feminina era incomum o suficiente - e desconfortável o suficiente - para deixá-lo levemente irritado. Então, ao invés de fazer a coisa decente e deixá-la ver a entrada dos Yankees recuperando o lugar no campo, ele falou com ela.

Para ela, na verdade. Ela ainda não estava olhando para ele. Nem mesmo para dar uma olhada nele.

— Primeiro jogo? — Ele perguntou.

Olhos castanhos piscaram para ele, levemente. — O quê?

— Primeiro jogo de beisebol?

Isso chamou a atenção dela. Pela primeira vez, ela pareceu realmente olhar para ele. Os olhos dela se passaram lentamente sobre ele, antes de retornar aos dele, o tom dela apenas um pouco irritado. — Não. Não é o meu primeiro jogo.

— Ah, — ele disse, já mentalmente recuando. — Má suposição a minha. É que você estava tão interessada no jogo...

— Então você pensou que eu devia estar tentando entender como é que tudo funcionava? — Perguntou ela. — Que eu devo estar tentando entender por que algumas partes do campo são verdes e outras são marrons, e o que esses quadrados brancos na terra são, e por que - ah - por que esses homens estão correndo para os quadrados brancos, mas só às vezes...

— Tudo bem, — Cole disse com uma gargalhada. — Eu sou um idiota. Você sabe sobre beisebol.

O sorriso dela foi rápido e fácil, e ele ficou aliviado ao ver que ela não era um daqueles tipos vou-te-odiar-para-sempre. — Eu sei sobre beisebol.

É isso que está no seu caderno? Coisas sobre beisebol?

Ela deu uma mordida enorme no cachorro-quente, completamente sem vergonha das bochechas estufadas, e Cole escondeu um sorriso, fingindo que, ao invés disso, estava fixado no jogo.

Inferno. Quando é que ele teve que fingir estar fixado nos Yankees?

— Você estava parcialmente certo. — Ela admitiu, depois de engolir o cachorro-quente.

Ele olhou para ela. — Ah é?

Ela sorriu. — Esse é meu primeiro jogo dos Yankees.

— Eu sabia, — ele disse, sorrindo para ela. — Eu sabia que havia algo virgem em você. Mas me diga, porque uma fã de beisebol como você nunca veio ao Yankee Stadium até agora?

— Bem... — Ela lambeu um pouco de mostarda do dedo, mas não da maneira lenta e deliberada que a maioria das mulheres que ele conhecia teria feito. — É muito longe de Chicago...

Cole retirou os olhos da cena de como os lábios dela se fecharam em volta do polegar, sugando a mostarda. — Você é de Chicago?

— De lá, sim. — Ela disse. — Mas vamos apenas dizer que daqui duas semanas, eu vou passar muito mais tempo aqui do que em Wrigley.

— Ah. Você é nova em Nova York.

— Completamente.

— O que acha daqui?

Ela hesitou. — É... intenso.

— O que você quer dizer é... nós, os nova-iorquinos, somos assustadores como o inferno?

Ela sorriu. — Bem, não são tão hostis quanto tinham me alertado, mas sim. Nós de Chicago somos um pouco mais amigáveis do que vocês, nova-iorquinos.

— Eu sou amigável. — Ele contra-atacou.

A pequena morena riu. — Não. Você é incrivelmente charmoso. E um bocadinho bonito.

Ele deu a ela seu melhor olhar sedutor. — Eu sou?

Ela sorriu. — Você sabe que é.

Os olhares deles se prenderam por um momento, e Cole ficou assustado ao perceber que aquela era a vez que ele mais se sentiu relaxado - o mais ele mesmo - perto de uma mulher em... inferno... ele não sabia quanto tempo.

Na maioria das vezes ele estava acostumado a lançar um par de frases engraçadas, alguns sorrisos lentos, e ver as mulheres usando de seus próprios movimentos.

Não houve jogos com esta mulher. Ela simplesmente era ela.

Cole percebeu que ele nem sabia o nome dela.

— Então me diga, como fã de beisebol de Chicago, você torce para o Cubs ou White Sox, senhorita...

— Pope. — Ela disse. — Penelope Pope. E ambos.

O subconsciente de Cole reconheceu que Penelope Pope era exatamente o nome que deveria ser dessa mulher. Alegre e aliterativo. Sua consciência, no entanto, se apegou a outro fato. — Ambos?

Não era uma resposta típica. A maioria das pessoas tinham um time de beisebol, mesmo que você fosse de uma cidade com dois times, como Penelope.

Ela deu de ombros. — O beisebol não é sobre quem ganha. Nem sequer se trata de quem está jogando. É sobre o jogo. O fluxo consistente dele, a batida da bola contra a luva quando você tem a sorte de estar sentado ao longo de uma das linhas de base, em vez de ficar preso aqui nesta caixa abafada...

Ele a encarou. As palavras se assemelhavam tanto aos pensamentos dele, de apenas alguns momentos atrás que ele quis beijá-la.

Ela poderia ser a mulher dos seus sonhos.

— Isso explica o cachorro-quente. — Ele disse.

— O quê?

Ele acenou com a cabeça para a última mordida de cachorro-quente, ignorada na mão esquerda dela. — O cachorro-quente. Você está em um camarote de luxo no Yankee Stadium com um buffet inteiro de comida gourmet, e ainda assim você foi e pegou o cachorro-quente mais simples que você pôde encontrar.

Ela sorriu. — Culpada.

Cole virou seu corpo na direção dela agora. — Diga-me, Penelope Pope, o que traz uma fã dos Cubs e White Sox até Nova York, onde você vai enfrentar um novo dilema de escolher entre os Yankees e os Mets...

A pequena morena nunca chegou a responder.

A sombra de alguém que se aproximava atrás de seus assentos fez com que ambos se virassem. Era Alex Cassidy, editor-chefe de Oxford, olhando para eles com uma expressão meio-surpreso e meio-preocupado.

— Cassidy. — Disse Cole. Ele levantou uma sobrancelha e silenciosamente adicionou, que legal de você aparecer.

— Desculpe o atraso. — Cassidy disse, sem soar nada arrependido. — Eu acabei ficando preso.

Automaticamente, os olhos de Cole varreram o camarote de luxo até que ele encontrou a mulher bonita que ele sabia que provavelmente estaria em algum lugar por ali...

Sim, lá estava ela.

Emma Sinclair, a noiva de Cassidy, com quem ele havia se reconciliado recentemente, estava limpando sorrateiramente a mancha de batom do canto da boca.

Seus olhos voltaram-se para seu chefe, desta vez olhando mais de perto...

— Terceiro botão, cara. — Cole disse cansado.

O sempre polido Cassidy olhou para baixo e, sem nenhum acanhamento, ajeitou os botões desalinhados de sua camisa.

Cole deveria saber. Uma Emma Sinclair nua era a única coisa que poderia tirar Alex Cassidy de seu rígido horário.

Mas a vida sexual de Emma e Cassidy foi onde a parte previsível da noite terminou, porque Cole não estava nem um pouco preparado quando Cassidy estendeu a mão para a pequena morena, um sorriso educado em seu rosto geralmente impassível.

— Alex Cassidy. Desculpe o atraso, Senhorita Pope.

Cole olhou entre os dois. Eles se conheciam?

— Sem problemas. — Disse ela, dando um sorriso amigável para Cassidy. Era exatamente o mesmo sorriso amigável que ela tinha dado a Cole, e isso fez com que Cole quisesse esmurrar seu amigo na boca.

— É ótimo ver vocês dois estão se dando bem. — Disse Cassidy com uma olhada estranha para Cole.

Ele estreitou os olhos para o chefe, não tinha certeza do que estava perdendo, mas tinha certeza de que estava perdendo alguma coisa.

Cassidy respondeu à pergunta silenciosa de Cole com seu sorriso habitual de empresário profissional. — Cole, essa é Penelope Pope.

— Nós nos conhecemos. — Cole disse lentamente.

— Excelente. Então você sabe que Penelope é nossa candidata ao cargo de editora de esportes em Oxford?

Muito lentamente, Cole virou-se para a pequena morena. Encontrou seu sorriso amigável e o relance de “me desculpa, só que não” nos olhos dela.

Essa era a competição dele. Essa era a pessoa que estava entre Cole e o trabalho que ele queria tão desesperadamente.

— Suponho que eu deveria ter sido mais minuciosa quando me apresentei, — ela disse docemente. — Penelope Pope. Editora de esportes.

Lado positivo? Pelo menos agora Cole sabia o que estava em seu maldito caderno.

O lado negativo? Todo o resto.


Capítulo 2

Não é que Penelope nunca usasse salto altos.

Ela usava. Às vezes.

Digamos, como... no casamento da melhor amiga, ou no funeral da avó. Ah, e teve aquele encontro com o banqueiro de investimentos numa das principais churrascarias de Chicago.

E... bem, ok, essas eram as três últimas ocorrências das quais ela se lembrava.

O problema: nenhum desses eventos ocorreram no ano passado.

O maior problema? A falta de prática de andar com salto agulha tinha causado apenas um pequeno tropeço, que por sua vez tinha causado uma mancha de café, não tão pequena, em toda a sua blusa branca.

O maior problema de todos?

A única razão pela qual ela estava usando uma blusa branca e os malditos saltos altos em primeiro lugar era porque ela precisava estar na maior entrevista de sua carreira em...

Penelope olhou para seu relógio.

Trinta minutos.

Trinta minutos até que ela tivesse que convencer o editor-chefe da revista Oxford que ela era a melhor candidata possível para assumir a nova seção de esportes.

Trinta minutos para descobrir como superar Cole Sharpe em seu território, tudo isso com uma grande mancha de café nos seus peitos.

Normalmente, meia hora teria sido suficiente para uma entrevista, mas certamente não era tempo suficiente para voltar para casa e trocar de roupa. E sendo ela que tinha chegado na cidade de Nova York a um total de duas semanas, ela não tinha um único amigo que pudesse chamar para ajudá-la.

— Merda. Merda, merda, merda, merda, merda. — Penelope sussurrou para si mesma, olhando ao redor do enorme e extravagante lobby do prédio que abrigava a revista Oxford.

Não ajudava que o lugar parecesse um palácio, pelo menos, para alguém que passou os últimos dois anos trabalhando em seu minúsculo escritório em casa, em uma mesa instável sobre piso de madeira batida.

Penelope, de repente, percebeu que ela não pertencia a aquele lugar. Ela não se encaixava com as mulheres glamorosas atravessando o lugar em stilettos muito mais altos do que os dela, sem dar nenhum tropeço.

Penelope teimosamente empurrou o pensamento para fora de sua cabeça enquanto limpava a mancha.

E daí que o edifício de escritórios de Manhattan era apenas um pouco mais glamoroso do que seu apartamento no Wicker Park. E daí que ela tivesse derramado café na camisa. E daí que ela teria vendido uma pequena parte de sua alma por um par de tênis.

Nada disso era importante.

O que era importante era que Penelope era uma grande jornalista esportiva. O que era importante era que ela poderia convencer Alex Cassidy disso, independentemente da grande mancha em sua camisa.

O que era importante era que...

Ah, que se dane.

Penelope não podia de forma alguma entrar na entrevista mais importante de sua vida com uma mancha marrom gigante entre seus peitos.

Ela olhou para cima novamente, os olhos dela presos no discreto letreiro da que indicava “BANHEIRO FEMININO” no lado mais distante do lobby. Ela não sabia o que faria quando chegasse lá, mas talvez alguém tivesse um lenço umedecido. Ou doze.

Penelope começou a andar - ok, oscilar - naquela direção quando ouviu o nome dela.

— Penelope?

Ela congelou. A voz masculina era familiar. Ela se virou devagar.

Lá, olhando para ela com uma expressão perplexa, estava um Cole Sharpe muito lindo, muito bem vestido, muito sem mancha de café.

Querido Deus. Você está brincando comigo?

— Oi Cole! — Penelope manteve sua voz alegre, apesar de ele ser possivelmente a última pessoa na terra que ela queria ver agora.

Por que, de todas as pessoas para testemunhar seu desastre com o café, tinha que ser o mesmo homem que estava entre Penelope e seu emprego dos sonhos?

— Bom dia. — ele respondeu, mantendo o tom agradável.

Seus olhos caíram na mancha de café, mas ela teve que dar crédito ao homem, porque ele voltou o olhar para o rosto dela quase imediatamente. É claro, isso poderia ter sido devido ao fato de que seu peito tamanho P, plano como uma prancha, não valer a pena um olhar prolongado.

Ainda assim, ela apreciou que ele conseguiu segurar um sorriso, mesmo que ele provavelmente estivesse mentalmente erguendo o punho em vitória graças a sua infeliz falta de jeito.

— É bom te ver de novo — ela disse, deslocando o peso desajeitadamente de um pé para o outro.

— Está aqui para a sua entrevista? — Cole perguntou.

— É daqui alguns minutos — ela respondeu. — E você? Apenas dando uma volta?


— A minha é só às duas.

Penelope olhou para o relógio dela. Eram dez para as onze. — Uau, isso traz um novo significado para aparecer cedo.

Cole olhou para o lado por breves segundos. — Na verdade...

— Ah, — disse ela. — Você não está aqui apenas para a entrevista, está? Esse é o seu lugar. Esse é o seu pessoal.

— Eu venho em alguns dias por semana. Como freelancer.

Não havia nenhuma arrogância na voz dele, o que ela apreciava, mas havia uma luz guerreira feroz nos seus olhos mesmo assim. Penelope se intimidou, só um pouco.

O subtexto de sua declaração estava alto e claro: “Você está no meu território, querida”.

O que ela não daria para ele voltar a ser o homem encantador com quem tinha conversado no jogo de beisebol. Antes que ele soubesse que ela era sua competidora.

Não é que ele tivesse se tornado hostil ao saber que ela era sua principal adversária. Depois que Alex Cassidy os apresentou ontem à noite, Cole ficou por ali tempo o suficiente para ser educado, fazendo conversa fiada.

Mas o Cole ousado - ousaria dizer provocante - tinha desaparecido.

Ela não o culpava. Se ele queria esse trabalho tanto quanto ela, tinha todos os motivos para pensar nela como inimiga.

O que era uma pena. Ela gostou dele. Não só porque ele era bonito de se olhar, mas meu Deus, ele era bonito de se olhar. E exatamente o tipo dela. Ele tinha o tipo atlético de um jogador. Cabelo loiro cor de areia longo o suficiente para passar as mãos nele. Olhos castanhos escuros que prometiam um momento bom.

E aquele sorriso.... O sorriso de Cole Sharpe era uma coisa infernal, lento e sexy, e ela tinha certeza que tinha feito mais de uma mulher perder qualquer habilidade de pensar em outra coisa que não fosse imaginá-lo nu.

Mas por outro lado, ele também parecia ser o tipo de cara com quem ela gostaria de tomar uma cerveja. Alguém com quem pudesse falar sobre compras e contar piadas.

Cole Sharpe estava além do seu alcance - muito além do seu alcance - no sentido de relacionamento, mas e como amigo? Instintivamente disse que ele seria um bom amigo se não continuasse a olhando como se fosse alguém que estava entre ele e um grande prêmio.

O que, é claro, ela estava.

Assim como ele estava no caminho dela.

Foi uma sensação desconfortável. Apesar do seu amor por todas as coisas esportivas, ela própria não era muito competitiva. Não que ela fosse mole, ela só não gostava de ganhar apenas por ganhar.

Mas ela queria ganhar esta posição em Oxford.

Não, precisava ganhá-la, não só para o novo começo que isso representava, mas para lembrá-la de que havia coisas mais importantes para se ganhar do que o coração inconstante de Evan Barstow.

O pensamento de Evan causou uma pontada, como sempre faz, e Penelope endireitou seus ombros, a mancha de café que se dane.

— Boa sorte com sua entrevista, Sr. Sharpe — disse ela, dando-lhe um sorriso amigável apesar de seus pensamentos hostis.

Ele acenou com a cabeça. — Você também.

Ela retribuiu o gesto, esperando parecer mais sofisticada do que sentia. — Agora se você me dá licença, eu preciso ir ao banheiro feminino. Eu tive um... — Ela gesticulou com a mão na direção do peito. — Problema com a minha roupa.

Os olhos dele desceram de novo, mas ele apenas acenou.

Penelope virou as costas, desejando que ela fosse coordenada o suficiente em stilettos para girar sensualmente em seus calcanhares.

Ao invés disso ela se moveu devagar, mantendo a cabeça erguida mesmo quando as lágrimas pinicavam no canto dos olhos. Isso não era como este dia supostamente deveria ser. Ela devia parecer elegante e confiante, e...

— Ei, Penelope.

Ela parou, encolhendo-se quando percebeu que ele a tinha seguido.

— Sim? — Ela se virou.

De pé a alguns metros de distância, Cole subiu a alça da bolsa do laptop dele mais alto no ombro. Os olhos dele desceram até a mancha, então voltaram para os olhos dela, parecendo absorver as suas bochechas vermelhas e o fato de que o queixo dela estava muito perto de tremer.

Então ele praguejou baixo e passou uma mão pelo cabelo. — Vamos.

Ela piscou. — Perdão?

Ele inclinou o queixo na direção da recepção. — Venha comigo.

Ela estava muito confusa para fazer qualquer outra coisa além de segui-lo, embora continuou a mover-se lentamente, o café mantido cuidadosamente na frente dela para evitar mais um passo em falso.

Ele olhou por cima do ombro e viu que ela não estava acompanhando o ritmo dele. Ele parou, marchou em sua direção e, sem avisar, tirou o café da mão dela.

— Ei...

— Acelera, Pequena — disse ele.

— Eu nem sei para onde vamos.

Ele não respondeu quando se aproximou dos seguranças, dizendo algo a eles antes de se virar e estalar os dedos para ela. — Identificação com foto.

Penelope entregou, observando como os homens musculosos atrás da mesa colocavam algo no computador.

Um minuto depois, Cole entregou-lhe de volta a sua identificação e um crachá temporário antes de colocar a mão nas costas dela e guiá-la não muito gentilmente através da catraca em direção ao enorme elevador do lobby.

— Cole, eu não posso encontrar o Cassidy assim, — ela disse quando eles entraram no elevador. — Eu preciso ir no banheiro feminino, ver se eu consigo tirar um pouco dessa mancha de café.

Ele deu um soco no botão do décimo segundo andar e olhou para ela. — Pequena, nenhuma limpeza vai remover latte de baunilha de uma camisa branca.

— Como você sabe que é um latte de baunilha?

Ele gesticulou em direção ao copo que ainda estava segurando, onde o pedido da bebida dela estava claramente marcado ao lado. Então ele tomou um gole.

— Ei! — Ela estendeu a mão para pegar o café de volta, mas ele a rebateu para o lado assim que as portas do elevador se abriram para o piso.

— Depois de você. — Ele fez um gesto amplo, e Penelope o precedeu relutantemente para fora do elevador e...

— Onde estamos? — Ela respirou, paralisada.

Ele parou ao lado dela com um pequeno sorriso. — Bem-vinda a Stiletto, Pequena.

Stiletto.

A maior revista feminina do país e irmã de publicação da Oxford.

Penelope não era muito por dentro de coisas de garotas, mas até ela tinha passado muitas tardes ensolaradas com as páginas brilhantes de Stiletto, aprendendo sobre o batom coral certo para o seu tom de pele ou folheando o "Guia da Boa Menina para Ser Má".

— Todas parecem tão felizes — ela disse, mais para si mesma do que para Cole.

— Talvez você devesse considerar trabalhar aqui, então — ele disse, sua voz rabugenta quando ele colocou uma mão nas costas dela e a empurrou pelo corredor para onde quer que a estivesse levando.

— Bem, talvez eu fizesse isso se eles tivessem uma seção de esportes — ela respondeu.

— Provavelmente não vai acontecer. A não ser que você conte Pilates como esporte. Eu sei porque eu tentei. Ok, aqui estamos nós.

Cole parou na frente de uma porta fechada no perímetro externo do andar e bateu duas vezes antes de abri-la.

— O que você está...?

Penelope calou-se quando a porta se abriu e Cole deu um passo paro o lado. — Pequena, conheça as abelhas rainhas da Stiletto.

Quatro das mulheres mais lindas que Penelope já tinha visto olharam para ela.

— Cole, que criatura maravilhosa você nos trouxe? — Perguntou uma mulher linda, alta e de cabelo preto que estava no canto. A linda aparência da mulher ficou um pouco menos intimidante pelo fato de que a boca dela estava cheia de donut. Ela lambeu açúcar em pó do polegar e deu a Penelope um sorriso amigável.


— Penelope? — Era Emma Sinclair. Graças a Deus. Um rosto familiar.

Penelope conheceu Emma - a namorada de Alex Cassidy - no jogo dos Yankees na noite anterior, e a mulher não poderia ter sido mais simpática. Ou mais bonita. Magra com longos cabelos castanhos, olhos castanhos quentes e maçãs do rosto altas e salientadas, era fácil ver porque Cassidy tinha se apaixonado por ela.

— Garotas, essa é Penelope Pope — disse Emma às outras mulheres.

— Ah sim, a queridinha de Chicago que está dando ao nosso Cole uma corrida pelo seu dinheiro no Departamento de Esportes — disse uma mulher loira. Ela balançou o dedo mindinho para Cole, que piscou de volta.

Havia uma familiaridade fácil lá que deu a Penelope uma facada estranha em algo próximo a inveja.

A loira bonita ficou de pé e estendeu a mão para Penelope. — Eu sou Julie Greene. Essa fera enfiando outro donut na boca e não ganhando um quilo, é Riley McKenna, a engomadinha do suéter é Grace Malone, e é claro que você já conhece Emma. Nós somos as colunistas de Relacionamentos para a Stiletto.

— Hum, olá — Penelope deu um pequeno aceno ridículo.

Houve um momento estranho de silêncio, e então Cole deu um passo à frente.

— A Penelope aqui tem uma entrevista com Cassidy em quinze minutos.

— Ahhhhhhh, — todas as quatro mulheres disseram ao mesmo tempo.

— Não diga mais nada — disse a linda morena chamada Grace, chegando para frente para puxar Penelope para dentro.

— Vamos continuar a partir daqui, Cole, querido. — Julie disse, levando Cole para o lado de fora da porta. — Foi muito gentil da sua parte trazê-la até nós.

Foi? Penelope se perguntou. Ela ainda não sabia o que estava acontecendo.

E então a porta foi fechada na cara de Cole, e as quatro mulheres a cercaram.

Riley caminhou até ela - alta o suficiente que se sobrepôs facilmente sobre os 1,55 de Penelope, mesmo com seu enorme salto alto - e, sem vergonha alguma, curvou-se e fungou na direção das mamas de Penelope.

— Oh, pelo amor de Deus, Ri — Emma murmurou.

Riley se ergueu. — Baunilha latte.

— Impressionante. — Penelope disse.

Riley bateu no nariz e piscou. — Esse bebê pode identificar qualquer coisa.

— Bem, qualquer coisa comestível. — Emma completou. — O que vocês acham, garotas? Vamos lá no pessoal de Estilo? Ver se elas têm algo que sirva em Penelope?

O entendimento recaiu sobre Penelope.

Estas mulheres iam ajudá-la a superar o desastre com café. Quatro perfeitas estranhas - bem, três estranhas e Emma - a ajudariam sem outra razão que não fosse ser gentis.

— Ultimamente, tem sido difícil escolher coisa lá em Estilo, — disse Grace, circulando por Penelope e batendo no lábio, — muita porcaria de passarela. Nada de apropriado para uma entrevista.

— Ela pode trocar de camisa comigo. — Riley disse, as mãos dela já indo para a bainha da blusa de leopardo com decote V.

Julie bufou. — Você e seus peitos grandes não têm lugar aqui, Ri. Eu vou trocar com ela.

Sem avisar, Julie puxou sua blusa de gola alta preta sobre sua cabeça e a estendeu para Penelope.

Penelope piscou os olhos. — Eu não posso pegar sua camisa.

Julie a sacudiu. — Claro que você pode.

— O que você vai usar?

— Sua monstruosidade manchada, é claro.

Penelope balançou a cabeça. — Eu não posso deixar você fazer isso.

— Não é o dia todo, — Julie disse numa voz suave — eu só preciso usar até o outro lado da cidade para a Bloomingdale's. Certo, garotas?

— Podemos parar e comer um burrito? — Riley não perguntou a ninguém em particular.

Cole bateu do outro lado da porta. — Doze minutos, Pequena.

— Pequena. Você e Cole estão na fase de apelidos, hmm? — Grace disse com as sobrancelhas levantadas.

Penelope ignorou isso, respirou fundo, e desabotoou os botões da camisa manchada. Assim que ela a tirou dos ombros, Julie a pegou e a vestiu.

Penelope apressadamente puxou a camisa de Julie sobre sua cabeça, antes de assistir de forma culpada enquanto Julie abotoava o desastre de Penelope, a frente esticando um pouco por causa seios maiores de Julie, tornando a mancha de café ainda mais perceptível.

Penelope gemeu. — Você não pode usar isso.

Julie olhou para baixo e deu de ombros. — Que melhor maneira de chamar a atenção para as gêmeas?

Grace estendeu a mão e endireitou a gola alta sobre os ombros de Penelope. — Um pouco grande, mas os caras não percebem essas coisas.

— Muito obrigada — disse Penelope, olhando para as quatro mulheres. — Eu realmente não... nem sei o que dizer. Se houver alguma coisa que eu possa fazer para recompensar...

— Na verdade, tem — disse Julie com um olhar pensativo no rosto.

— Qualquer coisa.

Julie deu a Penelope um olhar um pouco presunçoso e cruzou os braços sobre o peito. — Que tal você nos dizer por que Cole Sharpe está ajudando uma mulher que está diretamente no caminho do emprego dos sonhos dele?

Penelope congelou enquanto a pergunta de Julie pairava.

Cole Sharpe poderia ter ido embora no lobby. Poderia ter deixado ela aparecer com uma grande mancha molhada em sua camisa após uma tentativa malsucedida de removê-la.

Ele poderia ter feito ela ficar desequilibrada e envergonhada para sua entrevista.

Em vez disso, ele a ajudou. Ele tinha ido além, na verdade.

Penelope só podia balançar a cabeça para as mulheres curiosas. — Honestamente? Eu não faço a mínima idéia.


Capítulo 3

Quase duas horas depois de ter mostrado a Penelope Pope os escritórios da Oxford para sua entrevista com Cassidy, Cole ainda não tinha descoberto o que diabos ele estava pensando.

Ele tinha tido a oportunidade perfeita de ter uma vantagem sobre Penelope Pope no processo de entrevista, e em vez disso ele tinha sido a maldita fada madrinha, levando-a para o baile.

Ou para o escritório das meninas Stiletto. A mesma coisa.

Era só que...

Ela pareceu tão pequena. E quando ela piscou para ele com enormes olhos castanhos tentando desesperadamente conter lágrimas...

Ah, inferno. Foi um caso perdido.

Mesmo assim, isso não significava que ele não estava morrendo de vontade de saber se ela tinha estragado a entrevista. E ele conhecia a pessoa certa para falar sobre o assunto.

Joanna Barry era recepcionista principal da Oxford, e a mão direita de Alex Cassidy. Se alguém sabia o que Cassidy tinha pensado da Pequena Pope, era Jo.

Ou pelo menos, Cole com certeza esperava que sim, porque ele tinha esperado na fila do Starbucks por vinte e cinco minutos para conseguir seu suborno.

— Olá, doçura. Eu te trouxe uma coisa... ah. É você.

A cadeira da recepção da Oxford girou. Cole estava esperando Joanna, mas teve uma visão mais masculina.

Lincoln Mathis.

— Isso é para mim? — Perguntou o homem de cabelos pretos, jogando para o lado a revista que estava lendo e esticando uma mão ansiosa por um dos copos na mão de Cole.

— É para a Jo. — Cole disse, olhando ao redor do escritório e esperando que a recepcionista estivesse por perto.

— Voltou para casa, estava doente. — Lincoln disse. Ele estalou os dedos com expectativa para o café.

Cole hesitou por cerca de meio segundo antes de ceder e entregar o café, com cuidado para esconder seu sorriso. Ele tomou um gole de seu próprio café, mantendo uma expressão inocente em seu rosto enquanto Lincoln tomava uma bebida do café destinado a Joanna.

Apenas aguarde...

Lincoln cuspiu. — Filho da... O que é isto, alcatrão?

— Isso, meu amigo, é um Americano — disse Cole.

— Um Ameri... O quê? Tem gosto de sujeira.

— Eu pensei que você tinha dito que tinha gosto de alcatrão.

— Me dê o seu — disse Lincoln, erguendo uma mão.

Cole tirou o copo de alcance. — Vá pegar seu próprio café. E além disso, você não iria gostar. É um cappuccino sem açúcar. Não tem amêndoas ou granulados o suficiente, ou o que quer que você coloque.

Lincoln Mathis parecia do tipo que gostava de seu café puro. Mas ele tinha um pequeno segredo sujo: um sério problema com doces.

—Tem que ser melhor do que aquilo. — Lincoln resmungou.

Cole deu de ombros. — Jo gosta de coisas quentes e fortes.

— Ah, é? — Uma sobrancelha escura se ergueu.

— É por isso que ela me chamou para sair. — Cole disse, sorrindo maldosamente.

— Ela não fez isso.

— Só porque Cassidy está rígido sobre funcionários namorando outros funcionários.

— Mas você não é um funcionário. — Lincoln apontou, inclinando-se para trás na cadeira.

— Obrigado pelo lembrete — disse Cole.

As palavras de Lincoln fizeram com que a realidade se desmoronasse quando Cole lembrou por que ele estava aqui.

Uma maldita entrevista.

Uma olhada em seu relógio indicou que ele ainda tinha quase uma hora até que pudesse acabar com a formalidade. Ele olhou para Lincoln, que tinha retomado a folhear uma revista.

— Cara, você está lendo a Stiletto? — Cole perguntou, notando a inconfundível capa da revista feminina.

Olhos azuis apareceram por cima da revista. — Diga-me que você não a pega de vez em quando para as dicas de sexo.

— Não preciso delas. Ei, já que você está sentado aqui, aparentemente sem fazer absolutamente nenhum trabalho, você viu...

O telefone tocou e o Lincoln ergueu um dedo. — Espere, por favor, eu tenho que atender isso.

— Sério?

Lincoln enfiou o telefone debaixo do queixo dele enquanto puxava uma caneta e papel em sua direção. — Revista Oxford, Lincoln falando, como posso direcionar sua chamada?... Humm-hummm. É claro. Só um momento.

Lincoln apertou o botão de espera e olhou para o telefone. — Ei, venha aqui e me ajude a descobrir como transferir essa chamada para o Peter.

— Hum, não.

Lincoln o encarou. — Sério? Porque eu poderia te contar tudo sobre a morena fofa que está falando com Cassidy agora mesmo sobre seu trabalho.

Cole não poderia ter dado a volta na mesa mais rápido.

Puta merda, aquilo tinha um monte de botões.

— Por que não há apenas um simples botão de transferência? — Lincoln murmurou.

— Há quanto tempo você está sentado aqui? — Cole perguntou. — Você não descobriu como transferir uma chamada até agora?

Lincoln deu nos ombros. — Eu consegui convencer todo mundo a ligar de volta mais tarde, ou distraí-los perguntando sobre seu dia.

— Claro que sim. — Cole murmurou. Cole se considerava galanteador. Mas Lincoln havia transformado aquilo em uma arte.

A luz piscando era um lembrete de que alguém ainda estava em espera, e Lincoln praguejou, pegou o telefone e digitou uma rápida série de números, e então desligou-o novamente.

— O que acabou de acontecer? — Cole perguntou.

— Não faço ideia. — Disse Lincoln, inclinando-se para trás na cadeira. — Ok, então converse comigo sobre essa Penelope Pope.

Cole voltou para a frente da mesa, só para perceber que Lincoln tinha roubado seu café. Conhecendo Lincoln, esse provavelmente era seu o plano o tempo todo.

— Ela... Espera, você era quem supostamente devia me dar informações.

Lincoln deu nos ombros.

— Bem, como ela estava quando saiu da entrevista? — Cole perguntou. — Nervosa? Estressada? Esperançosa?

Cole tinha a intenção de ficar por perto e ver isso ele mesmo, mas alguns dos caras do departamento de Fitness o arrastaram para um longo almoço, e então ele foi direto para o Starbucks para pegar o café de Jo.

— Não sei. — Lincoln disse.

— O que você quer dizer com "não sabe"? Você é o especialista em relacionamento residente de Oxford. Você analisa mulheres para viver.

Era verdade. Cole era bom com mulheres, mas Lincoln estava em outra liga. Ainda mais irritante do que a habilidade de Lincoln de pegar mulheres com pouco mais do que um piscar de olhos, era sua habilidade de deixá-las ir sem ofender seus sentimentos.

Enquanto a caixa de entrada de Cole guardava cronicamente pelo menos um e-mail de ódio de uma mulher com quem ele tinha terminado, Lincoln tinha encontros no almoço com pelo menos metade de suas ex-namoradas.

Cole sempre imaginou que tinha que ter uma história por trás da estranha abordagem de Lincoln com as mulheres. Ele só não tinha descoberto ainda.

— Eu analiso mulheres para viver, — Lincoln respondeu calmamente. — Mas eu tenho que realmente vê-las primeiro.

A implicação por trás das palavras de Lincoln caiu sobre Cole, e ele congelou. — Espera. Calma aí, porra. Você está me dizendo que você não a viu sair do escritório do Cassidy ainda?

Lincoln deu nos ombros. — Eu estou sentado aqui desde que ela entrou. Não a vi sair.

— Talvez porque você está muito ocupado lendo sobre o que esperar na sua próxima consulta no ginecologista. — Cole disse, apontando acusadoramente para a revista Stiletto nas mãos do amigo dele. — Porra, Linc, você deveria estar prestando atenção.

— Eu posso fazer multitarefas, cara. Estou te dizendo, sua garota ainda não saiu de lá.

Antes que Cole pudesse parar para considerar se era uma boa idéia (não era), ele já estava passeando pelo corredor em direção ao escritório de Cassidy.

— Se eu fosse a Jo, teria que te seguir e dizer que não pode entrar aí! — Lincoln falou atrás dele.

Cole não se preocupou em responder. Ele não precisava olhar para saber que Lincoln já estava de volta à sua revista.

Passaram quase duas horas desde o início da entrevista de Penelope. De que diabos eles estavam falando?

Cole talvez poderia entender que Cassidy tinha que passar pelas formalidades de entrevista com outro candidato - talvez.

Mas uma sessão de perguntas e respostas de trinta minutos como "me fale sobre alguma vez que você mostrou iniciativa" deveria ter sido o suficiente.

Mais de uma hora?

Más notícias para Cole.

Alex Cassidy era um profissional. Ele não apressaria ninguém a sair sem dar a eles uma chance justa. Mas ele também não faria graça com alguém se achasse que eles estavam fazendo ele perder seu tempo.

Se a Pequena Morena ainda estava lá, isso significava que ela estava arrasando em sua entrevista.

— Merda. — Cole murmurou, quando encontrou a porta de Cassidy ainda fechada.

Infelizmente, para ele, o escritório de Cassidy não era um daqueles com paredes de vidro. Não havia nem sequer uma pequena janela na porta para ele passar acidentalmente.

Ele teria que esperar até que fosse sua vez, ou...

A mão dele estava na maçaneta da porta e, antes de pensar melhor, abriu-a.

O rosto de Cassidy foi o primeiro que ele viu - a expressão do editor-chefe foi de surpresa para irritado em tempo recorde - mas Cole mal notou.

Seus olhos estavam muito ocupados absorvendo a pequena mulher de cabelos escuros do outro lado da mesa de Cassidy, observando enquanto ela se virava com a interrupção.

Deus, aqueles olhos.

Eles o pegavam toda vez.

E então ela sorriu. — Oi, Cole!

Que Deus o ajudasse. Ela parecia genuinamente feliz em vê-lo. E não do jeito que ele estava acostumado.

Apenas um sorriso amigável, do tipo eu-sou-uma-pessoa-legal.

— Fora. — Cassidy rosnou para Cole.

Cole olhou para o relógio dele, deixando seu rosto solto com falso desânimo. — Caramba, vocês ainda estão... desculpe. Cheguei cedo?

Cassidy apontou para a porta. — Fora. Sua entrevista é só às duas.

— Eu sei, mas Jo não estava na recepção, então eu pensei em entrar como sempre fiz.

O “como eu sempre fiz” foi um lembrete deliberado para Penelope de que Cole pertencia ali. Ele. Não ela.

Mas se Penelope percebeu isso, nunca foi registrado no rosto dela, e por alguma razão isso irritou ainda mais Cole.

Pelo amor de Deus, mulher, se imponha. Diga-me para sair da sua entrevista.

Em vez disso, o maldito sorriso dela nunca vacilou e ela virou-se para Cassidy. — Sinto muito, Sr. Cassidy. Eu tomei muito do seu tempo. Vou deixá-lo em paz.

— Por favor, Senhorita Pope, pela última vez... me chame de Alex.

Cole revirou os olhos atrás das costas de Penelope.

A maioria chamava Cassidy de Cassidy.

A coisa toda do "Me chame de Alex" foi só para irritar Cole. Para que ele soubesse que ele não era o único na cidade.

— Só se você me chamar de Penelope. — Disse Pequena Morena, levantando-se.

— Eu gostaria disso. — Disse Cassidy com um sorriso genuíno enquanto também se levantava.

O sorriso de Cole vacilou um pouco quando ele percebeu que eles estavam terminando a entrevista.

Por outro lado, ele tinha feito o que se propôs a fazer - interromper a entrevista de Penelope Pope. Talvez espiar um pouco.

Por outro lado, se sentiu horrível.

Cole sabia que podia ser um filho da puta arrogante às vezes, mas não era um babaca.

E agora ele definitivamente se sentia como um.

— Senhorita Pope, por favor, — Cole disse, erguendo uma mão. — Sente-se. Eu absolutamente não deveria ter entrado assim, arruinando sua entrevista.

Fazer a coisa certa foi uma grande merda.

— Ah, está tudo bem. — Ela disse animadamente, pegando um portfólio da mesa de Cassidy e colocando em uma grande bolsa. — Você não estragou nada. Eu não estou preocupada com essa interrupção me fazer parecer mal.

Cole ficou em silêncio por vários segundos, e então ele não conseguiu segurar um pequeno riso.

Penelope Pope pode parecer doce como uma gatinha, mas maldita seja se ele não tivesse sentido o arranhão mais sutil de suas garras. Ele a admirava por isso.

— Você está absolutamente certa. — Ele disse. — Essa não é uma boa maneira de começar minha entrevista, não é, Cassidy?

— Você não faz ideia, — Cassidy murmurou. — Eu a acompanho até a saída, Senhorita Po... Penelope.

— Ah, não se preocupe com isso. — Penelope disse, se movendo em direção à porta. Ela parecia uma garota brincando de se vestir, com suas calças escuras, e especialmente com blusa de manga curta e gola alta preta que era um pouco grande demais no seu pequeno corpo. — Boa sorte, Sr. Sharpe.

— Sim, obrigado. Ah, e Penelope...

Ela parou na porta e virou com um sorriso questionador.

Cole deixou o sorriso dele brilhar quente. — Tenho certeza de que é difícil se mudar para uma nova cidade com tantas equipes e jogadores novos para aprender. Se você quiser que eu lhe mostre por onde começar...

— Poupe-se, Sharpe. Você tem que ver isso. — Cassidy interrompeu, vindo para ficar ao lado de Cole.

Cassidy virou-se para se concentrar em Penelope. — Terrence Mason.

Ela parou um pouco e mexeu os pés.

Cassidy acenou em encorajamento para ela, antes de virar a cabeça ligeiramente para Cole e murmurar veja isso com o canto da boca.

Penelope lambeu seus lábios nervosamente. — Um, ok. Terrence Mason. Começando com Interbases para os Mets, média de três pontos doze batidas, média de 130-RBI ao longo de sua carreira de seis anos, conseguia rebater com as duas mãos apesar de perder a metade externa de seu mindinho esquerdo devido a um acidente na sala de aula na escola secundária...

— Joe Carrington. — Cassidy interrompeu.

Penelope nem parou para pensar. — Segunda-Base para os Knicks. Severamente subestimado, nunca parece fazer o mesmo movimento duas vezes na quadra. Formado em Duke, levou sua equipe para o campeonato da NCAA todos os quatro anos, foi MVP no seu último ano depois de marcar...

— Rick Macornis. — Disse Cassidy, interrompendo novamente.

— Goleiro recentemente aposentado do Rangers. Provavelmente poderia ter continuado mais alguns anos, mas ele tinha começado a ficar lento, provavelmente fez uma boa escolha aposentando enquanto estava na frente. Seu AG estava crescendo todos os anos de uma maneira ruim. Teve um caso com a esposa de seu melhor amigo.

Cole balançou a cabeça, sentindo-se um pouco atordoado. — Eu entendi, — ele disse, todos os vestígios de leveza desapareceram de sua voz. — Eu deveria estar te perguntando sobre dados.

— Oh, eu gostaria disso! — Penelope disse, parecendo não perceber o tom na voz dele. — Talvez pudéssemos tomar um café um dia desses. Eu adoraria saber sua opinião sobre quais jogadores gostam de falar e quais precisam ser persuadidos...

Ela parou, olhando entre os dois homens, sem dúvida vendo as expressões atordoadas de Cole e Cassidy.

Esta mulher era de verdade?

Eles estavam disputando uma posição altamente remunerada, altamente desejável em uma das maiores revistas do país e ela queria tomar café e trocar dicas?

— Hum... — Foi tudo o que Cole conseguiu dizer.

— Sem pressão, — ela se apressou a dizer. — Eu só pensei, bem... eu sou nova na cidade. O Sr. Cassidy tem o meu número se você quiser tomar uma bebida um dia desses. Não é um encontro, apenas, você sabe, apenas... Ok, boa sorte com sua entrevista.

As palavras dela ficaram cada vez mais rápidas, de modo que o cérebro dele teve que lutar para acompanhar... e então ela desapareceu.

A porta fechou com um clique atrás dela, e nem Cassidy nem Cole se moveram por vários segundos.

— Isso acabou de acontecer? — Cole perguntou, ainda olhando para a porta.

— Aparentemente, — murmurou Cassidy. — Você vai ligar para ela?

— Não se ela pegar o meu emprego, — Cole resmungou.

Cassidy não respondeu, e Cole deu ao outro homem um olhar afiado enquanto o editor-chefe deu a volta para se sentar em sua mesa.

— Não tente me tranquilizar nem nada. — Cole disse sob seu fôlego.

Cassidy suspirou. — Você poderia sentar-se para que possamos fazer essa maldita entrevista?

Cole olhou para a porta. — Temos que fazer isso agora? Você parece que está de mau humor.

— É claro que eu estou de mau humor, — Cassidy disse, passando uma mão pelo cabelo. — Você acabou de interromper a entrevista daquela mulher. Ela pode nos processar.

— Por favor, — Cole disse com um bufo. — Ela queria ir tomar café comigo.

— Só porque ela não te conhece, — Cassidy murmurou.

— Sim, você está definitivamente de mau humor. Talvez devêssemos remarcar...

— Sente-se, — ordenou Cassidy. — Vamos acabar com isso. Que tal começarmos com uma fácil?

— Claro, — disse Cole, se remexendo na cadeira, fingindo que não se sentiu atraído pela exibição impressionante das estatísticas esportivas de Nova York da Pequena Morena.

— Ótimo, — disse Cassidy. — Que tal você me dizer o que diabos você estava pensando, entrando aqui?

O discurso de Cassidy continuou por vários momentos, mas Cole não se deu ao trabalho de ouvir. Ele já sabia a resposta para a pergunta de Cassidy.

Por que ele invadiu o escritório? Havia dois motivos.

O primeiro era fácil. Ele queria garantir que a pequena forasteira de Chicago não estivesse roubando seu emprego.

A segunda parte era mais complicada. Ele queria ver a pequena forasteira de Chicago.

Agora ele só precisava descobrir o porquê.


Capítulo 4

— Não pode ter sido assim tão ruim. — A voz do outro lado do telefone era calma.

— Confia em mim, — disse Penelope. — Foi péssimo.

Houve um momento de silêncio quando sua irmã mais nova ponderava. — E você disse que ele apenas olhou para você?

— Como se eu fosse um animal no zoológico. Um exótico, mas não bonito, exótico, — disse Penelope, mordendo o cachorro-quente que ela havia comprado de um vendedor no Central Park.

Carne de rua, ela tinha escutado chamarem. Soava tão nojento. O gosto era tão bom.

Penelope sempre imaginou que o Central Park seria loucamente lotado, sendo a joia da coroa da cidade mais populosa do país e tudo mais.

Mas em uma quarta-feira de abril, mais fria do que o habitual, estava quase deserta, e Penelope sentiu que o parque era seu playground pessoal.

— Que barulho é esse? — Janie perguntou. — Você está comendo?

— Cachorro-quente, — disse Penelope.

A irmã dela gemeu. — E eu aqui pensando que a única coisa boa em você sair de Chicago é que isso te afastaria dessas coisas.

Penelope sugou uma gota de mostarda do polegar dela. — Não. Nova cidade, novo cachorro-cachorro.

— Você diz isso como se fosse uma frase comum, — Janie disse. — Não é.

— Não para uma vegetariana que está fazendo mais uma limpeza com suco detox, — Penelope disse, amassando o papel alumínio com o punho dela e encostando no banco. — Mas você sabia que cidades diferentes têm estilos diferentes de cachorro-quente? O cachorro-quente de Chicago, por exemplo...

— Para. Para, — Janie a cortou. — Se eu não posso te dizer o que tem neles, você não pode me contar todas as coisas nojentas que vão neles. Vamos voltar para esse cara...

— Cole, — disse Penelope. — Cole Sharpe.

— Humm. Bom nome.

Era um bom nome.

Ficava muito bem em uma assinatura também, como Penelope bem sabia. Ela fez o dever de casa.

Ela conhecia todo mundo na indústria.

Sendo uma das poucas mulheres em sua área de trabalho, Penelope não tinha exatamente uma infinidade de mentores para escolher. Os escritores esportivos veteranos de Chicago a achavam uma abominação. Os colunistas de esportes que tinham uma idade próxima da sua se sentiam tanto irritados como ameaçados por sua existência.

Apesar de toda a conversa de hoje sobre feminismo e igualdade, as escritoras esportivas femininas ainda eram poucas e distantes entre si. Ninguém estava exatamente batendo na porta para mostrar a Penelope o caminho certo....

Ela ensinou a si própria.

Ela assinou dezenas de jornais em todo o país e leu todas as suas seções de esportes, todos os dias.

Depois havia as revistas. E os blogs. E os aplicativos. E o Twitter. Então, sim, ela sabia quem era Cole Sharpe, mesmo antes de decidir se mudar para Nova York.

E se Penelope fosse honesta, ela gostaria de ter enfrentado alguém menos, bem, bom.

O trabalho de Cole Sharpe era incrível. Ele tinha uma habilidade impressionante para misturar perfeitamente análise, estatísticas e resumo de uma maneira que parecia uma história muito boa.

Acrescente o fato de que ele tinha um estilo de escrita distinto - uma "voz" que vinha através da palavra escrita - e, bem, ele era praticamente tão digno de um adversário para a posição de editor quanto ela poderia ter sonhado.

Lá se vai a esperança de que seu rival seria alguém um pouco mais velho - do tipo colunista “antiquado”. Pelo menos Penelope poderia ter a vantagem de jogar a carta "Sou jovem e tecnicamente esperta".

Mas Cole Sharpe mal parecia ter mais de trinta anos. Era provável que ele não só estivesse tão bem versado em redes sociais quanto ela, mas também entendesse sua importância no futuro da reportagem esportiva.

Lá se foi sua vantagem.

— Pen?

— Hmm? — Ela perguntou, percebendo que estava completamente distraída e perdeu o que quer que Janie estivesse falando.

— Eu perguntei se Cole Sharpe era tão gostoso quanto seu nome sugere. Ele parece... delicioso.

Penelope sorriu. Era exatamente o tipo de pergunta que ela esperava de sua irmã. É verdade que Janie não era mais uma adolescente louca por garotos, mas o casamento não tinha feito muito para diminuir sua apreciação pelo sexo oposto.

Mais nova dois anos, Janie era o oposto de Penelope em quase todos os sentidos. Na aparência, certamente. Janie era alta e loira, com um corpo de ampulheta - tão diferente da pequena Penelope, morena e com um corpo de garoto.

Mas eram seus interesses e personalidades que realmente as diferenciavam. O único esporte em que Janie acreditava era nas compras. Ainda assim, sua irmã era sua melhor amiga, e uma das pessoas que tinha sido mais difícil deixar para trás em Chicago.

Mais difícil ainda do que deixar Evan.

O sorriso de Penelope diminuiu com a memória de seu antigo colega de trabalho e amigo.

Ela lutou para deixar os pensamentos dele de lado, e odiou o quão difícil era. O homem tinha traído ela - pessoalmente e profissionalmente, e ela ainda podia ver o lindo sorriso dele toda vez que fechava os olhos.

Ela. Era. Patética.

— Pen? Você vai me contar sobre esse tal de Cole?

Penelope inclinou a cabeça para trás, sentindo apenas o mais fraco indício de calor do sol escondido atrás das nuvens. — Hum, Cole é...

— Ele é delicioso. Não é? — Janie exigiu.

— Cachorros-quentes são deliciosos, — Penelope disse. — Homens não.

— Oh, Pen, — a irmã dela suspirou. — O que eu não daria para você se apaixonar. Ou pelo menos conhecer um cara que te dê borboletas no estômago.

Lá estava ela de novo. Aquela pontada.

Penelope nunca havia dito à irmã o que sentia por Evan, embora ela às vezes suspeitasse que Janie sabia e era muito gentil para mencionar isso.

Ou talvez a irmã dela estivesse esperando que o silêncio sobre o assunto matasse a paixão de Penelope. A irmã dela nunca tinha gostado de Evan.

— Cole é... atraente. — Disse Penelope, forçando sua mente a se afastar do passado.

— Descreva.

Ela abriu a boca para tentar descrever as características dele para Janie, apenas para perceber que não havia nada de particularmente distintivo nelas, além de que todas elas se encaixavam excepcionalmente bem.

— Ele tem um sorriso bonito. — Foi o que ela decretou.

Janie soltou um gemido frustrado. — Você não tem esperança.

— Bem, não importa a aparência dele, — Penelope resmungou. — Ele foi de perfeitamente gentil a totalmente mal-humorado. Ele não pôde nem mesmo responder à minha oferta de café.

— Querida, você é a principal competição dele por um emprego muito bom. Nem todo mundo é tão descontraído quanto você em relação a essas coisas.

— Eu sei, — Penelope disse, passando um mindinho no vinco perfeito da sua calça. — É que... eu não tenho nenhum amigo aqui. Eu pensei que talvez ele pudesse ser um.

Janie fez um barulho estrangulado. — Você está partindo meu coração aqui. Volte para Chicago. Você tem um milhão de amigos aqui.

Penelope fechou os olhos. — Eu não posso.

— Por que não? — Janie exigiu. — Nova York não pode ser tão boa assim. E eu ainda não acredito que você se mudou para aí antes de saber se você conseguiu ou não o emprego. Quero dizer, você vai conseguir, é claro, mas...

Penelope não conseguia fazer isso agora.

— Janie, eu tenho que desligar. — Penelope interrompeu.

— Por quê?

— Eu esqueci que o cara da TV a cabo vem mais tarde. Algo está errado com o aparelho que eles instalaram na semana passada.

— Ah. Ok. Bem... você vai me mandar uma mensagem assim que souber do emprego, certo?

— Com certeza, — Penelope prometeu. — Amo você. Diga ao Josh que eu mandei um oi.

Penelope desligou o telefone com um longo suspiro, sentindo uma facada de culpa.

Não tinha sido uma mentira completa. O cara da TV a cabo realmente tinha marcado para aparecer e descobrir porque a ESPN continuava entrando e saindo. Era só que ele estava marcado para aparecer amanhã.

Mas a alternativa à mentira dela era dizer a verdade à irmã - toda a verdade. Que a razão pela qual ela saiu de Chicago não foi só porque ela não conseguiu o emprego dos sonhos, mas por causa de um homem.

Um homem que tinha roubado seu trabalho dos sonhos bem debaixo do seu nariz.

Penelope parou, puxando a bolsa pesada por cima do ombro enquanto ela voltava para casa.

Seu apartamento na 107th Amsterdam ficava muito ao norte para ser considerado um local privilegiado pela maioria dos nova-iorquinos. Mas em uma cidade nova, onde ela não conhecia ninguém, não tinha restaurantes favoritos e ainda não conhecia o sistema de transporte público, o aconchegante apartamento com um quarto era perfeito para ela.

Era perto do parque. Perto dos escritórios da Oxford....

Se ela conseguisse o emprego.

Ela se sentiu muito confiante até o momento em que conheceu Cole Sharpe ontem à noite.

É verdade que, até hoje, ela só tinha tido entrevistas telefônicas. Mas em suas conversas com Alex Cassidy e um punhado de outros caras de Oxford que a examinaram, Penelope tinha uma sensação de certeza.

Ela sentiu como se eles gostassem dela. Parecia que ela pertencia a aquele lugar.

Mas Cole Sharpe - ele pertencia lá também.

Algo que ele tinha lembrado quando interrompeu sua entrevista.

Penelope supôs que ela deveria estar brava com isso - foi uma jogada péssima da parte dele. Imatura na melhor das hipóteses, sem escrúpulos na pior das hipóteses.

Mas ela nunca tinha sido uma pessoa que desperdiçasse energia se zangando com as pequenas coisas. Sua tolerância com dramas era notavelmente alta, o que era parte da razão pela qual ela se encaixava tão bem no mundo dos esportes.

Era tudo números e pontuações.

E foi por isso que ela chamou Cole Sharpe para um café. Alguém com quem conversar.

Pelo menos... essa era a história dela, e ela se grudou nisso.

Não tinha nada a ver com o fato de que ele estava tão bem de terno esta manhã quanto estava de jeans e camiseta ontem à noite....

Mas em última análise, a razão não importava, porque ele tinha recusado.

Não, nem mesmo recusou - ele respondeu com um Hum.

Isso foi muito pior.

Penelope tentou dizer a si mesma que não doeu quando ela destrancou a porta do apartamento e deixou cair a bolsa ao lado da porta.

Ela estava acostumada com a rejeição em todas as suas formas.

Penelope não tinha ilusões sobre seu lugar no mundo dos homens: a friendzone.

Ela era a garota da porta ao lado com quem você sempre podia contar para pegar sua correspondência quando estava fora da cidade, dar entrada quando precisava comprar um anel de noivado para sua namorada, servir como acompanhante de última hora para o casamento de um membro distante da família que você não gostava muito.

A não ser, é claro, que ela estivesse entre outros escritores esportivos, caso em que ela não era nem um dos caras e nem atraente como mulher, o que a deixava cronicamente por fora. Penelope entrou em seu apartamento, tentando ignorar o quão vazio ele era. Ela havia pensado em finalmente colocar alguma arte nas paredes - algumas lindas fotos de seus estádios favoritos - faria com que o apartamento parecesse menos vazio.

Mas por mais bonitas que fossem as fotos, elas não substituíam a companhia humana.

Penelope se arrependeu de não ter tido a coragem de pedir a Emma Sinclair seu número de telefone quando a outra mulher tinha sido tão amigável.

Não que ela se encaixasse exatamente no glamour das mulheres da Stiletto, mas pelo menos assim ela se sentiria como se conhecesse alguém nessa grande cidade.

Penelope sentou-se na borda de seu sofá e se perguntou o que fazer com o resto de seu dia.

Ela conseguiu passar suas primeiras duas semanas na cidade preparando-se infinitamente para sua entrevista, mas agora isso tinha acabado, e ela não tinha nada para fazer além de esperar.

Esperar para descobrir se sua mudança espontânea para Nova York valeria a pena na forma de uma oferta de emprego na Oxford, ou se ela teria que voltar para o começo e ir à caça de emprego.

Enquanto isso, é claro, havia sempre coisas de freelancer. Alguns de seus antigos contatos em Chicago provavelmente comemorariam a chance de ter alguma cobertura dedicada aos jogos da Liga Leste Americana.

Poderia conseguir um bom dinheiro como freelancer. Especialmente se escrevesse rápido, o que ela fazia.

Mas freelance também significava o inferno de um monte de tempo sozinha.

Se Penelope fosse honesta consigo mesma - e ela geralmente era - o apelo da posição de Oxford não era apenas sobre a chance de construir uma seção inteiramente nova de uma revista aclamada nacionalmente.

Era sobre pertencer a uma equipe. Para ter alguém para trocar ideias depois do trabalho, happy-hours para participar, a festa de feriado corporativo. Alguém para ir tomar café.

Ela encolheu-se com aquela última, lembrando-se da maneira balbuciante e exagerada como ela se tinha atirado a Cole Sharpe, tudo porque ele lhe tinha mostrado o mais pequeno traço de bondade.

Teria sido ruim o suficiente se ela estivesse convidando-o para sair em um encontro. Era ainda mais patético porque ela tinha chamado um perfeito estranho - e adversário - para sair como amigo. Ele nem tinha se interessado por isso.

Penelope gemeu e atirou-se para o lado direito dela. — Eu poderia ser mais patética?

Ela rolou de costas, puxando um dos travesseiros dela contra o peito.

Talvez ela devesse pensar em adotar um cachorro.

Ou até mesmo um peixe.

Sim, um peixe seria melhor. Menos cocô.

Ela pegou seu celular, com a intenção de procurar lojas de animais locais, quando ele vibrou na mão dela com uma mensagem de texto recebida.

Era um número com DDD 212 - sem nome, o que significava que não era um de seus contatos.

Os olhos dela se estreitaram em confusão antes de se alargar em surpresa enquanto ela se sentava.

Ela leu novamente, só para ter certeza.

Oi, é o Cole Sharpe. Alguma chance de eu trocar sua oferta de café por cerveja?

Penelope deixou um sorriso idiota rastejar sobre o rosto dela enquanto a solidão diminuía - apenas ligeiramente.

Com certeza, ela digitou em resposta.

Ela começou a perguntar quando e onde, mas decidiu que parecia um pouco desesperada demais. Penelope tinha aprendido da maneira mais difícil que “Nós deveríamos tomar uma bebida um dia desses” estava emparelhado com “Eu te ligo”...

Não significava que a outra pessoa realmente quisesse ir tomar uma bebida.

Mas então a próximo mensagem chegou, e ela percebeu - felizmente - que Cole Sharpe talvez estivesse falando sério.

Ótimo. O que você pensa sobre beber durante o dia?

Ela sorriu enquanto escrevia de volta. Depende do dia. E da ocasião.

Penelope não percebeu que ela estava segurando a respiração até que ela soltou o ar com a resposta dele.

O dia: Quarta-feira. A ocasião: receber um pedido de desculpas por se intrometer em sua entrevista.

Ela sorriu. Bem, eu gosto de cerveja e pedidos de desculpas.

Fico feliz em ouvir isso. E na quarta-feira, eu quis dizer hoje. Dubliner na 82nd com a Broadway em meia hora?

Penelope ficou de pé em empolgação, e então fez uma dança feliz constrangedora.

A própria existência de Cole Sharpe pode significar um passo para trás em sua busca por emprego em Nova York, mas também pode significar um passo à frente em algo muito mais importante: fazer seu primeiro amigo em Nova York.


Capítulo 5

Não era que o Cole estivesse aborrecido com a sua vida. Não mesmo.

Claro, ele estava prestes a sofrer uma mudança relacionada ao seu trabalho, tanto para o propósito prático de um salário maior, bem como o seu cérebro precisando de um novo desafio.

E sim, ele estava um pouco cansado de suas noites de encontros habituais na sexta-feira e sábado com uma sequência interminável de mulheres agradáveis, mas esquecíveis.

Até mesmo sua rotina noturna da semana de WhistlePig Rye Whiskey com gelo e qualquer que fosse o jogo que estava passando, tinha começado a ficar um pouco monótona.

Mas mesmo com tudo isso, foi uma surpresa que o melhor momento que Cole teve em muito tempo foi uma tarde espontânea de quarta-feira em um pub medíocre, com cerveja medíocre, asinhas apimentadas medíocres e uma maria-rapaz agressiva.

Penelope Pope continuou a surpreendê-lo.

Ela o surpreendeu ontem à noite no jogo dos Yankees, com seu foco inabalável no campo.

Ela o surpreendeu novamente hoje com sua amigável e não compromissada oferta de café.

E ela o surpreendeu agora, com o quão agradável era estar perto dela.

Cole tinha levado a maior parte de uma hora esta tarde - sentando-se lado a lado com ela nos bancos de uma porcaria de bar, bebendo uma porcaria de cerveja - antes que ele finalmente descobrisse o que a tornou tão cativante.

Penelope Pope era real.

Ele não se lembrava da última vez que conheceu alguém que era sincera - sincera com tudo o que dizia. Mas essa mulher tinha mais honestidade em seu corpo minúsculo do que toda a população de Manhattan.

No entanto, essa não foi a parte mais surpreendente. Havia muitas pessoas que reivindicavam a sinceridade como uma forma de proferir declarações duras e observações ríspidas. O que fez Penelope agradável foi que sua bondade era honesta.

Gentil e direta. Ele não queria ficar todo sentimental e estranho sobre isso, mas até mesmo ele podia admitir que Penelope Pope era uma criatura rara de fato.

— Ok, é a sua vez de confessar, — ela disse, mergulhando uma asinha picante em um molho de queijo azul antes de rasgar ela com seus pequenos dentes brancos.

— Confessar o que? — Ele perguntou.

Ele pegou sua própria asa de frango e deu uma grande mordida. Finalmente. Uma refeição com uma mulher que não era sushi ou aperitivos.

Ela lambeu o molho de seu dedo, e se ele tinha vontade de ver o movimento dos lábios dela por mais tempo do que deveria, ele ignorou isso.

— Você e os esportes, — disse ela. — Você os ama, obviamente. Mas você é bom neles?

Cole pegou um pedaço de aipo. — Você quer dizer que eu sou bom em jogá-los?

— Sim. Você era quarterback no ensino médio? Basquete? Jogador de tênis?

— Baseball, — ele disse.

— Meu favorito! Que posição? Não, deixe-me adivinhar. Interbases.

— Calma aí, stalker. Como você sabe disso?

Ela sorriu e pegou uma asinha de novo. — É o meu trabalho saber.

— Não vai revelar seus segredos para conseguir essas informações?

O pequeno ombro dela se levantou. — É o seu corpo. É magro. Musculoso, mas não muito grande. E você se move bem.

Cole sufocou uma risada. Essa deve ter sido a conversa mais estranha que ele teve enquanto bebia com uma mulher. — Eu me movo bem?

— Sim, — ela disse. — Seu corpo aparenta que você sabe como usá-lo. Sabe?

Os olhos dela se arregalaram, como se ela tivesse acabado de perceber que a escolha das palavras dela poderia ser mal interpretada. — Oh. Deus. Não assim...

Cole não conseguiu evitar. Ele se inclinou para frente com um sorriso manhoso. — Assim como?

Os olhos dela se estreitaram. — Você está me provocando.

Cole riu. — Na verdade, eu pensei que estava flertando.

— Ah. Bem. Talvez você estivesse, — ela disse. — Eu nunca fui boa em perceber isso.

A voz dela ficou apenas um pouco triste, e Cole queria perguntar mais, apesar do fato de que querer ir além da superfície de uma mulher ser incomum para ele.

Não porque ele era um idiota ou algo assim, era só que... ele não tinha experimentado o que ele tinha visto alguns de seus amigos experimentarem. Amor verdadeiro, e tudo isso.

Algum dia, talvez. Ou não. Ele não estava desesperado por isso.

Em vez disso, ele dirigiu a conversa para tópicos mais seguros. — Ok, é a minha vez de fazer uma pergunta.

Ela ergueu as mãos e fez um aceno. — Pode fazer.

Ele sorriu. Ele gostava dela.

— Tudo bem, — ele disse devagar, inclinando-se ligeiramente para trás. — Qual é a sua história?

Ela ergueu as sobrancelhas. — Minha história?

— Todas pessoas têm uma, querida.

Ela riu. — Essa é uma pergunta dos diabos para o nosso primeiro não encontro, Sharpe. Quero dizer, por onde eu iria começar? Sobre como eu nasci em um dia de neve em novembro? Filme favorito? Primeira vez que eu quebrei meu nariz? Ou que tal a primeira vez que eu quebrei o nariz da minha irmã?

— Essa, — disse ele. — Você quebrou o nariz da sua irmã?

— Um acidente total. Na minha ignorância juvenil, eu não sabia que era instinto de algumas pessoas congelarem de horror quando uma bola de softball vinha em sua direção em vez de pegá-la.

— E seu nariz quebrado?

— Sexta série. Cotovelo na cara durante um jogo de basquete.

— Pequena. Você jogava basquete?

Ela sorriu. — Vamos apenas dizer que não era meu melhor esporte.

Ele acenou com a cabeça enquanto tomava outro gole. — É bom. Todas as coisas boas que você está compartilhando aqui, Pequena. Mas eu quero saber as coisas realmente interessantes.

— Tais como?

A expressão dela era um pouco desconfiada, e o interesse dele foi despertado. Seria possível que Penelope Pope não fosse o livro aberto que ela fingiu ser?

— Que tal começarmos com o porquê de você se mudar para Nova York, quando o melhor que eu posso dizer, é que você não conhece ninguém e está destinada ao desemprego?

Penelope bateu no braço de Cole. — Não conte com esse último. Mas quanto ao primeiro...

Ela suspirou, e Cole sentiu a mesma pontada de proteção que ele teve naquela manhã quando ela estava lá, de camisa manchada, com aqueles grandes olhos tristes olhando para ele.

— Ok, eu te digo, mas você não pode contar a mais ninguém, — ela disse.

— Então sobre o que vou falar na noite das garotas?

— Ha. Ha. Ha. Ok, a questão é, Sharpe...

Ela soltou um suspiro, bebeu um gole de cerveja, e depois girou o seu banco de bar para encará-lo.

— Eu estou meio que fugindo de um cara.

Estava?

Ele não sabia porque poderia estar interessado na vida amorosa de Penelope Pope, mas manteve sua voz casual para convencê-la a continuar.

— Bem, mudar de fuso horário não é uma má maneira de fazer isso, — ele respondeu.

— Sim. Isso e...

Ele levantou uma sobrancelha. — Não se acovarde agora, Pequena.

— Trabalhávamos juntos. Mais ou menos. Éramos ambos freelancers, mas fizemos uma tonelada de histórias juntos. Nossos estilos se encaixavam bem. Os leitores adoraram nossas brigas inocentes sobre quem ganharia na temporada, ou quem seria a melhor escolha do draft. O Chicago Tribune nos chamava por meses e meses para cobrir tudo, de Sweet Sixteen à Tríplice Coroa Havaiana....

Cole mexeu as sobrancelhas. — Você sabe como seduzir um cara.

O sorriso dela estava fraco, e ele a cutucou com o joelho. — Então o que aconteceu?

Penelope mordeu o lábio. — Bem, a coisa é que, eu sempre quis ir em uma direção mais digital. Quero dizer, eu amo o jornal, e a equipe do Tribune era ótima, mas eu meio que sou uma nerd com as coisas mais interativas que estão acontecendo na frente tecnológica.

— Inteligente, — disse Cole.

Ela concordou com a cabeça. — Evan também pensava assim. Ele me encorajou. Me apresentou um amigo da faculdade que estava dirigindo esta grande startup. Basicamente um site de redes sociais para amantes do esporte. Eles tinham uma tonelada de investidores, e eles estavam procurando um diretor de editorial. Eu queria. Eu me preparei por semanas. Conversei com todos os nerds técnicos de Chicago, aprendendo a linguagem. Juntei esse portfólio incrível. Mostrei ao Evan, e ele adorou...

Ela inclinou a cabeça para trás. — Ah Deus, eu era estúpida.

Cole franziu a sobrancelha quando percebeu para onde essa história estava indo. — Ele pegou seu portfólio.

Ela engoliu um seco e acenou com a cabeça. — O problema é que eu nem sabia que ele queria o emprego. Ele nunca disse uma palavra sobre isso. Se ele tivesse, eu teria...

— Vocês eram alguma coisa?

— Não, — ela disse rapidamente. — Quer dizer, eu pensei que talvez, um dia... eu pensei... bem, eu descobri que ele tinha uma namorada. No mesmo dia em que eu descobri que ele tinha sido entrevistado para o trabalho com a minha proposta.

— Caramba, Pequena, — ele disse, olhando para ela. — Eu me sinto como se tivesse entrado em um filme de sucesso de bilheteria de verão e seu cara Evan é o vilão. Pessoas reais realmente fazem essas merdas?

Ela esfregou as mãos no rosto. — Aparentemente. E isso é tudo o que vamos falar sobre o assunto.

— Sério? Porque se você quiser chorar...

Ela sorriu. — Eu não vou chorar.

— Tem certeza? Porque eu estava pronto.

— Pra quê, oferecer um ombro amigo?

Cole esticou a mão para o outro lado do balcão e rapidamente puxou meia dúzia de guardanapos de papel de um porta-guardanapos surrado.

Ele estendeu os guardanapos para ela e sorriu quando ela começou a rir.

Penelope empurrou sua mão para o lado. — Já superei isso. Sério.

Ele não pensava assim. Mas ela tinha um olhar teimoso, do tipo não-me-pressione, no rosto dela, e não era o trabalho dele fazer isso. Ele mal conhecia a mulher.

— Minha vez de fazer uma pergunta. — Ela disse.

Ele gesticulou para que ela continuasse.

— As garotas da Stiletto, — ela disse, sugando uma gota de molho do dedo dela.

Cole sentiu a virilha enrijecer-se e olhou para o lado. Recomponha-se, cara.

— O que tem elas?

— Elas são... amigas?

Ele sorriu. — Sim. Boas amigas.

— Então você nunca... — Ela balançou as sobrancelhas.

— Nunca, — ele disse. — Julie e eu flertamos algumas vezes, mas nunca chegamos perto de namorar. E quando eu conheci o resto delas, já estavam envolvidas com seus respectivos parceiros.

— Caramba, — ela murmurou. — Não há nem mesmo uma solteira entre elas?

— Não. Por quê, você estava esperando que elas fossem a sua turma de Sex in the City?

— Como você sabe sobre Sex in the City?

— Eu moro em Nova York e já namorei com muitas mulheres. É claro que eu sei sobre Sex in the City.

— Muitas, humm? Quantas você considera muitas?

Ele piscou. — Checando? Vendo se eu estou disponível?

Penelope deu um tapinha em seu braço. — Definitivamente não. Você é bonito, mas não se preocupe. Você está seguro comigo.

Cole levantou uma sobrancelha. — Por que isso?

Ela franziu os lábios e inclinou a cabeça para estudá-lo.

Cole riu. — Por que eu sinto que deveria estar te dando meu lado bom? Para ver se eu passo no teste?

— Ah, não se preocupe, esse é bem interessante, — ela disse, levantando a mão para gesticular sobre o rosto dele.

— Mas você ainda não está sentindo a atração, hum?

Penelope tomou um gole de cerveja. — Você está?

Ele piscou em surpresa. — O quê?

Ela se deslocou no banco do bar para encará-lo. — Absorva tudo. Você está se sentindo tonto? Deslumbrado pelos meus encantos femininos?

— Hum...

— Exatamente, — disse ela, parecendo estranhamente satisfeita com a sua não reação. — Você está fora do meu alcance, Sharpe.

Ele abriu a boca, e ela lhe deu um grande susto inclinando-se para frente e tocando com um dos dedos os lábios dele.

— Nem tente, — ela disse. — É assim que vai ser, ok? Eu não tenho nenhuma ilusão sobre o fato de eu ser uma garota do tipo "friendzone", e eu estou bem com isso. E felizmente para você, eu sou uma boa amiga.

Ele tentou falar, mas ela continuou.

— Além disso, temos uma carreira em comum, e vamos ser honestos, não há muitos escritores esportivos lá fora, então devemos nos unir, certo?

— Eu...

— Você não pode dizer não, — ela continuou a falar. — Porque eu sou nova na cidade e estou desesperada por um amigo, e eu gosto de você. Mas é aí que acaba, ok? Bem aí. Você não precisa se preocupar que eu vou ter a ideia errada sobre o que é isso porque eu não vou. Mas em troca, você tem que prometer não flertar.

Cole só conseguia olhar para ela.

Foi a conversa mais estranha que ele já teve com uma mulher. Ele não tinha certeza se alguma vez teve uma mulher lhe dizendo tão claramente que não queria nada romântico dele.

O que era bom - ele não estava procurando por uma namorada, e mesmo que estivesse, essa garota tagarela não era realmente o tipo dele.

Mesmo assim, ele não podia deixar de ficar um pouco insultado pela fácil rejeição dele como potencial amante.

E a insistência dela para que ele não flertasse - Cole não tinha certeza de que ele sabia mais onde estava o limite disso. Qual era a diferença entre amigável e galanteador?

Penelope apontou um dedo para ele. — Você está pensando demais nisso.

Ele pegou outro talo de aipo e mordeu enquanto estudava a ela. — Bem, eu tenho uma pergunta. Já que você tem isso tão planejado, e tudo mais.

— Faça, — ela disse, tomando um gole da cerveja dela.

Ele se inclinou um pouco para frente. — Há um detalhe não tão pequeno que agora estamos competindo ativamente pelo mesmo trabalho. O que acontece quando um de nós conseguir?

E apesar do seu surpreendente afeto pela Pequena, ele conseguiria o emprego. Tinha que conseguir. O aluguel do lugar adaptado de seu irmão ficava mais caro cada vez que Cole piscava o olho, e ele não conseguia suportar a idéia de que Bobby teria que se afastar de seus amigos se Cole tivesse uma lacuna em seus contratos de freelance.

Ele precisava de um salário fixo.

Penelope deu nos ombros. — Por que isso faria diferença? Quero dizer, não me entenda mal. Eu quero o emprego. Eu quero muito. Mas se você conseguir... bem, então, eu tenho que pensar que você é a melhor pessoa para Oxford. E eu ficarei feliz por você.

Cole só conseguia balançar a cabeça. — Você é uma criatura única, Penelope Pope.

— E você? Se eu conseguir o emprego, você consegue lidar com isso? Ainda podemos ser amigos?

Cole olhou para os copos quase vazios. — Outra rodada?

— Claro, — ela disse devagar, — mas você não respondeu à pergunta.

Ele levantou a mão para chamar a atenção do garçom. — Nós com certeza podemos ser amigos, — ele disse a ela.

— Mesmo que eu consiga o emprego, — ela pressionou, parecendo duvidosa.

Cole olhou para ela e sorriu antes de acariciar divertidamente debaixo do queixo dele. — Ah, Pequena. Isso nunca vai acontecer.


Capítulo 6

Penelope: Seus preciosos Yankees não estão parecendo tão bons.

Cole: Cuidado com a sua boca nojenta de Chicago.

Penelope: Hmm, talvez eu precise de óculos, porque eu continuo olhando para a minha TV, e estou vendo Chicago White Sox: 6, New York Yankees: 2... O que você está vendo?

Cole: Os Yankees vão dar a volta por cima. Eles sempre dão.

Penelope: Alguém já lhe disse quão bonitas são as suas ilusões?

Cole: Não recentemente. Quer vir aqui e dizer na minha cara?

Penelope: Boa tentativa, Sharpe. Estou muito confortável no meu próprio sofá, muito obrigada.

Cole: É justo... O que você está vestindo?

Penelope: Tchau, Cole.

Cole Sharpe era bom em muitas coisas. Baseball. Combinar móveis. Assar carne.

Sexo.

Mas esperar não estava em sua lista de habilidades.

E quando uma semana inteira passou depois de sua entrevista sem nenhuma palavra de Cassidy, Cole estava impaciente e caminhando para irritado.

A única consolação era que Penelope Pope também não tinha recebido notícias. Ele sabia porque, fiel ao acordo deles naquela tarde no bar, eles se aventuraram em uma espécie de amizade.

Não que estivessem juntos todos os dias ou qualquer outra coisa. Na verdade, ele não a via desde aquele dia no bar.

Mas eles tinham trocado algumas mensagens casuais. Principalmente sobre esportes, com a recomendação ocasional de restaurante feita quando ela queria comida italiana e não sabia de qual das centenas de restaurantes na cidade escolher.

Cole descobriu que meio que gostava da sua nova rotina noturna de mergulhar no sofá com o controle remoto, o notebook, o uísque... e o celular.

Ele discutiu com Penelope por mensagens se o homer novato do Hendersons era apenas um golpe de sorte ou se havia potencial. Se Perez tinha ou não ganhado peso na baixa temporada e seria capaz de manter seu impressionante desempenho.

Foi através dessas conversas noturnas que ele soube que ela não tinha conseguido a oferta de emprego também.

Por que diabos Cassidy estava demorando tanto para decidir?

Na quinta-feira, uma semana e um dia depois das entrevistas com Penelope, Cole resolveu tomar as rédeas.

E desta vez, quando ele entrou nos escritórios de Oxford, com dois cafés na mão, o destinatário correto estava sentado na recepção.

— Jo. Meu amor, — ele disse, dando a ela o seu melhor sorriso.

A recepcionista de cabelos escuros olhou por cima de seu computador e deu a ele um sorriso irônico. — Eu estava me perguntando quando você iria aparecer com subornos.

Ele entregou a ela o café com um olhar inocente. — Estou ofendido, querida. Isso é só eu tentando te cortejar para que você jante comigo.

— Unh-uh, — a morena disse, tomando um gole. — Pela milionésima vez, eu não saio com caras do escritório.

— Ah, — ele disse, levantando um dedo. — Mas eu não sou do escritório. Eu sou um freelancer.

Ela desviou o olhar, apenas por um segundo, e foi exatamente a abertura que Cole estava esperando.

— Jo, — ele disse, encostado na mesa. — Há alguma coisa que você quer me contar sobre a posição de editor de esportes?

— Sharpe!

A cabeça de Cole girou rapidamente, e ele se preparou para um Alex Cassidy furioso, só para ceder um pouco em alívio quando percebeu que o editor-chefe não estava em nenhum lugar à vista.

— Jake Malone, — disse Cole, em pé e sorrindo para um de seus amigos mais próximos.

Cole poderia jurar que ouviu Jo suspirar um pouco quando Jake se aproximou.

Isso acontecia muito ao redor de Jake. O editor de viagens de Oxford tinha uma aura do tipo Hugh Jackman acontecendo, e definitivamente tinha monopolizado o mercado no quesito alto, sombrio e bonito.

Jake já havia sido o playboy intocável de Oxford - um título que ele havia alegremente entregado a Lincoln, uma vez que Jake conheceu e se apaixonou por sua esposa, Grace - uma das fadas-madrinhas da Stiletto que ajudaram Penelope.

Mundo pequeno e tudo mais.

— Por onde diabos você esteve? — Jake disse, batendo com as mãos no ombro de Cole e dando a ele um daqueles meio abraços que homens dão.

— Esperando que seu chefe se decida, — Cole disse, mantendo a voz tranquila.

Jake balançou para trás com os calcanhares. — Ah.

Cole procurou no rosto do amigo, mas Jake não deu nenhum sinal de que ele sabia de alguma coisa. Cole não ficou surpreso. Cassidy e Jake eram bons amigos, mas Cassidy também sabia que Jake tinha uma boca grande. Se Cassidy tivesse se decidido sobre a posição, Jake seria o último a quem ele contaria.

— Você está aqui para um encontro com Cassidy? — Jake perguntou.

— Hum, bem...

Jake sorriu. — Ele não sabe que você está aqui, não é? Fantástico. Posso estar lá quando você o surpreender? Ouvi dizer que você fez isso quando ele estava entrevistando sua adversária no outro dia. Maldição, eu queria ter visto isso.

Cole se encolheu. — Ele ainda está irritado?

Jake deu nos ombros. — Honestamente? Eu mal vi o cara. Ele tem estado lá em cima quase todos os dias dessa semana. Vamos, — Jake disse, gesticulando em direção ao escritório dele. — Diga-me o que você tem feito.

Cole seguiu Jake até o escritório dele, apontando para um novo cartaz de um vinhedo na parede do seu amigo. — Napa?

— Espanha, — disse Jake. — Estou tentando convencer o chefe a me mandar para lá em outubro. Todos falam de vinhos franceses, vinhos da Califórnia, até mesmo vinhos italianos... Espanha não ganha amor suficiente.

— Vinho, hein? Deixa eu adivinhar de quem foi essa ideia.

Jake sorriu. — Vamos apenas dizer que se Cassidy permitisse deixar a minha mulher me acompanhar, ela provavelmente não diria não. Ah, e falando na esposa... quer vir jantar em nossa casa? Duas semanas a partir de sexta-feira?

Cole olhou para ele de surpresa. — Qual é a pegadinha?

— Não há nenhuma pegadinha. O quê, eu não posso convidar meu amigo para jantar?

Cole levantou uma sobrancelha. Esperando.

Jake suspirou e cedeu. — Ok, tudo bem. Grace e as outras garotas - elas têm na cabeça que querem adotar essa tal de Penelope Pope.

A sobrancelha de Cole ficou mais alta. — E você acha que eu deveria estar lá? Você está ciente de que aquela mulher está querendo o meu emprego?

— Aquela mulher? — Jake repetiu. — Você parece o meu avô sexista que está tendo dificuldades em lidar com o fato de que as mulheres que mostram um pouco de tornozelo não são prostitutas.

— Não foi isso que eu quis dizer, — Cole resmungou, caindo na cadeira em frente a Jake.

— Então não te incomoda que ela seja uma mulher?

— Claro que não. Eu amo mulheres.

— Excelente, — Jake disse. — Então você não vai ter problemas em vir jantar.

— Essa foi a tentativa mais lamentável de uma armadilha, — Cole disse. — Me explique porque a decisão da sua esposa de se tornar amiga de Penelope Pope - a qual eu sou a favor, aliás - exige que eu esteja presente.

— Não é uma armadilha, — disse Jake irritado.

— Uhum. Então você está me dizendo que essa não é uma festa só de casais, com Penelope e eu sendo as únicas pessoas solteiras?

— Não, — Jake disse sem hesitação. — E mesmo que as garotas estivessem tentando arranjar alguém pra Penelope, dizem que o irmão da Riley é a primeira escolha. Só que ele está em Milão ou Roma, algo assim.

Cole franziu o cenho. — Por que Liam é a primeira escolha?

Jake jogou as mãos para o ar. — Você quer vir para a merda do jantar ou não?

Cole considerou. Por um lado, ele gostava de sair com Jake e o resto do pessoal. Ele estava ligeiramente ciente de que era o único solteiro do grupo? Sim. Isso o incomodou? Nem um pouco.

Exceto que... Grace e suas amigas estavam sempre não tão sutilmente tentando colocar Cole com mulheres numa tentativa de atraí-lo para o estilo de vida deles.

Então, ele podia sentir o cheiro de uma armadilha a um quilômetro de distância. E isso era definitivamente uma delas.

— Eu acho que vou respeitosamente recusar, — Cole disse devagar, inclinando-se para trás na cadeira dele e descansando os calcanhares na mesa de Jake. — Penelope é ótima, mas...

Jake deu de ombros como se isso não fizesse diferença para ele. — Sem problemas. Eu vou chamar o Lincoln.

Os pés de Cole bateram no chão. — Não vai não.

— O que há de errado com o Lincoln? — Jake perguntou distraidamente, olhando para algo que tinha acabado de passar na tela do seu computador.

— Sim? O que há de errado com Lincoln? — Veio uma voz familiar da porta.

Cole olhou por cima do ombro para ver o próprio tópico da conversa que passava pelo escritório de Jake. Lincoln sentou na cadeira ao lado de Cole.

— Quer vir jantar? — Jake perguntou a Lincoln.

— Não, — Cole disse, apontando um dedo para Jake. — De jeito nenhum.

— Claro, eu adoro jantares, — Lincoln disse, ignorando Cole. — Quando?

— Você não vai, — Cole disse a Lincoln.

Jake franziu as sobrancelhas. — Bem, pelo menos um de vocês tem que vir. Se eu for para casa e disser a Grace que não encontrei o décimo membro do jantar dela, ela vai ficar rabugenta, e quando ela fica rabugenta, eu não transo.

— Eu estarei lá, — disse Cole.

Jake levantou uma sobrancelha. — Mudou de idéia, foi?

Cole não pegou a isca.

Jake provavelmente sabia muito bem que Lincoln era a pior alternativa possível.

As mulheres pareciam se apaixonar por Lincoln só por ele existir. Cole tinha visto mulheres inteligentes e racionais se oferecerem para ter o bebê do homem em troca de um sorriso.

Não que Lincoln tenha se apaixonado de volta. Na verdade, sempre que Cole o provocava sobre ter um relacionamento sério, Lincoln ficava com aquele olhar assustado como se estivesse dividido entre vomitar e esmurrar alguma coisa.

De jeito nenhum Cole iria sujeitar Penelope a isso. A mulher precisava de um amigo, não de um coração partido.

— O que eu perdi? — Lincoln perguntou a Jake. — Eu sinto que há um contexto aqui.

Jake apontou com o queixo para Cole. — O cara não consegue decidir o que ele sente sobre Penelope Pope.

— Ah, a morena fofa que está atrás do seu trabalho.

— Não é o meu trabalho ainda, — Cole resmungou. — A menos que vocês dois saibam de alguma coisa...

Lincoln levantou as mãos. — Cara, acredite em mim, eu tentei. Cassidy está de boca fechada sobre isso.

— De boca fechada sobre o que?

Cole nem precisou virar para saber que Cassidy estava na porta.

— É isso que vocês fazem o dia todo? — Cole perguntou ao grupo. — Apenas vagueiam pelas portas do escritório de outras pessoas e bisbilhotam?

— Por que você não se junta ao time e descobre? — Jake perguntou.

— Pois é, Cassidy, — Cole disse, inclinando a cabeça para trás e olhando para seu talvez em breve chefe. — Por que eu não entro para o time e descubro?

Cassidy revirou seus olhos, cruzando ambos os braços no peito enquanto ele se inclinava contra a porta. — Sim, vejo que você seria uma grande influência positiva na produtividade da minha equipe.

— Ainda bem que você está vendo o óbvio, — Cole respondeu. — Devo começar hoje? O Jake aqui não se importa de dividir seu escritório.

— Não. Eu definitivamente me importo, — Jake disse.

Cassidy suspirou. — Eu ia te ligar amanhã, Sharpe, mas já que você está aqui, vamos acabar logo com isso.

Cole sentiu o estômago revirar-se de repente. As palavras de Cassidy dificilmente foram o encorajamento de alguém que estava prestes a fazer uma oferta de emprego.

Ele engoliu sua amargura.

Ele não ia conseguir o emprego. Iam dá-lo a Penelope Pope.

E maldição, ela provavelmente merecia.

Mas ele também.

E ele precisava disso. Ele não podia deixar Bobby ser expulso de sua casa. Claro, seu irmão podia morar com Cole, mas eles tentaram isso, e Bobby ficava entediado enquanto Cole estava no trabalho, e Cole ficava estressado e irritado, preocupado com seu irmão mais do que provavelmente precisava.

Cole olhou para Lincoln e Jake, fazendo um gesto de cortar a garganta com o dedo. Nenhum de seus amigos disse nada quando ele saiu do escritório de Jake, mas fez com que ele se sentisse um pouco melhor que eles pareceram quase tão desapontados com o tom grave de Cassidy quanto Cole se sentia.

Cassidy já estava indo pelo corredor até seu escritório, então Cole o seguiu, sentindo-se muito menos exultante do que costumava sentir nos escritórios de Oxford.

Abruptamente ele percebeu que poderia ser a última vez que ele passeava por esses corredores.

Claro, havia sempre a chance de que ele pudesse continuar com seu atual status como freelancer, exceto....

Isso caberia à Penelope agora, não caberia?

Cassidy já estava sentado quando Cole entrou no escritório, com o cuidado de manter sua decepção fora de seu rosto. Cuidado para não mostrar o quanto ele se importava.

Ele não sabia por que era tão importante manter sua reputação de feliz, só que o pensamento de qualquer pessoa sentir pena dele lhe dava nos nervos.

— Como vão indo as coisas? — Cassidy perguntou, quando Cole se sentou na cadeira em frente a ele.

Ele resistiu à vontade de rolar os olhos. — Está tudo bem, Cassidy. Podemos apenas arrancar o Band-Aid rápido?

As sobrancelhas de Cassidy se ergueram. — O que você acha que vou dizer?

Cole se aproximou e pegou uma caneta da mesa, só para que ele tivesse algo para fazer com as mãos, e então a colocou de volta tão rápido quanto a pegou.

— Você está dando o trabalho para Penelope Pope.

A cadeira de Cassidy girou ligeiramente, os olhos dele nunca saíram dos de Cole. — Ela é muito boa. Você viu isso.

— Sim, — Cole disse, exalando lentamente uma longa e cansada respiração. — Ela é.

— Estou feliz que você pense assim, — Cassidy disse.

— Por quê, para que eu fique menos amargurado nos jantares? — Cole perguntou, tentando manter o riso fora do tom dele, e falhando.

— Eu não quero saber se você vai estar com TPM em nossos jantares, — disse Cassidy. — Estou feliz que você goste - ou pelo menos respeite - a Penelope, porque vocês dois vão passar muito tempo juntos.

— Cara, é só um jantar, — Cole murmurou. — Quanto tempo você está pensando que vai durar?

Cassidy se inclinou para frente, ambos os braços apoiados na mesa. — Ok, vamos parar com essa merda. Estou te oferecendo o trabalho, Sharpe.

Demorou alguns segundos para processar isso. E então...

— Mas que porra, Cassidy. Por que você me fez ouvir quão boa pra caralho a Penelope era se eu consegui o emprego?

Cassidy nem sequer vacilou com a explosão de Cole. — Penelope ser perfeita para esse trabalho não te torna menos perfeito. Esse cargo pertence a você, Cole. Você sabe disso.

Cole engoliu um seco, desconfortável com os elogios incomuns. Ele sabia que Cassidy gostava do seu trabalho. Seu contrato não seria renovado todos os anos se ele não gostasse. Mas era bom ouvir aquilo.

Ainda assim, Cole sentiu que faltava alguma coisa...

— Estive trabalhando com a empresa durante toda a semana para obter aprovação para uma segunda contagem de cabeças, — disse Cassidy calmamente.

Vários momentos de silêncio se seguiram enquanto o editor-chefe esperava que Cole juntasse as peças.

E então tudo se conectou.

— Você está contratando nós dois, — disse Cole, irritado por não ter percebido antes. — É por isso que você tem estado lá em cima todos os dias dessa semana. É por isso que você não deu a nenhum de nós uma resposta.

— Sim, — disse Cassidy. — Eu decidi dividir a posição. Dois editores esportivos ao invés de um, e antes que você pule na minha garganta, isso não é sobre eu ser indeciso.

Cole quase sorriu para isso. — Confie em mim. Não era isso que eu estava pensando.

Alex Cassidy não era nada mais que decisivo. Implacável quando ele precisava ser.

— Vocês serão equivalentes, — explicou Cassidy. — Os mesmos títulos, a mesma autoridade. Há trabalho mais do que suficiente para ambos. Vocês sabem o que quero fazer com esta nova seção de esportes. É enorme. Estamos falando de quase um quinto da revista dedicada ao esporte.

Cole sentou-se mais reto na cadeira, considerando. — O que acontece quando não nos entendermos? Se um de nós não tiver a última palavra...

Cassidy sorriu abertamente para isso. — Então vocês terão que aprender como resolver isso. Na pior das hipóteses, você traz o problema para mim. Eu tomo a decisão.

— Isso parece terrível, — Cole murmurou.

— É a oferta que está disponível, — disse Cassidy na sua habitual voz de vamos- logo-com-essa-merda. — Você pode pegar ou largar.

Cole deixou sair um suspiro. Não era o que ele tinha imaginado. Ele tinha imaginado dirigir o show, contratar uma equipe do jeito que queria, arrumar as páginas do jeito que estava na cabeça dele....

A ideia de ter uma parceira... O irritou.

Em seguida, seus pensamentos foram para Penelope Pope, sobre a quantidade ridícula de conhecimento esportivo que praticamente explodia de seu cérebro, sobre a maneira como ela irradiava verdadeira paixão por sua carreira.

Então ele pensou no idiota de Chicago - aquele que tinha roubado um trabalho debaixo do nariz dela só porque ela era uma pessoa ridiculamente boa e não o tinha visto aquilo acontecer.

— Ok, — Cole disse simplesmente. — Estou dentro.

Cassidy expirou em alívio. — De alguma forma eu estava esperando que fosse preciso ser um pouco mais durão do que isso para te convencer.

Cole sorriu de volta. — Não se preocupe, chefe. Tenho certeza que consigo pensar em uma série de outras maneiras de tornar sua vida miserável. Quando começamos?

— Espera aí, cowboy. Tem um pequeno obstáculo para superar primeiro.

— Quem fica com o escritório maior? — Perguntou Cole.

— Mais do tipo... como diabos vamos convencer Penelope Pope a dividir o trabalho com você?

Cole levantou as sobrancelhas. — Você ainda não disse a ela?

Cassidy balançou a cabeça. — Eu ia ligar para vocês dois amanhã.

Cole levantou-se e se dirigiu para a porta, já planejando arrastar Lincoln e Jake para beber cerveja em comemoração. — Não se preocupe. Ela vai concordar.

— Como você sabe? — Cassidy perguntou.

Cole deu um sorriso por cima ombro para seu chefe. — Você não ouviu falar? Nós somos melhores amigos agora.


Capítulo 7

— Não. Não, não, não, não. Porque diabos nós iríamos querer que a nossa primeira história de cobertura desportiva fosse sobre um narcisista mulherengo? — Penelope disse, mãos nos quadris enquanto ela andava pelo escritório.

Cole se inclinou para trás na cadeira - a cadeira dela - parecendo completamente imperturbável enquanto comia uma maçã. — Porque essa é uma revista masculina. E os homens não se importam que outro homem seja, e cito, 'um narcisista mulherengo' quando ele consegue acertar em mais de 300 jardas.

— Adam Bailey é um merda de primeira categoria, — Penelope respondeu.

— Provavelmente, — concordou Cole, girando na cadeira como um inquieto aluno do terceiro ano. — Mas ele é um bom golfista, e você sabe disso.

Penelope grunhiu em reconhecimento e pausou em seu ritmo o tempo suficiente para bater com as unhas contra a mesa.

A mesa dela. Ela tinha uma mesa.

Era uma coisa tão simples - uma alegria simples, realmente, ter o próprio escritório para decorar como quisesse, embora ela não tivesse feito isso, tendo estado aqui por um total de três dias.

Mas ainda era a sua mesa. Seu escritório.

O sorriso feliz se espalhou pelo rosto dela antes que pudesse parar.

— Ah não, — disse Cole.

Ela olhou para ele. — O quê?

— Esse sorriso, — ele disse, dando outra mordida na maçã. — É perigoso.

— Como um sorriso pode ser perigoso?

Ele balançou a cabeça. — Você é tão fofa e ingênua.

Já que ele tomou a cadeira dela, Penelope não se sentiu tão mal por roubar seu copo da Starbucks e tomar um grande gole.

— Cuidado, — ele disse. — Você não teve um problema com a sua roupa na última vez que bebeu café?

— Isso foi apenas porque eu estava usando saltos altos, — ela disse. — Eu tenho muita coordenação com essas aqui.

Ela levantou a perna para que ele pudesse ver suas sapatilhas pretas.

— Sensata, — ele disse, mal olhando para elas. — Mas me diga honestamente, Pope. O quanto você gostaria de estar usando um tênis agora?

Ela suspirou e caiu na sua própria cadeira para convidados. — Tão desesperadamente.

Ele sorriu deliberadamente.

— Você, por outro lado, parece ter se adaptado aos trajes chiques de escritório muito bem, — ela disse, os olhos passando por ele.

— Pequena. — Ele colocou uma mão sobre o coração. — Você notou!

Penelope revirou os olhos. Foi difícil não notar o quão bem Cole Sharpe ficava de terno. O de hoje era azul escuro, acompanhado de uma gravata azul mais clara para um conjunto monocromático que parecia, bem... delicioso.

Ele tinha assumido o papel de editor de esportes sênior muito bem.

Não. Coeditor de esportes sênior.

Penelope tinha sentido a menor pontada de decepção quando Alex Cassidy lhe disse que suas novas responsabilidades seriam compartilhadas.

Ela queria ter esse emprego sozinha - queria provar que conseguia.

Mas, se você não conseguia vencê-los, junte-se a eles, certo? E se havia alguém com quem ela quisesse se juntar, era Cole Sharpe.

Bem...

Não se juntar.

Não desse jeito.

Os olhos de Penelope viajaram sobre o torso esguio dele. Bem, ok. Talvez desse jeito, só um pouquinho.

Mas ela falou sério quando disse sobre os dois permanecerem platônicos. Era bom deixar as coisas bem claras. Penelope sabia muito bem que tipo de sofrimento acontecia se dois membros do sexo oposto não estavam com as mesmas ideias sobre a sua relação.

Um pensou que eles estavam indo em direção a um relacionamento....

O outro tinha tido uma namorada secreta o tempo todo.

— Oh-oh, — Cole disse, olhando para ela. — Agora o sorriso desapareceu. O que está acontecendo nessa cabecinha?

Penelope sentou na frente e ajustou desnecessariamente o grampeador. — Nada.

Ele mastigou a maçã enquanto a observava. — Só para constar, eu não acredito em você nem por um segundo. Mas como eu sei em primeira mão o quão irritante pode ser bisbilhotar, eu vou deixar pra lá.

Penelope observou enquanto atirava o núcleo da maçã pela sala em direção ao lixo. O barulho indicou que ele havia acertado.

— Você sabe que há uma cesta de lixo bem debaixo da minha mesa, certo? Isso foi completamente desnecessário.

— Por favor. Demonstrações de proezas masculinas nunca são desnecessárias. — Cole se sentou mais para a frente. — Ok, então o que fazemos com Adam Bailey? Nós temos compartilhado este trabalho por três dias, e já estamos em um impasse.

Ela arranhou a ponta do nariz enquanto pensava sobre isso. — E Jackson Burke? Você não pode me dizer que todo cara na América não quer secretamente ser ele.

— Não há discussão aí. O homem é uma lenda viva. Mas se sua briga com Adam Bailey é seu histórico com mulheres, como Jackson Burke é melhor?

Penelope o olhou com uma carranca e cruzou os braços. — Eu não acredito nesses rumores sobre ele.

— Rumores, — Cole disse lentamente. — Você quer dizer como quando a esposa dele o acusou de ter múltiplos casos com mulheres que ela chamou pelo nome, e então essas mesmas mulheres vieram à frente para confirmar suas afirmações?

Penelope olhou para as unhas dela. — Eu acho que elas inventaram isso.

Cole se inclinou para frente, um sorriso de entendimento no rosto dele. — Pequena. Você tem uma queda por Jackson Burke?

Talvez.

O quarterback do Texas Redhawks era um dos ídolos de Penelope.

Não só porque o homem era excepcionalmente habilidoso no campo de futebol, embora fosse. Mas ele também havia financiado uma dúzia de instituições de caridade - silenciosamente, fora dos holofotes. Ele havia adotado um punhado de cães resgatados do hediondo hobby de luta de cães de outro jogador de futebol. Ele tinha levado os pais para jantar depois de cada vitória do Super Bowl...

— Pequena? — Cole perguntou.

— Jackson Burke é um bom homem, — ela disse teimosamente.

— Muito bem, digamos que ele não tenha tido casos com metade das mulheres do Texas, — disse Cole lentamente. — Ele ainda não é uma boa escolha. Ninguém se importa com o futebol em abril.

Ele tinha razão. Eles estariam melhor se guardassem uma matéria sobre Jackson para a temporada de futebol, quando todos estariam se perguntando se os rumores sobre suas atividades fora de temporada afetaram seu jogo.

— Mas golfe? — Disse ela, cética. — Eu sei que está crescendo em popularidade, mas...

— Está crescendo em popularidade por causa do Adam Bailey, — argumentou Cole. — O homem sozinho reanimou o esporte quando ganhou quatro turnês seguidas e depois começou a namorar com atrizes de Hollywood.

— Exatamente, e então ele sozinho manchou o esporte quando começou a namorar mais de uma atriz de Hollywood ao mesmo tempo, — Penelope argumentou. — O cara é um playboy. E ao contrário de Burke, Bailey quase admitiu isso.

— Nós não nos importamos com seu jogo de quarto, nos importamos com o jogo de golfe. E o jogo dele é tão bom quanto sempre foi. Melhor.

— Mas...

— Você sabe que estou certo sobre isso. Se fôssemos os editores de Relacionamentos, seríamos criticados por falarmos sobre ele, mas somos editores esportivos.

— Nós ainda vamos ser criticados, — ela resmungou.

— A má publicidade ainda é publicidade. Você sabe disso.

Maldição. Maldição. Ele estava certo.

Era só que... ela odiava homens que estavam com uma mulher enquanto ficavam com outra.

Esqueça isso, Penelope.

Ela levantou as mãos para os lados e sacudiu-as.

Cole sorriu. — Penelope. Você está fisicamente se livrando desses pensamentos?

— Não julgue, isso ajuda, — ela disse.

Ele levantou os braços e imitou os movimentos dela, então eles estavam batendo como pássaros. — Você está certa. É verdade.

— Do que você está se livrando?

Cole deu nos ombros. — Nada. Eu sou impecável.

Houve uma limpada de garganta na porta e ela se virou, pegando Lincoln Mathis os observando com as sobrancelhas erguidas.

— Ah, oi, Lincoln! — Ela deixou os braços caírem para os lados.

— Ah, oi, Lincoln! — Cole a imitou uma voz ofegante.

Ela o ignorou, principalmente porque ele tinha razão. Ela provavelmente estava um pouco ofegante, mas era 100% justificável.

Sim, Lincoln Mathis ainda era o homem mais lindo que ela já viu.

Cabelo ondulado escuro, olhos azuis que eram amigáveis e distantes, praticamente implorando a uma mulher que o consertasse. O mesmo acontecia com o sorriso tímido, mas confiante, o corpo musculoso, mas magro.

Penelope sentiu um esguicho de água na bochecha dela e virou para ver Cole segurando uma garrafa azul com spray. — O que você está fazendo? Isso é pra molhar as minhas plantas!

— Você parecia com calor, — ele disse com um dar de ombros, colocando a garrafa de lado.

Ela limpou o rosto molhado com a manga. Esqueça Lincoln. Era Cole que ela ia ter que aprender a sobreviver.

— Em que podemos te ajudar, Lincoln?

O outro homem andou por seu escritório, sentando na cadeira ao lado dela antes de inclinar a cabeça. — Não há algo ao contrário aqui? Ou você trocou de escritório?

— Não, você está certo, — ela disse. — Sharpe roubou minha cadeira.

— E você deixou?

Penelope deu nos ombros. — Não me incomoda onde eu sento quando estamos discutindo.

— Conversando, — Cole disse. — Nós estávamos conversando.

— Ah é? E quem ganhou? — Ela perguntou.

— Eu ganhei. Obviamente.

— Exatamente. Não há nenhum vencedor numa conversa. Foi uma discussão, e eu vou conceder esta rodada, mas...

Lincoln levantou uma mão. — Que tal vocês dois resolverem isso mais tarde? Eu tenho uma crise em minhas mãos para a minha seção.

Penelope voltou sua atenção para Lincoln. — Relacionamentos, certo?

— Ah, claro, — Lincoln disse. — Podemos chamar assim.

— Bem, como você chama? — Penelope perguntou.

Ele não respondeu.

— Vamos, lá, — ela persuadiu, — Eu faço parte da equipe.

Lincoln soltou um suspiro. — Bem, o Índice chama de Sexo e Relacionamentos. Mas por aqui nós chamamos de...

— Garotas e clitóris, — disse Cole.

— Nós não chamamos assim, — Lincoln disse, olhando para Cole.

— Às vezes sim, — Cole murmurou.

— De qualquer forma, nós chamamos de...

— Ei, porque é que eu não fui convidado para a festa? — Jake Malone entrou no escritório sem bater na porta.

— Bem-vindo ao meu escritório, — Cole disse, gesticulando amplamente com as mãos.

— É o meu escritório, — Penelope disse.

— Bem, deveria ser o meu escritório, — disse Cole. — É maior.

Jake inclinou-se até a boca dele estar perto da orelha da Penelope. — O Pobre rapaz tem que compensar.

Penelope riu e Cole ergueu o dedo do meio para o amigo.

— Rapazes - garota - foquem, — Lincoln disse, estalando os dedos. — Cassidy me pediu para fazer uma história de preenchimento rápido depois que uma merda chata sobre sapatos acabou sendo um fracasso, e eu estou travado.

— Tudo bem, jovem Lincoln, você pode perguntar a nós deuses do sexo nossa opinião, — Jake disse.

— Na verdade, eu estava procurando pela Penelope.

Jake parecia desapontado. — Eu pensei que eu era o seu cara de conselhos sexuais.

— Hum, eu sou o cara dos conselhos sexuais dele, — Cole disse. — Lincoln vem até mim quando ele precisa de dicas para suas histórias. Você é um velho casado sem graça...

— Que faz sexo toda a noite, — Jake jogou de volta. — Você pode dizer o mesmo?

Penelope não pôde deixar de dar uma olhada em Cole. Ele podia dizer o mesmo?

Cole estreitou os olhos para Jake, que sorriu. — Achei que não.

Penelope sorriu, curtindo as brincadeiras deles.

Isso era o que ela queria quando se candidatou para o trabalho. Esse tipo de camaradagem. É verdade que ela era a única mulher, mas eles pareciam dispostos o suficiente para incluí-la.

E Deus sabia que eles não pareciam estar segurando a "conversa de homem" na presença dela. Garotas e clitóris? Sério?

Lincoln pegou seu caderno. — Ok, Penelope, então meu artigo é sobre o primeiro beijo de um primeiro encontro...

— Beijar? — Perguntou Cole. — Isso parece chato.

Lincoln atirou um olhar cortante em sua direção. — Você já fez sexo sem isso?

Cole abriu a boca, então fechou-a, fazendo um gesto de prosseguir com a mão. — Continue.

— Ok, então, Srta. Pope, — Lincoln disse, colocando a ponta da caneta no lábio e parecendo, bem, gostoso. — Eu sempre tive a impressão de que as mulheres preferiam um bom beijo em que seguram sua cabeça. Você sabe, nossas mãos grandes no seu pequeno rosto. As garotas gostam. Mas, contra o meu melhor julgamento, decidi fazer uma pesquisa informal no escritório, e até agora meus resultados estão... dispersos.

O silêncio caiu sobre a sala e Penelope percebeu que os três homens estavam olhando para ela. Esperançosamente.

— Espera, desculpa, — Penelope disse nervosamente — O que você quer que eu faça sobre isso?

— Pesar na votação, é claro, — disse Lincoln. — Nós homens só sabemos o que achamos que sabemos sobre as preferências das mulheres.

Penelope deu uma risada nervosa. — Certamente eu não sou a única mulher no escritório.

— Não, claro que não, — disse Lincoln com um pequeno sorriso. — Há seis de vocês.

— Seis? É só isso? De quantos funcionários?

— Muitos, — disse Jake.

Penelope lambeu os lábios. — Ok, bem... por que você não pergunta as outras cinco?

— Eu perguntei, — Lincoln disse pacientemente. — Mas seis opiniões são melhores que cinco, estou certo?

— É claro, é só que...

Ela olhou em volta da sala e viu os três a observando curiosamente.

Os olhos de Lincoln se estreitaram ligeiramente embora não de uma maneira má. Ele se inclinou para frente. — Penelope, querida. Você já foi beijada?

— Eh, não é apropriado, Mathis, — Jake disse, olhando para a porta.

— Merda, — Lincoln disse, parecendo horrorizado, — Merda. Desculpe. Eles fazem você ter aulas de assédio sexual, mas eu estou tão acostumado a dizer qualquer coisa com esses caras...

— Não, não, está tudo bem! — Ela apressou-se em dizer.

A última coisa que ela queria fazer era estabelecer em sua primeira semana que ela deveria ser tratada de forma diferente. — Claro que já fui beijada. Tenho trinta e um anos...

— Sério? — Cole interrompeu. — Caramba, quando te vi pela primeira vez, pensei que era dezoito.

— É a falta de peito, — ela disse sem pudor.

Jake passou uma mão no rosto dele com uma risada sufocada. — Jesus. Talvez devêssemos fechar a porta antes que a Sandra passe.

— Sandra? — Penelope perguntou enquanto Lincoln se levantava para fechar a porta do escritório.

— Sandra Atens, — explicou Cole.

— Ah, — disse Penelope. — A mulher do RH que me deu toda a minha papelada.

— Essa mesmo, — disse Lincoln. — Olha, então, Pen, se você não quiser responder...

— Não, é só que... — Ela começou a morder a unha e depois lembrou-se que tinha ido na manicure na primeira semana de trabalho e deixou as mãos no colo. — Eh, já faz um tempo. Desde o beijo.

Por alguma razão, Penelope não conseguiu olhar para Cole Sharpe quando disse isso, então ela manteve os olhos focados em Lincoln, que, Deus o abençoe, não parecia nem tentado a rir.

— Bem, o que porra tem de errado com os caras de Chicago, anjo? — Perguntou ele.

Ela riu. — Você é gentil. Mas eu acho que nós sabemos que os homens não estão exatamente arrombando a porta para chegar a tudo isso.

Ela gesticulou desajeitadamente sobre seu corpo com as mãos.

Lincoln olhou para ela, e Penelope suspirou em resignação sobre o que ele iria ver. Ela estava usando uma saia hoje - cinza, e uma camisa rosa - rosa! Mas mesmo assim, ela sabia que o efeito era dificilmente o de mulher fatal.

Inferno, mal era feminino.

Não importava o que ela fazia, não importava a cor do batom, não importava o tamanho dos saltos, ela nunca conseguia escapar do efeito de menina-brincando-de-se-vestir.

— Estou gostando do que vejo, — Lincoln disse.

— Ai meu Deus, — alguém murmurou. Penelope não tinha certeza se era Cole ou Jake.

Ainda assim, a voz de Lincoln era mais educada do que apaixonante ou lasciva, então ela simplesmente sorriu.

Penelope não estava aqui há muito tempo, mas ela percebeu que Cole e Lincoln tinham reputação de mulherengos. Ela podia ver o porquê. Ambos eram dolorosamente bonitos.

E ainda havia algo sobre Lincoln... algo sobre a maneira como ele se segurava e tratava as mulheres com um respeito diferencial, mesmo quando ele as encantava o suficiente para tirar suas calcinhas...

Pelo menos, ela assumiu. Lincoln não tinha encantado ela. Ele não tinha tentado, na verdade. E ela estava feliz. Ele era bonito, e ainda assim Lincoln não era aquele que às vezes fazia seu coração bater um pouco rápido demais.

— Que tal a última vez que você foi beijada, Pequena?

A cabeça de Penelope foi em direção a Cole. — O quê?

Ele deu de ombros. — Você disse que já faz um tempo, mas certamente não passou tanto tempo que você não consegue lembrar de como você gosta de ser beijada. Então, como é? Você gosta quando um homem segura sua cabeça? Sua cintura? Suas costas?

— Cole! — Jake disse em exasperação.

— Eu, hum... — Penelope mordeu o lábio, imaginando como diabos ela poderia permanecer relevante nessa conversa sem trair a horrível verdade de que ela não tinha realmente um favorito, porque ela sempre achou beijar... algo superestimado.

— Ok, é isso, — Lincoln disse, jogando as mãos para cima antes de jogar a caneta e o caderno na mesa.

Ele se levantou, então fez um gesto para que Penelope fizesse o mesmo.

— Levanta, — disse ele.

— O quê?

— Levante-se. — Sua voz estava calma. Persuasiva. — É hora de experimentar.

— Não, — Jake disse. — Não, de jeito nenhum, porra. Isso é um escritório, Lincoln, ela é nossa colega de trabalho. Com RH ou sem RH, você não pode simplesmente andar por aí beijando ela.

Lincoln franziu o cenho. — Não é um beijo romântico. É como quando o cara na seção de bebidas traz uísque para o teste de degustação. Estamos experimentando. E ela pode dizer não.

— Mas...

— Não, está tudo bem, — disse Penelope, erguendo uma mão para parar as objecções de Jake. — Lincoln está certo. Não tem que ser estranho.

O que diabos você está fazendo? Isso não é você.

Penelope ignorou a voz e se levantou.

Ela estava confortável com quem realmente era. Mas isso não significava que não havia uma pequena parte dela que estivesse cansada de ser um dos caras. E essa mesma parte dela estava dando piruetas porque um homem bonito estava se oferecendo para beijá-la - não, mais importante, ele estava olhando para ela como alguém que merecia ser beijada.

De jeito nenhum ela iria recusar isso, sendo sem sentido ou não.

— Ok, — Lincoln disse se aproximando. — Isso é bom. Aqui está a primeira opção.

— Você não pode estar falando sério, — Cole disse, a voz irritada.

Penelope olhou para ele, surpresa pela nitidez de seu tom. O rosto dele combinava com o tom - incrédulo e talvez um pouco... zangado?

— Ignore-o, — Lincoln disse, chamando a atenção dela de volta para ele. — Pronta para isso, querida?

—Hum...

A mão de Lincoln fechou-se sobre o rosto dela, gentilmente, mas com firmeza... e uau, ok... ela entendeu o que ele quis dizer com "segurar a cabeça". Foi legal.

A boca de Lincoln fechou sobre a dela, e os olhos de Penelope se fecharam, enquanto ela avaliava.

Também foi... legal. Não é exatamente algo que te faça se contorcer de bom, mas... legal.

Ele foi para trás.

— Não? — Ele perguntou. — Que tal esse?

As mãos dele se moveram para os ombros dela, puxando-a para frente novamente. Os olhos de Penelope fecharam mais uma vez, perguntando se este seria um pouco mais, bem, excitante, mas os lábios dele nunca tocaram os dela.

Em vez disso, ele a soltou completamente.

Ela abriu os olhos em confusão.

Cole estava inclinado sobre a mesa dela, a mão dele no ombro de Lincoln, tendo claramente empurrado o outro homem para longe dela.

— Se recomponha, — Cole disse. — Jake tem razão, você não pode simplesmente andar por aí seduzindo as funcionárias.

— Seduzindo, — Jake murmurou por detrás dela. — Sério?

— É a porra de um processo legal esperando para acontecer, — Cole rosnou.

— Uhum, — disse Lincoln, cruzando os braços. — Você é funcionário há menos de um mês, e está preocupado com os Assuntos Internos?

— Porra, não, estou preocupado com ela, — disse Cole, apontando para Penelope.

Ela não conseguiu evitar. Uma risada surgiu, e Cole deu a ela um olhar incrédulo.

— Desculpe, — ela disse, tentando manter o rosto sério, e falhando. — É só que... você se pareceu muito com meu pai agora.

A boca de Cole abriu quando Jake deixou sair uma risada abafada e Lincoln colocou um punho na frente da boca dele, olhos azuis brilhando em diversão.

— Seu pai? — Cole disse, soando horrorizado.

Lincoln olhou para o relógio dele. — Merda. Malone. Estamos atrasados para a reunião.

— Que reunião? — Jake perguntou.

Lincoln deu a ele um olhar cortante enquanto ele agarrava seu caderno e caneta. — Tudo bem, você quer ficar aqui e ver isso acontecer, fique à vontade...

— Ah, aquela reunião? — Jake disse. — Certo. Estamos atrasados.

— Obrigada pelo beijo, — Penelope falou brincando para Lincoln. — Eu acho que segurar a cabeça é definitivamente...

Ela parou quando viu Alex Cassidy na porta. Sua expressão não dizia nada, mas não havia como ele não ter ouvido ela agradecendo em alto e bom som a seu colega por um beijo.

Penelope sentiu as bochechas corarem enquanto o chefe deles olhava em volta para os quatro.

— Nós estávamos, ah, fazendo uma pesquisa, — disse Lincoln, fugindo de Cassidy.

Jake seguiu Lincoln, erguendo sua mão esquerda inocentemente. — Não a toquei. Eu sou casado.

Cassidy estreitou os olhos para os dois homens antes de desviar sua atenção de volta para Penelope, depois para Cole.

Então ele simplesmente revirou os olhos e foi embora.

Penelope deu um suspiro de alívio quando ela voltou para a cadeira. — Ufa. Você acha que é sempre assim por aqui?

— Não soe tão esperançosa, — Cole murmurou rabugento.

— Ah, vamos lá, — ela disse. — Como se você não tivesse feito o mesmo na posição de Lincoln. Eu vejo o jeito que você flerta com a recepcionista todas as manhãs.

— Flertar é diferente de ficar se agarrando, — ele disse, mãos apoiadas na mesa enquanto ele pairava sobre ela.

Penelope revirou os olhos. — Foi um beijo de cinco segundos. Não dá para considerar como uma sessão de amassos.

— Então você não gostou?

— Eu não disse isso.

A sobrancelha dele ergueu-se em desafio.

— Bem, você interrompeu, — ela bufou. — Talvez se ele tivesse chegado aos outros métodos de beijo, eu teria ficado um pouco mais animada.

Cole olhou para ela por vários segundos antes de se levantar. — Eu acho que não.

— Por que? Porque eu não sou capaz de me apaixonar? — Ela perguntou, a voz dela soava mais defensiva do que ela pretendia.

Ele estava no processo de passar por ela, mas parou.

Cole olhou-a de cima a baixo, sua expressão pensativa.

— Nah, eu acho que você é muito capaz. — Ele esperou até que Penelope encontrou seu olhar. — Eu acho que Lincoln não é o seu cara.

Ele piscou e então saiu do escritório dela, o bom humor aparentemente restaurado, fechando a porta atrás dele.

No segundo em que a porta se fechou, ela caiu de volta na cadeira, se sentindo abalada.

Cole estava errado. Não havia nada de errado com Lincoln. Esse beijo teria sido exatamente o mesmo vindo de qualquer outra pessoa. Digamos que, vindo de Cole, por exemplo.

Ela empurrou-se para fora de sua cadeira de convidado e se moveu em torno da mesa para sua cadeira real.

Penelope estava, de repente, desesperada para se perder no trabalho. Desesperada para ignorar aquela pequena voz na parte de trás da cabeça dela sussurrando, Mentirosa.


Capítulo 8

Cole não sabia exatamente o que o fez sugerir que ele e Penelope aparecessem juntos no jantar de Jake e Grace.

Na verdade, ele deveria ter se esforçado ao máximo para não fazer nada disso.

Já era ruim o suficiente que eles fossem as únicas pessoas que não estavam em casal na festa. E, apesar das afirmações de Jake, Cole não tinha certeza de que as garotas Stiletto não estavam armando uma armadilha.

Chegar ao mesmo tempo só iria colocar a ideia errada na cabeça de todo mundo. Bem, todo mundo menos Penelope.

Era quase um insulto o quanto ele tinha sido colocado na friendzone.

Ou pelo menos, ele se sentiria insultado se não estivesse muito aliviado. A última coisa que ele precisava era de um envolvimento romântico com uma colega de trabalho.

O que decididamente não explicava por que ele estava do lado de fora do prédio do apartamento dela, sentindo-se decididamente animado para vê-la.

Penelope vivia em um prédio no Upper West Side. Bem, Upper Upper West Side, dada a distância ao norte que ela estava. Ele deveria saber. Ele vivia quase tanto quanto ao norte, exceto no lado leste do Central Park. A caminhada tinha levado apenas dez minutos.

Ele fez uma careta quando percebeu que ele já estava tentando chegar a uma explicação para a razão pela qual ele estava parando no apartamento dela primeiro.

Cole conhecia seus amigos muito bem. De maneira alguma eles iriam acreditar em sua desculpa "a casa dela era caminho".

Ainda assim, a casa dela era a caminho, mais ou menos, e aqui estava ele.

Cole usou o interfone para ligar para o apartamento dela, sorrindo enquanto sua voz cansada saiu toda pequenina. — Cole?

— Sim.

— Suba aqui!

Ele levantou uma sobrancelha com a urgência do tom dela. Alguns minutos depois, ela abriu a porta, e ele entendeu.

— Nossa, — ele disse, olhando para ela. Penelope estava usando um robe branco, o cabelo preso num coque bagunçado, os olhos dela enormes e em pânico.

— Eu dormi, — ela disse, empurrando-o para dentro. — Eu queria tirar uma soneca rápida e, quando dei por mim, eram seis horas...

— Posso esperar lá embaixo, — disse ele educadamente.

— Nem pense nisso, — ela disse, colocando ambas as mãos nas costas dele e empurrando-o na direção do quarto dela. — Eu preciso de ajuda.

— Hum, — Cole parou um pouco. Normalmente quando uma mulher precisava de "ajuda" no quarto...

— Me conte tudo sobre essas pessoas, — ela disse, correndo os dedos pelo cabelo enquanto ela ficou na frente do closet. — Eles são como a velha Nova York, ou a Nova York fashion? Tipo, estamos falando do Fashion Week ou da Audrey Hepburn, ou...

Ele olhou para ela, horrorizado. — Você quer que eu te ajude a descobrir o que vestir?

Ela se virou, olhos suplicantes. — Eu sou terrível nesse tipo de coisa.

— Pequena, com todo o respeito, eu sou muito melhor em despir mulheres do que as vestir.

— Sem dúvidas, — ela disse desdenhosamente, olhando para ele. — Mas olhe para você. Você parece que deveria ser um dos modelos da Oxford, não um colunista.

Ele olhou para sua calça, camisa social branca e jaqueta esportiva, que ele não considerava exatamente o traje de modelo masculino.

Ela puxou um vestido amarelo feio. — E quanto a isso?

Cole suspirou. Uau. Ela não estava brincando. Ela realmente era ruim nisso.

— Eles não vão se importar com o que você está vestindo, Penelope. Mas, hum... isso não.

Ela pisou com força. — Cole!

Ele levantou as mãos. — Ok, ok.

Ele foi até o closet dela, vasculhando os cabides. — Sério, mulher, quantas camisetas esportivas diferentes você tem?

— Cerca de metade da quantidade de camisetas que eu tenho, — ela disse, irritada.

— Você não parece ser tão mal-humorada no trabalho, — ele disse, tirando uma camisa do Ichiro de seus dias no Mariners. — Isso é em tamanho infantil?

— Sim, são todas em tamanho infantil, — disse ela. — São as únicas que serve. Mas eu não vou aparecer vestida como uma jogadora de baseball, então concentre-se.

— E quanto a uma das roupas tediosas que você usa para trabalhar? Calças e uma social, ou algo assim?

— Bem, considerando que você acabou de chamar essas roupas de tediosas....

Ele olhou para ela. — Em que você se sente mais confortável?

— Jeans e uma camiseta, obviamente, mas às vezes...

Ela parou e ele levantou uma sobrancelha em expectativa.

— Sim, Pequena? — Ele disse quando ela olhou para o chão.

— Às vezes tenho vontade de me sentir bonita.

A voz dela estava baixa quando ela disse isso, o coração dele quebrou um pouco por ela. Ele teve uma estranha vontade de puxá-la na direção dele. De dizer a ela que ela era linda. Talvez colocar as mãos nas costas dela, mostrar uma daquelas técnicas de beijo que Lincoln mencionou...

Ele grunhiu e afastou o pensamento. A última coisa que ele precisava fazer era repetir aquele dia no escritório quando ele sentiu algo suspeitosamente perto de ciúmes.

Cole não sentia ciúmes.

Certamente não por causa de uma mulher que desenhou uma linha na areia e a rotulou de platônica.

Ele voltou sua atenção para o closet dela, puxando um top azul brilhante que era meio que sedoso.

— Que tal isso?

Ela olhou para ele com ceticismo. — Com o que eu iria usá-lo?

Cole revirou os olhos, virou de volta para o closet, e tirou um par de jeans. — Veste isso.

— Mas...

Cole apontou um dedo para o rosto dela. — Vista-se. Se você quer minha ajuda, você tem que confiar em mim.

Ela o encarou por vários segundos antes de ceder com um suspiro. — Tudo bem.

Então, para choque total dele, ela tirou o robe e jogou na cama.

Ele virou-se para não olhá-la, mas não antes de ter visto Penelope Pope de calcinha e sutiã sem alças.

— Jesus.

— Ah, para, — ela disse. — Não é como se houvesse muita coisa acontecendo aqui.

Ele sugou um suspiro. Sua ereção furiosa dizia o contrário.

Como diabos isso aconteceu? Normalmente era preciso mais do que uma espiada acidental de uma mulher de sutiã e calcinha para excitá-lo.

Mas não tinha dúvida alguma. Ele estava excitado.

Ele tentou bloquear o som do jeans dela deslizando sobre os quadris finos, tentou bloquear o desejo de puxá-los para baixo novamente.

— Tudo bem, — ela disse alguns momentos depois. — Você pode se virar. Eu estou vestida, então não há mais ameaças à sua virtude.

Ele deu um olhar cético por cima do ombro, confirmou que ela estava vestida, e então se virou para olhá-la completamente.

Ela segurou as mãos ao lado do corpo. — Bem? Você está deslumbrado?

Ele voltou para o closet dela, localizou o sapateiro, e puxou um par de saltos altos preto.

— Hum hum, — ela disse, olhando para eles como se fossem um rato morto. — Lembra o que aconteceu da última vez que eu usei saltos altos? É um desastre esperando para acontecer.

— É aí que eu entro, — ele disse. — Você pode segurar meu braço.

— Ah sim, porque isso vai deixá-los mais confortáveis, — ela disse. — Além disso, supostamente vai nevar hoje à noite.

Cole jogou seus braços no ar. — Droga, mulher. Use seus tênis, tanto faz.

Ela ronronou. — Nah. Botas.

— Tudo bem. Podemos ir agora?

— Não! E a maquiagem? Eu dominei a máscara de cílios, a maior parte, mas eu poderia usar alguma ajuda para descobrir que sombra ficaria boa.

Cole olhou para ela, esperando para ver se ela estava brincando, então balançou a cabeça. — Não. Inferno, não.

Ele se moveu em direção à porta e ela o seguiu. — Mas eu não sei...

Cole tirou a bolsa pequena dela de um gancho junto à porta. — É isso que você está levando?

— Sim, mas...

Ele enrolou a alça sem cerimônia por cima do ombro dela. — Pegue seu celular ou qualquer outra coisa que você precise e então vamos embora daqui.

Ela abriu a boca. — Mas...

Ele suspirou e deu um passo em frente. As palavras dela se interromperam quando as mãos dele se ergueram até a cabeça dela. Muito lentamente, os dedos dele foram para dentro do cabelo dela, tentando ignorar o quão sedoso ele era contra os dedos dele enquanto procurava o elástico que o segurava no lugar.

Suavemente, ele puxou, deslizando a faixa centímetro por centímetro até que o cabelo escuro dela se espalhasse sobre os ombros. Por toda a mão dele.

— Aqui, — ele disse, a voz dele apenas um pouco áspera. — Agora você está pronta.

Ela estava olhando para ele, a expressão ilegível, e ele sentiu uma súbita onda de ternura por essa mulher que ele mal conhecia e ainda assim de alguma forma conhecia completamente.

Cole limpou a garganta e deu um passo atrás. — Você não precisa de maquiagem para ficar bonita, Penelope.

— É o que os caras sempre dizem um segundo antes de darem olhares fatais para uma modelo da Victoria's Secret, — ela resmungou levemente enquanto colocava as botas.

— Claro, — ele concordou cordialmente. — Mas só porque queremos dormir com a modelo da Victoria's Secret não significa que queremos acordar ao lado dela de manhã.

— Bem, isso é muito reconfortante, Sharpe, — ela disse enquanto trancava a porta. — Mas guarde isso para alguém que não está sozinha toda noite e toda manhã.

Cole não tinha certeza do que dizer sobre isso, então ele não disse nada enquanto eles desciam pelo corredor até o elevador dela.

Penelope parecia pensativa enquanto apertava no botão para descer. — Ei, Cassidy ou Jake mencionaram se Lincoln estaria lá hoje à noite?

Ele olhou para ela surpreso. — Você quer que ele esteja?

Ela não respondeu quando entrou no elevador.

Cole seguiu-a um pouco surpreso - e irritado - com o quão desesperadamente ele queria que ela respondesse.


Capítulo 9

Demorou um total de cinco minutos no maravilhoso apartamento dos Malones para que Penelope percebesse o que estava acontecendo: Ela estava saindo com as pessoas bonitas.

Aquelas pessoas que você vê na televisão ou nos filmes. Aquelas que você assistiu enquanto usava moletom e empurrava pipoca na sua cara e pensava que pessoas reais não podiam ter essa aparência. E certamente as pessoas não davam jantares de verdade em que houvesse um esquema de cores nas toalhas de mesa e flores frescas por todo o lado.

Mas elas existiam, e ela era uma delas. Mais ou menos.

Por apenas essa noite.

E Penelope estava apenas meio certa sobre seu estresse com o que vestir.

Por um lado, como esperado, as mulheres do grupo estavam todas perfeitamente arrumadas. Mas, por outro lado, elas eram tão bonitas que ela tinha certeza de que poderia ter usado uma de suas camisetas e jeans, e elas não teriam sequer piscado.

— Então, Penelope, nos diga honestamente agora, — disse Riley McKenna, enquanto a linda morena segurava o braço de Penelope e a guiava em direção do sofá. — Como está indo na jaula de testosterona?

Levou um minuto para Penelope entender o que Riley queria dizer. — Os escritórios da Oxford? É assim que se chama?

— Não — disse Emma com uma onda de desdém de sua mão quando veio se juntar a elas na sala de estar, — não é assim, ignore Riley.

— Sim, mas há muita testosterona lá em cima, — argumentou Riley. — Estou certa?

— Sim, querida, mas a menos que queiramos que eles comecem a chamar a Stiletto de caverna de estrogênio, eu sugiro que nós...

— Caverna de estrogênio soa como um nome para vagina — disse Riley.

Penelope engasgou-se com o vinho branco que ela estava bebendo, e Emma deu a ela um olhar simpático. — Desculpe pela Riley. Ela esquece que nomes de genitais não são apropriados para o jantar.

— Elas são nesse grupo — disse Riley.

Emma ignorou sua amiga e se inclinou para frente com um sorriso ansioso para Penelope. — Ok, mas nos diga... como é que isso realmente funciona com Cole e Lincoln? Qual deles é mais gostoso? Eu quero dizer, eles são ambos gostosos, mas qual deles faz você ficar toda ofegante?

— Espera! — Uma voz feminina gritou.

Julie Greene pegou uma garrafa de vinho, encheu o copo, e então fez uma linha reta para elas. — Como você se atreve a falar sobre as coisas boas enquanto eu estava ajudando a fazer o jantar?

— Você não estava ajudando, Jules! — Grace chamou da cozinha. — Você massacrou o pão!

— Julie não sabe cozinhar — disse Riley, batendo no joelho da amiga.

— Eu não costumava cozinhar, — disse Julie, levantando um dedo. — Mas eu aprendi.

Emma chamou a atenção de Penelope e balançou a cabeça.

Penelope escondeu um sorriso no copo de vinho.

— Ok, então de volta para Cole, — Julie disse. — Na verdade não, não responda. Vamos esperar pela Grace.

— Ah, bem, não há nada para falar.... — Penelope disse.

— Claro que não, querida. Mas vamos discutir tudo da mesma forma antes que os homens voltem, está bem?

— Honestamente, quanto tempo leva para checar uma churrasqueira quando está congelando lá fora? — Grace ponderou.

O prédio do apartamento de Jake e Grace estava em processo de remodelar o lounge dos moradores da cobertura, e no segundo em que Jake mencionou a churrasqueira, todos os outros cinco homens insistiram em fazer um tour.

— Você sabe que eles estão falando sobre nós, assim como nós estamos falando sobre eles, certo? — Emma disse, quando veio para se juntar às outras na sala de estar.

— Talvez, — Grace disse duvidosamente. — Ou eles estão falando sobre bife...

— Quem se importa, — Julie interrompeu. — Eu quero ouvir sobre Cole.

Penelope deu uma risada nervosa quando percebeu que toda a atenção das mulheres estava voltada para ela. — Ok, então por favor, não pensem que estou me fazendo de tímida, e eu realmente agradeço o convite hoje à noite, mas... Cole e eu somos apenas colegas de trabalho.

Riley levantou uma sobrancelha cética.

— E amigos — Penelope se apressou a explicar. — Eu gosto dele. Muito. Mas não desse jeito.

O nariz da Julie enrugou. — Mas ele veio aqui com você esta noite, apesar de termos deixado bem claro que não estávamos tentando fazer disso uma coisa de casais.

— Mentira! — Riley disse. — Estamos totalmente tentando fazer disso uma coisa de casais. Nós só não sabíamos se chamávamos Lincoln ou Cole, então chamamos ambos. Ooh, talvez eles pudessem lutar na lama por você!

Penelope riu um pouco da honestidade crua de Riley. — Eu aprecio o sentimento. De verdade. Mas se vocês estão procurando arranjar um encontro para Cole com uma mulher, eu acho que vocês irão precisar de alguém um pouco mais...

— Um pouco mais o quê? — Riley exigiu.

Penelope respirou fundo. — Eu não sou o tipo dele.

— Fato engraçado: — disse Julie alegremente, — Cole não tem um tipo.

— Bem, ele tem, mais ou menos — corrigiu Grace. — Com peitos.

— Viu, aí! — Penelope disse, estalando os dedos e apontando para o peito dela. — Eu estou faltando nesse departamento.

— Pegue de outra garota que não é bem-dotada — Emma disse — os homens acham todos os tamanhos muito interessantes.

— Bem, Cole não acha esses interessante. — Penelope disse. — E eu não quero que ele ache.

— Bem, isso é decepcionante — Julie disse com um beicinho. — Eu poderia ter jurado que meus instintos de casamenteira estavam certos.

— Rumores dizem que deveríamos ter seguido o plano B — disse Grace as amigas, soando um pouco presunçosa.

— Plano B? — Penelope perguntou. — Você tinha múltiplos planos?

— Múltiplos homens, ela quis dizer. Para você, querida. — Julie explicou.

— O Plano B é o Lincoln — disse Grace.

— Mmmm, Lincoln, — disse Riley com um suspiro sonhador. — Você gosta dele, Pen?

— Ele a beijou, — disse Grace, antes que a Penelope pudesse responder.

— Oh, por amor de Deus — Penelope murmurou.

Mas ninguém a ouviu. Riley estava muito ocupada fingindo desmaiar, Julie estava se abanando, e até mesmo a sempre legal, Emma, parecia extremamente interessada.

— Como você sabe disso? — Julie disse, batendo no joelho de Grace.

— Jake viu, — Grace respondeu. — Lincoln fez isso bem no escritório de Penelope. Algo sobre um artigo em que ele estava trabalhando, e...

— Não foi nada romântico. Ou sexy, — Penelope se intrometeu. — Sério. Foi brincalhão e...

— Mas foi bom, não foi? — Riley perguntou. — Quero dizer, eu posso ser uma mulher quase casada, mas Lincoln Mathis é gostoso.

— O beijo foi... — Penelope pensou sobre a boca do Lincoln na dela. — Foi bom.

O silêncio desceu sobre a sala.

— Bom? — Riley disse, soando horrorizada.

— Você sabe, foi... — Penelope olhou pela sala para os rostos desapontados. — Não tenho muito com que comparar.

Ela supôs que deveria estar envergonhada com a admissão - e estava, um pouco. Mas Penelope nunca tinha visto o ponto em fingir ser algo que não era.

E ela absolutamente não era uma mulher fatal experiente.

Pelo que sabia, talvez os beijos de Lincoln fossem os melhores que ela ia conseguir. Certamente tinha sido mais habilidoso do que a maioria dos beijos que ela tinha dado na faculdade. E melhor do que o de Erik, um cara com quem ela namorou por alguns meses e que tinha mau hálito no limite.

— Penelope — Julie disse devagar. — Eu não quero me intrometer...

— Ela quer, — Emma interrompeu.

— Ok, tudo bem, eu quero me intrometer, — continuou Julie. — Mas você está me dizendo seriamente que o melhor beijo que você já recebeu é meramente bom? De um cara que você mal conhece, pelo bem do trabalho?

— Espere! — Grace disse, levantando uma mão. — Não responda até eu encher seu copo!

Penelope agradeceu alegremente enquanto Grace enchia todos os copos. Ela era mais uma garota de cerveja, mas ei, era sexta-feira e um jantar extravagante, e bem, ela estava se divertindo.

A única vez que Penelope se entregou à conversa de menina foi com Janie, mas a irmã dela não estava aqui...

— Acho que não esqueci o cara que deixei em Chicago — ela disse.

Riley se inclinou para frente. — Ele beijava mal? Ele é o porquê de vocês ser toda contra-beijos? Porque eu me mudaria para outro estado se Sam fosse um mau beijador. Diabos, eu deixaria o continente.

Penelope sorriu tristemente. — Não. Quero dizer... não sei. Nós nunca, hum... meus sentimentos eram unilaterais.

— Oh, bem, querida, se você tem sentimentos por um cara, você tem que dizer a ele! — Julie disse.

— Eu planejei contar, — Penelope disse, tomando um gole de vinho. — Quero dizer, tipo, eu realmente tinha um plano. Fiz reservas para jantar, comprei um vestido. Era vermelho....

Riley assobiou. — Vestido vermelho, hein? Arrebentando em todas as paradas.

— Exatamente, — Penelope disse. Ela olhou para o copo dela.

E então eu descobri que ele roubou meu emprego e que estava morando com uma comissária de bordo nos últimos seis meses...

Para o crédito das outras mulheres, ninguém se intrometeu. Sentaram-se ali, silenciosamente, esperando que continuasse, e ela sabia que se não dissesse mais nada, eles mudariam de assunto.

Mas era hora de dizer a alguém - era hora de seguir em frente.

Então ela contou. — Ele pegou o emprego que eu queria. Eu não sei se era a intenção dele, mas ele pegou. Mas essa não é nem mesmo a pior parte. Antes que ele pudesse me contar tudo isso, eu tinha decidido fazer a minha jogada. Fui corajosa. Ou estúpida. Eu não tenho certeza de qual, mas... eu o beijei.

Penelope respirou fundo antes de continuar. — Não é nem necessário dizer que ele não me beijou de volta. Não quando ele estava esperando para me apresentar a sua nova namorada, que viu toda a coisa humilhante acontecer...

Ela colocou a mão sobre os olhos por um momento, revivendo o momento. — A pior parte foi que eu realmente achava que ele gostava de mim. Que também estava apaixonado por mim. Mas agora eu acho que talvez ele estivesse me mantendo por perto para me usar para o trabalho.

— Bastardo — Julie respirou.

Penelope sorriu tristemente. — Exatamente. Então por que eu não consigo parar de pensar nele?

— O coração precisa de tempo para curar, — Emma disse calmamente.

— Isso. Tipo sete anos, hmm, Em? — Riley perguntou.

Penelope olhou entre as duas. — Sete anos?

Emma hesitou. — Eu e Cassidy... nós uma vez, eh... eu te contarei em outra ocasião. Esta noite é sobre você. Onde as coisas estão com você e esse cara agora?

Penelope levantou um ombro. — Ele manda mensagens às vezes. Ainda quer ser meu amigo, tenta manter as coisas amigáveis. E talvez um dia eu queira isso, mas eu só... eu tinha que fugir, sabe?

— Nova York é seu recomeço, — disse Grace, depois de estudar o rosto de Penelope.

— Isso, — concordou Penelope — e também talvez um pouco de fuga.

— O que você foi certa em fazer, — Julie disse, batendo com o dedo no joelho de Penelope. — Como Emma disse, a ferida precisa sarar.

— Essa é a ideia — disse Penelope com um encolher de ombros. — Uma nova cidade foi meu primeiro passo. O novo emprego foi o meu segundo.

— E um novo homem é o terceiro — disse Riley.

— Bem... não, não exatamente — disse Penelope com um pouco de cara feia. — Eu não quero me apressar em nada.

— Bem, claro que não. Eu não estou dizendo para você ficar com o coração emaranhado de coisas. Esse idiota precisa se remendar sozinho com algum tempo. Mas isso não significa que você não pode se distrair do...qual é o nome do cara?

— Evan.

— Ok, sem Evan. E também, sem se rebaixar, agir como se você não fosse digna de atenção masculina. Você é adorável.

— Você é, — Julie concordou. — Eu posso pensar em uma dúzia de caras que iriam te comer.

— Não do jeito sujo — Grace apressou-se a esclarecer.

— Mas o jeito sujo é o melhor tipo, — Riley disse, soando confusa.

— Independentemente — Emma disse. — Nós não precisamos de uma dúzia de caras para tirar sua mente desse Evan.

— Não, só um serve — Julie disse.

— Ok, mas eu não sei se Lincoln...

— Não, o Lincoln não, — disse Julie. — Se o beijo foi apenas bom, ele não vai servir.

— Então quem...

Os caras escolheram aquele momento para invadir o apartamento, e a julgar pela conversa deles sobre mal passado, Grace estava certa era sobre o que estavam discutindo.

Os homens congelaram perto da porta quando viram as mulheres observando-os, e Penelope observou enquanto o noivo de Riley se inclinou para Cassidy e perguntou pelo canto da boca dele: — Por que eu tenho a sensação de que acabamos de atrapalhar um dos planos desastrosos delas?

Cassidy balançou a cabeça, mas também parecia desconfiado. — Não sei. Mas elas já têm a maioria de nós presos ou a caminho do altar.

— A maioria de nós, — disse Jake. — Mas não todos.

Os outros quatro homens voltaram a atenção para Cole e Lincoln, que estavam olhando para os celulares deles e perderam tudo.

Eles olharam para cima, então olharam um para o outro em confusão.

— Hum, o que perdemos? — Cole perguntou.

O marido de Julie, Mitchell, bateu no ombro de Cole. — Não se preocupe com isso, cara. É bem provável que você não queira saber.

Cole franziu a sobrancelha, os olhos dele se movendo pela sala até encontrarem os de Penelope. Ele levantou uma sobrancelha como se fosse para perguntar: Você sabe o que está acontecendo aqui?

Julie se inclinou para Penelope com um olhar conhecedor no rosto.

— Aposto que os beijos de Cole são mais que bons, — ela disse calmamente.

— Eu não saberia — Penelope respondeu.

— Ah, mas você vai saber. — Julie disse confiante, enquanto ela se encostou no sofá e bebeu seu vinho. — Você vai.


Capítulo 10

Cole e a Penelope nunca discutiram o fato de ele a levar para casa. Simplesmente... aconteceu.

Estava nevando, mas, levemente, e Cole ficou aliviado quando Penelope ficou contente em andar com ele ao invés de pegar um táxi por vários quarteirões até a casa dela.

— Eu amo a neve — ela disse enquanto eles caminhavam ao longo das calçadas silenciosas, levantando as palmas das mãos e deixando os flocos cair em suas mãos com luvas pretas.

— Mesmo em abril?

— Bem, sim, isso é um pouco errado. Mas, ainda assim, é bonito.

Ele sorriu.

— Claro, agora é bonito. Mas, você vai amar quando ela estiver empilhada ao lado do meio-fio, ficar preta da sujeira da cidade, e criar uma pilha de lama de uma semana em cada calçada?

Cole quis fazer o comentário como uma observação de um imprevisto, mas o jeito que ela estava olhando para ele o fez se sentir um pouco como um resmungão que declarou que a mesa de sobremesa estava fora dos limites.

Então, ela o surpreendeu com uma resposta igualmente sombria.

— Tudo o que é bonito tem um lado feio.

Desta vez, foi a vez de Cole levantar as sobrancelhas e olhar para ela.

— Pensamentos sombrios, Pequena.

— Ah, eu não quis dizer isso do jeito deprimido, copo meio vazio, — ela explicou. — Mas, às vezes, é melhor estar preparada, sabe? Estar ciente de que para cada momento de maravilha, outro de desapontamento é provável que se siga.

Cole considerou isso.

Ele ficou surpreso ao perceber o quanto a filosofia dela estava alinhada com a dele.

Cole sabia como as pessoas o viam. Ele estava ciente de sua imagem de alguém encantador e descontraído. Ele cultivava isso, na verdade. Todo mundo assumia que nada irritava Cole, porque ele nunca mostrou irritação.

Mas, parte da razão pela qual ele foi capaz de manter a vibe feliz com frequência era, precisamente, o que Penelope estava descrevendo. Ele estava sempre preparado para quando o outro sapato caísse; e desde que ele soubesse que isso ia acontecer, ele poderia sorrir e passar por isso.

— Então, e essa noite? — Perguntou curiosamente. — Você parecia que estava se divertindo.

— Sim! Me divertindo demais. — Ela disse, soando tão feliz que o peito dele apertou.

— Então, qual é a desvantagem de um jantar feliz? — Ele perguntou, provocando. — Qual é o lado feio?

Ela estava quieta, e ele ficou surpreso ao ver que ela estava realmente pensando sobre isso.

Eles andaram mais meio quarteirão antes que ela respondesse.

— O lado feio vai acontecer mais tarde hoje à noite. Quando eu estiver quase dormindo, — ela disse calmamente. — Não vai ser bem inveja, mas... algo próximo a isso.

Ele supôs que deveria parar de se surpreender com a honestidade de Penelope Pope, mas ela continuou a pegá-lo desprevenido com sua franqueza.

— Inveja da... — disse ele.

— Da felicidade deles, — ela disse calmamente, soando um pouco envergonhada. — Eu sei que você é um solteirão dedicado e tudo isso, mas certamente não deixa de notar o quanto eles estão apaixonados por seus respectivos parceiros?

Cole sorriu um pouco.

— Eu notei. Droga, eu conhecia cada um deles quando eram solteiros, e acredite em mim, ver todos eles encontrarem uns aos outros tem sido, infinitamente, divertido.

— Aposto que foi adorável — ela disse com um pequeno suspiro.

Ele não podia deixar de rir.

— Você é uma romântica.

— Eu sei, — ela disse, sorrindo para ele através da neve caindo cada vez mais pesada enquanto caminhavam. — Isso sempre deixou meus pais perplexos. Logo quando meu pai começou a se entusiasmar com o meu amor pelo esporte, eu o despistei chorando por causa de um filme romântico. E minha mãe ficava muito emocionada quando eu pedia emprestado seus livros da Jane Austen, só para ficar desanimada quando eu os colocava de lado para assistir a um jogo de futebol.

— Sem irmãos para tirar o foco?

— Uma irmã — disse ela. — Janie é mais nova por dois anos. Nós somos totalmente opostas, e ainda assim eu acho que nos equilibramos uma a outra. Eu tenho sorte em tê-la. Ela é a pessoa mais ferozmente leal que eu conheço.

Cole acenou, e ela inclinou a cabeça para olhar para ele.

— E você, algum irmão?

Ele endureceu como sempre fazia quando alguém mencionava seus irmãos, mas então forçou seus ombros a relaxarem, lembrando que a pergunta dela era inofensiva - inocente.

— Um irmão mais velho — ele disse, sua voz estava ficando áspera.

Cole não precisava de outra razão para gostar de Penelope Pope, mas ela lhe deu uma de qualquer maneira.

Ela não fez perguntas. Não parecia ofendida por ele não ter elaborado. Em vez disso, ela parecia saber que o tema de seu irmão não era um tema aberto para conversação, então ela deixou pra lá.

Mas, não antes dela tocar a mão dele, apenas brevemente. Não foi nada. Luva a luva, nem mesmo qualquer contato com a pele. Não havia nenhuma intenção no toque - nenhuma tentativa de sedução, nenhuma brincadeira de ser tímida, como se fosse um acidente.

O toque simplesmente era.

Dizia: Estou aqui, mas só se quiser que eu esteja.

E, curiosamente, ele queria que ela estivesse. Havia algo calmo em Penelope Pope.

Não porque ela era, particularmente, calma ou serena. Ele testemunhou isso há apenas uma hora, durante um jogo espontâneo de charadas em grupo, no qual ela jogou seu corpo inteiro em uma tentativa de fazer o grupo adivinhar ciclone.

Não, sua influência calma vinha dela ser genuína. Apesar de sua propensão para esportes, não havia nenhum jogo com essa mulher.

Ele gostava dela. Muito.

Cole deu uma gargalhada quando percebeu que tinha passado muito tempo desde que ele simplesmente gostou de uma mulher, exceto as mulheres de Stiletto, todas as quais ele considerava suas amigas mais próximas.

Mas, Julie, Grace, Riley e Emma eram casadas ou próximas a isso.

Penelope era solteira.

Embora, talvez, não por muito tempo. Ele tinha perdido a conta do número de vezes ao longo da noite que uma das mulheres tinha perguntado subitamente se Lincoln estava vendo alguém. Ele também não tinha perdido como o arranjo de assento tinha colocado Penelope entre ele e Lincoln.

Como se eles tivessem que lutar por ela, com Lincoln sendo em quem todos estavam apostando.

Mas, isso não era o que estava realmente incomodando ele. As mulheres de Stiletto, enquanto se intrometiam, eram inofensivas.

O que o incomodava era que os amigos dele - os que o conheciam melhor - também pareciam pensar que Lincoln era melhor para Penelope.

Eles tinham quase dito isso quando estavam no telhado admirando a nova churrasqueira de Jake como se seus cartões de homem dependessem disso.

Seus comentários tinham sido casuais, mas eles tinham machucado mesmo assim.

Claro, vocês são ambos mulherengos, mas pelo menos Lincoln dá as mesmas oportunidades as mulheres. Cole só gosta de louras e não muito brilhantes.

A menos que Penelope descubra uma maneira de jogar para os Yankees, ela não consegue manter o interesse de Cole por mais de uma semana. Ninguém consegue.

E o pior de tudo, apesar de ser uma piada, foi a afirmação de Jake de que Lincoln tinha um segredo obscuro, enquanto que com Cole, o que você vê é o que ele é.

Não era que Cole precisasse ser todo misterioso e atraente, ou seja lá o que for que Lincoln era. Ele não queria ser visto como o tipo de homem que poderia ser consertado com a mulher certa.

Mas, o incomodava que as pessoas pensassem que ele não se importava com as coisas. Que ele não se importava com as pessoas.

Cole se importava. Ele se importava profundamente. Com Bobby. Com seus amigos e colegas de trabalho. Com as mulheres de Stiletto, e talvez...

Talvez, se importasse com Penelope Pope. Porque, embora mal a conhecesse, de alguma forma aqui estava ele, levando-a em casa, não por dever, mas porque queria.

Porque gostava dela.

New York estava estranhamente calma durante uma noite de sexta-feira, devido à tempestade de neve, e Cole ficou surpreendido com a rapidez com que chegaram na casa de Penelope.

Muito rápido, se ele estava sendo totalmente honesto. Ele parou do lado de fora do prédio, pronto para lhe dizer um adeus relutante, mas como sempre, a mulher o surpreendeu.

Ela inclinou a cabeça para trás para olhar para ele, a neve girando ao redor dela, flocos embebendo seu cabelo escuro, aterrissando suavemente em seus pequenos traços.

— Quer subir? — Ela perguntou.

Cole sorriu.

— De alguma forma, eu acho que você não quer dizer isso do jeito que normalmente dizem.

O nariz dela se enrugou.

— Isso significa...?

Ele sorriu para ela, mais uma vez, maravilhando-se com a estranha sensação de ternura que essa mulher tirava dele.

— Significa que normalmente quando uma mulher pede a um homem para ir ao seu apartamento numa sexta à noite, é para sexo.

A palavra ficou entre eles enquanto ela piscava contra os flocos de neve.

— Eu não quero fazer sexo com você, Cole.

— Por que eu não sou Lincoln? — Ele disse.

Maldição. Ele quis fazer a pergunta de forma brincalhona, mas ela saiu... dura.

Penelope apenas riu, um som alegre e feminino. Nada a incomodava?

— Eu tenho 100% de certeza que Lincoln não está interessado em mim.

Não era bem a resposta que ele esperava. Ela não havia esclarecido que ela não estava interessada em Lincoln.

— E ainda assim, ele beijou você — Cole pressionou.

Os olhos dela reviraram.

— Você sabe muito bem que isso era para a pequena e tola história dele. Não foi porque ele não conseguia deixar as mãos longe de mim.

— As garotas da Stiletto estão tentando juntar vocês dois — ele disse, sem saber porque ele não estava deixando isso pra lá.

— Não, elas não estão.

Ele cruzou os braços e deu a ela um olhar presunçoso.

— Ah, é? Então, por que elas não pararam de empurrar você para Lincoln hoje à noite?

Penelope deixou sair mais uma daquelas risadas deliciosas.

— Porque estão tentando me juntar com você. Riley disse algo sobre acender seu lado competitivo.

Cole olhou para ela, os pedaços, lentamente, encaixando no lugar. Ele suspeitou cedo que esse tinha sido o plano, mas então todos começaram a falar sobre Lincoln, e ele achou que elas tinham mudado de rumo.

Aparentemente, não.

Então ele riu, principalmente de si mesmo, por não ter descoberto isso mais cedo. Era assim com eles. Os seus amigos podiam ser... astutos. Seus corações estavam no lugar certo, sempre, mas ele deveria saber que deveria ter levado tudo o que eles dissessem pelo valor nominal.

— É. Eu tentei dizer a elas que era ridículo. — Ela disse. Ela sorriu de novo, mas o sorriso não alcançou os olhos dela.

Ele deu um passo adiante.

— Espere um pouco, Pequena. Você achou que eu estava rindo de você agora mesmo?

— Não, — ela disse rapidamente. — Apenas a perspectiva de nós juntos é tão...

Ele deu mais um passo em frente, mesmo quando se perguntava o que raio estava fazendo. Ele não deveria brincar com ela. Ela era boa demais para isso.

E mesmo assim não parecia um jogo. Parecia....

Bem, inferno. Ele não tinha ideia de como explicar o que estava acontecendo aqui. Se alguma coisa estava acontecendo.

— Eu estava rindo da minha própria estupidez, — ele explicou calmamente. — Eu deveria ter descoberto que elas estariam fazendo alguma coisa.

Ela sorriu levemente, e mesmo através da neve espessa caindo ele viu que ela não acreditava nele.

O que havia acontecido com essa mulher sorridente e adorável para convencê-la de que era indesejável? Que a perspectiva de um cara ter algum tipo de interesse sexual por ela era cômica?

Claro, ela não era abertamente sexy. Mas, Cole estava começando a pensar que tinha mais a ver com o fato de que a própria Penelope nunca parecia estar pensando em sexo, do que com o fato de que os homens não pensavam em sexo com ela.

Cole, definitivamente, não estava achando um trecho para pensar em Penelope de uma forma não tão platônica. Algo sobre seus olhos grandes e corpo pequeno e...

As mãos dela com luva se estenderam para segurar levemente os antebraços dele enquanto ela ficava nos dedos dos pés e beijava a bochecha dele.

Cole não era tão alto - um e oitenta metros, mais ou menos, mas Penelope era tão baixa que ele teve que mover a cabeça para baixo, apenas um pouco, para que ela pudesse alcançar.

— Obrigada por uma boa noite, Cole. — Seus dedos apertaram levemente enquanto ela dava um passo atrás, e o gesto foi amigável ao ponto de ser irmã.

O que não explica porque Cole se viu, apenas ligeiramente, atordoado pelo contato.

Ela levantou a mão com outro daqueles sorrisos felizes e começou a virar as costas, e algo em Cole estalou, e ele queria provar... algo.

Para ela? Para ele mesmo?

Diabos, ele não sabia. Não se preocupou em pensar.

— Ei, Penelope.

Ela voltou para trás.

— Sim?

Os olhos dele trancados nos dela.

— Você nunca respondeu a pergunta de Lincoln.

Ela olhou para ele em confusão.

— Que pergunta?

— Sobre o tipo de beijo que você prefere.

Os lábios dela se separaram ligeiramente, e maldito era ele se não estivesse conhecendo essa mulher, porque ele avistou a centelha de desconfiança no rosto dela mesmo quando ela a afastou com um sorriso.

— Ah, bem... nós realmente só tentamos um, sabe?

— Você gostou?

Que diabos, Sharpe? O que você está fazendo?

A neve tinha se acalmado, apenas alguns flocos flutuando ao redor deles agora.

— Hum, eu acho que sim?

A voz dela estava nervosa agora, e se ele tivesse alguma decência, deixaria ela ir. Ao invés disso, ele se moveu em direção a ela de novo.

— Você não parece convencida. Beijos que seguram a cabeça não são a sua onda, então?

O riso dela era ofegante. Nervosa.

— Bem, não foi a mais romântica das situações. Era difícil realmente, hum, medir.

— Huh. — Ele disse, parando quando havia apenas alguns centímetros separando-os. Ela não se afastou dele, mas os olhos dela eram cautelosos, a linguagem corporal dela dizendo para ele se afastar.

Ele não o fez.

— Quando foi a última vez que você foi beijada decentemente, Penelope?

Ela lambeu os lábios. O gesto foi mais nervoso do que sedutor, mas Cole foi seduzido mesmo assim.

Era uma loucura.

Ela era sua colega de trabalho. Eles passariam oito a cinco anos juntos, de segunda a sexta-feira. Será que ele realmente queria ir e complicar isso?

Não. Ele não queria.

Especialmente, considerando a pequena conversa que ela deu a ele há algumas semanas sobre como eles iriam ser amigos. Apenas amigos.

Diga-lhe boa noite. Vá para casa e tome um banho frio. Ou melhor ainda, vá para casa e ligue para uma das dezenas de mulheres dispostas e descomplicadas do seu livro preto que vão saber o resultado.

Mas, então ele viu. Viu que ela viu o momento em que ele decidiu ir embora. Que ela estava esperando por isso.

O Cole não tinha temperamento, não era propenso a rajadas de raiva. Mas, ele estava bem e chateado. Zangado com quem quer que tenha ensinado a ela que não merecia um beijo quente de boa noite na calçada de Nova York.

Cole puxou a luva dele, então colocou a mão na nuca dela, o polegar dele correndo ao longo da linha da mandíbula dela, enquanto ele deslizava o outro braço pelas costas dela, o grosso casaco de inverno inchado dela não fazendo nada para disfarçar o quão pequena ela era.

— Cole...

Ele dobrou os joelhos levemente enquanto usava o polegar para enganchar debaixo do queixo dela, inclinando o rosto dela para o dele. Ele pausou por um breve momento - dando a ela a oportunidade de se afastar... para protestar se ela não quisesse isso.

Ela não protestou.

Ele a beijou.

Beijou Penelope Pope na neve como se sua vida dependesse disso.

Seus lábios se moviam contra os dela insistentemente, engolindo os doces ruídos de respiração que ela fazia, e seu braço os unia ainda mais firmemente.

E quando ela se moldou contra ele, suas mãos com luva subindo para cobrir seu rosto, Cole esqueceu-se de todas as razões pelas quais não deveriam estar fazendo isso. Esqueceu-se do fato de que isso iria tornar a manhã de segunda-feira muito mais complicada.

Ele só pensava nela. Deles. A língua dele empurrou os lábios dela para longe, e ela o surpreendeu, colocando sua própria língua na boca dele, entrelaçando-se com a dele, provocando golpes ainda que urgentes.

Para alguém que dizia não ter muita experiência com beijos, ela com certeza parecia saber exatamente do que ele gostava.

Ele os aproximou ainda mais, a mão no pescoço dela deslizando para trás para que a cabeça dela estivesse embalada na curva do cotovelo dele, enquanto ele segurava o pequeno quadril dela contra ele e devorava a boca dela.

A porta de um carro bateu, e Penelope pulou, as mãos dela empurrando contra os ombros dele enquanto ela se afastava.

Estava na ponta da língua de Cole para protestar contra o fim do beijo, quando ele viu o olhar de pânico no rosto dela.

Ela estava assustada.

Repentinamente, ele a soltou e deu um passo atrás.

Penelope deu um sorriso dolorosamente estranho para o casal de idosos que tinha acabado de sair do táxi e deu a eles um olhar indulgente.

Cole ainda estava tentando reunir os pensamentos dele - o inferno, ainda estava esperando o mundo parar de girar - quando ela fechou a distância entre eles mais uma vez, a mão dela chegando quando ela espetou um dedo no rosto dele.

— Nunca mais faça isso de novo.

A boca de Cole abriu.

Não exatamente a resposta que ele estava esperando. Ou esperando por ela.

— Hey, espere, agora — ele disse.

Ele pegou ela, mas ela deu um passo atrás.

— Não se atreva, Cole Sharpe.

A voz dela era firme e inabalável, mas os lábios dela tremeram, só um pouco, e os olhos dele se estreitaram enquanto tentava descobrir o que diabos estava acontecendo aqui.

Fale sobre sinais mistos. Ela parecia louca e assustada e excitada, tudo ao mesmo tempo.

— Penelope...

Ela abanou a cabeça.

— Não. Eu disse que não íamos fazer isto. Naquele dia no bar irlandês, lembra?

— Claro, mas...

— Não quero isto, Cole. Eu não quero você, não assim.

Bem... inferno. O que é que um homem diz para isso?

Ele queria perceber que o beijo dela tinha dito o contrário. Que esta mulher beijou este homem que ela não quer.

— Você está me dizendo que você não sentiu nada com aquele beijo? — Ele perguntou, odiando o que a pergunta revelou - que ele tinha sentido algo -, mas ele jogou fora de qualquer maneira.

Ela desviou o olhar, e os olhos dele se estreitaram.

— É claro que sim. Você é muito... habilidoso.

Ele sentiu uma pequena emoção de vitória, e começou a alcançá-la novamente, mas as próximas palavras dela pararam-no frio.

— Mas, Lincoln também. Habilidoso, quero dizer. E não me entenda mal, é lisonjeiro ter todos vocês lindos beijando garotas como eu, todos com vontade e nada, mas eu não... não faça isso de novo. Por favor.

Foi a última palavra. O por favor proferiu com apenas um pequeno pedaço de súplica que teve as mãos dele caindo para o lado mais uma vez.

— Ok. — Ele disse calmamente.

Ele se sentiu derrotado. E rejeitado. Nem uma sensação familiar, nem agradável.

Mas, o que ele poderia fazer?

Ele esteve no lugar dela dezenas de vezes. Nunca foi fácil dizer a uma mulher que ela queria mais do que ele tinha que dar.

De alguma forma, ele nunca imaginou como seria do outro lado, e...

Foi uma porcaria.

Ele começou a virar as costas, quando ela chamou o nome dele.

Cole virou-se, encontrou a observando com uma expressão nervosa.

— Vamos ficar bem, certo? Na segunda-feira?

Ele forçou um sorriso.

— Absolutamente, Pequena.

Foi só quando ele colocou vários quarteirões entre os dois que deixou seu sorriso forçado escapar.

Mas, enquanto ele caminhava para casa através da neve, Cole sabia uma coisa com certeza. Penelope Pope nunca descobriria o quanto aquele beijo o abalou.

Ou o quanto essa rejeição tinha queimado.


Capítulo 11

Fiel à palavra de Cole, ele não tinha deixado a segunda-feira ficar estranha.

Nem a terça-feira. Ou quarta-feira... ou qualquer um dos dias que se seguiram. Quase duas semanas se passaram, e dizer que era como se o beijo nunca tivesse acontecido era o maior dos eufemismos.

O que foi bom. Muito bom.

Penelope tinha dito a si mesma duas vezes por dia, todos os dias desde que isso aconteceu.

— Ei pequena, você vem almoçar? — Cole perguntou, batendo na porta dela.

Lincoln apareceu atrás de Cole.

— Sim, venha conosco.

Ela mordeu o lábio.

— Eu não deveria. Eu trouxe um sanduíche.

Cole fez um movimento de polegar para baixo.

— Não. Nós vamos ao Roadies.

— Anéis de cebola, — Penelope respirou respeitosamente.

Cole levantou uma sobrancelha em desafio. O homem estava começando a conhecê-la muito bem. Ele entendeu que o apetite dela corria mais para cebola frita do que para o sanduíche de trigo com peru que estava esperando por ela na geladeira.

Então, ela olhou para o artigo em que estava trabalhando.

— Tenho que terminar isto antes da minha reunião com Cassidy.

— Precisa de ajuda? — Perguntou Cole. — Eu posso ficar.

Cole não viu o olhar surpreso e atencioso de Lincoln nele, mas Penelope viu. Lincoln desviou seu olhar para o dela, balançando suas sobrancelhas, e ela o olhou como se dissesse "pare com isso".

— Não, eu estou bem, — ela disse a Cole, não querendo que Lincoln tenha a ideia errada. Ou diabos, não querendo que Cole fique com a ideia errada.

Embora ela duvidasse que precisava se preocupar com isso. Qualquer sensação que ela tivesse tido na noite Do Beijo que ele tivesse visto ela como uma mulher, ao invés de uma colega não tinha feito nem mesmo a mais breve reaparição.

Cole deu de ombros e ele e Lincoln foram almoçar.

Penelope voltou para o computador. Ela tentou se perder no mundo das estatísticas de golfe, mas o golfe era um esporte pelo qual Penelope nunca havia ficado particularmente entusiasmada, e em vez disso ela se viu checando o Facebook.

Um erro.

— Aí Deus, — ela respirou enquanto olhava mais de perto para a tela.

Sem tirar os olhos da tela, ela pegou seu celular. Dois toques depois a irmã dela atendeu.

— Eu nunca te perdoarei por ajudar a mãe a entrar no Facebook, — disse Penelope, como saudação.

Janie gemeu.

— O que ela fez agora?

— Vamos apenas dizer que ela interpretou o TBT como 'uma oportunidade de mostrar minhas filhas nuas', — disse Penelope.

— De novo? Quantas fotos de nós nuas ela tem?

— Muitas, aparentemente, — disse Penelope. — A foto de hoje é você correndo em uma fralda com ketchup espalhado por todo o seu rosto, e ela me pegou no processo de vestir meu vestido de girassol sobre minha cabeça.

— Você sabe, você sempre teve uma coisa em ficar nua.

— Não tenho uma coisa em ficar nua, — disse Penelope.

Embora, com tantas fotos que a mãe tem de Penelope rasgando suas roupas, sua irmã pode estar certa.

— Você viu o post dela ontem à noite sobre o joanete do papai? — Janie perguntou. — Ele tem cento e quatro curtidas. Eu não tive tantas curtidas quando anunciei meu noivado.

— Não está certo, — Penelope murmurou, enquanto ela analisou os comentários altamente divertidos no post da mãe. — Devíamos mudar a senha dela.

— Ah, pelo menos isso a mantém ocupada, — disse Janie desdenhosamente. — Agora, ela só me liga uma vez por dia em vez de cinco. E você?

— Eu ainda estou na programação de três por dia, mas espero que isso desapareça quando ela entender que não estou em risco constante de ser assaltada.

O telefone de Penelope tocou, e ela o tirou da orelha para ver a chamada recebida.

Ela sorriu. Claro que seria a mãe dela.

Ela voltou para Janie.

— A mãe está me ligando. Nem tente me dizer que ela não grampeou nossos telefones para saber quando estamos falando sobre ela. Eu sei que ela sabe.

— Divirta-se com isso, — Janie disse em uma voz cantada. — Além disso, da próxima vez que você me ligar, é melhor que seja para discutir seu tempo de adulta nua...

Penelope trocou a Janie pela mãe antes que a irmã terminasse.

— Olá, mãe.

— Penny! Oi, querida!

Penelope sorriu. Lydia Pope era de uma daquelas pessoas sempre felizes cujo rosto nunca ficou sem um sorriso, e cuja voz nunca ficou sem um ponto de exclamação.

— Como está, querida? Alguma novidade?

— Desde ontem? — Penelope perguntou, tomando um gole de sua garrafa de água. — Nada demais.

A mãe dela fez um suave barulho de repreensão.

— Quantas vezes eu tenho que te dizer que a vida acontece em momentos, querida? Qualquer coisa podia ter acontecido desde a última vez que nos falamos!

— Claro, mas você tem que admitir, as hipóteses de eu conhecer o amor da minha vida ou engravidar desde a última vez que nos falamos ontem à tarde são escassas.

— Só porque você se mudou para Nova York, — disse a mãe dela. — Se você tivesse ficado em Chicago, eu sei que seu pai e eu poderíamos ter encontrado um bom garoto para você.

Penelope virou os olhos.

— Sim, porque esse é o sonho de qualquer mulher de trinta e poucos anos. Ter um encontro arranjado pelos pais dela.

— Tudo bem, tudo bem. Eu admito que não somos bons em termos de relações de pessoas com menos de sessenta anos. Mas, ah! Eu não te disse quem encontrei ontem à noite!

— Quem? — Penelope perguntou, mesmo que a mãe lhe dissesse com ou sem a sua participação na conversa.

— Evan!

Penelope congelou com a garrafa de água a meio caminho dos lábios.

— Sabe... Evan Barton? Barter? — Disse a mãe dela.

— Barstow, — disse Penelope casualmente - como se a menção do nome dele não a fizesse sentir ligeiramente nervosa. — Onde você o viu?

— Oh, seu pai me arrastou para Wrigley Field ontem à noite. Eu estava entediada, como sempre, mas, então, veja só, adivinhe quem estava sentado bem na nossa frente! Eu não posso acreditar que ele me reconheceu. Nós só o conhecemos uma vez que você o trouxe para o nosso churrasco do Memorial Day...

Penelope fechou os olhos, desejando que houvesse uma maneira de mudar de assunto sem que a mãe percebesse que o peito de Penelope doía um pouco ao mencionar Evan. Na lembrança de como ela havia pensado tão inocentemente que havia algo entre eles....

— De qualquer forma, ele perguntou de você.

— Ele perguntou, — ela murmurou.

Claro que Evan perguntaria sobre ela. Ele não era nada além de educado. Falso e manipulador, mas educado.

— Disse que ele poderia estar indo para Nova York em breve para trabalhar. Disse que ia te procurar.

Penelope respirou fundo. Ela conhecia aquele tom - sua mãe era casamenteira.

— Ele tem namorada, mãe.

— Não ontem à noite, — disse sua mãe de forma presunçosa. — Ele estava no jogo com um rapaz baixo e corpuloso.

Penelope apostaria muito dinheiro que o rapaz baixo e corpuloso era Caleb Mulroney, um dos caras que entrevistou Penelope para o trabalho que Evan roubou debaixo do nariz dela.

Embora, surpreendentemente, essa memória não tenha doído tão forte como normalmente doía. Ela queria aquele trabalho com a Sportiva, certamente. Se ela tivesse conseguido, tinha certeza de que estaria adorando. Ela iria aos jogos dos Cubs com o amigável e simpático Caleb.

Mas, talvez, fosse para o melhor. Ela estava amando Nova York. Adorando Oxford. Amando os amigos que ela estava fazendo, graças a Cole trazê-la para o grupo de amigos dele.

E então, havia o próprio Cole...

Mas, a Penelope não estava pronta para falar sobre Cole. Não para sua mãe bisbilhoteira ou sua irmã maliciosa. Se alguém era capaz de pegar um simples beijo e transformá-lo em planejamento de casamento, era a família dela.

Em vez disso, ela mudou o assunto para outro dos favoritos de sua mãe: Facebook.

Ao final do telefonema, ela tinha a promessa de sua mãe de não publicar nenhuma foto de Penelope nua na qual ela tinha mais de oito anos.

Terminando a ligação com sua mãe, Penelope forçou sua atenção de volta às estatísticas de golfe.

Apesar de seus sentimentos mornos sobre o esporte, ela supôs que seu aumento de popularidade era refrescante.

Havia algo muito humano sobre um esporte que qualquer pessoa poderia jogar, em qualquer idade. Os fãs de beisebol foram limitados a ligas amadoras de softball, os fãs de basquete a pegar um jogo aleatório após o um tempo no ginásio. Futebol americano? Definitivamente não era um esporte para leigos.

Mas, o golfe era um campo de jogo nivelado. Crianças. Mulheres. Aposentados. Qualquer um podia jogar.

E graças a caras como Adam Bailey, agora era tão legal quanto acessível.

Penelope ainda achava que o homem era um babaca, mas isso não significava que ela não estivesse um pouco ansiosa em conhecê-lo na sessão de fotos na próxima semana. Por alguma razão, quando ela decidiu prosseguir com o trabalho em Oxford, a vantagem potencial de conhecer atletas profissionais em pessoa não tinha ocorrido a ela.

Foi apenas uma das muitas vantagens do trabalho que ela não tinha visto chegar. A outra vantagem inesperada?

Ela gostava de trabalhar com um parceiro.

Trabalhar com Cole era...

Bem, parecia certo. Ela não sabia como dizer isso de outra forma.

A parceria deles ainda era recente, é verdade, mas além das brigas ocasionais, eles pareciam concordar com a maioria das coisas.

Ele a desafiava quando ela se apegava demais a um projeto, e ele estava sempre aberto para que ela o desafiasse. O que ela fez. Muitas vezes.

O estômago de Penelope fez um barulho alto, e um olhar no relógio lhe mostrava o porquê.

Era quase uma e meia. Muito depois da hora do almoço.

Ela empurrou a cadeira para trás e parou, tentando reunir entusiasmo pelo sanduíche de peru que a esperava, quando Cole apareceu na porta.

— Procurando por isso? — Ele perguntou, segurando uma sacola de papel pardo.

— Ah! Sim, eu estava, na verdade, — ela disse, sorrindo em agradecimento enquanto ele colocava a sacola na frente dela na mesa.

Ele tocou na frente da sacola onde ela tinha escrito o nome e sobrenome, em um marcador preto.

— Sério? — Ele perguntou.

— O quê?

— Isso é tão terceira série.

— Bem, de que outra forma eu vou saber que é meu?

— Talvez, porque ninguém mais literalmente coloca o seu almoço em sacolas de papel pardo?

— Ah, — ela disse, sentindo-se um pouco tola.

— Não se preocupe, — ele disse. — É fofo.

Antes que ela pudesse registrar o que isso significava, ele deixou cair algo mais na mesa dela. Uma caixa branca de isopor.

Ela olhou para cima confusa, mas ele apenas levantou as sobrancelhas.

Abrindo-a, ela suspirou de alegria quando viu os anéis de cebola.

— Você me trouxe as sobras.

— Não, — ele disse, sentando na cadeira em frente a ela e colocando os sapatos dele na mesa enquanto se arrumava para ficar confortável. — Fiz um pedido especial, com instruções para não fritá-los até que nós estivéssemos pagando nossa conta para que eles ainda estivessem quentes.

Penelope parou de mastigar a cebola frita e olhou para ele, surpresa, mas ele estava ocupado digitando algo em seu celular e não percebeu o olhar curioso dela.

Ela mastigou pensativamente enquanto o estudava, se perguntando, não pela primeira vez, se havia segredos que Cole Sharpe escondia cuidadosamente do mundo.

Claro, era do conhecimento geral que ele era bom. Amigável. Encantador.

Mas, as pessoas viam o que estava por baixo da bondade?

— Pare de me olhar assim, pequena, — ele disse, sem tirar os olhos do celular.

— Assim como?

— Como se eu tivesse me jogado na frente de um caminhão para salvar uma criança. São anéis de cebola, não flores.

— Eu não gosto de flores.

Ele olhou para ela.

— Como assim, você não gosta de flores?

Ela encolheu os ombros e mergulhou outro anel de cebola na maionese picante que veio em um pequeno recipiente.

— Quero dizer, eu gosto de flores. Mas, eu não gosto de recebê-las.

Não que ela estivesse recebido muitas flores.

— O que você tem contra um ramo de rosas bonitas?

— Não me entenda mal, elas são lindas, — disse ela, terminando de comer o anel de cebola e olhando em desespero para os dedos dela agora completamente gordurosos.

Cole se mexeu e colocou a mão no bolso, tirando um monte de guardanapos.

Era a vez dela levantar as sobrancelhas, e ele apenas deu de ombros.

— Achei que você precisaria deles. Mas, de volta à questão das flores - como você pode achar que são bonitas e não gosta delas?

— Eu não gosto que elas sejam cortadas, — ela explicou, limpando os dedos no guardanapo. — Eu gosto de flores em seu habitat natural. Elas pertencem à natureza, não cortadas e condenadas a morrer em um vaso em algum lugar.

— Hum, — disse ele, olhando para ela. Os pés dele desceram da mesa, aterrissando suavemente no tapete do escritório enquanto ele se inclinava para frente. — Bem, então, me diga, pequena, como você espera que um cara te conquiste se você não fica toda empolgada com rosas de caule longo e muito caras?

— Eu não espero. — Ela disse.

— O que você quer dizer com isso?

— Eu não espero ser conquistada, — ela disse, pegando outro anel de cebola, deixando os dedos gordurosos novamente. — Não quero, na verdade.

— Toda mulher quer ser conquistada.

— Não.

Ele se inclinou para trás e bateu com os dedos contra o braço da cadeira enquanto a observava comer. Ela supôs que ela deveria se sentir envergonhada com a velocidade com que ela estava terminando a cebola frita, mas... não.

— Sabe o que eu acho? — Ele perguntou.

— Não sei o que você acha, mas sei que não quero ouvir, — ela respondeu.

Ele a disse assim mesmo.

— Eu acho que apesar de tudo o que você diz de eu sou apenas uma simples garota, você tem muros.

— Oh, cara, — ela disse, mergulhando outro anel no molho. — Isso vai ser bom.

Ele se inclinou para frente novamente, sorrindo maldosamente.

— Eu acho que você finge que não quer ser conquistada, porque ninguém se esforçou, e no fundo, você está aterrorizada que ninguém nunca vai querer.

Penelope ignorou a verdade das palavras dele e revirou os olhos.

— Isso é bom, Cole. Você aceita cartões de crédito, ou devo passar um cheque?

Ele ignorou o deboche dela.

— Eu vou esquecer isso, se você responder a uma pergunta para mim.

— Tudo bem, — ela disse com suspiro.

Os seus olhos trancaram nos dela.

— Quando foi a última vez que você recebeu flores?

— Duas semanas atrás, — ela disse, feliz por ter uma resposta pronta.

Os olhos de Cole se estreitaram.

— De quem elas eram?

Ela lambeu o polegar.

— De uma pessoa.

— E a ocasião? — Ele perguntou.

Ela hesitou, desejando poder dizer a ele que eles eram da variedade romântica. Mas, ela era uma péssima mentirosa.

— Eram para parabenizar pelo novo emprego.

— Uhuum, — ele disse. — E de que pessoa elas eram?

— Você disse uma pergunta, — ela disse. — Isso está se transformando em uma investigação.

— É justo. Vou reformular minha pergunta original, — ele disse, como se isso fosse um compromisso justo. — Quando foi a última vez que você recebeu flores de um homem?

— O que isso tem a ver com alguma coisa?

A voz dela era defensiva, e ele sabia disso.

— Aham, então estas últimas flores não eram de um homem.

— Minha irmã, Janie, as enviou, — ela admitiu, relutantemente. — Mas, o nome do marido dela também estava no cartão. E ele é um homem.

Cole balançou a cabeça e parecia desapontado.

— Eu sabia.

— Sabia o quê? — Ela perguntou, mesmo quando disse a si mesma para não jogar no seu pequeno jogo de provocação.

— Você é tão espinhosa que os homens estão muito assustados para tentar.

— Espinhosa! — Penelope disse, indignada. — Eu não sou espinhosa.

— Não em termos de personalidade, — ele disse, sua voz tranquilizadora, como se estivesse falando com um cavalo nervoso. — Mas, em termos de romance... você é.

Penelope cruzou os braços sobre a mesa e se inclinou para ele.

— É porque eu te disse para não me beijar de novo?

Ele cruzou seus próprios braços, imitando a postura dela.

— Definitivamente não. Você vai ficar aliviada em saber que eu encontrei meu caminho para mulheres que realmente querem me beijar.

Penelope tentou ignorar uma facada de ciúmes. É claro que ele encontrou mulheres mais dispostas. Esse tinha sido o objetivo dela em colocar esses limites entre eles.

A razão pela qual ela tinha insistido que as coisas não se tornassem românticas.

Para Cole Sharpe, Penelope teria sido uma entre um milhão de outras mulheres em sua vida.

Para Penelope, Cole poderia ter sido um em um milhão. O único. É como ela funcionava, jogando-se todo o caminho sobre o parapeito sem olhar.

Nem pensar que ela estava se preparando para esse tipo de dor novamente.

— Você vai a algum lugar com isso? — Ela perguntou cansada.

— Vou, — ele disse com um grande sorriso. — Eu decidi fazer de você meu projeto de estimação.

Ela gemeu.

— De jeito nenhum. Passo.

— Qual é. Uma mulher que odeia flores? Isso é simplesmente errado.

— Muitas mulheres não gostam de flores, — ela disse testemunhando.

— Justo, — ele disse, ficando de pé. — Você é mais do tipo que gosta de caixa de chocolates. Eu posso trabalhar com isso. Meu ponto é, eu vou te mostrar que um pouco de romance pode ser divertido. Casual.

Sem dúvida que podia.

Para ele.

— Na verdade, eu também não sou muito fã de chocolate, — ela admitiu, pegando um anel de cebola. — De doces em geral.

— Bem, o que a faria desmaiar, Pope? — Ele perguntou, parando perto da porta. — Tem que haver algum atalho para o seu coração.

Sem perceber que ela estava fazendo isso, Penelope olhou para o anel de cebola na mão. Pensou na forma como ele os tinha encomendado separadamente, em vez de apenas atirar alguns restos numa caixa. Pensou sobre a maneira como ele tentou cronometrar para que ficassem tão quentes e não-seco quanto possível.

Deus a ajude.

Anéis de cebola para Penelope eram o que rosas e trufas de chocolate eram para outras mulheres.

E quando ela olhou para cima e pegou Cole partir com um piscar de olhos, ela viu que ele sabia disso.

Ele sabia disso o tempo todo.


Capítulo 12

Se alguém perguntasse, Cole juraria que conhecer atletas profissionais tinha se tornado uma coisa normal.

Que ele estava tão acostumado a conhecer seus heróis do esporte que mal piscava duas vezes quando ia apertar as mãos de alguém que a maioria das pessoas só veria em uma tela de TV.

Mas, a verdade é que nunca muda.

Ele nunca tinha saído do choque do quão incrível era o seu trabalho.

Hoje, não foi exceção.

Adam Bailey não era o atleta favorito de Cole. Nem o golfe era seu esporte favorito. Ainda assim, o homem estava no caminho certo para se tornar uma lenda, e o fanático por esportes em Cole não podia deixar de se sentir um pouco fascinado.

Ainda assim, pelo menos ele estava escondendo isso.

Era mais do que ele poderia dizer da coeditora dele.

Cole balançou a cabeça enquanto assistia Penelope rir como uma garota de escola sobre o que quer que fosse que o profissional de golfe estava dizendo a ela.

Por todo o seu protesto sobre Adam Bailey ser um porco mulherengo, ou o que quer que seja, ela parecia muito disposta a ser uma das mulheres dele.

Cole a estudou. Ela estava usando suas roupas habituais. Sapatilhas escuras, calças escuras, camisa social de botão.

Cole não era exatamente um especialista em moda feminina, mas ele namorava o suficiente para saber que seu traje, embora perfeitamente respeitável, não era particularmente elegante. Os olhos dele se estreitaram um pouco. Mas, ela estava usando... maquiagem?

Ele não achava que era imaginação dele que os lábios dela tivessem mais cor do que o normal. Os grandes olhos dela se destacavam ainda mais do que o normal. Mas, que diabos?

Certamente, ela não tinha feito isso por Bailey. Ela passou todo o dia de ontem lembrando Cole das maneiras pelas quais o golfista era o equivalente humano da sarna.

Os olhos dele se estreitaram quando ela riu de novo, ainda mais alto dessa vez, e então bateu brincando no ombro de Adam no mais estranho e óbvio movimento de flerte de todos os tempos.

— Sharpe.

Cole finalmente registrou alguém tentando chamar sua atenção, e puxou seus olhos para longe de Penelope para encontrar seu chefe de pé ao lado dele. Pelo olhar irritado do rosto de Cassidy, não foi a primeira vez que o chefe dele disse seu nome.

— O que foi? — Ele perguntou.

Cassidy levantou uma sobrancelha e desviou o olhar para Penelope e Adam.

— Algum problema?

— Por que haveria um problema?

— Você estava encarando, — Cassidy disse.

— Sim, bem. O cara é um idiota, — Cole disse, pegando uma garrafa de água da mesa do buffet e tirando a tampa.

— Bem, fico feliz que ele está na nossa capa, então, — Cassidy disse friamente. — O que, se bem me lembro, foi ideia sua.

Cole tomou um gole de sua água e continuou a olhar para o golfista.

Cassidy parecia que queria sorrir.

— Você quer falar sobre isso?

— Falar sobre o quê? Adam Bailey?

Cassidy levantou uma sobrancelha, e Cole balançou a cabeça.

— Cara. Só porque você e Jake decidiram sobrepor suas vidas profissionais e pessoais não significa que o resto de nós tenha qualquer intenção de seguir seus passos.

— Absolutamente, — Cassidy disse com um aceno de cabeça rápido. — Melhor assim. Além disso, Jake e eu não estamos namorando colegas de trabalho, tecnicamente não. Apenas mulheres que trabalham no mesmo prédio.

Cole não disse nada.

— Sharpe.

— Sim?

O olhar de Cassidy era perspicaz.

— Penelope é muito boa para Oxford.

— Concordo, — Cole disse lentamente.

— Eu odiaria se ela decidisse que não deu certo.

Cole não se fez de bobo. Ele sabia onde o chefe estava querendo chegar.

— Eu não vou me meter com ela.

Cassidy acenou com a cabeça.

— Que bom.

— Se você é tão anti eu e Penelope juntos, por que você nos deu permissão para irmos ao mesmo jantar? — Cole perguntou, esperando que Cassidy não notasse a nota irritada no tom dele.

Cassidy respirou fundo.

— Emma pode ser... persuasiva. Ainda assim, ela não terá que lidar com vocês dois, diariamente, se houver uma desordem, — Cassidy disse.

— Nada com que se preocupar, — disse Cole. — Somos apenas amigos.

— Eu já ouvi isso antes, — Cassidy murmurou antes de sair para falar com o agente de Adam Bailey.

Cole deu outra olhada em Penelope, que deu um tchauzinho tímido para o golfista quando o assistente do fotógrafo o levou embora.

Ela olhou para Cole, e ele ficou, levemente, apaziguado quando o seu sorriso floresceu enquanto ela encontrava os olhos dele.

Penelope se aproximou dele, e quando ela se aproximou, ele percebeu que estava certo sobre a maquiagem.

— Isso é novo, — disse ele, deixando os olhos dele vaguearem sobre os traços dela.

Ela suspirou.

— Eu sei. Eu pareço uma palhaça?

Cole fez uma careta. Não havia uma maneira fácil de responder isso. Era como a velha armadilha do "Isso me deixa gorda?”.

Você diz que não, elas assumem que você está apenas dizendo o que elas querem ouvir, e começam a te dar uma aula sobre a importância da honestidade.

Você diz que sim, você é um homem morto.

— Hum...

— A garota da maquiagem fez isso, — ela disse, tocando os dedos na bochecha mais rosa do que o normal. Ele não tinha certeza se era do blush, ou do embaraço, e no caso de ser o último, ele cutucou o ombro dela com o dele, apesar de ter que se abaixar para fazer isso.

— Ei. Está bom.

Era a coisa certa a dizer.

Ela sorriu, e ele sentiu uma estranha sensação de triunfo de que ele tinha sido capaz de se passar por debaixo das paredes dela, pelo menos por um momento. E Cole tinha certeza que ele estava certo sobre ela ter paredes.

A simpatia exagerada, por mais genuína que fosse, também era deliberada. Era sua maneira de garantir que os caras a mantenham na zona de amigos.

— Então, Adam perguntou se eu queria tomar uma bebida depois, — Penelope disse, mordendo o lábio dela.

A cabeça dela chicoteou para o lado. O que...

Talvez, ele estivesse errado sobre a coisa da zona de amigos, porque, aparentemente, Adam Bailey não tinha recebido o discurso do Vamos ser apenas amigos.

— É? — Cole perguntou, mantendo sua voz casual. — O que você disse?

— Eu disse talvez, — ela respondeu, mastigando o lábio enquanto ambos olhavam para onde Adam estava, habilmente, posando para as câmeras como se ele tivesse feito isso um milhão de vezes. Porque ele tinha.

— Eu pensei que você tivesse dito que ele era um porco.

Ela levantou um ombro.

— Eu não vou me casar com o cara. E foi você quem disse que eu deveria me deixar ser conquistada.

— Não por ele! — Cole disse.

A voz dele saiu mais alta do que ele queria, e várias pessoas se voltaram para olhar para eles.

Ele forçou um sorriso antes de baixar a voz.

— Quer saber? Eu acho que você deveria ir em um encontro com ele.

— Não é um encontro, apenas uma bebida, — ela disse.

Cole balançou a cabeça.

Ingênua. Tão adoravelmente ingênua.

— É um encontro, — ele disse.

— Não é, — ela disse enfaticamente. — Na verdade... você deveria vir!

Sim. Porque era assim que ele queria passar a noite de quinta-feira. Ver um atleta profissional playboy dar em cima da única mulher que o rejeitou.

— Não posso, — disse ele.

— Planos? — Ela perguntou.

Foi o tom distraído e desinteressado na voz dela, como se ela não se importasse de uma forma ou de outra, que levou a mentira até a ponta da língua dele.

— Sim, tenho um encontro.

Isso chamou a atenção dela.

Ela virou a cabeça, e ele não achou que imaginou o leve atraso no sorriso habitual dela.

— Ah! Bem, divirta-se, — ela disse.

— Eu vou. E você se divirta com Adam. — Ele balançou as sobrancelhas só para mexer com ela e ela estreitou os olhos.

— Eu te disse, não é um encontro. Eu tenho, absolutamente, nenhuma intenção de me tornar uma das mulheres de Adam Bailey.

— Uhum.

Ele se afastou então, não querendo que ela notasse o mau humor dele, e a voz de Penelope o seguiu.

— Ei, onde você está indo? A sessão de fotos ainda não acabou.

Ele virou e andou para trás enquanto respondia.

— Tenho que ir ligar para o meu encontro. Confirmar onde estamos nos encontrando.

Uma vez do lado de fora do estúdio onde a sessão estava acontecendo, Cole puxou seu celular.

Só que para não ligar para uma mulher.

Lincoln atendeu no primeiro toque.

— Opa.

— Preciso de ajuda.

— Diga.

— Eu preciso de um encontro de última hora.

Lincoln pausou.

— E você está me dizendo isso porque...

Cole revirou os olhos.

— Vamos lá. Eu sei que você tem uma dúzia de exs que você pode me arranjar.

— Eu posso ter muitas mulheres na discagem rápida, — Lincoln disse lentamente. — Mas, eu não quero que você mexa com elas.

Lá estava novamente - essa implicação de que Cole era um usuário inexperiente de mulheres.

— Isso do cara que nunca teve um relacionamento desde... sempre? — Cole atirou de volta.

Lincoln ficou quieto por vários momentos.

— Quando você diz de última hora, de que última hora estamos falando?

— Hoje à noite. Vamos lá, Mathis, eu não estou procurando minha alma gêmea, apenas uma mulher que não se importaria de tomar uma bebida com um cara bonito.

— Me recuso a atestar a parte do bonito, — disse o amigo dele. — Mas, eu conheço algumas garotas que não se importam em deixar um cara pagar uma bebida para elas. Sem expectativas de corações e flores e coisas do gênero.

A menção de corações e flores o lembrou de sua conversa com Penelope, e estava na ponta da língua dele perguntar se Lincoln sabia de alguma mulher que preferia anéis de cebola a chocolate.

Merda. Isso tinha que parar.

Penelope Pope era...inferno, ele não a queria. Não queria namorar com ela.

O que era bom. Porque ela também não o queria. Ela não podia ter sido mais clara quanto a isso. Eu não quero isso, Cole. Eu não quero você, não assim.

— Claro, ligue para uma delas, — Cole disse a Lincoln. — Ou me mande um número e eu farei a ligação.

— Pode deixar, — Lincoln disse. — Mas, cara, você parece estranho. O que está acontecendo?

Cole desligou o telefone sem responder.

Não adianta responder uma pergunta para a qual você não tinha a resposta.


Capítulo 13

Penelope e Cole eram coeditores por quase dois meses, e Penelope pensou que tinha feito um bom trabalho sem pensar naquele beijo na neve.

Ela tinha feito um bom trabalho não interpretando demais o fato de que Cole trouxe os anéis de cebola só porque ele sabia que ela gostava deles. Ela tinha feito um bom trabalho de não prestar atenção quando ele a convidava para o happy hour de sexta-feira na maioria das semanas.

Foi autopreservação, na verdade. Penelope tinha cometido o erro de interpretar demais na amizade de um homem, e ela estava determinada a não cometer o mesmo erro com Cole.

Eles trabalhavam bem juntos - nenhuma surpresa lá, mas mais do que isso, eles se respeitavam mutuamente. Eram confortáveis um com o outro.

Gostavam um do outro.

E se de vez em quando, Penelope se via desejando voltar no tempo e fazer as coisas um pouco diferente na noite daquele beijo, ela se lembrava que a maneira como elas eram agora era melhor.

Mais seguro.

E então...

E então, ela viu Cole e outra mulher.

— Oh! — Penelope derrapou até uma parada na entrada do escritório dele. — Oh!

Cole tinha uma loira curvilínea presa contra a mesa dele, uma mão em cada lado dos amplos quadris da mulher enquanto eles se beijavam.

Penelope voltou ao tempo em que Evan disse a ela que estava saindo com alguém.

Doeu. Não deveria. Mas doeu.

Cole percebeu a interrupção antes da amiga dele, e ele, preguiçosamente, tirou a boca da loira antes dos olhos dele encontrarem Penelope do outro lado do escritório.

— Ei, pequena.

O homem não parecia nem um pouco envergonhado, mas Penelope estava mortificada.

— Desculpe, — ela disse, a voz dela saindo toda rouca e desajeitada. — A porta estava fechada, e eu deveria ter batido, é só que...

É que eles nunca batem na porta.

Ele entrava no escritório dela sempre que queria, e vice-versa.

Uma política que ela estaria remediando já.

A loira tinha se virado para ver a interrupção por si mesma, e Penelope não se surpreendeu ao ver que a outra mulher era muito - muito bonita.

Claro que era.

— Desculpe — disse Penelope, enquanto fechava a porta.

— Espera aí, — disse Cole, se afastando de sua mesa. — Sobre o que você queria falar comigo?

Penelope forçou um sorriso e segurou o papel em suas mãos.

— As primeiras provas vieram para o artigo de Adam Bailey. Eu estou pensando que talvez quiséssemos rever quais fotos nós escolhemos. Elas pareciam bem sozinhas, mas na página - quer saber? Não importa. Isso pode esperar.

Esperar até você terminar de jogar hóquei com amígdalas.

— Eu estava de saída, — disse a loira, alisando uma mão sobre o vestido rosa de seda dela. — Eu sou Meredith, a propósito.

— Penelope, — ela disse, sentindo-se, terrivelmente, deslocada.

Penelope deu uma olhada em Cole para ter certeza de que ele não estava incomodado com a interrupção, mas ele pareceu, completamente, indiferente à presença dela enquanto passava o dedo sobre a boca, provavelmente, para tirar o batom de Meredith.

— Até logo, bebê, — Meredith disse, inclinando-se para frente para escovar os lábios dela contra a bochecha de Cole.

Penelope notou com muita inveja que a mulher não precisava ficar nas pontas dos dedos dos pés para alcançar o rosto de Cole. A combinação de sua altura e saltos colocava a bochecha e a boca em uma distância fácil de beijar.

Tudo sobre a outra mulher fez Penelope se sentir como uma criança. A altura. As curvas. As roupas. A confiança.

Meredith pegou a bolsa perto da porta e Penelope quase se afastou do caminho, enquanto a mulher lhe dava um sorriso amigável e saía do escritório com um perfume picante e exótico.

Penelope começou a segui-la, mas a voz de Cole a parou.

— Ei. Pope. Entra aqui. Mostre-me o que você tem.

Ela engoliu em seco e se aproximou da mesa enquanto ele se sentava em sua cadeira.

Então ele queria agir com naturalidade? Tudo bem. Ela podia fazer isso.

— Nova namorada? — Ela perguntou, orgulhosa de sua voz não ter traído sua vergonha. Ou ciúmes.

Não, não ciúmes.

Aborrecimento.

Não, isso também não estava certo.

Agonia. Isso foi mais perto.

— Eu não tenho namorada, — ele disse, tirando a pasta das mãos dela e vasculhando as provas. — Você está certa. Essas fotos não funcionam lado a lado. Elas possuem muitas informações.

— Você poderia ter colocado uma meia na porta ou algo assim.

Ele olhou para cima em confusão.

— O quê?

Ela apontou para a porta.

— Da próxima vez que você for fazer sexo no seu escritório, me dê algum tipo de aviso.

Ele levantou as sobrancelhas e se inclinou para trás na cadeira.

— Um beijo dificilmente equivale a fazer sexo.

— Bem, foi um beijo e tanto. — Quem era essa mulher esnobe e mesquinha que está com a boca aberta?

Ele levantou as sobrancelhas.

— Tudo bem? Você soa...

— Não diga, — ela disse com raiva.

— Dizer o quê?

— Não diga que eu soo com ciúmes.

— Você estava?

— Por que eu ficaria com ciúmes?

Ele jogou as mãos para cima em exasperação.

— Você me diz.

Penelope se inclinou para frente e tirou a pasta da mesa, antes de se virar nos e marchar para fora do escritório.

— Onde diabos você está indo? — Ele gritou atrás dela.

Penelope não parou. Não queria ter uma conversa até que ela resolvesse seus pensamentos.

E pensar que, apenas algumas semanas antes, ela havia recusado o convite de Adam Bailey para subir ao quarto de hotel dele, porque ela estava pensando em Cole.

Ela deveria ter aceitado o convite do profissional de golfe mulherengo, ela pensou, enquanto ela bateu a porta do seu escritório fechada atrás dela. Ela deveria ter...

A porta se abriu novamente quando Cole entrou em seu escritório sem ser convidado, então bateu mais uma vez atrás dele.

— O que está acontecendo com você?

— Nada, — ela disse, a única palavra conseguindo soar brava.

— Olha, eu sinto muito por você ter visto aquilo, mas...

— Não foi apropriado, Cole.

— A única coisa inapropriada é a Meredith. A mulher está aqui a cada duas semanas. Pensa que Oxford é o seu terreno de caça pessoal para o seu próximo sabor da semana. Lincoln a rejeitou muitas vezes, então ela seguiu em frente para mim.

Penelope apontou um dedo acusador para ele.

— Você não parecia se importar.

— Eu não quero Meredith, — ele disse calmamente, — mas, Pequena, você não pode andar por aí me dizendo que odeia meus beijos e então fica brava quando eu tento dá-los para outra pessoa...

— Eu nunca disse que odiei aquele beijo, — ela o interrompeu.

Ele se parou, e então o sorriso dele foi lento e sexy.

Tarde demais, ela percebeu que tinha entrado na armadilha de um sedutor muito, muito habilidoso.

— É mesmo? — Ele disse, com uma voz baixa e sexy.

Ela revirou os olhos e tentou disfarçar.

— Eu só quis dizer que não foi uma porcaria.

— Mas, você não queria que eu fizesse de novo, — ele disse, se aproximando dela.

— Eu... eu não achei que fosse uma boa ideia, — ela disse, recuando.

Ele continuou se movendo em direção a ela e o traseiro de Penelope bateu na mesa; ela estava completamente sem lugar para ir.

Cole pausou quando havia apenas alguns centímetros entre eles.

— Isso não é uma resposta. Você quer que eu faça isso de novo? Você tem pensado em mim? Beijando você? Tocando você?

Ela podia sentir a respiração dele no rosto dela enquanto olhava para baixo para evitar o contato visual.

Um erro, porque os olhos dela travaram no braço dele.

Sem jaqueta hoje, e ele enrolou a camisa até os cotovelos, expondo os antebraços cobertos de lindos pelos dos braços.

Lindos pelos dos braços?

Ah, cara. Ela estava com problemas. Sérios problemas.

Ela tentou se mover para o lado, mas as mãos dele subiram, enjaulando-a contra a mesa.

A postura era uma réplica quase exata da cena que ela tinha visto alguns minutos antes, e era exatamente o lembrete que ela precisava que Cole não queria ela.

Ele queria conquistas.

Penelope dobrou os braços no peito dela e se forçou a encontrar os olhos dele.

— Vá ligar de volta para Meredith se você quiser se divertir em uma mesa, — ela disse. — Eu não estou interessada.

— Você não está? — Ele disse, os olhos na boca dela.

— Acabei de dizer que não estava.

— Então, você não quer meus lábios nos seus? Você tem certeza?

Penelope hesitou. Foi só por um segundo, mas ela viu pela chama do triunfo nos olhos dele que ele tinha notado a pausa.

— Me deixe em paz, Cole.

As palmas das mãos dele estavam tão próximas que com o menor movimento dos polegares dele, ele teria escovado o lado de fora dos quadris dela.

Quadris que eram minúsculos e masculinos ao invés de exuberantes e curvos. Se ela se inclinasse para frente, o peito dela escovaria o dele, mas era um peito que era plano e mal enchia um sutiã.

E ainda assim, ela queria... ela queria desesperadamente.

— Penelope.

A voz dele era gentil agora. Mais preocupada do que sedutora.

— O quê? — Ela disse, a sua própria voz baixa. Derrotada. Talvez, um pouco triste.

— Você, realmente, não quer que eu te beije? Eu não vou me forçar com uma mulher, então, se você me disser para ir, eu vou. Você quer que eu solte você, eu vou soltar você. Mas, eu tenho que te dizer, querida, o jeito que você está olhando para mim...

Ela sentiu um pico de raiva.

— Você estava beijando outra mulher quase agora.

— Na verdade, ela estava me beijando.

— E eu tenho certeza que você estava ali parado, sem gostar.

— Eu não tinha decidido se eu queria gostar ou não, — ele disse.

Ela fez um barulho de nojo, empurrou os ombros dele.

— Você é nojento.

Ele se segurou firme, recusando-se a se mexer.

— A questão é, Pequena... quando se trata de você, eu não tenho que decidir. Eu não tenho que parar e pensar se eu quero te beijar. Eu sei. Eu sei todos os dias quando eu vejo você colocar rímel no reflexo do monitor do seu computador, porque você esqueceu de fazer isso em casa. Eu sei quando vamos tomar café juntos e você pode recitar tudo o que aconteceu na ESPN na noite anterior. Eu sei quando eu compartilho minhas batatas fritas com você no almoço e você come todas elas. Eu sei...

Penelope colocou os lábios dela contra os dele.

Ela não queria. Realmente, não queria. Ela não se lembrava de ter tomado a decisão de se mover.

Mas, ela tinha feito isso, e estava beijando Cole.

A resposta dele foi imediata, seus lábios brigando com os dela para conseguir o controle do beijo, e ainda assim as mãos dele nunca se moveram. Ele não usou nada além de lábios e calor corporal para seduzi-la.

Mas, Penelope usou suas mãos. A língua dele escorregou na boca dela e ela soltou um pequeno suspiro enquanto as mãos dela se levantavam para puxar o colarinho dele e segurar os lábios dele nos dela.

Ele inclinou a cabeça, aprofundou o beijo, e se Penelope pensou que o beijo na neve tinha sido fora deste mundo, este beijo estava em um universo completamente diferente. Um universo onde homens lindos queriam beijar meninas iguais a ela.

Objetivamente, Penelope sabia que ele só a queria, porque ela o tinha rejeitado. Um homem como Cole gostava de um desafio. Depois desse beijo - esse beijo maravilhosamente irresponsável que ela tinha iniciado - seu ardor esfriaria e ele sairia para perseguir alguma outra mulher.

Mas, tudo bem. Ele não era Evan. Ela não estava apaixonada por ele.

Se ele nunca mais a beijasse, isso não partiria o coração dela.

Ela não deixaria.

Cole se afastou devagar, endireitando até que as mãos dele deslizaram da mesa para os lados dele, e eles olharam um para o outro.

— E então? — Ele perguntou finalmente, quando o silêncio se esticou tempo suficiente para ficar estranho.

Ela lambeu os lábios.

— Então, o que?

— De qual você gostou mais? Do que eu segurei sua cabeça? Ou do que acabamos de fazer?

Ela revirou os olhos e foi para o outro lado da mesa, sentindo-se um pouco mais segura com a distância entre eles.

— Lincoln já entregou aquele artigo estúpido. A hora de pesquisa já passou há muito tempo.

— Ah, eu não estou fazendo pesquisa para o artigo de Lincoln. E eu não tenho nenhum interesse em ser um perito em todas as coisas relacionadas a beijos, embora honestamente, eu suspeito que eu estou muito perto de obter minha faixa preta...

Ela levantou uma mão.

— Então o que você quer?

Ele sorriu e puxou a pasta com as provas da história deles fora da mesa enquanto ele caminhava em direção à porta.

— Não é óbvio? Estou aqui para ser um especialista em Penelope Pope. Porque, apesar dos seus esforços para provar o contrário, eu não acredito por um segundo que você não me quer.

— Você está errado, — ela gritou para ele, mesmo que ele já tivesse saído pela porta.

Ele recuou dois passos, o suficiente para colocar a cabeça de volta no escritório dela.

O olhar que ele deu para ela era positivamente de derreter calcinhas.

— Vamos ver, Pequena. Vamos ver.


Capítulo 14

Para Cole, os domingos sempre foram, sempre seriam sobre Bobby. Cole via seu irmão em outros dias da semana, certamente. Almoços ocasionais, jogos de bola, visitas espontâneas. Mas, os domingos eram os dias deles.

Seja jogando damas no quarto de Bobby, enquanto assistiam a reprise de qual quer que fosse o programa atual favorito do seu irmão, ou viagens a Governors Island em dias ensolarados de verão, Cole sempre garantiu que Bobby soubesse que ele via em primeiro lugar.

E mais do que isso, Cole gostava. Mesmo antes de seus pais desengajados terem falecido, Bobby sempre foi a única família real de Cole.

Foi Bobby quem ensinou a Cole que as pessoas podiam ser, incondicionalmente, boas.

E foi também, através de Bobby, que ele aprendeu o quão cruéis elas poderiam ser. As pessoas ficavam olhando por muito tempo, riam quando não deviam, ou zombavam.

Mesmo aquelas com boas intenções, erravam mais frequentemente do que não. Seja falando sobre Bobby como se ele não estivesse lá ou falando com ele como se ele fosse uma criança, as pessoas em geral simplesmente erravam.

Foi por causa de pessoas assim que Cole manteve Bobby separado do resto de sua vida, embora às vezes ele temesse que Bobby entendesse mal seus motivos - que ele pensaria que Cole tivesse vergonha dele.

Felizmente, isso nunca pareceu cruzar a mente de Bobby, e Cole ficou feliz por isso, porque não podia estar mais longe da verdade.

Ele era culpado de ser superprotetor de seu irmão?

Talvez. Mas, tinha vergonha do Bobby? Nunca.

Bobby era a luz de sua vida. Sua constante.

Foi por isso que, neste domingo em particular, quando Bobby estava doente na cama com intoxicação alimentar e instruções estritas para Cole manter sua distância, Cole estava se sentindo um pouco...

Perdido.

Não, isso não estava certo. Cole estava sozinho.

Ele não tinha percebido o quanto ele contava com os domingos como sua maneira de relaxar - de se conectar - até que a oportunidade não estivesse lá.

Mas, a percepção mais surpreendente não era que Cole não queria passar o domingo sozinho. A parte mais surpreendente foi a maneira pela qual ele tinha decidido remediá-la.

De alguma forma, Cole se viu do lado do interfone do prédio de apartamentos de Penelope, tentando esconder sua apreensão ao apertar o botão ao lado do nome dela e esperou para ver se ela estava em casa. Esperou para ver se ela o deixaria subir.

— Oi? — Sua voz era estridente, embora não tão confusa como deveria ser para uma mulher solteira que não estava esperando companhia.

A menos que ela estivesse esperando companhia. Ah, porra, e se ela tivesse planos com outra pessoa - outro homem, ele... ele...

— Olá? — Disse ela outra vez, um pouco impaciente.

Ele apertou o botão antes dela desligar.

— Ei, é o Cole.

Ele esperou pela pausa previsível. Os poucos momentos de silêncio enquanto ela registrava que seu colega de trabalho estava do lado de fora do seu apartamento e descobria como ela se sentia sobre isso.

Como sempre, Penelope o surpreendeu. Não houve nem mesmo o menor atraso antes que a voz dela saiu, ainda mais alta do que o seu olá.

— Cole! Ei! Você quer subir?

Ele olhou por um segundo para o interfone.

Como que tudo era sempre tão simples com ela?

Mesmo com essa coisa de empurrar e puxar, de às vezes beijos, às vezes discussões, às vezes uma bagunça platônica que eles tinham nas mãos, ela parecia genuinamente feliz em vê-lo.

Ele fechou os olhos em gratidão, apenas por um segundo.

— Cole? Você ainda está aí?

— Sim, — ele disse, apertando o botão mais uma vez.

— Bom, suba até aqui.

Ela o deixou entrar no prédio, e enquanto ele subia até o andar dela e batia na porta, ele percebeu que não foi há muito tempo que ele estava nesse mesmo lugar, esperando para levá-la ao jantar de Jake e Grace.

Naquela época, ela abriu a porta vestida com um roupão, e os dedos dele não coçaram para removê-lo - muito.

E agora, Cole estava esperando que a história se repetisse. Que ela abrisse a porta com um roupão, e que ele tiraria do corpo dela....

A porta se abriu e o Cole deu um suspiro de arrependimento.

Sem roupão.

Apenas uma enorme blusa de moletom do Texas Rangers, calça legging preta, e pés descalços.

— O que houve? — Ela disse, o apressando para dentro.

Cole teve que rir.

— Você é assim tão acolhedora para todos os visitantes não convidados?

Ela bufou.

— Confie em mim. Quando você tem tão poucos visitantes quanto eu, você ficaria animado em ver qualquer um.

Ele sorriu, embora não fosse bem a resposta que ele queria. Ele queria que ela dissesse que estava feliz em vê-lo...

— Mas, eu estou de bom humor, — ela estava dizendo. — Edgar está vivo.

— Perdão? — Ele disse, seguindo-a até a sala de estar onde a TV passava o jogo de Boston/Toronto. Os Yankees estavam fora, na Costa Oeste, então o jogo só começaria daqui a uma hora.

— Edgar, — disse ela, gesticulando para o aquário. — Meu peixe. Eu pensei que ele estava morto, porque ele não comeu seu café da manhã, e estava apenas flutuando lá, mas talvez ele estivesse apenas descansando, porque agora ele está se movendo novamente.

Penelope estava olhando para o peixe com um olhar adorável no rosto dela, e Cole poderia jurar que o coração dele se apertou.

Tanto carinho por um peixe.

— Ei, Edgar, — ele disse, olhando para o peixinho dourado preto. Ele olhou para ela. — Talvez ele esteja sozinho. Você já pensou em trazer uma amiga para ele?

A boca dela virou para baixo, os olhos dela tristes.

— Ele tinha uma amiga. Lola. Ela morreu alguns dias depois que eu a trouxe para casa.

Cole assentiu, solenemente.

— Que ela descanse em paz.

— Ela está totalmente no paraíso dos peixes onde Procurando Nemo passa vinte e quatro horas por dia, — Penelope disse, bom humor retornando. — Você quer uma cerveja?

Ele levantou uma sobrancelha.

— Você não vai perguntar o que estou fazendo aqui?

Ela pareceu pensar sobre isso.

— Ah. Claro. O que você está fazendo aqui?

De repente, Cole se arrependeu de ter instigado ela a perguntar, porque ele se lembrou tarde demais que não tinha a mínima idéia.

Ele abriu a boca, depois a fechou de novo, e Penelope lhe deu um sorriso astuto.

— Imaginei que esse fosse o caso. Cerveja?

— Sim, ok, — ele disse, passando a mão pelo cabelo.

— Tire seu casaco, — ela disse por cima do ombro, enquanto ia para a cozinha. — Sente-se. Fique confortável. É um jogo incrível.

Ele olhou para a tela enquanto tirava o casaco dos ombros.

— Está zero a zero.

— Exatamente, — ela disse, voltando e dando a ele uma garrafa de cerveja. — É a quinta entrada e nenhum dos dois times marcou.

— Sério, — ele disse, esticando a palavra enquanto voltava para a tela com mais interesse.

Ela acenou com a cabeça e sentou-se ao lado dele, colocando as pernas debaixo dela.

— Ainda é cedo. Um deles está fadado a estragar tudo. Mas, mesmo assim, quão legal seria um jogo sem pontos. Só houve um na história da MLB...

— Fred Toney e Hippo Vaughn, — ele interrompeu, — em 1917. O primeiro ponto não aconteceu até a décima entrada.

Penelope olhou para ele, então levantou a garrafa.

— Muito bem, senhor.

Ele se inclinou para trás com um sorriso presunçoso, tirando seus sapatos antes de colocar os pés no pufe dela.

— É irritante, não é? Não ser mais a única no seu círculo social que pode dizer fatos esportivos pouco conhecidos?

— Eu meio que gosto, — Penelope disse, tomando um gole de cerveja. — Talvez, seja diferente sendo mulher. Eu odeio estereótipos, mas a maioria das minhas amigas não estão muito interessadas em falar de esportes. Quero dizer, algumas gostam de futebol, outras de beisebol, etc., mas não há ninguém tão apaixonado por todos eles como eu.

Ele olhou para o perfil dela. Sem maquiagem. Ele adorou.

— E os seus amigos homens?

Ela levantou um ombro.

— É, eles se importam mais com o meu conhecimento de fatos de hóquei, eu acho. Era mais fácil aos vinte e poucos anos, quando eu podia ficar num bar num sábado com um monte de amigos homens. Mas, quanto mais velhos ficamos, mais eles começavam a sumir. Se casaram. Eles meio que pararam de sair para discutir esportes o dia todo, sabe?

Ele sabia. Ela estava sozinha.

Assim como ele.

Bem, não apenas como ele. Para ser justa, ela tinha um ponto sobre ser mais fácil para ele passar um tempo com os caras do que para ela.

Ele podia ver muito bem, porque a piscina de amigos homens dela tinha secado. Penelope não teria pensado em si mesma como uma ameaça para todas aquelas esposas e namoradas, mas havia algo atraente sobre uma mulher com quem você poderia ser você mesmo; alguém que não te desligaria quando você falasse sobre corridas impulsionadas e bandeiras de penalidades. Ele estava apostando que todas as parceiras dos amigos dela sabiam disso.

Cole sabia que Penelope achava que sua vibe de "uma dos caras" prejudicava seu apelo, mas ela estava completamente errada sobre isso. Ele não conhecia nenhuma outra mulher que ficasse tão satisfeita - tão emocionada - por passar o domingo na frente de um potencial jogo sem pontos.

Era fantástico.

Como se estivesse determinada a provar o ponto de vista dele, Penelope olhou para ele durante o próximo comercial.

— Eu ia pedir pizza hoje à noite. Você quer ficar para jantar?

Diga não. Não interfira na privacidade dela. Não se acostume muito com isso.

— Claro, — ele disse, mantendo a voz dele fácil.

Ela pegou o celular da mesa.

— Do que você gosta?

— O que quer que você esteja pedindo é bom.

— Eu sou entediante. Pepperoni e azeitonas?

— Perfeito, — ele disse.

O jogo sem pontos chegou ao fim dois turnos depois, mas a decepção foi atenuada pelo fato de a pizza ter chegado exatamente na mesma hora.

Cole pagou pela pizza enquanto Penelope pegou mais cervejas.

— Mudo para os Yankees? — Perguntou ela.

— Pensei que você nunca perguntaria, — disse ele.

— Vai ser uma varrida, — disse ela, se inclinando para a caixa e puxou uma fatia. Ela deu uma mordida enorme enquanto procurava o controle remoto entre as almofadas do sofá.

— Esses são os melhores, — disse ele.

Penelope tinha um fio de queijo no queixo dela, e ele limpou com o guardanapo dele e ela grunhiu um agradecimento antes de levantar o controle remoto em triunfo.

Não foi um momento sexy. Não foi um momento nada romântico, ela mastigando pizza alegremente enquanto encontrava o time esportivo dele na TV.

Eu poderia fazer isso, ele pensou. Eu poderia fazer isso todos os malditos dias.

Ela olhou para ele, fazendo uma pausa na mastigação enquanto via o olhar no rosto dele.

— O que há de errado? Você não vai me dizer agora que não gosta de azeitonas, né?

Ele balançou a cabeça, pegando uma fatia de pizza enquanto tentava limpar a cabeça.

Isso era confortável, só isso. E um pouco incomum. Isso não significava que era especial.

Isso era um caminho que ele nem queria explorar.

As duas horas seguintes passaram em um borrão contente, enquanto eles dividiam a pizza, bebiam cerveja, e se alternavam entre discutir sobre faltas erradas e concordar que o árbitro da placa de casa tinha uma preferência definida contra as bolas rápidas internas.

À medida que a nona entrada se aproximava (Penelope estava certa, um varrimento total, com os Yankees subindo 7 a 1), Cole percebeu que talvez essa foi a experiência agradável de assistir esportes que ele teve em anos.

E quase imediatamente depois dessa realização, veio uma facada de decepção por já ter acabado. Uma coisa era dois editores esportivos assistirem juntos a um jogo, mas o que acontecia depois que o jogo acabou?

Ele não podia ficar. Eles não estavam namorando. Não estavam dormindo juntos.

E a julgar pela forma como Penelope estava comendo mais um pedaço de pizza, ele duvidou muito que ela estivesse planejando ou antecipando uma sedução.

Não que ele estivesse pensando nisso também, era só que...

Ele assistiu enquanto ela tirava um pedaço de pepperoni da fatia e o comia em pequenas mordidas. Era estranho e fofo.

Ele queria ela.

Não faça isso, Sharpe.

Ele fez.

Ele se endireitou e calmamente tirou a cerveja e a pizza dela da mão dela, colocando os dois na mesa de café.

Ela olhou para ele com surpresa no mesmo momento em que o polegar e o dedo indicador dele encontraram o queixo dela e inclinaram o seu rosto para o dele.

E então, ele a beijou.


Capítulo 15

Penelope não tinha visto o beijo chegar. Ela estava mais focada, em, bem... pizza. E beisebol.

Ela estava um pouco hiperconsciente do Cole?

Talvez.

Ok, tudo bem, sim, claro que ela estava hiperconsciente dele.

O homem cheirava como homem da melhor maneira possível. Mas, não era só isso.

Era o menor grau de vulnerabilidade no rosto dele quando ela abriu a porta. Ele não tinha sido ele mesmo, e o fato de ter vindo até ela significava mais do que ela queria admitir.

Mas, ela estava fazendo um bom trabalho em manter as coisas casuais. De não deixá-lo se tornar mais importante para ela do que ele já era. As paredes a qual ele se referia - elas estavam firmemente no lugar.

Até o momento em que seus lábios pousaram nos dela.

Agora aquelas paredes estavam desmoronando rapidamente.

A língua de Cole passou pelo lábio inferior dela e ela gemeu.

Exceto...

As mãos dela encontraram os ombros dele, pronta para o empurrar para trás.

— Me beije de volta, — ele disse contra a boca dela. — Me beije de volta, Penelope. Por favor.

Foi o desespero na voz dele que acabou com ela. Havia uma necessidade lá, abaixo de toda a confiança sexy de Cole, que ela não conseguia dizer não.

Ela avançou para frente no sofá, colocando os lábios dela contra os dele e beijando-o suavemente. O gemido dele enviou uma estranha emoção através dela. Ela tentou de novo, deixando os lábios se entrelaçarem com os dele, a sua mão se aproximando da bochecha dele.

Ele a deixou controlar o beijo, a mão dele movendo-se sobre as costas dela em movimentos calmantes enquanto ela aprendia o gosto dele. Aprendia como a barba dele arranhava contra os lábios dela. Aprendia como as mãos grandes dele fizeram ela se sentir ainda menor do que o normal enquanto as corriam sobre as costas e os quadris dela em movimentos longos e prolongados.

O beijo tornou-se cada vez mais urgente, e ela sentiu uma suave pressão enquanto Cole tentava persuadi-la para o colo dele.

A confiança recém-descoberta de Penelope evaporou instantaneamente, e ela recuou.

Os olhos dele estavam escuros de excitação, enquanto ele levantava as sobrancelhas, confuso.

Ela pressionou os lábios juntos. Eles formigavam. De uma boa maneira.

— Você deveria saber... eu não sou muito boa nisso, — ela disse. Você vai ficar desapontado.

Ele sorriu e passou um dedo no lábio inferior dela.

— Não se preocupe. Porque eu sou muito bom nisso.

E então ele provou isso, enrolando as mãos dele nos quadris dela e facilmente a levantando para que ela estivesse em cima do seu colo no sofá.

— Ah, — ela disse suavemente.

Ele sorriu maliciosamente, enrolou a mão dele na nuca dela, e puxou o rosto dela para baixo, a língua dele deslizando contra a dela em um golpe quente e delicioso.

Sim, sim, ele era bom nisso.

Se os seus primeiros beijos a tinham aquecido, este beijo a incendiou. Os seus lábios e a sua língua estavam por todo o lado. As suas mãos tocavam todas as partes dela que ele podia alcançar.

As suas mãos seguravam a bunda dela, puxando-a firmemente contra a sua ereção e a empurrando para cima. Ela gemeu, os seus quadris se moviam por conta própria agora enquanto ela roçava contra ele.

Era bom, mas não o suficiente. Nem um pouco. Ainda havia camadas os separando, e Penelope nunca odiou tanto as roupas como naquele momento.

Como se estivesse lendo sua mente, as mãos de Cole deslizaram sob a camisa dela, as palmas das mãos dele tocando a pele nua das suas costas pela primeira vez, e aquele simples contato pele a pele fez um gemido escapar dos lábios dela.

Ele correu as mãos para cima até que encontraram as alças do seu sutiã, as soltando com desconcertante facilidade antes de deslizar as mãos dele para cobrir os seios dela.

Penelope apertou os olhos.

Essa seria a parte onde ele mudava de ideia. A parte onde ele percebia que ela não tinha absolutamente nenhuma curva. Que as roupas dela não mentiam - que ela não estava escondendo secretamente um corpo curvilíneo debaixo de todas as camadas.

— Ah, porra, Pen, — ele disse, os dedos dele apertando os mamilos dela em movimentos provocadores. — Você é perfeita pra caralho.

Os olhos dela se abriram, procurando sinais de mentira no rosto dele.

Mas, então ele estava puxando a camisa dela sobre a cabeça, empurrando o sutiã dela para longe.

Antes que ela pudesse registrar vergonha, a mão dele deslizou pelas costas dela, puxando-a para ele enquanto a boca dele encontrava o seu peito.

A respiração dela saiu em uma arfada enquanto ela se curvava para ele. A língua dele balançou para o mamilo dela antes que ele mudasse para o outro seio, e Penelope esqueceu tudo sobre se sentir envergonhada, esqueceu tudo sobre o fato de que a experiência sexual dela era minúscula em comparação com a dele.

Nada disso importava. Havia apenas Cole com sua boca quente e dedos inteligentes.

Ela tinha que tocá-lo.

As mãos dela vagaram sobre os ombros dele, o peito, e depois até a bainha da camisa. Ele se endireitou e em um movimento fácil puxou a camisa para fora.

A boca de Penelope ficou seca. Ele era perfeito. Tonificado e bronzeado e muito, muito masculino.

— Você está tão fora do meu alcance, — ela disse, raspando as unhas no peito nu dele.

Os olhos dele se estreitaram.

— Não de onde eu estou sentado, — ele disse, a voz rouca.

Ele se sentou mais reto, com as mãos segurando o rosto dela enquanto ele beijava os lábios dela.

— Deixa eu te levar para o quarto.

As mãos dele deslizaram para baixo, os polegares dele encontraram os mamilos dela e mandaram qualquer protesto que ela pudesse ter feito pela janela.

Ela começou a sair dele, mas ele passou as mãos debaixo da bunda dela, puxando-a para ele enquanto ficava de pé, segurando-a facilmente.

— Belo truque, Sharpe.

Ele balançou as sobrancelhas.

— Você gostou?

Em resposta, ela passou as pernas em volta da cintura dele e os braços em volta do pescoço e o beijou enquanto ele os levava para o quarto.

Penelope teve um momento de vergonha por não ter feito a cama - ela raramente se incomodava.

Mas, Cole não pareceu se importar quando ele a depositou entre a bagunça de cobertores e lentamente se abaixou sobre ela, a língua dele correndo círculos preguiçosos sobre a garganta dela até que ele se abaixou e chupou um mamilo na boca quente dele.

Então as calças dela foram embora - como isso tinha acontecido? - e os lábios dele estavam fazendo cócegas na pele macia da barriga dela.

— Eu gosto do gosto que você tem aqui, — ele disse, lambendo a pele sensível logo abaixo do umbigo dela. — Doce.

Penelope se apoiou nos cotovelos, olhando enquanto a boca dele deslizava sobre a pele dela, deixando um rastro de fogo onde quer que ele tocasse.

Uma das mãos dele foi para baixo, sobre as coxas dela, antes de se mover para cima de novo, gentilmente, sobre o tecido da roupa íntima dela, e Penelope arqueou as costas.

As sobrancelhas dele se levantaram, e ele voltou a mão para o pequeno triângulo de algodão, traçando círculos de provocação sobre ela.

— Cole. Não provoque.

Em resposta, ele puxou a calcinha dela pelas pernas, abriu suas coxas, e mergulhou os dedos dele na umidade dela.

Ela choramingou.

— É isso o que você quer? — Ele rosnou, movendo-se para cima para que a boca dele pudesse focalizar o pescoço dela.

Penelope só conseguia assentir com a cabeça. A leve aspereza das pontas dos dedos dele, a velocidade perfeita em que ele brincava com ela era o doce e tortuoso céu.

— Sensível pra caralho, — ele disse roucamente. — Eu poderia te torturar assim para sempre.

— Não se atreva. — Ela beijou o queixo dele. — Mais.

Os olhos dele escureceram e ele beijou os lábios dela.

— Isso eu posso fazer. Apenas me aponte para os preservativos.

Penelope congelou, e Cole congelou em resposta, a mão dele parou.

— Me fala que você tem preservativos.

Ela corou.

— Eu não faço isso muitas vezes. Você não deveria carregar um na sua carteira?

Ele gemeu.

— Não, porque eu não sou um garoto no ensino médio à espera de ter sorte na noite do baile de formatura.

Penelope engoliu. Bem, merda.

— E agora?

Os olhos dele estudaram o corpo dela, virando especulativos.

— Agora nós ficamos criativos.

— O que...

Cole deslizou pelo corpo, suas mãos encontrando os joelhos dela e empurrando suas pernas para cima, a abrindo.

Penelope mal teve tempo para registar a intenção dele antes de ele abaixar a cabeça e lambê-la. Ele olhou para cima, encontrando os olhos dela, brevemente, antes que seu rosto caísse mais uma vez, sua boca se abrindo sobre ela enquanto sua língua explorava suas dobras.

Penelope choramingou de novo, apertando a colcha enquanto ele a degustava, primeiro em lambidas provocadores e depois em círculos regulares. Ela alternou entre rezar para que isso nunca terminasse e, silenciosamente, implorar para que ele a libertasse.

E, então, um dedo deslizou para dentro dela e era exatamente o que ela precisava para se desmoronar nas mãos dele. Na sua boca.

Ela ainda estava ofegando quando ele beijou o corpo dela, se deitando ao seu lado e passando os dedos sobre as suas costelas em movimentos calmantes até que ela se lembrou de como pensar.

Penelope virou o rosto para olhar para ele.

— Isso foi...

Ele sorriu e piscou o olho.

— Eu sei.

Ela virou na direção dele, lambendo o lábio nervosamente.

— Hum, e você...

Cole a beijou suavemente.

— Da próxima vez. Eu virei preparado.

Penelope ficou ligeiramente aliviada. Verdade seja dita, ela não tinha certeza se tinha as habilidades ou experiência para dar prazer a um homem tão claramente habilidoso em sexo quanto Cole.

E, no entanto, ela também era... determinada.

Ela empurrou sua vergonha para o lado e se inclinou sobre ele até que o deitou de costas.

Uma vez que ela estava em cima dele, Penelope raspou a palma da mão ao longo da mandíbula dele e engoliu nervosamente.

— Você vai me mostrar?

— Penelope...

— Por favor.

Seus olhos procuraram o rosto dela, e ela tentou banir a incerteza da única maneira que ela poderia pensar.

A mão dela deslizou pelo corpo dele até a palma da mão dela descansar sobre a ereção por baixo do jeans dele.

— Amor. — Os olhos dele se fecharam, e ela sorriu, sabendo que o tinha.

Ela moveu a mão, esfregando contra ele enquanto juntava sua coragem.

E então ela a puxou, abrindo o jeans dele e puxando o zíper para baixo.

A cueca dele representava um problema. Um problema que ele resolveu rapidamente sentando e o despindo sem o mínimo de timidez.

Cole Sharpe estava nu. Nu e lindo.

Ele deitou-se de costas novamente.

— Faça o seu pior. Eu garanto que você não pode errar.

Ela não tinha tanta certeza, mas se surpreendeu ao querer tocar nele. Querendo conhecer cada centímetro dele, e fazê-lo sentir o tipo de êxtase que ele deu a ela.

Antes que ela pudesse perder a coragem, ela enrolou os dedos ao redor do pênis dele, maravilhando-se com o quão pequena a mão dela parecia contra ele. Ela o acariciou, e Cole empurrou o quadril para cima.

Ela sorriu em triunfo e Cole deu uma risada.

— Eu não acho que você precise de mim para te mostrar nada, Pequena. Eu diria que você sabe disso.

A mão dela se moveu sobre ele novamente, observando o rosto dele para ver do que ele gostava, e ela percebeu que ele gostava de um pouco com força.

A respiração dele ficou mais irregular e Penelope se surpreendeu ao querer ir mais longe. Fazer coisas que ela sempre achou, insuportavelmente, estranhas no passado.

Antes que ela pudesse mudar de ideia, ela se abaixou no corpo dele até que estava inclinada sobre ele.

— Pen...

Ela beijou a ponta do pênis dele e ele amaldiçoou. A língua dela passou suavemente sobre a ponta, descobrindo o sabor salgado dele. E, então, ela o chupou, a mão dela cobrindo a base inferior dele onde sua boca não conseguia alcançar.

Ele estava xingando sério agora, e ela continuou, confiando no instinto. Ela achou que estava fazendo algo certo, porque os dedos dele estavam apertados no cabelo dela e os quadris dele começaram a balançar em direção à boca dela.

— Querida, você tem que... eu vou...

Sim.

Ela acenou com a cabeça e se moveu mais rápido, os movimentos da boca dela dizendo a ele o que ela queria. E então, ele deu a ela, gozando na boca dela enquanto ele gritava o seu nome.

Isso. Foi. Glorioso.

Cole a puxou para cima, e ela se aconchegou contra ele, bochecha no seu ombro enquanto ele suavemente passava a mão sobre o cabelo dela.

— Agora o que acontece? — Ela perguntou depois que eles ficaram quietos por vários minutos.

— Bem, para começar, vamos estocar alguns preservativos.

Ela sorriu.

— Você parece estar pensando que vamos fazer isso de novo.

Ele beijou a testa dela.

— Eu sei que vamos.

Ela inclinou o rosto para cima para poder encontrar os olhos dele.

— Cole, eu... isso foi...

— Não se atreva a me dizer que isso foi uma coisa única, Pequena. Você gostou tanto quanto eu gostei.

Ela se sentiu corada, e esperava que ele não notasse.

— Eu não estou dizendo que não gostei, é só que - eu quis dizer o que eu disse naquele primeiro dia. Eu não estou procurando um namorado.

Ele piscou os olhos.

— Eu acho que isso é uma versão do que é suposto ser a minha fala.

— Você sabe o que quero dizer. É só que já passamos tanto tempo juntos no trabalho, e se adicionarmos sexo à mistura, estou preocupada que as linhas se cruzarão, e...

Ele deitou de costas, rolando para cima dela.

— Eu tenho uma ideia. Nós fazemos um pacto.

Os olhos dela se estreitaram.

— Que tipo de pacto? Um pacto sexual?

O sorriso dele era gentil.

— Você é adorável. E claro, eu acho que é um pacto sexual, já que vamos ter muito disso. Mas, eu estava pensando mais na linha de uma garantia. Algo para garantir que nenhum de nós cruze uma linha que não queremos cruzar.

— Vá em frente...

Ele emoldurou o rosto dela com as mãos.

— Eu vou tratá-la com o respeito que você merece no trabalho, e então eu vou usar seu corpo doce para o sexo depois do trabalho, mas Penelope Pope, eu lhe dou a minha promessa solene de não me apaixonar por você.

Seus lábios se separaram e ele lhe deu um beijo rápido.

— Sua vez.

— Cole...

— Vá em frente.

Ela revirou os olhos.

— Isso é estúpido.

— Estou esperando.

Penelope respirou fundo.

— Tudo bem. Eu prometo nunca me apaixonar por você, e idem na mesma coisa no trabalho e no sexo, só que tem que haver regras. Sem sexo nos dias de semana.

— Não. Não concordo.

Ela fez uma careta para ele.

— Estou falando sério. Se queremos manter as coisas separadas, se queremos manter tudo em perspectiva, temos que ser inteligentes sobre isso. Nos dias de semana, somos colegas. Fins de semana, nós podemos ser...

— Amigos coloridos.

Ela sorriu.

— Sim. Isso.

Ele estreitou os olhos.

— Essa é minha única opção?

— É pegar ou largar, — ela disse numa voz cantada.

Pegue. Por favor, pegue.

Ele a estudou por vários momentos antes de se levantar e começou a sair da cama.

O coração de Penelope afundou enquanto ela se sentava.

— Você está saindo?

Ele pegou as calças jeans e as colocou.

— Claro que estou.

Ela empurrou o cabelo para fora dos olhos e tentou manter o rosto composto. Não foi mais do que ela realmente esperava. Ela sempre soube que não tinha o fascínio de manter o interesse de um cara...

— Ok, bem... eu te vejo amanhã, — ela disse, esperando que a voz dela soasse fria e indiferente ao invés de pequena e rejeitada.

Ele congelou no processo de abotoar o jeans.

— Do que você está falando?

— Você disse que estava saindo...

Ele lhe deu um olhar exasperado.

— Pequena, se você só está me dando sexo nos fins de semana, eu tenho que aproveitar cada momento. Você entendeu?

— Não muito.

Ele apontou para o relógio da mesa de cabeceira dela.

— Ainda é domingo. Domingo é fim de semana.

— Então, onde você vai? — Ela gritou atrás dele, enquanto ele saía do quarto dela.

A cabeça dele voltou para o quarto.

— Acorda. Onde você acha que eu vou? Nós precisamos de preservativos.

E então, ele se foi, e Penelope não conseguiu evitar o sorriso idiota que rastejou sobre o rosto dela.

Ela estava realmente fazendo isso. Ela estava prestes a embarcar em um caso real e adulto com Cole Sharpe.


Capítulo 16

O Cole passou quase uma semana seguindo a estúpida regra da Penelope de não-fazer-sexo-durante-a-semana.

Ele não gostou, mas tinha visto pelo teimoso levantar do seu pequeno queixo pontiagudo que era isso ou nada, e, bem... por razões que ele não queria explorar muito de perto, nada não era uma opção quando se tratava de Penelope Pope.

Não quando ele passou a maior parte dos últimos três dias e meio tentando não pensar naqueles pequenos suspiros que ela fez quando ele lambeu seus mamilos, ou na maneira como os quadris dela ficaram loucos quando ele a tocou.

Diabos, ele quase pensou que eles conseguiriam seguir com a regra.

Eles conseguiram passar pela reunião de funcionários de segunda-feira, almoço de equipe de terça-feira e happy hour de quarta-feira sem que ele a arrastasse para um canto deserto e a beijasse.

De alguma forma, ele conseguiu sentar ao lado dela por horas a fio enquanto eles revisavam imagens, copiavam e faziam estatísticas, sem deslizar a mão debaixo da saia dela e ver se ela estava tão molhada quanto ele estava duro.

E então quinta-feira aconteceu.

— Pequena, — ele latiu, no segundo em que saiu do elevador. — Onde diabos você estava?

Ela piscou de surpresa com o tom severo dele.

— Eu estava almoçando.

Ele sabia que ela estava em horário de almoço. Ele também sabia com quem ela estava.

O olhar de Cole mudou para Lincoln, que estava parado ao lado de Penelope e olhando para Cole com um sorriso sábio.

— Nós teríamos te convidado para participar, — disse Penelope, claramente confusa com a raiva dele, — mas você estava ao telefone, e nós tínhamos que voltar em uma hora, então...

Ele estava ao telefone. Ele estava tentando mais uma vez falar com Bobby, só para descobrir que seu irmão estava ocupado. De novo.

Cole estava feliz por seu irmão ter uma vida. Ter amigos. Estava feliz que seu irmão estava feliz.

Era só que...

Durante anos, Cole sabia que era tudo o que o irmão tinha. Que seu irmão precisava dele.

Mas, houve momentos em que Cole ficou impressionado com a percepção de que Bobby era tudo o que ele tinha. Sua única família.

E Bobby nunca teve a intenção de dar bolo nele - seu irmão morreria se ele pensasse que tinha ferido os sentimentos de alguém, muito menos os de Cole...

E ainda assim, feridos seus sentimentos estavam.

O que o deixou com um humor de merda.

— Relaxe, Pen, — Lincoln estava dizendo para Penelope. — Nós não fizemos nada de errado.

Ele pontuou essa afirmação colocando sua mão brevemente nas costas de Penelope e Cole teve a mais estranha vontade de colocar seu punho no rosto de Lincoln.

O que diabos havia de errado com ele?

Lincoln era seu amigo. Penelope era sua... amiga.

Eles eram ambos seus colegas, e eles eram absolutamente autorizados a ir almoçar juntos.

E mesmo assim... e mesmo assim...

Ele olhou para a Penelope.

— Você tem alguns minutos? Temos que fazer o layout do US Open de tênis até o final do dia.

— Isso vai levar quatro horas? — Lincoln perguntou em uma confusão falsa, olhando para o relógio dele.

Cole o ignorou, indo para o seu escritório e esperando mais do que ele deveria que Penelope o seguisse.

— Eu realmente sinto muito por não termos esperado por você, — Penelope disse quando ela entrou no escritório dele.

Cole fechou a porta sem responder.

Ela tocou no braço dele.

— Ei, você está bem?

Ele franziu a sobrancelha com a pergunta. Cole Sharpe estava sempre bem. Cole Sharpe era quem fazia todo mundo rir, quem deixava todo mundo à vontade, quem sempre tinha as repostas rápidas e o sorriso pronto.

Mas, às vezes... às vezes, ele queria se apoiar.

Só um pouco. Ou, no mínimo, simplesmente existir, sem ter sempre uma resposta na ponta da língua. E quando ela estava olhando para ele com aqueles malditos olhos grandes, largos e compassivos, e inferno, carinhosos, ele queria se apoiar nela.

— Cole?

— Foda-se, — ele murmurou.

As mãos dele envolveram os braços de Penelope e ele a puxou para si e reclamou a boca dela.

Foi um beijo bagunçado e faminto. Não tinha a delicadeza habitual dele, mas ele precisava disso. Precisava dela.

Ele estava tão perdido no gosto dela que levou um momento para perceber que ela estava parada contra ele.

Ele recuou um pouco e deu a ela um olhar de interrogação.

— Cole, você sabe as regras, — ela disse, os olhos trancados na boca dele. — Sem misturar trabalho com prazer, sem sexo nos dias de semana...

Ele tirou as mãos dos braços dela, libertando-a, mas não se afastou. Havia meros centímetros separando-os, e ele se perguntou se ela sentia o calor entre eles tão agudamente quanto ele.

Como isso tinha acontecido? Como é que essa doce e espirituosa mulher podia excitá-lo tão facilmente como ela o virava completamente do avesso cada vez que olhava para ele?

— Vamos lá, Cole. Não faça isso. — A voz dela agora era um sussurro.

Suas mãos coçavam para alcançá-la novamente, mas ele se forçou a ficar parado. Esperar.

Ele sorriu em triunfo quando ela mexeu os ombros levemente, deixando a bolsa cair no chão com um baque quieto, enquanto os braços dela se levantavam para se enrolarem ao redor do pescoço dele.

Os lábios deles colidiram enquanto devoravam um ao outro.

Como era possível que tivessem passado apenas três dias e meio desde que ele havia provado os lábios dela pela última vez? Desde a última vez que ele passou as mãos por cima do corpo macia dela?

Parecia uma eternidade.

Ele passou os dedos dele nos quadris dela, segurando-a, confortavelmente, contra seu pau duro, enquanto as mãos dela vagueavam incansavelmente pelas costas dele.

— Eu odeio esse casaco, — ela disse com uma pequena arfada, quando ele se afastou um pouco e dobrou os joelhos levemente para chegar ao pescoço dela. — Quero dizer, eu normalmente gosto, porque você fica todo corporativo e gostoso, mas está no meu caminho, e eu não consigo te tocar.

— Como você acha que eu me sinto sobre todas as suas roupas?

Ela estava usando um top roxo de manga curta com o mais leve decote em V. A boca dele forjou uma trilha para baixo até que ele pudesse lamber o tecido da camisa dela, provando as doces curvas superiores dos seios dela.

Ela soltou uma respiração, suspirando.

— Nós realmente não deveríamos fazer isso. Estamos no trabalho, e qualquer um pode entrar.

— Em primeiro lugar, — ele disse, beijando o caminho de volta pelo pescoço dela, — não pense por um segundo que somos os primeiros. Jake fecha a porta do escritório toda vez que a esposa "traz o almoço" e o cabelo dela nunca está tão arrumado quando ela sai. E eu tenho certeza de que o chefe teve sorte em seu escritório uma ou duas vezes.

Ela recuou.

— Cassidy? Não. Ele não faria isso. Sexo no escritório dele, sério? Ele é tão controlado.

— Não, perto de Emma ele não é, — Cole disse confiante, puxando-a de volta para um longo e molhado beijo.

— Qual é o 'segundo lugar'? — Penelope perguntou, quando eles se separaram para respirar.

— Humm? — Cole perguntou, as mãos dele deslizando para cima, aproximando-se cada vez mais dos seios dela.

— Bem, você disse 'em primeiro lugar'. Isso implica que há outra coisa.

— Ah, certo. — Ele deu uns passos para trás, apoiando Penelope contra a porta. — Em segundo lugar, há uma fechadura na porta.

Ambos viram a mão dele deslizar para baixo, virando a fechadura com um movimento rápido de seus dedos.

E então, ela se lançou contra ele, quase subindo pelo corpo dele, tentando alcançar a boca dele.

Ele riu um pouco, colocando as mãos debaixo da bunda dela e a puxando para cima enquanto ele deixava o corpo dela entre a porta e o corpo dele enquanto se beijavam.

Cole mal registrou o som de um dos sapatos dela caindo e batendo no chão quando ela enrolou suas pernas na cintura dele. Ele estava muito ocupado a tocando. Provando.

Querendo.

Finalmente, ele não podia aguentar mais. Ele precisava dela nua. Agora.

Ele recuou, e ela fez um lindo som de protesto quando ele a colocou de volta no chão.

Cole trancou os olhos nos dela, enquanto ele, lentamente, levantava a camisa sobre a cabeça dela. O sutiã dela era rosa e rendado. Bonito, mas ele estava muito mais interessado no que estava por baixo, e enviou o sutiã na mesma direção que a camisa dela: para fora.

— Cole, — ela sussurrou, claramente envergonhada. Ela levantou as mãos para se cobrir, mas ele bateu empurrou as mãos para o lado. Se alguém ia pôr as mãos nos seios dela, seria ele.

Ele esfregou os calcanhares de suas palmas das mãos contra ela, seu pau se endurecendo ainda mais quando ela choramingou. Ele nunca tinha estado com uma mulher tão receptiva. E, de repente, ele queria saber se ela era sempre assim, ou se era só com ele.

Ele esperava que fosse o último.

Ele brincava com ela em suaves toques de provocação antes de mergulhar sua cabeça e colocar sua boca nela. Tão obcecado era ele com a sensação do mamilo dela contra sua língua que ele não percebeu que ela tinha desfeito as calças dele até que a mão dela escorregou abaixo do cós das cuecas dele e palmou seu pênis.

— Poorra, — disse, a cabeça dele caindo para trás enquanto ela o acariciava.

Ele viu o triunfo do prazer nos olhos dela, e ele a deixou ter o momento dela. Deixou a palma da mão dela torturá-lo por vários momentos até que ele estivesse embaraçosamente perto de gozar.

Cole agarrou o pulso dela, puxando a sua mão para longe dele, enquanto ele rapidamente avaliava suas opções. Ele tinha um preservativo - vários deles, na verdade. Ele tinha aprendido sua lição depois do último fim de semana.

Seu pau endureceu ao pensar em virá-la, pressioná-la contra a porta e fode-la por trás. Mas, logisticamente falando, a diferença de altura deles tornaria isso difícil.

Em vez disso, ele segurou o pulso dela, puxando-a para a mesa. Ele beijou seu caminho pelo corpo dela até que ele se ajoelhou na frente dela, as mãos dele rapidamente livrando-a das calças e calcinha assim como do sapato restante.

Ele queria se levantar. Ele queria sentá-la até a mesa dele e se enterrar dentro dela.

Em vez disso, inclinou-se para a frente e deixou que a língua encontrasse sua abertura. Ela soltou um gemido afiado, e ele a lambeu com mais força, palmando as costas de uma de suas coxas e levantando a perna para o lado, então ela estava bem aberta para ele.

As mãos dela encontraram a cabeça dele para se equilibrar, as unhas dela cavando no cabelo dele enquanto a língua dele a circundava.

Chupar Penelope Pope em seu escritório estava definitivamente entrando no catálogo de melhores memórias eróticas de Cole.

Ele estava muito perto de gozar em suas calças só de lambê-la. Isso era loucura. Maldita loucura.

Cole ficou de pé, tirando um preservativo da carteira antes de tirar a jaqueta do terno. Penelope empurrou as calças dele para baixo em torno de seus quadris enquanto ele libertava seu pau com a mão e colocava o preservativo.

Ela se sentou na mesa, abrindo as pernas e o chamando com o dedo. Cole gemeu enquanto se aproximava, posicionando-se na entrada molhada dela.

— Eu pensei que você disse que não era boa nisso, — ele rosnou.

As mãos dela encontraram os ombros dele.

— Acho que eu só precisava o fazer com o cara certo.

As palavras dela causaram uma estranha emoção através dele, e ele a recompensou deslizando para dentro dela com um impulso lento e escorregadio.

Quando ele estava completamente dentro, ele descansou a testa contra a dela, colocando as mãos dela ao redor do pescoço dele.

— Segure-se.

As palmas das mãos dele escorregaram até a bunda dela, puxando-a ainda mais apertada ao redor dele antes dele se afastar, e empurrar para casa de novo, mais forte dessa vez.

— Jesus, — sussurrou ele, já à beira de perder a cabeça. — Você está tão apertada. Eu não consigo...

— Com força e rápido, — ela sussurrou contra o ouvido dele.

Cole não precisava de mais encorajamento. Ele deslizou o polegar para baixo até o clitóris dela, pressionando-o em círculos implacáveis, enquanto ele empurrava contra ela em um ritmo impiedoso.

Segurar o clímax foi a coisa mais difícil que ele já tinha feito na vida, mas ele esperou. Esperou até que ele a ouvisse choramingar, esperou até que ela se contraísse ao redor dele.

Então, ele se deixou ir. Ele gozou com um rugido suave, enterrando seu rosto na curva do ombro dela, muito longe para se deixar embaraçar por sua falta de controle.

Eles se agarraram um ao outro por longos momentos depois, ambos ofegando, sem falar.

Foi Penelope quem recuou primeiro, e Cole sentiu uma facada de aborrecimento quando ela não encontrou os olhos dele.

Ela desceu da mesa e atirou um olhar rápido e envergonhado antes de se ajoelhar para pegar suas calças.

Não. Não haveria nada disso. Sem vergonha.

Ele se ajoelhou ao lado dela, se recusando a deixar que qualquer um deles ficasse envergonhado pela nudez ou pelo que tinha acabado de acontecer.

Ele enganchou um dedo debaixo do seu queixo, levantando os olhos dela para o dele.

— Você é a transa mais gostosa que eu já tive, Senhorita Pope.

Foi a coisa certa a dizer. Ela deu uma risada surpresa, mas ele podia ver pelo calor dos olhos dela que estava satisfeita com o elogio.

Cole só esperava que ela soubesse que ele queria dizer todas as malditas palavras.

Ele a entregou as roupas, depois virou-se ligeiramente para que ela pudesse vestir-se com um pouco de privacidade.

Cole fez uma careta enquanto puxava suas próprias calças para cima dos quadris, perguntando, não pela primeira vez, quem ou o que fez Penelope pensar que ela era nada menos que uma mulher sexy e de sangue quente. Aquele bastardo do Evan em Chicago?

Ele queria perguntar a ela, mas parecia um tipo de pergunta de namorado, e ela deixou perfeitamente claro que não estava procurando por um desses.

Ótimo. Maravilhoso. Ele certamente não estava no mercado para um relacionamento.

Ele não era compromisso-fóbico por si só, ele só não tinha tido ainda um relacionamento que não tivesse dado mais dor de cabeça do que valia a pena.

Cole se preparou mentalmente para que Penelope saísse de seu escritório, provavelmente para evitá-lo pelo resto do dia, se não pelo resto da semana.

Mas, ela o surpreendeu. Quando ele se virou, ela estava completamente vestida, parecendo completamente composta enquanto pegava a bolsa do chão e caminhava em direção à mesa dele.

Ela colocou a bolsa na cadeira dele e então ficou nas pontas dos pés para beijar a bochecha dele.

— É vulgar se eu disser obrigada? — Ela perguntou.

Ele sorriu.

— Se for, eu gosto de vulgar.

Penelope sorriu de volta para ele, então foi destrancar a porta, a abrindo como se nada fora do comum tivesse acabado de acontecer.

Quando ela se virou, ela sorriu o sorriso de Penelope para ele.

— Então, devemos rever os layouts das páginas?

Cole balançou a cabeça com a facilidade de tudo isso, quando ele foi para o outro lado da mesa.

Ele não sabia exatamente o que era isso.

Mas, o que quer que eles tenham decidido chamar - ou não chamar - ele poderia facilmente se acostumar com isso.


Capítulo 17

Penelope disse a si mesma que era bom que Cole estivesse ocupado no domingo.

Só porque eles tinham concordado em limitar o seu tempo sexy aos fins-de-semana, não significava que deveria ser o fim-de-semana todo.

Eles passaram a noite de sexta-feira juntos na casa dela. Comida tailandesa, beisebol, e sexo muito bom... basicamente a ideia dela de paraíso.

Sábado à noite tinha sido mais ou menos uma repetição, exceto com comida italiana.

E então, o domingo rolou, e Cole disse a ela que tinha outros planos.

Ela não perguntou o que eram. Não era da conta dela. Além disso, eles tinham violado totalmente as regras dela fazendo sexo na quinta-feira, então, na verdade, era como se ela estivesse trocando um dia por outro.

Mas, Penelope estava confiante que manter algum tipo de limite e distância era uma decisão inteligente, havia uma pequena e estúpida parte de seu cérebro que ficava se perguntando se os planos dele envolviam outra mulher.

Ela não poderia culpá-lo se envolvesse. Ela deixou bem claro que não queria um namorado.

E ele tinha prometido não se apaixonar por ela - não que isso tivesse sido uma séria possibilidade. Eles eram apenas colegas de trabalho que dormiam juntos, nos finais de semana, mas não o fim de semana inteiro, aparentemente, porque ele tinha planos.

Então, quem era ela para julgá-lo se ele tinha outra mulher? Perfeitamente aceitável.

Mesmo que o pensamento de outra mulher colocando as mãos em Cole tenha feito Penelope um pouco...com raiva.

E foram esses pensamentos perversos e tortuosos dele despindo outra mulher... dele beijando o pescoço dela... fazendo-a suspirar....

Foram estes pensamentos tortuosos que fizeram Penelope perceber que precisava de uma distração.

Penelope caiu em seu sofá e puxou para fora seu celular, rolando através de seus contatos até que ela encontrou a única pessoa que poderia acalmar seus nervos, mesmo quando ela estava em seu estado mais agitado.

— Ei, pai, — ela disse, assim que ele atendeu.

— Penny!

Ambos os pais dela a chamavam de Penny desde que ela se lembrava. Ela não se importou, mas também não levava o apelido para fora da casa dos Popes. Ela não precisava de um apelido infantil para parecer mais jovem do que era. Ela parecia conseguir fazer isso sozinha.

— Como estão as coisas? — Ela perguntou.

— Eu estava pensando em você, na verdade. Pensando em ir para o jogo dos Sox hoje.

Ela levantou uma sobrancelha. O pai dela era um grande fã dos Cubs.

— Ah é?

— Sua mãe está tendo o clube de leitura dela, Deus me ajude, o que significa que eu preciso sair de casa. Os Cubs estão fora da cidade, então eu pensei... por que não?

Por que não de fato. Rick Pope foi o responsável por ensinar Penelope seu amor pelos jogos - todos os jogos. Seu pai era um ávido esportista, e ao invés de lamentar a falta de um filho, tinha arrastado Janie e Penelope para o mundo do atletismo.

Ele tinha tido apenas um sucesso parcial com Janie. Ele teve que pintar o taco dela de rosa para que ela jogasse softball em longas noites de verão, e o único esporte que ela praticou por mais de um mês foi o tênis, e ela deixou de jogar na sétima série.

Mas, ele tinha acertado em cheio com Penelope. Janie era a imagem cuspida de sua mãe em aparência e personalidade, enquanto Penelope era filha de seu pai, do cabelo escuro ao amor dos esportes ao peito liso.

Ela não amava exatamente esse último.

— Então me diga, como está a minha pequena nova-iorquina?

— Sentindo sua falta, — disse Penelope.

Só porque Nova York estava começando a parecer um lar não significava que um pedaço enorme de seu coração ainda não estivesse de volta aos subúrbios de Chicago, na casa onde ela havia crescido. Agora, ela poderia usar um dos famosos biscoitos de aveia da mãe, ou os abraços do pai dela...

— O que deixou minha garotinha triste? É um rapaz? Se é um rapaz, eu conheço um garoto...

Ela revirou os olhos, sorrindo.

— Você conhece um cara, e o que? Você vai quebrar os joelhos de alguém? Qual é pai, Janie e eu descobrimos por volta dos quinze anos que você só fala.

— Há maneiras não violentas de quebrar um homem, — o pai dela disse em uma voz ao estilo da máfia falsa. — E não pense que eu não percebi que você não negou ter um namorado.

Penelope respirou fundo e não disse nada.

— Penny...

— Se eu te contar, você contará a mamãe, e se contar a mamãe, ela vai começar me mandar fotos de vestidos da mãe da noiva.

— Eu posso guardar um segredo se você precisar.

Ela soltou um suspiro. O problema é que, provavelmente, ele poderia. E a ideia de falar com alguém sobre Cole era tentadora, mas com o pai dela? Por mais que ela amasse o homem, e ele tivesse uma visão progressiva, não havia como ela sequer pensar em contar sobre a regra dela e do Cole de sexo só durante o fim de semana.

— Só estou em um momento de reflexão agora, — respondeu ela.

— Ah, sim. Entendi.

Penelope sorriu, sabendo que ele realmente entendeu. Rick Pope sempre disse à sua esposa que Penelope estava num momento de reflexão, quando a mãe bem-intencionada de Penelope tentava convencer Penelope a falar sobre o que a estava incomodando quando criança.

Janie e sua mãe eram extrovertidas - gostavam de falar sobre tudo e mais alguma coisa, e tendiam a resolver melhor os problemas discutindo-os.

Penelope era mais parecida com seu pai - extrovertidos quando eles precisavam ser, mas introvertida de coração, especialmente, quando ela estava refletindo sobre um problema.

— Parece que você precisa ir a um lugar de reflexão, se você sabe o que quero dizer, — o pai dela respondeu.

Penelope se endireitou no sofá enquanto a inspiração chegava.

— Pai, eu sei exatamente o que você quer dizer. E você é um maldito gênio.

Dez minutos depois, Penelope tinha desligado a ligação com o pai e saía pela porta em direção ao lugar onde ela sempre pensava melhor: o estádio. Qualquer estádio.

Ela foi ver os Mets. Parcialmente, porque os Yankees estavam fora, e parcialmente, porque ela só tinha ido a um jogo dos Mets até agora, e ela ainda não tinha conseguido ter um senso dos fãs e do estádio.

O beisebol era mais do que o próprio jogo. Era também sobre a experiência.

Não havia dois estádios iguais, nem duas bases de fãs intercambiáveis. Entender essas nuances dos times da casa foi a parte favorita de Penelope no trabalho. Sim, ela era boa com as estatísticas e as jogadas e provavelmente poderia superar qualquer árbitro... mas foi o elemento humano que a levou ao esporte em primeiro lugar. Aquele encontro de pessoas.

Ela pôde escolher seu assento quando chegou ao estádio. Os Mets não atraíam o tipo de multidões que os Yankees atraíam, e embora, ela tivesse certeza de que o estádio poderia ser um lugar perfeitamente adorável para experimentar um dia de jogo, hoje estava nublado, com uma sólida promessa de chuva.

Penelope tinha planejado pegar um assento atrás da base, mas no último minuto ouviu-se pedir um ao longo da terceira linha de base.

Tinha sido desde sempre um dos seus lugares favoritos para assistir a um jogo. A proximidade com o campo fez com que parecesse menos lotado, mas ainda perto da ação.

Ela já tinha perdido o primeiro lance no momento em que entrou, mas ela levou seu tempo fazendo seu caminho em direção a sua seção. Ela pausou na frente de uma das lojas de souvenirs. Um boné do Mets era um dos poucos bonés de times que ela não possuía, e como parecia errado usar boné de outro time, ela optou por ficar sem um durante o dia.

Que, em um jogo de bola, apenas parecia errado. Ela pensou em comprar um, mas comprar um boné para si mesma, enquanto assistia um jogo sozinha parecia um pouco... triste.

Em vez disso, ela se contentou com um cachorro-quente e cerveja e fez seu caminho em direção ao seu assento. Como ela esperava, havia muitos assentos livres, incluindo os de ambos os lados.

Penelope tinha acabado de se instalar e morder seu cachorro-quente quando a segunda base dos Mets enviou uma tacada para cima da linha de falta da primeira base, e a multidão começou a aplaudir quando o árbitro determinou que era uma bola justa.

Penelope mastigou felizmente seu cachorro-quente, assistindo enquanto o corredor na segunda base passou pelo da terceira e começou a corrida desesperada para pegar o arremesso para a base.

Era um dos melhores momentos para ver em qualquer jogo. O deslize dramático do corredor, a mão desesperada do apanhador, então aquele batimento cardíaco de espera antes da decisão do árbitro de...

Seguro.

Os Mets estavam no placar, e o fã entusiasmado na frente de Penelope ficou louco, jogando ambas as mãos no ar em excitação.

O único problema?

Uma dessas mãos estava segurando um saco cheio de pipoca.

E de uma forma um pouco atordoada, em câmera lenta, Penelope se viu coberta de pipoca amanteigada.

— Ah, eu sinto muito! Eu sinto muito!

Suas desculpas eram tão entusiasmadas quanto sua torcida, e Penelope se viu sorrindo enquanto olhava para o Lançador de Pipoca.

O coração dela se partiu um pouco com o rosto vermelho dele de vergonha. Os olhos azuis dele estavam cheios de desespero enquanto ele olhava para a camiseta dela cheia de manteiga, e Penelope estava desesperada para fazer ele se sentir melhor.

Ela pegou alguns pedaços de pipoca do colo dela e jogou-os na boca.

— Que gentil da sua parte compartilhar comigo!

O sorriso dele iluminou todo o seu rosto. Era impossível não sorrir de volta. O homem tinha cabelo curto e castanho claro, olhos azuis, e as características distintivas de alguém com síndrome de Down.

Tão imersa estava Penelope no sorriso feliz e aliviado dele, que não registrou imediatamente que o lançador de pipoca dela não estava sozinho.

Ou que ela reconhecia o homem com ele.

— Cole?

Ele se virou, a notando com uma expressão que caiu em algum lugar entre choque, espanto e desconfiança.

— Você conhece o meu irmão? — Lançador de pipoca perguntou feliz.

Irmão. Esse era o irmão de Cole.

— Penelope e eu trabalhamos juntos, — disse Cole, voltando sua atenção para o irmão. — Penelope, esse é o Bobby.

— Eu sou o irmão mais velho dele! — Bobby disse, levantando uma mão para ela apertar.

— Ah, então eu aposto que você sabe todos os segredos dele, hein? Você pode se tornar meu próximo melhor amigo.

— Cole é o meu melhor amigo, — Bobby respondeu imediatamente. — Mas você pode ser minha segunda melhor amiga. Depois do Andy. E Sara. E Joyce. E...

— Tenho a certeza que a Penelope vai adorar estar na longa lista, amigo, — disse Cole. — Mas talvez devêssemos dar a ela alguns de nossos guardanapos?

Bobby se virou e procurou no bolso dianteiro de seu moletom e puxou um punhado de guardanapos. Penelope os pegou, embora fosse muito tarde para fazer muito mais do que limpar os caroços restantes. A manteiga já tinha deixado uma mancha oleosa na camisa e jeans dela.

Bobby tinha se distraído com uma jogada dupla no campo, mas Cole ainda a observava. O choque tinha desaparecido, e talvez um pouco espanto, mas ele ainda estava desconfiado. Por que ela estava atrapalhando seu tempo com o irmão dele?

Espera. Oh Deus. Ele achava que ela o tinha seguido até aqui?

Ela foi um pouco para frente.

— Cole, eu juro, isso é uma coincidência. Eu não tinha ideia que você viria aqui hoje, e... espera, você não é fã dos Yankees?

— Eu sou, mas...

— Eu sou fã dos Mets, — disse Bobby orgulhosamente.

Penelope assentiu com a cabeça para isso, dando uma mordida no cachorro-quente negligenciado dela.

— Uma família dividida. Eu adoro esse tipo de drama.

— Você deveria vir aqui e sentar ao nosso lado! — Bobby disse.

— Oh, eu estou...

— Sim, faça isso, — disse Cole. — Não é seguro para você aí atrás. Ouvi dizer que está nublado, com uma chance de chuvas de pipoca.

Bobby riu e Cole piscou para ela.

— Bem, eu acho que...

Cole estendeu a mão, pegando a cerveja dela do porta-copos e a colocou na fileira deles.

Por que não?

É melhor que assistir ao jogo sozinha.

Além disso, agora ela sabia que Cole não estava com outra mulher e ela estava se sentindo um pouco contente.

Havia dois assentos livres. Um do outro lado de Bobby, um do outro lado de Cole.

Ela escolheu aquele ao lado de Bobby, que parecia absolutamente encantado por ter alguém para se alegrar com o seu conhecimento impressionante da história dos Mets.

Penelope estava um pouco preocupada que ela tivesse dificuldade em não olhar para Cole, mas à medida que o tempo passava, a sua preocupação evaporou. Bobby era muito, muito charmoso.

Ele tinha uma energia jovem que fazia uma pessoa feliz por estar viva. Ele também compartilhou suas pipocas restantes. Não podia ser melhor que isso.

— Você tem uma queda pelo meu irmão? — Bobby perguntou, depois que Cole comprou sorvetes para todos.

Penelope se inclinou e deu uma mordida no sorvete de chocolate de Bobby, que era melhor do que a baunilha dela.

— Eu tenho. Um pouco, — ela disse.

Cole olhou para ela com surpresa e ela deu de ombros.

— Vocês vão se casar? — Bobby perguntou. — Então nós podemos ser melhores amigos e você pode ser minha irmã!

— Bob, — Cole disse numa voz de aviso.

Bobby olhou para ele em confusão.

— O quê?

— Penelope e eu somos apenas amigos, — Cole explicou.

Penelope engoliu em seco, dizendo a si mesma que não doía.

Claro que eles eram apenas amigos. Caramba, foi ela quem estabeleceu as regras. Várias vezes. E mesmo que fossem mais do que amigos, ela conseguia entender porque é que ele não queria que o irmão ficasse com a ideia errada.

Não era como se os três deles fossem começar a fazer uma rotina de jogos juntos.

Esse último pensamento causou um pouco de arrependimento, e Penelope franziu a sobrancelha para seu sorvete. O que havia de errado com ela? Um jogo de beisebol e ela estava pronta para se inserir na família de Cole?

Ela queria saber se era sempre apenas os dois, ou se os pais às vezes também vinham. Os pais de Cole viviam em Nova York? Eles estavam vivos?

Era algo que uma namorada saberia. Caramba, era algo que uma amiga saberia.

A careta dela se aprofundou quando ela percebeu o quão pouco ela conhecia o homem com quem às vezes dormia.

Depois de cantar "Take Me Out to the Ball Game" na sétima entrada, Bobby foi para os banheiros com instruções firmes de que ele não queria que Cole viesse com ele.

Penelope e Cole ficaram de pé, observando em silêncio constrangedor, enquanto os funcionários limpavam o campo. Ela empurrou as mãos para os bolsos de trás de seus jeans, e Cole se virou para ela de repente.

— Obrigado.

Ela olhou para ele.

— Pelo o quê?

Ele levantou um ombro.

— Por não tornar isso estranho. Por ser... compreensiva.

Estava na ponta da língua de Penelope para protestar que não era grande coisa - ou pelo menos que não deveria ser. Mas, algo no rosto de Cole a fez recuar. Como se ele tivesse passado por esse tipo de interação antes, e não tivesse terminado bem.

Ela tocou seus dedos levemente no cotovelo dele.

— Estou me divertindo muito.

Ele engoliu e olhou para ela antes dos olhos dele voltarem para o campo.

Esse era um lado diferente do Cole. Um que ela estava, de repente, desesperada para conhecer. Mas, não era a hora. Ou o lugar. E então, Bobby estava de volta, e o jogo acabou se transformando no que acabou sendo uma vitória impressionante para os Mets.

Os três deles saíram de seus assentos e juntaram-se à lenta e lotada procissão em direção ao portão principal. Bobby conversava alegremente o tempo todo sobre uma grande festa que eles estavam fazendo na Casa Grande mais tarde, e como ele ia usar sua nova camiseta roxa.

Eles estavam a poucos metros da saída quando Cole interrompeu seu irmão.

— Espera, Bobby, há algo que precisamos fazer antes de irmos embora.

Tanto Penelope quanto Bobby olharam para ele.

— Olhe para Penelope aqui, — disse Cole. — Não parece estar faltando algo nela?

Bobby a estudou com precisão antes de levantar um dedo.

— Um boné!

— Muito bem, — Cole disse. — Ela não tem um boné do Mets.

— Diz o cara usando o boné dos Yankees, — Penelope disse.

Ela queria combinar com a brincadeira dele, mas por dentro, o coração dela estava fazendo coisas estranhas, saltitantes.

Como ele sabia? Não que ela queria um boné, mas que não queria comprá-lo para ela mesma.

— Você escolhe, — ela disse a Bobby, uma vez que eles estavam dentro da loja lotada. — Você conhece os Mets melhor do que ninguém.

— O clássico, — disse Bobby sem hesitar. — Definitivamente clássico. Você sabe o seu tamanho?

— É claro que eu sei o tamanho do meu boné, — Penelope disse com uma voz ofendida.

Ela pegou o sorriso de Cole do canto do olho dela.

— Uma mulher que sabe o tamanho do boné, Bob. Não é de se admirar que a adoremos?

Os olhos dela voaram para Cole, mas ele pareceu não saber o que ele tinha acabado de dizer, ao invés, ajudou Bobby a procurar através da massa desorganizada de bonés até que eles encontraram o tamanho dela.

Ela colocou a mão no bolso para pegar dinheiro que tinha trazido, mas Cole levantou uma mão.

— De jeito nenhum. Os irmãos Sharpe estão pagando por isso e por sua conta da lavanderia.

Os olhos dele deslizaram sobre a roupa dela salpicada de manteiga, e Penelope não achava que era a imaginação dela que os olhos dele permaneciam em certas partes do corpo.

E, definitivamente, não era a imaginação dela que a loja anteriormente confortável tinha ficado extremamente quente.

Cole levou o boné dela para o balcão enquanto ela e Bobby discutiam se estava tudo bem que houvesse camisetas de times cor-de-rosa. Ela disse não, ele insistiu que sim.

Quando Cole voltou para eles, ele colocou o boné na cabeça dela antes de curvar as mãos ao redor da aba e aplicar uma leve pressão na tentativa de se livrar do olhar de "novo boné".

Os olhos dele estavam quentes enquanto travaram nos dela, e ela sentiu uma sensação muito boa de que se eles estivessem sozinhos, ele a teria beijado.

E ela sentiu uma sensação muito boa de que o teria beijado de volta.

— Penelope, você deveria vir conosco para jantar, — disse Bobby, sem saber da eletricidade cantarolando entre ela e seu irmão.

— Ah, não posso, — disse ela. — Eu tenho que voltar para casa para que eu possa...

Merda. A única desculpa que ela tinha pronta era alimentar meu peixe, e não havia como ela dar voz a esse nível de babaquice.

— Bobby tem razão, — Cole disse. — Você deveria vir conosco. Nós só vamos comer um hambúrguer rápido. Nada extravagante. Bobby tem que chegar em casa para sua grande festa.

— Hum, bem, se vocês têm certeza que eu não estaria...

— Temos certeza, — o Bobby interrompeu, inclinando-se para a frente e agarrando a mão dela. — Vamos lá. Estou morrendo de fome.

Penelope deixou Bobby arrastá-la para frente, mas deu um último olhar para Cole para ter certeza de que estava tudo bem.

Mas, ele obviamente não esperava que ela olhasse para trás, porque a expressão dele estava tão aberta e vulnerável quanto ela já tinha visto.

Ela só queria saber o que ele estava sentindo.

Inferno, neste caso...

Ela não se importaria em saber o que ela estava sentindo.


Capítulo 18

Foi uma coisa estranha, sentir ciúmes do irmão. Cole não estava acostumado com isso.

Protetor? Sim.

Adorador? Definitivamente.

Divertido? Sempre. Bobby era uma das pessoas mais engraçadas que ele conhecia.

Mas, ciumento? Não era realmente uma parte do relacionamento deles. Até agora.

Cole observou enquanto Penelope e seu irmão andavam à frente dele, de mãos dadas, brigando como um casal de velhos casados sobre se as batatas fritas regulares ou as fritas de batatas doce doces tinham sido melhores no restaurante.

As fritas de batata doce tinham sido de longe as melhores, mas dizer isso significaria concordar com Penelope, que nem uma vez olhou para ele na longa caminhada até a casa de repouso para adultos onde Bobby morava.

E mesmo assim, apesar do fato de que a mulher com quem ele estava dormindo estava mal olhando para ele, Cole estava amando pra caralho cada minuto disso.

Ele não conseguia se lembrar de um dia em que ele sentiu completo assim. Nunca.

Ele acelerou seu ritmo para alcançá-los e Penelope lhe deu um sorriso tão genuíno e feliz, que ele queria pegar a outra mão dela.

Em vez disso, ele enfiou as mãos nos bolsos.

O céu ainda estava nublado, mas até agora não tinha chovido, e o final da tarde estava quente para a estação, deixando o tempo agradável para a caminhada da estação de metrô de volta a casa de Bobby no Lower East Side.

Alguns minutos depois, eles estavam na frente da casa de grupo de Bobby.

Cole, normalmente, odiava essa parte. Odiava a sensação de vazio depois que Bobby voltava alegremente para o que ele e seus amigos tinham planejado para a noite, deixando Cole se sentindo um pouco oco.

Mas, esta noite foi diferente. Hoje à noite, quando Bobby subisse as escadas e desse um último tchau antes de desaparecer do lado de dentro, Cole não seria deixado sozinho.

— Foi um prazer conhecê-la, Penelope, — disse Bobby.

— Você também.

— E me desculpe pelas pipocas.

Ela acenou com a mão para isso. — Não se preocupe.

Bobby assentiu com a cabeça e sorriu.

— Eu te vejo em breve?

O coração de Cole partiu um pouco na doce ignorância por trás da pergunta de Bobby, e ele abriu a boca para salvar Penelope de ter que responder, mas ela o venceu.

— Eu iria gostar disso.

Cole olhou para ela fortemente, procurando a mentira por trás de suas palavras, mas viu apenas a genuinidade habitual de Penelope.

Bobby sorriu feliz e abraçou uma Penelope surpresa antes de se voltar para Cole.

Cole abraçou seu irmão, sentindo a habitual combinação de amor e culpa que acontecia sempre que se despediam.

— Eu te vejo em breve, ok, Bobbo? — Ele disse calmamente.

— Eu sei, — Bobby disse, batendo as costas de Cole duas vezes e se afastando. — Mas, agora eu tenho que ir à minha festa.

Cole sorriu e permitiu que seu irmão se afastasse. O rosto de Bobby estava em conflito.

— Você pode vir à festa se quiser, Cole. Eles vão deixar.

— Nah, pode ir, — Cole disse. — Eu tenho coisas para fazer.

— Como sair com a Penelope?

Cole olhou para a pequena morena ao lado dele. O rosto dela estava inclinado para cima para que ele pudesse ver abaixo da aba do boné dela, e ela balançou as sobrancelhas, brincando. Ela também ficou completamente tranquila com os respingos de manteiga em sua camisa e jeans.

— Sim, — ele se ouviu dizer ao irmão. — Eu vou sair com a Penelope.

Ele observou enquanto o irmão subiu os degraus, se virando enquanto ele abria a porta da frente e dando um último tchau feliz antes de desaparecer.

Penelope começou a virar as costas, mas Cole levantou um dedo para ela esperar. Um momento depois, a porta se abriu novamente, e uma mulher de aparência amigável com cabelos pretos curtos colocou sua cabeça para fora e deu a Cole um tchauzinho.

— Os moradores devem se registrar na entrada e na saída sempre que saem. Bobby sempre esquece isso, mas ele odeia quando eu o trato igual bebê, levando-o para dentro. Gloria sempre olha por ele.

Ela acenou com a cabeça em compreensão.

— Há quanto tempo ele mora aqui?

— Desde que eu tinha vinte e cinco anos. Depois da faculdade ele tentou morar comigo, mas isso... ele ficava entediado quando eu estava no trabalho. Ele odeia estar sozinho. Eu odiei ter que colocá-lo em uma casa de repouso, mas...

— Você está brincando? — Penelope disse quando eles começaram a andar. — Ele claramente adora isso.

— Sim. — Ele engoliu. — Obrigado por dizer isso.

— Isso não é da minha conta, mas seus pais são presentes?

— Ambos morreram há alguns anos, — ele respondeu calmamente.

— Meus pêsames.

Ele assentiu com a cabeça.

— Honestamente, mesmo que eles estivessem por perto, eu não sei se as coisas seriam diferentes. Eles amavam Bobby, mas se alternavam entre tratá-lo como um fardo e uma criança. Ele não teria sido feliz vivendo com eles, e a casa em que ele está agora é cara...

— Você paga por isso? Tudo por conta própria?

Ele sorriu.

— Você parece impressionada agora, mas espere até ver que meu apartamento não tem uma parede separando o quarto da sala de estar ou a sala de estar da cozinha...

— Cole, o fato de você sacrificar o seu próprio conforto pelo do seu irmão te torna mais atraente. Não menos.

Ele agarrou a mão dela e a puxou para enfrentá-lo.

— É por isso que você tem uma queda por mim?

— Ah... — Ela inclinou a cabeça para baixo, o boné dela escondendo o rosto, e ele a puxou para mais perto.

— Pen. — Ele manteve a voz dele leve, provocando, mas ele estava estranhamente ansioso para que ela confirmasse que o que ela disse ao irmão dele era verdade.

Ela inclinou o rosto para cima para olhar para ele.

— Você sabe que é ridiculamente charmoso.

Ele sorriu.

— Você parece rabugenta sobre isso.

— Vamos apenas dizer que eu não estou exatamente amando o fato de que eu estou prestes a me juntar ao fã-clube de Cole Sharpe.

— Resistir é inútil, — ele disse. Ele começou a abaixar a cabeça para beijá-la, só para perceber que beijar com bonés de beisebol em uma calçada cheia de gente era logisticamente irritante.

Ele se endireitou, com os olhos fixos nos dela.

— Que dia é hoje?

— Domingo.

Cole traçou um dedo ao longo da bochecha dela.

— Que é no fim de semana.

Ela sorriu, e o dedo dele caiu para baixo para traçar a boca dela.

— É, — ela respondeu.

Ele engoliu em seco, preparando-se para correr um risco que não corria há muito, muito tempo.

— Minha casa fica a trinta minutos ao norte daqui.

Ela hesitou, e o coração dele afundou. Ela não poderia saber, é claro, que ela era a primeira mulher que ele convidou para ir ao seu estúdio em anos. Não podia saber o quão incomum era ele querer que ela visse a casa dela. Que o conhecesse por completo.

Mas machucou, mesmo assim.

Eu não quero um namorado.

De repente, a declaração enfática e repetida dela estava começando a parecer muito mais com eu não quero você.

— O problema é que, Cole... tenho certeza que cheiro a manteiga.

Ele piscou para ela.

— Manteiga?

Ela olhou para baixo.

— É difícil o bastante para mim me sentir sexy em um bom dia, mas quando eu cheiro como um cinema...

Cole estava dividido entre o alívio de que ela não o estava rejeitando e a raiva agora familiar pela falta de autoestima dela quando se tratava de seu apelo. Mas, não pareceu certo trazer isso à tona - não aqui.

— Tenho boas notícias para você, — disse ele. Cole levantou a mão dela para os lábios, e antes que ele percebesse o que estava fazendo, tinha pressionado um beijo na parte de trás da mão dela.

— E qual é? — Ela perguntou cautelosamente.

— A boa notícia, minha querida, é que eu gosto do sabor de pipoca, quase tanto quanto gosto do seu sabor.

O hálito dela se prendeu um pouco, e ele sabia que a tinha.

— Vamos para a minha casa?

Seus olhos escuros e largos ficaram nebulosos.

— Ok.

Cole cedeu à tentação então. Esqueceu toda essa coisa de beijar-de-boné-é-estranho.

Ele inclinou a cabeça e a beijou, e então foi demorado. E se esforçou muito para ignorar o súbito e proibido pensamento que ele desejava que todos os dias pudessem ser exatamente como esse.


Capítulo 19

A caminhada da vergonha na manhã seguinte foi uma coisa nova para Penelope, mas felizmente, ela não precisou fazer isso sozinha.

Cole não quis ouvir nada sobre ela ir para casa sozinha, e como ela se recusou a pegar um táxi para o que parecia ser uma linda manhã de segunda-feira de verão, ele a levou de volta a casa dela.

— Eu não sei como eu deixei você me convencer a esse despertar as cinco da manhã, — Cole resmungou enquanto segurava a porta do Starbucks aberta para ela.

Ela saiu para a calçada e tomou um gole de café com leite.

— Você sabe exatamente porque estamos fazendo isso. Eu preciso chegar em casa a tempo de tomar banho antes do trabalho, e alguém se recusou a me deixar ir para casa ontem à noite.

— Pequena, o dia em que eu, voluntariamente, deixar uma mulher nua sair do meu apartamento depois de um boquete de primeira classe é o dia em que você deveria simplesmente me eutanasiar.

Penelope começou a dizer a si mesma para não corar com a memória de ontem à noite, apenas para perceber que... ela não sentiu que ia corar. Ela sentiu... vontade de fazer tudo de novo. Muitas vezes.

No fim de semana seguinte, disse a si própria. Você pode fazer isso no próximo fim de semana.

Embora, verdade seja dita, o seu plano tão inteligente de só fazer sexo nos fins de semana estava começando a parecer um pouco bobo.

O que haveria de tão errado em fazer isso regularmente? Os jogos de beisebol, seguidos de jantares regados de conversas. Seguido de sexo, carícias e conversas longas durante a noite.

Seguido por idas ao Starbucks e...

De mãos dadas.

Cole casualmente pegou a mão dela enquanto eles começaram a caminhada pelo Central Park em direção a sua casa. Ela olhou para ele e ele deu uma piscadela.

Ela pode se apaixonar por esse homem. Ela podia se apaixonar tanto por ele.

— Você está com a sua cara de quem está pensando, pequena.

— Você faz isso parecer uma ocasião rara, — ela disse.

— Vamos apenas dizer que eu gosto mais da sua cara sexy. Ou a de quando está assistindo algum esporte, a que você morde o lábio quando a pontuação se aproxima. Ou basicamente, qualquer uma que não vai acabar com você me dizendo que não podemos fazer sexo novamente por cinco dias.

E isso, ali mesmo, era o problema.

Para Cole, isso era tudo sobre sexo.

Claro, ele gostava dela. Ela não duvidava disso. Mas, quando ela quebrar a regra deles e se apaixonar por ele, seria um desastre.

Se, ela se corrigiu mentalmente. Se ela fizesse isso.

— Cole...

Ele suspirou.

— Não faça isso, Pequena. Vamos apenas caminhar tranquilamente e desfrutar da raridade de ter o Central Park só para nós.

Eles não tinham só para eles mesmos. Havia um punhado de corredores. Um casal de idosos. Mas, a maior parte do parque estava deserto, e lindo, com nada mais que o sol nascente e as árvores florescentes, e...

Julie Greene?

Uma mulher magra e loira adornada em roupa de corrida azul esverdeada parou em frente a eles, um pouco sem fôlego.

Sim. Era definitivamente Julie da equipe de Stiletto.

— Cole? Penelope?

Julie olhou entre os dois em confusão. Então, ela deu a Penelope uma olhada sutil uma vez, e a confusão dela se transformou em um sorriso lento e astuto, sem dúvida fazendo a suposição de que a camiseta que Penelope estava vestindo era de Cole.

Uma suposição que seria correta.

O marido de Julie dobrou uma esquina, pausou um pouco quando os viu, então veio para ficar ao lado de Julie.

— Ainda bem que você conseguiu me acompanhar, querido, — Julie disse, estendendo a mão e dando palmadinhas na bunda dele.

Mitchell deu um olhar para ela antes de estender a mão e apertar a de Cole em saudação.

— Você deu uma volta a mais que ela, né? — Cole perguntou, inclinando o queixo para Julie.

Mitchell deu um leve sorriso que suavizou seus traços mais duros.

— Um cavalheiro nunca conta.

Ele não precisava. O fato de que Julie estava com a cara vermelha e ofegante, enquanto o marido parecia que ele poderia correr para a Califórnia sem suar, dizia tudo.

Julie abanou um dedo entre Cole e Penelope.

— Então, o cabelo bagunçado de Penelope me diz o que vocês estavam fazendo ontem à noite, mas o que diabos estão fazendo esta manhã?

— Algumas pessoas gostam de acordar cedo, — disse Mitchell à esposa.

— Ninguém gosta de acordar cedo, Mitchell, — Julie respondeu. — Ninguém com alma.

— Eu estou levando Penelope de volta a casa dela, — Cole disse, como se fosse a coisa mais natural do mundo ele acompanhá-la de sua casa até a dela na madrugada. — Ela recusou-se a pegar um táxi. Algo sobre ar fresco e sol, blá blá blá.

Mitchell acenou para Penelope aprovando e Julie revirou os olhos.

Penelope finalmente conseguiu desgrudar a língua do céu da boca.

— Cole e eu estávamos apenas... nós às vezes só... nós...

— Estamos tendo um sexo fantástico, — completou Cole para ela.

— Cole!

— O quê, como se eles não soubessem? — Cole disse, apontando seu copo de café para Julie e Mitchell.

E para provar isso, Julie estava sorrindo feliz, e Mitchell deu uma pequena piscada para ela.

— Não é nada sério, — Penelope se ouviu dizer.

— Definitivamente não, — Cole disse de acordo.

— Claro que não é, — Julie disse calmamente. — Mitchell e eu também não éramos nada sério.

Então, ela não tão sutilmente levantou a mão esquerda e coçou o nariz, fazendo com que o diamante no quarto dedo dela pegasse a luz.

Cole estreitou os olhos ligeiramente.

— Bem, Jules, eu preciso levar Penelope para casa, então vamos deixar você na sua caminhada rápida, ok?

— Eu estava correndo, — Julie disse.

— Você estava, amor? — Mitchell perguntou. — Você estava mesmo?

Julie bufou e virou para Penelope.

— Mitchell aqui é uma aberração. Eu o acompanho às vezes, porque ele me compra um donut depois.

— Eu te compro um donut mesmo quando você não vem, — Mitchell disse.

Julie deu um tapinha no quadril.

— E é exatamente por isso que eu preciso correr um pouco. Queimar calorias, etc. De qualquer forma, Penelope, devíamos ir almoçar mais tarde. Se você não tiver planos?

— Eu gostaria disso, — disse Penelope.

— Cuidado, Pen. Ela quer te interrogar sobre o tamanho do meu pau, — disse Cole.

Penelope encontrou os olhos de Julie e balançou as sobrancelhas.

— Você está livre mais tarde hoje? Muita coisa para falar.

Mitchell e Julie riram, e Penelope olhou para cima para ver Cole a encarando. Ele não estava bem sorrindo, mas os olhos dele estavam quentes.

O que deixou ela quente.

Tudo isso estava ficando muito inconveniente.

Mitchell tinha a mão dele nas costas de Julie, empurrando-a para frente.

— Vamos deixar vocês irem embora. Vamos, Jules. Ainda temos seis quilômetros para percorrer.

A boca de Julie abriu.

— Nós não temos. Você prometeu que íamos correr apenas oito quilômetros no total.

— Nós vamos, — Mitchell explicou pacientemente. — Você só correu dois até agora, então...

— Dois quilômetros! Foi só isso que corri? Eu me casei com um monstro!

— Até logo, Jules, — Cole falou por cima do ombro.

— Se eu estiver viva, — ela gritou de volta. Então, ela se apressou em uma corrida relutante, amaldiçoando seu marido em xingamentos silenciosos e sinceros.

— Eu gosto dela, — Penelope disse, vendo Mitchell e Julie se afastarem.

Cole assentiu com a cabeça. — Eu também.

— Você acha que ela vai contar para todo mundo sobre, sabe... nós?

— Ah, definitivamente, — ele disse, tomando um gole do café dele enquanto eles continuaram caminhando.

— Você não parece se importar.

— Por que eu me importaria? Somos dois adultos saudáveis que fazem sexo casual e consensual. Eu não consigo pensar em uma única razão pela qual isso deveria ser um segredo.

— Você faz isso parecer tão fácil, — ela murmurou.

Ele olhou para ela.

— Não é? O que eu não estou vendo que torna isso tudo mais complicado?

Ah, nada. Apenas o pequeno e insignificante fato de que eu acho que estou me apaixonando por você.

Mas, ela não podia. Ela prometeu.

Não apenas para ele, mas para si mesma. Não mais amar homens que não te amam de volta.

Ela tratou o coração dela com descuidado uma vez, e o maldito órgão ainda parecia que tinha um buraco.

Nunca mais.

Se ela e Cole iriam fazer isso, eles cumpriram as regras. Colegas durante a semana, sexo nos fins de semana, se quisessem.

E ela definitivamente queria.

Seria o suficiente. Tinha que ser.

Mas, então, ele pegou a mão dela novamente e lançou uma nova ideia que ele tinha para um artigo sobre os melhores recrutas do futebol universitário, e Penelope decidiu dar-se o resto da caminhada para casa para fingir que poderia ser assim todos os dias.

Foram os dez minutos mais felizes da sua vida.


Capítulo 20

Depois de procurar em sua bolsa sem encontrar nada parecido com um batom, Penelope despejou todo conteúdo em sua mesa.

Certeza que ela tinha um batom aqui. Qualquer um serve.

Claro, mesmo que houvesse um tubo de batom misturado com os absorventes íntimos e canetas e um sortimento sempre crescente de ingressos para vários eventos esportivos de Nova York, não havia garantia de que não tivesse expirado.

Batom expirava? Eram coisas assim que Penelope nunca tinha pensado em descobrir. Na maioria das vezes, ela nem pensou em colocar batom, muito menos sabia onde ele estava.

As outras mulheres de Cole Sharpe, provavelmente, sabiam como usar batom. Veja, por exemplo, aquela loira linda com a língua na boca de Cole, a quem ela tinha visto não muito tempo atrás...

Penelope afastou o pensamento. Era segunda-feira. Por hoje, e nos quatro dias seguintes, Cole Sharpe era seu colega. Ele podia beijar quem quisesse.

E se essa pessoa não fosse ela, ela seria quebrada em um milhão de pedaços.

— Não, — Penelope murmurou para si mesma. — Você é uma mulher forte e independente. Você não precisa de um homem para completá-la. Você não precisa de batom para ser uma pessoa melhor.

O que foi uma coisa boa. Não havia batom em lugar nenhum nessa confusão de coisas. Ela teria que ir almoçar com Julie Greene como estava.

Pelo menos ela estava usando um vestido hoje.

Era um dos poucos que ela possuía, mas depois da festa de pijama no Cole na última noite que envolveu, bem, não muito sono, ela estava se sentindo feminina e bonita.

O vestido suéter verde claro tinha chamado por ela.

Saltos altos, por outro lado, não tinham, mas suas confortáveis sapatilhas amarelas trabalhavam com o vestido. Pelo menos, ela achava que sim...

O celular da Penelope tocou quando ela estava prestes a colocar tudo de volta na bolsa. Ela o pegou.

— Ei, irmãzinha.

Janie fez um barulho de bufo do outro lado da linha.

— Finalmente. Eu tenho tentado entrar em contato com você por mais de uma semana.

Penelope sentiu uma facada de culpa.

— Eu sei, sinto muito. O trabalho tem sido uma loucura, e a mamãe monopoliza todo o tempo de telefone que eu tenho. E papai. Você sabia que ele está começando a pescar? Podemos vetar isso, por favor?

— Estou trabalhando nisso, — Janie disse. — Mas, por que eu tenho a sensação de que você está tentando mudar de assunto? Eu estava esperando que houvesse uma razão mais interessante para você não ter me ligado de volta. Talvez alguém alto, moreno e bonito...

Alto, loiro e bonito, na verdade.

As palavras não saíram. Se ela ia contar a alguém sobre a coisa estranha que está acontecendo entre ela e Cole, deveria ser para Janie. Mas, a irmã dela faria perguntas para as quais Penelope não sabia as respostas.

Ou pior, perguntas para as quais ela sabia as respostas, mas não estava pronta para dizer em voz alta. Ou na cabeça dela. Ou de maneira alguma.

— O novo emprego tem sido uma loucura, — repetiu Penelope.

Não é uma mentira. Mesmo com Cole como coeditor, o mundo acelerado de Oxford foi mais do que suficiente para mantê-la ocupada.

— Me diga que você está amando, — exigiu Janie. — É a única maneira que eu vou te deixar ficar em Nova York ao invés de te incitar a levar sua bunda pequena e sem celulite de volta para Chicago, onde ela pertence.

— Eu estou amando, — Penelope disse, enquanto se sentava na cadeira dela. Uma rápida olhada no relógio disse que ela tinha alguns minutos antes de ir almoçar com Julie. — Nova York é... louca. Mas, é uma loucura boa.

— Bem, é bom ouvir isso, — Janie disse. — Mas, por favor, por favor, me diga que você reservou seu voo para 4 de julho. Você sabe que eu não sou párea para o excesso de indulgência da mãe com a coloração vermelha, branca e azul sem você.

— Sim, ia fazer isso hoje, — Penelope disse, puxando um post-it para ela e escrevendo Reservar o voo para casa.

Não que ela não estivesse ansiosa para ver sua família em julho. Ela sentia a falta deles pra caramba. Era só que...

Estranhamente, Chicago não parecia um lar como ela pensou que seria nesta fase.

Era como se Nova York tivesse afundado seus dentes nela muito devagar e sutilmente.

O celular dela emitiu um bipe e Penelope suspirou.

— Ok, não há como a mamãe não ter algum tipo de radar para quando estamos falando ao telefone.

Ela tirou o telefone do ouvido para checar o identificador de chamadas e congelou.

Não era a mãe dela. Ou o pai dela.

Era Evan.

O que fazer?

O cérebro dela estava gritando para ela ignorar a ligação. Para mandá-lo direto para a caixa postal.

Seu coração, por outro lado...

— Janie, tenho que desligar. Eu te ligo de volta esta tarde, prometo.

A irmã dela ficou em silêncio por um momento.

— Claro, tudo bem, mas... você está bem?

Não. Nem de perto. Não me deixe fazer isso.

— Sim, totalmente. Falo com você em breve.

Ela trocou para a outra chamada antes que a irmã percebesse o fato de que o batimento cardíaco de Penelope estava em sobrecarga.

— Alô?

— Agora essa é uma voz que não ouço há muito tempo, — disse a voz rouca do outro lado da linha.

Ela sempre adorou a voz de Evan Barstow. Era uma pena que sua primeira paixão fosse escrever sobre esportes, porque ele tinha uma voz de rádio incrível.

— Oi, Evan.

— Como vai, gata?

Ela engoliu em seco. Ele parecia tão... casual. Como se da última vez que eles se falaram, ela não estivesse lutando contra as lágrimas, já que ele tinha dado um golpe duplo de Eu roubei seu emprego, e Ah, a propósito, aquele beijo que você tentou plantar em mim foi estranho, porque eu estou vendo alguém.

— Estou bem. — Ela limpou a garganta. — Estou ótima.

Pronto, assim era melhor. Menos patético.

— Como o mundo freelancer de Nova York está te tratando?

— Na verdade, não estou mais fazendo isso. Eu aceitei outro emprego, com a revista Oxford.

Ele pausou.

— A revista masculina?

— Sim. — A revista massiva, de nome familiar, ela silenciosamente acrescentou.

— Uau, isso é incrível pra caralho. Embora eles não tenham muito em esportes, se bem me lembro. Algumas páginas. Você está fazendo resenhas de colônias agora ou algo assim?

Ele riu de sua própria piada, e a mandíbula dela flexionou. Ele sempre foi um idiota?

— Na verdade, eles decidiram recentemente revisar e expandir sua seção de esportes, e me trouxeram para supervisionar o projeto.

Foi apenas uma verdade parcial, já que tecnicamente ela dividia o trabalho, mas não se sentiu muito mal com a semi-mentira.

— Como vão as coisas com você? — Ela perguntou.

— Boa. Estão muito boas. Ocupado, e é por isso que estou ligando, preciso de um favor.

Qualquer esperança de que ele pudesse estar ligando para pedir desculpas saiu pela janela. É claro que ele precisava de alguma coisa.

Ela não disse nada, mas ele não pareceu notar.

— Sportiva está querendo se expandir para Nova York, e eles estão me mandando para aí para fazer uma espécie de sessão inicial de reconhecimento. Conhecendo você, você provavelmente fez uma tonelada de pesquisa sobre a cena esportiva de Nova York antes de se mudar para...

O que você bem sabe já que roubou a última pesquisa que fiz.

— Estava pensando em te levar para jantar. Saber a sua opinião.

Penelope queria dizer não. Queria dizer a ele para ir para o inferno.

E mesmo assim, parecia... mesquinho.

Além disso, ela queria provar - especialmente para ela mesma - que já tinha superado Evan Barstow, e a única maneira de fazer isso...

— Quando você está vindo? — Perguntou ela relutantemente.

— Sexta-feira, na verdade.

Ela piscou rapidamente.

— Essa sexta-feira?

— Eu sei que é de última hora, mas pensei, por que esperar, e...

— Você vem sozinho?

Houve uma breve pausa, e Penelope fechou os olhos com a pergunta que a traiu.

— Quero dizer, Caleb ou qualquer um vem com você ou...

— Ah. — Ele limpou a garganta. — Não, só eu. Estou me acostumando com meu tempo sozinho agora que estou solteiro de novo.

Buum. Aí estava.

Evan Barstow estava solteiro. E vindo para Nova York. E queria vê-la.

E...

Ela não se importava.

Ela se importava?

— Bem, seria bom te ver, — ela disse. — Talvez pudéssemos jantar na sexta-feira, quando você chegar?

— Absolutamente, — ele disse. Ela não achava que estava imaginando o alívio na voz dele, e isso a aqueceu um pouco ao pensar que ele poderia estar nervoso em ligar para ela.

— Olhe, eu tenho que ir. Tenho uma reunião no almoço, mas me mande uma mensagem com os detalhes do seu voo, está bem?

— Absolutamente, vou mandar. E Penelope...

Ela ficou calada.

— Estou realmente ansioso para te ver.

Ela apertou os olhos e murmurou um adeus envergonhado antes de desligar o telefone.

Penelope pegou sua bolsa para ir ao encontro de Julie no saguão, quando de repente ela parou.

Evan estava voando na sexta-feira.

Ele ficaria aqui todo o fim de semana.

Exceto que os dias de fim de semana eram o tempo dela e do Cole, o que significava...

Ela não sabia o que significava.

— Fantástico, — ela murmurou para si mesma. — Muito bem, Pope.

Como foi que ela passou de um estado crônico de ausência de homens para, de repente, ter dois para enfrentar?

Um minuto depois, Penelope estava escaneando o saguão em busca de Julie, quando a inspiração chegou.

Julie... ela definitivamente saberia o que fazer.

— Uou, — Julie disse, levantando a mão enquanto Penelope parou na frente dela. — Podemos falar sobre sua careta por um segundo?

— Desculpa, — Penelope disse com um sorriso tímido.

— Não peça desculpas. Me conte tudo, — Julie disse, passando o braço dela pelo de Penelope e puxando-a para a porta. — Eu conheço essa careta. É sobre um homem. E considerando que eu te vi usando a camiseta de Cole Sharpe às cinco e meia da manhã...

— Hum...

— Guarde esse pensamento até estarmos sentadas, — disse Julie.

Penelope deixou Julie levá-la a um restaurante italiano próximo, e fiel à sua palavra, Julie esperou até que eles estivessem sentadas e bebendo chá gelado antes de atacar.

— Mitchell me deu ordens explícitas para não incomodar você sobre isso, mas como eu nunca ouço meu marido, tenho que perguntar... o que está acontecendo com você e o delicioso Cole? Você vai ter os bebês dele? Posso ser madrinha? Ou, pelo menos, ir ao casamento?

Penelope procurou no rosto de Julie qualquer sinal de incredulidade. Qualquer indício de descrença de que alguém como Cole estaria interessado em alguém como Penelope.

Em vez disso, ela viu apenas a curiosidade feminina.

— Vamos lá, Pen, — disse Julie, pegando um pedaço de pão. — Eu sou uma velha mulher casada. Me dê algo suculento para trabalhar.

— Uhum, — Penelope disse secamente. — Você esquece que eu vi você e Mitchell juntos. Vocês dois lançam fogos de artifício toda vez que entram em contato.

Julie mergulhou o pão dela em azeite de oliva antes de colocá-lo na boca e mastigar alegremente.

— É um fardo que eu devo carregar, sendo casada com um homem lindo que eu amo.

O garçom veio e as duas mulheres optaram pelo ravióli de cogumelos especial com molho de manteiga de trufas, porque, como Julie apontou, a única coisa melhor que as trufas era manteiga, e vice-versa.

— Ok, — disse Penelope, respirando fundo quando elas estavam sozinhas novamente. — Você quer saber o que está acontecendo entre mim e Cole.

— Eu quero, — Julie disse claramente. — Mas, só se você quiser compartilhar. Se for privado, apenas diga e eu nunca mais vou falar outra palavra sobre isso.

Penelope apreciou que Julie estava dando uma saída para ela, e estava a ponto de aceitar isso... mas, então, ela se surpreendeu. Porque, de repente, ela queria falar sobre isso. Queria falar sobre como ele a fazia rir, como era bom o sexo e como ele era doce com o irmão...

O sorriso de Julie era lento e feliz.

— Você gosta dele.

Penelope suspirou.

— Tenho certeza de que é impossível não gostar dele.

Julie acenou simpaticamente.

— Cole sempre foi um desses caras. Eu duvido que ele consiga entrar no metrô sem que alguém se apaixone por ele. Lincoln também.

Penelope assentiu com a cabeça, embora, por mais que ela gostasse de Lincoln Mathis, com o lindo sorriso e tudo, ela não teve problemas em evitar se apaixonar por ele.

Por Cole, no entanto...

— Viu, esse meio que é o meu problema, — disse Penelope, mexendo no guardanapo. — Todo mundo se apaixona por Cole. Eu não duvido disso. Mas, hum, veja, ninguém se apaixona por mim.

— Penelope! — A voz de Julie ficou meio chocada, meio a repreendendo.

— Eu sei, eu sei. Acredite ou não, eu me ouço. Eu ouço a coisa patética, de pobrezinha, que eu disse, e não me orgulho disso. É só que...

Penelope parou de falar e Julie esticou a mão pela mesa e tocou suavemente as costas da mão dela.

— Querida, isso tem a ver com aquele cara? Aquele idiota que roubou seu emprego?

Penelope gemeu.

— Ele está vindo para Nova York. E juro pela minha vida, eu não sei se eu deveria evitá-lo, ou agir com calma, ou fazer uma repaginada para mostrar a ele o que ele está perdendo, ou se eu deveria dizer a ele, ou...

Julie franziu os lábios.

— Ok. Ok, vamos resolver isso. Quanto tempo nós temos?

Penelope sorriu para o uso que Julie fez de nós. A mulher mal a conhecia, e já estava tratando Penelope como uma velha amiga.

— Essa semana. Ele chega na sexta-feira.

Julie assobiou, só que não foi um barulho muito bom e saiu como uma respiração estranha.

— Isso não nos dá muito tempo para um plano.

— Nem me fale sobre isso, — Penelope disse, pegando um pedaço de pão.

— Ok, bem, me deixa te perguntar isso, — Julie disse hesitantemente. — Você já... superou ele? De verdade.

Penelope pausou na mastigação.

— Eu não tenho ideia. Nenhuma maldita ideia. Eu sei que eu deveria ter superado. Eu sei que só um tolo não teria feito isso. Mas...

— Mas, o coração às vezes é tolo, — Julie disse. — Eu entendo. Eu entendo totalmente.

— Então... alguma ideia? — Penelope perguntou com um sorriso.

Julie ficou quieta por vários momentos, um olhar especulativo no rosto dela enquanto tocava os dedos na mesa.

— Sim, sim, na verdade. Só uma ideia, mas é muito, muito boa.


Capítulo 21

Mais tarde naquela tarde, Cole bateu na porta do Cassidy.

— Chefe. Você queria me ver?

Cassidy olhou do computador dele. — Sim. Cole, entre.

Cole entrou no escritório, plantando-se na cadeira em frente a Cassidy, como ele tinha feito dezenas de vezes no passado.

— O que houve?

Cassidy se inclinou para trás em sua cadeira.

— Só queria ver como as coisas estão indo. Acho que falo menos com você desde que se tornou meu empregado do que quando era freelancer.

— Isso é porque você explora seus funcionários, — disse Cole. — Eu mal tenho tempo para comer.

— Humm, — disse Cassidy, dobrando as mãos, apoiando-as contra os lábios e olhando para Cole. — E ainda assim você encontra tempo para fazer sexo com sua coeditora.

Merda.

— Ahhhn...

Cassidy deu uma risada rara.

— Quem me dera ter uma câmera. Acredito que esta é a primeira vez que te vejo sem palavras.

— Como é que descobriu tão depressa? — Cole disse, incapaz de manter o tom um pouco envergonhado fora da voz dele. Como ele disse a Pen essa manhã, ele não tinha vergonha de dormir com ela, mas ele não amava o fato de que o chefe deles sabia disso.

— Por favor. Todos sabiam cerca de trinta segundos depois que Julie voltou da corrida, — Jake Malone disse da porta.

Cole calculou mentalmente o quão dolorosamente lento era o ritmo de corrida de Julie Greene.

— Então, meio-dia? — Ele perguntou.

Jake entrou no escritório e mergulhou na cadeira ao lado de Cole. Era uma cena familiar. Quantas vezes ele e Jake se sentaram neste exato lugar, falando merda para Cassidy sobre qualquer coisa e tudo?

Mas, desta vez, não foi Cassidy que ficou ouvindo a merda. A julgar pelos sorrisos em ambos os rostos de seus amigos, eles estavam se preparando para tornar a vida de Cole miserável.

E não apenas eles.

Um estranho barulho de roda soava do corredor, e Cole se mexeu para ver Lincoln entrar no escritório de Cassidy enquanto ainda estava sentado em sua cadeira de escritório.

— Sério, cara? — Jake perguntou. — Você veio se empurrando até aqui? Ninguém faz isso depois dos oito anos de idade no dia de levar seu filho para o trabalho.

Lincoln encolheu os ombros enquanto mexia os pés, se empurrando para frente até que sua cadeira estava do outro lado de Cole. — O quê? Cassidy só tem duas cadeiras, então eu trouxe a minha própria.

— Para quê? — Cole perguntou. — Terapia de grupo? Por que tenho a sensação de que isso não tem a ver com o meu trabalho na revista?

— Porque isso seria tedioso, — disse Lincoln.

Cole olhou para a direita e deu uma olhada em Lincoln.

— Cara, você está usando uma gravata rosa?

Lincoln olhou para baixo. — Eu fico bem com ela. Você sabe que sim.

Cole revirou os olhos. Lincoln meio que ficava. Quando você é parecido com o Super-Homem, você pode se safar usando praticamente qualquer coisa que quisesse.

— Então, você está dormindo com Penelope, — Jake disse numa voz suave e terapeuta.

Cole olhou ao redor.

— Todo mundo sabe, né?

— Definitivamente, — Lincoln disse. — Eu diria que se tornou conhecimento público que você queria ela na hora em que você quase arrancou minha cabeça por beijá-la...

— Não, antes disso, — Cassidy se intrometeu. — Ele, definitivamente, queria dormir com ela naquela primeira noite em que a viu no jogo dos Yankees. Ele só não sabia disso ainda.

Cole se encostou em sua cadeira, e abanou os dedos em um movimento que dizia Vá em frente.

— Continuem mandando isso, toda coisa boa. Muito útil para saber com quem eu quero dormir, e quando.

— Lincoln, feche a porta, — Cassidy disse.

Lincoln rolou para trás, ainda se recusando a sair da cadeira.

— Eu não consigo imaginar porque Penelope me escolheu em vez de você, — Cole murmurou. — Você é tão maduro.

Cassidy limpou a garganta.

— Nosso garoto Cole aqui nos colocou em uma posição estranha ao dormir com uma das nossas colegas. E eu sei que todos vocês respeitam Penelope como colega de trabalho tanto quanto eu a respeito como minha funcionária.

Todo mundo acenou com a cabeça, mesmo quando Cole estava tenso para o que as próximas palavras de Cassidy iriam ser.

— Mas, nos próximos cinco minutos, toda a discussão sobre Penelope Pope, é dela como nossa amiga, e a namorada de Cole...

Os olhos do Cole se estreitaram.

— Ela não é minha...

Cassidy cortou-o com um olhar.

— Me poupe, Sharpe. Depois desses cinco minutos, voltamos a pensar nela como coeditora da seção de esportes. Entendido? Com respeito...

— Entendido, — Lincoln disse.

— Ok, o negócio é o seguinte, — Jake disse, inclinando-se para frente. — Uma pessoa conhecida da Penelope está vindo à cidade esse fim de semana.

Cole olhou ao redor.

— O quê?

Como Jake sabia disso, e ele não? Além do mais, esse fim de semana? Era para ser para eles, bem...ficarem nus.

E que pessoa? Ela mencionou um punhado de amigas de Chicago, mas por que esses caras se importariam com isso?

— Trabalhava com ela, — acrescentou Cassidy.

— E você sabia disso também? — Cole disse, incapaz de conter um olhar estreito para seu chefe.

Lincoln girou em torno de um círculo em sua cadeira.

— Penelope almoçou com Julie. Julie voltou para o escritório do Stiletto e contou para Grace, então o Jake sabe, e para Emma, então o Cassidy sabe.

Jake, Cassidy e Cole olharam para Lincoln.

— E como você sabe disso?

— Porque eu também estava nos escritórios da Stiletto, — disse Lincoln, como se fosse óbvio que ele estava nos escritórios de uma revista feminina.

— Explique? — Jake perguntou a Lincoln.

— Estou ficando com uma das garotas do departamento de Beleza. Eu vi Julie e Riley sussurrando, e elas me informaram.

Cole coçou o nariz.

— Vocês sabem que tudo isso é fodido, certo? Jake casado com uma garota Stiletto, Cassidy quase casado com uma... Lincoln dormindo com todo mundo que sobrou...

— Sim, bem, você não pode julgar quem mistura prazer com negócios, — disse Cassidy. — Mas, esse não é o ponto...

— Então há um ponto nisso tudo? — Perguntou Cole.

— Posso ser quem vai contar a ele? — Lincoln perguntou, levantando a mão.

Cassidy acenou com a cabeça e murmurou Seu funeral sob o fôlego dele.

— Então, — Lincoln disse para Cole. — Essa pessoa é do sexo masculino.

Cole congelou.

— Não me diga que é Ivan. Não, Eric. Não...

— Evan, — disse Jake.

Cole sentiu um flash de raiva seguido de uma facada de alegria de que o homem que roubou o emprego de Penelope estaria ao alcance dos braços para que Cole pudesse acabar com ele.

Mas, imediatamente, após a urgência da proteção masculina, houve uma onda de ciúmes.

Cole pensou na sua primeira conversa com Penelope sobre esse Evan. Não tinha sido apenas sobre o trabalho. Ela tinha sentimentos por ele.

Naquela época, ele mal a conhecia, e não se importava.

Mas, Cole com certeza se importava com isso agora.

— Quando? — Cole aterrissou. — Quando ele chega aqui exatamente?

— Sexta-feira, — disse Lincoln. — E de acordo com Riley, que falou para Grace, que falou para Julie, Penelope está surtando com isso.

— E é aqui onde você entra, — Jake disse.

Cole deu a todos um olhar cauteloso.

— Eu vou gostar disso?

— Bem, agora, isso depende, — Cassidy disse, dando um rápido estudo das cutículas dele. — O quão sério você estava quando você disse que Penelope não é sua namorada?


Capítulo 22

Além das reuniões em que ambos estiveram presentes, Penelope não viu Cole o dia todo.

Ela disse a si mesma que não era nada demais. Que era assim que as coisas deveriam ser.

Colegas só de segunda a sexta-feira, se lembra?

Mas, às seis horas, quando ela estava guardando seu laptop e se preparando para voltar para casa para uma noite tranquila com comida e o peixinho dourado Edgar, Cole apareceu na porta de seu escritório.

E pode chamá-la de louca... mas, o coração dela deu uma cambalhota.

Uma vez. Duas vezes. Ok, tudo bem, o coração dela várias cambalhotas para Cole Sharpe.

Merda.

Mas, Penelope se recusou a assumir total responsabilidade pela sua reação. Cole era pelo menos 80 por cento responsável, especialmente quando ele tinha sua jaqueta de terno pendurada no ombro todo sexy, olhando para ela com uma combinação de calor e carinho.

— Ei! — Ela disse.

O sorriso dele era lento e íntimo. Como se ele soubesse exatamente o que ela estava pensando, e que os pensamentos não eram particularmente puros.

— Ei para você também.

— Eu pensei que você já tinha ido embora.

Ele se afastou da porta, deslocando a alça da pasta dele mais alto no ombro.

— Pensei que podíamos beber algo.

Ela hesitou por apenas meio segundo.

Qual era o problema nisso? Tirando o fato não tão pequeno de que o coração dela poderia ser quebrado, isto é.

— Uma bebida seria ótima, — ela disse, incapaz de conter o sorriso feliz.

Ele sorriu de volta e Penelope, silenciosamente, repreendeu o coração dela por iluminar como fez.

Cole Sharpe sorria assim para todas as mulheres, ela se lembrou.

Mas, quando eles saíram do prédio, e ele descansou, levemente, sua mão- casualmente - sobre as pequenas costas dela, não parecia que ela fosse uma mulher qualquer. Parecia que ela era a mulher dele.

— O que você acha de coquetéis extravagantes? — Cole perguntou enquanto a levava para o sul.

— Depende. Se eles têm uísque, eu sou favorável.

Cole colocou uma mão sobre seu coração. — Eu acredito que o meu coração acabou de pular uma batida.

Ela sorriu.

— É só isso que é preciso, hã? Uma garota que gosta de bourbon?

— Eu não sou superficial, Pen. A garota tem que gostar de beisebol e bourbon.

— Bem, então, eu sou a garota para você.

— Sim, você é, — ele disse com um sorriso rápido.

O coração de Penelope fez mais algumas acrobacias, mas antes que ela pudesse estudar as palavras dele, Cole mudou a conversa para as coisas do trabalho, e Penelope ficou maravilhada com a facilidade com que tudo foi feito, passando de colega, para amigo, para amante e de volta. Era, precisamente, o tipo de coisa que deveria ser complicada, mas com Cole, parecia maravilhosamente simples.

Penelope enrugou o nariz dela em confusão enquanto ele a levava para a Grand Central. As bebidas deles envolviam pegar um trem?

Ao invés de entrar no terminal principal, ele a levou para uma porta lateral e subiu um punhado de degraus até um bar mal iluminado. Uma linda hostess loira em um vestido preto e pérolas esperava com um sorriso educado; Frank Sinatra tocava ao fundo.

— Onde estamos? — Ela sussurrou calmamente enquanto a hostess os conduzia por uma escada até à varanda com vista para o bar principal. — E em que ano, 1920?

— O apartamento Campbell, — disse Cole, — um dos meus lugares favoritos na cidade.

— Percebo o porquê, — disse Penelope quando se sentaram. — É lindo.

— Aparentemente, costumava ser o escritório de um cara chamado Campbell no passado. Pessoalmente, eu gosto mais como um bar.

Penelope olhou ao redor para a iluminação sexy, fraca e para os clientes bem vestidos.

— Caramba. Que serviço.

— Você deveria trazer seu amigo aqui neste fim de semana, — disse Cole, sem olhar para cima do menu do coquetel.

— Eu deveria, — Penelope disse distraidamente. — Evan iria...

Espera. Espera um maldito minuto.

— Como você sabia que eu tinha um amigo vindo à cidade?

Cole sorriu e deixou o menu de lado.

— Sério? Você ainda não descobriu as delícias de fazer parte da estranha teia Stiletto/Oxford?

Penelope só podia balançar a cabeça, maravilhada.

— Julie. Ela se move rápido.

Uma garçonete de coquetel apareceu em sua mesa, vestindo o mesmo elegante vestido preto e pérolas que a hostess tinha, só que essa preenchendo a parte superior do vestido de uma maneira que te faz pensar eles são reais?

Penelope não deixou de notar a forma como a ruiva deslumbrante parecia um pouco mais interessada em ajudar Cole a escolher seu coquetel do que o dela, mas Penelope não podia culpá-la. Especialmente com a gravata dele levemente solta, as mangas da camiseta social enroladas até os cotovelos, o sorriso dele fazendo aquela coisa de derreter a calcinha lentamente.

Cole optou por um coquetel chamado Commodore, enquanto Penelope ficou com um Manhattan confiável.

— Ok, então, sobre seu amigo, — Cole disse uma vez que a Ruiva Borbulhante se afastou. — Eu estava pensando...eu posso ir com você encontrar ele?

Penelope se inclinou para frente com um sorriso.

— Não é por que alguém colocou essa idéia na sua cabeça, é? Porque isso é muito parecido com um plano que eu tracei com Julie na tarde de hoje.

Cole deu uma gargalhada e levantou as mãos.

— Culpado. Mas, eu confesso, eu estava preparado para ter que falar com você sobre isso.

— Por quê? Eu é que preciso do favor.

— Acho que pensei que você ia falar que não precisava de ajuda.

— Ah, eu preciso de ajuda. Eu preciso tanto de ajuda.

O sorriso de Cole escorregou um pouco com a admissão dela, e os olhos dele ficaram sérios.

— Então você e esse cara...

— Evan.

A mandíbula dele se flexionou um pouco, e quando ele falou novamente, sua voz estava mais grave do que antes.

— Você e esse Evan. O que exatamente aconteceu entre vocês?

— Eu já te disse.

— Eu sei os detalhes do idiota roubando seu emprego. Eu quero saber as partes sensuais.

— Não há partes sensuais, — ela resmungou. — Esse era o problema.

Cole se encolheu.

— Eu não consigo acreditar que estou realmente pedindo para ouvir sobre você e outro cara, mas... versão curta. Eu preciso dos detalhes se eu vou fazer isso neste fim de semana.

— Versão curta? Eu pensei que estava apaixonada por ele. Talvez, eu realmente estivesse, eu não sei. E eu estava tão pronta para dizer a ele. Eu tinha acabado de mandar super bem na minha entrevista com a Sportiva - ou assim eu pensei - e estava me sentindo muito confiante. Pensei que era a minha hora, sabe. O momento em que minha vida deixou de ser mediana. Eu ia dizer ao Evan como eu me sentia...

— Você espalhou pétalas de rosa na cama? — Cole perguntou simpaticamente.

Ela riu.

— Quase. Fui até a casa dele para assistir a um jogo, do jeito que tínhamos feito cem vezes antes, e eu só... não sei, eu queria ser espontânea, então assim que ele abriu a porta, eu o beijei.

Cole não disse nada e Penelope se obrigou a contar o resto da história.

— Ele não me beijou de volta. E na hora em que registrei tudo, havia uma outra mulher ao fundo sorrindo para mim....

— Ah, — Cole disse conscientemente.

— Sim.

Ela soltou um pequeno gemido.

— O negócio é que, eu deveria ter previsto isso. Caras como Evan Barstow não gostam de garotas simples como Penelope Pope.

Cole olhou para ela.

— Você acabou de se chamar de simples?

— Bem, você sabe o que quero dizer. Não chamativa.

Como que provando seu ponto, a garçonete deslumbrante voltou para entregar as bebidas, e os olhos de todos os homens da sala a seguiram.

De todos menos o de Cole. Ele deu a ela um obrigado distraído sem sequer olhar para as mercadorias da mulher que estavam tão flagrantemente expostas.

Em vez disso, ele parecia focado apenas em Penelope.

Ele se inclinou ligeiramente para frente. — Você não é simples, Pope. E caso eu não tenha dito antes, você tem os olhos mais incríveis que eu já vi.

Ela piscou atordoada.

— Meus olhos?

Ele deu um sorriso que parecia com vergonha.

— Eu sei que parece uma cantada. Mas, juro por Deus, esses malditos olhos castanhos me pegam toda vez.

Penelope não tinha palavras para descrever como ela se sentia naquele momento. Às vezes, feliz simplesmente não era o suficiente.

Cole levantou a bebida em um brinde.

— Então, o que diz? Me deixa ir no fim de semana? Te lembrar de todas as razões pelas quais sou uma escolha muito melhor do que este idiota do Evan?

Ela hesitou um pouco.

— Cole, se fizermos isso, seria apenas fingimento. Eu ainda não tenho certeza se estou pronta para um namorado de verdade.

Não até eu saber que isso pode durar.

Alguma coisa passou pelo rosto dele, mas desapareceu antes que ela pudesse identificá-la.

— Eu não esqueci as regras, — ele disse calmamente. — Sem se apaixonar. Só ficarmos nos fins de semana.

Penelope sorriu.

— E ainda assim, hoje é segunda-feira.

— É verdade, mas estamos os dois totalmente vestidos, então, em teoria, isso pode ser apenas duas bebidas entre colegas de trabalho.

Ela tomou um gole de sua bebida. Isso não parecia uma bebida entre colegas de trabalho. Parecia... mais.

— Pequena, me faça um favor, — Cole disse, observando-a com um leve sorriso.

— Humm?

— Pare de pensar demais em tudo, está bem? Só por hoje à noite, vamos ser apenas Penelope e Cole. Livre de rótulos. Vamos ver como isso funciona.

Ela respirou fundo.

Aqui estava um cara - um cara loucamente bonito - pedindo para ela passar uma noite com ele. Sem compromisso. Apenas coquetéis extravagantes, um bar sexy e companhia.

— Tudo bem, — ela disse devagar. — Sem rótulos.

— Boa menina. Agora, há algo que eu tenho esperado para discutir desde a nossa reunião de vendas desta manhã. Você ouviu que a edição com Adam Bailey é provável que seja uma das nossas edições mais vendidas?

Penelope estreitou os olhos e bebeu mais um gole de seu Manhattan.

— Uhuum. Eu estava lá. Vi os números.

Ele mexeu em uma mecha do cabelo e bateu seus cílios antes de afinar sua voz.

— Eu estava lá, Cole, eu vi os números, e eu só quero aproveitar essa oportunidade para te dizer que você estava certo sobre Adam Bailey ser a escolha certa, e você é tão sábio e brilhante...

Penelope abriu a boca.

— Espera. Isso era para ser uma imitação minha?

Ele deixou cair a mão.

— Não acertei em cheio?

— Bem, considerando que eu nunca mexi no meu cabelo assim, não sei como bater meus cílios, e certamente minha voz não soa como um rato de desenho animado...

— Detalhes. São apenas detalhes. Apenas diga, Pequena. Diga que eu estava certo, e que Adam Bailey foi uma excelente idéia.

Ela lhe deu um sorriso lento.

— Você estava certo. Adam Bailey foi uma excelente idéia.

Ele abriu a boca, então estreitou os olhos. — Espere um minuto. Espere só um maldito minuto. Eu conheço esse tom. Quando você e Adam Bailey foram tomar uma bebida depois da sessão fotográfica, foi só bebidas, certo?

— Nada de rótulos hoje à noite, Cole. Isso significa que você não pode perguntar isso. Nós somos apenas Penelope e Cole, lembra?

A carranca dele só se aprofundou.

— Tá, tudo bem, do Cole sem rótulo para a Penelope sem rótulo... você ficou com Adam Bailey?

— Eu nunca beijo e conto, — ela disse, surpreendendo-se pela nota atrevida e confiante na voz dela.

Cole franziu a sobrancelha e ficou estranhamente em silêncio, mas ele logo saiu do seu mau humor. Ela seriamente duvidou que esse homem ficasse de mau humor por mais de dois minutos. Eles conversaram sobre tudo e mais algumas coisas, até que uma bebida se transformou em duas, e então duas bebidas se transformaram em parar para jantar no caminho de casa.

Quando eles estavam voltando para casa dela, ela estava apenas tonta o suficiente para não se assustar com o fato de que ele estava segurando a mão dela. Ou que ele, ocasionalmente, se inclinava para beijar o topo da cabeça dela.

Ou que, se eles fossem aplicar rótulos à noite, romântico era a primeira palavra que vinha à mente.

Romântico e doce.

Eles pararam do lado de fora do apartamento dela, e Penelope percebeu que era o momento da verdade. Era segunda-feira, o que significava... nenhum “momento sexy”. E, no entanto, eles já tinham cruzado todo tipo de outras linhas hoje, como as mãos dadas e o flerte...

— Sabia que estávamos nesse mesmo lugar na primeira vez que te beijei? — Ele disse, puxando-a para que ficasse de frente para ele.

Ela sorriu.

— É difícil esquecer um beijo perfeito na neve que cai suavemente.

Ele não sorriu de volta.

— Beijo perfeito, hein? Foi por isso que você me chutou para o meio-fio depois?

O estômago dela se contorceu.

— Cole, eu...

Ele deu um passo em frente, a mão apoiada na bochecha dela.

— Vamos esquecer a forma como aquele acabou. Eu voto a favor de uma repetição.

A boca dele derreteu contra a dela, e ela suspirou.

Não havia neve dessa vez, mas não importava. Tudo o que importava era Cole, o calor de sua mão, o calor de seu beijo. A maneira como a língua dele deslizava para tocar a dela como se ele precisasse do gosto dela.

Ele se afastou devagar, o polegar dele fazendo círculos na bochecha dela enquanto ele segurava o seu olhar.

— Esses malditos olhos seus, — ele disse grosseiramente. — Eles me desfazem.

Penelope tomou a decisão dela.

— Você quer subir?

Ele levantou uma sobrancelha.

— É segunda-feira.

— É, mas, hum, você quer subir? — Ela repetiu.

Ele, delicadamente, passou um dedo pela linha do cabelo dela.

— Eu quero tanto, mas...

— Mas?

Ele sorriu maldosamente e se inclinou para beijar o nariz dela.

— Você se afasta de mim mais facilmente do que eu gostaria, Penelope Pope. Eu quero que você implore por mim. Não importa o dia da semana.

— Espera, então você está indo embora? — Ela perguntou, incapaz de manter a tristeza fora da voz dela.

— Só por esta noite. Tenho que te dar uma chance para ver como você se sente sobre isso.

Ele deu a ela uma última piscadela antes de sair pela noite - assobiando, pelo amor de Deus - e Penelope percebeu que ela não precisava de uma chance para explorar o que ela sentia sobre a saída dele.

Ela se sentiu terrível e dolorosamente vazia.


Capítulo 23

Cole estava 110 por cento preparado para odiar Evan Barstow.

Não apenas por causa da forma incompleta como o homem conseguiu o seu novo emprego, mas também por roubar o portfólio de alguém e apresentá-lo como se fosse seu, foi canalhice.

Não, o que realmente irritou Cole não foi o que ele tinha feito à carreira de Penelope, mas o que ele tinha feito ao coração dela. Que Evan tinha sido burro o suficiente para escolher outra mulher quando tinha Penelope Pope na sua frente.

Idiota.

Ainda assim, a perda de Evan foi um ganho para Cole, então Cole estava determinado a pelo menos fingir ser civilizado.

Mas, no meio do jantar, a determinação de Cole em ser simpático foi enfraquecendo.

Porque Penelope estava sendo muito legal, considerando como o homem a tinha tratado. E considerando que ela deveria estar namorando Cole.

É verdade que ser namorado dela era uma mentira. Como ela havia apontado pelo menos meia dúzia de vezes na semana passada, Cole não era realmente seu namorado.

Tá.

Cole não tinha absolutamente nenhum receio em mentir para esse filho da puta por causa do orgulho de Penelope. Ele estava fazendo um bom trabalho com sua mentira. Ele tinha segurado portas para ela, largado muitos toques casuais e possessivos, chamou-a de querida.

Mas, tarde demais, Cole estava percebendo que a charada que eles estavam interpretando por causa do orgulho de Penelope estava tendo um efeito desastroso sobre o próprio ego de Cole.

Essa coisa toda fez absolutamente zero sentido. Cole passou a maior parte de sua vida adulta evitando relacionamentos sérios. Ele não tinha tempo para sua carreira e Bobby e uma mulher.

Então, por que o incomodava tanto que a única maneira que Penelope pensava nele como um namorado era fingindo?

E por que ele queria dar um soco na cara de Evan toda vez que ele estava recebendo um dos sorrisos dela?

— Então, por quanto tempo você está aqui, Ev? — Penelope disse enquanto ela pegava um pedaço de peixe.

— Só até domingo para essa viagem, — disse Evan, inclinando-se para trás em sua cadeira. — Mas, estou planejando fazer mais viagens a Nova York em um futuro próximo.

Penelope acenou com a cabeça para isso, aparentemente preocupada com o jantar dela, mas Cole estava observando o outro homem. Notou a maneira como os olhos de Evan permaneceram especulativamente em Penelope, como se ela fosse parte de algum grande plano.

Evan Barstow era um cara bonito.

Só que isso não incomodava Cole. O que o incomodava era que Evan se parecia muito com Cole.

Evan era mais forte. E, talvez, uns centímetros mais alto. Mas, o cabelo loiro escuro era similar em cor e corte. Olhos castanhos, como os de Cole. O resto de suas feições um pouco mais parecidas com as Cole do que ele gostaria. Além disso, ambos eram escritores esportivos...

Cole foi atingido por um pensamento desagradável: E se ele fosse algum tipo de substituto parecido?

Penelope ainda estava tão agarrada a esse idiota que se contentou com a versão mais próxima dele de Nova York que pode encontrar?

O pensamento queimou.

— Então, há quanto tempo vocês dois são um casal? — Evan perguntou, transferindo seu olhar para Cole.

— Não faz muito tempo, — Penelope disse rapidamente, antes que Cole pudesse responder.

Cole sufocou uma onda de frustração. Qual era o sentido de eles jogarem esse pequeno jogo se ela estava apenas balançando a bandeira que dizia disponível para Evan?

— E vocês se conheceram no trabalho? — Evan perguntou.

— Penelope e eu nos candidatamos para a mesma vaga de emprego, — disse Cole antes que Penelope pudesse responder.

Soa familiar? ele silenciosamente acrescentou.

— Ah, é? E como isso funcionou? — Evan disse com uma risada desinteressada, como se ele não tivesse uma vez se candidatado ao mesmo emprego que Penelope.

Cole lentamente, deliberadamente, esticou o braço pelas costas da cadeira de Penelope, e pousou a mão na nuca dela, enquanto ele se virava para olhar para ela adoravelmente.

— Eu diria que muito bem.

Ela olhou para Cole e deu uma risada nervosa.

— Nós dois acabamos ficando com a vaga de emprego, na verdade. Coeditores.

— Hum, — Evan disse sem compromisso.

— Vocês dois costumavam trabalhar juntos, não é? — Cole perguntou, fingindo ignorância.

Penelope endureceu ligeiramente sob a mão dele, e ele esfregou o polegar ao longo da nuca dela. Confie em mim.

— Sim, por um tempo, — Evan disse, tomando um gole do vinho dele.

— E agora você trabalha para... refresque minha memória no nome da empresa?

— Sportiva, — disse Evan.

Cole franziu a testa, fingindo confusão enquanto mantinha o olhar fixo em Evan.

— Sportiva. Espera, Pequena, você não fez uma entrevista para essa empresa?

Houve um momento de silêncio antes de Evan dar uma risada nervosa.

Cole olhou para Penelope e a encontrou dando-lhe um olhar que diz pare com isso.

Ele devolveu o olhar, tentando se comunicar silenciosamente. Vamos, Penelope. Defenda-se. O que estamos fazendo aqui se não for para colocar esse idiota no lugar dele?

Ela simplesmente desviou o olhar, lambendo os lábios nervosamente.

— Sim. Eu tive uma entrevista com eles.

Evan baixou seu copo de vinho, e sua expressão passou de nervosa a séria.

— Na verdade, Pen, eu queria falar com você sobre isso. — Ele mudou o olhar para Cole brevemente. — Talvez mais tarde neste fim de semana possamos ter algum tempo para conversar?

Ah, de jeito nenhum, porra.

Penelope ficou em silêncio por vários momentos. Então:

— Claro. Ok.

O olhar de Cole voltou para ela. Mas que porra?

Mas, ela nem estava olhando para ele. Ela e Evan estavam trancados em uma bolha silenciosa de comunicação com Cole do lado de fora.

E era uma merda.

O aperto de Cole ficou mais forte em seu copo de vinho enquanto ele tentava se dizer que isso não o incomodava, mas porra, é claro que isso o incomodava.

Ele não era namorado dela - ele entendia isso. Mas, ele a tratava muito melhor do que esse idiota.

Ele se importava com ela. Muito.

No momento em que Cole estava se perguntando se ele deveria dar uma desculpa para sair da mesa antes de se fazer de bobo, ele sentiu o suave passar dos dedos dela nas costas de sua mão. Sentiu como a mão dela deslizou contra a dele até que estivessem palma a palma.

Ela virou a cabeça então, encontrando os olhos dele, sorrindo timidamente enquanto entrelaçava os dedos dela com os dele.

Ele não conseguia desviar o olhar, embora soubesse que essa pequena mulher poderia quebrar seu coração ao meio.

Ah, porra, Sharpe, você está com tantos problemas.

Ela deu a ele um olhar atencioso e então voltou para Evan.

— Na verdade, Ev, eu estou ocupada o resto do fim de semana.

O coração de Cole bateu mais rápido, imaginando se ele a ouviu corretamente, e então ela apertou a mão dele.

— Qual é, Pen, é só que...

— Se há algo que quer dizer, pode dizer agora, — Penelope interrompeu Evan numa voz calma e firme.

O subtexto da declaração de Penelope era claro: Você não vale um segundo a mais do meu tempo.

Cole queria bater palmas devagar.

O sorriso de Evan vacilou. — É, hum... eu esperava que pudéssemos conversar, só nós dois.

Penelope deu nos ombros. — Você perdeu esse direito quando me usou para subir na sua carreira.

O riso do outro homem era nervoso. — Era sobre isso que eu queria falar com você. Preciso me desculpar...

— Desculpas aceitas, — disse ela.

Cole e Evan olharam para ela em choque. Ela deu um pequeno encolher de ombros.

— Eu perdi tempo suficiente com você, Evan. Você fez asneira. Você me tratou mal. Eu posso continuar a segurar a raiva e a mágoa ou... eu posso seguir em frente.

Evan começou a esticar a mão sobre a mesa em direção a ela, então percebeu o olhar estreito de Cole e pensou melhor. — Pen, eu não posso dizer o quanto eu senti falta...

Ela levantou a mão livre - aquela que não estava ligada à do Cole - e parou as palavras do outro homem.

— Calma aí, Ev, só porque eu te perdoo não significa que vamos voltar para o jeito que as coisas estavam. Mesmo que eu ainda estivesse em Chicago, não podemos voltar atrás. Você não é mais meu colega e certamente não é mais meu amigo. Eu não sei se você alguma vez foi.

Evan engoliu em seco, parecendo cada vez mais em pânico agora. — Eu deixei Tara por causa de você. Porque eu não conseguia parar de pensar em você.

Cole limpou sua garganta pontualmente, mas Evan o ignorou.

Ela encolheu os ombros outra vez. — Isso não é problema meu, Evan.

Evan deu um pequeno sorriso, que Cole achou que supostamente deveria parecer arrependido, mas ao invés disso, parecia um bocado presunçoso. — Vamos lá, Pen. Me dê uma segunda chance. Eu mereço pelo menos mais uma. Três strikes você está fora, e tudo isso.

Cole ficou tenso. Chega dessa merda. Cole gostava de uma referência esportiva tanto quanto qualquer pessoa, mas isso foi demais. Tratar relacionamentos como um jogo. Tratar o coração de Penelope como se fosse algum campo a ser navegado...

O Cole limpou a boca com o guardanapo. — Barstow, o trabalho que roubou de Penelope paga bem, certo?

Evan piscou.

— Hum, o quê?

— Bom, — disse Cole, como se o outro homem tivesse respondido afirmativamente. — Então você não se importa em pagar? Acho que terminamos aqui.

Cole estendeu uma mão para Penelope, seu coração implorando silenciosamente para que ela não a rejeitasse.

Ela colocou a mão dela na dele.

Colocou sua confiança nele.

Penelope ficou de pé.

— Adeus, Evan.

Cole ouviu atentamente por qualquer sinal de arrependimento mal colocado em sua voz e ficou aliviado por não ouvir nada além de finalidade.

Eles saíram de mãos dadas do restaurante, sem se preocupar em se virar para ver se Evan Barstow estava cuspindo fogo sobre estar preso com a conta ou se ele estava sentado lá em choque.

Cole não se importou muito com isso.

Ele tinha feito o que veio aqui fazer. Ele ajudou a libertar Penelope do passado que a estava impedindo de ver como ela era incrível.

Eles não falaram quando saíram do restaurante. Cole chamou um táxi, mas depois de dar o endereço da Penelope ao motorista, ele se sentiu estranhamente sem palavras, então eles não disseram nada.

Ele não tinha ideia de qual seria o próximo passo. Eles quase limparam o chão com Evan, mas havia outro obstáculo à frente deles esta noite. Um mais importante do que o idiota sombrio do passado de Penelope.

Como é que Cole não percebeu que esta noite não era sobre Evan? Não de verdade.

Esta noite foi sobre eles - sobre ele e Penelope.

Eles não tinham dormido juntos desde antes da ideia completamente idiota de se afastar até que ela fosse atrás dele - quisesse ele.

Até agora, o tiro estava saindo pela culatra. Penelope tinha sido amigável a semana toda, mas ela mal estava jogando seu corpo nu contra ele em cantos escuros.

O que ele queria dela?

De repente, Cole se sentiu cansado. Cansado daquela maneira que ficam quando alguém quer, desesperadamente, algo que parece estar ficando cada vez mais distante a cada minuto.

Algo que ele não sabia como pedir. Algo importante.

Sem palavras, eles saíram do carro, andando lado a lado, antes de parar no local familiar. O mesmo lugar onde ele a beijou, duas vezes agora.

Cole tentou pensar em algo inteligente sobre déjà vu, mas não tinha nada.

Tudo o que ele queria era puxá-la para ele - beijá-la até que ela lhe implorasse que a levasse lá para cima. Mas, ele sabia muito bem como era beijar Penelope na calçada. Ele acabou se afastando com bolas azuis e, mais recentemente, uma dor no peito.

Ela parecia sentir o humor dele, porque o seu sorriso feliz tinha desaparecido ligeiramente.

— Ei, então, obrigada por esta noite. Eu tenho certeza que não foi a sua maneira favorita de passar a noite de sexta...

— Foi bem.

— Cole, as pessoas só dizem 'bem' quando as coisas são tudo, menos isso.

— Eu me diverti, — ele disse devagar. — Sério.

— Mas...? — Ela perguntou.

Ele só conseguia olhar para ela. O que ele poderia dizer?

Que ele odiava que a única razão pela qual ela o trouxe hoje à noite fosse para fazer ciúmes a Evan? Que ele odiava o fato de que ela tinha que ser persuadida a sair com ele, e dormir com ele e beijá-lo...

— Mas nada, Pequena, — disse ele com um suspiro calmo. Ele se aproximou, passando as mãos ao redor dos braços dela e puxando-a levemente para cima para que ele pudesse pressionar os lábios na testa dela. — Eu te vejo depois, ok?

— Ok, — ela disse devagar. Ela parecia confusa.

Somos dois, querida.

Ele piscou para ela, achando que poderia pelo menos tentar agir como ele mesmo, e então ele foi embora, imaginando se ele deveria parar para tomar uma bebida no caminho de casa. Perguntou-se se ele poderia reunir qualquer tipo de interesse em uma mulher. Talvez alguém que realmente quisesse...

— Cole!

Ele virou-se, viu Penelope correr na sua direção. Foi uma corrida completa também. Velocidade máxima, de modo que ele teve que se preparar para o impacto, segurando seu pequeno corpo enquanto ela colidia com o dele.

Ela jogou os braços ao redor do pescoço dele e o beijou.

Cole congelou. Foi a primeira vez que Penelope iniciou um beijo, e o choque disso o deixou enraizado no lugar, até que lentamente ele enrolou os braços em volta da cintura dela e a puxou contra ele.

Os dedos dela se entrelaçaram no cabelo dele enquanto ela o beijava com entusiasmo sem arte. Ela se afastou, dando a ele um último beijo antes de passar os dedos no cabelo dele e puxar o seu rosto para baixo para olhar para o dela.

— No outro dia você me disse que queria que eu implorasse por você. Qualquer dia da semana.

Ele não disse nada. Ele esperou.

— Essa sou eu. Implorando.

Cole não conseguiu evitar a breve risada com a simples calma na voz dela.

— Sim, você parece realmente desesperada, Pequena.

Ela sorriu e descansou as mãos contra o peito dele.

— Me dê um tempo; eu só agora estou descobrindo que não estou apaixonada pelo cara que eu pensei que estava.

O coração de Cole parou por um momento, mas ele forçou sua voz a ficar calma.

— Ah, é mesmo?

Ela mexeu com o botão da camisa dele, não encontrou o seu olhar.

— Eu não estou dizendo que não estava apaixonada por ele uma vez. Mas, hoje à noite, eu estava pronta para a agonia costumeira quando olhei para Evan e me lembrar de todas as maneiras que ele partiu meu coração...

— E?

— Eu não estava pensando em nada disso. Parece que minha mente continuava indo para outros lugares. — Penelope olhou para cima. — Para outras pessoas. Uma em particular.

As mãos dele deslizaram pelas costas dela.

— Isso é verdade?

Ela deu de ombros.

— O que posso dizer? Você fica muito bonito nu.

— Sabe, esse discurso teria sido mais eficaz em uma terça-feira. Visto que é sexta-feira, você tinha uma boa chance de fazer sexo de qualquer maneira.

— Não parecia isso quando você estava indo embora, — ela disse calmamente.

— Foi mal, — ele sussurrou, inclinando-se para escovar os lábios dele contra os dela.

— Então você quer subir?

— Porra, sim, eu quero subir.


Capítulo 24

Era estranho.

Ela e Cole já tinham feito isto várias vezes. Sexo quente. Sexo obsceno. Sexo brincalhão.

Sexo ótimo.

Mas, essa noite, enquanto eles ficam de frente um para o outro apenas com a luz da rua de sua janela iluminando seu quarto, parecia diferente.

Especial.

Importante.

Ela não queria que fosse importante. Ela queria que fosse espontâneo, divertido e seguro, e...

Os pensamentos de Penelope se dispersaram enquanto Cole lentamente, desabotoou metodicamente sua camisa social, e a jogou de lado.

Os olhos dele nunca deixaram os dela enquanto ele tirava os sapatos e depois o resto da roupa.

A boca dela se abriu diante da ousadia dele, e ele sorriu.

— Você disse que gostava de mim nu.

Ela tentou falar, mas a boca dela estava seca.

Ele deu um passo à frente e descansou as mãos na cintura dela antes de abaixar a cabeça e escovar os lábios ao lado da sua garganta.

Penelope suspirou o nome dele, e as mãos dele escorregaram sob a camisa dela, os dedos quentes nas suas costas enquanto a boca dele explorava o pescoço dela.

Ele puxou a camisa dela sobre a cabeça, então os lábios dele capturaram os dela num beijo erótico que a lembrou de noites quentes de verão, mesmo que fosse apenas junho.

As mãos de Cole abriram o sutiã dela, deslizando para frente para cobri-la com palmas quentes enquanto ela arqueava suas costas. Juntos, eles se moveram em direção à cama, caindo sobre ela em uma pilha bagunçada, sem que suas bocas quebrassem o contato.

Os dedos de Cole foram até o botão das calças dela, e ela o ajudou, tirando-as pelas pernas até que ela pudesse chutá-las de lado.

Ela rastejou sobre ele então, sem vergonha, esfregando seu corpo nu contra o dele, apreciando o contraste de seus corpos, duro contra mole, áspero contra suave, grande contra pequeno.

As mãos de Cole estavam no rabo dela, suas coxas, então ele escorregou um dedo sob o tecido da roupa íntima dela, deslizando para baixo até encontrar a umidade dela.

Ele colocou um dedo dentro dela, depois um segundo.

Penelope gemeu enquanto ele lentamente empurrava seus dois dedos para dentro e para fora, os olhos dele se agarrando nos dela. Os olhos dele estavam escuros de desejo. Desejo por ela. Por isso.

Mas, por quanto tempo?

Conduzida por um medo repentino e desesperado de que seus dias como amantes estivessem contados, Penelope montou na mão dele com mais força até que ela chegou em um clímax forte e de fazer tremer que ao mesmo tempo era demais e não o suficiente.

Antes que o último tremor a atingisse, Penelope se afastou dele, cavando em sua mesa de cabeceira até encontrar um preservativo.

Ela nunca havia se sentido tão frenética. Gananciosa. Ela nunca tinha sentido desejo assim.

Cole esticou a mão para pegar o preservativo, mas ela bateu na mão dele, e rolou o preservativo nele ela mesma.

Então, ela tirou a roupa íntima e retomou sua posição em cima dele, sentindo-se inebriada com um estranho poder feminino com chama da luxúria nos olhos de Cole.

— Penelope...

Ela encontrou as mãos dele, beijando os nós dos dedos antes de prender as mãos acima da cabeça dele.

Ele tinha o dobro do tamanho dela. Ele podia facilmente jogá-la para cama e assumir o controle.

Ele não fez isso.

— Eu sou todo seu, — ele disse com a voz grossa.

Tudo o que era preciso.

Quatro palavras simples, e as inibições de Penelope voaram pela janela.

Por anos, ela vinha pensando que não era boa nisso. Que ela não era sexy. Que ela não valia a pena querer.

Anos de ridículo foram embora por causa de quatros palavras de um homem magnífico.

Agindo por instinto, Penelope se moveu ligeiramente para cima até que os mamilos dela passaram suavemente pela boca dele.

Cole levantou a cabeça, a língua dele flutuava contra a ponta de um seio antes de soprar ar frio contra ela. Em resposta, ela se abaixou mais até que ele não teve escolha a não ser levar o mamilo dela para a boca e chupar.

— Cole, — ela suspirou.

Seus lábios se moveram para o outro seio, tudo isso com as mãos presas ao travesseiro. Ele deixou que fosse o show dela. O momento dela.

Ela estava tentada a cavalgar nessa doce tortura para sempre, mas a boca do homem era muito hábil.

Ela o queria agora. Dentro dela.

Penelope se endireitou, dando a ele um olhar maroto através dos cílios enquanto a mão dela o envolvia e o guiava até a sua abertura. Ela segurou o olhar dele enquanto afundava lentamente nele em um movimento lento e sensual.

Os olhos de Cole se abriram e a respiração dele ficou mais fraca enquanto ele a enchia, mas ainda assim ele não se mexeu.

Não até ela se levantar mais uma vez antes de afundar nele, mais forte dessa vez, mais fundo, as mãos dele deslizaram até os quadris dela com um gemido silencioso que poderia ter sido uma oração ou uma maldição.

Penelope nunca tinha estado em cima antes. Trinta e um anos de idade, e ela estava agora aprendendo como era montar um homem. Ter todo o poder.

E quando ela pensou que não poderia ficar melhor, Cole lambeu os dedos e então esticou a mão para a brincar com ela.

— Deixe ir, Pen.

Ela deixou. Ela arqueou as costas com um choramingo vitorioso enquanto se entregava completamente a ele.

— Boa garota, — ele sussurrou antes de enrolar os dois braços ao redor dela e deitá-la de costas debaixo dele.

Ele empurrou para dentro dela de novo e de novo, os olhos dele segurando os dela como se estivesse tentando dizer algo a ela.

Ela tentou entender - tentou agarrar o que ele estava dizendo a ela com o corpo dele, mas ela estava muito longe com desejo.

Cole deslizou um braço atrás do pescoço de Penelope, embalando o rosto dela na pele quente e lisa do ombro dele, sussurrando o seu nome tão reverentemente que ela pensou que imaginou.

E então ele foi ao limite, o nome dela era um gemido forte nos lábios dele.

Cole ficou deitado sobre ela por mais tempo do que o normal, a respiração dele estava quente contra sua pele, enquanto os lábios dela acalmavam as marcas de arranhões no ombro dele que ela não se lembrava de fazer.

Ele se levantou com outro beijo na bochecha dela enquanto se afastava da cama e entrava no banheiro.

Ele voltou alguns momentos depois, quando Penelope conseguiu reunir energia suficiente para rastejar debaixo dos lençóis.

Cole hesitou perto do lado da cama, seus traços cintilando com vulnerabilidade, e o coração de Penelope pareceu se alojar na garganta.

Ela levantou os lençóis em um convite sem palavras, e assistiu como a vulnerabilidade dele cintilou em alívio.

Cole puxou-a contra ele, e ela foi facilmente, como se pertencesse lá.

Mesmo assim, nenhum dos dois falou. Não sobre o que tinha acabado de acontecer, nem sobre o que significava.

E feliz como estava, pouco antes de adormecer, Penelope não podia deixar de se perguntar por quanto tempo isso poderia continuar.

Agora ela tinha 100% de certeza de que não conseguiria honrar sua promessa a Cole de que não se apaixonaria.

Se ela dissesse a ele, ela o perderia.

Mas, se ela não dissesse...

Ela iria se perder.


Capítulo 25

Domingo marcou uma primeira vez para Cole: ele tinha reagendado o encontro de domingo dele e seu irmão.

Não tinha sido uma decisão fácil. Mas, Jake havia conseguido quatro ingressos para o Yankees diretamente atrás do placar e convidou Cole e Penelope. E mesmo que fosse domingo - o dia dele e de Bobby - Cole tinha se sentido tentado. Tentado a passar uma tarde ensolarada com amigos e uma mulher que era, bem... ele não sabia.

Algo havia mudado entre Cole e Penelope.

Quanto ao que estava diferente, Cole não tinha a mínima ideia. Ele não poderia ter dado um nome a isso. Ele só sabia que era muito mais importante do que companheiros de cama de fim de semana e colegas de dia de semana.

E jurando pela vida dele, ele não sabia se devia ficar assustado ou feliz.

Bobby tinha concordado com a mudança de planos com tanto entusiasmo, Cole meio que se perguntou se Bobby não estava esperando por esse momento - esperando que Cole tivesse uma razão para ter um relacionamento com alguém que não fosse seu irmão mais velho.

É claro que não doeu que os Mets estivessem jogando fora, então um jogo estava fora de questão de qualquer maneira, já que o coração bondoso de Bobby se recusava a ir ao Estádio dos Yankees.

Mas, quaisquer que fossem as motivações de Bobby, seu irmão havia aprovado. De coração.

Ainda assim, a aprovação de Bobby não facilitou muito o ataque de culpa que Cole sentiu quando ele e Penelope entraram no Yankee Stadium com Jake e Grace Malone.

Como se sentisse isso, os dedos de Penelope encontraram os dele e apertaram.

— Ok, — Grace disse, batendo palmas. — Eles têm vinho aqui, certo? Eu sei que cerveja é costume, mas eu poderia beber um bom chardonnay...

Penelope olhou para ela horrorizada.

— Você não pode estar falando sério. Isso é um estádio de beisebol.

— Um estádio evoluído, — Grace disse com um piscar de olhos.

— Mas... mas... — Penelope estava gaguejando.

Grace deu um tapinha no ombro dela.

— Eu posso ver que você é toda sobre os clássicos, então que tal nos separarmos e nos encontrarmos depois que todos acharem sua comida e bebida de escolha?

— Se ela pegar sushi, vou ter que desfazer a amizade. — Penelope murmurou para Cole depois que Grace arrastou Jake até o carrinho de vinho.

— É justo, — Cole concordou enquanto eles se dirigiam para o estande principal da concessão. — Então, qual é o nosso plano? Cachorro-quente?

Penelope estudou o menu com tanto interesse quanto um sommelier lendo uma carta de vinhos.

— Estou pensando em...pretzel, — ela finalmente pronunciou. — Não como um bom há muito tempo. Ou, espera, eu quero nachos?

— Eu notei que pipoca está fora de questão, — ele disse.

Ela sorriu.

— Eu sei que já passou uma semana desde que eu fui embebido nas coisas, mas eu juro que às vezes eu ainda sinto um cheiro de manteiga. Falando nisso, como está o Bobby? Você tem certeza que está tudo bem que você não está com ele hoje?

Lá estava de novo. Aquela pontada de culpa.

— Vamos ao jogo dos Mets na quarta-feira, — Cole disse a Penelope enquanto eles se aproximavam do caixa.

— Que bom, — disse Penelope. — O que ele vai fazer hoje enquanto você está comigo? Provavelmente dar outra festa?

Cole sorriu.

— Provavelmente. O cara é o Sr. Popular. E ele tem falado sem parar ultimamente sobre uma mulher chamada Carly, então eu estou pensando que ele tem uma queda por ela.

Penelope balançou a cabeça. — Os irmãos Sharpe têm charme. O coração da pobre Carly não tem a menor chance.

Ele deslizou a mão atrás do pescoço dela, inclinando sua cabeça para cima para que ele pudesse ver o rosto dela abaixo da borda do boné.

— E o seu coração? Como está se sentindo com toda essa coisa do charme dos irmãos Sharpe?

Os lábios de Penelope abriram em surpresa, provavelmente pela calma e urgência na voz dele. Ele disse a si mesmo para deixá-la ir - que a fila de comida no Yankee Stadium não era a hora ou o lugar para ter essa conversa.

Ele nem sabia o que era essa conversa. Ou o que ele queria ouvir ela dizer...

Risca isso.

Ele sabia exatamente que palavras queria ouvir. Ele queria saber que ela era dele. Que isso era mais do que um namoro só de fim de semana. Que ela estava se apaixonando por ele tão irremediavelmente quanto ele estava se apaixonando por ela.

Então, diga a ela. Diga a ela como você se sente.

E, então, as pessoas na frente deles terminaram de pedir, e foi a vez de Penelope e Cole.

Momento arruinado pela comida gordurosa.

Cole passou uma mão no rosto, se sentindo desapontado e aliviado.

Penelope pediu nachos e um pretzel, e então se virou para Cole com expectativa, esperando que ele fizesse seu próprio pedido. Ele olhou para ela com surpresa.

— Você vai comer tudo isso?

Ela bufou. — O quê, você pensou que eu ia dividir? Pegue sua própria comida, Sharpe.

Ele balançou a cabeça e pediu um cachorro-quente e uma Coca-Cola.

O garoto entediado atrás do balcão colocou a comida deles em uma bandeja, e Cole a carregou para a banca de condimentos.

— Eca, sem ketchup, — ela disse quando ele foi adicionar isso ao cachorro-quente dele.

— É meu cachorro-quente, — ele disse.

— No qual eu vou comer um pedaço. E eu não gosto de ketchup nos meus cachorros-quentes.

— O que aconteceu com sem dividir?

Penelope piscou para ele. — Você é, ou não é, um cavalheiro, Cole Sharpe?

Em resposta, ele deliberadamente adicionou ketchup ao seu cachorro-quente. Mais do que ele normalmente adicionaria.

Então, ele deu uma grande mordida, segurando o olhar dela o tempo todo enquanto ele mastigava.

Os olhos de Penelope estreitaram. — É assim que vai ser, hein? Esse é o futuro do nosso jogo de bola?

Ele lambeu ketchup do lábio dele.

Ela se levantou nas pontas dos pés, se aproximando do rosto dele.

— O jogo começou, Sharpe.

— Penelope Pope, você estava enchendo o saco de um homem por causa do seu cachorro-quente? — Grace perguntou por trás deles.

— Esse era o plano, até que ele o contaminou com ketchup. — Penelope escaneou Grace e Jake, antes que seu olhar se fixasse no cachorro-quente de Jake. — Malone. Me dê isso.

Jake suspirou e entregou para ela enquanto encontrava os olhos de Cole com um sorriso questionador.

— É essa, hein?

Ah sim. É essa.

Aparentemente, alheia a conversa acontecendo ao redor dela, Penelope mordeu o cachorro-quente de Jake - sem ketchup - antes de devolvê-lo com um suspiro feliz.

— Era tudo o que eu queria, Cole. Uma mordida.

— É justo, — ele disse. — Então, você não vai se importar de dar a Jake um dos seus nachos em troca, certo?

Penelope agarrou a bandeja de comida no peito dela e deu a Jake um olhar de aviso.

— Não se atreva.

Cole colocou a palma da mão no topo da cabeça dela.

— Vamos lá, maluca. O jogo está prestes a começar.

Eles se dirigiram para a seção deles, e Cole olhou para ela.

— Quer que eu carregue a bandeja?

Penelope se agitou com ele, e ele sorriu. Como ele já pensou que uma modelo chata poderia mantê-lo feliz? Tudo o que ele precisava era de uma fã de beisebol.

Ao contrário do fim de semana passado, o tempo estava perfeito. Apenas um punhado de nuvens brancas fofas, a mais leve brisa do início do verão, e muito sol.

Tempo para beisebol.

— Ei, Grace, — Cole disse, colocando um braço ao redor do ombro de Penelope enquanto ele olhava sobre a cabeça dela até onde Grace, delicadamente, bebia seu chardonnay.

— Humm?

Ele deu a ela um piscar de olhos brincalhão.

— Lembra daquela vez em que você e eu quase demos uns amassos para a câmera do beijo nesse estádio?

Penelope olhou para ele, então para Grace.

— Sério. Me conte mais.

Grace revirou os olhos.

— Não é o que parece. Confie em mim.

— Ia ser épico, Gracie, você sabe que ia, — Cole provocou.

Jake deu a Cole um olhar suave sobre a cabeça da esposa.

— Sharpe. Eu vou te matar.

— Você vai é me agradecer por te ajudar a cair em si.

Penelope estava quase balançando na cadeira dela. — Qual é, me contem tudo! Isso parece interessante.

— Ah, é, — disse Cole. — Mas... uma história para outra hora, querida.

— Sim, quando estivermos todos mortos, — Jake murmurou.

O celular de Cole tocou no bolso de trás quando a primeira bola estava prestes a ser lançada. Ele o pegou - um código de área local, mas não um número que ele reconheceu. Cole empurrou de volta para o bolso. Eles podiam deixar uma mensagem na caixa postal.

O primeiro batedor de Oakland caiu balançando, e Cole torceu em voz alta com o resto do estádio. Tive que amar um jogo que começava com um strikeout.

O celular de Cole tocou novamente, com a curta notificação da caixa postal. Ele pensou em puxá-lo para fora, mas a multidão estava muito ocupada com o sol, a cerveja e os Yankees. Não havia como ele ser capaz de ouvir nada.

O segundo batedor acertou. O terceiro bateu para fora.

Cole roubou um dos nachos de Penelope e piscou para ela quando ela estreitou os olhos.

Seu celular tocou de novo quando Oakland tomou o campo para o final do primeiro período. Ele o pegou - o mesmo número.

— Ei, eu vou atender isso, — ele disse para Penelope.

Ela acenou com a cabeça, boca cheia de pretzel, e Cole se dirigiu para a seção principal, subindo dois degraus de cada vez.

— Cole Sharpe, — ele disse, uma vez que ele se afastou o suficiente do barulho para atender.

— Alô, Sr. Sharpe? É o irmão de Robert Sharpe?

Cole congelou.

— Sim, eu sou o irmão do Bobby. Quem é?

— Sou do Hospital Bellevue.

A mão de Cole estendeu cegamente para a parede enquanto ele tentava se firmar.

Hospital.

O estádio inteiro se afastou, e sobrou só Cole, sua respiração superficial, e a voz de um estranho do outro lado do telefone.

Ah, Deus. Bobby.

— Sr. Sharpe, lamento informá-lo de que seu irmão esteve envolvido em um acidente...


Capítulo 26

Penelope não tinha certeza de quanto tempo ela ficou sentada olhando para a mensagem no celular, mas foi tempo suficiente para Grace dar a ela um suave toque nas costelas.

— Pen. Você está bem? E onde diabos está Cole, ele está fora há dois turnos e meio. Eu pensei que esse era o time dele...

Penelope abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Ao invés disso, ela entregou o telefone para Grace. Jake se inclinou para ler a mensagem.

Bobby se envolveu em um acidente. Indo para o hospital.

— Quem é Bobby? — Grace perguntou, os olhos castanhos dela com preocupação.

— O irmão mais velho dele, — Penelope respondeu.

Grace olhou para Jake, surpresa.

— Você sabia que Cole tinha um irmão?

Jake parecia preocupado.

— Sim. Ele raramente menciona ele. Eu assumi que eles estavam brigados ou algo assim.

Penelope engoliu em seco.

— Ele tem síndrome de Down e vive em uma casa de repouso. Eu não consigo imaginar o que poderia ter acontecido...

Por que é que ele não a levou?

Ela entendeu que Cole estava com pressa. Claro. Mas, ela teria ido com ele se soubesse. Ela teria segurado a mão dele, e...

Penelope tirou o celular da mão da amiga e escreveu uma resposta a Cole.

Que hospital? Ele está bem?

Penelope passou os próximos quatro turnos olhando para o telefone dela enquanto esperava por uma resposta que nunca chegou.

— Talvez eu devesse ir para o hospital, — ela disse, pela décima vez.

— Mas, qual deles? — Jake perguntou.

— Todos eles.

— É Nova York, querida. Não há apenas um hospital na rua principal.

Penelope respirou fundo. Jake estava certo. Ela já havia pesquisado os vários lugares onde eles poderiam ter levado Bobby, e haviam muitos.

E ela podia ligar, mas tinha certeza de que eles só dariam informações sobre os pacientes aos membros da família. O que ela deveria dizer? Oi, o irmão do meu não-namorado com quem eu só durmo nos fins de semana teve um acidente.

— Vamos lá, Cole, — Penelope murmurou, olhando para o telefone dela e desejando que ele a respondesse. — Eu não posso ficar aqui sentada, — ela disse, inclinando-se para frente e curvando-se em si mesma. Ela não se lembrava da última vez que se sentiu tão miserável ou indefesa.

Grace esfregou as costas dela.

— Você quer voltar para a cidade? Dessa forma, se ele voltar para casa, você estará mais perto e poderá ir até ele.

Era verdade. Bobby morava em Manhattan, então as chances eram, o que quer que tenha acontecido com ele, aconteceu lá. Quanto mais perto ela se aproximasse de Manhattan, mais perto estaria de Bobby.

E de Cole.

— Sim, — ela disse, — mas vocês dois ficam aqui.

— Claro que não. Vamos com você, — Jake disse. Grace acenou de acordo.

Penelope abriu a boca, mas Jake a cortou. — Não vamos entrar no hospital, assim que você descobrir onde ele está. Nós não pertencemos lá. Mas, estaremos juntos a cada passo do caminho até lá, ok?

— Tem certeza?

— Ele é nosso amigo também, — Jake disse calmamente.

— Penelope. — Grace colocou uma mão no braço dela, a expressão dela preocupada. — Isso não é um pequeno casinho, é? É mais do que você tentando seguir em frente e esquecer aquele Evan?

Penelope não conseguiu parar a risada que borbulhou.

Evan. Ela não tinha pensado nele desde que eles o abandonaram no restaurante na sexta à noite.

Que qualquer um poderia pensar que Cole e Evan pertenciam à mesma frase, ou até ao mesmo pensamento...

Penelope talvez tenha amado Evan uma vez. Talvez. O tipo de amor que se tornou meio desesperado por causa de sua natureza não correspondida, fazendo você sentir que era o maior amor que você já conheceu.

Mas, agora...

Em retrospectiva, Penelope reconheceu-o pelo que ele era - um amor superficial que, embora genuíno, nunca teve a oportunidade de se enraizar.

Durante muito tempo, ela pensou que Evan não a tinha visto, porque ela não era de um certo tipo. Porque ela não era bonita o suficiente ou chamativa o suficiente.

Mas no final, Evan Barstow era um idiota inútil, e Cole era...

— É mais do que um caso, — disse Penelope calmamente.

Grace e Jake se levantaram em uníssono, almas gêmeas perfeitas que eles eram.

— O que estamos esperando? Se levanta, Pen! Vamos lá!

A viagem de metrô de volta para a cidade foi a viagem mais longa da vida de Penelope, mas ela foi recompensada quando eles saíram do túnel em Manhattan e recebeu uma mensagem de Cole.

— Bellevue, — disse ela, já correndo para o meio-fio para chamar um táxi. — Ele está no Hospital Bellevue.

Um táxi parou ao lado dela, e Penelope pegou a maçaneta da porta antes mesmo que ela parasse completamente.

Então, ela se virou, deu abraços ferozes à Grace e ao Jake.

— Me prometam que vocês irão a algum lugar, ridiculamente, chique para jantar e me deixe pagar por isso mais tarde?

Ambos a ignoraram.

— Conte-nos assim que você souber o que está acontecendo, — Grace disse.

— Eu prometo, — Penelope disse, entrando no táxi. Ela mandou aos dois um beijo distraído e então releu mensagem de Cole mais uma vez.

Por um lado, ele respondeu. Bom sinal. Por outro lado...

O levaram para o Hospital Bellevue. Ele foi atropelado por um táxi enquanto atravessava a rua. Ele está bem, mas eles vão mantê-lo durante a noite. Não venha, estamos bem.

Não venha, ele disse.

Penelope tentou não ler muito sobre isso. Ele provavelmente estava apenas sendo um cara legal - não querendo tirá-la do jogo de beisebol.

Não venha.

Havia algo tão final - tão severo naquelas duas palavras. Uma frase.

Não venha.

— Que pena, Cole, — ela murmurou. — Eu estou indo de qualquer jeito.

Penelope deu uma nota de vinte para o taxista, sem se preocupar em esperar pelo troco, e correu para o hospital.

Ela foi em direção à recepção e então parou e deu vários passos para trás quando viu a loja de presentes pelo canto do olho dela.

Um casal surgiu carregando flores, mas Bobby não queria flores. Os olhos dela se desviaram para uma exibição de balões. Bobby adoraria balões.

Dez minutos depois, Penelope chegou à recepção com um enorme buquê de balões laranjas, azuis e brancos.

Penelope estava com sorte. Ela veio durante o horário de visita.

Penelope seguiu as indicações da enfermeira para o quarto de Bobby, ignorando os olhares irritados que ela tinha recebido quando seus balões ocuparam o elevador inteiro.

Seu coração bateu mais forte quando ela se aproximou do quarto de Bobby. Por favor, que ele esteja bem. Por favor, que ele esteja perfeitamente bem...

Ela chegou até a porta aberta e congelou, sem ter certeza da melhor coisa a se fazer.

Surpresa!

Sou eu!

Eu sei que você disse para não vir, mas eu te amo, então sério, não foi uma escolha...

No final, foi o Bobby quem decidiu por ela. Ele virou a cabeça, e o rosto dele se transformou em um sorriso que parecia ter levantado o coração dela diretamente do peito.

— Penelope!

A cabeça de Cole chicoteou ao redor.

Ele estava sentado em uma cadeira perto da cama de Bobby, e mesmo quando ela colocou um sorriso no rosto para o bem de Bobby, interiormente ela se encolheu com o olhar no rosto de Cole.

Ele parecia ter envelhecido cinco anos em duas horas.

— Isso é para mim? — Bobby perguntou com uma voz encantadora, aparentemente inconsciente do sofrimento de seu irmão.

— Hm, claro que são, — ela disse, indo em direção à cama.

— As cores do Mets!

— O que mais eu traria? — Ela disse em uma voz brincalhona.

Havia uma pequena mesa e uma cadeira contra a parede. Ela perguntou:

— E se eu os amarrar aqui? — Enrolando as pontas das cordas dos balões nas costas da cadeira.

— Ok!

— De quem é o urso? — Ela perguntou, acenando para o enorme urso de pelúcia na mesa.

— Meus amigos na Casa Grande. Eles não podem me ver ainda, mas Cole disse que queriam que eu ficasse com o urso.

Penelope arriscou uma olhada em Cole. Ele estava de pé agora, mãos enfiadas nos bolsos de trás enquanto olhava para Bobby com uma expressão sombria no rosto.

O sorriso de Penelope nunca vacilou, mas os olhos dela passaram por Bobby. O pé dele estava em uma daquelas coisas de suporte, um gesso correndo até a coxa dele, mas era o único sinal óbvio de que ele estava ferido.

— O que aconteceu? — Ela perguntou, indo ficar ao lado dele.

Bobby suspirou.

— Cole está bravo.

Cole passou uma mão pelo cabelo.

— Eu não estou bravo, é só que...

— Não devo sair de casa sozinho, — explicou Bobby com uma voz parecida com a de um adolescente cansado. — Mas, Penelope, eu tinha que sair.

Ela estendeu a mão e esfregou o braço dele.

— Por quê?

Seus olhos eram largos e sinceros.

— Para Carly. Eu queria comprar flores para ela. Amarelas, porque são as suas favoritas.

Penelope engoliu em seco. A doçura a estava matando.

— Eu não sabia que o táxi não iria parar, — disse Bobby, deprimido.

— Você deveria ter esperado por mim, Bobby, — disse Cole.

— Eu sei. Você me disse centenas de vezes.

— Então por que...

— Eu só te ia ver na quarta-feira, — disse Bobby. — Eu precisava das flores para a Carly hoje.

Ah, Bobby, não.

Penelope fechou os olhos.

Ela sabia que Bobby não queria fazer nenhum mal. Ele estava apenas declarando fatos sem um único pensamento para colocar a culpa em alguém.

Mas, instintivamente, Penelope sabia que era a pior coisa que ele poderia ter dito.

Uma olhada em Cole confirmou isso. Ele parecia destruído.

E Penelope sabia o porquê. Domingo era o dia do Cole e Bobby; qualquer outro domingo, Cole estaria lá quando Bobby quisesse pegar as flores. Poderia até ter ido com ele. Poderia tê-lo impedido de ir para a rua.

Mas Cole tinha remarcado para outro dia.

Por ela.

— Você vai assinar meu gesso? — Bobby perguntou. — Meu médico diz que eu tenho que usá-lo por semanas, mas que eu deixar que assinem.

— Eu adoraria.

— Ok, — Bobby disse feliz. — Você pode assinar depois da Carly. E depois de Cole.

— Uhum, eu vejo onde eu estou na lista, — ela provocou.

— Penelope, posso falar contigo por um segundo? Lá fora. — A voz de Cole era grosseira.

Oh-oh.

— Claro, — ela disse, sorrindo para ele. Ele não sorriu de volta.

— Bob, você pode se manter ocupado assistindo TV por alguns minutos? — Cole perguntou.

— Definitivamente, — Bobby disse, a atenção já voltada para a televisão. — Eles têm sorvete aqui?

— Eu acho que não, mas vou ver o que posso fazer.

— Obrigado pelos balões, Penelope! — Bobby gritou quando ela saiu do quarto.

Ela se virou para encarar Cole enquanto ele a seguia, mas ele balançou a cabeça.

— Aqui não. Eu preciso de ar.

A caminhada até o elevador foi silenciosa. Como foi o caminho para baixo.

Não foi até que eles saíram para o sol quente, que ele falou.

— Eu disse a você para não vir.

Os passos dela falharam com o tom duro dele, e ela virou-se para enfrentá-lo.

— Eu sei, — ela disse calmamente. — Eu só não queria que você ficasse sozinho.

— Você está brincando comigo, Penelope? É ele quem não deveria estar sozinho, — Cole disse com raiva. — Eu deveria ter estado lá.

Ela sabia que isso estava vindo, mas a raiva no tom dele ainda machucou.

— Não é sua culpa, — ela disse calmamente.

Ele a ignorou.

— Você sabe o que ele me disse quando eu perguntei por que ele saiu da calçada quando havia um sinal para não atravessar?

Penelope balançou a cabeça.

— Ele disse que eu faço isso o tempo todo, — Cole disse, os olhos dele loucos. — Que eu nunca espero que o sinal de trânsito indique que está ok para atravessar, então por que ele deveria?

— Cole...

— Vamos recapitular, está bem? — Disse ele, voz mais alta. — Meu irmão se espelha em mim em tudo, e eu o ensino a fazer travessia imprudente. E então, no único dia da semana em que eu deveria estar lá para ele, eu estou na porra de um jogo de beisebol com uma...

Penelope estreitou os olhos.

— Com uma o quê?

— Uma mulher, — ele disse.

Penelope inalou. Ela não estava exatamente amando o tom dele. Ainda assim, o cara estava tendo um dia muito ruim. Ele precisava de paciência, não para ela ficar toda diva com ele.

Cole fechou os olhos brevemente.

— Eu nunca deveria ter cancelado com Bobby.

Ela deu um passo para mais perto e estendeu a mão. Ele recuou, o que machucou ainda mais do que suas palavras afiadas, mas ela deixou isso para lá.

Isso não era sobre ela.

— Eu estaria sentindo o mesmo se eu estivesse no seu lugar, — Penelope disse calmamente. — Mas, eu não seria uma amiga boa se não te dissesse que a culpa não é sua. Você dá o seu melhor pelo Bobby, mas não pode colocá-lo numa bolha. Você não pode estar lá a cada segundo de cada dia.

— Sim, mas...

Ela pressionou.

— E se isso tivesse acontecido numa manhã de terça-feira? Ou uma quinta-feira à noite? E se ele tivesse decidido que a Carly precisava de flores à meia-noite de segunda-feira? O fato de que isso aconteceu no domingo é uma coincidência, Cole.

— Talvez, — ele concedeu. — Mas, Penelope, ele está lá em cima com a perna em gesso, e tem hematomas para cima e para baixo no tronco, e...

— E ele está bem. — Ela encontrou a mão dele e apertou. — Eu não estou minimizando o que aconteceu, mas ele está bem, Cole. E nós vamos falar com ele sobre atravessar a rua, e vamos ter mais cuidado com...

Cole recuou, tirando a mão da dela.

— Nós?

Penelope vacilou.

— Bem, eu quero dizer, eu não quero me inserir, mas eu me importo com Bobby também...

Ele riu.

— Hoje é a segunda vez que conheceu o cara, Penelope. Ele despejando sua pipoca em cima de você num jogo de basebol dificilmente te faz parte da família.

Ela soprou um fôlego.

— Uau.

Suas palavras doem; ela suspeitava que ele queria que machucassem, mas mais uma vez ela tentou lembrar que Cole não estava sendo ele mesmo.

— Eu não estou tentando me inserir na sua família, — ela disse.

— E ainda assim você veio, quando eu te pedi especificamente para não fazer isso.

Penelope levantou as palmas das mãos para os lados dela e então as deixou cair.

— O que está acontecendo aqui, Cole? Estou tendo dificuldade em ver meu crime. Eu trouxe balões para Bobby, que ele adorou. Eu vim para estar aqui para você...

Ele a cortou.

— Não preciso que esteja aqui para mim. Eu nem sequer... nós nem sequer somos...

— Nem sequer somos o quê?

— Não estamos juntos, — ele disse calmamente.

Certo. Havia isso.

— Não oficialmente, — ela disse, — mas eu pensei que... as coisas pareciam estar mudando entre nós...

Ele balançou a cabeça e cortou-a.

— Você fez uma promessa, Penelope. Eu também. Isso nunca foi feito para ficar sério, e é esse o porquê.

— Com esse o porquê, você quer dizer a chance de seu irmão ser atropelado por um táxi enquanto estávamos em um jogo dos Yankees? É por isso que você prometeu que não se apaixonaria por mim?

— Zombe o quanto quiser, mas ele é tudo o que eu tenho, — Cole disse.

— Ele não é, — Penelope respondeu antes de pensar melhor. — Ele não é tudo o que você tem. Você tem amigos, e colegas, e eu. Você me tem, Cole. Você pode não gostar que eu esteja aqui, mas isso não muda o fato de que eu vim por você, e que eu faria tudo de novo.

Seus olhos estavam brancos, sua expressão não mostrava nada.

— Eu não pedi por nada disso.

Penelope o ignorou.

— Além do mais, se isso vale alguma coisa, você também não é tudo o que Bobby tem. Ele te ama como um louco, Cole, mas, honestamente, eu me pergunto se ele não é melhor ajustado do que você, porque ele parece muito bem com o fato de que vocês dois podem ser irmãos e ter suas próprias vidas.

Desta vez os olhos dele cintilaram para a vida, e quando eles se prenderam nos dela, eles estavam cheios de raiva.

— Ei, aqui vai uma ideia, Penelope. Você tem uma irmã, certo? Que tal esperarmos até que ela esteja no hospital, e então podemos conversar um pouco. Melhor ainda, certifique-se de que ela esteja totalmente dependente de você, e que o bem-estar dela está em seus ombros, e então venha me encontrar.

Isso não estava indo bem.

— Você quer que eu vá embora?

Ele não hesitou.

— Sim.

Não foi menos do que ela esperava, dado o seu humor atual, mas aí.

— Ok, — ela disse. — Se você precisar de alguma coisa, eu...

— Não precisarei.

Ela encontrou os olhos dele firmemente. — Me diga que você não está fazendo isso, Cole. Me diga que você não é aquele cara que fica todo Jekyll-e-Hyde quando algo inesperado acontece.

O rosto dele se contorceu por um momento antes dele colocar uma mão sobre ele, cobrindo a maioria de suas feições enquanto respirava fundo.

— Desculpe, Penelope. Eu sou.

Ela deu um passo à frente, colocando os braços ao redor dele, o abraço um pouco estranho porque ela ainda estava usando o boné dos Yankees.

Ele endureceu, e embora não tenha a afastado, ele não exatamente retribuiu o abraço dela.

— Eu deveria voltar, — ele disse com a voz grossa.

Penelope recuou um pouco, deixando os braços dela caírem de volta para os lados e tentando não se sentir humilhada pelo abraço unilateral.

— Ok.

Ele começou a virar as costas e então pausou, hesitando antes de encontrar os olhos dela.

— Acredite ou não, eu percebo que estou agindo como um idiota. Eu só... eu não posso fazer isso agora. Sempre foi só eu e Bobby, mesmo quando meus pais estavam vivos, e eu não sei o que eu faria sem ele. Ou ele sem mim. Ele tem que vir primeiro.

— Eu entendo. — Ela conseguiu manter a voz firme. — Você só está percebendo isso agora?

Ele hesitou.

— Eu sempre soube, mas ultimamente... você fez com que fosse fácil esquecer, Penelope.

A declaração teria aquecido o coração dela se não tivesse sido dita enquanto ele se preparava para se afastar dela.

Ela tentou mais uma vez.

— Seu coração é maior do que você pensa, Cole. Há espaço para mim e Bobby. E Cole, você tem que saber que...

Eu te amo.

Ela abriu a boca para dizer, mas vacilou quando ele deu mais um passo atrás.

— Não, Penelope.

— Cole...

Ele virou as costas.

— Nos vemos por aí, Pope.

Penelope estava enraizada no local enquanto ela observava seu corpo magro voltar ao hospital.

Nos vemos por aí, Pope.

Ele estava falando sério?

Nos vemos por aí, Pope.

De repente, ela ficou tão feliz por não ter dito as palavras que estava prestes a dizer.


Capítulo 27

— Não acredito que vocês vieram de Chicago, — disse Penelope com a boca cheia de "Cool Ranch Doritos".

— Oh, querida. Nós somos sua família. — Como se estivesse pontuando esse ponto, sua mãe pegou o saco de salgadinhos e o substituiu por uma tigela de cenouras.

Penelope ignorou as cenouras, optando em vez disso por puxar uma almofada sobre o peito e se encolher de volta contra o sofá.

Sua irmã saiu da cozinha e lhe entregou uma cerveja antes de sentar na mesa de café para que ela pudesse estudar Penelope.

Foi assim por dois dias, Penelope passando pelos movimentos da vida enquanto sua mãe e irmã se alternavam entre a alimentar com cerveja e cenouras e a observar como se ela pudesse quebrar a qualquer momento.

E ela pode quebrar. Talvez ela quebre.

— Obrigada por terem vindo, — ela disse calmamente.

— Pelo amor, — Janie disse, estendendo a mão para apertar o braço de Penelope. — Você achou que nós duas não íamos pular em um avião assim que você nos ligou? Você acha que não precisávamos praticamente algemar o pai ao seu La-Z-Boy para impedi-lo de ir atrás de Cole com uma espingarda?

Penelope deu um pequeno sorriso ao pensar que seu gentil pai estava até mesmo batendo em uma mosca. Ele não tinha conseguido vir com a mãe e a irmã dela por causa do trabalho, mas ele ligava para ela duas vezes ao dia, tentando distraí-la com todas as trivialidades esportivas possíveis no planeta. Ela sabia de todos os fatos antes que ele o dissesse, é claro, mas a distração era bem-vinda mesmo assim.

Qualquer coisa para não chorar novamente.

Penelope tinha feito todo o caminho de casa do hospital no domingo sem derramar uma lágrima.

Mas, uma vez dentro da segurança de seu apartamento? Cachoeiras. As lágrimas eram quentes e furiosas, e só pararam por volta das 4:00 da manhã de segunda-feira, altura em que ela mandou uma mensagem à irmã.

Na segunda-feira à noite, sua mãe e irmã haviam pousado em Nova York em modo de mãe protetora/guerreira.

Agora, era quarta-feira à noite, e as lágrimas tinham se tornado mais intermitentes, embora ela tivesse tido um colapso no banheiro das mulheres no trabalho hoje. Jo, a doce recepcionista de Oxford, tinha acariciado pacientemente seu cabelo antes de pegar um pacote de gelo para os olhos inchados e vergonhosos de Penelope.

Não tinha funcionado. Penelope tinha certeza que Lincoln e Jake perceberam. Cassidy também.

Quanto a Cole...

Ela não o tinha visto. Não desde a despedida com o Nos vemos por aí, Pope.

Ele tinha tirado uma semana de folga para ajudar Bobby, mas voltaria na segunda-feira. Penelope estava contando os dias, metade com medo, metade com esperança de que ele aparecesse e seria como se a briga deles nunca tivesse acontecido.

— Nenhuma notícia dele? — Janie perguntou, tirando a cerveja de Penelope da mão dela e tomando um gole.

Ela balançou a cabeça.

— Não. Você acha que eu deveria ligar para ele?

— Absolutamente não, — a mãe dela disse. — A bola está no campo dele. Ele é o maior tolo aqui.

Janie acenou com a cabeça.

— Eu não estou dizendo que ele não tem um pouco de liberdade por causa do que aconteceu com o irmão, mas ele ainda te deve um pedido de desculpas. E ele precisa iniciar isso.

Penelope olhou cegamente para o aquário, onde Edgar nadou em círculos sem rumo.

— Isso seria muito bom se não trabalhássemos juntos. O que eu devo fazer quando ele aparecer na segunda-feira?

— Bem, uma coisa é certa, você tem que estar fabulosa, — a mãe dela disse. — O que me lembra, eu quero te levar às compras. Seu armário é oitenta por cento de roupas esportivas.

Roupas esportivas?

Penelope e Janie trocaram um olhar cansado. A mãe delas não era superficial - nem um pouco. Mas, Lydia Pope era definitivamente da opinião de que um batom fúcsia bonito poderia resolver a maioria dos problemas do mundo.

— Tenho certeza de que Cole se importa com muito mais coisas do que a aparência de Penelope, — disse Janie gentilmente.

— Bem, claro que sim, — Lydia disse, indignada. — Mas, isso não significa que não devemos mostrar as pernas dela. Talvez pegar um sutiã que levanta tudo... lembrá-lo exatamente do que ele expulsou da cama.

— Mãe, eeeca, — Janie disse.

— Você tem uma ideia melhor? — Lydia perguntou.

— Na verdade, sim, — Janie disse, entregando a Penelope sua cerveja de volta. — Você vai agir como se nada tivesse acontecido.

— Não consigo, — Penelope disse de forma triste. — Sou uma atriz horrível.

— Bem, isso é verdade, querida. O que me lembra, você se importaria se eu colocasse um vídeo daquela vez que você interpretou o Leão Covarde em O Mágico de Oz e então perseguiu sua cauda, porque você achou que estava em chamas?

— Mãe, — Janie e Penelope disseram ao mesmo tempo.

— O quê? É fofo! E vocês duas me baniram das fotos nuas. Eu preciso de algo para postar no Facebook. Meus fãs estão contando comigo.

— Você sabe que eles são amigos, certo? Não fãs?

— Os meus são ambos, — disse Lydia teimosamente. — Eu tenho seguidores. Eles dependem de mim para entretenimento.

— Eu disse que estava feliz por você ter vindo para Nova York? — Penelope perguntou brincando. — Porque eu mudei de ideia.

— Bem, ou é o vídeo do leão, ou eu poderia colocar o do show de talentos do quarto ano, onde você...

Penelope foi salva de ter que ouvir sua mãe recontar uma performance desastrosa de Leader Of The Pack pelo zumbido de seu interfone.

— Credo, — disse Janie, olhando para a caixa de aparência antiga fazendo o barulho. — Eles ainda têm isso?

— É um prédio antigo, — disse Penelope, arrastando-se do sofá. — Espero que seja a pizza.

A mãe dela fez um barulho de consternação. — Pizza. Pensei que tínhamos combinado que eu faria uma bela salada...

— Mãe, sou vegetariana e até eu sei que a salada não é comida de conforto, — disse Janie. — Nós pedimos uma pizza enquanto você estava no banheiro enrolando seu cabelo. De novo.

— Oi? — Penelope perguntou, apertando o botão.

— Penelope, querida. Como você está?

Ela franziu a testa com a voz familiar.

— Lincoln?

— Acertou. Posso subir?

— Quem é Lincoln? — Lydia perguntou a Janie.

— Não sei, — disse Janie. — Espero que estejamos prestes a descobrir. Ele soa sexy.

— Você é casada, — Penelope atirou sobre o ombro para a irmã dela. — Embora, se você acha que ele soa sexy, veja isso...

— Pode subir, — ela disse a Lincoln, abrindo a porta do prédio para ele.

— Ver o quê? — Janie perguntou.

— Espere, — Penelope disse, indo até a porta da frente e ficando na ponta dos dedos do pé para olhar pelo olho mágico.

Ela sorriu em antecipação quando viu o rosto dolorosamente bonito de Lincoln aparecer do outro lado da porta. Por que ela não pode ter se apaixonado por esse? Bonito, e pouco provável de se despedir de uma mulher com um Nos vemos por aí, Pope.

Penelope abriu a porta antes que ele pudesse bater, então deu um passo atrás para deixar a mãe e a irmã dela receberem o impacto total da boa aparência de Lincoln Mathis.

— Uau, — Janie disse.

— Ai meu Deus, — a mãe delas respirou.

Penelope sorriu.

— Lincoln, conheça minha irmã, Janie, e minha mãe, Lydia.

As sobrancelhas de Lincoln levantaram.

— Eu teria pensado que ambas são suas irmãs.

Penelope revirou os olhos para a cantada muito usada, mas Lydia colocou uma mão sobre o peito e soltou uma risadinha que Penelope não tinha ouvido... nunca.

— Eu não sabia que sua família estava na cidade, — Lincoln disse, apertando as mãos das duas mulheres. — Mal educação minha me intrometer assim.

— Oh, você não está se intrometendo, — Janie disse em uma voz sem fôlego.

Penelope fechou a porta.

— Você não está, — ela confirmou para Lincoln. — Elas vieram para oferecer apoio moral na consequência de seu melhor amigo ser um idiota total.

Lincoln se encolheu.

— Eu pensei que era algo assim. Embora ele não esteja retornando nenhuma de nossas ligações. Jake disse que seu irmão havia sofrido um acidente, mas nenhum de nós pode obter detalhes.

Penelope estudou Lincoln. Viu a preocupação pelo seu amigo que não estava bem disfarçada pelo sorriso sempre presente de Lincoln.

— O irmão dele está bem, — disse ela, apesar de não ser novidade para ela contar. — Ele está machucado e está com uma perna quebrada, mas poderia ter sido muito pior.

Lincoln deu um suspiro de alívio.

— Obrigado por me contar. Não sei o porquê aquele idiota acha que tem que manter segredos...

Penelope sorriu gentilmente.

— Certo. Por que você é um livro aberto, humm?

A cabeça de Lincoln se levantou ligeiramente, e seus olhos azuis ergueram barreiras enquanto ele a estudava.

Sim. Lincoln Mathis definitivamente tinha segredos. Que eram muito mais escuros do que Cole ser superprotetor do irmão.

Ela suspirou interiormente. Homens e seus segredos.

Janie e sua mãe ainda estavam olhando para Lincoln.

— Você veio para saber sobre seu amigo? — Janie disse. — Agora isso é um bromance legítimo.

Ele piscou para Janie.

— Na verdade, minha preocupação é mais com o irmão dele e Penelope. No que me diz respeito, Cole está sendo um idiota.

— Isso é verdade, — Penelope murmurou.

Ele virou-se para enfrentá-la, os olhos dele se agitando.

— O que aconteceu?

Ela deu nos ombros.

— A mesma coisa que os caras sempre fazem. Ele me empurrou para longe quando eu cheguei muito perto.

— Idiota.

Ela deu um sorriso fraco.

— Totalmente.

— Você já bolou seu plano?

— Na-não, — Janie disse, dando um passo à frente. — Penelope não é quem precisa de um plano. Foi ele quem estragou tudo.

— Eu sei disso, querida, — Lincoln respondeu suavemente. — Mas, Cole é... bem, um cara. Se quisermos que ele volte à razão, vamos precisar ter cuidado. Tomar conta disso certo, sabe?

— No que está pensando? — A mãe de Penelope perguntou, cruzando os braços sobre o peito e dando a Lincoln um olhar suspeito.

Penelope sorriu. Aparentemente, até mesmo a boa aparência de Lincoln não foi suficiente para afastar a ferocidade de uma mãe felina protegendo seu filhote ferido.

Lincoln nunca tirou os olhos de Penelope. — Bem, tudo depende de Penelope.

O sorriso dela sumiu com a seriedade estranha com o olhar dele.

— Como assim, depende de mim?

— É simples, amor. Antes mesmo de darmos um passo em frente, preciso de saber uma coisa. Você o ama o suficiente para querê-lo de volta, mesmo que ele tenha sido um completo tolo?

Penelope puxou uma respiração, a franqueza da pergunta lhe tirou a respiração ligeiramente.

Por um lado, o peito dela literalmente doía toda vez que ela se lembrava do quanto tinha machucado quando ele a empurrou para longe. Ao lembrar a planura dos olhos dele, e a facilidade com que ele podia jogar fora tudo o que eles tinham, a segunda vida ficou um pouco difícil.

Por outro lado...

Uma montagem de Cole passou pela mente dela. Ele comprando aquele maldito boné dos Mets para ela. A maneira como ele morreria por seu irmão. A maneira como ele amava seu trabalho, mas nunca deixaria que isso governasse sua vida como Evan tinha feito.

A maneira como ele olhou para ela como se ela fosse tudo.

A maneira como ele a queria, exatamente como ela era. A maneira como ele tinha visto o que ninguém mais tinha visto.

Ele tinha visto ela.

Ele queria ela.

E embora o idiota teimoso pudesse não estar pronto para admitir isso, ele se importava com ela. Ela tinha certeza.

— Sim, — ela disse calmamente. — É claro que eu o amo o suficiente para querer ele de volta.

— Excelente, — Lincoln disse com um grande sorriso que fez a mãe e a irmã dela suspirarem de novo enquanto ele tirava o casaco do terno dele. — Então, é assim que eu acho que vamos ter que agir...


Capítulo 28

TRÊS SEMANAS DEPOIS

— Ei, segure a porta, por favor!

Cole meio que correu os últimos dois passos para o elevador, assim que uma mão deslizou entre as portas se fechando, acionando os sensores para que a porta abrisse novamente.

— Obrigado, — disse ele ao entrar no elevador. Seu sorriso congelou na metade do caminho até a formação quando ele viu quem tinha segurado a porta para ele.

— Ei, Cole!

— Penelope. — Ele forçou o sorriso dele a completar, nem que fosse para igualar a felicidade casual dela. Era o que eles faziam agora. Um monte de coisas forçadas. Pelo menos da parte dele.

Passou quase um mês desde o dia do acidente de Bobby. Três semanas e meia desde que ele a beijou pela última vez. A segurou.

Teria sido mais fácil se ela lhe tivesse ignorado. Se ela tivesse ficado toda fria e distante. É o que qualquer outra mulher que ele conhecia teria feito.

Mas, Penelope não era igual todas as outras mulheres.

Ele não sabia se era porque eles tinham que trabalhar juntos, ou se era porque ela era ridiculamente decente, mas ela era tão amigável com ele agora quanto era desde o primeiro dia em que o conheceu.

É claro que havia pequenas diferenças.

Ela não encontrava mais os olhos dele. Claro, ela fazia quase isso - ele tinha certeza de que as outras pessoas não notariam como os olhos dela paravam logo abaixo dos deles, meio que timidamente, quando estavam conversando uns com os outros em uma reunião.

Mas, ele percebeu. Ele sentiu.

Ela também não o tocava. Nunca.

Ela brincava com Lincoln dando soquinhos no braço dele, ou batia na mão de Jake, mas ela ficava longe de Cole.

Mas, ela ainda o cumprimentava todas as manhãs. Ainda aparecia no escritório dele inesperadamente, até mesmo o convidou para almoçar algumas vezes. Ou, como agora, ela estava conversando sobre sua próxima reunião com a equipe da Web como se nada tivesse acontecido entre eles.

Como se não tivessem sido amantes. Como se ele não a tivesse deixado impiedosamente na calçada de Manhattan, do lado de fora de um maldito hospital.

— Cole?

— Sim.

Ela deu a ele um sorriso confuso.

— Você ouviu alguma coisa que eu disse?

— Desculpe, — ele disse, limpando a garganta. — Acho que eu estava distraído.

Ela assentiu com a cabeça, entendendo como sempre.

— Como vão as coisas? Bobby ainda está se recuperando?

Merda, pequena, pare de ser tão doce depois que eu te tratei como lixo.

— Sim, ele está bem, — Cole respondeu. — As contusões desapareceram quase completamente. O gesso o atrasa um pouco, mas ele pegou o jeito das muletas. E acontece que a sua nova amada tem sido uma enfermeira muito cuidadosa.

Penelope sorriu.

— Carly?

— Sim. Ela é doce.

Estava na ponta da língua dele sugerir que Penelope deveria conhecê-la algum dia, mas é claro que ela não faria isso.

E de quem é a culpa, cuzão? Cole mal vacilou enquanto o subconsciente dele o repreendia. Ele se acostumou com isso.

O elevador abriu no andar deles e Cole se afastou para que Penelope pudesse sair primeiro.

Eles caminharam lado a lado em direção aos seus respectivos escritórios, juntos, mas não.

A separação fez com que todas as partes de Cole doessem, e ele não tinha a menor idéia do que fazer a respeito.

— Ei, Penelope.

Ela pausou quando destrancou a porta do escritório e olhou para cima.

— Humm?

Eu sinto sua falta. Eu quero você de volta. Eu sinto muito.

— Você acha que poderia me mandar um e-mail com as maquetes em que você está trabalhando? Elas são melhores que as minhas, então eu acho que deveríamos enviar as suas para a reunião de hoje.

— Claro. — Ela mostrou-lhe outro sorriso fácil e entrou no escritório, fechando a porta, silenciosamente, atrás dela.

Cole ficou ali por vários segundos, olhando para a porta dela, querendo entrar, mas sem saber o que dizer.

Lincoln apareceu ao lado dele, mastigando uma de suas nojentas barras energéticas.

— Isso está ficando patético, cara.

— Cala a boca, — Cole rosnou, meio caminhando, meio marchando em direção ao seu próprio escritório.

Lincoln, sendo Lincoln, não pegou a dica e andou ao lado dele.

— Ninguém te culpa por ter estragado tudo. Quero dizer, todos nós esperávamos isso.

— Ah, bom, outra conversa animada, — Cole disse. Ele tentou fechar a porta do escritório na cara de Lincoln, mas o amigo dele a abriu novamente e se sentou confortavelmente na cadeira de convidado de Cole enquanto Cole tirava o laptop da bolsa.

— Você quer falar sobre isso? — Lincoln perguntou.

— Não, — disse Cole, encaixando seu laptop em sua estação de ancoragem. — Não queria falar sobre isso ontem. Ou no dia anterior. Ou na semana passada. Não quero falar sobre isso agora.

— Sem problemas, cara, eu entendi totalmente, — Lincoln disse. — Eu também não gosto de falar sobre meus problemas com mulheres.

— Obrigado, — disse Cole, se ajeitando na cadeira dele e tomando um gole de seu café.

— Exceto que...

Jesus Cristo.

— Não tenho problemas com mulheres, — disse Lincoln. — Então...

— Sim, como é isso? — Cole perguntou, estreitando os olhos para o outro homem. — Você já namorou cinco vezes o número de mulheres que eu...

— Mais como dez, — Lincoln interrompeu.

— ...e mesmo assim você não tem uma única ex amarga, e eu nunca te vi nem um pouquinho incomodado por nada feminino.

Lincoln estendeu as mãos para os lados.

— Engula, Sharpe. Isso é um dom.

— Tanto faz, — Cole murmurou enquanto clicava para abrir o e-mail.

Lincoln se inclinou para frente.

— Me dê uma dica. Foi por que ela finalmente admitiu que eu era o melhor beijador? Foi o fato de que você acha que hambúrgueres contam como jantar? Cara, você não traiu ela, né?

— Eu não traí, — Cole disse. — E por que você acha que a culpa foi minha?

— E não foi?

Cole suspirou e desistiu de fingir fazer qualquer trabalho enquanto Lincoln ainda estava falando com ele.

— Sim.

— Agora estamos chegando em algum lugar, — Lincoln disse. — E isso é realmente uma boa notícia.

Cole deu uma olhada nele. Nada sobre ele e Penelope agindo como estranhos um com o outro era uma boa notícia.

— Não, é, — Lincoln insistiu. — Se foi você quem fez asneira, a bola está no seu campo. Você tem uma chance de consertar as coisas.

Cole desviou o olhar.

— Sharpe. Você quer consertar as coisas?

— Não é assim tão simples.

— Claro, claro, — Lincoln disse com um aceno exagerado. — Eu tenho certeza que é muito complicado. Me explica?

Cole brincou com o mouse do computador. Havia uma maneira boa de dizer ao seu amigo que você surtou? Que você percebeu que amar alguém era difícil, e não tinha certeza se seu coração poderia lidar com as partes mais difíceis?

No momento em que ele ouviu que Bobby tinha sofrido um acidente, toda a vida de Cole parou e então virou de cabeça para baixo. O que aconteceria se ele se deixasse amar outra pessoa tanto quanto amava Bobby?

— Ainda esperando, — Lincoln sussurrou.

— A questão é, Mathis, — Cole disse lentamente. — Todo mundo age como se o momento em que você percebe que está apaixonado fosse o grande momento que diz te peguei. Mas, há realmente um momento depois disso... aquele em que você percebe que pode perder a pessoa que ama.

Lincoln não disse nada, e Cole olhou para cima, surpreso com o silêncio incaracterístico de seu amigo.

Lincoln tinha ficado rígido, seus olhos completamente vazios. Ele parecia um pouco como se alguém o tivesse esfaqueado no peito.

Cole franziu a sobrancelha em preocupação.

— Ei. Você está bem?

Lincoln balançou a cabeça levemente, e Cole observou enquanto os olhos dele entraram em foto, a mente dele obviamente voltando de qualquer lugar escuro para onde tivesse ido.

— Sim, eu estou bem. — A voz de Lincoln não tinha nenhuma de suas energias usuais enquanto ele se levantava abruptamente. — Mas, eu entendo. Toda essa coisa de amar e perder alguém. É um grande risco. Nada de palestras aqui.

— Espere, Mathis. Ei! Lincoln! — Cole gritou para o amigo, mas Lincoln já tinha ido embora. — O que foi isso? — Cole murmurou. Ele pensou em ir atrás de seu amigo, mas seu instinto lhe disse que Lincoln não tinha nada a dizer sobre o assunto, pelo menos ainda não.

Além disso, talvez agora eles pudessem chegar a um entendimento.

Deixe os cães adormecidos dormindo quando os cães envolvem mulheres.

Ou algo assim.

Cole tinha finalmente voltado sua atenção para sua caixa de entrada quando Cassidy ligou. Depois que eles se cumprimentaram, houve uma pausa. Então Cassidy disse:

— Você não ouviu isso de mim.

— Ok?

Houve outra pausa, mais longa dessa vez, e Cole revirou os olhos.

— Cassidy, agora eu não estou ouvindo nada mesmo.

— Todd Kolb está no escritório hoje.

— Bem, merda, Cassidy, — Cole disse. — A NSA sabe? Devemos chamar a CIA?

Todd Kolb era um tipo fresco, rabugento, figurão de uma loja de artigos esportivos principal que, frequentemente, anunciava na Oxford. Todd tendia a pensar que ser uma das maiores contas o intitulava a ficar no escritório sempre que quisesse. O cara poderia ser um estranho desajeitado, mas era inofensivo.

— Sim, bem... você ouviu que o tio dele acabou de comprar os New York Rangers?

— Que tipo de editor de esportes sênior eu seria se não soubesse disso?

— Coeditor de esportes, — Cassidy corrigiu. — E é meio que por isso que estou ligando...

— Em vez de fazer uma caminhada de 15 segundos até ao meu escritório?

— Sim, bem, não queria estar ao alcance de fogo quando eu te dizer isso...

Os olhos de Cole se estreitaram.

— Me dizer o quê?

— Todd Kolb vai levar Penelope ao jogo dos Rangers hoje à noite. E um jantar tarde depois disso. Parece que eles estão meio que... namorando.

Os ouvidos de Cole zumbiram.

— Pera, repete isso?

— Não. Eu não estou repetindo. Nem queria dizer isso da primeira vez. Só... Merda, Cole, arrume essa bagunça.

A linha ficou muda no ouvido de Cole e ele lentamente colocou o telefone de volta no lugar.

Deixe ela ir, ele disse a si mesmo.

Penelope merecia a felicidade, e se a felicidade viesse nos braços de outro homem...

— Não. Não vai acontecer. — Cole levantou tão rápido que sua cadeira virou para trás, mas ele não parou para arrumá-la.

Ele tinha uma mulher para reconquistar.


Capítulo 29

Cole chegou até ao escritório da Penelope antes de perceber que não tinha um plano.

O que teria sido bom se ele tivesse parado antes de abrir a porta, mas não - ele tinha ido abrir a porta sem um único pensamento sobre o que ele ia dizer ou fazer.

O resultado?

Dois pares de olhos muito assustados olhando para ele.

Um par de olhos - os grandes olhos marrons - em que ele poderia se afogar. Com prazer.

O outro...

O Cole concentrou toda a sua atenção no outro homem na sala.

— Kolb.

— Ei, Sharpe! — Todd Kolb estava atrás de Penelope, uma mão na mesa dela, a outra nas costas da cadeira, enquanto ambos olhavam para algo na tela do computador dela.

Seja porque ele sentiu o olhar fatal de Cole ou por causa de bons modos enraizados, Todd deixou o lado de Penelope para apertar a mão de Cole.

Cole talvez tenha apertado mais do que o necessário. Foi um movimento clichê. Totalmente patético.

E, absolutamente, inevitável.

Cole não gostava desse homem. Ele tinha acabado de decidir. Não gostava do seu cabelo avermelhado. Não gostava dos óculos de filhinho de papai. E a gravata dele era da cor de merda.

Penelope não namoraria com um homem usando uma gravata de merda.

Ela namoraria?

— Então, o que está acontecendo aqui? — Perguntou Cole. Ele tentou manter sua voz casual e curiosa, mas definitivamente pareceu sair vagamente predatória, e ele podia ver pelo sutil revirar de olhos de Penelope que ela notou.

— Todd estava me guiando através de alguns dos jogadores para o jogo de hoje à noite. Você sabia que o tio dele é dono...

— Sim, eu sei, — Cole disse com raiva.

Honestamente, por que todo mundo achava que ele não sabia disso? Era um insulto.

— Da próxima vez que eu conseguir ingressos, é a sua vez, — Todd disse a Cole, fazendo um trabalho admirável de parecer apologético. — Eu só pensei, já que Penelope é nova na cidade e ainda não foi a um jogo...

— Sim, isso é ótimo, — disse Cole. — Soa legal. Mas, na verdade, Penelope e eu temos uma reunião que deveria ter começado há cinco minutos atrás, então...

— Ah. Claro. — Todd parecia um pouco surpreso, mas então deu um pequeno encolhimento de ombros como se ele não estivesse nem um pouco preocupado em deixar a mulher que ele estava namorando sozinha com Cole Sharpe.

Errado, cara. Você deveria estar preocupado. Muito preocupado.

Cole, praticamente, enfiou o sapato na bunda de Todd em um esforço para empurrar o outro homem pela porta, e então fechou com mais força do que o necessário.

Então ele se virou, para encontrar Penelope...

Escrevendo no computador dela.

Diabos, ela nem estava olhando para ele.

— Desculpe se eu estava atrasada para uma reunião, — ela disse, sem olhar para cima. — Eu não tinha nada no meu calendário, mas o Outlook tem sido tão estranho para mim ultimamente. Você já notou...

Cole ignorou tudo isso, atravessando a sala em tempo recorde, movendo-se para o lado de Penelope da mesa e girando sua cadeira para enfrentá-lo.

Exceto que isso colocou o rosto dela nivelado com a virilha dele, o que foi legal, mas não exatamente apropriado para o momento, então Cole lentamente se inclinou para baixo, suas mãos em ambos os lados dela contra a mesa enquanto ele a enjaulava.

— Cole? — Ela manteve seus ombros eretos como se não estivesse afetada, mas sua voz tinha ficado sem fôlego.

Um bom sinal. Definitivamente.

Ele queria dar palavras a ela. Todas as palavras. Mas, primeiro...

Cole não conseguiu evitar de abaixar a cabeça e pressionar os lábios na pele macia logo abaixo da mandíbula dela. A ponta da língua dele saiu e ele sentiu uma onda de triunfo quando ela tremeu.

— Me diga que você não vai vê-lo novamente, — ele disse, beijando o pescoço dela, mais devagar dessa vez.

— O quê? Quem?

Bom. Excelente. Ela nem se lembrava do nome de Kolb.

— Todd Kolb.

Cole gentilmente roçou os dentes contra o pescoço dela e ela arfou.

— Ah, mas... eu realmente quero ir ao jogo.

— Eu vou te levar ao jogo, — ele sussurrou.

Ela riu suavemente.

— Eu não acho que seja uma boa ideia.

O estômago dele se revirou e ele levantou a cabeça ligeiramente.

— Por causa do seu novo namorado?

O nariz dela franziu.

— Que novo namorado?

— Não brinque comigo, Penelope.

— Quando eu brinquei com você? Eu nem sei como.

Bom ponto. Ela era do tipo honesta.

— Todd Kolb, — ele disse. — Você não está namorando com ele?

— Namorando com ele? Eu nem sequer o conheço.

Cole franziu a testa. — O quê?

— Eu acabei de conhecê-lo há uns dez minutos atrás, — Penelope respondeu. — Cassidy nos apresentou porque pensou que eu poderia gostar de ir ao jogo...

— Mas, Cassidy me disse... — Cole parou de falar quando os pedaços se encaixaram enquanto ele se endireitava.

Ah, inferno. Ele tinha sido completamente enganado pelo seu chefe.

— Aquele bastardo, — ele murmurou.

— Quem? — Penelope perguntou.

— Vamos apenas dizer que Cassidy sabia exatamente quais botões apertar, — ele disse, sentindo-se tolo.

Ela fez sinal para ele recuar.

— Se mova, você está me fazendo esticar meu pescoço.

— Você estica seu pescoço até mesmo quando estamos os dois de pé, Pequena.

— Verdade, — ela disse enquanto se levantou. — Mas, pelo menos quando eu estou de pé eu não me sinto tão cordeira para seu leão.

Qualquer confiança que Cole sentiu com a maneira que ela respondeu ao carinho no pescoço dela se evaporou quando ela olhou para ele com uma expressão fria.

Ele não conseguia dizer o que ela estava pensando. Ela parecia completamente calma.

Ela cruzou os braços e inclinou a cabeça.

— Você está bem? Você parece um pouco fora de si.

Ele deu uma pequena risada.

— Sim. Sim, estou fora de mim. Eu estive fora de mim por semanas.

— Bem, eu não sei porque você está irritado comigo sobre isso. Você terminou comigo...

— Eu não terminei com você.

— Hum, permita-me discordar. Eu fui ficar com você enquanto seu irmão estava no hospital, comprei balões, e você disse, e cito: "Nos vemos por aí, Pope.” Eu fui para casa e pesquisei no Google, porque eu pensei que poderia ser uma frase de O Poderoso Chefão, ou um filme de um cara qualquer. Mas, não. Apenas você sendo um idiota.

— Eu sei. Eu sei que fiz tudo isso, eu disse tudo isso. — Ele apertou os olhos. — Quais são as chances de fingirmos que aquele dia não aconteceu? Que eu não agi como um idiota?

— Ok.

Os olhos de Cole se abriram.

— Ok?

Não poderia ser tão fácil assim.

— Ok, — ela repetiu com um pequeno encolhimento. — Vamos dizer que eu te dou uma segunda chance. Vamos fingir que estamos de volta à calçada do lado de fora do hospital. O que você diz?

Ah. Porra.

— Hum.

Ela acenou com a cabeça.

— Bom começo.

Ele poderia fazer isso.

— Se eu tivesse uma segunda chance... — Ele limpou a garganta. — Eu te diria obrigado por ter vindo, é claro.

— É claro.

— E eu... Merda. É o seguinte, Pequena. Alguns meses atrás, eu te fiz uma promessa de que não me apaixonaria por você.

Ela acenou devagar com a cabeça.

Ele se aproximou.

— Eu vou ter que quebrar essa promessa.

A respiração de Penelope falhou, e ele levantou uma mão no rosto dela e se pressionou contra ela.

— Eu me apaixonei por você, Penelope. Sim, isso me assusta pra caramba. E sim, isso me fez surtar. Mas, agora, a minha cabeça está fora da minha bunda, e eu só quero... eu sou seu, Penelope. Se você me quiser. Irresistivelmente seu.

Ela olhou para ele, parecendo atordoada, e Cole sentiu o peito dele apertar.

Ele abaixou a cabeça por um segundo, tentando juntar o último pedaço de coragem, antes de olhar para os olhos dela. Tentou de novo.

— Eu amo você. É tudo o que tenho a dizer. Eu amo você.

Penelope ficou perfeitamente quieta enquanto os olhos dela procuravam o rosto dele, sem falar uma palavra, os traços dela não diziam nada.

Seja paciente. Seja paciente. Você a tratou horrivelmente, e ela vai precisar de tempo. Você não pode ir implorando...

— Por favor, diga alguma coisa, — disse ele.

Suave, Cole. Bom trabalho na coisa de não implorar.

Ela engoliu em seco e deixou cair os olhos para o queixo dele.

— Apenas tentando pensar na melhor maneira de te dizer que eu quebrei minha promessa há muito tempo atrás. Você é realmente um homem impossível de não se apaixonar.

Cole teve a mais estranha vontade de levantar o punho em triunfo, mas ao invés disso ele se contentou em puxá-la para mais perto.

— Isso é verdade?

Ela sorriu e ficou nas pontas dos pés enquanto beijava o queixo dele.

— É sim. E eu te amo.

Ele se curvou e beijou as bochechas dela.

— Diga de novo.

— De jeito nenhum, você diz de novo.

— Não até que você...

— Aqui está uma ideia, — veio uma voz masculina da porta. — Digam ao mesmo tempo. Então vocês dois ganham.

Cole olhou para cima e viu Lincoln se inclinando na entrada da porta, bebendo um smoothie. O olhar assombrado desapareceu do rosto de Lincoln, e agora ele usava um sorriso de merda.

— Você nunca bate na porta? — Perguntou Cole.

— Eu não sei, Jake, nós batemos nas portas? — Lincoln disse, levantando a voz e olhando para a esquerda. — Tenho certeza que não batemos.

Jake Malone entrou pela porta, viu Penelope nos braços de Cole, e sorriu.

— Você não tem ideia de quanto tempo eu esperei por esse momento, Sharpe. Toda a merda que você tem me dado no último ano, e...

Cassidy apareceu na entrada, seus olhos verdes e frios não diziam nada, mas pode ter havido apenas a menor inclinação ascendente de seus lábios.

Ele se inclinou para frente, sua mão encontrando a maçaneta da porta do escritório de Penelope.

— Sinto muito pelos meus editores de Relacionamentos e Viagens aqui, — Cassidy disse. — Vou dar um momento de privacidade para vocês...

— Espera, — disse Cole antes do Cassidy poder fechar a porta. — Eu tenho uma coisa para resolver com você, chefe. Você deliberadamente me deixou pensar...

— Nunca aconteceu, — disse Cassidy, fechando a porta com um barulho.

Ele abriu meio segundo depois, e Cassidy enfiou a cabeça pela fresta.

— Vocês se lembram que temos uma reunião da equipe em dez minutos, certo?

Cole já estava beijando Penelope, e acenou com uma mão sobre a cabeça dela. Saia.

A porta se fechou novamente, e Cole puxou Penelope para mais perto, aprofundando o beijo. Se ele só tivesse dez minutos, faria com que cada um deles contasse.

Penelope, no entanto, tinha outras ideias, porque ela o empurrou para trás depois de dois minutos.

— Espera. Isso quer dizer que não posso ir ao jogo com o Todd esta noite?

— Você tem outros planos, — disse Cole, passando as mãos por ela, só porque ele podia.

— O que eu devo dizer a ele? Eu já disse que estava disponível.

— Diga que houve uma mudança de planos e que você vai passar a noite nua, na minha casa.

— E se ele me chamar para ir mais tarde esta semana?

— Você estará ocupada também.

— E na próxima semana? — Perguntou ela, a voz estava um pouco exasperada.

Ele sorriu contra o pescoço dela.

— Vou deixar isso bem claro. Você vai ficar ocupada todas as noites. Para sempre. Comigo.

Ela recuou.

— Isso me parece um compromisso, Sr. Sharpe.

Ele sorriu.

— Parece mesmo, não é?

— Ok, mas eu estou pensando que eu deveria ter isso por escrito. Você é obviamente terrível em manter suas promessas, e...

Cole a cortou com um beijo. Penelope ainda não sabia, mas ele tinha certeza que ela estaria recebendo sua promessa na forma de algo brilhante e reluzente.

Digamos, seguindo a linha de um anel de diamantes...


Epilogo

— Ai meu Deus. Ai meu Deus, é ele. — Penelope bateu o punho contra os bíceps de Cole em excitação. — Eu pareço bem? Você tem batom?

Cole olhou para ela. — Você está brincando comigo, né?

Ela mal ouviu ele. Ela ficou de pé, olhando ao redor da multidão de repórteres para ver melhor. — Merda, eu queria ser mais alta. Posso subir nos seus ombros?

— Se você pensa por um segundo que eu vou te levantar nos meus ombros para que você possa olhar para outro homem...

— Mas, não é qualquer outro homem, — disse ela. — Jackson Burke. Só, tipo, o maior quarterback da história dos quarterbacks.

— Ex quarterback, — Cole corrigiu sob seu fôlego.

Ambos ficaram quietos por um momento, dois torcedores ávidos fazendo um momento de silêncio para o fim de uma lenda.

Há cinco dias, Cole e Penelope haviam viajado para o treinamento dos Redhawks. Era o sonho de um editor de esportes. Uma chance de entrevistar jogadores, treinadores, ver quem estava bem, quem tinha bebido algumas cervejas a mais fora da temporada...

No momento em que saíram do avião, os dois celulares explodiram de mensagens, e-mails e tweets.

Jackson Burke, o quarterback do Texas Redhawks e quatro vezes vencedor do Super Bowl, esteve envolvido em um acidente com vários carros a caminho de um jogo de treinamento.

Ninguém do Redhawks havia confirmado a extensão de sua lesão, mas havia rumores de que sua carreira no futebol havia terminado.

Mais rumores estavam circulando que ele tinha uma mulher, não sua esposa, no carro com ele.

Era uma bagunça que estava recebendo muita atenção - o fim de sua vida profissional ou a implosão de sua vida pessoal. Especialmente tendo em vista os rumores de seu estilo de vida de mulherengo nos últimos meses.

A multidão se dispersou o suficiente para que Penelope pudesse ter seu primeiro vislumbre de Jackson, e seu coração afundou ao perceber que os rumores provavelmente continham alguma verdade.

A tipoia em seu ombro foi a primeira pista, mas foi o olhar em seu rosto que confirmou.

Esse era um homem que tinha perdido tudo.

— Caramba, — disse Cole.

— Eu sei, — disse Penelope. — Ele fica ainda mais lindo quando está com esse olhar assombrado, não é?

Cole olhou para ela, e Penelope escondeu um sorriso. Ela estava fazendo isso para provocá-lo, mas verdade seja dita, Jackson Burke era um homem excepcionalmente bonito. Cabelo marrom escuro, olhos de avelã emoldurados por uns grandes cílios. Então havia o corpo. Aquele corpo glorioso e esculpido.

Basicamente, o homem era tão perfeito que era o modelo de pelo menos meia dúzia de linhas diferentes de equipamentos de fitness, produtos para homens, e alguns tipos de uísque.

A multidão se acalmou enquanto Jackson Burke tomava seu lugar atrás do microfone. Foi a primeira conferência de imprensa que ele deu desde o acidente, e a julgar pela expressão irritada em seu rosto, não tinha sido idéia dele.

— Sr. Burke, você pode nos dizer a extensão de suas lesões?

Não.

— Sr. Burke, você antecipa a recuperação para o início da temporada?

Não.

— Sr. Burke, se suas lesões o impedirem de voltar para o futebol, o que você vai fazer? Seu diploma universitário é em jornalismo, você acha que alguma vez será um de nós?

Inferno, não.

— Sr. Burke, pode nos dizer a identidade da jovem mulher no seu carro?

Não.

— Sr. Burke, nos três dias em que você esteve no hospital, a Sra. Burke nunca foi vista entrando ou saindo. O que é...

Houve um estrondo alto quando o pódio bateu no chão.

— Caramba, ele acabou de virar um pódio, — um dos outros repórteres disse entusiasmado.

— Acho que o outro braço dele ainda funciona bem, — Cole murmurou no ouvido dela.

— Sim, — Penelope disse distraidamente. Os olhos dela ficaram focados em Jackson Burke enquanto ele se afastava, dispensando o agente e treinador dele e mostrando o dedo do meio para a multidão de repórteres mais corajosos que ousaram segui-lo.

— Acabou o tempo, querida, — Cole disse, a mão dele deslizando pela cintura dela. — Seus minutos de encarar estão esgotados.

Ela se virou para enfrentá-lo, e a visão de suas perfeitas e amadas feições a fez esquecer tudo sobre Jackson Burke.

O maldito homem ainda não deixou de tirar o fôlego dela. Ela duvidou que ele conseguisse algum dia.

Ela enrolou os braços ao redor da cintura dele, alheia ao zumbido da multidão à sua volta.

— E se eu encarasse você?

Ele balançou as sobrancelhas.

— Você quer que eu tire a roupa? Se você me levar de volta para o nosso quarto, eu, definitivamente, posso me despir e deixar você me encarar, e se você for uma garota muito boa, eu posso deixar você tocar...

Ela olhou para o relógio.

— Não devíamos ir para o campo? Ver se nós conseguimos alguém para falar conosco sobre a quase briga de ontem?

— Definitivamente. Nós deveríamos. Ou, nós podemos experimentar aquele chuveiro para duas pessoas na nossa suíte.

Penelope franziu os lábios.

— Você sabe, hipoteticamente, se eu concordasse com essa idéia do chuveiro, seria a primeira vez na minha vida que eu escolhia um cara em vez de esportes?

Ele abaixou os lábios até o ouvido dela.

— Eu não conto se você não contar.

— Combinado. Mas, se Cassidy perguntar...

— Ele não vai. Confie em mim, ele não quer saber.

Penelope deixou que ele pegasse sua mão e a levasse na direção do hotel deles, quando de repente ela o puxou até uma parada.

— Espera aí. Eu disse que foi a primeira vez na minha vida que escolhi um cara em vez de esportes.

— Sim?

— Então você não disse de volta, — ela disse, sentindo-se estranhamente emburrada. — Você já escolheu uma mulher em vez de esportes antes?

Ele coçou a bochecha.

— Sim. Uma vez.

Ciúmes esfaqueou Penelope, e a emoção desconhecida a deixou com a mais estranha sensação de estar fria como gelo e quente ao mesmo tempo.

— Quem? — Ela exigiu. — Quando?

— Foi num jogo dos Yankees. Eu passei os primeiros três turnos cativado por suas costas e na maneira como ela continuava rabiscando naquele pequeno caderno....

Penelope bufou. Ela não gostava dessa mulher. Ela realmente não gostava que a mulher gostasse de beisebol. Isso era coisa dela e do Cole.

Ela começou a levantar o queixo e fingir não ligar, mas então ela viu o sussurro de um pequeno sorriso no rosto dele.

Os olhos de Penelope se estreitaram. — Espere um minuto. Eu tenho um pequeno caderno. E você me viu pela primeira vez em um jogo dos Yankees.

— Humm, isso é verdade? Não me lembro.

Ela beliscou seu braço, brincando. — Cole Sharpe, não se atreva a brincar comigo sobre isso. A mulher que te distraiu daquele jogo dos Yankees. Fui eu?

As mãos dele encontraram o rosto dela enquanto os polegares dele, suavemente, escovavam os lábios dela, a expressão dele era suave.

— Penelope. Sempre foi você.

 

 

                                                                  Lauren Layne

 

 

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