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LETAIS / Sara Shepard
LETAIS / Sara Shepard

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Lembra quando você aprendeu sobre onipotência na aula de Inglês? É quando um narrador é onisciente e pode ver e ouvir tudo. Soa como um negócio muito encantador, certo? Mais ou menos como ser o Mágico de Oz. Imagine o que você poderia fazer se você fosse onisciente. Como quando você perde a sua revista no vestiário — você podia ver onde ela estava. Ou naquela festa, no mês passado: Você saberia se o seu namorado ficou com a sua rival no quarto dos fundos ou não. Você seria capaz de decifrar olhares secretos. Ouvir pensamentos íntimos. Ver o que é invisível... mesmo sendo improvável.
Quatro meninas bonitas de Rosewood desejaram ser onipotentes, também.
Mas aqui está o porém sobre ver e saber de tudo, às vezes a ignorância é mais seguro. Porque quanto mais perto as meninas chegam da verdade sobre o que aconteceu naquela noite fatídica em Poconos, quando Alison DiLaurentis quase as matou e depois desapareceu, mais perigosas suas vidas se tornarão.

 

 


 

 


Numa noite fria de fevereiro, em uma rua isolada e arborizada nas Montanhas Pocono, estava tão tranquila que você podia ouvir um estalo de um galho, uma risada estridente ou um suspiro a quilômetros de distância. Mas ninguém estava na área nesta época do ano, razão pela qual Alison DiLaurentis não se sentia nem um pouco preocupada enquanto ela e quatro meninas que ela mal conhecia ficavam em um quarto escuro, no andar de cima da casa de sua família. As paredes podiam ser finas, as janelas terem correntes de ar, mas não havia ninguém por perto para ouvir as meninas gritarem. Em apenas poucos minutos, Emily Fields, Spencer Hastings, Aria Montgomery e Hanna Marin estariam mortas.

Ali mal podia esperar.

Tudo estava pronto. Na semana passada, Ali tinha arrastado o inocente Ian Thomas, morto há muito tempo, para um dos quartos do segundo andar da casa e escondido ele no armário. Ela havia colocado uma inconsciente Melissa Hastings, uma vez namorada de Ian, ao lado de seu corpo inchado hoje cedo. Ela reuniu a gasolina, os fósforos, as tábuas e os pregos, e ligou para seu cúmplice para informá-

lo a hora exata e os detalhes finais. E agora, finalmente, ela persuadiu Spencer, Aria, Hanna e Emily para esta casa hoje à noite, levando-as lá em cima naquele mesmo quarto onde Ian e Melissa estavam escondidos.

Ela encarou as meninas agora com as mãos na cintura, observando-as vê-la como a sua velha amiga Alison, uma garota que elas tinham amado — embora, na verdade, a “Alison” que elas conheciam era na verdade a irmã de Alison, Courtney.

Ela trocou de lugar com a verdadeira Alison, enviando sua irmã gêmea para o hospital psiquiátrico e assumiu sua vida. — Vocês me deixam hipnotizar vocês novamente para relembrar os velhos tempos? — ela perguntou, dando-lhes um sorriso cativante e suplicante. Ela sabia que elas diriam que sim.

E elas disseram. Ali tentou conter sua excitação quando elas fecharam os olhos. Ela contou de cem a baixo, andando ao redor do pequeno quarto, ouvindo os sons do primeiro andar. Sem o conhecimento das outras quatro, um garoto havia se infiltrado na casa há poucos momentos. Agora, ele estava derramando um líquido, abrindo portas e colocando tábuas contra as janelas. Era tudo parte do plano. Ali manteve a contagem regressiva, usando uma voz tranquilizante e reconfortante. As meninas permaneceram imóveis. Quando Ali estava quase no um, ela se arrastou para fora do quarto, trancou a porta do lado de fora, e colocou uma carta sob sua fenda. Então, ela desceu as escadas na ponta dos pés e colocou as mãos em seus bolsos. Seus dedos se curvaram ao redor da sua caixa de fósforos da sorte. Ela acendeu um fósforo, depois deixou-o cair no chão.

Whoosh. Cada parede, cada viga exposta, cada antigo jogo de tabuleiro, o livro Audubon Society com cheiro de mofo e a barraca de nylon de acampamento explodiu em chamas. O ar ficou pungente com o vapor de gasolina, e a fumaça era tão espessa que era difícil ver de uma extremidade de um quarto para a outra.

Alison ouviu os gritos de pânico das meninas através da casa. É isso mesmo, vadias, ela pensou alegremente. Gritem e chorem o quanto quiserem, mas isso não vai adiantar.

Mas Deus, aquela fumaça fedia. Ali puxou a camiseta sobre o nariz e correu através do primeiro andar. Ela olhou de um lado para o outro procurando o garoto dos seus sonhos, a única pessoa em quem ela confiava, mas ele já devia ter se dirigido ao seu ponto de encontro. Rapidamente, ela olhou para seu trabalho nas janelas. Ele colocou tábuas em quase tudo firmemente, oferecendo poucas chances de as outras fugirem, mas ela pegou o martelo que ele tinha deixado no parapeito da janela e deu uma martelada extra em uma das tábuas, só para ter certeza.

Então ela parou e inclinou a cabeça. Isso foi... uma pancada? Uma voz? Ela olhou para o teto. Parecia que havia passos descendo um conjunto de escadas — mas, que escadas? Ela olhou para o foyer. Ninguém. Ela não conhecia a estrutura desta casa antiga e irregular muito bem, já que os pais dela a tinham comprado pouco antes de Courtney ter feito a troca e a mandado embora.

Então, algo chamou sua atenção, e ela se virou. Através da onda de fumaça cinza, cinco figuras correram para a porta da cozinha e para a segurança. O queixo de Ali caiu. Uma raiva como lava borbulhou em seu peito.

A última menina parou e olhou através da neblina. Seus olhos azuis arregalaram-se. Seu cabelo louro-avermelhado estava em uma nuvem crespa em torno de seu rosto. Emily Fields. Emily correu para frente, com o rosto em um misto de raiva e descrença, e pegou Ali pelos ombros. — Como você pôde fazer isso? — ela exigiu.

Ali se contorceu para fora do aperto de Emily. — Eu já lhe disse. Vocês vadias arruinaram a minha vida.

Emily a olhou como se ela tivesse levado um tapa. — Mas. . Eu te amei.

Ali começou a rir. — Você é uma perdedora, Emily.

Emily desviou o olhar, como se ela não acreditasse que Ali poderia dizer uma coisa dessas. Ali queria sacudi-la. Sério? ela considerou dizer. Eu nem te conheço.

Tenha uma vida maldita.

Mas, então, uma explosão enorme soou, e a pressão fez elas se separarem. Os pés de Ali levantaram do chão, e segundos depois ela pousou em suas pernas com tanta força, que ela quase mordeu um pedaço da sua língua.

Quando ela abriu os olhos novamente, as chamas estavam dançando ao redor dela ainda mais vorazes do que antes. Ela abaixou-se em suas mãos e joelhos e se arrastou em direção à porta da cozinha, mas Emily tinha chegado lá primeiro. Ela tinha uma mão em volta da maçaneta. A outra mão segurava uma tábua de madeira, grande o suficiente para trancar a porta do lado de fora, mantendo Ali lá dentro.

Ali de repente teve a mesma sensação de estar presa e oscilando que ela sentiu no início da sexta série, quando sua irmã gêmea estava em casa no fim de semana. Sua mãe tinha subido ao andar de cima, arrastado Ali de seu quarto e disse: Saia do quarto da sua irmã, Courtney. É hora de ir.

Agora, Emily encontrou o olhar de Ali. Ela olhou para a tábua em suas mãos, como se ela não soubesse como tinha chegado lá. Lágrimas correram pelo seu rosto. Mas em vez de fechar a porta com força, em vez de sustentar a tábua na diagonal do lado de fora da porta para Ali não poder escapar, como Ali pensou que ela faria, Emily jogou a tábua na varanda. Ela caiu fora de vista com um baque alto.

Depois de mais um olhar ambíguo para Ali, ela saiu.

Deixando a porta aberta atrás dela.

Ali mancou em direção à porta, mas, quando ela atingiu a soleira da porta, houve outra explosão ensurdecedora. Ela sentiu como se duas mãos pesadas e quentes a tivessem empurrado por trás, e ela saiu voando novamente. Um cheiro horrível de pele e cabelo chamuscado queimou suas narinas. Sua perna explodiu com dor. Sua pele chiou. Ela podia se ouvir gritar, mas ela não conseguia parar. Mas então, de repente, foi como se alguém apertasse um interruptor: A dor simplesmente. . desapareceu. Ela flutuou para fora de seu corpo, para cima, para cima, por cima do inferno e para as árvores.

Ela podia ver tudo. O carro estacionado. Os telhados das casas próximas. E

debaixo de uma árvore enorme no jardim da frente, aquelas vadias estúpidas.

Spencer gemeu. Aria se dobrou com uma tosse. Hanna deu um tapinha no seu cabelo como se estivesse pegando fogo. Melissa era uma pilha mole no chão. E

Emily olhou preocupada para a porta pela qual todas tinham escapado, com uma expressão preocupada no rosto, antes de cobrir os olhos com as mãos.

Em seguida, outra figura apareceu do fundo da floresta. O olhar de Ali moveu-se para ele, e seu coração se agitou. Ele correu justo na direção onde ela estava pousada e caiu de joelhos ao lado de seu corpo. — Ali — disse ele, de repente, bem perto de seu ouvido. — Ali. Acorde. Você tem que acordar.

A corda invisível estendendo-a para o céu estalou apertado, e de imediato, ela estava de volta para dentro de seu corpo. A dor voltou imediatamente. Sua pele queimada latejava. Sua perna pulsava com seu batimento cardíaco. Mas não importava o quanto ela gritasse, ela não conseguia emitir nenhum som.

— Por favor — ele implorou, sacudindo-a com mais força. — Por favor, abra os olhos.

Ela tentou o melhor que podia, querendo ver o menino que ela tinha amado por tanto tempo. Ela quis dizer o nome dele, mas sua cabeça estava muito confusa, com a garganta muito arruinada. Ela conseguiu reunir um gemido.

— Você vai ficar bem — disse ele enfaticamente, como se ele estivesse tentando convencer a si mesmo. — Nós apenas temos que. . — Então, ele engasgou.

Sirenes soaram descendo o morro. — Merda — ele sussurrou.

Ali conseguiu abrir os olhos para o som. — Merda — ela ecoou fracamente.

Não era assim que as coisas deveriam acontecer. Eles deveriam estar longe agora.

Ele puxou seu braço. — Nós temos que sair daqui. Você consegue andar?

— Não. — Foi preciso toda a força de Ali para ela sussurrar. Ela estava com muita dor, ela estava com medo de que ela pudesse vomitar.

— Você tem que andar. — Ele tentou ajudá-la, mas ela apenas se dobrou. — Não é muito longe.

Ali olhou para suas pernas inúteis. Só de mexer um pé doía. — Eu não consigo!

Seus olhos encontraram os dela. — Tudo está no lugar. Você apenas tem que dar alguns passos.

As sirenes se aproximavam. A cabeça de Ali pendeu na grama. Deixando escapar um gemido frustrado, ele ergueu-a sobre seu ombro, ao estilo bombeiro, e levou-a pela floresta. Eles tropeçaram e saltaram. Galhos rasparam o rosto de Ali.

Folhas sacudiram contra seus braços chamuscados.

Com toda a sua força restante, ela virou-se e olhou através das árvores.

Aquelas vadias ainda estavam amontoadas, as luzes das ambulâncias piscando contra as suas feições. Não parecia que nenhuma delas precisava de atenção médica. Elas não tinham nenhum osso quebrado. Elas não tinham sofrido queimaduras. Mas elas eram as únicas que deveriam sofrer. Não ela.

Ela soltou um grito furioso. Não era justo.

O garoto que sempre a tinha amado seguiu seu olhar, então deu um tapinha em seu ombro. — Nós vamos pegá-las — ele rosnou em seu ouvido enquanto a levava para a segurança. — Eu prometo. Vamos fazê-las pagar.

Ali soube que ele quis dizer cada palavra. E logo em seguida, ela fez a promessa a si mesma, também: Juntos, eles iam acabar com Spencer, Aria, Hanna e Emily, nem que fosse a última coisa que eles fizessem. Não importava quem eles tivessem que derrubar. Não importava quem eles tivessem que matar para fazê-lo.

Desta vez, eles iam fazê-lo direito.


1

MAIS RESPOSTAS, MAIS PERGUNTAS

— Ei. — Uma voz flutuou sobre a cabeça de Aria Montgomery. — Aria. Oi.

Aria abriu os olhos. Uma de suas melhores amigas, Hanna Marin, sentou-se na mesa de café na frente dela, olhando para uma xícara de café nas mãos de Aria.

Aria estava tão fora de si que não conseguia nem se lembrar de estar tomando café antes de cochilar.

— Você estava prestes a derramar isso no seu colo. — Hanna pegou o café dela. — A última coisa que precisamos é que você acabe no hospital, também.

Hospital. Claro. Aria olhou em volta. Ela estava na Unidade de Terapia Intensiva do Jefferson, em uma sala de espera lotada na segunda-feira de manhã.

Nas paredes havia aquarelas de florestas no inverno. Uma televisão de tela plana soava com um programa de entrevistas matinal no canto. Duas de suas outras amigas, Emily Fields e Spencer Hastings, estavam sentadas em um sofá ao lado dela, com cópias amassadas das revistas Us Weekly e Glamour e copos de papel de café em suas mãos. Os pais de Noel Kahn estavam sentados do outro lado da sala, seus olhos turvos olhando para as seções do jornal The Philadelphia Inquirer. A mesa em forma de ferradura da enfermaria ficava no meio da sala, e uma mulher por trás dela falava ao telefone. Três médicos em jalecos azuis passaram pelo corredor com máscaras cirúrgicas penduradas em torno de seus pescoços.

Aria se endireitou. — Eu perdi alguma coisa? Noel já.. ?

Hanna balançou a cabeça. — Ele ainda não acordou.

Ainda ontem, um helicóptero trouxe Noel para aqui de Rosewood, e ele não tinha recuperado a consciência desde então. Por um lado, Aria mal podia esperar para Noel acordar. Por outro lado, ela não tinha ideia do que ela diria quando ele acordasse. Isso porque, embora ela e Noel estivessem namorando há mais de um ano, Aria tinha acabado de descobrir que Noel tinha tido um relacionamento secreto com Alison DiLaurentis enquanto ela estava na Reserva. Ele sabia a verdade sobre a troca de gêmeas DiLaurentis, e ele não tinha dito uma palavra para Aria ou qualquer outra pessoa. Dizer que Aria de repente não podia confiar em Noel era um eufemismo. Ela tinha até mesmo ido bem longe a ponto de se perguntar se Noel era o ajudante de A, o namorado secreto que tinha ajudado Ali a atormentar as quatro. Mas, então, um bilhete de A havia levado as meninas para o galpão de armazenamento. As meninas tinham certeza de que era uma armadilha que Noel e Ali haviam preparado, então elas tinham chamado a polícia. Eles tinham encontrado Noel amarrado e amordaçado em uma cadeira, à beira da morte. E

depois houve uma nova mensagem de A: Noel não era o ajudante. A — Ali — tinha manipulado elas mais uma vez. Noel era apenas mais uma vítima.

— Senhorita Montgomery?

Um policial alto e de cabelos eriçados parou acima de Aria. — S-sim? — Aria gaguejou.

O policial — que tinha antebraços do Popeye e um corte militar avermelhado — se aproximou. — Meu nome é Kevin Gates. Estou com a Polícia de Rosewood.

Vocês, meninas, tem um minuto?

Aria franziu o cenho. — Nós já dissemos à polícia tudo o que sabemos ontem.

Gates sorriu gentilmente, fazendo seus olhos se enrugarem. Havia algo fofo-rude nele. — Eu sei. Mas eu quero ter certeza de que meus rapazes lhes fizeram as perguntas certas.

Aria mordeu o interior de sua bochecha. Agora que Noel tinha sido ferido, ela sentiu que precisava se manter em silêncio sobre A novamente. Ela não podia arriscar que qualquer outra pessoa se tornasse uma vítima.

Gates levou-as a uma parte mais isolada da sala de espera, ao lado de um vaso de lírios aparentemente falso. Depois de todos se sentarem em um novo conjunto de sofás arranhados, ele olhou para seu bloco de notas. — Estou certo de que vocês receberam uma mensagem de texto dizendo que Noel estava no galpão de armazenamento?

Apesar de sua localização mais privada, Aria ainda podia sentir que todos na sala encaravam. A Sra. Kahn espiou por trás da seção Culinária do jornal. Um menino em um moletom da Academia Episcopal olhou de debaixo de seu capuz.

Mason Byers, um dos amigos de Noel do time de lacrosse, que estava sentado em uma mesa do outro lado da sala, parou de embaralhar um baralho de cartas e inclinou a cabeça em direção ao grupo.

— Eu recebi um bilhete escrito à mão, não uma mensagem de texto — Hanna esclareceu. — E ele dizia para ir ao galpão. Eu liguei para a polícia apenas no caso de a ameaça ser real.

Gates escreveu algo em seu bloco de notas. — Foi bom que você tenha feito isso. Quem quer que seja que enviou esse bilhete para você provavelmente machucou o Sr. Kahn — ou, pelo menos, viu quem fez isso. Você está com o bilhete?

Hanna pareceu imobilizada. — Está em casa.

Gates parou de escrever. — Você vai trazê-lo para nós o mais rápido possível?

— Uh, com certeza. — Hanna esfregou o nariz, parecendo desconfortável.

Gates se voltou para Aria. — O Sr. e a Sra. Kahn disseram que você ligou para eles várias vezes naquela mesma manhã, perguntando se Noel tinha voltado para casa. Você tinha motivos para estar preocupada com ele?

Aria tentou com toda força não fazer contato visual com suas amigas. Ela fez aquelas ligações naquela manhã porque ela estava indo entregar Noel. Como ajudante de A. — Ele não estava atendendo o telefone — disse ela simplesmente.

— Eu sou a namorada dele.

Gates olhou para Spencer e Emily. — Vocês duas estavam no galpão também, correto?

— É isso mesmo — disse Emily, nervosa, colocando seu copo de café de papel de lado.

— Vocês viram alguém no terreno da escola que parecia suspeito? Duas pessoas que poderiam ter colocado Noel lá?

Spencer e Emily balançaram a cabeça. — Tudo o que eu vi foram um bando de crianças jogando futebol — disse Spencer.

— Espere. — Emily se inclinou para frente. — Duas pessoas?

Gates assentiu. — Nossa equipe forense inspecionou as fotografias do Sr.

Kahn no galpão. A forma complexa que ele estava amarrado e amordaçado só poderia ter sido feita por uma equipe de duas pessoas.

Todas trocaram um olhar. Ali e o Ajudante de A, obviamente. Era a prova que Noel realmente não tinha sido cúmplice de Ali.

— E vocês não têm ideia de quem poderia ter feito uma coisa dessas? — Gates pressionou.

Houve um longo silêncio. Aria engoliu em seco. A boca de Hanna se contorceu. Spencer e Emily olharam para qualquer lugar, menos para o oficial.

Provavelmente era óbvio que elas estavam mentindo, mas não era como se elas pudessem dizer a verdade.

Finalmente, Gates agradeceu e foi embora com as costas duras e retas. Hanna cobriu o rosto com as mãos. — Gente, o que eu devo fazer? — ela gemeu. — Eu não posso dar a eles aquele bilhete!

— Se você não der, eles vão pensar que estamos escondendo alguma coisa. — Spencer se recostou no sofá. — Talvez devêssemos dizer-lhes o que está acontecendo.

Aria estreitou os olhos. — E arriscar que alguém mais se machuque?

— O que precisamos fazer é descobrir quem é o Ajudante de A. — Spencer olhou cautelosamente para o policial, que agora estava falando com os pais de Noel. — Então nós poderemos confessar tudo.

Hanna olhou para as palmas das mãos. — Eu não posso acreditar que o Ajudante de A não é Noel.

Aria fez um som baixo e torturado.

— Eu não quis dizer isso — Hanna disse rapidamente. — Quero dizer, eu estou feliz que não seja Noel. Mas estávamos tão perto de solucionar isso. E agora estamos de volta à estaca zero.

— Eu sei. — Aria se recostou no sofá.

Hanna olhou através da sala para a grande fonte de água. — Sabe, antes de Graham morrer, ele disse que o nome da pessoa que bombardeou o navio de cruzeiro começava com N. Há outros nomes que começam com N além de Noel.

— É verdade — disse Aria. Hanna tinha sido voluntária na clínica de queimados para que ela pudesse perguntar a Graham Pratt, um menino que elas conheceram em um cruzeiro que elas tinham recentemente viajado, se ele tinha visto quem tinha detonado a bomba que quase matou ele e Aria — elas estavam preocupadas com quem poderia ser o Ajudante de A. Mas Graham estava em coma, então Hanna teve que ficar sentada e esperando um monte de tempo. No breve momento que Graham recobrou a consciência, ele disse a Hanna que o nome do bombardeiro começava com N. Mas então ele começou a convulsionar e Hanna tinha corrido para fora do quarto para chamar uma enfermeira. No momento em que ela retornou, Graham estava morto e a nova amiga de Hanna, Kyla, tinha ido embora. Isso porque Kyla não era uma vítima de queimadura em tudo... mas sim a Ali disfarçada. O corpo verdadeiro de Kyla tinha sido encontrado por trás da clínica de queimados ontem; Ali deve ter matado uma desconhecida inocente, envolvido seu próprio rosto em ataduras, e tomado o lugar da menina para evitar que Hanna descobrisse qualquer coisa de Graham. Teria sido mais fácil simplesmente matar Graham, logo que ela tivesse a chance, mas Ali provavelmente pensou que não havia nenhuma diversão nisso. Essa coisa toda era apenas um jogo para ela.

— Há também a possibilidade de que Graham realmente não sabia o nome do homem-bomba — disse Spencer em um tom sombrio. — E se o Ajudante de A lhe deu um nome falso?

Hanna levantou um dedo. — Por que mais Ali o teria matado? Ele, obviamente, sabia de algo importante.

A porta da sala de espera abriu, e uma nova enfermeira correu para dentro.

Ela sussurrou algo para a mulher no balcão e, em seguida, as duas olharam para Aria, com semblantes urgentes em seus rostos. O coração de Aria bateu forte contra suas costelas. Era sobre Noel? Ele estava.. morto?

A nova enfermeira caminhou até Aria. — Senhorita Montgomery? — Aria apenas conseguiu acenar que sim. — Noel está acordado. Ele está perguntando por você. Aria olhou em volta para os pais de Noel, imaginando que eles gostariam de vê-lo primeiro, mas o Sr. e a Sra. Kahn deviam ter saído.

A enfermeira deu um tapinha no braço de Aria. — Eu estarei esperando na porta. — A enfermeira se virou e caminhou para a entrada.

Aria se virou para suas amigas. — O que eu devo fazer?

— Fale com ele! — Hanna insistiu.

— Ali não pode ter feito isso sozinha — disse Spencer ansiosamente. — O

Ajudante de A deve ter estado lá, também. Veja se Noel se lembra de algo.

Aria tentou respirar, mas seus pulmões pareciam apertados com força com um barbante. Noel poderia explicar tudo. Mas depois de tudo que ela tinha aprendido sobre ele, e tudo o que eles tinham passado, ela se sentiu despreparada e insegura.

Spencer tocou sua mão. — Se as coisas ficarem muito estranhas, apenas vá embora. Nós entendemos.

Aria acenou com a cabeça e se levantou. Elas tinham razão: Ela tinha que fazer isso.

Ela respirou fundo enquanto seguia a enfermeira pelo corredor brilhante e recém-limpo e através de um conjunto de portas duplas eletrônicas que levavam à unidade de cuidados intensivos. Assim que ela estava prestes a passar por elas, uma mulher de calça jeans e um casaco de malha preto caminhou em sua direção.

— Senhorita Montgomery? Eu sou Alyssa Gaden do Philadelphia Sentinel.

Aria ficou tensa. Ontem à noite, a sala de espera estava cheia de repórteres fazendo perguntas sobre Noel, mas o pessoal do hospital tinha chutado todos eles para fora. Quase todos eles. — Hum, sem comentários — Aria disse. Felizmente, as portas para a ala do hospital se fecharam atrás dela.

Na metade do corredor, a enfermeira entrou em um pequeno e brilhante quarto privado. Aria olhou para dentro e engasgou. O rosto de Noel estava coberto de hematomas. Vários pontos cruzavam do seu queixo ao seu ouvido. Havia intravenosas em ambas as suas mãos, e sua pele estava branca como giz. Seus pés se projetavam para fora de debaixo das cobertas. Ele parecia menor e mais fraco, de um jeito que ela nunca o tinha visto.

— Noel — foi tudo que Aria conseguiu dizer.

— Aria. — A voz de Noel estava grave, não era a dele mesmo.

A enfermeira verificou as intravenosas de Noel, depois saiu. Aria se sentou em uma cadeira ao lado da cama, olhando para a decoração quadriculada no chão.

Uma máquina media a pulsação de Noel. Pelo número de bips, parecia que o coração de Noel estava batendo muito rápido.

— Obrigado por vir me ver — ele finalmente disse em voz baixa.

O queixo de Aria se contraiu. Ela quase disse de nada, mas, em seguida, ela se lembrou. Noel tinha mentido para ela. Ele amou uma garota que tinha tentado matá-la.

Ela fechou os olhos e se virou. — Tudo o que você sabe sobre Ali poderia colocar você em grandes problemas.

— Eu sei. — Noel piscou para ela. — Mas agora, você é a única que sabe o que eu sei. Então, se alguém me entregar, será você. — Ele limpou a garganta. — Você pode, no entanto. Eu vou entender.

Aria pensou em Noel em um uniforme da prisão. Partilhando o quarto com um estranho possivelmente violento. Verificando os livros da biblioteca da prisão.

Ela não tinha certeza se ela queria isso, ou se era o pior resultado possível do mundo.

— O que aconteceu com você no cemitério? — ela soltou.

— Alguém veio atrás de mim — disse Noel lentamente. — Quem quer que seja me bateu na cabeça. No início, eu pensei que era Spencer, mas não era.

Aria concordou.

Ele olhou para seus joelhos ossudos sob os lençóis. — Eu ouvi uma voz profunda, mas eu não vi seu rosto.

Uma voz profunda. Do Ajudante de A. — E depois?

— Eu estava preso em um tronco. Então, alguém me arrastou pela grama molhada. Ouvi uma trava se abrindo, e então duas pessoas sussurrando.

Duas pessoas. — Uma delas era... ela?

O rosto de Noel entristeceu. Estava claro que ele sabia exatamente o que Aria estava falando — no cemitério durante o baile, Aria tinha explicado, brevemente, histericamente, que Ali estava atrás delas. — Eu não sei.

Aria se enfureceu. — Por quê? Porque você a ama tanto que não consegue ver o quão malvada ela é?

Noel recuou. — Eu não a amo, Aria.

Aria olhou para ele, esperando. Ele disse que amava.

— Olha, eu amava alguém que não existia — Noel protestou. — Eu parei de amá-la quando eu me apaixonei por você. — Ele sufocou um soluço. — Eu sinto muito. Sei que isso não justifica nada. Eu sei que não podemos ficar juntos. Mas eu quero que você saiba que eu vou sempre me arrepender do que eu fiz.

Sua voz estava tão baixa e assustada que fez o coração de Aria estremecer. — Eu quero que você me conte tudo — disse ela com a voz mais dura que ela pôde reunir. — Quantas vezes você viu Ali na Reserva. Quem mais você viu lá. O que ela disse para você. Se ela lhe disse... — Aria respirou fundo, tentando não chorar. — Se ela te disse o que ia fazer com a gente.

— Eu não tinha ideia do que ela ia fazer com vocês, eu prometo — disse Noel ferozmente.

— Tudo bem. Então me diga, pelo menos, por que você começou a vê-la.

Ele suspirou. — Eu não sei. Eu senti pena dela.

— Como você sabia que ela estava na Reserva?

Ele se mexeu debaixo dos cobertores. — Meus pais tinham falado para mim conversar com alguém depois que meu irmão cometeu suicídio. Era um terapeuta que trabalhava em um ambulatório no prédio da Reserva. Um dia, dei de cara com essa menina que estava entrando quando eu estava saindo — era Alison. Ela era muito cautelosa, e eu pensei que era, você sabe, a garota que eu conhecia da escola.

Na próxima vez que eu fui lá, ela estava lá de novo, e eu fiquei realmente confuso, porque a equipe de hóquei de campo da sexta série tinha um jogo naquele dia, e Mason, que estava assistindo o jogo, tinha acabado de me mandar uma mensagem dizendo que Ali havia marcado um gol.

Aria concordou. — Entendi.

Noel fez uma pausa para tomar fôlego. — Eu meio que juntei tudo em minha cabeça enquanto eu estava olhando Ali sair do consultório do terapeuta. Ela percebeu isso, porque ela esperou por mim depois da minha consulta e confessou quem ela realmente era. Ela me disse que era a gêmea de Ali, que estava presa em um hospital, blá, blá, blá.

— E você acreditou nela?

— Bem, claro. Ela não parecia louca. Apenas. . uma vítima.

Aria beliscou a ponte de seu nariz. — Então foi aí que vocês começaram a se encontrar? Fora do escritório do psiquiatra?

Noel parecia envergonhado. — Não. Depois disso, eu. . eu a visitava no hospital.

Uma dor disparou através dela. — Quantas vezes?

— Regularmente.

— Por quê?

Ele torceu a boca. — Ela fez eu me sentir ouvido. Importante.

Idiota. Ali — ambas as Alis — tinham um jeito de fazer você se sentir muito, muito especial. Mas era sempre para as suas próprias necessidades egoístas. — E

deixe-me adivinhar, ela conseguiu fazer com que Courtney fosse a louca? — Aria espetou.

Noel assentiu. — Praticamente.

— Você não tinha problema em sair com Courtney, no entanto — Aria apontou, lembrando como Noel tinha assistido todas as partidas que a Sua Ali jogou. Ele sentou-se à mesa do almoço e jogou Cheetos na cabeça de Ali. Ele tinha sido o parceiro de Ali na corrida de três pernas durante o dia de campo da sexta série, rindo histericamente quando eles tropeçaram na linha de chegada. — Na verdade, na sétima série, você ainda saiu com ela!

Noel inclinou a cabeça. — Não, eu não saí.

— Você saiu sim! Eu sei, porque Ali — Courtney — disse a você que eu gostava de você — mas você disse que gostava dela, ao invés. Ela gostava de você também — mas, em seguida, terminou com você depois de alguns encontros. — Era algo que ela e Noel nunca tinham conversado, mas Aria se lembrava do incidente claro como o dia. Ali tinha partido o coração de Aria quando ela anunciou que Noel estava a fim dela.

Noel mudou de posição na cama, estremecendo quando ele torceu seu torso.

— Courtney nunca me falou de você. Eu nunca gostei dela. Ela provavelmente disse que eu gostava dela só para te chatear.

Isso era algo que a Sua Ali faria, mas Aria não queria dar a Noel a satisfação de ele estar certo. — Se você realmente pensou que Courtney era perigosa, por que você não avisou a ninguém?

Por um momento, havia apenas os sons dos sinais sonoros dos monitores de Noel. — Porque ela não parecia realmente perigosa. Eu fiquei de fora disso. Além disso, Ali me disse para não contar a ninguém a verdade. Eu mantive minha promessa.

— E é por isso que você não me contou? Sua namorada?

Noel olhou para longe. — Eu quis dizer tantas vezes. Mas. . — Ele suspirou. — Eu sinto muito.

Ela enrolou um punho em seu colo. Eu sinto muito? — Então, no final da sétima série, você sabia que a verdadeira Ali estava fora do hospital por alguns dias?

Noel tomou um gole do copo de plástico na bandeja ao lado de sua cama. — Eu fui para a casa dos DiLaurentis um dia antes da formatura. Eu só vi Ali, no entanto. Eu não vi Courtney.

Aria se perguntou se a Sua Ali estava na casa no momento. Se ela não estivesse, ela provavelmente estava com Aria e as outras... ou então com suas amigas novas e antigas do hóquei de campo. Ou ela tinha feito algo completamente inocente, como fazer compras no Shopping King James ou sair com Spencer? Mal ela sabia que ia morrer no dia seguinte.

— Quando Courtney desapareceu, você suspeitou de Ali? — Aria perguntou.

— De jeito nenhum — disse Noel vigorosamente. — Ela parecia muito feliz naquele fim de semana, e não como se estivesse planejando alguma coisa maluca.

Na verdade, eu pensei que Courtney tinha fugido. E quando todo mundo descobriu sobre Ian, fazia sentido. Eu vi Courtney flertando com ele. Aquele cara poderia ser um verdadeiro idiota.

— Ali entrou em contato com você quando ela estava de volta na Reserva?

Houve um sonoro ding, e Noel olhou para o monitor ao lado de sua cama. Um coração brilhou vermelho, em seguida, desapareceu. — Ela escreveu uma carta dizendo que mandá-la de volta para a Reserva foi um grande erro — disse ele. — Ela parecia tão preocupada por sua irmã estar desaparecida e tão chocada que não conseguiam encontrá-la. Eu caí nessa.

— E você a visitou novamente, por anos.

— Sim. — Noel parecia envergonhado. — Até que Ian Thomas foi condenado e Ali voltou.

— Você conheceu Tabitha Clark quando você visitou a Reserva?

Noel engoliu em seco. — Eu vi Tabitha ao redor, mas eu não saía com ela, exceto por um momento em que Ali foi liberada em um fim de semana. Os pais dela não queriam vê-la, então ela ficou com Tabitha, em Nova Jersey. Eu peguei o trem para lá e fui ao cinema com elas.

Aria fechou os olhos. Na semana passada, ela encontrou um ingresso para o Homem-Aranha de um cinema em Maplewood, Nova Jersey, de onde Tabitha era.

Havia uma caligrafia no verso: Obrigada por acreditar em mim. Então isso era de Ali. — Você conheceu mais alguém na Reserva?

Noel levantou os olhos para o teto. — Uma garota chamada Iris. Super-magra, muito loira.

Isso fazia sentido. Na semana passada, Emily tinha tirado Iris do hospital por alguns dias para obter informações dela. Iris foi a única que tinha explicado que Ali tinha um namorado secreto. Quando ela viu uma foto de Noel, ela disse que tinha certeza de que era ele.

— E algum amigo homem? — Aria perguntou.

Noel pensou por um momento. — Eu não consigo pensar em nenhum. Por quê? — Ali tinha um namorado.

Ela esperou pelo impacto, esperando Noel parecer destruído e traído. Mas ele apenas piscou. — Eu nunca o conheci.

— Ela alguma vez falou sobre ele?

— Não. — Ele balançou a cabeça.

Ela olhou para suas mãos em seu colo. — Então, no ano passado, quando Ian foi preso e deixaram Ali sair, ela entrou em contato com você de novo, certo?

— Nós nos encontramos uma vez antes daquela conferência de imprensa.

— No Riacho Keppler? — Iris havia dito a Emily que enquanto Ali ainda estava na Reserva, ela falou que ela ia ter um encontro secreto em um parque perto de Delaware.

Noel inclinou a cabeça. — Não. Na minha casa. Ela disse que todos saberiam sobre ela em breve. E então vocês se tornaram amigas. Como todas vocês pareciam tão amigáveis umas com as outras, eu pensei que estava tudo ótimo. Ela parecia muito feliz, também. Um final feliz.

Aria estreitou os olhos. — Ela disse que ela mentiu para nós? Que disse para nós que ela era a Nossa Ali?

— Claro que não. — Noel cuidadosamente se sentou na cama, seu rosto se contorcendo. — Como eu disse, eu não tinha ideia até aquele incêndio.

— E aquele beijo? — Ali e Noel tinham compartilhado um beijo na Dança dos Namorados na noite do incêndio em Poconos. Ali havia atuado como se Noel tivesse se atirado nela, e não o contrário. Aria tinha ficado tão brava com Noel que ela se juntou a Ali e suas amigas em sua viagem para a casa de Poconos.

— Eu não estava ajudando em seu plano mestre, eu juro — Noel insistiu. — Foi ela que me beijou.

— E o que você quis dizer quando disse a Agente Fuji que eu estava mentindo?

Noel entortou os olhos. — Do que você está falando?

— Eu vi uma troca de e-mails entre você e a Agente Fuji.

— Ela deixou você ler os e-mails dela?

— Não, eu li os seus e-mails. — Aria odiava admiti-lo. — Você disse a Fuji que você achava que alguém havia mentido para ela sobre o assassinato de Tabitha.

Por que você disse isso? Você estava tentando fazer com que ela me investigasse?

Noel olhou para ela como se uma terceira orelha houvesse brotado de sua testa. — Eu tive exatamente uma conversa com a Agente Fuji onde eu lhe disse que eu não conhecia Tabitha e que eu não sabia de nada. Eu era o único mentindo. E

por que eu iria querer que ela investigasse você?

Aria fingiu consertar uma dobra na perna da sua calça. Noel poderia honestamente não saber sobre Tabitha? — Eu supostamente devo acreditar que alguém invadiu a sua conta de e-mail e escreveu mensagens falsas para Fuji?

Noel ergueu as mãos. — Eu não sei. E enquanto nós estamos falando sobre isso, quem é esse alguém que está invadindo as coisas, te perseguindo e me batendo? Você realmente acha que Ali ainda está viva? Por que você não me disse antes? Aria zombou. — Eu não disse a você porque eu estava tentando mantê-lo seguro.

— Mas. . — Parecia que Noel ia dizer outra coisa, então ele fechou a boca apertada.

— Mas o quê? — Aria perguntou.

Noel balançou a cabeça. — Nada. Esqueça.

Ele estava respirando com dificuldade agora, e sua máquina começou a apitar. Aria olhou para ela, grata por ter algo para olhar em vez de seu rosto.

Uma enfermeira entrou no quarto e verificou o monitor. — Eu acho que você provavelmente deveria ir — ela disse para Aria.

Ela conduziu Aria para a porta. Aria olhou para trás, para a expressão exausta de Noel, mas ela não acenou.

Ela sentia-se desorientada e tonta. Por muito tempo, Noel tinha sido a única coisa em Rosewood que estava mantendo-a firme.. mas agora ele era um estranho.

Como ela poderia continuar aqui? Como ela iria morar em Rosewood, ir para Rosewood Day, até mesmo entrar nos cômodos da sua casa sem uma memória de Noel se elevar em sua cabeça?

Ela precisava sair deste lugar, de uma vez por todas. Deixar Rosewood para trás e nunca mais voltar. Mas, quando ela deu alguns passos vacilantes, seus joelhos contraíram e suas pernas ficaram pesadas. Agora, era um desafio apenas sair do corredor e voltar para suas amigas.


2

UM QUARTO VAZIO

Spencer, Hanna e Emily se levantaram rapidamente assim que Aria voltou para a sala de espera. Aria evitou seus olhares e foi direto para a área de bebidas com os ombros curvados.

— O que Noel disse? — Spencer perguntou ofegante, seguindo-a. — Ele viu quem o machucou?

— Não — Aria murmurou, pegando um copo da pilha.

— Tem certeza? — Hanna perguntou. — O quanto ele conhecia Ali, afinal?

Eles eram amigos, ou mais do que amigos?

Aria se ocupou com a máquina de café. Seus olhos estavam vermelhos, e ela continuou dando pequenos suspiros e soluços como se tivesse chorado. Spencer odiava pressioná-la para conseguir respostas, mas elas precisavam saber.

Relutantemente, Aria retransmitiu o que Noel tinha dito a ela, incluindo como ele visitou Ali na Reserva. Quando ela chegou na parte que Noel não se encontrou com ninguém com exceção de Tabitha e Iris, Spencer resmungou. — Ele não viu nenhum homem? Ali nunca falou sobre alguém que ela gostava?

Aria deu de ombros. — Eu acho que Ali queria que Noel pensasse que ela gostava dele.

Emily gemeu. — Isso faz sentido. Era a forma dela de mantê-lo ao lado dela.

Aria tomou um gole de café. — Noel disse que ouviu a voz de um cara quando ele foi atacado. Mas é só isso.

— Eu gostaria que pudéssemos derrotar Ali e o ajudante dela de uma vez por todas. — Spencer se jogou em uma cadeira.

— Talvez pudéssemos voltar para a Reserva — Hanna sugeriu. — Perguntar a eles se havia alguns pacientes com a inicial N no nome.

Emily parecia insegura. — Parece tão arriscado.

Hanna franziu as sobrancelhas. — Você quer desistir?

— Talvez a gente deva — Spencer disse. Na semana passada, em uma tentativa de pegar Ali e seu ajudante, elas tinham mudado de tática, deixando seus celulares de lado, que A tinha hackeado dezenas de vezes, e comprado celulares descartáveis. Então elas se reuniram em um quarto do pânico em uma das casas do padrasto de Spencer para uma reunião de discussão de quem-é-A. Elas haviam criado uma lista de pessoas que poderiam ter ajudado Ali. Elas tinham traçado linhas em cada nome que elas descartaram. Finalmente, só Noel permaneceu.. e elas pensavam que estavam um passo à frente de A, até A enviar uma mensagem ontem incluindo uma foto da lista de suspeitos. Spencer não tinha ideia de como Ali a tinha conseguido, pois ela tinha escondido debaixo da cama dela. Noel como A?

Isso não! a mensagem dizia.

— E a polícia? — Hanna refez seu rabo de cavalo castanho. — Eu deveria entregar o bilhete de Ali da clínica de queimados?

Spencer pensou sobre isso. Se elas mostrarem os bilhetes aos policiais, Ali e seu ajudante poderiam vir atrás delas. Se elas não mostrarem, a polícia pode acusá-

las de obstrução da justiça. — E se você entregar, mas não disser nada sobre A? — ela sugeriu. — Está assinado em nome de Kyla, não de Ali. Os policiais não tem que saber que elas são a mesma. Para ser honesta, nem nós temos certeza.

— Isso poderia funcionar — Hanna murmurou.

— O que fazemos em relação aos nossos celulares descartáveis? — Aria perguntou. — A hackeou eles também. Vamos continuar com eles?

— Nós também podemos usar os nossos celulares antigos — Emily sugeriu.

— Não importa o que façamos, ela nos encontra. Vamos apenas não fazer ligações ou enviar mensagens, a menos que seja absolutamente necessário.

— Se nós mudarmos as senhas dos nossos e-mails todo dia poderíamos usá-

los — Spencer disse. — Mas não deveríamos discutir nada sobre Ali ou o ajudante dela por e-mail ou mensagem.

— E se a gente receber outra mensagem de A? — Hanna sussurrou. — Ainda podemos falar sobre isso?

Spencer olhou em volta da sala, quase com medo que A estivesse ouvindo. — Sim — ela sussurrou. — Talvez pudéssemos usar um código, se quisermos nos encontrar e conversar sobre Ali. Que tal.. — Seu olhar caiu sobre o cara bonito de cabelos grisalhos na tela da TV. — Anderson Cooper.

— Combinado — Aria disse.

Hanna se inclinou para mais perto. — Qual vocês acham que vai ser o próximo passo de A?

O estômago de Spencer revirou. Quantas vezes elas se perguntaram isso? — Poderia ser qualquer coisa. A ainda está nos observando. Nós só precisamos manter os nossos olhos e ouvidos abertos.

Todo mundo concordou, parecendo ainda mais apavorado do que antes. Mas não havia mais nada a dizer, então Spencer pegou sua bolsa, tirou suas chaves e se dirigiu para os elevadores, ansiosa para ir para casa e tomar um banho longo e quente.

Ela passou pelo refeitório e cambaleou para a manhã brilhante. A rua fervilhava de pessoas, incluindo manifestantes desordenados segurando cartazes na esquina. ROSEWOOD, algumas placas diziam. ASSASSINATO EM SÉRIE estava escrito em outro em grandes letras vermelhas. — Mantenham nossas crianças a salvo! — Os manifestantes gritavam. Um deles usava um moletom de Rosewood Day. Spencer os observou por um tempo, sentindo-se confusa. Era estranho ter pessoas se preocupando tão intensamente com algo que ela estava tão direta e intimamente envolvida.

Então ela notou uma van de notícias estacionada do outro lado da rua, com um repórter sentado no banco do passageiro. Spencer abaixou a cabeça e caminhou rapidamente para o carro dela, com medo de que, em segundos, o repórter a encontrasse.

— Spencer?

Ela cerrou os dentes e se virou — mas era Chase, meio que um novo amigo.

Ele estava de pé sob a cobertura do hospital usando um casaco de náilon preto e um boné de beisebol cinza.

Spencer relutantemente foi até Chase e puxou-o para um canto mais isolado perto de uma entrada de serviço. — O que você está fazendo aqui? — ela sussurrou.

Chase pressionou sua orelha mutilada, uma ferida causada por um perseguidor de um internato. — Nós não iríamos nos encontrar hoje? Eu estava procurando você. Sua mãe finalmente me disse onde você estava.

— Ela lhe contou o motivo de eu estar aqui?

Chase balançou a cabeça.

— Tudo bem — Spencer disse, e contou-lhe tudo. Ela sabia que podia confiar em Chase. Ele tinha um blog sobre crimes sem solução, e eles se conheceram quando ela estava tentando rastrear Ali. Primeiro, houve uma confusão de identidade — Chase enviou o seu irmão, Curtis, como si mesmo porque ele tinha vergonha da sua orelha, e por um tempo Spencer até mesmo tinha desconfiado que ele era A. Mas ele eventualmente foi inocentado.

Quando Spencer finalmente terminou de contar a ele sobre Noel e o galpão de armazenamento, Chase estreitou seus olhos verdes. — Então.. Noel não é o namorado de Ali?

Spencer suspirou. — Não.. Voltamos à estaca zero.

— Bem, então, é melhor irmos andando — Chase disse, enganchando o braço ao redor do cotovelo de Spencer.

Spencer se firmou no chão. — Onde?

Chase piscou. — Nós vamos analisar a residência do vídeo de vigilância.

Quando Chase a visitou ontem, ele havia lhe mostrado um vídeo de vigilância do lado de fora de uma residência de Rosewood. Uma menina que se parecia muito com Ali era perceptível em algumas partes. Eles haviam feito planos para investigar isso hoje, mas depois de tudo o que aconteceu com Noel, Spencer havia esquecido.

Um ônibus da cidade moveu-se ruidosamente, expelindo fumaça. — O

namorado de alguém acabou em um galpão de armazenamento por causa de nós — Spencer disse nervosamente. — Ali sabe que estamos atrás dela. Eu não posso deixar que ninguém mais se machuque.

— Mas e se esse for o lugar onde ela mora? — Chase perguntou. — Se pudéssemos encontrar provas de que ela ainda está viva, podemos entregá-la para os policiais e colocar um fim nisso, de uma vez por todas. E então ninguém iria se machucar.

Spencer torceu a boca. Uma sombra flutuou pela janela de um carro estacionado do outro lado da rua, por um momento parecendo uma pessoa.

Chase tinha razão. E se eles encontrassem alguma coisa na residência? E se eles pudessem acabar com esse pesadelo todo hoje?

Ela olhou para Chase e assentiu levemente. — Tudo bem. Vamos.

Vinte minutos mais tarde, quando nuvens baixas rolavam pelo céu, Spencer e Chase foram para um complexo habitacional no oeste de Rosewood, a parte de baixa renda da cidade. Claro que, baixa renda era relativo: Havia uma grande placa de VENDE-SE na entrada do condomínio que ostentava pisos de madeira e bancadas de mármore em cada casa. Uma novíssima piscina pública brilhava à distância. O supermercado local era o Fresh Fields, o qual não se pode comprar um litro de leite por menos de cinco dólares.

— Aí está — disse Chase, apontando para um quarteirão de condomínios.

Todas as casas pareciam as mesmas, com uma lâmpada de gás falsa e antiga no jardim da frente, uma janela no telhado e com detalhes em torno das janelas parecidos com biscoitos de gengibre. Nas fotos de vigilância, Ali estava indo para a casa da esquina.

Spencer estacionou o carro no estacionamento e olhou para a casa, tremendo com o ar repentinamente frio. A casa tinha uma porta pintada de vermelho e folhas secas na varanda. Não havia cortinas nas janelas — ela teria imaginado que Ali insistiria em uma absoluta privacidade. Esse poderia ser o esconderijo secreto de Ali? Então, ela olhou para as casas próximas a essa. A grama de todo o quintal não tinha sido cortada há algum tempo, e os jornais estavam amontoados na varanda.

Não havia uma única luz acesa em qualquer uma das janelas, e nenhum cão latiu de dentro. Antes que Spencer e Chase houvesse deixado Philly, eles tinham verificado os registros do tribunal do munícipio por informações sobre o complexo habitacional e constataram que a maioria das casas ainda não tinha sido vendida. A casa que Ali estava entrando na foto tem estado à venda desde a construção no ano passado. Um casal com setenta anos chamado Joseph e Harriet Maxwell havia comprado a casa ao lado em novembro há dois anos, logo quando Ian Thomas foi acusado pelo assassinato de Courtney DiLaurentis; mas a planta da varanda frontal estava murcha, e havia um monte de folhetos presos dentro da porta dupla.

— Esse parece ser o lugar perfeito para Ali se esconder — Spencer murmurou. — É tão deserto. Ninguém jamais a veria sair e entrar.

— Exatamente. — Chase começou a sair do carro, depois parou e virou-se para ela. — Spencer. Tem certeza de que está pronta para isso?

O estômago de Spencer revirou. Ela estava pronta? Ela olhou ao redor do estacionamento. Embora ele estivesse vazio, ela ainda se sentia como se estivesse sendo vigiada. Ela olhou fixamente para uma fila grossa de arbustos do outro lado do estacionamento, em seguida, olhou preocupada para o escritório fechado de um corretor de imóveis do outro lado da rua. Alguém poderia estar escondido lá dentro?

— Sim — ela disse, saindo do carro e batendo a porta com força atrás de si.

Ela precisava fazer isso.

O céu estava ameaçadoramente cinza, e o ar estava espesso e eletrificado.

Algo fez um som de raspagem por trás dela, e os cabelos dos seus braços se arrepiaram. — Você ouviu isso?

Chase parou e escutou. — Nã..

Então algo tremulou na floresta que margeava o estacionamento. Spencer olhou fixamente para uma sombra entre as árvores. — O-Olá? — ela gaguejou.

Nada. A deglutição de Chase foi audível no silêncio assustador. — Provavelmente foi um coelho. Ou um veado.

Spencer assentiu tremulamente. Ela foi na ponta dos pés até a frente da casa e olhou pela janela, mas estava escuro demais para dizer o que — ou quem — estava dentro. Ela inspecionou a porta da frente. Não havia arranhões, nem pegadas, e nenhum tapete de boas vindas. Então, depois de colocar as luvas que Chase lhe deu — eles não queriam deixar impressões digitais — ela tocou a maçaneta hesitantemente, como se estivesse conectada a uma bomba. Sua pele formigava. Ela olhou por cima do ombro de novo para o escritório do corretor de imóveis. Um trovão retumbou. O vento soprava. Alguns pingos de chuva caíram sobre a cabeça de Spencer.

— Posso ajudar?

Spencer gritou e se virou. Um homem com um cão se aproximou pela calçada.

Ele parecia mais velho, um pouco encurvado. A língua do cão pastor estava pendurada fora de sua boca. Spencer não sabia se o cachorro estava preso com a coleira ou não.

O homem olhou de Spencer para Chase. — O que vocês estão fazendo? — ele perguntou bruscamente.

A mente de Spencer ficou em branco. — Uh, nós achamos que a nossa amiga mora aqui.

— Ninguém mora aí — o homem disse, olhando para a casa. — Esse lugar está vazio desde que construíram.

Não parecia que ele estava mentindo. Ele também não parecia que sabia quem eles eram, ele era apenas um cara velho passeando com o seu cão. — Você já viu alguém entrando e saindo desse lugar? — ela se atreveu a perguntar. — Qualquer pessoa?

— Não, nem sequer uma luz ligada — o homem disse. — Mas é uma propriedade privada. Vocês deveriam ir embora. — Ele deu-lhes outra olhada longa, e por um momento, Spencer se perguntou se ela não tinha confiado nele muito rapidamente. Mas então ele assobiou para o seu cão, e o cão se levantou. Ao passarem, o cão ficou tenso e virou a cabeça em direção ao escritório do corretor de imóveis do outro lado da rua. Spencer sentiu um frio na barriga. O cão tinha sentido uma presença? Mas, então, ele trotou para longe e levantou sua perna em uma moita de dentes-de-leão. O homem e o cão desapareceram assim como os sons de passos e o tilintar da coleira.

Spencer esperou até que o homem estava a uma distância segura antes de se virar para olhar para Chase. — Esta definitivamente é a casa da foto.

— Você acha que Ali sabia que nós a encontramos? — Chase sussurrou com os olhos arregalados. E então, de repente, um olhar aterrorizado atravessou seu rosto. — Você acha que é possível que Ali tenha plantado esse vídeo? Talvez ela nunca esteve aqui, para começar. Ou talvez ela nos tenha trazido aqui para nos machucar.

Spencer não podia acreditar que isso não tivesse lhe ocorrido. Ela correu para fora da varanda, certa de que algo horrível estava prestes a acontecer. Ela não tinha certeza, mas por uma fração de segundo, ela jurou que ouviu alguém rindo.

Ela apertou os olhos com força em direção às árvores, então espiou preocupadamente o escritório do corretor de imóveis, desesperada para reconhecer a forma de Ali na janela. E se ela estivesse por perto? E se ela tivesse percebido o que eles tinham descoberto — e ela estivesse furiosa?

Spencer pegou a mão de Chase. — Vamos sair daqui — ela disse às pressas, correndo de volta para o carro. Ela torceu, de repente, que eles não tivessem cometido um erro terrível.


3

HANNA PERDE

Uma hora mais tarde, Hanna Marin e seu namorado, Mike Montgomery, estavam sentados no Prius de Hanna, movendo-se lentamente ao longo do tráfego do hospital de volta para Rosewood. Mike mexia no rádio, primeiro escolhendo uma estação de rap, em seguida, mudando para uma de esportes. Ele soltou um suspiro e olhou para fora da janela, parecendo tão exausto quanto Hanna se sentia.

Ele tinha ficado um longo tempo no hospital ontem à noite, em parte por Noel e em parte por Hanna. Hanna não tinha certeza de quando ele tinha ido embora, mas ela estava certa de que tinha sido depois de meia-noite, e ele apareceu de novo logo após Noel ter acordado esta manhã.

O celular de Hanna, que estava ligado ao sistema de Bluetooth do carro, tocou alto. Ela apertou o botão ATENDER no console central sem olhar para o identificador de chamadas. — Hanna? — uma voz familiar ecoou. — É Kelly Crosby da clínica de queimados.

— Oh. — O dedo de Hanna pairou sobre o botão DESLIGAR no volante. Ela podia sentir Mike olhando para ela. — Uh, oi.

— Eu apenas liguei para que você saiba que você não precisa vir na próxima semana — Kelly continuou. — A clínica está fechada até segundo aviso por causa do.. assassinato.

O assassinato. Hanna engoliu em seco.

— Eu também queria que você soubesse que o funeral de Graham Pratt será amanhã — Kelly continuou. — Vocês eram bons amigos, eu achei que você poderia estar interessada.

— Hum, ótimo — Hanna disse em voz alta para Kelly. — Eu tenho que ir!

Ela desligou e olhou direto através do para-brisa, como se nada estivesse errado. O único som era o clunka-clunka-clunk do pavimento irregular na rampa de saída. Finalmente, Mike pigarreou. — Eu pensei que você tivesse dito que Graham era o homem-bomba, Hanna.

Hanna agarrou o volante com força. Mike tinha suspeitado sobre sua temporada de voluntariado na clínica de queimados, primeiro certo de que ela queria se reconciliar com o seu ex, Sean Ackard. Isso era ridículo, mas ela não podia exatamente dizer a ele toda a verdade, tampouco — o que significaria explicar sobre A. Ela finalmente admitiu que Aria e Graham estavam na sala da caldeira do navio quando a bomba explodiu, e que ela estava espionando Graham para descobrir o que ele sabia. Mas havia um monte de furos na história dela, e Mike sabia disso.

Ela encolheu os ombros. — Eu tive que dizer às pessoas da clínica de queimados que Graham e eu éramos amigos. Essa foi a única forma deles me deixarem chegar perto dele.

— E que história é essa de um assassinato?

Hanna olhou fixamente para uma placa de Delaware no carro na frente dela.

— Não faço ideia.

— Mentira.

— Eu não sei! — Hanna protestou.

Mas ela sabia. Ontem, o corpo de uma garota havia sido encontrado no bosque atrás da clínica, e sua pulseira do hospital dizia KYLA KENNEDY. A garota estava morta há dias, exceto que Hanna tinha falado com Kyla — ou alguém representando ela — na noite anterior. A cama de Kyla ficava na frente do quarto de Graham. Havia apenas uma menina que não queria que Graham acordasse e dissesse quem realmente detonou a bomba.

Ali.

Hanna simplesmente não a tinha reconhecido sob aquelas ataduras.

Hanna virou na garagem de sua mãe e estacionou. Ela já estava fora do carro e quase na porta lateral quando percebeu que Mike não estava com ela. Ele ainda estava de pé na entrada com uma expressão estranha em seu rosto.

— Eu estou tão cansado disso — ele disse com uma voz calma.

Hanna se encolheu. — Cansado de quê?

— Eu sei que você está mentindo.

Hanna desviou o olhar para a esquerda. — Mike.. pare.

— Primeiro, você brinca de detetive, fugindo do baile o qual você era a rainha para ir para a clínica e falar com um homem-bomba em potencial ao invés de deixar a polícia lidar com isso. — Mike listou os itens em seus dedos. — Então, depois que você me diz que o cara está morto, você desaparece com Spencer e as outras sem me dizer nada. Quando eu encontro você de novo, você está coberta de lama. Hanna tocou o dedo do pé na pedra decorativa à direita do tapete de boas-vindas. A lama em seu vestido foi de quando ela e suas amigas tinham ido salvar Aria de Noel no cemitério.

— E então — Mike disse, elevando a voz, — você me diz que você simplesmente estava lá quando a polícia encontrou o corpo de Noel nesse galpão.

Eu ouvi você dizer a um policial esta manhã que tinha recebido uma mensagem ameaçadora dizendo para você ir até lá.

A garganta de Hanna parecia áspera. Ela também tinha inventado a história sobre encontrar Noel, e ela ainda não sabia o que fazer a respeito de entregar o bilhete de Kyla para a polícia.

— Você não está apenas agindo como louca só comigo — Mike disse. — Eu conversei com Naomi sobre você. Vocês eram BFFs no cruzeiro, e de repente vocês não são mais.

Raiva se enrolou através de Hanna. — Você falou com Naomi sobre mim? — Ela e Naomi Zeigler tinham sido inimigas por anos, e para piorar as coisas, Hanna percebeu que Naomi e Madison eram da mesma família, uma menina que ela tinha machucado no verão passado.

— Eu estava tentando entender. — Mike bateu os braços nos seus lados. — Naomi disse que você fez algumas coisas estranhas nesse cruzeiro. Você olhou os e-mails do computador dela. Houve momentos em que você correu dela como se estivesse com medo dela. — Ele cerrou sua mandíbula. — Algo me diz que isso tem algo a ver com toda essa outra loucura que está acontecendo, também. Está tudo ligado. — Ele olhou para ela severamente. — É A, não é? Ali. Ela está de volta.

Hanna congelou. — Eu não sei do que você está falando.

Mike se aproximou. — É a única coisa que se encaixa. Apenas me diga. Você não confia em mim?

A mandíbula de Hanna tremeu. — Talvez eu não tenha lhe contado por uma boa razão — ela desabafou. — É porque eu não quero que você se machuque, seu idiota! Eu não quero que você acabe como Noel!

Eles estavam cara-a-cara, a respiração de menta de Mike em suas bochechas.

Ele agarrou as mãos dela. — Eu quero ajudar. Eu te amo. Eu não me importo com os riscos.

Ela fechou os olhos, sentindo-se desgastada. Não havia nenhuma forma de escapar disto. Mike sabia que ele estava certo, e o olhar no rosto dela certamente confirmou. A única coisa a fazer para impedi-lo de saber mais era romper com ele.

Hanna se odiou só de pensar nisso, provavelmente não iria manter Mike seguro, de qualquer maneira. Ele já sabia demais.

Ela tomou uma respiração profunda, vacilante e, de repente, toda a história saiu. Ela disse a Mike que novas mensagens de A começaram a chegar, que elas se tornaram cada vez mais sinistras, e que, no cruzeiro, as mensagens tinham focado em quando Hanna tinha fugido do local de um acidente de carro, deixando Madison Zeigler, a prima de Naomi, para morrer. — Por um tempo, eu estava com medo de que Naomi fosse A — ela disse. — Foi por isso que eu olhei o computador dela. Eu achei que pudesse encontrar algo para provar isso. Mas Naomi me disse que o acidente não foi culpa minha, afinal, alguém me tirou da estrada. Eu me lembro de alguém fazendo isso, mas eu não vi o rosto. Era essa pessoa que ela e Madison estavam tentando encontrar.

Mike fez uma careta. — Você se meteu em um acidente de carro no último verão e você não me contou?

Hanna deu de ombros. — Eu não podia arriscar dizer a ninguém. Eu sinto muito.

Ela continuou com a história. Quando ela chegou à parte em que elas concluíram que A era Ali, Mike parecia confuso. — Você tem certeza? Eu pensei que ela não tinha sobrevivido ao incêndio.

— Emily deixou a porta aberta para ela. E ela saiu. — Então, ela baixou os olhos e também explicou a parte de Tabitha para ele — que elas tinham desconfiado que Ali havia seguido elas para a Jamaica e que iria machucá-las. — Tabitha nos seguiu até o telhado do resort — ela disse a Mike. — E então ela foi atrás de Aria. Depois disso, tudo aconteceu tão rápido — Aria empurrou-a para frente, houve uma briga e, de repente, Tabitha estava caindo sobre a grade. Ela permaneceu viva depois da queda, no entanto — nós temos certeza. Mas quando chegamos lá, ela tinha desaparecido. Nós não a matamos, mas alguém quer fazer parecer que fomos nós.

— Jesus — Mike murmurou com os olhos arregalados. — Eu estava nessa viagem com vocês. Eu vi aquela garota. Como você pôde esconder isso de mim?

— Eu sinto muito — Hanna disse baixinho. — Eu estava tão assustada. Eu queria fingir que nunca tinha acontecido. Mas quando começamos a receber novas mensagens.. — Ela parou e cobriu o rosto com as mãos.

Mike sentou-se na muralha de pedra que cercava a casa de Hanna e olhou para longe. Depois de um tempo, ele disse: — Deixe-me ver se eu entendi. Foi Ali — ou o ajudante dela — que assassinou aquela mulher, Gayle, também?

Hanna acenou com a cabeça, pensando em Gayle Riggs, a mulher rica que queria o bebê de Emily. A a tinha matado.

— E foi A que detonou a bomba na sala da caldeira do navio? — A voz de Mike chiou. Hanna acenou com a cabeça novamente, e Mike fez um som borbulhante no fundo da sua garganta. — E foi A quem realmente matou Tabitha?

— Temos quase certeza que sim.

— Então, basicamente, Ali tentou matar você e a minha irmã, tipo, seis vezes até agora, e ela está tentando culpar vocês pela merda que ela fez. Precisamos encontrar essa vadia. Agora.

Hanna olhou preocupada em torno do jardim. — Spencer e Emily acham que é uma má ideia. Da última vez que procuramos por Ali, Noel foi parar no hospital.

Mike chutou um cascalho solto no canteiro de flores. — Então, nós deveríamos apenas nos sentar por aí?

Hanna espiou por entre as árvores, odiando o quão isolada a casa da mãe dela era. Qualquer um poderia espioná-los de perto, e eles nunca saberiam. — Eu só estou com medo de que, se chegarmos muito perto de onde eles estão ou de quem seja o ajudante, alguém se machuque. Talvez você. Talvez eu.

Os olhos azuis e frios de Mike se estreitaram. — Eu prometo a você, Hanna, que ela nunca, nunca vai te machucar. Ela vai ter que passar por mim primeiro. Eu fico de guarda do lado de fora do seu quarto, se for preciso. Fico ao seu lado em todas as aulas. Até entro no provador da Otter, se você quiser.

Hanna deu-lhe um empurrão brincalhão. — Você adoraria entrar no provador da Otter.

— Claro que eu adoraria. — Mike se inclinou e deu um beijo suave no nariz de Hanna.

Hanna inclinou a cabeça para cima e beijou seus lábios. Algo partiu dentro dela. Lágrimas salgadas inundaram suas bochechas. — Estou tão feliz que você tenha descoberto — ela sussurrou em seu ouvido.

— Eu estou feliz, também — Mike disse.

Eles se beijaram novamente, longamente e profundamente. Mike moveu as mãos para cima e para baixo em suas costas. Ela deu pequenos passos em direção à porta lateral, e em segundos, eles estavam dentro e deitados no sofá de sua mãe na sala, namorando furiosamente. A única coisa que Hanna queria pensar era na sensação dos lábios de Mike sobre os dela, o calor de suas mãos, o peso do seu corpo. Ela agarrou-se a ele como se ele fosse um bote salva-vidas, então se viu puxando sua camisa sobre a cabeça.

Arrepios subiram na pele dela. Mike tirou a camisa, também, revelando seu peito forte e tonificado, e abdome-de-lacrosse. Ele hesitou em cima dela. Hanna sabia, de repente, o que ia acontecer a seguir. Era algo que eles tinham adiado, importunado um ao outro, organizado por semanas.. mas algo que não tinha exatamente acontecido. Eles seriam o primeiro um do outro, afinal de contas, e ambos pareciam perceber o quão especial o momento precisava ser. Mas talvez aqui, nesta casa vazia, neste dia terrível, fosse exatamente o momento certo.

Hanna abriu o botão da calça jeans dela. Os olhos de Mike deslizaram para observar. — Tem certeza? — ele sussurrou, sua voz tensa.

— Sim — Hanna disse, uma agitação atingindo-a por dentro. Ela agarrou Mike com força e o puxou para mais perto de um jeito que ela nunca esteve antes.


4

A GAROTA DESAPARECIDA

No momento em que Emily Fields irrompeu pela saída de Rosewood Day depois de pegar suas atribuições mais tarde naquele dia, os gritos indesejáveis começaram.

— Senhorita Fields! Eu sou Alyssa Gaden do Philadelphia Sentinel! Você tem um minuto?

— Emily! Aqui!

Flashes estouraram. Repórteres empurraram microfones em seu rosto. Emily tentou passar apressada por eles, mas eles a seguiram.

— É verdade que foram vocês que encontraram Noel Kahn no galpão de armazenamento por trás da escola? — a mulher do Sentinel gritou.

— Você pode nos dizer o que a levou até lá? — um homem gritou.

— Você, meninas, têm um pacto de suicídio? — outra voz gritou. — É por isso que vocês saíram naquele bote salva-vidas?

Emily estremeceu. Depois que o navio de cruzeiro tinha sido bombardeado, todos tinham evacuado em botes salva-vidas. Emily e suas amigas tinham pegado seu próprio bote e navegado para longe da costa para enterrar o velho colar de Tabitha — A tinha conseguido colocá-lo nas mãos de Aria, e as meninas não queriam estar conectadas a ele. Mas o bote salva-vidas furou no meio do mar, deixando-as presas. A tripulação do barco as resgatou, e os rumores de que elas navegaram sozinhas para morrer começaram.

Alguém colocou a mão no ombro dela, formando uma barricada entre Emily e os jornalistas. — Sem comentários, sem comentários, sem comentários.

Era o diretor Appleton. Ele passou o braço em torno de Emily e empurrou-a até a inclinação do estacionamento dos alunos. — Eu sinto muito, querida — disse ele suavemente.

— Obrigada — disse Emily, agradecida.

Appleton deixou Emily em seu carro com um aceno de cabeça e algumas palavras encorajadoras para ela ser paciente. Emily caiu no assento do motorista do Volvo wagon da sua família. Nos últimos anos, ela e suas amigas tinham sido alvo do escrutínio da mídia — elas ainda tinham um filme feito sobre elas chamado Pretty Little Killer. Ela estava tão, tão, tão cansada disso.

Se esses corvos no poste de telefone voarem nos próximos dez segundos, tudo vai ficar bem, Emily pensou, olhando para os fios por entre as árvores. As aves não se mexeram. Mais corvos se juntaram a eles, curvadas manchas negras contra o céu cinzento.

Suspirando, ela pegou o celular e olhou seu e-mail. O único que havia era de Hanna: Vocês vão ao funeral de Graham comigo amanhã? Eu preciso de apoio moral.

Aria havia concordado. Emily escreveu e disse que iria também. Ela saiu de seu programa de e-mail, em seguida, olhou ansiosamente para o papel de parede em sua tela inicial. Era uma foto dela e de sua namorada, Jordan Richards, no convés do navio de cruzeiro, quando ele se afastava de San Juan, Porto Rico.

Ela fechou os olhos, silenciosamente revivendo o momento. Ela e Jordan tinham se conectado tão rápido e intensamente. Emily desejava falar com Jordan agora, mas Jordan era uma foragida do FBI. Na verdade, elas tinham feito planos para fugir juntas, mas A tinha chamado os federais para a Ladra Patricinha. Agora Jordan estava escondida em algum lugar do Caribe para escapar da prisão. Se Emily apenas pudesse contatá-la e marcar um encontro com ela. O que ela tinha aqui, afinal? Seria perfeito para escapar de A. Mas não havia nenhuma maneira de entrar em contato com Jordan.

Ou havia?

Ela clicou no aplicativo do Twitter. Precisamos conversar, ela escreveu em uma mensagem direta ao Twitter secreto de Jordan. É importante.

Ela enviou a mensagem e esperou, imaginando que Jordan provavelmente não iria responder — ela tinha respondido para Emily algumas vezes, mas ela havia dito repetidamente que era realmente perigoso. Mas, para sua surpresa, havia uma nova mensagem privada em sua caixa de entrada dentro de um minuto.

Está tudo bem? Jordan escreveu. Acabei de ver umas coisas no noticiário sobre aquele garoto de Rosewood. Ele era o namorado da sua amiga, certo?

Emily engoliu em seco. Ele era, escreveu ela. Mas eu estou bem, e as minhas amigas também.

Que bom, disse Jordan. Fico feliz.

Eu sinto sua falta, Emily digitou rápido. Estou desesperada para sair daqui. As coisas estão super assustadoras. Onde vc tá?

Uma nova mensagem apareceu depois de um momento. Eu gostaria de poder te dizer, mas você sabe que eu não posso agora. É muito arriscado.

Emily mudou seu peso no banco, olhando através do para-brisa para algumas crianças caminhando até acima da colina para os seus carros. Tinha sido um tiro no escuro, mas ela esperava que Jordan dissesse que sim. Eu vou esperar por você, ela prometeu.

Que bom. Eu vou esperar por você, também.

Jordan assinou a mensagem com um XO. Emily saiu do programa do Twitter e colocou o celular de volta em sua mochila. Ela se sentia do mesmo jeito de quando ela comia um pedaço do macarrão com queijo da sua mãe — ela nunca conseguia comer só um pouco. Se ela e Jordan pudessem falar por horas em vez de segundos.

Se ela soubesse onde Jordan estava.

Seu celular apitou. Era uma alerta do e-mail do Google para A Reserva de Addison-Stevens, o hospital psiquiátrico de Ali — Emily tinha ativado os alertas um tempo atrás, apenas no caso de qualquer notícia pertinente aparecer sobre pacientes que escaparam que poderiam potencialmente ser o namorado secreto de Ali. Este endereço de e-mail era um comunicado da imprensa sobre uma nova piscina terapêutica que havia sido construída no local. A foto havia sido incluída.

Emily olhou fixamente para os pacientes na piscina, com os rostos borrados.

Nenhum deles tinha o cabelo loiro-platinado como o de Iris Taylor, a menina que ela tinha tirado da Reserva na semana passada, dirigindo para ela ao redor de Rosewood e perguntando a ela sobre Ali, que tinha sido a antiga colega de quarto de Iris. Tanto quanto Emily sabia, Iris voltou para a Reserva após o baile. A Reserva não permitia trocas de e-mails, mensagens, ou celulares, porém, então Emily não sabia como ela tinha voltado para lá.

Emily fez uma pausa. Hanna tinha conhecido Iris durante um curto período na Reserva, e ela parecia incrivelmente assustadora — talvez até mesmo estivesse na equipe de Ali. Mas Emily tinha visto um lado diferente dela, ela era apenas uma menina insegura e triste que precisava que alguém prestasse atenção nela. Em um mundo onde quase todo mundo sabia que Emily acabou não sendo o que parecia, era bom que Iris tivesse acabado por não ser tão ruim. De repente, Emily meio que sentiu falta dela.

Um pensamento tomou forma em sua mente. Talvez pudéssemos ir à Reserva, Hanna havia sugerido no hospital. Para descobrir se havia um paciente cujo nome começava com N. Talvez Iris soubesse quem era. Aprofundar-se na investigação assustava Emily pra caramba, mas e se houvesse uma pista vital bem debaixo do seu nariz?

Ela saiu do estacionamento com um propósito. Em vez de virar à direita, em direção ao loteamento da sua família, ela pegou a esquerda, que a levou por uma estrada secundária sinuosa, além de casas de fazenda e estandes de sorvete, e subiu a longa colina. O tráfego estava leve, e ela chegou à Reserva de Addison-Stevens mais cedo do que ela tinha estimado. Enquanto o carro subia a colina íngreme para o hospital que parecia um forte, com todas as pedras, tijolos e torres pontudas, uma ambulância passou, indo na direção oposta. Emily estremeceu, perguntando quem estava dentro — e por quê.

Ela estacionou e entrou no saguão, olhando para os familiares plantadores e as fontes. Um homem de pé na recepção sorriu para ela. — Boa tarde.

Emily assentiu tremulamente. — Estou aqui para ver Iris Taylor. Sou amiga dela. Emily Fields.

O homem olhou para algo em sua tela, então franziu o cenho. — Iris não é mais uma paciente daqui.

Emily levantou a cabeça. — O que isso significa? — Os pais cruéis de Iris a deixaram sair? Ela tinha sido transferida para outro hospital?

O homem olhou de um lado para o outro, então se inclinou em direção a ela.

— Já que você é amiga dela, você deveria saber. Ela está desaparecida da sua cama desde ontem de manhã.

Emily piscou com força. Desaparecida? Iris tinha estado miserável aqui — talvez ela tenha escapado, assim como ela escapou com Emily na semana passada.

Mas algo no rosto do homem parecia tenso, como se ele tivesse deixado de dizer alguma coisa. — Ela.. ela está bem?

Outra enfermeira entrou pela porta naquele momento, e o homem se calou.

— É um assunto privado — disse ele, olhando sagazmente para a segunda enfermeira. — Eu sinto muito.

Emily se inclinou para frente. — Você pode me dizer se havia um paciente do sexo masculino na ala adolescente, há alguns anos, cujo nome começava com N?

Ele era amigo de, hum, Courtney DiLaurentis.

Os lábios do homem se contorceram. Ele olhou para Emily por uma fração de segundo e, em seguida, para a enfermeira que estava por perto. — Eu sinto muito — ele sussurrou.

— Você não pode simplesmente me deixar olhar a lista de pacientes por um segundo? — Emily implorou. — Isso é importante.

A segunda enfermeira pigarreou alto. O homem deu de ombros impotentemente.

Emily se virou, sua mente girando. Iris parecia tão otimista que o seu retorno para a Reserva iria recuperá-la para sempre. Por que ela sairia tão cedo?

Um pensamento horrível a atingiu. Iris tinha dado a Emily e as outras informações vitais sobre Ali. Será que Ali sabia?

As portas automáticas se abriram, e Emily entrou no pátio de tijolos que levava ao estacionamento, com a cabeça girando. Assim que ela passou pelo banco que continha a placa EM MEMÓRIA DE TABITHA CLARK, seu celular tocou. Ela puxou-o para fora de seu bolso, esperando que de alguma forma fosse Iris, avisando-a que ela estava bem. Mas a mensagem era de um amontoado de letras e números. O coração de Emily se partiu.

Você está cansada de farejar, Scooby-Doo? Todos que você envolver nisto irão se machucar. Incluindo VOCÊ. —A


5

UM SEGREDO REVELADO

Na terça-feira à tarde, Aria caminhou com a cabeça baixa para o jornalismo, a sua última aula do dia. Uma rajada de vento soprava pedaços de grama recém-cortada, embalagens de chiclete e a faixa de cabelo de uma menina através do pátio. Por um segundo, quando Aria olhou para cima, ela jurou que viu a figura de Noel cruzando a área verde.

Mas é claro que não era ele. No almoço de hoje, ela ouviu alguns jogadores de lacrosse mencionar que Noel tinha sido liberado do hospital e estava relaxando em casa. Ele estava sozinho? O que ele estava assistindo na TV? Não que Aria fosse admitir isso para suas amigas, mas ela olhava o Twitter dele incessantemente. Ele não tinha postado desde a noite do baile.

Uma dor a encheu. Ela sentia falta de Noel como uma louca. E ela se odiava por isso.

Ela também odiava os olhares estranhos que as pessoas lhe deram todo o dia.

Como o modo que Sean Ackard estava olhando para ela agora: meio com pena, meio com medo. Depois de uma pausa, Sean correu até ela. — Aqui, Aria — disse ele, colocando algo em suas mãos.

Aria olhou para suas mãos. Grupo de Aconselhamento para Adolescentes Problemáticos da Rosewood Episcopal da Juventude.

— Eu tenho ouvido. . — Sean começou preocupadamente. — Eu apenas pensei que poderia ajudar. — Ele começou a dizer outra coisa, então pareceu pensar melhor e virou-se, indo embora rapidamente.

Aria fechou os olhos. Os rumores sobre o pacto de suicídio novamente. Eles circularam pela escola logo após o Cruzeiro Eco — todos pensavam que as meninas tinham tentado se matar ao sair em um bote salva-vidas sem um capitão adequado.

E agora, por alguma razão, os rumores tinham voltado mais intensos.

Aria amassou o panfleto em uma bola e virou-se para o celeiro. Assim que ela tocou a maçaneta de latão, alguém pegou-a por trás e puxou-a para o canto. Ela gritou em protesto, então viu que era seu irmão.

— Eu estive procurando por você — disse Mike rispidamente.

Aria baixou os olhos. Ontem à noite, quando ela chegou em casa da Wordsmith’s Books, onde ela ficou olhando para o mesmo parágrafo do livro The Breakup Bible a noite inteira, ela encontrou um bilhete com a letra de Mike em sua cama: Hanna me contou tudo. Precisamos conversar.

Ela tinha ligado para Hanna, furiosa. Como ela pôde ter comprometido a segurança de Mike, especialmente depois que elas concordaram em se manterem em silêncio? Mas Hanna não tinha atendido ao telefone. Poucos minutos depois, Mike tinha batido na porta de Aria, mas ela tinha jogado as cobertas sobre a cabeça e fingiu estar roncando. Esta manhã, ela esgueirou-se para fora de casa para uma aula de yoga bem cedo antes de Mike acordar. Mas nem mesmo o om1 e o cão para baixo tinham sido capazes de acalmar seus pensamentos recorrentes.

— Eu entendo por que você não me disse nada — disse Mike, em voz baixa.

— Mas eu posso ajudar. Quero dizer, se Noel saía com ela tanto quanto vocês dizem que ele fez, talvez eu tenha visto algo que eu nem sequer percebi. — Ele fez uma careta. — Eu não acredito que ele fez isso com você. Esse cara está morto para mim. Aria estremeceu, de repente se sentindo defensiva. Ela estava grata pela lealdade de seu irmão, mas ela não tinha pensado que as ações de Noel impactariam em seus outros relacionamentos, também. — Olha, você precisa ficar de fora disso. Se esta pessoa for Ali, nós não sabemos do que ela é capaz.

Mike franziu a testa. — Eu não tenho medo de Ali. Que ela venha.

Se Aria estivesse em um desígnio diferente, ela poderia ter rido. A atitude de Mike lembrou-a de quando eles eram pequenos e estavam na piscina exterior de Hollis. Mike, de cinco anos, ficava na beira do alto trampolim, com as mãos nos quadris, proclamando a todos que nada o assustava. Ele nunca realmente saltou para fora do trampolim, no entanto. Ele descia a escada, alegando que ele não queria se molhar e estragar sua sunga.

Aria olhou para um distante cortador de grama quando ele fez um desenho cruzado no campo de futebol. Normalmente, o cheiro de grama recém-cortada a animava, mas não hoje. — Sabe o que eu realmente quero? Fugir. Para ser completamente anônima.

— Você realmente acha que Ali iria deixá-la fazer isso?

— Não. E, além disso, todas as pessoas deste país estúpido sabem quem eu sou. — Aria olhou para cima no exato momento em que a van do Canal 4 de notícias entrou no estacionamento dos estudantes. Havia provavelmente uma câmera apontada para ela nesse mesmo segundo.

Mike colocou as mãos nos bolsos. — As pessoas de outros países provavelmente não, no entanto.

— E?

Seus olhos azuis encontraram os dela. — Olha, eu não estou dizendo que você deve ir. Mas quando eu estava em seu quarto na noite passada, eu vi o panfleto sobre a sua mesa. Aquele sobre Amsterdã.

Demorou alguns segundos para Aria se lembrar do que ele estava falando.

Parecia que tinha sido há milhares de anos quando ela recebeu a carta dizendo que ela era finalista no aprendiz de artista em Amsterdã. Ela tinha desistido no momento, não querendo ficar tão longe de Noel.

— Eu não sei — murmurou Aria. — Eu provavelmente não iria entrar, de qualquer maneira. E viajar parece bastante assustador agora.

Mike fungou. — Diz a garota que está morrendo de vontade de voltar para a Europa. Parece incrível, e você sabe disso. E talvez eu esteja sendo um pouco egoísta. Há muito menos chance de Alison voar para a Holanda para fazer alguma coisa com você. Você estará mais segura lá.

Ah, é mesmo? Aria pensou. Ali tinha seguido ela para a Islândia no verão passado, afinal de contas. Mas ela considerou isso por um momento. Seria uma grande fuga — não apenas de Ali e do Ajudante de A, mas das lembranças constantes de Noel e da imprensa implacável. Se Aria se lembrava corretamente, o 1 Om: É o mantra mais importante do Hinduísmo e outras Religiões.

aprendizado envolvia o estudo com um grupo rotativo de artistas promissores. Ela iria ajudar em seus estúdios e participar de seus shows, e não haveria tempo para criar a sua própria arte. Ela só foi para Amsterdã uma vez, por alguns dias, mas ela não tinha esquecido as ruas estreitas, a atitude relaxada, o enorme parque na margem da cidade. Na verdade, meio que soava como o céu.

Ela puxou Mike em um abraço feroz. — Tudo bem. Vou tentar fazer isso.

Mike franziu a testa, parecendo em conflito. — Se você entrar, me leve também. Aposto que a maconha de Amsterdã é muito melhor do que a de Colorado.

Aria bagunçou seu cabelo. Desde que o Colorado legalizou a maconha, Mike tinha estado fascinado com o lugar. — Eu prometo pelo menos levá-lo para uma visita — brincou ela. Em seguida, ela passou por ele para o celeiro de jornalismo, que tinha a melhor recepção de celular. Ela tinha uma ligação importante para fazer. Poucas horas depois, Aria saiu do trem em Henley, uma cidade dezesseis quilômetros mais perto de Filadélfia, famosa pela sua faculdade de artes liberais e seu festival anual de cinema. Ela passou pela velha loja de ferragens na rua principal e seguiu a estrada após um hospital para o Prédio de Línguas de Henley.

Os alunos passavam por ela segurando seus livros e iPads. Um grupo de crianças se reunia debaixo de uma árvore. Um rapaz de cabelos compridos dedilhava uma música dos Beatles perto de um quiosque de café.

A excitação de Aria aumentou. Quando Aria tinha ligado da escola, Ella tinha lhe dado o número para contato do Aprendiz Americano. O contato havia atendido e disse que hoje era o penúltimo dia para as entrevistas, e a pessoa com quem ela estava a falar, Agatha Janssen do Departamento de Línguas Germânicas de Henley, tinha um horário de seleção esta tarde. Parecia ser o destino.

O edifício de línguas cheirava a mofo e tinha um eco grave, e a telha da parede era exatamente como a do prédio das aulas de culinária de Aria e Noel. Ela sentiu uma pontada. Ela deveria ligar para ele?

Claro que não. Ele mentiu para você. Ela apertou a mandíbula e retirou o pensamento da sua mente. Ela deveria estar pensando em Amsterdã e na sua nova vida. Ela não tinha, tecnicamente, sido aceita no aprendizado ainda, mas ela queria pensar positivamente. Ela mal podia esperar para começar todos os tipos de rituais na Holanda que Noel nunca gostaria de fazer, como ver o sol nascer todas as manhãs, ver longos filmes estrangeiros sem enredo em que as pessoas fumam e fazem amor bastante, e que vão para cafés para debater filosofia.

O escritório da Sra. Janssen estava no fim do corredor. Quando Aria bateu, uma mulher mais velha com cabelos crespos e óculos com armação de metal escura, vestindo o que parecia ser um monte de lenços de seda costurados em um vestido parecendo um saco, abriu a porta. — Olá, senhorita Montgomery! — disse ela com um sotaque holandês. — Entre, entre!

O interior do escritório cheirava a torta de maçã. Na parede havia desenhos dos diques ao redor de Amsterdã e uma foto de uma menina em enormes sapatos de madeira amarelos. — Obrigada por me receber em tão pouco tempo — disse Aria, tirando sua jaqueta de primavera xadrez.

— Não tem problema. — A Sra. Janssen teclou no teclado, suas pulseiras de madeira batendo juntas. — Como você sabe, eu tenho o poder de recomendar um candidato. Eu entrevistei estudantes de Nova York, Boston e Baltimore, mas seu portfólio é bastante forte. E você sabe um pouco de holandês, o que é muito útil.

— Eu aprendi quando eu estava na Islândia — Aria vangloriou-se. — Eu morei lá por alguns anos.

A Sra. Janssen empurrou uma mecha de cabelo atrás das orelhas. — Bem, a aprendizagem seria por dois anos. Você estará ajudando vários artistas, aprendendo muito com cada um deles. Todo mundo que fez esta aprendizagem passou a ter uma carreira no mundo da arte por mérito próprio.

— Eu sei. É uma oportunidade excelente. — Aria pensou na literatura que ela releu esta tarde. Os aprendizes tinham que viajar por toda a Europa com os seus artistas.

Ela fez a Aria mais algumas perguntas sobre suas influências, seus pontos fortes e fracos, e seu conhecimento sobre história da arte. A cada pergunta que Aria respondia a Sra. Janssen parecia cada vez mais satisfeita, as linhas de sorriso nos cantos dos olhos dela se aprofundando. Nem uma vez ela trouxe à tona que Aria era uma Pretty Little Liar. Ela não parecia saber nada do filme idiota baseado na vida de Aria, ou que Aria tinha estado em um navio de cruzeiro que pegou fogo, ou que ela tinha testemunhado o assassinato de Gayle Riggs ou encontrado seu namorado amarrado em um galpão de armazenamento apenas alguns dias antes.

Nesse pequeno escritório, Aria era apenas uma artista em brotamento, nada mais.

A Aria que ela costumava ser, antes de tudo dar errado.

— Eu vou ser honesta com você — disse Janssen depois de um tempo. — Você parece bastante promissora. Eu gostaria de lhe recomendar.

— Sério? — Aria chiou, apertando a mão ao peito. — Isso é ótimo!

— Estou feliz que você pense assim. Agora, me deixe começar o seu pedido formal, o que é certamente. . — Ela parou quando ela olhou para fora da janela. — Oh. Aria seguiu seu olhar. Fora da grande janela, ela podia ver três carros da polícia no meio-fio, com as luzes piscando. Dois policiais uniformizados saíram e caminharam para dentro do prédio. Pouco tempo depois, passos ecoaram pelo corredor. Walkie-talkies apitaram. Quando as vozes aumentaram cada vez mais perto, Aria jurou que uma delas disse Montgomery.

Uma sensação escorregadia penetrou pelas suas costas.

A porta se abriu e dois homens entraram no escritório com os olhos apertados e os músculos tensos. A Sra. Janssen encolheu-se contra a parede. — Posso ajudar?

O homem na frente apontou para Aria. Sua jaqueta dizia FBI no bolso do peito. Ele tinha olhos pequenos e uma goma de mascar com cheiro frutado em sua boca. — É ela.

A adepta olhou para Aria como se ela tivesse se transformado em um sapo gigante. — O que é isso?

— Ela é procurada para interrogatório por um incidente internacional — disse o agente rigidamente.

A garganta de Aria ficou seca. — O... o que você quer dizer? — Como se em resposta, algo que fez um ping dentro de sua mochila. Aria pegou seu celular, seu coração afundando. Uma nova mensagem, dizia, seguido de um amontoado de letras e números.

Sabe sua roupa suja, Aria? É hora de lavá-la à seco. —A


6

SPENCER VAI AO CENTRO DA CIDADE

Na terça-feira, Spencer tinha acabado de correr cinco quilômetros tranquilamente na Trilha Marwyn, uma linha de trem velha que se transformou em um passeio pela natureza. Enquanto ela caminhava de volta para seu carro, puxando seu cabelo para cima em um rabo de cavalo alto, uma ventania parou. A trilha estava livre de corredores e ciclistas, mas ela jurou ter visto uma forma humana nos arbustos. Ali?

Uma mulher e três cães apareceram na esquina. Uma pessoa usando patins Rollerblader passou e um esquilo surgiu dos arbustos. Spencer beliscou o interior da palma de sua mão. Ali não está em todos os lugares. Só que, ela realmente acreditava nisso?

Ela entrou no carro, esvaziou uma garrafa de água de coco e ligou o rádio. A primeira coisa que ela ouviu foi o nome de Noel Kahn. Ela virou o botão de aumentar o volume.

— ...Embora o Sr. Kahn tenha sobrevivido ao ataque, ele está entre um número crescente de vítimas em Rosewood, junto com a socialite Gayle Riggs, que foi assassinada na garagem de sua nova casa em Rosewood, e Kyla Kennedy, uma paciente com queimaduras que foi encontrada morta por trás do hospital — disse uma voz de barítono profunda. — Novas perguntas estão rodando sobre um criminoso em série à solta. As autoridades também estão investigando uma possível associação com o bombardeio ao navio de cruzeiro Esplendor do Mar algumas semanas atrás — alunos de Rosewood Day e outras escolas vizinhas estavam a bordo.

Spencer virou bruscamente, quase atropelando um ganso. Se ao menos elas pudessem entregar seus bilhetes de A. Os bilhetes iriam esclarecer essa coisa de assassino-em-série num piscar de olhos.

Ela virou na rua dela, admirando o esplendor do final da primavera. Várias flores tinham florescido, e as flores de cerejeira flutuavam para baixo vindo do alto.

Mas quando ela viu as vans de notícias na frente de sua casa, ela pisou no freio. Ela estava prestes a sair da rua e dirigir para outro lugar — qualquer outro lugar — quando os repórteres caíram sobre o carro.

— Srta. Hastings, por favor! — Os repórteres bateram em sua janela. — Apenas algumas perguntas! O que a levou até o corpo de Noel Kahn?

— Isso foi demais para vocês? — outro repórter gritou. — Vocês estão pensando em se matar?

Spencer abaixou a cabeça e entrou na garagem. Os repórteres tiveram o bom senso de não segui-la, mas eles continuaram gritando. O Range Rover do Sr.

Pennythistle estava na frente dela. Isso era estranho: Era apenas quatro horas, e, geralmente, o Sr. Pennythistle não voltava do trabalho até depois das seis. E lá estava o próprio Sr. Pennythistle, de pé na varanda, olhando para Spencer enquanto ela dirigia para dentro. A mãe de Spencer, que usava shorts cáqui até o joelho e uma camisa polo velha do Hotel Four Seasons, em St. Barts, estava ao lado dele com uma expressão séria. A quase meia-irmã de Spencer, Amelia, estava sentada nos degraus, ainda usando seu colete da escola St. Agnes e saia xadrez, ela era a única garota que Spencer conhecia que usava seu uniforme após a aula. Havia um sorriso satisfeito no seu rosto.

Spencer se moveu na garagem e olhou para os três, achando que algo estava acontecendo. — Uh, oi? — ela perguntou com cautela, enquanto subia.

A Sra. Hastings a guiou em direção à porta. — Bem, você chegou — ela disse com os dentes cerrados.

O coração de Spencer deu uma cambalhota. — O-o que está acontecendo?

A Sra. Hastings a empurrou para dentro de casa. Os dois Labradoodles da família, Rufus e Beatrice, arrastaram-se para cumprimentá-los, mas a Sra. Hastings não deu nenhuma atenção a eles, o que significava que algo realmente deve estar errado. Ela olhou para seu noivo. — Você fala com ela.

O Sr. Pennythistle, ainda em seu terno de negócios, suspirou profundamente e mostrou a Spencer uma foto em seu celular. Era de uma sala de estar destruída.

Depois de um momento, Spencer reconheceu as cortinas de cor de cobre grossas e a mesa de café com a superfície de mármore. — Sua casa modelo — ela grunhiu. O

modelo da casa tinha um quarto do pânico, onde ela e suas amigas falavam sobre A.

— Um vizinho me ligou ontem à noite — o Sr. Pennythistle disse seriamente.

— Eles caminhavam por perto com o cão deles e viram manchas em toda a janela e vidros quebrados no chão. E Amelia disse que viu você roubar as chaves do meu escritório na semana passada. Você fez isso?

Spencer lançou um olhar para Amelia, que agora estava praticamente pulando para cima e para baixo de alegria. Dedo duro. — Claro que não. Eu quero dizer, sim. Eu fui para a casa modelo algumas vezes. Mas eu não a destruí ontem à noite. Eu estava em casa na noite passada. — Ela olhou suplicante para todos eles, mas depois percebeu que ela tinha estado em casa sozinha. A mãe dela e o Sr.

Pennythistle tinham ido para a apresentação de orquestra de Amelia.

O Sr. Pennythistle pigarreou, então virou para a próxima foto. Nessa, uma menina loira alta estava no canto da sala de estar, seu olhar sobre a porta da frente.

Era Spencer.

— Isso é impossível — Spencer gritou. — Alguém fez uma montagem comigo aí.

O Sr. Pennythistle inclinou a cabeça. — Quem teria feito isso?

— A pessoa que fez isso, eu acho. — Spencer afundou na poltrona da sala de estar. E é claro que foi Ali ou o Ajudante de A. Mas por quê? Para enviar uma mensagem de alto e bom som que eles sempre souberam que as meninas estavam falando sobre eles no quarto do pânico? Para metê-la em apuros? Ela pensou novamente na presença que sentiu no complexo habitacional que ela e Chase tinham investigado. Talvez Ali soubesse que eles estavam lá.

Ela entregou o celular de volta para o Sr. Pennythistle. — Eu sei o que parece.

Mas não sou eu. Honestamente. Por favor, chame a polícia. Dê a eles as coisas destruídas para eles coletarem as impressões digitais.

— Isso não será necessário — o Sr. Pennythistle disse rispidamente.

— Por favor? — Spencer implorou. Ela precisava dele para fazer isso — talvez as impressões digitais de Ali aparecessem.

A Sra. Hastings pressionou as costas da mão na testa. — Spencer, nós precisamos levá-la para outra consulta com o Dr. Evans?

— Não! — Spencer arfou. Ela e Melissa tinham visitado o Dr. Evans, um psicólogo, no ano passado, e apesar de Spencer adorar psiquiatras agora, ir lá e ser forçada a mentir sobre a maior parte da sua vida parecia estressante. — Eu não destruí a casa, mas eu vou limpá-la se isso for deixar você feliz — ela disse, cansada.

— Limpar a casa é um bom começo — o Sr. Pennythistle disse rigidamente.

Toc toc.

Todos levantaram a cabeça rapidamente. Duas sombras se moviam atrás das cortinas das janelas. A Sra. Hastings se lançou em direção à porta com o rosto retorcido de fúria. — Eu vou estrangular esses jornalistas.

— Tem alguém aí? — uma voz profunda e severa gritou. — É a polícia.

A Sra. Hastings congelou. Spencer olhou para o Sr. Pennythistle. — Eu achei que você tinha dito que não ia chamar a polícia — ela sussurrou.

O Sr. Pennythistle piscou. — Eu não chamei.

Ele se contorceu para passar pela mãe de Spencer e cuidadosamente abriu a porta. Dois policiais uniformizados estavam na varanda. — Eu sou o Oficial Gates, — o mais alto dos policiais disse, mostrando seu distintivo. Spencer o reconheceu: Era o mesmo policial que tinha feito perguntas a ela sobre Noel no hospital. Seu estômago revirou.

O oficial Gates fez um gesto para o homem ao lado dele. — Esse é o meu parceiro, Oficial Mulvaney. Precisamos levar Spencer para a delegacia para fazer-lhe algumas perguntas sobre um crime que estamos investigando.

Eles olharam para Spencer. Ela encolheu-se na poltrona. Eles vieram aqui porque sabiam que ela mentiu?

— Que crime? — A Sra. Hastings agora estava parada perto da mesa ao lado do sofá, segurando uma grande estátua de urso de jade que ela e o pai de Spencer haviam comprado anos atrás no Japão.

O Oficial Mulvaney, que tinha os olhos cinza-aço e lábios finos, dobrou seu distintivo no bolso. — Recebemos uma denúncia anônima de que a Senhorita Hastings incriminou outra garota por posse de drogas no verão passado.

Os ouvidos de Spencer começaram a apitar. O quê?

A Sra. Hastings soltou uma gargalhada. — Minha filha não usa drogas. E ela estava na Universidade da Pensilvânia, fazendo um programa pré-universitário muito intensivo no verão passado.

O policial mais alto sorriu. — O crime aconteceu no campus da Penn.

A bochecha da Sra. Hastings se contraiu. Ela olhou para Spencer, cuja cabeça estava girando. Denúncia anônima. Posse de drogas.

Ali.

Algo em seu rosto deve ter feito ela se entregar, porque a expressão da Sra.

Hastings entristeceu. — Spencer?

Parecia que um caroço do tamanho de um disco de hóquei havia crescido na garganta de Spencer. De repente, tudo o que ela conseguiu lembrar foi de uma sessão de estudos de algumas semanas no programa pré-universitário. Spencer e sua amiga, Kelsey Pierce, estavam sentadas em suas camas, em seus quartos de dormitório, tentando empurrar muita informação em suas mentes de uma vez só, e houve uma batida na porta. — Oh, graças a Deus — Spencer tinha dito, levantando da cama.

Era Phineas O’Connell, outro aluno do programa pré-universitário — e o revendedor delas. Ela jogou os braços ao redor do corpo magro de Phineas, bagunçando seu cabelo em camadas estilo emo-rock, e divertidamente zombou da sua camiseta vintage estilo Leppard Def que provavelmente custou oitenta dólares na Saks. E então ela disse em uma voz grave: — Ok, nos entregue.

Phineas tinha entrego dois Easy As na palma da mão dela — um para ela, e um para Kelsey. Spencer tinha pago, e, em seguida, ele atravessou a porta. Kelsey fez uma reverência. Spencer soprou-lhe beijos. Em seguida, elas tomaram os comprimidos, estudaram como loucas e arrasaram nas avaliações do dia seguinte.

Não se admirava que Spencer tinha procurado um traficante fora do campus após Phineas ir embora, no entanto, que foi o que fez ela e Kelsey serem presas.

Certamente Phineas não tinha contado aos policiais, porém — ele era tão culpado quanto elas. Kelsey tinha contado? A polícia realmente tinha acreditado em alguém de um hospital psiquiátrico?

— Eu tenho certeza de que é um erro — ela disse com a voz trêmula enquanto caminhava em direção aos policiais. — Mas, hum, eu vou responder as suas perguntas, ok? — Ela tinha dezoito anos, o que significava que ela poderia ir à delegacia sozinha. De jeito algum ela iria ter uma discussão com a sua família agora. Quanto mais tempo ela pudesse adiar que a mãe dela descobrisse a verdade, melhor.

Conforme os oficiais a levaram até o carro de polícia, os repórteres do lado de fora do portão tiraram fotos e pediram comentários. Durante o barulho, Spencer ouviu seu celular tocar. Ela pegou-o no bolso e olhou para a tela. Assim que ela viu que a nova mensagem era anônima, ela quis se bater. É claro.

Esse foi um Easy A para mim, Spence. Você não achou que eu iria manter o seu segredo para sempre, não é? —A


7

SEM RESPEITO PELOS MORTOS

Hanna nunca tinha ido para a Igreja St. Bonaventure em Old City, Filadélfia, mas se lembrava fortemente da Abadia de Rosewood, onde o serviço memorial de Ali foi realizado. O ar também cheirava a incenso, flores secas e mofo, de Bíblias úmidas. As mesmas imagens de santos com rostos longos e queixos pontudos olharam de soslaio para ela de suas janelas altas. Havia um órgão2 na frente da igreja, tubos parecendo fálicos se projetavam da parede dos fundos, e havia até mesmo os mesmos livros de música nos bancos traseiros da igreja. O caixão fechado de Graham estava na frente do lugar. Hanna mordeu o lábio e evitou olhar para ele.

Os inúmeros frequentadores andaram em fila silenciosamente através das portas imponentes e dos corredores. Hanna olhou pela janela de novo, olhando os policiais, os repórteres e os pedestres curiosos que entupiam a movimentada rua da cidade. Além deles, uma multidão de homens e mulheres de meia-idade andava de um lado para o outro na calçada da frente, segurando cartazes. Hanna espiou antes de entrar no lobby. Aqueles eram os.. manifestantes? Nos cartazes deles tinham fotos de navios de cruzeiro e bombas.

— Sr. Clark. Sr. Clark?

Hanna se virou. Uma morena de cabelos compridos segurando um microfone perseguia um homem do outro lado do lobby. Quando ela o alcançou, ele levantou o rosto, e Hanna quase engasgou.

Era o Sr. Clark, o pai de Tabitha e o marido de Gayle Riggs. Havia olheiras sob os seus olhos. Suas bochechas estavam salientes e flácidas, e seu cabelo grisalho estava despenteado. Fazia sentido ele estar aqui: Graham e Tabitha já namoraram.

O estômago de Hanna revirou, parecendo que ia dissolver. No mesmo instante, imagens de Aria empurrando Tabitha do telhado no hotel da Jamaica apareceram em sua mente. Elas não a mataram, mas ainda assim a tinham machucado gravemente.

— Sr. Clark, você pode comentar sobre o caso do assassinato da sua filha? — a morena perguntou, empurrando um microfone na direção dele.

O Sr. Clark balançou a cabeça. — Não há nenhum caso no momento. Não há pistas.

— As autoridades estão verificando com outros hotéis próximos imagens daquela noite, não é? — A repórter pressionou. — Eles realmente não encontraram nada? O Sr. Clark balançou a cabeça.

— E a morte do Sr. Pratt? — a mulher perguntou. — Você tem algum comentário sobre isso?


2 Orgão: Instrumento musical.

O Sr. Clark deu de ombros. — Foi negligência médica. Eles encontraram excesso de Roxanol no sistema de Graham. Fim da história.

— Mas. . — A repórter se atrapalhou com o seu microfone, assim que dois caras musculosos de terno apareceram do nada, agarrando-a e tirando-a do lobby.

Ela ainda estava gritando perguntas quando saiu. O Sr. Clark enxugou a testa, parecendo que ia chorar.

Roxanol? Hanna pegou o celular e fez uma pesquisa rápida no Google.

Aparentemente Roxanol era outro nome para a morfina. Teria sido fácil para Ali aumentar a dosagem e fazer parecer com negligência médica.

Ela sentiu uma mão em seu braço. — Ei.

Emily estava usando calças de lã pretas amarrotadas e um suéter preto com decote em V, e seu cabelo vermelho-dourado estava afastado de seu rosto sem maquiagem, fazendo-a parecer inocente e jovem. Ela olhou ao redor do lobby. — Onde estão Aria e Spencer?

— Eu não sei. — Hanna colocou o celular de volta no bolso. — Eu não soube delas. Uma música de órgão começou a tocar, e dois sacerdotes acenderam velas na frente. Hanna e Emily deram de ombros uma para a outra, em seguida, entraram na igreja e deslizaram em assentos no meio do caminho até o altar. Depois de ela tirar o casaco, Emily se virou para Hanna. — Você soube alguma coisa de A?

Hanna balançou a cabeça. — Não, mas eu contei a Mike.

Emily arregalou os olhos. — O quê? Por quê?

Uma mulher idosa na frente delas se virou e deu-lhes um olhar penetrante. — Porque ele adivinhou, ok? — Hanna sussurrou. — E, honestamente, eu acho que não fazer nada é ridículo.

— Você acha isso, ou Mike que acha?

— Bem, nós achamos. Nós conversamos muito sobre isso. — O que não era exatamente verdade, Hanna e Mike tinham conversado muito pouco no dia que ele adivinhou sobre A. Hanna se permitiu um momento para saborear a deliciosa memória.

Então ela se virou para Emily. — Nós também podemos colocar um alvo nas nossas costas para tornar ainda mais fácil para Ali e o Ajudante de A nos matar. Eu gostaria que pudéssemos investigar isso.

Emily cruzou os braços sobre o peito. — Tenha cuidado com o que você deseja.

— O que você quer dizer?

Os frequentadores do funeral murmuraram uma resposta em grupo. Emily deslizou para mais perto de Hanna. — Eu fui à Reserva ontem.

Os olhos de Hanna se iluminaram. — Você perguntou sobre N?

— Eu tentei. Eles não me disseram nada. Eu tentei ver Iris, também, mas ela desapareceu.

Hanna franziu o cenho. — Ela escapou?

Emily encolheu os ombros. — Não pareceu isso. Eu estou preocupada que Ali tenha descoberto que Iris nos ajudou e tenha feito algo com ela. Especialmente depois que eu recebi isso.

Ela entregou seu celular. Hanna leu a mensagem. Todos que você envolver nisto irão se machucar. Incluindo VOCÊ.

— Merda — Hanna sussurrou.

— Temos que parar de investigar — Emily disse. — Parar de fazer perguntas, de verdade.

— Mas e se for tarde demais? Ali sabe o quanto nós sabemos. Tínhamos uma lista de suspeitos. E eu tive que entregar o bilhete de Kyla para a polícia. — Hanna tinha feito isso ontem, mas ela duvidava que eles o conectassem a Ali.

— Bem, nós não falamos nada. Nós desistimos.

Hanna cerrou sua mandíbula. — Eu não quero viver com medo pelo o resto da minha vida! Não podemos deixar que Ali nos controle para sempre!

Emily cerrou o seu punho. — Você não viu essa mensagem? Ali vai vir atrás de nós depois!

— Meninas! — Uma mulher idosa virou-se e as encarou. Seus olhos eram azuis remelentos, e ela usava um alfinete deslumbrante de um gato na lapela do seu vestido preto. — Tenham um pouco de respeito!

Hanna abaixou a cabeça e revirou os olhos.

O organista começou a tocar “Ave Maria” bem alto, e Emily olhou para Hanna novamente. — Eu acho não deveríamos estar falando sobre isso agora. — Ela olhou ao redor nervosamente. — E se Ali estiver aqui?

Quando uma mão tocou seu ombro, Hanna deu um salto. Um policial familiar estava acima dela. Era Gates, o oficial a quem ela havia dado o bilhete de Kyla. Por um momento, ela pensou que ele estava aqui como um conhecido do defunto, mas ele estava olhando para ela intensamente. — Hanna. — Ele disse isso como uma afirmação, não uma pergunta.

— S-sim? — Hanna sussurrou.

Gates ofereceu seu braço. — Você precisa vir comigo.

Nesse exato momento, um homem magro de cabelos escuros usando uma jaqueta do FBI apareceu atrás dele. Ele estava olhando para Emily. — E você também, senhorita Fields.

As pessoas dos corredores estavam olhando. Emily cutucou Hanna, e ela cambaleou em seus pés. Sussurros rolaram enquanto ela e Emily caminharam em direção à saída da igreja. Pretty Little Liars. Noel Kahn. Alison DiLaurentis. Pacto de suicídio.

Quando as portas da igreja se fecharam, Hanna olhou para Gates. — O que está acontecendo? Isso tem a ver com o bilhete sobre Noel?

Gates levou Hanna para longe da porta. — Não, Hanna. Não é sobre isso. — Ele parecia quase triste.

Eles saíram da calçada. Carros na Market Street se arrastavam lentamente. Os repórteres pareciam surpresos, então correram até as meninas. “O que está acontecendo?” eles gritavam. “Isso é por causa da morte de Graham?” “Vocês são as assassinas em série?” “Oficial, o que essas meninas fizeram?”

— Sem comentários — Gates rosnou, segurando firmemente o braço de Hanna.

Eles pararam em um sedan preto estacionado no meio-fio. Tinha uma sirene removível na parte da frente, e as luzes azuis estavam girando. O veículo da Polícia de Rosewood estava estacionado mais abaixo no meio-fio, o motor ainda ligado.

O agente do FBI abriu a porta para Emily e a empurrou para dentro. Gates estava prestes a fazer o mesmo, quando percebeu que uma caminhonete o tinha bloqueado. — Que droga — ele amaldiçoou, olhando em volta em busca do motorista. Ninguém apareceu.

— Venha com a gente. — O agente do FBI caminhava apressadamente para o banco da frente do sedan. — Nós vamos para o mesmo lugar mesmo.

Gates assentiu e fez um gesto para Hanna entrar no banco traseiro com Emily. Ela deslizou para o assento de couro. Gates caiu no banco do passageiro da frente e bateu a porta enquanto o carro saía para a Broad. Os repórteres os acompanharam por quase um quarteirão, fazendo perguntas. Hanna olhava para frente, com medo que ela pudesse chorar.

Bip.

Hanna se atrapalhou com a sua bolsa. Ela ergueu o celular e olhou para a tela.

Um novo e-mail.


Toma isso, vadia! —A O arquivo em anexo continha uma série de fotos. A primeira era uma foto de um BMW amassado contra uma árvore. Embora embaçada pela chuva, Hanna poderia facilmente reconhecer o rosto no banco do motorista. A segunda foto é da mesma noite, apenas Hanna estava fora do carro e falando ao telefone. Na terceira foto, Hanna estava movendo o corpo de Madison Zeigler para o banco do motorista onde ela tinha estado. De alguma forma, as outras meninas não estavam na foto — parecia que Hanna estava fazendo isso sozinha. E, claro, a foto não mostrava o carro que tinha vindo na direção dela, empurrando-a para fora da estrada.

Hanna colocou a mão na boca.

Ao lado dela, Emily ofegou discretamente. Ela estava olhando para algo em seu celular, também. Hanna olhou, levantando uma sobrancelha.

Emily mostrou a tela a Hanna. Nela havia uma foto de Emily e uma menina de cabelos muito escuros se beijando no convés do navio de cruzeiro.

— Jordan? — Hanna sussurrou. Emily assentiu tristemente.

O oficial do FBI olhou no espelho retrovisor. — Nós sabemos que você esteve em contato com Katherine DeLong. Cumplicidade é um crime.

— Mas eu não fiz nada! — Emily lamentou.

Seus celulares tocaram mais uma vez. Hanna olhou para as telas, ambas piscando alegremente com UMA NOVA MENSAGEM.

Ambas abriram as mensagens ao mesmo tempo. Emily soltou um pequeno gemido. Hanna leu e fez uma careta.


Hora de pagar por seus pecados. —A


8

CONFESSANDO

Spencer estava sentada em uma cela no departamento do FBI da Filadélfia por mais de uma hora. O lugar era pequeno e escuro, com uma mesa estilhaçada e absolutamente nada para ela fazer — eles pegaram o celular e a bolsa dela — exceto andar de um lado para o outro. O único objeto aqui era um copo de plástico que tinha estado cheio de água. Um aquecedor se sacudia no teto. Todo o lugar cheirava vagamente a picolés de uva.

Ela deu mais uma volta ao redor do lugar com sua mente girando. Ela não entendia o motivo do Oficial Gates ter trazido ela para o FBI. O crime dela não deveria ser tratado pela polícia local? Ou posse de drogas era uma coisa mais grave? Ela iria para a prisão federal? Ela fechou os olhos, vendo o seu futuro em Princeton flutuar pelo ralo. É claro que este era o próximo passo de Ali. Ela tinha sido uma idiota por não o antecipar.

A porta se abriu e Spencer parou o que estava fazendo. Aria apareceu. O

Oficial Gates e um homem com um adorno do FBI estampado em sua jaqueta em linhas azuis empurrou Hanna e Emily para dentro também.

A também tinha pego elas.

Gates olhou para Emily e Hanna. — Esvazie os bolsos e me deem as suas bolsas. Eu quero as chaves, os celulares e quaisquer outros itens pessoais.

Hanna e Emily fizeram o que lhes foi dito. Aria apenas deu de ombros, aparentemente já livre dos seus pertences. Em seguida, os agentes entregaram copos de água e saíram. A porta de metal fechou com um baque.

Todo mundo se jogou sobre a mesa. Spencer tocou a mão de Emily. — Jordan? Ou Gayle? — ela perguntou em voz baixa.

Emily abaixou a cabeça. — O FBI sabe que eu estive em contato com... — Ela parou. — E se eles me perguntarem onde ela está?

— Você sabe onde Jordan está? — Spencer sussurrou.

Emily estava prestes a responder, mas depois Spencer pegou o braço dela e olhou ao redor. Eles podem estar escutando, ela murmurou. Havia um vidro em uma parede distante. Pelo o que ela sabia, os agentes observavam do outro lado.

Emily moveu sua cadeira para mais perto e sussurrou no ouvido de Spencer.

— Eu não sei onde ela está.

Aria colocou as mãos em volta da boca e falou em voz baixa, também. — Bem, pelo menos você não vai ser extraditada. Eu poderia passar os próximos 20 anos em uma prisão islandesa por arrombar e ser cúmplice — mesmo que a pintura tenha sido falsa.

Hanna empurrou o cabelo para longe de seu rosto e disse em voz baixa: — Gente, e se a imprensa descobrir o motivo de estarmos aqui? — Seus olhos brilhavam com lágrimas. — Vai arruinar a campanha do meu pai.

— Minha mãe estava lá quando os policiais me trouxeram. — Spencer pensou na cena horrível em sua casa. — Vocês deveriam ter visto o olhar no rosto dela.

Emily olhou de um lado para o outro. — Por que agora?

Aria colocou a cabeça sobre a mesa. — Talvez eu esteja sendo punida por tentar conseguir respostas de Noel.

— Não, é porque eu fui para a Reserva — Emily insistiu. Spencer olhou para ela, surpresa. Emily a explicou.

— Talvez seja porque eu contei a Mike — Hanna murmurou.

Spencer sentiu um nó na garganta. — Eu também sou culpada. Eu rastreei o edifício da foto de vigilância. O edifício que Ali tinha entrado.

A cabeça de Hanna se levantou rapidamente. — Você rastreou? O que aconteceu? — O som de sua voz aumentou, e ela bateu em sua boca para fechá-la.

— Por que você não disse nada? — Aria disse baixinho.

Spencer encolheu os ombros e olhou para as outras. — Ali não estava lá. Eu acho que ela nunca esteve. Eu acho que foi uma armadilha o tempo todo.

— Nós nunca deveríamos ter insistido em nada disso — Emily sibilou. — Noel não era castigo suficiente, Ali tinha que nos fazer pagar. E ela tinha toda a munição que precisava.

— Eu acho que nós esquecemos tudo o que A sabia sobre nós — Aria disse suavemente.

Spencer olhou em volta. — Mas por que estamos aqui, com o FBI? Quero dizer, faz sentido para Emily e Aria. Mas por que eles trouxeram todas nós aqui?

Por que estamos no mesmo lugar?

Emily mordeu sua unha. — Bem, vocês sabem quem trabalha para o FBI. Fuji.

Spencer pressionou sua língua com força contra o céu da boca. Jasmine Fuji era uma agente do FBI que tinha estado fazendo perguntas para as meninas sobre a morte de Tabitha Clark. Jamaica? ela gesticulou com a boca.

Aria olhou em volta nervosamente. — Talvez eles tenham descoberto sobre. .

vocês sabem. — Ela desenhou um T em cima da mesa com o dedo. T de Tabitha.

— Talvez Ali tenha dito a eles — Emily disse.

— Mas nós temos uma prova de que não fomos nós — Hanna disse. — Ali mandou uma mensagem para nós dizendo que a matou. Nós mostraremos a eles.

— Como vamos fazer isso? — Emily disse, com os olhos cheios de medo. Ela desenhou algo em cima da mesa com o dedo também. A letra A.

Spencer sabia o que ela queria dizer. Se elas falassem sobre A, A poderia machucar alguém.

Aria sentou-se na cadeira, fazendo-a ranger. — Eu gostaria que houvesse uma forma de falar, mas nos manter protegidas. Além do programa de proteção a testemunhas.

Spencer lambeu os lábios. — Nós poderíamos solicitar imunidade — ela sussurrou. — Fazer eles prometerem proteção para nós, se nós dedurarmos A.

Emily parecia nervosa. — Mas e se eles disserem que não... e, em seguida, tirar a verdade de nós?

— Ou se eles prometerem nos proteger, mas não cumprirem? — Aria perguntou.

— É, eu não acho que esse seja um bom plano — Hanna disse, mordendo uma unha.

— É um bom plano — Spencer insistiu. — Eu vejo isso em Law and Order o tempo todo.

Passos soaram no corredor, se aproximando. Então a porta se abriu, e uma mulher entrou. Todo mundo pulou. — Olá, garotas — disse uma voz alegre e familiar.

Era a Agente Fuji. Ela fechou a porta atrás dela. Spencer engoliu em seco. Isso era por causa de Tabitha.

O cabelo preto de Fuji estava elegantemente arrumado como de costume, mas havia uma aparência cansada no rosto dela. Quando ela puxou uma cadeira para se sentar, uma de suas unhas quebrou. — Vamos conversar — ela disse. Fuji olhou para cada uma delas quando se sentou.

Ninguém disse uma palavra. O cabelo de Hanna deslizou em seu rosto. Aria enxugou as lágrimas com a manga. Spencer tinha arrancado toda a pele do lado da sua unha. Ela se perguntou se Fuji tinha ouvido tudo.

A agente Fuji se acomodou em sua cadeira e tilintou as chaves. Seu chaveiro tinha uma imagem de um cachorro da raça Terrier Escocês com laços cor de rosa em seu pêlo. Spencer não sabia que Fuji era do tipo que gostava de cães.

Lá fora, outra porta se fechou. Um celular tocou. Um aquecedor se ligou com uma pancada. — Tudo bem — Fuji disse finalmente. — Bater o carro e fugir.

Cumplicidade. Namorar uma fugitiva. E roubar uma arte internacional. E tudo isso de uma vez? Parece uma coincidência terrível. Vocês poderiam enfrentar pena de prisão grave. Isso vai arruinar a campanha do seu pai, Hanna. Se vocês foram aceitas em faculdades, elas provavelmente vão voltar atrás com as ofertas. Vocês arruinaram as suas vidas. Vocês já pensaram nisso?

Ninguém se atreveu a olhar para Fuji. O coração de Spencer acelerou em seu peito. — Eu tenho trabalhado com as forças policiais estaduais e locais sobre o caso de Clark, e eu também acho que tem coisas que vocês estão escondendo de mim. — Fuji cruzou as mãos. — É melhor vocês começarem a falar alguma coisa.

Hanna se moveu na cadeira. Aria limpou outra lágrima do seu rosto. Spencer limpou a garganta e olhou ao redor da mesa. — Anderson Cooper — ela disse com una voz calma. O código secreto delas para Ali.

— Spence, eu não sei. — Aria parecia aflita.

Hanna engoliu em seco. — É, talvez a gente deva..

— Nós temos — Spencer interrompeu. — É a única saída. Apenas confiem em mim. Todo mundo se calou. Fuji olhou para elas, esperando. Então Aria suspirou.

— Tudo bem. Vamos contar.

Depois de um momento, Hanna fracamente assentiu. Emily também. Spencer olhou ao redor da sala, vendo as coisas pela última vez antes de finalmente confessar sobre Tabitha. Antes que suas vidas, possivelmente, mudassem para sempre. Mas ela sabia que era a coisa certa a se fazer. Elas estavam se afundando.

Elas precisavam de ajuda.

Ela se inclinou para frente e olhou para Fuji. — Olha. Nós não estamos dizendo que o que nós fizemos foi certo, mas nós erramos, e sentimos muito pelo que nós fizemos. Mas tem um motivo para não termos confessado. E nós temos sim mais informações sobre Tabitha, mas não podíamos dizer.

— Por que não? — Fuji perguntou bruscamente.

— Porque não era seguro — Spencer explicou. — Nós estamos sendo ameaçadas. O que sabemos é muito, muito perigoso. Portanto, se formos dizer algo, iremos querer algo em troca.

— Vão em frente. — Fuji cruzou as mãos. — Eu estou ouvindo.

— Precisamos ter certeza de que você vai nos manter seguras — Spencer disse com firmeza. — Nós não queremos que nada aconteça conosco ou com as nossas famílias.

Fuji assentiu. — Tudo bem. Podemos providenciar isso.

— E nós também queremos que as nossas acusações sejam retiradas. Tudo o que fizemos — as drogas, o roubo, a comunicação secreta com a fugitiva, e o acidente — isso tudo tem que estar fora dos nossos registros.

— Spencer — Emily gritou.

Aria cobriu os olhos.

Mas Spencer não se desculpou ou voltou atrás. Ela adotou a tática que ela usava quando ela costumava atacar no hóquei de campo: olhar para o seu adversário durante o confronto. Não deixe ele vê-la suar. Não recuar. — É isso o que queremos. Você pode fazer isso por nós?

Fuji foi a primeira a piscar. — Tudo bem. Mas seja o que for que vocês saibam, é melhor que seja útil.

Spencer inspirou. Ela não achava que Fuji realmente concordaria.

Em seguida, ela explicou o que elas sabiam, incluindo como elas acidentalmente empurraram Tabitha da varanda, mas não a mataram. Elas não podiam contar a ninguém a verdade, porém, por causa de como iria parecer. E

porque alguém estava ameaçando-as.

A agente Fuji uniu seus dedos. — Então tem outro A?

Emily olhou para as outras. — Mais do que um, nós achamos.

Fuji cruzou as mãos. — E quem vocês acham que é o perseguidor de vocês?

Novamente, todas trocaram um olhar. Aria pigarreou. — Alison — ela disse em voz alta.

Fuji arregalou os olhos. — Estou entendendo.

Spencer explicou exatamente porque elas achavam que A era Ali e como todas as peças se encaixavam. — Espere um minuto — a Agente Fuji interrompeu, quando elas chegaram na parte do bebê de Emily. — Vocês acham que Alison matou Gayle Riggs?

Spencer assentiu.

Fuji piscou com força. — Mas nos registros policiais, vocês disseram que parecia que A falou com a pessoa que atirou nela.

— Isso mesmo — Emily disse. — Nós ouvimos Gayle conversando com alguém. Era mais ou menos “O que você está fazendo aqui?” E depois houve o tiro.

A testa de Fuji franziu. — Então talvez Gayle conhecia Alison?

— Talvez — Spencer disse. — Ou talvez ela conhecia o ajudante dela.

— Você tem alguma ideia de quem seu ajudante pode ser?

As meninas se entreolharam. — Nós tivemos um monte de teorias — Spencer disse. — Graham Pratt por um tempo. E, em seguida, Noel Kahn.

— Noel? — Fuji inclinou a cabeça. — O que ele tem a ver com isso?

Spencer abriu a boca para explicar, mas Aria pegou o braço dela. — Foi uma pista falsa — ela disse rapidamente. Um olhar passou pelo seu rosto que dizia: Não vamos dedurar Noel agora. Spencer apenas deu de ombros.

— Isso é realmente, realmente sério, garotas — Fuji disse. — Estamos falando de uma assassina em série. Eu estou feliz que vocês finalmente contaram para mim, de jeito algum vocês conseguiriam lidar com isso sozinhas, e vocês não deveriam.

Ninguém falou. Spencer prendeu a respiração.

— Com a permissão de vocês, eu gostaria de continuar com os celulares de vocês. Eu quero olhar todas as mensagens que A enviou. Existem formas de rastrear qual celular está enviando as mensagens, de qualquer parte da Filadélfia.

Me deem quaisquer outras provas que vocês possam pensar, também. Coisas que essas pessoas podem ter tocado. Locais que eles poderiam ter ido. Precisamos de todas as pistas que vocês possam conseguir.

Spencer se animou. — Eu acho que Ali e o ajudante dela destruíram a casa modelo do meu padrasto.

Fuji assentiu. — Talvez haja impressões digitais.

— Eu também estou preocupada que Ali possa ter feito alguma coisa com uma garota chamada Iris Taylor — Emily acrescentou, explicando como Ali tinha conhecido Iris e que Iris tinha desaparecido depois de Emily fazer perguntas a ela.

Fuji escreveu o nome de Iris em um bloco de notas. — Vamos procurar por ela.

Hanna timidamente levantou a mão. — Temos muito mais mensagens, mas vamos ter que pegá-las nos nossos celulares antigos que estão em casa. Trocamos os celulares quando descobrimos que A estava nos rastreando.

— Algumas mensagens não estão nos nossos celulares — Spencer acrescentou, pensando na primeira mensagem escrita que elas haviam recebido de A. Tinha sido um cartão postal dentro da caixa de correio de Ali — A Jamaica é linda nessa época do ano! Pena que vocês não podem voltar mais.

— Está tudo bem — Fuji disse. — Recolham tudo e tragam de volta para mim, o mais rápido possível. E, em relação à segurança, vocês têm a minha promessa de que vão tem um segurança 24 horas para todas vocês e suas famílias até desvendarmos o caso. A não será mais capaz de atingir vocês.

Aria piscou com força. — Então você vai realmente nos deixar ir embora?

Fuji assentiu. — Eu vou falar com os meus parceiros e com a polícia estadual para que eles saibam que suas acusações serão retiradas.

— Então, meu pai não vai saber sobre isso? — Hanna berrou.

As mãos de Emily tremiam. — Eu não tenho mais problemas com o FBI?

— O que vocês me disseram é muito importante. Eu tenho que manter a minha parte do acordo — Fuji disse enquanto se levantava. — No entanto, se vocês receberem outra mensagem de A, eu quero que vocês me enviem imediatamente.

Mas peço a vocês que não contem a ninguém sobre o que estamos fazendo ou o motivo de vocês terem uma equipe de segurança. Quanto menos pessoas souberem, melhor. Está claro?

— Sim — todas disseram ao mesmo tempo, apesar de Hanna ter levantado uma mão.

— Meu namorado sabe — ela admitiu. — Ele meio que adivinhou.

Fuji fez uma careta. — Bem, ele vai estar sob vigilância porque é irmão de Aria. — Ela olhou ao redor. — A, Alison, quem quer que seja, essa é a assassina de Tabitha. A assassina de Gayle. A assassina de Graham e Kyla. Obviamente ela é perigosa. Eu vou liderar pessoalmente essa equipe, e acreditem em mim, haverá uma equipe para resolver isso. Nós vamos trabalhar dia e noite até descobrir o que está acontecendo. Quem quer que eles sejam, não são mais espertos do que todos nós. Vamos pegá-los.

Todas trocaram outro olhar. — Oh meu Deus — Hanna gritou. — Isso parece..

— Incrível — Emily arfou.

Elas olharam uma para a outra, sem acreditar. Spencer olhou para Fuji, e a agente lhe deu um pequeno sorriso genuíno, o primeiro sorriso que Spencer já tinha visto dela. Uma deliciosa sensação passou pelas costas de Spencer. Poderia finalmente, finalmente isso acabar? Alguém realmente iria ajudá-las?

As meninas se levantaram e se abraçaram apertado. Elas não tinham que lidar com isso por conta própria mais. Elas não tinham que olhar por cima dos ombros, congelar quando ouvissem um passo, um galho estalando ou tremer quando seus celulares tocassem. Elas não teriam que se esconder para ter conversas secretas em locais escuros, temendo o tempo todo que Ali estivesse ouvindo.

Spencer jogou a cabeça para trás e riu. Parecia incrível, de repente, ter poder.

Se Spencer soubesse onde Ali estava agora, ela enviaria um bilhete anônimo com: Toma isso, vadia.


9

BEM-VINDA AO LAR

Cerca de uma hora mais tarde, um oficial do FBI levou Emily de volta para a igreja da Filadélfia, onde ela tinha estacionado o carro para o funeral de Graham, deixando Emily conduzir os vinte e cinco quilômetros de volta a Rosewood sozinha.

Só que, ela não estava sozinha. Quando ela entrou na via expressa em direção aos subúrbios, ela espiou em seu espelho retrovisor. Um Escalade grande e preto virava nas pistas quando ela virava. Fuji tinha designado uma equipe de segurança imediatamente, instruindo aos guarda-costas que eles deveriam vigiar as meninas em todos os momentos, vinte e quatro horas por dia. O guarda de Emily tinha se apresentado como Clarence, tomando-lhe a mão em suas palmas corpulentas e dando-lhe uma boa sacudida, em seguida, dando-lhe um cartão de visita com o seu número de telefone. — Eu ou meu parceiro estaremos do lado de fora dia e noite — disse ele com um sotaque de Nova Jersey. — Mas se você ficar com medo, você sempre pode nos ligar, também.

Um sorriso enorme se espalhou pelo rosto de Emily, e ela tamborilou feliz no volante. Se você ficar com medo. Quantas vezes ela tinha ficado aterrorizada e não tinha ideia de como corrigir isso? Ela poderia ser capaz de dormir durante uma noite inteira agora. Ela poderia ser capaz de ir correr em torno de seu bairro sem temer um ataque de um misterioso assaltante.

Claro, ela sentia uma pontada de apreensão por tudo o que tinha acontecido.

Seu segredo tinha definitivamente sido revelado, e Ali provavelmente saberia em breve. Sua possível raiva era aterrorizante, especialmente dado ao seu histórico.

Remoer o passado trouxe de volta memórias de ver o corpo morto de Gayle em sua garagem. E se Ali tinha feito algo com Iris? Pelo menos, o FBI estava investigando isso agora.. mas e se Iris aparecer morta?

Emily tomou a saída 76 de Rosewood e acelerou colina acima para casa.

Quando ela entrou em sua garagem, dez minutos depois, seu estômago revirou algumas vezes. E se os pais dela de alguma forma descobrissem que o FBI tinha escoltado ela para fora do funeral? Fuji insistiu que iria manter tudo em segredo, mas havia todos aqueles repórteres do lado de fora da igreja, eles poderiam ter vazado a história? Ela realmente não tinha vontade de ser submetida a um interrogatório.

Nervosa, ela ligou no KYW, o canal de notícias da região. Sobre o som de máquinas de escrever, o repórter leu as histórias principais. Um assalto no lado norte. A discussão do prefeito sobre cortes no orçamento. Um acidente na Rota Azul. Nada sobre a atividade policial. Ela suspirou.

Ela saiu do carro e subiu a calçada da frente, com cuidado para não pisar nas azaleias recém-plantadas da sua mãe. O interior da casa estava em silêncio. Havia marcas no tapete que indicava que tinha acabado de ser aspirado, e a mesa de jantar estava livre de poeira. Quando Emily aspirou, ela cheirava a ziti cozido. Era o prato favorito da sua irmã Carolyn, mas eles não tinham comido isso desde que ela tinha ido para a faculdade.

— Emily, olha quem está aqui!

Sua mãe saiu para o corredor. Ao lado dela, com uma blusa de mangas compridas de Stanford e calças de brim pretas, estava a própria Carolyn.

Emily piscou. A última vez que ela tinha visto sua irmã mais velha foi um dia antes de ela ter ido para o hospital para sua cesariana. Emily estava debruçada sobre o vaso sanitário no quarto do dormitório de Carolyn — seu enjoo matinal tinha durado nove meses — e sua irmã estava na porta, olhando para ela com desdém. Emily tinha contado aos seus pais sobre o bebê não muito tempo atrás, e os pais dela a tinham perdoado. Embora eles tenham dito que Carolyn ia ligar e pedir desculpas também, sua irmã nunca o fez. A julgar pelo olhar ambivalente em seu rosto, não parecia que ela queria fazer isso agora, também.

A Sra. Fields empurrou Carolyn para mais perto. — Carolyn voltou para casa para ver você.

Emily jogou cuidadosamente sua mochila no chão de madeira. — Sério?

Carolyn deu de ombros, uma mecha de cabelo vermelho-dourado caindo em seu rosto. — Bem, todas as minhas provas acabaram. E eu tinha uma passagem bônus, então. .

— Então, surpresa! — a Sra. Fields disse apressadamente. — A família tem de ficar junta, você não concorda, Carolyn? — Ela cutucou-a novamente. — Dê a Emily o que você trouxe.

A boca de Carolyn se contorceu. Ela pegou um saco plástico e empurrou-o na direção de Emily. A mão de Emily fechou em algo de algodão. Era a mesma blusa de Stanford que Carolyn estava vestindo.

— Obrigada — Emily murmurou enquanto segurava a blusa ao peito.

Carolyn assentiu rigidamente. — É uma boa cor para você. E eu percebi que caberia agora que. . — ela parou, mas Emily sabia o que ela ia dizer. Agora que você não está mais grávida.

— Bem! — A Sra. Fields bateu palmas. — Eu vou deixar vocês duas sozinhas para colocar o papo em dia. — Ela atirou para Carolyn um sorriso esperançoso e encorajador, então desapareceu na cozinha. Emily afundou em uma cadeira na sala de estar, seus nervos instáveis.

Carolyn permaneceu de pé, com a boca retorcida. Ela olhou fixamente para uma foto de um celeiro que pairava na sala de estar como se ela nunca tivesse visto antes, mesmo que ela provavelmente tenha estado pendurada naquele lugar por quinze anos. — Eu gostei da minha blusa — disse Emily, dando um tapinha na blusa de Stanford em seu colo. — Obrigada mais uma vez.

Carolyn lhe lançou um olhar. — De nada.

Ela parecia absolutamente atormentada. Emily cruzou e descruzou as pernas.

Isto parecia um desastre. Sobre o que elas iriam falar? Por que sua mãe forçou isso? E sério, Carolyn ainda estava chateada? Ela precisava superar isso.

— Você pode ir lá para cima se você quiser — disse Emily. As palavras saíram mais amargas do que ela pretendia. — Você não tem que conversar comigo.

A boca de Carolyn se apertou. — Eu estou tentando fazer um esforço, Emily.

Você não tem que ficar com raiva.

— Eu estou com raiva? — Emily apertou os braços da cadeira. Então ela suspirou. — Tudo bem. Talvez eu esteja com raiva de você. Pela milionésima vez, me desculpe por eu ter forçado você a guardar o meu segredo, eu não deveria ter feito isso. Mas eu queria que você tivesse lidado com isso de uma forma diferente.

Os olhos de Carolyn chamejaram. — Eu aceitei que você ficasse lá — disse ela em voz baixa. — Eu fiz com que você entrasse no refeitório. Eu não disse a mamãe.

O que mais você queria?

O coração de Emily bateu mais e mais rápido. — Eu odiava voltar para o seu quarto. E eu estava grávida — aquela cama inflável era tão desconfortável.

— Você nunca reclamou — disse Carolyn exasperadamente.

— Eu não sentia que eu podia! — exclamou Emily. — Você me fez sentir tão indesejável! — De repente, ela sentiu-se exausta. Ela levantou-se e virou-se para as escadas. — Esqueça. Eu que vou lá pra cima.

Ela curvou a mão no corrimão, lutando contra as lágrimas. Assim que ela pisou no primeiro degrau, Carolyn pegou o braço dela. — Não, está bem? Você está sendo boba.

A espinha de Emily enrijeceu. Ela não se sentia boba. Mais cinco minutos, Emily decidiu. Se sua irmã continuasse a ser uma vadia, ela iria definitivamente, definitivamente se trancar em seu quarto.

Ela sentou-se na mesma cadeira. Carolyn sentou na frente dela. Alguns segundos se passaram. Panelas tiniam na cozinha. Talheres batiam juntos.

— Você está certa. Eu só não sabia como lidar com o verão passado — Carolyn finalmente disse. — Eu estava com medo por você e pelo bebê. Eu não queria pensar nisso como um bebê, também. Eu não conseguia me apegar — isso parecia muito difícil.

Emily mordeu o lábio. — Sim, ok. — Isso não parecia com uma desculpa.

Carolyn abaixou o queixo. — Eu ouvi você chorando no meio da noite tantas vezes..

Emily olhou distraidamente para as figurinhas Hummel que sua mãe colecionava no grande armário de coisas raras no canto. Ela lembrava-se muito bem de chorar. Pelo menos ela teve Derrick, seu amigo que trabalhou com ela no restaurante de frutos do mar em Penn’s Landing. Ele serviu como uma espécie de substituto de Carolyn.

— Ela deveria ser minha família — ela chorou com ele uma vez. — Mas ela não consegue nem sequer olhar para mim. Na outra noite, ela estava no telefone e já se passava de uma e meia, comigo no chão ao lado dela. Eu estava tão cansada, e ela sabia disso, mas ela não desligou.

— Por que você não fica comigo? — Derrick tinha oferecido. — Eu durmo no sofá. Está tudo bem.

Emily olhou para ele. Derrick era tão alto que, quando ele se sentava no banco, seus longos membros se dobravam de uma maneira estranha, parecido com um inseto. Ele estava olhando para ela com atenção e gentileza por trás dos óculos de aros de arame.

Ela tinha considerado aceitar sua oferta, mas depois ela deu de ombros. — Não. Eu provavelmente já estou tornando a sua vida miserável despejando tudo isso em você. — Ela o beijou na bochecha. — Você é tão doce, no entanto.

Agora Carolyn suspirou. — As coisas com que você estava lidando eram demais para a minha cabeça.

Emily assentiu. Não havia nenhum argumento para isso. — Então, por que você está aqui agora? Por que você apenas não ficou longe?

Carolyn olhou para longe. — Eu recebi uma carta. Eu estava com medo de que se eu não voltasse para casa desta vez, talvez fosse tarde demais.

Um arrepio dançou pela espinha de Emily. — Do que você está falando?

Quem lhe escreveu uma carta?

— Eu não sei. Estava apenas assinado por Um Amigo Preocupado. — A garganta de Carolyn balançou. — Ela dizia que você parecia realmente chateada e poderia fazer alguma coisa. . irracional. — Seus cílios vibraram rápido. — Eu estava com medo de que eu nunca visse você novamente.

A pele de Emily se arrepiou. Não era a primeira vez que ela ouvia os rumores de suicídio, mas uma carta parecia bastante extremo. — Um monte de coisas perturbadoras tem acontecido comigo, mas eu estou muito bem — ela assegurou a Carolyn.

Sua irmã não parecia convencida. — Tem certeza?

— Claro que eu tenho certeza. — A garganta de Emily se fechou, sabendo que ela tinha que escolher as próximas palavras com muito cuidado. — Eu gostaria de ver a carta, no entanto. Você ainda tem ela?

A testa de Carolyn se enrugou. — Eu joguei fora. Eu não aguentava vê-la no meu quarto.

— Foi escrita à mão? Ela tinha um carimbo do correio?

— Não, foi digitada. Eu não me lembro de onde foi enviada. — Carolyn olhou para ela com curiosidade. — Você sabe quem poderia ter escrito ela?

Emily passou a língua sobre os dentes. Um Amigo Preocupado. Ali? Seu Ajudante? Quem mais poderia ser?

A Sra. Fields colocou sua cabeça no corredor. — O jantar está pronto! — ela anunciou.

Emily e Carolyn viraram-se para a cozinha. O coração de Emily ainda estava batendo pela discussão, mas pelo menos tudo estava finalmente a céu aberto. Ela esgueirou um olhar para Carolyn enquanto elas caminhavam para o corredor.

Carolyn lançou-lhe um pequeno sorriso hesitante. Quando Emily se aproximou dela e abriu os braços para um abraço, Carolyn não se afastou. O abraço foi meio rígido e estranho, mas parecia como se ela tivesse dado um passo na direção certa.

A Sra. Fields passou os pratos ao redor. Então, algo fora da janela chamou a atenção de Emily. O SUV preto estava estacionado ao lado do meio-fio. Clarence estava sentado no banco da frente, lendo um jornal. Um carro passou, e ele baixou o jornal e olhou fixamente para ele até que ele dobrou na curva.

Ninguém da família de Emily o notou lá. Eles notariam, eventualmente — Emily teria que dizer para Clarence estacionar em um local mais isolado. Mas, por enquanto, ela apreciava sua curta distância. Fique longe, Clarence estava dizendo a Ali, que estava certamente observando. A partir de agora, ela está fora dos limites.

Isso parecia um passo na direção certa, também.


10

UM NOVO DIA

Quando a viatura parou na casa da mãe de Aria, o serviço de cortar a grama estava terminando. Dois meninos musculosos de idade universitária carregaram os cortadores de grama para o reboque atrás de seu caminhão. Os meninos acenaram para Aria como se fosse completamente normal que ela estivesse saindo de um carro da polícia em uma terça-feira à noite.

— Você quer uma escolta à sua porta, senhorita Montgomery? — o policial que a levara perguntou, olhando para a direita e para a esquerda com cautela.

— Não, está tudo bem — respondeu Aria.

— Bem, se você precisar de alguma coisa, basta sinalizar. — O policial apontou para uma minivan estacionada na rua. Embora tivesse um adesivo que dizia MEU FILHO É UM ESTUDANTE DE HONRA DA ROSEWOOD ELEMENTAR e um par de orelhas do Mickey na antena, um cara musculoso em óculos de sol que parecia um dublê de The Rock estava sentado no banco do motorista.

— Entendi. — Aria sorriu. Ela sentia-se quase despreocupada enquanto caminhava pelo gramado da frente.

— Aria?

Ella estava na varanda. Ela estava usando a túnica amarela com uma estampa ziguezague que ela possuía desde seus dias na escola de arte, e seu cabelo preto-acinzentado estava amarrado no alto da sua cabeça em um coque. Havia uma expressão de horror em seu rosto. — Por que a polícia deixou você aqui? — ela perguntou, olhando para o cruiser que desapareceu no final da rua.

— Oh, isso. — Aria acenou com a mão. — Não é nada. Eu não estou em apuros.

Ella piscou duramente. — Você teve a sua entrevista hoje, certo? Aconteceu alguma coisa na faculdade?

— Ei, aqui está com um cheiro muito bom! — Aria disse alto quando ela entrou na sala de estar, na esperança de mudar de assunto. — Você acabou de assar pão?

Ella fechou a porta. — Aria, me diga o que está acontecendo. Agora.

Aria deixou escapar um longo suspiro. — É uma longa história, mas eu não estou em apuros. De verdade. E eu tive a entrevista. . mas eu estraguei tudo.

Ella ergueu a cabeça. — O que aconteceu?

Aria deu de ombros. — Eu não era a pessoa certa. — Ela deixou-se cair no sofá. — Eu realmente queria ir para lá.

Ella sentou-se ao lado dela e pegou Polo, o gato da família, em seus braços. — Por que você quer ir para lá, exatamente?

Aria deu a sua mãe um olhar uh-dã. — Porque a arte é o campo que eu quero penetrar. Porque eu tinha a oportunidade de conhecer pessoas incríveis e ajudar com projetos interessantes. Porque. .

Ella colocou a mão sobre o joelho de Aria. — Mas você não podia fazer essas coisas em Nova York? Na Filadélfia? Ou até mesmo em Rosewood? Por que você tem que ir para a Holanda?

Aria estudou os olhos azuis penetrantes e a expressão questionadora de Ella.

— Isso tem alguma coisa a ver com Noel? — Ella continuou. — Mike me disse que vocês dois terminaram. Que Noel mentiu para você.

A mandíbula de Aria se contraiu. Dizendo desse jeito soou tão. . cruel.

Terrível. Mas talvez essa fosse meio que a verdade. Mesmo que Noel não tivesse feito nada com Ali, ele ainda tinha mentido.

Ela fechou os olhos, pensando mais uma vez em Noel. Em algum momento entre o tempo em que ela tinha ido para a delegacia de polícia e que ela foi liberada, ele enviou-lhe uma mensagem que dizia: Como você está? Ela duvidava que ele tivesse alguma ideia do que estava acontecendo com ela, era apenas uma coincidência. Na volta para casa, ela escreveu uma mensagem de volta.

Mas ela não tinha enviado. Ela precisava seguir em frente, certo?

Ela olhou através da sala para uma mesa que continha fotos da família emolduradas. Há muito tempo, Ella tinha removido as que tinham Byron nelas, então agora elas eram em sua maioria de Aria e Mike, com algumas aleatórias da velha bisavó Hilda de Aria. — Como você se sentiu quando descobriu sobre a coisa do meu pai com Meredith? — ela perguntou.

Ella gemeu e recostou-se contra as almofadas. — Horrível. Eu queria fugir, também. Mas eu não o fiz.

— Claro que você não fez. Você tinha eu e Mike.

— Você tem a mim e Mike, também — disse Ella com firmeza. — E seu pai e Lola. Nós ainda precisamos de você. — Ela limpou a garganta. — Eu tenho ouvido algumas outras coisas também, querida. — Ela pegou as mãos de Aria. — Você não está pensando em.. machucar a si mesma, está?

Havia lágrimas em seus olhos. Sua voz era tão suave. Aria baixou os ombros, odiando os rumores estúpidos de suicídio. — Claro que não — disse ela em voz baixa. — Eu sou mais forte do que isso.

— Eu achava que sim — disse Ella, sua voz tremendo um pouco. — Eu só queria ter certeza.

Aria se aconchegou em seu ombro. A blusa transparente de Ella cheirava a óleo de patchouli. Ela acariciou o cabelo de Aria, da mesma forma que ela costumava fazer quando Aria era mais nova e tinha medo de ir dormir porque ela achava que uma enguia gigante vivia em seu guarda-roupa.

— Sinto muito sobre Noel, querida — disse sua mãe suavemente. — E eu sei que não ir para a Holanda parece ser uma derrota. Mas você se recupera rapidamente. E você não precisa ir para algum país distante para ser feliz. Você pode encontrar um cenário de arte incrível aqui em Rosewood.

Aria fungou. — Sim, certo. — A ideia de Rosewood da arte de vanguarda era pintar as maçãs em natureza morta ligeiramente fora do vermelho, as peras em um tom ligeiramente antinatural de verde.

— Eu acho que sei de algo que pode te animar. Há uma vaga para um assistente por tempo parcial na galeria. Se você quiser o trabalho, é seu.

Aria resistiu ao desejo de reprimir o riso. Sua mãe trabalhava em uma galeria de arte em Hollis que vendia paisagens enfadonhas e tépidas de antigos celeiros da Pensilvânia e pinturas detalhadas de aves locais. Aria tinha uma dor de cabeça cada vez que ia lá porque o lugar cheirava esmagadoramente como a loja Yankee Candle que estava ao lado.

— Vai ser bom para você estar em torno de pessoas — Ella insistiu. — E traga seu portfólio — talvez Jim emoldure uma das suas peças e lhe dê uma miniexposição.

Talvez Ella tivesse um ponto. Um trabalho lhe daria alguma coisa para fazer durante as tardes, ela tinha tantas horas livres agora que ela e Noel não estavam mais juntos. E apesar de Aria odiar a ideia de alguém comprar um dos seus quadros e pendurá-lo ao lado de uma placa hexagonal Amish piegas, ela gostou da ideia de vender seu trabalho.

— Ok, eu acho que eu poderia fazer isso — ela disse.

— Ótimo. — Ella ficou de pé, depois parou e olhou para Aria novamente. — E

você tem certeza de que eu não preciso me preocupar com o carro da polícia?

Aria fingiu estar interessada nos redemoinhos psicodélicos no sofá. — Claro que não — ela murmurou.

— Que bom! — Ella fingia enxugar a testa. — Eu já tenho cabelos brancos suficientes!

Aria conseguiu dar uma risada. Ella costumava usar essa frase de cabelos brancos com as crianças muito antes de Aria estar sendo atormentada por A. Mas, desta vez, ela tinha certeza de que ela poderia controlar o seu lado da barganha. A partir de agora, não haveria nenhum drama. Nem problemas. Nem mentiras.

E talvez, agora que A estava fora de suas mãos, Ella teria seu desejo cumprido.


11

UM LIXO DE HOMEM...

Na quarta-feira à tarde, Spencer e Chase estavam no gramado da casa modelo do Sr. Pennythistle. As sebes estavam cuidadosamente aparadas e livres de ervas daninhas na calçada da frente. Narcisos estavam em vasos de cerâmica perto da porta. Aves piavam nos ramos do carvalho grande no gramado da frente. A única coisa desagradável era a fita amarela da polícia do outro lado da porta da frente.

Spencer andou até ela e foi para o outro lado. Então ela olhou para Chase. — Tem certeza de que você quer ajudar? Está uma grande confusão lá dentro.

— Claro — Chase insistiu, andando até a casa e cautelosamente pisando sobre a fita da polícia. — É por isso que estou aqui, Spencer. — Chase ligou para ela esta manhã, perguntando o que ela estava fazendo, e Spencer contou toda a história da prisão, antes que pudesse se conter. Ele insistiu em vir para Rosewood para confortá-la, o que Spencer tinha que admitir que parecia... bem, confortante.

Spencer pegou as chaves que o Sr. Pennythistle tinha deixado para ela mais cedo naquele dia, mas quando ela estava prestes a colocá-las na fechadura, a porta se abriu. Ela congelou, atenta para ouvir se alguém poderia estar lá dentro. Então, ela olhou por cima do ombro para o cara da segurança com uma aparência severa atrás do volante do SUV. Ele estava olhando para frente, impassível por trás de seus óculos escuros.

— Olá? — Spencer chamou, entrando na casa com o coração acelerado.

— Olá? — Uma voz chamou de volta.

Houve pegadas, e o Oficial Gates apareceu na sala de estar, andando em torno das quatro almofadas do sofá que estavam no chão e os móveis virados. Ele piscou para Spencer. — O que você está fazendo aqui?

— Eu tenho que limpar — Spencer respondeu. — O que você está fazendo aqui? — Procurando por impressões digitais. — Gates levantou as palmas das mãos, ele estava usando luvas de plástico. — A equipe forense acabou de sair.

Estou indo embora, também.

O coração de Spencer acelerou. Fuji estava falando sério. Gates estava procurando por Ali.

— Você encontrou alguma coisa? — ela perguntou ansiosamente.

Gates passou a mão sobre o seu cabelo vermelho arrepiado. — Há algumas impressões aqui e ali, mas nada conclusivo. — Seu celular tocou com um ringtone com um ritmo calypso, e ele ergueu um dedo para Spencer. — Alô? — ele disse no alto-falante. Depois de um momento, ele acrescentou: — Estou indo.

Ele virou-se para Spencer. — É uma emergência familiar, me desculpe. Eu ensaquei algumas coisas como prova, mas eu não tenho certeza de que vai adiantar muito. — Ele lançou um olhar incerto para Chase. — De qualquer forma, nós terminamos aqui. Você pode começar a limpar o lugar. — Ele acenou para Spencer e saiu da casa.

Spencer fechou a porta atrás dele, inclinou-se contra a parede, e soltou um enorme suspiro. — Bem, isso é decepcionante. — Ela olhou ao redor da sala.

Embora ela tivesse vindo nesse lugar várias vezes enquanto as meninas estavam investigando Ali, parecia tão diferente agora. As gavetas estavam abertas, e havia riscos de lápis em todas as paredes. Havia uma grande rachadura no vidro sobre o relógio antigo. A luminária do teto tinha sido puxada para fora do gesso e os fios estavam pendurados. — Como não tem nenhum vestígio de Ali?

Chase enfiou a cabeça na cozinha, que havia vidros quebrados no chão e lixos espalhados por toda parte. A cozinha cheirava a leite podre. — Ali é perversamente inteligente. Eu tenho certeza de que ela pensou em tudo antes de destruir esse lugar. — Ele limpou a garganta. — O policial estava olhando para mim como se ele achasse que fui eu.

— Não, ele só não queria dizer nada sobre Ali — Spencer assegurou-lhe, pegando uma Coca achatada e jogando no lixo. — Eles não querem que a gente conte a ninguém. — Ela fez uma pausa, olhando para ele. — Está tudo bem para você saber de tudo isso? Pode ser perigoso.

Chase encolheu os ombros. — Não é como se você me dissesse alguma coisa que eu já não soubesse. Eu vou ficar bem.

Spencer voltou para a porta para pegar o material de limpeza do carro. — Eu acho que nós deveríamos começar logo com isso, não é?

— Espere um segundo — Chase chamou da cozinha. — Venha cá.

Ele estava de pé no meio da cozinha, apontando para o chão de ladrilhos de cerâmica. Aninhado entre os pedaços de pratos e copos havia algo brilhante.

Spencer ajoelhou-se para pegar e fez uma careta, segurando contra a luz. Era um chaveiro de prata, sem chave. Um emblema de um Acura3 estava gravado no metal. — Eu não acredito que Gates não viu isso — ela murmurou. — Você acha que é de Ali?

— Talvez — Chase disse. — Ou talvez seja do ajudante dela.

Spencer pegou o celular. Seu dedo hesitou no número de Fuji, mas ela discou o de Hanna ao invés.

— Nós conhecemos alguém que dirige um Acura? — ela perguntou quando Hanna atendeu.

Hanna não levou nenhum segundo para responder. — Scott Chin. Mason Byers. O advogado do divórcio da minha mãe. Um dos meus vizinhos. Aquela senhora que. .

— Uau — Spencer interrompeu. — Eu não sabia que você conhecia todos os condutores de Acura de Rosewood.

— Eles são carros bons — Hanna respondeu o assunto com naturalidade. — Por que você quer saber?

Spencer explicou o que ela acabou de encontrar. — Uma dessas pessoas poderia seu o ajudante? Scott Chin não faz sentido como namorado secreto de Ali, ele é gay. Eu não tenho certeza se Mason poderia ser, tampouco, ele se mudou para cá na sexta série, lembra? E ele e Ali nunca pareceram se dar bem.

— Spence, nós não estávamos na delegacia resolvendo o caso com uma equipe de profissionais? Entregue o chaveiro a Fuji e esqueça.


3 Acura: Marca japonesa utilizada pela Honda para atuar no segmento de luxo nos mercados.

Spencer sabia que Hanna estava certa, mas era mais difícil abrir mão do controle do que ela tinha percebido. Na escola, quando ela tinha que fazer projetos em grupo, Spencer sempre insistia em fazer a maior parte do trabalho. Os outros só iriam estragar tudo, ela sempre pensava. Eles não farão tão bem quanto eu.

Ainda assim, ela obedientemente enfiou o chaveiro em sua bolsa, fazendo uma nota mental para ligar para Fuji quando ela e Chase terminassem a limpeza.

Hanna estava certa. Ela não precisava se preocupar com isso. Não era mais sua responsabilidade — e isso era uma coisa boa.

Ela sondou o resto da casa modelo, procurando entre a poeira, o jornal picotado e os metros de papel higiênico enrolado ao redor do lustre quebrado, mas não encontrou outras pistas.

Houve uma batida na porta, e Spencer congelou novamente. — Yoo-hoo — a voz da mãe de Spencer chamou da sala. — Spencer? Você está aí?

Com o cenho franzido, Spencer foi em direção à porta da frente. Sua mãe, o Sr.

Pennythistle e Amelia estavam na sala de espera, todos usando jeans e camisetas.

Estavam todos segurando as vassouras, os espanadores e os produtos de limpeza do banco de trás de Spencer.

— O que está acontecendo? — Spencer perguntou. Eles tinham vindo para mandar ela limpar mais rápido?

A Sra. Hastings amarrou o seu cabelo loiro curto com uma faixa elástica. — Nós vamos ajudá-la a limpar, querida.

— S-sério? — Spencer gaguejou.

A Sra. Hastings passou o dedo pelas marcas de lápis nas paredes. Algumas saíram em sua pele. — Não é justo você ter que fazer isso sozinha. Não estou dizendo que foi certo você pegar as chaves de Nicholas sem a permissão dele, mas foi injusto nós supormos que foi você quem fez isso com a casa.

O Sr. Pennythistle bateu no ombro dela. — Você estava em casa na noite que destruíram essa casa, eu verifiquei o vídeo de segurança da casa. Me desculpe por ter duvidado de você.

Talvez Spencer devesse ter ficado mais irritada por ele não ter acreditado na palavra dela, mas isso necessitaria de muito esforço emocional. Ela meio que gostava da forma severa que ele também estava olhando para Amelia, agora. — Eu sinto muito por dedurar você — Amelia murmurou, depois que ele a cutucou.

— E a polícia explicou que a sua prisão por droga foi um erro — a Sra.

Hastings acrescentou enquanto esfregava a parede com um produto Mr. Clean Magic Eraser. — Graças a Deus.

— Oh — Spencer disse. — Bem, que bom.

— De qualquer forma, vamos começar a trabalhar! — A Sra. Hastings entregou a Amelia uma vassoura. Então ela parou e notou Chase na cozinha. — Oh.

Olá. — Este é o meu amigo Chase — Spencer disse. — Outro Chase — ela acrescentou, ao perceber que ela tinha apresentado Curtis como Chase quando ele a levou para o baile. — Ele está me ajudando a limpar.

— Que bom! — A Sra. Hastings falou animada, atirando-lhe um sorriso amável. — Bem. Qualquer amigo de Spencer é nosso amigo.

Spencer quase riu. Alguém certamente se sentia culpado por culpá-la injustamente. Spencer estava feliz que sua mãe estivesse aqui, ajudando, e que ela não a odiasse.

O Sr. Pennythistle ligou a tomada do aspirador de pó. Amelia a contragosto pegou as almofadas do sofá e começou a colocar o recheio que dava para aproveitar dentro. Spencer atirou para Chase um sorriso secreto quando ela começou a varrer os cacos de vidro com a vassoura. Ela estava contente que ele estivesse aqui, também. De repente, tudo parecia — bem, não perfeito, mas melhor do que esteve há muito tempo.

Do jeito que ela gostava.


12

A PEQUENA HANNA DO PAPAI

Hanna estava voltando de uma loja de conveniência Wawa, onde ela tinha comprado um irresistivelmente delicioso cappuccino coberto-de-açúcar e com-adição-de-centímetros-às-coxas-dela. Entre um gole, ela olhou pelo espelho retrovisor para o Suburban preto atrás dela. Ela acenou para Bo, o motorista, e ele acenou de volta. Embora Bo tivesse um nariz quebrado, músculos e tatuagens saindo do seu colarinho, mais cedo, quando Hanna tinha ido até o carro dele para perguntar se ele queria alguma coisa para beber, ele estava ouvindo Selena Gomez.

Ele também tinha uma foto de sua filhinha, Gracie, pendurada em seu espelho retrovisor.

O celular dela tocou. Em um sinal de trânsito, ela pegou-o. GOOGLE ALERTA PARA TABITHA CLARK, dizia na tela. Seu coração deu um pulo.

Mas era apenas um artigo dizendo que as autoridades estavam tentando conseguir imagens de vídeo de outros hotéis perto do The Cliffs — aparentemente, alguns dos hotéis estavam tendo problemas para localizar as filmagens antigas.

O celular dela tocou. MIKE, dizia o identificador de chamadas. Ela apertou o botão no volante para ativar o Bluetooth. — O seu cara está na sua cola? — ele perguntou, sem dizer alô.

— Sim — Hanna respondeu com uma voz alegre.

— Na minha também! — Mike falou animado. — É totalmente irado. Você acha que ele está carregando um lança-chamas?

Hanna bufou. — Isso não é um filme de super-herói.

Mike fez um som de desapontamento, o que Hanna achou totalmente adorável. Ela estava muito feliz que Fuji tivesse colocado um segurança com ele, também. Com Noel quase morrendo e Iris desaparecida, Mike provavelmente teria sido o próximo alvo na lista de Ali.

— Então, eu dirigi perto da clínica de queimados, e estava repleta de policiais — Mike disse. — Isso significa que eles provavelmente estão à procura de pistas de Ali, você não acha?

— Provavelmente — Hanna disse. Os policiais certamente iriam encontrar vestígios de Ali num piscar de olhos. Havia muita evidência de DNA — cabelos, folículos de pele, sangue retirado — do seu tempo como Kyla. — Há muitas vans de repórteres?

— Sim, mas eu ouvi um relatório. Os policiais deram uma declaração de que o assassino de Kyla era um doente mental que escapou. Eles não estão dizendo uma palavra sobre Ali.

— Isso é bom — Hanna disse, aliviada.

Então Mike pigarreou sem jeito. A linha telefônica estalou. — Então... você está se sentindo bem?

Hanna deu uma risadinha. — Você quer dizer, tipo, se eu estou ferida? — Ela e Mike tinham sido capaz de conseguir algum tempo juntos na noite passada, quando a mãe dela não estava em casa. Eles não tinham deixado a cama de Hanna por duas horas.

— Nã.. — Mike pigarreou. — Eu fiquei preocupado depois da mensagem.

— Que mensagem? — Hanna não tinha mandado uma mensagem o dia inteiro.

— Uh, aquela que você disse que estava tendo uma manhã muito ruim e que queria se matar?

— O quê? — Hanna apertou os freios com força, e o Prius fez um som agudo.

O guarda-costas dela quase bateu no para-choque dela. — Você recebeu uma mensagem que dizia isso enviada do meu celular?

— Uh, sim. Por volta das oito e quarenta e cinco.

A mente de Hanna girou. Ela estava na aula de Inglês. Não pensando em se matar.

Ela encostou e parou o carro. O Suburban encostou também. — Mike, eu não escrevi isso. Alguém deve ter pego o meu celular e enviado uma mensagem só para nos prejudicar.

Um silêncio se formou na outra linha. — O problema é, Hanna, não é a primeira vez que eu ouvi falar que vocês queriam se matar. Os rumores estão por toda parte. E tem muita coisa acontecendo com você. Você me diria se algo estivesse te incomodando tanto assim, não é?

Hanna apoiou a testa contra o volante. O interior do carro de repente cheirava esmagadoramente a café. — Eu não vou nem mesmo responder essa pergunta. Você tem que mostrar essa mensagem para a Agente Fuji.

Ela deu-lhe as informações de Fuji, em seguida, desligou. Quando ela voltou ao tráfego, sua cabeça latejava como no tempo em que ela e Mona Vanderwaal, sua antiga-melhor-amiga-que-se-tornou-lunática, bebiam Patrón Silver demais. Por que A mandaria para Mike uma mensagem falsa de suicídio?

Mas quando ela entrou na garagem da nova casa de seu pai, suas preocupações se acentuaram. Ela se deu conta de algo ontem à noite, depois que aconteceu aquilo tudo delegacia de polícia. Ali e o Ajudante de A não iam ficar de braços cruzados quando descobrissem que as meninas tinham envolvido a polícia.

Mesmo que todas as acusações delas tinham sido retiradas, a polícia não poderia fazer nada para impedir que o Time A deixasse vazar publicamente os segredos delas. E se A divulgasse as fotos do acidente de carro de Hanna, o futuro do pai dela estaria acabado.

Hanna tinha que fazer o controle de danos, e rápido. Ela estacionou sob o salgueiro-chorão e olhou para a nova casa do pai dela, criando coragem.

Com as pernas trêmulas, ela empurrou a porta da casa. Ela olhou para si mesma no espelho grande do banheiro feminino da saída da despensa. Seu cabelo ruivo estava leve e cheio, seus olhos estavam brilhantes, e sua maquiagem estava perfeita. Pelo menos ela estava fabulosa.

O pai dela e Isabel, a nova esposa dele, estavam na cozinha. Isabel, cuja pele empalideceu consideravelmente nos últimos meses — ela costumava usar bronzeamento artificial sem parar, mas Hanna suspeitava que os assessores de campanha tinham dito a ela que ela parecia muito laranja na câmera — estava carregando pratos para a máquina de lavar. O Sr. Marin estava na ilha da cozinha, folheando fotos. Ele olhou para ela e sorriu animadamente. — Hanna — ele gritou como se não a tivesse visto há meses. — Como você está?

Hanna deu-lhe um olhar desconfiado. Não era todo dia que seu pai estava tão feliz em vê-la. Não diga a ele, uma voz em sua cabeça instigou.

Mas ela tinha que dizer... antes que A dissesse.

Ela caminhou até ele. — Pai, eu preciso falar com você.

Ele sentou-se no banquinho, parecendo de repente com medo. Isabel parou na pia. — O que está acontecendo? — ela perguntou.

Hanna olhou para ela. — Eu disse que eu queria falar com o meu pai, não com você. O Sr. Marin olhou para Isabel, incerto, depois de volta para Hanna. — Tudo o que você tem para me dizer você pode dizer na frente de Isabel.

Hanna fechou os olhos. Segundos depois, houve passos no corredor, e a meia-irmã de Hanna, Kate, apareceu, com os cabelos molhados do chuveiro. Perfeito.

Toda a família estava aqui para ouvir seu último fracasso.

— Hanna? — o Sr. Marin a encorajou suavemente. — O que está acontecendo?

Hanna mordeu o interior da sua bochecha. Diga. — Eu estive escondendo algo de você — ela disse calmamente. — Algo que eu fiz junho passado.

Ela não conseguiu olhar para o pai dela enquanto as palavras saíram de sua boca. Ela podia sentir a confusão dele se tornando choque e então decepção. Isabel deu pequenos suspiros. Em algum momento, ela ainda tocou o peito como se estivesse tendo um ataque cardíaco.

— E você está me dizendo isso... por quê? — seu pai disse, quando Hanna terminou.

Hanna fez uma pausa. Ela não podia dizer a ele sobre A. — Bem, algumas pessoas sabem sobre isso. E se eles quiserem arruinar a sua campanha, eles poderiam me dedurar. — Ela engoliu em seco. — Eu achei que estava fazendo a coisa certa na hora — Madison estava tão bêbada. Se ela dirigisse para casa, ela definitivamente teria se machucado — e machucado alguém, também. E, quero dizer, alguém me empurrou da pista — eu não sabia o que fazer. Mas quando eu bati, eu me apavorei. E eu não quis levar a culpa porque eu queria proteger você e a sua campanha. Agora eu sei que eu estava errada.

Isabel deu um tapa nos seus lados. — Errada? — ela gritou. — Hanna, é além de errado. Você não tem sido nada além de um fardo para essa campanha. Você percebe que a cada passo do caminho nós temos que fazer um controle de danos para um problema que você se meteu? Você sabe quanto dinheiro nós gastamos para limpar a sua bagunça?

— Eu sinto muito — Hanna gemeu, lágrimas vindo aos seus olhos.

Isabel se virou para o pai de Hanna. — Eu disse que isso iria acontecer. Eu disse que era uma má ideia trazer Hanna de volta para a sua vida.

— Isabel. . — O Sr. Marin parecia dilacerado.

Os olhos de Isabel arregalaram-se. — Eu sei que você acha isso, também! Eu sei que você queria estar livre dela tanto quanto eu!

Hanna arfou.

— Mãe! — a voz de Kate ecoou pela sala. — Hanna é a filha dele!

— Kate está certa — o Sr. Marin disse.

Hanna prendeu a respiração. Isabel parecia que tinha levado um tapa.

O Sr. Marin passou a mão sobre a testa. — Hanna, eu estaria mentindo se eu dissesse que você não me decepcionou em vários níveis. Mas isso não importa. Já está feito. Eu só quero que você esteja bem.

Isabel caminhou até ele. — Tom, o que você está falando? Você não pode deixá-la se safar disso.

Até mesmo Hanna se surpreendeu. Ela pensou que o seu pai fosse gritar com ela, expulsá-la, alguma coisa desse tipo.

Seu pai olhou-a por baixo da mão que cobria seu rosto. — Eu pensei que você fosse me dizer outra coisa. — Ele pareceu culpado. — Eu recebi uma carta esta manhã. Minha cabeça ainda está girando. Disse que você queria cometer suicídio.

— Oh meu Deus — Kate engasgou. — Hanna!

Hanna abriu e fechou a boca. Primeiro Mike, e agora o pai dela? Isso estava ficando ridículo.

— Eu liguei para a sua mãe, mas ela disse que você não estava em casa. Eu liguei para o seu celular, duas vezes, você não atendeu.

Hanna franziu a boca. Ela tinha visto as chamadas do papai dela. Ela não atendeu porque não estava preparada o bastante para falar com ele.

— Eu estava tão preocupado que você fosse... — Ele parou, apertando os lábios. Seu queixo tremeu e sua garganta balançou quando ele engoliu.

Isabel se moveu no canto. Havia um olhar descontente em seu rosto, mas ela não disse nada.

— Pai, eu estou bem — Hanna disse baixinho, caminhando em direção a ele e envolvendo seus braços ao redor dos seus ombros.

O Sr. Marin apertou-a com força. — Eu só quero que você seja feliz — ele disse em uma voz grossa. — E se o acidente foi parte do motivo pelo qual você escreveu o bilhete, se você estava com medo de me dizer ou como eu iria reagir, não se preocupe com isso. — Ele fungou. — Eu provavelmente estava muito focado na campanha. Talvez eu deva desistir.

— Tom, você enlouqueceu? — Isabel gritou.

Hanna se afastou do seu pai. A coisa certa a se fazer era confessar que ela não tinha a intenção de se matar, mas a atenção dele era tão boa. Além disso, ela se sentia oprimida. Ela precisava da ajuda dele.

E apesar de ela estar morrendo de vontade de pedir ao seu pai para ver o bilhete, ela não queria levantar a suspeita de que poderia haver um novo A.

— Não abandone a campanha — ela disse ao invés. — Eu estou bem, eu prometo. E eu sinto muito, de novo. O que eu puder fazer para concertar as coisas, eu vou fazer.

O Sr. Marin afagou Hanna nas costas. O rosto de Isabel ficou cada vez mais vermelho, e, finalmente, ela soltou um gemido com a boca fechada e saiu da sala.

Kate se remexeu na porta. Hanna encontrou os olhos dela e lançou-lhe um sorriso agradecido. O que ela realmente queria fazer era dar a sua meia-irmã um abraço, mas ela ainda estava com medo de sair do alcance do pai dela.

Os olhos do Sr. Marin estavam vermelhos e lacrimejantes; Hanna não tinha visto ele chorar há um longo, longo tempo. — Eu acho que seria bom se você fizesse as pazes com a garota. Qual era o nome dela, Madison?

Hanna assentiu. — Eu não sabia como encontrá-la até algumas semanas atrás. A prima dela é Naomi Zeigler, da escola. — Ela imaginou que seu pai se lembraria de Naomi — Hanna costumava reclamar dela quando ela e seu pai costumavam conversar. — Ela poderia me dizer como entrar em contato com Madison.

— Tudo bem. Eu quero que você encontre a família de Madison e vá vê-la.

Depois disso, eu estou pensando em você e eu fazermos um anúncio de serviço público sobre beber e dirigir. Se você concordar.

Hanna piscou. — O que você quer dizer?

— Você admitir o que você fez na TV. Nós fazemos a mídia falar sobre isso.

— Você quer chamar a atenção para isso? — Talvez o pai dela tenha enlouquecido.

— Nós estaremos chamando a atenção do jeito certo. Um das minhas questões da campanha é a bebida para menores. Se você estiver confortável com isso, você pode contar a sua história e apoiar as penalidades rigorosas para menores que bebem que eu quero aplicar.

Hanna franziu a boca. Só os perdedores queriam que as leis para quem bebe sejam rigorosas. Mas ela não poderia dizer isso agora. — Tudo bem. Eu acho que posso fazer isso.

— Então nós temos um plano. — Os olhos cinzentos do Sr. Marin sondaram seu rosto. — Oh, Hanna. Eu quase perdi você.

Havia um enorme nó na garganta de Hanna. Você me perdeu, ela queria lembrá-lo. Ele perdeu-a quando ele abandonou Hanna e sua mãe, encontrou Isabel, e começou uma nova vida. Mas tanto faz. Talvez isso não importasse mais.

O Sr. Marin abriu os braços. — Venha aqui.

Hanna abraçou-o e colocou o queixo no peito dele, inalando o cheiro de detergente e sabão. Ela sorriu em sua camisa áspera. Aqui estava a libertação que ela estava esperando depois que confessou para a polícia. Nada parecia um empecilho em seu cérebro mais. Sem problemas cutucando-a como farpas, impedindo-a de seguir em frente.

Mas então algo chamou a sua atenção na janela. Ela virou-se no momento em que uma sombra deslizou para fora da vista. Era Ali, ouvindo? O Ajudante de A, monitorando? Então ela se lembrou que não importava quem fosse. Ela ficou ereta e olhou através do vidro, em seguida, mostrou a língua e revirou os olhos. Toma isso, ela murmurou.

E foi malditamente bom.


13

O CAVALO ALADO

Naquela noite de quarta-feira, Emily se trocou para uma camiseta da Competição de Revezamento de Marple Newtown e calças de malha rosa da Victoria Secret, sua favorita combinação de pijama. Assim que ela estava puxando as cobertas de sua cama de solteiro, ela sentiu uma presença na porta. Ela gritou e se virou, quase certa de que era A. Carolyn recuou.

— Deus, sou só eu — sua irmã disse, parecendo ofendida.

— Desculpa — disse Emily rapidamente. — Eu acho que eu estava desligada em outro mundo.

Elas ficaram em silêncio por alguns momentos. Emily esperou Carolyn seguir em frente pelo corredor — Carolyn estava dormindo no quarto de hóspedes enquanto ela estava aqui, então elas já não estavam dividindo o espaço — mas ela permaneceu onde estava. Emily se moveu. Ela deveria convidá-la para entrar? Elas não estavam exatamente brigadas agora.. mas elas eram amigas? Ontem à noite, depois do jantar, Emily tinha ido para a sala e ligou a TV em uma competição de snowboard na NBC Extreme, o canal favorito de Carolyn. Carolyn se sentou ao lado dela, mas não disse uma única palavra durante toda a competição, nem mesmo quando um dos competidores levou um tombo assustador para fora da rampa. Esse era um grande momento de união fraternal?

Agora, Carolyn encostou-se no batente da porta. — Então, eu estava pensando em ir a um bar.

Emily ficou tão surpresa que ela sentou-se na cama. — Agora?

Carolyn apertou sua boca em uma linha. — Não fique tão animada. Eu pensei que poderia ser legal, mas esqueça.

— Carolyn! — Emily gritou, levantando da cama. — Espera! Um bar. . com álcool? — No Festival Francês de Rosewood Day do ano passado, que foi realizado durante o almoço, a escola permitiu que cada aluno provasse um copo de vinho, desde que ninguém dirigisse para lugar nenhum. Carolyn se absteve até mesmo disso, optando por tomar o refrigerante Dr Pepper.

Ela segurou o braço de sua irmã. — Eu vou ao bar com você. Qual?

Carolyn entrou no banheiro. — É uma surpresa. Encontre-me em dez minutos. Vamos sair pela porta dos fundos e pegar a minivan. Está na garagem.

Emily levantou uma sobrancelha. A porta dos fundos era bem longe do quarto dos seus pais — eles não conseguiriam ouvi-las saindo. Sem falar de elas tirarem o carro da garagem: Eles sempre ouviam o carro dar partida na garagem. A boazinha e obediente Carolyn estava quebrando as regras esgueirando-se para fora de casa?

Sua irmã fechou a porta do banheiro antes que Emily pudesse perguntar. Ela sorriu para si mesma, se perguntando o que estava por vir. Então, novamente, ela realmente se importava? Ela estava feliz por sua irmã estar fazendo um esforço depois de tanto, tanto tempo.

— Pegasus? — Emily desabafou trinta minutos mais tarde, enquanto Carolyn dirigia a minivan para um estacionamento. Na frente delas estava um edifício longo com janelas do chão ao teto e um cavalo alado grande e em neon pendurado sobre a porta da frente. Três mulheres em camisas xadrez combinadas caminharam para a entrada. Duas meninas magras em minissaias deram as mãos na janela.

Emily e Carolyn estavam em um bairro arborizado em West Hollis apelidado de O Triângulo Roxo.. por razões óbvias. Emily nunca tinha ousado entrar na Lilith Tomes, a livraria lésbica; na Closer to Fine, a casa de chá lésbica; ou no Pegasus, o único bar de lésbicas da área, mas ela sempre tinha estado curiosa. Ela não achava que Carolyn sequer sabia sobre este bairro, no entanto.

Carolyn desviou para o estacionamento. — Há uma cantora legal esta noite.

— Ela começou a atravessar o estacionamento de cascalho em direção à porta da frente.

Emily correu atrás da sua irmã e agarrou seu braço. — Podemos ir a um bar normal em Hollis. Não temos que ir a esse aqui.

As sobrancelhas de Carolyn fizeram um V. — Minha companheira de quarto em Stanford é gay. Eu fui a um bar de lésbicas em Palo Alto com ela um monte de vezes.

Mais uma vez, Carolyn tinha aquele tom defensivo, estou-fingindo-que-não-estou-com-raiva-de-você-mas-eu-ainda-estou-furiosa, quase como se ela esperasse que Emily se desculpasse com ela por assumir que ela estava sendo intolerante.

Emily levantou as mãos para o céu em sinal de rendição. — Tudo bem. Vamos.

Elas estavam do outro lado do estacionamento quando Emily ouviu uma risadinha. Os carros lançavam longas sombras no chão. Houve um farfalhar atrás de uma mesa de piquenique. Mesmo se for Ali, eu estou segura, ela pensou, olhando para o carro preto que tinha estacionado discretamente na parte de trás do estacionamento.

Ainda assim, havia algo assustador sobre o fato de que realmente poderia ser Ali. Se Ali caminhasse até Emily agora mesmo, Emily seria vingativa e punitiva, ou ela sorriria fracamente e aceitaria seu pedido de desculpas? Nos dias desde que elas tinham dito aos policiais, Emily sentiu pontadas de culpa. Ela lhes disse tudo.

Os policiais estariam procurando por Ali agora. Emily não amava mais Ali, embora a culpa fosse mais uma reação instintiva. Ela se perguntava quanto tempo levaria para ela desaparecer.

Dentro havia sons de uma voz feminina e uma guitarra acústica. Emily seguiu Carolyn para dentro, observando as serpentinas prateadas penduradas no teto, as velas com cheiro de frutas no bar, o aquário tropical gigante, e as poltronas felpudas — tudo era cheio de feminismo. Havia um palco montado na parte de trás com uma pista de dança em frente a ele. Vários casais estavam dançando. Duas meninas estavam se beijando no parapeito da janela. Mas, além disso, o bar não parecia muito diferente de qualquer outro lugar em Hollis — as mesmas cervejas estavam nas torneiras, e os mesmos jogos de dardos e as mesas de bilhar estavam ao lado. Havia até mesmo um jogo de hóquei em uma pequena tela acima do bar.

Carolyn pairava na borda do bar. Emily estava ao lado dela, sem saber o que dizer. Uma menina negra bonita chamou a atenção de Emily. Ela levantou a mão e acenou. Emily olhou para baixo, sentindo-se tímida. Carolyn ainda não disse uma palavra. Elas apenas iriam ficar aqui a noite toda?

A cantora tocou um cover dos Beatles, então algo de Bob Marley. De repente, Carolyn se virou. — Precisamos aliviar o clima. Quer dançar?

Emily quase soltou uma gargalhada. Carolyn não era totalmente do tipo que dançava. Mas sua irmã parecia estar falando sério, com os braços estendidos, os quadris balançando de um lado para o outro. — Tudo bem — disse Emily, seguindo-a.

Elas andaram para a pista de dança e começaram a mover-se com a batida da música reggae. A menina negra e bonita que tinha acenado para Emily aproximou-se dela e pegou sua mão, mas Emily deu um sorriso recatado. — Eu tenho uma namorada.

— E nós todas não temos? — a menina negra sorriu, mostrando os dentes mais retos que Emily já tinha visto. — É só uma dança, querida. Sem amarras. — Então ela entregou a Emily uma taça de champanhe cheia de um líquido borbulhante. — Eu sou River. E isto é por minha conta.

Emily olhou para sua irmã, que estava sorrindo para ela. De repente, no meio das mãos dadas, dos beijos no rosto, dos casais dançando lentamente, Emily quase podia sentir a pele macia de Jordan na palma da mão, sentir o cheiro do perfume de jasmim em seu pescoço. Ela sentia falta de Jordan um milhão de vezes, mas era só uma dança e uma taça de champanhe. Não tinha importância.

A música se transformou em algo rápido, com uma batida techno, e River pegou as mãos de Emily e girou-a ao redor. Emily tomou um gole de sua bebida, as bolhas gasosas fazendo ela se sentir mais leve e livre. Uma menina alta que tinha os cabelos em tranças persuadiu Carolyn para uma fila de conga, e arrastou-a pela pista de dança com suas bochechas coradas e os olhos brilhantes. Emily e sua nova amiga as seguiram. Alguém levantou o celular e tirou uma foto. A barman, uma garota musculosa com os braços cheios de tatuagens, inclinou a cabeça para trás e riu. De repente, Emily notou uma magra familiar de cabelo loiro-platinado no meio da multidão. Iris?

Ela se afastou de Carolyn e teceu através do grupo. A menina loiro-platinado estava na frente de um caixa eletrônico, de costas para Emily. Emily tocou seu ombro ossudo, com o coração batendo forte. A menina se virou. Ela tinha um rosto mais afilado e olhos castanhos em vez de verdes. — Sim? — ela disse em uma voz bastante amigável. Mas não era a voz de Iris.

O coração de Emily afundou. — Me desculpe. Eu pensei que você fosse outra pessoa. — Desespero vibrou através dela. Por favor, deixe Iris aparecer, ela rezou para o universo. Por favor, deixe ela ficar bem.

Ela voltou para Carolyn, tentando não pensar sobre isso. Elas dançaram por mais três músicas, a ponto de ficarem suadas. Finalmente, Carolyn andou para o canto, respirando com dificuldade. River beijou Emily no rosto e desapareceu na multidão. Emily se sentou em um sofá com sua irmã, tendo a coragem de se apoiar no ombro de Carolyn. Carolyn não se afastou.

— Obrigada — disse Emily. — Essa foi uma boa ideia.

Os olhos de Carolyn se suavizaram. — Então.. trégua?

— Trégua — disse Emily. — Com certeza.

Carolyn levantou uma bebida, elas brindaram a Emily e drenaram as taças de champanhe. Emily olhou para a taça de Carolyn com um líquido escuro. Tinha um cheiro familiar, e ela começou a rir. — Isso é mesmo Dr Pepper?

Carolyn levantou a taça. — Diabos, é sim.


Emily tocou na taça da sua irmã, escondendo um sorriso. Parecia que Carolyn ainda era a mesma menina do Festival Francês de Rosewood Day, afinal de contas.

E sabia de uma coisa? Emily estava meio que feliz.


14

CONVERSA FIADA E CAFÉ

Naquela mesma noite, na quarta-feira, Spencer estava deitada na cama, olhando para a foto do chaveiro de um Acura que ela tinha tirado com o celular pouco antes de deixá-lo no escritório de Fuji. Ali teve a intenção de deixá-lo cair?

Além disso, se Ali ou o Ajudante de A estavam andando por aí com um Acura, isso significava que eles tinham muito dinheiro. Claro que não estava vindo de Ali — a família dela estava com problemas financeiros por mantê-la na Reserva por tantos anos. Isso significava que o Ajudante de A tinha dinheiro? Talvez Spencer deva ligar para Fuji e sugerir que eles consigam uma lista de todos os condutores de Acuras da Main Line. Talvez aparecesse um garoto rico cujo primeiro nome começasse com N.

— Spence?

Spencer se levantou rapidamente. Sua irmã, Melissa, estava no corredor. Ela ainda estava usando um terno cinza e sapatos de salto, o que significava que ela tinha vindo do seu trabalho em uma empresa de investimento em Philly. Só que Melissa não vivia mais nessa casa — ela se mudou para sua casa no centro da cidade no ano passado.

— O que você está fazendo aqui? — Spencer perguntou.

— Eu vim falar com você — Melissa disse baixinho. Ela fechou a porta e entrou no quarto. — Olha, eu sei o que está acontecendo.

— Do que você está falando?

— É ela, não é? — ela disse em uma voz quase inaudível. — Ela sobreviveu ao incêndio. Ela está torturando você novamente. E agora os policiais estão atrás dela.

Havia uma expressão nos olhos de Melissa que a fazia parecer um pouco possuída. — Como você sabe? — Spencer exigiu.

— Não se faça de boba. Eu soube que os policiais vieram atrás de você, mas deixaram você ir embora. Wilden ainda tem várias conexões no cumprimento das leis. Eu o fiz perguntar por aí, e ele descobriu. . você sabe. — Ela se recostou. — Eu merecia saber, Spencer. Ela também é a minha meia-irmã.

Spencer se levantou e encarou a janela, que tinha uma vista para a antiga casa de Ali. Ela odiava pensar que Ali era a meia-irmã dela. — Não faça mais perguntas.

Você não quer acabar em um armário com um corpo morto de novo.

— Mas eu não quero que você acabe morta, tampouco. — Melissa se aproximou por trás dela e apertou-lhe o ombro. — Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, eu quero ajudar. Eu odeio essa vadia tanto quanto você.

Ela deu um abraço em Spencer, então levantou-se e deu um tapinha no ombro dela. Me liga, ela murmurou, antes de fechar a porta.

Spencer sentou-se contra a cabeceira e colocou o cobertor sobre o colo. Isso tinha acabado de acontecer? A irmã dela agora era aliada dela? Já estava na hora. .

mas também era a hora errada. Embora Fuji também tenha posto seguranças com a família de Spencer, isso não a tranquilizava inteiramente. Melissa precisava ficar tão longe de Ali quanto podia.

Poucos minutos depois, a campainha no andar de baixo tocou. Spencer levantou-se novamente, com o coração batendo forte por um motivo diferente.

Chase.

Ela verificou seu reflexo no espelho, assanhando seu cabelo sem graça. Um vestido envelope Tory Burch na altura acima do joelho parecia muito formal?

Chase apenas iria levá-la para tomar café, afinal. Ela olhou para as suas calças jeans, empilhadas ordenadamente em uma prateleira no closet. Ela nem sabia por que ela estava tão preocupada com isso, afinal de contas, Chase era apenas um amigo. Um amigo útil, é claro — um amigo bonito — e um amigo que ela se sentia um pouco em dívida, já que ele sabia sobre Ali. Mas ela não tinha ideia do motivo de ter levado tanto tempo para fazer a maquiagem ou do motivo de que quando ela pensava em Chase ajudando-a na casa modelo do Sr. Pennythistle no dia anterior, um pequeno sorriso surgia em seu rosto.

A campainha tocou novamente. Spencer gemeu, calçou um par de saltos baixos, e desceu tropegamente as escadas assim que a Sra. Hastings foi atender a porta. — Olá, Chase.

Chase entrou na sala de estar. Ele sorriu quando viu Spencer, em seguida, olhou para a roupa dela de cima a baixo. — Uau. Você está incrível.

Spencer corou. Chase estava usando calças cargo e uma camisa. Mas antes que ela pudesse pedir para se trocar, Chase ofereceu o braço. — Vamos lá — ele disse. — Vamos sair daqui.

Ele abriu a porta do seu Honda, então se afastou do meio-fio. Ele tomou a saída em direção à cidade, em seguida, virou-se para a direita em um bairro que Spencer não reconheceu. — Onde estamos? — ela perguntou, olhando ao redor. A julgar pelas bandeiras vermelhas, brancas e verdes penduradas nas varandas dos triplexes pitorescos que estavam alinhados nas ruas, metade da Itália deve ter se mudado para aqui.

— Você vai ver — Chase disse quando ele estacionou paralelamente na frente de uma loja de café de aparência moderna. Mais uma vez, ele abriu a porta para Spencer sair e pegou a mão dela, mas deixou-a cair rapidamente. Então ele abriu uma porta da cafeteria. Tinha um cheiro forte de grãos de café vindo de dentro. O

lugar tinha piso de mármore, bancadas douradas e mesas e cadeiras forjadas de ferro. Ópera tocava nos alto-falantes.

— Olha quem está aqui! — uma voz falou e, em seguida, um homem de cabelos grisalhos usando um terno de três peças com risca de giz saiu de trás do balcão. Ele deu a Chase um grande abraço, exalando um cheiro forte de charutos.

Spencer se moveu de um pé para o outro. Ele parecia alguém da série The Sopranos.

— Spencer, esse é Nico — Chase disse, quando o abraço terminou. — Nico, Spencer.

Nico olhou para Spencer de cima a baixo, em seguida, segurou Chase pelo braço. — Um bom partido, meu amigo.

— Oh, nós somos apenas amigos — Chase disse rapidamente, olhando para Spencer. Ela sorriu.

Nico piscou como se ele não acreditasse neles, em seguida, fez um gesto em torno do lugar. Alguns casais estavam nas mesas. Um velho estava fazendo palavras cruzadas no canto. — Sentem-se em qualquer lugar que vocês quiserem.

Spencer sentou em uma das cadeiras e olhou em volta. Potes de metal estavam pendurados no teto. Zilhões de fotografias em preto-e-branco de mulheres com aparência séria segurando bebês ou cozinhando estavam nas paredes. Havia também anúncios antigos em italiano e cartazes para óperas que ela nunca tinha ouvido falar. Isso a lembrava de Paris ou Roma.

Ela se inclinou sobre a mesa em direção a Chase. — Como você descobriu esse lugar?

Chase sorriu. — Eu o encontrei quando eu estava investigando um dos casos do blog. Nico me proporcionou uma grande quantidade de informações privilegiadas, e ele ainda consegue para mim ingressos para a ópera.

Spencer cruzou os braços. — Eu achei que ópera fosse apenas para senhoras de idade.

— Absolutamente não. — Chase a avisou. — Eu não acredito que você nunca foi. Eu vou te levar alguma vez.

Spencer sorriu. — Eu adoraria. — Não muito tempo atrás, quando ela pensava no futuro, ela imaginava A finalmente alcançando-as e punindo-as. Era como se um enorme balde de água suja que tinha se formado em seu cérebro tivesse finalmente esvaziado.

— O que você está pensando? — Chase perguntou.

Spencer respirou fundo. — A maneira que as coisas mudaram de repente — ela admitiu. — Quero dizer, tinha um enorme peso nos meus ombros.

— Eu posso imaginar — Chase disse.

— Quero dizer, eu sei que não deveria ficar muito confortável. Eles podem ainda estar me observando. — Com isso, Spencer lançou um olhar para fora das janelas com vitrais. Pombos voavam na rua. Um guarda de estacionamento estava vagando com um bilhete na mão.

— Você sabe o que está acontecendo com a investigação? — Chase sussurrou.

— Bem, eu entreguei o chaveiro do Acura — Spencer disse. — Cabe a eles descobrir o resto. — De repente, os cabelos na parte de trás do pescoço dela eriçaram-se. Ela olhou para cima, assim que uma porta traseira se abriu, meio que esperando Ali aparecer. Era apenas uma idosa, porém, passando por eles para limpar embaixo da mesa.

Spencer olhou para Chase. — Eu acho que não deveríamos falar sobre Ali em público.

Chase assentiu. — Entendi.

Nico apareceu novamente e entregou as bebidas deles em delicadas xícaras de porcelana. — Grazie — Spencer disse, tentando entrar no espírito da coisa, e levantou o pires dela. Foi o café mais suave, amanteigado e celestial que ela já tinha degustado. — Uau — ela disse quando ingeriu.

— Eu disse que era bom. — Chase pegou um guardanapo de um porta-guardanapo prata no meio da mesa e entregou a ela. Eles ficaram em silêncio por um tempo. Nico assobiava enquanto limpava o interior das pequenas xícaras de café expresso por trás do balcão. — Eu convidei Nico para o jantar de domingo uma vez — Chase admitiu em voz baixa, olhando para ele, também. — Meus pais me olharam como se eu estivesse louco. Eles tinham certeza de que iria ter um ataque policial na minha casa.

— Minha mãe provavelmente faria a mesma coisa — Spencer disse. Ela colocou o queixo na mão. — Sua família tem grandes jantares de domingo?

Chase se acomodou em sua cadeira. — Eu tenho uma enorme família, por isso é sempre muito louco. Eu sentiria falta se não fizéssemos mais isso, no entanto.

Ele descreveu a comida que a mãe dele cozinhava, as mesmas piadas velhas que o avô dele sempre fazia e as brincadeiras que os primos mais jovens dele faziam durante a sobremesa. — Parece divertido — Spencer disse. — Eu sempre quis uma família que realmente gostasse uns dos outros.

Chase sorriu. — Você pode ir em algum, se você quiser.

Houve uma agitação no peito de Spencer. — Primeiro você me convida para uma ópera, em seguida, para um jantar... o que vem depois?

— Eu diria que o baile... mas eu já estive lá — Chase exclamou. — Mais ou menos.

Spencer deu uma risadinha. Ela gostava do lado paquerador dele. E de repente, quando ela olhou para ele de novo, ele tinha um olhar inquieto e animado em seu rosto, quase como se ele fosse beijá-la. Spencer pensou sobre isso por um momento, depois avançou para frente.

Bip.

Seu celular soou alto no Café. — Ugh — Spencer disse, olhando dentro de sua bolsa.

O número da mensagem era um amontoado de letras e números. O estômago de Spencer revirou. Rapidamente, ela abriu a mensagem.

Você realmente quer outra vida inocente em suas mãos, Spence?

Então desista do seu brinquedinho. —A Seu sangue drenou do seu rosto. — Spencer? — Chase tocou o braço dela. — O que foi?

Spencer olhou ao redor do pequeno café. Nico ligou o moedor de café expresso. Um dos casais alimentava um ao outro com mordidas da sobremesa cannoli. De repente, o ar clareou. Ela sabia exatamente o que fazer.

— Não é nada — ela disse. Ela se endireitou, agarrou o celular dela e digitou o número da agente Fuji. Acabei de receber outra mensagem, ela escreveu, encaminhando a mensagem. Dê uma olhada nela.


15

GALERIA DE GAROTAS

Quinta-feira à tarde, Aria entrou na Old Hollis e encontrou um espaço na rua.

Então ela saiu, pegou seu portfólio do banco de trás, e ficou na frente da galeria de sua mãe. Era uma grande construção Vitoriana com janelas panorâmicas e uma grande varanda. Havia um coletor de sol na janela da frente, e sinos de vento de bronze pendurados nos beirais. Tulipas emergiam dos canteiros de flores no gramado da frente. Hoje era o seu primeiro dia de trabalho, e ela estava tentando se sentir animada, mas ela apenas estava dormente. Seu portfólio estava pesado em suas mãos. Ela duvidava que Jim, o dono da galeria, venderia realmente as coisas dela, mas sua mãe insistiu que ela trouxesse tudo em que ela estava trabalhando.

Endireitando os ombros, ela começou a subir a calçada da frente, com cuidado para não tropeçar em seus novíssimos saltos gatinha rosa choque. Ao passar por um grande carvalho silvestre com um balanço de pneu e um ninho de passarinho em um dos galhos baixos, seu celular tocou em sua bolsa. Ela estendeu a mão até ele. AGENTE FUJI, dizia o identificador de chamadas. O coração de Aria capotou. E se tivesse havido um avanço no caso?

— Oi, Aria, é Jasmine Fuji — soou o tom suave e profissional da agente. — Eu estou com Spencer na linha, também. Você tem um segundo?

— Claro. — Uma sombra se deslocando do outro lado da rua chamou sua atenção, mas quando Aria olhou para lá, quem quer que fosse tinha desaparecido.

Ela não via o cara da segurança em lugar nenhum.

Fuji pigarreou. — Em primeiro lugar, agradeço a vocês por encaminhar as suas mensagens de A para mim. Tem sido muito útil.

— Eu recebi uma ontem à noite, Aria — a voz rouca de Spencer interrompeu.

— Você recebeu alguma?

— Não — disse Aria. — O que a sua dizia?

— Ela estava ameaçando um amigo meu, Chase — o cara que controla o site da conspiração. Tenho medo de que ele possa estar em perigo. É melhor você colocar seguranças com ele, também.

— Eu vou ver o que posso fazer — disse Fuji. — Mas, na verdade, eu estou ligando porque eu quero esclarecer uma coisa com vocês, meninas, sobre Graham Pratt. Aria, você procurou Graham, correto?

Aria encostou o portfólio contra o poste. — De jeito nenhum. Acabamos no mesmo grupo no cruzeiro.

— Hmm — disse Fuji. — Então você não percebeu até algum tempo depois que Graham era o ex de Tabitha Clark?

— É isso mesmo — disse Aria, afastando-se quando uma garota em uma moto passou pela rua. — Então eu recebi uma mensagem de A quase no momento em que eu descobri, como se A estivesse observando.

— Ok. — Fuji suspirou. — Eu gostaria que pudéssemos ter falado com Graham antes dele morrer.

— Antes de ele ter sido morto — Spencer corrigiu. — A propósito, você já olhou para a pista do N que ele deu a Hanna na clínica de queimados?

Fuji riu suavemente. — Estamos acompanhando tudo, não se preocupe.

— E a lista de pacientes da Reserva a partir do momento em que Ali entrou lá? — Spencer incitou. — Isso seria um grande progresso.

— Estamos tratando disso. — Fuji parecia um pouco impaciente. Havia outra voz abafada ao fundo na extremidade de Fuji. — Ok, meninas, eu tenho que ir — disse ela. — Obrigado pelo seu tempo.

— Espera! — Spencer disse, mas Fuji já tinha desligado.

Aria desligou, também, revirando os olhos. Spencer falava de A excessivamente.

— Aria! Graças a Deus você está aqui.

A porta para a Vitoriana tinha aberto, e Ella estava em pé no interior. Sua mãe estava em seu “uniforme da galeria” — uma saia longa de retalhos, uma blusa camponesa branca e um par de sandálias de camurça azul. Ela conduziu Aria para dentro da casa, que havia uma grande sala que exibia inúmeras pinturas de celeiros da Pensilvânia e animais selvagens nas paredes. — Um novo artista está chegando em poucos minutos. Vamos estrear o seu trabalho em uma exposição privada. É muito emocionante.

Aria tocou o topo de uma roda de fiar antiga que estava posta no canto da galeria desde que ela conseguia se lembrar — igual a um monte de obras de arte daqui. — Qual é o nome dele? — ela perguntou.

Ella espiou pela janela da frente. — Asher Trethewey.

Asher Trethewey. Aria não poderia ter inventado um nome mais apropriado para um advogado que virou um artista aposentado se ela tentasse. Ela poderia apenas imaginá-lo com uma caixa de lápis, hesitando sobre uma cena pastoral do Rio Brandywine. — Você precisa da minha ajuda? — ela perguntou.

— Na verdade, eu preciso. — Ella olhou para o relógio. — Eu estou programada para atender outro artista em um almoço em quinze minutos — então eu tenho que ir. Eu queria saber se você poderia falar com o Sr. Trethewey no meu lugar. — Eu? — Aria apontou para seu peito. Parecia uma grande responsabilidade.

— Ele só precisa pegar alguns papéis. — Ella apontou para uma pilha de papéis sobre a mesa. — Tudo o que você precisa fazer é ter certeza de que ele os receba, ok? — Ela olhou para o relógio de novo, em seguida, pegou as chaves e a bolsa da sua mesa. — Eu tenho que correr. Tenho certeza que você vai ficar bem!

Ela voou para fora da porta. Aria foi até a janela e observou-a descer apressada os degraus da escada e entrar em seu carro. O motor rugiu e sua mãe foi embora. A rua estava assustadoramente tranquila com a sua ausência. Um esquilo fez uma pausa em um galho com sua cabeça inclinada. Os sinos de vento na varanda da frente balançaram, mas não se tocaram. Um avião levantava voo acima, muito alto para ser ouvido.

Aria virou ao redor da sala grande, primeiro olhando fixamente para uma parede de aquarelas de naturezas-mortas, em seguida, olhando para a papelada do artista. Estava cheia com uma linguagem incoerente e legal que ela não entendia. E

se o artista tivesse dúvidas? Isso era a cara da sua mãe. Quando eles estavam morando na Islândia, Ella tinha quebrado a perna ao tentar pegar um papagaio bebê perdido em cima de uma árvore, e enquanto ela estava repousando, ela pediu para Aria dirigir seu Saab até o supermercado. Não se importando que Aria tivesse apenas quatorze anos e nunca tivesse dirigido em sua vida. — Você vai conseguir!

— Ella insistiu. — Basta ficar no lado esquerdo da estrada e parar no sinal vermelho!

Houve uma batida na porta, e Aria se virou. Revirando os ombros, ela atravessou a sala e tentou preparar o que ela diria — só que, ela não tinha ideia do que dizer. Quando ela abriu a porta, um jovem em uma camiseta preta e calça cinza skinny, carregando um grande portfólio preto, estava na varanda. Tinha ombros largos, olhos ardentes azul-gelo, um nariz perfeito, um queixo forte e lábios sensuais. Ele parecia um cruzamento entre um jogador de futebol britânico sexy e um cara de um anúncio de perfume Polo.

Aria levantou uma sobrancelha. — Hum, olá?

Ele estendeu uma mão. — Oi. Eu sou Asher Trethewey. Você é Ella Montgomery?

— O-oh — Aria gaguejou. Ela recuou, quase tropeçando em seus saltos gatinha. — Hum, não, eu sou a filha dela, Aria. Mas posso ajudá-lo. Entre. — Sua voz se elevou sobre essa última parte, fazendo parecer uma pergunta. — Eu estou com os papéis aqui — disse ela, caminhando em direção à mesa.

Asher entrou na sala e colocou as mãos nos quadris. — Na verdade, eu ia mostrar a sua mãe o meu trabalho — para ver o que ela achava que seria melhor para a exposição.

— Oh. — Aria rangeu os dentes. Está vendo? Ela sabia que algo assim iria surgir. — Bem, ela voltará em breve, eu acho..

Asher levantou a cabeça e sorriu para Aria. — Ou você pode dar uma olhada, se quiser.

Ele colocou o portfólio sobre a mesa e o abriu. Dentro havia um monte de imagens fotográficas. Todas elas tinham uma qualidade etérea e fora de foco nelas, e a maioria das pessoas retratadas foram capturadas em movimentos — pulando, girando, se lançando de um trampolim. Aria se inclinou e inspecionou uma foto de uma menininha correndo através de um pulverizador de jardim mais de perto. Não era uma foto em tudo, ela era feita de minúsculos pixels, como um mosaico.

— Uau — disse Aria. — Você é um Chuck Close4 digital.

Um canto da boca em forma de arco de Asher subiu. — Alguns comentadores têm dito isso, também.

— Ele é um dos meus favoritos — Aria admitiu. — Eu tentei fazer peças no estilo dele, mas eu não sou talentosa o suficiente. — Ela tinha estado inspirada depois de ir a uma retrospectiva de Chuck Close no Museu de Arte da Filadélfia no verão passado. Noel tinha ido com ela, passando horas lá enquanto ela estudava atentamente cada obra, sem dizer sequer uma vez que ele estava entediado.

Ela endureceu. Não pense em Noel, Aria repreendeu-se em silêncio, dando-se um tapa mental. Ela limpou a garganta. — Não leve a mal, mas por que você está em Rosewood?

Asher levantou a cabeça e riu. — Estou em Hollis porque eu tenho um estágio que eu tenho que cumprir. Antes disso, eu estava em San Francisco.


4 Chuck Close (Charles Thomas Close): É um fotógrafo e pintor americano nascido em Washington, EUA, em 1940. Close utiliza como técnica sobretudo o Fotorrealismo, técnica em que a pintura é similar a uma fotografia, e que se enquadra no movimento artístico denominado de Hiper-realismo.

— Sério? — Aria pegou uma foto de uma montanha-russa que exibia uma mosca presa em uma bolha de âmbar, meio que sentindo pena do pobre inseto. — Eu sempre quis ir para lá.

— É frio. — Ele esticou os longos braços musculosos sobre sua cabeça. — Diga a verdade. Você pensou que eu ia ser um daqueles artistas que pintava charretes e pastagens Amish, não é?

— Bem, talvez — Aria admitiu. Seu olhar voltou para o trabalho de Asher novamente. — Você já teve muitas exposições?

— Tenho um agente em Nova York, então eu tive sorte. — Ele abaixou seus longos cílios. — Algumas celebridades têm se interessado no meu trabalho, e isso é bem legal.

Aria levantou uma sobrancelha. — Alguém que eu conheça?

Asher fechou o portfólio. — Um monte de músicos Indie, antigos pintores do meio das galerias de arte. O maior nome provavelmente foi Madonna.

— A Madonna? — Aria não conseguiu controlar seu grito. — Você realmente a conheceu?

Asher parecia envergonhado. — Oh, não. Eu falei com ela por telefone. Ela é tão arrogante com aquele sotaque britânico falso.

— Oh, certo — disse Aria, tentando recuperar a calma.

Asher fechou o fecho do portfólio. — Então você é uma artista, também?

Aria brincou com uma mecha de cabelo que tinha caído fora do seu rabo de cavalo. — Oh, não de verdade. Nada a sério. — Seu olhar correu para seu próprio portfólio de papelão no canto. Parecia tão pobre em comparação com o de couro de Asher. — Há algumas coisas na qual eu ainda estou trabalhando.

Os olhos azuis de Asher se iluminaram. — Posso dar uma olhada?

Antes que Aria pudesse dar permissão, Asher caminhou até a pasta, levantou-a e colocou-a ao lado de sua própria sobre a mesa. Quando ele abriu a primeira peça, o rosto de Aria corou. Era um desenho colorido e surreal de Noel. Sua pele estava arroxeada. Seu cabelo estava verde. Seu corpo derretia em uma poça. Mas era Noel apesar de tudo — seus olhos, seu sorriso, seu cabelo em um topete. Houve um zumbido dentro de seu peito.

Asher virou para outra imagem de Noel. Em seguida, outra. Aria olhou para longe, de repente incapaz de suportá-las. Noel costumava provocá-la sobre os desenhos dele repetidamente; ele tinha perguntado se ele poderia ficar com o seu trabalho após a mostra de arte de fim-de-ano de Rosewood Day. — Você vai levá-

las para a faculdade com você? — Aria brincou. — Dã — Noel tinha respondido. — Vou pendurá-las no meu quarto, ao lado das mulheres pornográficas do meu companheiro de quarto. — Ela supunha que isso não iria acontecer agora.

— Você está bem?

Aria piscou duramente. Para seu horror, as lágrimas tinham enchido os seus olhos. Ela tentou sorrir. — Desculpa. Todos esses desenhos são de um ex. Eu ainda estou tentando superar ele. Na verdade, eu odeio todas essas coisas. Eu deveria queimá-las.

Asher olhou para o rosto de Noel por um momento, em seguida, fechou a pasta. — Eu incorporo pessoas por quem eu estou apaixonado nas minhas pinturas também. É simplesmente humano, sabe? — Ele virou em sua direção. — Não queime eles. Eles poderiam valer alguma coisa algum dia.

Aria olhou para ele estapafurdiamente. — Sim, certo.

— Estou falando sério. Eles são incrivelmente profundos. Você é muito talentosa.

O sol surgiu de trás de uma nuvem e entrou pela janela. Aria engoliu em seco, sem saber se ela deveria sorrir ou chorar. — Obrigada — disse ela em voz baixa.

Asher entrelaçou os dedos. — Você deveria continuar com eles. Me mostre coisas que você terminou. Eu poderia colocar você em contato com o meu agente.

— O quê? — Aria deixou escapar.

Mas Asher apenas sorriu confiantemente. — Eu conheço um talento quando o vejo. — Então ele pegou a pilha de papéis da mesa, colocou-os em seu portfólio, e colocou tudo debaixo do braço. — De qualquer forma, eu vou entrar em contato.

Peça para a sua mãe me ligar.

— Eu peço — disse Aria.

Uma agradável sensação de calor a envolveu ao vê-lo sair da varanda e caminhar para a rua. Ela queria ligar para alguém agora para lhe dizer que um artista famoso tinha incentivado ela a pintar mais — imagina se ele realmente colocá-la em contato com o seu agente! Então ela percebeu para quem ela queria ligar: Noel.

Mas quando Asher virou a esquina, seu humor mudou. A rua ficou muito escura e sem sombras de repente. Um carro virou em uma rua lateral sem desacelerar. Um gato miou em um beco invisível.

Ping.

Seu celular vibrou em sua palma. Aria estremeceu e olhou para a tela. UMA NOVA MENSAGEM DE ANÔNIMO. Ela abriu a mensagem.


Não fique muito perto de seu novo amiguinho artista, Aria. Ou eu vou machucá-lo, também. —A O estômago de Aria apertou. Como Ali sabia? Ela estava ouvindo? Ela iria machucar todos que Aria conhecia?

Havia uma maneira de resolver isso. Ela clicou em ENVIAR e enviou a mensagem para Fuji. Então ela enfiou o celular em sua bolsa e caminhou de volta para a galeria, com a cabeça erguida. Você está segura, ela repetiu várias vezes em sua mente. Está tudo acabado. Você está finalmente seguindo em frente.

Pelo menos ela esperava que sim.


16

HANNA MARIN, UM EXEMPLO PARA OS ADOLESCENTES

Naquela tarde, Hanna olhava para a lente impassível da câmera de TV.

Quando a luz vermelha que indicava que eles estavam filmando começava a piscar, ela abria um grande sorriso. — E é por isso que eu apoio o Plano de Tolerância-Zero de Tom Marin — ela disse claramente e lentamente. Ela tinha feito seis tomadas para a campanha Tom e Hanna Marin Contra Dirigir Embriagado, e essa vai ser a que eles escolherão.

O pai dela, que estava sentado no banco ao lado dela, recitou suas falas em uma voz presidencial. As câmeras fizeram um close-up em cima dele, e Hanna espiou seu reflexo no espelho que havia do outro lado do escritório de campanha do pai dela que tinha se tornado um estúdio. Ela usava um vestido justo azul-marinho e um colar de pérolas que ela tinha pego emprestado de sua mãe. Seu cabelo ruivo tinha sido profissionalmente escovado caindo em cascatas suaves pelas costas dela. Os olhos verdes e a pele dela brilhavam, graças a um creme caro da maleta de ferramentas do maquiador. Hanna definitivamente tinha que pegar o nome do creme.

A câmera se voltou para Hanna. — Precisamos manter os adolescentes da Pensilvânia seguros — ela disse enfaticamente. — Eu digo isso não só como uma adolescente da Pensilvânia... mas também como uma vítima de perseguição e de dirigir embriagada.

Pausa. Um sorriso brilhante. Um olhar sério e patriótico. — E. . corta! — o diretor disse, o qual estava sentado em um banquinho atrás da câmera. — Eu acho que esse está ótimo!

Todos do escritório aplaudiram. O Sr. Marin deu um tapinha no ombro de Hanna. — Bom trabalho.

— Isso foi realmente incrível — Kate concordou, aparecendo ao lado de Hanna. — Você é tão natural na frente da câmera, Han. Eu estou muito impressionada.

— Ela puxou a mim. — Vangloriou-se a mãe de Hanna. Hanna tinha certeza de que sua mãe e Kate nunca tinham estado juntas em um lugar tão pequeno, mas elas pareciam estar se dando bem. Isabel, no entanto, estava em pé no canto oposto segurando uma prancheta com tanta força que Hanna estava surpresa que ela não a tinha dobrado ao meio.

Sidney, o assessor principal do Sr. Marin, se aproximou. — Eu estive pensando. Vamos contornar isso para que o bar que serviu Hanna e Madison seja o culpado. Isso irá manter os nossos eleitores, Tom — ele disse. — As pessoas vão pensar: se eles fossem mais severos com as leis, esse acidente nunca teria acontecido.

— Exatamente. — Então a expressão do Sr. Marin ficou séria. — Qual era o nome daquele bar que serviu você? Deveríamos fechá-lo. Usá-lo como um exemplo.

— The Cabana. — Hanna tinha pensado muito sobre sua ida à South Street naquele dia fatídico. O cheiro de fumaça e a música country aguda voltaram para ela. Assim como o hálito de álcool de Madison e a forma como as solas dos sapatos de Hanna ficaram pegajosas depois de caminhar sobre o chão do banheiro.

— Está certo. — O Sr. Marin clicou em algo em seu iPhone. — Ok, Han. Pronta para a Fase Dois?

Hanna se moveu inquieta. A Fase Dois era se desculpar com Madison na Universidade Imaculada, para onde ela tinha sido transferida após o acidente.

Madison tinha concordado em falar com Hanna, mas isso ainda fazia Hanna se sentir desconfortável. Se eles pudessem pular essa parte.

Sentindo a apreensão de Hanna, o Sr. Marin colocou seu braço ao redor dela.

— Eu estarei com você o tempo todo, querida, eu prometo. Nós vamos fazer isso juntos.

Isabel se aproximou. — Mas Tom, nós temos uma reunião com os seus novos doadores hoje às quatro horas.

O Sr. Marin cerrou sua mandíbula. — Eu reprogramarei isso.

O rosto de Isabel obscureceu. — Você perdeu uma doação importante quando Gayle Riggs morreu, nós precisamos do dinheiro. — Ela limpou a garganta.

— Falando em Gayle, você ouviu as notícias? Houve um avanço no caso. A polícia está procurando pela casa novamente por novas evidências.

Hanna trocou seu peso. É claro que houve um avanço no caso. Foi por causa delas. O Sr. Marin se dirigiu para a porta. — Eu tenho certeza de que os doadores podem esperar um dia, Iz. Eu disse a Hanna que eu iria com ela, e eu quero honrar isso. — Bom para você, Tom — a mãe de Hanna falou entusiasmada. Ela lançou um sorriso sarcástico para Isabel. Uma ruga profunda apareceu entre os olhos de Isabel. Hanna tinha a sensação de que se não saísse logo daqui, isso iria se transformar em um episódio de Real Housewives: Rosewood, PA5.

— Eu vou estar pronta em um segundo — Hanna disse rapidamente ao seu pai. — Eu só quero ligar para Mike. — Ela não soube dele faz alguns dias, e ela só queria ter certeza de que ele estava bem. Normalmente, Mike mandava mensagens para ela sem parar, mesmo durante as aulas.

Ela saiu do escritório do seu pai, e parou no corredor que dava para um grande saguão com uma fonte borbulhante, e discou o número de Mike. Mais uma vez, foi para a caixa postal. Hanna desligou sem deixar mensagem. Onde ele estava?

Quando a porta se fechou, Hanna deu um salto. Ela ecoou tão alto, como se estivesse bem atrás dela. Só de estar neste edifício dava-lhe arrepios; há alguns meses atrás, A — Ali — prendeu Hanna no elevador. As luzes tinham apagado, a energia tinha sido cortada, e quando Hanna tinha ficado livre e em terra firme novamente, ela encontrou a caixa do controle do elevador aberta com as alavancas e os interruptores adulterados. O perfume revelador de baunilha de Ali tinha flutuado no ar, zombado das narinas dela. Se apenas Hanna tivesse chamado a polícia logo em seguida.


5 Real Housewives: Reality Show, mostra o dia-a-dia de mulheres ricas. PA: Pensilvânia.

Hanna olhou para fora das janelas da frente para Bo, o cara da segurança, mas ela não viu o carro dele no estacionamento. Ela discou o número da Agente Fuji. — Você sabe onde Bo está? — Hanna perguntou quando ela atendeu. — Eu não o vejo em lugar nenhum.

O som de digitação ecoou no fundo. — Só porque você não consegue vê-lo não significa que ele não está aí — Fuji respondeu.

— Mas eu não o vi o dia todo.

— Hanna, eu não tenho tempo para acompanhar detalhadamente as idas e vindas do seu segurança. Eu tenho certeza que não há nada para se preocupar.

— É que eu ouvi dizer que os policiais estão investigando o assassinato de Gayle — Hanna disse em voz baixa. — E eu sei que isso provavelmente fará com que Ali fique nervosa. E eu tenho o meu namorado para me preocupar, também. Eu tenho medo de que Ali o machuque também, porque ele sabe muito.

De repente, só de falar em Mike, ela se lembrou de um sonho que ela teve na noite passada. Seu celular tinha zumbido e uma mensagem de A dizia que Mike estava em perigo e Hanna tinha que encontrá-lo. Hanna tinha corrido para a rua e olhado em volta. Incoerentemente, a casa dos DiLaurentis era ao lado — e o buraco antigo que os trabalhadores haviam escavado para construir o gazebo estava lá de novo. Hanna tinha corrido até ele e olhado para dentro. . e Mike estava no fundo, enrolado em uma posição fetal. Era óbvio que ele estava morto.

— E se acontecer alguma coisa com ele? — Hanna disse agora, horrorizada que ela tenha se lembrado do sonho agora. — Tem certeza de que todo mundo está seguro?

— Hanna, acalme-se — Fuji a interrompeu. — Todo mundo está seguro. Toda vez que vocês ligam, demora mais tempo para eu resolver este caso. Eu tenho certeza de que você entende.

CHAMADA FINALIZADA brilhou na tela. Hanna recuou, não tendo certeza se ela se sentia insultada ou tranquilizada. Mas Fuji estava fazendo o trabalho dela — ela tinha que confiar nisso. Num piscar de olhos, isso tudo acabaria.

Trinta minutos depois, o SUV do Sr. Marin atravessou os portões da Universidade Imaculada, uma universidade de artes liberal não muito longe de Rosewood. Meninas usando blusas de rúgbi6 e kilts7 xadrez cruzavam a quadra.

Meninos carregando um taco de lacrosse sobre seus ombros subiam os degraus de um dormitório. Quase todo mundo estava usando sapatos Sperry Top-Siders.

Eles estacionaram perto do dormitório de Madison e saíram. — Vamos. — O

Sr. Marin pegou a mão de Hanna e levou-a para o caminho em direção à entrada do dormitório. O interior do edifício cheirava a uma mistura de perfumes e estava agitado com as garotas.

— É aqui — o Sr. Marin disse quando elas chegaram em uma porta com o número 113. Havia um quadro branco cheio de mensagens para Madison. Hanna fez uma pausa para ler alguns. Jantar, às 6? E, Você vai me encontrar amanhã? E, Você fez a lição de casa de química? Isso significava que Madison tinha uma vida relativamente normal?

Hanna hesitou antes de bater, o medo apertando seu peito como um espartilho apertado. — Você consegue — o Sr. Marin disse como se estivesse lendo sua mente. — Eu não vou sair do seu lado.


6 Rúgbi: Esporte criado na Inglaterra e jogado com uma bola oval.

7 Kilts: Tipo de saia tradicional escocesa usada por homens.

Hanna estava tão grata que ela quase caiu em prantos. Criando coragem, ela estendeu a mão e bateu na porta. A porta se abriu imediatamente, e uma menina loira com um rosto oval e sobrancelhas superfinas estava do outro lado.

— Hanna? — ela disse.

— Isso mesmo. — Hanna olhou para o pai dela. — Esse é o meu pai.

Madison enrugou a testa com seu foco ainda em Hanna. — Hum. Eu pensei que você fosse a Pretty Little Liars loira.

— Essa é a Spencer.

Madison encostou-se no batente. — Uau. Eu realmente não me lembro de nada daquela noite.

Ela deu um passo para o lado e deixou Hanna e seu pai entrarem em seu quarto. Havia uma cama de solteiro bem arrumada com um edredom branco e felpudo perto da janela. Havia uma escrivaninha cheia de livros, papéis e um computador Dell empurrada contra a outra parede. Uma pilha de roupa estava perto do banheiro e os sapatos empilhados perto do armário.

— Você tem um quarto só para você — Hanna comentou, notando apenas uma cama. — Que sorte.

— É por causa da minha perna. — Madison puxou a calça jeans para revelar uma cinta em torno de sua panturrilha. — Eles tiveram pena de mim, eu acho.

Um peso preencheu o peito de Hanna. Naomi tinha dito a ela que a perna de Madison havia sido machucada no acidente. Ela não seria capaz de jogar hóquei de campo novamente. — Dói? — Hanna disse em voz baixa.

Madison deu de ombros. — Às vezes. Eu vou fazer uma cirurgia para repor o osso neste verão. Os médicos dizem que eu vou ficar boa de novo depois disso.

Cirurgia. Hanna olhou para a porta, tentada a sair correndo e nunca mais voltar. Mas então ela olhou para seu pai. Ele acenou para ela encorajadoramente.

Ela deu uma respiração profunda. — Olha, Madison, eu tenho certeza de que você já sabe o que aconteceu naquela noite, certo? Eu estava te levando para casa. .

e então alguém me empurrou para fora da pista, nós batemos e eu fugi. Eu nunca deveria ter deixado você.

Madison se sentou em sua cadeira. — Está tudo bem, Hanna. Eu te perdoo.

As sobrancelhas de Hanna se elevaram. Bem, isso foi fácil. — Ok, então — ela disse, começando a se levantar. Feito!

Mas, então, ela fez uma pausa. Talvez tenha sido muito fácil. — Espere. Você só vai me dizer isso? Se você estiver realmente com raiva, você pode me dizer. Está tudo bem. Eu ficaria com raiva.

Madison girou uma caneta entre os dedos. — Foi uma droga termos nos acidentado. Foi uma droga você ter ido embora. Mas eu acho que eu teria ficado muito pior se eu tivesse dirigido.

— Eu deveria ter sido mais rigorosa quando eu disse para você pegar um táxi.

— Hanna sentou-se na beira da cama bem feita de Madison. — Ele não teria batido o carro.

Madison se virou na cadeira. — Nós realmente não sabemos ao certo. A mesma pessoa poderia ter batido nele. — Ela fez uma pausa, seus olhos brilhando.

— Você sabia que encontramos imagens de vigilância?

— Do outro motorista? — Hanna se inclinou para frente. — Você viu quem era? Era Ali?

— Nas imagens tinha uma parte da placa, e por um tempo eu pensei que estávamos no caminho certo, mas não conseguimos descobrir quem era o motorista — Madison respondeu. — A única coisa que a polícia descobriu foi que o carro era um Acura.

Manchas se formaram na frente dos olhos de Hanna. Um Acura? Spencer não tinha encontrado um chaveiro de um Acura na casa modelo destruída do padrasto dela?

Madison beliscou a ponte do seu nariz. — Eu gostaria de poder lembrar quem era o motorista. Eu gostaria de poder lembrar de alguma coisa daquela noite. — Ela pegou o celular de sua escrivaninha. — Eu mal me lembro de ir para aquele bar.

Eu já tinha bebido em outro lugar naquela mesma rua antes mesmo de eu chegar lá, mas eu meio que me lembro de um bartender gostoso me chamando para entrar.

Hanna se endireitou. — Sim, Jackson. Ele me chamou também.

Ela pensou em quando ela passou no bar naquele dia, Jackson olhando-a da entrada. As bebidas estão pela metade do preço agora, ele disse em uma voz sedutora, atirando-lhe um sorriso ultrabranco. Ele tinha a aparência de um cara que jogava lacrosse e remava na equipe da escola, embora houvesse algo predatório em seus olhos também. Muito mais tarde, depois de Hanna e Madison se conhecerem, Hanna tinha se inclinado para pegar Madison antes que ela caísse do banco do bar. Quando ela olhou para cima, ela pegou Jackson olhando debaixo da blusa dela com um sorriso no rosto.

— Eu gostaria de colocar as minhas mãos nele — o pai de Hanna disse rispidamente.

Madison parecia em conflito. — Talvez ele não soubesse que eu era menor de idade. Hanna abriu a boca, mas não disse nada. Jackson pode não ter deduzido que Madison tinha menos de vinte e um anos, mas ele tinha servido bebidas para Madison mais rápido do que ela conseguia beber. E quando Hanna sugeriu que ele chamasse um táxi para Madison, ele apenas riu.

O Sr. Marin apertou o lábio. — Você poderia descrever como ele era?

Madison sorriu timidamente e, em seguida, clicou em seu celular. — Eu tenho uma foto dele. Eu tirei escondido porque eu achei ele bonito.

Hanna olhou para a foto. Era uma foto escura do perfil de um cara bonito, com o cabelo curto. Madison tinha tirado enquanto ele estava misturando uma margarita. — Sim, é ele.

Então Madison olhou para o relógio. — Eu tenho prática de orquestra agora.

— Ela se levantou sem jeito e estendeu a mão. — Foi muito bom conhecê-lo, Sr.

Marin. E vê-la novamente, Hanna.

— Foi bom vê-la também — Hanna disse, balançando a mão dela. — Boa sorte com... tudo.

— Boa sorte com os seus anúncios públicos — Madison bufou. — Melhor ter sido você do que eu.

Hanna e seu pai ficaram em silêncio enquanto se dirigiam para o corredor, mas de repente, o Sr. Marin colocou seu braço ao redor dela. — Estou tão orgulhoso de você — ele disse. — É difícil enfrentar seus demônios e confessar.

Hanna sentiu lágrimas em seus olhos novamente. — Obrigada por ter vindo comigo.

Em seguida, o celular dela tocou. Seu coração acelerou. Era Mike, finalmente, respondendo. Desculpe, dia agitado, ele tinha escrito, e ela deixou escapar um suspiro de alívio. Ele estava bem.

Então ela notou uma segunda mensagem que tinha acabado de chegar. Ela olhou para a tela, e seu coração parou. Essa vinha de um remetente desconhecido.


Agora que você fez as pazes com seu pai, eu vou tirar isso tudo de você. Não diga que eu não avisei. —A — Hanna? — O Sr. Marin se virou. — Você está bem?

As mãos de Hanna tremiam. Isso era uma ameaça contra o pai dela?

Endireitando os ombros, ela transferiu-a para Fuji. Então ela olhou para seu pai, que estava olhando para ela com preocupação no final do corredor. — Eu estou ótima — ela disse com segurança. E ela estava. Se Fuji estava trabalhando tanto no caso que ela não podia nem atender as ligações de Hanna, então ela iria manter todos seguros.

Ela estava bem melhor.


17

AS PAREDES ESTÃO DESABANDO

Sexta-feira, Spencer e Chase estavam sentados na Wordsmith’s Books. O

lugar cheirava a café fresco e roscas torcidas açucaradas, jazz tocava suavemente através dos alto-falantes estéreo, e um poeta de poesias livres estava recitando seu mais recente trabalho em um palco improvisado. A loja estava realizando uma série de performances chamadas “Manhãs Musas”, na quais os autores locais liam seus trabalhos para clientes sedentos de cafeína.

— Esse foi incrível, não foi? — Chase perguntou quando o poeta terminou seu verso livre com um zilhão de linhas e eles se levantaram para sair. — Esse cara tem um senso incrível de imagística. Eu gostaria de poder escrever poemas como esse.

Spencer levantou uma sobrancelha. — Isso quer dizer que você escreve poemas?

— Às vezes. — Chase parecia tímido. — A maioria deles são realmente idiotas.

— Eu adoraria lê-los — Spencer disse baixinho.

Ele encontrou o seu olhar. — Eu adoraria escrever um para você.

O estômago de Spencer revirou, mas ela desviou o olhar para longe, de repente sobrecarregada com a culpa. A tinha ameaçado Chase. Ela deveria avisá-lo?

— Você está bem? — Chase perguntou.

— É claro. — Spencer limpou a garganta. — Então. . nada de diferente aconteceu ultimamente?

A testa de Chase franziu. — O que você quer dizer?

— Nada... estranho? — Spencer não sabia como expressar isso. Dizer algo do tipo Você sentiu alguém te observando? iria apenas irritar Chase.

Chase encolheu os ombros. — A única coisa estranha acontecendo agora é que você está prestando atenção em mim. — Ele abaixou a cabeça. — Eu realmente gosto disso, a propósito.

— Eu também gosto disso — Spencer disse, seu rosto ficando vermelho. Ela deveria apenas dizer a ele. Mas Fuji estava lidando com isso, certo? Talvez Chase tenha um segurança tão secreto que eles nem saibam que ele estava lá.

— É melhor eu ir para a escola — ela murmurou, levantando-se e jogando a xícara de café no lixo de cromo perto do assento deles.

Chase a seguiu para a rua, e eles se separaram com um abraço recatado. — Te ligo depois? — Chase perguntou ansiosamente.

— Definitivamente. — Spencer lançou-lhe um sorriso tímido.

Ela manteve o olhar inocente estampado em seu rosto até que ele virou a esquina de volta para o estacionamento. Então ela pegou o celular, remexeu para encontrar o número de Fuji e discou. Irritantemente, foi para a caixa postal. Assim como suas outras seis chamadas para Fuji nas últimas 24 horas.

— É Spencer Hastings de novo — Spencer disse depois do sinal. — Eu só estou verificando sobre o segurança extra para o meu amigo Chase — eu estou realmente preocupada com ele. Além disso, eu acho que a minha irmã vai precisar de um também. E você recebeu o chaveiro do Acura, certo? E a minha carta?

Ontem, por causa de e-mails serem muito arriscados, ela escreveu à mão uma carta de conexões e pistas para Fuji. Como, por exemplo, que Ali e/ou o Ajudante de A estavam em Nova York há alguns meses atrás quando Spencer, a mãe dela, o Sr. Pennythistle, o filho e a filha dele estiveram lá — Spencer tinha recebido um bilhete de A praticamente no segundo que o Sr. Pennythistle encontrou Spencer e o filho deles, Zach, juntos na cama. Talvez o Time A estivesse hospedado no Hotel Hudson, também. Talvez fosse útil procurar listas de passageiros da Amtrak8 por volta dessa mesma época. Havia várias possibilidades para investigar.

— De qualquer forma, me ligue de volta quando você puder — Spencer falou.

Então ela desligou o celular e virou em direção à Rosewood Day. Depois de estacionar o carro, ela se arrastou pela grama molhada até os balanços da escola primária, onde ela e suas amigas sempre se encontravam para conversar — elas não tinham falado sobre A há um bom tempo, e talvez seja a hora de falarem. Emily balançava lentamente em um balanço, suas pernas longas se arrastando no chão.

Aria puxava as tiras do capuz do seu casaco verde-claro. Hanna olhava seu reflexo em um pó compacto redondo da Chanel. Era uma daquelas belas manhãs de primavera, onde praticamente toda a classe sênior estava aproveitando o tempo lá fora antes do sino tocar.

— Então, qual são as novidades? — Spencer perguntou as suas amigas quando se aproximou.

— Bom, Sean Ackard agora é oficialmente um perseguidor — Aria murmurou. Ela apontou para um grupo de adolescentes na escada. Tanto Sean e Klaudia Huusko, estudante de intercâmbio dos Kahns, estavam olhando para eles.

Quando eles notaram as meninas olhando de volta, eles afastaram o olhar rapidamente.

— Talvez Sean esteja gostando de você de novo, Hanna — Emily brincou.

— Ou talvez seja por causa dos rumores de suicídio. — Aria olhou para Hanna. — Sean me deu um panfleto um dia desses para um grupo de apoio na igreja dele. Ele estava olhando para mim como se eu fosse cortar os meus pulsos ali mesmo.

Hanna revirou os olhos. — Estou ficando cansado desses rumores.

Spencer inclinou a cabeça. — Eu me pergunto se os policiais fizeram perguntas a Sean sobre Kyla.

Hanna deu de ombros. — Havia policiais por toda a clínica de queimados.

Eles provavelmente fizeram.

Aria coçou o queixo. — Talvez Fuji sem querer admitiu que Kyla era secretamente Ali.

Spencer franziu a boca. — Eu achei que Fuji quisesse manter isso em segredo.

Para ninguém surtar até que eles estejam perto de pegá-la.

— Bem, talvez isso signifique que eles a estão monitorando — Hanna disse animadamente.

Um sorriso sonhador apareceu nos lábios de Aria. — Gente, vocês podem imaginar isso? Ali atrás das grades. De verdade, dessa vez.


8 Amtrak: É o nome da empresa estatal federal de transporte ferroviário de passageiros dos Estados Unidos, com sede na capital americana.

Todo mundo parou, a fantasia entrando em suas cabeças. Spencer imaginou Ali usando um macacão de prisão, apagando números de placas de carros, sendo vigiada 24 horas por dia. Essa vadia totalmente merecia isso.

— Quando eles pegarem ela, nós vamos ter que dar muito mais entrevistas — Aria ressaltou.

— Sim, mas entrevistas legais — Hanna disse. — Como no programa da Oprah. Jimmy Fallon. Não na porcaria local que eles nem sequer têm um maquiador.

Emily parou de se balançar. — Falando dos rumores de suicídio, alguém disse a vocês que recebeu bilhetes anônimos sobre nós estarmos querendo nos matar?

Os olhos de Hanna se arregalaram, e então ela acenou com a cabeça. — Mike recebeu. E o meu pai também. — Ela revirou os olhos. — Eu não sei se foi do Time A, no entanto, ou alguém apenas brincando com ele.

Emily de repente parecia preocupada. — Minha irmã também recebeu um.

Dizendo que estamos todas muito chateadas e que estamos prestes a enlouquecer.

O que vocês acham disso?

Spencer balançou a mão com desdém. — Todos da escola acham que temos algum tipo de pacto suicida. É um rumor tão estúpido.

— Então vocês não acham que eles são de A? — Emily perguntou.

— Mesmo que eles sejam, o que importa? — Spencer perguntou.

Atrás delas, sirenes soaram. Quatro SUVs pretos andavam em alta velocidade pela estrada, desviando em torno dos ônibus.

Todo mundo da calçada e da praça parou e olhou. Estudantes do ensino fundamental saíram dos domes e observaram com admiração. Os professores saíram de suas salas de aula com os rostos pálidos. Os carros chiaram quando pararam no meio-fio.

Spencer estendeu a mão e agarrou a mão de Aria. — Gente, talvez seja isso.

Talvez eles tenham encontrado Ali hoje.

A primeira porta se abriu, e um agente alto, que poderia ter sido um dublê de Will Smith em Homens de Preto saiu. Spencer se inclinou para frente, esperando ver Ali no banco de trás com algemas em seus pulsos, mas o assento estava vazio.

Uma segunda porta do SUV se abriu, e um agente menor e gorducho, mas ainda intimidante com seus óculos de sol espelhados, saiu e fechou a porta de repente.

Os agentes atravessaram o gramado em direção às meninas, com expressões severas. O coração de Spencer acelerou. Seja qual for a notícia que eles tinham, era importante. Séria.

O Sósia de Will Smith olhou fixamente para as quatro. — Spencer Hastings?

Aria Montgomery? Emily Fields? Hanna Marin?

— Sim? — a voz de Spencer falhou.

Aria pressionou sua mão com força. Os lábios de Hanna se separaram.

Spencer podia sentir os olhares dos seus colegas de classe. E no meio-fio, outra pessoa estava perto dos SUVs. A agente Fuji. Ela estava com os braços cruzados sobre o peito, e havia um olhar orgulhoso e satisfeito em seu rosto.

É isso, Spencer pensou. Eles realmente encontraram ela.

O segundo agente se aproximou. Primeiro, Spencer pensou que era para pegar a mão dela, mas depois ele revelou um par de algemas brilhantes. Ele rapidamente e habilmente prendeu os pulsos dela em um piscar de olhos. Então ele fez o mesmo com Aria. Will Smith algemou Hanna e Emily.

— O-o que diabos é isso? — Aria choramingou, se sacudindo para longe.

— Não tentem correr, meninas — o segundo agente disse em voz baixa. — Vocês estão presas pelo assassinato de Tabitha Clark.

— O quê? — Spencer falou com a voz aguda.

— Nós? — Emily gritou.

O primeiro agente as interrompeu. — Vocês têm o direito de permanecer caladas. Tudo o que disserem pode ser usado contra vocês no tribunal...

Os homens empurraram Spencer e as outras em direção aos carros. Os pés de Spencer tombaram um sobre o outro pela grama e calçada. O rosto de Fuji apareceu diante dela, seu sorriso satisfeito ainda estava lá. — O que você está fazendo? — Spencer choramingou. — Isso é um erro!

Fuji se inclinou em um quadril. — É mesmo, Spencer?

— E as mensagens que nós lhe demos? — Hanna falou. — Tudo o que te dissemos? E A?

Fuji tirou os óculos Ray-Ban. A expressão em seus olhos era de escárnio absoluto. — Nós conseguimos as informações do IP de cada mensagem e e-mail enviado de A. Nós investigamos cada cartão-postal e as mensagens escritas à mão por impressões digitais. E você sabe o que descobrimos?

Spencer piscou. Ao lado dela, Aria se contorceu. — O quê? — Emily sussurrou.

Fuji se aproximou, formando um círculo com as meninas. — Cada uma das mensagens vieram dos seus próprios celulares — ela sussurrou. — Todos os bilhetes e as fotos só tinham as impressões digitais de vocês, de ninguém mais. A única A na vida de vocês, meninas, são vocês quatro.


18

PRISÃO AZUL

Aria sentou-se repentinamente e olhou em volta. Ela estava deitada no chão de uma cela suja de blocos de concreto. O cheiro fétido de urina e suor flutuava no ar, e ela podia ouvir os gritos de raiva e xingamentos através das paredes. Ela estava presa.

— Aria? — Era Spencer, que estava na cela ao lado da sua.

— O quê? — Aria se virou para a parede.

— Você estava murmurando muito alto — Spencer sussurrou. — Você estava dormindo?

Aria passou a mão pelo cabelo retorcido. Ela devia ter desmaiado de medo e choque. Ela duvidava que ela estivesse apagada por muito tempo — ainda havia luz sendo transmitida através da pequena janela perto do teto.

As últimas horas retorceram em sua cabeça como um tornado. Depois do notícia bombástica em Rosewood Day, a polícia tinha empurrado elas quatro em carros separados e as conduziu para celas na cadeia de Rosewood.

Não podia ser verdade. A havia orquestrado isso. Mas. . como? Mais uma vez, Aria reviveu o momento em que Fuji lhes tinha dito que cada mensagem de A que elas tinham recebido tinha sido de seus celulares. Era como os sonhos que ela às vezes tinha onde ela tentava discar um número de telefone da emergência várias vezes, mas os botões ficavam se desintegrando. Ela sentia-se encurralada. Indefesa.

Sem voz.

Aria olhou para a janela perto do teto de sua cela. A luz estava mais fraca; talvez algumas horas houvessem se passado. Será que seus pais sabiam sobre a sua prisão? Os jornais souberam da história; o rosto de Aria estava estampado por toda a CNN? Ela imaginou Noel assistindo do seu sofá, de queixo caído. Imaginou o artista Asher empalidecendo enquanto lia um Alerta do Google, e ela imaginou o seu futuro artístico como desenhista em um quadro lentamente sendo apagado. Ela imaginou seus pais e Mike recebendo um telefonema e afundando de joelhos, inconsoláveis.

Alguém bateu nas grades, e Aria se levantou. Um homem familiar em um terno bem ajustado estava do lado de fora da sua cela. — Pai? — a voz de Spencer ecoou pelo corredor.

— Olá, Spencer. — O Sr. Hastings parecia muito sério.

— O que você está fazendo aqui? — Spencer bradou.

— Minha empresa vai representá-la. Todas vocês. — Ele olhou para cima e para baixo das celas. — Meu sócio está comigo, e ele está trabalhando em conseguir a fiança de vocês quatro. Vocês vão sair daqui em breve, não se preocupem.

Aria passou a língua sobre os dentes. Ela nunca tinha conhecido o Sr.

Hastings muito bem — mesmo nos fins de semana ele estava sempre fazendo alguma coisa, seja indo a passeios de bicicleta, cuidando do gramado ou jogando uma partida de golfe — mas ele sempre me pareceu simpático e carinhoso. Ele cuidaria delas, certo?

O Sr. Hastings olhou pelo corredor, então se inclinou para frente. — Mas eu gostaria de falar com você sobre algumas coisas enquanto estamos aqui. Meu sócio, o Sr. Goddard, vai questionar vocês — casos criminais são mais a área de especialização dele. Mas vocês estão em boas mãos.

Casos criminais. Aria quase vomitou.

— De qualquer forma, eles nos permitiram uma sala de conferências — disse o Sr. Hastings, batendo as palmas. — Nós temos vinte minutos.

Uma porta se abriu, e houve passos e o tilintar de chaves. O policial de cabelos eriçados, Gates, apareceu, destrancando as celas das meninas, uma por uma. — A sala de conferências é por ali — disse ele, projetando um dedo para o final do corredor.

Aria lutou para ficar de pé. Suas pernas estavam fracas e com cãibras, como se ela tivesse sido uma prisioneira durante anos em vez de horas.

Ela seguiu o Sr. Hastings para a pequena sala quadrada com blocos de concreto que ela e as outras tinham se sentado há mais de um ano atrás, não muito tempo antes de o corpo de Jenna Cavanaugh ser encontrado em seu próprio quintal. Estava muito frio lá dentro. Uma jarra de água estava pousada no centro da mesa com uma pilha de copos de plástico ao lado dela. A sala cheirava vagamente a vômito.

Spencer entrou na sala logo em seguida, e Emily e Hanna a seguiram. Cada uma parecia confusa, assustada e exausta. Todas se sentaram sem olhar para as outras. O Sr. Hastings falou com alguém no corredor, e, em seguida, um homem alto de cabelos escuros entrou. — Olá, meninas — disse ele, estendendo a mão para cada uma delas. — Eu sou George Goddard.

O Sr. Hastings fechou a porta atrás de si. Goddard puxou uma cadeira e sentou-se. Alguns segundos se passaram. — Então — ele finalmente disse. — Vamos descobrir o que está acontecendo aqui.

— Quantas vezes teremos que lhes dizer que as mensagens de A não eram de nós? — Spencer desabafou. — Elas eram de Ali e do seu ajudante. Eles armaram para nós.

O Sr. Goddard parecia em conflito. — O FBI — e o resto do mundo — tem certeza de que Alison está morta, meninas.

— Mas como é que eles sabem? — Spencer pressionou.

— Isso eu não tenho certeza — disse Goddard. — Eles parecem muito certos de que ela não está mais viva. — Ele olhou de um lado para o outro para elas enquanto ele puxava o botão de pressão da sua maleta e tirava alguns arquivos. — Vocês realmente a viram? Vocês já entraram em contato com ela?

Aria trocou um olhar com as outras. — Nós a vimos em um vídeo de vigilância — Spencer admitiu. — Ou alguém que se parece com ela, de qualquer maneira.

— Tem alguma outra prova de que ela está viva? — perguntou Goddard.

Todas balançaram a cabeça. — Mas e quanto ao bilhete que Hanna deu à polícia da menina fingindo ser Kyla? — perguntou Aria, assumindo que Goddard tinha estudado o caso e sabia quem era Kyla. — Não tem impressões digitais de Ali sobre ele? E as amostras de sangue de Kyla — elas não foram compatíveis com as de Ali? Não encontraram cabelo, pele, ou algo assim?

— E quanto à casa de Gayle? — Emily empurrou o cabelo emaranhado do rosto. — Ou aquele chaveiro do Acura que eu entreguei? — Spencer incitou.

Goddard olhou através de suas anotações. — De acordo com as informações que o FBI liberou, as únicas amostras da clínica de queimados eram da verdadeira Kyla, a menina que tinha sido assassinada. Quanto ao chaveiro do Acura, as únicas impressões sobre ele são suas, Spencer.

— Isso simplesmente não faz sentido — disse Aria tremulamente. — Por que iríamos enviar mensagens sobre os nossos segredos para nós mesmas?

Goddard encolheu os ombros. — Não faz nenhum sentido para mim, também.

Mas a opinião deles sobre isso é que vocês queriam fingir que estavam sendo ameaçadas para ganhar simpatia.

— Simpatia para quê? — Hanna entortou os olhos.

— Vocês queriam fazer parecer que alguém estava armando para vocês.

Como se alguém estivesse tentando incriminar vocês por matar Tabitha.

— Alguém está tentando nos incriminar — gritou Emily.

Aria assentiu ferozmente. — Nós nunca faríamos algo assim.

Goddard apertou os lábios. — Eles têm evidências que provam que, talvez, vocês possam ser pessoas que fariam isso. Algo sobre empurrar outra garota para fora de um teleférico de esqui?

Aria sobressaltou-se. O incidente com Klaudia correu de volta para ela. Como Fuji descobriu sobre isso? Mas em seguida ela se lembrou: isso tinha estado em uma mensagem de A. E Aria tinha entregado cada uma das suas mensagens.

Ela cobriu a boca com a mão.

— Eles têm relatos de testemunhas de que você atacou uma garota chamada Kelsey Pierce em uma festa da escola há alguns meses, também, Spencer — disse Goddard melancolicamente, olhando para suas anotações. — Beau Braswell está disposto a corroborar com isso. E agora a senhorita Pierce está em um hospital psiquiátrico.

— Não foi culpa minha — desabafou Spencer. Seu queixo começou a oscilar.

Então Goddard olhou se desculpando para Emily. — Alguém chamada Margaret Colbert atestou seu comportamento criminoso, também.

Emily piscou. — A mãe de Isaac? E-ela me odeia!

— Ela disse que você tentou vender seu bebê. — Sua voz elevou-se no final da última frase, como uma pergunta.

Emily murchou. Seu rosto ficou branco-fantasma.

Goddard olhou novamente para suas anotações. — Tenho certeza de que eles estão descobrindo pessoas que acham que vocês são emocionalmente instáveis. — Então ele se virou para Hanna. — Eles descobriram que você roubou da campanha política do seu próprio pai para pagar alguém.

Hanna soltou um chiado de surpresa. — Foi o meu pai que disse isso a eles?

— Ele não precisou. — Goddard beliscou a ponte de seu nariz. — Isso estava no seu telefone. Isso não é tudo que eles têm sobre vocês, no entanto. A polícia fez uma investigação completa na clínica de queimados após as mortes, incluindo relatos de testemunhas sobre quem entrava e saía do quarto de Graham Pratt. De acordo com algumas pessoas, você foi a última a entrar antes de ele ter a sua convulsão fatal.

Hanna recuou. — Eu não o matei!

Goddard assentiu. — Eles acham que Graham poderia ter visto Aria detonar a bomba no fundo do navio. Vocês tinham muito a perder mantendo-o vivo.

— Eu não bombardeei o navio — Aria gritou.

— Você já admitiu que estava lá em baixo. — Goddard parecia atormentado.

— Eles estão até mesmo tentando ligar você ao ataque de Noel Kahn. O Sr. Kahn estava aparentemente trabalhando com Fuji no caso de Tabitha. Você precisava que ele saísse do caminho.

Aria apertou as mãos nos lados de sua cabeça. — Noel não enviou aqueles e-mails para Fuji sobre o caso, alguém invadiu sua conta de e-mail. Fuji por acaso falou com Noel, ou ela está apenas deduzindo tudo isso?

Goddard encolheu os ombros. — Provavelmente um pouco de ambos. E olha, essas são apenas as evidências que eles compartilharam comigo. Quem sabe o que mais eles estão guardando, coisas que eles não querem que eu saiba.

Hanna deixou escapar um suspiro. — Mas ainda não faz nenhum sentido. Nós não matamos Tabitha. Outra pessoa a matou.

— Então como eles estão tão certos de que nós a matamos? — perguntou Aria no que ela esperava que fosse uma voz mais calma. — Estamos preocupadas que A tenha métodos de nos fazer parecer mais culpadas do que nós somos. E sim, nós a empurramos — Fuji sabe disso. Mas no momento em que descemos até a praia para salvar Tabitha, ela tinha desaparecido. A arrastou-a para algum lugar.

Goddard colocou as mãos sobre a mesa. — É realmente sobre isso que eu quero falar com vocês, meninas. Uma nova evidência surgiu.

Houve uma longa pausa. Hanna falou. — O quê mais?

Goddard tirou um laptop de sua pasta. Ele levantou a tampa e moveu o mouse para acender a tela. Uma imagem de vigilância instável e preta e branca apareceu.

Ondas caíam em uma praia branca e imaculada. Um grande edifício com varandas em todas as janelas estavam à distância. O ângulo era diferente, mas era claro onde isto era: no The Cliffs na Jamaica.

Spencer arfou bruscamente. — Onde você conseguiu isso?

— Este é um vídeo da câmera de segurança do Lychee Nut, o resort ao lado do The Cliffs. O FBI recebeu ontem à noite.

Aria olhou para a tela. Depois de um momento, algo caiu do céu, batendo na areia com um baque estranhamente silencioso. Aria viu uma cabeça mole e uma mão. — Essa é.. — ela perguntou, sua voz tremendo.

— Tabitha — respondeu Goddard para ela. — Esta é a filmagem daquela noite. A mão de Tabitha se contorceu. Ela levantou a cabeça. Sua mandíbula se moveu para cima e para baixo, e parecia que ela estava pedindo ajuda. — Olha! — Emily gritou. — Veja, ela sobreviveu!

A boca de Tabitha se abriu e se fechou de novo, como um peixe fora d’água.

Em seguida, quatro figuras apareceram em cena. Uma era alta com o cabelo loiro-escuro e com um vestido azul. Outra tinha ombros fortes de nadadora e vestia uma camiseta que dizia MERCI BEAUCOUP na frente. A terceira menina vestia um sarongue e uma blusa de amarrar no pescoço branca. E a quarta garota. . bem, Aria reconheceria seu próprio cabelo escuro e sua saia longa tingida em qualquer lugar.

Só que não podia ser. Porque quando estas quatro meninas se reuniram em torno de Tabitha, elas começaram a chutá-la com força. Spencer bateu em seu abdômen com os punhos. Emily atacou suas pernas. E então Aria levantou um pedaço de madeira e o abaixou sobre a cabeça de Tabitha.

Aria virou para longe, muito horrorizada para olhar. Emily soltou um grito abafado. Hanna arfou. Aria espiou por entre os dedos para olhar o vídeo novamente. Parecia mesmo com todas elas.

— A — Ali — criou isso — disse Aria. — Esta é a sua vingança contra nós, porque envolvemos os policiais nisso. Ela sabia que tinha que estar um passo a frente, e esta era a única munição que ela tinha.

— É um vídeo muito convincente, senhoritas. — Goddard parecia sombrio. — Agora olhem, eu sinceramente acho que o melhor curso de ação é negociar um acordo. Vocês foram psicologicamente traumatizadas por várias ameaças no ano passado. Vocês claramente não sabiam o que estavam fazendo. Vocês poderão obter uma redução drástica na sentença se formos por esse caminho. Além disso, todas vocês eram menores de dezoito anos na época, o que significa que vocês não podem ser julgadas como adultas.

Spencer arregalou os olhos. — O meu pai concorda com essa estratégia?

— Eu não falei com ele sobre isso ainda, mas tenho a sensação de que ele vai concordar.

Spencer balançou a cabeça. — Sem acordo. Sem pena, ponto final. Nós somos inocentes.

— Você acredita em nós, não é? — perguntou Hanna, com lágrimas nos olhos.

— Você vai lutar por nós?

Goddard hesitou por um longo momento, girando e girando o seu anel de casamento no dedo. — Eu acredito em vocês — disse ele em uma voz derrotada. — Mas eu vou lhes dizer agora, isso vai ser difícil. — Ele parou. — Eu sinto muito. A fiança será concedida em breve — vocês podem esperar aqui até que eles venham chamar vocês. Conversaremos amanhã.

E então, simples assim, ele se foi.


19

SEM AMOR

Todas olharam umas para as outras ao redor da mesa da sala da conferência após o advogado sair da sala. Hanna estava tremendo tanto que estava fazendo a cadeira em que estava sentada balançar. Aria parecia que ia desmaiar.

— Como isso pode estar acontecendo? — Spencer sussurrou, olhando em volta, impotente. — Eu quero dizer, tudo bem, eu acredito que todas as mensagens do Time A foram encaminhados de volta para os nossos celulares. Eles são espertos. Talvez seja possível.

— E nós deveríamos ter nos precavido mais em relação às pessoas das mensagens de A — Emily acrescentou. — A mãe de Isaac quis se vingar de mim desde o começo. E claro que Kelsey deduraria Spencer.

Hanna hesitantemente tocou seu rosto. Ela podia sentir que seus olhos estavam inchados, o cabelo dela estava apontando para um milhão de direções, e havia várias espinhas no queixo dela. Quando ela se mexeu na cadeira, seu abdômen pulsava de dor. Ela não tinha feito xixi desde que elas chegaram, muito horrorizada que os policiais pudessem observá-la em uma câmera escondida.

— Mas mesmo assim — Spencer disse. — Como é que eles fizeram esse vídeo de vigilância?

Houve uma pausa.

— Você acha que Ali nos drogou e nos fez fazer aquilo? — a voz de Aria ressoou.

— Gente, eu lembro de cada segundo daquele dia — Hanna disse. — Nós descemos a escada correndo no momento que Tabitha caiu. Eu não acordei atordoada algumas horas mais tarde. E vocês?

— Não — a voz de Spencer falou de longe.

— Talvez o Ajudante de A tenha contratado as quatro meninas que pareciam conosco — Emily sugeriu. — E então, eu não sei, pegou uma boneca inflável sósia de Tabitha, e apenas...

— . .encenou a coisa toda? — Hanna terminou. — Como ela teria conseguido meninas para fazer aquilo?

— Talvez eles tenham dito que era para um filme que eles estavam fazendo — Aria disse. — Talvez eles tenha dado a elas muito dinheiro, e foi isso.

Hanna fungou. — Então, o quê, devemos procurar por um anúncio antigo no Craigslist9 que dizia Procura-se: Quatro garotas para reencenar um assassinato na Jamaica? — Isso não parecia muito realista, mas quem sabe? Talvez o Time A tenha matado os clones de Hanna, Aria, Spencer e Emily depois que o vídeo tinha sido gravado para que elas nunca confessassem. Era difícil dizer a extensão da loucura dela.


9 Craigslist: Um site de comunidades online que disponibiliza anúncios gratuitos aos usuários.

Uma porta se fechou em algum lugar no corredor. O ar condicionado grunhiu novamente e o cheiro forte de café velho de repente flutuava no ar.

— Nós deveríamos pedir para alguém conferir o hotel Lychee Nut — Emily sugeriu. — Veio de lá mesmo aquele vídeo? Por que eles estiveram com uma gravação de assassinato o tempo todo e não mostraram?

— É óbvio que a gravação foi plantada — Hanna disse. — Mas quem é que temos do lado de fora para realmente investigar por nós? — Do lado de fora. Ela não estava nem mesmo na prisão ainda e já estava usando essa linguagem.

— Com licença?

Hanna deu um salto. O pai de Spencer colocou a cabeça dentro. — A fiança de vocês foram pagas. Vocês todas estão livre para irem embora.

— Estamos? — Emily não se levantou.

— A acusação formal vai ser daqui a um mês. — O Sr. Hastings segurou a porta aberta para elas.

— E depois? — Aria perguntou, nervosa. — Voltamos para cá?

O Sr. Hastings rangeu os dentes. — Não se desesperem, mas eu acabei de descobrir que eles querem extraditar vocês para a Jamaica.

— O quê? — Spencer gritou.

Hanna levou a mão ao peito. — Por quê?

— Foi lá onde vocês cometeram o crime. O julgamento vai ser lá, e vocês vão cumprir a sentença lá, também, se vocês forem condenadas. Isso é o que eles estão planejando, de qualquer forma. — O Sr. Hastings parecia furioso. — Estamos fazendo tudo o que podemos para mudar isso, no entanto. Isso é besteira. Eles estão apenas tentando usar vocês como exemplo.

Uma bomba explodiu no cérebro de Hanna. A perspectiva de passar o resto de sua vida em uma prisão americana era ruim o suficiente, mas passar em uma jamaicana?

Ela seguiu o advogado para fora da sala de conferências, com o coração martelando. Eles caminharam por um longo corredor. O Sr. Hastings abriu a porta que dava para o saguão. Hanna piscou com o brilho da sala da frente, em seguida, olhou para todo mundo que esperava. Quando a Sra. Hastings viu Spencer algemada, ela caiu em lágrimas. À sua esquerda estava o Sr. e a Sra. Fields, parecendo chocados e pálidos. Ao lado deles estavam os pais de Aria, embora Mike não estivesse. A mãe de Hanna estava ao lado deles. Hanna procurou pelo pai dela, mas não o viu.

A mãe de Hanna correu até ela. — Vamos tirar você daqui, querida.

Mas Hanna ainda estava olhando ao redor. — O papai está aqui, também, certo?

A Sra. Marin segurou a mão de Hanna e conduziu-a através de uma porta corrediça. Elas foram até uma mesa, e um guarda pediu para ela assinar alguns papéis. Os guardas devolveram a Hanna os seus pertences, incluindo o celular dela.

Hanna verificou as mensagens de voz e de texto. Havia várias mensagens preocupadas de Mike, mas nenhuma do pai dela.

— Mãe. — Ela colocou as mãos nos quadris. — Onde está o papai?

A Sra. Marin entregou os papéis de volta e pegou o braço de Hanna. — Eu trouxe um lenço para você colocar na sua cabeça quando formos embora. Tem vários repórteres lá fora.

O coração de Hanna acelerou. — Ele sabe disso, não é? Por isso que ele não está aqui?

Por fim, a Sra. Marin parou no meio do corredor. Ela parecia absolutamente com o coração partido. — Querida, ele não podia arriscar a má publicidade.

Hanna piscou. — V-você falou com ele? Ele está preocupado comigo?

Sua mãe engoliu em seco, em seguida, passou um braço em volta dos ombros de Hanna. — Vamos para o carro, ok?

Ela entregou um lenço para Hanna, então a empurrou em direção à porta de saída. Pelo menos vinte repórteres e cinegrafistas vieram na direção delas, flashes disparando, câmeras de vídeo apontadas e microfones posicionados.

As perguntas vieram rápidas e furiosas. “Sra. Marin, você sabia que a sua filha fez isso?” “Hanna, como você se sente sobre ser extraditada para a Jamaica?” “Sra.

Marin, o seu ex-marido vai se retirar da concorrência para o Senado?”

Hanna sabia que, se seu pai estivesse aqui, a imprensa estaria fazendo essas perguntas a ele ao invés. Mas no fundo do coração dela, ela não se importava. Ele deveria estar aqui. Quem se importava com a campanha dele em um momento como esse?

Ela piscou em meio as lágrimas e agarrou-se ainda mais com força ao braço de sua mãe, de repente mais grata a mãe dela do que ela tinha sido há anos. Ashley Marin estava sendo assediada pela imprensa, mas sem deixá-los tirar uma foto decente de sua filha, não dizendo uma palavra exceto “sem comentários” para os repórteres parasitas. Ela não perguntou a Hanna se ela tinha feito isso ou não. Ela não deu sermões ou pensou em uma forma de se beneficiar disso. Então era assim, Hanna percebeu, que um pai deveria agir.

E era isso o que ela precisava.


20

ELA ESTÁ MORTA PARA NÓS

Emily voltou para sua casa depois de um quinhão de problemas — a morte de Ali, A revelando a homossexualidade dela em uma competição de natação, seu banimento para Iowa, seu bebê secreto sendo descoberto. Cada um desses regressos a sua casa tinha sido bombástico e estranho, mas nada, nada se comparava a voltar para a casa dos Fields depois de ser presa por assassinato.

Sua família ficou em silêncio toda a viagem para casa. Sua mãe olhava para frente, sem piscar, e seu pai agarrava o volante com tanta força que seus dedos estavam brancos. Até quando Emily se atreveu a protestar a sua inocência, seus pais não tinham respondido. Seu celular tocou, e ela olhou para ele. Para seu espanto, Jordan tinha enviado uma mensagem privada. Estou tão decepcionada com você, Em.

Emily recuou. Jordan soube disso tudo? Ela realmente acreditou nas notícias?

Havia uma foto do Instagram anexada à mensagem. Emily pensou que seria uma foto do vídeo falso, mas em vez disso era uma foto escura dela em uma pista de dança. Emily tinha uma taça de champanhe na mão. Uma menina negra bonita girava em torno dela.

Pegasus? Emily deixou cair o celular em seu colo. A noite com Carolyn no bar.

A dança com River. Quem tinha tirado e postado essa foto? Ali?

Seus dedos pairaram sobre o teclado. Não é o que parece! , ela escreveu. Nós estávamos apenas dançando. Eu ainda te amo, eu prometo.

Mas Jordan não escreveu de volta.

A casa Fields estava fria, e a maioria das luzes estava apagada. Emily seguiu seus pais para dentro da cozinha e lançou seu olhar para Carolyn, que estava se movimentado ao redor pegando talheres e pratos das gavetas e dos armários. Seu coração acelerou.

Mas Carolyn nem sequer encontrou o olhar de Emily. — Eu comprei comida chinesa — ela anunciou em voz rápida, estatelando um grande saco de papel sobre a mesa.

A testa da Sra. Fields franziu. — Quanto isso. .

— Está tudo bem, mãe — Carolyn a cortou, em seguida, pousou um monte de garfos na mesa.

Emily pegou mais alguns garfos da pilha e colocou-os no resto dos lugares.

Ela olhou para a irmã. — Você sabe que isso é uma enorme confusão, certo?

Alguém está tentando nos incriminar por matar aquela menina.

Carolyn se virou. O coração de Emily começou lentamente a afundar.

Ela esperou até que todos os outros tivessem se servido de lo mein e frango kung pao, em seguida, pegado uma quantidade irrisória de arroz frito e se sentou em sua cadeira usual. Os únicos sons eram da mastigação e da raspagem de facas e garfos.

Ela fechou os olhos. Como Fuji pode ter achado que elas mataram não só Tabitha, mas Gayle e Graham, também? E por que Fuji estava tão convencida de repente de que Ali estava morta? Emily desejava que ela pudesse falar com a agente, mas o Sr. Hastings a tinha proibido de dizer qualquer palavra a alguém, exceto para a equipe jurídica.

Ela decidiu tentar novamente, voltando-se para Carolyn. — Achamos que foi Ali, na verdade. Ela está viva. Tínhamos medo de que Tabitha Clark fosse Ali, na verdade.. mas ela não era, e..

Carolyn olhou desesperada para seu pai. — Pai, diga a ela para parar.

— Carolyn, eu estou dizendo a verdade. — Emily sabia que deveria calar a boca, mas ela não conseguia controlar sua boca. — Ali sobreviveu. É realmente ela.

Ela olhou em volta para sua família, desejando que alguém dissesse que acreditava. Mas todo mundo estava olhando para seus pratos.

A campainha tocou. A cabeça de todo mundo girou em direção ao corredor, e o Sr. Fields levantou-se para atender. Houve murmúrios baixos, e então a porta da frente se fechou.

Emily levantou-se da mesa e olhou através da janela da frente. Dois caminhões de reboque estavam parados na calçada. Um homem em um macacão azul amarrou o Volvo wagon ao reboque, e um cara careca em uma jaqueta preta fez o mesmo com a minivan da família. O Sr. Fields só ficou lá no gramado, com as mãos nos bolsos e uma expressão desesperada no rosto.

— Por que nossos carros estão sendo levados? — Emily perguntou para sua mãe na cozinha.

Nenhuma resposta. Ela caminhou de volta para a cozinha. A Sra. Fields e Carolyn voltaram para suas refeições. O coração de Emily começou a bater forte. — Mãe. O que está acontecendo?

— Por que ela está perguntando isso? — A voz de Carolyn subiu de tom. — Como ela pode não saber?

Emily olhou de uma para a outra. — Saber o quê?

A mandíbula da Sra. Fields estava apertada. — Nós tivemos que vender os dois carros e usar o dinheiro para pagar sua fiança — disse ela, calmamente. — Entre outras coisas.

Emily piscou duramente. — Você fez isso?

Carolyn saltou da mesa e foi até Emily. — O que você esperava? Você matou alguém.

Algo explodiu no cérebro de Emily. — N-não, eu não matei!

As narinas de Carolyn queimaram. — Nós vimos você naquele vídeo. Você parecia um monstro.

— Não era eu! — Emily olhou desesperadamente para sua mãe. — Mãe? Você acredita que não era eu, não é?

A Sra. Fields baixou os olhos. — Aquele vídeo. Foi tão violento.

Emily olhou para ela suplicantemente. Isso significava que sua mãe acreditava nela.. ou ela pensava que ela tinha feito aquilo?

Carolyn fungou. — Todas as suas mentiras finalmente capturaram você. Mas nós estamos pagando as consequências. Podemos até perder a casa.

Emily voltou para a janela e olhou para seu pai, que estava em pé de costas para ela, de frente para o caminhão de reboque.

— Eu vou ter que arrumar um emprego — isso se alguém ainda quiser me contratar — disse Carolyn da cozinha. — Tudo por causa de você, Emily. É sempre sobre você, não é? Você está sempre estragando tudo.

A Sra. Fields massageou suas têmporas. — Carolyn, por favor. Agora não.

Carolyn bateu na mesa com força. — Por que não agora? Ela precisa entender. Ela não vive no mundo real, e eu estou realmente cansada disso. — Ela se virou para Emily. — Há sempre uma desculpa para você. Sua melhor amiga foi assassinada. Você estava recebendo mensagens de texto de Mona Vanderwaal, que eu vi pessoalmente vocês tirarem sarro quando Ali estava viva. Mas ei, é diferente quando você está sendo intimidada, não é? Todo mundo simplesmente deveria largar tudo e tratá-la como uma espécie de flor delicada.

Emily voltou para a mesa. O queixo dela caiu. — Você está falando sério? Ela tentou nos matar.

Carolyn revirou os olhos. — E quando você engravidou, você na verdade não enfrentou isso. Não, você se escondeu em Philly. Você me usou todo o verão, fez da minha vida um inferno, e depois, é tudo sobre você, como eu te machuquei, como eu deveria ter apenas aceitado o que você estava passando sem ficar com raiva ou com medo, ou qualquer coisa.

Emily levou a mão ao peito. — Eu pensei que você tinha me perdoado por isso! Carolyn deu de ombros. — Eu poderia ter perdoado você se eu não soubesse que você ainda estava fazendo isso, Emily. Que você matou alguém, e ainda está culpando todos, menos a si mesma, basicamente. Mas você não pode dar mais desculpas. Eu lamento que Ali tenha tentado matá-la em Poconos no ano passado.

Eu sinto muito que você a amava, e ela te rejeitou. Mas supere isso. Tome um pouco de responsabilidade.

— Supere isso? — Emily gritou, a raiva que ela nunca tinha experimentado antes subindo em sua garganta. — Como eu posso superar isso se ela ainda está fazendo isso?

— Ela não está fazendo mais nada! — Carolyn gritou de volta. — Ela está morta! Encare isso! Ela se foi, e o que você fez não é culpa de ninguém, é sua.

Emily soltou um rugido primitivo, correu para a sua irmã, e agarrou seus ombros. — Por que você não acredita em mim? — ela gritou. Como é que Carolyn não entendia? Como a sua família podia acreditar que ela fez tudo isso, que ela fez algo tão terrível?

Carolyn empurrou Emily para longe, e Emily bateu contra a parede de trás.

Emily se lançou para a irmã de novo, e de repente, elas estavam no chão. O corpo forte de Carolyn imprensou o de Emily. Suas unhas arranharam o rosto de Emily.

Emily gritou e empurrou o abdômen de Carolyn com os joelhos e, em seguida passou um braço em torno de Carolyn e fez ela voar para seu lado. Os olhos de Carolyn flamejaram. Ela mostrou os dentes e, em seguida, mordeu o braço de Emily. Emily gritou e se afastou, olhando para as marcas onde os dentes de Carolyn tinham furado sua pele.

— Meninas! — a Sra. Fields gritou. — Meninas, parem!

Duas mãos agarraram Emily em torno da cintura e levantou-a de pé. Emily sentiu o hálito quente de seu pai em seu pescoço, mas ela estava com tanta raiva que ela lhe deu uma cotovelada. Ela estendeu a mão e pegou uma mecha do cabelo de Carolyn. Carolyn gritou e se afastou rapidamente, mas não antes de Emily puxar vários fios de cabelo da cabeça da sua irmã. Carolyn colidiu seu corpo em Emily com força, derrubando-a descontroladamente através da sala de estar e batendo em um armário que continha os enfeites Hummel da sua mãe.

Houve um rangido quando o armário se inclinou para um lado e lentamente, lentamente, lentamente começou a cair. A Sra. Fields saltou para frente, tentando agarrá-lo, mas era muito pesado e muito tarde — o armário já estava longe demais.

O chão tremeu. Houve o som de vidro se quebrando, e todas as figuras caíram. De repente, a cozinha ficou em silêncio. Emily e Carolyn pararam e olharam. A Sra. Fields caiu de joelhos, boquiaberta com tudo o que tinha quebrado.

Pelo menos foi o que Emily pensou que ela estava fazendo até que ela se virou. O

rosto de sua mãe tinha virado um branco fantasmagórico. Sua boca estava em um O, e ela estava tentando sugar o ar. Ela agarrou o seu peito com um olhar de terror congelado no rosto.

— Mãe? — Carolyn correu para ela. — O que está acontecendo?

— É. . meu.. — Foi tudo o que a Sra. Fields conseguiu dizer. Ela agarrou seu braço esquerdo e se curvou sobre ele.

Carolyn arrancou o telefone sem fio da sua base em cima da mesa. Seus dedos tremiam quando ela ligou para o 911. — Socorro! — disse ela, quando alguém atendeu. — Minha mãe está tendo um ataque cardíaco!

Emily se ajoelhou ao lado da sua mãe, impotente. Ela tomou o pulso da sua mãe. Ele estava acelerado. — Mãe, eu sinto muito — disse ela, entre lágrimas, olhando nos olhos arregalados e desesperados da sua mãe.

O Sr. Fields apareceu por trás, empurrou uma aspirina infantil na boca da sua esposa, e fez ela engolir. Segundos depois, sirenes soaram de cima da rua.

Paramédicos irromperam pela porta da frente em um redemoinho de botas e coletes refletores. Eles tiraram Emily e os outros para fora do caminho e começaram a prender a Sra. Fields a monitores e um tanque de oxigênio. Dois homens fortes a ergueram sobre uma maca, e antes que Emily percebesse, eles estavam levando-a para fora da porta.

Todo mundo correu para fora onde a ambulância estava estacionada. Um casal de vizinhos estava de pé no gramado adjacente embasbacados. — Apenas dois podem ir com a gente — o paramédico chefe estava dizendo ao Sr. Fields. — O

outro pode seguir junto atrás.

O Sr. Fields olhou para Emily. — Fique aqui — ele rosnou para ela. — Vamos lá, Carolyn.

Emily encolheu-se para dentro da casa como se ele tivesse chutado ela. Seu pai nunca tinha falado com ela assim em toda a sua vida.

Ela fechou a porta e encostou-se na parte de trás dela, respirando com dificuldade. Na cozinha, tudo ainda estava como eles tinham deixado. Garfos se projetavam para fora de taças. A cafeteira apitou alto, indicando que o café estava pronto. Na sala de estar, o armário dos Hummel jazia em ruínas no chão, os Hummels quebrados e espalhados pelo tapete. Emily foi até eles e se ajoelhou. A leiteira favorita da sua mãe tinha uma cabeça decepada. Havia um único braço segurando um balde de água perto do respiradouro. As pequenas bailarinas estavam agora sem pernas, as vacas de aparência tranquila estavam sem chifres e sem rabos.

Ela queria encontrar Ali e estrangulá-la com toda sua força. Mas tudo o que ela poderia fazer agora era olhar para os destroços dos bens mais valiosos da sua mãe e chorar.


21

PORTAS FECHADAS

Uma semana depois, Spencer se arrastou pela floresta atrás de sua casa para se encontrar com Aria, Hanna e Emily. Estava quase escuro demais para ver qualquer coisa, então ela usou a lanterna do celular para guiar o caminho. Raízes grossas projetavam-se da terra. Um tronco caído estava no caminho. Em pouco tempo, ela encontrou o antigo poço dos desejos, uma relíquia de pedra deixada para trás por agricultores em 1700. Musgos cresciam nos lados. Algumas pedras tinham desmoronado. Spencer olhou por cima da borda e jogou uma pedra no buraco. Houve um som de eco vazio quando caiu na água rasa.

Então ela se virou e olhou para a colina de sua casa. A maioria das luzes estava apagada. A janela do porão que ela escapou estava entreaberta. O local onde o celeiro da família tinha estado antes de Ali queimá-lo ainda não tinha grama. Ela contou sete veículos de repórteres no meio-fio, vigiando a casa. Eles estavam estacionados lá o tempo todo, desde a detenção delas.

— Oi. — A cabeça de Emily apareceu do outro lado da colina. Era uma noite fria, e ela estava usando um capuz preto e jeans. Ela olhou para o poço e deu um pequeno gemido. — Você acha que ela realmente costumava vir aqui?

— Eu acho. — Spencer ousou tocar as pedras curvadas e viscosas. A estrutura estava meio apodrecida, havia uma penugem de musgo em cima e dos lados, e um balde de metal enferrujado estava a poucos metros de distância. — O topo da colina dá a ela uma vista perfeita da minha casa.

Emily estalou a língua. Um galho rachou, e elas se viraram. Aria e Hanna se arrastaram até o morro. Quando chegaram ao topo, as meninas só ficaram sob a lua, olhando umas para as outras.

— E então? — Spencer finalmente falou. — É melhor começarmos a conversar. Eles irão procurar por mim em breve. — Houve muito tumulto para as quatro se encontrarem depois que elas voltaram para casa, mas, finalmente, hoje à noite, Hanna tinha enviado uma mensagem dizendo que elas precisavam conversar. Mas era verdade que iriam procurá-la: Os repórteres acampados do lado de fora da casa de Spencer eram tão curiosos e inteligentes que eles descobririam que ela não estava antes da família de Spencer. Na semana desde a prisão, a mãe dela mal tinha saído da cama, e o Sr. Pennythistle tinha estado cauteloso e nervoso, como se tivesse medo de que ela surtasse e fizesse algo louco.

— Eu não sou uma assassina! — Spencer tinha gritado com ele uma vez, mas isso não tinha feito nenhum bem.

— Sim, eu não deveria ficar fora por muito tempo, também — Aria murmurou. — Mas é bom ver vocês.

— É verdade. — Emily olhou para elas com os olhos molhados. — Isso tudo é horrível, não é?

Hanna acenou com a cabeça, desanimada. — Eu vou enlouquecer se eu tiver que ficar na minha casa outro dia. — Isso era parte de sua punição: Até que elas fossem extraditadas para a Jamaica, elas deveriam permanecer em suas casas em tempo integral. Rosewood Day não as expulsou, mas a escola não permitiu que as meninas voltassem, tampouco.

— Todas prontas para as provas finais? — Aria disse com uma voz não tão animada. Elas foram autorizadas a levar suas provas para casa.

— Eu não vejo para que eu tenho que fazer — Spencer disse tristemente. Ela olhou para as outras. — Eu recebi uma carta de Princeton essa semana. Eles não querem que uma suposta assassina esteja na turma de calouros deles.

Emily estremeceu. — Eu recebi da Universidade da Carolina do Norte, também. — Ela fez um sinal com o polegar para baixo.

— Sim, eu estou fora do Instituto de Tecnologia Fashion — Hanna resmungou. Ela fechou os olhos e encolheu os ombros. — Não é justo, pessoal. Eu só fico pensando nisso. Não. É. Justo.

— Nem me fale — Aria murmurou, arrastando os pés nas folhas secas. — Mas nós não podemos fazer nada.

Hanna bateu o punho na palma da mão aberta. — Sim, nós podemos. Eu acho que deveríamos procurar Ali novamente sozinhas.

— Você está louca? — Spencer se encostou na estrutura frágil do poço. — A ainda pode prejudicar várias pessoas que amamos. Além disso, devemos apenas ficar quietas e não fazer mais nada que agite a imprensa.

— Então, nós vamos apenas esperar eles nos mandarem embora? — Hanna gritou. — Você já viu as prisões na Jamaica? Elas são cheias de cobras. E eles, tipo, forçam a pessoa a fumar em um narguilé caseiro lá. É um dos métodos de tortura deles.

As sobrancelhas de Spencer se juntaram. — Eu tenho certeza de que eles não fazem isso, Han.

— Eu aposto que fazem. — Hanna colocou as mãos nos quadris. — Mike me fez fumar uma vez, e eu tive coceira e alucinações. Fui um inferno.

— Meu pai prometeu que a nossa equipe de advogados vão descobrir uma forma para nos impedir de irmos para lá — Spencer disse fracamente.

Aria suspirou. — Sem ofender o seu pai ou a nossa equipe de advogados, mas todos os jornais estão dizendo que o FBI quer nos usar como exemplo. É quase garantida a nossa ida à Jamaica.

Spencer rangeu os dentes. — Bem, talvez Fuji perceba a verdade. Ou talvez Ali estrague tudo.

— Isso não vai acontecer — Emily disse, desanimada. — Ali conseguiu o que ela queria. E quando ela errou?

— Eu realmente acho que a gente não deva começar a investigar novamente, pessoal — Spencer advertiu.

— Mas nós temos pistas — Aria disse. — O vídeo adulterado. Quem é N.

Spencer andou em círculos. — Eu sei, mas. .

— Seu amigo Chase é bom com computadores, certo, Spence? — Hanna implorou. — Talvez ele possa ampliar o arquivo de vídeo e mostrar os rostos das meninas, provar à polícia que não somos nós.

Spencer franziu a boca. — Mas eu não posso colocá-lo em risco.

— Ele já está em risco — Aria lembrou.

Houve uma longa pausa. Um caminhão acelerou na autoestrada.

— Eu não vou para a Jamaica — Hanna disse com firmeza. — Eu quero ficar em Rosewood.

Aria engoliu em seco. — Eu também.

Spencer olhou para o céu escuro. Aria estava certa. Se Ali fosse prejudicar Chase, seu plano já estava em andamento. Spencer não soube de Chase desde antes de sua prisão, mas ela sabia que ele faria qualquer coisa por ela.

Uma luz acendeu na casa dela, e ela baixou os ombros, meio que esperando a mãe dela aparecer na varanda dos fundos a qualquer momento. — É melhor eu voltar. Mas eu topo, Han. Eu vou falar com Chase.

— Ótimo. — Hanna parecia aliviada.

Spencer começou a descer a colina com o coração acelerado. Felizmente, a luz apagou pouco depois que ligou, e ninguém apareceu no terraço traseiro. Ela caminhou até a frente da casa, olhando o carro na garagem, em seguida, os veículos estacionados no meio-fio. Eles a veriam se ela fosse por lá — ela tinha que pegar o ônibus. Havia uma parada de ônibus a apenas um quilômetro dali, na Avenida Lancaster.

Ela olhou para seus sapatos, grata por estar usando tênis. Aqui vou eu, ela pensou, andando. Era a única forma.

Meia hora depois, Spencer subiu em um ônibus iluminado de Rosewood que fedia a cigarro em direção a Filadélfia e se afundou em uma cadeira. Do outro lado do corredor, uma mulher estava lendo uma cópia do Philadelphia Sentinel. Na primeira página estava a foto de Spencer.

Mentiras Além da Conta, dizia a manchete. Spencer virou-se para a janela e encolheu o corpo para parecer menor. Ela tinha evitado os jornais durante toda a semana, sabendo que ela só iria ver histórias como essa. Por favor, não me veja, por favor, não me veja, ela desejou. A mulher passou a página. A foto de Spencer desapareceu. Ninguém disse uma palavra.

Chase morava em Merion, um subúrbio perto da cidade. Spencer puxou a corrente para o ônibus parar e saiu correndo do ônibus. Embora ela nunca tenha ido à casa de Chase antes, ela encontrou o prédio com facilidade e caminhou pela calçada irregular até a porta da frente. Houve um farfalhar atrás dela, e ela se virou.

Um carro lentamente passou com um logotipo DEPARTAMENTO DE POLÍCIA MERION estampado no lado.

Spencer se escondeu atrás de uma árvore. O carro passou em um ritmo constante, o policial estava olhando para frente. Depois de um momento, o carro virou a esquina. Estava seguro.

Ela correu até a primeira porta e analisou a lista de nomes dos moradores.

Chase morava no apartamento 4D; ela apertou a campainha. Alguns segundos se passaram. Não aconteceu nada. Spencer inclinou a cabeça, escutando. Era perto das dez e meia, e Chase já havia admitido que muitas vezes ficava acordado até uma ou duas horas da manhã. Talvez ele não esteja em casa?

Uma mulher carregando uma bolsa verde apareceu nas escadas dentro do apartamento. Ela deu a Spencer um olhar superficial, em seguida, empurrou a porta e saiu. Spencer segurou a porta e entrou no prédio com o coração acelerado.

Talvez a campainha de Chase não funcione. Ela iria bater na porta dele.

Ela subiu quatro andares, xingando um pouco quando finalmente chegou na porta de Chase. Ela teve que parar de respirar para ouvir os sons vindos de dentro do apartamento. Música tocava em um quarto. E então, uma tosse. Sim. Ele estava em casa.

A campainha da porta estava quebrada quando ela tentou apertar, então ela bateu — primeiro calmamente e depois mais forte. — Chase — ela gritou. — Sou eu. Spencer. Eu preciso falar com você.

A música desligou. Soaram passos perto da porta, e Chase abriu uma fresta, e então abriu o ferrolho. — Spencer. — Seus olhos se encontraram. — Você não pode ficar aqui.

O queixo de Spencer caiu. — M-mas nós fomos presas. Tem um vídeo que eu preciso que você olhe, um de nós todas na Jamaica. Alison obviamente alterou ele.

O pomo de Adão de Chase balançou quando ele engoliu. — Por que você não me disse que eu estava na lista de vítimas, também?

— O quê? — Ela pensou na mensagem ameaçando ele. Como Chase havia descoberto? — V-Você recebeu uma mensagem de A? Alguém tentou lhe machucar?

Os olhos de Chase viraram de um lado para o outro. — Não — ele disse, depois alguns segundos, mas foi a maior mentira que Spencer já tinha ouvido.

A cabeça de Spencer zuniu. Tudo no que ela pôde se concentrar, por um momento, foi na textura irregular das paredes do corredor. — Eu achei que a polícia fosse mantê-lo seguro — ela disse, impotente. — Eu achei que eles iriam manter todos nós seguros. — Ela tentou puxar a porta. — Por favor, me deixe entrar. Nós podemos analisar aquele vídeo, eu sei que podemos. Eu preciso de você. Chase apertou os lábios, como se estivesse tentando não chorar. — Você tem que ir, Spencer. Eu sinto muito. Eu apenas passei por muita coisa, ok? Isso é muito, até mesmo para mim.

— Mas. .

— E eu não acredito que você não me avisou. — Os olhos de Chase estavam tristes. — Eu achei que fosse mais importante para você do que isso.

Em seguida, a porta se fechou. Houve estalos quando Chase fechou os ferrolhos de dentro. Passos recuaram. A música foi ligada de novo, mais alta agora.

A música rápida e furiosa abafava tudo.

Spencer sentiu como se ele tivesse dado um tapa no rosto dela. Ela afastou-se da porta, surpresa com as lágrimas nos seus olhos. De repente, ela se sentiu completamente abandonada. Ninguém iria ajudá-la mais.

A magnitude do que estava acontecendo a atingiu. De jeito algum ela iria sair disso. Ali havia realmente e verdadeiramente ganhado.

Spencer pegou seu celular e olhou para ele. Mande uma mensagem para mim, vadia, ela pensou ferozmente e desesperadamente. Se Ali escrevesse para ela agora e esfregasse isso na sua cara talvez fosse: Boo-hoo. Pobre Spencer, perdeu o namorado. Ela provavelmente estava morrendo de vontade.

Ela olhou fixamente para a tela, querendo que algo acontecesse. Ela caminhou até a frente do prédio e ficou na varanda para que Ali pudesse vê-la, para que ela soubesse que ela estava sofrendo. — Vem me pegar — ela disse em voz alta, mesmo que continuasse na escuridão. — Pare de se esconder e mostre sua cara, sua covarde.

Ninguém se moveu por trás dos arbustos. Nem risadinhas ecoaram nas copas das árvores. O celular de Spencer permaneceu em silêncio. Ela fechou os olhos e colocou a mão para trás, pronta para atirar o celular na calçada.

Mas, ao invés, ela deixou o braço cair ao seu lado e caminhou três quarteirões para pegar o ônibus para casa.


22

AFUNDANDO LENTAMENTE

Duas semanas depois de sua prisão, Hanna desceu as escadas da casa da mãe dela cambaleando com seu mini Doberman, Dot, seguindo em seus calcanhares.

Todas as luzes ainda estavam ligadas na cozinha, mas o quarto estava vazio. Havia um bilhete sobre a mesa dizendo Eu fiz café. Muffins no frigorífico.

Hanna tentou ouvir, mas não havia sons de sua mãe em nenhum lugar, ela já devia ter ido para o trabalho. A Sra. Marin tinha estado estranhamente atenciosa nos últimos dias, levando para casa um sushi da loja, assistindo maratonas do reality show Teen Mom com Hanna e Mike, até mesmo oferecendo-se para fazer em Hanna manicure e pedicure, embora a Sra. Marin tenha uma grande aversão a pés.

Por um lado, Hanna achou que era doce que sua mãe estivesse tentando fazer um esforço e apoiar ela. Mas já era tarde demais. Seu destino foi selado.

Ela caiu em uma cadeira da cozinha, ligou a TV e distraidamente acariciou a cabeça macia e lisa de Dot. Seu celular piscou em cima da mesa e lhe chamou a atenção. DEZ NOVAS MENSAGENS. Seu coração acelerou, pensando se poderia ser o pai dela, que ela não tinha ouvido falar desde antes de sua prisão. Mas então ela rolou para ver as mensagens. Eram todas de seus colegas de classe.

Você é nojenta, escreveu Mason Byers. Eu aposto que você machucou Noel, também, certo?

E vinda de Naomi Zeigler: Eu espero que você apodreça na Jamaica para sempre, vadia. E Colleen Bebris, a ex de Mike: Eu sabia que você era capaz desse tipo de coisa.

Até mesmo Madison tinha escrito: Talvez eu tenha te perdoado muito cedo.

Agora eu não sei o que pensar sobre o acidente.

E mais do mesmo. Hanna estava recebendo essas mensagens sem parar desde que ela tinha sido libertada da prisão. Ela apagou sem ler o resto. Talvez fosse bom ela ter sido suspensa: Se ela voltasse para Rosewood Day, ela seria a garota mais odiada da escola.

Ela segurou o celular em suas mãos por alguns instantes, em seguida, clicou em um link de um vídeo salvo. Uma imagem de uma bandeira americana balançando apareceu. Em seguida, veio a voz do pai dela: Eu sou Tom Marin, e eu aprovo essa mensagem.

Hanna assistiu todo o anúncio do início ao fim. Ela seria a única pessoa na Pensilvânia que realmente veria, porém havia sido retirado das redes antes mesmo de ir ao ar. — E é por isso que eu apoio o Plano Zero Tolerância de Tom Marin — a Hanna da TV disse brilhantemente no final, oferecendo um sorriso enorme.

A câmera ampliou a expressão de apoio do seu pai. Ele se virou para Hanna no final do comercial, com um indispensável amor, orgulho e lealdade.

O que era uma farsa.

Como se fosse combinado, um noticiário apareceu na TV da cozinha. Hanna olhou para cima. Um repórter estava falando sobre a concorrência do pai de Hanna para o Senado. — Desde a prisão da filha do Sr. Marin, houve uma queda brusca de apoiantes de Tom Marin — a mulher disse. Um gráfico de linha apareceu na tela. A linha vermelha em negrito representando o número de devotos de Tom Marin, desceu como uma montanha-russa. — Os manifestantes exigem que ele renuncie — o repórter acrescentou.

Havia uma multidão irritada segurando cartazes de protesto. Eles estavam no noticiário também — eles eram as mesmas pessoas que protestaram do lado de fora do funeral de Graham, e o noticiário os tinha mostrado durante um bom tempo no dia que Hanna foi libertada da prisão, quando eles fizeram uma manifestação no escritório do pai dela. Parecia que eles estavam em frente ao escritório novamente hoje. Alguns deles estavam com a mesma mensagem PAREM

O ASSASSINO EM SÉRIE DE ROSEWOOD, mas agora havia novos cartazes com o rosto do Sr. Marin com uma barra vermelha através dele e Hanna, Spencer, Emily e Aria usando chifres do diabo.

Hanna desligou a TV rapidamente, sentindo a tontura que ela sempre tinha quando está prestes a vomitar. Ela correu para o banheiro e se debruçou sobre a privada até que o mal-estar passou. Então ela tocou em seu celular no bolso. Ela tinha que consertar isso pelo pai dela. Seus eleitores precisavam entender que isso não foi culpa dela. Ele precisava entender isso também.

A campainha tocou. Dot correu em direção a ela, latindo histericamente.

Hanna se levantou e se arrastou pelo corredor. Uma sombra atravessava o vidro opaco lateral, e ela se preocupou por um momento que pudesse ser a polícia chegando agora para levá-la para a Jamaica. Talvez o pai dela tenha feito algo para que eles a tirassem do país mais cedo.

Mas era apenas Mike. — Sua prova final, senhorita — ele falou, empurrando um envelope em suas mãos.

Hanna olhou para ele. Prova de Cálculo, dizia no topo.

— Você tem duas horas — Mike disse, olhando para o relógio. — Eles até mesmo deixaram eu ser seu fiscal. Você quer começar agora?

Hanna de repente se sentia exausta. Quando era que ela iria usar cálculo, especialmente se ela fosse para a prisão? — Vamos fazer isso mais tarde — ela disse, colocando o envelope sobre a mesa lateral da sala de estar. — Eu preciso de um favor.

— Qualquer coisa — Mike disse automaticamente.

— Eu preciso ir ao escritório de campanha do meu pai. Agora.

Os olhos de Mike se lançaram de um lado para o outro. — Você tem certeza de que é uma boa ideia? Eu achei que você não estava autorizada a sair de casa.

Hanna olhou para ele. — Você disse qualquer coisa.

Mike apertou os lábios. — Mas eu não quero ver você triste.

Hanna cruzou os braços sobre o peito. Ela disse a Mike que o pai dela não tinha aparecido na delegacia ou tentado falar com ela na semana desde então. E

então, porque ela estava extremamente chateada, ela também disse todas as outras coisas que seu pai já tinha feito com ela.

— Eu preciso fazer isso — ela disse com firmeza.

Mike caminhou até Hanna e pegou sua mão. — Tudo bem — ele disse, abrindo a porta da frente de novo. — Então, vamos lá.

Quando Hanna e Mike pararam no edifício de escritórios do Sr. Marin, pelo menos cinquenta manifestantes obstruíam as calçadas. Mesmo que Hanna houvesse antecipado isso por causa da notícia, foi intenso realmente vê-los pessoalmente.

— Está tudo bem — Mike disse, em seguida, entregou a Hanna um capuz do banco traseiro. — Coloque isso para que eles não a reconheçam. Eu posso lidar com eles.

Ele agarrou seu pulso e levou-a através dos manifestantes. Hanna manteve a cabeça baixa, com o coração acelerado o tempo todo. Ela estava aterrorizada que um dos manifestantes a reconhecesse. Eles cercaram Mike, gritando: “Você vai ver Tom Marin?” e “Faça-o renunciar!” e “Nós não queremos gente do tipo dele em Washington!” alguém gritou.

Mike passou os braços firmemente em torno dela e conduziu-a através das portas. As vozes dos manifestantes foram abafadas quando chegaram no saguão, mas eles ainda estavam gritando as mesmas coisas. Seu coração batia mais rápido quando ela caminhou para o elevador e retirou o capuz, desejando que ela ainda estivesse em casa em sua cama.

— Vamos lá — Mike disse, em direção ao elevador e apertando o botão ABRIR. Ele segurou a mão dela por todo o caminho, apertando-a de vez em quando.

Quando chegaram ao quarto andar, Hanna olhou pelas longas janelas no corredor central. Uma delas não ficava de frente para os manifestantes, mas sim para a floresta abundante e mal cuidada à esquerda do imóvel. As árvores se projetavam em todas as direções. Logo acima deles era o que parecia ser os restos desintegrados de uma chaminé de pedra. A Main Line era cheia de antigos destroços — a comissão histórica protegia se um general famoso já tivesse dormido lá ou se tivesse sido o local de uma batalha importante. Podia até haver um edifício antigo escondido lá atrás em algum lugar, esquecido no tempo, com cipós enrolando em torno dele até formar um casulo. Hanna definitivamente se identificava com isso. Ela também se sentia oprimida e sufocada. Se ela também pudesse desaparecer nas árvores.

Hanna respirou fundo e olhou para a porta de vidro que dava para o escritório de seu pai, em seguida, a empurrou. A recepcionista do seu pai, Mary, deu uma olhada em Hanna e se levantou. — Você não deveria estar aqui.

Hanna ergueu os ombros. — É importante.

— Tom está em uma reunião.

Hanna levantou uma sobrancelha. — Diga a ele que vai ser rápido.

Mary deixou de lado a caneta que estava usando e caminhou pelo corredor.

Alguns minutos depois, o Sr. Marin apareceu. Ele usava um terno azul-marinho com um pequeno broche com a bandeira americana na lapela. Esse detalhe insignificante atingiu Hanna de repente — sua filha ia ser julgada por um assassinato, mas ele ainda se lembrou de colocar o broche da bandeira em seu terno, esta manhã.

— Hanna. — O tom do Sr. Marin estava com uma raiva contida. — Você não deveria sair de casa.

— Eu queria falar com você, e você não estava me atendendo — Hanna disse, odiando o quão desesperada ela soou. — Eu quero saber o motivo de você não ter ido à delegacia quando eu fui presa. Ou o motivo de você não falar comigo desde então.

O Sr. Marin cruzou os braços sobre o peito. Ele gesticulou para os manifestantes através da janela da frente. Uma mulher carregava uma enorme foto do rosto de Hanna. — Eles viram você entrar?

Hanna piscou. — Não. Eu vim com um capuz.

Ele esfregou os olhos. — Vá pelos fundos quando você sair.

Ele se virou e começou a voltar para o seu escritório. A boca de Hanna ficou aberta. Então, Mike deu um passo adiante. — Ela ainda é sua filha, Sr. Marin — ele gritou.

O Sr. Marin parou e deu-lhe um olhar cruel. — Isso não é da sua conta, Mike.

Ele olhou para Hanna. — Eu não posso me aliar a você agora. Sinto muito.

Hanna realmente sentiu uma dor física atravessá-la. Me aliar. Parecia tão frio.

— Você está falando sério?

Seu olhar estava na direção dos manifestantes fora da janela novamente. — Eu lhe dei várias chances. Eu tentei estar lá com você. Mas agora, é suicídio para a minha campanha. Você está por conta própria.

— Você está preocupado com a campanha? — Hanna grunhiu. Ela deu alguns passos em direção a ele. — Pai, por favor, me ouça. Eu não matei ninguém. O vídeo que a imprensa nos mostrou batendo em uma menina é falso. Você me conhece, eu não faria isso. Eu não sou esse tipo de pessoa.

Ela continuou a andar em direção a ele com os braços estendidos, mas o Sr.

Marin se afastou dela com um olhar cauteloso em seu rosto. Então o celular da recepção tocou, e o Sr. Marin apontou para a recepcionista ir pegá-lo. Ela murmurou alguma coisa, então olhou para ele. — Tom — ela disse, colocando a mão sobre o bocal. — É um repórter do Sentinel.

O Sr. Marin parecia triste. — Vou atender no meu escritório. — Ele olhou com raiva para Hanna. — Você tem que ir agora.

Ele virou-se e se arrastou pelo corredor sem mesmo dizer adeus. Hanna ficou imóvel por um momento, de repente sentindo-se como se cada molécula do seu corpo estivesse prestes a implodir e transformá-la em vapor. Um manifestante soprou um apito. Alguém aplaudiu. Hanna fechou os olhos e tentou gritar, mas se sentia muito atordoada.

Ela sentiu os dedos de Mike enrolarem em torno dela. — Vamos lá — ele sussurrou, levando-a de volta para o elevador. Ela não disse nada quando ele apertou o botão ABRIR, e eles desceram para o primeiro andar. Ela não disse nada, quando Mike a puxou para fora do elevador e através do saguão vazio para a porta da frente. Só quando viu os manifestantes andando em um círculo na frente das portas que ela parou e olhou para Mike, nervosa. — Ele nos disse para sair pelos fundos.

— Você realmente dá a mínima para o que ele quer que você faça? — As bochechas de Mike estavam vermelhas. Ele segurou a mão dela com mais força. — Eu poderia matá-lo, Hanna. Você não deve nada a ele.

A mandíbula de Hanna tremeu. Mike estava totalmente e absolutamente certo.

As lágrimas corriam pelo seu rosto quando ela pisou no meio fio. Quando os manifestantes cercaram-na mais uma vez, ela soltou um único soluço agudo. Mike a agarrou imediatamente e abraçou-a com força, puxando-a através da multidão. E

sobre toda a gritaria, um pensamento claro e nítido apareceu na mente de Hanna.

Ela não devia nada a seu pai. Ela achava uma droga que por todos esses anos seu pai escolhia Kate ao invés dela.

Mas nada se comparava a ele escolher todo o estado da Pensilvânia.


23

NÃO ESTÁ NA LISTA

Nessa mesma sexta-feira, Emily estava no saguão do Hospital Memorial de Rosewood. Médicos passavam correndo, parecendo ocupados e importantes. Emily foi até o diretório na parede e encontrou a unidade cardíaca, onde sua mãe estava se recuperando após a cirurgia cardíaca de emergência. Não que seu pai ou sua irmã lhe dera uma atualização sobre o progresso diário dela — eles mal haviam ido em casa. Emily teve que descobrir através de uma rede nebulosa de médicos e enfermeiros, que tinham ficado chocados por ela não poder simplesmente obter as informações da sua família. Tecnicamente, ela não deveria sair de casa, mas o que a polícia poderia dizer se eles a pegassem aqui? Que ela não tinha permissão para ver sua mãe doente?

Emily estava tentando encontrar algo positivo nisso tudo. Era uma droga a sua fiança ter custado tanto dinheiro que eles tiveram que ficar sem os seus carros — e algumas outras coisas, que vários caras mal-encarados tinham retirado da casa ao longo das últimas duas semanas, incluindo um carrinho de bebê antigo da avó de Emily e uma estátua de Jesus bebê que Emily tinha ajudado a sua mãe a recuperá-lo de um grupo de vândalas no ano passado. Mas Emily ainda era parte da família, pelo amor de Deus. Além disso, ela finalmente tinha conseguido entrar em contato com o Sr. Goddard esta manhã, e ele disse a ela que após o julgamento, não importava o veredito, o dinheiro da fiança seria devolvido aos seus pais. Eles obteriam os seus carros de volta. Todo mundo seria capaz de voltar para a faculdade. Eles ficariam bem.

Seu coração bateu forte quando ela entrou no elevador e se dirigiu para o terceiro andar. Assim que ela pisou na recepção, ela avistou o pai dela e Carolyn sentados em cadeiras na sala de espera, dormindo. Havia uma revista Sports Illustrated aberta no colo de seu pai. O casaco de Carolyn estava meio aberto, meio fechado. Emily sorriu levemente para eles, percebendo o quão doces e amigáveis eles pareciam durante o sono. Isso deu-lhe esperança. Talvez, apenas talvez, tudo ficaria bem.

Um noticiário iniciou na TV acima dela: Julgamento em uma semana, lia-se no topo. Uma foto de Emily na escola apareceu na tela, seguida por uma de Spencer, de Aria e de Hanna. Então o pai de Tabitha, com quem Emily ficou cara-a-cara muito poucas vezes nos últimos meses, apareceu na tela. — Estou profundamente triste com o resultado dessa investigação — disse o homem com os olhos baixos.

— Eu quero justiça para essas meninas, mas isso ainda não vai trazer minha filha de volta.

Emily se encolheu. Pobre Sr. Clark. Ela o imaginou deitado na cama à noite, sozinho em sua casa grande, pensando naquele vídeo horrível na praia novamente e novamente. Ali não feriu apenas elas quatro liberando aquele vídeo. Havia tantas outras vítimas, também. Tantas vidas arruinadas. Iris brilhou na mente de Emily novamente. Ela seria mais uma vítima? E se ela fosse, Emily seria de alguma forma culpada por isso? Ela tinha sido acusada de tudo, afinal de contas.

A notícia mudou para um comercial sobre uma nova picape Ford. Emily verificou seu pai e sua irmã, mas eles não tinham se mexido. Girando, ela caminhou até o balcão da enfermaria. Uma mulher de aparência cansada em um jaleco com estampa de balões bebia de um copo de isopor de café. — Você pode me dizer qual é o quarto de Pamela Fields? — perguntou Emily. — Eu sou a filha dela.

A enfermeira examinou Emily cuidadosamente. — Sua filha Beth?

Emily piscou. — Não. Sua filha Emily.

Os olhos da enfermeira se arregalaram. — Você não está na lista da Sra.

Fields. Você não pode visitá-la.

— Mas eu sou filha dela.

A enfermeira pegou um telefone em sua mesa. — Eu realmente sinto muito sobre isso. Mas me disseram que você veio.. — Ela levantou o receptor ao ouvido dela. — Eu preciso da segurança.

Emily se afastou da mesa. Segurança? Por uma fração de segundo, ela não entendeu. . mas depois ela entendeu. Sua família pediu para mantê-la longe.

Ela se virou, de repente, entorpecida. — Eu estou saindo — disse ela, justo quando uma figura apareceu na porta da sala de espera. O Sr. Fields estava de pé agora, o seu escasso cabelo grisalho de pé em picos no topo de sua cabeça, seus olhos ainda sonolentos. Parecia que ele tinha ouvido toda a conversa. Emily olhou para ele melancolicamente, implorando silenciosamente que ele acabasse com o mal-entendido com a enfermeira.

O Sr. Fields olhou para a enfermeira, depois de volta para Emily. Seu olhar estava frio e morto, mas também firme e decidido. Então ele se virou e caminhou de volta para a sala de espera.

Ok, então. Engolindo um soluço, Emily passou por ele para o elevador. Ela mal notou o percurso para baixo, e ela correu com a cabeça baixa em direção a sua bicicleta.

Quando ela destrancou a bicicleta do suporte, o celular dela tocou. Ela puxou-o para fora e viu o nome de Jordan. A notícia tinha acabado de sair na CNN: Ladra Patricinha é Detida no Caribe.

Emily de repente não conseguia respirar. Ela clicou no link. Havia uma foto de Jordan, bronzeada e bonita, mas também parecendo atordoada e chateada, sendo levada algemada por um estacionamento. Katherine DeLong, em fuga desde março, finalmente foi capturada em uma pequena vila de pescadores em Bonaire. Atividade em Twitter levou à sua prisão.

Atividade em Twitter. Emily inspecionou a foto de Jordan novamente. Ela estava olhando diretamente para a câmera, aparentemente direto nos olhos de Emily. Sua expressão estava cheia de fúria. Eu sei que você fez isso comigo, seus olhos pareciam dizer a Emily e só a Emily. Aquela foto de você me traindo levou eles direto a onde eu estava me escondendo.

Emily afundou no assento da bicicleta, sentindo-se como se tudo estivesse girando rápido demais. De repente, seu celular tocou novamente. Um correio de voz tinha chegado em sua caixa de correio, mas ela nem mesmo tinha ouvido o celular tocar.

Ela discou o número de acesso ao correio de voz e clicou em seu código.

Quando a primeira e a única mensagem reproduziu, o celular quase escorregou dos dedos de Emily. Um riso penetrante ecoou pelo receptor. Isso parou seu coração.

Ela conheceria aquele riso em qualquer lugar. Ele estava zombando. Provocando.

Atormentando. Era o de Ali.

Ela olhou ao redor ansiosamente, considerando ir direto ao escritório do FBI e jogar isso para Fuji. Mas Fuji não iria querer ouvir. Ela acreditava no que ela queria acreditar. Ela pensava que Ali estava morta, que as meninas eram mentirosas.

Isso explicava por que Ali estava rindo tanto. Ela sabia que tinha vencido elas.

E, para ela, era simplesmente hilário. Hanna estava certa. Elas estavam apenas sentadas de braços cruzados, deixando isso acontecer.

Uma ideia cristalizou na mente de Emily. Ela escreveu uma mensagem para Spencer, Aria e Hanna. Eu estou farta e cansada de Anderson Cooper arruinando tudo, ela escreveu, usando o codinome que elas inventaram para Ali. Estou de volta à caça. Vocês estão dentro ou fora?

Ela enviou a mensagem e esperou, tomando respirações constantes e uniformes. Tudo o que ela podia fazer agora era esperar. Ela torcia e rezava que elas dissessem sim.


24

UM NOVO PLANO

Naquele mesmo dia, Aria se sentou na sala de espera de um escritório de advocacia. Bem, uma espécie de escritório — ela nunca conheceu um advogado que comandava o seu negócio em um shopping center entre a loja Five Below e a academia Curves, mas tanto faz. Mike sentou ao lado dela, olhando para um panfleto sobre uma ação popular em andamento sobre o uso de drogas. — Ei — ele sussurrou. — Você já tomou Celebrex? Prozac?

— Não — murmurou Aria.

— Você tomou Mesotelioma? — perguntou Mike.

— Eu nem sei o que é isso.

— Merda. — Mike pousou o panfleto. — Se você tivesse tomado, teríamos direito a um grande acordo.

Aria revirou os olhos, imaginando como Mike poderia ser otimista. Ela também estava começando a duvidar desta reunião — ela podia ouvir música techno da Curves batendo através das paredes. Esta manhã, Mike tinha batido em sua porta e disse, “Levanta. Vamos conversar com Desmond Sturbridge às dez da manhã. Nós vamos escondidos.” “Quem é esse?” Aria havia perguntado, e Mike tinha explicado que era um advogado que tinha ligado para a casa ontem se voluntariando para pegar o caso de Aria. Aria tinha tentado dizer-lhe que o pai de Spencer iria defendê-las, mas Mike apenas deu de ombros. “É sempre bom ter uma segunda opinião. Além disso, não precisaremos nem pagar esse cara novo a menos que nós ganhemos.”

Agora, a porta se abriu, e um homem alto, magro, com um sorriso forçado e cabelo tão penteado com gel que ele realmente brilhava, sorriu para eles. — Senhorita Montgomery e amigo! — ele exclamou. — Entrem, entrem!

Aria olhou nervosamente para Mike, mas ele apenas a puxou de pé e levou-a para o escritório. — Vai ficar tudo bem — ele murmurou enquanto seguiam Sturbridge pelo corredor. — Você tem um bom caso. Ele vai apresentar a verdade ao juiz — o que pode dar errado?

Aria esperava que ele estivesse certo. Ela entrou no escritório do advogado, que era decorado com bonecos bobble heads, camisas dos Eagles assinadas e um monte de embalagens vazias da lanchonete Arby. Havia também um diploma da Universidade de Michigan na parede, o que a fez se sentir melhor.

— Obrigada por falar conosco — disse ela enquanto se sentava.

— É claro, é claro! — Os olhos de Sturbridge brilharam. — Eu acho que você tem um caso muito interessante. E eu tenho algumas ideias para mantê-la fora da acusação da Jamaica.

Mike ergueu as sobrancelhas encorajadoramente. Aria puxou um caderno de sua bolsa e deslizou por cima da mesa. — Não temos muito tempo, já que o julgamento é sexta-feira, então eu escrevi tudo o que aconteceu para que você possa dar uma olhada em seu tempo livre. — Nesse caderno também havia desenhos que ela iniciou para dar a Asher Trethewey. Não que ela precisasse deles agora. Sturbridge acenou com a mão. — Isso não será necessário. Eu acho que eu tenho tudo que eu preciso.

Aria e Mike trocaram um olhar. — Mas você não tem nada — disse Aria. — Você não quer saber o que realmente aconteceu naquela noite?

— Deus, não. — Sturbridge parecia envergonhado. — Senhorita Montgomery, este é um caso complicado. Há testemunhas oculares, há um vídeo de você em cena.. não parece muito bom. Da forma como eu vejo, há realmente apenas uma maneira de representar este caso para que você saia vencedora.

— E qual é? — perguntou Mike.

— Nós alegarmos insanidade.

Ele parecia satisfeito consigo mesmo, como se tivesse descoberto uma nova lei da gravidade. Aria piscou duramente. — Mas eu não sou louca.

Uma sobrancelha dele se levantou. — Alucinando que Alison DiLaurentis está viva? Enviando mensagens de ameaças para si mesma?

— Aquelas mensagens não eram minhas! — gritou Aria.

Sturbridge sorriu tristemente. — A polícia diz que elas são.

Os ombros de Mike caíram. — Você está usando as informações que você leu sobre a minha irmã na internet, as porcarias que a polícia divulgou. Aquela não era ela no vídeo.

Sturbridge franziu o cenho. — Certamente se parece com ela.

— Mas não era eu — disse Aria. — Eu não fiz aquilo.

Sturbridge formou um X com seus dedos indicadores. — Eu não quero ouvir isso! — ele cantarolou. Em seguida, ele estendeu um conjunto de papéis grampeados através da mesa. — Se você quer ficar fora de uma prisão jamaicana, você vai assinar esta alegação de insanidade. Você vai ter uma estadia e uma avaliação psiquiátrica. Não é tão ruim. As possibilidades são que você acabe em um desses hospitais psiquiátricos cômodos por aqui, com todas as despesas pagas pelo Estado.

— Como a Reserva de Addison-Stevens? — Aria desafiou.

Os olhos de Sturbridge iluminaram. — Exatamente! Eu ouvi que a comida é maravilhosa lá.

Aria fechou os olhos e se forçou a respirar calmamente.

Mike jogou os papéis de volta para Sturbridge. — Obrigado pelo seu tempo, mas você está louco, cara. — Ele pegou o caderno do advogado e pegou o braço de Aria. — Vamos.

— Você vai se arrepender! — Sturbridge gritou quando eles fugiram pelo corredor.

— Desculpe — disse Mike, empurrando a porta aberta. Ele parecia infeliz. — Se eu soubesse o que ele estava pretendendo, eu nunca teria feito você passar por isso.

— Está tudo bem — Aria murmurou, olhando fixamente para um grupo de senhoras com sobrepeso reunidas na frente da Curves. Chega de procurar advogados.

Ela sentiu o zumbido do seu celular no bolso. Ela pegou-o e olhou para a mensagem. Estou de volta à caça, Emily tinha escrito. Vocês estão dentro ou fora?

No mesmo segmento, Hanna tinha respondido que podia contar com ela. Um minuto depois, Spencer disse que sim, também.

— O que é isso? — perguntou Mike, inclinando-se. Aria estava prestes a cobrir a tela, mas Mike já tinha visto a mensagem. Seu rosto se iluminou. — Isso.

Você está indo atrás de Ali de novo?

— Você não vai se envolver — disse Aria rapidamente.

Mike murchou. — Por que não? Eu sei de tudo. Eu posso ajudar. Você não tem nada a perder.

Aria fechou os olhos. — Sinto muito — disse ela. — Eu simplesmente não posso deixá-lo ajudar.

O rosto de Mike entristeceu. — Nas palavras imortais daquele advogado maluco, você vai se arrepender.

Aria empurrou o celular de volta no bolso. Não, ela se arrependeria se ela o deixasse ajudar. Ela já tinha perdido muito. Ela não podia perder o seu irmão, também.

Estava chovendo quando Aria pedalou até o meio-fio atrás do Wawa local várias horas mais tarde, depois de escurecer. Ela avistou suas velhas amigas que estavam perto da floresta que separava um mini-mercado de um complexo de apartamentos e caminhou na direção delas. Seus sapatos imediatamente afundaram na lama. Pingos de chuva se atiraram em suas bochechas. Ela puxou o capuz sobre a cabeça e correu.

Spencer respirou tremulamente quando todas se reuniram. — Ok. Como vamos fazer isso? O que temos sobre Ali que podemos investigar?

Todo mundo ficou em silêncio. Um caminhão de leite moveu-se em direção ao Wawa e estacionou ao lado. Então Emily limpou a garganta. — Eu recebi uma mensagem de voz de Ali. Ela estava rindo de mim. De nós.

Os olhos de Aria se arregalaram. — Ali ligou para você?

— Por que ela faria isso? — Spencer sussurrou, seu estômago se agitando.

— Eu não sei. — Emily colocou as mãos nos quadris. — Mas ela fez.

— Talvez ela pensou que você era menos propensa a contar sobre ela — sugeriu Spencer.

— Bem, ela estava errada. — Emily pegou o celular. Elas se reuniram ao redor e ouviram a voz. Quando Aria ouviu a risada estridente, um arrepio contorceu-se na sua espinha.

— Eu não posso acreditar — Hanna murmurou, empalidecendo. — Você acha que ela tinha intenção de ligar para você, ou o fez por acaso?

Emily fechou os olhos. — Eu não tenho ideia.

— Devemos mandar isso para Fuji? — Aria perguntou depois de um momento.

Spencer bufou. — Ela vai pensar que nós inventamos isso. Provavelmente veio de nossos celulares, pelo que sabemos.

Aria olhou para Emily. — Coloca novamente.

Emily fez como lhe foi dito. Aria ouviu mais uma vez aquela risada familiar girando no ar. — Parece que ela está em uma multidão, vocês não acham?

— E há algum tipo de anúncio — Hanna apontou. — Eu não consigo entender o que o rapaz disse, no entanto.

— Eu sei, eu ouvi isso, também — disse Emily. — Se fôssemos capazes de isolar essa parte da mensagem, talvez pudéssemos rastrear onde Ali estava quando ela ligou. Talvez seja algum lugar que ela vai muito.

— Ou talvez seja outra armadilha — disse Aria amargamente.

Hanna olhou com raiva para ela. — Você tem uma ideia melhor?

— Me desculpa. — Aria levantou as mãos. — Mas, mesmo que a mensagem seja mesmo uma pista, o que podemos fazer sobre isso? Não é como se nós pudéssemos ir até o Departamento de Polícia de Rosewood e dizer: Ei, podemos pegar emprestar seu equipamento forense?

Os olhos de Spencer se iluminaram. — Na verdade, eu conheço alguém que pode saber como usar essas coisas e nos ajudar.

Emily levantou a cabeça. — Quem?

— Minha irmã e Wilden.

Hanna deu uma gargalhada. — Melissa? Sério?

— Ela ofereceu sua ajuda. E pensando sobre isso, é claro que Melissa quer Ali morta. — Spencer cruzou os braços sobre o peito. — Podemos pegar um trem para a cidade. É tão tarde, ninguém vai nos notar no trem. A pior coisa que pode acontecer é Melissa bater a porta na nossa cara. . ou chamar a polícia.

Aria olhou fixamente para o Wawa, considerando isso. O vento soprou, enviando o doce cheiro de donuts caseiros da loja de conveniência para suas narinas. — Estou dentro se vocês estiverem.

— Eu também — disse Hanna.

— Então somos três — disse Emily, com os olhos em chamas. — Vamos.


25

BREVE DISCURSO

— Uh, oi? — Melissa Hastings disse quando abriu a porta vermelha de sua casa vitoriana na Rittenhouse Square para Spencer e as outras. Era quase meia-noite, e ela estava com um creme noturno com cheiro de lavanda por todo o rosto e estava usando uma camisa velha da Equipe de Debate de Rosewood Day e boxers com mini golden retrievers. Spencer tinha a sensação de que eram de Wilden.

— Podemos entrar? — ela perguntou a sua irmã. — É importante.

Melissa olhou para as outras meninas na varanda, depois assentiu firmemente. — Entrem.

Ela as direcionou para dentro da casa, pedindo-lhes para deixar suas coisas e seus calçados em um pequeno vestiário fora da sala de estar. Elas entraram na sala de estar, que tinha uma cor amarela calmante e pisos de madeira de nogueira brilhantes. Os móveis, os enfeites e os jogos de tapetes combinavam perfeitamente.

A sala parecia familiar, e de repente, Spencer sabia o motivo. Ela foi decorada exatamente como a sua casa em Rosewood. A TV na sala de estar estava sintonizada na CNN. Como de costume, os repórteres estavam falando sobre o assassinato de Tabitha. O Julgamento das Mentirosas Será em Sete Dias, dizia na faixa na parte inferior da tela. Só se falava disso na TV. Melissa desligou-a.

— Spencer? Hanna? — Wilden apareceu no topo da escada, também usando boxers e uma camisa. Ele parecia nervoso.

O estômago de Spencer revirou. Talvez fosse uma má ideia, Melissa estava do seu lado, mas Wilden estava?

Melissa deu um passo adiante. — Darren, precisamos ajudá-las.

Wilden suspirou e desceu para o primeiro andar. Sua expressão era cautelosa, mas também curiosa. Emily enfiou a mão no bolso e entregou-lhe o celular. — Tem uma mensagem de voz que eu quero que você escute. Eu tenho quase certeza de que é Ali.

— Você tem algum tipo de equipamento que possa amplificar uma parte da gravação? — Spencer perguntou. — Nós poderíamos descobrir onde ela estava quando a mandou.

— Ou até mesmo isolar a voz para provar que é dela — Emily acrescentou. — Os policiais não acreditam que ela ainda está viva. Temos que fazê-los acreditar.

Wilden estreitou seus olhos verdes. — Eu ainda não tenho certeza de que isso é uma boa ideia.

— Darren, por favor. — Melissa esgueirou-se ao lado dele. — Ela é minha irmã. Spencer engoliu um nó na garganta. Era tão bom ouvir Melissa dizer isso.

Wilden olhou de uma garota para a outra. — Tudo bem — ele disse depois de um momento, em seguida, pegou o celular de Emily e sentou-se no sofá. — Quando eu trabalhava para a polícia de Rosewood, nós utilizávamos um programa que nós acessávamos na intranet — tudo o que você precisava era de um arquivo digital da gravação. Se os códigos da intranet não mudaram, eu consigo entrar no sistema.

— Isso seria incrível — Emily arfou.

Melissa correu de volta para um quarto. As meninas sentaram no sofá e esperaram. Melissa voltou com um MacBook Air prata e um cabo USB. Wilden levantou a tampa e digitou alguma coisa no teclado. — Consegui. — Ele entregou o celular e o USB a Emily. — Encaixe o USB no celular e depois reproduza a gravação.

Emily fez o que lhe foi dito, acessou a sua caixa postal e encontrou a mensagem salva de Ali. Houve o som de muitas vozes falando ao mesmo tempo, todas as palavras abafadas. Então a risada arrepiante de Ali ecoou pela sala. Todo mundo ficou tenso. Ela riu por uns bons cinco segundos e, em seguida, a gravação terminou.

Melissa fechou os olhos. — Com certeza é ela. — Até mesmo Wilden parecia assustado.

Eles reproduziram a mensagem novamente. Melissa inclinou seu ouvido para o celular. — Parece que ela está em uma multidão.

— Foi o que nós pensamos, também. — Spencer olhou para o laptop. Um programa de áudio que quebrava o correio de voz em pedaços de ondas de informação e de sons estava na tela. Toda vez que Ali ria, uma onda sonora aparecia. No fundo, havia aplausos e risos. Alguém fez um anúncio ilegível sobre um megafone, e uma segunda onda atingiu o topo.

— Vocês ouviram isso? — Spencer apontou para a segunda onda. — Nós achamos que se pudéssemos ouvir o anúncio, poderíamos descobrir de onde ela enviou.

Melissa, que estava no canto do sofá, abraçou os joelhos contra o peito. — Eu não acredito que ela seja corajosa o suficiente para mandar do meio de uma multidão.

— A não ser que ela não estivesse no meio da multidão, mas perto dela — Spencer disse.

Wilden ouviu a voz mais uma vez, destacou a segunda onda sonora pontuda, e clicou em um botão na parte inferior da tela. O ruído de fundo esmaeceu e o anúncio ficou mais alto, mas não era mais claro.

Houve um ruído de arranhar em algum outro lugar da casa. Spencer se levantou. — O que foi isso?

Todo mundo ficou em silêncio. O rosto de Hanna estava pálido, e Emily não moveu um músculo. Algo farfalhou. Houve um pequeno rangido. Aria colocou a mão sobre a boca.

Melissa se levantou do sofá e olhou ao redor. — Este lugar tem cem anos. Faz muito barulho, especialmente quando está ventando.

Eles escutaram por mais alguns momentos. Silêncio. Wilden voltou-se para o computador. — Deixe-me tentar outra coisa — ele murmurou, pressionando mais alguns botões.

A mensagem tocou novamente. Melissa olhou firmemente. — Parece que alguém está dizendo Mo Mo através de um megafone... e, em seguida, a mensagem é cortada.

Wilden clicava em REPRODUZIR continuamente. Aplausos. O barulho alto de um megafone. Mo, Mo. — Talvez eles estejam em um evento esportivo — Hanna sugeriu.

— E o esconderijo de Ali é embaixo das arquibancadas? — Spencer perguntou, dando a Hanna um olhar duvidoso.

Wilden clicou em mais botões. Em seguida, uma mensagem apareceu na tela.

Usuário desconhecido, brilhou na tela. Acesso negado. — Merda — ele disse, sentando-se. — Acho que eles perceberam que alguém de fora está usando isso.

Eles me bloquearam.

Spencer se inclinou para frente. — Você pode tentar entrar com um nome diferente?

Wilden fechou a tampa do laptop e balançou a cabeça. — Eu acho que eu não deveria. Eu não deveria estar fazendo isso.

Spencer olhou dele para a irmã. — Você não pode fazer nada?

Os olhos de Wilden corriam de um lado para o outro. — Eu sinto muito, meninas.

Lágrimas encheram os olhos de Melissa. — Isso não é justo. Vocês não merecem isso. Alison não deveria ganhar.

— Você já falou com o papai? O que eles acham das nossas chances? — Spencer perguntou. — Toda vez que eu pergunto a Goddard ou os outros caras da equipe de advogados, eles me enrolam. Você acha que nós vamos realmente sermos mandadas para a Jamaica?

Melissa olhou para Wilden. Ele se virou para longe. Quando ela olhou para Spencer, havia lágrimas em seus olhos. — Papai está dizendo que está sem esperanças — ela sussurrou.

O estômago de Spencer revirou. Ela estendeu a mão e agarrou a mão de Aria.

Emily deitou a cabeça no ombro de Hanna. Sem esperanças.

— O que vamos fazer? — Emily gemeu.

Wilden pigarreou. — Não façam nada precipitado, meninas. Eu tenho ouvido os.. rumores.

Todas trocaram outro olhar. Não valia nem a pena perguntar, todas elas já sabiam sobre o que os rumores eram: o pacto de suicídio. De repente, Spencer pensou que realmente não parecia uma ideia tão ruim. O que elas tinham a perder, afinal de contas?

Mas, então, Spencer olhou para Melissa novamente. Ela parecia preocupada, quase como se ela pudesse ler os pensamentos de Spencer. Spencer colocou a mão sobre a de Melissa, e sua irmã puxou-a para um abraço. Depois de um momento, Aria abraçou-as também, e, em seguida, Emily e Hanna. Spencer inalou o cheiro de sabão e limpeza de Melissa. Era bom estar do lado de Melissa depois de tantos anos de ódio. Mesmo que ela não tivesse ajudado em nada, pelo menos alguém se importava.

Porque não havia nada a fazer, todo mundo se levantou e se dirigiu para a porta. Melissa seguiu-as de cabeça baixa, parecendo derrotada. Ela se ofereceu para levar Spencer e as outras para o trem, mas Spencer recusou. — Você já fez o suficiente.

— Ligue-me se você precisar de alguma coisa — ela disse a Spencer, as lágrimas agora escorrendo pelo seu rosto. — Mesmo se você só quiser conversar.

Eu vou estar sempre aqui.

— Obrigada — Spencer disse, dando-lhe um aperto de mão.

E então ela se virou para a rua. A temperatura exterior caiu significativamente, e a lua estava agora escondida nas nuvens. Spencer colocou seus braços com força em volta do seu torso e seguiu as outras de volta para a estação de trem. Ninguém disse nada, porque o que havia para dizer? Era outro beco sem saída. Outra vantagem perdida.


26

O LUGAR MAIS ESCURO DE TODOS

Na próxima quinta-feira, Emily acordou com uma dor de cabeça e um céu azul perfeito. Ela tentou sair da cama, mas suas pernas não se moviam. Você tem que se levantar, ela disse a si mesma.

Mas, por quê? Sua formatura em Rosewood Day era em uma hora, mas não era como se a escola fosse permitir que ela fizesse parte dela. Ela tinha tido permissão para assistir, mas por que ela quereria assistir? E mais do que isso, sua mãe ainda não havia retornado do hospital, os itens mais caros estavam desaparecendo da sua casa e o FBI ainda pensava que Ali estava morta e que as meninas tinham matado Tabitha. O julgamento de Emily era amanhã, e então ela seria embarcada para a Jamaica. Tudo ao seu redor, o verão, estava desfraldando: Seus vizinhos estavam grelhando e brincando com seus cães e indo a caminhadas ao redor do bairro. Mas quando Emily apenas olhava para as flores desabrochando ou a brilhante grama verde, tudo o que ela sentia era medo. Tudo isso era para que outras pessoas apreciassem, não ela.

Ela pegou o celular dela, entrou na CNN, e olhou novamente o vídeo. Até agora, onze mil oitocentas e quarenta e duas — não, quarenta e três — pessoas tinham comentado que Emily e suas amigas eram o mal encarnado. Ela estremeceu quando as meninas sombrias bateram em Tabitha até a sua morte. Elas se pareciam com elas quatro. Além disso, se a polícia suspeitasse que o vídeo era falso, eles já não teriam ampliado a coisa, usando todos os seus equipamentos de alta tecnologia para provar isso? Ali tinha de alguma forma feito com que o vídeo fosse infalível.

Portanto, descubra quem N pode ser, uma voz disse a ela.

Outra impossibilidade. A equipe da Reserva nunca ia permitir que uma suspeita de um crime se infiltrasse em seu prédio. Além disso, eles já haviam recusado quando ela tinha pedido.

Mas ela discou o número da Reserva mesmo assim, com outra coisa em sua mente. Quando uma enfermeira atendeu, Emily tossiu. — Iris Taylor voltou? — ela perguntou com a voz trêmula.

— Deixe-me ver. — Houve uma digitação. — Não, Iris Taylor não está aqui — ela respondeu.

Emily agarrou o celular com força. — Vocês não a encontraram?

Houve um sussurro do outro lado, e uma segunda voz entrou na linha. — Quem é? — um homem exigiu. — Você é outro repórter? — E então, ele desligou.

O tempo de chamada piscou na tela de Emily. Ela colocou o celular em cima da mesa de cabeceira e olhou fixamente para fora da janela. Iris estava lá fora em algum lugar. Quem sabia se ela estava viva ou morta? E era tudo culpa de Emily.

De repente, uma segunda voz soou na cabeça de Emily, esta era mais baixa e estranhamente hipnótica. Então desista, ela ecoou. Apenas fique na cama. Feche os olhos. Não adianta fazer nada.

Uma porta bateu do lado de fora, e Emily abriu os olhos mais uma vez.

Embora tenha sido necessário um enorme esforço, ela levantou-se da cama e atravessou o corredor para a janela da frente. Lá fora, seu pai estava ajudando sua mãe a sair de um táxi. Carolyn agarrou as bolsas da Sra. Fields, e a irmã de Emily, Beth, e seu irmão, Jake, estavam ao redor, tentando ser úteis.

Ela viu sua mãe mancar até a porta da frente. A Sra. Fields parecia grisalha e velha, claramente doente. A porta rangeu quando ela se abriu, e Emily ouviu vozes lá embaixo. — Sente-se aqui — o Sr. Fields incentivou suavemente. — Está vendo?

Isso não está bom?

— Quer alguma coisa, mãe? — Era a voz de Beth.

— Que tal um refri? — disse Jake.

— Isso seria ótimo — disse a Sra. Fields. Sua voz estava áspera, como uma avó. Houve passos rápidos, e o som da geladeira se abrindo e se fechando. Emily hesitou no topo da escada, mais nervosa do que ela se sentiu sobre o bloco de partida antes da competição de natação do campeonato estadual no ano passado.

Depois de algumas respirações ofegantes, ela endireitou os ombros e desceu as escadas.

Beth e Carolyn estavam sentadas no sofá, com as mãos no colo e com sorrisos contorcidos. Jake voltou da cozinha com um copo de refrigerante. O Sr. Fields estava agachado perto da TV, fazendo algo com a caixa de distribuição de cabos, e a mãe de Emily estava sentada na cadeira, com o rosto pálido e enrugado.

Quando Emily chegou ao fundo das escadas, todo mundo congelou. Os lábios de Carolyn enrugaram. Jake se levantou. Beth olhou para o lado, o que fez Emily se sentir especialmente terrível.

Emily deu um passo em direção a sua mãe. — É tão bom vê-la em casa — disse ela com a voz trêmula. — Como você está se sentindo?

A Sra. Fields olhou para suas mãos. De repente, sua respiração começou a acelerar.

— Cansada? — Emily tentou. — Eles alimentaram você bem no hospital?

A Sra. Fields estava realmente ofegante agora. Carolyn deixou escapar um gemido. — Pai, faça alguma coisa.

— Ela não deveria estar aqui — disse Beth rapidamente e bruscamente.

O Sr. Fields levantou-se da sua posição perto da TV. Ele havia desligado a caixa de cabos da televisão. Eles estavam tão falidos que não podiam nem pagar a TV a cabo mais? — Você precisa voltar lá para cima — ele disse com firmeza a Emily, com os olhos frios.

— Eu sinto muito, gente — ela disse com dificuldade. — Eu sinto muito, muito mesmo.

Em seguida, ela fugiu de volta para cima, segurando seus soluços só até que ela estava em segurança atrás da sua porta fechada. Seu celular estava piscando em cima da cama. ALERTA DO GOOGLE PARA A LADRA PATRICINHA, dizia a tela.

Emily examinou as manchetes. O julgamento da sentença de Jordan foi agendado para a próxima semana. Especialistas dizem que sua sentença será algo entre vinte e cinquenta anos.

Emily jogou o celular contra a parede. Jordan estaria bem se não fosse por Emily. Ela tinha arruinado sua vida, também.

Subitamente, ela pensou em Derrick, seu amigo desde o último verão.

Quantas vezes ele segurou a mão dela na sala de descanso quando ela abriu o coração sobre como ela estava com medo de ter o bebê? Quantas vezes ela ligou para ele no meio da noite porque não conseguia dormir? Ela o tinha visto não muito tempo atrás, quando A estava atormentando-a sobre Gayle, então ela sabia que ele ainda estava por perto. Talvez ele a escutasse. Talvez ele entendesse.

Ela pegou o celular do tapete e discou o número dele, mas a chamada foi para o correio de voz. Emily desligou sem deixar uma mensagem. E se Derrick viu o seu número e clicou em ignorar? Talvez ele pensasse que ela era uma assassina, assim como todos os outros pensavam. Talvez ele ainda estivesse chateado por ela ter feito ele perder o emprego com Gayle, porque ela não tinha dado a Gayle seu bebê — da última vez que ela o tinha visto, ele tinha mencionado isso. Ela tinha impactado negativamente a vida de Derrick, também.

Ela era o oposto do Rei Midas — tudo e todos que ela tocava virava podre, e havia tão pouco agora que ela poderia corrigir. De repente, algo lhe ocorreu. Muito disso estava fora de seu controle, mas havia uma maneira de ela poder fazer sua família feliz outra vez, obtendo o seu dinheiro de volta e curando a sua mãe. Ela poderia desaparecer completamente.

Mas ela ousava sequer pensar nisso?

Emily apertou o travesseiro com força. Se ela não estivesse aqui agora, se ela não fosse um fator de estresse constante, a mãe dela iria se recuperar. Mas quando ela pensou em fugir, ela não quis dizer simplesmente sair da cidade. Era uma decisão maior, mais assustadora e mais definitiva do que isso.

Ela salvaria a sua família. E quem sentiria falta dela?

Uma gargalhada explodiu do andar de baixo. Alguém abriu a porta e fechou novamente. Emily levantou-se da cama e ficou no meio do quarto com os dedos se contraindo. De repente, ela não conseguia retirar o pensamento de sua mente.

Fazia tanto sentido. Ela não podia viver assim. Ela não podia deixar sua família sofrer. Ela não podia ir para a Jamaica, também. Talvez os rumores estivessem rodando porque Ali e seu ajudante os plantaram. Talvez todo mundo pensasse que era o próximo passo lógico.

Emily fechou os olhos e pensou por um momento. A ponte coberta de Rosewood veio à sua mente. A maior parte da ponte tinha um teto sobre ela, as paredes internas eram revestidas com graffiti, mas havia uma pequena passagem do lado de fora que estava aberta para a água abaixo. O fluxo era profundo nesta época do ano por causa de toda a neve derretida. E ainda estaria fria, também.

Entorpecente.

Com o coração acelerado, ela vestiu jeans e uma camiseta. Então, juntando a sua coragem, ela abriu a sua janela, rastejou para o telhado, subiu na árvore de carvalho, e deslizou para baixo do tronco, do jeito que ela sempre fazia quando ela escapava. O caminho até a ponte era uma caminhada de vinte minutos. No momento em que seu pai fosse verificá-la — se ele sequer fosse verificá-la — ela estaria muito longe.


27

AMIGAS NÃO DEIXAM AS AMIGAS

PULAREM

Naquela mesma manhã, Spencer e Melissa estavam na Formatura de Rosewood Day. Todos os cento e seis colegas seniores de Spencer, usando becas de formatura brancas e pretas e capelos com franjas azuis, estavam sentados em cadeiras dobráveis na frente de um palco improvisado. Spencer, no entanto, estava usado um vestido de algodão simples e não usava o capelo.

Os rostos dos alunos que ela passara os últimos doze anos estavam cobertos de censura. Phi Templeton estava sentada ao lado de Devon Arliss. A amiga de hóquei de campo de Spencer, Kirsten Cullen, riu com Maya St. Germain. Noel Kahn, ainda parecendo um pouco fraco, estava sentado com os seus amigos de lacrosse.

Naomi Zeigler, Riley Wolfe e Klaudia Huusko sussurraram umas paras as outras. Os membros do elenco de inúmeras peças da escola que Spencer tinha estrelado brincavam com suas franjas do capelo. Seus companheiros de jornal e livro do ano se abanavam com suas programações do baile. Nenhum deles olhou para ela. Não havia nem mesmo quatro lugares vazios, indicando onde Spencer, Aria, Emily e Hanna deveriam estar sentadas. Era como se Rosewood Day tivesse apagado elas de sua memória.

Spencer olhou em volta, querendo saber se qualquer uma das outras tinha chegado. Ela finalmente avistou Aria e sua mãe do outro lado do campo. Hanna estava sob as arquibancadas. Emily não estava em nenhum lugar. Talvez ela tenha feito o certo.

O diretor Appleton pigarreou no palco. — E agora, eu apresento a vocês, o nosso orador oficial, Mason Byers.

Houve trovejos de aplausos quando Mason se levantou de um assento na primeira fila e subiu ao palco. Spencer balançou a cabeça levemente. Mason Byers?

Claro, ele era inteligente, mas ela não tinha ideia de que ele era o próximo na lista para o orador oficial. Ela deveria estar lá em cima agora. Ela tinha um discurso preparado desde o segundo ano. Conhecendo Mason, que nunca havia se interessado por nada, provavelmente tinha escrito o discurso ontem à noite.

Melissa estendeu a mão e apertou a mão de Spencer. — Vai ficar tudo bem.

Spencer engoliu um nó na garganta, grata por ter alguém ao seu lado que compreendia o quão doloroso era isso. Mas isso era demais para ela. — Vamos sair daqui — ela murmurou, caminhando em direção ao estacionamento.

Melissa a seguiu. Ao passarem pela grande fonte na frente do ginásio, ela tossiu. — Escute, nós estamos batalhando para encontrar um advogado de alto nível da Jamaica. Darren tem alguns contatos lá, assim como o papai.

Spencer beliscou a ponta do nariz, odiando que os advogados não tenham nem sequer considerado a possibilidade de julgar o caso nos Estados Unidos. — Você sabe quanto tempo leva para um caso ir a julgamento na Jamaica?

— Eu recebi respostas conflitantes. — Os calcanhares de Melissa zumbiam na calçada. — Algumas pessoas disseram apenas alguns meses. Outros disseram anos.

Spencer deu um pequeno gemido.

Um grito ecoou no baile. Melissa parou no meio do estacionamento lotado. — Sinto muito — ela disse com um olhar triste no rosto. Ela olhou ao redor do estacionamento, e depois inclinou-se para mais perto. — Se vocês forem mandadas para a Jamaica, eu vou procurar por ela depois que você for embora. Eu não vou parar até que ela esteja morta.

Spencer balançou a cabeça. — Não faça isso. É incrível você estar fazendo isso por mim, mas ela é perigosa. Ela vai te matar, Melissa. Eu não conseguiria viver com isso.

— Mas. . — Melissa parou e suspirou. — Não é justo.

Spencer não achava justo, tampouco. E isso era tão irônico: Só quando ela e Melissa estavam realmente e verdadeiramente unidas, tornando-se as irmãs que Spencer sempre esperou que elas fossem, sua vida havia acabado.

Seu celular tocou alto. Spencer olhou para o ID. EMILY. Quando Melissa abriu o carro, Spencer atendeu. Não houve resposta, apenas o som do vento. — Alô? — Spencer disse. — Em?

E então ela a ouviu chorando. Os soluços eram suaves no início, mas depois eles se intensificaram.

— Emily — Spencer gritou ao telefone. — Em, você está aí? Por que você não veio à formatura?

O choro parou. Houve algum farfalhar, e depois Emily fungou ruidosamente para o receptor. — S-Spencer — ela berrou.

Spencer se endireitou. — Por que você não veio na formatura?

— Eu só queria ligar para dizer adeus.

Mais vento soprou contra o alto-falante. Na extremidade da linha de Spencer, a banda tinha acabado de atingir as notas iniciais de “Pomp and Circumstance”.

— O que está acontecendo? — De repente, parecia que Emily estava chorando de novo. Spencer agarrou o celular com mais força. — Em. O que está acontecendo?

— Eu simplesmente não posso mais fazer isso — Emily disse. Sua voz não tinha nenhuma entonação. — Eu realmente sinto muito. Eu simplesmente. . cansei.

A pele de Spencer se arrepiou. Ela já ouviu o desespero de Emily antes, especialmente depois que ela teve o bebê. Mas isso parecia diferente, como se Emily estivesse em um lugar escuro e sombrio e não tivesse ideia de como salvar a si mesma.

— Onde você está? — ela exigiu, segurando o celular com força. Melissa parou de entrar no carro, dando a Spencer um olhar curioso.

— Não importa. — Houve um apito, talvez um carro passando. — Você nunca vai chegar aqui a tempo.

O coração de Spencer acelerou. — O que você quer dizer? — ela exigiu, ainda que, assustadoramente, ela achasse que soubesse. Ela andou em um círculo, sentindo-se impotente. — Em, seja lá o que você esteja pensando em fazer, não faça. Eu sei que as coisas estão difíceis agora, mas você tem que aguentar. Apenas me diga onde você está, ok?

Emily riu amargamente. — Eu provavelmente não vou mesmo me afogar, sabe. Era isso o que eu estava pensando antes de eu acidentalmente ligar. Eu escolhi uma ponte e eu sou a droga de uma nadadora.

— Uma ponte? — Os olhos de Spencer se lançaram de um lado para o outro.

Melissa estava agora de pé ao lado dela com os olhos arregalados e cheios de perguntas. — Qual? A ponte coberta?

— Não — Emily disse rapidamente, mas Spencer sabia que ela estava mentindo. — Não venha, Spencer. Eu vou desligar agora.

— Em, não! — Spencer gritou. A chamada finalizou. Spencer tentou ligar para Emily de novo, mas só tocou e tocou, nem mesmo foi para a caixa postal.

— Merda — Spencer disse em voz alta.

— O que está acontecendo? — Melissa perguntou.

A garganta de Spencer estava seca. — É Emily. Ela está em uma ponte. Acho que ela vai. . — Ela parou, mas pela expressão no rosto de Melissa, era óbvio que ela sabia o que Spencer quis dizer.

— Qual ponte? — Melissa exigiu.

— A única coberta do outro lado da cidade — Spencer disse. Ela olhou para Melissa. — Posso levar o seu carro?

Melissa franziu os lábios. — Eu vou com você.

Spencer se virou. — Eu não quero te envolver nisso. — E se Ali levou Emily lá? E se for perigoso?

Os olhos de Melissa estavam firmes. — Pare com isso. Vamos.

No gramado, os alunos estavam caminhando até o palco e recolhendo os seus diplomas com aplausos. Spencer entrou no carro e bateu a porta. Melissa ligou o motor e acelerou para fora do estacionamento para a rua misericordiosamente vazia. — Não vai demorar muito tempo para chegarmos lá — ela disse, olhando fixamente para a estrada.

Quando o Diretor Appleton chamou o nome de Chassey Bledsoe, Spencer discou 911. — Uma amiga minha vai pular da ponte coberta de Rosewood — ela gritou quando atenderam. — Enviem uma ambulância, agora!

Melissa virou na garagem principal da escola. Spencer então ligou para Aria e Hanna, ela não queria perder um tempo precioso procurando-as na formatura.

Hanna atendeu no segundo toque. Spencer podia ouvir os aplausos no fundo. — Precisamos ir para a ponte coberta — ela gritou. — Emily está em apuros.

— O que você quer dizer? — Hanna perguntou.

— Eu não sei. — Spencer mordeu o lábio. — Mas eu acho que nós precisamos ir até ela. Encontre Aria e me encontre lá, ok?

— Definitivamente — Hanna disse com urgência, e desligou.

Melissa acelerou em torno de outra curva. Ela deu a Spencer um olhar de soslaio. — E se a gente chegar lá e for tarde demais?

Spencer mordeu com força o dedo mínimo. — Eu não sei.

O carro acelerou pela estrada que levava à ponte, perto de uma fazenda de queijo, uma enorme propriedade cercada por hectares de gramado e um restaurante chique escondido em um antigo celeiro. Quando Melissa estava a apenas uma colina de distância de chegar à ponte, Spencer olhou para frente na estrada, em seguida, para trás. — Por que eu não ouço uma ambulância? — ela disse em voz alta.

— Eu estava pensando a mesma coisa — Melissa murmurou. Mas, então, ela apertou o acelerador. — Vai ficar tudo bem — ela disse quase com raiva. — Nós vamos chegar lá.

Elas fizeram a curva final. Por favor, não pule, Spencer repetia continuamente com uma sensação de mal estar em seu estômago. Por favor, por favor, por favor, Em, não pule.

A ponte rústica coberta de pichações apareceu na frente dela. Não havia polícia ou paramédicos em nenhum lugar. Assim que Melissa encostou no acostamento, Spencer pulou para fora do carro e correu para o pequeno peitoril que cercava a ponte. Ela olhou para o lado esquerdo, depois para o direito. Não havia ninguém lá.

— Emily? — Com o coração na garganta, Spencer olhou para a água correndo por baixo, à espera de ver um flash do cabelo vermelho-dourado de Emily nas corredeiras.

O carro de Aria rugiu em um lugar próximo, e ela e Hanna saíram do carro e correram em direção à ponte. — Lá está ela! — Aria gritou. Uma placa se projetava da ponte; Emily estava atrás dela. O vento soprava seu cabelo em torno do seu rosto. Lágrimas manchavam suas bochechas. Ela se inclinou sobre a água com seu peito arfando.

— Emily — Spencer gritou. — Não!

Emily olhou para elas, e seu rosto franziu. — Me deixem em paz. Eu tenho que fazer isso.

— Não, você não tem! — Hanna gritou, chorando também.

Emily olhou desanimada para as corredeiras. — Ninguém me quer. Minha família quer que eu morra.

— Eles estão apenas chateados — Spencer encorajou. — Eles não se sentem assim de verdade.

Emily apertou as mãos sobre os olhos. — Vocês vão dizer que vocês não pensaram nisso? Nós somos melhores mortas. Claro que nós iríamos querer acabar com tudo isso.

Spencer trocou um olhar horrorizado com as outras.

— Você não vê o que está acontecendo? — Hanna choramingou. — Ali planejou isso tudo. Foi ela quem enviou as mensagens de suicídio dos nossos celulares para os nossos amigos e familiares, fazendo com que pareça que queríamos nos matar. É tão óbvio, Em.

Emily encolheu os ombros. — E? Isso ainda não muda nada.

— Muda sim! — Hanna bateu seu punho contra a parede da ponte. — Por meses — anos — nós deixamos Ali nos manipular. Nós a deixamos nos fazer pensar que as pessoas que amamos eram A. Aria perdeu Noel por causa disso. E

Spencer suspeitou da mãe dela, lembra? Agora Ali está usando o poder de sua influência para nos fazer pensar que deveríamos cometer suicídio — e nós estamos permitindo. Você realmente vai deixá-la ganhar de você?

Emily olhou para Hanna. — Mas por que ela iria querer que a gente cometesse suicídio? Ela já ganhou por nos mandar para a Jamaica.

— Talvez ela tenha medo que a gente seja absolvida — Spencer gritou sobre a ponte. — Ou talvez ela tenha medo que a gente continue investigando enquanto estivermos na prisão e encontre-a de verdade. Essa é a opção mais segura para ela.

Nós morrermos por nossas próprias mãos. Ela não teria que levantar um dedo.

O queixo de Emily tremeu. — Eu não sei se isso faz sentido. Como poderíamos investigar ela na Jamaica?

— Eu vou ajudar vocês! — Melissa falou a alguns metros de distância. — Eu vou fazer o que puder!

Spencer deu-lhe um olhar agradecido, então virou-se para Emily. — Nós precisamos de você, Em. Temos que ficar juntas se quisermos vencer A.

Emily fechou os olhos com força, tomada pela emoção. — Gente. .

— Por favor — Spencer implorou.

De repente, sirenes finalmente soaram atrás delas. Uma ambulância estacionou na represa, e vários homens com jaquetas da emergência médica saíram. — Onde ela está? — gritou o primeiro que saiu, um jovem com barba.

— Ali! — Melissa apontou para a borda.

O técnico balançou a cabeça, em seguida, se reuniu com os outros dois homens que tinham saído do veículo. Um deles solicitou reforço em um walkie-talkie. O segundo começou a puxar o equipamento médico para fora do carro.

O primeiro homem ergueu os ombros, enrolou uma corda em torno de sua cintura e enrolou o fim da corda em um poste na ponte. Em seguida, ele avançou para a borda estreita. — Venha aqui, querida — ele disse suavemente, quase carinhosamente. — Você está segura.

Emily olhou para ele com seus olhos selvagens.

— Pegue a minha mão — o técnico implorou. — Por favor, não pule.

— Nós precisamos de você, Em — Hanna chamou.

— Nós te amamos! — Spencer falou.

Os outros dois paramédicos estavam parados perto da água, prontos para pular caso Emily pulasse. O homem na ponte se aproximou dela, a corda em volta de sua cintura se alongando firmemente. Emily não se mexeu. Finalmente, ele estava perto o suficiente para envolver seus braços em volta dela. Emily se encolheu contra ele com o rosto contorcido de angústia. Ele levantou Emily e, lentamente, avançou para trás, para frente da ponte. Quando eles estavam em terra firme, ele gentilmente colocou Emily na grama. Ela estava chorando.

Spencer correu para ela e envolveu-a em um abraço. Aria e Hanna fizeram o mesmo. Todas elas começaram a chorar. — Oh meu Deus — Spencer disse continuamente.

— Como você pode ter feito isso? — Hanna choramingou.

— Nós poderíamos ter te perdido — Aria acrescentou.

Emily estava chorando tanto que ela não conseguiu falar. — Eu só... não pude...

Spencer apertou-a com força. Hanna envolveu seu suéter sobre os ombros dela. Um dos paramédicos trouxe outro cobertor e colocou sobre Emily, também. O

homem que tinha salvado Emily disse pelo rádio que eles não precisavam mais de reforços — a garota estava segura. Depois ele se sentou ao lado das meninas e verificou as pupilas de Emily para se certificar de que ela não tinha entrado em choque. Ele não falou nada sobre quem as meninas eram ou o que elas estavam enfrentando — talvez ele nem soubesse.

A choradeira de Emily se dissolveu em soluços. Todas as meninas se agarraram a ela com força, como se tivessem medo de que poderiam perdê-la novamente. Até mesmo Melissa juntou ao abraço, acariciando os cabelos de Emily e dizendo-lhe que ela ia ficar bem. Spencer se permitiu um momento para imaginar o que aconteceria se eles não tivessem pego Emily a tempo. O ar deixou seus pulmões. Ela ficava aterrorizada só de pensar nisso. Se uma delas morresse, uma parte de Spencer iria morrer também. Essa era a pequena fresta de esperança em ir para a Jamaica — pelo menos elas iriam juntas. Elas não enfrentariam isso sozinhas.

Seus pensamentos se voltaram para Ali novamente. Claro que ela tinha plantado o suicídio em todas as suas mentes. E olha o que isso quase tinha causado.

Olha quem isso quase tinha levado. Essa vadia merecia ser destruída por tudo isso.

Agora, mais do que nunca.

Melissa voltou para o carro, dando as meninas alguns minutos a sós. Uma minivan contornou a curva, desacelerando na frente da ambulância. Spencer não reconheceu a mulher atrás do volante, mas havia um adesivo apagado com LACROSSE DE ROSEWOOD DAY na parte de trás. Spencer arfou.

— O que foi? — Aria perguntou, olhando-a com curiosidade.

— Eu descobri como poderíamos caçar Ali — Spencer disse. — Mas você não vai gostar.

Aria franziu o cenho. — O que você quer dizer?

Uma brisa fria passou pelas costas de Spencer. — Estou falando de Noel.

O rosto de Aria endureceu. — O que tem Noel?

— Talvez ele saiba alguma coisa sobre Ali. Talvez ele não tenha lhe contado tudo. Aria parecia chocada. — Você quer que eu fale com ele? — Spencer assentiu.

Aria balançou a cabeça. — De jeito nenhum.

— Eu acho que Spencer está certa — Hanna disse. — Talvez Noel nem tenha percebido o que sabe. E se isso nos levar até ela?

— Eu vou fazer isso mesmo que você não queira — Spencer se voluntariou.

— Eu não me importaria de dar uma lição naquele idiota.

Aria baixou os olhos. — Ele não é um idiota — ela disse em voz baixa, quase que automaticamente. Ela suspirou. — Eu posso lidar com isso. Mas só se Emily, e vocês todas, nunca ficarem na beira de uma ponte novamente. Perder vocês é muito pior do que ir para a prisão.

— Eu não vou — Emily disse baixinho.

— Eu também não — Hanna disse, Spencer acenou com a cabeça. Aria estava certa. Elas não podiam abandonar umas as outras agora, não quando as coisas estavam tão críticas e perigosas.

Não quando elas tinham tanto a perder.


28

O CÓDIGO SECRETO

— Ah meu Deus — a Sra. Kahn gritou, quando ela abriu a porta da propriedade Kahn no final da tarde. Seu cabelo loiro estava habilmente penteado, sua maquiagem estava perfeita, e ela usava um suéter marfim de cashmere que parecia novo, jeans skinny abraçando suas curvas e mocassins Tod. Mas seu rosto estava pálido e as veias do seu pescoço estavam proeminentes. Ela olhou para Aria com medo, e Aria soube imediatamente que a Sra. Kahn acreditava em tudo que os jornais estavam dizendo. Esta era a mulher que tinha uma vez, em um casamento da família que Aria e Noel tinham assistido, puxado Aria para um abraço e dito: Sabe, eu penso em você como minha filha. Era incrível como algumas notícias poderiam influenciar uma opinião.

Pela milionésima vez na última hora, Aria desejou não ter concordado com isso. Mas ela estava aqui agora. O estrago estava feito. Ela tomou uma respiração profunda. — Posso falar com Noel por alguns minutos?

A Sra. Kahn recuou. — Eu acho que não.

Inacreditável. Aria agarrou a porta antes que a mãe de Noel pudesse fechá-la.

— Minha mãe está logo ali. Está tudo bem. — Ela fez um gesto em direção ao meio-fio, onde Ella estava esperando no Subaru. Aria ficou surpresa por Ella ter aceitado trazer ela para a casa de Noel, já que Aria tinha desaparecido da formatura. Mas talvez Ella tenha percebido que não havia realmente nada pior que a polícia poderia fazer com Aria do que eles já estavam fazendo. Sua mãe tinha passado uma boa parte do tempo chorando no último mês, mas agora ela parecia meio exausta e sem forças.

— Vamos conversar aqui fora, e ela vai nos assistir o tempo todo — Aria adicionado à mãe de Noel.

A Sra. Kahn olhou de soslaio para o Subaru, mas não acenou — ela provavelmente pensava que Ella era uma criminosa por associação. — Cinco minutos — disse ela com firmeza. — Depois nós teremos que ir à festa de formatura.

Ela fechou a porta no meio do caminho. Quando ela se abriu novamente, Noel saiu. — Aria — disse ele. Sua voz falhou. Ele estava segurando o capelo de formatura em suas mãos.

— Oi — disse Aria suavemente, com o coração batendo rápido.

Pareciam eras desde que ela tinha falado com ele. De repente, lá estavam eles, de pé a poucos centímetros um do outro em sua varanda. Parte dela queria dar-lhe um grande abraço. Outra parte estava preocupada que ele a afastasse — ela não tinha ouvido falar dele desde a sua prisão. Outra parte, uma parte com raiva, ansiava sair correndo.

Quando ele encontrou seu olhar, seus olhos estavam comoventes, preocupados e incertos. Os hematomas no seu rosto haviam desaparecido e ficaram amarelados, e os pontos sobre a sua mandíbula já não estavam inchados e parecendo do monstro Frankenstein. Ele estava com um gesso em seu braço, também, mas ele era principalmente o Noel que ela se lembrava. Aria olhou para sua camisa de lacrosse da Nike, sentindo saudades. Ele a tinha usado no dia que ela voltou da Islândia, o primeiro dia em que eles tinham meio que conversado. Será que ele se lembrava disso? Ele estava usando hoje de propósito?

— Você está.. — começou Noel.

— Você.. — disse Aria, ao mesmo tempo. Ela parou. — Você primeiro.

— Não. — Noel engoliu em seco. — Você.

Ela olhou para o formato dos tijolos no chão da varanda. De repente, ela não tinha ideia do que dizer. — Parabéns — ela finalmente conseguiu dizer, apontando para o capelo.

— Obrigado. — Noel colocou-o para baixo e enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans. Um falcão gritou bem alto no céu acima. — Eu não acredito nisso, sabe — disse ele em voz baixa. — Eu não sei o que aconteceu, e você não tem que me dizer, mas eu acho que sei quem está por trás disso. Estou certo?

Aria acenou com a cabeça, suas entranhas se contorcendo. — É por isso que eu preciso da sua ajuda.

A testa de Noel se franziu. — Minha?

— Você era amigo dela. Tem certeza que você não sabe onde ela poderia estar? Noel balançou a cabeça com veemência. — Eu não faço ideia.

Aria suspirou. Acima deles, sinos de vento de bronze bateram juntos. O sol saiu de trás de uma nuvem, formando listras inclinadas contra o vasto gramado da frente. — Ok, então — disse ela, virando-se. — Eu acho que eu já vou.

— Espere. — A voz de Noel era como um corte de remo através da água. Aria se virou, e havia um olhar estranho e atormentado em seu rosto. — Não havia nenhum e-mail ou telefone na Reserva, então costumávamos ter um código secreto para quando ela precisasse conversar.

Aria sugou seu estômago. — Você usou este código recentemente?

— Claro que não. Mesmo se eu soubesse que ela sobreviveu ao incêndio, eu teria feito tudo que eu podia para machucá-la, não ajudá-la.

Aria voltou para a varanda. — Você pode usá-lo agora?

Noel olhou ao redor do jardim da frente, como se ele achasse que Ali poderia estar observando. — Eu não sei. Ela pode não gostar disso.

Aria envolveu suas mãos ao redor da grade que cercava a varanda. — Nós temos recebido mensagens de A — dela. Mas ninguém acredita em nós. Estamos nos agarrando a qualquer coisa. Acredite em mim, eu não queria pedir isso a você, mas você é a nossa última esperança. Eu não quero ir para a Jamaica.

Noel caiu contra uma das cadeiras Adirondack. — Eu não quero que você vá para a Jamaica.

— Então nos ajude.

A porta se abriu atrás dele, e a Sra. Kahn estendeu a cabeça. — Noel? Temos que ir. Noel olhou para sua mãe, irritado. — Um segundo, ok?

A Sra. Kahn relutantemente fechou a porta novamente, embora Aria pudesse dizer pela luz através da janela que ela estava por perto. Noel pegou seu celular, em seguida, conectou em um site de eletrônicos em seu navegador. Aria viu quando ele encomendou um único pacote de pilhas AA. Na página da encomenda, ele listou seu nome como Maxine Preptwill e seu endereço era a Biblioteca Pública de Rosewood. Na seção de instruções especiais, tudo o que ele escreveu foi: 21:00, esta noite.

— Quem é Maxine Preptwill? — Aria sussurrou.

Noel deu de ombros. — Eu não sei. Ali sugeriu isso. — Ele apontou para o celular. — É um site fictício. De alguma forma sempre chega a ela. — Ele colocou o celular de volta no bolso. — Está feito. Vamos nos encontrar hoje à noite às nove na Biblioteca Pública de Rosewood.

O coração de Aria bateu rápido. Ela iria estar na casa de Byron hoje à noite.

Seria mais fácil fugir. — Você vai conseguir sair da sua festa de formatura?

— Eu vou pensar em alguma coisa.

Aria concordou. — Tudo bem. Nós vamos estar escondidas nas proximidades, esperando.

Noel parecia alarmado. — Só vocês? Vocês não deviam chamar a polícia, também?

Aria balançou a cabeça. — Ela nunca vai vir se tiver um monte de carros da polícia lá. Nós vamos emboscá-la. Saltar sobre ela. Jogá-la no meu carro. E então nós vamos levá-la para a delegacia de polícia.

Um olhar incerto nublou o rosto de Noel. — Isso soa tão perigoso. E violento.

Aria engoliu em seco, odiando que ela tenha se tornado alguém que considerava jogar outra pessoa na parte traseira de seu carro. — Eu sei — ela admitiu. — Mas eu não sei mais o que fazer. Isso pode nos salvar.

— Tudo bem. Estou dentro. — Noel acenou com a cabeça, em seguida, virou-se para a porta. Sua mãe moveu-se lá dentro. — Vejo você hoje à noite.

Aria concordou, também, girando em direção ao Subaru à espera. Ela estava prestes a sair da varanda quando Noel a chamou. — Por que você não contou a polícia que eu sabia sobre Ali?

Aria se virou e olhou para ele. Seus olhos estavam arregalados. O rosto dele estava compreensível e vulnerável. Seus lábios bonitos, beijáveis e rosas se separaram ligeiramente.

— Eu.. eu não poderia — ela admitiu. — Eu não faria isso com você.

Noel andou na direção dela. Quando ele estava perto o suficiente para dar-lhe um abraço, ele estendeu a mão e tocou a ponta do seu queixo, inclinando-o para cima. — Eu sinto tanto sua falta — ele sussurrou. — Se eu pudesse ter tudo de volta, eu o faria. Eu gostaria que encontrassem Ali. Gostaria que a matassem. E eu queria, que quando tudo acabasse, que pudéssemos ficar juntos novamente.

Seus olhos verdes encontraram os de Aria, e aquele olhar trouxe de volta centenas de memórias. O quanto eles riam nas aulas de culinária. Como Aria teve que segurar a mão de Noel na montanha russa Batman em Grandes Aventuras, porque ele estava secretamente aterrorizado. O olhar em seu rosto quando ele a pegou para o baile de boas-vindas. A primeira vez que ele disse que a amava.

Ela estendeu a mão para Noel, mas ela hesitou antes de pegar sua mão. Seus dedos permaneceram abertos no espaço por alguns longos momentos, a poucos centímetros dos seus. Todo o som desapareceu. Tudo o que Aria podia ver eram as sobrancelhas espessas de Noel, seu queixo quadrado, seus ombros fortes.

— Eu queria que nós pudéssemos, também — ela revelou. E então ela correu para o carro de sua mãe o mais rápido que podia. Se ela tivesse ficado no alpendre um segundo a mais, ela nunca teria sido capaz de ir embora.


29

EMBOSCADA

Mais tarde naquela mesma noite, quando o relógio digital no banco do outro lado da rua marcava 20:56, Emily, Aria, Spencer e Hanna estavam atrás de uma fila de arbustos na Biblioteca Pública de Rosewood, um edifício de pedra no mesmo complexo do Shopping King James. Um foco de luz iluminava a calçada da frente da biblioteca. Outra luz brilhava sobre a abertura do retorno de livros, que tinha sido decorada com um banner azul e branco que dizia PARABÉNS, FORMANDOS DE

ROSEWOOD! No interior, o lugar estava trancado por já ser noite. Os corredores estavam vazios, as mesas vazias, todos os assentos empurrados para dentro. Nem um único carro estava no estacionamento; Noel havia pegado as garotas em seu Escalade, e então tinha estacionado perto do shopping. Agora, a alguns metros na frente delas, Noel estava sentado em um banco nas sombras, batendo seu braço engessado contra o assento de madeira repetidamente.

O estômago de Emily saltou só de olhar para ele. Ela não podia acreditar que elas estavam fazendo isso. Mas por outro lado, tudo estava um pouco inacreditável esses dias, incluindo o que ela quase tinha feito na ponte. Ela ficou tão grata por suas amigas terem ido resgatá-la, e ela se sentia muito mais calma. Mas o perigo iminente dessa situação repercutiu sobre ela. E se Ali caísse nessa? Elas poderiam realmente capturá-la? E se elas realmente a pegassem?

E se elas não conseguissem?

— Ele parece nervoso — Hanna sussurrou, roçando contra um dos arbustos.

Os arbustos eram um pouco espinhosos, mas elas queriam estar perto de Noel se ele precisasse delas — se Ali realmente aparecesse.

— Eu ficaria, também, se eu estivesse prestes a ficar cara-a-cara com a pessoa que me deixou para morrer — murmurou Spencer.

Aria estremeceu. Emily apertou a mão dela. — Você está bem?

Aria deu de ombros. Ela tinha ficado quieta o tempo todo, e Emily tinha notado que ela e Noel tinham lançado um para o outro alguns olhares tímidos. Mas então, depois de cada olhar, Aria parecia se afastar bruscamente, como se estivesse envergonhada.

Aria olhou para as outras. — Então, vamos recapitular o plano mais uma vez.

Em poucos segundos, todas nós nos espalharemos. Quando Ali aparecer, Noel vai dar o sinal de que é ela. Então nós a emboscaremos.

— Aria e eu vamos nos jogar sobre ela, em seguida, arrastá-la para o carro — acrescentou Emily.

— Hanna e eu iremos à procura do Ajudante de A — disse Spencer. — E Noel será encarregado de ligar para o 911.

— Se o Ajudante de A também aparecer, nós fugimos — disse Aria.

— Mas não antes de tirar uma foto de Ali com os nossos celulares — Emily recitou. — A prova de que ela está viva tem que nos ajudar.

— E se eles pegarem uma de nós, chamamos imediatamente a polícia — disse Spencer.

Emily olhou para Noel novamente, com o coração batendo forte. Ela odiava a ideia de Ali ou seu ajudante ferindo uma delas. Ainda assim, era uma possibilidade.

Elas tiveram que considerar todos os ângulos.

O relógio do banco marcava 21:00 horas em ponto, e as meninas tomaram seus lugares. As narinas de Emily se contraíram com o cheiro de palha fresca e algum tipo de fertilizante. Ela analisou a área, mas ninguém apareceu na entrada da biblioteca. O tráfego do Shopping passava zunindo por elas. Um trem SEPTA indo para o leste estalou nos trilhos. Noel mudou de posição no banco e olhou para o celular. Os minutos se passaram lentamente. O relógio do banco marcou 21:05, depois 21:06. Um tremor floresceu no estômago de Aria.

De repente, uma figura loira em um moletom com capuz apareceu e caminhou na direção de Noel. Todas as quatro meninas se inclinaram para frente.

Era uma menina.

Emily sentiu um milhão de emoções correrem sobre ela ao mesmo tempo.

Descrença. Medo. Ódio. Ela olhou para as outras. Hanna colocou a mão sobre sua boca. Spencer arregalou os olhos. Emily olhou para Aria. Devemos fazer isso? ela murmurou.

A figura parou na frente de Noel; ninguém conseguia ver a expressão dele.

Nem ele deu o sinal: três dedos levantados atrás das suas costas.

Ainda assim. Tinha que ser Ali. Certo? Vamos, Aria murmurou ao grupo, apontando para Noel.

Elas saíram dos arbustos. O coração de Emily bateu mais e mais rápido quando elas se aproximaram da figura, que ainda estava conversando com Noel.

Em apenas alguns segundos, eu vou olhar diretamente para o rosto de Ali, ela pensou.

De repente, a figura se afastou de Noel e começou a correr. Emily ainda não conseguia ver quem era, apenas o capuz escuro sobre sua cabeça. — Ei! — ela gritou, correndo atrás dela. As outras a seguiram. A figura correu pela estrada de duas pistas que ligava a biblioteca ao shopping e mergulhou em uma fila de arbustos. Nós quase a pegamos, Emily pensou animadamente. Sair desses arbustos iria atrasá-la.

Elas atravessaram a rua, e houve um chiado horrível. Faróis brilharam em seus rostos. Emily gritou quando um carro se moveu na direção delas. — Oh meu Deus! — ela gritou, a luz iluminando o perfil de Hanna na frente dela. Ela estendeu a mão e empurrou Hanna para fora do caminho. O carro passou ziguezagueando, perdendo Emily por meros centímetros. Ela caiu na grama, raspando o joelho no meio-fio. Spencer caiu de cara ao lado dela, e Aria bateu em uma placa da estrada.

Hanna sentou-se no meio da estrada, parecendo atordoada.

— Você está bem? — Emily perguntou, levantando e correndo para ela.

Hanna concordou tremulamente, olhando para as luzes traseiras do carro à distância. — Ele veio direito para nós. Ele poderia ter nos matado.

Emily a ajudou a se levantar, em seguida, correu em direção aos arbustos em que a figura tinha desaparecido. Ela não estava mais lá. Ninguém estava correndo pelo estacionamento, também.

Em seguida, Emily virou-se para Noel no banco da biblioteca. Ele estava de pé agora, olhando para elas alarmado. Ela seguiu Aria e as outras até ele. — Era ela?

— Aria perguntou a ele. — O que ela disse?

Noel balançou a cabeça atordoadamente. — Não era ela. Era apenas uma menina loira qualquer perguntando se eu tinha um isqueiro. E então ela viu vocês e saiu correndo. Vocês estão bem?

Emily e Hanna trocaram um olhar. — Eu não sei se nada disso foi por acaso — disse Hanna, trêmula.

Noel acenou com a cabeça com medo em seus olhos. — Vocês acham que isso foi uma armação?

Todas olharam para as outras, em seguida, para baixo da pista onde o carro tinha desaparecido. Ninguém tinha pensado em pegar o número da placa.

— Sim — Aria sussurrou. — Ali planejou isso. — Talvez ela tivesse pago uma menina loira para andar até Noel para distraí-las. Ela provavelmente percebeu o plano delas o tempo todo.

Emily olhou para Noel, de repente desesperada. — Você não pode tentar entrar em contato com ela de novo? Talvez possamos criar outro encontro, antes do julgamento.

Noel olhou para ela. — Ela já sabe que é uma armadilha. Ela pode tentar prejudicá-las novamente.

— Sim, não é uma boa ideia — acrescentou Spencer.

Aria olhou para Noel desafiadoramente. — Não, Emily está certa. Nós já chegamos muito longe. Nós temos que fazer alguma coisa. Entre em contato com ela de novo.

Os ombros de Noel se abaixaram. Com uma expressão derrotada, ele clicou em algo em seu celular. Depois de um momento, sua expressão murchou. — Site não encontrado.

Ele inclinou a tela para as meninas. Aria balançou a cabeça. — Tem que ser um erro.

— Esse é o site. Eu tenho certeza.

Emily observou quando Aria pegou o celular dele e apertou o botão de busca mais uma vez, mas os mesmos resultados apareceram. Seu lábio tremeu. O coração de Emily afundou.

— O site desapareceu porque Ali o apagou — disse Noel rudemente. — Não vai haver outro encontro. Ela se foi.

Todas piscaram duramente, absorvendo o choque. Sabendo da probabilidade de que algo ruim iria acontecer: Esta tinha sido a sua última chance, e elas tinham estragado tudo. Elas estavam sem opções. O julgamento delas era amanhã, e elas iam para a Jamaica — para a prisão — não importava o quê.


30

SUAS VIDAS TERMINAM AQUI

Sexta-feira de manhã. O dia do julgamento. Hanna estava no meio do seu quarto em silêncio, olhando para todos os itens em suas prateleiras. Ela nunca mais veria isso de novo. Ela começou a dizer adeus a tudo isso, da mesma forma que ela costumava dizer boa noite a todos os seus bichos de pelúcia quando ela era pequena. Adeus, perfume Dior. Adeus, saltos Louboutin. Adeus, colcha fofa e porta-brincos em formato de árvore. Adeus, foto de Ali.

Ela franziu a testa e arrancou-a do canto do espelho, esquecendo que estava lá. Ela olhou para o sorriso provocador de Ali e os olhos zombeteiros. Claro, essa era Courtney, a amiga delas, mas se não fosse por ela, se não fosse por aquela estúpida bandeira da Cápsula do Tempo, aquela troca e Hanna se importar tanto em ser popular, nada disso teria acontecido.

— Hanna? — sua mãe chamou lá de baixo. — Está na hora.

Havia um nó na garganta de Hanna enquanto ela caminhava para o primeiro andar. Ela olhou para sua expressão no grande espelho do hall de entrada. Essa seria a última vez que ela usaria um vestido Diane von Furstenberg, brincos de ouro e botas de couro? As lágrimas encheram seus olhos enquanto ela se inclinava e dava ao seu pequeno Doberman, Dot, um grande abraço. — Eu vou sentir sua falta, amigão — ela sussurrou, mal conseguindo dizer as palavras.

E então ela foi até o carro, onde sua mãe estava esperando. — Você está pronta? — ela perguntou com lágrimas nos olhos.

Hanna balançou a cabeça. É claro que ela não estava.

A Sra. Marin dirigiu sem dizer uma palavra, misericordiosamente mantendo o rádio desligado na ida ao tribunal, que era a apenas alguns quilômetros do topo do Monte Kale, logo após um cemitério e os Jardins Botânicos. Hanna olhou para o penhasco que dava para Rosewood e Hollis, se sentindo nostálgica e solitária. Lá estava Rosewood Day e seus campos dos esportes — ela nunca mais assistiria um jogo de lacrosse novamente. Ali estava a Torre de Hollis e os edifícios circundantes — ela nunca mais iria para outro bar. Até mesmo a antiga casa de Ali era visível através das árvores. Ok, ela não sentiria nenhuma falta daquele lugar. Tudo o que ele carregava eram lembranças cruéis.

Um arrepio percorreu-lhe a espinha ao lembrar-se da última vez que ela esteve no tribunal. Tinha sido pela acusação de Ian há quase um ano e meio.

Quando elas estavam lá fora, Emily tinha chamado elas e jurado que tinha visto o rosto de Ali na parte de trás de uma limusine. Claro que ninguém acreditou nela.

Mas elas deveriam ter acreditado.

O carro parou na entrada do tribunal. Como de costume, os manifestantes caminhavam em um círculo na calçada. A mesma fila de vans de notícias estava estacionada na entrada. Imediatamente, vários repórteres correram até elas, olhando para Hanna através da janela. — Senhorita Marin! — eles gritaram, batendo nas janelas. — Senhorita Marin! Senhorita Marin, você pode responder a algumas perguntas?

— Ignore-os — a mãe de Hanna disse.

Não foi nenhuma surpresa os repórteres terem cercado Hanna logo que ela saiu do carro. Eles empurraram seus microfones em cima dela e puxaram as mangas da roupa dela. Suas perguntas eram ainda a mesma coisa, sobre Hanna ser uma assassina, a campanha do Sr. Marin e previsões sobre elas irem para a Jamaica. A mãe de Hanna passou o braço em volta dos ombros dela e levou-a em direção às portas. O tornozelo de Hanna torceu quando ela subiu o primeiro degrau, mas ela quase não sentiu e continuou a andar. Ela quase não sentia nada.

Mais à frente, Aria, Spencer e Emily estavam lá dentro. Depois de fechar as portas duplas, os berros, gritos e barulhos da multidão desapareceram quase que completamente. Hanna piscou no saguão de mármore. Estátuas de pedra dos fundadores de Rosewood os cercavam. Uma bandeira da Pensilvânia e dos EUA estavam penduradas na varanda. Os pais de Aria e a mãe de Spencer estavam na fila do detector de metal, tirando coisas dos seus bolsos. Do lado deles estava a equipe de advogados delas, incluindo o pai de Spencer e o Sr. Goddard. Hanna ficou surpresa ao ver Kate, do outro lado da esteira rolante, usando um blazer azul e calças listradas. O pai de Hanna estava visivelmente ausente. Hanna esperou sentir aquela pontada familiar de tristeza, mas ela não veio. Talvez porque ela não estava realmente surpresa.

Quando Hanna se juntou à fila do detector de metal, uma mão deslizou na dela. Os olhos azul-gelo de Mike estavam cheios de lágrimas. — Eu sei que você estava tentando encontrá-la — ele sussurrou. — Você deveria ter me deixado ajudar.

Hanna balançou a cabeça. — Eu não podia.

— Você teve alguma sorte?

Hanna quase teve vontade de rir. — O que você acha?

Mike respondeu apertando a mão dela de um jeito que ele nunca tinha feito antes.

Depois dos scanners, a equipe de advogados se juntou às meninas, e eles caminharam para a sala do tribunal em um grupo. Assim que o Sr. Goddard abriu as portas duplas, uma centena de cabeças virou. Hanna reconhecia todos os rostos: Lá estava Naomi Zeigler e Riley Wolfe. Os meninos da equipe de lacrosse de Mike e as garotas da antiga equipe de torcida de Hanna. Uma garota chamada Dinah que ela conheceu enquanto participava do campo de treinamento no último Natal. Sean Ackard, o pai de Sean, Kelly da clínica de queimados. Phi Templeton, Chassey Bledsoe, e então — terrivelmente — os pais de Mona Vanderwaal, ambos parecendo mais velhos e muito mais abatidos desde a morte de Mona há um ano e meio. Todo mundo olhou para Hanna como se ela já tivesse sido condenada. Hanna não se sentia tão vulnerável desde que Mona-como-A tinha transmitido o vídeo do vestido de Hanna se rasgando no aniversário de dezessete anos de Mona. Hanna se inclinou para Mike. — Você não tem que ficar ao meu lado, você sabe. Salve-se. Vá sentar com seus amigos.

Mike apertou sua palma. — Cala a boca, Hanna.

Mike segurou firme na mão dela enquanto eles caminhavam pelo corredor para o banco da frente. Hanna sentou ao lado do seu advogado, a madeira fria através do seu vestido fino. Mike foi para o banco de trás dela. Emily, Spencer e Aria sentaram no banco da frente também. Todas elas trocaram um olhar, mas ninguém se preocupou em dizer nada. A derrota era evidente em seus rostos. Elas haviam tentado de tudo para encontrar Ali, e elas falharam continuamente.

As pesadas portas se fecharam, e um oficial de justiça ordenou que todos se levantassem. Um juiz redondo e careca usando uma túnica preta entrou e sentou-se no banco, olhando cansativamente para as meninas. Após algumas observações iniciais, o promotor se levantou. — Há evidências razoáveis para provar que a Srta.

Hastings, Srta. Marin, Srta. Montgomery e Srta. Fields assassinaram a Srta. Tabitha Clark em um resort na Jamaica em abril passado.

O juiz concordou com a cabeça. — O julgamento será lá, assim como a sentença. A extradição para a Jamaica vai acontecer imediatamente.

Os advogados e o juiz disseram mais algumas coisas, mas isso foi tudo o que Hanna ouviu antes que o som dos seus batimentos cardíacos abafasse as vozes deles. Ela fechou os olhos, vendo apenas escuridão. Quando os abriu novamente, o Sr. Goddard estava de pé. — Eu proponho que permitam que as minhas clientes passem mais uma noite em Rosewood com suas famílias.

— Proposta concedida — o juiz decidiu. — Todas as meninas devem deixar o país amanhã. Os voos serão organizados e pagos por suas famílias. Agentes federais irão acompanhar cada prisioneira.

E, em seguida, ele bateu o martelo, e todo mundo ficou de pé novamente, e então o Sr. Goddard estava apressando-as para fora da sala do tribunal para uma sala de conferências, onde eles poderiam conversar. Os mesmos repórteres tinham entrado nos corredores, eles agarraram Hanna ferozmente quando ela passou.

Hanna olhou por cima do ombro para Mike, querendo passar cada segundo restante com ele antes que ela tivesse que deixar o país, mas tudo o que ela via eram rostos irritados.

Emily apareceu ao seu lado. Spencer alcançou-as em seguida, e então Aria. O

Sr. Goddard fez um círculo em torno delas com os braços, bloqueando os repórteres, e quando as meninas se entreolharam, todas elas caíram em prantos.

Spencer segurou Hanna com força e a abraçou. Aria e Emily envolveram seus braços ao redor delas, também. Elas soluçaram como uma só, suas respirações ofegantes e irregulares. Flashes estouraram. Os repórteres não paravam de fazer perguntas por um segundo. Mas, por alguns momentos, Hanna não se importou para que as fotos seriam. Quem não mostraria emoção quando estava sendo extraditado para uma prisão estrangeira por um crime que não cometeu?

— Eu não acredito que isso está acontecendo — ela murmurou no ouvido das suas amigas.

— Nós temos que ser fortes — Spencer disse com a voz embargada.

Hanna olhou para trás, para as portas do tribunal, surpresa com quantas pessoas corriam para fora. Os pais de Mona desciam correndo os degraus, provavelmente preocupados em serem perseguidos pelos próprios jornalistas.

Naomi e Riley flertavam com alguns jogadores de lacrosse, tratando isso como um evento social. Kate parecia um pouco perdida quando caminhou até a janela. Hanna queria chamá-la e dar-lhe um abraço apertado.

O Sr. Goddard levou-as para a sala de conferência e fechou as portas. — Eu já volto — ele disse. — Estamos apresentando um apelo imediatamente. E nós estamos batalhando para conseguir os melhores advogados da Jamaica. — Então ele fechou a porta atrás de si, deixando as meninas sozinhas.

De repente, algo fora da janela lhe chamou a atenção. A vista era do estacionamento vazio, mas as vozes soavam de algum lugar abaixo. — Sem mais — disse alguém através de um megafone.

— Sem mais — mais vozes ecoaram.

— Sem mais assassinatos em Rosewood! — a primeira voz disse.

Ela inclinou a orelha. Se você não estivesse prestando atenção, se você não soubesse o que estava ouvindo, a primeira parte soava como Mo, Mo10.

— Sem mais! — disse a primeira voz através do megafone.

— Sem mais assassinatos em Rosewood! — Os manifestantes ecoaram mais uma vez, agitando os cartazes.

Hanna colocou a mão sobre a boca. — Gente. — Ela se virou e acenou para Spencer, Emily e Aria virem até a janela. Elas se aproximaram dela com suas sobrancelhas franzidas.

— Os manifestantes — disse Hanna. Ela olhou para a esquerda, e lá estavam eles, fazendo um grande círculo no gramado da frente. Sem mais assassinatos em Rosewood, eles gritavam. — Esse é o anúncio da mensagem de voz de Ali — Hanna disse. Emily piscou com força. — Sério?

Hanna acenou com a cabeça, de repente, mais certa do que nunca esteve em sua vida. — É o mesmo som. A mesma mensagem de protesto. Só que apenas ouvimos uma parte antes de Ali desligar. Mas é isso.

Spencer fez uma careta. — Ali estava no meio de um protesto... dos assassinatos que cometeu?

— Talvez ela estivesse perto de um protesto — Hanna disse.

Spencer andou ao redor da sala. — Houve protesto em Rosewood inteira na semana passada. Quando você receber essa mensagem, Emily?

— Na sexta-feira passada.

Aria olhou para Spencer. — Existe alguma forma de descobrirmos onde os manifestantes estavam naquele dia?

Hanna de repente percebeu uma coisa. — Eu sei onde eles estavam. — A última vez que ela tinha ido ao escritório do pai dela, ele tinha estado mais preocupado com o fato de os manifestantes a terem visto entrar do que com o fato de ela precisar de sua ajuda.

Quando ela explicou isso para as suas amigas, Spencer arfou. — Tem certeza?

— Absoluta. — O coração de Hanna bateu mais rápido. — Ela estava ligando de perto do escritório de campanha do meu pai.

Hanna olhou para suas amigas, uma pequena vela de esperança queimando dentro dela. Elas tinham mais um dia até voltarem para a Jamaica. Mais uma noite de tentativa. Seria quase impossível elas saírem de casa, mas elas teriam que sair, de alguma forma. Quando ela viu as expressões determinadas nos rostos das suas amigas, ela sabia que elas estavam pensando exatamente a mesma coisa.

O olhar de Spencer foi em direção às árvores. — Uma da manhã?

Hanna assentiu. Estava combinado.


10 Mo, Mo: Em inglês é “No more” que soa como Mo, Mo.


31

ENCONTRANDO-A

Às 00:20, o alarme do celular de Spencer tocou em seu criado-mudo. Seus olhos se abriram, e seu corpo ficou subitamente alerta. Apesar do seu quarto estar escuro e ela estar escondida sob as cobertas, ela estava completamente vestida com um capuz preto, meias pretas e até mesmo o tênis preto New Balance que ela tinha encontrado no closet do quarto antigo de Melissa. Ela estava pronta.

Ela deslizou o lençol de volta e na ponta dos pés foi até a porta. A casa estava silenciosa. Sua mãe e o Sr. Pennythistle estavam presumivelmente dormindo, provavelmente tinham tomado remédio para ansiedade. Spencer olhou pela janela da frente da casa. Não havia nenhum carro da polícia no meio-fio.

Spencer tinha colocado uma fila de travesseiros em sua cama para parecer que ela ainda estava dormindo. Em seguida, ela sorrateiramente desceu as escadas, abriu a caixa de alarme do piso principal e desarmou uma das saídas, silenciando-a antes que qualquer tipo de alarme pudesse acordar o resto da casa. Finalmente, ela se arrastou para uma sala inacabada no porão, que tinha caixas de vinho e uma geladeira extra que os Hastings usavam para grandes festas. Normalmente, Spencer não gostava de entrar ali — cheirava a mofo, era cheio de aranhas e era onde Melissa costumava “banir” ela quando elas brincavam de Rainha Má e Prisioneira quando elas eram pequenas. Mas enfiado na esquina havia um pequeno conjunto de escadas que levava a uma porta plana nivelada com o quintal.

Ninguém estaria observando. Os policiais provavelmente não faziam ideia de que havia aquilo ali.

Seu coração batia forte enquanto ela subia as escadas do porão escuro em direção à porta. Ela não se atreveu a respirar quando empurrou-a e abriu-a. Um parafuso chiou agradavelmente. Havia uma banheira de hidromassagem à esquerda. Spencer se espremeu para fora, se mantendo agachada no chão e fora dos holofotes quando correu para a floresta. Depois disso, ela estava livre.

Eram pelo menos cinco quilômetros de distância até a sede de campanha do pai de Hanna, que era em um prédio na Avenida Lancaster, perto da estação de trem. Spencer tinha considerado levar sua bicicleta, mas ela não tinha tido tempo para colocá-la no bosque atrás de sua casa, então ela teve que ir a pé. Ela correu para o próximo quarteirão, correndo pelo meio das ruas por um tempo, mas se escondendo em um quintal quando um carro apareceu na estrada. Cada passo era como um canto: Pegar Ali. Pegar Ali.

Correr perto de Lancaster era muito mais difícil — apesar de ser tarde, ainda havia um pouco de tráfego, e Spencer tinha que se manter escondida o tempo todo.

Sempre que ela via faróis, ela se escondia atrás de uma árvore ou uma placa de estabelecimentos comerciais. Uma vez, quando ela viu um carro da polícia no cruzamento, ela se escondeu em uma vala. Ainda assim, ela chegou ao escritório pouco antes das 01:00. Um brilho de suor cobria seu corpo. Sujeira endurecia sua meia-calça e sapatos. Ela tinha certeza de que ela tinha torcido um tornozelo quando entrou na vala. Mas isso não importava. Ela estava aqui.

Ela olhou para seu reflexo nos painéis planos do prédio de vidro. Luzes de saída acima das portas brilhavam, mas por outro lado, o saguão estava escuro. Ela olhou para o estacionamento subterrâneo, depois para a floresta na parte de trás, e depois para a placa de néon da Loja de Atacado de Jessica, onde o Departamento de Teatro de Rosewood Day às vezes comprava os figurinos para peças escolares. Era realmente possível Ali estar por aqui? Como ela poderia ter se escondido em um lugar tão público por tanto tempo?

— Aposto que você está pensando no que eu estou pensando.

Hanna estava atrás dela, vestida de preto semelhante a ela e respirando com dificuldade, como se tivesse corrido também. — Ali não está aqui, certo? Ela não iria se esconder perto de um prédio de escritórios no meio de Rosewood.

Spencer encolheu um ombro. — Isso não parece muito provável.

Hanna se sentou em uma caixa de plantas ao lado da porta da frente. — Esse é o lugar onde aconteceram os protestos na sexta-feira. Esse é o lugar onde ela mandou a mensagem para Emily.

Após alguns minutos, Aria e Emily chegaram em bicicletas. Spencer contou a elas o que elas estavam conversando. — Eu estava pensado sobre isso ser um erro, também — Aria admitiu, colocando cuidadosamente sua bicicleta em um arbusto.

— Quero dizer, se estivermos erradas, o que os policiais vão fazer quando nos encontrarem?

— Não tem como eles nos punirem mais do que já estão punindo — Spencer disse. Emily olhou para Hanna. — E se Ali esteve aqui há pouco tempo? Talvez ela soubesse que você iria descobrir isso, Hanna, e ela ligou daqui apenas para nos enviar em uma busca inútil?

— Mas e se não foi isso? — Hanna disse. — Vale a pena o risco.

Spencer puxou o ferrolho da porta da frente, mas estava trancada. — Então para onde vamos? Nós não podemos entrar e verificar se Ali está em algum dos escritórios.

— Ela não estaria aí — Hanna disse, pensativa. — Eu estive aqui tantas vezes que eu conheço todo mundo de todos os escritórios desse edifício, ninguém está escondendo Ali em um quarto dos fundos, eu tenho certeza disso.

— E o porão? — Emily sugeriu.

Hanna balançou a cabeça. — Tem caras da manutenção rondando nesse prédio durante o dia, eu duvido que ela tenha montado um acampamento lá.

Spencer colocou as mãos nos quadris e deu uma volta completa, olhando mais uma vez o prédio, o estacionamento e a estrada.

O olhar de Hanna fixou no estacionamento ao lado. — E aquele edifício?

Todo mundo se virou e olhou. — A Loja de Atacado de Jessica? — Emily perguntou.

— Não, a coisa antes de Jessica. — Hanna apontou para um grupo de árvores que fazia uma barreira entre o prédio de escritórios e o estacionamento da loja de atacados. E, de repente, Spencer viu: afastada da estrada, por cima dos arbustos, havia uma coisa parecida com um telhado.

— Oh meu Deus — Aria arfou.

— Eu vi isso quando eu estive aqui esses dias, conversando com o meu pai — Hanna sussurrou. — Eu não sei o que é, no entanto.

Elas caminharam mais para perto, por um caminho escondido na grama alta.

A uns cem metros de distância, principalmente escondido por árvores crescidas, havia um edifício — um celeiro velho, provavelmente, ou uma casa de pedra antiga deixada para se desintegrar. Spencer abriu o aplicativo de lanterna em seu iPhone e iluminou contra a estrutura de madeira gasta, uma janela quebrada e uma telha caída. O terreno estava invadido por ervas daninhas, como se ninguém tivesse tocado na casa há anos.

Hanna entortou os olhos. — Que nojo.

Um silêncio caiu sobre o grupo. Elas olharam para a casa próxima. Um arrepio passou pela espinha de Spencer. — Vamos lá — ela sussurrou. — Vamos entrar.


32

O GAROTO

Uma por uma, Hanna e as outras subiram através das sebes. De perto, era ainda mais nojento do que parecia do estacionamento. As janelas estavam tapadas com pedaços podres de madeira e um alpendre da frente estava coberto de teias de aranha e lixo. O cata-vento enferrujado em forma de galo do telhado girava lentamente e rangia com o vento. Videiras e ervas daninhas cresceram nas paredes como se estivessem tentando engolir a casa completamente. O fedor de carcaça de animal em decomposição flutuava para fora de algum lugar de dentro.

Hanna cobriu o nariz com a manga. — Como ela viveria em um lugar como esse? — Da mesma forma que ela poderia matar cinco pessoas — Aria lembrou. — Ela é louca.

Spencer subiu na varanda desmoronando até a porta da frente. As dobradiças eram tão velhas que cederam facilmente, soltando um rangido alto quando ela abriu. Os pelos de Hanna eriçaram e ela cobriu a cabeça como se uma bomba estivesse prestes a explodir. Depois de alguns segundos, ela se atreveu a abrir os olhos. A porta estava entreaberta. Ninguém estava lá dentro. Spencer estava completamente imóvel na porta, seu rosto em uma máscara de medo.

Emily correu até a varanda ao lado de Spencer. Hanna a seguiu, e todas elas olharam para dentro. Estava muito escuro. O cheiro de animal morto estava mais forte, no entanto, quase atordoante.

— Eca — Hanna disse, virando-se.

— Está realmente horrível. — Spencer falou, com vontade de vomitar. Emily puxou a gola de sua blusa sobre seu nariz.

Aria pegou o celular e colocou a lanterna para iluminar ao redor da sala. Os pisos estavam cobertos de pó, gesso, pedaços de madeira e sujeira. Quando ela colocou a luz em um canto, algo deslizou para fora do caminho, rangendo quando desapareceu. As meninas gritaram e pularam para trás.

— É apenas um rato — Spencer sibilou.

Tentando não respirar, Hanna deu um passo hesitante na sala. O chão parecia aguentar seu peso, de modo que ela se aventurou em mais alguns passos através de uma entrada. A próxima sala continha uma antiga pia de metal e um fogão preto de três pernas como algo saído de “João e Maria”. Um jornal velho estava perto de um enorme buraco na parede que poderia ter sido uma porta dos fundos. Ela o pegou e olhou as manchetes, mas a página estava tão clara que ela não conseguiu saber o que dizia.

Ela enfiou a cabeça em um banheiro. Uma banheira enferrujada estava no canto e um vaso sanitário sem assento contra a parede. Havia buracos onde uma pia poderia ter estado, e uma grande parte da telha estava lascada. Uma janela estava mantida aberta, o vento forte soprava para dentro. Hanna deu um passo para trás. O ar parecia sujo e contaminado.

As outras meninas foram até os quartos, olhando os closets. Elas subiram as escadas até o segundo andar, mas metade dos cômodos estava vazio. — Não tem ninguém aqui — Spencer sussurrou. — Está totalmente vazio.

— Tem um porão? — Emily sugeriu.

Spencer deu de ombros. — Eu não vi nenhuma escada que leva para baixo.

Aria se virou com os olhos arregalados. — Vocês ouviram isso?

— O quê? — Hanna perguntou trêmula, parada muito quieta.

Ninguém disse uma palavra. Hanna ouviu mais fixamente. Ela não ouviu nada. Ela olhou em volta para o espaço vazio, escuro e assustador. — Talvez não seja aqui — ela disse. — Eu não vejo nenhuma evidência de qualquer coisa. Eu não acho que Ali esteja aqui.

Spencer arfou também. — Talvez a gente esteja errada.

Houve um rangido acima delas. Parecia ramos raspando no telhado. — Talvez devêssemos ir — Emily disse, na ponta dos pés em direção à porta. — Este lugar está me assustando.

Todas concordaram e foram para a saída. Mas, em seguida, passos soaram atrás delas, dessa vez de verdade. Hanna girou de volta, seus músculos endurecendo. De repente, alguém estava de pé nas sombras perto do fundo da sala.

As outras se viraram, também. Spencer engasgou. Aria fez um pequeno eep.

Emily se encolheu contra a parede. — O-Olá? — Hanna gritou em uma voz trêmula, tentando descobrir quem a sombra poderia ser.

Uma lanterna acendeu. Uma luz amarela e difusa se espalhou por toda a sala.

O rato grunhiu e correu. A casa rangia e gemia com o vento. Finalmente, a pessoa segurando a lanterna virou-a para cima, iluminando a si mesmo. — Olá, meninas — disse a voz de um garoto.

Hanna piscou para o seu rosto iluminado. Ele tinha olhos castanhos, um nariz inclinado e um queixo pontudo e bem barbeado. Havia uma arma em sua mão direita, voltada para elas.

Quando ele alcançou sua altura total, Hanna percebeu com um choque que ela o conhecia. Madison tinha mostrado a foto dele.

— Jackson? — ela exclamou. O barman. O cara que tinha servido bebidas demais para Madison e riu quando Hanna sugeriu que ele chamasse um táxi.

Só que... o que ele estava fazendo aqui?

— Derrick? — Emily disse lentamente, ao lado dela.

Hanna franziu a testa e analisou a expressão de choque no rosto de Emily.

Quem era Derrick?

Spencer estava se contorcendo, também. — Phineas — ela disse atordoada, olhando para o garoto. — O Phineas do Easy A de Penn.

— Olaf — Aria disse ao mesmo tempo.

Hanna recuou, muitos neurônios disparando ao mesmo tempo em seu cérebro. — Espere. O Olaf da Islândia?

— Sim — Aria disse lentamente, com a mão cobrindo a metade da boca. — É

ele. Hanna balançou a cabeça com veemência. — Esse não é Olaf. Eu conheci Olaf.

— Aquela noite naquele bar de Philly tinha acontecido antes da Islândia, ela teria notado se o mesmo cara que tinha falado com ela na noite do acidente de Madison também estivesse dando em cima de Aria do outro lado do mundo.

Ou... ela não teria? Ela olhou para as sobrancelhas escuras de Jackson e os lábios finos. Começando a pensar nisso, ele meio que parecia com o Olaf. Mas ela nunca teria pensado em conectar o cara islandês estranho com um barman dos Estados Unidos.

— Eu-eu não entendo — Spencer resmungou.

— O que diabos está acontecendo? — Hanna disse ao mesmo tempo.

O garoto deu um passo adiante. — Meu nome é Jackson — ele disse. — E

Derrick. E Phineas, e sim, até mesmo Olaf. Mas o meu verdadeiro nome é Nick. Ou Tripp para os meus amigos. Tripp Maxwell.

Emily piscou com força. — Tripp — ela sussurrou. — Oh meu Deus.

Spencer olhou para ela. — Quem é Tripp?

O queixo de Emily tremia. — O garoto que Iris gostava se chamava Tripp Maxwell. Ele era um paciente da Reserva.

— Oh, Iris. — Nick revirou os olhos. — Ela sempre teve uma queda por mim.

A cabeça de Hanna girava. Ele era um paciente da Reserva. Seu nome começava com N. Esse era o namorado de Ali. Era dele que Graham estava falando.

Ele tinha machucado Noel, também. Matado Gayle. Assassinado Kyla.

Ele era o Ajudante de A.

Ela sentiu o pânico subir em seu peito. Ela olhou por cima do ombro. Elas estavam a apenas alguns passos de distância da porta — talvez elas pudessem fugir sem Nick machucar nenhuma delas. Ela agarrou o braço de Spencer e puxou-a. Emily e Aria fizeram o mesmo, também. Hanna deu um passo para a porta, depois outro, estendendo os braços para o ferrolho instável.

Mas então, aparentemente saída do nada, uma pessoa apareceu e ficou na frente da porta, impedindo a saída delas. — Não tão rápido — disse uma voz fria.

Essa voz Hanna reconheceu instantaneamente. Imediatamente, o cheiro de um perfume flutuou no ar. O sangue de Hanna gelou. Um perfume de baunilha.

Lentamente, de forma dramática, Nick passou a lanterna sobre ela. Cicatrizes cobriam seu pescoço e braços. Ela ainda tinha grandes olhos azuis e um rosto em formato de coração, mas havia algo rude e cruel nela. Ela estava mais magra, fraca, desleixada e parecendo muito doente. Seus olhos estavam frios e zombeteiros, sem um mínimo de alegria. Hanna arfou.

— Saudações, vadias — Ali sussurrou, sacando uma arma também. — Vocês vêm com a gente.


33

O CHEIRO DOCE DA MORTE

Emily estremeceu quando sentiu o olhar duro e assassino de Ali sobre ela. Ali estava ela, finalmente. De verdade. Viva. Doentia e muito magra, com suas calças jeans penduradas em seus quadris, os braços parecendo palitos, seus ossos e veias proeminentes em seu pescoço. Havia sujeira por todo o seu rosto, seu cabelo estava emaranhado, e um de seus dentes da frente tinha apodrecido, estragando o seu sorriso. Era como rabiscar sobre a Mona Lisa. Uma menina bonita, a menina mais bonita, invejada por todos, adorada pela própria Emily. Agora, ela era apenas uma ruína denegrida. Uma aberração deformada. Então ela virou-se de novo e olhou para Nick. Derrick. Não fazia sentido. Emily não podia acreditar que este era o seu doce confidente, o menino que tinha ajudado ela durante um verão sombrio.

Ele se ofereceu para resgatá-la do dormitório de Carolyn. Mas ele estava olhando para ela com frieza agora, com um sorriso estranho e não familiar em seu rosto. E

outra coisa ocorreu-lhe, também: Derrick conhecia Gayle. Ele havia trabalhado como seu paisagista naquele mesmo verão. Foi por isso que Gayle falou com Derrick com alguma familiaridade na noite em que ele a tinha matado. Ela provavelmente se perguntou o que Derrick, de todas as pessoas, estava fazendo em sua garagem.

Ali apontou a arma, seu corpo ainda plantado firmemente contra a porta da frente, a única saída delas. — Há um alçapão no canto. Vão para lá. Agora.

As meninas caminharam para uma porta escondida no chão. Nick puxou uma dobradiça enferrujada e abriu-a. Um conjunto de escadas descendia para um porão. Uma faixa de luz fraca brilhou sobre um tapete. Um cheiro estranho e doce flutuou para fora, fazendo com que Emily tossisse. — Que cheiro é esse? — ela gaguejou.

— Sem perguntas. Desçam — Ali exigiu, pressionando a coronha da arma nas costas de Aria.

Tremendo, Emily cambaleou pelas escadas, quase caindo duas vezes.

Spencer, Aria e Hanna a seguiram. Os pés de Emily tocaram o fundo, e ela olhou em volta. Elas estavam em um corredor estreito. Não havia nada aqui, exceto por quatro paredes. O cheiro doce estava mais forte, enjoativo e quase sufocante, e houve um silvo inquietante no ar, talvez de mais do doce veneno preenchendo o espaço. Emily tossiu mais algumas vezes, mas isso não pareceu ajudar. Spencer tomou respirações arfantes. Aria estava pálida.

As formas de Ali e Nick apareceram diante delas enquanto eles desciam a escada e fechavam o alçapão. — Então, meninas — disse Nick, sorrindo como um crocodilo. — Vocês ainda estão confusas?

Ninguém se atreveu a falar, embora Emily tivesse certeza de que todas elas estavam tão confusas quanto ela.

— Você me seguiu até a Islândia — Aria afirmou.

Nick deu de ombros. — Eu acho que eu o fiz.

— Você estava lá também? — Aria perguntou a Ali, olhando para ela na luz fraca. Ali apenas sorriu, sem responder. Provavelmente imaginando que ela não tinha que responder.

— Você colocou Noel naquele galpão? — Aria sussurrou, lágrimas vindo aos seus olhos.

Nick cruzou os braços sobre o peito. Mais uma vez com aquele sorriso malicioso.

Então Emily limpou a garganta. — Você roubou o dinheiro de Gayle. E você a matou. E você veio para o cruzeiro conosco. Você contou aos federais sobre Jordan.

— E você bombardeou o navio — acrescentou Aria. — Você quase me matou.

— Você matou Graham — disse Hanna.

Nick e Ali olharam um para o outro, parecendo orgulhosos. Eles pareciam quase eufóricos.

Emily pegou a mão de Aria. A extensão de tudo o que ele tinha feito esfaqueou-a, quente e afiado. Já era ruim o suficiente o que Nick e Ali tinham feito com Noel. Mas os dois tinham matado Ian também. E Jenna. Ele ajudou a atear fogo no quintal de Spencer. Ele tinha provavelmente estado em Poconos quando Ali tentou matá-las também. Ele ajudou Ali a fugir.

Mesmo que não fizesse sentido, mesmo que ele fosse louco, de alguma forma esse cara tinha sido quatro pessoas ao mesmo tempo, pessoas diferentes para todas elas.

— Eu confiei em você — Emily sussurrou, olhando para Nick. — E por causa de você, eu quase dei o meu bebê para uma pessoa louca.

Os olhos de Nick endureceram. — Eu não forcei você a fazer aquele acordo, Emily. Você fez isso sozinha. Essa é a beleza disto, meninas — eu coloquei todas vocês em apuros, mas foram vocês, no final das contas, que selaram seus destinos.

Todas trocaram um olhar perdido. Ele estava certo. Elas eram culpadas.. e, em última análise, responsáveis. De alguma forma, Nick tinha descoberto os seus pontos fracos e explorado eles.

— Você matou Tabitha, também, não é? — Emily gaguejou.

Nick olhou para Ali, e ela riu. — Nós só fizemos o que tínhamos que fazer — disse Nick.

— E quanto a Iris? — Emily sussurrou.

Nick deu de ombros. — Sem mais perguntas. Acabamos aqui.

Ele passou por elas e localizou uma pequena protuberância na parede. Ele torceu-a uma vez, grunhiu, e toda a parede se moveu, revelando uma sala escondida. Uma luz se derramava a partir de uma lâmpada fraca no canto. — Vão — ele exigiu, empurrando Emily e as outras no interior.

Emily caminhou trêmula para o espaço. Era um porão pequeno e úmido que cheirava a mofo e aquela doçura horrível que ela não conseguia identificar. Havia um velho sofá de tweed empurrado contra a parede de blocos de concreto com uma mesa ao seu lado. E nas paredes, cobrindo cada centímetro, havia fotos de Ali.

Fotos antigas da escola da sétima série. Fotos instantâneas do livro do ano da quarta e quinta séries, fotos dela quando ela voltou para Rosewood depois de Ian ser acusado, retratos da família que Emily recordava do corredor da frente dos DiLaurentis, apenas uma gêmea DiLaurentis dando um sorriso banguela. As fotos cobriam cada centímetro do espaço. Artigos de jornais sobre Alison retornando para Rosewood, Alison desaparecida depois do incêndio em Poconos e avistamentos de Alison em todo o país foram colados nas paredes também, com certas linhas do texto realçadas e outras coisas circuladas com caneta vermelha.

NÓS TE AMAMOS, ALI, lia-se em letras brilhantes ao longo da borda superior de uma das paredes. NÓS SENTIMOS SUA FALTA, ALI, lia-se em uma carta na parede oposta.

Emily deu um passo atrás. — O que é isso?

— Gostaram? — perguntou Ali atrás delas, a arma ainda apontada para suas costas. — Vocês deveriam. Vocês fizeram isso.

Emily piscou os olhos, a cabeça pendendo sobre seu pescoço. Ela não conseguia sentir as pernas, exatamente. — O que você quer dizer com isso?

— Quando eles encontrarem vocês — Ali explicou com uma voz agradável, — eles vão descobrir que este é o seu santuário para mim.

Os olhos de Spencer chamejaram. — Nós nunca faríamos um santuário para você.

— Oh, por favor. — Ali revirou os olhos. — Vocês me amam. Vocês sempre me amaram. Eu sou tudo o que vocês estiveram pensando nestes últimos anos. Isso é o que a polícia vai pensar quando encontrarem todas vocês mortas aqui. Seu próprio plano de morte, uma homenagem final a moi.

Emily fez um grande esforço para virar ao redor e dar a suas melhores amigas um olhar horrorizado. Seu cérebro estava se movendo lentamente, mas as peças se encaixaram. Os policiais. Um santuário para Ali. Um plano de morte.

Quando os policiais as encontrassem — se os policiais as encontrassem — pareceria que elas se mataram por causa de — ou em honra de — Ali. Porque elas estavam assombradas e enfeitiçadas por ela.

Emily agarrou sua cabeça, que agora estava martelando. — O que você fez? — ela perguntou a Nick. — Você colocou algo no ar, não é? Algo venenoso que vai nos matar.

— Talvez sim, talvez não — brincou Nick.

— Eu não consigo respirar — Spencer gaguejou. — Faça isso parar.

Nick balançou a cabeça, em seguida, estendeu a mão por trás dele e colocou um objeto sobre o rosto. Parecia uma máscara de gás. Ele entregou uma segunda para Ali, e ela a colocou, também. Seus corpos relaxaram enquanto tomavam respirações profundas de ar limpo. Uma névoa apareceu contra o plástico. Ele respirou de novo e de novo, zombando delas.

Todo o tempo, cada respiração de Emily doía. Ela podia sentir suas células morrendo, pulverizando, desistindo. Suas amigas se contorciam, também, igualmente sofrendo. Lágrimas encheram os olhos de Emily. Isso era tudo. Ela podia sentir isso. Mas eu preciso de mais tempo, seu cérebro gritou. Ela não podia morrer agora. Ela não podia deixar Ali vencer.

Mas esse era o fim. Spencer deixou escapar um gemido desamparado. Aria caiu no chão, semiconsciente, os olhos rolando para a parte de trás de sua cabeça.

Nick e Ali apertaram as mãos e saltaram sobre seus pés como crianças. Eles estavam adorando isso.

Emily olhou para eles. Eles estavam selvagens. Desumanos. De repente, a energia de algum lugar lá no fundo a preencheu, e ela saltou para Nick, com os braços estendidos. Ele gritou quando caiu de costas. Ela arrancou a máscara e atirou-o do outro lado da sala, em seguida, pegou a arma e atirou-a para longe, também. Quando ela olhou para ele de novo, seu pescoço estava torcido, os olhos fechados, os lábios entreabertos. Ele tentava tomar respirações constantes e uniformes. Ela tinha nocauteado ele.

A arma brilhou através do porão. Emily não sabia onde ela encontrou a energia, mas ela se lançou para ela e agarrou-a com as duas mãos. Era mais pesada do que ela esperava, o metal era frio ao toque.

— Ora, ora, ora. Olha quem é durona.

Emily olhou para cima. Ali olhou para ela com a máscara ainda sobre o rosto.

— Afaste-se. — Emily apontou a arma de Nick para ela.

Ali deu de ombros e apontou sua arma para Emily. — Ora, ora, Em — ela disse gentilmente, com a voz abafada. Então ela tirou a máscara e sorriu, mostrando a lacuna horrível em seus dentes. Ela caiu de joelhos ao lado de Emily.

— Isso não tem que acabar assim. Nós podemos ser amigas de novo, não podemos?

Sua respiração estava quente e com um cheiro azedo no rosto de Emily. Emily se encolheu, não querendo que Ali a tocasse. Ela olhou para Nick no chão. Ele estava inerte. Em seguida, ela espiou suas amigas através do porão. Elas estavam olhando para ela com medo, mas também atordoadas, fracas demais para se moverem.

— Eu vou te machucar — Emily alertou Ali.

Ali colocou a máscara de volta em seu rosto, em seguida, revirou os olhos. — Não, você não vai, Em. Eu sei como você se sente sobre mim. Eu sei que eu não estou tão bonita como eu costumava ser, mas eu ainda sou a mesma Ali. Sei que você ainda pensa em mim. Eu estive pensando em você, também. Especialmente na última vez que nos vimos. Quando você me deixou sair daquela casa, pouco antes dela explodir. Eu nunca lhe agradeci devidamente por isso.

Havia um nó na garganta de Emily.

Emily agarrou a arma de Nick com força e empurrou Ali para longe dela. — Fique longe de mim.

Ali sentou-se em seu bumbum, parecendo divertida. — A pobre pequena Emily não me ama mais? — disse ela em um beicinho, com uma voz infantil, em parte abafada pela máscara sobre a boca.

Emily olhou-a nos olhos. — Eu nunca te amei — ela sussurrou.

Ali levantou a mão e bateu no rosto de Emily. Riscos vermelhos nublaram a visão de Emily, seu rosto ardeu com o calor, e ela se virou para trás. A arma voou de suas mãos e deslizou pelo chão mais uma vez. Emily estendeu a mão para ela, mas Ali a alcançou e empurrou-a para trás com uma força surpreendente.

— Digamos que você nunca parou de pensar em mim — Ali rosnou, sua arma na têmpora de Emily agora. Sua máscara se soltou e pendia em seu pescoço. Ela segurou-a contra sua boca, suas narinas queimando. — Digamos que você teria traído até mesmo as suas melhores amigas, se isso significasse me ter de volta.

O rosto de Emily pinicou. Ela não conseguia dar uma resposta. Ela olhou novamente para Spencer, Aria e Hanna. Elas estavam quase inconscientes, suas peles estavam cinza e suas respirações entrecortadas. Cada uma tinha um olhar de desespero no rosto — estava claro que elas queriam ajudar Emily, mas elas simplesmente não podiam. A arma repousava no canto, fora do seu alcance.

— Diga — Ali exigiu. — Diga a suas amigas o quanto você queria que eu vivesse. Diga a elas que você as traiu. Vamos ver o quanto elas amam você, então.

— Ela já nos disse, Alison — Aria disse fracamente. — Nós não nos importamos. Emily ainda é nossa amiga.

Ali pressionou a arma na carne de Emily. — Diga isso, de qualquer maneira.

— Me deixe em paz. — Os lábios de Emily tremiam. Mesmo sabendo que este era o fim, mesmo que ela provavelmente estaria morta em poucos minutos e Ali iria escapar de novo, ela não queria que isso fosse a última coisa que ela dissesse.

Ela não amava Ali. De jeito nenhum.

Houve um clique quando Ali levantou a trava de segurança. — Diga — ela rosnou. — Diga como você estava animada quando vocês estavam me procurando.

Diga o quanto você queria me encontrar para que você pudesse me beijar de novo.

— Pare com isso! — Emily gritou, curvando-se em uma bola.

Ali moveu a arma para a têmpora de Emily. — Bem, então, diga adeus.

Emily começou a soluçar. Cada músculo em seu corpo tremia. Ela olhou ao redor do porão, primeiro para suas amigas, em seguida, para o corpo inerte de Nick, e depois para todas aquelas fotos horríveis de Ali nas paredes, e então, finalmente, para a própria Ali. — Eu te odeio — ela sussurrou.

— O que foi isso? — Ali rosnou, parecendo um alienígena em sua máscara de gás.

Emily estava a ponto de dizer de novo, mas, de repente, houve um som fraco em cima. Ali inclinou a cabeça em direção ao teto. Emily o fez, também. O som ficou mais alto. Parecia. . uma sirene de polícia.

Ali engasgou. Ela olhou para Emily. — Você ligou para a polícia?

Emily olhou para as outras. Os policiais tinham vindo por elas? Será que eles sabiam? Eles chegariam aqui a tempo?

Mas as sirenes ainda estavam tão longe. Mesmo que a polícia chegasse na casa, eles nunca encontrariam o porão. Lágrimas correram pelo rosto de Emily. A ajuda estava tão perto.. ainda assim tão longe. Ali iria vencer desta vez. . de verdade.

— Muito, muito tarde — disse Ali, em uma voz suave, empurrando a arma contra a cabeça de Emily. — Diga adeus, Emily, querida.

Emily fechou os olhos e tentou pensar em algo bom e puro. E, em seguida, bang. O som ecoou pelas paredes. Emily desfaleceu no chão, com medo de se mexer.

E então tudo o que ela viu foi escuridão.


34

EM ALGUM LUGAR LÁ FORA

Aria estava nadando em um belo oceano azul. Peixes coloridos flanqueavam seus lados. Corais se agitavam na corrente oceânica. Uma figura nadava na água à distância, e ela nadou na direção dele. Quando ela emergiu, ela viu Noel. O sol dançava sobre as maçãs do seu rosto. Seus olhos brilhavam. Mas seu sorriso estava triste e solitário. Havia lágrimas em seus olhos.

— Aria — disse ele, com a voz cheia de dor.

— Noel! — Aria nadou na direção dele. — Eu senti sua falta. Pensei que nunca mais iria vê-lo novamente.

Noel piscou e apertou os lábios. — Esse é o problema, Aria. Você não vai. Esta é a última vez.

— O-o que você quer dizer? — Aria perguntou. Por que ele parecia tão infeliz?

E então ela se lembrou. Aquele porão repleto de Alis. Aquele gás venenoso.

Ali e Nick e aquelas armas. Aquele estrondo.

Tudo alagou em sua memória, torcendo-a em nós. Ela olhou para Noel com horror, as ondas batendo em torno deles. — Eu estou.. morta?

O queixo de Noel tremia. Lágrimas escorreram pelo seu rosto.

— Não! — Aria exclamou, agitando os braços, de repente hiperventilando. — Eu. . eu não posso estar morta. Eu me sinto tão viva. E eu não estou pronta. — Ela olhou para seu ex-namorado, cheia de propósito. Ela não estava pronta. Ela queria viver, queria ele de volta. Ela não se importava mais com as porcarias de Ali. Todo mundo mentia. Todos cometiam erros. Eles teriam que superar isso, da mesma forma que eles tinham superado tudo.

Ela estendeu a mão para ele, mas Noel afundou na água. — Noel! — Aria gritou. Ele não veio à tona. — Noel! — Ela afundou também, mas tudo o que ela viu foi escuridão. Não havia mais peixes. Não havia mais nada.

— Aria? Querida?

Aria piscou duramente. Quando ela abriu os olhos novamente, ela estava deitada em uma cama em um quarto brilhante. Um lençol cobria seu corpo, e um monitor apitava ao seu lado. Um rosto borrado pairava sobre ela. Quando seus olhos se adaptaram, ela viu que era a Agente Fuji.

Aria lambeu os lábios secos. Isto era outra alucinação? Ela estava em uma espécie de limbo de pós-morte? — O-o que está acontecendo? — ela ouviu-se dizer. A Agente Fuji olhou por cima do ombro. Duas figuras mais borradas caminharam para frente. Uma delas era Byron, a outra era Ella. — Oh meu Deus — ambos choraram, apertando as mãos de Aria. — Oh, querida, nós estávamos tão preocupados.

Mike apareceu também. — Ei — ele disse timidamente. — É bom ter você de volta. Aria engoliu em seco. Quando ela se moveu, sua cabeça latejava. Será que as pessoas mortas tinham dores de cabeça?

— Eu estou... viva? — ela perguntou timidamente.

— É claro que você está viva — disse uma voz ao seu lado. Aria olhou para o lado. Emily estava apoiada contra um travesseiro, com os olhos abertos e um sorriso pálido no rosto. Sua irmã Carolyn estava ao lado dela, com lágrimas nos olhos. Hanna estava deitada ao seu lado, sua mãe segurando uma mão, Kate segurando a outra. Spencer tinha um curativo na testa e parecia muito desorientada, mas quando ela viu o olhar de Aria sobre ela, ela acenou fracamente.

Elas estavam todas vivas. Todas elas tinham conseguido, de alguma forma. — Por quanto tempo eu estive desacordada? — Aria disse tremulamente.

— Dois dias — Mike disse. — Mas pareceram dois anos.

Fuji se materializou nos pés da cama de Aria. — Nós tiramos vocês daquele porão na hora certa. A quantidade de cianeto no ar era impressionante. Se tivéssemos chegado alguns minutos mais tarde, vocês não teriam sobrevivido. Foi uma coisa boa que estávamos de olho em vocês naquela noite. Alguém seguiu vocês para aquela casa. Quando vocês não saíram, o nosso agente chamou reforços.

— Ela acariciou a perna de Aria. — Mas nós o pegamos, querida. Ele está sob custódia. Está tudo acabado.

— Ele — disse Aria roucamente. Nick. Ela pensou em seu estranho sorriso de lobo. A arma apontada em suas mãos. Seu corpo caindo no chão, uma vaga lembrança de Emily nocauteando-o.

— Ele quase matou vocês, meninas — disse Fuji. — Eu acho que ele descobriu que vocês estavam chegando muito perto. Alguns membros da minha equipe descobriram a ligação de Nick quase ao mesmo tempo em que ele capturou vocês. Eles vieram nos mostrar assim que ele prendeu vocês naquela casa.

— Como você descobriu que era Nick? — perguntou Aria.

Fuji esfregou as linhas finas ao redor dos seus olhos. — Um grupo de peritos forenses foi capaz de rastrear tudo de volta ao celular de Nick — todas aquelas mensagens de A, e também o reencaminhamento das mensagens de A para seus celulares. — Ela olhou para Spencer. — Nós ouvimos você — nós fizemos uma referência cruzada com os pacientes da Reserva para ver se alguém de dentro do hospital poderia ser um suspeito. Nick estava na nossa lista. Tivemos outros especialistas analisando seu DNA, e Nick foi compatível, também — o seu DNA estava no registro de um crime anterior antes de ele entrar na Reserva. Nós finalmente identificamos uma terceira pessoa no porão do cruzeiro onde a bomba explodiu. E ontem à noite, encontramos Iris Taylor amarrada no mato, meio-morta.

Ela confessou que foi ele quem a machucou. Que foi Nick. Foi tudo Nick.

— Iris? — Emily gritou. — Então ela está. . bem?

— Ela vai ficar — disse Fuji. — Mas foi por um triz.

— Espera. — Havia uma lacuna no cérebro de Aria. — E quanto a. . Ali? Vocês a encontraram?

Byron e Ella se entreolharam. Fuji apertou sua boca em uma linha. — Ali não estava lá, Aria.

Aria lutou para levantar-se sobre os travesseiros. Sua cabeça latejava. — Sim, ela estava. Todas nós vimos ela. Você disse que havia pessoas nos observando na casa. Eles devem ter ouvido a voz dela.

— Querida — Ella disse gentilmente. — Você está apenas confusa.

— Não, isso é verdade — resmungou Spencer. — Ela tentou nos matar junto com Nick. Eles fizeram isso juntos.

— Ela atirou em mim — disse Emily. Aria viu quando ela tocou a cabeça. Não havia nenhuma ferida. — Pelo menos eu achei que ela tinha atirado — disse Emily, depois de um momento.

Fuji suspirou. — Meninas, Nick drogou vocês com uma mistura perigosa de toxinas. Vocês viram a Alison porque era ela quem vocês temiam que fossem ver — e porque a foto dela estava por todas aquelas paredes. Nick construiu um santuário para ela. Ele estava obcecado com a sua morte, e ele estava tentando se vingar.

— Nick e Alison eram namorado e namorada — Melissa Hastings, que estava sentado ao lado de Spencer, falou. — Ele veio atrás de vocês porque sua namorada foi morta. Ele conhecia Tabitha Clark — eles eram amigos do hospital também — e claramente a fez se passar por Alison para assustar vocês, meninas. E foi aí que tudo começou.

— Mas Iris disse que não tinha visto Tripp — Nick — há anos — Emily protestou. — Ela me levou em uma busca inútil para encontrar a casa dele.

— As pessoas mentem — disse Fuji. — E Iris não é exatamente uma menina saudável.

Aria olhou para ela, piscando com força. — E quanto a aquele vídeo da Jamaica? O de Tabitha?

Fuji mudou seu peso. — Um segundo vídeo apareceu na mesma noite em que vocês fugiram, provando a inocência de vocês. Eram mais imagens da noite que Tabitha foi assassinada, e que mostrava uma pessoa agindo sozinha, batendo na menina até a morte — Nick. Nossos especialistas forenses e digitais têm certeza de que é o verdadeiro. O outro é uma farsa.

Uma onda de choque passou por Aria. — Quem mandou esse vídeo?

Fuji balançou a cabeça. — Eu não sei.

Aria olhou para as outras, e elas pareciam bastante atordoadas. — E se Ali o enviou? — gritou Emily. — Você não vê? Ela tinha essa carta na manga o tempo todo. Ela enviou-o para incriminar Nick quando ela soube que eles foram pegos!

— E a sua teoria de duas pessoas amarrando Noel? — perguntou Aria. — Se Ali não estava ajudando Nick, quem estava?

— Poderia ser qualquer pessoa — disse Fuji. — Nick tinha outros amigos. É

possível que ele mentiu e disse que Noel o irritou, ou que ele estava fazendo isso como uma brincadeira.

Aria fechou os olhos e pensou na noite em que ela, Noel, e as outras tinham tentado capturar Ali na biblioteca. Uma menina loura tinha servido como um chamariz, claramente era uma ajudante de Nick. E se quem estava ajudando na sua fúria louca não era Ali, afinal?

Mas não. Elas haviam visto ela. Falaram com ela. Aria tinha certeza disso.

Fuji enfiou as mãos nos bolsos. — Deixa para lá, meninas. Eu sei que vocês queriam esse encerramento, mas vocês realmente não viram Alison lá. Nossos especialistas estão vasculhando o porão, certificando-se, mas eu tenho certeza que não vamos encontrar nenhum traço dela. Ela está morta — e tem estado por um longo, longo tempo. Honestamente. É melhor apenas aceitar isso e seguir em frente. — Ela olhou para todas elas. — Apenas descansem um pouco, ok? Vocês vão ter que responder um monte de perguntas dos repórteres em breve.

E então ela saiu do quarto e fechou a porta. Aria olhou para suas melhores amigas. Todas olharam para ela sem entender. Mas não era como se elas pudessem falar sobre isso agora, não com toda a sua família ao redor. Claro que todo mundo pensaria que elas tinham alucinado Ali, também. Talvez elas devessem deixar isso pra lá, Aria se perguntou. Talvez este realmente fosse o fim.

A porta se abriu de novo, e Aria virou a cabeça, preocupada que pudesse ser um repórter curioso querendo fazer perguntas. Mas foi Noel que entrou, ao invés.

Assim que ele viu Aria, seu rosto se enrugou. Ele correu para o seu lado da cama.

Byron e Ella se separaram para deixá-lo chegar perto.

— O-oi — ele disse, tremendo.

— Oi — Aria disse. Subitamente, o sonho correu de volta para ela. Afundando debaixo d’água e não encontrando Noel em lugar nenhum. Sem conseguir tocá-lo novamente. Ela estendeu a mão e apertou a mão dele, e ele a apertou de volta. E

então ele se inclinou para frente para que seu rosto estivesse perto do dela. De primeira, Aria pensou que ele fosse beijá-la e ela queria que ele o fizesse.

Ele se moveu em direção a sua orelha, ao invés. — Você a viu, não é? — ele sussurrou.

Os olhos de Aria se arregalaram. Ela balançou a cabeça, em seguida, olhou para a porta, onde Fuji tinha desaparecido. — Mas ninguém nos entende.

— Eu acredito em você. Eu sempre vou acreditar em você.

Ele recuou, e Aria olhou para ele, meio em choque, meio agradecida.

Obrigada, ela murmurou, com os olhos cheios de lágrimas.

Mas ela queria dizer a Noel para esquecer Ali. Ela queria que todos a esquecessem. Sua mente foi para um lugar escuro e terrível. Não vamos encontrar nenhum traço dela, Fuji tinha dito. De repente, Aria sabia que eles não encontrariam mesmo. Não havia impressões digitais na arma que ela estava segurando. Nem sangue no chão. Nem cabelos loiros longos no tapete. Não porque Ali não tinha estado lá.

Porque Ali era mais esperta do que todas elas.

Uma enfermeira colocou a cabeça para dentro do quarto e franziu a testa para todos os convidados. — Ok, visitantes, todos fora — ela exigiu em uma voz prática. — Essas meninas precisam descansar.

Noel acariciou a mão de Aria. — Eu estarei lá fora — disse ele. Aria acenou com a cabeça, em seguida, observou quando todos os outros se arrastaram para fora, também. A enfermeira esmaeceu as luzes, e por um momento, o quarto ficou em silêncio. Então Hanna pegou seu controle remoto e ligou a TV que pendia do teto. Assassino em Série Levado Sob Custódia, bradou uma manchete na CNN. Claro que isso estava em todos os noticiários.

A câmera mostrou o exterior do antigo celeiro. Um policial empurrou Nick no banco de trás, com as mãos presas nas costas. Ambulâncias pairavam ao fundo.

Aria se perguntou se ela estava dentro de uma delas, inconsciente.

— Eu o odeio — disse Spencer baixinho, quando uma imagem do perfil de Nick apareceu.

Aria acenou com a cabeça, sem dizer nada. Ele mereceu isso totalmente. Mas ele era apenas metade do problema. Se apenas os policiais pegassem Ali, também.

O carro da polícia se dirigiu para longe da tela, mas as câmeras permaneceram na atividade policial no celeiro por um momento. Estava cheio de policiais, equipes forenses e cães. Aria tentou ouviu esforçadamente sobre os sons de sirenes qualquer risada estridente e reveladora, qualquer coisa que pudesse provar que Ali ainda estava ali. Mas não havia nada. Claro que não havia.

— E agora? — ela perguntou, quando o noticiário foi para o comercial.

Spencer suspirou. — É difícil saber. Nós perdemos tudo. Mas agora talvez possamos fazer qualquer coisa.

Qualquer coisa. Elas olharam uma para a outra, absorvendo as possibilidades.

Hanna olhou para o celular dela, que ainda estava enfiado em seu bolso. — Eu continuo esperando isso tocar a qualquer momento.

— Com uma mensagem — Spencer sussurrou.

Aria olhou para o celular dela, também, mas nenhuma mensagem veio. Elas não iriam vir, é claro. Ali não era burra o suficiente para enviar uma mensagem justo agora.

Aria olhou para suas amigas, nervosa. — Vocês acham que nunca mais vamos saber dela de novo?

Hanna balançou a cabeça com um olhar de determinação em seu rosto. — Não. Está acabado.

— Definitivamente — Spencer concordou.

Mas Aria sabia que elas não acreditavam nisso. Elas podem não ouvir nada de Ali por um tempo, talvez um longo tempo. Mas ela não tinha ido embora de suas vidas para sempre. Ela ainda estava lá fora.. e elas ainda estavam vivas.. e isso significava que seu trabalho não estava acabado. Conhecendo ela, ela só iria parar quando ela conseguisse o que queria. Ela só iria parar quando elas estivessem mortas.

Era apenas uma questão de quando.


ALI, INTERROMPIDA

Alison correu e correu até que seus músculos doíam e seus pulmões queimavam. Quanto mais ela corria, menos ela pensava, e quanto menos ela pensava, menos ela se importava. E durante o tempo que ela levou para chegar ao lugar onde ela precisava ir, ela estava resoluta em sua decisão. Esta era a única solução. Ela tinha salvado a si mesma.

Ela caminhou até o lugar que ela tinha criado semanas antes sem Nick saber, o lugar era todo dela. Ela tirou as chaves de um bolso secreto costurado em seu jeans e abriu a porta, caminhando pelo corredor escuro e afundando na cama recém-feita, sem nem olhar para a pilha de correspondência que ela tinha deixado lá da última vez que ela veio, todas endereçadas a Maxine Preptwill, seu novo pseudônimo. Ele sempre foi um nome que ela tinha achado engraçado, uma espécie de anagrama de Nick Maxwell e também o nome que ela tinha usado com Noel para suas mensagens secretas. Durante muito tempo, ela pensou sobre que tipo de pessoa seria Maxine. A menina quieta que ela guardaria para si mesma. Um rosto amigável ao redor do bairro, um destaque na faculdade comunitária que ela acabaria por se inscrever com o dinheiro restante que Nick lhe confiou — ela tinha escondido pequenas quantidades cada vez que ela veio aqui, construindo um ninho de ovos. Ela o usaria para consertar seus dentes. Cortaria seu cabelo adequadamente. Faria a cirurgia plástica nas queimaduras. Ela se tornaria bela e irresistível novamente. Ela precisava colocar alguém novo sob seu feitiço.

Ela ficou lá por um longo tempo, olhando para o teto, sua mente repassando os acontecimentos do dia. Ela pensou em Nick, mas ela não sentiu nada. Bem, ótimo. Era melhor não sentir nada. Sem arrependimentos. Sem complicações. Ela estava livre.

Ela pensou em ligar a televisão — ela tinha enrolado a antena com folha de alumínio para que ela pudesse, pelo menos, assistir ao noticiário. Mas ela não tinha certeza se ela estava pronta para ver a carnificina ainda. Homem é Preso por Assassinato Clark. Pretty Little Liars Finalmente Dizem a Verdade. E haveria fotos de Nick, com os olhos ocos, com uma expressão aturdida. Ele era o cara mais esperto que Ali conhecia, mas ele ainda não sabia o que o havia atingido.

Ok, ok, se ela realmente pensasse sobre isso, não era o que ela queria. Ela odiava que essas vadias estivessem livres. E ela odiava que tivesse sido ela quem tinha entregado Nick. Mas ela sabia o que poderia ter acontecido, se ela não tivesse feito isso. Assim que ela ouviu aquelas sirenes, ela começou a entrar em pânico. Ela tinha imaginado a polícia encontrando ele.. e depois ela.

Bem, ela não poderia permitir isso.

E então ela tinha fugido. Quando os policiais encontraram Nick, ainda inconsciente no chão, Ali estava muito longe. Ele provavelmente disse a eles que ela tinha armado tudo com ele — o que era praticamente a verdade. E se Ali não tivesse uma prova sólida para detê-los, a polícia viria procurá-la. Felizmente, ela tinha a coisa certa para selar o destino dele.

Aquele vídeo. Nick nunca soube que ela o tinha pegado. Mas isso era o que se precisava fazer para sobreviver neste mundo. Você precisava de truques na manga.

Você precisava guardar segredos e contá-los no momento perfeito.

Ainda assim, quando Ali fechou os olhos, Nick nadou em seus pensamentos. A primeira vez que eles se encontraram na Reserva durante um grupo, Nick jogando um pedaço de papel amassado para fazer Ali falar. A primeira vez que ele tinha mostrado a ela o sótão secreto na Reserva, que apenas os pacientes legais sabiam sobre ele — ela tinha escrito seu nome como todos, menos Nick, a conhecia, Courtney, em grandes letras bolha na parede. O jeito que ele a ouviu quando ela explicou a história horrível sobre a troca. Como ele prometeu ajudá-la a se vingar.

Ela pensou na figura de Nick aparecendo ao lado dela sobre o buraco no quintal de seus pais naquela noite que Courtney morreu. Depois que estava acabado, ele pegou Ali e abraçou-a com força, repetindo que a amava muito e que ele estava tão, tão orgulhoso. Isso era amor verdadeiro, ela imaginou: Alguém que mataria por você, uma e outra vez. Alguém que iria até os confins da terra para fazer qualquer coisa pela sua vingança.

Mas agora, algo dentro dela virou aço. Só os fortes sobrevivem, ela recitou.

Mesmo que Nick, quando em julgamento, professasse repetidamente que Ali estava viva, não haveria nenhum vestígio dela: Ela sempre se certificava disso. Além disso, ele tinha sido o único que tinha assassinado Tabitha. Aquele vídeo não mentia.

Ela rolou na cama, enfiando a língua no espaço onde seu dente estava faltando. — Dane-se — disse ela em voz alta, testando sua voz. — É hora de seguir em frente. Eu sou Alison. E eu sou fabulosa.

E ela soube, de repente, e sem sombra de dúvida, que tudo o que ela faria em seguida, ela iria fazer corretamente. E um dia, quando aquelas vadias não estivessem esperando, ela apareceria para elas novamente. Mas vamos ser francos: Ela estava impaciente. Ela tinha a sensação de que seria mais cedo ou mais tarde.

Ela mal podia esperar.

 

 

                                                   Sara Shepard         

 

 

 

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