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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


LOCKED / Ella Frank & Brooke Blain
LOCKED / Ella Frank & Brooke Blain

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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“ACE LOCKE DEIXA A CIDADE DO PECADO COM UM HOMEM MISTERIOSO.”
Sinto muito, senhoras – e senhores – mas a estrela de ação mais quente de Hollywood, Ace Locke, está oficialmente fora do mercado!
O homem no braço de Locke foi identificado como Dylan Prescott, “o” modelo sexy apresentado nos últimos anúncios de Calvin Klein. Fontes disseram a TNZ que os homens se conheceram no set do próximo filme de ação de Locke: Insurrection 2, e que “eles só têm olhos um para o outro”.
Este é o primeiro relacionamento gay público de Locke, que saiu do armário há um ano, e tem havido muita especulação sobre quem seria finalmente o único a chamar sua atenção.
De acordo com várias testemunhas oculares, Locke levou Prescott em seu jato particular para um fim de semana romântico no Syn, o hotel mais exclusivo da Strip em Las Vegas. Depois de fotos recentemente divulgadas do novo casal, carinhosamente chamado PresLocke, Locke parece bem possessivo, mantendo seu novo namorado bem perto, e as coisas entre eles estão se aquecendo.
O mundo está observando #PresLocke, e teremos a certeza de mantê-las atualizadas sobre este novo relacionamento!

 


 


Capítulo 1


PRO INFERNO COM O DESASTRE!


ACE

 

— Ace, o gerente está aqui.

Eu estou vagamente ciente da voz de Dylan atrás de mim e da mão que ele tinha no meu ombro, mas enquanto estou parado em frente à janela que vai do chão ao teto na suíte presidencial do Syn, com vista para a cidade de Las Vegas, não pude afastar meu olhar da imprensa que estava reunida na entrada do hotel muito abaixo. Parecia que fluíam a cada minuto, e enquanto eu observava a multidão crescer, o pânico que sentia se transforma em entorpecimento total. Como era possível que a vida pudesse mudar tão drasticamente no espaço de alguns minutos?

— Ace? — Dylan chama novamente. — Você deveria se sentar.

Certamente todas essas pessoas não estão aqui por mim. A notícia não poderia ter se espalhado tão rápido.

Mas mesmo quando o pensamento cruza minha mente, eu sei que não é verdade. Imagens passam por minha cabeça - o paparazzo estava parado no meio da suíte de Dylan, disfarçado com um uniforme do hotel; um clique no botão da sua câmera enquanto roubava os nossos momentos particulares; Dylan correndo atrás dele usando apenas uma toalha na cintura; Eu, puxando-o de volta para dentro enquanto meu mundo colapsava em segundos.

Descansando a minha testa contra o vidro frio, fecho os olhos e tento diminuir a velocidade do meu coração.

— Apenas me dê um segundo. — ouço Dylan dizer quando a mão dele deixa meu ombro. Eu sei que preciso me virar e encarar a realidade do que acabou de acontecer, mas fazer isso significa que estou pronto para lidar com as consequências que eu sabia que viriam. Em algum lugar do quarto de hotel, meu celular está tocando, e eu já imagino quem pode ser. Roger, meu agente, ou Martina, minha relações públicas. Inferno, provavelmente ambos estão tentando me ligar.

O segredo que tentei tanto esconder, que fiz grandes planos, como esse fim de semana inteiro, para proteger...

Eu balanço minha cabeça contra o vidro. O que isso significaria para minha carreira agora? Claro, o mundo sabe que eu sou gay, mas não tinham uma foto para acompanhar isso. De acordo com Roger e Martina, e até com meus pais, minha carreira não sobreviveria se eu exibisse um relacionamento nos rostos dos espectadores. E infelizmente, parecia que eu estava prestes a descobrir se eles estavam certos naquela previsão ou não, porque eu não negaria de jeito nenhum o homem que eu precisava tanto na minha vida.

— Ace? — a voz de Dylan é gentil, como se ele estivesse tentando acalmar um animal selvagem, e eu não posso culpá-lo. Eu sabia que ele achava que eu estava a cerca de dois segundos de fugir.

Dou uma respiração tão necessária e, finalmente, me viro para enfrentar a música.

Dylan está a poucos metros de distância, usando jeans e camiseta, com os olhos fixos em mim e uma expressão séria em seu rosto. Eu sei o que quero... Não, o que preciso fazer, e tenho que colocar seus medos para descansar.

Não o medo do que está por vir, porque, honestamente, tenho uma boa ideia do pesadelo que logo se desdobrará em torno de nós dois. Mas eu preciso que ele saiba que o motivo da minha retirada, o motivo do meu pânico, não é arrependimento por estar com ele.

— Ace, o gerente...

— Ele pode esperar um minuto. — digo, e dou os três passos que precisava para me levar até ele. Eu levanto minhas mãos até seu rosto e arrasto meu polegar ao longo do lábio inferior dele. — Todo mundo pode esperar por um momento.

As mãos de Dylan seguram meus pulsos, e seus olhos estão cheios de compaixão enquanto avalia meu rosto, tentando verificar se estou bem. Eu não estou, e eu sei que isso é óbvio. Mas antes de qualquer mal-entendido ficar entre nós, antes de sermos bombardeados por opiniões de pessoas que tem opiniões muito fortes sobre nós e a nossa relação, quero que Dylan esteja com cem por cento de certeza de que qualquer opinião externa expressa não seria a minha.

Hesito, tentando encontrar as palavras para explicar todas as emoções que estão correndo pela minha mente. Mas antes que consiga falar, Dylan abaixa meus braços e os enrola em sua cintura. Ele acaricia seu rosto contra o meu ombro e pescoço e pergunta:

— Você está bem?

Eu aperto meu domínio ao redor dele, pensando que se eu não o mantivesse bem perto, ele poderia de alguma forma se afastar do meu alcance e eu nunca mais teria essa oportunidade.

— Não. — digo. — Mas essa é a primeira vez que meu coração alivia um pouco desde que você abriu aquela porta e tudo foi para o inferno de uma única vez.

— Eu só posso simplesmente dizer, em nome do hotel, o quão incrivelmente nos sentimos tristes pela intrusão. — diz o gerente-assistente do Syn Charles Toth. — Nós já chamamos as autoridades locais, e tenha a certeza de que chegaremos ao fundo disso. É quase impossível que alguém tenha acesso a este andar, então não tenho certeza de como...

— Quase. — Dylan diz, levantando a cabeça do meu ombro. — Quase impossível? De alguma forma, um homem conseguiu roubar não apenas um dos uniformes de seus empregados, mas também o cartão de elevador de acesso privado, bem como um cartão de entrada separado para o meu quarto. Quão diabólico você precisa ser; especialmente considerando o tipo de convidados que você hospeda neste andar?

Oh, inferno. Dylan está puto, e mesmo através da tempestade que gira ao nosso redor, não consigo reprimir o pequeno sorriso que torce os meus lábios em seu tom possessivo.

Charles empalidece e começa a torcer as mãos. — Eu garanto que nós...

— Não se preocupe em fazer promessas que você não pode manter. — Dylan disse para o homem virando um fantasma. — Você já se incomodou em olhar para fora? Mesmo acima de quarenta e cinco andares, você pode ver o enxame de pessoas. O que você vai fazer sobre isso? Sobre o dano já feito? Sobre o futuro de Ace?

Minha mão aperta a cintura de Dylan, então ele não dá mais um passo. Com o rubor que estava subindo pelo seu pescoço, eu acredito que ele possa estrangular o homem que literalmente está tremendo em seu pulôver Gucci, e a última coisa que precisávamos era adicionar ao dia um assassinato.

— Eu... Uh... Temos plena fé nas autoridades. — diz Charles.

— Que podem, magicamente, apagar as imagens que provavelmente estão por toda a internet agora? — Dylan diz. — Certo.

— Obrigado por estar tentando ajudar, mas você poderia nos dar alguma privacidade por alguns minutos? — eu pergunto a Charles, e o fato de eu estar sendo educado parece surpreendê-lo.

— Claro — ele diz, caminhando para trás até a porta da frente. — Eu vou... Guardar a porta até você... Certo. — então, quando ele fecha a porta atrás de si, eu levo Dylan em direção ao sofá.

— Tudo bem. — eu digo. — Vamos pensar nas opções.

— Você deve atender o seu telefone primeiro? — Dylan indica sobre o toque insistente do meu celular, e quando finalmente se senta, vou ao quarto de trás para pegar o meu telefone. Já havia dez ligações perdidas, tanto de Roger como de Martina, juntamente com mais de um punhado de textos. Enquanto eu fico olhando para a tela, tenho uma sensação esmagadora de déjà vu. Um pouco mais de um ano antes, aconteceu o mesmo frenesi, os mesmos telefonemas, o mesmo sentimento de desespero. Só que naquele momento não havia fotos. A porra do chefe casamenteiro de Shayne tinha vazado o meu segredo para a imprensa, mas antes que as coisas tivessem ficado fora de controle, Shayne me cobriu e as coisas desapareceram lentamente.

Quando eu volto ao quarto principal e vejo o homem deslumbrante sentado no sofá parecendo preocupando, passando a mão em seus cabelos castanhos, percebo que não estou sozinho como da última vez.

— Dylan... — eu digo quando sento ao seu lado. Ele inclina o rosto para me olhar, e eu não consigo me impedir de me inclinar e passar um dedo no seu maxilar.

— Por favor, não se preocupe comigo. Deus! — ele diz, balançando a cabeça. — Você tem o suficiente para se preocupar.

Meus lábios ficam em uma linha fina com as suas palavras, porque ele está certo, eu realmente tenho um milhão de coisas para me preocupar, mas os meus pensamentos são sobre ele, e era um momento de abrir os olhos, e perceber que Dylan era a minha principal preocupação aqui.

Eu pigarreio e pego uma de suas mãos. Quando ele entrelaça os dedos nos meus, eu percebo como ele está tremendo e quero aliviá-lo de alguma forma. Mas isso seria difícil, considerando o meu próprio tremor.

— Ok, então. — digo, e então suspiro. — Temos que descobrir o que vamos fazer depois. O que você quer fazer agora.

— Eu? — Dylan diz com seus olhos se alargando. Então ele aperta meus dedos e os solta com cuidado. Levanta e começa a andar na minha frente, eu posso ver as rodas girando em sua cabeça. Seu rosto se fecha, sua expressão torna-se ilegível, ele para e olha para mim, e eu sinto que o que ele está prestes a dizer irá me cortar diretamente.

— Ace... Olha, eu vou dizer o que você quiser que eu diga. Ou nada, se for o caso. Posso me esconder neste quarto até que todos saiam. Tanto faz. Mas do jeito que eu vejo, se você sair daqui sozinho e negar, então, por um tempo, isso terá que terminar. Talvez para sempre...

— Não. — digo, me levantando. Era a única coisa que eu tinha certeza de que não queria. — Isso não vai acontecer. — coloco uma das minhas mãos sobre as que ele está torcendo na frente de si mesmo, e balanço a cabeça. — Isso, o que está acontecendo entre nós, não vai terminar. Não, a menos que você queira.

Dylan morde o lábio enquanto segura minha mão em um aperto quase mortal. — Eu... Eu...

— Eu sei que isso é muito para lidar. Merda, eu nem sequer tenho tudo sob controle. Mas se você quer isso, se você me quiser, então estou pronto para sair por aquela porta com a minha mão na sua, e que se foda o mundo.

E assim que essas palavras saem de minha boca, eu sei que são as corretas. Quando se trata de Dylan, não há escolha a se fazer. A escolha foi feita desde o primeiro dia em que o vi, e se ele estiver disposto a fazer isso, a ficar comigo, trabalharemos o que quer que seja; eu não me importo com o que as outras pessoas possam dizer. Ele e a minha decisão não são negociáveis.


***

DYLAN

 

Minha boca estava aberta. Puta merda, eu não esperava nada disso, e quando o telefone no sofá começa a tocar novamente, eu pergunto:

— E a sua equipe? Eles não terão uma opinião sobre isso?

— Tenho certeza de que eles terão muitas opiniões, mas a única que importa agora é a sua.

— Você não pode estar falando sério. Mas todas essas pessoas...

— Não ligue para eles no momento, não se trata deles. — algo no tom de Ace me diz que ele estava mortalmente sério, e eu fecho a minha boca. Então ele continua com a voz mais suave desta vez. — Será um pesadelo. Não vou adoçar e dizer-lhe o contrário. Se você ficar comigo, você será seguido. Por toda parte. A sua imagem estará em toda parte, e não só em um anúncio quente de outdoors ou revistas. Eles vão te pegar na mercearia. Colocando gasolina. Ao deixar a minha casa. Saindo da sua. Inferno, provavelmente haverá mais helicópteros sobre o meu bairro no futuro, e eu preciso saber...

Quando ele para, seu olhar vai ao chão e eu busco seu rosto e trago sua boca para a minha, precisando tranquilizá-lo de que eu não iria a lugar algum. E quando eu me afasto, sussurro contra seus lábios: — Pelo menos não teremos que nos esconder...

Os brilhantes olhos azuis de Ace encontram com os meus, e ele parece procurar algo. — Mas quando você perceber o que ficar comigo agora implica, você pode querer.

— Não. — eu digo balançando a cabeça com firmeza. — Não tente me assustar.

— Não estou tentando, mas estou preocupado.

— Não se preocupe também com eles. Eles vão nos seguir, e eles vão postar merda nos jornais...

— Cada maldita coisa.

— Eu dou conta disso. Mas você pode?

E aí está a pergunta que não quer calar. Sim, Ace tinha lidado com o preço da fama a maior parte de sua vida adulta, mas eu sabia o que poderia lhe custar por ser quem ele era... E com quem ele estava. Além disso, ser gay ainda era algo com o qual ele estava concordando. Ele só estava fora do armário por um ano, pelo amor de Deus! Ele nunca tinha estado em um relacionamento antes. Eu tinha quase três décadas de vida assumido, e eu sabia o tipo de ódio que poderia ser jogado em nosso caminho. E em sua linha de trabalho? Poderia - e seria - brutal.

Ace suspira e esfrega uma mão sobre seus olhos, e quando ele olha para mim, há um cansaço lá que eu nunca tinha visto antes. Como se ele já tivesse vivido a maneira como isso ia acontecer. Mas também havia determinação, e foi nesse momento que eu soube que não havia volta.

Ace pega na minha mão e, enquanto roça meus dedos com o polegar, ele diz:

— Se você estiver comigo, posso assumir qualquer coisa.

— Essa é a coisa mais doce que já saiu da sua boca. É algo que Ace Locke jamais diria. — eu brinco, mas por dentro, sua admissão faz todas as partes do meu corpo se emocionarem.

— Ei, eu posso ser doce

— Sim, você foi muito doce esta manhã. E ontem à noite. — eu digo, e dou beijos leves ao longo de sua mandíbula, seu nariz, e sua testa.

— Agora, se isso vir à tona, pode arruinar a minha reputação.

— Ou pode abrir um novo mundo para você. Ace Locke em dramas românticos. Ace Locke em cenários peculiares. Ace Locke em uma animação da Disney...

— Ok, ok, não fiquemos loucos. Ace Locke em filmes de ação e suspense me convém bem. Pelo menos por enquanto.

— Então, o mundo só terá que embarcar nisso. Além disso, quem não seria capaz de amá-lo?

Ace levanta uma sobrancelha para mim, e quando percebo o que as minhas palavras haviam implicado, meu rosto fica quente. Isso apenas faz o pequeno sorriso em seus lábios aumentar, e eu reviro meus olhos e empurro-o com alegria antes de outra coisa decidir sair da minha boca.

À medida que o celular de Ace toca, ele diz:

— Eu provavelmente deveria descobrir um plano estratégico com a minha equipe enquanto você busca suas coisas para sairmos. Podemos deixar o Grand Canyon para a próxima vez?

— Da próxima vez. — falo, aliviado que haveria uma próxima vez, e enquanto Ace senta no sofá e atende ao celular, eu lhe dou privacidade e vou até a suíte adjacente para pegar a bolsa que tinha começado toda essa bagunça. Se eu não tivesse deixado à maldita coisa no outro quarto noite passada, eu não abriria a porta, e não haveria fotos minhas tiradas por um paparazzi, seminu, e sem planos de saída. Mas não podia pensar nisso. Eu recuso a me culpar pelo estrago causado. Esses idiotas iriam conseguir uma foto de alguma forma, e não importava se estaríamos aqui em Vegas ou em L.A.

Pelo menos, era isso o que eu estava tentando dizer a mim mesmo.

Voltando para a suíte de Ace, passo por trás do sofá para não me distrair com a conversa aquecida que ele está tendo, e é quando eu paro em frente à janela e olho para baixo. A multidão do lado de fora da entrada do hotel tinha dobrado em tamanho, e isso faz o meu coração bater mais forte no meu peito quando eu recuo.

Todas essas pessoas nos seguiriam? Pelo menos, sairíamos pela entrada traseira privada, da mesma forma que chegamos ao hotel, mas o que aconteceria quando chegássemos à estrada principal?

Sim, tudo bem, isso não é intimidante, penso, e volto para o quarto para arrumar nossas malas.


Capítulo 2


EU QUERO SEGURAR SUA MÃO


ACE

 

— Sinto muito, Sr. Locke, e se houver algo que possamos fazer...

Eu bato a porta no rosto do gerente, irritado com as inúmeras desculpas que ele deu na porta da minha suíte nos últimos dez minutos. A polícia também veio e tomou nossas declarações, mas como nada parecia estar faltando - e o filho da puta havia se afastado - não havia nada que pudessem fazer.

É muito cedo para um maldito drink?

— Então? Como foi? — Dylan pergunta quando entra na suíte principal com as nossas malas feitas e as deixa na poltrona. — Vocês encontraram um plano de ação?

Antes da conversa desnecessária com o gerente do Syn, eu tive uma longa e prolongada conversa com Roger e Martina sobre o que deveria ou não acontecer em seguida. E uma vez que nenhum deles concordaram com nada, como sempre acontecia, eu acabei decidindo o meu próprio e maldito plano.

— Eu vou dizer fodam-se eles. — digo.

— Fodam-se eles, quem? O que significa... isso, exatamente?

— Isso significa que já estamos no TNZ agora, e como Martina acha que nesse ponto não podemos negar, então não tem como nos escondermos mais. Entende?

— Eu acho que não.

— Então, vamos sair pela porta da frente e vamos deixá-los tirar as fotos que eles precisam.

— Espere, o quê?

— É isso ou a outra alternativa, e eu preferiria que as fotos fossem de nós dois vestidos, e não fotos nossas de toalha.

Dylan olha para mim e então balança a cabeça como se tivesse algo errado.

— Então... Você quer que nós saiamos daqui e passemos por todas essas pessoas lá? Juntos?

Enquanto eu ando de um lado para o outro na frente do sofá, não foi perdido para mim que esse era o momento que eu estava tentando evitar por tanto tempo. O fato de estar aqui agora tinha uma mistura de emoções movendo por mim. Raiva. Frustração. Ressentimento. Aceitação. Tristeza. Mas em algum lugar abaixo de todas essas coisas, eu também sentia o primeiro gosto da liberdade, e foi isso que solidificou a minha decisão.

— Sim. — digo. — Se isso estiver bem para você, pois eu acho que o que disse sobre enfrentá-los de frente com os dedos médios erguidos é a melhor opção.

Dylan solta uma risada surpresa. — Então, literalmente, vamos sair daqui e dar um foda-se com o dedo erguido para a imprensa. Certo. Bom plano.

— Ok, então talvez possamos sair de mãos dadas, mas o sentimento é o mesmo.

A expressão divertida no rosto de Dylan cai e ele olha para a calça desbotada e a camiseta verde-clara. Antes que ele possa dizer alguma coisa, eu digo a ele:

— Nem pense em mudar de roupa.

— Mas... Eu sou uma bagunça quente. Não posso sair desse jeito.

Deixo meus olhos percorrerem seu corpo. — Com certeza você está gostoso.

— Eu acho que preferiria as fotos de nós usando toalhas.

Eu toco a bainha da camisa dele e deixo meus dedos deslizarem por baixo, para sentir a pele macia e suave do seu estômago. — Você parece perfeito.

— Você está louco.

— Provavelmente.

O lado da boca de Dylan curva-se, e quando uma de suas covinhas aparece, balanço minha cabeça. — Você não tem ideia de quão magnético você é, não é? Eles vão ficar loucos para tirar fotografias desse rosto.

— Você está sendo ligeiramente tendencioso.

— Achava isso mesmo antes de você ser meu. — quando as palavras saem da minha boca, eu percebo o quanto cheguei perto de admitir o quão forte era o que sentia por ele. E foi algo que não passou despercebido por Dylan, se a forma como seus olhos escureceram fosse alguma indicação.

— Você achava, hein?

— Sim. No meu aniversário, na verdade. Meu primeiro pensamento foi que Russ era estúpido por deixá-lo fora de sua visão. O meu segundo pensamento foi: algum filho da puta sortudo vai chegar nele antes que eu tenha a chance.

Dylan pressiona a boca na minha em um doce beijo e, quando seus lábios se curvam, ele diz:

— Eles poderiam ter tentado, mas eu estava muito ocupado pensando no aniversariante.

Passo as costas dos meus dedos pela bochecha dele e pergunto mais uma vez, apenas para ter certeza:

— Você tem certeza que quer fazer isso?

Dylan inclina-se na minha carícia e seus olhos se fecham; seus cílios grossos e escuros contra sua pele impecável.

— Não. — ele sussurra, e meu coração trava. Então ele abre aqueles lindos olhos e sua expressão me deixa chocado. É um olhar cheio de apreensão, desejo e a mesma emoção que eu sentia - posse. — Não tenho certeza sobre nada disso. Mas tenho certeza sobre uma coisa. Eu quero você, Ace. E você vem com tudo isso.

Eu dou um beijo contra sua testa e dou um passo para trás, arrastando meus dedos para baixo até unir sua mão a minha.

— Ok, então vamos fazer isso.

Dando a volta ao redor dele para pegar nossas malas, eu consigo dar dois passos quando Dylan puxa a minha mão e olho para ele.

— Eu não tenho que, tipo... Dizer qualquer coisa, certo?

Eu ri daquilo. — Não. Na verdade, acho que seria melhor se nenhum de nós dissesse nada por agora. A nossa imagem de mãos dadas será mais eficaz do que as palavras, de qualquer forma. Mas você pode querer colocar seus óculos de sol.

— Por quê?

— Você verá.


***

DYLAN

 

Dou um suspiro nervoso e reviro meus ombros enquanto Ace nos leva para fora do elevador e para o salão privado que, aparentemente, havia sido liberado para a nossa partida. Quando ficou claro que Ace não iria parar ao sair da porta, Charles corre ao nosso lado.

— Posso pedir alguém para pegar suas malas? — ele diz.

Ace nem lhe poupa um olhar. — Eu acho que todos vocês já foram úteis o suficiente.

— Nós iremos oferecer à sua estadia...

— Eu espero que sim, porra. — Ace diz com um resmungo desagradável.

— Se você estiver saindo agora, eu vou pedir há um motorista para encostar imediatamente...

— Na verdade, isso já foi cuidado.

Os sulcos da testa de Charles se aprofundam. — Mas não há um carro pronto nessa entrada.

— Não vamos passar por ali. — Ace nos leva para a esquerda, para a parte principal do hotel em vez de ir para a direita, na direção da entrada de trás.

Oh, Deus! Pensei quando o corredor silencioso se abriu para o movimentado e vasto cassino. Ace não hesita enquanto passávamos pelas mesas de blackjack e roleta, mesmo quando aperto sua mão. Estamos fazendo isso. Estamos realmente de mãos dadas... Em público... E todos podem ver. Mas eu mal percebo os rostos das pessoas, porque Ace não estava parando. No entanto, uma vez que passamos pelas máquinas caça-níqueis e nos aproximávamos da ocupada área principal de check-in, ouço os primeiros murmúrios com o nome de Ace na mistura. E com certeza, quando passamos pelo lobby, começa os gritos surpreendidos.

— Aquele é Ace Locke?

— Oh meu Deus! Olha, acho que é o Ace.

— Ace! Você pode assinar a minha camisa?

— Eu não sabia que Ace era gay...

— Esse é o namorado dele?

— Ace, posso tirar uma foto com você?

Ace nos move como se não tivesse ouvido nada e, quando chegamos à entrada, o aperto de Ace aumenta em minha mão. E quando damos nossos primeiros passos para fora e a multidão desce sobre nós, percebo por que ele pediu para usar óculos de sol.

Os flashes veem de todos os lugares, e é tão intenso que, se não fosse pela mão de Ace na minha, não seria capaz de ver para onde estávamos indo. Os gritos são ensurdecedores, todos os fotógrafos e membros da imprensa tentam ter a atenção de Ace, e a segurança do hotel teve que abrir o caminho para nós.

Se eu pensava que a multidão era enorme daquela altura, não era nada comparado à realidade do que nos esperava. Corpos estão presos contra nós de todos os lados, e combinados com a onda de calor de Las Vegas, foi uma combinação sufocante.

Não desmaie na frente de todas essas pessoas! Era tudo em que eu podia pensar, enquanto o motorista abre a porta e Ace se afasta para me deixar entrar primeiro.

— Ace, esse é seu novo namorado?

— Onde vocês dois se conheceram?

— É verdade que você fugiu neste fim de semana?

Quando Ace entra, a porta se fecha atrás dele, e embora o rugido da multidão tivesse um pouco abafado, ainda era como estar no olho de um tornado. Ansiosamente quieto em comparação com o turbilhão no exterior.

— Você está bem? — a voz de Ace está baixa quando seus dedos apertam os meus. Olho para fora da minha janela escurecida e posso ver o contínuo flash das câmeras quando os paparazzi tiram fotos e mais fotos, todos concorrendo pela foto que trará mais dinheiro no final.

— Dylan?

Ao escutar o meu nome, eu me viro para encarar o homem sentado ao meu lado, e pela primeira vez desde que nos conhecemos, eu o vejo em uma nova luz.

Ace Locke é um negócio verdadeiro. Ele não era apenas um ator que algumas pessoas conheciam aqui e ali. Não. O homem sentado ao meu lado, com a mão enrolada em torno da minha é uma fodida estrela. E em algum lugar ao longo do caminho, eu havia esquecido disso.

— Ninguém te tocou ou machucou, não é?

Os olhos azuis de Ace estão preocupados porque ele me inspeciona o melhor que pode. Quando fica claro que eu não sou capaz de falar, ele assente uma vez, satisfeito por eu estar bem e depois se inclina para falar com o motorista.

— Leve-nos para McCarran. — ele diz, e depois se acomoda ao meu lado.

Quando o motorista começa lentamente a acelerar, posso ver a multidão de pessoas que se reúnem na frente do veículo, para tirar uma foto de dentro do carro, e como o Mar Vermelho, se afastam para não serem atingidos. Meu coração está batendo violentamente e eu sei que meus olhos têm que estar tão grandes quanto pires, porque eu nunca poderia me preparar para o que acabamos de passar. E acho que ninguém poderia.

Quando Ace me disse que não tinha ideia no que estava prestes a entrar, pensei estupidamente que ele estivesse exagerando. Há, eu pensei, se duvidar, ele estava subestimando totalmente os fatos.

— Ei? Dylan olhe para mim.

Eu respiro, tentando acalmar a minha pulsação acelerada, e então viro minha cabeça para ele. As sobrancelhas de Ace estão comprimidas com preocupação, e seus lábios estão apertados. Ele parece cauteloso, como se pensasse que eu estou prestes a fugir, e realmente, se eu não tivesse sentimentos tão profundos quanto tinha por ele, eu realmente poderia. Isso era um monte de coisas para lidar.

— Você está bem? — ele pergunta novamente, e dessa vez eu aceno.

— Isso foi... Uau, Ace. Isso foi insano.

Ace solta uma risada, como se não estivesse esperando por isso. — Uhh, sim. Eu disse que seria.

— Mas... — paro, tentando pensar nas minhas próximas palavras. — É diferente ver isso assim de perto. Jesus! Nunca vi tantas pessoas na minha vida. E todos queriam sua atenção... Eu só... Eu acho que esqueci quem você é por um minuto ou dois.

À medida que minhas palavras permanecem entre nós, penso por um segundo que posso tê-lo ofendido, mas então ele leva minha mão até seus lábios e sorri antes de pressionar um beijo na palma. — Esse é o melhor elogio que tive há muito tempo.

Solto a mão dele para segurar seu queixo. — Você obviamente esteve andando com as pessoas erradas.

— Obviamente. — ele concorda, e se inclina para escovar os lábios sobre os meus. Quando ele se afasta, me pergunta novamente, desta vez sem deixar espaço para mal entendidos:

— Eu vou entender totalmente se você estiver enlouquecendo agora mesmo. Se você quiser mudar o seu...

— Não — digo, balançando a cabeça. — Quero dizer, sim, isso foi louco. E sim, eu estou bem, mas nunca passou pela minha cabeça sair fora... — eu faço uma pausa e então tenho um pensamento horrível. — Você pensou em sair?

Os olhos de Ace prendem os meus, e a sinceridade que vejo em seus olhos me emocionam quando ele diz:

— Nem uma única vez.

Quando o carro se afasta da entrada elaborada do Syn e a multidão desaparece com a distância, ocorre-me pela primeira vez que eu estou namorando Ace Locke. Estávamos realmente namorando. E se a forma como o meu estômago está cambaleando com a expressão carinhosa dele e com o fato de ele estar entrando na minha vida fosse qualquer indicação disso, eu não tenho dúvida de que estou precariamente perto de me apaixonar por Ace Locke.


Capítulo 3


BANQUETE PARA UM REI


DYLAN

 

— Não, você não precisa vir... Não, eu não quero fazer uma declaração. Roger, olha...

Ace parece cansado enquanto caminha pela vasta cozinha, e quando chama minha atenção do outro lado do ambiente, seus lábios suavizam por um momento antes de voltar para a conversa.

Ele havia feito pedidos de comida durante as últimas horas desde que voltamos para a sua casa, e nos obrigamos a descer para comer, e parecia que não íamos ser deixados em paz por algum tempo. Meu próprio celular está tocando sem parar, e quando outra mensagem chega, eu olho para baixo e vejo que é de Derek.

Posso dizer que sabia?

— Foda-se. — murmuro, enquanto envio outra mensagem. Eu mal aperto enviar antes que outra chegue, desta vez de Russ.

Ei... Acabei de ver fotos de você e Ace nas notícias. Me liga.

Não, nem sequer respondo a isso.

Derek: A propósito, ficou boa a foto da toalha. É bom ver que você ainda está malhando.

Oh, pelo amor de Deus.

Quando meu celular começa a tocar com um número não listado, olho para onde Ace está esfregando a parte de trás do pescoço e tomo uma decisão rápida. Desligo o celular, o jogo no sofá e vou sentar-me em uma das banquetas na ilha da cozinha, onde Ace está fazendo um buraco no chão. Ele fica cada vez mais frustrado quanto mais fica ao celular.

— Não, não estou planejando negar nada também. Sair de mãos dadas do Syn foi uma boa declaração, você não acha?

Inclinando os cotovelos no balcão, espalho minhas pernas e espero a atenção de Ace. Desde que voltamos, tinha sido uma ligação após a outra, e quanto mais ligações atendia, mais vermelho o rosto de Ace ficava. Era hora de nos desligarmos e descontrair após o dia sem fim que estávamos tendo, e quando Ace se vira e vem na minha direção, mordo o lábio - mas ele acaba seguindo em frente, absorvido na conversa para notar o meu convite aberto.

Hmm. Talvez ele precise de algo mais óbvio.

Eu tinha colocado um calção de treino de Ace, e uma camiseta depois de tomar banho, já que eu só havia embalado roupas de noite para a nossa viagem, e quando eu tiro a camisa, os olhos de Ace acompanham o movimento. Jogando a camiseta no chão de azulejos, dou um sorriso sugestivo e depois retomo a minha posição, recostando-me nos meus cotovelos com as pernas abertas. Isso faz com que Ace pare momentaneamente, seus olhos deslizando sobre o meu corpo, mas a pessoa do outro lado diz algo que faz com que ele volte o foco para conversa.

— Tudo bem — ele diz, com um suspiro exasperado. — Nós podemos ter uma reunião, mas não essa noite... Terá que ser depois das filmagens de amanhã... Sim, aqui está tudo bem.

Ok, talvez tenha chegado o momento de levar as coisas a um ponto. Não iria deixar o mundo exterior invadir ainda mais o nosso espaço privado hoje, então eu preciso tirar a mente de Ace do caos que está girando ao redor... de mim.

Depois de olhar para trás e me certificar de que o balcão está limpo, afasto a banqueta, e quando Ace começa a caminhar em minha direção, eu me viro e lentamente puxo meu calção para baixo. Uma vez que não há nada por baixo, Ace está recebendo uma visão privilegiada da minha bunda enquanto eu me abaixo lentamente para passar o calção pelos meus tornozelos e depois sair deles. Quando eu me levanto e o encaro, chuto o calção, e meu pau fica muito satisfeito com o olhar de luxúria que Ace está me dando. Eu posso ouvir a pessoa na outra extremidade do celular repetindo seu nome, mas Ace está muito ocupado olhando meu corpo nu para perceber.

Lambendo meus lábios, eu viro de costas, e quando a parte inferior das minhas costas atinge o balcão, eu me ergo para cima e sento sobre ele. As sobrancelhas de Ace se erguem, e ele engole em seco enquanto eu me deito para ele como um banquete para um rei.

Sua vez.

— Uh... Sim, Roger. Eu estou aqui. — Ace diz, mas sua voz está distante e ele não tira os olhos de mim, especialmente quando minha mão percorre o meu estômago até os meus quadris e depois agarra o meu pau.

— Porra. — Ace diz em voz baixa. — O quê? Nada. Ouça, preciso ir...

O homem do outro lado da linha não está querendo desligar, e tampouco eu iria parar. Ace é meu hoje à noite, e não me incomodo de fazer o que for necessário para ter sua atenção, olhos e mãos, em mim.


***

ACE

 

Estava tentando duramente me concentrar no que Roger estava falando no meu ouvido, mas a verdade é que, se eu não tivesse perdido o interesse há vinte minutos, a visão de Dylan nu e deitado no balcão da minha cozinha fez o falatório de Roger ser a última coisa que eu iria me focar.

— Não quero que você venha agora... Não, eu disse... — quando Roger corta-me pela enésima vez, mantenho o celular na minha orelha e caminho até a borda do balcão. Deixo meus olhos pairarem na mão que Dylan tem em torno de sua ereção, e percorro com os olhos o seu corpo impecável e o rosto que está inclinado em minha direção, e quando ele passa a ponta da língua ao longo do lábio superior, eu amaldiçoo.

— Não, Roger. Não venha aqui agora.

O sorriso que Dylan me dá é puro sexo quando levanta o quadril e acelera a masturbação.

Cristo, o cara está tentando me matar. Está claro que Dylan está querendo a minha atenção, e não há nada que me impeça de dá-la a ele. O dia foi longo e tenso, e com o sol agora se pondo, depois de um dia cheio, tenho a impressão de que Dylan está pronto para relaxar, pronto para se desligar do resto do mundo. Porra, e isso será o que eu vou fazer.

Incapaz de resistir por mais tempo, arrasto as pontas dos dedos no braço dele quando encosto-me ao balcão da cozinha. Do canto do balcão, eu percorro meus olhos pelo homem que está se masturbando como se estivesse deitado de costas na minha cama, em vez de estar no meio da minha cozinha, e é isso... Roger tinha que ir.

— Estou ocupado agora... E não me importo Roger. Cansei de falar sobre isso. Não me ligue novamente essa noite ou você irá conversar com a mensagem de voz. — e antes que ele pudesse responder, termino a chamada.

Quando coloco o celular na bancada da cozinha, tomo um momento para reajustar o meu pau que está duro como o inferno e vejo Dylan virando a cabeça no balcão para me observar. Suas pálpebras estão pesadas enquanto toda sua expressão se torna extasiada.

— Se sentindo confortável, Sr. Prescott?

Dylan acaricia o comprimento dele enquanto curva a perna e planta os pés no balcão.

— Bem, você me disse que eu poderia usar sua cozinha sempre que quisesse. Mas... — suas palavras param abruptamente quando eu desligo o interruptor de luz na parede, mergulhando o ambiente na escuridão. Mas isso não é o que eu tenho em mente, pois ligo o interruptor ao lado que acende a calha com quatro lâmpadas de LED que pendem diretamente acima do balcão.

Ah, sim, bem melhor. Se Dylan queria ser o centro das atenções, fico mais do que feliz em dar-lhe um destaque.

— Você estava dizendo? — eu pergunto, enquanto caminho de volta para onde ele está deitado, iluminado espetacularmente para a minha apreciação. Os olhos de Dylan me procuram e eu olho os dedos dele massageando seu pau, e acompanho os movimentos de sua mão.

— Eu estava dizendo... — Dylan continua, quando paro no final do balcão e olho para ele. — Que, embora seja gentil da sua parte permitir o uso de sua cozinha, eu realmente acho que já passou da hora de você usá-la.

Eu pego a bainha da minha camisa e, enquanto a jogo no chão ao lado do calção que ele havia tirado, Dylan afasta mais as pernas para me dar uma excelente visão de tudo o que eu quero chupar, beijar e tocar.

— Droga. — Dylan diz, e bombeia os quadris para cima. — Eu amo esse som.

Movo minhas mãos para o botão da minha calça e a desabotoo, e quando vou empurrá-la do meu quadril, levanto uma sobrancelha para ele, esperando por mais explicações.

— Esse rosnado. Você nem sabe que está fazendo isso. Mas foda-se. Esse som é tão quente.

Ele estava certo: eu nem sabia que tinha feito um som, mas não me surpreende. Dylan me faz sentir como um maldito animal. Quando minha calça atinge o chão, saio dela e levanto minhas mãos para os joelhos dobrados de Dylan, e então as arrasto de suas pernas até os tornozelos.

— Espalhe suas pernas para mim. — digo, e quando ele faz, a visão que me cumprimenta deixa o meu pau dolorido por liberação. Enquanto Dylan move sua mão em torno de seu pau, não consigo impedir minhas próprias mãos de segurar suas coxas.

Minha voz é um baixo retumbar quando eu digo:

— Preciso de você mais perto do que isso. — e o puxo até a borda do balcão. As mãos de Dylan disparam para se segurar nas bordas, o que deixa seu pau livre para a minha boca. Inclinando-me sobre ele, não perco tempo em correr a língua da base grossa até a ponta, e quando deixo meus lábios na ponta bulbosa, provocando-o, ele empurra o quadril para mais.

— Você precisa pedir. — digo, levantando a cabeça e dando-lhe um sorriso malvado. — Você tem minha atenção agora. Há algo que você queira?

Enquanto eu beijo o interior de sua coxa, Dylan ofega e depois diz:

— Eu quero a porra da sua boca em mim, para começar.

Seu desejo é uma ordem, penso, e então coloco as pernas dele sobre os meus ombros e o chupo em minha boca até a garganta. Solto um gemido com a plenitude de sua ereção, e recuo até a ponta e depois desço novamente. E, enquanto o chupo, um pensamento perdido atravessa minha mente. De maneira alguma terei o suficiente desse homem. Como isso seria possível se posso tê-lo assim, sempre que quiser? Assim como ele poderia me ter. Eu não tinha ideia de que isso poderia ser bom. Eu não fazia ideia do que eu estava perdendo, do que eu estava me negando por todos esses anos.

Enquanto o chupo mais forte, ainda não consigo me acostumar com o fato dele ser meu. E naquele momento, eu soube que me importo.

Quando o quadril de Dylan se sacude e sua respiração aumenta, eu levanto minha cabeça e nego.

— Ainda não. — digo, e tiro suas pernas dos meus ombros. — Mova-se para trás.

Eu não precisava dizer mais, porque Dylan é rápido em se acomodar no balcão, e eu me posiciono para me juntar a ele. E... Maldito seja. Seu corpo esguio em exibição abaixo de mim me faz querer ficar um pouco mais perto, enquanto eu me movo, admirando seu corpo lentamente.

Os olhos de Dylan nunca deixam os meus - não quando me inclino sobre o quadril dele... Não quando abaixo meu corpo sobre o dele... E não quando nossos pênis se tocam em uma deliciosa dança lenta que me faz respirar profundamente pela boca.

— Isso é algum tipo de tortura pelas provocações do meu strip-tease, não é? — Dylan geme quando arqueia contra mim, sua garganta exposta e esperando, e eu me obrigo a me acalmar, e corro minha língua em sua pele aquecida.

— Estou feliz que você tenha recebido a mensagem.

— Foda-se sua mensagem. — diz, movendo suas mãos entre nós para segurar nossos paus. A fricção do punho e da ereção deslizando contra o meu pau é quase demais, e eu xingo antes de tomar seus lábios em um beijo.


***

DYLAN

 

Jesus, Ace era um fodido sexy. Ah, sim, penso, enquanto sua língua penetra profundamente entre os meus lábios. Suas pernas estão entre as minhas, e ele tem uma mão plantada em cada lado da minha cabeça, se erguendo sobre mim, onde eu estava deitado no balcão da cozinha. Ele estava praticamente me fodendo enquanto movia seus lábios sobre os meus, gemendo na minha boca enquanto aperto minha mão em torno de nossos paus duros.

— Dylan... Puta mer... — ele diz puxando a boca para longe da minha, fazendo uma trilha de beijos ao longo da minha mandíbula até a minha orelha. — Sim, Deus. Mais forte.

Eu viro minha cabeça e beijo seu maxilar enquanto o aperto com mais força, e seu quadril flexiona para frente, deslizando seu pau ao longo da minha mão.

— Assim? — eu digo, provocando-o enquanto faço novamente, e Ace tritura seu quadril contra o meu.

— Sim. Bem desse jeito.

Eu solto um gemido com suas palavras e acomodo uma das minhas pernas sobre suas musculosas coxas. Ele é todo poder e força, e mesmo estando com a mão ocupada, meu rosto está virado para o lado e tenho um impulso inegável de me inclinar e... Oh, foda-se isso. Inclino-me e lambo seu bíceps musculoso, e enquanto o acaricio com a língua, ele se move para me envolver ao redor dele, me coloca de volta no balcão e se arrasta pelo meu corpo. Então Ace alcança a minha mão e a cobre com a dele, envolvendo os nossos paus e começamos a nos mover juntos.

Seus lábios dão beijos fantasmagóricos sobre os meus, sua respiração está quente quando ofega e grunhe enquanto me fode com o seu quadril e mãos, e eu uso a perna que me ancora nele para me empurrar contra ele.

Eu posso sentir seus dedos cravando em meu ombro onde me segura, e quando penso que ele vai esmagar meus lábios sob os dele, Ace baixa a cabeça, de modo que nós estamos com as bochechas coladas e ele sussurra em meu ouvido:

— Dylan Prescott, você vale por cada coisa escandalosa que está prestes a ser escrita...

Ah, inferno, eu fico tão excitado quando Ace fala assim. Quando ele simplesmente destrói minhas células cerebrais de maneira pecaminosa, com a forma como usa meu corpo e a maneira deliciosa que ele marca cada parte da minha alma.

— E você sabe por quê?

Com essa voz baixa em meu ouvido, não há como tirar as palavras de minha boca. Então, em vez disso, esfrego todo o meu corpo ao longo da parede sólida e rígida que é seu corpo, e Ace vira a cabeça e planta um beijo firme na minha bochecha antes de dizer: — Porque com você, eu me encontrei.

E foi isso. Essas palavras doces que saíram de sua boca me destroem, e me faz contorcer debaixo dele. Então Ace pega o lóbulo da minha orelha entre os lábios e diz:

— Goze para mim, Dylan. Em nós dois.

Ele se move então, e enquanto eu estou deitado no balcão, Ace começa a deslizar seu corpo por cima do meu, de modo que meus olhos quase rolam para a parte de trás da minha cabeça. Mas de maneira nenhuma eu não irei participar disso. Seus braços se flexionam, e eu aumento a pressão em meu punho, e Ace aumenta o atrito e as investidas. Minha mão está se mexendo apressadamente quando meu clímax corre pelo meu corpo, e quando sinto minhas bolas apertarem e Ace ficar rígido acima de mim, nós dois caímos em um lançamento espetacular de corpo e mente.

Gozamos com tanta força, e esse momento é tão libertador, que me surpreende não ter lágrimas em meus olhos pelo alívio de que, mesmo depois de tanta pressão sobre o nosso novo relacionamento, no final do dia, ainda somos apenas nós.


Capítulo 4


DOCE. APERTADO. MEU.


ACE

 

Nunca tinha entendido a necessidade das pessoas que tinham milhares de guarda-costas até enfrentar a parede de paparazzi esperando do lado de fora do portão principal do meu bairro na segunda-feira de manhã.

— Oh, puta m... — Dylan diz, de onde está sentado ao meu lado no meu Range Rover, enquanto o portão se abre e os flashes disparam como centenas de raios de uma só vez. O efeito é ofuscante, e embora o sol não tivesse surgido ainda, eu tive que pegar meus óculos de sol no console para poder passar por eles na estrada principal. Rezo que não atropele ninguém no processo, embora eu não possa dizer que ficaria devastado se isso acontecesse.

Pequenos idiotas invasivos.

Manobro o carro lentamente pela multidão gritando perguntas para nós, e tudo em que posso pensar é: Por que eles se incomodam? Eles acreditam que eu vou baixar a minha janela para respondê-los? Apenas um desperdício de respiração.

Do canto dos meus olhos, Dylan puxa o boné para baixo e sinto uma pontada de culpa. Eu não posso culpar o cara se ele quiser fugir depois das últimas vinte e quatro horas. Deus, é isso mesmo? Vinte e quatro horas? Parece uma eternidade.

Quando passamos pela multidão, tiro os óculos de sol e depois pego a mão de Dylan.

— Desculpe-me. — digo.

Um sulco profundo se forma entre suas sobrancelhas. — Pelo quê você está arrependido? Não é como se você tivesse pedido por isso.

— Não, e você também não. Eu sei que vem com o trabalho, mas lamento que você esteja sendo arrastado para isso.

— Eu não quero ouvir mais nenhuma desculpa sua, você entende? Eu estou com você, e todos irão embora eventualmente. Certo?

Talvez. Possivelmente. Espero que sim. Em vez de respondê-lo, pergunto:

— Então Paige conseguiu pegar tudo o que você precisava de sua casa ontem à noite, ou precisamos fazer uma parada no caminho?

— Não, tenho tudo o que preciso até hoje à noite. Diga-lhe obrigado novamente por mim.

— Tudo bem. — quando percebemos que uma saída na noite passada provavelmente causaria um frenesi, liguei e pedi um favor para Paige. Ao contrário de Shayne, que a imprensa reconheceria desde o ano anterior, Paige conseguiu entrar e sair do apartamento de Dylan para pegar alguns itens pessoais sem causar um alarme.

A viagem ao estúdio é silenciosa, como costumava ser antes dos demais moradores de Los Angeles acordarem, exceto por alguns carros que ficam no nosso encalce durante todo o percurso. Quando finalmente passamos pelo portão da Warner Bros, estamos livres. Por um período de horas, pelo menos.

Quando estaciono na minha vaga, Dylan solta a minha mão.

— Parece que estamos quebrando sua regra. — ele diz com diversão. — Você não me avisou que é proibido namorar protagonistas?

— Essa regra ainda está em vigor. A menos que seja eu o protagonista. — inclinando-me sobre o console, agarro a parte de trás do pescoço dele e puxo-o para beijá-lo. Seus lábios estão hesitantes no começo, como se estivesse nervoso, outros estavam observando afinal, mas então se suavizam nos meus e ele me beija ansiosamente.

Quando finalmente o solto, sorrio e digo:

— Tenha um excelente dia no trabalho, Sr. Prescott.

— Bem, o que você sabe? Parece que Ace Locke mudou sua política de beijos. E devo dizer, eu aprovo.

— Engraçadinho. — digo, rindo dele, brincando com as minhas palavras em um de nossos encontros furtivos.

Quando Dylan vira no assento para pegar sua mochila, eu abro minha porta e saio do carro, assim que Ron estaciona seu carro esportivo na vaga ao lado da minha.

— Dia. — digo para Ron quando ele sai, e então olho sua camisa, que dizia: Não lido bem com narcisistas. — Boa frase para esta manhã.

— Vesti apenas para você. Que merda acabou de explodir no seu telefone?

— Essa é uma longa história.

— Bem, eu adoraria ouvi-la. Por favor, me diga que você não está namorando ele... — enquanto os olhos de Ron caem em Dylan saindo do meu carro, sua boca se fecha.

— Oi, Ron. — Dylan diz.

À medida que nosso diretor atordoado olha de um para o outro, sua mandíbula contrai.

— Certo. — ele diz. — Vejo vocês no set, meninos.

Olhando para a expressão preocupada de Dylan, eu encolho os ombros. — Ele vai ficar bem.

— Se ele chamar a minha atenção hoje, não diga nada.

— Sim, tudo bem.

— Ace, estou falando sério. Você abre essa maldita boca e eu vou ficar com raiva de você.

Passo pela frente do SUV e viro minha cabeça para ele. — Você está me ameaçando?

— Porra, eu estou. Agora que as pessoas sabem, você absolutamente não pode dizer nada para me defender.

— E se eu fizer, você ficará chateado.

— Por pelo menos uma semana.

Eu levanto uma sobrancelha. — Uma semana inteira?

— Ok, talvez alguns dias.

— Tenho certeza que poderia conseguir fazer algo para voltar as suas boas graças. — digo, e ele revira os olhos.

Avançando antes que eu pudesse alcançá-lo, Dylan sorri para mim e diz:

— Melhor ir para o seu trailer, Sr. Locke. O tempo está sendo desperdiçado.


***

DYLAN

 

Quatro horas e trinta e cinco minutos depois, desejei estar em qualquer lugar, exceto onde estou... principalmente no set com Ace Locke, meu novo namorado. A partir do segundo que abri a porta do set dezesseis e entrei, as coisas tinham sido... Bem, estranhas.

Ron estava totalmente furioso hoje, e mesmo que eu quisesse ficar preocupado, não precisava, porque não era aquele em sua linha de fogo. Não, essa honra pertencia a Ace, e apenas Ace. Da primeira fala que saiu de sua boca, até a décima segunda, nada que Ace falasse, fizesse ou acertasse, deixava Ron feliz e a tensão nos ombros e mandíbula de Ace não me escapou. Ele parecia perto de explodir.

— Corta. Pare. Pare! — Ron grita quando levanta da cadeira e aparece na câmera.

As cenas de hoje deixaram a maior parte do elenco bem próximos um do outro quando filmamos com Ace, que estava fazendo um discurso apaixonado com a sua equipe sobre derrotar o inimigo e quem iria ficar ao seu lado. Com os olhares estranhos que ele e eu recebemos toda a manhã, não pude deixar de acreditar que se as falas não estivessem já escritas no roteiro, nenhum desses homens teria se oferecido para ficar ao lado de Ace nesse momento. Exceto eu, claro, pensei, mantendo os olhos no chão.

— Por Deus, Locke! Essa cena estava tão apaixonante quanto um pano de chão molhado. Qual é o problema com você hoje?

Eu quero que Ace fique bem, sei que ele geralmente não é do tipo desrespeitoso, especialmente não com Ron, a quem ele me disse que gostava de trabalhar e realmente admirava. Mas depois de tudo o que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas, Ace está aparentemente com sua paciência esgotada.

— O que há de errado comigo? — Ace exige, e atravessa o set até encontrar Ron no meio do caminho. — O que há de errado é que você não relaxa desde que eu cheguei aqui.

O elenco inteiro fica paralisado enquanto observamos os dois na nossa frente, discutindo pela primeira vez desde a produção. E não estava perdido para mim que todos naquele set estavam bem conscientes de que provavelmente eu sou à razão da tensão e da discórdia nessa manhã. Bem, essa é a impressão que eu tenho, enquanto examino os olhos curiosos nas costas rígidas de Ace.

— Se você estivesse me dando o melhor de si, eu não estaria cortando as cenas. — Ron diz. — Do jeito que está, você está sendo descuidado e sem ensaio. Quero sentir que eu poderia segui-lo até os confins da Terra do caralho. E não duvidar que você possa encontrar sua cabeça e tirá-la de sua bunda.

Ron cruza os braços sobre o peito e olha para Ace, e é quando eu olho para os homens reunidos no lado oposto do set e pego os olhos de Russ. Eles se estreitam em mim e seus lábios ficam em uma linha fina, e eu posso sentir o julgamento nele, quase desejo a Deus que o chão se abra e me engula inteiro.

— Besteira. — Ace finalmente explode. A palavra cresce ao redor do set e ecoa pelas paredes. Jesus, eu nunca vi Ace assim. — Eu disse a fala do discurso perfeitamente pelo menos dez das doze vezes que você me fez repetir. Isso não tem nada a ver com a minha atuação, e nós dois sabemos disso.

O rosto de Ron torna-se carmesim, e parece que fumaça está prestes a sair de seus ouvidos enquanto ele respira fundo.

— Esfrie sua cabeça, se controle e volte para o set em trinta minutos. — ele diz a Ace, e quando Ace passa por ele e caminha em direção à saída, Ron volta sua atenção para nós. — O resto de vocês, peguem algo para comer e voltem em trinta também. Se alguém atrasar, eu vou trancar a porta. Entenderam?

Quando todos começam a se afastar, Ron caminha para a saída oposta, murmurando sobre precisar de uma bebida, e vejo que Russ volta para a saída.

— Ei, Russ. Espere! — eu grito, correndo atrás dele. Ele não falou comigo quando eu cheguei esta manhã, mas todos estavam com tanta pressa para nos preparar para as cenas que não tive tempo de perguntar-lhe como foi o fim de semana... Ou, o porquê dele estar me olhando como se eu fosse um alienígena.

Ele para e acena para um dos caras com quem contracenamos algumas vezes, e então se vira e para na frente dele. Quando fica claro que ele não será o único a iniciar uma conversa, coloco uma das minhas mãos no bolso de minha calça branca e lhe dou um sorriso, na esperança de facilitar a amizade que tinha se desenvolvido entre nós.

— Como está indo, cara? — pergunto. — Você teve um bom final de semana?

A boca de Russ abre como se ele estivesse prestes a dizer alguma coisa, e então a fecha novamente e vira o calcanhar para sair. Mas que…? Pego seu pulso e puxo-o de volta, e quando ele olha para a mão que eu tenho sobre a dele, eu rapidamente a tiro.

— Sim, pode ser melhor se você mantiver suas mãos para si mesmo. — ele diz. — Eu não gostaria que o seu namorado ficasse com ciúmes e me desse um soco. Só Deus sabe que Ace Locke poderia causar grandes danos ao rosto de alguém.

Eu me encolho e meneio minha cabeça. — Vamos Russ. Você sabe que ele não é assim. Quero falar com você por um minuto. Quero conversar...

— Estou ocupado. — ele diz, e sai novamente.

Meeeeerda.

Eu piso na frente dele e franzo o cenho. — Russ.

— Estou ocupado, Dylan. Liguei ontem para conversar, e pareceu que eu não valia o seu tempo, então... Ei, não se preocupe comigo.

— Não é desse jeito. Ontem foi... Foi... Insano. Não tive tempo para conversar...

— Há quanto tempo você está fodendo ele? Locke. Ou é o contrário? Eu tenho que dizer... Estou curioso, assim como o resto do mundo. E não foi você que me disse que não estava pronto para entrar em um relacionamento agora? Sim... Isso ficou bem óbvio.

A pergunta de Russ é tão contundente e tão direta que minhas palavras falham e gaguejam até uma parada abrupta. Seus olhos estão fixos nos meus, e eu soube que a nossa amizade estava prestes a acabar.

Não era como se eu tivesse decidido conscientemente “É isso, não podemos mais ser amigos.” Mas, com Russ esperando que eu conte detalhes sobre o meu relacionamento com Ace, detalhes íntimos, eu sei que não há como lhe dizer merda nenhuma. E um verdadeiro amigo não age do jeito que ele está agindo.

Não lhe devo nenhuma explicação. Não estávamos namorando; Mal conseguimos formar uma amizade. Mas ele está esperando o que? Explicação? Fofoca? Regozijo?

Bem, ele ficará decepcionado. Começo a afastar-me dele e sacudo a cabeça. Ina-porra-creditável!

— Vejo você por aí, Russ.

Viro em meus calcanhares na direção da barraca do almoço, quando o ouço dizer:

— Foi no aniversário dele, não foi? — mas não me incomodo em olhar para trás.


***

ACE

 

Um desastre do caralho. Isso é exatamente o que se transformou a gravação dessa manhã. Ron está impossível desde a primeira palavra que saiu da minha boca, e tudo o que veio depois foi apenas mais uma coisa que ele poderia usar como desculpa para ficar irritado.

Eu não sou um idiota. Eu estava bem ciente de que essa era a sua maneira de me dizer com bastante eloquência o quão frustrado ele estava com o tipo de publicidade que o nosso próximo filme havia recebido; o tipo de fofoca que girava em torno de sua estrela principal e seu ator coadjuvante, mas isso era azar dele. De maneira alguma não me permitirei ter a chance de namorar Dylan porque é um pouco inconveniente. Ok, talvez seja muito inconveniente. Mas, apesar do que eu tinha dito a Dylan sobre não ter permissão para namorar outros atores no set, a verdade é que não é ilegal. Não estava escrito em nossos contratos. Era só... Bem, atraía a mídia, que nos seguia frequentemente - e que certamente estaria em nosso pé.

Sim, e eles estão apenas começando.

Empurro o pedaço de frango cozido ao redor do recipiente de plástico que havia pego, e posso sentir o início de uma dor de cabeça latejando na base do meu crânio. Eu preciso me controlar. Isso é apenas o começo do que vem a seguir. Este é o segundo dia depois da imprensa descobrir que eu estou vendo alguém, e é apenas uma questão de dias – inferno, até de horas – antes que eles juntem dois e dois e percebam que o cara lindo que estava no meu quarto usando nada além de uma toalha, é o mesmo homem que atualmente usa uma cueca e jaqueta nos outdoors da Calvin Klein em todo o país.

Eu certamente espero que Dylan saiba onde ele se enfiou... Porque só irá ficar mais intenso a partir daqui.

— Com licença? Esse assento está ocupado?

Eu olho para cima e encontro o homem que está na minha cabeça com um olhar preocupado em seu rosto, provavelmente se perguntando se eu já tinha esfriado. Depois do espetáculo com Ron, eu não posso culpar Dylan por ser cauteloso e, considerando o amplo silêncio do lugar, onde o elenco e a equipe comem, é óbvio que eles também estão esperando para ver o que exatamente vai acontecer a seguir.

Mas há realmente algum questionamento? Dylan estava realmente preocupado que eu diria não, que ele não pode se sentar comigo? Desculpe, mas sem chance do caralho. Qual seria o objetivo disso? Ou qualquer um desses acima, aliás, se eu o mandar embora? Todos já estão observando e fofocando, se os murmúrios que agora chegam aos meus ouvidos são alguma indicação.

Eu consigo dar um sorriso torto e depois indico a cadeira na minha frente com meu garfo. — Ficará ocupado quando você colocar a sua bunda doce nele.

A expressão preocupada de Dylan alivia enquanto seus lábios se inclinam em um sorriso lento.

— Doce, hein? — ele diz enquanto senta na minha frente, colocando o prato na frente dele. Olho ansiosamente para o bife e as batatas fritas e aceno com a cabeça.

— Doce, apertada, e minha. Faça sua escolha.

Dylan olha para a esquerda e para a direita antes de voltar os olhos para mim com uma sobrancelha levantada. O coitado não tem certeza do que tem permissão para fazer aqui. Ou o que eu quero que ele faça. Bem, hora de corrigir isso.

Eu me inclino sob a mesa, e coloco minha mão sobre a dele e aperto-a com tranquilidade. — Está tudo bem falar comigo, você sabe.

Dylan inclina-se e baixa a voz. — É irônico vindo de você não acha? Apenas na semana passada, eu nem podia olhar em sua direção.

— Sim, mas as coisas mudaram. — digo a ele quando vira a mão e nossos dedos se entrelaçam. — Tenho certeza de que a maioria das pessoas sabe que você faz mais do que apenas olhar em minha direção agora.

Eu adiciono uma piscadela de flerte, e tem o efeito desejado. As bochechas de Dylan coram e ele ri. — Você não está preocupado que alguém tire uma foto?

— De que? De nós dois de mãos dadas? Isso é muito menos escandaloso do que você nu no meu quarto de hotel... — deixo meus olhos vagarem sobre o corpo de Dylan e depois os ergo até vê-lo balançando a cabeça para mim. — O quê?

— Nada.

— Não, o quê? Me conta.

— Só estou surpreso com a sua calma agora, eu suponho.

— Calma? — eu digo. — Desculpe-me, mas você não estava na gravação essa manhã?

Dylan ergue os olhos para os meus, e seus lábios se curvam.

— Não, quero dizer... Sim, eu estava lá. Não quero dizer isso. Ron está obviamente enojado com essa situação e está descontando em você. Mas o que quero dizer é... — ele uma vez mais olha ao redor. — Certamente você sabe que todos aqui estão nos observando agora. Falando sobre nós.

Dylan parece tão escandalizado que não posso segurar a risada que me escapa. — Sim? Você está envergonhado por minha causa, Daydream1?

— Oh, por favor. Quem em sua mente sã ficaria envergonhado de estar com você? — meu estômago vibra com essas palavras, mas então aperta quando ele acrescenta: — É apenas toda a especulação que estão fazendo. Está nos olhos deles toda vez que encaram você e eu. Inferno, Russ perguntou-me quem fodia...

Quando Dylan murmura suas palavras e respira fundo, não preciso que continue falando para saber o que está prestes a dizer. Claro que aquele cara tinha perguntado, e antes que eu possa me segurar, pergunto:

— O que você disse a ele?

— Nada. — Dylan diz e depois franze a testa enquanto afasta a mão dele.

Merda. Qual é o meu problema? Eu não tinha a intenção de parecer acusatório. E eu sei que Dylan não teria dito nada. Minha pergunta foi apenas uma reação de algo que estava enraizado em mim por tanto tempo que é difícil ignorar.

— Ei? Eu sinto muito. Claro que você não disse nada. Eu só...

— Eu entendo. — Dylan diz. — Os hábitos são difíceis de quebrar. Você está habituado com pessoas falando de boca em boca. Mas Ace?

— Sim?

— Eu não sou assim. Eu nunca faria isso com você. Odeio que eles gostem disso.

Quando pego a faca para cortar o frango sem graça na minha frente, eu sei que é a verdade. Dylan está realmente fazendo tudo em seu poder para não me magoar. Ele está ao meu lado, publicamente, enquanto lidamos com a insanidade que desceu sobre nós, quando ele poderia ter me deixado no primeiro sinal de loucura.

Eu me sinto como um babaca. Eu odeio descontar a minha frustração com a situação nele, quando realmente tudo o que me mantém de pé nessa manhã infernal é o conhecimento de que eu posso desfrutar abertamente do meu almoço com esse homem. Todo mundo pode ir para o inferno. Então eu alcanço o seu prato e roubo várias das suas batatas fritas. Dylan olha para mim enquanto eu como uma, e então arqueia uma sobrancelha.

— Oh, por favor. — ele diz. — Fique a vontade. Eu não queria nenhuma mesmo.

Pego outra e a engulo antes de apontar para o prato dele.

— Você realmente esperava que eu fosse apenas olhar você comendo bife e batatas fritas enquanto eu como frango cozido e couve sem compartilhar, não é?

Dylan corta um pedaço de seu bife e o coloca entre seus lábios. Quando ele mordisca, sorri para mim e fico aliviado por estar de volta em suas boas graças.

— Imagina. — ele diz e depois lambe os lábios. — O que é meu é seu.

Meu pau torce com a sua conotação óbvia e, como não queria que o nosso primeiro beijo público fosse em uma mesa de almoço no set, resolvo roubar outra das suas batatas fritas e a como antes de dizer:

— É muito bom saber disso Sr. Prescott.

— Estou feliz que você pense assim. — ele diz com um sorriso malicioso, e se há mais alguém na área de almoço depois disso, eu não posso saber, porque eu só tenho olhos para o homem na minha frente.


Capítulo 5


ALTO E ORGULHOSO


DYLAN

 

— Não fique irritado. — Ace diz de onde está no centro de seu trailer, fechando sua bolsa. É o fim do pior dia que tivemos no set - até agora, de qualquer maneira - e com a tensão entre os outros membros do elenco, eu vim para o trailer de Ace para tomar banho e trocar de roupa.

Olho para ele de onde eu estou salivando pelos músculos tonificados de Ace. — Irritado? Por que ficaria irritado?

— Porque metade do seu exercício diário está prestes a ser cortado.

— Metade do meu... Do que você está falando?

Ace abre as persianas e aponta para um carro preto e elegante ao lado de um Town Car. — Temo que você não possa mais ir caminhando até a sua casa, então, quando não estiver comigo, você estará naquele carro.

— Por que não posso andar até em casa? Fica a menos de meio quilômetro.

— Se lembra da multidão que vimos esta manhã?

— Sim…

— Acostume-se. Eles provavelmente estarão do lado de fora das saídas do estúdio agora também, e eu não posso protegê-lo assim.

Eu jogo a revista no sofá ao meu lado e caminho até Ace, minhas mãos indo para seu quadril.

— A única razão pela qual eu ficaria irritado é se você estivesse cortando o meu exercício noturno. — eu digo.

— Não é uma possibilidade.

— Bom. Então eu vou me comportar e não vou me queixar sobre ter um motorista.

Ace sorri e suas mãos vão até a minha bunda, puxando-me para me dar um beijo.

— Eu odeio o fato de que você não estará na minha cama esta noite. — ele murmura contra a minha boca.

— Eu prefiro não estar lá enquanto Roger dá uma de idiota. Além disso, eu deveria dormir na minha cama pelo menos um dia.

Com um gemido, ele me afasta. — Não sou fã de nenhuma dessas opções, mas...

— Temos que enfrentá-las, embora eu possa ter que colocar um de seus filmes para me fazer companhia. Vai me ligar depois? Vai me dizer que Roger não o estrangulou com as próprias mãos?

Ace solta uma risada enquanto pega a bolsa e abre a porta para mim. — Nah, ele late, mas não morde. Mas eu vou ligar de qualquer jeito.

Quando saímos do trailer e andamos na direção dos carros, não posso evitar sentir uma pontada da tristeza em ter que seguirmos caminhos separados, mesmo que seja só por uma noite. Parece que vivi uma vida nos últimos dias. Esses eventos cimentaram a presença de Ace na minha vida de uma maneira que, se eu parasse e pensasse demais, poderia ficar assustado com como as coisas estão se movendo. Mas tudo parece... Certo. Não estamos apressando nada; Estamos simplesmente nos conhecendo; E eu poderia me impedir de querer passar o tempo todo com o lindo homem ao meu lado?

Eu olho para onde Ace está tirando as chaves do bolso de sua calça jeans escura, e então, enquanto caminha na minha frente, deixo meus olhos vagarem para o caminho que ele deveria completar até chegar ao seu carro.

Oh, sim. Tudo isso é meu.

— Vejo você amanhã cedo? — ele pergunta, olha por cima do ombro, e quando nota onde meus olhos estão focados, ele ri.

— O que é tão engraçado?

— Você. É uma coisa boa não nos escondermos mais.

— O que posso fazer se a sua bunda é o tipo de coisa que faria as pessoas ficarem de joelhos?

— Eu só me importo com uma pessoa especificamente caindo de joelhos para mim. Até logo, Daydream. — Ace diz com uma piscadela, e depois entra em seu Range Rover.

Com um suspiro, entro na parte de trás da limusine, falo com o segurança de Ace, Frank, e o deixo me afastar do homem que me faria acabar o lubrificante mais tarde.

Com a companhia de um filme dele...

— Oh, puta merda. — eu digo enquanto a limusine passa pelo portão do estúdio e uma onda de pessoas de ambos os lados da calçada estão gritando e fazendo perguntas, suas câmeras desaparecendo quando passamos. Eu deslizo para baixo no assento e protejo meu rosto com a mão, como uma viseira, enquanto dirigimos a curta distância para a minha casa.

Não está melhor quando chegamos lá, também.

Você deve estar brincando comigo, penso, enquanto o carro desacelera na frente do meu prédio de apartamentos. Eu nem consigo ver a entrada da escada que leva a minha casa/estúdio, porque todo o gramado e a calçada estão cobertos por um mar de estranhos, e quando paramos, o que havia estado tranquilo há pouco tempo, se transforma em um pandemônio.

— Fique aí mesmo, Sr. Prescott. Vou acompanhá-lo a sua casa. Qual andar?

Eu informo o número do meu apartamento, e então ele sai do carro, lutando contra a multidão para abrir a minha porta.

Oh, Deus... Eu realmente tenho que sair do carro, ou poderia me esconder aqui? Pego meus óculos de sol que costumo deixar pendurado no topo da minha camisa, mas quando eles não estão lá, eu amaldiçoo. Então a porta de trás abre e Frank está lá, o braço esticado para afastar alguém que chegue muito perto. Os gritos são ensurdecedores quando eu saio, e depois que Frank fecha a porta atrás de mim, ele coloca a mão grande nas minhas costas e lentamente nos guia pela turba esmagadora. Eu me sinto pressionado por todos os lados, quando ouço:

— O que você pode nos contar sobre o seu relacionamento com Ace Locke?

— Há quanto tempo você está mantendo seu romance no escuro?

— Foi Ace que obteve o papel em Insurrection 2 para você?

Mantendo meu queixo apoiado no meu peito e meus olhos no chão na minha frente para não tropeçar, eu deixo Frank me levar pelo que parece uma eternidade. Quando chegamos à base da escada que leva até o meu apartamento, eu estou suando, e não é até Frank me deixar entrar, e fechar a porta atrás dele, que eu consigo dar a minha primeira respiração profunda.

Isso foi louco...

Eu não tinha visto Ace lidando com multidões assim desde que o conheci, e eu tolamente me permiti esquecer que ele não é apenas um cara normal, que talvez algumas pessoas o seguissem de vez em quando. Não, ele era uma mega estrela de cinema, e pessoas de todo o mundo sabiam quem ele era.

Deixo isso afundar por um minuto. Pessoas em todo o mundo. Então, não é apenas aquela multidão lá fora, ou a imprensa esperando do lado de fora do estúdio, ou as que o seguem para a casa dele. Não, essas pessoas são apenas os mensageiros que relatam a esses milhares e milhares de pessoas que estão famintos por qualquer notícia sobre Ace, e o que eles podem compartilhar em primeira mão.

Esfrego minha mão sobre os meus olhos e vou até a cozinha para beber um copo de água gelado, e dou um longo gole. Quando me inclino contra o balcão, colido com o vaso de flores que Ace havia me dado antes de partimos para Las Vegas. A mistura de flores brilhantes de amarelo, roxo e rosa estava tão fresca como sempre, intocada pela loucura dos últimos dois dias, e depois de respirar profundamente, tiro meu celular e aperto um botão.

— Já sentindo minha falta? — diz a voz profunda de Ace, embora pareça estar no viva-voz. Uma rápida olhada nas horas me diz que ele deve não ter chegado em casa ainda, especialmente se tiver alguém o seguindo.

— Sempre. — digo, e então: — Ace, eles cercaram o meu apartamento.

— O quê? A imprensa está aí?

— Frank simplesmente teve que me escoltar... Porra, eu nem sei quantas pessoas estão lá fora.

— Porra, eles trabalham rápido. Eu pensei que tivéssemos um pouco mais de tempo antes deles descobrirem quem é você.

— Não fui tão sortudo.

Ace solta um longo suspiro. — Eu sinto muito...

— Eu pedi para você não se desculpar mais.

— Sim, mas eles estão acampados na sua casa. Não é como se você tivesse um portão para mantê-los do lado de fora. Você quer que Frank te traga para cá?

— Não, não, claro que não. Eles não vão entrar nem nada desse tipo, eu só pensei... Que você deveria saber. É tudo.

— Estou falando sério, se você quiser arrumar sua merda e vir aqui...

— Vou te avisar, mas eu estou bem. Mesmo. Apenas vou jantar e te perseguir na TV, e então vou dormir. Prometo.

— Ok. — Ace ainda parece inseguro, mas eu sou inflexível.

— Divirta-se com Roger.

— Oh, Deus! Eu vou. Te ligo depois?

— Ansioso para isso.

Depois de desligar, volto para a minha pequena sala de estar e caio no sofá. Então pego o controle da TV, ligo e a imagem que está olhando para mim é - eu.

Uau. Tudo bem, isso é novo.

O repórter está sorrindo amplamente para a sua âncora enquanto especulam sobre o novo caso quente de Ace no hotel.

Oh, senhor! Eu cubro meus olhos com as mãos e esfrego como se pudesse apagar as imagens na tela, mas não, as imagens estão lá.

Eu, parado na entrada da suíte de Ace com uma toalha enrolada em minha cintura, meus cabelos molhados do chuveiro e minha boca entreaberta. E ali, sob meu ombro, Ace estava usando exatamente o mesmo. Muito incriminador? Parecia como se tivéssemos passado a manhã juntos no banho... O que, é claro, nós tínhamos.

A próxima foto que aparece na tela é de Ace me guiando pelo lobby do hotel Syn. Minha cabeça está baixa, mas quem tirou a foto pegou um ângulo perfeito, porque Ace olha diretamente para ele e maldição, seus olhos estão desafiadores. Um azul lindo e trovejante.

A imagem de um homem seguro e magnético, não havia dúvidas sobre isso, mesmo quando estava chateado como o inferno.

Então, aparece à foto que o repórter proclamou como a sua favorita, e me endireito no sofá, sentando na borda do assento, quase temendo o que eu verei.

É uma foto de Ace abrindo a porta do carro para mim assim que passamos pelos paparazzi no Syn, e sua mão está na parte inferior das minhas costas enquanto ele me ajuda a entrar na limusine. Eles mostram outra foto um pouco mais distante, abrangendo a multidão, e depois outra foto com a mão dele na minha, e a repórter ri como uma garota do ensino médio.

— Oh, eu não sei sobre você, Brad, mas essas fotos fazem o meu coração vibrar em finalmente ver Ace com alguém que ele claramente não pode evitar ficar com a mão longe.

Brad, seu co-âncora, um homem que poderia passar por um boneco Ken, lhe lança um sorriso e assente com a cabeça.

— Sim, será interessante descobrir mais sobre esse misterioso estranho que parece ter capturado a estrela de ação favorita de Hollywood. Até agora, Ace tem sido muito privado em relação a sua recente, e muito pública, “saída do armário”. Mas com a forma como essa história explodiu nas últimas quarenta e oito horas, e sem negar o que todos estamos vendo, é óbvio que esse homem é alguém especial para Locke não manter em segredo.

Aperto o botão de desligar no controle remoto e a TV fica preta. Quão estranho é ter pessoas falando sobre você como se fosse parte de uma grande conspiração? E agora eu entendo o que Ace diz sobre as mudanças que teremos, agora que o público já sabe, porque é apenas uma questão de horas antes de descobrirem o meu nome. Eu estou realmente chocado por eles não saberem disso e então tudo no meu mundo será para o escrutínio público – e não apenas da maneira que deverá ser.

Eu estou pronto para isso? Porra, eu certamente espero estar.


***

ACE

 

Após atravessar a multidão de fotógrafos que cercam o portão do meu condomínio, eu dirijo para a entrada da garagem e vejo o SUV de Roger estacionado ao lado esperando por mim.

Ótimo. Ele chegou cedo. Eu nem teria cinco minutos para respirar depois do dia que tive. Pressiono o botão do portão da minha garagem e, enquanto ele lentamente sobe, vejo a porta do carro de Roger abrir e ele sair, seus olhos estão fixos na janela matizada no lado do motorista.

Ah sim, ele está bem chateado. Tanto faz. Eu já tive o meu quinhão de pessoas com uma maldita opinião sobre o meu relacionamento com Dylan hoje. Entre Ron e todo o elenco de Insurrection 2 tratando-nos como leprosos, a atitude de Roger era a última coisa que queria lidar.

Nem cinco segundos depois, eu estaciono o meu carro e abro a porta para sair, e Roger já está colado comigo.

— Bem, espero que esteja orgulhoso disso tudo. — ele diz.

Fecho a porta e passo por ele para abrir a parte de trás, inclinando-me para pegar a minha bolsa. Uma vez que ela está pendurada no meu ombro, olho para o meu agente de cabelos prateados e de rosto vermelho.

— Alto e orgulhoso2, você não ouviu as notícias?

Os olhos claros de Roger se estreitam e ele aponta um dedo para mim. — Oh, você acha isso muito engraçado, não é? Você sabe os problemas que nos causou nos últimos dois dias?

— Eu causei um problema? Mesmo? Huh, eu não tinha ouvido uma palavra sobre isso.

Eu o empurro e caminho em direção à porta de conexão para a minha casa. Ele me segue tão de perto que me surpreenderia se os dedos dos pés dele não estivessem tocando as costas dos meus calcanhares.

— Por que você está fazendo tudo isso?

Não me incomodo em parar; apenas reviro os olhos e continuo pelo corredor até a área de estar do lado de fora da cozinha.

— Quero dizer, me ajude a entender isso, Ace. Porque agora? Por que, quando sua carreira está no auge e tudo o que você toca se transforma em ouro, você desfilaria assim, por causa de um brinquedo?

Eu escolho ignorá-lo quando tiro meus sapatos, determinado a pegar uma cerveja na geladeira antes de encará-lo, mas Roger não vai deixar isso de lado.

— Você estava se sentindo sozinho? Com tesão? Nós poderíamos te arrumar discretamente um encontro.

— Oh, faça-me o...

— Ele tem um pau de trinta centímetros ou algo assim? Quero dizer, me diga o que há de tão especial nesse garoto que você está disposto a nos foder por completo.

Já. Chega.

Eu viro para encarar o homem que está a cargo da minha carreira há quase uma década e aponto.

— Primeiro... — digo, e dou um passo em direção a Roger, e isso o faz se afastar. É bom saber que ele é inteligente em alguns aspectos. — Você precisa se calar por um segundo maldito em sua vida e me ouvir. Vamos esclarecer algumas coisas. Ou talvez devêssemos finalmente esclarecer exatamente como vai ser, para tentar deixar as coisas não tão fodidas.

A mandíbula de Roger aperta, e eu posso dizer que ele está fisicamente se impedindo de dizer algum tipo de comentário que está morrendo de vontade de soltar. Mas seria muito ruim. Eu estou cansado de andar na ponta dos pés em torno da minha sexualidade, e já é hora dele saber disso, e entrar a bordo ou sair da minha vida.

Durante algum tempo, em certo aspecto, eu estive escondendo quem eu sou. Dos meus pais, ou do meu público, eu sempre escondi - e não queria mais. Ninguém iria me dizer que isso era errado. Ninguém iria falar merda sobre Dylan na minha presença, enquanto ele estivesse disposto a suportar todas as besteiras que vinham com a minha bagagem, então, por Deus, eu iria lutar para fazê-lo sentir-se tão à vontade do meu lado quanto humanamente possível.

Começando com Roger.

— Você trabalha para mim, e não ao contrário, pelo que me consta. E isso não tem realmente impacto direto sobre você. Eu o contratei por uma razão específica: manter minha carreira no caminho certo, eu o pago por essa razão, e não para especular e ter uma opinião, como todos os outros no mundo todo estão fazendo agora. — eu paro para respirar calmamente, porque posso sentir minha raiva esgotando contra o homem olhando para mim. Um homem cujo conselho um ano atrás foi: fique no armário, porque ninguém vai entender, e sua carreira ficará em cheque. Quem se importa se você for infeliz em sua vida privada em seus primeiros anos? Ser gay não é bom para a sua imagem.

Sim? Bem, para o inferno com essa merda.

— Aqui está um ponto para você, Roger. Eu sou gay! Eu gosto de namorar, abraçar, beijar e foder homens, e você precisa embarcar e aceitar isso. Quanto ao “garoto” que estou vendo, ele é um homem. O nome dele é Dylan Prescott. E se alguma vez ouvir você se referindo a ele de uma maneira tão imprópria de novo, em particular ou em público, eu vou dispensar você mais rápido do que pode piscar. — a boca de Roger abre, e antes que ele possa dizer algo, o interrompo. — Entendeu?

Ele dá um rápido aceno de cabeça. — Entendi, e adivinhe: você não vai se importar que o anúncio mundial da Blue Obsession tenha acabado de cancelar o seu contrato. Você sabe, uma vez que estamos colocando tudo na mesa.

As palavras de Roger foram como um gancho direto no meu maxilar enquanto penetram no meu cérebro e eu compreendo exatamente o que ele acabara de dizer.

Blue Obsession me deixou? Mesmo? Acabara de assinar esses documentos na semana passada. Meu choque deve ter sido evidente, porque Roger parece triunfante enquanto assente com a cabeça e enfia as mãos nos bolsos, encantado com o fato de ter conseguido seu próprio soco frontal após as minhas palavras.

Levanto minhas mãos para o meu rosto e o esfrego, cansado além da crença. Isso era exatamente o que eu temia que acontecesse, e que estupidamente eu me enganava que não. As pessoas estavam atrás da estrela de ação gay porque... Merda. Nunca tiveram uma antes.

— Chocante, não é? Como os desejos de uma pessoa podem causar tantos problemas para as pessoas ao seu redor.

— Saia.

— O que...

— Saia. — eu digo novamente.

— Nós precisamos...

— Eu não quero falar com outra fodida alma até estar pronto. Isso inclui você, Martina, a imprensa, e tudo mais.

— E quando isso será?

— Quando diabos eu ligar para você. Jesus, Roger, eu disse saia!

Roger ergue as mãos, as palmas mostrando um sinal de rendição enquanto ele se afasta de mim. — Você deveria ter feito um plano antes de se assumir.

Olho para ele. — Porque você teria sido útil sobre isso? Rá, você não foi exatamente receptivo ao assunto, Roger. Então não comece a me ensinar sobre o que eu deveria ou não deveria ter feito. É tarde demais agora. Agora, temos de lidar com como as coisas estão.

— E como será isso?

— Eu lhe disse, quando eu tiver vontade de falar com você sobre isso, eu vou. Até então, saia da minha casa.

Depois que Roger sai da minha casa, tranco tudo, ligo o alarme e tomo outra bebida.

Cristo! Foi um longo dia. Meu mundo inteiro sofreu um grande estouro. O fato de que eu ainda estou de pé após as últimas quarenta e oito horas é um milagre.

Quando me sento na ilha e dou outro gole na minha bebida, meus olhos percorrem o balcão de mármore. Foi na noite anterior que Dylan estava deitado espalhado, nu e disposto, nesse balcão para tirar minha mente da conversa que eu estava prestes a ter com Roger? É incrível como apenas o pensamento do homem que eu conheci há poucas semanas pode me acalmar e ajudar a sintonizar o resto do mundo. E é chocante perceber o quanto eu desejo que ele estivesse ao meu lado.


Capítulo 6


VOCÊ GANHA ALGUNS, VOCÊ PERDE ALGUNS.


DYLAN

 

— Você será um homem muito ocupado nos próximos meses, Dylan. A demanda de trabalho aumentou, além da sua comissão, então vamos levar as coisas como pudermos. — Claudia, a minha agente da JGE Models, diz enquanto me entrega uma espessa pilha de contratos que exigiam a minha assinatura, ela se inclina contra a mesa. — Uma vez que você ainda está filmando, a maioria desses trabalhos não exigirá que você viaje para muito longe de L.A, mas, assim que você terminar as gravações de Insurrection 2, pode contar com algumas viagens para o exterior. Paris está morrendo para ter você.

Eu pisco para ela, pois não tenho certeza de ter ouvido corretamente.

— Paris? Sério? — quando ela assente, olho para as marcas que estaria participando dos anúncios nos próximos meses e não consigo acreditar na minha sorte. Porra, o anúncio da Calvin Klein pagou muito bem, mas isso... — Eu nunca estive na Europa. — digo suavemente.

— Confie em mim, você vai adorar a Europa.

— Estou certo de que vou. Uau. Isso... Isso é tão irreal. Obrigado.

Puta merda! Adeus, empréstimos estudantis. Olá, liberdade financeira.

— Não precisa me agradecer. Você fez isso sozinho.

Levanto minha mão para passar nos meus cabelos por hábito, mas paro quando meus dedos atingem a parte mais curta e ainda espetada. Adivinha! Eu precisaria comprar algum Miracle-Gro para recuperá-lo novamente depois do término da filmagem.

— Mantenha o corte. — Claudia diz. — Esse penteado está em evidência.

— Mesmo?

— É a aparência que as pessoas estão começando a conhecê-lo. Não quero mudar isso ainda.

O visual pelo qual eles estão me conhecendo?

— Mas... Meu corte está mais longo no anúncio da Calvin Klein. O que você quer dizer com “é como as pessoas estão me conhecendo?” Eu não fiz nenhuma campanha além do filme desde que eu o cortei.

Os olhos verdes de Claudia brilham atrás de seus óculos de aro fino. — Além das fotos quentes publicadas nas capas de cada revista do país. Meu telefone tem explodido estas semanas desde que vocês entraram em cena.

O quê? Espere um segundo…

Erguendo minha mão, eu digo:

— Hum, espere. Quem especificamente são essas “pessoas que estão começando a me conhecer” que você está se referindo?

Ela acena com a cabeça para os papéis em minhas mãos. — Aquelas que importam.

— E quando elas chegaram a você sobre mim exatamente?

— Hmmm. Eu diria... Umas três semanas atrás, talvez? Eu teria que olhar, mas tem sido sem parar.

Três semanas atrás…

Não foi perdido para mim que três semanas atrás também foi o tempo que passou desde que Ace e eu fomos descobertos em Las Vegas. Se nosso relacionamento fosse o motivo pelo qual eu estava obtendo todas essas ofertas, precisava descobrir mais antes de assinar qualquer tipo de contrato.

— Claudia... Posso perguntar por que essas empresas estão chegando de repente? Não é por causa da minha vida pessoal, é?

Ela dá uma risada provocante e toca as pérolas em seu pescoço.

— Oh, Dylan. Claro que é. Seu anúncio da Calvin Klein já estava gerando muitos rumores para você, mas agora você é o cara nos braços da estrela mais quente do mundo. As pessoas estão caindo sobre si mesmas para saberem mais de você.

Minha boca cai. O cara nos braços da estrela mais quente do mundo... Foi isso o que fez minha carreira avançar?

— Uh... — eu digo, esfregando a parte de trás do meu pescoço. — Não tenho tanta certeza de que estou bem com isso.

— Bem, o que esperava que fosse acontecer quando vocês dois ficaram juntos?

Que seria mantido em segredo, esse é o meu primeiro pensamento, mas o próximo foi: o que eu esperava? Que não seria um grande problema para ninguém se fosse público? Esse foi um pensamento incrivelmente ingênuo da minha parte.

— Então, essas empresas me querem por causa de com quem eu estou? — pergunto.

— Não foi o que eu disse. Mas antes que você se sinta mal, aqui está o que você precisa entender sobre esse mundo em que está: tudo é baseado na demanda popular, e quando você ganha um grande destaque, você precisa acompanhar.

— Um grande destaque? Cortesia do meu namorado?

— Você sabe como tem sorte? A maioria das pessoas não recebe Gucci e a capa da GQ. Não importa como o destaque aconteça. O importante é o que você vai fazer com essa demanda, uma vez que conseguiu esse espaço, então não seja teimoso. Use o que você tem para sua vantagem.

Usar o que eu tenho? Usar Ace. Era isso que ela estava dizendo?

Mordo o lábio inferior e leio novamente a lista no meu colo. Eram empresas famosas, do tipo de reconhecimento internacional e que pagaria os meus empréstimos estudantis e uma mega-hipoteca com o bastante de sobra para comprar uma pequena ilha. Ok, isso poderia ser um pouco exagerado, mas era mais do que eu jamais esperaria ver na minha vida. Mas agora tudo parece... Contaminado. Como se eu não tivesse feito nada para merecer isso além de estar com um homem que eu escolhi ficar, independentemente da sua profissão.

— Eu vou precisar de algum tempo para pensar sobre isso. — digo.

— Pensar? — Claudia ergue as sobrancelhas até os cabelos. — O que há para pensar? Isso é enorme. Isso impulsionará a sua carreira...

— O que eu não teria se não fosse por certo alguém, não é verdade? — quando ela fecha a boca, solto uma risada forçada e me levanto. — Eu vou informá-la dentro de uma semana.

Claudia apenas olha para mim como se eu tivesse duas cabeças enquanto enrolo os contratos e depois os enfio na parte de trás da minha calça. Com um aceno rápido, deixo o escritório e caminho pelo corredor que se abre para o lobby da agência. Antes de sair pela porta principal, coloco meus óculos de sol e pego as chaves do carro de aluguel que eu estou dirigindo nas últimas semanas do meu bolso. Então, com uma respiração profunda, abro a porta para enfrentar as dezenas de paparazzi que parecem seguir todos os meus movimentos ultimamente.


***

ACE

 

— Ace, como você se sente por perder o papel no filme Destroyers para Norman Rockwell?

— Você e Dylan Prescott estão juntos?

— Ace, o que você acha da imprensa chamando vocês dois de PresLocke?

Quando passo pelo portão principal do meu bairro e deixo os gritos da imprensa atrás de mim, meu celular toca, o toque indica que é alguém que já havia ligado muito mais regularmente, apesar de nossa discussão há semanas. Foi-se o papo fútil, agora são conversas rápidas e diretas

— Roger. — digo quando atendo.

— Eu temo ter que lhe dar más notícias.

— Mais más notícias? Isso está começando a se tornar uma coisa diária.

— Main Line Studios decidiu assinar com outra pessoa para o filme First Watch.

Meu estômago cai. Eu não estou surpreso com a perda do papel no filme Destroyers, não tinha dado muita importância, quando Blue Obsession e Ashland me tinham como porta-voz. Mas eu era um fã dos quadrinhos de First Watch desde que era criança, e é um soco potente perder algo que eu estive me preparando por mais de dois anos.

Com um profundo suspiro, abro meu portão e entro na garagem. — Posso perguntar o motivo?

— Você sabe, assim como eu, que eles não precisam dar um motivo.

— É um personagem de uniforme, pelo amor da porra. Você pensaria que eles seriam mais inteligentes do que isso.

Roger fica em silêncio, mas eu sei que há uma resposta inteligente na ponta de sua língua, esperando apenas para ser desencadeada. Não precisa dizer, no entanto, para que eu ouça.

— Lamento ser o portador de más notícias. — ele diz. — Talvez você possa tirar essas férias em Bora Bora mais cedo do que pensou.

Merda, do jeito que a minha agenda está limpando, eu poderia me aposentar em questão de semanas.

— Certo. Obrigado.

Eu encerro a chamada e, depois de desligar o motor, afundo no meu assento. As últimas três semanas estão enviando minha carreira para o fundo do mar, as empresas fugindo para a esquerda e direita antes do acidente inevitável. Eu soube quando estava sentado na suíte presidencial do Syn que as coisas seriam ruins. Mas nunca imaginei que, ao expressar os meus desejos para o mundo, eu encontraria algo assim.

Ace Locke, o navio afundando. Adequado, considerando a premissa do filme que estou filmando atualmente. E a pior parte sobre isso é que Dylan provavelmente iria comigo.

Seu carro de aluguel já estava estacionado ao lado do meu, já que ele tinha tido o dia de folga, e usou a chave que eu lhe dei no outro dia para entrar.

Era louco pensar o quão importante ele se tornara para mim em um período tão curto, mas quando eu saio do meu carro e vou até a casa para encontrá-lo, o som dele mexendo na minha cozinha me dá a primeira sensação de alegria no meu dia.

Como ele consegue fazer com que tudo pareça um pouco menos desesperador? Que tipo de magia ele mantém em mim, que apenas a visão dele me faz esquecer que a minha vida profissional está um desastre atualmente?

Quando entro na cozinha, solto minha bolsa no chão e espero por esse momento... E lá está. Dylan me olha por cima do ombro de onde está na frente da pia com a água correndo, e um sorriso lento se espalha por seus lábios.

Deus. É sempre um choque para o meu coração vê-lo em minha casa. Saber que ele tinha escolhido ficar comigo, mesmo com toda essa merda que veio junto.

Eu atravesso o chão de azulejos em sua direção, e quando me aproximo, percebo que ele está segurando uma colher de aço inoxidável na pia enquanto observa minha aproximação. Quando chego ao balcão e paro ao lado dele, noto seus pés descalços, o jeans desgastado e a camisa polo azul casual, e eu acho que ele nunca parecerá tão bonito como agora – na minha casa.

— Boa noite! — ele diz enquanto me acomoda ao lado dele, meu quadril contra a pia.

Olho por cima do ombro e vejo a colher que ele estava mexendo, e solto um gemido ao ver o macarrão cozido que ele estava enxaguando.

— Noite. — digo, e me inclino para pressionar meus lábios em sua bochecha. — A parte boa desse dia ruim é ter você aqui... Mas, o que você está cozinhando tem um cheiro celestial.

Dylan franze a testa, e então fecha a torneira para interromper o fluxo de água antes de sacudir o escorredor. Depois de colocá-lo sobre uma panela vazia no balcão ao lado dele e agarrar o pano de prato para secar as mãos, ele volta para espelhar a minha posição. Quadril contra a pia e os braços cruzados. — Não tão rápido, coisa quente... Nós prometemos conversar sobre as coisas, não importa o quão boas ou ruins sejam. Lembra? Então, quer me dizer agora? Ou durante o jantar?

— Mais tarde... Depois. Podemos conversar sobre isso depois do jantar. Eu não quero arruinar seu trabalho duro ou uma boa refeição.

O rosto de Dylan se transforma em uma careta. — É tão ruim assim?

Eu tento dar um encolher de ombros descuidado, mas eu estou bastante seguro de que ele sabia que eu estava cheio de merda. — O mesmo de sempre. É apenas…

— Sim?

Eu respiro fundo antes de soltar um suspiro instável. — É muito mais do que eu esperava. Por ter a oportunidade de experimentar isso. Você sabe? Em vez de apenas pensar sobre o que poderia acontecer. É... Assustador o quão rápido tudo está indo para baixo. Isso faz sentido?

Eu não posso suportar olhar para Dylan enquanto as últimas semanas começam a se reproduzir na minha mente. Quando íamos trabalhar e recebíamos as más notícias, nós apenas voltávamos a minha casa e conversávamos. Então, dependendo do horário e de quantas pessoas nós tínhamos que nos esquivar ou nos afastar, nós adormecíamos em segundos. Às vezes, Dylan ficava impaciente, e ele se sentia particularmente bravo com o assédio, e depois subia as escadas para o quarto como uma espécie de montanhista olímpico para evitar bater nas câmeras do lado de fora.

Cristo! Como eu poderia achar que daria conta de tudo isso? Isso não era viver. Nem era a maneira certa de namorar. Mas o que me impedia de deixar Dylan ir, o que me impedia de fazer o que eu sabia que seria a solução mais fácil para nós, era cada uma dessas emoções rodopiava nos olhos de Dylan sempre que ele me olhava do jeito que está olhando agora. Esses olhos extraordinários estão cheios de compaixão, desejo, compreensão e a única emoção que eu estou começando a acreditar que podia ser... Amor?

Ele descruza os braços do peito e dá um passo adiante, onde coloca a mão no meu peito e diz:

— Isso faz sentido. Perfeito sentido. Ninguém poderia saber o que sentir na sua situação. Você não está lidando com o mundo inteiro interessado em seu parceiro... Você está lidando com ter saído do armário. Você não está apenas dizendo isso; Você está mostrando isso. E assusta qualquer um. Até você, Sr. Locke. Então, o fato de que você está achando tudo tão difícil de lidar, não faz de você menos homem, pessoa ou até mesmo uma celebridade. Porque ninguém teve que fazer o que você está fazendo. — Dylan inclina o rosto para o lado e coloca um beijo suave no canto da minha boca. — Eu acho que isso mostra o quão incrivelmente corajoso você é.

Ele tenta se afastar, mas eu sou mais rápido. Descruzo meus braços e os passo em torno de sua cintura e o seguro enquanto encosto minha testa contra a dele e fecho meus olhos.

— Eu não me sinto corajoso. — sussurro. — Sinto que todos estão fugindo de mim.

Dylan toca seus dedos na minha bochecha, e enquanto eles acariciam minha mandíbula, ele diz:

— Eu não estou.

Abro os olhos para ver seus lábios se esticando em um sorriso. — Não, você não está. Verdade?

Ele se recosta em meus braços e balança a cabeça. — Não. Na verdade, tenho certeza de que você logo ficará cansado de mim com o tanto de tempo que eu gastarei aqui.

— Impossível.

— Ha, você diz isso agora. — Dylan diz, e então se move para passar os braços ao redor do meu pescoço e encostar seus lábios nos meus. — Mas isso porque você pode me enviar para casa sempre que quiser.

Dessa vez, quando ele se afasta, eu o solto, golpeando-o na bunda. Quando ele alcança o fogão e esfrega uma mão sobre sua bunda abusada, ele olha para trás com uma careta fingida e promete dar o troco mais tarde. E essa é a outra razão pela qual eu aguentaria o que fosse necessário para manter Dylan na minha vida. Sua capacidade inata de tornar os dias mais sombrios um pouco mais brilhantes.

 


***

DYLAN

 

Depois de consumirmos massa suficiente para nos fazer correr alguns quilômetros extras na esteira no treino de Ace amanhã de manhã, nos instalamos lado a lado na confortável varanda em frente ao jardim no deck traseiro de Ace, comigo enrolado ao seu lado. Seu estado de espírito está um pouco melhor do que quando ele chegou, e fico satisfeito por ter conseguido fazer isso por ele, confortá-lo enquanto ele está passando por toda essa besteira. Estou irritado por ter que ficar sentado e assistir enquanto os patrocinadores, diretores e produtores continuam a nos afastar, e quando ele finalmente me diz que o seu papel no filme First Watch havia sido cancelado, meu coração se quebra por ele. Lembro-me de quão excitado ele estava quando me contou sobre o seu próximo filme e de como seria um sonho se tornando realidade, então a notícia dessa noite foi o maior golpe até agora.

Quando sua mão se enrola em meu ombro e ele me puxa para perto de seu corpo, coloco minha mão no peito dele e enrolo uma perna por cima dele. Quando eu estou praticamente em cima dele, Ace toma meu queixo entre os dedos e inclina meu rosto para o dele e me beija reverentemente. E uau... Quem diria que Ace seria um dos homens mais doces do planeta?

— Estou cansado de falar sobre mim. — ele diz. — Eu sinto que é tudo o que faço ultimamente. Como foi com a sua agente hoje?

Merda. Eu não tinha certeza de como Ace sentiria sobre isso, então, ao invés de responder, decido concentrar-me na primeira metade de sua frase.

— Oh, eu não sei. Eu gosto do tópico. Eu sou quase um especialista. — quando um estrondo suave deixa seu peito vibrando contra mim, eu começo a falar suas estatísticas. — Seu nome completo é Ace Samuel Locke. Você tem trinta e três anos de idade. Tem um metro e oitenta e oito e pesa aproximadamente cento e quatro quilos. Você tem cabelos castanhos, lindos olhos azuis, e eu diria que tem um pênis de vinte centímetros, talvez um centímetro a mais...

— Você está falando sério? — Ace pergunta quando se senta em linha reta, e eu quase caio. Estendo a mão e aperto seu bíceps para me manter no lugar. — Você sabe o tamanho do meu pau duro?

Mantenho meus lábios apertados com uma expressão muito séria e um choque fingido. — Você não sabia?

Ele mantém o meu olhar o suficiente para que eu não consiga lutar contra a minha risada, e quando ele me coloca de costas e me prende, balança o quadril contra mim e rosna.

— Você acha que é muito engraçado, não é?

Tento soltar o aperto no meu queixo, mas Ace move a cabeça para o lado. — Você se preocupa com isso, não é?

— Bem, ultimamente, nada me surpreenderia. Mas se eu não estivesse presente, então, sim, eu ficaria chocado. — ele faz uma pausa enquanto paira sobre mim com meus braços presos. — Mas você deu um palpite muito preciso, considerando tudo.

Enrolo minhas pernas ao redor da cintura dele e me inclino contra ele. — O que posso dizer? Sou um especialista nisso.

Ele solta uma risada e eu sorrio com a sua diversão. Ultimamente sua risada é tão escassa e distante que é bom ouvi-lo e me deixa hesitante em falar sobre o meu dia. Eu estou prestes a tentar convencer Ace em deixar o assunto de lado, quando ele me coloca ao seu lado e me puxa para ele.

— Conte-me sobre o seu dia, Dylan. Como foi com a sua agente?

Eu aperto meus lábios, e quando desvio o olhar, Ace diz meu nome, puxando meu olhar para o dele.

— O que está errado? Aconteceu alguma coisa? Você foi demitido? Desistiu...

— Não. Não. Nada disso. Na verdade... É exatamente o contrário.

Ace inclina a cabeça para o lado enquanto eu mordo meu lábio inferior. Porra! Merda! Por que isso tem que ser tão difícil?

— O oposto? Isso seria bom. Certo?

Eu aceno com a cabeça, e Ace passa o polegar sobre o meu lábio, eu posso sentir seus dedos passando levemente entre as minhas sobrancelhas.

— Por que você parece tão preocupado? Conte-me.

— Bem... É só que a minha agente está animada porque estou recebendo oferta após oferta de grandes clientes. Quero dizer, tipo... Grandes clientes, Ace. Gucci, GQ, Vogue italiana, e eles ainda querem que eu vá para Paris e... E...

— E o quê? Isso é fantástico! — Ace diz. — Notícias realmente fantásticas.

— Não. — digo, e balanço minha cabeça. — Você não está entendendo. A única razão pela qual recebi essas ofertas foi por sua causa. Por causa de estarmos juntos. Eles não estavam interessados em mim antes e provavelmente não estariam...

— Pare por apenas um maldito segundo.

— Ace...

— Eu disse, pare.

Fecho a boca e espero o que ele quer dizer, sem ter a menor ideia de como reagir. Mas quando um sorriso largo abre em seu rosto, eu me sinto confuso.

— Você não vê isso, não é? — ele pergunta.

Eu estreito meus olhos enquanto o olhar de Ace vaga por cima de mim. — Não vejo o quê?

— O que todo mundo vê quando olha para você. Dylan, você não conseguiu isso por minha causa...

— Sim, eu...

— Shhh. — ele diz, e coloca um dedo nos meus lábios. — Quero dizer, talvez tenha acontecido um pouco mais rápido por causa do que houve em Las Vegas e tudo o que aconteceu desde então. Mas eles não estão ligando para você por causa disso. Se você fosse apenas um cara qualquer, as revistas ao redor do mundo não estariam querendo colocá-lo em sua capa. Não senhor. Você já estava a caminho. Você tem o rosto de um anjo. Você é perfeito. Eu achava isso mesmo antes de conhecê-lo. Inferno, eu costumava sair do meu caminho apenas para te ver. Você conseguiu tudo isso por mérito próprio, e o fato de terem percebido você um pouco mais cedo é apenas um bônus.

Pergunto se meus olhos estão tão largos quanto a minha boca, pois eu sei que ela estava aberta. Uau. Não era o que eu esperava.

— Você disse sim para eles, certo? Você assinou os contratos?

— Bem, ainda não. — digo. — Eu queria pensar sobre isso. Falar com você primeiro.

Os lábios de Ace se enrolam antes de ele os pressionar nos meus. — Você é muito doce, Dylan Prescott.

— Ei, não tente me distrair.

— Eu não estou. Não há mais nada que realmente precise ser falado. Essa é uma chance incrível, uma que você precisa aproveitar ao máximo. É assim que funciona nessa indústria. Conexões, pessoas que conhecem outras pessoas. — ele fez uma pausa e me beija de novo. — Você merece isso.

Meu coração se aperta com a sinceridade dele, e o quão generosa era a alma que, mesmo no ponto mais baixo em sua carreira, ele estava ali, me animando, verdadeiramente orgulhoso de mim.


Capítulo 7


GRÁVIDO


DYLAN

 

Eu praticamente travo minha respiração enquanto Ace corre pelo convés do navio de resgate, observando o que resta da extensão de terra arruinada do U.S.S. Alabama. De onde estou atrás da câmera, eu tenho uma boa visão de suas costas, seu uniforme da Marinha parece mais como trapos esfarrapados do que a roupa intocada que usara no início do filme.

É o último dia de filmagens após um longo período de doze semanas, e apesar da minha última cena ter sido há alguns dias, eu não iria deixar de estar aqui para assistir a grande cena final de Ace. Dizer que a minha primeira experiência em fazer um filme foi estranha, seria um eufemismo. As coisas não descongelaram entre nós e o elenco e a equipe, então, passávamos mais tempo no trailer de Ace evitando os olhares estranhos, do que realmente filmando.

Bem, pelo menos o trailer de Ace foi bem usado.

Como eu não tinha planos em continuar com a atuação, eu estou absorvendo esses minutos restantes, observando meu homem atuar. Tudo está completamente parado enquanto uma das câmeras pega a reação de Ace diante da destruição, e ao fato de que ele sobreviveu. Eu desejo poder ver o rosto dele, mas eu posso sentir o humor dele, posso ver a tensão nos ombros e a forma como ele segura seu corpo.

— Papai!

Um garotinho com cerca de quatro anos sai correndo na direção de Ace, que levanta a cabeça ao som. Mesmo do outro lado do set, eu posso ver as lágrimas se formarem em seus olhos, e o sorriso que ilumina seu rosto enquanto coxeia em direção ao menino, e isso me toca, e me faz morder o meu lábio inferior. Enquanto ele pega o garotinho em seus grandes braços e o ergue, seus olhos pousam em uma mulher de cabelos claros caminhando hesitantemente. As lágrimas escorrem pelo seu rosto e, quando ela finalmente para na frente de Ace, ele a puxa contra o peito e beija o topo de sua cabeça. A imagem dos três contra a tela verde, onde entraria um fundo do pôr do sol causa alguns fungados audíveis, e as câmeras avançam lentamente, explorando plenamente o encontro e o final feliz.

— Corta! E essa é a cena final de Insurrection 2! — Ron grita, e o elenco e a equipe restantes no set explodem em saudações e assobios.

Eu me levanto e aplaudo enquanto Ace coloca o menino no chão, e depois esfrega a parte de trás do pescoço. Quando olha para cima, seus olhos encontram os meus, e o sorriso que ele me dá faz meu coração derreter mais do que a cena que todos nós testemunhamos.

Quando Ace anda na minha direção, Ron continua falando, mas não consigo entender o que ele diz. Meu foco está exclusivamente no homem lindo - embora ligeiramente desgastado na minha frente.

— Parabéns, senhor. Grande cena. — eu digo.

O sorriso de Ace aumenta. — Vindo do meu maior fã, isso significa muito.

— Definitivamente sou o seu maior fã na cama, e não se esqueça disso. Eu gosto de seus filmes também.

Ele ri e me dá um empurrão. — E bunda.

— Mmmmm, também gosto dela.

— Oh sim? Talvez eu deixe você beijá-la depois.

— Talvez eu faça mais do que isso. — então eu me inclino um pouco para ele e digo: — Então, como é que você se sente? Está tudo pronto.

— Bem, exceto por qualquer cena extra, mas sim. Sinto-me... Aliviado, falando honestamente.

— Você sabe que eu não tenho ideia do que significa uma cena extra.

O braço de Ace passa pelos meus ombros, e ele nos conduz para onde Ron e as câmeras estão. — Posso explicar essa noite, depois que você me der o que prometeu.

— Eu poderia concordar com isso...

Ele me dá um aperto final, e então seu braço me deixa, e ele estende a mão em direção a Ron.

— Eu só queria agradecer. Acho que o filme vai ser ótimo, e estou orgulhoso de fazer parte disso. — Ace diz.

Droga. Eu tinha que admitir que Ace é um grande cara, considerando o tempo difícil que ele teve com Ron por semanas. De jeito nenhum, eu teria feito o mesmo, especialmente com a forma como Ron olha a mão de Ace antes de aceitá-la com relutância.

— Sempre um prazer, Ace. — ele diz, e percebo que ele não olha na minha direção. Quando Ron solta a mão de Ace e enfia as mãos nos bolsos, ele balança em seus calcanhares. — E, uh... Eu queria conversar com você antes de você sair.

Ele estava prestes a pedir desculpas? Ele fodidamente tinha que dá-las. Ace merecia.

— Você mencionou anteriormente que iria dar uma festa, e eu só queria me certificar de que ainda estava na lista. Além dos anunciantes e colaboradores, apenas confirmar a presença de todos.

Ele estava falando sério?

Para seu crédito, Ace não pisca. Em vez disso, ele responde sem problemas:

— Claro. Vou solicitar a minha planejadora todos os detalhes.

Ron bate no ombro dele e acena com a cabeça.

— Ótimo. — então ele se vira e volta para a sua área.

Sem sequer pensar nisso, pego a mão de Ace, unindo nossos dedos. Depois de meses sendo tão cuidadoso em jogar nosso relacionamento nos rostos das pessoas, eu não podia me importar uma merda do que essas pessoas podiam pensar. Como alguém em sã consciência, poderia tratar o homem ao meu lado com algo além de total respeito e admiração? Ele tiraria a camisa para um estranho. Ele daria uma festa estúpida e gastaria seu próprio dinheiro para se certificar de que as pessoas que se voltaram contra ele ainda tivessem um bom momento. Ele mordia a língua em vez de dizer como ele realmente se sentia.

Quando estávamos longe dos ouvidos indiscretos, acho difícil evitar de morder a minha própria língua. — Porque você fez isso?

— Às vezes você tem que aspirar e ser o jogador da equipe.

— Ou você poderia simplesmente dizer a todos que se fodam.

— Eu fiz isso na minha cabeça.

— Não é o mesmo.

— O que de bom traria? Isso só pioraria as coisas.

— Mas esse cara vai fazer dinheiro com você quando esse filme explodir. O mínimo que ele poderia ter feito era dizer: “Desculpe, eu sou um idiota, e deveria ter sido mais compreensivo e tratado você como um ser humano quando trouxe a sua vida privada para o mundo descobrir, e para todos falarem apenas disso.”

Ace levanta as mãos e beija meus nódulos. — Obrigado. Mas está tudo bem.

— Não está tudo bem.

— Nós temos que deixar isso de lado.

Quando entramos no seu trailer, suspiro, mas no fundo eu sei que ele está certo. Ainda assim, não é justo. Ace me surpreende continuamente com o tipo de homem que ele é. Todos os dias ele me mostra outro lado de si mesmo. Um lado que eu nunca imaginaria que alguém como ele tivesse, e hoje foi à humildade dele.

Aqui estava um homem que, por todos os padrões, é um jogador muito influente neste negócio. No entanto, ele passou as últimas semanas fazendo tudo o que estava ao seu alcance para manter a paz no set. Ele tinha feito todo o possível para tornar as coisas menos estranhas para mim e para o elenco inteiro, quando ele realmente poderia ter agido como um egomaníaco e exigisse coisas que eu provavelmente nem poderia ter imaginado. Eu também sabia que ele poderia ter mandado despedir Russ em um batimento cardíaco, e ainda assim ele não tinha feito isso, o que o torna... Bem, muito incrível.

Eu olho para onde ele está desabotoando sua jaqueta rasgada da Marinha, e o observo procurar dentro de sua bolsa o seu celular. E quando o localiza, ele senta-se na pequena mesa da cozinha e olha seu telefone, procurando o número de sua organizadora de eventos, sem dúvida, e quando eu fecho a porta atrás de mim, ele olha para cima e dá um meio sorriso na minha direção.

— Você está muito sério, Daydream. — há humor em seu tom, mas não atinge seus olhos. — Você está bem?

Eu aceno com a cabeça lentamente enquanto caminho para onde ele está sentado. Pego o telefone e o coloco sobre a mesa, e quando toco seu rosto e passo meus lábios contra os dele, eu digo:

— Eu estou ótimo.

Ace se afasta levemente e levanta uma sobrancelha. — Ótimo, hein?

— Mhmm. Eu só estava pensando...

— Sempre um passatempo perigoso. — Ace diz, e coloca a palma da mão diretamente sobre o meu coração, e eu me pergunto se ele pode senti-lo galopando.

— Não. Não desta vez. — eu digo.

— Não?

— Não. Eu estou pensando no quão maravilhoso você é.

— Tudo bem, um bajulador...

— Estou falando sério. — digo, levantando minha outra mão, e encaixando o rosto dele entre minhas palmas. — Desejo que um dia você pudesse ser eu, para poder ver o humano incrivelmente corajoso, doce e extraordinário que é. Você tem tanto, Ace, e ainda sim... Você é mais generoso e humilde do que qualquer um que eu conheça.

— Dylan.

— Shh. — sussurro contra seus lábios. — Eu só queria que você soubesse que eu... — eu me paro no último minuto quando seus olhos fixam nos meus e eu fico paralisado com a enormidade de emoções que me inundam.

Deus, como é que, em doze semanas, esse homem virou o meu mundo de cabeça para baixo? Mas ele tinha feito isso. Ace me faz querer coisas... Coisas que eu nunca tinha pensado antes. Coisas que eu sempre assumi que nunca desejaria.

— Você...? — ele diz, mas minha mente muda de curso. As emoções haviam borrado tudo e se transformado em outra coisa, e então, de forma bastante inesperada, pergunto:

— Você quer ter filhos?

Pela expressão atordoada no rosto de Ace, eu também poderia ter perguntado se ele era um serial killer. Seus olhos e sua boca se abrem, e ele parece tão desconcertado. Eu não posso impedir a risada que brota de mim.

— Uhh... — ele diz.

Ele parece tão chocado que me faz rir ainda mais.

— Desculpe-me... Mas você deveria ver o seu rosto agora... Eu prometo, não estou grávido. — quando começo a rir de novo, a boca de Ace fecha e ele coloca as duas mãos nos meus pulsos para cercá-los e me puxar para ele. Atravessa o trailer comigo até que eu estou contra a parede e torpemente preso por ele.

— Sinto, você me pegou um pouco com a guarda baixa. — ele diz.

— Só um pouco?

— Tudo bem, um monte. Mas não é bem por aí que eu achei que você estava querendo chegar.

Eu lhe dou um sorriso, tentando minimizar o fato de que eu estava a cerca de três segundos de me entregar mais do que eu sabia que era possível... E se Ace não sentisse o mesmo...

— Ei? — ele diz. — Onde você foi?

— Hã?

Foi à vez de Ace rir. — O que há com você? Você está meio distraído.

Suspiro, sabendo que ele está certo. Talvez fosse devido ao incidente pós-produção ou algo assim. Mas eu me sentia estranhamente sentimental. Como se todos os meus sentimentos estivessem na superfície.

Passo os meus dedos na bochecha dele. — Eu acho que você seria um pai incrível, isso é tudo. E eu estava apenas curioso.

Ele estreita os olhos para mim.

— Eu acho que não é apenas isso, mas para responder a sua pergunta. Sim, acho que gostaria de ser pai um dia e... — seus olhos estão tão atentos nos meus, que não há como olhar para qualquer outro lugar além dele, e seu significado é cristalino antes mesmo dele dizer: — Com a pessoa certa, eu definitivamente consideraria ter filhos. E você?

— Eu nunca pensei nisso, considerando de onde eu vim. Mas... — eu mordo o meu lábio inferior, de repente desejando ter mantido minha boca maldita fechada.

— Mas?

Meus olhos fixam nos dele e eu decido que é agora ou nunca, e simplesmente decido colocá-lo para fora. — Mas, ao observá-lo no set hoje, me fez pensar sobre como poderia ser.

O sorriso na boca de Ace é descarado, e pela primeira vez desde que entramos no trailer, seus olhos se iluminam com a mesma diversão que o sorriso que ele está dando.

— Você está tentando dizer que quer que eu te engravide? Porque, Dylan, eu tenho que lhe dizer que tenho muita potência, mas nenhum tipo de erva vai fazer isso acontecer.

É a minha vez que ficar com a mandíbula caída, então, quando Ace começa a rir de mim, eu o golpeio no braço. — Seu idiota.

— Aww, mas você acabou de dizer que sou maravilhoso.

— Um idiota maravilhoso.

— Mas não sou mágico o suficiente para engravidá-lo.

— Você pode parar de dizer isso. Você está me enlouquecendo.

O tremor do riso de Ace vibra através dele enquanto envolve seus braços em volta da minha cintura e, finalmente, depois de um minuto ou dois, quando sua risada diminui, ele acaricia com a mão minhas costas até a minha bunda e me puxa para o mais perto possível, mesmo com as roupas.

— É bom pensar no futuro e imaginar como ele pode ser, Daydream.

Coloco a cabeça contra seu ombro e fecho meus olhos. — Eu sei. Tudo isso está acontecendo tão rápido. Às vezes eu tenho que me beliscar para acreditar que é real.

Sinto seus lábios na minha testa e então ele sussurra:

— É real. Então acredite. Faça planos. Confie.

Eu meneio com a cabeça e então inclino meu rosto e o encontro me encarando. Ele tem um sorriso suave no rosto e, pela primeira nesse dia, ele parece verdadeiramente relaxado, e eu sei que, enquanto estivermos juntos, o futuro parece mais brilhante do que nunca.


Capítulo 8


GOSTO DE BÓIAS GRANDES E NÃO POSSO MENTIR


ACE

 

— Você sabe, tanto quanto adoro olhar você sem roupas, há algo sobre você em um terno que me deixa... — Dylan recosta-se no assento de couro da limusine e me dá uma lenta olhada. Seus dentes mordem o lábio inferior enquanto seu olhar desliza pelo meu corpo, e então ele diz: — Mmm. Quero dizer ao motorista para virar esse carro e voltar para a sua casa.

— E perder sua primeira festa pós-produção? Você não ousaria negar-me a oportunidade de tê-lo nos meus braços em nosso primeiro evento público Sr. Prescott.

— Eu não ousaria? — o sorriso de lobo dele me faz rir. Não tem como resistir à ele quando está assim.

— Sim, tudo bem, você ousaria. E tanto quanto eu gostaria de despi-lo e fodê-lo em todas as superfícies da minha casa, eu prometi às garotas que lhe apresentaria.

Dylan finge balbuciar, mas seus olhos brilham. — Estou ansioso para isso, mas quero conhecer seus amigos.

— E experimentar as melhores conversas aborrecidas que você já teve em sua vida.

— O que diabos de aborrecimento vamos encarar?

— Você vai ver. Eles são basicamente consumidores de bebidas alcoólicas e da comida gourmet. Apenas espere.

— As bebidas vêm com guarda-chuvas e merdas cor de rosa?

— Às vezes.

Ele ri. — E você vai levar isso ao redor da festa com orgulho, não é?

— Maldito seja, eu vou.

Quando o carro encosta ao meio-fio da Licked e AfterDark, onde a festa do filme Insurrection 2 está acontecendo, vários paparazzi na calçada viram-se em nossa direção, os flashes de suas câmeras são imediatos e sem parar.

— Você está pronto? — eu pergunto, e não quero dizer apenas “você está pronto para sair do carro?”. Eu preciso saber se além de estar pronto para enfrentar o ataque que estamos prestes a encarar, se também está pronto para cada pequeno movimento nosso ser dissecado nos tabloides. Mas o rosto bonito de Dylan está calmo e seguro, então, quando ele assente, sorri de volta. — Então vamos fazer isso.

Nosso motorista abre a porta traseira e saio primeiro, mantendo o sorriso no lugar enquanto dou um aceno às câmeras, e os gritos que preenchem meus ouvidos são imediatos.

— Ace, você trouxe seu namorado?

— É verdade que você e Dylan estão morando juntos?

Eu não iria responder nada, ou mesmo reconhecer quaisquer perguntas essa noite, ou em qualquer momento no futuro previsível, então ignoro os gritos e fico de lado para Dylan sair do carro.

E que porra de saída foi. Quando ele sai do carro, os paparazzi se aglomeram ainda mais, querendo tirar a melhor foto do lindo homem de pé ao meu lado, agarrando minha mão.

— Dylan, olhe para cá!

— Podemos tirar a foto dos dois se beijando?

Quando Dylan enfia os dedos nos meus, eu lhes dou um aperto suave. Então eu nos empurro através da horda, mantendo meus olhos para frente e minha boca fechada, mesmo quando eu ouço:

— O que você tem a dizer sobre as fontes que afirmam que houve tensão no set devido ao seu relacionamento?

— Ace, foi você que conseguiu o papel de Dylan no filme Insurrection 2?

— Dylan, como Ace é na cama?

Naquele último comentário, eu paro e Dylan hesita atrás de mim. Então eu olho na direção do fotógrafo que gritou a pergunta fora de linha, e quando vejo que o meu olhar o acertou em cheio, ele baixa a câmera uma fração.

Mas, tanto quanto eu queria dar uma resposta à altura, os meus anos de experiência me impedem de soltar o que está na ponta da minha língua, então eu simplesmente levanto uma sobrancelha enquanto ele tira mais fotos de mim, e então nós vamos embora. Movendo-nos rapidamente através dos flashes, parecia até como se alguém tivesse colocado um foco de luz estroboscópica sobre nós, logo fomos levados para dentro da Licked, e eu posso ouvir que Dylan solta uma exalação de alívio que combina com a minha.

— Ace Locke. — Ryleigh, que usa um vestido swing3 anos cinquenta, diz enquanto se dirige para nós.

— Ryleigh. — digo, quando solto a mão de Dylan para abraçar a minha amiga e proprietária da Licked e AfterDark. — Eu não posso agradecer o suficiente por nos deixar fazer a festa aqui. Além de suportar o caos que vem junto com isso.

Ela ri quando beija minha bochecha e depois dá um passo para trás. — Você está brincando comigo? Isso é publicidade grátis, baby.

— Maldito seja. — uma voz familiar soa ao lado, e quando eu olho por cima do ombro de Ryleigh, eu vejo Paige, minha organizadora de eventos/facilitadora para encontros na Syn, que está inclinada ligeiramente na janela para ver por trás das cortinas. — Eles estão ficando loucos lá fora. — diz a loira quando se endireita e se aproxima de nós, atravessando o assoalho preto e branco, usando uma calça cigarrete e uma blusa de alta costura. Quando para ao lado de Ryleigh, ela dá a Dylan uma minuciosa inspeção, e então ergue a mão para ele. — E eu posso ver o motivo. Oi, não fomos formalmente apresentados. Sou Paige Iris Traynor-Ashcroft.

Dylan ri e meu coração trava quando suas covinhas aparecem.

— São um bocado de nomes. — ele diz, pegando a mão de Paige e, corajosa como sempre, ela olha para mim e aperta os lábios.

— Ele mostrou essas covinhas na primeira vez que você o viu? — ela me pergunta. — Se assim for, eu posso ver por que você está disposto a enfrentar as hordas de paparazzi lá fora. — quando ela volta sua atenção para Dylan, declara com naturalidade: — Você é sexy.

— Uhh... — Dylan tenta falar e falha.

— Esse é Dylan, e você deve ficar em seu melhor comportamento essa noite, e pode soltar a mão dele? — eu digo.

— Que tal tentar me fazer soltá-lo? — Paige diz com um sorriso que dizia boa sorte com isso.

— Você lembra que ele é gay, certo, Paige? — Ryleigh lembra sua amiga e minha em breve ex-funcionária.

Paige age como se estivesse pensando nisso e depois assente. — Eu acho que me lembro disso, mas você nunca sabe...

— Eu não quero insultá-la, mas você parece realmente... Bem, intimidante. — Dylan finalmente diz quando retira a mão e chama sua atenção. — Mas confie em mim quando eu digo que gosto de homens. Em particular, esse homem. Desde a primeira vez que o vi, e isso aconteceu há anos antes de nos conhecermos.

— Ouch. Reconheça a perda, P.I.T.A4. — Hunter Morgan, o namorado de Ryleigh, diz quando chega por trás de sua mulher. Ele envolve um braço em volta da cintura dela e beija sua têmpora, e então ele sorri para nós dois. — Ei, pessoal, não se preocupe com Paige. Ela é uma dor na bunda de todos.

— Eu nunca me incomodo. — digo, abrindo um sorriso bem-humorado.

— Grande público hoje à noite. — Hunter diz, indicando as portas abertas que levavam até a área do After Dark onde a festa estava ocorrendo. Não há como negar que Hunter é um cara bonito e, à medida que seus cabelos escuros são afastados de seus olhos, eu posso ver o apelo que ele mantinha em Ryleigh. Dylan acaba virando a cabeça para sorrir para o homem que nos cumprimentou.

— Sim, tenho a sensação de que isso vai ser o nosso normal por algum tempo. — digo, colocando a mão nas costas de Dylan apenas para me conectar com ele.

— Eu não sei como você faz isso. — Ryleigh diz. — Foi louco o suficiente no ano passado depois que você e Shay... — ela corta sua última palavra quando Hunter a abraça gentilmente e aponta para Dylan, que olha para ela.

Dylan é o único a falar:

— Está tudo bem. Eu sei sobre Shayne e Ace. — ele olha em volta. — Ela vai estar aqui? Não pude agradecê-la por me mandar para o andar de cima na noite do seu aniversário.

À medida que aquela memória quente me atinge e me transporta de volta ao meu quarto e Dylan de joelhos com a boca cheia com o meu pau, eu beijo sua orelha e digo:

— Eu também ainda não a agradeci.

— Ela estará aqui. — Ryleigh diz, afastando-se de Hunter e andando na direção de um longo balcão com prateleiras de vidro que abriga garrafas coloridas e copos de vidro. — Ela ligou para me dizer que ela e Nate iriam chegar um pouco tarde, o que geralmente significa...

— Que ela está com seu novo cara e eles agora têm que se arrumarem e se comportarem. — Paige intervém enquanto todos nos caminhamos para o balcão.

— Sim, algo assim. — Ryleigh diz. — Eu juro que essa garota precisa melhorar o gerenciamento do tempo dela.

— Hmm, sim. Ela deveria planejar tudo com pelo menos quarenta minutos de antecedência para qualquer lugar. Não está certo, senhorita Phillips? — Hunter pergunta, quando passa atrás de sua mulher e a beija no lado de seu pescoço. Quando as bochechas de Ryleigh tornam-se cor de rosa, ele olha para nós três e sorri como o diabo e depois se vira para trás para pegar um copo.

— Então, o que vai ser hoje à noite, Ace? Um shake Master Baiter5 ou um shake Boatload of Seamen6?

Dylan pula perto de mim, e então explode em risadas. — Esses são os nomes das bebidas?

— Eu disse a você. — eu digo, e envolvo um braço em volta do ombro dele. — São shakes alcoólicos para adultos.

— Você não me disse que eles tinham nomes sujos. — Dylan diz, inclinando-se para beijar meus lábios levemente. — Não é de admirar que você goste muito delas.

— Mhmm. — eu concordo contra sua boca, até Paige começar uma tosse fingida ao nosso lado.

— Arranjem um quarto, vocês dois. — ela faz uma pausa e pega uma cereja de Maraschino de uma tigela pequena na frente de Ryleigh, e depois a morde. — Ah, isso mesmo, vocês já fizeram. Essa é a notícia.

Reviro os olhos e me esquivo quando ela joga o caule da cereja na minha direção. — Eu vou ter um Boatload of Seamen, e acho que Dylan gostaria do Master Baiter essa noite.

— Isso é uma dica? — Dylan pergunta.

Eu aproximo os meus lábios na concha de sua orelha e sussurro. — Ou um convite.

— Tudo bem, vocês dois. Vocês são ainda piores do que o casal recentemente casado aqui. — Paige diz, balançando a cabeça para Ryleigh e Hunter enquanto caminha para se insinuar entre nós dois. Ela passa os braços pelos nossos cotovelos e olha para Dylan primeiro e depois para mim. — Então... Diga-me a verdade. Vocês estão bem com tudo isso? A imprensa? Eu sei que eles podem ficar loucos e naquela noite que eu passei para deixar algumas roupas quando você voltou de Las Vegas, eles estavam acampados na frente dos portões de Ace, parecendo hienas famintas.

— Foi intenso. — Dylan admite, mas depois seus olhos encontram os meus e suavizam. — Mas valeu a pena.

— Oh, Deus! — diz Paige. — Nem comece, Locke. Toda essa merda sentimental está começando seriamente a matar qualquer calor que pode ou não ter sido despertado quando vocês dois estão se beijando.

E essa é Paige. De forma brusca e sem pedir desculpas pela falta de filtro.

— Bem, tudo o que estou dizendo é que se vocês precisarem de alguém para chutar uma bunda, distrair, interferir, cobrir qualquer um de vocês, homens quentes...

— Paige. — Ryleigh diz enquanto desliza duas bebidas decoradas no balcão para nós com guarda-chuvas rosa e tudo mais.

— Estou apenas oferecendo meus serviços.

— Com certeza você está. Deixe-os entrar na festa. É para isso que eles estão aqui, lembra?

— Bem, bem. Mas lembrem-se. Se vocês dois precisarem de alguma coisa, me chamem.

Eu sorrio para ela, sabendo que realmente quis dizer isso enquanto se afasta, permitindo que eu coloque minha mão na parte inferior das costas de Dylan, onde estava anteriormente.

— Obrigado, Paige. Agradecemos, de verdade.

— Você é o melhor. — ela diz, pegando a bebida que Ryleigh coloca para ela. — Eu não me ofereço assim a ninguém.

— Agora, você ficou muito fácil. — Hunter brinca, e dá um gole na cerveja que acabou de tirar do balcão. — Onde está Dawson quando você precisa dele?

E quando me afasto com Dylan dos três dando um aceno, penso ter ouvido Paige dizer:

— Sem dúvida em algum lugar sendo um idiota sujo.

Eu estremeço quando penso nela e as manobras que Richard Dawson dava com ela nas poucas vezes que eu os vi, e não invejo aquele cara do que ele teve que passar para amansá-la.

— Então... Você está pronto? — eu pergunto, e observo enquanto o sorriso de Dylan desaparece e ele assente com a cabeça como um homem preso a um destino indesejável. Agora, eu sabia exatamente como ele se sentia. Mas isso não iria acabar até que começasse. Então era hora de encarar a música.


***

DYLAN

 

As mãos de Ace estão descansando na curva da parte inferior das minhas costas, e caminhamos na direção das portas abertas que Hunter havia indicado anteriormente. Não conseguia me lembrar da última vez que me senti tão nervoso assim, mas a ideia de passar por essas portas em uma festa cheia de pessoas que sem dúvida estariam esperando a chegada de Ace deixa meu pulso acelerado.

Mas isso é estúpido, eu digo a mim mesmo. Todas essas pessoas tem trabalhado em conjunto conosco por semanas. Essa relação não é nova para eles, então não tínhamos nada com que nos preocupar... Certo?

Eu engulo meus nervos, tentando sentir o relaxamento que Ryleigh e seus amigos conseguiram incutir em mim, e quando eu estou começando a me sentir um pouco calmo, Ron entra na nossa frente.

— Ace. — diz ele, parando para conversar.

Ace para ao meu lado e seus ombros ficam rígidos, assim como os meus. Maldição, oh bem, pelo menos, poderíamos dizer que nos divertimos nos primeiros cinco minutos da noite com seus amigos.

— Ron. — Ace diz em um tom cortante.

— Olhe... Eu... Uhh... — Ron olha na minha direção, provavelmente esperando que eu me desculpe e me afaste, mas isso não vai acontecer, não essa noite. Eu não estou mais no set, e esse cara não comanda as minhas ações quando eu não estou trabalhando para ele, então, se Ace está feliz mantendo seu braço à minha volta enquanto eles conversam, ficarei feliz em ficar.

Quando fica claro que ele precisa continuar falando ou sair sem dizer nada, Ron encara Ace mais uma vez e começa de novo.

— Eu te peço desculpas.

Bem, como você lida com disso? Tento evitar que minha boca se abra, mas é difícil porque nem em um milhão de anos eu esperava que algo assim saísse da boca de Ron King.

— Eu não deveria ter jogado minha frustração sobre determinadas situações, e muito menos em você. E peço desculpas por isso.

Na medida em que as desculpas foram dadas, é meio embaraçoso, considerando que foi um choque ouvir as desculpas dele, e não fico surpreso quando Ace ergue a mão para apertar a do homem mais velho.

— Eu aprecio isso, Ron. Sempre gostei de trabalhar com você.

— E eu com você, Ace. — Ron diz, e então seus olhos se dirigem para os meus. — Você também não é ruim, quando não está ocupado tentando manter a liderança.

O riso de Ace faz meus olhos voarem para os dele, e o ligeiro assentimento que ele dá, me faz dar um sorriso para Ron. — Bem, é um elogio para você, na verdade. Significa que você tem um espírito de liderança magnético.

— Sim, ele com certeza é um bilhete premiado de loteria. As pessoas o amam. Certifique-se de que ele se lembre disso, ok, garoto? — quando Ron ergue sua mão para mim, eu sinto um profundo brilho de orgulho no meu peito, porque Ron está certo: Ace é uma grande estrela no mundo todo, e o fato de que ele quer estar comigo ainda é um tanto chocante. — Para o seu primeiro filme você foi muito bem, considerando tudo.

— Há! — digo, balançando a mão. — Eu acho que os filmes não são para mim, mas agradeço-lhe por esse leve impulso na minha frágil confiança.

À medida que a pressão da mão de Ace aumenta ligeiramente, olho para ele e vejo uma dose saudável da mesma emoção que eu sinto, e identifico o orgulho brilhando de volta para mim.

— Está bem, então. Não vou interromper mais vocês. Eu só queria limpar o ar.

— É muito apreciado, Ron. — Ace diz enquanto o diretor entra no clube, deixando Ace e eu ainda a vários passos da entrada principal.

— Uau. — digo com uma sacudida descontente da minha cabeça. — Eu não imaginava isso acontecendo.

— Eu meio que esperava. Ron não é um cara ruim. Ele é apenas cabeça quente, e nosso relacionamento trouxe muitas perguntas na imprensa sobre o filme que ele não queria lidar nessas últimas semanas.

Eu acho que poderia entender isso. — Sim, quando você coloca assim.

— Você está pronto para enfrentar os demais?

Eu empino o meu nariz. — Claro, não podemos escapar pela porta da frente da Licked?

— Eu queria. Mas devemos fazer uma aparição.

— Tudo bem, você está certo. Tenho certeza de que não será tão ruim assim. Não é como se fossemos novidades para eles.

— Acho que logo descobriremos. — Ace diz, e damos os passos necessários para nos colocar em frente às portas abertas do After Dark, e como se o tempo tivesse parado, a música, danças e conversas cessam.


Capítulo 9


INSETO SOB UM MICROSCÓPIO


DYLAN

 

Jesus, e eu pensando que Ace e eu poderíamos simplesmente passar despercebidos.

Eu examino o mar de pessoas de pé em torno das mesas altas em pequenos grupos rindo e conversando, com bebidas em suas mãos e inclino minha cabeça para observar o requintado tecido rosa e roxo que decora o teto. Era deslumbrante a forma em que avançava para cada canto do ambiente, e depois caía no chão, dando ao lugar uma sensação íntima e elegante. Eu reconheço várias atrizes da era dourada pendurada nas paredes e penso que a decoração está perfeita para uma festa da indústria cinematográfica. A iluminação é baixa, o candelabro central emite um brilho suave, e há poltronas alinhadas nas paredes em forma de U e elas parecem confortáveis, o suficiente para dormir se alguém quisesse, embora atualmente todas estão preenchidas com a capacidade máxima.

Embora o espaço seja vasto e eu possa ver uma área aberta a poucos passos de nós através da multidão, parece que as paredes estão nos sufocando. Aproximo-me um pouco mais de Ace e não perco a maneira como seus dedos apertam os meus. Meu coração bate acelerado com todos os olhos em nós, e eu posso sentir minhas bochechas aquecendo como se estivéssemos fodendo na frente de todos. Eu engulo o nódulo que se formou na minha garganta e, e quando estou prestes a tentar dizer algo espirituoso para Ace, que está congelado ao meu lado, ele dá um passo à frente e começa a percorrer os rostos familiares do elenco e da equipe, e os não tão familiares, mas curiosos com seus parceiros.

É como ser um inseto sob um microscópio. A palma quente de Ace está pressionada intimamente contra a minha enquanto ele caminha, e cada grupo de pessoas por onde passamos, não escapa da minha observação, como eles sorriem para Ace, mas então seus olhos viajam até a mão que ele mantém na minha. Fodidos curiosos.

Não há como Ace ter perdido o escrutínio sob o qual estamos na multidão, mas ele cumprimenta todas as pessoas que conseguem dizer oi ao invés de simplesmente ficarem atônitos com a gente. Ele está se dirigindo para o canto mais escuro que eu tinha visto quando entramos no After Dark, e os passos em linha reta que ele está dando é uma indicação de que ele precisa de um minuto, ou talvez de cinco, para se controlar.

Quando chegamos ao espaço vazio, ele me manobra, então eu estou de costas para a parede e o corpo dele protegendo o meu, dando a todos os presentes uma visão fantástica de suas costas musculosas, e não muito mais.

— Cristo. — ele diz.

— Sim. — eu digo. — Intenso, hein?

Ace sacode a cabeça. — Achei que essa noite seria mais tranquila, sabe? Trabalhamos diariamente com essas pessoas. Eles nos viram e sabem que estamos juntos, mas...

Ele não precisa dizer mais. Eu sei exatamente como ele se sente. Nós dois pensamos que essa noite seria um bom momento para a nossa primeira saída em público como um casal, porque estaríamos com os amigos de Ace e seus pares. Mas nós não tínhamos contado com as fofocas instantâneas e os murmúrios de seus parceiros e cônjuges que começaram no segundo que deixamos Ryleigh e seus amigos.

Sim, no segundo que deixamos os amigos de Ace de lado e entramos na festa, nos tornamos o “entretenimento”, e se isso me deixou nervoso, que estava confortável e orgulhoso com minha vida fora do armário, eu não tinha ideia de como Ace estava se sentindo.

Tentando manter a calma para tranquilizá-lo, coloco meus dedos em volta dele e lhe dou o sorriso mais brilhante. — Ei, eles estão apenas curiosos.

— Eles são fodidos intrometidos, isso é o que são. — ele diz, expressando o meu pensamento anterior. — Você até pensaria que eles nunca tinham visto um casal gay antes. E morando em L.A., acho difícil de acreditar nisso.

Dou um encolher de ombros, compreendendo sua frustração, mas também tenho que apontar algo para ele:

— Eles nunca o viram como parte de um casal gay. Você realmente pensa que estariam olhando se eu caminhasse ao lado de outro cara?

Uma careta franze a testa de Ace. — Que tal não testar essa teoria.

Eu rio, e Ace dá um passo mais perto.

— Eu não quis dizer que devemos fazer isso. Tudo o que estou dizendo é que de fato eles olham para nós, mas é por sua causa.

Ace suspira e eu estendo a mão para passar suavemente em sua bochecha, mas no último segundo eu me detenho. Quando seus olhos disparam e se movem para a mão que eu tinha acabado de baixar, ele diz:

— Nem por um segundo sinta que não pode fazer o que você quer comigo em público. Se você quiser me tocar, você malditamente me toca. Essa foi à razão pela qual nos assumimos, lembra?

Oh, eu gosto disso. Essa atitude irritada porque eu não o tinha tocado. Então levanto minha mão e passo meus dedos ao longo de sua mandíbula. — Eu acredito que você possa estar certo. Mas eu acho que não deveria fazer tudo o que eu quero...

Isso faz os lábios de Ace se curvarem. — Não?

— Infelizmente não. Eu acho que esse não é o momento ou o lugar para isso. Mas se você estiver interessado em se apresentar em público, eu sei de um lugar onde podemos. — certifico-me de adicionar uma piscadela sexy, pois penso naquela noite proibida no Syn. Os olhos de Ace baixam para os meus lábios e eu passo minha língua ao longo deles, mantendo a mente longe de todo o resto, e, em vez disso, deixo-o saber que ele é o meu único foco.

— Você está tentando me distrair? — ele pergunta.

Inclino a cabeça para o lado. — Por quê? Está funcionando?

Quando Ace fecha a lacuna restante entre nós e abaixa a cabeça na minha bochecha, isso quase me faz hiperventilar. Não é a proximidade dele, mas o fato de estarmos tão perto em público; está fazendo coisas sérias para o meu coração e meu pau.

— A lembrança de você nu com meu pau dentro de você? Sim, quase 100% distraído agora. — ele diz.

Eu estou prestes a virar a cabeça e dizer a Ace que não é só ele que está realmente distraído, mas antes que eu possa, um casal entra na minha linha de visão. Eu reconheço a mulher em um instante – Mallory Jacobs. Ela fez o papel de esposa de Ace no filme Insurrection 2 e é uma das amadas atrizes de Hollywood. Seus longos cabelos loiros estão penteado de lado e cai em uma cascata sedosa sobre o ombro esquerdo em belas e suaves ondas. No entanto, o vestido vermelho estilo sereia que ela usa, tem um decote bem profundo, deixando bem claro que, embora ela tenha sido apelidada de 'Love', Mallory é mais do que capaz de arrancar suspiros sedutores também, e de pé ao seu lado... Oh meu Deus! Esse realmente é Alejandro Mendez? Merda! É ele mesmo. Se Mallory é a queridinha da América, seu namorado de longa data tem sido apelidado de Príncipe. A verdadeira realeza de Hollywood, isto é, com seus pais sendo ambos os manda-chuvas da indústria. Ele tem um braço enrolado em torno de sua cintura e está acariciando seu pescoço enquanto ri, e quando seus olhos encontram os meus, ela sorri como se nós dois estivéssemos compartilhando a mesma situação. Os lábios de Ace pressionam no meu pescoço e eu rio com a exatidão da avaliação e dou-lhe um suave empurrão.

— Problema? — Ace pergunta com seus olhos cintilando, abaixo minha cabeça, porque Deus, ele é deslumbrante quando está excitado, e o rubor de suas bochechas insinua que ele está ficando ainda mais excitado enquanto nós ficamos em nosso canto escuro.

— Não, mas temos companhia. Então se comporte, coisa quente.

Ele se endireita, seus ombros ficam tensos, mas quando se vira e vê Mallory, noto a maneira como seu peito inteiro parece relaxar.

— Ace. — ela sorri, desvia o braço de Alejandro e dá um passo à frente. Pega os braços de Ace entre as mãos e inclina-se na ponta dos pés para pressionar um beijo na bochecha. Ace retorna o gesto afetuoso, eu sei das conversas que tinha tido com ele nas últimas semanas que a amizade que esses dois compartilhavam é genuína. Ele expressou muitas vezes como queria que Mallory tivesse mais cenas, porque, pelo menos, haveria um rosto amigável no set. Entretanto, ela tinha menos falas do que eu, então realmente ela só esteve lá por alguns dias.

— Mallory, querida, eu estou feliz por te ver aqui essa noite. — diz Ace.

— Precisando de algum apoio moral? — ela pergunta quando seus olhos encontram os meus novamente e sorri.

— Você poderia dizer isso. Ou talvez eu apenas quisesse alguém a mais para tirar o foco de nós.

Ela pisca e dá o seu sorriso famoso e passa a mão pelo braço de Ace para apertar seus dedos. — Odeio quebrar isso para você, mas eu poderia andar nua por aqui e ninguém iria afastar o olhar de vocês dois.

— Eu acho que isso seria difícil de acreditar, Mallory. — Alejandro diz enquanto se move para o lado dela, e ela passa o braço pela sua nuca.

— Oh, por favor, esses dois são a conversa da cidade... Inferno, do mundo todo, agora.

— Obrigado pela lembrança. — Ace diz e quando fico ao seu lado, ele automaticamente alcança minha mão, e esse pequeno gesto deixa o meu coração batendo forte.

— É bom finalmente conhecê-lo. — Alejandro diz enquanto ergue a mão para Ace. — Eu tenho desejado trabalhar com você por algum tempo, e quando Mallory disse que iria estar em um de seus filmes, eu sabia que esse seria o lugar perfeito para dar um passo sem ter vergonha. Sou um grande fã.

Uau, eu penso enquanto observo os dois homens extraordinariamente bonitos apertarem as mãos. Agora, esse é um grande elogio. Impeço minha boca de ficar aberta, mas se Alejandro acabasse de me dizer que era um fã meu... Talvez eu tivesse desmaiado. E do jeito que isso está indo, estou achando cada vez mais difícil não atuar como um fanboy total na frente desse casal. Mas Ace, como sempre, age bem sob pressão. Com calma diante do inacreditável. Porque esses são seus amigos, Mallory é a sua amiga, algo que eu sempre esquecia até em momentos como esse, onde eu me sentia nada estelar e ele é... Bem, Ace é ele mesmo. Isso faz parte de seu mundo.

— Você está brincando? — Ace ri. — Tenho certeza de que você não precisaria torcer meu braço. Se pudermos encontrar o projeto certo, isso seria fantástico.

Mallory se aconchega ao lado dele e dá um sorriso megawatt. — Viu, o que eu te disse? Não precisava ficar nervoso.

Olho para o perfil forte de Ace enquanto sorri para eles e, naquele instante, eu sinto um profundo respeito. Esses dois tinham três Academy Awards entre eles, e estavam praticamente atordoados com a perspectiva de trabalharem com o meu homem. E maldição, se isso não me faz sentir mais orgulhoso de ser o único no braço dele.

Como se Ace lesse minha mente, ele se vira para mim e depois franze um pouco a testa.

— Eu sinto muito. Estou sendo tão grosseiro. — diz, e depois olha para os dois. — Eu fui tão inflexível em manter as coisas para mim, que me esqueci de apresentar...

— Dylan Prescott. — Alejandro diz no mesmo momento que Mallory diz:

— Oh, por favor, Ace. Como se todos nessa sala não soubessem o nome do seu jovem adorável.

Vê? Eu sabia que gostava dela.

— Adorável... — eu digo, erguendo minha mão em sua direção. — Vou ficar com isso.

Quando aperta minha mão, ela sorri, e é tão encantador que não posso deixar de responder ao sorriso. — Bem, você deveria, você é lindo. Ace tem sorte de ter te apanhado antes que alguém o fizesse.

Eu estou prestes a responder quando ela solta a minha mão e eu a ergo para o namorado dela. Mas quando olho para ele e encontro seu olhar de frente pela primeira vez, tropeço com as minhas palavras. — Eu... uh... Um...

Ace ri ao meu lado e desejei poder me virar e golpeá-lo no braço. Então, processe-me, Alejandro era um homem muito atraente. Um homem muito famoso e atraente, e é estranho ser o único foco de alguém que parece tão familiar porque o vira na tela grande. Não havia maneira alguma de uma pessoa normal, como eu, não ficar com a língua amarrada.

— É um prazer conhecê-lo, Dylan. — Alejandro diz.

Encontrando a minha língua, eu consigo de alguma forma concordar que é bom conhecê-lo também, e então o momento passa e Ace está falando novamente. Os três discutem seus próximos filmes e como eles pensam que seriam, e então ambos indagam o que eu faria até Mallory declarar que está pronta para outra dose de Gilligan's Bitch e Alejandro se desculpa pelos dois e se dirigem para a bar.

Eu os observo, mantendo meus olhos neles enquanto caminham pela multidão.

— Então, o que você acha do casal dourado de Hollywood? — Ace pergunta com seus lábios em meu ouvido.

Meus olhos seguem os dois até chegarem ao bar e, uma vez que estão lá e Mallory se inclina para conversar com o barman, Alejandro olha por cima do ombro, e dessa vez quando seus olhos se encontram com os meus e seus lábios curvam em um sorriso sujo, minha respiração trava e eu tusso.

De jeito nenhum.

De nenhuma maneira maldita...

Mas enquanto Alejandro passa os olhos em mim e depois entre Ace e eu, eu sei que era ele naquele local.

Parecia que o casal de ouro de Hollywood tinha um segredo ainda maior do que o nosso, porque eu tinha certeza absoluta que naquele momento eu estava olhando para... Zorro.


***

ACE

 

Quando Mallory e Alejandro foram para o bar, eu estava tentando encontrar uma desculpa que Dylan concordasse para que pudéssemos sair, quando seus dedos apertam os meus. Eu me viro e fico de frente para ele e olho para os seus olhos arregalados, e então percebo a maneira como sua boca se abre e ele parece estar procurando palavras.

Deslumbrado. Eu sabia o quão intimidante poderia ser conhecer pessoas tão famosas quanto esses dois. Eu também tinha ficado intimidado na minha primeira festa, mas isso simplesmente torna Dylan ainda mais cativante. Essa inocência e... Espere um segundo. As bochechas de Dylan estão cor de rosa claro e ele continua lançando seus olhos sobre o meu ombro, o que, por sua vez, me faz olhar para trás. Mas tudo o que vejo é Mallory e...

Oh. Meu. Deus. Porra. Meus olhos se fixam com os sombrios de Alejandro, e quando ele roça seu lábio inferior com a língua, eu tenho uma reação muito imediata dele nos observando, como naquela noite no Syn.

Não... Eu tinha que estar imaginando isso, certo? Mas um olhar para o rosto corado de Dylan me diz que eu não estou. Ele também o reconhece. Reconhece o estranho que havia ficado perto de nós, bem como Alejandro estava agora, nas sombras e na luz, enquanto eu fodia Dylan como nunca antes.

— Ace. — Dylan sussurra, e aperta meu pulso gentilmente. Mas é útil; É como se eu estivesse em algum tipo de transe. Hipnotizado pelo homem ainda nos observando.

Como eu havia perdido disso? Quando ele estava perto e sorrindo para nós, eu não tinha juntado os pedaços, mas, depois de um vislumbre desse sorriso arrogante e cheio de sexo, eu estava de volta ao clube com Dylan, reconhecendo o homem daquela noite, e que acabou sendo um que apertou minhas mãos?

Eu afasto os meus olhos daquele que acabou de balançar meu mundo inteiro em questão de segundos e olho para Dylan. Eu não tenho certeza do que espero encontrar lá, mas não é excitação febril. Sua expressão está meio tensa, mas não porque ele está preocupado ou irritado. Ah, não, Dylan tinha a expressão que uma vez me disse que ansiava uma coisa em particular. Ele tinha a aparência de um homem que queria ser fodido. E eu era o homem para esse trabalho.

Eu aponto para a saída do After Dark e digo em um tom tão baixo que me surpreendo que ele possa me ouvir:

— Vamos sair daqui.

E o aceno de resposta de Dylan é toda a permissão que eu preciso.


Capítulo 10


SOPRE (MINHA MENTE)7


DYLAN

 

Fica evidente quando passamos pelos amigos de Ace com apenas um aceno que ele não se importa que tivéssemos passado menos de uma hora na festa que ele havia patrocinado. Mas, não pensei no que a imprensa pensaria quando surgimos na calçada e as perguntas começaram.

— Vocês foram convidados a sair da festa mais cedo?

— É verdade que você está lutando contra o elenco?

Jesus, eu nem pensei no que iria parecer se saíssemos cedo, e Ace hesita por um breve momento. Dois segundos depois, no entanto, estamos nos movendo de novo e, felizmente, nosso motorista havia estacionado diretamente na frente do Licked, então passamos pela multidão e entramos na parte de trás da limusine em tempo recorde.

Enquanto nos afastamos, eu mantenho minha cabeça baixa, não querendo dar-lhes uma foto direta, mas quando a mão de Ace pousa na minha coxa, meus olhos dispararam para ele. Há um sorriso brincando em seus lábios quando ele passa os dedos levemente pelo material.

— O quê? — ele pergunta. — Eu não posso... Acalmar o meu namorado depois de passarmos por um grupo de paparazzi famintos? — o olhar sombrio em seus olhos minutos atrás não tinha diminuído; estava ainda mais intenso agora no espaço escuro e confinado.

— Bem aqui? No carro? — sussurro.

Ele morde seu lábio inferior e seus dedos avançam na direção do meu pau, que estava rígido a um ritmo acelerado com a excitação que eu senti irradiando de Ace. Consigo afastar meu olhar para longe dele, para olhar pelas janelas, verificando se não há ninguém olhando para dentro, mas eu só podia ver as luzes dos edifícios por onde passávamos.

Tento manter minha voz baixa para que o motorista não possa me ouvir, mas aceno em sua direção quando eu digo:

— E se alguém nos ver?

— Adivinha, teremos que ter cuidado.

Bem, merda. — Você gosta de correr riscos, não é, Locke?

Quando ele se inclina sobre o assento e passa os lábios na minha bochecha, engulo o gemido que queria sair.

— Eu nunca me arrisco... — Ace diz, e então escolhe esse momento para passar os dedos sobre o zíper da minha calça. — Mas ultimamente tornou-se mais duro controlar os meus impulsos.

Eu viro minha cabeça, e com o rosto dele tão perto, eu posso ver a forma como suas pupilas estão dilatadas e a minha respiração acelera.

— Deixe-me tocá-lo. — Ace diz, e eu olho automaticamente para o motorista, mas Ace não está temendo nada disso. Sua mão deixa o lugar entre minhas pernas para subir e segurar meu queixo, virando minha cabeça de volta até eu estar de frente para ele, e seus olhos caem na minha boca. — Não se preocupe com ele. Eu o pago muito bem.

Sim, inferno, quem estou tentando enganar aqui? Como se eu não fosse deixá-lo fazer o que ele queria. Deslizo um pouco mais no couro do assento e espalho minhas pernas. Ace baixa o olhar para os meus movimentos, e quando um rosnado de aprovação deixa sua garganta, eu solto um gemido.

— Veja, não foi tão difícil8, não é?

— Você não irá parar de dizer essa palavra, não é?

Eu sabia que parecia particularmente distraído, mas bom Deus, eu conhecia os meus limites e ficar sentado na parte de trás de uma limusine com Ace passando a fodida mão no meu...

Porra!

— Você quer que eu pare de dizer isso? Porque, Dylan — Ace diz, seu fôlego quente em meus lábios entreabertos enquanto continua me segurando com seu poderoso olhar. — Meu pau tem estado duro desde que eu descobri que Alejandro era aquele que me observava fodê-lo até que você não conseguia andar aquela noite no Syn.

Droga... A lembrança do por que estávamos agora na parte de trás desse carro acelerando por toda a cidade para a casa de Ace foi o suficiente para meu quadril pressionar contra a pressão da mão de Ace.

— Lembra-se de como você se sentiu? — ele pergunta, enquanto seus dedos se curvam em torno da minha ereção, que agora não tenho esperança de controlar. — Quando eu o despi, e você se ajoelhou na minha frente? Na frente dele?

Eu ofego e ergo a mão para dar um aperto no meu pau. No entanto, não é suficiente. Eu achava que nada poderia ser suficiente para aliviar a dor que ele havia construído com suas palavras, as imagens e a maneira feroz que ele está segurando meu olhar como um tipo de feiticeiro sexual.

— Você se lembra? — ele pergunta novamente, dessa vez em um tom de voz que diz que espera uma resposta.

Eu levanto minha mão de onde está cobrindo a dele e agarro seu bíceps com tanta força, que fico surpreso que ele não me diz para parar. Mas se ele queria me deixar louco com sua recapitulação suja de uma das noites mais quentes da minha vida, então eu precisava de algo para me manter aterrado.

— Sim. — digo com uma voz atordoada que não reconheço. Ace acena com a cabeça lentamente, e então estica a mão para o botão da minha calça, deixando a mão deslizar sobre a ereção que está bem aparente debaixo do material.

Quando meus olhos se dirigem para a janela para ver se alguém está do outro lado ou atrás de nós, a voz de Ace soa de novo.

— Feche os olhos. — diz, e eu lhe dou um olhar incrédulo. — Imagine que estamos... Estamos no Syn... Todos estão olhando para nós enquanto eu toco em você.

Sua mão se move para baixo da minha camisa, e ele desabotoa minha calça e depois abaixa o zíper. Com um sorriso diabólico no rosto, seus dedos mergulham debaixo da minha cueca boxer e, embora minha camisa escondesse o que seus dedos estavam envolvendo, eu olho para o espelho retrovisor para garantir que o motorista não estava prestando atenção.

— Eu não vou falar novamente. — Ace diz, dando um aperto firme em torno de meu pau, mas não foi mais longe que isso, não me deu o atrito que eu preciso, então quando meu quadril arqueia, ele balança a cabeça. Sua mão começa a se afastar, e rapidamente pego seu pulso para detê-lo.

Enquanto ele espera para ver o que vou fazer, tento deixar minha mente ir até o homem ao meu lado, ousando me fazer sentir bem. Ao fechar os olhos, deixo minha cabeça cair de volta contra o assento e ele coloca a mão debaixo da minha boxer. Quando seu dedo circunda a cabeça do meu pau e depois espalha o pré-sêmen no meu comprimento, engulo o gemido que queria liberar. Ele enrola sua mão em volta da minha, e agarra a base do meu pau, e lentamente - torturantemente - começa a subir.

Quando seu punho volta e aperta a base do meu pau, meus olhos se abrem e eu afundo meus dentes no lábio. Os lábios de Ace se enrolam em um sorriso presunçoso, o típico sorriso de alguém que sabe que mantém todo o poder no que faz, e está me deixando louco, o fato dele sentir esse tipo de liberdade ao meu redor, me deixa realmente excitado.

Haviam se passado apenas algumas semanas desde que eu nem sequer podia ser visto em um carro com ele? E agora nós dois estávamos... Deus...

— Algum problema, Daydream?

O som rouco do meu nome me faz alcançar seu rosto, e quando seguro sua bochecha na minha mão, busco em seus olhos qualquer tipo de resistência, qualquer tipo de mensagem do que eu não deveria fazer; o que eu sabia que estaria claramente aparente no meu rosto. Quando eu não consigo nada além de outro puxão firme no meu pau, é isso: esse fodido provocador é meu.

Passo a mão na parte de trás de seu pescoço e o puxo para frente para que eu possa esmagar nossos lábios. A pressão em torno do meu eixo aumenta quando lanço minha língua entre os lábios de Ace, duelando com a dele, e é quando ele começa a realmente me masturbar que não consigo manter meu quadril quieto, nem se minha vida dependesse disso.

Deslizo os dedos em sua nuca, e puxo os cabelos curtos até que estou com as mãos encaixadas na parte de trás de sua cabeça, mantendo-o onde eu queria. Cacete. Quero subir em Ace, rastejar em seu colo e me foder com o punho dele me masturbando. Mas não importa o quanto de dinheiro Ace tenha pago ao motorista desse carro, há uma diferença entre ele nos ver nos beijando em seu espelho retrovisor e me ver cavalgando em seu colo.

Afasto meus lábios de Ace e aperto sua mão para parar seus dedos. Enquanto minha respiração exala de forma elevada, coloco minha testa na dele e fecho meus olhos. Se não me acalmar, eu vou atirar pela janela desse maldito carro toda à prudência, e enquanto nos aproximamos do condomínio fechado de Ace, eu ainda sou coerente o suficiente para saber que não é assim que quero que isso termine.

— Ace, você precisa... — eu tento afastá-lo quando vejo vários flashes na nossa direção, mas ele está acariciando o meu peito com a mão, colado em meu quadril e eu não vou empurrá-lo se ele não quiser.

— Relaxe. — diz, e seguro a minha respiração e movo minha cabeça para que eu possa esfregar meu rosto no peito dele. O movimento é afetuoso e incrivelmente íntimo, considerando onde está sua mão, e com um rápido olhar pela janela, percebo que vários flashes aleatórios desaparecem quando o carro passa, e sei que eles não conseguem ver nada na escuridão da noite, através das janelas escurecidas.

— Mas há câmeras lá fora. — eu digo. — E realmente preferiria gozar com seu pau dentro de mim. Você pode aguardar os dois minutos que levaremos para entrar na sua garagem e passar pela porta da frente, coisa quente?

Ace solta meu pau dolorido e tira a mão da minha calça, e quando ele escova o polegar pegajoso e úmido sobre o meu lábio em uma carícia, eu chupo seu dedo e ele rosna.

— Dois minutos. — ele adverte. — Eu vou cobrar.

E quando o carro para na frente de sua casa, ele diz:

— Suba o zíper, mas não abotoe sua calça. Será apenas um desperdício maldito de tempo.

Ah, sim, quem em sã consciência desobedeceria a esse comando? Certamente não eu.


Capítulo 11


ESCADA PARA O CÉU


ACE

 

Após o motorista sair, me viro e vejo Dylan de pé na varanda da frente, encostado na parede esperando por mim. Sua camisa está desabotoada e solta sobre sua calça, e ele tem uma expressão no rosto que grita uma coisa: sexo.

Ajusto minha ereção antes de me dirigir em sua direção, e tento acalmar a excitação que percorre meu corpo. Desde que Alejandro olhou para nós, e a volta de carro para cá, eu estou lutando contra o desejo de arrancar as roupas de Dylan e colocar minha boca ao redor dele ou o meu pau dentro dele, e será um milagre se conseguir levá-lo pelas escadas até o meu quarto antes de atacá-lo.

Noto o movimento de seus olhos percorrendo minha camisa e calça, o que só dificulta a minha caminhada, porque quando finalmente me olha nos olhos, entro em choque, porque eu sei que ele está sentindo isso. A tensão, o crepitar da eletricidade entre nós é tão tangível que é uma maravilha o ar não entrar em combustão enquanto estamos a uma curta distância.

— Você poderia ter entrado. Você tem uma chave e o código. — lembro enquanto pego minha própria chave e a insiro na fechadura.

Dylan passa a língua sobre os dentes superiores quando as pálpebras baixam um pouco, e a luz sobre sua cabeça mostra o tom vermelho nas bochechas quando se afasta da porta e dá um passo para o meu lado para que toda a frente de seu corpo esteja contra o meu braço, mão e perna.

— Mas então eu não teria isso. — diz, e se inclina para pressionar um beijo na minha mandíbula.

— Se você não parar...

— O quê? — sussurra, e depois afunda os dentes no meu maxilar enquanto viro à chave, abro a porta e desativo o alarme. Eu me viro e o puxo pela camisa, levando-o para dentro enquanto passo com ele pela porta.

— Você realmente está pedindo por isso. — digo, e Dylan dá um sorriso que me informa que sabe exatamente o que está fazendo. Eu chuto a porta da frente quando meus olhos examinam o hall de entrada, procurando o melhor lugar para... — Dylan... — eu digo quando ele escorrega a mão para dentro de minha calça.

— Eu pensei que você havia dito dois minutos. É melhor se apressar se planeja manter essa promessa, Locke...

Quando me solta e começa a se afastar, solto sua camisa. Ele pisca para mim e se vira para a escada. Eu o sigo, mas tenho uma ideia melhor, e agarro seu pulso entre meus dedos, arrastando o espertinho de volta para mim.

— Dois minutos, você disse? — pergunto.

Quando os olhos de Dylan se estreitam em mim, eu o empurro para trás, saindo da frente da escada, e ficando ao lado dela. Quando chegamos exatamente onde o queria, solto um sorriso selvagem, e coloco meus lábios em sua orelha. Então sussurro:

— Acredito que se fizermos isso aqui, vou ter segundos de sobra. Mãos no corrimão Dylan... Estou prestes a fazer seus joelhos tremerem de verdade.

 

***

DYLAN

 

Porra, não há nada mais quente do que Ace Locke fazendo demandas sexuais. A fantasia que sempre tive dele não é nada comparada à realidade do homem atrás de mim, e me maravilho naquele momento com essa mudança na minha vida. Tanto quanto quero me virar e enfrentar Ace, eu quero sentir todas as coisas sujas que ele planeja fazer comigo, quero agradá-lo ainda mais, então eu me estico e agarro o corrimão da escada.

— Você está planejando me deixar assim agora, Locke? — digo, e amplio minha posição.

— Nem fodendo.

Ace se inclina contra a minha parte traseira, suas mãos desabotoa minha calça novamente, e então, acaricia ao longo do meu pau duro. Enquanto eu solto um gemido, sua ereção grossa fricciona contra minha bunda e amaldiçoo por não ter colocado um desses preservativos lubrificados no bolso antes de sair. Agora que começamos, não há maneira de sair para pegar. Porra!

— Alguma coisa errada? — pergunta, enquanto mergulha sua mão no elástico da minha cueca boxer pela segunda vez essa noite. Mas quando não alcança meu pau, esperando pela minha resposta, ranjo meus dentes.

— Juro por Deus, se você não entrar em mim no próximo minuto...

Sem aviso, Ace empurra minha calça e cueca pelo meu quadril em um movimento suave, deixando-as logo abaixo da minha bunda, e então ouço um zíper e o som de algo rasgando.

— Você vai fazer o quê?

Sim, gênio, o que você acha que vai fazer? Pro inferno se eu sabia, mas a ameaça parece boa quando falo. Eu estou revirando o meu cérebro, tentando pensar em algo para dizer ao homem arrogante atrás de mim, mas antes que eu possa formular qualquer coisa, as grandes mãos de Ace estão em meu quadril nu, seus dedos se espalham, enquanto ele me posiciona exatamente onde me quer.

Ace cantarola e o som gutural vibra ao longo da minha coluna até as minhas bolas, moldando o meu corpo tenso, enquanto ele alisa uma das mãos na minha bunda.

— Foi o que eu pensei. — diz, enquanto o polegar flerta com o topo da minha fenda. — Você quer isso tanto quanto eu, e se eu quiser que você espere por trinta minutos... — Ace sussurra quando seus lábios acariciam a concha da minha orelha. — Então você ficará aqui e aguardará os trinta fodidos minutos.

Ok... Merda! Eu não vou me controlar. Eu vou gozar se ele não parar de falar como se...

— Oh, inferno, Ace. — eu solto um gemido quando ele lambe a lateral do meu pescoço e depois coloca a mão esquerda sobre a minha, onde eu estou segurando o corrimão. Eu posso sentir o seu pau coberto pulsando na minha bunda enquanto ele beija e suga a pele sensível debaixo da minha orelha.

— Felizmente para você — diz. — Trinta minutos é tempo demais. Deus, Dylan, eu preciso entrar em você.

— Siiiim... — eu digo, e Ace desliza sua mão no meu quadril e a outra na minha boca e coloca um dedo no meu lábio inferior. — Chupa.

Doce Jesus. Eu não tenho certeza de como ele espera que eu sobreviva muito mais disso, mas sei que a única maneira de obter o que eu quero é fazer o que ele me manda. Eu mal abro os meus lábios quando Ace desliza o dedo indicador em minha língua. Um grunhido rude surge do homem atormentando-me enquanto giro minha língua em torno de seu longo dedo, e a outra mão dele em torno do meu quadril me aperta.

Enquanto eu continuo chupando, ele empurra o dedo para dentro e para fora da minha boca como se estivesse fodendo, e depois adiciona o dedo médio à mistura.

— Isso mesmo, Dylan. Deixe-os bem molhados. Preciso de você pronto e esticado antes que eu... — ele pausa para arrastar seu pau ao longo da minha fenda, e eu ouço um gemido saindo de mim quando empurro contra ele, ansiando a sensação de sua carne quente contra a minha. — Antes que eu entre em você.

Merda, ele está brincando? Como eu deveria pensar ou me controlar quando ele está tentando destruir qualquer aparência de compostura que eu possuo? Estou além de qualquer coisa racional nessa fase; Tudo o que eu posso fazer é esperar e tentar sobreviver, porque quando Ace age assim... Quando ele realmente se solta e deixa correr o desejo cru, ele é uma força à ser vista. Toda essa força e emoção reprimida, direcionada para um acoplamento explosivo... Deixa-me em êxtase, e adoro ser aquele que o solta.

Ace tira os dedos de meus lábios e, quando sinto as pontas úmidas entre minhas nádegas, abrindo caminho para o meu buraco, enfio os dentes no meu lábio inferior.

— Não, não faça isso. — Ace diz enquanto massageia a ponta de seus dedos sobre o meu buraco apertado. — Não me negue o prazer de ouvir o quanto gosta do que estou fazendo com você.

Quando suas últimas palavras deixam seus lábios, ele empurra a ponta do dedo para dentro e eu solto um gemido.

— Sim, Dylan... Porra, sim, assim. — diz enquanto enfia o dedo ainda mais fundo, e então ele trás seus lábios ao meu ouvido e sussurra: — Eu quero ouvir seus sons enquanto me afundo dentro de você. Eu quero te ouvir gritando dentro da minha fodida casa, enquanto te fodo tão forte que irá colapsar e terei que carregá-lo por aquela maldita escada.

— Ahh, Ace... — eu consigo falar enquanto ele enfia os dois dedos dentro de mim, mexendo no lóbulo de minha orelha.

— Essa noite, você é meu. Sua frustração... — ele diz, afundando os dedos para que eu grite, implorando que me preencha novamente, e ele faz. — Seu orgasmo. Seu prazer. E seus gritos de necessidade... — ele me diz, pontuando cada desejo afundando seus dedos antes de removê-los para agarrar meu quadril, a cabeça larga de seu pênis coberto pressionando contra o meu buraco. — Essa noite, tudo isso é meu, Dylan.

Inferno, se ele não estivesse de acordo com isso, naquele segundo eu teria dado o meu último suspiro para tê-lo dentro de mim. Por sorte, meu último suspiro não foi necessário, apenas uma palavra.

— Simmm.

 

 

***

ACE

 

Em algum lugar entre a entrada da minha casa e Dylan contra minha escada, eu perdi a cabeça. Porque algo sobre vê-lo de pé, com os braços levantados, os dedos em volta do ferro forjado do meu corrimão, e sua calça preta empurrada abaixo de sua bunda, deixam-me à deriva, mesmo estando familiarizado com tudo em volta. O lado que Dylan tinha me dado permissão para soltar nele, mas que ainda estava aprendendo a aceitar. Na maioria das vezes, conseguia moderá-lo e contornar um pouco. Mas outras vezes, como naquela noite no Syn e agora, eu sentia como se estivesse olhando através de uma névoa vermelha de luxúria.

Meu pau lateja na entrada apertada de Dylan, e os gemidos que escapam dele cada vez que eu empurro contra aquele delicioso buraco, me fazem provocá-lo ainda mais. Eu não consigo explicar por que ouvir sua frustração aumenta esse desejo, mas a fodida coisa acontece. Eu posso ver seus ombros tensos sob sua camisa e a forma como seus dedos estão se flexionando cada vez que balanço suavemente para frente e para trás, finalmente, quando parece que ele teve o suficiente, a cabeça de Dylan se move e seus olhos ardentes fixam os meus e sei que está ali comigo.

Névoa vermelha.

Luxúria.

É o que eu esperava. Aumento a pressão sobre ele e aperto meus dedos em seu quadril, e sem dizer nenhuma palavra, empurro para frente e afundo meu pau no lugar mais perfeito que já existira. O lindo buraco de Dylan.

O grito que rasga da sua boca é monumentalmente satisfatório, enquanto ele usa o corrimão para se manter de pé e se curvar contra mim, e eu me inclino, tocando suas costas enquanto meu pau o enche. Eu estou tão profundo que não consigo ver entre nossos corpos. Enquanto estamos ali, nossas respirações ofegantes são os únicos sons que podem ser ouvidos ecoando no ambiente. O fato de estarmos tão próximos quanto duas pessoas podem estar – conectados tão intimamente, e ainda assim ambos quase totalmente vestidos – é tão incrivelmente excitante, que eu tenho que fechar meus olhos por um segundo e me recompor. Eu sinto como se uma besta estivesse me agarrando, tentando escapar para ficar selvagem com ele, e quando Dylan exige:

— Foda-me. — agarro seu pau com a minha mão e afundo.

Retiro-me de seu corpo e então mergulho de volta, fazendo-o tropeçar, mas ele logo se estabiliza e me empurra com tanta força, que sua bunda engole meu eixo até a base - e inferno - meus olhos ficam turvos com o quão fenomenal me sinto.

— Dylan... — digo, um certo tipo de aviso, e então ele se afasta de mim e, mais uma vez, impulsiona sua bunda para trás, empalando-se.

— Faça isso. — diz, e me olha desafiadoramente. — Pare de ser tão educado quando ambos sabemos que está morrendo de vontade de ser o oposto.

E com essas palavras, algo dentro de mim estala. A minha mão que cobria a de Dylan no corrimão se move para a parte de trás de sua camisa, que está pendurada sobre nós, obstruindo minha visão, e agora eu quero vê-lo, quero ver meu pau desaparecendo em seu buraco.

Pego o material preto de sua camisa e a rasgo com as mãos, e depois passo a mão em sua coluna, para segurá-lo na parte de trás do pescoço com firmeza. Quando o mantenho assim, forço Dylan para frente até que ele esteja tão perto da escada, que eu sabia que iria ter que limpar a bagunça que ele estava prestes a fazer, caso contrário teria que explicar isso a alguém. Mas, por enquanto, observando as duas mãos erguendo-se e segurando o corrimão com firmeza para melhor aderência, é quando eu começo a penetrá-lo com tanto poder e força quanto sou capaz. Ele é minha presa.

As palavras que escapam de Dylan são exigentes e desinibidas quando ele pede exatamente o que quer de mim.

Morda-me.

Mais forte.

Mais.

Mais fundo.

Dê-me isso.

E eu faço todas as coisas que ele pede a mim, enquanto aguenta e recebe tudo o que dou; eu o seguro e fodo de uma maneira que nunca imaginei fazer com alguém.

Com a mão ainda segurando seu pescoço, levo a outra para cobrir a dele no corrimão e o esmago contra a superfície sólida da base da escada. Coloco meus pés entre os dele enquanto meto forte nele, completamente enlouquecido com minha necessidade e desejo por ele, e quando vira a cabeça, pego seus lábios em um beijo agressivo e selvagem.

O gosto dele e o gemido que passam por seus lábios me deixam mais próximo do meu orgasmo, e Dylan sacode a cabeça e fecha os olhos enquanto seus braços se esticam e seus dedos ficam brancos, onde tem um agarre forte no corrimão. Então, sem qualquer estímulo físico em seu pau, Dylan goza com tanta paixão e força que minha respiração trava quando meu nome deixa sua garganta com um grito estrondoso.

Porra. Isso é tão excitante, e não posso deixar de me perguntar se ele poderá falar amanhã enquanto eu caio contra ele, curioso quanto à rapidez com que consigo tirá-lo de suas roupas e convencê-lo a começar a segunda rodada.


Capítulo 12


PG-139


DYLAN

 

— Ace. — murmuro na manhã seguinte através da névoa do sono. Seu peito nu serve atualmente como meu travesseiro, e me aconchego nele mais profundamente, sem vontade e incapaz de abrir meus olhos. Mas o toque persistente do telefone de Ace tem outras ideias.

— Ace. — eu lhe dou uma sacudida suave. — Vai atender?

Tudo o que me cumprimenta é um resmungo, e então os braços fortes de Ace se enrolam nas minhas costas, me segurando contra ele. Sua voz está cheia de sono quando ele diz:

— Eles podem deixar uma mensagem.

E assim que as palavras saem de sua boca, o zumbido para e, com um bocejo, me aconchego a ele. Por cerca de cinco segundos.

Quando o toque reverbera novamente nas paredes do quarto gigante de Ace, meus olhos finalmente se abrem. Ficando sentado, eu digo:

— Tudo bem, você precisa responder ou desligar o telefone.

— É muito cedo.

Um rápido olhar para o relógio me diz o contrário. — Na verdade, passa das dez.

— O que? — Ace diz, disparando da cama. — Como pode ser depois das dez?

Esticando meus braços sobre minha cabeça, eu abro um sorriso para ele.

— Isso é o que acontece quando você me fode durante toda a noite. — quando a sobrancelha de Ace arqueia como se quisesse perguntar “isso é um problema?”, eu acrescento: — Não que eu esteja me queixando sobre isso.

— Isso é apenas motivo de mais punição. — diz com um sorriso pecaminoso nos lábios, e quando sobe em cima de mim, o empurro para trás.

— Ace, eu vou afogar o seu telefone na banheira de hidromassagem se você não atender.

Sua mão pousa em seu coração, e então ele ri e rola para pegar seu telefone. Ele atende a ligação, põe no viva-voz e diz:

— Olá?

— Sr. Locke, temos visitantes inesperados no portão para você.

— Eu tenho certeza que você tem, Pete. Todos com câmeras em suas mãos, sem dúvida.

O guarda de segurança do bairro limpa a garganta. — Na verdade, senhor, eles afirmam serem seus pais.

— Meus pais? — Ace franze a testa. — Você tem certeza?

— Sim senhor. Dan e Patrícia Locke, vindos de Tribunal Cliff Acre em Chicago...

— Ace Samuel Locke, informe a este jovem que não voamos pelo país para ver o nosso filho através de uma cerca. Agora, seja um bom filho e abra a porta.

— Sim, sim, tudo bem... Merda. Deixe-os passarem. — Ace esfrega a testa enquanto Pete acata seu pedido e desliga. Então olha para mim, seu rosto cheio de desculpas.

Então digo:

— Seus pais estão aqui.

— E desculpe por isso antecipadamente. — diz, saltando da cama e depois pegando sua calça da noite anterior.

— Eu acho que disse essas mesmas palavras antes de você falar no Skype com os meus.

— A diferença é que a sua família é relaxada como o inferno.

— Relaxada é definitivamente a palavra certa.

— A minha não... — Ace aperta um botão no controle remoto para abrir o portão em frente à sua casa. Então olha para mim e dá de ombros. — É.

Quando uma Mercedes-Benz prata entra no portão principal da casa de Ace, ele se inclina sobre a cama e me dá um rápido beijo.

— Basta descer quando estiver pronto. — diz e depois sai do quarto e desce as escadas.

Eu observo pela janela quando o carro para na frente da casa, e um homem de cabelos prateados com um terno escuro sai do banco do motorista e vai até o lado do passageiro para abrir a porta. A mulher que sai tem os cabelos loiros prateados presos em um coque formal, e ela usa um vestido que vai até abaixo dos joelhos. Quando a mãe de Ace aceita o braço do marido e caminha até a porta da frente, meu primeiro pensamento é que eles parecem estar indo para a missa de domingo. Ace não falou muito sobre seus pais, mas eu sei que ele foi criado como católico e é filho único, e, com essa minha primeira impressão, eu posso dizer que eles são o oposto completo de Ziggy e Sunshine.

O meu segundo pensamento é a minha calça, que ainda está no chão do vestíbulo, depois de tê-la chutado para o lado antes de Ace e eu termos subido até o quarto na noite passada. Merda. Merda dupla. Espero que Ace tenha se livrado dela antes deles entrarem, ou seria uma ótima maneira de fazer uma primeira impressão. Mas considerando que eu não posso simplesmente descer sem usar uma calça, agora estou oficialmente sem uma. É o que eu mereço por ser presunçoso e não arrumar uma mochila para passar a noite.

Pescando em uma das gavetas de Ace, pego um jeans que sei que é muito grande para mim - o quadril de Ace é enorme - e uma camiseta simples. O melhor que eu poderia fazer nas circunstâncias, mas então, não é como se estivessem me vendo pela primeira vez. Eles estavam bem cientes de quem seu filho estava namorando, e eu só poderia esperar que essa visita fosse positiva. Ace já tinha pessoas suficientes dando-lhe um momento difícil, então a última coisa que ele precisava era ter seus pais saltando em cima dele.

As vozes ecoam do vestíbulo enquanto caminho ao banheiro principal para me refrescar, e sinto um ligeiro tremor de nervos no fundo do meu estômago.

Hora de conhecer os pais de Ace.

 

 

***

ACE

 

— Mãe, pai. — digo, depois de abrir a porta da frente para cumprimentá-los antes que eles pudessem bater. — É uma boa surpresa. O que os trazem até aqui?

— Olhe para você, nem sequer está vestido ainda. — diz minha mãe com seus olhos afiados antes de entrar e me cumprimentar com um beijo no ar em cada lado do meu rosto.

— Eu fui dormir tarde.

— Mhmm, eu li a respeito. — ela tira um jornal enrolado de sua bolsa e o ergue. Na primeira página há uma foto minha e de Dylan com nossas cabeças juntas em um abraço íntimo.

Pelo menos eles só nos pegaram da cintura para cima.

— Ei, papai. — falo quando ele entra e me dá um aperto de mão firme, que eu aprendi com ele.

Dando-me um rápido aceno de cabeça, diz:

— É bom te ver, filho.

— Por que vocês não disseram que estavam vindos para a cidade? — pergunto.

— Não é uma emboscada para você, querido. Não há necessidade de agir tão na defensiva. — diz minha mãe enquanto os dois caminham mais para dentro do vestíbulo.

— Claro que não. — murmuro, fechando a porta atrás deles. Quando me viro e vejo minha mãe olhando para onde a calça estava – sim, merda, exatamente onde eu a tirei de Dylan na noite passada – que entro em ação, passando na frente deles e os conduzindo para a grande sala de estar na frente da casa. — É apenas que você geralmente liga e me avisa quando você está vindo. E fazem o quê? Sete... Não, oito meses desde a última visita?

Os saltos da minha mãe clicam no piso enquanto ela segue atrás de meu pai, que passa pela entrada arqueada e se dirige para sua poltrona favorita quando me visita.

— Ace, não vamos bancar os estúpidos. Nós o criamos melhor do que isso. — ela diz.

Coloco as mãos nos bolsos da minha calça amarrotada, e quando pego o olhar desaprovador da minha mãe, mordo minha língua. — Então, vocês estão aqui por causa de...?

— Por que você não se veste e discutiremos isso no café da manhã?

— Eu realmente não estou querendo fazer uma grande cena hoje, então por que não ficamos e faço chá e café...

— E nos privar dos fabulosos restaurantes do outro lado da rua? — minha mãe tenta. — Nós não podemos aproveitar o sol e o ar fresco em nossas refeições, então seja um bom filho, tome um banho e se arrume. Nós esperaremos.

Solto um suspiro. — Olha, eu realmente tenho companhia, então não seria um ótimo momento agora. E você viu os jornais. Não será exatamente uma saída divertida e silenciosa.

Quando minha mãe não consegue esconder o brilho de excitação que acende em seus olhos com esse comentário, sinto uma onda de ressentimento. É por isso que eles estão aqui. Pela atenção. Para seus amigos da elite do Country Club de Cliff Acre vê-los nos jornais e na televisão comendo em Beverly Hills, cercados por um frenesi de pessoas gritando e fazendo perguntas a eles como se fossem super estrelas. Estou ciente que há quem goste dessa atenção que tanto evito, mas não é como se não soubesse o tipo de pessoas que meus pais são. Eles não são pessoas ruins de qualquer forma, mas eles definitivamente... Desfrutam do estilo de vida que o meu sucesso lhes proporcionou.

— Oh, pish posh10. — diz minha mãe com um aceno de sua mão. — Você sabe que não nos importamos com um pouco de altivez.

Sim, certo.

— Por que você não vai se preparar e saímos em uma hora?

Olho para o relógio e quero gemer. A última coisa que eu quero fazer hoje é sair para um café da manhã, onde seríamos inundados por todos os fotógrafos dentro de um raio de vinte metros. Mas qual é a outra alternativa? Tentar argumentar?

Eu estou prestes a me virar e voltar para o andar de cima, para ver se Dylan tinha saído por uma das janelas, quando eu ouço uma garganta pigarreando atrás de mim. Eu giro para vê-lo de pé perto do arco da entrada usando uma das minhas camisas de treino da Nike, que estava enorme nele, e uma de minhas calças jeans que o fazia parecer um artista de rap, por que a calça estava pendurada em seu quadril.

A expressão relaxado em seu rosto estava cheia de desculpas enquanto ele caminha até mim, e quando o jeans escorrega mais um pouco, e ele tem que puxá-la de volta para o seu quadril, eu não consigo evitar soltar a risada que me escapa. Seus olhos se lançam sobre o meu ombro, e eu conheço Dylan o suficiente para saber que ele deseja estar mais preparado do que está atualmente, mas inferno, ele parecia tão adorável. Além disso, ele não é o único que foi pego de surpresa; Eu estava usando a calça da noite passada, que definitivamente tinha visto dias melhores e uma camiseta desbotada onde se lia Morning Wood Lumber Company e tinha pinheiros na frente.

Sim, claro que não esperávamos receber visitantes essa manhã.

— Oi. — Dylan diz, dando aos meus pais um sorriso que é maior do que eu imaginava possível, dado o momento. Então dá um passo à frente para apertar a mão do meu pai. — Dylan Prescott. É bom finalmente conhecer vocês dois.

Meu pai acena. — Dan Locke, e esta é Patrícia.

Quando Dylan vai cumprimentar minha mãe, ela dá seus beijos padrão no ar – onde ela aprendeu nesses últimos anos, eu não fazia ideia – e depois volta a dar-lhe outro olhar de avaliação.

— Você é mais alto do que eu pensava. — diz, batendo nos lábios com o dedo indicador. — Oh, eu não estou dizendo nenhuma ofensa por isso, é claro. É só que tenho visto esses atores que trabalham com Ace, e ele sempre parece bem maior que eles pessoalmente. Tão minúsculos esses homens. Eles são muito maiores em Chicago.

Dylan dá-lhe um sorriso megawat, sua marca registrada. — Eu moro na Flórida.

— Ah, bem, então, lá vai você. — ela diz, balançando a cabeça, seus olhos caindo na mão onde ele segura o seu, bem, o meu jeans.

— Desculpe-me. — ele diz, olhando para a roupa dele. — É dia da lavanderia.

Meus pais riem e depois se viram um para o outro, um olhar que não consigo decifrar, passando entre eles. Quando minha mãe volta para nós, ela dá a Dylan um sorriso agradável, mas rígido.

— Bem, querido, é um prazer conhecê-lo. — ela diz, e então seus olhos se deslocam para mim. — Nós viemos aqui porque esperávamos que pudéssemos levar o Ace para o café da manhã... Para discutirmos algumas coisas. É tão impessoal ter essas conversas por telefone, você sabe.

Mas sair e se expor na frente de clientes e vários paparazzi é muito mais pessoal.

Compreendo a expressão no rosto de Dylan, e ele assente.

— Sim, isso parece ótimo. Vocês deveriam fazer isso. — então ele olha para mim. — Eu realmente tenho que ir.

— Não, você vem... — começo, mas minha mãe interfere.

— Eu acho gracioso da parte de Dylan querer nos dar algum tempo em família, você não?

Não, eu quis dizer, mas eu posso dizer pelo olhar no rosto de Dylan e pela forma como ele está lentamente se afastando da sala para escapar, que ele está mais do que feliz com esse arranjo. Com toda honestidade, estaria bem com o mesmo arranjo, mas...

— Vamos, vamos, Ace. Nós temos que ir logo para arrumar uma boa mesa antes que todas sejam ocupadas. — eu não tenho escolha.

Com um suspiro, coloco uma mão sobre o topo da cabeça e aceno com a cabeça.

— Ok. Dê-me vinte minutos.

Minha mãe finalmente se senta em um dos sofás e cruza as pernas enquanto inclina seu corpo na direção do meu pai. Então ela olha por cima de seu ombro para nós dois. — Claro, vamos esperar aqui, querido.

Dessa vez, ela desvia o olhar, e não pode evitar olhar para Dylan dirigindo-se para a escada. Quando ele chega ao topo, para e eu percebo que ele olha para a calça dele que eu tinha chutado para longe de nós em nossa pressa para ficarmos nus ontem à noite. Então a cabeça dele gira e seus olhos encontram os meus e praticamente me perfuram.

Merda... Eu dou uma encolhida de ombros, porque o que mais poderia realmente fazer? Eu não tive tempo para tirá-la da sala, e quando suas bochechas flamejam e sua mandíbula trava, eu sei que esse pequeno fato o irrita e o envergonha.

Ok, sim, não estarei ganhando nada com isso. Então eu vou pegar a calça do chão, e quando chego até ele no fundo da escada, ele balança a cabeça.

— Não é de admirar que eles não desejem sair comigo.

Quando Dylan começa a andar, eu o sigo não muito atrás.

— Confie em mim quando eu digo que você não está perdendo nada. Mas se você quiser...

— Você está brincando comigo? — diz quando chegamos no corredor do meu quarto. — Eu poderia querer um minuto atrás, mas isso foi antes de saber que sua mãe e seu pai viram minha calça no seu corredor, Ace. Jesus.

— Oh, por favor, como se eles não soubessem do jeito que estamos vestidos o que está acontecendo aqui. Eles estão bem com isso. — fechando a porta atrás de nós, digo: — E confie em mim, a única razão pela qual eles estão aqui é para ver e serem vistos, e de me lembrar o quanto minha carreira está indo para o ralo.

— Não diga isso.

— Por que não? É a verdade. — retiro minha camisa enquanto entro no banheiro principal e então começo a tomar banho. Quando me viro, Dylan está de pé na minha frente e eu abro um sorriso malicioso. — Vai se juntar a mim?

— Não acho que seja uma boa ideia.

— Por que não? Porque meus pais estão lá embaixo?

— Não, porque você só tem vinte minutos, e eu sou um bastardo ganancioso.

Eu rio e, quando pego sua camisa e o puxo para frente, os jeans soltos que pendem no quadril dele caem no chão. Rindo ainda mais, retiro minha mão e digo:

— Parece que suas roupas estão me ajudando.

Dylan puxa o jeans de volta e o segura enquanto resmunga do banheiro.

— Maldito gigante musculoso. — diz em voz baixa.

— Ei, talvez você pense em trazer roupas extras para cá na próxima vez. E uma escova de dente. Talvez um dildo11 de 30 centímetros...

Quando Dylan fecha a porta, eu rio do pensamento. Eu estou meio que brincando, mas não posso negar que a ideia de ter as roupas de Dylan penduradas ao lado das minhas faz coisas incríveis para o meu coração. E o pensamento desse dildo de 30 centímetros faz coisas maravilhosas para o meu pênis. Vinte minutos? Eu só preciso de cinco com esse visual perverso.

Apesar de quem está lá em baixo, penso enquanto entro na ducha de spray.


Capítulo 13


TANGLED VINES12


ACE

 

— Ace, onde está seu brinquedo?

— Dylan já conheceu os seus pais?

— É verdade que vocês dois terminaram essa manhã?

Quando entrego ao manobrista as chaves do meu Range Rover, tenho que me impedir de rolar os olhos com os gritos vindos dos fotógrafos que ocupam a calçada do The Vine, o bistrô popular que meus pais escolheram. Sim, popular para todas as malditas celebridades se manterem na mídia e para os paparazzi que esperam divulgar as notícias. O que iria acontecer em breve. Você não frequenta lugares como o The Vine, se quiser ficar sob o radar, então o fato de eu estar lá, com meus pais, mas sem Dylan, provavelmente provocará outra explosão de fofocas.

Minha mãe pega o meu braço enquanto caminha pela trilha de tijolos que leva para dentro, e enquanto nós passamos pela área do pátio, eu posso sentir o olhar dos clientes furiosos com a atenção vinda em nossa direção.

Sorria seu idiota, penso. É como se tivesse me esquecido de como jogar. Como manter a imprensa e os espectadores atraídos com os sorrisos, um aceno, uma risada amigável. Engolindo em seco, forço um sorriso no meu rosto e aceno com a cabeça para algumas pessoas que olham em minha direção, e então abro a porta para que meus pais cruzem e entrem no interior do lugar gelado.

— Meu, meu, todas aquelas pessoas lá fora pelo meu filho. — diz minha mãe, olhando para mim sob seus longos cílios falsos.

Consigo segurar minha língua quando a hostess acaba encontrando a dela e pergunta se preferimos jantar em ambientes fechados ou ao ar livre.

— Aqui dentro... — começo.

— Oh, Ace, está tão frio aqui dentro com o ar condicionado e esqueci meu suéter. — mamãe esfrega os braços para se aquecer e estica o pescoço para olhar para fora. — Nós provavelmente devemos sentar sob um desses adoráveis guarda-sóis e receber um pouco de ar fresco. Você não acha?

Meus dentes rangem com tanta força naquele momento, que é um milagre que não os quebre. — Na verdade, está um pouco caótico lá fora.

— Oh, tenho certeza de que essa linda jovem pode encontrar-nos algo que não esteja entre todo aquele caos. Você não pode, querida?

Quando minha mãe olha para a hostess, os olhos arregalados da menina viram para os meus, e eu posso dizer que ela está pensando “Lá fora estará caótico em qualquer lugar quando se trata de você” e eu lhe dou um breve aceno de cabeça, permitindo-lhe saber que estou mais do que ciente de que o quê minha mãe está querendo é quase impossível.

— Se você puder me dar um segundo, Sr. Locke, eu vou providenciar uma mesa.

Em outras palavras, ela está prestes a sair para o pátio apertado e arrancar alguém menos importante de uma das mesas mais visíveis. Essa é a última coisa que eu quero fazer hoje. Tenho a sensação de que isso vai acabar mal, eu não quero ouvir o discurso na cabeça de meus pais, e esse lugar está prestes a se tornar um maldito circo.

— Tudo bem. — diz a hostess quando volta, esfregando as mãos. Ela sorri para nós, provavelmente extremamente orgulhosa do fato de que estava com uma celebridade que ia atrair uma tonelada de imprensa para o chefe dela, e então diz: — Podem me seguir.

Sem qualquer cuidado, minha mãe e meu pai começam a caminhar atrás da mulher, e eu noto a maneira como minha mãe sorri para todos aqueles que nos observam entre as mesas. Ela então olha para a multidão de paparazzi pressionados contra a cerca branca que cerca o pequeno restaurante, e coloca uma mecha de cabelos atrás da orelha em uma jogada projetada para fazê-la parecer tímida e desavisada de atenção, quando realmente tudo que ela quer é atenção. E quanto a mim? Eu tenho certeza de que pareço um homem sendo levado para a execução.


***

DYLAN

 

— O que posso dizer? Você sabe que estou morrendo de curiosidade.

Eu posso praticamente ver o rosto satisfeito de Derek através do telefone, e reviro os olhos.

— Sim, você está. — digo.

— Oh, eu estou! Você está escondendo informações, seu fodido filho da puta. Ou posso dizer que Ace Locke é o fodido?

— Eu, escondendo? Levei anos para saber sobre Jordan, seu babaca.

A risada de Derek é alta e rude. — Vê? Você não negou que é fodido por Ace Locke. Agora estamos chegando a algum lugar. Falando nele, onde você está dessa vez? Na casa dele? Na sua cama? Sua Ferrari? Fiji?

— Ele não tem uma Ferrari.

— Eeeeeee ele muda novamente de assunto, senhoras e senhores.

— Não mudei. — falo, recostando-me contra o sofá e zapeando os canais.

— Besteira. Ele está aí, não está?

— Não.

— Por que está tão silencioso, hmmm? Você está com a boca cheia?

— Foda-se. — paro de passar os canais quando uma imagem trêmula do perfil de um homem aparece na tela, como se o operador da câmera estivesse andando na direção do objeto de sua atenção. Quando param e focam na imagem de um homem e um casal mais velho sentado na frente dele, se torna mais do que claro onde os pais de Ace decidiram almoçar hoje.

Ah, inferno.

— Ele está de joelhos? — Derek pergunta.

À medida que a câmera foca no perfil musculoso de Ace, eu posso ver o jeito que seu maxilar está travado, uma expressão estrondosa em seu rosto, e quando ele fala, seus lábios se movem tão rápido que eu não consigo ler o que está dizendo. Mas, fosse o que fosse, não parecia ser bom.

— Oh, maldição. — eu seguro a parte de trás do meu pescoço e observo quando a mãe de Ace responde ao que ele fala com um sorriso, e quando ela termina, olha casualmente para a câmera e dá um pequeno aceno de cabeça.

— Cara, foi uma piada. — Derek diz, me lembrando que ele ainda está no telefone.

— Sim, merda... Desculpe, cara. Eu sei disso, é só... — e penso se irei cruzar qualquer linha ao dizer a Derek para ligar a TV. Mas, decidindo que eu preciso de alguém além de mim para me assustar com isso, digo: — Ligue a TV no canal... — tentei lembrar os canais da Flórida. — Dois.

— Hã?

— Apenas ligue no canal dois, Derek.

— Ok, Prescott. Acalme-se. Um segundo. — há algum sussurro no fundo enquanto continuo sentando na borda do sofá com a garganta seca e uma das mãos atrás do meu pescoço, e então Derek está de volta. — Puta. Merda.

— Sim. — digo, quando a imagem na tela muda para a de outro operador de câmera, e ele claramente não está tão afortunado quanto o paparazzo que havia atravessado a rua para ter uma visão privilegiada, porque é uma imagem panorâmica da rua, e dizer que Ace atrai uma multidão é um eufemismo.

— Cristo. — Derek diz enquanto me levanto, incapaz de ficar sentado. — Confira as legendas na parte inferior.

Como se eu pudesse não ver isso. A legenda na parte inferior da tela dizia: DYLAN QUEBRA O CORAÇÃO DE ACE; E ELE SE ENCONTRA COM OS SEUS PAIS.

— Você está realmente namorando o cara, não está?

Com a pergunta de Derek, eu começo a andar de um lado para o outro no meu pequeno apartamento. — Eu não percebi que era uma pergunta. A menos que você acredite nesse lixo.

— Dylan... Você está namorando o fodido Locke. Até que você ligue e diga, ei Derek, tudo o que você leu é verdade e eu realmente estou namorando a maior estrela de ação de Hollywood, não vou cair nessas especulações.

Foi assim que soube que Derek Pearson é alguém que sempre seria capaz de confiar. Alguém que sabia que poderia ter um momento brincalhão, e é quando percebo... Que ainda não tive esse momento.

— Então...? — ele diz, e eu solto a respiração.

— Sim. Estou saindo com Ace Locke.

A risada de Derek penetra no telefone e no meu ouvido, e mesmo com tudo o que estou vendo na TV, sinto um sorriso esticar meus lábios.

— Cara... Ele é um maldito superstar. Quero dizer, eu sei que você disse que iria sair um dia e se casar com um filho da puta rico. Mas, realmente, Ace Locke?

— Confie em mim, estou tão surpreso quanto você.

— Vamos, me dê detalhes. Como ele é realmente, todo durão e toda essa merda?

Decidindo me divertir um pouco com Derek, eu digo:

— Sim, muito durão. Sempre que ele entra em uma sala, explosões acontecem, e de vez em quando ele dá os seus comandos13.

— Ei, foda-se, cara.

— Não, eu acho que você iria gostar dele. Ele é... Muito... — eu não posso pensar em uma maldita palavra para abranger tudo o que Ace é. Ele é gentil, generoso, humilde e, sim, sexy, mas não estou prestes a contar tudo isso a Derek e ser acusado de me transformar em um bastardo meloso.

— Em outras palavra? Uau. Que tal você trazê-lo para uma visita e nos deixar ver por nós mesmos? Apresentá-lo à família e essas merdas?

— Uh... — eu imagino Ace no mesmo quarto que Sunshine, Ziggy e Lennon, e rio. — Eu não tenho pensado muito sobre isso ultimamente, mas talvez um dia desses. Preciso ir aí em breve.

— Isso mesmo, Prescott. Vamos dar uma festa de boas-vindas para o seu homem.

Eu rio. Sim, sem dúvida. — Aprecio isso. Falamos depois.

— Sim, falamos depois.

Quando termino a chamada, meus olhos voltam para a tela onde a metade da TV se concentra em Ace. Ele está sentado e com o rosto vermelho, apontando para algo em seu prato, enquanto do outro lado da tela uma repórter narra tudo o que ela acha que está acontecendo.

Talvez eu devesse ter ido almoçar com eles depois de tudo. Pelo menos, ele não precisaria ter o peso de passar sozinho pelo que seus pais estavam discutindo.

 

***

ACE

 

Eu estou no inferno. Esse é o pensamento que se repete na minha cabeça enquanto permaneço sentado no centro do palco do meu pior pesadelo.

À minha esquerda, eu sinto como se toda a população de Los Angeles estivesse na calçada do The Vine com uma câmera na mão, e na minha frente está sentada a minha mãe, dando destaque aos abutres tirando foto após foto no mais desconfortável almoço que eu já tive o desprazer de participar. No lado esquerdo de minha mãe está o meu pai, e, para o seu crédito, ele não está se envolvendo tanto com os espectadores, mas não está fazendo muito para impedir o foco exclusivo de minha mãe além da fama que essa pequena excursão está proporcionando. E esse encontro sem Dylan acabou sendo um erro colossal depois de reconhecer abertamente meu relacionamento com ele. Esse último fato, na verdade, me faz querer cortar algo além do bife na minha frente.

— Bem, querido. O que você me diz? — minha mãe começa de novo, implacável em sua busca, agora fazendo as perguntas mais insultantes. Eu sei que meu rosto tem que sair dessa expressão de raiva, pois todos estão olhando – e eu estou certo de que é mais do que uma centena de pessoas a essa altura – o quão assombroso é tudo isso. Mas, pelo menos, os óculos de sol que eu uso para cobrir meus olhos podem esconder... O que? Choque, magoa e raiva... Do meus pais estarem fazendo isso em público.

— O que eu tenho a dizer? — digo entre os dentes cerrados. Eu me inclino sobre a mesa até poder baixar minha voz em um sussurro e saber que ainda serei ouvido e pergunto: — Você está falando sério? Você realmente pensou, por um segundo, que faria o que acabou de sugerir?

Os olhos de minha mãe se arregalam uma fração com o tom da minha voz, mas estou farto de tudo isso. E considerando que provavelmente é mais do que uma pessoa normal sendo questionada sobre sua vida amorosa, penso que ela teve sorte por eu não levantar e ir embora.

Tentando continuar o ardil de um encontro familiar feliz, minha mãe pega sua água e toma um gole antes de responder.

— Eu acho que você deve considerar cuidadosamente, Ace. Estamos apenas pensando em sua carreira e em todo o seu trabalho árduo.

— Eu não vou voltar para o maldito armário, não importa quantos contratos eu perca.

— Ace... — meu pai começa, mas eu balanço minha cabeça.

— Não, vocês dois não podem mais opinar sobre como eu vivo a minha vida. Eu fiz o que vocês disseram há anos, muitos anos, e eu estava me sentindo miserável. Não vou colocar uma mulher nos meus braços agora. Ninguém acreditaria mesmo.

— Basta pensar no que você está fazendo. — minha mãe diz em um sussurro, rachaduras de frustração começando a se mostrarem através de seu tom doce. — Pense nos contratos que você já te dispensaram. E as suas responsabilidades como porta-voz? Estamos falando de milhões de dólares aqui, Ace. Você não pode se recuperar disso.

— Se eu não conseguir mais contratos, eu tenho mais dinheiro do que sei como gastá-lo.

— Você pensa assim agora, mas o que você fará com a sua vida? — ela diz.

Meus lábios se apertam. — Acho que vou fazer aulas de cerâmica. Tentar usar minha mão como barman. Ou talvez eu deva trabalhar para o público gay...

— Já chega. — diz meu pai, e minha mãe coloca a mão sobre a dele em um movimento que o deixa de boca fechada.

Então ela dá uma rápida olhada para a câmera e quando olha para mim, ela sorri.

— Olha, docinho, não estamos dizendo que você não pode ser... — seus olhos se apertam e ela se inclina para frente. — Gay. Essa é a sua escolha e sua vida privada, mas é muito mais do que isso. Quero dizer, Dylan parece ser um homem bem agradável, mas realmente vale à pena jogar tudo o que você trabalhou tão duro...

— Sim! — eu explodo, e a conversa em torno de nós cessa. Todos os olhos - bem, os que já não estavam em nós - viram em nossa direção, e eu tenho que colocar minha mão sobre minha mandíbula para mantê-la fechada. Não é como se eu não soubesse que essa conversa estava chegando. Inferno, meus pais me ajudam a arrumar “namoradas” há anos, mas eu sei que eles não querem que eu me exponha assim em público, mas agora que minha relação é um fato, uma dessas pessoas irá correndo para aquelas câmeras depois de partimos daqui.

Afasto o prato, com o meu estômago muito embrulhado até para tentar empurrar qualquer coisa para dentro. Quando olho para cima de novo, minha mãe tem uma expressão meio sofrida, e eu sei o que isso significa - as lágrimas estão próximas. Elas também já funcionaram comigo, mas não dessa vez. Toda essa encenação irá se encerrar muito rápido.

— Mas... e quanto a nós? — ela diz em uma voz baixa. — Você não pensou sobre o que as pessoas vão pensar de nós?

— Não. — digo.

— E se acabarmos como indigentes? Estamos aposentados agora, e seu pai tem joelhos ruins, então, como você pode nos pedir para voltar ao trabalho?

— Tudo bem, já chega. Você sabe muito bem que vocês dois estão amparados. Se o que deixei para vocês não for o suficiente, vocês podem pegar tudo. Eu não quero isso. Estou feliz pela primeira vez na minha vida. Vocês entendem? Vocês não podem me deixar ter essa felicidade? — mesmo não me importando com a resposta, fico de pé e não perco o modo como todos aqueles que observam posicionam as suas câmeras na minha direção.

Ugh, essa rotina de peixe no aquário está me deixando com uma vontade fodida de gritar. A pressão de ter todas as facetas da minha vida expostas está cobrando seu preço, e quanto mais permaneço na berlinda, mais claustrofóbico eu me sinto. Esse é o problema com esse nível de fama. Oh, há muito brilho, glamour e dinheiro. Mas cada pequena coisa que você faz é monitorada. Você é julgado, examinado e analisado até o ponto de querer arrancar seus malditos cabelos. E quanto mais permaneço sentado sem Dylan ao meu lado, mais aumenta a expressão irritada no meu rosto, e quanto mais eu sei que as histórias que circulam irão ser divulgadas, mais desejo chutar a bunda de todos.

Jogo meu guardanapo sobre a mesa e olho para meus pais.

— Eu vou embora. — eu anuncio, caso não esteja claro. — Eu vou informar à hostess que a conta será minha responsabilidade quando vocês terminarem, e vou pedir para Frank buscá-los.

— O que? Ace? — diz minha mãe, seus olhos tão redondos quanto o prato de pão na sua frente, estão escandalizados agora. — Você não vai sair daqui e nos deixar. Sente-se.

— Não. Terminei. Essa conversa acabou. — quando solto a última palavra, uma jovem escolhe esse momento infeliz para me interromper.

— Com licença, Sr. Locke?

— O quê? — eu grito com um tom cáustico quando me viro para ver uma pequena morena com uma caneta e bloco de notas em sua mão. Ela era fodidamente de verdade?

Isso me confunde; essa presunção do público. Eu conheço meu papel, amo os meus fãs, mas em algum momento eu tenho que me perguntar se eles se esquecem de que nós também somos seres humanos. Porque não posso acreditar que quem me vê nesse momento possa acreditar que seja um bom momento para pedir um autógrafo. No entanto, aqui está ela, olhando para mim como se eu devesse esperar esse tipo de merda - e mesmo assim, eu deveria, certo?

Jesus, o palpitar na minha cabeça está implacável, e sei que, se não sair logo, eu explodirei em breve.

— Desculpe, é só que... Você é meu ator favorito, e é meu aniversário, e oh meu Deus! Não posso acreditar que realmente estou conhecendo você. — os olhos da menina brilham com entusiasmo, um rubor brilhante mancha suas bochechas, e imediatamente sinto o punhal da culpa em meu peito.

Esfrego minha mão sobre minha cabeça e tento um sorriso. — Bem, feliz aniversario...?

— Oh! É Amanda — ela diz e depois morde o lábio. — Quero dizer, eu sou Amanda.

— Feliz aniversário, Amanda. — digo, balançando a cabeça, e então pego a caneta e o papel dela. Eu escrevo uma mensagem rápida e assino meu nome, e quando entrego a caneta e o bloco de volta para ela, ela coloca a mão no meu braço.

— Posso ter um abraço também?

— Uh... com certeza.

— Ah, obrigada. — diz, lançando seus braços ao meu redor. — Thief of Joy é o meu filme favorito! Eu acho que já vi umas cem vezes.

— Obrigado, é também um dos meus favoritos.

— E, hum... Eu só queria dizer... — ela baixa a voz e eu abaixo minha cabeça para ouvi-la melhor. — Eu acho que você e Dylan são realmente bonitos. Acho fofo os dois juntos.

Quando ela se afasta um pouco, eu engulo com força. Essa foi a primeira vez que alguém além de Shayne e as meninas disse algo sobre aceitação em relação a Dylan e eu, e fico impressionado com a emoção desencadeada por aquela frase vinda de uma estranha.

Não consigo encontrar palavras durante algum tempo, e finalmente consigo dizer:

— Agradeço por isso. — antes que ela volte para a mesa e orgulhosamente mostre a mensagem ao grupo com quem está.

No entanto, enquanto eu me dirijo para o manobrista, qualquer sentimento mais leve que tinha sido despertado em meu peito acabou sendo pisoteado. Quando piso na calçada, pelo menos uma dúzia ou mais de câmeras diferentes estão no meu rosto, tantas perguntas sendo gritadas, que eu mal consigo decifrá-las individualmente.

— Ace, você está abandonando seus pais por não defenderem o seu relacionamento?

É como se eu estivesse no meio de um furacão, os fotógrafos girando ao meu redor por todos os lados, bloqueando meu caminho enquanto luto para avançar. Minha paciência está desgastando, quando eu digo:

— Por favor, se movam.

— Ace, você não está preocupado por Dylan estar usando você por dinheiro, depois de crescer em lares adotivos?

Paro e examino o mar de rostos e procuro o idiota que disse isso. Ele estava falando sério com essa merda?

— Pode responder as perguntas?

— Saia da minha frente. — grito, levantando minha mão para bloquear a lente da câmera diretamente na minha cara. Os flashes estão me cegando e, além disso, eu não consigo ver as pessoas que se aglomeram em mim para dar um passo. — Vocês precisam se mover ou alguém vai se machucar.

Eu os empurro até chegar ao lado do motorista do meu SUV, e nem me importo em saber quem acabou tropeçando.

Quando fecho a porta e ligo o carro para sair, eu só consigo avançar devido ao cordão de isolamento em torno do veículo. Tudo o que eu posso fazer é colocar meu punho no volante e rezar para ter paciência suficiente para não atropelar ninguém hoje.

***

DYLAN

 

Eu estou no balcão na minha minúscula cozinha com o meu celular entre o meu ouvido e pescoço, rabiscando as informações de um dos vários contratos com a minha agente, Claudia, que está comigo ao telefone. A TV está na minha frente, mas o programa de entretenimento que está transmitindo o almoço de Ace com os pais está especulando com os seus espectadores que ficassem atentos para que eles não perdessem o que iria acontecer no próximo bloco. Pessoalmente, eu desejava que seu sinal de transmissão falhasse para que ninguém descobrisse o que aconteceu depois, mas até agora... Querer que isso acontecesse é uma coisa, acontecer é outra.

— Dylan? — diz Claudia, retomando minha atenção. — Você conseguiu entender tudo?

Eu examino as ofertas, e as empresas que estão oferecendo, e tenho que me lembrar novamente que essa é minha vida. Era ridículo.

São trabalhos dos sonhos. Os meus trabalhos dos sonhos. Esses trabalhos já estavam no meu radar há anos, eram os meus objetivos quando eu vim trabalhar em L.A, e, de repente, depois de me relacionar com Ace, eu tenho um dilúvio de trabalho vindo de todos os cantos do mundo e é... é... Bem, esmagador, e excitante pra caralho.

Ace tinha sido inflexível, e disse que eu deveria aproveitar essas oportunidades que estavam cruzando meu caminho, dizendo-me que eram oportunidades únicas, e positivas no meu trabalho. Mas eu ainda estou hesitante em acreditar que quaisquer desses contratos são reais.

— Sim, entendi. Então eu tenho as próximas duas semanas livre e então a merda ficará louca?

— Louca da melhor maneira possível. Dylan, você está prestes a se tornar um dos modelos mais procurados do mundo.

E são palavras como essa que tornam tudo isso inacreditável. Eu estou prestes a perguntar a ela se amanhã de manhã estava bem procurá-la para assinar esses contratos e obter um cronograma apropriado dos meus próximos trabalhos, quando há uma forte pancada na minha porta da frente.

— Espere um segundo, Claudia?

— Claro, querido.

Eu jogo a caneta no balcão próximo ao bloco de notas e vou para a porta quando a batida começa novamente, e tenho a sensação de que eu sei exatamente quem está do outro lado da...

— Ei. — digo, em saudação, quando abro a porta da frente.

— Ei. — é a resposta brusca de Ace enquanto passa por mim e caminha para dentro. Eu vejo o enxame familiar de fotógrafos no gramado, e leva todo o meu controle para não dar-lhes o dedo do meio.

Levando o telefone de volta ao meu ouvido, eu digo:

— Claudia, eu ligo para você depois. — depois coloco o celular no meu bolso. Os olhos de Ace estão na tela da televisão, eu pego o controle remoto e desligo a TV rapidamente.

— Eu perguntaria como você está, mas... — digo, jogando o controle remoto no sofá.

— Sim. Não estou bem.

— Eu posso ver isso.

— Eu não posso mais fazer isso.

Meu coração cai no fundo do meu estômago, e o sangue nas minhas veias viram gelo. Quando o olhar de Ace para no meu, há uma expressão derrotada lá que eu não tinha visto antes nele, mas também há uma centelha de raiva, e esse olhar me deixa com medo de ouvir suas próximas palavras. Ia dizer que era demais. Que eu não valho o assédio que suporta toda vez que sai de casa. Que o nosso relacionamento não pode sustentar o golpe que sua carreira havia levado. Que foi divertido, um bom mergulho nas águas de um relacionamento, mas esse não é o momento certo, e eu não sou o cara certo.

— Me desculpe. — diz, então se vira, e põe sua mão na nuca. — Pensei que eu fosse mais forte do que isso, mas não posso...

Incapaz de ficar quieto, dou os passos necessários para alcançá-lo, e mesmo sabendo o que iria dizer, eu ainda precisava tocá-lo.

— Ace. Está tudo bem. — digo, querendo tranquilizá-lo, quero apenas o melhor para ele, mesmo que isso signifique quebrar o meu coração.

Ele gira tão rápido que afasta a minha mão. — Podemos ir? Para algum lugar? Qualquer lugar?

— O quê?

— Eles estão em todos os lugares, seguindo-nos constantemente, dizendo a merda mais horrível, e eu nem posso escapar de meus malditos pais. Vamos embora.

Meu cérebro está tentando entender o que estava dizendo, mas tudo o que eu posso sentir é um alívio que as palavras que eu esperava não saíram de sua boca. Em vez disso, eu digo:

— Você quer que nós saiamos para algum lugar... Juntos? Estou ouvindo direito?

— Bem, eu não vou embora sem você.

Eu sei que o sorriso que se espalha pelo meu rosto tem que estar super fora de lugar, mas maldição, se o que ele acabou de dizer não derrete o gelo de segundos atrás.

— Como diabos você pode sorrir agora?

— Desculpe-me — digo, quando eu dou um passo para ele e envolvo meus braços em volta de sua cintura. Quando me inclino para trás um pouco, continuo sorrindo para ele, o olhar severo de Ace simplesmente se aprofunda entre suas sobrancelhas.

— Tudo bem, você está começando a parecer um pouco perturbado agora. — diz.

— Eu pensei que você estava aqui para terminar comigo, seu grande...

— Seja legal. — ele avisa, e sua expressão franzida finalmente começa a relaxar.

— Eu estava aqui... — digo, e beijo uma trilha até sua orelha. — E você acabou de me dar um ataque cardíaco porque eu pensei que você iria acabar tudo, seu grande bastardo, excêntrico. — seu peito aperta contra o meu e mordo o lóbulo da orelha dele, feliz por ter conseguido que ele relaxe. — Então, aonde você quer ir?

— Koh Samui? Havaí? Vanuatu?

— Onde diabos fica Vanuatu?

— É uma pequena ilha ao longo da costa da Austrália, tão longe daqui quanto eu posso pensar.

Passo uma mão no peito dele e cubro seu coração. Eu posso senti-lo batendo em um ritmo constante enquanto ele está parado esperando minha resposta, e torço meus lábios.

— Na verdade... Eu tenho um lugar em mente bem melhor.

— Você tem, hein?

Eu aceno com a cabeça, então acaricio seu peito enquanto caminho para pegar o meu celular. — Agora, com que rapidez nós podemos sair?


Capítulo 14


MELHOR DO QUE O FILME


ACE

 

— Você fica bonitinho quando está nervoso. — Dylan diz com seus lábios se curvando enquanto olha para mim.

— Eu não estou nervoso.

— Você está se remexendo.

— Eu não estou... — olho para o lugar onde estou torcendo o relógio no pulso, rapidamente o solto, e Dylan pega a minha mão.

— Mhmm. Difícil de acreditar que Ace Locke fica nervoso com qualquer coisa... Mas, eis aqui ele nervoso...

— Vou conhecer seus amigos. Sua família. Sim, sem pressão.

— Exatamente. Sem pressão. É por isso que estamos aqui. Para relaxar e respirar, e prometo que ninguém aqui irá ficar em seu traseiro.

— Exceto você, eu espero. — sorrio para ele, e suas covinhas me fazem desejar estar em algum lugar um pouco mais privado. O mundo inteiro ao nosso alcance, e o meu cara quer estar aqui, na Florida ensolarada e úmida. Mas Dylan não tinha visto os amigos e a família em meses, e eu sabia que ele estava preocupado com as pessoas com quem mais se preocupava, e eu também estava animado - não que eu tenha dito isso a ele. Eu nunca conheci a família de alguém com quem eu namorei antes, porque todos foram relações tão insignificantes que não importaram muito. Mas eu sei que o meu futuro está com o homem ao meu lado, e isso significa que essa primeira visita é importante.

— Nesse momento será apenas Derek, e confie em mim, ele ficará mais nervoso do que você quando passarmos pela porta.

Eu encontro um brilho malvado de malícia no rosto de Dylan. — Ele não sabe que estamos vindo?

Dylan sorri. — Onde estaria à diversão nisso?

— Por que tenho a sensação de que você não está sendo bom?

— Porque você é um homem muito inteligente.

— Dylan... Talvez você devesse ligar para ele. Ele pode não querer... — quando Dylan se irrita, corto minhas palavras e franzo a testa.

— Desculpe-me. — diz, tentando se compor. — Você simplesmente não sabe o quão errado está. Ele vai simplesmente morrer quando ver você. Além disso, esta é a minha casa também. Posso trazer quem eu quiser.

Eu sabia que tinha que me tranquilizar, mas eu ainda não estou convencido de que alguém vai gostar de ser surpreendido com um convidado em sua casa. Especialmente um que poderia vir com uma trilha de fotógrafos. Graças a boa sorte, até agora ninguém sabia onde estávamos... Ainda.

Respiro fundo e olho pela janela quando o carro para na calçada de uma modesta casa de um andar. Há um Jeep preto estacionado, mas nada além, nenhuma atividade do lado de fora. É um alívio bem-vindo. A quietude e a tranquilidade de tudo.

— Você está bem? — Dylan pergunta e me viro para encará-lo, sabendo que é minha vez de tranquilizá-lo. Aceno com a cabeça, e quando ele me recompensa com um sorriso brilhante, não posso me impedir de me inclinar, segurar sua bochecha na mão e pressionar um beijo suave em seus lábios. Quando me afasto, passo a ponta do meu polegar sobre a bochecha dele e seus lindos olhos verdes se iluminam.

— Obrigado por me trazer aqui. — digo, e Dylan gentilmente morde o lábio inferior de uma maneira que me faz querer beijá-lo para sempre.

Deus, como eu consegui estar com ele? Como foi possível ter tido essa sorte?

— Obrigado por estar aqui. — diz quando se afasta e depois se volta para a porta quando o motorista a abre. — Pronto?

Solto um gemido fingido e depois o sigo até o bagageiro para pegar as nossas malas. Diretamente do outro lado da rua de sua casa há um longo trecho de areia branca e arenosa, intercaladas com menos pessoas do que eu esperava durante esta época do ano. A água clara no tom azul esverdeado é convidativa, e eu sei que será mais calorosa do que as ondas geladas que eu costumava pegar. Enquanto eu respiro profundamente o ar salgado, meu corpo começa a relaxar pela primeira vez em semanas. Dylan estava certo. É exatamente o que eu preciso - o que nós precisamos.

Enquanto caminhamos pela calçada, Dylan pega as chaves que colocou no bolso, e me parece estranho que essa seja sua casa. Não o estúdio apertado em L.A., mas é uma casa que eu nunca tinha visto antes, com quase quatro mil quilômetros de distância de onde eu moro, e não só isso, mas ele compartilha esse lugar com outro homem. Eu não sabia muito sobre sua vida aqui, e essa realização deixa os meus nervos se dissolvendo e uma curiosidade ardente rugindo para a vida.

Dylan destranca a porta da frente e abre, dando-lhe algumas batidas altas antes de entrar.

— Querida, cheguei! — ele grita, rolando sua mala para uma sala de estar pequena, mas bem decorada, e soltando as chaves em uma mesa lateral.

— Que porra. — ouço um cara - presumivelmente Derek - dizer de algum lugar na parte de trás da casa, e então seus passos pesados estão vindo em nossa direção. Eu nunca vi uma foto do amigo e companheiro de quarto de Dylan antes, mas quando um homem musculoso e tatuado, usando uma calça cargo e um par de botas de combate preto, entra no nosso campo de visão, sacudindo a cabeça com cabelos castanhos e molhados, eu sei quem ele é imediatamente. A descrição de Dylan do sujeito o tinha marcado com um alvo - incluindo a expressão de saudade quando ele vê o rosto impetuoso de seu amigo.

— Cara, como diabos você vem para a cidade logo depois de me dizer que não viria tão cedo? Eu poderia ter pego a sua bunda no aeroporto. — Dylan encontra Derek no meio da sala e o puxa para um abraço.

— Não havia necessidade. Na verdade, eu trouxe...

— Puta-fodida-merda. — os olhos de Derek me encontram do ombro de Dylan, e Dylan se vira e gesticula na minha direção.

— Ace. — ele termina.

 

 


***

DYLAN

 

Enquanto estou lá, ao lado de Derek olhando para o homem que permanece no nosso vestíbulo, eu tenho que concordar com a avaliação de Derek, porque se alguém me dissesse antes de partir para Los Angeles que a próxima vez que chegasse em casa, Ace Locke estaria comigo, esse alguém seria chamado de um grande mentiroso.

Porém... Lá está ele. Uma mala ao seu lado, as mãos nos bolsos da calça e um meio sorriso no rosto. E embora pareça um pouco ansioso, para mim ele nunca tinha parecido mais bonito.

— Derek... — começo, mas Derek acena e dá um passo à frente.

— Você é... — diz, e então para e olha para mim por cima do ombro, e eu não posso evitar o sorriso que se abre em meu rosto quando ele olha de volta para Ace, cujos lábios estão meio repuxados. Ah sim, isso é doce. Não é muito frequente que alguém consegue deixar Derek Pearson mudo, mas que inferno se não é um momento satisfatório, e é uma visão incrível ter esses homens musculosos um ao lado do outro.

— Você é Ace Locke. — Derek informa a Ace, no caso de ele ter esquecido. Então ele volta à cabeça para olhar para mim, e seus olhos estão enormes. — Você trouxe a porra do Ace Locke para a nossa casa sem me avisar?

Eu não posso me impedir o sorriso de sim, eu trouxe que se espalha pelo meu rosto inteiro. Então vou até Ace e meus olhos se viram para vê-lo avançar para frente de Derek, que agora se volta para encará-lo. Ace ergue sua mão, e quando Derek levanta a sua, ele parece um robô, Ace mostra seu sorriso de trinta milhões de dólares e a sacode.

— Você está certo. Eu sou Ace Locke. E você deve ser Derek, o cara que eu tenho que agradecer por não ser capaz de ficar duro.

Oh, não, ele não disse isso.

Os olhos de Derek quase saem de sua cabeça enquanto ele continua apertando a mão de Ace e sua boca se abre e fecha várias vezes, como se ele estivesse tentando dar uma resposta e fisicamente não consegue.

Eu não posso evitar a risada que escapa. — Tudo bem, eu preciso gravar esse momento, porque Derek sem fala não é algo que veremos novamente.

— O que... Eu não posso acreditar... Merda. — Derek diz, e Ace o puxa para frente para abraçá-lo.

— Desculpe, cara, não pude resistir. — Ace diz com uma risada. — Mas, sério, eu escutei muitas coisas boas sobre você.

— A menos que seja sobre o meu pau de 25 centímetros, não acredite em nenhuma palavra do que esse idiota disse. — quando rimos ainda mais, Derek voltou-se para mim e aponta. — Eu não posso acreditar que você fez isso, cara. É melhor manter um olho aberto quando estiver dormindo.

— Você esquece que eu terei Ace Locke dormindo comigo. Tenho certeza de que ele pode levá-lo.

Derek zomba, mas quando olha o tamanho do bíceps de Ace, ele torce os lábios. — Que merda de peso você levanta? Uma vaca?

— Cerca de cento e oitenta e cinco em um bom dia.

Os olhos de Derek se abrem, e ele assente lentamente.

— Certo... Uh... Bem, vamos sentar. — ele faz um gesto em direção ao sofá de couro e cadeiras, e Ace toma uma posição no sofá. Pego algumas garrafas de água da geladeira e pego o lugar vazio ao lado de Ace. Quando me encosto ao lado dele e apoio uma mão em sua coxa, pego uma breve tensão no corpo de Ace, e então, como se ele percebesse que esse é um lugar seguro, relaxa.

— Então, eu posso perguntar como no mundo você acabou com Prescott? Pode dizer se eu estiver sendo muito curioso...

— Cai fora. — brigo, e Derek se afasta, fazendo Ace rir.

— Nah, está tudo bem. — Ace diz, e depois se move no sofá para colocar o braço na parte de trás. Olhe para ele! Ficando todo relaxado, penso, enquanto me aconchego ao seu lado, sabendo que Derek não perde o movimento. — Na verdade, quase o atropelei com o meu carro.

— Não fode.

— É verdade. — digo, depois tiro a tampa da minha água e dou um gole. — Então ele agiu como um idiota.

— Eu acho que isso é certo. Eu estava pronto para dizer ao cara novo o que eu pensava, uma vez que descobri que trabalhávamos juntos, mas depois percebi... — quando Ace para, Derek olha para mim e de volta para Ace.

— Você percebeu...?

— Ele percebeu que eu era o cara no outdoor que ele estava babando por semanas. — digo.

Quando Derek solta uma risada ruidosa, recuo minha cabeça para trás, então meus olhos encontram os de Ace, e eu arqueio minhas sobrancelhas.

— Você é um encrenqueiro. — diz com um sorriso. — Como eu não soube disso?

— Porque você estava muito ocupado tentando entrar na minha calça.

As bochechas de Ace ficam vermelhas e, quando seus olhos se dirigem para Derek, inclino-me e beijo-o na orelha. — Relaxe, ele está bem com isso.

— Além disso — Derek diz. — Você esquece que eu conheço esse cara. Ele tem observado você em sua coleção privada de DVD há anos.

— Derek, cala a porra da boca. — digo.

— O que? É verdade.

— Você estava lá, vendo os filmes comigo. — digo.

Os olhos de Derek se deslocam entre os dois e depois pousam em Ace. — Por razões muito diferentes, gostaria de deixar anotado.

— Sim, seja como for, Pearson. Você estava lá apenas...

— Certo, Ace. — Derek interrompe, olhando para mim como se desejasse jogar sua água na minha cara. — Quer dar um passeio? Eu acredito que Dylan já tem uma pequena lista agradável, que você poderia estar interessado em apreciar.

— Ele já sabe que eu sou um fã dele.

— Um fã obsessivo?

— Não é a palavra que eu usaria.

— Cara, se você estivesse no colégio, teria cartazes de seu traseiro em todo o seu quarto, não minta.

— Jesus. — digo, e olho para Ace para ver se ele está assustado com essa conversa. Mas ele está sorrindo, claramente gostando de ouvir o exame de Derek... Do seu fã.

— Bem, se serve de consolo — Ace diz, com os olhos nos meus. — Eu teria um cartaz desse cara. Essa é uma ótima ideia, na verdade... Deixe-me ver se eu posso pedir para Calvin Klein uma cópia daquele cara gostoso.

Eu solto um gemido e balanço minha cabeça. — Porra, absolutamente não. De jeito nenhum.

— Ei, falando nisso, bonito — Derek diz. — Você não tem que tirar alguma merda de foto para a Gucci ou algo assim? Pensei que não nos veríamos por mais alguns meses.

— Você está se queixando por estarmos aqui? — eu brigo.

— De jeito nenhum. Você sabe melhor do que isso. Mas não me deu tempo para planejar essa festa assassina.

A testa de Ace enruga. — Festa assassina?

— Derek queria juntar o pessoal para lhe dar uma festa de boas vindas quando eu viesse com você aqui. Mas essa é uma ideia...

— Incrível. — Ace diz.

— Incrível? — pergunto. — Eu pensei que você queria algum tempo de inatividade paz e silêncio.

— Não me importaria de conhecer os seus amigos enquanto estamos aqui.

— Mesmo?

— Mesmo.

Derek bate uma mão no joelho e fica de pé. — Parece que é melhor eu começar, então. Por quanto tempo vocês ficarão na cidade?

— Eu tenho que voltar para um trabalho em algumas semanas.

— Perfeito. — Derek agarra sua carteira e as chaves da mesa de café, empurra-as no bolso e então estende a mão para Ace. — Eu tenho que trabalhar e dar alguns telefonemas para a festa, mas foi ótimo conhecê-lo, cara.

— Sim, igualmente. — Ace diz, e então Derek aponta na minha direção.

— Não pense que eu vou esquecer isso. Mantenha um olho aberto, seu fodido.

Rindo, eu aceno com a cabeça e vejo Derek sair. À medida que o som de suas botas no pavimento desaparece, eu deslizo no sofá para ficar no colo de Ace. Coloco os meus braços ao redor de seu pescoço e, quando suas mãos se movem para o meu quadril, me aproximando mais, ele sorri e dou um rápido beijo em seus lábios e digo:

— Então, quer ver o meu quarto?

 

***

ACE

 

Tem tantas coisas que gostaria de descobrir sobre o homem em meu colo, mas quando estende a mão para mim com um sorriso brilhante, esse lado dele rapidamente se torna o meu favorito. É claro que Dylan está se sentindo completamente em casa, e aquela facilidade e aceitação simples é algo que eu ansiei a minha vida inteira. É engraçado que em pouco tempo, eu sinta mais do que jamais havia sentido antes, e isso tudo tem a ver com o homem cujos dedos agora estavam envolvendo nos meus enquanto me levanta do sofá com ele.

— Eu pareço estúpido? — pergunto, quando dou mais um passo para perto de Dylan, apenas para que ele se afaste de mim e puxe minha mão.

— Não. Você parece realmente, realmente muito sexy sentado na minha sala de estar. Mas... — diz, levantando a mão. — Não vou me distrair com todo esse charme Sr. Locke.

— Oh, você não vai, hein?

Dylan continua andando para trás, puxando-me junto com ele. Seus olhos brilham quando ele fala. — Não. Você vê, há algo que eu quero mais do que qualquer outra coisa no mundo nesse momento.

Brincando, eu o sigo pelo corredor, passamos por duas portas. Então, ele para no final do lado esquerdo do corredor, e não posso me impedir de colocar minhas mãos em ambos os lados da cabeça dele e tocar os meus lábios no dele. — E o que seria isso? — sussurro.

Dylan suga uma respiração instável e, enquanto suas pálpebras baixam, ele não é o único respirando miseravelmente. Cristo. “Bonito”, foi como Derek o chamara, e eu me lembro de Russ usar essas palavras também, e enquanto ficamos em frente ao seu quarto, que tem raios de luz do sol fluindo pelas janelas, eu fico hipnotizado pelo quanto ele é impressionante.

Antes que eu possa comentar, ou esmagar a boca dele com a minha, entro no quarto atrás dele. Ao dar um passo para dentro, ele acena com a cabeça.

— Sim... Veja isso aqui. — diz, balançando a cabeça como se estivesse descrente. — Isso é o que eu queria. Ace Locke no meu quarto.

Olho em volta, e há uma cama Queen posicionada contra a parede mais distante, uma janela meio aberta, o suficiente para deixar entrar o ar fresco da praia e, no lado oposto da cama há uma cômoda com uma grande TV. Mas isso não é o que atrai e chama minha atenção. Não, essa honra foi para a estante alta ao lado, que abriga uma extensa coleção de DVDs.

Ok, Daydream, vejamos o quanto você é um fã.

A primeira coisa que eu noto quando me aproximo da estante onde estão os DVDs, é que eles estão todos em ordem alfabética, assim como a minha coleção em casa. Eu quero fazer uma piada sobre essa organização em comum, mas acho um pouco besta demais, então eu examino os títulos e, quanto mais eu leio, mais largos meus olhos ficam. Foda-me, ele não estava brincando.

Quando eu olho para Dylan, ele simplesmente encolhe os ombros como se dissesse “eu te disse” e sua expressão é tão despretensiosa que envia um forte pico de luxúria direto para o meu pau. Olhando de volta para a coleção, examino os títulos até encontrar o que estou procurando, e então tiro o estojo de DVD e o ergo.

— Mmm, Original Bourbon é um dos meus favoritos. — Dylan assente em aprovação enquanto eu caminho para ele.

— Eu aposto que posso adivinhar sua cena favorita. — digo a ele.

— Oh, você acha que sabe, hein?

Empurro Dylan de volta para a cama e, enquanto ele ri da surpresa, arrasto-me entre as coxas dele e o monto, colocando minhas mãos em ambos os lados de sua cabeça.

— Esta posição lhe parece vagamente familiar. — diz, sorrindo amplamente enquanto meu quadril pressiona no dele. — Há apenas uma grande diferença, você não está no topo.

— Ah, certo. — rolando sobre nós até que Dylan esteja agora no topo, eu digo: — O que mais?

— Bem, tenho certeza de que ela não estava de frente para você.

— Não?

Dylan sacode a cabeça e se levanta... Então ele se vira e empurra meu quadril novamente. Olhando por cima do ombro, diz: — Agora, tudo o que nos falta é aquela garrafa de Bourbon.

— Ok, agora você está começando a me assustar.

— Mentiroso.

— Você está certo. — digo, passando as mãos pelas pernas. — Eu devo parecer um fodido doente agora. Mas o pensamento de você deitado na cama, memorizando todos os detalhes... Maldição.

— Não é tão diferente de você se masturbando ao pensar nas minhas fotos, certo? — ele puxa o zíper do meu jeans, e quando sua mão passa sobre a minha ereção que estica contra minha cueca, arqueio meu quadril com o seu toque.

— Certo? — ele pergunta novamente, e aponta um olhar por cima do ombro, esperando minha resposta.

— Deus, sim.

Quando volto a atenção para o que está fazendo, eu não poderia manter minhas mãos só pra mim nem se eu tentasse. Passo minhas mãos em seu quadril, subindo lentamente por seu corpo quando ele desliza os dedos sob o elástico da minha cueca e, quando seus dedos mágicos passam na cabeça inchada do meu pênis, eu solto um gemido.

— Oh, porra! Faça isso de novo. — digo, e Dylan é rápido em cumprir, mas dessa vez ele percorre seus dedos molhados na base do meu eixo, empurrando minha cueca para baixo. Quando meu pau fica livre, ele envolve sua mão ao redor do meu pênis e dá um puxão firme. Eu mergulho meus dedos nas coxas enquanto Dylan continua me provocando e atormentando a dor latejando entre minhas pernas, e eu as abro para dar-lhe melhor acesso. Minha respiração está errática enquanto ele desliza o punho para cima e para baixo no meu comprimento da raiz até a ponta, e estou precisando de todo o meu controle para não jogá-lo na cama, rasgar sua calça e me empurrar para dentro dele.

— Dylan. — digo, quando ele passa uma de suas mãos entre as minhas pernas para massagear minhas bolas.

— Ace... — a mesinha ao meu lado range, inclino-me em meu quadril para ver o que suas mãos estão fazendo, me dando uma visão perfeita de seu traseiro, quando ele começa a se esfregar em mim.

Seguro-o pela cintura e fecho os olhos enquanto impeço seu quadril rebelde e digo com a voz grossa:

— Dispa-me.

Dylan olha de volta para mim, com excitação óbvia em seu rosto. Bochechas coradas, olhos dilatados e lábios úmidos e inchados de tanto ser chupado entre os dentes, ele sempre me provoca assim, e a aparência dele me deixa ainda mais excitado. Ele se afasta e fica de pé junto à cama e, quando vou fazer o mesmo, ele sacode a cabeça e coloca uma mão no meu peito, me deitando na cama.

— Fique deitado assim, coisa quente. — diz, tira sua camisa e então abre o botão de seu short. — Deitado de costas em minha cama, com o short aberto, seu pênis esperando para ser chupado... No meu quarto.

— Eu gosto dessa cama. Agradável e firme... — minhas palavras saem quando Dylan fica nu e algo mais agradável e firme chama minha atenção. Ele coloca um joelho na cama, e se abaixa para segurar a base do meu pênis, quando digo: — Pare.

— Pare?

— Eu sei que você é bem preciso nesses filmes, mas eu acho que essa cena em particular precisa... De uma posição diferente.

Uma das sobrancelhas de Dylan arqueia. — E que posição seria essa?

— Eu quero você sentado na porra do meu rosto.

Um sorriso sensual cruza seus lábios e afasta o joelho do colchão. Caminhando até a cabeceira da cama, se inclina e me dá um beijo destruidor que me diz exatamente o que pensa da minha ideia. Então sobe na cama e monta o meu rosto, posicionando-se de modo que não só sua boca tivesse acesso fácil ao meu pênis, mas eu tivesse uma visão perfeita de tudo o que queria lamber e chupar.

Quando a boca quente de Dylan desce sobre o meu pau, eu levanto minha cabeça e passo a língua sobre seu saco. Ele tenta levantar, mas eu seguro seu quadril, mantendo-o no lugar enquanto eu sugo a pele quente entre meus lábios, com Dylan chupando meu pau como se fosse um picolé.

— Ahhh, Dylan. — grito e afasto os meus lábios dele. Minha cabeça cai na cama enquanto suas mãos alisam minhas coxas, e então ele abaixa um pouco seu corpo para esfregar sua ereção contra a minha camisa. Geme com o atrito em torno do meu comprimento grosso, e depois volta a fazê-lo, sentindo a sensação da camisa escovando em sua carne sensível antes de se afastar. Pego suas nádegas firmes e as aproximo do meu rosto. Chupo uma respiração trêmula, e tento me controlar; com as mãos, eu separo as nádegas firmes podendo ver tudo o que ele está me oferecendo. Inferno! Isso não irá durar muito, e eu só posso esperar que a umidade quente que agora escorre pela minha camisa seja uma indicação de que ele está tão perto de gozar quanto eu.

Com um aperto firme de minha mão sobre sua bunda nua, coloco meus dedos nos lábios e molho com saliva, deixando-os molhados antes de fazer escorregar pela sua fenda. Quando Dylan fica tenso, e os dedos nas minhas coxas apertam, eu me inclino ao mesmo tempo em que empurro a ponta do meu dedo contra o seu buraco.

Dylan ergue a cabeça e pede:

— Mais. — deslizo meu dedo dentro dele enquanto me leva entre os lábios mais uma vez. Não demora muito depois disso. O calor de sua boca no meu pau, o visual do meu dedo entrando e saindo, e depois mais outro dedo, dois agora, desaparecendo no seu buraco apertado, e os sons deliciosamente depravados dele chupando e gemendo ao redor do meu pau libera o meu orgasmo, jorrando o meu gozo na boca de Dylan. Enquanto ele engole com avidez, meus dedos tocam contra sua próstata e seu quadril se sacode uma vez, duas vezes, e então ele jorra toda a sua porra na minha camisa em um jorro quente e pegajoso. Nossas respirações estão aceleradas quando Dylan se vira e se deita sobre mim, lambendo seus lábios.

— Fodidamente delicioso. — diz. — Melhor que o filme.

Eu rio enquanto ele me dá um beijo suave, um beijo que eu sinto em todo o meu corpo, da cabeça até os dedos dos pés e eu adoro me provar na sua língua. Adoro que ele queira qualquer parte de mim dentro dele. Estendo a mão para afastar uma mecha de cabelo de sua testa, e ele se inclina em meu toque.

— Dylan. — digo suavemente, passando os dedos pelos seus cabelos.

— Hmm?

— Há algo importante que penso que precisamos discutir.

Os olhos de Dylan ficam em alerta quando me encara e me pergunto o que ele pensa que eu vou dizer.

Eu pego o lábio inferior dele entre os meus dentes e o chupo para dentro da minha boca, e então lhe dou um sorriso brincalhão e digo:

— Eu acho que você me deve uma camisa nova.


Capítulo 15


PAZ, AMOR... E ABÓBORAS


ACE

 

No dia seguinte, tiramos o Honda Accord de Dylan da garagem, que estava parado nesses últimos meses, e saímos pelos arredores de Sunset Cove para almoçar com sua família. Ele ligou na noite passada e os surpreendeu com a notícia de que estávamos na cidade, e imediatamente sugeriram que devíamos passar por lá, para ficarmos em frente à fogueira, e termos uma rodada tardia de milho de fogueira, seja lá o que isso fosse, concordamos, mas passaríamos primeiro na praia.

O ar quente e salgado me passam um sentimento de rejuvenescimento, e eu me pergunto quando foi à última vez que me senti tão livre. Não duraria, é claro, uma vez que alguém comentasse onde estávamos, mas, pelo menos, a noite passada, com a mão de Dylan na minha enquanto observávamos as ondas quebrando na areia, meu mundo havia encontrado uma base constante.

Paz.

— Você não parecia tão nervoso em conhecer os meus pais quando entrou no meu apartamento ontem. — Dylan diz, olhando rapidamente para mim, quando vira o carro em uma longa faixa de terra. — Por que será?

— Tecnicamente, eu já conheço os seus pais. E ontem eu estava me preparando para me segurar, caso Derek acabasse sendo um pouco amigável demais.

Dylan ri disso e vira à esquerda, passando por uma caixa de correio com a forma de uma casa de madeira de dois andares. Há árvores espessas de cada lado da estradinha de terra e cascalho acidentada, e então Dylan diz: — Mas, como você viu, nosso relacionamento é puramente platônico.

— Eu aprovo.

— E se você não tivesse aprovado? Haveria algum tipo de luta? Rasgariam um ao outro por minhas afeições?

— Você gostaria disso, não é?

— Eu gostaria de assistir. — ele diz.

— E eu aqui pensando que você só queria ser observado. Estou aprendendo mais sobre você todos os dias, Prescott.

Ele ri, à medida que as árvores somem, uma casa de madeira de dois andares, com a forma idêntica da caixa de correio, aparece diante de nós, acentuada por uma escada irregular pintada com as cores do arco-íris. E parece exatamente como o tipo de lugar que eu esperava que os Prescotts vivessem. Um lugar verde e sem vizinhos, e uma versão maior de uma casa estilo barraca. O oposto do imenso patrimônio multimilionário onde meus pais moram em sua comunidade fechada em Chicago.

Depois que Dylan estaciona o carro e nós saímos, Sunshine abre a porta da frente e dá um grande aceno com a cabeça.

— Ei, meninos! — ela diz, e então vai até a grade da varanda e se inclina sobre ela para gritar em direção ao quintal. — Ziggy, largue essa enxada e venha saudar o seu filho e seu novo namorado.

Olho para Dylan, que está sorrindo, mas balança a cabeça.

— Não se preocupe. — eu rio. — Minha mãe sempre diz ao meu pai a mesma coisa. Que as prostitutas podem ser um problema.

Dylan solta uma risada e depois levanta uma mão para proteger seus olhos enquanto olha para Sunshine. Eu sigo sua linha de visão para vê-la correndo em direção às escadas, e enquanto ela caminha, o vestido roxo vibrante que está amarrado entre as pernas, se solta. Quando seus pés batem na escada, eu noto que ela está descalça enquanto corre; muito ansiosa para ver seu garoto, e fico impressionado em como isso me faz sentir.

Como era reconfortante ter um amor tão incondicional assim. E não importa o que você fizesse, ou quem você fosse, pois tudo o que tinha que fazer era chegar a casa e ser aceito. Sem importar quem você fosse.

Dylan é tão sortudo, e isso explica muito sobre o homem que eu estou conhecendo a cada dia que passamos juntos. A razão pela qual ele é sempre tão aberto, tão livre com ele mesmo, e tão incrivelmente amável e amoroso. Está tudo bem aqui. O coração de Dylan está agora de pé diante de nós com calor em seus olhos e pura felicidade por nós em seu coração.

— Ahh! Estou tão feliz que você está aqui. — Sunshine diz quando chega à base da escada. Ela olha entre nós, e seu sorriso está tão cheio de amor que eu juro que posso senti-lo jorrando em nossa direção com os braços estendidos. Seus longos cabelos loiros estão solto, salvo por duas tranças de cada lado da cabeça que estão presas na nuca, e sua pele bronzeada a faz parecer radiante.

Sunshine Prescott é tudo o que eu pensava que seria, e depois que ela termina de abraçar seu filho e entra na minha frente, não posso deixar de agradecer por seu sorriso caloroso.

— Hercules. — ela diz, antes de envolver seus braços em volta da minha cintura e me dar um abraço acolhedor. Quando devolvo o gesto, olho por cima de sua cabeça para Dylan, que me olha com um piscar de olhos. Assim que ela solta a minha cintura e dá um passo para trás, um homem alto, vestido com uma camisa meio suja e uma calça jeans desbotada com as extremidades desgastadas, caminha em nossa direção, limpando as mãos nas pernas. Ele está usando chinelos e um chapéu de abas largas que mostra seus longos e escuros cabelos combinando com o bigode estilo Frank Zappa, declarando que esse homem é Ziggy Prescott.

— Meu garoto. — ele diz enquanto se aproxima e pega Dylan, puxando-o para um abraço de urso. Quando ele bate nas costas dele, eu vejo a maneira como Dylan aperta o homem e sei que ele precisa disso, tanto quanto o outro. Essa família é próxima, e isso é algo... novo para mim, embora Dylan seja um homem adulto, essa injeção de amor familiar já está tendo um efeito calmante, a maneira como ele se acomoda no abraço de seu pai é uma indicação.

Quando Ziggy o solta e segura os lados do pescoço de Dylan, ele pergunta:

— Você está bem? Você sabe que Sunshine e eu não assistimos TV e todo esse lixo, mas temos o laptop que você nos deu e, depois que começamos a usá-lo, olhamos algumas coisas.

Meu estômago anota essas palavras, enquanto eu me pergunto se eles iriam ter algum tipo de ressentimento comigo por colocar seu filho em tudo isso. Mas quando Dylan assente, me olha e diz:

— Eu não me importo com tudo isso. Ace vale à pena. — meu coração bate forte. E quando ambos Ziggy e Sunshine concordam, sinto minhas bochechas aquecerem.

— Bem, você é bonito. — Ziggy diz enquanto seus olhos caem sobre mim, e com a mão ainda segurando o ombro de Dylan, ele dá uma sacudida nele. — E acho que você me disse que caras bonitos não eram seu tipo.

— Caras bonitos? — eu repito. — Eu acho que não tinha ouvido isso antes.

Ziggy me puxa para um abraço e ri enquanto me acaricia nas costas. Quando se afasta, suas mãos vão até os meus ombros, e ele diz:

— Whoa. O cara bonito tem braços bem grandes. Você cuida de jardins?

Meus lábios se contraem com a rápida mudança de conversa. — Jardim? Não, mas fiz uma aula de agricultura na escola secundária.

— Deve continuá-las. — Ziggy diz com o braço em volta do meu ombro, e então começa a caminhar para o quintal. — Você deveria ver o meu jardim, poderia ter um jardim como esse. Eu cultivo ruibarbo, abobrinhas, e shrooms14.

— Você cultiva shrooms? — pergunto com os olhos arregalados.

— Claro que eu cultivo. Não se pode ter um jardim sem shrooms. — então ele se inclina como se fosse me dizer um segredo e sussurra: — Nós teríamos a verdadeira Mary Jane aqui se o governo não fosse um bastardo velhinho no meu traseiro. Eu sempre fui bom em podar árvores.

Tusso e depois olho por cima do meu ombro para ver onde Dylan tinha ido, mas ele e Sunshine estavam atrás de nós, e há um sorriso em seu rosto, e me faz perguntar o quanto de “jardinagem” teve que fazer quando morava com seus pais.

 


***

DYLAN

 

Ace está me olhando, nem me atrevo a deixar de olhá-lo quando Ziggy o afasta e dou um sorriso em resposta. Eu tinha a sensação de que ia gostar de ver Ace fora de sua zona de conforto hoje.

Ziggy faz um gesto em direção a um canteiro dividido em quatro, de tamanhos iguais e preenchidos com várias plantas. — Isso é pimenta, ou como eu gosto de chamar: frutas que queimam os cabelos da minha bunda.

— Oh, Ziggy. — Sunshine diz, dando uma risadinha.

Ele responde-lhe com uma piscadela e depois cutuca Ace. — Aposto que você não sabia que as pimentas são frutas, não é?

— Não, senhor, não sabia. — Ace diz.

— Mmmmm, a maioria das pessoas não sabem. E não me chame de senhor. Ou serei forçado a colocar mais pimenta na sua comida.

— Sim, senhor. — Ace diz, e quando os olhos de Ziggy se estreitam, ele corrige. — Eu quero dizer... Ziggy.

— Assim está melhor. Agora, venha aqui. — Ziggy diz, entregando uma pá e indicando uma pequena seção de terra. — Estou preparando esse canto para plantar algumas abóboras e eu poderia precisar de uma mão extra. Está bem para você dispor de um pouco de nossa disposição masculina, Ace?

Sunshine passa o braço pelo meu cotovelo e fica ao meu lado. Olho para ela e encontro um sorriso em seu rosto, e sei que é sua maneira de transmitir o quão feliz Ziggy está de conhecer Ace.

Eu sempre fui muito privado sobre minha vida familiar, mesmo com Derek e meus amigos. E não é porque eu me envergonhe deles, mas porque eles significavam o mundo para mim e eu não permitiria que ninguém tivesse uma opinião de uma forma ou de outra sobre como eu fui criado. Mas ver Ace rindo ao lado de Ziggy solidifica que essa tinha sido a decisão certa.

— Daydream... — Sunshine diz com um tom melancólico enquanto acaricia com a mão o meu peito. — É tão bom ter você em casa, meu filho.

As linhas ao redor de seus olhos vincam enquanto ela continua a sorrir para mim, e eu me inclino para pressionar um beijo em sua testa. — É bom estar em casa.

— Sim, posso ver que você precisava disso. Eu entendo que é bom ir embora, mas também é importante voltar para as suas raízes. Para reabastecer com o que é realmente importante.

Lá está minha Sunshine. Paz e amor. Esse discurso nunca foi tão bem vindo. Até recentemente, não pensei ter apreciado verdadeiramente a sorte que tive quando se tratava de ambas as coisas. Mas até participar da vida de Ace, e a pequena quantidade de tempo ao seu lado, nunca tinha percebido a importância da paz. Quanto ao amor e à compreensão, quase desejo que Ziggy e Sunshine pudessem sentar-se com os pais de Ace e dar-lhes uma lição do básico.

— E você quer caminhar comigo? — diz ela.

Quando não faço um movimento para segui-la, ela esfrega a mão no meu peito.

— Oh, não fique paranoico. Eu só quero lhe perguntar algumas coisas e lhe mostrar o gazebo que Ziggy finalmente acabou de construir para mim. As vinhas prosperaram este ano. Você sabe o que isso significa?

— Muito vinho neste verão? — adivinho.

— Mmmmm, muito vinho.

Eu olho para onde Ace está agora agachado ao lado de Ziggy, ouvindo atentamente as instruções dadas, e depois olho para Sunshine. — Ok! Vamos lá. Eu adoraria ver isso.

Enquanto caminhamos pela trilha de terra que atravessa os jardins em forma de quadrados de Ziggy, Sunshine fica meio pensativa, e eu posso dizer pelo jeito que está agarrando o meu braço, que tudo o que quer falar comigo será bem pensado. E isso significa apenas uma coisa - Brenda.

Eu sei que esse assunto poderia surgir. Eu estava ativamente evitando esse assunto desde aquela manhã no Syn, quando as nossas vidas, minha e de Ace foram entrelaçadas. Seria fácil evitar. Uma maneira conveniente de afastar um assunto que não me sinto confortável em discutir, mas sei que não irá desaparecer. Eu também sei que preciso sentar com Ace um desses dias, mais cedo ou mais tarde, e contar sobre a minha miserável infância antes que ele ouça de outra pessoa. E com a forma que a imprensa está implacavelmente cavando todos os aspectos da minha vida, não há dúvida em minha mente de que essa conversa precisava acontecer em breve.

Quando chegamos ao final do caminho, Sunshine me detém e olha para os meus mocassins. Sigo seu olhar, e quando levanto os olhos, ela inclina a cabeça para o lado. — Você sabe que ele vai levar como um insulto se você não tirar isso e sentir a grama entre os dedos dos pés.

Eu rio, sabendo que ela está certa. Ziggy tem muito orgulho do seu jardim e a extensão de grama que atravessa a propriedade até a parte de trás do pátio, onde Lennon mora.

Tiro os meus sapatos e piso no tapete de grama fresca. Deus, eu senti falta desse lugar. É tão fácil ficar preso na agitação da cidade, o trabalho, onde todos interagem com seus telefones, computadores, mídias sociais e quem estava fazendo o que. Mas não há nada disso aqui. Aqui existe apenas paz.

Sunshine nos conduz pela grama em direção ao conjunto de árvores ao lado direito da propriedade, e enquanto caminha, acaricia o meu braço. — Estamos muito satisfeitos por você ter vindo com Ace para casa nos encontrar.

— Eu também. — digo, olhando para frente. — Ele precisava disso. — e então eu me corrijo: — Nós precisávamos disso.

Sunshine assente com a cabeça. — Eu nem consigo imaginar como é a sua vida. Todo esse escrutínio. Vinte quatro horas por dia, sete dias na semana.

— É muito selvagem. Ele nem sequer pode caminhar até o carro sem que algum fotógrafo o intercepte com uma câmera e um microfone no seu rosto.

Sunshine para e olha para mim, e eu sei instantaneamente sobre o que estava preocupada. Está escrito em sua expressão o incômodo. Essa é uma das melhores coisas sobre Ziggy e Sunshine - eles nunca escondiam as coisas de seus filhos. Eles eram abertos e honestos com tudo o que estavam pensando e sentindo, e isso era um alívio bem-vindo, considerando que a maioria das pessoas escondem tudo que sentem.

— Você... Têm certeza de que está bem com isso? Com a vida de alguém que está sob muito foco?

— Sim, eu disse...

— Eu sei o que você me disse, Daydream. — diz, com uma expressão franzida em sua testa. — Mas você realmente pensou nisso? Ace é adorável, querido; Não estamos dizendo que ele não é. Ziggy e eu só queremos ter certeza de que você pensou em... Tudo.

— Tudo como em Brenda?

Sunshine abaixa os olhos.

— Bem, sim. Essa é... — ela faz uma pausa e depois solta um suspiro antes de olhar para mim. — Essa é a informação com que os abutres famintos irão se divertir. Abutres que já estão cavando o seu passado.

Eu sei que ela está certa. Quando Ace tinha deixado o almoço com seus pais naquele dia no The Vine, umas das perguntas que surgiram foi em relação aos meus dias de orfanato, e eu sei que será apenas uma questão de tempo antes de aparecerem mais perguntas.

— Eu sei. Quero falar com ele sobre isso enquanto estamos aqui. É uma das razões pelas quais pensei que esse seria um bom lugar para estar. Então ele pode ver onde eu realmente cresci. Dessa forma, quando eu lhe contar todas as coisas que vieram antes disso, isso não parecerá tão ruim.

Inferno, quem eu estou tentando enganar? Não importa o que eu tenha feito ou o que eu mostre a Ace, nada o impediria de sentir o choque do que eu teria que lhe dizer.

— Oh, querido. — diz Sunshine, apertando meu braço. — Você não está preocupado com a reação dele, está? Esse homem olha para você como se você tivesse pendurado na lua.

— É claro que estou preocupado. Não porque não confio nele, mas porque não quero que ele me veja de maneira diferente. Não quero que a expressão “pendurado na lua” desapareça.

— Não há nada que você possa fazer sobre o seu passado, Daydream. Ele tem que aceitá-lo como é, ou não é digno de você.

— Eu sei disso. Realmente sei. Vou dizer a ele.

— Bom garoto.

— E quanto a Brenda? Mais ligações? Visitas surpresas?

— Nem um pio, e se ela sabe o que é bom para ela, ela ficará longe.

— Ou Ziggy a enterrará no quintal?

Sunshine fez uma careta. — Essa é uma opção. Mas não se preocupe com ela.

— Eu vou tentar. — eu passo a mão pelos meus cabelos e respiro fundo, olhando para o gazebo recém erguido, decorado com vinhas de uvas verdes exuberantes pontuadas com uvas moscatel roxas roliças entrelaçadas na treliça. — Isso parece ótimo, Sunshine. Eu gosto dessa decoração de rosas em torno da vinha.

— Aqui tem todos os nossos favoritos, vê? — ela passa e aponta para o lado direito da entrada, acompanhando as vinhas. — Gypsy Sue para Ziggy, April Moon para mim, Earth Song para Lennon e New Dawn para o meu Daydream.

Caminhando até os arbustos, sorrio para ela e depois me abaixo para cheirar cada uma. Isso me lembra da primeira vez que conheci Sunshine. Quando a senhora do serviço de proteção infantil encostou o carro na entrada, ela estava na frente, ocupada plantando uma sarça de New Dawns para a minha chegada, e quando me abraçou, tinha o abraço amoroso e terroso, o mesmo que tinha agora. Eu nunca tinha recebido um abraço até aquele momento, e não tinha ideia do que estava perdendo. Quão importante e necessário era o toque de outra pessoa. Eu me senti assim com Sunshine e Ziggy desde o primeiro dia, e a única outra pessoa que teve esse efeito em mim está plantando abóboras no quintal dos meus pais.

— Eu te amo, mamãe.

A cabeça de Sunshine levanta-se e, quando ela se endireita, seus olhos brilham um pouco. — Eu também te amo, querido.

Eu envolvo meus braços em torno de seus ombros então, ela passa os braços em minha cintura, e eu fico lá, contente por ser consolado pela mulher que me criou - a única mulher que importa.

Quando um grito alto surge por trás da casa, Sunshine olha para mim.

— É melhor voltarmos. Parece que Lennon encontrou o seu garoto.


Capítulo 16


CONFISSÕES NA FOGUEIRA


ACE

 

— Por todos os meios, Hercules, você está na jogada. Duas mentiras e uma verdade. Vamos ver o quão bom ator você realmente é.

Eu sorrio para Ziggy em volta da fogueira e esfrego minhas mãos em meus shorts. — Sem pressão ou nada.

— Não, não, nada disso. Nós só vamos fazer você beber do copo ao seu lado.

Levanto o copo de plástico cheio até a borda com o que eles me disseram ser o vinho especial de moscatel caseiro de Ziggy, e dou uma boa cheirada no doce líquido. — Não parece muito potente para mim. É apenas vinho, certo?

— Siiiiiiiim. — Lennon diz ao meu lado, recostando-se na cadeira dobrada, onde eu mal conseguia distinguir os olhos sob todo aquele cabelo. O cara definitivamente foi um Beatle em sua vida passada. — Se for apenas vinho, não deve mexer com você, grandalhão.

Eu estreito meus olhos para ele e, em seguida, olho ao redor do círculo para as expressões inocentes de Ziggy, Sunshine e Dylan. — Por que tenho a sensação de que vocês estão brincando comigo?

— É apenas um jogo, coisa quente. — Dylan diz com seus lábios se curvando para o lado. — Quer que eu vá primeiro?

— Não, não, eu entendi. Duas mentiras e uma verdade... Ok deixe-me pensar. — conhecendo essa família, eles teriam muitas cartas nas mangas, então eu preciso trazer isso à tona. Minha carreira de ator depende disso, aparentemente. — Tudo bem, aqui vamos nós: número um, eu fui preso por ter invadido a escola secundária rival. Número dois: visitei todos os sete continentes. Número três: sou realmente alérgico a moscatel.

Risos soam em torno da fogueira, e Lennon diz:

— Oh merda, amigo, espero que a última não seja a verdadeira, mas, se for, vamos fazer você conversar com o Benadryl depois.

— Eu vou adivinhar... — Dylan começa, mas Sunshine coloca uma mão sobre sua boca.

— Você não pode ir primeiro. Você provavelmente já sabe a resposta.

— Eu não sei, eu juro. — Dylan diz.

Sunshine balança a cabeça. — Não senhor. Agora, eu digo que o número dois é verdadeiro e os outros são falsos.

Ziggy levanta uma sobrancelha para ela. — Você acha que ele já esteve na Antártica?

— Ele tem um jato particular. — Dylan fala.

— Sério? Ninguém em sã consciência quer ir para lá. — Ziggy diz.

Lennon senta-se e aponta para mim. — Espere, cara. Onde você filmou esse filme no gelo? Você sabe, aquele com a avalanche, como se chama...

— Uh, Avalanche? — Dylan diz.

— Oh sim. Sim, aquele. Onde você gravou, Hercules?

Levanto as mãos. — Não posso te dizer isso.

Lennon inclina-se sobre o braço da cadeira e estreita os olhos para mim, estudando meu rosto. — Hmm. Eu digo que o número um é o verdadeiro.

Dylan bufa. — Okay, certo. Se Ace tivesse sido preso, eu saberia disso.

— Claro que você saberia... Você é o perseguidor dele, irmão. — Lennon responde. — Então, o que é verdade, então?

— Fácil. Número dois. — Dylan diz.

— Sim, eu concordo. — Ziggy assente. — O número dois é a verdade.

Quando olho ao redor do círculo, torço os meus lábios.

— Parece que todos concordam, exceto Lennon aqui. Não posso acreditar que vocês pensam que eu faria algo tão tolo. Invadir outra escola e ser preso por vandalizar a mascote deles? Sim, isso é estúpido. Muito ruim que seja a verdade. — meu olhar vai para Dylan, Ziggy e Sunshine, e eu sorrio. — Parece que vocês três vão beber.

— O quê! De jeito nenhum no inferno. — Dylan protesta, movendo-se até o limite do assento.

— Calma, mano. — Lennon aponta para o copo de Dylan e imita o movimento de beber. — Engula.

Dylan olha-me sobre as chamas cintilantes, e olho para o copo que ele está segurando antes de apontar para a bebida dele. — Espero que você tenha uma alta tolerância, Daydream.

Ziggy solta uma risada. — Essa é uma boa piada.

— Ohhh. — digo, observando Dylan levando o copo para os lábios. — Isso é algo novo. Você está dizendo que ele não pode lidar com seu vinho?

— Bem, digamos que Dylan é conhecido por...

— Ei, Zig. Você não pode entregar todos os meus segredos, eu preciso de alguns para jogar quando for a minha vez, não concorda? — Dylan diz.

Ziggy faz um show fechando os lábios e depois os três Prescotts sentados na minha frente, exceto Lennon, levam os copos para os lábios e dão a primeira golada no vinho. Ziggy aperta os lábios e joga o copo no chão, soltando um grito e depois olha para a esposa.

— Pronto, Shine?

O sorriso malicioso nos lábios dela me faz rir de onde estou. Não consigo me lembrar de um momento em que eu me senti tão relaxado, e olhando para a família na minha frente, me fez perceber uma parte integrante de Dylan, essas pessoas. Sua risada fácil e natureza generosa resultam dessas pessoas que abrem os braços para um completo estranho e agora estão sentadas ao redor de uma fogueira conversando bobagens com ele.

— Estou pronta. — declara Sunshine, e empurra uma mecha de cabelos loiros para trás de sua orelha. — Número um: a árvore em que você e Lennon estão sentados aí... — ela fez uma pausa, enquanto eu viro minha cabeça para olhar para o tronco da árvore atrás de onde estávamos e depois volto minha atenção para ela. — Foi lá que Lennon foi concebido e onde nasceu. Número dois: fui presa após um protesto de paz em 1978, juntamente com cerca de sessenta outras pessoas, incluindo Ziggy aqui. E foi como nos conhecemos. E o número três: meu nome verdadeiro é Barbara.

Eu examino os olhos arregalados de todos apontados na minha direção quando toco o meu lábio no copo. Dylan está sentado relaxado no assento dele, com o copo apoiado no joelho e com um sorriso malicioso em seu rosto deslumbrante, enquanto sacode a cabeça para mim. Ele tinha que saber que eu me lembraria da conversa dele depois de se mudar, de quando ele estava na faculdade... Então, sim, eu estava bastante confiante de saber essa.

— Tudo bem. — digo, sentando-me um pouco mais reto no meu assento. — Bom, vou com o número um, Sunshine. E não que eu não duvide de você e Ziggy entrando em contato com a natureza... Eu apenas tenho uma intuição que você se mudou para cá quando Dylan estava na faculdade.

A boca de Sunshine se abre e ela balança a cabeça para Dylan com um olhar acusatório. Dylan lhe dá um olhar de desculpas, e encolhe os ombros. — O que? Como eu deveria saber o que não podia dizer a ele, para que você pudesse usar contra ele mais tarde?

Eu rio daquilo, e os olhos de Dylan encontram os meus. — Oh, não ria demais, Locke. Você é um jogador sujo. E os jogadores sujos sempre conseguem alguma coisa.

Eu não tinha certeza se Dylan percebeu o modo como suas palavras soavam, ou como o olhar que ele estava me dando me afetava, mas ambos foram diretamente para o sul e fizeram me remexer na minha cadeira.

— Vê? — diz em tom de provocação, e adiciona uma piscadela. Ok, sim. Ele sabia exatamente o que havia feito.

— Oh, deixe o pobre homem em paz, Dylan. Ele está tentando pensar sobre a resposta, não sobre o que você quer fazer com ele mais tarde. — Ziggy diz lembrando-me do quão aberta é essa família em relação à... tudo. — Então, tudo bem. Isso ainda não significa que você está fora. Então dê-nos o seu melhor chute.

Penso nas outras duas opções. Eu definitivamente poderia ver o encontro de Ziggy e Sunshine depois de serem presos, mas eu também tive que me perguntar se Sunshine tinha sido legalmente chamada de Sunshine desde o nascimento. Dylan recebeu o nome Daydream quando foi adotado pela família, então... — Ok. Acho que a verdade é que seu nome verdadeiro é Barbara.

Quando os meus olhos pousam em Sunshine, ela finge refletir sobre o assunto por um segundo e depois sacude a cabeça, rindo. — Desculpe, Hercules... Os meus pais tinham nomes de flores, e deram nomes assim aos filhos. Sou Sunshine desde o dia em que minha mãe e meu pai souberam que eu estava a caminho.

Pego a risada arrogante de Dylan, e quando eu olho para ele, levanta o copo com uma saudação falsa. — Um brinde, cara grande.

Cristo. Ele tinha apenas tomado um gole da bebida e estava se tornando cada vez mais óbvio que Dylan já estava meio alto. Sua vibração de flerte – e a lembrança das minhas palavras para ele no meu aniversário meses atrás – nada foi perdido para mim quando levanto o copo e tomo o vinho. Mmm, não é ruim. Muito bom, na verdade. Eu nunca tinha bebido moscatel antes. A bebida é doce e tem gosto de uvas, mas tem uma boa dosagem de álcool também.

— Você faz essa bebida? — pergunto a Ziggy, e ele inclina a cabeça antes de levantar-se para pegar o recipiente de vinho.

— O material que você encontra na loja também pode ser chamado de suco de uva para bebês. Esse material — ele diz dando uma volta para recarregar os nossos copos. — Colocará um pouco de cabelo em seu peito. Bem, não em você, Shine.

Sunshine sorri para o marido e depois joga um marshmallow em Lennon, que o pega com a boca.

— Acho que é a minha vez, hein? — ele diz com a boca cheia, e então engole e estica as pernas antes de cruzá-las nos tornozelos. Ele ergue três dedos, começando a assinalá-los. — Um: uma vez eu andei nu encima de uma vaca por conta de um desafio e consegui ficar uns bons dez segundos antes de cair de bunda no chão. Dois: Derramei detergente em todas as fontes do centro da cidade para fazer bolhas, e também foi um desafio. Três: Subi em uma torre de água com uma ex, e escalamos até o topo para dar uma mijada. Não foi um desafio, foi apenas por diversão.

Todos olham para ele com nossas bocas abertas, até que Dylan começa a rir.

— Como você nunca foi preso? — ele diz.

Um sorriso de Cheshire15 se forma no rosto de Lennon. — Habilidades, cara. Habilidades furtivas e loucas.

Ziggy levanta seu copo. — A vaca é verdadeira.

— Fontes de bolhas. — Sunshine diz.

Eu imito a pose de Lennon de mais cedo e me inclino para falar com ele. — Tenho que ficar com a escalada de uma torre de água e a mijada. E o que você foi fazer por lá, bonitão?

Dylan esfrega as mãos sobre o rosto e se inclina para frente, colocando seus cotovelos no joelho. — Doce Jesus, quase não quero saber. Mas eu irei ficar com... Montar nu em uma vaca, mesmo sendo ridículo.

— E o vencedor é... — Lennon bate em suas coxas como um tambor antes de apontar para mim.

— O quê! Você deve estar brincando comigo. — Dylan diz.

— Você não levou aquela linda garota de Elmhurst. Não, você não fez isso. — Sunshine tenta mostrar em seu rosto a desaprovação, mas ela não consegue parar a risada que surge.

Lennon encolhe os ombros. — Cara, ela sempre disse que queria um banho dourado.

— Que maneira de dar a uma garota o que ela quer depois do ato. — Ziggy diz. Ele ergue o copo dele e dá um longo gole.

Dylan olha para a bebida dele e murmura:

— Eu vou ficar tão bêbado.

— Agora, isso é algo que eu não posso esperar para ver. — digo, enquanto levanto o dedo médio indicando o líquido frutado.

 

***

DYLAN

 

O meu plano tinha monumentalmente saído pela culatra. Não me pergunte como isso aconteceu, mas em algum lugar ao redor da segunda rodada de duas mentiras e uma verdade, eu tive que beber mais três copos de vinho de Ziggy, enquanto Ace ainda estava sentado na minha frente segurando seu segundo copo ainda intocado.

Quem sabia que o bastardo sortudo é tão habilidoso em ler pessoas? Tão bom que obteve mais respostas sobre minha própria família do que eu tinha.

Minha cabeça está zumbindo, e meus lábios estão achando difícil formar palavras completas com todo esse estupor, e enquanto Ziggy está ao meu lado segurando a mão de Sunshine, olho para o outro lado do fogo, e encontro Ace olhando para mim com os olhos encapuzados.

Nós decidimos por volta de dois copos atrás que passaríamos a noite aqui, na pequena cabana de madeira que Ziggy havia construído em anexo à casa alguns anos atrás. É uma cabana bem pequena, e eu fui rápido em apontar esse fato para Ace, mas ele me disse que estaria mais do que feliz em ficar. Então, estávamos lá e, à medida que as perguntas chegam ao fim e Ziggy puxa Sunshine para um suave abraço em torno da fogueira, Lennon bebe o que tinha que ser o quarto ou o quinto copo e fica de pé.

— Estou bem, caras. — ele diz, e soluça antes de cambalear ligeiramente, o que me faz rir de forma alucinante. Fico feliz por não ter sido o único prejudicado. — Eu só vou... Vocês sabem... — ele se apressa, indicando com uma onda de mão o Silver Streak Clipper16 que está parado na parte de trás da propriedade de Ziggy e Sunshine. — Hora de ir.

Sunshine puxa os braços de Ziggy e se aproxima para beijar sua bochecha, e fico espantado, como sempre, com toda essa mistura boa na casa de Ziggy. Os dois estão ligeiramente borrados na neblina das chamas e fumaça, e pelo canto do meu olho eu pego Ace levantando-se. Pisco, tentando me concentrar claramente nele se aproximando, e arrasto meu olhar sobre suas longas pernas, até o sensual sorriso curvando os seus lábios gostosos. Essa expressão me fez levantar o copo meio vazio até os meus lábios para acabar o vinho doce em um último gole, enquanto Ace para na minha frente e estende a mão.

Quando me levanto, fico surpreso de poder suportar meu peso, e o riso baixo que vem da garganta de Ace me faz aproximar-me da sólida parede de homem que está na minha frente.

— Você está bem, Daydream?

Levanto a cabeça e belisco seu queixo.

— Eu estou muito beeeem... — eu falo e levanto a mão para bater no peito dele. — E você também.

Ace dá um beijo na minha testa, e seus lábios quentes me fazem zumbir e me acomodar em seu peito amplo.

— Eu acho que é hora desse aqui deitar antes de cair. — ouço Ace dizendo sobre a minha cabeça. Eu não tenho certeza do que foi dito depois disso, mas antes que soubesse como, estava sendo conduzido através do jardim dos meus pais com a mão segura e forte do grande cara envolvendo minha cintura.

Tonto e mais à vontade do que eu estive em semanas, praticamente dou vários passos à frente de Ace antes de me virar para encará-lo, atraindo-o.

— Já teve transou sob as estrelas? — pergunto, olhando os diamantes brilhantes no céu.

— Você está bêbado, Sr. Prescott.

— Não estou. — hesito e a risada sexy dele patina sobre a minha pele hipersensível, fazendo-a arrepiar quando ele me puxa, então eu estou esmagado contra ele. Ele abaixa a cabeça e dá um beijo na minha testa.

— Mhmm. Você está bêbado, paquerador e fofo pra caralho.

Saio de seus braços e sacudo a cabeça, e depois sorrio quando uma das sobrancelhas de Ace arqueia. — Não? Você não acha que é uma dessas coisas? Porque, até onde eu sei, você está tentando duramente me despir e deixar-me nu com os seus pais logo ali.

Quando respiro fundo, Ace segue o movimento, seus olhos nunca se afastam dos meus. — Eu nunca faria isso.

A expressão de Ace grita outra coisa: besteira.

— Pelo que me lembro bem, foi na sua vez que a jogada terminou, antes de ser declarado perdedor, eu acho que você não poderia lidar com outra perda na rodada, Daydream. Então, que tal? Podemos fazer mais uma série de perguntas essa noite, mas em vez do perdedor beber um copo de vinho, o perdedor pode...

— Deitar nu e deixar o vencedor fazer o que quiser com ele?

Ace segue meus passos até eu tropeçar, e bato uma mão sobre a minha boca quando eu rio, achando difícil encontrar os meus pés e conseguir manter o equilíbrio. Para minha sorte, as minhas costas atingem a superfície sólida do peito convidativo de Ace – e você sabe, eu apenas me apoio nele para me manter na posição vertical.

— Isso parece perfeito. — ele sussurra, e passa seus lábios sobre os meus. — Hmm, você tem gosto de vinho doce.

Quando ergue a cabeça, seus olhos encontram com os meus, e as intenções dele ficam claras. Assim que entrarmos nessa cabana... Era isso.

— Um, eu já dei orgasmos múltiplos a um parceiro usando apenas a minha boca. — Ace diz.

Ele está brincando? As palavras de Ace no meu ouvido são suficientes para fazer os meus joelhos tremerem, mas imaginá-lo com outra pessoa não faz bem a minha...

— Dois, já passei a noite toda realizando posições que sempre me deixaram curioso em explorar até deixar o meu parceiro... Esgotado.

Ok! É isso. Eu coloco minhas mãos no peito de Ace, prestes a empurrá-lo para trás, quando suga o lóbulo da minha orelha e meu pau traidor passa de interessado para duro como pedra.

— E três, eu já fiz o meu parceiro gritar tão alto, que sua família ficou bem ciente de que não precisávamos de nenhum tipo de erva para ficarmos mais excitados.

Quando Ace ergue a cabeça, vira a maçaneta da porta e tropeçamos no pequeno espaço. O olhar arrogante em seu rosto me deixa saber que ele vai acabar comigo, e meu coração bate forte quando ele diz:

— De manhã, nenhuma dessas mentiras serão mentiras. — então, ele fecha a porta atrás dele.


Capítulo 17


VENHA VELEJAR


DYLAN

 

— Hmmm. Quando você disse que alugou um barco para passarmos o dia, pensei que você estava se referindo a uma lancha veloz, Ace. — digo, quando paramos na borda do cais.

Passamos alguns dias na casa dos meus pais, o que foi seguido por uma noite que, mesmo tendo ficado muito bêbado, ainda lembro vividamente. E era bom ter lembrado, porque Ace foi implacável na tarefa, recusando-se a parar até que sua boca extraísse tantos orgasmos do meu corpo, que eu perdi a contagem. Um arrepio passa por mim apenas ao lembrar, mas antes que meu pau decida ter alguma ideia, eu tento me concentrar no iate branco brilhante na nossa frente. Hoje não há nenhuma nuvem no céu, e o sol está brilhante, refletindo a monstruosidade diante de nós. Ace teve que levantar a mão para proteger seus olhos quando olha para mim.

— O quê? — ele pergunta. — Você disse que poderia pilotar um barco. Você não disse qual o tamanho.

— Oh, essa frase... Você apenas pediu por isso.

— Talvez eu esteja pedindo por isso.

Eu arqueio uma sobrancelha. — Ao me deixar pilotar essa embarcação grande e longa pelo oceano?

— Foda-me. — Ace geme.

— Ei, você começou.

— Eu também gostaria de terminar isso.

— Então, por que não termina?

— Dylan.

— Hmm?

— Você pode pilotar ou não?

Assim que as palavras saem de sua boca, um adolescente de aproximadamente 13 ou 14 anos, acho, abre caminho na mistura de turistas e moradores que estão no calçadão e no cais. Ele é bronzeado e está usando um boné branco Rip Curl, um short branco e a mesma camisa Sunset Cove que eu possuo - o orgulho local.

— Uhh... desculpe-me... Sr. Locke? — ele diz atrás de Ace. O menino olha para mim e me dá um sorriso tímido enquanto espera com expectativa pelo homem que iria virar e encará-lo.

Quando Ace vira, o garoto dá um passo para trás enquanto olha para ele com uma mistura de choque e êxtase marcado por todo seu rosto. É uma expressão tão maravilhosa de adoração imparcial, que faz meu coração acelerar por Ace.

— Olá. — Ace diz enquanto olha para o menino.

— Oi... Uhh... Humm...

— Você pode me chamar de Ace. — diz, e o sorriso animado que atravessa os olhos do menino me faz rir. Ace Locke levando alegria para todo o maldito mundo.

— Eu não quero interromper, mas eu queria saber se você poderia autografar o meu boné? — diz o garoto enquanto tira o boné da cabeça. Ace pega o boné e a caneta, e quando o garoto alegremente os entrega, Ace pergunta: — Como você se chama?

— Luke.

— Eu adoraria autografar o seu boné, Luke.

— Obrigado. Minha mãe está ali. — ele diz, gesticulando para trás com o polegar, e Ace olha para onde também olho, a tempo de ver uma pequena mulher morena nos dar um sorriso e um rápido aceno. Ace acena, como eu, e depois volta sua atenção para a criança e para o que estava fazendo.

— Então, você está aqui para um passeio? — ele pergunta, casual como sempre, claramente à vontade ao fazer pequenas conversas com todos em sua linha de negócios.

— Não. — o menino ri. — Nós vamos sair no nosso barco hoje. Vamos pescar, todos nós vamos.

— Oh, bem, quer saber? Nós também vamos sair de barco.

Ace assina o boné e então o entrega ao menino enquanto ele se endireita.

— É esse o seu barco? — ele pergunta, apontando para o iate elegante com a boca aberta, bem como a minha estava quando Ace o mostrou para mim.

— Sim, estamos pretendendo sair nele. Dylan vai pilotar.

— Oh, uau! — Luke diz e então seus olhos encontram os meus. — Isso é tão legal.

Concordo com a cabeça e sorrio para ele. — Estou muito entusiasmado com isso.

Ace ri e então o menino começa a se afastar. — Bem, obrigado, senhor... hmmm... Ace. Foi muito bom conhecer você. Sou um grande fã.

— Foi maravilhoso conhecer você também, Luke. Espero que você e sua mãe tenham um bom dia.

— Eu espero que vocês também tenham. — ele diz com um aceno amistoso antes de voltar para onde sua mãe está parada. Ace e eu o observamos, e quando ele chega até ela, mostra o boné e dá um soco excitado no ar.

Que presente, Ace deixa os outros tão incrivelmente felizes. Parece injusto que ele seja julgado por querer um pouco dessa felicidade para si mesmo.

— Então — Ace diz, se virando para me encarar com um sorriso. — Você pode pilotar isso ou não?

— Essa criança não te ensinou nada? Você não passa sua vida na Flórida e não aprende como dirigir um barco de qualquer tamanho, coisa quente.

Um sorriso lindo cruza os lábios dele e ele me dá uma palmada na bunda. — Então, que tal subir a bordo antes de jogá-lo no meu ombro e fazer isso por você?

— Oh sim? Você faria isso na frente de todas essas pessoas?

Ace cruza os braços, e pelo aperto em sua mandíbula, percebo que o olhar por trás de seus óculos de sol é um desafio que não posso ignorar. Olho os enormes músculos de seu peito, seus braços, seus ombros e a forma como a camisa branca casual que ele usa se estica em seu corpo, e minhas pernas avançam rapidinho até a escada do barco em um segundo. Não porque esteja com medo que ele seguiria com a sua ameaça - mas porque eu não confio em mim mesmo para não rasgar sua camisa com os meus dentes.

Sim, esse cara me transformou em um ninfomaníaco.

Assim que meus pés tocam o convés, eu me viro para ver Ace subindo a bordo atrás de mim.

— Eu tenho que dizer que estou gostando de fazer isso — digo, e me aproximo dele, passando meus dedos ao longo do antebraço musculoso dele. — Sem câmeras nos rodeando.

Ace inclina-se para dar um beijo em meus lábios, e quando se afasta e olha para mim por cima de seus óculos, há um brilho perverso em seus olhos. — E eu gosto disso, gosto de poder tocá-lo. Agora, vá até o timão17, Dylan, antes que eu fique tentado a ver o quanto eu posso tocá-lo.

— Sim, sim, Comandante Locke. — quando pego as chaves, Ace fica em minha frente, e depois subo para o leme do barco. Ace então vai desatar as cordas das amarras para que possamos sair.

É um belo dia de verão em Sunset Cove, e não consigo acreditar que estou no comando desse barco enorme. Crescendo primeiro em San Francisco, depois, mais tarde, na Flórida, pilotar um barco de pesca em mar profundo, ou até mesmo aproveitar o dia ou fim de semana com amigos em uma enseada escondida, não é novidade. Mas o tamanho e o luxo desse iate me deixa um pouco nervoso.

E então nós estamos fora da enseada, navegando pelo mar aberto em um curto espaço de tempo, com o vento soprando em torno de nós, e a beleza absoluta das águas cristalinas até onde os olhos podem alcançar. Ficar admirando o belo dia na proa desse iate é irresistível. Então, novamente, penso, enquanto eu olho para o homem de pé ao meu lado, tudo o que Ace faz é sempre de tirar o fôlego – incluindo a maneira como ele tirou casualmente a camisa uns dez minutos atrás. Ele está de pé ao meu lado, usando apenas seu short de cargo cáqui, chinelos e óculos aviadores, e parece fenomenal. Como se estivesse no meio da filmagem de uma cena em um de seus filmes. Todo bronzeado, com seus músculos esculpidos e tão bem definidos que poderia seguir sua musculatura com a língua... O que eu simplesmente faria.

Ace capta meu olhar pelo canto do olho, porque vira em minha direção e apoia seu ombro contra a grade. — Você sabe o quanto eu gosto de ser o seu único foco, Daydream, mas não acha que deveria prestar atenção ao que está fazendo?

Pego meus óculos e puxo-os até a ponta do meu nariz, para fazer um show de que o estava verificando. Então mostro minha língua e coloco os óculos de volta no lugar. — Confie em mim, eu sei exatamente o que estou fazendo.

— E o que é?

— Eu vou sequestrá-lo, Sr. Locke. — digo com a minha melhor atuação de um vilão de James Bond.

Ace ri, se afastando da grade para ficar ao meu lado. Fico de olho em seus olhos quando vai para trás de mim e envolve seus braços em volta da minha cintura. Quando me encosto contra seu peito, sinto-o aninhar sua virilha contra minhas costas e colocar os lábios na minha têmpora.

— É realmente um sequestro se fui eu que providenciei o transporte?

— Ei! — eu digo. — Não tente arruinar a minha fantasia!

— Oh, desculpe. — diz, beliscando a ponta da minha orelha. — Por favor, continue. Diga-me onde você está me levando, seu homem muito, muito assustador?

— Assim está melhor. E eu vou levá-lo para algum lugar isolado...

— Estou gostando disso.

— Onde possa amarrar você...

— Eu ainda estou gostando disso.

Eu giro minha cabeça. — Mesmo? Você gosta dessa ideia?

Uma das sobrancelhas de Ace arqueia em resposta e seu lábio inclina. — Chocado?

— Eu não deveria estar, mas acho que você gosta de me surpreender.

— Eu sei. — diz, balançando a cabeça.

— Bom, eu gosto de surpresas.

Ace levanta seus óculos de sol e coloca-os no topo da cabeça para que eu possa ver seus olhos. O olhar que ele me dá é tão cheio de sentimentos, que promete arrancar o ar do meu peito, e eu tenho que apertar meus dedos no leme do iate para continuar nos guiando.

Hoje, eu quero conversar com Ace. E finalmente contar-lhe sobre o meu passado. Mas por enquanto, enquanto ficamos no leme do iate, eu me contento em relaxar e desfrutar da promessa de águas suaves - antes que elas se tornem turbulentas.

 

***

ACE

 

Meia hora depois, Dylan joga a âncora em uma pequena enseada isolada e eu entro na cabine para pegar a cesta com o almoço que pedi para nós. Quando volto para o convés, ele já tirou a camisa e espalhou algumas toalhas de praia grandes na proa. Tem uma garrafa de loção bronzeadora em uma mão, e quando se vira e me vê com a cesta que levei, ele balança a cabeça.

— Eu estava planejando pegar alguns peixes com as minhas mãos para o almoço, mas acho que isso vai resolver. — diz, sorrindo.

Coloco a cesta na proa, pego a garrafa das mãos de Dylan e dou um rápido aperto. Então abro a tampa e derramo uma porção generosa de loção na minha mão. — Eu adoraria ver isso. Talvez na próxima vez.

— Talvez... Oh, isso é bom. — ele geme, enquanto esfrego a loção em seu pescoço e ombros antes de massagear suas costas. Adoro a sensação de seu corpo sob minhas mãos, todos aqueles músculos esguios e pele lisa. Quando beijo o ponto abaixo de sua orelha, ele diz:

— Você só quer me apalpar.

— Eu quero. Eu também quero alimentá-lo.

Os olhos de Dylan encontram os meus. — Sério?

Acenando positivamente, eu caio de joelhos e pego a cesta.

— Ahhhh. — ele diz com decepção em sua voz. — Eu pensei que quisesse dizer... Algo diferente.

— Eu quis dizer isso também. Mas primeiro... — levanto a tampa da cesta e tiro o conteúdo - cinco recipientes diferentes de queijo fatiado e bolachas, frutas, tortinhas e mini cheese cakes. Então bato no local ao meu lado.

Dylan senta-se, se aproxima e arranca uma uva de um dos recipientes antes de jogar em sua boca. — Oh, muito chique. Tem vinho?

Volto para a cesta e tiro a garrafa de vinho branco que tinha escondido na geladeira no andar de baixo, e Dylan recosta-se em um cotovelo.

— Eu certamente poderia me acostumar com isso. Deitar-me no convés de um iate de luxo, tomando sol, enquanto algum cara sarado me dá vinho e me alimenta.

Paro no meio dos arranjos. — Algum cara sarado?

Dylan dá um encolher de ombros, mas a ondulação de seus lábios desmente sua indiferença. — Certo. Enquanto ele estiver nu da cintura para cima e me entregar um copo de vinho, eu não vou me importar com detalhes irritantes, como o nome dele.

Termino de encher as taças com vinho, fecho a garrafa e, em seguida, me inclino para entregar uma das taças para Dylan. Quando ele pega a taça, nossos dedos se tocam e digo:

— Exatamente. Para que saber um nome, certo?

Dylan senta-se, inclina se aproxima dos meus lábios, e quando está a poucos centímetros dos meus, ele os lambe. — Certo. A menos que, é claro, esse nome seja Ace Locke, porque esse é um nome que eu gosto de dizer, gemer e gritar a qualquer momento do dia.

Selo o meu acordo antes de tomar a boca de Dylan em um beijo quente e rápido. É um selo de aprovação por suas palavras, e se eu fosse honesto, também seria um selo de propriedade sobre o quanto essas mesmas palavras me afetaram. Adoro ouvir meu nome saindo de seus lábios, não importa o momento que ele o diz, e agora mesmo, quando me afasto dele, é um sussurro suave, quase um suspiro.

— Eu gosto bastante de Dylan Prescott, não vou mentir. — quando me sento de volta no meu lado da toalha, Dylan leva lentamente o copo para os lábios e toma um gole, mantendo seus olhos focados em mim durante todo o tempo, e quando deito, ele engole em seco e uma carranca franze sua testa.

Eu não estou exatamente certo do que está passando pela cabeça de Dylan naquele momento, porque ele passa de despreocupado e relaxado para o que eu poderia ter jurado ser nervoso, e isso me faz esticar até ele. Mas Dylan balança a cabeça.

— Ei, o que está acontecendo por aí? — pergunto, dando um pequeno sorriso em sua direção, mas algo definitivamente muda aqui. — Dylan?

Dylan senta-se e coloca o copo de vinho ao seu lado. Então, ele curva as pernas e puxa-as para o peito, onde envolve seus braços ao redor delas. E em um instante passa de aberto e convidativo à fechado.

— Dylan? Eu fiz alguma coisa...

— Não. — ele interrompe, novamente balançando a cabeça. Seus olhos estão abatidos. — Você está sendo perfeito.

Ok... A maneira como ele diz isso aumenta a minha preocupação, porque certamente não foi dito no tom de alguns minutos atrás.

— Isso é perfeito. Tudo isso... E eu brinco sobre isso, mas Ace — diz, levantando os olhos para encontrar os meus, e parece agora que há um vasto espaço entre nós. — Minha vida não é perfeita. Longe disso. Inferno, meu nome nem sequer é Dylan Prescott. Eu nunca mais falei o meu antigo nome em voz alta, eu escolhi não reconhecê-lo. Mas esses repórteres, as pessoas que cavam todos os aspectos da sua vida... Eles vão saber, mais cedo ou mais tarde. E há coisas que você precisa saber. Sobre mim. Sobre o meu passado.

— E eu quero saber essas coisas. — digo. — Não esqueci sobre o que você começou a me contar em Las Vegas. Mas nunca o empurraria para se abrir. Se você está pronto para me dizer, estou pronto para ouvir.

— Obrigado.

Tentando facilitar a ansiedade que pude ver construindo nos cordões tensos de seu pescoço e ombros, seguro o vinho e digo:

— Precisa de um pouco mais?

— Não seria uma má ideia.

Ao preencher o copo de Dylan, olha por cima do meu ombro, olhando para o oceano calmo e silencioso. Eu me pergunto por um momento o que ele queria me dizer naquele dia, quando estávamos na cama do Syn, mas eu sabia que o que quer que fosse, não é algo que será fácil para ele falar. Mas eu quero conhecer esse homem, conhecer cada parte dele e todos os segredos que ele mantêm escondidos do resto do mundo. Eu quero ser aquele com quem ele se abre e compartilha.

— É fácil... — Dylan diz, tocando o copo com os lábios. — É fácil esquecer-me quando estou fazendo coisas que nunca sonhei quando era mais jovem. Naquela época, comecei com sonhos menores. Eu queria uma mãe e um pai. Pessoas que se importassem o suficiente se certificando de que fiz meu dever de casa e que me colocassem para dormir todas as noites. Queria viver na mesma casa por mais de uma semana por vez. Queria comer algo além de cereais obsoletos e fastfood, e sem os “namorados” fracassados que minha mãe deixava para trás. — ele morde o lábio antes de continuar:

— Mas acima de tudo, queria me sentir seguro... Nunca me senti seguro até que conheci Sunshine e Ziggy; e mesmo quando eles entraram na minha vida, eu passei muito tempo esperando que a bola caísse, esperando que eles me devolvessem ou que se transformassem no tipo de pessoas que a minha mãe se relacionava por anos.

Fico em silêncio, não me atrevo a respirar e impedi-lo de continuar. Eu quero saber o que sua mãe tinha feito e por que ele nunca conheceu seu pai.

Como se ele tivesse lido minha mente, ele diz:

— Minha mãe era... Muito conhecida em São Francisco. Não nos círculos políticos ou de entretenimento; Não por causa de contribuições incríveis para a caridade. Ela era uma rata dos esgotos no submundo, uma prostituta que se aventurava com homens, mulheres, sexo e drogas.

Meus olhos devem ter se arregalado, porque Dylan solta uma risada sem humor.

— Sim, acho que você não teria adivinhado isso, hein? — ele disse.

Balanço minha cabeça. — Não. Não, não posso dizer que o pensamento teria passado por minha mente.

— Bom.

Enquanto eu o observo beber o resto do seu vinho, me pergunto por quanto tempo ele se tortura ao tentar derramar as camadas de seu passado, o que o levou a continuar, e como ele permaneceu não apenas vivo, mas prosperando. Havia algo a mais que ele apenas insinuara, e sobre o que eu estava curioso.

— Antes... Você disse que não conheceu seu pai. — digo, e Dylan assente. — Mas você sabe quem ele é?

— Tenho certeza de que a minha boa mãe poderia ter reduzido a lista para cerca de vinte e cinco potenciais doadores de esperma, mas descobrir quem a nocauteou nunca foi algo relevante em sua lista de prioridades. Inferno, eu estou surpreso por ela ter ficado comigo, acho que ela queria que alguém se juntasse à empresa familiar.

Meu corpo tenciona quando suas últimas palavras saem.

— Se juntasse?

A linha sombria nos lábios de Dylan deixa bem aparente o quão desconfortável ele está ao falar sobre isso, e embora eu não queira empurrá-lo, eu tinha essa inexplicável necessidade de saber o que tinha acontecido com ele, não importando o que iria ouvir.

Os olhos de Dylan estão distantes, como se ele não estivesse sentado ao meu lado, e antes que eu soubesse que iria fazer isso, inclino-me e pego sua mão. Quando olha em minha direção, aperto seus dedos e, sem palavras, o convido a se apoiar em mim.

Quando Dylan permanece em silêncio, mantenho seus dedos trancados nos meus. Ele afasta os alimentos que nos separam e, quando para na frente das minhas pernas cruzadas, inclino minha cabeça para ver o sol brilhando ao redor dele e fico sem fôlego com a imagem dele contra o sol.

— Venha aqui. — sussurro e gentilmente puxo sua mão, colocando-o no meu colo. Ele fica sentado de frente para mim, as pernas de cada lado da minha cintura e a bunda aninhada nas minhas pernas cruzadas com as mãos ainda entrelaçadas entre nós. — Nada do que você me disser vai mudar o jeito que eu me sinto sobre você.

— Isso é fácil de dizer...

Eu inclino o rosto para cima, então ele está me olhando diretamente nos olhos, e digo com mais sinceridade do que jamais senti:

— É fácil dizer quando é você quem fala.

— Ace... — ele diz, e inclina a testa na minha, fechando os olhos.

Eu envolvo um braço em volta de sua cintura e o puxo para tão perto de mim quanto eu posso. Com a esperança de fazê-lo sentir essa sensação de segurança que ele tinha falado momentos atrás.

— Diga-me, Dylan. Eu quero conhecer você. O lado bom, o ruim e o...

— Feio? — ele diz. — Se fosse esse o caso. Você sabe o que é louco?

Querendo que ele continue, deixo Dylan dirigir essa conversa para onde ele precisa. Deixando-o dizer-me o que ele quer me dizer.

— Não. O que é louco?

— Que eu uso a minha aparência por pagamento. De certa forma, não sou diferente...

— Ei — digo, me afastando um pouco para chamar sua atenção. — Não se atreva a comparar o que você faz com o que você acabou de dizer que fez.

— Certo, mas você não entende. Esse rosto, o rosto que está me conseguindo contratos com mais zeros do que eu jamais poderia imaginar ver em um cheque de pagamento, é exatamente o mesmo rosto que ela estava tentando ganhar dinheiro.

À medida que o ar sopra no corpo de Dylan, ele baixa os olhos dos meus, e tanto quanto eu quero que ele me fale sobre seu passado, eu estou aterrorizado com o que ele está prestes a revelar. Não por vergonha dos outros saberem, mas porque eu não tinha certeza de que poderia suportar ouvir como alguém tinha machucado esse homem.

— Durante anos, minha mãe, Brenda, me usou como... — Dylan murmura suas palavras e se encolhe, enquanto passo uma mão reconfortante nas costas dele, precisando do contato para acalmar minhas mãos trêmulas.

Então Brenda era sua mãe, aquela que Sunshine estava se referindo quando estávamos no deserto.

— Ela me usava como isca, eu acho, foi como a polícia acabou chamando. Ela resolveu que eu era uma atração poderosa para certos homens e que eles estariam dispostos a pagar muitos dólares para poder acariciar o rosto de um menino bonito. Para tocar seus cabelos. Para tê-lo na sala enquanto eles... — Dylan tosse, e parecia que está perto de sufocar com as palavras que está forçando a sair de sua boca. Sua mandíbula trava enquanto aperta seus molares, e quando finalmente se controla, ele começa a conversar novamente. — Ela nunca os deixou irem além disso. Seu único ato de bondade para mim, suponho, até a última noite...

— Dylan, você não precisa... — começo, adivinhando para onde isso estava indo. Odiando que ele tenha que contar essa história. Mas ele balança a cabeça, determinado agora, ao que parece, a acabar com isso.

— Não, deixe-me terminar. Você precisa saber, e ouvir isso de mim, em vez de lê-lo em alguma revista.

Levanto minha mão para acariciar sua bochecha, e quando ele fecha os olhos e aceita o conforto, meu coração dói pelo menino que ele foi. Mas isso não é tudo o que eu sinto nesse barco sob o sol da tarde. Nesse instante exato e doloroso, meu peito incha de orgulho pelos demônios que esse homem lutou, e sei sem dúvida nenhuma, que amo Dylan Prescott mais do que qualquer outra pessoa nessa terra.


Capítulo 18


O BOM, O MAU E O FEIO


DYLAN

 

Eu mantenho meus olhos fechados quando me inclino na mão de Ace e digo às palavras que eu estou temendo por meses.

— Eu voltei para casa depois da escola — digo. — Foi no dia anterior ao Dia de Ação de Graças e só ficamos na escola meio período, então planejei levar os meus livros para casa - ou pelo menos para o lugar que estávamos ficamos por algumas semanas naquela época - e então iria na casa de meu amigo Bobby durante a noite. Eu odiava ficar em casa quando minha mãe recebia os visitantes, então levei tudo o que pude. Ela costumava ficar desacordada devido às drogas que tinha ingerido na noite anterior. Eu esperava que estivesse dormindo, mas naquele dia estava acordada e sentada na sala de estar, no sofá laranja e eu sabia que não devia me aproximar. Nunca vou esquecer... Tinha um cigarro em uma mão e o rosto estava cheio de maquiagem pesada, mas seu batom vermelho estava manchado um pouco de um lado, como se já estivesse fazendo seus truques naquela tarde. E quando ela acariciou o assento ao seu lado, eu não me movi, mas então ela estreitou os olhos e eu sabia o que isso significava. Eu tinha passado por um surto de crescimento, mas eu ainda tinha apenas treze anos, e ela ainda era mais alta alguns centímetros, tinha unhas que podiam rasgar a pele. Então me sentei naquele pequeno e sujo sofá e mantive minhas mãos no meu colo. Ela não me perguntou como foi o meu dia, o que não era nada novo, mas me deu o maior sorriso que já vi e me disse que tinha uma surpresa para mim. Uma boa surpresa? Eu perguntei. Oh, Dylan, ela disse, Uma surpresa maravilhosa. Esse seu rosto vai acabar com vários corações. E muitas carteiras.

Minha garganta está seca, como se eu ainda estivesse respirando a fumaça de seu cigarro barato, então eu fiz uma pausa para puxar o ar e tomar um longo gole de uma das garrafas de água que Ace tirou da cesta. Ele ainda está me observando com olhos cuidadosos, mas há algo forte atrás deles, alguma emoção que eu não consigo identificar, mas não tenho tempo de pensar sobre o que pode ser. Eu preciso apenas colocar tudo para fora.

— Bem, como qualquer criança, eu ouvi as palavras surpresa maravilhosa e pensei que talvez minha sorte estivesse mudando. E estava mudando, sim. Mas maravilhoso na minha língua não significava o mesmo no mundo da minha mãe. Ela me disse então que eu iria trilhar meu caminho através da vida e era hora de ganhar o meu sustento. Que eu poderia obter mais dinheiro em uma hora do que ela poderia em uma noite inteira. Então era hora de começar a trabalhar, e eu começaria agora. Eu lembro que me encolhi, e lembro-me desse sentimento na boca do meu estômago quando percebi o que ela queria dizer. Eu ainda posso sentir o jeito que suas unhas cravaram na minha perna quando o homem que estava esperando no quarto saiu para a sala de estar. Eu levantei, mas ela me segurou, e quando eu quase me libertei, ela usou minha camisa como cinzeiro. A dor dessa queimadura deu ao homem tempo suficiente para me puxar pelos meus pulsos, e então ele me puxou – e ela o deixou me levar para o quarto. Havia apenas um colchão no chão, e ele me jogou antes de chutar a porta para fechá-la. Sua respiração cheirava a ovos podres, e ele continuou tentando me prender, mas lutei... Lutei tanto. Eu podia ouvir minha mãe batendo contra a porta para que eu calasse a boca, mas o sujeito havia trancado... Então eu fiquei preso com lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto eu tentava fugir.

— Por favor, diga-me que você conseguiu fugir. — ele sussurra, e quando encontro o seu olhar, eu achei que ele não tinha percebido que havia dito isso em voz alta.

— Houve um momento em que pensei que ele tiraria o melhor de mim e que eu o deixaria. Não porque eu quisesse, mas porque eu não conseguiria lutar fisicamente contra ele por mais tempo. Então eu parei de me mover, e parei de lutar. E você sabe o que ele fez? Ele levantou. Desabotoou a calça. A tirou. E foi então que algo dentro de mim estalou. Algum tipo de incêndio acendeu no meu corpo, e eu sabia que ia fugir. Não importava o que acontecesse, não importava se eu morresse tentando fugir... Eu não iria morar nem mais um segundo naquele maldito lugar e eu não iria deixar um pedófilo viciado em drogas me vencer. Então, quando ele voltou para o colchão, eu o deixei deitar em cima de mim. E quando ele se mudou na posição certa, eu me abaixei entre suas pernas e juntei força no meu punho, o máximo de força que pude. Seus olhos rolaram na parte de trás de sua cabeça e ele gritou de dor, e isso só me fez socá-lo mais. Eu teria continuado, mas esse não era o fim do jogo. Eu precisava fugir, então o soltei, e quando ele se enrolou em uma bola no colchão, corri para a janela. E uma vez que estava fora, continuei correndo... Eu corri até que não conseguia correr mais, e quando achei que estava longe o suficiente, consegui parar e recuperar o fôlego. E percebi que havia parado do lado de fora de uma delegacia de polícia. Nunca tinha pensado em ir à polícia antes. Eu pensei que talvez pudesse bater na casa de um amigo, mas quando vi a delegacia naquela noite, eu corri de novo. Subi as escadas, entrei pela porta da frente, e fui até uma pequena sala branca, onde contei aos oficiais a minha história.

— Jesus Cristo, Dylan — Ace diz com a mão na parte de trás do meu pescoço. — Eu não fazia ideia.

— Por que você faria? — eu pergunto, e então pisco, tentando vê-lo nitidamente. É então que uma lágrima cai no meu rosto e percebo o motivo pelo qual eu não posso vê-lo claramente. Eu estou chorando. Passo a mão para sentir a umidade na minha bochecha, mas Ace chega primeiro, escovando-a com o polegar. — Eu passei todos os segundos de minha vida desde aquele dia, certificando-me de que ninguém jamais saberia de onde eu vim. Eu saltei de casa em casa de acolhimento por um tempo, e naquela época eu achava que tinha sorte de receber um teto na minha cabeça por apenas o cheque que o governo lhes dava. Até o dia em que a minha assistente social veio me buscar na última casa de acolhimento. Ela me disse que tinham encontrado um lugar permanente para mim, uma família que estava procurando adotar, e queria que eu fosse com ela para encontrá-los.

— Sunshine e Ziggy? — Ace pergunta, mordo o lábio inferior e confirmo.

— Você pode imaginar minha primeira impressão deles. — eu dei um sorriso pesaroso, e quando Ace retorna, o peso que começa a me sufocar parece aliviar. — Eu disse a minha assistente social que ela estava louca. Que não havia maneira alguma de viver com hippies, e acho que foram minhas palavras exatas, lembro-me que ela disse que eu ia gostar deles, que ela já tinha trabalhado com Sunshine há anos atrás e que não conhecia ninguém mais aberta e compreensiva que ela e seu marido. Eu pensei que ela estava louca, mas quem era eu para discutir com ela? Ela era a profissional, certo?

Ergo a mão para tocar o maxilar de Ace, e quando minha mão toca sua pele, ele a agarra e leva meus dedos aos seus lábios para beijá-los.

— Então, o que? — ele pergunta.

— Então me mudei para a família mais estranha e não convencional imaginável, e eles acabaram por ser exatamente o que eu precisava. — fecho meus olhos e inclino meu rosto para o sol, deixando o calor secar minhas lágrimas quando me lembro daqueles primeiros anos morando com Ziggy, Sunshine e Lennon, e um sorriso separa meus lábios. — Aqueles primeiros meses foram... Estranhos, para dizer o mínimo. Não só eu estava ajustando-me em morar com uma nova família, mas essa família era muito diferente de qualquer uma que eu já fiz parte. Eu não tive muito bons exemplos de todas as casas onde fiquei... Tudo tinha sido relativamente normal. Mas, em seguida, vem Sunshine, uma mulher que poderia iluminar o dia mais sombrio, e eles me fizeram ficar apaixonados por eles.

Volto a dar atenção para Ace, a aceitação e o calor em seus olhos me fazem passar meus braços ao redor de seu pescoço. Suas mãos estão gentilmente em volta da minha cintura enquanto me aproximo.

— Não foi fácil. Sunshine e Ziggy ajudaram-me durante anos de aconselhamento e sempre me encorajaram a ser aberto com a forma como eu sentia. Como você viu em primeira mão, eles estão conectados com a natureza, e são abertos, e eles me ajudaram nos piores anos da minha vida. Eles também me ensinaram a assumir o controle de minha vida e as situações em que eu me colocava. São as melhores pessoas que eu já conheci. — sussurro, lambendo os meus lábios e me sentindo mais exposto do que nunca. — Até você.

Ace pressiona um beijo suave em meus lábios, e então fecho os olhos enquanto ele respira profundamente. Não consigo imaginar o que está em sua mente, sobre tudo o que acabara de dizer. Inferno! Metade do tempo eu nem sabia o que pensar sobre o que vivi. Mas quando esses olhos azuis se reabrem, a expressão neles me atordoa. É feroz, possessiva e tão cheia de amor e orgulho que eu não ouso falar por medo que desaparecesse.

— Dylan, eu... — ele começa e então trás ambas as mãos para o meu rosto. — Eu nunca conheci ninguém como você. Você é corajoso e gentil, e não tenho certeza do que fiz para merecer te chamar de meu.

Eu engulo em torno do nódulo que se alojara na minha garganta, e tento acalmar meu coração que bate com força, mas não há como segurar. Não com Ace me olhando com tanta devoção.

— E eu quero isso. Mais que qualquer coisa. Eu quero cada parte de você. As coisas boas, as ruins e, sim, até mesmo as feias. É o que o torna tão incrivelmente belo. A sua luta, esse instinto de sobrevivência que o levou a ser o melhor que pode ser, apesar das probabilidades. Você é muito mais que um rosto bonito, Dylan. Você é o homem por quem me apaixonei.

Ergo minhas mãos para a parte de trás de sua cabeça e esmago meus lábios nos dele com toda a paixão e amor que tenho até que sinto vontade de explodir. Ace mantém as mãos em ambos os lados do meu rosto enquanto seus lábios se separam, e quando eu afundo minha língua para prová-lo, não consigo me lembrar de me sentir mais seguro e mais em casa do que quando estou nos braços desse homem.

— Ace. — digo, e quando levanto a cabeça, deixo meu olhar percorrer suas características tão familiares. Eu passo meus dedos nos ângulos de seu belo rosto, sua bochecha, até chegar aos seus lábios. Então, traço uma linha ao redor deles, aproveitando a plenitude, antes de levantar seu queixo entre o meu polegar e o indicador, para que eu possa me inclinar para frente e sussurrar contra sua boca. — Eu também te amo.


Capítulo 19


MAIS DO QUE UM SONHO18


ACE

 

As três pequenas palavras que saem da boca de Dylan deixam o meu coração revitalizado, em uma bela explosão de cores. Eu nem tinha notado que vivo em um mundo cinzento. Nesse momento, não basta ter sua boca na minha e tê-lo sobre o meu colo. Nunca será o suficiente. Meu coração está tão grande que penso que irá sair do meu peito e a única maneira que eu sei como mostrar-lhe isso, é chegando o mais perto possível dele.

Levanto-o do meu colo e fico de pé, e então pego sua mão na minha, levando-o para a cabine. Uma vez que estamos lá dentro, a frente quente de Dylan se pressiona contra minhas costas e, enquanto coloca beijos do meu pescoço ao meu ombro, suas mãos vagueiam possessivamente sobre meu peito. Estendo a mão para a parte de trás de sua cabeça e inclino o pescoço para lhe dar melhor acesso. Seus lábios percorrem o comprimento do meu pescoço, e quando ele chega ao meu ouvido e sussurra:

— Eu quero estar com você. — meus joelhos quase cedem.

Dylan passa suavemente a ponta dos dedos nos meus ombros enquanto caminha ao meu lado até parar na minha frente, e quando pega minha mão, entrelaçando os nossos dedos, eu percebo a enormidade do toque, como se ele tivesse me entregado seu coração para eu segurá-lo - e essencialmente era isso.

— Dylan, não precisamos fazer isso. Não agora. Podemos apenas ficar aqui, juntos.

— Eu sei. — Dylan diz, e olha para as nossas mãos unidas antes de levá-las aos seus lábios, onde dá um beijo nos meus dedos. — Mas isso não é o que eu preciso agora. Eu quero sentir você ao meu redor. — ele puxa os meus braços e os coloca em volta de sua cintura e dá um beijo suave sobre meu maxilar. — É aqui que eu me sinto seguro, nos seus braços. E hoje, eu quero estar tão próximo de você quanto possível.

Minha respiração fica presa em algum lugar na garganta com suas palavras, e quando seus olhos encontram e fixam os meus, brilhando com amor e confiança, varrem qualquer dúvida persistente de que isso é o certo.

Sem poder negar-me o prazer de tocá-lo, levanto minha mão para tocar o seu rosto, e quando ele se inclina contra a minha mão e fecha seus olhos, fico maravilhado com os longos cílios tocando sua pele linda.

Seus lábios cheios exalam um suspiro, e antes que eu possa me impedir, o beijo. Lentamente, e sem querer tirá-lo dessa languidez, eu posso senti-lo se abrindo; então levo as nossas mãos unidas entre nós, às coloco sobre o meu coração, baixo minha cabeça, e continuo a beijá-lo.

Meus olhos se fecham com esse primeiro contato; Eu quero experimentar o sabor e a textura dele sem ficar distraído por nada além do gemido que escapa dele enquanto empurro a minha língua entre seus lábios. Os dedos de Dylan cravam em meu peito enquanto ele balança contra mim, e passo minhas mãos através de seus cabelos. Inclino a cabeça para aprofundar o beijo, e sinto a outra mão de Dylan descendo na minha cintura, logo acima da faixa de meu short. E Deus, isso é sublime, eu penso, enquanto Dylan continua provocando a pele nua do meu quadril.

Enquanto ficamos presos no gosto um do outro, eu não posso dizer por quanto tempo ficamos nos beijando, engolindo os sons de prazer que escapam. Mas quando ele se afasta e belisca meu lábio inferior, tenho problemas para me concentrar nele. Minha cabeça está girando, meu sangue está correndo, e eu nunca quis tanto estar com alguém, quanto quero estar com Dylan nesse momento.

— Eu quero você dentro de mim. — sussurra, e eu não hesito. Caminhando para trás, pego seus lábios nos meus novamente, avançando até que suas pernas atinjam a borda da cama. Antes que eu deite na cama, as mãos de Dylan estão em meus pulsos. Quando paro, esperando para ver o que ele vai fazer, seus dedos vão ao botão de sua bermuda, abre e puxa o zíper. Então, me olha nos olhos e faz o mesmo com minha bermuda.

— Toda vez que estamos juntos assim, eu juro que tenho que me beliscar para ver se realmente está na minha frente. Mas você está, não está? — ele diz.

— Sim, eu realmente estou. E Dylan?

— Mhmm?

— Não há nenhum outro lugar onde eu prefira estar.

Dylan tira a bermuda e sai dela antes de se sentar na cama e inclinar a cabeça para mim. Com as mãos livres, ele tira a minha bermuda, passando pelas minhas pernas, seus dedos deslizando pelas minhas coxas quando ele a tira. Então, quando senta na ponta da cama, seus lábios escovam a ponta do meu pau, dando beijos suaves, e meu quadril se inclina.

— Deus. — eu suspiro e toco o restolho áspero de sua bochecha. — Eu não sei como tive tanta sorte em ter você na minha vida. Mas eu estou tão agradecido com o que te trouxe para mim.

Dylan recua na cama, e me arrasta por seu corpo, empurrando o quadril e me inclinando sobre ele, de modo que minha boca fique a poucos centímetros da dele.

— Todo esse tempo que passei querendo você — digo, e dou um beijo em sua testa. — E agora você é meu.

— Todo seu. — sua voz é um murmúrio em meu ouvido, e quando olho para ele, posso ver o amor girando junto com a luxúria em seus olhos verde. Eu reconheço esse olhar agora. É um olhar que esteve me seguindo por semanas, mas eu só agora estou aprendendo o significado. E me pergunto se ele pode ver o mesmo no meu.

— Ace?

Meu peito está subindo e descendo contra o dele, e enquanto abre as pernas, eu me acomodo entre suas coxas e passo meus dedos pelos seus cabelos. — Sim?

— Ajude-me a esquecer.

Abaixo minha cabeça para acariciar seu pescoço e escuto o suave som de sua respiração. Aspirando e expirando.

— Ajude-me a desligar minha mente. — sussurra.

— Eu posso fazer isso.

— Eu sei. Porque sabe o que acabei de descobrir?

— O quê?

Me puxa, coloca os lábios na minha orelha e diz:

— Ace Locke me ama.

Quando coloca a cabeça de volta no travesseiro, um sorriso tímido está curvando seus lábios e isso faz os meus se curvarem por conta própria. — Ele ama?

— Sim, ele ama. — diz, enquanto lentamente enrola as pernas sobre as costas das minhas coxas, e então envolve seus braços ao redor do meu pescoço.

Balanço meu quadril nele, e me deixo afundar na sensação de ter seu pênis ereto alinhado com o meu. Afasto a gravidade de nossa conversa anterior e me perco no momento glorioso de deitar com ele dessa maneira. A conexão de almas que sinto agora enquanto olho em seus olhos não passa despercebida por mim. Com nada mais do que a nossa pele nua, eu me sinto mais próximo dele do que com qualquer outra pessoa na minha vida inteira, e desejo poder saborear isso o tempo que puder.

 

***

DYLAN

 

Meu coração bate com força com a expressão nos olhos de Ace ao percorrer cada um dos meus traços, e quando ele coloca os antebraços de cada lado da minha cabeça e diz:

— Beije-me. — nada pode me impedir.

Eu cruzo meus tornozelos atrás de suas coxas, certificando-me de conectar cada parte do meu corpo com o dele, e o baixo grunhido que emerge de sua garganta me faz esmagar meus lábios contra os dele. A boca de Ace se separa da minha e eu mordo e sugo seu lábio inferior cheio enquanto ele usa os braços que têm ancorado na minha cabeça para mover todo o seu corpo por cima do meu, em um delicioso deslizar corporal.

Jesus, isso é tão incrível...

— Mais uma vez. — digo, Ace sorri contra minha boca.

— O que... Isso? — ele pergunta, e novamente move todos os seus músculos duros e quentes sobre o meu corpo, incluindo o seu pênis grosso, que está deixando uma trilha pegajosa em cima de mim.

— Sim, exatamente isso. — digo. — Isso é... Ahhh.

O gemido que Ace solta resume bem como me sinto, e quando ele passa a mão nas minhas costas, seus dedos deslizando ao longo das minhas costelas e entre nossos corpos, eu engasgo. Ace move o corpo ligeiramente para o lado e envolve sua mão forte em torno de nossos eixos endurecidos.

— Oh Deus! Por favor... — digo, enquanto a mão dele nos envolve e meu quadril se inclina ao toque, deslizando minha ereção pelo punho que ele faz ao nosso redor.

— Dylan. — Ace diz, se movendo em perfeita sincronia comigo. Continuamos a nos esfregar, enquanto observamos cada pensamento e sentimento cruzando o rosto um do outro, e quando eu sei que estou perigosamente perto de explodir, coloco minhas mãos no peito dele e me inclino.

— Dentro de mim. — digo, ofegante. — Eu preciso senti-lo dentro de mim.

Ace acena com a cabeça e dá um beijo punitivo nos meus lábios antes que solte o aperto que tem sobre nós dois. Eu solto um gemido com a perda, e o brilho faminto em seus olhos me faz ranger os dentes e dizer-lhe:

— Rápido.

Ace pula da cama, pega do bolso da bermuda o que precisa. Com o foco em mim como um raio trator, ele leva o pacote aos dentes e o abre. Eu separo minhas pernas para ele, e tomo um momento para verificá-lo enquanto rola o preservativo em sua ereção. Então, abre um frasco de lubrificante e desliza sobre si mesmo, leva um segundo antes de voltar para a cama e morder seus lábios em antecipação.

Pairando exatamente na mesma posição anterior, Ace está sobre mim com um braço na minha cabeça e minhas pernas esticadas para acomodá-lo.

— Enrole sua perna em volta da minha cintura. — ordena com sua voz ríspida e profunda.

Além de envolver minha perna direita sobre seu quadril, eu coloco os meus braços ao redor do pescoço dele, e Ace fecha os olhos quando suas narinas inflam. Eu sei que ele está tentando o seu melhor para fazer isso lento e agradável, mas está tendo tanta dificuldade quanto eu. Porque na verdade, tudo o que eu quero é ele dentro de mim, preenchendo-me até que não saiba onde ele termina e eu começo.

Quando ele parece ter algum tipo de controle, pega o segundo frasco de lubrificante e o leva aos lábios para abri-lo, e antes que eu saiba, o pacote é jogado de lado e seus dedos escorregadios estão passando do meu períneo para o meu buraco.

— Ace...

Cola a boca na minha, cortando o meu gemido, e enquanto sua língua invade entre os meus lábios, o dedo dele entra em mim. Meu quadril levanta da cama e afasto minha boca da dele. Meu corpo está tão pronto para isso; Eu me sinto excessivamente sensibilizado, como se fosse jorrar em cima dele com nada mais do que um dedo no lugar certo e o sorriso do homem cheio de pecado trabalhando comigo.

— Eu não posso esperar mais. — digo, e agarro os seus ombros. — Não me faça esperar mais.

Ace tira o dedo e, quando sua mão passa no meu quadril, indo até a minha bunda, aperto minha perna na cintura dele. Eu posso senti-lo alinhando a cabeça de seu pau contra a minha entrada, e quando começa a avançar lentamente, eu ranjo os dentes.

Quando me preenche, eu não posso impedir o gemido que sai da minha garganta. E mesmo quando estou sentindo as bolas dele na minha bunda, nossos corpos tão entrelaçados quanto podem, eu ainda quero mais.

— Dylan. — Ace diz. — Você sente isso…

— Eu sinto. — digo, mantendo-o firmemente contra mim. — E é tão perfeito.

As nádegas firmes de Ace estão debaixo das minhas mãos, e então começa a balançar em movimentos lentos, enquanto eu me ajusto ao tamanho dele, então puxa o quadril para trás, retirando-se do meu buraco. Quando volta para dentro de mim, pego meu pau, me masturbando junto com seus movimentos. Seus olhos azuis nunca deixam os meus, e ele permanece pairando sobre mim, mantendo nossos corpos conectados, pele a pele. Toda vez que bombeio meu eixo, a ponta roça contra os seu abdômen rígido, e a fricção é quase demais para suportar.

Ace ergue uma das mãos e segura os meus cabelos, puxando minha cabeça para trás, de modo que meu pescoço esteja exposto, e então ele lambe, traçando um caminho quente e úmido pelo meu pescoço.

— Simmmm! — digo. — Mais.

E assim que falo, ele repete o movimento, enviando um arrepio do topo da minha cabeça até os dedos dos meus pés. Então sua voz é um sussurro suave no meu ouvido, e suas palavras fazem meu coração pular.

— Você é muito mais do que apenas um sonho... Você é a minha realidade, Dylan. Agora e sempre.

Para sempre…

Essas palavras, sussurradas em meu ouvido, deixa o meu coração trovejando, meu corpo tremendo, e o orgasmo emergindo das minhas bolas enquanto olho para ele.

Para sempre com esse homem? Eu não teria aceitado nada menos, e enquanto ele solta meus cabelos, meus olhos se encontram com os dele novamente, ele diz:

— Eu quero gozar com você.

Eu entrelaço os meus braços ao redor de seu pescoço, e minhas pernas em volta de sua cintura, e enquanto ele me agarra, eu ouço palavras de amor, conforto e necessidade sendo sussurradas no meu ouvido. Eu posso sentir Ace reivindicando todas as partes de mim. Das pontas dos meus cabelos, até as solas dos meus pés, e quando ele sussurra:

— Para sempre. — o clímax nos atinge.

Nós ficamos lado a lado. Avançando juntos pela tempestade, para depois emergir do outro lado, muito mais fortes e preparados para essa viagem.


Capítulo 20


BOCA CHEIA DE SALSICHA QUENTE


ACE

 

Meu telefone vibra no meu bolso novamente, suspiro e puxo-o para verificar a tela. Não é o que eu preciso. Martina estava ligando o dia todo, mas agora não é o melhor momento. Acabamos de chegar à praia, para ficarmos em frente à fogueira com alguns dos amigos de Dylan na nossa última noite em Sunset Cove, e eu não tenho intenção de ser grosseiro e me afastar para atender uma chamada de negócios. Ela pode esperar.

Dylan aparece ao meu lado com dois copos de plástico na mão e acena com a cabeça em direção ao meu telefone, que coloquei no bolso.

— Ela já ligou milhares de vezes. Você não acha que deveria atender? Pode ser importante.

Pego a bebida que ele oferece para mim e balanço a cabeça. — Se eu fizer isso, eu estarei de volta ao mundo real.

— Devemos voltar para esse mundo amanhã.

— Eu estou ouvindo corretamente? Você quer que eu atenda essa ligação?

— Você pode. Eu acho que ela não vai parar até você atender. Apenas diga a ela para que seja rápida. — ele se inclina e me dá um beijo, e então recua para onde seus amigos estão arrumando as cadeiras ao redor de um círculo.

Eu solto um gemido enquanto o observo juntar-se ao grupo, então pego o celular do meu bolso. O telefone conecta quase que imediatamente assim que retorno a ligação.

— Ace? — ela diz, soando frenética, e assim que ouço seu tom, meus ombros ficam tensos. — Onde você esteve? Liguei o dia todo, durante toda a semana, tentando entrar em contato com você. Eu sei que você está de férias na Flórida, mas você não pode me dizer que o telefone não estava preso ao seu quadril.

Sim, está bem, ela me pegou.

— Então você sabe que estou na Flórida. — digo.

— Você pensa que uma ida sua para outro estado iria impedir os paparazzi de encontrá-lo? Não que eles estejam fervilhando como se você estivessem aqui, então você provavelmente não os notou.

— É disso que se trata? Porque eu não me importo com eles tirando uma foto. Não estou me escondendo. Eu só preciso fugir por alguns dias.

— Entendi. Eu acho bom. — Martina parece simpatizante. — Mas espero que você volte, porque eu recebi o melhor telefonema essa manhã. Você está sentado?

Olho para onde Dylan está dando apertos de mãos e abraços em Derek e um homem atraente, usando a bermuda laranja mais brilhante que eu já vi.

— Não. — digo. — Não estou sentado.

— Você deveria realmente se sentar para ouvir isso.

Isso chama minha atenção. — Esta é uma boa notícia ou uma má notícia? Você disse o melhor telefonema, certo?

— Isso normalmente significa algo bom, então sim.

Olhando ao meu redor, não vejo nada além de areia para sentar, então continuo de pé. — Tudo bem, estou sentado. Tudo bem?

Martina respira fundo e solta apressadamente. — Carly Wilde quer você em seu show. Carly Wilde! Uma entrevista de uma hora, possivelmente duas horas, exclusivamente com você.

— Essa é a melhor notícia de sempre?

— Ace! Isso é enorme. Você sabe que quando Carly Wilde tem alguém em seu show, realmente aumenta sua popularidade.

Eu resmungo. — Como se eu realmente precisasse, minha popularidade está bem alta. Tenho paparazzi dormindo do lado de fora do meu maldito portão, Martina.

— Você sabe o que eu quero dizer. A América ama Carly. Você ganha o seu triunfo, você ganha os telespectadores e estamos de volta aos negócios, baby.

Abro minha boca para responder com algo sarcástico, mas depois faço uma pausa. Ela tinha um ponto, mas porque Carly me queria no show em primeiro lugar? Quando minha carreira está caindo mais rápido do que um paraquedista sem paraquedas, e minha vida amorosa está salpicada em todos os tabloides do mundo?

— Sobre o que ela quer falar? Por que ela está ligando agora? Por que não quando as coisas estavam indo bem, hmm?

— Oh, Ace. Você sabe que ela ama uma boa história. O mesmo acontece com o resto do mundo.

— Eu tenho que dar uma entrevista da minha vida agora? — pergunto com a minha voz aumentando. Olho para o grupo perto da fogueira; Os amigos de Dylan não notaram a minha explosão, mas Dylan chama a minha atenção e ergue uma sobrancelha. Eu aceno para que não se preocupe, e então abaixo minha voz. — Eu não quero estar na televisão em rede nacional para dar uma entrevista a uma mulher que quer saber como eu me sinto agora que todas as minhas perspectivas de carreira estão de repente desaparecendo, para depois esfregar no meu rosto o por quê.

— Não seria assim.

— Seria, e não quero fazer isso.

— Ace...

— Não.

Eu quase posso ver o choque em seu rosto quando ela diz:

— Então você quer que eu diga a Carly Wilde que não. Que absolutamente não. Estou ouvindo corretamente?

— Foi o que disse.

— Você está cometendo um erro com isso. Ela poderia ajudá-lo...

— Eu não preciso de sua ajuda. Não preciso da ajuda dela. Deixe-me apenas... Descobrir o meu próximo passo, ok?

Martina fica em silêncio por um longo momento. — Se for o que você quer…

— É o que eu quero.

— Eu vou passar a mensagem, então. Vejo você quando voltar.

— Nos vemos então. — murmuro, e termino a ligação, desejando não ter retornado à ligação. Tento manter meu rosto neutro quando olho para a praia e encontro os olhos de Dylan em mim, mas alguma tensão deve ter ficado aparente, porque ele faz um movimento na minha direção e eu balanço minha cabeça e, em vez disso, me dirijo a ele. Não há nenhuma maneira de arruinar essa noite para ele. Isso poderia esperar até mais tarde, amanhã, quando estivermos a caminho de casa. Mas aqui, essa noite, com a brisa suave e o ar fresco e salgado flutuando nas ondas, planejo desfrutar a noite com meu namorado e seus amigos.

 

***

DYLAN

 

Com o braço de Derek em volta dos ombros de Jordan, observo Ace colocar o celular no bolso de sua bermuda e andar em nossa direção. Por um segundo ou dois, eu fico preocupado com o fato de ter feito uma jogada errada ao sugerir que ele ligasse para Martina, mas agora que ele desligou o telefone, parece que ele retirou tudo o que eles estavam discutindo como uma segunda pele e relaxa o seu passo enquanto se dirige para nós.

— Tudo bem. — Jordan sussurra enquanto se inclina na minha direção, dando um sorriso deslumbrante para mim. — Antes que ele chegue aqui, posso dizer o quanto estou entusiasmado em conhecer o seu namorado?

Quando Derek revira os olhos, eu rio e aceno com a cabeça. — Você pode. Tenho certeza de que ele não vai se importar se você disser isso a ele.

— Meu Deus. Eu nunca... — Jordan diz claramente mortificado pelo pensamento.

— Jesus, Jordan! Ele é apenas um homem. — Derek diz como se não tivesse tropeçado em si mesmo quando o conheceu.

— Estou bem ciente de que ele é um homem. — Jordan diz e então olha na direção de Ace. — Quero dizer, não há dúvida disso. Ele tem o que Dylan? Dois metros? Um e noventa?

Quando Derek geme, não posso evitar minha risada com a expressão dele.

— Na verdade, ele tem apenas um e oitenta, ou um pouco mais. São os músculos que o fazem parecer...

— Delicioso? — Jordan pergunta, inocentemente.

— Oh, pelo amor de... Onde está o álcool? — Derek diz.

— O que? Como se você não estivesse pensando nisso também. — Jordan diz. — Eu tenho uma coisa por músculos.

Olho para os bíceps musculosos de Derek que estão em exibição devido à camiseta preta que usa e depois sorrio na direção de Jordan. — Eu sei. Relaxe, He-Man. Parece que você está prestes a ter um AVC.

— Sim! Sim! Foda-se, Prescott.

Mordo o interior da minha bochecha enquanto Ace finalmente para na nossa frente, cada um de nós olhando para ele com o que eu apenas assumi ser inocência com os nossos olhos arregalados. Quando o silêncio é tudo o que o cumprimenta, ele olha na minha direção e não posso evitar. Começo a rir.

Quando Derek murmura:

— Fodido inferno! — rio ainda mais.

Jordan não hesita, afastando-se de seu homem, estende a mão como se fosse à rainha de Sabá, e quando Ace a toma, Jordan dá outro passo para frente e olha para ele, batendo seus cílios. Um gatinho sexy.

— Olá, você é bem bonito.

Quando os lábios de Ace se curvam, ele olha para mim e apenas levanto minha sobrancelha, o deixando saber que estava sozinho nessa.

— Oi. — ele diz, e então afasta os olhos de Jordan para a bermuda brilhante que ele usa. — Bermuda agradável.

Jordan inclina a cabeça para o lado, como se estivesse tentando decidir se Ace estava falando sério ou de brincadeira, e então ele lhe dá um sorriso tímido e diz:

— Tudo... agradável.

— Ok, Jordan. — Derek diz, avançando e segurando o cotovelo de Jordan. — Desculpe-o; Ele realmente tem um cérebro, simplesmente está desligado agora por causa de seus...

— Músculos. — Jordan termina, e então solta a mão de Ace para passar os dedos pelo seu braço, o que faz com que os olhos de Ace se arregalam e eu rio de novo. Merda, eu não tenho ideia de como Derek acabou com aquele foguete, mas é divertido assisti-los.

— Obviamente, o meu namorado tem uma queda pelo seu namorado, Prescott. — Derek resmunga, cruzando os braços. — Sim, sim, deixe tudo exposto. Talvez adicione um pouco de língua.

A risada de Jordan ecoa no ar da noite enquanto se volta para o homem dele, seus olhos brilhando e depois joga as mãos sobre os ombros de Derek. — Você sabe que sou um otário para um homem com uma veia possessiva.

— E com músculos, sim, ouvimos. — Derek diz.

Jordan olha por cima do ombro para nós e diz:

— Alguém aqui conhece um cara com essa descrição? Com cara de vadia má19, tatuagens e uma bunda dura e sexy? E que geralmente não se dá bem com os outros?

Quando Ace e eu começamos a rir, Derek tenta morder o sorriso que está brincando em seus lábios.

— Você tem sorte que é fofo. — ele diz.

— Você tem sorte que eu tenho uma coisa por um bad boy chamado Derek Pearson. — Jordan responde, e depois tira os braços do ombro dele e nos encara. — Então, enquanto esperamos os outros, vamos pegar uma bebida e vocês podem nos contar todos os detalhes suculentos sobre como vocês se conheceram, como estão se escondendo, e sobre aquele lugar que não podemos falar, mas que sabemos que foi...

— Boa tentativa. — digo, enquanto pegamos uma cadeira e Derek reacende um pouco o fogo. O clima está relativamente suave nos últimos dias, e nós o aproveitamos relaxando na praia, passeando de barco, passando um tempo com a minha família e geralmente relaxando. Eu não poderia dizer que estava morrendo de vontade de voltar para a loucura que nos acolheria amanhã, e eu tinha a sensação de que Ace também não estava ansioso para isso. Mas tinha sido uma boa viagem, e eu esperava que tivesse retirado sua mente de tudo isso pelo menos um pouco.

— Veja, é assim como tratamos as pessoas extravagantes que nos visitam na pequena Sunset Cove. — Derek diz segurando um espeto e um pacote de salsichas. — Nós fazemos você cozinhar sua própria salsicha na fogueira.

— Nós temos classe. — Jordan concorda, passando-nos dois espetos e um pacote separado de salsichas.

Ace ri e se inclina para frente na cadeira em direção ao fogo. — Eu não estou reclamando. É uma boa mudança.

— Você sabe — digo. — Se quisesse realmente comer bem, poderia ter trazido os...

— S'mores20? — Derek levanta uma bolsa de marshmallows e barras de chocolate, e logo calo minha boca.

— Jordan trouxe isso, eu não curto doces. — ele diz, jogando o saco de marshmallows na minha direção. — Imaginei que você não traria muitos doces, Prescott.

— Oh, cale-se, Derek. Só porque você é estranho e não come sobremesas. — digo.

— Sério? — Ace pergunta, olhando para Derek. — Você não gosta de sobremesa? De qualquer tipo?

— Veja, ele é estranho. — Jordan sorri na direção de Derek.

— Se vamos falar sobre coisas estranhas, e sobre nós, nós podemos discutir sobre aquela última vez que nos sentamos em torno de uma fogueira com s'mores, e você conseguiu...

— Derek Pearson! Feche essa boca. — Jordan interrompe, sacudindo seus pés. Seus olhos estão redondos e seus lábios estão comprimidos enquanto atira adagas mentais para Derek, que está rindo.

— Oh, mas seria uma boa diversão não seria, Posh21?

Ace se inclina para onde estou, observando o show na nossa frente, e pressiona seus lábios na minha têmpora, onde sussurra:

— Ele apenas o chamou de Posh?

Quando aceno com a cabeça, Ace ri e recua logo a tempo de ver o rosto escarlate de Jordan. — Tenha cuidado, He-Man...

Porém, isso só parece encorajar Derek, porque a mão dele dispara e ele agarra o pulso de Jordan para puxá-lo para seu colo.

— Você está me ameaçando? — ele pergunta com seus olhos colados em seu namorado, de uma forma que deixa claro para aqueles que observam os dois que eles estão apaixonados.

— Apenas um centímetro de sua vida. — Jordan responde e dá um beijo nos lábios de Derek.

— Oh, bom. — diz com um aceno de mão.

— Se alguma coisa, esta história me faz parecer extremamente... Talentoso.

— Esse é um ponto de vista dessa história. — Derek volta a sentar-se com os braços enrolados na cintura de Jordan. E se a maneira atenciosa que Ace olha para os dois ao longo do fogo é alguma indicação, ele está tão ansioso quanto eu para descobrir o que aconteceu na última vez que esses dois se sentaram para comer s'mores.


***

ACE

 

Sentar em frente a Derek e Jordan era como estar sentado com amigos de toda a vida. Em poucos segundos depois de encontrá-los, senti-me aceito, confortável e bem-vindo. Mas, o mais importante, senti como se pudesse ser a versão exata de mim mesmo que devo ser – parceiro de Dylan.

Dylan levanta a mão para pegar a minha, enquanto Derek começa a contar a sua história, e não posso deixar de desejar por alguns segundos que essa pudesse ser a nossa vida. Essa rotina simples, fácil e diária, desde que chegamos à Flórida. Porque essa vida está tão próxima da perfeição do que eu jamais imaginava ser possível.

— A história é assim — Derek começa, sorrindo como um demônio enquanto Jordan revira os olhos de maneira dramática, o que eu estou vindo a associar com o homem efervescente. — Nós fomos até onde Brantley e Finn estão morando para fazer uma fogueira, assim como essa. Eles chegaram um pouco mais tarde, e de qualquer forma, decidimos fazer s'mores. Uma decisão que foi tomada antes de todos bebermos um pouco demais, e quando finalmente chegou o momento de pegar os ingredientes, esse aqui pegou um marshmallow, olhou-me através da fogueira e apostou comigo que ele poderia colocar mais marshmallows em sua boca do que eu poderia colocar na minha.

Jordan está fingindo prestar muita atenção ao inspecionar suas unhas enquanto Derek continua a contar a história. Tinha que admitir que estou curioso para saber quem ganhou, já que Jordan afirma que essa história o faz parecer... Talentoso.

— Então, eu que nunca recuo de um desafio, aceitei. Realmente, eu deveria ter sabido melhor, por que ficar observando ele engolir um bocado de..

— Derek!

Dylan coloca a palma da mão na coxa e a aperta enquanto solta uma risada, e quando olho em sua direção, ele lambe os lábios. O provocador está flertando comigo.

— Oh, por favor, agora você está dando uma de tímido? — Derek diz.

Jordan lança-lhe um olhar brilhante. — Fique atento à história.

— Oh, tudo bem. De qualquer forma, começamos a colocar marshmallows em nossas bocas, um por um. Finn parou no quarto. Você pensaria que um advogado teria uma boca maior do que isso. Embora seu professor tenha conseguido abocanhar cinco, e isso explica por que ele teve a atenção de Finn por todos esses anos. Mas Jordan... — Derek diz, alisando as mãos no topo das coxas de Jordan, fazendo-o se contorcer em cima de seu colo. E Dylan escolhe esse momento para deslizar minha mão pelo interior de sua coxa, fazendo-me quase refletir sobre o movimento agitado de Jordan. — Bem, ele ganhou e minha boca grande me fez perder meu dinheiro... — Derek ri e depois morde a orelha de Jordan antes de dizer: — Então, ele me deixou no pó.

Eu esfrego a coxa firme debaixo da minha palma e depois olho para os dois contadores de história, e não posso deixar de perguntar:

— Então, quantos marshmallows Posh conseguiu colocar em sua boca?

Quando Derek e Jordan congelam e me fixam com expressões igualmente chocadas, os olhos de Derek praticamente brilham de alegria, como se não pudesse acreditar que eu apenas chamei Jordan do apelido que tinha ouvido antes, e Jordan... Bem, dizer que ele parece chocado e sem palavras é um eufemismo. Ele está com a boca aberta, e se endireita no colo de Derek como se alguém tivesse acabado de colocar algo em seu traseiro. Tenho a sensação de que estou testemunhando uma anomalia, porque esse cara não parece ser do tipo que fica sem palavras ou tímido de qualquer maneira.

— É melhor você ficar atento, Locke. — Derek aconselha quando um sorriso abre em seus lábios. — Ele tem um problema com esse apelido em particular.

— Eu não sabia. — digo enquanto olho para Jordan. — Eu acho que esse apelido lhe convém. Fui chamado de coisas muito piores, confie em mim, e esse é um título que deveria se orgulhar. Por sinal, você ainda não respondeu. Quantos marshmallows?

Jordan pareceu inflar sob o elogio, antes de se voltar para os braços de Derek e dizer:

— Doze.

Agora é a minha vez de ficar com a boca aberta quando olho para o saco de marshmallows no colo de Dylan. Como no mundo...? Essas coisas não são pequenas. Quando levanto os olhos para encontrar os de Dylan, ele levanta o saco para mim.

— Você acha que poderia vencê-lo, coisa quente?

Fecho a boca e olho para Jordan, que passa os dedos nos lábios de Derek, onde os beijou, dizendo-me:

— O que posso dizer? Não tenho muitas preferências na vida, mas eu tenho a boca grande.

— Ele também não está falando sério sobre isso. Graças a Deus. — Derek diz, e embora ele esteja brincando com seu namorado, há um carinho subjacente lá. O amor é óbvio para quem olha para o casal, reforçando o que eles têm. Eu quero poder sentir isso com o maravilhoso homem sentado ao meu lado. Quero ser capaz de mostrar ao mundo o que eu quis dizer no outro dia no barco. Que eu o amava.

 


Mais ou menos uma hora mais tarde, o amigo de Derek, Finn e seu parceiro Brantley chegam, e não muito atrás, os pais de Dylan. Nós passamos o resto da noite contando histórias ao redor do fogo e comendo salsichas e s'mores, e me senti mais “normal” do que jamais imaginei. Não só eu me sentia como uma pessoa, em vez de uma celebridade, mas a sensação profunda de aceitação que estava experimentando era diferente de qualquer coisa que eu já imaginara sentir. Aqui, com os amigos e a família de Dylan, eu posso ser apenas eu. O verdadeiro eu. Uma pessoa que finalmente estou começando a conhecer, graças ao homem que atualmente tinha enrolado em meus braços.

Dylan está bebendo uma cerveja enquanto fala com Sunshine sobre os lugares que nos visitamos e, enquanto ele fala, casualmente entrelaça os dedos nos meus, como se estivesse fazendo isso por anos, em vez de meses, e fico maravilhado com a sorte que tenho.

De alguma forma, através de todo o caos que é minha vida cotidiana, Dylan me achou. E, enquanto estou cercado por tanto amor e calor, eu sei que não há nenhuma maneira de deixá-lo ir.


Capítulo 21


ESTU-PORRA-PENDO


DYLAN

 

— Dylan, é verdade que você está se mudando para Nova York?

— Por que Ace não foi com você na sua viagem?

Quando passo pelo punhado de fotógrafos para entrar no meu apartamento, fico surpreso de que ainda existe algum, considerando que estive em Nova York por uma semana para alguns trabalhos.

— Sem declarações hoje, caras. — digo, mantendo a cabeça baixa. Uma vez dentro do apartamento, que está parecendo um pouco menos como minha casa temporária ultimamente, deixo minha mala no balcão e tiro meu celular do meu bolso. Esse foi o momento mais longo que passei sem ver Ace desde que o conheci, e estou ansioso para encontrá-lo, agora que estou de volta no mesmo fuso horário. Além de ficar longe dele, essa semana tinha sido inacreditável. Começou com um trabalho em grupo para a Provocateur na Rockaway Beach, no Queens, antes de voltar para a cidade para as fotografias individuais. Tirei fotos para GQ no Central Park para a Bethesda Fountain. Então, o trabalho para a Gucci me levou para o topo do One World Trade Center, com uma deslumbrante vista da cidade de Nova York e além. E a parte favorita dos trabalhos dessa semana: a sessão de fotos convenientemente chamadas de Dylan's Candy Bar, um trabalho doce que tive a sensação de que Ryleigh, a amiga de Ace, gostaria. Posso ou não ter voltado para o meu hotel naquela noite com uma variedade embaraçosa de chocolates, gomas, caramelos e bolos. Fodido inferno, aqueles caramelos...

— Bem vindo de volta, Sr. Prescott. — Ace diz, cortando meus pensamentos antes que eu pudesse babar demais. — Quando diabos eu verei você?

Um enorme sorriso se espalha no meu rosto ao som de sua voz.

— Agora. Cinco minutos atrás. O mais cedo possível.

— Você deveria ter vindo direto para cá.

— Nah, eu preciso de um banho e algumas roupas limpas antes de te encontrar. Além disso, eu sabia que você tinha essa reunião hoje com o seu agente. Como foi?

Um longo silêncio passa antes de Ace soprar uma respiração. — Uh... Você sabe, não foi muito bom.

— Não muito bom? O que aconteceu?

— A mesma velha desculpa ultimamente. As ofertas secaram. Começamos a abordar projetos diferentes, mas ninguém está mordendo e nem se interessando.

— Merda, Ace. — digo, e fecho os olhos com frustração em seu nome. — É tão injusto. Isso é tudo por minha...

— Ei? — Ace diz por telefone, e mordo o lábio para parar o resto da frase que queria dizer. — Está tudo bem. Quero dizer, é uma merda, mas se para ser feliz e estar com você, eu tenho que perder alguns papéis e patrocinadores, então eu faria isso de novo sem nem piscar. Ok?

Sempre me surpreendo com como Ace tem a capacidade de me fazer sentir como se estivesse andando nas nuvens, mas ao mesmo tempo me pergunto se eu deveria estar.

— Pare com isso. — ele resmunga, e meus lábios se curvam.

— Parar com o quê?

— Pare de se sentir culpado.

Droga. O cara me conhece muito bem. — É apenas...

— Não, Dylan. Você não deve se sentir culpado por nada disso. Não com sua carreira, que é mais do que merece. Não pelo fato de que as pessoas são fanáticas e de mente fechada e não ao fato de estar apaixonado por você. Aproveite o seu momento. Você merece isso. Não digo essas coisas para fazer você se sentir mal com o que está fazendo.

— Eu sei disso. — digo, soltando um suspiro. — Mas ainda sim não é justo.

— Talvez não, mas talvez seja hora de eu olhar outras coisas.

— Outras coisas? — pergunto, sentando e passando a mão pelos meus cabelos.

— Sim — ele diz, eu podia ouvir um sorriso rastejando em sua voz. — Eu sempre fui interessado no mundo indie. Filmes, projetos de inicialização. Aquele tipo de coisa. Na verdade, eu conheci o namorado de Shayne, Nate. Talvez esse seja um sinal.

— Um sinal? — eu rio. — Desde quando você acredita nesse tipo de coisa?

E sem perder uma batida, Ace diz:

— Desde que conheci Sunshine Prescott.

Isso me faz rir alto. — Certo? Ela tem toda essa vibe de criança florida e te pegou, não é?

— Sério, se alguém for te fazer acreditar em algo...

— Oh, ela ficará satisfeita por ouvir isso. Hercules, um convertido total.

O riso de Ace passa por mim quando chuto os sapatos e me pergunto o quão rápido eu posso me despir, tomar um banho e sair para encontrar o homem na outra extremidade do telefone.

— Então... Você sentiu minha falta? — pergunto, apesar de já saber a resposta. É bom ouvir às vezes.

— Pescando elogios, Daydream?

— Talvez. Isso seria tão ruim?

— Nem um pouco. — Ace diz, sua voz caindo algumas oitavas. — E se você pudesse me ver agora mesmo, você saberia o quanto eu senti a sua falta.

— Sério?

— Mhmm...

— E por que isso? — pergunto, voltando ao sofá. O banho poderia esperar um minuto. Talvez até depois de Ace me provocar uma ereção furiosa.

— Bem, eu estou sem camisa, para começar.

— Oh... Eu gosto disso.

— Eu achei que você poderia gostar. — ele diz. — E eu estou de joelhos.

Suspiro, imaginando o visual e abaixo minha mão para pressionar na frente da minha calça. — Não pare por aí.

— Não, não vou. Porque estou cercado por...

Minha boca saliva enquanto aguardo o que quer que ele vá dizer; mas quando tudo o que recebo é sua respiração sexy e pesada no meu ouvido, eu pergunto:

— Cercado pelo quê?

Então ele ri e diz algo que eu não esperava. — DVDs, Daydream.

Hã?

— Estava me sentindo tão patético sem você. Acabei reorganizando a minha coleção de DVDs. Preciso que você venha aqui, e rápido.

— Por favor, me diga que você está organizando por tamanho.

— Ao contrário do que você possa pensar, não vi estrelas de Hollywood completamente sem roupa. Então não. Desculpe desapontá-lo, mas eles estão sendo organizados por gênero e depois por ordem alfabética.

Minha mão deixa minha calça, e eu ergo o meu nariz para cima. — Então deixe eu ver se entendi. Você sentiu tanto a minha falta que pensou que reorganizar o seu home theater fosse uma boa ideia? Eu preferiria ficar me masturbando na banheira de hidromassagem.

— Eu preferiria você na minha banheira de hidromassagem.

— Agora sim você pensou certo.

— Bom. Você será a sobremesa. Quer que eu ligue para pedir alguma coisa para o jantar? Um novo restaurante tailandês acabou de abrir na rua.

Meu estômago grunhe com a menção de comida. — Sim, isso parece ótimo. Se você ligar, eu posso passar e pegar a comida no caminho. Tudo parece bem para mim agora. Estou fodidamente faminto.

— Vou pedir dois de tudo.

— Eu sinto que sou uma influência ruim, você era um cara de comer galinha e couve quando o conheci, e agora eu tenho que fazer pedidos no tailandês. Devo me desculpar?

— Não. Acho que mereço alguns dias de folga.

— Maldito seja, eu preciso também. Especialmente depois de um longo e difícil dia reorganizando DVDs. — digo, rindo.

— Tudo bem, tudo bem. Eu posso parar agora. Vê? Eu não sou viciado. Posso parar a qualquer hora.

Isso só me faz rir mais forte quando uma batida soa na minha porta. — Se você diz. Ei, acho que o Lloyd do apartamento dos fundos precisa de moedas para a máquina de lavar novamente, então me deixe cuidar disso e estarei aí em uma hora.

— Mal posso esperar.

Quando termino a chamada, a batida soa novamente.

— Apenas um segundo, cara, lembre-se que cheguei agora — digo, abrindo um pote que mantenho. Outra coisa que tive que me acostumar em L.A. - compartilhar uma lavadora e secadora com dezenas de outros inquilinos. Eu pego algumas moedas do bolso e depois desbloqueio e abro a porta. — Aqui... — minhas palavras morrem em minha garganta quando me encontro cara a cara com uma mulher centímetros mais baixa que eu.

— Oh, desculpe-me. — digo. — Eu pensei que fosse outra pessoa. Posso ajudar?

Os lábios da mulher se curvam em um sorriso triste. — Você não me reconhece?

As palavras eu deveria? estão na ponta da minha língua, mas paro quando vejo o tom de seus olhos, a mesma cor verde dos meus. Minha mão vai para o batente da porta enquanto olho para ela novamente. Os cabelos castanhos claros, o mesmo tom dos meus, e em vez da maquiagem pesada e batom vermelho que costumava borrar seu rosto, ela quase não usa nada agora.

— Puta merda. — eu respiro, quando percebo quem é a mulher que está na minha frente. Aquela de quem eu escapara há tantos anos atrás. A mesma que me usou por dinheiro, que tinha verbalmente abusado de mim, e que me jogou na cova do leão com um homem três vezes mais velho que eu, apenas para pagar o aluguel.

Brenda sorri. — Você está muito mais alto do que lembro, Dylan.

Seguro a porta debaixo da minha mão para me impedir de tremer enquanto olho para o rosto sorridente na minha frente. Deus... Não pode ser. Mas enquanto eu fico paralisado, é como se fosse transportado de volta para aquela sala de estar antiga e suja, com o sofá laranja e o ar viciado.

— Você não vai convidar sua mãe para entrar?

Eu estou bastante certo de que as palavras nem fodendo estão na ponta da minha língua, mas seria condenado se pudesse descobrir como soltá-las. As lembranças da minha infância com essa mulher foram enterradas por muito tempo com uma enorme quantidade de mágoas, negação e auto-aversão, e levaram anos para banir as lembranças que, até recentemente, esqueci que estavam escondidas dentro de mim. Mas elas estão lá. Elas existem. E ela também.

Ao dar um passo à frente, volto a mim, para a minha situação atual, pisco e solto a porta, bloqueando seu progresso.

— Como você me encontrou? — eu tenho que saber. Sunshine ou Ziggy não lhe disseram, de modo que apenas sobrava...

— Como? A TV, é claro. Você se tornou uma celebridade atualmente. Toda vez que ligo a TV, lá está você. E seu apartamento.

Meu estomago embrulha, e depois uma bola de boliche cai lá dentro, enquanto eu agarro o batente da porta de madeira. Eu engulo em seco e dou uma respiração profunda e muito necessária, e sinto que o ar ficou preso quando atingiu o enorme nódulo na minha garganta. Isso não pode estar acontecendo, eu penso, mas não importa quantas vezes pisco, cada vez que eu me reoriento, ela ainda está lá.

— Não podemos conversar aí dentro? — ela pergunta. — Eu só quero...

— Não. — digo, balançando a cabeça. Se eu pudesse ter gritado não, não, não, então eu teria. Mas eu não estava em meu elemento e nem no meu estado mental necessário para lidar com isso. Qualquer outra coisa teria sido mais efetiva.

— Filho, por favor. Eu só quero falar com você. Eu mudei...

— Não me chame assim. — digo. O sorriso em seu rosto cai, então, quando ela alcança meu braço, eu tropeço de volta, batendo contra a porta na minha pressa. — Você precisa sair.

— Dylan

— Saia! Eu não quero vê-la. — forço enquanto volto a segurar o batente da porta, e quando começo a fechá-la, acrescento: — Nunca.

Seu rosto desaparece com a porta fechada. Certifico-me de bloquear as travas, e depois adiciono a corrente, antes de me virar, encosto as costas na porta e depois deslizo até que a minha bunda esteja no chão e meus joelhos estão puxados contra o meu peito.

Ela não pode me machucar mais, penso, enquanto abraço os meus joelhos e luto para impedir as lágrimas que escorrem dos meus olhos. Ela não é nada. Ela não pode me machucar. Mas mesmo quando eu digo as palavras que se repetem na minha cabeça, o fato de estar enrolado e congelado no lugar, me diz que a verdade ainda é muito difícil. E isso por que eu sou um maldito mentiroso.


Capítulo 22


CADELA LOUCA


ACE

 

Enquanto o sol se aproxima do horizonte e rompe as sombras que apareceram na noite anterior, eu passo meus olhos ao longo do homem deitado ao meu lado. Com os lençóis em sua cintura e a cabeça apoiada no travesseiro macio, Dylan parece calmo e pacífico enquanto continua a dormir ao meu lado. Muito longe de como ele chegou à minha porta na noite anterior. Seus cabelos, que cresceram de volta para os fios mais longos e familiares que eu originalmente conheci, estavam despenteados onde ele havia bagunçado com os dedos a noite toda.

Deus, ontem à noite foi difícil. Eu abri a porta da frente para Dylan esperando uma coisa, e acabei recebendo um conjunto inteiro de outra coisa. No segundo que o rosto dele apareceu, eu soube. Mesmo se eu não estivesse tão conectado com ele quanto eu estava, ver a tensão em seu rosto, os olhos inchados do choro e o conjunto rígido de sua mandíbula teriam ligado todos os sinais de alerta. E quando eu o alcancei, ele praticamente entrou em colapso em meus braços...

— Que bom que você chegou aqui, Daydream. Estou faminto. Por comida e... — minhas palavras morrem, e o sorriso que eu tenho no rosto desde que Dylan tinha ligado para me dizer que ele chegou em casa, escorrega do meu rosto para ser substituído por uma linha firme. Meu rosto está tão pálido como um fantasma.

— Dylan? O que há de errado? — é evidente que algo está errado. Dylan tem seus braços envolvidos em seu peito, os olhos úmidos, e não há sacolas plásticas contendo o nosso jantar que ele me fizera pedir e que iria pegar.

Não, ele parece uma estátua, parado na minha frente. Mudo e alheio.

Dou um passo para frente na porta, e é quando Dylan finalmente ergue os olhos para os meus, e o olhar perdido e vago dentro deles combinava com o sentimento oco que agora crescia no poço do meu estômago.

Sem outra palavra, abro meus braços, e Dylan cai neles, praticamente se chocando contra mim.

— Ei. — eu sussurro, passando uma palma suavemente em sua coluna e na parte de trás do pescoço dele, e quando ele treme, eu sei que preciso levá-lo para dentro. — Venha comigo. — digo, e depois envolvo o braço em torno de seus ombros e o puxo para a casa.

Dylan se apoia em mim, enquanto me conta que Brenda apareceu em sua porta, querendo entrar - e também me fez ver tudo em vermelho. A maldita mulher... Como ela poderia pensar que seria bom abordá-lo assim? Encontrá-lo? Depois de tudo em que ela o colocou...

Dylan se move, suas sobrancelhas franzem, como se estivesse vendo algo que ele não gosta. Eu o alcanço e, com um toque leve, aliso as rugas de sua testa. Quando seus olhos se abrem para se concentrar em mim, ele dá um pequeno sorriso.

— Eu gosto de vê-lo dormindo. — digo, passando meus dedos ao longo de sua mandíbula.

Ele solta uma risada baixa. — Por quê? Porque eu babo?

— Porque você parece tão pacífico. Quase inocente. O exato oposto quando seus olhos estão abertos.

— Espertinho.

— Sempre. — digo, sorrindo. — E você não baba ou eu faria você usar um babador na cama.

— Diga-me que não é uma fantasia sua.

— Você é um homem doente, Prescott. Mas eu gosto disso em você. — ele inclina a cabeça na minha mão e eu arrasto meus dedos pelo seu pescoço. Quando eles param em seu coração, digo: — Eu acho... Que você deveria ficar aqui por um tempo.

Os olhos meio fechados de Dylan se abrem completamente, e sua testa enruga novamente. — Você quer dizer um tempo, como alguns dias hoje ou...

— Ou vários dias, muitos dias em sequência. Por... — eu dou de ombros, tentando agir indiferente sobre o que eu estou propondo. — Um tempo.

Um sorriso tímido atravessa os lábios de Dylan enquanto ele rola em minha direção e reflete a minha posição, o cotovelo curvado, uma mão sobre a outra, os olhos nos meus. — Você está me pedindo para morar com você?

Abro minha boca para dizer-lhe que sim, mas antes que a palavra possa sair dos meus lábios, ele ergue um dedo para me impedir de falar, e o sorriso desaparece. Seus olhos tornam-se sérios então, como se outro pensamento tivesse acabado de entrar em sua mente, e então ele fala:

— Você está perguntando por que é algo que você quer? Ou por causa do que aconteceu com Brenda?

Pego seu pulso e o puxo para mim, e então acaricio sua bochecha e lábios e digo:

— Estou perguntando por que eu quero estar com você. Pela manhã, durante toda a tarde, à noite. Eu sou ganancioso. Eu quero algum tempo livre, e você tem que ser o meu tempo. — eu rolo para ficar de costas, olhando para os olhos focados em mim.

Sim, provavelmente soei como uma aberração por controle. Mas não é isso o que eu quis dizer. Não quero ser o único em sua vida. Só quero ser algo permanente na vida dele. Quero compartilhar os bons momentos e os ruins com ele. — Isso parece louco, eu sei...

— Não. — ele diz, atravessando o espaço entre nós. Estendo o braço na cama para que ele se aproxime, e o lençol desliza pela curva de seu quadril enquanto ele molda sua frente nua ao meu lado, e então pousa sua bochecha no meu ombro. — Parece um sonho. — sussurra ao meu ouvido.

Olho para ele, e quando esse sorriso tímido reaparece, sinto meu peito inchar de amor por ele. — Parece?

Dylan morde o lábio inferior e confirma com a cabeça, antes de se inclinar para acariciar o meu pescoço. — Eu também sou ganancioso.

Quando diz isso, Dylan passa os dedos pelo meu peito e imita minha jogada mais cedo, passando a mão sobre o meu coração. — Obrigado pela noite passada.

— Eu não fiz nada...

— Você estava aqui. — diz, e então seus lábios roçam na minha bochecha. — Você me ouviu. Você me segurou. E Ace?

— Sim? — eu pergunto, me virando de modo que nossos narizes se toquem, e quando vejo uma reluzente lágrima solitária na bochecha dele, gentilmente beijo seus lábios e ele sussurra: — Você me fez sentir seguro.

Eu o coloco de costas na cama, e então, enquanto pairo sobre ele, coloco sua cabeça entre as minhas mãos e deslizo meus polegares sobre suas bochechas.

Eu não tenho dúvidas enquanto olho para ele que estou profundamente envolvido nessa relação. E enquanto Dylan está deitado, olhando para mim com tanta confiança - se eu não estivesse fora da minha mente, me faria correr pelas montanhas – eu estou orgulhoso disso. Eu quero essa confiança. E o fato de ele ter se entregado a mim, quando eu sabia que não era algo que ele dava levemente, fez o que nós compartilhamos ser muito mais sagrado.

 

***

DYLAN

 

Alguns dias depois, eu estou no escritório da minha agente, vendo as provas do photoshoot da fragrância Provocateur. Claudia está inclinada para trás em sua cadeira de escritório de couro, tocando seu lábio inferior com a armação fina de seus óculos de leitura.

— Sexy, não são? — ela pergunta, enquanto estuda imagem após imagem, e ela está certa. Com as ondas rolando na praia, as fotos em sequência, junto com Rochelle e Lorenzo, os dois modelos que eu trabalhei na outra manhã, são extremamente sexy.

As imagens que tirei com os dois contorcendo-se na areia surgiram em uma exibição deslumbrante de sensualidade no seu melhor. Elas eram uma provocação do que poderia acontecer e o que poderia ter acontecido ao usar Provocateur.

Rochelle está em suas costas, arqueada em seus cotovelos, com a cabeça inclinada para trás para expor pescoço e seios em seu minúsculo biquíni de fitas, enquanto a água do mar cerca seus pés e tornozelos. Lorenzo está do lado direito usando apenas um jeans desbotado, assim como eu estava, e estava inclinando sobre ela, com as costas para a câmera, sua boca obviamente indo para os seios.

E eu estou do outro lado.

Usando o jeans desabotoado, com os dedos deslizando para dentro da lateral do biquíni da modelo e meus olhos estavam encarando diretamente a câmera. Meus cabelos estavam jogados para trás, e meu rosto é o único virado para frente e centralizado, meus olhos convidando aqueles que estavam olhando, um convite para se juntarem a nós, com nossos jeans molhados e mãos errantes. E os meus lábios estavam abertos, o que sempre chamou a atenção de Ace; e eu dizia ao cliente que o que estava fazendo era tão pecaminoso quanto eles imaginavam.

— Sim. É sexy mesmo. — digo. — É bom que ninguém saiba o quão fria estava à água, os incômodos das ondas batendo constantemente, e a dificuldade de ficarmos entre essas rochas.

Claudia senta ereta na cadeira e alcança a última foto. — Ninguém se importa com isso. Eles se preocupam com o que vocês fizeram depois dessas fotos. Eles se preocupam com o fato de que o perfume que ela estava usando fez dois homens quentes a atacarem em uma praia. E todos vão aceitar o convite de alguém tão sexy como você para se juntar a vocês.

Eu não pude deixar de rir com isso, quando aponto o óbvio. — Mesmo que todos saibam que eu sou gay?

— Pshh, por favor. — ela diz com um movimento de sua mão, seus olhos brilhando para mim. — Provavelmente mais por isso. Não me surpreende que fosse por isso que colocaram dois homens. Qual é a mulher que não quer ser o objeto de carinho de dois homens, assim como...

— Sim, sim, Claudia. Entendi.

— Exatamente. — ela diz, balançando o dedo no ar, como se tivesse resolvido a resposta para a fome do mundo. — Essa campanha vai vender milhões de vidros de Provocateur, e eles sabem disso. A câmera ama você, Dylan, e também o fotógrafo e Osare me ligou para dizer que eles adorariam um contrato com você o mais rápido possível para mais algumas campanhas. O que você acha?

O que eu acho? Uau! É a primeira coisa que me vem à mente. A segunda é que a oferta é um golpe para o meu ego. Osare é uma grande empresa, e tê-los me querendo... É emocionante. Mas ainda assim, eu não quero ser a propriedade exclusiva de ninguém, sendo sábio. Eu queria dizer que não é algo impulsivo. Isso é muito importante para mim, e na verdade, foi uma das estipulações originais que eu coloquei firmemente no lugar quando eu entrei no mundo da modelagem. Porque se usasse o meu rosto e meu corpo para ganhar dinheiro, então poderia dizer quem iria ter o privilégio de lucrar com isso. Dessa forma, se precisasse de uma pausa ou não estivesse confortável, eu poderia sair do Dodge. E queria ter certeza de que ainda poderia ser entendido.

— Isso é muito lisonjeiro, Claudia. Mas você sabe como me sinto sobre exclusividade.

— Sim, mas...

— Não. — digo, me levantando. — Isso não é negociável. Eu estarei na sessão de fotos da próxima semana. Apenas deixe-me saber que horas devo estar lá.

— Entendi. Você é o chefe. — ela diz, levantando-se e dando a volta em sua mesa. — Eu vou receber esses detalhes assim que eles ligarem. Espero ouvir algo hoje à noite.

— Perfeito.

— Oh, Dylan. Você é o verdadeiro negócio, você sabe disso? Bonito por dentro e por fora. Você já pensou em ser um porta-voz para...?

— Claudia. — eu rio, balançando a cabeça. — Uma coisa de cada vez, hein? Minha vida já está no meio de uma tempestade ultimamente.

— Eu sei, eu sei. Mas há muito potencial para você. Eu simplesmente não quero esquecer nada.

Eu lhe dou um sorriso suave, entendo que ela realmente esteja pensando no que é melhor para mim. Essa foi uma das coisas que me atraiu para ela quando se aproximou. E fico feliz por não ter mudado, mesmo com o crescente volume de trabalho e o aumento de nossos salários. Ela ainda me trata como quando eu fazia cem dólares por um catálogo divulgado.

Eu estava prestes a sair, e então, no último minuto, lembrei.

— Oh, outra coisa. Este é o meu novo endereço. — eu rabisco o endereço de Ace - bem, o meu novo endereço - no bloco de notas e o entrego a ela. — Se você precisar enviar contratos ou cheques. É aqui que vou estar a partir de hoje.

— Oh, novo endereço... — ela para quando lê o bairro e o código postal, e então ergue os olhos para os meus. Sim, nada mais precisa ser dito. É mais do que óbvio para onde estava indo. — Parabéns.

— Obrigado. — eu sorrio, e depois viro e vou para a porta. Saio para o corredor e depois atravesso a recepção e chego à rua. E quando meus sapatos atingem a calçada, eu paro e fico paralisado na calçada.

Lá, de pé ao lado de um caminhão bege e antigo, está Brenda. Ela está encostada na lateral da picape, e quando me vê, se endireita e anda m minha direção.

Isso é ina-porra-creditável. Como ela está aqui? Como sabia onde eu estou? E como sabia que eu estaria aqui hoje?

Recordando o que aconteceu há algumas noites atrás, da maneira como eu tinha congelado e basicamente desmoronado, tiro toda a força e segurança que sinto quando estou nos braços de Ace e me encho de coragem para ir até ela e exigir que fosse embora ou eu levaria o assunto para a polícia.

Firmo a minha determinação, e sigo em sua direção, e não consigo impedir que minhas mãos se fechem em punhos. Ela me fazia sentir impotente e violento ao mesmo tempo. Por que ousou aparecer? Como ousa sorrir na minha direção? Apenas a encaro e continuo até finalmente parar na frente dela.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto, sem dar-lhe a oportunidade de cuspir uma besteira na minha cara.

Ela geme um pouco, provavelmente esperando que eu enlouqueça novamente e fuja. Mas não dessa vez.

— Fiz uma fodida pergunta. — grito uma ordem.

Passando a língua nos lábios, ela engole em seco e levanta os óculos de sol para me olhar com uma expressão de cachorrinho. Sério? Ela acha que eu sou tão estúpido assim?

— Como você encontrou esse lugar? Encontrou-me?

— Eu lhe disse, Dylan. Eu acompanho a sua carreira...

— Besteira. — digo, cruzando meus braços para fazer algo em vez de estrangulá-la.

— Eu acompanho, sim. Eu procuro por você, e essa empresa é onde trabalha a sua agente e agência, e pensei que se eu esperasse aqui, você poderia aparecer...

De todos...

— Você está falando sério? Você está me perseguindo agora? O que há de errado com você? Eu não quero ver você. Não agora, e nem amanhã. Nunca.

Viro-me, pronto para me afastar dela. Pronto para dar um fim nisso. Mas quando pequenos dedos com unhas afiadas e um aperto surpreendentemente poderoso enrolam em meu pulso, perfurando a minha pele, eu giro em torno dela tão rápido que ela teve sorte do impulso não a levar ao chão. — Tire sua mão de mim.

— Por favor, Dylan, apenas fale comigo. Eu mudei.

Essa é a segunda vez que ela afirma tal coisa, mas não há como comprar essa história. Que conveniente para ela. Quando eu estou prestes a expressar essa opinião em voz alta, avisto alguém pelo canto do meu olho. Olho para a esquerda e sim, ali mesmo, de pé, ao lado de uma das palmeiras ao longo da estrada, está um homem com uma câmera erguida ao olho, apontada na minha direção.

Ótimo. É exatamente o que eu preciso. Apenas o que Ace precisa. Perguntas sobre a mulher com quem eu estou discutindo do lado de fora da minha agência de modelos. Eu quase posso ver as manchetes agora. Sem mencionar o que aconteceria quando revelassem a verdade.

Sentindo que minha pressão arterial atingia seu ponto de ebulição, olho de volta para a mulher inconsciente do que estava acontecendo e baixo minha voz para um tom ameaçador, de modo que qualquer transeunte não possa me ouvir.

— Pessoas como você não mudam. Os sugadores de pessoas raramente se deslocam para a luz, e quando o fazem, é só para se alimentarem dos outros. Não vou te dar nenhuma chance. Fique longe de mim ou vou ligar para a polícia. E se não quiser que eu faça isso agora, pode entrar naquela maldita picape e sumir da minha vista.

Enquanto ela se afasta de mim, minhas mãos tremem. Mas eu fico olhando enquanto ela entra na picape de merda e sai, apenas para me tranquilizar de que ela não iria me seguir até em casa.

 

***

ACE

 

Eu tiro os olhos da televisão enquanto passo a fita adesiva na caixa marrom entre minhas pernas. Nessa caixa há várias roupas dobradas meticulosamente de Dylan, e foi uma das últimas caixas a serem embaladas.

É sábado, depois que eu pedi a Dylan que se mudasse para a minha casa, e decidimos que essa tarde seria um bom momento para arrumar e embalar suas coisas em seu apartamento para que pudéssemos sair no sigilo da noite apenas no caso de haver algum paparazzo espreitando e fazendo perguntas sobre para onde ele está se mudando.

Eles saberiam em breve. Eles sempre conseguiam as informações. E com manchetes atuais, passando várias vezes nos canais de entretenimento, canal após canal, sempre me surpreendia que eles mostrassem as mesmas imagens, mas histórias e hipóteses diferentes. E a notícia de última hora é a mesma que aconteceu ontem.

Quem é a loira com Prescott? Uma ex desapontada?

Já existem problemas com o casal PresLocke?

Cristo, se alguém se incomodasse de olhar um pouco mais perto da foto granulada que havia sido tirada de Dylan e Brenda, eles veriam a postura desconfortável, o conjunto rígido de sua mandíbula e a incredulidade estampada em seu rosto.

Mas eles não estavam vendo isso, porque não sabiam o que estavam olhando. Como de costume, eles estavam apenas especulando os insetos sob o microscópio.

Merda. Eu odeio que isso esteja acontecendo com Dylan. Que mais uma vez Brenda surgiu quando eu não estava lá para apoiá-lo. Mas quando Dylan voltou para casa naquela noite e me contou o que aconteceu, notei uma mudança distinta nele. Havia uma nova determinação naquela noite, de que ele não seria governado por ela e que o seu medo tinha se tornado um pouco mais fácil de engolir. Até, claro, quando todas as notícias começaram.

— Ok. Acho que é a última caixa por agora. — Dylan diz, saindo do banheiro e olhando a pequena sala com todas as caixas que estavam empilhadas e com anotações, prontas para serem carregadas em algumas horas.

Pego o controle remoto e desligo a TV, assim que Dylan aparece no final do sofá e senta ao meu lado.

— Perfeito. Podemos pegar o resto no próximo fim de semana.

— Sim. Isso soa bem. Apenas o sofá, e podemos doar o suporte da TV. — diz e depois suspira. — Eu realmente vou sentir falta desse lugar.

— Eu também. — digo, colocando o braço atrás do sofá. Dylan aceita o convite silencioso e se inclina para o meu lado. — Nós tivemos muitas primeiras vezes aqui.

— Nós tivemos, não é? — ele diz, dando um sorriso lânguido na minha direção.

Eu aceno com a cabeça e não posso deixar de me inclinar e dar um beijo firme naquela boca tentadora dele, e quando seus lábios se separam para minha língua entrar, eu mergulho para dentro e me perco no gosto dele. Ele solta um gemido e ergue a mão para tocar o meu pescoço, o som e o toque dele faz um arrepio correr da minha coluna até o meu pau. Ele é tão gostoso.

— Mhmm, você me seduziu aqui. — digo contra sua boca.

— Eu seduzi?

— Sim, seu provocador. Você me apresentou aos seus pais, então tirou suas roupas e seduziu a minha mente.

Dylan afunda suavemente os dentes no meu lábio inferior, e quando ele afasta a cabeça, arrasta a ponta do dente no meu lábio, eu solto um gemido e estou prestes a deitar quando...

Toc. Toc. Toc.

— Shh... Não vamos responder. — Dylan diz, até a batida soar novamente. Ele grunhe e eu rio.

— Provavelmente é apenas Lloyd, você têm todas essas doações aqui, então podemos dar-lhe alguma coisa. — digo, e me levanto do sofá. Pego o frasco de moedas e olho para onde Dylan está deitado no sofá, claramente tendo os mesmos pensamentos que eu estava tendo. — Não se atreva a se mover.

Eu corro até a porta, muito mais rápido então, e quando a abro totalmente, congelo, porque parada de pé na minha frente, está a mulher da foto granulada. A mesma mulher que Dylan me descreveu meticulosamente da primeira vez que a tinha visto um pouco mais de uma semana atrás. E mesmo sem ter visto e ouvido sobre ela, seus olhos são os mesmos que os do menino que ela tão descuidadamente jogou de lado.

Sim. Não há dúvida em minha mente de que eu estou finalmente cara a cara com Brenda.

— Oh. — ela ofega, uma mão voando para seu peito, com os olhos arregalados. — Eu sinto muito. Eu estava procurando...

— Eu sei exatamente quem você está procurando. — digo, interrompendo-a de cara. Dylan deixou claro que não quer nada com essa mulher. Havia dito a Sunshine, havia me contado - inferno, ele até mesmo tinha dado um fora nela, mas ela continuava voltando para mais.

Então, se não estava ouvindo Dylan, se não estava levando a sua ameaça a sério, então talvez seja hora dela ouvi-la de outra fonte. Alguém que não tem medo dela.

Saio pela porta da frente, o frasco de moedas ainda debaixo do meu braço e fico bem satisfeito quando ela recua.

— Você sabe quem eu sou? — pergunto, tendo a certeza de colocar meu rosto mais intimidante. Quando ela assente, abro minha boca para dizer mais, mas então ouço meu nome.

— Ace? Ace, quem é... — a voz de Dylan para, assim que o sinto atrás de mim. — Que merda! Qual é o seu problema? — ele grita, e se move para frente.

Levanto meu braço livre, e planto minha mão em seu peito. Dylan está fervendo, seu peito arfando, e eu não faço ideia do que ele faria se realmente pudesse colocar as mãos na mulher, que agora olha entre nós dois, seus olhos estreitados.

— Eu acredito que Dylan deixou muito claro quando lhe disse para não entrar em contato com ele.

— Ele disse. — ela diz com sua voz agora sem a doçura e melosidade de alguns momentos atrás e assumindo um tom duro. Um tom áspero e afiado que faz com que os meus instintos de luta subam à superfície. — Mas você vê, é para isso que eu estou vindo. O que eu tenho esperado.

— Que merda, Brenda? Saia daqui. — Dylan diz, mas cai em ouvidos surdos, porque exatamente como ela havia dito, ela já tinha o seu alvo, e não tinha nada a ver com o filho dela. Não tinha nada a ver com se conectar com ele. Ou reparar as cercas quebradas. Não. Ela está usando-o para atingir seu próximo alvo. E eu tenho a sensação de que sei exatamente quem é...

— Ace Locke e o meu Dylan. Seu rosto bonito certamente contribuiu com o ganho do pote de ouro, não é? Você mirou mais alto do que quando começou. E graças a Deus por isso. — ela cacareja, e o som pinga com o veneno que ela está tentando espalhar. — Isso funcionou muito bem.

— O que você quer? — eu grito, mas tenho a sensação de que eu já sei a resposta. Eu só me pergunto quanto ela pensa que pode arrancar de mim.

— Dois milhões de dólares.

— O quê? — Dylan grita, e tenta ir para frente novamente, fazendo-me realmente empurrá-lo para segurá-lo. — Você está louca, porra.

— Pelo contrário, filho. — ela diz, usando a palavra como um insulto. — Eu estou com a mente muito limpa. O que são alguns milhões para alguém como ele? Nada.

Essa mulher irá ouvir algumas verdades se pensa que vou lhe dar merda alguma. — O que faz você pensar que vou te dar um centavo?

Seus olhos vão para a mão que eu tinha esgueirado no peito de Dylan, e o sorriso malicioso em seus lábios enrugados deixa minha pele arrepiada.

— Porque eu acho que você não quer que o mundo inteiro descubra que você está saindo com um prostituto.

A raiva cega distorce minha visão então, e a força que surge em minhas mãos poderia esmagar até o concreto sem nem sequer registrar em minha mente. Eu a encaro e empurro a puta até que suas costas atinjam a parede do corredor, tão rápido que seus pés quase não a mantêm de pé. Uma vez que estamos cara a cara, eu esmago os meus dentes e rosno.

— Eu sugiro que você se foda e que rasteje de volta para qualquer buraco do inferno que você tenha saído. Você não vai ter merda alguma de mim. E se eu pegar você fungando ao redor de Dylan novamente, você terá que lidar com mais do que somente a polícia. Você me entendeu?

Seus olhos, os mesmos que eu tinha comparado com Dylan há apenas alguns minutos, estão perto do preto que eu percebo o quão errado estava. O olhar dela está morto por dentro. Não há nada lá. Apenas um poço sem fundo de crueldade e malícia.

— Ele deve ser uma boa foda para que você...

Minha mão avança, deixando-a chocada e em silêncio enquanto pego um punhado de sua camisa, e é quando eu sinto uma mão nas minhas costas.

— Ace.

A voz oca de Dylan mal se registra em minha fúria, mas quando fala pela segunda vez, chama minha atenção.

— Ace, deixe-a ir. Ela conseguiu uma audiência.

Como se a camisa dela estivesse me queimando, solto o tecido e dou um passo para trás, olhando pela varanda pela primeira vez desde que saí do apartamento. E, com certeza há no gramado vários paparazzi com suas câmeras voltadas para o segundo andar. Nós éramos o alvo.

Brenda ri e o som é tão perturbador. Volto para o apartamento e pego a mão de Dylan, puxando-o para ficar ao meu lado. Então, quando giro para fechar a porta, eu a ouço dizer:

— Aww, o amor não é grandioso? — ela zomba, fazendo Dylan girar para encará-la também. Ela passa a mão em sua blusa preta, depois coloca a mão na bolsa para pegar um pequeno quadrado vermelho. — Eu acho que disse tudo o que eu queria. Quando você chegar aos seus sentidos, lover boy, você pode me encontrar aqui. Você tem uma semana.

Ela joga o pacote barato de motel em nosso caminho, e nós o deixamos cair aos nossos pés, então, sem dizer uma palavra, eu sigo meu impulso inicial e bato a porta no rosto daquela cadela.


Capítulo 23


EU TENHO CONFIANÇA


DYLAN

 

— Ok, Dylan, nós queremos quarenta e dois segundos para transmitir sofisticação casual, masculinidade sem esforço e uma confiança polida que todo homem quer. Começaremos com você descansando no final do bar, relaxado, com a garrafa... Aqui — diz o diretor, Gary. Ele é um homem alto e esguio, com óculos espessos e cabelos longos e grisalhos amarrados na nuca. Então aponta para o mestre dos adereços, que está posicionando com a garrafa de uísque que está no balcão, ao lado do meu braço esquerdo, para enfrentar o operador de câmera. — Entendeu?

Eu concordo. Sim, entendi.

Eu estive ansioso por esse trabalho durante toda a semana. É o meu primeiro comercial com esse porte e magnitude, e estava ansioso para ver como iria acontecer. A instalação parece muito com um mini filme. Quando eu cheguei ao Edison, passei pela sala de maquiagem, cabelos e guarda-roupa, e depois que me vestiram com um terno elegantíssimo Dolce & Gabbana, eu fui levado para o bar, onde havia uma equipe que estava correndo para deixar tudo em posição para a primeira cena do dia. Há entre 12 a 15 pessoas instalando equipamentos, enquanto eu ouço as instruções que estão sendo dadas.

A essência básica da cena é fazer com que o álcool parecesse ser o elixir que transformaria qualquer cara mediano em um homem arrojado e suave sobre a cidade. Ace havia me dito para extrair o meu Sinatra interno, e eu tinha que admitir, estava pensando exatamente sobre isso enquanto eu ficava debaixo da iluminação suave do bar, com o som suave de um piano tocando em algum lugar atrás de mim.

— Ok, estamos prontos, Dylan. Você está ok?

— Sim. Pronto quando estiverem.

— Perfeito. — Gary diz, enquanto caminha para trás da cadeira do diretor, ao lado do operador de câmera, de som e do produtor. Dois caras estão atrás das luzes, e quando tudo fica quieto, eu sigo a sugestão.

Sim. Estar aqui é o que eu nasci para fazer. Adoro essas possibilidades, a sugestão e o entra e sai ágil que geralmente acompanha um dia no mundo da modelagem. Você entra e se transforma exatamente naquilo que quer, e então é mostrado onde ficar, o fotógrafo, ou o operador de câmera, nesse caso, se posiciona e você desencadeia sua magia.

Ao contrário do cinema, isso vem naturalmente para mim. A modelagem é sobre conhecer seus ângulos, a melhor luz, como usar o que Deus havia lhe dado para projetar a emoção que um desenhista, produtor ou a empresa que o contratou, precisava. E felizmente para mim, parece que eu tenho a habilidade necessária para isso. Nenhuma palavra geralmente é necessária, nenhum script para memorizar, apenas o brilho certeiro nos meus olhos, a inclinação do corpo, o sorriso em meus lábios, o mistério, e o fotógrafo dispara, dispara, e dispara, até que ele grita:

— Brilhante, Dylan! É exatamente isso o que queremos. Apenas mais algumas extras.

E apenas seis horas depois... Tudo está encerrado.

Eu volto para a pequena sala que troquei de roupa mais cedo, e estou pendurando minha calça feita sob medida no gancho, quando meu celular começa a tocar sob o balcão na parede mais distante. Fecho meu jeans e olho o visor, é o nome e o número de Ace iluminando a minha tela e, quando o pego, não posso evitar o sorriso que atravessa meus lábios.

— Você não deveria estar a caminho de uma reunião, coisa quente?

— Eu estou. — Ace diz com um barulho de chaves acompanhando sua voz, me informando que ele provavelmente está indo para o carro enquanto fala. — Eu só queria ligar e ver como o comercial foi hoje.

Uhum, com certeza você queria. Mas também queria se certificar de que uma certa mulher não apareceu, e nem me perseguiu, e nem me encurralou na saída ou em algum mato qualquer.

Faz quase uma semana desde que Brenda apareceu no meu apartamento para chantagear Ace e manter silêncio sobre o meu passado, e apesar de ter demorado alguns dias para parar de olhar ao redor de todos os cantos, paranoico que o bicho-papão estivesse saindo de algum buraco para arruinar minha vida, eu finalmente comecei a acreditar que ela tinha ouvido a ameaça de Ace e foi embora para sempre.

Isso não me fez sentir menos culpado pelo que ele tentou fazer. A memória de suas ameaças e exigências para evitar espalhar seu veneno me faz tremer toda vez que penso sobre isso. Mas depois de muita persuasão de Ace, eu fiz o meu melhor para afastá-la de minha mente, e finalmente parecia que as coisas estavam se estabelecendo de novo.

— O comercial foi ótimo. Todos aqui foram maravilhosos e logo você irá ver o meu comercial, tomando uísque em um bar no Edison. — o grunhido de aprovação de Ace veio pelo telefone, enquanto tiro a minha camisa de manga curta do gancho e a visto. — Oh e ahh... Eu posso, ou não, ter recebido algumas coisinhas boas para levar para casa comigo. Então, posso persuadi-lo com uma garrafa de Blue Label para me ajudar a mover o resto da minha mobília essa noite?

— Hmmmm, eu não sei... — Ace diz enquanto o alarme de abertura do Lamborghini soa. Então ouço uma porta se abrindo e fechando e ele está de volta. — Posso lamber isso de você?

Sim, por favor. — Eu tenho certeza que se você estiver disponível para me ajudar, então isso poderia ser organizado.

— Nesse caso, que tal eu encontrá-lo lá depois da minha reunião? — ele sugere, assim que aciona a ignição. Enquanto o carro ruge para a vida, solto um gemido no ouvido dele.

— Eu juro, cada vez que ouço esse carro ligar, eu me esforço para me manter calmo.

— Nós dois. Você torna muito difícil para mim dirigir esse veículo, Daydream.

Encosto os ombros contra a parede e sorrio. — Você está reclamando?

— Foda-se, não! Os melhores três milhões de dólares que já gastei.

— Santo inferno. — digo.

Ace faz um som que é meio um ronronar e meio um rosnado, mas cem por cento animal. — Oh, não há nada de santo sobre o que você fez para mim nesse carro.

Forço meus olhos a se fecharem e abaixo minha mão para tocar o meu pau duro. — Não comece algo que você não pode terminar.

— Eu sei. Eu sei. Dê-me um par de horas e eu sou todo seu.

Eu aceno com a cabeça e, em seguida, ele troca de embreagem, e quero saber como ele se sente sobre a reunião que está indo hoje. Ele não havia dito muito além de que apenas iria participar.

— Você está animado? — pergunto.

— Sobre o encontro com Ronaldo Mendez?

— Sim. Quero dizer, você nunca o viu antes, certo? Foi bom Alejandro arrumar esse encontro. Ele é um nome muito grande.

— Tente um dos maiores. — Ace diz.

— Eu ficaria super nervoso.

— Uhh, obrigado...

— Não. Não. Não, quero dizer, sim. É só que ele é Ronaldo Mendez, com uma mega produtora. E isso é enorme.

Ouço Ace soltar um suspiro e o imagino esfregando a mão sobre a parte de trás do pescoço. — Realmente é, porém, sinceramente, estou tentando não me animar demais. As coisas não estão exatamente indo bem para mim ultimamente, então irei verificar o que ele tem a dizer. Mas não vou me preocupar com isso.

Odeio isso. Odeio que Ace esteja se sentindo assim. Mas não é como se ele não tivesse me avisado que isso aconteceria, e na maioria das vezes, nem parece incomodá-lo, especialmente quando somos só nós dois, juntos. No entanto, isso não impede de sentir a culpa que eu sinto quando alguém liga para lhe dizer que perdeu mais um filme ou patrocínio.

Tudo parece tão injusto. Estou conseguindo os melhores trabalhos, tudo por causa de Ace e minha conexão com ele, enquanto sua carreira e vida desmoronam por minha causa. Isso faz com que uma pessoa se afaste e realmente olhe sua autoestima e o que eles tinham para oferecer, porque no final é tudo o que tenho para dar. E espero, todos os dias, que seja o suficiente.

— Apenas veja o que ele tem a dizer, você nunca sabe nessa cidade o que vai acontecer de um dia para o outro. E não foi você quem me disse que é tudo sobre quem você conhece e as suas conexões?

Ace ri. — Lançando minhas próprias palavras de sabedoria para mim?

— Sim. Ele não teria ligado e planejado uma reunião se não estivesse interessado. Então, veja o que é o projeto dele. Veja se é algo que está interessado ou algo...

— Ridículo?

— Ace…

— Tudo bem, tudo bem. — ele diz. — Eu vou, e vou abordar a reunião com a mente aberta.

— Bom. — falo, feliz de ouvir um toque de humor no final. — E Ace?

— Sim?

— Quando terminar, se apresse para chegar à minha casa. Estarei esperando.

Depois de nos despedirmos e terminar a ligação, eu verifico meus cabelos no espelho e se as minhas roupas estão em ordem antes de pegar minha mochila e me dirigir para a porta. É hora de ir ao meu apartamento e terminar de me despedir.

 

 


***

ACE

 

Eu ligo meu carro, e dirijo além das enormes casas localizadas na comunidade fechada de Beverly Park e entro na Beverly Park Lane.

Deus, o bairro em questão tem algumas casas impressionantes de ricos e famosos, mas as maiorias são distante dos olhares indesejados. Quando encontro o número que estou procurando, levo o veículo até um enorme portão que está flanqueado por dois pilares de pedra e iluminado por uma luz Tudor de cada lado. Há uma câmera montada em cima de uma dessas colunas grossas, uma visando à placa de licença do meu carro. Enquanto eu espero a verificação, aguardando por alguém na outra extremidade daqueles dispositivos de segurança, olho para a folhagem densa que margeia o perímetro da parede de pedra, se estendendo para a esquerda e para a direita de cada pilar.

As palmeiras, as samambaias e a hera rastejante que estão perto de ultrapassar a maior parte da parede exposta dão à casa uma barreira extra contra qualquer um que deseje acampar na frente e tirar fotos de quem está além dos portões. Em menos de dois minutos, eu calculo, escuto um som de uma pancada e então o ferro forjado abre lentamente, me convidando para avançar.

Ok, eu disse a Dylan antes de sair que não estava nervoso. Mas, verdade seja dita, enquanto eu dirijo pela calçada pavimentada margeada por um gramado perfeitamente cuidado, com palmeiras de troncos grossos, minhas mãos suam e meu coração está batendo acelerado.

Essa é uma grande oportunidade que me foi oferecida. Eu estou ciente disso. Um encontro com Ronaldo Mendez é notoriamente difícil de obter, e quando Alejandro havia ligado para me dizer que seu pai queria uma reunião, eu mal pude acreditar.

A vida sempre se mostrava em curvas, algumas curvas novas na sua jornada, e na minha vida profissional me disseram, desde o começo, que às vezes é tudo sobre conexões. Mas isso? Isso parece louco. Irreal, até. Considerando que eu sei que essa conexão particular nunca poderia ser discutida em um ambiente público devido a contratos vinculativos e ao medo de ser processados. Ainda era difícil acreditar que, naquela noite cheia de sexo e fantasias, eu obtive uma oportunidade na forma de um “Zorro” que eu nunca poderia ter visto chegar...

Ou uh, eu tinha visto chegar22, por assim dizer.

De alguma forma, Alejandro realmente me concedeu um passe para dentro dos famosos portões da Toscana Vineyard Estate para ver o seu pai.

E agora que eu estou aqui, determinado a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para fazer uma boa impressão.

Saio do carro, e ao fechar a porta atrás de mim, fecho meus olhos por um momento e deixo o sol da tarde me aquecer.

Eu posso fazer isso. Já fiz isso mais de cem vezes. Apenas venda a imagem de Ace Locke, a estrela de ação. Certo. A única coisa no meu caminho, no entanto, é que ultimamente ninguém queria Ace Locke, a estrela de ação.

Tentando me esquivar desse pensamento, ajusto meu casaco esportivo azul-marinho e verifico se pareço apresentável. Calça apertada, camisa branca de botão com o colarinho aberto e o meu novo par de calçados negros, Ferragamo. Eu estou bem vestido.

Subo as escadas e me dirijo para as portas largas de vidro e de ferro, e assim que chego a elas, toco a campainha, e aparece uma mulher baixa para abrir a porta.

Ela usa roupas pretas e seus cabelos curtos estão soltos, as mãos estão cobertas de couro. Sua pele tem um tom bronzeado, com rugas marcando os cantos dos olhos quando ela sorri para mim, e eu acho que ela tem em torno de quarenta ou está no início dos cinquenta anos.

— Ahh, bem-vindo, Sr. Locke. O Sr. Mendez espera por você.

— Obrigado. — digo, retornando o sorriso e aguardando para ver se irá me dizer o nome dela.

— Eu sou Maria. Eu cuido da casa para os Mendez há anos. Meu marido cuida do quintal e organiza os trabalhadores que cuidam das videiras.

— Bem, vocês dois fazem um trabalho maravilhoso, Maria. Este lugar é lindo.

— Obrigado. Entre, entre. O Sr. Mendez está no escritório. Eu disse a ele que o atenderia pessoalmente. Então, siga-me.

Ela se vira, eu a sigo pelos ambientes, levando-me a uma grande sala retangular, onde uma grande mesa de madeira esculpida está com várias fotos da família famosa que mora lá. Contorno a mesa e continuo, andando em pisos de mármore tão brilhantes que refletem o candelabro acima. Eu não posso deixar de olhar para as enormes colunas brancas e que parecem ser históricas.

Uau, esse lugar é de outro mundo.

— Por aqui, Sr. Locke. — Maria diz, dando três passos até o meio do espaço retangular que tem uma porta, e duas escadas que levam ao segundo andar. Ela pega a da esquerda, andando pela inclinação gradual, e eu sou rápido em segui-la, não querendo ser pego olhando a deslumbrante decoração.

Quando alcança o segundo andar, caminha em direção a extremidade do lado esquerdo, e para em frente a uma porta fechada e bate duas vezes. Espero ao lado dela, desejando que meu pulso desacelerasse, porque ameaça me deixar tonto, e então ouço a voz famosa e familiar dizer:

— Sim. Entre.

Maria abre a porta dizendo:

— Boa sorte.

Ohhh, sim. Eu vou precisar disso, penso, entrando em uma sala que é muito mais escura do que a entrada iluminada. Quando olho ao redor, as paredes ricas em painéis de madeira de cerejeira criam automaticamente uma sensação acolhedora e convidativa.

Em cada parede há uma pintura que eu não tenho dúvida que vale mais do que a maioria dos contratos de alguém em um ano, e espalhadas pelo escritório há antiguidades dispostas para parecer mundanas e sofisticadas, e provavelmente foram minuciosamente escolhidas por um decorador.

Paro e deixo meus olhos se ajustarem à luz do sol através da janela, e enquanto meus olhos percorrem o ambiente, finalmente vislumbro uma cabeça escura de um homem sentado em um sofá de frente para a lareira.

— Ace Locke. Entre e feche a porta, filho. Temos muito o que falar.

E sem um momento de hesitação, faço exatamente isso, perguntando-me onde a próxima curva na estrada me levaria.

 


***

DYLAN

 

Ugh, eu estou uma pilha de nervos. Faz três horas desde que falei com Ace, e já tinha esgotado as opções na TV, tomara banho, coloquei uma bermuda sobressalente e uma camisa, e ainda tive tempo de roer todas as unhas da minha mão direita até a pele.

Onde ele está? Estou morrendo de vontade de saber como foi à reunião, e o que aconteceu. Mas até agora não ouvi nada. Nada de mensagem, nenhuma ligação, nenhum correio de voz perdido enquanto estava tomando banho. Inferno, talvez essas coisas sempre demorassem tanto, eu não sabia.

Olho para o relógio - acaba de completar sete e trinta, e espero que possamos pedir alguma coisa e ter um último piquenique para dizer adeus a esse lugar, mas se ele não chegar logo, eu irei pedir alguma coisa e começar sem ele. Estou morrendo de fome.

Estou começando a dar outra volta no apartamento quando há uma batida alta na minha porta. Com um enorme sorriso em meu rosto, eu corro para a porta - checando pelo olho mágico primeiro, após toda a situação com Brenda - e quando vejo as costas e os ombros largos de Ace, minha respiração trava e rapidamente destranco a porta.

Quando a abro, ele se vira para me encarar com as mãos nos bolsos de sua calça, parecendo descontraído, casual e sexy.

— Olá, bonito. — falo em saudação, e quando Ace acena de volta, eu noto o orgulho em seus ombros, a caminhada arrogante e confiante quando ele para ao meu lado para escovar os lábios nos meus... Sentindo a confiança em seus olhos, fico com os meus joelhos perto de cederem.

— Olá, Daydream.

O tom rouco de sua voz faz todos os tipos de merda para meu cérebro e pau, mas é a centelha em seus olhos que realmente causa estragos em cada nervo do meu corpo.

— Entre. — consigo falar, e Ace sabe exatamente o efeito que está tendo em mim, porque seus lábios se curvam sobre os meus e ele ergue as sobrancelhas.

— Entrar... Onde?

Eu pego a mão que está descansando em seu peito e ele ri. — Que tal começar com o meu apartamento?

— E depois…

Bem... Alguém está de bom humor. O empurro um pouco para trás e, quando ele pisca para mim, eu coro. Na verdade, eu estou corando muito ultimamente. — E então... Você pode ter alguma sorte.

— Hoje estou com sorte. — Ace diz, e passa a língua no lábio inferior antes de entrar no apartamento. Abro lentamente a porta e respiro fundo.

Maldição, ele deixou o meu cérebro todo bagunçado e fodido, enquanto tento lembrar o que exatamente estou morrendo de vontade de lhe perguntar. Fecho a porta, giro e o vejo sentado no meu sofá com os braços cruzados através das costas, o casaco pendurado e as pernas cruzadas em sua frente.

— Por que você não se senta aqui comigo? — diz, e eu não sei o que está acontecendo aqui, mas uma onda de timidez me arrasa. — Dylan... Venha aqui. — Ace diz, com sua voz caindo até aquele tom que acaricia todos os lugares certos, me fazendo morder o lábio.

O que está acontecendo comigo? Sinto como se estivesse tropeçando em mim mesmo. Desajeitado. Totalmente fora do meu jogo. E tudo porque Ace está aqui? E é quando clica. Essa é a diferença.

Ace está aqui. Ace Locke. A estrela de cinema. O Sr. Confiante. Sr. Explosão, Sexo Com Pernas, Salva o Dia está sentado no meu velho sofá olhando para mim como se quisesse me despir e me comer no jantar.

É quando lembro exatamente do que ia perguntar a ele. Como foi o encontro. Mas, a julgar pelo homem que eu estou olhando, tinha ido bem. Muito bem.

— O encontro foi bom? — pergunto.

Ace acena com a cabeça e torce o dedo. — Venha aqui e vou falar sobre isso.

Enquanto caminho até ele, respiro fundo e fico maravilhado novamente que ele esteja aqui comigo. Que seja meu, quando finalmente me sento ao seu lado, ele me puxa tão perto de si quanto possível, e eu rio para mim mesmo.

— Por que você está agindo como se tivesse acabado de me conhecer? — ele pergunta.

Inclino o rosto para ele e abro um sorriso irônico. — Você está irradiando essa vibe todo maioral, e é...

Ace inclina-se e varre minha boca em um delicioso beijo que me faz virar para seu corpo e levantar uma mão para tocar sua bochecha enquanto envolve seu braço em volta de mim. Quando ele finalmente acaba de destruir qualquer capacidade minha de pensar, ele se afasta e pisco algumas vezes para focá-lo.

— Porra. — digo, tocando a base da garganta com a ponta do dedo. — Apenas me dê um minuto para lembrar como pensar.

Isso faz Ace rir. — Você está seriamente adorável agora, Daydream.

— Sim? Bem, quando você entra parecendo à estrela de cinema Ace Locke — digo, adotando minha melhor voz de locutor de filme. — Eu costumo esquecer que vou dormir com você todas as noites. Isso me deixa estúpido.

— Não o deixa estúpido... Fofo, sexy e um pouco tímido, aparentemente.

Eu reviro os olhos para ele, e quando isso só o faz rir mais, bufo. — Oh, pare com isso.

— Mas é tão engraçado. A primeira vez que te conheci, você não foi tímido.

— Bem, não. Eu estava chateado com você.

Quando os dedos de Ace se movem para a parte de trás do meu pescoço para mexer nos meus cabelos, ele pergunta:

— Você gostaria que eu te irritasse, então?

— Não... Eu quero que você me diga como foi à reunião.

Ace atua como se estivesse pensando nisso, e então dá um sorriso tão largo que quase estica todo o seu rosto.

— Foi ótima. Além de excelente. — torcendo o corpo grande no sofá, ele coloca os braços entre nós para poder juntar minhas mãos nas dele. — Ronaldo me contou sobre o novo filme que está produzindo. É uma adaptação de um livro pelo qual ele se apaixonou. Um drama sobre um casal lutando para salvar seu casamento depois de anos juntos e apenas tendo estado um com o outro. Trata-se de amor, traição, paixão e encontrar-se antes de se comprometer com outra pessoa. Tem um orçamento baixo, mas um elenco maravilhoso, um produtor incrível, e, bem, ele quer que eu esteja nele.

— Oh meu Deus, Ace, isso é...

— Eu sei. — ele diz. — Eu não posso acreditar nisso. Que ele quer que eu esteja no filme, e não apenas como um personagem secundário - ele me quer como o personagem principal.

— O quê? — grito, e então pulo e fico de pé, incapaz de conter minha excitação. — Isso é incrível. Oh meu Deus. — digo novamente, enquanto as lágrimas brotam em meus olhos. Estou tão feliz por ele. Tão orgulhoso, posso dizer pelo olhar em seu rosto e a umidade reunida em seus próprios olhos, que ele não está no controle de sua emoção. Ace pega o meu pulso e puxa-me de volta, e dessa vez eu caio no colo dele e o beijo muito. Quando me afasto, ele está balançando a cabeça e rastreando minha mandíbula com os dedos e diz: — Você deveria ter me visto em seu enorme escritório, em sua Villa Toscana, no sei próprio vinhedo. Senti que era a primeira vez que tinha ido a uma reunião.

— Aww... — digo. — Então você estava nervoso.

— Claro.

— Mentiroso.

— Bem, eu tento não falar que estou nervoso; Dessa maneira isso não pode me dominar. Mas você sabe o quê, ele foi muito legal. Antes mesmo de começar a falar sobre porque eu estava lá, ele me disse cara a cara que não tinha nenhum problema com a minha sexualidade ou com quem eu estava namorando, eu estava lá em seu escritório porque ele tinha visto o meu trabalho e queria trabalhar comigo.

— Uau.

— Eu sei. — Ace diz com um suspiro. — Depois disso, consegui respirar um pouco mais fácil, e então tudo correu bem. Ele me deu o roteiro para ler, e para ver se eu estava interessado, mas eu...

— Sim? — digo, quando olho para os incríveis olhos azuis de Ace.

— Eu quis algo assim por anos.

— Um drama? Sério?

— Mhmm... E com um elenco tão bom e Ronaldo produzindo, eu dificilmente acredito que isso pareça de verdade.

Massageio minha mão sobre seu peito. — Bem, acredite. Você merece isso, e fico feliz que ele seja inteligente o suficiente para ver que você é um ator fantástico, e sem importar por quem você está...

— Apaixonado?

Sorrio. — Sim. Mas eu tenho que dizer, agora a ideia de fazer compras e ter um piquenique aqui para dizer adeus a esse lugar parece um pouco decepcionante.

— Não, acho que parece perfeito. — Ace diz, enquanto olha para mim. — Esse lugar precisa de um adeus adequado. Por que não pedimos chinês, e eu o ajudarei a embalar as últimas caixas, e então podemos...

— Sair com uma explosão? — eu sussurro contra sua boca.

Quando Ace geme e joga a mão no meu corpo, diz:

— Meus exatos pensamentos.


Capítulo 24


SAIR COM UM ESTRONDO


DYLAN

 

Depois de jantar e descansar na cama improvisada, estou observando Ace se movendo ao redor da cozinha minúscula jogando fora os recipientes de comida chinesa. Coloco dois travesseiros debaixo da minha cabeça e fico olhando para ele com o que eu sabia que tinha que ser um meio sorriso, porque durante todo o tempo que ele estava limpando, eu estava planejando a maneira perfeita de dizer “parabéns pelo seu novo trabalho”, ao mesmo tempo em que dava um adeus apropriado, ou não tão apropriado, a esse lugar.

— O que foi? — Ace pergunta, quando finalmente olha para cima e me vê olhando para ele. Amarra o saco de lixo, lava as mãos, depois passa pelo balcão para inclinar um joelho na ponta do colchão. Tira a jaqueta e desabotoa os punhos da camisa para enrolá-las nos antebraços, enquanto ele está parado me olhando, toda a minha timidez de mais cedo dispara pela janela.

Dou um encolher de ombros inocente, tentando ignorar o fato de que eu quero ser fodido com força. — Eu não falei nada.

Seus olhos cruzam o meu corpo até minha bermuda, e eu sei que não há como esconder a protuberância em exibição. — Não, sua boca não. Mas seu corpo certamente diz.

Eu desço uma mão até pressionar a ereção sobre o zíper da minha bermuda, e então dobro minha perna esquerda para empurrar contra ela.

— É? — pergunto, passando os dentes sobre o lábio inferior. — Hmm, e o que está dizendo?

Os olhos de Ace caem para onde eu estou curvando meus dedos em torno da ereção latejando entre minhas pernas, e então ele lentamente se joga em cima de mim, nossos corpos colidindo.

Deus, a luxúria em sua expressão excitada deixa todo o meu corpo perto de superaquecer, e quando penso que ele vai conectar seu corpo fenomenal com o meu, ele se move para trás e se levanta.

Quando minha boca abre, prestes a perguntar para onde ele está indo, Ace ergue um dedo e depois me dá um sorriso para combinar com o meu de segundos atrás.

Oh, inferno! Eu conhecia esse olhar. Esse olhar significava que eu iria me dar bem. Esse olhar significava que a chama perversa da excitação consumira todos os vestígios de cortesia no enorme homem caminhando em torno da cama. E o rubor que agora aquecia a pele das bochechas de Ace significava que eu iria ter um passeio selvagem.

— Está dizendo que quer que eu veja isso...

Eu rio, enquanto estico minha perna de volta pela cama e o sigo com os olhos até o canto vazio do meu apartamento, sabendo o que ele procura.

Preservativos. Lubrificante. Sim, ainda não havia guardado. Tinha um propósito.

— Eu acho que você pode estar certo. Eu quero fazer uma saída estrondosa. — digo, desfazendo o botão da minha bermuda e abaixando o zíper. Ace para para observar, e então corajosamente ajusta a ereção que está empurrando contra o zíper.

— Tire — diz, quando deslizo minha mão para dentro. — Eu quero tudo fora, Dylan. Agora.

Porra. Quando Ace fica assim, meu cérebro quase derrete e sai por meus ouvidos. Controlador, sexy, e totalmente focado em mim. Eu sabia que tudo o que estava prestes a acontecer nos próximos minutos iria certamente me deixar relaxado - e talvez, se eu tivesse sorte, iria desmaiar por excesso de prazer.

Com meus olhos nele, coloco meus polegares na minha bermuda e cuecas e os tiro sobre minha bunda e quadril, e baixo as pernas mais rápido do que nunca. Depois de chutá-los para o chão, Ace lambe o lábio inferior e desabotoa a calça.

— A camisa também. — ordena.

Jesus.

— Agora, Dylan.

Eu a tiro, passando por cima da minha cabeça, e jogo-a em algum lugar, então me deito e agarro a base do meu pênis. Um gemido retumba no meu peito com o prazer de me tocar, e quando Ace amaldiçoa, viro a cabeça no travesseiro para ver que colocou sua mão por dentro de sua cueca para acariciar seu pau.

Há algo em estar completamente nu e sob o olhar faminto do seu amante. Eu sempre fui uma pessoa aberta sexualmente; gosto de meus encontros passados, e sempre penso que sou um parceiro versátil, feliz em ser tomado ou ser aquele que toma o seu prazer. Mas inferno, eu sempre estou prestes a ficar de joelhos para esse magnífico homem. Eu tenho esse desejo insaciável quando se trata de Ace. Não há explicação. Mas quando ele está assim, bem perto, eu preciso de contato, independentemente do jeito que ele queira me dar.

— Então — Ace diz com uma voz rouca e cheia de luxúria, enquanto pega no bolso de sua calça um pacote quadrado. — Não tenho certeza se esse é um bom momento para mencionar isso, mas eu quero parar de usar isso com você. — diz, enquanto suas pálpebras baixam e ele continua a se acariciar.

Doce Cristo... Se o meu gemido de “simmm” não for o suficiente, a reação do meu corpo inteiro prova positivamente que a ideia de Ace me fodendo sem um preservativo é um convite erótico que não posso, e não irei negar. Meus olhos se fecham, as solas dos meus pés atingem o colchão, e meus quadris se erguem, enquanto meus dedos apertam meu pau com tanta força que as veias no meu antebraço inflam.

— Eu acho que você gostou dessa ideia. — diz, enquanto joga o pacote no colchão. — Estou feliz em saber disso, porque na próxima vez que estiver dentro de você, você irá me sentir quando eu explodir.

Oh, merda, então não vai ser essa noite? Ace está obviamente infeliz em me torturar.

— Essa noite, no entanto... — ele diz, virando-se para pegar algo na gaveta, e quando volta, uma lâmpada acende mentalmente.

O que eu havia mantido naquela gaveta? Ah, isso mesmo, ele vai destruir minhas células cerebrais. Isso é mais uma coisa que eu amo nele. O fato de ele conhecer todos os meus fetiches, todas as minhas peculiaridades e todos os meus segredos, e ainda me amar.

— Eu acho que nós temos algum tempo antes de sairmos. Não é?

E foda-me, ali mesmo em sua mão, ele tinha um vibrador de 30 centímetros de pura diversão perversa.

 

 

***

ACE

 

Eu tenho pensado sobre esse momento particular desde a primeira vez que passei a noite na cama de Dylan e, consequentemente, a primeira noite que passei dentro de Dylan. Sim, eu estava determinado a ter isso antes de ele se mudar.

Dylan está nu e deitado na cama, com o pênis gotejando na mão e os olhos tão cheios de excitação febril, que fico surpreso que ele ainda não esteja incendiando a roupa de cama com o quanto ele parece estar quente.

Eu estou achando cada vez mais difícil me concentrar com a dor latejante do meu pau, e a batida insistente do meu coração acelerado. Mas Deus, Dylan despojado de tudo era uma atração poderosa para aquele lado ao qual ele sempre se referia como minha besta.

Quem podia imaginar que eu tinha esse lado em mim? Este homem, aparentemente. Aquele que agora me observa acariciando o vibrador de 30 centímetros como se fosse um hipnotizador. Mas essa noite, eu queria que Dylan fosse o único a trabalhar sua magia. Ele brincou comigo na primeira vez que eu não deveria sentir-me intimidado pelo tamanho do brinquedo sexual, e lhe assegurei rapidamente que certamente não era o caso, enquanto o imaginava usando esse vibrador tão espesso. Não, muito pelo contrário. Eu estou ansioso para vê-lo em ação. E hoje será a noite de vê-lo em ação.

Eu arqueio uma sobrancelha como se o desafiando a dizer não, mas agora conheço Dylan e suas propensões sexuais o suficiente para saber que meu homem gosta de uma audiência. Então jogo o brinquedo na cama ao lado do quadril dele, e me viro para pegar a garrafa de lubrificante. Depois de fechar a gaveta, volto até a ponta do colchão, onde o sofá está de frente para a cama, tiro minha calça e meias, e depois os jogo de lado antes de sentar no sofá.

Dylan se move, erguendo-se em um cotovelo para me olhar. — Uh...

— Não me diga que você não sabe o que eu quero. — eu digo, arrogante como sempre, sabendo que também excita Dylan. Então envolvo minha mão ao redor do meu pau e dou uma longa puxada, gemendo com a sensação.

Dylan pega o vibrador e olha para ele antes de encontrar meu olhar através do ar frio e cheio de sexo. — Você quer que eu use isso em mim mesmo.

A maneira como ele disse não é uma pergunta, porque ele sabe o que eu quero, mas eu decido lhe dar uma resposta. — Sim, Dylan. Eu quero que você se foda com isso.

Quando sua boca abre, aperto meus dedos na base do meu pau. Ah, sim, a ereção de Dylan, se possível, ficou mais e mais rígida com essas palavras, e quando ele pega a garrafa de lubrificante e abre, o som é como um tiro vibrando em torno do quarto carregado de luxúria.

Desacelero os meus dedos enquanto o observo despejar o líquido na palma da mão, e então fecha a tampa, atira-a e pega o brinquedo ao seu lado.

Com os olhos verdes fixos nos meus, ele senta-se de costas para a parede, e coloca os pés na cama. Ele então coloca os braços sobre os joelhos, e a visão que me dá é muito excitante.

Mas o provocador não termina. Não. Porque Dylan inclina o pau cor de carne na mão direita, e passa o lubrificante no fodido brinquedo com a mão esquerda. Uma vez que termina, ele coloca o brinquedo ao seu lado, abre mais suas pernas e passa com a mão esquerda o resto de lubrificante sobre seu pau rígido, bolas pesadas e, finalmente, no seu pequeno buraco apertado.

Meus olhos estão fixos em seus dedos quando ele se provoca e se atormenta, deslizando as pontas de seus dedos sobre aquele buraco rosado antes de empurrar contra ele suavemente. Quando um gemido ecoa pelo apartamento que está silencioso, meus olhos voam para os dele, e a maneira como Dylan toma fôlego me faz dar um forte aperto no meu pau, porque certamente isso significa...

Simmm.

Quando meus olhos baixam novamente, eu vejo que seu dedo desapareceu dentro de seu corpo e ele está entrando e saindo. Merda. Merda. Isso é tão quente. Dylan abaixa a mão para segurar suas bolas e se inclina para que eu possa ver exatamente o que ele está fazendo, quando desliza um segundo dedo e me faz gemer.

— Dylan. Porra.

Mas ele não responde, além de puxar os dedos para fora e depois empurrá-los de volta para dentro, varias vezes. À medida que sua mão se move mais rápido e esses dedos começam a se torcer e se espalhar, ele começa a amaldiçoar no quarto, e eu fico sem palavras com a exibição erótica que está a poucos metros de mim.

Não é até que ele tira os dedos completamente e alcança o vibrador de trinta centímetros, que estou ciente do quão silencioso eu estou. Porque quando tento falar, minha voz racha.

Dylan olha para mim com suas bochechas coradas, seus lábios inchados de mordê-los enquanto ele alcançava sua próstata varias vezes, e tento novamente falar.

— Mais perto.

Quando ele estreita os olhos, eu me levanto com o meu pau na mão, e então torço um dedo para ele, indicando que precisa se aproximar de mim. Com uma ondulação sensual de seus lábios, Dylan se ergue da cama, coloca um travesseiro na cabeça antes de se deitar de costas e abrir as pernas.

Sim, isso é perfeito, penso, porque Dylan está tão perto, e eu poderia tocar seu joelho dobrado.

 

***

DYLAN

 

Nunca poderia ter imaginado isso. Ace está parado no final do colchão, as pernas separadas, massageando seu pau, olhando para minhas coxas espalhadas, esperando que me empalasse com meu amigo de trinta centímetros. Sim, porra! Mas foda-se se não estou preparado para o desafio.

Minha ereção está latejando, estou muito duro. Qualquer sangue que estivesse em outras partes do meu corpo está atualmente localizado no meu pênis, que não consigo parar de acariciar. Pré-gozo vaza pelo meu estômago e abdômen, a bagunça pegajosa está ajudando com a masturbação enquanto enrolo meus dedos em torno do brinquedo que estou prestes a me empalar.

Passo a língua em meus lábios quando levo o vibrador entre minhas pernas e fecho meus olhos enquanto o alinho no meu buraco, porque sei que se olhar para o rosto de Ace enquanto eu deslizo essa porra dentro de mim, tudo vai acabar antes que possa retirá-lo e empurrá-lo novamente.

— Porra, sim. — Ace grunhe enquanto pressiona a cabeça na minha entrada. — Mostre-me como você o aceita. Deus, eu sonhei com isso.

Isso me faz abrir os olhos. Quando empurro lentamente o silicone pelo primeiro anel de músculo, solto um gemido e depois enfio meus dentes no meu lábio inferior. Os olhos de Ace não se erguem do que está acontecendo mais abaixo. Então eu começo de novo, adicionando pressão ao brinquedo, empurrando-o e puxando-o de volta, antes de repetir o movimento e avançar um pouco mais. Enquanto continuo com o impulso sedutor, eu acrescento apertos firmes em meu pau para aumentar a desempenho bem coreografado que estou preparando para Ace. Minha respiração está arfante à medida que minha excitação aumenta e, finalmente, quando o brinquedo está alojado dentro de mim, o “pare” de Ace me faz parar.

Encontro seu olhar, o olhar que deveria ter me assustado enquanto estou espalhado e vulnerável, mas não. Em vez disso, esse olhar cruel me faz desejar que ele me arruíne. Isso faz com que aumente o aperto no meu pênis e uma série de gemidos irrompa de mim, e sem outras palavras, com apenas aquele olhar, Ace me faz implorar.

— Por favor. — digo, precisando de suas mãos em mim. Sua boca. O que quer que ele fosse me dar. — Termine isso para mim.

Ace ajoelha-se no pequeno espaço onde eu estou no final da cama, e depois que abaixa minhas pernas, agarra o final do brinquedo. Quando lentamente o tira de mim, um grito rasga de minha garganta, chocando-nos com o volume alto, mas é quando inverte a ação e torna a enterrá-lo... Que me perco.

Meu corpo parece que está flutuando enquanto perco a cabeça para o homem que me domina. O músculo do meu braço flexiona enquanto continuo me masturbando febrilmente, seguindo o ritmo das estocadas rápidas que Ace está dando no meu buraco. E quando sinto os jatos quentes do gozo de Ace mergulhar no meu peito e abdômen, meu clímax bate em mim, e grito enquanto gozo com força, perdido em uma das maiores sensações que já experimentei.

Ah, sim, agora tínhamos a certeza de que sairíamos do edifício com um estrondo.


Capítulo 25


DESBLOQUEADO


ACE

 

— Eu acho que é a última. — Dylan diz, grunhindo quando abaixa a última caixa no chão do meu vestíbulo.

Correção - nosso vestíbulo. Era meio-dia de sábado, e depois de nos arrastar de sua cama e mover o último de seus móveis de seu pequeno apartamento, ele está oficialmente em outro endereço. Bem, não está incluído as coisas que ainda estão em sua casa na Flórida, mas ele disse que lidaria com isso mais tarde.

A mão de Dylan vai para a parte inferior das costas quando ele se endireita, e meus lábios curvam em divertimento.

— Você está se sentindo bem, velho? — pergunto. — Não vai quebrar nada, vai?

Ele responde, e não posso parar a risada que borbulha.

— Um pouco de levantamento de peso e o homem fica assim...

— Um pouco?

— Não é como se tivéssemos uma casa enorme para mover. — falo. — Talvez precisamos trabalhar o seu vigor. Estou disposto a exercitá-lo toda a noite se for preciso. Trabalhar com força e profundidade.

Dylan me dispara um olhar mortal e se encaminha para o corredor. — Haha, você é hilário, idiota. Não é o mobiliário; É o fato de ter trabalhado duro e profundo em mim mesmo por você, e é por isso que estou um pouco dolorido esta manhã. Onde você mantém a aspirina?

— Na gaveta. — digo, enquanto passo por ele na cozinha e abro a gaveta ao lado da geladeira. Pego as pílulas, um copo de água da geladeira e depois as coloco na frente dele. — O ibuprofeno é melhor para dores musculares. E desculpe-me, devemos esperar...

— Não, não devemos esperar. O objetivo era fazer a mudança. E sabe de uma coisa? Eu acho que Derek me fez trabalhar alguns desses músculos... — ele para e ri quando pega a expressão em meu rosto. — Eu quis dizer na academia.

— Eu nunca ouvi cama ser chamada de academia antes, mas... — resmungo.

Dylan engole as pílulas e, quando bebe a metade do copo de água, ele sorri. — Eu tenho que admitir que esse seu lado ciumento é um pouco quente.

Pego a cintura de seu jeans e o puxo para frente, e quando ele está enrolado contra mim, empurro meu quadril contra o dele.

— Isso parece ciúmes para você? — pergunto.

— Não... Parece maravilhoso. — Dylan diz, e passa os braços pelo meu pescoço. Quando estremece, eu faço uma careta.

— Aww, pobre bebê. Você realmente está dolorido, não está?

Ele balbucia, e aqueles lábios são mais do que eu posso resistir. Os pego com um beijo duro e rápido enquanto envolvo um braço em volta de sua cintura e massageio a parte inferior de suas costas.

— Oh, Deus — diz, quando afasto a boca da dele. — Isso parece...

Eu faço novamente, e Dylan geme de uma maneira que deixa meu pau duro.

— Bom? — pergunto.

— Simmm...

Continuo a massagear as costas dele e depois massageio a base do seu pescoço, onde eu acaricio os nós tensos. Dylan deixa sua cabeça cair quando revira o quadril contra mim, e eu sorrio com satisfação. Ele certamente sabe como relaxar no momento, e os músculos tensos debaixo de meus dedos definitivamente precisam ser trabalhados.

Olho por trás do ombro para a TV que está ligada ao fundo, e quando os lábios de Dylan encontram a lateral do meu pescoço, um rosto familiar passa pela tela e eu congelo. Os braços que eu tinha envolvido em torno de Dylan ficam tensos, e minha mandíbula trava quando a manchete aparece na tela.

EXCLUSIVO: NOVAS INFORMAÇÕES SOBRE O NAMORADO DE ACE SÃO DESBLOQUEADAS23.

Mas não é isso que me deixa mortificado. Não, pensava que o show fosse comercial. É a mulher com o rosto familiar que eles colocam abaixo da manchete. A mulher que está sentada em um estúdio, com os cabelos arrumados, a maquiagem perfeitamente aplicada, irradiando uma inocência que certamente não teve uma semana atrás, quando ela estava me chantageando. E foda-se, a ideia do que aquela cadela está prestes a dizer quase me faz tirar Dylan da cozinha e colocá-lo envolvido em uma bolha.

— Ei — Dylan diz, enquanto tira os lábios do meu pescoço para olhar para mim. Ele provavelmente nota que meu pau tinha murchado e que a minha atenção está em outro lugar; considerando que eu geralmente tenho problemas de concentração e respiração quando ele está perto de mim, tenho certeza de que ele pegou minha mudança de humor. Fodidamente ótimo.

— O que há de errado? — ele pergunta quando se afasta de mim. Pegando a visão do meu rosto, seu sorriso cai. — Ace? O que foi? Qual é o problema?

Eu tiro meus olhos do comercial, e quando encontro seu olhar, abro a boca para dizer-lhe, mas na minha visão periférica eu pego a introdução do show de entretenimento e já é tarde demais. Dylan segue o meu olhar e gira para dar uma olhada no que tinha roubado minha atenção dele, e endireita sua coluna ao ponto de parecer doloroso, eu me pergunto o que está se passando por sua mente.

— Sexo, mentiras e segredos sujos foram desbloqueados na semana passada. — diz a locutora. — Nós temos todos os detalhes sobre o homem misterioso na vida amorosa de Ace Locke. É isso mesmo, Dylan Prescott, a outra metade de PresLocke, tem sido um enigma até agora. Com Locke e seu acampamento silenciando o romance repentino, não se sabe muito sobre o sexy modelo Calvin Klein, além de parecer muy caliente em um par de cuecas. Mas nós enviamos Holly para se sentar com uma mulher que sabe tudo sobre esse jovem. Afinal, quem o conheceria melhor do que sua própria mãe...

Ah, merda.

Merda.

Merda.

Merda dupla.

Meus olhos disparam para o homem que está a um braço de distância de mim e quando chego até ele, Dylan começa a se mexer. Um pé na frente do outro, ele caminha através do espaço entre a cozinha ao sofá como um robô com um único foco, chegar o mais perto possível da tela na parede.

Quando acontece o maldito corte para os comerciais, sem dúvida para tentar elevar a audiência, eu assisto enquanto Dylan fica congelado próximo a TV e espero.

Sim, eles certamente tiveram sucesso em fazer seu trabalho nessa casa. E enquanto milhões de espectadores em todo o país esperam, sentados através dos anúncios para o topo da história que eles estão guardando até os últimos minutos, esperamos de comercial em comercial para que eles voltem e revelem o quão profundo planejam torcer a faca para ter uma mão superior.

Não há outro som na casa, exceto os discursos de vendas de todos os itens que brilham na tela, que eu duvido que Dylan ou eu prestássemos atenção. Sim, nós dois estávamos como malditos zumbis. Tínhamos nos desligado de tudo o que estava ao nosso redor, incluindo um ao outro, enquanto esperávamos o outro sapato cair.


Capítulo 26


NÃO ESTOU DIZENDO QUE ELE É UM INTERESSEIRO


DYLAN

 

Isso não está acontecendo. Isso não está acontecendo. Mas enquanto eu fico com o nariz praticamente colado na tela da sala de TV de Ace - não, nossa - o desejo de vomitar me diz o contrário. Minhas mãos ficam úmidas quando caminho para o local que tinha até agora residido, e eu estou tentando lembrar se tinha respirado nos últimos cinco minutos, ou se precisava.

Antes do intervalo comercial, o rosto de Brenda tinha estado espalhado pela tela em HD, mas a imagem que tinha sido transmitida para milhões de pessoas não é definitivamente a Brenda que eu conheço. Parece que a velha e querida mamãe se cansara de esperar por um telefonema que não ia acontecer e onde estupidamente pensamos que ela tivesse decidido aceitar o conselho de Ace e ir embora, ela fez um telefonema próprio.

Minhas mãos tremem ao meu lado enquanto percorro todas as palavras que tinham sido trocadas entre nós desde que ela ressurgiu de qualquer poço do inferno que tinha morado depois de ser libertada da prisão, e eu quero gritar. Eu não posso imaginar o que ela planeja dizer a seguir - quem sabe quando se trata de Brenda.

Mas com a minha ansiedade, meu estômago doía com o pensamento do que está prestes a acontecer em seguida.

Eu estou vagamente ciente de Ace se movendo atrás de mim, provavelmente se aproximando, mas não me viro por medo do que vou encontrar se o encarar. O que ele estará pensando agora? Que erro colossal ele cometeu? Porra. Provavelmente.

— E aqui está a história pela qual todos esperam. Quem é Dylan Prescott? Não mude esse canal - essa é a história sobre a qual estarão falando ao redor do bebedouro na segunda-feira. E você não quer perder.

A morena muito magra que entrega aquela introdução nauseante da feliz queda de minha reputação, em seguida, vira-se para a parede de televisores montada atrás dela quando o logotipo do show desaparece e a câmera muda para a entrevista.

Lá, dentro dos limites da televisão de Ace, há duas mulheres.

Uma que eu reconheço como a repórter da entrevista. Ela tem cabelos loiros e eu acho que está em seus vinte e poucos anos. Eu já a tinha visto antes, transmitindo as últimas fofocas sobre os ricos e famosos e até - eu odeio admitir isso - esperava pelo bomba no final do show, se envolvesse alguém de quem eu era fã.

Bem, penso irracionalmente, como enfrentar isso? É um pouco diferente estar do outro lado, não é? Não era a verdade. Mais uma vez, sinto necessidade de vomitar o café da manhã que eu comi anteriormente com Ace, e a necessidade só se intensifica quando a repórter começa a falar. — Brenda, obrigada por ter concordado em dar essa entrevista hoje. Nós não podemos dizer o quanto ficamos satisfeitos por receber sua ligação.

O cinegrafista aproxima-se da senhora atraente de cinquenta e poucos anos, usando uma linda blusa coral de botões, com flores bordadas, e uma colar de pérolas – falso, tenho certeza – descansando contra sua pele. Seus cabelos bagunçados da semana passada estão penteados e empurrados atrás de suas orelhas, com brincos de pérolas para combinar com o colar. Não é a imagem da perfeição maternal?

— Obrigado, Holly. Tenho o prazer de estar aqui.

Quando ela dá um sorriso para a repórter na sua frente, eu sei que a mulher acha que é genuíno – eu acharia que era. Brenda provavelmente está encantada de estrelar seu próprio reality show, e eu me aproximo da tela para ver bem de perto essa mulher e procurar as características do rosto dela... Lá está, eu penso, enquanto dou mais um passo para perto da tela. Inclino a cabeça para o lado e estreito meus olhos, e lá, espreitando nas profundidades verdes tão parecidas com as minhas, eu tenho um pressentimento que ela está prestes a me foder.

— Primeiro, eu tenho que dizer — Holly diz. — Que é bem óbvio ao sentar na sua frente, de onde Dylan puxou sua boa aparência. Você é absolutamente linda.

Brenda solta uma risada falsa e leva as mãos até as pérolas para apertá-las. — Você é muito doce. Obrigada.

— Não. Não, é sério. Embora não tivemos a oportunidade de conversar com o próprio Dylan, esse agora famoso outdoor de Hollywood, as campanhas publicitárias nacionais em que ele aparece, e aquelas fotos deliciosas que surgiram recentemente com Ace Locke, nos deram um vislumbre do seu menino bonito.

Brenda assente enquanto abaixa a mão para colocá-la no colo, sobre a saia preta que ela usa. — Oh, esse é o meu Dylan...

— Ela está falando sério? — Ace finalmente fala de algum lugar atrás de mim. Mas ergo minha mão, parando-o, e ele fica em silêncio. Quero ouvir cada palavra que sai de sua boca.

— Ele é um jovem bonito. Um encantador também...

Brenda deixa que as palavras permaneçam no ar como isca, esperando que o peixe na sua frente morda. Não demora mais do que um batimento cardíaco, ou dois, e então Holly está mordendo essa isca.

— Um encantador?

— Sim. — Brenda diz, com seu sorriso se esticando, feliz que suas migalhas foram seguidas. — Quero dizer, quando criança, ele sempre entrava em alguma confusão. Como qualquer criança, é claro. Alguns doces roubados aqui, uma classe ignorada lá, mas quando ele tinha oito anos... Ou talvez nove? Ele era um mestre na lábia, tudo para conseguir se livrar das pequenas coisas. E então, você adiciona as covinhas dele e quem poderia resistir a esse rosto?

— Quem, de fato? — Holly ri com Brenda, pensando que estava recebendo uma linda e pequena mãe relatando as travessuras e talentos do seu filho. Okay, certo. — Não o Sr. Locke, aparentemente.

— Aparentemente. — Brenda concorda.

— Então você sabe que nós temos que perguntar: Dylan levou Ace para conhecer os pais?

Minhas mãos se fecham em punhos e aperto com tanta força que minhas unhas ameaçam romper a pele das minhas palmas. Deus, Brenda tinha sorte de não estar perto, porque eu consideraria seriamente assassiná-la. E que se danem as consequências.

— Infelizmente, Holly, algumas coisas aconteceram no meu passado que me distanciaram de Dylan, e apesar de ter esperado que nos reconectássemos agora que estou aqui em Los Angeles. Temo dizer que até agora ele se recusou a me ver.

Uma vez que essa falsidade sai de sua boca nojenta, a câmera aumenta o foco em seu rosto, e eu estou enojado ao ver um brilho de umidade em seus olhos. Não... Ela não está...

— Coisas — Holly diz gentilmente - porque não queríamos machucar seus fodidos sentimentos. — Você está se referindo ao tempo que passou na prisão por drogas e prostituição?

Brenda faz um show trazendo a ponta de seus dedos até o nariz, fungando, e Holly se inclina em sua direção.

— Por favor, tome seu tempo. Eu sei que isso deve ser difícil.

— Obrigada. — Brenda diz, esfregando delicadamente o nariz. — Foi uma longa jornada para ficar limpa e onde estou hoje. Eu cometi erros no passado. Muitos erros. Mas você tem que entender que eu fiz o que tinha que fazer para sobreviver e fornecer comida e um teto sobre a cabeça do meu filho.

— Claro. Isso é admirável. O amor de uma mãe não tem limites.

Se eu não estivesse a dois metros da tela da televisão, não teria acreditado na merda que estava ouvindo.

— Realmente não, Holly. E é por isso que é tão doloroso que Dylan... Ele... — Brenda para, funga, e então, sim, as lágrimas de crocodilo começam a cair pelas bochechas. — Ele se recusa a me ver e até chegou a convencer o Sr. Locke que estou aqui para causar problemas para eles.

— E você, Brenda? Você não concorda com o relacionamento do seu filho com Ace? Está preocupada com o fato de que isso o tenha mudado de alguma maneira?

— Já está mudado. Dylan sempre foi excessivamente ambicioso. Ele costumava dizer que faria qualquer coisa para sair da nossa humilde... Situação. Mesmo indo tão longe como me ajudar usando seus encantos consideráveis para atrair os clientes para mim.

Holly se move desconfortavelmente em sua cadeira, e eu posso dizer que está se preparando para fazer a pergunta de milhões de dólares. Eu me preparo para o que está prestes a vir, mas nunca poderia ter esperado as próximas palavras entre as duas.

— Então você está dizendo que Dylan ajudou você a vender drogas quando ele era apenas um menino?

As lágrimas que fluíam sobre as bochechas de Brenda milagrosamente secam quando ela toma um momento para se compor, e então ela pisca e balança a cabeça.

Seguro o ar, rezando por algum tipo de desastre natural para que a estação de televisão perdesse sinal, ou fosse engolida pela terra, mas não tive sorte. Um segundo depois, Brenda lança a bomba que passei todos aqueles anos temendo, a fim de exterminar a minha existência feliz e mandá-la para o inferno.

— Oh não, querida. Ele me ajudou com os homens.

Brenda solta às palavras, e o silêncio no auditório onde a entrevista ao vivo está ocorrendo, deixa aturdida a expressão no rosto de Holly, deixando claro que a mensagem havia sido recebida.

Eu posso ver as manchetes de amanhã, ou aquelas que aparecerão mais tarde essa noite: ACE LOCKE ESTÁ SE RELACIONANDO COM UM INTERESSEIRO E EX-PROSTITUTO.

— Como eu disse, Holly. — Brenda diz, e dessa vez, quando a câmera a focaliza, ela encara as lentes de frente. — Dylan era um encantador e sempre sabia como usar seu rosto bonito.

Enquanto o sangue ruge pelo meu cérebro, o zumbido em meus ouvidos torna-se tão alto que eu nem ouço o que Holly diz quando responde. Não é até a televisão desligar que eu percebo que passei quase sete minutos parado.

 


***

ACE

 

Eu nunca tinha visto Dylan tão quieto e imóvel. É como se fosse uma estátua. E sua imobilidade me aterroriza. Eu estava atrás dele, observando o desastre no show de entretenimento, e a cada pergunta feita, e cada resposta dada, minha raiva se intensifica.

Eu queria gritar, quebrar a maldita porta da minha casa e entrar no meu carro, rastrear aquela cadela e ensinar uma ou duas coisas sobre o quão charmoso eu poderia ser. Mas a imobilidade do homem na minha frente, a distância de um braço, manteve meus pés firmemente no lugar.

As intenções e motivações de Brenda são claras. Se eu não fosse entregar o dinheiro, então ela voltará às manchetes e contará uma história triste para a primeira pessoa que lhe ofereça um bom dinheiro pela história. Ela plantou a armadilha, e agora iria sentar e esperar que o primeiro idiota tolo o suficiente pagasse. E nessa cidade não faltavam abutres.

Eu tento manter a minha indignação tanto para mim quanto em nome de Dylan, e irei ligar para o meu advogado Logan assim que possível, mas primeiro... Primeiro, eu preciso envolver meus braços em torno de Dylan e ter a certeza de que ele está bem.

— Dylan. — chamo, com cuidado, mantendo meu tom calmo quando dou um passo em sua direção. Quando ele não responde, tento novamente. — Dylan?

Abaixo os olhos até os dedos que ele fecha em punhos, e é quando percebo que a camisa dele está se movendo. Quando me aproximo mais, vejo os tremores nos ombros tensos e me amaldiçoo sob a respiração. Se eu estou sentindo uma raiva cega, não posso imaginar a fúria que deve estar zumbindo no corpo de Dylan para mantê-lo assim, estático no lugar, mas com os músculos vibrando.

Eu engulo, tentando pensar na melhor maneira de me aproximar dele. Eu tinha visto muitos lados de Dylan na semana passada quando se tratava de Brenda, mas isso - isso estava em outra escala. Passo ao redor dele, ficando entre a parede onde a TV está desligada e o homem encarando seus pés com grande foco.

— Dylan. — digo, e vejo as suas narinas alargarem, pelo menos mostrando alguma indicação de que ele me ouviu, entretanto, quando ele não levanta a cabeça ou responde, levanto um braço para tocar seu cotovelo, e isso faz com que ele se afaste de mim.

— Não. — ele diz, levantando os olhos para encontrar o meu olhar de frente.

Recusando-me a acreditar que ele quis dizer da maneira como soou, dou um passo à frente, mas quando Dylan se move para trás, eu paro e pergunto-lhe o que estou tendo problemas para compreender. — Não, o quê?

Dylan lambe os lábios e depois diz com um tom que nunca tinha o ouvido falar. — Não me toque.

E Cristo, a dor física de uma bala perfura diretamente o meu maldito coração. Eu quero exigir o porquê, mas, julgando pelo jeito que ele está se preparando para uma briga, penso que deveria escutar.

— Tudo bem, não vou. — digo, tentando moderar minhas próprias emoções. — Eu só quero falar com você.

— Sobre o quê? — ele fala, e o gelo de suas palavras faz um pingo de dúvida deslizar no que eu sempre considerava uma base sólida entre nós dois. — Sobre o que a minha mãe acabou de dizer? Falar ao mundo que ela passou algum tempo na prisão por drogas e sexo? Ou o fato de que ela acabou de anunciar que você está namorando um prostituto interesseiro?

— Dylan. — digo, querendo tranquilizá-lo, não me importava com isso, mas ele não está pronto. É como se o pino tivesse sido removido da granada que ele está segurando, fazendo uma explosão iminente.

— Bem? — ele pergunta, suas sobrancelhas arqueando tão alto que quase atingem a linha dos cabelos. — O que vai ser, Ace? Qual dessas duas coisas gostaria de discutir primeiro? Porque ambas parecem igualmente divertidas.

— Ei, tudo vai ficar bem. Nós podemos...

— Tudo bem? — ele pergunta, e o som que se segue é feio e distorcido. Uma risada estrangulada. — Como isso vai ficar bem?

Eu estou pronto para explicar as centenas de ideias, possibilidades e cenários que atravessam minha mente. Mas quando ele dá dois passos para trás e baixa os olhos, perco minhas palavras.

— Você sabe o que eu odeio? — diz, e o fato de que ele não espera por uma resposta me avisa que ele realmente não jogou isso fora como uma pergunta, mais uma declaração, de fato. — Eu odeio que seja o único arruinando a sua vida.

— Dylan...

— O que ela disse, não tente negar isso. Desde que saímos do Syn, sua carreira tomou tombo após tombo. Sua vida virou um circo, você sempre me disse que odiava isso, e é o que está acontecendo agora. Todos acham que você está dormindo com o filho de uma ex-viciada e prostituta e, secretamente, eles estão se perguntando o quão longe os meus “encantos” se estendem... No quarto, talvez? Quem sabe o que Brenda vai contar às pessoas? Em algum momento você irá se perguntar o que você está fazendo comigo? E por que você está comigo? Será que vale a pena?

Eu odeio ouvir Dylan falar sobre nós dessa forma, mas posso dizer que as palavras estão sendo alimentadas pela frustração e a incapacidade de fazer qualquer coisa sobre o que aconteceu. Eu já estive muitas vezes nessa posição e a melhor coisa que posso fazer por ele é deixá-lo processar isso da maneira que ele precisa.

Isso não me impede, no entanto, de pegar seu cotovelo agora que ele está perto o suficiente para ser tocado, e Dylan balança a cabeça e amaldiçoa.

— Preciso de algum espaço. — ele diz, se afastando.

Eu o deixo ir e quero implorar para que ele não parta. Mas mesmo que não fosse o desejo dele, não vou me afastar. Ele vira e sai para o corredor, seus ombros baixos, provavelmente pelo peso que acabara de ser empilhado sobre eles, e antes de desaparecer, ele olha para mim e diz:

— Estarei no andar de cima. Apenas... Pense no que eu disse.

Quando Dylan desaparece de vista, eu sei que não pensaria em nada que não fosse nele. No entanto, também estou ciente de que nada irá me fazer mudar de ideia sobre o homem que acabara de subir para o andar de cima, e ficar um tempo sozinho em nosso quarto.


Capítulo 27


ALGUM TIPO DE MÁGICA


DYLAN

 

Eu não saberia dizer quanto tempo fiquei na cama de Ace, mas, quando a luz do dia foi engolida pela escuridão, a noite penetra nas grandes janelas e persegue o sol nas sombras. Em algum momento, eu tirei os meus sapatos e fiquei de lado, abraçando o travesseiro sob a minha bochecha como se fosse uma âncora para a realidade, porque o que aconteceu hoje - isso tem que ser algum tipo horrível pesadelo. Certo?

Muitas vezes eu tentei fechar meus olhos e cair no esquecimento do sono, mas cada vez que o meu cérebro rebobinava a entrevista mais cedo, ficava se repetindo no interior de minhas pálpebras. Então, eu tinha uma rápida recapitulação minha dizendo a Ace para despejar a minha bunda patética antes que fosse tarde demais, e a lembrança que eu tinha de seu rosto quando essas palavras saíram da minha boca... Fez-me querer desaparecer de novo. É difícil acreditar em tudo o que tinha acontecido, quando na noite passada nós estávamos celebrando, mas eu sei que a dor maçante no meu peito é evidência disso.

Não tenho ideia de onde Ace está. Tudo o que sei é que ele tinha feito o que eu pedi e me deu espaço. E agora que a raiva, o constrangimento e a dor deixaram meu corpo dormente, eu posso pensar em apenas uma pessoa que pode me trazer de volta à vida.

Eu rolo e fico de costas e vou rastejando até o final da cama, com a intenção de me levantar e procurar pelo homem cujo quarto eu tinha requisitado. Mas paro quando vejo a silhueta de Ace na cadeira branca, que normalmente fica encostada no canto de seu grande quarto, e que agora está próxima à cama. Ele se move no assento, fica na ponta, e me pergunto há quanto tempo ele está sentado me observando.

— Ei. — ele diz, quando me movo e minhas pernas ficam penduradas sobre a borda do colchão. Passo minhas mãos ao longo das minhas coxas e tento manter o foco, mas o quarto está muito escuro e Ace escolhera sua posição com cuidado.

— Por quanto tempo você está sentado aí? — pergunto.

— Duas horas.

Droga.

— Eu te disse. Eu gosto de observar você dormindo.

Sim, ele me disse isso, não disse? Quando foi isso? Essa semana? Parece que foi há anos, enquanto permanecemos sentamos lá, com toda essa estranha distância entre nós. Distância que eu coloquei entre nós.

— Ace, eu...

— Não. Não. É minha vez, você não acha?

Fecho a boca e olho para as janelas, tentando engolir as emoções que ameaçam derramar e me fazer cair de joelhos e dizer-lhe o quanto estou arrependido. Mas antes que possa chegar ao chão, ele está falando novamente com uma voz que exige que eu o encare e preste atenção. Então faço exatamente isso.

— Eu estive aqui tentando pensar na melhor maneira de explicar o que eu sinto sobre tudo o que você me disse no andar de baixo. Mas quanto mais o tempo passava, mais tempo eu esperei que você me encontrasse e minhas razões para o motivo das minhas explicações podem ter mudando.

Oh, Deus! Isso não parece promissor. Ele soa como um homem que tinha certeza de algo e que depois mudou de ideia. E, considerando que eu sei que ele me amava com todo seu coração na noite anterior, isso não é bom para mim agora. Mas... Estou determinado a ouvi-lo. Afinal, eu fui o idiota que tinha falado os estúpidos motivos e as razões pelas quais ele estava comigo, então não é como se pudesse pedir-lhe para esquecer isso agora. Poderia?

— Aqui está um fato, Dylan. Se eu pudesse mudar o mundo, se pudesse envolvê-lo em meus braços e ter a certeza de que nada de ruim aconteceria novamente com você, você precisa saber que eu faria isso em um piscar de olhos.

— Ace...

— Não. — ele pede, e dessa vez me endireito. — É a minha vez.

Eu aceno com a cabeça no escuro, de onde estou empoleirado no final de sua cama, observando-o fechar a distância.

— Você me fez duas perguntas muito importantes antes, e você vai ouvir as minhas respostas.

Quando ele estende a mão para mim, com a palma para cima, eu coloco a minha na sua, e quando ele me põe em pé, eu vou. Dedos em sua mão, posso vê-lo claramente agora através das sombras infiltrando pelas cortinas. Suas sobrancelhas estão juntas e seus lábios estão apertados em uma linha severa, e enquanto ele parece querer se mover, eu também posso ver a compaixão e a preocupação gravadas nas linhas de seu rosto.

— A primeira coisa que você me perguntou é o que eu estou fazendo aqui com você. — apertando meus dedos, Ace toma uma inspiração profunda, e quando ele solta o ar, é como se fosse à primeira respiração plena que ele toma desde então, então aperta meus dedos mais vezes e sussurra: — Estou morando com você.

Eu posso sentir as lágrimas em meus olhos, e quando os fecho para evitá-las, eu o ouço dizer:

— Olhe para mim, Dylan.

E quando pisco e olho para ele, fico chocado ao ver seus próprios olhos brilhantes.

— O segundo motivo: por que eu estou com você... — quando a voz de Ace diminui em um sussurro, ele leva a outra mão para minha bochecha e pergunta: — Onde mais eu estaria?

Minha boca abre, mas antes que eu possa dizer uma palavra, ele avança e beija meus lábios inchados, um beijo doce e cheio de promessas. Coloco minhas mãos no peito dele para senti-lo enquanto me afundo. Quando ele pousa sua testa contra a minha, fala contra a minha boca:

— Eu amo você. E onde você estiver eu vou estar, e eu percebi que, enquanto caminhava nesta casa por três horas seguidas, não me importo se você estiver aqui e eu lá embaixo - você escolheu ficar, mesmo quando precisava de espaço. E isso significa tudo para mim.

Eu sou um idiota. Mas em vez de dizer isso, inclino-me e o beijo novamente. Falando sem palavras o que sentia, e lamentando dizer o que eu tinha dito no andar de baixo quando a raiva e a frustração me acompanhavam.

Eu me perco nesse beijo quando nos conectamos no abraço íntimo da noite, mas quando penso que ele talvez me levará para a cama e me puxará para dentro de seu abraço para passarmos por essa noite horrível, Ace novamente faz o inesperado. Ele se afasta de mim e diz suavemente:

— Eu não quero que você se preocupe mais. Eu já liguei para Logan para que possamos nos sentar e descobrir o recurso legal que podemos ter nesse tipo de situação e...

Fico aliviado ao ouvir que poderíamos conversar com um advogado sobre toda a situação da Brenda, mas também há algo mais acontecendo aqui. Inclino a cabeça para o lado e vejo o sorriso irônico que posso ver curvando os lábios de Ace.

— E? — finalmente digo, o deixando saber que estou mais do que bem agora com a forma como essa conversa está acontecendo.

Quando ele acena com a cabeça e respira fundo, diz:

— Liguei para Roger e Martina, e disse-lhes para agendar com Carly Wilde aquela entrevista que ela estava pedindo.

Quando minha boca abre, Ace coloca o dedo indicador no meu queixo para me ajudar a fechá-la.

— Por que você está tão chocado, Daydream? Eu acho que é hora de que Ace seja um pouco mais vocal sobre o misterioso homem na minha vida amorosa. Não acha?

— Mas... Mas... Eu sei o quanto você não quer...

— Eu mudei de ideia. — diz, com um grande sorriso, e isso me faz rir.

— Bem desse jeito?

— Bem. Desse. Jeito. — Ace diz, pontuando cada uma de suas palavras com um beijo antes de pegar na minha mão e me levar para a porta do quarto. — Venha, temos alguns telefonemas para fazer e algumas reuniões para agendar, e então você e eu vamos voltar e dormir em nosso quarto.

Quando descemos para o andar de baixo, não posso deixar de me perguntar sobre a mágica de Ace, porque mesmo nos piores dias, ele tem a capacidade inata de fazer parecer que tudo ficará bem.


Capítulo 28


HORA DO SHOW WILDE


DYLAN

 

— Sr. Locke? — diz uma voz feminina hesitante na porta do vestiário que Ace e eu tínhamos sido conduzidos a cerca de dez minutos atrás. Ele terminara com a maquiagem e tinha colocado a jaqueta do terno Armani que combina com sua calça preta ajustada.

— Sim. Entre. — diz, de onde ele está de pé na frente do espelho ajustando os punhos de sua camisa preta.

Estou sentado no sofá de dois lugares de pelúcia contra uma das paredes, observando-o se preparar para a sua entrevista exclusiva “Carly Wilde entrevista Ace Locke” que está prestes a acontecer em...

— Nós estaremos prontos para você em dez minutos. — Kelly diz, a assistente que nos ajudou hoje. — Estou aqui para levá-lo até a sala verde. O Sr. Prescott pode assistir a entrevista lá dentro.

Dez minutos. Oh cara. Dez minutos de repente parecem tão próximos.

— Parece bom. Eu acho que isso é tão bom quanto podemos conseguir. — Ace diz, enquanto se vira para me olhar.

Eu me levanto e esfrego minhas palmas úmidas sobre minha calça cinza, e então olho para suas pernas longas e depois seu rosto bonito. Quando eu noto o conjunto ligeiramente tenso dos ombros de Ace, observo que o homem parece nervoso, mas há um sorriso por trás. Eu caminho e paro na frente dele, e ergo o meu dedo até os meus lábios, fingindo contemplação.

— Você parece com um cara famoso que eu conheço. — digo, e então ergo os dedos antes de apontar para ele. — Sim... A grande estrela de ação. Aquele que não faz prisioneiros. E é sexy também. — digo, colocando minhas mãos sobre seus ombros. — Muito sexy.

Os olhos de Ace se movem para a mulher atrás do meu ombro, e então ele sorri. — Bem, uma vez que a sua opinião é a única com a qual me preocupo, diga que estamos prontos.

— Muito bom. — ela diz, enquanto viro para segui-la, e quando dou um passo, sinto a mão de Ace pegar a minha. Olho por cima do meu ombro para ele, e quando ele respira fundo, aperto nossos dedos enquanto caminhamos para a porta do estúdio.

Hoje será algo enorme. O que Ace está prestes a fazer é monumental, mudará as coisas, e eu não posso acreditar que ele concordou com isso, além de parecer genuinamente excitado, mesmo estando um pouco nervoso.

Passaram-se um pouco mais de duas semanas desde a entrevista depreciativa de Brenda e, desde então, nós conversamos várias vezes com o amigo e advogado de Ace, Logan Mitchell, que aconselhou a não termos nenhum contato com ela e fazermos nenhum comentário sobre ela. A melhor maneira de lutar contra isso no momento era com o silêncio, e apesar de Ace ter sido flexível com Logan, ele desejava poder fazer muito mais do que morder sua língua, mas Logan aconselhou-o:

— Por uma única vez, ouça-me, Locke! É para isso que você me paga tão bem. Embora tenham me dito que apenas a minha boca poderia valer milhões. — e, depois de muito resmungo, concordamos com o advogado mandão e seguimos as instruções dele.

Nós ficamos quietos em relação à Brenda, então, sabíamos que seu silêncio não duraria muito. Mas agora, as únicas pessoas que continuavam especulando e falando sobre essa entrevista com Holly e minha mãe são as revistas de entretenimento que não tinham mais nada para catar, e essa tinha sido a sugestão de Ace. Roger e Martina concordaram que é hora de contar a nossa história. É hora de Ace sair do armário e entrar em público com uma entrevista exclusiva no Show da Carly Wilde, e agora estamos caminhando por um corredor até o quarto verde para aguardarmos.

Quando entramos no espaço, a primeira coisa que noto é a qualidade do ambiente. Por algum motivo, eu esperava uma sala pequena com apenas um sofá e uma televisão, mas não é esse o caso. Tem um bar ao longo da parede traseira, as luzes estão baixas no ambiente, e há vários sofás voltados para uma parede cheia de televisores que mostram o programa.

— Por favor, fiquem confortáveis. — Kelly diz. — Há bebidas no bar e alguém virá em breve para buscá-lo, Sr. Locke.

— Obrigado. Você foi muito gentil. — ele responde.

— Foi um prazer. E foi adorável conhecê-lo também, Sr. Prescott.

— Você também. — digo com um sorriso antes de fechar a porta e ir até um dos sofás para sentar-me. — Isso é legal.

Ace me segue e desabotoa a jaqueta do terno antes de sentar ao meu lado. Estico meus braços ao longo da parte de trás do couro e depois arqueio minhas sobrancelhas para ele. — É ruim que você tenha apenas alguns minutos. Estamos sozinhos, um bar totalmente abastecido, você está delicioso nesse terno...

As pálpebras de Ace baixam enquanto ele se inclina para beijar levemente meus lábios, e então ele sussurra contra eles:

— Você tem certeza de que quer que eu faça isso? Ainda há tempo para cancelar.

Eu sugo meu lábio superior debaixo do meu inferior e finjo pensar sobre sua pergunta antes que minha boca se curve em um sorriso. — Se estou certo de que quero que você diga ao mundo na televisão que estamos namorando?

— Bem, provavelmente será muito mais do que apenas isso.

— Hmm, sim, acho que sim. Mas... Eu não sou adverso às pessoas saberem que você está fora do mercado. E confio no que você vai dizer.

Ace ergue a mão para que possa escovar o polegar sobre meu queixo, e então ele mantêm o aperto firme. — Bom. Porque nunca faria nada para machucá-lo.

Pisco com a sinceridade que vi em seus olhos e depois aceno. — Eu sei.

— Ok. E para registro, isso também é sobre eu dizer ao mundo que você também está fora do mercado. Então, não acredite nem por um segundo que este não é um movimento puramente egoísta.

Eu rio dele, mas depois fico admirado enquanto observo seus olhos azuis. — Você está nervoso?

Lembro-me de quando ele me contou uma vez que não gostava de expressar seu nervosismo, porque se ele não reconhecesse, seria melhor para ele. No entanto, dessa vez, ele não hesita. O canto de seus lábios se curva e ele diz:

— Sim.

— Sim?

Quando ele acena com a cabeça e desliza a mão para acariciar minha bochecha, levanto a minha mão para cobrir a dele.

— Sobre qual parte? — pergunto.

— Sobre não estar enganado sobre o que sinto por você.

Meu coração incha e uma risada aliviada escapa de mim. — Oh?

— Mhmm — diz, passando a ponta do polegar sobre o meu lábio inferior. — Como eu deveria responder calmamente quando ela me perguntar como me sinto sobre você, quando tudo o que eu quero fazer é... — Ace respira fundo e se inclina para roubar um beijo e, quando ele recua, digo, ligeiramente sem fôlego:

— Quando tudo o que você quer fazer é...?

Toc. Toc. Toc.

— Sr. Locke, estamos prontos para você. — Kelly diz, quando coloca a cabeça na porta.

Ace acena com a cabeça e levanta-se enquanto eu me aproximo, querendo saber o que ele teria dito. Mas teria que lhe perguntar mais tarde. Agora era hora de ele ir sentar-se com a apresentadora do Talk Show mais popular da América, e não podemos mantê-la esperando.

— Eu vou te ver em breve — ele diz, e então me puxa pela cintura para me dar mais um beijo. — Deseje-me sorte.

— Boa sorte, coisa quente. Eu estarei assistindo. — digo, indicando os televisores na parede.

— É melhor você estar. — diz, e depois me dá o sorriso de estrela de cinema quando se vira e se dirige para a porta.

Enquanto o observo, a linha larga de seus ombros, a cintura estreita e as longas pernas que preenchem o espaço, não posso impedir o meu peito de se encher de orgulho. Esse homem é meu, e ele está prestes a dizer isso ao mundo.

 

***

ACE

 

É hora do show, penso, enquanto sigo Kelly nos bastidores em torno de adereços, pessoas e andaimes até uma porta lateral. Ela me instrui a esperar enquanto dois homens eficientes engancham uma caixinha com bateria no meu cinto, debaixo da minha jaqueta, e então eles colocam um minúsculo microfone na minha lapela. Eu posso ouvir os murmúrios excitados da plateia através da porta quando o show de entretenimento começa, e o nervosismo que eu confessei a Dylan há alguns segundos atrás aumenta dez vezes mais.

Jesus, eu me sinto assustado.

— Com licença, você tem água? — eu pergunto a Kelly, que assente com a cabeça e rapidamente se afasta, reaparecendo com uma garrafa. Dou vários goles e depois fecho os olhos, tentando me centrar quando um barulho alto sobe além da porta onde eu estou.

Carly Wilde acaba de entrar no palco e eu ouço um murmúrio atrás de mim em algum lugar.

Oh, Deus! Oh, Deus! Isso realmente está acontecendo. Estou realmente prestes a fazer isso.

Continuo a olhar para a porta a poucos passos de distância de onde estou, e sei que, em menos de dois minutos, essa porta será aberta para eu entrar no palco, onde me sentarei e contarei todos os meus segredos para milhões de pessoas. E, embora eu queira fazê-lo, quando penso nesses termos, eu também queria desmaiar.

Fecho os olhos e aperto as mãos e me lembro do por que estou aqui. O que estou fazendo aqui. E quando eu me lembro do olhar no rosto de Dylan antes de deixá-lo na sala verde, meu pulso se estabiliza e meus nervos em frangalhos se acalmam um pouco, porque eu conheço esse jogo aqui, e devo contar ao mundo a verdade e, finalmente, ser livre e feliz.

— Tudo bem, Sr. Locke. — Kelly diz, olhando para a porta. — Você entra em cinco, quatro, três...

Nada mais foi dito, a porta se abre e eu ouço:

— Aqui está o momento em que estávamos esperando. Por favor, aplausos para Ace Locke. — a plateia de cerca de trezentas pessoas fica de pé e é ensurdecedor.

Há gritos, e assobios e urros, e várias mulheres na frente do auditório estão soluçando, enquanto elas se abraçam e pulam de um lado para o outro enquanto caminho para o palco e aceno para a multidão. Paro entre a porta e o sofá para enfrentar a plateia e eles dão um enorme aceno e aplausos, como eu tinha sido instruído, isso leva a mais gritos e aplausos, e me faz ficar relaxado nessa atmosfera excitável e no meu papel aqui.

Hoje, eu sou a celebridade que atua nos cinemas durante uma década. Eu aperfeiçoei essa personalidade e caráter, e quando eu dou o meu sorriso famoso para a multidão e viro para a mulher dona do grande show, fico chocado com a calma que me alcança. Eu conheço esse papel. Eu posso desempenhar esse papel, e seria condenado se não ganhasse essa plateia no final dessa entrevista.

Quando chego a Carly, seu sorriso é radiante e sincero quando ela abre os braços para mim em um abraço acolhedor.

— Ace, estou tão feliz por ter você aqui hoje. — ela diz na minha bochecha. Seus cabelos pretos estão cortados em um corte elegante que acaba sob a linha do queixo, e seus saltos estiletes cor de creme lhe dava altura o suficiente para que ela estivesse com os olhos nos meus. Ela está vestida com um elegante vestido preto sem mangas, com uma faixa creme na cintura, abraçando sua figura curvilínea. O vestido para logo acima dos joelhos. Ela é linda e não é apenas uma das mais respeitadas apresentadoras de Talk Show, e uma empresária bem sucedida, mas também um ícone da moda.

Abraço-a com um caloroso abraço, que é surpreendentemente firme para uma mulher tão pequena, e quando nos afastamos, ela se vira para a plateia excitada e anuncia:

— Ele está realmente aqui! — e isso provoca a multidão de novo.

Enquanto aplaudem e gritam, alguns até engasgam quando eu olho em sua direção. Carly senta-se no seu famoso sofá carmesim e pego meu lugar ao lado dela. Ela sorri para mim quando ajusto minha jaqueta e me sento para examinar a multidão. Os holofotes estão acesos, mas não forte o suficiente para cegar, enquanto olho para os rostos anônimos, todos sorrindo para mim, esperando o que seria revelado hoje, e quando a excitação se acalma em murmúrios silenciosos, Carly solta uma risada barulhenta e olho para ela.

— Bem vindo ao meu show. — ela diz, e não posso deixar de corresponder com o meu sorriso.

— Obrigado. Eu definitivamente me sinto bem vindo.

Ela assente e depois examina seus fãs antes de voltar seus olhos para os meus. — Eles estão bastante exaltados hoje, não estão?

Eu uno minhas mãos com as saudações que surgiram depois disso, e quando ouço alguém gritar:

— Nós te amamos, Ace. — olho para a esquerda na direção geral de onde surgiu a voz, e dou um aceno e um sorriso.

— E é verdade. — Carly diz, retomando minha atenção. — O mundo ama Ace Locke. Eles adoram assistir seus filmes. Eles querem conhecê-lo através das entrevistas e imagens. Eles adoram especular sobre o homem especial que chamou sua atenção. E, em geral, o mundo simplesmente não para de falar sobre o homem privado por trás da maior estrela de cinema, que é você. Então, acalmem-se, pessoal. — Carly diz com bom humor. — Nós só o temos por um tempo limitado, e eu sei que vocês querem algumas respostas desse cara antes de acabar o show. Estou certa?

Quando as afirmações soam ao redor do estúdio, recosto-me no sofá, colocando um braço na parte de trás, igual ao sofá onde Dylan está na sala verde. Relaxo no meu assento, coloco um tornozelo no joelho e volto meu corpo em direção a minha anfitriã enquanto ela cruza as pernas e me encara. Seus olhos azuis brilham para mim quando estende a mão para acariciar a minha que está descansando na parte de trás do assento de pelúcia.

— Então, como você está hoje? — ela pergunta.

Eu dou uma risada com a sua condução sutil nesse início da entrevista. — Estou muito bem, Carly. E você?

— Oh, eu estou fantástica. — ela responde como se estivéssemos em um brunch íntimo para dois em vez de sentados em uma entrevista para mais de sete milhões. — Mas não estamos aqui para falar sobre mim, meu caro. Estamos todos aqui hoje para falar sobre você. — ela pausa por um segundo e depois acrescenta: — Bem, você e certo alguém que se chama Dylan Prescott.

Deus, eu não poderia ter impedido o meu sorriso nem se eu tentasse. Mas, como era, eu não iria nem tentar.

— Olhe para esse sorriso. — diz, acariciando minha mão e inclinando-se para frente. — Apenas a menção de seu nome e todo o seu rosto se acende.

Não há como negar isso.

— Ele tem esse efeito. — digo, e a multidão aplaude.

— Sim. Eu posso ver isso. E tenho que agradecer por ter concordado em vir até aqui para falar comigo hoje.

Eu aceno com a cabeça para ela, satisfeito por ela ser tão fácil de conversar. Eu sempre tinha ouvido isso sobre ela, mas nunca tinha sido entrevistado por ela no passado, eu não tinha sido convencido até esse momento. — Obrigado por me receber.

— Claro. Você tem que entender o quão feliz eu estou por ter você aqui. Você é uma inspiração para muitos através de seu trabalho de atuação e caridade ao longo dos anos. E então, você acabou de se assumir, o que, com certeza, ajudou muitos jovens e mulheres a sentir que está tudo bem e que é bom se orgulhar de quem são; assim como você está. E agora, você que sempre foi tão privado, está provando mais uma vez essa coragem. Você esmagou os estereótipos de Hollywood e saiu do armário da maneira mais pública, e eu, por um lado, me sinto humilde ao me sentar na sua frente e assisti-lo sorrir com a menção do seu namorado. Posso chamá-lo assim, certo?

Eu rio. — Sim. Ele é exatamente isso.

— Então, para terminar meu pensamento, é uma alegria ver você sorrir com a menção do nome do seu namorado.

— Obrigado, Carly. — digo, e a multidão bate palmas e bate os pés enquanto eu permito que meu olhar percorra todo o estúdio. A aceitação em todos os seus rostos, mais a da mulher na minha frente, facilita a abertura para ser apenas eu mesmo. — Não foi uma estrada fácil, especialmente nestes últimos meses. Eu lidei com inúmeros recuos na minha carreira, pessoas que decidiram não arriscar trabalhar comigo devido ao que está acontecendo na minha vida pessoal, mas eu não mudaria nada. Dylan faz valer à pena. E se eu tiver que compartilhar publicamente a minha história, e a dele, com todos vocês, e tornar a vida de uma pessoa um pouco mais fácil... Então, estou feliz por estar aqui e falar com vocês sobre o homem que me torna uma pessoa melhor.

Enquanto um coro de aplausos ecoa pela plateia, eu dou de ombros. — O que posso dizer? Ele meio que me deixa louco.

— Nós não vamos reclamar sobre isso. Nós vamos? — ela pergunta a sua adorada plateia, que grita infernalmente até que ela volta sua atenção para mim. — Ok, então, venha, você sabe que eu quero algumas coisinhas aqui. A história suculenta sobre como vocês dois se conheceram. Sempre há especulações sobre esse tipo de coisas, mas temos que saber. Foi romântico? Você o viu através de uma multidão e foi falar com ele, como se fosse um golpe do destino? Ou você telefonou depois de ver aquele outdoor quente dele, você sabe; aquele ali? — ela diz com um gesto de seu polegar sobre o ombro para a maciça tela atrás de nós, e surge aquele anúncio pecaminoso da Calvin Klein de Dylan. Aquela com a jaqueta de couro, a cueca e o olhar convidativo, onde tudo começou, e se eu pensei que os assobios ruidosos foram altos para mim... As mulheres que compunham noventa e nove por cento desse público ficaram loucas. Elas levam suas mãos a boca e gritam, como se estivessem em um show de strip, e algumas até colocam os dedos na boca para assobiar mais alto, enquanto o anúncio de Dylan permanece explodindo no centro do palco para seu prazer e, oh, sim, o meu.

Com um sorriso presunçoso, lentamente levo os meus olhos para a mulher com cara de inocente, enquanto ela diz:

— Não sei como você poderia alguma vez olhá-lo e não sorrir.

— Essa foi suja, Carly. Como eu posso pensar quando tenho essa foto dele assim?

— Bom ponto. — ela diz. — Vamos apenas fingir que não está lá.

Olho para os rostos sorridentes, feliz em vê-los curtindo.

— Certo. Eu posso tentar fazer isso. Umm... qual era a pergunta mesmo? — eu brinco.

Carly bate as mãos juntas, rindo. — Como vocês se conheceram?

— Ah, está certo. Bem... — começo e, em seguida, aperto o meu nariz. — É uma história engraçada, na verdade, e ele a contaria um pouco diferente de mim.

— Ele contaria?

— Sim. Tenho certeza. Mas, uhh, eu o conheci no nosso primeiro dia de filmagem de Insurrection 2. Eu estava dirigindo para o trabalho e ele estava caminhando no meio da rua, e, bem... — eu fiz uma pausa e entrego a multidão o meu melhor não foi minha culpa, quando terminei: — Eu quase o atropelei.

— Espera, você quase passou por cima dele?

— Sim. — eu rio.

— Mas ele acabou te namorando, de qualquer maneira?

— O que posso dizer? — falo com um sorriso arrogante. — Eu sou tão encantador.

— Woohoo. Nós acreditamos nisso. Verdade? — Carly diz, encorajando a massa a vocalizar seus pensamentos, e quando todos gritam um sim alto em uníssono, ela olha para mim e espera que voltem a se acalmar. — Eu tenho que confessar, Ace. Assim como todos aqui, eu estive observando e lendo o que poderia sobre vocês dois. Eu não tenho certeza do que é que está nos atraindo para querer saber sobre esse relacionamento, mas... Oh, quem eu estou enganando? É porque é você, Ace Locke, a maior estrela de cinema do mundo, o símbolo sexual, que agora está nos dizendo que é um homem gay e orgulhoso em um relacionamento sério, que faz essa história explodir. Em seguida, adicione essas fotos sensuais de você e Dylan em Las Vegas, e a quantidade de atenção que vocês dois tem recebido ao longo dos últimos meses... é inédito. Como você está lidando com tudo isso?

Foi chocante para mim que meu peito não esteja apertado de medo e meu rosto não esteja franzido com suas palavras, mas enquanto eu penso sobre a pergunta de Carly, percebo pela primeira vez que finalmente estou confortável em falar sobre isso; e essa é uma realização poderosa. É também outra coisa pela qual eu poderia agradecer a Dylan. Por me ajudar a aceitar o meu verdadeiro eu.

— Bem, não foi sem incidentes, com certeza. — digo, depois me movo para colocar os dois pés no chão e colocar meus antebraços nos meus joelhos. Junto meus dedos e olho para a multidão, que eu percebo, tinha ficado ansiosa enquanto aguardam minhas próximas palavras. — Durante a última década ou mais - mais, na verdade - eu escolhi viver em destaque. Foi decisão minha entrar nessa indústria, uma que eu faria novamente se isso significasse chegar a esse exato lugar na minha vida, e a esse homem. Mas cometi erros ao longo do caminho - todos nós cometemos. Passei anos escondendo quem eu era. Mas agora que encontrei Dylan, não quero ter que esconder isso. Eu não quero me preocupar que alguém vá tirar uma foto e se perguntar quem ele é. Então, se isso significa vir aqui e contar tudo, que estou apaixonado por ele, então está tudo bem em fazer isso. Compartilhar.

— Eu acho isso tão cativante. — Carly diz. Inclino a cabeça para olhar para ela, e ela enrola uma de suas pernas debaixo do sofá, como se estivéssemos sentados na sala de estar, e não no estúdio cheio e na rede ao vivo. — Que você está sendo tão aberto sobre isso. Quero dizer, faz algum tempo que as fotos de Las Vegas surgiram, mas para um homem que nunca antes divulgou publicamente qualquer relacionamento, ouvi-lo falar sobre Dylan é fascinante. Esse homem realmente mudou você.

Concordo com a cabeça e mastigo meu lábio inferior.

— Você está certa. Ele conseguiu isso; Ele é engraçado, inteligente, incrivelmente amável e consciente de si mesmo, e... — eu paro e olho para os rostos arrebatados olhando para mim e dou um sorriso sedutor. — Incrivelmente sexy, estou certo? — uma mulher solta um “inferno, sim”, e eu aponto para ela. — Veja, ela entende.

Carly ri. — Oh, acho que todos entendemos.

— Eu não posso descrevê-lo melhor do que isso. Nossa vida está sob um microscópio. E há dias que são extremamente difíceis, e histórias que são ditas e que não são verdadeiras. Mas todos os relacionamentos vêm com problemas - os nossos são apenas para consumo público, e nós sabemos disso. Estamos cientes, e, entretanto sabemos o que é real e o que é verdade, então podemos passar cada dia com a maior parte da nossa sanidade, uma das razões pelas quais estou aqui hoje. Era hora de dar voz a essa relação no verdadeiro sentido disso. Para dar uma narrativa honesta ao que compartilhamos e a quem somos. E agradeço-lhe por me deixar fazer isso e estar aqui.

Quando a multidão explode em aplauso, Carly coloca a mão em meu ombro e aperta. — Você está se tornando rapidamente uma das minhas pessoas favoritas no mundo. E mantenha-se assim - estaremos de volta depois do comercial com mais de Ace Locke e seu próximo papel no filme, estrelando junto do seu novo namorado, o Sr. Dylan Prescott.

 


***

DYLAN

 

Acho que não é possível me sentir tão feliz quanto agora, eu penso, enquanto estou sentado na sala verde do Carly Wilde Show. Mas com cada palavra e resposta que saem da boca de Ace, meu sorriso abre ainda mais em meu rosto. A partir do segundo que ele entrou naquele palco, Ace fez o público comer na palma de sua mão, e eles o amaram. A linha tensa de seus ombros de antes tinha desaparecido, e enquanto ele está sentado ao lado de Carly no sofá, falou com ela e com a multidão como se estivesse tendo uma conversa casual comigo. É como se ele os conhecesse há anos, e, de vez em quando, no caso de esquecerem com quem estavam conversando, Ace dava aquele seu sorriso de estrela de cinema para eles, junto de certa arrogância de estrela, com um ar de menino, e eles ficavam loucos por isso.

Meu cara é incrível. Não que não soubesse disso antes, mas enquanto observo as telas, vendo as pessoas reagirem à sua simples presença, eu realmente entendo. Ace é... Bem, ele é uma verdadeira inspiração. Quando fala, as pessoas na multidão, e sem dúvida em todo o país, estão bebendo suas palavras. E é fácil esquecer quem ele é quando estou com ele - ele é tão afável.

Ao longo dos últimos meses, eu vim a perceber em primeira mão que, no que diz respeito a celebridades, o público em geral os viam como sendo de propriedade pessoal. Todos os seus movimentos eram para sabermos de suas vidas, e para entretenimento de todos nós, pessoas normais, porque, tanto quanto nós - e sim, eu também - continuávamos a colocá-los em pedestais, eles sempre estarão sob escrutínio. Mas era o que eles faziam com essa fama, essa notoriedade e nível de sucesso, o que realmente os tornava amados ou odiados. E foi quando ouvi Carly discutir as escolhas de Ace, sua decisão de sair publicamente e contar ao mundo quem ele era e como isso impactou e ajudou aos outros, que eu realmente pensei nele e seu alcance no espectro mais amplo das coisas. No mundo que ia além dele e eu. E maldição, se isso não me deixava orgulhoso de ser aquele em seus braços.

Eu tomo um gole da água que peguei do bar, e então olho para a tela, onde Ace está encostado no sofá e dizendo algo na orelha de Carly. Eles acabaram de voltar do comercial e alguém havia se apressado para retocar sua maquiagem, mas eles estavam perto de voltar ao vivo, porque todos desapareceram do palco, Carly sorri e assente e, em seguida, a música do show rola, o logotipo aparece, e eles estão de volta, a multidão aplaudindo e gritando em sua excitação.

— Bem vindos de volta, e para aqueles de vocês que agora se juntaram a nós, eu estou aqui com Ace Locke, a estrela de The Last Guttersnipe, Hard Throttle e Original Bourbon, para citar apenas alguns, e ele está no próximo filme da sequência de sucesso do diretor Ron King: Insurrection 2. Coincidentemente, foi na gravação do seu último filme Insurrection 2, onde Ace conheceu o amor de sua vida, o homem sobre o qual estamos aprendendo um pouco mais com o próprio Ace. Não estou certa?

— Está. — Ace responde com um sorriso extremamente satisfeito, e minhas bochechas aquecem da mesma forma quando colocaram a minha imagem na tela maciça atrás dele mais cedo. À medida que o público bate palmas e a câmera volta a abranger Carly e Ace, fico impressionado com o quão relaxado ele está. Ele está discutindo sua vida e a nossa, e esse conforto e nível de facilidade fazem com que meu coração queira explodir de felicidade, porque eu sei há quanto tempo Ace está na estrada para chegar a esse ponto.

— Tudo bem. — Carly diz. — Vamos cortar a perseguição e fazer algumas perguntas que sei que todos nós estamos morrendo de vontade de saber. Quanto tempo você esperou antes que você e Dylan ficassem pela primeira vez? Você o convidou para um encontro?

Eu ri com a expressão de Ace. Sua boca abre uma vez, duas vezes, e então ele ri. Uma explosão espontânea de risadas, quando ele parece lembrar a primeira vez que ficamos juntos. Ele então se acomoda um pouco e responde:

— Foi na minha festa de aniversário.

— Oh! — Carly diz, juntando as mãos, encantada com a revelação aparentemente inocente. — Então você pediu que ele fosse ao seu aniversário?

— Não. — Ace diz, e balança a cabeça. Ele então olha diretamente para a câmera, e eu conheço esse olhar, esse foco intenso que ele acabara de redescobrir, era tudo para mim quando ele responde: — Eu não era tão ousado. Ele me pediu para sair com ele, e eu aceitei.

Foda-se, ele não apenas disse isso em rede nacional. Mas o sorriso que rola em sua boca é um que eu conheço muito bem, e também a faísca nos olhos azuis quando a multidão fica selvagem. Esse bastardo arrogante, penso, rindo para mim mesmo. Ele estará em sérios problemas mais tarde.

— Ahh, então Dylan não é o tipo tímido e recatado?

Oh, Deus! Eu só poderia imaginar o que Ace teria a dizer sobre isso.

— Não. — ele diz. — Eu nunca o acusaria de ser tímido. Há algumas ocasiões... Mas, na maioria das vezes, eu diria que não. Ele não é tímido.

— Então... Ele não se importaria se o trouxéssemos para o palco com a gente hoje?

Espere. O que ela acabou de dizer? Eu pulo como se estivesse com algo preso na bunda. Meus olhos se arregalam e eu estou convencido de que minha boca está tão aberta que minha mandíbula poderia estar batendo no chão. Mas Carly continua conversando.

— Eu sei que ele está aqui com você, esperando nos bastidores. Você acha que ele gostaria de falar conosco, para discutir o filme que vocês dois estão protagonizando juntos? É o primeiro dele, certo? Eu adoraria ter uma visão de alguém de fora que observou Ace Locke de perto assim. — Carly se certifica de adicionar um monte de insinuações nas últimas palavras, e quando Ace começa a rir e olhar ao redor, as pessoas começam a chamar o meu nome, ele esfrega uma mão sobre seu rosto e olha para ela.

— Sim, tudo bem. Vamos trazê-lo aqui.

De jeito nenhum. Isto não é... Ele não disse que sim... A porta da sala verde abre e meus olhos se arregalam ao ver Kelly fazendo um gesto freneticamente com a mão para me apressar, mas meus pés estão colados no chão enquanto ela grita algumas palavras que não consigo decifrar. Quando meu cérebro tenta continuar, dois homens correm para prender algo na minha cintura sob meu colete cinza ajustado, então prendem - oh, porra, isso é um microfone – na minha gravata preta e Kelly está puxando meu pulso, dizendo:

— Siga-me.

E com um olhar final para as TV’s que eu estava assistindo, vejo Ace de pé e olhando por cima do ombro, esperando por mim enquanto a multidão ruge, e não há nenhuma maneira de esperar nem mais um minuto.


Capítulo 29


SURPRESO


ACE

 

Dylan vai me matar. Esse é o primeiro pensamento atravessando o meu cérebro, mas o meu segundo é que seria de um jeito difícil, porque não havia nada no mundo que eu queria mais do que ver o rosto dele. Mesmo que isso signifique vê-lo em uma sala com trezentos estranhos e a maioria dos telespectadores observando.

Falar sobre ele nos últimos dez minutos me fez querer estar perto dele novamente, tocá-lo, e saber que ele estava nos bastidores esperando por mim, fez com que ele estar aqui fosse à primeira coisa na minha lista de prioridades.

Eu posso ouvir os aplausos e os pés sendo batidos no chão, enquanto a plateia grita:

— Dylan, Dylan, Dylan. — e me levanto para ir à porta da qual eu havia saído antes. Tudo levou menos de dois minutos, e então a porta abre, e lá está ele. E maldição, ele está lindo.

Ele parece exatamente como o deixei na sala verde. Usando calça escura justa, um colete confortável e uma camisa azul-claro com mangas enroladas nos cotovelos, e a gravata na base da garganta é preta e imaculada. Seus cabelos castanhos claros, que começaram a crescer no topo, destacam o seu estilo, e ele não tem um pingo de maquiagem em seu rosto deslumbrante, mas nada poderia ser adicionado para torná-lo mais atraente do que ele já é.

— Oi. — digo, e eu sei que meu sorriso tem que ser grande e tolo porque tenho um desejo de envolver meus braços ao redor de sua cintura e girá-lo como um idiota, e quando seus lábios se curvam ele diz:

— Eu vou chutar sua bunda por isso. — ele também poderia ter dito que me amava, de tão feliz que eu estou.

Eu ergo minha mão para ele e, enquanto ele enfia os dedos nos meus, eu pisco e me viro para o estúdio cheio de pessoas, que por vários segundos haviam desaparecido completamente, e todos estão de pé e cumprimentam Dylan, exatamente como me acolheram mais cedo.

Atravessamos o palco de mãos dadas, e quando chegamos a Carly, seu sorriso é enorme, enquanto ela dá um passo à frente, eu solto Dylan para que ela o abrace. Dylan retorna o abraço, no verdadeiro estilo Daydream. Ele envolve seus braços ao redor dela e beija sua bochecha, e quando ela dá um passo atrás, Carly ergue seus dedos para sua pele, como se quisesse testar que ele realmente tinha colocado seus lábios lá, e eu a entendia. A pura aura e a energia de Dylan são infecciosas. Ele irradia felicidade e calor para todos aqueles que o cercam. É um verdadeiro testemunho de Sunshine e Ziggy que seu menino tem a capacidade de ser tão aberto e amoroso com tudo o que tinha passado antes deles.

— Dylan Prescott, senhoras e senhores! — Carly anuncia e se vira para o público. — A outra metade de PresLocke.

Quando Dylan enfrenta nossos espectadores excitados, ele dá um passo em minha direção e nossos ombros batem. Ele então se vira para olhar para mim, e o sorriso que ele me dá, me faz colocar minha mão na dele, apenas para me lembrar de que ele é real.

— Por favor, pessoal. Sentem-se, sentem-se. — Carly diz.

Dylan lambe o lábio superior e depois olha para trás do sofá, Carly fica na mesma posição que antes, e me mudo e sento no canto, deixando Dylan entre nós dois. Quando inclino meu corpo na direção de Carly, Dylan automaticamente se aproxima mais de mim para encará-la, e isso envia outro frenesi de gritos. Ele ri, bem humorado, enquanto acaricia o joelho, e então Carly ergue as mãos, indicando que todos precisam se calar se quisessem ouvir mais. Mas o ar no estúdio está vibrando de eletricidade.

— Woah... Isso foi uma grande entrada. Eu acho que foi ainda maior do que a sua, Ace. — Carly brinca, e Dylan olha por cima de seu ombro para mim.

— Eu acho que você pode estar certa, mas veja esse sorriso. — digo quando as covinhas de Dylan aparecem. — Quem não ficaria entusiasmado com isso?

Dylan ri, e cora enquanto balança a cabeça.

— Pare com isso. — ele diz, mas não há ameaça real quando arqueio minha sobrancelha, o deixando saber que eu não iria parar. Esse lado tímido dele com o meu carinho é muito querido, e tão adorável que eu não poderia parar, mesmo que eu quisesse.

— Dylan. — Carly diz, retomando sua atenção, e quando ele olha para ela, tudo o que eu posso fazer é manter minha mão na parte de trás do sofá onde já havia colocado. — Como você está hoje?

— Um pouco nervoso. — ele ri. — Não vou mentir.

— Nervoso? — ela pergunta. — Acho difícil de acreditar. Como esse pequeno grupo pode deixar você nervoso quando está acostumado a namorar esse cara?

Dylan acaricia meu joelho e olha para mim. — Bom ponto. Ele é... Maior que a vida às vezes.

— Eu posso imaginar. — Carly diz. — No entanto, Ace nos disse que você foi o primeiro a fazer um movimento nele. Isso é um pouco de coragem, não?

— Oh, meu Deus. — Dylan diz, e ri, e eu posso dizer que ele está lutando contra uma dose saudável de nervos e constrangimento, quando ele leva as duas mãos para o rosto. Quanto mais ele parece perdido e rindo, mais atraente se torna para a multidão. Então, quando ele finalmente tem o controle, ele baixa as mãos e assente lentamente. — É verdade. Eu pedi para ele sair comigo. Eu também pedi seu número várias vezes. Eu era um fã dele por um longo tempo.

Eu não consigo me ajudar – olho para Carly e levanto meus dedos para tocar o ombro de Dylan. — Meu fã número um, certo?

Dylan zomba e depois me aponta com o polegar e diz a Carly: — Vê com o que eu tenho que lidar?

Isso fez a multidão rir junto com a anfitriã, e relaxa Dylan no encalço das coisas enquanto ele se acomoda no sofá e nos meus braços.

— Vocês dois são adoráveis juntos. É realmente um prazer conversar com vocês assim.

— Obrigado. — dizemos em uníssono quando ela trás as pernas para baixo e diz: — Então, Insurrection 2. Foi onde você o conheceu. O que você pode nos contar sobre isso?

— Não muito. — digo, dando a Dylan uma sugestão e ele assente.

— Mmmmm, nossos lábios estão fechados. Mas sendo um grande fã do primeiro filme — ele acrescenta, olhando para a plateia. — Posso dizer sem preconceitos que vocês não vão querer perder a sequência. Esse cara é um ator talentoso. E ele também parece muito bem em roupas brancas.

À medida que todos batem palmas, arrasto Dylan para mais perto de onde estava e sinto o meu coração batendo em sintonia com o que compartilhamos agora, essa perfeição, e eu sabia que o que fazíamos aqui estava certo. Era exatamente como deveria. Todos os minutos que nos uniram e nos levaram até esse ponto, nesse sofá conversando com Carly Wilde sobre nossas vidas, meus próximos projetos e os contratos de modelos de Dylan, valeram à pena. Porque esse homem sentado ao meu lado é o meu futuro, ele é o meu tudo, e me senti seguro quando Carly coloca a mão no joelho de Dylan e pergunta:

— Ok, jovem. Todos nós observamos esse cara nas telonas e apenas podemos imaginar como é conhecê-lo. Mas nós temos que te perguntar... Como é namorar Ace Locke?

À medida que a pergunta permanece no ar, o público fica tão quieto que você poderia ter ouvido uma gota cair, e então, Dylan se move em seu assento para olhar para mim, e o amor em seus olhos faz meu fôlego engasgar na minha garganta e as minhas razões para estar aqui hoje se solidificam em total acordo.

— É tudo o que você esperaria que fosse... E muito mais. — Dylan coloca a mão sobre o meu peito e sorri para mim antes de virar e dar o seu sorriso mágico para as pessoas que estão assistindo esse momento íntimo entre nós. E então ele fala com convicção e orgulho: — Ace é a pessoa mais extraordinária que já conheci. Sua capacidade de se dar aos outros é extraordinária, e me sinto humilde diante das coisas surpreendes que ele faz. E mesmo quando tudo em sua vida está virando de cabeça para baixo, ele está presente, com uma mão ou palavra de apoio para me encorajar a me esforçar mais e mais para alcançar os meus objetivos. Ele é o homem que você vê em todos os seus filmes. O homem por quem você se apaixona, porque ele é corajoso e salva o dia. E eu agradeço as minhas estrelas da sorte por ele quase ter me atropelado no estúdio da Warner Bros, naquele primeiro dia.

À medida que as palavras de Dylan chegam ao fim e todos no estúdio se derretem, à medida que aplaudem e sorriem, eu sei que é minha vez, e antes de Carly entrar com mais perguntas, eu levanto do sofá e fico de joelhos.

 

***

DYLAN

 

Quando Ace se move ao meu lado, eu me viro para vê-lo e – santa mãe de Deus – ele ficou joelhos ao meu lado. Pergunto-me se é possível que os meus olhos caiam da minha cabeça, porque naquele momento, eu tinha muita certeza que os meus estavam tão grandes que estava perto de acontecer exatamente isso.

O que ele... Eu olho para Carly, cujo lindo sorriso está iluminado, e quando observo seus olhos, percebo que eles estão vidrados de umidade quando ela leva as mãos para a boca, e então olha para baixo, para... Ace.

Ace, que está de joelhos, olhando para mim com aqueles lindos olhos azuis cheios de amor, alcança o bolso de sua jaqueta preta e puxa uma pequena caixa de veludo. Eu pisco várias vezes enquanto tudo fica embaçado e percebo que tenho lágrimas em meus olhos. O estúdio, que há alguns instantes havia sido um coro de desmaio, tinha se transformado em um sussurro de expectativa silencioso, até que Ace sorri para mim - e então todo o mundo desaparece.

Eu levanto a mão para afastar as lágrimas dos meus olhos e vejo o pomo de Adão de Ace se mover quando ele engole em seco, respira fundo e diz:

— Dylan, eu não posso começar a explicar todas as maneiras que você mudou minha vida. Você, literalmente, me teve na primeira vez que vi você, e não, não quero dizer no estúdio. Quero dizer, na primeira vez que eu vi você. E então, por algum milagre do destino, você entrou na frente do meu carro naquele dia, e se isso não for um sinal, eu não sei o que é.

Ouço o som silencioso de suspiros ao nosso redor, mas parece longe... Distante, porque naquele momento a única pessoa que existe é aquela que me olha exatamente como Sunshine descreveu uma vez, como se eu tivesse pendurado na lua. Os lábios de Ace se curvam em um sorriso de tirar o fôlego enquanto minhas lágrimas continuam a cair, e então ele estende a mão para deslizar o polegar na minha bochecha.

— Todos os dias você me mostra algo novo, Dylan. E a cada minuto que estou com você, acho outro motivo para te amar.

Minha mão treme enquanto eu alcanço a dele, e quando Ace entrelaça nossos dedos, eu tento me impedir de perder o que ele continua a dizer, todas as palavras que um dia sonhei ouvi-lo dizer.

— Eu sei que nosso relacionamento até agora foi rápido e um pouco incomum em comparação com a maioria. Mas eu sei o que quero. Eu soube desde o momento em que você se sentou na minha frente, no primeiro dia no set. Eu quero você. Eu amo você. — ele diz, enquanto eu permaneço sentado no sofá do Carly Wilde Show.

Olho para o homem que soltou minha mão e abre a caixa de veludo que esteve segurando, e é minha vez de ofegar, porque dentro há dois anéis requintados de ouro branco, e quando Ace puxa um, minha mão voa para cobrir minha boca com a beleza do que vejo. À primeira vista, o brilho do acabamento polido é magnífico, mas, à medida que Ace ergue a caixinha acolchoada, noto os diamantes arredondados e negros, o conjunto duplo de anéis dando volta no arco, e perco minha capacidade de pensar.

— Dylan Daydream Prescott. — ele diz com um sorriso bonito quando afasta minha mão da minha boca e segura-a na dele. — Se você pode suportar tudo o que vem junto comigo, nada me deixaria mais feliz do que me casar com você.

O estúdio permanece em silêncio, aguardando minha resposta ao homem que olha para mim com o coração nas mãos, mas não há dúvida. Ace sabe como me sinto, ele pode ver isso nos meus olhos e quando eu aceno com a cabeça - porque é tudo o que eu consigo gerenciar - as lágrimas fluem livremente pelas minhas bochechas e eu tento encontrar minhas palavras.

A multidão explode em torno de nós em aplausos enquanto Ace desliza o anel no meu dedo, e então ele pega meu rosto, colocando-o entre as mãos enquanto se inclina para frente e me beija... No palco em frente à multidão eufórica e os milhões nos observando; E eu me perco nele.

Estamos na televisão, mas não noto esse fato, pego o rosto de Ace e o beijo como se estivéssemos na privacidade de nossa própria casa. Fecho os olhos e derramo todo o amor e emoção que sinto por ele, e quando finalmente nos separamos, eu digo:

— Sim. — e o microfone pega a palavra e a leva ao público que se acalma para ouvir o que quer que eu fosse dizer. — Sim, com prazer vou usar esse anel, e lidar com o que quer que venha em nossa direção. Será uma honra casar com você. Eu te amo, Ace.

Ace pega minha boca de novo, e dá um doce, mas feroz beijo, e, enquanto os aplausos nos rodeiam, eu ouço Carly ao meu lado dizer:

— Estou tão apaixonada por esses dois que tenho que convidá-los uma vez por mês para recuperar o atraso. E isso é tudo o que temos tempo para hoje pessoal, mas acho que conseguimos mais do que esperávamos. Se você está apenas pegando o fim dessa entrevista, então você estará lendo essa manchete no canto inferior direito - Ace Locke e Dylan Prescott estão oficialmente envolvidos. Agora, a questão na língua de todos será quando e onde esses dois amarrarão o nó. Obrigada a todos por se juntarem a nós, e eu vejo vocês no próximo Carly Wilde Show.



 


Notas


[1] Como foi falado no livro anterior, Daydream significa “sonho”, “fantasia”, mas preferi deixar no original, até mesmo por se tratar do nome de Dylan.
[2] Aqui ele faz um trocadilho, a expressão “alto e orgulhoso” quer dizer um gay assumido que está orgulhoso disso e que caminha sempre de queixo erguido.
[3]
[4]P.I.T.A = Pain In The Ass (dor na bunda) kkkkkkkkk.
[5] Master Baiter: alguém expert em acariciar sua cobra de um olho só (se é que me entendem).
[6] Carga de Marinheiros. No caso, o “carga” aqui tem conotação sexual: sêmen.
[7] No original: Blow (My Mind). As autoras fazem um trocadilho com a palavra “Blow” que significa sopro. Então, se adaptado para o português, creio que ficaria algo tipo “foda minha mente”, já que o sopro (blow) é usado nesse sentido (de bagunçar a mente da pessoa) no inglês.
[8] Trocadilho: Hard (difícil, duro e etc).
[9] Nos Estados Unidos, há uma classificação para filmes chamada PG-13 que significa “Parents Strongly Cautioned” ou “Pais fortemente advertidos”. Essa classificação (ou selo) indica que o filme não é aconselhável para crianças menores de 13 anos.
[10] Pish Posh é dito quando você sabe que algo que estão lhe dizendo não está certo.
[11] - Dildo: Consolo ou consolador é um objeto em formato de pênis com o intuito de ter contato, fantasia ou penetração oral, anal ou vaginal. São usados por pessoas de diversas orientações sexuais das mais diversas formas.
[12] Se traduzido pro literal, a frase ficaria: enrolado nas videiras, porém creio que a autora quis fazer um trocadilho com o nome do lugar onde foram comer, The Vine (a videira).
[13] Aqui ele diz frases com duplos sentidos: “Explosões acontecem” (fazendo alusão a um orgasmo) e “dá seus comandos” (para quem não sabe, commando é o nome de uma marca de cueca que geralmente os gays usam).
[14] - Shrooms: Cogumelo alucinógeno.
[15] - Nome do gato de Aline no país das Maravilhas.
[16] - Silver Streak Clipper.
[17] Timão ou roda de leme, é o “volante” dos navios e outras embarcações.
[18] No original: More Than a Daydream. As autoras fazem um trocadilho com o nome do Dylan (Daydream), que pode significar sonho, fantasia e etc.
[19] No original, Jordan fala: resting bitch face, que é uma pessoa (geralmente uma garota) com o rosto inexpressivo, mesmo sendo sem querer.
[20] - S'mores: (um lanche doce consistindo de uma barra de chocolate e marshmallows torrados intercalados entre biscoitos Graham).
[21] Posh Spice: o apelido que Derek deu ao Jordan em Devil’s Kiss. Posh Spice era o apelido de Victoria Beckham quando fazia parte do grupo Spice Girls e ela ganhou esse apelido devido ser bem vaidosa e rebolar muito.
[22] Trocadilho das autoras com a palavra “come” (chegar, vir, gozar).
[23] No original: Unlocked (desbloqueadas), porém a autora fez um trocadilho com o sobrenome do Ace: Locke.

 

 

                                                    Ella Frank & Brooke Blaine         

 

 

 

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