Biblio VT
Eu sento na minha cadeira com um suspiro, e me lembro do tempo quando as coisas eram simples.
A escola ficou cansativa, porque sei o que quero fazer, quero falar com ele. Escrever e dizer a ele quais são os meus planos para o fim de semana. Aos dezoito anos sou a doce menina que meus pais me ensinaram a ser. Aquela que sempre chega em casa antes do toque de recolher, que sempre tira nota A, que é doce e inocente.
Mas sinto que estou prestes a perder a cabeça, porque sei o que quero fazer, e não tem nada a ver com Álgebra e Química. Minha paixão está na caneta e no papel. Nas palavras. Talvez seja por causa dele. Talvez seja porque tudo que quero fazer é ver o seu rosto. Estamos nos comunicando há três anos. Quando fiz quinze anos o conheci, bem, não cara a cara. Mais com... palavra a palavra. E adorei cada momento, porque encontrei um amigo. Alguém em quem confiar, e me dar conselhos sobre o que estava passando.
Disseram-me que escolhesse um apelido. Algo que não permitiria que a pessoa do outro lado descobrisse quem eu era. Fui instruída a escrever uma carta, endereçá-la e eles a postariam junto com muitas outras. O lado positivo foi que eu poderia escolher. Tinha muitos deles, eu não sabia para quem queria escrever. Enquanto eu passava pelo grande número de nomes e seus crimes, um deles se destacou para mim. Um chamou minha atenção, e nunca mais esqueci.
Ele está cumprindo uma sentença mínima de quinze anos, com a possibilidade de liberdade condicional, porque é sua primeira acusação. Ele alega ser inocente. Assassinato em segundo grau. Ele é perigoso, é um assassino, mas eu não fiquei com medo. Eu o escolhi por causa do seu número, 0423. Meu aniversário é no dia vinte e três de abril. Talvez tenha sido o destino alinhando nossos caminhos.
Não nos foi permitido trocar fotos. Era anônimo. Apenas alguém para eles conversarem. Fiquei triste ao descobrir que ele estava naquele lugar, tendo apenas vinte e quatro anos. Sim, ele era mais velho que eu, mas apenas nove anos. Desde aquela primeira carta, que enviei como uma inocente garota de quinze anos, ele me entendeu melhor do que meus próprios pais, melhor do que eu mesma.
Esse é o cara que escolhi. Ele é meu amigo por correspondência.
Então, escrevi minha primeira carta. Uma das muitas, que me levariam da adolescência à idade adulta.
Eu pensei que sabia tudo. Disseram-nos para parar de escrever, mas eu estava me rebelando contra tudo e todos, então continuei as cartas. Ele respondeu todas as vezes, e me perguntei, se eu era sua tábua de salvação, tanto quanto ele era a minha.
Você pode amar alguém que nunca viu? Com certeza. Foi o que aconteceu, e eu me apaixonei profundamente. Eu acho que não havia espaço para ele na minha vida real, mas, nós nos tornamos amigos, e não pude me afastar. Mesmo sabendo que deveria. Eu fiquei viciada em suas palavras. Suas cartas. A maneira como ele me conhecia, me entendia e me fazia sentir viva.
Meu instinto me disse para amassar suas cartas. Para queimá-las. Para nunca olhar para trás. Mas eu não fiz. Eu não consegui. E isso me trouxe um amor tão infinito, tão desesperado, e tão doloroso, que a única escolha que eu tive foi me afastar.
Se eu fosse inteligente, não teria voltado atrás. Não teria respondido aquela última carta. Se eu fosse inteligente, teria feito minhas malas, e fugido. Mas sou só uma garota. Eu sou apenas a Twig, a garota da qual ele dependia. Sabia que ao longo dos anos, eu tinha me tornado mais. Eu tinha me tornado alguém para ele, pois ele havia se tornado alguém para mim.
Foi quando o segredo que ele manteve escondido de mim foi revelado, que tudo mudou. Que o homem que eu vim a conhecer, a amar e a sofrer se transformou num mentiroso. E mesmo assim, quando disse meu último adeus, ainda ansiava por ele. Quando me virei para ir embora, para deixá-lo para trás, eu ainda me agarrava a cada carta.
Ele lutaria por mim? Eu seria capaz de perdoá-lo? Só o tempo diria.
CAPÍTULO UM
HEATH
QUINZE ANOS ATRÁS
Estou há um mês na minha condenação. Eles disseram que eu tive sorte, já que é minha primeira acusação, que recebi a sentença mínima, e se me comportar, conseguirei a liberdade condicional. Aos vinte e quatro anos, fui preso por algo que não fiz, e agora só há uma coisa que me impede de foder tudo. A promessa da liberdade.
Tenho que morder minha língua; eu a mordo com tanta força, que sinto o gosto do metal na minha boca. Mas não luto. Não é quem eu sou, e me recuso a mudar isso por alguém.
Meu olhar se arrasta para o espelho imundo da minha cela. Está rachado em alguns lugares, o que me faz parecer mais assustador do que o normal. Desde que entrei, acrescentei algumas tatuagens à minha pele pálida.
De meus pulsos até os ombros, são decorados com padrões e imagens intrincadas. Entrando na área principal, encontro alguns dos presos vagando ao redor. — Prisioneiros, sua correspondência está aqui. — Um dos guardas despeja o amontoado de envelopes na mesa, e os homens correm em direção a ele, como se fosse a maldita carona para fora daqui. Eu sei que não é assim. Não há nada que um pequeno fodido pedaço de papel possa fazer por mim.
— Ohhh, olha, nosso menino bonito Con, recebeu uma. — Eles me deram um apelido, que eu odeio, mas, sorrio e aceno, permitindo que os filhos da puta digam o que quiserem. Eu pego o envelope azul e coloco no meu bolso. Eu não preciso ler essa merda na frente deles.
Eles me veem como uma criança, porque sou o mais novo, apesar de ter sido preso por assassinato em segundo grau, e darei o fora daqui antes deles terem o maldito café da manhã.
Assim que estou sozinho na minha cela, tiro a carta do bolso. Tem a pequena foto de uma árvore no canto, e eu sei que é da garota que eles escolheram para mim. Disseram-nos que faríamos isso como uma espécie de reabilitação. Há uma fragrância suave no papel, e eu inalo profundamente. Cheira a sol, como o verão, quando todas as flores estão mais luminosas, e me pergunto se a pele dela cheira assim também.
Olá 0423,
Eu nunca fiz isso antes. Eu suponho que você também não. Eles nos pediram para selecionar alguém da lista, e escrever uma carta para eles. É estranho. O que eu diria a você que melhoraria sua situação? Nada. Percebo que, mesmo sentada aqui - uma garota adolescente - não há nada em minha vida que possa ser comparado ao que você está passando.
Talvez você esteja se sentindo pra baixo. Eu posso compreender. Há momentos em que eu gostaria de fugir. As pessoas me dizem que sou muito velha para a minha idade. Isso é verdade? Alguém pode ser velho demais para a sua idade? Como isso é possível?
Eu acho que divago muito. De qualquer forma, eles disseram que sem detalhes pessoais, então, acho que sem nomes reais.
Meu nome é Twig, sim, eu sei o que você está pensando. Eu sou muito estranha. Eu acho que sou uma nerd. Uma garota desajeitada que passa muito tempo em torno dos seus livros. Estou na escola, como você já deve ter percebido, e adoro escrever. Eu não tenho muitos amigos, porque eles só colocam você em problemas. Eu sou uma solitária e tenho orgulho disso.
Eles me chamam de filhinha do papai. Acho que conhece o tipo. Ou não? Eu espero que me fale sobre você. De qualquer forma, gosto de escrever, é uma válvula de escape. Posso criar qualquer coisa ou qualquer pessoa que eu queira, é onde encontro meus amigos. Entre as páginas e as linhas. Isso está errado? Em se esconder da vida. Não tenho certeza. Eu já disse que divago.
Você se sente solitário? Deve ser um lugar assustador. Eu assisti a programas de televisão, já vi homens em lugares assim, e eles me assustam. Eles são os monstros debaixo da minha cama à noite. Você é um monstro? De alguma forma, não acho que você é. Eu não sei por quê. Eles disseram que você matou alguém. Se você não quiser me contar sobre isso, tudo bem. Mas gostaria de conhecê-lo. Espero que você responda.
Eu tenho que ir. Eles estão esperando-me terminar. Eu já disse que divago.
O sol brilhará amanhã.
Twig
A inocência em suas palavras me faz sorrir. Alguma coisa sobre como ela diz que o sol brilhará amanhã, me comove. O homem que eles prenderam por assassinato. O sol não vive mais no meu mundo. Escureceu há muito tempo, e agora que tenho sua doce inocência para me segurar, eu quero mais.
Eu leio mais algumas vezes e não consigo parar de rir. Estou na prisão, lendo uma carta de uma garota de quinze anos, e estou rindo. Quem diria? Eu a dobro, coloco de volta no envelope, e no fundo espero que haja outra em breve.
O único problema é; eu pretendo responder. O que direi a ela? Como vou explicar minha inocência, para alguém que nem saiu da escola? Alguém sem experiência no mundo real.
Eles nos deram papel e um lápis, e mesmo na minha depressão, meu constante estado de raiva e frustração, quero lhe responder. Gostaria de responder, e dizer que, sua vida é fantástica e incrível, e lhe dizer que deveria continuar escrevendo.
Eu quero lhe dizer que a vida é boa. É uma mentira, mas, sabendo que ela vai sorrir, faço de qualquer maneira.
Sento-me na escrivaninha, que eles permitiram na minha cela, e escrevo. Eu não digo a ela a verdadeira razão pela qual estou aqui. Eu não digo a ela o que aconteceu comigo. Mas digo como ela é linda. Eu nunca a vi. Não faço ideia de como é seu cabelo, nem a cor dos seus olhos. Eu só sei que ela é linda, porque fez um homem adulto, que provavelmente nunca a conhecerá, sorrir. Eu preciso lhe dizer isso.
Enquanto o lápis arranha a página branca, me vejo escrevendo mais do que isso. Mais do que eu planejei. E na minha pressa de contar tudo sobre mim, me pego com três páginas em uma carta, que não tenho ideia que chegará até ela.
Com palavras fundindo-se em frases e sentimentos derramando de mim para o papel, que ela vai segurar, espero que ela sinta o que eu sinto. Eu quero colocar toda a minha emoção nessa única carta, porque pode ser a única que receberei; espero que alguém lá fora saiba o quão lindo são. Eu não consegui dizer à única mulher que possuiu o meu coração, que a amava, antes de encontrá-la morta na minha casa, então direi a Twig.
CAPÍTULO DOIS
LEAH
PRESENTE
Olhando rapidamente no relógio, percebo que são dez horas. Ele está atrasado novamente.
Por que diabos estou aqui? Ah, sim, meus pais. — Oi gostosa. — Um insulto, me fez virar para encontrar meu noivo. Ele está um desastre, e sei que ele provavelmente esteve no bar novamente. Chegamos ao ponto em que não sou boa o suficiente para conversar, a menos que ele esteja bêbado. Mas, não sou mais a mesma, eu vivo no meu mundo. Nas histórias que crio, para fugir da realidade que minha vida se tornou.
Deixei-me ser sugada para esta situação. Ser forçada a um relacionamento, não é algo que imaginei para mim. Papai, no entanto, o fez. Existe apenas um cara cuja companhia eu gosto, e ele nem é real. Bem, ele é, nós apenas nunca nos encontramos. Preferiria que ele estivesse aqui, em vez do cara cujo anel eu uso.
— Você deveria estar meio sóbrio no evento desta noite. — Minha queixa não passa despercebida, menos ainda minhas reações cheias de fúria. Essas são normalmente recebidas com raiva, mas esta noite ele tem que se comportar, e sabe disso. Se não fosse pelo fato de eu estar prestes a ver meus pais, teria recuado, e apenas o ignorado.
Eu teria me escondido no quarto que chamo de meu refúgio. Onde escrevo, onde me perco em mundos criados por mim mesma. O único lugar onde posso ser eu mesma. O resto da casa é dele. Não há nada de mim em nenhum dos cômodos, só dele. Ele está no comando, e gosta de se certificar que eu saiba que ele está.
Eu não estou feliz. Nunca fui feliz com nenhum homem. Amigos me dizem que é a minha amizade com um condenado, mas certamente é apenas minha independência. Não é?
Quando lembro na mais recente carta que recebi, duas semanas atrás, percebo que ele mesmo me disse que eu deveria deixá-lo.
Twig
Já se passaram semanas, meses, e toda noite eu vou dormir preocupado com você. Receio não receber outra carta. O desconforto pesa no meu estômago, que você simplesmente desaparecerá, e será culpa dele. Estive pensado em como você ainda está aí. Esse cara não parece ser bom para você. Você sempre ficará no mesmo lugar? Você sempre deixará alguém te decepcionar? Eu odeio saber que irá. Que você está permitindo que isso aconteça. Cadê minha garota? Onde está minha linda Twig?
Você me preocupa, doçura. Ele está te prendendo aí, te ameaçando? Se ele estiver, me fale. Posso te ajudar. Você sabe que saio daqui a algumas semanas, e conheço pessoas. (Uma piada, eu juro). Eu não quero te dizer como viver sua vida, mas sei que você consegue coisa melhor. Admito, eu não sou melhor, mas acho que você deveria ir embora, e viver a vida da qual me falou todos aqueles anos atrás. Você se lembra? Porque eu lembro. Por que você não me fala? Seja honesta.
Você conhece a minha história, doçura, por que não faz o que eu digo e vai embora? Embale esses bonitos saltos vermelhos, e faça uma fuga digna de uma história. Você poderia escrever um livro sobre como fugiu do seu horrível noivo, e encontrou o amor verdadeiro. Você quer amor? Quero dizer, amor verdadeiro.
Não estou falando da sua merda medíocre. Quero dizer, o tipo que atropela sua vida como um trem de carga e chuta sua bunda. Do tipo que te faz imaginar como já viveu sem a outra pessoa. Quando tudo o que você pensa é tê-lo em seus braços ou ao seu alcance. Para ver o seu sorriso, inspirar seu perfume. Quando cada música que você ouve, faz lembrá-la. E quando você se senta sozinho no seu quarto escuro com todas as luzes apagadas, a única coisa que pode ver é o seu rosto na sua mente. Quando você dorme à noite, assim que seus olhos se fecham, são os olhos dela olhando para você. Não assombrando, mas apenas observando. Mantendo-o a sua vista para que você esteja seguro, aquecido e apreciado. E você sabe que um dia, quando você inalar seu último suspiro, essa é a única pessoa estará sempre enterrada em seu coração, fluirá em suas veias e juntará sua alma quebrada.
Eu acho que agora estou divagando. Eu tenho que ir para a sala de descanso. Conversarei com você em breve.
Seu,
Con x
Ele começou a assinar Seu depois do primeiro ano. Foi cativante, e fez me sentir especial. Ele assinou Con e eu assinei meu Twig, ficamos confortáveis com o arranjo não dito. Quando fiquei mais velha, percebi que havia mais entre nós dois do que eu queria deixar transparecer. Eu me tornei dependente das suas cartas, de seus conselhos. Eu precisava dele.
Quando fiz dezessete anos, falamos sobre eu ter namorados. Sobre a minha vida amorosa inexistente. Ele me disse que eu me apaixonaria um dia e o esqueceria. Estou prestes a completar trinta anos e ele ainda é o único homem que não saí da minha vida.
Quinze anos conhecendo alguém.
Quinze anos querendo alguém.
Ainda fico ansiosa ao abrir a caixa do correio e encontrar um envelope com o carimbo da prisão.
Ver sua letra masculina acalma meus nervos, e manda meus medos de volta para o seu esconderijo. A única coisa que ele não pode fazer é me salvar. Isso eu terei que fazer sozinha. É algo que preciso decidir fazer, e seguir adiante. Eu releio o último parágrafo novamente e meu coração dispara no meu peito. Ele poderia estar falando sobre nós? Ele me ama?
Ele não pode. Eu sou apenas uma menina. Ele provavelmente tem alguém esperando por ele quando sair. Alguém da sua idade. Isso é algo nunca comentado entre nós, nossa diferença de idade. Ele sabe que sou nove anos mais nova, mas nunca me disse nada sobre isso. Nunca zombou de mim, ou da série de perguntas que mandava para ele.
— Que porra você está fazendo? Nós precisamos ir. — Virando-me para encontrar o olhar escuro do homem com quem devo casar, eu aceno. Se eu não responder, economizará a briga. A discussão que tantas vezes ocorre quando ele está nesse humor. — Eu te fiz uma maldita pergunta.
— Nada, Ron, estou indo. — Fechando a gaveta da minha mesa, me viro para Ronan e sorrio. Ele é alto, quase um metro e oitenta, e normalmente se eleva sobre mim, mas, esta noite estou usando sapatos de salto. O vestido azul escuro que estou usando é justo, e mostra as curvas que já me acostumei.
O caminho até lá é silencioso, pelo que sou grata. Já basta eu ter que sorrir e agir como a noiva feliz, mas outra coisa é ter que falar com ele.
Quando chegamos ao hotel onde o evento está sendo realizado, faço a minha escolha. Con está certo. Esta é a única e última vez que poderei escolher. Se eu continuar com o noivado, ficarei presa num casamento que pode me matar.
— Espero que você esteja pronta para ser a doçura que todo mundo espera que seja.
O hálito quente e o fedor de álcool fazem meu estômago revirar de desgosto. Possessivamente, seu braço serpenteia ao redor da minha cintura, e ele me puxa contra seu corpo enquanto avançamos para a festa. Este é o seu domínio, onde ele parece brilhar. Eu sou apenas a doçura em seu braço.
CAPÍTULO TRÊS
HEATH
Con,
Eu estou tão animada! Eu fui aceita na faculdade. Eu queria lhe contar as boas novas antes de qualquer outra pessoa, então por enquanto, escondi a carta de admissão. Chegou esta manhã e você foi a primeira pessoa em quem pensei. Meus planos de sair de casa e começar minha vida longe da pressão da minha família estão finalmente se tornando realidade.
Tem muita coisa que quero fazer da minha vida. Eu queria que você estivesse aqui, nós poderíamos sair e comemorar ou algo assim. Talvez um jantar extravagante, cinco pratos, ou algo louco. Talvez pudéssemos jantar calmamente, sentados no sofá e conversar. Seria maravilhoso ouvir sua voz, ouvir você dizer meu nome, meu nome verdadeiro. Eu não estou triste, mas, é algo em que penso.
Eu tenho mais notícias, no entanto, não tenho certeza se você vai gostar. Alguém na escola me convidou para sair. Para um encontro. Eu não estou interessada nele, mas é um passeio em grupo, então disse sim. É um show em um dos clubes do centro. Nenhum dos garotos da escola me chama atenção. Eu sou muito adulta para a minha idade? Eu não estou pronta para a pressão que vem com namoro e sexo. Entende? Você alguma vez esteve apaixonado?
É algo que eu leio e escrevo, mas, me pergunto se esse tipo de amor é real. A conexão profunda da alma.
Eu creio que é por isso que a ficção é muito melhor do que a realidade - somente você pode ter o seu mundo perfeito.
Enfim, estou muito emocionada para pensar nisso agora. O que você tem feito? Você está bem? Eu sei que fazem apenas uns dias, mas precisava falar sobre a faculdade.
Diga-me, Con, quando sair, quais são seus planos? Você quer voltar para casa? Eu suponho que você gostaria de passar um tempo com a sua família, enquanto tudo que eu quero fazer é fugir da minha. Não é que eles não me tratem bem, eu tenho sido pressionada toda a minha vida, para ser alguém que não sou. Mostrar-lhes que sou capaz de fazer algo que amo, e continuar sendo responsável, tem sido uma luta contínua. Eles querem uma vida para mim que não me completa. Então, por que eu iria continuar com isso? Depois de me formar, quero conquistar o mundo.
Nós poderíamos fazer isso junto. O que você acha?
Sua,
Twig beijo
Eu me lembro dessa carta, e queria muito responder, e dizer sim, adoraria conquistar o mundo com ela, mas não o fiz. Eu lhe desejei sorte na sua formatura, e disse que ela poderia fazer ou ser qualquer coisa que seu pequeno coração desejasse. Por mais que estivesse escondendo meus próprios sentimentos dela, por não lhe dizer que, depois de todos esses anos, ela é a única coisa que parece estar certa no meu mundo, eu só queria deixá-la aproveitar seu momento sem diminuí-lo.
Eu não poderia contar-lhe sobre o único amor que tive, o que perdi. Tantas coisas que quero lhe contar, mas estou com medo de que ela nunca mais queira falar comigo de novo. Que nunca me aceitará, o meu verdadeiro eu. Então, contorno as questões e digo-lhe o suficiente para mantê-la satisfeita.
Quando os portões se fecham atrás de mim, me aqueço no calor do sol. Estou fora. Segurando minha mala, que não tem muito dentro, vou em direção ao ponto de ônibus. Eu não tenho um plano, mas a última coisa que quero fazer é ir para casa. Depois de todos esses anos, a única coisa que quero fazer, é tomar um banho quente, uma refeição caseira e uma cama confortável.
Eu me inclino contra o abrigo de ônibus, e espero. Felizmente, não demora muito. Minha jornada para uma nova vida se aproxima e as portas se abrem. — Para onde você vai? — O motorista idoso olha para mim, como se eu estivesse prestes a matá-lo ou uma merda assim.
— Eu descerei na sua última parada. Não importa onde seja.
Ele balança a cabeça e levanta um pequeno mapa. — A última é em Livingstone. — Montana, é perfeito. Uma pequena cidade onde ninguém me conhece.
— Parece legal. — Eu deixo cair às notas em sua mão para minha passagem, e vou para a parte de trás conseguindo garantir três assentos, desde que não estão ocupados. Empurrando minha mala para cima, me faço confortável. Não tenho certeza de quanto tempo isso vai levar, mas posso muito bem me preparar para a viagem.
Foi um longo dia no trabalho, e a ansiedade me atingiu novamente. Eu abro a porta e a escuridão desce sobre mim. Quando entro no meu minúsculo apartamento acendo a luz, e tudo que vejo é vermelho. Uma poça de sangue ao redor de seu pequeno corpo frágil. O amor da minha vida. Meus pés vão até a cena antes de mim, e eu caio de joelhos na essência da vida que escoa do seu corpo. Ela está coberta de sangue. Seus olhos estão arregalados de medo, e meu corpo entra em choque. Agarrando seus ombros, eu a chamo. — Callie, baby!
Seu corpo está rígido e frio. A luz que brilhava em seus olhos não está mais lá, enquanto eu a sacudo, esperando que tudo isso seja um pesadelo. Meu coração contrai dolorosamente; uma dor que nunca sobreviverei. Balançando a cabeça, minha visão fica turva, eu pisco a emoção salgada dos meus olhos, e ela corre pelas minhas bochechas. Meus pulmões apertam a cada respiração. O cheiro acre de metal. O corpo sem vida da mulher que amo. Tudo é demais.
Isso não pode ser real. A dor torce no meu peito, me apertando até ser muito difícil respirar, e tudo o que quero fazer é me juntar a ela na morte. O vermelho escuro mancha minhas mãos, e sei que nunca vou conseguir tirá-lo. É minha culpa. Eu fiz isso.
— Baby. Por favor! —Eu imploro, mas sei que ela não pode me ouvir. Ela nunca ouvirá o quanto eu a amo. Como eu iria levá-la até a montanha para pedi-la em casamento. Para dizer-lhe que quero passar minha vida com ela. Cada momento, cada segundo e cada último suspiro. Mas a vida dela se foi, e eu estou morto por dentro.
Eu tiro o telefone do meu bolso, e ligo para o meu irmão. Ele saberá o que fazer. — O quê? — Seu tom é ríspido e percebo que devo tê-lo acordado.
— Ela está morta. Porra, tem muito sangue, — eu sufoco, e ouço sua ingestão aguda de ar.
A resposta que recebo não é a que espero, seu tom áspero surge enfurecido. — Eu estarei aí em alguns minutos. O que aconteceu?
— Eu acabei de chegar em casa, e há sangue por toda parte. — Eu ouço o tecido arrastando. Eu respiro fundo, e suas palavras ecoam através da minha dor. — Não se mova. — Eu desligo, e as lágrimas continuam a cair, meu rosto molhado de tristeza.
Ela se foi. Meu amor. A dor lentamente dilacera meu coração, me enviando em espiral na escuridão. Em ódio movido a vingança. Eu preciso encontrar o filho da puta que fez isso, e fazê-lo pagar. Fazer com que ele sofra tanto quanto eu agora. Eu sei quem fez isso. Eu me recusei a entrar no seu negócio de roubar carros. Eu queria viver honestamente para provar a Callie que era um homem digno dela.
Eu não sei por quanto tempo fico aqui, mas quando a porta se abre, me viro para encontrar meu irmão olhando para mim. Seus olhos voam sobre a cena, e se concentram no chão, mas, não há emoção em seu rosto. — Eles fizeram isso, eles a machucaram. — Ele acena, a porta está escancarada e eu ouço as sirenes.
— Eu chamei a ambulância. — Ele avança, mas não toca em nada. Com um gesto do queixo, ele diz: — Deve ser ele. — Eu olho na direção que ele está olhando, e percebo ao meu lado uma faca de açougueiro.
O momento de silêncio é interrompido por policiais e paramédicos até que me encontro algemado.
— Você tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o que disser poderá ser usado contra você num tribunal.
— Espera. Eu não fiz isso! Mano, diga a eles! — Minhas palavras caem no vácuo. Como diabos eles podem pensar que eu fiz isso? Por que ele não está fazendo nada? Eles me arrancam do apartamento, coberto de sangue da minha noiva, e dou uma última olhada para a mulher com a qual queria passar a minha vida, enquanto me levam embora como um criminoso. Naquele momento eu jurei, nunca mais amar alguém.
Meu corpo chacoalha, e encontro um par de olhos castanhos expressivos olhando para mim. — Sinto muito, o ônibus está cheio e ...— ela diminui, e percebo que estou ocupando uma fileira inteira de assentos. Eu devo ter dormido por horas, porque olho ao redor e percebo que ela está certa.
O pesadelo ainda paira pesado em minha mente, enquanto me desloco para o lado, e ela se acomoda ao meu lado.
O cheiro do seu perfume, é de alguma forma familiar, e eu acho isso relaxante. Flores de verão. Meu ritmo cardíaco se estabiliza, e olho para ela. — Meu nome é Leah. — Ela estende a mão e eu deslizo a minha na dela. A suavidade de sua pele é incrível, e me pergunto se o resto dela parece assim.
Eu não me perdi por uma mulher desde Callie, mas depois de tantos anos preso, acho que meu corpo está desejoso. Eu não tenho que entregar o meu coração. Apenas meu pau.
— Eu sou Heath.— Eu gemo em resposta, e seu sorriso vacila. Eu sou um idiota. Ela é muito pura e inocente para o que eu gostaria de fazer com ela. Percebo que ela não tem bagagem, apenas uma pequena mala, que não poderia carregar muito.
Ela desliza para o banco ao meu lado, e seu perfume mais uma vez preenche minhas narinas. — Você sabe para onde o ônibus está indo? Entrei no primeiro que encontrei. — Ela olha para mim com um sorriso, e eu aceno.
— A última parada é Livingstone. — Minhas palavras saem como um estrondo, e me viro para a janela.
— É para onde você está indo? — Arrastando meus olhos para ela, percebo como ela levanta o queixo, e endireita seus ombros, se mostrando mais confiante e sexy pra caralho. Cachos dourados emolduram seu rosto, e aqueles olhos cor de avelã brilham. Ela me faz pensar em como seria a Twig. Ela sempre usava de tanta franqueza em suas cartas. Eu me pergunto onde ela está.
— Sim, preciso de um novo começo. — Eu saboreio a maneira como o seu perfume invade os meus sentidos, e quero me encharcar dele. A fragrância suave das flores, e algo mais... ela.
— Se você estiver disposto as minhas constantes divagações, vou acompanhá-lo em sua viagem. — Suas palavras me tiram dos meus pensamentos, e eu olho para ela. É algo que minha Twig diria. Ela adorava divagar sobre tudo e nada. Eu amava isso nela.
Essa garota pode ser meu recomeço. Uma amizade que me permitirá parar de usar Twig como uma muleta, porque ela é. A última carta que ela me enviou, que chegou ontem, está na minha mala. Eu não abri ainda, e me pergunto o que ela decidiu. Ela provavelmente se casará com aquele filho da puta.
— Eu não sou uma boa companhia. — Eu digo honestamente, porque não sou.
Ela encolhe os ombros, e olha para mim. — Estarei aqui se você mudar de ideia. — Garota teimosa, eu gosto disso. Ela é linda - uma beleza natural sem maquiagem, vestida com um shortinho jeans e uma blusa branca folgada - e ela me lembra de inocência. Algo puro.
Quando ela se acomoda no banco ao meu lado, eu faço de conta que estou com ela. Por nesse momento, tudo que quero é me sentir normal. Meu coração sofre pelo que perdi, pelo que nunca poderei ter, e apenas durante essa viagem, quero mergulhar no seu sol.
CAPÍTULO QUATRO
LEAH
Twig ,
Todos esses anos e você ainda me atura. Muitas vezes me pergunto como ainda não te assustei. Eu suponho que você gosta do perigo? Você lê sobre homens como eu em seus livros? Um dia você deveria escrever nossa história. Como você acha que terminaria? Eu fico com a minha garota? Ou ela se move para coisas melhores. Por que você sabe o que eu penso? Que você é minha. Você entrou na minha mente Twig, tão profundamente, que está nos meus pensamentos constantemente. Isso te assusta? Você tem medo de que um dia, se o destino desempenhar um papel em nossa história, nos encontraremos?
Você é especial, garotinha. Você tem uma luz que não deveria deixar ninguém apagar. Sim, estou começando a parecer piegas, mas acho que você precisa se concentrar nos seus estudos. Agora que estou mais velho, percebo que estou feliz por ter conseguido terminar a escola e me formar, antes que minha vida ficasse uma merda. Antes do que aconteceu comigo neste lugar.
O mundo está lá fora esperando que você o agarre, e quando o fizer, segure, porque o passeio será incrível. Eu tenho mais cinco anos, quando sair deste lugar, estarei com trinta e nove - um velho - e você será uma garota com o mundo a seus pés. Você me deu algo que nunca encontrei aqui, algo, que não acho que tenha tido antes da minha prisão. Amizade. É o presente mais precioso de todos, e quero te agradecer. Esse é o mais profundo que serei, então não se acostume com isso. Por mais que eu queira agradecer a você pessoalmente, isso bastará por agora.
Lembre-se, você sempre será especial para mim. Você é meu raio de sol, então nunca diminua a sua luz.
Seu,
Con, beijos
— Senhorita, acorde. — Meus olhos se abrem, e encontram o olhar ardente do homem robusto que conheci há apenas algumas horas. Ele tem barba, tatuagens e deveria me assustar com aqueles intensos olhos escuros, mas não tenho medo. No mínimo, estou intrigada. As piscinas que me lembram de pão de gengibre guardam segredos, e minha curiosidade está aguçada.
— Onde estamos? — Eu questiono, me endireitando, e sentindo uma dor no pescoço por adormecer em um ângulo estranho.
— Em casa. — Ele ri, e eu olho para fora. A pequena cidade está banhada pela luz do amanhecer, e não posso evitar a onda de excitação que corre através de mim. Recomeçar.
— Bem, levante-se, meu caro, temos de sair e explorar. — Eu me levanto, alisando meu cabelo, mas é inútil. Meu cabelo há muito tempo tem vontade própria. Ele estende a mão para pegar uma mala preta pesada do alto, e eu pego a minha.
— Não tem muito nessa mochila, Sunshine. — Ele observa, me lembrando de alguém que nunca encontrarei, pegando a pequena mala quadrada na qual eu trouxe minha vida dentro, que inclui um laptop, meus cadernos e algumas roupas. Tenho dinheiro suficiente para sobreviver por pelo menos três meses, mas preciso encontrar um emprego.
— Não tinha muito da minha antiga vida que eu quis trazer, — eu explico calmamente. Enquanto saímos do ônibus, sinto as pontas dos seus dedos roçarem minhas costas. O leve toque suave envia um tiro de eletricidade através de mim.
Quando eu finalmente saio do ônibus, e entro na minha nova casa, como Heath disse, sorrio com gratidão do que me livrei. Eu fiz a minha escolha e a mantive. Eu gostaria de poder contar ao Con, porque sei que ele ficaria orgulhoso de mim.
Os pensamentos sobre ele nunca estão longe. Ele é uma constante, algo em que posso confiar. —Sunshine, — um barulho profundo atrás de mim, me fez virar para encontrar o olhar do Heath. — Por aqui, — ele provoca, e percebo que continuei andando sem olhar para onde estava indo.
— Desculpa, às vezes tenho a tendência de me perder em minha mente, — eu explico com um sorriso. Seus lábios se curvam em um sorriso torto, e percebo como seus olhos brilham com malícia quando sorri. Seu cabelo é curto, quase raspado, e se não soubesse melhor, diria que ele estava no exército. As laterais estão grisalhas, mas misturados com o castanho abundante, o torna ainda mais atraente.
— Uma amiga minha sempre diz isso. Ela está sempre perdida dentro do seu mundinho. — Enquanto ele fala sobre essa pessoa, eu noto um brilho distante em seus olhos, como se ele sentisse falta dela. Eu me pergunto se é uma namorada, ou talvez até uma esposa. Enquanto meus pensamentos vagam por aí, olho para a sua mão e percebo que não há uma aliança em nenhum dos seus dedos.
Amiga.
— Ela mora por perto? — Eu questiono.
Ele sacode a cabeça, e para diante de um pequeno café. Soltando sua mala, ele puxa uma cadeira para mim e eu deslizo nela. — Na verdade, eu não sei onde ela mora. Posso pedir um café ou um chá para você? — Ele se inclina, e eu sinto o seu cheiro, lembra canela. Como aqueles donuts que eles fazem com um xarope de açúcar por cima.
— Chá, por favor. Se tiverem algo frutado, eu prefiro. —Ele balança a cabeça, e desaparece dentro da loja, mas não antes de eu notar, o jeito que o jeans azul desbotado dele abraça suas coxas incrivelmente musculosas. Ele é muito mais velho do que eu, mas tremendamente bonito. Sua barba não é muito longa, mas me faz querer passar os dedos por ela.
Eu me pergunto como é beijar um homem com barba. Eu não consigo esconder minha risadinha. Sentada, olho em volta e percebo a cidade lentamente acordando para um novo dia. A primeira coisa que preciso fazer é comprar um jornal, e encontrar algum trabalho.
— Aqui está. — Heath coloca uma caneca de líquido fumegante na minha frente. Cheira a laranjas frescas e algo doce, como mel.
— Isso cheira bem, obrigada. Quanto eu lhe devo? —Eu pergunto, pegando minha bolsa.
— Nada, — ele rosna, e eu sinto isso no meu núcleo. Ele se recosta com uma grande caneca de café preto espesso, e noto que suas mãos são ásperas, seus braços fortes, musculosos e adornados com lindas tatuagens que mostram padrões complexos. Há algo nele que grita perigo, mas não tenho medo.
— Obrigada, eu agradeço. — Ele balança a cabeça, mas não diz mais nada, e nos sentamos em silêncio, apreciando os sons de uma cidade ganhando vida. Crianças da escola passam por nós, e tem pessoas andando com seus cachorros. É quase como se o tempo tivesse parado aqui. Uma bela cidade que poderia ser o cenário perfeito para um livro.
— Então o que você faz? — Ele pergunta com um longo olhar para mim. A maneira como seus olhos percorrem meu corpo, envia um arrepio através de mim. Já faz algum tempo desde que senti borboletas e formigamentos. Isso é mentira. Fico assim toda vez que Con me envia uma carta.
— Estou desempregada no momento. Quando deixei minha antiga vida para trás, deixei de trabalhar com meus pais em uma fundação de caridade. Eu estava pensando que terei que encontrar algo para fazer, não me importo com trabalho duro, qualquer coisa para trazer uma renda. — Minha divagação leva sempre o melhor sobre mim, mas algo no jeito como Heath me olha, me diz que ele não se importa, o que me faz sorrir.
— Interessante, o trabalho duro ser bom para você. Eu aprendi isso enquanto... — Suas palavras se transformam em silêncio, e suas sobrancelhas franzem em preocupação, e tem algo sexy em sua expressão séria. — Estive ausente. Eu tive que trabalhar duro para chegar onde estou agora, — ele termina rapidamente, e levanta da cadeira. Nosso tempo chegou ao fim, e sinto que quero pedir a ele que fique. Ou lhe pedir para não me deixar, mas isso é ser egoísta. Estou tão acostumada a não ser deixada sozinha, e agora que tenho que estar, estou com medo. — Tome cuidado, senhorita. Talvez te veja por aí. — Ele empurra o boné que está usando para baixo, então cobre os olhos escuros, e ergue a mochila no seu ombro.
—Boa sorte! — Grito, enquanto o vejo ir embora.
CAPÍTULO CINCO
HEATH
Con,
Estou me preparando para ir para a minha formatura, chegou a hora. Para a faculdade e para o mundo real. Você me disse tantas vezes como é assustador lá fora, mas eu acho que é emocionante. Eu decidi que vou cursar Literatura Inglesa. Você me conhece, a devoradora de livros. Eu tenho meu próprio dormitório particular; meus pais não querem que eu fique alojada com uma garota que possa ser uma “má influência”. Sim, eles realmente disseram isso. Eu só quero sair daqui, a casa está se tornando sufocante, e a liberdade que me chama, me faz pensar em quão rapidamente posso sair daqui e encontrar meu próprio apartamento.
Eu enviaria fotos para você, mas isso é contra as regras, ainda acho que seria divertido ver você. Você não quer saber como eu sou? Eu sempre tento imaginar você enquanto leio suas cartas. Você acha que nos machucaria, pelo menos ver, com quem estamos falando?
Eu não tenho medo de você, sabe. Faz muito anos, e olhe, ainda estou aqui. O que você acha que aconteceria se esbarrássemos um no outro qualquer dia? E se já tivermos, e simplesmente não soubermos?
Eu imagino uma vida, onde um dia entro na sala de aula, e lá está você, talvez, meu professor? Imagina isso. Nossos olhos se conectariam, e nós saberíamos? Ou nossos corações e almas reconheceriam um ao outro?
Eu estava lendo um livro onde algo parecido aconteceu. Onde um dia dois estranhos se encontraram e a chama reacendeu, esse reconhecimento acontece no fundo do coração. Imagine a intensidade de ver alguém que você conhece a maior parte da sua vida, mas nunca realmente viu. Ter uma conexão natural. Aquela que não é física. Como encontrar sua alma gêmea. A pessoa que conhece você melhor do que você mesmo.
Então, acho que vou esperar minha vez por esse momento. No momento em que você estiver na minha frente.
Acho melhor colocar meu vestido e ir buscar meu diploma.
Sua,
Twig - beijo
Tudo nela me fez pensar em Twig. O jeito que ela falou, divagou sobre o seu trabalho. Foi doce, e por mais que eu quisesse ficar, e ajudá-la a encontrar um emprego, ou apenas passar mais tempo com ela, não podia. Eu preciso seguir em frente, e encontrar meu próprio caminho. Eu não posso maculá-la com a minha escuridão. A velhinha do café disse que há um rancho à frente, e estão procurando pessoas para ajudar. Vou tentar minha sorte, e espero que eles estejam dispostos a me dar uma chance.
Nada como ser um ex presidiário para que as pessoas o afastem. O portão da fazenda está aberto, enquanto ando até ele, dou uma rápida olhada ao redor. Há estábulos e cavalos à direita. Perfeito. Eu amo cavalos, eu ficaria feliz de passar o tempo lá.
— Posso ajudá-lo? — Uma voz rouca puxa minha atenção para a esquerda. Um homem alto, de ombros largos, usando botas de caubói, jeans desbotados e uma horrível camisa mostarda, se aproxima de mim. Ele parece estar em seus cinquenta anos com cabelos grisalhos e sobrancelhas grossas prateadas. Seu rosto é enrugado e não oferece um sorriso.
— Olá, sou novo na cidade. Apenas procurando por qualquer trabalho que você precise. Eu parei no café e eles...
Ele rosna antes que eu possa terminar a minha frase. — Maldita Merle, ela envia todos os tipos de pessoas para cá. — Suas sobrancelhas espessas franzem, enquanto me olha. — Você é um bom trabalhador? — Eu aceno rapidamente, esperando que ele não esteja prestes a me expulsar de volta para a cidade.
— Eu também sou bom com cavalos, — respondo com confiança. Se há uma coisa que sei é como domar um cavalo selvagem.
— Veremos. Vamos acomodá-lo. Eu sou Boone Cutter. — Ele estende a mão e nos cumprimentamos.
— Eu sou Heath Barnes, — eu respondo com um sorriso. Ele grunhe, e me pergunto se é assim que será a maioria das nossas conversas.
— Você tem uma garota, Barnes?— Ele pergunta com uma sobrancelha levantada. Imediatamente minha mente volta para Callie. Para seu lindo sorriso e brilhantes olhos azuis.
— Não. Só eu. —Ele me observa por um segundo a mais, mas não pressiona, pelo que sou grato. Nós entramos na casa, e sou atacado pelo cheiro de pão quente e assado no forno. É como se eu tivesse entrado numa padaria cheia de doces.
— O que temos aqui? — A voz suave vem de quem só posso assumir seja a esposa do Boone. Ela tem metade do meu tamanho com cabelos grisalhos presos em um coque. Ela está vestida com uma calça jeans, e a mesma camisa de cor horrível que seu marido.
— Mags, este aqui é o Heath. Ele vai ajudar com os cavalos. — Ela acena com a mão para ele com desdém, e segura meus dois braços. Boone obviamente sabe quando não é mais necessário, porque ele a deixa me tocar.
— Bem-vindo ao Cutter Ranch, Heath. Está com fome? Tenho certeza de que um homem como você precisa de um bom café da manhã. Vamos levá-lo para a mesa, e servirei um pouco de comida, e aquecerei para você. — Antes que eu possa responder, ela começa a correr pela cozinha. Sua casa é confortável. A cozinha é tudo o que você imaginaria de uma cozinha estilo do campo, incluindo a grande mesa de madeira com assentos suficientes para que toda a família jante.
A lembrança da família queima meu estômago. Meu irmão me deixou naquele inferno. Eu nem sei onde ele está agora. Tudo o que posso pensar é como perdi tudo. — Chega de se perder dentro da sua mente. — Ela me bate no boné, e eu o tiro, encontrando seu olhar intenso.
— Na verdade não estou...
— Já vi homens fazerem isso, e deixe-me dizer uma coisa, você não fará isso aqui, rapaz. Se você está sentindo falta da família ou de uma garota, estará ocupado demais nos estábulos para se preocupar com isso. E você é um bom rapaz, sua garota há de aparecer. — Ela pisca, e me deixa olhando para ela.
Logo que estou sentado sozinho de novo, eu medito sobre a garota que conheci no ônibus, o raio de sol mais bonito que entrou na minha vida desde que senti meu coração desmoronar. Quando ela adormeceu, tudo que eu queria fazer, era acariciar sua pele macia. Suas bochechas levemente bronzeadas tinham um tom rosado como se estivesse corando durante o sono.
Aqueles cílios longos escuros tremulavam, enquanto sonhava, e me perguntei se alguém voltaria a sonhar comigo. Mags retorna para a sala de estar com um grande prato cheio, e meu estômago ronca, o que só faz com que ela ria.
— Precisa colocar um pouco de carne nesses ossos, se você vai trabalhar com Boone. Ele é um pouco escravagista, sabe. — Ela pisca conspirativamente. Então, eu decido, é aqui que será minha nova casa. Onde eu posso usar essas botas de cowboy por um tempo, e tentar reconstruir minha vida.
Eu provo o purê de batatas e a torta de carne, gemendo de satisfação com os sabores que atacam minhas papilas gustativas. Hortelã, mostarda e outra coisa que não consigo identificar. Eu devoro cada pedaço e me sinto como um novo homem. Ela gira de volta encontrando o prato vazio, e eu me recosto com um estômago mais cheio do que nunca.
— Obrigado, Mags. Estava incrível. Eu não provo uma boa comida caseira há muito tempo, — digo a ela honestamente, e sei que ela pode ver através de mim.
— Acostume-se com isso. A muito mais de onde isso veio. Posso te oferecer um chá doce? — Com um sorriso, eu aceno. Não tomo chá doce, desde que minha mãe fazia para mim quando eu era adolescente.
Nesse momento, a campainha toca e, quando se abre, vejo Boone em pé com a senhorita da minha viagem de ônibus. Ela ainda está vestida com seu short, mas deve ter esquentado lá fora, porque ela tirou a blusa, e agora está usando a blusa branca mais apertada que eu já vi. Suas curvas são deliciosas e seus seios ainda mais.
— Para de babar, garoto. — O tom áspero do meu novo chefe, me arrasta do meu olhar.
Levantando, ando em direção a ela, e ofereço um sorriso.
— Você está me seguindo? — Eu a questiono, com um sorriso divertido.
Seus olhos estão arregalados em choque, mas posso ver a malícia dançando nos lindos avelãs. — Seria a sua sorte,— ela responde com um tom arrogante. Fofa. Eu gosto desse fogo. Mais uma vez eu me lembro de outra pessoa. Twig.
CAPÍTULO SEIS
LEAH
Twig ,
Parabéns! Estou orgulhoso de você, pequena dama. Há tanta coisa que você está prestes a aprender sobre o mundo real, mas não tenho dúvidas de que vai acabar com ele. Haha. Um pouco de humor de prisão. Eu não faço piadas o tempo todo, mas quando faço, sou muito bom nelas.
Falando sério, você vai adorar a faculdade. Eu sei que você não será influenciada pelas massas, e que aqueles que você escolher como amigos provavelmente serão boas influências, porque você é uma boa menina. Isso eu sei de fato.
Acabo de conseguir entrar num computador em nossa sala comum. Eu até configurei uma conta de e-mail. Eu imagino que você deve ser especialista em tecnologia, então, se quiser enviar e-mails, é mais rápido e fácil. Se você me der seu endereço de e-mail, te mando um, e poderemos conversar dessa forma. Eu tenho procurado cidades que quero visitar, assim que sair. Eu amo pequenos lugares remotos. Minha família não está mais por perto, eu perdi contato com meu irmão desde que cheguei aqui, então, não tenho pressa de ir para casa.
Talvez eu só pegue um ônibus, para nenhum lugar específico. Começar uma nova vida, e me reinventar. Que acha disso? Tenho certeza de que posso ser qualquer pessoa que eu quiser, ninguém saberá quem fui, ou o que sou. Eu adoraria voltar a trabalhar numa fazenda. Na infância, eu costumava passar horas com os cavalos. Antes de ser preso, eu dava aulas de equitação. Talvez eu devesse fazer isso novamente. É tranquilo no campo, onde tudo que você pode ver ao seu redor são as colinas verdes, e os únicos sons são os dos belos corcéis.
Eu acho que essa é a minha ideia de uma vida perfeita.
Simples. Quieta. Pacífica.
Seu,
Com – beijo.
— Maggie, querida, esta é a Leah. Ela não é daqui, e também procura trabalho. Parece que o ônibus hoje deixou todos esses forasteiros. — O homem alto, Boone, resmunga, mas sua esposa me oferece um sorriso caloroso.
— Ignore-o, ele é apenas um velho rabugento, e me chame de Mags. Vamos te alimentar. Tem alguma coisa que você gosta de fazer? — Antes que eu possa responder, ela vira para Heath e comanda. — Leve as malas até o segundo andar. Têm dois quartos de hóspedes, dê à moça aquele com a varanda, você pega o outro. — E assim, sou mandado embora. — Agora, me conte mais sobre você. — Entramos na cozinha, e aproveito o calor humano que sinto, e não me refiro apenas à temperatura, porque está muito quente lá fora. Estou falando do amor que parece estar pairando no ar dessa casa.
— Bem, eu deixei minha vida antiga. Eu precisava fazer alguma coisa por mim, e quando me dei conta, estava num ônibus vindo para cá, apenas um dia atrás. —Ela olha para mim, enquanto enche um prato com mais comida do que eu posso suportar.
— Qual era o nome dele? — Sua pergunta me pega desprevenida, e meu queixo cai em estado de choque. — Eu estive por aí por muito mais tempo do que você possa imaginar, minha querida, eu já vi dor antes. Seu coração foi partido. Alguém a machucou, —ela afirma com naturalidade, e eu aceno. Nada passa despercebido por ela. Certamente.
— Meu ex se tornou verbalmente abusivo. Eu não estava apaixonada por ele, e ele sabia disso. Eu era uma pessoa atraente, que ele podia arrastar aos eventos. Meus pais não viram isso. Eles pensavam que ele era um bom homem. — Fechando a porta do micro-ondas, ela caminha em minha direção, e pega minha mão na dela. Há tristeza em seus olhos.
— Eu não me referia a ele. Eu quis dizer o homem que você ama. — Suas palavras pairam entre nós, como os tachos e panelas que pendem do trilho de metal preso ao teto. Minhas sobrancelhas franzem em confusão. O homem que eu amo? —Seu coração está com outra pessoa. Eu posso ver isso.
É quando percebo, de quem ela está falando. Um homem que nunca encontrei. — Eu não posso amá-lo da maneira que você imagina. O homem que possui meu coração é um desconhecido. Eu nunca o encontrei pessoalmente, — devo confessar, porque é verdade. Eu amo o Con, mesmo que nunca o tenha visto. Eu acho que o amor é cego.
— Como assim, querida?
Ela me chama para a mesa, e nos sentamos de frente uma para a outra. Ela parece que está prestes a explodir de emoção ao ouvir minha história.
— Quando eu tinha quinze anos, escrevi para um homem na prisão. Ele tinha apenas vinte e quatro na época, e era inocente, pelo menos eu acredito que é. Escrevemos um ao outro durante anos. Eu nunca o vi, e nunca ouvi a voz dele. Ele é um estranho para mim em muitos aspectos, mas no fundo, ele está enraizado em meu coração. Eu acho que o nome dele é Connor, porque ele sempre assina suas cartas, Con. — Um tinido alto nos assusta, e nós duas levantamos, para encontrar Heath nos olhando. A caneca que ele estava segurando está em fragmentos no chão.
Seu rosto está branco como um fantasma, e suas poças negras emocionadas estão fixas em mim, me mantendo como refém, me queimando com uma emoção crua e desenfreada. — Heath? — Eu ando em sua direção, e ele por sua vez, recua.
— Desculpa, eu ... eu preciso de ar.— E com isso, ele sai pela porta, me deixando chocada, pela reação que teve. Meu corpo enrijece, e a tensão na sala faz meu coração saltar na minha garganta. A última vez que um homem me olhou assim, foi o Ronan. Quando ele se zangava, não havia nada que parasse seu discurso. Agora, a única diferença, é que Heath saiu correndo, enquanto que Ron iniciaria uma discussão, e me diria o quanto estava decepcionado.
As palavras que ele usava para zombar de mim, rachou minha concha e seu veneno tóxico penetrou em minha alma. Desde os meus 21 anos, ele me dominou, e eu apenas comecei a aceitar o fato de que ele era o problema, não eu.
Mags segue olhando para a janela. — Esse homem tem alguns fantasmas que precisa resolver. Eu só espero que ele perceba a tempo o que está bem na frente dele. Agindo como um maldito adolescente, saindo daqui daquele jeito, — ela murmura alto, o suficiente para eu ouvir. Meu coração bate no peito, e não posso deixar de pensar, o que diabos eu poderia ter dito para perturbá-lo tanto.
— Por favor, me deixe limpar isso? — Eu finalmente volto a meus sentidos, quando a vejo pegar a pá e a vassoura.
— Calma menina, vamos arrumar algo para você comer, e depois você pode descansar. Amanhã vou precisar da sua ajuda, com os convidados que teremos. — Ela volta para a cozinha, e joga fora a caneca quebrada. Logo que tenho o meu prato cheio, me sento à mesa e coloco comida na minha boca. Eu não sabia que estava com fome, mas a torta e as batatas estão incríveis.
Quando Maggie se junta a mim novamente, ela está irradiando tensão, e eu sei que é por causa do Heath. Meu coração aperta toda vez que penso no que aconteceu. Como ele poderia simplesmente sair assim. — Seu quarto é aquele no canto. Quando você terminar, vá até lá, e descanse. OK?
— Obrigada, eu agradeço. — Minhas palavras são sinceras e sinto as lágrimas ameaçando. Eu nunca pensei que faria isso sozinha, mas agora que estou aqui e Maggie e Boone me deram um lugar para ficar, eu sei que estarei bem.
Minhas emoções são como fogo queimando lento, esperando o momento certo para me devorar nas suas chamas. Desde que saí do apartamento, tenho estado ansiosa, à espera que alguém do meu passado me encontre.
Eu daria qualquer coisa por uma bebida forte. Eu normalmente não gosto de álcool, mas agora, gostaria de uma dose de tequila para acalmar meus nervos. Notei um bar no centro da cidade, então, talvez eu dê uma volta mais tarde e tome uma.
Eu vivi por tanto tempo em um mundo de papel composto de palavras e tinta, agora que se foi, não sei como sobreviver. Sem Con, eu tenho muitas perguntas.
Onde ele está? Será que algum dia conversaremos novamente? Existe uma chance de eu conhecê-lo?
Todas estas ficarão sem resposta. — Mags, estou pensando em ir ao bar na sexta-feira à noite. Posso ter uma chave para não acordar você e Boone quando eu chegar em casa? — Ela interrompe seus movimentos, e se vira para olhar para mim. Um pequeno sorriso toca em seus lábios, e ela concorda.
— Eu pensei que você nunca pediria. Vou mandar Boone levá-la.
— Ah não. Não tem problema. Eu vou a pé, — ofereço, mas sou recebida com um olhar severo. — Você não vai fazer nada disso, senhorita. Ele vai te levar, e ao Sr. Pau No Rabo, lá embaixo. Parece que vocês dois precisam quebrar o gelo. — Ela pisca, e continua a limpeza. Eu acho que uma bebida com o cowboy gostosão não será assim tão mau. Quero dizer, certamente ele será capaz de se divertir. Caso contrário, não preciso de um acompanhante para cuidar de mim. Eu posso fazer isso sozinha.
CAPÍTULO SETE
HEATH
Con,
Eu deveria estar animada que você sabe como usar o e-mail? Há! Meu humor nerd, não tão engraçado quanto o seu. Acabei de me mudar para o meu dormitório. É lindo, e eu tenho uma vista do campo esportivo. Pelo menos eu tenho meu próprio espaço. Tem tanta coisa, entretanto, não tenho certeza do que vou fazer.
Minha mãe e eu brigamos, é algo que fazemos constantemente. Eu nunca fui o suficiente para ela, nunca correspondi às expectativas que ela tem. Eu acho que, ser filha de pais tão conhecidos e ricos, garanta que sua vida seja um inferno na maior parte do tempo. Espero que um dia, se eu tiver filhos, não seja como ela. Que eu os apoiarei nos seus sonhos, em vez de forçá-los a fazer algo que não amam.
Eu sempre pareço descarregar em você, me desculpe. Eu suponho que você está aí, e não é como se você pudesse se afastar ou me ignorar. Eu não sei o que faria se você me ignorasse. Você acha possível que um dia nós paramos de nos falar? Tipo, acho que se você sair e encontrar uma esposa, ou Deus sabe, eu encontrar um marido. Que ideia estranha. Espero que nunca deixemos de nos falar, né?
Você me deu sua amizade, quando poderia ter me dito para cuidar da minha própria vida. Você me permitiu desabafar e reclamar, chorar e rir, você me deu minha adolescência, Con. Obrigada.
Enfim, aqui está o meu endereço de e-mail: nerdytwig@gmail.com.
Aguardo com ansiedade o seu e-mail.
Sua,
Twig – beijos
Eu não posso parar o doloroso baque contra o meu tórax. É ela. Minha Twig. Porra, como eu não percebi antes? Ela nunca poderá descobrir quem realmente sou.
Não tem como ela querer um homem como eu. Estou cheio de raiva, arrependimento e pensamentos de vingança.
Ela é tão bonita.
Tão inocente.
Tão real. Ela é muito real.
Todos esses anos de comunicação, e aqui está ela, na mesma casa do caralho. Como posso passar meus dias perto dela? Como posso agir como se não nos conhecêssemos? Mas eu não sou bom pra ela.
— Você quer se matar, Barnes.— O estrondo profundo do Boone vem de trás de mim. Eu me viro para encontrar o velho se aproximando nas minhas costas.
Eu franzo a testa para ele em confusão. — Por que você diz isso?
— Dar as costas para a minha Mags, como isso só pode te conseguir um tiro na bunda da sua espingarda, e ela tem uma boa pontaria. Eu ensinei tudo o que ela sabe —, ele responde com orgulho, e posso ver o amor e a adoração que esse homem tem por sua esposa. Meu coração se contrai ao ponto da dor, e tenho certeza que estou tendo um maldito ataque cardíaco. Virando-me para os cavalos que pastam no campo, penso na minha resposta.
— Tem muita coisa acontecendo na minha cabeça no momento. Eu só preciso me concentrar no trabalho. — Sou tão honesto quanto posso conseguir sem dar muita coisa. Sem contar a ele sobre meu passado.
— Eu consigo ver um ex presidiário a uma milha de distância, rapaz. Não esconda isso de mim. Eu não dou a mínima para o que você fez, você não estaria aqui se fosse culpado. Deixe-me dizer a você uma coisa, você paga sua parte, trabalhando duro, e eu vou ignorar seja qual for a merda que você está escondendo. Eu quero você focado, e eu quero você aqui. —Ele aponta para o chão, e eu entendo. Minha cabeça precisa estar no trabalho, não no meu passado.
Eu consigo fazer isso. — Você pode contar comigo.
Ele sorri. Ele porra sorri. — E se você vai ter um caso com aquela moça bonita, se certifique de não partir o coração dela, e não me diga que não pensou sobre isso. Eu posso ser velho, mas não sou burro nem cego.
O homem está falando sério, e sabe que não posso negar isso, porque agora que sei quem ela é, não tenho nada no meu caminho. Ela deixou o filho da puta do seu ex, e eu pretendo a conquistar. Eu já a tenho apaixonada por mim, agora tudo que preciso, é mostrar a ela quem eu sou. Carne e sangue, e todo maldito homem.
— Eu nunca vou partir o coração dela—, eu afirmo, antes de voltar para casa. Preciso me desculpar, e tentar explicar porque fui tão idiota.
Empurrando a porta, entro e inalo o aroma saboroso. Porra, vou ganhar muito peso vivendo aqui. — Aí está você. Eu acho que você ...
Antes que a Mags possa dizer uma palavra, começo meu pedido de desculpas. — Mags, olha, eu nunca deixarei minhas emoções me dominar novamente. Sinto muito pelo que aconteceu, vou substituir a caneca. E quero dizer ...
— Não é a mim que você deve desculpas. Tem uma adorável garota no andar de cima preocupada por ter te aborrecido de alguma forma. Todos nós temos nossos problemas, Heath, mas no final do dia, é como você trata as pessoas ao seu redor que conta. — Suas palavras são verdadeiras, e ver alguém se preocupando comigo sinceramente faz coisas à raiva que sinto em mim. O arrependimento que me queima todo maldito dia. — Agora vá até lá, e diga a ela que você quer levá-la para tomar um drinque. — Ela pisca, me deixando pela segunda vez hoje, sem palavras.
Subindo as escadas, eu bato na porta da Leah. Enquanto espero ela abrir, me pergunto por que ela se nomeou de Twig, porque ela é incrível. A porta se abre de repente, e ela está ali parada, usando somente uma minúscula toalha branca.
Seus longos cachos dourados estão presos num coque bagunçado, com alguns emoldurando seu rosto em forma de coração, e seus lábios carnudos são rechonchudos. Estou olhando para eles como se precisasse da minha boca na dela para que pudesse respirar novamente.
— O que... — Sua voz racha e ela limpa a garganta. — O que você quer? — A pergunta me distrai do seu corpo, e meus olhos encontram os dela. Aquelas poças de mel olhando para mim, me fazem querer me humilhar, ficar de joelhos. É ela. Ela existe.
— Estou aqui apenas para me desculpar. Ou seja, fui um idiota, então queria dizer que sinto muito. Teremos que viver praticamente juntos, e não quero nenhuma hostilidade entre nós. — Não tenho certeza se minhas palavras fazem sentido porque, dessa vez, sou o único a divagar. E a única razão pela qual estou, é porque é ela. A mulher que lentamente entrou nas partes mais escuras da minha mente, e me deu uma razão para sair da merda onde eu estava trancado.
— Está tudo bem. É melhor eu me vestir, — ela murmura. Eu não consigo me controlar antes de correr meus olhos sobre cada centímetro da sua toalha, ou imaginar como seria sentir a minha língua traçando essas mesmas curvas.
— Claro, eu vou indo... Vejo você amanhã. — Eu me viro para ir embora, e quando ouço a porta se fechar, me sinto como um idiota. Abrindo a porta do meu quarto, abro a mala, pego as roupas e vou até o armário para pendurá-las. Preto. Tudo preto. Eu sempre amei cores escuras. Callie costumava rir e me dizer que eu era o Anjo da Morte. Acho que sou, porque ela se foi.
De volta ao quarto, jogo a mala vazia embaixo da cama, e tiro minha camiseta encharcada de suor. Empurrando meu jeans para baixo, junto com minhas boxers, vou para o banheiro e ligo o chuveiro. Tenho certeza que o jato quente vai me acalmar. No mínimo, deveria acalmar meu pau duro. Houve momentos na prisão, que eu me masturbava pensando em Callie, mas desta vez, ela não é o motivo da minha ereção.
A garota no quarto ao lado do meu é, e eu não tenho a mínima ideia do que ela vai fazer quando descobrir quem realmente eu sou.
CAPÍTULO OITO
LEAH
Twig ,
Eles finalmente me disseram que posso conseguir a liberdade condicional. Vai ser daqui um ano, mas estou animado. Pela primeira vez na minha vida, sinto que minhas cartas foram bem distribuídas, e eu segurasse a mão vencedora. Há tantas coisas que eu gostaria de fazer, lugares que quero visitar, mas de alguma forma, tenho certeza que sentirei sua falta.
Você acha que ainda gostaria de manter contato quando eu sair? Só estou perguntando isso, porque não quero que você passe a vida sentada na tela do computador. Você tem muito a seu favor. Uma vida de felicidade certamente está à sua frente e eu gostaria de estar aí para compartilhar sua alegria.
Só estou lhe dizendo isso agora, porque, assim que você se casar com ele, tudo acabará, e eu me arrependerei de não ter dito o quanto você me mudou. Como, durante os anos em que nos conhecemos mutuamente, sua luz brilhou sobre mim, na úmida cela escura que agora chamo de lar, você me manteve aquecido. Eu pareço como um viadinho, né? Mas eu não me importo. Eu quero que, não, eu preciso que você saiba, Twig, se eu tiver a chance de encontrá-la, vou puxar você para os meus braços, e te abraçar, mantê-la aquecido do frio, segura onde houver perigo, e fazer você sorri quando quiser chorar.
Você não sabia que eu poderia ser romântico, né? Enfim, acho que abrir meu coração e minha alma em um e-mail, é mais fácil do que fazer isso frente a frente. Provavelmente, se pudesse ver sua beleza, eu ficaria muito atordoado para falar. E então, você pensaria que sou um idiota, me bateria e se afastaria.
Isso é algo que meu coração não aguentaria. Então eu digo a você em palavras, porque elas significam muito mais. Dizer a alguém que você ama nem sempre é verdade, mas escrever isso, para eles lerem quando estão tristes, eu penso que faz disso mais real. Você não acha?
Seu,
Con – beijo
Eu acordo com os cheiros e sons da Maggie no andar de baixo na cozinha. À distância, também posso ouvir os cavalos, e tenho certeza de que Heath já está acordado.
Ainda não falei com ele desde a noite passada, embora quisesse saber qual era o seu problema.
Indo para o meu banheiro, entro no chuveiro, e rapidamente lavo meu cabelo. Eu oficialmente começo a trabalhar em trinta minutos e vou precisar de café. Passei a maior parte da noite escrevendo. Uma ideia para um livro veio a mim e eu me forcei a sair da cama à meia-noite para começar.
Eu decidi escrever minha história e do Con. As cartas, as emoções e todos os nossos segredos. Claro, ninguém saberá sobre ele, mas se um dia ele estiver numa livraria e por acaso o encontrar, ele saberá.
Quando desço as escadas, vestida com uma bermuda jeans e uma blusa amarela claro com tiras finas, encontro Mags distribuindo ovos mexidos e torradas.
— Aí está você, querida. Aqui, prove isso, estou trabalhando em alguma coisa para as crianças, e adicionei alguns pedaços de queijo e bacon aos ovos. — Ela me dá aquele sorriso caloroso e carinhoso, e não posso deixar de devolvê-lo. Esta mulher tem muito amor em seu coração, e eu me pergunto se eles têm filhos.
— Mags, você e Boone nunca tiveram filhos? — Eu olho para cima, enquanto coloco o incrível café da manhã na minha boca. Ela para, e balança a cabeça, antes de continuar limpando o balcão.
— Não, querida. Acabou não sendo o nosso destino. —Sua voz falha, e percebo que troquei os pés pelas mãos. Merda. Parabéns, Twig. Eu posso ouvir meu pai me repreendendo.
— Me desculpe, eu não queria...
— Oh, não se preocupe querida. — Ela se vira para mim, e sorri. — Simplesmente, tivemos tempo de mostrar o amor para os jovens que precisam mais. Como você e o Heath. — Ela coloca um copo de suco de laranja na mesa ao lado do meu prato, e olha para mim. — Entenda, às vezes a vida não dá o que você quer, mas dá o que você precisa. Lembre-se disso.
Eu dou a ela um sorriso, e pego sua mão. Ainda está quente da água que ela encheu a pia. — Você é uma mulher especial, Maggie. Eu nunca me senti mais acolhida em nenhum lugar, nem mesmo na casa onde fui criada. — Inclinando a cabeça para o lado, ela olha para mim com tristeza.
— Isso me deixa chateada. Você é uma mulher incrível. Você parece ter uma boa cabeça sobre seus ombros. Você precisa de uma família amorosa e de um sistema de apoio. Eu estou sempre aqui se você quiser conversar. — Eu aceno, sentindo a emoção queimar por trás das minhas pálpebras, mas não quero chorar. — Mesmo quando você namorar com aquele grande tolo lá fora, lembre, se ele não te tratar bem, afaste-se. — Ela aponta para a janela, mas meus olhos se deslocam para a porta, e eu percebo Heath parado, observando nossa conversa.
Ele limpa a garganta, quebrando a tristeza na sala. — Senhoras, só preciso de um copo de água. — Ele passeia, sim, passeia sensualmente até a pia, e eu não posso deixar de olhar para a maneira como aqueles jeans azuis abraçam suas coxas e bunda. Estou em apuros. Muito encrencada.
O dia passou mais fácil do que eu pensava. Passar o tempo em torno de Heath, enquanto ele ensinava as crianças a montar foi divertido. Vê-lo interagir com elas, me deixou excitada por ele. Toda vez que ele me oferecia seu sorriso, ou me prendia com aquelas piscinas de chocolate, cheias de emoção, eu ficava sem fôlego, e meu coração acelerava um pouco mais rápido do que sei que deveria.
— O jantar está pronto. — O profundo estrondo de Boone ecoa pela porta.
— Estou indo. — Fechando meu laptop, vou até a sala para encontrar a mesa de jantar posta para quatro pessoas. Heath já está lá, em uma conversa séria com Maggie sobre as crianças que estavam aqui hoje. Eu sento na cadeira ao lado dela, e ela me entrega um prato que estava enchendo de comida.
Ela se esforça para cozinhar, e isso não é diferente. Meu prato é preenchido com cubos de abóbora assada, um bife suculento e batatas fritas. É como estar num hotel.
— Leah, eu estava dizendo a pouco para o Heath, que você irá ao bar amanhã à noite, e ele mencionou que estava querendo ir também. — Ela me dá uma piscada maliciosa, e percebo o que ela está fazendo.
— Boa ideia. Vocês dois podem relaxar, e eu vou levá-los.
— Não se incomode, Boone. Acho que Leah e eu podemos ter uma boa noite de caminhada. — Meu olhar se encaixa com o Heath, e ele tem um inferno de um sorriso de merda no rosto. Ele é muito bonito.
— Sim, claro. — Minhas palavras saem como um chiado e eu estremeço.
Eu vejo Mags tomar um gole do seu suco, antes que ela animadamente responde: — Isso é ótimo. Divirtam-se, tenham um bom momento. Eu sei que vocês irão se dar muito bem. Ela é tão sorrateira, tão amorosa, e me pego rindo dela brincando de cupido. Com ela e Boone, assim como Heath, tenho um longo trabalho pela frente. Mas o amor que sinto sentada nesta mesa, é mais do que senti com meus próprios pais.
***
— Mags, veja isso. Não é perfeito? — Pergunto, apontando para a tela do meu laptop. É sexta-feira, e esta noite supostamente terei um encontro com o Heath. Estou ajudando Maggie a escolher um novo tecido para suas cortinas da sala de estar, e ela está mais animada do que uma criança no Natal.
— Eu adoro esse, querida. Podemos fazer o pedido? — Eu aceno, e continuo no carrinho de compras. Comprar online é muito mais fácil.
— Leah, querida. — Boone entra na casa. — Você pode sair e ajudar o Heath? Eu tenho que ir para a cidade. — Meu coração dispara com o pensamento de ficar sozinha com ele, mas eu aceno.
— Claro, eu não me importo. — Eu clico na confirmação da compra do tecido, e me levanto. — Mags, eu volto daqui a pouco.
— Perfeito, querida. Agora se divirta. — A mulher é como uma assistente do cupido com seus sorrisos e comentários. Eu saio e vou até os estábulos. A visão que me para no meio do caminho, também me faz apertar minhas coxas juntas. Heath está sem camisa, suado, e aqueles músculos que se flexionam enquanto trabalha com os enormes fardos de feno, me fazem salivar como um filhote que precisa de água. Meu Deus, o homem é incrível. Seu rosto está contorcido em concentração. A barba só contribui para a aparência máscula dele.
— Você vai ficar aí parada e ficar embasbacada o dia todo, ou vai me ajudar? — Ele se vira para me olhar, e me tira dos pensamentos sujos que estão correndo soltos em minha mente.
— Não se exalte, estou indo. — Nossa brincadeira é divertida e, enquanto trabalhamos lado a lado, me sinto relaxar.
— Você gosta de estar no campo? Ou sente falta da cidade? — Heath pergunta, enquanto puxo a corda, puxando um fardo menor para onde os cavalos vão se alimentar mais tarde.
— Eu amo o campo. A cidade se tornou demais para mim, a constante necessidade de impressionar era algo que eu odiava. Aqui, — eu gesticulo ao nosso redor, — eu posso me concentrar em escrever, e focar no que me faz feliz. — Quando olho para ele, eu o vejo olhando para mim como se eu fosse a pessoa mais interessante que ele já conheceu.
— Você deve fazer o que te faz feliz. A vida é para ser vivida.
Suas palavras são mais emocionantes para mim do que acho que ele perceba. Ele me lembra Con em alguns aspectos, e não posso deixar de sorrir.
Já são quase 19 horas, e estou prestes a sair com Heath. Mesmo que não seja um encontro convencional, em que ele me convidou para sair, estou nervosa.
Pego meu jeans azul escuro, eu o coloco, e decido por uma simples blusa roxa, ela tem pequenas mangas cobrindo meus ombros.
Torcendo meus longos cachos em um prendedor de cabelo cor de lavanda brilhante, eu adiciono um pouco de brilho aos meus lábios, e coloco alguns dólares no bolso de trás. Assim que abro a porta, sua colônia agride todos os meus sentidos. Um forte aroma amadeirado com um toque de especiarias. Porra.
Eu desço os degraus, um a um, tentando acalmar meu coração acelerado. Quando chego no último, tenho que morder o lábio para não gemer. Seu cabelo ainda está molhado do chuveiro e está levantado em todas as direções. Sua camisa azul abraça cada músculo tonificado na parte superior do seu corpo, e aqueles jeans, meu Deus, aqueles jeans foram feitos para ele. Suas coxas saradas parecem prestes a explodir.
Ele está usando botas de cowboy pretas, e um cinto com fivela, que brilha como um farol, me tentando a me aventurar mais. — Pronta? — Sua voz rouca me assusta com os meus pensamentos sujos, e levanto meu olhar para o dele.
— Sim —. Quando ele se vira, não posso deixar de verificar a sua parte de trás, e é tão linda quanto a frente.
Eu o sigo em direção à porta, quando ele a abre e se afasta para me deixar sair primeiro. Um cavalheiro. O ar da noite está quente, a lua minguante está luminosa, e as estrelas cintilam para mim.
— Boa noite. — Ele fica ao meu lado, e eu viro meu olhar para ele. Por que sou tão tímida? O que há nesse homem, que me faz virar uma adolescente com medo da sua própria voz?
— Certo —. Isso é tudo que você tem? Sério, Leah, se controle.
— Você não fala muito, né? — O caminho que pegamos para o pequeno bar da cidade está tranquilo. O único som é nossos passos. Dirigindo meu olhar para ele, dou um sorriso tímido.
— Às vezes, não sei o que dizer. Eu me sinto mais confortável na frente de um computador, ou no papel. — Suas grossas sobrancelhas se levantam, como se eu tivesse confessado meus pecados mais sombrios. Oh não, isso você nunca conseguirá de mim.
— Eu também, na maioria das vezes. Parece que olhar nos olhos de alguém, e contar a eles sobre mim é muito assustador. Eu não tive a melhor vida, e as pessoas me julgam por isso. —Ao chegamos no bar, ele abre a porta, permitindo que eu entre primeiro.
Está calmo, apenas algumas mesas estão ocupadas, e sou grata por isso. —O que posso servir para vocês? — O barman, que parece que esteve aqui toda sua vida, com cabelos grisalhos e rugas durante dias, oferece um sorriso amigável.
— Eu quero um vinho branco, por favor? — Ele balança a cabeça, e leva o seu olhar para o Heath. — Chope, ou cerveja preta, se você tiver. — Outro aceno de cabeça, e ele começa a preparar nossas bebidas preferidas. — Consiga-nos uma mesa, querida. — O sussurro suave de Heath no meu ouvido, faz os cabelos na parte de trás do meu pescoço arrepiarem, e arrepios subirem sobre cada centímetro da minha pele. Porra.
— Claro. — A palavra sai como um chiado, enquanto forço minhas pernas funcionarem. Encontrando uma pequena mesa na janela, deslizo no banco e olho para fora. A cidade é pequena, muito menor do que a cidade a que estou acostumada, mas eu adoro. O anonimato que vem com o recomeço é o que eu precisava, e me sinto à vontade pela primeira vez em anos.
— Aqui está, senhorita. — O familiar barítono faz borboletas flutuarem no meu estômago. Ele coloca as duas bebidas na mesa, e desliza com facilidade para o banco alto. — Não tenho certeza que tipo de vinho que é, mas espero que corresponda às suas expectativas. — Ele ri.
— O que faz você pensar que eu tenho expectativas? — Eu pergunto, tomando um gole do líquido frio. É seco, com notas cítricas suaves, e eu quase gemo. Eu realmente não gosto de beber, mas esta noite, sinto vontade de comemorar minha nova vida. Eu tenho um lugar para ficar, um emprego, e tenho pessoas que parecem que me querem por perto.
— Você parece estar acostumada com coisas caras. Parece que você cresceu, eu diria, privilegiada. — Ele tem razão. Eu cresci com tudo que eu sempre precisei, mas, não era nada que eu quisesse. Assentindo lentamente, tomo outro gole do vinho, e encontro seu olhar indagador.
— Sim, eu tive. No entanto, se eu pudesse escolher a vida que nasci, escolheria essa que tenho agora. — Descendo os olhos no copo, eu o examino, porque não quero ver se a expressão nos seus olhos é a que sempre tive no passado dos outros. Quando eu costumava dizer aos meus amigos como eu era infeliz, eles olhavam para mim com pena, e eu odeio isso. Todos os meus amigos da alta sociedade costumavam julgar minhas escolhas. O fato de que eu odiava vestidos de baile, ou não queria ter uma recepção enorme para uma festa de aniversário. Virou um fardo - muito dinheiro e pouco conteúdo. Sem amor, apenas coisas.
— Ei, saia desta sua cabecinha linda, querida, e olhe para mim. — A voz do Heath está cheia de preocupação, com algo meigo e sensível, e me excito ainda mais por ele. Há uma calma sobre ele que me dá tempo para me deixar ser. Não ter que agir como alguém que não sou.
Ao longo dos últimos dias, comecei a gostar dele, passando tempo com ele, e me permitindo ser feliz.
— E quanto a você? Onde estão seus pais? — Encontro as piscinas castanhas e as manchas douradas brilhando sob a luz suave que nos rodeia.
— Bem, meu irmão e eu crescemos em uma casa de classe média, até que eu fodi tudo. Saí de casa aos dezoito anos, e entrei em coisas que prefiro não falar. Eu perdi a vida. — As últimas palavras parecem levá-lo a um lugar escuro, porque sua expressão nubla, e eu me encontro estendendo a mão e colocando minha mão na dele.
O contato envia uma faísca de eletricidade através de mim, e tenho certeza que ele também sentiu, porque o seu olhar se encaixa no meu instantaneamente. — Saia dessa sua mente rabugenta —, eu provoco, o qual me dá um sorriso matador. Seus lábios se curvam sedutoramente, e eu não tenho certeza se é o vinho, ou apenas o meu hiato de sexo, mas eu me pergunto como seria beijá-lo.
— Parece que nós dois temos alguns demônios para resolver —, ele reflete, alegria brilhando no seu olhar. — Que tal você confiar em mim para ajudá-la, e eu vou confiar em você para me ajudar? — Ele pergunta.
Dando o último gole no meu vinho, eu concordo. — Soa como um plano. Eu devo avisá-lo, que posso ser um trabalho duro. — eu o provoco e sou premiada com sua risada profunda.
— Você tem uma risada linda e um sorriso incrível, senhorita. Você deveria mostra-lo com mais frequência — ele tenta persuadir, sua mão ainda na minha. O calor que emana dele, é como o sol brilhando em um dia quente de verão, e eu quero me aquecer nele.
— Só se você prometer fazer o mesmo —, retruco de brincadeira, e ele concorda com a cabeça.
— Está combinado. — Ele levanta a mão e nos cumprimentamos, mas quando ele a solta, sinto falta do calor que ele me dá sem reservas. Naquele momento, sinto falta do Con e, embora goste da companhia do Heath, gostaria que fosse Con, o homem por quem me apaixonei, sentada à minha frente, me dando seu sorriso bonito. Ou o que eu imagino que o sorriso dele seja.
CAPÍTULO NOVE
HEATH
Con,
Você está declarando o que eu acho que está? Você sabe que eu te encontraria amanhã, mas, é uma boa ideia? Você acha que gostaria de passar um tempo comigo? Há tanta coisa que você não sabe sobre mim, minha vida. Às vezes me pergunto se isso, nós, é uma coisa que devemos manter anônimo. Algo para onde fugir quando precisamos. Quando a vida diária normal se tornar muito.
Você é minha fuga. Você é a pessoa para quem corro quando a vida é um peso. Imagino que, se estivesse escrevendo histórias de amor eterno, o que acabamos de dizer um ao outro, é o que eu desejo. O que eu anseio. Não fugir, mas correr em direção.
Não é fácil para mim pegar, e me afastar da vida em que nasci. Por mais que eu gostaria de passar um tempo com você, para conhecê-lo, para tocar no seu rosto. Para sentir seu sorriso quando você me beija. Eu imaginei beijar você? Claro. Mas você é muito mais velho que eu, maduro além dos meus anos. Como você poderia se apaixonar por mim?
Eu suponho que essa é uma pergunta boba, porque então, teria que me perguntar como eu posso amar você. Eu não tenho nenhuma resposta para você, mas posso te dar meu contato quando você quiser. Eu não quero ir embora, e não ter você lá para conversar. Talvez isso me torne egoísta, não querendo que você siga em frente quando for libertado.
Os garotos diziam que eu sou uma fedelha mimada, alguém que sempre consegue o que quer. E foi o que fiz. Nunca quis ter nada na vida, mas desta vez, a única coisa que quero, eu possivelmente nunca vou ter.
Sua,
Twig – beijo
É como se todos os meus sonhos se tornassem realidade esta noite. Ser capaz de ver o brilho nos olhos dela, e ouvir a risada suave e melódica que sai de seus lábios - ambas as ações agora se enraizaram no meu coração, saltando para um ritmo só para ela. — Então, você vai trabalhar no rancho também? — Eu questiono, tomando um gole da minha terceira cerveja da noite. Ela balança a cabeça lentamente, enquanto bebe seu vinho.
— Vou procurar trabalho de redação, mas por enquanto, Mags me pediu para ajudá-la com as crianças que vêm para as aulas de equitação. Eu tenho que fazer o almoço, e ter refrescos prontos para os intervalos. — Seus olhos castanhos ficam dourados quando ela está animada. Ela é tão linda, que é doloroso olhar para ela.
— E você é uma escritora? — Eu pergunto, e sei que estou errado. Eu deveria dizer a ela quem sou, mas sua atitude despreocupada me assusta, porque me pergunto, se ela soubesse quem eu realmente sou, ela sentiria o mesmo?
Sim, ela disse que me ama, mas isso quando, eu era uma fantasia da sua imaginação. Alguém que ela nunca encontraria. Agora que estou sentado aqui, um ser vivo, que respira, não tenho certeza se ela sentirá o mesmo. A insegurança alimenta meus pensamentos, e decido esperar. Eu vou dizer a ela, só não está noite.
— Eu sou. Eu amei as palavras grande parte da minha vida. Ficar perdida em um livro, em uma história, ou num mundo inventado. Minha infância foi ... não foi fácil, então me refugiei dentro da minha mente, e inventei os amigos que amava —. Ela sorri tristemente. — Foi quando eu conheci...
Eu espero ansiosamente que ela fale de mim, mas, quando ela não continua, eu questiono: —Conheceu quem? — Espero que minha voz esteja firme, e ela não perceba como minhas mãos tremem de medo que ela esteja prestes a arrancar meu coração. Felizmente, minha Twig me dá a resposta com a esperança florescendo no meu peito.
— Eu conheci alguém por quem me apaixonei, mas ... bem, não sei onde ele está.— Ela parece triste e engole a bebida mais depressa.
— E se ele entrasse aqui agora, o que você faria? — Meu olhar se fecha no dela. A batida do meu coração me ensurdece, e tomo um longo gole de cerveja. Ela encolhe os ombros e a tristeza em seu olhar me faz querer arrastá-la pela mesa e segurá-la.
— Honestamente —, ela suspira, — Eu não sei. O problema é que ele nunca me viu e eu nunca o vi. Talvez ele seja casado. Talvez ele me veja, e se pergunte o que ele poderia querer comigo.
— Ele seria cego para não querer você. — Minhas palavras são aquecidas e seus olhos se fixam nos meus. Braços cruzados, minha tentativa de conversar calmamente voou pela maldita janela. — Quero dizer, você é uma mulher linda. Ele seria estúpido por não querer você. — Limpando minha garganta, eu me forço a desviar o olhar, porque seus olhos grandes estão olhando para mim, quase me implorando para ... o quê? Beijá-la?
Uma pequena risada cai dos seus lábios, e não consigo parar de encará-la novamente. —Ele não me contatou desde que ele ... eu quero dizer desde que ele voltou. — Suas sobrancelhas franzem e ela gira seu copo, não encontrando meu olhar.
—Você já entrou em contato com ele? — Seu sorriso irônico é quase triste. Talvez ela queira encontrá-lo.
Eu posso fazer isso acontecer, Sunshine.
Eu adoraria fazer isso acontecer.
— Não, talvez eu mande um e-mail para ele hoje à noite. — Ela engole o último gole de seu vinho e empurra para se levantar. — Outro? — Ela aponta para a minha cerveja, e eu aceno. Quando ela se vira para caminhar até o bar, não consigo me impedir de olhar para o jeito que o seu jeans se molda em sua pequena bunda empinada. Ela é incrível, um mulherão, com curvas sensuais, e uma bunda que eu adoraria segurar enquanto a puxo contra mim.
Meu Deus, eu preciso me acalmar.
Meu olhar voa para fora da janela, e me vejo imaginando como seria quando ela descobrisse quem eu sou. O jeito que seus olhos se iluminariam. Eu a imaginei todos esses anos, e a mulher de verdade é muito mais do que poderia imaginar em minha mente.
Eu me sinto solitário, tenho andado destruído, fui trancado no escuro, mas o seu sorriso ilumina meu caminho.
Desde que ela se sentou ao meu lado no ônibus, eu sabia que essa mulher tinha algo especial. Nunca nos meus sonhos mais loucos, achei que veria a Twig, nem conhecer a mulher que mudou minha vida, que me tornou mais homem do que o animal que eles disseram que eu era.
Tudo foi tirado de mim. Eu perdi o primeiro capítulo da minha vida, quando fui jogado em uma cela, mas agora que tenho uma chance de uma vida real e, possivelmente do amor, eu vou agarrar isso com as duas mãos.
Quando ela se junta a mim novamente, uma pequena bandeja é colocada em nossa mesa e eu pego os copos com um líquido claro neles. — O que é isso?
Eu pego um, e percebo logo que sinto o cheiro é tequila. Néctar do próprio Satanás.
Lembro-me de muitas noites sendo desperdiçadas depois de muitas doses.
— Uma bebida para comemorar. — Ela pisca, e é a coisa mais fofa que eu já vi. Suas bochechas estão coradas e seus olhos brilham divertidos. O mel profundo é mais escuro, como castanhas, quente e sedutor. Tudo nela é uma tentação, e se eu fosse qualquer outro homem, eu a teria debaixo de mim esta noite. Mas tenho que fazer o certo com ela. Já se passaram quinze anos, e aqui estou completamente e absolutamente apaixonado.
— Bem, é melhor terminarmos estes, para que eu possa buscar a próxima rodada, querida. —Tinindo nossos copos, eu abaixo o meu em um longo gole, e sinto o ardor do álcool. Essa coisa é tão forte que me encolho. Seu riso rompe, e quando abro meus olhos, ela está olhando para mim. Ela ainda não tinha se sentado, e agora está perto de mim. Muito perto. Sem uma palavra, ela se coloca entre minhas pernas abertas, e envolve seus braços ao redor do meu pescoço.
A jukebox muda e Blake Shelton canta sobre Sangria. — Vamos lá, Sr. Grumpy1, dança comigo. — Ela ri, me puxando da cadeira, e nos movemos para a pequena pista de dança de madeira, enquanto ela se mexe ao som da música. Seu corpo é hipnotizante, e eu me encontro rindo, enquanto esqueço o passado e tudo o que me magoa. Com ela por perto, nada mais importa, e me sinto bêbado, não do álcool que consumi, mas da sua beleza.
Ela pega minhas mãos, e me puxa atrás dela. Somos as únicas pessoas no bar que não parecem pertencer ou fazerem parte da decoração. Eu a puxo contra mim. Seus seios estão esmagados contra o meu peito, e deixo as letras me impulsionarem para frente, e minha boca bate contra a dela. Ela tem gosto de vinho branco e tequila. Doce, potente e venenosa, e sei que esse beijo vai me matar. Nossas línguas dançam a nossa própria música, lambendo e saboreando na outra. Ela é tudo que eu sabia que queria, mas ela não é nada como eu imaginava. Ela é melhor.
É como se o tempo tivesse parado, e as únicas pessoas aqui fossem nós dois. Na nossa própria bolha. Em nosso próprio mundo. Eu paro o beijo e a envolvo em meus braços, suas bochechas rosadas e seus lindos lábios estão inchados. A leve vermelhidão no seu queixo da minha barba, é prova suficiente de que essa mulher é minha. Marcada. Não do jeito que eu gostaria ainda, mas, por agora servirá.
Nós dançamos ao som da música, e eu a giro, sua risadinha é melhor do que qualquer música que já ouvi. Como um rio suave e ondulado que acalma todas as preocupações e elimina todo medo - todas más lembranças - porque esse é o seu jeito mágico. Twig.
CAPÍTULO DEZ
LEAH
Twig,
Eu quero que você pare de duvidar de si mesma. Nunca se coloque para baixo. Olhe dentro de si mesma, esforce-se. Você vê aquela luz? Aquela chama incrível que queima em sua alma, é isso o que amo em você. Eu nunca a vi, nunca vi seu cabelo ou cor dos seus olhos. Eu não sei como você é quando sorri ou chora, mas conheço sua alma, seu coração. Pude conhecer o que realmente importa.
Existem tantas pessoas por aí querendo alguém que é perfeito por fora. Mas eu não. Eu quero algo mais profundo, aquela coisa que liga as pessoas umas às outras. Um fio de sentimento, ligando você a outro, não num sentido físico, mas sim por almas. Você aceitaria isso, Sunshine? Você me permitiria me amarrar a você? Ou eu já fui?
Eu saio desse buraco em apenas alguns meses. Meu plano é ir a algum lugar quieto, pequeno, em algum lugar que ninguém me conheça. Onde eu possa começar de novo. Então serei o homem que conheço, e não a pessoa que eles me disseram que sou. O homem que você conhece.
Twig, quando sair daqui eu vou te encontrar. Mesmo que seja só um dia, quero ver você, abraçar você. Para sentir seu esplendor e provar sua felicidade. Eu quero deslizar minha mão na sua. Eu quero olhar nos seus olhos e olhar para a beleza da sua alma.
Eu pareço um covarde? Talvez não, mas enquanto o meu tempo aqui chega ao fim, tudo em que penso é você. E como seria estar ao seu lado. Para finalmente ouvir sua voz.
Seu,
Con – beijo
O barman nos chama, dizendo que está prestes a fechar.
— Obrigado, cara.— Heath acena, então me ajuda a vestir a jaqueta pequena que eu trouxe. Enquanto subimos a estrada, sinto o efeito do álcool zumbindo no meu corpo. Mesmo que a noite esteja quente, ainda sinto um pouco de frio quando um arrepio percorre minha espinha. — Você está com frio, Sunshine?
A palavra me assusta, e eu paro de andar. Olhando para Heath, eu desejo nas estrelas que brilham acima de nós, que ele pudesse ser Con, mas sei que é impossível. O homem diante de mim é um estranho, alguém que parece ter entrado na minha vida quando mais eu precisava.
— Um pouco —, eu finalmente sussurro.
— Tudo bem? Você parece que viu um fantasma. — Eu dou de ombros. Eu conto a ele sobre o apelido? É mera coincidência, eu sei, mas sinto como devesse explicar isso a ele.
—Meu ... o cara ... ele costumava me chamar de Sunshine. — Minha voz está rouca, e eu odeio que estou apaixonada por um homem que eu provavelmente nunca encontrarei. Eu arrasto meu olhar para cima e encontro os olhos escuros de Heath.
—Você é linda. Perfeita. —Suas palavras são suaves, doces e afetuosas. Mas, eu não sou perfeita, abandonei meu noivo para descobrir quem eu sou e, em vez de encontrar o único homem que sempre possuiu o meu coração, estou nos braços de outro.
Ele estende a mão e acaricia minha bochecha com ternura, e a tensão, emoção, como você queira chamar isso que está entre nós, está pesada na noite escura. Eu não deveria deixar Heath me tocar, mas eu faço. As pontas dos dedos são lisas e ásperas ao mesmo tempo. O jeito que ele me toca me faz esquecer tudo.
— Você também não é nada mau — eu murmuro, e dou risada do jeito que ele fica boquiaberto. Ele desliza a mão na minha, e se vira.
— Vamos levá-la para casa. — Casa. O conceito sempre foi estranho para mim, mas desde que cheguei aqui, me sento mais à vontade do que antes.
O rancho está em silêncio, e de repente eu tenho uma ideia. — Vamos lá. — Eu aponto para os estábulos, e Heath olha para mim como se eu tivesse acabado de dizer a ele, que quero correr pelada pelo campo.
— Você precisa dormir, depois de todas aquelas doses de tequila—, ele resmunga, mas eu o puxo atrás de mim. Minha atitude despreocupada vai embora, quando ele segue sem que eu tenha que puxá-lo. Está quieto e o cheiro de feno bate no meu nariz imediatamente.
Nós andamos até o final e encontramos a saída oposta e o amontoado de árvores logo atrás da casa. Sob a lua cheia, tudo está iluminado em azul prateado. — É tão bonito —, eu murmuro, mais para mim do que para ele, mas ele para me impedindo de andar.
Eu me viro para encontrar um olhar faminto me perfurando. —Você é bonita. — Ele sorri, e eu não consigo parar a vibração no meu estômago. Ronan nunca me disse que eu era bonita, não assim. O jeito que Heath diz, é como se ele não estivesse falando sobre meus olhos, meu cabelo ou as roupas que eu estou usando, mas a minha aparência interna. O coração e a alma que eu tranquei.
Ele diminui a distância entre nós, e o cheiro da sua colônia intoxica meus sentidos. Quando ele solta minha mão, eu me vejo fazendo beicinho, mas ele agarra meus quadris, e me puxa contra ele. — Heath. — Colocando as palmas das mãos em seu peito, sinto a batida do seu coração abaixo da minha mão direita. Um ritmo constante, e eu me pergunto se vai bater mais rápido se ele me beijar novamente, ou se ele ... Não. Eu não posso fazer isso. Eu posso?
Ele se inclina e meus lábios se separam. Meu próprio coração bate descontroladamente, e meu corpo dói para ser tocado. Para ser acariciado, masturbado, saboreado. Lábios macios e cheios roçam contra os meus tão levemente que me fazem estremecer. — Sunshine, não precisamos fazer isso. — Suas palavras são um bálsamo, e eu sei que é hora de seguir em frente. Há algo entre Heath e eu que não posso negar. Uma química que é clara como o dia.
— Eu quero. — O sussurro rouco paira entre nós no ar, pesado pela luxúria. Seus dedos cravam na carne macia dos meus quadris, mas não dói - parece que ele está me reivindicando. Marcando-me como dele. E eu deixo.
De repente, o som de um trovão me faz tremer, mas os braços fortes de Heath me seguram firme. — Vamos entrar antes de sermos atingidos. — Eu rio, a primeira verdadeira em tanto tempo. Antes que possamos nos mover, o céu desaba, e somos encharcados.
— Merda — eu grito e dou risadinhas. Minhas roupas estão coladas em mim, enquanto nos deparamos com os estábulos, que nos protegem da chuva. Quando ele se vira para mim, seus olhos chocolate negro descem para o meu peito. Eu olho para baixo, para encontrar só o meu sutiã preto brilhando através do material molhado da minha blusa. Eu dou um passo à frente, minha vez de eliminar o espaço entre nós.
— Leah, tem uma coisa...
— Não, não diga nada, só ... podemos simplesmente não? — Seus olhos guardam tantos segredos, mas seu coração está bem ali, na sua camisa. Esse homem me desarma. Ele me liberta, e eu não sei como ou por que, mas, eu o quero. Eu quero que ele me dispa e descubra todos os segredos.
Eu passo minhas mãos em volta do seu pescoço, e fico na ponta dos pés para dar um beijo suave em seus lábios. O ronco profundo que vibra em seu peito, é tudo o que ouço antes da sua língua sair e deslizar pelos meus lábios. Eu abro, o permitindo entrar. Deixando-o me provar. E quando nossas línguas se agitam, uma contra a outra, meu corpo reage, meu sangue esquenta, e a dor por ele se intensifica. Cada nervo do meu corpo desperta, e eu me sinto viva. Suas mãos percorrem lentamente meus lados e ao redor da minha bunda. Ele me agarra, me puxando contra ele, e eu posso sentir que eu o afeto, tanto quanto ele me afeta.
— Heath —, murmuro contra seus lábios. Ele para, recuando para me encarar. — Eu quero você. — Nunca disse a um homem que eu o queria. Nunca fui tão ousada a ponto de pedir a um homem que me levasse para a cama, mas neste momento preciso disso.
— Eu também quero você, Sunshine. Muito. — Ele me levanta contra ele e eu envolvo minhas pernas em torno da sua cintura. Seu cabelo levemente grisalho está emaranhado em meus dedos. — Você é uma dama, querida, não quero transar com você em um estábulo. — Ele rosna, enquanto nos leva para a casa na chuva caindo. Ele para na porta, e alcanço atrás para abri-la. Uma vez que estamos dentro, ele não para. Ele sobe as escadas, e direto para o seu quarto.
Sem uma palavra, ele me deita na cama, e tira a camisa. Ele é muito másculo. Não há dúvida de que ele se cuida. A tatuagem que sobe pelos seus braços bronzeados e pelo seu peito, me diz que há muito mais dele do que eu sei. Ele não é musculoso, mas o sinal do seu abdômen e o V sexy que aponta para a protuberância em seu jeans estão lá, claro como o dia.
A barba escura que adorna seu maxilar faz com que ele pareça um homem das cavernas. Existe uma fome selvagem em seu olhar, e eu puxo minha blusa por cima a tirando. Ele se abaixa e desabotoa sua calça jeans. Embora não trocamos uma palavra entre nós, sabemos o que o outro está prestes a fazer antes de fazê-lo.
Eu empurro meu jeans pelas minhas pernas, e ouço um suspiro. Olhando para cima, eu vejo o homem diante de mim que está me olhando como se eu fosse o mundo dele. Sim, há desejo, mas tem outra coisa. Algo mais profundo que apenas luxúria.
CAPÍTULO ONZE
HEATH
Ela é linda. Perfeita pra caralho. Seu sutiã preto e calcinha contra a pele pálida são o suficiente para fazer um marmanjo cair de joelhos e adorá-la.
Faz tanto tempo que estive com uma mulher, que não tenho certeza de quanto tempo vou durar, mas porra, preciso fazer isso ser bom para ela. Eu me ajoelho na cama e apenas olho para ela. — Heath? — Sua voz é incerta, e percebo que preciso dizer alguma coisa.
— Você é tão linda, Leah. Quero dizer, não estou acostumado com isso —, eu admito, a honestidade descarada me queimando. Eu não quero dizer a ela quem eu sou, porque estou com medo de que, assim que ela souber, tudo isso acabe e não posso deixá-la ir embora.
— Nem eu. Se você não..
— Não! Eu quero. Quero dizer, é que faz tanto tempo. — Eu estendo a mão e timidamente acaricio suas panturrilhas. A pele macia faz meu pau engrossar dolorosamente, e sei que assim que eu deslizar dentro dela, vou gozar como um adolescente. Ela relaxa, deitada de costas, eu encaro isso como minha oportunidade. Levantando sua perna, coloco um beijo em seu tornozelo e, lentamente, subo pela panturrilha até a pele sensível da parte interna da sua coxa.
Ela suga a respiração, e seus quadris levantam da cama. Eu levanto sua outra perna e faço o mesmo, até que ela está se contorcendo na minha cama. —Sente-se comigo, Sunshine. — Ela senta, e eu a ajudo tirar seu sutiã. Assim que desliza dos seus ombros, tenho uma visão completa dos seios perfeitos e atrevidos, e dos mamilos rosados empinados. Eu nunca quis provar os seios de uma mulher tanto como agora. Mesmo com a Callie. Nunca me pareceu tão... perfeito.
Eu rastejo por cima da Leah, e assim que estou pairando sobre seu corpo, minha boca trava em um pico doce, e eu o chupo na minha boca, mordendo. Seus gemidos e lamentos me estimulam, e eu sei que estou fazendo algo certo. Seu corpo arqueia em minha direção e seu núcleo quente pressiona contra o meu pau.
Estou me esticando na minha cueca, mas tento ignorar isso. Eu molho e chupo o outro seio. O broto endurecido que tem minha boca irrigando. Eu o provoco com a minha língua, o sacudindo sobre a ponta, e ela mia como um gatinho. É o som mais sexy que eu já ouvi. Eu desço beijando o seu corpo, e quando alcanço sua calcinha, eu a puxo pelas suas pernas.
A visão de sua boceta é como encontrar um oásis, depois de ter andado pelo deserto por muito tempo. — Porra. Você é tudo. —Eu não sei o que quis dizer, mas quando olho para ela, sei que ela entende.
Eu abro suas coxas, e mergulho entre as pernas dela. Achatando minha língua, eu faço ondas no seu clitóris. Ela é macia, nua, e quando eu abro sua boceta minha língua arremessa em sua entrada doce. Ela é inebriante. O cheiro dela é suficiente para me transformar em um viciado, essa garota é a minha droga.
Eu lentamente deslizo um dedo dentro dela, e suas mãos seguram meu cabelo, puxando-o, e a picada de dor me faz rosnar contra seu clitóris. Seus quadris estão montando meu rosto, e quando eu olho para cima, encontro seu olhar sensual. — Heath, porra. — Suas palavras são selvagens, e eu deslizo um segundo dedo na sua vagina encharcada, e sinto o pulsar do seu calor em torno de meus dedos.
— Você está tão apertada, Leah. — Eu bombeio meus dedos para dentro e para fora lentamente, apenas provocando-a. — Eu quero saborear seus sucos doces escorrendo pelo meu queixo —, eu rosno para ela, e seu corpo aperta. Ela está tão perto. Eu mordo seu clitóris, chupando forte e seu corpo explode.
Ela grita meu nome e seu rosto está corado, desejo e sua liberação escrita sobre sua beleza como letra de uma música, e eu quero ouvir esta melodia todos os dias pelo resto da minha vida.
Eu tiro meus dedos dela, e os lambo. É como heroína percorrendo minhas veias, meu vício por essa garota provavelmente me matará. Mas, eu morrerei um homem feliz. Ajoelhado, empurro minha cueca para baixo, e pego uma embalagem de papel alumínio no jeans que deixei no chão ao lado da cama. Ela me observa enquanto eu me cubro, como uma gatinha curiosa.
Subindo pelo seu corpo, eu sinto seu calor, enquanto eu a cutuco com meu pau. — Isso é ...— Seu rubor é adorável, e eu me inclino para beijá-la.
— Você provou o doce mel em meus lábios, Sunshine? — Ela balança a cabeça, mordendo o lábio inferior. — É todo seu, e eu amo pra caralho. — Seu sorriso é como uma luz rasgando minha escuridão. O calor, a ternura e o carinho que vejo nos olhos dela me desarma. Quebra a concha de quem já fui.
Sem ela, sou apenas um ex presidiário. Com ela, eu consigo ser seu homem.
E com essa realidade que penetra, eu entro lentamente dentro dela.
Seus braços se enroscam no meu pescoço, e ela me prende com as coxas. Eu mexo meus quadris, intensificando nossa relação. Nossos corpos podem estar fazendo amor, mas são nossas almas que estão se unindo. — Heath, você me assusta —, ela sussurra. Eu paro, suspendendo todos os movimentos, e então ela ri. — Quero dizer ... você é tão perfeito. — Suas palavras acalmam, e seus lábios encontram os meus. Estamos perdidos um no outro. Eu a sinto, todo maldito centímetro perfeito dela. Enquanto eu saqueio o seu corpo, só espero que também esteja roubando o seu coração. Porque ela tem o meu. Não resta a menor fodida dúvida na minha mente de que estou apaixonado por essa mulher.
Nossos corpos se movem em sincronia e nada parece mais certo, mais perfeito que isso.
— Porra. Eu não sei quanto tempo vou durar. Você faz eu me sentir muito bem, — eu rosno em seu ouvido. Ela bate seus quadris para encontrar os meus. Sua boceta aperta meu pau como se estivesse tentando me matar de prazer.
— Eu quero que você goze comigo, Heath. Por favor. — Suas palavras me provocam acelerando meus movimentos, e eu bato nela - mais forte, mais rápido e mais profundo. O aperto e pulsação de seu corpo é o suficiente para me mandar ao limite. Minha liberação estremece através de mim, e seus dentes mordem meu ombro quando ela goza. Forte. Seu corpo convulsiona em torno do meu pau, me levando ao esquecimento.
Eu pensei que conhecia o prazer.
Eu pensei que sabia o que era amor.
Mas isso, bem aqui, é puro e verdadeiro.
Então, por que eu me sinto como um idiota? Porque ela não sabe quem eu realmente sou.
Um barulho alto me desperta de um sonho, e quando eu viro, me deparo com a visão do olhar zangado da Leah. — Sunshine? — Eu a abraço, mas ela recua, e meu corpo esfria. — O que há de errado? — Levantando, vejo as folhas em sua mão, pedaços da minha alma, que ela segura precariamente.
Suas mãos estão tremendo. — Você é ele —, ela choraminga. — Seu maldito, você ficou lá ontem à noite, me escutando derramar meu coração, e não me disse nada, porra. — Sua voz se eleva, e sei que mereço todas as palavras acaloradas. Eu deveria ter dito a ela a verdade.
— Olha, Twi...
— Não se atreva a me chamar assim.— Ela deixa cair as cartas na cama, e puxa sua calça jeans.
— Leah, por favor, você tem que...
— Eu não tenho que fazer nada. Você me fodeu. Você estava dentro do meu corpo, e você não pode nem mesmo me dizer quem você realmente é? — Ela corre pela quarto à procura de uma meia. Quando ela encontra, nem sequer se senta, mas, invés disso, salta pelo quarto puxando-a. — Você passou anos conversando comigo, me falando sobre honestidade, me dizendo como gostaria de me conhecer. Para segurar minha mão. O que você faria depois da noite passada? Arrumar suas coisas e fugir, porque você conseguiu o que queria? Você me teve! Você porra rastejou dentro da minha mente e do meu coração, e você fodeu comigo, Con. Você completamente e totalmente fodeu comigo. — Eu saio da cama e visto minha boxer.
— Se eu te dissesse, e depois? Ein? Leah, Twig. Me diz? Você teria me querido? Um fodido ex presidiário que foi preso por assassinato. Quer saber? Eu não acho que você iria. Porque você é perfeita pra caralho. Cada parte de você. Absoluta perfeição. — Minha voz ressoa, e percebo que Mags e Boone devem poder nos ouvir. Merda.
— Sim, eu o teria querido, porra, e você sabe por quê? Porque quando eu disse que queria você, quando disse que te amava, foi pra valer! — Ela grita.
Dando meia volta, ela sai tempestivamente do meu quarto, e eu ouço o barulho alto da porta do seu quarto.
— Foda-se! — Eu rosno pegando as cartas, que me fizeram suportar os piores anos da minha vida.
— Parece que você estragou tudo. — Eu me viro para encontrar Mags me observando da porta.
— Me desculpe por isso. Eu errei mais do que você pode imaginar. — Eu sento na cama, e ela se junta a mim. Existe um silêncio que não é desconfortável, e sei que ela está tentando encontrar as palavras certas para dizer.
— Amar não é fácil, Heath. É complicado, tão difícil, que às vezes você pensa que isso acabará com você, mas a questão é, se você realmente quer isso, e quero dizer, ansiar por isso na sua essência, então você precisa lutar por isso. Ela é uma garota especial, e você, você é um cara legal. Se é ela que você quer, então você precisa ser capaz de cair de joelhos, e pedir o perdão que ela está disposta a dar.
Eu trabalho para acalmar minha respiração ofegante. — E se ela não estiver disposta a me perdoar? — O pensamento me derruba. Meu coração se sente como se tivesse sido rasgado em pedaços. Eu não posso não a ter em minha vida. Eu a amo.
— Ela vai. Quando uma mulher está com raiva, ela precisa que você demonstre que a ama. Palavras simplesmente podem fazer muito, Heath. Você precisa mostrar seu amor além das palavras. Você precisa fazê-la ver seus sentimentos. Mostre a ela seu coração, e ela cuidará disso. Só então, ela dará a você o dela.
CAPÍTULO DOZE
LEAH
Passei a noite escrevendo. As palavras sangraram da ponta dos meus dedos, e quando pensei nele, meu coração sangrou pelo homem no quarto ao lado do meu. Eu o quero. Eu não quero ir embora, mas tudo que preciso é a confiança dele. Eu dei a ele tudo o que tenho. Agora é a vez dele.
Eu pensei que ele viria a mim, mas não veio. Então tomei banho, e me preparei para o trabalho. Eu tenho que me concentrar nas coisas boas. E o trabalho vai me fazer continuar. Ontem à noite foi uma das melhores noites da minha vida, a maneira como ele conhecia o meu corpo, a maneira como me tocou e me beijou. Tudo nele é perfeito.
Hoje de manhã acordei, e o olhei enquanto ele dormia. Foi só quando estava procurando o meu sapato debaixo da cama, que encontrei um maço de papéis. Minhas cartas. Amarrado com um pedaço de barbante. Todas mantidas juntas, como se fossem seu bem mais valioso. Mesmo quando soube que ele estimava as cartas, ainda me senti traída. Sim, eu fui ferida no passado pelo Ronan, me insultando a todo momento.
Mas isso, isso feriu muito mais. Cortou muito mais fundo. Descendo as escadas, encontro Maggie preparando o café da manhã. — Bom dia, Mags. — Dou um sorriso, e ela se vira, e para. Seu olhar diz claro como o dia, que ela ouviu a briga esta manhã. —Lamento o que aconteceu.
— Não precisa se desculpar, filha. Venha se sentar. — Ela coloca uma tigela de cereal e uma caneca de café fumegante na minha frente. — Agora você me escuta. Eu conversei com Heath, e quero falar com você também. Tem uma coisa que nunca pode ser negado, e isso é o amor. — Eu viro meus olhos para os dela, e ela sorri. — Eu não sou idiota, Leah. Esse homem te ama. Eu posso ver isso quando ele olha para você, e sei quando ele fala sobre você. Sim, ele pode ter te machucado, mas quero que você pense muito sobre como você se sente. O amor acontece uma vez nas nossas vidas. E eu estou falando sobre essa merda verdadeira, você sabe, aquela onde você olha para ele, e você tem as borboletas se debatendo na sua barriga. — Ela sorri carinhosamente, como eu gostaria que minha mãe sorrisse. Minha mãe é tão fria e rígida, acho que provavelmente me diria para crescer e seguir em frente, se isso tivesse acontecido em casa.
— Maggie, ele mentiu para mim. Não sei se posso confiar nele. Bebo o líquido quente e aproveito o calor que ele proporciona. Desde que abandonei o Heath esta manhã, tenho estado com frio, como se o gelo tivesse se instalado em minhas veias e no meu coração.
— Olhe-me nos olhos e me diga que você não o ama. — Suas palavras me guiam de volta para encontrar seus olhos gentis em mim. Meu olhar voa entre o dela e o chão, e sei que não posso dizer a ela que não o amo, porque amo. Apesar de termos acabado de nos encontrar, eu o conheço, conheço seu coração. — Essa é a resposta. Um homem como esse nunca lhe dirá algo que possa magoar você, mas ele precisa ter certeza de que você não vai se afastar. Quando ele der seu coração, pode ter certeza que será para sempre. — Eu aceno, porque as palavras fogem de mim. Lágrimas queimam meus olhos, mas eu não as deixo cair.
Eu levanto o queixo, e olho para a mulher me dando conselhos. Eu não confiaria na minha própria mãe com assuntos do coração, mas Maggie viu, sentiu, e o vive todos os dias.
— Você está certa. — Eu me levanto, e saio para encontrar o Heath. Ele está parado no campo com uma égua negra. Ela tem um pequeno diamante branco entre os olhos, e o jeito que suas mãos fortes a acariciam, dá pra ver que seu coração está cheio de amor. Ele só precisa deixar sair. — Ela parece gostar de você. — Eu gesticulo com meu queixo.
Ele se vira para mim, e minha respiração falha. Sua calça jeans está rasgada, mas abraça suas coxas musculosas, e elas estão penduradas em seus quadris, me permitindo ver uma pele bronzeada e suave aparecendo de onde sua blusa está levantando.
— Ela gosta. Ela sabe que pode confiar em mim —, ele diz, soltando a égua, enquanto ela se afasta. Como se ela soubesse que precisamos de privacidade.
Eu solto meu olhar, inalando uma respiração profunda. Quando olho novamente para ele, respondo baixinho. — E ela sabe que pode confiar em você. Mas foi horrível que você escondeu seu verdadeiro eu dela. — Ele balança a cabeça, e a expressão desolada no seu rosto, quase me faz desabar, e pular nos seus braços. Mas eu me contenho. Eu seguro na viga de madeira, e me lanço para cima, empoleirando minha bunda no topo e balançando minhas pernas.
— A pequena acrobata —, observa Heath, parecendo impressionado.
— Então, eu devo chamá-lo de Con, ou você prefere Heath? — Eu pergunto sarcasticamente, inclinando a cabeça para o lado. Ele bate as mãos ao lado do corpo, e percebo sua frustração consigo mesmo por não ter me contado. Ele se vira completamente e coloca uma mão em cada lado dos meus quadris. A tristeza nubla suas feições, e meu coração pula no meu peito.
— Você pode me chamar de Heath. Con é como eles me chamavam lá, e quando você se recusou a dizer seu nome verdadeiro, achei que você poderia me chamar assim, o que foi realmente adequado. — Ele balança a cabeça, e posso ver a perturbação na sua expressão. — Não posso te dar os motivos que não te disse quem eu era ontem à noite, e não posso dar eles a você agora também. Não consigo te dar a sinceridade que você quer, Leah, porque não posso vê-la ir embora. — Suas palavras são sinceras, e elas enviam um fio de esperança através de mim. Ele não quer que eu vá embora. Ele ainda não consegue ver que não vou a lugar nenhum. Mas, ele não vai me dar a única coisa que eu quero. Sinceridade.
— Levante-me. — Suas grandes mãos fortes apertam meus quadris, me levantando da viga, e enquanto deslizo pelo seu corpo, cada nervo do meu corpo ganha vida. Levanto os olhos para os seus, sentindo sua emoção por mi derramando dele. — Eu não posso fazer isso, Heath. Se você não pode confiar em mim, não posso confiar em você. Você de alguma forma quebrou minha concha e eu não me sinto segura. Mas com você, eu preciso disso, porque quero você. — Minha voz é um sussurro. Com isso, eu me viro e vou embora.
Eu quero que ele me pare? Sim. Ele? Não.
Meu coração que costumava bater por uma carta toda semana, agora gagueja. Enquanto respiro fundo, não há mais Twig e Con, eles são mentirosos. Nada além de personagens em um mundo fabricado de faz de conta.
Fatos falsos que eu acreditava. A medida que me afasto dele, mais dói. Como isso é possível? Tudo que eu queria era a sua sinceridade, para ele me ver. Enquanto eu pisco, as lágrimas caem, e desta vez não as paro. Eu permito que elas escorram pelo meu rosto.
Empurrando a porta, entro e subo as escadas direto para o meu quarto. Fechando a porta, eu caio na cama e olho para o teto branco desbotado. Redemoinho de padrões complicado, e de repente estou girando. Minha cabeça parece estar presa em um espiral desastroso de dor. Preciso me livrar das lembranças dele, de como ele me tocou, me beijou e fez amor comigo.
Eu me levanto, e corro para o banheiro. Ajoelhada no vaso de porcelana, tenho vontade de vomitar violentamente, ofegante, mas não sai nada. As lágrimas escorrem pelo meu rosto como se uma represa tivesse estourado, e a dor destruisse meu corpo com soluços. — Porra, Twig. — Sua voz vem de trás de mim, mas não me viro. Eu não posso olhar para ele. Eu sinto a sua mão no meu cabelo, o segurando para trás, e é quando vomito minhas tripas até não ter mais nada.
É demais para mim. É muito íntimo. Ninguém nunca me viu assim.
— Vá embora, — eu silvo.
Estou vazia. Não há nada dentro de mim. E não me refiro no meu estômago, quero dizer no meu coração. Eu não tenho amor. Nenhum sentimento. Sem emoção.
— Não me afaste, por favor? — Seu pedido me desconcerta. Faz eco através da dor e me faz voltar para olhá-lo.
Espirais de emoções entre nós, o ar está pesado por isso.
Querendo. Precisando. Ansiando.
Tantas noites eu sonhei com ele me encontrando, e agora que ele está aqui, eu sinto como se tivesse sido enganada, porque o homem por quem eu me apaixonei não é nada além de uma invenção da minha mente adolescente.
— Que adianta, Heath? Você não é ele. Você é uma pessoa inventada na minha cabeça. Se você não pode confiar em mim com a verdade, então não há sentido nisso. — Eu aceno minha mão entre nós enquanto vomito as palavras. Minha voz está estridente, e meu corpo estremece com os sentimentos trabalhando através de mim.
— Twig...
— Não me chame assim! Você não tem o direito de me chamar assim. — Não sei por que estou com raiva, e não sei por que o estou afastando, mas estou. O homem que eu amo. Esse pensamento me deixa sem palavras, e com isso na linha da frente da minha mente, meu discurso termina.
Eu o amo.
— Eu amo. — Duas palavras simples me iludem. Elas me seguram, me consolam, mas me deixam querendo. Olhando para aquelas profundezas que detêm tanto de mim. Muitos dos meus segredos estão escondidos na sua mente. Eu percebo o quanto quero que ele me diga que me ama também. —Você quer que eu te escreva uma carta? É isso que você precisa? Porque porra do inferno, Leah, eu vou fazer isso. Me dê agora a porra de uma caneta e papel, e terá a minha promessa com você, aqui mesmo no chão do banheiro.
Eu olho para ele, esperando-o rir, mas ele não ri. Ele está falando sério. — Heath...
— Não, estou falando sério, baby. Vou escrever, assinar e será sua. Eu não vou deixar você. Eu quero você, Twig. Eu quero amá-la. Deixe-me amar você. — Ele me puxa para seus braços, e eu nunca me senti mais segura ou mais cuidada. Eu nunca me senti amada, mas em seus braços, sou isso e muito mais.
Mas, a magoa dele, por não ter me dito completamente a verdade ainda me machuca. Eu coloco a raiva atrás de mim, e o deixo entrar? Eu me afasto para olhar nos olhos cor de café e procuro a verdade. Eu procuro a sinceridade que ele sempre me deu em palavras. E, o que eu acho, me deixa sem palavras. Rouba minha respiração e me faz cambalear.
— OK.
CAPÍTULO TREZE
HEATH
— Ok. — Apenas uma pequena palavra e meu mundo acaba. Esta mulher é minha, e serei amaldiçoado, se ela alguma vez se afastar de mim novamente. Eu coloco seu rosto em minhas mãos e me inclino para beijá-la, mas a palma da sua mão pressiona contra o meu peito, e eu paro, me perguntando se ela mudou de ideia.
— Eu tenho bafo de vomito. — Seus lábios fazem um beicinho, e eu rio. Ela é tão fofa.
— Eu já te disse que não namoro garotas com bafo de vômito? — Eu provoco em tom de brincadeira, e ela me dá um tapa, mas eu mereci isso. A agonia e a tensão que pareciam permanecer entre nós se foram, e eu a puxo para cima, envolvendo meus braços ao seu redor. A maneira como o corpo dela se ajusta ao meu é a perfeição. Todas as suas curvas femininas macias contra os meus cumes duros.
— Heath —, ela murmura, e eu recuo para olhá-la. Aqueles belos olhos cor de mel que brilham como profundas poças de ouro ao sol, me encaram sob grossos cílios. — Eu tive medo toda a minha vida. Medo de deixar as pessoas me verem, você foi o único que conseguiu. Você aceitou a menina e a transformou em uma mulher. — Sua confissão me surpreende. Como alguém não poderia amar essa mulher, ou ver a luz brilhando dentro dela, está além da minha compreensão. Ali mesmo, eu juro nunca deixar a sua luz diminuir. Nunca permitir que ela perca a beleza que reluz de dentro dela.
—Leah, eu preciso te contar o que aconteceu comigo. Porque eu estava naquele lugar. Então, esta noite, eu vou fazer um jantar para nós, e nos sentaremos lá fora. É hora de você saber a verdade. — Ela me olha por um longo tempo. Seus olhos seguram a emoção como um frasco de vidro, e eu posso ver brilhando através dela.
— Está bem. Eu acho que você precisa saber mais sobre porque eu também estou aqui. Preciso te contar o que aconteceu com meu noivo. —A menção daquele idiota tem ciúmes e raiva aquecendo meu sangue. Algo sobre o jeito que ela fala, me faz pensar se houve mais do que ela escreveu naquelas cartas. O cara pareceu um verdadeiro idiota de como ele a tratou.
— Parece uma boa ideia. Agora, eu preciso voltar ao trabalho, então pare de me distrair. —Colocando um beijo casto sobre sua cabeça, eu a deixo tomar banho, e volto para os estábulos. Eu preciso tirar o feno e alimentar os cavalos, antes de me certificar de que eles estão bem relaxados, para as crianças que vêm aprender a montar hoje.
No que eu saio com a égua negra, Boone vem até mim. — Barnes —, ele ronca meu sobrenome, e me viro para encontrar o velho olhando para mim. — Eu gostaria que você levasse as crianças para sair hoje, Mags não está se sentindo bem, então vou levá-la ao médico.
—Claro, eu posso cuidar disso. — Ele me olha, então acena.
— Eu voltarei tarde. Acho que depois vou levá-la para jantar. Vocês crianças se comportam, e não vão derrubar meu rancho —, ele avisa com uma risada, e ver um homem formidável como ele rindo é outra coisa.
— Sim, senhor. — Ele se vira e me deixa com os cavalos. Pouco depois, um carro para, e uma mulher vestida com o vestido vermelho muito apertado sai. Contornando o carro, ela abre a porta do passageiro e puxa uma garotinha do assento. Ela deve ter uns dez ou onze anos com cachos loiros que me lembram Callie. Coisinha adorável, mas parece que está prestes a explodir em lágrimas.
— Posso ajudá-la? — Eu caminho até elas, a mãe não parece estar com vontade de ser legal, puxando o braço da menina com tanta força, que tenho certeza que está prestes a se deslocar.
— Sim, Amber está aqui para a aula de equitação —, ela diz, enquanto olha para sua filha. Quando ela arrasta o olhar para mim, percebo o brilho de desejo que queima no seu olhar. — E você é? — Ela estende uma mão perfeitamente bem cuidada. Eu estendo a mão e agito rapidamente, me afastando o mais rápido que posso sem parecer um idiota rude. Eu odeio mulheres assim.
— Eu sou Heath, vou levá-la para a aula hoje, Boone está com Maggie —, eu explico, embora, duvido que ela se importe, porque seu olhar rasteja sobre mim mais do que eu gostaria. Ou preciso. A mulher que eu quero está em casa, e essa é a única pessoa que quero olhando para mim como se estivesse prestes a me devorar.
— Bem, Heath. Eu espero que você saiba o que está fazendo. Eu adoraria ter algumas aulas particulares de equitação. — Sua insinuação não passa despercebida, mas me agacho, trazendo meus olhos no nível da garotinha.
— Venha Amber, vamos conhecer a Molly. — Ela caminha na minha direção com um pequeno sorriso no rosto. Pegando sua pequena mão na minha, levanto, e encaro a mulher. — Eu não dou aulas particulares. Ela terminará em uma hora. — Virando, eu ando em direção ao campo, onde preparei a égua para a aula.
— Veremos. — Ela entra no seu carro caro, e vai embora.
— Amber, você está com medo dos cavalos? — Eu pergunto, e ela concorda com a cabeça timidamente. — Tudo bem, vamos dizer olá para Molly. Ela é uma garota bonita, assim como você, e ela gostará muito de você, se você a alimentar com uma maçã. Você quer fazer isso? — Ela concorda, seus cachos saltam, enquanto ela balança a cabeça. — Certo, agora você precisa estender a sua mão, assim.— Eu mostro a ela, meus dedos esticados e palma da mão para cima. Ela me imita, e eu observo seus grandes olhos azuis, a excitação misturada com medo, é do que sempre lembro desde que ensino crianças.
— Eles comem grama? — Sua pergunta me puxa dos pensamentos sombrios, e eu aceno.
— Eles comem feno, que é semelhante. Aqui ... — Eu entrego a ela uma maçã, e nós vamos em direção da Molly. Ela estende a sua mão como eu mostrei a ela, e enquanto o cavalo pega a maçã, ela solta um grito de alegria, e eu não consigo parar de rir.
— Você é boa nisso. — Eu me viro, para encontrar a Twig ali, com uma bandeja de limonada, e o mais belo sorriso no seu rosto. — Eu trouxe para vocês dois algo para beber. — Amber e eu vamos em direção a Leah, e eu entrego um copo a menininha.
— Obrigado, querida—, eu falo manso, e suas bochechas ficam rosadas. Eu engulo a bebida fresca em dois goles, e me sinto renovado. — Isso foi bom. — Colocando o copo para baixo, eu pego o da Amber, e coloco na bandeja.
— Vocês dois entrem para um lanche, quando terminarem. — Leah se vira, e caminha de volta para a casa e eu não posso evitar de verificar sua bunda. Ela é um anjo. Delicada, linda e toda minha.
Entramos na casa quarenta e cinco minutos mais tarde, com uma menina cansada, eu a sentei na cadeira macia almofadada de frente para a cozinha. — Como foi? — Leah se vira para mim, dando uma rápida olhada para Amber.
— Bem, ela vai pegar o jeito disso num instante. — Eu apanho uma batata frita, e sou golpeado.
— Isso não é para você. — Ela se vira com um pequeno prato em direção a minha aluna. Um sanduíche e algumas batatas fritas enchem o pequeno prato de cerâmica e um copo de suco de laranja fresco. — Você quer mais alguma coisa? Fiz apenas sanduíches. — Minha mulher olha para mim com expectativa, e eu círculo sua cintura.
— Eu sei o que gostaria de comer—, eu sussurro em seu ouvido, causando um tremor ao longo de corpo dela. — Mas por enquanto, vou ficar com o sanduíche. Obrigado, Sunshine. — Ela enche o prato com um sanduíche duplo de presunto e queijo e batatas fritas extras, então, me entrega um copo de limonada.
— Sente-se, almoce. — Seu sorriso envia para o meu coração uma maldita onda de emoções. Mesmo a lembrança da Callie, não é suficiente para diminuir a maneira como essa mulher me faz sentir. Eu me sento à mesa e engulo a comida.
— Obrigada. — A voz suave vem de Amber. Estamos prestes a voltar, quando ouço um carro. A mãe dela. Uma batida vem momentos depois, e Leah se dirige à porta.
— Olá, você deve ser a mãe de Amber. — Minha garota dá um sorriso amigável, que é recebido por um sorriso pomposo. Passei muito tempo com mulheres assim, e não gosto delas.
— Mãe, eu me diverti muito. — Sua mãe a pega pelo pulso, e a puxa para longe.
— Vamos —. Seu olhar penetrante encontra o meu. — Espero que você esteja por aqui amanhã; eu gostaria daquela aula particular que solicitei. —Seus lábios vermelhos e brilhantes se abrem em um sorriso feio. Não estou falando que ela é feia, é o jeito que olha para mim, que deixa minha pele arrepiada. Nada nessa mulher é sexy ou atraente.
— Estarei ocupado, mas Boone estará aqui. — Eu sorrio, enquanto vou para a cozinha. Quando a porta se fecha, Twig se junta a mim na cozinha, e vejo o carro brilhante se afastar.
— O que foi aquilo? — Ela murmura ao meu lado.
Mudo meu olhar para ela e a puxo em meus braços, colocando um beijo na sua testa. — Uma mulher com muito dinheiro, e sem amor no seu coração. — O incrível olhar dourado de Leah me prende, e há tantos segredos dançando neles, é como ver uma vela no vento.
— Eu costumava ser isso ... quero dizer, eu cresci privilegiada, com mais dinheiro do que poderia sonhar em gastar. — Sua voz está fria, insensível. Percebo que ela não sente falta disso, e é isso que a faz diferente.
— Baby, olhe para mim. — Eu levanto o queixo dela com o meu dedo indicador, e quando o seu olhar encontra o meu, a olho longa e profundamente. —Você não é como eles. Há muito amor em você, está transbordando. Você é meu raio de sol2, certo? Quando você sorri para mim, eu posso ver um futuro, uma vida que nunca pensei que teria. Posso ver o para sempre. — As palavras fluem de mim sem reservas. Eu sei que vou me casar com ela um dia. E vou fazer com que ela também saiba disso.
CAPÍTULO QUATORZE
LEAH
— Heath, temos muita comida. — Eu olho para os pratos com um sorriso estampado no meu rosto. Ele realmente se superou, e mesmo sabendo que ele disse que teria um banquete, não imaginei que ele queria dizer o suficiente para todo o país.
— Sunshine, não temos que comer tudo. — Ele desliza na cadeira na minha frente, e pega o suco de laranja que colocou na mesa mais cedo. — Posso fazer um brinde?
Concordando, levanto o meu copo na preparação. — Você pode.
— Twig, houve muitas vezes ao longo dos anos, quando me perguntava como você era. Pensava em como sua voz soava, ou como você se parecia quando sorria. Como seus olhos brilham quando você está feliz, ou mesmo quando está triste - ele inala profundamente, como se estivesse se compondo -, passei noites deitado na cama, olhando para um teto de concreto, mas, não via nada. Eu vi uma menina com o brilho do sol nos seus cabelos, e luz em seus olhos. Eu vi seu coração e sua alma. E neles eu encontrei o meu caminho. Encontrei um caminho que nunca pensei que seria capaz de caminhar. Encontrei a salvação em suas palavras, a cura em seus conselhos.
Um sorriso irônico toca no canto de seus lábios, seu olhar esquenta, cheio de carinho.
— Mesmo que você provavelmente não tenha percebido, você me deu uma razão. Um presente. Você me forçou, me puxou e me arrastou da escuridão. Agora, enquanto eu me sento aqui no claro com você, nunca quero ficar sem isso. Sei que é cedo, mas preciso que você saiba, um dia, eu vou casar com você. Dar-lhe bebês. Serei o homem que você viu em mim, mesmo quando você não me viu de jeito nenhum.
O tempo para. Não há mais nada. Somente nós. Duas pessoas que foram colocadas juntas pelo destino. A emoção me estrangula e não consigo engolir. Meus olhos ardem, mas não com tristeza. Pela primeira vez em muito tempo, estou chorando de felicidade.
— Você adora fazer uma garota chorar, né? — Seu sorriso se amplia, e as rugas suaves de cada lado do rosto vincam, o fazendo áspero e sexy. Sim, podemos ter nove anos de diferença de idade, mas ainda há algo incrivelmente bonito e atraente sobre ele.
— Desde que sejam lágrimas de felicidade, então, você pode chorar o quanto quiser, querida. — Ele toma seu suco, e observo sua garganta enquanto ele engole. Quando beber suco tornou-se um ato sensual? Quero dizer... Estou desesperada para levá-lo de volta para a cama? Eu engulo minha própria bebida lentamente, e sinto seu olhar em mim, como se ele estivesse me tocando. É uma sensação ardente ter alguém penetrando no seu corpo, segurando sua alma, e mantendo-a em suas mãos.
Heath está por toda parte. Em cima de mim.
— Ei, qual é o seu sobrenome? Depois de todos esses anos, eu ainda não sei nada sobre você. — Eu me lembro de Boone o chamando de alguma coisa, mas, Deus do céu, minha mente não consegue lembrar.
— Barnes. — Ele pega seus talheres, e não nota meu corpo ficar tenso. Barnes. Não pode ser. Balançando a cabeça do pensamento rebelde, eu aprecio o meu jantar. — E o seu?
— Keller. — Eu olho por cima do meu prato para encontrá-lo olhando para mim. — O quê?
— Leah Keller? — Eu aceno. — Você quer dizer tipo os Keller de Chicago? — Obviamente ele ouviu falar deles. Eu aceno a cabeça novamente, esperando que ele me diga o quanto meu pai é incrível mas ele me choca amaldiçoando. — Maldito inferno.
— Como?
— Os Keller e Kruse que cuidaram do meu caso. Martin Keller perdeu meu caso. — O choque só começa explicar o sentimento que me atinge. Meu pai foi quem o prendeu?
— Você quer me dizer que todos esses anos estivemos ligados de qualquer forma? Meu pai é responsável por mandar prender você? — De repente, o jantar não parece tão bom.
— Leah, eles acreditavam que eu a matei. Entrei no meu apartamento numa noite encontrando minha noiva deitada em uma poça do seu próprio sangue. Ela estava tão machucada que eu... estava... — Ele se levanta, e desce a varanda até o pequeno riacho logo abaixo do jardim.
Meu coração dói por ele. Uma dor física dentro do meu peito, e isso me deixa sem palavras, mas eu o sigo. Quando estou perto dele, vejo a tensão apertando os músculos das suas costas. — Heath, eu sinto muito. — O que você diz a um homem que testemunhou algo assim, e então foi preso, por fazer isso? Nada pode diminuir a dor.
Ele se vira para me olhar com seus olhos cor de café. Mesmo no escuro eles brilham, bonitos e brilhantes, olhando dentro de mim. Estendendo a mão, ele pega a minha mão, e me puxa para a dobra do seu braço. — Eu só não quero perder você. Eu a amava, realmente amava. — Ele se afasta apenas o suficiente para olhar nos meus olhos. — Mas você... eu te amo com cada pedaço partido de mim. Você me completa, Leah.
— Leve-me para a cama, Heath.
Ele arrasta suas mãos pelos meus lados, agarra minha bunda, e me levanta contra ele. O calor do seu corpo contra o meu está se acalmando, enquanto ele nos leva de volta para casa, esquecemos o jantar. Assim que chegamos ao seu quarto e a porta se fecha, nossas roupas chegam no chão.
Sua barba é áspera, enquanto lambe a minha boca. O sabor cítrico dele é esmagador, e a maneira como seu corpo pressiona contra mim, me faz balançar meus quadris para encontrar sua ereção. Meu clitóris lateja por seu toque, e meus mamilos doem por sua boca. — Heath.— Seu nome cai dos meus lábios devassos, enquanto ele lentamente trilha beijos pelo meu pescoço.
Mãos fortes puxam o meu sutiã, liberando meus seios, enquanto sua boca se banqueteia em meus picos endurecidos. Meus dedos se enroscam em seu espesso cabelo castanho, o segurando-o onde eu preciso dele. Minha calcinha é puxada pelas minhas pernas, e seus dedos grossos e calejados encontram meu núcleo quente.
— Porra, Leah, você está pingando. — Suas palavras saem roucas, enquanto ele beija o caminho até o meu estômago. Mergulhando a língua no meu umbigo envia arrepios para o meu clitóris. — Abra suas pernas, baby, por favor. — A maneira que ele implora não passa batido.
Olho para baixo encontrando o homem que eu amo, me levando da maneira mais primitiva, lambendo e lavando meu sexo escorregadio. Seus polegares abrem minha boceta, e outro rosnado animalesco ecoa ao nosso redor. O quarto cheira a sexo e desejo. Se eu pudesse engarrafar, eu faria. De repente, sua língua entra no meu corpo, me fazendo gritar.
Cada vez que ele vai mais fundo, me fodendo com a língua. O movimento me envia numa espiral, simplesmente à beira do limite. E, enquanto eu fico no precipício da liberação, nossos olhares se fecham. Com uma conexão forte, estamos presos um ao outro. Nossas almas são uma só. Unidos pela emoção, nossos corações batendo mesmo ritmo.
— Eu te amo, Heath. — As palavras saem da minha boca, sem aviso, mas também sem medo. E vejo a faísca de amor nos seus olhos.
Seus lábios se levantam num sorriso, enquanto ele devolve o sentimentalismo. — Eu te amo, Twig. — Então, ele mergulha dois dedos dentro de mim, que me faz saltar, e meu corpo trava, minhas coxas tremem, e meu coração paira, enquanto grito seu nome por um orgasmo que estilhaça o meu mundo.
Enquanto desço da incrível altura, abro os olhos para encontrar Heath ajoelhado entre as minhas coxas. — Deus —. É a única palavra que consigo pronunciar, enquanto ele baixa seu corpo, pairando sobre mim.
— Eu pretendo fazer você ver estrelas novamente—, ele responde, com um sorriso perverso, enquanto entra em mim. Seu corpo enrijece. — Pare de apertar meu pau, ou isso vai acabar antes mesmo de começar —, ele rosna, e eu não consigo conter a risada.
— Vamos lá, meu velho, não consegue me acompanhar? — Eu provoco, o que o faz ir para dentro de mim tão profundamente, que tira meu folego.
— Está sentindo como eu não consigo acompanhar? —, Ele responde, revirando os quadris novamente. Ele é maior do que qualquer um com quem já estive, e o jeito que se encaixa dentro de mim me estica ao máximo. A sensação dele me levando me faz voar, e me sinto como se estivesse flutuando. Talvez seja porque seus quadris se movem mais rápido e minhas pernas envolvem sua cintura.
— Sim, Heath, sim. — Minha cabeça cai para trás, e sinto o toque da sua barba no inchaço dos meus seios. Meus gemidos ficam mais altos, mas neste momento eu não me importo, enquanto ele mergulha no meu centro, batendo no ponto que faz meus dedos curvarem. Sua boca quente se prende no meu bico, enquanto ele empurra com mais força e mais rápido. A ponta áspera do seu dedo encontra meu monte de nervos, e ele circula como um profissional, como se ele conhecesse meu corpo melhor do que eu.
Ele sabe o que eu preciso. O que eu anseio. A maneira como meu corpo responde. Ele rosna, enquanto morde meu mamilo e agita meu clitóris. E de repente seu pau atinge o ponto sensível dentro da minha parede frontal, e ele mantém sua promessa.
Estrelas. Luzes maravilhosas.
A conexão.
A emoção.
A liberação.
Tudo cai, enquanto eu flutuo com ele nos meus braços.
***
Já faz três semanas desde a nossa primeira briga, e todo dia é um desafio. Eu percebo que há mais na sua história, do que ele compartilhou até agora. Eu quero toda a verdade, mas tudo que Heath quer sou eu. Eu não posso desistir. Eu deveria o fazer me falar, mas algo dentro de mim adverte contra isso. Pode parecer muito tempo para alguns, mas passamos anos aprendendo as particularidades um do outro e, nem preciso dizer, que tenho minha parte. A vida ficou fácil, nossa rotina estava normal. Até mesmo Maggie e Boone celebraram nosso recém-formado relacionamento.
Apesar de que, não dissemos a eles quanto tempo nos conhecemos.
É uma manhã de quarta-feira, e acordo com uma sensação de mal-estar no estômago. Você sabe de que tipo. Quando você sabe que algo horrível está prestes a acontecer, e não há como parar. Eu pulo da cama, e vou até o banheiro do Heath para enxaguar o rosto. Ele já está lá em baixo, e posso ouvir Boone pedindo a ele por uma coisa ou outra.
Então, há o barulho do cascalho. É o som que associo num dia de fazer almoços e bebidas para as crianças que vêm para as aulas.
— Saia da minha casa! Boone! Heath! — Os gritos do andar de baixo fazem meu coração bater descontroladamente no meu peito, e me pergunto o que diabos está acontecendo. Assim que volto para o quarto, meu coração cai no chão como um peso de chumbo.
Lembra que eu disse daquela sensação doentia que girava no meu estomago, sim, aquela. Entrou pela porta momentos depois. — Por que diabos você foi embora? — Ronan entra tempestuosamente no quarto, a porta quase saindo das dobradiças. Ele se inclina, bem na minha cara e posso sentir o bourbon em seu hálito. Meu corpo reage como sempre quando olho para aqueles olhos sem alma, com medo. Meu coração bate dolorosamente contra minhas costas, e tem um som sufocante da minha boca quando sua mão aperta minha garganta. Espremendo, ele rosna com raiva, — Eu te fiz uma pergunta! — As palavras são cuspidas no meu rosto, e sinto as lágrimas picando, ameaçando cair, enquanto seus dedos apertam, cortando o tão necessário ar.
Eu sinto o zumbido - aquela tontura que vem de ser sufocada. Eu quero recebê-la. Permitir que apenas me leve para longe desta vida, deste homem que me machucou acima de qualquer coisa que já senti. Mas, eu senti finalmente a felicidade, e não quero perder isso. Eu não posso.
Minha respiração está fraca, e meus olhos se fecham em resignação, enquanto paro de arranhar as mãos roubando minha vida.
Pelo menos Heath soube.
Eu fui forte o suficiente para contar a ele.
Ele sabe que eu o amo.
De repente, meus pulmões engolem ar rapidamente e dolorosamente. A mão de Ronan se foi, e meus olhos se abrem para encontrar ele e Heath olhando um para o outro. — Ronan? — A maneira como ele diz o nome do meu ex noivo, envia um arrepio de consciência dentro de mim. Há familiaridade em ambos os olhos e algo dentro de mim muda.
Paranoia. Algo está errado. Tão terrivelmente errado.
E então acontece.
Meu mundo desaba bem debaixo de mim, quando Ronan diz duas palavras.
—Olá irmão.
CAPÍTULO QUINZE
HEATH
Uma vez, há muito tempo, meu mundo foi destruído. Foi arrancado de mim, e eu não tinha como saber se alguma vez o recuperaria. Hoje é a segunda vez que eu tive tudo tirado de mim. Quando me viro para encarar Leah, seu olhar me diz tudo o que preciso saber. Ela está chocada, tem uma rachadura na sua luz do sol, e sei que isso é tudo culpa do meu irmão. Ele é o idiota de merda que a machucou.
Meu sangue ferve pela emoção, eu não consigo parar, e aperto seu pescoço, o prendendo contra a parede com uma mão. — Leah, eu preciso que você saia daqui agora —, eu sibilo, meus olhos não deixando o verme que chamo de família. Eu a sinto sair do quarto, seu cheiro doce e inebriante permanece e me alimenta.
— O que você vai fazer, irmão? Matar-me? Como você matou a Callie? — O escárnio que ondula do seu lábio, me faz reforçar meu aperto, e eu estou tentado, tão porra tentado para fazer isso. Para ver a vida desaparecer dos seus olhos. Mas não vou dar a ele essa satisfação. Eu amo a Leah, e não vou cair nessa merda.
— Eu não sou seu irmão. — Eu cuspo as palavras. — Você vai entrar nesse carro chique, e vai embora, e não olhe para trás. — Ele me empurra de cima dele, e eu o deixo. Ele se transformou em um idiota chorão durante o tempo que estive fora. Eu sei que existe algo mais nessa história. Sobre o motivo e como ele conhece a Twig. Como ele parecia fazer parte da sua vida, e tenho o pressentimento de que ele vai me contar.
— Essa sua putinha é a causa de toda essa merda. Você sabe disso? Eu ia conseguir aquela maldita promoção, mas seu pai precisava que ela se casasse. E eu, porra, concordei em casar com essa cadela frígida. Até ela fugir... fazer as malas e me deixar! — Ele está gritando agora, e só posso imaginar o que Leah pode ouvir.
— Se você pronunciar uma palavra contra ela novamente, não tenha a menor dúvida disso, Ronan, vou quebrar a porra do seu joelho. Não, matá-lo será fácil demais, quero que você sente na imundice e chafurde na vida lamentável que está levando. — Meu olhar varre o homem que foi o herói da minha história. E, enquanto olho para ele, algo em minha mente estala. Eu o prendo com um olhar mortal, e faço a pergunta para a qual não quero uma resposta. — Você... você machucou Callie?
Os olhos do meu irmão encontram os meus, e eu sei. Está escrito claro como o dia em seus olhos. Aqueles olhos que combinam com os meus. O sangue que corre em suas veias, é o mesmo que corre nas minhas. Como podemos ser tão diferentes? Como é que tudo que eu sempre quis e ainda quero é amor, felicidade e uma família? E ele? Tudo o que ele quer é dinheiro. A dor se encaixa no meu coração. Eu perdi todos esses anos por causa da única pessoa em quem confiava.
— Ela não me queria, então fiz com que você não pudesse tê-la também. Eu a fiz pagar por me dizer a figura desagradável que eu era. Seu sangue doce estava tão bonito, enquanto assisti a vida drenar dela. — Suas palavras cortam meu coração mais do que posso suportar, e eu recuo, e o esmurro, de novo e de novo. É só quando sinto as mãos de Boone em mim, que a névoa da raiva se dissipa, e vejo claramente. Eu vejo a bagunça sangrenta que agora está o rosto do meu irmão. Antes de ir embora, o deixo com um último aviso. — Nunca mais se aproxime de mim ou da Leah novamente, está me ouvindo? Nunca mais. Mesmo quando eu estiver na porra do meu leito de morte, nunca vou te perdoar. — Eu o solto e ele cai no chão.
Meus olhos recaem no Boone, e ele acena com a cabeça. — Agora vá cuidar da sua garota. — Deixando a sala, sinto uma sensação de encerramento. Não é o ideal, nunca será, mas eu vou passar por isso. Contanto que Leah não tenha se assustado com a minha explosão e com a verdade de que o homem que a machucou por tanto tempo é minha própria carne e sangue.
Indo pelo corredor, ouço vozes abafadas. Abrindo a porta do quarto da Leah, eu a encontro nos braços da Maggie. Seu rosto está marcado de lágrimas, e sinto meu coração partir só um pouco. Aquela dor lancinante que senti ao ver Callie em uma poça de sangue vem à superfície, mas desta vez, é dez vezes pior, porque sei com confiança, que essa mulher está gravada não apenas em meu coração, mas na minha alma.
— Twig, baby? — Não é uma pergunta, mas quero que ela olhe para mim, para me dizer que ficaremos bem. Ela arrasta o seu olhar lento e firme até as minhas pernas e peito. Quando ela finalmente alcança meus olhos, vejo a desconfiança e isso me derruba. É como um soco no estômago. Há tantas emoções queimando em seu olhar - raiva, medo, confusão - e sei que vou ter que esperar. Até que ela possa superar o que acabou de acontecer, precisarei dar espaço a ela.
— Ela precisa de tempo, Heath. Por que você não desce e espera pelo xerife? Ele está a caminho. — Eu aceno, mas antes de me virar para sair, eu a olho mais uma vez. Ela é pequena, frágil, e a necessidade de protegê-la me sobrecarrega, e percebo que estou apostando minha reivindicação. Ela é minha.
Eu não reajo, apenas me viro para sair. Minha cabeça baixa enquanto desço, e entro na cozinha. O carro patrulha branco do nosso xerife local estaciona do lado de fora, e eu o vejo sair do carro e caminhar até a porta da frente. — Olá, pessoal. — Ele é um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos e olhos gentis.
— Xerife —. Estendo a mão, que ele sacode com um sorriso amigável. — Nós tivemos uma pequena luta no andar de cima. Um homem entrou aqui para ameaçar a Leah. — Eu digo a ele, e nós subimos as escadas para encontrar meu irmão agora desmaiado.
— E você decidiu fazer justiça? — Ele ri, enquanto arrasta o seu olhar para mim. — Ele a machucou. — As palavras saem mais duras do que eu esperava, mas quando olho para o homem, ele está sorrindo e balançando a cabeça. Não tem nada de raiva no seu olhar, e percebo que ele acha engraçado que eu tenha dado um soco no Ronan.
— Eu vou levá-lo. Não precisa se preocupar, filho. Eu vou tirar essa imundice da nossa cidade. — Boone o ajuda a levantar meu irmão, e eles o tiram do meu quarto. Há sangue espalhado por toda a parede. A lembrança de quebrar o nariz de Ronan se repete na minha cabeça.
Todas as vezes que Leah me falou sobre seu noivo que continuava abusando dela, mental e emocionalmente, eu não perguntei uma vez sobre ele. Ou mais detalhes. Eu sabia que se ela tivesse me contado sobre ele, eu teria ido até ele assim que saísse da prisão, e mataria o filho da puta. E dessa vez, se eu fosse preso, pelo menos teria sido por uma boa razão.
Ao enfileirar o fardo de feno, vou até os cavalos, e jogo na grama. Hoje se tornou num dia pesado. Eu estou nisso desde as cinco da manhã. Desde que o Ronan foi preso ontem, Leah tem estado nervosa a minha volta. Ela não fica em nenhum momento sozinha comigo, e isso está me matando. Meu coração dói, minha alma grita por ela e, embora eu me sinta como um covarde por pensar assim, não posso evitar.
A mulher é minha mas só ela pode aceitar que não vou machucá-la.
Eu sei que ela está com raiva e precisa de tempo, mas isso está me deixando louco. Tudo que quero é puxá-la para os meus braços. — Eu trouxe algo para beber. — Eu me viro para ver Leah de pé ali em um vestido amarelo que chega até o meio da coxa. Sua sapatilha de balé branca a fazem parecer mais baixa, e meu jeans de repente está ficando mais apertado.
—Twig.
— Não faça isso. Eu apenas trouxe algo para você beber. — Seus olhos endurecem, e eu balanço a cabeça, resignado por ela simplesmente não me dar espaço. Eu me aproximo, pego o copo, o levanto à boca, tomo um longo gole. A água gelada é o paraíso enviado, assim como ela é.
Concordando, termino minha bebida e coloco de volta na bandeja. — Muito obrigado. — Seus olhos pousam nos meus, e espero que com essas duas palavras eu esteja transmitindo o sentimento que sinto por ela. Tudo que essa garota trouxe para a minha vida tem sido bom. Só de pensar nela saindo e me deixando, ou simplesmente nunca mais me querendo, está me matando lentamente. Todos os dias sem ela em meus braços, é outro dia que sinto a dor no meu peito por ter perdido a única coisa que já me fez inteiro.
O amor escapa com cada passo que ela dá longe de mim. Ela não responde, apenas se vira e sai, e eu fico sozinho com o suor escorrendo pelo meu corpo com uma necessidade inata de dar um soco em alguma coisa. Enquanto a porta se fecha, giro no meu calcanhar e chuto o feno com tanta força, que os dois cavalos levantam a cabeça para olhar em minha direção. — Ela se foi—, eu rosno para eles. Eu estou tão fodido, estou falando com eles como se entendessem, como se pudessem fazer ficar tudo bem.
Meu sol se foi, e tudo o que resta são as nuvens escuras de tempestade pairando. No fundo do meu estomago, sinto uma tempestade chegando e tenho medo de ser pego no centro. Nosso caminho nunca foi fácil - tem sido uma porra de escalada difícil, e agora tudo se foi. Por mais que eu tenha vontade de subir aquela colina, estou escorregando a cada passo que dou.
— Barnes. — Eu giro para enfrentar meu chefe. Boone e Maggie deram o maior apoio a tudo o que aconteceu. — Podemos conversar? — Seu tom é mortalmente sério, e meu coração chuta no meu peito dolorosamente. Eu preciso desse trabalho. Porra. Espero que ele não me demita.
— Claro. O que houve?
Ele se acomoda na viga de madeira do curral, e me observa por um momento antes de começar. — Muitas pessoas passaram pelo meu rancho, e muitas delas já tiveram algum problema antes. Não é nada estranho para mim ou para a Mags. Por alguma razão, minha esposa acha que você é um bom homem. Espero que você não vá fazer as malas e partir, já que Maggie e eu gostaríamos que vocês ficassem e esperamos que resolvam as coisas. —Ele limpa a garganta, o que me dá um momento para recolher meus pensamentos.
— Boone, olha...
— Eu não terminei. — Ele encontra o meu olhar. — Eu quero que você cuide do lugar por alguns meses. Maggie ... ela está ... porra. — Ele acelera e vem na minha direção. —Mags precisa de tratamento, e eu preciso levá-la para a cidade. Os médicos daqui não podem ajudá-la. Quero alguém aqui em quem eu possa confiar. — Suas palavras lentamente afundam em meu medo e percebo o que ele quer dizer.
— Você o quê? Quero dizer...
— Olha Barnes, você está aqui, o quê? Três meses agora? —Você sabe como tudo funciona e minha esposa está inflexível que você seja o único a cuidar do lugar. Ela também tem a sensação de que você e a pequena Twig vão fazer as pazes e ter muitos bebês. — Ele ri e eu também. Eu adoraria ter filhos com ela. Casar com ela.
— Eu não sei o que dizer.
Ele me observa por um longo tempo, e coloca a mão no meu ombro.
— Tudo o que você tem a fazer é me prometer que vai cuidar do meu rancho e da linda mulher que parece amar você. — De alguma forma, não acho que Leah ainda me ama. Mas eu não digo isso a ele. Apenas aceno concordando. — Bom, nós partimos no sábado. — Isso é daqui dois dias.
— Eu vou deixar você orgulhoso. — Um aceno rápido e ele me deixa com o meu trabalho. Momento depois, minha mente ainda está na nova responsabilidade em meus ombros quando um pequeno carro esportivo vermelho estaciona, e não posso evitar o gemido que ressoa no meu peito.
— Ei, caubói, aqui estou para a minha aula. — A mãe de Amber — cujo nome eu descobri que é Mindy Castle, uma das socialites da cidade - sai do carro. Sua voz é como unhas em uma lousa, e o fato de ela estar vestida com o jeans mais apertado que eu já vi não me incomoda nem um pouco. Seus seios estão quase saindo da sua blusa, enquanto caminha até mim.
— Sou o Heath —, eu gemo, enquanto abro o portão basculante, permitindo a sua entrada. Este vai ser um longo dia de merda.
CAPÍTULO DEZESSEIS
LEAH
— Se você lavar mais esse prato, duvido que sobrará alguma cerâmica nele. — O prato faz barulho na pia e fazendo saltar. Eu me viro para encarar a Mags.
Ela está com sua mala ao lado dela, e não posso deixar de me sentir triste, por eles partirem por muito tempo. Importo-me com ela.
— Estava um pouco distraída. — Eu puxo o pano de prato do gancho e seco minhas mãos. — Como você está se sentindo? — Ela balança a cabeça, mas posso ver que há dor gravada em todo seu rosto.
— Eu ficarei bem, querida. Como você está? Você falou com ele? — Ela olha para fora da janela, e posso ouvir o cacarejar daquela mulher que parece pensar que Heath é o passeio pelo qual ela está aqui. — Entendo. O ciúme é saudável em doses homeopáticas.
— Eu não estou com ciúmes —, eu respondo, cruzando os braços sobre o peito. Maggie olha para mim como se me tivesse crescido uma cabeça extra. A mentira é óbvia - eu estou com ciúmes - mas não posso ficar com ele, então não adianta me irritar. Ele é um homem adulto, e se esse é o tipo de mulher que ele quer, então que assim seja.
— Querida, venha aqui. — Eu vejo uma mulher que não me demonstrou nada além do amor, me forço a levantar da cadeira, e quando me junto a ela, ela pega minha mão. O amor que emana dela lentamente se infiltra em mim, e eu sinto cada pedaço dela como pretende. — Aquele homem lá fora a ama. Eu posso ver quando ele olha para você. Havia segredos entre vocês dois, mas isso era de esperar. Não se afaste de algo verdadeiro, porque você não pode encontrar em seu coração o perdão. Existem coisas que você não contou a ele ao longo dos anos? — Eu aceno. Sim, tantas coisas. — E tenho certeza de que existe apenas uma coisa que ele gostaria de ouvir de você. Três palavras. Essas são as mais poderosas. Confie em mim, quando digo que nesta vida nada é fácil. Você dois usaram palavras durante a vida inteira, através do seu relacionamento, mas desta vez, Leah, querida, você precisa amar além das palavras.
Ela aperta minha mão, enquanto Boone se junta a nós. — Vamos Mags, precisamos pegar a estrada, se queremos chegar ao hotel antes do anoitecer. — Eu vejo como ele ajuda sua esposa, e o amor com que ele a toca. Existe algo incrivelmente bonito em como duas pessoas podem passar a vida toda juntas, e ainda ter uma conexão tão profunda. Quando meu olhar se volta para fora novamente, eu o vejo com outra mulher, e a dor em meu coração é muito difícil de suportar.
Eu me levanto, e saio com Maggie, ajudando-a a entrar no carro. Ela segura meu rosto em suas mãos, e me aproxima para um beijo na bochecha. Antes dela me soltar, sussurra. — Amor além das palavras, Leah. — E então, eles se vão. Eu me viro para voltar para dentro. Eu sei que Heath vai estar com fome depois de um dia ao ar livre, então retiro o cordeiro para fazer um assado no jantar.
Minha mente ainda está se recuperando de descobrir que Ronan e Heath são irmãos. Passei o dia longe do Heath para me concentrar nisso. Saber que o homem de quem você fugiu é irmão do homem que você ama, é um problema fodido, mas enquanto, estou aqui sentada, percebo que a maior parte da minha vida adulta fui dominada pelo Ronan, e não o quero mais tendo poder sobre mim.
Eu quero meu próprio final feliz. Porra, eu mereço meu próprio final feliz. Eu olho para o relógio da escrivaninha, onde passei a tarde escrevendo, e percebo que já são seis horas. Levantando, eu desço até a cozinha, e olho para fora. O pequeno carro esportivo vermelho ainda está aqui, e minha raiva tira o melhor de mim. Eu saio e caminho para os estábulos.
Como ela ainda pode estar aqui?
Estou prestes a virar a esquina quando a ouço.
— Venha, caubói. Apenas sinta isso. — Está embaralhando, mas não ouço Heath. Eu espio ao virar a esquina para vê-la praticamente o escalando como a porra de uma árvore. Suas mãos estão nos seus quadris, segurando-a, enquanto ela envolve seus braços ao redor de seu pescoço. — Eu sei que quer. Você quer isso. — Ela continua sussurrando, mas posso ouvir cada palavra do caralho.
De repente, eles ficam embaçados, e percebo que estou chorando. O ciúme é amargo na minha boca, e ela se inclina para colocar seus lábios nos dele. É quando solto um suspiro, e corro para a casa. Mas agora, não consigo ficar lá dentro. Eu não posso ficar perto dele, então corro para o rio. Ainda não está muito escuro, então, vou até uma aglomeração de árvores, e me sento na rocha.
Não ouço nada atrás de mim. Ele não veio atrás de mim. Ele já partiu para alguma coisa melhor. Não posso acreditar que fui tão idiota. Tão estúpida em pensar que ele me quer. Eu fecho meus olhos, e lembro do jeito que ele me beijou, me tocou, fez amor comigo. Cada momento que ele estava ao meu lado parecia tão real. Cada palavra que ele disse sincera. Então, como ele pode simplesmente seguir em frente com outra pessoa?
Eu nunca senti verdadeira mágoa. Sim, há momentos em que estive triste, ou chorei por causa de algo, mas a dor pungente do desgosto é suficiente para me deixar sem fôlego. Ver alguém que você ama tão incondicionalmente com outra pessoa é algo que eu não desejaria ao meu pior inimigo.
Eu sei que Maggie me disse para lhe dar uma chance, mas ele andar por aí beijando outra pessoa, é mais do que posso aguentar. Quando estou com alguém, preciso que eles sejam meus e só meus.
Passando a mão pela minha bochecha, vejo a água correr sobre as rochas. Está escurecendo agora, e preciso voltar. — Você é difícil de entender, Sunshine. — Sua voz está cheia de diversão, mas não há nada de engraçado no que ele acabou de fazer.
A raiva explode dentro de mim, me queimando viva. Eu pulo da pedra e me viro para ele. Meu olhar o fixando no lugar. — Vá se foder, Heath.
— Ei, qual é o problema? — Confusão está escrita em todo o seu rosto, enquanto caminha na minha direção.
— Não. — Eu levanto a minha mão e, felizmente ele para. Eu não posso ficar perto dele, quando falo as palavras que preciso dizer. — Eu queria falar com você. Eu peguei você e aquela maldita mulher se beijando. Você quer ficar lá e agir como se fosse inocente. Você quer saber, Heath? Eu acreditava que você era inocente do crime que eles o acusaram, mas você estava naquela porra de estábulo com as mãos nela, isso foi mais do que poderia aguentar. — Eu passo rápido por ele, mas ele é muito rápido. Sua mão me segura, agarrando meu braço e girando em torno de mim.
— Ouça-me, Leah. Ela se atirou em mim. Ela se inclinou para me beijar e eu peguei seus quadris e a afastei. Você ficou tempo suficiente para ver isso? —Sua voz se eleva, enquanto a raiva e a frustração aparecem através dele. Eu puxo meu braço das suas mãos e ele me liberta.
— Não. — Quando ele se vira para me encarar totalmente, pega meu rosto, colocando-o em suas mãos quentes.
Inclinando-se, acho que ele vai me beijar, mas não beija. Sua boca sussurra contra a concha do meu ouvido. — Eu te amo, Sunshine. Você é a única mulher que quero colocar minhas mãos. Você me entende, Twig? — Ele dá um beijo na minha bochecha e passa por mim, me deixando olhando para seus ombros largos.
Ele me enfurece, mas também me transforma em lava derretida. — Eu te amo, Con. — É um murmúrio suave que ele não ouve, mas ele inclina o chapéu, enquanto caminha para dentro de casa, e não posso deixar de franzir a testa para ele.
CAPÍTULO DEZESSETE
HEATH
Desistir da minha antiga vida foi difícil. Foi como se meu coração estivesse sendo arrancado do meu corpo. A ideia de perder minha liberdade, perder a Callie e tudo que eu havia construído não foi fácil. Porra, foi doloroso. Mas me afastar da Leah é como se minha alma estivesse sendo arrancada de mim, como se minha própria existência fosse agora sem sentido. Como se eu estivesse sendo enforcado e esquartejado.
Eu não entendo o amor que tenho por ela. Não consigo explicar. E se você me pedisse para dizer se eu gostaria de voltar no tempo e esquecê-la, esquecer a dor e a agonia que agora estão batendo em mim como uma bigorna, diria que não. Eu quero sentir, quero amar e quero saber como é ter uma conexão vitalícia com alguém. Com ela. Somente ela. Sempre foi ela. Quinze longos e fodidos anos, e eu estou perdido.
Assim que chego à casa, abro a porta do terraço e entro. Está calmo e o cheiro da comida me atinge. Ela me fez o jantar. Eu não posso acreditar que ela viu o beijo. Empurrei a porra da mulher antes que algo acontecesse, mas claro, Leah viu a pior parte dela. Quando os lábios de outra mulher tocaram os meus.
Na cozinha, abro a geladeira e pego uma cerveja. Abrindo-a, eu tomo um longo gole e tento descobrir como consertar isso. Como faço Leah ver que eu a amo mais do que a própria vida?
Eu coloco a garrafa no balcão, e monto a mesa. Incluindo velas. e uma taça de vinho tinto, que eu sei que ela ama. Estou colocando os pratos na mesa, quando ela entra. Seu olhar passa sobre o cenário, depois para mim.
— O que você está fazendo? — Sua voz é suave, e quero tanto me aquecer no seu calor. Mesmo quando ela está triste, seu brilho é ofuscante.
— Eu vou jantar. Pensei que você gostaria de se juntar a mim? — Meu olhar fixo a mantém como refém, e posso ver seu pulso vibrando sob a pele macia do seu pescoço. Como uma flor delicada soprando na brisa, essa garota parece me hipnotizar.
— Eu quero. — Duas palavras me têm suspirando de alívio. Ela não está me afastando e não está mais me xingando, o que é um bom sinal. Agora, tudo o que tenho que fazer é fazê-la acreditar no quanto eu a amo. Ela vai ate o lugar que eu coloquei para ela, e se acomoda na cadeira. Quando estou sentado em frente a ela, eu a encaro pensativamente. Sua mão pega a taça de vinho, e fico tão tentado a tocá-la para sentir seus delicados dedos.
— Você teve um bom dia? — Eu pergunto, mas seu olhar me diz tudo que preciso saber. Ela está ferida. Seus olhos são como espelhos, refletindo minha dor e agonia de volta para mim. Estamos ambos destruídos, mas de alguma forma, eu sei que seremos capazes de reparar um ao outro.
Não, não nos encaixamos como peças de um quebra-cabeça. Nós não completamos um ao outro. Somos dois iguais, duas folhas caídas soprando na brisa. E quando o vento nos leva mais adiante na estrada da vida, encontramos juntos nosso caminho.
— Sinto muito que você tenha visto o que viu, mas meu pesar, é que você não me viu afastá-la. Que você não me ouviu dizer a ela, que estou apaixonado por outra pessoa. E me sinto mais arrependido por você pensar, mesmo que por um momento, que eu poderia querer alguém assim. Eu não sou o tipo de homem de uma noite, Leah. Eu sou o tipo de homem para sempre, — ela me observa por um instante, antes de eu continuar, e me pergunto se ela consegue ouvir meu coração acelerado, — Se isso é algo que você pode se ver fazendo, ou que você pode aceitar, então aqui estou. Eu vou me despir para você, vou me esfolar, e deixar você me ver por dentro. Toda a dor, arrependimento e até mesmo o ódio que sinto pelo jeito que meu irmão me machucou - é tudo seu para escolher. Estou te dando uma coisa que nunca dei a ninguém. Nem mesmo a Callie. Estou te dando minha alma, porque você já tem meu coração. Você o tem desde o momento em que abri sua primeira carta, e o mantêm até este exato instante, onde estou olhando profundamente em seus olhos.
As palavras afundam lentamente em minha mente, então elas se reúnem ao redor do meu coração. O poder delas na minha alma é o que me deixa sem fôlego e sem palavras.
Não consigo encontrar palavras para responder, mas não preciso, porque ele continua, sua voz baixa, rouca, cheia de saudade. —Nós tivemos nosso tempo para nos esconder, mas isso aqui, isso é real. Não mais se escondendo. Eu vou te contar qualquer coisa que você queira saber. Feio ou não. Você sempre terá toda minha sinceridade. Eu nunca vou te machucar. Mas, se você quiser que eu vá embora, apenas a deixando para que você possa seguir em frente, e encontrar outra pessoa, então farei isso. Por mais que me doa, eu vou respeitá-la, porque mesmo que meu mundo esteja sem sol, me lembrarei de como foi aproveitar seu esplendor.
Ela fica tão quieta, que quando tomo um gole da cerveja é o único som na sala. Eu juro que você poderia ouvir um alfinete cair. Eu não consigo dizer mais nada, é hora dela decidir.
Sentando-me para trás, eu a vejo, e absorvo cada centímetro da sua beleza - suas curvas, sua pele macia, aqueles belos olhos cheios de alma que contêm tanta emoção, e seus lábios que têm gosto de mel.
Eu não sei como alguém não consegue vê-la.
Porque eu vejo.
Ela levanta a taça até a boca e toma um longo gole, e fico encantado com a maneira como a garganta dela funciona enquanto engole. A forma como os seus lábios dela mancham com o líquido vermelho-escuro, e o modo como os seus dedos brincam com a haste da taça.
—Você sabe, Heath, quando te vi no ônibus pela primeira vez, eu quis me sentar ao seu lado, por causa do sentimento natural que mexeu comigo. Eu queria ver se você era tão fascinante ao abrir os olhos, como quando estava dormindo. Então, quando você falou comigo, eu quis ouvir você dizer meu nome naquele tom rouco e profundo. Eu o observei enquanto tomava seu café naquela manhã, e me perguntei como seria se essas mãos me tocassem. Esses dedos metendo em mim. Esses lábios se moldando aos meus. Mas acima de tudo, pensei como no mundo eu poderia entrar dentro de você, conhecê-lo, aprender tudo o que pudesse sobre você. Quando eu descobri que você era ele, Con, meu amigo por correspondência, meu confidente, eu fiquei magoada. Foi como se você me enganasse, mas nessa dor eu encontrei algo mais. Eu encontrei o amor que eu tinha por você. Foi profundo e interminável. Queimou através de mim como um incêndio. — Ela para e eu prendo a respiração. Por quê? Porque eu posso ver a decisão enquanto a expressão dela muda. Mas, por mais que conheça essa garota, não consigo pela minha vida, ler qual é a sua escolha.
CAPÍTULO DEZOITO
LEAH
Ele está me observando tão atentamente, e sei que ele precisa de uma resposta. Droga, preciso de uma resposta. — Diga-me, o que aconteceu? Por que ela foi morta? —A pergunta surge do nada. Eu não esperava que ele me desse uma resposta sincera, mas as seguintes palavras da sua boca são as que nunca esquecerei.
—Eu estava na escola, no meu último ano antes da formatura, e precisava de dinheiro o quanto antes. Uma noite em nosso bar local, eu conheci um homem que me ofereceu esse dinheiro em troca de eu ajudar ele e seu chefe em certas coisas. Entregas. Eu pensei, parece bem fácil. Então eu concordei. Eu obedeci cegamente, até que percebi que as coisas que eles faziam não eram corretas. Foi quando eu saí, e me mudei para uma cidade onde eu esperava que eles não me encontrassem, mas essas pessoas são boas em encontrar aqueles que não querem ser encontrados. Nessa altura eu conheci a Callie, me apaixonei, e só queria superar o passado. Meu irmão estava tão envolvido, que não tinha como tirá-lo dali. Ele amava o trabalho, o dinheiro, as mulheres que vinham com aquela vida ... —Ele para, e vejo quando ele decide se a verdade vale a pena. De certa forma, não sei se será.
O medo me domina, e percebo que a verdade que ele está prestes a me dizer vai abalar não apenas a nós, mas também vai desmoronar o meu mundo. Chame de sexto sentido, se quiser. — Heath.
—Eu entrei e a encontrei morta. Eu sabia, ou pensava que sabia quem a matou. Tudo fez sentido quando meu irmão confessou, não com essas palavras, mas eu vi em seus olhos. O homem para quem ele estava trabalhando envolveu Ronan tão profundamente, que ele faria qualquer coisa que lhe pedissem. Meu irmão queria Callie, e quando ela o rejeitou, ele decidiu descontar sua raiva nela. Ele me confessou naquele dia, contou como se estivesse orgulhoso do que fez. — Seu olhar se ergue para o meu, e suas palavras se desenrolam em minha mente. E claro como o dia, sentada a sua frente, entendi o que ele está me dizendo.
— Ok, mas então precisamos encontrá-lo e fazê-lo confessar. Quem é o seu chefe? Talvez possamos encontrá-lo e descobrir o que aconteceu. — Ele olha para mim por muito tempo, e sei que algo mais está surgindo. Essa explosão proverbial está prestes a cair e o medo me atinge no estômago.
Os olhos castanhos escuros do Heath me perfuram. Fazendo de mim refém da agonia que ele me prende. — Leah, é seu pai. Eu trabalhei para ele por três longos anos, antes que ele colocasse suas garras no meu irmão mais velho. Keller, é ele, Martin Keller. Ele me pegou, e tentou me fazer gostar dele, tentou se certificar que eu fizesse o que ele mandava, mas eu nunca quis aquela vida. Meu irmão quis. —Está difícil respirar e o batimento cardíaco ensurdecedor em meus ouvidos ecoa através de mim. Não sobrou nada da minha vida, tudo que eu amava é arrancado de mim. Eu não percebo, até sentir o gosto salgado dos meus lábios, que estou chorando.
—Você sabia? — Eu murmuro as palavras, e vejo Heath balançando a cabeça lentamente através dos olhos embaçados. — Você sabia quem eu era! — Eu estou gritando agora, e não consigo parar. Meu corpo treme enquanto eu convulsiono, e a agonia que lentamente se infiltra através de mim é o suficiente para me deixar arfando. Mas não há nada para dissipar. Toda a agonia e dor estão gravadas dentro de mim, e eu não posso afastá-la, não importa o quanto tente.
— Leah, por favor, eu só percebi quando você me disse seu sobrenome. Eu nunca tinha visto você, eu não sabia... — Ele está de pé agora, se aproximando de mim, mas eu o empurro para longe. Lágrimas escorrem como a chuva, grossa e pesada.
— Fique longe de mim! Meu pai me chamava de Twig perto de cada porra de homem que trabalhava para ele! Seu maldito, você me conhecia! — Eu vou em direção às escadas, quando ele me alcança. Puxando-me contra ele e mesmo quando o meu corpo traidor anseia, e meu coração se agita com saudade, eu luto em suas mãos. — Me. Deixe. Ir. — As palavras são um assobio baixo, e espero que elas cuspam o veneno nele.
— Seu pai é um homem mau, Leah. Por favor. Apenas me escute. Dê-me uma chance para explicar tudo. — Um puxão final e ele me liberta. Ele conhecia meu pai. Ele trabalhou para o meu pai. Eu corro até as escadas e entro no meu quarto, fechando a porta, e descendo para a madeira até estar com a minha bunda no chão. Enrolando minhas pernas contra mim, eu choro. Eu deixo sair tudo.
Toda a dor e frustração, todos esses anos querendo ele, esperando por ele, apaixonada por ele. Cada parte do meu corpo o queria. Cada fragmento do meu coração o amava. E agora, cada pedaço destruído da minha alma está incrustado com recordações dele.
Levantando, eu pego minha mala, e começo a arremessar roupas nela. Eu preciso sair desta casa. Preciso ficar o mais longe possível do Heath Barnes. Não tem como ele não saber quem eu era. Se ele trabalhava para o meu pai, então teria me visto, me conhecido.
Uma batida suave na porta me faz sufocar os soluços. — Leah, por favor. — Seu tom de voz é de desculpas, mas calmo. Por mais que eu queira abrir a porta, ver seu rosto, não consigo. A dor no meu peito não me deixa, e apenas caio na cama e olho para a entrada do meu quarto até ouvir seus passos suaves no chão enquanto ele se afasta. E isso tem meu coração quebrando um pouco mais. A fissura que começou no andar de baixo agora é um buraco vazio.
Sentada à minha escrivaninha, tiro a caneta e o papel da bolsa e escrevo a carta que deveria ter escrito meses atrás. Anos atrás. O último adeus. Eles me disseram para seguir em frente, ter cuidado, mas eu não. Eu era uma garotinha estúpida que acreditava em contos de fadas. No entanto agora, nesse momento, acredito na vida real e sei que essa experiência me mudou. Enquanto as palavras fluem, e minhas promessas se despedem, me recordo dele. Cada palavra, sorriso e toque. Eu não preciso mais guarda-lo na minha memória, porque ele está sempre em mim. Na essência de quem eu sou.
Os dias, as noites, todas as cartas, é com isso que vou seguir em frente. Eu manterei o amor que eu senti e ainda sinto, no meu coração para sempre, mas este é o meu último adeus.
Dobrando a carta, a coloco em um envelope pequeno, e me certifico de ter tudo do que preciso. Quando abro a porta, fico em silêncio. A porta do quarto dele está fechada e eu me pergunto o que ele está fazendo lá dentro. Ele sente arrependimento? Ele está sofrendo tanto quanto eu? Balançando a cabeça, desço as escadas. É melhor assim. Pelo menos é o que digo a mim mesma.
Coloco a carta na mesa de jantar, onde sei que ele vai encontrá-la, e caminho para fora. A noite está quente e o táxi que eu chamei mais cedo está esperando estacionado.
Assim que sento no banco de trás, o motorista se vira para mim. — Para onde?
— Qualquer lugar, menos aqui. — Ele balança a cabeça e se afasta. Não quero me virar, mas eu tenho. E quando olho para cima, vejo ele na janela. Sua mão espalmada no vidro, enquanto me observa ir embora. — Adeus, Con—, eu sussurro. Ele não pode me ver, mas sei que ele me sentiu desistir.
Eu sinto a corda que nos prendia, e quanto mais longe o taxista dirige, menos eu o sinto. Como se ele fosse um fantasma sendo finalmente colocado para descansar. — Tem um pequeno motel na próxima cidade do outro lado, tudo bem para você?
— Sim. Obrigada. — Ele balança a cabeça, e sento para trás, e vejo a cidade que eu gostaria de chamar de lar passar. A dor no meu peito é insuportável, mas não vou chorar mais. Eu me forço por enquanto, a manter as lembranças afastadas. — Você pode parar na loja de bebidas também? Eu preciso comprar uma coisa. — Outro aceno de cabeça, e ele vira na estrada saindo de Livingston. Eu não sei para onde vou ou o que pretendo fazer, mas vou pensar nisso de manhã. Por enquanto, preciso de uma bebida e preciso chorar. Colocar tudo para fora.
CAPÍTULO DEZENOVE
HEATH
Eu vejo as luzes do caro sumindo, e com elas tudo o que sempre quis. Rasgado do meu peito, arrancado do meu corpo, me deixando apenas uma concha. O mesmo vazio que costumava sentir na minha cela, sinto agora. Afastando-me da janela, desço as escadas, mas não chego à porta. A carta lá na mesa de madeira escura é um farol no escuro que parece me chamar.
Assim que a pego, eu sei. Antes de abri-la, sinto a agonia sufocando minha respiração. É o que eu temi por tantos anos. Essa carta. Eu olho para ela, e espero, mas nada acontece. É o que está dentro que vai destruir meu mundo. É como se o papel estivesse sussurrando para eu não ler. Não tomar conhecimento disso. Mas o masoquista em mim abre e lê.
E à medida que cada palavra vaza da página para o meu sangue, para o meu ser, eu quebro lentamente cada vez mais. A respiração se torna mais difícil. Recordações inundam minha mente. E o objeto fragmentado no meu peito, que eu costumava chamar de coração, para de bater, porque a única mulher que eu queria dar tudo, acabara de sair da minha vida.
Con,
Quão longe chegamos daquela primeira carta. Aqui estou eu, escrevendo para você o que será o meu último adeus. Inúmeras vezes, ao longo dos anos, sentava olhando para as páginas, imaginando quando este momento chegaria. Quando eu escreveria a palavra fatídica que assustava a nós dois. Adeus. Eu não o culpo, não sinto qualquer raiva em relação a você.
O único sentimento que parece me assombrar, é tristeza. A dor no meu coração, saber que você me conhecia. Meu pai. Minha família.
Se passaram três meses, e você não me contou. Nós nos vimos todos os dias, e você teve muitas oportunidades para ser sincero. Mas, mesmo assim, eu não culpo você.
Eu me culpo. Fui eu que acreditei. Fui eu que coloquei meu coração nessa linha, depois que prometi a mim mesma que nunca faria. Eu te amei. Eu deixei você entrar na minha mente, no meu coração, no meu corpo e, por fim você se enraizou e se incorporou profundamente na minha alma. Você pegou muito de mim, mas não posso ficar com raiva, porque você também me deu muito.
Se não fosse por você, talvez nunca tivesse coragem de me afastar do Ronan. Eu nunca teria seguido meu sonho de escrever. E talvez, nunca saberia como seria sentir o verdadeiro amor. Então, ao dizer isso, agradeço, Con. Obrigado por me dar algo que a maioria das mulheres desejam, mas nunca têm. Amor. Paz.
Enquanto passei o tempo com você, eu sentia. Eu sabia onde estava e reconhecia isso. Eu estava em paz pela primeira vez em toda a minha vida. E foi somente em seus braços que eu a encontrei. Mesmo assim, nossa história tem que terminar. Então, escrevo o último adeus.
Sim, há lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto escrevo, mas eu quis o deixar ter isso no papel, assim você sempre se lembrará como você foi especial para mim. Então, quando você estiver sozinho, abra e leia, e saiba que você foi amado.
Sinto muito, não posso continuar. Lamento que agora chegamos ao nosso epílogo. Não existem capítulos bônus. Não têm segundas história. Existe apenas o presente. E, eu espero um dia, se as pessoas encontrarem nossas cartas, elas saibam que houve uma história de amor muito verdadeira, que aconteceu entre uma garota - que era vista como nada mais do que um tufo, um graveto - e um homem que foi considerado um assassino.
Espero que vejam o quanto essa garota, que se tornou adulta, amava aquele homem. Quanto ele a mudou. Como o seu amor por ela - mesmo que não fosse real - a deixou mais forte. Ele lhe deu a força que ela nunca soube que faltava e fez dela uma pessoa melhor. Eu pensei que estava destinada a fazer de você uma pessoa melhor. A garota inocente transformando o condenado. Mas foi o contrário.
Você me mostrou a vida.
Você me fez viver.
E agora, enquanto escrevo as palavras que temi por tantos anos, desejo a você vida, amor, e te desejo a luz do sol.
Adeus Con,
Sua,
Twig beijo, abraço.
Eu nesse exato momento, caio de joelhos, e choro pela primeira vez em anos. Em minha vida, houve muitas vezes que pensei que morreria. Muitas formas que poderia ter sido morto. Mas amar alguém, e fazê-la ir embora é a pior morte que você pode experimentar, porque ela o mantém vivo para sentir isso pelo resto da sua vida.
Saber que eles estão por aí, mas escolheram outro caminho, diferente daquele que leva a você. Saber que eles não querem você, preferem encontrar outra vida, outra pessoa, do que ficar com você.
Não sei por quanto tempo fico de joelhos, nem quanto tempo choro, mas quando vejo a luz do amanhecer brilhando através da janela, me levanto, e caminho até a porta. Abrindo-a, saio e sinto o ar fresco da manhã. Eu preciso encontrá-la. Para resolver isso.
Voltando para dentro, fecho a porta e a tranco. As páginas assombradas jogadas no chão, voltam a me chamar, e eu pego a carta. Analisando lentamente as palavras, mesmo quando as leio novamente, é como uma lâmina afiada cortando meu peito.
Isso não pode acabar. Eu não consigo acreditar que ela acabou de ir embora. Que tudo que passamos e experimentamos um com o outro acabou. Deve haver mais na nossa história. Tem de haver outro final, porque não posso aceitar isso. Uma vida sem ela não, é o que eu imaginava para mim, nunca mais vê-la sorrir novamente, e nunca mais tê-la em meus braços. Isso é uma coisa que não vou aceitar.
Enquanto minha mente repete cada momento que eu tive com ela, cada segundo doce de felicidade de vê-la sorrir, ouvi-la rir, ouvir seu gemido suave enquanto ela choraminga meu nome, quando goza. Tudo. A raiva queima em minhas veias, o arrependimento sufoca minha respiração e a tristeza aperta o meu coração.
Eu olho para cima e percebo, que é a minha vez. Sou eu quem devo correr atrás dela. Não é isso que os livros que ela escreve me dizem para fazer? Para jogar a cautela ao vento, e encontrar a mulher que eu amo e torná-la minha. Para forçá-la a ver como me sinto, ver meu coração.
Ela já viu isso acontecer antes; ela olhou através de mim para a minha alma. Se eu puder mostrar isso a ela de novo. Tudo o que tenho que fazer é me arriscar lá fora, nessa linha proverbial. O que quer reconquistá-la ou me fazer perdê-la para sempre. Com determinação, empurro a cadeira, e vou para o meu quarto. Tirando minha mochila do armário, eu a preencho com roupas que me farão passar vários dias.
Eu vou encontrar minha mulher.
Lá embaixo, eu verifico o horário do rancho e vejo que não há aulas hoje. Perfeito, ninguém virá por aqui, e não haverá clientes que ficarão zangados por não receberem as aulas. Eu pego as chaves da caminhonete do Boone, e entro. Enquanto ressoa para a vida, eu dirijo para a estrada principal. Vou percorrer as cidades por perto, e verificar os motéis. Duvido que ela tenha ido muito longe na noite passada, e o táxi a teria largado no mais próximo. Alguém deve tê-la visto.
Eu não tenho ideia de onde ela teria ido, ou como diabos vou descobrir onde o táxi a levou na noite passada, mas não vou desistir. Dela. Aquela carta significou foder tudo para mim. Essa porra de adeus será transformado em cinzas, porque ela é minha. Sempre foi, e ela precisa me ouvir. Para me dar uma chance de contar a ela toda a história. Eu não sei o que aconteceu com a Callie e Ronan, mas deve ter sido ruim o suficiente para ele machucá-la. Para matá-la a sangue frio.
Assim que eu tiver Leah de volta nos meus braços, encontrarei o meu irmão, e o farei confessar. De uma forma ou de outra. Enquanto dirijo pela a estrada, me pergunto se ele foi visitar nossa mãe. Sinto falta dela, mas depois que fui libertado, não tive coragem de voltar lá. Visitar a cidade sem a Callie.
Após a minha prisão, minha mãe me visitou algumas vezes, mas depois de um tempo eu disse a ela para parar. Eu não a queria em um lugar assim, e ela me obedeceu. Eu sei que ela não acredita que eu seja culpado. Suponho que seja o amor de mãe. Ela precisava acreditar na minha inocência. Em algum lugar lá no fundo ela sabia que eu amava a Cal, e nunca a machucaria.
O fato de Leah ser a filha do Keller, é o suficiente para me levar ao limite. Aquele homem é uma cobra. Quando ele assumiu o meu caso, lhe dei toda a informação que ele precisava para descobrir quem armou contra mim, mas ele protelou. Mesmo quando pedi um novo advogado, ele me disse que era o único que poderia me ajudar.
Tudo o que ele fez foi me pôr atrás das grades. E algo me diz que tem a ver com o meu irmão.
CAPÍTULO VINTE
LEAH
Revirando, sinto o golpe da enxaqueca. Só que não é a porra de uma dor de cabeça, é uma ressaca do inferno. Como o próprio diabo estivesse dançando no meu cérebro, o cutucando com um tridente, me provocando com a garrafa de uísque que eu terminei na noite passada. O quarto do motel não é luxuoso, mas acho que posso me esconder aqui um tempinho, e decidir o que vou fazer com a minha vida.
Quando me levanto da cama, meu corpo dói e minha cabeça lateja. — Porra. — Balançando meus pés para fora da cama, pego o copo vazio, e caminho para o banheiro da suíte, e o encho com água. Engolindo a água morna, fecho os olhos e as lembranças do Heath, minha, Ronan, meu pai, tudo, roda em uma neblina nebulosa da dor cor de mel.
Porra de uísque.
— Eu nunca mais vou beber novamente. — Eu ligo o chuveiro e entro debaixo da água antes que ele tenha a chance de aquecer. Os músculos dos meus ombros relaxam sob a cascata, e eu respiro fundo e longamente, tentando lavar as lembranças, mas não consigo. Não tem como apagá-lo de mim. Eu fico no chuveiro pelo que parecem horas, com as imagens de nós juntos me atacando como balas diretamente no meu coração.
Quando a água esfria, fecho as torneiras e saio, pegando uma toalha. Eu me envolvo, e volto para o quarto.
Eu caio em cima da minha cama, e pego meu laptop ao meu lado. Abrindo a tampa, conecto-me à Internet e navego pelas minhas redes sociais.
Eu não fico online há um mês, e a quantidade de mensagens é alarmante. Desligando sem responder a ninguém, suspiro enquanto abro meu e-mail.
Dez novos e-mails. Um do meu pai.
Assim que eu a abro, me sinto doente. Eu sei que ele estava procurando por mim, mas suas ameaças estão começando a soar cada vez mais como o homem que Heath mencionou que ele é. Lágrimas picam meus olhos novamente, depois de considerar que eu posso ter abandonado o homem que amo por causa de uma verdade em vez de uma mentira. Tem que haver uma explicação para isso. Eu não quis ouvi-lo ontem à noite na minha pressa de fugir e me pergunto no fundo se minha suspeita é certa, que meu pai é um homem cruel.
Eu fecho a tampa do meu laptop sem responder ao homem com quem cresci. Um homem que me amava.
A tristeza rola sobre mim como uma onda quebrando numa praia. A dor de cabeça e o doloroso som surdo do meu coração são suficientes para me mandar de volta para debaixo das cobertas novamente. Fecho os olhos e deixo a emoção abrir caminho através de mim. Como uma lâmina afiada, corta e esculpe em mim. Deixando nada mais do que uma concha.
— Pai, o que é isso? — Eu levanto o documento em sua mesa. Quando olho para o meu pai, seu rosto está pálido. Arrancando-o da minha mão, ele se vira e o coloca no armário atrás de sua cadeira.
— Você não precisa se preocupar com isso. Você escreveu sua carta esta semana? Para o prisioneiro? — Ele questiona. Já se passaram dois anos desde que a nossa escola criou o programa onde escolhemos amigos por correspondência.
— Sim pai. Eu acho que ele é inocente. — Meu tom é indiferente, mas o rosto do meu pai se retorce e ele fica vermelho. Um contraste com sua falta de cor anterior.
— O que você quer dizer? — Dando de ombros, eu me lembro como Con me contava sobre sua vida fora da prisão. Antes de ser preso. De alguma forma, ele não me parece um assassino. Ele é calmo, tranquilo, e parece um homem normal. Não consigo entender por que eles teriam o prendido.
— Eu só não acho que ele cometeu o crime que disseram que cometeu. — Eu encontro o olhar questionador do meu pai, e posso ver que algo o está incomodando. Talvez ele esteja receoso de eu estar ficando íntima demais de um homem que eles consideram perigoso.
— Eu acho que você precisa parar de escrever cartas bobas, Twig. Há coisas melhores que você pode fazer com sua vida. Eu gostaria que você participasse de um jantar hoje à noite com o filho de um sócio meu. Ele é um jovem encantador. — Ele agita os dedos e percebo que não tem como escapar dessa. Quando ele me pede para fazer alguma coisa, não tenho escolha. Minha vida não é minha. É dele.
— Quem é?
— O nome dele é Ronan. Eu quero que ele se junte a nós assim que terminar o curso, e acho que vocês dois vãos se dar bem. Então, você promete parar de brincar de amigos por correspondência, e viver uma vida real agora? —Há algo penetrando em seu olhar. Meu pai pode ver uma mentira a um milhão de quilômetros de distância. E comigo? É ainda pior.
— Sim papai —, murmuro. Levantando da cadeira, eu caminho até a porta do seu escritório, esperando que ele não olhe nos meus olhos, e veja que não posso parar de escrever. Nada pode fazer eu me afastar do Con. Nem mesmo o homem que me é caro. Eu me apaixonei. Eu me tornei cativa. E agora, não há como voltar atrás.
Quando meus olhos se abrem novamente, está escuro lá fora, e me viro para olhar o relógio na mesa de cabeceira. Dezenove horas. Eu dormi o dia todo. Meus sonhos estiveram longe de relaxar, e me sinto ainda mais cansada do que antes. A lembrança daquela conversa com meu pai me assombra. A expressão em seus olhos quando mencionei que achava que Con, Heath, era inocente. Havia algo mais, mas nunca percebi, porque não sabia o que sei hoje. Meu pai, o mestre manipulador.
Saindo da cama, eu vou para o banheiro e lavo meu rosto. Tem olheiras sob meus olhos e eles estão vermelhos. Lágrimas e exaustão não são boas para mim. De volta ao quarto, arrumo minhas malas, e pego o telefone, ligando para a mesma companhia de táxi. Eu peço um táxi, e espero.
Estou voltando para ele. Eu preciso ouvir o seu lado da história. Meu coração me diz para acreditar nele, mas minha mente está em conflito com a ideia. Minha mãe sempre me disse para seguir meu coração. Lembro-me de momentos em que nos sentávamos na biblioteca e, enquanto eu lia, ela costurava. Um dia ela falou comigo, quero dizer, realmente se abriu comigo, e enquanto a recordação me atinge como um maremoto, me lembro de cada palavra de forma tão clara, e percebo que ela tentou me dizer a verdade.
— Querida. — Eu olho para minha mãe com seu tom suave. Ela sempre foi de falar manso, e em tantas vezes que brigamos, houve mais vezes onde aprendi que ela só estava fazendo o seu melhor com uma filha adolescente que tem a cabeça nas nuvens. — Você fará dezoito anos em breve, e têm tantas coisas que não te contei ao longo dos anos. Eu fui uma mãe ausente, e sinto como se você precisasse saber que sinto muito. — Suas palavras são melancólicas, e minhas sobrancelhas franzem em confusão.
Sim, ela nunca foi amorosa, mas eu não a odiava. Eu a amava. Muito.
— Mãe, você não precisa...
— Sim. Tem tanta coisa que aconteceu que eu poderia ter impedido. Eu não fiz as melhores escolhas na vida. Por causa da minha necessidade de status quando era mais jovem, eu fiz uma estupidez. Eu me apaixonei. Agora estou totalmente confusa. Ela sempre esteve apaixonada. Meus pais estão casados há quase trinta anos.
—Mas, mamãe...
— Leah, quando você encontrar alguém com quem possa ser você mesma, quero dizer, completamente e totalmente fiel a você, não o deixe ir. Segure-se a ele, haja o que houver. Existe um cara lá fora que vai derrubar suas paredes, e ele vai iluminar sua vida como a aurora brilhando através de uma janela. Você vai amá-lo. Você vai respeitá-lo. E você finalmente vai perdê-lo, se você não me ouvir. Muitos homens podem prometer a você o mundo, mas apenas um homem pode te prometer a vida. Esse é o homem de quem você não deve se afastar.
Minha mãe soa como estivesse falando por experiência, mas eu não entendo. Eu nunca vi nada além de amor entre meus pais. A menos, que eles sejam realmente bons em esconder seus sentimentos.
— Mãe, eu só tenho dezoito anos, nem tenho certeza do que é o amor. — Dou um sorriso, mas ela não corresponde. Tudo o que ela me dá é um olhar angustiado, que de alguma forma me assusta mais do que qualquer palavra.
— Minha querida, Leah, você saberá quando o encontrar. Apenas não se contente com algo, ou alguém, que não te traga alegria. Um dia você se lembrará das minhas palavras e fará sentido. Quando você ama alguém, nada pode tirar isso. O Único sempre estará enraizado em seu coração. Quando você o achar, nunca deixe ir.
Um barulho no lado de fora me desperta das lembranças, e percebo que o táxi chegou. Quando olho pela janela, o carro amarelo e preto está embaçado, e percebo que estava chorando. Minha mãe me disse, me avisou. Ela sabia sobre o Ronan? Melhor pergunta seria; ela sabia sobre o Heath? Mais do que nunca, minha determinação me coloca em ação e vou para o carro, largando a pequena bolsa no banco de trás e deslizando para dentro.
Depois de lhe dar o endereço para o rancho, voltei para minha mente cambaleante, após tudo que lembrei. Com meu coração carregado, dolorido e quase transbordando com a necessidade de vê-lo. Olhar nos olhos de Heath quando ele me disser a verdade. Toda a verdade desta vez.
Está escuro lá fora, e o stress aperta meus ombros. Ontem à noite foi a primeira vez em três meses que não estive ao lado de Heath e, enquanto as palavras da minha mãe ecoam na minha mente, eu sei com certeza de que ele é meu para sempre.
Eu o amo.
Eu não quero ir embora.
E espero, que não seja tarde demais.
CAPÍTULO VINTE E UM
HEATH
Con,
Você se lembra da primeira vez que eu te escrevi e te disse que minha mãe não se importa com o que eu faço? Bem, a coisa mais estranha acaba de acontecer. Estávamos sentadas na sala da frente, e enquanto eu lia, ela costurava. Então, pela primeira vez desde que me lembro falou comigo. Ela me deu conselhos, e foi a coisa mais estranha, porque senti que ela estava me contando sobre seu próprio sofrimento. Sobre ela perder alguém que amava.
Eu achei um pouco esquisito. Eu nunca soube que minha mãe esteve com ninguém além do meu pai. Talvez há muito mais do que a minha mente adolescente deixa perceber. Talvez haja uma história secreta de amor escondida dentro das paredes da casa que eu chamo de lar. Você acha que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Ou seja, claro que existe uma pessoa para cada um.
Embora minha mãe tenha dito, que encontraria a minha. Eu só tenho dezoito anos, não tenho pensado muito no amor, casamento, nem nada parecido. Mas, no fundo, sei que gostaria de me casar um dia, talvez até ter filhos. Você quer ter filhos? Quero dizer, não comigo, quis dizer um dia. Tipo, se você fosse casado. Merda, falo sem parar, esqueça isso. Desculpa, eu me sinto estranha depois da conversa com ela e, agora estou bem envolvida vomitando palavras.
Vou terminar por aqui. Ignore meus garranchos.
Sua,
Twig - beijos abraços
Essa carta me lembra o quanto eu a amo. É evidência suficiente, que estou destinado a ser pai dos seus filhos, que eu deveria pegar sua mão e prometer amá-la para sempre. A estrada está escura, e eu quase posso ver as luzes do carro na minha frente. O medo de perdê-la me deixa no limite.
Um caminhão passa, e as luzes me cegam por um instante, antes que eu possa ver onde estou indo. Não há nada aqui, e me pergunto para onde ela foi. Quem me dera ter um maldito telefone. Alguma maneira de contatá-la. Não existem nem mesmo hotéis ou lojas onde eu possa usar sua Internet para enviar a ela um e-mail.
O carro na minha frente sai da estrada, e agora estou sozinho. Totalmente e completamente sozinho com meus pensamentos e lembranças dos três melhores meses da minha vida. Mas, meu irmão chegou e fodeu tudo. Da mesma forma que ele fez muitos anos atrás.
— Oi Heath, vamos até o bar beber uma cerveja. — Eu me viro para Ronan, meu irmão. Ele está bêbado mais uma vez, mas não há nada que eu possa fazer para impedi-lo. Tudo o que posso fazer é vê-lo foder sua vida. Acabei de fazer vinte e um anos, e Ronan quer comemorar.
Comecei a namorar uma doce garota, o nome dela é Callie, e o bar que meu irmão quer ir, vai me causar um grande problema com ela . É o único lugar próximo que serve bebidas alcoólicas, mas é um clube de strip. — Eu prefiro ficar em casa. Por que você não vai? — Seu rosto se enruga de desgosto quando me observa.
Nós nos afastamos aos poucos no passar dos anos. Conforme fui crescendo, eu queria fazer alguma coisa por mim, trabalhar duro e começar uma família. Desde que fiz dezoito anos, ele se tornou cada vez mais agressivo. Mesmo agora, enquanto me observa como se eu fosse um pedaço de merda no seu sapato, sei que não existe mais amor entre nós. Meu irmão não é mais o cara, que eu costumava admirar.
Ele mudou. Mais frio. Mais difícil. Somos diferentes.
—Foda-se você e sua putinha loira. Estou indo comer uma boceta. — Ele balança, e eu espero o momento em que ele cai, mas isso não acontece. Ele dá meia volta e abre a porta. — Quando eu encontrar meu pai, você verá que serei o fodão, e quando eu for rico, você ainda vai estar aqui sentado num apartamento fodido imundo com a mãe. — Ele sai, batendo a porta com tanta força, que sacode as paredes.
Luzes brilhantes vindo na minha direção no sentido oposto me afasta das lembranças. Balançando a cabeça, tento me concentrar na estrada, mas estou cansado. Eu preciso encostar, mas quero encontrá-la. Eu preciso encontrá-la. — Onde você está Sunshine? Eu preciso que você ilumine meu caminho. — Outro par de faróis me cega, e sei que preciso parar, mas minha teimosia ganha, e passo pelo motel à minha esquerda e vou direto para a estrada.
— Heath, por favor... por favor...— Eu olho para Leah, seu lindo corpo está curvado na minha cama e eu não consigo evitar, além de mergulhar de volta entre suas coxas e me dobrar para seu doce centro bom. Ela é perfeita pra caralho, e não sei como vivi sem essa mulher. Não é o que vou fazer. Ela é isso. É isso. Minha vida apenas começou, e só agora é que encontrei minha garota eterna.
Meu raio de sol. Minha confidente. A mulher a quem vou dar bebês, depois que a fizer minha esposa.
—Você é linda, Twig—, eu murmuro, e chupo seu clitóris até que ela se desfaz tão ferozmente, que seus dedos puxam meu cabelo até ter certeza de que ela está gozando.
—Eu amo você, Heath. Te amarei para sempre. —Seu sussurro é música para meus ouvidos. Fazendo o meu mundo.
Suspirando só de lembrar, eu olho para o painel, e percebo que já passa de uma hora da manhã. — Merda —. Preciso encontrar algum lugar para parar. Uma placa aparece me dizendo que tem um posto de gasolina a alguns quilômetros daqui. Eu aperto meu pé no acelerador, e olho a estrada, enquanto outro par de faróis passam por mim. Nunca me senti tão sozinho. Mesmo quando estava na minha cela, havia esperança. As cartas da Leah me deram esperança. Agora que ela se foi, parece que minha esperança desapareceu.
Con,
Já faz uma semana, e não tive notícias suas. Você está bem? Estou escrevendo em vez de mandar e-mail, porque eu comprei papeis de carta novos, você pode sentir o cheiro do perfume no papel? Esse é meu perfume. Que se chama Sunshine Soaked. Eu pensei mesmo que você não possa me ver, você ainda pode me imaginar enquanto inala meu perfume. Será que isso me torna numa louca? Você acha que eu sou uma maluca?
Bem, espero que não. Estou me sentindo estranha hoje. Eu começo a trabalhar amanhã na revista.
Mudando de assunto, meu pai está agindo muito estranho. Eu interrompi ele e meu noivo, e eles estavam falando em voz baixa. É tão irritante. Ron e eu ainda não fizemos nada; ele não me toca. Ele me disse que sou frígida, mas é ele que não faz um esforço. Desculpa por estar te falando isso, simplesmente não tenho mais ninguém para conversar. Con, eu não quero me casar. Eu quero estar com alguém que consiga me tocar. Alguém que consiga fazer meu corpo ganhar vida. Que me faça sentir dor, precisar e amar.
Às vezes me pergunto se vou encontrá-lo. Ou se eu vou ficar presa, no tumulto em que me encontro. Ron é legal quase sempre, mas ele é malvado. Suas palavras me ferem. Elas machucam meu coração. E eu me pergunto se sairei disso com a minha alma. Ou ele vai roubar isso também?
Vou sair agora para um jantar. Volto em breve. Eu... brilho por você.
Sua,
Twig - beijo
Esse foi seu apelo para mim, e eu escutei. Eu queria sair correndo daquela maldita prisão, pegá-la em meus braços, e apenas segurá-la. Não havia nada que eu quisesse mais, do que ela me conhecer. Ver-me. Permitir-me estar com ela, e mostrar que eu a amo.
Se eu soubesse que Ron era o fodido Ronan - meu irmão - eu provavelmente teria perdido a cabeça naquele momento. Eu sei que nós não nos livramos dele. Se ele tem o pai dela na palma da mão, então tem alguma merda acontecendo, e sempre seremos presas fáceis se agora eles souberem onde estamos.
Eu não quero a Leah na linha de fogo quando meu irmão vier atrás de mim. Porque ele virá. E quando o fizer, preciso estar pronto. Eu preciso manter minha mulher segura.
Chego ao posto de gasolina e paro, achando uma loja com a luz acesa. Eu duvido que eles estarão abertos, mas poderia estacionar aqui durante noite, e esperançosamente encontrar Leah amanhã. Ela precisa me perdoar. Ela precisa ver que eu a amo. E ela precisa me deixar protegê-la. Porque eu nunca a deixarei ir. Jamais.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
LEAH
A casa está escura quando o táxi me deixou, e me pergunto se Heath foi embora. Onde ele poderia ter ido? Talvez ele esteja no bar. Eu tranco a porta, e subo as escadas para o meu quarto. O silêncio é ensurdecedor. Eu vou para o quarto em que passei a maior parte do meu tempo nesses últimos meses, mas também o acho vazio. Ainda há roupas no armário, mas percebo que a mochila de viagem desapareceu.
Tirando meus sapatos eu subo na cama, e inalo o cheiro dele. Picante e viril, é inebriante, mais do que qualquer bebida alcoólica. Apertando o travesseiro no meu rosto, eu deito minha cabeça e o seguro desejando que fosse ele. Esperando que ele volte logo, porque eu o quero aqui. Para me abraçar e me dizer que tudo vai se resolver.
Meus olhos se fecham quando o sono me vence.
— Twig, vamos lá, temos que ir. — Meu pai está com pressa para chegar ao jantar de gala, onde quer que eu conheça o homem que ele escolheu. Eu estou pra lá de frustrada. Eu nunca me encaixo nesses eventos. Eu não sou a filha que eles queriam, e me casar com um homem que não amo não é a vida que planejei.
O apelido do meu pai para mim, é a única maneira dele demonstrar o que eu imagino ser sua ideia de afeto. Quando eu era pequena, sendo a criança levada que sou, subi numa árvore e não consegui descer. Ele tentou me ajudar, explicando como eu deveria mover meu pé para que pudesse me pegar, mas eu escorreguei e caí no chão, quebrando minha perna. Quando ele me carregou para dentro, disse à minha mãe que eu estava tão magra que tinha quebrado como um galho. E, claro, é assim que aconteceu. Como fiquei conhecida toda minha vida como Twig.
O nome cresceu comigo, e percebi à medida que ficava mais velha, que posso ser frágil e posso quebrar, mas também sou forte. — Deus, Leah, pare de pensar. — Sua frustração comigo cresce a cada dia. Às vezes me pergunto se ele é mesmo meu pai, porque no fundo, não parece. A maneira fria e desagradável que ele consegue me insultar é suficiente para me mostrar isso.
— Estou indo, pai. — Pegando minha bolsa, vou para o carro que está esperando. Assim que eu escorrego no banco, meus nervos estão a flor da pele. Têm tantas expectativas em relação a mim, e se eu o decepcionar esta noite, meu pai ficará zangado. Ele vai se vingar na minha mãe e não posso ser a causa disso, então, endireito meus ombros e respiro fundo.
— Você está linda, querida. — O sorriso da mamãe quase parece triste, e não posso deixar de me perguntar o porquê. O que está acontecendo entre os meus pais? Eu não sou mais uma criança, eles podem ser honestos comigo, mas sei que isso nunca acontecerá.
— Obrigada, mãe. — Enquanto o carro corta o vento pelas ruas da cidade e nos aproximamos do local, minha barriga ganha vida com uma onda de pequenas asas de pássaro. Elas vibram e eu me sinto doente.
Assim que paramos no meio-fio, a porta se abre e eu saio. Meus pais estão de ambos os lados, e percebo que faz tanto tempo desde que os vi se tocarem. Desde que eu presenciei qualquer emoção ou carinho entre as duas pessoas com quem cresci. Eu me sinto uma estranha enquanto entramos no salão de baile.
É decadente e minha postura escorrega. Eu não posso fazer isso. —Tudo vai ficar bem, querida. Apenas sorria. —O sussurro suave de minha mãe em meu ouvido é o suficiente para me deixar no limite, embora saiba que não é o que ela queria.
Um homem chega até nós, ele deve ter cerca de vinte e quatro anos ou talvez mais. Ele tem olhos escuros, semelhantes aos do papai, e seu sorriso não é sincero. Minha pele arrepia quando seu olhar pousa em mim. — Ah, aí está ele. Ronan, está é a Leah, minha filha.
Ele estende a mão e fico totalmente muda, porque não consigo me mexer. O pequeno empurrão que minha mãe me dá para frente e para seus braços. Sua risada sai errada, tudo errado, e sinto como se tivesse caído na toca do coelho.
— Uma menina tão linda. — Ele se inclina e sussurra em meu ouvido. — Uma boneca para brincar e é melhor você me impressionar. — Quando ele recua, meu pai dá uma tapinha no seu ombro antes de nos deixar sozinhos, e tudo que quero fazer é correr. Correr todo o caminho até o Con, e mandá-lo me manter segura.
Acordo, olho ao redor do quarto e percebo que estou segura. Eu não estou com Ronan, mas também não estou com o Heath. Eu rolo e olho para o seu despertador. São quase seis horas, e posso ver a luz fraca do amanhecer pelas cortinas. Balançando as pernas sobre a cama, eu me levanto e vou para o banheiro.
Uma rápida olhada no espelho, me mostra as olheiras escuras debaixo dos meus olhos. Eu sei o que tenho que fazer hoje, mas não tenho certeza se estou pronta. Eu faço xixi, e lavo minhas mãos, então me encaro no espelho. A menina que era frágil agora não é mais.
Existe força nos meus olhos. Enquanto tento me sentir mais humana, me convenço de que não preciso mais ficar com medo. Entrarei em contato com meu pai e direi a ele que não farei mais o que ele quer.
Vou para o meu quarto, pego meu laptop e desço as escadas. A solidão no rancho esta manhã é bem-vinda. Enquanto ligo a chaleira, me pergunto onde está Heath. Ele não voltou para casa ontem à noite, e a angustia que ele tenha ido para casa de alguém me irrita.
Embora não deva, dói, mas eu o afastei. Eu disse a ele que terminamos. O pensamento dele tocando outra mulher, do jeito que faz comigo, deixa um gosto amargo na minha boca. Uma batida na porta da frente me assusta. Então, vem outra e parece urgente.
Eu vou até a entrada e espio através do olho mágico dando de cara com minha a mãe. Que porra é essa? Ronan deve ter dito a ela onde eu estava. Destrancando a porta, eu a abro e ofego quando vejo que ela tem uma mala. — Mãe, o que você está fazendo aqui?
— Precisamos conversar, Leah. — Sua expressão séria me deixa nervosa, e eu passo de lado, permitindo-a entrar. Uma vez que a porta está fechada, ela me envolve num abraço, e eu encontro seu cheiro familiar, uma dolorosa lembrança de tudo que deixei para trás.
— Você está bem? Onde está o papai? – Pergunto, enquanto sentamos nas confortáveis cadeiras da mesa da sala de jantar. Ela balança a cabeça lentamente e arrasta seu olhar perdido para mim.
— Leah, eu precisava encontrar você, antes dele chegar aqui. Você precisa saber a verdade. —Eu a vejo de perto encontrando uma casca da mulher da qual me lembro. Ela está envelhecida e parece exausta. Algo no fundo da minha intuição me diz que isso tem tudo a ver com o meu pai. E de alguma forma, acho que com o Ronan também.
Segredos têm o poder de manter você segura, mas eles também têm todo o potencial para destruir tudo o que você ama. E, enquanto minha mãe começa sua história, eu percebo que o mundo que eu conhecia, o que cresci acreditando que era meu, na verdade não era. Foi tudo um conto. Nada além de palavras, mentiras, enganos.
— Querida, quando me casei com seu pai, ele era meu tudo. Eu gostava da vida que ele oferecia, mas, desisti de um homem que eu amava. Deixei o amor por dinheiro e segurança. Eu e seu pai não estávamos casados há muito tempo, quando ele se perdeu, acho que eu não era tudo que ele desejava, mesmo que fizesse tudo o que ele queria. Doía quando eu via as mulheres nos eventos, porque sabia que ele estava com elas, — ela continua, e posso ver seu coração partir, pouco a pouco. A raiva que sinto em relação ao meu pai só se multiplica, enquanto ela me conta sua história. — Certo dia ele chegou em casa furioso. Ele me disse que eu não valia nada, porque não conseguia lhe dar um filho. Nós tentamos algumas vezes, mas eu não fiquei grávida. Aquela noite foi a primeira noite que ele me bateu, então fugi. Fui para o homem que sabia que me manteria segura. Eu fiz a mesma coisa que odiava o seu pai por fazer.
Seus olhos encontram os meus novamente, e vejo a verdade neles. — Mãe, ele não...
—Naquela noite você foi concebida por um homem que você nem conhece. Você nunca o conheceu. Jonathan Whitlock foi o único homem que amei. E você é muito parecida com ele. — Quando ela pisca, as lágrimas caem, caindo em cascata pelas bochechas pálidas. — Quando eu disse a Martin que estava grávida, ele admitiu que teve dois filhos fora do nosso casamento, praticamente dez anos antes. — As palavras ecoam nos ouvidos, e meu coração bate dolorosamente no meu peito.
A voz na minha cabeça grita para mim. Com ela. Para tudo. Não! Não, não, não! Não pode ser. Por favor, Deus não! Por favor, que não seja.
— Quem? — Eu murmuro, mas não quero a resposta.
Ela não pode me dizer. Ela não deve me dizer.
O medo gira em torno de mim, e quando ela olha para cima. Eu sei.
Está escrito no rosto dela. Dois filhos. Irmãos
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
HEATH
Abrindo a porta, entro para encontrar Leah com uma mulher mais velha sentada à mesa da sala de jantar. Eu dirigi a noite toda, e pensei que voltaria aqui para tentar recuperá-la. Mas quando o olhar de Leah pousa em mim, é tudo menos amoroso. Confusão rodopia nos seus olhos cor de mel. — Heath —. Meu nome em seus lábios é reconfortante, porque a maneira que ela o sussurra, é como um bálsamo para o meu coração partido.
— Leah, baby. — As palavras escoam de mim. — Eu estava tão preocupado. Passei a noite inteira dirigindo por aí procurando por você. Eu me ajoelho diante dela, envolvendo suas mãos nas minhas. Eu olho para as piscinas cheias, com o peito apertando de emoção, e imploro para ela não brigar mais comigo.
— Eu voltei ontem à noite, e dormi no andar de cima. Heath, essa é minha mãe. —Ela olha para a mulher, e quando eu realmente a entendo, percebo o quanto ela se parece com Leah, mas parece mais velha, mais triste.
— Prazer em conhecê-la. — Estendo minha mão e ela desliza sua frágil na minha. Seu lábio treme, e noto que minha garota também chorou.
— Você é um bom menino. Eu darei a vocês dois um tempo sozinhos. — Ela se levanta e vai para o terraço atrás da casa. Logo que eu tenho Leah sozinha, me acomodo na cadeira, e a coloco no meu colo.
— Diga-me o que está acontecendo. Por que sua mãe está aqui, e por que vocês duas parecem terem discutido? — Seu corpo se molda ao meu e pela primeira vez em dias. Calmo. Relaxado.
— Heath, olhe nos meus olhos e me diga, você conheceu seu pai? — Sua pergunta me chateia, e eu digo que não. O homem que me gerou, esteve ausente minha vida toda.
— Baby, eu nunca o conheci. Por quê?
Ela olha para mim por um longo tempo, então acena, mas pergunta novamente. — Nunca? Você nem sabe o nome dele? — Eu balanço a cabeça negativamente.
— Minha mãe nunca me falou sobre ele. Ela disse que ele nos deu dinheiro, e foi assim que eu e meu irmão fomos para a escola. Eu nunca perguntei. Eu acho, que um homem que nem pôde ficar por seus filhos, é um idiota, e enfim, não quis conhecê-lo. Por que está perguntando, Sunshine? — Ela coloca a mão no meu rosto, e acaricia a barba como se estivesse em transe. — Leah?
— Minha mãe acabou de me dizer a verdade. — Sua voz é quase inaudível, mas o silêncio que nos cerca me alerta. Eu levanto a sua mão e coloco um beijo suave nos nós dos dedos. Seu perfume me domina, mas espero que ela continue. — Meu pai ... quero dizer ... Martin Keller ... ele ... — As palavras desaparecem, e à menção do nome do idiota, eu me arrepio. É tudo culpa do maldito que fui preso. Eu nunca odiei ninguém, mas com ele farei uma exceção.
— E o que tem ele, baby? — Poças de mel olham para mim e lágrimas brilham nelas, quando ela me encara com tristeza. Melhor ele não ter a machucado.
— Ele não é meu pai, ou eu quero dizer... ele não é meu pai verdadeiro. — Ela olha para a porta onde sua mãe saiu, então de volta para mim. — O nome do meu pai verdadeiro é Jonathan Whitlock. — Isso é chocante, mas ela parece quase muito triste. Deve haver mais para contar.
— Ok, que mais? Percebo que tem alguma coisa que você não me contou. —Ela faz que sim e funga, enquanto as lágrimas lentamente descem pelas suas bochechas rosadas que eu gostaria de acariciar. Eu gostaria de beijar suas lágrimas. Para tirar toda aquela dor que vejo no seu rosto e fazê-la sorrir.
— Minha mãe me contou que Martin a traíra no começo do casamento. Eu tenho dois... eu não sei, meio irmãos? — Isso é uma coisa sobre a minha garota, ela pode divagar. Nada disso faz sentido. Por que ela está tão triste?
— Esses irmãos estão tentando magoar sua mãe ou você? — Ela balança a cabeça, e com um sorriso irônico ela me olha intensamente. Quase como se ela estivesse procurando por algo. O que, eu não sei.
—Não, eles não estão. Heath, ela me disse seus nomes. Os dois rapazes. É Ronan e você. — Eu olho para ela, tentando entender o que está dizendo, mas de alguma forma, não consigo. O que ela está dizendo não pode ser verdade.
Minha mãe sempre me disse, que meu pai não queria nada comigo ou com Ronan. Então, como é que meu irmão está trabalhando para ele, e eu fui preso por sua causa?
— Baby, o que você está dizendo... quero dizer, não pode ser. Minha mãe explicou... ele não estava por perto, que nunca o conheceríamos. Ela me disse que ele havia se mudado e tinha outra família. Não tenho certeza se estou tentando convencê-la ou a mim mesmo, mas não consigo entender a situação. Nada faz sentido.
— Heath, é ele. Aqui... — Ela me entrega uma pasta que eu não notei na mesa e a abro, enquanto ela se acomoda junto a mim. O que eu vejo nas páginas na minha frente, me deixa sem fôlego. Exames de sangue, testes de DNA e duas certidões de nascimento. Mãe. Pai. E Ronan. E eu.
Meu sangue esquenta de raiva, frustração e medo. Eu sou sua prole. — Baby, sai de cima de mim. — Minha voz é rude, quando mando Leah sair do meu colo. Ela tropeça em mim assim que me levanto e começo a andar. Passando a mão pelo meu cabelo, eu tento entender quando meu irmão descobriu, porque agora, tudo parece surreal.
—Con... Heath...— Eu sinto o seu toque suave no meu braço, meu raio de sol. A única coisa que não me deixa, é o amor absoluto que sinto derramando dela. — Minha mãe também me deu isso. Ela disse que você pode querer ler sozinho. Se você fizer, eu entendo.
Balançando a cabeça, eu a puxo para os meus braços. Sentir ela tão perto é tudo que preciso. Tudo o que eu sempre quero. Eu prometi a mim mesmo, que lutaria por ela e farei com tudo o que tenho. — Eu quero você aqui. — Eu me inclino e planto um beijo suave em seus lábios carnudos. Porra, ela é linda.
Sento-me novamente com Leah no colo, e olho o pedaço de papel que ela me deu.
Um envelope.
Eu rasgo e tiro o conteúdo, encontrando uma carta da minha mãe.
Heath,
Como mãe, sinto como se tivesse falhado com você. Tantas vezes quando você estava crescendo, eu queria te contar a verdade, mas não tive coragem. Eu assisti você crescer e vi você se tornar um homem de quem eu me orgulhava. Esta carta é minha confissão. Você precisa saber a verdade e merece seguir em frente com sua vida.
Se você está lendo isso, você foi libertado, e Julia encontrou você. Eu a conheci há muito tempo atrás, quando estava grávida de você. Ela se tornou minha amiga, nós compartilhamos nossos segredos, nosso amor, e quando eu estava prestes a dar à luz, ela estava lá por mim.
Seu pai e ela eram casados. Filho, eu era a outra mulher, como dizem. Eu não tenho orgulho disso, mas em minha defesa, eu não sabia que ele era comprometido até estar grávida do Ronan. Ele me prometeu o mundo, e eu tentei agarrá-lo com as duas mãos. Infelizmente, na minha vulnerabilidade, eu errei. Mas fora o sofrimento, eu tive dois garotos lindos.
Toda vez que olhava para o seu irmão, eu o via, seu pai. Eu não gostava de ver meu filho mais velho se transformar num homem que aprendi odiar. O problema é que foi você quem pagou o preço. E foi uma bolada. Você pagou com sua vida, e eu não pude fazer nada sobre isso. O Sr. Keller é muito rico, bem relacionado para eu fazer algo sobre isso. Um dia, quando ele veio em casa, nós brigamos, e eu disse a ele que não o queria perto de vocês garotos. Ronan estava em casa e ouvira. Mais tarde, eu descobri que eles estavam se encontrando, e quando eu proibi seu irmão de vê-lo novamente, a raiva que vi nos olhos do meu filho correspondia com a do seu pai.
Eu te amava demais para deixá-los entrarem em contato com você, e é por isso que eu permiti que você fosse para a escola longe de nós. Eu queria que você partisse e levasse uma vida longe do seu pai. Eu soube sobre as duas tarefas que o enviou, e temi pela sua vida. Martin está envolvido com tantas pessoas más, temi que elas te machucassem. Quando finalmente foi embora, e encontrou um emprego no rancho e conheceu Callie, eu vi como você estava feliz. Encheu meu coração, me deu esperança de que pelo menos meu bebê estaria bem.
Na noite em que sua Callie foi morta, foi quando eu finalmente reagi. Eu fui visitá-la, quando interrompi seu irmão e ela discutindo. A princípio eles não me viram, mas pelo que ouvi, Ronan estava tentando fazer com que ela dormisse com ele, quando ela se recusou. Eles discutiram, e quando ela o afastou, ele pegou uma faca e vi em choque, enquanto o garoto que eu dei à luz esfaqueou uma mulher.
Eu corri para o apartamento, mas já era tarde demais. Quando ele se virou para mim, meu filho não estava lá, seu olhar estava vazio de emoção e eu sabia que ele estava perdido neste mundo que Martin Keller o arrastou. Eu queria ligar para a polícia, mas ele me atacou. Eu supliquei e implorei a ele, mas não adiantou. Logo depois, Martin chegou, e eles elaboraram um plano para envolvê-lo, porque você era descartável para os dois.
Filho, estou te dizendo isso, para que você possa encontrar em seu coração o perdão. Eu sei que você perdeu muito. Eu sei que roubaram sua vida real. Uma vida plena. Mas eu sei com todo esse amor dentro de você, que você encontrará uma vida que vale a pena ser vivida. Você encontrará uma mulher, se apaixonará e será feliz.
Eu pedi a Julia para entregar a carta porque, enquanto você lê, estarei num avião para um lugar seguro. Fiz uma confissão completa à polícia sobre o que sei que Martin Keller realmente faz. Demorei tanto tempo para acordar, mas com a ajuda de Julia, conseguimos fazê-lo. Eu não estou mais com medo. Fui colocada sob proteção de testemunhas, porque quando investigaram a empresa de seu pai, encontraram várias transações que eram ilegais.
Eu posso voltar um dia, mas preciso de tempo para pensar, tempo longe de todos os erros que cometi. Então, com essas palavras finais, quero que você saiba o quanto eu te amo. A única coisa que quero que você se lembre, é que você merece o amor.
Sua vida te pertence. Essa é a única coisa que posso te dar, Heath. Liberdade. É a única coisa que posso oferecer a você, e depois de todos esses anos, é a única coisa que sei que irá amar, porque foi roubado.
Você é um homem especial. Eu quero que você procure profundamente, olhe dentro de si mesmo, encontre o coração que você enterrou quando a Callie morreu. Depois de encontrá-lo, quero que você o desbloqueie da gaiola em que você o guardou e o liberte. Dê a uma mulher que irá o valorizar. Alguém que por sua vez te dará a dela. Nunca renuncie ou aceite o amor de alguém por certo, é um presente que vale mais do que todo o dinheiro do mundo.
Lembre-se filho, ame com seus olhos fechados. Porque tudo que você precisa é sentir.
Amor para sempre,
Mamãe
Leah pega a carta da minha mão trêmula e a dobra cuidadosamente. Colocando-a de volta no envelope, ela envolve suas mãos no meu rosto e olha para mim. — Heath, eu voltei para cá, porque preciso de você. Eu corri, porque estava confusa, magoada e zangada. Eu deveria ter escutado você. Estive com tantas pessoas na minha vida que não foram honestas e me deram o seu melhor. Esta carta apenas prova sua inocência. Você não merecia estar naquele lugar, e agora que você tem sua vida de volta, me deixa entrar. Permita-me ser sua vida. Seus lábios pairam sobre os meus por apenas um momento, antes de eu agarrar seu rosto e apertar sua boca contra a minha em um beijo contundente.
Toda a tristeza, raiva, frustração, todo o peso se dissolve, e agora sou só eu e ela. Nada mais. Somos apenas duas pessoas com uma alma. Dois corações batendo num só ritmo.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
LEAH
Quando ela para o beijo, eu olho para aquelas poças escuras que contêm tantas emoções diferentes, e tudo que eu quero é fazer a dor desaparecer. — Heath, há coisas que precisamos tentar resolver. Eu quero você. Quando o deixei, fiquei um tempo pensando, e não há mais nada que eu queira fazer do que lutar por nós. Estou apaixonada por você, eu sempre estive. —Ele me olha com tanta emoção que me deixa sem fôlego.
— Baby, eu esperei muito tempo para ouvir você dizer isso, ser sincera. Eu fiz dois trabalhos para o seu pai, ou... agora... na verdade meu pai. Eu não sabia quem você era, quando começamos a nos corresponder, e de alguma forma acho que ele também não. Talvez depois de um tempo ele descobriu, mas não imaginei que estava escrevendo para a sua filha. — A porta se abre, e minha mãe entra, com um pequeno sorriso no rosto quando nos acolhe.
— Vocês formam um lindo casal, sabem. Eu não achei que vocês realmente se encontrariam depois de todos esses anos, a coincidência é uma coisa estranha. Ver você, Heath, agora um homem adulto, apaixonado pela minha filha me deixa feliz. Eu me recordo de ter visto você algumas vezes, quando me encontrei com sua mãe. Ela era uma mulher linda, por dentro e por fora. Eu nunca soube por que ela se relacionou com Martin, mas às vezes o coração deseja o mal. — Ela senta numa cadeira em frente a nós, e mexe no anel na sua mão direita.
— Sra. Keller, não sei como agradecer por trazer esta carta. Você a viu? Minha mãe. — Ela acena com a cabeça e olha para a mesa.
— Eu vi, eu a levei ao aeroporto. Enquanto você e Leah estavam aqui, nos reunimos e sabíamos que tínhamos que fazer alguma coisa. Depois que Ronan descobriu onde você estava, ele planejava fazer muito pior. Logo que Leah foi embora, ele pediu a um investigador particular que tentasse encontrá-la. Levou tempo, mas eu o escutei conversando com seu pai, e eles viriam para cá e destruiriam o lar tranquilo que vocês construíram.
— Mãe, como você sabia que eu estava escrevendo para o Heath? — Minha curiosidade está em alta, e tenho tantas perguntas, mas essa é a que está me incomodando.
— Eu sabia onde ele estava preso. Quando você escolheu o número dele, e eu descobri, fiquei chocada. Foi estranho como o destino entrou e alinhou seus caminhos. Que eu não tinha nada a ver com isso, mas quando suas cartas se tornaram mais frequentes, percebi que você tinha se apaixonado por ele. Embora você fosse uma menina, e talvez só tenha percebido isso mais tarde.
—É por isso que você falou para não me contentar, para encontrar o homem com quem poderia ser eu mesma. A conversa na biblioteca naquele dia. Eu me lembro como se fosse ontem. Você não era apaixonada pelo Martin, e sabia que eu não estava apaixonada pelo Ronan. Você me avisou.
Ela acena com um sorriso irônico. É como se alguém estivesse escrevendo a história da minha vida, e acrescentasse uma reviravolta em cada esquina. Eu me sinto como estivesse em uma montanha russa, mas agora, eu quero descer. Está hora de eu encontrar meu próprio caminho. De dar um passeio lento e sinuoso. — Eu tentei te contar, mas tive medo. Você sempre foi tão sincera, e eu sabia que se eu te dissesse sobre o seu verdadeiro pai, que você faria alguma bobagem, e se machucaria. Agora você é uma mulher adulta com a cabeça no lugar, e sei que você vai aceitar o que eu te disse, e não fazer nada imprudente. Jonathan, seu pai, é um bom homem. Ele teria cuidado de nós, mas eu estava com muito medo de te pegar e fugir. Parece que agora estou finalmente livre do nome Keller, também posso encontrar o meu próprio caminho. E eu planejo fazer exatamente isso. Eu preparei a papelada de forma que ele não pudesse recusar o divórcio. Eu não quero nada que aquele homem tem a oferecer. Surpreendentemente, ele me deixou ir sem uma briga. Acho que todos esses anos vivendo em um casamento infeliz finalmente o afetaram.
Seu olhar se fixa em mim e no Heath, e espero. Chegou a hora, finalmente posso encontrar meu pai verdadeiro. Estou repleta de excitação, nervosismo e expectativa, porque quero conhecer o homem que faz parte de mim. — Você vai procurá-lo? — Ela acena a cabeça. Heath acaricia meu braço suavemente e me acalma, é como se ele soubesse que eu preciso dele. Ele me lê como um livro. Seu próprio diário pessoal. Seu raio de sol.
— Sim, vou encontrá-lo na cidade e conversaremos. Ele pode querer te conhecer, mas isso é com você. Eu reservei um quarto em um hotel na avenida principal, e ficarei lá durante cinco dias antes de ir para Chicago. Se você tiver tempo, podemos fazer alguma coisa juntas, ou eu posso vir aqui e passar um tempo com vocês dois. — Eu aceno, saindo do colo do Heath, caminho até a minha mãe, e a abraço. Ela parece tão pequena, quase frágil.
Uma mulher que suportou tanto, mas ainda tem força para amar. Ela me lembra eu mesma. Eu olho para o homem que agora possui cada parte de mim em suas mãos fortes e sei que estou segura. Ele me dá um sorriso que derrete meu coração e acende uma necessidade dentro de mim. Uma dor para estar com ele.
Eu interrompo o abraço e encaro minha mãe. — Heath pode levá-la para a cidade. Nós temos a caminhonete. — Ela concorda, e posso ver que ela está exausta. — Vamos buscá-la para o jantar por volta das seis horas. Eu vou cozinhar.
— Está ótimo. Obrigada, Leah. — Com isso, caminhamos para fora e vejo a caminhonete vermelha na estrada. Eu olho em volta do rancho que me deu uma segunda chance, e respiro fundo. Desde que me lembro, sempre tive que ter certeza de agir de uma certa maneira, ou de me vestir de um modo especial, mas agora, tudo que sou é comigo. A única coisa que esperam de mim é ser eu mesma. E isso é algo que posso fazer.
Eu me inclino para trás na água quente e borbulhante e fecho os olhos, lembrando do rosto da minha mãe ontem à noite no jantar. Meu coração dói que ela se foi, mas sei ela teve que ir atrás dos seus sonhos.
— Leah, estou tão feliz que você encontrou um bom homem. Um que cuidará de você e a amará. — Sua mão aperta a minha e as lágrimas borram minha visão. Nós tivemos uma estrada longa e rochosa, mas agora ao olhá-la, eu sei que ela está feliz por mim. Muito feliz.
— Obrigado, mãe. Ele é incrível. Eu gostaria que você não tivesse que ir. Ela está indo embora amanhã. Acabei de tê-la de volta, e ela está indo embora. Mas, ela precisa da sua própria felicidade. Eu só espero que meu pai seja bom para ela. Meu pai verdadeiro. — Você acha que ele vai querer me conhecer?
— Ele vai, você me diz quando estiver pronta, e nós vamos visitá-la. Ok? — Eu aceno. —Gostaria muito. Ter meus pais aqui. — E, eu vou. Não estou mentindo para ela, ou dizendo isso porque quero que ela seja feliz. Poder conhecer meu pai verdadeiro será estranho, mas, gostaria de ver de onde eu venho. A dor de olhar em seus olhos, saber que ele é a pessoa que é parte de mim, ou eu sou parte dele, é isso que eu gostaria.
— Sunshine, você está aqui? — O estrondo profundo do Heath vem do quarto, e eu jogo água no chão enquanto me sento.
— Estou no banho —, eu grito para ele, e quando ele entra na porta, sua grande estrutura enche o espaço. Olhos escuros me queimam, e eu noto o sorriso malicioso frisando seus lábios.
— Agora isso, sou capaz de me habituar. — Ele tira a camiseta e solta o cinto. — Se importa se me juntar a você? — Balanço minha cabeça com uma risadinha.
— Contanto que você lave minhas costas, eu não me importo.
— Oh, querida, vou fazer mais do que lavar suas costas. Vou fazer com que todo o seu corpo esteja limpo, então, terei que te sujar de novo. — Ele me dá uma piscadela arrogante enquanto sai do seu jeans azul desbotado. O cara é incrível. Para um homem batendo nos quarenta com um visual tão bom é surpreendente. Seu corpo está bronzeado de trabalhar ao ar livre. Braços fortes e um estômago lindamente tonificado, com um V pronunciado apontando para seu pau grosso e duro. Coxas musculosas que me fazem lamber os lábios. Tudo nele grita sexo bruto e primitivo. — Gosta do que vê, Sunshine? — Ele ironiza com diversão.
— Oh, eu gosto, muito mesmo. — Com outro rumo do meu olhar nele, eu me abaixo e traço círculos lentos ao redor dos meus mamilos.
— Jesus, baby, você me deixa duro pra caralho. Venha cá. —Com um puxão rápido, eu saio do banho com as minhas pernas em volta da cintura do Heath. A espuma e a água escorrem no chão de ladrilhos à medida que caem entre nós. Eu não consigo evitar a risada que sai dos meus lábios. A coroa de seu pau me cutuca, e eu me inclino para beijar seus lábios, enquanto ele me abaixa em sua ereção grossa.
Esse homem me preenche como nunca senti antes. — Heath...— Seu nome em um gemido é o suficiente para enlouquecê-lo, porque ele entra no quarto, e me abaixa na cama sem quebrar a nossa conexão. Um girar de seus quadris, me faz bater contra ele, igualando golpe por golpe. — Oh, Deus, isso ... Heath... por favor ...— Cada estocada em mim, me deixa sem fôlego, e não consigo formar frases coerentes.
— Olhe para mim, Leah. Eu preciso dos seus olhos nos meus. Eu preciso que você veja minha alma. — Quando nossos olhares se conectam, sinto o calor dele, nossos corações estão amarrados com uma corda inquebrável, e eu sei que esse homem é meu para sempre, o meu “felizes para sempre.”
Levamos anos para chegar aqui, mas é o único lugar que eu quero ficar. — Eu te amo, Heath, mais do que tudo. — Entrelaçando minhas mãos em volta do seu pescoço, eu o abaixo e os nossos lábios encostam um contra o outro.
Antes de me beijar, ele sussurra. — Eu te amo de olhos fechados, eu te amo além de todas palavras ou cartas que eu já escrevi. Eu te amo porque você é a minha Sunshine, e não consigo sobreviver a outro dia nublado. — Lágrimas picam meus olhos e ele fica embaçado, quando eu me apaixono mais profundamente por um homem que me devolveu minha própria vida. Ele me deu liberdade, quando não tinha nenhuma, e agora prometo devolver isso a ele todos os dias, eternamente.
Nossos corpos se movem mais rápido, enquanto sinto um orgasmo rondando e apertando, então algo profundo no meu núcleo puxa e puxa para mim. — Oh! — Meus dedos ondulam, enquanto meu corpo pulsa ao seu redor, seu pau grosso mergulha, impulsiona e pressiona. Mais rápido, mais profundo e mais difícil.
E de repente estou planando entre as nuvens, e tudo que vejo é ele.
Seu corpo trava, e ele me puxa contra ele mais forte do que nunca. Estamos tão próximos que é como tivéssemos nos tornado um, moldado em uma única unidade, e sua liberação me preenche. Naquele momento, rezo para que estejamos sempre tão próximos.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
HEATH
Abrindo meus olhos, eu me encontro sozinho na cama, e disparo. O quarto está silencioso, mas há um som distante vindo da porta. Eu balanço minhas pernas sobre a cama, e vou para a entrada. Abrindo a porta do quarto, sinto um cheiro de algo que faz meu estômago roncar.
A música sobe junto com o cheiro incrível do que só posso imaginar que seja o café da manhã. Enquanto desço as escadas, eu a ouço. Leah está cantando junto com a primeira música que nós dançamos, Sangria do Blake Shelton, e isso me lembra do nosso primeiro beijo. Ela tinha um sabor tão doce, como uma mistura inebriante de amor e eternamente.
Ela remexe sua bunda enquanto balança ao som, e eu me inclino contra o batente da porta, observando a mulher que me deu uma chance. — Eu poderia acordar para isso todas as manhãs —, eu murmuro, surpreendendo-a enquanto ela gira no calcanhar como uma bailarina.
— Bom dia, lindo. — Ela corre para mim e salta em meus braços. Sua jovialidade me faz rir. Depois de passar a maior parte da noite passada dentro dela, não posso acreditar que estou ficando duro apenas a tendo em meus braços. — Alguém está precisando de atenção? — Ela ri.
— Querida, se você continuar se mexendo contra mim, eu vou foder você aqui mesmo nesta mesa —, eu rosno, mas isso só a faz se esfregar ainda mais contra mim.
Suas ondas douradas emolduram seu rosto angelical, e aqueles olhos cor de mel brilham com malícia. — Promessas, promessas... —, ela contrapõe, e eu a levanto e a coloco na mesa de madeira. Sem perguntar, puxo sua calcinha e short para baixo das suas pernas finas. Arrastando minhas mãos até suas coxas, eu as abro e encontro o paraíso.
Mergulhando, eu lambo o seu núcleo. Doce, embriagante e delicioso. Este é um café da manhã que eu poderia comer todos os dias. Usando meus polegares, abro ao meu olhar e a minha língua arremessa no seu centro.
— Oh, Heath, Deus, sim. — Seus dedos emaranhados no meu cabelo, arrastando e puxando minha boca contra ela. Suas coxas apertam minha cabeça, e eu sei que ela está perto. Com um dedo, eu deslizo na sua boceta apertada, e não consigo conter o gemido que sai de mim. Ela é gostosa e seu corpo pulsa em volta do meu dedo. Meu pau pulsa de dor para estar dentro dela.
Antes que ela goze, eu tiro o meu dedo dela, e o lambo. Levantando, abaixo minha cueca boxer e seguro minha ereção. — Isso o que você quer, Sunshine? — Ela balança a cabeça com uma risada suave, e eu entro nela. Profundo e punindo. Seu corpo se inclina para fora da mesa e meu punho em seus quadris aperta, enquanto eu mergulho no amor da minha vida.
Ela está perdida de prazer e não consigo tirar meus olhos dela. Lábios macios e gordos se separam, enquanto choraminga. Seus olhos abrem e fecham, sei que ela está tentando se concentrar em mim, mas ela está perdida. Eu alcanço entre nós, círculo seu clitóris, e ela grita enquanto sua boceta aperta em volta de mim com tanta força, que perco todo o controle. Pela primeira vez desde que estamos juntos, eu a fodo. Duro, rápido e profundo. Seu corpo treme em baixo de mim, e é a coisa mais sexy que eu já vi. — Você é toda minha, Sunshine. Cada centímetro desse corpo perfeito. — Seus gemidos ecoam ao nosso redor, a sala cheira a sexo, e eu perco todo o controle, quando ela enfia a mão entre nós e pressiona os dedos em cada lado do meu pau enquanto a fodo.
— Sim! — Outro orgasmo a atinge quando encontro o meu, e me vejo tão profundamente dentro dela, que tenho certeza que ela vai me sentir por dias. — Eu acho que esse foi o café da manhã.
Eu a levanto da mesa, e a ajudo colocar sua calcinha de volta. — Definitivamente, agora me faça algo para comer mulher—, eu respondo com uma palmada forte na sua bunda.
— Não me dê ordens senhor! — Ela retruca, enquanto balança sua bunda deliciosa. Rindo, eu me junto a ela na cozinha e sirvo uma xícara de café.
— Eu quero fazer o jantar para você hoje à noite. — Ela para, e olha para mim como se eu tivesse perdido a cabeça. — Como?
Com um encolher de ombros, ela olha para mim. — A última vez que jantamos, não correu lá muito bem. Eu quero que seja melhor que o anterior.
Passamos a tarde relaxando na beira do rio. É um dia que nunca vou esquecer. Leah nos meus braços, rindo, me contando sobre coisas que ela ama e odeia, sobre suas particularidades que conhecerei ao longo do tempo, mas principalmente me dizendo que ela finalmente está feliz.
Depois de passar toda a sua vida cercada de obrigações e regras, ela agora está percebendo que tudo o que precisa para estar comigo, é ser ela mesma. Enquanto o sol se põe, aproveitamos a última luz do dia, antes de entrarmos. Agora, estou terminando o jantar e tenho um plano para pedir que ela se case comigo. Só estou nervoso pra caralho. Eu não quero estragar tudo, porque será a primeira e a última vez que faço isso.
Eu disse a ela para se vestir bem, porque estamos comemorando. Estou vestindo um jeans escuro e uma camisa social preta. Será uma das poucas vezes na minha vida que usarei uma camisa social. A próxima vez que me vestir a rigor, é quando estiver dizendo meus votos.
A mesa está posta com duas longas velas brancas que iluminam a área, dando uma sensação celestial. Eu coloquei um jogo americano em frente ao outro, e há duas taças cheias de vinho tinto. Eu assei alguns legumes, fiz frango grelhado ao mel e batatas fritas. Não é uma refeição romântica, mas é tudo que pude encontrar na cozinha. — Uau. — Eu viro, e minha respiração fica presa na minha garganta.
Leah está com um vestido na altura do joelho, azul-celeste e esvoaçante, que abraça seus seios e a cintura, mas se agita em seus belos quadris. Suas sapatilhas são brancas, e contrastam com sua pele macia, que tem um leve bronzeado de estar ao ar livre. Maravilhosa.
Seu longo cabelo dourado está alisado, e ela tem um toque de brilho labial, que brilha sob a luz fraca. Se eu não soubesse de nada, diria que apareceu um anjo descendo as escadas, porque ela está viva, respirando diante de mim, e eu percebo, que homem sortudo da porra eu sou.
— Você está incrível. — São as únicas palavras que eu consigo falar. Eu me sinto como um adolescente no primeiro encontro, porque estou sem palavras. — Sente-se. — Eu puxo uma cadeira, e ela flutua na minha direção. É o que parece, e estou mudo. Ela passa despercebida no assento, e eu viro para o sistema de som.
A música começa no fundo e eu me junto a ela na mesa. — Você não poupou esforços, não é? — Ela questiona, e seu rosto está iluminado de alegria e felicidade. Quando a Leah sorri, é como o sol nascendo no horizonte. Ofuscantemente linda. Ela quebra todas as regras do que é uma mulher.
— Eu precisava impressionar você, Sunshine. — Eu levanto a minha taça, e ela levanta a dela. Nossos olhos se fecham, e engulo o nó na garganta. A emoção me rasga, fisgando meu coração, e sei que se eu não fizer isso agora, vou perder a coragem, e não quero que isso aconteça. Preciso que ela saiba, para dizer sim, para me dar mais uma coisa. Sua vida.
— Obrigada, mas você sabe que não precisa fazer nada para me impressionar. Você já roubou meu coração. Eu sou sua, Heath. — As lágrimas que brilham em suas poças de mel fazem meu coração doer. Mesmo que saiba que são lágrimas de felicidade, eu nunca quero vê-la chorar.
— Leah, eu preciso te dizer uma coisa. Quero dizer, te perguntar uma coisa. Eu quero que você ouça e não me interrompa, porque não sei como vou conseguir dizer tudo o que eu quero, se você o fizer. — Ela balança a cabeça, e suas sobrancelhas franzem em confusão, enquanto me observa.
—Ok, mas ...
Eu me inclino e coloco a ponta do dedo em sua boca, seus lábios macios estão brilhantes e ela faz beicinho. É a coisa mais fofa do caralho que eu já vi. — Shh, baby.— Ela concorda com um pequeno capricho em seus lábios. — Bem, eu disse que te amo, e estou falando sério, Leah. Eu estou ciente que não existe outra mulher para mim. É você. Você é minha para sempre. Houve algo que eu te disse meses atrás, e quis dizer cada palavra. Eu prometi que um dia eu me casaria com você e daria a você bebês, e é melhor você acreditar que eu vou manter minha promessa com você. Sunshine, você me fez, me construiu, me deu vida. Não há nada neste mundo que eu possa querer mais do que ser seu marido. Meu coração é seu, sempre será. Mesmo quando eu não sabia que mulher incrivelmente linda você era, eu amei você. Porque você não me capturou com seu sorriso, ou seus olhos, ou seu corpo perfeito. — Ela cora e abaixa o olhar, mas estendo a mão e levanto seu queixo com o dedo indicador. — Você me capturou com suas palavras e me envolveu com seu coração e me ligou à sua alma. Você me deu algo mais precioso do que sexo, ou qualquer coisa física, você me deu seu espírito. Você me deu uma conexão que não pode ser cortada por bens materiais ou dinheiro. Você me presenteou com você. O verdadeiro você. Não aquele que todos pensavam que você era. E isso minha doce Twig é o porquê agora eu te pergunto... — Eu fico de joelho e olho para ela, retirando o anel que comprei antes de retornar ao rancho para tentar encontrá-la. — Eu te peço para ser minha para sempre. Seja minha esposa. Minha cara-metade. Minha companheira na nossa história. Seja o meu feliz para sempre.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
LEAH
Eu pisco, a imagem desfocada do Heath longe, e sinto a emoção salgada descendo pelo meu rosto. Não tenho como formar palavras, então, eu aceno. Ele põe a faixa de diamante simples no meu dedo, e olho para a joia brilhante. É perfeita. Como ele. Como nós.
Ele me pega, me embalando em seus braços. Meu coração está tão completo; transbordando de amor que eu não sabia possuir. É como se ele tivesse preenchido com todo o seu, e é demais.
Tanto, mas eu quero tudo.
Cada gota.
Quando ele finalmente se afasta, e olha para mim, não consigo deixar de sorrir. —Você me dominou completamente no bom sentido. Seu amor é incrível. Será uma honra ser sua esposa. — Mãos fortes seguram meu rosto, e ele planta um beijo suave sobre meus lábios. É terno, e sinto como se estivesse tentando me mostrar o quanto ele me ama com um beijo. Enquanto nossos lábios se separam, fico sem fôlego.
— Você tem noção do quanto você me fez feliz? Eu sou o homem mais sortudo do mundo. Eu nunca vou te decepcionar, nunca Leah. Você está me ouvindo? — Eu aceno. — Quem pensou que, quando eu escrevi uma carta para uma menina de quinze anos, estaria escrevendo para minha futura esposa. Devemos comer. — Ele se senta novamente na minha frente. Pegando o garfo, eu cheiro a comida, e percebo que estou morrendo de fome. Nós tivemos um longo dia, e não tive uma boa refeição. — Nós vamos casar —,Heath murmura, enquanto corta um pedaço de frango e o leva à boca.
Eu olho para cima, e o vejo mastigar. Até quando ele está comendo, é sexy. Entendo tudo sobre ele, enquanto termina seu jantar. As rugas que se dobram no canto dos seus olhos quando sorri. Os olhos escuros que me mostram tudo o que preciso saber com um único olhar. Seu sorriso ilumina seu rosto e aquela barba que parece o céu entre as minhas coxas.
O calor da vergonha rasteja das minhas bochechas pelo meu pescoço, e eu junto minhas coxas apertadas na lembrança do que ele fez comigo nesta mesma mesa não muito tempo atrás.
— Coma seu jantar e pare de me olhar assim —, ele resmunga, mas eu sei, que ele mal está segurando seu controle. Dando de ombros, eu garfo um pouco de abóbora assada na minha boca e aprecio os sabores que explodem da pequena garfada.
O resto do jantar é silencioso, mas não é desconfortável. É relaxante, como se tivéssemos feito isso há muito mais tempo do que temos. Eu me recosto, e respiro fundo, tinha tanta comida no prato e, claro, tive que terminar.
— Obrigada, Heath. Isso foi incrível. — Ele levanta da cadeira e empilha os pratos. Antes de ir para a cozinha, ele me dá um beijo carinhoso. O homem consegue ser tão terno em alguns momentos, e então, há aquelas vezes que ele é como um animal. Eu amo os dois lados dele.
Quando ele faz amor comigo e quando ele me fode. Pego meu vinho, tomo o último gole, e não consigo conter o gemido. É um vinho tinto encorpado, e gosto de como me sinto à vontade. Tenho saudades da Mags e Boone, espero que voltem logo, mas também é bom passar tempo sozinha com meu noivo.
Eu olho para o anel, e enquanto brilha à luz das velas e sorrio. É perfeito. Um diamante solitário em uma faixa de platina. Eu não sei onde ele conseguiu, ou como, mas eu amei. Ele me conhece melhor do que eu mesma.
— Venha, Sunshine, vou levá-la para a sobremesa. — Heath se junta a mim na sala de estar, carregando uma tigela com sorvete de chocolate e baunilha e duas colheres.
— Para onde vamos? — Ele estende a mão, e quando deslizo a minha na sua, ele me levanta, e caminha para a varanda. Lá fora, ele coloca a tigela sobre a mesa do pátio, e começa a puxar meu vestido por cima da minha cabeça. — Heath, o que você está fazendo?
Ele não responde, mas continua a puxar minha calcinha, e então, meu sutiã segue. Agora estou nua na varanda dos fundos do rancho. — Porra, você é tão linda. Eu te disse, queria sobremesa. — Ele me levanta e me coloca na mesa, pegando a tigela, ele começa a me dar uma colherada de sorvete. Enquanto saboreio a sobremesa decadente, ele pega uma segunda colher, e pinga nos meus mamilos. — Nossa, isso está frio. — Sua língua sai, e afunda no meu broto, o sugando na sua boca quente.
Ele faz o mesmo com o outro, e arrepios sobem pela minha pele, enquanto o frio e quente mandam arrepios através de mim. — Abra suas pernas, noiva. Eu vou comer essa boceta com meu sorvete e, quando terminar, vou levá-la lá para cima, quero fazer amor com minha futura esposa. — E é o que ele faz. Eu me recosto, abro minhas pernas, e ele pinga sorvete no meu clitóris, enviando uma onda de desejo dentro de mim.
Meu corpo está alerta e aceso com necessidade e desejo. Vejo como sua boca me devora. Sua língua bate em mim, e seus dedos provocam e me insultam. Devagar, e constante eu me sinto subindo, alto e mais alto. A liberação que quero, que preciso, está bem aqui, esperando por mim no precipício, e eu a alcanço, enquanto seus dedos mergulham em mim.
Meu corpo flutua, e quando Heath lambe levemente meu clitóris, me envia disparando em cima da extremidade, e eu mergulho. Eu convulsiono e minhas coxas tremem. O arranhão suave da sua barba na minha pele sensível, o modo que ele entorta os dedos dentro de mim, esfregando aquele ponto que me faz cair no esquecimento, enquanto um orgasmo ondula e estremece em mim.
Mas ele não cede, continua me lambendo como se eu fosse seu oásis no deserto. E, encontro outro orgasmo se formando abaixo da superfície, só a espera de explodir. Antes de eu gozar, ele para. Ficando de pé, ele me observa. Aqueles olhos que veem tudo, olham para a minha alma saciada e ele me ergue, tipo núpcia, e vamos para o quarto, onde ele faz amor comigo. A noite toda.
Eu desperto de um sonho do pôr do sol, e cavalos com um homem lindo que será meu marido. Eu não tenho certeza de onde estávamos, mas foi um daqueles sonhos, que você normalmente viraria, e tentaria trazer de volta à mente, mas não quero fazer isso, porque agora, minha realidade é muito melhor do que qualquer sonho.
Quando me viro, me acho sozinha na cama. O cheiro dele me envolve e me deixa aquecida. Estendo a mão para pegar o travesseiro, mas em vez disso, encontro um envelope. O envelope de papelão creme tem meu nome rabiscado na frente na letra do Heath, e não consigo parar o sorriso. Adoro acordar com ele, e acordar com as notas dele, também é incrível.
Eu me levanto, me sento contra a cabeceira da cama, e abro. Enquanto meus olhos absorvem cada palavra, acabo soluçando. Cada palavra, cada frase faz meu coração gaguejar, e essas lágrimas de alegria são bem-vindas. Depois de uma noite fazendo amor, de se conectar no nível mais básico que um homem e uma mulher conseguem, ele agora não me deu apenas ações, mas também palavras.
Leah
Desde que recebi sua primeira carta, como um homem vinte quatro anos, mais velho, eu nunca diria que um dia estaria aqui, prestes a caminhar pela igreja, para me tornar seu marido. Eu provavelmente teria rido de você, não porque não queria, mas porque o pensamento sobre você me querer nunca achei dentro do meu alcance.
À medida que as cartas iam e vinham, percebi que, com cada uma que te mandei, incluí também um pedaço do meu coração. E agora, enquanto me sento aqui escrevendo esta, percebo que esta última carta incluirá o último pedaço do meu coração. Quando você abrir, terá tudo. Cada pedaço fragmentado. E quando você os colocar todos juntos, espero que cuide deles, porque você segura meu coração em suas mãos.
Quando eu ver você no altar, quando você recitar seus votos, e quando disser que sim, quero que saiba que vou recordar cada momento, todos os sorrisos, lágrimas e frustrações. Toda a felicidade e tristeza. Nossos bons momentos e nossos maus momentos. Eles serão nossos, e não há nada neste mundo que eu queira mais do que compartilhar tudo com você. Cada segundo que passar entre nós será um momento bem gasto. Uma vida bem vivida. Um amor importante para se manter.
Ao tomar seu coração, saiba que ele estará seguro em minhas mãos. Eu nunca o partirei.
Vou pegar todos os seus pedaços partidos e torná-los inteiros.
Eu nunca acreditei em sorte ou destino, mas você foi dada a mim, e não posso negar que você é isso para mim.
Hoje é o começo do resto das nossas vidas. Demoramos anos para chegar aqui. Muito tempo para encontrar essa felicidade, e nunca vou desistir.
Eu quero ser sua luz no escuro. Sua estrela do norte quando você estiver perdida. Confortar você, quando estiver triste. Serei seu calor quando estiver com frio. Secar suas lágrimas quando você chorar. E quando você sentir como se a vida fosse demais para lidar, eu quero ser o único a segurá-la. Porque é onde você pertence.
Você está enraizada, incorporada, gravada em cada parte de mim. Do meu coração à minha alma, até a medula dos meus ossos. Você é o sangue que bombeia nas minhas veias. Você faz meu coração bater; você me mantém vivo.
Eu te amo, Sunshine. Para sempre.
Seu,
Heath, beijos
Guardando a carta de volta no seu envelope, me levanto, e vou para o banheiro. Meu rosto está vermelho de felicidade e lágrimas. Abrindo a torneira, me lavo com água fria e escovo os dentes.
Assim que termino, sigo pelo corredor até meu quarto. Eu o ouço no andar de baixo fazendo o café da manhã, mas antes de me juntar a ele, tenho algo a fazer.
Tirando o papel de carta, que usei durante todos esses anos para escrever para ele, me sento à escrivaninha e escrevo minha última carta. Desta vez não é um adeus.
Esta não é uma carta estilo “Dear John”. Esta é a última vez que vou escrever para ele como meu amigo de correspondência, esta é a minha promessa, e juramento para o homem com quem vou me casar. Enquanto escrevo as palavras, despejo tudo nelas.
Não que eu nunca tenha feito antes. Mas isso é diferente. Não é mais uma garota escrevendo para um estranho.
Não é mais uma jovem escrevendo para um homem.
Trata-se de uma noiva escrevendo para seu noivo.
Uma mulher para homem.
Uma esposa para marido.
EPÍLOGO
HEATH
Assim que acerto a maldita gravata, uma batida na porta do meu quarto me fez virar. — Entre. — Não esperando ver Mags, dou um sorriso. Ela e Boone voltaram ao rancho alguns dias depois que eu propus. Ela levou um susto quando encontrou um nódulo na perna, mas depois da cirurgia, ficou bem. A mulher se tornou nada menos que uma mãe para mim.
— Você não parece bem, filho—, ela balbucia, enquanto brinca com a gravata que parece mais apertada do que eu pensava. Eu odeio essa merda. Mas prometi a Leah que estaria bem vestido. Quando me sinto leve novamente, eu olho para baixo, e vejo Maggie removendo o item ofensivo.
— O que você está fazendo? — Eu franzo a testa, enquanto ela me dá um encolher de ombros, e começa a rir.
— Você parecia estar prestes a desmaiar com essa coisa. Leah prefere que você esteja bem, a como se estivesse prestes a cair morto. — Sua diversão com a minha situação não passa despercebida.
— Estava tão óbvio? — Ela balança a cabeça, e me analisa seriamente. Ela me aconselhou tantas vezes, e eu conheço esse olhar no seu rosto. Um que me diz que vou ter uma lição de vida, que recebo de braços abertos.
— Heath, filho. Haverá tantos dias pela frente para você e Leah. Ocasiões em que você precisará dela, e momentos em que ela precisará de você. Ser casado com alguém, é muito mais do que um pedaço de papel que diz isso. Trata-se de comprometimento e dedicação que você oferece. É aí que você precisa se lembrar que, não importa as lutas que você, sem dúvida, terá, vocês dois estão nisso juntos. Tem horas em que você vai olhar para ela, e não vai querer desviar os olhos, porque ela está tão linda, e às vezes, ela será frustrante, e você talvez queira correr para as colinas. Mas lembre-se que esses são os momentos que fazem a vida valer a pena, uns pelos outros. Eu sei que haverá muitas vezes que ela vai querer bater na sua cabeça, mas é isso que o casamento é, aproveitar os bons e maus momentos, e amar um ao outro de qualquer maneira.
— Mags, essa mulher é tudo para mim. Eu sei que ainda temos muito a aprender um sobre o outro, mas encaro cada dia como uma forma de explorá-la. Conhecê-la tão profundamente no meu íntimo, que mesmo antes dela chorar, ali estarei, e antes que ela ria, eu saberei, pois serei a causa.
Ela balança a cabeça com um sorriso no rosto. — Bom menino, eu soube desde o momento em que você entrou na minha cozinha, que você é um bom homem. Estou tão feliz por vocês dois. —E então, ela me chama para um abraço, e eu envolvo meus braços ao redor dela.
— Venha Mags, para de mimar o menino. — Boone entra no quarto, e estende a mão para mim, damos um aperto, e pela primeira vez, desde que subi aquela longa entrada poeirenta, eu vejo um homem diferente. — Boa sorte para você, Barnes. Não parta o coração dela, está me ouvindo?
— Venha resmungão, vamos deixar o menino se arrumar. — Antes de sair, Mags pega um envelope do avental e entrega para mim. — Ela disse que esta será a última. De agora em diante, haverá mais palavras ditas do que escritas —. Ela dá um sorriso carinhoso e sincero, e me deixam para ler a última carta da minha futura esposa.
Heath,
Aqui estamos nós, duas pessoas que se encontraram por acaso, mas tiveram nossas vidas entrelaçadas pelo destino. Sua carta me fez chorar, não por tristeza, mas porque percebi que cresci muito apenas com a sua mão orientadora. Você pegou uma garota tímida de uma família a qual ela não pertencia, e deu a ela sua própria família.
Como as cartas que enviei a você continham minha vida, meus sonhos e meus segredos, elas também continham pequenos pedaços de mim. Mesmo que eu não tenha percebido, quando lambia o envelope e o fechava. Mandando-a para um garoto. Porque, isso é o que você era para mim, eu o achava muito jovem para ter sua vida inteira tirada de você desse jeito, mas agora, enquanto lhe escrevo estas palavras, sei que você não teve sua vida inteira roubada, tanto que estou aqui. Eu nunca estive em outro lugar.
Eu sou sua.
Você é mágico, porque em cada palavra que você me escreveu, você lentamente se incorporou na minha alma. Você acendeu uma chama que queima dentro de mim, e eu chamo de amor. Quando desejei, como uma garota jovem para o fim do meu de conto de fadas, nunca pensei que seria você. Enquanto os dias passavam, e me perguntava como seria meu final feliz, nunca imaginei que seria uma vida que escolhi, mas sim uma exigida de mim.
No entanto, a vida tem uma maneira de dar a você o que você precisa, não quando você quer, mas quando é a hora certa. Agora, não estou mais quebrada, não sou mais uma estranha para mim mesma. Eu sou Leah Barnes. Ou, em breve serei. E andarei orgulhosamente com a cabeça erguida, enquanto eu mantiver esse nome a partir de hoje e todos os dias da minha vida.
Você já tem meu coração, você está eternamente dentro da minha alma, agora, vamos andar lado a lado para o nosso futuro.
Então hoje, enquanto digo adeus ao nosso passado, saúdo o nosso futuro de braços abertos e de coração aberto.
Todo meu amor,
Leah, beijo.
Essa mulher. Não há palavras para o quanto eu a amo. De como meus sentimentos profundos correm. Ela sempre foi minha garota perfeita. Eu deslizo a carta de volta no envelope, e o amarro com o barbante que mantém as outras cartas juntas. Um dia espero passa-las para os nossos filhos, e mostrar a história da mãe e do pai deles. Eu quero que saibam como começamos, e não só como terminaremos um dia quando estivermos velhos e grisalhos.
Sem dúvida, sei que quando eu der meu último suspiro, estarei ao lado da Leah, segurando sua mão. Uma batida na minha porta, me afasta dos meus pensamentos, e eu olho para cima para ver Boone. — Chegou a hora. — Eu aceno, e saio da cama. Enquanto descemos as escadas e, então caminhamos em direção ao rio, meus nervos despertam e percebo que não estou com medo, estou excitado com a promessa da eternidade.
Eu anotei meus votos, mas os conheço de cor, e mal posso esperar para recitá-los para ela. Para dizer a ela tudo o que está no meu coração. — Você está pronto? — Eu me viro para o pastor, e aceno.
LEAH
O espelho na minha frente reflete uma mulher. Não mais uma garota, mas uma adulta que está prestes a embarcar nela para sempre. Quando Heath propôs, eu sabia que diria sim. Não havia dúvida na minha mente ou no meu coração. Não existe um momento que eu não me lembre do meu amor por ele. Minha vida foi alterada para sempre por ele. Minha mão instintivamente vai para a minha barriga, e eu a círculo suavemente.
— Olha a minha garota. — Eu viro para encontrar Mags. Lágrimas brotam dos meus olhos, e sinto meu coração se encher de amor. — Você está simplesmente linda, querida. — Ela se inclina para me dar um abraço. Ela está bem desde que voltaram do hospital, o que é uma benção. Não tenho certeza do que faria se algo tivesse acontecido com ela.
Até mesmo Boone tem sido incrível, e menos mal-humorado do que costumava ser. Não tenho certeza do que realmente aconteceu, mas acho que sem o estresse da Maggie doente, ele se acalmou. Ele até tem sido mais amigável com o Heath.
— Obrigado por estar aqui. — Eu sorrio, e minha voz falha nas palavras. Ela olha para mim como um parente orgulhoso.
— Nós não estaríamos em nenhum outro lugar, querida Leah. Você está simplesmente perfeita, Heath não saberá o que o atingiu. — Maggie me fala, e eu não consigo parar de corar. Só então o seu marido aparece no quarto, e sorri.
— Está chegando a hora minha menina. — Eu aceno.
— Obrigada, estou pronta, eu acho. — Eu olho para baixo novamente, e respiro fundo. Mags pega minhas mãos e as segura nas dela. — Não fique nervosa. Heath te ama.
— Eu vou socá-lo se ele não fizer o melhor para você —, Boone resmunga com seu jeito amoroso, e nós duas rimos para ele. Por mais que ele pareça um velho impetuoso, sei que ele se preocupa muito comigo e com o Heath.
— Oh, fique quieto, e deixe a garota ter seu dia feliz. Bom Deus, até parece que você nunca esteve apaixonado. — Eu assisto essa senhora briguenta falar com o seu marido e apenas desejo que Heath e eu fiquemos assim quando tivermos a idade deles. — Vá esperar com o noivo, estaremos lá daqui a pouco. — Logo que estamos sozinhas, ela olha para mim por um longo momento, antes dela dar um pouco de sabedoria para mim. — Leah, lembre-se do que te disse, a força e o amor que você tem no seu coração, é o suficiente para vocês dois. Mesmo nos tempos difíceis, e acredite em mim, haverá esses, nunca desista dele. Eu já vi o amor verdadeiro, e o que vocês têm é mais do que isso. Como se vocês fossem feitos um para o outro. Estou tão orgulhosa de vocês dois. Agora, quero te dar esse presente. — Ela segura um colar de ouro com um pequeno pingente do sol. Tem um diamante em forma de estrela no meio. — Você é a luz do sol dele, e ele é sua estrela do norte. — Ela pisca quando eu suspiro com suas palavras.
— Como você soube?
— Uma velha senhora como eu sabe muitas coisas. Mas neste caso particular, ele me disse. Perguntei a ele qual seria o presente mais precioso que eu poderia dar como uma segunda mãe. — Ela sorri, e eu tento conter as lágrimas que picam nos meus olhos, mas elas caem de qualquer jeito. — Ora, ora, sem chorar. Vamos sair daqui.
Enquanto vamos para o rio, meu estômago ganha vida com uma enxurrada de beija-flores. Eu o vejo no altar e quando seu olhar cai sobre o meu, vejo cada emoção fluir sobre sua expressão. Amor, desejo, calor e uma fome profunda que é mais que sexual.
A música começa e eu reconheço a canção, Rules of Beautiful de Jacob Whitesides, e sei que isso foi feito por Heath, que só me faz piscar mais lágrimas. — Sem chorar, você vai estragar o seu rímel —, sussurra Mags ao meu lado, e uma risadinha borbulha e cai dos meus lábios. Eu chego até o meu marido, e ele estende a mão para mim. Quando eu deslizo minha mão da Maggie para a dele, ela oferece a ele um sorriso. — Cuide da nossa menina.
— Sem dúvida. — Nós dois viramos para o pastor e ele começa a cerimônia simples. Nenhum de nós é religioso, então pedi uma celebração do nosso amor em vez de algo tradicional.
— Heath Barnes e Leah Keller, vocês se reuniram hoje para se unirem como um só. Prometer suas vidas um ao outro, através da luz e da escuridão, através de sorrisos e lágrimas. Vocês também pediram para lerem seus próprios votos. Heath, você é o primeiro. — O senhor mais velho acena, e ficamos na frente um do outro, e pela primeira vez desde que eu conheço esse homem, que foi dilacerado incontáveis vezes, está sorrindo de tal forma que parece que uma luz foi acesa dentro dele.
— Minha querida Leah, ainda sinto como se estivesse sonhando. Eu, Heath Barnes, prometo ficar ao seu lado de hoje em diante. Meu coração é seu, o dou de vontade própria, e com isso, te ofereço a minha alma. Você me viu como homem, me aceitou como marido e me prometeu a sua vida. Eu sempre estarei presente para enxugar suas lágrimas, te segurar, te dar tudo que você precisa para ser a mulher que eu sei que você é. Eu vi você Leah, desde a primeira palavra até a última, e eu me apaixonei irrevogavelmente por você. Não só vou cuidar de você, mas vou respeitá-la e honrá-la como minha esposa, minha parceira por toda vida, até meu último suspiro e, mesmo assim, quando estiver no meu leito de morte, amarei você em nossa pós vida. Minha alma gêmea, minha esposa, minha amante e meu raio de sol. Daqui até à eternidade vou te amar além das palavras.
Minha maquiagem é esquecida, e tenho certeza de que pareço um guaxinim, porque lágrimas escorrem pelo meu rosto. Heath estende a mão, e limpa minhas lágrimas, mas ele não para de me olhar com a adoração de um homem completamente apaixonado. Ele desliza a única faixa de platina no meu dedo ao lado do meu anel de noivado e eu ouço as fungadas vindas da Maggie.
— Quem diria que o menino poderia ser tão romântico? — Boone resmunga, e todos nós rimos.
Mags encara seu marido, e eu não consigo parar de rir dos dois. Espero e rezo que seja como Heath e eu seremos quando tivermos a idade deles. — Prossiga, Leah. — A mulher que me cuidou como se eu fosse sua filha me incentiva, e eu volto para o meu marido.
— Heath, eu juro que você não está sonhando. Eu sou tão real quanto eles vêm. Hoje dou um passo a frente para te dar a minha promessa de me tornar a Sra. Barnes. Quando eu era adolescente, você aceitou minhas palavras desajeitadas, minhas divagações nervosas e as transformou em uma história. Você fez delas meu próprio conto de fadas. Agora, enquanto estou aqui no limite do meu feliz para sempre, agradeço a você por me ver. Quem realmente sou. A garota que eu era e a mulher que me tornaria. Eu soube que te amava, antes mesmo de colocar meus olhos em você. Mesmo nos meus momentos mais sombrios, você brilhou como uma luz para mim. Como uma estrela me guiando pela vida, e sem você, não sei se eu estaria aqui. Você tem sido minha estrela do norte, minha luz guia, e a voz da minha razão. Meu coração está em suas mãos e minha vida agora está se juntando à sua. Minha alma, no entanto, sempre estará completa, enquanto se entrelaçar com a sua. Eu irei amá-lo, respeitá-lo e honrá-lo como meu marido, meu parceiro ao longo da vida e, mesmo depois do meu último suspiro, meu coração sempre amará você. Minha alma gêmea, meu marido, meu amor e meu feliz para sempre.
CENA BÔNUS
HEATH
SEIS MESES DEPOIS
Quando eu descobri que Martin Keller era meu pai, eu tinha ódio no meu coração por ele e por Ronan, o homem que, apesar de não nos darmos bem, eu confiava como meu irmão. Saber que ele machucou a Callie, é algo que nunca vou perdoá-lo.
Entrando na casa, a encontro silenciosa. Leah deve ter saído com Mags. Na sala de estar, encontro um envelope oficial na mesa com o meu nome. O carimbo da prisão faz meu corpo ficar tenso de medo. Eu não quero voltar para aquele lugar, e agora que tenho uma família, tenho muito mais a perder. Rasgando o envelope, retiro a carta endereçada a Heath Barnes, do detetive Joshua Logan.
Sr. Barnes
Levando em conta a condenação do Sr. M. Keller, e do seu irmão o Sr. R. Barnes, estamos anulando sua condenação pelo assassinato da Srta C. McLearie. No devido tempo, você será contatado por mim, ou pelo meu colega, para marcar uma reunião para falarmos sobre as legalidades que surgirão na prisão injusta.
O Estado fornecerá a você e sua família uma indenização, que confirmaremos na reunião. Haverá uma documentação que você deve assinar para receber o dinheiro, que será calculado com base no número de anos cumpridos. Isto será baseado no padrão do governo federal. Outro fator que levamos em conta é como sua compensação será classificada.
No devido tempo, confirmaremos uma data e hora para você comparecer pessoalmente com sua esposa para que possamos finalizar o pagamento para você. Espero que essa carta te encontre com boa saúde.
Saudações,
Detetive Joshua Logan
Meu coração bate descontroladamente no meu peito. É isso, eu serei um homem livre. Não um criminoso, não um ex presidiário, mas um homem. Um marido. Um pai.
Eu subo as escadas e tiro minha camiseta. O dia foi muito quente, e estou precisando desesperadamente de um banho. Abrindo o armário, eu baixo uma caixa da prateleira de cima e algo cai em baixo. Quando me curvo para pegá-lo, percebo que é a carta que guardei quando fui libertado da prisão. A que eu ia ler no ônibus. A última carta que Twig me enviou. De alguma forma, nunca a abri, e agora, a curiosidade me domina.
No momento em que pego o papel amarelo desbotado, descubro que o aroma ainda me atinge, como uma chuva fresca num dia quente de verão. Seu lindo texto me chama, e meus olhos devoram suas palavras.
Con,
Eu acho que é isso. Eu fiz uma mala, e vou embora. Eu comprei uma passagem de ônibus para nenhum lugar em particular. Vou embarcar no primeiro que vejo, e descer na última parada. Eu não me importo onde é, eu só preciso ir embora. Você está certo, sou melhor que isso. Sou responsável pela minha vida e mereço a felicidade. Eu decidi. Eu quero vida para me agarrar e girar em torno de mim até que eu esteja tonta.
Eu gostaria de saber onde você está. Quero encontrá-lo. Conhecer você. Por favor, Con, encontra comigo? Vamos nos ver frente a frente. Eu quero ouvir sua voz, ver você sorrir. Eu quero conhecer você. Mais do que já gosto. Faz tanto tempo. Você é minha vida, Con. Mesmo que seja a última vez que eu falo com você, o qual receio que seja.
Eu não quero que seja. Con, eu posso ter ridicularizado isso antes, mas eu o amo. Mais do que posso amar alguém que não conheço. Eu quero você na minha vida. Você é o único homem que eu sempre quis ou precisei. Me dá um dia? Apenas vinte e quatro horas para comprovar que podemos funcionar. Que fomos feitos um para o outro.
Amor sempre,
Sua Twig, beijo.
— Você finalmente leu. — Um murmúrio suave da porta me puxa da emoção rodopiando na minha cabeça. Levando meu olhar para longe do papel, olho para a mulher que amo.
— Você sabia que estava aqui? — Ela balança a cabeça em resposta para mim. — Você me queria já nessa altura? — Outro aceno de cabeça e estou sorrindo como se fosse manhã de Natal.
— Quando arrumei minha mala naquele dia, e saí de casa, foi a coisa mais fácil que fiz. Você sabe por quê? Porque sabia que ia encontrar você. Abandonei minha antiga vida, mas de alguma forma sabia que estava indo para outra, uma com você.
Eu me afasto da cama e vou em direção a ela, puxando meu sol em meus braços e inalando o seu doce perfume. Twig.
UM ANO DEPOIS
— Amor, tem um pacote aqui para você. — Eu me junto à minha esposa na porta, enquanto ela assina uma carta registrada endereçada a mim. Desde que toda a papelada com o governo foi resolvida, eu sei que não pode ter nada a ver com isso.
Olhando para as poças de mel da minha esposa, pego o envelope dela, e vou para cozinha. Com uma faca, eu a abro e retiro o pequeno envelope de dentro. Meu nome está rabiscado num manuscrito familiar na frente, e meu coração salta para minha garganta ao vê-lo.
Tudo bem.
Logo que tenho a carta na mão, vou até a poltrona e sento nela. Leah senta no braço e lê por cima do meu ombro.
Heath,
Eu queria mandar isso para você no dia do seu casamento, mas não consegui me sentar e pronunciar as palavras. Levei meses para ter coragem de te escrever, e dizer o quanto eu te amo. Para te dizer como estou orgulhosa do homem que você se tornou. Espero que um dia eu consiga vê-lo novamente. Talvez, segurar meus netos e conhecer sua linda Leah.
Minha casa é linda. Eu me sento na varanda e vejo o sol se pondo do outro lado do lago, e lembro de você quando era criança. Às vezes, acho que vivo muito nas minhas lembranças, porque me sinto sozinha, e tudo o que quero é abraçar você.
Filho, espero que seu coração esteja completo. Espero que sua vida seja linda, e rezo para que você tenha tudo o que merece. Quero que todos os dias que passam por você sejam bons, que te façam sorrir.
Um dia, quando você se tornar pai, você entenderá. Diga a Leah que mesmo que eu não a conheça, eu a amo, porque sei que você escolheu bem. Eu amava Callie. Ela era uma mulher maravilhosa. E, eu sei, tanto quanto você se magoou quando a perdeu, Leah vai te recompor.
Eu tenho você no meu coração, doce garoto. Você sempre será meu amor. Meu filho.
Cuide de você e da sua família.
Amor sempre,
Mamãe, beijo
Sentamo-nos em silêncio, e a mão de Leah no meu ombro me diz, que ela está aqui por mim se eu quiser conversar. Caso precise dela. Eu me viro e olho para a minha garota, sua beleza ilumina, enquanto ela me observa com amor, e eu sei que minha mãe está certa. Eu escolhi bem. — Eu estou bem—, eu prometo a ela, e ela concorda.
— Bom. Vamos, temos trabalho. —Levantando, eu deslizo a carta de volta para o envelope e a coloco na gaveta onde guardamos todas as nossas cartas. Desde que Leah está escrevendo um livro sobre nós, ela inclui alguns trechos das nossas conversas ao longo dos anos.
Uma caminhonete roncando pela rua me arrasta dos meus pensamentos, e vou para fora para encontrá-los estacionados. Boone saiu para finalizar os documentos dos novos cavalos que precisamos. O negócio melhorou e, desde que temos publicidade, as reservas para as aulas triplicaram. — Barnes, venha e ajude com essas éguas. — Eu vou para o trailer do cavalo e encontro um homem da minha idade abrindo as portas.
— Olá, eu sou Deacon. — Ele estende a mão e eu a pego em um aperto de mão firme.
— Heath Barnes. — Quando pegamos e tiramos as três éguas e um potro dos seus trailers, eu os levo para os estábulos. Eu preparei cada um dos seus espaços. Está quente aqui dentro e tem feno fresco para eles mastigarem.
— Ei, rapazes. — Leah se aproxima de nós com uma limonada muito necessária, e eu a apresento a Deacon. Ele dá um aceno de cabeça e pega um copo.
— Obrigado, Senhora. — Assim que ela nos deixa, ele se vira para mim com um sorriso de desculpas. — Linda potranca você tem aí, Barnes. — Ele pisca e eu me sinto arrepiado. O homem das cavernas dentro de mim quer reivindicar, mas sei que ele está apenas tentando ser legal.
— Ela é. É por isso que me casei com ela.
Boone olha entre nós e bufa. — Senhor, é como uma maldita competição de mijo entre vocês dois. Deacon, sua esposa pode precisar de você em casa. Obrigado pela ajuda. Com essa, o homem sai, me deixando olhando para suas costas.
— Desculpe por isso, eu apenas sou super protetor da Leah. — Ele encolhe os ombros antes de se virar para mim.
— Tudo bem filho, está tudo bem. Eu quero que você e Leah encontrem comigo e com Mags para jantar esta noite. Temos uma coisa que queremos conversar com vocês dois.
— Claro. — Nós estamos morando no rancho, por insistência da Mags e Boone, há dois anos e eu mencionei que gostaria que Leah e eu encontrássemos nosso próprio lugar. Talvez ele tenha algumas opções para nós.
***
— Ele disse do que se tratava? — Eu balanço minha cabeça para a minha esposa.
—Não, ele apenas disse que deveríamos encontrá-los para o jantar. Talvez tenham encontrado um imóvel que eles acham que devemos comprar. Pego minhas botas e me levanto para encontrar minha doce e sexy esposa me encarando. — O que?
— Você está apenas parecendo muito bonita, linda. — Eu aperto seus quadris e a puxo contra mim. Inclinando-me, eu coloco um beijo suave e doce em seus lábios. Ela sempre tem gosto de mel. Minha língua se lança para fora, lambendo a junção da sua boca, e ela abre, me dando acesso à sua boca deliciosa.
Nossas línguas dançam alegremente e suas mãos se arrastam para baixo, cobrindo minha bunda enquanto ela pressiona seu corpo contra o meu. Minha ereção endurece e lateja para estar dentro dela. — Vamos fazer um bebê —, ela sussurra contra a minha boca, e eu paro para considerá-la.
— Eu pensei que você nunca perguntaria—, eu rosno. Eu ajusto seu vestido até os quadris dela e aperto sua bunda. Levantando-a do chão, eu vou até a cama e a deito. Antes que ela tenha tempo para pensar, eu puxo sua calcinha para baixo, e cutuco seu calor apertado com a ponta do meu pau.
— Por favor, Heath. — Isso é tudo que eu preciso. Meu dedo a encontra molhada e escorregadia de excitação, enquanto provoco seu clitóris com meu dedo indicador.
— Tão molhada para mim. — Eu deslizo para dentro dela devagar, torturando a nós dois no processo. Seus quadris se levantam para encontrar os meus, e empurro dentro dela tão profundamente que cada centímetro do meu pau está apertado dentro do seu corpo. — Jesus, você está muito gostosa ao meu redor, Sunshine. — Seu olhar se fixa no meu, e nós dois estamos perdidos no momento. Seus lábios se separam num gemido e sua respiração acelera.
— Heath, por favor, se mova mais rápido. Eu preciso disso mais rápido. — Eu rolo meus quadris, provocando-a, mas suas unhas cravam na pele das minhas costas, e eu sei o que ela quer. Eu saio e volto para dentro, repetidamente. Suas coxas apertam em ambos os lados dos meus quadris, e ela morde o lábio para não gritar.
Seu orgasmo está próximo, e nos quero perdidos juntos nesse prazer. — Goza para mim, Sunshine. Eu quero te encher e te dar um bebê. —Eu grito as últimas palavras, antes dela detonar completamente ao meu redor, me mandando ao limite, enquanto ambos encontramos a libertação enviada pelos céus.
Meu corpo trava, e eu dou a ela cada gota, bem fundo dentro do seu corpo. E espero que tenhamos criado uma nova vida do nosso amor.
LEAH
SEIS MESES DEPOIS
— Leah, tem uma pessoa lá embaixo para você. — A voz forte do meu marido ecoa pela casa. A pequena barriga do bebê que estou ostentando está me frustrando, já que nada serve, sinceramente preciso fazer algumas compras. Eu visto um vestido, que está folgado, e o desço até meus joelhos. Colocando as sandálias, eu desço para a sala de estar.
Eu a encontro vazia, mas quando ouço vozes na varanda, me dirijo para lá. Assim que o vejo, eu sei. É como se toda a minha vida eu conhecesse esse homem, que nunca vi seu rosto. Seus olhos são do mesmo tom de mel que os meus. Quando ele sorri, eu reconheço o meu. — Leah, querida. — Meu olhar se lança entre o homem na minha frente e minha mãe. Ela parece incrível.
Seu rosto está mais redondo; seus olhos estão cheios de uma luz tão luminosa, que eles brilham. — Mãe —, eu sussurro, em seguida, viro para ele, e a palavra saí sem esforço dos meus lábios. — Pai. — Ele balança a cabeça lentamente, mas, não faz um movimento para se aproximar, e agradeço, porque minhas emoções estão por todo lado.
A gravidez me deixou extremamente sensível, e eu choro com facilidade, mas quando ele estende os braços para mim, eu caio nos seus braços, precisando do calor, amor e carinho. — Doce, Leah. — Ele acaricia meu cabelo, e pressiona um beijo no topo da minha cabeça com uma familiaridade que me surpreende. — Você se tornou numa mulher linda. — Ele dá um passo para trás, e minhas lágrimas molham sua camisa, mas ele nem percebe. O sorriso que ele oferece é tudo que imaginei que um pai ofereceria. Algo que nunca recebi de Martin, o homem com quem cresci. Está repleto de tanto amor e carinho que sinto falta de ar.
— Você não é como eu imaginava. — Eu rio, e a risada dele é profunda e rola através do seu peito. Ele provavelmente tem cerca de um metro e oitenta, e esbelto. Ele tem a cabeça cheia de cabelos grisalhos, e os mais profundos olhos cor de mel que brilham com malícia. Pequenas rugas se franzem no canto dos seus olhos, e não posso evitar sentir amor por ele.
— Você é exatamente como nas fotos que sua mãe mandou. Só mais bonita pessoalmente. —Um rubor aquece minhas bochechas e me volto para a mamãe.
— Eu não sei o que dizer. — Eu olho entre meus pais e eles estão radiantes. — O que você está fazendo aqui? Eu pensei que você estava viajando.
— Quisemos vir ver você e o Heath, e dar a vocês as boas novas antes de partirmos. Nós vamos nos casar. Nada de especial, apenas uma cerimônia íntima para oficializar. — Eu os vejo juntos e percebo que meu coração está completo. Meu amor por ela nunca fraquejou. Mesmo quando não nos dávamos bem, eu sabia no meu coração que um dia teria orgulho dela.
Olhando para o homem que é meu pai, meu pai biológico, sei que no fundo ele vai cuidar da minha mãe como ela sempre mereceu. Amá-la como ele sempre a amou, porque seus olhos são janelas, me mostrando exatamente como ele se sente e é lindo.
CINCO ANOS DEPOIS
— Mamãe! — O grito que me arrasta do meu sono é o suficiente para acordar os mortos. Eu me viro para encontrar Heath sentado na cama lendo seu jornal. Dois pequenos corpos pulam na cama, e eu sorrio. Eles se parecem tanto com o pai deles com seus cabelos escuros, mas seus olhos cor de mel combinam com os meus. Gêmeos. É quase o quarto aniversário deles, e estamos planejando uma festa. Nós convidamos a Mags e o Boone, e alguns de seus amigos da pré-escola.
— O que vocês dois estão fazendo? — Eu me sento, os observando escalar o pai deles. O jornal é coisa do passado, pois ambos disputam sua atenção. Meu marido ri deles brigando sobre quem consegue fazer o café da manhã com ele. É assim quase todas as manhãs. Desde que eles aprenderam a andar, eles corriam para o quarto e subiam na cama conosco. Passávamos uma hora conversando, brincando e contando histórias sobre quando éramos crianças.
— Ok, garotos. relaxar. Sua mãe precisa descansar. — Eles me olham com curiosidade. Estou grávida de seis meses da irmã deles, e os dois meninos, embora ainda sejam jovens, são incrivelmente cuidadosos comigo. Eu acho que é porque Heath é muito rigoroso com eles.
— Desculpe, mamãe. — Connor faz beicinho, e eu o puxo para um abraço, enquanto Caleb se acomoda na cama entre nós. Após o casamento, Boone e Mags anunciaram que queriam se aposentar. Eles falaram conosco e perguntaram se gostaríamos de assumir o rancho. É claro, que dissemos que sim, e desde então, fomos inundados com crianças vindo para as aulas de equitação.
Já se passaram quase três anos desde que assumimos o rancho, e tivemos que comprar outros quatro cavalos, que estão indo bem em seu novo ambiente. A vida certamente não é o que eu esperava. Mas, é tudo que eu sempre quis. Ambos os meninos amam que seu pai pode ensiná-los a andar a cavalo e cuidar deles. Minha família está quase completa e, quando Lila chegar, será perfeita.
— Vamos lá, meninos. Deixe sua mãe descansar por mais algum tempo, e vamos fazer alguma coisa gostosa para o café da manhã. — Connor e Caleb saltam da cama, e dessem as escadas. — Não corram! — Seu pai grita atrás deles, mas entra num ouvido e sai pelo outro. Ele diz isso todos os dias, mas eles nunca ouvem, o que só me faz dar risada.
— Você era assim travesso quando menino? — Eu questiono meu marido, que parece bom o suficiente para comer. Se nós não tivéssemos as crianças acordadas, eu imploraria para que ele fizesse amor comigo, mas as responsabilidades chamam, e tenho trabalho para terminar.
— Constantemente —, ele ri pela sua resposta. — Eu vou fazer algo para comer. Desça quando quiser. — Ele planta um beijo suave na minha testa, e eu me aqueço no seu calor.
Não há nada que me faça mais feliz do que sentir seu amor. Sim, quando ele fala, eu não consigo evitar de apenas apreciar as palavras, mas quando ele me mostra seu afeto, é ainda melhor. Logo que ele sai do quarto, me levanto e vou para o banheiro tomar um banho. Meu corpo dói, e a agitação na minha barriga me diz que a pequena Lila também está acordada. — Só faltam alguns meses, pequena—, murmuro, enquanto esfrego minha barriga inchada. Ela é uma coisinha minúscula e, enquanto reflito, sorrio para o bebê.
Heath fala que ama meu corpo, sempre que estou grávida dos seus filhos. E isso me faz sentir mais confiante ganhando peso. Eu não sou perfeita, nunca fui, mas ele sempre me faz sentir desejada e querida.
Eu pego uma calça de moletom larga e uma blusa que abraça minha barriga, e vou para o meu escritório. Desde que o rancho está indo muito bem, comecei a escrever em tempo integral. Podemos nos dar ao luxo de eu ficar em casa, então reformamos um dos quartos menores no andar de cima num refúgio para mim. Livre de crianças. Apenas eu e minhas palavras. Assim que meu laptop está aberto e estou sentada, abro meu manuscrito e término a história que comecei a escrever há alguns meses. Meu editor está aguardando o rascunho final, mas estive ocupada, então não tive tempo de me concentrar, mas, agora de repente, as palavras fluem e eu não só as escrevo, eu as sinto.
Já passou muito tempo, então endireito meus ombros, e permito que os personagens do meu conto de fadas me digam o que eles querem. Eu comecei essa história muito tempo atrás, e tem estado no fundo da minha mente desde então. Isso me provoca, esperando ser terminado. Enquanto estou aqui sentada, ouvindo as risadas e as conversas dos meus meninos no andar de baixo, eu sei que tenho o final totalmente resolvido.
Ela olha pela janela, lembrando cada momento que eles compartilharam sem nunca saber quem era o outro. Quando tudo o que os ligava era um pedaço de papel e uma caneta. Houve momentos divertidos em que ele a fazia rir, e tempos que eles compartilharam segredos que só os dois saberiam. A mente dela vagueou para o momento em que abriu a primeira carta, até o momento em que ela escreveu a última. Ao longo dos anos, nada a impediu, nada poderia ter interrompido os sentimentos que cresceram entre eles.
Aquela corda que os unirá para sempre, agora, deu a ambos a família que nunca tiveram. Foi dado a eles corações cheios de amor, carinho e sem arrependimentos. Quando ela se virou para olhá-lo novamente, observou seu queixo áspero enquanto ele se concentrava em construir o berço. O primeiro bebê deles nasceria em breve e, enquanto ela circulou a mão sobre a sua barriga, ela sorriu, com a consciência de que sua vida se transformou no final feliz que sempre sonhou.
Este é agora o seu final feliz. Um que ela não precisou obrigar, mas que lutou por ele. Tudo o que se passou ao longo dos anos, os levou aqui, a esta casa, a este quarto em particular, como eles dividem o espaço num silêncio agradável. Palavras não são necessárias, quando seus corações falam um com o outro.
O gemido dele a afasta dos seus pensamentos. O olhar dela pousa no seu marido, e ela o vê de pé orgulhosamente ao lado do berço de madeira branca. — Feito. — A voz dele está repleta de satisfação, e ela se levanta do lugar na janela para se juntar a ele, ao lado do belo item que ele construiu do zero.
— Está perfeito, obrigado. — Ela se apoia na ponta dos pés e planta um beijo suave em seus lábios. Suas mãos vagam por ela, a aquecendo de dentro para fora. Onde estiverem, seu toque envia prazer por ela como nunca experimentou antes. —Eu te amo, lindo—, ela murmura contra os lábios dele, e sente o sorriso que circunda sua boca.
— E te amo, Sunshine. — Suas palavras enviam pura alegria para o coração dela, e a enchem de amor. Enquanto lentamente o sol se põe do lado de fora da janela, ela enrola as mãos em volta do pescoço dele, e aprecia a sensação do seu corpo contra o dela. Sua barriga está muito grande para eles ficarem tão perto, e ela sabe que eles nunca conseguem ficarem o suficiente íntimos. Mesmo quando estão fazendo amor, é como se quisessem subir um no outro. Saboreando e se aquecendo na conexão que os mantêm juntos.
De repente, o bebê chuta e ela sente a umidade entre as pernas. —Precisamos ir ao hospital—, ela diz para ele calmamente. Ele a encara e, pela expressão em seu rosto, pode ver a excitação e o medo, a exaltação de estar prestes a se tornar pai pela primeira vez. Ela soube no momento que colocaram os olhos um no outro, que ela se casaria com ele. Da viagem de ônibus, quando compartilharam um assento, para o sorriso que ele deu a ela na pista de dança.
O coração dele bateu no peito dela naquela noite, dizendo a ela que ele era o “tal”. E quando eles finalmente fizeram amor na cama dele, foi quando consolidaram a ligação. Depois que todas as palavras foram ditas, e quando todas as cartas foram postas de lado, tudo o que restou foi a promessa do amanhã.
Dani René
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