Criar uma Loja Virtual Grátis
Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


MAVERICK / Lora Leigh
MAVERICK / Lora Leigh

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

 

Micah Sloane sabe quase tudo o que há para saber a respeito de Risa Clay, incluindo a cruel traição que ela sofreu anos atrás e a desconfiança que albergava após. O único modo do agente de elite das operações especiais descobrir o assassino que a persegue e desterrar os fantasmas de seu próprio passado é utilizar Risa enquanto isca.

Mas nada lhe preparou para aquela mistura de inocência e sensualidade, nem para a entristecedora necessidade de protegê-la que ele sente desde que a viu em pessoa.

Risa passou seis anos reconstruindo sua vida.

E agora, para proteger a estabilidade que conseguiu, deve fingir ser amante de Micah e assim ajudá-lo a apanhar seu assassino.

É um plano arriscado, especialmente com um homem tão sedutor quanto Micah.

Mas, quando a farsa se converte em realidade, Risa se dá conta de que o maior perigo pode ser possivelmente perder seu coração para sempre.

 

 

 

 

Ela era uma mãe. Uma filha. Irmã e esposa. Delicada e muito bonita. Pele rosada cobrindo as feições aristocráticas que chamavam a atenção pela curva da sobrancelha e dos lábios cheios que faziam um deleitável beicinho.

Ela era esbelta, bem torneada. Uma obra de arte pela idade. Uma mulher de quarenta e cinco anos não deveria estar em tal condição física.

A menos que fosse uma assassina.

E sim, ela era uma assassina, e do pior tipo de assassino na realidade. Uma mulher bela, de uma genialidade cintilante, e mãos gentis. Essas mãos podiam disparar uma arma de fogo, esgrimir uma faca, ou lançar uma granada com a mesma convicção impiedosa que qualquer macho que ele já tivesse conhecido. E ainda assim, sua alma era gentil. Gentil e forte.

—Linda — ele sussurrou quando tocou a pele sedosa daquela mão, deslizou um dedo pela palma e finalmente achou os calos sutis de seu ofício.

Ela era uma guerreira. Uma guerreira como ela nunca deveria ter a luz extinguida dos olhos tão bonitos.

—São negócios, você entende. — Ele manteve o tom suave, perfeitamente equilibrado.

Ele não queria assustá-la. O sangue bombeava mais forte e mais rápido pelo corpo que sentia medo. Fluiria de suas veias muito depressa. Não haveria a chance de apreciar a beleza e a satisfação rica que viriam com o momento tão glorioso de seu último sopro de vida.

Alguém como ela sentia medo? Ele se perguntou.

Ele pendeu a cabeça para o lado, uma pitada de curiosidade surgiu quando ela o encarou com resolução fria. Não havia medo nos olhos. Não havia nenhuma preocupação com a própria vida. Ela o olhava fixamente com olhos frios, calmos. Ainda assim ele conhecia aqueles olhos. Ele já tinha visto o sorriso neles muitas vezes. Ele tinha ficado completamente encantado com seu riso e sua genialidade. Mas ele nunca soube que ela já havia sentido medo.

Isso é muito estranho, ele pensou. Ele normalmente sabia tais coisas simples quando tomava uma tarefa. Ele tornava seu trabalho descobrir tudo sobre suas vítimas.

— Você tem medo? — Ele teve que fazer a pergunta. Ele a fez na própria língua dela; a beleza do idioma sempre o fascinou. Muitos não consideravam que o idioma hebreu possuísse graça e pureza, mas ele considerava. Ele sentia isto todas as vezes que ouvia as palavras saindo graciosamente dos lábios de um israelita. Havia certa cadência, uma fluência mística, antiga, que o fascinava.

— De você? —A pronúncia dela das palavras estava um pouco indistinta por causa do sedativo que ele havia administrado antes de levá-la até a toca dele. — Eu não tenho nenhum medo de você.

— Você teme a morte? — Ele temia a morte. Ele havia enfrentado este medo em cada trabalho que tinha aceitado, e às vezes ele temia que quando seu próprio fim viesse, viesse com dor e humilhação.

— Não temo nada nesta Terra. — E ele acreditou.

— Mas você deveria — ela continuou — Você deveria temer porque uma ira como você nunca viu descerá sobre você.

— Seu Deus? — Ele zombou.

— Deus julgará você, mas Garren e David o destruirão.

O marido dela. O filho dela. Um agente da CIA e um soldado do Mossad. Eles eram adversários formidáveis.

— Eles nunca saberão que fui eu quem tirou você desta Terra, Ariela — ele prometeu com uma expressão de remorso. — Os anjos podem cuidar deles, mas não falarão meu nome.

         Ela não deu a ele o benefício da emoção. Em vez disso, ela afastou o olhar dele, recusando-se sequer a olhar para ele.

Os dedos dele deslizaram entre os seios dela mais uma vez, e ele estava contente por ter cortado as roupas dela. O ar frio de sua toca enrijeceu os mamilos dela como se ela estivesse excitada. Como se ela esperasse por seu amante, nua e estendida sobre a mesa de metal.

Os braços dela foram algemados pelos pulsos, as mãos estavam penduradas em cima da mesa, as correntes prendendo em ganchos até o chão. As pernas estavam erguidas, abertas e presas pelas correntes pesadas que ele havia fixado ao teto.

O dedo polegar dele tocava um mamilo, e ainda assim ela não reagiu.

— Gelo ou sangue correm por suas veias? — Ele perguntou enquanto continuava a tocá-la.

A sensação da pele dela era celestial. Era uma pena o marido dela não poder mais sentir o calor dela ao lado dele na cama todas as noites. Os braços dela não mais o abraçariam. Ele não sentiria a carne sedosa deslizar contra seu corpo.

— Importa o que corre no meu corpo? — Ela não piscou; não chorou; não implorou.

Que satisfação ele ganharia com esta morte?— Ele se perguntou. Bom, além do pagamento gordo e agradável que seria depositado em sua conta assim que o lindo corpo dela fosse encontrado. E o fato de que seu empregador continuaria com o sigilo de sua identidade. Isso estava se tornando um problema para ele. Ele nunca teria aceitado este trabalho sem o apoio da promessa de sigilo.

— Infelizmente, não importa — ele suspirou. — Você não está curiosa em saber por que está aqui? Saber quem ordenou a sua morte.

— E isso importa?

Ele sorriu para ela

— Você podia levar o nome da pessoa que ordenou a sua morte para a sua vida após a morte. Isso importa?

Os lábios dela estreitaram

— Eu saber o nome ou não, não fará diferença na minha vida após a morte. Aquele que importa já sabe o nome dele. Ele sabe o nome de quem te contratou. Ele conhece a sua alma. Ele sabe exatamente a quem castigar.

Ele quase vacilou com a convicção que ressoava na voz dela. Ela acreditava quando ele não acreditava, ainda assim a convicção dela tinha o poder de enviar um tremor de preocupação pelo corpo dele.

Ora. Ele não permitiria isto.

Ele riu, zombando.

— Seu Deus me castigará então?

Ela não disse mais nada. O olhar dela girou, como se olhasse para o teto. Os lábios se moveram, mas ele não ouviu as palavras que ela sussurrou. Ela as sussurrou para si mesma. Talvez para o Deus dela.

Ele tocou o cordão que tinha arrebentado do pescoço dela. Um símbolo de sua fé. A estrela de David. Ele sempre a havia admirado. O marido dela, Garren, o fez para ela. O final de cada uma das seis pontas da estrela prateada tinha uma gota de inserção de ouro. Era simples, pendurava do pescoço através de couro em vez de ouro ou prata. — Seu filho achará o seu corpo — ele decidiu em voz alta, perguntando-se se ela reagiria àquela decisão.

Não houve nenhuma reação. Ela olhava fixamente à frente, o olhar preso em algo que ele não podia ver, e nunca veria. Ah, bem. Que seja, hora de matá-la, ele se decidiu enquanto se movia para longe dela e escolhia uma faca.

— Talvez eu lhe diga meu nome verdadeiro antes do seu último suspiro. — Ele se decidiu. — Você poderá querer dizer ao seu Deus quem sou eu. Apenas para o caso de ele querer me amaldiçoar por causa da sua morte.

Nenhuma reação, mas ele realmente esperava uma?

Normalmente esse era seu momento favorito. Ele se aproximou da mesa, porém, não sentiu o arrepio familiar de excitação.

Ele sempre apreciava brincar com suas vítimas. Gostava de localizá-las, sequestrá-las. Gostava do momento em que seus olhos se abriam muito e percebiam que realmente estavam às portas da morte.

Mas dessa vez, ele somente sentiu pesar e sensação de raiva. Não havia nenhuma razão para a morte dela, para falar a verdade não. Ela não sabia o suficiente para identificar o empregador dele, mas esse empregador era um pouco psicótico às vezes.

Ele escolheu a arma, uma lâmina de barbear. Uma arma tão simples, fácil de comprar, tão simples de usar.

— Sabe, uma vez, quando eu era uma criança bem pequena — ele meditou — eu matei a minha mãe.

Ele passou a extremidade da lâmina contra o braço dela, apenas o suficiente para ela sentir o metal frio e saber seu destino.

— Ela estava na banheira, nua, sangue gotejando dos pulsos para o chão, e os olhos fixos em mim com uma paz tão perfeita.

Ele olhou fixamente para ela, e o rosto de sua mãe relampejou diante de seus olhos. Cabelo loiro, olhos azuis, feições frágeis. A mãe dele tinha sido perfeita.

— Ela não estava morta — ele continuou. — Eu me ajoelhei ao lado dela na banheira. Eu sabia que ela tinha escolhido aquele caminho, e lhe perguntei o porquê. E ela sorriu. — Ele sorriu. — Porque, ela disse, eu amo sentir a faca cortando as minhas veias. É como uma uva estourando. — Ele agitou a cabeça ante o pensamento. — Infelizmente, mamãe preferia se cortar a morrer. Ela não morreu naquela vez, nem em outra. — Ele bateu levemente no braço dela. — Ela não morreu até que eu a amarrei com uma corda em sua própria mesa de cozinha e a ajudei um pouco.

Ele havia contado esta história muitas vezes antes. Sempre via choque ou horror no rosto de sua vítima. Mas nesta, ele apenas viu aquele olhar distante e a ondulação suave dos lábios quando ela sussurrou para si mesma quaisquer palavras que formou com a língua.

O braço dela foi virado para cima, o pulso vulnerável, a veia pulsando logo abaixo da pele. Com a mão livre, ele deslizou o polegar com cuidado, mal tocando a veia que pulsava, com os olhos fixos nela transpassou a carne com a lâmina sentindo uma profunda tristeza.

E lá estava. Ele gemeu ao sentir a veia embaixo da lâmina. Fez um talho longo e profundo, dividindo a veia antes de ele ir para o outro braço.

A raiva o estava dominando agora. Maldito bastardo egocêntrico que mantinha sua identidade como refém. Se não fosse por ele esta mulher estaria sorrindo. Ela não estaria morrendo. Ela estaria abençoando a Terra com sua presença em vez de sangrar naquela sujeira.

— Diga algo. Você está morrendo — ele explodiu.

Ele queria que ela lutasse, gritasse, se enfurecesse. E ela não fez nenhuma dessas coisas. Ela não lamentava nada? Não havia nenhum pecado que ela tivesse que confessar?

Ela não disse nada. Ela olhava fixamente para o alto, sussurrado silenciosamente, e apenas um pequeno vacilo traiu sua consciência do que ele estava fazendo quando a lâmina transpassou seu outro pulso.

A veia explodiu, dividida, e derramou sua generosidade escarlate sobre os dedos dele. Os olhos dele fecharam enquanto a sensação quente, rica e sedosa se espalhava sobre os dedos da mão dele.

A respiração estava difícil e desigual agora quando ele começou a se masturbar. Bombeando a carne dolorida enquanto o prazer subia por sua coluna.

Ele olhava o rosto dela. Cronometrou perfeitamente o tempo. Havia bem pouco. Já era ruim o suficiente ter que usar preservativo quando ele brincava, ele queria alcançar o êxtase junto com sua vítima enquanto ela alcançava seu fim. Ele poderia lamentar sua morte, mas sua beleza sempre o inspirara. Deixava-o maravilhado.

O sangue dela fluía doce e escuro das veias, caía para o chão e corria em tiras escarlates ao longo do cimento enquanto ele olhava o rosto dela, via seus olhos. Sim, ela estava perto, tão perto. Ele bombeou mais duro, e ouviu o próprio gemido estrangulado deixando a garganta.

— Morra — ele gemeu— Morra, minha bela. Morra.

A luz deixou os olhos dela lentamente, o último suspiro saiu dos lábios e o cheiro de seu forte e lindo corpo dando sua pulsação final de vida o lançou acima do controle e um tremor de êxtase finalmente rasgou por seus músculos.

Respirando forte, ele se agarrou à mesa e olhou fixamente para a generosidade disposta diante dele. Linda, tão linda na morte.

Mas, quando ela tinha fechado os olhos?

Ele se aproximou, balançou a cabeça e piscou várias vezes, aturdido pela curiosidade. Os olhos dela estavam fechados. Não havia nenhum horror no rosto, nenhum medo pálido ou agonia.

Ele foi para longe do corpo, com cuidado para não pisar no sangue, e olhou para ela, fascinado.

Impressionante, ele pensou. Tal força de vontade. Tal beleza.

Mossad ensina bem seus agentes, ele pensou com um suspiro. Em todos os anos em que ele havia tirado vidas, nunca antes tinha visto uma morte com tal graça.

— Uma morte perfeita — ele sussurrou enquanto respirava profundamente e sorriu para ela com admiração. — Absolutamente perfeita.

Ele foi para a ponta da mesa, tocou a bochecha dela, então suavemente desatou o laço de couro que segurava o pingente. Ele nunca mantinha troféus, mas ele não podia resistir a ter uma pequena parte dela que pudesse manter para sempre. Não havia nada a fazer agora, tomar uma ducha, limpar todos os rastros de sua presença do pequeno porão subterrâneo que ele usava e tirar umas férias. O marido e o filho dela receberiam um telefonema mais tarde com o local de seu corpo. Uma vez que ele fosse achado, o dinheiro cairia na conta. Havia uma vila particularmente adorável que ele estava de olho na França.

Depois de limpar os últimos rastros na área, ele se vestiu cuidadosamente, pegou sua pasta e saiu pela porta estreita.

Fora dali, a vida noturna estava a pleno vapor. Os israelitas desfrutavam muito de seus entretenimentos. As boates estavam, como sempre, lotadas. Sorrindo para uma menina particularmente adorável que passou por ele, ele pegou o celular do bolso da jaqueta e deu um telefonema para seu assistente. Pelo menos ele podia confiar no pequeno bastardo que organizava suas tarefas entre um trabalho e outro. Era, às vezes, difícil ser ambos, um agente da CIA assim como o assassino mais reservado do mundo. Seu assistente administrava isso tudo muito suavemente e, em todos os anos em que trabalhava com ele, nunca sentiu o fôlego de um sussurro de traição.

— Estou indo para o aeroporto. — Ele nunca falava diretamente. — Meu voo para Nova Iorque parte em menos de duas horas, por favor, faça os telefonemas necessários.

Ele desligou e colocou o telefone no bolso de novo e ergueu a mão para parar um dos muitos táxis que passavam pela rua. Em menos de duas horas ele estaria indo para outro trabalho, outro desafio. Ele adorava o desafio. Mas havia um peso em seu peito também. Este trabalho não combinava com ele.

Quando ele embarcou no avião duas horas mais tarde e se sentou na poltrona, desdobrou o jornal americano que havia comprado no aeroporto. A primeira página fez com que suas sobrancelhas se erguessem. —POPULAR INDUSTRIAL MORRE DURANTE RESGATE DA FILHA DE SENADOR— Ele esfregou o dedo contra o lábio inferior à medida que lia, rugas aparecendo entre as sobrancelhas. Um de seus empregadores favoritos, ao que parecia, tinha sido morto durante o salvamento. Jansen Clay. Ele quase sorriu quando leu que Jansen havia morrido durante o salvamento da filha do Senador Stanton, Emily. Evidentemente o governo Americano não gostou da verdade. Jansen Clay não era nenhum herói. Ele provou isso quando organizou o primeiro sequestro de Emily Stanton junto com duas outras meninas, uma delas era a própria filha de Clay. Não havia nenhuma dúvida de que ele queria que sua pequena filha tivesse morrido dois anos antes no sequestro.

Emily Stanton e Risa Clay sobreviveram, porém. A terceira morreu. E agora, Clay estava morto depois de tentar organizar o sequestro da menina de Stanton novamente. O tolo.

Ele olhou fixamente para a foto na manchete antes de franzir o cenho. Outro de seus empregadores estava envolvido neste caso. Ele sabia que Diego Fuentes tinha adquirido os serviços do cientista alguns meses antes porque o homem tinha efetivamente abordado o assistente de Orion para avaliar o preço de atacar Fuentes. Infelizmente, Orion não tinha terminado esta tarefa até o momento.

Interessante.

Ele olhou fixamente para a foto de Risa Clay e Emily Stanton novamente e fez uma careta. Tão comuns. Um homem teria que pôr uma máscara na cabeça de Risa ou esconder seu rosto com cobertores para fodê-la, como o empregador dele tinha feito quase dois anos antes. Se fosse Orion a matá-la, ele definitivamente teria que virar o rosto dela para baixo.

Ele quase estremeceu em desgosto ao pensar nisso.

Ah, bem. Clay estava morto, a filha, de acordo com os rumores, estava em algum asilo, com o cérebro destruído pela droga que recebeu durante o sequestro. Risa se lembraria muito pouco daquele evento singular em sua vida, e não devia ser nenhum risco para os futuros lucros de Orion. O homem que tivera um papel importante em sua destruição tinha pouco para se preocupar.

 

Seis anos mais tarde

Hoje à noite Risa Clay teria um amante.

Atrás dela, na cesta de roupa do banheiro estavam as calças de algodão grande demais e camiseta que ela usava normalmente. Nada disso hoje à noite. Com o coração batendo irregularmente no peito, ela se forçou a se virar e olhar fixamente no espelho para o comprimento total de seu corpo nu. Ela tinha que se forçar a olhar, ser objetiva, empurrar de volta o pânico que se erguia dentro dela ao pensar no que estava para fazer.

Ela estava pálida. Pele pálida, seios pálidos e mamilos de rosa pálido. Ela olhou mais para baixo, para os lábios pálidos de sua vulva e teve que engolir depressa para conter a náusea que começava a se formar no estômago. Ela era pálida lá também. Talvez devesse ter tentando o bronzeamento artificial, ela pensou. Se o corpo dela não se parecesse com o dela, talvez fosse mais fácil o que ela iria fazer.

Ela podia cancelar até estar bronzeada. Mas imediatamente vetou essa ideia. Nenhuma desculpa, ela disse a si mesma. Chega de noites escondida, chega de covardia. Ela podia fazer isto. Ela tinha ido à depiladora no dia anterior, não é? Ela havia se sentado na cadeira e aberto as coxas enquanto a técnica depilava suas partes mais privadas. Partes que ela tinha odiado por tanto tempo. Partes do próprio corpo que ela culpava pelo pior episódio de sua vida.

Ela fechou os olhos com força e inalou depressa. Ela não ia pensar nisso hoje à noite. Ela não iria deixar que a ruína passada estragasse seus planos. Ela prometeu a si mesma que não deixaria. Esta era a decisão certa. Ela podia fazer isto. Se ela iria recuperar sua vida e sua independência agora, então ela teria que agarrar com ambas as mãos e segurar, não importando o quanto ela ficasse amedrontada.

Olhando fixamente no espelho, ela verificou o cabelo. As mechas espessas, pesadas, loiro escuras que uma vez terminavam na cintura eram agora da altura do ombro e caíam nitidamente ao redor do rosto. Elas não eram pálidas, pelo menos não mais. Tons tinham sido adicionados pelo cabeleireiro. As mechas castanho-escuras e douradas eram misturadas com a cor arenosa agora. Ao menos não desbotavam o rosto de Risa.

Não havia muito que ela pudesse fazer com o rosto, com exceção da maquilagem que havia aprendido como usar. A sombra esfumaçada destacava os olhos azuis claros e indefiníveis e lhe davam uma aparência interessante.

As pestanas estavam mais longas, escurecidas com rímel e delineador. Os lábios estavam mais luxuriantes do que ela sabia que eram. O batom bronze destacava seu formato, e uma camada leve de blush destacava as maçãs do rosto bastante altas.

A maquiladora de Risa tinha elogiado suas maçãs do rosto e o arco dos olhos, e a havia ensinado como destacar o melhor deles. Se apenas aquela adição de maquiagem pudesse devolver a confiança que ela havia perdido tanto tempo atrás.

Risa se forçou a dar outra respiração profunda antes de pegar a calcinha suave de seda cor de bronze que havia comprado. A tanguinha era ousada e apavorante. Era um convite. Um pedaço sedoso de nada que não tomaria nenhum tempo para tirar do corpo.

Mas isso era o que ela queria, ela se forçou a lembrar. Algo que seria fácil de remover, não dando a ela tempo para pensar ou considerar o que estava fazendo uma vez que tivesse começado a fazer.

Depois vieram as meia-calças. De certa forma, as meia-calças que eram muito mais difíceis de colocar. Os 7/8 de cor deslumbrante faziam suas pernas parecerem mais longas, mais sensuais. Outro convite. Ela estava pintando um sinal de “foda-me” no corpo e estava fazendo isso deliberadamente.

Que Deus a ajudasse a ir até o fim, porque se ela não fizesse isso agora, poderia nunca mais ter a coragem de tentar novamente.

Alisando as meia-calças sobre as pernas, ela pegou o vestido que estava no gancho da porta do banheiro. O vestido era, em si, um próprio desafio, o desafio de estar realmente colocando e saindo do apartamento.

Ela não se permitiu parar para pensar. O vestido de seda marrom sem manga e decotado terminava bem antes dos joelhos em uma queda de cor obscura. As fendas laterais terminavam bem antes das coxas. A cintura era marcada por uma faixa de seda marrom mais escura enquanto o resto era de um bronze metálico.

Ela alisou o tecido acima dos quadris antes de se forçar a sair de perto do espelho e colocar os saltos finíssimos das sandálias cor de chocolate que combinavam com o vestido.

Ela não podia se olhar no espelho novamente. Se olhasse, poderia ficar com medo e voltar a se esconder embaixo do edredom, o que vinha fazendo noite após noite durante anos.

As mãos tremiam como gelatina quando ela abriu a porta do banheiro e atravessou o quarto. Pegando a pequena bolsa noturna de bronze enfeitada com cristais, ela guardou as chaves de casa junto com um pouco de dinheiro, um cartão de crédito, RG e batom. O xale marrom que colocou nos ombros a protegeria do ar frio contra os ombros, mas não muito mais. Era fino, não mais do que uma fumaça escura contra os ombros e braços nus.

Ela estava pronta. Mas para o quê?

Para ser uma mulher, mais do que uma coisa? Uma memória? Algo mais do que o ser autômato que ela havia se tornado ao longo dos anos? Formal, fazendo nada além de passar pelo dia e enfrentar a noite sozinha. Ela estava tão cansada de estar sempre só, de nunca saber o que poderia ter sido ou o que estava perdendo como mulher. Mas hoje à noite ela faria qualquer coisa para ser livre, ou isso apenas daria força aos demônios que a perseguiam pela noite?

A sensação do cabelo sobre os ombros enquanto ela agitava a cabeça respondendo à própria pergunta a estimulou para se mover para a porta. Um táxi a estava esperando no andar de baixo, os amigos a estavam esperando no clube, e se ela tivesse sorte, hoje à noite ela descobriria o que era o prazer, ao invés da dor.

Se ela tivesse sorte. Se ela não tivesse, não era como se não ela tivesse suportado a dor antes. Pelo menos hoje à noite seria escolha dela.

Mesmo assim, as mãos tremiam e o estômago embrulhava quando ela saiu do elevador e caminhou pelo hall principal do prédio.

O ar livre e aconchegante do hall dava boas-vindas quase íntimas, pelo toque dos sofás e cadeiras acolchoadas espalhadas em vários arranjos elegantes. As plantas nos vasos enormes forneciam um ar de isolamento para os grupos e visava dar um ar de intimidade e facilidade para aqueles que usavam o hall.

Os olhos do guarda de segurança saltaram quando ele a viu, e o porteiro avançou com um sorriso largo.

— Senhorita Clay, seu táxi está esperando por você — o porteiro, Clive Stamper, anunciou enquanto abria a porta larga de vidro para ela. — E posso dizer que você está especialmente adorável hoje à noite?

O sorriso dela foi trêmulo.

— Obrigada, Clive. — A voz era firme, baixa, quando ela passou por ele e esperou que ele abrisse a porta do passageiro do táxi.

Risa deslizou sobre o banco de couro, os dedos fechando ao redor da bolsa quando ela deu ao motorista o nome do clube.

Clive fechou a porta, deu um passo para trás e o táxi partiu.

Não era muito tarde para voltar, ela pensou. Ela podia pedir ao motorista para parar agora. Podia correr de volta para seu quarto como tinha feito no último mês, na última vez que tentou. Ela podia por suas roupas folgadas de novo e estaria segura.

Segura e muito miserável.

Ela estava cansada de se sentir miserável. E havia sempre a chance de pela primeira vez em seis anos ela poder achar um lugar dentro de si que não fosse atormentado pelo passado. Ela tinha que criar esse lugar, ela disse a si mesma. Isso era tudo. Ela podia fazer isto. Afinal, ela havia sobrevivido ao inferno, não é? Se ela havia sobrevivido ao inferno, então ela poderia sobreviver a uma noite nos braços de um amante.

 

— Wild Card e Maverick se retirando. — Noah Blake falou em código para o bocal quando foi atrás do táxi no Lexus cinza que tinha sido fornecido para seguir Risa Clay a caminho da boate onde alguns dos antigos membros do SEALs do time Durango estavam esperando com suas esposas pela chegada da senhorita Clay e do passageiro de Noah, Micah Sloane.

— Heat Seeker e Hell Raiser estão atrás de você. — John Vincent, o Australiano do time da Elite Ops, e Nik Steele, o antigo soldado das forças especiais russas, estavam no Dodge azul que podia ser visto pelo espelho retrovisor de Noah.

— Live Wire vigia o clube; Black Jack está dentro. — Jordan Malone, o chefe do time, falou pelo receptor.

— Black Jack tem a mesa à vista. Tudo parece indo bem.

Noah olhou para seu passageiro, Micah Sloane, e quase escapou uma careta pela fachada fria e sem emoções que o ex-agente israelita do Mossad carregava.

Micah era um enigma, mesmo agora, mais de quatro anos depois da formação da unidade Elite Ops. Era um homem que se mantinha para si mesmo, não compartilhava segredos e não deixava mostrar nada.

Ele podia ficar puto, mas era gelo, pura fúria glacial. Ele podia fatiar em pedacinhos somente com palavras e deixar os outros tremendo de medo. Ele era o tipo de homem que Noah hesitaria em fazer inimigo, e não havia muitos homens no mundo que Noah realmente se importaria se fossem amigos ou inimigos. Mas Micah não era o tipo de homem que Noah ficava confortável em deixar a pequena e quebrada Risa Clay aos cuidados. Ele era muito duro, muito frio. Risa precisava de um homem que soubesse como ser gentil, que soubesse como ser suave.

— Sabe, com esse olhar tão frio poderia assustar uma mulher. — Noah disse a ele tranquilamente enquanto manobrava pelo trânsito leve do início da noite de Atlanta.

— Eu me preocuparei com o meu olhar. Você se preocupe com o trânsito. — Não havia nenhum sotaque na voz de Micah, nenhuma sugestão de onde ele morava ou menos ainda qualquer tom que revelasse que ele não era completamente americano.

O pai dele era americano com seu aspecto loiro e pálido como os nórdicos e isso fez com que a pele de Micah fosse clara, assim como também contribuiu para sua constituição alta e magra. Micah tinha 1,83m. O cabelo preto caía da cabeça para o pescoço de maneira casual. Os olhos pretos em um rosto que parecia sombrio com o tom bronzeado e as sobrancelhas espessas transmitiam tom de ameaça. Os lábios eram mais cheios do que o comum, tornando-os muito sensuais.

— Lábios generosos e convidativos. — A esposa de Noah, Sabella, declarou uma vez. Noah não tinha ficado nada feliz de ela ter notado.

— Eu me preocupo sobre este trabalho — Noah declarou. — Gostaria de estar em casa antes de o bebê nascer, se você não se importa, é claro.

A esposa de Noah estava esperando o primeiro filho. A esposa que ele quase havia perdido por causa de sua própria estupidez, seu próprio orgulho. Estar longe dela o fez sofrer demais. Mas tinha sido a própria mão dele que havia assinado o contrato com a Elite Ops, foi sua escolha se comprometer com o time quando ele facilmente poderia ter ido embora disso tudo para ficar com Sabella.

Essa maldita coisa, o orgulho. Ele havia aprendido sua lição, ele tinha sua Sabella de volta, mas ainda era um membro do time e o seria até o dia em que morresse.

— Você assinou, agora aguente. — Micah encolheu os ombros enquanto colocava o braço no vão da porta e olhava o trânsito.

—Um dia destes— Noah murmurou, quase para si mesmo.

Micah era um bastardo duro, não havia nenhuma dúvida. Quem diabo pensou que ele era o cara certo para encantar uma mulher que não fazia nada além de temer os homens, Noah ainda não conseguia compreender.

— Um dia destes sua esposa fará um favor a todos e atirará em você com a sua própria arma — Micah grunhiu enquanto o olhar continuava a observar o trânsito. — Ouvi dizer que ela te fez dormir no sofá no último mês.

Noah fez uma careta. Como diabo Micah havia descoberto isso?

— Inferno! — Noah rosnou. — Ela disse à Kira, não é? — Kira era a esposa de um dos ex–chefes dos Navy SEALs com os quais Micah jantaria naquela noite.

Os membros do time Durango tinham renunciado oficialmente aos SEALs durante os últimos três anos, mas nenhum deles era realmente livre de sua condição coberta. Eles eram o time substituto da Elite Ops, porém a Elite Ops estava usando seu auxílio cada vez menos para operações pequenas.

— Talvez ela não tenha dito a ninguém. — Micah declarou. — Talvez eu estivesse comprovando a segurança da sua casa e te vi dormindo no sofá. Eu poderia ter fatiado a sua garganta enquanto você dormia.

— Sonhe, babaca! — Noah grunhiu. — Admita. Sabella disse à Kira e ela saiu fofocando, bem ao estilo dela. Você não passou pela minha segurança e nós dois sabemos disso. —Não era possível, ele havia garantido isso pessoalmente.

Micah não fez mais do que sorrir.

— Olhe, sério agora. — Noah suspirou. — Se você entrar naquela boate parecendo que está pronto para matar, aquela criança vai sair correndo para as montanhas.

— Ela não é uma criança.

Noah parou diante da declaração de Micah e dirigiu um olhar curioso ao homem.

— Mas ela não é exatamente uma mulher experimentada e mundana. — Noah o assegurou. — Ela tem vinte e seis anos de idade, Micah, não é virgem, mas...

— Ela ainda é uma virgem. — O tom de Micah nunca mudou.

— Ela foi estuprada. — Noah se sentiu como se estivesse conversando com uma parede de tijolos. — Ela está ferida, cara. Você não pode mostrar esse rosto de assassino e esperar que ela confie em você.

Micah girou para olhar a ele.

— Rosto de assassino? — Ele perguntou calmamente.

— Sim, essa carapuça fria da Mossad que você está vestindo agora mesmo. — ele rosnou. — Alivie um pouco, homem. Pratique uma cara sorridente ou algo assim.

Um brilho relampejou no olhar de Micah antes que ele girasse novamente a cabeça.

— Eu me preocuparei com a reação dela a mim. Você se preocupe em fazer com que a gente chegue à boate rapidamente.

Noah quase rangeu os dentes em frustração. Inferno, ele ainda se lembrava da noite em que ajudou no resgate de Risa Clay da cela de Diego Fuentes. Ela tinha sido como uma pequena boneca quebrada. O olhar perdido, estremecendo com as drogas que bombeavam pelo seu sangue, e lutando contra seus efeitos a cada respiração do corpo.

Ela tinha sido uma coisa tão pequenina. Assustada e contundida, o sangue descendo pelas coxas e a dor enchendo os olhos. Traumatizada era uma palavra amável para o estado em que aquela criança tinha sido achada.

— Micah... — ele tentou de novo.

— Noah, você quer parar agora. — A voz de Micah enrijeceu e Noah não acreditava que isso seria possível. — Eu sei como lidar com a senhorita Clay. Esse será um encontro e uma saudação, nada mais. Uma chance de medir a reação dela a mim, e, portanto a reação dela ao plano que pretendemos iniciar amanhã à tarde. Fique tranquilo, tenho certeza de que sei como tratar uma mulher.

Ele poderia saber como tratar uma mulher, Noah pensou, mas com toda a certeza ele não poderia mascarar seu jeito ameaçador.

— Inferno, o que Jordan estava pensando ao dar esta operação para você? — Noah questionou a decisão do tio. — Você a apavorará.

— Eu exigi este operação.

Noah olhou surpreso para ele.

— Por quê?

A expressão de Micah não mudou. O rosto estava ainda mais fechado. Os olhos eram como gelo negro e a voz completamente fria. Poderia causar uma úlcera em uma pessoa mais fraca.

— O porquê só interessa a mim. — Micah encolheu os ombros. — Apenas aceite. Agora se você não se importa, sua falação está acabando com os meus nervos. Talvez Jordan pudesse achar uma focinheira que coubesse em você.

Noah sorriu e apertou as mãos no volante do carro enquanto fazia uma volta atrás do táxi e diminuía a distância para o hotel onde Risa estava indo.

Inferno, ela merecia algo melhor do que estar envolvida na operação que jogariam sobre ela no dia seguinte. Ela merecia mais do que a forma como seria usada naquela operação. Ela não era mental ou emocionalmente capaz de suportar a manipulação que iria cair sobre seus ombros frágeis.

Ele tinha mencionado seus medos para a esposa, Sabella. Preocupado que esta operação acabasse com a habilidade da menina de se curar e seguir com a vida. Mas eles não tinham nenhuma escolha. Esta não era somente a melhor chance de capturar um assassino que ninguém parecia ser sequer capaz de identificar, mas também era a chance deles de salvá-la de uma morte aterrorizante. Risa estava começando a se lembrar o que todo mundo acreditava que ela nunca se lembraria: a noite de seu sequestro e estupro e o homem que era o sócio do pai dela nesse evento. Essas memórias podiam causar sua morte.

— Risa Clay não é uma mulher quebrada. — o comentário de Micah surpreendeu Noah que grunhiu de volta.

— O que o faz pensar isso? — Noah perguntou.

— Você sabe as mesmas coisas que eu. — Micah declarou. — As viagens para o SPA, a viagem de compras e o tipo de roupas que foram compradas. Os brinquedos sexuais que foram encontrados na gaveta ao lado da cama. Não, Noah, ela não é uma mulher quebrada. Ela é uma mulher tentando se curar.

— E você acha que a entregar aos seus cuidados vai completar a cura? — Noah bufou. — Inferno, o que eu sei é que você pode manter uma mulher somente o tempo que leva para foder, Micah. Você é como um robô, cara. Isto é bom com uma mulher que não está procurando nada além disso.

— Noah, você está parecendo com uma galinha com os pintinhos. — Micah suspirou. — Você me lembra uma de quem falamos antes. Preciso discutir isso com Sabella. Ela está se tornando uma influência ruim para você.

Noah grunhiu. Maldição, Sabella era sua salvação.

— Ela só rirá de você — ele prometeu ao outro homem.

— Não tenho nenhuma dúvida de que ela rirá, simplesmente porque ela sabe que você é uma causa perdida.

Noah deixou a questão para lá. Obviamente não havia como convencer Micah que para encantar uma mulher era necessário mais do que um simples convite para levá-la para a cama. Especialmente uma mulher como Risa, uma que tinha conhecido o horror que mal se lembrava. Ela podia pensar que se esqueceu dos detalhes e rostos devido aquele maldito Pó das Prostitutas, mas Noah sabia que seu subconsciente lembrava, que seu corpo se lembrava.

Ele sabia por que tinha passado por isso. Por dezenove meses infernais ele tinha sido bombardeado com essa merda. Ele sabia o que fazia com o corpo, com a mente. O que teria feito à criança que ela tinha sido, experimentar a humilhação e dor de um estupro, não seria nada fácil de superar.

Risa não tinha sido tão afortunada quanto às outras vítimas que foram bombardeadas por aquela maldita droga de estupro. Ela não se esqueceu completamente daquela noite, nem se esqueceu dos meses intermináveis em que tinha permanecido no asilo. Assim como estava certo que ela não havia se esquecido de que foi o próprio pai dela o responsável por ambos os infernos.

O bastardo do Jansen Clay. Noah rezou que ele estivesse queimando no inferno agora.

— Live Wire, esteja avisado, o alvo está esperando no local — ele falou ao microfone preso ao pulso enquanto o táxi de Risa passava pelo posto de fiscalização predeterminado.

— Maverick está a quatro portas atrás e vindo no frio.

Quatro carros atrás e frio como gelo. O homem tinha que ser feito de chips de computador.

— Facilitem. — Jordan ordenou suavemente. — Vamos ver nosso interesse.

— Orion não seria tão descuidado. — Micah declarou quando o táxi manobrou na área da recepção e parou na entrada da boate.

Segundos depois, Noah parou atrás do táxi, ele e Micah assistiram Risa saindo do veículo.

Micah viu seu rosto, cada detalhe primoroso e sentiu ao mesmo tempo a tensão familiar na virilha, mas eram uma excitação e um interesse não desejados. Tinha começado a acontecer desde que ele tinha sido informado desta operação e ele tinha sido ordenado a segui-la. Ela é um alvo, ele se lembrou. Um alvo muito inocente e vulnerável, ele tinha que se lembrar disto.

Mas o alvo parecia com um anjo na Terra. Vestida de bronze e marrom, o cabelo, brilhante como o sol, balançando sobre os ombros, o medo e a determinação apareciam em partes iguais na expressão.

Ele lutou contra a reação do corpo a ela, lutou contra seu interesse nela. Ele estava aqui com um propósito: capturar o bastardo do Orion, e Risa Clay era o meio para um fim. Como ele havia dito a Noah, hoje à noite era um encontro e uma saudação, nada mais. Um pouco de bate-papo, uma dança ou duas, e amanhã ela seria forçada a perceber que seu mundo estava mudando. Ela havia se tornado a caça, e Micah era sua única chance de sobrevivência.

Enquanto ela entrava na boate, ele saiu do carro, arrumou a jaqueta preta que vestia e a seguiu com um passo tranquilo.

Ela era simplesmente linda. Micah já a havia visto antes, várias vezes, mas ela não sabia. Ela era amiga das esposas do time Durango, todas que moravam em Atlanta.

Em todas as vezes que ele a havia visto, ele tinha ficado interessado, atraído, mas de uma maneira muito objetiva. Sua inocência e vulnerabilidade tocavam em algo nele que não tinha sido tocado em anos. Ela o fazia querer tirar a dor de seus olhos, e isso era muito perigoso para um homem como ele.

— Maverick, o alvo está no lugar. — Jordan anunciou. — Entre só. Black Jack está no lugar para lhe dar cobertura.

Micah deslizou o receptor da orelha discretamente e desplugou o microfone da manga de sua jaqueta. Com eles na mão, caminhou ao lado de Travis Caine, o antigo agente do MI6 , soltou-os no bolso de sua jaqueta e prosseguiu pelo salão.

Micah fez uma pausa antes de se dirigir à mesa. Ficou de pé perto de uma das colunas de sustentação a vários metros de Risa enquanto ela se sentava no seu lugar à mesa. Ele havia usado aqueles momentos finais para se defender da expressão desprotegida que podia ver claramente no rosto dela.

Havia medo em seus olhos. O corpo dela estava tenso com ele e o olhar estava sombreado com ele também.

Ela observou o salão, o olhar passou por ele, e Micah esperou.

Ela olhou ao redor de novo, então mais uma vez. Na terceira vez ela parou o olhar nele enquanto ele não tinha parado de observá-la, permitindo ao olhar memorizar aquelas feições um pouco antes de seus olhos se encontrarem.

Um calafrio de poder relampejou pelo corpo dele. Os olhos azuis claros dela brilharam com interesse, medo, então com interesse novamente, como se ela não estivesse certa de como deveria se sentir.

Ele deixou o olhar continuar preso no dela, deixou a mente alcançar a dela, acalmando-a, relaxando-a. Ele usou os olhos em vez da expressão para acalmar o medo que sabia que estaria aumentando dentro dela.

Micah conhecia o poder de um olhar. Quando duas pessoas se tocavam através da distância, aquele toque poderia ser assustador, cauteloso ou um traço de gentileza. Ele a acariciou suavemente. Ele nunca deixou os olhos descerem abaixo do queixo, em vez disso, se permitiu assistir a cada nuance da expressão dela, todo o tempo que durou cada movimento facial, o chamejar das pestanas, as sombras nos olhos, a tensão no corpo pequeno.

Ela era como um pássaro pronto para voar. Equilibrada na extremidade da cadeira, o corpo tenso e preparado para correr.

—Calma, passarinho... — ele pensou, deixando os pensamentos tocarem o próprio olhar. —Não existe nenhuma dor aqui. Nenhum medo.

Ele acariciou o queixo delicado dela com o olhar, então voltou para os olhos. Ele a deixou ir para dentro dele, deixou-a ver sua alma e as partes dele que eram somente um homem, apenas um amante disposto a tocá-la com gentileza. Ele a deixou ver que não haveria nenhum perigo em deixá-lo se aproximar.

Os olhos eram mais do que janelas para a alma. Eles podiam mentir também. E Micah era um mentiroso consumado. Mas enquanto ele olhava fixamente em seu olhar cauteloso, percebeu que estava desejando poder ser mais. Queria poder ser o homem que ela precisava de verdade, em vez de uma decepção.

Ela piscou, e ele viu o abrandamento minucioso no olhar. Não era rendição e nem desejo, exatamente. Era uma sugestão de interesse misturada com precaução e resolução. Ela havia tomado uma decisão. Ele se perguntou agora qual teria sido essa decisão.

Ele avançou lentamente, mantendo o olhar dela, muito ciente dos vários olhos que os estavam assistindo. Estavam presentes quatro membros do time Durango junto com suas esposas. Clint e Morganna, Reno e Raven, Kell e Emily, Ian e Kira, que ficavam uma parte do ano em Atlanta ou onde fossem necessários para o time. A outra parte do ano eles ficavam em sua casa no Texas. Macey atualmente estava fazendo algo em algum lugar com sua noiva, Emerson.

Os pares fingiam não estar cientes da tensão que gritava através da distância entre ele e a deleitável Risa Clay. Ele viu preocupação nos seus olhares, apesar de uma mensagem de proteção que era visível em seus corpos.

Esta mulher era amiga deles e eles se preocupavam com ela. Eles estavam tão inseguros sobre esta missão quanto Noah estava, e Micah entendia essa preocupação. O que eles não sabiam era que a pequena criatura cautelosa que o observava se aproximar não tinha nada a temer dele.

Ele percebeu naquele momento que Risa Clay se tornou para ele mais do que o meio para um fim. Ela era uma ferramenta criada para sua mão. Uma arma que ele moldaria para responder a todo e qualquer movimento dele. Ela era o caminho que ele iria percorrer para exorcizar os fantasmas que o assombravam. Somente por essa razão ela iria sair dessa operação sem nenhum dano.

Ela era a isca. Ele sabia disso. Amanhã ela saberia também. E hoje à noite seria sua única chance de se assegurar que ele estaria lá quando o inimigo atacasse. Micah jurou anos antes que seria ele quem empunharia a arma que ia tirar a vida miserável de Orion. Por seis anos Micah tinha sido assombrado por esse juramento. Assombrado pela morte da mãe e, seis semanas mais tarde, a morte do pai.

Risa era sua chance de fatiar o coração do assassino que havia destruído sua família e arruinado a vida que Micah havia sonhado para si.

Era a hora da vingança, e Risa era sua única conexão com o bastardo.

Orion tinha sido contratado para caçá-la. Maverick a protegeria. E quando chegasse o momento, ele estaria lá para matar o caçador.

 

— Esse é Micah.

Risa ouviu a declaração de Morganna em seu ouvido, mas não podia desviar o olhar dos olhos negros que a retinham. Olhos tão fundos, tão escuros quanto à noite, ainda assim algo faiscava com calor, que impedia os olhos de estarem completamente frios.

A expressão era tranquila. Havia uma sugestão de dureza, de perigo cuidadosamente atado. Mas ela não podia esperar qualquer coisa menos de um amigo de quatro ex-Navy SEALs. Ainda assim, a quietude da expressão era reconfortante. Como se ele soubesse exatamente o que era, suas forças e fraquezas, e tivesse aprendido a viver com seus próprios demônios. Ele não mostraria seu coração nas mãos ou no rosto. Ele era reservado. Ela entendia os reservados.

O corpo inteiro refletia sua expressão. Ele não se movia como se estivesse com pressa. Não havia nenhuma expectativa, nenhum senso de urgência. O corpo era coordenado, esbelto, duro. Em boa forma.

O jeans preto se ajustava às pernas e aos quadris musculosos. A camisa branca sob a jaqueta preta era uma sugestão de cor em um oceano escuro de emoções profundas com uma graciosa confiança masculina. O cabelo era cortado perto do couro cabeludo, ondas negras e espessas, longas o suficiente para uma mulher deslizar os dedos por elas.

E o que a fez pensar nisto? Ela se perguntou. Por que os dedos dela de repente apertaram a bolsa quando ela se perguntou qual seria a sensação do cabelo dele sob eles.

Eram os olhos dele que a seguraram, porém, que a chamavam. Eles acariciavam seu rosto, sempre voltados para os olhos, havia um pouco de abrandamento dentro deles, uma sugestão de interesse, de determinação, o coração dela acelerou com uma força impetuosa dentro do peito que a deixou trêmula.

Ela esperava que ele fosse forte, poderoso. Ele era, no entanto com uma força de poder sutil. O corpo não era dominado por músculos que se estiravam contra as roupas. Ele era esbelto, em forma. O poder masculino brilhava ao seu redor, ele não era pesado e largo como Kell. Kell Krieger era alto, os ombros como os de um jogador de futebol americano, acolchoado com músculos. Até Reno e Clint eram como torres de músculos e força. Micah Sloane era tão alto quanto eles, mas não tinha corpulência. Alguns poderiam suspeitar que a força estivesse ausente também. Ela tinha o pressentimento de que quem cometesse esse engano viria a se lamentar.

— Já era hora de você chegar. — Clint falou do outro lado de Morganna quando Micah Sloane se moveu para a cadeira desocupada em frente a ela.

Ele apertou a mão de Clint quando ele se levantou, repetiu o movimento com Reno, Kell e Ian. Os olhos não deixaram os de Risa.

— Micah, você gostaria de conhecer a nossa amiga Risa? — Havia um toque de diversão na voz de Morganna agora.

— Creio que adoraria. — as palavras não subiram acima da música. Era como se a música tivesse pausado só para ele, certa de que se arrependeria ao frustrar os seus desejos caso não o fizesse.

— Sr. Sloane. — Risa assentiu com a cabeça, apenas capaz de engolir o nervosismo que subia pela garganta.

A mão dele alcançou-a através da mesa. Ela não teve nenhuma escolha a não ser soltar os dedos da bolsa e permitir que eles os tocassem. Ela esperou por um aperto de mão firme e determinado. Ela não esperava que a mão dele se encaixasse na dela, que os dedos golpeassem contra seu pulso por um breve segundo, como se quisessem aliviar a pulsação que batia fora de controle ali.

Então o calor da mão dele tinha ido embora, deixando-a lamentando a brevidade do contato enquanto ele soltava o botão da jaqueta e se sentava.

Ele se inclinou na cadeira e respondeu alguma pergunta que Kell tinha feito. O olhar voltou para ela, apesar de nunca ter se afastado por muito tempo.

Ele não exigiu que ela olhasse fixamente em seus olhos. A carícia do olhar era sutil, lenta. Não buscava outros interesses, era protegida por pestanas pretas espessas, mas nada podia embaçar o efeito que tinha sobre ela.

— Risa Clay, conheça Micah Sloane, um Seal atribuído ao time Durango. — Clint os apresentou.

Micah não olhou abaixo de seu queixo sequer uma vez, mas ela jurava que podia sentir o calor fluindo em todo o corpo. A atenção não era crua, não era inoportuna. Estava simplesmente lá. Uma carícia na sobrancelha, ao longo do queixo. Tocava seu cabelo, a orelha quando ela colocou uma mecha para trás.

— Risa, Micah gosta de brincar com câmeras fotográficas também. — Kell se debruçou para falar com ela, os olhos verdes brilhando na expressão sombria. — O homem carrega uma câmera com ele em todos os lugares que vai.

O coração de Risa estava batendo forte. Ela se sentia excitada, assustada. Ela precisava se afastar da carícia cuidadosa dos olhos dele.

Ela não podia responder a Kell. Ela não podia formar uma resposta razoável. Empurrando a cadeira, ela tentou dar uma desculpa para escapar para o banheiro feminino, mas os olhos de Micah estavam nela, sondando, questionando. Ela não podia formar uma única frase razoável. Ela girou e se afastou depressa da mesa, trilhando sua passagem pela multidão e escapando para o corredor vagamente iluminado e indo para banheiro feminino aconchegante que ficava nele.

Ela passou pela porta, deixando-a balançar e se fechar atrás dela, e teve vontade de gritar de alívio pelo lugar estar vazio. As cadeiras marrons aveludadas e aconchegantes estavam dispostas em vários agrupamentos fora da área principal. Um longo balcão com pias podia ser vislumbrado no outro lado da parede, a escolha de luzes brilhantes destacava as plantas e a cor de ouro das paredes e do piso.

Era fresco, tranquilo, e ela se sentia uma completa idiota. O coração estava batendo muito rápido, gotas de suor apareceram na testa, e o medo era como uma pulsação maníaca fervendo dentro das veias. Apertando o estômago com a mão, ela respirou profundamente, e se endireitou contra a parede. Ela conseguiria dar um jeito nisso, ela se prometeu. Ela não fugiria novamente.

Ela colocou os pulsos debaixo da água fria e calmante e se repreendeu por sua reação. Que diabo havia de errado com ela? Ela iria fazer isso. Micah Sloane era um homem muito bonito. Ele era seguro. Ele não a machucaria. E ele estava interessado.

Ela poderia ser uma noviça, claro, mas ele era um homem, e ela não era estúpida. Havia interesse em seus olhos. Interesse sexual.

Uma noite. Ela gemeu silenciosamente. Apenas uma noite. Deus, por favor, me dê forças para fazer uma memória em vez de um pesadelo. A respiração era difícil por causa da necessidade que queimava dentro dela, a pulsação elétrica de necessidade feminina, necessidade de mulher apenas para ser realizada.

Retirando os pulsos da água, ela cortou o fluxo e então secou as mãos. Endireitando os ombros, ela se olhou fixamente no reflexo. Ela não era feia, não mais como tinha sido quando adolescente, quando o rosto tinha todos os ângulos e linhas afiadas. Tinha enchido, suavizado. Ele não teria que empurrar o rosto dela nos cobertores para...

Ela cessou bruscamente o pensamento quando uma náusea rolou em seu estômago e os pesadelos ameaçaram substituir a determinação.

Ele tinha estado interessado. Ela podia fazer isto. Deus, apenas uma noite.

Lambendo os lábios nervosamente, ela acalmou outra respiração difícil, então girou e se moveu para a porta. Abriu-a, saiu, e então parou bruscamente, chocada. Micah estava apoiado contra a parede em frente a ela, as mãos enfiadas negligentemente nos bolsos da calça comprida, a jaqueta caindo aberta, a camisa cobrindo o que parecia ser um tórax esbelto, duro.

— Morganna queria correr atrás de você. — A voz dele era um veludo negro, sombria, sussurrando com magia e sexualidade enquanto ela finalmente olhava para os olhos escuros e sentia uma necessidade pulsar entre as coxas.

— Eu precisava… — Ela acenou com a mão para a porta e engoliu em seco. —... Um momento.

— A multidão lá fora pode ficar opressiva. — Ele falou e os lábios eram firmes e cheios. Lábios largos, tentadores. Como seria... ela desejou saber... beijar um homem? Ela não tinha sido tocada desde que tinha dezoito anos de idade. Os beijos que havia recebido antes disso tinham sido malfeitos, sem experiência. O que seria beijar um homem? Um homem que conhece o corpo de uma mulher.

E este homem conheceria. A experiência sexual vazava de seus poros em uma aura sutil que tinha atraído o olhar de cada fêmea que enxergava quando ele tinha caminhado em direção à mesa mais cedo.

Ela lambeu os lábios novamente. Ela devia falar. Ela sabia que devia. Ela tinha que dizer algo.

— Eu sinto muito. — O sorriso dela era nervoso. Ela estava tremendo por dentro, em partes iguais, o medo e a necessidade corriam por ela. — Devo parecer uma lunática.

A cabeça dele inclinou para o lado, os olhos pretos a olhavam com uma sugestão de fogo.

— Pelo contrário. — Ele declarou quando se afastou da parede e tirou as mãos dos bolsos. —Você parece uma jovem mulher adorável incerta com o animal que seus amigos te apresentaram. — Pela primeira vez um sorriso tocou os lábios dele. Era torto, um pouco zombeteiro. — Eles estão acostumados a lidar com a sobrecarga de testosterona, creio. Aqueles homens lá são como adolescentes puxando e empurrando um ao outro pelo domínio. Eles não consideraram o efeito que estariam causando em alguém novo ao fenômeno.

Ela quase riu. O som ficou preso em sua garganta enquanto o olhar dela deslizou para os lábios dele novamente. A respiração dela era áspera, pesada. Ela não entendia as sensações que de repente se revoltavam dentro dela, e a estavam assustando. Apavorando.

Ele se moveu para mais perto, um movimento sutil do corpo, e apenas alguns centímetros os separavam quando ela o olhou fixamente, ciente de muitas coisas de uma vez. O tato de seu corpo, o calor a cercando. A força dele. O estrondo de necessidade e medo dentro dela.

— Eu sinto muito. — Ela escovou o cabelo nervosamente, então ficou chocada quando viu a mão dele erguida.

Como uma corça assustada olhando fixamente para ele como se esperasse uma bala a qualquer segundo, Micah pensou quando esticou a mão e colocou o cabelo atrás da orelha para ela.

As mechas eram tão suaves quanto seda, mornas embaixo das pontas dos dedos dele.

Risa congelou com a carícia explícita, e ele estava ciente das emoções contraditórias, os medos que a estavam rasgando. Sob a maquiagem o rosto, ela estava pálida, ele podia ver a sugestão de pânico escurecendo os olhos, assim como a excitação.

Sim, excitação. O corpo dela, excitado e exigindo o toque, conforto, alívio. Mas haviam também os efeitos prolongados daquela merda de droga que tinham enchido o corpo dela. O Pó das Prostitutas ainda estava em seu sistema. A droga sintética se prendia ao cérebro, forçava o corpo a sentir o máximo de excitação em momentos inoportunos.

Os registros médicos contavam a história. Ainda havia quantidades minuciosas da droga em seu sistema, até mesmo oito anos mais tarde. Não teve o mesmo efeito que teve em Noah, que sofreu injeções contínuas por quase dois anos. Mas estava lá, e afetou o corpo feminino de formas diferentes das reações no corpo masculino.

— Eles ficarão preocupados se nós não retornarmos logo. — Micah disse, forçando a voz a permanecer calma, e usou seu olhar para acariciar o rosto dela como seus dedos desejavam fazer. —Nós devíamos nos juntar aos nossos amigos, você não acha?

Ela olhou de volta para ele, os lábios separados, as pupilas dilatadas enquanto um rubor de necessidade cobria as maçãs do seu rosto.

— Se nós não formos... — ele permitiu a sua voz ficar mais baixa — ...então eu vou te beijar, senhorita Clay. E estou certo de que você acharia uma ofensa se eu tomasse tais liberdades tão cedo.

Ele quase se encolheu. Porra. O sotaque dele estava ficando livre com ela. Uma sugestão do deserto coloria suas palavras, e o efeito escureceu os olhos dela.

Onde diabo estava o gelo que ele mantinha firmemente dentro da alma? Onde estava o cuidadoso controle que já era uma parte dele?

— Com certeza eu iria — ela sussurrou, mas a língua deslizou nos lábios, um deslizar pequeno e rápido, os amortecendo para ele.

Ela estava ficando pronta? Ele se perguntou. O corpo dela estava se preparando para ele? Micah persuadiu a si mesmo que se acautelasse, mas ele também era um homem que viveu e morreu sabendo como ler um corpo.

Esta noite era para estabelecer interesse. Ver se ela poderia tolerar o pensamento do que deveria ser feito nos próximos dias. Se a linguagem corporal era uma coisa a se considerar, então tolerar não seria nenhum problema.

— Eu vou beijá-la, Risa. — ele a advertiu uma última vez. — Afaste-se de mim e nós retornaremos aos outros. Caso contrário, esses lábios bonitos fazendo beicinho irão me pertencer.

Pertencer a ele? Risa piscou de volta, os lábios se separando. Mas… Aqui era seguro, certo? Um beijo.

— Eu... — Ela tentou falar, tentou pensar. Ela não queria parecer uma vagabunda, mas o que mais ela iria parecer antes da noite estar terminada? Era a noite dela, droga! Ele era um estranho. Ele permaneceria um estranho depois que a noite estivesse terminada. Isso era tudo o que importava. Uma noite.

— Um beijo. — ela sussurrou, chocada, pasma com a própria ousadia.

A mandíbula dele trincou, um músculo pulsando enquanto a mão dele erguia, envolvendo o pescoço dela e o dedo polegar deslizou sobre os lábios dela.

A cabeça dele abaixou até que ela sentiu a respiração dele contra os lábios, o calor dele afundando nela.

— Quero ver os seus olhos enquanto a beijo — a voz dele sussurrou. — Quero sentir os seus lábios, Risa, suaves e doces, e saborear o néctar da sua língua. Quero te saborear, conhecer a sua essência — Ele olhou de volta, com um sorriso estranho nos lábios. — Impossível aqui, você não concorda?

Ela tremeu. Uma mão agarrou a bolsa, a outra estava encostada contra a parede atrás dela enquanto ela olhava fixamente de volta para ele.

— Por quê?

A cabeça dele caiu para o lado novamente.

— Por que eu quero te beijar assim?

Ela anuiu com a cabeça bruscamente.

— Existe outro jeito de beijar uma mulher bonita, desejável? — Ele a perguntou então. — Se existe, então eu não fui avisado.

Havia uma sugestão de convicção na voz, uma sugestão de fome. Ela era mulher suficiente para ver isto, sentir isto.

— Você quer me beijar? — Ela sussurrou. Alguém já havia desejado beijá-la?

— Docinho, querer é uma palavra aprazível para a necessidade de te beijar. — Havia uma sugestão de auto-escárnio no sorriso dele então, no cintilar dos olhos. — Eu deveria ter vergonha da minha falta de controle. — A mão dele ergueu novamente, os dedos colocaram o cabelo dela atrás da orelha uma vez mais. Estavam sempre caindo livres. As mechas espessas se recusavam a se segurar dessa forma.

— Que cabelo bonito. — ele disse então. — Sedoso e morno.

A cabeça dele abaixou, os lábios deslizando pelos dela. Um beijo. Firme, quente. Risa sentiu uma onda de excitação. Ela sentiu prazer. Os lábios aqueceram os dela, a língua a saboreou até que ela estava arquejando e quase implorando por mais. Um gemido suave deixou os lábios dela quando a cabeça dele ergueu e ele recuou ligeiramente.

Ele ofereceu a mão para ela.

— Vamos voltar? Se tivermos sorte, a banda poderá tocar algo suave e lento. Eu gostaria de dançar com você, Risa.

A mão dela se afastou da parede, os dedos tremiam quando ela os colocou na mão dele.

— Eu... — Os lábios dela tremeram então. Ela riu inconscientemente. — Eu não estou acostumada…

— Nenhuma explicação é necessária. — A voz dele era mais escura, mais morna. — Nenhuma, Risa. Hoje à noite, não há necessidade de qualquer coisa, apenas ser você mesma. Da forma que você desejar. Como quer que você deseje. Quem você deseje ser.

Morganna tinha jurado que ninguém havia mencionado o passado dela para ele. Que eles não disseram nada sobre os pesadelos que a assombravam. Ele não a conhecia. Ele só sabia que ela era uma amiga. Que ela tinha sido protegida. Morganna tinha sido feroz sobre isto. Que Micah saberia que Risa não era uma mulher de se brincar. Ela silenciosamente se opôs a isso. Talvez, ela pensou então, ela quisesse que brincassem com ela. Agora ela sabia que queria.

Ela podia ser quem ela desejasse ser.

Ela deixou a mão enrolar ao redor da dele e a levar adiante. Quando ele a abraçou, ela não fez nenhuma objeção quando seu braço a rodeou, aquela mesma mão pressionando possessivamente contra a parte inferior das costas.

Ela se sentia muito estranha. Ela estava úmida nas coxas como nunca tinha estado antes. O clitóris estava inchado. Ela podia sentir a sensibilidade do pequeno broto entre as dobras de seu sexo. Os mamilos raspavam grosseiramente contra o tecido de seu vestido. Ela os sentia inchados, pesados. Não os sentia tão pequenos agora, pareciam muito grandes. Ela não se sentia sem-graça, não se sentia bonita. Ela se sentia querida. Ela já havia se sentido querida?

Micah podia sentir a violência ameaçando explodir por seu sistema quando sentiu a enorme tensão nas costas delas. Deus, ela estava pronta para explodir. Ele podia sentir o calor de sua carne, via a chama de necessidade em seus olhos azuis penetrantes.

Será que ela sabia o que isso fazia com um homem? Ele se perguntou. Mesmo um homem tão controlado, tão experiente quanto ele. Era como se uma seta de fogo cortasse suas bolas. A necessidade de se afundar nela era uma fome diferente de tudo o que ele tinha conhecido anteriormente, com qualquer outra mulher.

Micah era um homem que entendia sua própria sexualidade, suas próprias fomes. Era um homem que entendia o corpo de uma mulher. Cada nuance. Cada faísca de fome, cada medida de excitação. E ele queria matar Fuentes. Ele queria matar o pai de Risa. Aquele filho da puta ordenou que a filha fosse injetada com aquela maldita droga e assistiu. O desgraçado assistiu enquanto outro homem estuprava sua própria criança.

Um bebê. Ela era ainda um bebê, e Jansen Clay havia permitido alguém tocá-la, abusar dela da maneira mais monstruosa possível.

Micah a levou de volta à mesa, ergueu a mão imperiosamente e ganhou a atenção de uma garçonete. Inclinando, ele sussurrou para Risa:

— Preciso falar com Reno e Clint por um momento. Voltarei logo.

O cabelo dela roçou o rosto dele quando ela anuiu com a cabeça, e ela viu o tremor dos próprios dedos no colo. Ele não a tocou novamente. O corpo dela já estava sensibilizado, a mente estava confusa, e pela primeira vez na vida, Micah estava à beira de uma autêntica fúria.

O olhar dele ergueu e se conectou com o de Kell Krieger. A mensagem de Micah no olhar era clara, e ele sabia que o outro homem a recebeu perfeitamente quando seus olhos verdes estreitaram. Proteja-a. Nenhum outro homem pode abordá-la.

Micah se conhecia. Ele era um homem que conhecia seu interior como não conhecia nada mais neste mundo. E ele sabia, pelo espaço de tempo que era necessário, que esta mulher lhe pertencia. Ela seria sua, completamente. Não havia outra opção.

Endireitando o corpo, ele girou e seguiu os outros dois homens pelo clube e eles saíram pela porta dos fundos. A noite caía ao redor deles, mas isso não significava que não houvesse nenhum olho os vendo, e onde há olhos assistindo, há orelhas ouvindo.

— Mas que porra é essa que você está fazendo? — A voz de Clint estava furiosa quando ele abriu a porta do furgão à prova de som que ele e a esposa haviam trazido para o clube.

Ao entrar, Micah se jogou no banco ao longo da parte de trás e viu quando Clint bateu violentamente a porta depois que Reno entrou.

Ambos o encararam.

— Ela é traumatizada, porra! — Clint estava enfurecido. — Esse não era o acordo, Micah. Encontrar e cumprimentar. Que diabo você está fazendo, apoiando ela em uma parede e, além disso, molestando-a?

A mão de Micah ergueu, os dedos envolvendo a garganta do homem antes que ele pudesse dizer algo mais. O movimento surpreendeu Micah. E chocou claramente Clint e Reno.

— Solte-o, Maverick. — Reno o advertiu suavemente quando os olhos de Micah se recusaram a deixar os de Clint.

— Acuse-me de machucá-la novamente e nós trocaremos palavras, McIntyre. — ele disse a Clint severamente. — Você não conhece tanto aquela mulher quanto acredita. Você não conhece os efeitos daquele pó demoníaco que eles atiraram em suas veias, e você não sabe o inferno que ela vive todas as noites. Eu sei. — Os dedos dele quase endureceram. — Eu ouvi os pesadelos dela, e eu a ouvi gritar. Não ouse interferir aqui.

Ele largou Clint lentamente, ciente de que o outro homem não havia demonstrado nenhum medo. Tinha mostrado apenas vigilância passiva, assim como Reno depois de seu protesto inicial.

Micah recostou de volta no banco, forçando o corpo a relaxar, a mente a se concentrar.

— Você me trouxe aqui por qualquer outro motivo além de me repreender sobre Risa? — Ele perguntou finalmente. — Vamos esperar que sim.

Reno bufou com o comentário.

— Live Wire localizou um rastreador em você. — ele disse. — Ou melhor, um em Risa. Ela foi seguida do apartamento até o clube. O carro circulou o clube duas vezes e então desapareceu no trânsito, e eles o perderam. Você sabe o quão duro é perder um bastardo como vocês no trânsito?

A mandíbula de Micah cerrou.

— Ela já está sendo vigiada. Conseguiram identificar o motorista?

— Tudo que nós temos são: cabelo e óculos escuros. Ele foi cuidadoso em manter o rosto escondido. Temos algumas fotos, mas vai levar algumas horas para conseguir uma idéia clara de quem estamos procurando.

— Não é Orion. — Micah esfregou as mãos sobre o rosto, desejando ter a falta de controle que permitiria esmurrar algo. Ou alguém. — Ele não cometeria esse engano. Você não saberá quando ele estiver vigiado e quando ele não estiver.

Ele olhou para cima a tempo de pegar Clint e Reno trocarem olhares e cuidadosamente apagarem toda a expressão em seus rostos, até os olhos ficariam em branco. Ele sabia como fazer isso. Estes homens eram bons, mas Micah havia aprendido, mesmo em uma idade jovem, que qualquer sugestão de emoção podia fazer um homem ser morto.

Ele aspirou fortemente.

— Tenha uma equipe pronta para entrar no apartamento dela antes que ela retorne para casa, verifique se há grampos. Orion colocará dispositivos de escuta, às vezes ele os usa para localizar seu alvo. Vários foram encontrados no quarto de hotel da sua última vítima. Assim é como ele sabe onde atingir e quando. Certifique-se de que o apartamento dela esteja limpo.

— Isso pode nos entregar. — Clint assinalou. — Ele saberá que nós estamos na sua cola e poderia fugir.

Micah agitou a cabeça.

— Ele já foi monitorado antes e escapou. Ele é um mestre em sua arte e em sua execução. Ele saberá que eu sou a proteção dela, não há como esconder. Orion verá isso como um desafio, mas ele não vai recuar. Nada vai impedi-lo de tentar matá-la.

Ele e o pai tinham encontrado os dispositivos na casa quando a mãe desapareceu. Quanto tempo eles tinham estado lá, Micah não tinha certeza. Definitivamente tempo suficiente para Orion mapear seu horário e saber onde e quando a levar.

—Colocarei Live Wire nisso. — Reno anuiu com a cabeça. — Quais são seus planos para Risa essa noite? — Havia uma veia protetora na voz dele.

Micah o olhou friamente.

— O que eu vou fazer hoje à noite não é da sua conta. Deste momento em diante, ela está sob a minha proteção. Isso é tudo com o que você deve se preocupar: proteja as minhas costas, vigie Orion, siga os comandos de Live Wire. Não se envolva em nada do que faço com a senhorita Clay.

Eles se olharam fixamente, os olhares duros, desafiadores. Micah quase sorriu com as expressões deles. Ele odiaria ter que lutar com eles, porque eles seriam muito difíceis de pegar ao mesmo tempo. Ele poderia ter uma chance no mano-a-mano, mas estes dois homens não eram tão loucos. Eles o pegariam junto.

— Não fode, Maverick. — Reno o advertiu então, a voz dura. — Ela não é apenas um alvo. Ela é uma amiga. Magoe-a e você não terá só a mim e o Clint querendo o seu sangue. Você terá o time inteiro no seu traseiro. Você não vai querer isso. Babaca.

Não, ele não queria isso, porque ele precisaria destes homens, no futuro, durante outras missões. Eles vigiariam seu traseiro, protegeriam quando a necessidade surgisse. Ele teria que se mover cuidadosamente.

Ele assentiu com a cabeça pela advertência. Ele não podia esperar nada menos.

 

As coisas estavam acontecendo muito rápido.

Risa ficou sentada na cadeira, depois de Micah, Reno, Ian e Clint terem saído da mesa.

Ela tentou entrar na conversa e nas provocações ao único macho restante à mesa, mas seus esforços, na melhor das hipóteses, eram formais.

O clube estava muito abafado. Havia muitas pessoas e ela estava muito acostumada a ficar em seu apartamento, sozinha.

Ela não estava acostumada com a sensibilidade em seu próprio corpo ou a confusão que rasgava por ela. Ou ser abalada por tremores… de algo que não fazia sentido. Sensações que ela não podia explicar.

Ela tinha estado com outros homens ao redor nesses seis anos, desde que tinha sido resgatada do asilo em que o pai a havia colocado. Depois de ela ter sido resgatada da célula de Diego Fuentes, o pai dela havia se apressado em colocá-la rapidamente em um hospital privado. Isso não a impediu, é claro, de começar a gritar histericamente quando ficou consciente. E foi exatamente isso o que aconteceu.

Ela tinha sido sedada e mantida quieta por dezenove meses. Ela se lembrava de alguns momentos em que um médico vinha a seu quarto, um médico que ela não conhecia. O pai dela ria e brincava, acariciando seu braço, e eles injetavam aquela odiosa droga nela novamente.

—Por quê?— Ela ainda questionava isso. Eles não a estupraram. Depois daquela primeira vez, ninguém a tocou. Jansen Clay disse a ela que era tão feia que ele não podia pagar ninguém para fodê-la, até mesmo pelo interesse nos testes que eles precisavam para disponibilizar a droga.

Eles a deixavam sofrer. Sofrer enquanto eles acariciaram seu braço ou alisavam seu cabelo.

Ela vacilou com a memória distante. Era assim, exceto em seus pesadelos. As memórias e o conhecimento da dor naquele tempo eram tão distantes, quase como se tivessem acontecido a outra pessoa. A menos que ela ousasse permitir a um homem tocá-la. Então o medo e a náusea rolavam dentro dela como uma grande onde pronta para consumi-la.

Até hoje à noite. Hoje à noite, ela teria dado tudo que possuía por todas as promessas por trás daquele beijo. O que fazia Micah ser diferente? O que fazia o corpo dela reagir deste modo novo? Era o homem ou o conhecimento instintivo do controle do homem?

Eram perguntas que ela não podia responder. Em vez disso, ela girou a atenção para o salão de dança e assistiu o girar dos corpos com fascinação.

Ela amava dançar quando era mais jovem. Quando adolescente ela tinha ido a toda balada, toda festa, toda dança que o pai permitiu que ela frequentasse. Ela implorou por semanas para ir até que ele finalmente cedeu.

Ela dançou com as amigas. Outras meninas que não estavam acompanhadas em um encontro, que estavam de fora do jogo macho/fêmea. Mas tinha sido divertido. Rindo tanto, ela se sentiu livre durante aquelas horas.

—Oh, deixe-a ir, Jansen. Não é como se você tivesse que se preocupar com a virgindade dela.

A raiva frustrada da madrasta Elaine pelos pedidos de Risa atingiu sua mente. Risa agitou a cabeça, lutando contra a autoconsciência, a dor familiar que a assaltou.

Ela se prometeu que não iria fazer isso hoje à noite.

Hoje à noite ela teria uma amante. Era uma promessa que ela fez a si mesma.

Ela podia fazer isto. Micah pensava que ela era meramente protegida, que ela tinha sido super protegida ao longo da vida. Ele recebeu aquela advertência, Morganna contou a ela. Risa tinha ficado envergonhada por isso, mas agora ela sentia uma excitação leve ao pensar nisso. Micah pensaria sobre isso, e talvez, ele entendesse sua vacilação.

— O que você acha, Risa? — Morganna se debruçou adiante, um sorriso brilhante nos lábios quando fez a pergunta.

—Sobre o quê? — Risa agitou a cabeça. Ela obviamente não estava seguindo a conversa.

A outra mulher riu.

— Você iria para a pista de dança conosco?

Dançar com outras meninas como quando era uma criança? Deus, ela não precisava de mais nada para escurecer sua confiança no momento além de ficar lá em pé, sabendo que estava lá porque nenhum homem queria dançar com ela.

De repente o pânico a assaltou. Alojou-se em seu coração, apertando sua garganta. Ela forçou a cabeça a ir para trás até que ela estava olhando fixamente para a pista de dança, raiva a preenchendo, rasgando em sua mente enquanto ela lutava contra o fato de que nunca um homem a havia convidado para dançar.

Claro que ela não se forçaria a dançar com um desconhecido. Mas ela não havia sido convidada. Nenhuma vez.

As outras mulheres tinham sido abordadas, ela tinha estado friamente ciente disto. Os avanços tinham sido desprezados, mas havia existido o avanço.

— Vamos, Risa. Vamos nos divertir — Morganna riu.

Com os lábios separados, Risa ergueu a mão trêmula para a garganta e lutou contra a sensação de estar sufocando. Ela não podia, não ia para a pista de dança.

—Sinto muito, mas a Risa me prometeu a primeira dança.

A cabeça dela girou bruscamente e Micah estava lá. Ele olhou para ela com uma sugestão de sorriso nos lábios, o olhar negro a aquecendo, envolvendo-a como uma noite de verão abafada enquanto ele estendia a mão para ela.

—Reno e Clint gostam de fofocar como velhas fofoqueiras. — Ele disse a ela provocantemente quando ela segurou sua mão, erguendo-se como se estivesse em um sonho, permitindo a ele levá-la através das pessoas para a principal pista de dança.

Quando eles alcançaram um canto próximo da massa de corpos que dançavam, a música mudou, diminuiu a velocidade, suavizou.

— Ah, eles devem ter lido a minha mente. — Ele comentou enquanto a girava para ele. — Ainda interessada?

Ela nunca tinha dançado uma música lenta.

Parecia que o mundo ao redor começava a enfraquecer quando ele colocou uma mão no quadril dela, segurou sua mão com a outra e a pressionou contra o corpo dele.

Uma arfada tensa saiu dela com o contato dos mamilos através do vestido contra o tórax duro dele. Até com as camadas de roupa a carícia da sensação era violenta, eletrizante.

— Eu normalmente não danço. — ela tentou encobrir a própria reação a ele enquanto lutava para fazer sentido nisso tudo.

— Nem eu.

A mão que estava nas costas dela puxava-a, mas sem exigir nada. Risa fluiu para ele, os dedos tremendo contra seu ombro ao sentir a ereção apertando sua barriga, a sensação de calor do corpo dele envolvendo-a.

Os olhos dela fecharam e ela apoiou a cabeça no tórax dele. Lentamente, ela se forçou a relaxar, gostando da sensação de ser uma mulher em vez de uma criança amedrontada.

O medo ainda estava lá, esperando para atacar. Mas, oh, Deus, isto era… agradável. Mais que agradável, na verdade. Era reconfortante mesmo enquanto ela se sentia mais sensível, mais viva do que nunca tinha se sentido antes.

Uma larga mão masculina a acariciou nas costas, a outra segurava a mão dela contra o tórax, muito perto da lateral do seio dela. Se ela apenas se movesse, poderia sentir os dedos dele acariciando o mamilo necessitado.

Ela não queria que a canção terminasse. Ela não queria que a noite acabasse. Ela queria ficar presa neste momento, apreciando a sensação do próprio corpo colado ao dele.

—Você se move como num sonho. — Ele sussurrou na orelha dela. —Tão graciosa e suave quanto uma corça.

Ela queria acreditar nele, e não podia, mas as palavras diminuíram a dor e o medo dentro dela.

Nenhum deles falou então. Risa se deixou levar pelo momento, se deixou relaxar e derreter contra ele, deixou o corpo se mover com o dele, mais próximo, mais quente, até que os braços estavam ao redor do pescoço dele, e os dele na sua cintura, segurando-a de forma íntima. A cabeça dele estava curvada, a bochecha no topo da cabeça dela. Ela podia sentir que ele a estava envolvendo, segurando e não havia nenhum medo.

Ela podia fazer isto.

Ela ergueu a cabeça e o encarou.

— Nós não temos que ficar aqui — ela sussurrou. Ele podia não ser capaz de ouvir, mas ela viu os olhos dele, viu a labareda de calor na cor escurecida, e soube que ele tinha compreendido.

— Você tem certeza? —Os lábios dele mexeram. A expressão mudou somente por um segundo, uma sugestão de fome masculina na expressão normalmente quieta do rosto.

— Tenho. — Ela já estava tremendo por dentro.

A mão dele subiu pelas costas dela, um toque sutil contra a seda do vestido, então passou por seu braço nu até que ele segurou a mão dela e recuou.

— Nós precisaremos informar aos nossos amigos que estamos partindo. —Ele a advertiu suavemente.

Risa anuiu com a cabeça. Sim, ela teria que enfrentar seus amigos e sua preocupação.

— Muito bem. — Com a mão livre ele colocou o cabelo dela atrás da orelha novamente e permitiu ao dedo polegar acariciar o queixo. — Nós sairemos agora.

 

Orion contemplava o casal enquanto eles saíam da pista de dança, controlando cuidadosamente o franzir que teria marcado sua expressão. Não seria nada bom mostrar interesse neles. No momento ele estava permitindo a uma pequena morena safada correr os dedos em sua coxa, fingindo interesse. Mas ele mantinha a vista periférica no homem e na mulher.

Ele conhecia aquele homem. Ele sabia que sim. Ele nunca se esquecia de um rosto ou de um nome, mas neste caso ele não podia juntar o rosto ao nome. Que estranho.

Cirurgia plástica? Ele se perguntou. Tinha que ser isso. Caso contrário, ele teria reconhecido imediatamente o homem que havia levado Risa Clay da pista de dança.

Ele queria fazer uma careta de nojo ao pensar que o cara que estava com ela tinha o olhar de quem pretende trepar com a mulher com a qual estava.

Até com maquilagem e o vestido de seda muito atraente e pequeno, a menina não era particularmente bonita. Não era tão feia quanto tinha sido na adolescência, mas não era exatamente atraente, tampouco. Havia apenas uma qualidade nela que ofendia os sentidos refinados dele.

O que havia naquela menina que o aborrecia?— Ele se perguntou. As maçãs do rosto eram altas, os olhos ligeiramente inclinados. A cor azul pálida e estranha dos olhos ficava mais evidente com as luzes artificiais nos cabelos dela.

Ela havia se arrumado bem, mas ele ainda não podia encontrar um jeito de esquecer como ela tinha sido muito feia um dia.

Ele tinha desejado não receber o trabalho de matá-la. Ele se lembrou, oito anos atrás quando ela tinha sido sequestrada pela primeira vez, o rosto dela nos jornais. Então fez uma careta. Dois anos mais tarde quando Jansen Clay teve a morte anunciada, ele teve a vaga premonição de que isso estava por vir.

Era uma vergonha. O empregador dele deveria ter sido mais exigente com os amigos e as mulheres que fodia. Se ele não estivesse com Jansen naquela noite para tirar fotos das meninas, então ele não teria ficado preso com apenas uma escolha, a menina de Clay.

Mas ele tinha feito com ela. Tinha virado o rosto dela para o chão do avião de carga e na frente do pai dela ele havia puxado a saia dela para cima dos quadris e entrado com força nela.

Ele tinha estado furioso, ele disse a Orion. A menina tinha sido tão bombardeada com o Pó das Prostituas que o empregador tinha certeza de que ela não se lembraria do evento. Mas ao que parecia ela estava se lembrando de partes, e ele sabia que ela poderia se lembrar de mais coisas. Não seria nada bom para ela se lembrar de quem a havia estuprado.

Orion teria que matá-la. Maldição, seria tão mais fácil apenas pôr uma bala no cérebro dela, mas ele simplesmente não poderia matá-la de tal maneira. Ele se orgulhava de cada trabalho que realizava e se não a fizesse sangrar, então ninguém acreditaria que ele tinha feito o serviço.

Pena. Mas não podia ser evitado.

Ela morava sozinha. Isso era um bônus agradável. Ele podia entrar disfarçadamente no apartamento, amordaçá-la e matá-la em sua própria casa. Ele não fazia isso muito frequentemente. Ele definitivamente teria que esconder o rosto dela, porém. Havia somente uma coisa naquele rosto que ele não podia tolerar. Aqueles olhos. Ela seria um teste particularmente interessante para ele. Ele nunca teve que matar uma mulher que o deixava tão intranquilo como esta.

 

A avó dela sempre tinha dito que ela era teimosa, mas Risa nunca havia acreditado. Quando ela entrou no quarto de hotel com Micah, ela se perguntou se talvez a avó dela, Abigail, não estava certa. Provavelmente ela era muito teimosa.

Ela tinha vindo tão longe, e agora que tinha, seu corpo estava um tumulto de nervos. Ela não conhecia este homem. Ela não sabia nada sobre ele.

Bem, quase nada. Morganna, Raven e Emily deram algumas informações. Ele tinha trinta e dois anos, nascido de imigrantes israelitas, estável. Os maridos delas o respeitavam. Ele estava saudável de acordo com os resultados recentes dos exames de sangue pedidos pela Marinha. Morganna declarou que Clint acreditava que ele era amável. Ele era bom com animais e crianças.

Inferno, era mais do que Risa sabia sobre os homens que se casaram com as amigas.

— Gostaria de uma bebida? — Ela se moveu surpresa quando as mãos dele tocaram os ombros dela, mas apenas para retirar o xale que estava sobre eles. Ela deixou o tecido deslizar pelos braços enquanto agitava a cabeça.

— Não, obrigada. — Ela expirou finalmente. Ela não bebia com frequência. Tinha um efeito curioso nela, excitava-a. Fazia com que ela quisesse coisas, coisas que ela não entendia, toques que ele tinha apenas lido ou visto em filmes.

— Você está certa de que é isso o que quer, Risa? — Ele perguntou então, a respiração morna acariciando o lado do pescoço dela enquanto ele curvava a cabeça para a dela. — Não é muito tarde para voltar. Nós podemos ir para o bar e conversar. Posso te levar pra casa.

Ela enrijeceu com autoconsciência súbita.

— Se você não quiser... — Ela se moveu, girando para pegar o xale, deixando-o ir facilmente. Deus, será que as luzes do clube de alguma maneira tinham escondido como ela era verdadeiramente sem-graça?

— Eu não quero? Não aposte nisso... —A mão dele pegou a dela e a levou para sua perna, colocando a palma sobre a coxa dura.

Risa olhou fixamente para a própria mão, percebendo como a dele era muito maior do que a dela.

A curiosidade a pegou. Curiosidade e a descarga elétrica de excitação que parecia estar crescendo dentro dela até que ela se perguntou se aquelas faíscas não estavam refletindo entre eles.

— Eu não sei como.

Um dedo pressionou os lábios dela para parar as palavras.

— Não há nada que nós dois precisemos saber. — Ele disse suavemente enquanto ela olhava fixamente para as mãos deles. — Tudo o que você desejar é seu. E o que você não desejar, só precisa me dizer e eu pararei. Tudo bem?

Ela lambeu os lábios nervosamente e ergueu a cabeça. A atenção dela ficou completamente presa nos lábios dele. O lábio inferior era um pouco mais cheio, mais sensual, que o lábio superior. Nele, parecia bom, sensual.

Os lábios dela se separaram.

— Você me beijaria?

Ela se sentia como uma mendiga suplicante, mas estava impotente contra a tentação, contra as necessidades girando pelo corpo.

— Eu sonho em te beijar. — Ele sussurrou, a mão curvou ao redor do pescoço dela, os dedos quentes contra a pele enquanto ela aceitava aquela mentira por agora.

Ele não poderia ter sonhado em beijá-la, mas ela gostava do som disso. Acalmava algo dentro dela, e aquecia outra parte.

Ela viu os lábios dele abaixando, viu enquanto sentia a respiração dele contra a dela, e então o toque aveludado, áspero e quente dos lábios contra os dela.

Risa inalou rudemente com a onda estática de sensações que correram através dos lábios. Ela recuou involuntariamente, as mãos voando para o tórax dele, a palma no peito enquanto ela o olhava completamente surpresa.

Os lábios dele curvaram em um sorriso gentil.

— Devemos tentar novamente? — Ele perguntou suavemente. — Talvez da próxima vez nenhum de nós seja pego desprevenido pelo prazer.

Isso era prazer?

A mão dele apertou no pescoço dela.

— Olhe para mim, assim mesmo. — A voz escura sussurrou. — Com os olhos largos e escurecidos, tudo porque eu dei prazer a você. Eu quero muito te dar prazer, Risa.

Ele tinha feito isso? Oh, Deus, isto era realmente prazer? Ela podia aguentar muito mais?

— Calma. — Ele sussurrou. — Suave e lento.

Suave e lento. Os lábios dele voltaram para os dela enquanto abriam, um gemido de fome surgiu e escapou da garganta dela enquanto a cabeça dele caía para o lado, a mão ainda apertando o pescoço dela enquanto as pálpebras dela fechavam trêmulas enquanto ela deixava as ondas de prazer deslizarem através dela.

A língua dele deslizava nos lábios, então passou por eles, somente um pouco, usando somente a ponta da língua. Então os lábios dela se separaram ainda mais para ele, a língua explorando enquanto ela tremia dentro do abraço dele.

Oh, Deus, o que ele estava fazendo com ela? O coração dela estava trovejando no peito, mas o dele batia enlouquecido sob as mãos dela. Um ritmo difícil e torturado nas palmas que a deixou encantada.

Era incrível. Este beijo. Os lábios dele eram quentes e dominadores, determinados. Eles dominaram os dela, levando-a por uma dança sensual, embriagadora que a fez se erguer nas pontas dos pés para ficar mais próxima, para se afundar nele, satisfazer a fome que surgia dentro dela agora.

As mãos dela subiram pelo tórax dele, indo rodear seu pescoço. A cabeça dela caiu contra o braço dele enquanto ela deixava as sensações a banharem como uma onda.

Lábios e línguas se encontravam e mesclavam. Fogo líquido corria por suas veias, pulsando em seu sexo. O clitóris estava pulsando com uma necessidade tão dolorosa que ela se viu pressionando contra ele desesperadamente, esfregando-se em seu membro duro enquanto as mãos dele seguravam com força os quadris dela, puxando-a para mais perto.

Gemidos de necessidade estavam mal contidos. Muitos saíram livres. Ela estava tendo sensações tão confusas e não tinha nenhuma idéia de como lidar com isso.

Ela lutou para respirar e não podia, e não se importou. Ela tentou se erguer para mais perto, apertar os mamilos ainda mais contra o calor do tórax dele, mover o clitóris mais forte contra sua ereção. Ela não sabia se poderia suportar as sensações que se moviam e corriam por ela agora. Elas eram diferentes de qualquer coisa que ela já tinha conhecido, até aquela memória distante de chamas queimando-a por fora não se comparava a isso.

— Micah. — Ela separou os lábios dos dele, apenas para ter seu movimento interceptado pela mão ao lado de seu pescoço apertando-o para mantê-la quieta. Os lábios voltaram para os dela, o beijo tão faminto e desesperado quanto às necessidades sensuais que eram despejadas pelo corpo dela.

— Calma. — Ele gemeu, finalmente tirando os lábios dos dela, o corpo grande estava tenso e mais duro do que qualquer momento antes. — Inferno, Risa, você faz um homem perder a cabeça.

Ela fazia isso?

Ela abriu os olhos completamente, e por um segundo, quase acreditou nele. O rosto dele estava ruborizado pela luxúria, os olhos cintilando e famintos por ela.

Ele a queria. Ele não podia falsificar isso. Não era raiva ou depravação. Era simplesmente fome, por ela.

As mãos dela foram para os ombros dele antes de descerem para a gola da jaqueta, tirando-a. Surpresa faiscou nos olhos dele, mas ele a deixou passar o tecido pelos ombros.

Ela lambeu os lábios lentamente, querendo o beijo dele novamente, mas querendo algo mais também.

As mãos dela deslizaram de volta para o tórax dele e foram para os botões da camisa. O primeiro ficou livre antes de ela erguer o olhar para dele.

— Qualquer coisa que você quiser. — A voz dele era espessa, áspera.

Ela queria a camisa dele longe. Ela soltou o segundo botão enquanto a cabeça dele abaixava, os lábios se movendo pelo ombro dela, para a linha sensível do pescoço.

Risa tremeu de prazer. Os dentes mordiscando enviavam tremores que deslizavam por ela e a sensação atacava seu útero, convulsionando-o violentamente quando ela ofegou surpresa.

Devia ser natural. Ele não parou. As mãos acariciavam os quadris dela agora, acariciando-a através da seda do vestido e fazendo-a ansiar o toque das mãos.

Ela trabalhou os botões, os dedos apalpando, tremendo, o pescoço curvado, e ela se inclinou para que o toque da boca contra os ombros se tornasse mais próximo.

— Tire a minha camisa e eu tirarei o seu vestido. — Ele a advertiu, e realmente queria dizer isto. Ela podia ouvir a determinação, a fome na voz.

Ela queria tirar o vestido. Ela queria se esfregar contra ele, sentir a pele dele contra a dela. Ela queria saber como era. —Quanto prazer ela poderia aguentar? Quanto do toque dele ela poderia suportar sem derreter até o chão com o calor que erguia dentro dela.

Os dedos dela alcançaram o cós da calça e os dedos agarraram o tecido para retirar a camisa dele de dentro da calça. A camisa estava aberta agora, caindo do tórax surpreendentemente largo. Pelos macios e sedosos estavam espalhados de cima a baixo no abdômen bem definido.

Os dedos dela correram pelos pelos sedosos, enrolados, deslizando por aquela linha escura até que se encontraram com as calças mais uma vez.

Ela podia fazer como desejasse, ele havia dito.

A cabeça dele ergueu do ombro dela enquanto ela se endireitava, e ela olhou fixamente para o rosto dele quando os dedos dela tocaram a fivela do cinto dele.

— Qualquer coisa que você desejar. — Ele sussurrou novamente. — Hoje à noite, sou todo seu, Risa.

Hoje à noite, só por hoje à noite. Ela podia ter isso, nenhuma explicação, nenhum conhecimento um do outro. Isto era exatamente o que ela precisava. Ela não teria que enfrentar o amanhã, ela podia partir quando estivesse terminado. Ela nunca mais o veria novamente. Ele nunca saberia dos segredos vergonhosos dela.

Os dedos dela abriram a fivela, soltaram o couro, deixando o caminho livre para abrir o zíper. Isto não era tão difícil. Ela podia fazer isto.

A calça cedeu facilmente. Sob ela havia uma pequena cueca de algodão que estava esticada pela carne espessa e dura. Os dedos dela sentiram o calor daquela carne. A mão doía para tocá-la.

— Sua vez. — A voz dele era um grunhido pesado.

Ela sentiu o zíper escondido atrás do vestido ser aberto devagar e parou. Ela o olhou baixar as alças delicadamente pelos braços e tirar o tecido do corpo dela.

Tocou os seios dela, e ela poderia jurar que ele engoliu firmemente antes de puxar o tecido sobre os mamilos duros. A sensação da seda que percorria os seios e picava os mamilos, fizeram-na gemer. Um som que ela tentou cortar, mas não pôde.

— Risa. — As mãos dele acariciavam os braços dela enquanto ela sentia uma fome oculta queimando dentro dele.

O útero contraiu, ela sentiu a boceta apertando, a essência de sua necessidade brotava nos lábios nus enquanto ele olhava os seios dela.

—Eu quero tocá-la. — O gemido dele era mais áspero agora, com um poder primitivo que enviou um calafrio pela coluna dela. — Doce misericórdia. Você me faz tremer com a necessidade de tocá-la.

Ela olhou fixamente para ele, maravilhada, se perguntando se ele estava brincando, se eram apenas palavras bonitas. A mente e o coração dela duvidavam, mas o corpo predominava. O estrondo e o brado da demanda a estremeceram quando as mãos dele envolveram os seios dela.

Os joelhos dela enfraqueceram. Como ela deveria permanecer de pé? O quarto parecia girar ao redor dela quando a fraqueza a assaltou. Ela agarrou os ombros dele e viu o olhar atento enquanto ele segurava sua carne. Os polegares correndo sobre os mamilos excitados e uma onda de calor pegou-a desavisada, fazendo-a hesitar.

—Você está me deixando fraca! — Ela gritou quando ele a apertou.

Os lábios dele roubaram qualquer outra coisa mais que ela fosse dizer. Inclinado através dela, ele a beijou com um poder e uma demanda que ela ficou impotente para lutar. Os braços dela envolveram o pescoço dele quando ele a ergueu. Um gemido deslizou por seus beijos quando ela o sentiu abaixá-la na cama, ficando sobre ela, o corpo pesado a esquentando com seu calor.

— Risa, você faz um homem perder o controle. — Ele a acusou quando se ergueu um pouco, a mão indo para o seio dela uma vez mais, acariciando, moldando-o com sua palma. — Eu quero te saborear aqui. Quero saciar toda fome do seu corpo.

Ela não podia protestar. Ela queria protestar. O pulsar das sensações violentas estava percorrendo seu corpo, crescendo, estremecendo-a quando a cabeça dele abaixou.

Ela não sabia o que esperar. Ela havia lido sobre isso. Ela tinha visto no cinema. Ela não esperava que fosse assim. Ambas as mãos envolveram os seios dela, os mamilos estava erguidos. Então a boca os cobriu, chupou e a fez gritar quando a onda turbulenta de prazer pareceu rasgar seu útero.

— Micah. Eu não posso aguentar... — Ela arqueou. A cabeça agitou. Ela queria que ele parasse. Ela não queria que ele parasse. Os lábios estavam a atraindo, eletricidade estava rasgando por ela, e entre as coxas, explosões elétricas passavam por seu clitóris, por toda a vagina.

Ela estava despedaçada, apavorada com si mesma mais do que com aquele homem.

— Calma, amor. — Ele estava respirando com dificuldade, o rosto estava satisfeito quando ergueu a cabeça. Uma mão acariciou as costelas dela enquanto a outra apertava um mamilo, preparando-o para sua boca. A mão alisava a pele sobre o quadril, a cabeça estava abaixada. Os dedos se moveram para a coxa, a boca chupando o outro mamilo, e os dedos enlouqueciam as dobras lisas e inchadas de seu sexo.

— Oh, Deus, não.

O que estava acontecendo com ela? Algo... algo escuro, primitivo, algo espontâneo, crescia dentro dela, empurrando os quadris contra a mão dele enquanto as coxas dela apertavam.

— Não. — Os braços dela estavam ao redor do pescoço dele, as mãos pressionaram a parte de trás da cabeça quando ele tentou se mover. — Micah. Ajude-me!

Ela não podia respirar. Ela não podia entender o que estava sentindo, para onde estava voando, e a assustadora montanha russa de sensações que estava dilacerando seu corpo.

— Calma, amor. Eu tenho você. — Ele espalhou beijinhos sobre os seios dela enquanto os quadris dela se contorciam, a mão presa entre as coxas fazendo sua reivindicação agora, ou quase. Oh, Deus, quase.

Então dois dedos se curvaram separando a carne e se esfregaram contra a entrada da boceta.

Risa fechou os olhos e lutou contra as lágrimas, lutou contra o medo. Ela ainda estava embaixo dele, arquejando, esperando pela dor.

— Olhe para mim, Risa. — Ele sussurrou, os lábios acariciando o queixo dela agora, deslizando contra seus lábios. — Abra seus lindos olhos. Você prometeu me olhar, lembra?

As pálpebras dela tremeram e abriram. Ela o viu, mas estava ciente do leve toque de seus dedos entre as coxas.

— Abra as pernas para mim. Solte-se para mim, Risa. Como eu posso lhe dar prazer se você lutar contra mim? — O pulso dele girou entre as pernas dela, indo para o clitóris sensível, e enviou um golpe que liberou um suspiro de sua boca.

— Isso. — Ele a acariciou com a voz, os olhos. — Separe as pernas, docinho. Deixe-me mostrar a você o quão linda é a sua paixão. Venha agora. Abra para mim.

Ela forçou as coxas a se separarem. Gemidos brotaram na garganta enquanto ela abria as pernas.

— Um pouco mais, querida. — Ela as separou mais, olhando os olhos dele, seu rosto. — Olhe, coração. — ele a persuadiu então, o olhar se desviou dele para o ponto onde a mão dele estava curvada sobre o clitóris.

Os olhos de Risa estavam vidrados, os quadris curvados, os joelhos flexionados quando ela se ergueu para ele, desesperada por sentir o que ela saberia ser nada além de dor.

— Lento e calmo. — Ele sussurrou na orelha dela. — Veja, amor. Lento e calmo.

Os dedos dele curvaram, inclinaram e entraram.

Risa se sentiu tremer, sentiu o deslizamento lento de seus fluidos encontrando os dedos dele como chuva...

— Foda, sim. — Ele gemeu de repente, os dentes beliscaram a orelha dela. — Tome meus dedos, Risa. Somente meus dedos.

Eles foram mais fundo quando ela se ergueu para eles, as unhas afundando nos ombros dele agora, a carne voltando-se com uma onda de fome louca. Estava rasgando-a, apertando-a, deixando-a louca por mais.

— Micah, estou assustada! — Ela odiou isso. Não havia nada tão humilhante quanto admitir isso, sentir as lágrimas deslizando dos cantos dos olhos e se encontrando com os lábios.

— Sem medo, Risa. — Os dedos dele pararam dentro dela. — Veja, nenhuma dor, nenhum medo.

Nenhuma dor, nenhum medo. Fazia sentido. Ela prendeu o fôlego e se fechou ao redor dos dedos dele novamente.

Não havia nenhuma dor, nenhum medo.

— Agora. — Ela girou a cabeça para encontrar o olhar dela. — Tome agora.

Ela não podia esperar. Os medos estavam aumentando junto com a pulsação e o poder do prazer. A mente lutava contra o corpo, memórias distantes batiam em sua cabeça.

Ela manteve os olhos nos dele. Ela lutou para empurrar o passado para trás. Os olhos dele ancoravam-na, firmavam-na.

— Você não está pronta ainda. — Ele sussurrou. — Logo.

— Agora. — Ela agitou a cabeça à medida que ele se movia, espalhando beijos sobre os seios, entre eles. — Eu não posso esperar, Micah.

Ela estava assustada para esperar. Muitas sensações a estavam rasgando. Ela se sentia presa entre o passado e o presente, a mente batalhando contra o desejo feroz que subia como uma maré quente de sensações dentro dela.

— Apenas mais alguns minutos, Risa. — Ele gemeu. — Logo.

Os lábios dele se moveram entre os seios, descendo pela barriga enquanto ela lutava para respirar. Os ombros forçaram as pernas a se abrirem mais, o olhar dele permaneceu preso no dela enquanto os dedos continuavam a se mover dentro dela, pressionando mais fundo, e arrancaram um grito estrangulado quando o prazer se chocou com os músculos tensos e cada terminação nervosa.

— Estou morrendo de vontade de saboreá-la. — Ele sussurrou, os lábios um pouco acima do clitóris. — Apenas um beijo doce, Risa.

A cabeça dele abaixou. Os olhos seguravam os dela. Os lábios dele estreitaram, cobrindo o clitóris e os dedos se moviam, entrando e saindo dela, dividindo a carne com uma onda de sensação que a apavorou.

Ela lutou pela liberação, lutou para ficar mais perto. O corpo dela girou e ele fluiu com ela. Do lado dela, uma perna se esticou, a outra se curvou para acomodar sua cabeça, enquanto os lábios seguiam sugando o broto tenro entre as coxas.

Ele continuou enquanto ela se contorcia, os pés afundando na cama, os quadris arqueados, a mente perdendo a batalha contra o corpo. Risa se contorcia embaixo dele, empurrando em seus dedos, sua boca. Ela estava agitada, estremecendo com a sensação enquanto lutava para respirar.

Ela precisava, precisava de algo. A tensão estava rasgando-a, a transpiração marcava sua carne em vários pontos, enquanto seus músculos pediam alívio. Tinha que haver alívio.

— Me fode, droga! — As palavras fugiram dos lábios dela enquanto as mãos iam para a cabeça dele. Ela se sentia como um animal, uma criatura faminta por ele, somente por ele.

Os dedos dele se moveram, golpeando, fodendo-a com movimentos fundos, fortes, enquanto os lábios sugavam seu clitóris. A língua acariciava o topo, raspando até que ela congelou com a onda de sensação que de repente aumentou dentro dela. Os olhos dela abriram completamente, os músculos ainda estavam bloqueados. Quando colidia nela, não era tão ruim. Era um tremor de prazer em vez de uma cortina apavorante de perda de consciência.

— Ah, Risa. — A cabeça dele pressionou contra o abdômen dela enquanto ela estremecia pelos pequenos choques de prazer, a voz dele cheia com lamento sombrio enquanto as pálpebras se erguiam e ele a olhou com uma ternura que trouxe lágrimas aos olhos dela.

— O que há de errado comigo? — Ela sussurrou, os quadris ainda se contorciam, a necessidade ainda rasgava por sua vagina, seu útero. — Micah, faça alguma coisa. Por favor, faça algo.

Ele ficou de joelhos, os dedos saindo do corpo dela até quando ela tentou segurá-los dentro.

Só então ela notou o preservativo que ele de alguma maneira havia colocado na ereção pesada, espessa. A mão dele acariciava o membro, espalhando os fluidos dela sobre o látex antes que ele agarrasse a base tensa diante dela.

—Você tem certeza, Risa? — A mão dele agarrou a coxa dela, ergueu a perna dela até que os joelhos estavam curvados, as pernas bem abertas. — Tem certeza, amor?

Ela olhou a cabeça larga e pulsante enquanto ele se aproximava. Viu quando ele aproximou os quadris às coxas dela e ele se ajoelhou na frente dela. A ponta larga de sua ereção separou as dobras brilhantes do sexo dela enquanto ela lambia os lábios e os apertava.

— Lento e fácil. — Ele disse novamente.

A cabeça pesada pressionava a entrada dela, separava e começava a trabalhar dentro dela. As coxas abriram ainda mais quando ele se aproximou, sustentando o corpo com um braço, permitindo a ela assistir. Os quadris dele se moveram, viraram, trabalhando o membro dentro dela, estirando-a até que ela pensou que iria queimar viva com o empalamento lento e constante.

Era demais. Não era o suficiente. As garras malignas da luxúria a arranhavam até que ela estava implorando, arqueando, os quadris golpeando contra o dele, empurrando e pressionando-o para ir mais fundo enquanto ela lutava contra as lágrimas.

Era aterrorizante, mas ela não podia parar. Ela queria, precisava, mas o vazio escuro parecia correr ao seu redor a estava assustando muito, também estava cheio com o desconhecido, com sensações que ela não podia aceitar.

Em cima dela, Micah gemeu seu nome. Os lábios abaixaram para os mamilos. Ele os chupou até que ela lutou contra o vazio novamente. Ele a beijou, os lábios se inclinando sobre os dela, os dela o devorando, até o vazio ameaçar correr por ela.

— Risa, deixe acontecer, meu bem. — A voz dele era escura, quebrada, pelo próprio prazer. — Eu a segurarei. Prometo.

A cabeça dela sacudiu. Ela não entendia o que ele queria, ela não podia fazer sentido para o próprio corpo, muito menos as palavras dele.

— Risa, deixe acontecer! — A voz dele ficou mais forte enquanto os quadris batiam, o membro empurrando mais forte, mais fundo, acariciando em meio a uma tempestade de sensações sem fim. Escuridão se juntou atrás dos olhos dela quando a onda subiu novamente, mais forte, mais dura.

As unhas dela cravaram nos ombros dele. A cabeça afundava no colchão enquanto ela lutava, lutava contra isto. Ela gritou novamente, e uma vez mais, quando a levou, não era tão ruim. Ela lutou até que era não mais do que uma onda pequena, correndo por ela, fazendo o corpo tremer quando ele deu um gemido duro, severo e estremeceu sobre ela antes de se acalmar.

A respiração foi dura, pesada. O membro dentro dela pulsava violentamente, com tanta força que parecia ferro dentro dela. Mas ele não estava gozando. Ela podia sentir a diferença, sabia disso. Ele queria gozar, ele precisava, mas ele não tinha.

A tempestade abrandou dentro dela, deixando-a com um vazio estranho como se ela tivesse sido roubada, quando a testa dela tocou o ombro dele, ele estremeceu contra ela.

— Eu sinto muito, amor. — Ele sussurrou, a voz pesada. — Eu sinto tanto.

Ela piscou quando ele saiu do corpo dela, ficando livre quando uma onda dura de necessidade renovada agitou o corpo dela. Ele saiu da cama antes que ela pudesse parar a pulsação da fome. As mãos dele correram inquietas pelo cabelo enquanto ele olhava para ela, a expressão pesada, o membro ainda completamente erguido.

Ele não havia gozado.

O pensamento passou por ela como uma faca sem corte. De alguma maneira, ela havia falhado. Ele não havia gozado. Ele não havia sentido prazer.

Ela engoliu com força, olhando fixamente para ele, e ele foi para o banheiro.

— Não se mova! — Ele girou, apontado o dedo para ela, a expressão deserta e dominante. — Voltarei logo.

Ela anuiu com a cabeça, mas quando a porta fechou, ela saltou da cama tão silenciosa quanto possível. Levou apenas um momento para colocar o vestido pela cabeça e o xale ao redor dos ombros. Ela levou a bolsa e os sapatos e escapou.

Humilhação a queimava por dentro, apertado o peito, e a deixou tremendo quando desceu as escadas em vez de esperar pelo elevador. Ela desceu correndo, contendo os soluços, lutando contra a ultra-sensibilidade do corpo e gritando dentro da mente.

Ela havia falhado. Uma trepada lamentável, ela pensou. O SEAL grande e másculo havia sentido pena dela. Ele tinha visto os medos dela e tentado tornar tudo melhor. Mas ele não podia gozar. Ele não podia alcançar o êxtase com ela. Uma trepada lamentável. Ela tinha certeza de que era, e não podia aguentar isso.

Depois que ela acenou para um táxi e deu ao motorista o endereço de seu apartamento, ela se ajeitou no táxi e agradeceu a Deus por nunca mais ter que enfrentar Micah novamente.

Ele deveria ter feito como o amigo do pai dela fez. Ele deveria ter trepado com ela por trás.

Uma lágrima caiu. A memória a atacou, afiada, brutal, a voz em sua orelha. Sua piranhazinha feia. Eu nunca gozaria se tivesse que olhar para o seu rosto.

Ela vacilou, cobriu a boca, e conteve os soluços enquanto olhava fixamente para as ruas brilhantemente iluminadas da cidade. Ela esperava sobreviver a somente uma noite de prazer. Ela tinha estado errada.

 

Micah estava com um humor de cão na manhã seguinte quando compareceu ao Edifício Federal e caminhou em direção às salas que haviam sido reservadas para esta reunião da manhã.

Ele andou a passos largos pelo estreito corredor subterrâneo para a porta apropriada, bateu e esperou que ela fosse aberta. Ao entrar na sala escura, ele olhou pelo vidro, escondido na sala ao lado e sentiu os punhos cerrarem ao ver Risa, a avó Abigail Clay e o advogado enquanto eles se sentavam silenciosamente na outra sala.

O advogado olhou para cima, fez uma careta para o espelho que escondia a visão de seus espectadores, e olhou para o seu relógio.

A equipe da Elite Ops de Micah estava lá, assim como Clint, Reno, Kell, Ian e Kira. Os outros lançaram vários olhares estranhos para Micah antes de se voltarem para a janela que exibia a outra sala.

— Nós temos o resto dos relatórios do médico dela. — Jordan, Live Wire, comandante do grupo, bateu um arquivo na mão dele. — Vocês podem acreditar que aquela doce senhora estava intimidando o médico que cuida do estado de Risa? Ela não tinha nenhuma idéia dos efeitos a longo prazo do Pó das Prostitutas.

Micah revirou o arquivo aberto, leu depressa, e sentiu uma ira fervente crescendo dentro dele.

— Ela já sabe? — Ele perguntou enquanto lia os relatórios dos testes exigidos que Risa fazia mensalmente. A presença do Pó das Prostitutas em seu sistema não havia enfraquecido, o que colocava a situação da noite anterior em perspectiva clara para Micah.

Não diminuiu em nada a ira que crescia dentro dele, mas a fez compreensível. O Pó das Prostitutas criava uma reação quase violenta durante o sexo, especialmente para uma mulher. O estrondo explosivo de sensações era frequentemente aterrorizante. O orgasmo, se fosse atingido, era muito forte, e só tornava a necessidade maior.

Foi assim que Risa lidou com a situação. Ela não deixou acontecer. Os brinquedos na gaveta dela não ajudaram. E na noite passada, nos braços dele, ela lutou contra o orgasmo com tal força que se ele tivesse acontecido, teria sido não mais do que uma sombra fraca do que poderia ter sido.

Maldita.

Maldito Fuentes e aquela porra de droga.

— De acordo com o médico, e nós tivemos que enviar Nik para conversar com ele, Abigail Clay ameaçou sua reputação, ambas, pública e privada, se ele informasse a neta dela dos efeitos. Ela declarou que Risa estava apavorada o suficiente do próprio corpo. Ela não queria tornar tudo pior.

De certa forma, Micah quase concordou com ela.

— Quem vai falar com elas primeiro? — Ele perguntou.

Ele sabia o que tinha que ser feito. Havia um contrato sobre a vida de Risa, e o inimigo que Micah tinha procurado por seis anos tinha se encarregado do trabalho, segundo rumores. O mesmo homem que havia matado sua mãe, e em última instância o pai, e estava agora esperando pela oportunidade de fatiar Risa também.

Estava diretamente envolvido ao sequestro dela. O governo dos Estados Unidos sabia que havia outros homens envolvidos, especialmente um cientista ainda não mencionado que tinha tentado reproduzir a droga de estupro em uma data posterior à morte do cientista de Fuentes.

Diego Fuentes não havia conhecido o cientista. Tudo o que ele sabia era que seu contato, Jansen Clay, estava trabalhando com o outro homem para recriar a droga. Diego os havia bloqueado várias vezes, simplesmente por cobiça. Ele queria controlar a criação que financiava. Ele não queria outros dedos gananciosos envolvidos nisso.

Mas por que atacar Risa agora? A única resposta estava nos registros médicos. Alguém, fora do governo, estava achando um jeito de vigiar os arquivos médicos e psicológicos dela, porque nos últimos meses ela havia começou a ter flashes de memória. Vozes, rostos obscuros. Ela estava se lembrando de mais do que apenas uma versão nebulosa e distante do que havia acontecido com ela naquela noite e durante seu cárcere no hospital. Ela realmente estava começando a se lembrar de detalhes.

— Eu entrarei primeiro com o agente do Departamento de Justiça. — Jordan finalmente respondeu a Micah. — Nós precisaremos de Risa para seguir com isso, caso contrário, o Departamento de Justiça irá abandoná-la. Se ele sair, então nós seremos tirados da tarefa. Vamos rezar para que ela escute a razão.

Oh, ela escutaria a razão, de uma forma ou de outra. — Micah prometeu silenciosamente.

Ele pôs de lado o arquivo e se concentrou nela agora. Ela não estava usando maquiagem. O cabelo tinha sido puxado para trás e amarrado na altura do pescoço. Os olhos estavam envolvidos com círculos escuros, os lábios estavam comprimidos e havia um rubor manchando as bochechas – remanescentes da luxúria. Ele entendia bem isso, apesar de saber que era mais por causa do Pó das Prostitutas do que a inabilidade dela de alcançar o clímax na noite passada.

Inferno, se ele tivesse lido aquele relatório médico saberia o que diabo havia de errado com ela. Em vez disso, o time havia contado com o relatório abreviado que Abigail Clay havia supervisionado.

Aquela maldita velha raposa era tão protetora com Risa agora que era pior do que um cachorro vira-lata. A velha quase havia desmoronado quando soube a verdade do que o filho havia feito com a neta. Micah ouviu o relatório de Kell e Clint da noite em que eles a salvaram do hospital e contataram a avó. Quando ela chegou ao hospital e descobriu a verdade do que havia acontecido, a avó havia atacado Clint. Não porque o filho dela estava morto, mas porque ela mesma não tinha sido capaz de matá-lo.

Ela vigiava a neta desde então, apesar da recusa de Risa em permitir isso.

— O procurador está aqui, Jordan. — Nik abriu a porta e colocou a cabeça para dentro da sala, o longo cabelo loiro nórdico caía pelo seu rosto, os olhos azuis glaciais perfurando a escuridão. — Ele disse Rock and Roll.

Jordan anuiu com a cabeça, pegou os arquivos e deixou a sala.

Micah girou sua atenção para a outra sala.

Risa se sentava exatamente em frente ao espelho, dando a Micah uma visão clara dela do outro lado. Aquelas malditas roupas folgadas que ela estava vestindo o irritava. A blusa branca comprida estava solta sobre a calça comprida folgada. Ela usava sapatilhas. Ela estava se escondendo. Se ela achava que se vestir como uma velha brega iria acabar com o desejo dele, então seria melhor ela pensar novamente.

Ele inspirou devagar, profundamente, e viu quando o agente federal entrou com Jordan.

— Sr. Landowne. Senhoras. — O advogado movimentou a cabeça para eles quando tomou a cadeira no fim da mesa. Jordan se sentou no outra extremidade, permanecendo calado.

— Qual é o significado disso, Carl? — O advogado Landowne relampejou ao advogado federal — Desde quando você me chama de Senhor?

— Desculpe, Marion. — O agente federal fez uma careta. — Isto é oficial. Nós temos algumas notícias que afeta a sua cliente e uma proposta oficial para ela. Eu não estava certo de que você iria querer manter esta conversa em um tom pessoal por causa destas circunstâncias.

Carl Stephens olhou para advogado particular friamente. O cabelo marrom acinzentado de Stephens estava penteado para trás, os olhos castanhos eram sombrios.

— O que significa isso? —Abigail Clay inclinou-se adiante em sua cadeira, o conhecido temperamento impetuoso brilhava em seus olhos azuis claros. — Carl, o conheço desde que você usava fraldas. Você foi um amigo da família por anos, antes da maldade de Jansen contaminar esse relacionamento. Não comece com frescuras comigo, porque eu te conheço muito bem para tolerar isso.

— Vovó. — A voz de Risa era uma advertência. — Você prometeu que iria se comportar.

Risa parecia tranquila. Ela estava sentada com os braços cruzados na mesa, a expressão composta, mas Micah via o medo em seus olhos.

Abigail Clay fez uma careta, o rosto contraiu enquanto um flash de agonia perfurava seu olhar enquanto olhava para a neta. As mãos da senhora tremiam e os lábios se apertavam quando ela girou na cadeira com um olhar furioso para o advogado.

— Obrigado, senhorita Clay. — O agente federal olhou de relance para Risa. — Nós informamos ao seu médico das penalidades por reter informações do governo, senhorita Clay, e de seu paciente. — Ele acenou com a cabeça para ela antes de se voltar para Abigail. — Devo informar que antes de começarmos, preciso tomar um momento para explicar a senhorita Clay a verdade dos testes que o médico dela faz todos os meses.

Abigail empalideceu enquanto Risa olhava fixamente para seu advogado, a expressão ficando congelada, quieta.

Micah ficou tenso, forçando a si mesmo a permanecer em sua cadeira enquanto o agente explicava os testes que ela fazia todos os meses e o que eles eram. Quando o advogado explicou que o Pó das Prostitutas ainda estava agindo no sistema dela, e as ramificações disto, o rosto dela estava em chamas e o medo enchia os olhos.

A explicação a envergonhava. Micah podia ver isto. O conhecimento de que qualquer excitação que tivesse seria aumentada pelo menos dez vezes mais. Que os orgasmos seriam explosivos. Que as necessidades sexuais seriam mais dolorosas em alguns momentos que em outros e às vezes tortuosos, dependendo de como a droga trabalhasse em seu sistema. Se ela tinha estado pálida antes da explicação, parecia uma folha de papel quando o advogado terminou.

— Qual era a razão para isso? — Abigail gritou furiosa enquanto empurrava a cadeira para trás e se levantava. — Olhe para ela, e você ainda se pergunta por que eu não permitiria que aquele médico mórbido dissesse essas coisas a ela? Ela estava bem sem saber.

Vestida com uma calça comprida bronze de seda e uma blusa bege, a mulher mais velha deu alguns passos, deu uma parada, então correu os dedos pelo cabelo pequeno, elegante.

— Basta vovó. — Risa disse suavemente. — Você não deveria ter mentido para mim.

— Era para o seu...

— Se você disser que era para o meu bem, mais do que para o seu, então eu deixarei Atlanta. — Risa a olhou, e Micah viu a determinação em seu rosto, assim como a dor. — Eu não sou uma criança que você precisa proteger. Se você tem que mentir para mim, então não está me ajudando.

Abigail cobriu os lábios com a mão, a outra estava apertada no quadril, e então se afastou da neta.

— Isso é tudo muito interessante, Sr. Stephens. — Risa disse então, a voz rouca, áspera, Micah sabia, por causa das lágrimas. — Mas estou certa de que você tem mais do que fazer além de vigiar meus relatórios médicos. Por que nós estamos aqui?

Carl Stephens se inclinou, o olhar sombrio.

— Os relatórios do seu psicólogo são muito eficientes e eles foram enviados a nós mensalmente. Nos últimos meses você reportou que as memórias estão se tornando claras, você realmente se lembra de frases, e se lembra que o outro homem com Jansen Clay na noite de seu sequestro mencionou testes de estabilidade e uma quantia de dinheiro a ser paga se ele conseguisse reproduzir uma droga.

Micah prestou atenção enquanto ela seguia firme.

— Eu não fui avisada de que você estava vigiando isso também. — Ela disse fracamente.

— Senhorita Clay, qualquer coisa que você se lembre daquela noite, ou seu tempo no hospital, é importante para nós. Como você sabe, aquela droga é muito perigosa. Mantê-la fora das ruas é imperativo.

Ela balançou a cabeça, confusa.

— Você tem os registros. Eles são precisos. Eu não me lembrei de mais nada. O que isso tem a ver com o porquê de nós estarmos aqui agora?

Ela estava mentindo. Micah viu brilhar nos olhos dela. Ela havia se lembrado de algo mais, talvez ontem à noite, foi por isso que ela fugiu?

Carl baixou o olhar por um longo segundo antes de erguê-lo novamente e encontrar o dela.

— Outra pessoa também conseguiu pegar aqueles registros. — Ele disse suavemente. — Existe um contrato por sua vida, senhorita Clay. Dois milhões de dólares. — Abigail Clay gritou em choque enquanto Risa ficou congelada. — O assassino contratado para o serviço é chamado de Orion. Os métodos dele não são nada agradáveis. Na realidade são particularmente dolorosos. Ele é uma preocupação internacional para os Estados Unidos. Esta é a primeira vez que nós tivemos um anúncio prévio de seu objetivo e nós queremos capturá-lo. Precisamos da sua ajuda.

Risa oscilou.

Micah estava fora de sua cadeira e abandonando a sala no segundo em que viu os olhos dela embaçarem, viu a corrida de choque iminente por seu sistema.

Maldito Stephens. Que todos vão para o inferno.

Ele não bateu na porta onde a reunião estava acontecendo, invadiu-a e passou por todos, se movendo depressa para o lado de Risa, os braços indo ao redor dela enquanto ela tropeçava da cadeira.

Ele a pegou contra o tórax e fulminou Stephens enquanto as unhas dela arranhavam sua jaqueta e um som animalesco de dor deixava sua garganta.

—Bastardo! —Ele rosnou furiosamente. — Você poderia ter tornado isso mais fácil.

—Quem diabo é você? — Abigail permaneceu atrás de Risa como uma tigresa protetora. — Solte-a neste minuto. Eu cuidarei dela. Eu cuidei dela quando vocês, bastardos, a deixaram em minha porta como se ela não importasse. — As lágrimas deslizavam pelo rosto dela enquanto ela gritava com ele, as mãos agarrando os ombros da neta, tentando tirá-la dos braços de Micah. — Maldito!

Risa estava morrendo por dentro.

Ela não conseguia chorar. O choro parecia bloqueado dentro dela. Ela queria se esconder. Queria achar um buraco e afundar nele. Ela queria gritar de agonia. Ela queria implorar por respostas.

Por quê? Por que ela?

O pai dela tinha se sentado e assistido enquanto outro homem a estuprava. Ajudado a mantê-la quieta enquanto eles injetavam aquela droga maligna dentro das veias dela fazendo-a reagir, implorar. Ele a via indigna até de ser vendida pela melhor oferta. O quão doentio isso era? E agora, justamente quando ela pensava que poderia viver, ela descobria isso.

Ela riu. Ela não podia acreditar que estava rindo. Evidentemente os outros não podiam, também, porque todo o som na sala cessou.

Ela ergueu a cabeça do ombro de Micah e se afastou. Deus, ela não queria ser tocada. Ela não queria a piedade dele. Ela girou para o agente federal e riu na cara dele.

— Dois milhões de dólares? — Ela queria gritar em agonia. — Meu pai pensou que eu não valia a pena ser fodida, meu próprio governo não teve nenhuma ideia do que acontecia enquanto eu fiquei presa por quase dois anos, mas alguém lá fora pensa que a minha vida agora vale dois milhões de dólares?

A dor chicoteava pelo peito dela, roubando sua respiração, havia compaixão nos olhos dos dois homens agora. Piedade. Eles lamentavam por ela.

— Risa. Basta. — As mãos de Micah estavam nos ombros dela, um aperto firme, morno.

Ela queria se transformar em uma parte dele, se embebedar naquele calor. Ela queria implorar que ele melhorasse tudo, fizesse os demônios irem embora, levasse a dor, achasse um momento de paz. Ela queria implorar por isso, mas não podia.

— Senhorita Clay, eu entendo a sua raiva... — o agente federal começou.

— Entende, Sr. Stephens? — Ela se aproximou e o questionou. — Você entende alguma maldita coisa neste momento? — Ela olhou fixamente em torno da sala. A avó e o advogado. A avó havia escondido os relatórios do médico dela, negado a ela ter o conhecimento do que estava acontecendo com o próprio corpo.

— Por que você mentiu para mim? — Ela sussurrou. — Por que não me disse a verdade?

— Risa, você estava finalmente achando alguma paz. — Abigail chorou suavemente. — Eu não podia dizer a você. O médico tem que estar errado. Faz anos.

— Eu tinha o direito de saber. — Os punhos dela cerraram ao lado do corpo. — Deus, você pensa que eu sou estúpida? Você pensa que eu não percebi que havia algo de errado comigo? Você tem alguma ideia de como eu me senti, vó?

Claro que ela não fazia ideia. Ninguém perguntou, ninguém desejou ouvir, então Risa não falou. E é claro que ela não podia dizer para a avó que estava morrendo para ser fodida.

— E que diabo você está fazendo aqui? — Ela girou para Micah, evitando o olhar dele, evitando as implicações, a piedade que ela tinha horror a ver.

— Senhorita Clay, o Sr. Sloane é um agente privado a serviço do Departamento de Justiça. Ele e sua equipe estão aqui para ser sua proteção.

Ela ia vomitar. Ela girou para o espelho, o vidro de dois lados, se perguntando quem a assistia agora. Então ela girou para Micah.

— Eles sabiam... — ela sussurrou, os lábios entorpecendo agora. — Ontem à noite, todos eles sabiam quem você era.

— Eles sabiam. — Ele disse, a voz firme, tranquila.

Eles mentiram para ela. Morganna e Clint, Ian e Kira, Kell e Emily, Reno e Raven. Todos mentiram para ela.

— Eles já te conheciam? — Ela perguntou então, perguntando-se a extensão das mentiras.

— Eu trabalhei com Reno e os outros várias vezes. — ele declarou. — Eu os conheço há anos. Quando o Departamento de Justiça contatou a minha equipe para sua proteção, nós contatamos o time de Reno porque eles estão aqui em Atlanta.

— Eles não são mais da Marinha. — Ela se lembrou disso. Morganna e Raven fizeram uma festa quando os maridos finalmente deixaram a Marinha.

— Não, eles não são da Marinha. Eles são privados agora, Risa, o mesmo que eu e a minha equipe.

Eles eram privados. Era por isso que eles partiam tão frequentemente, porque eles eram privados. Como Micah. Porque eles eram mentirosos. Por isso que Clint a repreendeu por se esconder e permaneceu em seu apartamento até convencê-la a ir à boate com eles e conhecer seu muito bom amigo Micah.

— Perfeito. — Ela riu novamente, um buraco, um som sarcástico que rasgou o tórax dela à medida que escapava. — Que merda perfeita! Clint está sentado lá? — Ela acenou com a mão em direção ao espelho. — Morganna está com ele? Você acha que eles sabem o quanto eu estou contente por ser usada deste modo? — Ela gritou a pergunta para ele.

O interior dela estava quebrando. Ela podia sentir. Ela estava desembaraçando como uma bola de barbante e parecia não poder parar a destruição. Afastando-se de Micah, ela enfrentou o agente em vez dele. Ela não o conhecia. Ele não importava. Ela tinha sido feita de tola na noite passada e isso não afetava o mundinho dele de nenhum jeito.

— Então me diga, Sr. Stephens. — Respirar era quase impossível. Ela se sentia como se fosse cair ajoelhada a qualquer momento. — Exatamente o que os todos poderosos dos Estados Unidos da América precisam de mim? Eu devia pintar um alvo no meu peito? Que tal um anúncio no jornal? Você pode me vigiar então? Ver quem me pega?

Ela odiava a piedade nos olhos do bastardo. Como ele ousava olhá-la com tal compaixão sombria?

— Não, senhorita Clay. — Ele disse suavemente, as mãos apoiadas na mesa enquanto o próprio advogado esfregava as mãos sobre o rosto impotentemente. — Nós queremos que você trabalhe conosco, e com o Sr. Sloane. Queremos que você permita ao nosso agente morar na sua casa, fingindo que é seu amante. Enquanto você fizer isto, a equipe dele vigiará você, eles vão te proteger completamente. Quando Orion tentar atingi-la, nós estaremos lá. Se você se lembrar de qualquer coisa a qualquer hora, então nós saberemos e poderemos ajudá-la.

Ela molhou os lábios secos e lutou contra as náuseas que dançavam no estômago. Talvez se ela tivesse comido naquela manhã, pelo menos então teria algo para vomitar.

— Como eles me protegem de uma bala? — Ela agitou a cabeça zombeteiramente. — Eu não sou estúpida, Sr. Stephens. Ele seria impossível de localizar.

A expressão dele brilhava com remorso antes de olhar por sobre o ombro dela.

— Risa, sente-se aqui. — As mãos de Micah tocaram os ombros dela novamente.

Ao mesmo tempo em que ela tentava se desvencilhar, ele a apertou. Um segundo mais tarde ele a girou, olhando fixamente, os olhos pretos brilhando com fúria enquanto ela batia no peito dele.

— Pare de lutar contra mim. — Ele exigiu bem de perto. — Você não quer ir por este caminho. Se você quer a verdade, então sente a bunda nesta cadeira e escute.

O tom severo dele atravessou o gelo que se formava na barriga dela. Ela engoliu com força, agarrou o controle com a última reserva de energia enquanto o empurrava e lentamente sentava na cadeira novamente.

Ela cravou os olhos nele quando ele se sentou ao lado dela. Ela não ficou feliz com o olhar que recebeu de volta.

Voltando para o agente, ela forçou um sorriso firme ao rosto.

— Então ele não usa balas?

O agente Stephens tomou a cadeira e agitou a cabeça.

— Ele não usa balas.

— Vá em frente e desembuche logo. — Ela exigiu. — Se vocês não se importam, parem de fingir que se preocupam com os meus sentimentos.

As narinas dela dilataram, mas a compaixão nos olhos dele nunca se apagou.

— Ele acha um jeito de sedar as vítimas e as sequestrar. Como eu disse, esta é a primeira vez que sabemos quem é sua vítima. Esta é a nossa chance, senhorita Clay, certificar-nos de que ele nunca mais mate novamente. E, com alguma sorte, nossa chance de descobrir quem o contratou, e o que eles têm medo de que você saiba.

— Como ele mata suas vítimas?

Stephens olhou para a mesa por um longo momento antes de erguer o olhar de volta para ela.

— Ele tem dois modos de matar. Se a vítima for homem, ele é bastante misericordioso. Ele simplesmente corta a garganta. As mulheres... ele não é tão gentil com elas. Ele amarra, ergue as pernas, os pulsos presos ao chão. Ele corta os pulsos e assiste o sangue derramar.

Ela piscou de volta para ele. Ela podia sentir as bordas da visão escurecendo e forçou a cabeça contra a mesa, se forçou a fechar os olhos e lutar contra a necessidade de desmaiar. Inferno, com certeza ela iria desmaiar, merda. Isso não era sulista demais?

— Risa. — Ela sentiu a mão de Micah em suas costas, estava morna, o peso confortador elevava as garras dolorosas de necessidade que a estavam fatiando. — Nós podemos protegê-la. Como Carl disse, esta é a primeira vez que tivemos uma advertência. Nós podemos protegê-la.

Ela agitou a cabeça, a ergueu, e olhou fixamente através da mesa para a avó. Abigail estava com uma palidez mortal, o rosto manchado com lágrimas, a expressão atormentada.

Ela estendeu a mão para Risa. Agitada, lutando contra o terror que erguia dentro dela, ela tomou a mão frágil da avó com a dela.

— Eu sinto tanto, meu bem. — Abigail soluçou, as lágrimas correndo livremente agora, ela falava roucamente com raiva e dor. — Eu sinto tanto ter dado a luz àquele monstro. Deus me perdoe, Risa, eu sinto tanto.

A avó de Risa pôs a cabeça na mesa e soluçou enquanto o advogado dava a volta na mesa para ficar perto dela. Risa podia apenas olhar, não havia como ajudá-la. Coitada da avó. Quanta dor ela deveria suportar? Ela tinha enfrentado as atrocidades do filho, e agora estava enfrentando a morte iminente da neta.

Risa se virou para o agente federal, sentindo uma estranha calma sombria descendo sobre si.

— Exigirei outro agente. — Ela declarou. — Não posso trabalhar com o que você escolheu.

Ela não podia enfrentá-lo, não podia fingir com ele. Não depois da noite passada. A humilhação rastejava dentro dela, devastadora, ameaçando o gelo que ela precisava para permanecer tranquila, permanecer lúcida.

— Inaceitável.

A cabeça dela girou bruscamente para Micah quando ele disse a palavra com ênfase severa. Os olhos pretos estavam furiosos agora. Ele a olhava fixamente, um músculo pulsando na mandíbula enquanto ela lutava por autocontrole.

— Por quê? — Ela sussurrou. — Não faça isso comigo, Micah. Você me matará. Quanto mais eu tenho que suportar? Eu terei que enfrentar você todos os dias fingindo ser um amante quando nós dois sabemos a verdade?

— Você não quer começar isso aqui. — A cabeça dele abaixou, os lábios puxando de volta em um grunhido. — Você não quer mesmo que isso comece, Risa. Não haverá nenhum outro agente tomando o meu lugar. Nenhum outro homem tomará meu lugar. Se você quiser viver, então maldita seja, você aceitará o homem que pode manter o seu traseiro vivo.

— Por quê? — A agonia era um fardo que ela não sabia se poderia aguentar por mais tempo. A humilhação corria tão quente e tão profunda quanto à excitação que ela nunca poderia se livrar. Ela tinha falhado com ele, e agora ele queria fazer o quê? Esfregar isso na cara dela? Fazê-la aceitar?

— Aceite o trato. — ele comandou furiosamente. — Você o aceitará, e me aceitará. Se eu tiver que forçar a mão, irei. Fui claro?

Uma ruga apareceu entre as sobrancelhas dela enquanto a fúria inundava seus olhos.

— Não me dê ordens! — Ela retrucou de volta. — Eu não sou sua cachorrinha, Sr. Sloane. E você não me forçará a fazer coisa alguma!

— Não aposte nisso. — Fúria vibrava entre eles, nariz contra nariz, encarando, enquanto ela sentia o clitóris inchando ainda mais, os mamilos apertando mais duro.

— Eu odeio você! — Ela queria bater nele. Tirar todo comando e domínio do rosto a socos.

— Odeie-me do jeito que quiser. — O sorriso dele era sarcástico, confiante. — Mas você viverá, Risa. Você viverá ou eu baterei no seu traseiro até que você não possa se sentar por uma semana.

Os olhos dela se arregalaram quando a afronta a inundou.

— Você não ousaria!

— Oh, meu docinho, confie em mim. Eu ousaria isso e muito mais.

 

A porta não bateu atrás deles quando Risa a fechou naquela tarde. Ela a fechou em silêncio, colocando o trinco no lugar, e quando ela girou, congelou. Dois homens estavam em sua sala de estar, vestidos com macacões brancos com o nome de uma companhia de limpeza impressa neles.

Micah não pareceu nada preocupado com o fato de dois homens estranhos estarem no apartamento dela.

Um era alto, dois metros pelo menos, branco, loiro, cabelos nos ombros, olhos azuis frios em relação a ela, com uma sugestão de interesse sombrio em vez de piedade. O outro era menor, com cabelo loiro escuro e olhos cinza. O segundo homem a olhava com mais do que um interesse sombrio. Havia uma sugestão de travessura em sua expressão, um curvar decidido de diversão nos lábios. Ela decidiu detestá-lo ali mesmo, simplesmente porque ele era o único que parecia a ponto de protestar.

— Ei, Micah, você vai nos apresentar? — O de cabelo loiro escuro perguntou divertido, erguendo as sobrancelhas enquanto acontecia um silêncio incômodo. — Nós temos bons rapazinhos aqui, retiramos todos os insetos. Havia alguns meninos muito maus aqui, também.

— Havia insetos no meu apartamento? — Ela fez uma careta — Vocês não são exterminadores. Chame-os.

— Eles são ambos, a peste e o controle de peste. — Micah grunhiu enquanto revirava os lhos. — Você os desativou?

Risa parou e olhou fixamente para o nada enquanto o significado começava a esclarecer. Não eram insetos reais, mas sim aparelhos de escuta . Alguém havia colocado aparelhos de escuta na casa dela?

— Todos eles. Nós, hmm, achamos algo interessante, também. — O de cabelo loiro escuro deu uma olhadinha nela novamente. — Limpamos as instalações de luz da despensa, mudamos as lâmpadas e todas essas coisas. Ela tinha uma pequena câmera muito interessante em cima da cama. Wireless. Coisa de primeira.

Risa prendeu a respiração bruscamente enquanto Micah amaldiçoava por entre os dentes.

Surpresa, surpresa, ela pensou com um sentimento incomparável ao de humilhação ao extremo. Havia alguém não somente a escutando, mas também assistindo. Ela tinha feito alguma coisa embaraçosa ultimamente? Ela tinha se masturbado ou tentado desde que a câmera tinha sido instalada?

— Você é um bastardo, John. — Micah rosnou. — Leve os seus brinquedos de volta à base e deixe os outros os examinarem cuidadosamente, veja se eles podem localizar o link wireless.

Risa se afastou deles e foi para o quarto. Ela não podia lidar com eles. Ela não podia lidar consigo mesma no momento.

Enquanto a porta do quarto fechava atrás dela, Micah fez careta e girou para Nik e John. O russo e o australiano raramente trabalhavam bem juntos, mas hoje pareciam ter vindo para detonar.

— Obrigado por deixá-la saber sobre o maldito grampo no quarto. — Micah explodiu com o agente mais baixo.

As sobrancelhas de John se ergueram.

— Companheiro, você está ficando um pouco intenso, não é? — Ele falou de modo arrastado, um franzir marcando o rosto enquanto as sobrancelhas erguiam e o sotaque dava nos nervos de Micah. John só deixava aquele sotaque ficar livre quando queria sacanear alguém.

— Eu vou me preocupar com a minha intensidade. — Micah disse a ele. — Você se preocupe em levar os grampos para o Jordan. Veja se ele pode conseguir qualquer coisa deles.

— A caminho então. — John anuiu com a cabeça, mas continuou a olhar para Micah cuidadosamente.

John se moveu para a porta enquanto Nik se conteve. Quando a porta se fechou atrás de John, Micah girou para o russo e ergueu uma sobrancelha interrogativamente.

— Nós instalamos uma base no apartamento do outro lado do corredor. — Nik disse a ele. — Assim como vigilância. Tehya e Kira estão no local e querem discutir os registros médicos de Risa com você assim como o relatório psicológico. Elas pediram para você aparecer assim que possível.

Micah anuiu com a cabeça. Ele tinha algumas perguntas que precisavam serem respondidas e sabia que as duas mulheres haviam consultado um dos cientistas do governo que estava trabalhando para entender a droga e exatamente como ela trabalhava no corpo humano.

— Estarei lá em algumas horas. — Ele acenou com a cabeça enquanto olhava em direção à porta fechada do quarto por onde Risa havia desaparecido.

Ela estava muito tranquila. Do momento em que desistiu e concordou com a operação, ela tinha estado tranquila demais.

— Eu as informarei. — Nik anuiu com a cabeça. — Nós temos vigilância no apartamento através do corredor, e teremos alguém com você sempre que você sair. Temos Black Jack e Wild Card com a avó fornecendo proteção e o time Durango está fornecendo auxílio aqui. Devemos ter todas as bases cobertas.

Deviam mesmo. Se. Talvez. Puta que pariu, Micah não gostava disso. Ele não tinha gostado desde o início, simplesmente porque sabia que ainda que ela sobrevivesse, Risa seria danificada novamente pela operação inteira. E ele estava certo. Ontem à noite tinha sido um maldito fiasco. Ele não deveria ter se afastado dela e deixando-a sozinha naquele quarto, não importava o quão trêmulo estivesse o controle dele.

Dois minutos, ele tinha dito a si mesmo. Tudo o que ele precisava era de dois minutos para conseguir manter controle na necessidade de fodê-la, apesar da tensão que começava a construir nela. Aquela tensão não tinha sido sexual. Tinha sido medo. Todas as vezes que ela estava perto de gozar, ela tinha se bloqueado, lutado contra, e conseguido escapar do orgasmo explosivo que ele sentia crescer dentro dela.

Dois minutos tinha sido tempo suficiente para ela correr dele. Tempo exato para escapar antes de ele poder retornar e a aliviar com um orgasmo.

Ele tinha ficado tão duro, tão excitado. A necessidade por ela tinha crescido dentro dele como nada que ele tivesse conhecido antes. Nenhuma mulher o tinha deixado tão faminto, e tão rápido, quanto Risa fez.

Micah fechou as travas de segurança depois que Nik verificou o corredor e deixou o apartamento. Girando, Micah olhou fixamente em torno da sala, perguntando-se como diabo ele deveria lidar com isto.

Ele tinha conseguido foder tudo na noite passada. A combinação da quantidade minuciosa de Pó das Prostitutas que ele não sabia que estava no sistema dela, com os medos misturados além das próprias necessidades dele favoreceram o fiasco que obviamente acabou a assustando e fazendo fugir. Ainda bem que Nik e John estavam do lado de fora e a viram partir e a seguiram. Com a presença dos grampos no apartamento, era óbvio que Orion já estava no trabalho.

E era óbvio que Micah e Risa teriam que conversar, muito em breve. Ele havia provocado-a deliberadamente mais cedo, irritado, para que ela reagisse com raiva em vez de choque.

Aquele olhar pálido de horror no rosto havia acabado com o controle dele. Pela primeira vez em anos Micah tinha sentido algo diferente da necessidade de vingança. A necessidade de proteger, a fúria pela dor dela, o controle indo embora pela necessidade de mimá-la, pegarem nele como um polvo e ele tinha sido incapaz de se livrar. Não era nenhuma maravilha que os outros membros da unidade o estivessem vigiando cautelosamente agora.

Passando as mãos, exausto, pelos cabelos, ele seguiu para a cozinha, verificou a geladeira e a despensa de mantimentos, e passou um tempo fazendo uma lista de supermercado. Depois, ele percorreu todo apartamento, com exceção do quarto dela, e verificou as janelas e portas.

Então, ele entrou no quarto.

Risa estava na cama olhando fixamente para o lustre com curiosidade. Onde alguém teria plantado uma câmera? Os enfeites do lustre eram de vidro e tinham um padrão desenhado. Levou um tempo, mas enquanto ela olhava fixamente para o objeto, notou que dentro do padrão de rosas, uma estava faltando. Bem no centro.

Um vidro minúsculo para uma câmera? Ela imaginou que podia ser feito, a tecnologia era claramente capaz de produzir uma. Que pena que os homens que usavam aquela tecnologia não podiam ser sãos.

Talvez a sanidade, assim como a beleza, estivesse nos olhos de quem vê.

Deus, ela estava um caco. Ela podia se sentir tremendo de dentro para fora. Tudo o que ela podia fazer era assinar o nome nos documentos que o advogado tinha dado a ela no Edifício Federal.

Fugir não era uma opção, ele a assegurou, pois sabia que era exatamente isso o que ela queria fazer. Infelizmente, não parecia existir um buraco fundo ou escuro o suficiente para protegê-la do homem que eles chamavam de Orion.

Um assassino. Um homem que amarrava suas vítimas pelas pernas e assistia todo o seu sangue drenar. Olhava enquanto elas morriam e provavelmente achava um prazer imensurável nisso.

Ela teve que apertar o estômago com a mão. Novamente. Ela lutou contra a necessidade de cerrar os dentes, porque não havia nada em seu estômago para vomitar.

Ela não havia comido hoje. Ela quase riu quando se lembrou disso. A fome não tinha estado no alto da sua lista de prioridades esta manhã. Quando o advogado havia ligado solicitando que ela e avó o acompanhassem para o Edifício Federal para assinar alguns documentos, Risa não imaginou que apenas pensar em comer a deixaria mais doente depois.

Agora ela entendia por que ele tinha sido tão vago ao explicar o porquê de ela ter que assinar aqueles documentos imediatamente. Ele disse que os documentos tinham a ver com as vastas propriedades que o governo havia apreendido de Jansen Clay.

Risa estava lutando há anos pelos artigos que pertenceram à mãe, que havia morrido anos antes de seu sequestro. Joias, antiguidades e algumas fotos, coisas que a segunda esposa de Jansen havia se apossado. Risa rezou para que a situação estivesse sendo resolvida, apenas para ver que a vida estava apenas indo para inferno mais rápido do que ela imaginava.

Ela ainda não podia encontrar sentido nisso. Jansen pensava que não valia a pena tentar vendê-la, mas outra pessoa pensava que ela valia 2 milhões, morta. Era no mínimo cômico. Ela riria novamente se não tivesse medo de acabar gritando.

Sentando na cama, joelhos curvados, ela deitou a cabeça contra os braços, fechou os olhos e lutou para controlar o pânico que subia dentro dela com respirações profundas.

Ela havia concordado em ser a isca. E aqui estava ela, em seu apartamento, para todos os intentos e propósitos com seu novo amante. Isso era o suficiente para fazê-la gritar. O corpo dela ainda estava chiando, apesar da verdade de sua situação, a necessidade de tocá-lo novamente era como uma febre queimando dentro do corpo. Por causa daquela porra de droga. Porque ele estava mexendo com sua excitação normal e a tornando pior. Estava destruindo-a por dentro.

Ao som da porta do quarto se abrindo, os lábios dela tremeram enquanto ela resmungava ao sentir que Micah havia entrado no quarto.

— Eu pedi o jantar. — A voz caiu sobre ela enviando pequenos choques nas partes mais sensíveis de seu corpo.

Ela anuiu com a cabeça em resposta.

— Eu também pedi que fizessem compras para a despensa. A voz dele endureceu, Risa anuiu com a cabeça novamente.

— Nós precisamos conversar sobre isso, Risa. Agora, enquanto é seguro conversar aqui. Ignorar a situação não vai fazê-la melhor.

— Eu sou realmente boa em ignorar as coisas— ela murmurou. — Confie em mim, não é algo difícil de fazer, e realmente faz a vida mais calma.

— Até que você esteja morta?— Ele perguntou friamente.

A cabeça dela ergueu ao ouvir isso.

— O destino é uma merda, não é?

Os lábios dele apertaram.

— Saia da cama e venha aqui, vamos conversar direito, antes que eu me junte a você.

Ela riu disso. Ela estava pasma de poder rir sem explodir em histeria.

— Bem, não seria odioso obrigá-lo a fazer isso. — Ela declarou ironicamente enquanto saía da cama e ia para a porta — Eu odiaria levá-lo até este ponto novamente.

A eletricidade pareceu correr todo o corpo dela enquanto ela o ultrapassava na porta. Era tudo o que ela podia fazer para controlar o gemido que sufocava sua garganta, ou a necessidade de tocá-lo.

— Você fugiu de mim ontem à noite — ele declarou quando ela se sentou enrolada no canto do sofá. — Por quê?

Ela olhou para ele surpresa.

— Isto é bastante auto-explicativo, você não acha?

Por que ele se importava? Não era como se ela o tivesse agradado.

— Se você tivesse esperado, Risa, nós poderíamos ter corrigido o problema.

Olhando para ele, ela se perguntou com muita ironia como exatamente eles poderiam ter corrigido o problema.

— Não há nada para consertar — ela expulsou as palavras dos lábios apertados — Nós estamos juntos. Eu entendo isso. Tentarei ficar fora do seu caminho tanto quanto possível.

— Sim, faça isso — ele rosnou de volta para ela.

Ela afastou o olhar dele, concentrando-se em vez disso na pequena área do escritório que ela tinha criado no canto da sala. A mesa, o armário e o computador. Ela tinha trabalho a fazer, mas não podia se imaginar trabalhando agora. A contabilidade que fazia em casa mantinha as contas pagas. Impedia-a de usar a pequena herança que a mãe havia deixado, e evitava que a avó tivesse que sustentá-la.

— Nós precisamos discutir qualquer outra coisa?— Ela perguntou. — Estou cansada. Pensei em tomar um banho e tirar um cochilo.

— Eu disse que pedi o jantar. — Ele se sentou na cadeira em frente a ela. — E disse que nós precisamos conversar.

— Só porque você disse, não significa que eu concorde com a sua decisão. — Havia uma chance de que ela não vivesse por muito mais tempo de qualquer maneira. Ela não iria gastar seus últimos dias na Terra prostrada diante da arrogância dele. Já era ruim o suficiente agora que ele estava aqui e ela não podia se masturbar. Ela precisava trocar a calcinha, estava tão molhada.

Ele passou a mão pelo rosto, e por um segundo Risa viu o cansaço que marcava sua expressão. Ele não deveria ter dormido ontem à noite, ela pensou, então se sentiu perversamente contente. Porque ela não havia dormido ontem à noite, também.

— Risa, nós precisamos nos entender para fazer este trabalho dar certo — ele a advertiu, os olhos escuros relampejando com frustração.

— Nós temos um entendimento. — Ela o assegurou. — Eu entendo que você tenha que ficar aqui para pegar um assassino. Há um quarto e um banheiro sobressalente. Fique à vontade. Eu tentarei ficar fora de seu caminho tanto quanto possível.

Algo escuro e perigoso relampejou nos olhos dele. A expressão se tornou de pedra, fria. Por um momento, o medo desceu pela coluna dela, então os ombros dela se endireitaram. Não era como se ele fosse matá-la por respondê-lo. E, Deus, ela estava cansada de abaixar a cabeça e simplesmente tentar não antagonizar o destino.

O destino já a tinha golpeado tão duramente que ela ainda estava tonta.

— Olhe. — Ela ergueu a mão quando ele começou a falar. — Ontem à noite foi um engano, e eu me desculpo por arrastá-lo nos meus problemas. Eu… — Ela engoliu firmemente. — Às vezes, a pessoa só precisa ser tocada, entende? Eu não devia ter escolhido você. Eu deveria ter ido embora e ter pegado algum maldito bêbado ou algo do tipo.

Ela se perguntou se Micah poderia tê-la fodido bêbada. Ela odiava saber que ele não tinha achado nenhum prazer com ela. Essa dor a rasgava com mais intensidade do que a inabilidade dela de ter um orgasmo. Não era culpa dele. Ele tinha sido arrastado para isso. Ele provavelmente havia sentido que tinha que tomá-la por causa da operação em que estava. Ele parecia disposto a fazer qualquer coisa para pegar Orion. Até fodê-la.

— Você me espanta. — A voz dele era fria. Os olhos eram como covas de gelo preto.

— Sim, eu mesma me espanto às vezes. — Ela conteve as lágrimas, a necessidade de chorar. Conteve a necessidade de se deixar enrolar nos braços dele e achar um pouco de conforto. Ela estava cansada, trêmula e apavorada. E em sua vida inteira ela nunca tinha conhecido um lugar seguro como quando ele a havia segurado nos braços.

— Sobre o que mais nós precisamos conversar?

— Sua inabilidade para o clímax.

Ela vacilou com a declaração. Humilhação rolou pelo seu estômago.

Ela encolheu os ombros.

— Não foi culpa sua.

— Eu deveria ter olhado o relatório do seu médico — ele disse. — Se eu soubesse que o Pó das Prostitutas ainda estava no seu sistema, então saberia o que tinha que fazer.

Ela cruzou os braços sobre os seios e olhou fixamente para um ponto longe dele. O rosto e o pescoço dela estavam quentes. Ela não queria conversar sobre isso. Ela não aguentaria conversar sobre isso.

— Risa, o efeito do Pó das Prostitutas é assustador. Nós temos juntado relatórios por anos dos homens e mulheres que sobreviveram à onda inicial daquela droga. Você recebeu o suficiente para prender os receptores de prazer em seu cérebro. Deixa o corpo lentamente, muito lentamente. Para entender o que está acontecendo quando ele está em ação, você precisa entender os efeitos dele.

Não. Ela não queria saber. Ela engoliu convulsivamente, lembrando como na noite anterior tudo ia muito bem até que a necessidade do clímax havia crescido dentro dela novamente.

— Depois da injeção inicial, não faz que você queira simplesmente sexo, faz a necessidade por sexo mais forte. Faz as sensações mais fortes.

— Eu não posso conversar sobre isso. — Ela ficou de pé enquanto a histeria ameaçava atravessar o controle frágil a mantendo.

— Nós temos que discutir isto, Risa. — Ele se levantou também, enfrentando-a agora, olhando fixamente para ela com seu olhar de gelo negro faiscando — Nós temos que lidar com isso. Porque eu não dormirei no seu quarto ou no banheiro sobressalente. Eu dormirei na cama com você. Isso não é apenas um disfarce, porque eu não tenho dúvidas de que Orion sabe que eu sou seu guarda-costas. Isto é sobre nós. Ponto final.

Ela agitou a cabeça. Ela não podia fazer isso. Ela não podia deixar Micah em sua cama. Não podia compartilhar tanto de si mesma com ele. Deus, ela própria não queria compartilhar isso consigo mesma. As noites em que ela despertava, os dedos embaixo do pijama, golpeando o clitóris porque ela não podia se proteger durante o sono. Os pesadelos. Despertando com os próprios gritos, apelos. Implorando para Jansen Clay não a machucar. Por favor, não deixe, papai, não deixe ele me machucar.

— Não. — A palavra era um som rouco, desesperado. — Isto não é possível.

Ela não podia suportar isso. Não podia ficar na mesma cama que ele sabendo que não podia satisfazer Micah, que ela acordaria ambos ao tentar desesperadamente alcançar seu próprio orgasmo, ou que os acordaria com seus gritos.

— Isto é muito possível — ele a assegurou. — Eu estou aqui para ser seu amante, Risa. Você esta ciente do que um amante é, não é?

Ela agitou a cabeça.

— Não. Esse não era o trato. Os documentos não diziam que eu tinha que dormir com você. Ninguém disse que isso tem que ir tão longe.

— Mas você quer que vá longe — ele declarou então. — Negue. Você está excitada.

Ela iria perder a batalha contra as lágrimas. Ela iria desmoronar no chão em agonia. A dor na mente e no corpo eram muito fortes. A dor era física, mordia-a profundamente.

Ela o queria. Oh, Deus, ela queria tocá-lo, queria ser tocada. Ela queria senti-lo dentro dela novamente, apertando-a, estirando-a, queimando-a. Ela o queria fodendo-a de um modo tão selvagem e duro que ela sentiria nada além do ardor, aquela dor e prazer combinados, e ela não poderia lutar contra nenhum deles. Ela precisava tanto disso que afundou as unhas nas palmas. Até poder saborear a necessidade na boca, lembrando-se do beijo dele.

Ele disse que ela queria que ele fosse longe. Que ela estava excitada. Não que ele a queria. Não que ele estava. E ela estava muito assustada até para olhar e ver o quão desinteressado ele estava. Se ela olhasse e não visse nada, não visse nenhum sinal de sua ereção, ela tinha medo de finalmente quebrar aquela última linha que estava usando, o controle que a mantinha na luta de viver o dia a dia.

O quão estéril a vida dela havia se tornado? Nos seis anos desde que ela tinha sido retirada do hospital, ela havia lutado somente para viver, dia após dia. Para levantar de manhã, fazer amigos, aprender como se defender, achar um equilíbrio quando às vezes ela temia que esse equilíbrio nunca existisse.

Agora aqui estava ela, frente ao único homem naqueles seis anos em quem ela podia tocar, que a havia tocado. Ela havia saído várias vezes no último ano, determinada a achar um amante e sempre havia fugido. Até ontem à noite. Ontem à noite ela tinha ido para a cama com ele, e ela ainda não tinha se recuperado da dor que isso havia causado.

— Você não pode negar, Risa. — A voz dele era mais baixa, mais morna. A voz vibrava com conhecimento, com uma excitação falsa que ela sabia que ele realmente não podia sentir. Ele não podia desejá-la. Não depois de ontem à noite.

— Não faça isso comigo — ela sussurrou, sentindo as lágrimas na garganta, quase a estrangulando com sua força. — Por favor, Micah. Não me machuque assim.

Muita coisa estava acontecendo dentro dela, mais informações do que ela podia suportar, podia lidar. O Pó das Prostitutas fazendo-a doer por sexo, fazendo-a implorar para ser tocada. Um contrato por sua vida. E agora Micah, um homem mais forte, mais arrogante e dominante, do que todos os outros que ela já havia conhecido, e um fascínio que ela parecia não conseguir escapar.

Tudo isso para a feia menininha que não podia conseguir um namorado quando era uma adolescente e não podia conseguir um amante a menos que tivesse uma missão que o forçasse a ter um interesse nela. Um homem que não podia alcançar o orgasmo com a mulher feia que ela havia se tornado.

Ela cobriu a boca com a mão e se virou, nada menos do que correndo. Ela estava indo embora. Ela estava porque era fraca, porque não podia enfrentar a verdade que ela havia se tornado ou sua vida.

— Risa, droga! — Ele amaldiçoou quando a porta bateu violentamente atrás dela.

Ela encostou as costas na porta enquanto as pernas tremiam e ela deslizou para o chão. Quando abraçou os joelhos contra o peito, as lágrimas começaram a cair. Ela não podia segurá-las. A dor era muito intensa. Cavava dentro de sua alma enviando uma onda de emoção sombria que a rasgava. Pela primeira vez na vida, ela odiou. Odiou com uma força maligna e horrível que a assustou. E a verdade terrível era, não havia ninguém que ela odiasse mais do que a si mesma. Ela odiava a própria fraqueza, odiava o abandono que sentia contra os eventos que aconteciam, e ela odiava o rosto de Jansen Clay que sempre a assegurava de que ela era muito feia. Tão feia que ele não podia pagar a um homem para fodê-la. E que Deus a proibisse, ele disse uma vez, que ela tivesse filhos para os quais transmitir sua feiúra.

Deus quisesse que Risa nunca acreditasse merecer as mesmas coisas que as outras mulheres tinham.

 

A frustração roia Micah enquanto ele compassava na sala de estar do apartamento em frente ao de Risa. Morganna estava no apartamento com ela, dando a ele uma chance de recuperar seu controle depois que ela havia corrido de volta para o quarto. Ela estava fugindo dele e fugindo do perigo. Ela teria que enfrentar ambos. Ela o enfrentaria, e faria isso logo, ele assegurou a si mesmo.

Ele estava disposto a deixá-la enterrar a cabeça na terra no momento, porque ele entendia que as implicações do perigo que ela se encontrava a subjugavam. Mas hoje à noite ela o enfrentaria, e ela enfrentaria o fato que não podia mais se afastar.

— Tenho o relatório do psicólogo aqui. — Kira Richards estava sentada no chão na frente de uma longa mesa de café com arquivos dispersos. — Isto é uma bagunça, Micah — ela suspirou. — O pai dela traumatizou-a muito antes de permitir que ela fosse estuprada. — Micah vacilou com as palavras, mas se voltou para Kira e retomou a cadeira no sofá.

Ele não teve os relatórios antes de se encontrar com Risa ontem à noite. Não houve tempo. Eles sabiam que Orion havia aceitado o trabalho. Mover depressa tinha sido imperativo. Era ainda imperativo, mas por razões diferentes.

Micah leu os arquivos quando entrou o quarto. Ele havia passado uma hora lendo enquanto ele esperava pela entrega do restaurante com a comida. Blanchard, um dos restaurantes favoritos dele, não entregavam rápido; mas em compensação entregavam boa comida. Aquele tempo extra havia dado a ele a chance de examinar cuidadosamente os arquivos, páginas e páginas de eventos da infância que Risa disse ao psicólogo, assim como o diagnóstico deste.

— Como ela sobreviveu a isto?— Kira sussurrou enquanto lia um dos documentos. — Ele disse a ela que ela era tão feia que não podia imaginá-la legando isso aos filhos? — O horror cruzou o rosto dela quando ela ergueu o olhar para Micah. — Ela se lembra de quando ele ajudou a drogá-la, que ele riu por que nunca poderia vendê-la. Que ela tinha sorte de ele poder pagar alguém para trepar com ela? Que ela não teve nenhum namorado quando era mais jovem, e apenas alguns amigos. — Ela agitou a cabeça. — O psicólogo está pasmo por ela não ter se tornado uma viciada. De acordo com o relatório...

— De acordo com o relatório, Risa é mental, física e psicologicamente sã, somente com alguns assuntos que precisam ser trabalhados. O mais importante é restaurar o valor de si mesma e dos outros — ele citou. — Eu li o relatório. — Ele não concordava com todo o relatório. Risa estava ferida, mas ela era forte. A cura exigiria mais do que trabalhar alguns assuntos.

Ele se forçou a se tranquilizar enquanto verificava o relógio novamente. Ele queria estar lá quando o jantar fosse entregue. Ele iria se certificar de que ela se alimentasse. Ela havia perdido peso demais no último ano. Ela ainda estava saudável, mas ele sabia que não levaria muito tempo mais antes disso mudar. Ela não havia comido antes da reunião desta manhã, e definitivamente não havia comido depois.

— Risa é nossa melhor chance de pegar Orion. — Jordan falou mais alto, ele estava sentado em frente aos monitores de segurança. — Se ela rachar emocional ou mentalmente, então há uma chance de que ele a leve e que nós a percamos.

— Ela não rachará. — Micah se asseguraria disso.

— Micah, você pode não ser capaz de parar isso, querido — Morganna disse suavemente. — Ela tem vinte e seis anos. Tem toda uma vida para acreditar na merda que o pai encheu sua cabecinha. Com a soma do Pó das Prostitutas e agora Orion, ela pode sair desta com cicatrizes que nenhum de nós poderá consertar.

— Sempre haverá cicatrizes. — Ele relampejou um olhar severo. — A alma dela é cicatrizada pelo avesso, Kira. Ninguém pode mudar isso. Isso não significa que ela não possa ser feliz. Não quer dizer que ela não seja uma mulher bonita, vibrante.

Kira sabia que Risa não era feia de todo, ela tinha olhos bonitos e um sorriso bonito, quando se permitia sorrir, mas ela não era exatamente bonita, porém. A menina era muito magra. As formas não eram muito visíveis. Ela era uma mulher que facilmente passaria despercebida a menos que a pessoa a conhecesse. Só que quanto mais Kira precisava conhecê-la, quanto mais ela via e percebia que havia uma singularidade em Risa que a fazia ser muito bonita.

Kira viu enquanto Micah escolheu uma das muitas fotos em branco e preto que tinham sido tiradas de Risa durante sua vigilância nela na última semana. O branco e preto não a favorecia em nada, mas expressão de Micah era… encantada?

— O brilho dos olhos dela aparecerá quando ela encontrar uma razão para ser feliz— ele murmurou. — E mesmo entristecidos, há uma luz neles que me assegura que ela lutará para viver. — Ele tocou o rosto na fotografia. — Por que você acha que ela não consegue ver que é bonita?— Ele ergueu o olhar de volta para Kira e fez uma careta — O sorriso dela é cheio com calor, e até nestas fotos você pode ver a necessidade de rir, da paixão, iluminando suas feições. — Ele lançou a foto de volta à mesa. — Como um pai podia ser tão vil, Kira? Tão mal?

Kira quase sorriu. Quando ela olhou para aquela foto, viu isso, também. Ela viu a vida no rosto de Risa que Micah mostrou. Ela viu a curiosidade nos olhos de Risa. Viu a paixão oculta. Ela não havia visto isso tudo antes, mas vendo agora, dava à menina uma beleza que não podia ser negada.

Inferno. A beleza está nos olhos de quem vê. Ela sempre havia ouvido isso. Neste caso, talvez fosse mais verdadeiro do que ela jamais saberia.

 

O anoitecer chegou muito cedo. Risa nunca havia percebido o quanto odiava as noites de inverno até mais cedo naquela noite. Quando ela teve que enfrentar a perspectiva de se preparar para ir para cama com Micah.

Ela não podia fazer isso. Toda vez que ela pensava nisso, se lembrava de estar em sua cama na noite anterior, e naquela farsa que tinha virado sua vida.

Mas estava escuro. Ela sempre ia para a cama cedo. Levantava cedo. Se ela conseguisse dormir. Ontem à noite ela não havia dormido e o corpo estava exigindo descanso.

A mente era outra questão.

— Você está se preocupando demais — ele declarou quando ela se percebeu olhando fixamente para o monitor do computador, os números se misturando no programa de contabilidade em frente aos olhos. — Você está cansada, Risa. Se arrume e vá para a cama. Eu irei mais tarde.

Ela odiava aquele tom. Aquele tom gentil de ‘vamos embalar o bebê’. Ela não precisava dele para mimá-la ou compreendê-la.

Ela girou devagar em sua cadeira e o encarou. Ele estava sentando de novo em seu sofá como se fosse o dono, a televisão vociferando algum programa de notícias enquanto aqueles olhos pretos deslizavam pelo corpo dela antes de voltar para o rosto.

Como se ele estivesse se lembrando da noite anterior. Como ele se lembrava? Ela se perguntou. Como o fracasso total da parte dela?

— Por que eu iria querer fazer isso?— Ela perguntou cuidadosamente. — São apenas dez horas.

Os lábios dele afinaram. Deus, aqueles lábios eram tão magníficos, e eles podiam beijar como um sonho. Como um sonho particularmente quente, sensual e travesso. Ela sabia. Os lábios tinham estado sobre os dela, lambendo-os, beliscando-os. Ele a beijou como se quisesse dizer ‘vou te devorar’.

— Você está muito cansada, perto de adormecer no computador. — Ele fez uma careta de volta para ela. — A essa altura, você devia estar bem ciente de que eu não vou te machucar. Dormir na cama comigo não será tão traumático quanto trepar comigo em uma, lhe asseguro.

O rosto dela ruborizou. Risa sentiu a queimação subir, marcando o pescoço e o rosto quando olhou de volta a ele com um assombro furioso.

— Isso foi completamente desnecessário. — Ela saltou da cadeira, indignada. — Se você não pode falar de forma civilizada, então não fale.

Ela se lembrou da superioridade antiquada da avó. Deus, ela estava tão necessitada que não podia nem aguentar ouvir as palavras dos lábios dele? Merda. Trepar. Eles tinham trepado. Ela queria cobrir as orelhas na esperança de esfumaçar os pensamentos. Porque ela não achou isso tão desagradável quanto queria. As implicações da palavra trouxeram à mente os movimentos suados e lisos de seus corpos juntos. Os gritos dela. Os gemidos dele. O toque de suas mãos, a punhalada do membro dentro dela.

Ela quase teve que apertar as coxas juntas para se conter e dominar a luxúria.

Era por causa do Pó das Prostitutas, não é? Ela não podia imaginar isso. Nada parecia tão natural quanto querer Micah.

— Você que vá para a cama se estiver cansado — ela explodiu finalmente. — Eu vou mais tarde.

Ele soltou um riso forçado. Aqueles lábios cheios e voluptuosos curvaram em um sorriso de superioridade. O tipo de sorriso que ela via nos maridos, o sorriso que dão às esposas quando estão determinados a fazerem como querem.

— Estou muito cansado — ele a informou. — Uma pequena descarada me manteve acordado muito além da minha hora de dormir ontem à noite, então fugiu de mim e eu me forcei a segui-la. Eu olhei fixamente para a janela dela como um Romeu apaixonado implorando por sua atenção.

— Ou como um agente disfarçado esperando que ela não fosse sequestrada para poder capturar seu assassino — ela rosnou de volta em resposta. — Orion é tão importante para você que estava disposto a foder alguém que não conhecia?

A sobrancelha dele arqueou.

— Que linguagem, Risa. — O bom humor reluzia nos olhos pretos. — Seja cuidadosa. Você acabou de brigar comigo por causa disso. Eu seria um companheiro de cama extremamente desconfortável se você continuar.

Ela quase perdeu a respiração com o pensamento. Micah, excitado, em sua cama. Um calafrio deslizou pela coluna antes que ela conseguisse se afastar dele e parar na janela do lado oposto da sala.

Ela olhou fixamente o parque em frente ao prédio, lutando para entender a resposta dela a ele, em vez de qualquer outro homem.

Não que houvessem homens para escolher, infelizmente. Mas Micah era como a personificação dos homens. Olhe no dicionário “macho” e lá certamente terá um retrato dele olhando de volta para você.

Ele era alto, de pele escura. A calça jeans abraçava o traseiro. Uma camisa de algodão branca enfatizava os músculos definidos dos ombros. E ele usava botas. Ele estava mesmo usando botas. Botas de vaqueiro, bem gastas, desbotadas e cicatrizadas. O tipo perfeito de um garoto malvado.

— Risa.

Ela saltou quando o rosto dele se juntou ao dela no vidro da janela. Então as mãos dele tocaram os ombros dela enquanto ele a puxava de volta, permitindo à cortina cair no lugar uma vez mais.

Risa estremeceu com o calor das mãos dele até quando ela se afastou e girou para encará-lo.

— O quê?

Ele a olhou, os olhos não estavam mais divertidos, mas sombrios, no entanto.

— Você devia ficar longe das cortinas — ele disse. — Uma linha direta de visão permitirá que certos dispositivos revelem qualquer coisa que você esteja dizendo. As cortinas pesadas cobrindo as janelas e a interferência da televisão por outro lado a bloqueariam.

Oh.

Ela olhou fixamente para a televisão, então de volta para a janela com o desânimo caindo sobre ela. Ela havia passado tanto tempo em uma sombra perpétua durante os meses que tinha estado na clínica. Ela amava a luz do sol. Amava ter este brilho nas janelas limpas e clarear os quartos onde ela vivia. Da mesma maneira que ela amava olhar a noite negra e aveludada também.

— Entendo — Ela cruzou os braços sobre os seios como um abraço antes de se afastar dele mais uma vez. — Eu irei tomar banho. Ou algo assim.

Ela queria se sentar no meio do chão e começar a lamentar furiosamente. Isso era justo? Ela já havia suportado o suficiente. Ela não precisava de um assassino para adicionar pesadelos aos que ela já possuía.

— Risa. — As mãos agarraram os ombros dela novamente, desta vez se recusando a permitir que ela se afastasse. — Nós vamos mantê-la segura. Eu prometo.

— Claro que você irá. — Ela disse vagamente. Ela tinha alguma outra escolha além de acreditar nisto? — Diga-me, Micah, ele já falhou?

Ela sabia que não. O homem, o agente federal tinha dito isso, ele era nada menos do que um assassino perfeito. Ele nunca tinha sido pego. Nunca tinha sido identificado. Nunca havia falhado em matar a pessoa que tinha sido contratado para matar.

— O passado dele não tem nada a ver com o nosso presente. Nós saberemos quem ele é depois. Onde quer que ele consiga as informações quando estiver investigando uma vítima não saberá sobre nós. Nós não somos uma parte de qualquer governo, nem somos de uma agência rastreável. Ele nos verá como uma ameaça nominal. Quando ele fizer seu movimento, nós estaremos aqui, e o capturaremos.

As mãos dele apertaram os ombros dela, a cabeça abaixou até que os lábios estavam bem perto. Até que ela quase podia saboreá-los.

— E então o quê?— Ela agitou a cabeça contra a necessidade nascente. — Outra pessoa tomará o lugar dele?

— Então ele falará.

Risa quase vacilou com o tom glacial da voz. Ameaça pura reluzia nos olhos. Os lábios dela separaram, e ela quase acreditou que ele iria.

— Você o matará antes que ele possa falar — ela sussurrou, de repente sabendo que quem ou qualquer coisa que Orion fosse, Micah o odiava com uma paixão que a maioria das pessoas reservaria para o amor.

Mas ele agitou a cabeça.

— Não. — O dedo polegar tocou os lábios dela. — Eu não o matarei até que eu saiba quem te ameaça. Então, sim — a palavra silvou entre os dentes retesados. — Oh sim, Risa. Então, eu te prometo, eu matarei Orion, matarei o bastardo que ousou pensar que podia continuar a atormentá-la.

Ela não teve que se afastar dele neste momento. Ele que se afastou. As sombras no rosto davam a ele um olhar quase cruel, um pouco selvagem. Um olhar estrangeiro, mas somente por um espaço de tempo. Risa engoliu firmemente.

— Vá tomar um banho — ele disse a ela, sem a olhar enquanto se dirigia à cozinha. — É quase hora de dormir. — Ele parou na entrada e se voltou para ela. — E você aprenderá a dormir comigo, começando por hoje à noite. Se por acaso ele conseguir entrar neste apartamento para colocar outros aparelhos de escuta, então não haverá nenhuma dúvida na mente dele de que você não está compartilhando uma cama comigo. Não haverá nenhuma dúvida na mente de qualquer homem, Risa, de quem você é.

 

Micah viu os olhos dela arregalarem antes de ele se virar e ir para a cozinha. Ele andou para a pia, encheu um copo com água e o bebeu como se o fogo que rugia dentro dele pudesse ser extinto assim.

Não podia ser. Cobiçar Risa. O ódio tão opressivo estava apenas contido para Orion.

A mandíbula dele cerrou quando uma imagem relampejou diante dos olhos. A mãe, tão delicada, tão branca. Ela sangrou até ficar seca, os pulsos cortados. E ela sofreu. Orion a desnudou de suas roupas e de sua vida, mas ele não a desnudou de sua dignidade. De todas as vítimas, apenas a mãe de Micah tinha sido achada com os olhos fechados, a expressão serena no rosto.

Mas, saber que ela morreu como tinha vivido não deu nenhum conforto a Micah. Ariela Abijah tinha sido a personificação da força. Estava em seus olhos, no modo como ela erguia a cabeça, no amor pelo marido, pelo filho e pelo país.

Os dedos dele cravaram no balcão quando ele agarrou a borda com força letal. Ele imaginou o pescoço de Orion ali, sentindo a vida saindo lentamente do corpo dele. Vendo seus olhos. O ódio que enchia Micah não podia ser contido. Queimando como uma chama preta dentro da alma, corrompendo-a. Manchando-a com a emoção sombria.

Então, a imagem daquele inimigo sem cara apagou-se. Em vez disso, Micah viu a imagem de Risa. Ele a viu à medida que eles dançavam, a expressão incrivelmente maravilhada quando ela experimentou o primeiro gosto de paixão. O rosto corado pela excitação, o escurecimento dos olhos azuis quando ela gemeu lutando para alcançar o orgasmo, e então ela voltada da beira.

Ele a viu, tão cheia com uma beleza silenciosa que não pedia nada. Ele viu a força em seus olhos bonitos, a luta para sobreviver, a determinação de encher a vida com mais do que pesadelos.

A cabeça dele abaixou enquanto ele fazia caretas pela fome que crescia dentro do corpo, tão rápida, tão forte, talvez muito maior do que o ódio que ele tinha por Orion. Ele não acreditava que surgiria algo que pudesse consumir seu ser como a necessidade de matar o bastardo. Mas ele havia aprendido nas últimas vinte e quatro horas que algo podia erguer dentro dele com a mesma força e dar um chute no seu traseiro.

Luxúria. Ansiar uma mulher, não somente qualquer mulher, uma necessidade por Risa que mordia suas bolas como dentes afiados e o deixava quase trêmulo pela necessidade de tocá-la.

E hoje à noite, ele dormiria com ela.

Ele enxugou o suor da sobrancelha ao pensar nisso.

Ele teria que deslizar naquela cama ao lado dela, dormir ao lado dela e conter sua luxúria. Porque se ele não conseguisse, poderia muito bem arruinar o plano delicado que estava a ponto de colocar em ação. Algo bem diferente de usá-la para pegar seu assassino.

Não, Micah queria Risa por muito mais do que o fato de ela ser o único meio que eles tinham para chegar a Orion. Ele a queria porque seu calor o invadiu. Pela primeira vez na vida alguém havia tocado uma parte de sua alma que ele não sabia que havia. Uma parte reservada somente para ela.

O pai dele uma vez havia dito a ele que todo homem sabia quando achava sua companheira. Que uma mulher podia mudar um homem simplesmente porque ele a amava. Que o fato de ele tê-la ou não, não importaria, Garren Abijah advertiu Micah. O que importaria era amá-la, conhecê-la, fazer dele um homem melhor.

Ele temeu que Risa fosse a mulher da qual se afastar destruiria o homem que ele era agora. Ele sentiu isso, como um lobo sente sua companheira. Como a flor sente a luz do sol. Como um homem morto sente sua destruição final, ele pensou sombriamente.

Porque ele não poderia ficar com ela, não para sempre. Ela nunca receberia o nome falso que ele assumiu, nunca saberia o que eles poderiam ter tido, porque ele nunca poderia deixá-la saber dos sentimentos que o invadia todas as vezes que ele a olhava.

Ele não a havia visto apenas na noite anterior.

Não, ele a havia visto antes. Muitas vezes. Deixando as casas dos amigos quando ele estava chegando no último ano ou por aí. Algumas vezes ele saía do próprio caminho para vê-la quando ficava preocupado por ter ficado algum tempo sem vê-la.

Sim, ele tinha feito isso uma ou duas vezes. Olhado. Esperado por ela. Sempre sabendo, como um maldito lobo em uma toca, sempre que ela estava por perto. Ele passou os dedos pelo cabelo e explodiu em uma respiração dura, cansada. Ele estava muito cansado de si mesmo, e dormir próximo ao calor tentador dela seria duro.

“Duro” não era bem a palavra para descrever isso. E sabe o pior? Ele estava muito ansiosamente esperando por isso.

Ele tomou um momento para ajustar o membro duro na calça jeans antes de fazer uma ronda pelo apartamento. Verificou a porta e os trincos de segurança, então as janelas. O sistema de segurança do apartamento era uma obra de arte, mas John e Nik adicionaram um pouco mais de brinquedos antes que Micah chegasse ao apartamento com Risa. A eletrônica avançada instalada agora descobriria uma mosca se esta conseguisse passar pelo alarme.

Enrugando os lábios, ele soltou outra respiração muda antes de se dirigir à porta do quarto. Ela havia terminado o longo banho minutos antes. Ela estava ou na cama ou no banheiro tentando apresentar um argumento que o manteria fora de sua cama. Não havia nenhum argumento bom o suficiente, ele pensou. Porque a vontade de dormir próximo a ela não era lógica de qualquer forma mesmo.

Ele abriu a porta, os olhos rapidamente se ajustando ao quarto escuro e a achando na cama. Fechando a porta atrás de si, ele foi para a cama e se sentou cuidadosamente no colchão para tirar as botas.

— Você não pegou seu pijama — ela o informou, a voz tremeu um pouco.

Micah fechou os olhos. Ela tinha alguma pista do quanto ele odiava fazer isso a ela? Será que ela podia sentir de alguma forma a relutância dele em assustá-la, ou forçá-la a enfrentar seus demônios?

— Eu não durmo de pijama, docinho — ele disse suavemente quando a última bota caiu no chão, pegou-a para colocar do lado da outra antes de tirar as meias. Levantando, ele tirou a calça jeans e a cueca, e então a camisa.

— Eu não acho que posso fazer isso. — Ela soou ofegante, mas não assustada. Soou excitada e lutando contra, tão forte.

— Você tem alguma escolha?— Ele não deu a ela tempo para pensar.

Levantando o lençol e o edredom, ele se deitou na cama ao lado dela e quase rosnou pelo espaço limitado da cama.

Ele puxou o lençol sobre os quadris, ajustou o travesseiro e fechou os olhos. Ele não tinha que olhá-la para senti-la. Não teve que olhar para sentir o calor do corpo próximo a ele.

Ela estava parada, muda. Micah podia sentir a tensão se movendo ao redor dela, e aquela tensão a manteria acordada.

— Você está com muito medo de mim, Risa?— Ele perguntou suavemente — Depois de ontem à noite, não sobrou nem um pouco de confiança que te permita compartilhar esta cama comigo? Algo que lhe diga que eu renunciaria a minha própria vida antes de prejudicar a sua?

Não havia nada, ninguém, que pudesse convencê-lo a prejudicar a vida dela. Que pudesse fazê-lo causar mais dano ao espírito que estava lutando tão desesperadamente para sobreviver dentro dela.

— Não é uma questão de confiança... — ela sussurrou finalmente na escuridão.

— Então qual é a questão?— Ele girou para ela então, deixando a mão tocá-la, permitindo aos dedos deslizarem sobre a curva do quadril dela apesar do tremor que passou por seu corpo. — Diga-me, Risa. Por que se nega a ter algo que não precisa se abster?

Ela estava quieta e muda, respirando aos arrancos.

— Por que... — ela sussurrou finalmente. — Virá a noite em que você não estará mais aqui. E então eu terei que enfrentar a realidade ao invés da ilusão. E eu não acho que quero enfrentar isso.

Por incrível que pareça, ele entendeu aquele comentário. A realidade de que ele partiria, a ilusão de que ele poderia ficar. Sim, enfrentar também machucaria a ambos. Mas Micah era um homem que nunca se permitia uma ilusão. Ele conhecia apenas a realidade, e a realidade envolvia um fato simples.

— As memórias podem aquecê-la no frio da noite — ele disse suavemente. — Eu sei bem disso, docinho. Se você quiser fazer essas memórias, você apenas tem que me dizer.

 

Ela apenas tinha que dizer.

Risa olhou fixamente a escuridão por algum tempo antes de girar devagar para o lado, sentindo a mão erguer, apenas para retornar ao quadril oposto enquanto o encarava.

Havia um fecho de luz que vinha do banheiro, era o suficiente para distinguir seu rosto. Ele era plenamente lindo tanto na escuridão quanto na luz. A mandíbula forte estava claramente definida, o lábio inferior mais grosso do que o superior.

E tinha uma barba recente cobrindo o rosto.

Ela queria tocá-lo, mas ainda estava muito assustada. Ela queria mover os dedos sobre ele, senti-lo contra a palma.

Quem ela estava enganando? Ela queria senti-lo em todo o corpo. Ela o queria contra seus seios, sua barriga, suas coxas.

— Fazer memórias é uma desculpa ridícula — ela sussurrou finalmente, respirando rapidamente apenas pelo mero pensamento de ter o corpo dele cobrindo-a novamente.

Ele era quente e duro, másculo e tão intensamente macho que a boca enchia d’água.

— É?— Os dedos circularam pelo quadril dela. Levou vários segundos para ela perceber que ele havia empurrado as mãos para baixo da camisa grande dela. Havia parado na cintura nua, a carne calosa e quente da palma, definitivamente era um convite contra sua pele sensível.

— Você devia pensar sobre isto... — ele sussurrou, a cabeça se aproximando, os lábios segurando a atenção dela, a necessidade enviando dardos de fogo por seu sistema. — Lembra como foi quente, meu bem? Como o suor banhou a nossa carne? Como nós nos movemos juntos?

Como ele não havia gozado?

Risa fechou os olhos, a cabeça negava, a mão apertava o tórax enquanto ela lutava para manter a fome à distância.

Era o Pó das Prostitutas. Eles disseram isso. Mas era? Se fosse relacionado àquela maldita droga, não aconteceria em outros momentos mesmo quando Micah não estivesse por perto? Por que queimava agora com tal profundidade quando nunca havia acontecido antes? Não assim. Não até que ela queria jogar todas as precauções para o espaço e implorar para ele se enterrar dentro dela.

— Não. — Ela finalmente conseguiu empurrar as palavras pelos lábios. — Por favor, Micah.

Os lábios beijaram a testa dela em vez da boca e ela quis gritar com a necessidade de sentir aquela carícia contra os lábios.

— Eu não te machucarei, Risa. — A voz acariciava os sentidos dela, remexendo seus desejos. — Eu te prometo.

Um gemido de fome passou pelos lábios dela.

— Não, Micah, você me destruirá, nós dois sabemos isto.

Mas ele era um homem que uma mulher não podia evitar e se apaixonava. O tipo de homem que uma mulher nunca esperava segurar.

Ela se forçou a girar novamente, estar sozinha, com exceção do toque da mão dele contra seu quadril. Não foi o medo do toque dele que a conduziu. Era o medo de conhecer seu toque, desejá-lo, e nunca o ter novamente.

 

Dois dias de inferno.

Risa saiu do quarto dois dias mais tarde, sentindo falta até mesmo do sono que a assombrava, do esgotamento que esvaziava sua mente.

Ela não podia dormir com Micah na cama com ela. Ele dormia nu. Ocupava toda a cama. O braço dele sempre acabava contra ela, em cima dela, algo assim. A um ponto, os dedos enrolaram ao redor do seio dela, a palma chamuscando um mamilo.

Levou tudo o que ela tinha para remover aquela mão, o bastardo. Não importava com que ela dormia, ele sempre acabava achando pele nua para tocar. Ela tinha pavor de dormir. Sabia que se dormisse, acordaria enroscada em cima dele, provavelmente implorando para ele fodê-la.

Isso era tudo o que ela precisava para completar a semana mais humilhante de sua vida.

— Café da manhã, raio de sol! — Ele gritou da cozinha enquanto ela parava na sala de estar e rosnava irritada.

—Eu já te disse... — e tinha dito na manhã anterior — que eu não tomo café da manhã.

—E eu já te disse... —não, ele a tinha zombado—... que o café da manhã é a parte mais importante do dia.

Ela o queria, com o peito nu, vestindo nada além da calça jeans de cintura baixa, os pés nus, o cabelo úmido, para o café da manhã. Em vez de lutar outra batalha inútil, ela foi para a mesa da cozinha e agradecidamente aceitou o café. Ela olhou fixamente para os ovos, bacon e torradas à frente. Inferno, ela deveria comer. Ela estava muito cansada para lutar com ele.

— Você não dormiu bem ontem à noite — ele comentou enquanto pegava o próprio prato, menos o bacon, e a xícara para a mesa. Passando a perna sobre a cadeira, sentou e bebeu o café. — Espero que eu não esteja te distraindo.

Ele estava tão alegre que ela queria rosnar furiosa.

— Eu estou acostumada a dormir sozinha. — Ela o lembrou pelo que deveria ser a centésima vez. — Eu não durmo bem com você comigo na cama.

— Você se acostumará. — Ele balançou a cabeça como se fosse a conclusão mais lógica.

Nos sonhos dele que ela se acostumaria.

— Nós temos que sair hoje. — Ele a informou enquanto ela comia a torrada. — Nós precisamos comprar roupas para você.

— Eu tenho roupas. — Ele bebeu o café enquanto colocava a torrada no prato.

— Amantes novos sempre vão comprar roupas — ele disse a ela. — Morganna circulou isso no topo da lista de coisas que devíamos fazer imediatamente. Se Orion vai tentar agir logo, então precisamos dar oportunidades que sejam bem controladas. Então vamos fazer compras.

Ela encolheu os ombros. Merda, eles fariam compras. Isso não significava que ela realmente teria que comprar alguma coisa.

— Você pode doar essas roupas folgadas antes de irmos, assim terá espaço para o que eu comprar. — Ele disse a ela, fazendo-a parar de comer, com o garfo a centímetros da boca, ela olhou de volta para ele surpreendida e com raiva.

— Eu não preciso de roupas novas. — O garfo voltou para o prato. — Não se meta nisso, Micah. Eu não arranjarei um novo guarda-roupa, e quer saber? Eu gosto das minhas roupas.

— Mas eu sou seu novo amante e não gosto delas — ele a informou enquanto devorava os ovos. — Você se esconde naquelas roupas, e como seu amante, eu nunca permitiria que você escondesse seu corpo magnífico.

Os lábios dela se apertaram.

— Olhe, não vamos ficar de joguinhos. — Os dedos dela agarraram a extremidade da mesa. — Meu corpo não é da sua conta de uma forma ou de outra. Nem minhas roupas. Nós iremos por causa do disfarce, o resto fica como está.

A expressão dele era composta, fria. Era sempre composta e fria. Ele não tinha ficado bravo nos últimos dois dias. Não havia discutido com ela. Simplesmente tinha sido como um rolo compressor apenas a empurrando aonde quer que ela fosse.

Ela empurrou o prato para trás e abriu a boca para discutir quando o olhar dele ergueu.

— Você realmente quer transformar isso numa batalha?— Ele a perguntou cuidadosamente.

Ela queria? Havia algo nos olhos dele nos últimos dois dias que a faziam desistir de levá-lo ao limite.

— Ok! — Ela retrucou — não tenho nada planejado mesmo. Se você quer desperdiçar seu dinheirinho suado, problema seu. Desde que nós não gastemos meu dinheiro com roupas que eu não quero e não preciso, tudo bem.

Ele anuiu com a cabeça.

— Concordo. Termine o seu café da manhã assim você não vai desmoronar sobre mim. Você parece sonolenta, docinho. Sonolenta e sensual. Fica bem em você. Se Orion estiver nos olhando, talvez tenha pelo menos uma suspeita de que estou trepando com você.

Um rubor inundou as bochechas dela com o pensamento dos sonhos que ela teve durante as poucas horas em que realmente dormiu.

Os sonhos eram vívidos, sexuais. Sonhos onde ele exigia que ela o fodesse, o cavalgasse, onde falava coisas explícitas a ela, palavras devassas que só fizeram o sonho mais selvagem.

— Vamos esperar que ele tente me matar logo então. — Ela disse irritada — Ou eu poderia matá-lo enquanto nós estamos esperando.

— Sua avó não disse que você estava mais suave?— Ele perguntou a ela suspeitosamente. — Eu podia jurar que ela mencionou isso quando esteve aqui ontem.

Risa realmente queria esquecer aquela visita. A avó havia olhado para ambos suspeitosamente, como se tentando decidir se eles estavam realmente fazendo sexo. Isso a havia deixado envergonhada. Antes da avó finalmente partir, ela tinha encarado Micah e se preocupado com Risa como se ela fosse uma inválida. Ela não queria se lembrar e muito menos discutir qualquer coisa sobre isso.

— Minha avó não vive comigo — ela o informou. — Ela não saberia mesmo se eu estou mais suave ou não.

— Ela te conhecia bem antes do sequestro? — Ele perguntou enquanto erguia a xícara para os lábios novamente. Deus, ela queria ser a xícara.

— Não. Jansen não a visitava muito e ele não gostava das visitas dela. Eu só cheguei a conhecê-la nos últimos seis anos.

Abigail tinha sido uma visita muito esporádica quando Risa havia vivido na Virgínia com Jansen e Elaine.

Ele anuiu com a cabeça.

— Jansen queria afastá-la de qualquer pessoa que pudesse influenciá-la a ir contra os desejos dele. Posso ver que Abigail definitivamente protestaria com o tratamento que ele dava a você.

Ela pensou sobre isto, então encolheu os ombros.

— Até o sequestro, ele não era cruel. Apenas bastante rígido. — Tinha sido verbalmente abusivo. Certificou-se de que ela entendia que sua falta de beleza a havia colocado em desvantagem. Tinha sido mal e nocivo.

— Ele a assegurou de que você não tinha nenhum valor, de acordo com relatórios do seu psicólogo — ele declarou — Não é verdade, Risa. Você tem muito valor.

Risa tomou outro gole de café antes de se forçar a engolir mais ovos junto com uma parte do bacon. Ela conhecia a crueldade agora. Nada que ela havia experimentado antes do sequestro a havia preparado para o verdadeiro monstro que o pai dela havia sido.

— Eu te ouvi conversando com Reno ontem à noite quando ele veio — ela comentou se recusando a reconhecer o tópico da conversa dele. — Você disse que mataria Orion com seu ultimo suspiro se fosse necessário. Por quê?

Ele se debruçou de volta na cadeira, os ombros nus flexionando sob a pele escura quando inalou profundamente.

— Ele matou alguém próximo a mim seis anos atrás — ele finalmente declarou. — Uma agente do Mossad. Ela tinha ficado desaparecida por mais de doze horas antes de seu marido e… — Ele hesitou. — Antes de seu marido e filho serem contatados e informados do local. — Os olhos pretos relampejaram por um momento com ira. — Seis semanas mais tarde o marido dela foi envolvido em um confronto com um homem-bomba suicida em Tel-Aviv. Ele atacou o suicida, se jogou sobre o jovem homem. Considero Orion responsável por ambas as mortes e Reno sabe disto.

— E o filho?— Ela perguntou fracamente. — O que aconteceu com ele?

Ele ficou em silêncio por um longo tempo.

— Ele continuou a investigação. Pensou que estava conseguindo quando foi traído por um amigo. Morreu afogado.

— Eu sinto muito. — Ela sussurrou. — Eles devem ter sido muito próximos a você. Você já descobriu por que a mãe do seu amigo foi assassinada?

Ele agitou a cabeça.

— Ela estava envolvida em uma investigação na venda de uma arma biológica por um cientista americano. Pensou que estava conseguindo chegar perto de sua identidade. Então desapareceu. Suspeito que ela estava realmente chegando perto.

— Então você voltou a Israel para investigar?— Ela franziu as sobrancelhas.

Ele agitou a cabeça.

— Eu sou americano. Havia muito pouco que eu pudesse fazer.

Mas isso não o parou, ela achou.

— Posso ouvir o sotaque na sua voz às vezes. Seus pais eram imigrantes?

Ele anuiu com a cabeça nitidamente antes de levantar a xícara e terminar seu café.

— Ok, já respondi às suas perguntas. Agora nós discutimos o que eu quero discutir. Jansen Clay.

— Jansen não tem nada a ver com isso. — Ela não podia discutir sobre o homem que havia doado o esperma para seu nascimento. Ele havia destruído partes suas. Ainda havia áreas de sua alma que estavam enegrecidas com o que ele havia feito a ela e o ódio que ela sentia por ele.

— Jansen tem tudo a ver com isso, Risa. — Os braços nus dobraram na mesa quando ele afastou o prato e a olhou fixamente — O FBI tem acompanhado seu progresso com o psicólogo, examinando cuidadosamente as gravações feitas de suas sessões, assim como as notas do médico. Você deu a eles permissão para fazer isso, lembra?

— Eu não sou idiota — ela retrucou de volta. — Nem sou tão simplória que necessite de você para ser a minha memória. Sim, eu me lembro de dar permissão para seguirem o meu progresso. Mas não me lembrei de nada.

— Você não se lembrou de rostos ou nomes, ainda assim, você se lembrou de coisas — ele disse gentilmente — Você se lembra do estupro agora.

Ela se encolheu, os braços envolvendo cuidadosamente os seios enquanto lutava para conter o horror daquela pequena lembrança.

— Não — ela sussurrou. — Eu não posso conversar sobre isso com você.

— Por quê? Que pessoa melhor para discutir isto com você, Risa? Qualquer coisa que eles fizeram com você não afeta o que há entre nós. Não existe nada que você possa se lembrar que mudaria a minha opinião sobre você.

Ela agitou a cabeça, uma risada zombeteira escapando dos lábios.

— Bem, não é incentivo suficiente para me convencer — ela declarou amargamente. — Deixe para lá, Micah. Eu converso com meu psicólogo e você não é ele.

— O que você lembrou nos últimos meses é a razão do assassino querer matá-la. Se nós pudéssemos identificar quem está no seu subconsciente agora, então poderíamos pôr um fim nisto tudo, já. Orion nunca completa um projeto se seu pagamento está em risco. Sua reputação é severa. Ele nunca diverge disto. Se nós soubéssemos quem o contratou, poderíamos parar isto agora.

— Mas é Orion quem você quer. — Ela forçou as palavras a passarem pelos lábios. — Como isso serviria a você, Micah? Você não teria a isca que precisa para a armadilha.

Ele não estaria mais aqui com ela. Ela era patética. Ela o queria longe dela, e ainda assim não queria deixá-lo ir. O aparecimento de um amante era, ao menos, uma pomada para seu ego público.

— Eu terei a minha chance com Orion. Está predestinado — ele disse friamente. — Se eu pudesse eliminar todo o risco para você, eu faria. O que a faz pensar que eu faria o contrário?

Ela agitou a cabeça. Porque ele estava dormindo com uma mulher que não desejava verdadeiramente, ela pensou. Para pegar um assassino, ele era forçado a estar na cama dela.

— Eu não me lembrei de muito mais. — Ela ouviu o som da própria voz, cansada, áspera. — Eu me lembro de ser mantida abaixada. — A bílis aumentou no estômago. — Ele disse que… — ela inspirou de forma rude, sentindo um suor frio brotando na pele. — Ele disse que não podia olhar para mim porque eu era muito feia. — A cabeça dela abaixou enquanto ela a agitava. — Se ele tivesse que olhar para mim, ele não poderia gozar. Ele estava bravo com Jansen porque queria a menina mais jovem. Jansen lhe disse que eu era a única escolha, e riu. Disse que teve que pagar alguém para me foder afinal.

Ela empurrou a cadeira para longe da mesa, tropeçando nela enquanto a expressão dele permanecia composta, fria. Ela estava tremendo agora, pensando sobre isto. Não era uma memória, era como um sonho. Como um pesadelo horrível que ela não podia escapar todas as vezes em que se deixava pensar sobre isso.

— Eu não sei quem era — ela gritou, mantendo as costas para ele enquanto ia para a sala de estar. — Eu não quero saber quem ele era.

— Porque você tem medo de conhecê-lo. Sua mente sabe quem é, e a está protegendo.

Deus, a voz dele. De costas para ele, ela podia ouvir algo, algo tão escuro e perigoso, um tom sem emoção que ela instintivamente se protegia.

— Minha psicóloga, Dra. Brinegar, tentou hipnose. Eu pedi a ela isso. — Ela agitou a cabeça. — Queria que isso acabasse. Eu queria me lembrar de qualquer coisa que estivesse na minha cabeça só para fazer ir embora. Mas ela não conseguiu mais respostas do que eu já tinha dado a ela. — Ela girou para ele. — Talvez eu não tenha visto quem era. Talvez seja qualquer outra coisa. Uma vingança porque Jansen está morto. Algo mais.

Ele agitou a cabeça enquanto a olhava, os olhos intensos, um poço negro de brutalidade.

— Nosso serviço de inteligência diz o contrário, Risa.

— Talvez a sua merda de inteligência esteja errada — ela gritou, os braços soltando dos seios e caindo ao lado do corpo com os punhos cerrados.

Ele se ergueu lentamente da cadeira.

— Minha inteligência não está errada, Risa. Levaram seis anos para desenvolver este contato. Minha inteligência é muito, muito precisa. Este golpe saiu porque você se lembrou de algo nos últimos três meses que não deveria ter lembrado. Algo que faz com que alguém acredite que você se lembrará de mais.

Ela agitou a cabeça.

— Eu não sei o quê. O que poderia ser?

— A identidade do seu estuprador. — Ele declarou. — Tudo o que você se lembrou nos últimos três meses, os pequenos detalhes, o que foi dito, o fato de que você podia ver Jansen enquanto era estuprada. As mãos que te seguraram no chão do avião. Emily gritando com Jansen. Isso tudo tem a ver com o estupro. Você está tentando se lembrar do seu estuprador, e ele tem medo de que você consiga. Ele te vigia, da mesma maneira que o FBI faz, esperando que você se lembre de algo, mas aterrorizado que você o faça. Ele está cobrindo seu traseiro agora.

Por um instante, apenas por um instante, ela estava de volta àquele avião. O rugido dos motores, o terror que a sufocou enquanto olhava fixamente para Jansen. O modo como ele ria, a diversão nos olhos enquanto o corpo dela começava a queimar e as lágrimas a brotar no rosto.

Ela afastou a imagem para bem longe, lutou com tudo dentro de si. Ela tinha lutado contra as memórias por anos e sabia disso. Ela queria viver no presente, não queria mais viver no passado. Não queria se lembrar, porque ela tinha medo de que se ela se lembrasse de como havia sentido, poderia se lembrar de como havia implorado.

— Eu não quero conversar sobre isso. — Ela sufocou desesperadamente. — Não conversarei sobre isso. Você pode ficar aqui até achar o bastardo. Ache-o e mate-o.

Mas sabia o que ele não estava dizendo. A menos que descobrissem a identidade de seu empregador, e apreendessem quem estava sempre o empregando, então não importaria. Sempre haveria mais assassinos lá fora. E a maioria deles não se importava de usar uma bala.

Ela estava morta.

Risa girou e olhou fixamente para as cortinas pesadas cobrindo as janelas. Ela odiava as cortinas nas janelas. A sala de estar estava escura, apesar de a luz do sol do inverno brilhar lá fora. O apartamento tinha uma sensação sinistra e escura, que entrava nela, dando um estremecimento de medo.

Ela estava perdida em seus próprios pensamentos, nas próprias certezas. Ignorou que Micah se movia atrás dela até que sentiu as mãos dele contra seus ombros.

Ela não podia se afastar dele. A sensação dele atrás dela, quente e tão forte, as mãos a tocando, toda sua masculinidade ali, alimentando o que diabos a droga fizesse com ela.

Tinha de ser a droga, não é? Que fazia seus joelhos débeis, seu ventre dobrar e convulsionar enquanto a vagina doía pelo vazio.

As memórias do inferno foram substituídas com memórias de uma noite. O beijo dele. O toque dos lábios dele ao longo do corpo dela, nos mamilos, entre as coxas. A sensação dele pressionando-a, estirando-a, queimando-a até que ela tinha se admirado de poder acomodar a ereção que a empalava.

— Não deixarei que você seja machucada. — Ele sussurrou atrás dela, a respiração mexendo os fios do cabelo. — Darei a minha própria vida para te proteger, Risa. E se isto acontecer, então há outros que virão depois de mim, para assegurar que você viverá.

Ela abaixou a cabeça, uma lágrima caindo.

— Não faça isso, Micah. Não diga isso.

Por que não significava nada. Quando se chegava ao cerne da questão, não era porque ele a amava, ou porque a vida dele sofreria sem ela. Era porque Orion tinha matado os amigos dele. Era porque ele era o tipo de homem que faria qualquer coisa para proteger aqueles que considerava ser sua responsabilidade.

Ela era a responsabilidade dele agora.

— Risa, olhe pra mim. — As mãos dele giraram-na lentamente.

As palmas da mão dela pressionaram o peito nu dele, os dedos tremeram quando ela inspirou rudemente com a sensação do calor da carne, o prazer contra as mãos.

A manta sedosa dos pelos do peito chamaram a atenção dela pela sensação embaixo das palmas. Raspava a carne sensível, fazia cócegas contra ela. Instigava a vontade de ter os mamilos pressionados no peito dele.

Ela não podia se conter. Ela tinha que acariciá-lo. Somente um pouquinho.

Os olhos dela se fecharam enquanto as mãos o acariciavam. Ela sentiu a firmeza dos mamilos masculinos duros, sentiu o trovão do coração que batia embaixo das mãos.

— Sim, Risa. — A voz parecia vir de longe. — Toque-me, docinho. Droga, as suas mãos parecem seda, amor.

A voz dele parecia um veludo áspero, negro. As mãos estavam nas costas dela, acariciando-a sob a camisa. Ela não podia protestar. Não queria. Queria somente se afundar nas sensações quentes, o prazer dentro dela, por cima.

Queria senti-lo contra ela, pele na pele como eles tinham feito uma vez antes. As mãos escorregaram dos ombros, os dedos testaram os músculos duros lá. Ele era mais largo do que ela tinha pensado na boate, mais musculoso. Mais duro do que ela tinha imaginado então.

Ela se lembrou da dureza dele.

— Risa. — A cabeça dele abaixou, os lábios sobrevoando a testa dela. — Você está deixando um homem muito faminto aqui, amor.

Ele estava com fome? Ela morria de fome. Ela se sentia como se nunca tivesse sido tocada, como se aquelas noites de toques tivessem acontecido em outra vida. Ela precisava de mais, sofria por mais.

— Me dê seus lábios. — A mão dele envolveu o pescoço dela. Ela adorava isso, a sensação dos dedos se enrolando em volta do pescoço, o polegar pressionando abaixo do queixo. Era potente e dominante e fazia com que ela se sentisse feminina, desejada.

Neste momento, somente por um momento, ela se deixou acreditar que era desejada.

— Micah — ela sussurrou o nome dele quando sentiu os lábios contra a testa, a face, o queixo.

Um tremor a atravessou, logo um ímpeto de calor enquanto os lábios enviavam grandes doses de prazer para coroar cada nervo. Os lábios abriram, doíam. O beijo dele, ela precisava do beijo, somente mais uma vez.

— Diga-me — ele sussurrou. — Não forçarei desta vez, amor. Diga-me o que você quer.

Se apenas fosse amor. Se ela pudesse dar sentido às emoções que aumentavam dentro dela, às necessidades que não podia controlar.

— Beije-me. — Ela disse a ele. Não pediu. Não ouviu um argumento na voz, estava segura disso. Oh, Deus, se ele não a beijasse logo…

Um gemido tocou o canto dos lábios dela, então ele estava lá. Os lábios tendenciosos por cima dos dela e a magia escura a absorveu novamente.

Era a droga no corpo dela que fazia isso? Ou era o homem? Ele era a magia escura sozinho. O beijo era viciante. Essa era a droga, não o Pó das Prostitutas. Ela podia conter a excitação até que ele a tocasse. Até que os lábios dele estivessem nos dela, e logo ela estava perdida.

Ela estava perdida agora. Os lábios dela se separaram para a língua dele. Ela provou o café e o calor masculino, poderia ter sido também um afrodisíaco, porque agora tudo o que ela sabia era que queria mais. Queria com tanta brutalidade que se arqueava contra ele, estendendo o corpo, os braços o enlaçando no pescoço quando ela tentou seguir o beijo, tentando encontrar um modo de satisfazer a necessidade de mais quando não tinha a mínima ideia de que tivesse alguma necessidade em primeiro lugar.

— Docinho. — Os lábios dele recuaram, ele deu um beijo no canto dos lábios dela, parou a cabeça dela e deu outro beijo no queixo quando ela ouviu um toque súbito retinindo em volta deles.

Os olhos dela se abriram, ela olhou para trás, ofuscada e incerta de onde vinha o som.

— Morganna e Clint. — O polegar dele deslizou pelos lábios sensíveis. — É um dia de casais. Eles vão conosco.

— Eles vão? Por quê?

— O dia do passeio de casais. — Ele afirmou novamente. — Morganna e Raven escreveram isso na lista. Todos os casais seriamente comprometidos saem juntos, você sabe. Quando um homem está pensando em para sempre e casamento e todas essas coisas, então ele anda com seus amigos casados. Somos amantes, lembra? Amantes comprometidos.

—Eles fazem isso? — Raven não havia dito nada disso. Naturalmente, ela não tinha discutido sobre casais, casamentos e para sempre com Raven, também. — Você tem certeza disso?

— Positivo. — Ele a soltou lentamente. — Vá se vestir. Eu os entreterei enquanto você estiver lá, então você poderá entretê-los enquanto eu termino de me vestir. — Ele puxou uma camiseta da cadeira, e ela não pôde evitar e olhou enquanto ele enfiava os braços nela e a vestia por cima da cabeça.

— Vá. — Ele a virou em direção ao quarto, então ligou a luz, surpreendendo-a com um tapinha no bumbum enquanto a empurrava em direção à porta. — Se apresse, ou eles acreditarão que estamos ocupados com outra coisa.

Ela corou. Eles estavam ocupados com outra coisa. Mas ela foi para o quarto, fechou a porta, e se apoiou contra ela, fraca. Ela realmente queria estar ocupada com outra coisa.

E mais, ela queria estar de outras formas com Micah, de modos que ela sabia que apenas destruiriam ainda mais seu mundo.

 

O dia das compras foi um desastre de proporções gigantescas. Não é de se admirar ele ter insistido que eles precisavam de outro casal com eles, ele contava com o fato de que Risa não faria cenas se houvessem testemunhas. E maldito seja, ele estava certo.

Então, ela se enfureceu. Recusou-se a provar as roupas, não que ele pedisse, porque as comprou de qualquer maneira enquanto Clint e Morganna assistiam divertidos.

Então, a loja de lingerie. Risa nunca foi tão humilhada publicamente como quando Micah a arrastou para aquela loja. E pior, quando ele escolheu as calcinhas e sutiãs de seda, cetim e algodão elástico. Ele comprou lingeries suficientes para vestir vinte mulheres. Tudo do tamanho dela. Uns pedaços de pano que não havia nenhuma possibilidade de ela usar.

Ele estava louco. A quantia de dinheiro que ele havia gastado daria para comprar mantimentos por um ano. Mantimentos para ela e uma pequena família, ela decidiu depois.

Ele carregou as bolsas. Estimulou-a a comprar uma calça confortável, e quando ela não o fez, ele a comprou assim mesmo. Ele comprou camisetas. Comprou até uma jaqueta de couro confortável que parecia tão suave como manteiga.

Ele comprou vestidos. Vestidos que ela sabia que nunca teria nervos para usar. O serviço secreto ou o que diabo ele fazia, pagava muito melhor do que contabilidade.

— Você está gastando muito dinheiro. — Ela protestou.

— É divertido. — Ele tinha encolhido os ombros como se os custos não importassem. — Espero que você tenha seguido o meu conselho e esvaziado o guarda-roupa.

— Alguma vez eu já segui o seu conselho? — Ela rosnou através da respiração.

— Bem, na realidade eu me lembro de uma noite em que você esteve bem perto de... — curvado, ele sussurrou as palavras na orelha dela, e ela quis se fundir ao assoalho.

Enquanto eles andavam pelo shopping, ele manteve a mão nas costas dela. E olhava para todo o mundo. O olhar negro firme não ficava nunca em um lugar por muito tempo a menos que ele contemplasse alguma roupa, então ele olhava a roupa e olhava para ela.

Quando eles foram embora, ela tinha cinco pares de calça, inumeráveis blusas, bastante lingerie para começar a própria loja, um par de sapatos clássicos de couro, uma sandália de salto preto que era pecaminosa, e três vestidos de festa. Evidentemente, Micah gostava de ir a boates.

Conduzindo-a até o carro em que eles vieram, ela notou a tensão no corpo dele e no de Clint. A atenção deles. Ela não estava segura do que eles olhavam até que Clint disse.

— O carro está limpo. Nik e John tinham a vigilância. Ninguém esteve perto dele.

— O apartamento? — Micah perguntou suavemente.

— Nenhuma oscilação na vigilância. Travis se moveu pelo apartamento depois que partimos. Ele disse que está tudo calmo.

Micah acenou com a cabeça, desativou as fechaduras quando eles estavam a vários carros na frente, então teclou no controle que carregava.

Não fazia frio. O Inverno em Atlanta não era frio muitas vezes. Havia uma brisa no ar, mas só isso. Ele abriu o porta-malas e as bolsas foram para o interior, então ela e Morganna foram postas seguramente no banco traseiro enquanto os homens grandes, maus e resistentes se sentavam na frente.

Risa estava começando a não gostar de homens.

— Conheço esse olhar. — Morganna murmurou divertida enquanto se inclinava para mais perto, um sorriso aparecendo nos lábios. — Você está imaginando como ele ficaria com a cabeça exposta numa placa em cima da lareira, menos no corpo.

Ela olhou para outra mulher rapidamente. Risa ainda não tinha decidido o que pensar sobre Morganna na fraude da noite em que ela tinha encontrado Micah.

— O que é isso, Risa. — Morganna a olhou sombriamente agora. — Sua vida estava em perigo e eu sabia. Tenho acesso à investigação por causa do meu trabalho com o DEA e ajudo Clint enquanto ele trabalha em certos serviços. Você é minha amiga. Prefiro dizer uma pequena mentira para salvá-la a vê-la morta.

Risa olhou o espelho retrovisor quando Micah lançou uma olhadela.

— Não se incomode com isso. — Ela disse finalmente, virando para fitar o lado de fora. — Nenhum dano foi feito.

E porque ela tinha dito isso? Houve dano sim. Ela ainda queimava, ainda estava aterrorizada do próprio corpo desde aquela noite.

— Você está magoada. —Morganna disse. — Eu não gosto disso.

Risa encolheu os ombros.

— Não foi nada, Morganna. Por favor, apenas deixe pra lá.

Risa olhava todo o cenário exterior enquanto Micah conduzia pelo trânsito. Ela sabia que os dois homens se falavam calmamente, discutindo vigilância e precauções.

Ela nunca tinha passeado com um homem e outro casal antes. Admirou-se que era assim que costumava ser. Os homens sentados na frente e discutindo sobre tudo. As mulheres atrás, possivelmente discutindo moda. Ela sempre supôs que os casais se sentariam em pares ao invés disso. Ela gostaria que fosse assim se ela fosse parte de um casal de verdade. Ela preferiria ter Micah junto dela, possivelmente se inclinaria contra ele enquanto discutissem tópicos da vida em comum ou qualquer outra coisa.

Ela supôs que esse deveria ter sido um verdadeiro passeio de casais. E poderia muito bem ter sido, ela tinha de se lembrar que ela não fazia parte de um relacionamento realmente.

— Estamos entrando na garagem. — Micah anunciou calmamente no microfone que estava debaixo da manga da jaqueta. Algum tipo de microfone. Havia também um receptor na orelha, um pequeno arame preso atrás da orelha e escondido pelo cabelo até que desaparecia abaixo do colarinho.

— Tudo limpo — Clint afirmou quando Micah estacionou na vaga mais próxima do elevador.

— Voltaremos para pegar as bolsas — Micah decidiu. — Quero Risa segura lá em cima primeiro.

Clint acenou com cabeça. Eles saíram primeiro do carro e cada um abriu uma porta, olhando para as costas. Micah se inclinou, tomou a mão dela e a segurou, logo a colocou cuidadosamente na frente dele, guardando-a lá quando se moveram para o elevador.

Eles se moveram em conjunto a cada passo até que chegaram ao apartamento. Quando se aproximaram da porta, ela abriu. Outro homem saiu, acenou-lhes com a cabeça, e entrou em outro apartamento.

Outro estranho esteve na casa dela?

— Tudo bem. Ele é parte da equipe. — Micah chegou perto e sussurrou na orelha dela. —Não temos mais daqueles sórdidos insetos no seu apartamento.

Os insetos. Ela não queria pensar no que aquela câmera poderia ter gravado a qualquer momento. Ela tocou a testa enquanto engolia a resposta que queria retrucar, não era culpa dele, ela se lembrou, ele estava tentando ajudar. Tentando salvar sua vida, a câmera não era sua culpa.

Eles vasculharam o apartamento. Clint e Micah olharam cuidadosamente, logo deixaram-na em paz com Morganna enquanto foram buscar as bolsas de compras.

— Essa situação deve ser muito difícil para você, já que está acostumada a ficar aqui sozinha.— Morganna comentou enquanto se sentava na poltrona no canto da sala, deixando o sofá para Risa.

Risa encolheu os ombros quando se sentou, sentindo-se incapaz e muito sozinha enquanto olhava em volta do apartamento.

— É diferente. — Ela disse finalmente, em grande parte porque a outra mulher obviamente esperava uma resposta.

— Risa, se você quiser conversar, estou disposta a escutar. — Morganna ofereceu. —Deve ser difícil ser jogada nesta situação.

— Eu não preciso falar disso, Morganna. — Ela se forçou a ficar no sofá em vez de andar pela sala. — Estou perfeitamente bem. De verdade.

— Você tem um monstro tentando matá-la, é jogada em uma situação com um homem que até então não conhece, é forçada a dormir com ele, e está bem? — Morganna a fitou, descrente. — De alguma maneira, duvido muito disso.

— O que você quer que eu diga? — Ela perguntou para a outra mulher somente com uma insinuação da raiva que sentia da situação. — Ele é mandão, dominador, aquela maldita droga que Jansen Clay me injetou, diversas vezes, assegura que estou pronta para ser fodida a qualquer momento. Tê-lo na minha cama é um inferno. Não estou dormindo. E não estou nada feliz com a situação. Há algo mais que você queira saber?

Morganna expirou profundamente, o olhar compassivo.

— O Pó das Prostitutas pode começar a excitação — Morganna disse finalmente. — Ele apenas a aumenta. Você não o quer por causa da droga. Você o quer porque é uma mulher e ele é um homem muito sexy, muito desejável. Não há nada de mal nisso, Risa.

— Não há? — Ela bufou zombeteiramente. — Você sabe, Morganna, se os meus amigos fossem tão gentis para me dizer o que deveria esperar naquela noite, possivelmente entenderia assim. Eu não teria cometido o erro de ir para a cama com ele, e não teria estado naquela cama sabendo que ele tinha que usar um saco na minha cabeça para poder gozar. Obrigada por isto, a propósito, foi uma experiência muito esclarecedora.

Ela saltou do sofá quando Morganna ficou branca pelo choque.

— Você… Ele… — Morganna expirou rudemente. — Droga. Eu não sabia sobre isso. Ele não acrescentou no relatório daquela noite.

— Não brinca? — murmurou.

— O que a fez pensar que ele teria que pôr um saco na sua cara para gozar? — Morganna, então saiu da cadeira. — Simplesmente isso não é verdade, Risa. Você tem de dar um fim no que Jansen Clay te fez acreditar. Você não é uma mulher feia.

— Sim, claro. Eu ganharia o próximo Miss América facilmente, não é? — Ela devolveu furiosa.

— Bem, eu não iria tão longe — Morganna admitiu, o que fez pouco para acalmar a raiva de Risa quando ela se virou. — Risa, você é uma jovem muito bonita. — Morganna disse. — Não, você não é a próxima Miss America, mas você está muito longe de ser uma raposa feia, juro que digo a verdade. E se houve alguma coisa naquela noite, então você tem de discutir com Micah.

— Por que eu não pergunto simplesmente? — Ela riu zombeteiramente. — Posso somente dizer, “oh, a propósito, Micah, lembra-se de quando você não podia gozar? Bem, pode me dizer o por quê?”

Ela se interrompeu como um relâmpago quando um movimento pegou sua atenção. O calor encheu o rosto dela à visão de Micah e Clint parados no umbral, as mãos cheias de bolsas, as expressões deixando bem claro que tinham ouvido cada palavra daquela última explosão.

Merda, merda, mil vezes merda.

—Somente diga a ele, o quê? — Os lábios de Micah formavam uma linha fina, furioso quando se moveu pelo apartamento e lançou as bolsas descuidadamente no sofá enquanto Morganna foi rapidamente para a porta.

Risa viu o casal saindo, abrindo a porta e fechando-a atrás deles.

— Porque você simplesmente não me diz o que eu deveria ter feito para te fazer gozar? — Ela zombou. — O que eu teria que fazer, dar as costas para que você não tivesse que ver a minha cara?

Micah tinha tentado. Em todos os anos de sua vida ele nunca teve que segurar uma raiva tão avassaladora como agora.

Ele se lembrou que ela podia ser perdoada pela raiva, pelo comportamento no shopping. Ela poderia ser perdoada por cada maldita coisa que disse ou fez durante os últimos dois dias. Ela estava assustada. Estava submetida a outra espécie de inferno e não era fácil para ela. Mas isso. Isso, ele não estava disposto a deixar passar.

Ele teve que admitir, ela era mais forte do que ele esperava que fosse. Ela não se encolhia, não se encolheu uma única vez. Tentava lutar, e infelizmente, lutava contra as malditas coisas erradas e o deixava puto no processo.

— Você quer reconsiderar essa acusação que fez? — Ele disse cuidadosamente, tentando conter a raiva e compor a parede de gelo que costumava se proteger e aos outros. — Você quer reconsiderar cuidadosamente e reformular, Risa?

Ela cravou os olhos nele.

— Por que eu deveria?

Quando ela se levantou com aquelas roupas folgadas de seda, com os braços cruzados sobre os seios, a expressão estava corada e furiosa, Micah sentiu que a ereção aumentava e pulsava terrivelmente. O que tinha essa mulher que o excitava tanto? Que o deixava pronto para fodê-la sem qualquer aviso? Se ele pelo menos tivesse a desculpa do Pó das Prostitutas, ele pensou zombeteiramente.

— Porque estou a cinco segundos de arrastá-la para o quarto e passar o resto da noite mostrando a você o quanto você está errada. — Ele a informou. — Não posso sequer acreditar que saiu uma coisa tão idiota da sua boca. Você acha que se eu não a achasse atraente, não sentisse desejo por você, eu ficaria duro o suficiente para martelar pregos com o meu pau?!

— Você não gozou! — Ela o acusou rudemente. — Sei que você não o fez. Não pôde.

Ele colocou as mãos na cabeça, juntou firmemente os dentes, e tentou afastar as mãos dela. Se ele a tocasse, nunca seria capaz de parar.

— Porque você não gozou. — Ele empurrou entre os dentes cerrados. — Você pensa que eu tomaria o meu prazer antes de você? Que merda você tem na cabeça, mulher? Você perdeu a porra do juízo? Eu tive de deixar a cama para me impedir de bombear sem parar quando você obviamente estava muito tensa para gozar. Eu quis dar a nós dois um segundo para que tudo se acalmasse. Somente um momento para eu encontrar o meu controle. E quando eu voltei, o que encontrei?

Ele deu passos mais para perto sem nem perceber. As mãos agarraram os ombros dela, ele a trouxe para mais perto, fitando furiosamente seu pequeno rosto surpreso.

— Você tinha ido! —Ele gritou. — Você correu de mim, Risa, antes de me dar a possibilidade de ajudá-la a encontrar o prazer que buscava.

Ela derrubou a cabeça, um movimento aos arrancos, enquanto engolia firmemente, as mãos dela pressionavam contra o peito dele.

— Mas eu gozei. — Ela sussurrou. — Eu gozei.

— Você chama o que me deu de gozar? — Ele soltou furiosamente. — Você lutou contra. Eu entendi porque você lutou contra, e entendo ainda mais agora. A força teria sido assustadora. Você estava com um homem que não conhecia. A fuga não era a resposta.

Ela se afastou e ele fez de tudo para se impedir de trazê-la de volta. Em vez disso, ele a deixou ir. Ele lidaria com isso lentamente. Ela já tinha sido magoada por um homem, ele não acrescentaria o nome à dor. Ele havia planejado seduzi-la, e ele a seduziria. Ela iria se desfazer nos braços dele na próxima vez que ele conseguisse colocar o membro dentro da boceta quente dela, e ele iria se desfazer com tudo dentro dela. Ele não aceitaria nada menos. Mas sabia que ela ainda não estava pronta para isso. O medo ainda a retinha. Os próprios demônios a aprisionavam.

Ele viu enquanto ela passava os dedos pelo cabelo, espalhando-os em volta dos ombros e deixando as mechas sedosas sobre o rosto. Girando, ele viu como os olhos azuis claros dela pareciam mais escuros, as sombras sob os olhos ainda mais pronunciadas. Ela não tinha dormido essas duas noites. Ao lado dele na cama, ela não fez mais do que cochilar. Ela estava matando a ambos e parecia que não se dava conta.

Como ela conseguia afetá-lo dessa forma? Havia tanta dor nos olhos que o faziam querer matar. A curva dos lábios que não sorriam o fez ter fome de beijá-la, fazê-la sorrir. A curva do nariz o fez pensar em muitos modos que ela podia fazer um homem louco, se ela fosse somente si mesma.

— A fuga foi a única opção. — Ela finalmente afirmou orgulhosamente.

O orgulho manteve os ombros dela firmes, a cabeça alta, não importava o que fosse lançado nela.

— Como você pode considerar isso como opção? — Ele resmungou de volta para ela. — A fuga é o caminho do covarde, Risa. Se há uma coisa que você nunca expôs durante os seis anos que tentou reedificar a sua vida, foi covardia.

O sorriso dela era zombador, amargo. A dor que enchia os olhos, a expressão, rasgava o coração dele, e ele pensou que ele já tinha sido rasgado há anos.

— Não, Micah. — Ela sussurrou, a voz carregada da dor que frequentemente enchia seus olhos. — Você está enganado. Eu precisei de seis anos para tentar ter um amante. Seis anos para ter a coragem, para o maldito Pó das Prostitutas me tornar tão desesperada que tive que tentar. Falhei. Evidentemente falhei mais do que pensei que tinha. Veja, eu pensei que havia tido um orgasmo. — A amargura se formou nos lábios dela. — Acho que não. E ambos sabemos que você também não. Então, evidentemente, sou uma grande covarde mais do que você acreditava, porque me sinto mal só de pensar em permitir que isso venha a acontecer novamente.

Ela se afastou de novo dele. Correu novamente. Fechou-se no quarto, e tomou cada pequeno pedaço do controle dele para não segui-la, não separar aquela maldita porta das dobradiças e mostrar-lhe exatamente o que acontecia quando ela corria do homem dela.

O homem dela. Ele estava perdendo a cabeça. Micah Sloane não era mais um homem. O homem que a enfrentava todos os dias estava morto. Homens mortos não reclamam uma mulher. Homens mortos não sonham com manter algo para sempre. Não falam e não sonham. O inferno exigia um preço incrível para permitir a um homem morto andar. E aquele preço poderia muito bem ser a vida da mulher que ele sabia uma parte dele já estar reivindicando.

Ele expirou roucamente e se lembrou do plano de sedução. Ele não pensaria em reivindicação ou amor. Não podia. Ele pensaria friamente em cura e proteção. Coisas que ele podia fazer. Ele podia curá-la, protegê-la e podia acabar com essa última intenção demoníaca de tirar a vida dela.

Ele estava há dois dias na campanha de seduzir sua encantadora e pequena amante. Fazê-la acostumar-se ao seu corpo à noite, estando contra ela, tocando-a, deixando a sensação, seu calor. A coisa de casais hoje foi uma inspiração. Ele se lembrou da mãe mencionando que quando um homem buscava um vínculo com uma mulher, então ele deveria se envolver com amigos que já tinham aquele compromisso, e passear.

Ela não havia gostado das compras.

Ele foi para as bolsas caídas e as pegou. Colocou tudo no sofá e notou uma calcinha violeta rendada que ainda estava no chão. Ela tinha visto esta determinada peça e ele havia percebido a necessidade dela nos olhos, apesar dos protestos. A cada peça que ele comprava, ele viu a curiosidade dela aumentar.

Sua Risa queria roupas e lingeries bonitas. Ele tinha visto naquela noite em que ele a levou para a cama. Ela usava seda e renda sob o vestido. Meia-calça de seda e uma calcinha de renda. Bonita, feminina e delicada. Como ela era.

E muito quente.

Ela o estava matando. Ele tinha ouvido o pai dizer uma vez que a mãe dele tinha feito com que crescessem cabelos brancos enquanto ele tentava conseguir fazer com que ela se comprometesse. Micah não estava atrás de compromisso, mas definitivamente podia sentir que os cabelos brancos cresciam.

 

Orion deslizou a mão por cima da mesa metálica, os olhos estreitando enquanto testava a resistência dela. Risa Clay era pequena, mas o empregador o havia assegurado de que ela gerava uma força surpreendente quando tentava fugir. O medo podia fornecer uma quantidade assombrosa de força, até para uma mulher pequena, frágil e delicada como Risa Clay.

Acariciando a mesa metálica satisfeito, ele então prestou atenção às barras metálicas anexadas por correntes ao telhado. Pendurou-se, mas não pôde tocar o queixo. Gargalhou por um momento, ele estava obviamente perdendo a força.

Ah, bem, isso acontecia quando um homem passava das 40 primaveras. Mas ele não precisava de força para fazer seu serviço. Ele usava a astúcia, o cálculo e a paciência. Ele ainda estava no comando do jogo. Possivelmente até mais do que quando estava na juventude. Com a idade e a experiência tinha vindo a sabedoria, ele decidiu enquanto descia da barra e ia testar a resistência da mesa de lona que havia encontrado. Ele preferia fazer o serviço na casa de Risa, mas o seu novo guarda-costas tinha modificado a estratégia original de Orion.

Ele nunca havia comprado os artigos que precisava de algum meio que pudesse ser rastreado. Na maioria das vezes, ele os roubava. Esta mesa tinha vindo do quintal de um sucateiro. Orion havia dirigido até lá, entrado e saído sem que ninguém soubesse. A barra havia sido tirada do apartamento que ele alugou. Do varal de roupas. Uma simples barra metálica, limpa de impressões digitais e pronta para uso. Tudo na pequena toca era limpo de digitais. Ele se assegurou de que estivesse tudo limpo e preparado. Ele não queria que a coisinha miúda morresse na sujeira. Ela não era bonita, na verdade era muito feia, mas acima de tudo, era uma menina gentil. Aquela que apenas tinha tentado levar uma vida simples.

Inferno, ela nem sequer sonegava os impostos.

Era assustador. Talvez ela merecesse morrer. Alguém tão escrupulosa deveria ser eliminada antes de se reproduzir e criar bastardinhos moralistas para encher o mundo.

Ele já tinha problemas demais para lidar. A recompensa pela cabeça dele em várias agências do governo causava-lhe um bocado de preocupação. O último golpe, um cientista americano que quase tinha obtido a cura para um vírus artificial especialmente sórdido, que havia causado um bocado de preocupação a vários governos.

Aquele serviço tinha dado a Orion vários milhões quando finalizado. Ele tinha o bastante para se retirar em paz agora, ele compraria uma pequena e bonita ilha em algum lugar, e importaria várias mocinhas deliciosas para cuidar de suas necessidades. Ele não teria de trabalhar. Não teria de se equilibrar no jogo por mais tempo. Ele poderia se retirar.

Este seria seu último trabalho, ele se decidiu. Ele não sentia mais a excitação, não mantinha mais o interesse como antes. Agora, era simplesmente um emprego.

Quando isso havia começado?

Ah, sim, há seis anos. Ariela Abijah.

A cabeça dele abaixou. O Mossad não tinha levado amavelmente a morte dela, nem o filho. O rapaz quase o havia alcançado. Se ele não tivesse um bocado da sorte que tinha, então David Abijah teria conseguido capturá-lo no navio mercante que Orion havia usado como fuga da Rússia vários anos depois de haver matado a mãe de Abijah.

Agradecidamente, a sorte esteve com ele. David Abijah alimentou os peixes naquela noite. Menos um problema para se preocupar.

Mas sim, essa foi a razão que a excitação desbotou. Abijah seguiu a pista dele incansavelmente, especialmente depois que o pai se lançou em ataque sobre um homem-bomba suicida.

Orion sacudiu a cabeça. Ele não gostou de matar o rapaz. Havia algo naqueles olhos pretos que tocaram Orion. Uma força, uma chama de determinação. Um olhar muito semelhante ao olhar que esteve nos olhos de Ariela.

A memória daquele olhar por um instante lembrou-lhe do homem que Risa Clay levou para o apartamento. Ele não havia visto os olhos, mas Orion viu o rosto dele claramente. Havia uma leve marca de determinação e arrogância nele que enviou um calafrio a sua coluna.

Justo na hora errada, ele pensou furiosamente enquanto batia os dedos cobertos de látex na mesa metálica.

A idiota não havia sequer olhado para um homem durante os seis anos em que esteve fora do hospital, agora, ela tinha um amante e um muito experiente, intuitivo. Que se desfez das escutas que Orion havia colocado no apartamento dela. Depois de uma única noite em alguma boate, um amigo de um amigo havia conseguido apanhá-la, e morar com ela.

Ele havia aprendido muito sobre ela. E ela tinha SEALs da Marinha como amigos. Isto havia causado uma hesitação no momento em que ele os identificou. SEALs que haviam dado baixa, mas SEALs eram SEALs até a morte. Possivelmente até além. Eles pareciam uma epidemia quando se irritavam, simplesmente se recusavam a acabar.

Ele quase havia desistido desse trabalho, mas ele nunca desistia de um negócio com este determinado empregador. Não era possível.

Abaixando a cabeça, ele foi para o notebook e uma vez mais olhou as fotografias que tinha tirado.

O homem usava óculos, Orion ainda deveria ver os olhos dele ou tirar uma foto deles. O programa de identificações que ele havia usado não trabalhava muito bem com óculos. Por enquanto, ele apresentou somente cinco fotos e duas eram de homens mortos, Abijah era um deles.

Ele tinha de falar com o programador que o vendeu o programa. Ou talvez não. Esse era seu último trabalho, ele ia garantir isso.

Ele olhou o casal novamente, inclinou a cabeça e olhou a mulher. Era isso um relâmpago de beleza no rosto dela enquanto ela olhava para o homem que andava com ela? Ela parecia furiosa, ainda assim havia uma insinuação de beleza lá que Orion não havia visto antes.

Podia ser apenas um truque da luz, ele pensou. Ele havia visto muitas fotografias dela, e nunca tinha visto isso, esse algo a mais que o fazia querer saber se ela não era tão feia no final das contas.

Não que ela fosse uma cadela feia. Ela era muito, muito sem-graça, ele se decidiu, olhando-a de perto. E quando foi que ele tinha decidido que ela era simplesmente sem-graça em vez de feia?

A idade definitivamente estava atuando rápido. Ele tremeu com o pensamento de ser tão velho que os olhos o estavam enganando. O oftalmologista com o qual ele se consultava uma vez por ano o havia assegurado que seus olhos eram perfeitos. Mais 20 anos de uma excelente visão, o médico prometera. Orion nunca se preocupou com a visão.

Ele olhou para mais algumas fotografias, inclinou a cabeça novamente, e a testa enrugou profundamente. Sim, lá estava. Uma que ele tirou enquanto eles caminhavam pelo shopping. O homem tinha a mão no pescoço dela, como se o acariciasse. Havia uma insinuação de sensualidade no rosto dela. Um convite nos olhos. A boca grande estava sensual em vez de parecer fora do lugar. Mesmo com a roupa larga ela parecia quase bonita.

O queixo dele caiu. Que novo fenômeno era esse? E o que importava? Ele faria o movimento logo. Um bastante público, simplesmente porque não seria esperado. Ninguém poderia esperar o seu movimento seguinte. Ele se certificaria disso.

 

— Tenho coisas que preciso fazer. — Risa anunciou na manhã seguinte depois da louça do café da manhã estar limpa e um silêncio pouco confortável surgir entre eles.

— Coisas? — Uma sobrancelha escura arqueou quando Micah a olhou da poltrona.

Ele estava confiante demais, muito arrogante, ela decidiu quando o olhou. E pecaminoso de tão sexy. A camisa azul de algodão que ele usava não escondia nada do poder embaixo dela, a calça e as botas o faziam parecer totalmente macho e muito viril.

— Sim, coisas — ela disse. — Tenho de ir à vovó e discutir alguns detalhes de última hora da festa que ela fará em algumas semanas. Estou cuidando dos planos deste ano para ela, e quero estar segura de que tudo corra bem.

— Sua avó pode vir aqui. — Ele sugeriu com o olhar fixo correndo pelo corpo de Risa.

Ele sempre fazia isso. Olhar, os olhos pretos brilhavam com uma intenção que ela não entendia. Mas o corpo sim. Ela quase suspirou pelo ímpeto do desejo que caiu sobre ela e pulsou entre as coxas.

— Tenho de ir a casa dela, Micah. Eu não deveria ter que discutir sobre isso. É uma viagem muito simples e uma que você deve ser capaz de arranjar. — Além disso, a avó deveria estar preocupada e Risa queria tranquilizá-la.

— Venha aqui e discutiremos. — A mão dele bateu no colo enquanto ele olhava para Risa com um brilho de divertimento. — Você pode me convencer de que precisa ir lá ao invés da sua avó vir aqui.

Ela piscou surpresa. Ele a estava provocando?

— Não há nada para discutir. — Ela afirmou duramente, forçando as mãos a não fecharem em punhos enquanto lutava para não fazer exatamente o que ele pediu.

— Há de fato uma dose de risco implicada na viagem. — Ele meditou. — Sente aqui e falaremos sobre isso.

Ele acariciou a perna musculosa novamente.

— Pare de gracinhas, Micah. — Ela exigiu completamente frustrada. — A situação já é muito difícil, não há nenhum sentido em acrescentar complicações.

Os olhos dele brilharam com risada e luxúria. Ela queria afundar naquela conexão, mantendo-o dentro dela. Mas a memória da única noite que eles compartilharam atravessou a mente dela e a encheu de vergonha.

Ela não podia lidar com um homem como Micah, ela decidiu. Obviamente, ele era mais exigente com sua sexualidade. O que havia acontecido com a sexualidade ‘só para o meu prazer e a mulher que se vire’ que a maioria dos homens tinha? Quando as regras haviam mudado?

— Eu gosto de acrescentar complicações, Risa, elas tornam a vida interessante. — Ele disse — Agora, você pode se sentar aqui e me deixar brincar um pouquinho enquanto você explica esta necessidade de sair da segurança do seu apartamento, ou nós podemos ficar aqui.

— Ou posso sair pela porta e ir de qualquer maneira. — Ela indicou com um sorriso tenso. — Você me seguirá, os seus amigos me seguirão, e ainda estarei protegida sem ter a necessidade de me humilhar para fazê-lo.

— Naturalmente você teria que passar por mim para sair por aquela porta. — Ele indicou. —Como pretende fazer isso?

Com um bastão de beisebol, provavelmente. Era provável que ele o tiraria dela, além do mais, ela não tinha um.

— Micah, por favor, não seja teimoso. — Ela protestou, tentando conter a raiva. — Nada será resolvido ou ganho se eu me sentar no seu colo e jogar esse estúpido joguinho que você está tão a fim de brincar.

Ele a olhou maliciosamente.

— Muito será ganho, Risa. Apenas para começar, o nosso prazer. Orion ficará com dúvidas e estaremos muito mais relaxados.

Ela sentiu as mãos puxando o tecido frouxo da camiseta que usava enquanto olhava para a virilha dele.

Ele tinha uma ereção. Não era difícil descobrir. A explicação dele na noite anterior sobre as razões de não ter gozado naquela noite faziam sentido, mas em todo o caso a mente dela queria rejeitá-la. Os nervos e o medo se reuniam no estômago dela cada vez que ela pensava naquela noite, que se lembrava das ondas de sensações contra as quais ela tinha lutado.

Tinha sido assustador. Pensar em senti-las novamente era tão horripilante quanto excitante. Infelizmente, o pensamento de decepcioná-lo novamente a travou. Ela não podia controlar aquele prazer, saber que não podia controlar o corpo, de ser mais uma vez incapaz pela maré de sensações, tinha o poder de trazer pânico.

— Discutiremos com você aqui. — Ele acariciou o próprio colo novamente. — Ou ficamos no apartamento hoje. A escolha é sua.

A escolha dela. Alguma coisa nesta situação toda era escolha dela?

— Isso é loucura. — A voz dela estava rouca, o olhar foi novamente para a ereção dele.

Risa sentiu a carne pulsando entre as coxas, os fluidos se reunindo nos lábios nus sob a calcinha nova que ela estava usando.

A testa dele enrugou novamente.

— O quê... — Ela engoliu com força. — O que você vai fazer?

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios dele.

— O que você me deixaria fazer?

Um tremor sacudiu as costas dela.

Micah viu o alargamento dos olhos de Risa, a fome escurecendo as íris azuis claras, e teve de sufocar um gemido quando o membro pulsou com a necessidade de ser enterrado dentro dela novamente.

Ele podia fazer melhor para ela desta vez. Ele jurou. Não hoje, era muito cedo. Ela não estava acostumada ao toque dele ainda, à mão dele sobre o seu corpo, ou às necessidades que queimavam entre eles.

O corpo de uma mulher era a obra de arte mais perfeita. Tinha sido criado para o prazer. Do topo da cabeça às solas dos pés, uma mulher era a maior tentação de um homem. Ele lutaria em guerras para protegê-la, daria a sua vida para vê-la segura. Ela era a maior força de um homem, e a sua maior fraqueza. Tinha sido criada como sua outra metade, e Micah nunca havia entendido isso completamente, até Risa.

— O que eu te deixaria fazer não é a questão. — O corpo dele ficou ainda mais tenso pela fome na voz dela. — Ambos sabemos que isso não funciona para mim.

— Nada tem que funcionar, amor. — Ele a prometeu, o corpo tenso enquanto ela parecia tentar dar aquele último passo. — Não é sobre fazer sexo. É sobre o tato, nada mais. É sobre o conhecimento do corpo de seu amante, do seu toque. Você não gostaria de conhecer o meu toque, Risa?

Os olhos dela dilataram, e o rubor mais incrível banhou a pele cremosa do rosto e pescoço. Uma insinuação de cor, uma mera sugestão de fogo que inflamou o corpo dele.

E ele conhecia aquele fogo. Conhecia o calor daquela vagina estreita, cada pedacinho daqueles mamilos duros, o gosto dela. Ela era um afrodisíaco aos sentidos dele, e a fome por ela se recusava a diminuir.

— Venha, Risa. — Ele sussurrou enquanto media a necessidade que enchia os olhos dela, debilitando-a. Ele estendeu a mão para ela. — Venha, sinta o toque do seu amante.

A mão dela tremeu enquanto colocava a mão na dele. Aquele leve tremor tocou o coração dele de um modo que não deveria. Ela era inocente do toque de um amante, exceto o dele. Porém, ela não tinha nenhuma ideia do poder da própria sexualidade, ou o efeito dela sobre ele. Ela ficaria surpresa, ele se admirou, em saber como podia fazê-lo se sentir fraco com a necessidade que tinha dela?

— Ah, amor. — Ele a puxou para ele, pegando os quadris e abrindo as pernas até que ela se ajoelhasse na frente dele, olhando-o confusa. — Aí. — A mão dele acariciava as costas dela. — Eu gosto de ver o seu belo rosto enquanto estou te tocando. Posso ver os seus olhos escurecerem, ver o calor aumentar debaixo da pele. Eu te deixo quente, Risa, admita. — O sorriso malicioso dele se encontrou com a expressão confusa dela.

— Você me assusta. — Ela sussurrou enquanto ele jogava o cabelo dela para trás das linhas doces de seu rosto. — Não posso controlar o que você faz comigo, Micah.

Ah, sim, controle. Não havia nenhum controle quando a luxúria rugia além dos limites, e com a adição da droga que ainda afetava o pequeno corpo dela faria o prazer horripilante para ela. Ela não tinha sido capaz de controlar a resposta do corpo ao toque quando foi injetada com o Pó das Prostitutas pela primeira vez. Ele a fez implorar pelo toque, apesar da degradação que ela sentia no ato. O controle agora seria fundamental para a mente.

Controlar a resposta dela, o prazer dela. Ela tinha que conhecer o próprio corpo, aprender a profundidade do prazer, antes de aprender que o controle não era necessário quando vinha de um toque que desejava, não somente o corpo, mas o coração e a mente também.

— Me beije. — Ele sussurrou a exigência. — Tome o que você quer, Risa.

Ele olhou nos olhos dela e viu o batimento do pulso no pescoço. Pensar no toque dele enviava uma resposta que a rasgava. Ele podia vê-lo, sentir na tensão das coxas esbeltas ao lado das dele.

Ela morria pelo toque. Ele estava tão faminto dela que se admirou de sobreviver à espera.

 

Risa lambeu os lábios nervosamente enquanto olhava Micah.

— O que eu quero? — As palavras saíram dos lábios antes que a cabeça tivesse a possibilidade de censurá-las.

As mãos dela se moveram do peito para o pescoço dele. Ela sentiu o calor da carne dele, o batimento do pulso, o trovejar do coração.

—Você quer me beijar. — Os lábios dele formaram as palavras, e ela manteve o olhar fixo às linhas tentadoras.

— O que mais eu quero? — Ela se perguntou, sabendo que queria muito mais. — Você me tocará enquanto eu te beijo, Micah?

Ela precisava ser tocada. A pele estava rígida, desejando. A necessidade de ser tocada era esmagadora. Machucava. A dor parecia uma doença, como uma febre da qual ela não podia se livrar.

— Eu a tocarei sempre que você quiser, Risa, você só tem que falar.

A fraqueza a inundou, necessidade explodiu dentro dela. As mãos foram aos ombros dele, agarrando os músculos duros e os lábios abaixaram de encontro aos dele.

Ela nunca havia beijado ninguém, pela sua própria provocação ou iniciativa.

Micah estava sentado embaixo dela, o corpo tenso, zumbindo com poder e promessa enquanto os lábios tocavam os dela e ela sentiu um grito subindo pela garganta.

Pela primeira vez ela tinha a possibilidade de conhecer a forma dos lábios dele contra os seus, o gosto deles. Os lábios dela se separaram, a língua acariciou a linha do lábio mais grosso e depois o inferior, e provou o café e o calor. Ela provou o homem lentamente, em vez de simplesmente saciar a fome que fluía por ela.

A cabeça dela inclinou, os lábios abriram sobre os dele, a língua tocou o canto dos lábios e ela se sentiu perdida na maravilha da sensualidade que começou a construir lentamente entre eles.

Não era apenas luxúria. Era muito mais.

— Toque-me. — Ela respirou contra os lábios dele. — Por favor, Micah, me toque.

Um gemido escapou da garganta dele e as mãos se mexeram do aperto duro que elas tinham nos quadris dela enquanto os lábios abriam sob os dela, e logo ele não sabia quem beijava quem, quem controlava e quem conduzia.

Uma mão foi ao rosto, a palma segurava o pescoço. Ela amava aquele toque. Fazia com que ela se sentisse querida, fazia com que ela se sentisse envolta por ele. Outra mão foi para baixo da bainha solta da camisa dela. Ele acariciou as costas dela, no caminho de volta as pontas dos dedos tocaram a pele. O prazer elétrico pareceu rodeá-la enquanto ela se permitia afundar naquelas ondas de luxúria que cresciam dentro dela.

Águas desconhecidas e brandas que aumentavam o calor, eram revigorantes. O toque dos lábios contra os dela conhecia o jeito, a fome, de um beijo que dava a ela uma confiança firme. A sensação do pescoço e ombros sob o toque, sentir o coração dele batendo selvagem no peito, davam coragem a ela.

Ele tinha que gostar dela, ela pensou desesperadamente. Ele a beijaria com tal fome se não gostasse? O coração bateria com excitação?

Ela se moveu aos arrancos, os pensamentos voando da cabeça enquanto a palma dele envolvia um seio, o polegar encontrou o mamilo enquanto um grito irregular rasgava da garganta dela.

A cabeça dela caiu negligentemente para trás, ela abriu os olhos. Ela deveria tê-los mantidos fechados, porque a visão dos lábios inchados pelo beijo, úmidos, foi como receber um soco no ventre.

— Micah. Diga-me o que fazer — ela respirava com dificuldade, as mãos agarrando firmemente os bíceps dele agora. — Diga-me o que fazer!

— O que você está fazendo. — Ele gemeu. — Deixe-me tocá-la, Risa. Somente sinta-se bem para mim, amor. Somente permita-se se sentir bem. Isto é tudo, somente tocar. Somente o toque, meu bem. Nada mais.

Somente o toque. Ela podia aguentar somente o toque, talvez.

— Pronto. Vou tirar isso pra você. — A bainha da camisa dela foi levantada.

Risa ergueu os braços, ansiosa por ser libertada do tecido que os prendiam. Ele então retirou a camisa.

— Caramba, olhe como são lindos!

Ambas as mãos envolveram os seios dela, contornando o sutiã meia-taça violeta que moldava e erguia os seios.

Risa deslizou as mãos sobre os ombros dele, empurrou-os sob as bordas da camisa, e asperamente tocou a pele com as unhas.

Não era o bastante. Quando os lábios dele se afastaram do pescoço, deslizando muito devagar para os seios, ela puxou a camisa dele. Os dedos se atrapalharam com os botões, ela estava certa de que poderia arrebentá-los.

Ela não prestava atenção nas emoções sombrias que cresciam dentro de si. Era somente o toque, ele prometeu. Ela não precisava se preocupar com o redemoinho de sensações que ameaçavam separar sua alma do corpo.

Apenas tocar era seguro.

A respiração dela estava áspera, pesada.

O clitóris estava atormentado. No interior, a vagina pulsava e doía, os fluidos escorregavam dela, preparando-a, pedindo o toque enquanto ela abria a camisa dele.

Ele a soltou somente o tempo certo para terminar de tirar a camisa e jogá-la ao chão. Uma vez que o tecido saiu das mãos, ele a estava tocando novamente.

Os lábios dele foram aos seios dela, a língua acariciou os mamilos duros enquanto eles ainda estavam sob o sutiã. O gemido dela ecoou em volta, mas a pele estava pronta para o toque.

Toque. Ele havia prometido tocá-la.

Ela sentiu o cabelo no ombro, acariciando-a, contra a pele enquanto os dedos abaixavam as abas que cobriam os seios e a boca capturou um mamilo, apertando-o dentro dos limites molhados, aquecidos da boca.

Ela se moveu aos arrancos, arqueando. As chamas trêmulas do prazer explosivo se rasgaram ao longo de cada nervo do mamilo e da vagina. Os fluidos ficaram mais quentes, revestindo a vagina agora, eletrificando o clitóris.

Era somente toque. Somente tocar e ela já afundaria no abismo escuro que ameaçava alcançar sua mente.

— Sim, amor. — O sussurro dele foi uma sombria repercutindo nos sentidos dela. — Deixe-me tocá-la. Saboreá-la. Você é um doce, Risa. Tão doce como a luz do sol.

Um gemido se formou na garganta dela, um pequeno grito rastejante enquanto ela sentia a calça sendo aberta, o zíper descendo.

Então ele a tocava lá. Toque, somente toque. Os dedos rodeavam o clitóris, esfregando contra ele. Os dentes raspavam o mamilo, enviando uma onda de prazer doloroso atacando o sistema dela.

Ela se moveu contra os dedos dele, perdida nas sensações que aumentavam. Ela não estava assustada. Não havia nenhuma onda da escuridão. A escuridão já estava lá. Ao redor dela, lentamente, banhando-a no calor. Não a confundia. Não era assustador.

Ela mal estava consciente dos gritos que saiam de sua boca. Os quadris se torciam contra os dedos dele enquanto ele continuava roçando em volta do clitóris. Ele não foi mais para baixo. Ele não invadiu a cavidade da boceta que se contraía desesperada. Ele não a penetrou, não a tocou.

A boca sugava os seios, os dedos esfregavam o clitóris. Acariciavam e ela jurou que poderia ter gritado o nome dele.

Um braço enrolou em volta dos quadris dela, mas não a conteve, não a manteve no lugar. Ele deixou o movimento dela livre. Os dedos dele seguiram. Pontos de luz começaram a faiscar atrás dos olhos fechados dela. Chamas começaram a correr no corpo dela, e antes que ela pudesse controlar a escuridão, rapidamente a luz começou a aumentar e explodir pelo seu sistema com um êxtase que ela não podia imaginar.

Ela gritou o nome dele. Ela arqueou, esquivando do aperto, e logo fluiu com a erupção seguinte de prazer enquanto os dedos dele finalmente paravam. Mas ele não se moveu. A palma ficou sobre o clitóris, as pontas pressionando-o enquanto ela se roçava, saboreando os pequenos choques de êxtase remanescentes.

Ela finalmente se apoiou contra o tórax dele, a respiração irregular enquanto o corpo estremecia. Os dedos aliviaram o aperto nos ombros nus, as coxas derreteram, então cada músculo do corpo ficou relaxado. Ela estava frouxa contra ele, transpassada pelo conhecimento de que tal prazer poderia existir somente pelo toque.

— Preciosa Risa. — Ele beijou a testa dela, removeu o cabelo da face e beijou-a lá também.

Ele a tocava com bondade, embora ela pudesse sentir a tensão no corpo e a luxúria o devorando.

— Você não gozou... — ela sussurrou, sabendo que ele não tinha encontrado o alívio. —Novamente.

— Shhh. Minha hora chegará. — Ele disse, a voz ruidosa enquanto beijava o lóbulo da orelha dela. — Isso foi para você, amor. E confie em mim, sentir seu clímax mais do que compensa qualquer desconforto que eu possa sentir.

A mão dele ainda estava no mesmo lugar, a palma arranhava o clitóris ultra-sensível, mas somente quando ela queria que arranhasse.

Risa ficou com o rosto enterrado no pescoço dele enquanto um tremor final acontecia.

Ela nunca tinha sabido que somente o toque pudesse ser tão destrutivo. Ela não poderia imaginar que tal prazer existisse. Era contra isso que ela havia lutado naquela noite em que ele a havia penetrado? Como ela podia ter sido tão idiota?

— Sabia que... — ele sussurrou na sua orelha então — ...um homem que sabe o que é o prazer verdadeiro, entende que o prazer de sua mulher é atado diretamente ao seu próprio prazer. É um clímax vazio, Risa, para um homem que entende isso, quando sua amante não encontra o seu prazer também. Mas é um prazer incrível ver e sentir o gozo da amante mesmo que você não goze.

Ela se agarrou mais forte nele, sentindo um rubor aquecer a pele.

— O seu sotaque está aparecendo novamente. — Ela disse fracamente.

Ele deu um risinho na orelha dela.

— É mesmo. Você terá que me desculpar. Ainda estou imerso no prazer da minha amante.

Ela quase riu. Um sorriso realmente curvou sua boca, porque ela ainda podia sentir a própria necessidade não aliviada.

— Dói? — Ela perguntou então.

— O que dói? — A mão dele pegou a dela, apenas para puxá-la para mais perto, e assim permitir que ela sentisse como seu membro estava duro. — Ele? Depois de vários dias na sua presença, estou ficando bastante familiarizado com a situação.

Risa levantou a cabeça e o olhou. Havia divertimento nos olhos pretos, na forma da boca. Ele não estava zangado, mas ainda estava muito excitado.

— Posso tentar. — Ela engoliu com dificuldade. — Não foi justo com você. Podemos ir para o quarto.

Ela não sabia o suficiente para lidar com esta situação. Ela tinha acabado de gozar nos dedos dele, tinha sido um clímax explosivo que a havia deixado fraca e quase satisfeita nos braços dele. Mas havia uma consciência, porém, de que algo estava faltando. Que mais uma vez ela havia conseguido enganar não só a ela, mas a ele também. Ela se admirou em saber se sobreviveria saber que estava enganando a si mesma.

— Risa, amor, o momento em que nos gozarmos juntos chegará em breve. — Ele fechou o botão da calça e puxou o zíper antes de arrumar o sutiã dela, cobrindo os seios novamente. — Venha agora. — Ele a levantou do colo e a colocou de pé. — Vamos vê-la dentro daqueles jeans apertados que eu comprei para você, e uma das blusinhas para combinar com as novas calcinhas cheias de renda. Devo admitir, tive um grande prazer nisso hoje.

Depois do clímax que ele havia acabado de dar a ela, relutar parecia um pouco infantil. Além disso, ela se perguntava como a calça e as blusas apertadas ficariam. Ela nunca havia usado roupas criadas para cobrir e ainda assim exibir o corpo. Ela sempre esteve consciente de si mesma, e tinha muito medo de querer chamar a atenção para si quando adolescente. E depois do rapto e o confinamento no hospital particular que Jansen havia arrumado, Risa havia ficado amedrontada de usar roupas que revelariam qualquer parte do corpo.

Até a noite em que ela conheceu Micah.

O que a fez ficar tão decidida a chamar a atenção dele? Ela se perguntou enquanto vestia a blusa. Ela havia comprado uma roupa projetada para chamar a atenção, tentar um homem. E, ela sabia agora, não era apenas qualquer homem, mas o homem do qual os seus amigos haviam falado tão favoravelmente.

— Usarei as roupas. — Ela ergueu os ombros quase defensivamente ao pensar nisso. — Mas não estou acostumada a usar roupas assim.

— Você deve se acostumar a elas. — Ele falou. — Você deve saber do que gosta, e se certificar de tê-las. Poucos dias no shopping, experimentando qualquer coisa que chame a sua atenção, procurando o que a agrada como mulher, não teria nenhum problema, Risa, encher seu guarda-roupa com a roupa que você queira. Uma bela mulher sempre deve ter a roupa que a faz se sentir confiante e no comando.

Ela quase riu amargamente com isso.

— Sim, realmente sou confiante e estou no comando, com um assassino de aluguel olhando para mim e uma maldita droga do estupro brincando com a minha excitação.

O prazer de momentos antes desapareceu agora e a raiva familiar tomou seu lugar. Ela estava cansada da raiva. Estava cansada da frustração crescendo e da falta de controle na própria vida. Cada passo, cada respiração, parecia medido para se proteger contra esta nova ameaça.

Não foi o suficiente, ele se perguntou, ela ter de sobreviver ao que Jansen Clay, um homem que deveria ter lhe protegido, fez a ela? Não, ele havia piorado tudo ao trancá-la em um hospital e mantido-a sedada durante quase dois anos. Se não fosse pela bondade do pessoal de lá, Deus sabia que ela teria desistido nos primeiros meses.

Ela soube depois que dois dos enfermeiros, marido e mulher, fizeram suas missões pessoais garantir que ela fosse cuidada e não abusada. Mas eles não foram capazes de impedir Jansen Clay de visitá-la, e eles nunca viram o outro homem que sabiam ter vindo com o pai dela várias vezes.

Ela se lembrava daqueles momentos por causa da dor, da raiva e da excitação horrível que desencadeava por seu sistema depois de ser injetada com algo durante aquelas visitas.

Ela soube depois que tinha sido injetada com uma droga semelhante ao Pó das Prostitutas.

Ela fez uma pausa e olhou Micah.

— Ele esteve na clínica. — Ela disse, franziu as sobrancelhas, sabendo que a memória pairava apenas fora do alcance.

Foram as mãos. Ela sempre notava as mãos. Grandes, arredondadas, tão suaves quanto seda.

— Quem esteve na clínica? — A voz de Micah era suave agora, distante, como se ele não quisesse se intrometer no que ela se lembrava.

Ela levantou o olhar de encontro ao dele.

— O homem que me violentou no avião de carga. Ele esteve na clínica. Veio com Jansen várias vezes. Os médicos diminuíam os soníferos. Faziam isso porque o homem que vinha com Jansen sempre me injetava aquela droga. Não foi Jansen quem a injetou. Foi ele.

Quando ela olhou Micah, uma memória nebulosa sussurrou para ela.

— As mãos dele doíam. — Ela disse. — Pensei que ele quebraria o meu braço quando o segurou. Então ele empurrou a agulha com força dentro de mim, como se tivesse de fazê-lo rapidamente. Doeu.

— As tentativas que eles fizeram para reproduzir o Pó das Prostitutas. — Micah disse. — Eles usaram várias vezes em você.

Ela acenou com a cabeça lentamente.

— Não se parecia com o Pó das Prostitutas, porém. — Ela levantou a cabeça e o olhou miseravelmente. — era pior, Micah. O que ele tinha era pior do que o Pó das Prostitutas. Não passava facilmente. A dor parecia durar para sempre. Depois eles partiam. Parecia interminável. — Ela derrubou a cabeça e fechou os olhos rapidamente enquanto se afastava dele.

— Não lute com as lembranças, Risa. — As mãos tocaram os ombros dela enquanto ela tentava se afastar. — Você não teve culpa pelo que eles fizeram. Não deve ter nenhuma vergonha por isso. A vergonha é inteiramente deles. Você não pode lutar com as lembranças, porque elas são a sua única defesa.

A defesa dela contra um assassino.

A respiração dela falhou quando a lembrança retrocedeu mais rápido do que fluiu nela. O conhecimento, entretanto, permaneceu. O conhecimento de que seja quem fosse que a havia violentado não queria destroçá-la dessa forma. Por alguma razão, ele queria torturá-la ainda mais. Ele queria ver a sua dor.

Ele a odiava.

 

Risa usou o jeans com uma blusa de seda azul escura de mangas compridas e a jaqueta de couro que Micah tinha forçado-a no shopping. Nos pés ela usou meias grossas de algodão e tênis de couro brancos.

Ela teve de reconhecer que do pescoço para baixo não parecia tão ruim. Ela tentou fazer algo do pescoço para cima. Arrumou o cabelo habilmente destacando em volta do rosto e usou a maquiagem com moderação, esperando não se sentir como uma palhaça.

— Linda. — Micah anunciou quando ela voltou para a sala, os olhos pretos admiravam abertamente enquanto vagavam por ela. — Risa, meu amor, estou condenado a andar em uma neblina de excitação sempre que você está por perto.

Ela corou, disse a si mesma que ele certamente não queria dizer isso, mas lançou os olhos para virilha dele outra vez. E sim, ele ainda estava duro. A expressão estava torcida quando encolheu os ombros dentro da própria jaqueta de couro, cobrindo a prova da excitação que se esticava pela calça.

— Poderíamos ter ido para a cama... — ela sussurrou um pouco embaraçada ainda, pelo fato de ele não ter se aliviado.

— Você não está pronta para a cama ainda. — Ele afirmou. — Quando estiver pronta, amor, seu corpo me avisará.

Ele a levou até a porta enquanto ela fazia uma careta por cima do ombro. Esta é uma afirmação muito arrogante, Micah. — Ela disse, irritação marcando a voz.

Ele devia ser o homem mais arrogante, irritante e frustrante no mundo.

— Eu sou um homem muito arrogante. — Ele a informou enquanto eles se afastavam do apartamento. Antes que a porta se fechasse, a porta do apartamento em frente abriu e Risa viu quando o agente que Micah chamava de John entrou no apartamento dela.

— O que ele faz lá enquanto estamos fora? — Ela murmurou quando ouviu o clique da fechadura atrás deles.

— Confie em mim, com John, você realmente não vai querer saber. — Micah resmungou, a voz baixa. — Agora, seja uma boa menina. Não vamos discutir as pragas no seu apartamento enquanto estamos fora dele.

Ela quase riu do comentário antes que ele beliscasse sua orelha suavemente e a levasse ao elevador. O sorriso se demorou no rosto. Micah tinha um jeito que fazia com que ela quisesse sorrir, fazia com que ela quisesse participar de qualquer diversão que brilhasse nos seus olhos pretos.

— Essa calça está me matando. —Ele suspirou enquanto eles entravam no elevador.

— Posso colocar minhas calças largas. — Ela tentou manter a expressão séria enquanto o olhava por cima do ombro.

— Posso espancá-la. — Ele murmurou. — Tais palavras vis nunca deveriam sair dessa boca linda.

Ela teve que dar as costas a ele e morder o lábio para não rir. Mas ela podia senti-lo atrás dela, e podia jurar que ele estava olhando sua bunda. A jaqueta não a cobria.

Quando eles pisaram fora do elevador, foi natural ter a mão dele no final das costas, conduzindo-a pelo hall.

— Sr. Sloane, o seu veículo já o está aguardando. — O porteiro entregou a chave a ele. — Tenha um passeio agradável, senhor.

— Obrigado, Clive. — Micah aceitou a chave antes de se mover para o carro.

Micah abriu a porta para ela, ajudou-a, e logo se moveu rapidamente em volta do carro para o lado do motorista. Entrou, fechou a porta, ligou o motor e saiu para o trânsito.

Ela olhou ao redor do carro, perguntando-se o quão seguro eles estavam ali. Haveria “pragas” no carro também?

A risada dele trouxe o olhar dela de volta a ele.

— Quase posso ler a sua expressão. — O sorriso dele foi rápido, quente. — O carro está seguro, docinho.

— Como você sabe? — Ela perguntou. — Foi estacionado em uma garagem pública.

— Trancado, protegido, debaixo do olho de águia da câmera de Nik. — Ele disse a ela. —Hackeamos a segurança o suficiente para nos assegurar de que não teríamos nenhuma surpresa.

— Isso é bom. — O interior luxuoso era confortável e aconchegante, o carro deslizou quando Micah ligou o pisca-alerta e se dirigiu à auto-estrada interestadual.

— Que tipo de festa a sua avó está planejando? — Ele perguntou a ela então.

— Uma íntima. — Ela disse. — Ela quase cancelou quando soube que eu estava em perigo. Ela teve medo de que a mesma coisa que aconteceu com Emily acontecesse comigo.

A amiga dela, Emily. Ela queria se encolher quando pensou na garota mais velha. Emily estava com ela na noite do sequestro. Jansen havia planejado o segundo sequestro de Emily seis anos atrás. Decidiu tê-la como um bichinho de estimação. Foi durante o resgate dela que descobriram que Jansen estava envolvido. Ele morreu na cela onde Emily foi mantida presa.

Uma rede tão entrelaçada de maldade, ela pensou quando viu Micah tomar a rampa para a auto-estrada interestadual. Houve tantas vidas que Jansen havia afetado, tanta dor que ele tinha planejado.

Ele foi a causa do desaparecimento e da morte de Nathan Malone, amigo dos SEALs cujas esposas ajudaram Risa. Ele quase havia matado Emily e Kell, e só Deus sabia quantas outras vidas ele havia destruído. Ele tinha sido um monstro, e o mundo deveria saber que ele foi um, antes de permitir que a reputação imaginária que ele havia construído permanecesse.

— Não deixaremos nada acontecer a você. — Micah prometeu. — Você definitivamente não irá sequer ao banheiro sozinha, devo acrescentar.

Emily tinha sido pega por uma porta oculta no banheiro feminino quando havia acompanhado a segunda esposa de Jansen, que fingiu estar indisposta.

Aquela mulher era doente, Risa sabia. Ela passou anos vendo a manipulação maligna enchendo a madrasta, assim como Jansen.

— Acho que, para garantir, não irei ao banheiro. — Risa disse a Micah. — Só tenho de estar na festa por algumas horas, então posso partir. São somente cem pessoas, os melhores amigos dela e os seus hóspedes, assim não deve haver nenhuma surpresa lá.

— E a menos que Orion esteja intimamente familiarizado com a sua avó, então não devemos ter nenhum problema — Micah disse enquanto dirigia tranquilamente pelo trânsito da tarde.

— Duvido. — Ela disse enquanto olhava nervosa para o trânsito. Ele estava correndo rápido e agressivo como de costume, a essa hora do dia. Se fosse Risa, teria saído mais cedo ou mais tarde. Ela não tinha considerado o trânsito, porém, quando saíram. A mente estava em outras coisas.

Coisas como a ereção sob o jeans de Micah, e o relâmpago de uma fantasia que passou pela mente dela. A mesma fantasia que a seguiu nos sonhos na noite passada. Ela de joelhos, a voz áspera e excitada dele mandando que ela o tomasse na boca. Para dar prazer a ele.

Ela quase estremeceu, mal conseguiu conter o impulso. Ela queria isso. Queria experimentar tudo o que pudesse com ele enquanto ele ainda estava na sua vida. E mesmo assim ainda havia o medo. Ela já esteve com ele uma vez, havia sentido sua posse, sabia que ele não a magoaria, mas o medo ainda estava lá e não era fácil tirá-lo da cabeça. Porque nas fantasias havia também uma mistura de pesadelos. Eles se intrometiam nos piores momentos possíveis, lembrando-a da dor que poderia muito bem estar aguardando por ela.

E ela ainda não estava segura se Micah a queria porque a achava atraente ou porque tinha pena dela. Ela sabia que um homem podia ficar duro e podia até gozar se realmente desejasse uma mulher ou não, segundo a pesquisa no Google que ela tinha feito ontem enquanto Micah falava com vários membros da equipe na cozinha.

Um site sobre militares chegou a declarar que somente a adrenalina podia fazer com que um homem tivesse uma ereção e depois que a ereção fosse alcançada, ter um orgasmo não era difícil.

— Você está pensando muito concentrada. — Micah afirmou, uma pergunta na voz.

Olhando-o, ela sentiu um rubor crescendo no rosto antes de olhar rapidamente para o outro lado.

— Só estou quieta. — Ela tentou disfarçar o embaraço.

Ela estava aqui sentada pensando na ereção dele enquanto ele os levava à casa da avó dela. Obviamente ela tinha muito pouco ou nada de autocontrole, apesar da promessa de se esforçar e deixar de se concentrar nas necessidades que ela parecia não ser capaz de conter.

Não era tão ruim antes de Micah, exceto nos sonhos.

— Ora, ora, se não é um lindo rubor. — Ele cantarolou, e o som da voz parecia seda negra. Ou magia negra. Completamente tentador e proibido. — Talvez você me diga o que estava pensando quando chegarmos a casa essa noite.

Casa. Ela limpou a garganta e arriscou outro olhar a ele. Havia a insinuação de um sorriso na boca. Fazia com que ele tivesse uma aparência ainda mais atraente para beijar do que antes.

— Talvez. — Ela disse sem fôlego, lembrando-se de como ele a tinha convencido a se sentar no seu colo antes, e os resultados disso. — Você tem a possibilidade de me convencer.

Ele riu baixinho. Apenas o som deixou o tórax, ele ficou tenso. Risa viu as mãos agarrarem firmemente o volante quando o carro se moveu aos arrancos, quase os lançando no acostamento ao lado deles.

Os olhos dele se moveram para o volante, e então para a estrada. As mãos estavam brancas de tanto apertar o volante enquanto ele xingava sem parar.

— Segure-se. — Ele resmungou, a voz mansa e calma, enquanto ele tentava dominar o carro.

Risa sentiu o coração subir à garganta. Era óbvio que havia um problema. O carro tremia, o volante se movia pouco apesar da força com que Micah fazia para centralizá-lo.

O carro não queria ser dirigido. O volante continuava se movendo aos arrancos para a esquerda enquanto ele tentava puxá-lo para a direita. Ele pisou no freio, puxou a embreagem. Houve um guincho dos pneus contra o asfalto quando o carro pareceu saltar para a pista oposta.

Micah lutava com o volante enquanto buzinas soavam ao redor. Uma caminhonete preta bateu na lateral do carro, jogando-o de volta na pista, em seguida, para a pista central.

Risa lutou contra os gritos que aumentavam na garganta quando ouviu o som do vidro quebrando. As mãos estavam agarradas ao banco, os dedos cravados nas laterais do estofamento quando eles se chocaram em um declive um segundo antes do carro inclinar.

Algo bateu nas costas dela, lançando-a de encontro à porta enquanto ela se perguntava onde estavam os air-bags. Os cintos de segurança estavam atados, mas não protegiam Micah do vidro que voava em volta deles quando o pára-lama bateu no meio-fio e o pára-brisa quebrou.

— Micah! — Ela gritou o nome dele porque o carro balançava em uma parada, fumaça saindo do motor quando ele caiu contra o banco.

Ela estendeu as mãos para ele, quase o tocando quando a porta foi aberta e mãos grandes a pegaram.

Virando, ela esperava Nik ou Travis, um dos homens que ela tinha visto na equipe de Micah. Era um estranho que se aproximava dela. Óculos escuros, cabelo escuro. Um carro estava estacionado muito perto, as portas abertas enquanto aquelas mãos fortes agarravam o braço dela e a puxavam.

— Micah! — Ela gritou o nome dele quando a histeria começou a assumir o controle.

Ela agarrou o braço dele, as unhas cravando no couro da jaqueta enquanto ela se segurava e lutava com as mãos que tentavam tirá-la do carro.

— Micah, acorde! — Ela gritou quase perdendo a batalha. Aquelas mãos brutais agarraram a dela, espremendo-a até que ela soltasse Micah com um guincho de dor.

Ela foi tirada do carro com tanta força que caiu de joelhos. Subindo com dificuldade na grama sob ela, ela lutou para encontrar apoio, tentando voltar para o carro enquanto gritava, chamando por Micah.

Porque ninguém a ajudava? Ela pode ouvir as buzinas, carros passando. Vislumbrou rostos chocados quando ela foi levantada pelo cabelo e lançada em direção à caminhonete.

— Micah! — Ela não podia deixar isso acontecer. Ninguém faria isso a menos que fosse o homem enviado para matá-la.

Ela tentou ver o rosto dele, tentou esbofetear os óculos, identificá-lo. Ela tinha que adquirir detalhes. Micah a salvaria. Ele precisaria saber como era o cara. Micah tinha que saber como era Orion.

— Piranha! — As unhas dela arranharam o rosto dele durante a luta, torcendo-se e movendo-se aos arrancos contra o aperto dele, as mãos eram velozes, esbofeteando-o, tentando arranhá-lo novamente.

Ele a empurrava mais para perto da caminhonete. Arrastando-a pelo cabelo e pelo braço, tentando lançá-la dentro do veículo. Ela sentiu uma picada no braço e uma insanidade feroz cresceu dentro dela.

Uma injeção, o bastardo havia injetado algo no braço dela. O berro dela foi enfurecido enquanto ela arranhava o braço dele, a mão, e ela sentiu que a visão escurecia.

Não. Não. Ela não podia deixar isto acontecer. Não podia deixá-lo levá-la. Micah nunca se perdoaria. Ela não teria uma chance de viver se este homem a colocasse dentro da caminhonete.

— Micah! — Ela se sentiu enfraquecer.

As lágrimas banharam o rosto dela enquanto os joelhos amoleciam e a escuridão a levava. Ela sentiu que caía, e a grama arranhava seu rosto, e antes que ela perdesse a consciência, ela poderia jurar ter ouvido um tiro.

 

Micah recuperou a consciência com os berros de Risa invadindo sua cabeça. Ele podia ouvir o terror, o som agudo e imperativo, de raiva e de dor, e soube naquele instante o que havia acontecido.

A direção tinha sido sabotada, assim como os freios. Ele sentiu a explosão sob o carro um segundo antes de tudo ir para o inferno. Ele quase tinha conseguido, havia faltado pouco para que ele tivesse conseguido tirá-los do trânsito com segurança, quando aquela maldita caminhonete investiu contra eles.

Os air-bags não funcionaram. De alguma forma, também tinham sido desativados. Um tiro pelo pára-brisa traseiro saiu pelo dianteiro, terminando de quebrar a janela e espalhando vidro pelo carro.

O sangue enchia sua visão enquanto ele lutava com o cinto de segurança. Ele precisava de segundos preciosos para tirar a arma do bolso da jaqueta e muito mais tempo para conseguir sair do carro, e assim poder arriscar ver a luta difícil que ela travava contra o homem que tentava empurrá-la na caminhonete preta que os empurrou para fora da auto-estrada interestadual.

Ele não podia ver. Ele limpou o sangue que caía sobre os olhos, mas as formas oscilavam. A maldita visão dele estava fodida. Ela via tudo duplo. Ele não tinha certeza de onde ela estava, mas o bastardo a tinha muito perto. Não havia nenhum jeito de disparar sem que ele corresse o risco de acertar nela.

Ele tinha que fazer algo. Ele se equilibrou ao lado do carro quando apontou para o lado que imaginava estar o homem. Risa estava... bem, as duas Risa estavam. Havia também duas versões do atacante à esquerda. Micah disparou para a esquerda.

O bastardo ainda tentava empurrá-la na caminhonete.

Micah apontou para a terra e disparou novamente, perto do pé do homem. O bastardo tinha dado um pulo?

Risa saiu dos braços dele enquanto ele pulava na caminhonete. O pé do atacante estava no acelerador antes que a porta fechasse e Micah estava lutando para se afastar do carro.

Onde diabo estava o apoio dele?

Ele se afastou do carro, jogando o peso no ombro enquanto se arrastava, tentando chegar ao lugar onde ela estava largada como uma boneca.

— Risa! — Ele gritou o nome dela.

Deus, ele a havia acertado com aquela bala? A visão dele estava pior do que ele imaginava?

Ele podia ouvir as sirenes, sons de freios e vozes aumentando enquanto ele tropeçava.

— Risa. Meu bem. — Ele tocou o cabelo dela. Havia sangue no rosto, no braço. Os olhos estavam fechados, o corpo mole.

— Risa. Por favor. Meu bem, por favor. — Ele se curvou sobre ela, fúria selvagem correndo pelas veias enquanto ele lutava para estabilizar as mãos e verificar danos no corpo dela.

Ela não pode estar ferida, ele rezou. Ele não podia tê-la acertado. Não Risa. Como ele poderia viver consigo mesmo se a tivesse baleado, mesmo durante o esforço de protegê-la?

Balançando a cabeça, ele olhou para cima e imediatamente apontou a arma. Sombras.

— Micah, é Jordan. Merda! Abaixe essa arma!

Jordan agachou-se tenso junto com as outras sombras, Nik e Noah de repente estavam lá também.

Micah limpou o rosto com o braço novamente, sentindo o sangue saindo da testa e bloqueando a visão enquanto caía de olhos.

— Ela foi baleada? — Ele gritou. — Eu disparei, Jordan. Eu a acertei? — As mãos dele desciam pelos braços dela, pela cintura. Ele não podia encontrar uma ferida, mas estava com muito medo de virar seu corpo, apavorado de acabar machucando-a mais antes que a ajuda pudesse chegar.

— A ambulância está a caminho! — Noah gritou acima do som das sirenes que se aproximavam.

— Puta que pariu, Noah. Nós pudemos ver a luta desesperada dela, mas não conseguimos atravessar a barreira de carros. Nunca corri tão rápido em toda a minha vida!

Micah sacudiu a cabeça. Merda, ele não podia vê-la claramente. Ele não conseguia tirar o sangue dos olhos.

— Risa. — Ele gritou o nome dela quando Jordan começou a movê-la. — Eu a acertei? Eu disparei. O bastardo quase a levou, Jordan. Ele quase a pegou.

Controle. Ele estava perdendo o controle, perdendo o foco. Ele havia acabado de colocá-la no colo e não mais do que há algumas horas dado a ela seu primeiro gosto do prazer. Houve um sorriso nos lábios dela antes do mundo ter virado um inferno. Ela estava pensando nele. Ele a libertou, mimou. Ele não poderia tê-la machucado.

— Eu disse saia, Micah! — O tom de Jordan era uma chicotada. — Ela foi drogada. Ele injetou algo nela. Parece algum sedativo. Ela está fria. Não há outras feridas além das superficiais. A ambulância está aqui.

Uma fraqueza atordoante envolvia Micah.

— Noah, vá com ela. Proteja-a. — Ele sentiu algo na testa. — Não a deixe sozinha.

— Porra, não vamos deixá-la sozinha. — Jordan xingou. — Enfia isso na merda da sua cabeça teimosa! Puta que pariu, você é pior do que o Noah.

Pior do que o Noah? Inferno, não. Ninguém era pior do que o Noah quando ele estava ferido. O homem parecia um kamikaze quando via o próprio sangue. A menos que a esposa estivesse por perto. Não, se Bella estivesse lá, então ele parecia um bebezão chorão pedindo atenção. Micah não estava fazendo nenhuma das duas coisas.

Ele levantou Risa contra o peito, abaixou a cabeça sobre a dela, e sussurrou uma oração contra a sua testa. Ela estava bem. Ele podia sentir que ela respirava. Ela não se esforçava para respirar. Ele deixou os dedos encontrarem o pulso dela, estava lento, mas constante.

Ela tinha sido drogada. Um sedativo. Haviam injetado um sedativo nela. Mas ela lutou com o bastardo. Micah havia ouvido seus gritos, visto como ela tinha usado as unhas no desgraçado.

— Unhas. — Ele ergueu a cabeça para encontrar Jordan. — As unhas dela. DNA. Ela arranhou o cara.

— Boa menina! — Jordan exclamou. — Os paramédicos estão aqui. Farei com que eles conservem o que encontrarem. Prepare-se agora, droga, temos que movê-la.

Micah a mantinha grudado nele. Ele não podia deixá-la ir. Ele não estaria seguro de que ela estaria protegida. Ele quase havia falhado uma vez, ele não podia falhar novamente.

— Droga, Micah.

— Jordan, leve-os juntos e mande o resto pro inferno! — Noah xingou de repente. — Ele não a deixará ir sem ele.

Ele não a deixava ir. Ele agarrou a arma com uma mão, os braços a envolvendo, mantendo-a próxima do peito.

— Coloque-os juntos na ambulância. Os danos de Micah são piores, ela está sedada. Você tem o poder de fazê-lo, agora faça, e vamos tirá-los desse inferno.

Micah deixou o argumento escapar. Ele lutou quando levantaram Risa para uma maca. O paramédico tentou empurrá-lo para trás, mas desistiu quando sentiu a arma de Micah na garganta. Micah foi empurrado na ambulância momentos depois, tentando retirar o sangue dos olhos. Fraco, mas consciente ele deixou o paramédico verificar a ferida na testa, a arma de Micah era mantida cuidadosamente ao lado da perna quando ele ouviu Jordan entrar na ambulância e gritar ordens ao motorista.

Inferno, isso ia ferrar com a operação, Micah sabia. Por sorte Orion havia corrido para bem longe e muito rápido enquanto Micah atirava nele e os outros corriam para o resgate.

Ele não podia saber que as pessoas que corriam atrás deles eram membros de uma equipe operacional. Jordan poderia encobrir isso, e ele ia, da melhor maneira possível. Ele já dirigia a ambulância para uma clínica particular em vez do hospital público.

Daria certo. Os paramédicos seriam informados antes de partir de qualquer história que Jordan bolava na cabeça. Jordan era muito bom com mentiras. Era o que o fazia um puta líder de equipe. Ele fazia as coisas acontecerem. Ele consertava as coisas.

— Como ela está? — Micah se virou ao paramédico quando ele terminou de informar a clínica da situação deles.

— Ela está completamente inconsciente.

Micah deu a primeira olhada ao paramédico. Ele era mais velho, possivelmente na casa dos 40. Os olhos cinza estavam preocupados, a expressão confiante. Ele era um homem que já havia visto o suficiente de tudo. Não parecia perturbado.

— Como está a sua visão? — Ele mostrou dois dedos.

— Você tem dois dedos para cima, três para baixo. Uma cabeça e dois olhos. — Micah resmungou. — Quando chegarmos à clínica, fique fora da droga do meu caminho. Aonde ela for, eu vou.

— Entendi isso quando colocou a arma na minha garganta. — O paramédico grunhiu. — Não se incomode, homem, não ficaremos no seu caminho.

— Dois minutos. — Jordan avisou. — Os médicos estão esperando na entrada. Fique fora da droga do caminho deles, Micah, enquanto eles a preparam e examinam. Não me faça deixá-lo inconsciente para conseguir isso.

Micah grunhiu.

— Aonde ela for, eu vou. Ponto final.

Jordan xingava.

— Caramba, ela deve ser muito importante para você. — O paramédico murmurou. — Esse é o tipo de cara que eu não gostaria de mexer.

— Ela é importante. — Ela era mais importante do que Micah se deixou acreditar até que a viu lutar com o homem que deveria ser Orion.

Ele podia tê-la perdido. Não somente a sua oportunidade de pegar Orion, mas podia ter perdido Risa. O sorriso dela. Merda, ele ainda não havia ouvido seu riso. Podia ter perdido cada toque maravilhoso que eles compartilharam. Poderia ter perdido a frágil sensação de carinho que ele começava a sentir com ela e que nunca havia sentido com outra mulher.

 

Onde ele havia errado? Orion quase gritava de dor por causa da bala que havia rasgado seu pé enquanto ele estava tentado empurrar aquela pequena cadela na caminhonete.

Quem adivinharia que o homem com ela tinha uma arma? Orion sabia que deveria ter encontrado um modo de entrar no apartamento dela e verificar o amante desconhecido antes de fazer esta tentativa. Ele havia argumentado com o empregador que era muito cedo para tentar. Ele tinha que estar completamente certo, tinha de verificar o novo amante antes de fazer o movimento.

Mas o empregador dele havia se recusado a escutar. Tinha de ser feito rapidamente, antes que ela se lembrasse de algo mais.

Orion gemeu com a dor quando tirou a caminhonete da auto-estrada interestadual e procurou rapidamente um lugar para escondê-la, e roubar outra para levá-lo a uma área segura onde ele pudesse tratar a ferida de tiro e pegar um táxi até o apartamento alugado.

Ele havia tentado várias vezes entrar no apartamento de Risa Clay desde que as escutas tinham sido retiradas pela equipe da faxina.

Isso acontecia às vezes. Para conseguir o que ele precisava, muitas vezes ele tinha que usar produtos eletrônicos fáceis de localizarem. Ele pensou que a câmera na lâmpada estivesse a salvo, mas a equipe de limpeza havia modificado as lâmpadas também.

Deveria ter sido simples, seria fácil entrar furtivamente lá e substituir as escutas. Exceto que eles nunca saiam da merda do apartamento. Durante três dias, sequer uma vez, eles se aventuraram para fora, e o empregador dele ligava diariamente.

Orion sabia muito bem que não poderia ter deixado aquele filho da puta apressá-lo. Esta tinha sido a mesma razão pela qual Jansen Clay havia fodido com tudo e acabado morto, porque havia permitido que esse homem o apressasse, forçando-o a alterar seus planos. Jansen havia pagado o preço final ao se permitir ser ameaçado.

Orion quase havia pagado também.

Droga, ele estava muito velho para esta merda. Ele deveria ter se aposentado seis anos atrás. Não, ele deveria ter matado o filho da puta do amiguinho de Jansen Clay por ser tão estúpido. Ele não teria sido obrigado a fazer aquele serviço seis anos atrás, e não teria que fazer esse também.

E o único homem que sabia sua identidade estaria morto.

 

Quatro horas depois, Risa continuava inconsciente. Micah estava sentado perto de sua cama, olhando-a atentamente, medindo o tempo enquanto os aparelhos monitoravam as funções dos órgãos vitais.

Jordan estava ao pé da cama. Fora do quarto particular o resto da equipe estava em posições estratégicas para vigiar tanto a porta quanto qualquer um que entrasse na clínica.

Noah, Jordan e Nik estavam vários carros atrás deles. Com a confusão que havia acontecido quando o carro de Micah e Risa ficou fora de controle, eles estavam muito longe para ajudar imediatamente.

Porém, estavam perto o suficiente para ver Orion. Os óculos escuros cobriam a maior parte da face superior, cabelo escuro, constituição larga, coroa. Não era muito para continuar.

Sob as unhas de Risa havia pedaços de pele rasgada, porém, Micah não tinha certeza se seria possível reunir o DNA delas.

Ele passou distraidamente a mão pelo queixo antes de coçar a nuca e continuou olhando Risa com olhos estreitados.

Esta era a primeira vez que uma vítima tinha escapado de Orion. O tempo que ela ainda ficaria inconsciente e como acordaria, responderia a algumas perguntas importantes para eles.

Micah havia mentido para ela quando disse que queria Orion porque a mãe de um amigo havia sido assassinada. Não foi a mãe de um amigo, foi a mãe dele. Não tinha sido o pai de um amigo que havia se jogado sobre um homem-bomba suicida. Foi o de Micah. E não havia sido um amigo quem havia conseguido seguir a pista de Orion naquele navio mercante. Havia sido Micah. E lá ele havia aprendido que Orion tinha amigos. De alguma maneira a informação tinha escoado do Mossad para Orion, e o bastardo estava esperando por Micah.

A bala de Orion havia esfolado sua cabeça e ele se lançou do navio nas águas das costas de Israel. Ele teria se afogado se uma equipe de SEALs não estivesse praticando naquelas águas e tivesse ouvido o tiro.

Se o comandante da equipe não notificasse a Jordan do agente da Mossad quase morto que eles resgataram, Micah se perguntou qual caminho a vida dele teria seguido. Ele faria o mesmo que o pai? Ele percebia que quem estava trabalhando com Orion tinha laços fortes o suficiente com o governo e que ele consequentemente acabaria morto?

Micah entendeu quando as águas se fecharam sobre a cabeça dele naquela noite que a investigação na qual a mãe dele esteve implicada não tinha sido aprovada. Disseram a ela para esquecer, que os rumores eram somente isso, rumores. Ariela Abijah havia ignorado aquela diretriz, e havia morrido por causa de seus esforços.

Orion havia destruído a vida de Micah, como ele descobriu depois, e por isso ele havia decidido destruir Orion. Quando esta missão tinha começado, nada era mais importante para Micah do que pegar Orion. Ele nunca tinha imaginado que depois de alguns dias, salvar a garota ficaria mais importante.

— Preciso de etiquetas de pele. — Ele disse à Jordan, falando dos pequenos discos cor-de-pele que alojavam um rastreador eletrônico descartável. — Combine-os com o tom da pele dela. Também quero uma pulseira, algo simples que ela possa usar diariamente, com um chip GPS nele que seja ativado remotamente. Não quero nada que possa atrapalhar um descobridor de rastreadores, se ele tiver um.

— Orion tira as joias do corpo. — Jordan advertiu. — Ele também os lava depois de despi-los. Uma etiqueta de pele não funcionará se for molhada.

— As joias e a roupa sempre são descartadas perto de onde ele as tirou, normalmente na mesma sala onde eles são mortos. Só uma vez ele guardou um. A Estrela de David que Ariela Abijah usava. — Micah discutiu. — Celulares e coisas eletrônicas são descartados pelo caminho. — Ele se virou e olhou Jordan ferozmente. — Ele quase a pegou, Jordan. Ela estaria indefesa se ele a apanhasse naquela caminhonete. Não posso arriscar que isso aconteça de novo.

Ele tinha estado tão certo de que conseguiria mantê-la segura. Com ele, bem como a equipe de apoio, ele achava que não haveria nenhum modo de Orion pegá-la. E ele estava errado.

— Nik descobriu como ele pegou o carro?

Jordan abaixou a cabeça.

— Ele está de volta ao apartamento revisando as cenas gravadas nesse exato momento.

— Temos de supor que ele adivinhou que há uma possibilidade de que isso seja uma operação. — Ele expirou roucamente. Isto tornaria a proteção dela mais árdua. — Temos de contatar o informante, ver se ele tem alguma informação.

— Travis está nisso. — Jordan acenou com a cabeça. — Teremos algo dentro das próximas doze horas.

— Eles sempre estão acordados quando ele corta os pulsos. — Micah disse calmamente. — Os relatórios dos tóxicos sobre as vítimas sugerem que ele os mate dentro de uma hora depois de recuperada a consciência. A droga escolhida sempre foi o GHB . Ele não desperdiça tempo excessivo. Tempo para levá-los onde vai matá-los, tempo para despir e lavar o corpo, outra hora, então possivelmente trinta minutos à uma hora antes que eles despertem. Ele iria garantir tempo suficiente para acorrentá-los antes que despertem.

— Ele tem o conhecimento médico. — Jordan afirmou.

Micah concordou com cabeça.

— Pelo menos conhecimento médico suficiente para saber como ajustar a droga, de outra maneira ele os mataria. Aquela merda é demasiado perigosa para usar cegamente.

Os dedos dele agarraram a barra metálica ao lado do colchão quando a raiva ameaçou incendiá-lo. Ele prometeu que a protegeria. Havia dado sua palavra, construído a sua confiança. E ela quase havia sido pega.

Ele estendeu a mão e tocou o cabelo dela, somente o cabelo, colocando-o suavemente atrás da orelha. O peso do cabelo atrás da orelha parecia consolá-la quando ela ficava nervosa. Era um hábito que ele achava completamente encantador.

Esta mulher o havia fascinado durante os últimos quatro anos. Mesmo mal sabendo quem ela era, apenas vendo-a entrando ou saindo da casa de Emily, Raven ou Morganna, em todos os casos ela o atraía. O conhecimento de sua coragem e força sempre o surpreendia. Ele via no rosto, nos olhos, cada vez que a olhava. Na ruguinha teimosa do queixo, na linha reta dos ombros. Ela havia passado pelo inferno, mas havia sobrevivido, e estava decidida a mostrar ao mundo exatamente o que queria.

Havia tanta beleza na coragem. Como se houvesse uma luz brilhante no interior, aquela beleza irradiava em cada pedacinho dela.

Ela era uma mulher forte. Tal força dava a ela uma beleza muito particular. Uma beleza que Micah achava irresistível em Risa.

— Seguiremos como se fosse uma tentativa frustrada e você é um amante em questão. Usaremos uma firma de segurança particular para estar nos passeios que você planejou, isso dará a Orion a impressão de que você contratou um guarda-costas por causa da tentativa de sequestro. Manteremos a sua cobertura como um SEAL e partiremos daí. Se jogarmos de acordo desde o começo, então ele pode suspeitar de uma operação, mas não encontrará provas que confirmem.

Micah tocou o cabelo dela novamente.

— Ele não estremece ao pensar que vai contra um agente ou agências. — Ele disse suavemente. — Ariela era da Mossad. O marido era da CIA e o filho era um Mossad. Ele não se incomoda com possíveis operações ou complicações.

— Segundo a nossa fonte, o empregador dele o está instigando muito também. — Jordan murmurou. — Nós e o nosso contato suspeitamos que o empregador saiba a identidade dele. Isso o está deixando desleixado, Micah. Mantenha a sua mente na operação que temos aqui, não na mulher. Ela é secundária.

A cabeça dele ergueu. A raiva abrasadora dentro dele tornou-se um incêndio que ameaçou queimar sua alma.

— Ela não é secundária. Nunca. — Ele gritou. — Marque as minhas palavras, Jordan, se você a arriscar mais do que já está, você terá um desertor nas mãos. Não tolerarei isso.

Jordan rosnou furiosamente.

—Puta que pariu! — Ele ganiu. — Sabia que você estava perdendo a cabeça por causa dela. Você não pode fazer isso, Micah. Quando o alvo fica mais importante do que a operação, a merda acontece. Vimos isso com Noah quando aquela milícia raptou a esposa dele. Mantenha a cabeça na operação ou perderemos Orion e Risa. Nenhum de nós quer isto.

— Não perderei Risa para aquele bastardo. — Ele rangeu os dentes firmemente. — Adquira os itens que mencionei. Quero o apartamento dela verificado novamente, agora. Se ele conseguiu adquirir mais escutas e as instalou durante a comoção, então eu a moverei. Mas marque as minhas palavras, Jordan, ele não a pegará. — De mim. Micah mordeu os lábios. Ele não podia nem pensar em ficar possessivo com ela.

Ela era mulher de força e coragem. Tais mulheres deviam ser protegidas sempre quando não podiam proteger a si mesmas.

— Tudo certo, terei os itens que você precisa. — Jordan o assegurou. — Mas é melhor você adquirir algum controle nessas emoções, Micah. Pensei que podia confiar na falta de emoção que você sempre expôs. Especialmente quando há mulheres implicadas. Você está começando a me fazer lamentar não ter posto John na cama dela em vez de você.

Micah encarou Jordan, reconhecendo que as próprias emoções estavam descoordenadas com a operação fria e lógica dentro da qual eles trabalhavam. Nunca antes suas emoções tinham sido expostas. Ele era frio, duro. Mesmo antes de Orion destruir sua vida, Micah sabia proteger a alma. De alguma maneira, Risa havia conseguido abrir passagem na barreira, e agora ela segurava uma parte dele que ele não estava familiarizado.

— Tente por outro agente com ela e todos lamentarão — ele afirmou asperamente.

A boca de Jordan abriu para falar quando um grito sufocado levou o olhar de Micah para Risa.

Os olhos dela estavam muito abertos. O rosto estava tão branco quanto papel agora, o corpo tenso, a expressão ainda alucinada, mas unia-se a ela um horror completo.

O olhar fixo dela se moveu de Jordan para Micah. Micah nunca havia visto tal medo nos olhos de alguém na vida.

— Quero sair desta cama.

Risa não tinha se sentido tão apavorada desde seu encarceramento na clínica onde Jansen Clay a havia internado há oito anos, depois que os SEALs a resgataram, Emily e Carrie das celas de Diego Fuentes. Risa esteve inconsciente durante o resgate. Mas quando despertou, estava amarrada a uma cama, drogada, grogue. Durante quase dois anos ela havia permanecido em um estado sedativo infernal.

Ela tinha sido sedada novamente. Ela podia sentir a embriaguez, a incapacidade de se mover como queria, e isso a apavorou. A adrenalina começou a correr pelo corpo, fazendo os efeitos do sedativo piorar. Ela sentiu a mente nublar, o pânico lutando para superar, e o conhecimento de que não poderia fazer nada para se ajudar. Ela não podia lutar. Ela tinha que escapar, e não podia fazer o corpo se mover.

O odor do desinfetante tomava seus sentidos, ameaçando forçá-la a vomitar. Ela podia sentir as cólicas no estômago, o medo batalhando contra os esforços de fazer sentido do que estava acontecendo.

Micah estava com ela. Ele não a deixaria ser prejudicada, ela se lembrou. Ele havia prometido protegê-la.

— Risa? — Micah colocou uma mecha pesada do cabelo dela atrás da orelha enquanto o polegar acariciava a face. — Você se lembra da perseguição?

Ela acenou com a cabeça rapidamente. Lembrou-se confusa de um jeito ‘fora deste mundo’.

— Eu me lembro de tudo. Agora me leve para fora daqui!

Ela viu o olhar que ele trocou com Jordan. Deus, eles iam mantê-la internada. Eles não podiam fazer isso.

Os lábios dele abriram para falar.

— Micah, eu não posso ficar aqui. — Ela choramingou, respirando roucamente. — Por favor, não me faça tentar. Sei que fui drogada. Lembro-me da perseguição e do homem que tentou me forçar a entrar no veículo. Lembro-me da injeção. Sei que estou salva. — A voz dela explodiu em um soluço. — Não me faça ficar aqui.

Aqui era um hospital. Estava cheio de médicos que injetariam coisas nela que ela não queria. Havia enfermeiras que só seguiam ordens, e que se afastavam quando ordenavam.

Ela não podia separar o presente do passado. Memórias sombrias, escuras do inferno enevoado que ela havia vivido durante quase dois anos caíam sobre ela novamente.

Uma mão rígida agarrou o braço dela. A pele era suave, muito suave, mas a mão era grossa e pesada. Uma mão masculina. Uma picada de agulha no braço, a irritação na voz.

Você deve matá-la e acabar com isso, a voz sussurrou pela mente dela. Uma voz culta, quase estrangeira. Ressoava com superioridade e condescendência detestáveis. Ela é uma fraqueza que não podemos permitir.

Um homem não mata a própria filha. Foi a resposta de Jansen. Não importa o quanto ela seja feia. Por enquanto ela é útil para mim. E para você. Temos que saber se a sua droga funciona.

A droga era aterrorizante.

Risa balançou a cabeça, lutando contra as memórias quando a voz de Micah fez com que ela retornasse ao presente. Algo sobre internação, sobre permissão dos médicos para a examinarem.

Ela balançou a cabeça desesperadamente.

— Eu ficarei bem — ela tinha que sair dali antes que o passado a vencesse e ela começasse a gritar horrorizada. — Eu quero sair daqui, Micah. Agora! Eu não posso suportar!

Ela viu a expressão dele endurecer por um momento enquanto a olhava. Havia uma batalha acontecendo nos olhos, e ela estava apavorada de sair perdendo.

— Micah. — A mão dela apertou o pulso dele enquanto ela se esforçava para repelir o nevoeiro que embaralhava seus sentidos. — Eu não posso… — A voz dela se tornou soluços, e ela odiou isso. —Por favor, não me faça ficar.

O medo arranhava o estômago dela, sugava o oxigênio dos pulmões, era muito difícil respirar.

— Jordan, mande trazer o carro de volta. — Ele decidiu de repente.

— Micah, ela não está em condição de partir. — Jordan protestou calmamente. O médico tem que examiná-la. Temos de estar seguros de que ela não terá uma reação à droga que lhe deram.

— Por favor. — Ela sussurrou. — Não me faça ficar.

Ele jurou que a protegeria, que não a deixaria ser magoada. Ela confiou nele. A única coisa que a impedia de ficar histérica era sua confiança nele. Mas ela sabia que se ele não a levasse, ela nunca mais confiaria nele novamente. O conhecimento disso queimou dentro do cérebro. Ela não podia ficar aqui, por nem mais um minuto.

— Mande trazer a porra do carro de volta. — Ele ordenou novamente enquanto a enrolava no lençol, logo se inclinou e a pegou nos braços.

Risa colocou os braços em volta do pescoço dele, enterrou o rosto no ombro e lutou com as lágrimas que insistiam em cair. Ela tremeu quando o odor de desinfetante desapareceu. Ela podia sentir o cheiro de Micah agora. O cheiro dele, quente e macho, envolvia-a enquanto ele a retirava do quarto.

O lençol a protegeu contra o frio que teria penetrado pela bata do hospital. O calor do corpo dele penetrou nela, envolveu e aliviou o horror que entorpecia a mente dela quase ameaçando sua sanidade mental.

Houve protestos. Ela pôde ouvir as enfermeiras, possivelmente um médico.

— Ela será cuidada. — Micah gritou a alguém. — Você não é mais necessário, Doutor.

Ela ouviu o silvo da porta, sentiu o ar fresco da noite enquanto ele a golpeava pela cobertura fina, então, segundos depois, mais calor quando Micah se inclinou e se moveu em um carro.

Os braços dela apertaram em volta dele.

— Está tudo bem. — Ele sussurrou contra o cabelo dela. — Jordan tinha uma limousine a postos. Você está segura. Confie em mim, Risa. Está tudo bem.

Estava tudo bem. A mente dela ainda estava grogue, o sedativo que injetaram nela tornava muito difícil pensar. Ela sabia que era um sedativo, ela se lembrou dele da clínica. Estranhamente, se lembrou do médico discutindo com o pai dela por causa da escolha da droga.

— A mesma coisa. — Ela sussurrou contra o ombro de Micah. — O sedativo. A mesma coisa que Jansen recomendou na clínica.

Ele se firmou contra ela.

— Está certa disso?

Ela acenou com cabeça.

— Conheço a sensação.

Conhecia por que o médico na clínica sempre injetava outro sedativo depois que o pai dela ia embora. Aquele não nublava muito a mente dela, permitia a ela conservar as memórias, impressões do que acontecia.

— Estou nisso, Micah. — Jordan disse. — Saberemos exatamente qual é o sedativo dentro de doze horas. Leva tempo para concluir aqueles testes no sangue.

Ela balançou a cabeça. Ela sabia o nome da droga. Estava na ponta da língua. Ela se lembrava de Jansen falando sobre ele.

— Temos os seus registros da clínica assim como do hospital ao qual ela foi levada depois do resgate. — A voz de Micah foi à deriva pela mente dela. — Deve estar lá.

— A droga que eles encontraram no seu sistema depois do seu resgate da clínica não é a mesma. — Jordan afirmou. — Já interroguei o médico esta noite acerca disso. A droga que estava no seu sistema na clínica era mais branda.

— Nem sempre. — Risa teve que forçar as palavras a saírem da boca, mas ficava mais fácil de pensar, mais fácil dar sentido ao que acontecia em volta dela, embora ela ainda estivesse grogue. Ela ficaria assim durante mais algum tempo.

— O que você quer dizer com “nem sempre”? — Micah perguntou.

Ela inspirou, expirou, processando para forçar a mente a clarear o suficiente para responder.

— O médico. — A voz dela era hesitante, um pouco arrastada. — Quando Jansen não marcava visita. Ele mudava o sedativo. O outro me lesaria, ele disse. Ele não queria me lesionar. Jansen não se preocupava com isso.

Ela ainda estava presa naquele lugar intermediário. Não realmente aqui, nem realmente lá.

— Você tinha halperidol no seu sistema quando foi resgatada da clínica. — Micah disse.

Risa acenou com cabeça.

— GHB antes das visitas de Jansen. — Ela fez uma careta, porque ela não havia se lembrado antes? — Ele injetava GHB em mim. — Ela sabia que era GHB. — O médico o chamava de GHB. Disse que isso podia me matar.

Ela ouviu vozes na cabeça, sussurros insidiosos que não pôde evitar. A risada de Jansen, a preocupação do médico. E ela ouviu o outro homem. Sarcástico, a voz autoritária, mas com um sotaque oculto.

— Não me leve de volta, Micah. — Ela sussurrou, sentindo a escuridão se formando, a embriaguez. — Não os deixe me tocar.

— Estou com você, Risa. — Os braços dele apertaram-na ainda mais. — Estou com você...

Ela derivou para a terra do nunca, consciente da tensão que invadia o corpo de Micah. Ela o perguntaria depois sobre isso, ela disse a si mesma. Se ela se lembrasse.

Jordan olhou para a menina nos braços de Micah, consciente do modo como o agente a segurava, da possessividade na postura e nos olhos.

— Ariela Abijah foi injetada com GHB. — Jordan disse, olhando Micah, sabendo do ponto sensível que tocava. Ariela era mãe de Micah, uma mulher de força rara aos olhos de Jordan. Ele a encontrou uma vez, somente uma vez, e o impressionou quando era difícil alguém fazer isso.

— Orion sempre usa GHB. — disse Micah, a voz sombria. — É fácil encontrar, impossível rastrear.

— Ela sabe a diferença. — Ele acenou com a cabeça para Risa. — O médico suspeitou que pudesse ser GHB em um dos testes iniciais.

— Ela saiu dos efeitos mais cedo. — Micah acariciou a mão dela, depois o braço, subindo e descendo enquanto Jordan olhava.

Inferno, outro agente perfeito atingido no meio da porra do coração, ele pensou. A Unidade Operacional de Elite ia aos diabos em uma rodada. Primeiro Noah, agora Micah? Que Deus os ajudasse se John ou Travis decidissem beber da poção do amor também.

— Como você sabe que ela saiu dele mais cedo? — Jordan interrogou Micah.

— Ela adormeceu novamente. — Ele afirmou. — Nunca teria feito isso se ainda estivesse sob a influência da droga. Estaria lutando contra. Eu diria que ele deu a ela uma dosagem de seis a oito horas. Os testes no sangue devem confirmar isso. Significa que ele arrumou algum buraco em algum lugar fora de Atlanta, possivelmente, mais além. A caminhonete possuía janelas escurecidas. Ele poderia deixá-la no banco de trás por 4 horas antes de removê-la. Ele planeja cada segundo, do rapto à morte. Ele deve estar mais perto agora já que não pode depender das escutas que tinha no apartamento. Ele se arriscou hoje. Ele está sendo forçado a terminar isto e está cometendo erros.

— Então ele cometerá mais até que tudo termine. — Jordan decidiu com um aceno de cabeça. — Ele está puto agora. Faremos um plano em conjunto e começaremos com ele.

Ele olhou Micah atentamente. O outro homem não acenou com cabeça, não concordou. Era um puta de um mau sinal. Significava que em qualquer momento Risa Clay poderia estar na lista de pessoas desaparecidas e somente um homem saberia onde encontrá-la. O homem que a tinha reclamado.

Ex-agente da Mossad, puta que pariu! Bastardos. Ele nunca tinha encontrado um agente mais duro, mais esperto do que aqueles que o Mossad produz. O problema com tais homens era, uma vez que perdessem suas mentes com uma mulher, ficavam piores do que leoas protegendo um filhote. Coloca-se a vida nas mãos deles se a pessoa se atreve a pôr em perigo as mulheres deles.

Micah tinha aquele olhar. Noah tinha aquele olhar com sua Sabella, ou Bella, como a maioria a conhecia. É o problema com agentes sombrios super treinados. Só eram sombrios até que alguma maldita fêmea viesse e decidisse iluminar suas vidas.

Jordan passou os dedos pelo cabelo e começou a considerar as alternativas para cada plano que sabia que enfrentaria. Ele teria de fazer tudo certo, Risa não teria somente que ser protegida, mas deveria ter uma maldita bolha à prova de bala em volta dela, de outra maneira, Micah lutaria com ele.

Ele poderia forçar qualquer plano que quisesse. Seria muito simples mandar substituir Micah da unidade durante esta operação.

Ele rejeitou a ideia rapidamente. Ele poderia retirar o agente do caso, mas como Micah o avisou, ele viraria um renegado. Risa desapareceria, e com ela iria um dos melhores agentes da face da Terra. Não, não funcionaria, não mesmo.

— Ela se lembrou da perseguição.

Jordan repentinamente advertiu quando o pensamento tropeçou pelo seu cérebro.

— GHB afeta a memória e a percepção. Ela não deveria ter se lembrado.

— Ela não deveria ter se lembrado do sequestro ou o fato de que o próprio pai a deu ao bastardo que a violentou. — Micah xingou. — Ela se lembrou dele. Essa foi a razão pela qual ele a colocou na clínica particular. Quando ela despertou, ele estava lá e ela se lembrou, então foi trancada e sedada, colocada fora do caminho para que não pudesse revelar quem ele era.

— Muito estranho. — Jordan comentou. — Nem mesmo Emily Stanton se lembrou exatamente o que tinha acontecido até que Jansen a raptasse novamente. Foi necessário um catalisador, e ainda assim a memória não voltou. Segundo o psicólogo, as memórias de Risa são surpreendentemente intactas.

— Intactas o suficiente para alguém se arriscar a morrer a atacando. — Micah afirmou, a voz mais dura, mais fria, do que antes e selvagem o suficiente para perfurar o nevoeiro que ainda cobria em volta da cabeça de Risa.

Ela pode ouvi-los. Pode sentir a tensão em Micah, ouvir a morte na voz quando ele falou do médico que o pai dela havia levado à clínica com ele. O médico não gostava de ir. Ele estava zangado. O pai dela havia rido dele, porque ele o tinha forçado a vir, injetá-la com o que ele chamava de sua criação. Mas a criação não tinha trabalhado como eles queriam de maneira nenhuma. Era doloroso. E cada vez que Jansen chegava, Risa tinha tentado lutar para sair da cama, escapar deles.

Ela me conhece. A voz crepitou na cabeça dela. Ela pode me identificar.

Ela o viu. Tinha olhado diretamente para ele. Mas a visão era nebulosa, a mente estava drogada, lenta. Quem era ele? Se ela o conhecia, deveria reconhecer a voz, ela deveria reconhecê-lo se o visse novamente.

— Eu o conheço. — Ela sussurrou contra o peito de Micah.

O silêncio encheu a cabeça dela então.

— Posso identificá-lo. — Ela sentiu os braços de Micah se apertando em volta dela. — As mãos dele são tão suaves. Como um bebê. Mãos grandes, largas e escoriadas. Mas as palmas são tão suaves. — Ela se sentia como se estivesse longe, à deriva, e lutasse para voltar atrás, à consciência. Tudo o que ela sabia, Micah tinha de saber, ela entendia isso. — Mas não posso ver seu rosto. — Ela suspirou. — Tenho tanto sono, não posso ver o rosto. — A voz dela diminuiu.

Micah queria xingar. Ele pôs a testa contra a dela e manteve os olhos firmemente fechados por um longo tempo antes de tocar os lábios na testa dela.

Força. Ele pode ouvir a força na voz dela. Ela tinha sido apanhada em uma armadilha em algum lugar entre a memória e a realidade, e ela lutava para se lembrar de ambos. Ele sabia os efeitos da droga, sabia que os poucos que não foram totalmente afetados eram atormentados pela qualidade das memórias.

Ela foi forte o suficiente para lutar com elas, assim como foi forte o suficiente para lutar com Orion quando ele tentou levá-la. Muito forte quando despertou na clínica, ela se agarrou ao controle, tentou reter a histeria, e permaneceu coerente.

— Eu o quero morto. — Micah sussurrou contra a testa dela antes de levantar a cabeça para olhar para Jordan. — Matarei aquele bastardo que ajudou Jansen Clay eu mesmo.

— Para matá-lo, você tem de identificá-lo. — Jordan o advertiu, irritando-o. — Temos de pegar Orion vivo se quisermos identificar alguém, Micah. Você sabe disso.

Os lábios dele afinaram enquanto erguia Risa para mais perto e olhava as luzes da cidade enquanto eles iam de volta para o apartamento dela em vez do hotel que ele teria preferido. John tinha verificado o apartamento, nada de escutas. A equipe vigiava o corredor que levava a casa, e os dois homens foram colocados na sala. Nik ainda trabalhava nos CDs de vigilância do estacionamento na tentativa de compreender como Orion havia passado por sua defesa no carro.

Eles estavam perto, Micah podia sentir. Orion havia cometido seu primeiro erro. Agora eles tinham o DNA dele e tinham mais memórias de Risa do que em qualquer momento anterior.

Quase lá, Micah pensou, acariciando a mão de cima a baixo nas costas dela. Eles pegariam Orion, e quando o pegassem, pegariam também seu empregador. Somente um pouco mais de tempo e então Risa estaria segura.

E quando ela estivesse segura, ele sairia da vida dela e a deixaria com o futuro que ela merecia. Aquele onde ela poderia arquitetar os seus sonhos e ir atrás deles. Onde ela não conheceria mais o medo, ou o perigo.

Ela estaria segura.

Ele se asseguraria de que ela sempre fosse protegida e ele começaria, ele pensou, tentando tirá-la desse jogo imediatamente. Neste ponto ele poderia enviá-la a uma casa segura. Havia sempre a possibilidade de que se Orion não a visse indo e vindo do apartamento, suspeitasse que ela estivesse se escondendo no interior e que ele fizesse um movimento para pegá-la quando pensasse que Micah estava longe. Movê-la para uma casa protegida asseguraria que a sua vida, os seus sonhos, sobreviveriam.

Mas uma mulher não pode ter sonhos com um homem morto, ele se lembrou. E Micah Sloane não era mais do que um nome emprestado a um homem que havia morrido há anos.

David Abijah não existia mais. Ele havia cedido sua alma pela vingança. Ele tinha perdido o direito de sonhar.

 

Ela ia morrer de excitação.

Risa olhou para o teto enquanto acordava, sabendo que os dedos empurravam para baixo a calça do pijama, no processo da procura de sua própria satisfação enquanto lutava para sair do sonho explícito que tinha enchido sua cabeça enquanto dormia.

Ela virou a cabeça lentamente, mordendo o lábio quando viu o contorno de Micah que dormia junto dela. Ele estava deitado de costas, um braço abandonado perto da cabeça, o lençol sobre a cintura.

A respiração era constante e profunda, claramente ele dormia. O abdômen duro e o peito levantavam ritmicamente, a respiração pesada e profunda. A escuridão amava seu corpo. O sombreado deslizava por cima dele e o fazia parecer maior e mais sexy do que já era.

Ela queria tocá-lo. As mãos tremiam com a necessidade, os dedos temiam enquanto ela os colocava contra a barriga para conter a necessidade.

Ela era pior do que uma ninfomaníaca, ela se cobrou em uma tentativa de se envergonhar de olhá-lo enquanto ele dormia.

A libido dela se alegrava com a acusação. Deus, ela não podia se lembrar de alguma vez estar assim tão quente. Nem mesmo na noite em que ela havia se humilhado na cama com ele ela esteve assim.

Ela ia sair da cama e mudar de calcinha se não fizesse algo.

Pense em alguma outra coisa. Algo completamente nada sexy. Ela não podia pensar em nenhuma outra coisa além da necessidade de tocar Micah.

Tratamento de canal. Os instintos de sobrevivência profundamente arraigados deram pontapés com isso. Mas inferno, ela nunca tinha feito um tratamento de canal, como isso a ajudaria?

Virando lentamente, ela avançou lentamente em volta até que teve uma visão mais ampla do corpo magnífico. E era magnífico. Todo musculoso e com elegância masculina. Ela queria fluir por cima dele e lamber cada centímetro de seu corpo.

Ela era tão demente, pervertida, ela disse a si mesma enquanto estendia a mão para tocá-lo, se perguntando se somente um ligeiro toque o despertaria. Somente sentir a pele. O calor dele contra a palma.

Ela se impediu. Afinal, ela não queria se sentir como se o molestasse durante o sono. Mas caramba, ele estava na cama dela. Essa era a cama dela, e ele fingia ser seu amante.

A boceta dela apertou firme e violentamente com o pensamento de Micah ser seu amante. A memória daquela noite a fez bater na mente, e ela quase gemeu com a necessidade que correu pelo corpo.

Os dedos trêmulos tocaram o abdômen dele, os pelos crespos que estavam embaixo do lençol. Eram sedosos, quentes. A pele abaixo parecia flexionar, ela olhou rapidamente o rosto dele.

Os olhos ainda estavam fechados. A respiração ainda era lenta e fácil. Ela não teve coragem de verificar a batida do coração, ver se era lenta e fácil ou trovejante, como ela sabia que ficava quando ele estava excitado.

Ou quando ela estava?

Os dedos dela se moveram, deslizando pelo peito, o coração na garganta com a batida difícil e pesada ecoando contra a palma antes mesmo de atingir o peito dele.

Os olhos dela se fecharam por um longo segundo. Quando os abriu, o olhar atento dela escorregou da mão, desceu pela barriga, a barraca do lençol cobrindo as coxas. Ela podia ver o membro duro e pesado sob o tecido leve, estendendo-se para a barriga e enviando um pulsar de pura luxúria queimando nas veias dela.

Ele estava acordado. Ela sabia que estava, ela podia sentir. Cada músculo no corpo estava mais apertado agora. Erguendo o olhar, ela percorreu o rosto dele novamente e viu o brilho dos olhos pretos pelo véu estreito dos cílios.

Ele não disse uma palavra. Ela viu quando ele engoliu, os lábios se separando para respirar.

Deus, ela queria. Somente mais uma vez. Ele a torturou dormindo na sua cama. Em algumas noites ele rolou contra ela, a maior parte das noites ele a tocava. Ela deveria resistir? Ela tinha que virar um robô completamente frio que não sentia desejo? Que não sentia necessidade?

— Sinto muito. — Ela sussurrou, de repente embaraçada, envergonhando-se das necessidades que a invadiam tão ferozmente que havia feito com que ela acabasse tocando o corpo dele durante o sono.

A mão dela ergueu para se afastar dele, apenas para se achar presa em um pequeno espaço entre o corpo e a mão dele. Ela fitou a mão dele que cobria a dela, vendo com olhos arregalados enquanto ele a usava para empurrar a dela para baixo, ao longo de sua barriga. Ela engoliu com dificuldade, quase gemendo quando o lençol se afastou das coxas dele e ele enrolou os dedos dela em volta da carne grossa e pesada do membro.

Ela gemeu então. O som que deixou a garganta tinha tanta fome que a surpreendeu.

— Sinto muito. — Ela sussurrou novamente, mesmo que os dedos estivessem em volta da carne pulsante... — Oh, Deus, Micah. Eu não sei o que fazer. Não sei como. — A respiração deu uma arfada quando ela tentou reter um soluço.

— Você não precisa saber nada. — A voz dele estava muito áspera. — O meu corpo é seu, Risa. Saiba apenas isso. Como você quiser tocá-lo, quando. Tudo o que você precisa, tem apenas que falar, amor, e eu te darei.

Ela queria chorar. Queria gritar pela frustração enquanto lutava para respirar. Uma parte dela queria exigir que ele somente a fodesse e acabasse com isso, expulsasse dela a necessidade para que ela pudesse pensar novamente. Outra parte dela não queria apressar esse momento único. Ela queria a recordação. Queria tudo.

A mão dela acariciou o membro, olhando a cabeça grossa e inclinada enquanto pulsava e brilhava com a umidade. As veias pesadas pulsavam abaixo da carne enquanto ele flexionava sob o aperto dela, ereto e potente.

— Eu queria saber — ela sussurrou dolorosamente. — Saber o que fazer.

— O que você quer fazer? — A voz dele era baixa, uma parte da escuridão, uma parte das sombras que amavam o corpo dele. — Diga-me, e eu a ajudarei. Eu a guiarei para o que você quiser de mim.

— Qualquer coisa?

— Qualquer coisa, Risa. — A voz dele parecia mais grossa, cheia de luxúria e fome. — Não há nenhuma vergonha entre nós, meu bem. Apenas prazer. Só o prazer que você quer.

Apenas o prazer que ela queria. Como se ainda estivesse trancada dentro do sonho, deixando a sensualidade, a sexualidade do momento a banharem.

Ela subiu, moveu para trás o lençol e saiu da cama. Sentindo o olhar dele fixo nela, conseguiu tirar a camisa longa que usava para dormir e logo dançou para fora das calças do pijama e da calcinha que havia vestido depois do banho.

Ela estava nua. O ar fresco deslizava por fora do corpo enquanto um tremor quente corria por dentro. Ela podia sentir a carícia dos olhos dele, viu o corpo se mover e flexionar enquanto ele erguia a mão para ela.

Silenciosamente Risa pegou sua mão, tremendo enquanto ficava de joelhos na cama, não resistindo ao puxão dele para tocar o seu peito duro, a outra, o abdômen firme.

— Posso fazer qualquer coisa. — Ela sussurrou, quase para si mesma, enquanto deixava a mão deslizar pelo corpo dele até agarrar ferozmente a carne ereta do pênis novamente.

— Sim. — A respiração dele pareceu assobiar dos lábios. — Qualquer coisa, Risa. Tome o que pertence a você.

O que pertencia a ela. Alguma vez algo havia pertencido a ela? Ela não podia se lembrar, mas este homem forte, poderoso, lhe dava seu corpo, como ela precisasse usá-lo.

— Eu quero. — Ela engoliu com força, erguendo o olhar atento para o dele. — Quero provar você, Micah.

Ela queria o pênis na boca. Queria sugá-lo, prová-lo, queria senti-lo pulsando entre os lábios. Ela queria deixar livre a criatura sexual que sentia crescendo dentro dela.

O Pó das Prostitutas ou a luxúria, ela não sabia, não se preocupava. Tudo o que ela sabia era que era somente para este homem. Apenas Micah fazia com que ela sentisse fome até morrer por ele, apenas Micah a deixava bastante valente para tentar estender a mão e pegar o que queria.

— Então me prove. — Ele cantarolou. — Prove-me, amor, e quando você terminar, será a minha vez de prová-la.

Risa se sacudiu quando sentiu um soco de resposta que encheu sua boceta. Os lábios nus estavam lisos, molhados, porém mais dos fluidos cobriam o local agora quando a necessidade dos lábios dele contra a carne dela estremeceu-a.

— Sonho com a sua língua contra a cabeça do meu pau. — A voz dele sussurrou pela noite enquanto ela se movia para ele. — Olhando você entre as minhas coxas, a sua cabeça abaixando enquanto você mantém o meu pau na sua mão. A sua língua sondando, lambendo ele.

Ela seguiu a voz sussurrada dele. Movendo-se entre as coxas flexionadas dele, ela agarrou a carne dura, pesada na base enquanto a ponta ia em direção aos lábios.

— Você é bela. — Ele gemeu, conseguindo empurrar o cabelo dela por cima do seu ombro. —Deixe-me olhar, docinho. Deixe-me vê-la lamber meu sabor.

Micah estava quase insano com a luxúria agora. Como ele conseguiu permanecer imóvel e não apressá-la, ele não sabia. Ele nunca tinha pensado que sua paciência seria testada até este ponto, que o seu autocontrole tentaria alguma vez explodir tão facilmente.

A língua dela parecia um golpe de fogo sobre a cabeça larga do pênis. A carne também sensível se moveu aos arrancos com o prazer, fazendo a cabeça dela elevar alarmada.

— Tudo bem. — Ele gemeu. — É prazer, Risa. Viu como eu gosto do seu toque, docinho? Mesmo o meu pau treme pela necessidade de você.

Um sorriso tentador pareceu tocar os lábios dela somente um segundo antes da cabeça abaixar novamente e ele ser forçado a sufocar um grito de puro êxtase. Quente e úmida, a língua deslizava pela pele, então dobrou embaixo da ponta, roçando na carne hipersensível na parte inferior da cabeça. Excelente. Nunca o toque de uma mulher tinha sido tão bom.

— Tão bom. — Ele teve de juntar firmemente os dentes para travar as palavras, era bom demais. — Risa, docinho.

Ele quase arquejou enquanto ela lambia, esfregava. Então, os lábios escorregaram por cima da cabeça do membro, tomando-o na boca e apertando quando ela começou a tentar sugá-lo.

Ele não podia suportar. As mãos fechavam nos lençóis embaixo dele. As carícias inocentes e a tentativa de chupar o deixavam louco.

— Lamba. — Ele respirou. — Use a sua língua, meu bem, enquanto me chupa. Ah, foda! — Ele quase perdeu o controle quando ela passou a língua exatamente no lugar certo, embaixo da cabeça bem larga. Ela roçou com a pequena língua curiosa, sugando com a boca quente, úmida, e a mente dele quase explodiu.

— Ah, Risa. — Ele gemeu. — Segura as minhas bolas, meu bem. O saco está apertado, mexa com eles, lento e fácil. Deixe os dedos brincarem, bebê. — Ele mal conseguia pronunciar as palavras.

Ele ensinava a ela cada movimento que destruía seu autocontrole e sabia. Aquele erotismo puro do momento a destruía. Ele estava ensinando a amante tudo o que ela não sabia. A inocência completa estava refletida no rosto bonito, no vislumbre dos olhos. A fome e a curiosidade iluminavam a expressão. A combinação era erótica. Mais sexy do que qualquer coisa que ele houvesse sentido alguma vez.

O gemido dela vibrou em volta da carne dele e ele teve de trincar os dentes, cerrar as mãos e apertar cada músculo no corpo para impedir de despejar entre os lábios dela. A boca esticada em volta da cabeça pulsante do membro, a pequena língua quente que pegou o jato de pré-sêmen que deslizou passando do controle.

Ele não podia aguentar mais. O corpo dele estava firme, empurrado ao limite enquanto ela habilmente brincava com os dedos nas bolas. O suor botou no corpo, corria pela testa. Ele se sentia torturado em chamas que eram o êxtase e o inferno combinados.

— Risa, docinho. — Ele gemeu, os quadris empurrando involuntariamente contra a boca, levando o pau mais profundo. Ele queria fodê-la. Queria enterrar cada centímetro duro do pau tão profundamente quanto podia dentro dela.

Ela gemeu contra ele novamente, afundou mais a boca, e ele silvou com o prazer extremo. Sem piedade, a boca virginal deixava-o louco. Nunca uma mulher o tinha provocado tão duramente. E ele não podia fazê-la parar. E ele não podia gozar ainda, não ainda, a boca ainda estava nele, e ela estava se divertindo muito.

Estava no rosto, na expressão, no vislumbre dos olhos quando ela arriscava um olhar de relance. Ela gostava de cada lambida, cada chupão, cada golpe dos dedos contra a carne, e não havia dúvidas de que sua intuição feminina sabia que ela estava despedaçando a defesa e os escudos que ele havia construído durante toda a vida.

Os quadris dele golpearam novamente. Ele sentiu as bolas apertando ainda mais, sentiu o ímpeto do calor elétrico correndo pela coluna.

— Risa, meu bem. — Ele gemeu. — Tenho um limite aqui. Se não parar eu vou me derramar nessa sua boquinha doce.

Ele viu o rosto dela, os olhos, e teve que abaixar a cabeça para tentar reter o impulso de jorrar dentro da boca quente agora mesmo. A expressão dela ficou mais sonolenta, mais faminta, enquanto os olhos cintilavam excitados.

A boca se moveu mais firmemente na carne, apertada, a língua esfregava e acariciava.

Ele não podia fazer isso, ele disse a si mesmo desesperadamente. Gozar na boca não era parte do acordo. Era uma intimidade para a qual ela não estava pronta ainda. Era algo que ele não poderia forçar. Ela não tinha ideia.

— Porra! — As mãos dele soltaram os lençóis e agarraram o cabelo dela. O controle estava partindo. Ele podia sentir o pulsar da ejaculação nas bolas, subindo pelo membro. — Risa. — Ele expirou rudemente. — Bebê. Você não está pronta para isso.

Ele tentou remover a cabeça dela da cabeça pulsante do membro. Os dedos apertaram no cabelo dela e ela gemeu. A língua roçou mais rápida, a boca chupou, e ele se rendeu.

Ele nunca teve o controle quebrado tão facilmente sob a boca de uma mulher. Micah gozava quando estava pronto para gozar, não quando o pau tomava a decisão. Mas esta noite a doce boca de Risa o empurrou acima do limite e tomou a decisão por ele.

— Risa. — A voz dele foi ruidosa, o protesto fraco quando a língua girou em volta da cabeça do membro. — Docinho, vou gozar. Não posso parar. — Os quadris dele apertaram, arqueando. — Porra. Risa!

Risa apertou a boca na cabeça pulsante do membro e sugou mais profundo, tão profundamente quanto podia tomá-lo. A língua tremeu sobre a pequena fenda no topo da cabeça, os dedos se moveram no saco. Ela queria o gozo. Queria prová-lo, se deleitar com ele. Queria manter esta parte dele para sempre.

A respiração áspera que ele deu junto com o nome dela foi um aviso. Não seria em vão, ela não perderia isso. Deus sabia que talvez ela nunca conseguisse achar coragem suficiente para fazer isso novamente.

As mãos dele puxavam o cabelo dela provocando pontadas no couro cabeludo, era outro prazer. A cabeça do membro sacudiu novamente, uma dura e violenta flexão da carne, então o primeiro jato de esperma chegou na boca de Risa.

O gosto era denso, salgado, sexy. Risa gemeu com o gosto e tomou mais. A boca trabalhou por cima da cabeça que pulsava enquanto o sabor masculino enchia seus sentidos e enviava chamas que balançavam pelo corpo. Ela tomou tudo o que ele tinha para dar, engolindo, trazendo mais com a língua ansiosa, e ela amou o tremor que tomou o corpo dele, o puxão das mãos no cabelo dela.

Ele estava perdido em sua liberação. Ela podia sentir isso, e ficou em êxtase. A feminilidade se ergueu com um grito vitorioso enquanto ela gemia com excitação crescente enquanto o último jato chegava à língua.

Ele era forte, poderoso, e naquele momento Risa sentiu que o reivindicava. O coração dela, a alma dela. Partes que ela não sabia que existiam dentro de si se ergueram. Feminina, cheia de uma força interior que ela mal reconhecia. Ela ergueu a cabeça, lambeu os lábios e viu quando ele ergueu os cílios escuros e a olhou de volta.

As mãos subiram, espalmadas na barriga, e se moveram até embalar os seios inchados, tocando os mamilos duros. Ela se sentia poderosa. Como se outra mulher vivesse dentro de seu corpo agora.

— Você é perigosa. — Ele resmungou, as mãos a alcançando.

— Sou sua. — Ela sussurrou, sentindo as palmas das mãos dele suando, os dedos trabalhando contra a pele sensível dos seios dela.

— Toda minha. — Ele concordou, subindo, sentando, os lábios se movendo entre os seios dela. — Venha a mim, seja minha, Risa. Por esta noite, toda minha.

Para sempre.

A cabeça dela inclinou para trás quando ele tirou a mão de um seio. A boca cobriu o mamilo duro, sugando-o para seu interior com um gemido faminto enquanto ela se apertava nos braços dele e gritava seu nome.

Ela podia sentir aquela carícia no corpo inteiro. A mão dela deslizava para a nuca dele. Com a outra mão ela acariciou a própria pele, seguindo as indicações dos dedos dele enquanto ele a ensinava a beliscar os mamilos e deixar o prazer mais quente, mais selvagem.

Sensações agitavam em cima e em volta dela. Risa perdeu toda a impressão de medo quando a excitação se tornou uma combustão de chamas que não deixou nada além do toque dele.

— Minha vez. — Ele resmungou.

As mãos dele agarraram os quadris dela, ergueu-a, logo a abaixou até que as costas tocaram a cama.

Risa tremeu quando ele estendeu as coxas abertas e se encaixou entre elas. A cabeça abaixou, não houve nenhuma hesitação nas ações, nenhuma prudência. A sexualidade dele, sua ordem, ardeu em volta dela até que ela estava arqueando, erguendo os quadris para a língua devoradora dele e pedindo mais.

— Brinque com os seus mamilos. — A voz era como uma carícia aveludada, brusca e sombria sobre os sentidos dela. — Deixe-me ver você se dar prazer, Risa. Tome o seu prazer, docinho. Todo ele.

Todo ele. Ela queria todo o prazer. Queria explodir nos braços dele muitas vezes. Senti-lo empurrando e gozando dentro dela.

— Micah! — Ela gritou o nome dele quando a língua mergulhou dentro dos limites molhados e sedosos de sua boceta.

Ele nunca tinha feito isso antes, não com a língua. Os golpes foram destrutivos nos sentidos dela. Ele ergueu uma perna, mantendo-a bem alto enquanto ele a fodia duramente com o veludo molhado de sua língua, raspava contra os nervos sensíveis e desestabilizava os sentidos dela.

Ela se contorceu debaixo dele. Ela sentiu a escuridão se infiltrando, se aproximando, e deu as boas-vindas a ela. Havia êxtase na escuridão, não temor. Na perda do controle havia um êxtase que ela nunca sequer imaginou.

— Mais — ela gritou, desesperada para senti-lo dentro dela. — Por favor, Micah. Eu preciso de mais. Mais.

Ela precisava senti-lo estirando-a, queimando-a com sua largura pesada, o comprimento do seu membro aumentando dentro dela. Ela queria isso agora. Não queria esperar.

Ele gemeu enquanto empurrava a língua dentro dela novamente, lambendo os fluidos que corriam dela como se o gosto dela o excitasse tanto quanto o gosto dele excitou-a.

— Micah. Por favor. — Ela se ergueu para mais perto, os dedos puxavam os mamilos agora, imaginando os lábios dele lá, os dentes os beliscando.

A cabeça dela afundava na cama e a transpiração cobria a pele. O quarto estava muito quente. Havia um calor ardente dentro e em volta dela.

Quando a língua dele deixou de circular nos músculos interiores para lamber o clitóris, ela jurou que enlouqueceria. Quando a boca cobriu o pequeno ponto duro e o sugou, ela explodiu.

A escuridão caiu sobre ela. Luzes brilharam nas trevas como tintas, em seguida irradiaram e explodiram em volta dela enquanto ela tentava gritar o nome dele.

Os quadris dela lutaram no aperto dele, e ela não conseguiu pará-los. As unhas cravaram na nuca dele, e ela não conseguiu se forçar a soltá-lo. Ela estava presa em um cataclismo que parecia não poder escapar.

Ela estava perdida na destruição dos próprios sentidos, segurando-se nele, mantendo-o para ela, exigindo, desesperada por cada gota de prazer que ela pudesse experimentar, cada toque, cada grito, cada faísca da liberação que estremeceu por ela até que ela desmaiou na cama, arquejando e precisando de mais.

— Agora — ela gemeu, olhando-o enquanto ele ficava de joelhos entre as coxas dela e se debruçava, alcançando a gaveta da cabeceira.

Onde ele guardava os preservativos que ele nunca tinha usado. Mas ele estava preparado.

— Não. — Ela pegou a mão dele, olhando-o fixamente quando ele a olhou surpreso, o olhar atento se estreitou. — Eu quero sentir tudo, Micah — ela suplicou. — Estou protegida, juro. Por favor, quero sentir tudo.

Ele gelou, olhando-a atentamente por muito tempo, momentos infinitos antes de relaxar.

— Você não testou a sua proteção, Risa — ele a avisou.

— Então teste você. — Ela sussurrou irregularmente. — Por favor, Micah. Eu quero tudo de você.

Nenhum preservativo, nada entre eles. Ela queria senti-lo jorrando dentro de sua boceta como havia feito dentro da boca. Ela havia se sentido selvagem, impetuosa. Ela queria tudo o que nunca tinha tido. Ela queria ser a mulher que desejava e estar nos braços de um amante. Nos braços de Micah.

— Você vai me matar. — Ele gemeu enquanto ela sentia a cabeça do membro pressionando contra ela. Era quente, pulsante e duro como ferro.

A respiração dela ficou ofegante quando ele a penetrou. Ela sentiu o calor da ereção, sentiu que a estirava, trabalhando nela.

Risa gemeu, abriu mais as pernas, e olhou.

— Isso, Risa — ele gemeu. — Sim, amor, me veja entrar em você. Veja como é doce você se abrir para mim. Como a sua linda boceta suga o meu pau para dentro de você.

As palavras explícitas dele foram demais. Risa ofegou quando sentiu uma mini-explosão dentro da carne que ele tomava.

— Oh, você gosta assim, não é docinho? — Ele a penetrou mais profundo. — Você gosta de ser safada, não é, meu bem?

Os lábios dela se separaram quando ela lutou para respirar.

— Você gosta de ver o meu pau te foder, bebê? Na próxima vez, eu a foderei com as luzes acesas. Você pode ver o que eu sinto? Os seus fluidos me banhando, brilhando em cima da minha pele. Porra, aposto que parece doce como inferno.

As mãos dela agarraram os pulsos dele enquanto as palmas dele apertavam embaixo das coxas dela, erguendo as pernas dela enquanto ele a penetrava mais e mais fundo.

E ela olhava. O quarto estava escuro, mas ela podia ver o suficiente. Podia ver os próprios fluidos brilhando na carne dele quando ele retrocedia. Então ele empurrava dentro dela novamente, mais fundo, mais duro.

— Sim — ela expirou roucamente. — Quero você todo, Micah. Tudo!

O corpo dele se apertou contra o controle dele. Ela podia sentir. Perceber.

— Mais fundo — ela sussurrou. — Foda-me mais fundo, Micah. Mais forte!

Os quadris dele ergueram, levando a ereção mais profundo, mais duro. Erguendo para ele, Risa gritou por causa do prazer que a consumia. Ela retrocedia e empurrava contra ele, os gritos rasgando pela garganta quando o ritmo que ele estabeleceu destruiu o autocontrole dela.

— Por favor — ela gritou, sentindo a adrenalina correndo nas veias, a necessidade violenta dando pancadas na boceta, pulsando no útero. — Por favor, Micah. Eu preciso. Agora!

Ele afundou o membro dentro dela, mais fundo e mais duro. Um relâmpago de prazer e calor a cegou enquanto ela arqueava, as unhas afundando nos pulsos dele quando a respiração dela ficou presa no peito.

Mais. Ela precisava de mais. Ah, Deus, ele tinha que fodê-la mais forte, mais fundo.

Ela sussurrava as palavras, incapaz de gritá-las.

— Foda-me. Mais forte. Mais fundo. — Como uma oração as palavras saiam da boca, e o controle dele quebrou.

Mais. Profundamente. Mais rápido. Os quadris a golpeavam, levando a ereção dentro dela até que sentiu a ondulação na boceta e em seguida o aperto. Os músculos do corpo começaram a endurecer.

Ele golpeou mais forte então, gemendo o nome dela, invadindo-a, acariciando os nervos ardentes, gritando pelo prazer.

Quando ela gozou, poderia jurar que o espírito saiu do corpo. Ela voava, explodindo em fragmentos quando ouviu o próprio lamento ecoando ao redor, se juntando com o gemido feroz de Micah quando ele empurrou dentro dela, enterrado completamente e cedeu ao próprio êxtase.

A sensação dele jorrando dentro dela enviava mais prazer, outro gatilho de orgasmo, que explodiu nela. Ela se arqueou para ele.

Ela sentiu Micah vir sobre ela, os braços a rodeando, atraindo-a contra ele enquanto ela tremia e estremecia pelos ecos do êxtase que inundavam seu corpo.

Ele a segurou apertado, uma âncora em uma tempestade com a qual ela deveria ter estado assustada. A âncora dela, ponto final. Ele a protegia, abraçaria. Pela primeira vez na vida Risa pensou que possivelmente tivesse a coragem, simplesmente para ser si mesma. Porque se ela caísse, Micah estaria lá. Os braços dele iriam segurá-la. A força dele poderia renová-la até que ela pudesse se fortalecer e estar sozinha novamente.

Pela primeira vez na vida, ela pensou que talvez soubesse, provavelmente, como o amor poderia ser na verdade.

Assim. Protegida nos braços dele, sem medo.

Confiança. Saber que ele nunca a machucaria.

Intimidade. Ela finalmente conhecia a intimidade. A risada dele, a confiança silenciosa nela. O despejar de sua semente dentro dela.

Pela primeira vez na vida, Risa se sentiu completa.

 

Jordan atendeu ao celular no primeiro toque, o olhar preso nas câmeras de vigilância colocadas no apartamento em frente ao de Micah e Risa.

—Jordan — ele respondeu ao telefonema.

—Nós precisamos de uma casa segura — a voz de Micah veio através da linha, pesada com remorso e algo mais que fez Jordan estremecer. —Eu a quero fora disso. Nós temos uma chance de convencer Orion de que eu estou simplesmente a mantendo no apartamento e a forçando a fazer seu movimento. Eu a quero fora de perigo.

Jordan desceu a mão pelo rosto.

—Foi isso o que o FBI pensou dois anos atrás quando descobriu que alguém estava apontando armas para a esposa de um senador. Ele matou o agente e os guarda-costas da esposa na casa segura. Ela acabou com os pulsos fatiados, Micah. Você sabe disto.

—O FBI não sabia com quem estava lidando — Micah discutiu. —Eu a quero fora disso, Jordan. Agora.

—As suas emoções a querem fora disso — Jordan declarou tranquilamente. —Você não pode deixar as suas emoções afetarem uma operação.

Jordan estava ciente de Tehya enquanto ela se sentava calada no sofá no outro lado do sofá dele, assistindo-o atentamente demais.

—Você vai me foder nisso, Jordan?— A voz de Micah era sombria, perigosa.

Em qualquer outra vez, Jordan teria definitivamente fodido com ele. Jordan estava no comando, não Micah. Mas neste caso Jordan tinha o pressentimento de que Risa teria mais a dizer na questão do que Jordan poderia oferecer.

Ele tinha visto os olhos dela naquela reunião com os advogados. Ela era mais forte do que todos estavam dando crédito. Risa queria saber os riscos, ela os pesaria e Jordan tinha a sensação de que ela daria a Micah uma briga que ele não tinha antecipado.

— Nós discutiremos isto — Jordan finalmente cedeu. —Estarei aí esta tarde. Deixaremos Risa saber o que ela está enfrentando e ver se ela está disposta a ir para a casa segura. Nós não podemos forçá-la; lembre-se disto.

—Ela irá. — A voz de Micah enrijeceu. Um segundo mais tarde o telefonema foi desligado.

Jordan fechou o telefone, colocou-o de volta na mesa, e assistiu aos vídeos de vigilância pensativamente.

—Ele tem uma fraqueza — Tehya disse tranquilamente. —Você não antecipou isto, não é, General Malone?

Ele deu a ela um olhar frio. Ele não era um General. Nunca tinha sido. O escárnio na voz o assegurava de que ela estava bem ciente disto.

—Ele se recuperará. — Jordan encolheu os ombros, mas sabia que não era assim. Ele tinha visto os olhos de Micah na limusine, viu como ele havia segurado Risa. O homem estava perdido. Tão preso no que sentia por Risa que não sabia diferençar o traseiro de um buraco no chão.

—Ele se recuperará?— Tehya perguntou enquanto girava uma mecha longa de cabelo vermelho ígneo. —Não se recupera do amor, Jordan. Uma vez que ele está lá, está para ficar.

—Ele não está apaixonado; está apenas com luxúria— Jordan discutiu, embora soubesse que não era verdade.

O riso suave de Tehya era cheio de escárnio.

—Você não acredita em paixão, não é?

—Não. — Ele não acreditava em paixão. Ele acreditava em instintos possessivos; acreditava em uma luxúria que às vezes era muito profunda. Era isso o que estava acontecendo com Micah, ele se assegurou. Apenas um excesso de luxúria.

—Então explique Noah — ela o desafiou.

—Noah era um Malone. Não há como responder pela loucura que corre na nossa família às vezes.

Noah um dia tinha sido Nathan Malone, sobrinho de Jordan Malone. Agora ele era Noah Blake, um dos melhores agentes que Jordan tinha. Noah também era o homem que havia reivindicado a esposa que um dia tinha conhecido, e uma alma que Jordan temeu que seu sobrinho nunca achasse novamente.

—Mas essa loucura não pode tocá-lo, certo? — Tehya assinalou.

Ele não tirou o olhar das fotos exibidas pelos monitores instalados.

—Você já me viu mostrar loucura?— Ele perguntou a ela ao invés de responder à pergunta.

Ela respirou fortemente.

—Homem de pedra — ela murmurou. —Não, Jordan, você nunca é louco.

—Então você respondeu a sua própria pergunta.

Agora ele tinha que compreender como convencer Micah de que ele não era louco, também. Porque, com toda a certeza, Micah estava caindo naquela cova escura e sentimental que os homens pareciam nunca conseguir sair depois.

Amor uma ova, ele pensou. Ele poderia arrancar a cabeça de Micah ele mesmo, porque não havia nenhuma dúvida em sua mente de que ela iria explodir antes desta missão estar acabada. E Deus ajudasse a todos se Risa não sobrevivesse à determinação de Orion de matá-la.

—Sim. — Tehya levantou, as longas e magníficas pernas enchendo a visão periférica dele enquanto a voz ecoava com raiva. —Eu respondi à minha própria maldita pergunta. Boa noite, meu chefe.

Ele não falou. Ele não deixou os olhos a seguirem, mas foi muito duro. Se alguma mulher havia sido criada para ser uma fraqueza, então essa era Tehya. E Jordan prometeu a si mesmo, nenhuma fraqueza.

 

Pela primeira vez na vida, Micah sentiu o conhecimento de que seu coração estava em perigo. Olhando fixamente na luz escura do quarto enquanto o amanhecer filtrava pelas cortinas pesadas, ele sentiu o aperto no tórax com emoções que ele não estava completamente certo de que estava pronto para enfrentar.

Dobrada aquecida e morna contra seu tórax, Risa dormia, exausta e repleta. O corpo ajustado ao dele, suave onde ele era duro, tenro onde o corpo dele era firme.

Ele acariciou com as mãos as costas nuas dela, sentindo o calor dela, a carne tenra, a sedosidade da pele. Como se ele nunca tivesse tocado o corpo de uma mulher antes, ele se luxuriava com a sensação. Ele tinha cada mergulho e curva do corpo dela na memória, e se lembrou de que homens mortos não devem sonhar.

Essa era uma das regras.

Homens mortos não falam.

Homens mortos não sonham.

Homens mortos não amam.

Homens mortos não têm famílias.

Homens mortos não têm memórias.

E homens mortos definitivamente não podem ter uma fraqueza.

Micah tinha uma fraqueza. Uma fraqueza pequena, bonita e apaixonada que ele temia poder se tornar a destruição de sua alma.

Uma vez, há muito tempo, Micah tinha se imaginado se acomodar e ser um amante e marido poderiam ser uma parte de seu futuro. Até seis anos antes.

Até que ele desobedeceu à ordem que havia descido pela cadeia de comando nos graus do Mossad. A ordem que Orion estava fora de seus limites. Todas as investigações da identidade dele deveriam ser detidas.

Aquela ordem havia descido apenas semanas depois da morte da mãe de Micah. Era uma ordem que ele e o pai tinham sido incapazes de seguir. E os dois tinham morrido por causa disto.

O pai nas mãos de um homem-bomba suicida.

Micah, ou David como ele tinha sido, tinha morrido quando a bala de Orion tinha vazado por sua têmpora e ele tinha se jogado do navio mercante para o qual ele tinha ido seguindo o assassino.

De alguma maneira, o homem que Micah havia sido havia traído a si mesmo. Ele havia cometido o engano de ligar pedindo reforço com a localização de Orion. Orion o achou ao invés.

Agora, Orion ameaçava a mulher que tinha conseguido abrir caminho até o coração de Micah, quando ele tinha jurado que não havia um coração para alguém entrar.

Homens mortos não têm fraqueza, ele se lembrou. Ele era um homem morto, parte da Unidade de Elite Operacional que havia na escuridão mais profunda do que a operações negras, independente da interferência do governo.

David Abijah não mais havia. A identidade Micah Sloane podia ser terminada a qualquer hora e um novo nome, uma nova identidade, poderiam ser criadas. Uma relação, especialmente casamento ou família, nunca poderiam sobreviver à pressão.

A mão dele ergueu para tocar o cabelo dela, a mandíbula apertou com o calor sedoso das mechas espessas. Nada, nenhuma outra mulher, tinha sido tão morna em seu abraço, nem tão perfeita.

—Ninguém nunca me segurou assim. — A voz dela era suave no crepúsculo, um sussurro de temor que o fez piscar de volta quando uma maldita umidade estranha surgiu nos olhos.

Sua Risa nunca tinha sido segura no abraço de um amante, e ela havia nascido para ser protegida por um homem, apreciada.

—Você poderia ter escolhido os seus amantes — ele disse a ela, sabendo que era verdade. —Mas eu não direi que sinto muito por ter sido o primeiro.

Ele girou para ela, segurando-a contra ele enquanto olhava fixamente para seu rosto erguido.

O sorriso que enrolava os lábios dela era um pouco descrente.

—Eu não sou exatamente bonita, Micah.

Ele fez uma carranca com a declaração dela.

—Isto não é verdade, Risa. Você acha que eu iria firme atrás de você se você não fosse atraente? Eu mal posso caminhar com o meu pau duro me torturando.

Algo cintilou nos olhos dela. Uma extremidade de desejo, talvez a mínima sugestão de convicção de que ela realmente fosse bonita.

—Você é estranho — ela declarou com uma sugestão de diversão. —Sua opinião não conta.

—Minha opinião é a única que conta. — Os braços dele apertaram ao redor dela enquanto ele empurrava o pau contra a junção de suas coxas sedosas. —Meu pau é o único que importa, porque ele é o único nesta cama.

—Isto é verdade — ela concordou solenemente então. —Só você.

Ela acabaria fundindo a mente dele antes que isto estivesse acabado. Ele acabaria machucando-a antes do dia ter terminado.

Ele já tinha se resolvido do que teria que fazer para terminar com esta operação em particular.

—Lembre-se disto, Risa. — A mão dele apertou o cabelo dela enquanto ele a segurava pela nuca. —No futuro, quando você tomar outro amante, lembre-se, sua beleza é insuperável. É forte e sábia, uma beleza que vai claro até a sua alma. Lembre-se disto, e quem te ver saberá isto também.

O pensamento dela tomando outro amante o fez querer ser violento. Ele teria que marcar Atlanta como um lugar longe de seus treinamentos, ele se advertiu. Ele nunca mais poderia vir para a cidade sem olhar por ela. E ele nunca poderia controlar a ira se visse outro homem tocá-la.

—Quando eu terei outro amante?— Ela perguntou, quase pensativamente. —Você não pretende ficar por perto algum tempo, não?

—Você ficará segura logo. E não precisará de mim depois disto. — Ele manteve o tom de voz casual, manteve o remorso furioso e a fome interminável de refletir sobre isto.

Micah sentiu a respiração dela prender, sentiu a tensão apertar o corpo enquanto ela olhava fixamente de volta para ele.

Ele não podia dizer a ela que a mandaria para longe, não ainda. Ele não podia se forçar a dizer as palavras, não podia forçá-las a passar pelos lábios.

—Entendo. — Ela ainda estava deitada contra ele. Micah não podia sentir raiva nela, ou até mesmo dor. Ela estava perfeitamente composta; o que quer que ela pudesse estar sentindo estava perfeitamente escondido.

E isso o enfureceu.

Ela estava se escondendo novamente, até mais do que ele fazia. Empurrando as emoções tão para dentro que até Micah não podia senti-las.

—O que você entendeu?— Ele não pôde evitar e fez a pergunta.

—Que seria melhor eu apreciar o tempo que tenho com você então — ela disse tranquilamente. —Da forma que você queira gastar esse tempo.

 

Risa se sentia como se fosse quebrar por dentro. Ela disse a si mesma durante a última semana que Micah não era nada para ela. Ele era apenas um homem que fazia com que ela se sentisse querida. Um que não ficaria por muito tempo. Ela sabia que ele não iria ficaria ao redor depois que Orion estivesse acabado.

Mas, talvez, uma parte dela desejasse. Talvez existisse uma linha frágil de emoção, algo se construindo dentro dela, que ela não queria reconhecer até agora.

Não era tanta coisa assim; ela sobreviveria bem quando Micah se fosse. E ela estava mentindo para si mesma. Ela sabia que estava, mesmo enquanto o pensamento se movia pela mente.

—Eu sei como quero passar meu tempo com você — a voz sussurrou vinda das sombras do deserto. Era raro um pouco de sotaque deslizar livre. Raro que a cadência esquisitamente fluida tivesse permissão de acariciar os sentidos dela.

Ela estremeceu com o som, com o intento que de repente apertou seu corpo.

Risa lambeu os lábios nervosamente, mas por que ela estava nervosa, não estava certa. Ela não deveria se sentir assim. Ele a havia tocado muitas vezes, ele a havia tomado não mais do que algumas horas antes, e ele tinha mostrado beleza e prazer no toque que não havia trazido nada além de dor no passado.

Ele estava levando o passado dela para longe, ela percebeu. Enquanto erguia a cabeça, os lábios separando para o beijo, ela deixou o calor do toque dele tomá-la.

Ela não estava acostumada ao corpo dele ainda, ela disse a si mesma quando a palma da mão dele se movendo para o seio a fez prender a respiração em excitação crescente. Ela estava certa de que após mais algumas vezes não seria tão cataclísmico, não é?

O beijo dele seguramente não roubaria sua respiração cada vez que ele a beijasse por semanas sem fim.

Ou roubaria?

Um gemido deixou os lábios enquanto ela arqueava contra ele, sentindo a palma da mão no seio, o indicador e o polegar achando o cume duro do mamilo e o agarrando em um vício aquecido.

Não havia nenhum lugar melhor para se perder. As sensações ainda eram um pouco assustadoras, um pouco surrealistas. Como se este prazer fosse proibido, e ela soubesse que estava tendo permissão de apenas alguns momentos de tempo roubado.

—Minha Risa — ele sussurrou contra os lábios dela enquanto rolava e a encobria.

Ele era um esboço escuro sobre ela, sob a luz lânguida do amanhecer que mal passava pelas cortinas espessas que cobriam as janelas. Ele era uma sombra morna sobre ela, ao redor dela.

Ele tinha dito que ela era dele, e ainda assim ele falava em deixá-la.

Mas ele estava aqui agora. Ela podia memorizar o gosto e a sensação de sua carne. Ela podia deixar a batida rápida do coração dele cair dento dela, assegurá-la.

—Sua. — Ela não pôde segurar a palavra de volta enquanto os lábios dele acariciavam o pescoço dela, acendendo chamas sob a pele enquanto ele se movia em direção aos seios. —Micah — ela suspirou o nome dele, e se ergueu para ele enquanto a língua deslizava sobre o mamilo. —Toque-me.

Ela amava o toque dele. Sentir as mãos se movendo sobre o corpo, abrindo as coxas. A lima dos pelos do corpo dele contra a carne sensível dela, os lábios, dentes e língua atormentando a ponta dura do seio.

—Eu amo te tocar, Risa. — Ele ergueu a cabeça, os olhos pretos reluzindo na escuridão. Um cintilar de calor, luxúria e prazer que enviou uma excitação de sensualidade excitada apressada por ela.

Ele a queria. Ela podia sentir isto.

O membro dele estava apertado na junção das coxas dela, apertado contra o broto tenro do clitóris enquanto as pernas dela se abriam mais para ele.

—Olhe o quão bonita você é. — Ele se debruçou para trás, abrindo bem as próprias pernas entre as dela enquanto as mãos emolduravam os seios e os erguiam para a visão dela. —Linda, com doces mamilos. Eles estão duros e apertados para mim, Risa. Ávidos pelo meu toque.

As mãos dela tremiam enquanto ela estava nos braços dele, olhando fixamente para ele. A expressão era cheia de intento com prazer, como se tocá-la fosse mais do que um ato sexual.

Ela estava se enganando com as sensações, e não se importava. Ela tinha ficado tanto tempo sem toque, sem emoção, que precisava dessa ilusão. Ela precisava sentir que era mais do que apenas sexo para ele, mais do que apenas um corpo morno e disposto.

—Risa, você me faz perder a cabeça — ele gemeu enquanto ia para trás.

Ele abaixou a mão e agarrou a base do membro, movendo-o até que o deslizou pelas dobras lisas e ricas com a umidade do sexo dela.

Risa gemeu com prazer nascente enquanto sentia o corpo se preparar ainda mais, sentindo a boceta ficar mais molhada, mais lisa para a penetração.

Os olhos largos, a respiração severa no silêncio do quarto, ela assistiu enquanto a cabeça larga e brilhante ia mais fundo contra a dobra atormentada da entrada de sua vagina.

Ela estava cheia de desejo; uma necessidade inflamada ecoando entre as coxas enquanto ela o sentia trabalhando dentro dela em punhaladas lentas, firmes. As mãos se moveram para os quadris e ele a ergueu ao longo do declive de suas coxas superiores, apertando mais fundo enquanto gemidos saíam dos lábios dela.

A sensação da cabeça larga e quente do membro dele abrindo entrada dela era primorosa. Ela podia sentir os músculos estirando, a carne o envolvendo, revelando as terminações nervosas que estavam, caso contrário, escondidas. Elas não estavam escondidas mais. Estavam reveladas, pulsando com consciência e tão sensíveis a cada golpe que fazia com que ela clamasse em prazer.

Ela se ergueu para ele, assistindo enquanto a ereção aliviava para o lado de dentro, voltava e via os fluidos cintilando na carne pesada antes de ele a penetrar uma vez mais.

Ele se balançou contra ela, nela. Ele a encheu até que ela estava incerta de que estava cheia demais, apenas para convencer seu corpo a tomar mais, se mover contra ele, se aliviar para ele.

—Vê como é bonita, Risa?— Ele gemeu, a voz pulsando com o poder da luxúria. —Eu quero tomá-la diante de um espelho. Quero que você veja o seu rosto enquanto eu trabalho dentro da boceta mais quente e apertada que juro que já conheci. — A voz dele apertava enquanto falava, ecoando com poder e prazer e enviando um raio de excitação pelo sistema dela. —Quero que você veja o quão linda é.

Ela estava agitando, estremecendo com o prazer, com o olhar dele, os olhos. Enquanto a luz lânguida da manhã começava a espiar pelas poucas ranhuras nas sombras e a brilhar na coberta da janela, parecia adorar o rosto dele com seus planos apertados e ângulos de seu corpo tomados de tensão.

Risa olhava fixamente para ele, os lábios separados enquanto lutava para respirar, sentindo a maravilha de seu toque, um presente que ela nunca podia ter imaginado antes de conhecê-lo. Ele deu a ela paixão, uma semelhança de autoconfiança, e o toque.

Afundando os pés na cama no lado do corpo dele, ela começou a se mover com ele. Empurrando com penetrações lentas enquanto gritos selvagens começavam a se construir em seu tórax. As ondulações lentas a estavam matando. Ela precisava de mais. Ela estava perto do orgasmo, tão perto. Se ele a tomasse mais duro, mais fundo, então ela podia achar sua liberação sem batalhar no véu de escuridão nos sentidos com tal choque de sensações que faziam com que ela saísse voando do corpo.

O desespero a tomava agora. Ela se forçou a segurar no braço dele, deslizou-o por seu corpo, e deixou os dedos acharem o broto inchado e atormentado do clitóris à medida que ele assistia.

—Risa malvada — ele respirou fortemente. —Você não tem permissão de trapacear, bebê.

Mas ele não a parou. Ele a assistiu. As mãos apertaram nos quadris, uma careta marcava a expressão, e o ritmo dele aumentou. As coxas juntaram com força, os abdomens banharam com transpiração, ele empurrou mais duro dentro dela, trabalhando o membro nas dobras desesperadas da boceta enquanto Risa clamava em abandono.

Ela não podia se imaginar fazendo isto. Se acariciar enquanto ele bombeava dentro dela ou imaginar a intensidade das sensações eróticas trovejando por suas veias.

Erguendo-se para ele, os quadris batiam e empurravam, os dedos acariciando mais rápido sobre o clitóris enquanto o membro dele batia dentro dela com golpes estirantes e ardentes.

Ela não podia lutar contra o prazer. Ela não podia lutar contra o véu de intento sombrio que passava apressado sobre ela. Juntavam em sua mente enquanto o prazer se tornava um inferno. Os dedos se moviam mais rápido no clitóris; o corpo apertava. As sensações rasgavam por ela até que ela estava batendo contra ele, os lábios separados enquanto um gemido saía e o clitóris explodia em prazer. O orgasmo correu pelo broto pequeno, então bateu em sua boceta, o útero. A escuridão correu sobre ela, então explodiu em uma cacofonia de luzes e gritos estrangulados.

O gemido de Micah correu pela mente dela enquanto ele se movia sobre ela. Os braços a envolveram, os cotovelos apoiando o peso. Os quadris aceleraram, a punhalada do membro dentro dela em golpes furiosos, duros, desencadeados em um segundo, quase brutal a seguir. Um xingamento duro e estrangulado rasgou dos lábios, e com uma punhalada funda ela sentiu a liberação dele. Estremeceu nas costas dele enquanto ela o segurava. Apertou os músculos dele e o prendeu dentro dela enquanto jato atrás de jato de sêmen aquecido inundava o sexo aos espasmos dela.

Risa estava certa de que devia ter se esquecido de como respirar por longos segundos. Ela estava ofegando por ar enquanto a realidade começava a tomar sua mente uma vez mais. Ela se segurava nele, os braços e as pernas o envolvendo, segurando-o no lugar enquanto ele empurrava contra ela pela última vez.

Lentamente, enquanto a tensão aliviava de seu corpo, as pernas deslizavam dos quadris dele. Os braços permaneceram ao redor das costas dele, desejando que ele ficasse por apenas mais alguns segundos. Que ele a cobrisse e a deixasse sentir a falsa sensação de pertencer que se movia por ela.

Ela se sentia como se pertencesse aqui, nos braços dele, e ela sabia que realmente não pertencia lá. Risa nunca havia pertencido a lugar algum.

 

Orion olhou fixamente para o número no celular e fez uma careta antes de atendê-lo. O bastardo tinha tentado esconder seu número, como se isso pudesse mudar o fato de que Orion conhecia sua identidade.

—Alô?— Orion fingiu não saber quem o estava chamando.

—Eu vi as notícias de ontem à noite. — Culta, refinada, a voz de seu empregador gotejava com sarcasmo. —Parece que houve uma tentativa de sequestro, pelo que vários motoristas viram, na interestadual. As câmeras de segurança no viaduto mostraram o fiasco inteiro com cada maldito detalhe.

Orion estremeceu.

—Ninguém pode me identificar. Eu me certifiquei disto.

—Estou me lixando se você pode ser identificado — o empregador dele grunhiu furiosamente. —Você falhou.

—O namorado dela tinha uma arma — Orion retrucou. —Você se esqueceu de me informar que ela está dormindo com um maldito Navy SEAL. Chegar a ela não é tão fácil.

O que diabo este bastardo sabia sobre o trabalho dele? Ele o forçava a ter resultados imediatos, sem compreender que matar como Orion fazia exigia planejamento e detalhamento severo. Não era de uma hora para outra.

—Um cachorro não foderia a cadela feia — o empregador dele disparou de volta. —Tem que ser um guarda-costas ou algo do tipo. Você se deixou ser pego.

Orion se encolheu com a acusação.

—Eu nunca me deixo ser pego, meu amigo, e você sabe muito bem disto. Confie em mim, ele é namorado dela. — Nas poucas vezes que Orion havia conseguido pegar um vislumbre deles, soube que eram amantes. Amantes recentes. Ela ainda estava tímida com ele, ainda nas tentativas, mas ela estava definitivamente dormindo com o homem.

—Ele é amigo daqueles SEALs cujas esposas são amigas dela — Orion respirou roucamente. —Pegá-los de guarda baixa não será feito depressa agora, e eu te culpo por isto. Eu te disse que era muito cedo para tentar levá-la. Essa foi a sua tentativa de plano. Eu seguirei meu próprio plano daqui em diante.

Houve um silêncio efervescente através da linha então. Orion conhecia bem seu empregador, e sabia que o outro homem detestava fracasso de qualquer tipo.

—Orion, escute-me bem — ele rosnou então. —Se aquela cadela se lembrar de quem eu sou antes de você levá-la, então se lembre de que eu posso lidar com qualquer agência na tentativa de me prender. Minha reputação e vida serão atiradas no inferno, mas a sua identidade será revelada. Eu darei a eles a chave e o local daquela pequena caixa de depósito seguro que eu tenho, e você estará morto. Estamos entendidos?

Orion enrijeceu. Ele estava cansado de ser ameaçado com aquelas fotos e as informações que este homem mantinha. Tinha sido há anos, quando Orion teve a sua primeira aventura em sua presente ocupação. Ele era amigo deste homem, o que não tinha sido um movimento muito sábio.

Muito tempo atrás. Tinha sido uma das primeiras tarefas de Orion com a CIA. O cientista com o qual ele estava trabalhado tinha uma sede particular por meninas jovens. Naquele tempo, o cientista tinha escolhido mulheres que pareciam e fingiam ser muito mais jovens do que eram. Infelizmente, uma daquelas mulheres tinha ameaçado o expor.

Orion tinha cuidado da mulher de forma que toda a suspeita tinha sido para longe do cientista. Mas o homem queria assistir. Orion tinha desejado se exibir. Ele não tinha nenhuma ideia de que havia uma câmera escondida tirando fotos do evento.

Fazia mais de duas décadas, mas Orion sabia que suas feições não tinham mudado tanto desde aquela época. Ele tinha envelhecido, mas seria facilmente identificado pelos programas de envelhecimento atualmente disponíveis.

Ele teria que achar um jeito de recuperar aquela evidência, e então teria que matar seu empregador. O filho da puta estava ficando muito convencido, muito arrogante, de qualquer maneira.

—Estamos muito entendidos — Orion disse friamente. —Eu aceitei o trabalho. — Ele realmente não teve escolha. —Eu te disse, eu me certificaria de que ela estivesse morta antes de ela se lembrar de qualquer coisa. Eu cuidarei disto.

—Certifique-se que faça mesmo — o empregador retrucou. —Ou eu cuidarei de você.

A linha desconectou enquanto Orion prensava os dentes em fúria e batia o telefone ao lado na cama. Ele encarou os próprios pés. A bala tinha atravessado, ele teve um osso quebrado e uma porra de buraco no pé. Ele estava ferido agora, e puto.

Pegando os analgésicos que tinha feito seu manipulador obter (ele não podia se arriscar que seu empregador soubesse que ele estava ferido), Orion pegou dois, engoliu-os com água, e jogou a cabeça para trás antes de respirar profundamente.

Ele ficaria descansando por uma semana, talvez duas. Se a cadela não tinha se lembrado de nada até agora, então as chances eram de que ela não se lembrasse durante o tempo que levaria até o pé dele curar. Daria tempo ao namorado SEAL ficar um pouco complacente.

Orion fez uma carranca ao pensar no outro homem. Ele parecia ser um cara de boa aparência pelo que Orion pôde vislumbrar.

Ele estudou as fotos que tinha tirado dela antes e depois do SEAL entrar em cena. Aquelas fotos mais antigas eram diferentes. Ele estava trazendo algo dela para fora que Orion não esperava - algo que fazia com que ela parecesse diferente.

Quem diabo era ele?

Micah Sloane era apenas um nome. Um SEAL da Marinha de acordo com os registros que o empregador de Orion havia conseguido obter. Trinta e dois anos, ele tinha passado os últimos dez anos no Oriente Médio e agora estava de licença da Marinha por uma quantia não especificada de tempo por razões médicas.

Orion conhecia suas estatísticas, seu registro naval, que não era exatamente perfeito. Micah Sloane gostava de ser um pouco insubordinado com seus oficiais comandantes. Ele mal tinha se safado no passado pela corte marcial uma vez.

Ele era nascido na América, porém. Os pais estavam mortos. Nenhum irmão. Não havia muitas informações sobre ele. Ele tinha uma avaliação de crédito decente, alguns pagamentos atrasados no carro que Orion tinha totalizado para ele. Havia uma poupança lamentável, um apartamento em Atlanta. Nada notável. Ele era o típico cara bonzinho e charmoso e estava deixando Orion puto.

Mas havia uma informação que deu esperança a ele. O Sr. Micah Sloane gostava da vida noturna. Gostava de clubes e bares e era conhecido por frequentá-los frequentemente. Ele estaria entediado, ficaria inquieto. Ele pensaria que podia proteger sua mulher uma noite aqui e outra ali se eles saíssem.

Orion bateu os dedos contra a perna enquanto os analgésicos finalmente começavam a aliviar pelo corpo. Risa seria mais fácil de tomar então. Orion apenas ficaria à espera durante algum tempo. Esperar. Observar. Então, quando o Sr. Sloane começasse a levar sua nova amante para sair, Orion poderia atacar.

Dará certo, ele se assegurou mesmo enquanto começava a ficar sonolento com o medicamento. Ele podia fazer este trabalho. Apenas era necessário um pouco de paciência. E ele tinha bastante paciência.

Girando a cabeça, ele se focou no retrato de seu alvo. O do centro comercial onde ela caminhava com seu novo amante. Para a mente drogada de Orion, o sorriso tentador da mulher, o clarão nos olhos azuis claros e a inocência da expressão eram reveladores.

Ela era bonita, ele pensou; então fez uma carranca. Eram os olhos dela que sempre o aborreceram, e naquele momento ele percebeu o porquê.

Ariela Abijah. Seis anos antes. A agente do Mossad que havia se recusado a implorar. O único trabalho que já o havia assombrado. A jovem mulher o lembrava Ariela. Ela tinha força. Coragem. Ela era uma sobrevivente e uma lutadora com uma aura de resistência que poucas mulheres possuíam. E por um momento, pela segunda vez na vida, Orion sentiu remorso.

 

Micah não gostou do fato de Jordan insistir que Risa estivesse presente na discussão de uma casa segura e o melhor lugar para movê-la. Ele sabia que o homem comandava a unidade operacional não concordava com sua opinião, e ele podia sentir uma punhalada de manipulação no movimento que Jordan estava fazendo.

Risa ficou quieta quando Micah e Jordan entraram no apartamento depois que Micah fez o esforço de manter a reunião em segredo com Jordan.

Ela estava sentada à escrivaninha trabalhando em documentos que tinham sido entregues para ela naquela manhã. Nik tinha aberto a porta, cauteloso, embora soubesse quem estava no outro lado, e foi para trás.

—Oi, senhorita Clay. — O sorriso de Jordan era tranquilo, e o bastardo estava fazendo o esforço para ser encantador. Micah rangeu os dentes em frustração com a visão.

—Sr. Malone. — Ela anuiu com a cabeça de volta para ele, porém o olhar dela foi para Micah. —Algo errado?

Nik fechou a porta, assistindo curiosamente. Micah queria advertir o homem para tomar notas de como Jordan poderia ser calculista.

—Nós parecemos ter um problema — Jordan admitiu. —Você se importaria de ir para a cozinha, onde todos nós poderemos conversar confortavelmente? E talvez eu possa convencer Nik a fazer para nós uma xícara de café.

Nik grunhiu, mas se moveu adiante deles para o outro cômodo, onde foi fazer o café que parecia a base da vida de Jordan.

Usando uma calça branca e um suéter suave cinza claro, Risa apareceu atrás deles, assistindo Jordan e Micah cuidadosamente.

Havia uma sugestão de confusão e medo nos olhos dela quando Micah pegou seu olhar. Ele quase fez uma careta.

—Tudo certo, Risa. — Ele não podia aguentar ver aquele medo nos olhos dela. —Nós estamos simplesmente considerando um plano alternativo desde a tentativa de Orion de pegá-la ontem. Jordan quer discutir isso com você.

—Certo. — Ela anuiu com a cabeça de acordo, mas os olhos ainda estavam cautelosos enquanto ela tomava uma cadeira.

—Nik fará o café em um minuto. — Jordan sorriu novamente. Micah odiava aquele maldito sorriso. —Nós lidaremos com isto tão depressa quanto possível para que assim possamos embarcar no trabalho e nos certificar de que você não esteja mais em perigo por causa das atividades de Jansen Clay antes de sua morte.

—Isso seria bom. — A voz dela era duvidosa.

—Nós iremos primeiro examinar cuidadosamente algumas coisas que você mencionou enquanto ainda estava sedada ontem à noite — Jordan anunciou enquanto Nik deixava uma xícara com café preto diante dele. —Você mencionou que se lembrava de algumas coisas sobre o homem que te estuprou. Você se recorda dessas memórias?

O tom de Jordan era verdadeiro. Ele não ficou dando voltas e Micah assistiu enquanto a abordagem parecia dar a Risa a distância que ela precisava para permanecer tranquila.

Ela respirou profundamente como se estivesse dando um passo para trás, mentalmente, pelo fato de ser o estuprador dela que eles estavam discutindo.

—Mãos grandes, suaves — ela disse vagamente. —Eu me lembro de sua voz; era muito culta, muito autocrática e arrogante. Ele queria Carrie, mas Jansen dizia que já a havia vendido. — Ela engoliu firmemente então. —Ele era um homem muito grande. Depois que eu fui transferida para a instituição que Jansen me colocou, ele vinha com Jansen durante as visitas que ele fazia. Jansen e meu médico discutiam sobre a droga que Jansen queria que eles usassem para me tranquilizar. O médico discutiu que o GHB acabaria me matando. Jansen não pareceu se importar. Então o médico apenas usava a droga quando Jansen fazia suas visitas. Caso contrário, ele usava algo que ele disse às enfermeiras que era mais aceitável.

—Halperidol. — Jordan anuiu com a cabeça. —Foi isso o que os médicos acharam no seu sistema quando você foi tirada da instituição pelo time enviado para te salvar.

Ela anuiu com a cabeça.

—O que você se lembra daquelas visitas que Jansen te fez?— Jordan perguntou.

Micah viu-a empalidecer.

Movendo-se atrás dela, ele colocou as mãos em seus ombros, incapaz de ficar longe dela, incapaz de deixar de fornecer um pouco de conforto enquanto ela era forçada a trazer aquelas memórias de volta.

Ela se escondia delas, ele sabia disto, e não a forçava. Se esta operação tivesse prosseguido como eles tinham antecipado, Orion teria sido capturado, o estuprador dela estaria em custódia, e ela teria ficado segura. Não haveria nenhuma razão para ela se lembrar.

—Eles estavam trabalhando em uma droga — ela sussurrou. —Eu não me lembro dos detalhes, mas deveria substituir o Pó das Prostitutas. Eles injetavam em mim e então assistam a minha resposta.

—E você se lembra da sua resposta?— Jordan perguntou.

—Eu me lembro. — Os ombros dela estavam apertados com a tensão que tomava o corpo.

—Jordan, isto não é necessário — Micah protestou.

Os olhos azuis de Jordan eram cortantes de volta.

—Mas é necessário, Micah — ele declarou, a voz fria. —Se ela se lembrar de qualquer coisa que possa nos ajudar a capturar seu estuprador, então nós nos asseguraremos de que ele não contrate outro homem para atacá-la assim que tirarmos Orion da equação. Que é a nossa missão secundária, lembra?

Oh, ele se lembrava, claro. Mas Risa atormentada não parecia ser um modo aceitável de se pegar o bastardo. Orion sabia quem seu empregador era, de acordo com o contato deles.

—Não era tão ruim quanto o Pó das Prostitutas original — Risa declarou, ignorando o argumento dele. —Era mais doloroso do que qualquer outra coisa. Jansen ficava bravo todas as vezes porque não parecia produzir o efeito que ele desejava.

—E que efeito ele estava procurando?— Jordan perguntou enquanto fazia notas sobre o bloco legal que havia trazido consigo.

Micah assistiu enquanto as mãos dela cerraram sobre a mesa.

—Ele queria que eu implorasse como fiz na noite em que ele me deu para o outro homem — ela declarou, a voz tremendo. —Ele queria que eu implorasse por… — Ela agitou a cabeça.

—Por sexo — Jordan terminou.

Risa fez um movimento aos arrancos com a cabeça enquanto Micah encarava Jordan.

—Eu me lembro de pensar que o conhecia. — Ela respirou roucamente. —A voz e as mãos. Que eu já o encontrei em algum lugar, mas que não consigo me lembrar. — Ela deu uma sacudida rápida com a cabeça. —Isto é tão borrado que eu não consigo me lembrar. Eu pensei que podia, enquanto estava sedada ontem à noite. Eu estava ciente o suficiente de que as memórias não eram duras de reter, mas parece que eu não consigo fazer a memória ir longe o suficiente.

Jordan anuiu com a cabeça a isto.

—Como essas informações o ajudarão?— Ela perguntou a ele então.

Jordan ergueu a cabeça e olhou fixamente de volta para ela.

—Micah parece achar que você não é forte o suficiente para esta operação — ele declarou. —Ele a quer em uma casa segura. Eu preciso de todas as informações que possa conseguir antes de nós a movermos. Para o caso de Orion compreender o que nós estamos fazendo e conseguir chegar a você.

O filho da puta.

—Foda-se, Jordan — Micah rosnou enquanto Risa apertava mais, então com tranquilidade deliberada ela se distanciou dele e se ergueu da cadeira.

Quando ela girou o olhar fixo para ele, ele jurou que sentiu um estrondo de dor no peito. Como se um punhal invisível tivesse atingido seu corpo.

—Ele não acha que eu sou forte o suficiente?— Ela perguntou, o olhar o apunhalando, quase hipnotizando enquanto ele assistia a raiva que o enchia.

—Eu não disse isto — ele sibilou entre dentes cerrados. —Isto é o que ele está dizendo.

—Mas você concorda com ele?— Ela perguntou como se não pudesse acreditar que ele pudesse e ainda assim tivesse uma prova irrefutável disto.

A mandíbula dele cerrou.

—Você não é uma agente.

—Ele não está tentando matar uma agente — ela assinalou, a voz queimando com raiva agora. —Ele está tentando me matar. Como ficará mais seguro se eu não estiver aqui? Ele apenas não me seguirá?

—Ele não saberá que você se foi— Micah prometeu. —Ele deve saber que eu serei mais cuidadoso com você depois da tentativa. Que eu a manterei pelo menos escondida no apartamento. Ele fará um movimento para entrar e então nós o pegaremos.

—A menos que ele descubra como fez na Rússia quase cinco anos atrás— Jordan assinalou. —O alvo dele estava em uma casa segura e um sósia colocado na casa. Orion ainda assim o achou. Orion matou um agente da CIA e feriu outro antes de tomar o espião que estava atrás. Esse espião foi achado em um armazém abandonado dois dias mais tarde. O método de assassinato coincidiu com o de Orion.

Micah olhou fixamente de volta para Jordan furiosamente enquanto sentia o olhar de Risa o fatiando.

Ela girou para Jordan.

—O que você acredita que seja o melhor?

Jordan se debruçou de volta na cadeira e olhou fixamente de volta para ela com toda a compaixão e sinceridade sombria de uma naja preparando para atacar, Micah pensou.

—Minha opinião é que nós sigamos com o nosso plano presente. Orion está ferido. Os vídeos do tráfego no viaduto perto de onde a tentativa aconteceu nos leva a sugerir isso. Parece que a bala de Micah o pegou no tornozelo ou no pé. Sangue na cena apóia essa sugestão. Nós temos possivelmente de uma a duas semanas antes de ele se considerar em forma para fazer outra tentativa. Isso dará a vocês dois tempo de parecerem confiantes de sua segurança neste momento. Micah começará levá-la para sair. As informações sobre ele mostram que ele gosta de levar mulheres para dançar e que aprecia noites com outros pares. Era nosso plano dar a Orion uma chance de atingi-la ou penetrar no seu apartamento uma vez mais de forma controlada. Creio que nós devíamos seguir o que planejamos.

—E o que foi ontem?— Ela perguntou enquanto Micah assistiu os punhos dela apertarem ao lado do corpo.

—Um fiasco. — Jordan fez careta. —Ele passou da nossa vigilância do carro. Ele não pode colocar um agente no seu apartamento.

Ela girou para Micah e ele sentiu o corpo inteiro ficar tenso com o aspecto do rosto dela.

—Por que seu agente não gosta deste plano?— Ela perguntou. —Se um alvo em uma casa segura não dá certo, então por que tentar isto?

—Não estou certo— Jordan declarou. —Eu podia te deixar discutir isso com ele se você preferir. Tenho uma reunião em uma hora. Retornarei hoje à noite e verei o que os dois decidiram. Que tal?

Jordan era o bastardo conspirador mais sujo que Micah conhecia, e isso dizendo muito, considerando que Micah uma vez havia pensado que tinha um pouco desse talento particular.

Jordan se ergueu da cadeira, tomou um gole de café e girou para Nik.

—Precisarei de você comigo nesta reunião.

Nik anuiu com a cabeça e deixou o cômodo enquanto Risa continuava a encarar a todos.

—Farei com quem você pague por isto algum dia, Jordan— Micah disse friamente. —Pode esperar.

A resposta de Jordan foi um sorriso lento.

—Estou certo disso, Micah. Verei você hoje à noite.

Risa assistiu enquanto Jordan deixava o cômodo, a mente e as emoções em confusão enquanto ele desaparecia na sala de estar e alguns segundos mais tarde o som da porta marcando sua saída.

Não houve nenhuma vez que ela visse aquele homem dando boas notícias. Ela girou para Micah então, e sentiu a raiva queimando dentro dela reiniciar.

Ela não podia se lembrar de ter se sentido tão furiosa, tão ferida. Até Jansen Clay nunca a havia machucado deste modo. O peito parecia apertado com a traição, lágrimas travando a garganta enquanto ela empurrava de volta o impulso de soluçar em fúria.

—Tenho trabalho a fazer— ela declarou, movendo-se em torno do lado oposto da mesa e indo rumo à entrada. —E estou certa de que você pode achar algo para se ocupar.

—Esse é o único modo que você conhece para lidar com a raiva, Risa?— Ele rosnou para ela. A voz era profunda, frustrada.

Tadinho, ele estava frustrado. Que peninha dele.

—Da última vez que ouvi, assassinato era ilegal. — O som da própria voz era menos do que confortável.

—E da última vez que eu ouvi, esconder-se do perigo poderia ser mortal— ele declarou, a voz, oh, tão fria. Superior. Arrogante. A arrogância caía sobre os ombros dele como uma roupa particularmente confortável. E isso a deixava puta.

—Quem exatamente está se escondendo?—A corrida de adrenalina alimentava a raiva que surgiu por ela fazendo com que ela lutasse contra a necessidade de gritar.

Ela não se deixou ficar brava por uma razão. Ficar brava mostrava que ela era impotente contra algo. Que qualquer outra coisa em sua vida estava controlando o que ela fazia, como ela agia. Queria dizer que ela não estava no controle da situação assim como de sua vida. E ela estava cansada de forças exteriores a controlando.

—Você se esconde, Risa— ele declarou, os olhos pretos distantes enquanto ele a encarava fixamente. —Você se esconde das memórias da mesma forma como se esconde neste apartamento. Levou seis anos para você conseguir reunir a coragem até para achar um amante.

—E olhe só que obra de arte que eu achei— ela teve que grunhir a resposta de volta. —Eu esperei todos estes anos por um mentiroso, um manipulador, um bastardo de sangue frio. Que sorte a minha.

Ergueu dentro dela então. O fato de que ela tinha sido manipulada, que outros haviam mentido para ela, que Micah havia usado a própria excitação dela contra ela na noite antes de ela ter estado chocada com o fato de que sua vida estava em perigo.

—Eu nunca reivindiquei ser qualquer coisa menos. — Os olhos dele asseguraram-na. Eles eram frios, mas havia um vislumbre na escuridão, algo que mantinha alguma sensação primitiva de que ela estava cutucando uma criatura muito perigosa.

Infelizmente, precaução não era algo que ela estava disposta a ter hoje.

Ele a queria fora de sua vida. Esse conhecimento queimava como uma chama rota dentro dela, chamuscando suas emoções. Ele pensou que ela era muito fraca, que ela não podia participar desta operação. Que ela não podia participar de nenhuma maneira em sua própria proteção.

—Não, você não reivindicou ser qualquer coisa menos— ela concordou, odiando o tremer da voz, o tremor que passava pelo corpo. —E acho que eu não deveria ter esperado qualquer coisa menos, também, não é?

Ela deveria ter se lembrado, ela disse a si mesma. Ela deveria ter se lembrado que ele era um agente, não um amante. E ele era um homem. Um homem não tinha que sentir coisa alguma para levar uma mulher para a cama; tudo o que ele precisava era de atração suficiente para ter uma ereção.

Deus, ela era tão estúpida.

Ela passou as mãos pelo cabelo e lutou de volta com a risada amarga que teria deixado os lábios.

—Você está fazendo tempestade em um copo d’água— ele declarou finalmente, a voz mais severa agora. —Eu te quero segura; é tão simples. Orion não acharia que você estava em uma casa segura. O espião que ele matou na Rússia foi diferente. Ele teria esperado que alguém o estivesse assistindo. Todo mundo sabia que havia mais de um contrato pela cabeça do espião. Ele era um bastardo sujo que havia deixado muitas pessoas putas. Orion não esperaria que o seu amante a mandasse para uma casa segura, Risa.

—Não brinca. — A amargura se mostrou então. Encheu a voz dela e coloriu a raiva que surgiu por ela. —Ele não teria estado só.

—Você não está seguindo o ponto principal. — A voz dele era afiada.

—Eu não sou uma idiota, Micah — ela quase gritou de volta para ele. —Eu sei exatamente o que você quis dizer. O fato é, você não sabe o que ele sabe neste momento. Ele pode muito bem estar ciente de que isto é uma operação contra ele e espera que eu desapareça em qualquer momento. Nós estamos nesta casa por mais de uma semana. Você e Jordan me asseguraram que Orion tentaria uma brecha no meu apartamento primeiro. Bem, ele não o fez. Ele quase me levou, em público, e quase te matou. Evidentemente você não o conhece tanto quanto pensa.

Ela ergueu a voz enquanto a raiva e dor batiam dentro dela, abastecendo as emoções que ela tinha sempre protegido simplesmente porque ela não sabia como lidar com elas.

E ele a acusava de se esconder? Acusava de lutar com suas memórias e suas necessidades para que assim ela pudesse se esconder? Como se nada mais importasse a ela além de se esconder. Maldito. Havia diferença entre se esconder e se curar. Diferença entre se controlar e deixar outros te controlar.

—Nós estamos deixando as coisas saírem do controle, Risa. — A observação dele, executada com voz tão fria e distante, teve o poder de ativar uma explosão de ira quase opressiva.

—Você está deixando as coisas saírem do controle. — A voz dela agitou com a acusação. —Você mentiu para mim desde o começo. Você me manipulou e agora que as coisas estão ficando muito perigosas, está pronto para me tirar de cena. Bem, saia, Micah. — Ela jogou a mão em direção à porta enquanto a voz erguia novamente. —Por que você apenas não vai dizer a Jordan que você é melhor em observação e que está deixando a sua participação nesta pequena missão? Talvez ele possa achar outro voluntário para me ferrar.

Ele se moveu antes que ela pudesse antecipar sua próxima ação. Ele cruzou o cômodo, empurrou-a contra a parede enquanto seu corpo maior, mais duro, prendia-a lá.

E ele estava excitado. A ereção apertou na parte inferior da barriga dela, lembrando-a do amante que ele tinha sido, e as mentiras que ele havia dito mesmo enquanto a segurava no mais próximo dos abraços.

—Você não sabe o que está dizendo— ele disse irritado, as mãos pegando os pulsos dela enquanto ela tentava empurrar contra ele e puxar os pulsos que estavam contra a parede. —Não me provoque, Risa. Eu não sou o homem que você quer que eu seja. Eu não sou gentil. Eu não posso te dar um futuro. E é isso o que você quer.

E ela não havia percebido isto até que ele disse a ela que não poderia dar isto a ela.

Ela queria se enrolar em si mesma com a dor e a humilhação de que ele era algo que ela não havia percebido.

—Deixe-me ir. — Ela forçou a voz a não tremer. Forçou-se a não sentir.

Ela sabia como fazer isto. Ela havia aprendido com Jansen Clay quando era uma criança implorando pelo amor do pai. Ele não tinha amor para dar, assim como Micah. Não era culpa dela, ela se lembrou. Ela não podia fazê-lo amá-la, não podia fazer com que ele quisesse tentar amá-la.

—Risa, nós vamos resolver isto, agora— ele a advertiu. —Você está ferida, e eu entendo o porquê. Essa é a razão pela qual eu a queria em uma casa segura, longe de mim. Eu não quero te machucar, bebê. Não quero.

Ele era sincero. Ela podia ver em sua expressão, seus olhos. E isso fez doer ainda mais.

—Você não me machucou. — Ela massageou os pulsos quando ele a soltou, então empurrou contra o corpo dele, forçando a passar longe do calor e a sensação de segurança que estar perto dele trazia a ela.

Ele não era segurança, ela disse a si mesma. A habilidade dele de pegar Orion era tudo que ela precisava. Ela não precisava de um homem para assegurar sua vida. Por alguma razão, porém, foi necessário Micah trazer a ela a necessidade de alguém para assegurar suas emoções.

—As opções de Jordan soavam muito melhor para mim do que a ideia de uma casa segura — ela declarou enquanto se movia de Micah. —Pelo menos deste modo, nós sabemos atrás de qual alvo ele está e temos a atenção inteira do time que você está usando. A casa segura não parece ser muito segura.

Micah não falou; ele a assistia. Ela podia sentir o olhar dele em suas costas enquanto ela recuava para a escrivaninha e o trabalho que não mais a interessava.

—A ideia dele de excursões públicas também parece o curso mais sábio de ação — ela continuou enquanto se sentava na cadeira e piscava de volta as lágrimas enquanto se focava no software de contabilidade parado no monitor.

Controle, a mente dela lembrou-a. Liberar as emoções nunca fazia qualquer coisa exceto humilhá-la.

—Se você preferir não ver o plano dele, então eu entendo completamente — ela declarou enquanto tentava se focar no trabalho. —Estou certa de que Jordan pode achar outra pessoa. Talvez Jordan possa achar um sósia para você, Micah; desse modo Orion nunca descobrirá que você não teve estômago para o trabalho.

O silêncio encheu o cômodo atrás dela.

Quando Micah finalmente falou, o som da voz enviou um calafrio pela espinha dela.

—Jordan pode arriscar a vida dele da maneira que o agradar — ele declarou, gelo cobrindo cada palavra. —Esteja preparada, Risa, enquanto esta operação estiver em curso, qualquer homem que tente somente considerar tomar o meu lugar na sua cama, é melhor fazer seguro de vida.

Ela girou para enfrentá-lo então. Ele a estava assistindo, os olhos pretos meditativos, glaciais, perigosos.

—Você não é mais bem-vindo naquela cama, Micah, então não é mais sua escolha.

Micah assistia as costas duras dela enquanto ela se virava para o computador. As narinas dele chamejavam; os dentes do fundo estavam cerrados.

Certo, ele não havia lidado com isso tão bem, mas nem Jordan tinha. O filho da puta o havia sabotado de uma forma tão eficaz como ninguém mais tinha feito.

Ele se moveu para o sofá e se sentou devagar, forçando a si mesmo a permanecer no controle.

Ele era um Mossad, ele se lembrou. Só porque ele não era mais um membro da força de elite, isso não mudava quem ou o quê ele era. Ele era um dos assassinos mais letais, um dos agentes mais avançados, no mundo. Ele havia matado por anos. Havia enfrentado oponentes que nunca o fizeram suar. Até a morte apenas tinha sido um brilho em seu radar. Havia permitido a ele ter a vingança exata, nada mais. Permitido a ele trabalhar com uma autonomia e uma segurança que o Mossad não havia dado a ele.

A Elite Ops ia além das operações negras. Eles eram reservadamente subsidiados e possuíam um apoio político que ia além das agências americanas.

Ele era um dos agentes mais avançados na face da Terra, ainda assim ele não podia lidar com uma mulher pequena de uma forma que se assemelhasse remotamente a elegância.

Ele a havia machucado. O pensamento o fez se lembrar de Ariela Abijah, a mãe que o havia aconselhado até a morte. E ele sentiu vergonha. Ela havia gastado bastante tempo tentando ensinar ao filho as complexidades do coração da mulher. Com o pai dele ao lado, ela havia mostrado a Micah o valor de uma relação amorosa longa e segura. Ela o havia advertido sempre de se lembrar que a força da mulher tinha pouco a ver com o modo como ela podia lutar bem fisicamente e tinha mais a ver com onde o coração da mulher estava.

Ele havia se esquecido dessa lição com Risa.

Ela havia achado a força para empurrar as memórias de lado e continuar. Ele tinha sido injusto com ela, e agora ele não tinha nenhuma ideia de como alcançá-la. E talvez isso fosse o melhor, ele disse a si mesmo. Se ela ficasse brava, então ela não perderia seu coração. Se ela continuasse brava, então talvez ele não perdesse o coração dele, também.

Uma coisa era muito certa: ela o havia rasgado em tantas direções diferentes que no momento, ele não tinha nenhuma ideia de como lidar com ela.

Ele não havia esperado a fúria dela ou a dor ao pensar em ir para uma casa segura. Honestamente, ele havia pensado que ela se sentiria reassegurada.

Ele soube no momento em que Jordan passou a informação de que Micah a queria movida, que Risa não estava se sentindo nem um pouco segura.

A fúria que pulsou em seu corpo pequeno, que encheu os olhos e a voz, fez o membro dele inchar incrivelmente mais duro e apertado do que nunca.

O puro vislumbre de desafio na expressão fazia algo com ele que ele não esperava. Fez com que ele a desejasse mais do que nunca. Como se ele já não a desejasse o suficiente. Como se todas as vezes em que ele a tocasse, beijasse, acariciasse as curvas arredondadas, ele não queimasse de um modo que nunca havia queimado por outra mulher.

Ela era uma fome que ele não podia controlar, e isso era do concernimento dele. Preocupava-o.

E agora, ela pensava que realmente poderia tirá-lo de sua cama? Obviamente ela acreditava que o desafio dele iria ser sem recompensa.

—A cama não é negociável. — Ele sentiu a necessidade de adverti-la disso de cara.

Ela girou devagar, a cadeira do escritório gritando um pouco enquanto ela o enfrentava completamente.

—Não, não é negociável— ela prometeu com um sorriso tão falsamente doce que ele se perguntou se era possível desenvolver um açúcar dele. —Minha cama. Ponto final. Você, Sr. Sloane, pode dormir no chão que eu não dou a mínima.

Micah colocou os pés calçados com botas sobre a mesa de centro, colocou as mãos juntas sobre o abdômen e sorriu de volta para ela.

—Quer apostar?

 

Quer apostar?

Era muito bom ela não ter apostado, porque ele acabou dormindo na cama dela. Bem no meio. A mão no quadril dela a noite toda.

Dormir não foi algo que Risa conseguiu fazer bem naquela noite, o que a deixou mais com mais mal-humor do que o normal na manhã seguinte. Mal-humorada, brava e ferida.

Ela não podia acreditar que ele estava assim tão desesperado para se livrar dela. E se ele estava tão desesperado, por que estava dormindo no meio da cama dela e tocando-a a noite toda?

Ela foi saudada quando despertou com outro replay do repórter passando por cima dos destroços e a tentativa de sequestro que havia acontecido, assim como telefonemas de várias agências de notícias. Parecia que todo mundo estava interessado em Risa Clay novamente. Seis anos de anonimato idos para o inferno. Uma vez mais seu rosto estava estampado na tela da televisão.

Para deixar tudo pior, eles supostamente deveriam sair. O jantar e a dança, ele a informou no café da manhã. Oh, sim, ela estava louca para jantar e dançar.

Não foi nenhuma surpresa quando um mensageiro de uma das boutiques mais caras chegou com mais roupas novas, e Risa sentiu a raiva subindo um pouco mais.

—Você está ficando, então tem que fazer a sua parte— Micah a informou enquanto ela encarava os vestidos, saias e camisetas sobre a cama. —Confie em mim, Orion e seu empregador olharam as minhas informações. Eles sabem que nós as colocamos lá para eles acharem. Se você quer o empregador dele empurrando, então você fará a sua parte. Quanto mais rápido nós terminamos isto, mais rápido você poderá seguir com a sua vida.

Ele olhou fixamente para ela com aquele olhar calculista que tinha a manhã toda. Como se estivesse tentando compreender um quebra-cabeça, trabalhando os pedaços e tentando fazê-los se ajustar.

Ela não era um quebra-cabeça.

—Se eles buscaram sobre você, então buscaram sobre mim— ela disse a ele entre dentes cerrados. —Eu não vestiria roupas assim.

—Você vestiu roupas exatamente assim na primeira noite em que eu a encontrei— ele assinalou, e Risa sentiu a pressão sanguínea subindo. Deste jeito, ela acabaria tendo um ataque. —Mas se você não pode vesti-los. — Ele encolheu os ombros filosoficamente enquanto a olhava com um olhar zombeteiro. —Estou certo de que nós podemos fazer concessões.

Como se ela estivesse muito assustada para usá-los.

Ela olhou fixamente para os vestidos. Talvez ela estivesse apenas francamente apavorada de usá-los. Roupas assim faziam uma mulher parecer ousada; faziam com que ela se sentisse como se pudesse conquistar montanhas. E Risa sabia que ela não era o bastante para montanhas. Ela não podia nem conquistar Micah.

Os vestidos eram curtos; as saias eram curtas. Os tops eram sensuais e as sandálias eram de saltos altos e ousadas. Ela teria problemas usando aquelas roupas. Roupas que ela um dia tinha sentido horror. Mas não agora. Não agora porque ela sabia que podia vesti-las. Ela havia usado o vestido na outra noite, e as sandálias. Não eram as roupas que fizeram com que ela engolisse firmemente. Era o homem e o olhar enquanto ele dava uma olhada rápida das roupas para ela.

—Eu não preciso que você faça concessões para qualquer coisa. — Maldito orgulho. —Se você pode pagar por isto, então eu posso vestir.

A sobrancelha dele curvou.

—Não deixe a boca dizer o que você não pode cumprir, querida. Porque, confie em mim, eu sei exatamente como vestir uma mulher para um ótimo impacto.

O sorriso dela era apertado.

—Você não me assusta, Micah— ela ridicularizou. Ele apavorava uma parte dela. Outra parte estava pronta e indo para o desafio.

Ela estava cansada de ser manipulada. Ela estava cansada de ser contornada. Ele queria usá-la e ir embora mais tarde, fino e elegante, porque ela não estava acima de usá-lo pela segurança que ele oferecia para ela ganhar um pouco de autoconfiança, algo assim. Talvez.

O sorriso dele ficou um pouco mais largo, aquele delicioso lábio inferior tentando-a até enquanto o sorriso dele deixava-a puta.

—Eu deveria te assustar. — Ele se debruçou para mais perto, aqueles lábios a poucos centímetros dela agora. —Porque o que essas roupas farão ao seu corpo delicioso vai me deixar duro, Risa. Duro e faminto. Se você tirar as luvas de pelica e decidir tentar o tigre, bebê, então espere levar uma mordida nesse seu adorável corpo escondido.

—Por você?— Ela fungou como que em dúvida enquanto por dentro estava agitando. —Estou certa de que você pode lidar com a pressão.

Ela duvidou que piscasse no radar dele mais do que deixá-lo duro. Alguns homens qualquer mulher podia excitar. Talvez Micah fosse um desses homens.

Ela pegou a roupa mais próxima e mal conseguiu não se encolher. Pelo menos ela gostava da cor. A seda cor de chocolate complementaria as cores; o comprimento pequeno ajudaria as pernas. As sandálias combinando, de salto alto, claras, eram magníficas. O justilho recortado, com sorte, cobriria os seios, e as alças finas não pareciam fortes o suficiente para segurá-lo.

As sobrancelhas de Micah ergueram com a escolha dela.

—Eu especialmente gostei desse quando escolhi no site da web— ele murmurou. —Ousado, Risa. Muito ousado.

Com isto, ele girou e saiu do quarto, a porta fechando atrás dele enquanto Risa soltou uma respiração dura e olhou para o vestido novamente.

Oh, ela estava em um problemão aqui. Este vestido era muito longe de qualquer coisa real que ela teria escolhido para vestir. No mundo dos sonhos ela vestiria, sim. Essa fantasia da Risa que era ousada e destemida que vestiria um desses em Nova Iorque.

Mas a outra Risa, a pessoa que havia aprendido a ser cautelosa toda a vida, estava tremendo na calça jeans e pés nus. Essa Risa estava certa de que um raio a atingiria e ela viraria cinzas por usar tal vestido.

Já que começamos, vamos em frente. Ela deitou o vestido de lado antes de ir pelas outras escolhas. As saias curtas e alguns coletes para vestir sobre blusas de mangas finas e longas. Havia blusas apertadas, alguns vestidos mais ousados. Havia sapatos para combinar com tudo. E ela estava em um problemão.

—Vamos nos encontrar em um pequeno clube de dança na cidade com Ian e Kira. Nós jantaremos no restaurante ao lado e então beberemos no clube— Micah a informou enquanto ela saía do quarto depois de colocar as roupas no lugar. —Sairemos daqui mais ou menos às sete.

—Kira e Ian são parte desta agência que você é envolvido?— Ela perguntou então. —O advogado federal disse que você era de uma agência privada. Que tipo?

Ele olhou para ela de onde se sentava no sofá, o laptop aberto e descansando na mesa do café.

—Um grupo privado que coloca o nariz onde quer— ele disse a ela friamente. —Nós não somos uma agência, Risa. Somos um time.

—Talvez eu queira saber exatamente no que meu governo me colocou aos cuidados— ela disse a ele, irritação chamejando dentro dela. —Jordan Malone era um SEAL, assim como Clint e Ian. Você era?

—Perto— ele grunhiu. —O que eu era ou o que eu sou não importam na sua proteção.

—Talvez importe para mim. — Talvez ela precisasse saber com quem ou o quê ela estava dormindo todas as noites.

Ela devia ter questionado isto antes; por que ela não tinha, não estava certa. Ela tinha ficado curiosa, mas também tinha sido subjugada por outras coisas. Essas outras coisas explodiram em seu rosto e agora ela estava começando a se perguntar se isto iria também.

—Eu posso entender que importe para você— ele declarou friamente. —Nos considere como uma firma de segurança. Um grupo que entra onde outras agências não podem e consegue o trabalho feito.

—Mercenários?— Ela não podia vê-lo como um mercenário, mas ele era duro o suficiente, forte o suficiente.

—Se você quiser pensar em ‘mercenários', tudo bem. — Ele fechou o laptop e deu a ela o efeito cheio de seu olhar penetrante. —Eu pareço um mercenário para você?

—Você parece muito arrogante e superior para mim— ela o informou. —Isso se adaptaria bem a um mercenário, você não acha?

— Você já se encontrou com muitos desses, é?— Ele se ergueu lentamente e se moveu na direção dela.

Risa permaneceu quieta, apesar do desejo de retroceder, correr dele. Esse não era o Micah que ela havia chegado a conhecer. Este Micah era mais duro, mais determinado, e não fazia nada para esconder a sexualidade extrema que se movia através dele.

Ela não sabia se deveria ficar excitada ou morta de medo. Mas seu corpo estava tomando a decisão sozinho. Estava queimando pelo toque dele.

—Eu te encontrei; isso não é o suficiente?— Os dedões do pé dela enrolaram no tapete sob os pés à medida que ele parava. Ele parou tão perto que a camisa que cobria o tórax largo estava a um sussurro de respiração de tocar as pontas intumescidas dos seios dela sob a camisa.

Os lábios dele ergueram.

—Eu posso ser muito mercenário quando a situação pede— ele a assegurou, a mão alcançando a mecha do cabelo atrás da orelha. —Eu posso ser tão mercenário que enrolaria os pequenos dedos dos seus pés.

Os pequenos dedos do pé dela já estavam enrolados. A sensação das pontas do dedo dele contra a bochecha dela enquanto a mão recuava enviou uma onda de desejo correndo através das terminações nervosas. Os mamilos estavam inchados, o clitóris também e as fomes sexuais que ele havia acordado nela começavam a pulsar pelo sistema.

—Por que isso não me surpreende?— Ela teve que se forçar a permanecer no lugar, ignorar o calor inundando seu sistema agora.

Os lábios dele ergueram; os olhos pretos a assistiam conscientemente.

—Não deveria mesmo — ele concordou finalmente enquanto as pontas dos dedos arrastavam pelo pescoço, criando uma inundação de sensação sobre a carne. —Não deveria surpreendê-la, Risa. Da mesma maneira que não deveria surpreendê-la saber que pode tentar correr o quanto quiser, mas eu vou acabar trepando com você novamente.

Os olhos dela estreitaram.

—Nem na sua imaginação. — Mas ela estava ofegante, quase arquejando para senti-lo se movendo dentro dela novamente. Ela podia sentir o calor inundando o corpo, amortecendo a calcinha.

O erguer dos lábios se tornou um sorriso cheio.

—Você gosta de mentir para si mesma?

—Você gosta de mentir para todo mundo?— Ela atirou de volta.

O sorriso sumiu do rosto dele. A expressão escureceu, ficou mais dura, mais fria.

—Quando eu preciso. — Ele finalmente encolheu os ombros, mas as pontas dos dedos se moveram abaixo do braço dela, suavemente, eroticamente.

—Não tenha nenhuma dúvida, Risa, eu não tenho nenhum problema em mentir quando é necessário.

E isso a colocava firmemente em seu lugar. Ele não iria mentir para ela para pegar Orion, mas a que distância as mentiras dele iriam? A coragem pareceu desertá-la no prospecto de fazer essa pergunta, porque ela tinha medo de que ele a respondesse. E ele já havia provado que mentiria para ela. Com seus toques ternos, seus beijos viciantes e seu corpo muito experiente.

—Você sabe o que eu quero fazer com você?— Ele perguntou então, a voz abaixando, ficando rouca enquanto ele acariciava os sentidos dela. —Quero empurrá-la contra aquela parede ali atrás e entrar em você até que você esteja gritando o meu nome. Quero sentir a sua boceta se convulsionando ao redor do meu pau e ouvi-la gritando o meu nome. E quando nós tivermos terminado lá, eu deslizarei você para o chão e te tomarei novamente. Você está a minutos de ser fodida, bebê. Eu me moveria se fosse você.

Ela não podia se mover. Ela olhou fixamente de volta para ele, quase hipnotizada pelo brilho negro de luxúria que enchia os olhos dele agora.

Os dedos dele se moveram do braço até a coxa dela. A palma aplainada, a mão angulada e ele começou a deslizar através da coxa coberta pela calça jeans e se moveu para dentro dela.

A boceta pulsou e zumbiu. Ela podia sentir a carne lá inchando, preparando para o toque dele.

Ele estava a três centímetros da carne úmida quando o celular dele tocou, fazendo Risa se mover em surpresa enquanto a mandíbula de Micah cerrou.

As pontas dos dedos dele estavam muito próximas. A corrida de necessidades por ela era muito quente.

—Salva pelo telefone— ele murmurou, movendo a mão para puxar o celular do cinto. —Vá em frente e corra, Risa; nós podemos terminar isto mais tarde.

Ela já estava correndo quando ele atendeu ao telefone, pondo tanta distância entre eles quanto possível e se perguntando se algum dia ela reconstruiria suas defesas e teria o controle simplesmente para dizer não a ele. Até pior, ela desejou querer dizer não a ele.

 

Coragem, força e tenacidade diáfanas. Micah viu cada uma dessas qualidades em Risa na primeira noite quando ela se sentou no clube, batalhando com seus medos e a certeza imperiosa de que seria rejeitada.

Havia levado seis anos para que ela conseguisse tomar um amante, mas a honestidade o compelia a admitir que ela havia dado essa passo mais cedo do que muitas mulheres fariam. Ela tinha força para fazer o que tinha que fazer. E ela estava fazendo muito mais do que isso quando saiu do quarto vestindo a túnica de seda cor de chocolate que sussurrava sobre as curvas como um sonho erótico.

As sandálias de dez centímetros de salto encaixadas nos pés pequenos faziam as pernas dela parecerem continuar para sempre. A pele brilhava com um creme translúcido e os montículos dos seios pareciam em perigo iminente de sair da roupa apertada que compunha o justilho.

O cabelo longo caiu logo abaixo dos ombros, as mechas multicoloridas emolduravam o rosto delicado enquanto a coberta sutil de sombra sobre as pálpebras davam a ela uma aparência sensual, sonolenta.

Os lábios rechonchudos estavam cobertos com uma sugestão de batom cor de bronze, o lábio naturalmente fazendo beicinho se intensificou com a camada de cor. Era o suficiente para fazer um homem arquejar em luxúria.

Inferno, o membro dele estava para sair da calça comprida e ele jurou que o coração iria rasgar o peito enquanto corria em excitação.

Ela tinha um poder sobre ele que ele não podia ter antecipado.

Ele assistiu enquanto ela se moveu através da sala de estar, a pequena bolsa combinando agarrada nas mãos. Ela enfiou uma chave e uma carteira de couro pequeno na bolsa e então girou para ele.

O olhar dela quebrou o coração dele. Sob o resplendor de raiva havia sombras de incerteza. Incerteza feminina, como se ela fosse desavisada de seu efeito nele.

—Lembra daquele sexo na parede que eu mencionei mais cedo?— Ele assistiu o rubor no rosto dela enquanto uma sugestão de calor enchia os olhos. —Se nós não partirmos, você descobrirá exatamente o que é agarrar os meus quadris com essas pernas magníficas enquanto eu me enterro dentro de você.

Não era menos do que a verdade.

Ela inalou devagar, profundamente, erguendo aqueles seios deliciosos contra a seda enquanto os mamilos apertavam sob o tecido.

—Eu tenho uma manta. Esqueci.

Os dentes dele cerraram enquanto ela se movia depressa de volta para o quarto. Quando ela retornou, estava com uma seda fina envolvendo os ombros e os seios.

O sussurro da seda era uma cadência sedutora enquanto ela se movia e passava por ele a esperando à porta.

Abrindo a porta, ele verificou o corredor, ciente da arma substituta que levava no tornozelo e da que ele não estava usando sob a jaqueta. O resto do time estaria mais fortemente armado, mas para Micah, havia apenas a arma amarrada com correia no tornozelo.

Estendendo a mão para ela, ele a trouxe para o corredor, verificado cada ponta uma vez mais, então recuou quando a porta para o apartamento oposto abriu e John se moveu depressa para o apartamento de Risa.

—Divirtam-se, crianças— ele murmurou enquanto a porta fechava atrás dele e as fechaduras eram trancadas.

—Isto é ridículo— Risa silvou quando Micah colocou a mão na parte mais inferior das costas dela e a levou para o elevador.

—Sem dúvida— ele respondeu da mesma maneira tranquilamente. —Não se preocupe, John não ocupa muito espaço.

—Não, ele apenas limpa totalmente a comida da geladeira— ela declarou. —Jordan não o alimenta?

—Pelo menos uma vez por dia— Micah grunhiu enquanto ele se movia até que Risa estava protegida no lado mais distante do elevador enquanto as portas abriam.

—Oh, olá, magníficos— Tehya murmurou enquanto entrava no corredor, o cabelo cor de ouro vermelho e longo assobiando ao redor dela enquanto os olhos verdes se enchiam com humor coquete.

Micah estava ciente de Risa endurecendo ao lado dele. Ela não havia visto o vaivém de Tehya no outro apartamento, e não tinha nenhuma ideia de quem ela era.

Micah anuiu com a cabeça para Tehya, ciente de que sua presença significava que estava tudo limpo no andar de baixo.

Ele escoltou Risa no elevador, ignorando seu pequeno clarão enquanto ele apertava o botão do salão de entrada e ficava de pé ligeiramente na frente de Risa.

—Você age rápido— ela disse lentamente atrás dele, quase o fazendo estremecer.

—Seja cuidadosa, querida— ele a advertiu tranquilamente. —Sua linda boca está para te colocar em problemas.

Ele estava apenas a poucos segundos de abrir aquelas lindas pernas e se certificar de que ela saboreava tão bem quanto ele pensava.

Agradecidamente, antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, o elevador abriu, deixando-os no salão de entrada. O porteiro, Clive, tinha um sorriso largo em seu rosto receoso enquanto Risa caminhava na direção dele.

—Nossa, como está bonita— ele disse, os olhos seguindo cada movimento de Risa. —É bom vê-la saindo depois daquele ataque no outro dia. Não consegui acreditar nas notícias quando vi, senhorita Clay. Há certamente algumas pessoas sórdidas no mundo.

—Sim, há— ela murmurou enquanto Clive mantinha a porta aberta. —Obrigada, Clive.

—Você é sempre bem-vinda, senhorita Clay. — Havia preocupação e curiosidade no rosto do homem mais velho enquanto Micah passava por ele.

Clive era o porteiro perfeito para o apartamento elegante, Micah pensou enquanto escondia um sorriso. Culto, o nariz apenas um pouco erguido. A cabeça calva, o cavanhaque e o bigode davam a impressão perfeita de superioridade.

A limusine estava esperando no passeio com Travis no valente. O ex–agente do MI6 se moveu depressa para abrir a porta de trás e fechou-a firmemente depois que Micah entrou.

—Então nós temos uma limusine a nossa disposição agora— Risa murmurou. —O que a sua cobertura te dá como emprego?

—SEAL e analista de mercado de valores— ele respondeu. —Esse trabalho eu faço no computador. É realmente um passatempo meu.

Um passatempo que havia rendido a ele de vários modos. Micah havia feito alguns contatos muito interessantes pelos poucos clientes que tinha. Clientes que ele havia cortejado e que agora faziam usos dos interesses do time e das operações que eles empreendiam.

Os lábios dela se apertaram enquanto Travis se movia do banco do motorista e colocava o veículo em movimento. Micah bateu no interruptor ao lado da porta e ergueu o vidro de isolamento entre eles enquanto assistia Risa com uma curva sabedora dos lábios.

Quanto mais brava ele a deixava, mais valente ela parecia ficar. Era um lado da Risa que ele estava certo de que não teria ficado familiarizado se ele não tivesse tentado movê-la. Ele a feriu, e lamentava por isto. Mas ele também havia aprendido que ela tinha gatilhos que podiam fazê-la passar dos medos e incertezas que ele sabia que a enchiam. A raiva era um dos gatilhos; a excitação era outro. O confronto tinha impacto também.

Ele havia tentado lidar com ela com luvas de pelica, tentado tratá-la suavemente, mas ele estava aprendendo que havia muito mais em Risa do que ele já havia imaginado quando a desafiava.

Ele se perguntou quanto mais ela poderia ser forçada antes de eles alcançarem o clube.

—Venha aqui. — Ele abaixou a voz, deixou-a sair como uma lima da garganta, e quis gritar de alegria com o tremor leve que correu por ela enquanto ela olhava fixamente para ele com surpresa e raiva.

—Você deve estar brincando. — O tom altivo quase o fez sorrir. Maldição, ela o deixava quente quando olhava para ele de cima do nariz empinado.

—Realmente, não estou. — Ele enrijeceu a voz autoritariamente. —Venha aqui. — Ele bateu levemente no colo.

E ela riu. O som cheio com amargura.

—Não nessa vida, Micah.

Antes que ela pudesse evadir, ele a alcançou através do espaço pequeno entre os bancos, agarrou seus pulsos e a puxou depressa para seu colo.

Antes que ela pudesse lutar, ele fez o que estava morrendo para fazer desde a noite anterior. A cabeça abaixou e ele pegou os lábios dela em um beijo aquecido, cheio de luxúria.

A língua dele separou os lábios dela e o gosto doce dela bateu em seus sentidos como fogo fátuo. Ele havia esperado até agora para saboreá-la. Era o único jeito de manter o autocontrole, o conhecimento de que ele tinha tempo limitado para tocá-la, saboreá-la, antes que eles fossem interrompidos.

Ele a segurou para ele, um braço ao redor das costas dela, o outro acima dos quadris. A mão apertando a coxa embaixo da bainha do vestido curto.

Ela diminuiu a luta, não que tivesse lutado seriamente para se libertar. Os lábios dela se moviam sob os dele, e um gemido de necessidade passou pelos lábios famintos enquanto ele a girava e colocada de costas no banco embaixo dele.

Ela tinha gosto de verão e doces raios de sol. Os braços se enroscaram ao redor do pescoço dele e as coxas se separaram com a persuasão da mão dele entre as coxas.

E ele estava certo. Ela estava molhada. Tão molhada que a seda da calcinha estava aquecida e úmida contra as pontas dos dedos dele. A boceta estava fluindo, e por um momento louco Micah teve que lutar contra a necessidade de rasgar a coberta fina e mergulhar dentro dela.

Em vez disso, os dedos empurraram sob o tecido, achando as dobras lisas e sedosas e a carne saturada. O xarope aquecido encontrou os dois dedos que aliviaram lentamente dentro da entrada. Ela estava aquecida, apertada e tão quente enquanto se agarrava a ele que ele queria gritar em triunfo.

Os quadris dela se curvaram para ele enquanto ele mantinha os lábios dela ocupados embaixo dos dele. As pernas dela caíram mais separadas, um pé descansando no chão enquanto ela arqueava e empurrava os dedos dele mais fundo dentro dela.

O dedo polegar achou o clitóris inchado e esfregou contra ele com um movimento oscilante sutil que fez gritos selvagens ecoaram na garganta dela.

Os lábios abriam sobre os dela para beijá-la mais fundo, trazendo-a mais fundo no atoleiro de sensações que ele estava sendo atraído. Não havia nada tão doce, tão quente, quanto Risa. Ela havia reivindicado uma parte da alma dele com sua fome inocente e gritos selvagens, e ele rezou para que ela nunca percebesse isto.

Manter distância era praticamente impossível quando ela não estava em seus braços. Quando ele a segurava assim perto, sentindo o calor delicioso de seu corpo ao redor dos dedos, então toda chance de distância desintegrava. Ela era mel aquecido, pura fêmea sensual, e estava transformando o controle dele em pó.

Ela era uma fraqueza, ele sabia. Uma fraqueza que ele mal podia aceitar, e ainda assim não podia negar.

Erguendo a cabeça, ele empurrou os dedos mais fundo no aperto convulsivo da boceta e esperou até que os olhos dela tremulassem e abrissem antes de ele falar.

Segurando-a, possuindo-a, ele olhou fixamente para ela com toda a fome, todas as necessidades dominantes, que ele podia sentir erguendo dentro de si.

—Ela é minha. — Os dedos possuíam a boceta dela agora. —Você é minha. Enquanto eu dormir na sua cama e viver ao seu lado, este corpo doce e delicioso pertence a mim, Risa. Não tente negar isto, porque nós dois sabemos que seria uma mentira.

Arquejando, os olhos mais escuros, o rosto corado, ela apertou os músculos ao redor dos dedos dele e estreitou os olhos de volta para ele.

—Quer apostar?

 

Risa sentiu os olhos nela quando entrou no restaurante que Micah havia escolhido para sua pequena noite fora. Era um dos mais exclusivos na cidade. A comida era excelente, o serviço acima de comparações, e parecia que todo mundo que ela conhecia em Atlanta estava lá naquela noite.

Antes da morte da mãe, Risa havia vivido em Atlanta com os pais. Foi só depois de seu décimo aniversário que Jansen se mudou para Virgínia, então para Washington, D.C. Foi só depois da morte da mãe que a vida de Risa pareceu se transformar em uma farsa comparada a sua vida de antes.

De repente Jansen se tornou crescentemente crítico da aparência dela. Risa se escondeu em uma concha, passando mais e mais tempo no quarto ou na pequena propriedade que ele havia comprado. Nada que ela fazia o agradava.

Nos últimos seis anos, desde que ela havia voltado a ser mais próxima da avó e deixado o passado para trás, Risa tinha ficado bem longe dos restaurantes que ela sabia que eram frequentados por aqueles que a conheciam e a Jansen.

Atlanta não era longe o suficiente para escapar da multidão da qual Jansen e Elaine tinham sido uma parte, porém. E as reações deles a Risa variavam.

Ela ouvia os sussurros enquanto se movia pelo restaurante, a cabeça erguida bem alto quando tudo o que ela queria era correr e escapar dos olhares furtivos, compassivos e das fofocas.

Sim, o patinho feio estava vestido de seda, ela pensou enquanto pegava uma declaração alta demais de uma mulher enquanto eles passavam por sua mesa.

Risa não olhava para a direita ou esquerda; ela seguia Micah no modo piloto automático, escapando dentro de si mesma como sempre tinha feito quando criança.

Deus, ela odiava isto.

—Risa. Risa Clay.

Ela esperou escapar de qualquer tipo de socialização com as pessoas que havia conhecido antes de seu sequestro e estupro. Ela não tinha tanta sorte.

Ela e Micah estavam a meio caminho da mesa onde Ian e Kira os estavam aguardando quando duas pessoas jantando se ergueram de suas cadeiras ao longo do caminho que eles estavam tomando.

Risa parou devagar, o olhar se movendo do rosto longo e estético de James Walters, para o de sua esposa, Corina. O casal tinha sido conhecido tanto em Atlanta quanto em D.C. James era um dos melhores cirurgiões cardíacos do mundo, e a esposa era uma enfermeira que trabalhava ao seu lado.

—James. Corina. — Risa tinha um truque que usava quando era forçada a enfrentar pessoas que a conheceram antes. Um modo de olhar fixamente para eles sem encarar nos olhos e obscurecendo a piedade em seus rostos.

—Querida Risa. — James pegou as mãos dela e se curvou para colocar um beijo na bochecha.

Mas não encontrou sua meta. Micah puxou as costas dela suavemente até que ela estava contra a lateral dele, o braço curvado possessivamente ao redor das costas dela.

Um silêncio desajeitado encheu o segundo seguinte.

—James, Corina, esse é Micah Sloane— ela o apresentou no silêncio. —Um amigo.

—Apenas um amigo, amor?— Micah perguntou sob a respiração como se eles fossem realmente mais do que eles eram. No espaço de um segundo ela se perguntou exatamente o quê eles eram.

—Micah, esses são James e Corina Walters. James é um ótimo cirurgião cardíaco, e Corina a enfermeira milagrosa que trabalha ao seu lado. — Corina irradiou com o elogio. —James, Corina, Micah é um SEAL da Marinha dos Estados Unidos parado aqui em Atlanta no momento.

—Um SEAL, totalmente excitante— Corina murmurou. —Ele era o cavalheiro com o qual você estava no outro dia quando aquele homem sórdido tentou sequestrá-la? O jornal disse que um tiro foi disparado, assustando aquela pessoa maligna. Nós tentamos te ligar, querida, certificar que você estava bem, mas você não estava recebendo telefonemas.

Risa tragou firmemente.

—Micah o assustou. Se vocês nos dão licença…

—Risa, querida, estávamos frenéticos em conseguir te contatar e nos certificar de que você estava bem— James disse, o tom sincero, porém o olhar faiscava com piedade e uma sugestão de confusão enquanto ele dava uma olhada rápida para Micah. —Nós não podíamos acreditar que alguém estava tentando te prejudicar novamente.

—Risa está bem; não é, bebê?— A mão de Micah apertou no quadril dela. —Se nos dão licença, temos uma mesa nos esperando.

—Claro— James murmurou, uma carranca tocando a sobrancelha clara enquanto ele olhava fixamente para Risa abaixo. —Por favor, nos ligue logo, querida. Nós podíamos almoçar e conversar um pouco.

—Claro— ela murmurou a mentira. Ela não iria ligar para nenhum deles.

Não que ela não gostasse dele ou que houvesse qualquer coisa de errado com eles. James e Corina tinham sido um dos poucos casais com quem Risa realmente havia apreciado conversar um dia. Mas esse tempo estava há muito no passado. Ela não tinha sido uma esquisitice então, ou um tópico de fofoca e especulação. E ela não tinha sido submetida à atenção penalizada deles. Ela sempre tinha sentido a pena deles pelo que havia acontecido anos antes.

Ela girou o olhar para longe enquanto Micah a levava pelo restaurante para a mesa onde Ian e Kira o estavam assistindo curiosamente.

—Problema?— Ian perguntou tranquilamente enquanto se erguia da cadeira.

—Nada importante— Micah respondeu enquanto ajudava Risa com sua cadeira. —Conhecidos, creio.

—Conhecidos são assim— Kira disse suavemente para a voz não erguer. —James e Corina podem ser tomados apenas em pequenas doses.

Risa abaixou a cabeça para o prato, desejando achar um casaco ou uma jaqueta para vestir agora. Qualquer coisa exceto o vestido e a manta muito pequenos. Ela podia sentir os olhos nela; a pele fervilhava com a sensação daqueles olhares.

—Risa, você está adorável hoje à noite— Ian declarou enquanto tomava sua cadeira uma vez mais.

—Obrigada. — O sorriso era duro enquanto ela dava uma olhada rápida para ele.

Kira, como sempre, era uma deusa de perfeição. O longo cabelo preto estava puxado para trás em seu rosto com pentes de joias, os olhos cinza esfumaçados eram sensuais e misteriosos, e o vestido vermelho atordoante que usava era, ao mesmo tempo, ousado e elegante.

Ian era o contraponto perfeito para sua esposa. Com o cabelo loiro escuro, olhos marrons, e a pele queimada pelo sol, era incrivelmente bonito de uma maneira dura, masculina. E quando ele olhava para a esposa, o olhar suavizava com adoração.

Como seria, Risa se perguntou, ser amada de tal modo? Girar e ver aquele olhar no rosto de um homem?

Ela empurrou o pensamento para longe. Agora não era a hora de refletir sobre o que ela não tinha. Ela podia fazer isso mais tarde, depois que Micah se fosse. Se ela vivesse tempo suficiente.

Ela ficou muda enquanto Micah, Ian e Kira começavam a conversar sobre Atlanta. Kira e Ian tinham um apartamento pequeno em um condomínio que eles mantinham na cidade para visitas longas. Eles ainda eram próximos dos antigos membros SEALs com os quais tinham lutado um dia. Eles eram um pouco mais do que próximos, Risa sabia. Eles também eram uma parte do trabalho do grupo que Micah estava envolvido.

—Risa, esse vestido é atordoante— Kira comentou, trazendo-a de seus pensamentos distantes.

—Micah tem gosto excepcional— ela murmurou um pouco zombeteira.

Deus, ela tinha que parar com isto. Ela agitou a cabeça.

—Sinto muito, Kira. Tem sido um longo dia.

Ela manteve a voz baixa para que as pessoas nas mesas próximas não pudessem ouvi-la.

—E para acrescentar, você teve que lidar com James e Corina. — Kira sorriu em compreensão. —Aqui está o garçom com o nosso vinho. Algumas taças e um bom jantar, e você estará novinha em folha.

Se apenas levasse não mais do que algumas taças de vinho para deixar tudo certo.

Ela bebeu o vinho, e conseguiu comer a maior parte de sua comida. Enquanto Ian e Micah continuavam a conversar sobre bebidas, ela deixa os dedos brincaram com a taça vazia. O vinho ajudava. Ela não bebia frequentemente, e raramente bebia vinho simplesmente por causa do efeito suavizante nela.

—Se vocês cavalheiros nos dão licença, Risa e eu vamos ao privativo das damas. — Kira ficou de pé e sorriu de volta para Risa. —Odeio entrar lá só.

Sem brincadeira. Era como um ninho de cobras, Risa pensou, mal conseguindo evitar revirar os olhos. Ela não gostava deste restaurante por uma razão. Ela e a avó concordavam que apenas os mais arrogantes e condescendentes membros da sociedade realmente comiam aqui.

Mas Risa seguiu Kira. Ela estava pasma por não ter tropeçado nos pés enquanto sentia os olhos a seguindo. Agradecidamente, o vinho a deixou jovial o suficiente para ela, francamente, não dar a mínima para quem a assistia.

Talvez ela tivesse demais. Ela fez uma carranca com o pensamento enquanto ela e Kira entravam no banheiro surpreendentemente vazio. Kira seguiu Risa para as pias onde elas lavaram as mãos, secaram, e então olharam em volta surpresas pelo fato de o cômodo estar vazio.

—E eu que pensei que teríamos de lutar para entrar— Kira declarou com diversão.

—Eu prefiro o silêncio— Risa a assegurou. —Então por que você me arrastou aqui?

—Para te dar uma pausa— Kira suspirou. —Até enfrentar algumas dúzias de piranhas no quarto das senhoras é às vezes preferível a se sentar no meio de um restaurante e sentir os olhares em você.

Risa encolheu os ombros.

—O vinho tem sua própria graça de salvação— ela disse com um sorriso.

Kira não sorriu de volta.

—As coisas estão indo bem com Micah?

—Bem. — Risa anuiu com a cabeça. Ela não iria compartilhar segredos de garota no banheiro das damas.

Kira anuiu com a cabeça.

—Bom, então. Acho que é melhor nós retornarmos antes do estouro começar.

Começou quando elas estavam partindo. Risa quase sorriu ao ver o grupo de mulheres se jogando sobre elas enquanto elas voltavam no corredor. Várias dessas mulheres fizeram caretas de consternação enquanto Kira e Risa passavam por elas. Frustradas mais uma vez, damas, ela pensou um pouco depreciativa.

Ela conhecia todas. Esta pequena excursão estava se transformando em uma maldita farsa.

Tomando sua cadeira uma vez mais, ela olhou fixamente para Micah com o que ela esperava ser um sorriso agradável e disse.

— Da próxima vez, eu escolho o restaurante se você não se importar.

—Eu não gosto muito do drive-thru local— ele murmurou na orelha dela. —Tenho a minha forma masculina de pensar sobre isso, sabe.

Ela quase bufou.

—O passeio no drive-thru local é muito mais cortês.

—Sem dúvida— ele concordou. —Mas longe de ser tão agradável.

Ele tomou sua cadeira uma vez mais, a mão demorando atrás da cadeira dela para tocar o cabelo. Risa quis gemer com a sensação dos dedos dele arrastando inquieto nas mechas. As sensações sensuais e sedutoras passaram por ela, formigando embaixo da pele enquanto ela tentava fazer uma conversa fútil com Kira.

Infelizmente, a mulher parecia estar bem ciente do que Micah estava fazendo a Risa.

—Cavalheiros, estou pronta para dançar— Kira anunciou finalmente. —E estou certa de que a banda está apenas esperando por mim e Ian para adicionar alguma excitação à pista de dança.

Ian riu, mas ambos os homens ficaram de pé, ajudaram as mulheres a saírem das cadeiras, e fizeram caminho do restaurante até o pequeno túnel curvado que levava à boate conectada.

A música pulsava ao redor dela. Risa estava certa de que podia sentir o ritmo enchendo seu sangue.

Ela um dia tinha amado dançar. Ela dançou com as amigas, outras mulheres jovens consideradas menos aceitáveis ou menos bonitas em seu conjunto social. Elas eram sempre convidadas para as festas, mas eram sempre deixadas ao longo das paredes, entediadas.

Tinha sido ideia de Risa, no ultimo ano, que elas dançassem juntas. Todas amavam dançar, e podiam apreciar as horas em que estavam presas naquelas festas desse jeito.

Na época, Risa tinha apreciado as festas também. Até o sequestro. Jansen havia rido dela durante aquele passeio de avião onde ela havia achado o inferno.

A pequena cadela feia, não pode nem conseguir um homem para dançar com ela, ele zombou, muito menos fodê-la.

Ela tinha dezoito anos. Ela nunca tivera um namorado, nem mesmo um encontro. Ela tinha sido uma virgem, e naquela noite ela havia aprendido o quão demoníaco um pai podia ser.

O vinho ainda a estava afetando, Risa disse a si mesma enquanto cruzava uma perna sobre o joelho oposto e batia o pé no ritmo da música do clube.

Ela queria dançar. Queria se abandonar para a música. Ela não tinha que se preocupar como seu rosto era então, ou por que seu amante queria se livrar dela. Ela não tinha que se preocupar sobre morrer; tudo o que ela tinha que fazer era viver dentro da música.

Ela ficou de pé, sentiu a mão de Micah deslizar pelo braço dela até que seus dedos estavam livremente agarrados ao redor do pulso enquanto ele olhava fixamente para ela.

—Eu quero dançar— ela disse a ele, desejando a liberdade que a música sempre havia dado a ela. A liberdade de ser mais do que a garotinha feia que sempre tinha sido.

A expressão dele apertou, os olhos pretos ficaram impossivelmente mais pretos, mais sensuais enquanto ele erguia de sua cadeira. Ele encolheu os ombros e a jaqueta de couro que usava deslizou e ele a colocou na cadeira, sobre a bolsa e o xale dela, como que os protegendo, escondendo-os da visão. Então ele tomou a mão dela e a levou para a pista de dança.

 

Micha soube que o dia viria em que Risa acharia um modo de acabar completamente com sua mente. Ela já tinha tomado controle do membro dele; ele ficava duro para ela, e apenas para ela. Mas na pista de dança, no meio de dúzias de dançarinas competindo por sua atenção, ela roubou outra parte dele. Ele tinha a sensação de que sobraria muito pouco dele mesmo que ele possuiria quando esta missão estivesse terminada.

Ela dançava como um sonho. O vestido de seda cor de chocolate se movia e brilhava sobre o corpo dela graciosamente à medida que ela se movia. Não fazia nada para esconder o calor da carne dela onde ele a tocava, não fazia nada para esconder a mulher sensual que espreitava embaixo do exterior quieto.

Ele assistiu os mamilos ficarem mais duros sob a seda, assistiu enquanto os olhos azuis claros ficavam inertes, sensuais. O rosto corado, os lábios separados, e ele soube que ela era o centro de seu mundo naquele momento.

Ele morreria para protegê-la. Não havia existido ninguém em sua vida, exceto seus pais, pelos quais ele teria conscientemente caminhado para a morte. Por esta mulher, ele iria.

Ela balançava diante dele como a própria tentação. Os braços erguidos, os quadris se movendo, e tudo o que ele sabia era a lembrança da sensação dela se movendo embaixo dele.

As mãos dele tocaram-na, acariciaram as costas dela, ao longo dos quadris. Ele a girou e as costas dela esfregaram contra seu tórax enquanto a mão dele descia pela barriga dela, apertando as curvas doces do traseiro dela contra seu membro.

Ela o movia com uma atratividade exótica.

Ela o possuía.

Ele podia dançar com ela para sempre. Ele ficaria perfeitamente contente em ficar parado no tempo, ali mesmo, com a vista dela dançando apenas para ele.

E ele ficaria até o momento em que ela desmoronou contra o peito dele, o riso saindo dos lábios enquanto a luz dela clareava com diversão própria.

—Minhas pernas estão acabando— ela riu. —Acho que saltos altos não foram feitos para isso.

Riso. Era a primeira vez que ele ouvia a risada dela, a primeira vez que ele via aquela felicidade brilhando nos olhos, e ele sentiu um aperto no coração. Era a visão mais linda no mundo. Um presente do qual ele se lembraria para sempre.

—Eu te segurarei. — Ele a segurou contra o tórax, movendo-se mais lentamente do que a música, tomando o peso dela e a abraçando contra o tórax enquanto os braços dela se moviam para evolver o pescoço dele.

Ela descansou contra ele, balançando com ele enquanto a cabeça dele se curvava sobre a dela e ele fechou os olhos na suspeita furtiva de que ir embora dela esfolaria sua alma.

Os dedos dela se moviam junto ao pescoço dele, um dedo enroscando pelas mechas curtas do cabelo na nuca. As unhas corriam pelo couro cabeludo. Ela era uma chama em seus braços, vazando em seus poros, acorrentando-o quando ele não tinha nenhum desejo de ser acorrentado.

—Eu preciso de você. — Ele deslizou os lábios sobre o lóbulo da orelha dela e sentiu o calafrio em resposta dela. —Você toda.

—Hmm. — A cabeça dela ergueu. —Você me teve e quis me mandar embora— ela o lembrou. —Você não é o tempo lá fora, Micah. Você não pode mudar a cada dia diante de mim.

Os lábios dele ergueram.

—Nós queremos lutar hoje à noite, Risa? Ou queremos amar?

Ele não teve a intenção de sussurrar a palavra com a contra os lábios dela. Mas com o som, ele sentiu o corpo dela apertar; ele jurou que podia sentir a necessidade dela chamuscado o corpo dele, cortando-o como facas sem ponta enquanto ele lutava contra a sensação.

—Amor?— O ombro dele embalou a cabeça dela enquanto ela olhava para ele. —Estou certa de que essa não era a palavra que você queria dizer, Micah. — Havia uma veia sutil, quase escondida de amargura na voz dela.

Sua adorável Risa. Ela nunca tinha sido amada, não verdadeiramente. Ela tinha sido usada, tinha sido ferida, mas ela nunca teve amor para equilibrar a escuridão que enchia sua vida.

Ele não podia responder. Ele não podia dar a ela esperança onde nenhuma esperança devia existir. Ele tinha que se lembrar do que vinha depois da missão. E o que vinha depois era outra missão, outro perigo, talvez outra identidade. Não havia nenhum lugar para amor nessa vida.

Noah havia feito isto, outra parte dele o lembrou. Noah tinha uma casa, uma esposa, e logo teria um filho, e ele equilibrava essa vida. Mas Noah era o sobrinho do chefe da unidade. Isso fazia a diferença.

—A palavra que eu uso importa?— A mão de Micah emoldurou o rosto dela enquanto ele curvava a cabeça para ela. —Eu não esperarei muito mais, Risa. Você não dá a um homem um gosto de paraíso, e então o joga para fora.

—Sério?— A cabeça dela ergueu, os braços deslizando pelos ombros dele. —Mas você pode dar isto a uma mulher e então arrancá-la sem um só pensamento, não é, Micah?— Ela parou de se mover e tentou recuar.

Micah a segurou para ele, frustração e excitação nele enquanto ela tentava pôr distância entre eles.

—Acho que eu preciso de uma bebida.

—Risa, é você?

A cabeça de Micah ergueu aos arrancos; as narinas chamejando em raiva primitiva à vista do homem de pé ao lado. Ele queria empurrar Risa para trás dele, queria levá-la para longe desta ameaça primitiva o máximo possível.

—Mac?— O assombro e riso saíram dos lábios enquanto ela girava para o outro homem. —Oh, meu Deus. Mac Knight? Olhe para você. — As mãos dela alcançaram as dele, mãos grandes que agarraram as dela menores antes que o outro homem a puxasse para um abraço. —Olhe como você mudou— ela respirou surpresa.

Os dentes de Micah quase estalaram juntos enquanto o tórax do homem mais jovem pareceu estufar. Usando calça jeans e uma camisa de algodão, ele era militar; não havia erro nisso. O modo como ele se portava, o olhar, gritavam agente especial.

—Como eu mudei?— O sorriso de Mac estava pasmo enquanto ele pisava e olhava fixamente para Risa abaixo. —Maldição, Risa, você está linda. — Ele agitou a cabeça como que pasmo antes de perguntar—Dança comigo? Apenas por alguns minutos?— Ele olhou para Micah como que pedindo permissão antes de seu olhar girar para Risa novamente.

Micah queria dar um soco na cara do bastardo.

—Por um minuto. — Risa girou para Micah. —Ele é um amigo. Ele esteve no Iraque por muito tempo. Eu ficarei bem.

O inferno que ela ficaria.

Micah anuiu firme com a cabeça antes de recuar e colocar as costas contra o suporte espesso na extremidade da pista de dança. Ele esperou que nenhum dos dois pensasse que ele iria apenas colocar o rabo entre as pernas e se esquivar de volta para a mesa, porque isso não iria acontecer.

A batida firme virou uma melodia mais lenta, uma balada suave que exigiu que o outro homem a tomasse nos braços. Pelo menos ela não estava roçando contra ele como a pequena gata sensual que Micah sabia que ela era. Mas ela estava muito perto do outro homem, e por um momento Micah soube o que era o completo desejo de sangue.

 

—Seu namorado está chateado— Mac disse enquanto eles se moviam com a música, os olhos cor de topázio a assistindo avaliativamente.

Esse era Mac, sempre pensando nas coisas, ela pensou ternamente.

—Micah ficará bem. — Ela deu uma pequena sacudida com a cabeça um pouco antes do impulso de olhar para ele ganhasse vantagem.

—Eu ouvi sobre o rapto, Risa. — A declaração de Mac fez a cabeça dela girar enquanto humilhação chamejava dentro dela. —Eu estava no Iraque com Reno quando eles juntaram o time de salvamento, e eu pedi para me transferir para o time de salvamento. Eles negaram o pedido. Eu teria achado um jeito de te tirar daquela clínica se soubesse.

Era uma declaração. Era um reconhecimento de que ela havia precisado de ajuda então. A humilhação drenou, mas o cansaço começou a aparecer.

—Eu consegui passar por isto. — Ela não queria conversar sobre isto. —E eu não quero discutir sobre isto, Mac. Mas olhe para você. Você encorpou.

Ele sorriu amplamente. Ele era alguns anos mais velho do que ela, talvez sete, ela pensou. Isso o fazia trinta e dois talvez. A última vez em que ela o havia visto ela tinha dezesseis e ele tinha sido um jovem mais sábio de vinte e dois anos que tinha acabado de se alistar.

Tantos anos. E os dois haviam mudado.

—Eu não sou o único. — Ele sorriu para ela abaixo com diversão torta. —Você está bonita. Mas eu não te disse que você iria ficar assim?

—Sim, depois de você me fazer chorar por me chamar de patinho feio— ela assinalou sem amargura. Era impossível ficar brava com Mac por tanto tempo, até mesmo na época. Ele tinha um sorriso tímido e tocante e um jeito de dizer como as coisas eram, não importando o que a pessoa quisesse acreditar.

—Eu estava certo. — Ele anuiu vivamente com a cabeça. —Você se transformou em uma jovem mulher bonita, Risa.

Ela encolheu os ombros, desconfortável com o pensamento. Ela ainda via as feições sem-graça; se havia qualquer beleza lá, se escondia dela no espelho.

—Então o que você faz no Iraque?— Ela perguntou, desesperada para saber mais sobre um dos poucos amigos que tinha feito quando criança.

—Trabalho em operações especiais— ele declarou. —Nós coordenamos muitas das missões que saem entre os SEALs e as Forças Especiais no Oriente Médio. A maior parte delas passa eventualmente pelo nosso centro de comando.

—Você deve ter Micah encontrado em algum lugar então— ela disse a ele. —Ele era um SEAL antes de retornar aos States.

Ele deu uma olhada rápida para Micah, então de volta para ela.

—Ele não é um SEAL, Risa— Mac declarou.

—Sim, ele era. — Risa olhou fixamente para ele em confusão. —Ele trabalhou principalmente no Oriente Médio.

Mac agitou a cabeça enquanto um toque de preocupação entrava em sua expressão.

—Eu não sei o que ele está tentando te mostrar, mas sei muito bem que ele não é um SEAL— ele disse novamente. —Não só porque eu não o conheço, mas porque os SEALs tem um certo jeito, mesmo depois de deixarem a Marinha. Se um dia o fazem. Aquele homem nunca foi um SEAL. Um agente em algum lugar talvez, definitivamente não alguém para se provocar. — O olhar dele ficou afiado no rosto então. —Riss, você está em apuros? Precisa de ajuda?

Risa sentiu uma onda opressiva de afeto a encher. Esse era Mac, sempre tentando tomar cuidado com outra pessoa.

—Eu estou bem. — Ela agitou a cabeça. —Mas confie em mim, Micah é um SEAL. — Não era? Ela estava desesperada para se convencer de que pelo menos isso era a verdade. Que a personalidade inteira de Micah não podia ser falsa.

Mac agitou a cabeça novamente.

—Confie em mim, Risa, se aquele homem fosse um SEAL, então eu o teria encontrado. E eu conheço os SEALs. Ele não é um—Ele cessou bruscamente. —Riss, aquele é Ian Richards com ele?

Ela anuiu com a cabeça; ela não tinha que olhar.

—Riss. — Preocupação coloria a voz dele. —Querida, no que você está envolvida?

 

—Quem é ele?— Ian se moveu para perto de Micah enquanto eles assistiam Risa dançar com o outro homem.

—Mac Knight, Operações Especiais no Iraque— Micah respondeu. —E o que quer que ele esteja dizendo a ela, ela não está gostando nada.

—Porra, eu conheço Knight. — Ian fez uma careta. —agente especial uma ova, ele é de nível alto. Toda maldita missão lá passa pelo escritório dele de uma forma ou de outra. Ele pode jogar a sua cobertura para o espaço.

—Coloque Jordan na linha— Micah o ordenou enquanto se endireitava. —Faça-o tirar o Sr. Night da jogada, o mais rápido possível. Eu o quero incapaz e pouco disposto a abrir a maldita boca.

Ian abriu o celular enquanto Micah ficava tenso. Risa parecia preocupada. Ela mantinha a expressão girada nele, o corpo estava tenso, e Mac Knight parecia trovejante.

Micah os assistia, franzindo o cenho. Ele não gostava mais do olhar de propriedade de Knight do que gostava de ver Risa nos braços de outro homem.

—Dê um minuto a Jordan— Ian murmurou. —Ele o está fazendo ser chamado na base. Jordan estará lá esperando por ele junto com a CIA.

—Se não for muito tarde— Micah rosnou.

Eles assistiram, e quase um minuto mais tarde o outro homem pausou, o olhar cortante para Micah e Ian enquanto pegava o celular da calça jeans e falava nele, e então os encarou de volta.

Micah sorriu, uma curva lenta e triunfante dos lábios que ele se certificou de não estar lá quando Risa se voltou para ele.

O olhar o assegurou de que ela havia ouvido algo que a havia chateado. Algo que mais provavelmente a havia deixado puta.

—Ian. — O olhar de Mac era frio enquanto enfrentava Micah e Ian. —É bom vê-lo novamente.

—Mac. — Ian anuiu com a cabeça, então olhou para Risa antes de erguer o olhar de volta para o outro homem. —Indo embora tão cedo?

Um brilho zombeteiro refletia nos olhos de Mac enquanto Micah curvou o braço ao redor das costas duras de Risa e a puxou contra ele.

—Ligação do trabalho— Mac declarou, o escárnio completamente presente na voz. —Espero que você esteja cuidando de Risa— ele advertiu Ian então.

Ian curvou a cabeça, olhou para Risa, então para Mac, e deixou uma ponta de um sorriso tocar os lábios.

—Eu deixo Micah cuidar disto, Mac. Já que ele está vivendo com ela, considero que esse seja o trabalho dele, não?

Mac não respondeu. Os olhos castanho-amarelados olhavam fixamente para Micah enquanto Micah sentia o desejo opressivo de mostrar ao filhotinho de cachorro exatamente o que o cachorro grande era onde a questão era Risa.

—Conversarei com você logo, Ian. — Soou como uma advertência enquanto Mac girava para Risa, curvava, beijava-a na bochecha, e anuía com a cabeça em despedida antes de partir.

—Muito interessante. — Risa olhou para Micah com um brilho falso. —Você é um homem muito misterioso, Micah. — Então os olhos dela endureceram enquanto ela olhava fixamente para Ian. —Estou pronta para ir para casa. Já tive o suficiente pela noite.

Ela não deu a nenhum dos dois a chance de responder e se moveu para longe, os quadris se movendo com um estalo. Micah fez uma careta. Ela estava puta.

—Estamos em apuros— Ian murmurou.

—Não— Micah suspirou. —Eu estou. Não é você quem tem que viver com ela quando ela está puta.

—Verdade— Ian grunhiu. —Mas eu tenho que viver com a Kira. Ex-agente. Lembra?

—Ela apenas te mataria rápido — Micah suspirou. —Eu morrerei lentamente.

—É verdade. — Ian estava quase rindo. —É realmente verdade, Micah.

 

Quando a limousine parou no edifício, Micah pôde sentir a tensão zumbindo ao redor de Risa. Ela estava muda, com ira feminina mortal. Ele podia sentir pulsando no ar ao redor deles.

Ian e Kira estacionaram na frente do edifício, mais ou menos sob as ordens de Risa. Com um sorriso doce e um comando firme ela fez o pedido, mas Micah e Ian sabiam bem. O convite que ela tinha feito ao outro casal para retornar ao apartamento era cheio de palavras gentis, mas todos viram o olhar dela.

Kira tinha sido divertida, mas questionadora enquanto olhava de Micah para Ian, como se eles devessem saber exatamente o que Knight havia dito a ela.

Como se Micah tivesse uma droga de pista, mas ele fez uma nota mental de achar o bastardo logo e descobrir exatamente o que havia acontecido.

—Fico surpreso que você tenha desejado companhia hoje à noite— Micah observou enquanto Travis abria a porta e ajudava Risa.

Ele notou que ela soltou a mão do agente o mais depressa possível.

—Estou certa de que você está. — A voz dela estava tão apertada quanto o corpo; algumas horas durante o passeio ele pensou ter pegado um vislumbre de lágrimas nos olhos.

—Risa?— Ele pendeu a cabeça e olhou fixamente para ela abaixo enquanto Ian e Kira se moviam através do estacionamento. —Há algo que eu deva saber?

O sorriso dela era frágil.

—Eu não sei, Micah. Há algo que eu deva saber?

Ele controlou uma carranca enquanto Ian e Kira os alcançavam.

—Risa, tudo bem?— Kira olhou ao redor, o pequeno parque em frente à área de estacionamento, e o exterior bem iluminado.

—Estou bem. — Risa encolheu os ombros enquanto girava e caminhava pela porta que Clive mantinha aberta para ela.

Ele anuiu com a cabeça para eles à medida que ela passou. Risa o agradeceu e deu um sorriso doce. Ela não sorria ou até mesmo conversava desde sua dança com Mac Knight.

Eles se moveram como um grupo para o elevador. Risa permaneceu muda no caminho para cima, a tensão zumbindo por ela alcançando o resto deles.

Ela andou no corredor, encarou a porta oposta a dela, então esperou que Micah destrancasse a porta e verificasse o lado de dentro, então cobrisse o corredor enquanto John se movia depressa para o apartamento oposto.

Risa entrou no apartamento, perguntando-se se acabaria se estrangulando com a própria raiva enquanto girava para os outros e colocava um sorriso no rosto.

—Eu não sou muita boa com vinho— ela os informou. —Mas tenho cerveja.

—Cerveja está bom, Risa. — Ian anuiu com a cabeça, o olhar questionador.

—Ótimo. — Certo, o sorriso dela era brilhante demais, mas ela não estava gritando com eles ainda. —Eu pegarei.

Ela se moveu para a cozinha, pegou quatro cervejas da geladeira, abriu as tampas e retornou para o outro cômodo.

Quando todos já estavam com as bebidas e já tinham achado lugares, Ian e Kira no sofá, Micah em uma das duas poltronas, Risa se ajeitou na poltrona restante e sorriu de volta para Ian.

—Então, há quanto tempo você conhece o Micah, Ian?— Ela perguntou a ele.

—Mais ou menos cinco anos. — O olhar dele estava ligeiramente curioso. —Por quê?

Por quê? Como se ele não tivesse mentido para ela, como se ele não tivesse sido uma parte da mentira como os outros.

—Você o encontrou no Oriente Médio?— Ela o interrogou, sentindo a tensão ameaçar rasgá-la do avesso. —Jordan mencionou na manhã que eu fui informada desta pequena operação. Que Micah era um antigo SEAL. Que ele havia trabalhado com o seu time.

Ian olhou fixamente de volta para ela por longos momentos antes de se debruçar adiante e deixar a cerveja na mesa.

—Risa, por que você apenas não diz o que tem na mente?— Ele disse suavemente. —Não dê voltas comigo.

Os lábios dela quase tremiam. Ela teve que apertá-los para conter a necessidade de chorar. Jansen disse a ela que ela era nada além de uma chorona. Que ela não sabia lidar com a realidade ou como ser uma adulta. Que ela sempre lidaria com seus problemas chorando.

Parecia que ele estava certo. Pelo menos neste caso.

—Você estava lá— ela sussurrou. —Naquele maldito buraco onde Jansen deixou que eles me levassem. Você ajudou a me salvar, Ian.

Ele anuiu com a cabeça enquanto Micah amaldiçoou sob a respiração.

—Eu estava lá, Risa— Ian concordou. —E eu quis matar aqueles bastardos pelo que eles fizeram a você, Emily e Carrie. Se eu soubesse o que aconteceu mais tarde, teria te tirado daquela clínica e me certificado de que você fosse protegida. Eu mesmo teria matado Jansen.

Ela anuiu com a cabeça. Ela sabia disto. Ian era assim. Ele sempre tentaria proteger os outros; era uma parte dele.

—Eu confiei em você, Ian. Você, Reno, Kell e Macey. Eu confiei a minha vida a todos vocês, porque você estava lá. — A respiração dela engatou enquanto Micah saiu de sua cadeira e compassou para mais perto dela.

—Risa, por que você apenas não nos diz o que Knight disse?— Kira declarou então, a voz compassiva, mas verdadeira.

Risa girou para Kira e quis gritar em ira. As lágrimas estavam despedaçando seu tórax. Queimavam atrás dos olhos; sufocavam-na enquanto se erguiam no peito.

Ela queria se curvar sobre si mesma e fugir. Se esconder como Micah já a havia acusado de fazer. Seguramente não era tão doloroso quanto enfrentar as mentiras.

Ela desejou ser tão forte quanto Kira. Tão confiante. Por seis anos Risa tinha sentido tanta inveja da outra mulher. Mas ela se perguntou o que diabo ela teria que fazer para achar tal confiança em sua habilidade de sobreviver. Risa não imaginava poder sobreviver a coisas piores do que já conhecia, ainda assim ela não achava nenhuma confiança em sua sobrevivência.

—Você não teve que mentir para me convencer a encontrá-lo— ela sussurrou, olhando fixamente de volta para Ian. —E você não tinha que mentir para mim depois disto, que ele era um amigo seu. Que ele era um SEAL. Eu não teria lutado contra esta operação que você queria me usar. Tudo o que você tinha que fazer era me dizer que ele era um amigo, Ian. Isso era tudo.

O silêncio encheu o cômodo enquanto ela ficava de pé e girava as costas para os três. Ela se sentia como se fosse quebrar.

—Vocês pensariam que eu estou acostumada às mentiras— ela meditou roucamente. —Eu deveria estar, não deveria? Não deveria me afetar tanto vocês terem mentido sobre algo tão pequeno.

Ela girou e os enfrentou. Ninguém disse uma palavra. Eles a estavam assistindo cautelosamente, como se ainda não estivessem exatamente certos do que ela sabia. Até Kira parecia estar em alerta, assistindo-a atentamente. Os olhos pretos de Micah eram penetrantes, as sobrancelhas abaixadas fortemente enquanto ele a assistia.

—Ele é ao menos americano?— Ela girou para Ian como se estivesse apenas curiosa. —Eu poderia jurar que ele não é. Algum de vocês pode ao menos me dizer a verdade aqui?

—Risa. — Ian limpou a garganta.

—Por favor, não minta para mim novamente, Ian— ela disse normalmente, como se as lágrimas não estivessem rasgando sua alma. —Eu achava que você e Kira fossem meus amigos. Pessoas com as quais eu podia contar. — Ela quase bufou nisso. —Talvez eu devesse ter percebido. A operação é mais importante, certo?

—Eu te adverti— Kira disse suavemente para o marido enquanto os olhos cinza ficavam em Risa.

Risa odiou o olhar dela. Ela odiava ser observada como se fosse um percevejo debaixo de um maldito microscópio.

—Por que você mentiu para mim?— Ela gritou de volta para eles, apenas cientes do vacilar sutil no corpo de Micah enquanto ela encarava Ian e Kira.

—Porque você precisava confiar no homem que iria dormir com você, Risa. — Kira foi a pessoa que a respondeu.

A outra mulher ficou de pé, ela parecia tão compassiva que Risa teve que fechar os dedos em punhos para se impedir de voar na cara dela.

—Olhe para você— Risa quase a acusou. —Você se sente tão arrependida por mim, não é, Kira? Eu fico enojada da piedade nos olhos de todos vocês. Tentem me dizer a maldita verdade para variar e vocês não terão que lamentar pela pobre pequena Risa.

Kira estremeceu.

—Considero-me culpada. — Ela anuiu com a cabeça. —E você está certa: nós devíamos ter sido honestos com você. Mas em nossa defesa, Risa, nós nunca poderíamos estar certos do quão forte você era, ou como você teria aceitado a verdade não enfeitada.

—E que verdade é essa? — Risa riu amargamente. —Vamos ver. — Ela girou para Micah. —Na primeira noite ele era seu bom e querido amigo que havia lutado com o seu marido no Oriente Médio. Na manhã seguinte ele era um de agentes de Jordan Malone para me proteger. — Ela se voltou para Kira. —O que ele é agora?

Ninguém a respondeu. Eles olharam fixamente de volta para ela como se ela estivesse demente, mas não havia nenhuma resposta vindo. Ela podia sentir a amargura rasgar por ela. Dava espasmos no estômago, rasgava pelo peito. Ela se sentia como se os joelhos fossem deixá-la e ela fosse desabar no chão de dor.

Ela girou para Micah.

—Nenhuma explicação? Nenhuma resposta?— A voz era rangedora enquanto ela estremecia com o olhar dele. Parte tormento, parte completa arrogância impenetrável.

—Eu não posso dizer a você o que você quer saber—ele declarou finalmente. —Mas saiba uma coisa, Risa: eu não menti para você. Nada que eu fiz, nada que eu te dei tem sido uma mentira.

—Mentiroso. — Ela queria gritar, mas a acusação foi rasgada, rota, em vez disso. —Você mentiu todas as vezes que me tocou, Micah. Mentiu para mim a cada palavra que saiu dos seus lábios para que assim você pudesse entrar nesta missão. Pelo menos admita isto.

—Eu não tive que mentir, Risa— ele declarou sombriamente. —Porque você não fez perguntas. E agora, você está fazendo perguntas que eu não posso responder.

—Claro que você não pode. — O sussurro dela era amargo e cheio com dor. — Super agentes secretos não respondem perguntas, não é, Sr. Sloane?

—Isto é ridículo, Risa— ele a acusou, o olhar estalando com ira agora. —Você sabia que isto era uma missão. Você sabia o que nós estávamos tentando fazer. Você não pode dizer que é uma transgressão agora. E você não pode esperar que eu arrisque essa missão respondendo perguntas que contêm informações que poderiam ser perigosas nas mãos erradas. Informações que poderiam apenas acabar machucando você.

Ela vacilou com a raiva na voz dele e a recusa de responder algo tão simples quanto que diabo ele era.

—Bem, acho que estou perguntando à pessoa errada. — Ela girou e balançou para a porta. —Vamos ver o que Jordan tem a dizer.

—Não, Risa. — Micah saltou para ela, mas era muito tarde. Ela estava fora, através do corredor e batendo na porta onde sabia que os agentes estavam hospedados.

Ela queria respostas. Ela não queria mais mentiras e não queria mais encobrimentos. Ela queria saber exatamente a quem ela havia dado seu corpo e seu coração. Ela queria conhecer o homem que iria perder.

—Risa, não agora — Micah rosnou, os dedos enrolando ao redor do braço dela.

—Agora. — Ela saiu do aperto dele enquanto a porta se abria.

Jordan olhava fixamente de volta para ela, os olhos azuis ardendo com raiva enquanto encarava Micah acima da cabeça dela. Mas Jordan não era a pessoa que segurou sua atenção.

Ela ouviu a voz feroz de Micah atrás dela, e de Ian “Por Deus, Jordan, o que diabo você está fazendo?”.

Os olhos dela estavam presos no homem que olhava fixamente de volta para ela, o olhar cor de topázio enquanto ele erguia a cabeça das fotos dispersas sobre a mesa.

Mac Knight.

Ele tinha sido amigo dela quando tão poucos homens jovens nem tomariam seu tempo para falar com ela. Ele havia dançado com ela quando ela teria sido humilhada por não ter uma escolta para uma parte particular de um evento.

Ele tinha sido como um irmão. Ele e os pais tinham vivido na propriedade vizinha a dos Clays, então eles socializavam frequentemente. Ele a havia ensinado como jogar pôquer num verão. Ele tinha dado a ela sua primeira garrafa de cerveja.

Ele era uma das poucas boas memórias que ela tinha da mocidade.

—Risa. — Mac se ergueu lentamente, os olhos estranhamente coloridos úmidos, cheios com horror enquanto ele olhava fixamente de volta para ela com piedade. —Eu não sabia. Deus, Riss, eu não sabia.

A voz era espessa com raiva, remorso. E piedade.

—Eu teria feito algo. — A voz estava espessa com emoção, com remorso.

Risa o ignorou. O olhar dela estava nas fotos estendidas sobre a mesa.

Fotos dela.

Ela se lembrou dos flashes de luz enquanto alguém tirava fotos no avião. Ela também se lembrava de algo sobre um vídeo. Eles sempre tiravam fotos e vídeo de suas vítimas, ela se lembrou friamente. Diego Fuentes insistia nisto. Ele tinha uma provisão muito pequena do Pó das Prostitutas, então era apenas usado em vítimas que poderiam beneficiá-lo. Filhos e filhas de homens poderosos. Mulheres que trabalhavam em áreas sensíveis ou secretas. Eram predominantemente as vítimas que ele mesmo escolhia.

Às vezes, seus associados compravam o Pó das Prostitutas dele e a usavam de outros modos. Mas sempre havia fotos e vídeos.

—Não foi exatamente a minha melhor pose— ela disse, olhando fixamente para o retrato de cima.

O rosto dela estava vermelho, os olhos selvagens e cheios com lágrimas. Havia mais debaixo daquela. Vívidas, chocantes, fotos explícitas.

Ela ouviu Micah atrás dela; soava como se ele estivesse pronto para matar, mas o olhar dela estava preso nas fotos.

—Riss— o protesto de Mac foi tragado pelo rugido nas orelhas dela.

Ela não havia visto as fotos. Ela não tinha nenhuma ideia de que Jordan as tinha.

—Eles te fizeram olhar isso— ela disse enquanto gesticulava para as fotos, sentindo o entorpecimento dos lábios antes de ele se mover para o corpo. —Acho que você estava sendo repreendido por denunciar o Micah.

Ela olhou mais algumas fotos. Elas eram meio cinzas, mas explícitas. Nada estava escondido do olho da câmera noturna. Estava lá em todos os detalhes brilhantes. Pelo menos não estava em cores, ela pensou vagamente.

Ela teve que pôr a mão sobre a boca para conter o grito, conter a necessidade de se amordaçar enquanto era saudada pela visão do próprio corpo nu. Contundido, imundo. A tela embaixo dela estava manchada com seu próprio sangue.

—Que cafona, mostrando isso para você. — Ela não podia respirar. Ela podia sentir a necessidade de puxar oxigênio para os pulmões, mas ela parecia não ser capaz de reter o suficiente dentro dela. —Você deveria tê-las cortado em tiras para mim.

Ela podia se ouvir gritando. No fundo da mente, ela estava gritando e implorando a Jansen. Papai, por favor. Por favor, faça isto parar.

Sua maldita chorona. Meninas grandes não choram, sua pequena cadela, ele a acusou.

E ela podia ouvir o riso dele. Correu pela mente dela como garras doentes e deixou-a se sentindo febril, fraca.

Ela podia ouvir vozes atrás dela. Ela podia ouvir Micah amaldiçoando Jordan, Ian, Mac e qualquer outro que pudesse amaldiçoar. Ela não viu as lágrimas que Kira teve que esconder, ou a ruiva que girou o próprio rosto para a parede enquanto as próprias lágrimas começavam a cair.

Risa ergueu o olhar para Mac.

—Que triste— ela sussurrou. —Definitivamente sou o patinho feio, não sou?

A expressão dela estava transtornada naquelas fotografias. Ela era feia, marcada e suja. Ela tinha sido uma criatura, um animal enfurecido, e isso aparecia nas fotografias granosas que tinha sido impressas.

—Pare com isto. — Micah a girou.

Risa olhou fixamente para ele em choque. Os olhos pretos estavam primitivos, faiscando com pedaços de luz branca que quase a mantiveram encantada.

—Jordan mostrou o vídeo para ele também?— Ela disse como se estivesse meramente curiosa. Não era como se o vídeo pudesse ser qualquer coisa pior do que as fotos.

—Risa, pare. — A mão de Micah emoldurava o rosto dela, os dedos longos empurrando seu cabelo enquanto ele olhava fixamente de volta para ela, o olhar atormentado. —Knight se recusou a escutar as explicações do Jordan. Ele queria a prova. Ele não recuaria sem isto, querida. Era dar a prova a ele ou matá-lo.

Um sorriso curvou os lábios dela. Ela sentiu isto. Uma resposta automatizada enquanto algo começou a se rasgar solto dentro de sua alma.

—Acho que eu teria preferido que você me matasse— ela declarou. —Você viu?

—Risa— ele objetou rouco. —Vamos voltar para casa; nós conversaremos sobre isso lá.

Ela empurrou a cabeça do aperto dele, olhou fixamente em torno do cômodo. Ian e Kira; havia o agente John que ficava no apartamento. Que interessante, o chofer que havia dirigido anteriormente permanecia na entrada de um quarto. Nik a assistia com olhos nórdicos azuis glaciais. Havia a ruiva do elevador. E, vejam só, por que será, estava o marido da boa amiga de Risa, Emily, entrando no cômodo, Kell.

—Todos viram aquelas fotos?— Risa se voltou para Micah. —Vocês fizeram um tipo de reunião? Como vocês chamam? Uma missão objetiva onde vocês olham a evidência sangrenta primeiro? Você chegou a ver o vídeo? Não consigo imaginar que tenha sido muito interessante.

Ela estava falando muito rápido. Risa se sentia cortada, desconectada consigo mesma, como se vozes ecoassem atrás de sua cabeça.

—Não, Risa— ele sibilou rouco. —As fotos eram parte do arquivo que nós tivemos. Eu não olhei para os fotos e nem os outros. Nós sabíamos o que aconteceu a você.

—E você não é um SEAL. — Ela sabia que ele não era. Ela se debruçou adiante quase de brincadeira; ela se sentia como uma boneca de pano sem alma. —Aposto que foi ideia da Emily, não foi? Ela sabia que eu costumava sonhar com um SEAL que entrasse no meu quarto e me salvasse quando eu era criança. Ela te disse isto?

—Risa. Meu bem. — A voz de Micah abaixou, e ela se perguntou se era a mão dela que estava tremendo enquanto ele tocava sua bochecha ou se ela estava simplesmente tremendo demais.

—Nenhuma resposta?— Ela se sentia fraca. Ela se sentia como se estivesse sendo rasgada por dentro e não podia nem deixar a ira escapar. Ela não podia bater nele; ela não podia odiá-lo. Ela olhava fixamente para ele, e naqueles segundos de agonia ela realmente percebeu que o amava.

Ela quase riu alto com o pensamento. Pobre Risa feia. Ela pensou que tinha achado um SEAL, e agora ela nem mesmo sabia o que havia a sua frente.

—Micah é um antigo Mossad israelita, Risa. — Essa era a voz de Jordan. Era baixa; escura e má. Engraçado, ela não deveria nem se importar se ele soava como se estivesse em dor.

—Mossad— ela disse vagamente. —Sim, combina. Judeu. Ele não come bacon.

—Risa, pare com isto. — A expressão dele era preocupada, cheia com dor. Atormentada.

Ela girou a cabeça e olhou fixamente para Mac. Os olhos estavam mais escuros do que ela já tinha visto.

—Nós éramos amigos— ela sussurrou.

—Nós ainda somos amigos. — Ele tragou fortemente. —Nós sempre seremos amigos, Risa. Você pensa que eu te culparia?

Ela agitou a cabeça.

—Nenhum amigo, Mac. Não tenha amigos, eles só mentem para você, você não sabia disto?

Ela ouviu alguém soluçar e pensou que talvez fosse a ruiva.

—Micah, porra, tire-a daqui— Jordan amaldiçoou. —Eu ligarei para o psicólogo dela e o trarei aqui.

Risa quis rir disto.

Ela girou para Jordan em vez disso.

—Não se preocupe, Sr. Malone, eu tenho medicamento, e eu sei como tomar se precisar. — Ela olhou fixamente para ele com raiva fria, brutal. —Sabia que todas as vezes que eu te vejo você tem sido como A Morte da benevolência e da alegria. Você deveria achar outra profissão.

Surpresa reluziu nos olhos dele.

Risa encolheu os ombros e saiu da alça de Micah e se moveu cuidadosa e deliberadamente através do cômodo. Ela não iria chorar aqui. Enquanto ela alcançava a porta, girou e olhou através do cômodo para Kell. Os olhos verdes estavam cheios com remorso.

—Diga a Emily que eu a amo de qualquer maneira— Risa sussurrou, enquanto juntava os lábios com força para se impedir de soluçar. —Ela mentiu para mim, Kell. Você dois mentiram para mim.

Ela se sentia perdida, e só. Ela olhou fixamente em torno do cômodo, percebendo que todo mundo que ela amava mentia para ela como se ela fosse uma criança que não podia lidar com a verdade, que não podia lidar com a realidade.

—Tudo o que você tinha que fazer era me dizer a verdade. — Ela olhou fixamente para Micah, o coração quebrando enquanto a primeira lágrima caia. —Apenas a verdade.

Ela abriu a porta. Micah estava atrás dela, mudo, tão glacial quanto a morte, enquanto a levava através do corredor de volta para o apartamento.

A porta fechou atrás deles e ela continuou caminhando. Ela se moveu pela sala de estar e o quarto na frente antes de fechar e trancar a porta atrás de si.

Ela se moveu pelo quarto, foi ao banheiro e fechou a porta lá.

Ela parecia diferente.

Ela se olhou fixamente no espelho, corpo inteiro.

Ela não via o patinho feio.

Ela não via a mulher enfurecida do Pó das Prostitutas ou a criança desesperada que costumava se sentar na frente da janela do quarto e sonhar com um SEAL para salvá-la.

Ela via uma jovem mulher. Ela não era feia, mas também não era bonita.

Ela enxugou as lágrimas, mas elas se recusaram a parar de cair. Ela era um pouco sem-graça talvez, mas Micah não precisava pôr um saco no rosto dela para fodê-la.

Ele apenas precisava mentir para ela.

Mas o rímel estava escorrendo. E a ponta do nariz estava vermelha.

Ela esticou a mão, tocou o espelho que a seguia pela infância até a maioridade. O mesmo espelho com a mesma moldura escura e pesada.

Ela esticou a mão, agarrou uma garrafa do gabinete, e com um grito enfurecido, jogou-a no espelho.

Ela o assistiu quebrar. O vidro choveu ao redor dela enquanto ela ouvia o impacto da porta do quarto. Um segundo mais tarde a porta do banheiro bateu contra a parede atrás dela.

—Ali. — Ela girou para ele.

Tremendo de ira, as lágrimas caindo dos olhos, ela o enfrentou. —Há um maldito espelho. Há um patinho feio. Eu preciso de você quase tanto preciso dessa porra de espelho.

Os punhos dela bateram no tórax dele enquanto ela começava a soluçar. Ela bateu nele. Não havia nada mais para bater. Toda a dor e ira que se ergueram nela durante os seis anos tiveram vazão, até que ela estava gritando, a cabeça enterrada no peito dele enquanto ele a erguia, segurava bem perto dele, e a levava para a poltrona no canto do quarto.

Ele a segurou. Uma mão contra a cabeça para segurar os gritos dela contra seu coração. A outra ao redor do corpo superior dela enquanto ele a dobrava perto do peito suavemente e a balançava.

Ela não podia aguentar. Ela não podia lutar. Ela havia lutado por seis anos. Ela não havia chorado; ela não havia perdido o controle. Ela se certificou de que não era a chorona Jansen Clay a havia acusado de ser repetidas vezes naquela noite.

—Risa, bebê. — A mão de Micah acariciava as costas dela. —Eu tenho você, amor. Aqui mesmo contra o meu coração. Eu tenho você, Risa.

Ela sentiu a batida do coração dele contra a bochecha, forte e certa, um pulsar pesado que a acalmou na única noite em que ela se permitiu dormir contra ele.

No peito dele ela despejou oito anos de ira, pesar e dor. Ela despejou a criança que tinha sido contra o peito dele, e a mulher que não sabia como se libertar. Ela se segurou a ele com mãos desesperadas, e ela se deixou ser fraca.

Ela se permitiu se aceitar.

Os amigos mentiriam.

Às vezes, iria existir piedade.

Ela não podia ser sempre forte.

E um dia, logo, Micah partiria.

Ela nunca viu as lágrimas que Micah derramou enquanto ela soluçava contra ele. E ela nunca viu a dor que queimou em sua alma pela mulher que não podia ter. A mulher que era forte o suficiente para chorar, e forte o suficiente para sobreviver.

 

Ela devia ter dormido a noite toda e a manhã seguinte. Quando Micah tirou o lindo vestido de seda dela e a colocou embaixo dos cobertores, ela estava exausta de chorar.

Ela estava ciente dele se despindo, e quando ele deslizou nu na cama, ela não pôde evitar e se enrolou contra ele.

—Minha mãe me disse uma vez que quando uma mulher derrama lágrimas, os anjos trazem sua força— ele sussurrou na escuridão enquanto segurava Risa contra ele. —Você não é fraca, Risa. E eu nunca tive pena de você. Nem mesmo uma vez. Eu sempre fiquei espantado com a sua coragem e tenacidade para sobreviver.

—Eu me escondi— ela sussurrou rouca.

—Sim, você se escondeu. — Ele suspirou. —De si mesma. Da beleza que brilha dentro de você e enche as curvas gentis do seu rosto. Você se escondeu de um passado que ninguém pode te culpar por não querer se lembrar. E você se escondeu de si mesma, Risa. Mas você não se escondeu da vida, e não se escondeu do conhecimento de eventos que queria esquecer. Você sempre lidou com isso de forma graciosa.

—Estou cansada. — Ela deixou os olhos fecharem. —Eu só quero me esquecer por um pouco de tempo, Micah.

A mão alisou as costas dela antes de ele dobrar o lençol e a acolchoar até o pescoço.

—Durma, amor. Eu estarei aqui.

Ela ficou muda por longos momentos, olhando fixamente a escuridão.

—Eu não queria que você visse aqueles fotos— ela disse então. —Eu queria esquecer que elas existiam.

Ela sentiu os braços dele apertarem ao redor dela e percebeu naquele momento que ela nunca tinha sido abraçada enquanto chorava. Ela nunca tinha sido abraçada, ponto final, exceto pelas poucas vezes que a avó a abraçou.

—Elas não existirão por muito mais tempo— ele a prometeu. —O vídeo foi destruído, anos atrás. Jordan se certificou de que todos os vídeos que foram confiscados fossem destruídos. Não há nenhum vídeo lá fora, Risa. E eu te prometo, não haverá quaisquer fotos logo.

Ela anuiu com a cabeça, as pestanas movendo sobre os olhos.

O sono veio rapidamente. Ela devia ter dormido por horas. Ela dormiu sem sonos pelo menos. Não havia nenhum pesadelo assolando-a como havia acontecido nas últimas noites. Ela havia dormido, morna e confortável contra o peito de Micah, e acordou quando a luz da manhã passou pelas cortinas do quarto.

Ela estava morna, abraçada junto do peito dele, uma perna sobre uma dele enquanto ele a envolvia com o corpo.

Protegendo-a.

A mão dela descansava contra o coração dele, logo abaixo da bochecha dela. A batida lenta, fixa, acalmava-a, relaxava.

Ela sempre se perguntou como seria ter alguém para acordar todas as manhãs. Deveria cortá-la saber que ele não estaria lá por tempo além do necessário para pegar um assassino, e a dor estava lá. Mas residia com aceitação cansada.

Sim, ele iria embora, mas ela sabia agora o que queria dizer amar. Ela não sabia o que queria dizer ser amada, mas amar era quase tão bom.

E amar significava querer.

Ela podia sentir o próprio corpo, cada terminação nervosa acordada e pulsando pelo toque dele. Fome roia seus sentidos, a memória de sua possessão a aquecendo até que o clitóris ficou inchado, a boceta molhada e dolorida.

—Você está acordada. — A voz de Micah não estava nada sonolenta. Era sombria e quente com necessidade. O membro era como uma cunha espessa de carne apertada contra a barriga dela, pulsando com a mesma batida de seu coração.

Era isso o que a havia acordado? O conhecimento de que ele estava esperando por ela, duro e pronto para o prazer dela?

—Eu quebrei o espelho— ela sussurrou, horrorizada por ter feito tal coisa. —Vovó vai chorar. Ela me deu aquele espelho quando eu era uma garotinha.

Enquanto ela falava, não pôde evitar e esfregou as pontas dos dedos contra as dobras do abdômen dele, sentindo a força e o poder que residiam lá.

—Nós não precisamos do espelho.

O lençol dançou sobre a carne dela, arrastado negligentemente sobre seu corpo. Um tremor passou apressado por ela.

Ela não podia resistir ao toque dele, não quando ela precisava dele tão desesperadamente. Quando a dor e a humilhação, as mentiras e os medos, apertavam seu estômago como um punho febril.

—Ahuvati— ele sussurrou, o calor de deserto escuro da voz acariciando sobre ela enquanto a palma acariciava a barriga até o seio inchado. —Minha Risa. Como eu desejo você.

Ele se ergueu sobre ela, a cabeça balançando, os lábios ajustando sobre os dela em um beijo leve como o toque de uma borboleta que enviou ondas de calor para todos os lados do corpo dela.

—Beije-me, Risa— ele sussurrou contra os lábios dela. —Leve-me.

Um gemido deixou os lábios dela. Os braços envolveram o pescoço dele, os dedos enterraram no curto cabelo para puxar a cabeça dele para ela.

A língua acariciou os lábios enquanto um gemido masculino encontrava a carícia. Ele tinha gosto de calor e desejo escuro, uma ambrosia que ela almejava.

Enquanto ela se moveu para mais perto do calor de seu corpo, a respiração saia do pulmão aos arrancos ao sentir o membro dele, pesado e duro contra sua coxa.

—Minha linda Risa— ele gemeu contra os lábios dela enquanto a cabeça erguia do beijo. — Meu doce amor. At yafa. Você é linda.

Ela estremeceu sob a cadência da meia-noite na voz, e a sensação da palma enrolando ao redor do seio, os dedos movendo para o cume expandido do mamilo.

—O seu gosto me aquece. — A cabeça dele abaixou, a língua acariciando o mamilo oposto enquanto os dedos beliscavam o seu companheiro. —Você faz o meu sangue aquecer com o meu desejo por você.

Ela arqueou, o som da voz quase uma carícia física nos sentidos dela antes dos lábios se separarem mais e ele trazer o broto apertado para a boca.

Enquanto ela apertava a cabeça contra o travesseiro, os olhos chamejando largos ao sentir os dentes dele juntando sobre a ponta, então fechando, arrastando suavemente.

Pequenas labaredas de prazer que faziam limite com a dor rasgaram por ela e correrem para seu sexo. A vagina pulsou e derramou a umidade lisa, enquanto o clitóris inchou e pulsou com necessidade imperativa.

A sensação dele, os lábios sugando o mamilo, as mãos acariciando o corpo, era vida. Era a essência do prazer. Ele tocava mais do que a carne, e ela se perguntou se ele sabia. Ele sabia que quando a tocava a pele dela ele tocava sua alma?

—Micah— ela sussurrou o nome dele, desesperada para dar a voz às sensações enquanto elas a lavavam como uma onda morna, sedosa. —Toque-me. Deixe-me te sentir, Micah. Apenas pelo momento, deixe-me te sentir. — Sentir o seu corpo, seu coração, sua alma.

Apenas por este momento ela queria tanto dele quando estava dando a ele. Ela devolveria, ela prometeu calada. Ela não o manteria prisioneiro das necessidades ou emoções que erguiam dentro dela. Ela daria a ele a liberdade que ele precisava para ir embora dela.

—Por favor. — A cabeça dela abaixou até que os lábios podiam acariciar o músculo duro do ombro dele enquanto os lábios dele sugavam o seio dela. —Deixe-me te sentir.

—Ahuvati. — Meu amor. As palavras deslizaram dos lábios de Micah novamente enquanto o pulsar de sua necessidade lanceava pelos sentidos. Ele podia sentir o poder do desejo, não apenas o desejo sexual, mas o laço que ele sempre sentiria, mesmo antes de tocá-la. O desejo de sentir, de tocar, mesmo enquanto eles se tocavam fisicamente.

Ele se lembrou daquelas visitas à Atlanta quando ele tinha apenas um vislumbre dela vindo ou indo de uma das casas do pessoal do time Durango ao longo dos anos. A cabeça sempre baixa, o cabelo sempre protegendo o rosto. Mas ele a sentia. Sentia o brilho de seu espírito, uma parte dela alcançando até ele mesmo enquanto ele se mantinha longe dela.

Não havia como ficar longe dela agora. Ele estava se dando para ela. Ele estava ciente disto. E não podia parar.

Ela era seu coração. Ela era toda a emoção que ele nunca havia se permitido ter. Ela era todo o toque que ele nunca tinha dado a outra mulher.

Seda e cetim, calor e desejo. Todas as coisas que ele nunca tinha achado que um dia possuiria.

Ele segurou o seio dela em sua palma, sugando a ponta dura do mamilo enquanto a outra mão acariciava a barriga, sentindo a ondulação de resposta logo embaixo da pele suave.

Os dedos encontraram a carne nua entre as coxas e ele gemeu com a sensação da seda aquecida, lisa. Como um xarope, doce e quente, derramando do corpo para cobrir as dobras inchadas de sua boceta.

Micah gemeu ao sentir a resposta dela. Tão imperturbável, tão inocente. Ela arqueou para ele, obviamente perdida no prazer que ele dava a ela.

Ela não sentia medo, e esse conhecimento prendia com garras inquietas a alma dele.

Ela se dava a ele sem reserva. Ela tinha vindo para ele sem motivo, com emoção e com prazer.

—Eu podia passar a eternidade aqui tocando você— ele gemeu contra o seio dela enquanto a necessidade de saboreá-la ficava opressiva.

Risa sentia prazer e necessidade enquanto a respiração ficava difícil. Ela olhou fixamente para os olhos escuros dele, hipnotizada pelas chamas sutis que iluminavam as profundidades negras.

As mãos dela tremeram enquanto ela cerrava os dedos contra o ombro dele e assistia enquanto os lábios dele alisavam entre seus seios, dando pequenos beijos junto à carne enquanto ele descia pelo corpo dela.

—Micah— o nome passou suspirou pelos lábios dela. —Não pare. Por favor, não pare. — Pela eternidade. Ela queria o toque dele para sempre.

As labaredas chamuscantes de sensação balançavam o corpo dela enquanto as pontas dos dedos davam uma passada rápida sobre o clitóris. Ele separou as dobras sensíveis, acariciou a racha estreita, e trouxe um grito surpreso dos lábios dela enquanto o útero dobrava em resposta sob os lábios dele.

A respiração deles estava rota. Risa podia ouvir, os gemidos estrangulados tanto dela quanto dele. O quarto estava aquecido e a transpiração parecia encharcar seu corpo.

—Micah. — Ela torceu embaixo da alça dele, os quadris arqueando enquanto ele brincava com as bordas da entrada da vagina. Os dedos eram maus, sabedores, enquanto acariciavam a entrada flexível.

—Fácil. — Os dentes dele beliscaram a coxa dela enquanto ele abria mais as pernas dela com a mão livre. —Deixe-me te saborear, amor.

A estima fez um grito involuntário deixar os lábios dela. Pareceu golpear dentro dela, remexer as chamas de resposta que queimavam por seu sistema.

—Eu quero saboreá-la.— ele sussurrou contra a coxa dela. —Todo aquela doçura que derrama para mim. Eu quero a minha língua em você. Dentro de você.

Ela agitou a cabeça desesperadamente enquanto lutava para segurar o suficiente de seus sentidos para se lembrar de cada toque, cada sensação.

As mãos prenderam no lençol embaixo do corpo enquanto ela tentava ficar mais próxima dele.

A cabeça se movia, a língua deslizando sobre o clitóris, no mesmo momento em que ele empurrava dois dedos largos nas profundidades necessitadas do corpo dela.

Risa se curvou e gritou com o prazer. Era um raio atingindo os nervos sem fim, explosões de disparos minúsculos pelo corpo enquanto os dedos dele enchiam-na, a boca a possuía.

O prazer era violento. A necessidade de se libertar a dirigia, uma sensação subjugante. Ela puxou na direção dele, lutou por ele.

—Eu amo o seu gosto— ele gemeu antes de lamber em volta do broto pulsante do clitóris novamente. —Tão morno, tão doce.

Ele era paciente. Ele tomou seu tempo. Lambeu enquanto os dedos acariciavam dentro dela lentamente, estirando-a, abrindo-a até que lanças de prazer corriam por ela com sensações inflexíveis.

Ela o queria. Queria mais que simplesmente deitar lá e tomar seu prazer. Ela queria dar prazer.

A cabeça dela ergueu, os olhos o assistindo, os olhos dele fechados, a língua trabalhando ao redor do clitóris com golpes deliciosos.

—Eu quero te tocar. — Ela lutou contra ele, a necessidade a destruindo. —Eu quero você, também, Micah. Eu quero tocá-lo, saboreá-lo.

A testa dele tocou a parte inferior da barriga dela enquanto ele dava uma respiração quebrada, a cabeça agitando devagar, os dedos pausando dentro dela.

—Por favor. — Ela empurrou contra os ombros dele. —Mostre-me como tocá-lo, também.

—Risa— ele gemeu. —Deixe-me te amar. Fique embaixo de mim, amor, e me deixe te dar prazer.

Ela agitou a cabeça. Ela queria tudo. Esta manhã, enquanto o quarto clareava ao redor deles, ela queria ter tudo dele. Seu toque, sua fome, mesmo enquanto ela o tocava e se enchia de desejo. Ela queria derramar tanto nele à medida que ele a dava.

—Não. — Ela agitou a cabeça. —Por favor, Micah. Mostre-me. Eu quer te tocar, também.

Mostrá-la a tocar como ela era tocada.

Os dedos dele deslizaram do aperto aquecido. Os olhos estreitaram e reluziram, ele se ergueu dela.

—Está certa disso, Risa?— A voz dele era escura, sexual, enquanto olhava fixamente para ela abaixo com um domínio na expressão que deveria tê-la assustado. —O prazer pode sair do controle, amor. Você pode se perder nele. — A voz dele caiu para um sussurro enquanto a necessidade parecia reluzir nos olhos. —Você podia conseguir mais do que pode se sentir confortável.

Era uma provocação. Um desafio sexual de um macho que a encheu com excitação mais do que medo.

—O que você fará que ainda não fez? — Ela deixou a ponta de um sorriso provocante tocar os lábios enquanto dava a ele seu próprio desafio.

Uma risada áspera a lavou. —Seu lindo traseiro será nu para as minhas mãos, meus dedos. — E fome apertou a expressão dele. —Dê-me um gosto de poder, Risa, e você poderá ficar surpresa com o animal que libertará.

Os lábios dela separaram. Ela retraiu uma respiração rota, áspera.

—Mostre-me.

Ela estava faminta para conhecer. Ela almejava cada toque, cada aventura que pudesse achar nos braços dele. Ela almejava o homem que ela podia sentir que ele continha.

—Você vai roubar a minha mente— ele gemeu, mas se moveu, esticando-se ao longo da cama até que estava deitado e ela se moveu para se sentar ao lado dele.

—Venha para mim, amor. — Ele ergueu os braços para ela. —Tome a mim que eu tomarei você.

Será que ela poderia? Será que ousaria? Estas eram as memórias que a sustentariam quando ele partisse, quando tudo estivesse acabado. E se o pior acontecesse e Orion ganhasse, então ela teria as memórias na morte. Ela não morreria lamentando não ter tomado cada toque, cada aventura.

Ficando de joelhos, ela engoliu firmemente, empurrou de volta a hesitação e o medo instintivo do desconhecido. Não importava o quão poderosas as sensações fossem, ela sabia que Micah a seguraria firme.

—Assim, bebê. — Ele a guiou. As mãos na coxa, no quadril, até que ela se escarranchou sobre o rosto dele e olhava fixamente ao longo do corpo dele.

Risa estremeceu com a posição pouco conhecida. Desejo, excitação e precaução surgiu à vista de sua ereção, completamente cheia e fortemente venosa que se erguia na parte inferior da barriga.

A alegria surgiu por ela assim como ardor na consciência não apenas por ele ter se aberto para o toque dela, mas porque ela estava mais exposta a ele também.

—Vá lento— ela arquejou enquanto se debruçava sobre ele. —Deixe-me te dar prazer, Micah.

Os quadris dele se moveram, erguendo para ela enquanto ela cedia ao primeiro impulso e lambia a seta longa.

—Você me destruirá. — Os braços dele estavam curvados sobre os quadris dela, as mãos agarrando as nádegas do traseiro dela e a puxou para baixo.

Mas ele a estava destruindo. Quando ela pediu “lento” ela queria dizer pedir clemência, porque as carícias dele tinham a habilidade de roubar a mente dela. Ela deveria ter pedido por clemência.

Ela devia erguer a cabeça e pedir clemência agora, mas todo tempo sua língua acariciava embaixo da cabeça do membro, ela podia sentir a resposta no corpo dele. A língua dela ficou mais corajosa, as mãos dele apertavam seu traseiro, separava as nádegas, e ela sentiu uma labareda de resposta nas terminações nervosas que nunca deveriam estar respondendo.

Prendendo o comprimento pesado da ereção com uma mão, ela a ergueu até que os lábios podiam cobrir o pulsar da cabeça do membro. Ele retaliou. A língua correu dentro da vagina, dobrando e lambendo enquanto um grito surpreendido rasgava dos lábios dela.

Os dedos dele aliviaram na umidade se derramando da boceta para junto da fenda traseira na entrada minúscula de lá. Ele a acariciou com precisão diabólica até que Risa ficou perdida nas sensações, descuidada de qualquer coisa exceto o prazer a consumindo, mesmo enquanto ela o consumia.

Risa encheu a boca com a carne aquecida, sugou a cabeça larga e acariciou a seta com os dedos. Ela trabalhou a boca ao longo, sentindo-o apertar, ouvindo seu gemido enquanto os quadris se moviam nitidamente, enterrando uma fração mais entre os lábios.

Ela sentiu o primeiro aperto da carne dura e soube que ele estava perto. Ela estava afetando aquele controle surpreendente que ele tinha.

Ela podia tê-lo quebrado, mas no momento em que sentiu que ele estava pronto para quebrar, a mão dele caiu sobre o traseiro dela em uma carícia aquecida, pesada.

A boca dela foi para trás para retrair o precioso oxigênio enquanto um grito rasgou de sua garganta. Cada músculo do corpo apertou enquanto os lábios dele cobriam seu clitóris, chupavam com resultados devastadores enquanto a mão batia novamente.

Ofuscada, imóvel, ela deixou as sensações lavarem por ela, através dela. Ela aceitou os resultados do prazer-dor agora rasgando por ela.

Quando o quarto bofetão leve foi contra a carne, e fogo despejou por seus sentidos, ela ouviu o murmúrio que saiu dos próprios lábios. O êxtase estava muito perto. Ela podia senti-lo pulsando nas veias, construindo no útero.

—Maldição, você. — Os lábios dele voltaram ao clitóris enquanto uma mão deslizava pelas costas dela e apertava seus ombros. —Chupe-me, Risa. Leve o meu pau de volta para a sua boca doce, amor, ou nós paramos isto aqui e agora.

Parar? Se ele parasse, ela poderia morrer.

A cabeça dela abaixou, assim como os quadris. Ela apertou as dobras muito sensíveis contra a boca dele, contorcendo os quadris e clamando em torno da carne que enchia sua boca enquanto a língua dele afundava dentro das profundidades avaras de sua boceta.

Ela estava flutuando em sensações agora. Ondas que passavam apressadas por ela, através dela. A mão dele aterrissou contra o traseiro dela novamente e sanidade se tornou não mais do que uma memória de quem e o quê ela tinha sido um dia. Assustada. Intocada pelo prazer. Ela não era a mulher que tinha sido então. Ela era a mulher de Micah. Ela pertencia a ele, neste momento, para a eternidade, a este homem.

Os quadris dela batiam com as carícias dele enquanto a boca chupava a cabeça pulsante do membro. Ela saboreou a essência dele enquanto uma explosão afiada enchia sua boca. Ela o chupou mais fundo, mais duro, e enquanto ele levava mais fluidos dela para trás, ela sentiu a ponta do dedo penetrá-la, trabalhando dentro dela mesmo enquanto a outra mão caía sobre a nádega dela novamente.

Muitas sensações passaram apressadas por ela mais uma vez. A língua bateu dentro dela em golpes duros, atordoantes. O queixo acariciou o clitóris, a mão bateu na nádega, e um dedo deslizou dentro da minúscula entrada intacta que ele achou entre as nádegas do traseiro dela.

Os gritos dela eram silenciados ao redor do membro dele. Ela se apertou até que sentiu como se fosse quebrar. Quando ela estava certa de que não podia aguentar mais, explodiu dentro dela.

Os quadris dela resistiram até que ele colocou o braço ao redor deles, segurando-a para sua boca enquanto a língua ia mais duro dentro dela e o dedo cavava mais fundo. Explosões de fogo, sensações tão afiadas, tão violentamente aprazíveis rasgaram por ela que Risa jurou que sentiu a alma explodir com o êxtase.

A boca estava cheia com o gosto dele. A liberação dele estava na boca sugando enquanto os quadris dele se curvavam para ela.

Ela estava perdida na maravilha dele. Perdida nas explosões afiadas, descuidadas que rasgavam por seu próprio corpo até que ele finalmente a deixou livre, cansada e arquejando enquanto ele movia os quadris e tirava a carne ainda cheia de seu lábios.

Ela gemeu enquanto ele a movia.

Abrindo os olhos, Risa assistiu enquanto ele a deitava de costas contra os travesseiros, os olhos pretos gentis e ainda cheios com calor enquanto ele abria as coxas dela e se movia sobre ela.

Uma inalação afiada saiu dela quando a cabeça do membro apertou dentro de sua boceta. A expressão apertada, um franzir marcando o rosto dele enquanto ele colocava a ereção dentro dela.

Isto era mais do que simplesmente prazer. Assistindo-o, sentindo a fome dele moldar com a dela, sentindo o corpo dele se tornar uma parte dela. As sensações a envolvendo, inundando seus sentidos, e deixando-a ofegante com o poder delas.

—Apenas um pouco mais— ele gemeu, os quadris empurrando lento e fácil e a enchendo com seu membro. —Risa doce. Eu não consigo ter o suficiente de você. Eu nunca conseguirei ter o suficiente de você.

Era como voar. Risa nunca havia conhecido tal liberdade de prazer, tal intensidade, como sentia nos braços de Micah. Ela assistia, o olhar centrado entre os corpos enquanto ele a tomava. A divisão da carne, abraçando a seta dura e vermelha enquanto ele a enchia, então a deixava vazia apenas para enchê-la novamente.

As mãos dela agarraram os bíceps duros enquanto ele se segurava sobre os braços poderosos. Empurrando contra ela, enchendo-a com o poder aquecido de sua fome, suas punhaladas.

O prazer era sem fim agora. Ela arqueou a cada estocada, assistindo enquanto ele retrocedia, ofegando todas as vezes em que a enchia. Ela estava morrendo nos braços dele e não se importava. Voando até que um grito roto rasgou de seu peito e ela explodiu ao redor dele novamente.

Ele se deitou completamente sobre ela então, os braços envolvendo-a por baixo, as mãos a segurando enquanto as punhaladas aumentavam, cada golpe empurrando para seu próprio orgasmo mais alto até que ele deu um gemido rouco e despejou sua liberação dentro dela.

Saciedade mantinha seus próprios momentos de paz. Aqueles minutos gastos se movendo de volta para a realidade, onde nada importava além da sensação de realização, perfeição.

Risa se deixou deleitar nessa sensação. Na sensação satisfatória de estar ligada a outra pessoa, mesmo que apenas por este instante.

Ela não queria perder isto. Ela não queria deixá-lo ir até que a realidade e o perigo os cercando a forçasse a fazer isso.

Ela queria mentir, apenas por enquanto, para sempre. Ela queria capturar este momento dentro da alma e saber que quando a solidão viesse, ela poderia suportar e reviver o sentimento.

Ela deixou os dedos testarem a resistência dos ombros dele; sentiu a sombra de uma barba contra a bochecha.

—Você me faz muito fraco, Risa— ele gemeu finalmente, saindo de cima dela e indo para o lado enquanto a arrastava contra seu peito.

—Você é sempre forte— ela disse suavemente, e sabia que era a verdade.

Mas ela tinha sua própria força. Uma força que não sabia que tinha. Uma que ela achou na realização de que nada era como parecia.

Talvez, ela pensou, ela houvesse crescido na noite anterior quando entrou naquele lugar e viu os amigos juntos lá com as fotos que estavam dispostas.

Todos viram as fotos. Eles conheceram a vergonha dela, e sentiram piedade dela. Mas ela não sentia pena de si mesma, pelo menos não mais.

—Quando você partir— ela sussurrou contra o peito dele —eu te verei novamente?

E ela sabia a resposta.

—Não.

Ela não tinha esperado a verdade vindo dele.

—Risa.

Ela se moveu, cobrindo os lábios com os dedos e olhando fixamente de volta para ele sobriamente.

—Sem desculpa— ela disse firmemente. —Sem esquivas. E nenhuma mentira. Obrigada por isto.

Mas ela teve que forçar de volta as lágrimas, porque uma parte dela sonhou ouvir a mentira.

Micah manteve os lábios fechados; manteve os pensamentos para si mesmo quando eles ameaçaram derramar de seus lábios com todos os sonhos que ele sabia que não deveria ter.

Em vez disso, a mão ergueu, as pontas do dedo acariciando os lábios sedosos enquanto ele olhava fixamente para ela abaixo. Sem promessa, ele se lembrou. Sem mentira. Daqui em diante, deste momento em diante, ele nunca poderia mentir para ela. Ele nunca poderia fazer nada para deixar sua dor maior.

Ele tinha que deixá-la. Logo, viria o dia em que ele iria embora de sua outra metade.

O conhecimento o perfurou como uma faca sem ponta. Rasgou sua alma; cortou em tiras o homem que ele era e deixava apenas o homem de Risa em seu lugar.

—Belibi tamid. — Para sempre no meu coração. Ele não podia dar a ela o que ela precisava, ele não podia ser o homem que ela precisava, mas ele havia dado a ela seu coração. Ele sabia disto. Ele aceitava isto. Da mesma maneira que sabia que nunca poderia revelar isso a ela.

Um sorriso tremeu nos lábios dela, uma curva entristecida enquanto os olhos azuis umedeciam com lágrimas. Como se ela soubesse o que ele não podia falar.

A mão dela envolveu a bochecha dele.

—É dia— ela disse então, a voz mais áspera; a emoção que a enchia fez com que a mandíbula dele apertasse com tal dor que ele se perguntou como respirou através dela.

—É dia— ele concordou.

Ela anuiu com a cabeça devagar, deslizou a mão da bochecha dele e então se virou.

Micah assistiu enquanto ela se moveu da cama, o corpo lindo e gracioso nu.

—Tomarei banho primeiro— ela disse. —Prometo deixar um pouco de água quente para você.

Não que ela já tivesse usado tudo antes. Mas ele sabia o que a fuga dela escondia. As lágrimas.

 

Era quase meio-dia antes de Micah receber um telefonema de Jordan para se encontrar com o time no outro apartamento enquanto Emily Krieger, Morganna McIntyre, e Kira Richards tomavam a função de guarda-costas.

Risa assistiu enquanto as amigas entraram no cômodo e a porta fechada atrás delas.

—É muito cedo para vinho. — Ela encolheu os ombros negligentemente enquanto se movia para a escrivaninha e começava a organizar as contas ainda a aguardando. —Mas tenho café.

Ela se voltou para as outras três mulheres e sentiu os lábios tremerem à vista do sinal de lágrimas no rosto de Emily.

Maldição, ela amava Emily como a uma irmã. Vários anos mais velha do que Risa, Emily tinha sido sequestrada na mesma noite que Risa. Ela tinha sido drogada. Ela não tinha sido estuprada, mas Risa sabia que as cicatrizes corriam fundo na alma de Emily daquela noite.

—Você não tem permissão para chorar. — Risa sentiu uma lágrima correr na própria bochecha e a secou apressadamente. —O tempo de chorar acabou para mim, Emily.

Risa queria que estivesse terminado. Ela precisava destas três mulheres para acreditar que estava terminado. Quando Micah acabasse aqui e partisse, então ela desejaria solidão. Ela precisaria de tempo para as lágrimas, e precisaria fazer isto só. Ela não derramaria mais lágrimas antes disso.

—Isso significa que nós não somos mais amigas, Risa?— Emily perguntou, a voz forte apesar das lágrimas.

Essa era Emily. Uma das pessoas mais poderosas, do lado de dentro, que Risa conhecia. A confiança de Emily sempre tinha sido algo que espantava Risa, força interna era algo que Risa invejava.

Risa girou e se apoiou contra a escrivaninha.

—Nós somos amigas— ela disse simplesmente. —Nada mudou.

—Embora nós tenhamos mentido para você sobre Micah? Apesar de termos feito uma armadilha para você?— Sim, essa era Emily. Ela podia ir direto na jugular quando precisava.

Os lábios de Risa ergueram.

—Sim, bem, apenas não me deixe lembrar isso da próxima vez que você tentar me apresentar um dos amigos do seu marido.

Não haveria uma próxima vez.

—Café. — Ela limpou a garganta enquanto girava e se dirigia à cozinha. —Micah bebe mais rápido do que eu faço. Ele termina a cafeteira antes de eu terminar a primeira xícara.

Ela estava desconfortável, e Risa odiava se sentir desse modo com as amigas que a ajudaram a passar pelos horrores de reajustar a vida depois de quase dois anos de cativeiro drogada em um asilo privado.

Ela se moveu na cozinha e começou a preparar o café. Ela queria voltar para elas, brincar como elas tinham feito um dia, mas o tempo de brincar estava no passado e o futuro não estava decidido.

—Quanto tempo esta operação estava no planejamento?— Ela perguntou às mulheres enquanto terminava e voltava para elas.

Ela manteve os dedos enrolados acima da extremidade do armário atrás de si enquanto as assistia.

Emily respirou profundamente.

—Kell me disse quando as informações entraram que você estava em perigo. Eles tinham uma semana para fazer um plano.

Risa anuiu com a cabeça enquanto a garganta queimava com uma mistura de humilhação e desespero.

—Por que eu não fui informada da verdade?— Ela não estava brava agora. A raiva tinha sido queimada pela verdade que quando isto estivesse terminado, Micah iria embora para sempre. —Você pensou que eu não podia lidar com isto?

—Nós não tivemos tempo— Kira declarou enquanto as três mulheres se moviam para a mesa da cozinha. —Nós conseguimos um plano executável e organizamos para você encontrar o Micah. Apenas o encontrar, Risa, ver se você podia tolerar estar ao redor ele. Nos últimos seis anos você não estava exatamente feliz com ideia de sair.

O olhar de Risa fatiou na direção da outra mulher enquanto ela sorria finamente.

—Sim, ser a bela do baile não estava no alto da minha lista de prioridades. Pode ter alguma coisa a ver com aqueles pesadelos sórdidos que ficam me assolando.

Kira anuiu com a cabeça.

—Você é mais forte do que eu acreditava. Mas nós não podíamos arriscar te dizer antes de você se encontrar com Micah. Nós não estávamos certos da sua força ou da sua habilidade de lidar com o que estava enfrentando. E por isso nós concordamos que ao invés esperaríamos e teríamos o advogado federal se encontrando com você.

—Provavelmente um movimento sábio. — Risa anuiu com a cabeça.

—Risa, nós mentimos para te proteger— Emily disse então. —Micah é um amigo de verdade, como você está ciente; ele só não é um SEAL ativo ou aposentado.

—Por que Micah?— Ela olhou fixamente para as três mulheres então. —O que eles fizeram, tiraram na sorte para ver quem ficaria de babá do alvo neurótico?

Ela não fez a pergunta de maneira brava. A raiva não estava chiando; não estava nem no começo. Ela estava curiosa, mas a verdade da resposta a assustou.

—Micah exigiu esta tarefa— Kira disse a ela, um sorriso enrolando os lábios. —Depois de algumas frases escolhidas em hebreu relativas à ascendência de Orion. Ele não deixou ninguém mais fazer o trabalho.

—Você sabe hebreu?— Risa perguntou então, o coração batendo forte, as palavras que Micah havia sussurrado naquela manhã ainda ressoando por sua cabeça.

Kira anuiu com a cabeça.

—Um pouco. Não muito. O suficiente para saber que os pais de Orion são camelos coxos deitados em seu próprio lixo. Ou algo com este mesmo sentido.

Risa sorriu amplamente com o pensamento. Por um momento, um breve momento, ela considerou pedir a Kira saber o que a frase que Micah havia sussurrado para ela queria dizer, então mudou de ideia. O que quer que fosse, era algo entre os dois e só. Talvez mais tarde, depois que ele se fosse, ela descobrisse. Até lá, ela deixaria Micah manter seus segredos.

—Risa, as mentiras não eram tão ruins— Emily disse, os olhos azuis sombrios e cheios de remorso. —Eram pela sua vida.

Risa olhou fixamente de volta para a amiga por longos momentos antes de anuir com a cabeça devagar.

—Eu teria feito o mesmo por vocês— ela sussurrou finalmente, sabendo que era a verdade. —A amizade não estava em perigo, Emily.

Não, apenas a vida dela estava em perigo com um assassino que nunca tinha sido pego, e um que nunca havia falhado.

—Café. — Risa girou quando o temporizador apitou. —Nós podíamos ter usado o vinho, mas está um pouco cedo para isto.

—Ei, são cinco horas em algum lugar— Kira disse lentamente. —Digo que devemos tomar o vinho primeiro, então o café.

—Nós somos guarda-costas— Morganna lembrou a mulher mais velha com uma risada. —Nós não podemos beber vinho.

—Claro que podemos. — Kira sorriu amplamente. —Nós só não podemos ficar alegres. Bem, com exceção da Risa. E acho que um pouco de alegria não fará mal.

Risa riu, mas pegou as xícaras de café em vez das taças de vinho.

Alegria não faria mal, mas ela não queria ser alegre agora. Ela não queria perder um único momento que pudesse gastar com Micah com a sombra do álcool.

—Então, o que era tão importante que Jordan precisava de Micah?— Ela perguntou enquanto colocava o café na mesa, pegava sua própria xícara e tomava a cadeira. —Ele normalmente não o chama cedo.

—Uma agente da CIA está assistindo você e Micah— Kira disse a ela. —Nik conseguiu capturá-la logo antes da alvorada, e eles a estão interrogados no momento. Micah é o especialista da interrogação deles.

Risa inalou devagar. —A CIA? Por que eles estariam me observando?

—Acho que descobriremos quando Micah tiver acabado. — Kira encolheu os ombros, mas o olhar era distintamente cauteloso. —Você está certa de que não quer aquele vinho?

No momento, ela não estava realmente certa.

 

Micah conteve um suspiro enquanto caminhava no quarto sobressalente e olhava fixamente para a mulher amarrada, amordaçada e vendada na cadeira de madeira contra uma parede, destituída do disfarce que usava enquanto assistia a ele e a Risa todas as vezes que eles deixavam o prédio. Ele era o especialista em interrogação do time. Este era seu trabalho, e ele tinha que fazer de um modo que escondesse sua identidade desta mulher - uma prima que ele gostava.

Eles estavam todos ferrados agora.

—Bailey Serborne. — Ele quase sorriu amplamente enquanto ficava completamente imóvel. —Você é escorregadia.

Ele anuiu com a cabeça para John; o bom e velho Heat Seeker sorriu ampla e dissolutamente antes de puxar a fita de sua boca.

—Bastardos!— O insulto era um grunhido de fúria. —Você pensa que eu não sei que diabo está acontecendo aqui? Todos vocês serão fritos por isso.

Micah conteve uma risada. Ela era selvagem. Ela estava enfurecida e com uma boa causa. Ele não tinha nenhuma dúvida de que Nik não brincava com aquela imagem de viking grande e mau que se ajustava a ele como uma boa e velha calça jeans. Realmente confortável.

Micah se escarranchou sobre a cadeira que havia colocado a dois metros dela e cruzou os braços acima da parte de trás.

—Nós estamos em apuros aqui, amigo. — Ele olhou para John.

—Oh, sério?— As sobrancelhas loiras cor de areia curvaram em questionamento. —Quanto? Ela parece delicada o suficiente para mim. Aposto que nós podíamos esfolá-la, cortá-la em pequenas porções e vender para a companhia de comida de cachorro local. Eles estão sempre procurando por carne barata, sabe.

Micah estremeceu. Carne barata? Ele abriu a boca em assombro enquanto quase ria.

John sorriu amplamente e encolheu os ombros.

—Carne barata, suas bundas magras. — Ela lutou contra as cordas a segurando.

—Bundas magras? Ela deve estar falando com você, Seeker— Micah declarou enquanto agitava a cabeça. —Tenho em muito boa autoridade que tenho um bom traseiro.

—Sim, mas a sua autoridade tem preconceito— John riu silenciosamente. —Ela não viu o meu ainda.

—Se você quiser manter o seu traseiro, continuará assim. — Micah fez uma carranca de volta para ele. Ele não havia considerado como uma piada.

Mas Heat Seeker apenas sorriu amplamente.

—Estou falando com ambos os idiotas— ela gritou. —Deixem-me ir.

—Mantenha a voz baixa ou a fita voltará para a sua boca— Micah a advertiu nitidamente. —Não se esqueça, Sra. Serborne, você é cativa aqui, não o contrário.

—Sim, e o chefe não me deixou amarrá-la na cama— John grunhiu. — Que tipo de capturador não amarra sua linda cativa na cama, hã? Acho que nós devíamos arquivar uma reclamação.

Enquanto falava, John abaixou a cabeça até que estava falando contra a orelha dela, o sorriso no rosto resolutamente brincalhão. Um dia destes, John Vincent seria forçado a levar algo ou alguém seriamente. Micah queria estar lá para ver os fogos de artifício.

—Eu não estou trabalhando só. — Ela tentou bater a cabeça na de John. —Eu serei achada.

—Seu companheiro está morto— Micah a informou. —Ele morreu na Rússia naquela pequena armadilha que você preparou para Orion. Você não recebeu outro companheiro. Realmente, você está com muitos problemas com seu chefe atualmente. Ele não te disse para parar de tentar localizar Orion?

Micah sabia que o diretor havia ordenado que ela ficasse fora da investigação que ela havia tomado para si.

Ela congelou.

—Filhos da puta.— ela amaldiçoou. —Quem diabo é você?

—Tsc-tsc agora, nós que fazemos as perguntas— Micah a repreendeu.

Ela rosnou. Os lábios puxaram de volta dos dentes e o som que veio da garganta era pura ira estrangulada. Ele sorriu amplamente. Ele sabia como forçá-la.

—Não vou responder as suas malditas perguntas. — Ela lutou contra as cordas novamente.

—Eu ainda digo para nós a vendermos como carne barata— John o lembrou. —Podíamos conseguir um pouco de dinheiro com ela.

—Seria duro para um Rottweiler roer— ele riu finalmente. —Nossa Sra. Serborne é bastante teimosa.

Ela estava parada agora, a mandíbula trabalhando enquanto cerrava e descerrava os dentes. Ele jurou poder ouvir os molares moendo.

—Ela é uma coisinha bonita— John sussurrou, sorrindo ampla e maldosamente enquanto um grunhido soava da garganta dela. —E ela faz os barulhinhos mais atraentes.

Respirando roucamente, agitando de raiva, ela ficou quieta desta vez.

—Sabe, ela me tirou de um dia importante que planejei— Micah suspirou. —Vou te dizer, se eu não conseguir o que preciso nos próximos, hmm… vamos dizer dez minutos, então você pode esfolá-la e ver quanto está o quilo da carne barata hoje. O que acha?

John riu enquanto se agachava próximo a cadeira dela e verificava as cordas a segurando.

—Sim, algum Terrier de idosa terá uma ótima mastigação.

—Ele apenas vai cuspi-la fora— Micah riu.

John sacudiu as sobrancelhas e fez com a boca, não eu. Micah pôde apenas agitar a cabeça em diversão.

—Agora, Sra. Serborne, estou certo de que você não apreciaria as preparações para te fazer comida de cachorro. Então por que apenas não nos diz quem está procurando? Você está ameaçando a nossa pequena operação aqui, e nós não apreciamos isto.

Os lábios dela permaneceram uma linha reta, teimosa. Micah conhecia aquela linha. Por incrível que pareça, o pai dele um dia teve os mesmos lábios determinados e teimosos quando estava puto.

Ela era de família, triste o suficiente.

O pai de Micah, Garren Abijah, não tinha sido israelita. Tinha sido adotado pela família Abijah quando seus pais tinham sido mortos os visitando.

Garren Serborne havia se tornado Garren Abijah, sem objeção da filial Americana da família. O nórdico gigante de cabelo loiro que Garren Abijah se tornou mais tarde foi criado no meio de uma família do Mossad, tinha sido recrutado pela CIA com a bênção do Mossad e trabalhado principalmente em Israel.

Bailey Serborne, a pequena bruxa sentada na frente dele, tinha sido a filha do primo favorito de Garren. Quando eles se tornaram adultos, os dois homens se certificaram de que se visitassem frequentemente.

Ben Serborne, o pai de Bailey, Bailey e sua mãe tinham sido a única família americana em assistência em ambos os enterros de Ariela e Garren Abijah.

Bailey havia chorado no ombro de Micah. Já uma agente da CIA, ela jurou matar Orion. Ele quase a matou ao invés. Orion havia matado seu companheiro, deixado Bailey inconsciente e cortado seus pulsos. Não o suficiente para sangrá-la até a morte, apenas o suficiente para deixar a cicatriz por toda a vida.

O bastardo estava tomando muitos na família dele, Micah pensou furiosamente.

—Psst, não acho que ela possa responder às perguntas se você não as fizer— John o lembrou longos momentos mais tarde.

Enquanto John falava, brincava com uma longa mecha de cabelo preto e espesso de Bailey entre os dedos, puxando-o apenas um pouco e fazendo com que ela fizesse outro daqueles pequenos grunhidos de fúria.

—Você está aqui por Orion— ele começou.

—Eu não estou preocupada a mínima com a porra do Orion— ela rosnou. —Não agora.

As sobrancelhas de Micah ergueram. —Por que não agora?

—Você é o bastardo que está dormindo com o alvo, não é?— Um pequeno sorriso satisfeito enrolou os lábios dela. —Estou há uma semana tentado compreender quem diabo é você. Finalmente reconheci a sua voz. Onde você pegou o seu colega?— Ela tentou bater na cabeça de John quando ele soprou na orelha dela.

—E onde você ouviu a minha voz?— Micah perguntou, sem confirmar nem negar.

—Na boate na noite em que você pegou a garota do Clay— Bailey zombou. —Ela foi bastante fácil, não é, meu chapa?

Era muito bom Bailey ser da família; caso contrário, ele poderia ter que matá-la por isto.

—Olha, você deveria ter me aviado que queria jogar pesado— ele a disse friamente. —Eu podia ter deixado o meu amigo aqui tirar um pouco da pele do seu braço apenas para provar que ele pode fazer isto.

Ela parou totalmente enquanto John corria um dedo lentamente pelo braço dela.

Ele teria uma conversa com John sobre a mania dele de ficar ao lado da cadeira dos outros a qualquer momento.

—Desculpe. Talvez ela não tenha sido tão fácil afinal. — O sorriso dela era apertado. —Mas você é o homem que fez o movimento nela. Eu sei quem você é. Você está atrás de Orion, não é?

—Então o que te faz pensar que você não tem que se preocupar sobre Orion agora?— Ele a interrogou curiosamente.

—Micah Sloane, trinta e dois anos, Navy SEAL uma ova— ela bufou. —Você é um ninguém, Sr. Sloane. Tem um registro muito impressionante, e acabou de ser listado como trabalhando com o time Durango no Oriente Médio. Desculpe, queridinho, isso não cola comigo. Você não é nenhum SEAL.

—Então o que eu sou?

—Um pesadelo— ela disse com uma sensação estranha de satisfação privada. —Eu me perguntei se você estava com Orion, ou se era o próprio Orion se divertindo. Mas Orion não trabalha com um companheiro.

—Ei. Merda. — Um ponto para Bailey; a cabeça dura dela encontrou a testa igualmente dura de Heat Seeker. —Ei, droga, você não tinha que fazer isto— o outro homem riu enquanto ficava a uma distância segura.

—Você está trabalhando com um idiota— ela zombou. —Não podia ter achado qualquer coisa melhor?

—Não em tão curto tempo— Micah disse friamente. —Por que você estava me verificando?

Bailey permaneceu muda.

—Não vamos voltar na ladainha— ele suspirou. —Apenas me diga.

—Orion matou minha família— ela finalmente declarou. —Quero um pedaço dele.

—Você e uma dúzia de outras famílias— ele grunhiu. —O que te faz tão especial?

—O que faz você tão especial?— Ela devolveu o oposto. —Como você descobre onde entrar e tão depressa?

—É da minha conta— ele a informou. —Responda à pergunta.

Os dentes dela estalaram juntos enquanto John dava outro sopro de ar na orelha dela.

Bailey tinha orelhas muito sensíveis, e Micah sabia disto. Ele a havia visto quase quebrar o pescoço de um homem dez anos antes quando ele ousou soprar na orelha dela.

—Ele matou a minha família, meu companheiro, e me cicatrizou— ela disse com fúria. —Que outra desculpa eu preciso?

Ela precisava de mais? Ela tinha mais do que ele, mas ele conhecia Bailey. Ela tinha mais.

Ele agitou a cabeça novamente.

—Vou começar a te esfolar eu mesmo— ele disse a ela. —Estou ficando sem paciência. Por que você quer Orion?

—Porque ele conhece a identidade de um monstro— ela cuspiu. —O médico que trabalhou com o pai da Clay. Um cientista. Ele é o responsável pelos estupros e mutilações horrorosas de várias jovens meninas na Ucrânia. Meninas que eu conheço. — A voz dela caiu para um sussurro. —Meninas que eu prometi proteger.

Micah fechou os olhos e respirou roucamente. Ele não tinha nenhuma ideia de que Bailey tinha sido parte do grupo de agentes que haviam escoltado quatro jovens meninas para uma clínica privada na fronteira ucraniana. Aquelas meninas tinham sido tiradas da clínica naquela noite por um médico que as “comprou” das enfermeiras de lá. As meninas tinham sido achadas três semanas mais tarde em São Petersburgo em uma ruela escura, fria, nuas, mutiladas, torturadas além do crível.

—Sinto muito sobre isto— ele disse suavemente.

—Nós deveríamos protegê-las — ela respirou roucamente. —Juramos que iríamos. Uma daquelas meninas era um maldito gênio na matemática. Outra era uma artista. A mais jovem queria ser uma astronauta; a mais velha apenas queria ficar a salvo.

Os estupradores de Risa proliferavam por aí.

—E como matar Orion te ajudará a achá-lo?— Micah perguntou. —Ele não é mais do que um empregador se está envolvido com Orion.

—Ele está envolvido— ela respondeu exausta. —É o mesmo médico que um dos membros da minha família estava acompanhando. Orion a matou.

—Ariela Abijah— Micah disse suavemente.

Bailey parou enquanto John assistia curiosamente.

—Sim. — Ela finalmente anuiu com a cabeça, engolindo firmemente. —Ele matou Ariela. Seis semanas mais tarde meu primo Garren se matou quando se jogou sobre um homem-bomba suicida. Dois anos mais tarde, seu filho, David. — Ela pronunciou o nome dele ”Da-Veed” um som que Micah não ouvia há seis anos. — Ele foi morto dois anos mais tarde quando perseguia Orion em um navio mercante ao longo da costa de Tel-Aviv. Dois anos mais tarde, Orion foi contratado para matar um agente duplo russo que eu estava protegendo. Ele matou meu companheiro e quase me matou.

—E seis meses mais tarde você perdeu as garotas na Ucrânia— ele declarou.

Ela anuiu com a cabeça cansada.

—É o mesmo homem— ela respirou roucamente. —O médico que o contratou para matar Ariela é o mesmo que torturou aquelas crianças. E Orion pode me levar a ele. Tenho seguido rumores por dois anos. Trouxeram-me até aqui. Eu quase o tive quando ele tentou sequestrá-la. — Ela agitou a cabeça. —Na confusão outro veículo bateu no meu e eu o perdi.

A rainha das trapalhadas.

Micah desceu a mão pelo rosto antes de girar e olhar fixamente para Jordan onde ele estava ao ar livre na entrada. Jordan agitou a cabeça lentamente. Não havia como tirá-la disso, mas Micah não havia como mantê-la longe, também. Bailey era tão teimosa quanto o primo dela. Ela morreria antes de desistir. Orion havia tomado muito dela. Ele a havia ferido demais para que ela pudesse ir embora.

—Você vai ter que deixar o médico ir— Micah a informou friamente. —Assim como Orion. Eu estou aqui para matá-lo, não questioná-lo.

Ela riu com isto. Um som estranhamente oco que fatiou através dos sentidos dele, tão cheio com dor.

—Mentiroso— ela sussurrou. —Você os quer, Micah Sloane. Porque eu sei o que você não quer que ninguém saiba. Você é apaixonado pelo alvo. Aquele médico estuprou sua mulher. Todo mundo sabe que o principal empregador de Orion trabalhava com Jansen Clay e que ele estava lá na noite em que Clay sequestrou sua filha e as outras meninas. Ele a estuprou, e você não descansará até que ele esteja morto.

—Errado. — Era a verdade. Os dois morreriam antes disto terminar; Micah se certificaria disto. —Você, Sra. Serborne, será levada por dois agentes do seu serviço que virão pela manhã. Seu diretor te trancará para sua própria proteção até que isto esteja terminado.

Ele ficou de pé.

—Não!— Ela tentou sair da cadeira. A ira rasgava por sua voz, corava seu rosto e quase a fez tombar no chão enquanto lutava com as cordas. —Você não pode fazer isto. Não ouse. Deixe-me ajudá-lo. Eu posso ajudá-lo.

—Eu não preciso da sua ajuda.

—Você precisa de mim— ela clamou roucamente. —Eu sei o que você não sabe.

Micah pausou. Ele conhecia aquela voz; ele sabia quando ela mentia e quando ela dizia a verdade. Ele a conhecia desde que ela era uma criança, e ele sabia que ela não estava mentindo desta vez.

—O que você sabe?

—Uma troca— ela pechinchou, respirando asperamente enquanto girava a cabeça para a voz dele. —Deixe-me participar disso.

Micah agitou a cabeça.

—Sinto muito, Sra. Serborne. A família de Abijah já perdeu crianças suficientes. Eu tinha acabado de ver em breve você viver. Você não sabe a identidade dele, ou já o teria atingido.

—Ele usa uma peruca. — Ela falou depressa, desesperadamente. —Eu sei disto. Eu sei dizer. Eu o vi duas vezes. Eu sei como ele caminha; eu conheço a voz dele. Não me tire disso!— Ela gritou.

—Eu posso achá-lo sem as suas informações— ele disse a ela. —Dê ao seu diretor meus cumprimentos quando você o vir, Sra. Serborne, e se quiser salvar sua carreira, você se certificará de seguir as ordens dele enquanto está com ele. Porque eu posso e irei te tirar dessa agência, estamos entendidos?

—Eu matarei você. — Ela empurrou, lutando com as amarras, e forçou John a pegar sua cadeira. Ele recebeu outra pancada severa na cabeça com seus esforços.

—Inferno!— John amaldiçoou, e a deixou ir. A cadeira saltou, balançou e caiu no chão enquanto ela gritava com ira.

—Amordace-a— Micah ordenou. —Leve-a para seus amigos. E certifiquem-se de que eles saibam das consequências de permiti-la sir de suas vistas.

Ele foi embora dela, e isso o rasgou. Se ela descobrisse quem ele era, ela nunca o perdoaria. David Abijah realmente estaria morto, porque Bailey Serborne acabaria matando-o.

 

Ele era calvo.

Bailey conhecia sua voz.

Ela sabia como ele andava.

Ela sabia como ele se movia. Bailey era a única pessoa que tinha lutado contra Orion e sobrevivido para contar a historia.

—Ela poderia ajudá-lo— John declarou, mantendo a voz baixa enquanto eles se encontravam na sala de estar do apartamento.

Jordan estava mudo, assim como o resto do time. Micah estava de pé ao lado das janelas fortemente cobertas, os braços cruzados sobre o peito enquanto considerava a sugestão.

Ele não tinha a prova para vetar isto.

—Ela conhece algo sobre o médico— ele disse tranquilamente. —Ela foi muito evasiva. Ela manteve a atenção focada em Orion. O que quer que ela esteja escondendo, nós não podemos extrair com drogas, e ela é treinada para resistir a elas.

—A que distância ela poderia resistir?— Jordan perguntou, e Micah soube o que ele estava considerando.

Micah respirou roucamente enquanto agitava a cabeça. —Ela é fraca nessa área. Garren Abijah viu muitas vezes no treinamento dela. Ela foi testada nos laboratórios do Mossad naquela área, e nós a quebramos dentro de uma hora.

Ele assistiu John estremecer. Eles sabiam do treinamento que o Mossad fazia para resistir às drogas e aos seus efeitos. Não era bonito e a prova nunca era fácil. O fato de ela ter quebrado tão facilmente não era um sinal de fraqueza, mas era um sinal de que ela podia estar quebrada. A CIA sabia disto. Eles a mantinham em tarefas com a menor quantidade de risco naquela área. Havia muitos agentes de CIA que desmoronavam facilmente sob o teste do Mossad, porém. Era rigoroso, e às vezes tinha sido mortal.

—É uma opção então— Jordan sugeriu. —Você podia fazer isso.

Micah agitou a cabeça. Ele não podia vê-la desmoronar. Ele simplesmente não podia chegar a esse ponto.

—Ela é a última da minha família, Jordan— ele disse ao outro homem grosseiramente. —Não há nenhuma chance de eu mesmo fazer isso a ela.

—Você estava lá durante a prova?— Jordan perguntou, os olhos estreitados.

Micah anuiu com a cabeça.

—Eu saí a meio caminho. Até Garren não conseguiu ficar o tempo todo. Ela é como uma irmã. Eu não a farei sofrer de modos que a farão desmoronar e extrair as informações quando eu estiver quase certo do que ela está escondendo, e está escondendo para poder pegar o médico primeiro.

—E se ela for uma obrigação?— Travis avançou, a expressão meditativa mais sombria do que nunca e os olhos azuis acinzentados viraram para a porta do quarto fechado.

—A CIA a controlará até que isto esteja acabado— Micah declarou. —O diretor dela pode determinar depois disso o que ela é. Não serei uma parte da tortura dela para descobrir de uma forma ou de outra. Segure-a até que tenhamos terminado.

—Ela sabe demais, Micah— John discutiu. —Você mesmo disse isto: ela manteve o foco do interrogatório no médico. E se ela conhecer quem é o empregador do Orion? E se ela estiver ligada com eles?

—Travis. — Jordan falou com o antigo operador do MI6, mas manteve o olhar em Micah. —Leve-a para o nosso local secundário e consiga as informações que precisamos.

—Jordan. — Micah avançou em advertência.

—A vida de Risa vale este risco, Micah?— Jordan perguntou, trazendo-o para um ponto final. —Travis não matará a sua prima, mas ele pode e conseguirá aquelas informações. É muito importante.

A mandíbula de Micah cerrou. Valia a vida de Risa deixar isto para lá? Não valia. A vida de Risa era tudo para ele, mas Bailey era a última da família dos Serborne. Os pais dela estavam mortos. Os pais de Micah estavam mortos. Todos tinham ido embora exceto Bailey e Micah, e ele nunca poderia reivindicar esse parentesco novamente.

—Travis, John. Vão— Jordan ordenou. —Transporte-a para o local secundário e vejam o que podem descobrir.

—Travis. — Micah avançou, então parou. A mandíbula cerrou porque ele sabia que estava indo contra cada treinamento que já havia recebido com o Mossad. Ele iria pedir clemência.

E ele não podia.

—Quando isto estiver acabado— ele disse em vez disso —se ela levar mais pesadelos do que já leva agora, então eu saberei quem culpar.

Travis agitou a cabeça.

—Se ela levar mais pesadelos, então será a própria culpa dela, Micah. Ela é uma agente. Ela sabe o que nós precisamos. Eu me certificarei de que ela receba todas as chances de entender que nós estamos do mesmo lado. Depois disto, o que quer que aconteça com ela será por causa dela, não por minha causa.

Jordan continuou a olhar fixamente de volta para ele. Micah era o especialista da interrogação. Ele conhecia as drogas necessárias. Ele sabia o ponto de quebra dela. Ainda mais, ele sabia qual era a droga exigida para quebrá-la.

Ele inalou roucamente.

—Agora é a hora de falar, Micah— Jordan o advertiu.

—As drogas tradicionais não funcionarão— ele disse a Travis tranquilamente antes de dar a ele o nome do alucinógeno garantido para quebrá-la. Ela não podia lutar contra seus efeitos. Ela era particularmente suscetível a essa droga. Era sua fraqueza.

Travis olhou fixamente para ele por longos momentos.

—É um duro— ele disse finalmente. —Você está certo?

Micah anuiu com a cabeça.

—Os médicos no Mossad são muito duros. Levou uma semana para eles apresentarem a droga que a quebraria mais rápido. Como eu disse, levou menos de uma hora.

Travis anuiu com a cabeça.

—John, chame o diretor dela. Eles poderão pegá-la quando você estiver acabado em um local que escolher. Faça o mais rápido que puder. — Jordan girou para Micah. —Você vai sair amanhã. Risa tem um convite para um baile sendo lançada para levantar dinheiro para os hospitais da área. Ela e ela avó ainda não tem frequentado estas festas por causa das reticências de Risa. Os dois estarão lá. Veja se ela reconhece alguém.

Micah anuiu com a cabeça. Ele temia isto, mas percebeu a importância. Não havia nenhum modo de proteger Risa disso, tanto quanto ele precisava para sua própria causa. Quando isto estiver terminado, o tempo dele com ela estará terminada.

—Micah. — Ele se voltou para Jordan enquanto o outro homem continuava. —Você está ficando pessoalmente envolvido aqui. — Jordan deu uma olhada rápida para um Noah mudo. —Pensei que tínhamos concordado que o resto de vocês iria impedir que isso acontecesse...?

Micah deu uma olhada rápida para Noah enquanto assistia Jordan calado. O sobrinho do chefe não era um tolo, e era um dos poucos homens que tinham a chance de influenciar Jordan.

—Homens mortos não têm fraqueza— Micah disse sem emoção. —Mas até homens mortos têm consciência, Jordan.

Com isto, ele deixou o apartamento. Não havia nenhum argumento aqui, da mesma maneira não havia como negar a culpa que Micah sabia que cairia contra sua alma pelo que Bailey suportaria.

Ele andou através do corredor, bateu suavemente, então usou as chaves para entrar.

Ele entrou, fechou a porta, e parou. Kira estava assistindo televisão, a arma nos braços da cadeira ao lado. Risa estava adormecida no sofá. Morganna e Emily estavam esticadas no chão.

—Uma de nós devia ligar para Clint e Kell— Kira disse suavemente enquanto se erguia.

Micah anuiu com a cabeça enquanto sentia a garganta constringir. Risa dormia com inocência confortável, a expressão serena enquanto estava deitada de lado, a cabeça sustentada em uma das pequenas almofadas do sofá.

Enquanto Kira fazia o telefonema para os dois homens em auxílio, Micah se moveu para o sofá, ergueu a mulher e a levou para a cama. Ele a dobrou embaixo dos cobertores antes de retornar para a sala a tempo de ver Morganna se erguer grogue do chão enquanto Kell erguia a esposa nos braços.

Os dois homens movimentaram a cabeça de volta para Micah sobriamente enquanto Kira ia para a porta, verificava o corredor, e dava o sinal de ‘tudo limpo’ com a cabeça. Eles se moveram do apartamento enquanto Micah pegava a porta. Fechando-a atrás de si, ele verificou as fechaduras, então foi aos outros quartos para testar as janelas e a segurança lá.

Ele não podia apagar aquela voz rota dentro dele que o lembrava do pesar de Bailey nos enterros dos pais dele. Ele não podia apagar as memórias da criança que ela tinha sido então ou a decisão que ele tinha feito hoje à noite.

Ele estava ficando velho, ele decidiu enquanto recuava para o quarto e tirava as roupas, exausto. Ele tinha acabado de passar as últimas oito horas seguindo os movimentos de Bailey pelos últimos anos, assim como qualquer conexão que ela pudesse ter com Orion além da missão russa. Então, Micah a questionou. O pecado dele tinha sido permitir a outro homem quebrar a relutância dela de dizer a eles o que eles precisaram saber.

Por que ela esconderia isto?

Micah rastejou na cama, os olhos fechando enquanto Risa rolava para ele, agarrando-o até no sono.

Os braços dela cercavam-no, a alça quase desesperada enquanto ele enterrava o rosto no cabelo dela e lutava contra todo o instinto que ele podia sentir erguendo dentro dele de tomá-la e fugir. Ele podia escondê-la, ele disse a si mesmo. Ele era um Mossad. Ele não era apenas um agente; ele era cada segundo de treinamento que havia absorvido durante aqueles anos. Cada instinto afiado com agudez letal. Ele podia protegê-la.

A menos que algo acontecesse a ele. A menos que ele piscasse e o pior acontecesse. E então ele estaria sem ela.

Ele beijou o cabelo dela.

—Ani ohev otach, Risa— ele sussurrou em uma respiração quase muda. Eu amo você, Risa.

Ele a amava.

Ela era seu coração.

E Micah temeu não sobreviver quando fosse forçado a ir embora dela.

—Micah. — Ela respirou o nome dele contra seu tórax.

A mão dela desceu pelo torso dele até deitar em seu abdômen, centímetros acima do membro ereto entre as coxas.

Ele a desejava; estava faminto por ela. Mas por mais que ele a desejasse fisicamente, hoje à noite ele precisava simplesmente abraçá-la.

Havia coisas que ele nunca havia esperado enfrentar quando assinou a vida com a Elite Ops. Ele não esperava achar uma mulher que tocasse sua alma, da mesma maneira que não tinha esperado enfrentar o último parente de sangue que tinha ou permitir sua interrogação.

Agora ele tinha que enfrentar o que estava perdendo, e ele admitiu que o custo era muito alto.

—Faça parar. — Um sussurro de medo na voz de Risa o trouxe de volta para ela.

Ela não gritou as palavras; ela não clamou de medo ou de dor. O som foi quebrado, um silvar drogado de agonia que rasgou por sua alma.

—Papai, por favor, faça parar.

Micah apertou os braços ao redor dela, desesperado para acordá-la mas sabendo que cada sonho podia ter a chave para salvá-la.

Ele fechou os olhos, bem firme, manteve-a mais perto do corpo, e jurou que se conseguisse botar as mãos no último demônio sobrevivente que a havia tocado, então ele o mataria.

Risa não havia sonhado muito desde que Micah tinha invadido sua cama. Mas enquanto ela deslizava para uma maré calmante e morna que vinha sempre que Micah a segurava, ela sentia as defesas contra os sonhos deslizando.

Ela estava segura nos braços dele. Ela podia senti-lo cercando-a, sua presença quase uma proteção entre ela mesma e a dor.

Desta vez, quando o sonho veio, era como se ela estivesse se assistindo, em vez de estar dentro do mundo do sonho.

Ela olhou fixamente para a menina amarrada com corrente à maca. Os olhos azuis claros selvagens estavam largos, apavorados, enquanto as duas figuras andavam para a cama estreita.

Ela viu Jansen Clay, o cabelo loiro perfeitamente arrumado, escárnio divertido no rosto enquanto dava uma olhada rápida para o homem no outro lado da cama.

Risa não podia ver seu rosto de onde ela estava. Apenas suas costas. E não importava o quanto ela quisesse olhar para ele, memorizar qualquer detalhe que pudesse deste sonho, ainda assim a atenção dela era segura pela mulher que choramingava em angústia.

—Eu não sei por que você apenas não a mata. — Risa vacilou com o desgosto frio na voz culta do outro homem. Ele falava como se a boca estivesse franzida e não pudesse estirá-la em torno das palavras.

—Ela serve a um propósito no momento. — Jansen encolheu os ombros. —Além disso, se eu a matar, não terei acesso ao capital em confiança que a mãe e a avô a deixaram. Ela tem uma quantia incrível de dinheiro. Voltará para a avó se qualquer coisa acontecer a ela.

—Então mate a avó— o outro homem ordenou insensivelmente. —Para que ela te serve?

—Matricídio?— Jansen meditou. —Eu não estou pronto ainda para passar dessa linha.

Ainda assim ele não tinha nenhum problema em sua tentativa de aniquilar lentamente a filha.

—O matricídio seria um de seus menores crimes, Clay.

Jansen riu.

—E os seus crimes, meu amigo? Posso não ter nenhum amor pela minha filha, mas nem por isso eu permiti que você a usasse como parte dos experimentos horrorosos que você aprecia tanto com as garotinhas que compra. Realmente, não se pode jogar pedras.

As costas do outro homem enrijeceram.

—Ciência— ele declarou. —Eu fiz inovações com aquelas meninas. Elas contribuíram para a ciência. As suas vítimas só contribuíram para a sua própria riqueza.

A expressão de Jansen era cheia de escárnio cético.

—Poupe-me da condescendência e siga em frente com esta pequena experiência— Jansen ordenou. —Tenho uma festa para ir mais tarde e prefiro que não seja muito tarde.

Mãos grandes agarraram o braço dela. Risa se focou naquelas mãos mesmo enquanto tentava olhar fixamente para o rosto dele. Ela choramingou desesperadamente quando a menina no sonho tentou lutar contra aquelas mãos corpulentas enquanto elas erguiam seu braço.

—Eu me lembro de você. — Risa sonhando olhava fixamente para o rosto dele. —Eu me lembrarei de você.

Ele bufou enquanto deitava a agulha da seringa contra a veia do pulso dela. —Você terá sorte se conseguir se lembrar do próprio nome assim que terminarmos com isto.

—Eu me lembrarei de você. — Risa sentiu as palavras virem aos próprios lábios mesmo enquanto ela se via no sonho. —Suas mãos me machucam. Eles são muito grandes para cirurgia. Você mata seus pacientes?

A mão pausou. A seringa picou na carne enquanto ela no sonho a encarava.

—Se você fizer direito o seu trabalho, ela nunca se lembrará quem você é— Jansen riu.

—Faça seu trabalho direito— Risa sussurrou enquanto ficava de pé atrás dele e se focando na mão, nos nós. —Cicatrizes, como linhas minúsculas nas mãos. Eu conheço as suas mãos. Eu já as vi antes. Elas me assustam. Eu me lembrarei de você.

Ela assistiu enquanto ela mesma no sonho puxava na alça que ele tinha no braço dela. A carne tremia com o esforço que ela mostrou.

Ainda assim ela não podia escapar. A seringa entrou na carne e um segundo depois lava corria por suas veias.

Ela tentou gritar. Risa se assistia. Ela não sentia dor, mas a viu nos olhos azuis claros que de repente recuaram na cabeça da Risa do sonho. O corpo dela empurrou contra as restrições que a seguravam na maca enquanto um grito estrangulado rasgava dos lábios.

Risa se assistiu. Ela assistiu enquanto resistia e se erguia contra o colchão fino. Ela não podia gritar, mas os lábios se separaram enquanto ela tentava. Ela lutou para se focar em Jansen. Risa sabia que ela estava lutando para implorar, para pedir clemência a ele.

—Papai, por favor— ela ofegou. —Por favor, papai.

E ele riu dela.

Ele era o pai dela. Ele nunca tinha sido um pai amoroso, ou afetuoso. Mas até aquele sequestro, ela não pensou que ele fosse verdadeiramente um monstro.

Ela assistiu, inalterada enquanto ela no sonho se retorcia na cama, tentando gritar, perdida em uma agonia que Risa apenas vagamente se lembrava.

—Ela está mais com dor do que com excitação, meu bom doutor— Jansen disse lentamente como se eles fossem ficar lá para sempre, a atenção indo dela para os monitores com os eletrodos enganchados. —Você ainda tem alguns ajustes a fazer, parece.

—O coração dela está em nível crítico— o médico meditou enquanto batia no maçador do coração dela no monitor. —Você devia permitir que eu abrisse o coração dela, ver o dano que está causando.

— Demasiado confuso. — Jansen agitou a cabeça.

Risa agitou a cabeça enquanto se assistia se contorcer e lutar contra a dor. Ela queria gritar, dar voz à agonia muda que ela mesma no sonha estava suportando.

—Tanta dor— ela sussurrou para o médico de volta. —Por que você me machucou?

—Ajustar a droga não vai ser tão fácil quanto nós pensamos a princípio— o médico comentou pensativamente. —O cientista do Fuentes era bastante avançado nas qualidades sintéticas que criou o Pó das Prostitutas.

Jansen andou para trás, uma carranca no rosto enquanto o médico agitava a cabeça.

—Muito ruim ela ser tão feia, Jansen. Você podia ter pelo menos a vendido. Neste momento, ela é apenas uma obrigação para você.

Risa girou então, o olhar erguendo até que ela podia ver as costas da cabeça dele. O cabelo. Escuro misturado com cinza. A vista dela de repente estava borrada; ela se sentia zonza, tão assustada.

Agitando a cabeça, ela empurrou o olhar de volta para si mesma, apenas para achar os olhos presos nos dela mesma.

—Você o conhece— a Risa do sonho clamou em agonia. —Você o conhece. Não confie nele. Você o conhece.

Ela lutou para regular a respiração, o medo. Ela tentou olhar para ele novamente e um flash de desorientarão a assaltou.

—Olhe para ele— a Risa do sonho clamou. —Você o conhece. Pare-o. Oh, Deus. Por favor. Por favor, faça isto parar!

Risa podia ouvir os gritos agora. Eles ecoavam ao redor dela, ressoando com dor tortuosa enquanto ela se movia devagar em torno da cama, as mãos prendendo no metal que agitava com a força do sonho que Risa lutava. Ela se moveu diante de Jansen e ergueu os olhos.

—Acorde, porra!

Os olhos dela abriram totalmente.

Ela não estava mais no sonho. Ela estava lutando contra Micah, os próprios gritos ainda enchendo sua cabeça enquanto ela lutava com ele.

Ela estava de joelhos o encarando. Ele estava ajoelhando diante dela, um arranhão sangrando na bochecha. Ele estava usando uma calça jeans, o peito nu estava úmido, uma mancha de sangue no ombro, e ele não estava só.

Arquejando, lutando para respirar, Risa olhou de modo selvagem em torno do quarto. Havia Jordan e a ruiva. Risa não conseguia se lembrar do nome dela. Alguém as havia apresentado? Jordan e a ruiva a estavam assistindo como se ela fosse louca. Os olhos estavam estreitados; os olhos verdes da ruiva estavam úmidos, como se ela estivesse à beira das lágrimas.

—Por que eles estão aqui?— A garganta de Risa estava áspera, a voz áspera.

—Você estava tendo um pesadelo— Jordan declarou enquanto Risa via os lábios de Micah se separarem para responder.

Micah não pareceu contente por Jordan ter se metido. Lindo, duro, frio. Jordan Malone tinha a habilidade de assustá-la.

Ela voltou os olhos para Micah.

—Eles podem sair agora?

Ela queria Jordan fora de seu quarto. Ela não gostava de estranhos olhando para ela como se eles a estivessem dissecando e o que quer que fosse que ela pudesse ter dito ou sonhado.

Ela estava muito agitada pelo que havia sonhado desta vez, o modo como ela tinha sonhado. Pela primeira vez ela não reviveu aquelas memórias apavorantes; ela meramente as observou.

—Você viu o homem que veio para a clínica com o seu pai— Micah disse, a própria voz áspera. —O que você viu, Risa?

O olhar dela recuou para Jordan. Ele ainda estava perfeitamente vestido com a calça comprida preta apertada e uma camisa de algodão cinza, engomada. O homem já teve algum amarrotado em qualquer lugar?

—Eu me vi. — Ela agitou a cabeça enquanto saía do calor das mãos de Micah e lutava para se sentar na cama, os pés no chão, as costas para os outros. —Diga a eles para partir, Micah. Eu não estou disposta a ter companhia às três horas da manhã. Pelo amor de Deus. — Ela girou a cabeça e encarou Jordan. —Você não dorme?

Uma sobrancelha preta pesada curvou com uma sugestão de escárnio.

—Eu apenas substituo as minhas baterias quando elas param— ele observou laconicamente. —É mais eficiente.

Ela bufou com isto, agitando a cabeça enquanto Micah se movia da cama.

—Tehya, leve o Jordan daqui— Micah a ordenou roucamente. —E da próxima vez que ele quiser se meter, faça-me um favor e o amarre na cama ou algo assim.

—Ele teria que estar na cama primeiro— Tehya comentou. —Acho que ele tem medo que eu me junte a ele.

Risa podia apenas agitar a cabeça com as provocações que continuavam atrás dela. Ela inalou devagar e fechou os olhos. Ela quase podia vê-lo, o homem que a estuprou, a pessoa que acompanhou o pai dela para a clínica e bombeou aquela droga no corpo dela.

Ela o conhecia. A imagem dela no sonho havia gritado para ela esse conhecimento. Ela o conhecia.

Ela conhecia as mãos.

Aquelas mãos voltaram à cabeça dela. Elas eram grandes, escuras. Pareciam ásperas, mas as palmas eram suaves como de bebê. Tão suaves, era assustador.

Ela estremeceu ao se lembrar da sensação, segurando os pulsos dela para o chão do avião enquanto ele a estuprava. Estranho, ela se lembrava da sensação das mãos mais do que se lembrava do que ele havia feito a ela.

—Risa?

Ela abriu os olhos para ver Micah se ajoelhando diante dela, a expressão preocupada apesar do brilho de raiva nos olhos.

—Eles se foram. — Ele empurrou o cabelo para trás do rosto dela, jogando uma mecha espessa para detrás de uma orelha. —Jordan ligou enquanto você estava sonhando. Ele ouviu os seus gritos.

—Ele estava sendo curioso. — Ela agitou a cabeça. —O quê é? Ele pensa que você não dirá a ele qualquer coisa que eu me lembre dos meus sonhos?

Os lábios dele ergueram.

—Ele é um cara impaciente.

Ela quase riu, porque isso era quase a verdade.

—Risa. — Ele segurou a bochecha dela com a palma. —Se eu pudesse apagar os pesadelos, então eu iria. Se eu pudesse te poupar desta dor, este medo, então eu sumiria com tudo.

Ele iria. Ela viu no rosto dele, nos olhos.

—Acabará logo— ela sussurrou, e se lamentou que iria. Ela viveria com o medo, ela pensou, o perigo para si mesma, se isso significava abraçar Micah para ela apenas por um pouco mais de tempo.

—Está quase terminado. — Uma mão deslizou pelo cabelo dela enquanto a outra apertava na cintura. —Você estará segura logo.

Ela estaria só logo.

As mãos dela ergueram do colo até os ombros dele, os punhos dela abrindo para que ela pudesse agarrar o músculo duro, sentir o calor e poder embaixo da pele.

—Por que você está de calça jeans?— Ela perguntou sem ar. —Você estava nu quando entrou na cama.

Um sorriso se arrastou nos lábios dele.

—Eu a coloquei quando ouvi Jordan e Tehya entrarem no apartamento. Não podia deixá-los ver o meu traseiro nu, meu bem. A Tehya é brincalhona. Ela teria dado um tapinha nele.

Risa quis sorrir com a provocação.

—Eu quebraria a mão dela— ela prometeu.

—Eu sabia que podia confiar em você para me ajudar a proteger a minha dignidade. — Os olhos dele sorriam. Ela amava isto. O modo como eles iluminavam com diversão, calor.

Ela o amava. Amava estar com ele, tocá-lo, o modo como ele a abraçava e protegia.

—Obrigada por me manter segura. — Ela olhou fixamente de volta para ele, assistindo seus olhos escuros enquanto eles pareciam escurecer mais. A pupila se misturou com as íris enquanto as mãos acariciavam os ombros. —Mantenha-me aquecida hoje à noite, Micah.

As mãos abaixaram para a faixa da calça jeans, e ela a puxou com um estalo e então agarrou o zíper e o desceu pela ereção.

—Você está com frio?— A voz dele era um sussurro áspero pelo quarto.

—Estou com muito frio. — Ela se ergueu contra ele e tocou seus lábios com os dela. —E estou muito necessitada.

—Necessitada, é?— Ele perguntou enquanto erguia a bainha da camisa dela, as mãos segurando o pano e o deslizando pelos braços enquanto ela os erguia.

A respiração dela era rota agora, áspera.

—Como você me tomaria, se pudesse fazer como desejasse?— Ela perguntou a ele então.

—Lento e fácil— ele a respondeu sem demora. —Eu te deitaria e gastaria horas, dias, anos, aprendendo a sua paixão.

Um soluço prendeu na garganta dela. Ela queria anos. Ela o queria pelo resto da vida em seus braços, em sua cama.

Ela ergueu os quadris enquanto as mãos dele arrastavam pela cintura de algodão da calça de dormir. Ele a puxou, junto com a calcinha, acima dos quadris e abaixo pelas pernas. Enquanto ele jogava a roupa longe, ele ficou de pé e removeu a calça jeans, revelando a carne dura e completamente erguida que o corpo dela estava tão ávido.

Ela não podia se negar as necessidades que corriam por ela. Ela sabia, sentia com toda fibra de seu ser, que logo Micah sairia de sua vida. Ela tinha um tempo curto tão precioso para armazenar as memórias que precisava carregar dentro de si.

—Eu amo tocá-la, saboreá-la.— ela suspirou enquanto alisava com as mãos o alto das coxas duras dele.

—Eu amo o seu toque— ele gemeu. O som podia ter sido causado pela sensação da mão dela acariciando seu membro.

Era pesado, espesso. A cabeça larga foi afilado na ponta e larga na base antes da curva do eixo. A carne era escura, com veias espessas pulsando. Enquanto ela o acariciava, uma conta perolada de sêmen se formou na ponta, atraindo os lábios dela.

—Ah, Risa. Doce Risa— ele sussurrou com aquela voz áspera do deserto enquanto a língua dela o lambia. — Doce amor. Como eu sobreviverei sem isso?

Como ela sobreviveria sem isto?

Os lábios dela seguiram a língua, cobrindo a cabeça do membro aquecido e trazendo-o para a boca. Ele tinha gosto de verão no meio do inverno. Viciante. Poderoso.

A língua dela chamejou no lado inferior enquanto ela o chupava, amando sentir o gosto dele em sua boca. Ela estava faminta por ele. Era uma fome que ela podia associar apenas a Micah. Não uma droga. Não qualquer coisa antinatural. Precisar de Micah era tão natural quanto a terra precisar da chuva, ou as flores precisarem dos raios do sol. Era imperativo. A chave da sobrevivência.

Recuando, ela inspecionou a umidade lisa que tinha deixado na ponta, passou a língua novamente e ficou glorificada com o gemido duro que ecoou do peito dele.

—Estou molhada. — Ela ergueu a cabeça e olhou fixamente para ele, excitação passando o ponto da sanidade. —Preciso de você dentro de mim.

—Inferno. — Ele se ajoelhou na frente da cama novamente.

A posição era perfeita. Os quadris dele estavam alinhados com o dela enquanto ele abria as coxas dela. O membro estava apertado contra as dobras nuas e inchadas de sua boceta. A cabeça dele fez com que mais fluidos viessem, os músculos dela convulsionando em antecipação.

Risa assistiu, olhos largos, lutando para respirar, fascinada pela visão daquela divisão da cabeça espessa contra as dobras e cutucando contra a entrada de seu corpo.

Por um momento incrivelmente louco ela desejou não estar no controle de natalidade. Ela desejou coisas que não podia ter. Ela queria um filho. Uma parte dele que não pudesse ser tirada dela.

—Lento e fácil?— A voz áspera dele distraiu-a. — Ou rápido e duro? Qual você quer, bebê?

As mãos dele envolviam os seios dela, erguendo-os para permitir que a boca os sugasse. Fogo estourou dos mamilos dela e correu pela barriga. A respiração prendeu com o prazer, com a necessidade incrível surgindo dentro dela.

—Rápido e duro. Desta vez— ela arquejou.

Os lábios dele ergueram, um quase-sorriso que a encantou, que a aqueceu.

—Lento e fácil da próxima vez?— Ele pressionou, a largura dele estirando a abertura dela, enviando labaredas de calor líquido correndo pelas veias.

—Oh, Deus, sim— ela clamou, debruçando para trás sobre os cotovelos porque ela não tinha a força para se sentar e ela queria assistir. Ela queria vê-lo tomá-la. —Da próxima vez, lento e fácil.

Ele pausou, a cabeça pesada apenas parada dentro dela enquanto ela sentia os músculos internos a sugarem, tentando levá-lo mais distante dentro dela.

—Rápido e duro?— Ele perguntou novamente.

Ela ergueu a cabeça, lambeu os lábios, e disse—Rápido e duro, Micah. Quero que você me foda como nunca fará novamente.

 

Micah pausou enquanto Risa permitiu às palavras passarem pelos lábios. Os olhos estreitados.

—Devassa — ele sussurrou com um pequeno sorriso sensual.

—Eu já disse essa palavra antes— ela ofegou enquanto sentia o membro pulsar dentro dela.

—Você quer ficar mais devassa, linda Risa?— As mãos dele deslizaram das coxas indo até os seios dela. Ele os segurou, envolveu, beliscou os mamilos, então esfregou a pouca dor para longe.

—Com você? Acho que posso ser muito devassa, Micah— ela respirou roucamente.

Ele a recompensou. Uma punhalada dura enterrou a ereção a meio caminho dentro dela. Roubou sua respiração, fez gemer.

—Ah, linda Risa. Sua doce boceta é tão apertada, tão quente ao redor do meu membro. — A voz era mais escura, mais áspera, aquela sugestão de deserto mais forte.

—Oh, Deus, Micah, você vai me deixar louca. — Os olhos dela abriram enquanto a cabeça erguia.

Ela olhou fixamente abaixo para o corpo, a respiração prendendo à vista da carne rosada separada e abraçando a seta dura enterrada apenas a meio caminho dentro dela.

—Isto é tudo o que eu consigo?— Ela respirou em decepção.

Micah gemeu.

Enquanto ele a puxava de volta, Risa pegou um grito estrangulado na garganta à vista da camada de fluidos lisos e adesivos na carne dura dele.

—Tão quente e molhada para mim. — Micah correu o dedo sobre a carne molhada, pegou a umidade, e enquanto ela assistia, trouxe para os lábios.

Os quadris dele foram adiante enquanto ele lambia o sabor dela do dedo.

Risa gritou com prazer. A visão dele saboreando-a, a sensação dele mergulhando totalmente dentro dela, era quase demais. Ela podia sentir o orgasmo inchando dentro dela, construindo, levando-a.

—Você sabe o que eu quero, doce Risa?— As mãos dele agarraram os quadris dela enquanto ela parava, ele estava enterrado dentro dela até o cabo, o membro pulsando contra o tecido tenro que o prendia.

—O que você quer?— Ela gemeu. Ela sabia o que ela queria. Ela queria que ele se movesse, empurrasse, golpeasse até que ela estivesse gritando com o prazer.

Ele se debruçou para mais perto. O membro foi mais fundo, dobrando e pulsando enquanto ela lutava para respirar com o prazer.

—Quero que você me deixe ir por trás de você, Risa— ele sussurrou. —Quero acariciar o seu lindo traseiro enquanto te fodo. Quero que você se dê toda para mim, bebê.

Ela olhou fixamente de volta para ele em surpresa, com uma pontada de incerteza e medo.

—Atrás de mim?— Ela tentou pensar, se assegurar de que ela podia fazer isto, mas tudo o que ela podia era sentir ele dentro dela.

Ele se moveu, foi para trás, apertou de volta, e ela gemeu com a corrida de sensações.

—Atrás de você, Risa. Será tão bom. Eu posso acariciar o seu lindo clitóris enquanto te fodo duro e fundo, ou toco os seus apertados pequenos mamilos. Você vai amar.

Ela agitou a cabeça. Ela podia aguentar isto? Os pesadelos a inundariam? O medo tomaria o lugar do prazer?

—Micah. — Ela olhou fixamente para ele em angústia. Ela não sabia se deveria estar excitada ou apavorada com o que ele procurava.

Então, ele saiu.

—Não. Não pare. — Ela o agarrou, desesperada para ter o devolver dentro dela.

—Venha aqui, bebê. — Ele a ergueu e girou, apertando os joelhos dela na cama enquanto ele colocava uma mão contra os ombros dela. —Assim mesmo— ele sussurrou enquanto a mão deslizava sobre o ombro dela e debaixo do queixo. —Agora olhe para cima. Vê o que eu vejo?

O que ela via era o rosto dele, corado com excitação, os olhos muito grandes, mais escuros do que o normal, enquanto ela olhava fixamente para o espelho acima da cômoda no lado da parede.

Atrás dela, Micah parecia um conquistador. O rosto escuro apertado e afiado com luxúria, os olhos pretos reluzindo em aprovação enquanto ele pegava os olhos dela no espelho.

Os lábios dela se separaram em surpresa chocada e maravilha. Ela não era feia aqui. Ela parecia com uma mulher bonita, não parecia consigo mesma. A máscara de paixão e necessidade que cobriam seu rosto davam a ela uma aparência mais suave, mais gentil.

—Muito linda— ele gemeu.

Risa olhou fixamente para sua imagem. O modo como uma mão agarrava o membro espesso, escuro enquanto ele segurava o quadril dela com a outra mão.

—Agora, deixe-me te mostrar como ficar devassa, amor.

Ele colocou a cabeça do membro entre as coxas dela, apertou-a contra as dobras inchadas, e apenas entrou.

—Leve-me, Risa. Trabalhe a sua linda boceta no meu membro. Mostre-me o quão devassa você quer ficar.

O quão devassa ela queria ficar.

Risa olhou fixamente o espelho, o olhar em Micah. Os ombros dobrados com o poder; uma pequena poça de transpiração brilhava no tórax por estar absorvida nos pelos pretos que cresciam através dele.

O abdômen estava dobrado. As mãos apertadas nos quadris dela, e Risa se moveu.

Ela assistiu os quadris dele apertarem de volta, sentiu a largura total do membro a estirando, super estirando, tomando-a.

—Micah— ela respirou o nome dele em uma corrida de prazer primoroso.

Ela ficou quase livre e assistiu o gesto apertado de fome que marcou seu rosto. Os lábios estavam recuados dos dentes; ele parecia selvagem, primitivo. Ele fazia com que ela parecesse selvagem.

—Toque os seus seios, Risa— ele gemeu enquanto ela acariciava a ereção. —Deixe-me te ver tocar esses pequenos mamilos apertados. Eu amo os seus mamilos. Doces pequenas bagas que tem gosto de néctar contra a minha língua.

Ela gemeu e ergueu uma mão para tocar um mamilo. Ela o agarrou, arrastou e trabalhou a carne dura a empalando.

Ela estava ficando perdida no prazer. Ela podia sentir. Com os olhos presos nos dele, ela deixou a trilha dos dedos do seio até a barriga. Curiosidade a consumiu tão profundamente quanto à paixão. Os dedos se moveram entre as coxas, e ela gemeu ao sentir os fluidos quentes contra as pontas dos dedos. Os lábios se separaram em um grito mudo enquanto aqueles dedos encontravam a carne dura como ferro no qual ela estava se movendo.

Um grunhido mudo enrolou os lábios dele enquanto a cabeça caía para os ombros, os olhos fechando enquanto o prazer apertava seu rosto. A visão a debilitou, jogou-a mais próximo do orgasmo, e a fortaleceu na mesma tomada de sensação.

Os ombros dela desmoronaram para a cama enquanto os dedos acharam o clitóris. Os dedos da outra mão acharam um mamilo e ela soube que ele estava assistindo. Ela podia sentir os olhos dele nela enquanto ela torcia os quadris, empurrava e o tomava todo.

Ela saiu do membro, ficando livre dele apenas para empurrar de volta com um grito desesperado enquanto a carne faminta o chupava de volta.

Ela estava perdida. Gemendo, choramingando, cheia com ele e desesperada para mais.

—Abra os olhos— ele ordenou roucamente enquanto ela o sentia se mover sobre ela. —Olhe para mim, maldição. Olhe para mim, Risa. Veja-me te amar.

Os olhos dela abriram. O rosto dele estava próximo do dela enquanto os joelhos dele descansavam entre as coxas dela na cama agora. Ele a estava tomando, movendo os quadris, batendo, dando poder ao membro dentro dela em golpes duros, repetidos que a empurrava mais alto, mais próximo.

—Micah— ela sussurrou o nome dele, sentindo a explosão se construir dentro dela. —Oh, Deus. É muito bom. É muito bom.

—Sempre— ele gemeu. — Ah, Deus, Risa. Ani ohev otach. Ani ohev otach, Risa.

Eu amo você. Ele a amava. Ele estava despedaçado pelas emoções que despejavam por ele, rasgando-o, chicoteando por sua mente enquanto ele sentia as bolas apertarem, sentia o assalto da liberação no momento em que sentiu Risa explodir em seus braços.

—Micah— ela gritou o nome dele. —Oh, Deus. Me ame, Micah— ela chorou o apelo. —Oh, Deus, por favor. Por favor, Micah.

Ela resistiu, então ficou tensa; então Micah a sentiu. Os fluidos dela juntaram ao redor de seu membro enquanto ele sentia a liberação dentro dele. Sensações correram junto de sua espinha, até suas bolas. O sêmen saiu na ponta, derramando dentro dela em uma corrida de calor enquanto a mão dele agarrou a cabeça dela, girava-a para mais perto dos lábios dele para que ele pudesse cobri-los. Então ele podia conter os votos que balançavam dentro de sua alma.

Ela era dele para sempre. Ele seria para sempre dela. Pela eternidade ele a adoraria. E se ele não soubesse até a alma que ela estava protegida, então ele teria jurado que um prazer tão profundo, tão fundo, podia ter apenas uma conclusão.

Estremecendo contra ela, Micah soltou os lábios dela e gemeu com a pulsação da liberação final que saiu da ponta de seu membro.

Ele estava respirando duro, pesado. Ele parecia não conseguir oxigênio suficiente para o cérebro; ele não podia acalmar o pulsar do sangue para fazer sentido de todas as emoções, todas as sensações, que colidiam dentro dele em uma onda de êxtase.

Ela estava deitada embaixo dele, a tensão lentamente aliviando do corpo, coberta por ele. A confiança na posição o fez balançar até o núcleo. Ele não esperava por isto. Ele tinha esperado medo, talvez uma negação. Mas ele não tinha esperado a confiança que ela deu a ele.

—Ani ohev otach— ele sussurrou novamente. As palavras de amor em sua língua materna, em um idioma tão antigo quanto o tempo, com um amor que o enchia por inteiro.

Ele nunca tinha conhecido o amor exceto o amor dos pais a ele, ou o próprio amor pelos pais. Ele nunca tinha conhecido o amor que um homem sentia por uma mulher que o completaria.

—Eu amo você, Micah. — Ele mal ouviu as palavras. O rosto dela estava apertado nos cobertores; não era mais do que um sussurro, mas colidiu dentro dele com um poder que o balançou até a alma.

Deus o ajudasse, como ele poderia deixá-la ir quando isto terminasse? E ele sabia, claro até a alma, na parte guerreira de seu subconsciente, que o fim estava vindo. Risa ficaria segura. Ele teria sua vingança, mas quando estivesse terminado, não haveria nada remanescente para se segurar. A vingança seria cinza ao vento, e o coração dele sempre estaria na escuridão, sempre seguindo uma mulher, uma sombra da sombra dela.

—Eu podia ficar aqui, cobrindo você como um cobertor para protegê-la, para sempre— ele sussurrou na orelha dela. —Você é uma luz que sempre me guiará, um sussurro que eu sempre ouvirei.

O corpo esbelto agitou em um soluço enquanto ele sentia os dedos afundando no colchão.

—Saiba isso, Risa. — Ele beijou o pescoço dela, o ombro.— Lembre-se sempre, na minha vida eu nunca conhecerei um calor tão doce, tão doador, ou tão lindo quanto o que você tem.

Ela agitou a cabeça enquanto ele saía de cima dela, mas ela se enrolou contra ele avidamente quando ele se deitou ao lado dela.

—Converse comigo. — A voz dela estava cheia com lágrimas. Ele sentiu a umidade delas contra o tórax e até a alma.

—O que eu deveria conversar com você?— Ele deixou os dedos correrem pelas mechas sedosas do cabelo.

—O que o faz feliz? Quais memórias são melhores para você? Apenas converse comigo, Micah. Fale-me sobre você.

Ele respirou fortemente. Ela o fazia feliz. As memórias dela com el sempre seriam as melhores para ele.

—Eu me lembro do deserto— ele sussurrou. —Israel é um lugar de muitas pessoas e ainda assim de muitas belezas. O deserto pode assar um homem durante o dia e congelá-lo quando a lua está no alto. É um lugar de beleza brutal e força duradoura. Nutre um homem, mesmo enquanto o desafia.

—É muito violento— ela sussurrou. —Estive lá uma vez, muito tempo atrás com Jansen. Eu não tinha permissão de sair da casa protegida que nos deram para usar.

—Você adoraria Israel se tivesse a chance de experimentar— ele prometeu a Risa. Ele adoraria vê-la sob o sol ardente. Mostrá-la todos os segredos que Israel escondia, assim como sua vasta riqueza. —Pode haver violência; a parte de Israel que é mostrada nas televisões em todo o mundo. Mas você raramente os vê mostrarem o oceano enquanto ele acaricia uma praia enluarada. Ou o deserto que muda e se move diariamente. É reservado e diligente. Respeita força e poder, e os dá em resposta.

—Como é a brisa?— A voz dela era mel e prazer doce. Era uma luz na escuridão, a promessa de calor no inverno.

—A brisa pode ser gentil com o calor do deserto a enchendo, entrando nos seus poros, embora possa sustentá-lo com seu presente de ser simplesmente a terra. Ou pode ser afiada e má; pode rasgar a carne e golpear os ossos como uma mulher descontente com seu amante.

Ele riu com o beliscão que ela deu no abdômen duro dele.

—Viu o que eu quero dizer?— Ele pegou a mão dela na dele. —Mulher má.

O riso suave fluiu sobre ele como a carícia mais gentil do deserto.

—Você deixou família lá?

Micah olhou fixamente para o teto antes de agitar a cabeça. —Tenho apenas uma prima. Uma pequena fêmea radical e tão teimosa quanto o próprio deserto.

—E você a ama— ela disse suavemente. —Posso ouvir na sua voz.

—Sim, eu gosto bastante dela. — Ele teria sorrido com o pensamento se não estivesse bem ciente do que havia deixado fazerem com ela. A necessidade de escolher entre a segurança de Risa e o conforto de Bailey não tinha sido simples. Ele se consolava com o fato de que ambas sobreviveriam no fim. Elas teriam as vidas à frente delas; o que quer que elas desejassem poderia ser delas.

—Quando você partir, se lembrará de mim, Micah?— Risa perguntou então, a voz na escuridão acariciando os sentidos dele.

—Até a morte não poderá roubar a sua memória de mim— ele a prometeu.

O silêncio encheu o quarto. O amanhecer estava vindo e com ele o conhecimento de que ele teria que machucá-la novamente. A avó havia dito a Noah que Risa havia se recusado terminantemente a ir ao banquete médico anual. Médicos profissionais de todo o mundo estariam presentes. Os melhores e os mais brilhantes no campo médico aparecerão nessa noite, para se conhecerem e entrosarem nesse evento criado para permitir a cada um deles fazer os contatos necessários para acessar os capitais disponíveis para a pesquisa médica.

O baile seria em uma semana, e até lá, haveria várias festas dadas por cientistas e médicos individuais chegados na cidade.

A primeira dessas festas começaria à noite. Ele frequentaria como convidado de Risa e Abigail, assim como Ian e Kira Richards. Jordan e Tehya estariam lá também, com o resto do time fornecendo auxílio e segurança.

E Micah sabia que Orion faria outro movimento logo, mais provável em uma daquelas festas.

—Estou com frio— a voz suave de Risa o arrastou de seus pensamentos.

Micah deixa a mão acariciar as costas dela antes de arrastar o edredom dos quadris até os ombros. O ar estava um pouco fresco, ele admitiu.

Ela se aconchegou mais próximo do peito dele e ficou muda por um tempo tão longo que ele se perguntou se ela tinha adormecido.

—Eu teria gostado de ter visto o seu deserto com você. — Quando ela falou, a emoção na voz dela marcou o coração dele. —Você pensará em mim quando o visitar novamente?

—Sempre— ele a prometeu suavemente. —Eu sempre me lembrarei de você quando pensar no deserto.

Ele sempre pensaria dela, não importava onde ele estivesse, não importava o que ele fizesse. Ele sempre carregaria suas memórias e perdas com ele.

—Talvez um dia eu veja o seu deserto— ela disse suavemente. —E eu pensarei em você, Micah.

Ele olhou fixamente o teto; ele viu o passado, e viu o futuro. Ele viu a escuridão deserta que conhecia antes de ela entrar em sua vida, e viu o retorno a ela quando ela estivesse segura.

E ele se viu, sempre a assistindo de longe. Sempre a desejando.

Deixá-la seria a coisa mais dura que ele já havia feito.

 

Risa ficou surpresa de ter conseguido dormir. Mas alguma hora antes do amanhecer ela se moveu nos braços de Micah e dormiu sem pesadelos.

Ela estava ciente dele, até mesmo durante o sono. Ela sabia quando a respiração dele igualava; ela havia sonhado com ele beijando sua testa e sussurrando “eu amo você” com a voz mais gentil.

Ela sonhou com o deserto flutuante em calor, o sol brilhando embaixo deles, e ela sonhou que ele desaparecia de seu lado para se tornar uma parte daquele deserto.

Quando ela despertou no final da manhã seguinte, tomou banho, comeu o café da manhã que ele havia preparado e foi tranquilamente trabalhar no computador.

Ela não podia pensar sobre o amanhã hoje. Ela não podia se deixar imaginar vê-lo saindo de sua vida, embora ela soubesse que estava vindo muito mais depressa do que havia pressentido antes.

—Tenho algumas reuniões marcadas para hoje— ela disse a ele enquanto inicializava o computador e os lembretes apareciam no monitor. —Vários clientes virão para entregar algumas informações que eu preciso de suas contas.

—Eu me lembro— ele disse a ela. —Jordan completou os dossiês deles várias noites atrás. Todos estão limpos, então tudo bem. Estarei aqui com você por via das dúvidas.

Ela se voltou para ele com uma carranca.

— Os clientes não gostam de discutir suas informações na frente dos outros— ela disse a ele preocupada. —Se você ficar rondando aqui, eles suspeitarão do porquê. Eles são clientes regulares, estão acostumados a se encontrarem comigo a sós.

As mãos escoraram nos quadris enquanto ele dava uma olhada rápida para a porta da cozinha. Risa sabia que deveria estar se focando no problema dos clientes em vez da calça jeans e da camiseta que ele estava usando ou como sensual aquela calça jeans parecia quando em conjunto com as botas.

O homem era realmente um colírio para os olhos. Ele não era tradicionalmente bonito; era áspero em vez disso. Áspero e sensual demais. E agora mesmo, ele tinha aquele brilho perigoso nos olhos que a assegurava que ele estava somente focado em assegurar a proteção dela.

—Posso ir para a cozinha. — Ele anuiu com a cabeça. —Eu os admitirei, então retrocederei logo na entrada. Ficarei perto o suficiente no caso de algum deles mostrar alguma ameaça.

Um calafrio correu pela espinha dela enquanto uma onda de cautela corria dentro dela. Ela deveria ter cancelado as reuniões. Era muito tarde agora, mas ela deveria ter seguido o conselho de Jordan em vez de insistir em manter aqueles compromissos.

—Não se preocupe, Risa. — Micah acalmou os nervos dela com sua voz sedosa e escura. —Jordan e os outros estão do outro lado do corredor. Há um dispositivo de compreensão que nós ativaremos antes da primeira reunião para que assim Jordan esteja ciente de tudo que está acontecendo, e eu estarei logo na cozinha. Você está completamente protegida.

Ela anuiu com a cabeça firmemente antes de se voltar para o computador. Ela estava protegida, ela se assegurou. Tudo ficaria bem.

 

Estava quase na hora.

Orion inspecionou o curativo no ferimento do pé antes de colocar várias pílulas contra dor na palma da mão e as engolir com água.

O medicamento ajudava a amenizar a dor, mas os sentidos pareciam bons. Ele ainda estava no controle; isso era tudo o que importava.

Colocando as pílulas na gaveta da mesinha de cabeceira, ele puxou o laptop através da cama e clicou nas fotos que tinham chegado durante a noite.

A câmera que ele havia instalado logo na frente do elevador do andar de Risa o assegurou da oportunidade de pelo menos manter a observação de suas vindas e idas.

Ela não saía frequentemente. O tráfego tinha sido incrivelmente leve nos últimos dias. O amante de Risa a mantinha bastante perto de casa. Exceto por uma noite fora em um clube, eles ficavam do lado de dentro.

O Sr. Sloane estava em alertava. Ele era um SEAL, o que significava que ele podia ser um problema se Orion não jogasse direito suas cartas.

Ele sorriu com o pensamento. Ele tinha vários ases, e os usaria.

Hoje à noite era uma festa ostentosa que ela iria frequentar. Um pequeno baile de um cientista vindo da Alemanha. Orion quase riu com o pensamento. No momento em que ela visse o empregador dele, toda a merda bateria no ventilador, e ele sabia disto. Ele podia sentir. E planejava isto.

Isto era muito melhor, ele se assegurou enquanto o analgésico começava a aliviar a dor no pé. Um homem não podia planejar o trabalho culminante antes da aposentadoria com dor. Ele poderia não perceber algo, podia julgar mal sua contagem de tempo. Orion não podia se permitir isto.

Nos últimos dias ele tinha refeito o plano original apenas um pouco, mas ele estava confiante de que podia fazer o trabalho. Assobiando calado com o pensamento, ele parou o e-mail e deixou um sorriso enrolar os lábios.

Contatos. Nos contatos de um homem feito ao longo de sua vida havia o que ele sabia sobre eles.

Na caixa de e-mail assegurada ele tinha guardado as informações desde o começo desta tarefa. O código de segurança que ele precisava para chegar ao lado de dentro.

Ele parou o e-mail, memorizou o código e então o apagou.

Logo. Outro dia ou mais e ele poderia fazer seu movimento.

Este plano era muito melhor do que o último, e o dispunha da segurança que ele sonhava em ter na aposentadoria.

Ele tinha até escolhido a ilha perfeita para comprar. Era quase deserta; o antigo dono havia construído uma mansão bastante imponente na única montanha que a agraciava. A laguna era o único acesso a ilha. Os precipícios que erguiam deixavam impossível uma brecha para entrar de qualquer outro modo.

Orion estaria seguro lá. Ele poderia brincar como desejasse.

E Orion gostava muito de brincar.

Ele suspirou com o pensamento da aposentadoria. Ele não poderia errar no trabalho, ele disse a si mesmo. Ele havia ficado entediado com a facilidade de cada tarefa. Não havia mais nenhum desafio. Até que este aqui, seu trabalho final, tudo tinha vindo tão fácil para ele. A derrota não era nem um pensamento.

Até que aquele SEAL havia enfiado uma bala no pé dele.

Orion riu ao pensar no homem. Micah Sloane. Ele ainda não tinha informações suficientes sobre o SEAL. Mas ele definitivamente tinha estado no Oriente Médio. Uma pequena hackeada e conferida no comando de segurança do Iraque havia assegurado Orion disto. Mas ainda mais, ele tinha algumas cordas lá que podia puxar. Ele tinha ligado para certo amigo que estava ciente de todo e qualquer SEAL que aparecia. Mac Knight. O bastardo tinha muita fama. Orion havia estabelecido a conexão através de um amigo de Mac durante uma de suas várias saídas anos antes.

Um pequeno telefonema amigável algumas horas antes e havia rendido bastantes informações para assegurar Orion de que seu SEAL não era mais do que um SEAL. E nem mesmo um tão efetivo quanto Orion temia.

Parecia que Micah Sloane era um pouco de problema com seus chefes por causa de insubordinação. Ele poderia nem ser um SEAL por muito mais tempo.

Sim, conectar com Knight tinha sido um inferno para conseguir. Um homem nunca sabia quando precisaria de informações sobre uma missão no Oriente Médio ou um soldado em particular. E Orion havia organizado que o muito sombrio Sr. Knight o devesse favores para que ele não pudesse dizer não. E tinha valido a pena. Especialmente quando Orion e seu empregador foram exigidos para viajar para lá ocasionalmente.

Orion respirou com satisfação.

Micah Sloane não seria um problema aqui. Era apenas a contagem de tempo e a execução.

Orion pegou seu retrato mais recente do Sr. Sloane e de Risa Clay. Ela tinha um bonito brilho sobre ela. Ela era uma mulher sendo amada, Orion meditou. E Sloane estava obviamente cativado por ela.

Ao lado do retrato de Sloane estava outro retrato. O programa de reconhecimento de rosto que Orion usava parava constantemente no rosto de David Abijah quando o retrato era colocado nos critérios de busca.

Ele bateu os dedos contra a cama. Micah Sloane não podia ser dois homens diferentes, não é?

Orion franziu os lábios e agitou a cabeça. Não devia ser possível. Ele iria assumir que não era possível, simplesmente porque ele estava muito ciente da culpa que o rasgava por causa da família Abijah.

Então, ele parou no retrato de seu empregador e fez uma careta.

Se apresse. Se apresse. Era a exigência diária enchendo a paciência de Orion. Ele iria se apressar. Concluiria esta semana.

Ele parou no retrato de sua pequena ilha. Sim, pelo meio de semana que vem ele estaria se divertindo ao sol. Estava tudo acontecendo exatamente como ele sempre havia sonhado.

 

Jordan respondeu ao celular no primeiro toque.

—É Knight. — A voz do major era um grunhido furioso através da linha. —O telefonema veio.

Jordan sorriu. Ele sabia. No momento em que percebeu a ameaça que Knight seria para esta operação particular, Jordan soube o quê fazer.

—O nome pelo qual eu o conheço é Paul Blade— Knight declarou. —Ele é da CIA. Foi bem sucedido em uma missão com outros grupo alguns anos atrás. Alguns meses mais tarde ele estava em um bar onde instalamos nossa base. Bbeemos, falamos de negócio. Algumas semanas mais tarde ele começou a contrabandear uísque para mim. Minha marca preferida. Ele pediu um favor hoje à noite. Queria saber sobre um SEAL chamado Micah Sloane. Dei a ele o que você me deu.

—Ele conseguiu te seguir nos States. Interessante— Jordan meditou. —Quando você retornará as suas funções?

—Quatro semanas, e eu quero participar disso— ele declarou, o tom de voz frio. —Se ele for Orion, então Risa está em mais problemas do que você possa imaginar, Malone. Os caras que estavam com ele naquela missão dizem que ele é muito barra pesada. Eles estavam todos mortos de medo dele, e eles eram uns filhos da mãe.

Jordan grunhiu. —Dê-me as informações. Eu contatarei a minha fonte e verei se posso conseguir uma identificação dele.

—Na última vez em que o vi, creio que ele tinha uns quarenta anos ou mais, provavelmente mais próximo dos quarenta e cinco. Atarracado mas musculoso. Bigode e cavanhaque com um pouco de cinza. Cabeça raspada. Rosto largo. Os olhos estavam um pouco estreitos, um pouco mais longos do que o normal. Ele emitia um ar muito culto. Um bastardo estudado.

Jordan anuiu com a cabeça enquanto fazia notas.

—A cobertura dele era Paul Blade?— Ele verificou.

—Definitivamente uma cobertura— Mac disse firmemente. —Ele é cobertura funda, também. Eu conheci seu manipulador durante algum tempo antes de ele ser morto. Mencionei Paul para ele uma vez e sua expressão foi muito intranquila. Disse que eu ficasse muito longe dele.

—E você o fez?

—Droga, Malone, eu fico muito longe de todo mundo. Você sabe onde eu estou trabalhando. Tudo o que eu vejo são os times saindo ou entrando. Não há muitas chances de entrar em problemas lá.

Nenhuma palavra mais verdadeira já havia sido dita. E que porra de golpe de sorte.

—Chegue aqui— Jordan decidiu. —Eu não vou me arriscar fornecer informações secretas a ele. Nós temos fotos de cada figura que passou no edifício ou entrou nele. Temos pilhas de coisas malditas aqui, assim como fotos de todo mundo que Risa se associa. Vamos ver se você pode identificar ele para nós.

—A caminho— Mac prometeu.

—Use os degraus, não o elevador— Jordan o advertiu. —Nós sabemos que há uma câmera de segurança lá wireless que já foi hackeada várias vezes. Estamos tentando conseguir um GPS no sinal, mas ainda não conseguimos. Nós temos mais inteligência entrando e poderíamos ter que nos mover rápido.

A linha desconectou enquanto Jordan erguia a cabeça e sorria amplamente para Tehya onde ela assistia os monitores treinados na porta do apartamento de Risa.

—Bingo. — Ele sorriu amplamente com um brilho dos dentes. —Ele contatou a inteligência de Knight para saber sobre Micah. Knight já bebeu com ele, conversou com ele. Ele está no papo.

A sobrancelha de Tehya ergueu.

—Contando com o ovo é, Jordan?— Ela perguntou cinicamente.

Ele não pôde evitar e riu com a resposta dela. —Rezando para que as galinhas estejam bem, é melhor. — Ele passou os dedos pelo cabelo e repetiu a oração pedindo que os ovos saíssem e ele estivesse no lugar para pegá-los.

—Chame auxílio. Vamos fazer um plano conjunto. Quem quer que ele seja, é da CIA. Isso explica o vazamento na Rússia. Também explica a habilidade do seu empregador de localizar investigações contra ele. Uma doce pequena rede, você não acha?

—Muito doce— ela concordou, o queixo escorado na mão enquanto continuava a assistir os monitores.

Jordan deu uma olhada rápida para eles, então de volta para ela.

—Chame o auxílio, Tehya.

Ela revirou os olhos, pegou o celular e fez o telefonema, tudo sem tirar os olhos da porta do apartamento de Risa.

—Que diabo você está vendo?— Ele fez uma carranca para os monitores, então de volta para ela.

—Uma vítima— ela suspirou e agitou a cabeça antes de girar o olhar para Jordan. —Você vai dizer a ele que ele não precisa deixá-la?

Jordan parou e a olhou fixamente de volta.

—Ele não tem nenhuma escolha a não ser partir— ele disse a ela, a voz ficando fria. —Você sabe as regras. Ele está morto. A vida dele é propriedade da Elite Ops.

—Noah tem uma esposa, um filho— ela disse suavemente. —O moral estará seriamente comprometido se Micah tiver que deixá-la.

—Ele é um homem morto— Jordan a lembrou. —Ele sabia o que estava fazendo quando assinou aqueles documentos. O caso do Noah é diferente. Sempre foi e eles sempre souberam isto.

Ela agitou a cabeça.

—Grande engano, chefe. Um engano muito grande.

Ele esperou até que ela se ergueu da cadeira e girou as costas para ele antes de deixar um sorriso estremecer nos lábios. Eles veriam de quem era o erro, e Jordan estava apostando que não era dele.

 

Risa olhou fixamente para o vestido sobre a cama, então ergueu o olhar para Micah.

—Você deveria ter me advertido— ela disse cuidadosamente. Ela estava furiosa. Ele não tinha dito que ela precisaria frequentar o baile. Micah meramente havia declarado que eles estavam indo; ele não deu a ela a opção de recusar.

—Você evita esta festa todos os anos em que recebe um convite— ele declarou. —Por quê?

—Porque eu não gosto de médicos— ela disse entre dentes cerrados. —Talvez um modo melhor de dizer é que eu detesto os bastardos. Posso apenas tolerar o meu. Que tal?

—Não é uma razão boa o suficiente. — O sorriso dele era apertado e frio, os olhos pretos fixos e duros. —E ninguém mais esperará que você esteja lá também, especialmente o médico determinado a te matar.

A expressão dele era determinada, e ela estava começando a ficar irritada com ela. Normalmente não era um bom presságio para ela.

—Você está tentando me forçar a me lembrar quem fez aquilo—ela disse furiosamente. —Você está tentando me fazer identificá-lo.

—Identifique o seu estuprador e nós identificaremos Orion quando o questionarmos. A maior elite do campo médico mundial estará nestas festas. O empregador de Orion e seu estuprador fazem parte das mentes científicas mais avançadas no mundo. Ele estará lá.

—Então por que eu deveria estar lá?— Risa podia sentir o pânico se construir no peito, junto com o medo. Ela havia evitado médicos como se eles fossem uma peste, da mesma maneira que ela havia evitado todos que tinham sido associados com Jansen Clay. —Você mesmo me disse; tudo o que você tem que fazer é capturar Orion. Ele te dirá quem é o empregador.

—Ou vice-versa— ele disse tranquilamente. —Se nós identificarmos o cientista depressa, então ele não poderá escapar se não for americano.

—Ele é americano. — As palavras estouraram dos lábios antes que ela percebesse a verdade das palavras.

—Você está se lembrando de mais. — Ele estava na frente dela, assistindo-a atentamente. —O que você se lembrou desde o sonho, Risa?

Ela passou os dedos pelo cabelo enquanto dava as costas para ele, apertando as mechas enquanto lutava contra o medo tentando subjugá-la.

—Eu não quero ir para esta festa— ela respirou roucamente. —Você não pode me fazer ir. — Ela girou para enfrentá-lo novamente, encarando-o ferozmente.

—Não. — Ele agitou a cabeça. —Não posso te forçar a ir, Risa. Mas se você deixar o medo te controlar, então nunca terá a vida que sonhou ter.

—O que você sabe sobre os meus sonhos?— Ela o cobrou, a voz áspera. —Até onde você sabe, Micah, eu não tenho um único sonho.

Os lábios dele ergueram em uma curva estranhamente triste.

—Eu sei que você sonha, Risa. Você tem as fotos e planos da casa que sonha ter um dia. Tem até uma cerca de piquete branco ao redor dela. Você mantém a foto na sua escrivaninha. Eu sei que você não ostenta seu dinheiro, mas você a quer. Você quer roupas bonitas, sensuais, mas tem medo de vesti-las. Sei que você sonha com uma família. Um marido e filhos. — Algo incendiou nos olhos dele então; alguma emoção relampejou através de seu rosto que ela não pôde decifrar.

—São sonhos de todas as mulheres. — Ela encolheu os ombros com a percepção dele.

—Você quer ir para o deserto— a voz dele abaixou. —Você quer sentir a carícia de uma brisa que parece vir do próprio sol.

Ela deu as costas a ele. Aquele sonho tinha vindo no meio da noite enquanto ela o ouvia descrever Israel para ela. Mas era apenas uma parte do sonho. Ela sonhou estar ao dele enquanto a sentia.

—Você precisa fazer isto, Risa. Precisa pegar a sua vida de volta. Você vai deixar Orion ou o homem que te atormenta acabar com os seus sonhos e te impedi-los de ter para sempre?

Ela odiava a lógica dele. Odiava o olhar dele agora, que dizia que ele sabia que ela faria o que precisava quando ela mesma não estava tão certa.

Ela olhou para o vestido de festa novamente. Era simplesmente magnífico. Ouro e bronze escuro enfeitado com contas brilhando sob a luz. Havia sapatos de salto cor de bronze e uma bolsa de mão pequena. Havia até uma calcinha cor de bronze.

O tecido do vestido brilhava com as contas minúsculas enquanto ia de ouro a bronze escuro, continuamente escurecendo para uma rica e vibrante bainha preta. Parecia reluzir como pó de estrelas.

—Você definitivamente pretende me fazer chamar atenção— ela murmurou.

—Uma mulher aprendendo sobre sua própria sexualidade e seu efeito no amante gostaria de se distinguir— ele disse, a voz escura, áspera. —Uma mulher de sua coragem, curando do trauma que sofreu, ficaria corajosa, aventureira, quando seu amante a encorajasse.

—Você está me provocando — ela suspirou. —Percebo na sua voz.

—Provocando a viver?— Ele perguntou. —Sim, Risa, isto é exatamente o que estou fazendo. Estou te provocando a viver.

Ela cruzou os braços através dos seios e olhou fixamente para o vestido novamente.

—E se eu desmoronar?— Ela não podia olhar para ele agora. —Se eu o vir, reconhecer e desmoronar?

—Eu não te deixarei desmoronar. Você se segurará em mim. Saberá que está segura, aos meus cuidados e protegida, Risa. Você não vai desmoronar. Você me dirá de quem suspeita, e mais tarde ele será investigado e questionado. Tudo simples. É ele quem vai desmoronar. Então isso tudo estará terminado.

Da mesma maneira que Bailey desmoronou, Micah pensou tristemente. A prima estava agora descansando em um local seguro. Jordan estava relutante de chamar o diretor dela agora. As notícias que Orion era CIA mudaram muitas das opções do time com respeito à tarefa.

Bailey não quebrou facilmente. Levou mais tempo para pegá-la do que durante o treinamento. Ela lutou contra as drogas, amaldiçoou Travis. Mas no fim, revelou o que sabia e por que estava lá.

Ela estava definitivamente lá para pegar Orion, mas só porque ela acreditava que o primo, David Abijah, o estivesse perseguindo. Ela estava procurando por seu último parente de sangue. Ela nunca acreditou que ele estivesse morto.

O passado estava voltando para persegui-lo, ele pensou enquanto assistia Risa correr os dedos sobre o tecido brilhante do vestido.

Ela anuiu com a cabeça devagar. —Que hora nós partimos?

—Nós sairemos daqui as oito junto com Tehya e Jordan. Nós nos encontraremos com a sua avó, junto com a sua escolta, e Ian e Kira no hotel onde acontecerá o baile.

—Uma questão de horas— ela murmurou. —Você não me deu muita vantagem, não é?

Micah se moveu em torno da cama então. As mãos nos ombros dela enquanto a girava para ele.

—Eu não te dei tempo para se preocupar com as coisas que você não deve se preocupar — ele disse tranquilamente. —Você tem tempo para se vestir. Haverá um jantar de bufê no baile se você estiver com fome.

Ela agitou a cabeça; o cabelo ondulado com multi listras em tons de seda amarela deslizando ao redor dos ombros. —Eu não sentirei fome.

—Risa. — Ele ergueu uma mão do ombro dela e envolveu uma bochecha.

Ela ergueu a cabeça, e ele olhou fixamente nos olhos preocupados dela.

—Você acredita que eu a protegerei?

Ela anuiu com a cabeça.

—Você não o deixará me levar.

—Eu não o deixarei tomar você— ele prometeu. —Nós vamos fazer este trabalho, você e eu. E você vai brilhar no baile como a mulher linda e vibrante que é.

—Linda para você— ela sussurrou.

—Linda, ponto final. — Ele acariciou o dedo polegar sobre os lábios. —Você é beleza pura, Risa. E hoje à noite, vai brilhar.

Não era menos do que a verdade. Ela segurava cada fibra da alma dele.

—Eu preciso tomar banho. — Ela inalou profundamente, mas o rosto ainda estava pálido, a expressão marcada com medo.

Como ela havia sobrevivido? Ele se perguntou enquanto ela saía de perto dele e ia para o banheiro. Como ela havia suportado os últimos oito anos e ainda conseguia reter aquele ar de inocência e beleza desavisada?

Ela não era cínica. Não era covarde. Estava enfrentando seus medos, seus demônios e o perigo que a cercava com uma graça que o deixava pasmo.

Respirando roucamente, ele abriu o celular e deu um telefonema para Jordan.

—Sim?— Jordan respondeu no primeiro toque.

—Ela concordou em ir— ele declarou.

—Bom— Jordan murmurou. —Nós temos todo mundo em lugar. Mac Knight assegurou um convite também. Ele me avisará se vir Orion. Temos as informações que Bailey nos deu do médico. Eram escassas. Mãos americanas, largas, grandes, de acordo com alguns relatórios das vítimas sobreviventes. Mas ela se lembrava dos nomes de vários médicos que os agentes duplos russos tinha estado em contato. James Walters era um deles. Nós conseguimos confirmação de nosso contato, o homem que nós suspeitamos que seja o manipulador do Orion, ele fez planos de frequentar a festa hoje à noite. Tudo estará no lugar.

Micah agitou a cabeça.

—Não é Walters. Ela estava muito tranquila. O subconsciente dela saberia se ele fosse seu estuprador. Ela não o estava vendo e já teria se lembrado. Nós vamos nos achar em uma bagunça em potencial com Orion e o estuprador nela no mesmo salão de baile.

—Concordo— Jordan declarou. —Mas essa é a nossa melhor chance de pegar pelo menos um deles. Isto é tudo o que nós precisamos. Tehya e eu iremos à frente de vocês. Travis terá a sua limusine; Nik seguinte atrás de vocês. Nós nos encontraremos no salão de entrada do hotel junto com a avó dela, Ian e Kira Richards.

—Certo— Micah murmurou enquanto ele assistia a porta do banheiro.

Ele queria tomar banho com Risa. Ele queria assistir seu corpo curvo, amá-la sem pressa e aliviar o medo a enchendo. Mas não havia tempo. Simplesmente não havia tempo.

Ele estava sem tempo.

Ele desconectou o telefonema antes de se mover para o armário e tirar o terno de seda que tinha sido entregue junto com o vestido de Risa.

Ele o pegou e juntou com a fome de tomar banho com ela e deixou o quarto para se dirigir ao quarto sobressalente onde ele tomaria banho. Só.

Ele precisava se lembrar o que era estar só. Logo ele estaria sem ela, e ele precisava se preparar para isto. Se hoje à noite saísse como o planejado, então amanhã à noite, Risa estaria segura.

E ele partiria. Sem ela.

Sem ela.

Ecoava na mente dele, no coração e na alma.

Ele estaria partindo, sem ela.

 

O vestido era magnífico.

Risa sentiu as saias deslizando ao redor dela enquanto ela e Micah caminhavam ao longo do corredor para o elevador. Ele segurava sua mão e a mantinha perto dele. Ela podia sentir o calor dele, o poder e a tensão que irradiava do corpo.

Era uma tensão que vazava dela também. Ela podia sentir o estômago apertar com medo, o coração correr com ele enquanto as portas do elevador abriam e eles entravam.

No momento em que a porta fechou, ela se achou nos braços de Micah, contra seu peito, os lábios nos dele enquanto ele a beijava com uma fome que a queimou até os ossos.

—Você está me deixando louco— ele gemeu enquanto a erguia contra ele, apertando os quadris dela nos dele para que assim ela pudesse sentir a ereção furiosa sob a calça comprida dele. —Você parece com uma chama ardente e proibida nesse vestido, Risa. Tão linda que me faz perder o ar.

Os lábios dela se separaram enquanto ela via a fome nos olhos dele, na expressão.

—Você deveria ter tirado um tempo para um cochilo antes de nós partirmos— ela murmurou.

—Só um cochilo?

—Bem, nós teríamos achado algo para fazer naquela cama se não dormíssemos. — Ela tentou provocá-lo; tentou aliviar o medo dela e a tensão dele.

—Muitas coisas— ele concordou enquanto o elevador apitava em advertência que eles estavam alcançando o salão de entrada. —Coisas que nos deixariam incrivelmente atrasados.

Ele a soltou enquanto as portas do elevador abriam, mas manteve a mão nas costas dela.

—Ah, senhorita Clay, você brilha como uma estrela. — Clive Stamper estava de pé no salão de entrada, o sorriso irradiando enquanto ela caminhava em direção à porta.

—Obrigada, Clive. — Ela sorriu de volta para ele nervosamente enquanto ele mantinha a porta aberta.

—Tenha uma ótima noite, senhorita Clay, Sr. Sloane. — Ele anuiu com a cabeça enquanto eles passavam.

—Não sei se posso fazer isto— ela sussurrou enquanto o chofer abria a porta e Micah a ajudava a entrar na área do passageiro.

Ele se moveu para o lado dela, o braço indo ao redor dela enquanto ele a puxava para o colo. A porta fechou atrás deles, e segundos mais tarde a limusine estava indo para longe do edifício.

—Estou aqui com você, bebê. — Ele a segurou perto do peito, a mão acariciando as costas enquanto dava um beijo no pescoço dela. —Nada ou ninguém tocará em você hoje à noite além de mim. Certo?

Ela prendeu uma respiração dura, nervosa. Ela queria gritar com ele. Queria lutar. Queria exigir que ele voltasse e levasse de volta para casa.

—Você se lembra da noite em que nos conhecemos?

Ela sentiu a respiração dele contra seu pescoço e estremeceu com o prazer. Ela anuiu com a cabeça.

—Eu te observei caminhar na boate. Eu estava sentando no bar quando você entrou. Você olhou ao redor nervosamente. Os olhos estavam arregalados com medo, mas você se forçou a caminhar através do local. Sua coragem me deixou pasmo. Aterrorizou.

Ela agitou a cabeça.

—Isso foi diferente.

—Como pode ter sido diferente?— O nariz dele deslizava contra o lóbulo da orelha dela em uma carícia curiosamente gentil.

Ela quase sorriu amplamente.

—Eu já sabia que iria para a cama com você. Eu havia me decidido antes de chegar àquela boate.

Ele parou contra ela.

—Você já tinha decidido? Você não me conhecia, Risa. — Havia uma extremidade de advertência na voz que fez o sorriso dela se arrastar nos lábios.

—Emily me disse que você era completamente lindo. — Ela olhou para ele, a mão enrolando em torno do lado do pescoço enquanto ela assistia os olhos e o cabelo preto dele. —Ela estava certa, Micah. Você é devastador para os sentidos de uma mulher.

Ele grunhiu com isto.

—E você decidiu dormir comigo baseada nisto?

—Desculpe. — Ela deu uma pequena risada. —Foi sim. Mas quando eu te vi— ela tragou firmemente com a memória. —Quando eu te vi, Micah, soube que tinha que fazer. Eu não queria mudar de ideia. Eu não queria fugir de você. Eu apenas queria você.

Ela queria que ele a abraçasse, que com beijos levasse para longe os medos e que a mostrasse o que era o prazer, em vez da dor.

—Você me apavora com a sua coragem, Risa— ele suspirou enquanto os lábios tocavam levemente sobre os dela.

—Eu não sei sobre a parte da coragem. — Ela olhou para o lado de fora; eles estavam apenas a minutos da saída do centro da cidade e então estariam muito mais próximos do hotel onde o baile aconteceria. —Eu estou tão assustada, Micah.

—Não há nenhuma razão para medo, docinho. — Os dedos dele escovaram para trás algumas mechas soltas do cabelo dela que deslizaram soltas do estilo de coque que ela escolheu. —Hoje à noite nós vamos nos entrosar com nossos amigos, vamos dançar, e vamos deixar as pessoas nos assistirem. Nada mais.

—Um monstro nos assistir— ela respirou roucamente.

Ela podia sentir. Ela sabia a verdade. Ele estaria lá hoje à noite. O homem que ela lutava para não se lembrar. Com suas mãos grandes, nocivas. A voz fria, precisa. Ele estaria lá.

—Nós teremos que fazer isso. — Ele soou desinteressado. —Mas isso não te tocará. Ele não a tocará. Nós o identificaremos se ele estiver lá; então você e eu o deixaremos para os outros. Concorda?

Ela examinou os olhos dele. —Você está mentindo para mim— ela o acusou. —Você não o deixará para os outros. Você o matará primeiro.

Ele olhou fixamente para ela abaixo, a expressão quieta antes de ele anuir com a cabeça devagar.

—Eu o matarei primeiro— ele declarou. —Por ousar colocar as mãos em você, Risa. Apenas por isso, ainda que não houvesse nada mais, eu serei aquele a matá-lo.

Mas havia mais. Havia a história que ele tinha com Orion e o cientista. Os amigos que haviam morrido por causa deles. Ou eram amigos dele? Ela o assistia atentamente, viu o chamejar de culpa e de dor nos olhos, e ela soube a verdade. Ela conhecia seu amante. Ela sabia que ele um dia tinha sido um Mossad. Um Mossad não ia embora de sua cultura ou da sua visão para trabalhar para uma agência de fora.

—Eles eram seus pais— ela sussurrou. —Não eram? E o filho, era seu irmão?

Ele agitou a cabeça lentamente enquanto a assistia.

—Não havia nenhum irmão. Havia apenas um pai, uma mãe e um filho. Um homem tão disposto a vingança que aceitou uma vida de zumbi para tirar o sangue do inimigo. — Ele abaixou a cabeça, tocando nos lábios dela. —E quando isto estiver terminado, ele estará só novamente, com mais do que as memórias do deserto para sustentá-lo. Ele terá a memória de uma mulher. Um toque que queima com paixão. Um beijo que alimentou sua alma. Ele terá as memórias de você, Risa. Mais do que ele já acreditou que poderia ter um dia.

Ela olhou fixamente de volta para ele em choque. Ele era David Abijah. O filho que supostamente havia morrido nas mãos de Orion enquanto o perseguia.

Ela sentiu a garganta apertar em remorso, sentiu a dor no coração por tudo que ele havia perdido.

—Não vá. — Ela tragou firmemente. —Você não tem que partir, Micah.

Ele pouso o dedo contra os lábios dela.

—Sou um homem morto, Risa. Fiz um voto. Uma promessa. E abandonei qualquer sonho que pudesse ter desejado mais tarde. Fiz um voto do qual não posso sair agora. Até pela mulher mais bonita e corajosa que já conheci.

Ela sentiu os lábios tremerem. Pelo menos ele não a amava, ela pensou. Pelo tanto que ela o amava, se ele sussurrasse aquelas palavras para ela, ela teria quebrado. Ela podia amá-lo e perde-lo, mas o pensamento de Micah jogar fora uma chance no amor a teria quebrado.

—Eu sempre estarei aqui— ela disse a ele. —Você pode me visitar.

Ele podia abraçá-la sempre que quisesse. Ela estaria lá para ele. Ela o aguardaria.

Mas ele estava agitando a cabeça.

—Você tem uma vida te aguardando, bebê. Eu já vendi a minha. Viva os seus sonhos. Aspire o ar do deserto. Construa a casa dos seus sonhos e a encha com crianças. Seja a mulher que sonhou ser.

Mas ela tinha sonhado em ser a mulher dele.

Ela olhou a janela e assistiu enquanto a limusine saía da interestadual e seguia para a cidade. Eles estavam quase lá. Ela queria gritar com ele para que eles voltassem, voltassem para casa. Porque quando a missão estivesse terminada, não havia nada remanescente para segurá-lo a ela.

Em vez disso, ela deslizou do colo dele, juntou os pedaços esfarrapados remanescentes da coragem que ele pensava que ela tinha, e se forçou a ficar muda. Ser digna.

Apenas crianças davam acessos de raiva, ela disse a si mesma. Mas ela queria ter um acesso de raiva. Ela queria gritar com ira. Ela queria lutar contra o destino que havia decidido que ela não podia ter o homem que sonhava ter.

—Nós vamos nos encontrar com Jordan e Tehya, assim como Ian e Kira Richards com a sua avó e a escolta no salão de entrada do hotel— ele disse a ela novamente. —Vamos entrar no salão de baile, beberemos um pouco, e nos entrosaremos. Você conhecerá muitas pessoas que estarão lá. Você me apresentará como seu amigo. Procure pelos médicos que conhece. Se você reconhecer o homem que acompanhou seu pai naquela noite, e depois na clínica, então se vire para mim. Não olhe fixamente para ele. Simplesmente diga-me que você está pronta para partir, e nós partiremos. Você pode me dar o nome dele depois que nós deixarmos o salão de baile.

—Então o quê?— Ela olhava enquanto as luzes do hotel surgiam.

—Então eu retornarei ao seu apartamento com você e os outros se encontrarão comigo. Nós trabalharemos em um plano e o seguiremos. Simples.

—Você me deixará só?

—Nunca. — O olhar dele era possessivo, feroz. —Você será protegida, amor. Eu juro. Você está pronta agora?

A limusine seguiu para a entrada dianteira do hotel exclusivo.

—Como jamais estive.

A limusine parou quando o porteiro andou para ela e abriu a porta com um balanço rotineiro do braço.

Micah saiu, então esticou a mão para ela e a tomou para ajudá-la a sair da limusine.

Risa retraiu uma respiração dura.

Ela podia fazer isto, ela se assegurou. Micah estava dependendo dela. Orion e o médico que ela ajudaria a pegar tinham destruído a família de Micah. Por alguma razão, isso fez com que ele cedesse seu futuro. Ele merecia sua chance de vingança.

Ela sentiu a mão dele em suas costas, um peso morno e confortante enquanto ele a levava para o hotel.

Luzes brilhantes assaltaram os olhos dela. Ela tentou agarrar a bolsa pequena que levava e procurou freneticamente nos convidados do lado de fora mais próximos do salão de baile. Rostos borrados; a música parecia distante e longe. Ela se sentia como se ela de repente estivesse fora de si mesma e lutando para se encontrar.

—Risa. Você está aí.

A cabeça dela foi para a esquerda. A avó Abigail estava se movendo através do salão de entrada, a escolta atrás dela. Dr. Oswald Heinrick era um amigo da família. Ela tinha tentado fazer Risa ver Heinrick depois de ter saído da clínica, mas ela havia se recusado.

Heinrick, assim como James Walters, tinha sido um amigo de Jansen Clay.

Pequena menina feia. As palavras bateram na cabeça de Risa enquanto a voz da avó parecia enfraquecer. Maldito, Jansen, você prometeu uma destas meninas para mim. Eu arrisquei a minha reputação inteira para a porra da sua droga.

Risa agitou a cabeça.

—Risa, querida, você está bem?— A avó a abraçou.

O cabelo agora curto de Abigail roçou a mandíbula de Risa. Ela deu uma olhada além dela para cima, e encontrou os olhos verdes e frios de Oswald Heinrick.

Eu conheço você! Eu conheço você! Os próprios gritos dela ecoavam em sua cabeça.

—Risa, você parece simplesmente linda. — A avó recuou e olhou fixamente para Risa com um sorriso radiante antes de examinar por sobre o ombro. —Ela não é magnífica, Oswald?

—Ela é simplesmente linda. — A voz dele.

Risa agitou a cabeça. Essa não era a voz certa, era? Ela se lembrava de um tom mais frio. Certo?

Deus, ela não podia respirar. Havia muitas pessoas a cercando, muitas vozes. Ela não podia pensar.

—Risa, querida? — Ela sentiu o braço de Micah ao redor de suas costas enquanto ela olhava fixamente para Oswald Heinrick. Seu sorriso era morno e amigável. Os olhos eram frios. A barba e bigode espessos que cobriam a parte mais baixa do rosto a distraía.

Não devia estar lá, ela pensou.

—Você deixou a barba crescer— ela sussurrou vagamente.

Os olhos dele estreitaram para ela. Olhos de cobra. Pequenos e malvados. Ela se lembrava daqueles olhos. Como gelo. O ódio e o desdém os enchendo.

—Realmente, eu fiz. — O sorriso era largo, desarmando, enquanto ele corria a mão pela parte inferior do rosto. —Abigail ainda não está muito acostumada a isto.

Abigail não era a única.

—Micah, por favor, conheça Oswald Heinrick— Abigail os apresentou. —Oswald, este é o cavalheiro amigo da Risa que eu estava te dizendo, Micah Sloane.

—Sr. Sloane. — Oswald ergueu a mão. —É bom encontrar o homem que finalmente atravessou a reserva da nossa Risa. A avó fica preocupada com ela.

O coração de Risa estava correndo no peito enquanto ela olhava fixamente para a mão dele. Era grande. Larga. Seria áspera atrás. Ela queria saber sobre a palma. Era suave?

Ela podia sentir o estômago tremendo. A mão esticou, os dedos tremendo enquanto ela agarrava o pulso dele.

—Risa?— A voz de Micah estava em sua orelha. Ela o ouviu, o tom escuro, de advertência.

Ela não iria desmoronar. Ela tinha que virar para ele.

Ela girou a mão de Heinrick.

—Risa?— Oswald a questionou.

A palma era suave. Ela olhou fixamente para ela. Ela não podia se forçar a tocá-la. Era pálida e branca, sem um calo sequer.

Contra a mão ela podia sentir as costas da dele. Ela sentia as cicatrizes finas, quase invisíveis.

—Estou fascinado com as suas mãos— ela disse vagamente enquanto a soltava.

—Realmente, querida. Você está sendo um pouco estranha hoje à noite, até mesmo para você.

Ela balançou a cabeça. Estava lá. O escárnio.

Ela olhou fixamente nos olhos dele.

Eu conheço você. Ela falou as palavras sem som e viu as pupilas dele chamejarem.

Sim, ela o conhecia.

As unhas dela estavam afundando no pulso de Micah.

—Eu preciso partir— ela sussurrou. —Não estou me sentindo bem, Micah.

Tão simples. Isso foi tudo. O braço dele foi ao redor dela e eles estavam se movendo para as portas. Ela olhou para trás e viu os olhos estreitados de Oswald nela. O ódio incendiava neles antes que ele pudesse esconder.

Era ele. Ela sabia que era ele.

Ela ouvia Micah conversando, mas não sabia com quem ele estava falando. Ela estava cheia com as imagens do passado. Aquelas mãos segurando seus pulsos para o chão do avião, a voz na orelha dela, dizendo a ela o quão feia ela era. Como convinha que ele a estuprasse. Como ela deveria agradecê-lo a ensiná-la a ser uma mulher.

—Porque eu nasci para ser usada— ela sussurrou enquanto Micah a apressava para a limusine. —Eu nasci para morrer.

—Pare com isto, Risa. — A porta bateu atrás deles enquanto Micah a puxava contra ele, segurando-a contra o corpo mais morno. —Está terminado. Você não tem que se lembrar disto.

—Eu deveria agradecê-lo— ela disse com a voz neutra, repetindo as palavras que Oswald havia jogado sobre ela na noite em que a estuprou. —Eu deveria agradecê-lo por ele se rebaixar e se conformar comigo. Pelo menos eu era uma virgem. — Ela vacilou com a sensação de rasgar, uma dor a partindo.

Ela podia sentir a náusea juntar no estômago. Fervia e ameaçava amordaçá-la enquanto ela lutava de volta.

—Pare com isto. — Micah ergueu o rosto dela para que ela encarasse seu olhar preto, enfurecido. —Está terminado. Você está me ouvindo? Está terminado. Ele pagará pelo que fez a você, Risa.

—Jansen pagou a ele. — Ela sorriu sem alegria. —Ele teve que pagar a alguém para me foder afinal.

E ele não tinha sido o único. Micah teve que fodê-la para abrir caminho para o homem que o levaria a Orion. Até Micah tinha uma agenda de trabalho.

Ela o amava, mas não havia nenhum amor para ela.

Ela abaixou a cabeça e olhou fixamente adiante. Ela empurrou de volta a emoção, o medo. Ela afastou a dor. Mas nada podia parar a traição.

Oswald Heinrick era um amigo da família. Ele tinha saído com a avó dela por anos. Ele sempre tinha sido gentil com Risa. Até a noite em que ele estava com Jansen para ter a chance de molestar uma criança. Ele queria Carrie. Jansen o forçou a se conformar com Risa.

Micah queria vingança, e pegou Risa para consegui-la.

Ela olhou fixamente a escuridão, e pela primeira vez, estranho o suficiente, apesar do estupro e sua prisão por quase dois anos, Risa finalmente se sentiu derrotada.

 

—Heinrick está na casa. — A voz de John veio pelo receptor que Micah havia colocado na orelha enquanto Jordan, Travis, Nik, Noah e Mac estavam no apartamento de Risa junto com o time Durango.

Morganna e Kira estavam sentadas na sala de estar com Risa. Micah permanecia na entrada a assistindo, as sobrancelhas abaixadas em uma carranca enquanto ele assistia sua expressão pálida, o olhar ofuscado.

—Apenas observar, Heat Seeker. — Micah ergueu o pulso e falou no pequeno microfone que havia prendido na correia que o cercava.

—Observar impacientemente, Maverick. O bastardo está se preparando para fugir.

—Se ele tentar fugir, pare-o. — Micah abaixou o pulso enquanto a mandíbula apertava com o esforço de conter a ira que se formava dentro dele.

—Nós vamos ter que entrar, levá-lo sem alarme, e transportá-lo para outro lugar para interrogação— Jordan declarou enquanto o time o assistia com os olhos claros, determinados. —Nós temos um armazém aqui. — Ele apontou para o local no mapa da cidade que havia espalhado através da mesa. —Este nos dará o isolamento que precisamos para a interrogação assim como a prisão. — Ele olhou para Macey March, o garoto expert em informática do time Durango. —Vá para lá com Tehya e fique pronto.

Macey anuiu com a cabeça antes de passar por Micah e deixar a sala. Na sala de estar ele fez um sinal para Tehya segui-lo antes dos dois deixarem o apartamento.

—John, Micah, Travis e eu entraremos na casa e tomaremos Heinrick. O time Durango cobrirá. Nik, você cobrirá aqui e manterá a Sra. Clay aqui até Micah retornar.

Micah girou para Jordan.

—Envie Risa junto com Nik para o local secundário até que nós tenhamos Heinrick lá. Eu não a quero aqui sem mim.

Os olhos azuis de Jordan pareciam gelo.

— Nós não podemos nos arriscar nisto. — Ele agitou a cabeça. —Nik ficará aqui com ela e em contato constante conosco. Eu preciso de você no time, Micah; você sabe disto.

Micah girou e olhou fixamente de volta para Risa, pedindo que ela olhasse para ele.

Ela estava enrolada no canto do sofá, o vestido de baile ao redor dela como chamas de dourado a preto enquanto ela se embrenhava num cobertor de colo ao redor dos ombros. O cabelo protegia o rosto, mas ele podia ver o suficiente para saber que ela estava totalmente branca.

Morganna se sentava ao lado dela, enquanto Kira puxava uma cadeira para perto para tentar conversar com ela. Ela não estava conversando com elas.

—Micah!— A voz de Jordan era um golpe de comando apesar da suavidade da voz.

Micah girou para Nik. O rosto do russo era destituído de expressão, os olhos azuis glaciais firmes e duros enquanto ele olhava fixamente de volta para Micah e anuía com a cabeça devagar.

—Eu não gosto disto— Micah respirou roucamente. —Nós não temos Orion ainda.

—Heinrick é nossa chave para Orion— Jordan o lembrou. —É para isso que estamos trabalhando. — Ele se voltou para os outros homens. —Vamos colocar armas nos furgões; temos tudo o que precisamos lá. A propriedade de Heinrick fica a trinta minutos daqui e é reclusa. Ele não tem nenhuma segurança ou pessoal no local. Tudo o que nós temos que combater é a segurança eletrônica. Estamos prontos para nos mandar?

Micah se voltou para Risa. Ela não se moveu, não mudou de posição. Ele precisava conversar com ela antes de partir. Ele precisava tirar aquele olhar de terror ofuscado dos olhos dela antes que ele o destruísse.

—Micah, nós estamos prontos para ir?— Jordan perguntou a ele.

Ele fez uma careta com a demanda. Não vai demorar muito, ele prometeu a si mesmo. Uma vez que Heinrick fosse lidado, então ele voltaria. Ele poderia aliviar a dor dela então. Seria uma questão de horas.

Ele anuiu com a cabeça devagar. —Estou pronto para ir.

Enquanto o time se movia na cozinha, Micah se moveu para a sala de estar. Morganna e Kira estavam ficando de pé, as expressões preocupadas enquanto ele se aproximava delas.

—Risa?— Ele se ajoelhou na frente dela, tomando as mãos frias dela do colo e olhou-a fixamente nos olhos.

Ela parecia totalmente chocada. Como diabo ele deveria deixá-la assim?

—Nik estará aqui com você— ele disse suavemente.

Ela agitou a cabeça depressa.

—Vá. Eu estou bem. Nik é bom.

A voz soava oca, distraída. Micah sentiu a tensão fina que enchia o corpo dela e viu a dor nos olhos.

—Algumas horas, isto é tudo— ele prometeu.

Ela anuiu com a cabeça nitidamente.

—Algumas horas. Eu estarei aqui.

—Micah, nós temos que ir— Jordan falou da porta. —Black Jack está esperando. É hora de vazar.

Micah respirou roucamente antes de segurar as bochechas dela e encarar o olhar cheio de fúria dela.

—Eu voltarei logo.

Os lábios dela curvaram em uma cópia de um sorriso.

—Eu não sou uma criança— ela o informou, a voz fria. —Eu ficarei bem. Faça o que tem que fazer.

Ele iria deixá-la de qualquer maneira, Risa pensou enquanto o via fazer uma careta. Ela aceitou o beijo breve que ele a deu através dos lábios e o armazenou em sua pilha mental de memórias. Era uma droga de beijo de adeus, porém.

Ela o assistiu partir. Ele estava vestido de preto. Calças pretas, uma camisa preta de mangas longas e luvas. Com o cabelo e os olhos pretos ele parecia com um vingador negro.

Finalmente, o apartamento estava vazio. Ela ficou com o membro quieto, de olhos viking glaciais do time, Nik.

Ela ergueu o olhar para o dele.

—Ele realmente voltará?— Ela se perguntou em voz alta. —Ele retorna ou apenas desaparece no pôr-do-sol?

A expressão de Nik nunca mudou.

—Se ele for esperto— ele disse finalmente —não voltará. Será o melhor para vocês dois.

O peito dela apertou com a declaração. Forçando-se a sair do sofá, ela ficou de pé e se moveu pela sala. Nik não era do tipo falador, e isso era bom, porque ela não tinha nada para dizer. Ela fez uma perguntou e ele a respondeu. O fato de que a resposta não dizia a ela de uma forma ou de outra se Micah voltaria não importava.

Ela trancou a porta do quarto atrás de si e se moveu para a cômoda. Ela tirou uma calça de uma gaveta e uma camiseta combinando. Meias. Os pés dela estavam frios. Era uma pena ela não ter nada no quarto que aquecesse os lugares frios e vazios dentro da alma dela.

Enquanto ela removia o vestido bonito que havia colocado por tão pouco tempo e vestido as calças de algodão e a camisa mais mornas, ela esfregou os braços, desejando afugentar o frio que a tomava.

Ela lavou a maquiagem do rosto, a loção alisando a pele fria, e tentou dizer a si mesma que tudo iria dar certo como Micah havia prometido.

Eles tomariam Oswald Heinrick e o questionariam. Ele diria a eles que era Orion, e eles capturariam o assassino. Ela ficaria segura então. E Micah iria embora. Ele nunca retornaria.

Ela puxou o prendedor do cabelo depois de alisar a loção na pele e olhou fixamente para seu reflexo no banheiro.

Ela não era feia. Ela não era uma rainha da beleza. Ela nunca pararia o tráfego com sua aparência, ou realmente até a maioria dos homens. Mas ela não era feia. Ela era um pouco sem-graça. Ela poderia ter flashes de beleza se tivesse sorte.

Micah gostava dela. Estava atraído por ela. Ele ficava duro por ela mais do que frequentemente para ser apenas uma foda.

Ela tocou a bochecha. A pele era clara. Os olhos estavam um pouco pálidos, mas o nariz era reto. Os dedos arrastaram pelo pescoço onde uma marca vermelha lânguida arruinava a pele. A marca de Micah.

Os joelhos dela ficaram fracos, um soluço prendeu na garganta, e ela teve que apoiar as mãos contra a pia para se impedir de afundar até o chão.

Ele havia marcado sua carne e sua alma. E agora ele se certificaria de que aqueles demônios do passado dela fossem erradicados.

Ele gostava dela.

Ele poderia não a amar, ela pensou, mas talvez ele gostasse dela. Ela estava certa de que ele gostava dela. Estava nos olhos dele antes de ele partir.

Mas gostar não era amar.

Ela agitou a cabeça e se forçou a sair do quarto e voltar para a sala de estar.

Nik estava sentando em uma poltrona grande, mas ela parecia muito pequena. O homem era seriamente grande. Os ombros eram pesados e largos, as pernas longas e poderosas. A sugestão de uma barba e bigode escurecia a mandíbula forte e enfatizavam o pedaço mais leve de abundância em seu lábio inferior.

Ele não era um homem bonito, ela pensou. Ele era sem igual. Selvagem na aparência talvez, com as maçãs do rosto proeminentes e o matiz escuro da pele.

Ele parecia perigoso, com o mesmo olhar duro que reflita frequentemente o olhar de Micah.

Risa recuou para o sofá, enrolando-se no canto, e arrastou o cobertor de volta para cima dela. Ela estava fria, mas sabia que o apartamento não estava realmente frio. Era um frio interior que ela se perguntou se algum dia ficaria livre.

O frio que vinha do choque e da descrença.

Como a avó dela estava lidando com isso? Ela se perguntou.

Abigail já tinha passado por muitas coisas. Ela havia enfrentado a verdade do que seu único filho havia se tornado, e agora ela havia aprendido que o homem que ela tinha estado em uma relação por quase uma década era um estuprador e o tipo que contratava um assassino.

—Será que o mundo um dia será são novamente?— Risa sussurrou.

—Já foi um dia?— Nik a perguntou com curiosidade fria. — A maioria das pessoas vive no mundo dos sonhos que elas mesmas constroem, Risa. A chave para a sobrevivência é ver o mundo como ele é. Nunca foi são.

Não, não era. Pelo menos não durante a vida dela.

Ela suspirou exausta e assistiu o relógio através do quarto. Ela assistiu cada segundo passar lentamente e se segurou ao pensamento de que Micah não estava só. Ele tinha um time inteiro como auxílio. Ele sobreviveria.

Ele poderia não retornar, mas ele sobreviveria.

 

Micah estava mudo enquanto o furgão saía de perto da parede de tijolos que cercava a propriedade até o final atrás. As portas do furgão estavam abertas, e como sombras, ele, Travis, Jordan e Noah saíram do veículo. Atrás do furgão Micah seguiu, outra parada e os quatro homens do time Durango se juntaram a eles enquanto eles se apressavam junto à parede.

A parede de pedra do perímetro com um metro e oitenta foi escalada em segundos enquanto cada homem se içava e caía antes de se mover continuamente para a mansão de tijolo branco de três alas no meio da propriedade de dois hectares.

A casa estava muda. O veículo esporte de Oswald Heinrick estava em um ângulo estranho. Ele foi para casa do baile apressado na mesma hora em que Risa partiu. Ele sabia que ela havia se lembrado dele. De pé lá no salão de entrada cercado por todos seus amigos médicos em seus ternos prístinos com os narizes no ar, ele soube que estava acabado.

—Maverick tomando a entrada principal. — Micah falou no microfone que curvou junto à mandíbula do receptor em sua orelha enquanto seguia até as portas largas da frente.

—Black Jack atrás. Segurança desembaraçada— Travis respondeu.

Travis estava na porta atrás onde o término da segurança principal estava localizado e tinha sido invalidado.

Micah puxou a fechadura eletrônica do cinto, deslizou a chave de metal na fechadura, e a abriu.

O som das travas desimpedindo fez um sorriso puxar em seus lábios. Dentro de segundos ambas as fechaduras estavam abertas. Ele abriu a porta, arma na mão, olhos estreitados contra a escuridão da entrada.

—Nós não temos nenhuma luz— ele anunciou tranquilamente. —Nenhum som.

—Maverick, prossiga com visão noturna— Jordan ordenou. —Não vamos assustá-lo ainda.

Maverick ajustou o dispositivo de visão noturna nos olhos e esquadrinhou a entrada através da névoa verde que mostrava cada detalhe.

—Maverick se movendo.

—Heat Seeker se movendo— John anunciou pelo receptor da entrada lateral.

—Black Jack entrando— Travis anunciou da porta dos fundos. —Mudo como uma tumba.

—Time um, limpe o caminho para os times dois e três— Jordan anunciou.

Micah se moveu, a P-90   leve e segura confortavelmente nas mãos enquanto ele cobria a escadaria principal.

—Sala principal coberta— ele declarou.

Duas sombras se moveram da porta e ele subiu depressa os degraus.

—Maverick esquadrinhando. — Ele se moveu da escadaria para começar uma busca em cada cômodo em sua área designada da casa.

Era enorme. Havia mais salas de estar no maldito lugar do que qualquer outra coisa. A mobília era de madeira pesada e escura em cada quarto. A aura verde do dispositivo de visão noturna dava uma aparência sobrenatural à casa enquanto Micah sentia os cabelos da nuca erguerem.

—Esquadrinhando o chão. — A voz de Reno veio do vínculo de comunicações enquanto seu time alcançava o segundo andar.

—Esquadrinhando o terceiro— Clint anunciou enquanto o time alcançava o terceiro andar.

Estava muito quieto. O silêncio estava pesado e cheio com premonição enquanto Micah se movia pelos quartos e se dirigia à cozinha.

—Maverick limpo e se movendo para a cozinha— ele informou os outros agentes.

—Black Jack se movendo para a sua esquerda— Travis o informou.

—Heat Seeker para a sua direita— John declarou.

Eles se encontraram em cada entrada que levava à sala de jantar enorme e pararam. Armas levantadas, o clicar das travas de segurança desimpedidas ecoando no silêncio.

—Filho da puta— Heat Seeker respirou roucamente. —Live Wire, nós temos um pequeno problema aqui.

—Relatório— Jordan exigiu.

—Parece que Orion nos tirou a isca. Temos um ataque, e é sujo.

Heinrick estava estendido na mesa de jantar de mogno. As pernas estavam presas em uma barra de metal pesada com correntes em um gancho pesado no teto.

Ele estava nu, o corpo inferior erguido, os pulsos presos em ganchos no chão, a cabeça no final da mesa.

A garganta e os pulsos estavam rasgados. Os olhos estavam abertos e largos, a expressão de horror enquanto olhava fixamente de volta para eles.

O cheiro de sangue e morte estava pesado no quarto enquanto a luz da lua dava brilho sobre a cena macabra.

—Maverick?— Jordan estalou no receptor. —O que você vê?

—Morte— ele declarou antes de olhar o quarto.

Havia uma pintura escorada no chão; onde ela deveria ter estado pendurada antes havia um cofre aberto que tinha estado antes na parede.

Micah pegou a atenção de Travis e apontou para o cofre.

—Nós temos um cofre aberto, código digital; está vazio— Travis reportou.

—Times dois e três se movendo— Reno reportou.

—Time um, assegure a cena; estou entrando— Jordan ordenou. —Luz apenas até a altura da canela e olhem onde pisam. Não vamos deixar nada para as autoridades acharem quando descobrirem o corpo.

Micah olhou fixamente para Heinrick, então para o cofre. O contato que Jordan havia usado na inteligência nesta tarefa disse que o empregador de Orion tinha algo dele, algo que impedia Orion de fazer seus planos de aposentadoria. Evidentemente, Orion havia achado essas informações.

Eram as informações de que Orion era da CIA? Ou algo mais?

—Tehya, verifique com Nik— Micah ordenou enquanto Jordan se movia no cômodo.

—Verificando, Maverick— Tehya declarou.

Jordan ficou ao lado dele e olhou fixamente para a cena enquanto um feixe estreito de Micah iluminava a área.

—Inferno— ele respirou roucamente. —Black Jack, você perdeu algo. Como o bastardo entrou na nossa frente?

—Do mesmo modo que nós entramos?— Travis perguntou. —Ou ele poderia estar esperando por ele.

—Que diabo está acontecendo aqui?— Reno rosnou. —Orion deveria estar na festa. Ele não pode estar em dois lugares de uma vez.

—E agora ele se foi— Jordan declarou.

—Live Wire, Maverick, não consigo falar com Hell Raiser— Tehya anunciou no link. —Repito, Hell Raiser não está respondendo.

Micah congelou. Pelo segundo mais longo, horror correu por ele.

—Risa— ele respirou o nome dela com uma sensação de medo. —Filho da puta, ele pegou a Risa.

Ele girou e estava se movendo antes que Jordan pudesse pará-lo. Ele ouviu Jordan grunhir um comando de seu retorno, e foi ignorado. Ele saiu apressado da mansão, ciente dos outros o seguindo.

Ele parecia não conseguir correr rápido o suficiente. Adrenalina bombeava por ele, ira bloqueava cada músculo e tendão do corpo, e apenas um pensamento corria por sua mente.

Risa.

 

A cabeça de Risa ergueu com a batida firme na porta, o olhar indo para Nik enquanto ele se movia da cadeira, a arma nas mãos e pronta enquanto ele se movia para a porta.

Risa puxou o cobertor dos ombros enquanto ele fazia um sinal para ela se mover e examinou o buraco da fechadura.

Ela suspirou exausta à vista de um de seus clientes.

—É apenas o Sr. Banyon — ela disse a Nik. —Eu o estava esperando. Ele vai entregar sua arrecadação trimestral.

Banyon era quieto, um professor. Um cavalheiro muito distinto que sempre a deixava à vontade.

Nik estreitou os olhos enquanto se movia para trás dela.

—Abra a porta devagar. Não o deixe entrar.

Ela destrancou a porta desimpediu as fechaduras e abriu a porta alguns centímetros.

—Sr. Banyon, eu não estou realmente vestida...

Uma explosão de luz a cegou enquanto ela sentiu a porta sair de suas mãos, e foi lançada para trás. Não houve tempo para clamar. Ela sentiu o tapete queimar no lado do rosto dela enquanto ela era jogada nele, e então ouviu um baque forte atrás.

Nik. Ela agitou a cabeça. Ele era enorme. Banyon era menor, mais suave. Ele nunca passaria por Nik.

Ela agitou a cabeça, os olhos firmemente fechados, enquanto ela lutava contra a dor chamuscando sua cabeça e tentava se arrastar no tapete.

—Calma, senhorita Clay. — A voz de Banyon era fria, ameaçadora, enquanto ela sentia mãos duras a erguendo e jogando-a de volta no sofá. —A dor durará por apenas mais alguns segundos. Deixe-me prender o nosso amigo aqui e então você e eu vamos bater um papo durante algum tempo.

Um gemido saiu dos lábios enquanto ela agitava a cabeça e lutava para não vomitar.

—Eu estava realmente desejando que o seu namorado tivesse ficado para te proteger em vez dele— ele disse enquanto ela tentava escutar os movimentos dele. —Custou um pouco, mas eu finalmente fui capaz de entender tudo. Claro, Bailey Serborne ajudou. Quando este jovem a capturou no estacionamento, soube que havia algo mais acontecendo aqui do que achei à primeira vista.

Bailey Serborne? Quem diabo era Bailey Serborne?

— Ainda estou pasmo com a habilidade da sua força de segurança. Eu posso apenas localizar dois deles, mas deve haver mais. Este homem jovem e o seu amante. — Ele pareceu grunhir e então uma pancada soou ao redor dela enquanto a dor em sua cabeça finalmente começava a aliviar.

—Lá vamos nós— ele respirou em satisfação enquanto ela tentava piscar.

A visão dela ficou borrada e com cada tentativa para limpá-la, um raio de dor corria dos soquetes.

—Isso, agora, ele está bonzinho e acorrentado — Banyon riu. —Ele é um cara interessante. Diferentemente do seu amante, fui incapaz de conseguir a identidade dele, mas acho que o cirurgião plástico tomou mais cuidado com as feições dele do que com a do Sr. Abijah. Agora esse é um oponente merecedor. Essa é quase a segunda vez que ele me teve. Vamos nos certificar de que não haja uma terceira vez. Não é?

Ela agitou a cabeça enquanto era finalmente capaz de abrir os olhos e se focar no homem que havia sido contratado para matá-la.

Ele era despretensioso, quase bonito com sua barba, cavanhaque e cabeça raspada. O sorriso era confortável, os olhos cinza divertidos, enquanto ele dava uma olhada rápida abaixo para o corpo caído de Nik. Banyon sempre teve uma aparência quieta e confiante no rosto que sempre a atraiu.

Deus, ela estava há seis meses trabalhando para um homem que estava apenas esperando para matá-la?

Nik estava acorrentado com firmeza e inconsciente. Pelo menos ele não estava morto. Ainda. Ela olhou dele para o homem que se agachou ao lado dele.

Ele estava vestido para perfeição, como sempre. Um terno cinza risca de giz, bem apertado. Sapato social. E estava mancando. Era por isso que ele estava atrasado em trazer suas contas para ela.

Ela deu uma olhada rápida para o pé dele, então de volta para seu rosto.

—Sim, o pé ainda está um tanto quanto duro— ele riu. —Tenho que dar crédito ao seu namorado, Risa. Até meio inconsciente ele é muito bom no tiro. Então novamente, os agentes do Mossad podem atirar diretamente para o sepulcro. Malditos bastardos duros de matar, sabe.

Ela agitou a cabeça. Não, ela não sabia.

—A mãe dele foi a única morte que eu lamento. — Orion se endireitou e olhou fixamente para Nik abaixo com uma expressão pensativa antes de olhar de volta para ela. —O nome dela era Ariela Abijah. Ela estava casada com um agente da CIA e seu filho era um dos melhores agentes do Mossad que já conheci. Durante algum tempo, acho que eles foram meus amigos. — Ele encolheu os ombros fortemente enquanto se sentava na poltrona e a assistia. Ele segurava a arma de fogo de Nik confortavelmente e agia como se estivesse simplesmente de visita.

O homem tinha que ser louco.

—Você matou os seus amigos?— Ela sussurrou. Ela não teria uma chance, então.

Ele anuiu com a cabeça devagar.

—Ariela era bonita. Eu odiei tomar aquele trabalho, mas eu não tive nenhuma escolha. Um dos meus empregadores sabia algumas informações demais sobre mim. — Ele sorriu, uma curva larga e satisfeita dos lábios. —Ele não sabe mais, porém, de forma que isso muda bastante o estado do meu emprego. — Ele se debruçou adiante confiantemente. —Eu queria me aposentar por vários anos e ele continuava me chamando de volta.

—Heinrick— ela adivinhou. —Ele é o seu empregador.

—Um deles. — Ele encolheu os ombros. —Ele é o cientista que Ariela estava procurando e o homem que Jansen permitiu te estuprar. — Ele agitou a cabeça com isto. —Em todos os anos que eu matei, nunca estuprei. Masturbar na morte, talvez. — Ele sorriu amplamente com o tremor dela. —Mas eu nunca estuprei.

Ele era louco. Risa podia sentir o frio glacial de sua loucura a alcançando através da distância entre eles, ameaçando congelá-la com seu frio.

— Heinrick está morto. — Ele balançou a cabeça para o lado quando ela não disse mais nada. —Isso te deixa feliz?

Ela lambeu os lábios nervosamente.

—Você o matou?

Ele anuiu com a cabeça como um garotinho desesperado por aprovação.

—Eu achei a evidência que ele tinha contra mim. Eu sabia que se eu procurasse duro o suficiente, acharia. Ele era estúpido. Ele a manteve em um cofre na casa dele. — Ele agitou a cabeça então. —Eu devia ter pensado nisso, mas assumi que ele era mais inteligente do que mantê-la lá.

—Por que você está aqui?— A voz dela tremeu. Ela podia sentir o medo e uma fúria em chamas batendo dentro dela. —Se você o matou, por que não apenas partiu? Por que apenas não se aposenta como quer?

O sorriso dele era divertido e amigável demais. Era assim como ele a havia enganado. Ele podia falsificar um calor e sinceridade nos olhos, na expressão inteira, que a maioria das pessoas não podia.

—Porque você é uma obrigação— ele suspirou. —Não que eu esteja preocupado em você ver o meu rosto. Os cosméticos são tão confiáveis hoje em dia, mas o seu namorado não vai deixar isso para lá, não é?

—Você matou a mãe dele. Você é a razão pela qual o pai dele morreu, e você tentou matá-lo. De alguma maneira em duvido que ele vai deixar ir.

—Mas eu deixei a prima dele viver— ele suspirou. —Eu podia tê-la matado também. Eu deveria ter, ela era da CIA, outra obrigação, mas eu permiti que ela vivesse.

—Você acreditou que ele estava morto— ela discutiu.

—Bem, isto é verdade— ele admitiu com uma risada leve. —Mas ainda assim, eu a deixei viver para me reconciliar das mortes da família Abijah. E agora, ele está vivo, e ele ainda me caça. O que você acha que é necessário para fazê-lo parar?

Risa agitou a cabeça. —Ele nunca parará de te caçar.

Ele fez uma careta com isto. —Ah, bem. Eu pensei que ao te permitir viver, que ele veria os benefícios de me permitir terminar meus dias como um assassino aposentado em vez de uma presa. Oh, bem. — Ele encolheu os ombros. —Se nada o parará, então eu ainda posso completar a minha tarefa aqui e me aposentar com um registro limpo. — Os olhos dele estreitaram. —Eu nunca falhei em completar uma tarefa, sabe.

 

Micah não perdeu tempo com o elevador quando eles alcançaram o edifício. Ele bateu a porta e subiu os degraus, subindo dois ou três de cada vez enquanto os outros o seguiam.

Ele podia sentir o coração bater na garganta, o medo arranhar sua mente. Ele a havia deixado. Ele tinha embora quando ela o implorou com os olhos para não a deixar. E ainda assim, ele foi.

Como Orion tinha passado por Nik? Como Micah tinha permitido isso acontecer?

Ele podia sentir uma sensação curiosa de descrença e irrealismo o enchendo. Ele se lembrou de correr de maneira semelhante para o local onde o corpo da mãe estava. Correndo ao redor de pedestres e carros, o coração na garganta, adrenalina pulsando pelo corpo ao lado do medo.

Ele a havia achado morta.

Ele assistiu o pai desmoronar. Ajoelhado no sangue, Garren Abijah gritou em horror, gritou o nome da esposa. Implorando para que ela voltasse. Que não o deixasse.

Micah podia sentir uma oração queimar na cabeça.

Esteja salva. Esteja salva. Ah, Deus, mantenha-a segura.

Ele forçou a porta do andar dela e correu pelo corredor. Ele não pausou. Ele se jogou na porta, colidindo na sala e assistiu a cena com um olhar horrorizado.

Nik estava consciente e acorrentado em uma das poltronas, olhando a cozinha. Ele estava lutando com as correntes, gritos estrangulados soando atrás da mordaça.

O olhar horrorizado dele estava preso na entrada da cozinha.

Micah podia sentir o sangue gelar nas veias enquanto se movia para a entrada. Atrás dele, os outros estavam entrando na sala.

Micah entrou na cozinha e sentiu os joelhos debilitarem.

Risa estava amarrada à mesa. Os braços estavam amarrados pelos pulsos e estavam presos no chão por dois ganchos grandes que estavam presos no chão.

Os tornozelos estavam amarrados a um esfregão, o cabo preso por uma corrente enganchada no teto.

Ela estava vestida. E estava chorando. Atrás da mordaça, soluços abafados soavam enquanto ele se movia para ela, lentamente, mal ousando acreditar no que via. As lágrimas saíam dos olhos dela enquanto ela o assistia, o peito subindo e descendo com as respirações. Não havia uma mancha sequer de sangue no corpo.

—Risa. — Ele tocou o rosto dela, então soltou a mordaça da boca. —Bebê.

—Oh, Deus. — Ela puxou na direção dele. —Oh, Deus, Micah. Eu pensei que você estivesse morto. Pensei que ele houvesse matado você— ela soluçou. —Ele disse que havia apenas uma maneira de Pará-lo e ele faria isto se tivesse que fazer. Pensei que ele havia te seguido.

Ele agitou a cabeça, segurou a bochecha dela e deitou os lábios contra os dela. Ela estava viva. Estava lutando contra as cordas; estava respirando. Ela estava viva.

Ele puxou de volta e teve que retrair uma respiração longa e lenta para encher os pulmões com ar.

—Deixe-me soltá-la.

Pegando uma faca amarrada ao corpo, ele cortou primeiro das pernas e suavemente as abaixou antes de se curvar e soltar o braço direito. Ele se moveu para o braço esquerdo e parou.

Lá, ao redor do pulso dela preso pelo fecho de couro que sempre o havia fechado, estava o pendente que o pai dele havia dado à mãe dele em sua festa de compromisso.

A estrela de prata estava manchada com a idade, mas as lágrimas douradas em cada ponto da estrela ainda cintilavam com um lindo brilho.

Ele soltou as cordas segurando a mão de Risa e a ergueu pelo pulso.

—Ele te deu isso?— Ele perguntou.

Os olhos dela arregalados e ainda cheios com medo chamejaram para o pendente enquanto ele a ajudava a se sentar, apenas para puxá-la contra ele com um braço.

—Ele disse que era uma advertência. — Ela olhou fixamente para o pendente antes de erguer o rosto e olhar para dele.

Ele ergueu o pendente e o virou. Ad olam ani ehye lach. Serei seu para sempre. A inscrição hebraica tinha sido gravada na prata pelo pai dele.

Era uma advertência. Uma mensagem que Orion sabia quem Micah era, sabia quem seus pais eram, de alguma maneira Orion tinha conseguido compreender a antiga identidade de Micah, e ele havia deixado o pendente como uma advertência que ele sabia quem ele era e sabia como machucá-lo.

Micah colocou o colar no bolso, então ergueu Risa nos braços e andou a passos largos pelo apartamento até que alcançou o quarto e a cama que eles compartilhavam.

—Ele te machucou?— Ele a deitou na cama, movendo as mãos sobre os braços dela antes de erguer os pulsos e esfregar as marcas avermelhadas que as cordas haviam deixado.

Ela agitou a cabeça depressa, o olhar preso no rosto dele.

—Não me deixe— ela sussurrou.

Micah congelou. Ele olhou fixamente para ela abaixo e viu o apelo nos olhos.

Ele inalou nitidamente antes de engolir duro o bolo na garganta e agitou a cabeça.

—Nós conversaremos sobre isso mais tarde— ele prometeu.

Ele não tinha nenhuma intenção de discutir isto. Havia apenas uma resposta, apenas uma conclusão para isso.

—Eu sei o que você fará. — A respiração dela prendeu enquanto os olhos enchiam com lágrimas novamente. —Você me deixará adormecida. E irá embora, não é?

Micah podia sentir pedaços de sua alma quebrando, como uma geleira rachando, pedaço por pedaço, lenta e agonizantemente.

Ele tocou uma lágrima que caiu do olho dela.

—Eu não posso dizer adeus para você. — Ele envolveu a bochecha dela. —Eu não posso ir embora quando esses lindos olhos me pedem para ficar. E eu não tenho nenhuma escolha além de partir. Nós sempre soubemos isso, desde a primeira noite, que o fim viria.

Ela vacilou com as palavras faladas suavemente e Micah sentiu a dor delas ressoando por todo seu ser. Se alguma coisa na vida dele tinha valido a pena lutar, então tinha sido por Risa. Mas não havia nenhum modo de lutar com o acordo que ele tinha feito. Ele tinha arriscado a vida dela ao arriscar a própria vida tentando desafiar isto. E ele havia arriscado tudo que ela amava nele se ele tentasse quebrar o único laço que era apenas dele. Sua palavra.

Ela tremia sob a mão dele, os lábios estremeciam enquanto ela tentava controlar os gritos que ele podia sentir crescendo dentro dela. Ele poderia ir embora se ela chorasse? Ele a negaria qualquer coisa quando enfrentasse as lágrimas dela?

Mas ela não chorou. Ela retraiu uma respiração rota e anuiu com a cabeça.

—Vá— ela sussurrou.

—Risa. — Ele fez uma carranca, desesperado para tocá-la uma última vez. Tirar o time do apartamento dela, abraçá-la, escutar a voz dela pela última vez enquanto ela clamava o nome dele com paixão antes de ele ser forçado a ir embora.

—Apenas vá agora— ela clamou roucamente. —Deixe-me meu orgulho, Micah. Dê o fora da minha vida agora se você vai embora. Não se sente aqui e me faça implorar para você ficar.

Ele podia ouvir o time Durango e o time da Elite Ops no outro cômodo. A voz de Jordan entrava no quarto. Micah sabia que ele era necessário. Eles iriam atrás do manipulador de Orion antes do amanhecer para descobrir sua localização.

Jordan já estava prendendo as informações, acompanhado o assassino. Mac Knight estava esperando no outro apartamento, examinando cuidadosamente as fotos que tinham ficado boas da câmera de segurança no elevador. Eles teriam outra identidade de Orion logo.

E Risa precisava ser interrogada. Micah não podia fazer isto. Jordan e o advogado federal lidariam com isto. Micah podia estar no local, mas ele não podia tocá-la, não podia segurá-la para confortá-la enquanto ela era forçada a responder às perguntas que viriam.

—Eu podia ficar até a manhã. — A mandíbula dele cerrou enquanto a emoção o inundava e ele viu a resposta no rosto dela.

—Se você ficar até a manhã, você me destruirá— ela respondeu, a voz espessa com os soluços que ela estava lutando. —Por favor, Micah. Se você vai me deixar de manhã, então saia agora. Não espere até que eu esteja adormecida nos seus braços, ou sentindo a esperança de que você ficará. Eu não poderia lidar com isto.

Ela já tinha sido forçada a lidar com tantas coisas. E ela havia suportado isto. Ela mantinha a coragem e a força, e ela lutava para sobreviver.

Ele colocou a mecha solta do cabelo dela para trás da orelha para revelar o declive gentil da sobrancelha, da bochecha. Ele deslizou os nós dos dedos pelo rosto dela e uma vez mais ficou maravilhado com a sensação sedosa de sua carne.

—Por favor, não faça isso…

A cabeça dele abaixou. Ele não podia ficar, mas sabia que seu coração sempre ficaria com ela. Os lábios a tocaram e o desespero bateu em sua cabeça.

Ele queria beijá-la com gentileza. Ele queria apenas tocar os lábios nos dela. Mas os lábios dela se separaram com um soluço que rasgou do peito. Ele já tinha perdido o coração e a alma para ela; ele podia também perder a mente.

Os lábios dele se separaram sobre os dela, a língua deslizou para o lado de dentro, e o gosto de paixão doce e aquecida e lágrimas explodiram da mulher contra seu paladar.

Um gemido pesado rasgou de sua garganta. Uma mão agarrou as costas da cabeça dela, a outra as costas, puxando-a contra o tórax dele enquanto a cabeça curvava para trás sob a força do beijo dele.

Ele queria devorá-la. Ele queria o gosto fosse tão fundo nele que ele nunca ficasse um momento sem ela.

A sensação dos braços dela apertando ao redor do pescoço dele, o som dela soluçando um gemido de fome, rasgou por ele. Os lábios abertos para ele como pétalas de uma flor para o sol enquanto ele inclinava os lábios sobre os dela e tentava beijá-la mais fundo, tentado trazer o gosto dela ainda mais dentro de seus sentidos.

Ele não podia a deixar ir. Ele não podia ir embora dela.

Ele não podia viver a vida sem essa sensação, a fome dela e a necessidade fluindo até que ele não podia respirar sem o gosto dela.

Ele acariciou embaixo da camisa dela, sentiu a sensação sedosa das costas dela. Ele não podia tocá-la o suficiente. Ele não conseguir ter o suficiente dela.

Gemendo, desesperado para senti-la, ele colocou as costas dela contra a cama, os lábios dando beijos duros, rápidos antes de ele se ajeitar contra ela novamente para outra carícia viciante que abasteceu o desejo dele por ela para um nível ardente.

Ele separou as coxas dela, ficando entre elas e apertou o comprimento inchado de sua ereção, coberta pelas calças pretas que vestia, contra o centro das coxas dela.

Roçando o membro contra ela, os quadris movendo, balançando a carne espessa contra a boceta dela coberta de algodão, ele gemeu com o beijo.

Os joelhos dela ergueram, envolvendo os quadris dele, movendo com ele enquanto um grito estrangulado soava em seu peito.

Ele não conseguir ter o suficiente dela. Esse era o último toque que ele teria, o último gosto. Ele queria cada segundo disto, todo o sabor da luxúria, desejo e fome, e o amor, que ele podia tirar da experiência.

Ele podia senti-la embaixo de sua carne. Ele tentou se apertar dentro dela.

—Não!— Ela clamou enquanto ele tirava os lábios dos dela e começou a viajar abaixo pela coluna curva do pescoço dela. —Não me deixe, Micah. Não faça isso…

Ela agitou a cabeça enquanto apertava a testa contra o ombro dela. Micah podia sentir o corpo tremendo, estremecendo enquanto ela lutava para conter os próprios apelos.

—Ani ohev otach. — Eu amo você. —Me'achshav ve'ad hanetzach. — De agora para a eternidade.

Ele foi para longe dela.

A respiração estava áspera, pesada, ele a assistiu enquanto ela rolava para o lado, as costas para ele, o rosto enterrado contra um travesseiro enquanto os ombros apertavam, ficando tenso contra as lágrimas, ele sabia.

—Risa…

—Vá!— Ela clamou desesperadamente. —Apenas vá. Por favor, Deus, Micah. Apenas vá.

Ele deslizou o pendente do bolso das calças e colocou na mesa de cabeceira depois de passar o dedo polegar nele. Arrependimento batia dentro dele com uma brutalidade que quase roubou sua respiração.

—Sonhe grande, amor— ele sussurrou enquanto a olhava. —Sonhe o suficiente por nós dois.

Girando, ele se moveu para a porta, abriu-a e andou a passos largos para a sala de estar. Um silêncio pesado encheu o lugar enquanto muitos olhos os assistiam. Ele marchou além da porta quebrada e se moveu para o corredor.

—Micah, vamos nos encontrar aqui em cinco minutos— A voz de Jordan o alcançou quando ele se aproximava do elevador.

Micah pausou. Ele não voltou.

—Ache algum outro lugar para o encontro— ele ordenou ao chefe. —Estou saindo daqui.

Ele não tomou o elevador. Abriu a saída da escadaria e tomou os degraus. Dentro de segundos ele estava indo para o estacionamento onde os furgões estavam. Os furgões e seu carro de substituição.

Ele se moveu para o sedan, destrancou-o e sentou no banco enquanto as nuvens abriam e a chuva caía ao redor dele.

Ele olhou fixamente para a umidade que tomava o pára-brisa, sem piscar. Lembrava-o das lágrimas de Risa.

Lembrava a ele dos sonhos que ele não sabia que tinha, e uns que ele nunca imaginou que iria querer um dia.

Ele fechou os olhos, e apenas por segundos se deixou imaginar. Imaginar a casa que ela sonhava, o riso no quintal enquanto ele a assistia, o corpo cheio com o filho dele. Ela brilharia como a estrela mais brilhante. Os olhos se encheriam com carinho e riso; a expressão seria serena com os sonhos que os cercavam. Ela o acalmaria depois de uma missão, estaria esperando por ele, braços escancarados.

Ele não seria um Maverick nos olhos; seria simplesmente Micah. Seu marido. Seu amante.

A imagem se dissipou com o som de uma batida forte na janela do passageiro. Ele abriu os olhos, respirado fundo e destrancou a fechadura.

Tehya entrou.

Ela jogou a jaqueta molhada que cobria sua cabeça no banco de trás e desviou a vista do pára-brisa junto com ele.

—Precisamos de uma bebida— ela declarou.

—Por que nós precisamos de uma bebida?

Ela girou e olhou fixamente para ele.

—Ela trancou a porta do quarto e está se recusando falar com todos até que a avó dela chegue. Jordan está enviando Noah e Clint atrás de Abigail Clay.

Ele anuiu com a cabeça. Ela não estaria só. Ele não queria que ela estivesse só.

—Isso não explica por que nós precisamos de uma bebida.

—Não explica por que nós dois estamos escapando do Jordan, também— ela bufou. —Pelo amor de Deus, Micah, apenas dirija e ache a porra de um bar. Pague um uísque para mim e nós brindaremos por uma missão realizada. Que tal?— A raiva enchia o tom dela.

Micah a olhou desconfiadamente. Ele nunca a tinha visto brava. Não que ela estivesse há muito tempo no grupo, um ano mais ou menos.

Ela estava pálida agora, angústia nos olhos verdes profundos, a expressão atormentada.

—Algo aconteceu depois que eu parti? Risa está bem?

Ela girou para ele, e nos olhos ele viu o mesmo tormento que ele sentia na alma.

—Vamos dizer que eu posso ter visto o meu futuro— ela sussurrou. —E se eu não conseguir uma bebida rápido, poderia apenas perder a sanidade que consegui reter. — Ela agitou a cabeça exausta. —Acho que quero encher a cara.

Ele ligou o carro e deslizou-o no sentido inverso.

—Acho que vou me reunir a você.

E nenhum deles viu a sombra que os assistia da saída.

Jordan debruçou o ombro contra a armação da porta estreita e considerou o casal à medida que eles partiam, o carro saindo na chuva enquanto ele enfiava a mão nos bolsos da calça comprida e abaixava a cabeça.

Ele olhou fixamente para o azulejo rachado da escadaria e respirou roucamente.

Ele não esperava por isto. Ele agitou a cabeça e apertou bem os dentes. Ele tinha esperado muitas coisas de Micah, mas Jordan tinha que admitir que não esperava que fosse embora de Risa Clay.

—Você vai dizer a ele algo diferente?

A cabeça dele ergueu enquanto a voz arruinada de seu sobrinho soava por detrás dele.

Olhando sobre o ombro, Jordan considerou o homem mais jovem. Noah Blake. Um dia Noah Blake tinha sido Nathan Malone, um marido, um SEAL. Até que uma tarefa que tinha dado errado o havia tornado o prisioneiro de um fanático lorde das drogas.

Diego Fuentes ainda estava vivo, atualmente trabalhando em uma cobertura profunda com a Segurança Interna. Nathan Malone tinha sido listado como Morto em Ação. E Noah Blake havia nascido.

Noah havia levado seis anos para retornar à esposa da qual havia partido. Mas quando retornou, não houve volta. Os documentos que ele havia assinado, dando a vida a Elite Ops, não tinham importado. Tudo o que importava para Noah era a esposa, a esposa de Nathan, Sabella, e a criança que eles estavam esperando agora.

—Não, eu não vou dizer a ele— Jordan respondeu finalmente, muito ciente de que Noah estava falando sobre a recusa de Jordan a impor as diretrizes rígidas dos agentes da Elite Ops.

Nenhuma fraqueza. Nenhuma esposa. Nenhum amante. Nenhuma relação. Eles eram homens mortos, e nunca poderiam se arriscar a ser mais do que isto.

Noah havia quebrado todas as regras nesse mesmo ano quando voltou a viver sua vida em Alpina, Texas. Ele era agora Noah Blake, dono de garagem, marido e cidadão em dia.

—Você o deixou apenas ir embora dela?— Noah se debruçou contra a parede Jordan e enfiou as mãos nos bolsos de sua calça jeans. —Ele é louco por ela, Jordan.

Jordan considerou a pergunta por longos momentos antes de perguntar.

— Você pediu permissão para ter a sua vida de volta, Noah? Você preencheu documentos, protestou diretrizes ou pediu alguma acomodação?

Noah fez uma carranca.

—Eu quase fui embora da minha esposa pela segunda vez. Quase perdi a chance de conhecer a minha criança. Aqueles documentos que eu assinei, a decisão que eu fiz quando assinei a minha vida para a Elite Ops, não eram uma piada, Jordan. Não para nenhum de nós. Especialmente Micah. Somos os homens que somos por causa do código de honra que sempre aderimos. É por isso que você nos colocou neste time. Nós levamos essa decisão seriamente.

Jordan jogou a cabeça para o lado.

—Você não respondeu a minha pergunta— ele lembrou o sobrinho suavemente. —Você pediu permissão?

—Porra, não. Sem Bella, você teria uma casca que não se importaria de viver ou morrer. É isso o que você terá com Micah.

Jordan encolheu os ombros.

—Então a escolha é dele. Não minha. Não sua. Nesta vida, ou na morte, Noah, todo homem tem que fazer esta escolha por si mesmo. Essa não será uma vida fácil para você, para Bella, Micah ou Risa. Os doze anos que você garantiu a Ops são inegociáveis. O resto é uma decisão solitária que cada homem tem que fazer sozinho.

Os olhos de Noah estreitaram para ele.

—É um teste.

Jordan agitou a cabeça.

—Não é uma porra de teste. É uma escolha. Se ele for forte o suficiente para reivindicá-la, sabendo o que está enfrentando, então ele é forte o suficiente para mantê-la não importando os obstáculos que eles enfrentem. Tão simples. É a decisão que cada um faz, por sua própria conta, sem ajuda.

Os lábios de Noah franziram pensativamente.

—Ele partiu com Tehya— ele disse suavemente.

Jordan olhou de volta para o estacionamento e a chuva que caía.

—Sim, ele foi.

—Alguns homens podem achar conforto nos braços de outra mulher. — Soou como uma advertência.

—Então alguns homens não são tão espertos quanto eu pensei originalmente. — Jordan encolheu os ombros e fechou a porta com estrondo, cortando a chuva, cortando pensamentos que era melhor ele não pensar. —Vamos começar limpando tudo. Quero que a senhorita Clay seja transferida para a casa da avó depois que Abigail chegar aqui. Clint e Kell podem retornar com elas e a interrogar; deixe os dois verem o que pode ser discutido e o que não pode. Nós estamos ainda com um trabalho. Orion ainda está vivo.

—Ele não vai durar muito— Noah declarou.

Jordan deu uma olhada rápida para ele questionadoramente.

—Eu vi o pendente que Micah tirou do braço de Risa. Orion deixou uma mensagem para ele. Ele sabe quem ele é e sabe como controlar Micah. Micah não aceitará isto. É uma ameaça a Risa. Ele se certificará de que Orion seja eliminado.

Isso era um problema. Ninguém deveria saber quem os homens de Jordan eram em suas antigas vidas. Esses homens tinham que ficar mortos; as complicações deles voltando para a vida eram muito extremas.

Jordan estourou uma respiração dura.

—Vamos pedir para Micah se lembrar das palavras ‘trabalho de time’.

—Algum de nós se lembra?— Noah perguntou então com um sorriso. —Sério, Jordan, você age como um maldito pai. Você deveria ter se casado anos atrás e tido vários filhos. Teria te mantido fora dos problemas das outras pessoas.

Ele bufou com isto. Ele não lamentava. Se ele tivesse vivido esse sonho, ele sabia agora, teria vivido com a mulher errada.

Mas ele não podia ter a mulher certa, também.

Maldito se o fizesse, maldito se não fizesse. Era a história da maldita vida dele.

E estava chovendo demais.

 

Seis semanas depois

Atlanta, Geórgia

O sol erguia a cada manhã; e se punha todas as noites. Risa olhava fixamente para a escuridão a cada noite; a maioria das manhãs ela saudava o amanhecer. Ela desviava a vista da janela do quarto na casa da avó. Algumas noites Risa se sentava na sacada e assistia as sombras, imaginando ver Micah nelas. Que ele a estava assistindo, então ele apenas saia da vista e a tocava com os olhos, acariciava com os pensamentos.

O quão tola ela era?

Ela tocou na barriga sob o algodão da camiseta e sentiu aquela onda de euforia que sentia todas as vezes que pensava na criança que carregava lá.

Ela estava grávida. Ela não tinha acreditado a princípio. O médico a advertiu de que o controle da natalidade que ela estava usando poderia não ser efetivo durante as relações sexuais porque era fraco. Ela não estava usando no momento para controle da natalidade mais do que para regular os ciclos. Evidentemente essa era uma pequena informação que ela não havia escutado exatamente.

Ela agradecia a Deus por não ter ouvido, porque ela estava carregando o filho de Micah agora.

Ela esfregou as pontas dos dedos contra a barriga e olhou para a escuridão. Ninguém sabia ainda. Ela não havia contado às amigas ainda, mas iria logo. Ela teria que pedir segredo a elas durante algum tempo. Se os maridos delas soubessem, ela sabia que Micah logo descobriria. Ela não queria que ele lamentasse por tê-la deixado. Ela não queria que o coração dele ficasse mais carregado.

Ele a amava.

Com a outra mão, ela tocou o pendente que usava. Ela finalmente tinha achado a coragem para fazer uma procura nas frases hebraicas que ele havia usado.

Quantas vezes ele tinha dito a ela que a amava e ela nunca tinha sabido? Quantas vezes ele tinha sussurrado seu remorso por não poder ficar?

Por alguma razão, ele era incapaz de ficar lá com ela. Ela havia aceitado isto. Se ele pudesse ficar lá, teria ficado. Ele não a teria deixado chorando; ele não a teria deixado sangrando pelo lado de dentro.

E ela ainda chorava. Ela ainda sangrava. Ela ainda olhava fixamente para as sombras da noite e imaginava que ele estava lá.

—Micah— ela sussurrou o nome dele, e sentiu a perda da respiração, a fraqueza que a assaltava quando a dor a lavava. — Eu sinto a sua falta, Micah. Eu sinto tanto a sua falta.

Ela sentia falta dele até que estava certa de que não podia respirar mais sem ele. E então ela pensava na criança que carregava e achava a força.

Ficaria mais fácil? Ela se perguntou. Aquela sensação solitária de aceitação deserta. O conhecimento de que uma parte dela estava para sempre rasgada. Que o homem que mantinha seu coração estava lá fora, só, lutando, no perigo. Sempre em perigo.

Uma lágrima deslizou pela bochecha dela.

—Eu amo você, Micah— ela sussurrou na noite. —Espero que você saiba, eu sempre te amarei.

Duas semanas mais tarde

Ao longo da costa da África

A ilha estava a vários quilômetros ao longo da costa da África. Uma montanha vulcânica nascente espessa com árvores e vegetação rasteira cercava e protegia a mansão no meio dela.

A noite sem lua era perfeita para uma aterrissagem via água, mas era muito difícil conseguir passar pela floresta pesada que tocava a mansão.

O time estava só nesta missão. Cinco homens faziam sua passagem pela quase floresta crescente enquanto Jordan comandava o navio velho e enferrujado que eles tinham sequestrado para a viagem até a ilha.

Era uma caminhada de quatro horas. A selva estava espessa com animais daninhos rastejantes, às vezes letais. Cobras havia em abundância aqui.

Micah ignorou as condições, as serpentes e os mosquitos que Noah jurou serem maiores que os gatos do avô.

Seis semanas. Eles estavam seguindo Orion há seis longas e intermináveis semanas. Ele tinha caído fora dos trabalhos e sumido durante um ano antes dos boatos de ataque contra Risa. A lista de seus nomes alternativos tinha duas páginas; a habilidade dele de mudar de aparência era quase legendária. Mas depois que eles acharam seu manipulador, as coisas correram um pouco mais suaves.

O pequeno cubano, Josef, tinha sido o informante deles. Ele falou sobre Orion porque ficou com medo de que com a aposentadoria de Orion ele quisesse se livrar do último vínculo com sua antiga vida. Josef tinha estado certo. Orion tinha mandado a pequena vila do cubano para o inferno, pensando que Josef ainda estava nela.

Nada de sangue aqui. Apenas muitos explosivos. Josef tinha estado com o time da Elite Ops. O mordomo dele não. Orion pensava que havia matado Josef, enquanto Josef estava contando tudo o que sabia sobre Orion para o time. Esses segredos os trouxeram aqui, para uma ilha não mencionada, um lote inteiro de corsários desagradáveis, e Orion.

Micah bateu em outro dos soldados da selva que Orion havia empregado. O braço foi em torno do pescoço espesso, a mão segurando contra o outro lado, e com um movimento certeiro, ele quebrou o pescoço do outro homem.

Nada sujo. Nenhum sangue, nenhuma tripa. Apenas silêncio.

Outro pequeno estalar para o lado de Micah e ele estava seguro de que Noah havia colocado outro bastardo fora de operação.

Inferno, quantos havia, de qualquer maneira?

Com a ajuda da noite e os dispositivos de vista noturna que Micah usava, ele escolheu mais dois. Ele foi para eles como suas sombras. Mudo como a morte. Ele torceu o pescoço do primeiro, estalou-o, e antes que o outro homem pudesse revidar, ele estava caído no chão também.

Eles estavam perto. As luzes em torno da mansão podiam ser vistas através do gramado agora. Havia alguns cachorros latindo; um soldado estalou um comando para silenciá-los.

Cão que ladra não morde, Micah pensou com um sorriso. Os guardas estavam tão acostumados aos animais latirem para as sombras que eles não estavam nem ciente do perigo que os abordava.

Movendo para a posição, Micah gingou sobre a árvore mais próxima e se segurou nos galhos espessos enquanto tirava a arma com tranquilizante do pacote em suas costas.

Era mais silencioso que uma pistola e às vezes mais efetiva.

Ele bateu o microfone no dispositivo de comunicação duas vezes para sinalizar que estava no lugar.

Mais três batidas vieram pelo receptor em sua orelha. Noah, Travis e John estavam no lugar também.

A quinta batida sinalizou a prontidão de Nik de quebrar a segurança no portão uma vez que os guardas estavam fora do caminho.

Micah apontou e começou a disparar.

Pop. Pop. Pop. Uma série de tiros mudos pareceu alto demais com o silêncio o cercando enquanto ele assistia os primeiros três guardas caírem. Mais três tiros e os cachorros caíram. Como se tudo fosse como planejado, então os outros caíram também.

—Heat Seeker, limpo.

—Wild Card, limpo.

—Black Jack, limpo.

—Hell Raiser, limpo.

Cada obstáculo tinha sido cuidado.

Micah subiu depressa na árvore, colocou a arma de volta no pacote, e correu para o portão dianteiro que trancava a entrada da propriedade.

Eles deslizaram depressa para o portão e correram para o quartel dos guardas. Havia alguns mais dormindo lá. Eles cuidaram deles de depressa. Wild Card e Hell Raiser foram para o lado de dentro, costa com costa, e usaram os dardos tranquilizantes restante nos seis homens dormindo lá. Eles ficariam dormindo por bastante tempo mais.

As armas de fogo foram colocadas em um único pacote junto com os dispositivos de vista noturna. P-90s foram tiradas de outro pacote e distribuídas junto com clipes de balas extras. Micah amarrou com correia um colete Kevlar e um cinto de utilidade carregado com outras coisas. Assim que estava armado ele ergueu o punho para o ombro em um sinal de que estava pronto para ir. Dentro de segundos os outros deram o mesmo sinal.

Não havia nenhum rádio para contato, nada de falar. Máscaras pretas cobriam os rostos, e luvas finas protegiam as mãos.

Enquanto um dos cinco corria através do local para a porta dos fundos, Hell Raiser foi para a garagem para assegurar um veículo.

Black Jack digitou o código de segurança que eles haviam adquirido, e dentro de segundos a porta estava aberta. Micah tirou a faca envolta na coxa. Nenhum tiro a menos que não houvesse nenhum recurso.

A luz do corredor dos fundos refletia em cinco lâminas enquanto eles se moviam silenciosos pela casa.

O cozinheiro estava sentado à mesa da cozinha, o corpo pesado em uma cadeira que parecia muito pequena para ele enquanto ele sacudia uma revista.

Ele dormiria permanentemente depois que Micah quebrou seu pescoço, então deitou a cabeça dele cuidadosamente na mesa. Micah abriu caminho para a entrada distante da cozinha, verificou o próximo corredor, e ergueu o punho indicando que estava tudo limpo enquanto Black Jack fazia o mesmo na outra ponta.

Eles se dividiram então. Maverick e Wild Card tomaram o caminho de trás do corredor e quartos enquanto Black Jack e Heat Seeker tomaram o outro lado da casa.

Minutos mais tarde eles se encontraram na escadaria central.

Wild Card estava agora envolvido em um golpe no braço do soldado que por pouco não os surpreendeu em um dos banheiros. Micah estava com uma lâmina a menos depois de enterrá-lo na garganta do bastardo e tê-la deixado lá.

Ele tirou outra do colete de Kevlar e recomeçou as atividades nos degraus, os outros se movendo atrás dele.

Ele tinha vivido para este momento por seis anos. Pelas últimas seis semanas ele não tinha vivido; ele meramente respirava. A morte de Orion era imperativa. A mensagem que ele havia deixado com o pendente de Ariela ao redor do braço de Risa tinha sido inconfundível. Ele sabia como ferir Micah, e iria, se o time não recuasse.

Não havia nenhum recuo.

Andando ao longo do corredor, os homens se dividiram e começaram a entrar nos quartos. Eles estavam vazios. Orion não gostava de convidados, pelo que parecia. Pelo menos não tão cedo em sua aposentadoria.

Subindo para o próximo andar, Micah girou e se dirigiu ao quarto principal.

Ele sabia onde Orion dormia. Sabia com quem ele dormia. Ele sabia que hoje à noite um dos dois morreria, e Micah não tinha nenhuma intenção de ser o derrotado.

Ele andou para a porta, então a abriu com uma chave eletrônica do cinto. Ele inseriu a chave na fechadura, apertou o botão de atividade, e esperou até a pequena luz vermelha virar verde. Um segundo mais tarde mudou tranquilamente, sinalizando que a porta estava aberta.

Ele abriu a porta lentamente, os olhos estreitados contra as sombras escuras do quarto enquanto ele continha o sorriso.

Orion.

Ele dormia no meio da cama grande. Em cada braço dormia uma menina jovem. Elas não podiam ter mais de quinze anos. Uma parecia ter chorado até dormir. Ambas tinham sido sequestradas várias semanas antes das casas dos pais e trazidas aqui para Orion.

Micah entrou no quarto.

Era definitivamente Orion. As feições eram as mesmas daquelas fotos tiradas pela câmera do elevador na noite em que Risa foi atacada.

Ele tinha um compromisso de deixar a ilha amanhã para viajar para um cirurgião plástico sueco. Era um encontro que ele não faria.

Micah andou para a parte inferior da cama.

Apenas um lençol fino cobria o assassino e suas pequenas belezas.

—Orion, vamos acordar. — Micah ergueu a P-90 e esperou.

Os olhos de Orion abriram, o olhar preso imediatamente na arma apontada para ele enquanto as duas meninas gritavam e rolavam da cama em terror.

—Elas estão bem treinadas— Micah disse tranquilamente enquanto sorria de volta para Orion. —Elas sabem como correr agora quando veem a morte vindo.

Orion deu uma olhada rápida para a arma, então para os olhos de Micah. Ele suspirou exausto.

—David Abijah— ele disse sem alegria. —Eu te fiz um favor, e é assim que você me paga.

—David Abijah está morto, Orion— ele declarou suavemente. —Você não se lembra? Você pôs uma bala na cabeça dele e o lançou no oceano.

Orion fez uma carranca.

—Ele viveu.

—Ele morreu.

Micah atirou.

Ele assistiu o buraco florescer com sangue no centro da testa de Orion, ouviu a bala saindo e se enterrando na parede.

Enquanto Micah olhava fixamente para a máscara da morte que via no rosto de Orion, Black Jack e Wild Card agarraram as meninas, envolveram-nas em roupões e saíram apressados com elas do quarto.

Micah ficou lá de pé, e encarava. Orion estava morto. O que havia sobrado agora? O coração não era mais dele. A alma procurava constantemente por algo que ele não podia mais tocar.

Eu amo você, Micah. As palavras acariciavam seus sentidos, acariciavam o coração vazio.

Ele tinha ouvido isso tão frequentemente, como se a voz dela se movesse na brisa ao redor dele.

—Maverick. — Heat Seeker pegou o braço dele. —Precisamos nos mandar.

Ele anuiu com a cabeça devagar, dando uma última olhada para o cadáver do homem que havia destruído a vida de David Abijah, então girou e seguiu o resto do time para fora da casa.

Um jipe guinchou parando na porta da frente enquanto eles abriam a porta e corriam. As duas meninas estavam sendo levadas por Wild Card e Black Jack. Nik estava grunhindo o código de extração pelo link para Jordan enquanto eles entravam no veículo.

Ninguém havia tentado parar a saída deles. Os poucos soldados tinham corrido para a casa em vez disso.

Micah olhou fixamente para a noite enquanto o jipe acelerava ao longo do caminho áspero e de volta para o jipe onde Jordan os esperava com as lanchas infláveis para retornar ao navio. Quando eles voltassem para as águas internacionais, um navio de guerra da Marinha estaria esperando, um helicóptero pronto para deixá-los em solo americano, sem que ninguém soubesse quem eles eram ou de onde eles vinham.

Estava terminado. Micah havia dado sua vida por essa vingança, e agora que essa vingança havia sido executada, ele sabia exatamente o quão vazia sua vida tinha sido antes de Risa.

O jipe freou em uma parada dura próximo ao barco. Eles desceram e foram apressados para o bote inflável. Dentro de segundos eles estavam rasgando pela água em direção ao navio.

Dentro de vinte minutos o navio estava seguindo pelas ondas, levando-os para o navio de guerra.

Micah assistiu o sol surgir, viu a perfeição azul clara do céu da manhã, e sentiu o toque de Risa em suas memórias.

Ele tinha a intenção de ficar o mais longe dela possível, mas ele não tinha mantido esse juramento. Ele havia retornado várias vezes e permanecido nas sombras da propriedade da avó dela e assistia Risa enquanto ela se sentava só na sacada do quarto.

Algumas noites, ele jurou que os olhos deles se encontraram. Ele não ficaria surpreso se ela tivesse deixado a casa e ido até ele. O laço que eles tinham criado durante tão pouco tempo era profundo, duradouro.

Mas ela continuava a se sentar na sacada durante aquelas poucas e breves visitas, e Micah se forçava a ficar escondido. Havia coisas que tinham que ser feitas, escolhas que tinham que ser feitas. Ele não podia retornar a ela enquanto aqueles obstáculos ainda existissem pendurados sobre suas cabeças.

—Nunca vai embora— Noah disse enquanto se debruçava contra a grade e desviava a vista para o mar enquanto Micah assistia o céu. —Você sempre a verá. No céu, na noite, em uma respiração ou um suspiro. Ela sempre estará lá.

E Noah devia saber. Ele tinha ficado seis anos sem a esposa. Tinha vivido como um zumbi, comendo, respirando, dormindo apenas. Até o destino os juntar novamente.

Noah tinha tomado o que era dele. Ele não tinha exigido ou perguntado. Ele havia declarado que era dele. Ele poderia tê-la e lutar a batalha que havia assinado, ou ele poderia caminhar para a morte de verdade com o pesar aumentando.

A Elite Ops tinha gastado uma tonelada de dinheiro com seus agentes. Eles não podiam se dar ao luxo de perdê-lo por causa de corações partidos.

Mas Micah tinha condições de tomar o que precisava tão desesperadamente? Risa desejaria o homem que ele era agora?

Ele agitou a cabeça, incapaz de responder às próprias perguntas.

—Pense sobre isto, Micah, — Noah disse suavemente. —Apenas pense nisto.

Horas mais tarde ele ainda estava pensando sobre isto. Aquela noite enquanto o helicóptero voava com eles de volta para a base no Big Bend National Park, ainda pesava sobre ele.

A carne parecia muito apertada sobre os ossos. A necessidade do gosto de Risa, o toque dela, era uma febre que queimava dentro dele. Orion estava terminado. Ele tinha morrido. Os pesadelos do passado estavam acabados; tudo o que restava eram quaisquer pesadelos prolongados que ela tinha.

E Micah queria estar lá. Se ela chorasse de noite, ele queria abraçá-la, acalmá-la.

Nos banhos ele lavava a sujeira e o sangue do corpo. Ele se lembrava do toque dela, do odor, e sentia o membro espessar com necessidade tortuosa. Ele tinha passado muitas noites assim, desejando-a, precisando dela.

Ele deitou a cabeça contra a parede de cimento do chuveiro e fez uma careta. Ele tinha passado muitos dias e noites preso dentro desta porra de montanha. Ele queria sentir o sol no rosto. Queria segurar Risa nos braços, amá-la enquanto o calor da primavera chegando começava a aquecer a terra.

Ele a queria. Porra, ele estava morrendo sem ela.

Ele enxaguou o sabão do cabelo e o secou depressa. Ele enfiou as roupas e as botas. No armário ele pegou a jaqueta, a carteira, dinheiro e cartões de crédito.

—Indo a algum lugar, Maverick?

Ele girou a cabeça e quase rosnou como um maldito animal enquanto Jordan se debruçava contra o fim dos armários e curvava a sobrancelha curiosamente.

—Jaqueta, carteira, dinheiro e cartões. Para mim, parece com uma longa viagem sem autorização.

Micah enfiou a carteira no bolso das costas com os cartões; o dinheiro ele enfiou no bolso dianteiro. As chaves ele manteve na mão enquanto colocava a jaqueta.

—Tenho uma licença— ele informou o outro homem. —Seis semanas. Estou tirando.

—Nós temos outra missão em uma questão de dias— Jordan declarou. —Precisaremos de você lá.

—Que pena. Eu me lembro do contrato— ele rosnou. —Seis malditas semanas.

Jordan franziu os lábios pensativamente.

—Você tem que assinar a lista com o seu destino assim como as atividades que pretende fazer enquanto não estiver.

—Adivinhe— Micah rosnou.

—É contra as regras, Micah— Jordan o lembrou. —Nenhuma fraqueza, lembra? O que é uma mulher exceto uma fraqueza?

Micah caminhou devagar ao longo do corredor com armários até que estava a poucos metros de seu chefe.

—Ela é minha.

As sobrancelhas de Jordan ergueram.

—Sério? E os documentos que você assinou e passou a pertencer à Elite Ops. Não a uma mulher.

—Não foda comigo— Micah se debruçou mais próximo e silvou a demanda. —Eu assinei o acordo. Doze anos ou até a morte. Você quer seus doze anos? Não fique no meu caminho.

—Vai virar um desertor, então?— Jordan perguntou perigosamente.

Micah quase riu.

—Não, Jordan, eu não vou virar um desertor. Eu tomarei uma bala e não darei a mínima se não me salvar. Não posso lutar sem ela. Aqui estão o seu destino e a intenção. Vejo você em seis semanas.

—Diga oi para Abigail por mim— Jordan disse. —Peça com jeitinho e Reno poderá te dar uma carona no helicóptero esperando para levá-lo para casa também.

Micah prolongou os passos, rumo aos degraus que levava ao andar térreo da base. O helicóptero estava esperando para levar Reno de volta para Geórgia, e de volta para sua esposa e filho. Aquele mesmo helicóptero levaria Micah de volta para o sonho que ele pensou que podia viver sem.

Como os homens podem ser tolos, ele pensou. Pensar que ele poderia viver sem seu coração, sem a parte de seu espírito que ele tinha dado à sua mulher. O quão louco ele tinha sido em acreditar que poderia viver sem Risa quando na verdade, ele não sabia o que era viver até que aprendeu o que o amá-la queria dizer?

 

Enquanto ele entrava no andar térreo da base viu Reno e Noah conversando. Nenhum dos dois parecia feliz. Micah se moveu pelos degraus, cientes dos dois o assistindo, encarando.

—Vou no seu helicóptero— ele informou Reno. —Você está pronto para voar?

As sobrancelhas de Reno ergueram.

—Estou indo para a Geórgia, Micah, não para o bar mais próximo.

Micah grunhiu com isto.

—Vamos saindo, Reno, tente não me deixar puto.

Ele andou a passos largos e passou pelos dois homens e se dirigiu à saída. Não era como se ele tivesse se tornado um bêbedo. Um bar era apenas mais condutivo para certos pensamentos. Quando Micah sentia que a vida tinha alcançado o fundo do poço, então ele se sentava no bar mais indigente, mais sombrio que podia achar e que parecia ser a melhor opção para aqueles pensamentos.

Não que ele fizesse isto frequentemente. Mas frequente o suficiente, pelo que parecia ele tinha sido notado.

Ele entrou no helicóptero e assistiu enquanto Reno o seguia. Reno deu ao piloto a ordem de erguer e dentro de segundos eles estavam no ar e rumo para casa.

Um dia, Israel tinha sido sua casa. Era lá que o coração de Micah estava durante os momentos escuros e vazios de sua vida desde que ele havia se juntado a Ops. Agora, Risa era sua casa. Ela era onde seu coração estava. Era ela que cada parte dele desejava.

—Ela pode te dizer para ir se foder— Reno declarou enquanto se debruçava para trás no banco e cruzava os braços sobre o tórax. Ele ainda estava encarando Micah.

—Sim, ela pode— Micah concordou distraído, mais envolvido com suas memórias de Risa do que com o conselho de Reno.

Mas ela estaria lá. Se ela dissesse a ele para se foder, ele iria trepar com ela até que ela mudasse de ideia. Ele não tinha passado seis semanas no inferno atrás de Orion e morrendo por ela apenas para ser descartado como um mosquito irritante.

—Ela está com a avó agora— Reno disse a ele.

—Eu sei onde diabo ela está. — Micah girou a cabeça e fez uma carranca de volta para Reno. —Preocupe-se com a sua vida, Reno; pare de se preocupar com a minha.

Reno grunhiu com isso e fez uma carranca.

—Ela é muito boa para você— ele retrucou, obviamente puto com algo.

Micah passou os dedos pelo cabelo e fez uma careta.

—Nós concordamos nisso. — Não havia nada que pudesse ser feito quanto a isto, porém. Ele a desejava. Porra, ele a queria muito. A dor era como um ferimento até o osso e que se recusava a curar. Não haveria nenhuma cura, nenhum alivio, até que ele visse Risa novamente.

Ela não o mandaria embora, ele pensou. Ela não podia mandá-lo embora. Ele tinha sido um homem morto apenas com um nome, mas sem Risa ele se tornaria um homem morto de verdade. Tudo dentro dele pertencia a ela. Estar sem ela o estava matando.

—Machuque-a novamente e eu quebrarei o seu pescoço— Reno o informou severamente.

Micah girou a cabeça e olhou fixamente para Reno novamente. O olhar era direto e frio, duro.

—Pare de me encher, Reno, ou eu te jogarei para fora deste helicóptero— ele retrucou. —Eu não preciso das suas ameaças ou do seu conselho.

Os lábios de Reno apertaram.

—Ela é uma amiga, Micah.

—Ela é a minha alma.

A conversa cessou. Reno olhou fixamente de volta para ele por longos momentos antes de finalmente dar um aceno rápido com a cabeça, abrupto. Micah girou o olhar de volta para fora. Ele olhou fixamente para o céu azul claro e viu os olhos de Risa. Ele tinha ouvido as lágrimas na voz dela quando ele partiu; ele sentiu a dor que quase o rasgou em dois quando partiu.

Ele estava indo para casa. Agora, ele apenas rezava que ela desse a ele outra chance de amá-la. De tocá-la. De viver dentro do calor de seu sorriso.

 

Risa estava passando tempo demais com Raven e Morganna. Ela sabia que estava, mas esse conhecimento a deixava se acovardar um pouco com as razões, ela ainda estava impotente contra isto.

Naquela noite depois que Raven pôs Morgan na cama, Risa se sentou na sala de estar olhando fixamente para a parede invisível, as mãos torcendo nervosamente no colo.

Ela devia partir.

Ela ficou de pé para fazer apenas isso e a dor que floresceu no peito quase a fez derramar lágrimas que pareciam sempre estar presentes nos olhos.

Era como arrancar um pedaço do próprio corpo.

Abraçando os braços contra os seios, ela compassou para a janela grande que dava para a calçada e disse a si mesma que tinha que partir. Ela estava aqui há horas. Raven sem dúvida tinha coisas a fazer. Reno era esperado em casa hoje. Ela gostaria de se preparar para saudar o marido. Ele tinha ido por semanas desta vez.

Micah estava retornando com ele? Risa se perguntou.

Ela retraiu uma respiração dura e agitou a cabeça. Girando depressa, ela puxou a bolsa da mesa ao lado do sofá e começou a se dirigir para a porta.

Ela não iria fazer isso a nenhum dos dois. Se Micah retornasse com Reno, então era por causa do trabalho, por causa de uma tarefa. Porque ele sem dúvida tinha coisas para fazer e uma dessas coisas não era ver a mulher da qual ele tinha partido.

—Risa, você já está indo?

Ela girou com o som da voz suave de Raven. Raven tinha prendido o cabelo escuro e longo no alto da cabeça. Os olhos azuis estavam um pouco alarmados, a expressão ansiosa.

—Preciso voltar. — Risa agitou a cabeça. —Sinto muito, Raven. Estou tomando demais seu tempo assim.

Ela tinha que parar de falar. A dor erguia dentro dela, chamuscando o peito, a garganta, enquanto ela lutava para conter as lágrimas. Tinham que ser as mudanças hormonais no corpo, ela pensou. O médico a advertiu sobre as variações de humor. Com a ausência da pequena quantia de Pó das Prostitutas que uma vez tinha estado presente em seu cérebro, e sua atual gravidez, ele disse a ela que seria como se ela não soubesse que emoção precisava sentir. Ela estaria se auto conhecendo tudo de novo.

E talvez ela estivesse. Ela estava definitivamente aprendendo o que queria dizer doer por dentro até que ela pensou que fosse morrer da dor. Ela estava aprendendo o que queria dizer sentir a falta de alguém, vê-lo em todos os lugares em que ia. Chorar por ele todas as noites.

Ela apertou a mão na barriga e se lembrou de que não estava mais só. Ela tinha uma parte desse amor dentro dela. Aliviava-a, mas nada podia apagar a dor viva que batia no peito.

—Eu aprecio a sua companhia, Risa— Raven disse suavemente. —Nós somos amigas; desculpas não são necessárias.

Risa agitou a cabeça e olhou de volta para a janela.

—Continuo pensando que ele virá aqui— ela admitiu, a voz rouca. —Que ele retornará com Reno. Que tudo o que eu preciso é vê-lo mais uma vez, saber que ele está a salvo, e eu ficarei bem.

—E você sabe que não é assim— Raven terminou por ela. —Sabe que se o vir só vai doer mais, feri-la mais.

Risa anuiu com a cabeça aos arrancos.

—Não é justo para mim, colocar nós dois nessa posição— ela disse à amiga. —Ele teve que partir. Não é?

Claro que fez. Ele não teria ido caso contrário, ela disse a si mesma. Mas a ausência dela atormentava-a. Se ele a amasse, como ele poderia ficar longe dela? Risa passava mais tempo na casa de Raven, Morganna e Emily do que passava na própria casa agora. Desejando ouvir algo. Desejando que uma de suas amigas se voluntariasse a dar o menor fragmento de informações. E elas nunca faziam isso.

—Não é?— Raven perguntou ao invés. —Apenas Micah sabe essa resposta, Risa. Ele teria deixado você se pudesse ter ficado?

Os lábios de Risa tremeram.

—Ele teria ficado.

Ela tinha que acreditar nisto. Era a única coisa que fazia com que ela conseguisse passar todas as noites, o único pensamento que fazia com que ela tivesse esperança.

Ela quase riu do pensamento.

—Eu perdi a cabeça— ela disse a Raven então. —Consegui sobreviver a seis anos de pesadelos, e até então, as noites não pareciam tão longas.

Ela dormia, mas em vez de ter pesadelos, sonhava com Micah. Seu toque. Seu beijo. Seus braços ao redor dela. Apenas para acordar só. Acordar era seu pesadelo agora, porque ela ainda não havia aprendido como sobreviver sem ele.

—Você não perdeu a cabeça— Raven suspirou. —Você perdeu seu coração; há uma diferença.

Risa agitou a cabeça.

—Não, Raven, eu perdi Micah.

E isso dizia tudo. Agitando a cabeça, ela girou as costas para a amiga e se moveu uma vez mais para a porta.

—Risa— Raven a parou novamente. —Queria que você ficasse durante algum tempo.

Risa agitou a cabeça.

—Não posso ficar— ela sussurrou. —Eu não devia nem estar aqui pelas razões que estou. Não posso fazer isso com ele, ou comigo mesma, Raven. Não mais.

Ela deixou a casa, a cabeça baixa, desejando que o cabelo escondesse as lágrimas, e se moveu depressa para o carro. Ela tinha passado tempo demais nas últimas duas semanas esperando por ele, olhando por ele. Ela se preocupava, e ela compassava com a certeza de que nunca iria ver Micah novamente.

—Saindo tão rápido?

Ela congelou. A cabeça ergueu.

Ele estava na frente dela. Os olhos pretos tão atormentados quanto ela se sentia; o rosto estava marcado pelo cansaço.

Os lábios dela se separaram, o coração começou a correr no peito.

Então ele sorriu. Um pequeno sorriso torto que parou a respiração dela no peito.

—Você é uma mulher difícil de alcançar— ele disse a ela enquanto se endireitava do lado do carro dela e se movia para mais perto. —Reno ligou antes. Primeiro você estava na Emily. Eu cheguei lá cinco minutos depois que você tinha saído para a casa da Morganna. Fui para a Morganna, mas você não estava lá.

Ela agitou a cabeça.

—Nós fizemos compras.

—Então, Reno ligou para casa. Você iria partir antes que eu chegasse, Risa.

Ela tentou engolir passando das lágrimas. Ela tentou dizer a si mesma que podia conseguir fazer isso. Que ela esperaria, veria por que ele estava aqui, por que ele a estava procurando.

Seis semanas de perda presas dentro dela. A mão se moveu para a barriga enquanto ela buscava a conexão com sua criança que a havia feito conseguir passar pelas últimas semanas. Nada podia aliviar a dor de perder Micah, e vê-lo, certa de que ele iria embora novamente.

—Eu não devia ter vindo aqui. — Ela agitou a cabeça novamente. —Estou certa de que você está ocupado. Ou algo do tipo. Vou indo.

Ela se moveu para o carro.

Micah entrou na frente dela, as mãos pousaram nos ombros dela, e Risa sentiu os joelhos virarem geleia com o toque. Calor fluiu sobre ela, dentro dela. Balançou-a até o âmago; roubou sua habilidade de respirar, falar, pensar.

—Venha comigo— ele sussurrou enquanto a cabeça dela erguia. —Apenas por um tempinho.

E ela deveria recusar? Ele fez o pedido como se esperasse apenas isto.

Ela anuiu com a cabeça e deu a ele as chaves do carro. Não havia nenhuma chance de ela conseguir dirigir como estava.

Ela se moveu em torno do carro e deslizou para o banco do passageiro enquanto Micah se movia para o banco do motorista. O carro partiu e ele estava saindo da casa.

Risa disse a si mesma que era apenas outro sonho. Enquanto ele dirigia pela cidade e parava o carro no estacionamento subterrâneo de um dos hotéis mais agradáveis, ela continuou a dizer a si mesma que isso não queria dizer nada. Ele apenas queria conversar. Nada mais.

Seis semanas. Ela tinha vivido sem o toque dele por seis longas semanas. As mãos apertavam no colo enquanto ela lutava para se impedir de colocar as mãos nele, manter sua dignidade, seu orgulho.

Ele estacionou o carro. Quando ele saiu, Risa retraiu uma respiração dura, mas ela podia sentir o calor arrojado e rico que fluía do corpo duro dele.

—Risa?— Ele abriu a porta e estava esperando por ela, estendendo a mão para ela.

Ela ergueu a mão. Os dedos agarraram os dele, e quando ela saiu do carro, ele não os soltou.

De repente Risa sentiu sensações que estava certa de que nunca tinha conhecido na vida. A sensação da bainha do vestido correndo contra as pernas. O ar fresco da garagem contra seus braços nus. Ela tinha deixado o suéter na casa de Raven. Ela podia sentir as coxas, e a carne entre elas. O clitóris estava inchando, doendo. A vagina estava apertando em necessidade e lubrificando com excitação.

Lubrificando nada, ela estava molhada. Lisa, quente, molhada e tremendo com a necessidade do beijo dele.

O passeio no elevador pareceu durar para sempre. Quando parou, as portas abriram e Micah a levou por um corredor largo e elegante, e para a porta da suíte.

Ela entrou.

A porta bateu e antes que ela pudesse falar, ela se achou com as costas contra a porta, os lábios dele nos dela, as mãos a tocando, e tudo dentro dela explodiu em prazer.

As mãos dela deslizaram pelo peito dele, se moveram ao redor do pescoço até que ela o estava segurando contra ela, puxando-o para mais perto enquanto a cabeça inclinava e o beijo já voraz e dominante ficava mais feroz.

Ela não conseguia ter o suficiente dele. Ela precisava de mais. Ela desejava mais.

—Estou morrendo. — Ele foi para trás o suficiente para fazer a declaração em um tom rouco, roto. —Morrendo sem você, Risa.

Ela tentou falar, mas o beijo dele roubou as palavras. As mãos acariciaram debaixo da bainha do vestido. A calcinha foi empurrada para baixo pelas pernas, e ela não deu a mínima. Ela saiu dela, a cabeça dela caindo contra a porta enquanto os lábios dele se moviam junto à mandíbula, então de volta para os lábios.

Os dedos dele deslizaram pelas dobras lisas da boceta e ele gemeu no beijo enquanto ela o sentia lutando com o fecho da calça jeans.

Ele estava aqui, nos braços dela. Morno e duro. Ela estava perdida nas sensações, na fome. Ela estava se partindo e não dava a mínima.

—Micah— ela respirou o nome dele enquanto sentiu os botões do vestido nos seios abrir.

A carne sensível estava inchada, os mamilos estavam eretos contra o sutiã. O vestido e as alças do sutiã foram empurrados para cima do ombro e um segundo mais tarde ela estava tentando gritar com o prazer enquanto os lábios dele cobriam os seios.

Ao mesmo tempo, ele a ergueu, trouxe a perna dela para seu quadril, e colocou a cabeça ferozmente túrgida do membro nas dobras molhadas entre as coxas dela.

—Eu não posso esperar. — Ele estava arquejando; os músculos sob a camisa estavam puxando enquanto Risa abria os botões. —Eu não posso esperar, Risa. Estou morrendo por você.

—Não espere. Oh, Deus, tome-me, Micah. Tome…

O membro empurrou dentro da entrada aquecida. Os gritos se entrosaram enquanto ele trabalhava dentro dela. As mãos estavam apertadas nos quadris enquanto os joelhos dela apertavam contra os dele. As unhas estavam cravadas nos ombros e o prazer a consumia com fome ávida.

—Eu tenho que ter você. — Ele a estava tomando, empurrando dentro dela, os quadris movendo, empurrando, apertando a ereção mais fundo dentro dela. — Doce amor. Risa adorável. Eu não posso respirar de tanto te querer.

Outra punhalada feroz e ele estava enterrado bem no fundo dela, um gemido rasgou dos lábios dele enquanto os músculos o envolveram, flexionando contra ele.

Risa estava presa em um prazer insuportável. Ela podia sentir a transpiração começando a brotar na pele, sentia o calor que vinha do membro dele, aquecendo-a do avesso enquanto ela tentava arquear em seus braços.

Ela estava tão perto. Assim tão rápido. Apenas o beijo, e em uma questão de segundos ela estava tão quente e pronta para ele que ele não teve nenhum problema em se enterrar dentro dela.

—Oh, sim— ele gemeu contra o pescoço dela. —Sim, bebê. Me tome. Eu sonhei com isso. Desejei isso.

Ele estava se movendo e ela estava se dissolvendo do lado de dentro. Punhaladas fundas, duras começaram a bater do membro dentro dela, acariciando terminações nervosas que queimavam com vida enquanto ele estirava sua boceta, acariciava dentro dela e terminações nervosas excitadas, normalmente escondidas, ganhavam vida violenta.

Risa se ouviu gemendo o nome dele; ela sentiu as unhas cravarem no algodão da camisa dele e tentando chegar à pele.

Um segundo mais tarde ele arrancou a camisa. A frente do vestido dela foi rasgada. Os lábios recuaram para os mamilos e ele empurrou, duro e espesso, mais fundo e mais forte dentro dela.

Ela era uma massa de prazer. Ela estava ardendo fora de controle. Ela apertou em torno do comprimento pesado de carne como ferro, cada golpe empurrando-a mais alto, mais forte.

Ela iria gozar. Ela podia sentir. Estava apertando dentro dela. Iria destruí-la.

—Micah— ela gemeu o nome dele fraco. —Eu não posso aguentar… — Ela arqueou novamente. —Oh, sim. Sim. Assim. — Ele estava bombeando mais duro dentro dela. O som da carne batendo contra a carne ecoava ao redor dela. Sensações, aquecidas e muito intensas para se sobreviver, começavam a chicotear por ela.

—Sim!— As mãos prenderam no cabelo dele enquanto ele chupava o mamilo, o chicoteado com a língua. —Isso. Assim. Assim— ela estava clamando sua necessidade enquanto ele a acariciava por dentro mais duro, mais rápido.

Desesperado, poderoso. O prazer ficou opressivo. As espirais de sensações estavam chicoteando por ela, rodando ao redor ela, queimando-a, empurrando-a, deixando-a mais próxima de um limite tão intenso que ela estava perdendo a respiração em antecipação.

Estava lá. Construindo. Apertando. Ela arranhou os ombros dele, os gritos estrangulados saindo dos lábios enquanto as mãos dele agarravam o traseiro dela, segurando-a no lugar, e batendo dentro dela.

Quando explodiu por ela, a escuridão que ela um dia tinha temido a tomou, cravejada com luz estrelar, cheia com calor. O olhar dela escureceu. Ela ouviu o silenciado gemido do próprio grito, sentiu a boceta apertar no membro dele que ia para frente e para trás e então uma explosão tão intensa que ela se perguntou se perderia a consciência.

Ela ouviu o grito quebrado dele, o nome dela em seus lábios, então os jatos pesados, ferozes de sua liberação que esporearam dentro dela.

Ela se perdeu no prazer, mas estava bem, porque Micah a estava segurando. Ele sabia onde ela estava. Ele a estava segurando contra seu corpo, abrigada dentro da tempestade, e a ela podia se perder em um prazer que um dia a havia assustado.

—Eu amo você. — Ela ouviu as palavras na orelha. —Doce Risa. Eu amo você ao ponto de estar morrendo sem você.

Ela agitou a cabeça. Ele não podia morrer. Ele não podia deixá-la. Ela prendeu os braços com mais força ao redor do pescoço dele; ela o sentiu movendo, sentiu o colchão suave sob as costas enquanto ele se erguia sobre ela.

Os olhos dela abriram, ela assistiu enquanto ele escorou os cotovelos ao lado dela, segurando o peso enquanto a olhava fixamente abaixo. Ele acariciou o cabelo dela para trás do rosto, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Ela estava sonhando? Era apenas um sonho ele a segurar embaixo dele, sentir o pulsar feroz da ereção ainda enterrada dentro dela?

A mão dela ergueu, os dedos tocaram o rosto dele.

—Você está realmente aqui— ela sussurrou. —Por favor, esteja aqui.

Os olhos dele se fecharam por um breve e suspenso segundo antes de abrirem e ela começou a acreditar.

—Não é um sonho— ele a prometeu. —Eu estou aqui, bebê.

Ele recuou, fazendo-a ofegar enquanto ele saía de dentro dela.

—Você tem muitas roupas. — A voz dele era um sussurro suave enquanto ela o assistia.

Ele puxou o resto do vestido esfarrapado dela, então se ergueu ao lado da cama e se despiu. A camisa estava arruinada. As botas bateram no chão; ele deu um fim na calça jeans depressa; então estava de volta, na cama ao lado dela.

Ele a alcançou, puxou-a contra ele, abrigando-a contra seu próprio corpo.

—Você não vai partir?

—Eu não vou partir. — Ele beijou a testa dela sua bochecha. Os lábios tocaram levemente os dela, suave como uma brisa de verão, antes de ele olhar fixamente em seus olhos. —Estou morrendo sem você, Risa. Não posso mais fazer isto. — Ele tragou firmemente. —Eu queria te proteger, amor. De mim mesmo. Do meu passado. — Ele deu uma sacudida dura na cabeça. —Ir embora me destruiu, Risa. Eu era mais um homem morto do que já tinha sido um dia.

Os lábios dela se separaram em uma arfada enquanto emoção surgia dentro dela.

—Você me ama? Você não vai partir?— Ela não podia acreditar que ele estava voltava, que ela estava nos braços dele, que ele a amava.

Ela tocou nos lábios dele, os dedos tremendo, o coração correndo.

—Meu coração estava com você. — Um soluço quebrado deixou os lábios dele enquanto ela tomava sua mão e a deslizava na barriga. —Nossos corações estavam com você.

Micah sentiu um soco no meio do peito.

Os olhos foram para onde a mão dele estava contra a barriga dela e olhou de volta para ela. A emoção fez um bolo na garganta que ele estava certo de que iria sufocar.

—Risa?

—Nós dois, Micah— ela sussurrou. —Eu não sabia. O controle de natalidade não era muito forte.

Ele viu a incerteza que enchia a expressão dela. Um toque de medo. Ele estava tremendo. Ele podia se sentir tremendo por dentro.

—Um bebê?— Ele teve que tragar além da necessidade e da fome que erguiam dentro dele agora. —Você está grávida?

Os lábios dela tremeram e a visão o rasgou.

Ele agitou a cabeça. Ele estava inundado com sentimentos. Subjugado por eles.

—Risa. — A voz soou quebrada até para ele. —Doce Risa.

Ele não podia falar. Ele se moveu mais para baixo, a mão acariciando a barriga dela antes de a cabeça abaixar e os lábios deslizarem através da pele acetinada.

A mão dele apertou no quadril dela enquanto ele lutava para conter as emoções que se erguiam dentro dele como um vento selvagem através do deserto. Devastadoramente quente, surgindo por ele com uma força que ele não podia conter.

—Eu sou seu— ele sussurrou. —Eu vivo para abraçá-la, Risa. Eu respiro para tocá-la.

Ele estava tremendo, quase estremecendo enquanto a cabeça erguia e ele olhou fixamente para ela com olhos encharcados com lágrimas.

—Eu amo você.

—Eu amo você, Micah. — As lágrimas caíam dos olhos dela. —Oh, Deus, Micah. Eu amo você.

Ela estava nos braços dele. Ele a segurava com muita força e sabia disto. Ele não podia evitar. Ele a balançou. Ele a deixou soluçar contra seu tórax e teve que batalhar com as lágrimas nos próprios olhos.

Ele era um Maverick . Uma força desconhecida, um homem que ajustava as regras de seu mundo enquanto se movia por ele. Até Risa.

Ela havia recriado seu mundo. Ela o recriou.

Ele não era mais um homem morto. Ele era um homem vivo, respirando, a extensão de cada emoção que aquela pequena mulher podia criar dentro de um homem.

Ele era seu amante. O pai de sua criança. Ele seria seu marido.

— Me'achshav ve'ad hanetzach— ele sussurrou. —De agora até eternidade, Risa. Eu te amarei para sempre.

 

 

                                                                  Lora Leigh

 

 

              Voltar à “Página do Autor"

 

 

                                                   

O melhor da literatura para todos os gostos e idades