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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


NÃO PROVOQUE O GATO / J. C. Wilder
NÃO PROVOQUE O GATO / J. C. Wilder

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Depois de sobreviver a um sequestro brutal, Erihn Spencer passou os últimos dezoito anos vivendo nas sombras. Marcada tanto física como mentalmente, passa seus dias escrevendo romances que se referem ao tipo de relação que evita. Uma noite antes de dirigir-se às montanhas para começar seu novo livro, um estranho se aproxima e sacode seu mundo com um beijo perfeito. Um homem que poderia ser seu salvador...
No momento em que Fayne a beija, o desejo de possuir a essa beleza tímida é irresistível. Lançados juntos em uma casa isolada nas montanhas, ele está dividido entre sua necessidade por ela e os segredos que estão destinados a separá-los. Enquanto Erihn luta por libertar-se de anos de isolamento auto imposto, descobre que está presa por seus desejos, e por sua própria escuridão.
Seus mundos se chocam e velhos segredos levam um inimigo amargo a sua porta.

 

 

CAPÍTULO 01
Boulder, Colorado
— Você é uma mentirosa!
Erihn piscou diante a intrusão do tom estridente de Vivian. Levantou a vista do livro em seu colo a tempo para ver Jennifer balançar a cabeça escura.
— Vivian... Sou uma verdadeira fraude. — Jennifer suspirou dramaticamente, enquanto nas profundidades de seus olhos de cor azul se refletia a diversão.
Vivian bufou.
— Todas essas histórias... — Fez um gesto com a mão em direção a Erihn. — Pensei que ela era escritora de ficção. — Depois assinalou a Jennifer. — Você é jornalista e suas histórias devem ser apoiadas em feitos reais.
— Ela foi jornalista. — Melanie levantou a taça de champanhe ao ar fazendo gestos à garçonete. — Renunciou ao seu trabalho.
A testa perfeita de Vivian se arqueou.
— Sério?
Jennifer assentiu.
— Faz aproximadamente um mês. Decidi que era hora de uma mudança.
— OH, o que eu faria por uma vida de ócio... — Suspirou Melanie. — Nunca sairia da cama e contrataria uma frota de homens para atender minhas necessidades.
— E o que diria seu marido a respeito disso? — Vivian perguntou.
— Nada muito amável, aposto. — Sorriu Melanie.
— Isso foi algo interessante de se ouvir, vindo da pequena Senhorita Meu-último-filme-quearrecadou setenta-milhões. — Disse Jennifer de volta. — O que você faz que só trabalha quatro meses ao ano?
— Faço exercício todos os dias para manter esta forma. — Protestou Melanie. — É um trabalho duro!
— Sim, com um treinador pessoal, massagista e um ambiente cheio de assistentes. — Vivian brincou. — Provavelmente contrata alguém para que limpe o seu suor.
Melanie olhou a Vivian.
— Você tem uma assistente pessoal.
— Bom, é muito difícil chegar a todos esses compromissos para almoço, coquetéis e encontros secretos.
Jennifer deu uma piscada a Erihn.
— Eu faço mais do que revoar em torno de encontros para almoço e coquetéis. — Vivian franziu o cenho a Jennifer. — Faço coisas muito importantes em minha vida.
— Como suas unhas? — Melanie riu.
— Acredito que vocês são umas parasitas, cada uma de vocês — Erihn interrompeu com um sorriso — Eu sou a única aqui com um trabalho de verdade.
— Escrever romance é um trabalho? — Vivian começou a rir — Não só se senta e come bombons todo o dia enquanto modelos de capa fazem cada uma de suas ordens?
— Talvez tenha que acrescentar essa cláusula a meu contrato... — Melanie refletiu.
Erihn bufou com uma risada.
— Não. Sento-me inclinada sobre um computador durante horas até que me dói todo o corpo e me dá vontade de chorar. Tropeço ao redor em uma nuvem, porque os personagens estão falando em minha cabeça e não posso me concentrar em outra coisa. Quanto aos bombons... — Ela sacudiu a cabeça... — Há dias que tenho sorte de ter tudo isso na casa porque me esqueço de ir à loja. E nas raras ocasiões quando consigo sair pela porta, normalmente esqueço o que fui comprar.
— Você sim é que necessita um assistente pessoal — Disse Jennifer.
— Nunca na vida. — Declarou Erihn. — O que faria eu com um AP? Eles se aborreceriam terrivelmente com o meu simples estilo de vida.
— Posso te dar algumas ideias... — Vivian arrastou as palavras.
— NÃO! — As três mulheres gritaram em uníssono, provocando o olhar curioso dos clientes das mesas mais próximas.
— Na verdade, — suspirou Vivian assinalando com seu dedo em direção a Jennifer. — Isso não a baixa do gancho, jovenzinha. Mentir para suas amigas e contar histórias selvagens, — balançou sua cabeça de ébano. — É assim como você nos paga os anos de amizade eterna, os chocolates suíços e por escutar seus dramas no telefone às 03 horas da manhã?
— Nunca liguei às 03 horas da manhã, — objetou Jennifer. — Essa é Melanie, que não consegue recordar em que horário do local está. Melanie assentiu.
— É verdade...
Jennifer se apoiou no braço do sofá.
— Não sabia como contar sobre Mac... — Ela se retorceu fixando seu olhar na ponta de suas sandálias. — É complicado.
Melanie se inclinou e deu uns tapinhas no joelho dela.
— Acredito que você é terrivelmente romântica.
— Ah, sim? — Bufou Vivian revirando seus olhos com desgosto.
Shai chegou e com energia caiu no sofá entre Erihn e Jennifer.
— A quem castigarão desta vez? — Perguntou a Vivian.
— A Jennifer. Ela mentiu para nós a respeito de seus amantes enquanto esteve adoecendo por um só homem.
Melanie desmaiou dramaticamente, agitando sua mão frente ao rosto como se estivesse ruborizada.
— Nunca vamos ganhar um Oscar com esse estilo de exagero — Jennifer a fulminou com o olhar — Prima Donna...
— Domada. — Disparou Melanie de volta.
— Acredito que é romântico. — Interrompeu Erihn. — E me alegro de que você o tenha encontrado.
Vivian revirou os olhos.
— O que tem de romântico esperar que um homem venha e te afaste de tudo isto? — Ela agitou sua mão vagamente para abranger o interior da cafeteria. — Eu digo que terá que sair e agarrá-lo rápido antes que se seque e murche.
— Sabemos como se sente, Viv.
Melanie se inclinou para pegar a garrafa de champanha do balde com gelo.
— Bom, no final... O agarrei, de qualquer maneira. — Respondeu Jennifer com um sorriso secreto brincando em sua boca.
— Diabos, sim! — Riu Shai.
Erihn se voltou para olhar Shai com incredulidade. O que aconteceu a sua amiga tímida e retraída? Shai que vestia roupa folgada, que abaixava a cabeça quando alguém olhava em sua direção e agora estava vestida com um traje pego ao corpo de seda cor esmeralda e uma camisa de seda pura cor negra, com seu normalmente rebelde cabelo vermelho preso em um coque complicado. Estava elegante, sofisticada e segura. Certamente não se via como a nerd que foi faz uns anos.
— Mudou muito, minha amiga.
— Realmente? Como é isso? — Perguntou Shai, inclinando-se para aceitar a garrafa de champanha de Melanie.
— No jantar de aniversário faz uns anos... — Erihn começou.
— Quase onze anos atrás. — Cantarolou Melanie.
— Já passou tanto tempo? — Jennifer balançou a cabeça escura — O tempo voa.
— Estou ficando velha. — Suspirou Vivian com tristeza.
— Ainda se parece como aos 22. — Observou Jennifer.
— OH, as maravilhas da cirurgia plástica... — Melanie brincou.
— Não fiz nenhuma cirurgia plástica, — Vivian negou em voz alta.
Erihn ignorava as disputas que se formavam na conversa de suas amigas favoritas.
— Mal podia manter seu rubor quando Vivian mencionava a palavra sexo. — Ela sorriu a Erihn com carinho. — Pobre Shai a tímida.
Shai riu e encheu o copo vazio de Erihn até a boca.
— Diabos, era um pequeno camundongo naquela época. — Seus olhos esverdeados brilhavam intensamente. — Sei melhor agora. — Deu um carinhoso empurrão no braço de Erihn — Como se você não soubesse.
— Isso é totalmente certo. — Vivian tomou a garrafa de Shai e encheu seu copo. — Acredito que temos que fazer de Erihn nosso seguinte pequeno projeto. Olhe que bem o que resultou a Shai. Apenas alguns meses depois de seu aniversário e ela estava com o homem mais rico da cidade e tendo o melhor sexo de sua vida.
Erihn negou.
— OH, não, não! Eu não quero ser...
— Não foi difícil ter o melhor sexo de minha vida embora fosse virtualmente virgem quando me encontrei com Val. — Shai começou a rir. — Não tinha nada com que comparar.
Vivian ofereceu a garrafa a Jennifer.
— Não há mais que jogar uma olhada a Val para saber que ele é um supremo fo...
— Perfeito! — Melanie se inclinou para interceptar a garrafa. — Justamente o que necessitamos. Um novo projeto. Que estupendo momento, nem sequer estou trabalhando agora mesmo! Acredito que temos que começar com a roupa de Erihn.
Erihn franziu o cenho a Melanie.
— O que acontece com minha roupa?
Jennifer aceitou a garrafa de Melanie e sacudiu a cabeça como se quisesse advertir a Erihn para guardar silêncio e que o fizesse com graça.
— Se você tem que perguntar qual é o problema, então você está mal, minha inconscienteda-moda amiga.
Erihn agitou uma das mãos para o apertado vestido rosa sem mangas na pele de Melanie e a seus sapatos de salto alto combinando.
— Não posso me vestir assim. Pareceria uma tola.
— Podemos fazer algo divertido com seus cabelos, — Vivian se aproximou e enganchou uma mecha do cabelo de Erihn, enrolando-o ao redor de seu dedo. — Uma mexida nele talvez. Erihn olhou para Vivian enquanto puxava seu cabelo longe das garras cuidadosas da amiga.
— Acredito que não. — Ela disse.
— E se mudássemos a cor? — Melanie perguntou.
Erihn agarrou seu cabelo com uma das mãos e baixou o olhar para o discreto marrom, embotado pela tênue iluminação.
— De maneira nenhuma.
— Não. — Jennifer sacudiu a cabeça.
— Obrigada, Jennifer. — Soprou Erihn — Finalmente, a voz da razão...
— Acho que poderia fazer umas luzes, acredito. — Refletiu Jennifer.
— O quê?!?! — Erihn gritou, atraindo mais de um olhar curioso.
Encolheu-se sob os olhares com a vergonha esquentando sua pele. Odiava chamar a atenção sobre si mesma e tentava de evitar na medida do possível. Entretanto, cada vez que suas amigas estavam envolvidas, invariavelmente causavam uma cena, cedo ou tarde. Ela suprimiu um gemido.
Shai riu e passou um braço ao redor dela.
— Acredito que está perfeita tal e como está. — Ela disse com um abraço. — Entretanto, acredito que um homem estaria bem.
— Traidora! — Erihn arrebatou a taça de champanha da mesa baixa diante dela e deu um saudável gole.
— Você não tem ideia de como isso poderia mudar sua vida. — Ofereceu Melanie.
— Eu gosto de minha vida tal e como está. Muito obrigada. — Erihn negou. — Quão último preciso é de um homem querendo me mudar.
— Se tivesse um homem em sua vida, poderia deixar de comprar todos aqueles guias sexuais. — Assinalou Vivian, aceitando a garrafa de champanha de Jennifer.
— São para investigação. — Espetou Erihn.
— Sim, mas você poderia provar com voluntário no tema. — Jennifer sorriu.
— Não necessito...
Vivian suspirou e inclinou-se para encher o copo de Erihn.
— Sim, necessita. Confia em mim, querida, não há nada como uma boa transa para que seu corpo e mente esteja de novo em funcionamento.
Erihn ficou pálida com as palavras descaradas de Vivian.
— Não necessito um... Um... Isso — Balbuciou.
— Você tem medo pelo que aquele homem te fez. — Observou Melanie.
Erihn se esticou. É óbvio que tinha medo. Havia boas razões para estar aterrorizada pelo sexo oposto. Quando era uma adolescente, foi sequestrada e retida durante vários dias por um louco brutal que a utilizou de forma que essas mulheres nunca poderiam imaginar. Quem não teria medo?
O sexo oposto nunca demonstrou nada, a não ser dor ou brutalidade, não deveria ignorá-lo por completo? Aprendeu bem suas lições; não ia repetir o erro do passado. Sua mão tremia enquanto levava o copo a seus lábios. Tomou um longo gole do líquido gelado para dar-se tempo de recolher suas errantes emoções.
— Não tenho medo. — Mentiu. — Simplesmente eu gosto de minha vida...
— Você tem medo sim, e está tudo bem. — Interrompeu Jennifer — Está bem ter medo. Só temos que encontrar um cavalheiro agradável e refinado que te adore...
— Aborrecido. — Vivian suspirou e Jennifer lançou um olhar escuro.
— E que cuide de você. — Melanie levantou sua taça em direção a Erihn como se a saudasse.
— Que te compre flores. — Shai sorriu.
— Que te compre joias. — Adicionou Vivian.
— Que te leve a dar longos passeios românticos. — Suspirou Melanie. — Lembro-me dos passeios românticos...
— Que segure sua mão sob a chuva. — Disse Shai.
— Que dê beijos longos, comovedores que façam que com que os dedos de seus pés se dobrem... — Jennifer levantou a mão a seus lábios, com expressão sonhadora.
— E que a foda até ficar inconsciente de vez em quando. — Adicionou Vivian secamente.
Erihn não pôde evitar a risada que escapou. Vivian tinha uma mente de uma só coisa, que estava bem para ela.
Ela conseguia seus melhores materiais para os livros de fantasia, das conquistas de Vivian e do que ela contava. Os apetites sexuais de Vivian eram legendários entre as cinco amigas.
Shai a abraçou de novo.
— Não se preocupe, querida. Temos tudo sob controle e não te doerá nem um pouco.
— Se tiver sorte... — Sussurrou Vivian.
Shai pôs os olhos em Vivian, depois se voltou para Erihn e assinalou o livro no colo de Erihn.
— O que achou do seu presente de aniversário?
Erihn pôs seu copo na mesa e esfregou sua mão sobre a união do gasto couro. Era uma primeira edição de O Morro dos ventos uivantes de Emily Brönte. Nunca imaginou tocar uma cópia, e muito menos ter um.
— É encantador. Não sei o que dizer exceto que o conservarei como a um tesouro para sempre.
— Val ficou feliz quando o encontrou escondido na parte de trás de uma poeirenta e pequena livraria de antiguidades em Hay-on-Wye, em Gales. Em uma prateleira do fundo de trás de uma caixa de farrapos eróticos vitorianos era onde estava essa pequena joia. Estava muito sujo pelo tempo em que ficou ali, e quando entrei na sala, ele estava sentado no chão, sorrindo como um louco com esse livro nas mãos.
Erihn abraçou o livro contra seu peito, uma pequena emoção de posse correu através dela.
— Tenho que ligar para ele e agradecer...
— Não é necessário. Ele estará aqui dentro de pouco tempo, — Jennifer tomou sua taça de champanha. — Ele e Mac nos escoltarão para o jantar esta noite.
— Só eles dois? — Melanie começou a rir. — Acha que poderão manter o ritmo? Vivian dirigiu um sorriso malicioso à loira.
— Não tenho nenhuma dúvida de que poderão. — Voltou o olhar para Erihn. — Mas a pergunta é... — Inclinou-se, com os olhos brilhantes de curiosidade. — Irá ali recitar um poema?
— Ela apontou para o pequeno cenário à frente da cafeteria.
Erihn olhou ao outro lado da sala cheia de gente no outro extremo. O Brew House era um dos destinos mais populares em Boulder. A metade do edifício era um café, enquanto a outra metade uma micro cervejaria. Bem vestidos, os clientes se sentavam nas mesas da cafeteria ou relaxavam em grupos acolhedores nos sofás e nas macias poltronas. No outro extremo se utilizava um cenário para os artistas musicais ou para as leituras literárias, e no domingo à noite era a noite do poeta aficionado.
Uma variedade de luzes coloridas transformava o cenário em um caleidoscópio em movimento. Uma pequena mulher vestida com um arco íris em um redemoinho de saias estava de pé em um foco estreito de cor branca. A luz transformava seu cabelo loiro em branco, dando um aspecto angélico que contrastava com a vibrante saia. Movia os quadris como se estivesse nadando.
— Não assim. — Erihn negou, desfrutando da sensação de flutuar causada pelo champanha — Nunca assim...
— Ela está um pouco... — Shai vacilou — Alcoolizada?
— Poseidon. — A mulher loira gritou, com seu corpo tenso como se tivesse sido golpeado com uma descarga de eletricidade. Graciosamente, deixou-se cair no cenário em um redemoinho de arco íris e o golpeou com seus braceletes de prata.
Melanie se retorceu em sua cadeira para olhar para o cenário. Sua expressão se voltou confusa.
— É isso o que eles chamam a arte de atuação?
— Demência seria um nome melhor. — Comentou Shai.
A garçonete apareceu com outra garrafa de champanha em um balde de gelo de cristal.
Como um toque final, deixou-o sobre a mesa baixa.
— Aqui está, senhoritas, com os cumprimentos daquele senhor no bar.
Erihn olhou por cima da cabeça de Melanie à outra metade da sala. O amante de Shai, Val, inclinava-se contra o bar. Ao captar seu olhar, sorriu e levantou sua mão em uma saudação rápida.
O calor floresceu em seu peito ao vê-lo enquanto um sorriso de resposta curvava seus lábios. Val era um homem maravilhoso, embora um pouco intimidante para olhar. Com pouco mais de 1.80m de altura, cheio de músculos, facilmente evocava as fantasias mais escuras de uma mulher. Era incrivelmente bonito com seu cabelo negro e olhos azul escuros quase esmagadores em sua intensidade.
Em um primeiro momento, havia-se sentido incômoda com sua descarada masculinidade, mas se curou logo disso. Ele era um bom amigo, e adorava Shai além do limite. Sua dedicação a sua melhor amiga fazia com que se sentisse confortável perto dele.
— Você conseguiu o amor desse homem. — Anunciou Vivian enquanto ela saudava em direção a Val.
— Não, querida, tenho que amar a esse homem. E só permito você babar de longe — Brincou Shai. — Se te aproximar muito, cortarei suas garras.
Erihn olhou a Shai bem a tempo para ver o sorriso provocador de seu amante. Esperava que Shai nunca desse conta de que havia modelado descaradamente seu último herói como Val.
Estaria mortificada se alguma vez se desse conta e nunca poderia olhar nenhum deles nos olhos de novo. Erihn sorriu. Val era um material perfeito de herói.
— Então Erihn... — Jennifer a tirou de sua meditação. — Nos conte a respeito de sua última versão. De onde tirou essa ideia fascinante para seu herói? — Seus olhos brilhavam com alegria não dissimulada, enquanto se inclinava para libertar a nova garrafa de champanha do gelo.
— Ohhh... — Disse efusivamente Melanie. — Simplesmente amei esse livro. Brand é um homem dos sonhos e muito quente. Meu marido e eu nos revezamos para ler várias passagens um ao outro.
As bochechas de Erihn se esquentaram.
— Não era consciente de que estava escrevendo um manual de sexo, Melanie.
— A página cento e setenta foi algo para deixar sair vapor... — Melanie ronronou.
— Ele atua nestas cenas? — Vivian perguntou. — Me passe o nome dele, eu adoraria conhecer herói de sua investigação.
Shai riu e se estirou preguiçosamente.
— Não tive tempo de ler “Amante de Veludo” ainda. Digam-me do que se trata.
— Bom, na realidade, a ideia me surgiu de um livro da biblioteca de Val. Todas sabem que fiz algumas investigações no começo do ano passado, e estava procurando alguma informação específica. Ia fazer uma história apoiada em um harém turco, quando me encontrei com um pequeno livro sobre metalurgia escondido atrás de alguns volumes empoeirados. — Erihn balançou a cabeça. — Não tinha certeza se devia utilizar o livro, mas Val disse que tudo o que estava na biblioteca, estava disponível, sendo assim, o li. Era um diário de um tipo fictício e foi fascinante.
— Um quê? — Shai franziu o cenho com confusão.
— Um exemplar pequeno sobre uma criatura de ficção, que foi escrito como se o autor tivesse sido a criatura. Como uma espécie de monólogo de sua vida diária e informações sobre a sua linhagem. A maioria dos livros que tenho li, são como um aparelho de som com instruções; fora de ordem e confusas.
— Não lembro ter visto nada parecido na biblioteca. É óbvio, há milhares de livros ali e não passei por todos eles. — Shai franziu o cenho — Que espécie de criatura era a do livro?
— É uma criatura fabulosa. — Disse Melanie.
Vivian assentiu, agitando o copo perigosamente.
— Impressionante, de verdade.
— Tanta resistência... — Melanie suspirou.
— Muito criativo... — Vivian sorriu.
— Um were-gato. — Brincou Jennifer.
Shai piscou. Apesar de tentar ocultar sua surpresa, Erihn conseguiu ver sua expressão atônita antes que ela se apressasse em mascará-la.
— Um troca formas gato... — Erihn começou.
Shai fez um gesto com a mão.
— Sei o que é um troca formas gato. Seu novo herói, um do que todo mundo fala, é um troca formas gato?
— Bom, mais ou menos. — Começou Erihn.
— Mais ou menos nada, — interrompeu Melanie. — É o herói para acabar com todos os heróis.
— É bastante espetacular. — Assentiu Jennifer.
— Um troca formas gato? — Shai a olhava horrorizada.
— Qual é o problema? — Erihn pôs uma mão no braço de sua amiga. — Val disse que não tinha problema que eu usasse tudo da biblioteca.
— Estou certa de que não há problema. Estou um pouco assustada. Não sabia que existia esse livro. — A expressão de Shai se voltou pensativa. — Então, me diga a respeito desse troca formas gato.
— Bom, normalmente aparece em forma humana, tão normal como você e como eu, mas à medida que se aproxima a lua cheia, passa mais tempo em sua forma felina. Captam a energia dessa forma e isso dá certos... Poderes. — Erihn fez uma pausa, insegura de como proceder.
Os olhos de Jennifer brilhavam com risada contida.
— Essa é uma forma criativa de descrevê-lo.
Vivian inclinou um olhar de rabo de olho a Erihn, com uma expressão alentadora.
— Adiante.
Erihn a olhou furiosamente e em seguida olhou a Vivian, incapaz de falar. Uma coisa era escrever a respeito do ato, outra coisa era falar na dele realidade e em público, inclusive estando com suas amigas mais queridas.
— São... Como o diria... — Melanie fez uma pausa, com a tensão crescendo à medida que esperava até que todas se inclinassem para ouvir as seguintes palavras. — Bem dotados.
— E algo mais. — Soprou Vivian.
— Vigorosos? — Shai as consultou.
— Como coelhos. — Disse Vivian fazendo-se ênfase no “c” enquanto dava a Shai um olhar de cumplicidade. Silêncio.
Erihn se retorceu enquanto Vivian e Melanie rompiam em gargalhadas. Jennifer lançou um olhar quente.
— É um bom livro, pequeno camundongo. Para ser uma fantasia.
— Não acha que os troca formas gatos existam? — Shai deu a Jennifer um olhar arqueado com um sorriso curvando seus carnudos lábios.
— Querida... — Interrompeu Vivian. — Se os troca formas gatos existissem, eu seria primeira a saber. Erihn sorriu.
— Moça, isso é verdade.
O olhar de Jennifer estava fechado em Shai. Uma energia estranha passou entre elas como se estivessem tendo uma conversa silenciosa.
— Claro que existem. — A expressão de Jennifer foi petulante. — Acredito que vejo um no bar agora. — Assentiu em direção a Val.
Erihn franziu o cenho e olhou a um homem de pé, de costas a elas, enquanto falava com Val.
Todas podiam ver o cabelo marrom preso em um rabo curto com um pouco de prata brilhando enquanto ele movia a cabeça. Era grande e largo, eclipsando a Val uns poucos centímetros. Sua roupa de cor negra dava um aspecto enorme.
Ameaçador. Indomável.
Frio, um calafrio agitou sua pele enquanto uma leve sensação de presságio se abatia sobre na borda de sua consciência.
— Você está bem? — Jennifer tocou seu joelho para chamar sua atenção.
— Estou bem. — Sussurrou Erihn. Ela pigarreou. — Acredito que necessito de mais champanha.
Vivian se inclinou e tomou a garrafa.
— Estou com vocês irmãs.
*******
Ela se movia como um gato, delicada, com seus pés mal tocando o chão. Fayne se apoiou no bar, com sua garrafa de cerveja escocesa esquecida a seu lado. Através da porta de entrada do café do Brew House, olhou-a enquanto ela tecia seu caminho ao redor das mesas cheias com os clientes falando. Ela se dirigia para o cenário no outro extremo da sala. Tinha o cabelo comprido e solto, terminando debaixo de seu traseiro. A cor escura era anódina pela baixa iluminação. Solto, ocultava seu perfil quando se deteve para falar com o locutor. Assinalando o cenário, assentiu, e Fayne conseguiu ver o pálido o rosto oval e seus olhos escuros. Vestida com uma saia longa de cor terra e uma camisa envolvente cor creme, era tão totalmente o oposto às outras mulheres em seus decotados vestidos do verão como o giz era ao queijo. Coberta dos pés a cabeça com roupa modesta, envolvente e o cabelo comprido e desgrenhado, via-se como se estivesse tentando ocultar algo. Ou a alguém. Era um enigma.
Fayne sorriu. Adorava os quebra-cabeças. A curiosidade quase matou a esse gato uma vez ou duas, mas isso não impedia seu passatempo favorito. Os quebra-cabeças o deixavam louco e as mulheres eram sua adivinhação favorita. Deleitava-se com sua feminilidade, com seu aroma e sua sensualidade. Desfrutava dos mistérios ocultos de suas bem formadas extremidades e secretos olhos. Com uma overdose em suas vozes, envolvia-se em sua beleza enquanto se regozijava de sua força. Em resumo, amava as mulheres. Seus olhos se estreitaram quando a mulher subiu ao cenário. Chegou a ajustar o microfone, com seus dedos finos enroscados ao redor da base enquanto o elevava ao nível correto. Afastou o cabelo para trás com a mão esquerda, o que permitiu uma visão de seu perfil. Sobrancelhas escuras, uma maçã do rosto e um pequeno e bonito nariz. Olhou a sua esquerda e sorriu a suas amigas enquanto se empurravam para ver melhor de suas posições no sofá abaixo e as cadeiras. Um tímido sorriso curvou sua boca enquanto um rubor suave passava por sua pele. Agachou a cabeça como envergonhada. Algo escuro se agitou nele, empurrando suavemente a correia de sua força de vontade. A lua estava crescente e o impulso de encontrar sua companheira estava se intensificando. Passaram mais de dez meses da última vez que tinha se acoplado e as exigências ao aproximar a lua cheia estavam cobrando um pedágio à paz de sua mente. Depois da derrota com o vampiro Mikhail durante o solstício de inverno do ano passado, a vida de Fayne se viu alterada pela inclusão inesperada de um menino mortal de seis anos. Sorriu ao pensar em seu filho, Max. Poucas coisas eram mais importantes para um troca formas gato que a satisfação física e sua própria criatura estando confortável, mas seu filho era definitivamente uma delas. Max era o primeiro para ele. Ponto. Fim da história. Mas, enquanto amava muito Max, sacrificava tudo por ele, nas próximas semanas Fayne seria livre de fazer o que quisesse. Max iria com Bliss a América do Sul a uma escavação arqueológica e teria o momento de sua vida. Com Max bem cuidado, Fayne tinha outros assuntos urgentes que atender. Passariam só uns poucos dias mais, até que a lua cheia e o tempo estava se encurtando. Olhou às mulheres sentadas com Shai e Jennifer. À direita de Shai estava sentada uma morena impressionante com unhas de cor vermelha. Seus olhos se estreitaram. Era preciosa, mas havia algo frágil nela. Frente a ela estava Melanie Reynolds, a atriz de cinema. Usava apenas um vestido de couro de cor rosa que estava a sério perigo de cair. Muito exagerada e muito casada, duas coisas que ele evitava. Tinha algo que dizer a respeito da sutileza. Tal como rondou através dos anos, deu-se conta de que Fayne apreciava a mulheres sutis. À mulher que secava o leve de seu perfume da parte traseira de seus joelhos em vez de banhar-se nele. À mulher que vestia camisas de gola alta e sutiãs de renda recatados em vez de menos calcinhas na virilha e cinta-liga. Preferia muito mais às mulheres que não gritavam sua feminilidade ao invés das que a acentuavam.
As mulheres que a maioria dos homens passariam por cima o intrigavam. As tímidas, que não estavam no centro do cenário. As que viravam para outro lado ao invés de devolver o olhar com valentia. Todas tinham suas histórias para contar, sua escuridão e sua luz. Ele vivia para descobrir seus segredos. Fayne devolveu o olhar à mulher no cenário. Esta pequena e preciosa rouxinol, estava subestimando sua sexualidade como algo completamente consciente. Tinha-o enterrado sob camadas de roupa mal ajustadas e cabelo comprido e pesado. Ele poderia mudar tudo isso. Podia fazê-la mais consciente de sua sexualidade, algo que nunca havia sonhado. Olhou de novo à loira e a sua frágil amiga exagerada. Não, ele encontrou a sua companheira. Sorriu enquanto voltava sua atenção para a mulher no cenário. Ela serviria perfeitamente. Já era hora de que o gato saísse à caça.
*******
Erihn soltou o microfone. A quantidade de champanha que bebeu fazia que a sala estivesse imprecisa e indistinta. Piscou. Vivian estava certa. Era muito mais fácil chegar até ali quando não podia ver mais de um pé diante de você. Sorriu e agachou a cabeça para evitar um bufo indigno de risada. O locutor falava.
— O nome de nosso poeta a seguir é Erihn, e seu poema se titula “O Gato”. Corteses aplausos estalaram enquanto as luzes se apagavam, deixando como centro de atenção um pontinho de cor violeta claro. A única outra luz da sala vinha das velas nas mesas e da iluminação da pista ao longo das paredes de velho tijolo. Através da porta, podia ver na seção do bar do Brew House. Uma figura alta e ampla descansava no bar junto a Val. Alcançou a ver os olhos escuros em um rosto forte, cinzelado antes que um grito a sobressaltasse, arrancando seu olhar.
— Vamos Erihn. — Gritou Vivian.
As bochechas de Erihn se esquentaram e olhou ao chão do cenário, evitando as olhadas curiosas dos habitantes do bar. Tomou uma respiração profunda para não perder o equilíbrio, exalando lentamente, depois começou.
Lua cheia que se levanta, que me esforço com meus ouvidos por ouvir, sons que alimentam a crescente fome de meu medo. Imagens que fazem crescer a previsão em minha cabeça.
Ela moveu seu olhar do cenário à sala principal enquanto falava. Inexoravelmente, começou a riscar um caminho para cima pelo estreito corredor que conduzia ao bar, deslizando-se sobre os sapatos e tornozelos de seus donos.
Através das sombras escuras, os olhos procuram para ver, Os sinais de entidade mística de lenda.
Um par de botas negras se moveu para o centro da porta, interrompendo sua viagem. Pouco a pouco, seu olhar viajou da ponta das botas, à calça jeans justa preta que cobriam um par de coxas fortes e com amor agarravam suas musculosas coxas.
Ao sair da abóbada do sonho do tempo,
Uma figura impressionante, difícil para minha prudência.
Seu olhar passou pelos quadris estreitos de uma maneira consciente para evitar seu caminho e os mistérios contidos ali. Ele usava uma camisa de seda preta e a única palavra que veio à mente foi “grande” enquanto via a amplitude de seus ombros e o enorme peito.
Rondando suavemente sobre seus pés de gato,
Uma garganta forte, curtida e uma mandíbula quadrada, lábios grossos que pareciam incrivelmente suaves e nariz afiado. Altas maçãs do rosto davam a sua face esculpida um ar aristocrático. Mas não foi seu rosto tanto como seus olhos o que chamou sua atenção. Estavam à sombra mais exótica de violeta que viu e estavam olhando diretamente a ela. Olhos brilhantes com uma cor violeta de intenso calor. A respiração de Erihn ficou presa em sua garganta o que a obrigou a deter-se. Desviou o olhar dos olhos hipnóticos até os joelhos da calça. Aturdida, com as palavras brotando de seus lábios, como se alguém tivesse falado.
Noite de luz que brilha em um céu negro de névoa, Emite uma chamada que não posso resistir. Um formigamento lento, da consciência começa em meu estômago. Sentimentos no profundo começam a tomar o controle, Uma essência adormecida de minha alma oculta.
A calça jeans começou a mover-se para o cenário. Movimentos lentos e elegantes como os de um felino grande, cada um com passo deliberado e cauteloso. Erihn manteve seu olhar à altura de seus joelhos à medida que avançava para ela, com as palavras caindo de seus lábios intumescidos.
Meus passos me arrastam de meu santuário,
Para cruzar as fronteiras da banalidade.
No domínio de sua guarida selvagem,
Tremo pelo perigo no ar.
As botas chegaram a borda do cenário, depois pararam, elevando-se, colocando-se justo à direita do microfone. Sua consciência desdobrou e se estendeu através de seus membros, esquentando seu sangue. Ela estremeceu com o ataque.
Nossas figuras se encontram, com sua presença no comando,
Uma grande mão se moveu a sua linha de visão, chegando à sua. Ela ficou sem fôlego.
Enquanto dedos de seda tomam minha mão.
Ela afrouxou o punho, abrindo-o para aceitar seu toque.
Ouço meus batimentos do coração trovejando em meus ouvidos, A culminação de toda uma vida de medos.
Fortes dedos, ligeiramente calejados se juntaram com suas mãos enquanto calafrios agitavam seu braço, depois se expandiram através do corpo.
Meu corpo se sente como se o fogo, enchesse-me até a erupção com um estranho desejo.
Ele saltou ao cenário, surpreendendo-a. Seu olhar passou das botas a seu bonito rosto com seus insondáveis olhos. Era muito mais alto que ela, entretanto, curiosamente, não sentia medo. Ele a hipnotizava com seu olhar violeta enquanto passava um braço ao redor da cintura, aproximando-a a ele. Foi intensamente consciente de seu calor quando seu corpo o roçou. Libertando seu pulso, apoderou-se da parte de trás de seu pescoço, inclinando sua cabeça para beijá-la.
Seus lábios se encontraram com os meus e estou perdida Com minhas inibições voando.
Sua cabeça se inclinou.
Não há volta atrás, não recuarei,
As sementes da paixão foram semeadas.
Seus lábios se roçaram, com o mais fraco dos toques.
Meu ser gira, meu sangue se congela, agarrando minha mente.
Seus lábios se tocaram outra vez, e a mão esquerda de Erihn se levantou por própria vontade com os punhos de seda de sua camisa. Um protesto suave escapou enquanto se afastava, seu olhar se fixou em seus lábios.
Abre um lugar secreto que pensei que nunca ia encontrar.
Ela soltou sua camisa. Deslizando as mãos, as deixando escapar a seu pescoço aberto e tomando com sua palma todo o calor de seu pescoço. suavemente, ela puxou a boca para a sua.
Agora o momento está à mão e entrego-me a esta necessidade...
O calor passou através do corpo dela enquanto se levantava às pontas de seus pés, apertando-se contra ele. Seus lábios eram quentes e suaves. Um suspiro escapou enquanto ele aprofundava o beijo, com sua língua jogando nos lábios dela, persuadindo-a suavemente, depois exigindo entrar. Seus lábios se separaram e tomou com profundidade. O sabor dele, escuramente erótico e pecador disparou através dela. Um gemido ficou preso em sua garganta. Era a Eva para seu Adão e ansiou mais da fruta proibida. Estrondosos aplausos surpreenderam e tiraram Erihn da escuridão sensual em que entrou. Com um suspiro, rompeu o beijo, com seu o olhar surpreendido reunindo-se com o quente dele. Podia saborear sua boca, os lábios, e seu corpo clamava por mais.
— Erihn! — Gritou Vivian — Posso tê-lo quando tiver terminado? Aturdida, Erihn abriu caminho fora de seus braços e se voltou para ver suas amigas. Muito tarde se deu conta de seu engano. Uma mão soltou o pescoço e tirou o cabelo de sua bochecha. Um dedo riscou a cicatriz que saía do cabelo justo por cima de sua orelha para recortar ao longo de sua bochecha até sua mandíbula, e depois ao longo de sua mandíbula até o canto da boca. A assinatura de um louco. Horrorizada, sacudiu-se de seu tato, com seu fôlego entrando agitado e superficial. Arriscou um olhar ao bonito rosto do homem que a beijou. Olhos escuros a olhava fixamente, com sua expressão dura. Um grunhido baixo, quase selvagem soou em seus lábios perfeitamente esculpidos. Impressionada, baixou a vista e olhou fixamente sua garganta. Um beijo perfeito. Não podia olhá-lo, não podia arriscar-se a encontrar repulsão e pena em seus milagrosos olhos. O pânico se apoderou dela, rompendo sua compostura. Lançou-se à esquerda enquanto o estranho chegava a ela de novo e saltava do cenário. Os sussurros estalaram atrás dela enquanto corria pelo corredor e saía da cafeteria desesperada por escapar de sua imperfeição.
CAPÍTULO 02
Avon, Colorado
— Então, o que pensa dele? — Shai perguntou.
Pelo tom de voz, Erihn sabia que sua amiga estava sorrindo. — Quem? — Passou o telefone a uma posição mais confortável. Shai bufou.
— Sabe muito bem de quem estou falando. Fayne, o travesso bom moço que te beijou até te deixar sem sapatos ontem à noite em frente à duzentos desconhecidos.
— Está exagerando.
— Não estou! Ele caminhou por toda aquela gente na sala e foi até você para te reclamar.
— Shai! — Gritou Erihn, com suas bochechas quentes de vergonha. — Ele não fez nada do tipo. Acredito que gostou de meu poema e só... Só... Ficou preso no momento.
— Tá! Esteve mais que preso no momento, teria sido baixada do cenário e teria te tomado nesse momento.
Ela encolheu os ombros enquanto seu corpo se esquentava com a lembrança.
— Foi um pouco intenso...
— O amante da discrição... — Shai arrastou as palavras — Teve sorte de escapar intacta, minha querida.
— OH, por favor...
— Então, o que vai fazer agora?
Erihn afogou um suspiro de alívio pela mudança abrupta de tema.
— Bom, vou começar a organizar minha investigação para meu seguinte livro.
— Não, eu não quis dizer isso — Shai a interrompeu — Quero dizer, o que você fará a respeito de Fayne?
Ela franziu o cenho.
— Do que está falando? Não tenho que fazer nada a respeito de Fayne. Não o verei de novo.
— Você acha? Tenho a sensação de que ele poderia fazer uma aparição antes do que você pensa. — Shai respondeu com uma voz cantante.
Erihn puxou o telefone para longe de sua orelha e franziu a testa antes de colocá-lo em seu ombro de novo.
— Aonde você quer chegar com isto? Esse seu amigo entrou no Brew House e, por alguma razão, possivelmente uma possessão demoníaca, se aventurou em uma sala cheia de gente e me beijou. Qual é o grande problema?
— Soa como um deslizamento de Fayne. Isto não é como ele, em nada. É bem conhecido por sua... Um... Técnica. Está me dizendo que o beijo não foi grande coisa? — Shai parecia duvidosa.
— É... Está bem — Erihn se retorceu.
— Não é suficiente, Erihn. Tenha em conta que o conheço. Assim que, se te importar e muito menos no sentido bíblico, mas escutei muitas histórias sobre ele e a palavra bem nunca foi mencionada. Espetacular ou estupendo está mais em consonância com suas habilidades particulares ou ao menos isso me disseram.
— Bom, talvez fosse um pouco melhor que bem...
— Quanto melhor? — Shai a interrogou.
Erihn negou, com um sorriso curvando seus lábios. Como uma inquisidora, Shai era como um gato com o camundongo. Suas vítimas ou cediam ou morriam de esgotamento.
— Bom, talvez fosse um pouco melhor que apenas bem.
— Está tão desesperada! — Shai fez uma careta de desagrado — Em uma escala do um à cinco, onde um é ligeiramente divertido por sua técnica e cinco é querer atirá-lo no chão e craválo, onde se localiza o beijo de Fayne?
— Não acredito em beijar e dizer. — Respondeu ela com recato.
— Não foi devidamente beijada antes. — A paciência de Shai estava chegando a seu fim e dava voz à tensão em sua voz. — Agora, solta a sopa ou irei a Avon e verterei champanha em sua garganta até que o admita!
— Está bem, foi pelo menos um quatro — Esgotada, Erihn desabou no sofá.
— Por fim! — Shai gritou e Erihn estremeceu, afastando o telefone de seu torturado tímpano. Com cautela, levou o telefone a seu lugar.
— Quer se calar? Val te escutará!
— Não tenho que gritar para ele me escutar. Ele está sentado aqui.
— O quê? — Erihn se levantou bruscamente, com a mortificação enviando ondas de calor diretamente as bochechas. — Não se atreva a deixar que ele saiba...
— Disse que beija como um bandido. — Shai não estava falando no receptor.
— Não! — Erihn gritou quando ouviu a risada gutural de Val — Caralho, Shai!
— Já imaginava. — Sua voz soava petulante — Soube que algo aconteceu quando saiu correndo do Brew House dessa forma.
— Vou te matar! — Erihn se afundou no sofá e gemeu. — Nunca vou poder olhar o Val de novo.
— Querida, não seja assim. — Ronronou Shai — Val te adora e só quer o melhor para você.
Nunca pensaria em te envergonhar mais por isso.
— A diferença de algumas pessoas que conheço. — Se queixou Erihn.
— Amo-te, Erihn, e estou encantada de que Fayne tenha despertado à mulher que dormia debaixo dessa roupa horrível. Agora, só temos que encontrar um bom homem que te entenda e te ame.
— Shai, nunca dormi... — Erihn se lançou a seus pés — Estava só...
— Se escondendo. Erihn, espera. Vou espantar Val da sala para que possamos ter um bate papo franco de garotas. — Ouviu o Shai afastar do telefone e dizer algo a Val. Retumbou uma resposta e depois, uns poucos segundos depois, ouviu o som de uma porta fechando-se.
— Estou de volta. Agora bem, admite querida, esteve se escondendo durante a maior parte dos últimos dezoito anos.
— Você não entende... — Uma dor se retorceu no estômago de Erihn. Suas amigas não podiam entender o que era estar a mercê de um louco durante dias e dias. Enquanto que o dano físico tinha sido insuportável, o dano mental que causou era muito mais devastador e difícil de curar.
— Tem razão. Não sei o que é ser violada. Mas sei como é estar aterrorizada. Também sei o que é tentar se ocultar do mundo. Chega um momento em que tem que pôr atrás a escuridão e dar passo à luz. Quero que dê um passo para a luz, carinho. Chegou o momento.
As lágrimas picaram os olhos de Erihn.
— Há quem prefira a escuridão e eu sou uma delas. — Disse com rigidez — Não é necessário estar na luz quando estamos melhor adaptados à escuridão.
— Ao inferno com isso.
Ela apertou os lábios para controlar seu tremor, enquanto as lágrimas transbordavam.
Sentia-se como se estivesse cambaleando-se na beirada do precipício com dois possíveis destinos diante dela. Um era dar um passo atrás à segurança e a um terreno familiar, e o outro era dar um salto para o desconhecido e ver se podia voar. Enquanto que uma parte dela queria dar um salto ao abismo, uma grande parte de sua alma queria dar um passo atrás à terra firme e manter-se ali, segura.
Covarde.
— Não é não! É a pessoa menos covarde que conheço. — Erihn começou.
Ela nem sequer foi consciente de que falou em voz alta. Aproximou-se do equipamento de música, pôs um CD no reprodutor e pulsou o botão de reprodução.
— OH, Erihn, não tem que saltar a nada. — Continuou Shai. — Quero que pense nisso. Pense em tentar sair com outras pessoas além de nós, talvez sair com um cavalheiro muito agradável que entenda o que aconteceu. — Shai fez uma pausa, que soou um pouco insegura. — Eu só quero que você seja feliz.
— Eu sei, Shai. Eu sei. Mas quero que você saiba que sou feliz — Erihn franziu o cenho quando a abertura do Requiem de Mozart verteu pelos alto-falantes. Apertou o botão de parar para silenciar a melancólica música.
— E só... — A interrompeu Shai. — Está sozinha, inclusive se não o quer admitir diante de mim. Você e eu sabemos.
Erihn deu uma risada fraca.
— Como posso estar sozinha quando minha cabeça está cheia de estrangeiros que clamam para que eu escreva suas histórias?
— Isso não é a mesma coisa e você sabe. Você precisa interagir com outras pessoas. Esteve sozinha muito tempo... — Shai suspirou. — Erihn, só quero que você pense em ampliar um pouco seus horizontes. Talvez depois de que termine este livro? Val e eu faremos um encontro duplo com você ou algo assim. Ela não pôde evitar a gargalhada que escapou de seus lábios. De algum jeito, não podia ver Val sentado ao redor, falando sobre meninos com um homem reservado de qualquer tipo.
— Não acredito.
— Bom, pense nisso. Conheço um montão de homens muito bons...
— Bom, a conversa terminou. A última coisa que preciso é um encontro às cegas. — Interrompeu Erihn. — Na verdade Shai, agradeço sua preocupação. Não tenho certeza de por que um pequeno beijo te levou a essa tangente.
— Não foi o beijo, Erihn, foi sua resposta à ele. Você nunca respondeu a um homem como ele. — Shai assinalou.
— Você faz soar como se manadas de homens tivessem aparecido em minha porta, e não é o caso absolutamente. Não tive a oportunidade de sair. Sabe que estive muito ocupada.
— Durante dezoito anos?
— Shai...
— Ninguém está tão ocupado.
— Shai!
— Nem sequer a Rainha está tão ocupada..
— Shai!
— Por favor, só pensa nisso enquanto está trabalhando com Jennifer.
— OH, olhe, alguém está batendo na porta. — Erihn mentiu com frustração. — Acredito que é o cara da pizza.
— Erihn, não há nenhuma pizzaria no vale que entregue uma pizza na montanha. — Murmurou Shai.
— É uma pizzaria nova. — Mentiu Erihn rapidamente. — Tenho que ir, te amo!
Com uma careta de dor quando ouviu Shai grunhir de desagrado, pulsou o botão de desconexão. Bendito silêncio. Shai a repreenderia depois por ela ter desligado dessa forma. Erihn suspirou enquanto deixava cair o telefone na base. Sentia-se como se tivesse passado por quinze pesadas rodadas no telefone.
Mental e fisicamente esgotada, se aproximou das portas francesas as abrindo. O ar da tarde ainda estava quente e o aroma dos pinheiros e o ruído das folhas dos álamos eram íntimos e familiares. Rodeada por exuberante vegetação e uma vista que surpreendia à imaginação, a banheira de hidromassagem fazia gestos. Um gorjeio de antecipação a percorreu. Subiu ao terraço e ao brilhante sol do Colorado.
Percorreu as frondosas árvores e o denso matagal em busca de qualquer sinal de movimento.
Não havia vizinhos por milhas nos arredores. Estava sozinha.
Realmente sozinha.
Sorrindo, Erihn se aproximou da banheira de hidromassagem e de seu lanche, abandonados quando o telefone tocou. Uma bandeja com uma taça de vinho e dois pratos estavam envoltos em celofane no bordo da banheira de hidromassagem. Um prato continha cubinhos de queijo, pedaços de salsichas, patê de azeitonas gregas enquanto que no outro continha uma seleção de triângulos e bolachas. Uma garrafa de Chardonnay Kendall-Jackson estava junto à bandeja com a condensação formando-se na garrafa. Mac, como o homem querido que era, deixou uma nota de bem-vinda na geladeira para convidá-la a participar da comida que preparou para ela. A única parte confusa era que havia dois de tudo, dois filés marinados com ervas frescas, duas saladas preparadas e duas batatas, lavadas e prontas para assar. Talvez tivesse imaginado que ela levaria um amigo? Esse seria um excelente lugar para o encontro com um amante. Uma bonita casa situada nas montanhas. Não havia vizinhos em quilômetros para romper a solidão. Perfeita para dois amantes que queriam tempo longe de todo mundo. Para ela, era o lugar perfeito para começar um livro sério e bom. Sua maleta, cheia de cadernos e material de investigação, estava a pouca distância da bandeja. Já era hora de ir trabalhar. Olhou o borbulho da água de vapor. Essa nova diversão se acrescentou da última vez que esteve ali e nunca esteve em uma tina de água quente antes. Aproximou-se e colocou os dedos na água azul clara. A água se envolvia ao redor de sua mão como a carícia de um amante, com sua pele suave e animando-a a participar de seu delicioso calor. Tonta com antecipação, Erihn lançou um olhar cauteloso ao redor do terraço e ao deserto circundante. Sem ver nenhum movimento, exceto a brisa das árvores, tirou a jaqueta e a pôs sobre os ombros. Lançando o objeto avultado à cadeira mais próxima, desabotoou a camisa marfim de algodão. O sol esquentava sua pele, quase em decadência, enquanto deslizava a camisa de seu corpo jogando-a sobre o suéter antes de chegar à saia. Um botão e um zíper mais tarde saiu de sua roupa de brim deixando que se deslizasse em um montão no chão. Vestida com roupa íntima de algodão branco e sutiã deu os passos que conduziam à banheira de hidromassagem. Dando uma respiração profunda, ela a sustentou enquanto erguia os ombros e tirava a roupa íntima. Nua e sentindo-se indefesa, subiu os passos curtos para o quente oásis. Exalou com força enquanto a água a rodeava, dando a bem-vinda às profundidades azuis e cristalinas. Acomodou-se no assento mais próximo à bandeja com um gemido de prazer. Volteando-se, serviu uma taça de vinho de cor dourada precioso brilhando a luz do sol. Levantando a taça em um brinde em silêncio, tomou um gole do néctar. Isso era o paraíso. Sem lugar a dúvidas, o primeiro que faria quando chegasse a casa seria comprar uma banheira de água quente. Talvez pudesse colocá-lo em sua pequena varanda se desfazia da churrasqueira e as descuidadas plantas. A água quente seduzia sua pele nua como ondas de seda com jorros movendo-se. Os únicos sons eram os pássaros e o sussurro das folhas, apoiou-se no respaldo para desfrutar da vista. A casa de Jennifer estava no alto da Montanha Colorado no bordo de um pico denteado. Sua propriedade ia além do terraço e do Vale Vail que estava abaixo. A diminuta fita da estrada interestadual 70 parecia insubstancial dessa distância. O Rio da Águia passava pelo vale como uma corda íntima por um pequeno caminho rural em sua viagem do Rio Colorado. Nevados picos das montanhas se empurravam no céu azul ofuscante e nenhuma só nuvem estava à vista. O verão nas Montanhas Rochosas estava tão perto do céu como a gente poderia estar aqui na terra. Ela bocejou. Inundar-se na tina quente enquanto via o pôr do sol era só o ingresso para sua ressaca. Isso era o que havia acontecido por ter bebido muito champanha ontem à noite. Esperava que seu novo amigo Kendall-Jackson se encarregasse do resto de sua dor de cabeça. De acordo com Vivian, a melhor cura para a ressaca era puxar os cabelos do cão que te mordeu. E se houvesse alguém que sabia uma cura para a boa ressaca, essa seria Vivian. Erihn estava mais que pronta para desfrutar de seu mês de solidão antes de inundar-se em seu novo livro, e tinha amado sair em sua visita anual. Fazia vários anos, Jennifer estendeu um convite aberto para utilizar a casa em qualquer momento que ela desejasse. Agora, converteu-se em uma tradição, que com cada novo livro, ela ia enquanto punha seus pensamentos em ordem. Um mês de silêncio era o que necessitava para organizar suas notas e a trama de seu livro, e esse ano não era diferente. Seu último livro foi publicado fazia quase dois meses, Amante de Veludo ainda estava no topo das listas de vendas. Seus pequenos e amados troca formas gatos eram um êxito. Quem teria pensado que o mítico troca formas gato, um homem que se convertia em uma pantera com a lua cheia, apanhasse os corações e as fantasias de milhões de leitores do romance? Então, ali estavam suas tendências noturnas... Erihn se encolheu ao pensar nas cenas de amor enchendo o vapor que escreveu. As cenas gráficas surpreenderam inclusive a ela. Amante de Veludo era uma mudança radical em seu estilo habitual e seus leitores estavam devorando. A maioria deles de todos os modos. Franziu o cenho. A alguém por aí não gostava de seus troca formas gatos e não eram muito tímidos à hora dizer. Ao princípio as cartas tinham sido inócuas ao comentar seu talento antes de sugerir que voltasse a escrever a respeito de sujeitos normais. Mas, depois de que saísse o comunicado de imprensa informando que a sequência chamada Rapsódia de Veludo estava no forno, as notas tomaram um tom mais sinistro. A última a acusava de ser uma pervertida e uma pobre influencia moral sobre seus leitores. Em geral, descartava as cartas, depois de tudo não era como se o autor soubesse onde vivia. Todas as cartas eram enviadas ao correio de seu editor e a informação estava na parte posterior de seus livros. Mas uma mulher com sua história não podia ser muito cuidadosa. Erihn franziu o cenho e se afundou mais na água até chegar a seu queixo. Não queria pensar nisso.
Espontaneamente, seu nome apareceu em sua mente. Richard Michael Chapman. Apesar do calor da água, estremeceu. A escuridão fez gestos no bordo de sua consciência e ela a rejeitou. De maneira nenhuma ia voltar ali, nem agora nem nunca. A vista era preciosa, a água estava quente, o vinho era fresco e era hora de concentrar-se em outras coisas. Talvez devesse permitir-se pensar sobre as aventuras de ontem à noite? Espontaneamente, um sorriso curvou seus lábios. A cor queimou suas bochechas enquanto visões fragmentadas do formoso Fayne dançavam por sua cabeça. Tinha sido... Algo mais. Meow! Uma risadinha escapou antes que pudesse evitar. Surpreendida, Erihn se sentou e se levou uma mão a sua boca. Olha-a, agindo como uma colegial vertiginosa! Tinha trinta e seis anos, era muito velha para que um pícaro atrativo fixasse sua mente em fuga. Nunca me aconteceu com nenhuma outra pessoa. A mão dela caiu à água com uma bofetada. Isso era certo. Quando foi sequestrada, tinha uns dezessete anos, jovem, muito jovem e muito ocupada para sair em encontros. Depois disso, nunca quis um homem perto dela, não que tivesse saído correndo. Não com uma cara como a sua. Tinha estado escuro no clube ontem de noite... Mas ele a tocou e esboçado sua cicatriz com os dedos. Espontaneamente, levantou a mão para seguir o caminho da cicatriz em sua bochecha. Talvez não se importasse. Erihn franziu o cenho e forçou sua mão em sua cara. Aos homens gostava que as mulheres fossem belas, engenhosas, e seguras de sua sexualidade. Ela não era nenhuma dessas coisas, e tinha suficiente bagagem emocional para carregar um voo 747. Ainda pode sonhar. Sim, ainda podia fazê-lo e o fazia bem. Podia sonhar com que sua vida se ia pela amurada. Havia momentos em que tudo o que tinha eram seus sonhos secretos, os que nunca lançava a luz do dia. Tomou um pequeno gole de seu copo. Deixando-o de novo na borda da banheira, escolheu um pedaço de cheddar forte e o colocou à boca. Apoiando-se na borda, fechou os olhos enquanto uma deliciosa frouxidão se estendia através de seus membros. Fantasias. Todo mundo as tinha e, como escritora romântica, eram suas ações no mercado. Ontem à noite foi sem dúvida uma fantasia, se não se fez realidade. Erihn sorriu. Alto, moreno e malvado assim tinha sido. E com um nome como Fayne, talvez isso se acrescentava à atração. O que significaria Fayne? Teria que buscar. Com os olhos ainda fechados, chegou à bandeja e procurou outro pedaço de queijo. E esse beijo. Mordeu o bocado e o mastigou cuidadosamente, com os dedos de seus pés dobrando-se com a lembrança do abraço. Imediatamente uma imagem de Fayne apareceu. Escuro e magro, com seus movimentos sensuais predadores, enquanto se aproximava dela. Havia algo selvagem, indômito a seu redor que era indescritível. Os homens do bar desapareceram na escuridão já que sua atenção tinha sido atraída a ele, só por ele. Seus olhos de cor violeta... Olhos de cor violeta. Nunca ouviu falar de alguém com os olhos violeta exceto pela Elizabeth Taylor. Eram fascinantes. Talvez seu novo herói pudesse ter olhos cor violeta, e beijos que poderiam derreter a manteiga e a resistência da heroína. Um homem como Fayne era alguém com quem a maioria das mulheres só podiam sonhar: escuro, predador e perigoso. As mulheres deveriam cair sobre ele. Certamente, não necessitaria uma mulher com cicatrizes... Os olhos de Erihn se abriram com o pensamento intruso. Hesitante, olhou seu corpo, mas a água ocultava as imperfeições. Um uff de ar escapou. Se ninguém via as marcas, então poderia fazer caso omisso delas, ao menos por um momento. Até que dormiu. Sacudiu os pensamentos perturbadores. Neste momento, tinha que trabalhar em seu livro, em seu herói em particular. Voltou-se e apoiou um braço na borda da banheira enquanto tomava a maleta e seu computador portátil do interior. Abrindo a plataforma, colocou-a no lado da banheira, segura fora da água, e escreveu a data na página. Até agora, havia muito pouco material sobre esse herói. Quão único sabia era seu nome, Tuomas, e o mencionou várias vezes no primeiro livro. Nunca ocorreu que os leitores se aderissem a seu nome e quereriam ler sua história.
— O herói deve ser loiro — Disse Erihn em voz alta. Uma vez mais, as imagens de Fayne invadiram sua mente, seu sorriso zombador, seus misteriosos olhos. Ela gemeu e jogou a caneta sobre o caderno.
— Vá — Murmurou.
Agarrando a borda da banheira, apoiou o queixo em seus braços. Levantando-se sobre seus pés, flutuou sobre seu estômago, com os dedos dos pés roçando o outro lado da banheira. A água quente acariciava sua pele com o íntimo toque de um amante. Com cautela, abriu as pernas só o mais mínimo, permitindo que a água morna acariciasse sua sensível carne.
Apesar do calor da água, seus mamilos perolaram. Abriu mais as pernas, com o movimento fazendo que a água beijasse seus lábios inferiores. Outro suave bufo de ar escapou e se entregou à fantasia de que o chamava por seu nome.
Fayne se situou na borda da banheira de água quente, com uma toalha de cor creme envolta ao redor de seus estreitos quadris. Viu-a, com seu olhar queimando sua pele.
— Estive te esperando.
Sem palavras, Erihn estendeu a mão, fazendo gestos de unir-se a ela na água. Ficou paralisada enquanto ele lançava a toalha, deixando-a cair inconscientemente atrás dele nos degraus. A luz do sol brilhava na pele dourada de seus ombros. O pelo escuro formava um T em seu peito, cobrindo de mamilo a mamilo, e ao final por seu ventre plano às partes que rodeavam a sua virilidade. Nossa!
Erihn piscou quando ele entrou na água. Sua mão tomou o queixo, forçando seu olhar ao seu enquanto a tomava em seus braços.
— Esperei tanto tempo. — Ronronou.
Ela suspirou enquanto seus braços a rodeavam, apertando-se contra o corpo masculino. A cabeça dele baixo com seus lábios acariciando seu ombro, enviando calafrios de desejo através dela. Seus pés sustentaram os dela, com sua excitação pressionando contra seu estômago enquanto abria a boca, beijando ao longo de sua clavícula.
Ela pôs as mãos em suas costas, desfrutando do calor e a força dele. Uma dor floresceu entre suas coxas enquanto sua boca roçava seu pescoço, o que obrigou a sua cabeça para trás. Ela se moveu sem descanso contra ele, deu beijos em sua garganta, com suas mãos tomando suas costas, pressionando sua ereção crescente.
Um gemido escapou quando ela cedeu à tentação de seu quente corpo. Separou-se da sinfonia que sua boca estava criando em sua pele e se moveu até que pôde chegar a ele. Passou a língua pelo mamilo e ficou imóvel debaixo de sua boca. Encantada com sua resposta, ela o lambeu de novo, desta vez capturando a tenra carne entre seus dentes e acariciando-o com a língua.
O fôlego assobiou entre seus dentes. Soltou-a, deslizando suas mãos por seus braços enquanto a afastava dele. A contra gosto, ela soltou o mamilo de sua carne com um pop suave. Ela o olhou nos olhos escuros.
— Isto é para você, anjo. — Levantou-a com facilidade e a depositou na beira plana da banheira. Apoiou as mãos atrás dela para que se inclinasse para trás, em ângulo longe dele. Era muito mais alto que ela, mas não sentiu medo quando suas mãos acariciaram seus ombros, depois foram para baixo entre os seios, deixando uma esteira de fogo a seu caminho. Acariciando um círculo fechado ao redor de seu umbigo, ele baixou a cabeça para jogar com sua língua.
Ele se afundou na água, separando suas pernas. Colocando beijos brincalhões na parte interna de sua coxa; Erihn se esticou enquanto levantava as pernas para equilibrar seus ombros.
Assustada, colocou as mãos em sua cabeça para deter seu diabólico plano.
Entretanto, ele se apoderou de sua mão. Pondo um beijo úmido na palma de sua mão, soltou-a.
— Não tenha medo, anjo.
Ela lançou um suspiro trêmulo que retomou uma viagem prazerosa. Sua boca cobriu a sua e ela gritou, apoiando-se nele. Ondas de prazer se enrolaram debaixo de sua pele enquanto o desejo apanhava seu sangue. Um gemido escapou enquanto ela se balançava sem poder fazer nada contra sua língua mágica. A luz do sol dançava contra suas pálpebras enquanto Fayne trabalhava sua magia em seu corpo. A luxúria de sua espiral subiu mais e mais alto, em corrida para o pico. O precipício fez gestos.
Ele parou.
Ela abriu os olhos enquanto ele se deslizava entre suas coxas. Levantando-se, seus largos ombros bloquearam a luz do sol. Capturando a parte traseira de seus joelhos, estendeu-a o suficiente amplo para aceitar seus quadris.
Pressionando-a intimamente contra ele, ela desejou sua invasão. Ela chegou a ele, com suas mãos tomando seus ombros quando capturou seu queixo, forçando o olhar a encontrar-se com o seu. Seus lábios se moveram...
— Querida, estou em casa.
Fayne piscou. Em um minuto, a visão de Erihn descansando na jacuzzi o saudou, e um segundo mais tarde, ela desapareceu sob a água. Ele deixou cair sua bolsa e se dirigiu à banheira. A água clara revelou uma Erihn nua, contendo o fôlego, de cócoras em um canto, com os braços envoltos ao redor dela para proteger-se. Ele sorriu. Certamente, não podia ficar ali para sempre. Tirou a jaqueta de couro e a jogou sobre uma cadeira para reunir-se com a roupa dela. Também ele poderia sentir-se em sua casa enquanto esperava que ela voltasse a aparecer. Ele levantou sua taça de vinho e bebeu um gole, o vinho se azedou em sua língua. Selecionando um pedaço de queijo, mordeu-o, desfrutando do perfeito e velho cheddar. Ele voltou a encher seu copo, e depois se apoiou na borda da banheira à espera de seu reaparecimento. Não teve que esperar muito tempo. Com um toque, a cabeça e os ombros saíram da água. O cabelo castanho grosso caiu em seus olhos deixando-a cega. Ofegou por ar enquanto agarrava a fibra de vidro da cornija. Fayne deixou sua taça emprestada na bandeja e a agarrou pelas mãos molhadas. Ela ficou gelada. Ele assegurou a mão dela na borda antes de libertá-la. Chegando mais perto tirou o cabelo da face. Uns horrorizados olhos marrons ficaram olhando.
— O que está fazendo aqui? — Balbuciou.
Ele sorriu.
— Eu vivo aqui.
Erihn se separou da borda e com um grito de assombro, perdeu o precário equilíbrio na parte inferior da banheira. Com um toque, ela se afundou de novo.
Ele se equilibrou sobre ela, golpeando os joelhos contra a madeira ao lado da tina com um som envolvente. Dobrando-se, apoderou-se de um braço. Ele a agarrou pelo braço e puxou-a outra vez à superfície, sustentando-a contra seu peito. Uns dedos finos se agarraram a ele enquanto ela se apoiava tossindo água através de sua camisa. Fez uma careta com a sensação de umidade que se espalhou por seu ombro.
— Não acredito que seja uma muito boa sereia. — Comentou desfrutando da sensação da umidade quente da pele através de sua roupa. Ela podia usar roupa folgada, mas não havia nada errado com seu corpo. Seios cheios se apertavam contra seu peito com seus mamilos eretos, enquanto que suas bem formadas e longas pernas penduravam na água. Ele não podia ver o resto dela. Que pena.
Fayne respirou fundo, e depois ficou tenso. Podia cheirar sua excitação. Quente e líquida, o aroma da morna mulher o rodeou. Seu corpo respondeu, e seu jeans ficou incomodamente apertado enquanto uma tensão familiar o invadia por debaixo da cintura. Ela se empurrou de seu peito, o que o obrigou a libertá-la. Quase sorriu quando deslizou na água, cruzando os braços sobre seu seio e o olhou, mas ele teve a sensação de que poderia ser um grande engano. Ela não tomaria levemente se risse. Era realmente uma massa deliciosa de contradições. Fascinava-o.
— Você não vive aqui. — Ela o acusou. — Você me seguiu. Fayne negou.
— Estive me alojando aqui de vez desde o mês passado de dezembro. Obviamente, Jennifer não disse isso.
— N-N-não — Ela se via tão confusa e consternada que lutou com o impulso de tomá-la em seus braços. Em troca, colocou as mãos nos bolsos de seu jeans, depois afogou um gemido, enquanto a calça se apertava em sua virilha. Retirou suas mãos e obrigou a seus braços a ir aos lados.
— Ela deve ter esquecido. — Disse ele.
— Poderia se virar? — Soltou.
Ela tinha um aspecto tão miserável de pé tentando cobrir cada centímetro de sua pele rosada e deliciosa, que decidiu ter piedade. Voltou-se e tomou o pulôver de debaixo da pilha de roupa na cadeira atrás dele. Sem olhar atrás, ofereceu o objeto sobre seu ombro, sorrindo quando o arrebatou da mão. Tentou ignorar o sussurro da roupa enquanto ela colocava o suéter, ao mesmo em tempo que murmurava em voz baixa.
— Não posso acreditar isto... Como pôde Jennifer... Estou muito irritada... Ele tem que estar mentindo.
Fayne se aproximou do corrimão enquanto a ouvia salpicar saindo da banheira. Inclinou-se contra o trilho, vendo a impressionante vista do vale a seus pés. Vários picos de montanhas mais à frente, nuvens se reuniam. Escuras e ameaçadores, vinha uma tempestade, e seria grande.
— Não estou mentindo. Ligue para a Jennifer e pergunte. — Disse ele suavemente.
Ele se surpreendeu quando Erihn apareceu a seu lado. Seu cabelo cobria a maior parte de seu rosto, mas seus escuros olhos estavam lançando dardos através dos regos de umidade. Tinha uma maleta pega a seu peito.
Levantando o queixo, ela o olhou fixamente.
— Acredito que o farei. — Anunciou. Deu a volta sobre um calcanhar e ele a olhou ir para as portas que conduziam à sala de estar. Seu suéter mal cobria seu traseiro bem formado e ele assobiou com reconhecimento.
Ela ficou rígida, seus passos cambalearam. Endireitando os ombros partiu à casa, fechando a porta atrás dela.
Fayne riu entre dentes enquanto dava a volta para olhar a tempestade que se aproximava. Seja quais fossem seus defeitos físicos, tinha um bom par de pernas e um traseiro para matar.
Aproximou-se de novo à banheira, tomando sua emprestada taça de vinho e ofereceu uma saudação em silêncio à tempestade.
*******
— O que você quer dizer, com ele ficará aqui? — Erihn lutou por evitar o pânico em sua voz.
— Querida, sinto tão não ter dito isso. Simplesmente esqueci. Com a empacotada de última hora e todo o resto, foi da cabeça — Disse Jennifer.
— Além disso, Fayne é inofensivo para a maior parte...
— Para a maior parte. — Sussurrou Erihn. — Como poderia isso me ajudar? — Agarrou o telefone enquanto ficava nas pontas dos pés na janela.
O quarto principal dava ao terraço e a banheira quente abandonada. Através das persianas, viu Fayne estendido em uma poltrona. Tinha fugido com sua bandeja de aperitivos e estava fazendo constantes incursões em seu conteúdo.
Pilantra! Não só invadiu seu santuário, mas também ficou com sua comida. Sem prévio aviso ele se sentou e tirou a camisa.
A boca dela secou. A pele dourada e dura sobre músculos ondulou, obscurecida só por uma fina capa de cabelo no peito. Uma estreita linha de pelo escuro desaparecia na parte superior da calça, como se tratasse de uma rota para sua virilidade, perfeitamente delineada em seu estômago plano.
Longas e musculosas pernas estavam encerradas em calça gasta e ele tirou os sapatos. Era a imagem de um homem relaxado, muito mais bonito do que suas fantasias permitiram. Alargou a mão para um bocado quando Erihn viu seu braço direito.
— Tem uma tatuagem. — Gritou ela.
Fayne levantou o olhar, com seus olhos de gato aborrecidos aos seus. Assustada ela se separou da janela e quase deixou cair o telefone.
— Tem? — Jennifer estava dizendo — O que é? Melhor ainda, onde está?
— Se parece como um anel de espinhos em seu braço. — Sussurrou Erihn.
— Que aborrecido. Teria esperado um lugar mais interessante em Fayne. — Comentou Jennifer — Pergunto-me se tem alguma mais.
— Não é divertido. — Sussurrou Erihn. Aproximou-se nas pontas dos pés a sua mala, que estava aberta sobre a enorme cama.
— Por que está sussurrando? — Jennifer perguntou.
— Não quero que me escute. — Começou a chutar através do matagal de roupa enredada até que encontrou a calça preta.
— Onde você está? — Jennifer começou a rir — Atrás da porta?
— No terraço. — Erihn apoiou o telefone no ombro e lutou com a desgastada calça de algodão.
— Não pode te escutar do terraço.
— Claro que pode. — Erihn grunhiu enquanto colocava a calça em cima de sua úmida pele.
— O que está fazendo? — Jennifer exigiu.
— Me vestindo. Vou embora — Espetou ela.
— Erihn, não terá que apressar-se, — disse Jennifer. — Conheci Fayne durante muitos anos...
— Quantos?
— Centenas.
Erihn franziu o cenho
— Muito divertido, Jennifer. Realmente não acredito que isto seja um assunto de risada. Esta é sua casa e tem o direito de convidar a alguém que você gosta. Teria gostado que me houvesse dito que ele estaria aqui. Poderia ter feito outro acordo. —Pegou uma camiseta de cor rosa com um estampado do Mickey Mouse na parte dianteira.
— Erihn, por favor, me escute. Disse muito a sério quando te digo que está perfeitamente a salvo com Fayne. Nunca te machucaria, ou a nenhuma mulher em qualquer caso — Disse Jennifer — Rogo que não o faça. Ficará no quarto do porão. Além de tropeçar um com o outro na cozinha, nem sequer terá que vê-lo.
Erihn fez uma pausa, com a garganta cheia de medo e as palmas das mãos umedeceram.
Não podia enfrentá-lo outra vez. Nunca poderia dormir em uma casa com um homem solto e muito menos um tão potente como Fayne.
Nada.
— Sinto muito, Jennifer. — Sua voz se quebrou.
— OH, Er...
A comunicação se cortou.
Ela franziu o cenho e golpeou o botão de ligar, mas não se prendeu. Deixando o telefone, olhou pela janela. Seu sol radiante se foi, apagado pelas nuvens negras altas as quais nunca viu. Os relâmpagos iluminavam o céu obscurecendo-o enquanto o vento começava a soprar.
— Nãooo! — Erihn foi fora ao diminuto terraço que se estendia da porta corrediça do quarto. Nuvens de tempestade estavam começando sua lenta descida para o vale em direção a eles.
— Não é genial?
Ela baixou o olhar para ver Fayne no corrimão e seu bonito cabelo cor gengibre era açoitado pelos ventos frios que a tempestade gerava.
— Grandioso não é a palavra que usaria para descrevê-la. — Disse Erihn, com os lábios intumescidos enquanto o desespero se apoderava dela. Estava presa. Até que essa tempestade terminasse, não havia forma de descer da montanha.
*******
Edward passou um frio dedo sobre o guia que fluía da página. Sabia as palavras de cor, entretanto, deixou que seu olhar viajasse sobre a essência da letra. Erihn Spencer está em posse de uma cópia do diário de Elsabeth, roubada de mim faz mais de dois séculos. Não me importa como o faça, mas espero que me devolva o que é legitimamente meu. Portanto, Erihn estava em posse do diário da esposa de Mikhail, muito interessante. Sabia que Elsabeth chegou a ser íntima da pré natural antes de sua prematura morte e que gravou tudo em seu diário. Descoberto anos mais tarde, fez-se cópia do original em decomposição com a esperança de obter e utilizar a informação em algum momento no tempo. Em seu lugar, foram-se perdendo, roubados do lar ancestral de Mikhail. Agora, centenas de anos mais tarde, um havia por fim aparecido. As consequências imediatas seriam devastadores para Mikhail e para seus seguidores. O diário poderia muito facilmente conter informação para derrubar a todos eles em sua tentativa de derrocar ao atual Conselho de Anciões, ao corpo governante do submundo sobrenatural. Seu olhar se moveu para baixo à página. Não deixe testemunhas... Isso era certamente fácil. Edward sorriu. Primeiro, entretanto, estava o pequeno assunto de Fayne. Edward tomou uma fotografia que se encontrava perto da carta. Era uma foto de uma das mais preciosas posses de Edward. Max. Os olhos de Edward entrecerraram enquanto examinava a foto de Fayne perseguindo Max enquanto jogavam futebol. Max era dele, e pertencia a ele, não a essa criatura-were. Em pouco tempo, reclamaria sua propriedade. Edward deixou cair a foto na carta, e depois estendeu a mão, arrancando uma rosa de um vistoso arrumo sobre a mesa. Passou a flor vermelha sobre seus lábios, desfrutando da sensação das sedosas pétalas sobre sua pele fria. O aroma das rosas jogou em suas fossas nasais. Afastou a flor a uma polegada de seus lábios e soprou suavemente. Um fôlego gelado saiu seus lábios e se enroscou em torno da rosa. Em questão de segundos, estava congelada. Edward admirou sua obra antes de amassar a flor em suas mãos. Fragmentos irregulares de pétalas quebradas caíram sobre a fotografia até que a imagem de Fayne foi eliminada. Seus lábios se moveram, mas não nenhum som se emitiu. Que assim fosse.
CAPÍTULO 03
A tempestade golpeou com força.
Erihn se apressou a fechar a porta corrediça do quarto, a chuva fria picou em seus braços. Captou uma visão de Fayne lutando com a cobertura da jacuzzi. O vento pegou contra ele quando tratou de fechar a tampa pondo-a em seu lugar. Travando a fechadura da porta, saiu correndo do quarto e desceu as escadas. As janelas estavam envoltas em um véu de fortes chuvas torrenciais enquanto os ventos se estrelavam contra a casa. Ela deslizou sobre os ladrilhos brilhantes do hall enquanto dava a volta ao redor do poste e saía correndo pelo corredor à funda sala de estar, em direção às portas francesas e além do terraço. As portas se moviam com a brisa e, junto a elas, estavam as roupas tiradas que Fayne devia ter jogado. O vento a deixou sem fôlego quando subiu à voragem.
— Que diabos está fazendo aqui? — Gritou Fayne.
— Te ajudando — Gritou de novo.
Com a chuva roçando-a, chegou à tina de água quente e agarrou a borda da cobertura acolchoada. Juntos, deslizaram-na em seu lugar, e depois a asseguraram.
— Entra na casa. Tenho que baixar o guarda-chuva. — Ele assinalou ao guarda-chuva da mesa de piquenique que estava a ponto de cair sobre a borda do terraço. Erihn assentiu. O terraço estava frio debaixo de seus pés descalços enquanto se dirigia ao corrimão. A gloriosa vista do Vale Vail estava oculta por uma pesada cortina de nuvens e chuva. O murmúrio dos rios e das estradas serpenteando estava oculto, deixando a casa a sós com a tempestade. Ela se agarrou ao corrimão, com uma forte rajada de vento golpeando-a. Puxava sua roupa e revolvia seu cabelo em seu rosto.
A alegria borbulhou na garganta dela enquanto a fúria da tempestade desatava a seu redor.
Trovões voavam e sentiu seu poder invadir sua alma. Movendo sua cabeça para trás, começou a rir, enquanto a chuva golpeava acima de sua cara. Encantada.
Quando menina, amava correr nas tempestades. Muitas vezes, sua mãe tinha ido atrás dela e a puxou para o interior. Correr sob a chuva simplesmente não era para sua família. Os Spencer eram rígidos em seus comportamentos sociais, correr e rir na chuva não era parte de sua maquiagem.
Sua mãe trabalhou duro para tirar de Erihn sua vergonhosa veia selvagem.
Sua mãe não conseguiu totalmente.
Erihn soltou o corrimão e segurou os braços para abraçar a tempestade.
O vento açoitava sua roupa empapada e a alegria cantava, embora por suas veias. Era uma com a fúria da natureza e pela primeira vez em muitos anos, deixou que a tempestade tomasse o controle.
Quase esqueceu a alegria de receber a absolvição das forças da natureza. Que triste que esqueceu algo tão importante na vida.
— Está louca? — Rudes mãos a agarraram e ela gritou enquanto o braço de Fayne rodeava a cintura. Ele abraçou seu corpo e a separou do corrimão para a porta. Foram por um caminho tortuoso através do terraço e ela fez a viagem sem incidentes até chegar à porta. Os dedos de seus pés estavam intumescidos pelo frio, por isso tropeçou contra a ombreira da porta, tirando-a fora de balanço. Deu um grito quando Fayne e ela caíram pela porta. Rápido como um gato, ele trocou de posição pelo que ela terminou na parte superior e ele levou a pior parte da queda. Erihn aterrissou no peito dele com um assobio e com seu cotovelo afundando-se em seu estômago. O vento açoitou a sala da porta aberta, mas Erihn que não percebeu, com toda sua intenção sobre o homem baixo dela. Desenredou-se do nó, ficando na parte superior de seu peito. Seu braço estava torcido entre eles, o que dificultava seus movimentos.
— Sinto muito. — Murmurou ela tentando levantar-se. Suas mãos a seguraram pelos ombros, detendo sua fuga. Surpreendida olhou seus olhos escuros. Estava furioso.
— Que diabos estava pensando? — Grunhiu ele.
— N-n-nada. Eu estava desfrutando da tempestade.
— Desfrutando da... — Ele mordeu com o resto de sua condenação franzindo o cenho.
OH, essa boca. Ela estremeceu enquanto seu olhar caía a seus lábios.
Desejando levantar-se de seu peito enquanto o olhava atirado debaixo dela, um jorro de água caiu sobre o tapete de sua roupa molhada. Queria prová-lo, só uma pequena provadinha...
Erihn se apoiou nele, com seu cabelo caindo em seus ombros e rodeando-os em uma cortina empapada. Roçou os lábios contra os seus.
Uma vez. Duas vezes.
Um grunhido baixo soou no peito dele apertando seu agarre em seus ombros.
Assustada ela se retirou afastando-se.
O que tinha feito? Horrorizada, fixou seu olhar em seu queixo. Não podia olhá-lo nos olhos.
— Eu-eu sinto.
Ele soltou os ombros. Suavemente acariciou com suas mãos seus braços, e logo depois de novo antes de passar a suas costas. Acariciou-a, passando de comprimento em uma barreira sensual que fez que ela apertasse os dedos dos pés. Quis ronronar sob seu agradável toque.
Ela se arriscou a olhar sua cara. A expressão dele era quente.
— Eu não me arrependo absolutamente.
Sem prévio aviso, agarrou-a pelos braços e puxou-a para ele até que seus lábios estiveram uma vez mais à altura de sua boca. Seu fôlego se misturou com o dela, acariciando sua pele e jogando com seus sentidos. Seus olhos brilhavam com um fogo interior, enquanto segurava suas bocas. Ela lambeu os lábios nervosamente.
— Acredito que vou ter que te mostrar como se faz. — Ronronou. Cálida e exigente, sua boca cobriu a dela, sua língua lambeu a comissura de seus lábios, exigindo entrar. Um gemido nasceu quando ela abriu sua boca e a língua se aventurou a enredarse com a sua. Seu gosto, a vinho branco e a homem quente, inflamou seus sentidos. Lambendo-a e retirando-se, ele jogou com seus sentidos até que ela se agarrou a ele, desejando mais de sua magia. Cessando de mover-se, ela tentou aproximar-se para acalmar a dor centrada em descendo em seu estômago. Sua língua se enredava com a dela e ela o capturava entre os dentes chupandoo brandamente. Ele ficou tenso, com algo parecido a um ronrono escapando de seu peito. As vibrações que isso produziu deram um estremecimento perverso de prazer através dela. Se este êxtase estava mau, ela nunca queria estar correta de novo. Um forte estalo de trovão sacudiu a casa e os fez separar-se. Com olhos sonhadores, Erihn olhou o homem debaixo dela. Seu olhar escuro queimava sua pele, seus lábios se abriam enquanto ofegava por respirar.
— Vamos nos molhar. — A voz dele soava rouca e áspera.
— Eu já estou molhada. — Suspirou. Ela queria mais de seus beijos, mais do que ele estava disposto a dar.
Ele começou a rir.
Erihn congelou. O que havia dito? Enquanto a implicação de suas palavras a golpeavam, a mortificação se enviou através dela como uma jarra de água gelada.
Como podia ser tão descarada com qualquer homem, por não falar de um completo estranho?
Envergonhada, Erihn se revolveu contra ele e cambaleou sobre seus pés. O que devia pensar dela? Fazia uns minutos, não queria ter nada haver com ele e no seguinte caía em cima como uma faminta ninfomaníaca de sexo.
— Sinto muito. — Reuniu-se com seu olhar de frente e lutou por ter um tom tranquilo. — Não deveria ter feito isso.
Ele rodou a seus pés, com movimentos flexíveis e elegantes. Empalou-a com seu olhar e seu coração deu um puxão um pouco estranho.
— Não há nada que lamentar, Erihn. Queria te beijar tanto como você desejava que o fizesse.
Afastou o olhar de seus inquietantes olhos, com seu olhar movendo-se à protuberância em sua calça jeans. Ele estava excitado, muito excitado. Ela baixou o olhar para ver seus joelhos. Seus joelhos eram bastante inofensivos, não?
— Não posso ocultar o que me faz, Erihn. Tampouco quero ocultar.
Ela começou a tremer, e se separou dele para a escada.
— Isto nunca vai acontecer outra vez.
— Não faça declarações imprudentes que não será capaz de cumprir, gatinha. Unicamente se envergonhará mais tarde. Erihn o olhou fixamente nos olhos.
— Eu não faço declarações vazias. — Balbuciou ela enquanto seus tremores começavam a sério. Sua roupa fria e molhada minava o calor de seu corpo. Estava gelada.
— Sobe as escadas e se troque antes que morra de frio. Podemos falar depois de ter entrado em calor. Intumescida, sopesou suas opções. Poderia tomar o caminho mais fácil e escapar agora, ou poderia obrigá-lo a falar com ela e o fazer entender que o que tinha ocorrido no piso da sala não voltaria a acontecer. Optou pela opção mais fácil, a primeira. Sem perder tempo deu a volta e escapou pelas escadas ao corredor. Enquanto se movia de sua vista, começou a correr. A fome finalmente a levou a sua guarida. Com cautela, Erihn abriu a porta do quarto. O tic-tac do relógio do avô era o único som no silêncio opressivo. Onde estaria? Teria descido para ir à cama? As palmas de suas mãos estavam úmidas com a transpiração no momento em que entrou no santuário de seu quarto. O fraco aroma de composição se levantou e a fumaça de lenha brincou com seu nariz. Ela parou na parte superior dos degraus com o silêncio asfixiante da chamada da casa em seus ouvidos. Arrastando-se pelas escadas, o corrimão se sentiu fresco sob seus dedos, moveu-se com cautela, pronta para voltar para cima diante qualquer sinal de Fayne. O crepitar de um fogo tênue chegou a seus ouvidos. Estaria na sala? Um som enorme de trovão a sobressaltou e fez tremer a casa. As luzes piscaram, uma, duas, depois se apagaram. Erihn agarrou o corrimão e ficou imóvel, enquanto a casa ficava às escuras. O pânico explodiu contra seu peito, roubando a respiração enquanto a opressiva escuridão caía ao redor dela como um manto de lã. Seu coração pulsava com força, com o som enchendo seus ouvidos enquanto um grito se encerrava no fundo de sua garganta. Seus joelhos cederam no caminho e se agarrou ao eixo do corrimão, enquanto se deixava cair das escadas. Não podia suportar. Odiava a escuridão. Abriu seus olhos tensos e estalou suando. Tentou recordar o que seu terapeuta havia dito que fizesse quando enfrentasse a um ataque de pânico. Respirar. Mantendo os olhos fechados, obrigou-se a sentar-se reta e relaxar seu controle sobre o corrimão. Inalar pelo nariz. Exalar pela boca. Inala... Exala... Inala... Passos suaves soaram no corredor de baixo. Ela ficou sem fôlego com um suspiro afogado em sua garganta congelada.
O sussurro de roupa, o ruído metálico de metal contra o chão chegou a seus ouvidos. Ela abriu os olhos. Não podia ver nada diante, então deslizou no bordo da consciência e depois ficou imóvel, esperando. Uma maldição suave, o ruído de chaves e o som de passos avançando para a escada esticaram seus músculos. Ia vir por ela. Um gemido escapou de sua garganta gelada e ele parou seus passos. Silêncio.
— Erihn?
Não, não outra vez sua mente gritava. Desejava fugir pelas escadas, mas seus músculos permaneciam congelados em seu lugar.
— Erihn, está bem?
Com o rangido leve elevando-se, o passado se chocou com o presente.
Já sabe que me zango quando tenta se esconder, cadela.
Erihn se agachou na parte superior da escada de madeira.
A porta velha d eformada contra suas costas estava cravada e fechada do exterior. Quanto tempo esteve presa aí na escuridão? Uns poucos dias? Uma semana? Não tinha nem ideia.
O único que sabia era que tinha só uma oportunidade de escapar.
Ela apertou o robusto prego que conseguiu tirar da madeira dos podres degraus. Coberto no sangue de sua mão machucada, o metal estava escorregadio e não queria ter a possibilidade de perder-se na ofuscante escuridão.
Fraca pela falta de comida tomou por surpresa no único caminho possível para recuperar sua liberdade. Essa poderia ser sua última oportunidade.
Um grunhido surdo soou, então, enquanto seu captor procurava nos limites da antiga adega onde a trancou. A sorte esteve com ela quando mal conseguiu arrumar-se com a lanterna em suas mãos, quebrando-a. O chão estava úmido e desigual em alguns pontos, por isso era perigoso caminhar na escuridão. Sorriu com amargura. Teve muito tempo para explorar sua prisão com suas mãos e joelhos, e conhecia cada polegada de cor.
Um ruído disse que estava a ponto de chegar à esquina da adega. Moveu-se um pouco, com suas mãos abertas a uma distância exata para que as correntes das algemas não soassem e pudesse indicar sua posição à distância.
Sabia que ia encontra-la, só era questão de tempo.
O golpe de um pé que chutava seu prato de plástico do jantar marcou o lugar de seu captor, enquanto ela trabalhava em direção aos degraus. Erihn se esticou. Com suas coxas com escamas de sangue seco, esforçou-se por permanecer completamente imóvel.
Sua respiração era superficial no momento em que o monstro chegou à parte inferior das escadas.
Sei onde está e vou por você.
As escadas rangeram enquanto o monstro avançava para ela. Cantarolava uma melodia suave, desafinada, que esticava seus nervos, mas se negou a recuar. Era agora ou nunca...
Gelados dedos roçaram seus tornozelos e se fecharam a seu redor, puxando-a para que perdesse o equilíbrio. Erihn deixou cair a manta que sustentava em seu corpo nu e seus pés foram tirados de debaixo dela. Sua parte traseira aterrissou no degrau mais alto, enquanto sua cabeça golpeava a porta com um estalo. Aturdida, Erihn gritou enquanto seu torturador a puxava para baixo com vários ossudos e discordantes passos. Ela chutou liberando um pé e dirigindo-se por onde acreditava que poderia estar sua virilha. Seu pé golpeou algo esponjoso e suave e um sopro de ar escapou dele. Seu agarre enfraqueceu e ela rodou para a esquerda, tentando chegar ao outro lado da escada. Tudo de uma vez, duzentos quilos de homem enfurecido chegaram a ela. Um grito foi arrancado de seus lábios quando dedos fortes tomaram seu queixo, golpeando sua cabeça na escada. Estrelas explodiram em sua visão enquanto os dedos se moviam a sua garganta.
— Cadela! Acha que pode me deixar? Direi quando me deixar... Uns dedos se afundaram em sua garganta enquanto falava, cortando seu fornecimento de ar. Em questão de segundos, a escuridão vacilou e a piscada de faíscas brancas apareceu. Ia estrangulá-la e ela tinha só uns segundos para fazer seu movimento. Reunindo a última parte de sua energia, Erihn agarrou o prego e abriu seu braço, conectando com seu ombro. Seu verdugo emitiu um bramido e seus dedos perderam o controle sobre sua garganta. Com falta de ar, Erihn se moveu de novo, desta vez conectando com a parte carnuda de seu corpo. Ele uivou, tentando afastar-se dela, gritando de dor. Ela cravou suas unhas e lutou por libertar-se de onde ele sustentava seu corpo preso nas escadas. Ele trocou de posição e, de repente, ela esteve livre. Tentou deslizar-se para debaixo das escadas, mas seus dedos enredados em seu cabelo, detendo seu progresso e fazendo que seus olhos se enchessem de lágrimas, enquanto dava um puxão levantando-a.
— Aonde vai tão rápido, menina? — Zombou — Não terminamos de jogar no momento — Ele se levantou, obrigando-a a ajoelhar-se na escada — Mas primeiro, tenho que te dar isto, e quero que grite para mim. Lembra-se do muito que eu gosto disso, não?
Um golpe rápido a suas costelas a jogou nos degraus, com seu ofego irregular como um forte som anormal na quietude da adega.
— Não... Tente... Nunca... Isso... Outra vez... — Ele marcou cada palavra com um chute em seu corpo.
Erihn se agarrou na beira das escadas, com sua cabeça girando enquanto desejava perder o sentido. Sabia que tinha sangue nos lábios quando mordeu a si mesma para impedir-se de gritar.
Enquanto tivesse força em seu corpo, não queria dar a satisfação de ouvir seus gritos de misericórdia.
Ele se agachou junto a ela.
— E antes que me esqueça — Pôs sua mão na parte baixa de suas costas — Isto é por tentar minha paciência — Com um empurrão, enviou-a a cair do lado dos degraus no abismo.
*******
Fayne pensou que seu coração se rompia quando Erihn ficou inerte debaixo dele. A tigresa que o atacou na escada estava submetida com tremores correndo por seu corpo enquanto gemia suavemente, com sua face pega ao tapete. Ele conteve a respiração enquanto tentava captar o que estava dizendo.
— ...Luz, luz, luz, luz, luz, luz, luz...
— Erihn, vou conseguir uma vela. Pode esperar um minuto?
Ela não respondeu. Ele se levantou de seu corpo, sustentando-o no caso Erihn decidiu voar para ele.
Ela não se movia. Seu estranho mantra, amortecido pelo tapete, continuava.
Sua visão noturna aguda passou sobre seu corpo imóvel. Não parecia estar ferida.
Talvez fosse sonâmbula?
Cada vez mais alarmado no momento, levantou-a em seus braços e ela deteve o mantra.
Erguendo-se, a levou pelas escadas ao quarto principal que acabava de deixar.
— Vou deixa-la na cama, Erihn. Depois irei por uma vela.
Ele a deixou na cama e ela imediatamente rodou a seu lado, acomodando-se em posição fetal. O que diabo estava errado com ela?
Dando uma olhada pelo quarto, viu uma grande variedade de velas no console da lareira.
Murmurando um agradecimento em voz baixa, escolheu a vela maior e encontrou uma caixa de fósforos. Acendeu-a antes de levá-la para aproximar-se da cama.
Ele deixou escapar um suspiro de alívio quando o resplendor dourado despertou Erihn de seu estupor. Deu a volta para a luz, com seu pálido rosto como de cera enquanto olhava paralisada o resplendor do fogo. Ela chegou por ele, mas ele se deteve antes que ela colocasse a mão no fogo e se queimasse. Ela seguiu olhando paralisada a luz até que, pouco a pouco, deu-se conta dele. Voltou-se, com seus olhos escuros encantados e vazios.
— Mais? — Sua voz era um sussurro magro.
— Quer outra vela?
Ela assentiu de uma maneira desigual, com falta de coordenação antes de voltar seu olhar extasiado à única chama.
Fayne pôs a vela no criado mudo antes de tomar mais velas. Acendeu-as e colocou estrategicamente ao redor do quarto até que cada canto esteve iluminado.
Voltando-se, olhou-a. Erihn estava sentada na cama, olhando fixamente suas mãos, as sustentando para fora como se estivessem pegajosas ou sujas. Olhou-o e viu a rejeição e a confusão em seu olhar. Deu um passo adiante e se surpreendeu quando ela sacudiu a cabeça como para que deixasse de aproximar-se.
— Tenho que me lavar. — Sussurrou. Cuidado de manter suas mãos longe da roupa branca de cama, saiu da cama e entrou no banheiro. Ele ouviu a água, tomou uma vela e saiu à porta para assegurar-se de que estava bem. Erihn estava inclinada sobre o lavabo, ensaboando as mãos freneticamente. Levantou a cabeça enquanto ele entrava e punha a vela no suporte. Chamou a atenção o desespero em seus olhos.
— Não vai sair. — Sussurrou.
Fayne olhou suas mãos molhadas. Pareciam suficientemente limpas para ele. — O que tinha nelas, Erihn?
— Não vê? — Sua expressão era desesperada, aterrorizada.
Ele negou, ainda está tentando conseguir um controle sobre o que estava acontecendo.
Ela baixou o olhar, viu uma pedra-pome tomou e começou a esfregar-se de novo.
— Tentei lutar contra ele... Ele continuou me tocando... E não pude... Não pude... Não ia chorar... Não o deixaria... A satisfação... Não o deixaria sair... — Chorou bastante nas últimas palavras.
Aturdido, Fayne tentou compreender o horror do que estava dizendo.
Que diabos havia acontecido? A raiva golpeou suas têmporas e um grunhido selvagem ameaçou estalando em seu peito.
Houve vezes em sua longa vida em que esteve zangado o suficiente para matar um homem, mas nunca deu esse passo final e irrevogável. Nunca esteve zangado o suficiente para dar rédea solta a sua besta sobre outro humano. Mas, nesse momento, mais que nada no mundo, desejou fazer isso.
Obrigando a acalmar-se, moveu-se atrás dela. Chegando a seu redor, acalmou sua lavagem frenética e tirou a pedra de seus dedos. Colocou-a sobre o suporte.
— Suas mãos estão limpas, Erihn — Falava em voz baixa, esperando que sua voz rompesse sua agonia. Suas mãos ficaram quietas, enquanto ele tomava, as volteando à luz das velas para que pudesse ver a pele avermelhada pelo abuso da pedra-pome — Olhe, não há nada.
Um calafrio atravessou seu corpo enquanto um lamento saía de seus lábios. Suas pernas se dobraram e Fayne se viu obrigado a reforçar seu controle para evitar que caísse no chão.
Envolvendo seus braços ao redor de sua cintura, atraiu-a para ele e a sustentou. Soluços se acumularam em seu corpo e ele tomou nos braços.
Suas mãos se fizeram punho em seu suéter enquanto ele a levava ao quarto. Pô-la na cama antes de estirar-se a seu lado. Deslizou seus braços ao redor dela, abraçando-a com força. Ela se aconchegou contra ele, chorando em silêncio. Suas pernas se entrelaçaram ao redor da sua como se estivesse tentando arrastar-se em seu interior e esconder-se de seus demônios. Sabia muito bem quão inútil era uma perseguição.
— Não posso continuar com isto. — Sussurrou contra a lã umedecida — Não posso, simplesmente não posso enfrentar mais.
Fayne enredou os dedos na espessura de seu cabelo.
— Sim, pode, gatinha. Que outra opção há? Desistir? Se desistir, ele ganha, final do jogo.
Quer dar a alguém tanto poder sobre você?
Ela sacudiu a cabeça e sorveu com suas lágrimas detendo-se. — Tem a resposta. Terá que continuar como esteve, continuará tendo êxito e obterá suas metas. Ela permaneceu em silêncio durante uns momentos antes de voltar a falar.
— É um bom homem. — Murmurou.
Fayne sorriu. Tinha sido chamado muitas coisas em sua vida, mas não podia recordar que uma simples declaração significasse mais para ele que a que ela fez. Sua suave admissão tocou algo frágil nele há muito tempo enterrado.
Ele baixou o olhar para a cabeça aconchegada contra seu peito. Havia algo nessa mulher, algo especial, único. Era delicada, mas forte como o aço. Era tímida, mas o beijou sem pensar duas vezes, e respondia a suas carícias, era como o sonho de todo homem. Era realmente inocente.
Ele passou a mão por suas costas e depois a subiu de novo. Ela escondeu seu corpo glorioso debaixo de seus mal ajustados objetos de vestir e cabelo comprido, uma mistura sedutora de mulher e menina. De acordo com Jennifer, escrevia quentes romances de amor e tinha mais de um milhão de fãs, mas não sabia como beijar um homem corretamente. Era uma contradição, e o intrigava.
Fayne apoiou a bochecha contra a coroa de sua cabeça quando se deu conta que adormeceu. Em sonhos, era tão confiada como uma menina, com suas pernas fortes contra a dele.
A sala ficou mais fria e ele continuou sustentando-a, perguntando-se não entregou um pedaço que anteriormente tinha permanecido fora de seu coração à mulher em seus braços.
Ele era tão bonito e a aterrava de uma maneira que nunca sentiu antes. Erihn estava no arco que dava à sala, vendo Fayne. Parecia-se com uma estátua, sentado ao estilo índio em meio de uma pilha de travesseiros. As chamas mostravam seu perfil cinzelado com perfeição, como se estivesse esculpido em um bloco de mármore. Ela engoliu. Não tinha medo dele fisicamente, mas sem dúvida tinha medo dele emocionalmente. Com suas palavras suaves e relaxantes ações umas poucas horas antes chegou a sua alma e roubado um pedaço dela mesmo. Ela sabia que havia perigo passando mais tempo com este homem. Se atrevesse a fazê-lo, que tipo de dano poderia infligir a seu coração? Quando despertou, ao princípio não sabia onde estava. Pouco a pouco, partes e peças dos últimos anos se filtraram através de sua mente. Cansada, quis nada mais que fechar os olhos e cair nos acolhedores braços de Morfeo uma vez mais, mas seu estômago vazio não permitiu. Agora ficou congelada na porta, rasgada entre o desejo de falar e sair correndo.
— Pensei que poderia estar fora de combate esta noite — Sua voz era um murmúrio silencioso. Ela disse o primeiro que veio à cabeça.
— Tenho fome. — Se encolheu e apanhou a suave carne interior de seus lábios entre os dentes.
Um fraco sorriso curvou sua boca, e se levantou de sua cômoda posição. Avançando para ela, seus pés descalços não fizeram som no tapete, ela não pôde evitar estar impressionada por sua graça. Aqui estava um homem em perfeita sintonia com seu corpo, com sua natureza animal, e seu entorno. Ficou sem fôlego quando ele se deteve na base dos degraus na sala de estar e a olhou com esses misteriosos olhos cor violeta. Estendeu a mão.
— Se unirá a mim para um jantar tardio?
Erihn se rompeu. Por um lado, estava aterrada de entrar na luz que era Fayne.
Ao mesmo tempo, estava aterrada de não fazê-lo. Sua mão não vacilou e esperou pacientemente, com os olhos obscurecidos e sua expressão neutra. Foi sua falta de expressão o que a fez tomar sua decisão. Isso se inclusive ele queria estar perto dela depois da loucura da que tinha sido testemunha como um milagre. Pela primeira vez em sua vida, aqui estava um amável e generoso homem com a mão para ela.
Seria tão tola para não tomá-la?
Reunindo sua coragem, Erihn deslizou a mão na sua. À medida que seus dedos quentes se entrelaçavam ao redor dos seus, Erihn teve a sensação de que nada voltaria a ser o mesmo outra vez.
Fayne soltou o fôlego que esteve contendo, quando se meteram na cozinha. A madeira do chão da cozinha fresco sob seus pés. Em uma casa desse tamanho com sem eletricidade, fazia frio e rapidamente. Posto que a eletricidade se ia bastante no inverno, Jennifer tinha um pequeno gerador no porão, mas ele duvidava que Erihn soubesse de sua existência. Não deveria tomar vantagem da pobre garota dessa forma.
Ele sacudiu o pensamento afastando-o. Erihn não descobriria, e este era o momento perfeito para convencê-la que ficasse com ele. Ele soube que ia tentar correr quando descobrisse que ele estava aí, e tinha tomado um montão convencer Jennifer para permitir inclusive ficar na casa com ela.
Eram tão protetores com ela, como se fosse de porcelana. Poucos sabiam que o coração de uma guerreira corria por debaixo de sua pele.
Abriu a geladeira e tomou o prato de carnes e as empilhou em um pequeno recipiente com manteiga e uma bolsa de pãezinhos rangentes na parte superior. Tomou o prato de queijo e salsichas então enganchando um dedo em torno de uma garrafa de vinho. Fechando a porta, dirigiu-se para a sala de estar. Fez uma pausa na porta para ver Erihn discretamente. Ela estava sentada em um travesseiro grande, com os olhos fechados enquanto se penteava com os dedos. A luz do fogo piscava sobre os longos filamentos escuros, convertendo-o em um rio de cor vermelha e ouro. Não era a simplicidade de seus movimentos, e sim uma intemporalidade o que o atraiu.
Quando ele entrou na sala, seus movimentos pararam. Seus olhos se abriram e viu como aproximava, com seu olhar incerto e cuidadoso.
— Como você gosta do bife? — Ele deixou tudo na mesa.
— Cru.
Fayne sorriu.
— Meu tipo de mulher. — Chegou à churrasqueira que tinha estado anteriormente na garagem. Apoiou-a sobre as chamas e pôs suas longas pernas, de cócoras como uma aranha. Agarrou a grade e perfeitamente volteou os filés na churrasqueira.
— Faz frio aqui. — Erihn soou preocupada.
— Eu não me preocuparia. Temos suficiente madeira para um longo período. — Tomou o atiçador da lareira e cavou ao redor das batatas que havia enterrado as envolvendo antes nas brasas — Trouxe madeira suficiente para durar toda a noite.
— Temos sorte de ter tanta madeira disponível.
— Mac desfruta de cortar lenha. Diz que dá a oportunidade de dobrar seus músculos e isso deixa Jennifer louca. — Ele substituiu o atiçador, depois recolheu o garfo para assar e empurrou os filetes antes de voltar-se para ela sorrindo. — Temos suficiente comida e madeira para o dia, e estimulante maravilhosa companhia para nos manter divertidos.
Ele se surpreendeu quando um fraco sorriso tocou os lábios dela. Deixou o cabelo solto pelo que caía sobre seus ombros, ocultando suas bochechas com cicatrizes. Enganou-se a respeito dela.
Não era uma pequena ratinha cor marrom absolutamente. Era encantadora. Ela limpou a garganta.
— Então, como conheceu Jennifer?
Fayne não pôde evitar que uma risada escapasse dele.
— Essa é uma história bastante tranquila. — Acomodou-se no acolhedor ninho de travesseiros, ainda ao alcance dos files. Seu joelho roçou o de Erihn e, enquanto que ela ficou tensa, ele esteve satisfeito de que não se afastasse. Quanto mais cedo se acostumasse a que ele estivesse perto, melhor estaria.
— Jennifer e eu nos conhecemos faz muitos anos em uma pequena loja em Londres. Nós dois estávamos procurando um estranho pedaço de cristal. Embora não encontrei o cristal que estava procurando, encontrei uma das grandes amigas que já tive em minha vida.
— E Mac? — Ela selecionou um pedaço de queijo e o colocou à boca.
— Mac é outra história que não estou seguro que eu gostaria de dizer em companhia mista.
— Ele sorriu com tristeza e tomou a garrafa de vinho.
Erihn o olhou com sua sobrancelha levantada.
— Dá-se conta, é óbvio, de que escrevo romances e nada pode me impressionar?
Duvidava muito. Poderia escrever livros quentes, mas seguia sendo uma inocente com homens e na arte de fazer amor. Ele tomou uma das taças de vinho que tinha levado anteriormente.
— Dá-se conta de que tomarei como uma provocação. — Ele serviu um copo de vinho e o ofereceu com uma reverência.
Os olhos dela se abriram, mas não respondeu. Poderia ter jurado que viu a luz de algum mal antes de tomar o copo e desviar o olhar. Ele afogou um sorriso quando ela murmurou seu agradecimento.
— Mac e eu nos conhecemos há muitos anos. — Ele encheu seu copo.
— Quantos? — Perguntou ela.
— Centenas.
— O que?
Fayne levantou a cabeça e captou seu olhar surpreendido. Ela não sabia a verdade...
— Como uma forma de falar. — Mentiu sem problemas. — Conhecemo-nos desde tanto tempo que às vezes parece para sempre.
Ele tomou o garfo e habilmente volteou os files.
— Quantos anos têm? — Perguntou ela selecionando um pãozinho. Ele sabia que não devia responder a isso com verdade.
— Quantos anos acha que tenho? — Deixou o garfo no prato e tomou o copo, centrando sua atenção nela.
Viu-a pôr a faca no pão. Tinha-o cortado tão bem que se perguntou se tinha contrabandeado um quadrado na sala enquanto ele não estava olhando. Metodicamente, ela aplicou uma camada de manteiga em uma metade. Começando pelo centro, alisou-o completamente até a borda, continuando até que a superfície esteve impecável.
Erihn deixou a manteiga e elevou os olhos para ele, com seu olhar escuro passando por sua face quando se deu conta.
— Talvez trinta anos no máximo.
Fayne estava a ponto de dizer que estava perto por várias centenas de anos.
— Suficientemente perto.
Satisfeita, assentiu e voltou sua atenção a seu pão.
— Então, o que faz para ganhar a vida?
Claramente, ela mordeu um pedaço com uma mordida pequena e precisa. Fayne endureceu ao vê-la lamber a manteiga de seus lábios. Clareou a garganta.
— Antiguidades e têxteis. — Ele se moveu quando seu zíper se meteu em sua ereção.
— Têxteis? — Meteu o resto do pão em sua boca, com seus olhos meio fechados como se estivesse em êxtase. Uma fina camada de manteiga cobria sua boca e ele afogou um gemido. O que não daria de ser capaz de lamber os lábios sem permissão. Limpou garganta outra vez.
— Importo tecidos para os varejistas do país, entre outras coisas — Observou-a enquanto ela tomava a outra metade do pãozinho e o lubrificava com a manteiga. Uma vez mais, alisou manteiga sobre a parte superior, tomando tempo para ajustar aqui e acrescentar mais ali.
Sustentou-o, inspecionou-o, franziu o cenho e depois começou a suavizá-lo de novo.
— Vai comer isso ou fazer uma foto? — Perguntou ele divertido.
Erihn o olhou e sorriu. Volteou seu pão para que ele pudesse vê-lo melhor.
— Não é perfeito?
— Não estava a par de que alguém deva esforçar-se pela perfeição em sua comida. É muito perfeito para comê-lo?
— É óbvio que vou comer, tolo. Só queria que fosse perfeito. — Explicou com paciência como ele fosse um menino bobo. Fayne franziu o cenho.
— Por que tem que ser perfeito? — Estirou-se e agarrou um pão. Rompeu-o no meio, colocou uma parte no recipiente derretido de manteiga. O levou a boca e disse. — Isto é mais ou menos o mesmo e o fiz na metade de tempo.
— O que tem haver o tempo com isso? A pressa nem sempre é uma virtude.
Fayne apanhou seu olhar, subindo o pão a sua boca.
— Não me apresso com tudo. — Tirou a língua para lamber uma mancha de manteiga de um lado de seu pão antes de dar uma mordida. Gozou da forma em que ela olhou sua boca enquanto o rubor manchava suas bochechas. Ela afastou o olhar.
— Eu gosto da perfeição.
Fayne engoliu.
— A perfeição pode ser tediosa.
Ela franziu o cenho.
— Como é isso?
— Qual é a atração da perfeição?
— Há grande beleza na simetria.
— Nos edifícios, talvez. Na comida, possivelmente. Nas pessoas, nunca.
— Como é isso? — Ela brincou com seu pão com seus movimentos agitados traindo seu descontentamento com o tema.
— A gente não se supõe que seja perfeita, essa é a beleza do ser humano. Cometer enganos, comer muito bolo de queijo, tem enguiços e dá maus passos. Há perfeição na imperfeição.
Ela franziu o cenho outra vez.
Fayne abandonou seu pão a favor de resgatar seu jantar do fogo.
— Para que as pessoas sejam interessantes, têm que viver suas vidas. Onde está o desafio se sempre tomarem as decisões corretas, não cometem nem um erro e nunca tomam o caminho menos transitado? O que é divertido? — Ofereceu um prato com carne assada e batatas ao forno.
— Isso se chama desistir.
— Ao tomar as decisões corretas e procurar a perfeição, sua vida pode ser mais fácil.
— Quem disse que a vida se supõe que é fácil? — Fayne tomou sua faca e cortou a carne cozida ao vapor. — A única coisa na vida que deve ser perfeita é a carne, crua. — Afundou a carne em sua boca e grunhiu. — Perfeita.
Erihn inclinou a cabeça sobre o prato e se concentrou em seu jantar. Ele a olhava do canto de seus olhos enquanto cortava pedaços pequenos, cada um com igual ponto de partida.
Comeram em um silêncio sociável e depois de vários minutos, ela falou.
— Mas todos os homens não querem à mulher perfeita? — O tom de Erihn era perplexo.
Fayne negou.
— Não acredito. Tive muitas das chamadas mulheres perfeitas que só eram maquiagem no exterior e vazio por dentro. Onde está a beleza nisso? Desejo a uma mulher que tenha substância e alma. Tampouco quero que uma mulher seja perfeita para mim. Quero que seja perfeita para si mesma.
O olhar dela era distante, enquanto tocava sua bochecha cheia de cicatrizes. Dedos ágeis se moveram pela crista estreita antes que sua expressão se voltasse dura. Deixou cair a mão de sua face. Agora em silêncio voltou sua atenção a sua carne com expressão instável.
— A perfeição é difícil de alcançar, Erihn. — Ofereceu ele em voz baixa. — Se isso for o que busca, encontrará nada mais que vazio e decepção estendendo-se diante de você. — Fayne resistiu a tentação de tomá-la em seus braços e beijar o olhar perdido em sua face.
Ela o olhou, com a confusão escrita em cada linha de seu rosto. Se ela soubesse que seus sonhos se refletiam em seus olhos. Ele se encheu de um súbito desejo de ser o que fizesse alguns desses sonhos realidade.
As luzes piscaram. A luz brilhante dos dois abajures de pé desterraram a escuridão deixandoos expostos.
Um mal-estar se deslizou em seu olhar e ela abandonou sua comida com um ruído de talheres. Bruscamente se levantou.
—Temo que não estou tão faminta como pensei primeiro. Vou levar isto à cozinha e te darei boa noite.
— Não se preocupe, eu limparei.
Fayne captou um brilho tênue de lágrimas em seus olhos. Não podia deixá-la ir assim.
Levantou-se do travesseiro para segui-la através da sala. Suas costas estavam rígidas como se temesse que ele fosse atacá-la.
Deteve-se na parte inferior da escada principal girando para ele. Atrás tinham ficado as lágrimas e diante ele estava a mulher que só mostrava uma máscara ao mundo a seu redor.
Pouco a pouco, com o fim de dar tempo a ir-se, ele levantou a mão localizando a cicatriz de sua bochecha, ao longo de sua mandíbula, terminando quando roçou seu lábio inferior.
— Vê esta cicatriz como uma falta de perfeição. Eu a vejo como uma marca de grande força, um símbolo de coragem. Se dá conta ou não, Erihn, é uma guerreira.
Choque, depois incredulidade coloriram seu rosto enquanto ela se abria a ele. A dúvida lutou com o medo em seus olhos antes de dar-se volta e correr escada acima com os pés soando muito pouco enquanto escapava.
*******
A chuva o atrasou.
Ivan Daniels estacionamento seu carro diante da casa de campo no Vail. Eram muito depois das duas da manhã e o ar do lugar era claro e frio como só o ar de montanha podia ser. Apertou os dentes ao pensar nas horas perdidas passadas em Silverthorne. Não importava agora, por fim tinha chegado ao Vale Vail, e logo teria sua esperada conversa com Erihn Spencer a respeito de seus livros românticos imorais. Depois que tivessem seu bate-papo, Erihn entenderia por que tinha que escrever o livro que ele procurava. O livro que traria sua amada Mary de volta. Ivan suspirou ao pensar em sua esposa desaparecida. Foram felizes juntos fazia quase dez anos, até que tinha lido esse abominável livro Amante de Veludo. Então, tudo parecia ter ido terrivelmente mal. Agora tinha a oportunidade de trocar suas circunstâncias e trazer sua esposa de volta aonde pertencia, a seus braços. Até então, conseguiu chegar até sua casa e, depois de dormir uma boa noite, se concentraria em encontrar Erihn e em fazê-la ver a luz. Alisando o fino cabelo em seu lugar, chegou à fechadura da porta.
CAPÍTULO 04
Quando Jennifer tinha conseguido um gato?
Desorientada, Erihn abriu os olhos. Algo grande e quente estava ao longo de suas costas, e estava ronronando. Definitivamente um gato. Erihn se agitou e o ronrono parou. O animal se moveu contra ela como se estivesse molesto por ter sido alterado antes de acalmar-se e voltar a ronronar. Sem dúvida, era muito agradável despertar com algo que não fosse um despertador e uma cama vazia. Esfregou os olhos, fazendo uma careta à forma arenosa em que se sentiam. Entre as tempestades, seu pequeno episódio na escada, e as palavras com voz suave de Fayne, ela tinha se atirado e volteado em parte da noite. Só quando o amanhecer iluminou o céu do oeste ela conseguiu ir à deriva do sono. Erihn deu uma olhada aos números piscando na frente do relógio digital, e se sentiu aliviada ao ver que ainda havia eletricidade. Ao menos não teria que tomar uma ducha fria. Um som suspeitosamente como de ronco veio do gato que ronronava, depois um tic. Com cautela, Erihn voltou a cabeça para dar uma olhada a seu convidado noturno. Por cima do ombro, quão único via era uma pata cor marrom avermelhada levantada para cima no ar. Uma enorme pata cor marrom avermelhada. Nenhum gato doméstico poderia ser desse tamanho. A adrenalina golpeou a seu sistema e acelerou os batimentos de seu coração. Poderia algum animal selvagem ter se metido na casa? Avançou longe da criatura até que agarrou a beirada da cama. Deslizando seus pés sobre a borda, deslizou-se até que seus joelhos ficaram em contato com o chão. Só então deu a volta para poder ver seu visitante noturno. Um enorme puma estava sobre suas costas em meio da roupa de cama branca como a neve, com sua face coberta por uma delicada renda dos travesseiros, enquanto sua cauda pendurava aos pés da cama. A grossa capa parecia luxuosa e suave como a seda à luz do meio-dia. Outro ronco soou e o gato contraiu, os cantos grossos de seus músculos ondulando debaixo do exuberante pelo. Suas patas dianteiras se estremeceram como se fosse presa da perseguição em seu sonho. Era possivelmente uma das coisas mais bonitas que viu em sua vida. É obvio, teria preferido o gato em seu hábitat natural, não na cama. Olhou para a porta que conduzia ao corredor e logo depois de volta ao animal adormecido, tentando determinar se poderia sair do quarto antes que despertasse. Não era provável. Depois ele deu a volta. Erihn conteve o fôlego quando sua cabeça saiu de debaixo do travesseiro. Os olhos de ouro líquido ficaram olhando-a, fixos com intensidade. Ela tinha medo de mover-se, de respirar, paralisada pelo medo e uma medida igual de choque. O gato estirou a pata, suavemente colocando sua mão em cima de onde ela agarrava a roupa de cama. Esticou-se, esperando que garras afiadas aprofundassem em sua vulnerável pele. A pata se dobrou e as almofadinhas ásperas acariciaram sua mão. Ficou sem fôlego quando sua cabeça caiu, com seu nariz úmido roçando seu pulso. Os bigodes fizeram cócegas. O gato tirou sua garra e sua língua saiu e sorveu o dorso de sua mão. Estava quente e áspera igual à de um gato doméstico, só que muito maior. O gato deu um empurrão em sua mão como se estivesse pedindo que o acariciasse. Tentativamente, Erihn volteou sua mão e tocou a pele grossa de sua boca. Sentia-se como seda debaixo de seus dedos. Suavemente, alvoroçou o cabelo debaixo do queixo. A cabeça imediatamente se aproximou e os olhos se fecharam em um êxtase dourado, enquanto se esticava com mais do mesmo. Erihn riu entre dentes.
— Não é um grande bebê? — Acariciou o queixo e depois trabalhou em torno de acariciar a parte posterior de seu pescoço e a base de suas orelhas. Ao chegar à pele quente de sua orelha esquerda, as garras se estenderam e se engancharam em sua roupa enquanto o gato grunhia com completa submissão. Ela parou.
— Hey, Jennifer vai me matar se destruirmos os lençóis.
Com olhos inteligentes e abertos, como se entendessem suas palavras, o gato retratou suas garras. Inclinou-se para frente para lamber sua bochecha, surpreendendo-a e tirando uma risada.
Ela passou os dedos pelo rico cabelo em torno de seu pescoço.
— Bom, eu gosto de você, também. — Acariciou sob o queixo do puma outra vez, e seus dedos se chocaram com algo duro. Ela franziu o cenho enquanto encontrava uma estreita corrente de ametistas no pescoço do gato. As pedras brilhavam com gosto, recordando os olhos escuros de Fayne.
— Então está domesticado, meu amigo. Imaginava. — Ela riu quando o gato colocou sua cabeça e rodou sobre suas costas, deixando ao descoberto seu ventre.
— E mimado, também.
Esfregou o ventre, desfrutando da sensação de sua pele quente debaixo de sua mão. O gato ronronava em voz alta, agitando as quatro patas no ar.
— Que bom... — Fez uma pausa para comprovar seu gênero. — Menino que é. Rasgados olhos dourados brilhavam como se o gato se divertisse.
— Assim, a quem pertence? — Ela desenhou uma figura preguiçosa de oito em um lado da caixa torácica do animal — A um dos vizinhos? Talvez é de um artista pícaro de circo? Ou pertence a Fayne? Ele me parece como uma pessoa de gatos.
Ao ouvir o nome de Fayne, o gato levantou a cabeça e a olhou nos olhos.
— Ah, mistério resolvido. Deve pertencer a Fayne. — Erihn franziu o cenho. — Ajusta-se, suponho. Sem dúvida não o vejo tendo um cão como mascote.
O gato fez um som como se estivesse de acordo e Erihn riu com deleite.
— Bom, agora que determinei que é um gatinho domesticado... — O gato deu um olhar turvo, antes de fechar seus olhos uma e outra vez. — Tenho que tomar uma ducha.
Dando uma massagem rápida atrás da orelha, levantou-se e entrou no banheiro. As grandes janelas que dominavam o vale rodeavam a tina com amplo jardim. Jennifer possuía a maior parte da superfície a pouca distância da casa, e, portanto, não sentia a necessidade de ter cortinas em seu banheiro. Enquanto Erihn subia os degraus da banheira, uma brisa passou por suas pernas.
Surpreendendo-a, o gato correu pelos degraus à banheira. Com delicadeza, caminhou pela borda, colocando os pés com cuidado para assegurar-se de não atirar as garrafas de óleo de banho, cristais e conchas.
— Vai tomar um banho comigo? — O gato deu um grosseiro bufo e Erihn sorriu. — Suponho que não.
Ela alcançou os controles de água e os abriu, ajustando-os até que chegaram à temperatura correta, antes de abrir a ducha. No momento em que se afastou dos comandos, uma pata grande se estendeu e colocou o êmbolo de drenagem, tampando a banheira e fechando a ducha. A água alagou a banheira em seu lugar.
Erihn franziu o cenho diante o gato só para ver que não estava prestando atenção.
Cheirando as garrafas de óleo, moveu-se pela fila até que selecionou uma. Desembainhando uma garra, enganchou a cortiça da garrafa e a jogou em um lado. Com o movimento de uma pata, golpeou a garrafa na água.
— Hey, tá! — Erihn tirou a garrafa, antes de resgatar o conteúdo alagado da banheira — Esse é óleo suficiente para banhar uma dúzia. — Sentenciou ela. Encontrou a cortiça e colocou a garrafa na borda da banheira. — Então, acredito que tomarei um banho, agora?
O gato se acomodou na borda ensolarada de um canto, e, se Erihn não soubesse, poderia jurar que sorria. Sacudiu a cabeça. Sem lugar a dúvida, estava sobrecarregada e imaginava coisas.
Dirigiu-se ao suporte onde uma coleção de forquilhas e passadores residia em um recipiente de vidro. Selecionou um, agarrou seu pesado cabelo e o enrolou na parte superior da cabeça com uma brilhante pinça de crocodilo de cor rosa. Empilhado sobre sua cabeça, seu cabelo se sentia absurdamente pesado. Talvez devesse pensar em cortá-lo um pouco. Suas mãos ficaram quietas. Estava em seus trintas e seu penteado não tinha mudado desde o ataque. Comprido e sem estrutura, diligentemente tinha cortado as pontas uma vez ao ano e isso tinha sido tudo. Seria estranho manter seu cabelo comprido e pesado? Não havia dito Mel, que enquanto as mulheres se faziam mais velhas, deveria usar-se mais curto? Erihn olhou a face no espelho e sentiu que estava olhando a uma estranha. Quanto tempo passou desde que realmente tinha feito um balanço de sua face, de seu corpo? Não usava mais o espelho do que tomava hidratar sua face e isso era tudo. Passaram anos desde que realmente se olhou. Olhos escuros, como a sombra de uma noite agitada, devolviam o olhar. Desabotoou a singela camisa de algodão, deixando ao descoberto mais de sua pálida pele. Franziu o cenho. Talvez devesse estar no sol enquanto estava aí. Geralmente evitava bronzear-se já que tinha tendência a sofrer queimaduras. Portanto, era tão branca como o ventre de um pescado durante todo o ano. Deixou cair a camisa para contemplar seu corpo nu pela primeira vez em muitos anos. Houve um tempo em que sabia que era bonita, todo mundo o dizia. Seus pais se separaram e sua mãe e ela se mudaram a Nova Iorque. Deixada a maioria dos dias, tinha começado a fazer rondas pelas agências de modelos e depois de uns meses estava trabalhando como modelo de passarela. Tinha sido em um desses programas que Serena Del Touro, uma grande estilista que a viu trabalhar. Capturada pelas pernas longas e ossos finos de Erihn, Serena a fez a primeira modelo de Del Touro. Desde esse dia Erihn trabalhou exclusivamente para a casa Del Touro até que foi sequestrada em uma locação no Central Park. Toda sua vida tinha sido destroçada nesse instante. A mão de Erihn foi à cicatriz que começava debaixo de seu esterno. Agora perdeu seu brilho prateado, com a estreita linha abrindo-se caminho através de sua pele à curva debaixo de seu seio esquerdo. Moveu a mão para baixo a seu estômago, aonde outra cicatriz ia desde seu umbigo. Com dedos trêmulos, seguiu o caminho da cicatriz curvando-se através de seu abdômen e terminando em seu quadril. Ele a deu por morta. Nunca entendeu por que a escolheu como sua última vítima. A polícia não determinou o perfil da vítima a partir de nenhuma das mulheres que sequestrou. Ao parecer, a idade, a cor, o tamanho ou a origem étnica não importavam, muito incomum para um sociopata. Dado que Chapman decidiu que a morte era preferível a ser capturado com vida, nunca recebeu as respostas que procurava. Com a polícia golpeando a porta do porão, estouraram seus miolos a menos 1 metro de distância dela depois de que tentou matá-la. As lágrimas queimaram os olhos e os fechou, deixando fora a imagem de sua imperfeição. Fayne pensava que a desejava, mas se via que era um produto prejudicado, teria deslocado tão longe e tão rápido como tivesse podido, igual a qualquer outro homem. Ela abriu os olhos, evitando seu reflexo. Era a única mulher que sobreviveu ao pesadelo de Chapman para contar. Por que ela? Voltou-se para encontrar o gato vendo-a. Estendido na beira da banheira, seus olhos dourados passaram sobre seu corpo e Erihn sentiu um momento de autoconsciência. Seus olhos pareciam tão inteligentes, quase humanos. Teve que esforçar-se para não cobrir sua nudez frente ao gato. Sorriu. Como se ele se encolheu com suas cicatrizes. Subiu os degraus e entrou na banheira, baixando a si mesma na água. O calor a rodeou e o aroma de rosa de gerânio brincou em seu nariz enquanto se instalava debaixo da nuvem de borbulhas. Chegando com seus dedos dos pés fechou a água. O gato se levantou e caminhou ao redor do suporte acomodando-se atrás dela, seu ventre quente se apoiou na parte de trás de sua cabeça. Ela riu quando o gato acariciou a garganta.
— Isso faz cócegas. — O gato acariciou com os bigodes contra seu ombro e ela recolheu água quente em sua mão e a jogou nele. O gato moveu sua cabeça longe para não molhar-se e depois se volteou, desta vez deslizando uma língua áspera através da parte de atrás de seu pescoço. Erihn salpicou mais água no gato. Ele recuou e fixou seu olhar como ofendido.
— Sinto muito, sua alteza. — Brincou ela. Tirou as gotinhas de água dos bigodes.
Sua língua se tornou sobre sua palma, surpreendendo-a. Ela sorriu e o gato reatou sua antiga posição.
Pondo a cabeça em seu quente ventre, o silêncio só era quebrado pela respiração do gato.
Com um ronrono satisfeito, Erihn fechou os olhos.
Havia algo muito sensual e relaxante em tomar um banho.
Infelizmente, com sua auto imposta agitada agenda e minúscula banheira, tomar um prazeroso banho era uma novidade.
Tomou uma toalha e uma grande barra de sabonete com aroma a rosas de um prato. Depois tomou um tecido, adicionou sabão e trabalhou na espuma, desfrutando de seu rico aroma floral.
Passou o pano com sabão por sua garganta, e foi plenamente consciente da sensualidade do movimento.
O som do empapado algodão em movimento sobre sua pele, as borbulhas suaves, a fragrância dos óleos de banho, e o ronrono arrulhado pelo gato atrás dela a tranquilizou de uma maneira que nunca experimentou.
Passando o tecido a fundo desde sua garganta até o peito, hesitou e depois o deslizou sob a água.
Roçou ligeiramente o pano sobre a ponta de seu seio, consciente como nunca antes de seu corpo e de suas reações.
Tomou um seio, sentindo seu peso impulsionado pela água. Passando o polegar sobre a crescente ponta, seu fôlego assobiou entre dentes quando uma faísca de prazer se acendeu. Deu a seu mamilo um puxão experimental e o gato se agitou, acariciando-a com seu focinho em seu ombro, como se encorajasse suas explorações. Permitindo que sua mão coberta com o pano fosse mais abaixo, suaves cachos cederam e ela tomou seu montículo. Um estremecimento de malícia fluiu através de seus membros. Abrindo suas coxas, violou as dobras suaves e passou um dedo pelos delicados lábios interiores, abrindoos. Um estremecimento de prazer se precipitou através de seu corpo quando a ponta de seus dedos roçou seu clitóris. Nunca se entregou a esses sensuais jogos, tinha sido muito reservada, sua educação muito estrita e seu sequestro traumático também para sequer pensar em tal coisa. Seus leitores se surpreenderiam ao saber que ela nunca experimentou um orgasmo? Erihn pôs seus joelhos perto de seu corpo e separou mais as coxas. Ondas de sensações ondularam através de seu sistema nervoso e se instalaram em uma carícia lenta e rítmica. Seus quadris se sacudiram com cada estocada, com sua respiração voltando-se profunda enquanto imaginava as mãos Fayne em seu corpo, acariciando-a até enchê-la. Fayne? Aturdida, deteve seu sensual movimento e seus olhos se abriram de repente. No que estava pensando? Erihn levantou uma mão trêmula a sua face. Sua pele estava quente, alheia debaixo de seu tato. Como poderia ter se comportado de uma maneira tão descarada? Uma coisa era escrever a respeito de um jogo sexual em seus livros, quando era outra a que representava uma fantasia sem sentido na vida real. O que tinha tomado conta dela? Erihn se revolveu saindo da banheira, tremeram as mãos quando chegou à pilha de coloridas toalhas. Ao ver seu rosto no espelho, ficou surpreendida pelo otimista e vibrante que sua pele se via. Com os olhos brilhantes e as bochechas acesas, tinha o aspecto de uma mulher excitada. O gato a surpreendeu empurrando sua mão para ganhar sua atenção. Estava a seu lado, olhando-a com seus profundos olhos dourados.
— Estou tão confusa. — Sussurrou ela.
A Erihn tranquila e andrógina que conheceu durante os últimos dezessete anos já não existia. Em seu lugar estava uma forasteira, pouco a pouco sendo consumida por uma embaraçosa e não desejada voragem de desejo físico. Engoliu. Era desconcertante fazer frente a esta imprudente mulher no espelho.
O gato esfregou a palma da mão. Seu corpo quente se apoiou na perna para assegurar que não estava sozinha.
Afundando em seus calcanhares, seus braços foram ao redor do animal, tendo comodidade em seu calor e força.
Passaram vários minutos e o gato se manteve passivo contra ela. Então se deteve e o ronrono de seus músculos se esticou. Erihn levantou a cabeça, com seu olhar depois do gato à porta que conduzia ao quarto. Seria Fayne? Estaria subindo as escadas? Ela soltou o gato e, antes que pudesse levantar-se, ele deu um salto longe. Saindo pela porta, atravessou o quarto. Ela ouviu as patas grandes do gato surdas pelas escadas.
Lutando com seus pés, tirou o clipe do cabelo, permitindo que o peso se derrubasse sobre suas costas. Nas pontas dos pés foi ao quarto, procurou na sala e não viu nada fora de lugar. Sua mala aberta estava na cadeira, e começou a procurar algo cômodo para colocar as três horas na viagem de volta a Denver. A depressão fez suas pernas de chumbo enquanto tirava uma saia cinza de cachemira. As pontas de seus dedos acariciaram a textura grossa e sensual da roupa e teve a estranha ideia de que seu corpo se sentia mais vivo e consciente que nunca antes. Ao colocar a saia, deleitou-se com a sensação pecaminosa da suave malha de ponto contra seu nu traseiro. Alcançando sua roupa interior de algodão, vacilou. Ninguém saberia se não colocasse nenhuma, não? Não era como se sua saia fosse transparente, nem nada. E, talvez poderia renunciar a seu sutiã também... Encontrando um suéter de angorá negro, o pôs, desfrutando da malha suave contra seus nus seios. Recortadas e flexíveis botas de cano longo de camurça de rendada até o tornozelo completaram seu conjunto. Nunca em sua vida havia se sentido mais excitada, mais descarada. A casa estava em silêncio quando saiu do quarto, com o tênue aroma de fumaça da madeira no ar. Desceu as escadas para olhar na sala de estar. O montículo de travesseiros se mantinha no chão diante as brasas da lareira. Afastou o olhar, sem querer recordar seu tempo juntos frente a esse fogo. Um peculiar som surdo proveniente da parte dianteira da casa chegou a seus ouvidos. Rumou à porta principal, abriu-a de repente e um grito de espanto escapou ao ver o que estava diante de seus olhos. No meio do caminho havia um montão de árvores de pinheiro maciços, com suas raízes arranhando o ar. Seus ombros desabaram. Não havia maneira que conseguisse tirar um carro fora do meio-fio em algum momento logo. Fayne soube o momento em que Erihn abriu a porta principal. Os pelos de sua nuca picaram enquanto sentia seu olhar varrer sua pele. Ficou de pé entre os ramos das árvores no outro lado do meio-fio, com um machado em sua mão enquanto metodicamente podava os ramos antes de atirá-los em um montão grande. Sem camisa no ar fresco da manhã, estava coberto de suor e de pinheiros. Não era exatamente um cenário propício para a sedução. As botas dela rangeram no cascalho à medida que avançava para ele. Ele golpeou com o machado a árvore de novo. Seu fôlego deixou seus pulmões em um apuro. A saia se aferrava como uma segunda pele a suas longas pernas, a suas coxas fortes e delineava seus curvilíneos quadris. Seus seios balançavam com cada movimento debaixo de seu pulôver negro, com seus mamilos claramente definidos.
Seu comprido cabelo escuro estava solto e pesava sobre seus ombros como uma grossa pele de cor marrom. Ele se perguntou se ela sabia exatamente o muito que sua roupa revelava a seus olhos. Apertou os dentes quando uma onda de desejo chegou com êxito a sua virilha. Esse não era o momento para ter uma ereção. Sua calça podia ser folgada, mas não poderiam ocultar sua madeira pela manhã. Ela se deteve uns metros escassos dele.
— Essa era uma árvore bonita.
— Esta bonita árvore te impede de escapar. — Disse ele em um tom irônico.
Ela ruborizou e depois se surpreendeu ao encontrar-se com seu olhar.
— Provavelmente pense que sou uma tola.
Fayne se apoiou contra o tronco da árvore, sacudindo a cabeça enquanto falava.
— Não acredito que seja tola, Erihn. Acredito que suas experiências têm feito desconfiar dos homens e isso é compreensível. Se só aprendesse uma coisa sobre mim, quero que saiba que os homens não são todos iguais.
Ela recuou, com o choque escrito em sua face. Sua mão se agitou, para depois deter-se no centro de seu peito.
Ele viu o desejo de acreditar piscar em seus olhos. Sabia que estava na borda de um novo mundo. Tudo o que tinha que fazer era convencê-la em dar o salto de fé que todos os humanos enfrentavam cedo ou tarde.
— Não acredito...
— Sim, sim, Erihn. Acha que todos os homens podem e farão mal e não é assim. Se quiser mentir e me dizer que não acha que todos os homens sejam capazes disso, então está bem. Minta.
Mas não se engane.
— Por que me faz isto? — Sussurrou ela com lábios trêmulos, como se fosse chorar.
Uma febre leve de pânico revoou no intestino de Fayne. Odiava quando uma mulher chorava. Nunca sabia muito bem o que fazer quando isso acontecia. Mas se ele não a pressionasse, ela se retiraria outra vez e não podia ter isso.
— Por que esta lutando comigo, Erihn?
— Porque me assusta. — Murmurou ela, inclusive quando começou a recuar afastando-se.
A frustração surgiu e Fayne se separou da árvore. Movendo-se para frente, agarrou seu pulso.
Seu pulso pulsava com força debaixo de seu polegar, e cheirou o desejo em sua pele. Do momento em que colocou os olhos nela, ele tinha alternado entre a emoção e o terror. Erihn era a mais fascinante mulher reprimida que conheceu, mas hoje havia algo diferente nela. Algo no que não podia pôr o dedo. Ele a tomou nos braços, com seus dedos afundando-se no cabelo grosso da base de seu crânio.
— Bem-vinda ao clube. — Sussurrou ele antes de reclamar sua boca.
O sabor fez explosão através de seu corpo. A essência de hortelã e de uma mulher cálida rasgou através de sua resistência, pondo seu pênis em alerta máxima. Puxando seu corpo a curva do dele, desfrutou da sensação de seus membros flexíveis, da seda pesada de seu cabelo e da essência floral que se pegava a sua pele. Nunca desejou tanto uma mulher como queria a esta. Quis gritar de alegria quando suas mãos se moveram a seu lado antes que seus braços parassem ao redor de seu pescoço. Seus dedos se estenderam para fora através de sua coluna e ela se inclinou para ele. Sua suave língua se enredou com a sua, tentativa, tímida em seus movimentos. Com paciência, ensinou como dar um beijo, como jogar, tentar, seduzir, e como leválo à beira da loucura. Em uns momentos, inteirou-se que ela era uma estudante rápida quando tomou sua língua e suavemente a chupou, imitando seus movimentos. Um grunhido selvagem brotou de seu peito e uma onda de luxúria animal se explodiu contra ele. Em questão de segundos, esteve duro como uma rocha, martelado pela necessidade. Ele passou sua mão por suas costas, desesperado por sentir sua pele. Deslizando uma mão debaixo de seu pulôver, encontrando o centro de suas costas. Foi recompensado com um suspiro afogado quando ela se equilibrou contra ele, enviando-o de novo a tropeçar com o tronco da árvore. Seus seios se apertaram contra ele, sentindo-se como o céu. Acariciando o lado de sua mão, passou por sua caixa torácica para tomar seu seio, com seu polegar jogando com sua tensa ponta. Engolindo sua resposta com um gemido, tomou um seio com a palma de sua mão. Tinha que provar sua pele, seu calor. Rompeu o beijo, com seu fôlego gritando a todo pulmão enquanto observava suas pálpebras pestanejar. Com seus lábios inchados e os olhos dilatados pela paixão, ela o olhou com expressão confusa. Ele queria que ela visse o que estava a ponto de fazer. Pouco a pouco, para que ela pudesse seguir cada movimento, levantou o pulôver, deixando ao descoberto seu seio aos elementos e a seu olhar. A aréola era de um marrom claro, com seus mamilos duros no ar fresco, chegando a ele como pedindo por seu tato. Sua pele estava tão clara que podia rastrear suas delicadas veias e só as olhar o fazia água a boca. Mantendo seu olhar cruzado com o seu, baixou a cabeça e lambeu a ponta. Estremeceu em seus braços enquanto um chiado suave brotava dela. Lambendo ao redor da borda da aréola, em estreitos golpes pequenos, esteve contente quando seus dedos se fecharam sobre suas costas. Ela enroscou os dedos em seu cabelo como se fosse guiá-lo, mas ele se negou a ser levado. Algumas coisas na vida se entendiam que deviam ser desfrutadas, e a adoração do corpo da mulher era um deles. O aroma de seu banho de óleo nublou seus sentidos enquanto a mordia e beijava o montículo de seu seio, fazendo uma pausa de vez em quando para dar a volta a seu mamilo.
— Por favor. — Sua voz estava sem fôlego, suplicante. Uma onda de triunfo correu através dele, e baixou a cabeça e depois o tomava em sua boca. Seus dedos se apertaram em seu cabelo enquanto ele a mamava, deixando seu mamilo, rodandoo entre sua língua e ao teto de sua boca. Ele deslizou as mãos até os quadris, tomando-o apertando-a contra seu pênis.
Ao soltar o suculento bocado, pressionou beijos pelo monte de seu seio, sob a urgência cavalgando em seu ventre. Farejando em seu pulôver a um lado, acariciou a carne recém revelada. Seus lábios roçaram durante uma borda dura e estreita de carne e se deteve. Afastando-se, seu olhar se fixou na cicatriz que ia do centro de seu seios, sob seu seios esquerdo. Erihn congelou em seus braços. Consciente de sua imobilidade, deu um beijo à ponta de sua cicatriz, com sua língua roubando o sabor da crista. Rápido como um gato, ela se arrancou de seus braços. Ele alcançou a ver sua destroçada expressão antes que girasse e corresse para a casa. A frustração zumbiu através de seu sangue, Fayne passou a mão por seu cabelo. Cada vez que pensava que estava fazendo progressos, algo acontecia que fechava a porta. Seu fôlego saiu enquanto via sua figura em retirada desaparecer atrás da pesada porta. A deixaria ir. Neste momento.
*******
É quase hora.
Max ficou imóvel, apertando os dedos ao redor do cabo da pá. Quem dizia isso? Ele olhou ao redor, ao não ver perto a ninguém exceto Bliss e Stuart, o capataz da escavação, em uma conversa a muitos metros de distância. Colocou a pá na rica terra antes de soltar o cabo. Mentalmente, puxou para dentro e formou uma pergunta para oferecer ao universo. Tempo do que? Um quente fôlego de vento se precipitou de um nada, revolvendo o pó fino diante dele e causando que piscasse rapidamente quando a voz voltou de novo. Se prepare...
CAPÍTULO 05
Erihn saiu da penumbra da biblioteca apertando seus trabalhos de investigação e livros contra seu peito. O sol da tarde golpeou sua face ao entrar na sala de estar e ela chiou com irritação. Girando a cabeça longe do reflexo, uma visão desconhecida chamou sua atenção. Uma leiteira velha de floreiro adornava o centro da mesa de café, cheio de Indian Paintbrush, colombinas e sálvia fresca.
Não estavam ali quando ela foi à biblioteca horas antes. — Perguntava-me quando ia despertar. Ela piscou como uma coruja, tentando apagar o sono de seus olhos. Fayne estava aos pés da poltrona com todo seu glorioso torso nu. Calça jeans de cintura baixa se agarrava a seus estreitos quadris, e uma mão jazia sobre seu coração, arranhando-se com preguiça como se gostasse da sensação de suas unhas na pele leve de seu peito. Era bonito. Um estremecimento de deliciosa consciência e temor dançou ao longo de seus nervos. Quis passar seus dedos por seu cabelo, para que ele a olhasse com paixão em seus olhos como fez antes. Também queria fugir e evitá-lo durante os próximos dez anos. Ele franziu o cenho.
— Está bem? Tem um olhar estranho no rosto.
Erihn assentiu.
— Estou bem. — Deu uma grande volta e tropeçou com a mesa de café para depositar sua carga. Um livro deslizou, soltando alguns papéis e o diário troca formas gato de seus braços. Ela e Fayne se agacharam pelo diário chocando suas mãos ao agarrar o couro gasto — Sinto... — Murmurou ela quando ele soltou o livro.
— É um livro muito antigo. — Observou ele.
— De mediados do século XVIII. Está em muito boas condições. — Erihn assegurou o livro em uma estreita caixa de madeira forrada de veludo antes de deixá-lo cair em sua volumosa bolsa que estava junto à mesa de café.
— É um diário que estou usando para a investigação de meu próximo livro.
— Sério? Jennifer disse que era sua escritora favorita. Quantos livros escreveu?
Ela ruborizou.
— Ela só é amável. No que estou trabalhando agora será o número vinte.
Fayne assobiou.
— Bastante impressionante. Assumo que Jennifer tem cópias de seus livros? — Ele recolheu o notebook e alguns papéis do chão, entregando a ela sem sequer dar uma olhada a sua ordenada escritura à mão.
Ela assentiu para as prateleiras.
— Estão na prateleira, junto ao reprodutor do CD.
Erihn se sentou no sofá pondo suas notas em ordem enquanto ele se dirigia às estantes. Ao vê-lo com o canto dos olhos ela viu que examinava os títulos que levavam seu nome.
— Qual é seu último título?
— Amante de Veludo. — Ela pôs as páginas de suas notas em suas correspondentes pastas depois se levantou a tempo para vê-lo tirar o livro da estante. — O que está fazendo?
Ele se voltou, olhando o livro de bolso em sua grande mão.
— Quero lê-lo.
Erihn ruborizou e sacudiu a cabeça.
— Realmente não é necessário...
— Claro que sim. Não todos os dias chego a conhecer uma escritora famosa. Ela riu.
— Quase famosa.
— De acordo com a parte de atrás do livro é. — Ele olhou a capa. — A premiada vendedora de best-seller. Diz aqui. Jennifer disse que este livro é algo quente.
O sorriso dele era enorme e seus olhos brilharam com risada. Na realidade ele estava desfrutando de seu mal-estar e ela não pôde evitar retornar um sorriso.
— Sim, bom, talvez terá que ter alças quando o ler, então.
A risada em seus olhos desapareceu, trocando a um olhar ardente que a fazia tremer. Sua desenfreada e maldita língua! Ela lutou contra o impulso de fugir de seu quente olhar.
— Talvez as necessite.
Erihn clareou garganta e mudou de tema.
— Conheci seu gato esta manhã.
Fayne sorriu com um brilho misterioso acendendo seus olhos.
— Sério? Espero que não tenha te assustado.
— Foi um pouco chocante encontrá-lo atirado em minha cama.
— Em sua cama? — Um estranho sorriso jogou em seus lábios quando negou. — Pensei que o ensinei a ser melhor que isso. O que pensa dele?
— É incrível. — Suspirou ela. — E bonito. Nunca vi nada como ele. De onde o tirou?
— Foi um presente de um amigo e é muito querido para mim. — Ele sorriu. — Poderia dizer que o tive por tanto tempo que é uma parte de mim agora. Talvez o deixe sair mais tarde para que possa brincar com ele.
— Onde o mantém?
— OH, aqui e lá. Durante o dia dorme, mas quando cai a noite gosta de rondar.
Erihn estremeceu.
— Caça ou tem que dar de comer?
— Um pouco de ambos, mas não se preocupe. — Sua voz se voltou rouca. — Não morderá a menos que o peça educadamente.
Ela estremeceu enquanto uma visão de Fayne mordendo-a na pele invadiu seus sentidos.
Sacudiu a cabeça e clareou garganta.
— Falando do jantar...
— Bem, o jantar. Já está preparado, assim se refresque, e eu estarei na frente.
— Na frente? Pensei que não podíamos descer da montanha.
— Não vamos descer a montanha, iremos para cima. — Ele sorriu. Deixando cair o livro de bolso no primeiro degrau que conduzia ao quarto do porão e se dirigiu para a cozinha.
— Aonde vamos?
— Já verá. — Disse ele por cima do ombro.
Erihn subiu pelas escadas e ao corredor para o banheiro do primeiro andar para refrescar-se.
Depois de salpicar água sobre sua face, sobressaltou-se diante a emoção de seus olhos no espelho. Sem lugar a dúvidas, estava louca. Mas não era divertido? Engolindo uma risada selvagem, passou os dedos pelo seu cabelo rápido penteando-o antes de sair da casa. Passo a passo saiu à luz mortiça, dando uma profunda baforada de ar fresco. Rodeada de frondosas árvores o meio-fio em frente da casa era um lugar fresco de dourado e verde. Aproximou-se do meio-fio, com a curiosidade de ver o que ele estaria fazendo.
— Vamos caminhar...? — Sua voz se apagou quando viu o que estava de pé junto a ele. Uma motocicleta Harley Davidson se apoiava no meio-fio. Toda brilhante cromada e com pintura de esmalte negra, parecia letal e sexy, igual a seu dono. Fayne tinha posto uma camiseta e uma jaqueta de couro negro sobre sua calça jeans e pesadas botas negras. Uma mochila de couro negro estava a seus pés.
— Não posso montar nisso. — Balbuciou ela.
— Claro que pode. Jennifer adora viajar comigo. — Ele tomou outra jaqueta do assento e a ofereceu a ela. — Asseguro que é totalmente segura.
Erihn mordeu o lábio. Queria ir, mas a ideia de estar muito perto deste homem fazia que sua garganta se contraísse. Era de medo ou de desejo? Não estava segura de se sabia isso.
Ele se aproximou dela e jogou a jaqueta sobre os ombros. Era muito menor que a sua e só poderia ser de Jennifer. O aroma de couro a rodeou enquanto ele a ajudava a subir as mangas.
—Terá que levar a mochila. Tem o jantar.
— Eu... — Antes que pudesse pôr voz a sua objeção, ele assegurou a mochila sobre seus ombros e foi caminhando para a moto. Balançando uma perna por cima se voltou e a olhou espectador.
Ela ficou olhando a moto com nostalgia enquanto mordia o lábio inferior. O que faria dar passeio com ele? Havia dito que Jennifer ia com ele, assim certamente era seguro. A encantaria sentir o vento correndo através de seu cabelo. Soltou seu lábio inferior e endireitou os ombros. Ele sorriu e ela deu um passo vacilante e seu coração deu um puxão sem importância.
— Onde ponho meus pés?
Fayne apontou uma barra de metal.
— Ponha o pé na barra e impulsione sobre si mesma como se fosses montar a um cavalo.
— Talvez tenho que trocar por uma calça. — Erihn olhou sua saia. — Isto não é muito prático para montar uma motocicleta.
Ele franziu o cenho diante a saia e depois desceu da moto.
— Tenho uma ideia. — Desapareceu na garagem e em questão de segundos, retornou com algo negro em suas mãos. Sorriu e levantou os objetos de vestir de couro negro. — Chaparreiras.
Ela piscou.
— Chaparreiras?
— É óbvio. Essas irão ao redor de sua cintura. — Desabotoou a fivela e enrolou o cinturão ao redor de sua cintura antes de assegurá-lo. As lapelas de couro penduraram livres, cobrindo a parte dianteira de sua saia.
— Depois isto. — Ele caiu de joelhos e ela deu um grito enquanto uma forte mão roçava o interior de sua panturrilha antes de empurrar sua saia para cima. — Fechando-se aqui. Erihn olhou para baixo enquanto ele atava os cordões ao redor da parte traseira de seu joelho. Estremeceu-se quando suas cálidas mãos roçaram sua pele superaquecida, enviando um formigamento a sua consciência como foguetes à parte inferior de seu abdômen. Ela fechou os olhos.
— Uma coisa mais...
Os olhos dela se abriram e deu um grito quando seus fortes dedos roçaram o interior de suas coxas. Empurrando mais a saia, chegou ao conjunto da parte superior das ataduras.
Não uso roupa intima! Erihn ruborizou. Graças a Deus que as chaparreiras eram muito grandes e os laços não se sentavam justo debaixo de seu traseiro e suas nádegas onde deveriam ter estado. Ele teria conseguido uma imagem, ou um punhado, então.
— Bom, estamos preparados para ir. — Fayne ficou de pé e se dirigiu à moto, movendo a perna mais facilmente. Fez girar a chave antes de agarrar o guidão. Com um movimento praticado, ligou a moto com um estrondo que rompeu o silêncio.
Ela recuou.
— Poderia ser mais fácil se tivesse me trocado em primeiro lugar. — Gritou.
O sorriso masculino foi malicioso.
— Não seria tão divertido, entretanto.
Ela tragou.
— Realmente necessito...
Fayne levantou uma sobrancelha.
— Medrosa?
Pôs rígida a coluna e estreitou o olhar.
— Eu certamente não sou. — Partindo à moto, subiu e passado uma perna sobre ela como uma profissional. As chaparreiras davam liberdade de movimento e seus joelhos acariciaram o lado de seus quadris quando esteve sentada.
— Vê? — Disse ela com ar de suficiência. — Disse-te que não tinha medo.
Fayne riu entre dentes e se recostou para trás cavando as mãos ao redor da parte traseira de seus joelhos vestidos de couro.
— Tem que se sentar muito mais perto. — Puxou-a e Erihn gritou quando sua saia subiu mal a cobrindo e seu corpo entrou em contato pleno com o seu. Pôs as mãos contra suas costas para tentar conseguir algo de espaço entre eles.
— Deixa de estar inquieta. Está bem. Agora ponha seus braços ao redor de minha cintura.
— Para você é fácil dizê-lo. — Murmurou. Sentia-se terrivelmente vulnerável, graças a sua miserável saia. Nunca mais andaria sem roupa intima.
Decidindo que não podia fazer nada sobre a saia curta e com ele não parecendo querer permitir fazer isso, pôs suas mãos suavemente sobre sua cintura. Teria que assegurar-se de descer primeiro da moto para que ele não pudesse ver seu dilema. Fayne ficou sem fôlego quando viu suas mãos e as pôs ao redor de seu corpo, as situando em seu plano estômago duro. Erihn estava pega a suas costas como um marisco. Enquanto ele mesmo ficava em movimento e soltava a embreagem ela se apertou segura de que cairia em qualquer momento. Erihn sentiu retumbar seu peito quando ele riu de sua reação. Tomou um caminho através do pátio lateral, através do que Jennifer chamava o deserto. Conduzia lentamente pelo caminho estreito e úmido por várias semanas de chuvas excessivas. Foram ao redor das árvores e matagais sobre pequenas colinas e cristas, dirigindo-se cada vez mais altos. Uma segunda volta pequena foi vadeada com pouco ruído e algumas salpicaduras da gelada chuva. Erihn conteve a respiração quando viu o vale através de um claro entre as árvores. O sol estava se pondo cada vez mais baixo, como uma pintura do um vale de sombras de cor dourada e azul. Ela agarrou a Fayne quando golpeou um buraco marcadamente vertical, antes de estar no topo pelo caminho de cascalho em cima da casa. Estreito e retorcido, o antigo caminho florestal tinha sido fechado depois que Jennifer comprou o terreno. Hoje em desuso, as ervas e o deserto estava pouco a pouco se recuperando das cicatrizes causadas pela humanidade. Seguiram o caminho, sempre indo para cima. Com o terreno mais suave debaixo deles, sentiu que estava o suficientemente segura para relaxar seu controle e desfrutar de da viagem. O ar correndo através de seu cabelo dava uma sensação de liberdade, igual à tempestade de ontem. Uma sensação de temeridade desceu sobre ela. A combinação da vibração da moto e a presença de Fayne sentada entre suas pernas a faziam sentir vertiginosa. O aroma do couro e o calor de um homem aliviado com resina de pinheiro acendeu uma faísca de desejo em seu ventre. Suas bochechas queimaram enquanto repreendia a si mesma mentalmente. Tinha que deixar de pensar como uma desavergonhada. Uma coisa era fantasiar a respeito de um personagem de um livro e outra era fantasiar sobre um ser vivo, sobre um homem. O caminho se nivelou e Fayne aumentou a velocidade enquanto o cascalho dava passo a um caminho de terra largo. O caminho corria ao longo do topo dando uma vista impressionante das cúpulas e do Castle Rock, uma enorme formação de lava na distância. Erihn esmagou a mão em seu estômago. Agora coberta pela camiseta, seus músculos jogaram por debaixo de sua palma. Tentativamente, ela moveu a mão, seguindo a crista do músculo para cima, para seu peito. A mão de Fayne cobriu a dela e por um segundo, seu coração se deteve. Ele moveu a mão para cobrir seu coração, com o ruído reconfortante debaixo de sua palma. As lágrimas picaram seus olhos enquanto apoiava sua bochecha contra suas costas.
*******
Ivan franziu o cenho enquanto punha o freio. O sinuoso caminho pavimentado que conduzia à casa de Beaumont tinha sido fácil até que chegou à cena da avalanche de terra. Retro escavadoras amarelas roíam a massa de escombros como formiguinhas. Os homens com capacetes estavam de pé ao redor, gritando instruções. Deteve-se e se aproximou de um homem vestido de macacão, com camisa a quadros e capacete. Ivan admirava a um homem que não tinha medo de ficar no trabalho de um dia duro. O homem de trabalho era a base da sociedade americana, apesar de que as classes altas pensavam de outra maneira. Pondo um agradável sorriso em sua face, baixou a janela, permitindo que o ar fresco alagasse a cabine do carro.
— Parece que tem alguns problemas. — Disse Ivan gratamente.
— Claro que sim. A tempestade de ontem à noite causou um deslizamento de terra. Tivemos um verão muito úmido ao redor daqui.
— Dirijo ao Beaumont. Pode-me dizer quando estará livre?
— Claro, vai demorar pelo menos um dia mais, talvez dois, antes que possa chegar até ali.
Tinham alguns problemas com uma árvore de pinheiro que caiu através da estrada.
Ivan sentiu uma sacudida de alarme.
— Ninguém saiu ferido, não é?
O homem negou.
— Falei com o zelador e me disse que ninguém tinha saído, só que fez uma grande confusão aí acima.
— Ele? — Ivan fez uma pausa. Erihn teria levado alguém com ela?
— Sim, não lembro seu nome, entretanto. Foi algo estranho. — Um olhar cauteloso cruzou a face do homem.
— Não escutei seu nome.
— Bob Taylor. — Mentiu sem problemas. Ele assentiu ao lodaçal em frente dele.
— Mantenha-se no bom trabalho agora, ok?
O homem se afastou do carro enquanto Ivan ficava em movimento. Manobrando com cuidado, apoiou o carro em um amplo espaço e virou o Buick alugado ao redor. Saudando o homem, começou a descer a montanha, fervendo em seu interior.
Em primeiro lugar, estava a moléstia terrível de saber seu verdadeiro nome. Havia custado bastante não mencionar o suborno a assistente do editor para saber exatamente onde Erihn ia estar fazendo sua investigação.
A estúpida vaca comeu uma fortuna em comida, a preços de Manhattan nem menos. E, para cúmulo, a mulher realmente ridícula pensou que ele era irmão de Erihn!
Depois tinha sido o atraso devido à tempestade e agora, escutou que se deitou com algum homem.
Contava que Erihn estaria sozinha na casa. Como se atrevia a viver com algum gigolô? As mulheres eram umas prostitutas... Todas.
Isso sem dúvida punha um empecilho a seus planos. Deixou cair a mão a seu lado e acariciou a pistola atada em sua costa. Não importava. Apesar dessa inesperada situação, seguiria como planejou anteriormente. Era importante que não esquecesse o prêmio final, sua esposa retornando a ele. Logo, sua amada Mary retornaria a quem pertencia.
*******
Erihn se inclinou para agarrar a manta e depois soluçou. Apertando a mão sobre a boca, Fayne deu um olhar zombador quando ela começou a rir.
— Senhor, não se dá conta de que não está bem rir de uma mulher? Ele fez uma profunda reverência, agarrando a manta no caminho.
— Milady, realmente sinto ofendê-la. Entretanto, — sorriu, — você não é uma grande bebedora.
Ela riu.
— Tanto Jennifer e Shai poderiam validar. Estava acostumado a ser muito boa bebedora, mas parece que não me recupero tão bem como estava acostumado a fazer.
Ele colocou a manta na mochila junto com os utensílios do piquenique utilizados. O sol se punha no momento em que terminou de recolher tudo.
— Tenho um segredo para você. Eu tampouco sou. — Ele segurou a mochila e estendeu a mão. — Mac me fez beber até estar debaixo da mesa umas quantas vezes. Diz que sou um encontro barato.
Ela sorriu e deslizou a mão na sua. Seu pequeno piquenique tinha feito que mudasse de opinião com facilidade. Na última hora, conversaram a respeito de tudo. De seus postos de trabalho, da forma em que não tinham nada em comum, de seus filmes favoritos e da forma em que tanto adoravam os filmes de ação e aventura e de seu amor mútuo pelos amigos. Fayne também tinha um senso de humor delicioso.
O céu estava manchado de vermelho e laranja, acentuado com rosa. Enquanto passavam os minutos, as cores trocavam, voltando-se mais brilhantes enquanto os azuis e os violetas se davam a conhecer. Com cada piscada, a cena mudava. Era um glorioso espetáculo.
Ele capturou seu cotovelo e com um mínimo esforço a puxou a seus braços. Ela se apoiou nele com as costas a seu peito, com os pés nos dele. Seus braços chegaram a sua cintura e seus lábios quentes roçaram sua orelha e um gorjeio de desejo a percorreu na coluna.
— Olhe. — Suspirou ele. — Aqui vêm.
Dois pumas dourados saíram dos bosques a uma grande rocha plana a menos de cinquenta metros de onde eles estavam. Estendendo-se sobre a superfície aquecida pelo sol, começaram a se acariciar e a abraçar um ao outro. Usando suas enormes patas, o dominante e o outro em seu lugar lavaram a cara.
O pôr do sol voltou a disparar suas capas de ouro. Erihn conteve o fôlego. — Estamos a salvo? Os lábios dele roçaram seu pescoço e calafrios correram sobre a pele.
— Absolutamente.
Os dentes dele acariciaram a curva de seu pescoço e seu corpo saltou com atenção. Seus delicados cabelos se arrepiaram e os mamilos endureceram. Um suspiro escapou enquanto ele afastava o cabelo a um lado e acariciava a parte de atrás do pescoço.
Ela precisava prová-lo. Voltando-se apoiou nas curvas de seu corpo para terminar estendida frente a ele, incapaz de valer-se por si mesma, com seu fôlego quente em sua pele. Os olhos de cor violeta se esquentaram com necessidade enquanto ele a olhava, como se esperasse sua seguinte ordem.
Ela inclinou a cabeça para trás, com sua mão arrastando-se à corda em seu grosso cabelo.
Uma sacudida de inquietação desceu por sua coluna. Estava a ponto de dar esse passo final e irrevogável? Ela hesitou olhando longe dele.
— Não tenha medo. — Sussurrou ele.
— Não posso evitar. — Titubeou ela.
Ele assentiu.
— Só me diga o que quer, o que deseja.
Ela engoliu e o olhou nos olhos.
— Que me beije.
Um sorriso apareceu nos lábios sensuais dele acendendo uma vibração baixa no centro das coxas. Erihn afogou um gemido.
— Seus desejos são ordens — Ele inundou sua cabeça e tomou.
Não foi um beijo lento. Foi profundo, quente e carnal. Abrandou-se contra ele apoiando-se em sua força enquanto cedia com tudo o que tinha. Suas línguas se enredaram em um jogo sensual do gato e o rato enquanto se lambiam e se chupavam na boca do outro. Um suave gemido escapou quando sua mão deslizou debaixo da aberta jaqueta dela e tomaram um seio, amassando seu mamilo através do suéter.
Fayne rompeu o beijo, com seu peito subindo e baixando enquanto se esforçava por recuperar o fôlego. Erihn o olhou profundamente nos olhos. O pôr do sol projetava fragmentos de ouro em seus olhos, uma surpreendente combinação de violetas frescas e fogo líquido.
Apertando seus braços ao redor de sua cintura a levantou a seus pés.
Movendo a perna sobre a moto, abriu as coxas e a acomodou em cima dele, sentando-a escarranchado. Erihn deu um grito quando a saia deslizou para cima, deixando ao descoberto tudo. Debaixo dela, sua excitação era inconfundível.
Ele guiou seus pés aos plugues e Erihn se esticou, empurrando-se contra elas como se fosse ficar de pé, deslizando-se contra ela, com a delicada carne entre as coxas acariciando sua braguilha cheia de sangue. Um gemido escapou dele e se deteve. Seu som indefeso provocou que um rio fluíra com o desejo mais íntimo e intenso por suas veias. Assustada, agarrou seus ombros e se afundou de novo, acariciando-o com sua carne excitada. Jogou a cabeça para trás, com seus olhos fechados, enquanto um gemido animal escapava. Cheia de um poder de algum tipo que nunca conheceu se deslocou para cima outra vez, movendo seus corpos inferiores juntos. Sentiu-o crescer, alargando-se debaixo dela. Os braços de Fayne se esticaram e ela o abraçou. Ele arqueou seus quadris e se recostou para trás até que ela esteve completamente aberta contra ele. Seus olhos se abriram enquanto as mãos caíam a seus joelhos. Erihn suspirou quando suas mãos acariciaram as coxas, empurrando a saia, deixando ao descoberto sua vista. Apertando-a contra ele, não pôde decidir se assustar ou excitar pelo que estava acontecendo. Ele deu um sorriso tenso depois se moveu sob seus pés. Uma onda de desejo estremeceu seus membros, obrigando-a a recuperar o fôlego enquanto o instinto se fazia carrego. Pulsando nele, esticou as coxas e se elevou a uns quantos centímetros, com suas terminações nervosas gritando de êxtase com as deliciosas sensações causadas por sua fricção. Com sua ajuda, seguiu-o a um ritmo parecido.
— Essa é minha garota. — Disse entre dentes. — Lento, mas fácil. Erihn soltou o agarre de morte a sua jaqueta e passou as mãos sobre seus ombros. Balançando-se contra ele, deleitou-se nas ondas de luxúria que rodavam através de seu corpo à piscina no vértice de suas coxas. Os olhos de Fayne estavam meio fechados e a olhou montá-lo. Acrescentando um pouco de movimento quando ela baixava, o que arrancou um gemido dele.
— Está me matando. — Disse entre dentes.
Ela lambeu os lábios e uma linha de um de seus livros veio à mente.
— Vai morrer com um sorriso...
Erihn se arqueou para ele, com suas respirações em seus pulmões quando resistiu debaixo dela convidando-a a ir mais rápido.
Os olhos dele se abriram, com um sorriso malicioso nos lábios sexys enviando uma sacudida à crista de suas coxas.
— Só se você for primeiro. — Ele deixou cair a mão entre suas coxas, com o fio da ponta seus dedos centrados no clitóris. Com golpes deliberados e pequenos movimentos espasmódicos enquanto ela se excitava e chegava para o pico que oferecia.
— Eu queria ir devagar. — Protestou sem fôlego.
— Querida, há mais de onde isto saiu. — Ronronou.
O desejo em espiral baixou a seu ventre quando ele se sentou em posição vertical, levando-a a um contato mais direto com sua mão. Tomou o ritmo de seu corpo enquanto se balançava contra ele, cada vez mais desesperada para chegar ao ápice.
Depois, com uma simples carícia, ele a fez voar.
Seu corpo se contraiu contra sua palma. Sua cabeça foi para trás, gritou sua satisfação ao deserto, como tremores sacudindo-a. Onda atrás onda de liberação se apoderou dela até que estrelas se formaram redemoinhos atrás das pálpebras, deixando-a tonta e sem fôlego. Pouco a pouco se acalmaram e se apoiou em seu peito, com seus dedos sem soltar os ombros. Quando a realidade voltou, deu-se conta do homem duro como uma rocha debaixo dela. Endireitando-se, seu olhar encontrou o dele e estremeceu ao ver a expressão de ternura que refletia. Nunca nenhum homem a viu dessa maneira.
— Como se sente? — A voz rouca e grossa.
— Muito bem, maravilhosamente. — Pressionou a parte inferior do corpo contra ele. — Acredito que você é o seguinte.
— Acredito que...
Ela deteve seu fluxo de palavras com sua boca dando um rápido beijo nos lábios.
— Acha muito.
O brim de algodão úmido era áspero contra sua pele excitada quando ela guiou as mãos até sua cintura. Sem palavras, começou a mover-se, ajustando seu corpo aos indicadores sutis que dava. Sob sua tutela, moveu-se contra ele, aumentando sua velocidade até que ele se esforçou debaixo dela. Um grito rouco foi arrancado de sua garganta, e gozou duro na calça jeans.
Réplicas de seu orgasmo se refletiram através dele, o que desencadeou um comunicado de resposta de seu corpo. Pela segunda vez, ela gozou inclinando a cabeça para trás e uivando como um animal. Depois que a tempestade passou, instalou-se em seu peito, escutando seu coração trovejar debaixo de sua orelha.
Minutos mais tarde, quando por fim pôde despertar-se para mover-se deu conta de que pôr do sol e os pumas se foram.
— Temos que ir. — Sussurrou.
Fayne deu um abraço.
— Provavelmente é uma boa ideia.
Erihn torpemente se revolveu fora, tentando manter certo sentido de modéstia apesar de que montou nele como uma mulher possuída. Cheia de vergonha, arrebatou as chaparreiras. Com dedos torpes, as pôs, rasgada entre o desejo e a velocidade antes que ele a ajudasse. Deteve um gemido com o pensamento de seus dedos em sua carne, uma vez mais.
Ele deu um passo adiante e a ajudou com a correia da mochila a suas costas e se esforçou por pensar em algo que dizer para romper o incômodo silêncio. Não podia pensar em nada.
— Pronta? — Perguntou.
Ela assentiu em silêncio.
— Esqueci-me de algo.
Erihn olhou a seu redor e não viu nada fora de lugar.
— O que?
Ele capturou seu queixo e a obrigou a olhá-lo diretamente nos olhos.
— Isto. — Baixou a cabeça, com seus lábios tocando os dela em um suave beijo que levou lágrimas aos olhos. Soltando-a, passou um dedo por sua garganta como se resistisse a deixar de tocá-la. Mas se voltou e subiu à moto, então estendeu a mão para que subisse com ele. O coração deu um tremor enquanto sorria. Deslizando a mão na sua, sentou-se escarranchado na moto com mais confiança que antes. Abraçada a suas costas, com as coxas alinhadas perfeitamente com as suas, saboreou o calor que emanava de seu corpo. Ele ligou a moto e partiram na noite, com ritmo lento. O céu escuro e brilhante pelas estrelas hipnotizou Erihn, inclinou a cabeça para trás para ver melhor. O céu do Colorado sempre pareceu tão ilimitado, fazendo que se sentisse pequena e insignificante. Não esta noite. A Via Láctea pendurava com a cabeça baixa, como uma mancha celeste de diamantes, e se sentiu o suficientemente leve para flutuar até o céu e converter-se em um dos pontos brilhantes de luz. Envolvendo seus braços ao redor de sua cintura, colocou as mãos no calor de seu estômago. Seus músculos se contraíram sob as palmas e uma onda de prazer a pegou. Deslizando sua mão para baixo, moveu a mão sobre seu quadril até a coxa. Músculos ondularam debaixo de seu tato, enquanto ele se movia. Acariciou a coxa, desfrutando da sensação do desgastado tecido sobre os músculos tensos. Moveu-se quando a mão dele cobriu a dela, levando-a ao meio de sua coxa. Massageando a parte alta da coxa, apalpou o que voltava para a vida ao lado de seus dedos. Estremeceu contra seu peito. Dedos quentes se enroscaram ao redor de sua mão, atraindo-a sobre sua ereção para cobrila. Seu jeans, ainda úmido em seu corpo, estava moldado com força a sua forma expandida. Deslizou a outra mão para cobrir seu coração enquanto suavemente fincava suas unhas sobre seu centro quente. Um grunhido saiu de seu peito e suas palpitações aumentaram. Seu pênis se sacudiu sob sua palma. Com cada golpe, alargava-se, e um sentido de poder feminino cantou em suas veias. À medida que teciam seu caminho pela montanha, Erihn alternou entre gozar da graça de seu grande corpo e de gozar de levá-lo perto do delírio. Sabia que estava brincando com fogo, e se entregava a ele com uma emoção embriagadora de jogos e golpes a suas reações agudas. Fayne freou a moto quando chegaram ao ponto onde deixaram a segurança da estrada de cascalho para o caminho no deserto.
— Se formos conseguir sair dos bosques sem cair no barro, ou algo pior em peças, precisamos manter as mãos em um só lugar. — Ofegou ele. Ela riu de alegria quando ele se apoderou de sua mão errante e a apertou contra seu estômago. Movendo-se levemente, disse:
— Agora, não se mova.
Abraçando-o apertadamente, ficaram em movimento, estava assombrada pela capacidade dele de ver na escuridão.
Com a ajuda de um único farol, infalivelmente manobrava através da densa erva entre os abetos e álamos imponentes sem cometer nem uma vez um engano.
Vadearam a segunda volta pequena, e ela se agarrou nele, enquanto deslizavam pelo barro ao outro lado.
Por um segundo, pensou que poderiam terminar no chão, mas ele endireitou a moto com facilidade e continuaram sua viagem. Estava surpresa pela diferença que vinte e quatro horas fizeram. Ontem, estava pronta para fugir o mais rápido que pudesse dele e hoje queria estar tão perto como fosse humanamente possível. Descansando a bochecha contra suas costas, estremeceu-se no ar frio da noite quando as luzes do Avon brilharam no vale seguinte. Pouco a pouco o deserto se afastou quando chegaram a uma superfície relativamente moderada. A luz da janela da cozinha apareceu entre as árvores e se fez mais brilhante à medida que se aproximavam da casa. Quando chegaram à casa, Erihn foi consciente de quão fria estava. Fayne rodeou a pequena parcela de grama cuidada e o rangido do cascalho no caminho de entrada foi como um som de bem-vinda. Ele chegou à garagem e se deteve. Pôs seus pés no chão, e desligou a moto. Com os ouvidos ainda ressoando pelo estrondo constante da moto, baixou-se com suas coxas protestando pelos esforços desacostumados de antes. Uns fortes dedos se enroscaram ao redor de seu cotovelo, apoiando-a. Pôs o pé de apoio no lugar e ele também desceu da moto. Sombreada, não pôde ver sua face quando a tomou nos braços. Seu beijo foi profundo e fez dobrar os dedos, cambaleando-se contra ele. A paixão se reavivou em um instante quando a acariciou com as mãos tomando seu traseiro enquanto suavemente se empurrava contra o vértice de suas coxas. Erihn agarrou sua jaqueta e se agarrou a ela enquanto a beijava, sua língua a provou, tocoua, e pouco a pouco a começou a ficar louca. Respondeu comendo sua boca como se fosse uma mulher faminta e só ele pudesse curar sua fome. Levo-a para a porta principal, fazendo uma pausa para dar um beliscão aqui, uma chupada ali. Girando no corpo do outro, seu cotovelo se chocou contra a porta com um golpe oco. Ela riu fortemente quando soltou a boca e procurou a maçaneta da porta. Grunhiu — Do que ri, mulher?
— De nada. — Voltou a rir. Nunca se sentiu tão selvagem, tão livre e tão desejada antes. Ele agia como se queria comê-la viva. Deteve outra risadinha. Talvez ela o deixasse. Ele abriu a porta, e ela se libertou o tempo suficiente para caminhar ao calor da casa. Deixou cair sua mochila e correu ao pé da escada. Voltou-se e viu que ele estava na porta, com seu rosto na sombra e seu olhar fixo em algo que pendurava da porta. Erihn franziu o cenho quando viu suas grandes mãos apertar-se em punhos e seus nódulos tornarem-se brancos. No centro da porta havia um quadrado branco que antes não estava, uma adaga estreita com a fina lâmina incrustada na porta de madeira a mantinha em seu lugar. O cabo estava adornado com pedras de um azul profundo, deu calafrios com apenas olhá-lo.
— O que é isso? — Sussurrou.
— Uma fotografia. — O olhar de Fayne passou da adaga a ela. A apreensão deslizou debaixo de sua pele quando viu sua expressão. Fria e mortal, um músculo se moveu em sua mandíbula, parecia o suficientemente zangado para matar com suas próprias mãos.
O medo se apanhou em sua garganta quando deu um passo para ela, e não pôde evitar recuar. Algo se frisou e congelou em seu interior. Pôs sua mão no corrimão para manter o equilíbrio enquanto ele entrava na luz, com a intenção em sua face, com seus olhos escuros. A energia que irradiava era desconcertante e nem um pouco medrosa.
— Vá à cama, Erihn. — Falou em voz baixa, gutural.
— Fayne...
— Vá! — Trovejou.
O medo correu por suas costas enquanto corria escada acima, com seu coração golpeando grosseiramente contra suas costelas.
Quando chegou a maçaneta da porta sua voz a deteve.
— Fecha a porta.
Entrou no quarto e fechou a porta, com sua mente girando com perguntas sem resposta. Por que ele queria que fechasse a porta? Estava-a prendendo ou deixando fora? O que se encontrava na fotografia e por que estava pendurada na porta dessa forma? Como não queria pressionar sua sorte, Erihn fechou a porta, enquanto as lágrimas começavam a cair, assustando-a.
*******
Fayne estava de pé nas portas francesas, com o vento frio contra sua pele nua enquanto a ira fluía através de suas veias. Em silêncio, fechou as portas depois saiu ao terraço. Tudo estava em silêncio, mas não por muito tempo. O mal vinha por ele, podia degustá-lo no ar. Nu, ficou de pé à luz da lua crescente, e o astro brilhante chamou a sua natureza animal para fora. Fechou os olhos e se concentrou no brilho sempre presente de fogo violeta que existia em sua mente. Dando uma respiração profunda, derramou seus pensamentos humanos e se meteu na noite para abraçar a sua besta.
CAPÍTULO 06
O telefone o despertou.
Fayne procurou o ruidoso aparelho enquanto o toque fraturava no agudo ar da manhã. Olhou o relógio e franziu o cenho. Quem diabos ligava as 7:00 da manhã? Tomou o fone e disse — Mais vale que seja bom.
Silêncio.
— É sua moeda de troca.
Seu ouvido sobrenatural detectou um som áspero, seda sobre o aço. Um calafrio percorreu sua coluna.
No fundo de sua mente ouviu uma risada sussurrante e seca, como o ar de uma cripta selada durante séculos.
O som da maldade.
Um clique e o toque de chamada o tirou de seu devaneio.
Ele colocou o fone, com seu coração troando em seus ouvidos. Só uma pessoa poderia ter estado no telefone.
Uma pessoa cuja maldade se traduziria em quilômetros de cabo trancado. Que tinha deixado o cartão de visita ontem à noite.
Edward.
Fayne jogou uma olhada à fotografia que recuperou da porta. Encontrava-se na mesinha de noite com a adaga a seu lado. Tomada ali na montanha fazia um mês, a foto era dele e de Max, brincando com uma bola de futebol no mesmo prado onde ele e Erihn viram o pôr do sol.
Max estava correndo com tudo, com um grito de alegria infantil capturado em seu rosto enquanto agarrava a bola a seu peito. Atrás dele Fayne corria, alcançando o pequeno corpo do menino, com um amor óbvio para todo que todo mundo que ouvisse. A lâmina da faca cortou limpamente as duas imagens congeladas.
Edward vinha por Max.
Apertou a mandíbula. Nunca permitiria que o monstro tomasse o menino. Em todas as formas em que contava, Max era seu filho. Ele morreria para proteger seu filho e isso era tudo. Era o momento de formular um plano.
Sentou-se e fez uma careta ao notar o barro nos pés e nos lençóis. Detestava ter ido à cama com os pés sujos. Estava tão cansado depois dos acontecimentos de ontem à noite, que paralisou na cama, com os pés embarreirados e tudo.
Agora, entretanto, havia problemas maiores que o barro nos lençóis. Tomou o telefone e discou um número internacional que sabia de cor. Depois de uns segundos os zumbidos dos ruídos soaram enquanto o telefone estava submerso sob a água, escutou os distintos toques comum em um telefone europeu.
— Residência do St. James. — Os tons adequados do britânico mordomo de Sinjin, Hilton, fez que Fayne quisesse sentar-se mais reto. Resistiu à tentação.
— Estão Sinjin ou Conor, por favor?
— E quem digo que está chamando?
— Fayne.
O mordomo fez uma pausa.
— Fang, senhor? — O desgosto atou a cada sílaba. Fayne resistiu o impulso de grunhir.
— Não, é Fayne, Helton. — Sublinhou o som. Uma aspiração.
— Sim, senhor.
Fayne ouviu configurar o telefone, e o leve estalo dos sapatos do mordomo enquanto se afastava.
Hilton o conhecia muito bem e sabia perfeitamente quem estava no telefone.
O mordomo se zangou com ele fazia uns anos, quando pegou Fayne com suas sobrinhas as gêmeas, Ariell e Mariel, brincando com um instrumento que não se encontrava normalmente em uma sala de música Inglesa. Ele sorriu. Os dois aprenderam muito mais de palitos esse dia.
— Fayne? — Disse a voz de Mac na linha — O que aconteceu?
— Temos um problema. — Grunhiu. — Edward.
Mac fez uma pausa e Fayne quase pôde ouvir as rodas de inflexão na cabeça de seu amigo.
— Surgiu?
— Vem atrás de Max. Deixou um cartão de visita ontem à noite.
— Onde está Max?
— Bliss o levou a América do Sul para observar uma escavação arqueológica. Já sabe como isso deixa louco o menino. — Fayne riu. — Não vão estar de volta por algumas semanas. Não posso localizá-la daqui, e só chama uma vez à semana. Diga a Sinjin que fique em contato com ela, e que diga que fique e que esteja vigilante por algo fora do comum.
— Acha que Edward saiba onde está Max?
— Não, Bliss o tirou do país através de meios extraordinários. — Fez uma pausa antes de continuar para permitir que a implicação de suas palavras se assimilasse. —Temo que Edward o encontre de outra forma. Ele e Max estiveram unidos mentalmente por dois anos.
— Hmm... Não sei nada sobre isso. Irei por Sinjin imediatamente e veremos se pode chegar a Bliss para fazer saber o que está acontecendo. Há algo mais que necessite? Quer que voltemos para casa?
— Não, não acredito que seja necessário. Faça-me um favor e vê se pode encontrar Renault.
Pode ser que necessite sua ajuda.
— Dá-se conta que Renault desapareceu e ninguém a viu há meses. Sinjin pensa que retornou a sua forma de gato permanentemente. Não posso garantir que vamos encontrá-lo.
Fayne fez uma careta diante a ideia de seu velho amigo ocultando-se só em algum lugar do mundo. Com o mundo sobrenatural alvoroçado e o pai de Renault, como líder da revolta, não era seguro para ele estar sozinho. Não era seguro para nenhum deles.
— Continuo esperando que saia à superfície.
— Todos nós o fazemos. Enquanto isso, vou notificar Alexandre e a Val. Não se surpreenda se receber visitantes logo.
Ele sorriu.
— Surpreenderia se não o fizesse.
— Tome cuidado e mantenha um olho em Erihn. É muito querida por todos nós.
— Isso farei. — Fayne clareou a garganta. — Mac, se algo me acontecer, você e Jen se ocuparão de Max, não?
— Nada te acontecerá se tomar cuidado. Além disso, os bons sempre ganham. — Mac se esforçou por um tom ligeiro.
— Finalmente Mac, eles sempre ganham no final.
— Em primeiro ou em último, sempre e quando ganharmos. Verei o que posso fazer desde meu lado e me porei em contato com você.
— Obrigado.
Ele desligou o telefone e chegou à foto. Max era um verdadeiro presente para ele. Embora os gatos pudessem engendrar filhos, Fayne nunca encontrou uma mulher com a que queria formar uma família. Nenhuma mulher mortal chamou sua atenção por mais de uns poucos meses, e nunca conheceu uma mulher were-gato que pudesse estar a seu lado por algum período de tempo. Eram muito competitivos, inclusive se eram fantásticas na cama.
Depois Max chegou a sua vida. Max, à idade de quatro anos, tinha sido vendido ao vampiro Edward Elder, um vampiro vil da mais baixa denominação. Edward era mudo e, com os talentos psíquicos e videntes de Max, pode comunicar-se facilmente com o mundo exterior. Sem Max, ficava era relegado a usar pluma e papel como outros mortais. Edward planejou criar ao menino e convertê-lo em um servo humano imortal, uma vez que chegasse a uma idade apropriada. Edward e Max juntos por toda a eternidade, quer dizer, até que Fayne interviu.
Edward havia visto envolvido nas intrigas de Mikhail e sua malograda tentativa de posicionar-se como Mestre no Conselho de Anciões, o organismo reitor dos baixos recursos sobrenaturais inteiros. Fayne era um participante relutante do conselho. Como a maioria dos were-gatos, estava mais interessado nos prazeres físicos que na política dos condenados.
Mas depois da derrota de Mikhail no círculo de pedra no solstício de inverno passado, Edward abandonou Max, deixando-o libertado uma morte segura e permitindo o vampiro salvar sua pele sem valor próprio. Fayne resgatou Max e o adotou a sua vida e a seu coração.
Seu filho passou a maior parte dos últimos nove meses em reclusão com Fayne e uns poucos seletos amigos ali na casa de Jennifer. Profundamente traumatizado por sua terrível experiência à mãos de Edward, Max ainda sofria de pesadelos e debilitantes ataque de pânico. Com o tempo se reduziram, mas não desapareceram por completo.
Seu coração se inchou de orgulho ao pensar em como Max parecia estar adaptando-se bem a sua primeira excursão no mundo. Estava desfrutando de seu tempo na América do Sul. Uns poucos nativos, argila desmoronando-se, panelas e um montão de barro podia fazer coisas assombrosas a um menino de seis anos de idade. No telefone faz uns dias, Max pareceu menos medroso e mais como o menino que deveria ter sido.
Amava-o e faria tudo para mantê-lo a salvo.
Fayne baixou a imagem e deu a volta sobre seu estômago. Fechou os olhos, sabendo que fez tudo o que podia fazer por agora. Tinha posto as rodas em movimento e notificado às tropas.
Depois de eliminar Erihn da linha de fogo, seria livre para perseguir Edward. Desta vez, nada o impediria de matar ao vampiro.
*******
Um ruído o despertou de um sono profundo.
Fayne ficou imóvel, escutando os passos suaves de Erihn em cima. Uma onda de desejo o percorreu ao pensar em sua desinibida resposta de ontem à noite. Tinha tomado até a última gota de vontade enviá-la à cama quando ele deu suas presas para levá-la a sua cama e tê-la mantido ali por uma semana. Era um foguete e ele a desejava mais que nunca. Por desgraça, mantê-la a salvo era mais importante que apaziguar sua natureza animal. Primeiro, tinha que limpar os restos do desastre da entrada. Depois tinha que convencê-la de que fosse logo que fosse possível. E tinha uma boa ideia de como fazer isso. Levantou-se da cama, com seus lábios encrespando-se à vista dos lençóis sujos. Correndo a uma ducha rápida, colocou um short tentando de manter sua mente na deliciosa mulher de cima. Correndo com velocidade pelas escadas ao andar principal, deteve-se no patamar. Seu aroma jogava com seus sentidos, e tomou nota com satisfação que usou óleo de rosa de gerânio no banheiro de novo. Em silêncio, entrou na sala e o primeiro que viu foi Erihn, sentada em um sofá em um raio de sol. Vestida com um vestido de renda marfim e um suéter macio cor cacau, parecia um anjo. Seu cabelo preso em uma trança longa e grossa se arrastava em cima de seu ombro direito. Estava sentada com o diário em seu colo, enquanto rabiscava com fúria em uma caderneta, com a caneta sobre o papel listrado. Fayne começou a suar enquanto uma estranha sensação de afundamento dava um chute no estômago. Sentia que subiu em um elevador expresso por quarenta andares, deixando a seu estômago no terceiro. Enquanto a olhava, com seus pés nus, suas unhas pintadas de rosa, dobrados e estirados sobre os tapetes. Uma onda de desejo o deixou com a necessidade de afundar as unhas na moldura da porta até tirar lascas. Sem lugar a dúvida, estava em problemas. Em silêncio, retirou-se pelas escadas para deslizar-se pela porta traseira.
*******
Erihn franziu o cenho diante suas notas. Segundo o diário, só havia duas maneiras de converter-se em uma mulher gato. Uma era ter nascido de dois pais que tivessem sido gatos. Um were-gato e uma mortal podiam ter descendência were-gato, mas as possibilidades eram escassas. A única outra forma seria ao ser arranhado ou mordido por um were-gato perto da lua cheia. Ela mordeu o final de sua caneta. Agora, o problema, é óbvio, era como conseguir que o herói arranhasse à heroína. Na cama, talvez? Um acidente? Escreveu um sinal de interrogação ao lado de sua nota. Teria que voltar para isso. A seguinte era a questão da mudança de forma. Como um were-gato se voltaria para a forma de gato e de volta? Olhou o diário, no braço do sofá. A estúpida coisa lia as instruções em estéreo. Algumas coisas não podia encontrar nem pés nem cabeça, enquanto que o grosso da informação estava escrito em um idioma que não podia decifrar. Havia momentos em que estava tentada em tratar de ler a coisa de atrás em lugar de diante. Erihn suspirou. Ia ter que chegar a algo. Em Amante de Veludo não abordou a questão da mudança de humano a were-gato, mas ia ser um ponto da trama integral no novo livro. O som da porta a tirou de sua meditação. Fayne entrou e ela bebeu a extensão de bronze de seu peito, sujo por seu trabalho exaustivo na entrada. Deteve-se no arco, com intenção em seu olhar sobre ela. Folgado short de cor púrpura pendurava em seus quadris e os viu contrair-se em seu olhar percorrendo sua virilha. Seus olhares se encontraram e um tremor correu sob sua pele. Seu corpo se esquentou e se abrandou como se se preparasse para seu toque. Inclusive coberto de barro e resina de pinheiro, seguia sendo o homem mais bonito que viu.
— Bom dia. — Ofegou.
Erihn estremeceu como se a houvesse tocado fisicamente. Clareou garganta. — É tarde. Tenho um pouco de chá aqui se deseja. — Indicou a jarra e copos na mesa diante dela.
Ele não disse nada. Obrigou-se a permanecer imóvel enquanto seu olhar se movia por cima dela faminto. Fez um gesto com a mão para indicar sua sujeira.
— Tenho que me limpar.
— Está bem, leve um copo com você. — Inclinou-se e serviu um copo de chá de ervas com gelo. Levantando-se caminhou pela sala até chegar a sua mão. Por um momento, pensou que não aceitaria seu oferecimento, depois se aproximou e aceitou o copo, tomando cuidado de não tocála.
— Obrigado.
Forçou um sorriso brilhante.
— Vou fazer algo de comer.
— Não é necessário.
— Insisto. Passou quase toda a manhã trabalhando fora, o menos que posso fazer é te proporcionar comida. Seus olhos a transpassaram, procurando. Ela se deu conta que queria dizer algo, em troca, assentiu bruscamente.
— Obrigado.
Exalou um suspiro de alívio quando deu a volta e desceu as escadas a seu quarto. Ainda o desejava apesar de que a punha nervosa. Havia algo nele, algo animal, selvagem. Por direito, deveria assustá-la, mas ela havia sentido sua moderação. Ele não era um maníaco como Chapman ou intimidante como Val.
Enquanto Fayne era imprevisível, havia um lado mais suave, uma ternura nele. Era esse lado que a atraía como uma traça à chama. Agora tinha que tomar cuidado de não queimar-se.
Erihn voltou para sofá e teve muito cuidado de pôr o diário em sua caixa. Meteu-o em sua bolsa para guardá-lo. Tomou seu caderno e uma caneta e os levou com à cozinha.
Deixando seus fornecimentos no balcão, revisou a geladeira antes de decidir-se sobre sanduiches de queijo à churrasqueira. Agarrando os ingredientes da geladeira, empilhou-os na ilha da cozinha.
Escolheu uma frigideira antiaderente grande das caçarolas abatidas sobre sua cabeça.
Cantarolando em voz baixa, acrescentou um cubinho de manteiga e pôs a caçarola na estufa para esquentar-se enquanto olhava suas rabiscadas notas.
Necessitava algo para que seu herói se visse mais simpático. Franziu o cenho.
O que faria parecer com seu were-gato mais simpático? Um mascote? Os were-gatos teriam mascotes? Não, provavelmente não. Que tal uma enfermidade debilitante que fosse e viesse, como a malária? Não. De acordo com o diário, os were-gatos eram quase indestrutíveis para as enfermidades humanas.
A diferença dos homens lobo, os were-gatos eram imunes às balas de prata e às mordidas dos lobos. Curavam-se rapidamente e, até agora, não encontrou nada no diário que indicasse o que poderia matá-los.
Erihn saltou enquanto cheirava a manteiga quente. Açoitando a frigideira na boca do fogão, pô-la a um lado e pôs os sanduíches juntos ao azar, com sua mente ainda em seu livro. Que fazia aos homens humanos parecer vulneráveis às mulheres?
Bebês.
Aturdida, ficou imóvel, com o queijo pendurando no ar. Era isso! Deixou cair o queijo e tomou sua caneta.
Daria ao herói um menino.
De onde viria este menino?
Seria um menino abandonado.
É óbvio, com um menino, ele teria que perder a motocicleta. Ninguém transportaria um menino pequeno na parte traseira de uma moto. Erihn mordeu o lábio. Isso poderia apresentar um problema, entretanto, porque determinou dar ao herói uma motocicleta. Talvez pudesse ter um carro também?
Rabiscou algumas notas mais. Satisfeita com o tinha abaixo, voltou sua atenção ao almoço.
— OH diabos! — Sacudiu a cabeça enquanto recolhia a frigideira, agora fria.
Quanto tempo ele esteve de pé ao redor da bancada?
— Problemas?
Deu a volta, quase deixando cair a frigideira. Colocando ar seus pulmões rapidamente viu Fayne olhando-a. Seu cabelo estava penteado para trás pela ducha, estava vestido com jeans negro e com um colete cor púrpura brilhante de veludo que fazia que seus olhos se vissem quase totalmente púrpura. Com toda essa pele nua esperando que a explorasse...
Engoliu audivelmente.
— Umm, o quê? Disse algo?
— Está bem? — Deu um passo para frente sem fazer ruído e notou que seus pés estavam nus. Havia algo atraente sobre os pés descalços de um homem.
— Sim. — Ela deu um passo atrás e tropeçou com a estufa. Voltou-se e deixou cair a frigideira no calor do queimador. Se acalme, garota.
— O que vamos comer?
— Queijo à churrasqueira. — Erihn deixou cair mais de manteiga na frigideira e chegou aos sanduiches.
— Parece-me bem. A jarra de chá ainda está na sala?
— Sim, esqueci-me de trazê-la aqui.
— Vou pegá-la.
Pela extremidade do olho, viu-o caminhar à sala de estar, com os músculos de suas pernas ondulando debaixo de seu jeans enquanto se movia. Deveria ser um crime usar jeans assim de bem. Lutou contra o impulso de suspirar como uma adolescente. O que estava errado com ela?
Nunca perdeu a cabeça por um homem. Baixou os sanduiches à manteiga enquanto Fayne voltava com a jarra.
A tatuagem apanhada em seu braço chamou a atenção.
— Por que fez uma tatuagem? — Exclamou. Ele olhou o anel de espinhos em seu braço.
— Porque me recorda algo que aprendi faz muito tempo. — Preencheu os copos de ambos e se dirigiu ao congelador para procurar mais gelo. — O chá está bom. O que tem?
— Ervas. Menta em sua maioria. É uma boa mistura, calmante para a manhã. Eu o faço. — Colocou os sanduiches, verificando-os para assegurar-se de que não se queimassem. — Posso perguntar qual foi a lição?
Ele tomou um comprido sorvo de seu chá, quase esvaziando o copo.
— Algo nisto tem sabor familiar.
— Provavelmente a camomila. Utiliza-se em muitos mantimentos.
— Hmm, poderia ser. — Voltou a encher seu copo e se sentou à mesa da pequena cozinha — Agora. O que estava dizendo?
— O que os espinhos...?
Ele assentiu.
— OH, sim... Agora lembro. Os espinhos são para me recordar os perigos de minha anterior vida, por assim dizer.
— O que quer dizer com sua vida anterior? — Erihn cuidadosamente virou os sanduíches e depois se voltou para ele. — Quer dizer que viveu antes? Ele começou a rir, e não foi como seu sorriso normal. Foi uma gargalhada de entrada e saída. Tomou um gole de seu copo e o baixou.
— Vivi antes! Moço, sempre. — Sacudiu a cabeça como se estivesse desconcertado — Wow, minha cabeça se sente estranha. Erihn franziu o cenho. Não estava agindo como ele absolutamente. Estaria doente?
— Fayne?
Ele olhou pela janela em direção à manjedoura de aves. Erihn olhou para fora para ver dois corvos paquerar com outros. Um se precipitou uns poucos metros antes de deter-se debaixo do outro.
Erihn se voltou para ver Fayne observando às aves com atenção. Seu olhar piscou de ida e volta, enquanto eles jogavam.
— Fayne, está bem?
— OH, sim... — Suspirou. — Estou gg-grandioso. — A palavra terminou com um grunhido estranho, semelhante ao de um animal.
— É alérgico a algo? — Seus olhos se centraram nela, com suas pupilas dilatadas soando sinos de alarme em sua mente — Tomou algo antes de ir acima?
— Não — Ele sacudiu a cabeça e franziu o cenho. — Não sou alérgico a nada.
— É diabético?
— Não.
Erihn se dirigiu para ele, preocupada. Algo estava muito mal, e graças à avalanche de terra abaixo da montanha, nem sequer podia chamar uma ambulância.
— Fayne, acredito que...
Ele a surpreendeu saltando sobre seus pés. Quando cambaleou um pouco, ela se aproximou e o tranquilizou. Seu braço se sentia quente sob sua mão e agitou um dedo diante de seu nariz.
— Esse é seu problema. Pensa muito — Riu e depois esfregou o estômago.
— Wow, tenho fome.
— Tem fome?
Ele se moveu à geladeira, com seus passos carecendo de sua graça habitual.
Se estivesse doente, o que devia fazer?
— A comida está queimando — Anunciou ele.
Erihn girou e tirou a frigideira do queimador. Talvez se desse de comer, ele se sentiria melhor. A toda pressa encontrou um prato e deslizou o sanduíche quente. Deu a volta enquanto tirava um pote de sorvete de hortelã do congelador.
— Os sanduiches estão prontos.
— Bom. — Ele vagou ao balcão, lutando com a parte superior da caixa até o final. Por último disse — Tadddaaa.
— Tem febre? — Perguntou tentando pôr sua mão em sua testa. Ele franziu o cenho e tirou sua mão de seu rosto.
— Mm bem — Murmurou ele.
Abriu a gaveta dos talheres. Encontrou uma colher e colocou a mão em seu prêmio. Erihn conseguiu pôr sua mão ao redor da parte de atrás de seu pescoço. Ignorando o calafrio que estremeceu sua pele, encontrou-o muito quente. Muito quente de fato.
— Fayne, tem febre.
— Não, não tenho — Resmungou com a boca cheia de sorvete. — Cara, faz calor aqui dentro. Acha que faz calor aqui? Sei o que fazer. Alguma vez te disse quanto me desagrada a roupa? — Ele renunciou a sua colher e tomou seu jeans. — Realmente odeio a roupa.
— Fayne... — Ela o alcançou para detê-lo.
— Se fosse por mim, eu gostaria de correr nu todo o tempo. Acredito que todos deveriam correr n...
Erihn engoliu quando ele desabotoou a calça jeans. Não parecia usar nada debaixo.
— Fayne...
— Esse é meu nome, não o desgaste. — Bufou com risada.
Erihn mordeu o lábio com os dentes. Obviamente, ele estava doente. Talvez devesse tentar conseguir levá-lo a cama.
— Acredito que talvez, deve descansar um momento.
Ele sorriu.
— Lembra o que falei... — Trilava com uma voz cantarina. Ele negou e baixou a calça ao mesmo tempo — Voila!
Erihn exclamou.
— OH, meu senhor!
Seu olhar se fixou em seu osso do quadril. A tatuagem de uma pantera cobria seu quadril da cintura à parte superior de sua coxa. Uma pantera à espreita, escondida, com intenção em sua expressão.
Era uma das coisas mais incríveis que já viu... Em um corpo humano, quer dizer. Havia algo incrivelmente erótico sobre uma tatuagem oculta pela roupa. Piscou. Certamente não estava oculto agora.
Fayne riu e depois perdeu o equilíbrio, caindo no balcão com um ruído surdo. Seus olhos langorosos brilhavam.
— Sua vezzz... — Ronronou ele.
— Eu não...
— Uh-uh-uh... Não diga. — Olhou-a com seus olhos cheios de nostalgia. — É tão bonita. — Ele franziu o cenho e olhou ao redor como se estivesse confuso e viu os sanduiches. — Mmm... — Tropeçou com a mesa, com seus passos cambaleantes, como se estivesse em um navio. Tomou um sanduiche e fechou os olhos quando deu uma mordida.
— Celestial. — Resmungou com a boca cheia.
Antes que Erihn pudesse compreender totalmente o que estava vendo, um homem nu comendo um sanduiche assado de queijo no centro da cozinha, ele terminou um e tomou o outro.
— Estes estão grandddioossoos. — Grunhiu terminando o segundo — Tenho sede... Mais chá. Alargou a mão para seu copo e Erihn se equilibrou, tirando o de seu alcance. Definitivamente necessitava que se deitasse, e o mais próximo era o chão ou o sofá. Não queria arriscar-se a subilo pelas escadas a seu quarto e que ele perdesse o equilíbrio.
— Que tal um pouco de água com gelo refrescante e agradável? — Ela afastou o copo de chá e o atirou na pia. — Tomou suficiente chá. — Deu a volta. — Por que não vamos nos sentar no sofá?
Fayne se apoiou contra a parede da cozinha com um magnífico sorriso em seus lábios.
— Quer se deitar comigo?
Erihn se aproximou e colocou um braço ao redor da cintura. Uma sacudida elétrica passou por ela enquanto ele punha um braço sobre seu ombro.
— Bom, é óbvio, faço-o, Fayne. Somos amigos, não? — Conduziu-o para o arco na sala de estar.
— Somos mais queeee issso, Erihn. Não o vêeee? — Pressionou um beijo na parte superior de sua cabeça e ela estremeceu.
— Tem frio? — Ele pôs um beijo em sua têmpora. — Não posso entrar em calor.
Ela tropeçou quando seus lábios roçaram sua orelha.
— Deixa de fazer isso.
Ele retumbou uma risadinha divertida quando a puxou para a sala.
— Tenho que dizzzzer a palavra secretttta.
Colocou-o junto ao sofá e saiu de debaixo de seu braço. Vacilou sobre seus pés enquanto ela punha suas mãos sobre seu peito e o empurrava ligeiramente. Ele desabou sobre as almofadas cor nata.
— É a palavra secreta “camisola de noite”? — Ela sorriu a sua expressão de surpresa.
— Sabe se é alérgico a algum tipo de erva?
Ele fez um gesto com a mão para pôr suas preocupações a um lado.
— Nãooo... A nadddda. O que havia no chá, de todos os modos? Eeeeera bom.
— Menta em sua maioria. Um pouco de camomila, um toque de bergamota e um pouco de erva de gato.
Fayne piscou com seu corpo lentamente deslizando-se para um lado.
— Erva de gato?
— Sim. É um grande relaxante e é muito bom para...
Um bramido de risada cortou a face enquanto deslizava pela primeira vez nas almofadas do sofá.
— O que... Há com a erva de gato? — Erihn tocou o ombro para chamar sua atenção.
Ele elevou a cabeça, olhou-a antes de dissolver-se em risadas de novo.
— Erva de gato. — Disse com voz entrecortada. — Não posso deixar que alimentesss... A meu gato... — Ele sacudiu a cabeça.
Ela resistiu a tentação de pisar em seu pé.
— Realmente não vejo qual é a graça. Tenho que chamar um médico? — N-não. Eu estou muito bem — Ele se acalmou, com um sorriso aparecendo em seus lábios.
— Dormir...
Ele tentou subir suas pernas sobre o sofá. Depois da segunda vez que falhou, ela se inclinou, agarrou seus tornozelos e o ajudou sobre suas costas e a estirar-se.
Ele dirigiu um sorriso sonolento.
— Obrigggg... — Arrastou as palavras.
Erihn passou a mão por sua testa. Era todo um espetáculo. Pecaminosamente sexy e má se reputação, com seu cabelo despenteado e vestido só com seu colete e uma tatuagem de pantera no quadril. Ela se moveu ao lado do sofá, tratando de fazer caso omisso de seu estado nu e de sua dignidade semi ereta que descansava contra seu ventre. Haveria um momento em que não estivesse duro? Deveria encontrar algo com o que cobri-lo.
— Está seguro? — Perguntou, ainda preocupada. Nunca ouviu falar dessa forte reação à erva de gato em um humano. Em um gato, era outra história. Talvez a poderia utilizar em seu próximo livro. A heroína poderia dar erva de gato ao herói, depois chegar a ele...
Erihn gritou quando Fayne agarrou seu pulso e puxou-a para baixo em cima dele. Pega contra ele, como fundo de tela, foi claramente consciente de seu calor e do aroma de homem debaixo dela.
— Toma uma sesta comigo. — Ronronou. Envolveu seus braços ao redor dela, pressionando sua cabeça em seu ombro — Tão bonita... Poderia só manter a esta... — E, assim dormiu.
Ela levantou a cabeça e olhou sua face dormindo. Era tão bonito, que era quase doloroso olhá-lo. Moveu-se a uma posição mais cômoda. Seus quentes braços estavam a seu redor pelo que deixou sua cabeça sobre seu peito, em seu coração e um muito estranho ronrono recordou a seu gato em seu ouvido. Talvez tivesse um sopro cardíaco?
Erihn fechou os olhos e tratou de pensar em qualquer outro lugar no que ela preferia estar. Não podia pensar em nenhum.
*******
— Temos que ir para casa.
Bliss saltou com as palavras em voz baixa faladas por Max descarrilando seu trem de pensamentos. Levantou a vista do diário a seu jovem tutelado de pé na porta do quarto. Em vez do pijama de algodão ligeiro com o que se foi à cama, estava vestido com calça jeans e uma camiseta negra. Escondeu um sorriso, notando que tinha a camisa ao contrário.
— O que aconteceu, Max? Teve um sonho ruim?
— Não. — Sua voz foi baixa. — Temos que ir.
Um fio de pressentimentos percorreu as costas. — Por que temos que voltar ao Colorado, Maxie? Ainda temos três semanas aqui.
— Já vem.
Ela ficou imóvel. Não tinha que perguntar quem era.
— Teve um sonho ruim, Max? — Perguntou tentando ter de um tom tranquilo.
— Vi-o. Ele está me esperando.
Bliss engoliu seco.
— Onde está esperando por você? — Sussurrou.
— Em casa. Matará Fayne e à mulher marcada. — Max deu uns passos no quarto. Seus olhos eram negros e sem emoção — Temos que ir.
Ela fechou a revista e a deixou cair a seu lado na cama.
— Maxie, não posso te levar ali. Se está esperando por você, seu pai quererá que te mantenha a salvo.
— Vou, sozinho então. — Inexpressivamente ele se voltou e retornou a seu quarto. Ela mordeu o lábio, incapaz de decidir o que fazer. Se havia um problema no Colorado, voltar com Max seria quão pior podia fazer. Mas se não o levasse de volta, sabia que ele procuraria uma maneira de escapar por sua conta, e não se renderia até que o obtivesse. Max só poderia parecer ter seis, mas na realidade faria quarenta anos.
Bliss se levantou da cama e tomou a roupa que descartou uma hora antes. Precisava ficar em contato com seu piloto se iam vai voltar para os Estados Unidos. Preparou-se para a longa noite por vir.
CAPÍTULO 07
Erihn nunca experimentou um sonho erótico.
Seus mamilos ainda úmidos por sua boca formigavam como uma brisa suave que a acariciavam. Ela suspirou quando esses quentes lábios beijaram com a boca aberta sobre seu ventre. Dentes roçaram seu umbigo e ela sorriu pela sensação. Fortes mãos acariciaram os quadris antes de persuadi-la para que os levantasse. Uns dedos calosos agarraram a parte superior da calcinha e o algodão deslizou por suas coxas, acariciando cada centímetro enquanto viajava para o sul. Inclusive seus tornozelos receberam quentes e persistentes beijos. Mãos mágicas massagearam as panturrilhas, dentes mordiscaram o interior de seu joelho, tocando a carne sensível. Um ronrono escapou de seus lábios. Ela ficou mais úmida enquanto uns dedos deliciosos jogavam com suas pernas. Ela doía para que ele a tocasse. Os dedos quentes se envolveram ao redor de seu tornozelo esquerdo. Ela seguiu seu exemplo e levantou a perna colocando-a na parte de atrás do sofá. Deixou cair o outro pé no chão. A testa dela se enrugou. Sofá? Por que não estava na cama? Por que estava no sofá? Desconcertada, abriu os olhos e diretamente em sua linha de visão estava o arranjo floral de Fayne na mesa de café. Os acontecimentos das últimas horas se precipitaram de novo em um torvelinho vertiginoso. Onde estava... Ela olhou a seu redor, detendo-se enquanto o encontrava. Escondido entre suas pernas abertas, o olhar Fayne se encontrou com o dela enquanto dava um beijo à parte superior de sua coxa, com seus olhos claros e brilhantes. Ele ia a... Ela estava nua! Seu vestido estava parcialmente desabotoado e se abria enquanto que a saia se elevava ao redor de sua cintura. Ela procurou a mão dele.
— Fayne?
Ele se deixou cair para frente, com seus braços movendo-se debaixo das coxas e pelos lados de seu corpo. Suas trêmulas mãos estavam sobre sua pele, entrelaçando os dedos com os dela enquanto baixava a cabeça.
Erihn reprimiu um grito enquanto sua língua baixava e ia pelo prêmio. Sensações de calor a afligiram enquanto sua língua acariciava seu clitóris. Erihn fechou os olhos apertando os dedos enquanto ondas de êxtase alagavam seu sistema. Tremeu sob seu toque, esforçando-se por mais enquanto ele estabelecia um ritmo que a fez ofegar e ir contra sua boca.
Ela se agarrou a ele, vangloriando-se de seu toque, com o domínio de seu corpo. Sabia exatamente como tocá-la, como afligir seus sentidos. Ela correu para o pico e se agitou na borda, com o corpo tenso.
Ele se afastou tirando um gemido de protesto de Erihn.
— Me olhe. — Ofegou ele.
Erihn abriu os olhos. Olhando para debaixo de seu corpo, olhou-o nos olhos. Ele lambeu os lábios e baixou a cabeça para cobri-la uma vez mais e ronronou...
— Fayne...
Erihn gritou quando seu clímax a consumiu, e mesmo assim ele não se deteve.
Vibrações correram da ponta dos dedos de seus pés à parte superior de sua cabeça enquanto onda após onda de delícias a alagavam. As contrações pareceram durar para sempre, e sua consciência do tempo se reduziu a um fio menor. Justo quando parecia que não poderia durar nem um segundo, sua língua roçou a pele sensível, o que desencadeou uma nova onda da realidade e uma alteração de seus tremores.
Cansada se afundou no sofá, respirando com dificuldade enquanto ele se afastava. Tinha os olhos meio fechados, com seu corpo molhado pelo suor estava muito fraca e esgotada. Sua respiração fazia estragos em sua garganta, enquanto se deslizava de novo à realidade.
Seu corpo zumbia com saciedade enquanto réplicas tomavam seus membros. Ela não podia voltar-se para cobrir-se enquanto Fayne a soltava e se movia entre suas pernas.
Através de seus entrecerrados olhos, viu como ele se levantava de seu posto, com seus músculos movendo-se em completa harmonia. Estirou-se, com sua dignidade se sobressaindo com orgulho de um arbusto de cabelo cor gengibre. A tatuagem de pantera em seu quadril ondulou quando se agachou a seu lado, com sua expressão terna enquanto percorria o lábio inferior com um dedo. Erihn piscou, sentindo sua língua grossa e sem coordenação.
— Isso foi minha retribuição por ter te feito adoecer? Fayne deslizou seu dedo ao canto de sua boca, onde sua cicatriz começava.
— E o que faria se o tivesse feito por isso?
Erihn moveu a cabeça. Serpenteando sua língua, lambeu os dedos. Ele se afastou, com sua expressão sobressaltada. Estirou-se, deleitando-se pela forma em que seu olhar se esquentava enquanto a olhava. Ela ronronou com bastante satisfação.
— Acredito que preciso fazer chá um pouco mais seguido.
— Não acredito que necessitemos mais disso neste momento. — Ele lambeu os lábios, com sua voz tensa.
— Eu sei o que precisamos. — Sussurrou ela.
O olhar dela caiu à ereção que sobressaía dele. Sob seu controle, ela saltou alargando-se e engrossando-se. Com uma gota de líquido perolado na longa ponta. A febre de luxúria se desdobrou através de seu corpo, impactando-a por sua intensidade.
Depois das atividades dos últimos minutos não esperava tal intenso desejo com tanta rapidez.
Ela o desejava. Agora.
Erihn se sentou e tirou as pernas do sofá. Ficando de pé, estendeu a mão e não disse nada.
O olhar dele se afiou questionando. Ela não sabia o que via em sua expressão, mas fosse o que fosse isso era suficiente. Seus dedos se curvaram ao redor dos dela e ele ficou de pé.
Guiando-o, Erihn se voltou com seu gentil gigante atrás dela, dócil como um cordeiro. Só esperava que não ficasse assim por muito tempo. Subiu o primeiro degrau para o corredor e se deteve. Voltou-se e se deu conta que estavam muito perto da mesma altura. Com a mão livre, ela tocou a seda de seu cabelo. Solto, caía por debaixo de seus ombros em ondas cor marrom avermelhada escura.
Ela deslizou seus dedos em suas suaves mechas, com suas unhas raspando suavemente seu couro cabeludo. Os olhos dele estavam ao meio fechar e jogou a cabeça para trás e respirou seus cuidados dando um passo mais perto. Ela elevou a mão e afundou seus dedos em seu cabelo massageando seu couro cabeludo e tirando um gemido.
Roçou os lábios com os seus. Essa era a segunda vez que ela iniciou um beijo, só que desta vez, sabia como fazê-lo corretamente.
Os lábios dele se abriram debaixo dos dela e ela o invadiu. A língua se enredou com a sua, alternando-se entre a paquera e a sedução. Os braços dele se deslizaram por sua cintura e ela se inclinou para ele. Acariciou-o debaixo de sua orelha esquerda e ele puxou-a contra ele, rompendo o beijo.
O peito dele estava agitado, acariciando o dela, e seus olhares se encontraram. Seus olhos violetas estavam dilatados e quase em sua totalidade estavam negros. Ele estava perto da borda e ela o colocou ali. Uma satisfação correu através dela. Ele a levantou, apoiando-a contra seu peito, e Erihn envolveu suas pernas ao redor de sua esbelta cintura. Com a cabeça sobre seu ombro fechou os olhos. Sua ereção jogou com sua parte traseira enquanto ele se movia para a escada principal. Ela se sentia feminina e desejada em seus braços. Ele a levou até a escada e se maravilhou de sua força. Sua respiração era difícil, mas não estava segura de se era por ter dado um beijo ou por levá-la elevada o comprido lance de escadas. Ele entrou no quarto e se deteve junto à cama. Erihn levantou a cabeça e olhou seus escuros olhos.
— Tem certeza? — Grunhiu ele.
Erihn enredou seus dedos em seu cabelo uma vez mais, puxando seus lábios aos dela. Pôs tudo o que tinha, mas não se atreveu a dizê-lo em voz alta só em seu beijo. Suas línguas bateram em duelo e ele a baixou à cama. Erihn arqueou seu corpo ao sentir a pressão da ereção contra sua vagina.
Ela ficou tensa. Ele rompeu o beijo.
— Está tudo bem anjo. — Sussurrou ele.
— É muito grande. — Sussurrou ela.
— Poderá tomá-lo. — Sussurrou ele.
O sorriso de Erihn foi trêmulo.
Por favor, Meu Deus, não deixe que seja muito grande. Não poderia suportar.
Ele se balançou contra ela, lento e fácil, com cada movimento levando-o dentro de seu corpo. Um som de angústia escapou dela, por isso ele fez uma pausa. O pânico correu através de seu sistema com o pensamento do que ia permitir, ou melhor, dizendo, o que pediria que fizesse.
— Eu... — A face dela se esquentou.
— Hush — Ele pressionou um beijo em sua testa. — Só relaxe. — Outro beijo adornou sua têmpora direita.
As lágrimas a ameaçaram enquanto continuava seu suave assalto. Tocando-a como se fosse um tesouro de grande valor, ela relaxou com seus cuidados. Ele começou a pressionar para frente de novo e desta vez a encantou a sensação de sua invasão. Estirando-a e enchendo-a, seus movimentos eram lentos e metódicos.
Junto com um beijo aqui, uma carícia ali e lá parecia que estava tocando cada centímetro dela de uma vez. Era uma tortura deliciosa.
Finalmente, ele se enterrou nela, com sua respiração áspera contra seu cabelo e ficando quieto, lutando pelo controle.
Uma onda de ternura se apoderou dela e acariciou a rigidez muscular das costas. Ele estava tentando tomar as coisas com calma para não assustá-la. Ela sorriu. Agora que estava dentro dela, era perfeitamente feliz de mantê-lo ali durante mais tempo. Ela rodou seus quadris, provocando um gemido nele e um impulso de Fayne.
— Pare. — Grunhiu ele.
— Por quê? — Ela esticou as coxas com seus joelhos movendo-se para alinhá-las a ambos os lados de sua caixa torácica. Um som inarticulado saiu dele, enquanto se forçava a entrar em seu interior ainda mais por sua posição.
— Não posso... — Ele gemeu quando ela se arqueou.
— Eu posso. — Ronronou ela em seu ouvido.
Ela rodou seus quadris, desta vez para receber um impulso duvidoso, como uma resposta dele. Ela repetiu o movimento e recebeu uma resposta mais potente. Fayne levantou a cabeça, com seu olhar capturando o dela.
Ele tinha a pele úmida de suor, com expressão tensa enquanto lutava por manter o controle, mas Erihn não queria que o mantivesse. Queria que ele fosse tão selvagem como tinha sido no sofá. Queria-o soluçando seu nome como o tinha feito ela com ele. Queria levá-lo a limite. Ele pôs as mãos no traseiro e tomou, insistindo-o que se movesse.
— Espero que saiba o que está pedindo. — Ofegou ele.
Erihn sorriu.
— Por que não me ensina, amante?
Fayne tomou dali. Mãos fortes posicionaram seus quadris e começou com um impulso lento que a fez gritar. Onda após onda de sensações deliciosas se derramaram sobre seu corpo enquanto suas estocadas aumentavam, cada uma acariciando seu clitóris, roçando cada vez mais alta para a cúpula.
O olhar dele nunca deixou o dela enquanto se movia dentro dela. Algumas estocadas foram curtas e rápidas, enquanto que outras eram longas e sensuais, arrastando-se através de seus nervos, provocando gritos e suspiros em ambas as partes.
A tensão aumentou no corpo dela. Esforçando-se debaixo dele, ela explodiu em um orgasmo, com suas unhas cravando-se em seu traseiro.
Os movimentos dele foram lentos, mas não se deteve. Onda após onda de êxtase corria através dela, deixando-a sem sentido pelo prazer.
Depois de acalmar-se, ele renovou seu assalto sensual. Erihn se agarrou a seus ombros enquanto ele a levava a borda outra vez. Desta vez não se deteve para fazer recuperar o fôlego.
Aumentando suas estocadas, Erihn gritou quando outro orgasmo chegou quase imediatamente depois do último.
Os movimentos dele se repetiam.
Ela ofegou quando ele baixou a cabeça e a beijou na testa. Pressionando beijos ao lado de sua face, ele os arrastou a sua garganta. Na base de seu pescoço, seus dentes morderam sua pele, reatou seus impulsos, desta vez seu corpo estava mais baixo e com mais força no seu. Seus movimentos se voltaram mais urgentes à medida que a agarrava pelos quadris e empurrava uma, duas vezes antes de tomar seu prazer. Erihn se agarrou a seu corpo grande enquanto ele gozava em seu interior.
Tremendo, ele a fez rodar a seu lado, apertando-se contra ela. Erihn rodeou seus ombros com seus braços enquanto ofegava por ar. Com seus braços ao redor dela, seu corpo enchendo o vazio em sua vida com calor e luz, nunca se sentiu tão contente em toda sua vida. Fayne curvou os dedos enquanto Erihn mordia seu pescoço. Tal como suspeitou, uma vez que superou suas inibições, ela se converteu em um furacão em seus braços. Fazer amor com ela excedeu suas expectativas. Seu corpo estava cheio no momento, e ele preguiçosamente acariciou as costas enquanto ela estava em cima dele.
— Fayne?
— Mmm? — Ele estremeceu e fechou os olhos enquanto ela mordia uma zona especialmente sensível de seu pescoço, debaixo de sua orelha. Uma onda de prazer encheu sua virilha e seu pênis respondeu a sua chamada. Talvez não estivesse fora de combate depois de tudo.
— Como você... — Fez uma pausa como se estivesse considerando suas palavras — Faz... O que faz tantas vezes como pode.
— Prática. — Ele ronronou enquanto jogava com o lóbulo de sua orelha com os dentes.
— Falo a sério.
— Eu também. — Ele começou a rir quando ela passou sua língua pelo pomo de Adão. A risada se converteu em um murmúrio de prazer quando ela mordeu o queixo. Dedos inquisitivos acariciaram seu mamilo direito e deslizou as mãos até tomar seu traseiro.
Suavemente ele empurrou contra ela enquanto sua ereção se fazia maior.
— Seu talento. — Ela sacudiu os quadris contra ele e seu fôlego se apanhou em sua garganta — É muito incomum.
— Não entre meu povo. — Suspirou quando ela instalou um ritmo tranquilo. Deslizou as mãos pela parte superior das coxas, separando-as para colocá-la sobre ele. Adaptavam-se um ao outro perfeitamente, o que era aterrador.
— Seu povo?
— Meu povo, os que são como eu. — Ele empurrou contra ela, com seu pênis deslizando-se por sua úmida vagina. — Todos têm a capacidade de ter multi orgasmos e reter nossas ereções. — As pálpebras dele se moveram enquanto Erihn o sentia sentar-se.
— Família com sorte. — Suspirou ela. Seus olhos estavam dilatados, com os lábios úmidos e inchados por seus beijos. — Nunca ouvi falar de que os homens tenham essa capacidade fora daqui, onde é mais comum. — Ela se levantou para ficar de joelhos.
— Nós somos mais que homens. — Ele apertou os dentes quando sua vagina paquerou com a sensível cabeça de seu pênis — Venho de uma longa linha de were- gatooos... — As palavras Fayne saíram entrecortadas enquanto ela se sentava em sua ereção. A luxúria se levantou quente e pesada, dispersando seus pensamentos ao vento enquanto se concentrava na sensação de sua pele úmida junta.
— Leu o livro...
Ele viu como sua cabeça se inclinava para trás, com os extremos de seu cabelo selvagem emaranhado acariciando suas coxas, com os seios balançando-se com seus movimentos enquanto ela o cavalgava lentamente. Inexoravelmente ela tomou mais profundamente e depois aumentou a um ritmo pausado até que só a ponta se manteve dentro dela. Em circunstâncias normais, teria encantado ver uma mulher encontrar sua felicidade com seu corpo. De fato, ele o desejava. Mas havia algo sobre Erihn e seu deleite na exploração dos limites de sua sensualidade renovada que provava seu autocontrole a seus limites. Nesse momento, não estava de humor para algo lento, mas seguro. Ele capturou seus ombros e puxou-a para baixo para pressionar-se contra seu peito. Surpreendida, seus olhos voaram abrindo-se enquanto ele trocava posições, rodando-a nele até que ficou tombada na cama. Ele apoiou os braços no colchão, para não esmagá-la.
— Não necessito nenhum livro para isto. — Disse ele entre dentes. Ele tomou. Abrindo suas coxas metendo-se em seu calor úmido. Seu lamento sensual encheu seus ouvidos enquanto empurrava seus quadris contra os seus. Seus olhos estavam fechados, seu cabelo esparso pelos travesseiros. Ela se voltou louca debaixo dele enquanto ele a levava a bordo. Cravou as unhas em sua pele, apertando-o a seu redor, com suas convulsões enviando tremores de felicidade a seus pés. Ele apertou os dentes, tentando evitar sua próxima liberação, mas com Erihn, era muito difícil para ele reter-se. Por um fio, conseguiu evitar derramar-se. Recitando as cifras das vendas de seu último trimestre para que o ajudasse. À medida que ela se acalmava debaixo dele, ela abriu os olhos. Saciada com a cor marrom escura salpicando de cor âmbar seu olhar para ele, um sorriso sexy jogou em seus lábios inchados. Parecia uma mulher que tinha feito o amor toda a tarde. Ele experimentou uma onda de orgulho masculino com sua aparência despenteada, sabendo que tinha sido ele quem a colocou ali. Depois ela se apertou em torno dele. Fayne fechou os olhos enquanto uma corrente vertiginosa de sensibilidade se centrava em seu pênis. Ele deu um involuntário impulso. Dedos se perderam no fogo por seu lado enquanto acariciava sua pele e ele estremecia sob seu toque. Seus dedos se suavizaram quando ela chegou à pantera em seu quadril.
— Eu adoro seu gato... — Sussurrou ela fechando-se a seu redor outra vez.
O aroma dela o rodeou. Rosas e o aroma almiscarado de sua vida sexual se ajustou a seus sentidos.
O sangue trovejou em suas veias enquanto rodava seus quadris contra ela. Seu pico estava perto... Só ali, esperando. Quis ficar nesse lugar de perfeição pelo tempo que pudesse suportá-lo.
O êxtase estava tão perto e tão longe. Tinha sido um jogo para ele, um jogo de força de vontade sobre as demandas de seu corpo.
Nunca antes experimentou tanta paixão como nas últimas horas com ela. Não podia resistir seu encanto.
— É tão sexy. — Disse ela entre dentes, apertando-o de novo. Seus dedos acariciaram a pélvis e ele apertou os músculos.
Finos dedos deslizaram entre seus corpos e acariciou a base de seu pênis, depois o circulou. No limitado espaço onde seus corpos se uniam, Erihn o apertou ao redor da raiz. Fayne se surpreendeu enquanto um gemido saiu de seus lábios, com todo seu ser centrado nos finos dedos envoltos ao redor dele.
— Então é isto. — Ela dobrou a mão lentamente. Fayne rompeu a suar. — Tudo em você é sexy.
Deu outro golpe e ele emitiu um gemido afogado. Ela girou os quadris, o que o obrigou a empurrar-se contra ela.
— Eu gosto quando perde o controle. — Ela empurrou em uma breve estocada, com os dedos hábeis a seu redor.
— Igual quando me faz perder o controle. — A voz dela foi rouca e forçada.
O vermelho brilhou atrás das pálpebras dele, enquanto duas delícias de seu corpo se voltavam receptivas e sua pequena mão forte o rodeou. Ele ia se perder.
Grunhindo, ele capturou a mão e a separou dele. Ao abrir os olhos, ele olhou profundamente os seus.
Era tão bonita, vermelha e excitada debaixo dele. Ele enredou seus dedos com os seus e se levantou em cima de sua cabeça.
— Criei um monstro. — Se queixou ele.
Erihn levantou as pernas e as envolveu ao redor de sua cintura.
— Mmm. Criou uma mulher. — Disse ela em voz baixa.
— Bem, mulher... — Grunhiu — É melhor que pare.
Ela cravou as unhas.
Vagamente, ele foi consciente da cabeceira de madeira golpeando a parede enquanto seus golpes se voltavam frenéticos. Tudo o que podia ver, sentir e provar era à mulher debaixo dele.
Uma e outra vez, levou-a ao orgasmo, mas não podia evitar.
Sua besta se desatou e nada podia retorná-lo. Seu corpo caiu em um ritmo ancestral enquanto seu ritmo cardíaco primário chegava a seus ouvidos.
Seus dedos se fecharam em torno dele enquanto se aproximava de seu próprio pico. Seu corpo, empapado de suor, deslizou-se debaixo do seu tão fácil, tão perfeitamente.
Ele já não podia controlar suas estocadas, era como se sua natureza animal o tivesse consumido.
Sua consciência se atenuou a uma diminuta bolinha de luz violeta em sua mente. Enquanto ela se apertava debaixo dele uma vez mais, ele explodiu com um grito primitivo.
Uma sensação atravessou seu corpo e desabou sobre ela. Sua respiração fazia estragos em seus pulmões e a sobrecarga de sensações correu ao longo de sua pele. Seu corpo estremeceu enquanto ele tentava rodar a seu lado para não machucá-la, mas Erihn pôs seus braços ao redor dele, prevendo seu movimento. Depois de uns minutos, Fayne recuperou o equilíbrio o suficiente para mover-se. Rodando, abraçou Erihn contra seu peito, ainda enterrado profundamente dentro dela. Não podia acreditar o que tinha acontecido. Nunca antes perdeu o controle como fez com ela. Nunca soltou a sua besta com um ser humano. Poderia tê-la ferido muito facilmente. Ele tragou audivelmente.
— Está bem?
— Hmm... Celestial... — Ela riu em voz baixa. — Todo o tempo que perdi. Realmente deveria ter feito isto antes.
Ele franziu o cenho enquanto a imagem de Erihn com outro homem invadia sua mente. Suas magníficas coxas envoltas ao redor de um estranho, seus gritos entrecortados quando ele tomasse seu prazer. Seus beijos esquentados pelo sol e o terno olhar em seus olhos quando sorria. A imagem de seu outorgado amor e afeto a outro homem, o fazia chiar os dentes.
Amor?
Mentalmente afastou a palavra, surpreso pela profundidade da emoção que se saiu dele.
Suavemente se desenredou do corpo dela, e se afastou. Necessitava distância, tempo.
Afogou um gemido enquanto a abraçava de volta, com seu braço envolto nos quadris enquanto ela adormecia.
Nunca antes tinha sido possessivo com as mulheres com as quais fez amor. Nunca. Eram um jogo para ele.
Uma função biológica necessária. Seu coração nunca participou. Até agora. Hoje tinha sido um dos dias mais incríveis de sua vida.
*******
O sol desapareceu, com o ar da noite fria enquanto Erihn estava de pé no terraço. Seu corpo se sentia positivamente suave enquanto se apoiava no corrimão, com um copo de vinho tinto na mão. A lua crescente pendurava sobre sua cabeça e desfrutou de seu brilho fresco. Fayne retornou à casa, fazia um momento. Enquanto ela dormia, ele deixou sua cama para terminar de tirar a confusão do meio-fio. Sentia-se estranho despertar só depois de uma tarde mágica. Ela sorriu. Não tinha ideia de que agir tão descaradamente podia ser tão divertido. Sentiu sua presença antes que ela o visse. Aumentava a consciência sobre sua pele, alerta por sua chegada. Ela voltou à cabeça e viu que a olhava. Estava de pé na porta, com o rosto oculto nas sombras. Vestido com calça jeans azul, com uma camiseta branca de algodão e descalço, via-se magro, poderoso. Erihn se surpreendeu do pouco que sabia sobre o homem que se transformou em seu amante. Passeava descalço muito tempo?
— Temos que falar…
Ela ficou gelada ao escutar o tom de sua voz. Baixo e plano, um sentimento de apreensão desceu sobre ela. Agora era o momento em que diria que tinha sido divertido. Ela deu meia volta, optando por olhar a escuridão em vez de enfrenta-lo.
— Do que você gostaria de falar? — Estava contente de que sua voz fosse tranquila, sem trair a inquietação que surgiu à vida.
— Há várias coisas que me vêm à mente.
O fraco sussurro do algodão anunciou sua cercania. Não queria nada mais exceto ele tomasse em seus braços e a levasse acima de novo para fazer amor. Algo para evitar a conversa que iam ter.
Ele não a tocou.
— Como o quê? — Pela extremidade do olho, viu-o em seu olhar. Ele se apoiou na banheira de hidromassagem com os braços cruzados sobre seu enorme peito. O mesmo que ela cobriu de beijos horas antes.
— Não usei nenhum tipo de proteção.
A direta declaração de Fayne a aturdiu. Ela ficou rígida. Nessa época deveria saber melhor.
Em seus livros, o herói e a heroína sempre praticavam o sexo seguro a menos que a história fosse histórica. Ela acreditava no sexo seguro e era muito cuidadosa ao utilizá-lo em toda sua obra. Até sabendo disso, como uma modelo, à primeira oportunidade que teve, jogou todos seus princípios longe.
— Há algo que você gostaria de me perguntar?— Sua voz era baixa. Erihn começou a rir, mas soou forte e amarga a seus ouvidos.
— Há um milhão de coisas que poderia te perguntar, Fayne. Sejamos realistas, somos mais ou menos estranhos um para o outro. Ou pelo menos tão estranhos como podemos ser depois de passar a tarde tendo sexo.
— Sexo? — Ele recuou.
Ela quis chorar no abismo diante dela. Sua incrível tarde de romance se dissolveu em uma conversa cortês e em questões práticas. Isso não acontecia nos romances. Ela mordeu o lábio. Se queria dirigi-lo dessa maneira, ela sem dúvida poderia seguir o jogo.
Erihn tomou um gole de seu vinho e deixou a taça no corrimão com um golpe.
— Então, Fayne, me diga: Tem família?
— Tenho um filho.
O estômago caiu com uns gelados dedos envoltos ao redor de seu coração e o apertou. Ele tinha um filho e nunca disse.
Nunca perguntou.
Ele deveria ter dito ao princípio.
Talvez não fosse o suficientemente importante como para que o dissesse?
— Entendo. — Sua voz era oca — Qual é seu nome?
— Max, e é a luz de minha vida. Vai ter sete em breve — As palavras em voz baixa de Fayne falavam volumes. Ela não teve que olhar seu belo rosto para ver como se sentia, escutava-o em todos seus tons.
O ciúme levantou sua feia cabeça e ela apertou sua mão ao redor de seu copo. Ciumenta de um menino. Era um completo disparate. Ela era uma mulher adulta, segura em sua vida e de sua carreira. Estar ciumenta de um menino era ridículo.
— Onde está seu filho? Com sua mãe?
— Não, está com uma amiga. Bliss o levou a uma escavação arqueológica.
Bliss.
Ela clareou a garganta.
— É muito bom por parte dela. É um menino muito afortunado... — Ela jurou que escutou o som de seu coração romper-se.
— Erihn... — Fayne se empurrou a um lado da tina e se aproximou. — Quero que saiba que nunca fiz isso antes. Nunca tive sexo desprotegido com uma mulher que acabava de conhecer.
Silêncio, ela assentiu. Não tinha nenhuma palavra nesse ponto.
— Além disso, se algo vier de nossa indiscrição, quero que saiba que não vou deixá-la sozinha.
Ela ficou imóvel, enquanto a implicação de suas palavras acerava no alvo. Estava falando a respeito das possibilidades de que ela estivesse grávida. Um grito se encerrou em sua garganta e lutou contra o impulso de tomar o estômago. A visão de um filho na imagem de Fayne cresceu em sua mente. Max seria um formoso menino sem dúvida.
Seus dedos se fecharam na taça de vinho enquanto pegava um sorriso em seu rosto.
— Não tem que preocupar-se por isso, não vou ficar grávida.
— Erihn, sei que provavelmente não está tomando nada… — Não é isso. — Ela o interrompeu, com os dedos apertando a taça — Não posso ter filhos.
— Sua voz foi fria. — Ele me tirou isso, também… A taça se rompeu.
CAPÍTULO 08
Erihn engoliu quando a taça se rompeu cortando sua carne. Bobamente, olhou sua mão onde o sangue brotava da ferida e derramava em sua palma. O curioso é que não podia senti-lo, não realmente. Não doía. Desconcertada, voltou-se para Fayne enquanto uma sensação de zumbido estranho começava em seus ouvidos. Ele se aproximou, movendo os lábios, mas ela não pôde ouvir o que dizia. O alarme cruzava seu rosto enquanto seus joelhos tremiam e, por uma fração de segundo, o terraço se inclinou debaixo dela. Fortes braços a levantaram de seus pés, e ela suspirou e se acomodou em seu peito. Este era o lugar onde queria estar envolta em seus braços. Talvez ele a deixaria estar aí para sempre.
Sem cerimônia, sentou-a em uma das cadeiras e empurrou a cabeça entre seus joelhos, pondo fim a sua fantasia rapidamente. Em um momento, a realidade se reafirmou e Erihn se sentiu o suficientemente estável para levantar a cabeça. Fayne estava sentado na cadeira junto a ela, tentando deter a hemorragia com uma toalha de cozinha. Ela esboçou um sorriso, seu estômago rodou com a vista do ensanguentado tecido. Engoliu audivelmente.
— Sinto muito.
Ele sorriu e seu coração saltou.
— Meu coração necessita um empurrão de todos os modos. Sempre desmaia com a visão de sangue?
— Só com o meu. — Ela cometeu o engano de ver a toalha com sangue de novo e seu estômago deu um puxão — É feia? — Sussurrou ela.
— Não acredito. Pode sentir isto? — Beliscou a ponta de seu dedo.
— Ai, deixa isso…
— Pode mover os dedos?
Erihn moveu os dedos com cuidado.
— Dói.
— Deve doer, simplesmente terá que pôr uma atadura na mão. É possível que necessite pontos de sutura.
Enfática, ela negou.
— Não é uma opção a menos que os dedos caem. Inclusive então, pode ser que aprenda a escrever com o nariz.
— Medo às agulhas? — Seu tom foi amável.
— Não, só cheirar os hospitais e o antisséptico é suficiente para me enviar à parte mais profunda. Tive muitos quando...
Ele fez um gesto brusco.
— Temos que te limpar…
Erihn se mostrou agradecida quando Fayne a ajudou a ficar em pé, sobre tudo porque ainda se sentia instável e também porque se sentia bem apoiar-se em alguém para trocar. Ele entrou na casa e se dirigiu à cozinha. Deixou-a na pia, enquanto tomava o tamborete do canto.
Acomodando-se frente à pia, guiou-a à mesma.
Ele abriu a água fria e tirou a toalha. Ela fechou os olhos. A visão da ferida causava que seu estômago voltasse a atirar dela.
— Isto vai doer. — Ele advertiu.
Ela conteve o fôlego quando ele levou a mão sob a água. Doeu e algo mais. As lágrimas apagaram sua visão enquanto ele enxaguava a ferida de sangue e vinho.
— Não se vê tão mal, só sangra muito. — Declarou ele. — Tenho que verificar se tem partículas de vidro, entretanto.
Erihn respirou trêmula e depois assentiu.
— Certo.
Fayne apertou o ombro depois a deixou para ir pelo estojo de primeiro socorros do banheiro de baixo.
— Tem certeza que não quer ir ao centro de emergência? — Ele pôs a caixa de plástico sobre o balcão.
— Sim, tenho certeza. Além disso, não podemos ir pelo deslizamento de terra.
— Desceria da montanha nas costas, se tiver que fazê-lo.
Ela deu uma risada fraca, arriscando um olhar a sua mão. O sangue ainda emanava da ferida e sua mão parecia estranhamente pálida.
— Posso arrumá-la se você não pode.
— Você é direita e esta é sua mão direita. — Ele abriu a tampa de plástico do kit e procurou ao redor, em busca das pinças. — É muito teimosa. — Murmurou.
Ela resistiu à tentação de mostrar a língua. Viu-o tirar as pinças e vários tipos de bandagens.
Tomou a mão e ela estremeceu quando seus dedos roçaram seu pulso.
Seu olhar se encontrou com o dela.
— Vou ser tão rápido como posso.
A garganta de Erihn se apertou e suas lágrimas transbordaram. As limpou com a mão sã antes de sorrir e assentir com voz trêmula dizendo que estava preparada. Estremeceu de novo quando viu a ferida.
— Me fale de seu filho. — Sua voz tremeu.
Fayne riu entre dentes.
— Meu filho é o melhor que me aconteceu. É brilhante, talentoso, e tenho um montão de diversão a seu lado.
— E não é nem um pouco tendencioso, não é? — Sua voz ficou apanhada e ela tratou de clarear a garganta da obstrução que se formou ali.
— Nem um pouco…
O coração de Erihn crispou. Seu pai pensou nela dessa forma? Provavelmente não. Arthur Spencer era um homem frio proibitivo que esperava que sua esposa cuidasse dos meninos e a casa sem queixa. De seus filhos esperava que fizessem suas tarefas, levassem a casa boas qualificações e nunca questionassem seu julgamento. Amar a seus filhos ou inclusive brincar com eles teria sido um conceito estranho para ele.
Ela deu um grito enquanto Fayne alcançava um ponto particularmente sensível.
— Já está quase feito. — Ele a tranquilizou.
Ela o olhou inclinado sobre o balcão tirando lascas de vidro de sua palma. Seu cabelo estava úmido pela recente ducha e acariciava seus ombros. A iluminação fluorescente o fazia ver um aborrecido marrom em lugar da rica cor marrom avermelhada que tinha no sol. Sua concentração era aguda e com expressão intensa enquanto trabalhava. Era bonito, mas também era muito mais que isso. Era amável e generoso e parecia amar a seu filho até a distração.
Que mais quereria uma mulher?
Fayne deu um passo atrás e seu traseiro roçou sua perna, levando sua atenção à parte traseira da calça. Tinha o melhor traseiro que viu em toda sua vida. Era quase impossível que ela acreditasse que este homem havia passado quase toda a tarde fazendo amor com ela. Ela se moveu, saboreando a pontada leve de seus músculos pelos abusos em suas coxas. Imagens de seus corpos entrelaçados trouxeram uma onda de calor a suas bochechas e ela olhou para baixo ao chão. Seus pés. Maldição! Inclusive seus pés eram sexys. Quando no mundo ela decidiu que seus pés eram sexys? Que espécie de dobra estranha era esse? O seguinte, seria que fosse detida por visitar lojas de sapatos, com a esperança de vislumbrar dedos dos pés nus! Ele se endireitou.
— Aí está, tudo terminado — Franziu o cenho enquanto a olhava — Está bem? Vê-se avermelhada… Ela assentiu bruscamente e não se atreveu a encontrar-se com seu olhar.
— Sim, estou bem, obrigada.
— Isto vai doer. — Fayne pegou o pote de antisséptico e generosamente empapou a área da ferida.
A sensação de ardor levou mais lágrimas a seus olhos, e ele se inclinou para soprar brandamente sobre seu ardor na pele. Depois de uns segundos, a dor desapareceu. Eficiente, empapou uma gaze no líquido e a assegurou sobre a ferida. Tomando mais gazes e ataduras, cobriu-a e depois envolveu a mão, assegurando-a com fita.
— Aí está.
Erihn ficou impressionada pela eficiência de Fayne no processo de primeiros socorros.
— Onde aprendeu como fazer isso?
— Quando tem meninos, aprende rápido. — Riu entre dentes e depois a olhou, com expressão horrorizada. — Sinto não ter acreditado.
Ela esboçou um sorriso forçado.
— Tive uns quantos anos para me acostumar à ideia, Fayne. Não tem que pedir desculpas.
Ele alargou a mão para ela, tomando sua bochecha com ela. A palma de sua mão se sentia quente contra sua pele.
— Sinto que tivesse que acontecer.
Erihn deslizou de seu assento e se afastou, com seu peito apertado.
— Fui a sortuda. Sobrevivi.
— Houve outras? — Seu tom era de incredulidade.
— Sim, outras seis. Matou a todas — Ela deu meia volta. Não sabia por que estava falando de seu pesadelo. Não gostava de pensar nele, e muito menos falar dele. Havia momentos nos que parecia tão longínquo, como se tivesse ocorrido a outra pessoa. Era quase como um sonho que teve uma vez que ficava no fundo de sua mente. Mas havia momentos em que era real, muito real, como em meio da noite quando despertava com o som de seus próprios estrangulados gritos.
— O que aconteceu?
Erihn deu a volta e entrou na sala de jantar, fixando o olhar pela janela. A escuridão refletiu sua imagem. Passou os braços ao redor de sua cintura e abraçou seu pesadelo.
— Há vezes que temo que nunca vou estar quente outra vez. — Sacudiu a cabeça. — Não sei por onde começar.
Na janela, viu como Fayne entrava na sala de jantar. Levava uma garrafa de uísque e dois copos pequenos.
— Começa quando necessitar.
Ela cuidadosamente dobrou os dedos, notando que sua mão começava a palpitar. Não queria contar essa história.
Era uma que viveu em sua mente uma e mil vezes e evitava a escuridão que tinha ainda.
— Cresci em um pequeno povoado de Nebraska e tudo o que queria era sair. Suponho que não é tão incomum. Muitos meninos pensam que seus lugares de origem são os lugares mais aborrecidos do universo. Na realidade, o meu não era tão mau.
O tinido de líquido fez que sua cabeça girasse a tempo para vê-lo verter o uísque nos copos.
Ela sorriu ao ver o copo de plástico com figuras de desenhos animados no exterior.
Entregou o copo, ela abriu e fechou os olhos.
— É de Max, mas não acredito que se importe.
Ela aceitou a taça e a inclinou para ele como se fosse a ventilar.
— Não se preocupe, acredito que tudo está sob controle agora. — Ela tomou um pequeno gole do líquido e fez uma careta de dor quando queimou sua garganta.
— Adiante.
Erihn se voltou para a janela. Era mais fácil falar se não o olhava.
— Como disse, não há muito que contar. Meus pais se divorciaram, mamãe e eu fomos a Nova Iorque e nunca olhou para trás. Fiquei fora toda a noite e escapei com meninos selvagens — Ela riu e negou a suas próprias esbanjadas loucuras — E quer saber qual é a pior parte? Que nunca fiz nada errado. Tinha muito medo — Ela tomou outro gole — Em Nova Iorque tive muita sorte.
Poderia ter terminado em desastre e em troca consegui trabalho como modelo de passarela.
Desfilava de acima e abaixo pela passarela, usando roupa que as mortais não usariam em toda sua vida. Tomei alguns outros exemplos e estava começando a ver uma maneira de viver quando meu momento de glória chegou — Erihn girou o licor em sua taça — Serena Del Touro estava procurando uma modelo para representar sua linha de roupa. Serena era uma novata e não podia permitir-se ter um nome, por isso se dispôs a encontrar uma surpreendente desconhecida que pudesse moldar à imagem da mulher de Del Touro. Encontrou-me. Nos meses seguintes... A meu acidente, perguntei-me o que teria sido de mim se nunca tivéssemos nos reunido. Onde eu estaria e o que estaria fazendo? Não é que realmente importe, suponho. O que aconteceu, feito está.
Jennifer diz que não é o que te acontece que pode te matar, é o que houvesse acontecido se… — Ela encolheu os ombros depois esvaziou o conteúdo de seu copo. Um pouco de coragem não faz mal a ninguém.
— Tomei uma missão para fazer o catálogo da roupa de outono e a rodagem foi no Central Park. Foi uma sessão normal, tomou perto de três dias, suponho. Eu caminhava de retorno ao trailer de roupa, quando um homem se aproximou de mim. Disse-me que Miguel, o marido de Serena, enviou um carro para mim e que queriam falar comigo imediatamente. Pensei que quereriam falar comigo a respeito de uma sessão da primavera no sul da França. Assim corri ao trailer, troquei-me tão rápido como pude. Estava tão emocionada. Essa seria minha primeira viagem ao estrangeiro. Saí e o homem estava ali, me esperando, e fomos. Ela deu a volta, sua mão tremia enquanto tomava a garrafa.
— Soube que algo não estava bem. Os Del Touro viviam em um apartamento tipo loft em Tribeca. Quando perguntei, disse-me que íamos vê-los na casa de um amigo, ao norte da cidade.
Uns minutos mais tarde, perguntei de novo e foi quando soube que algo estava acontecendo. Ele me disse que fazia um pequeno favor, não me faria mal, e depois me deixaria ir.
A voz de Erihn se quebrou e lutou por recuperar o controle. Não se romperia. O pranto não seria uma opção.
— Estava tão assustada e comecei a lutar. Tentei tomar o volante e tirá-lo de suas mãos, e ele me golpeou na cara. — Ela levantou a mão e roçou a ponta de seus dedos em sua mandíbula — Não recordo muito do que aconteceu depois. Meu psiquiatra acredita que tenho amnésia induzida pelo estresse e que não quero recordar. — Ela encolheu os ombros. — Não conheço ninguém que queira recordar algo disso. Tudo o que lembro são fragmentos, partes e peças que não têm sentido. Eu... Tenho flashbacks, por falta de um termo melhor. — Ela deu um gole.
— Isso é o que aconteceu nos degraus?
A voz dele a sobressaltou. Esqueceu que estava ali, mas ele permaneceu em silêncio durante tanto tempo, que teve uma falsa sensação de segurança. Ela assentiu, apertando sua garganta.
— Não ocorre frequentemente, e trato de mitigar o risco de que volte a ocorrer. Não posso dormir na escuridão. Não entro em adegas e não posso suportar estar debaixo da terra. — Ela estremeceu. — Enquanto esteja morta quando me enterrarem, não deveria haver nenhum problema.
Sua tentativa de humor caiu plano.
— Ele te manteve em um porão?
— Sim. Em uma adega escavada em um antigo celeiro. Era frio e úmido, molhado e muito isolado. Era o lugar perfeito para assassinar, onde ninguém me encontraria. A polícia me disse que estive desaparecida por três dias, mas eu não podia lembrar. Não tinha maneira de marcar o passar do tempo — Ela ficou em silêncio, recordando as longas horas de escuridão, alternando entre o medo e a ira. Rezando para que Chapman nunca voltasse a machucá-la e esperando que não a deixasse morrer na escuridão sozinha.
— O que ele fez?
— O que você possa imaginar, ele me fez... — Sua voz era plana e se alegrou de manter suas emoções em segredo. Tomou outro gole do líquido anestésico. — Uma e outra e outra vez — Sua voz se apagou.
— Como fez a polícia para te encontrar?
Erihn suspirou.
— Uma denúncia anônima. Apresentaram no terceiro dia e o interrogaram. Tudo foi revisado, mas o detetive encarregado teve a suspeita de que não tudo estava bem. Olhou na casa durante várias horas e viu Chapman empacotar seu carro para ir-se. As pás e bolsas de lixo que havia o delataram. — Ela estremeceu, sem querer pensar no que ele poderia ter para ela — Retornou à adega com a polícia pisando nos calcanhares. Não se deram conta que não estava no celeiro, e sim debaixo dele. Rodearam o lugar e chamaram Chapman, mas, para então, estava no porão comigo… — Erihn fechou os olhos enquanto as imagens a alagavam. A luz amarela e o aroma da lanterna de querosene, Chapman atirado a seus pés, com sua espada roçando sua vulnerável pele. Com o som de seus gritos ricocheteando nas paredes, com o rugido ensurdecedor das armas e as salpicaduras na parede.
Eram imagens que levaria a tumba.
Erihn saltou quando mãos quentes tocaram seus ombros, o copo caiu de seus intumescidos dedos.
O aroma de Fayne a rodeou enquanto a envolvia com seus braços, puxando-a ao calor de seu corpo. Ela estremeceu.
— Deixou-me quase morta.
— Mas está viva. — Sussurrou ele ao ouvido.
— Nunca vou entender... — As lágrimas chegaram, grossas e furiosas, e ela tratou de abrir e fechar os olhos para afastá-las, mas era muito tarde. Em silêncio, correram por suas bochechas. — Como pode alguém fazer isso a outro? Nunca tinha me visto, não sabia nada das outras mulheres, e destruiu suas vidas e a suas famílias. — Seus joelhos se dobraram enquanto começava a chorar a sério.
Ele envolveu seus braços ao redor dela e voltou para sua cadeira abandonada. Sentou-se, sentou-a em seu colo e se aconchegou contra seu peito. Erihn estremeceu agarrando-se a ele como se pudesse meter-se debaixo de sua pele.
— Nunca poderei entender por que aconteceu. — A voz dele era profunda, enquanto retumbava em seus ouvidos.
Ela relaxou contra ele e fechou os olhos. Estava tão cansada e se sentia tão velha e não podia suportar a ideia de ter que mover-se. Estremeceu.
— Tenho frio; — Disse abruptamente.
— Quer que te traga uma manta?
Erihn negou. Sabia uma coisa que poderia dar calor outra vez. Abriu os olhos e levantou a cabeça para olhar os seu de cor violeta inesquecível. Enquanto vivesse, nunca poderia esquecer o único homem que a teve em seus braços.
— Faça amor comigo.
O assombro cruzou o rosto de Fayne e seu coração parou.
Garota estúpida, estúpida! No que estava pensando? Senta-se aqui e diz o que te fez um monstro, pensando que ele poderia te desejar depois disso? Ela afastou o olhar e começou a afastar-se.
— Sinto muito, não devia ter dito isso. Sou um desastre e acabo de chorar sobre você e umedeci sua camisa e... — Estava balbuciando. Com a mortificação esquentando suas bochechas. Seus braços se apertaram ao redor dela, cortando suas palavras. Ele levantou a mão, com um dedo acariciando a forte linha de sua mandíbula, e ela estremeceu sob seu toque. Cautelosamente, devolveu o olhar, encontrando só aceitação ali. Com reverência, ele riscou seu lábio inferior, depois se moveu para seguir a linha de seu nariz e acariciar sua testa. Ele estudou lentamente cada centímetro de sua face, localizando sua cicatriz do princípio a fim, como se fosse memorizar cada uma de suas feições, cada imperfeição. Havia uma expressão quase de adoração em seu rosto.
— Minha mulher guerreira. — Sua voz foi rouca pela emoção. — Seria uma honra para mim fazer amor com você.
O coração dela deu um salto quando roçou seus lábios sobre os dela. Ela conteve a respiração enquanto repetia o gesto, prolongado esse tempo uma fração de segundo mais. Ele a tocava como se fosse uma frágil boneca de porcelana, algo para ser entesourado. Ela fechou os olhos enquanto suas lágrimas se reuniam, ameaçando estender-se.
Ele a induziu a abrir-se para ele com sua língua, jogando com a comissura de sua boca. Ela abriu os lábios, com a língua roçando a ponta da sua e um calafrio percorreu sua coluna enquanto o sabor do envelhecido uísque e de Fayne deslumbrava seu paladar. Erihn gemeu enquanto seu gosto provocava uma dor de resposta entre suas coxas.
Ela se apoiou nele, passando suas mãos sobre a ampla extensão de seu peito. Sobre a camiseta branca e agarrando-se a sua estrutura muscular e a seus incríveis peitorais. Ela a queria fora agora. Sua língua se bateu em duelo com suas mãos enquanto se moviam. Ela pressionou os peitos contra seu calor enquanto suas grandes mãos tomavam as nádegas e a apertavam suavemente.
Os dedos dela encontraram os botões de sua braguilha e se arrumou para conseguir abrir antes que a mão dele se aproximasse e tomasse seu seio. Seu polegar roçou a ponta endurecida antes de retornar a uma lenta carícia sensual.
Erihn mordeu o lábio inferior enquanto abandonava os botões para agarrar sua ereção em expansão. Baixou seus dedos e ela cresceu. Erihn rompeu o beijo e se moveu para trás para observar o processo com grande fascinação. Sob suas carícias, seu jeans se puseram mais tensos com sua ereção mais alargada e grossa.
— Fascinante. — Sussurrou ela.
— Me alegro de que esteja impressionada. — Soava divertido. — Quanto tempo tem a intenção seguir desta maneira?
— Quanto tempo pode seguir assim? — Riu Erihn.
— Na medida no que seja necessário. — Ronronou ele.
Erihn ruborizou e desviou o olhar.
— Quero tirar sua camisa. — Ela fechou os olhos ao senti-lo pulsar debaixo dela. Podia sentir seus batimentos do coração através de sua palma.
— Essa não é minha camiseta.
Ela abriu os olhos e o olhou nos olhos com calor.
— Distraí-me. — Retirou a mão. — Tire a camisa.
Os olhos dele brilharam.
— Tire a calcinha.
Ela lambeu os lábios e o olhar dele foi a sua língua. Um calafrio a percorreu enquanto ficava de pé, movendo-se um pouco em seu colo, provocando um afogado gemido dele. Ela sorriu.
— Você primeiro…
Erihn deu um passo atrás e Fayne ficou de pé. Era muito mais alto que ela e desabotoou a calça jeans, com seu olhar sem deixar nunca seu rosto. Ela conteve a respiração quando ele se apoderou da parte inferior de sua camisa e puxou-a para cima, revelando uma pele tensa dourada e músculos ondulantes e sua tatuagem malvada de espinhos.
Com um movimento, passou a camisa sobre sua cabeça e a jogou descuidadamente sobre a mesa. Ela chegou a ele, com seus dedos acariciando seu estômago antes que ele capturasse seu pulso. Assustada, olhou-o nos olhos.
Ele sorriu.
— Até que não faça sua parte do trato. — Ele pressionou um beijo na palma de sua mão depois a soltou.
Erihn levantou uma sobrancelha. Ele queria sua calcinha, não é? Tirou sua jaqueta negra, deixando ao descoberto um fino vestido cor âmbar escuro. Fez um punho no material suave em cada coxa e lentamente levantou a barra, deixando ao descoberto as pernas.
O olhar dele estava absorto ao vê-la revelar cada centímetro. Sua respiração era profunda e mal podia conter a si mesmo enquanto se umedecia os lábios. Deteve-se na metade da coxa e deslizou uma mão sob a saia e puxou a calcinha para baixo sem revelar-se a ele. Riu quando caiu no chão, e ela soltou o tecido da saia.
— É uma trapaceira. — A acusou.
— Nunca disse como tinha que tirar isso. — Assinalou ela.
— Hum, isso veremos.
Antes que Erihn pudesse mover com segurança, Fayne se deixou cair de joelhos diante dela e capturou a parte traseira das coxas. Ela gritou enquanto sua boca cobria o fino tecido. Ela pôs as mãos sobre sua cabeça para manter o equilíbrio em forma que o calor fluíra através de seus membros. Ela estremeceu quando sua excitação umedeceu o algodão junto com sua boca.
— Fayne... — Disse entre dentes, com os joelhos falhando.
Ele se deteve. Soltando suas coxas, agarrou a barra do vestido e puxou-o até que se levantou. Ela o alcançou quando voava, com sua mão dobrada ao redor dele quando seus lábios caíram sobre ela. Ela se abriu para ele, levando mais fundo de sua boca. Ela mamou sua língua enquanto o acariciava, com seu sangue quente correndo através dele enquanto ela apertava os quadris e se empurrava brandamente contra a palma de sua mão. Seus braços deslizaram por sua cintura e ele a levou de novo à cadeira da sala de jantar. Ela o deixou em liberdade a contra gosto e ele se sentou e puxou-a com as pernas abertas em seu colo. Erihn suspirou enquanto ele se estirava e a enchia. Os olhos dela se fecharam enquanto uma sensação combinava entre suas coxas. Balançou-se contra ele enquanto gritava seu nome.
— OH... — Respirava. Ela lambeu os lábios. — Se eu tivesse isto... — Ela acomodou seus pés no chão e se levantou fazendo-o gemer. — Nunca deixaria a casa. A mão de Fayne acariciou seus ombros e baixou as alças de seu vestido até que seus seios estiveram nus.
— E se eu tivesse esses, nunca deixaria o sofá.
Sua respiração a deixou enquanto seus lábios roçavam seu mamilo antes que se abrisse tomando-o dentro dela. Ela entrelaçou os dedos em seu cabelo e começou a mover-se contra ele a sério. A necessidade em espiral cresceu e cresceu até que a realidade foi só um pontinho de luz no horizonte de sua mente. Mãos fortes a acariciaram, guiando seus quadris enquanto ela tremia contra ele, com sua liberação tão perto e tão longe.
— Fayne... — Ofegou. — Por favor…
— Shhh, querida... — Ele beijou seu pescoço. — Eu me ocuparei de você. Ela se agarrou a seus ombros enquanto punha uma mão entre seus corpos. Infalivelmente, encontrou a pequena protuberância de prazer e em questão de segundos, ela se libertou. Faíscas brilharam atrás de suas pálpebras enquanto o arrebatamento cantou por suas veias. Contra ela, Fayne ficou rígido enquanto ela o acariciava em seu próprio orgasmo.
Depois, ela se apoiou em seu peito, desfrutando da sensação de seus braços ao redor dela. Nada se sentia tão bem.
*******
Edward sorriu enquanto seu servo, Miles, colocava Ivan Daniels na sala. Seu condomínio isolado na estação Christiania assegurava a máxima privacidade e comodidade enquanto levava a cabo sua conferência com o Sr. Daniels. Seu olhar se acendeu mais para o diminutivo homem, avaliando seu traje azul e limpo com seu aspecto de recém lavado. Ele era de pouco valor para Edward pessoalmente, mas tinha o poder para entregar o que Edward necessitava com um mínimo de esforço. Tinha toda a intenção de utilizá-lo ao máximo.
— Sr. Edwards, meu nome é Ivan Daniels, e entendo que há uma proposta para mim? — Ivan estendeu a mão, como se ele a fosse estreitar.
Edward ignorou o gesto. Preferia não tocar os mortais, a menos que proporcionassem comida. Olhou a Miles e moveu a cabeça para indicar que estava bem que os deixasse sozinhos. Edward não perdeu o olhar de preocupação de Ivan na porta ao fechar-se. Quando Ivan olhou para trás, Edward indicou que deveria sentar-se em uma das duas poltronas dispostas diante da lareira. Depois que Ivan se sentou, Edward tomou a cadeira que ficava para si mesmo. Tomou um grande bloco de papel branco e uma caneta e escreveu em grandes letras maiúsculas, “JÁ SEI POR QUE ESTÁ AQUI”. Ivan franziu o cenho quando Edward levantou o bloco para que a lesse. Ele negou.
— Deve estar equivocado…
Edward observou o suor na pele pastosa Ivan. Escreveu: “A MULHER SPENCER. POSSO TE LEVAR DIRETO A ELA”.
Os olhos de Ivan arregalaram ao ler as palavras, e umedeceu os lábios com nervosismo.
— Como descobriu? — Sussurrou.
“TENHO MEUS CAMINHOS. DOU-A, MAS SÓ SE FIZER ALGO PARA MIM”.
Ivan franziu o cenho e depois assentiu com cautela.
— Adiante.
“ELA TEM EM SEU PODER UM LIVRO, UM DIÁRIO. QUERO-O DE VOLTA”.
Ivan pareceu aliviado.
— Só um livro?
“NÃO É UM LIVRO QUALQUER, QUERO O DIÁRIO.”
— Como posso afastá-lo dela?
“NÃO ME IMPORTA COMO O CONSIGA, SÓ ME TRAGA O LIVRO”.
Ele chutou uma bolsa de couro em direção a Ivan.
“SUA RECOMPENSA UMA VEZ QUE ME TENHA ENTREGUE ISSO”.
Ivan se inclinou e abriu o zíper da bolsa. Seus olhos se abriram com a quantidade de dinheiro cuidadosamente empilhado no interior.
— OH me...
“HÁ ALGO MAIS”
— Não tenho que machucá-la, não é? — Sussurrou Ivan. “ELA FICA COM UM HOMEM QUE SEQUESTROU MEU FILHO. QUERO SABER ONDE ESTÁ MEU FILHO”.
Os olhos de Ivan arregalaram.
— Acha que Erihn tenha algo haver com isto?
“É POSSÍVEL. NÃO TENHO NENHUMA DÚVIDA DE QUE SABE ONDE ESTÁ OCULTO MEU FILHO”.
Ivan assentiu.
— Não posso acreditar que a Srta. Spencer esteja envolta em um pouco tão desagradável como um sequestro. É uma influência moral sobre os pobres de seus leitores…
Edward sorriu para si mesmo quando o homem se lançou a uma recitação longa dos supostos crimes de Erihn. Mortais. Que tolos e maleáveis eram. Logo teria tanto o diário como Max em seu poder. Mikhail estaria muito satisfeito com seu trabalho e certamente, mereceria uma grande ajuda de seu velho amigo. Um favor muito especial. Uma vez que se encarregasse de Fayne, tudo estaria de novo em movimento e seu mundo seria como devia ser. Inclusive agora, podia sentir Max cada vez mais perto do Colorado e Edward quase podia saborear a vitória.
CAPÍTULO 09
Fayne se surpreendeu cantarolando enquanto entrava no quarto do porão, com a intenção de encontrar roupa limpa. Procurou no armário e só viu uns cabides vazios pendurados ali. Deu um olhar à cesta da roupa suja transbordante. Parecia que tinha que lavar a roupa, por não falar de lavar os lençóis que sujou ontem. Depois de tirar roupa de cama limpa do armário, desdobrou-a de maneira eficiente e colocou na cama. Vendo o livro de Erihn no criado mudo, jogou o travesseiro para a cabeceira. Um malvado sorriso curvou seus lábios quando abandonou suas tarefas domésticas a favor da leitura. Deixando cair na cama sem fazer, pensou que talvez já era hora de ver o que Erihn fazia para ganhar a vida. Depois de tudo, se ia continuar com essa relação depois que se ocupasse de Edward, então talvez precisasse saber exatamente como ganhava a vida. Sorriu. Talvez pudesse ajudar com a investigação. Seu pênis se agitou à vida com o pensamento de Erihn, quente e suave na cama a dois andares em cima dele.
— Abaixo, moço. — Murmurou. Olhou a capa do livro. Negra com estampados em relevos dourados. Sorriu quando leu o título. — Amante de veludo. Eu já gosto. Voltou o livro e leu a cópia da coberta posterior:
— Sharon Walls recebeu um presente inesperado. Quando sua melhor amiga leva a cabo um leilão para uma instituição local de caridade, nunca ocorreu a ela comprar um homem por uma noite. Era algo bárbaro! Quando Bettina apresenta um homem em seu próprio aniversário de 35 anos, Sharon considera que, em vez de ser um homem normal, descobre um homem com poderes misteriosos sobre os animais e uma atração magnética estranha de seus sentidos. Brand Slayton não é um homem ordinário. É de uma raça conhecida entre o submundo sobrenatural como um were-gato. Um misterioso...
Fayne parou, seu queixo caiu. Um were-gato? Deu uma olhada ao texto de novo. Ela escreveu um livro sobre sua linhagem? Folheou o livro e olhou fixamente a capa. Quais eram as consequências disso? Era possível que ela tivesse sonhado todo o do conceito were-gato? Não seria completamente desconhecido, como os homens lobo eram comuns nos mitos sobrenaturais. Também era muito possível que outras raças de animais pudessem existir, não era que nunca tivesse ouvido falar de qualquer outro além dos homens lobo. Seu lábio se dobrou. Que grupo rebelde era. Olhou fixamente a edição de bolso em suas mãos e resistiu a tentação de jogá-lo contra a parede. Como poderia ter feito isso? De onde conseguia a informação? Obrigando-se a manter a calma, abriu a primeira página e começou a ler.
*******
O estômago Fayne rodou quando saiu do porão várias horas mais tarde, com o livro em uma mão. Erihn esteve ausente durante mais de uma hora. Estava sozinho, e estava em uma missão. Sua bolsa estava na mesa do café onde a deixou. Fazendo caso omisso das vozes em sua cabeça que diziam que estava sendo irracional, esvaziou o conteúdo sobre o chão. Caindo de joelhos, começou a passar através dos artigos. Deu uma olhada nos títulos dos livros antes de colocá-los a um lado, optando por concentrar-se no bloco de papel de notas e nas notas escritas à mão. Abrindo o caderno, examinou o conteúdo, a maioria do qual eram ideias vagas de histórias. Saltou pelas páginas até chegar às notas dos personagens.... Eram de um gato de ao redor de 30... Muito animal, quase selvagem... Com incrível potencia sexual, com a capacidade de manter orgasmos múltiplos... Que se voltava gato na noite para construir seus poderes... Com a capacidade de ver bem na noite... Que montava uma motocicleta e levava uma jaqueta de couro... Que tinha um filho a quem “adotou”… Fayne grunhiu. Ninguém podia usar a seu filho como carne para um livro. Ninguém. Olhou a seu redor, em busca da caixa de madeira e o misterioso livro que ela guardou em seu interior. Não estava aí. Franziu o cenho. Talvez o levou com ela? Por que teria que levar o livro com ela a menos que temesse que ele o encontrasse? Neste momento, não tinha nenhuma razão para pensar que tinha sido capturado em seu jogo. Ela ia ter um duro despertar. Ele colocou os livros de novo na caixa e tomou o caderno. Era um tolo. A raiva explodiu de seu peito em forma de um grunhido selvagem enquanto ficava de pé e saía ao terraço. Um sol radiante caiu sobre sua cabeça e provou sua própria angústia, amarga em sua língua.
Jogou para trás a cabeça, com a traição quente e grossa em sua boca. Suas mãos em punho fizeram ranger o papel enquanto gritava:
— ERIHN...
Erihn olhou o espelho, fascinada pela mulher que via. Atrás tinha ficado a roupa pouco elegante, o cabelo grande, grosso e pesado do que se escondeu atrás por tantos anos.
Esta mulher era elegante com saia marrom acima do joelho, com uma blusa de seda cor nata e uma jaqueta dourada.
Cortou o cabelo três centímetros abaixo dos ombros. A frente estava em camadas para dar uma aparência mais completa e ocultar algumas de suas cicatrizes. Nem sequer parecia a mesma mulher.
Erihn deu uma olhada à pilha de sua roupa velha, e depois à mulher no espelho.
Tinha abandonado sua armadura protetora e uma pessoa completamente diferente tinha saído. Não se sentia a mesma absolutamente, nem por dentro ou nem por fora.
— Aqui está! — Carole a proprietária da loja entrou no amplo vestiário com uma longa corrente de ouro em uma mão e uma caixa sob o braço. — Este cinto será perfeito, e aqui estes são os sapatos dos que te falei.
Erihn sorriu com acanhamento. Como modelo, teve que usar roupa muito escassa. Mas isso foi anos atrás, quando suas coxas estavam em melhores condições. Não usou uma saia tão curta em um tempo muito comprido.
— Não sei a respeito disto... — Começou ela. Carole entregou o cinto.
— É perfeito. Tem olhos muito grandes. Faz alarde deles, mel. — Deu uma piscada cúmplice — Sei que eu o faria se fosse você.
Erihn deslizou o cinto de corrente ao redor de sua cintura e a cortou sobre ela.
O extremo pendurava a várias polegadas da barra. Carole tirou os saltos da caixa e os entregou. Ela colocou os sapatos colocando sua mão na parede para manter o equilíbrio.
— Passou um tempo. — Olhou suas pernas no espelho. Os saltos a faziam parecer impossivelmente alta e bem formada. Se os homens soubessem o que as mulheres tinham que passar para ficar bem. Sorriu e admirou seus elegantes membros. Enquanto os saltos não eram precisamente cômodos sem dúvida eram sexys.
— Perfeitos. — Anunciou Carole.
Erihn sorriu.
— Ponha tudo em caixas, exceto o que estou usando.
— Grandioso. — Carole se inclinou para recolher a roupa desprezada. — O que devo fazer com isto?
Erihn jogou uma olhada ao pacote cinza em suas mãos.
— Queime.
Carole riu e saiu para cumprir com suas ordens. Fayne estaria surpreso quando a visse? Talvez pudesse levá-lo de novo à cama pelo resto da tarde. Erihn desabotoou outro botão de sua camisa, mostrando uma pista de curvas generosas e uma sombra da delicada renda de seu sutiã marfim novo. Poderia fazê-lo. Conhecendo o voraz apetite de Fayne, não demoraria muito. Em pouco tempo, suas compras foram empacotadas e um moço as levou a seu automóvel estacionado na parte traseira da loja. Erihn entrou na luz do sol, livre de várias centenas de dólares e muito mais ligeira de coração. Colocou os óculos de sol e caminhou para a esquina, com passo a passo ligeiro. Atrás dela, ouviu um assobio e Erihn olhou por cima do ombro para ver dois homens jovens vestidos com roupa de trabalho, olhando-a famintos. Um impulso travesso a fez levantar a mão e mover seus dedos para eles. Sem deixar de olhar por cima de seu ombro, chegou à esquina e se estrelou contra uma pessoa, balançando-se sobre seus saltos.
— Sinto muito.
Erihn deu um grito enquanto geladas mãos a agarravam pelos ombros e a empurravam contra o edifício.
Ela ficou gelada quando viu o imponente albino, que a mantinha cativa. Parecia um esqueleto, até o ponto da magreza e sua pele estava gelada. Sentia o frio através do peso leve de seu blazer de lã.
Um grito escapou quando ele levantou a mão e passou um dedo glacial pela cicatriz de sua face, com um sorriso de satisfação curvando sua boca. Um gemido escapou a ela quando seu dedo acariciou sua garganta e se dirigiu para seus seios ao descoberto. Um grito se encerrou em sua garganta enquanto outro grito chamava a atenção do homem.
Os dois homens que assobiaram antes estavam caminhando pela rua para eles, franzindo o cenho em suas caras. Ela conteve a respiração quando o albino a deixou em liberdade, dando um passo atrás muito ligeiramente. Sua expressão era arrependida, inclinou-se escassamente para dizer que lamentava tê-la interrompido.
Erihn evitou o olhar zombador enquanto se girava afastando-se. Soluços saíram de seus lábios quando se equilibrou à liberdade. Seu carro parecia tão longínquo. Seus saltos deslizaram no estacionamento de cascalho e, com um grito, dobrou-se até ficar sobre mãos e joelhos. A dor de sua mão lesada subiu até seu braço quando caiu no chão. Fazendo caso omisso disso, cambaleou-se sobre seus pés e a seu carro. Ouviu um grito e se voltou, com medo.
Os dois homens estavam na esquina vendo-se confusos e o albino não estava por nenhum lado. Ela olhou ao redor à porção cheia de cascalho para garantir que não a tivessem seguido.
Estava vazio. Abrindo a porta do carro, sentou-se ao volante.
Depois de várias tentativas com mãos tremulas, bateu a chave e arrancou o carro. Sua mão lhe doía.
Olhou sua mão. O sangue se filtrou através das ataduras. Abriu de novo.
Erihn pôs o carro em movimento e se moveu de seu lugar no estacionamento. Seu coração acelerou, sua respiração entrou em ofegos enquanto o tirava a rua. A luz do semáforo era vermelha e parou para permitir que um grupo de turistas passassem. Inclinando a cabeça, mordeu o lábio e estremeceu. Quem era esse homem horrível e o que queria? Levantou a vista enquanto a multidão se dispersava e depois o choque fez correr o sangue de seu rosto. O albino estava no cruzamento de pedestres frente a seu carro. Um gemido escapou de sua garganta e suas mãos se voltaram punhos no volante. O albino sorriu como se estivesse desfrutando de seu medo. As lágrimas correram pelas bochechas enquanto lutava contra o impulso de atropelá-lo. Não havia nada que odiasse mais que sentir-se como uma vítima, que era exatamente o que este homem estava fazendo. Ela estava permitindo fazer isso, reduzi-la a uma simples chorona. Seus olhos se estreitaram e endireitou os ombros, com seu olhar reunindo-se com o seu morto. O semáforo trocou a verde e o albino sorriu uma vez mais antes de seguir adiante, fazendo caso omisso das buzinas dos condutores atrás dela. Erihn golpeou o pedal do acelerador logo que esteve fora do caminho, dando um chiado dos pneus e com o aroma de borracha queimada.
*******
Fayne se dirigiu à porta quando ouviu o ranger do cascalho no meio-fio. Erihn estava de volta. Fez um nó no estômago e abriu a porta, esperando ver seu carro de aluguel. Em troca, um desconhecido Acura preto estava na praça de estacionamento junto ao meio-fio. Enquanto se detinha, a porta do lado do passageiro se abriu e um pequeno moço de cabelo escuro saiu. Viu Fayne e começou a correr para ele.
— Papai! — Gritou o menino e se lançou nos braços de Fayne. Desconcertado, Fayne capturou o menino, abraçando-o fortemente contra seu peito. Max o chamou de papai pela primeira vez. As lágrimas picaram os olhos enquanto o aroma de seu filho o rodeava. A mistura única de suor de menino, um toque de sujeira e o aroma doce a caramelo. Seu Max. Abriu os olhos a tempo para ver Bliss sair do carro. Vestida com calça de cor rosa e uma camiseta branca, parecia tão fresca como uma rosa. Não imaginaria que havia passado as últimas vinte horas de viagem. Ela se dirigiu para ele com expressão ajustada.
— Bliss?
— Max teve um pesadelo e me pediu que o trouxesse de volta para você. — O olhar de Bliss disse que contaria mais tarde.
Fayne se inclinou e a beijou na bochecha depois se endireitou. Max ainda se agarrava a ele.
Apertou seus braços ao redor da pequena pessoa que tinha roubado seu coração. Não poderia suportar se algo acontecia com este menino. Clareou garganta e revolveu o cabelo do menino.
— Teve um bom momento, Max?
Max soltou o pescoço de Fayne e se afastou para olhar a seu pai. Seu coração se fechou enquanto via seu filho com seus olhos de cor marrom escuro escurecidos pelo medo.
— Ele virá por mim.
Fayne nunca havia realmente acostumado à capacidade de Max para saber as coisas. Seu talento era extraordinário, por não mencionar atemorizante. Abraçou ao Max com ferocidade, acendendo a ira em suas vísceras.
— Não se preocupe, Maxi, ninguém te fará mal de novo. Juro isso.
*******
O coração de Erihn pulsava com força enquanto abria a porta principal.
— Fayne?
— Fora. — Soou uma voz do terraço.
Ela correu com pernas trêmulas pela sala e depois ao terraço, detendo-se enquanto via que ele não estava sozinho. Uma pequena mulher estava com ele, envolta em seus braços em um abraço. Sorria a Fayne, com suas pestanas brilhantes de lágrimas. Era possivelmente a criatura mais bonita que já viu.
Erihn se encolheu. Sentia-se descuidada com sua roupa feita farrapos. Sua mão sangrou sobre sua jaqueta nova e suas meias estavam destruídas. Tinha terra incrustada em um joelho e o sangue se perdia por sua perna.
Abandonou seus sapatos no carro quando tinham impedido que conduzisse. Em resumo, era um desastre.
Sentia-se como algo que o gato havia arrastado.
— Está bem? — Disse a pequena loira quando saiu do abraço de Fayne, com expressão de preocupação.
Erihn o olhou. Sua expressão era remota, proibida, antes que rapidamente se voltasse uma careta quando olhou seu aspecto andrajoso. Aturdida por sua falta de resposta ela deu a volta o que a obrigou a assentir para a loira.
— Estou bem. Machuquei a mão ontem, e acidentalmente abriu outra vez. — Com uma sensação muito incômoda, forçou um sorriso fraco e indicou sua mão. — Suponho que deveria ter tomado cuidado. — Ela se voltou e entrou na sala de estar, sem permitir-se correr. Podia sentir o olhar de Fayne em suas costas enquanto ela se retirava.
As lágrimas picaram seus olhos e seu rasgado joelho protestou pelo número de degraus diante dela. A escada principal parecia uma montanha, e mordeu o lábio. Ficando em movimento, deu um pulo a cada passo. A porta de entrada ao quarto principal fez gestos. Ao entrar no quarto, foi dolorosamente consciente dos lençóis enrugados por sua vida sexual. O aroma do sexo permanecia no ar. Resistiu o impulso de paralisar na mesa e chorar. Enquanto não estava de acordo com um montão de coisas que seus pais tinham feito quando menina, uma coisa era segura, que sua mãe não criou uma covarde e que faria bem em recordar isso. O primeiro era o primeiro. Dirigiu-se à porta corrediça de vidro e a abriu, permitindo que o ar fresco varresse as lembranças afastando-os. Nuvens escuras estavam se formando no horizonte. Seu coração deu um tombo. Quão último precisava era mais chuva na montanha. Novos deslizamentos se produziam quase todos os dias e várias casas foram destruídas, só varridas ao lado das empapadas montanhas. Separou-se das proibidas nuvens e se dirigiu ao banheiro. Afrouxou a jaqueta e, com um suspiro de pesar, meteu-a no cesto de lixo. Estava arruinada. Pegou uma tesoura e começou a cortar as ataduras de sua mão. Quem era a mulher loira e o que significaria para Fayne? Seria uma amante que esqueceu-se de mencionar? Interiormente, rebelou essa teoria. Ele era um homem digno de confiança e... Só o conheço por uns dias... Erihn suspirou e deixou cair as ataduras ensanguentadas no lixo. Isso era certo. Ele era um estranho para ela. E beijava como um bandido...
— Que bom há quando não pode confiar nele? — Murmurou, dando volta à água —Salvou-a nas escadas... — Cheguei a casa e encontrei a outra mulher em seus braços. — As lágrimas começaram a sério enquanto lavava o sangue de sua mão, de barriga para baixo e dando volta. Fez uma careta ao ver a ferida. Fazia um número em si mesmo com todos os direitos. A ferida abriu e se via tão mal como estava ontem à noite. Talvez sejam só amigos...
— E talvez seja uma tola — Soprou ela de novo.
— Erihn? — A voz de Fayne soou do quarto.
— Aqui. — Ela tomou uma toalha e lutou para secar as lágrimas com a mão esquerda. O que não foi fácil. Deixou cair o tecido enquanto ele entrava pela porta. Ela se negou a vê-lo, se concentrando em cuidar de secar a mão lesada.
— Trouxe o antisséptico. — Sua voz era plana, sem emoções.
— Obrigada. — Murmurou ela estendendo a mão esquerda.
— Eu o farei.
— Não, obrigada. Posso cuidar de mim mesma.
— Faça como que queira. — Pôs o pote no suporte e depois se recostou na porta como se fosse a ver o espetáculo.
— Há algo que necessite? — Ela pegou o pote e teve problemas para abrir a tampa flip-top.
—Temos que falar…
Erihn conseguiu fazer que a tampa abrisse, com sua mão tremendo sob seu escrutínio. — Sobre o que? — Estava satisfeita com seu tom soando preocupado. Tentou torpemente pôr um jorro de solução na ferida e falhou, orvalhando o balcão de mármore em seu lugar.
— Me permita. — Fayne pegou o pote e levou a mão ao lavabo. Não falou enquanto trabalhava. Eficientemente a limpou e voltou a enfaixar a ferida, com um toque impessoal. Ao terminar, soltou-a imediatamente e se afastou como se não pudesse suportar estar perto dela por mais tempo. Seu coração se rompeu.
— Obrigada. — Murmurou ela.
Ele franziu o cenho olhando seus joelhos machucados.
— O que fez para te fazer isso?
— Caí. — Disse ela breve.
— Posso ver.
— Fayne, agradeço sua ajuda, mas posso cuidar de mim mesma.
Ele agitou uma mão a seus joelhos.
— Vejo o bem que o dirige. O que aconteceu, Erihn?
— Já disse isso, caí. — As lágrimas queimavam seus olhos e de repente já não podia suportar mais. Estava aterrorizada, com suas mãos e joelhos feridos e veio para casa para encontrar seu amante com uma bonita mulher em seus braços. A escritura estava na parede e tinha que conseguir afastar-se dele antes que se viesse abaixo por completo.
— Irei. Hoje, de fato.
— É óbvio que sim. — O olhar Fayne viu o seu.
Ela deu um passo atrás, enquanto a ira se acendia em seus olhos.
— Tem tudo o que queria de mim.
Erihn franziu o cenho.
— Do que está falando?
— Encontrei suas notas.
— Que notas? — Ela ficou perplexa.
— As notas que fez sobre mim. — Grunhiu ele e se voltou. — A respeito de minha espécie.
Ela captou o brilho de dor em seus olhos antes que olhasse para outro lado.
— Fayne, do que está falando?
Rápido como um gato, seu braço serpenteou e sua mão se envolveu ao redor de seu pulso.
Ela deu um grito enquanto seus dedos se apertavam e a levava ao quarto. Seu agarre se suavizou quando a levou a cama. Sua bolsa estava com as enrugadas páginas onde deveria ter estado quando a levou escada acima.
— Explica isso. — Soltou o pulso bruscamente.
Erihn olhou a maleta. Papéis enrugados se sobressaíam da parte superior aberta, por isso era óbvio que havia passado por eles.
— Ainda não entendo. O que quer que te explique? Por que esteve revisando minha maleta?
Um grunhido franziu dos lábios dele. Alargou a mão para a bolsa, vertendo seu conteúdo sobre a cama. Recolheu o caderno e passou as páginas. Encontrou a página que queria, deixou-a cair sobre a cama e depois a assinalou com o dedo.
— Explica por que me utilizou como sua investigação. Erihn piscou. Pensava que ele que era um were-gato? Leu as notas que apontava... “Um were-gato de ao redor de 30 anos... Com assombrosos poderes sexuais, com a capacidade de manter orgasmos múltiplos... Converte-se em gato na noite para aproveitar seus poderes... Tem uma moto e usava jaqueta de couro... Tem um filho a que adotou”. Ela sacudiu a cabeça.
— Fayne, isto não é a respeito de você. — Disse ela. — Devo admitir que me deu algumas ideias como o da moto, mas isso é tudo.
— O que acontece a parte a respeito de um menino? O que acontece meu filho?
Ela sacudiu a cabeça outra vez.
— Fayne, não sabia nada de Max quando escrevi isto. Além disso, isto não tem nada haver com você.
— O que acontece as habilidades do were-gato? Onde fez sua investigação?
Estava confusa.
— Não entendo. Acha que o modelo do were-gato é de você? Isso é impossível. Escrevi Amante de veludo antes de te conhecer. Foi nesse livro onde apresentei aos were-gatos.
— Acredito que me utilizou em sua investigação, sabe que sou um were-gato. Isso é o que penso.
Erihn congelou. Fayne pensava que era um were-gato? Estava louco? Sim, havia dito que era um were-gato enquanto fizeram amor ontem, mas pensou que estava brincando. Os were-gatos não existiam, eram produto da imaginação de alguém. Um gorjeio de alarme passou por ela. Teria sido ele quem escreveu a carta ameaçando a de morte?
— Fayne... — Erihn se esforçou por falar com voz calma — Os were-gatos não existem.
Encontrei um livro na biblioteca de Val e tomei a informação dele.
— Onde está o livro?
— Em minha bolsa no carro. Fayne, como pode acreditar que é um were-gato? Quero dizer...
— Erihn hesitou enquanto um pensamento terrível ocorreu. O que aconteceria ele estivesse fazendo isto para afastá-la? Engoliu audivelmente. — Se quiser que vá, irei. Mas isso sim, não se sente aqui e use esta desculpa para se livrar de mim.
— Nem sequer trate de voltar isto contra mim, Erihn. Sabe o que fez de errado. Sabe que mentiu e me usou para sua investigação. — Ele cuspiu as palavras. Seus olhos estavam tão frios como o gelo e ela se encolheu. — Quero que saia daqui e não volte nunca no mesmo tempo que meu filho e eu estejamos na residência.
O coração dela se rompeu um pouco mais com cada palavra. Não sabia como livrar-se dela, explicar que ela não tinha feito outra coisa que apaixonar por homem equivocado. Seus joelhos doeram torturados quando os abraçou e se obrigou a permanecer em posição vertical. Ela não mostraria fraqueza frente a este homem outra vez, nunca.
— Engana-se, Fayne. Não fiz nada do que me acusa. — As lágrimas picaram seus olhos e ela piscou de novo. — Não sei por que está fazendo isto, mas algum dia se arrependerá.
— Já o fiz. — Fayne caminhou à porta e se voltou com olhos vazios. — Pensei que era um anjo enviado só para mim. — E ele se foi. Fui e você me jogou. Os joelhos dela cederam e cambaleou na cadeira. Enquanto as emoções obstruíam sua garganta, mordeu a mão ilesa para afogar os soluços que a ameaçavam. Um gemido cresceu em seu peito e as lágrimas em silêncio caíram por suas bochechas. Ela apertou a face contra o respaldo da cadeira enquanto o som brotava. Quanto tempo tinha sentado a chorar, não sabia. Finalmente, as lágrimas se acalmaram, com a histeria e o passado como um intumescimento que tomou conta dela. Erihn cambaleou sobre seus pés e ao azar jogou sua roupa à mala. Depois de tirar sua roupa em ruínas, meteu-as no cesto de lixo. Nunca as queria ver de novo. Refletindo sobre seus joelhos os banhou com antisséptico e se impôs um descuidado curativo no pior lugar. Automaticamente, vestiu-se com uma calça confortável negra e uma camiseta de manga longa negra. A sombria cor se adaptava a seu estado de ânimo. O uivo do vento aumentava constantemente enquanto terminava de empacotar. De pé na porta do pequeno terraço, suas lágrimas se foram e endireitou os ombros, Erihn contemplou a ideia que tinha sido um bálsamo a sua alma em tantas ocasiões. Nuvens de tempestade dançavam ao longo da cordilheira, acomodando-se antes de dar um mergulho no vale. Se queria escapar e não ver-se forçada a passar outra noite na casa, teria que andar depressa. Sua mala estava na porta e olhou a desordem na cama. Recolhendo os papéis e cadernos dispersos, ficou com as páginas enrugadas em suas mãos. Não havia maneira de que pudesse escrever esse livro sem recordar todos os momentos que havia passado com ele. Seu toque, sua risada. O pensamento em escrever Rapsódia de Veludo deu náuseas. Erihn soltou uma gargalhada. Tinha sido realmente uma tola. Deixou cair as páginas no cesto de lixo na parte superior da saia de camurça e suas meias arruinadas. Com sorte, seu editor o entenderia quando anunciasse que não haveria mais livros de were-gatos. Ela despiu a cama, com movimentos bruscos e com raiva. Maldito por fazer isto a ela. Por que não era honesto e só a jogava? Em seu lugar, tinha que mentir e utilizar uma história pela metade para dar um puxão a sua corrente e jogá-la de sua vida quando sua amiguinha chegou. Pisando em forte no corredor, colocou os lençóis no na lavanderia. Agarrando sua bolsa, deu uma última olhada, certificando-se de que tudo estava em ordem. Seu olhar se deteve na cama por um momento antes de apartar-se. A casa estava estranhamente tranquila como se estivesse esperando o drama a desenvolverse. Deixou cair a bolsa junto à porta principal e entrou na sala de estar para assegurar-se de que as janelas estivessem fechadas corretamente quando as primeiras gotas de chuva salpicaram o terraço. Não havia ninguém ao redor. Estariam juntos escada acima agora? Estariam fazendo amor? A angústia fez garras seu peito enquanto caminhava lentamente através das familiares salas, recordando quando ela e Fayne estiveram juntos uma escassa hora antes. Deteve-se junto à porta e viu que sua jaqueta de couro desapareceu. Ele tinha ido. Tomou sua bolsa e endireitou os ombros. Sua mão se fechou ao redor da maçaneta da porta.
— Maldito. — Murmurou ela rasgada ao abrir a porta. Um grito apanhou na parte posterior de sua garganta quando uma sombra se abateu na soleira. Um homem de vermelho e jaqueta quadriculada negra estava parado na varanda, com a mão levantada como se estivesse a ponto de tocar. A chuva estava caindo mais duro agora, obscurecendo os carros no meio-fio a escassos vinte e cinco metros de distância.
— Erihn Spencer? — Gritou para fazer-se ouvir no crescente vento.
— Sim, sou Erihn Spencer.
— Necessito que venha comigo. Houve um acidente.
O alarme correu por suas costas e perdeu o controle sobre a bolsa.
— Fayne? — Sussurrou ela.
O homem assentiu.
— Necessito que venha comigo. Está te chamando.
Erihn assentiu enquanto o medo se apoderava de seu peito. Pegou a jaqueta de Jennifer e depois começou a sair pela porta, detendo-se quando o homem se inclinou para receber sua bolsa.
— Onde está? — Ela deu um passo à chuva.
— Houve um deslizamento de terra abaixo.
O homem pôs uma mão ao redor de seu cotovelo. Um gorjeio de inquietação correu por sua espinha. Poderia entrar em um carro com um homem estranho outra vez? Empurrou o pensamento afastando-o. Fayne tinha sido ferido e a necessitava. Não tinha outra opção.
— Está...? — Erihn não podia dizer.
— Não, mas está muito ferido.
Permitiu que a levassem a uma caminhonete estacionada no meio-fio atrás de seu carro. A porta da garagem estava aberta e a motocicleta de Fayne não estava. Ela assentiu agradecendo quando o homem abriu a porta para ela.
— Qual é seu nome? — Exclamou ela.
O homem sorriu. Foi um sorriso frio.
— Ivan, Ivan Daniels. É um prazer conhecê-la, senhorita.
Max estava na janela e observava o caminhão grande de madeira no meio-fio com a mulher marcada e um homem um pouco estranho com ela. O homem era mau. Cheirava mal como se tivesse estado perto dos mortos recentemente. Ele conhecia esse aroma muito bem.
Em uma voz suave e triste falou para si mesmo.
— Ele a tem...
CAPÍTULO 10
A chuva começou a sério quando Fayne chegou ao pé da montanha. Deteve-se debaixo da ponte I-70 para ajustar a gola da jaqueta. Não era que se importasse agora que já estava empapado até os ossos. Isso era pelo que tinha que sair da casa quando sabia que vinha uma tormenta. Não podia permanecer ali nem um segundo mais. Olhou para a montanha até o topo onde a casa de Jennifer se encontrava, obscurecida por densas nuvens. Seu peito se oprimiu. Inclusive o clima conspirava contra ele. Apertou os dentes. Suponho que não era seu dia. O vento trocou e captou um aroma que não conhecia. Ficou quieto. Inclinando a cabeça para trás, fechou os olhos e aspirou o ar com aroma de chuva. O aroma dos gases de escapamento e de barro, a chuva e o carro estava sustentando algo escuro, maléfico. O aroma da morte. Fayne abriu os olhos em estreitas ranhuras. Algo estava terrivelmente errado. Apertou os lábios e se acomodou no assento de sua moto. Pondo-a em movimento, começou a viagem perigosa para a montanha. Só podia esperar quando chegasse à casa, que Erihn não se foi. Seria temerário sair em um aguaceiro como esse. Erihn. Apertou os dentes de novo. Viu-se tão afetada inclusive enquanto proclamava sua inocência. Seria realmente inocente? Como podia saber coisas a respeito de sua raça como para tê-la escrito? Seria sua história sobre o diário verdadeira? As rodas de sua moto deslizaram sobre o pavimento molhado tirando-o de seus pensamentos. A água de chuva corria pelos lados da estrada em correntes constantes. A terra estava empapada até o ponto em que a chuva não tinha lugar para onde ir. Passou a seção onde o deslizamento de terra se produziu fazia alguns dias. A água corria em riachos numerosos sobre a terra ao descoberto. Não muito e sabia que haveria mais deslizamentos, se a chuva continuava. Agachou-se mais baixo na moto, atento guiando-se pela estrada e pelas nuvens. Interiormente, amaldiçoou à medida que o clima impedia seu progresso. Várias vezes teve que sortear os escombros que sujavam a rua. Finalmente, chegou ao atalho de cascalho e um suspiro de alívio quando a casa ficou à vista. Junto ao meio-fio, rios de água corriam colina abaixo, pelo lado da casa para o ponto além do terraço na parte traseira. O carro de Erihn permanecia estacionado na entrada. Ele levou sua moto à garagem e a desligou. Desceu depois de jogar sua jaqueta molhada, lançando-a por cima do cabo da bicicleta de montanha de Mac. Abriu a porta e entrou no hall. O silêncio não natural da casa o rodeou. Fez uma pausa, tomando nota dos arredores, mas não farejando nenhum perigo. Deu a volta ao interruptor da parede. Não passou nada. Sorriu. O poder estava fora. Ririam seus amigos se soubessem que o grande were-gato Fayne estava nervoso sobre o poder? Entrou em corredor e se surpreendeu ao descobrir Max de pé na sala de estar. Seu filho ficou paralisado na chama vacilante de uma vela com uma estranha expressão em seu rosto. Várias velas acesas estavam espalhadas pela sala e um pequeno fogo ardia na lareira, banhando a sala de um resplendor dourado quente.
— Max?
O menino não se moveu, sua expressão era de sonho, como se estivesse escutando uma música que ninguém mais podia ouvir.
Fayne desceu os degraus, com seus movimentos cautelosos. O menino não reagiu quando ficou de cócoras a seu lado.
— Maxi?
O menino fez um grunhido inarticulado, e depois deu um suspiro.
Passos subiram do porão, e Fayne cheirou o perfume do Bliss antes que ela chegasse à parte superior das escadas do porão.
— Max! — Falou em um tom mais agudo de voz.
O menino sacudiu e depois lentamente se voltou para ele. Seu coração pulsou fortemente quando viu seus olhos negros planos, um espetáculo que conhecia muito bem.
— Ele a tem…
Fayne engoliu.
— Quem?
— Ele tem à mulher.
Ele olhou Bliss e captou sua expressão de surpresa. Tinha várias velas frescas nas mãos. Ele se voltou para Max.
— Que mulher?
— A marcada…
— A marcada? — Sussurrou ele com o florescimento do terror em sua garganta. Max levantou uma mão, pôs um dedo na bochecha fria de Fayne, e desenhou a forma da cicatriz de Erihn. Fez um nó no estômago enquanto lutava por acalmar-se.
— Bliss, corre escada acima e vê se ela está em seu quarto.
Ela não respondeu, mas ouviu o ruído enquanto deixava cair as velas na mesa do vestíbulo.
Seus sapatos de pele fizeram ruído ao golpear os ladrilhos do chão enquanto corria pelas escadas.
— Max, onde está a mulher marcada?
— Em um buraco.
Fayne franziu o cenho.
— Em um buraco?
— Ele vem por mim e está usando o pequeno homem para que o ajude.
— Que homem?
— O homem que a levou. Vestia. Quadriculado.
— Quadriculado? — O medo fechou a garganta e apertou a mandíbula para evitar que um grunhido escapasse.
— Quer dizer de quadros?
Bliss apareceu no arco sem fôlego.
— Foi-se.
— Quadriculados vermelhos e pretos e um caminhão verde. — Max piscou como se despertasse de um sonho profundo. — Acredita que está machucado. Isso foi o que o homem disse para ela.
— O que aconteceu, filho? O que aconteceu a mulher marcada?
— O homem chegou à porta e disse que você estava ferido. Ela se foi com ele. Ele disse que a levaria até você. — Max franziu o cenho. — Não está ferido?
Fayne abraçou ao menino.
— Não, não estou ferido. Preciso saber onde está Erihn, Max. Acredito que está em problemas… O moço mordeu o lábio que tremia um pouco.
— Está em um buraco.
— O que quer dizer com um buraco?
Ele encolheu os ombros.
O coração de Fayne se oprimiu.
— Em uma caverna?
O menino assentiu.
— Onde está, Max?
Max saiu dos braços de Fayne e subiu os degraus para a sala de jantar. Assinalou ao grande janela frente aos escarpados do norte.
— Ela está aí, em um buraco.
Ele agarrou uma vela e seguiu a seu filho à sombria sala para olhar pela janela. A escuridão estava caindo e densas nuvens obscureciam o escarpado. O coração de Fayne caiu a seu estômago. A temperatura caía rapidamente, e com esse tempo ela não duraria muito tempo aí.
Tinha que mover-se rapidamente.
— Está bem, Max. Tenho que ir pegá-la trazê-la de volta. Pode ficar aqui e cuidar de Bliss por mim?
A cabeça de Max apontou a um lado, e sua expressão se voltou distante. Pouco a pouco levantou uma mão a seus lábios.
— Posso ouvir seus gritos. — Sussurrou ele.
Fayne lançou um olhar a Bliss e ela assentiu de maneira imperceptível. Sorriu seu agradecimento e deixou cair um rápido beijo na testa de seu filho. Correndo para as portas francesas, despojou-se de sua roupa enquanto ia.
Abrindo as portas, fez uma careta quando a chuva gelada golpeou sua pele nua. A familiar escuridão se fechou ao redor dele quando fechou a porta.
Olhou para trás a Bliss à luz da vela enquanto ela envolvia a seu filho em seus braços. Seu olhar se encontrou com o seu enquanto recolhia ao menino. Ela assentiu e entrou na sala para ficar fora de sua vista. Fayne se voltou para o pico norte. Fechou os olhos, com a realidade afastando-se, enquanto abraçava ao fogo violeta e desatava a sua besta.
*******
Erihn saboreou o sangue quando caiu no chão. O chão de terra da estreita caverna estava frio e úmido debaixo dela e o aroma de terra e mofo encheu seu nariz. Piscava na escuridão no bordo de sua consciência, mas se negou a ceder a ele. Se tinha um episódio agora, seria tão bom como estar morta. Ivan se levantou na entrada da caverna, com dois faróis a seus pés, esfregando os nódulos enquanto observava a chuva. Um gesto se desenhou em seus lábios.
— Sinto ter te batido, mas tinha que fazê-lo. Tinha que deixar de gritar. Ela cuspiu sangue pela boca e com cuidado ficou de pé. A caverna estava fortemente inclinada para o ventre da montanha. A sua direita estava a enjoativa escuridão e, a sua esquerda, estava Ivan. Qual dos dois maus seria pior?
— Sinto muito. — Murmurou ela, com sua língua cada vez insensível onde a mordeu. — Não deveria ter gritado.
Erihn pôs sua mão sobre a parede fria para manter o equilíbrio. A água da chuva corria pela entrada da caverna e aterrissava na parte mais baixa da mesma. Um fio estreito estava se convertendo rapidamente em um pequeno arroio, convertendo o chão em barro e caminhar era um assunto perigoso.
— Ela não deveria ter gritado tanto. Tinha que conseguir que deixasse de gritar. Seguia indo e vindo. Acreditei que nunca pararia.
Erihn congelou. O que quis dizer? Teria ele matado a alguém?
— Com quem está falando, Ivan? — Ela conteve o fôlego esperando sua resposta.
— Com minha esposa, Mary — Disse Ivan finalmente. — A amo tanto.
Ela soltou o fôlego que sustentava. Assim não estava morta.
— Onde está Mary agora, Ivan?
Cuidadosamente, ela começou a ir à parte superior da caverna. Ele franziu o cenho.
— Não sei a com certeza. Ela saiu correndo. É por isso que tinha que te encontrar. Necessito sua ajuda para levá-la a casa outra vez.
Erihn se sentou em uma peça estreita com uma plana rocha. Fazia frio, mas ao menos estava seca e longe do chão.
— Por que necessita minha ajuda?
— Preciso trazê-la de volta a mim. — Ivan se voltou. — Ela ama seus livros e os lê todo o tempo. Se escrever um livro no que o homem se case com a mulher, que se separam e a mulher se dá conta de que cometeu um engano e voltam a estar juntos, ela voltará para mim. Ele estava louco. Ela engoliu. O que acontecia com os loucos hoje em dia? Seria a lua cheia? Primeiro Fayne pensava que era um were-gato, e agora isto.
— Não vejo como vou ajudá-lo... — Começou ela.
— Tem que funcionar! — Gritou Ivan e tropeçou com ela. — Deixou-me por você. Tudo isto é sua culpa.
Erihn gritou quando ele se equilibrou sobre ela. Tratou de evitar suas mãos, mas a apanhou pela manga e puxou-a a seus pés.
— Ela me deixou por causa desses estúpidos were-gatos sobre os que escreveu. Deixou-me porque queria um jovem homem mais viril. — Deu uma sacudida forte, fazendo que por pouco terminasse mordendo-a língua outra vez. — É uma má influência moral sobre seus leitores! Eles começam a desejar a depravação, e destruiu minha bonita casa e a minha bela esposa. Ela está morta por causa de você!
Ela gritou quando ele a empurrou longe. Deslizou-se sobre seus joelhos, com sua mão enfaixada profundamente metida na corrente de água lamacenta. Ela ficou em pé com seus joelhos protestando e com o espesso barro chupando seus sapatos.
— Você é o autor da carta. — Balbuciou ela.
Ivan se pavoneou.
— Escrevi algumas preciosas cartas, não é?
Ela se afogou pela bílis queimando a parte de trás de sua garganta.
— Você... — Suas palavras desapareceram quando uma sombra saiu da chuva à boca da caverna. Magra e angulosa, a figura estava envolta em um manto negro empapado. Havia algo familiar nele.
O recém-chegado jogou o capuz para trás. Ela ficou sem fôlego. Era o homem albino de fora da loja. Sua pele brilhava em uma estranha cor branca à luz da lanterna. Seus olhos gelados atiraram em cima dela, centrando-se em Ivan. Ela se surpreendeu quando Ivan negou antes que o homem dissesse algo.
— Ela não o tem. — Disse Ivan.
O homem fantasmal a olhou e ela estremeceu sob seu frio olhar. Sentia como se milhares de dedos frios aparecessem a sua pele de uma vez.
— Q-q-o que quer? — Balbuciou ela. Ela sabia que, se tinha escolha, ficaria com o Ivan sobre esse homem. O albino irradiava bastante maldade.
— Um livro. O Sr. Edwards acredita que você tem aqui uma espécie de diário de sua família e o quer de volta.
O diário? E o que queria ele com o diário? Erihn negou.
— Não está aqui. Está na casa.
Os olhos do recém-chegado se reduziram a pontinhos gelados. Ela estremeceu enquanto seu olhar se ia a Ivan. O homem menor moveu a cabeça de novo.
— Como eu saberia? Pensei que estaria em sua bolsa. — Protestou ele. — Ela estava preparando-se para ir-se, e tinha a bolsa na mão. Assumi que estaria ali. Os lábios do albino se franziram em uma careta silenciosa. Em um abrir e fechar de olhos, sua mão saiu, tomando Ivan ao redor do pescoço, levantando o homem menor de seus pés. Ivan lutou contra os dedos sustentando-o quieto. Erihn gritou quando seus dedos se afundaram na garganta de Ivan. O sangue saiu a fervuras da ferida aberta e de sua boca, obrigando-a a tropeçar afastando-se antes que o líquido quente a salpicasse. Seus pés deslizaram no grosso barro, e se afundou com sua parte traseira. A água que salpicava a seu redor a torrentes era cada vez maior, obrigando-a a tomar uma rocha que sobressaía da parede para ficar em posição vertical. A contra gosto, o barro a deixou em liberdade com um som de sorvido repugnante. Ela se voltou a frente da caverna e a seu torturador novo. Ivan ainda pendurava da fina mão do homem como uma marionete, com seus olhos lentamente como cristais enquanto sua vida se desvanecia. Ela deu uma olhada à elevação do nível da água. Em questão de minutos, estariam a sérios problemas se não saísse dessa caverna. Já a metade do chão acostumado a estava sob a água. Olhou ao albino de novo.
— Temos que sair daqui. — Assinalou a água. — Vamos morrer se ficamos aqui por mais tempo.
— Quero o diário.
As palavras saíram destroçadas, conforme saíam da boca de Ivan. Seus lábios não se moviam, causando que as palavras soassem afogadas. Através da ferida em seu pescoço, viu os finos dedos do albino segurando ao redor das cordas vocais de Ivan e as tocando como cordas de violão.
Erihn engasgou e se separou da horrível visão. Pôs sua mão na parede para manter o equilíbrio enquanto seu estômago se revolvia. Em questão de segundos, esvaziou seu escasso conteúdo.
— Se me der o diário, não te farei mal.
Ela estremeceu ao ouvir a sobrenatural voz.
— Pode ter o diário. — Gritou ela por cima do ruído surdo da crescente água. A corrente estava convertendo rapidamente em um rio, e com a água lambendo os tornozelos. Ela se voltou.
— Temos que sair daqui agora.
Um sorriso fantasmagórico apareceu em seus lábios e seus olhos aumentaram enquanto Erihn divisava o que pareciam dentes de vampiro. Que diabos era? A repulsão se meteu debaixo de sua pele.
— Vamos, garota. — Entoou o boneco Ivan.
Erihn olhou o aumento da água e ao albino. Nenhum dos dois era uma boa escolha, mas com uma, ela poderia sobreviver. O outro ia matá-la com segurança. Tudo se reduzia sempre a tira de decisões, e esta ela não queria ter que fazer. Ela avançou para a boca da caverna, deslizando no barro com quase cada passo que dava. Deteve-se quando uma sombra apareceu, captando a atenção do albino. Um grande puma apareceu na entrada da caverna. A luz da lanterna se refletiu no colar de ametista que usava.
— Por fim, Fayne. — Entoou o Ivan-boneco — Encontramo-nos de novo. Fayne? Erihn franziu o cenho ao gato. O gato emitiu um grunhido, com seus olhos dourados brilhando à luz.
— Acredito que tem algo meu.
O gato chiou, com seu descontentamento evidente. Uma série de grunhidos encheram a caverna.
— Agora, temos que ser tão desagradáveis?
Erihn gritou quando a corrente de água se derramou sobre seus pés. A terra empapou suas arruinadas sapatilhas e começou a dar passo, tirando a do balanço. Ela tentou agarrar-se pela selvagem parede e falhou, caindo ao rio recém-formado. A água gelada se envolveu ao redor de seu corpo e a jogou para a escuridão no ventre da caverna.
Ela gritou quando a força da água a golpeou contra uma greta na parede de rocha, apanhando-a no lugar. Debaixo de seu traseiro, sentiu uma estranha sensação de ruído, como se a montanha tivesse indigestão.
Ela envolveu sua mão ao redor de uma rocha que sobressaía da parede. Por cima dela o albino e o gato estavam olhando-se com receio. A força da água crescia e minava o frio de sua força. Escombros na água, pequenos paus e ramos, apunhalaram sua pele quando o lodo se formou redemoinhos junto a ela. Ela lutou com seus joelhos para ficar de pé. Um grande ramo golpeou o joelho, quase a enviando à água outra vez. O terror a golpeou ao dar-se conta de que poderia terminar enterrada viva se algo não acontecia logo.
O gato a olhou, depois olhou ao albino. Deu um grito ensurdecedor que ricocheteou nas paredes da caverna antes ser engolido pelo ruído do rio de água de chuva. O gato deu as costas ao albino e avançou pouco a pouco em seu caminho para ela. Uma risada peculiar encheu a caverna.
— Fez sua escolha, Fayne. — Gritou o boneco de Ivan. — A gente só pode esperar que seu filho não viva para lamentar.
O gato parou e se voltou para o homem claramente indeciso.
Sem prévio aviso, a rocha passou debaixo das mãos de Erihn e ela deu um grito com sua garganta. Tentando agarrar-se pela parede, mas não serviu de nada, com os dedos intumescidos não podia reter seu agarre. A água turva a arrancou de sua instável sua posição, rodeou-a e chupou para baixo. Sacudiu-se violentamente, tentando encontrar algo do que agarrar-se. Sua mão tropeçou com um objeto grande. Desesperada, envolveu suas mãos ao redor dela, puxando sua cabeça fora da água. Tossindo, piscou com o lodo em seus olhos e olhou a seu redor. A que distância estaria da boca da caverna não sabia, não podia ver nada. A escuridão era completa.
— N-n-nãooo. — Gemeu ela.
Algo deslizou na borda de sua consciência, enquanto um grito se encerrava em sua garganta. Não, não, não!...
Não chore...
Frenética, Erihn olhou a seu redor pelo dono da voz. Suave e alto, era a voz de um menino.
— Quem...
Estou aqui com vocês. Não te deixarei sozinha.
— Quem é você?
Meu nome é Max.
— Max? O filho de Fayne?
Sim.
Erihn negou. Devia ter golpeado em algo. Grunhiu quando algo apareceu em seu estômago, quase a tocando em seu santuário. Nesse momento, tinha que sair desse lodo e ir à terra seca.
— Bem Max, se te ocorre alguma maneira de me tirar disto... — Murmurou ela tentando de mover suas pernas debaixo dela.
Sobe.
Erihn olhou para cima. Não podia ver nada por cima dela.
— O que alcançarei?
Uma borda.
Ela moveu seu joelho a seu redor e sacudiu um braço sobre sua cabeça. Golpeou a rocha e, indo ao redor com a mão enroscada em torno de uma pequena protuberância, sustentou-se.
— Obrigada, Max. — Suspirou ela.
De nada.
— Como faz isso?
Fazer o que?
Reunindo o último de sua força, Erihn se estirou e jogou o braço em cima do bordo da cornija.
— Falar comigo em minha cabeça assim.
É muito fácil.
Ela bufou enquanto se arrastava pelo bordo.
— É fácil para você, talvez. — Suas pernas penduravam sobre a borda quando o desastre ocorreu. Algo grande na água golpeou a metade de sua coxa, balançando seu corpo de sua instável posição. Ela começou a cair de novo à água, com um grito nos lábios.
Senhora!
Erihn se agitou desesperadamente sem saber se cairia desta vez, estava acabada. Estava quase sem forças, e não havia maneira de que tivesse êxito de novo na água. Engoliu uma baforada enorme de ar quando seus dedos golpearam pelagem. Sua mão se enroscou em seupescoço enquanto a borda desabava debaixo de seu estômago, ameaçando enviá-la dando cambalhotas na água. Ela escorregou detendo com uma dor no braço. Gritos encheram a caverna enquanto dentes afiados passavam através de sua jaqueta e à carne de seu braço. Garras a alcançaram, afundandose na parte traseira de sua jaqueta, machucando sua pele. Ela mordeu o lábio, apoiando as mãos livres no suporte e lutou por sair da mesma. Caindo de bruços na cornija, lutou por seu fôlego. A dor se acumulou em seu corpo e lutou por dominar seu pânico. O gato soltou o braço e se deixou cair junto a ela, banhando com língua quente seu rosto. As lágrimas picaram seus olhos enquanto Erihn passava seu braço ao redor de seu pescoço. —Obrigada. — Sussurrou ela. Está bem agora? Ela deu um sorriso fraco.
— Sim. Obrigada, Max.
De nada. Faria um favor? Diga a papai que o amo. — Eu... — O gato se assustou quando ela agarrou por suas costas a jaqueta e puxou-a longo da cornija. — Espera um minuto. — Ela se voltou e lutou com seus joelhos. — Max?
Silêncio.
O gato puxou de novo, desta vez obrigando-a a mover-se. Pouco a pouco, fizeram seu caminho de volta com o passar da borda da boca da caverna. Em alguns pontos, Erihn se viu obrigada a arrastar-se ao longo de seu ventre, com o gato diante dela à cabeça. Ele passava a língua pela bochecha de vez em quando para respirá-la a seguir adiante.
Quando houve uma curva, a luz tênue do farol dourado foi a coisa mais bonita que já viu.
O suporte desapareceu em um nada, e o gato saltou sem esforço aos escassos restos de chão. Com cautela, ela deslizou fora da cornija e ao chão lamacento, antes de cair, ofegante, com calafrios percorrendo seu corpo.
Fora da caverna, Ivan estava em um montão sangrento sem vida, com seu cego olhar para cima aos céus. Ela desviou o olhar e em seu lugar olhou seu braço. A jaqueta de Jennifer estava destroçada e através das mangas, vários arranhões e feridas profundas estavam espetadas marcando sua pele.
Seu braço estava coberto com sangue e mais emanava de suas feridas.
Ela fechou os olhos por um segundo para conseguir orientar-se. O gato lambeu a bochecha, sacudindo sua consciência. Agarrou a manga destroçada de sua jaqueta e deu um suave puxão.
— Me deixe adivinhar. — Ela arrastou as palavras por sua garganta. — É hora de ir.
Erihn ficou de pé e cambaleou até a boca da caverna. A chuva ainda caía sobre as folhas e não havia sinais do albino. Incapaz de conter-se, olhou Ivan. Seus olhos frágeis devolveram o olhar acusador, condenatório. Ela estremeceu e permitiu então que o gato a levasse a chuva.
Não tinha ideia de onde estava a casa ou quão longe estavam dela. Quão único sabia era que estava exausta, congelada e a temperatura estava baixando rapidamente, misturando-se com a chuva de granizo.
Entraram em bosque e se moveram sigilosamente mais e mais na espessura. Ela estava se atrasando muito, mas não havia nada que o gato pudesse fazer por ela. Ele abria caminho, sempre em espiral para baixo da montanha, avançando para encontrar um caminho, depois retornava com ela para dar um empurrão ao longo. Era uma viagem terrível. Abriram caminho pela resistente montanha. Uma vez, durante a subida, a terra empapada entrou por seus sapatos e ela se deslizou a bastante distância de sua parte traseira. Bom, embora não se havia sentido cômodo pelo menos ela não andou todo o caminho. Sentiu-se como uma eternidade antes de chegar à casa. O gato a levou a porta do porão, e ela soluçou ao momento em que caiu nele. Olhou para a cama, mas estava muito longe, e desabou em um montão sobre o tapete. Seus olhos se fecharam e ela se deslizou em um leve dormitar. Ela despertou quando Fayne a levantou do chão.
— Erihn... — Embalou-a contra seu peito. — Temos que conseguir te esquentar.
Ela estremeceu e tratou de abrir os olhos e mantê-los abertos, mas foi incapaz de concentrar-se nele.
— F-F-Fayne?
Ele riu entre dentes.
— Sim, amor. Sou eu.
Os dentes dela tocavam castanholas com violência enquanto a punha na confortável e eficientemente a despia. Recolheu-a e a ajudou a encher a banheira, e ela se esticou quando a água quente tocou a carne gelada, com sua respiração assobiando entre dentes. Seu braço palpitava e ela se apoiou no lateral. Obrigou-se a manter os olhos abertos e se encontrou com Fayne olhando seu braço, com expressão preocupada.
— Pareço me manter te fazendo mal... — Ela se surpreendeu ao escutar suas palavras ao falar.
Seu olhar se encontrou com o seu, e pensou que jamais se viu tão perseguida.
— Não fez isto. — Disse ele em voz baixa. — Eu te fiz mal desta vez… Ela franziu o cenho. O que dizia não tinha sentido.
— Não esteve ali. — Murmurou ela. Ela enrugou sua face, tratando de recordar o que era o que aconteceu exatamente, mas não pôde conseguir um controle sobre isso.
Ela devia ter golpeado a cabeça.
— Erihn — Fayne tomou sua mão sã atraindo sua atenção a ele. — Juro que ninguém te fará mal de novo.
— Do que está falando? Ela estava tão esgotada que tudo o que queria fazer era deitar-se por um tempo.
— Vamos, vamos te limpar.
Ela fechou os olhos enquanto lavava a imundície de seu corpo, mas estava muito entorpecida para ajudá-lo.
Ele enxaguou a sujeira de seu cabelo, e ela suspirou por seus deliciosos cuidados. Quando terminou, levantou-a, e ela não pôde resistir a aconchegar-se contra seu peito. Deixou-a sobre a cômoda de novo e deu uns tapinhas para secá-la de acima a abaixo antes de vesti-la. Ajudou-a com uma calça cor púrpura e um grande suéter branco. Depois de ter conseguido pôr meias três quartos grossas em seus pés, dirigiu sua atenção às feridas.
— Parece que estamos fazendo disso um hábito. Viu-o enquanto ele punha uma gaze ao redor da ferida de seu braço. A Erihn só teria gostado de ter a energia para mostrar o muito que apreciava seus cuidados. Fayne assentiu com expressão sóbria.
— Tem sorte de que tenha um montão de ataduras por aqui por Max. Ele sempre se golpeia.
Erihn franziu o cenho. Max. Havia algo em seu filho, mas não podia recordar... Supunha-se que deveria dizer algo a Fayne. Ela bocejou enquanto ele acomodava as ataduras em seu lugar.
— À cama comigo. — Ele a recolheu e a levou de novo ao quarto.
Ela suspirou de prazer quando ele a meteu em sua enorme cama. Os lençóis eram de seda, e cheiravam a ele. Ela se aconchegou com o calor da colcha, e mal sentiu o beijo na têmpora antes de perder-se no sono.
CAPÍTULO 11
Ela estava no porão outra vez.
Erihn parou nos degraus do porão de terra que se transformou quase em sua tumba. O porão estava bem iluminado, o que permitia ver cada polegada de espaço úmido. Seu miserável soalho úmido, fria e a umidade corriam pelas paredes combinavam em uma prisão macabra. Chapman estava em um degrau acima na escada. Os membros dele estavam atados com correntes grandes ancoradas ao chão, com o olhar lastimoso enquanto olhava para ela. Ela não sentiu raiva. Nem ressentimento. Nem medo. Ela se sentia... Livre. Ela se separou do patético homem e continuou sua viagem para cima. A porta de carvalho com marcas estava fechada com pregos e recoberta com o sangue de arranhões estava aberta, um raio dourado de luz se filtrava por ela. Erihn respirou fundo e saiu à luz. E se dirigiu diretamente a um pesadelo. Ela piscou. Ficou de pé no arco que dava ao salão de Jennifer. A primeira pessoa que viu foi Fayne. Estava de pé a sua direita, vestido só com calça jeans, com seu cabelo úmido e encaracolado sobre os ombros. Seus punhos estavam fechados, com os nódulos brancos. Uma grande ira saía de sua postura tensa. Ela olhou pela sala para ver o que ele estava vendo. Ficou sem fôlego na garganta.
Um homem alto, fornido de cabelo negro estava parado frente à lareira olhando as chamas. Junto a ele sentado, estava o albino em uma cadeira de respaldo reto e em seu colo, um menino. Só podia ser Max. A expressão do menino era oca, vazia, como se sua alma se foi e só ficasse a casca de seu corpo. O albino sorriu e deu uma piscada cordial. Sua mão, segura no ombro de Max, apertou-se, e ela viu com horror como o menino puxou sob pressão.
— Estou tão contente de que te tenha unido a nós, minha querida. Estava a ponto de enviar nosso amigo Fayne por você lá abaixo. O batimento do coração dela acelerou enquanto os tons infantis do menino soaram. Era a voz da caverna, só que um pouco mais alta. Ela olhou do albino a Fayne, cuja expressão era pedregosa com os olhos escuros. Com um puxão muscular na mandíbula. Ela lambeu os lábios.
— O que está acontecendo? — Sua voz era rouca e sua garganta doía pelo esforço na caverna.
— Erihn... — A voz de Fayne era baixa. — Veem a mim.
Ela olhou nervosamente ao albino que se limitou a sorrir e mostrou os dentes. Seus caninos brilharam. Mantendo um olho atento sobre ele, deu uns poucos passos para Fayne. Sem dizer nada chegou a seu lado e depois se voltou para o albino.
Tranquilizou-se quando os dedos Fayne se envolveram ao redor dela. Max se sacudiu.
— Que terno. — Disse.
Erihn se voltou.
— Como faz isso?
— Max é telepático. Edward é mudo, assim como um inseto estranho. Fala através de Max — Disse Fayne.
Ela empalideceu.
— Não parece que Max goste.
— Você gostaria de viver na mente de um louco? — Grunhiu Fayne, com seu olhar sem deixar nunca ao albino.
— Fiz. — Ela falava em voz baixa, e seus dedos se fecharam ao redor de sua mão.
— Paus e pedras, Fayne. É provavelmente melhor que não me incomode, enquanto eu sustento ao que mais deseja. — O menino deixou sair. — Independentemente de se Max desfrutar, aqui a meu lado ficará. A menos que faça aparecer o diário, Erihn… Tudo ia de novo ao diário. O que era tão importante sobre o diário que a pessoa mataria por ele?
Era uma obra de ficção... Ou não? Certamente apareciam vampiros que eram o suficientemente reais. Ou isso, ou este homem necessitava um ortodontista para que lhe desse uma boa mordida.
— Onde está o diário, Erihn?
Erihn olhou o perfil de Fayne para ver que seguia olhando fixamente ao albino. Algo estava acontecendo que ela não entendia.
— Em meu carro. — Grunhiu ela.
— Poderia ser tão amável em recuperá-lo? — A voz de Max era plana.
Ela deu uma olhada a Fayne e assentiu imperceptivelmente. Soltou sua mão e deu ao albino uma ampla margem enquanto brincava de correr pelas escadas. Correu pelo corredor até a porta principal. O coração fazia um ruído surdo, enquanto colocava os pés em um par de botas de montanha.
O que devia fazer? Pegou uma jaqueta do cabide e escapou de noite. O granizo picou na pele, correu a seu carro e abriu a porta. Necessitava uma arma de fogo. Se Mac tivesse alguma pistola? A prova foi em busca de sua bolsa.
Sequer sabia como carregar uma, se a tivesse.... Não.
— Maldição — Disse entre dentes, arrastando sua bolsa de trás do assento ao do condutor.
Poderia Fayne vencê-lo? O albino não parecia tão forte, mas o homem de cabelo escuro falhou. Quem seria ele e como estava metido nisto? Talvez Fayne pudesse segurá-lo e ela poderia golpear ao outro na cabeça.
Seu fôlego assobiou entre seus dentes apertados enquanto seus dedos encontravam a velha caixa. Tirou-a da bolsa e a colocou debaixo de seu casaco. O granizo foi diminuindo enquanto corria à casa, com seus pés deslizando-se sobre o chão coberto de gelo.
As velas estavam acesas por todo o chão de baixo constituído por uma luz pela porta aberta.
Erihn patinou nos azulejos enquanto a fechava de repente. Pendurou o casaco e as botas e se foi nas pontas dos pés à cozinha.
Olhando a seu redor, viu um tronco de açougueiro cheia de facas. Tomou uma.
— Não se preocupe. — A voz de Max foi um fio. — As facas não terão nenhum efeito em mim.
Erihn o olhou e viu que podia vê-la através do arco. Ela franziu o cenho, e deu ao Fayne um pequeno sorriso. Endireitando os ombros, entrou na sala de estar.
— É este o livro? — Perguntou Edward através de Max.
— Sim.
— Dá a Miles aqui. — O albino indicou ao homem de cabelo escuro.
Ela se moveu para o homem que se separou da lareira para aceitar a caixa, seu olhar escuro não olhou à sua. Um calafrio agitou seu braço quando ele agarrou o extremo oposto da caixa.
Erihn a libertou depois sacudiu sua mão para romper a conexão.
Um trovão a fez saltar. Um raio brilhante chamou a atenção e algo de cor clara no terraço chamou a atenção. Com um segundo flash de luz, viu a pequena mulher loira, imóvel, com a cabeça separada de seu corpo.
— Encantador, não? — Disse Max.
Erihn tragou.
— Por que a matou? — Olhou a caixa, agora segura nas mãos de Miles, e se perguntou se teria dado a chave para mantê-la viva.
— Ela não era de nenhuma utilidade para mim.
— E nós? — Perguntou com valentia em busca do olho do albino. — Exatamente Que uso temos?
O albino sorriu, suas presas brilharam.
— Bom, o menino tem seus usos, é óbvio. E você, querida, é bonita com tudo e cicatriz.
Tenho uma grande avaliação pela beleza, especialmente pelo que não é o que parece.
Erihn franziu o cenho. Que diabos era ele? Pela aparência externa, era um vampiro dos livros de texto, completo com presas, pele pálida e manto negro.
Seria o que parecia ser?
— Fayne é farinha de outro saco. — Disse Max.
— Por quê? — Ela reduziu seus olhos.
— Ele não é de nenhuma utilidade. Na realidade, é um obstáculo.
— Por quê?
A expressão do albino foi curiosa.
— Não sabe, não é?
— Ela não sabe nada. — Grunhiu Fayne.
Edward jogou a cabeça atrás como se fosse rir, só que o som proveio da boca do menino em seu lugar.
Calafrios percorreram as costas enquanto o vampiro negava com a cabeça.
— Está me gozando! Escreveu a respeito de sua raça e não sabe o monstro que é?
Erihn olhou nervosamente a Fayne e logo depois de volta ao albino.
— Não — Disse Fayne.
— Seu amante esteve te enganando, minha querida. Como se sente ter sido seduzida por um were-gato? A criatura mítica de seu livro?
Isso era tudo, todos estavam loucos. Como sabia o que havia passado entre eles? Ela negou, com uma sensação de pânico aflorando em seu peito.
— Os were-gatos não existem. — Afirmou ela — Não sei quantas vezes tenho que dizer isto, mas são um produto da imaginação de alguém.
O albino assentiu em direção a Fayne.
— Fayne, poderia mostrar à senhorita que não estamos todos loucos?
Fayne grunhiu, um som natural que pôs os pelos em ponta na nuca. Seus olhos brilharam com uma luz cintilante dourada. Ela ficou sem fôlego.
— Não. — Espetou ele.
Edward moveu sua mão e apertou o pescoço do menino. Max gritou enquanto os dedos se apertavam.
— Podia rompê-lo pela metade com tanta facilidade. — Cantou Max.
Um poder especial começou a encher a sala, suave como uma brisa fria em sua pele, com a sensação momentânea de agulhas geladas agudos em sua pele que a deixou sem fôlego. A vontade de gritar começou a crescer. Erihn fechou uma mão sobre seu coração enquanto um fogo incrível âmbar piscava diante seus olhos. Iria desmaiar?
— Pare. — Grunhiu Fayne.
Erihn tremeu quando a estranha energia desapareceu, deixando-a com um sentimento nervoso, inquieto. Fayne a alcançou e ela deu um passo para ele. As pontas de seus dedos se roçaram.
— Sinto muito. — Sussurrou ele.
Ele se afastou. Fechou os olhos e ficou quieto e em silêncio. Então, diante seus próprios olhos, ele evaporou.
Sua forma desapareceu, fez-se transparente enquanto a sombra de um gato começou a tomar forma. Em um momento esteve ali, ao seguinte já não estava e um gato estava em seu lugar.
Era o puma.
Erihn olhou os olhos dourados, paralisada. Era o animal que Fayne afirmou que era dele, o mesmo animal que salvou a vida na caverna. Realmente era um were-gato.
— O que te parece, querida?
Erihn girou o olhar do gato ao albino.
Ela disse o primeiro que veio à mente.
— Impressionante…
O albino sorriu.
— De fato, é. Os were-gatos são muito estranhos e seu amante se venderia por um preço alto no mercado negro. Seus poderes são legendários em demanda, sobre tudo porque é quase impossíveis de alcançar e ainda mais difíceis manter. Já vê, não estão bem em cativeiro.
Raramente valem a pena, já que não se podem domesticar.
O albino se voltou e olhou a Miles. Depois de um momento de silêncio, ele assentiu e Miles saiu da sala, com a caixa que continha o diário sob o braço. Erihn ouviu abrir a porta principal, depois fechar-se.
— O que é? — Exclamou ela.
Ele sorriu.
— Não descobriu ainda? E eu que pensei que era uma garota inteligente. Sou um vampiro, minha querida… Erihn retrocedeu com horror e riu.
— Está brincando. — Disse entre dentes. Seus joelhos tremiam, e se agarrou à parte traseira de uma cadeira.
— Não acredito. Não acreditou em Fayne, tampouco? Isso é muito mau — Ele negou — A confiança é muito apreciada.
— O que acontecerá agora?
— Mies está levando o livro a um lugar seguro, e eu me encarregarei de seu amante. Os olhos do Erihn se estreitaram.
— Encarregará dele, como?
— Matando-o, é óbvio.
Erihn reprimiu o impulso de grunhir. Suas mãos tremiam pelo esforço que custava conter sua ira. Precisava pensar com claridade e conseguir afastar Max dele.
— E Max. Vai deixá-lo aqui comigo?
— Minha palavra, não. É um pouco Pollyanna, não é? O menino vai comigo e você ficará para enterrar seus mortos. — Ele fez uma pausa. — A menos que dita te fazer uma deles. Dos mortos, desses. Ou talvez dos não-mortos? Agora esse é um pensamento. Seria um vampira bonita, um presente eterno de beleza… Erihn olhou Fayne só para ver que seus olhos estavam fixos em algo para fora da janela, algo envolto na escuridão.
— Tem certeza de que poderá matá-lo?
Mentalmente ela estava revolvendo uma maneira de sair dessa confusão, sem tirar nada que pudesse ajudar.
— Meu amor, um were-gato não pode competir com um vampiro… Fayne se voltou e a olhou. Ela viu o amor brilhar no mais profundo de seus olhos dourados.
O amor e a confiança. Ele poderia tomar a um vampiro? Saltou ao sentir a negra ponta de sua cauda dobrar-se ao redor de seu tornozelo em uma íntima estocada.
— É possível que deseje seguir a pista nisso, embora não acredito que ele esteja de acordo com você — Disse Erihn com valentia.
— Não será a primeira vez que Fayne se equivoca. — Sorriu o vampiro.
— Me dê o menino.
— Vou ter o livro e o menino, sem importar nada.
— Isso está por ver-se. — Replicou ela — Se vocês dois brigarem, então, o menino estará em perigo, não?
O albino a olhou, com seus olhos medindo sua coragem. Ela se negou a recuar com sua expressão.
Era imprescindível que tivesse em suas mãos Max e o separasse do perigo. Talvez pudesse mantê-lo a salvo escondendo-se dele no espaço de trânsito nos degraus. Poderia ocultar o menino de um vampiro? Se não, tudo estava perdido.
O vampiro assentiu e depois soltou o menino. Max ficou em pé e se moveu rigidamente, sem hesitar sobre suas magras pernas. Erihn estendeu a mão e o agarrou, puxando-o a seus braços. Ele se inclinou contra ela, com tremores em seu magro corpo.
O vampiro ficou em pé, com seus movimentos graciosos, devagar. Indicou as portas francesas e Fayne-gato assentiu com a cabeça escura. O vampiro abriu as portas, fazendo uma pausa para dar a Erihn um sorriso gelado antes de entrar na escuridão. O corpo de Bliss estava junto à porta e a uns poucos centímetros de seu estendido braço estava uma espada. Fayne passou delicadamente sobre ela fazendo uma pausa para passar seu nariz através de seu cabelo úmido antes de passar ao terraço.
Os olhos de Erihn arderam enquanto olhava o menino que sustentava em seus braços. Sua pele era transparente e estava tão quieto. Sombras púrpuras danificavam a delicada pele sob os olhos, e ela sentiu uma onda de ira voltar para a vida. Fechou os olhos e agarrou Max a seu peito. Um brilhante fogo correu atrás do âmbar de suas pálpebras. Erihn tremeu enquanto desaparecia na luz e se entregava à ira. Renault estava aí. Fayne podia sentir seu velho amigo na escuridão, observando e esperando. Voltou-se para Edward. A chuva cessou, deixando uma camada fina de gelo quebradiço sob suas patas. A noite era baixa, com o ar frio como o gelo. Teria nevado antes de manhã. Edward zombeteiramente se inclinou em sua direção enquanto Fayne mostrava os dentes com um grunhido. O vampiro atacou. Fayne se lançou a um lado enquanto a criatura se equilibrava sobre ele. Pela raiva poderia perder a batalha e ele não tinha intenção de perder a calma. O vampiro falhou por escassos centímetros e ele golpeou a perna de Edward, com suas garras deixando dezenas de profundos arranhões através da calça negra e de sua pele fria. O vampiro girou, com os olhos brilhantes de cor vermelha, enquanto vaiava entre dentes. Ele saltou de novo, e desta vez Fayne o encontrou de frente. Arremetendo, deu um salto no ar. Suas patas açoitaram Edward no peito, detendo-o em seu caminho. Desceram em um matagal, com os dentes de Edward no pescoço de Fayne enquanto Fayne quebrava a garganta. Os dentes de Fayne deram no branco e o aroma de sangue velho encheu seu nariz enquanto rasgava através da pele de Edward. O vampiro gritou, um grito sobrenatural e silencioso, e jogou Fayne longe dele. Edward se levantou, com seu pé golpeando a espada abandonada com um ruído discordante. Os olhos de Fayne se estreitaram enquanto o vampiro recolhia a arma, com o triunfo piscando em seus olhos. Tanto por ser um cavalheiro como por lutar no campo de jogo. Edward voltou a mostrar sua verdadeira cara. Não havia nenhuma surpresa ali. Fayne teve o cuidado de manter seus olhos no vampiro enquanto se circulavam à espera do momento. Estava decidido a fazer que Edward atacasse primeiro. A paciência ganharia o jogo e ele tinha de sobra. Edward se lançou e Fayne fez um movimento à esquerda, depois à direita, mas não com suficiente rapidez. A espada deixou uma esteira ardente de dor em seu ombro. Fayne dançou, grunhindo enquanto se revolvia para agarrar-se pela coberta de gelo. Um golpe soou a sua direita. Uma enorme pantera negra aterrissou na coberta, com a estrutura tremendo sob seu peso. Dourados olhos se fixaram em Edward enquanto o vampiro sorria e inclinava a cabeça. O sangue ainda corria por seu pescoço da ferida que Fayne deu. Por desgraça, não era uma ferida mortal.
Fayne poderia ter jurado que a pantera devolveu o sorriso. O grande felino mal olhou a Fayne. Ambos sabiam o que tinham que fazer. Muitas vezes, ele e Renault estiveram em situações similares. Estavam bem versados no combate mão-a-pata. Uma garoa começou a cair enquanto Fayne se lançava à esquerda do vampiro, enquanto Renault ia à direita. Permanecendo nos lados opostos do vampiro, começaram a circulá-lo, esperando uma oportunidade. O olhar que Edward ia de um gato ao outro, era um olhar de horror passando por seu rosto. Graças a suas lesões, Fayne sabia que Edward viria a ele primeiro. Ele continuou seu ritmo, sem permitir-se ceder à tensão. Quando o vampiro se lançou, Fayne saltou à coberta da tina de água quente, deixando Edward cravando a espada no ar onde esteve segundos antes. A espada golpeou a madeira com um golpe trêmulo. O erro estava feito. Edward arrancou a espada libertando-a, deixando uma ferida terrível. Com um grunhido, Renault saltou, golpeando ao vampiro atrás das pernas, enquanto Fayne saltava. Já perdendo o equilíbrio, Edward se sacudiu grosseiramente, com a espada voando de sua mão enquanto caía sobre suas costas. Fayne aterrissou em seu peito. Antes que o vampiro pudesse inclusive pensasse, ele caiu sobre o vampiro e seus olhos se encontraram. Fayne deu o grito aterrorizante de puma. Que ecoou nas paredes da casa e no vale de baixo. Baixou a cabeça e com um só movimento, arrancou a garganta do vampiro. O jorro de sangue antigo encheu a boca, e cambaleou deixando o vampiro. Com náuseas, Fayne cuspiu o pedaço de carne fria antes de fechar os olhos. Concentrou-se no fogo violeta e deixou que o rodeasse. A garoa se sentia bem em sua pele nua, embora estivesse gelada. Fayne inclinou a cabeça para trás, o que permitiu à névoa lavar o sangue e afastá-la. Seu ombro doía pela ferida e a garganta se pulsava da mordida do vampiro. Teria que desinfetar ambas. Esperava que Jennifer tivesse uma garrafa de afasta-vampiros em algum lugar. Os membros de Edward estavam torcidos e um misterioso assobio chegou do buraco em sua garganta enquanto lutava por respirar através da traqueia cortada. Fayne ficou de pé. Inclusive com uma ferida enorme no pescoço, era possível que um vampiro pudesse sobreviver. Eram insetos resistentes, igual às baratas. Ele tomou a espada e esfaqueou o vampiro. Os olhos de Edward estavam começando a ficar frágeis, mas ali estava a vida à espreita nele. Se o deixava só o tempo suficiente, poderia curar-se. Fayne pressionou a ponta da espada sobre o coração do Edward e grunhiu.
— Verei você no inferno.
Com um repugnante rangido, o corpo de Edward se sacudiu enquanto Fayne a afundava em seu peito e esfaqueava seu coração com a espada, cravando seu corpo ao terraço. Ele respirou fundo o ar gelado. Por agora, isso seria suficiente. Mais tarde, tiraria o coração e se asseguraria que Edward não caminhasse mais pela terra.
Renault se aproximou e se sentou a seu lado com um golpe. Fayne sorriu abaixo para o gato.
— Obrigado, meu amigo.
A pantera piscou.
Uma leve brisa dançava sobre sua pele, e levantou a cabeça ao perfumado vento. Sombras dançaram nas bordas de sua visão antes que pouco a pouco se fundisse em formas sólidas levitando ao lado dos trilhos do terraço.
Uma por uma, as figuras escuras saíram das sombras e se precipitaram a terra em silêncio ao terraço.
Fayne recuou ao reconhecer as encurvadas, figuras médias. Eram os esbirros da bruxa conhecida como Mortianna, a mãe de Bliss. Suas longas roupas até o chão a faziam um ruído seco, deslizando-se sobre o terraço, enquanto se reuniam ao redor de Bliss em um círculo estreito. As mãos brancas, surgiram das mangas enquanto recolhiam a sua caída. A figura mais alta produziu um tecido prateado enquanto um pequeno e sobrenatural pranto soava em algum lugar na escuridão.
O cabelo de Fayne se arrepiou enquanto reconhecia o som da perda de outro ser vivo. Só poderia ser de Mortianna.
Suavemente, os seguidores envolveram Bliss no tecido, com seus movimentos reverentes, com a cabeça agachada enquanto trabalhavam. O tecido brilhava luminoso, onde entrava em contato com seu corpo. Com ternura a levantaram sobre seus ombros de noite. Os esbirros se misturaram com a escuridão, levando Bliss à única filha de sua ama a sua casa. Moveram-se sobre a terra até que só ficou o menor ponto de luz da mortalha que ficava. Fayne piscou e depois Bliss se foi para sempre.
As lágrimas picaram os olhos e deu meia volta e cambaleou para a sala, chegando enquanto um selvagem grunhido o saudava. Seu filho estava no arco, vendo-se como se estivesse adormecido. De pé sobre ele estava a mais bonita puma que tinha visto. Seu casaco era de uma rica cor marrom avermelhado e seus olhos estavam cheios de fogo de cor âmbar.
Ele engoliu por ar enquanto o fôlego deixava seus pulmões.
— Erihn?
O gato lançou um grito e ele poderia ter jurado que um olhar de pânico cruzou sua face.
— Erihn, sabe como voltar a mudar?
O gato sacudiu a cabeça violentamente.
Fayne começou a rir e o gato franziu o cenho. Ele cruzou a sala e depois abaixou com precaução pelos degraus e recolheu seu filho de seu colo. Erihn-gato imediatamente começou a lamber sua orelha e a controlar suas feridas, com suaves grunhidos e pequenos sons de sua garganta. Fayne voltou a rir.
— Pare, faz cócegas.
Ele olhou para baixo a Max, profundamente adormecido esgotado por sua terrível experiência. Tudo o que importava era que estava a salvo e de volta aos braços de seu pai.
— Erihn, me escute. — Fayne captou a visão de Renault, que vagava no salão e se sentou para ver o espetáculo. — Direi como trocar de novo. Erihn gemeu e Renault fez um som como se se estivesse rindo. Erihn olhou a enorme pantera e mostrou os dentes com um grunhido. Fayne a agarrou pela mandíbula e levantou sua face de novo a ele.
— Nada disso, minha gatinha. Renault poderia te comer para o jantar, embora não terá a oportunidade. Renault soprou como se não estivesse de acordo. Fayne não fez conta.
— Erihn, fecha os olhos.
Ele sorriu enquanto ela obedientemente os fechava.
— Vê o fogo no olho de sua mente? Agora se coloque nele e deixa que te cerque.
Durante uns segundos, não aconteceu nada, e depois sob suas mãos, ela começou a trocar.
Em questão de segundos, ele sustentava seu queixo humano na mão.
— Fayne... — A voz dela tremia. — Estava muito assustada.
Ele passou um braço ao redor dela e puxou-a a seu lado.
— Está bem agora, Erihn…
Ela engoliu.
— Não acredito que possa voltar e terá que comprar uma caixa de areia grande e um camundongo gigante para jogar e...
Fayne ouviu um som suspeitosamente parecido à risada. Olhou para ver Renault. Se tivesse estado em forma humana, teria estado rodando pelo chão. Erihn franziu o cenho à pantera.
— Não é divertido! — Espetou ela.
Renault continuou rindo e Erihn chutou com seus pés.
— Maldição!
Ela deixou o gato. Renault saltou sobre seus pés e, com um grunhido afogado, correu a sala de jantar. Sua cauda roçou um vaso chinês que não tinha preço. Inclinou-se antes que se estrelasse contra o chão.
Fayne sacudiu a cabeça e abraçou seu filho mais perto. Max fez um som inarticulado e se aconchegou mais profundo em seu ombro. Ele suspirou e apoiou sua cabeça contra a parede e fechou os olhos. Edward tinha ido e todos estavam a salvo. Em sua maior parte.
O coração dele se apertou com o pensamento de Bliss. Sua amiga morreu tentando salvar a vida de seu filho. Abraçou Max com mais força, depois fez uma careta quando algo caiu no chão e se rompeu na cozinha. A conta estava crescendo e Jennifer não estaria feliz ao encontrar sua casa devastada.
Renault saiu voando ao redor do canto, com o pânico em seu rosto.
Fayne riu ao ver um dos mais perigosos gatos de todos em plena retirada. As unhas de Renault rasparam os azulejos enquanto saltava sobre Max e ele aterrissando na sala de estar com um ruído surdo. Lançou-se atrás de uma cadeira depois olhou sobre seu braço, esperando que Erihn chegasse. Ela não apareceu.
— Fayne? — A voz Erihn soou da cozinha.
— Sim, meu amor.
— Estou nua.
Fayne começou a rir.
— Sim, meu amor, está nua…
— Pode me conseguir um pouco de roupa?
— Não — Disse ele com satisfação.
— F-F-Fayne! — Gritou ela.
— Não. Não me movo. Estou ferido, recorda?
Fayne olhou o menino adormecido em seus braços. Sua vida estava completa. Tinha seu filho em seus braços, a seu melhor amigo a seu lado cobrindo-se na sala e a uma mulher nua na cozinha. Que mais poderia desejar?
CAPÍTULO 12
Que dia tão totalmente incrível.
Erihn rodeou com seus braços sua cintura enquanto olhava pela janela do quarto. A lua cheia pintava o adormecido vale com um resplendor sobrenatural prateado. Seus recém afiados sentidos sobrenaturais se moveram e captou a vida quando as criaturas noturnas se moviam na escuridão. Uma maior consciência de seu alterado mundo e de seu próprio corpo correu sob sua pele como uma descarga elétrica. Era de uma vez excitante e aterrador. Olhou por cima do ombro a Fayne que dormia na cama, sua respiração era profunda e regular. No quarto em penumbra, podia captar todas as feições de seu amado rosto. Inclusive agora, de pé no manchado santuário da casa de Jennifer, ela não podia acreditar os acontecimentos das últimas vinte e quatro horas. Os reforços chegaram pouco depois da meia-noite. Val, Mac, Shai, Jennifer e um impressionante homem alto com o nome de Alexandre se abateram sobre a casa e ordenaram o caos. As mulheres tinham tomado imediatamente Fayne durante várias horas para limpar suas feridas. Inclusive agora podia ainda escutar seus gritos estrangulados, enquanto a banharam em algo que Mac riu chamando afasta-vampiros. De acordo com Val, era utilizado para limpar as mordidas de vampiros e era uma experiência muito dolorosa. Os homens levaram o corpo de Edward à pradaria da parte superior da montanha. Depois de levantar uma apressada pira de madeira, colocaram seu corpo na parte superior e todo mundo se reuniram para uma audiência informal.
Erihn tinha estado a um lado com Max em seus braços, sentindo-se como Alice quando caiu no buraco do coelho. Fechou os olhos e as imagens piscaram em sua mente como uma macabra apresentação de slides. A espada ainda sobressaía do peito de Edward, enquanto jazia na pira meio mal construída, a lua brilhava da noite frente ao aço gentil. Tochas uso Tiki tinham sido acesas para iluminar o terrível espetáculo a ponto de acontecer. Os homens tomaram posições ao redor do cadáver, um a cada lado, aos pés e à cabeça. Jennifer e Shai estiveram separadas dela, olhando-a com receio, e, entretanto, sem atrever-se a estar mais perto. Erihn franziu o cenho ao pensar em suas amigas. Sua melhor amiga Shai seria uma deles? Um vampiro? O que há a respeito de Jennifer? Se Shai era uma. O que a fazia isso? Erihn engoliu o sabor da grossa traição mentirosa em sua boca. A imagem de Alexandre dando um passo adiante, com um livro de couro em suas mãos, substituiu à imagem de Jennifer e de Shai apinhadas. Suas palavras ainda ressoavam em seus ouvidos.
— O vampiro conhecido como Edward já não existe. Uma vez que um membro do Conselho dos Anciões quebrou a lei de novo por cometer traição contra o Conselho. Pelo ato de traição sentencia ao presente Edward a cem anos no poço. Pelo ato de assassinar o vampiro conhecido como Bliss, um crime proibido séculos atrás, só há uma possível restituição a morte.
Imagens de Mac saltando à pira, com os pés plantados a ambos os lados do vampiro, entraram em sua mente.
Tinha tirado a espada com um som de sucção nauseabundo. Erihn se encolheu enquanto repetia a forma em que o corpo se sacudiu enquanto Mac libertou a espada antes de oferecê-la a Alexandre.
Val recuperou depois uma das tochas e a deixou cair no leito de lenha. Vertendo gasolina, os restos se foram com um assobio. Através das chamas saltando, Erihn tinha visto o Alexandre elevar a espada sobre sua cabeça, com a luz ofuscante jogando na folha mortal enquanto Max se esticou em seus braços.
Levantando uma mão, ela apertou sua face em seu pescoço, com seu fôlego quente contra sua pele.
Com um poderoso golpe, o vampiro conhecido como Edward já não existia.
Erihn piscou, com as imagens do quarto familiar decorado reafirmando-se.
Ela se moveu, com a sensação de suas calças jeans deslizando-se sobre sua fascinante pele.
Arranhou as unhas no algodão, com o chiado jogando em seus ouvidos enquanto calafrios da consciência se deslizavam por suas costas.
Fascinante.
Seus novos sentidos a intrigavam. Tudo estava claro, seu sentido do olfato era muito mais agudo. O mundo a seu redor era mais brilhante e vivo como nunca antes o tinha sido. Detectava o mínimo som e podia ouvir quando alguém se aproximava, enquanto alguém o tentava.
Concentrando-se nos passos aproximando-se amortecidos pelo tapete, ela fechou os olhos e inalou. O aroma de fumaça de lenha e algo não fácil de definir chegou a seu nariz. Val. Ela sentiu sua pausa na soleira, com seu olhar deslizando-se sobre ela enquanto a consciência se deslizava através de sua pele. Ela abriu seus olhos, com seu olhar infalível reunindo-se com o seu. Val era um vampiro. Inclusive agora, era difícil acreditar que os vampiros existiam, e muito menos que tivesse conhecido um pelos últimos dez anos. Estava quase além de sua compreensão. Independentemente de se acreditava ou não, a realidade a estava olhando fixamente à cara. Desde que se converteu em were-gato, aprendeu que os vampiros tinham uma energia de interesse que emanava de seus corpos. Uma da espécie fresca e sóbria como o zumbido de um cabo de baixa tensão. Constante, à espera de entrar em ação em qualquer momento. Simplesmente fascinante. Ela notou a cautela em seu olhar. Ele sorriu.
— Tem a metade de todo o mundo assustado…
— Só na metade? — Perguntou ela maravilhada por seu próprio tom frio. — Bom, não nos assustamos com facilidade. — Modificou ele.
— Talvez devesse. — Ela se voltou longe do irresistível olhar e olhou pela janela uma e outra vez.
Esticou-se quando ouviu seus pesados passos sobre o tapete, enquanto se aproximava.
— Miles conseguiu escapar com o diário? — Perguntou desesperada para evitar que dissesse algo doloroso. Estava tão ao limite que não sabia se explodia em lágrimas ou em chamas nesse ponto.
— Por desgraça, fez.
— Sinto que tenha roubado algo de sua propriedade. Foi o suficientemente agradável para me emprestar isso e depois...
— Temos problemas mais graves que a perda do livro. Teremos o livro de volta cedo ou tarde. Houve uma propaganda nas notícias sobre o corpo de Daniel ao ser encontrado. Ao parecer, matou a sua esposa antes de vir atrás de você… Erihn mordeu os lábios, com seus olhos fechando-se com o pensamento de uma morte tão desnecessária. Não estava segura de que poderia escrever de novo depois disto.
— Ambas Jennifer e Shai estão irritadas por não ter dito antes. — A voz dele era suave.
— Não sei por que não puderam, não é como se fossem mudas. Tomaram a decisão de não me dizer isso é tão simples como isso. — Ela não pôde ocultar a amargura em sua voz.
Ele pôs as mãos sobre seus ombros. A força de seu toque fresco a sustentou enquanto ela reconhecia isso, que a sua maneira ele também a traiu. Lutou contra o desejo de apoiar-se em seu peito e aceitar seu abraço.
— O que disse?
Ela ignorou a pergunta.
— Por que não me disse isso?
— Não é algo que surja na conversa, Erihn. — Disse Val.
— Por que não me disse isso? — Sua ira floresceu enquanto ela se apartava e se voltava para ele — Supunha-se que eram minhas amigas, entretanto, esconderam de mim.
— Erihn... — Val sacudiu a cabeça. — Não estamos falando de dizer que alguém tem um compromisso ou que se fraturou a perna. Estamos falando de um mundo comum que os mortais não podem compreender. O que teria dito se Shai dissesse que era um vampiro? O que haveria dito se Shai houvesse dito que seu amante era um vampiro?
As lágrimas picaram em seus olhos enquanto ela desatava sua ira.
— Esse não é o ponto. — Espetou ela. — Todos vocês. — Agitou a mão para indicar os ocupantes da casa — Me trataram como se fosse uma menina. Não era sua decisão. É minha vida da que estamos falando. Nenhum de vocês tinha o direito de me fazer isso.
Ele assentiu.
— Tem razão. Não tínhamos nenhum direito a te enganar, mas tem que te pôr em nossos lugares por um minuto. Não é algo fácil de explicar. Estão acontecendo coisas das que não sabe nada e sentimos que era melhor manter a todos na escuridão. Estávamos tentando te manter a salvo.
— Vejo o bem que funcionou. — Erihn replicou.
Val suspirou.
— Posso ver que não está de humor para escutar. Entretanto, depois de pensar e decidir e se for possível que deseje nos perdoar, estaremos esperando. Nos todos gostamos de você e sentimos ter mentido.
Ela se afastou enquanto suas lágrimas transbordavam. No que se referia a ela, não havia desculpa por ter mentido. Nenhuma. Tinham sido suas melhores amigas no mundo, agora não eram mais que as últimas incorporações a uma longa fila de gente que a traíram. Apertou a mandíbula e ficou olhando às cegas na escuridão.
Ele se inclinou e a beijou na têmpora. Ela se negou a permitir que a mimasse. À medida que se ia, ouviu o som da voz infantil de Max no corredor de baixo. A resposta de Jennifer soou junto com a dele, com suas risadas misturadas, como se chegassem a seus nervos.
Fayne foi despertado pelo som da voz Erihn enquanto discutia com Val. Agora a olhava enquanto ela olhava para a noite. Apoiada no marco da janela, a solidão envolveu seu corpo como uma manta, enquanto as lágrimas corriam por suas bochechas. Doía o coração ao ver sua dor.
Ele só podia esperar não ter causado mais dor e que não o odiasse por tê-la convertido em uma were-gato. Caminharia longe dele? Não havia maneira de que não pudesse sentir-se traída por ambas, Jennifer e Shai. Erihn as tinha muito perto de seu coração e o saber que deliberadamente a mantivessem na escuridão o veria como a última traição a sua amizade.
Ele fechou os olhos, em silêncio fazendo um balanço de suas feridas. O pescoço doía. As mordidas de vampiro eram difíceis de curar, inclusive para um were-gato bento com a habilidade de curar rapidamente da maioria das feridas. Levantou uma mão e esfregou a atadura levemente, resistindo o impulso de rasgar a marca debaixo dela. O ombro doía pela ferida em sua espada, mas dentro de vinte e quatro horas, curariam. Ele ouviu a voz de Max, enquanto ria abaixo com Jennifer e sorriu. Felizmente, Max não sofreu efeitos nocivos de sua terrível experiência. Ao menos nenhum que se visse até agora.
— Deve deixar isso em paz.
Os olhos de Fayne se abriram de repente com as palavras suaves, com sua mão tocando suas vendagens. Erihn o olhou fixamente, com seu olhar perfurando-o através da penumbra do quarto.
O esgotamento lutava com cautela com seu úmido olhar.
Ele clareou a garganta.
— Como se sente?
— Não deveria ser eu a que te fizesse essa pergunta? — Seu tom foi irônico. — Sinto-me como se tivesse sido mordido por um were-gato… Ele estremeceu.
— Não posso começar a te dizer quanto…
— Se for dizer que o sente, não o faça. — Sua voz era triste e um pouco insegura. — Não pode começar a entender como me sinto.
— Tem razão…
— Só tem que me responder uma pergunta. Há alguma maneira de reverter isto? Posso ser humana outra vez?
— Ainda é humana.
— Não conheço muitos humanos que se voltem peludos uma vez ao mês. — Seu tom se voltou forte, zangado.
— É certo. Mas há…
— Não se atreva! — Espetou ela — Eu…
Fayne piscou quando Erihn se evaporou em sua forma de gato. Sua calça jeans e camisa de algodão simples pareciam ridículos em sua forma felina. Não pôde evitar sorrir enquanto chutava o jeans com um grunhido.
— Tem que aprender a controlar suas habilidades, ou fará o ridículo em público.
A Erihn-gato o olhou.
Ele suspirou.
— Eu gostaria que houvesse uma explicação mágica que pudesse te dar. Eu gostaria de poder voltar atrás e começar tudo de novo, mas não posso.
Ele saiu da cama, fazendo uma careta enquanto suas feridas davam um grito de protesto.
— Ninguém pode fazer recuar o tempo. A conclusão é que temos que ir daqui — Ele se estirou com cautela, atento a novos dores em seu corpo. — Sei que está zangada e tem todo o direito a estar. Poderia ter sido assassinada ontem, não só pelo Ivan, mas também pelo Edward. Não era justo que tivéssemos mantido na escuridão, mas o que outra coisa poderíamos ter feito?
Ele passou uma mão por seu cabelo, fazendo uma careta enquanto devorava seu ombro de novo. Deixou cair a mão.
— Tentei te dizer o que era, mas não acreditou. O que outra coisa se supunha que devia fazer? Erihn fez um som como se se queixasse de sua preocupação. Ela passou uma unha através de sua camisa e a rompeu na parte dianteira.
— Sabia que Edward vinha e sabia que estava em perigo, mas não podia deixá-la ir. Não pude te mandar longe. Encontrei-me desejando tão somente uns minutos mais, só algumas horas mais.
Ele negou com a cabeça.
— Essa necessidade pôde ter custado sua vida.
Erihn se sentou, com os olhos entreabertos, enquanto contemplava esse pedaço de informação.
— Acredito que me apaixonei por você no momento que te vi. — Fayne se sentou em uma cadeira perto dela. — Vi-a caminhar pelo salão do Brew House e soube que isso era tudo. Não sabia então seria permanente.
Erihn fez um som estranho de cheirar e ele quase pôde jurar que estava chorando.
— Toda minha vida estive sozinho e gosto dessa forma. Nunca tive o desejo de permanecer com uma mulher, de emparelhar-me com ela. Nunca quis me preocupar de uma mulher, de tê-la em meus braços e de permanecer fiel a ela. — Fez uma pausa, assegurando-se de que tinha toda a atenção dela. — Até agora.
Erihn desviou o olhar, mas não antes de ver seus bonitos olhos cor âmbar brilhando com lágrimas. Ela farejou de novo e caminhou por volta do banheiro, desaparecendo pela porta.
Ele suspirou.
— Até quando estará zangada comigo?
Silêncio.
— Uma semana?
Mais silêncio.
— Um mês?
Nada.
— Eu te amo, Erihn. Quero-me casar com você…
Houve um ruído como se algo golpeasse com o piso. — Diga algo. Sei que você me ouviu.
— Eu também te amo. Não sei por que, mas amo. — A voz dela passou através da porta, suave e segura.
O coração dele se inchou. Ela o amava.
— Mas não quero me casar com você…
Fayne se sentou, atônito. Ela não queria se casar com ele? Como podia não querer se casar com ele? Ele franziu o cenho.
— Por que não quer casar comigo? — Exigiu ele.
— Por que o faria? — Replicou ela — Mentiu-me. Foi descuidado ao me falar de seu filho. Deliberadamente manteve o segredo e poderia ter conseguido que me matassem. Hmm... Por que me quereria casar outra vez?
— Ama meu filho. — Espetou.
A voz de Erihn suavizou.
— Sim, sei, mas não me casarei para adquirir a um menino.
— Você me ama. — A acusou.
Ela riu.
— Sim, e olhe aonde me levou. Ficarei peluda todo mês pelo resto da minha vida, sem importar o tempo que seja. Terei que lutar com pulgas, e não posso tomar mais chá de erva de gato. Tenho que me preocupar com as bolas de pelo, mencionei que sou alérgica aos gatos? Para não mencionar o fato de que me acusou de ter te utilizado na investigação.
Erihn passeou pela porta, nua como o dia em que nasceu. Suas palavras ficaram apanhadas na garganta dele.
O cabelo dela com seu novo corte, estava curvado brandamente em seu rosto, desviando a atenção de suas cicatrizes e seus olhos estavam cheios de fogo de cor âmbar.
Fayne engoliu seco.
— Sei, equivoquei-me ao fazer isso. Deveria saber que não usaria a ninguém assim.
— Acredita em mim?
Ele captou o matiz de alívio em sua voz. Ele assentiu.
— Bem. A culpa é sua, então. — Erihn sorriu. — Agora, a seguinte questão. Agora que sou uma were-gato, parece que tenho certos desejos que talvez queira explorar.
Fayne congelou. Sabia exatamente o que desejava e do que estava falando. As Mulheresgato estavam dotadas com as mesmas capacidades que o macho da espécie, e o desejo de emparelhar-se era só um deles.
Outro traço era que as fêmeas, quando rondavam, eram irresistíveis para os varões humanos. Ela podia ter a qualquer homem que quisesse.
Ele grunhiu. Sobre seu cadáver ia permitir que ela tomasse outro homem em seu coração.
— Casará comigo. — Grunhiu.
— Acredito que não. — Replicou ela.
Ele ficou de pé.
— Não se casará com outro homem.
Ela arqueou a sobrancelha.
— Quem disse algo de casar-se? Só quero sexo realmente bom e um montão dele.
A ira dele cresceu em um rugido surdo em sua cabeça enquanto gritava:
— Não terá sexo com alguém que não seja eu, entende?
Na borda de sua consciência, ouviu-a arranhar com suas unhas os tapetes enquanto Renault subia os degraus para ver o que estava acontecendo. Através da porta aberta, viu cair seu enorme amigo de cócoras, sua expressão trocou de um de alarme a diversão. O olhar de Fayne foi de seu amigo a Erihn, aliviado ao ver que podia ver o outro de sua posição. Ele e Renault compartilharam uma grande parte de suas vidas, mas a visão de Erihn nua não era uma que queria compartilhar alguma vez. A casa estava em silêncio, esperando. Em algum lugar, seus amigos estavam abaixo à espera de escutar o que aconteceria depois. Malditos fossem, e sua curiosidade infernal.
— Quem no mundo acha que é? — Erihn estava gritando. — Eu sou minha própria mulher e tomarei minhas próprias decisões.
— Vai se casar comigo.
Ele fez uma careta quando suas feridas deram uma pontada e se agarrou ao pé da cama.
— Não, não o farei. Não tenho nenhum desejo de me casar. Possivelmente, se me perguntar isso bem, poderia optar por permanecer contigo durante um tempo como sua amante.
O cansaço de Fayne se afundou na borda da cama. O líquido espanta-vampiros tinha minado sua força e discutir com ela era como gritar a uma parede. Sem sentido. Sua vida estava vazia sem ela, e não podia suportar a ideia de afastar-se.
— Eu te amo. — Suspirou ele. — Te perder não é uma opção.
Esfregou a atadura de novo. Suas feridas doíam abominavelmente.
— Quanto te dói?
Ele captou a nota de preocupação em sua voz. Ele fez uma expressão de dor enquanto se esfregava, com a esperança de conseguir certa simpatia.
— Muito, dói muito. — Murmurou ele.
— Hmm. É uma pena que se machucou. Tomei notas da maioria da informação contida no diário. Embora se leem como as instruções de uma equipe de música, sei que agora que sou uma were-gato, fui dotada com algumas... — Ela fez uma pausa — Habilidades… Ele engoliu enquanto uma corrente de luxúria golpeava sua virilha e seu pênis se moveu em resposta. Sabia exatamente que habilidades adquiriu, e a ideia de ser o destinatário de algumas delas era suficiente para fazê-lo gemer.
Ela continuou.
— Como está ferido, poderia representar um problema. — Voltou-se e mostrou sua parte de trás enquanto passeava no banheiro. — Suponho que terei que estudar por minha conta. Talvez deva tomar uma sesta ou algo assim.
Em um momento, ouviu o som do grifo abrindo-se e o tênue aroma de óleo de gerânio de rosa flutuou da porta do banheiro.
Fayne ouviu algo suspeitosamente parecido a uma respiração pesada. Voltou-se para encontrar Renault que se moveu ao quarto e agora estava olhando a porta do banheiro, com seus olhos brilhando com um familiar brilho perverso que ele reconhecia muito bem.
— OH, não, não. Ela é minha. Vá buscar a sua própria.
Renault fez um ruído de cheirar.
— Sei, é um lobo solitário. — Olhou a porta vazia quando o som da risada de Max subiu pelas escadas. Voltou-se para Renault. — Como se sente a respeito de cuidar de meninos pelas próximas semanas? Que o jogo começasse...

 

 

                                                    J.C. Wilder         

 

 

 

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