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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


NARCISSUS ACORRENTADO / Laurell K. Hamilton
NARCISSUS ACORRENTADO / Laurell K. Hamilton

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Anita Blake sobreviveu a um ataque sobrenatural, diferente de todos que já tinha enfrentado antes - e fê-lo sem os dois homens de sua vida.
Agora, seis meses se passaram desde que Anita viu Jean-Claude ou Richard. Seis meses de celibato. Seis meses de indecisão. Seis meses de perigo. Seu corpo carrega as marcas de ambos, vampiro e lobisomem, e até o triunvirato ser consumado, os três permanecem vulneráveis.
Mas quando alvos inocentes, que Anita jurou proteger, são sequestrados ela precisará de toda a ajuda que ela puder ter. Em uma união de abalar a terra, Anita, Jean-Claude, e Richard mesclam as marcas - e se fundem entre si. De repente, Anita pode aproveitar os seus poderes. Ela pode sentir seu coração... ouvir seus pensamentos... conhecer os seus anseios...
Nada pode salvar Anita de uma reviravolta do destino que a atrai cada vez mais à beira da humanidade - para finalmente se render à sede de sangue, a besta e ao desejo que transformam o seu corpo e consome a sua alma.

 

 

 

 

1
Junho tinha chegado com o calor de sempre, mas uma frente fria anormal havia se movido durante a noite e o rádio do carro estava cheio de noticias sobre a baixa
temperatura. Estavam apenas nos 15 graus, nem era tão frio, e eu estava sentada no meu Jeep, com as janelas abaixadas, deixando o ar gelado passar por nós. Ronnie
tinha feito trinta anos hoje à noite. Nós estávamos falando sobre como ela se sentia sobre o grande 3-0 e mais coisas de garotas. Considerando que ela era uma detetive
particular e eu levantava mortos para viver, era uma conversa bastante normal. Sexo, homens, fazer 30 anos, vampiros, lobisomens. Você sabe, o de sempre.
Nós poderíamos ter entrado na minha casa, mas havia algo na intimidade de um carro depois que escurecia que te fazia querer ficar mais tempo. Ou talvez fosse o cheiro
doce do ar de primavera entrando pela janela como uma carícia de algum amor semi-lembrado.
- Ok, então ele é um lobisomem. Ninguém é perfeito. - Ronnie disse. - Namore com ele, durma com ele, case com ele. Meu voto é para o Richard.
- Eu sei que você não gosta do Jean-Claude.
- Não gosto dele! - Suas mãos agarraram a maçaneta da porta do passageiro, apertando até que eu pude ver a tensão em seus ombros. Eu acho que ela estava contando
até dez.
- Se eu tivesse a sua facilidade em matar, eu teria matado aquele filho da puta dois anos atrás e sua vida seria extremamente menos complicada agora.
A última parte era um fato. Mas... - Eu não quero ele morto, Ronnie.
- Ele é um vampiro, Anita. Ele está morto. - Ela se virou e me olhou no escuro. Seu suave cabelo loiro havia ficado cinza, quase branco na luz fria das estrelas.
As sombras e reflexos de luz em seu rosto o deixavam como uma pintura moderna. Mas o olhar em seu rosto era quase assustador. Havia uma determinação temível ali.
Se esse olhar estivesse em meu rosto, eu teria me avisado para não fazer nada idiota, como matar Jean-Claude. Mas Ronnie não era uma atiradora. Ela tinha matado
duas vezes, ambas para salvar a minha vida.
Eu devia a ela. Mas ela não era uma pessoa que poderia caçar alguém a sangue frio e matá-lo. Nem mesmo um vampiro. Eu sabia disso sobre ela, então eu não tive que
dar nenhum aviso de precaução para ela. - Eu costumava pensar que sabia o que era morto ou não, Ronnie. - Eu balancei minha cabeça. - A linha não é tão fácil de
dividir.
- Ele te seduz. - Ela disse.
Eu olhei para longe de seu rosto bravo e encarei o embrulho de cisne em meu colo. Deirdorfs e Hart, onde jantamos, eram criativos com suas sacolas de embrulho: dobraduras
animais.
Eu não podia discutir com Ronnie, e eu estava ficando cansada de tentar.
Finalmente eu disse, - Todo namorado seduz você, Ronnie, é assim que funciona.
Ela bateu suas mãos tão forte no painel que me chamou a atenção e deveria ter machucado ela.
- Droga, Anita. Não é o mesmo.
Eu estava começando a ficar brava, e eu não queria ficar brava, não com Ronnie. Eu tinha a levado para jantar para fazer com que ela se sentir melhor, não para brigar.
Louis Fane, seu namorado fixo, estava fora da cidade em uma conferencia e ela estava mal com isso, e com fazer trinta anos. Então eu tentei fazer com que ela ficasse
melhor, e ela parecia determinada a me fazer ficar pior.
- Olha, eu não tenho visto nem Jean-Claude nem Richard por seis meses. Eu não estou namorando nenhum deles, então podemos pular a leitura da ética dos vampiros.
- Agora, isso é contraditório. - Ela disse.
- O que? - Eu perguntei.
- Ética dos vampiros. - Ela disse.
Eu franzi a testa para ela. - Isso não é justo, Ronnie.
- Você é uma executora de vampiros, Anita. Você é aquela que me ensinou que eles não são apenas pessoas com presas. Eles são monstros.
Eu já tinha tido o suficiente. Eu abri a porta e comecei a sair do carro. Ronnie segurou meu ombro. - Anita me desculpe. Eu sinto muito. Por favor, não fique brava.
Eu não me virei. Eu me senti ali com meus pés do lado de fora, o ar gelado se movendo sigilosamente no calor íntimo do carro.
- Então esquece isso, Ronnie. Esquece mesmo.
Ela se inclinou e me deu um rápido abraço por trás. - Desculpe-me. Não é da minha conta com quem você dorme.
Eu me inclinei contra o abraço por um momento. - Você está certa, não é. - Então eu me afastei e saí do carro. Meu salto alto fazia barulho no chão da rua. Ronnie
quis que nos arrumássemos, então nos arrumamos. Era aniversario dela. Foi antes do jantar que eu percebi seu esquema diabólico. Ela me fez usar saltos e um pequeno
e belo vestido preto. A parte de cima era na verdade, surpresa, um colete justo. Ou seria um corpete noturno? Seja o que fosse, ainda era uma saia muito curta e
um top muito justo. Ronnie tinha me ajudado a escolher a roupa algumas semanas atrás. Eu deveria ter percebido que seu inocente - ah, vamos nos arrumar - era uma
artimanha. Havia outros vestidos que cobriam mais pele e eram mais compridos, mas nenhum deles camuflava o coldre de cinto que estava na minha cintura. Eu na verdade
levei o coldre conosco até a ida ao shopping, apenas pra ter certeza. Ponto final.
A saia era folgada o suficiente e preta o suficiente para esconder o fato que eu estava usando o coldre e a Firestar 9 mm. O tecido da parte de cima, o pouco que
tinha, era pesado o suficiente para que não fosse possível ver o cabo da arma por baixo da roupa. Tudo que eu tinha que fazer era desabotoar o primeiro botão do
top e a arma estava logo ali, pronta para manuseio. Era o vestido mais amigável usavelmente falando que eu tinha. Me fez querer que eles tivessem feito ele com cores
diferentes, então eu teria dois dele.
O plano de Ronnie era ir a um clube em seu aniversário. Um clube de dança. Eca. Eu nunca ia a clubes. Eu não dançava. Mas eu fui com ela. Sim, ela me levou até a
pista, principalmente porque ela, dançando sozinha, estava chamando atenção demais de homens indesejáveis. Pelo menos com nós duas dançando juntas os metidos a Casanova
mantinham distancia. Se bem que dizer que eu estava dançando é algo errôneo. Eu parei ali e meio que me cambaleava. Ronnie dançava. Ela dançava como se fosse à última
noite na Terra e ela tivesse que usar todos seus músculos. Era espetacular, e um pouco assustador. Havia algo quase desesperado naquilo, como se Ronnie sentisse
a mão fria do tempo se movendo nela cada vez mais rápido. Ou talvez fosse apenas eu projetando nela minhas próprias inseguranças. Eu tinha feito 26 anos no começo
do ano, e francamente, do jeito que eu estava indo, provavelmente não teria que me preocupar em lidar com os trinta. Morte cura todas as coisas incômodas. Bom, a
maioria delas.
Teve um homem que se jogou pra cima de mim em vez de Ronnie. Eu não entendi por que. Ela era a loira alta de pernas compridas dançando como se estivesse fazendo
sexo com a música. Mas ele me ofereceu uma bebida. Eu não bebo. Ele tentou uma dança lenta. Eu recusei. Eu finalmente tive que ser rude. Ronnie me disse para dançar
com ele, pelo menos ele era humano. Eu disse a ela que sua cota de comentários desnecessários de aniversário tinha acabado.
A última coisa em nome de Deus criador da Terra que eu precisava era de outro homem na minha vida. Eu não tinha nem uma pista sobre o que fazer com os dois que eu
já tinha. O fato de que eles eram, respectivamente, um Vampiro Mestre e um Ulfric, rei lobisomem, era parte do problema. Esse fato sozinho já te deixa saber o buraco
profundo que eu estava cavando. Ou eu já tinha cavado? É, eu já tinha cavado. Eu estava quase na China e ainda estava jogando terra pelo ar.
Eu estava em celibato por seis meses. E, pelo que eu sabia, eles também. Todo mundo estava esperando eu me decidir. Esperando eu escolher, ou fazer algo, qualquer
coisa. Eu estava sendo uma rocha por meio ano porque eu estava me mantenho longe deles. Eu não tinha visto eles pessoalmente. Eu não retornei nenhum telefonema.
Eu tinha fugido para as colinas na primeira oportunidade.
Para que medidas tão drásticas? Francamente porque quase todas as vezes que via eles, eu sentia minha castidade vacilar. Os dois tinham minha libido, mas eu estava
tentando decidir quem tinha meu coração. Eu ainda não sabia.
A única coisa que eu tinha decidido era que era hora de parar de fugir. Eu tinha de ver os dois e descobrir o que íamos fazer. Eu decidi duas semanas atrás que eu
tinha que vê-los. Foi o dia que eu recomecei a tomar pílulas anticoncepcionais. Essa foi a primeira coisa que eu pensei quando pensei em Richard e Jean-Claude e
te diz algo sobre o efeito que eles tinham em mim. Você tinha que estar tomando a pílula por pelo menos um mês para ser seguro, ou quão seguro possível. Quatro semanas,
cinco, pra ter certeza, e eu ligaria para eles. Talvez.
Eu ouvi o salto de Ronnie correndo na rua. - Anita, Anita, espere, não fique brava.
A coisa era que eu não estava brava com ela. Eu estava brava comigo. Brava por depois de todos esses meses eu ainda não conseguia decidir entre dois homens.
Eu parei de andar e esperei-a, confusa na minha pequena saia preta, o pequeno embrulho de cisne na minha mão. A noite tinha ficado fria o suficiente para me fazer
desejar ter uma jaqueta. Quando Ronnie me alcançou eu comecei a andar novamente.
- Eu não estou brava, Ronnie, apenas cansada. Cansada de você, minha família, Dolph, Zerbrowsky, de todo mundo ser tão malditamente julgador. - Meu salto batia na
calçada em um som alto e corante. Jean-Claude uma vez disse que ele podia dizer se eu estava brava apenas pelo som do meu salto batendo no chão.
- Cuidado onde pisa. Você está usando saltos maiores que os meus. - Ronnie media 1,70 de altura, o que quer dizer que com seus saltos ela media quase 1,80 metros.
Eu estava usando salto de duas polegadas, o que me deixava com 1,65. Eu era muito melhor em corrida, quando corríamos juntas, do que ela.
O telefone estava tocando no momento que estava pegando as chaves e equilibrando o embrulho. Ronnie pegou o embrulho e eu empurrei a porta com meu ombro. Eu estava
correndo com meus saltos antes de lembrar que estava de férias. O que quer dizer que seja lá qual fosse a emergência as 02h05min da madrugada, não era problema meu,
não por mais duas semanas pelo menos. Mas hábitos antigos são difíceis de corrigir, e eu estava do lado do telefone antes de lembrar disso. Eu na verdade deixei
a secretária eletrônica pegar a mensagem enquanto eu estava parada ali, coração batendo rápido. Eu estava planejando ignorar, mas... Mas eu ainda fiquei ali pronta
para pegar o telefone, só no caso.
Música de batida alta e a voz de um homem. Eu não reconheci a musica, mas reconheci a voz. - Anita, é Gregory. Nathaniel está com problemas.
Gregory era um dos homens-leopardos que eu herdei quando matei o alfa deles, o líder deles. Como eu era humana, eu não estava realmente com a vaga, mas até que arranjassem
um, mesmo eu era melhor do que nada. Metamorfos sem um dominante para protegê-los eram comida de todo mundo, e se alguém chegasse e os massacrassem, iria ser meio
que minha culpa. Então eu agia como protetora deles, mas o trabalho era mais complicado que eu tinha pensado.
Nathaniel era o problema. Todos os outros estavam reconstruindo suas vidas desde que o antigo líder tinha sido morto, mas não Nathaniel. Ele tinha tido uma vida
dura: abusado, estuprado, prostituído e montado. Montado significava que ele tinha sido o escravo de alguém - de sexo e dor. Ele era um dos poucos verdadeiramente
submissos que eu tinha conhecido, se bem que, honestamente, minha lista de conhecidos era curta. Eu xinguei suavemente e peguei o telefone. - Estou aqui, Gregory,
o que foi agora? - Mesmo para mim minha voz soava cansada e meio brava.
- Se eu tivesse pra quem mais ligar, Anita, eu ligaria, mas teve que ser você. - Ele soava cansado e bravo também. Ótimo.
- Onde está Elizabeth? Ela deveria estar segurando as rédeas de Nathaniel hoje à noite. - Eu finalmente tinha concordado que Nathaniel podia começar a ir a clubes
de dominância e submissão, com a companhia de Elizabeth ou pelo menos outro leopardo. Hoje era para Gregory estar tomando conta dele, mas sem Elizabeth, Gregory
não era dominante o suficiente para manter Nathaniel seguro.
Um submisso comum teria ficado seguro em um clube com alguém para dizer simplesmente - não obrigada, nós dispensamos -. Mas Nathaniel era um daqueles raros submissos
que eram quase incapazes de falar não, e havia indícios que sua idéia de dor e sexo era bem extrema. O que queria dizer que ele poderia dizer sim para coisas muito,
muito ruins para ele. Metamorfos podem levar um bocado de dano e não ficar machucado permanentemente, mas havia um limite. Uma pessoa saudável diria pare quando
tivesse sido demais ou ele sentisse que algo de ruim aconteceu, mas Nathaniel não era saudável assim. Então ele tinha babás com ele para ter certeza que nada de
mal iria acontecer com ele. Mas era mais do que isso. Um bom dominante confiava em seu submisso para dizer quando o dano está sendo demais. O dominante confiava
no submisso para saber sobre seu próprio corpo e ter auto-preservação o suficiente para dizer quando ele tinha passado do limite de seu corpo. Nathaniel não veio
com auto-preservação, o que quer dizer que um dominante com as melhores intenções poderia acabar machucando ele seriamente antes de perceber que Nathaniel não iria
se ajudar.
Eu, na verdade, tinha acompanhado Nathaniel algumas vezes. Como sua Nimir-ra era meio que meu trabalho acompanhar meu possível... adotado. Eu tinha ido preparada
para ir a clubes que eram piores que o inferno e tinha sido agradavelmente surpreendida. Eu tive mais problemas com propostas sexuais em um bar normal num sábado
à noite. Nos clubes todos eram muito cuidadosos em não se impor a você ou pressionar. Era uma pequena comunidade, e se você ganhasse uma reputação por ser detestável,
você poderia acabar na lista negra com ninguém para se divertir. Eu descobri que as pessoas lá eram educadas e uma vez que você deixasse claro que não queria brincar,
ninguém te incomodava, exceto turistas. Turistas eram posers, pessoas que não faziam parte realmente daquilo, que gostavam de se vestir e freqüentar clubes. Eles
não conheciam as regras e não se incomodavam em perguntar. Eles provavelmente pensaram que uma mulher que ia a lugares assim faria qualquer coisa. Eu mostrei a eles
que estavam enganados.
Mas eu tive que parar de ir com Nathaniel. Os outros leopardos disseram que eu mandava muitas vibrações dominantes, então nenhum dominante nunca iria se aproximar
de Nathaniel enquanto eu estava com ele. Se bem que tivemos propostas de ménage a trois de todos os tipos. Eu me senti como se precisasse de uma placa de que dizia,
- Não, eu não quero participar de bondage a três com você, obrigada por perguntar, de qualquer forma.
Elizabeth supostamente era uma dominante, mas não muito para levar Nathaniel e impedir que ele conseguisse um... encontro.
- Elizabeth foi embora. - Gregory disse.
- Sem Nathaniel? - Eu fiz disso uma pergunta.
- Sim.
- Bem, isso definitivamente esfria meu bacon. - Eu disse.
- O que? - Ele perguntou.
- Eu estou brava com Elizabeth.
- Tem mais. - Ele disse.
- Quanto mais pode ter, Gregory? Vocês todos me asseguraram que esses clubes eram seguros. Um pouco de bondage, um pouco de tapa e beijo. Vocês todos me convenceram
que eu não podia manter Nathaniel longe disso para sempre. Você disse que eles tinham jeitos de monitorar a área, então ninguém poderia ser machucado. Foi isso que
você e Zane e Cherry me disseram. Inferno, eu vi por mim mesma. Há monitores de segurança pra todo lado, é mais seguro que alguns encontros que eu tive, então o
que possivelmente pode ter dado errado?
- Nós não poderíamos ter antecipado isso. - Ele disse.
- Apenas diga logo o que foi, Gregory, as preliminares estão ficando tediosas.
Houve um silencio por mais tempo que deveria, apenas a música alta no fundo.
- Gregory, você ainda está aí?
- Gregory está indisposto. - A voz de um homem disse.
- Quem é você?
- Eu sou Marco, se isso te ajuda, se bem que eu duvido disso. - Sua voz era culta - americana e rabugenta.
- Novo na cidade, não é? - Eu perguntei.
- Algo assim. - Ele disse.
- Bem vindo à cidade. Tenha certeza de visitar o Arco enquanto está aqui, é uma bela vista. Mas o que a sua recente chegada em St. Louis tem a ver comigo e com os
meus?
- Nós não percebemos que ele era seu bichinho no começo. Ele não era quem estávamos caçando, mas agora que temos ele, nós vamos mantê-lo conosco.
- Você não pode ‘manter’ ele. - Eu disse.
- Venha aqui e resgate ele de nós, se você puder. - Aquela estranha voz suave fez a ameaça ser mais que efetiva. Não havia raiva, não era nada pessoal. Soava como
negócios, e eu não tinha pista nenhuma sobre o que se tratava.
- Coloque Gregory na linha. - Eu disse.
- Eu acho que não. Ele está aproveitando um tempo pessoal com meus amigos agora.
- Como eu vou saber que ele ainda está vivo? - Minha voz estava tão sem emoção como a dele. Eu não estava sentindo nada agora; era recente demais, inesperado demais,
como chegar ao meio de um filme.
- Ninguém está morto, ainda. - O homem disse.
- Como eu vou saber isso?
Ele ficou quieto por um segundo, então, - Com que tipo de pessoa você está acostumada a lidar, que a primeira coisa que você pergunta é se eu o matei?
- Tem sido um ano difícil. Agora coloque Gregory no telefone, porque até eu saber que ele está vivo, e ele me disser que os outros também estão, essa negociação
está suspensa.
- Como você sabe que íamos negociar? - Marco perguntou.
- Chame de pressentimento.
- Caramba, você é direta.
- Você não tem idéia sobre a quão direta eu posso ser, Marco. Coloque Gregory na linha.
Houve um silencio cheio de música e mais música, mas nada de vozes. - Gregory, Gregory, você está aí? Tem alguém aí? - Merda, eu pensei.
- Eu temo que seu gatinho não irá engatinhar para nós. Questão de orgulho, eu acho.
- Coloque o telefone em seu ouvido e me deixe falar com ele. - - Como quiser.
Mais da música alta. Eu falei como se tivesse certeza que Gregory estava ouvindo. - Gregory, eu preciso saber se está vivo. Eu preciso saber se Nathaniel e todo
o resto estão vivos. Converse comigo, Gregory.
Sua voz veio apertada, como se estivesse saindo por entre os dentes. - Sssssim.
- Sim, o que, eles estão vivos?
- Sim.
- O que eles estão fazendo com você?
Ele gritou no telefone, e o som levantou os pêlos da minha nuca e desceu pelos meus braços. O som parou de repente. - Gregory, Gregory! - Eu estava gritando contra
a batida tecno da musica, mas ninguém respondia.
Marco voltou para a linha. - Eles estão todos vivos, se não bem. O que eles chamam de Nathaniel é um adorável jovem, todo aquele cabelo longo e ruivo e os olhos
violetas mais extraordinários. Tão lindo, seria uma pena arruinar toda essa beleza. Mas é claro, esse aqui é adorável também, loiro de olhos azuis. Alguém me contou
que os dois trabalham como strippers. É verdade?
Eu não estava anestesiada mais, eu estava assustada, e com raiva, e ainda assim não tinha nenhuma pista sobre o porquê disso estar acontecendo. Minha voz saiu quase
plana, quase calma. - Sim, é verdade. Você é novo na cidade, Marco, então não me conhece. Mas confie em mim, você não quer fazer isso.
- Talvez não, mas meu alfa quer.
Ah, políticas metamorfas. Eu odiava política metaformas. - Por quê? Os leopardos não são ameaça para ninguém.
- Nossas razões não são por que, nossas razões são fazer e morrer.
Um seqüestrador literário, reconfortante. - O que você quer, Marco?
- Meu alfa quer que você venha aqui resgatar seus gatos, se conseguir.
- Que clube você está?
- Narcissus in Chains. - E ele desligou.
2
- Droga!
- O que aconteceu? - Ronnie perguntou. Eu quase tinha me esquecido dela. Ela não pertencia a essa parte da minha vida, mas ali estava ela, encostada contra o armário
da cozinha, analisando o meu rosto, parecendo preocupada.
- Eu cuido disso.
Ela pegou meu braço. - Você me deu esse discurso de querer seus amigos de volta, sobre não nos querer afastados. Você quis dizer isso, ou estava só falando?
Eu respirei profundamente. Eu contei a ela sobre o que a conversa tinha sido.
- E você não tem idéia do por que disso? - Ela perguntou.
- Não, não tenho.
- Isso é estranho. Normalmente coisas assim têm um começo, não surge do nada.
Eu assenti. - Eu sei.
- Asterisco 69 disca de volta o número que te ligou, seja qual for.
- Que diferença isso vai fazer?
- Te deixará saber se eles estão realmente no clube ou é apenas uma armadilha pra você.
- Você não é só um rostinho bonito, não é? - Eu disse.
Ela sorriu. - Eu sou uma detetive treinada. Nós sabemos sobre essas coisas. - O humor não alcançou seus olhos, mas ela estava tentando.
Eu disquei e o telefone tocou pelo que parecia ser para sempre, então outra voz masculina respondeu, - Sim?
- É do Narcissus in Chains?
- É, quem é?
- Eu preciso falar com o Gregory.
- Não conheço nenhum Gregory. - Ele disse.
- Quem é? - Eu perguntei.
- Esse é um maldito telefone público, madame. Eu só atendi. - Então ele desligou, também. Parecia ser minha noite disso.
- Eles ligaram de um telefone público do clube. - Eu disse.
- Bem, pelo menos você sabe onde eles estão. - Ronnie disse.
- Você sabe onde esse clube fica? - Eu perguntei.
Ronnie balançou a cabeça. - Não faz bem meu tipo.
- Nem o meu.
Todos os que brincavam com submissão e dominância que eu conhecia pessoalmente estavam no clube esperando ser salvos. Quem eu conhecia que poderia saber onde este
clube ficava, e algo sobre sua reputação? Eu não podia confiar sobre o que os leopardos me disseram sobre ser um lugar seguro. Obviamente, eles estavam enganados.
Um nome me surgiu em mente. O único que eu conhecia e pra quem poderia ligar que talvez soubesse algo sobre Narcissus in Chains, e sobre que tipo de encrenca eu
poderia ter quando entrasse lá. Jean-Claude. Já que eu estava lidando com políticas metamorfas, talvez fizesse sentido ligar para Richard, já que ele era um lobisomem
e tudo mais. Mas metamorfos eram muito exclusivos com seus clãs. Um tipo de animal raramente cruzava limites para ajudar outro tipo. Frustrante, mas verdade. A exceção
era o trato entre lobisomens e homens-ratos, mas todo o resto deixava outros se sangrarem entre eles mesmos. Ah, se um pequeno grupo saísse da linha e atraísse atenção
demais indesejada, os lobos e ratos iriam disciplinar eles, mas tirando isso, ninguém parecia querer interferir na vida do outro. Essa era uma das razões que me
fazia ser babá dos leopardos.
Além do mais, Richard não sabia mais sobre a cultura D e S do que eu, talvez soubesse menos. Se você queria perguntas respondidas sobre coisas sexuais, Jean-Claude
definitivamente era o seu cara. Ele poderia não participar, mas ele parecia conhecer quem fazia o que, com quem, e onde. Ou eu esperava que sim. Se fosse apenas
minha vida em jogo, eu provavelmente não iria ligar para nenhum dos dois, mas se eu fosse morta no processo disso, não teria ninguém para resgatar Nathaniel e os
outros. Inaceitável.
Ronnie havia chutado seu salto alto. - Eu não trouxe minha arma, mas tenho certeza que você tem uma reserva.
Eu balancei minha cabeça. - Você não vai.
A raiva fez seus olhos cinzas ficarem da cor de tempestade. - O inferno que eu não vou.
- Ronnie, eles são metamorfos e você é humana.
- Você também. - Ela disse.
- Por causa das marcas vampíricas de Jean-Claude eu sou um pouco mais que isso. Eu posso levar danos que matariam você.
- Você não pode ir lá sozinha. - Ela disse. Seus braços estavam cruzados por cima dos peitos, seu rosto estava cheio de linhas teimosas e nervosas.
- Eu não planejo ir sozinha.
- É porque não sou uma atiradora, não é?
- Você não mata facilmente, Ronnie, nenhuma vergonha nisso, mas eu não posso te levar até uma gangue de metamorfos a menos que eu saiba que você irá atirar para
matar se for preciso. - Eu apertei seu braço.
Ela continuou rígida e nervosa por baixo do meu toque. - Mataria um pedaço de mim te perder, Ronnie. Mataria um grande pedaço de mim saber que você morreu por causa
de merda minha. Você não pode hesitar com essas pessoas. Você não pode tratá-los como se fossem humanos. Se você fizer isso, você morre.
Ela estava balançando a cabeça. - Chame a polícia.
Eu me afastei dela. - Não.
- Droga, Anita, droga!
- Ronnie, há regras aqui, e uma dessas regras é que você não pode levar os negócios do bando ou matilha para a polícia. - A principal razão para essa regra era que
a polícia tendia a não gostar das lutas de dominância que acabavam com corpos estendidos no chão, mas não tinha por que Ronnie saber isso.
- É uma regra estúpida. - Ela disse.
- Talvez, mais ainda é a forma que os negócios são com os metamorfos, não importa qual tipo eles são.
Ela sentou na pequena mesa de dois assentos. - Quem vai vigiar suas costas então? Richard não mata facilmente tanto quanto eu.
Isso era só meia verdade, mas deixei pra lá. - Não, eu quero alguém comigo hoje a noite que fará o que for preciso, sem hesitações.
Seus olhos estavam escuros com a raiva. - Jean-Claude. - Ela fez seu nome soar como um xingamento.
Eu assenti.
- Tem certeza que ele não planejou isso para te levar de volta a vida dele, ah, me desculpe, morte dele?
- Ele me conhece bem demais para ferrar meu pessoal. Ele sabe o que eu faria se ele os machucasse.
Pensamentos fluíram pela sua raiva, deixando seus olhos e seu rosto mais suaves. - Eu odeio ele, mas eu sei que você o ama. Você realmente o mataria? Você realmente
poderia encarar ele pelo cano da arma e apertar o gatilho?
Eu apenas olhei para ela e soube sem um espelho que meus olhos haviam ficado distantes, frios. Era difícil para olhos castanhos serem frios, mas eu tenho conseguido
por esses dias.
Algo muito como medo passou por trás de seus olhos. Eu não sabia se ela estava com medo por mim ou de mim. Eu preferia a primeira que a segunda. - Você poderia.
Jesus, Anita. Você conhece Jean-Claude há mais tempo que eu conheço Louie. Eu nunca conseguia machucar Louie, não importa o que ele fizesse.
Eu encolhi os ombros. - Destruiria-me fazer isso, eu acho. Não é como se eu fosse viver feliz depois disso, se eu sobrevivesse. Há chances muito grandes das marcas
vampíricas me levarem junto pro tumulo com ele.
- Outra boa razão para não matar ele. - Ela disse.
- Se ele estiver por trás dos gritos que Gregory deu no telefone, então ele precisará de razões muito melhores do que amor ou luxuria ou minha possível morte para
continuar respirando.
- Eu não entendo isso, Anita. Eu não entendo mesmo.
- Eu sei. - Eu disse. E eu pensei comigo mesma que essa era uma das razões de Ronnie e eu não termos nos visto tanto quanto antes. Eu tinha me cansado de me explicar
para ela. Não, me justificar para ela.
- Você é minha amiga, minha melhor amiga, eu pensei. Mas eu não entendo mais você -.
- Ronnie, eu não posso lutar mano a mano com metamorfos e vampiros. Eu perderia uma briga justa. O único motivo que eu sobrevivo, o único motivo que meus leopardos
sobrevivem, é porque outros metamorfos têm medo de mim. Eles têm medo das minhas ameaças. Eu sou tão boa quanto minhas ameaças, Ronnie.
- E você vai até lá e vai matar eles.
- Eu não disse isso.
- Mas você vai.
- Eu vou tentar evitar isso. - Eu disse.
Ela levantou seus joelhos, passando seus braços em volta de suas longas pernas. Ela tentou tirar uma pequena linha solta de sua meia, o buraco ficou claro contra
sua pele clara. Ela carregava uma extra em sua bolsa para esse tipo de emergência. Eu carregava uma arma e não tinha levado nem mesmo uma bolsa.
- Se você for presa, me ligue e eu vou te soltar.
Eu balancei minha cabeça. - Se eu for pega acabando com três ou mais pessoas em um local público, não haverá nenhuma fiança pra isso. A polícia provavelmente não
vai nem mesmo me interrogar pela madrugada.
- Como você pode ficar tão calma sobre isso? - Ela perguntou.
Eu estava começando a me lembrar por que Ronnie e eu começamos a nos separar. Eu tive quase exatamente a mesma conversa com Richard quando um assassino veio até
a cidade para me matar. Eu dei a mesma resposta. - Ficar histérica não vai ajudar em nada, Ronnie.
- Mas você não está brava com isso.
- Ah, eu estou brava. - Eu disse.
Ela balançou a cabeça. - Não, quero dizer, você não está ultrajada por isso estar acontecendo. Você não parece estar surpresa, não como... - Ela encolheu os ombros.
- Não como deveria estar.
- Você quer dizer, não como você ficaria. - Eu levantei minha mão antes dela responder. - Eu não tenho tempo pra debater questões morais, Ronnie. - Eu peguei o telefone.
- Eu vou ligar para Jean-Claude.
- Eu continuo tentando te fazer largar o vampiro e casar com Richard, mas talvez haja mais de uma razão para que você não consiga largá-lo.
Eu disquei o número do Circo dos Malditos de memória, e Ronnie apenas continuou falando nas minhas costas. - Talvez você não queira desistir de um namorado que é
mais frio que você.
O telefone estava chamando. - Há lençóis limpos no quarto de visita, Ronnie. Desculpe-me por não poder dividir conversas de garotas hoje à noite. - Eu continuei
de costas pra ela.
Eu ouvi ela se levantar e soube quando ela tinha saído. Eu continuei com as minhas costas para a sala até que ela tinha ido embora. Não faria bem para nenhuma de
nós deixar ela me ver chorar.
3
Jean-Claude não estava no Circo dos Malditos. A voz do outro lado da linha, no Circo, não me reconheceu e não acreditou que eu era Anita Blake, o quase-sempre amorzinho
de Jean-Claude. Então eu tive que ligar para seus outros negócios. Eu tentei a Prazeres Malditos, seu clube de strip, mas ele não estava lá. Eu tentei o Dança Macabra,
seu novo investimento, mas eu estava começando a imaginar se Jean-Claude havia simplesmente dito para todo mundo me dizer que ele não estava caso eu ligasse.
O pensamento me incomodou um bocado. Eu estava preocupada sobre se depois de tanto tempo Richard finalmente me diria para ir pro inferno, que ele já tinha tido o
suficiente das minhas indecisões. Nunca havia me ocorrido que Jean-Claude talvez não me esperasse. Se eu estava tão insegura sobre como me sentia em relação a ele,
porque meu estomago apertava com o crescente sentimento de perda? O sentimento não tinha nada a ver com os leopardos e seus problemas. Tinha tudo a ver comigo e
com o fato de, de repente, eu me sentir perdida.
Mas ele estava no Dança Macabra, e ele atendeu minha ligação. Eu tive um segundo para meu estomago apertar e minha respiração sair, então ele estava na linha, e
eu estava lutando para manter meus escudos metafísicos no lugar.
Eu odiava metafísica. Biologia sobrenatural ainda era biologia, metafísica era mágica, e eu ainda não estava confortável com isso. Por seis meses, quando não estava
trabalhando, eu estava meditando, estudando com uma psíquica muito inteligente chamada Marianne, aprendendo sobre rituais mágicos, para então poder controlar minhas
habilidades dadas por Deus. E também para eu poder bloquear as marcas que me prendiam ao Richard e Jean-Claude.
Uma aura é como sua proteção pessoal, sua energia pessoal. Quando ela está saudável, ela se mantém lisa como uma pele, mas se você a furar, uma infecção pode entrar.
Minha aura tinha dois buracos nela, cada uma por causa de um homem. Eu suspeitava que as auras deles tivessem buracos também. O que nos colocava todos em risco.
Eu bloqueei meus buracos. Então apenas algumas semanas atrás me surgiu uma criatura esquisita, um Quero-Ser-Deus, de uma nova categoria, desconhecida até por mim.
Ele tinha sido poderoso o suficiente para jogar meu trabalho todo fora, me deixando aberta de novo. Apenas a intervenção de uma bruxa local havia me salvado de ter
minha aura comida. Eu não tinha mais seis meses para celibato, meditação e paciência. Os buracos estavam ali, e o único jeito de preenchê-los era com Jean-Claude
e Richard. Foi isso que Marianne disse, e eu confiava nela do jeito que confiava em outras pessoas.
A voz de Jean-Claude me acertou pelo telefone como um tapa aveludado. Minha respiração ficou presa na garganta, e não pude fazer nada além de sentir sua voz fluir,
sentir a presença dele, como algo vivo em minha pele. Sua voz sempre foi uma das melhores coisas em Jean-Claude, mas isso era ridículo. Era pelo telefone. Como eu
possivelmente poderia ver ele e manter meus escudos, sem contar minha compostura?
- Eu sei que você está aí, ma petite. Você me ligou meramente para ouvir o som da minha voz?
Isso estava mais perto da verdade do que deveria. - Não, não. - Eu ainda não conseguia organizar meus pensamentos. Eu era como uma atleta que esqueceu seu treinamento.
Eu apenas não conseguia levantar o mesmo tanto de peso, e havia um peso no poder de Jean-Claude.
Quando eu ainda não disse nada, ele falou de novo. - Ma petite, a que devo essa honra? Por qual motivo fui digno de receber seu telefonema? - Sua voz era inexpressiva,
mas eu sabia que havia algo por baixo. Sarcasmo talvez.
Eu acho que eu tinha que seguir em frente. Eu concentrei as forças e tentei soar como um ser humano inteligente, nem sempre um dos meus melhores talentos. - Faz
seis meses...
- Estou ciente disso, ma petite.
Ele estava sendo condescendente. Eu odiava isso. Me fez ficar um pouco brava. A raiva ajudou clarear a minha mente um pouco. - Se você parar de me interromper eu
te digo por que liguei.
- Meu coração está ansioso com toda essa expectativa.
Eu quis desligar. Ele estava sendo babaca, e parte de mim pensava que eu merecia o tratamento, o que me fez ficar mais brava ainda. Eu sempre fico mal-humorada quando
acho que estou errada. Eu fui uma covarde por meses, e eu ainda estava sendo. Eu estava com medo de ficar perto dele, com medo do que eu faria. Droga, Anita, se
segure. - Sarcasmo é meu departamento. - Eu disse.
- E qual é o meu departamento?
- Eu ia te pedir um favor. - Eu disse.
- Mesmo? - Ele disse isso como se não fosse atender meu pedido.
- Por favor, Jean-Claude, eu estou pedindo ajuda. Eu não faço isso com freqüência.
- Isso certamente é verdade. O que eu poderia fazer por você, ma petite? Você sabe que tudo que tem de fazer é pedir, e o que você quiser será seu. Não importa o
quão bravo eu possa estar com você.
Eu deixei essa passar, porque eu não sabia o que fazer com isso. - Você conhece um clube chamado Narcissus in Chains?
Ele ficou quieto por um segundo ou dois. - Oui.
- Você pode me dar às direções e me encontrar lá?
- Você sabe que tipo de clube esse lugar é?
- Sim.
- Tem certeza?
- É um clube de bondage, eu sei.
- A menos que os últimos seis meses tenham te mudado consideravelmente, ma petite, essa não é uma das suas preferências.
- Não, não é.
- Seus leopardos tem se comportado mal, novamente?
- Algo assim. - Eu disse a ele o que aconteceu.
- Eu não conheço esse Marco.
- Eu não achei que conhecesse.
- Mas você pensou que eu saberia onde esse clube fica?
- Eu estava esperando que sim.
- Eu te encontrarei lá com alguns dos meus. Ou você permitirá que apenas eu vá ao seu resgate? - Ele soava entretido agora, o que era melhor que bravo, eu acho.
- Leve quem precisar.
- Você confia em meu julgamento?
- Nisso, sim.
- Mas não em todas as coisas. - Ele disse suavemente.
- Eu não confio em ninguém em todas as coisas, Jean-Claude.
Ele suspirou. - Tão jovem para ser tão... descrente.
- Eu sou cínica, não descrente.
- E a diferença é qual, ma petite?
- Você é descrente.
Ele riu então, o som me acariciou como um roçar de mão. Fez coisas baixas em meu corpo reagirem. - Ah, - ele disse, - isso explica todas as diferenças.
- Apenas me de as direções, por favor. - Eu acrescentei o, - por favor, - para adiantar as coisas.
- Eles não vão machucar demais seus leopardos, eu acho. O clube está cheio de metamorfos, e eles sentiriam o cheiro de muito sangue e cuidariam disso com as próprias
mãos. É uma das razões de Narcissus in Chains ser a ‘terra de ninguém’, um lugar neutro para todos de nossos grupos. Seus leopardos estavam certos, normalmente aquele
é um lugar seguro.
- Bem, Gregory não estava gritando porque se sentia seguro.
- Talvez não, mas eu conheço o dono do local. Narcissus ficará muito nervoso se alguém se machucar demais em seu clube.
- Narcissus, eu não reconheço o nome. Bem, eu sei sobre as coisas de mitologia grega, mas não reconheço como pessoa.
- Não esperava que conhecesse. Ele não sai de seu clube com freqüência. Mas eu ligarei para ele e ele patrulhará seus gatos para você. Ele não os resgatará, mas
ele terá certeza que nenhum dano a mais seja feito.
- Você confia em Narcissus para fazer isso?
- Oui.
Jean-Claude tinha suas falhas, mas se ele confiava em alguém, ele normalmente estava certo. - Ok. E obrigada.
- Mais que de nada.
Ele soltou o ar e disse quietamente. - Você teria ligado se não precisasse da minha ajuda? Você teria ligado algum dia?
Eu estava morrendo de medo dessa pergunta, tanto vinda de Jean-Claude ou de Richard. Mas eu finalmente tinha uma resposta. - Eu vou responder sua pergunta da melhor
forma possível, mas chame de palpite, talvez essa seja uma longa conversa. Eu preciso saber que meu pessoal está seguro antes de começar a discutir nossa relação.
- Relação? É isso que nós temos? - Sua voz estava bem seca.
- Jean-Claude.
- Não, não, ma petite, eu ligarei para Narcissus agora e salvarei seus gatos, mas apenas se você prometer que quando eu ligar de volta, nós terminaremos nossa conversa.
- Prometo.
- Sua palavra. - Ele disse.
- Sim.
- Muito bem, ma petite, até daqui a pouco. - Ele desligou.
Eu desliguei o telefone e fiquei ali parada. Era covardia querer ligar para alguém, qualquer pessoa, para que o telefone ficasse ocupado para que não precisássemos
ter nossa pequena conversa? Sim, era covardia, mas era tentador. Eu odiava falar sobre minha vida pessoal, principalmente para pessoas tão intimamente envolvidas
nela. Eu tive apenas tempo suficiente para tirar minha saia quando o telefone tocou. Eu pulei e atendi com o pulso na minha garganta. Eu estava realmente com medo
dessa conversa.
- Alô. - Eu disse.
- Narcissus cuidará da segurança de seus gatos. Agora, onde estávamos? - Ele ficou quieto por uma batida de coração. - Ah, sim, você teria me ligado se não precisasse
da minha ajuda?
- A mulher com quem eu estava estudando...
- Marianne. - Ele disse.
- Sim, Marianne. Enfim, ela disse que eu não poderia continuar bloqueando os buracos da minha alma. O único jeito de me manter segura contra essas merdas de coisas
sobrenaturais era preencher os buracos com o que eles deveriam ser preenchidos.
Silêncio do outro lado da linha. Silêncio por tempo o suficiente para eu dizer, - Jean-Claude, você ainda está ai?
- Estou aqui.
- Você não parece feliz com isso.
- Você sabe o que está dizendo, Anita? - Sempre era um mau sinal quando ele usava meu nome real.
- Eu acho que sim.
- Eu quero que isso fique bem claro entre nós, ma petite. Eu não quero você vindo atrás de mim mais tarde, reclamando que não entendia o quão forte isso nos ataria.
Se você permitir que Richard e eu preenchamos de verdade as marcas em seu... corpo, nós iremos dividir nossas auras. Nossa energia. Nossa mágica.
- Nós já estamos fazendo isso, Jean-Claude.
- Em parte, ma petite, mas são por consequência das marcas. Isso será feito com consentimento, será uma união esperada. Uma vez feita, eu não acho que pode ser desfeita
sem um grande dano para todos nós.
Foi minha vez de suspirar. - Quantos desafios vampíricos à sua autoridade você teve enquanto eu estava meditando fora?
- Alguns. - Ele disse, sua voz cuidadosa.
- Mais do que alguns, eu aposto, porque eles sentiram que suas defesas não estavam completas. Você teve problema em afastá-los sem matá-los, não teve?
- Digamos que estou feliz por não ter acontecido nenhum desafio significativo no ano.
- Você teria perdido sem Richard e mim atrás de você, e você não poderia usar seus escudos sozinho, sem nós para tocar. Isso funcionou quando eu estava na cidade
com você. Tocando, estando um com o outro, nos ajudando a plugar um no poder do outro. Isso ajuda com os problemas.
- Oui. - Ele disse, suavemente.
- Eu não sabia, Jean-Claude. Eu não tenho certeza se faria diferença eu saber, mas eu não sabia. Deus, Richard deve estar desesperado - ele não mata tão fácil como
nós dois. Seu blefe é tudo que mantém os lobisomens longe de partirem ao meio uns aos outros, e com dois buracos enormes em suas defesas mais intimas... - Eu me
calei, mas eu ainda me lembrava do horror puro que senti quando percebi o quanto nos deixei em perigo.
- Richard teve dificuldades, ma petite. Mas cada um de nós tinha apenas uma rachadura em nossa defesa, uma que apenas você pode curar. Ele esteve unindo suas energias
com a minha. Como você disse, seu blefe era muito importante para ele.
- Eu não sabia disso, e sinto muito por isso. Tudo que estive pensando era sobre o quão assustada eu estava sobre estar sendo inundada com os dois. Marianne me disse
a verdade quando ela pensou que estava pronta para ouvir.
- E você não está mais com medo de nós, ma petite? - Sua voz era cuidadosa quando ele perguntou, como se ele estivesse carregando um copo cheio de um liquido quente
por uma escada estreita.
Eu balancei minha cabeça, percebendo que ele não podia ver, eu disse, - Eu não estou corajosa. Eu estou bastante aterrorizada. Aterrorizada que se eu fizer isso,
não terá volta, que talvez eu esteja me enganando, me fazendo pensar que tenho uma escolha. Talvez não haja escolha e tem sido assim por muito tempo. Mas seja lá
como iremos acabar eu não posso nos deixar ir com feridas metafísicas abertas. Muitos irão sentir nossa fraqueza e irão explorá-la
- Como a criatura que você conheceu no Novo México. - Ele disse, sua voz ainda cuidadosa como eu nunca tinha ouvido antes.
- É. - Eu disse.
- Você está dizendo que hoje a noite irá concordar em nos deixar juntar as marcas, que iremos ao menos fechar essas, como você colocou, feridas?
- Se isso não colocar meus leopardos em perigo, sim. Nós precisamos fazer isso o mais rápido possível. Eu odiaria tomar essa grande decisão e então ter um de nós
morto antes que chegássemos aos finalmentes.
Eu o ouvi suspirar, como se uma grande tensão tivesse deixado-o. - Você não sabe por quanto tempo tenho esperado por você entender tudo isso.
- Você poderia ter me dito.
- Você não teria acreditado em mim. Você teria pensando que era outro truque para te trazer para mais perto de mim.
- Você está certo, eu não teria acreditado em você.
- Richard nos encontrará no clube também?
Eu fiquei quieta por uma batida de coração. - Não, eu não vou ligar para ele.
- Por que não? Isso é mais uma dificuldade metamorfa do que vampírica.
- Você sabe por que não.
- Você teme que ele fique apreensivo demais em te deixar fazer o que for preciso para salvar seus leopardos.
- Sim.
- Talvez. - Jean-Claude disse.
- Você não vai me dizer que devo ligar para ele?
- Por que eu te falaria para convidar meu principal rival por sua afeição nesse pequeno tete-a-tete? Isso seria uma coisa tola de se fazer. Eu sou muitas coisas,
mas tolo não é uma delas.
Isso certamente era verdade. - Ok me dê as direções e eu vou encontrar você e seu pessoal no clube.
- Primeiro, ma petite, o que você está usando?
- Desculpe-me?
- Roupas, ma petite, quais roupas você está usando?
- Isso é uma brincadeira? Porque eu não tenho tempo...
- Não é uma pergunta vaga, ma petite. O mais cedo que você responder, mais cedo poderemos ir.
Eu queria discutir, mas se Jean-Claude disse que ele tinha um ponto, então ele provavelmente tinha. Eu disse a ele o que estava vestindo.
- Você me surpreende, ma petite. Com um pouco de esforço isso vai servir muito bem.
- Qual esforço?
- Eu sugiro que você acrescente botas ao seu conjunto. As que eu dei ficariam perfeitas.
- Eu não vou usar saltos agulha de 10 centímetros em lugar nenhum, Jean-Claude. Eu quebraria meu tornozelo.
- Eu planejei que você usasse essas botas somente comigo, ma petite. Eu estava pensando na outra bota com saltos médios que eu trouxe quando você ficou tão brava
com as outras.
Ah. - Por que eu tenho que trocar de sapato?
- Porque, por mais flor delicada que você seja, você tem os olhos de uma policial, então seria melhor se você usasse botas de couro em vez de salto alto. É bom lembrar
que você estará movendo pelo clube o mais rápido e suavemente que for possível. Ninguém a ajudará a achar seus leopardos se você for alguém de fora, principalmente
uma policial.
- Ninguém nunca me confundiu com uma policial.
- Não, mas eles estão começando a te confundir com algo que cheira a armas e morte. Pareça ser inofensiva hoje à noite, ma petite, até que seja hora de ser perigosa.
- Eu pensei que esse seu amigo, esse Narcissus, iria nos escoltar lá dentro.
- Ele não é meu amigo, e eu te disse que o clube é um lugar neutro. Narcissus cuidará para nenhum grande dano aconteça com seus gatos, mas isso é tudo. Ele não vai
permitir que levemos armas para dentro do clube. Não há Ulfric, Mestre da Cidade, dentro daquelas paredes. Você tem apenas a dominância que leva com você e seu corpo
para tomarem conta de você.
- Eu terei uma arma. - Eu disse.
- Mas uma arma não te levará até os quartos superiores.
- O que me levará?
- Confie em mim, eu darei um jeito.
Eu não gostei do jeito que aquilo soava. - Por que a maioria das vezes que te peço ajuda, nunca é um caso onde nós podemos apenas correr e eu sair atirando?
- E por que, ma petite, quando você não me chama quase sempre é um caso onde você corre e atira em qualquer coisa que se mova?
- Ponto aceito. - Eu disse.
- Qual a sua prioridade para a noite? - Ele perguntou.
Eu sabia o que ele queria dizer. - Eu quero os leopardos a salvo.
- E se eles forem machucados.
- Eu quero vingança.
- Mais do que a segurança deles?
- Não, segurança primeiro, vingança é luxúria.
- Bom. E se um, ou mais, morrerem?
- Eu não quero que nenhum de nós acabe na cadeia, mas eventualmente, se não nessa noite, em outra note, eles vão morrer.
Eu ouvi a mim mesma dizer isso e soube que fui sincera.
- Não há clemência em você, ma petite.
- Você diz isso como se fosse uma coisa ruim.
- Não, foi meramente uma observação.
Eu parei ali, segurando o telefone, esperando ficar chocada com o que eu estava propondo. Mas não fiquei. Eu disse, - Eu não quero matar ninguém se eu não precisar.
- Isso não é verdade, ma petite.
- Certo, se eles matarem meu pessoal, eu os quero mortos. Mas eu decidi no Novo México que eu não queria ser uma sociopata, então eu estou tentando agir como se
não fosse. Então vamos tentar manter a contagem de corpos baixa, ok?
- Como quiser. - Ele disse. E então acrescentou, - Você realmente acha que pode mudar a natureza de quem você é meramente desejando isso?
- Você está perguntando se eu posso parar de ser uma sociopata, já que eu já me transformei em uma?
Um momento de silêncio, então, - Eu acho que é isso que estou perguntando.
- Eu não sei, mas se eu não me segurar, Jean-Claude, não haverá volta.
- Eu ouço medo em sua voz, ma petite.
- Sim, você ouve.
- O que você teme?
- Eu tenho medo que se eu me entregar para você e Richard eu vou me perder. Eu temo que se eu não me entregar para você e Richard eu vou perder um de vocês. Eu tenho
medo de nos fazer ser mortos porque estou pensando demais. Eu tenho medo de já ser uma sociopata e não haver mais volta. Ronnie disse que uma das razões que eu não
consigo te largar e simplesmente sossegar com Richard é que eu não consigo desistir de um namorado que é mais frio que eu.
- Desculpe, ma petite. - Eu não tinha exatamente certeza sobre o que ele estava se desculpando, mas eu aceitei de qualquer forma.
- Desculpe também. Me dê as direções do clube e eu te encontrarei lá.
Ele me deu as direções e eu confirmei com ele. Nós desligamos. Nenhum de nós disse tchau. Há um tempo atrás teríamos terminado a conversa com je t’aime, eu te amo.
Há um tempo atrás.
4
O clube ficava acima do rio no lado Illinois, junto de outros tantos clubes questionáveis. Os negócios de vampiros precisavam de um cláusula para funcionarem em
St. Louis, mas o resto dos clubes humanos e Metamorfos - ainda eram legalmente contados como humanos - então tinham que ir para Illinois para evitarem maiores problemas.
Alguns desses maiores problemas não estavam no papel ainda, não eram leis de verdade. Mas era estranho quantos problemas a burocracia podia achar quando eles não
queriam um clube em sua cidade justa. Se os vampiros não fossem tão chamativos para turistas, os burocratas provavelmente teriam achado um jeito de se livrarem deles
também.
Eu finalmente achei uma vaga de estacionamento a umas duas quadras do clube. Isso significava que eu teria que andar em uma área da cidade que a maioria das mulheres
não gostaria de estar sozinhas no escuro. Mas claro, a maioria das mulheres não andavam armadas. Uma arma não cura tudo, mas é um começo. Eu também tinha uma faca
em cada panturrilha, bem em cima, então o coldre ficava do lado dos meus joelhos. Eu não estava realmente confortável desse jeito, mas eu não consegui pensar em
nenhum outro lugar para colocar as facas em que eu conseguisse pega-las facilmente. Havia uma boa chance de eu ter machucados nos joelhos depois dessa noite. É a
vida.
Eu também tinha uma faixa preta no Judô, e estava fazendo progresso no Kenpo, um tipo de Karate com menos movimentos poderosos e mais movimentos usados como balanço.
Eu estava o máximo possível preparada para as selvageria da cidade grande.
Mas claro, eu normalmente não ando por aí parecendo um alvo fácil. Minha saia era tão curta que mesmo com botas que iam até a metade de minhas coxas, ainda sobrava
um belo espaço entre a saia e o topo das botas. Eu tinha colocado uma jaqueta para dirigir, mas deixei ela no carro porque não queria ficar carregando ela por aí
a noite toda. Eu estive em clubes suficientes, e de todos os tipos, para saber que estaria quente lá dentro.
Então o arrepio que corria pelas minhas costas e braços não era por medo, mas pelo úmido e fresco ar. Eu me forcei a não esfregar meus braços enquanto andava, e
então pelo menos pareceria que eu não estava com frio ou desconfortável. Na verdade o salto das botas tinha apenas 5 centímetros e eles eram confortáveis de se andar.
Não tão confortáveis como meus Nikes, mas então, o que seria mais confortável que eles? Mas para sapatos, essas botas não eram nada más. Se eu pudesse ter deixado
às facas em casa, elas seriam perfeitas.
Havia outra pequena proteção a mais. Escudos metafísicos vinham em diferentes formas. Você pode se proteger com quase tudo: metal, pedra, plantas, fogo, água, vento,
terra, etc... Todo mundo tem proteções diferentes porque essa era uma escolha muito individual. Você tem que trabalhar pela sua própria escolha mental. Você pode
ter dois psíquicos usando pedra, mas suas proteções não seriam as mesmas. Algumas pessoas simplesmente visualizam pedra, pensam nela, na essência, e isso é suficiente.
Se algo tentar atacá-los, eles estariam a salvo atrás do pensamento da peDrª Outro psíquico talvez possa visualizar uma parede de pedra, como um muro em volta de
uma casa velha, e isso funcionaria do mesmo jeito. Para mim, minha proteção tinha que ser uma torre. Todas as proteções eram como bolhas que te envolviam completamente,
como círculos de poder. Eu sempre entendi isso quando levantava os mortos, mas para me proteger eu precisava visualizar isso na minha cabeça. Então eu imaginei uma
torre de pedra, completamente fechada, sem janelas, sem rachaduras, lisa e escura, com apenas o que eu permitia ou não dentro. Falar sobre proteções sempre me fez
me sentir como se eu estivesse tendo uma pausa psicótica e dividindo minhas desilusões. Mas funcionava, e quando eu não me protegia, coisas tentavam me machucar.
Fazia apenas duas semanas que Marianne tinha descoberto que eu não tinha entendido totalmente a coisa de proteção. Eu pensei que era apenas sobre o quão poderosa
sua aura é, e como você poderia fortalecê-la. Ela me disse que a única razão que eu fui capaz de seguir assim por tanto tempo, foi que eu era simplesmente muito
poderosa.
Mas a proteção fica do lado de fora da aura, como uma parede em volta do castelo, uma defesa extra. A defesa mais segura é uma aura saudável.
Esperançosamente, até o final da noite, eu terei uma dessas.
Eu virei à esquina e achei uma fila de pessoas que descia o quarteirão. Ótimo, justo o que eu precisava. Eu não parei no fim da fila, eu continuei andando até a
porta, esperando pensar em algo para fazer com o segurança quando eu chegasse ali. Eu não tinha tempo para esperar tudo aquilo. Eu estava quase na metade da fila
quando uma figura saiu da multidão e me chamou.
Levou-me um segundo para reconhecer Jason. Primeiro, ele tinha cortado seu cabelo de bebê loiro, curto, estilo homem de negócios. Segundo, ele estava usando uma
camisa puramente prata e calças que pareciam ser feita do mesmo tecido. Apenas uma linha fina de uma sólida prata em sua virilha. A roupa era tão chamativa que me
levou um momento para perceber o quão realmente fina a roupa era. O que eu realmente estava vendo não era a prata, mas a pele de Jason no meio de um monte de gliter.
A roupa, que deixava muito pouco para a imaginação, terminava com suas botas cinza que iam até a metade a coxa.
Eu tive que me fazer olhar em seu rosto, porque eu ainda estava balançando minha cabeça por causa da sua roupa. Ela não parecia confortável, mas claro, Jason raramente
reclama sobre suas roupas. Ele era como o pequeno lobisomen-boneco de Jean-Claude, assim como seu lanche matinal. Às vezes era um guarda e às vezes o garoto leva-e-traz.
Quem mais Jean-Claude tinha para deixar no frio quase pelado?
Os olhos de Jason pareciam maiores, mais azuis de alguma forma, sem todo aquele cabelo para distrair. Seu rosto parecia mais velho com o cabelo curto, a estrutura
de seus ossos mais limpa, e eu percebi que Jason estava perigosamente perto da linha entre fofo e lindo. Ele tinha dezenove anos quando nos conhecemos. Ele com vinte
e dois era melhor. Mas a roupa... não tinha nada a fazer a não ser sorrir ao olhá-la.
Ele estava sorrindo para mim também. Eu acho que estávamos os dois felizes de ver um ao outro. Deixando Richard e Jean-Claude, eu deixei outras pessoas para trás
também. Jason era um membro do bando de Richard, e o lobinho de Jean-Claude.
- Você está parecendo um astronauta pornô. Se você estivesse usando roupas normais, talvez você ganhasse um abraço. - Eu disse.
Seu sorriso aumentou ainda mais. - Eu acho que estou vestido assim por punição. Jean-Claude me disse para te esperar e te levar para dentro. Minha mão já tem o carimbo,
então podemos ir direto.
- Um pouco frio demais para essas roupas, não?
- Por que você acha que eu estava no meio do povo? - Ele me ofereceu seu braço. - Posso acompanhá-la, minha dama?
Eu segurei seu braço com minha mão esquerda. Jason colocou a sua mão livre em cima da minha, fazendo um aperto duplo. Se essa era sua pior provocação de hoje à noite,
então ele tinha crescido realmente. A roupa prata era mais dura que parecia, arranhava onde roçava no meu braço.
Quando Jason me guiou para subir as escadas, eu tive que olhar a parte de trás dele. A roupa que cobria sua virilha era apenas uma linha comprida nas costas, deixando
nada além dessa linha de glittler em sua bunda. A blusa não era presa na calça, então enquanto ele andava, eu via vislumbres de sua barriga. Na verdade a blusa era
larga o suficiente nos ombros que quando ele pegou meu braço a manga caiu de um lado, revelando sua pele suave e pálida.
A música me atingiu na porta como um tapa gigante. Era quase como uma parede que eu tinha que passar. Eu não tinha esperado que Narcissus in Chains fosse um clube
de dança. Mas, exceto pelas roupas mais exóticas dos clientes e o couro extra, parecia como um monte de outros clubes por aí. O lugar era grande, confuso, com cantos
escuros, com pessoas demais em pequenos espaços, movendo seus corpos freneticamente com a música alta demais.
Minha mão apertou mais o braço de Jason, porque a verdade era que eu sempre me sentia afogando em lugares assim. Pelo menos nos primeiros minutos. Era como se eu
passasse por uma câmara profunda entre o mundo de fora e o mundo de dentro e precisasse de um momento para respirar fundo e me ajustar. Mas esses clubes não eram
feitos para te dar tempo. Eles apenas te bombardeavam com sobrecargas sensoriais e supunham que você sobreviverá.
Falando em sobrecargas sensoriais, Jean-Claude estava parado perto da parede, logo do lado da pista de dança. Seu longo cabelo escuro caia em suaves ondas em seus
ombros, quase em sua cintura. Eu não lembrava de seu cabelo tão longo assim. Ele estava com a cabeça virada para longe de mim, vendo as pessoas dançando, então eu
não podia realmente ver seu rosto, mas isso me deu tempo de ver o resto dele. Ele estava vestindo uma camisa de vinil que parecia ter sido custurada nele. Deixava
seus braços nus, e eu percebi que eu nunca tinha visto ele usando nada que deixava seus braços nus antes. Sua pele parecia inacreditavelmente branca contra o vinil
preto, quase como se brilhasse com uma luz própria. Eu sabia que não brilhava, mas poderia. Jean-Claude nunca era tão declasse para mostrar seu poder assim em lugares
públicos.
Sua calça era do mesmo vinil brilhante, fazendo as longas linhas de seu corpo parecerem como se tivessem mergulhadas em líquido feito de couro. Botas de vinil vinham
até quase seus joelhos, brilhando como se tivessem sido recém polidas. Tudo nele brilhava, o brilho escuro de suas roupas, a brancura de sua pele. Então abruptadamente
ele virou como se tivesse sentido que eu estava olhando para ele.
Olhar todo seu rosto, mesmo do outro lado do salão, me fez segurar minha respiração. Ele era lindo. Aquela beleza de parar a batida do coração era masculina, mas
beirava a linha entre o que era masculino e feminino. Não exatamente andrógeno, mas perto disso.
Mas, enquanto ele se movia em minha direção, o movimento era totalmente masculino, gracioso como se ele escutasse uma música em sua cabeça e quietamente dançasse
ela. Mas o andar, o movimento de seus ombros - mulheres não se moviam desse jeito.
Jason deu um tapinha na minha mão.
Eu pulei, encarando ele.
Ele colocou sua boca perto o suficiente do meu ouvido para sussurrar - acima da música, - Respire, Anita, lembre-se de respirar.
Eu fiquei vermelha porque era desse jeito que Jean-Claude me afetava - Como se eu tivesse quatorze anos e ele era a quedinha da minha vida. Jason apertou mais sua
mão na minha, como se eu fosse correr. Não era uma má idéia. Eu olhei de volta e vi que Jean-Claude estava bem perto.
A primeira vez que vi o verde-azulado do mar do Caribe, eu chorei, porque era lindo demais. Jean-Claude me fazia me sentir assim, como se eu devesse chorar por causa
de sua beleza. Era como se te oferecessem um quadro original do Da Vinci, não apenas para colocar em sua parede e olhar, mas para realmente admirar tudo dele. Parecia
errado. Ainda assim, ali estava eu, segurando o braço de Jason, meu coração martelando tanto que eu quase não podia ouvir a música. Eu estava assustada, mas não
era um medo do tipo briga-de-faca-no-escuro, era um medo do tipo coelho-preso-na-luz-do-farol. Eu estava presa, como sempre com Jean-Claude, entre dois instintos
disparados. Parte de mim queria correr até ele, quebrar essa distância e segurar seu corpo em volta de mim. A outra parte queria sair correndo gritando pela noite
e rezar para que ele não me seguisse.
Ele parou na minha frente, mas não fez nenhum movimento para me tocar, para acabar com aquela pequena distância. Ele parecia hesitante em me tocar, assim como eu.
Ele estava com medo de mim? Ou ele sentiu o meu medo e teve medo de me fazer ter medo?
Nós ficamos parados ali simplesmente olhando um ao outro. Seus olhos ainda eram daqueles azuis escuros, escuros, com um toque de negro enlaçando eles.
Jason beijou minha bochecha, suavemente, como você beija sua irmã. Ainda assim me fez pular. - Eu estou sentindo que estou sobrando. Vocês dois sozinhos dão conta
do recado. - E então ele se afastou de mim, deixando Jean-Claude e eu olhando um ao outro.
Eu não sei o que ele ia dizer, porque três homens se juntaram a nós antes que ele pudesse decidir. O mais baixo deles media apenas 1,68, e ele estava usando mais
maquiagem em seu rosto triangular do que eu. A maquiagem estava bem feita, mas ele não estava tentando parecer com uma mulher. Seu cabelo preto era bem curto, mesmo
você podendo dizer que seria cacheado se fosse longo. Ele estava usando uma roupa de mangas longas, cheia de fitas e justa na cintura, mostrando um longo e musculoso
peito. A saia caia em volta dele, quase no formato de uma árvore de natal, e sua meia era preta, com delicados bordados de teia de aranha. Ele usava sandálias aberta
nos dedos do pé e com saltos agulha, e tanto as unhas de seus dedos do pé, como as da mão estavam pintadas de preto. Ele parecia... adorável. Mas o que fazia a sua
roupa era o senso de poder dele. Estava em torno dele como um perfume caro, e eu sabia que ele era algum tipo de alfa.
Jean-Claude falou primeiro. - Esse é Narcissus, o dono desse estabelecimento.
Narcissus estendeu sua mão. Eu estava momentaneamente confusa sobre se eu deveria apertar sua mão ou beijá-la. Se ele estivesse tentando se passar por mulher, eu
saberia que o beijo era mais apropriado, mas ele não estava. Ele não era um travesti, ele só se vestia do jeito que queria. Eu apertei sua mão. Seu aperto era forte,
mas não muito. Ele não tentou testar a minha força, como alguns Metamorfos costumam fazer. Ele era seguro de si, era Narcissus.
Os dois homens atrás dele ficaram perto de nós, cada um media mais de 1,75. Um tinha um amplo e musculoso peito quase todo exposto através de uma complicada blusa
cheia de tiras de couro pretas cruzadas.
Ele era loiro, com o cabelo curto nas laterais e levantados com gel em cima. Seus olhos eram pálidos, e o olhar neles não era amigável.
O outro homem era mais magro, mas era mais como um jogador de basquete profissional do que um cara do tipo levantador de pesos. Mas de qualquer forma seus braços,
visíveis no couro, eram musculosos. Sua pele era quase tão escura quanto o couro que estava usando.
Tudo que esses dois precisavam eram algumas tatuagens e seriam os malandrões do pedaço.
Narcissus disse, - Esses são Ulysses e Ajax. - Ajax era o loiro, e Ulysses era o totalmente moreno.
- Mitologia grega, convenção de nomes legal. - Eu disse.
Narcissus piscou seus grandes e escuros olhos para mim. Ou ele não me achou engraçada, ou ele simplesmente não se importava. A música parou abruptadamente. Nós estávamos
de repente em um grande silêncio gritante, e era chocante. Narcissus falou em uma altura que eu podia ouvir ele, mas as pessoas perto dali não. Ele sabia que a música
iria parar. - Eu conheço sua reputação, srta. Blake. Eu fico com a arma.
Eu olhei para Jean-Claude.
- Eu não contei a ele.
- Vamos, Srta. Blake, eu posso sentir o cheiro da arma, mesmo através... - Ele cheirou o ar, inclinando a cabeça um pouco para trás, - ... do seu Oscar de la Renta.
- Eu arranjarei um óleo de limpeza com menos cheiro. - Eu disse.
- Não é o óleo. A arma é nova, eu posso sentir o cheiro do... metal, do mesmo jeito que você sente o cheiro de um carro novo.
Ah. - Jean-Claude explicou a situação para você?
Narcissus assentiu. - Sim, mas nós não interferimos em lutas de dominância entre grupos diferentes. Nós somos um território neutro, e se queremos continuar assim,
então sem armas. Se servir de conforto, nós não deixamos os que estão com seus gatos carregarem armas também.
Eu arregalei meus olhos para isso. - As maiorias dos metamorfos não carregam armas.
- Não, eles não carregam. - O rosto bonito de Narcissus não me passava nada. Ele não estava nem preocupado nem incomodado. Era tudo negócios para ele - como a voz
de Marco no telefone.
Eu me virei para Jean-Claude. - Eu não vou conseguir entrar no clube com minha arma, vou?
- Eu temo que não, ma petite.
Eu suspirei e me virei de volta para os - como Jean-Claude tinha chamado eles - homens-hienas.
Eles eram os primeiros que eu tinha conhecido que eu sabia. Não havia nenhuma pista do que eles eram às luas cheias, ao olhar para eles. - Eu desisto, mas não estou
feliz com isso.
- Isso não é meu problema. - Narcissus disse.
Eu olhei em seus olhos e senti meu rosto mudar para aquele olhar que poderia fazer um bom policial hesitar - meu monstro saindo da toca. Ulysses e Ajax começaram
a se mover para frente de Narcissus, mas ele os parou. - Srta. Blake irá se comportar. Não irá, Srta. Blake?
Eu assenti, mas disse, - Se meu pessoal acabar machucado porque eu não tenho uma arma, eu posso fazer isso virar um problema seu.
- Ma petite. - Jean-Claude disse, sua voz me alertando.
Eu balancei minha cabeça. - Eu sei, eu sei, eles são como a Suíça, neutros. Pessoalmente eu acho que neutro é apenas um outro jeito de salvar apenas a sua bunda
às custas de outra pessoa.
Narcissus deu um passo a frente, até ficar apenas alguns centímetros separado de nós. Sua energia de outro mundo dançou por minha pele, e como tinha acontecido no
Novo México com um metamorfo diferente, isso chamou um pedaço da besta de Richard que parecia viver dentro de mim. Isso trouxe aquele poder em um ímpeto por minha
pele, pulando a distancia entre nós, e misturando no poder de Narcissus. Isso me deixou ligada. Eu pensei que isso não aconteceria com minhas proteções em seus devidos
lugares. Marianne tinha dito que minhas habilidades lidavam com os mortos, e era por isso que eu não podia controlar o poder de Richard tão facilmente como o de
Jean-Claude. Mas eu deveria poder ser capaz de me proteger contra um estranho. Assustou-me um pouco saber que eu não podia.
Havia homens-leopardos e homens-jaguares no Novo México. Eles tinham me confundido com um Metamorfo. Narcissus cometeu o mesmo erro. Eu vi seus olhos ficarem mais
apertados e então ele os estreitar. Ele deu uma olhada em Jean-Claude e riu. - Todo mundo diz que você é humana, Anita. - Ele levantou a mão e passou no ar logo
na frente do meu rosto, tocando a onda de energia. - Eu acho que você deveria sair do armário antes que alguém se machuque.
- Eu nunca disse que era humana, Narcissus. Mas eu não sou uma Metamorfa também.
Ele esfregou sua mão em sua roupa, como se tivesse tentando se livrar da sensação do meu poder na sua pele. - Então o que você é?
- Se as coisas saírem do controle hoje a noite, você vai descobrir.
Seus olhos se estreitaram de novo. - Se você não pode proteger seu povo sem armas, então você deveria largar seu título de Nimir-Ra e deixar outra pessoa ficar com
seu lugar.
- Eu tenho uma entrevista depois de amanhã com um Nimir-Ra em potencial.
Ele pareceu genuinamente surpreso. - Você sabe que não tem o poder para ser líder deles?
Eu assenti. - Ah, sim, eu estou no comando temporariamente, até eu conseguir arranjar outra pessoa. Se o resto de vocês não fossem tão malditamente preconceituosos,
eu teria passado eles para outro grupo. Mas ninguém quer ficar com um animal que é diferente deles.
- É o nosso jeito, sempre foi do nosso jeito.
E eu sabia que o - nosso - não queria dizer apenas os homens-hienas, mas todos os metamorfos. - Sim, e isso é um saco.
Ele sorriu então. - Eu não sei se gosto de você, Anita, mas você é diferente, e eu sempre apreciei isso. Agora, entregue a arma como uma boa garota, e você poderá
entrar no meu território. - Ele estendeu sua mão.
Eu a encarei. Eu não queria entregar minha arma. O que eu tinha dito para Ronnie era verdade. Eu não poderia ter uma luta mano-a-mano com eles, eu perderia uma luta
justa. A arma era o que me igualava a eles. Eu tinha as duas facas, mas francamente, elas eram para emergências.
- É sua escolha, ma petite.
- Se te ajuda a fazer a escolha, - Narcissus disse, - Eu coloquei dois dos meus guardas pessoais no quarto com seus leopardos. Eu proibi os outros de causarem mais
danos em seu povo até que você chegasse. Até que você entre naquele quarto onde eles estão esperando, nada mais acontecerá com eles que eles não queiram que aconteça.
Conhecendo Nathaniel, isso não foi lá muito confortador como deveria ser. Se alguém fosse entender esse problema, seria alguém que era dono de um clube como esse.
- Nathaniel é um desses casos em que ele pede mais punição do que pode aguentar. Ele não sabe quando parar, não tem a habilidade de se manter a salvo. Você entende?
Os olhos de Narcissus ficaram um pouco mais abertos. - Então o que ele estava fazendo aqui sem alguém para tomar conta dele?
- Eu o mandei sair com alguém que deveria estar olhando ele hoje a noite. Mas Gregory disse que Elizabeth largou Nathaniel sozinho mais cedo.
- Ela é um dos seus leopardos também?
Eu assenti.
- Ela está desafiando você.
- Eu sei. O fato de Nathaniel estar sofrendo por causa disso não parece incomodá-la.
Ele estudou meu rosto. - Eu não vejo raiva em você sobre tudo isso.
- Se eu ficasse brava com tudo que Elizabeth faz para me deixar puta, eu nunca teria nenhum outro tipo de humor.
A verdade era, eu estava cansada. Cansada de ter que resgatar o bando de uma emergência após a outra. Cansada da Elizabeth se revoltando na minha cara e não tomando
conta dos outros, mesmo ela devendo ser dominante para eles. Eu evitava puni-la porque eu não podia dar uma surra nela, que era o que ela precisava. A única coisa
que eu podia fazer era dar um tiro nela. Eu estava tentando evitar isso, mas ela estava me deixando sem escolha. Eu veria quais eram os danos dessa vez. Se alguém
morresse por causa dela, então ela ia morrer também. Eu odiava o fato de não me importar em matá-la. Eu a conhecia por mais ou menos um ano. Eu deveria me importar,
mas não me importava. Eu não gostava dela, e ela estava pedindo por isso desde quando eu a conheci. Minha vida seria mais fácil se ela estivesse morta. Mas deveria
haver um motivo melhor para matar alguém do que esse. Não é?
- Um conselho, - Narcissus disse. - Todos os desafios de dominância, principalmente vindo de um dos seus, deve ser lidado rapidamente, ou o problema se alastrará.
- Obrigada. Na verdade, eu sei disso.
- E ainda assim, ela te desafia.
- Eu tenho evitado matar ela.
Nós nos olhamos bem quietamente e ele deu um pequeno assentimento. - Sua arma, por favor.
Eu suspirei e a tirei na frente da minha blusa, se bem que o material era duro o suficiente para eu ter que levantar ela um pouco para mostrar um pedaço da arma.
Eu tirei a arma e chequei a trava de segurança por hábito, por mais que eu soubesse que estava ligado.
Narcissus olhou a arma. Os dois seguranças haviam se movido, bloqueando a visão do povo na gente. Eu duvidava que a maioria das pessoas ali soubesse o que estávamos
fazendo. Narcissus sorriu enquanto eu arrumava minha roupa de volta no lugar, agora com o coldre vazio. - Sinceramente, se eu não soubesse quem você era e qual era
a sua reputação, eu não teria sentido o cheiro da arma, porque eu não teria tentado senti-la. Sua roupa não parece poder esconder uma arma grande como essa.
- Paranóia é a mãe das invenções. - Eu disse.
Ele deu um pequeno assentimento. - Agora entre e aproveite os prazeres e terrores do meu mundo. - Com essa frase bastante sinistra, ele e seus seguranças se moveram
até a multidão, levando minha arma com eles.
Jean-Claude passou seus dedos em meu braço, e esse único movimento me fez virar para ele, minha pele arrepiando. A noite já estava complicada o suficiente sem esse
nível de tensão sexual.
- Seus gatos estão bem até que você entre no quarto. Eu sugiro que nós façamos a marca agora, primeiro.
- Por quê? - Eu perguntei ,meu pulso de repente na minha garganta.
- Vamos pegar uma mesa e eu explicarei. - Ele se moveu entre as pessoas sem me tocar. Eu o segui e não pude evitar ficar olhando o jeito que o vinil caia bem nele
atrás. Eu amava o ver andar, indo ou vindo - uma ameaça dupla.
As mesas eram pequenas, e não havia muitas delas contra as paredes. Mas isso limpava a pista de dança, então eles podiam investir em shows ou demonstrações. Homens
e mulheres em couro estavam servindo de cenário em estruturas de metais cheias de pedaços de couro. Eu estava reeeeealmente querendo estar em outro lugar antes do
show começar.
Jean-Claude me levou para um lado antes que estivéssemos na mesa onde Jason e três estranhos estavam. Ele parou tão perto de mim que um pensamento profundo faria
nossos corpos se tocarem.
Eu me pressionei contra a parede e tentei não respirar. Ele colocou sua boca contra meu ouvido e falou tão baixo que o que ouvi era meramente o suave som de sua
respiração contra minha pele. - Nós todos estaremos a salvo quando as marcas se unirem, mas haverá outros... benefícios. Eu tenho muitos vampiros não poderosos que
eu trouxe para meu território nos últimos meses, ma petite. Sem você do meu lado, eu não ousei trazer vampiros com poderes consideráveis, por medo que eu não conseguisse
lidar com eles. Quando a marca estiver unida entre nós, você será capaz de sentir esses vampiros que são meus. A exceção, como sempre, é o Vampiro Mestre. Eles podem
esconder suas assinaturas melhor do que os outros. A união das marcas irá também deixar meu povo saber quem você é, e o que acontecerá com eles se eles ultrapassarem
os limites com você.
Eu falei, meus lábios mal se movendo, mais baixo que ele tinha dito, porque ele ainda poderia me ouvir. - Você tem sido muito cuidadoso, não é?
Ele descansou sua bochecha contra meu rosto por um momento. - Tem sido uma dança com coreografias delicadas.
Eu tinha ido ali essa noite com minhas proteções metafísicas no lugar. Marianne tinha me ensinado que com a minha aura rompida, outras proteções eram de maiores
importâncias.
Eu me protegi com pedra hoje a noite, um perfeito mar de peDrª Nada poderia entrar, ou sair, sem minha permissão. Exceto o poder de Narcissus que já tinha dançado
dentro dos meus escudos. Eu estava com medo de que se eu tocasse Jean-Claude, isso seria o suficiente para destroçar minha pedra, mas não foi. Eu não estava nem
ciente da minha proteção, a não ser que eu concentrasse. Eu poderia me manter assim até quando dormisse. Apenas quando você é atacado você tem que concentrar, se
você for bom em se proteger. Eu passei uma semana no começo do mês no Tennessee com Marianne, trabalhando apenas isso. Eu não era boa, mas não era ruim também.
Minhas proteções estavam no lugar. Minhas emoções estavam sendo drenadas por Jean-Claude, mas meu psíquico não, o que quer dizer que Marianne estava certa. Eu poderia
segurar os mortos fora da minha proteção tão fácil como os vivos. Isso me deu um pouco de coragem para fazer um pouco mais. Eu inclinei meu rosto contra o de Jean-Claude,
e nada aconteceu. Ah, sentir a pele dele contra a minha mandou um bocado de emoções pelo meu corpo, mas minhas proteções nunca vacilaram. Eu senti uma tensão que
eu nem sabia que estava ali, se aliviar dentro de mim. Eu queria que ele me abraçasse. Não era apenas sexo. Se fosse só isso, eu teria sido capaz de me livrar dele
há muito tempo atrás. Ele deve ter sentido isso também, porque suas mãos descansaram suavemente em meus braços nus. Quando eu não reclamei, suas mãos acariciaram
minha pele, e esse pequeno movimento fez minha respiração sair como um suspiro. Eu me inclinei contra ele, envolvendo sua cintura com meus braços, pressionando a
linha de nossos corpos juntos. Eu encostei minha cabeça em seu peito, e eu podia ouvir seu coração batendo. Não batia sempre, mas hoje a noite batia. Nós abraçamos
um ao outro, e foi algo quase puro, apenas uma renovação do fato que estávamos nos tocando novamente. Eu trabalhei as coisas metafísicas para poder fazer isso e
não me perder. Valeu o esforço.
Ele se afastou primeiro, apenas o suficiente para olhar meu rosto. - Nós podemos unir as marcas aqui, ou achar algum lugar mais privado. - Ele não estava sussurrando
muito como antes. Aparentemente ele não ligava agora se os outros soubessem o que estávamos fazendo.
- Eu ainda não tenho certeza sobre o que unir as marcas significa.
- Eu pensei que sua Marianne tinha explicado isso para você.
- Ela disse que nós combinaremos como pedaços de quebra-cabeças e terá uma liberação de poder quando isso acontecer. Mas ela também disse que a maneira disso acontecer
é individual para os participantes.
- Você soa como se estivesse citando.
- Eu estou.
Ele franziu a testa, e mesmo esse pequeno movimento era de alguma forma fascinante. - Eu não quero que você tenha surpresas desagradáveis, ma petite. Eu estou me
esforçando com a sinceridade, já que você a valoriza tanto. Eu nunca fiz isso com ninguém, mas a maioria das coisas é sexual entre nós, querendo ou não, então eu
suponho que isso será também.
- Eu não posso deixar os leopardos aqui por tempo suficiente para que arranjemos um quarto de hotel, Jean-Claude.
- Eles não serão machucados. Até que você suba as escadas, eles estarão a salvo.
Eu balancei minha cabeça e me afastei dele. - Desculpe-me, mas eu não vou sair daqui sem eles. Se você quiser fazer isso depois, tudo bem por mim, mas os leopardos
são prioridade. Eles estão esperando que eu os resgate. Eu não posso sair e fazer sexo metafísico por um tempo indeterminado enquanto eles estão com medo e sangrando
em algum lugar.
- Não, isso não pode esperar. Eu quero isso pronto antes da briga começar. Eu não gosto do fato de sua arma ter ficado para trás.
- Essa união de marcas me dará mais... habilidades?
- Sim.
- E você, o que você ganha com tudo isso? - Eu estava encostada contra a parede agora, sem tocar ele.
- Minha defesas próprias estarão mais fortes, e eu ganharei poder, também. Você sabe disso.
- E haverá alguma surpresa em relação a isso que eu deva saber?
- Como eu disse, eu nunca fiz isso com ninguém, nem vi alguém que tenha feito. Terei tantas surpresas quanto você.
Eu encarei aqueles olhos adoráveis e desejei acreditar nisso.
- Eu vejo a desconfiança em seus olhos, ma petite. Mas não é em mim que você não confia. É no seu poder. Nada nunca é como deveria ser com você, ma petite, porque
nunca houve poder como o seu antes. Você tem uma magia livre, não domada. Você joga os melhores planos ao vento.
- Eu tenho aprendido sobre controle, Jean-Claude.
- Eu espero que seja o suficiente.
- Você está me assustando.
Ele suspirou. - E isso era a última coisa que eu queria fazer.
Eu balancei minha cabeça. - Olha Jean-Claude, eu sei que todo mundo continua dizendo que meu pessoal está bem, mas eu quero ver por mim mesma, então vamos acabar
com isso.
- Isso deveria ser algo especial e místico, ma petite.
Eu olhei ao redor do clube. - Então precisamos de um cenário diferente.
- Eu concordo, mas o cenário foi escolha sua, não minha.
- Mas foi você que insistiu em fazer isso agora, antes que a confusão comece.
- Verdade. - Ele suspirou e estendeu sua mão para mim. - Venha, vamos pelo menos até nossa mesa.
Na verdade eu pensei em recusar sua mão. Engraçado como quão rápido eu podia passar de - querendo pular em seus ossos - para - me livrar dele -. Mas claro, não era
exatamente dele, mas das complicações que vinham com ele. As coisas metafísicas entre nós nunca eram simples. Ele disse que isso era minha culpa, e talvez fosse.
Jean-Claude era um belo e típico Vampiro Mestre, e Richard, um belo e típico Ulfric. Eles eram, ambos, maravilhosamente poderosos, mas não havia nada terrivelmente
extraordinário em seus poderes. Bem, havia uma coisa sobre Jean-Claude. Ele podia ganhar poder se alimentando de energia sexual. Em outro século ele teria sido chamado
de incubus. Era raro, até para um Vampiro Mestre, ter um segundo jeito de ganhar poder, além do sangue. Então isso era impressionante, mais ou menos.
O único outro mestre que eu conheci que podia se alimentar de outra coisa além de sangue, se alimentava de terror. E entre os dois, eu preferia luxúria. Pelo menos
ninguém tinha que sangrar pra isso.
Mas eu era a carta avulsa, a que tinha os poderes que pareciam combinar com nada além de lendas sobre necromantes já mortos. Lendas tão antigas que ninguém acreditava
ser verdade, até eu aparecer. Triste, mas verdade.
A mesa tinha esvaziado enquanto estávamos sussurrando. Agora apenas Jason e outro homem estavam ali. O homem estava vestido com couro marrom, de até onde eu podia
ver de sua calça até a blusa na frente de zíper e sem mangas que ele estava usando. Ele estava usando também um daqueles capuzes que deixavam sua boca, parte do
nariz e seus olhos a vista, mas cobria o resto do rosto. Francamente, eu achava esses capuzes assustadores, mas ei, não era meu pão que estavam passando manteiga.
Enquanto ele não tentasse nada comigo, estávamos legais. Foi apenas quando ele olhou para cima, para meu rosto, que eu reconheci aqueles pálidos, pálidos olhos -
o surpreendente azul de gelo de um Husky Siberiano. Nenhum humano tinha olhos daquele jeito.
- Asher. - Eu disse.
Ele sorriu então, e eu reconheci a curva de seus lábios. Eu sabia por que ele estava usando o capuz. Não era uma preferência sexual, ou pelo menos eu acho que não.
Era para esconder as cicatrizes. Uma vez, por volta de 200 anos atrás, alguns sarcedotes de uma igreja tentaram queimar o demônio de Asher para fazê-lo sair. Eles
fizeram isso com água benta. Água benta é como ácido na pele de um vampiro. Uma vez ele foi do seu próprio jeito, tão de tirar o fôlego quanto Jean-Claude. Agora,
metade de seu rosto foi derretido, metade de seu peito, e a maioria de sua coxa, que eu pude ver. O que eu tinha visto do resto dele era perfeito, tão perfeito quanto
no dia em que ele morreu. E as partes que eu não tinha visto, eu não tinha certeza se queria saber. Se bem que através das marcas eu tinha memória de Asher antigamente.
Eu sabia como seu corpo era quando era perfeitamente macio - cada centímetro dele. Asher e sua serva humana, Julianna, fizeram parte de um ménage a trois com Jean-Claude
por quase 20 anos. Ela foi queimada como bruxa, e Jean-Claude só foi capaz de salvar Asher depois do dano já ter sido feito.
Esses eventos aconteceram já fazia mais de 200 anos, e ainda assim os dois ainda sofriam por Julianna, e um pelo outro. Asher agora era o segundo no comando de Jean-Claude,
mas eles não eram amantes. E eles não eram completamente amigos porque ainda havia muita conversa não acabada entre eles. Asher ainda culpava Jean-Claude por falhar
com ele, e Jean-Claude teve um tempo difícil discutindo isso com ele, porque no fundo ele ainda se culpava também.
Eu me inclinei e dei um beijo rápido na bochecha dele. - O que você fez com todo seu cabelo comprido? Por favor, me diga que você não o cortou.
Ele levantou minha mão até sua boca e deu um gentil beijo nela. - Ele está trançado, e mais longo do que nunca.
- Eu mal posso esperar pra ver. - Eu disse. - Obrigada por vir.
- Eu moveria todo o inferno para estar ao seu lado, você sabe disso.
- Vocês franceses falam bonito. - Eu disse. Ele riu suavemente.
Jason interrompeu. - Eu acho que o show está prestes a começar. - Eu me virei e assisti uma mulher seguir em direção ao pole. Ela estava usando um robe, e eu realmente
não queria ver o que estava por baixo dele.
- Seja lá o que for que vamos fazer, vamos fazer e ir buscar os leopardos.
- Você não quer ver o show? - Jason perguntou. Seus olhos eram pura inocência, mas seu sorriso era de provocação.
Eu apenas franzi a testa para ele. Mas seus olhos olharam para trás de mim, e eu sabia que alguém que Jason não gostava estava indo em nossa direção. Eu me virei
e achei Ajax parado ali. Ele me ignorou e falou com Jean-Claude. - Você tem quinze minutos, então o show começará.
Jean-Claude assentiu. - Diga a Narcissus que eu aprecio o aviso.
Ajax deu um pequeno assentimento, bem parecido com o que seu mestre tinha dado antes, e então foi embora andando entre as mesas.
- O que foi isso? - Eu perguntei.
- É considerado rude fazer algo mágico durante a performance de outra pessoa. Eu disse a Narcissus que nós poderíamos chamar algum... poder.
Eu deveria ter parecido tão desconfiada quanto me sentia. - Você está começando a me irritar com essa coisa a lá ato de mágica com capa e cartola.
- Você é uma necromante e eu o Vampiro Mestre dessa cidade. Você realmente acredita que podemos misturar nossos poderes sem que cada morto desse lugar, e mais, nos
note? Eu não sei se os metamorfos serão capazes de nos sentir, mas é possível, já que estamos ligados a um lobisomem. Todos não humanos desse clube irão sentir algo.
Eu não sei o quanto, ou exatamente o que, mas sentirão algo, ma petite. Narcissus tomaria isso como um grande insulto, se interrompessemos essa performance sem avisá-lo.
- Eu não quero te apressar, - Asher disse, - mas irá desperdiçar seu tempo falando se não agilizar isso.
Jean-Claude olhou para ele, e o olhar não era totalmente amigável. O que tinha acontecido entre eles para Jean-Claude dar um olhar desses para Asher?
Jean-Claude estendeu sua mão para mim. Eu hesitei um segundo, então deslizei minha mão na sua e o deixei me guiar até a parede perto da mesa. - E agora? - Eu perguntei.
- Agora você deve deixar sua proteção cair, ma petite, essa forte barreira que você deixou entre mim e sua aura.
Eu apenas o encarei. - Eu não quero fazer isso.
- Eu não pediria se não fosse necessário, ma petite. Mas mesmo se eu fosse capaz de fazer isso, nenhum de nós iria gostar de eu quebrá-la. Nós não podemos combinar
nossas auras se a minha não puder tocar a sua.
Eu estava de repente assustada. Realmente, seriamente assustada. Eu não sabia o que ia acontecer se eu largasse minha proteção com ele bem ali. Em tempos de crise
nossas auras se acendiam juntas formando um único buraco. Eu não queria fazer isso. Eu sou uma louca por controle, e Jean-Claude inteiro tomava partes de mim que
mais precisavam ser controladas.
- Eu não tenho certeza se consigo fazer isso.
Ele suspirou. - É sua escolha. Eu não irei te forçar, mas eu temo as conseqüências, ma petite. Eu as temo.
Marianne tinha me dado às aulas e realmente era tarde demais para amarelar. Eu podia ou seguir em frente com isso, ou eventualmente um de nós iria morrer. Provavelmente
eu. Parte do meu trabalho era ir atrás de monstros sobrenaturais - coisas com magia o suficiente para sentir o buraco em minhas defesas. Antes mesmo de ser capaz
de sentir minha aura, ou pelo menos antes de saber o que eu estava fazendo, minha aura estava intacta. Com meu talento natural, tinha sido o suficiente. Mas ultimamente
eu parecia estar correndo atrás de monstros grandes demais e malvados demais. Eventualmente, eu iria perder.
Com isso, eu poderia ser capaz de viver, mais ou menos. Mas isso custar a vida de Jean-Claude ou Richard? Com isso eu não podia viver. Eu tinha todas as razões para
fazer isso, e ainda assim eu parei ali olhando Jean-Claude, meu coração batendo na minha garganta, minhas defesas firmemente nos lugar. A parte da frente do meu
cérebro sabia que isso era necessário. A parte de trás não tinha tanta certeza.
- Quando eu largar minha defesa, e aí?
- Nós nos tocamos. - Ele disse.
Eu respirei fundo e deixei o ar sair como se eu estivesse prestes a correr em uma corrida. Então eu larguei minhas defesas. Não era como quebrar uma parede de pedra,
era como absorver ela de volta ao meu psíquico. A torre apenas não estava ali de repente, e o poder de Jean-Claude me inundou. Não era apenas que eu tinha sentido
a atração sexual em força total, eu podia sentir a batida de seu coração na minha cabeça. Eu podia saborear a pele dele na minha boca. Eu soube que ele tinha se
alimentado hoje a noite, se bem que intelectualmente eu soube disso quando ouvi seu coração batendo. Agora, eu podia sentir que ele tinha se alimentado e estava
cheio de sangue de alguma pessoa.
Suas mãos se moveram até mim, e eu me joguei contra a parede. Sua mão continuou se movendo, e eu me afastei mais. Eu me afastei porque mais do que qualquer outra
coisa no mundo, naquele momento, eu queria que ele me tocasse. Eu queria sentir sua mão contra minha pele nua. Eu queria arrancar o vinil do seu corpo e ver ele
pálido e perfeito em cima de mim. A imagem era tão clara que eu fechei meu olho, negando isso, como se isso fosse ajudar.
Eu o senti na minha frente, soube que ele estava chegando mais perto. Eu me abaixei e estava de repente perto da mesa, deixando ele perto da parede. Eu continuei
me afastando e ele continuou me olhando. Alguém me tocou e eu gritei.
Asher estava segurando meu braço, me encarando com aqueles seus olhos pálidos. Eu podia sentir ele também, sentir o peso de seu olhar, o peso de seu poder na minha
mente. Aquilo era meu poder, mas eu percebi que por me proteger tão fortemente de Jean-Claude eu também me protegi de parte do meu próprio poder. Se proteger era
uma coisa difícil. Eu acho que ainda não tinha pego o jeito disso.
Jean-Claude se afastou da parede, estendendo uma mão esbelta para mim. Eu me afastei, a mão de Asher deslizando pelo meu baço enquanto eu me movia. Eu estava balançando
minha cabeça sem parar.
Jean-Claude andou lentamente na minha direção. Seus olhos estavam perdidos no azul absorvente, a pupila engolida pelo seu próprio poder. Eu sabia claramente, de
repente, que não era seu poder ou sua luxuria que tinha acendido seus olhos, era a minha. Ele podia sentir como meu corpo estava apertado, úmido, enquanto ele se
movia até mim. Não era nele que eu não confiava. Era em mim.
Eu dei um passo para trás e cai no pequeno degrau que guiava até a pista de dança. Alguém me pegou antes que eu acertasse o chão, braços fortes estavam em volta
da minha cintura, me pressionando contra a pele nua de um peito bem masculino. Eu podia sentir isso sem olhar. Eu estava sendo segurada sem esforço, meus pés fora
do chão, e eu conhecia esses braços, a sensação daquele peito, o cheiro daquela pele tão próxima. Eu virei meu rosto para trás e me vi encarando Richard.
5
Eu parei de respirar. Por estar de repente a centímetros dele depois desse tempo todo longe. Ele inclinou aquele dolorosamente lindo rosto em minha direção, e as
densas ondas de seu cabelo castanho caíram contra minha pele. Sua boca cobriu a minha, e eu acho que ia dizer ‘não’, ou me mover, mas duas coisas aconteceram de
uma só vez. O braço em minha cintura ficou mais firme, um movimento que foi quase doloroso. E então sua mão livre segurou meu queixo, meu rosto. O toque de suas
mãos, a força nelas me fez hesitar. Em um segundo eu estava olhando aqueles profundos olhos castanhos e no outro seu rosto estava perto demais e ele estava me beijando.
Eu não sei o que estava esperando, um beijo inocente, eu acho. Não foi inocente. Ele me beijou forte o suficiente para machucar, forte o suficiente para forçar minha
boca a se abrir, então ele entrou na minha boca e eu pude sentir os músculos dele, de seu maxilar, seu pescoço se movendo enquanto me segurava, me explorava, me
possuía. Eu deveria ter ficado brava, puta, mas não fiquei. Se ele não tivesse me segurado imóvel eu teria saído de seus braços e pressionado a frente do meu corpo
contra o dele. Mas tudo o que eu podia fazer era saborear sua boca, sentir seus lábios, tentar beber o máximo dele, como se ele fosse o melhor vinho e eu estivesse
morrendo de sede.
Ele finalmente se afastou de mim, o suficiente para ver seu rosto. Eu o encarei sem ar, como se meus olhos estivessem famintos só pela vista daquelas bochechas perfeitas,
da covinha que suavizava um rosto totalmente masculino. Não havia nada feminino em Richard. Ele era totalmente homem em várias formas.
As luzes pegaram vislumbres do dourado e cobre como fios elétricos no meio do profundo castanho de seu cabelo.
Ele me abaixou lentamente, me colocando no chão, todo aquele 1,80. Seus ombros eram largos, o peito grande, sua cintura estreita, barriga plana com uma fina linha
de cabelo escuro descendo ali e desaparecendo dentro de uma calça de vinil preta que ele estava usando. Mais vinil preto! Eu estava sentindo uma repetição aqui,
mas meu olhar viajou pelo seu corpo da mesma forma. Traçando seus ossos, me entretendo com coisas que não deveria, notando coisas que eu desejava não notar, porque
estávamos em público, e eu não estava planejando ver ele pelado hoje à noite. Botas até a altura do joelho completavam sua roupa. As únicas coisas que ele estava
usando na parte de cima de seu corpo eram braceletes de couro com metal e um colar combinando.
Uma mão tocou minhas costas, e eu pulei e me esquivei, me virando para poder ver o rosto dos dois, porque eu sabia quem estava atrás de mim. Jean-Claude parou ali,
olhos de volta ao normal.
Eu finalmente achei minha voz. - Você o chamou.
- Nós tínhamos um acordo de quem você ligasse primeiro contatava o outro.
- Você deveria ter me dito. - Eu disse.
Jean-Claude colocou suas mãos na cintura. - Eu não vou levar a culpa por isso. Ele quis que fosse uma surpresa, contra a minha vontade.
Eu olhei para Richard. - Isso é verdade?
Richard assentiu. - Sim.
- Por quê?
- Porque se eu jogasse limpo eu não teria ganho um beijo. Eu não pude suportar o pensamento de te ver hoje à noite e não te tocar.
Não foi só as palavras, como o olhar dele, o calor em seu rosto, que me fez ficar vermelha.
- Eu tenho jogado limpo hoje à noite, ma petite, e ainda assim estou sendo punido, em vez de recompensado.
Jean-Claude estendeu sua mão para mim. - Podemos começar com um beijo?
Eu estava de repente ciente de que estávamos na pista de dança, perto do pole e dos atores em espera. Nós tínhamos a atenção da audiência, e eu não queria isso.
Eu percebi uma coisa que não tinha percebido quando estava com minha torre no lugar. Quase todo mundo ali era metamorfo. Eu podia sentir a energia deles como um
ímpeto de calor elétrico e peludo, e eles podiam nos sentir também.
Eu assenti. De repente eu queria a privacidade que Jean-Claude tinha me oferecido antes. Mas olhando de Jean-Claude para Richard, eu percebi que não confiava em
mim mesma sozinha com eles. Se arranjassemos um quarto para nós, eu não poderia garantir que o sexo seria meramente metafísico. Admitir isso, mesmo para mim mesma,
era constrangedor. Mesmo sendo tão constrangedor fazer o que tínhamos de fazer em público, ainda era melhor do fazer em um lugar privado. Aqui eu sabia que iria
dizer ‘pare’, em qualquer outro lugar eu não tinha certeza. Eu não estava pensando nos leopardos. Eu estava pensando no jeito que meu corpo estava. Merda.
- Um beijo, por que não?
- Nós podemos arranjar um quarto. - Richard disse, com sua voz baixa.
Eu balancei minha cabeça. - Não, sem quartos.
Ele estendeu sua mão como se fosse me tocar, e um olhar foi o suficiente para ele deixar sua mão cair. - Você não confia em nós.
- Ou em mim. - Eu disse, suavemente.
Jean-Claude estendeu sua mão para mim. - Venha, ma petite, estamos atrasando o show deles.
Eu olhei sua mão por algumas batidas de coração, então a peguei. Eu esperei que ele me puxasse para junto do seu corpo, mas ele não fez isso. Ele parou com um palmo
de distancia entre nós. Eu olhei confusa para ele, e ele tocou meu rosto, gentilmente, tentativamente, dedos em cada lado do meu rosto, como borboletas hesitantes,
como se ele estivesse com medo de me tocar. Ele abaixou seu rosto em direção ao meu, enquanto seus dedos se firmavam mais em minha pele. Suas mãos deslizaram em
cada lado do meu rosto, me segurando como se eu fosse algo delicado que se quebraria.
Eu nunca o senti tão hesitante comigo, tão sem certeza. Mesmo quando seus lábios iam em direção aos meus eu me perguntei se ele estava fazendo isso assim de propósito,
para contrastar com a força total de Richard. Então seus lábios tocaram os meus, e eu parei de pensar. Era o mais suave dos toques, sua boca na minha. Ele me beijou
suavemente. Eu o beijei de volta, tão suavemente quanto ele, minhas mãos levantando, cobrindo as dele no meu rosto. Ele jogou aquele surpreendente cabelo negro em
um ombro, para que o lado direito de seu rosto ficasse nu à luz e o cabelo não ficasse no caminho do beijo. Eu desci uma mão por seu maxilar, traçando o formato
de seu rosto, sempre muito suavemente, enquanto nos beijávamos. Ele estremeceu com aquele toque suave da minha mão e o senti estremecer por baixo de minha mão trouxe
um som baixo na minha garganta. A boca de Jean-Claude pressionou a minha forte o suficiente para eu sentir suas presas contra meus lábios. Eu abri minha boca e deixei
ele entrar na minha, correndo minha língua entre aquelas pontas delicadas. Eu aprendi como dar um beijo francês em um vampiro, mas esse era um prazer perigoso, um
que tinha de ser feito com cuidado, e eu estava sem prática. Deslizando minha língua entre suas presas, eu me cortei. Foi uma dor rápida e cortante, e Jean-Claude
fez um baixo som gutural um segundo antes de eu sentir o gosto do sangue.
Suas mãos estavam de repente nas minhas costas, pressionando meu corpo contra o dele. O beijo nunca parou, a urgência crescia, até que ele estava se alimentando
da minha boca, tentando me beber.
Eu poderia ter me afastado, ou talvez não, mas no momento que nossos corpos se tocaram, foi tarde demais. Não havia volta, não havia ‘não’, não havia nada além das
sensações. Eu senti aquele vento gelado e brilhante que era sua aura tocar a minha. Por um momento tremulante nós estávamos pressionados juntos, nossa energia respirando
uma a outra, como duas grandes bestas. Então os limites que seguravam nossas auras no lugar, desapareceram. Pense nisso como se você estivesse fazendo amor e de
repente sua pele sumisse, se derramando contra a do seu parceiro, dentro do seu parceiro, te dando uma intimidade que você nunca imaginou, nunca planejou, nunca
quis.
Eu gritei e ele me ecoou. Senti nós dois começando a cair no chão, mas Richard nos pegou, nos segurando contra seu corpo, nos deitando gentilmente no chão. O poder
não passou por ele, e eu não sabia por quê.
O corpo de Jean-Claude estava em cima do meu, me prendendo contra o chão, sua virilha pressionada contra a minha. Ele mexeu seu quadril contra o meu, forçando minhas
pernas a se separarem, passando por suas pernas cobertas pelo vinil deslizante.
Eu o queria dentro de mim, queria ele dentro de mim enquanto o poder nos rodava.
Ele se levantou um pouco com seus braços, se inclinando para cima, forçando mais a parte de baixo de seu corpo contra o meu. E o poder aumentava em ímpetos na minha
pele, aumentava, aumentava como o deslumbrante momento antes de um orgasmo, quando você pode sentir aquilo crescer e te dominar, mas você não pode tocar aquilo.
Eu vi Richard se inclinar até mim como uma sombra escura contra todas as luzes. Eu acho que tentei dizer, não, mas nenhum som veio. Ele me beijou, e o poder acendeu,
mas ele continuava não fazendo parte daquilo. Ele beijou minha bochecha, meu queixo, meu pescoço, descendo cada vez mais, até que eu percebi o que ele estava fazendo.
Ele estava trilando o caminho até o chakra do meu coração, meu centro de energia.
Jean-Claude já tinha coberto um na minha base, minha virilha. O peito de Richard estava acima de mim, suave, firme, tentativamente perto, e eu levantei minha boca
até sua pele, então enquanto ele beijava meu corpo, ele mexia seu peito contra minha língua. Eu lambi uma linha molhada em seu corpo. Ele enfiou seu rosto dentro
da minha blusa e tocou acima do meu coração, e minha boca achou o coração dele no mesmo momento.
O poder não aumentou apenas, ele explodiu. Era como deitar no lugar certo em uma explosão nuclear, as ondas chocantes iam disparando pelo lugar, enquanto derretíamos
juntos no meio. Por um brilhante momento eu senti os dois dentro de mim, por mim, como se eles fossem o vento, poder puro, se derramando em mim, em nós. A eletricidade
quente de Richard zumbia em nós, o poder gelado de Jean-Claude se derramava em cima disso como sereno, e eu era algo grande e crescente, segurando aquele calor de
vida e frio de morte. Eu era os dois e nenhum. Nós éramos todos e ninguém.
Eu não sei se eu tinha desmaiado ou apenas me perdi no tempo por alguma razão metafísica. Tudo que eu lembro era que de repente eu estava deitada no chão, com Richard
caído do meu lado, prendendo um dos meus braços, seu corpo curvado em volta do meu peito e cabeça, suas pernas tocando abaixo o outro lado do meu corpo. Jean-Claude
estava caído em cima de mim, seu corpo pressionando o meu inteiro, com sua cabeça em um lado, descansando na perna de Richard. Os dois estavam com os olhos fechados,
suas respirações saiam pesadamente, igual a minha.
Tive que tentar duas vezes para dizer, sem ar, - Sai de cima de mim.
Jean-Claude rolou para o lado sem nunca abrir seus olhos. Ele cair forçou a perna de Richard a se mover mais para longe, então Jean-Claude e eu deitamos no semi-circulo
do corpo de Richard.
O salão estava tão quieto que eu pensei que só nós tínhamos sobrado ali. Como se as outras pessoas tivessem saído correndo por medo do que estávamos fazendo. Então
o salão se encheu de aplausos e gritos e outros sons animalescos que eu nem tinha palavras para descrever. O som era ensurdecedor, batendo contra meu corpo em ondas,
como se eu tivesse nervos em lugares que nunca tive antes.
Asher de repente estava parado acima de nós. Ele se ajoelhou do meu lado, tocando o pulso no meu pescoço.
- Pisque se puder me ouvir, Anita.
Eu pisquei.
- Consegue falar?
- Sim.
Ele assentiu e tocou Jean-Claude em seguida, passando sua mão na bochecha dele. Jean-Claude abriu seus olhos com o toque. Ele deu um sorriso que parecia significar
algo mais para Asher do que para mim, porque fez Asher rir. A risada era bem masculina, como se estivessem compartilhando alguma piada suja que eu não entendia.
Asher engatinhou em volta de mim até ajoelhar perto da cabeça de Richard. Ele jogou o cabelo de Richard para o lado, para poder ver seu rosto claramente. Richard
piscou para ele, mas não parecia estar tendo bom foco.
Asher abaixou mais até Richard e eu o ouvi dizer, - Consegue me ouvir, mon ami?
Richard tragou o ar, tossiu, e disse, - Sim.
- Bon, bon.
Custaram-me duas tentativas, mas eu tinha um comentário sagaz, e eu ia fazer ele. - Agora, todo mundo que consegue ficar em pé, levante suas mãos. - Nenhum de nós
se moveu. Eu me sentia distante, flutuando, meu corpo pesado demais para me mover. Ou talvez minha mente estivesse cheia de coisas demais para me fazer mover.
- Não tema, ma cherie, nós vamos acudir você. - Asher levantou, e foi como se fosse um sinal. Figuras se moviam na multidão. Eu reconheci três delas.
A roupa de couro preta que Jamil estava usando parecia ter sido feita para ele. Ele era o chefe de segurança de Richard, ou Skoff.
Shang-Da não parecia confortável com seu couro preto, mas aquele chinês de 1,70 nunca parecia confortável sem sua bela roupa alinhada e polida. Shang-Da era outro
Segurança do bando, o Hati. Sylvie ajoelhou do meu lado, parecendo esplêndida no vinil, seu cabelo castanho curto estava com reflexos avermelhados. Até que estava
bom, mas eu sabia que ela era conservadora o suficiente para isso ser temporário, provavelmente. Ela vendia seguros quando não estava sendo a segundo no comando
de Richard, sua Freki, e vendedores de seguros não tinham cabelos com aquela cor de vinho.
Ela sorriu para mim, usando mais maquiagem que jamais vi nela. Estava fantástico, mas não parecia realmente com a Sylvie. Pela primeira vez eu pensei sobre o quão
bonita ela era, e que ela era quase tão aparentemente delicada quanto eu.
- Eu te devia um resgate. - Ela disse. Uma vez um bando de vampiros grotescos tinha vindo até a cidade para dar ao Jean-Claude, Richard e eu uma lição. Eles pegaram
prisioneiros pelo caminho. Sylvie tinha sido um deles. Eu consegui libertar ela, e eu mantive a promessa de ver todo mundo que a tocou mortos. Foi ela que os matou
na verdade, mas eu os entreguei como punição. Ela mantinha alguns ossos como lembrança. Sylvie nunca reclamaria sobre eu ser violenta demais. Talvez ela pudesse
ser minha nova melhor amiga.
Os lobisomens ficaram em posição em volta de nós, olhando em volta como bons seguranças. Nenhum deles era fisicamente grande como os seguranças de Narcissus, mas
eu já tinha visto lobos lutarem, e músculo não era tudo. Habilidade contava, e um certo nível de agressividade.
Dois vampiros vieram ficar perto de Asher e os lobos. Eu não reconheci nenhum deles. A mulher era asiática com um cabelo brilhante e preto que caía em seus ombros.
O cabelo dela era quase da mesma cor e tinha o mesmo brilho da roupa de couro pregado em cada centímetro de seu corpo.
A roupa dela certificava que você olhasse seus altos e firmes seios, sua pequena cintura, e as voltas de seu quadril. Ela me deu um olhar nada amigável com seus
olhos escuros antes de virar suas costas para mim e ficou parada, mãos em seus lados, esperando. Esperando pelo que, eu não tinha certeza.
O segundo vampiro era um homem não muito mais alto que a mulher, com cabelos castanhos que haviam sido raspados perto da cabeça, exceto por uma mecha brilhante e
reta em cima que ia até a metade de seus olhos. Ele me olhava com um sorriso, seus olhos castanhos tinham um tom de cobre, como se tivesse um traço de sangue neles.
Ele mudou sua atenção para outro lado, seus braços cruzados contra o couro preto em seu peito.
Eles também estavam agindo como bons seguranças olhando ao redor, deixando a multidão saber que mesmo que não conseguíssemos levantar, eles estavam ali. Confortador,
eu acho.
Jason engatinhou por entre as pernas das pessoas, sua cabeça caída, como se ele estivesse quase que cansado demais para mover. Ele levantou seus olhos azuis para
mim e seu olhar era quase tão sem foco quanto eu me sentia.
Ele me deu uma pequena versão de seu sorriso de sempre e disse, - Foi bom para você?
Eu estava me sentindo bem o suficiente para tentar me sentar, mas eu não consegui. Jean-Claude disse. - Deite mais um pouco, ma petite.
Já que eu não tinha escolha, eu fiz o que ele sugeriu. Eu deitei encarando o teto distante e escuro com fileiras de luzes. Eles tinham desligado a maioria delas,
então o clube estava quase em escuridão total. Era como se houvesse só uma pequena luz, como quando você fecha as cortinas durante o dia.
Eu senti Jason deitar do meu outro lado, sua cabeça descansando na minha coxa. Não há muito tempo atrás eu teria feito ele sair dali, mas eu passei meu tempo fora
aprendendo a ficar confortável perto de leopardos. Isso me fez ficar mais tolerante com todo mundo, aparentemente. - Por que você está cansado?
Ele girou sua cabeça para me olhar, sem levantá-la da minha perna, uma mão na minha barriga como se fosse para manter seu equilíbrio. - Você jogou sexo e mágica
pelo clube todo e você me pergunta por que estou cansado? Você é muito sedutora.
Eu franzi a testa para ele. - Mais um comentário assim e eu te faço sair daí.
Ele esfregou seu rosto contra minha meia calça. - Eu posso ver que sua roupa de baixo combina.
- Sai de cima de mim, Jason.
Ele deslizou para o chão sem que eu pedisse duas vezes. Ele nunca podia deixar nada passar, não o nosso Jason. Ele sempre tinha que fazer a última piadinha, o último
comentário e esse tinha sido demais. Eu me preocupava que algum dia ele ia acabar machucado, ou pior, algum dia fazendo essas piadinhas com qualquer outra pessoa.
Richard se levantou em um cotovelo, movendo lentamente como se não tivesse certeza que tudo nele estava funcionando. - Eu não sei se me sinto melhor do que nunca,
ou pior.
- Parece à combinação de uma ressaca e uma gripe para mim. - Eu disse.
- E ainda assim, é bom. - Jean-Claude disse.
Eu finalmente tentei me levantar e os dois tinham uma mão nas minhas costas para me apoiar, como se o movimento deles tivesse sido simultâneo.
Eu, na verdade, me inclinei contra as mãos deles em vez de dizer para eles tirarem elas dali. Um, eu ainda estava vacilante; dois, eu não achava esse contato físico
desagradável. Todos esses meses tentando fazer os leopardos entrarem em um grupo amigável e cooperativo e fui eu que acabei aprendendo sobre coisas amigáveis e cooperativas.
Fui eu que aprendi que nem toda mão ajudando é uma ameaça à minha independência. Fui eu que aprendi que nem toda oferta de ficar junto era uma armadilha ou uma mentira.
Richard se sentou primeiro, lentamente, mantendo sua mão nas minhas costas. Então Jean-Claude se sentou, também mantendo sua mão firme nas minhas costas. Eu os senti
trocarem olhares. Esse era o momento que eu normalmente me afastava. Nós tivemos um sexo fantástico, metafísico ou qualquer coisa, e essa era minha deixa para fugir
e me esconder. O braço de Richard deslizou cuidadosamente acima das minhas costas, indo para meus ombros. O braço de Jean-Claude se moveu para baixo, em volta da
minha cintura. Os dois me colocaram na curva de seus corpos como se eles fossem uma grande poltrona de vinil com uma pulsação.
Alguns dizem que esse momento durante o sexo, quando ou você tem um orgasmo, ou você libera sua aura, que você mescla as energias, mescla vocês mesmos juntos. Você
divide muito mais que apenas seu corpo durante o sexo, é uma das razões que você tem que ser cuidadosa ao escolher o parceiro.
Apenas sentar ali com eles era assim. Eu podia sentir a energia deles movendo por mim, como uma pequena corrente, um zumbido distante.
Com o tempo eu tinha quase certeza que o som ficaria mudo - viraria algo que você consegue ignorar, como se proteger de forma psíquica e não ter mais que concentrar
nisso. Mas agora era como se fossemos sempre andar por aquele brilho como o de um sonho onde você ainda está conectada, ainda não voltou para sua pele. Eu não os
afastei porque eu não queria. Afastar eles seria algo redundante. Nós não precisávamos nos tocar mais. E isso deveria ter me assustado mais do que qualquer coisa,
mas não assustou.
Narcissus apareceu no meio da minha visão e uma suave luz caia nele, crescendo cada vez mais. - Bem, meus amigos, nós tivemos um espetáculo hoje à noite, não tivemos?
Mais aplausos, gritos, e sons animalescos encheram a obscuridade. Narcissus levantou suas mãos até que a multidão quietasse. - Eu acho que nós tivemos nosso clímax
da noite. - Uma pequena risada aí. - Nós vamos deixar nosso show para amanhã, porque fazer um show menor do que vocês viram seria desonra para o que oferecemos aqui.
A mulher, que ainda estava em pé acima da pista de dança com seu roupão, disse, - Eu não posso competir com isso.
Narcissus mandou um beijo para ela. - Não é uma competição, doce Miranda, é que todos nós temos nossos talentos. Alguns apenas são mais raros que outros. - Ele virou
e nos encarou quando disse essa última parte. Seus olhos estavam pálidos e estranhamente coloridos, e me levou um segundo para perceber que os olhos de Narcissus
tinham transformado nos de sua besta. Olhos de hiena, eu acho, se bem que sinceramente, eu não sabia como olhos de hienas eram. Eu apenas sabia que aqueles não eram
olhos humanos.
Ele ajoelhou do nosso lado, alisando seu vestido em um gesto automático e estranho, que eu nunca tinha visto um homem fazer antes. Mas claro, ele também era o primeiro
homem que eu vi em um vestido. Provavelmente havia ali uma causa e um efeito.
Narcissus abaixou sua voz. - Eu adoraria falar com você em particular sobre isso.
- Claro. - Jean-Claude disse. - Mas primeiro nós temos outros negócios.
Narcissus se inclinou para mais perto, abaixando sua voz até ser necessário inclinar para perto dele para ouvi-lo. - Enquanto meus dois guardas estiverem com os
leopardos dela, nenhum dano será feito. Há tempo para conversarmos. Ou devo dizer seus leopardos, com certeza agora, o que pertence a um, pertence a todos. - Ele
tinha se inclinado tanto que sua bochecha estava quase tocando Jean-Claude de um lado e a mim no outro.
- Não. - Eu disse. - Os leopardos são meus.
- Realmente. - Narcissus disse. Ele virou seu rosto aquela fração de centímetro e roçou seus lábios contra os meus. Talvez tivesse sido um acidente, mas eu duvidava
disso. - Você não divide tudo, então?
Eu movi meu rosto para longe para não nos tocarmos. - Não.
- Bom saber. - Ele sussurrou. Ele inclinou para frente e pressionou sua boca na de Jean-Claude. Eu estava confusa, congelada por um momento me perguntando exatamente
o que eu deveria fazer.
Jean-Claude sabia exatamente o que fazer. Ele colocou um dedo no peito do homem e o empurrou, não com músculo, mas com poder. O poder das marcas, o poder que há
minutos antes tínhamos solidificado. Jean-Claude fez isso como se tivesse feito milhares de vezes antes, sem esforço, graciosamente, seguro.
Narcissus foi empurrado dele em um ímpeto de poder invisível que eu pude sentir passando pelo meu corpo. E eu sabia que a maioria das pessoas ali pôde sentir também.
Narcissis continuou no chão, encarando Jean-Claude, encarando todos nós. O olhar em seu rosto era de raiva, mas havia mais fome que raiva, uma fome negada.
- Nós precisamos falar em particular. - Narcissus insistiu.
Jean-Claude assentiu. - Isso será melhor, eu acho.
Havia um peso de várias coisas não ditas nessa pequena frase. Eu senti a confusão de Richard como se fosse um espelho de mim, antes de eu virar minha cabeça e olhar
para ele. O movimento colocou nossos rostos perto o suficiente que quase podíamos ter nos beijado. Eu podia dizer apenas pela expressão de seus olhos que ele não
sabia o que estava acontecendo. E ele parecia saber que eu podia ver isso, porque ele não se incomodou em encolher os ombros ou fazer qualquer outro movimento. Não
era telepatia, mesmo uma pessoa de fora vendo as coisas assim. Era mais extremo que telepatia, como se eu pudesse ler cada nuance de seu rosto, as pequenas coisas,
e saber o que significavam.
Eu ainda essa pressionada no circulo dos braços de Richard e Jean-Claude, um estranho amontoado de peles tocando - minhas costas, o peito de Richard e sua barriga,
o braço de Jean-Claude. Havia algo inacreditavelmente certo sobre nos tocarmos, sobre a proximidade. Eu senti a atenção de Jean-Claude mudar antes que eu movesse
minha cabeça para olhar em seus olhos.
O olhar naqueles olhos absorventes seguravam um mundo de coisas não ditas, não perguntadas, tudo tão tremulantemente perto. Porque, por uma vez, ele não via nos
meus olhos as barreiras que mantinham as palavras presas. Tinha que ser as marcas unidas que estavam me afetando, mas nessa noite eu acho que ele poderia me pedir
qualquer coisa, qualquer coisa, e eu não tinha certeza se diria não.
O que ele finalmente disse foi, - Podemos nos recolher à privacidade para discutir negócios com Narcissus?
Sua voz estava suave como sempre. Apenas seus olhos seguravam uma incerteza e uma urgência tão grande que quase não havia palavras para descrever. Todos nós esperamos
tanto pela minha rendição. Eu sabia que essa frase não havia sido minha. Isso soava mais com algo que Jean-Claude pensaria, mas com Richard também pressionado no
meu corpo, eu não tinha realmente certeza sobre quem tinha pensado isso. Eu apenas sabia que não tinha sido eu.
Mesmo antes das marcas se unirem assim eu tive momentos como esse. Momentos em que os pensamentos deles invadiam os meus, encobriam os meus. As imagens eram piores
- vislumbres de pesadelos de alimentações de corpos quentes de animais, de sangue de alguma pessoa desconhecida sendo tomado. Tinha sido misturado assim, essa perda
de você mesma, isso me aterrorizava, me mandava correndo para qualquer coisa que mantivesse inteira - me mantivesse eu mesma. Hoje à noite, isso apenas não parecia
ser importante. Definitivamente era um efeito pós união metafísica de marcas. Mas saber o que as coisas são não faz com que elas desapareçam. Isso era perigoso hoje
à noite.
Jean-Claude disse. - Ma petite, você está bem? Eu estou me sentindo muito melhor, energizado de fato. Você ainda está vacilante?
Eu balancei minha cabeça. - Não, eu estou bem. - Bem realmente não cobria. Energizada era uma boa palavra para isso, mas havia outras. Quanto tempo levaria para
resgatar os leopardos desse outro desastre? A noite não era uma criança e o amanhecer estava chegando, e eu queria estar sozinha com eles antes disso. Eu percebi
com um ímpeto que correu por todo meu corpo que hoje a noite era isso. Se conseguíssemos alguma privacidade sem sermos interrompidos, que todas as coisas seriam
possíveis de repente.
Richard e Jean-Claude se levantaram, o vampiro em um movimento gracioso como se não tivesse ossos e o lobisomem com pura energia. Eu olhei para eles enquanto eles
levantavam e eu estava de repente ansiosa para que os negócios terminassem. Eu não estava preocupada com os leopardos tanto quanto deveria estar, e isso não me incomodou.
Seja lá o que esse efeito era estava me distraindo das coisas mais importantes. Salvar os leopardos era o porquê de estarmos ali. Foi a primeira vez que eu realmente
pensei neles naquele momento.
Eu balancei minha cabeça tentando limpar o sexo, a mágica e o peso de possibilidades nos olhos de Richard. Os olhos de Jean-Claude estavam mais cuidadosos, mas ele
sempre era cuidadoso quando eu estava envolvida.
Eu estendi minhas mãos para os dois. Eu nunca pedia ajudar para levantar ao menos que estivesse sangrando ou algo estivesse quebrado. Os dois trocaram olhares e
então estenderam suas mãos para mim, de novo em perfeita sincronia, como dançarinos de uma coreografia, como se soubessem o que o outro iria fazer.
Eles podiam sentir o meu desejo, mas ele sempre esteve ali; isso não dizia nada a eles. Eu segurei suas mãos e deixei eles me puxarem, me deixando em pé. Os dois
ainda pareciam incertos, quase desconfiados, como se estivessem esperando que eu me afastasse deles e saísse correndo por causa da intimidade de tudo. Eu tive que
sorrir. - Se conseguirmos deixar todos a salvo até antes de amanhecer, tudo é possível.
Eles trocaram outro olhar entre eles. Jean-Claude fez um pequeno movimento, como se estivesse encorajando Richard. Foi um pequeno aceno com a cabeça, como se disse,
vá em frente, pergunte..
Normalmente, ver os dois tramando nas minhas costas iria me deixar puta, mas não hoje à noite.
- Você quer dizer... - Richard deixou a frase trilhar.
Eu assenti e a mão de Richard apertou a minha. A mão de Jean-Claude estava estranhamente quieta na minha. - Você percebe, ma petite, que essa nova... - ele hesitou,
- boa vontade, pode ser produto da união das marcas hoje à noite. Eu não quero que você nos acuse depois de tramar coisas.
- Eu sei o que é, e eu não ligo. - Eu deveria me importar, mas não me importava. Era como estar bêbada, ou drogada, e mesmo pensar isso não fez nenhuma diferença.
Eu estava olhando para Jean-Claude e vi-o soltar a respiração que estava segurando. Eu senti Richard fazer o mesmo. Era como se um grande peso tivesse sido tirado
dos dois. E eu sabia que eu era esse peso. Eu tentaria não ser um daqui pra frente. - Vamos acabar com isso e ir buscar os leopardos. - Eu disse.
Jean-Claude levantou minha mão até sua boca, roçando meus dedos contra seus lábios. - E sair desse lugar. - Eu assenti. - E sair desse lugar. - Eu disse.
6
Eu estive reclamando para Jean-Claude por anos que seu esquema de decoração era muito monocromático, mas uma olhada para o quarto de Narcissus e eu sabia que devia
ao Jean-Claude um pedido de desculpas.
O quarto era feito em preto, e eu quero dizer preto. As paredes, o chão de madeira de lei, as cortinas penduradas, a cama. A única cor na sala era as correntes de
prata e os acessórios cor de prata penduradas nas paredes. A cor do aço parecia acentuar a escuridão em vez de aliviá-la. Correntes pendiam do teto acima da cama
enorme. Era maior do que uma king-size. O único termo que me veio à mente era tamanho-para-orgia. A cama tinha quatro pilares, com a maior e mais pesada madeira
escura que eu já vi. Mais correntes pendiam dos quatro pilares, fixado em pesados anéis permanente. Se eu estivesse em um encontro, eu teria virado e corrido por
causa disso. Mas não era um encontro, e todos nós caminhamos para dentro.
Meu conhecimento sobre a maioria das pessoas que estavam em D e S era que seus quartos eram separados dos seus - calabouços -. Talvez próximo, mas não no mesmo quarto.
Você precisava de algum lugar para ir dormir de verdade. Talvez Narcissus apenas nunca descansasse da diversão e dos jogos.
Havia uma porta na parede oposta, e as cortinas foram elaboradas ao longo do meio de uma parede. Talvez seu verdadeiro leito estivesse por trás da porta número dois
ou as cortinas. Eu esperava que sim.
A única cadeira no quarto tinha faixas atadas a ela, então Narcissus nos ofereceu a cama para nos sentar. Eu não sabia se eu teria sentado ou não, mas primeiro Jean-Claude
e então Richard sentaram. Jean-Claude se ajeitou contra a colcha preta como fazia tudo, com graça, ajeitando seu corpo contra os travesseiros como se ele se sentisse
completamente confortável. Mas foi Richard quem me surpreendeu. Eu esperava ver nele algum do desconforto que eu sentia sobre o quarto, mas ele não parecia nem um
pouco inconfortável. De fato, eu percebi pela primeira vez que a pesada braçadeira de couro em seus pulsos e a gargantilha em sua garganta tinha metal presos neles,
assim eles poderiam ser atados às correntes ou coleiras. Ele teria provavelmente vestido elas para que ele pudesse se misturar no clima do clube, assim como eu usei
as botas. Mas... Mas eu podia sentir que ele estava calmo sobre o quarto e tudo nele. Eu não estava.
Eu olhei para o Jean-Claude e o Richard e sabia que eu tinha decidido dormir com os dois hoje à noite, de alguma forma. Mas vendo eles na cama no meio de tudo isso,
observando eles se sentindo a vontade nisso, me fez pensar sobre a minha decisão. Fez-me pensar que talvez, depois de todo esse tempo, eu ainda não sabia no que
eu estava me enfiando.
Asher estava andando pelo quarto olhando para as coisas na parede. Eu não podia lê-lo como eu podia ler os outros, mas ele também parecia calmo e eu não achava que
era uma atuação. Narcissus tinha se movido pelo quarto com Ajax em suas costas. Ele tinha concordado em deixar todo mundo no corredor, ou lá embaixo, em troca de
nós deixarmos nossos lobos extras do lado de fora do quarto. Eu acredito que para uma verdadeira privacidade, você precisa menos que dois dígitos de pessoas em uma
sala.
Richard segurou sua mão para mim. - Está tudo bem, Anita. Nada nessa sala pode te machucar sem sua permissão e você não vai dá-la. - Esse comentário não era exatamente
o conforto que eu queria, mas eu acho que era a verdade. Eu costumava acreditar que a verdade era boa, mas eu comecei a perceber que não era nem boa, ou má. É apenas
a verdade. A vida era mais simples quando eu acreditava no branco e preto absoluto.
Eu peguei sua mão e o deixei me carregar para a cama, entre o Jean-Claude e ele mesmo. Bem, Narcissus já tinha feito um jogo com Jean-Claude, então eu acho que nós
precisávamos reafirmar a mensagem de não toque. Mas ainda me incomodava que Richard me colocou entre eles, e não apenas ao seu lado. O sentimento íntimo, indistinto
que tive desde o casamento das marcas parecia estar retrocedendo a um ritmo alarmante. Mágica faz isso às vezes.
Me senti tensa e inconfortável na cama preta, entre os dois homens. - O que há de errado, ma petite? Você ficou de repente muito tensa.
Eu olhei para o Jean-Claude, levantando minhas sobrancelhas. - Eu sou a única aqui que não gosta desse quarto?
- Jean-Claude gostou muito desse quarto uma vez -, Narcissus disse.
Eu virei e olhei para o homem-hiena enquanto ele andava no quarto em seus pés de meia. - O que você quer dizer? - eu perguntei.
Jean-Claude respondeu, - Uma vez, eu me submeti a aproveitamentos indesejados porque me disseram que eu tinha que fazer. Mas esses dias são passado.
Eu olhei para ele e ele não encontrava meu olhar. Seus olhos eram somente para Narcissus, enquanto o outro homem andava ao redor da cama.
- Eu não lembro de você sendo relutante -, Narcissus disse. Ele se inclinou contra o pilar mais afastado da cama.
- Eu aprendi há muito tempo a fazer da necessidade uma virtude, - Jean-Claude disse. - Além do que, Nikolaos, a antiga Mestra da Cidade, me mandou a você. Você lembra
como ela era, Narcissus. Recusa de uma ordem não era permitido.
Eu tinha tido o desprazer de conhecer Nikolaos pessoalmente. Ela tinha sido muito, muito assustadora.
- Então eu fui uma obrigação desagradável. - Ele parecia nervoso.
Jean-Claude balançou sua cabeça. - Seu corpo é agradável, Narcissus. O que você gosta de fazer com seus amantes, se eles suportarem o dano, não é... - Jean-Claude
olhou para baixo como se ele estivesse procurando pela palavra certa, então levantou seus olhos cor de meia-noite para Narcissus e eu vi o efeito que aquele olhar
tinha no metamorfo. Narcissus olhou como se tivesse sido atingido entre os olhos com um martelo - um lindo, charmoso martelo.
- Não é o que? - Narcissus perguntou, sua voz rouca.
- Não é o meu gosto, - Jean-Claude disse. - Além do que eu não devo ter te agradado muito para você não ter feito o que meu último mestre desejava que você fizesse.
Eu era a razão que Nikolaos foi o último Mestre da Cidade. Ela estava tentando me matar, e eu tive sorte. Ela estava morta e eu não. E agora Jean-Claude era o Mestre
da Cidade. Eu não tinha planejado isso. O quanto disso Jean-Claude tinha planejado era ainda um ponto para debate. Não era preconceito da minha parte que me fazia
confiar menos nele do que Richard.
Narcissus colocou um joelho na cama, uma mão ainda em torno do pilar. - Você me agradou muito. - O olhar em seu rosto era muito íntimo. Eles deviam ter estado sozinhos
para essa conversa. Mas, mais uma vez, observando o jeito que Narcissus olhava para Jean-Claude, talvez isso não fosse uma grande idéia. De Jean-Claude tudo o que
eu senti era um sentimento de suavizar qualquer sentimento ferido. Mas eu estava apostando que se eu pudesse olhar dentro da cabeça de Narcissus eu encontraria um
tipo diferente de desejo.
- Nikolaos pensou que eu falhei com ela e me puniu por isso.
- Eu não podia me aliar com ela nem mesmo com você sendo meu brinquedo permanente.
Jean-Claude levantou as sobrancelhas para isso. - Eu não lembro disso sendo parte do acordo.
- Quando eu disse não pela primeira vez, ela melhorou a oferta. - Narcissus se arrastou pela cama. Ele ficou agachado sobre os braços e pernas, como se estivesse
esperando alguém vir em cima dele.
- De que maneira ela melhorou a oferta?
Narcissus começou a se arrastar pela cama, devagar, seus joelhos pegando a barra de seu vestido enquanto ele se movia. - Ela me ofereceu você para sempre, para fazer
o que eu desejasse.
Uma sensação de terror percorreu-me dos dedos até o topo da minha cabeça. Levei um segundo para perceber que não era o meu medo. Richard e eu viramos para Jean-Claude.
Seu rosto não mostrava nada. Era a sua habitual educada, atraente, quase entediada máscara. Mas nós dois podíamos sentir o frio grito de terror em sua mente com
a idéia de quão próximo ele tinha vindo a ser de Narcissus um permanente... convidado.
Encheu-o com um medo que era maior do que do metamorfo. Imagens passaram pela minha mente, lembranças. Acorrentada em meu estômago em madeira rudimentar, o som de
um chicote que vinha por trás, o choque disso atingindo a minha pele, e o conhecimento que era apenas o primeiro golpe. A onda de desespero que se seguiu à memória
me deixou piscando com lágrimas. Eu tinha uma imagem confusa de estar presa a uma parede, com uma mão podre de pus verde acariciando meu corpo. Em seguida, as imagens
se interromperam abruptamente, como se alguém tivesse apertado um interruptor. Mas o corpo em que a mão tinha feito um trajeto para baixo era do sexo masculino.
Eram as memórias de Jean-Claude, não minhas. Ele esteve projetando suas memórias em mim e quando ele percebeu, ele bloqueou.
Eu olhei para ele e não podia deixar o horror fora dos meus olhos. Meu cabelo escondeu meu rosto de Narcissus e eu estava agradecida, porque eu não podia ser indiferente
sobre o que eu tinha acabado de ver. Jean-Claude não olhou para mim, mas manteve seus olhos em Narcissus. Eu estava tentando não chorar e o rosto de Jean-Claude
não entregava nada.
Jean-Claude não estava lembrando-se do abuso de Narcissus, mas de outros, muitos, muitos outros. Não era a dor que eu levava a partir das memórias, mas o desespero.
O pensamento que eu... Não, ele. Ele não tinha possuído o seu próprio corpo. Ele nunca havia sido um prostituto, ou melhor, ele nunca tinha trocado sexo por dinheiro.
Mas, por poder, o capricho de quem quer que fosse seu mestre atual e, estranhamente por segurança, ele tinha trocado sexo por séculos. Eu saiba disso, mas eu o imaginei
como o sedutor. O que eu tinha acabado de ver não tinha nada a ver com sedução.
Um pequeno som veio de Richard e eu virei para ele. Seus olhos estavam brilhando com as lágrimas não derramadas e ele tinha o mesmo olhar paralisado de horror que
eu senti em meu próprio rosto. Nós nos olhamos por um longo momento silencioso, então uma lágrima caiu pelo seu rosto um segundo antes de uma linha quente de lágrimas
trilhar em minha própria face.
Ele moveu sua mão para mim e eu a tomei. E nós dois viramos para o Jean-Claude. Ele ainda estava olhando, até falando, apesar de eu não ouvir nada, com Narcissus.
O outro homem tinha se arrastado todo o caminho daquela imensa cama para estar em uma distância tocável de todos nós. Mas não era todos nós que ele queria tocar.
- Doce, doce, Jean-Claude, eu pensei que tinha esquecido você, mas vendo você esta noite no chão com eles dois me fez lembrar. - Ele foi em direção ao Jean-Claude
para tocá-lo e Richard agarrou seu pulso.
- Não toque nele. Nunca mais toque nele novamente.
Narcissus olhou de Jean-Claude para Richard e finalmente voltou para Richard. - Tanta possessão, deve ser amor verdadeiro. - Eu tinha uma visão privilegiada e assisti
os músculos nas mãos de Richard e seu antebraço tencionarem enquanto ele apertava aquele pulso delicado.
Narcissus riu, a voz trêmula, mas não com a dor. - Tanta força, tanta paixão, ele iria esmagar meu pulso apenas por tentar tocar seu cabelo? - sua voz carregava
um divertimento e o que eu finalmente percebi era excitação. Richard o tocando, o ameaçando, o machucando... Ele estava gostando.
Eu senti Richard perceber isso também, mas ele não soltou. Ao invés disso, ele empurrou o outro homem até que ele perdeu o equilíbrio e caiu contra seu próprio corpo.
Narcissus fez um som de surpresa. Richard manteve uma mão no seu pulso e ele colocou a outra no pescoço do homem. Não apertando, apenas ali, grande e escura contra
a pele pálida do Narcissus.
O guarda-costas, Ajax, tinha se movido da parede e Asher tinha se movido para encontrá-lo. As coisas poderiam ficar feias muito rápido aqui. Era geralmente eu que
perdia meu temperamento e fazia as coisas piores, não Richard.
Narcissus tinha que ter sentido, em vez de ver o movimento, porque Richard o tinha com as costas voltadas para o resto da sala. - Está tudo bem, Ajax, está tudo
bem. Richard não está me machucando. - Em seguida, Richard fez algo que fez parar a respiração de Narcissus na garganta e sair áspera. - Você pode esmagar o meu
pulso, se é preliminares, mas se não, então meu povo vai matar você, todos vocês. - Suas palavras eram razoáveis, seu tom não era. Você podia ouvir a dor em sua
voz, mas também houve antecipação, como se qualquer maneira que Richard respondesse, iria excitá-lo.
Jean-Claude falou. - Não dê a ele uma desculpa para nos ter à sua misericórdia, mon ami. Nós estamos em seu território hoje à noite, seus convidados. Nós devemos
a ele um dever de hóspede para seu anfitrião, contanto que ele não perca esse direito.
Eu não estava cem por cento certa do que um dever de hóspede para seu anfitrião era, mas eu estava disposta a apostar que esmagar seus membros não estava entre eles.
Eu toquei o ombro de Richard e ele pulou. Narcissus fez um som de protesto, como se Richard tivesse involuntariamente apertado sua mão.
- Jean-Claude está certo, Richard.
- Anita pede por sua temperança*, Richard, e ela é uma das pessoas com menos temperamento que eu já conheci. - Jean-Claude avançou, colocando a mão no outro ombro
de Richard, então nós dois o tocávamos. - Além disso, mon ami, ferindo este não vai desfazer o mal já feito. Nenhuma gota de sangue a menos terá sido derramada,
nenhum pedaço de carne a menos terá sido perdido, nenhuma humilhação terá sido impedida. Acabou, memórias não podem nos prejudicar.
Pela primeira vez eu me perguntei se Richard e eu tínhamos conseguido as mesmas memórias no flash de percepção partilhada. O que eu tinha visto tinha sido horrível,
mas não me afetou como o tinha afetado. Talvez fosse uma coisa entre homens. Talvez um homem branco, anglo-saxão, classe média alta como Richard tomaria as lembranças
de ser abusado e estuprado mais difícil do que eu. Eu era uma mulher. Eu sabia que coisas como essa pudesse acontecer comigo. Talvez ele nunca pensasse que poderia
acontecer com ele.
*Temperança significa equilibrar, colocar sobre limites.
Richard falou baixo, sua voz caiu para um rosnado, como se sua besta apenas se escondia por trás daquela bonita garganta. - Nunca o toque novamente, Narcissus, ou
vamos acabar com isto. - Em seguida, Richard devagar, com cuidado, deslizou suas mãos longe de Narcissus. Eu esperava que ele corresse, apertando o pulso machucado,
mas eu o subestimei, ou talvez superestimasse ele.
Narcissus segurou seu pulso, mas ele ficou pressionado contra o corpo de Richard. - Você quebrou ligamentos no meu pulso. Eles levam mais tempo para curar do que
um osso.
- Eu sei. - Richard disse suavemente. O nível de raiva naquelas palavras me fez hesitar.
- Com um pensamento eu posso dizer aos meus homens para deixar os leopardos dela à misericórdia de seus captores.
Richard olhou para Jean-Claude, o qual acenou. - Narcissus pode contatar seus homens... pela mente.
Richard colocou suas mãos nos ombros de Narcissus, para empurrá-lo para longe eu pensei, mas Narcisus disse, - Você revogou sua passagem livre me machucando contra
a minha vontade.
Richard congelou e eu podia sentir a tensão em suas costas, sentir a repentina incerteza.
- Sobre o que ele está falando? - eu perguntei. Eu não tinha nem certeza para quem eu estava perguntando.
- Narcissus tem um pequeno exército de homens-hiena dentro do prédio e em torno do prédio como guardas. - Jean-Claude disse.
- Se os homens-hiena são tão poderosos, então porque todo mundo não fala deles do mesmo jeito que os lobos ou os ratos? - eu perguntei.
- Porque Narcissus prefere ser o poder atrás do trono, ma petite. Significa que os outros metamorfos estão constantemente arranjando por favores com presentes.
- Como Nikolaos usou você. - Eu disse.
Ele assentiu.
Eu olhei para Richard. - O que você tem dado a ele?
Richard se afastou de Narcissus. - Nada.
Narcissus virou na cama, ainda segurando seu pulso. - Isso está para mudar.
- Eu acho que não. - Richard disse.
- Marcus e Raina tinham um acordo comigo. Eles e os ratos ditaram que as minhas hienas não poderiam crescer acima de 50 em número. Para isso acontecer eles usavam
presentes, não ameaças.
- As ameaças estavam sempre ali, - Richard disse. - Guerra entre você, nós e os ratos, com você no lado perdedor.
Narcissus encolheu os ombros. - Talvez, mas você não se perguntou o que eu estive fazendo desde que Marcus morreu e você assumiu? Eu imaginava quando os presentes
iriam começar a chegar, mas ao invés disso todos os presentes pararam, até mesmo os que eu comecei a contar. - Ele olhou para mim, então. - Alguns daqueles presentes
eram seus para me dar, Nimir-Ra.
Eu devo ter parecido tão confusa quanto eu me sentia, porque Jean-Claude disse, - Os leopardos.
- Sim, Gabriel, o antigo alfa deles, era um querido amigo meu. - Narcissus disse.
Como fui eu quem matou Gabriel, eu não estava gostando do rumo que essa conversa estava indo. - Você quer dizer que Gabriel deu alguns dos leopardos para você?
O sorriso de Narcissus me fez arrepiar. - Todos eles passaram um tempo aos meus cuidados, exceto Nathaniel. - Seu sorriso diminuiu. - Eu assumi que Gabriel mantinha
Nathaniel para si mesmo porque ele era o seu favorito, mas agora que você me disse o que Nathaniel é, eu sei que não era aquele motivo. - Narcissus se inclinou para
frente em seus joelhos. - Gabriel estava com medo de me dar Nathaniel, com medo do que nós faríamos juntos.
Eu engoli em seco. - Você cobriu sua reação muito bem quando eu contei a você.
- Eu sou um excelente mentiroso, Anita. Melhor lembrar-se disso. - Ele olhou para Richard. - Quanto tempo tem sido desde a morte de Marcus, um pouco mais de um ano?
Quando os presentes pararam de vir, eu assumi que o pacto estava no fim.
- O que você está dizendo? - Richard perguntou.
- Existe mais de quatrocentos homens-hiena agora, alguns novos, alguns recrutados de outro estado. Mas nós rivalizamos os ratos e os lobos agora. Você terá que negociar
conosco como iguais, ao invés de peões.
Richard disse, - O que você...
Jean-Claude interrompeu. - Vamos aos termos. - Eu senti o medo que estava por trás de suas palavras calmas, assim como Richard. Você não pergunta a um sádico sexual
o que ele queria. Você oferecia o que você estava disposto a dar.
Narcissus olhou para Richard. - Eles são os lobos de Jean-Claude agora, Richard? Você compartilha seu titulo de rei? - Seu tom era zombeteiro.
- Eu sou Ulfric, e eu irei estabelecer os termos, mais ninguém. - Mas a sua voz era cautelosa, o temperamento diminuiu. Eu nunca tinha visto Richard assim, e eu
não tinha certeza de que tinha gostado da mudança. Ele estava agindo mais como eu. Assim que eu pensei nisso, eu imaginei... Eu canalizei um pouco de sua besta,
um pouco do desejo de Jean-Claude, o que eles ganharam de mim?
- Você sabe o que eu quero, - Narcissus disse.
- Você seria sábio de não pedir por isso, - Jean-Claude disse.
- Se eu não posso tê-lo, Jean-Claude, então talvez assistir vocês três fazerem amor na minha cama seria suficiente para deixar os insultos de lado entre nós.
Richard e eu dissemos juntos, - Não.
Ele olhou para nós, e havia algo aborrecido em seus olhos. - Então me dê Nathaniel.
- Não. - Eu disse.
- Por uma noite.
- Não.
- Por uma hora, - ele disse.
Eu balancei minha cabeça.
- Um dos outros leopardos?
- Eu não irei dar ninguém do meu povo.
Ele olhou para Richard. - E você, Ulfric, você me dará algum de seus lobos?
- Você sabe a resposta, Narcissus. - Richard disse.
- Então o que você me ofereceria, Ulfric?
- Nomeie alguma coisa que eu estou disposto a dar.
Narcissus sorriu e eu tinha a consciência de Ajax e Asher se circulando enquanto eles sentiam a tensão subindo. - Eu quero ser incluído nas conferências que correm
entre a comunidade dos metamorfos nessa cidade.
Richard assentiu. - Tudo bem. Rafael e eu pensamos que você não tinha interesse político, ou você já teria pedido.
- O rei rato não conhece meu coração, assim como os lobos.
Richard levantou. - Anita precisa ir até o seu pessoal.
Narcissus sorriu e balançou sua cabeça. - Oh, não, Ulfric, não é assim tão simples.
Richard franziu as sobrancelhas. - Você está pra ser incluído nas decisões a serem feitas. Era o que você queria.
- Mas eu ainda quero presente.
- Não há presentes entre os ratos e os lobos. Nós somos aliados. Se você deseja ser um aliado então não haverá presentes, exceto que nós viremos ao seu auxílio quando
você precisar de nós.
Narcissus balançou sua cabeça novamente. - Eu não desejo ser aliado, para ser arrastado em cada disputa entre animais que não me interessam. Não, Ulfric, você não
me entendeu. Eu desejo ser incluído nas conferências que determinam política. Mas eu não desejo me amarrar a ninguém e ser arrastado em uma guerra que não fui nem
eu quem começou.
- Então o que você está pedindo? - Richard disse.
- Presentes.
- Subornos, você quer dizer. - Richard disse.
Narcissus encolheu os ombros. - Chame como você quiser.
- Não. - Richard disse.
Eu senti Jean-Claude ficar tenso um momento antes de Richard dizer isso. - Mon ami ...
- Não, - Richard disse e se virou para Jean-Claude. - Mesmo se ele pudesse matar todos nós, o que eu duvido, meus lobos, seus vampiros, eles iriam baixar nesse clube
e colocar abaixo tijolo por tijolo. Ele não irá arriscar isso. Narcissus é um líder cauteloso. Eu aprendi assistindo-o negociar com Marcus. Ele coloca sua própria
segurança e conforto acima de tudo.
- O conforto e segurança do meu povo acima de tudo, - Narcissus disse. Ele olhou para mim. - E de você, Nimir-Ra, o quão confiante você se sente? Você acha que se
eu mandasse meu povo matar seus gatinhos, os lobos e os vampiros iriam levantar um dedo para vingá-los?
- Você se esquece, Narcissus, que ela é também minha lupa, minha parceira. Os lobos irão defender quem ela disser para eles defenderem.
- Ah, sim, a lupa humana, a rainha humana dos leopardos. Mas não humana de verdade, certo?
Eu encontrei seu olhar e disse, - Eu preciso pegar meus leopardos. Obrigada pela hospitalidade. - Eu me coloquei de pé ao lado de Richard.
Narcissus olhou para Jean-Claude, o qual ainda se recostava na cama. - Eles realmente são tão inocentes? - ele perguntou ao Jean-Claude.
Jean-Claude deu um gracioso encolher de ombros. - Eles não são que nem nós, Narcissus. Eles ainda acreditam em certo e errado. E regras.
- Então me deixe ensiná-los uma nova regra. - Ele olhou para nós, ainda ajoelhado na cama, ainda usando o vestido de renda preta, e de repente seu poder irrompeu
diante dele em linhas de calor. Acertou no meu corpo como uma mão gigante, quase me fazendo cambalear. Richard me alcançou para me firmar e no momento que nos tocamos,
sua besta pulou entre nós em uma onda de calor que correu através do meu corpo em calafrios e arrepios. O corpo de Richard estremeceu e eu senti sua respiração,
nossa respiração, se agarrarem. Aquele poder sem palavras curvou-se entre nós e pela primeira vez eu percebi que o poder vinha dos dois caminhos. Eu pensava que
o que estava dentro de mim era um eco da besta de Richard, mas era mais que isso. Talvez tivesse sido diferente se eu não tivesse me separado dele por tanto tempo.
Mas agora o poder que uma vez tinha sido dele era meu. O calor se espalhou entre nós como duas correntes convergindo em um rio, dois fluxos de calor escaldante que
se espalhou em um rio que transbordou minha pele. Era tão quente que eu meio que esperava que minha pele se descascasse e revelasse a besta embaixo.
- Se ela se transformar, então meus homens estarão livres para entrar nessa luta. - A voz de Narcissus estava em choque. Eu acho que eu tinha esquecido que ele estava
lá, esquecido tudo a não ser o quente, quente poder fluindo entre Richard e eu. O rosto de Narcissus começou a crescer mais. Era como assistir uma vara se mover
atrás da argila.
Richard correu sua mão bem em frente do meu corpo, acariciando o poder que fluía da minha pele. Havia um olhar de suave assombro em seu roso. - Ela não vai se transformar.
Você tem a minha palavra, - Richard disse.
- Bom o bastante. Você sempre manteve sua palavra. Eu posso ser um sádico e masoquista, mas eu ainda sou Oba deste clã. - Sua voz tinha se tornado um estranho rosnar
estridente. - Você me insultou e, através de mim, tudo que me pertence. - Garras deslizaram de seus pequenos dedos até que ele levantou as garras curvadas, não mãos
absolutamente.
Jean-Claude veio se levantar ao nosso lado. - Venha, ma petite, deixe-os ter espaço para se manejarem.
Ele tocou minha mão e aquele poder escaldante derramou da minha pele para a dele. Ele desmoronou em seus joelhos, as mãos ainda pressionadas contra a minha pele,
como se o calor tivesse as fundido ali.
Eu me ajoelhei na sua frente e seu olhar levantou, um azul hipnotizante, a pupila perdida naquela onda de poder, mas não o seu poder. Ele abriu a boca para falar,
mas nenhum som veio. Ele me encarou e, julgando pelo olhar em seu rosto, ele se sentia perdido, oprimido.
- O que há de errado? - Asher perguntou do outro lado do quarto, ainda encarando Ajax.
- Eu não tenho certeza, - eu disse.
- Ele parece com dor, - Narcissus disse. Fez-me olhar para ele. Exceto seu rosto e mãos, ele ainda estava na forma humana. Os alfas poderosos podiam fazer isso,
mudanças parciais.
- O poder se derramou para ele, - Richard disse e sua voz carregava aquele limite de rosnado. Sua garganta estava escondida atrás da gargantilha de couro, mas eu
sabia que se eu pudesse ver a pele iria estar lisa e perfeita. Sua voz poderia uivar de sua boca como um cão sem qualquer alteração em sua aparência.
- Mas ele é um vampiro, - Narcissus disse. - O poder dos lobos deveria ser fechado para ele.
- O lobo é o seu animal de Chamado. -, Richard disse.
Eu olhei para o rosto de Jean-Claude a centímetros de distância, o observei lutar através do poder, quente e escaldante e sabia por que não estava lidando bem com
ele. Essa energia original, a vida e a batida da terra sob nossos pés, a pressa do vento nas árvores, as coisas da vida. E Jean-Claude por tudo o que ele andou e
conversou e flertou, não estava vivo.
Richard se ajoelhou ao nosso lado, e Jean-Claude deixou sair um pequeno gemido, meio que desmoronando contra mim.
- Jean-Claude!
Richard o rolou em seus braços e a coluna de Jean-Claude se curvou, sua respiração vinda em arfadas irregulares.
Narcissus estava sobre nós na cama. - O que há de errado com ele?
- Eu não sei, - Richard disse.
Eu coloquei uma mão na garganta de Jean-Claude. O pulso não estava apenas correndo, estava batendo como uma coisa presa. Eu tentei usar a habilidade que eu tinha
para sentir vampiros, mas tudo o que eu podia sentir era o calor da besta. Não havia nada frio ou morto no circulo de nossos braços.
- Deite-o no chão, Richard.
Ele olhou para mim.
- Faça isso!
Ele deitou Jean-Claude gentilmente no chão, as mãos ainda tocando seus ombros.
- Se afaste dele. - Eu fiz o que eu pedi de Richard, levantando e me movendo em torno do vampiro, empurrando Richard para trás com o meu corpo até que Jean-Claude
deitasse sozinho ao lado da cama.
O corpo de Narcissus tinha voltado ao normal, até que ele era o gracioso homem que nós conhecemos no andar de baixo. Ele tinha se movido para fora da cama sem ser
dito, mas se moveu em volta para que ainda pudesse ver.
Jean-Claude rolou lentamente para seu lado e moveu sua cabeça para nos olhar. Ele lambeu os lábios e tentou duas vezes antes que conseguisse falar. - O que você
fez comigo?
Richard e eu ainda estávamos em um casulo de calor. Suas mãos se se encostaram a meus braços, e eu estremeci contra ele. Seus braços fechados em volta da minha cintura,
e quanto mais nossos corpos se tocavam mais o calor aumentava em torno de nós, até que eu pensei que o ar muito devia tremer como o calor de um dia de verão de uma
estrada de alcatrão.
- Dividi o poder de Richard com você, - eu disse.
- Não, - Jean-Claude disse, e ele se levantou devagar para sentar, apoiado fortemente em seus braços. - Não apenas de Richard, mas você, ma petite, você. Richard
e eu dividimos muito, mas nunca aconteceu isso. Você é a ponte entre os dois mundos.
Asher falou. - Ela liga vida e morte.
Jean-Claude olhou para ele bruscamente, um olhar duro em seu rosto. - Exactement.
Narcissus falou. - Eu sabia que Marcus e Raina podiam dividir seus poderes, suas bestas, mas Anita não é um homem-lobo. Você não deveria ser capaz de dividir sua
besta entre vocês, lobo para leopardo.
- Eu não sou um homem-leopardo, - eu disse.
- Eu penso que a dama protesta demais, - Narcissus disse.
- Ou um homem-animal para vampiro, - Asher disse.
Eu olhei para o Asher. - Não começa
Ele sorriu para mim. - Eu sei que você não é, na verdade, um metamorfo, mas sua... mágica mudou por causa da adição de Richard. Há alguma coisa sobre você, que se
eu não soubesse melhor, eu diria que você é de fato um deles.
- Richard disse que lobo é o animal para chamar de Jean-Claude, - Narcissus disse.
- Isso não explica, - Asher disse. Ele se ajoelhou diante de Jean-Claude, indo para tocá-lo. Jean-Claude pegou sua mão antes que pudesse tocar sua face e Asher recuou.
- Você está quente ao toque. Não apenas cálido, quente.
- É como a agitação depois que nos alimentamos, mas mais... mais viva. - Ele nos olhos e seus olhos ainda estavam àquele azul que fazia nos afundar. - Vá salvar
seus leopardos, ma petite, e vamos nos retirar antes do alvorecer. Eu quero ver o quão quente, - ele respirou fundo e eu sabia que ele estava inalando o nosso cheiro,
- este poder irá crescer.
- É tudo muito impressionante, - Narcissus disse, - mas eu irei ter o meu pedido de carne.
- Você está começando a me dar nos nervos. -, eu disse.
Ele sorriu. - Seja como for, eu ainda tenho o direito de pedir para o insulto a ser vingado.
Eu olhei para Richard. Ele assentiu. Eu suspirei. - Você sabe que geralmente sou eu que se mete nesse tipo de problema.
- Nós não estamos com problemas ainda, - Richard disse. - Narcissus é arrogante. Porque você acha que eu não mudei? - Ele olhou para o homem menor.
Narcissus sorriu. - E eu aqui pensando que você era apenas músculo decorativo permanecendo atrás de Marcus.
- Você não irá lutar a não ser que fique sem opções, Narcissus, então chega de jogos. - Havia uma frieza na voz de Richard, uma firmeza que podia não ser examinada
ou fundamentada. De novo, parecia mais eu do que ele. O quão difícil os últimos meses foi para ele e seus lobos?
Há apenas poucas coisas que irão te endurecer tão rápido. Morte de alguém próximo a você; trabalho policial; ou um combate onde as pessoas estão realmente morrendo
ao seu redor. Na vida civil, Richard era um professor de ciência do colegial, então não era trabalho policial. Eu acho que alguém teria mencionado se ele tivesse
perdido alguém da família. Sobrava o combate. Com quantos adversários ele lutou? Quantos ele tinha matado? Quem tinha morrido?
Eu balancei minha cabeça para clarear os pensamentos. Um problema de cada vez. - Você não pode ter nenhum de nós, ou nosso povo, Narcisus. Você não vai começar uma
guerra por causa da recusa, então aonde isso nos leva?
- Eu irei tirar meus homens da sala com seus gatos, Anita. Eu irei fazer isso. - Ele veio ficar na minha frente, suas costas para os pilares da cama, uma mão brincando
com as correntes atadas a eles, fazendo o metal tinir. - As... pessoas que os têm não são terrivelmente criativas, mas eles têm certo talento bruto para dor. - Ele
me olhou com os olhos humanos novamente.
- O que você quer, Narcissus? - Richard disse.
Ele enrolou a corrente em torno de um pulso várias vezes. - Alguma coisa que valha a pena ter, Richard, alguém que valha a pena ter.
Asher disse, - Você quer meramente alguém para dominar, ou você está interessado em ser dominado?
Narcissus olhou de volta a ele. - Por quê?
- Responda a questão com sinceridade, Narcissus, - Jean-Claude disse. - Você pode descobrir que vale a pena.
Narcissus olhou de um vampiro para o outro, então de volta para Asher, em pé ali em sua vestimenta de couro marrom. - Eu prefiro dominar, mas com a pessoa certa
eu irei me permitir submeter.
Asher andou em nossa direção, fazendo seu alto, esbelto corpo balançar. - Eu irei te dominar.
- Você não precisa fazer isso, - Jean-Claude disse.
- Não faça isso, Asher, - eu disse.
- Nós encontraremos outra forma, - Richard disse.
Asher olhou-nos com os pálidos, olhos azuis. - Eu achei que você ia estar feliz, Jean-Claude. Eu finalmente concordei em tomar um amante. Não é isso que você queria
que eu fizesse? - Sua voz era suave, mas o escárnio veio através da mesma maneira, a amargura.
- Eu ofereci-lhe quase tudo em meu poder, e você tem recusado todos. Por que ele? Por que agora? - Jean-Claude ficou de joelhos, e eu ofereci-lhe uma mão, não cem
por cento certa de que eu deveria.
Ele olhou para a mão oferecida.
- Se você acha que é seguro, - eu disse.
Ele envolveu sua mão em torno das minhas e a energia fluiu em uma onda queimando a minha mão sobre a sua, para baixo do braço, e eu senti que atingiu seu coração
como um sopro. Ele fechou os olhos, influenciado por um segundo, então olhou para mim. - Foi inesperado na primeira vez. - Ele começou a ficar de pé, e Richard foi
para seu lado, assim nós o seguramos entre nós.
- Eu não sei se isso é bom para você, ou não, - eu disse.
- Você me enche com vida, ma petite. Você e Richard. Como isso pode ser ruim?
Eu não disse o óbvio, mas eu pensei isso demais. Se você pudesse preencher os mortos andando com a vida, você devia? E se você fizesse, o que aconteceria com o morto-vivo?
Tanto do que estávamos fazendo entre nós magicamente nunca tinha sido feito antes, ou apenas uma vez antes.
Infelizmente tivemos que matar o outro triunvirato que consistia em um vampiro, um lobisomem, e um necromante. Eles tinham tentando nos matar, mas ainda assim, eles
poderiam ter sido capaz de responder perguntas que ninguém mais poderia ter respondido. Agora nós estávamos apenas balançando no escuro, esperando que não nos feríssemos
um ao outro.
- Olhe para você, Jean-Claude, entre eles como uma vela com dois pavios. Você irá se queimar, - Asher disse.
- Esse problema é meu.
- Sim, e o que eu faço é problema meu. Você pergunta: ‘Por que ele?’ ‘Por que agora?’ Primeiro, você precisa de mim. Qual dos três de vocês estaria disposto a fazer
isto? - Asher se moveu ao redor de Narcissus, como se ele não estivesse lá, os olhos em Jean-Claude, em nós. - Oh, eu sei que você poderia tê-lo dominado. Você pode
fazer isso quando você quer, e fazer da virtude uma necessidade, mas ele o teve abaixo dele, e nada menos que isso o irá satisfazer. - Ele ficou perto o suficiente
para que a energia rodou para fora, em cima dele como um beijo de água do mar quente. Sua respiração saiu num suspiro estremecido. - Mon Dieu! - Ele deu um passo
para trás até seus pés tocarem a cama, então ele sentou-se sobre os lençóis pretos. Seu couro marrom não combinava tão bem como o resto de nós tinha.
- Tanto poder, Jean-Claude, e ainda nenhum de vocês desejam pagar o preço pelo ataque de temperamento de Richard. Mas eu irei pagar esse preço.
- Você conhece a minha regra, Asher. Eu nunca peço aos outros o que eu não estou disposta a fazer eu mesma, - eu disse
Ele me olhou curiosamente, o rosto não legível atrás da máscara, exceto seus olhos. - Você está se voluntariando?
Eu balancei minha cabeça. - Não. Mas você não precisa fazer isso. Nós vamos encontrar outra maneira.
- E seu eu quiser fazer isso? - ele perguntou.
Eu olhei para ele por um segundo e então encolhi os ombros. - Eu não sei o que dizer pra isso.
- Perturba você que eu talvez queira fazer isso, não é? - Seus olhos estavam intensos.
- Sim, - eu disse.
O olhar intenso moveu de mim para o Jean-Claude. - Perturba a ele, também. Ele se pergunta se eu estou arruinado e tudo o que resta para mim é a dor.
- Uma vez você me disse que tudo funcionava. Que você tinha cicatrizes, mas... funcional, - eu disse.
Ele piscou e olhou para mim. - Eu disse? Bem, um homem pode não gostar de admitir tais coisas a uma linda mulher. Ou um lindo homem. - Ele olhou para nós, mas a
única pessoa que ele estava realmente olhando era Jean-Claude. - Eu irei pagar o preço pela demonstração de força do nosso lindo Monsieur Zeeman. Mas eu não serei
o bode expiatório. Não dessa vez.
Nunca novamente pairou fortemente no ar, não dito, mas lá do mesmo jeito. Asher tinha tido duzentos anos em ficar à mercê das pessoas que tinham dado a Jean-Claude
as memórias que Richard e eu tivemos visto. Dois séculos mais desse tipo de cuidado e tormento. Quando Asher veio para nós, primeiramente ele tinha sido cruel, ocasionalmente.
Pensei que o tínhamos curado disso. Mas vendo o olhar em seus olhos agora, eu sabia que não tínhamos.
- E você sabe a melhor parte de tudo? - Asher perguntou.
Jean-Claude apenas balançou a cabeça.
- Irá causar dor a você pensar em mim com Narcissus. E mesmo depois de eu estar com ele, ele ainda não irá responder a questão que você esteve querendo, tão desesperadamente,
ter respondida.
Jean-Claude enrijeceu, apertando a mão na minha. Eu o senti fechar com força seus próprios escudos no lugar, nos mantendo fora do que ele estava pensando, sentindo
naquele momento. O poder quente que se envolvia entre nós começou a se dissipar. Jean-Claude havia se tornado parte do nosso circuito. Agora ele estava nos fechando
para fora, embora eu não ache que foi de propósito. Ele simplesmente não conseguia se proteger de nós e manter o fluxo.
Sua voz veio calma, em seu tédio usual, ainda cultivado tom, - Como você pode ter tanta certeza que ele não irá falar?
- Eu posso ter certeza do que eu posso fazer. E eu ainda não darei a ele a resposta que você quer.
- Que resposta? - eu perguntei. - Do que vocês estão falando?
Os dois vampiros olharam entre si. - Pergunte a Jean-Claude, - Asher disse.
Eu olhei para Jean-Claude, mas ele estava encarando Asher. De uma maneira, o resto de nós era supérfluo, uma audiência para um show que não precisava de uma.
- Você está sendo mesquinho, Asher, - Richard disse.
O olhar do vampiro se moveu para o homem ao meu lado, e a raiva naqueles olhos fez o azul se derramar através da pupila em um brilho fosco. Ele parecia cego. - Eu
não ganhei o direito de ser mesquinho, Richard?
Richard balançou sua cabeça. - Apenas diga a ele a verdade.
- Há três pessoas em seu poder que eu tiraria a roupa, que eu permitiria me tocar e responder a esta questão tão importante. - Ele levantou em um movimento gracioso,
como um fluido fantoche em cordas. Ele se aproximou o suficiente para o poder se derramar ao seu redor, trazendo sua respiração trêmula de seus lábios. O poder o
reconheceu, queimou mais forte, como se ele pudesse atuar como nosso terceiro, se não tivéssemos cuidado. Será que o poder só precisa de um vampiro, e não especificamente
Jean-Claude?
Richard fechou seu lado do poder, ressoando um escudo no lugar que me fez pensar em metal, forte e sólido, impenetrável.
Asher acariciou o ar logo acima do braço de Richard e teve que se afastar, esfregando as mãos em seus braços. - O poder se desvanece -. Sacudiu-se como um cão que
sai da água. - Se você dissesse que sim, o tormento dele podia acabar.
Eu franzi para os dois, não tendo certeza que eu acompanhava a conversa e não certa de que eu queria.
Asher virou os pálidos, olhos intensos para mim. - Ou, a nossa justa Anita. - Ele já estava balançando a cabeça. - Mas não, eu sei melhor do que pedir. Eu apreciei
chocar nosso tão heterossexual Richard por minha insinuação. Mas Anita não é tão facilmente provocada. - Ele chegou a ficar na frente de Jean-Claude. - E, claro,
se ele queria a resposta mal o suficiente, ele poderia fazer isso sozinho.
O rosto de Jean-Claude estava em seu mais arrogante. Quase tudo escondido. - Você sabe o porquê eu não faço.
Asher se moveu para ficar na minha frente. - Ele recusa a minha cama, porque ele tem medo que você iria... qual é a palavra americana... largá-lo, se você soubesse
que ele estava dormindo com um homem. Você iria?
Eu tive que engolir antes que pudesse responder. - Yeah.
Asher sorriu, mas não como se estivesse feliz, mais como se tivesse sido uma resposta previsível.
- Então eu irei ter prazer aqui com Narcissus e Jean-Claude ainda não saberá se eu ficar porque eu me tornei um amante de tais coisas, ou porque este tipo de amor
é tudo que sobrou para mim.
- Eu não concordei com isso, - Narcissus disse. - Antes que eu fique com a segunda - não, quarta escolha - deixe-me ver o que eu estou comprando.
Asher se levantou, virando para que o seu lado esquerdo ficasse na direção do homem-hiena. Ele abriu o zíper da máscara e levantou-a sobre a cabeça. Estávamos bastante
de lado para que eu pudesse ver aquele perfil perfeito. Seu cabelo dourado - e refiro-me de ouro - estava trançado ao longo da parte de trás de sua cabeça de modo
que não interferia com a vista. Eu estava acostumada a olhar para Asher através de uma película de cabelo.
Sem ele, as linhas do seu rosto eram como escultura, algo tão suave e encantador que você queria tocá-lo, traçar o movimento dele com as mãos, mergulhá-lo de beijos.
Mesmo após o pequeno show que ele colocou, ele ainda era bonito. Nada parecia mudar isso quando eu olhava para o Asher.
- Muito bom -, Narcissus disse, - muito, muito bom, mas eu tenho muitos homens bonitos ao meu sinal e chamada. Talvez não tão bonitos, mas ainda...
Asher virou o rosto para o homem. O que quer que Narcissus estivesse prestes a dizer, morreu em sua garganta. O lado direito do rosto Asher parecia cera de vela
derretida. As cicatrizes não começavam até bem longe da linha média do rosto. Era como se seus torturadores todos aqueles séculos atrás, o quisessem que tivesse
o suficiente para lembrar da perfeição que ele tinha sido. Seus olhos eram ainda com cílios dourados, o nariz perfeito, boca cheia e adorável, mas o resto... O resto
eram cicatrizes. Não arruinado, não estragado, mas cicatrizes.
Eu me lembrei da perfeição lisa de Asher, a sensação daquele corpo perfeito esfregando contra a minha. Não eram minhas memórias. Eu nunca tinha visto Asher nu. Eu
nunca o havia tocado desse jeito. Mas Jean-Claude tinha, cerca de duas centenas de anos atrás. Tornou-se impossível para mim olhar Asher com um olhar imparcial,
porque eu me lembrava de estar apaixonada por ele, na verdade, ainda estava um pouco apaixonada por ele. O que significava que Jean-Claude ainda estava um pouco
apaixonado por ele. Minha vida pessoal simplesmente não pode ficar mais complicada.
Narcissus soltou uma respiração trêmula e disse em uma voz rouca, os olhos grandes, - Oh, nossa.
Asher jogou a capa sobre a cama e começou a abrir o zíper à frente da camisa de couro, muito lentamente. Eu tinha visto seu peito antes e sabia que era muito pior
do que o seu rosto. O lado direito de seu peito foi esculpido com profundos caminhos, a pele dura ao toque. O lado esquerdo, como o seu rosto, ainda tinha aquela
beleza angelical que tinha atraído os vampiros para ele há muito tempo.
Quando o zíper estava na metade de seu corpo, descobrindo seu peito e abdômen, Narcissus teve que se sentar na cama como se suas pernas não iriam segurá-lo.
- Eu acho, Narcissus, - Jean-Claude disse, - que depois de hoje, você irá nos dever um favor. - Sua voz estava vazia quando ele disse isso, desprovido de qualquer
coisa. Era a voz que ele usava quando ela estava em seu momento mais cuidadoso, ou mais doloroso.
Asher perguntou em uma voz cuidadosa que quase não igualava o strip-tease que ele estava fazendo, - Quanta dor Narcissus aprecia ao começar - como vocês dizem -
com tudo?
- Bruto -, Jean-Claude disse. - Ele pode controlar seu desejo e não ultrapassar os limites de sua submissão, mas se ele vai ser dominado, então bruto, muito bruto.
Você não precisa de um período de aquecimento para esse. - A voz de Jean-Claude ainda estava vazia.
Asher olhou para Narcissus. - É verdade? Você gosta de começar com... vigor? - a ultima palavra foi lenta, sedutora. Uma palavra e carregou mundos de promessa com
isso.
Narcissus acenou lentamente. - Você pode começar com sangue, se você tiver coragem pra isso.
- Muitas pessoas têm que trabalhar nisso pra ser prazeroso, - Asher disse.
- Eu não, - Narcissus disse.
Asher acabou de abrir o zíper e abaixou a camisa de seus braços, segurou-a em suas mãos por um momento, então golpeou com um movimento tão rápido a imagem do borrão
ainda parecia persistir. Ele deu acertou o rosto de Narcissus com o zíper pesado uma vez, duas, três vezes, até que sangue apareceu no canto da sua boca e os seus
olhos pareciam desfocados.
Eu estava tão chocada com tudo isso que eu acho que esqueci de respirar. Tudo que eu podia fazer era olhar. Jean-Claude ficou muito quieto entre Richard e eu. Não
era aquela imobilidade absoluta que ele era capaz, que todos os mestres antigos eram capazes de fazer, e eu percebi por que. Ele não podia afundar nessa negra quietude
da morte com o toque persistente da - vida - que nós lançamos através dele.
Narcissus usou a ponta de sua língua para sentir o gosto do sangue na sua boca. - Eu sou um mentiroso talentoso, mas eu sempre dou uma troca justa. - Ele estava
de repente mais sério do que ele esteve, como se a provocação petulante fosse somente uma máscara e debaixo fosse uma pessoa mais solene, reflexiva. Quando ele olhou
pra cima, havia uma pessoa em seus olhos que eu sabia que era perigosa. O flerte era real, também, mas era uma camuflagem parcial para fazer todo mundo subestimá-lo.
Olhando em seus olhos, eu sabia que subestimá-lo seria uma coisa muito ruim.
Ele virou aqueles novos sérios para Asher. - Por isso, eu irei dever a vocês um favor, mas apenas um favor, não três.
Asher levantou suas mãos e desfez seu cabelo, deixando as pesadas ondas brilhantes cair em torno de seu rosto. Ele encarou o homem menor e eu não podia ver que olhar
ele deu, mas qualquer que fosse fez Narcissus parecer como um homem hipnotizado. - Eu sou digno de apenas um favor? - Asher disse. - Eu acho que não.
Narcissus teve que engolir seco duas vezes antes que pudesse falar. - Talvez mais. - Ele virou para nós e seus olhos ainda estavam brutos, reais. - Vá, salve seus
homens-leopardos, a quem quer que eles pertençam. Mas saibam disso, os que estão lá dentro são novos na nossa comunidade. Eles não conhecem nossas regras, e suas
próprias regras parecem severas para comparação.
- Você nos avisa, Narcissus, obrigado, - Jean-Claude disse.
- Eu acho que ele aqui não gostaria se você fosse machucado, não importa o quão bravo ele esteja com você, Jean-Claude. Eu estou prestes a deixá-lo me prender nessa
cama, ou na parede e fazer comigo o que ele desejar.
- O que eu desejar? - Asher perguntou.
O olhar de Narcissus voltou para ele. - Não, não qualquer coisa, mas até que eu use a palavra de segurança, sim. - Havia algo quase infantil na forma que ele disse
por último, como se ele já estivesse pensando no que estava para vir e não estivesse realmente se concentrando na gente.
- Palavra de segurança? - eu perguntei.
Narcissus olhou para mim. - Se a dor ficar muito forte, ou se alguma coisa for proposta que o escravo não queira, você usa a palavra que foi acertada. Uma vez que
a palavra é dita, o mestre deve parar.
- Mas você estará atado, você não será capaz de fazê-lo parar.
Os olhos de Narcissus estavam submergindo, submergindo em coisas que eu não entendia e não queria entender. - São ambos a confiança e o elemento de incerteza que
fazem isso funcionar, Anita.
- Você confia que ele irá parar quando você disser pare, mas você gosta do pensamento que ele possa não parar, que ele talvez continue, - Richard disse.
Isso fez com que eu o olhasse, mas eu capturei o aceno de Narcissus.
- Eu sou a única nesse quarto que não sabe como esse jogo é jogado?
- Lembre-se, Anita, - Richard disse, - Eu era virgem até a Raina me ter. Ela foi minha primeira amante, e seus gostos tendiam... para o exótico.
Narcissus riu com isso. - Um virgem nas mãos de Raina, que imagem mais assustadora. Nem eu deixaria ela me dominar, por que você via o que tinha em seus olhos.
- Via o que? - eu perguntei.
- Que ela não tinha um ponto para parar.
Ter quase sido a estrela em um de seus pequenos dramas, salva apenas pelo fato que eu tive que matá-la primeiro, eu tinha que concordar.
- Raina gostava mais se você não quisesse fazer isso, - Richard disse. - Ela era uma sádica sexual, não uma dominante. Levou-me um longo tempo para perceber que
há uma grande diferença entre os dois.
Eu olhei para cara dele, mas ele estava em segurança atrás de seus escudos, não pude lê-lo. Ele e Jean-Claude tinham mais prática em se proteger do que eu. Mas,
francamente, eu não quero saber o que estava por trás do olhar perdido no rosto de Richard. Percebi de repente que eu tinha as memórias de Jean-Claude, mas não de
Richard. Nunca me ocorreu perguntar por que disso. Mas depois, mais tarde. Agora eu queria estar fora deste quarto. - Eu quero sair daqui.
Jean-Claude se afastou delicadamente de nós para se por de pé por conta própria. - Sim, a noite está acabando, e temos muito a fazer.
Eu não olhei para ele, ou Richard. Eu realmente tinha prometido que se o amanhecer permanecesse à distância, teríamos sexo hoje à noite. Mas de alguma forma ao olhar
para as costas nuas de Asher, com Narcissus olhando para ele com um olhar entre a adoração e terror, eu simplesmente não estava mais no clima.
7
O corredor superior era longo, branco e vazio. Havia um papel de parede prata na beira do alto da parede; mais prata corria em linhas finas pelas paredes, um display
opulento, mas de bom gosto. Parecia um corredor de algum hotel de luxo. Eu não sabia se era camuflagem ou se Narcissus só gostava dessa maneira. Depois do techno-punk
preto lá debaixo e do próprio quarto Marquês de Sade de Narcissus era quase surpreendente, como se tivéssemos saído de algum pesadelo escuro para um mais calmo,
mais pacífico sonho.
Nós eramos os que pareciam deslocados. Todos nós em preto, muita pele aparecendo. Jamil subia as escadas com determinação, a parte de cima de seu corpo muscular
mostrando em tentativos vislumbres através de uma série de tiras de couro preto. A calça lhe servia o fino quadril como uma segunda pele, e eu aprendi há muito tempo
observando Jean-Claude se despir, que você não conseguia aquele alinhamento liso se tivesse uma roupa intima entre a pele e a calça. Ele virou, seu cabelo no estilo
linha de milho{1} até a cintura espraiando-se em torno dele. Ele era um contraste em escuridão, o preto do couro no escuro, castanho-escuro de sua pele. Ele se movia
como uma sombra naquele corredor branco.
Faust vinha seguindo. Ele era o novo vampiro que eu conheci lá embaixo. Com uma iluminação melhor, seu cabelo foi obviamente tingido de cor borgonha, como um tom
de vermelho errado, mas de alguma forma lhe convinha. Sua calça de couro estava coberta de zíperes mais do que parecia necessário para colocar e tirar e sua camisa
preta tinha um zíper na frente. Isso me lembrou de camisa Asher, exceto pela cor. Eu tentei não pensar muito sobre o que Asher poderia estar fazendo neste momento.
Eu ainda não sabia se Asher estava se vendendo por nós ou se ele realmente queria estar com Narcissus. Eu estava mais confortável com a idéia de auto-sacrifício.
Eu trilhei no meio com as duas mulheres atrás de mim. Sylvie ainda não parecia como ela para mim. A saia preta era tão curta, que quem quer que estivesse atrás dela
não poderia evitar ter um vislumbre do que estava por debaixo da saia. A meia-calça emoldurava suas pernas, fazendo-as parecer longas e bem modeladas, apesar dela
ser quase oito centímetros mais alta que eu. Ela também estava usando um salto agulha preto de sete centímetros, o qual dele ter dado a ilusão de pernas longas.
Seu top de couro mostrava uma linha muito discreta de pele do pescoço à cintura onde o cinto apertava em sua cintura fina. Seus seios pareciam ficar de forma mágica
em cada lado dessa linha na pele, como se eles estivessem sendo segurados por algo mais que um sutiã.
Ela sorriu pra mim, mas seus olhos já tinham mudado para aquela cor pálida de lobo. Eles não combinavam com a maquiagem impecável e o curto e encaracolado cabelo
castanho.
Meng Die vinha por último. Onde sua pele pálida mostrava, sobre a vestimenta de vinil, glitter sem cor brilhavam em seu corpo. Havia um toque de glitter nos cantos
de cada olho, complementando a sombra pálida e o dramático lápis. Ela era menor que eu, a estrutura facial mais delicada, menos seios, cintura mais fina, como um
pássaro gracioso. Mas o olhar que ela me deu era mais de um abutre do que um canário. Ela não gostava de mim e eu não sabia por quê. Mas Jean-Claude me assegurou
que ela faria o trabalho. Ele nunca era descuidado comigo, não com isso.
Faust simplesmente parecia achar divertido como o inferno tudo isso. Tudo fazia ele sorrir, agradavelmente. Muitos vampiros iam por aquela máscara arrogante pra
esconder o que sentiam. Ele parecia usar uma leve diversão. É claro, talvez Faust fosse apenas um cara alegre e eu estava sendo muito cínica.
Porque Jean-Claude e Richard não estavam comigo? Por que os homens-leopardos eram meus. Se eu levasse outros dominantes comigo, iria parecer fraqueza. Eu planejava
entrevistar outros alfas para cuidar dos homens-leopardos, mas até que eu encontrasse alguém para isso, eu era tudo o que eles tinham. Se as pessoas começassem a
pensar que eu era fraca, os leopardos estariam marcados como vítimas de todo mundo. Não iriam ser apenas metamorfos de fora que iriam tentar tirá-los de mim, iria
ser cada metamorfo na cidade. Era engraçado como muitos metamorfos podiam ser babacas, a não ser que você fosse forte o suficiente para pará-los.
Eu tinha que salvar os leopardos, não Richard, não Jean-Claude, eu. Mas eu tinha que ficar viva para fazer isso, por isso eu levei reforço. Eu sou teimosa, não idiota.
Apesar de que eu conheço poucas pessoas que talvez argumentariam isso.
Cada porta tinha um numero prata em sua superfície. De novo como um hotel muito discreto. Nós estávamos procurando pelo quarto numero nove. Não havia absolutamente
nenhum som de trás das portas. Os únicos ruídos que eu escutava eram os distantes sons da musica lá em baixo e do sussurro fraco do couro e vinil - o movimento dos
nossos corpos. Eu nunca tinha sido tão ciente de quão alto os sons baixos poderiam ser. Talvez fosse o estranho silêncio no corredor, ou talvez eu tenha ganhado
algo novo com o casamento das marcas. Escutar melhor não seria uma coisa ruim, seria? Muitos dos - poderes - que as marcas dos vampiros dão tendem a ser uma faca
de dois gumes, na melhor das hipóteses.
Eu sacudi os pensamentos sombrios e andei com o meu quarteto de guarda-costas pelo corredor acarpetado. Eu estava confiando que eles dariam a sua vida pela minha.
Isso é o que um guarda-costas faz. Jamil havia levado dois tiros por mim verão passado. Não era uma bala de prata ,então ele se curou, mas ele não sabia disso quando
ele se colocou entre o cano da arma e eu. Sylvie me devia, e uma mulher do tamanho dela não chega a ser o segundo no comando sem ser um metamorfo resistente. Eu
não confiava muito que os vampiros iriam desistir de suas semi-vidas por mim. Tive a experiência de saber que quanto mais tempo um semi-imortal vive, o mais firmemente
ele abraça a sua existência. Então eu contava com os lobos e sabia que poderia me virar com os vampiros. Não importava que Jean-claude confiou neles. Importava que
eu não. Eu teria preferido trazer apenas os metamorfos, exceto que se eu tivesse aparecido com nada além de lobos a minha volta seria dizer que eu não conseguiria
fazer isso sem a matilha do Richard. O que não é verdade. Ou talvez não seja totalmente uma mentira. Nós veríamos o quão atolados na merda estávamos quando abríssemos
a porta.
A sala nove estava quase no final do corredor. O prédio tinha sido um armazém, e no andar de cima simplesmente foi dividido em longos corredores com salas enormes
espalhadas ao longo deles. Jamil estava de pé ao lado da porta. Faust estava em pé na frente dele. Não era esperto.
Eu parei do outro lado da porta e disse, - Faust, os homens-hienas tiveram que tirar as armas desses caras.
O vampiro ergueu a sobrancelha arqueada para mim.
- Eles podem não ter achado todas as armas. -, eu disse.
Ele continuou olhando para mim.
Suspirei. Mais de cem anos de - vida -, poder o suficiente para ser um mestre vampiro e ele ainda era um amador. - Seria ruim estar no centro da porta quando um
tiro de uma espingarda passasse por ela.
Ele piscou, e um pouco de humor passou, mostrando a arrogância que a maioria dos vampiros adquirem, - Eu acho que Narcissus teria achado uma espingarda.
Apoiei meu ombro contra a parede e sorri para ele, - Você sabe o que é um Mata-Polícia?
Ele ergueu ambas as sobrancelhas para mim, - Uma pessoa que mata policiais.
- Não, é um tipo de munição que foi projetada para passar pelo colete a prova de balas. Os policiais não tem defesa alguma contra isso. Você pode carregar armas
que passam o colete na mão, Faust. Eu usei uma espingarda como exemplo, mas pode ser muitas coisas. E todas elas podem tirar seu coração, a maior parte da sua coluna
ou toda a sua cabeça, dependendo de onde o atirador estiver mirando.
- Saia da frente da porra da porta. - Disse Meng Die.
Ele virou e disse para ela com um olhar nada amigável, - Você não é minha mestra.
- Nem você o meu. - Ela disse.
- Crianças. - Eu disse. Ambos olharam para mim. Ótimo. - Faust, se você não vai ser útil, volte lá para baixo.
- O que eu fiz?
Olhei para Meng Die, encolheu os ombros e disse, - Saia da frente da porra da porta.
Eu podia ver seus ombros se apertarem, mas ele se curvou graciosamente em desacordo com o cabelo borgonha e do couro. - Como a senhora de Jean-Claude deseja, assim
será -. Ele deu um passo para o lado mais próximo de mim. Sylvie se moveu para perto de mim, não exatamente entre nós, mas quase. Isso me fez sentir melhor. Ficar
mandona perto de vampiros era sempre perigoso. Você nunca sabe quando eles tentariam mandar de volta. Eu realmente queria minha arma de volta.
- E agora? - Jamil perguntou. Ele estava observando os vampiros como se ele não tivesse mais feliz com a sua companhia do que eu. Todos os guarda-costas que são
bons eram paranóicos. Isso da certo com o trabalho.
- Eu acho que nós batemos. - Mantive o meu corpo para o lado, estendi o suficiente do meu braço para conseguir fazer o movimento e dei três golpes sólidos. Se eles
atirarem pela porta eles provavelmente não me acertariam. Mas ninguém atirou pela porta. Na verdade, nada aconteceu. Nós esperamos alguns momentos, mas paciência
nunca foi a minha melhor coisa. Comecei a bater de novo, mas Jamil me parou e disse - Posso?
Concordei.
Ele bateu forte e alto o suficiente para tremer a porta. E era uma porta sólida. Se a porta não abrisse dessa vez, eles estavam deliberadamente nos ignorando.
A porta abriu. Revelando um homem de cabelos castanhos tão musculosos como Ajax, mas mais alto. O que Narcissus havia feito, recrutado todos os levantadores de peso
da cidade? Ele franziu a testa para nós, - Sim?
- Eu sou a Nimir-Ra dos homens-leopardos. Eu acho que vocês estavam a minha espera.
- Já estava na porra da hora, - Ele disse. Abriu mais amplamente a porta, empurrando-a rente a parede colocando suas costas nela cruzando os braços sobre o peito.
Os seus braços aparentemente não eram tão musculosos quanto pareciam, se ele conseguia cruzar os braços assim. Mas ele mostrou que não havia ninguém se escondendo
por trás da porta. Bom saber.
O quarto era branco - piso branco, teto branco, paredes brancas - como uma sala esculpida de neve dura. Havia lâminas nas paredes - Facas, espadas, punhais, pequenas
laminas brilhantes, espadas do comprimento de um homem alto. O guarda-costas da porta disse, - Bem vindo a sala das espadas -. Soou formal, como se ele devesse dizer
isso.
Da porta eu não podia ver ninguém. Respirei fundo e deixei o ar sair devagar, e caminhei para dentro. Jamil caminhava a um passo dos meus ombros, Faust estava do
meu outro lado. Sylvie e Meng Die estavam na minha traseira.
Uma figura entrou no meio da sala. À primeira vista eu pensei que era um homem, mas numa segunda olhada, não exatamente. Ele era um homem com tamanho, quase 1.80
de altura, ombros largos, musculoso, mas o que eu achei que era um bronzeado era um bronzeado dourado de pelos, muito fino e bonito. Cobrinho o corpo todo. O rosto
era quase humano, se bem que a estrutura óssea fosse um pouco estranha. Um rosto largo, uma boca sem lábios que pareciam com um focinho redondo. Os olhos eram de
um laranja escuro com as bordas em azul, como se ele junto com o corpo tivesse apenas parcialmente mudado. Era como se o seu corpo tivesse congelado pouco antes
de chegar a ser humano. Eu nunca vi nada como aquilo antes. Pele pálida se mostrava em manchas pelo seu peito nu e estômago. Eu não saberia dizer que os cabelos
dourados em volta da barba que rodeavam seu rosto eram realmente cabelos ou o que sobrava de uma juba. Quando mais eu o encarava, mais como um leão ele parecia,
até que não conseguia mais ver o homem, pensei ter visto a luz da besta que o cobria.
Ele deu um sorriso rosnado, - Você gosta do que vê?
- Eu nunca tinha visto nada como você. - Eu disse simpática, calma, até mesma vazia.
Ele não gostava daquilo, da minha falta de reação. O seu sorriso desapareceu e se tornou apenas um emaranhado de dentes afiados muito brancos.
- Bem-vinda, Nimir-Ra, eu sou Marco, nós estávamos a sua espera. - Ele fez um gesto largo com as mãos de garras humanas. Eu olhei em volta para o - nós -. Eles eram
homens de pequeno e médio porte com cabelos e peles escuras. A maioria dos grupos, matilhas, ou o que seja, eram de etnias misturadas. Mas havia um semelhança nesses
homens escuros, quase um olhar de família sobre elas. Dois de cada lado usavam capuz com as capas para trás que caiam como cortinas. Eu vi partes de um cabelo loiro
na escuridão da direita. Eu não podia ver os cabelos de Nathaniel mas eu sabia que ele deveria estar na escuridão da direita.
Havia sangue no chão branco, se reunindo numa pequena depressão no concreto. Um ralo estava no meio para que eles pudessem usar mangueira no chão quando eles terminassem.
Havia mais guardas num canto mais distante que parecia infeliz de estar lá. Três mulheres que eu não conhecia estavam amarradas na parede em cada lado da porta.
Duas loiras a direita e uma morena a esquerda. Elas não eram mulheres-leopardo, ou pelo menos elas não eram as minhas.
- Deixe-me ver meu povo - Eu disse.
- Você não vai nos receber formalmente? - Marco perguntou.
- Você não é um alfa de nada, Marco. Chame o seu leão no comando que eu vou cumprimentá-lo, mas você eu não preciso cumprimentar.
Marco fez uma pequena reverência, o olhar daqueles olhos amarelo-acastanhado nunca deixando o meu rosto. Era uma reverência das artes marciais que dizia que estava
com medo de que a outra pessoa fosse bater em você se olhar para longe.
Jamil se moveu para perto de mim, não a minha frente, mas perto o suficiente que nossos ombros se tocassem. Eu não lhe disse para voltar. Ele salvou minha vida uma
vez, eu ia deixá-lo fazer o seu trabalho.
- Então me cumprimente, Namir-Ra. - Era uma outra voz masculina. Saiu de uma das capas da esquerda. Ele saiu, as capas caíram e eu pude ver claramente Gregory.
Ele estava virado para a parede, nu, exceto pelas calças que haviam sido abaixadas até a embaixo das suas coxas e as botas. Correntes prendiam seus pulsos sobre
a cabeça, suas pernas estavam bem afastadas. Seu cabelo loiro ondulado caia um pouco abaixo dos ombros. Seu corpo era magro, mas musculoso, bunda firme. Você tem
que tomar conta do seu corpo se fosse vai se despir profissionalmente. Não havia nenhuma marca no seu corpo onde eu podia ver, mas havia sangue respingado no chão
a sua frente, abaixo dele, concentrado, preto, morrendo. Eles não haviam cortado nada em suas costas. Meu estômago se aperto, minha respiração se espremeu pela minha
garganta.
- Gregory. - Eu disse suavemente.
- Ele está amordaçado - Disse o homem. Eu finalmente retirei meu olhar de Gregory ,e a visão do outro homem, o alfa, me fez encarar.
Ele não era um homem leão, ele era um homem-cobra. Sua cabeça era maior do que seus ombros, coberto por escamas verde oliva com grandes partes pretas. Um braço estava
nu exceto que pelos escamas e pelas mãos que terminavam em garras retorcidas que fariam qualquer predador orgulhoso. Ele virou a cabeça para olhar para mim com um
olho grande de cobre e ouro. Uma faixa preta pesada esticada do canto do olho até as têmporas. Seus movimentos lembravam vagamente um pássaro. Outras figuras pretas
disfarçadas afastaram-se da parede deixando seus capuzes caírem para mostrar suas escamas com as mesmas listras, os olhos metálicos e as mãos com as garras retorcidas.
Meu pessoal se espalhou a minha volta, indo dois para cada lado. - Quem é você?
- Eu sou Coronus, do Clã Black Water{2}, embora eu duvide que isso signifique algo para você.
- Marco mencionou que você é novo na cidade. Eu sou Anita Blake, Nimir-Ra do Clã Blooddrinkers.{3} Com que direito você machuca os meus? - O que eu queria fazer
era começar a gritar, mas haviam regras. Eu podia não ser peluda ou escamosa, mas eu podia seguir regras.
Coronus andou até a parede e ficou ao lado da morena acorrentada. Ela fez pequenos barulhos de pânico enquanto ele chegava a ela. Sylvie moveu-se mais próxima a
ele e a garota, como se ela esperasse por alguma desculpa. Coronus traçou o dedo pela bochecha da menina, um toque quase mínimo, mas ela ainda assim fechou os olhos
e estremeceu.
- Eu vim aqui procurando pelo povo Cisne, e eu achei três deles. Eles já tinham amarrado o macho. Nós achamos que era o líder deles, o Rei dos Cisnes, ou nós não
o teríamos machucado. Quando nós percebemos que tínhamos o animal errado, o jogo já tinha ido longe de mais.
Eu olhei para os mantos que ainda estavam presos, o rosto impassível dos homens que era impossível de ler como se eles já tivessem se tornado cobras. Eu notei que
uma das figuras possuía peitos. Estava quase nu onde mostrava acima do furo na camiseta. Eu podia ver as correntes que chegavam do teto até o chão. Havia mais sangue,
muito mais sangue daquele lado.
- Eu quero ver Nathaniel.
- Você não gostaria de ver pessoalmente o leopardo loiro primeiro?
Eu comecei a perguntar por quê. Eu não gostava do fato que ele parecia relutante em me mostrar Nathaniel. - Você quer que eu veja Gregory primeiro?
O homem parecia pensar sobre isso, com a cabeça pendendo. O movimento parecia animal, ainda sim não muito como uma cobra. - Pessoalmente, sim, sim eu quero.
Eu não gostei do jeito que ele continuava falando pessoalmente, mas eu deixei pra lá. - Então você me fez um pedido Coronus. Se eu o fizer eu posso pedir algo de
você. - Algumas vezes as regras são úteis, raramente, mas tem suas vezes.
- O que você poderia querer de mim?
- Eu o quero sem as correntes.
- Ele foi facilmente tomado pelo meu pessoal. Não vejo porque não. Vá, olhe-o, toque-o, ai sim nós tiraremos a corrente.
Jamil estava ao meu lado enquanto caminhava para Gregory. Meu interior estava apertado.O que eles tinham feito a ele? Eu ainda podia lembrar o grito pelo telefone.
Um olhar de Jamil afastou o povo cobra. Eles ficaram o mais longe que o quarto permitia em ambos os lados. Eu tive que passar por cima das correntes do chão e as
que prendiam Gregory com os pulsos pra cima. Eu cheguei perto para olhar em seus olhos azuis. Uma mordaça com uma bola enfiada em sua boca. Seus olhos estavam arregalados
de pânico. Seu rosto estava intocado. E o meu olhar seguiu a linha do seu corpo quase contra a minha vontade, como se eu soubesse o que eu ira achar. A sua virilha
era um arruinado de vermelho, já se curando, coberto com sangue seco. Eles o cortaram ali. Se ele fosse humano ele estaria arruinado. E eu não tinha certeza absoluta
de que ele não estava de qualquer forma. Eu tive que fechar meus olhos por um momento. O quarto parecia quente.
Jamil deixou sair um suspiro sibilante quando ele viu o que tinham feito com Gregory e a sua energia queimou minha pele alimentada pela raiva e o horror. Emoções
fortes fazem os metamorfos vazarem sua energia pra cima de você. Minha voz saiu num sussurro espremido, - Ele irá se curar?
Jamil teve que chegar mais perto para inspecionar a ferida. Ele o tocou com relutância e Gregory se contorceu de dor no mais delicado toque. - Eu acho que sim, se
eles o permitirem mudar de forma em breve.
Eu tentei puxar a mordaça da boca do Gregory, mas não consegui. Estava muito apertado. Eu quebrei a fita de couro que a segurava no lugar e a joguei no chão.
Gregory soluçou e disse - Anita, eu pensei que você não viria. - Seus olhos azuis brilhavam com lagrimas não derramadas.
Nós éramos quase da mesma altura, então eu podia tocar a minha testa com a dele com as mãos nos lados do seu rosto. Eu não podia suportar ver as lágrimas em seus
olhos, e eu não podia me dar ao luxo de chorar na frente dos caras maus. - Eu sempre vou vir por você Gregory, sempre. - Vê-lo assim me fez fazer valer cada palavra.
Eu precisava achar um verdadeiro homem-leoparto para protegê-los. Mas como eu podia dá-los como se fossem filhotes de rua para um estranho? Mas isso era um problema
para outra noite.
- Solte as correntes. - Eu disse.
Jamil se moveu para as algemas e parecia saber exatamente como elas funcionavam. Chaves não eram necessárias. Ótimo. Gregory cedeu logo que a primeira algema saiu,
eu o segurei sob os braços. Mas quando a do segundo pulso abriu, seu corpo caiu contra minha perna e ele gritou. Jamil tirou a ultima corrente que prendia tornozelo
e eu abaixei Gregory no chão o mais delicadamente que podia. Acariciava seu cabelo, seu corpo aninhado em meus braços, em meu colo, quando eu tive uma sensação de
movimento ao lado.
Jamil não podia guardas ambos os lados ao mesmo tempo. As facas nas botas estavam presas em baixo do corpo de Gregory. Foi muito bem cronometrado. Eu rolei sobre
o corpo de Gregory e senti um manto sobre mim como se garras cortassem onde ralasse. Tentei pegar a faca da bota, mas nunca tive a chance. Eu vi a mão em garra vindo
para mim. Tudo ficou mais lento, como imagens capturadas em cristal para que você veja todos os detalhes. Eu parecia ter todo o tempo do mundo para tirar a faca
ou para tentar desviar das garras que cortavam, mas ainda assim parte do meu cérebro estava gritando que não havia tempo algum. Me atirei no chão e senti uma lufada
de vento passar por cima de mim quando o homem-cobra tropeçava, tão seguro de seu alvo que não havia se preparado para caso eu me mexesse. O resto era instinto.
Dei um chute no homem-cobra e ele caiu de costas. Eu peguei a faca na minha mão direita enquanto o homem-cobra se levantava chutando para cima como se tivesse molas
em suas costas.
Eu senti mais do que vi que algo grande e escuro saltar pelo ar sobre mim, aterrisando atrás de mim. Minha atenção foi dividida por uma fração de segundo, mas isso
foi o suficiente. O que estava na minha frente avançou tão rapidamente que meus olhos não podiam seguir o movimento. Me defendi com o meu braço esquerdo, recebendo
o golpe enquanto meu braço direito tentava esfaquear-lo. Meu braço esquerdo ficou dormente como se tivesse sido acertado por um taco de baseball. Eu poderia tê-lo
esfaqueado no estomago, mas percebi um movimento pelo canto do olho e me joguei do meu lado do chão enquanto via uma segunda garra passar sobre mim. Eu fiz um corte
em suas pernas mesmo por cima das botas. A cobra gritou e se afastou mancando.
Uma segunda cobra veio para mim, com garras estendidas. Eu não tive tempo de sair do chão ou de fazer qualquer outra coisa. Eu segurei a faca pronta, meu braço esquerdo
estava parcialmente utilizável ainda, enquanto eu o via cair em cima de mim como um pesadelo iridescente. Uma pequena mancha preta o acertou no lado e ambos bateram
contra a parede. Era Meng Die. As garras rasgavam sua pele pálida enquanto eu assistia.
Eu não tive tempo de ver mais, porque Coronus pairou sobre mim, com sangue escorrendo pelo seu pescoço e ombro, sua camisa estava rasgada. Sylvie estava atrás dele,
lutando com Marco, tentando passar por ele e chegar até Coronus. Suas adoráveis mãos tinham se transformado em garras, embora o resto no corpo permanecia humano.
Apenas os mais poderosos dos metamorfos podiam fazer aquilo - mudar parcialmente.
Jamil estava num canto distante, lutando com dois homens-cobra. Gregory estava se transformando, mudando de forma, desamparado até que a mudança estivesse completa.
Eu não tinha tempo para olhar até o outro lado do quarto. Coronus estava quase sobre mim e eu não tinha tempo. Eu fiz a única coisa que eu podia pensar.
Segurei a faca pelo cabo e atirei-a nele. Eu não esperei para ver se ia acertar. Eu já estava me movendo para a parede mais próxima e a coleção de lâminas. Eu tinha
minhas mãos no cabo de uma espada quando Coronus cortou minhas costas. Cai cobre meus joelhos gritando, mas minha mão direita manteve-se na espada, e eu a empurrei
dos suportes enquanto caia. Eu me virei, virando o meu lado esquerdo para ele, ele havia aberto meu ombro esquerdo, mas não tinha doído como minhas costas. Ou a
ferida era profunda ou eu estava perdendo a sensação daquele braço. Eu usei os segundos que eu tinha - aqueles que ele usou para me cortar - e não doeu para virar
a espada a minha direita e mergulhá-la para trás de mim sem me virar para saber onde ele estava. Era como se eu pudesse sentir ele atrás de mim, como se eu soubesse
exatamente onde ele estava. Eu senti a lâmina acertar a carne. Eu a empurrei, indo para frente com a força do golpe, empurrando a lâmina para trás, para o seu interior,
através dele, o mais forte que eu podia. Eu nunca tinha feito aquilo antes, mas o movimento me pareceu como uma memória antiga. E eu sabia que não era a minha memória.
Não era o meu corpo que lembrava agora como virar a espada enquanto eu virava o meu corpo para fazer um dano extra, misturando os órgãos internos enquanto eu tirava
a lâmina e a levantava sobre a figura ajoelhada. Ergui a espada em uma mão. Isso eu sabia como fazer. Eu estive tirando cabeças de corpos por anos. A lâmina estava
em seu curso para baixo quando ele gritou - CHEGA - Eu não parei e nem mesmo hesitei.
Foi Jamil que se lançou sobre mim, sobre a cabeça do homem encurvado. Prendeu-me na parede, uma mão sobre o meu pulso enquanto eu lutava contra ele. - Anita, Anita.
Eu olhei para ele, e era como se eu estivesse percebendo quem ele era, ou o que ele estava fazendo. Eu sabia, mas apenas em teoria, meu corpo estava prestes a tirar
a cabeça do homem-cobra. Meu corpo relaxou ao toque de Jamil, mas ele não soltou.
- Fale comigo Anita.
- Eu estou bem.
- Ele cedeu, nós vencemos, você pode ter seus leopardos. - Sua mão pegou na minha que ainda apertava o cabo da espada. - Se acalme, se acalme.
Eu tentei ficar com a espada, mas Jamil não ficou feliz até que ele ficou com ela. Então ele se moveu devagar para longe de mim e eu fui deixada olhando para Coronus
ainda ajoelhado no chão com suas garras contra o sangue que escorria pelo seu lado. Ele olhou para mim e tossiu, um pouco de sangue chegou aos seus lábios. Ele lambeu-o,
- Você acertou um pulmão.
- Não é prata, você irá se curar
Ele riu, mas parecia machucá-lo. - Nós todos iremos nos curar. - Ele disse.
- É melhor você esperar que Gregory se cure. - Eu disse.
Seus olhos negros movimentaram-se subitamente para mim e havia algo naquele olhar que eu não gostava. - O que foi, Coronus, o que coloca essa inquietação nos seus
olhos? - Fiquei de joelhos na frente dele. Meu braço esquerdo estava pendurado quase inutilmente do meu lado, mas não estava mais dormente. Uma dor profunda que
queimava estava saindo das feridas do meu ombro para a minha região lombar. Eu intencionalmente não olhei para eles. Eu podia sentir o sangue escorrendo pela minha
pele em linhas que coçavam. Mantive o meus olhos nos do Coronus.
Ele encontrou meu olhar por um minuto enquanto Jamil pairava sobre nós, então o olhar de Coronus desviou só um pouco para a direita. Eu segui o seu olhar e eu vi
Nathaniel do outro lado da sala ampla claramente pela primeira vez. O mundo girou em fluxos de cores, e eu teria caído se meu braço direito não tivesse me segurado.
Foi em parte a perda de sangue e o choque, mas não, tudo era por causa das feridas. Eu podia escutar Coronus falando através da tontura e da náusea.
Suas palavras estavam tropeçando umas nas outras. - Se lembre que foram as hienas que nos fizeram parar. Eles que decretaram que não se fizesse mais nada até a sua
chegada. Nós nunca seriamos tão cruéis se o nosso propósito não fosse matá-lo.
Minha visão clareou, e tudo que eu pude fazer era encarar. Nathaniel estava nu, pendurado pelos seus pulsos e com os tornozelos presos como Gregory tinha sido. Mas
Nathaniel estava encarando o quarto. Facas passavam por cada tricep. Lâminas menores tinham sido forçadas em cada mão para que ele não conseguisse fechar os dedos
em volta dele. As facas tinham sido forçadas acima do músculo das clavículas. Foi onde as espadas começaram.
As laminas das espadas estavam enfiadas abaixo do osso das clavículas. As lâminas brilhavam prata, salpicadas de sangue seco. Ao contrário das facas, as espadas
tinham sido enfiadas por trás de modo que você não podia ver o cabo.
Uma longa espada curva estava enfiada no lado de Nathaniel, pela carne de seu corpo. Haviam mais, grandes de mais para serem facas, pequenas de mais para serem espadas,
dividindo suas coxas, suas panturrilhas.
Eu estava de pé e nem lembrava de ter levantado. Eu estava andando para ele, meu braço esquerdo estava pendurando agora,sangue escorrendo pelos dedos. O que eu não
esperava quando olhava os danos feitos a ele ,eram os seus olhos. Aqueles olhos lilases estavam abertos, me encarando, cheio de coisas que eu não queria entender.
Uma mordaça enchia a sua boca, cortando todo aquele cabelo no ar. Ele me olhava com os olhos arregalados enquanto eu andava para ele.
Eu cai de joelhos como se tivesse sido atingida entre os olhos. Eu tentei dizer algo, mas nenhum som saiu. Jamil estava lá, ajoelhado do meu lado. Eu agarrei um
punhado de listras de couro do seu peito. Havia sangue fresco nele, feridas nos seus braços e peito.
Eu finalmente consegui dizer, - Como, como nós... concertamos isso?
Ele olhou para Nathaniel. - Nós puxamos as lâminas para fora.
Eu chacoalhei minha cabeça - Me ajude a levantar. - A perda de sangue e o puro horror estavam me alcansando. Me sentia doente, tonta. Jamil me ajudou a levantar
na frente de Nathaniel. - Você entende o que nós vamos fazer?
Nathaniel olhou para mim com aqueles seus olhos púrpuras, - Sim -, ele disse suavemente, quase sem som.
Agarrei a faca que estava enfiada nas suas coxas, mãos bem fechas no cabo. Meu lábio inferior estava tremendo, e meus olhos estavam quentes. Eu encarei seus olhos,
sem vacilar, sem olhar para longe. Respirei fundo e puxei.Seus olhos perderam o foco, sua cabeça se inclinou para trás, respiração saia apressada num assovio. A
carne se agarrava a lâmina.Não era como tirar um faca de um assado. A pele abraçava a lâmina como se tivesse crescido em volta dela.
A faca sangrenta caiu da minha mão, fazendo um som agudo no chão de cimento. Nathaniel gritou. Jamil estava atrás dele, e uma das espadas tinha sumido do peito de
Nathaniel. A outra espada puxava em volta de sua pele enquanto eu olhava. Nathaniel gritou novamente. Sangue jorrou da ferida e eu me virei. Olhei de volta para
Coronus ainda agachado no chão, dois dos seus em volta dele. Algo no meu olhar deve tê-lo assustado, porque seus olhos se arregalaram, e eu vi algo como medo humano
passar pelo seu rosto de cobra.
- Nós teríamos tirado as lâminas, mas as hienas nos ordenaram para não tocá-los novamente até vocês chegarem.
Eu olhei pelo quarto para o guarda que estava perto de Nathaniel. Aquele que parecia infeliz de estar ali. Ele se contraiu com o meu olhar, - Eu estava seguindo
ordens.
- Isso é uma desculpa ou uma defesa?
- Nós não lhe devemos desculpas. - O outro guarda disse ,o alto de cabelo castanho que nos deixou entrar no quarto. Ele estava parado perto da porta fechada. Ele
era arrogante, desafiador e eu podia sentir o seu medo como algodão doce na minha língua. Ele estava com medo do que eu faria.
Gregory veio ficar perto de mim, metade leopardo, metade homem. Eu tinha visto ele assim, todo manchado de pelos, mais alto que a sua forma humana, mais musculoso.
Sua genitália grande e curada pendurada pelas suas pernas.
Um dos homens-cobra estava no chão, arrastando suas pernas atrás dele. Sua espinha estava quebrada ,mas iria se curar.Outro grito surgiu atrás de mim, da garganta
de Nathaniel. Outro homem-cobra estava encolhido contra a parede oposta do lado da morena algemada. Seu braço tinha quase sido arrancado de seu ombro. O vestido
de Sylvie estava em farrapos, expondo seus seios para o mundo. Ela parecia não se importar, suas mãos ainda estavam em garras, pálidos olhos de lobo me encarando
de volta. - Pegue de volta seus leopardos, - disse Coronus, - e vá em paz.
Outro grito veio com o final de suas palavras, - Paz -, eu disse. Eu me senti estranhamente anestesiada, como se parte de mim estivese indo embora. Eu não podia
suportar ficar nessa sala e escutar os gritos de Nathaniel e sentir. Não e ficar sã. A tranquilidade em que eu entro quando vou matar caiu sobre mim, e eu me senti
muito melhor. Haviam coisas piores do que o vazio.
- Quem são as mulheres?
- Mulheres cisne - Ele disse. - Não são de sua preocupação, Nimir-Ra.
Eu olhei para ele e senti um sorriso dobrar meus lábios. Eu sabia que era um sorriso desagradável. - O que acontece com elas quando nós formos embora?
- Elas vão se curar - Ele disse, - Nós não as queremos mortas.
Meu sorriso aumentou, eu não podia evitar. Eu ri, mas não era um som bom, até mesmo para mim. - Você espera que eu as deixe a sua mercê?
- Elas são cisnes, não leopardos. Porque você deveria se importar?
A voz de Nathaniel veio grossa, e quando eu me virei eu vi lágrimas descendo pelo seu rosto, - Não as deixe. Por favor, não as deixe aqui.
Jamil puxou outra lâmina. Faltam apenas três .Nathaniel não gritou desta vez. Apenas fechou seus olhos e estremeceu. - Por favor, Anita, elas nunca teriam vindo
aqui se eu não tivesse pedido a elas.
Eu olhei para as três mulheres, acorrentadas, nuas a parede, amordaçadas e cercadas de dezenas de lâminas limpas. Elas me olhavam com olhos arregalados, sua respiração
saindo rápida e baixa. O medo delas desceu pela minha garganta como se fosse vinho e como se eu pudesse bebê-lo, profundo e fresco. Medo como vinho, vai bem com
comida. E eu sabia só de olhar que elas eram comida. Elas eram cisnes, não predadores. Elas não eram como nós. Eu estava canalizando Richard agora. Eu estava sendo
o banquete dos meninos essa noite, de seus pensamentos e sentimentos. Mas tinha uma única coisa que era minha. Raiva. Não a raiva quente que os lobos usam quando
matam. Era algo mais frio e com mais certeza de si mesmo. Era uma raiva que não tinha nada haver com sangue mas sim tudo a ver com... morte. Eu queria todos eles
mortos pelo que fizeram a Nathaniel e Gregory. Eu os queria mortos. Pelas regras, eu não poderia tê-los mortos, mas eu faria o que eu pudesse. Eu podia trapaceá-los
com suas vítimas. Eu não iria, eu não conseguiria, deixar três mulheres aqui assim. Eu não podia fazê-lo. Simples assim.
- Não se preocupe Nathaniel, nós não as deixaremos para trás.
- Você não tem direito algum sobre elas, - Coronus disse.
Gregory rosnou para ele. Toquei o braço peludo dele. - Está tudo certo. - Olhei para Coronus cercado pelas suas cobras. - Se eu fosse você eu não me diria que direitos
eu tenho. Se eu fosse você eu calaria a minha boca e nos deixaria sair daqui com todos que nós viemos atrás.
- Não, eles são nossos até que o Rei Cisne deles venha resgatá-los.
- Ei, ele não esta aqui, mas eu estou e eu digo para você, Coronus do clã Black Water, que eu vou levar as mulheres cisne comigo. Eu não vou deixá-las para trás.
- Porque? porque você se importa?
- Porque? Em parte porque eu simplesmente não gosto de você. Em parte porque eu quero você morto e eu não posso fazer isso de acordo com as leis dos metamorfos.
Então eu vou roubá-lo de seu prêmio. Isso terá de ser o suficiente. Mas nunca mais, nunca mais entre no meu caminho novamente, porque eu vou matá-lo, Coronus. Eu
vou matá-lo. Na verdade eu gostaria de matá-lo. - E eu percebi que era verdade. Eu normalmente matava sem emoções, mas algo em mim essa noite o queria morto. Vingança,
talvez. Eu não me perguntei o porque, eu apenas deixei mostrar nos meus olhos. Eu deixei o metamorfo perceber isso porque eu sabia que ele ia entender. Ele não era
humano; ele conhecia a morte quando ela olhava para ele.
E ele sabia. Eu vi o reconhecimento em seus olhos, degustei o fresco sabor que saia do medo como uma reação química. Ele pareceu subitamente cansado. - Eu desistiria
delas se eu pudesse, mas eu não posso. Eu tenho que ter algo para mostrar depois das atividades dessa noite. Eu esperava que poderia ser os cisnes e os leopardos,
mas se eu não posso ter um, eu tenho que ter o outro.
- Porque você se importa tanto com os cisnes e os leopardos? - Eu perguntei. - Eles não são nada para vocês, você não pode fazê-los parte da sua tribo.
Ele fechou os olhos, ilegível. Mas a sensação de medo cresceu, inchando com o rico odor de suor e amargura. Ele estava com muito medo. E não era de mim, não exatamente,
mas de algo que iria acontecer se ele não tivesse os cisnes. Mas o que?
- Eu tenho que tê-los Anita.
- Me diga porquê.
- Eu não posso. - O medo o estava deixando. Até aquele momento eu não sabia que subordinação possuía cheiro, mas eu podia cheirar o quieto cheiro de derrota nele.
Passou por mim em uma forte onda, e eu sabia que nós tínhamos ganhado.
Ele chacoalhou a cabeça - Eu não posso desistir dos cisnes.
- Você já os perdeu. Eu posso cheirar a derrota em você.
Ele abaixou a cabeça. - Eu iria desistir deles se eu pudesse, acredite em mim, eu não posso dá-los a você. Eu não posso.
- Não pode ou não vai? - Eu perguntei.
Ele sorriu, e era amargo como o cheiro de sua pele. - Não posso. - Até mesmo na sua voz havia relutância, como se ele apenas quisesse dizer sim e não podia.
- Faça o que é melhor para o seu povo, Coronus, saia disso. - Eu sabia de uma forma indefinível de que nós venceríamos. Minha vontade de ganhar era maior do que
a dele. Nós iríamos carregar a vitória essa noite. Alguma das cobras iriam morrer, porque o seu líder perdeu a coragem. Sem a sua força de vontade para iluminá-los,
eles não poderiam vencer. Eles não queriam estar aqui. Eu olhei para cada um deles, e por sua vez, o cheiro deles encheu o ar. Derrrota pairava sobre eles como fumaça;
eles não tinha nenhuma vontade de vencer. Eles não queriam estar aqui. Então porque eles estavam aqui? O alfa, seu líder, estava aqui, sua vontade era a deles. Então
porque todos eles estavam fracos, como se algo estivesse faltando dentro de seu grupo, algo que os fez fracos?
Eu percebi com um sobressalto que era isso o que todos sentiam sobre os leopardos, antes que eu fosse até eles... Esse cheiro de fraqueza e derrota. Nathaniel era
fraco. Mas agora a minha vontade era a dele, e eu não era fraca. Eu me virei para encarar seu rosto, dentro de seus olhos, e eu vi entre toda a dor, tortura, que
ele não era desamparado. Quando eu o conheci, Nathaniel tinha tido os olhos mais sem esperança que eu já vi. Mas ele sabia que eu viria. Ele sabia com uma absoluta
certeza que eu não o deixaria aqui assim. Gregory poderia duvidar porque ele pensou com a parte dele que era humana. Mas Nathaniel confiava em mim com algo que não
tinha nada haver com lógica, e tudo com a verdade.
Eu voltei a olhar para Coronus, - Fuja disso, Coronus, ou alguns de vocês não verão o amanhecer.
Ele suspirou profundamente, - Então que seja. - E então ele fez algo que não deveria ter feito. Algo que não tinha lógica alguma, a partir de um ponto de vista não-humano.
Ele ia perder, e ele sabia disso. Ainda assim ele fez algo muito humano. Ele nos atacou de qualquer forma. Apenas humanos gastam energia assim quando eles sabem
que deram uma fora.
Duas cobras guardando Coronus de repente se lançaram contra mim, e eu estava muito perto. Eu estava tão certa com os meus novos sentidos de lobo que eles não lutariam
contra nós. Eu fui descuidada. Eu esqueci que no final nós somos apenas metade animais. E aquela metade humana vai fuder com você todas as vezes.
Eles vieram como um borrão de velocidade, muito rápido para mim fazer qualquer coisa alem de começar a tirar a faca da bota. Eu sabia que eu nunca chegaria a ela.
Gregory saltou como uma massa colorida de cor-de-risca pegando um homem-cobra no ar e rolando com ele no chão. Mas o outro estava em mim, me cortando com as garras
antes mesmo de eu bater no chão com ele em cima. Eu já estava ficando adormecida; Não doía nada. As garras rasgavam o meu estomago, rasgando a minha roupa e acertando
a pele por baixo.Eu o senti cavar atrás do meu coração. Eu ergui a minha mão para tentar segurar o seu pulso, mas eu senti como se estivesse me mexendo muito devagar.
Minha mão parecia pesar mil kilos e de longe eu sabia que estava ferida, gravemente ferida. Algo ruim havia acontecido naquele primeiro borrão de garras.
Gregory estava subitamente lá, a pele pálida entre a da multicolorida das cobras. Ele caiu em cima de mim, com uma das coisas em cima dele o rasgando. Ele nunca
tentou se defender, ele agarrou o que estava em cima de mim, o arrancou de cima de mim, e os três deles brigavam em cima de mim. Nós estávamos prensados como amantes
próximos, e eu sabia que as garras em mim eram dele. Ele caiu contra mim e as empurrou para dentro da minha pele. Então uma outra mão estava nos afastando. Eu tive
um vislumbre do rosto de Jamil, vi seus lábios se mexendo, mas não possuía som. Então a escuridão começou a tomar conta da minha visão e comeu tudo menos uma pequena,
pequena fonte de luz. E então até isso desapareceu,e não havia nada além da escuridão.
8
Eu sonhei que estava correndo, sendo perseguida através da floresta à noite. Eu podia ouvir eles se aproximando, mais perto e eu sabia que o que me perseguia não
era humano. E então eu caí no chão e eu estava correndo sobre quatro patas. Eu procurei a coisa pálida que fugiu de mim. A coisa macia que não tinha garras, não
tinha dentes e cheirava maravilhosamente a medo. A coisa caiu e seu grito foi estridente, machucou meus ouvidos e me excitou. Minhas presas afundaram na carne e
não pararam até rasgar. Sangue derramou escaldante na minha garganta, e o sonho desvaneceu-se.
Eu estava no quarto de Narcissus, na cama preta. Jean-Claude estava amarrado em pé, entre os pilares, no fim da cama. Seu peito estava descoberto, coberto em marcas
de garra, sangue correndo em sua pele. Eu me arrastei na cama até ele e eu não estava com medo, porque todo o que eu podia sentir era o doce cheiro de cobre de sangue.
Ele me encarou com os olhos que tinha aquele sólido, penetrante azul. - Beije-me, ma petite.
Eu me levantei sobre os joelhos, minha boca pairando sobre os seus lábios. Ele se moveu em minha direção, mas eu fiquei fora de alcance daqueles adoráveis lábios.
Eu movi minha boca mais para baixo, até que estivesse sobre seu peito e sobre as feridas frescas que decoravam sua pele. - Sim, ma petite, sim -, ele suspirou.
Eu pressionei minha boca em seu peito e bebi. Eu acordei, os olhos arregalados, o coração batendo forte. Era Richard sobre mim. Ele ainda tinha a gargantilha de
couro nele. Eu tentei levantar meus braços, para segurá-lo, mas o meu braço esquerdo tinha uma fita que prendia algo ligado à mesa. Havia uma intravenosa em meu
braço. Eu olhei para a sala escurecida e sabia que eu não estava em um hospital. Eu levantei meu braço direito para tocar seu rosto, mas estava muito pesado, muito
pesado para levantar. Escuridão derramou sobre meus olhos como se tivesse sido invadida por água quente, enquanto as pontas dos meus dedos encostavam em sua pele.
Eu ouvi sua voz. - Descanse, Anita, descanse. - Eu acho que ele me beijou, quase um gesto nobre, e então não havia mais nada.
Eu estava com água até a minha cintura, clara, água gelada. Eu sabia que eu devia sair da água ou eu iria morrer, o frio iria me levar embora. Eu podia ver a terra,
árvores mortas, e neve. Eu corri para as árvores distantes, lutando nas águas geladas. Então, meus pés saíram debaixo de mim, e eu caí num buraco profundo. A água
se fechou sobre meu rosto, e o choque do frio me acertou como um punho gigante. Eu não conseguia me mexer, não podia respirar. A luz desvaneceu-se através da clara,
brilhante água. Comecei a afundar para baixo, para baixo na água fria e escura. Eu deveria ter estado com medo, eu não estava. Eu estava tão cansada, tão cansada.
Mãos pálidas me alcançaram, vindo da luz. A manga da camisa branca flutuava ao redor do seu braço e eu movi minha mão em sua direção. A mão de Jean-Claude envolveu
a minha, e ele me puxou em direção a luz.
Eu estava de volta na sala escura, mas minha pele estava molhada e eu estava com frio, muito frio. Jean-Claude estava me embalando no seu colo. Ele ainda estava
vestindo a roupa de vinil. E então eu lembrei da luta. Eu estava machucada. Jean-Claude se inclinou e beijou minha testa, recostando sua face contra a minha. Sua
pele estava tão fria quanto eu me sentia - como gelo pressionado contra mim. A tremedeira ficou pior; meu corpo dançava em pequenos e involuntários movimentos.
- Frio, - eu disse.
- Eu sei, ma petite, nós dois estamos frios.
Eu franzi as sobrancelhas para ele, porque eu não tinha entendido. Ele estava olhando para alguém na sala. - Eu trouxe ela de volta, mas eu não posso dar a ela o
calor que ela precisa para sobreviver.
Eu dei um jeito de virar minha cabeça o suficiente para olhar ao redor da sala. Richard estava em pé ali com Jamil e Shang-Da e Gregory. Richard veio até a cama;
sua mão tocou meu rosto. Era quente contra minha pele. Era demais e eu tentei mover para longe de sua mão.
- Anita, você pode me ouvir?
Meus dentes estavam batendo tão fortes, eu quase não consegui colocar para fora, mas finalmente eu disse, - Sim.
- Você teve uma febre muito alta. Eles colocaram você em uma banheira rasa com gelo para baixá-la. Mas o seu corpo reagiu como o de um metamorfo. A baixa temperatura
enquanto estava se curando de tanto dano quase a matou.
Eu franzi as sobrancelhas e finalmente consegui dizer, - Não entendo. - As estremecidas involuntárias estavam ficando mais fortes, fortes o suficiente que doíam
as feridas. Eu estava acordando o suficiente para sentir o quanto machucada eu estava. As coisas doíam que eu não lembrava de ter me machucado. Meus músculos doíam.
- Você precisa de alta temperatura para curar, assim como nós precisamos.
Eu não entendia quem o - nós - era. - Quem... - e um espasmo sacudiu o meu corpo, arrancou um grito da minha boca. Meu corpo começou a ter convulsões e dor esmagou
através de mim. Se eu pudesse ter respirado, eu teria gritado mais. Minha visão começou a desaparecer em grandes manchas cinza.
- Chamem o médico! - A voz de Richard.
- Você sabe o que deve ser feito, mon ami.’
- Se isso funcionar, então eu a perdi.
Minha visão clareou por alguns segundos. Richard estava tirando as calças apertadas. Foi a última coisa que eu vi antes do cinza varrer meus olhos e me sugar para
baixo.
9
Achei que sonhei, mas eu não tinha certeza. Havia rostos no escuro, alguns deles eu conhecia, alguns deles não. Cherry com seu cabelo loiro curto, o rosto sem maquiagem,
tornava seu visual mais jovem do que qualquer um de nós. Gregory tocando meu rosto. Jamil descansando ao meu lado, enrolado como um sonho escuro. Eu movi de dentro
para fora, cara a cara, corpo a corpo, porque eu podia sentir seus corpos pressionados contra o meu. Pele nua contra pele nua. Não era sexual, ou não tão abertamente.
Eu acordei, se acordei, o suficiente para saber que eram os braços de Richard enrolados em volta de mim, meu corpo ajustado como uma namorada apaixonada contra ele,
seu cabelo espalhado sobre meus olhos. Eu dormi, sabendo que estava segura.
Eu acordei lentamente, em um casulo de corpos aquecidos e que lançavam picadas de energia metamorfas. Eu tentei deslizar para fora e achei corpos apertados que me
mantinham imobilizada. Abri meus olhos. O quarto estava escuro, com uma luz perto do muro como uma luz da noite para criança. Minha visão noturna era boa o suficiente
para ser capaz de ver a cor por ela. Um homem que eu não conhecia estava enrolado contra a frente do meu corpo. Seu rosto estava pressionado no meu ombro logo acima
do meu peito, seu hálito quente contra minha pele. Normalmente, teria sido minha deixa para entrar em pânico e correr para as montanhas, mas eu não me senti em pânico.
Me senti quente e segura, e mais... satisfeita do que eu me sentia a muito tempo, como se estivesse vestindo o par de pijamas de flanela favorito, enrolada na minha
colcha favorita. Era esse tipo de conforto, esse tipo de tranqüilidade. Mesmo a visão do braço detrás em volta da minha cintura não me perturbou.
Talvez a Drª Lilian tenha me dado um remédio que me fez sentir bem. Tudo o que eu sabia era que eu não queria me mover. Foi como quando você acorda pela manhã e
não há nenhum lugar para ir, nada para fazer, e você pode oscilar entre meio-acordado, meio-dormindo, no abrigo quente de cobertores sentimentais.
O braço em volta da minha cintura era musculoso, definitivamente masculino, mas pequeno, e não apenas a mão, mas o braço inteiro. A pele era bronzeada e parecia
mais escuro do que deveria ser contra a palidez da minha pele. Relaxei contra o volume quente do corpo, onde se colocou encostado contra o meu. O fato de que eu
estava bem, dormindo como um sanduíche nu triplo, comigo no meio, me disse mais que uma dúvida, eu estava drogada. Eu gostaria de acordar vestindo alguma roupa,
foi muito embaraçoso.
Eu supus que ambos eram lobisomens. Era um grande grupo, e eu não distinguia todos à vista. Eu estava banhada em sua energia, como se uma água quente invisível fluísse
ao redor de nós três. Lembrei-me de estar sendo ferida, as garras escavando sob meu esterno. Meu olhar viajou pelo meu próprio corpo e encontrou um circulo irregular
de tecido cicatricial rosado onde a cobra tinha cavado para o meu coração.
Havia uma dor incômoda, mas a cicatriz já estava rosa e brilhante, lisa na minha pele. Há quanto tempo eu estive fora?
Fiquei esperando que o pânico lavasse de mim o embaraço. Quando não, olhei para o primeiro homem, realmente olhando para ele neste momento. Ele tinha ricos cachos
castanhos cortados curtos na parte de trás, mas longo em cima. Os cachos fizeram cócegas na minha pele quando ele fez um pequeno movimento em seu sono. Ele tinha
um bronzeado tão escuro que sua pele quase se igualava a seu cabelo. Em uma sobrancelha eu podia ver um minúsculo anel perfurando-a. Um de seus joelhos imobilizava
minha perna, uma mão estendida flacidamente na minha coxa nua. Acho que foi sua perna erguida e o ângulo de seus quadris, que me salvou de ver todo o show.
A modéstia que me restava estava grata. Seja lá o que me mantinha confortável estava começando a se desgastar. Talvez eu estivesse simplesmente acordando.
O resto de sua frente estava pressionado tão perto de mim que eu não podia ver todos os detalhes. A linha das costas e nádegas era lisa, sem falhas. Sem linhas bronzeadas.
Banho de sol nu? O corpo parecia jovem - vinte anos - se tanto. Ele era mais alto do que eu - quem não era? - Mas não por muito. Cinco, sete, talvez menos. Ele se
mexeu, a mão na minha coxa flexionando como se sonhasse, então de repente, eu sabia que ele estava acordado. Uma tensão que não estava ali segundos antes percorreu
seu corpo. De repente eu estava bem acordada, meu coração baqueou. Eu tinha cerca de dois segundos para pensar que diabos você diria para alguém que você nunca conheceu,
quando você acorda nua na cama ao lado dele. Ele abriu os olhos e eu pude ver seu rosto movendo o suficiente para piscar dois sólidos olhos castanhos para mim. Ele
deu um sorriso lento, preguiçoso, ainda meio adormecido. - Eu nunca vi você acordada antes -. Eu disse a única coisa que me veio à mente. - Eu não me lembro de ver
vocês todos antes. Quem é você?
- Caleb. Eu sou Caleb -.
Concordei e comecei a me sentar. Eu estava saindo desta cama. O calor reconfortante ainda estava lá, mas o meu constrangimento era mais forte. Eu só não estava legal
o suficiente para continuar falando com um estranho homem, nu, enquanto eu também estava nua. Não, não apenas delicado o suficiente para isto. O braço em volta da
minha cintura apertou, me segurando contra o segundo homem, e a cama. O joelho de Caleb na minha perna ficou mais pesado, deslizando mais entre as minhas. Eu podia
sentir de repente partes de seu corpo que eu não podia ver. Eu acho que eu teria preferido ver o show inteiro a tê-lo pressionado em cima da minha coxa. Tudo bem,
virilha, não apenas na parte certa para eu começar a feri-lo, não ainda.
A mão que estava na minha coxa, de repente estava apertando-a. Ele fez minha pulsação acelerar. Estava muito perto de ser presa. - Todo mundo fique calmo -, eu disse,
- mas eu preciso me levantar e sair dessa cama agora -. O corpo atrás de mim se moveu. Mesmo não sendo capaz de vê-lo, eu sabia que ele estava apoiado em um cotovelo,
e com o braço apertado em volta da minha cintura. De repente eu estava pressionada firmemente contra seu corpo, e eu sabia várias coisas. Um, ele era aproximadamente
da minha altura, porque ele encaixava perfeitamente contra mim; dois, ele era magro, musculoso, e muito feliz ao ser pressionado contra o meu corpo. Eeek! Virei
para ele como se eu estivesse olhando para trás, para um barulho no escuro, em um filme de terror - lentamente, meio temerosa. Seu rosto ergueu-se sobre meu ombro,
um longo cabelo derramado para um lado do rosto, em uma massa grossa tão despenteada pelo sono que eu não poderia dizer se eram ondas ou cachos, apenas que era um
rico castanho escuro, mais escuro do que o primeiro homem, quase moreno. Seu rosto também era triangular, quase delicado, cruzando a linha da androgenia, o nariz
altivo, um pouco menos do que perfeito, a boca larga, lábio inferior cheio e fazendo beicinho. Era um rosto sensual. Mas eram os olhos que faziam o rosto, ou arruinavam.
Meu primeiro pensamento foi que seus olhos eram amarelos. Mas lá havia um espesso anel cinza esverdeado ao redor da pupila, o efeito geral era de um profundo dourado
amarelo esverdeado, em conjunto num rosto bronzeado.
Eles não eram olhos humanos, e não me pergunte como eu sabia, mas eles também não eram olhos de lobo.
Eu me afastei deles. Meu braço esquerdo protestava contra o uso, mas não ferido o suficiente para compensar o meu constrangimento. Não foi uma saída elegante, mas
pelo menos eu estava ao pé da cama, olhando para os dois homens, em vez de imprensada entre eles. Girei graciosamente, eu queria algumas roupas.
- Não tenha medo, Anita. Nós não queremos lhe fazer mal -, o segundo homem disse.
Eu estava tentando manter um olho neles e ainda procurar pelas roupas no quarto mal iluminado. Eu não vi nenhuma. O único pano no quarto parecia ser o lençol, e
eles estavam deitados sobre ele. Eu tinha uma vontade terrível de me cobrir, mas as duas mãos não estavam fazendo o trabalho, e ali de pé com as mãos em concha sobre
a minha virilha, parecia de algum modo mais constrangedor do que apenas estar lá. De repente eu não sabia o que fazer com as minhas mãos. Meu braço esquerdo doía
numa linha do meu ombro quase até meu pulso, um rendilhado de rosa, lisas cicatrizes na minha carne. - Quem é você? - Minha voz saiu um pouco sem fôlego.
- Eu sou Micah Callahan -. Sua voz estava calma, normal, com ele deitado de lado completamente nu. Ninguém faz a nudez confortável como um metamorfo. Seus ombros
eram estreitos, tudo nele era delgado, quase feminino. Mas mostravam músculos sob sua pele, mesmo em repouso, músculo esguio, não volumoso. Você sabia de relance,
que ele era forte, mas se ele estivesse usando roupas, você não veria a força. Havia outras coisas que você não veria se ele estivesse de roupas. E, embora o resto
dele fosse delicado, pequeno, gracioso de uma forma que as mulheres são graciosas, parte dele, não era pequena, nem delicada. Parecia incompatível com o resto dele.
Como se a mãe natureza tentasse compensar a aparência feminina excedendo outras áreas. Notando o quão excessivo ele era, trouxe um calor que avançou pelo meu rosto,
e eu desviei o olhar, tentando manter os olhos neles, no caso deles saírem da cama e não olhar para eles, ao mesmo tempo. É difícil olhar e não olhar, mas consegui.
- Este é o Caleb -, ele disse.
Caleb virou de barriga para cima e se esticou como um grande gato, certificando-se que, se eu já não tivesse notado, ele também estava nu. Eu tinha notado. O que
parecia com um minúsculo halter de prata atravessava seu umbigo. Que eu não tinha visto. - Nós já nos apresentamos -, Caleb disse, aquela inocente frase soava nada,
mas inocência. Algo no tom que ele usou, uma inflexão, enquanto ele rolava de costas e acenava para mim, fez as palavras obscenas. Eu estava disposta a apostar que
eu não ia gostar de Caleb.
- Ótimo, prazer em conhecer vocês dois -. Eu ainda não conseguia descobrir o que fazer com minhas mãos.
- O que vocês estão fazendo aqui?
- Dormindo com você -, Caleb disse.
O rubor que tinha quase desaparecido ardeu de volta à vida. Ele riu. Micah não. Ponto para ele.
Na verdade, Micah sentou-se, dobrando o joelho para se cobrir, o que lhe rendeu ainda mais pontos. Caleb ficou de costas, exibindo-se. - Há um roupão lá no canto
-, Micah disse.
Olhei para trás, para onde ele estava olhando, e com certeza havia um roupão lá. Era meu roupão, um profundo, rico Borgonha, com detalhes em cetim, muito masculino,
como um longo paletó de smoking vitoriano.
Quando eu levantei o roupão, havia um peso em um profundo bolso. Tive que lutar contra o desejo de virar de costas e vestir o roupão. Eles já tinham visto todo o
show. Não era como se eu pudesse expressar minha modéstia agora. Quando o roupão estava amarrado, deslizei minhas mãos nos bolsos e minha mão direita fechou em volta
da minha garrucha. Ou pelo menos eu supunha que era minha, era meu roupão. A única pessoa que eu sabia que pensaria em deixar uma arma para mim era Edward e ele,
até onde eu sabia, estava fora do estado. Mas alguém pensou nisso, e eu estava muito satisfeita. Eu tinha roupas e uma arma, a vida era boa.
- Oi, Micah Callahan, prazer em conhecer você. Mas o nome não me diz quem você é -.
- Eu sou Nimir-Raj do Clan Maneater{4} -, Micah disse.
Pisquei para ele, tentando digerir esse pequeno petisco. Eu não estava mais envergonhada.
Surpresa, trabalhando irritada, talvez. - Eu sou Nimir-Ra do Clan Blooddrinkers, e eu não me lembro de convidá-lo para o meu território, Sr. Callahan -.
- Você não convidou -.
- Então o que diabos você está fazendo aqui sem a minha autorização? - A primeira ponta de raiva na minha voz, e eu estava feliz em ouvi-la. A raiva fazia qualquer
coisa mais fácil de controlar, mesmo conversando com dois estranhos nus.
- Elizabeth me convidou -, ele disse.
A raiva corroendo através de mim como um vento quente, tocou a ponta da besta que eu pensava que era do Richard. Eu aprendi no clube, muitas noites atrás, que ele
era um residente permanente dentro de mim agora. A besta de Richard, ou minha, queimava pelo meu corpo e levantava sobre minha pele como um brilho de suor invisível.
Os homens reagiram ao poder. Caleb sentou-se, seu olhar de repente, atento a mim, sem provocação agora. Micah cheirou o ar, narinas queimando, sua língua passando
pelos lábios como se ele pudesse prová-lo contra sua pele.
Fortes emoções sempre fazem o poder pior, e eu estava tão irritada. Eu já devia a Elizabeth por abandonar Nathaniel no clube. Mas agora... ela finalmente fez algo
que eu não poderia deixar passar.
Parte de mim estava quase aliviada, porque as coisas seriam mais fáceis com Elizabeth morta. Uma pequena parte de mim esperava não ter que matá-la, mas eu simplesmente
não podia ver como evitá-lo mais.
Deve ter mostrado em meu rosto, porque Callahan disse: - Eu não sabia que o pard tinha uma Nimir-Ra quando cheguei aqui. Ela era a segunda alfa do antigo. Estava
dentro do direito dela testar um novo alfa para o seu grupo -.
- Ela só esqueceu-se de mencionar que o grupo já tinha uma Nimir-Ra, é isso? - Eu perguntei.
- É isso -, ele disse.
- Realmente -, eu disse, certificando-me que o sarcasmo era familiar.
Ele ficou ao lado da cama. Consegui manter contato com os olhos claros, mas foi mais difícil do que deveria ter sido. - Eu não sabia até três noites atrás, quando
Cherry bateu na porta de Elizabeth pedindo para vir ajudar a curá-la, que você existia mesmo -.
- Besteira -, eu disse.
- Eu juro -, ele disse.
Minha mão fechou em volta da garrucha, sentiu o peso reconfortante. Eu tive um momento para saber que o amo estava carregado com .38 ou .22. Eu esperava que fosse
.38, que tinha mais poder de parada. Meu braço esquerdo deu uma pontada como se o músculo estivesse tentando pular longe. Tensão, ou eu tinha me ferido permanentemente?
Eu me preocuparia com isso depois, quando eu não estivesse olhando para dois homens-leopardo com poder, ou não, de serem meus amigos. - Você diz que realmente não
sabia sobre mim antes de você chegar à cidade. Ótimo, mas por que vocês ainda estão aqui?
- Quando eu descobri que Elizabeth havia mentido para mim, eu vim aqui e tentei ajudar, para compensar a entrada em seu território sem sua permissão. Todos os meus
leopardos vieram deitar em sua cama, ajudando você a se curar -.
- Esplêndido para você -.
Ele estendeu as mãos vazias para mim, palmas para cima. Um belo gesto tradicional para mostrar que você está desarmado e inofensivo. Sim, certo. - O que posso fazer
para que fique tudo bem entre nós, Anita? Eu não quero guerra entre os nossos grupos, e eu soube que você está entrevistando alfas para tomar seu lugar com seus
leopardos. Eu sou Nimir-Raj. Você sabe que é raro entre os homens-leopardo? O melhor que você provavelmente vai encontrar em outros lugares é um Lionne Leopardo,
um protetor, mas não um verdadeiro rei -.
- Você está se candidatando para o trabalho?
Ele começou a andar em minha direção, e o quarto não era tão grande. - Eu ficaria honrado se você me considerasse para o trabalho -.
Eu tentei segurar minha mão esquerda, mas o braço convulsionou de maneira tão ruim para eu completar o gesto.
Mas Micah teve a idéia, ele parou de se mover. - Vamos começar por você ficando aí. Eu tenho estado muito próxima e pessoal com vocês dois quanto eu posso lidar
-.
Ele ficou ali, mãos ainda abertas para eu ver que não pretendia causar danos. - Nós te pegamos desprevenida, eu entendo -.
Eu duvidei que ele entendesse, mas era educado ele fingir. Eu nunca conheci um metamorfo que tivesse problemas para dormir em uma grande pilha nua, como cachorros.
Claro, eu nunca encontrei uma nova marca, ainda. Certamente, havia uma curva de aprendizagem para este tipo de nível de conforto.
Meu braço esquerdo estava contraindo-se o suficiente para que eu tirasse minha mão direita da arma, fora do meu bolso, e tentasse acalmar os movimentos involuntários.
- Você está ferida -, ele disse.
Cada estremecimento do músculo enviava pequenas dores agudas pelo meu braço. - Ser arranhada fará isso a você -.
- Eu posso fazê-la se sentir melhor -.
Eu virei os olhos para ele. - Eu aposto que você diz isso para todas as garotas -.
Ele nem sequer olhou envergonhado. - Eu disse a você, eu sou um Nimir-Raj. Eu posso chamar carne -.
Eu devo ter olhado tão vazia como eu sentia, porque ele explicou. - Eu posso curar feridas com meu toque -.
Eu só olhei para ele.
- O que seria necessário para convencer você que eu estou dizendo a verdade? - Ele perguntou.
- Alguém que eu conheça para confirmar por você -.
- Fácil de fazer -, ele disse, e um segundo depois a porta abriu.
Era outro desconhecido. O homem tinha em torno de 1,80, ombros largos, musculosos, bem construído, e uma vez que ele estava nu, eu sabia que cada centímetro dele
era bem proporcionado. Pelo menos ele não estava ereto. Isso era refrescante. Ele era pálido, o primeiro dos novos sem um bronzeado.
Cabelos brancos com generosas mechas cinza caíam em seus ombros. Ele tinha um bigode grisalho e uma daquelas minúsculas barbas Vandyke. O cabelo era um indício de
que ele tinha mais de cinqüenta anos, provavelmente. Mas o que eu podia ver dele, não aparentava velho, ou fraco. Ele parecia mais um mercenário que cortaria seu
coração e o levaria de volta para alguém em uma caixa, para a certa soma de dinheiro. Uma cicatriz irregular quase atravessando seu peito e estômago, curvando-se
em uma viciosa meia-lua em torno do seu umbigo e afundando em direção a sua virilha. A cicatriz era branca e parecia antiga. Ou ele se feriu antes de se tornar um
metamorfo, ou - ou eu não sabia. Metamorfos podiam ter cicatrizes, mas era raro, você tinha que fazer algo errado para conseguir uma cicatriz tão ruim assim.
- Eu não o conheço -, eu disse.
- Anita Blake, este é Merle -.
Foi só após as apresentações que os olhos de Merle viraram para mim. Seus olhos pareciam humanos, de cor cinza pálido. Seu olhar voltou para o rosto do Nimir-Raj
quase imediatamente, como um cão obediente, que quer prestar atenção na cara do seu mestre.
- Oi, Merle -.
Ele acenou com a cabeça.
- Deixe o povo dela entrar no quarto -.
Merle mudou, e eu soube imediatamente que ele não queria fazê-lo. - Alguns, mas não todos? - Ele fez uma pergunta.
Micah olhou para mim.
- Por que não todos? - Eu perguntei.
Merle virou seus pálidos olhos para mim, e ao olhar neles me fez querer me contorcer. Ele olhou para mim como se pudesse ver até o outro lado e registrar tudo no
meio. Eu sabia que não era verdade, mas era um bom olhar. Eu não consegui esquivar-me.
- Diga a ela -, Micah disse.
- Muitas pessoas em uma sala muito pequena. Eu não posso garantir a segurança de Micah em uma multidão de estranhos -.
- Você deve ser seu Skoll -, eu disse.
Seus lábios franziram em desgosto - eu acho. - Nós não somos lobos. Nós não usamos suas palavras -.
- Tudo bem, que eu saiba não há palavra equivalente entre os leopardos, mas você ainda é o guarda costas chefe de Micah, certo?
Ele olhou para mim, em seguida, deu um pequeno aceno com a cabeça.
- Tudo bem. Você realmente vê meu povo como uma ameaça para Micah?
- É meu trabalho vê-los como uma ameaça -.
Ele tinha um ponto. - Tudo bem. Quantos você se sente confortável em deixar no quarto?
Ele piscou, aquele duro olhar, protegido por um momento, seus olhos incertos. - Você não vai argumentar sobre isso? - Novamente ele fez a declaração em uma questão,
com melodia em sua voz.
- Por que eu deveria?
- A maioria dos alfas argumentaria, assim eles não pareceriam fracos -, ele disse.
Eu tive que sorrir. - Eu não sou tão insegura -.
Isso o fez sorrir. - Sim, aqueles que reservam seus poderes são frequentemente inseguros -.
- Essa foi a minha experiência -, eu disse.
Ele acenou novamente, rosto pensativo. - Dois -.
- Tudo bem -.
- Você tem preferência por quem deveriam ser?
Eu dei de ombros. - Cherry e qualquer outra pessoa -. Coloquei Cherry porque ela parecia dar o melhor relatório, depois da ação. Perspicaz era a nossa Cherry, não
necessariamente quem você quereria às suas costas numa luta. Mas eu precisava de informações, não de habilidades de combate.
Merle me deu uma ligeira reverência, em seguida, desviou seu olhar de volta para Micah, ainda de pé perto da cama.
Micah acenou para ele retirar-se. O grande homem abriu a porta e falou baixinho. Cherry foi a primeira a passar pela porta. Ela era alta e esbelta, com seios bem
formados, que levava o olho para uma longa cintura, um volumoso quadril, e a comprovação que ela era realmente loira natural. Não tinha ninguém vestindo roupas hoje?
Francamente, foi quase bom ver outra mulher. Normalmente, eu não me importava de ser a única garota, eu faço muito isso com a polícia, mas a nudez sempre me deixa
aliviada ao ver outra pessoa sem um pênis.
Ela sorriu quando me viu, alívio tão grande em seus olhos, seu rosto, que era quase embaraçoso. Ela me abraçou e eu deixei, mas me afastei primeiro. Ela tocou meu
rosto, como se realmente não pudesse acreditar em seus olhos.
- Como você se sente?
Dei de ombros, e o pequeno movimento pressionou os músculos do meu braço esquerdo, até que eu tive que apertá-lo contra meu corpo, para mantê-lo de pular ao redor.
Falei através da dor, dentes um pouco cerrados. - O braço está me dando problemas, mas fora isso, eu estou bem -.
Cherry tocou o braço, passando sua mão levemente sobre a manga do roupão. - Os músculos estão apertando-se com a cura rápida. Ficará bem em poucos dias -.
- Não sou eu que vou ter que usar meu braço esquerdo por alguns dias?
- Os espasmos vêm e vão. Massagem ajuda. Compressas quentes podem ajudar. Deve ter havido algum dano muscular grave para ter muitos espasmos. - Eu mencionei que
Cherry era uma enfermeira quando ela não estava se transformando em peluda?
- Eu posso dar a você o uso de seu braço hoje -, Micah disse.
Nós duas viramos e olhamos para ele. - Como? - Cherry perguntou.
- Eu posso chamar carne -, ele disse novamente.
O olhar no rosto dela dizia que ela sabia o que aquilo significava, e ela ficou impressionada. E, um segundo depois, ela parecia duvidosa, desconfiada. Essa era
minha garota. Embora, sinceramente, Cherry teve uma vida dura o suficiente antes de conhecê-la e ela veio com uma desconfiança excessivamente ativa. Eu realmente
não podia ter crédito nisso.
Eu estava tentando lembrar o que - chamando carne - significava quando Nathaniel entrou pela porta. A última vez que o vi, ele tinha sido perfurado com lâminas,
e sua carne tinha crescido ao redor da faca. Agora, ele estava perfeito - nem mesmo uma cicatriz.
Devo ter parecido tão satisfeita e tão espantada como eu me sentia, porque ele sorriu para mim. Ele deu um pequeno giro para que eu pudesse ver que de frente e de
costas, ele estava curado. Toquei a parte superior do peito de onde eu havia retirado uma das lâminas. A pele estava lisa como se eu tivesse somente sonhado com
a faca. - Eu sei que vocês curam quase tudo, mas eu nunca deixo de me surpreender -.
- Eventualmente, você se acostumará com isso -, Merle disse. Havia algo em sua voz que me fez olhar para ele. Cherry e Nathaniel deram um sorriso desbotado. Eles
olharam repentinamente sérios.
- O que há de errado? - Eu perguntei.
Cherry e Nathaniel trocaram olhares, mas foi Micah que falou. - Eu posso consertar seu braço?
Virei para dizer a ele para ir para o inferno, então eu entendi o que estava acontecendo, mas meu braço esquerdo escolheu esse momento para ondular da ponta dos
dedos até o ombro, uma maciça, cãibra dolorosa, que dobraram meus joelhos, mas Cherry me pegou e me manteve de pé. Minha mão parecia o de uma vítima de estricnina,
os dedos convulsionaram como garra. Sentia que meu braço estava tentando rasgar-se de dentro para fora. Cherry estava apoiando quase todo o meu peso enquanto eu
tentava não gritar.
- Deixa ele consertar o seu braço, Anita, se ele puder -, ela disse.
Os músculos doloridos do meu braço relaxavam pouco a pouco, até que a vontade de gritar era apenas uma pequena voz na minha cabeça. Minha voz saiu como um sussurro
distorcido, mas estava claro, sem choramingo. - O que é chamar carne, de novo? - Eu estava pendurada tão pesadamente na Cherry que era apenas a educação que a impedia
de me pegar em seus braços. Ela estava segurando todo o meu peso.
Micah veio nos apoiar. Merle pairava por trás dele, como uma babá muito ansiosa. - Eu posso curar danos no meu grupo com meu corpo -, Micah disse.
Olhei para Cherry e vi Nathaniel ao lado dela. Ambos assentiram com a cabeça ao mesmo tempo, como se tivessem escutado minha pergunta não feita. - Eu nunca vi um
Nimir-Raj que podia chamar carne, mas ouvi a respeito -, Cherry disse. - É possível -.
- Você não soa como se acreditasse nele -, eu disse.
Ela deu um tímido sorriso, que deixou seus olhos cansados. - Eu não acredito em mais ninguém -. Ela sorriu em seguida. - Só você -.
Eu ainda estava apoiada em seu braço, mas quase de pé sozinha. Apertei seu braço com minha mão direita, tentando colocar em meus olhos o que eu estava sentindo.
- Eu sempre farei o meu melhor por você, Cherry -.
Ela sorriu novamente, e seus olhos suavizaram um pouco, ainda assim aquela aspereza, o cinismo, nunca os deixou realmente. - Eu sei disso -.
- Nós todos sabemos disso -, Nathaniel disse.
Eu sorri para ele. Eu disse à oração que eu venho dizendo desde que herdei os homens-leopardo: Meu Deus, não me deixe falhar com eles.
Eu mantive um aperto firme no braço de Cherry, mas virei para Micah - Por que meu braço é a única coisa que está ferida?
- Você não está ferida em nenhum outro lugar? - Ele perguntou.
Eu comecei a dizer não, então tive que pensar sobre isso. - Eu sinto dores, mas nada como o braço. Nada dói como ele -.
Ele balançou a cabeça como se isso significasse algo para ele. - Seu corpo e nossa energia curaram primeiro os ferimentos com risco de vida, e os menores, como as
marcas em suas costas.
- Eu não acho que a energia de cura possa ser seletiva -, eu disse.
- Pode quando controlada -, ele disse.
- Quem a controla?
Seus olhos aprisionaram os meus. - Eu controlo -.
Olhei para Cherry, e ela concordou. - Ele é um Nimir-Raj. Ele é dominante para todos nós. Ele e Merle -.
Olhei para o grande homem. - Eu devo a vocês um muito obrigada?
Merle balançou a cabeça. - Você não nos deve nada -.
- Nada -, Micah disse. - Nós fomos os únicos que entramos em seu território sem sua permissão. Foi nossa violação, não sua -.
Olhei para os dois. - Ok, e agora?
- Você pode ficar de pé sozinha?
Eu não estava realmente certa, então deixei Cherry pouco a pouco e descobri que eu podia ficar de pé sozinha. Ótimo. - Sim, eu acho que posso -.
- Eu preciso tocar os ferimentos para curá-los -.
- Eu sei, eu sei, a pele nua é melhor para a cura entre os metamorfos -.
Ele fez uma pequena carranca. - Sim, é -.
Usei minha mão direita para deslizar o roupão do meu ombro esquerdo. Percebi que não tinha descoberto o suficiente do meu braço. Comecei a sacudir meu braço esquerdo
para fora da manga, e outro espasmo me bateu. Foi Micah que me pegou desta vez quando meu braço tentou rasgar-se fora do meu corpo e minha mão segurou algo que eu
nem podia ver ou sentir. Não era só isso que doía, como se eu tivesse perdido todo o controle do meu braço.
Micah sussurrou. - Grite, não há vergonha nisso -.
Eu apenas balancei a cabeça, com medo de abrir a boca, medo de que eu iria gritar. Ele me abaixou no chão. Suas mãos foram para o cinto do roupão. O espasmo diminuiu
aos poucos de novo, deixando-me ofegante no chão enquanto ele descobriu mais meu lado esquerdo. Uma vez que ele revelou meu braço e ombro esquerdo, ele puxou o roupão
para cima de mim, cobrindo tudo o que importava, exceto meu peito esquerdo. Eu apreciei o gesto. Desde que eu estava agora deitada no chão olhando para ele, eu também
apreciei que ele não estava mais ereto. Isso foi de alguma forma menos ameaçadora.
Ele estava de joelhos, traçando seus dedos acima da pele do meu braço. Só que ele não estava tocando minha pele, ele estava tocando a energia sobrenatural que derramava
da minha pele. Sua energia fluiu de sua mão e misturou-se com a minha em uma dança de eletricidade que enviou um arrepio pela minha pele. Pela primeira vez, pensei
em perguntar: - Será que vai doer?
- Não, não deve -.
Ouvi uma risada masculina. Eu estava olhando para todos os homens da sala, exceto um. Virei minha cabeça para ver Caleb ainda sentado na cama.
- Há uma piada que eu não estou alcançando?
- O ignore -, Merle disse.
Olhei para os olhos tão graves deles, enquanto o riso de Caleb tocava música de fundo.
- Você tem certeza que não há algo que você queira me dizer sobre o chamado da carne?
Micah balançou a cabeça, mandando o emaranhado de cachos que deslizava em volta do seu rosto. Eu percebi que ninguém tinha ligado à luz. Estávamos ainda nos movendo
no crepúsculo da luz da noite. - Alguém pode ligar a luz?
Havia uma excitação de olhos agitados, um para o outro, para o outro, como se eles estivessem brincando de batata quente com o olhar. - O que há de errado?
- Por que você acha que algo está errado? - Micah disse.
- Não fode comigo, eu vi os olhares. Por que nós não podemos acender as luzes?
- Você pode ser fotossensível por causa da cura rápida -, Cherry disse.
Olhei para ela e pude sentir a desconfiança no meu rosto. - Isso é o que todos os olhares estavam falando? - Eu disse.
- Nós estamos preocupados sobre como seu corpo está reagindo aos ferimentos -. Ela ajoelhou-se ao meu lado, no lado oposto de Micah. Ela acariciou meu cabelo como
você faria a um querido cachorro para acalmá-lo. - Estamos preocupados com você -.
- Eu entendi isso -. Estava difícil ser desconfiada, com sua sinceridade vibrando em mim. Eu finalmente tive que sorrir. - Eu acho que nós podemos fazer sem as luzes
até que ele me cure -.
Ela sorriu, e desta vez ele chegou a seus olhos. - Bom -.
- Você pode nos dar algum espaço aqui -, Micah disse. - Caso contrário, a energia pode se espalhar -.
Cherry me deu um último toque, em seguida, levantou-se e voltou, tendo Nathaniel com ela. Micah olhou para Merle. - Você também -.
Merle franziu a testa, mas ele atravessou a sala com os outros. Todos eles acabaram na cama com Caleb. Estranhamente, eu iria tão longe do quarto, quanto eu poderia
sair da cama, sem sair do quarto. Totalmente inconsciente da minha parte, honesto.
Micah ficou de joelhos, mas recostou-se sobre seus pés, as mãos abertas nas coxas, olhos fechados, e eu o senti se abrindo. Sua energia girou outra vez por mim como
um fio de ar quente que fechou minha garganta, tornou difícil respirar. Ele abriu aqueles estranhos olhos e olhou para mim, rosto relaxado, como se estivesse sonhando
ou meditando.
Eu esperei que ele colocasse suas mãos em mim, mas elas continuaram nas coxas. Ele inclinou a parte de cima de seu corpo para o meu ombro.
Coloquei minha mão direita em seu braço, e no momento em que o toquei, sua besta ondulou através de mim. Era quase como se um grande gato invisível estivesse deslizando
dentro e fora do meu corpo, à maneira como eles se entrelaçam em torno de suas pernas, exceto que este gato passou por lugares que nem mesmo um amante deve ser tocado.
Ele congelou minhas palavras na minha garganta, e pelo olhar no rosto de Micah, eu poderia dizer que ele estava sentindo o mesmo. Ele parecia tão chocado quanto
eu. Mas ele continuou a se inclinar para mim.
Minha mão ficou em seu braço, mas isso não o impediu, e eu não conseguia pensar bem o suficiente para perguntá-lo. Seus lábios roçaram meu pescoço onde as cicatrizes
começavam, e isso tornou minha respiração num suspiro trêmulo.
Ele apertou sua boca em meu pescoço e forçou um turbilhão de energia, que existia dentro de mim. Fez eu me contorcer, mas não doeu. Na verdade, me senti tão bem
que eu o empurrei para trás.
Minha voz saiu espremida, fraca, quase um sussurro. - Espere um minuto. Qual é a da boca? Eu pensei que você ia pôr as mãos sobre mim -.
- Eu disse que podia curar com o meu corpo -, ele disse. O poder esticou entre nós como caramelo quente puxado entre os grudentos dedos das crianças. Era como se
nos tocando, derreteríamos um ao outro.
Arrastei minha mão para longe dele, e foi como se minha mão estivesse movendo através de algo - algo real e quase sólido. Minha voz estava firme, e constante. Eu
estava impressionada. - Eu considerei que significasse mãos -.
- Se significasse mãos, eu teria dito isso -. Ele abaixou seu rosto em direção a mim, movendo-se através do poder, que parecia como ondas na água quando alguém nada
até você. Agarrei um punhado daqueles cachos emaranhados. - Defina corpo para mim -.
Ele sorriu, e era ao mesmo tempo gentil, condescendente, e de certa forma triste. Ele permaneceu ajoelhado sobre mim, seu rosto perto o suficiente para beijar, minha
mão em seus cabelos, o poder pulsando em torno de nós, construindo dentro em algo grande. - Boca, língua, mãos, mas é corpo, minhas mãos sozinhas não serão suficientes.
Eu estou dizendo que você pode curar com seu corpo, tão bem -.
Eu tirei minha mão de seu cabelo e tentei obter alguma distância entre nós, mas ele não se moveu para trás, por isso, não funcionou. A verdade era que eu podia curar
com sexo, ou algo tão próximo a isso que você não quer fazê-lo em público.
- Mais ou menos, eu disse. Olhei pela sala, além da cabeça de Micah e encontrei Cherry. - Está chamando carne como o que faço quando eu chamo a Munin? - Munin era
uma espécie de memórias ancestrais dos lobisomens. Só que eles eram realmente mais como fantasmas, os espíritos dos mortos. Você podia ganhar seus conhecimentos,
suas habilidades, e seus maus hábitos se você tivesse a capacidade de canalizá-las. Eu era uma necromante - todos os mortos gostavam de mim. A Munin, que gostou
de mim mais do que todos foi Raina, a velha lupa do grupo de lobos. Eu fui a pessoa que a matou - para evitar que ela me matasse - e ela gostou do fato que ela poderia
tomar conta de mim. Ganhei o poder de controlar Raina quando eu aceitei dela, as verrugas e tudo. Quando chamei por ela, eu não lutei mais. Nós tínhamos elaborado
uma espécie de trégua. Mas, chamar a Munin para curar era quase sempre sexual para mim, porque tinha sido sexual para Raina.
- Não é sexual -, Cherry disse. - Sensual, mas não sexual -.
Confiei no julgamento de Cherry sobre este assunto. - Ok, então faça -.
Micah olhou para mim, aqueles estranhos olhos verde-amarelados tão terrivelmente perto.
- Faça -, eu disse.
Ele deu aquele melancólico, triste, condescendente sorriso outra vez, como se ele estivesse rindo de nós dois, e chorando por nós, também. Enervante esse sorriso.
Então ele abaixou a boca para meu pescoço e a primeira das cicatrizes. O primeiro beijo foi suave contra minha garganta; exalava poder contra minha pele, e repentinamente
ficou difícil de respirar. Mas o poder pairava sobre minha pele como uma roupa. Em seguida, a ponta de sua língua deslizou ao longo da minha pele, lambendo numa
quente, linha molhada no meu pescoço. O poder seguiu a linha do calor, afundando-se sob minha pele, quando ele me lambeu. Mas foi quando sua boca pressionou sobre
minha pele, lacrando-o contra mim, sugando-me com sua boca, entre os dentes, que eu senti o poder empurrando para dentro de mim, forçando para dentro das cicatrizes.
Ele literalmente respirou, comeu a cura dentro de mim. Fiz pequenos movimentos desamparados. Eu não podia ajudá-lo. Todos nós temos as nossas zonas erógenas além
das normais, lugares onde se formos tocados, nossos corpos reagem, querendo ou não. Meu pescoço e ombros são dois dos meus pontos.
Ele inclinou para trás, afastando-se do meu pescoço, o suficiente para sussurrar: - Você está bem? - Sua respiração estava quente contra a minha pele.
Concordei, e afastei meu rosto dele.
Deixou-me sem palavras, pressionando sua boca de volta em meu pescoço. Não houve preliminares desta vez, ele me mordeu, forte o suficiente para que eu engasgasse.
Meu estômago atado, torcendo-me para o lado, me puxando para longe dele.
- Anita, o que está errado?
- Meu estômago -, eu disse.
Ele deslizou o roupão aberto, passando a mão sobre minha barriga. - Não há nenhuma ferida aqui -.
Outra onda de dor rasgou através do meu intestino, curvando-me mais duas vezes, contorcendo-me no chão. A necessidade rasgou através de mim, como algo vivo, tentando
abrir seu caminho para sair do meu corpo.
Micah estava lá, tirando meu cabelo do meu rosto, de modo que o poder que estava levantando entre nós, rolou pelo meu corpo, como um gato vadeando através de mim.
Ele me envolveu em seus braços, no seu colo, apertou meu rosto contra seu peito. - Consiga um médico -.
O peito dele era suave, quente. Eu podia ouvir seu batimento cardíaco, senti-lo contra minha bochecha. Eu podia sentir o cheiro de sangue sob a pele, como algum
doce exótico que derreteria na minha língua e deslizaria pela minha garganta. Eu trabalhei minha subida pelo seu corpo até que eu pudesse ver a grande pulsação em
seu pescoço. Vi aquela pulsação como um homem morrendo de sede, minha garganta queimou com a necessidade, meus lábios secaram, rachados por falta dele. Eu tinha
que me alimentar. Eu soube naquele instante que não era o meu pensamento.
Estiquei aquela parte de mim que Jean Claude reivindicou e encontrei-o. Encontrei-o sentado em um cubículo sem janelas. Ele olhou para cima, como se pudesse me ver
de pé na frente dele. Ele sussurrou, - Ma petite -, e eu sabia onde ele estava. Eu não sei por que, mas eu sabia onde. Ele estava na cadeia da cidade de St. Louis,
numa cela reservada para coisas que não podem agüentar a luz do dia. Olhei em seus olhos e os vi encher com fogo azul, até que eles lançaram sua própria luz na cela
escura.
Ele estendeu a mão para mim, como se pudéssemos nos tocar, e era o poder de Micah, a besta de Micah rolando pelo meu corpo, que rasgou-me, me afastando de Jean Claude.
Abri meus olhos para encontrar meus braços em volta de Micah, meu rosto pressionado em seu ombro, minha boca muito próxima ao calor de seu pescoço. Houve movimento
no quarto, e eu sabia vagamente que alguém tinha corrido para conseguir um médico, mas o que eu precisava um médico não podia me dar.
A pele de Micah cheirava a limpeza, jovem. Era como se eu pudesse dizer só pelo cheiro quantos anos tinha.
O sangue era como gelo espalhado sob a ternura de sua carne, e a parte de mim que pensava em Micah como carne não era Jean Claude, era Richard.
Eu não sabia como colocar em palavras a necessidade. Micah virou seu rosto, olhou nos meus olhos e eu senti algo dentro de mim abrir, alguma porta que eu não sabia
que existia, oscilou espaçosa. Um vento soprou através da porta, um vento feito de escuridão e no silêncio da sepultura. Um vento que detinha um calor elétrico como
o esfregar da pele pela pele nua. Um vento que provou ambos os meus homens. Mas eu era o centro, a coisa que podia manter ambos dentro e não quebrar. Vida e morte,
desejo e amor.
- O que você é? - Micah perguntou, sua voz num sussurro surpreso.
Eu sempre pensei que os vampiros tomavam suas vítimas - roubavam sua vontade com seus olhos e levavam-nas como um mágico estupro. Mas naquele instante eu sabia que
era mais complexo do que isso, e mais simples. Eu vi, com os olhos de Jean Claude, o seu poder. Olhei para o rosto de Micah a centímetros de distância, e eu vi,
senti, a sua própria necessidade. Desejo estava lá, uma luxúria horrivelmente insatisfeita, e eu sabia que tinha sido muito para Micah. Mas por baixo estava uma
necessidade maior, uma necessidade de poder e do abrigo que o poder pode proporcionar. Era como se eu pudesse sentir suas necessidades, rolá-las na minha língua.
Olhei em seus olhos verde-amarelados, naquele rosto tão humano, e Jean Claude me deu as chaves para a alma de Micah.
- Eu sou o poder, Nimir-Raj. Poder suficiente para aquecê-lo na mais fria das noites -. O poder fluiu da sua pele, como um vento escaldante. O vento quente que misturado
com o poder dentro de mim, enroscaram-se até que ele moveu como uma faca dentro de mim. Ele arrancou um suspiro da minha garganta, e Micah ecoou ele. O poder se
transformou em algo mais suave, algo que acariciou em vez de esfaquear uma coisa que você esperaria a vida inteira para ter. Eu vi o fluxo de sensações ao longo
do rosto de Micah, sabia que ele sentiu isso também.
Um vento agitou a ponta de seu cabelo. E o vento estava se movendo entre nós como o ponto onde frio e calor se encontram e formam algo maior do que qualquer um pode
formar por si só, algo enorme, rodopiante, um vento tão forte que pode demolir casas e conduzir palha através de postes telefônicos.
Seus braços apertados em volta de mim. - Eu sou Nimir-Raj, jogos mentais não funcionam em mim -.
Eu ainda mantive meus joelhos no círculo de seus braços, e pressionei meu corpo na frente do seu. Estávamos quase exatamente da mesma altura, o contato do olho era
muito íntimo. O poder apertou em nossa volta como uma mão gigante nos espremendo juntos. Seu corpo respondeu e ele estava grande de novo, tão duramente pressionado
contra minha virilha e estômago. Esta foi a minha deixa para ficar embaraçada, em pânico, mas não. Eu sabia que Jean Claude alimentava-se de luxúria, bem como de
sangue, mas eu nunca tinha realmente entendido o que aquilo significava, até o momento em que a carne de Micah tocou a minha. Não foi só pressionar o nu dele, duro
e firme contra o meu corpo, que me fez estremecer contra ele, foi à necessidade em seu corpo. Eu senti sua fome agitar pela sua carne, como se eu pudesse ler partes
dele que eram muito primitivas para palavras, necessidades que não tinham nada haver com linguagem, e tudo haver com carne nua.
Ele fechou os olhos, e um suave gemido escapou-lhe.
- O que eu ofereço não é ilusão, Nimir-Raj, é real -.
Ele balançou a cabeça. - Sexo não é suficiente -.
- Eu não estou oferecendo sexo, não agora -, mesmo quando eu disse isso, eu pressionei meu corpo contra o dele. Seu corpo inteiro tremeu contra o meu, e um som muito
parecido com um gemido saiu de sua garganta.
- Eu estou oferecendo uma prova do poder, Nimir-Raj, uma pequena prova de tudo que posso oferecer-lhe -. Na minha cabeça eu sabia que era mentira, mas no meu coração
eu sabia que era verdade. Eu poderia oferecer-lhe poder e carne, as duas coisas que queria, precisava, acima de tudo. Foi uma isca perfeita, e ele estava errado.
Comecei a voltar para baixo para tentar empurrar o poder para baixo, mas Jean Claude lutou comigo. Ele empurrou seu poder em mim, como um eco do seu corpo, cavalgando-me.
Era tarde demais para eu me alimentar como uma humana e dar-lhe de volta sua força. Ele evitou-me por noites, porque eu estava fraca. Eu estava forte novamente,
e ele estava fraco, e nós tínhamos inimigos na cidade. Nós não poderíamos nos dar ao luxo de sermos fracos. Tudo isso, eu soube num piscar de olhos, sua mente para
a minha. Eram aquelas as sementes da dúvida - poderíamos nos dar ao luxo de sermos fracos? - que me fez incapaz de expulsá-lo.
- O que você quer em troca? - Micah perguntou num sussurro que guardava uma ponta de desespero, como se nós dois soubéssemos que tudo que eu pedisse, ele faria.
- Eu quero beber a corrida quente do seu corpo, tê-lo enchendo minha boca com aquele líquido quente que bate logo abaixo daqui -. E eu esfreguei meus lábios em seu
pescoço. O cheiro de sangue tão perto da superfície fez meu estômago retorcer, mas nós estávamos próximos, tão perto, que não devíamos nos apressar, não devíamos
assustá-lo. Éramos como pescadores. Nós tínhamos nossa rede, tudo que precisávamos era que o peixe parasse de lutar conosco e ficasse imóvel.
Meus lábios pairavam sobre seu pescoço enquanto ele falava. - Mostre-me se você tem poder suficiente para fazer valer o meu tempo, e eu lhe darei qualquer fluído
corporal que você quiser -.
Eu coloquei seu cabelo para o lado, e ele deslizou para trás. Eu fechei minha mão em punho com seus cachos para mantê-los fora do caminho, até que esse movimento
trouxe um som da sua garganta. Eu descobri uma longa linha lisa do seu pescoço. Ele moveu a cabeça para o lado como se soubesse o que eu queria agora. Eu podia ver
a grande pulsação em seu pescoço, batendo contra sua pele como algo pequeno e separado dele, algo vivo que eu tinha que libertar.
Eu passei minha língua por aquela pele latejante. Eu quis ser gentil, eu queria muitas coisas, mas sua pele estava macia e perfeita sob minha boca, o cheiro dele
me intoxicando como o mais doce perfume. Seus batimentos contra minha boca, eu afundei meus dentes ao redor deste movimento frenético. Eu comi sua pele, cavei meus
dentes sob a carne, e em seu poder, sua besta.
Senti minha besta elevar-se do meu corpo, como alguma grande forma subindo das profundezas do oceano, um leviatã que crescia e crescia, inchando dentro de mim, até
que minha pele não pudesse prendê-lo, então tocou a besta de Micah e parou, pairando pela água negra, pairando pelo meu corpo como alguma coisa enorme. Os dois poderes
flutuavam naquela água escura, roçando suavemente o lado de baixo de seus corpos, nossos corpos. Foi uma sensação como veludo esfregando dentro de mim, só que este
veludo tinha músculos, carne, e era áspero mesmo sendo macio. As imagens que mantive e fluíam em minha mente era de um grande gato esfregando-se dentro de mim, rolando
em mim, porém maior do que isso.
Eu tinha visto a besta de Richard mover seus olhos como alguma grande forma vista na água, que parecia grande e esmagadora. Eu bebi o poder de Micah, mas não apenas
através da minha boca e da minha garganta. Todo lugar que eu tocava, eu me alimentava. Eu podia sentir seu coração batendo contra meu peito nu. Eu podia sentir o
sangue correndo pelo seu corpo, sentir cada centímetro dele pressionado contra mim. Sentir sua necessidade, seu desejo, e eu comi ele. Eu me alimentei em seu pescoço
como se seus batimentos fosse o centro de um bolo recheado, como se, uma vez que eu roesse a carne, eu teria algo indescritivelmente doce. Eu tirei sangue, e com
o primeiro toque do doce sabor metálico na minha boca, todo fingimento, todo encanto foi apagado, afogado no cheiro de sangue fresco, o sabor da carne despedaçada,
a sensação da carne e sangue na minha boca. A sensação de suas mãos pressionando meu corpo contra o dele, minhas pernas em volta da sua cintura, montando ele. Eu
estava consciente como algum distante chamado que ele não estava dentro de mim, que ele ainda estava pressionado entre nossos corpos, tão duro, tão pronto que ele
tremeu contra meu estômago. Sua respiração acelerou. Alguém estava fazendo pequenos ruídos de animal, e era eu.
As unhas de Micah escavaram meu corpo, um instante antes dele derramar sobre mim em uma escaldante onda de fluídos muito primitivos para palavras, e não alto o suficiente
para ser grito, vieram de sua boca.
Senti Jean Claude derrubar o longo cordão metafísico que nos mantinha ligados. Eu o senti tranqüilo e bem alimentado, saciado. Tirei minha boca da garganta rasgada
de Micah, colocando minha bochecha contra seu ombro nu, minhas pernas e braços ainda em volta dele. Seus braços ainda me segurando apertado. Eu estava coberta de
fluídos, meus seios cheio deles. Escorreu pelo meu corpo pesadamente, ondulando sobre meu estômago, seguindo até minhas coxas.
Ele ajoelhou-se ali apoiando nosso peso, enquanto nossa respiração acalmava, e os batimentos de nossos corpos silenciavam. E naquele silêncio não havia nada, só
a sensação de sua carne, o cheiro cru do sexo, e à distância, a satisfação do vampiro.
10
O chuveiro era um daqueles de grupo, como você encontraria em uma academia. Mas eu era a única nele. Eu tinha me limpado e me esfregado completamente, mas eu me
sentia como Lady MacBeth gritando - Sai, mancha amaldiçoada! Sai! - Como se eu nunca mais fosse estar limpa de verdade. Sentei-me sobre os azulejos sob a água quente
caindo, abraçando os joelhos. Eu não tinha planejado chorar, mas eu estava chorando. Lágrimas lentas frias, comparada com a água batendo em meu corpo. Eu não tinha
certeza de porque eu estava chorando. Minha mente estava em branco. Geralmente, quando eu tento deixá-la em branco, não consigo, mas agora, não havia nada além da
água, o calor, o azulejo liso e a pequena voz na minha cabeça que continuava a correr em voltas e voltas, como um hammister em uma roda. Eu não conseguia ouvir o
que a voz dizia - eu acho que eu não queria. Tudo que eu sabia era que estava gritando.
Um ruído atrás de mim me fez virar. Era Cherry, ainda nua. Nenhum dos leopardos se vestia a menos que eu os fizesse. Virei a cabeça para longe dela. Eu não queria
que ela me visse chorar. Eu era o sua Nimir-Ra, a sua peDrª Pedras não choram.
Eu sabia que ela estava em pé a cima de mim, podia sentir isso, antes mesmo do ritmo da água mudar.
Ela se ajoelhou ao meu lado, a água se despejou ao seu redor, me deixando tremer ao toque súbito do ar fresco, sem água. Eu mantive o meu rosto virado para longe
dela. Ela tocou meu cabelo encharcado de água.
Quando eu não protestei ela me abraçou, os braços indo devagar em torno de mim, como se ela esperasse uma queixa minha.
Eu fiquei dura em seus braços, com o seu corpo em torno de mim. Ela apenas me segurou, apertou a cabeça no topo da minha, o seu corpo me abrigando da água, deixando-me
mais fria, mesmo que seu corpo esticado como calor contra a minha pele molhada. Debrucei-me nela por centímetros dolorosos até que finalmente, deixei que ela me
abraçasse. Eu chorei, e Cherry me segurou.
O choro nunca cresceu, ou ficou alto. Ele permaneceu em lentas lágrimas enquanto Cherry me segurava, e eu a deixei. Finalmente não haviam mais lágrimas, apenas o
som da água, o calor, a sensação de corpo Cherry em torno do meu. Havia um conforto no toque de carne que ia além do sexo. Eu me afastei, e ela recuou. Eu levantei
e desliguei a água. O silêncio era súbito e completo. Eu podia sentir a pressão da noite lá fora. Mesmo sem uma janela, eu sabia que eram as primeiras horas da manhã
- talvez duas ou até três. O amanhecer seria em poucas horas. Eu precisava saber por que Jean-Claude estava na cadeia. Todo o resto podia esperar. Nós tínhamos inimigos
na cidade, e eu precisava saber quem eram, o que eles queriam. Depois que eu pensaria sobre o que tinha acontecido, mas ainda não, ainda não. Evitar é uma das minhas
melhores qualidades.
Cherry me entregou uma toalha e manteve uma para si. Eu coloquei a toalha em volta do meu cabelo e busquei uma segunda toalha para o meu corpo. Nós nos secamos em
silêncio, sem contato visual. Não era protocolo de chuveiro; meninas não são tão preocupada com isso como os caras. Eu só não queria falar sobre o que tinha acontecido.
Ainda não.
Enrolei a toalha gigante firmemente em volta do meu corpo, e perguntei: - Porque Jean-Claude está na cadeia?
- Por matar você -, disse ela.
Eu encarei ela por alguns segundos, e quando eu pude falar, eu disse, - Repita isso para mim de novo. Devagar -.
- Alguém tirou fotos de Jean-Claude carregando você para fora do clube. Você estava coberta de sangue, Anita. Ele estava coberto de sangue. - Ela encolheu os ombros,
secando um ponto que ela tinha notado em uma das longas pernas.
- Mas eu estou viva -, eu disse. E quase soou bobo falar isso
- E como você explica que, em menos de uma semana, você curou as feridas que deviam ter matado você? - Ela se endireitou, jogando a toalha sobre um ombro, não se
incomodando em cobrir nem um centímetro do seu corpo.
- Eu não quero ele na prisão por algo que ele não fez -, eu disse.
- Se você for hoje à noite, a polícia vai querer saber como você se curou. O que você vai dizer a eles? - Seus olhos estavam muito diretos. Tão diretos que me fizeram
querer me encolher.
- Você está me tratando como um metamorfo que não saiu do armário ainda. Eu não sou um metamorfo, Cherry -.
Ela deixou cair o olhar então, não encararia meus olhos. Me fez lembrar o aspecto que tinham dado todos os outros na sala onde eu acordei. Toquei-lhe o queixo, tendo
que me aproximar para isso.
- O que é que vocês não estão me dizendo?
Uma voz de homem veio de fora dos chuveiros. - Posso, por favor, entrar e me limpar? - Era Micah. Eu tinha planejado correr para as montanhas da próxima vez que
o visse, mas havia algo nos olhos Cherry's que me manteve congelada. Ela estava assustada. E havia algo mais, algo que eu não conseguia ler.
Eu gritei de volta: - Só um minuto! - Então eu continuei, - Cherry, diga-me. Seja o que for, diga-me.
Ela balançou a cabeça. Ela estava com medo, mas de quê? - Você está com medo de mim? - Eu não conseguia manter a surpresa longe da minha voz.
Ela balançou a cabeça, olhando para baixo novamente, evitando o meu olhar.
- Eu nunca iria te machucar, nenhum de vocês.
- Por isso você iria -, ela sussurrou.
Eu agarrei o braço dela. - Cherry, droga, fale comigo.
Ela abriu a boca, fechou-a, e virou para a porta um segundo antes de Micah Callahan atravessar, como se ela tivesse ouvido ele antes de mim. Ele ainda estava nu.
Eu esperava estar envergonhada, mas eu não estava. Eu estava começando a ter o sentimento notoriamente mau sobre tudo o que Cherry não queria me dizer.
Micah tinha penteado o cabelo. Eram definitivamente cachos, e não ondas. Os cachos eram apertados, mas não pequenos. A cor era um tom de escuro, castanho escuro
- quase preto - que vem das pessoas que começam loiro branco quando crianças e depois escurecem. As ondas iam até um pouco abaixo dos ombros, e, seguindo a linha
do cabelo, meus olhos encontraram seu peito. Eu rapidamente movi-os para que eu pudesse me concentrar no rosto. Contato visual. Esse era o bilhete. Eu estava voltando
para o constrangimento.
- Eu disse que nós sairíamos em um minuto. - Minha voz soou mal-humorada, e eu estava contente. O fato de que eu estava agarrando a toalha para o meu corpo era pura
coincidência.
- Eu te ouvi -, disse ele. Seu rosto e voz eram neutros. Não tão neutro quanto um vampiro pode se tornar. Eles são os campeões de expressão em branco. Mas Micah
estava tentando.
- Então, espere lá fora até termos acabado -, disse eu.
- Cherry está com medo de você -, disse ele.
Eu franzi a testa para ele, então para ela. - Porque, pelo amor de Deus?
Cherry olhou para ele, e ele deu um pequeno aceno de cabeça. Ela se afastou de mim para a porta. Ela não saiu do quarto, mas ela ficou tão longe de mim como podia.
- Que diabos está acontecendo? - Eu perguntei.
Micah estava cerca de quatro metros de distância, perto, mas não tão perto. Eu podia ver melhor os olhos dele agora, e eles não eram tão humanos. Eu sabia com um
olhar que eles não pertenciam ao rosto dele.
- Ela tem medo de você matar o mensageiro -, disse ele, com voz suave.
- Olha, todo esse sapateado está ficando velho. Apenas me diga.
Ele balançou a cabeça, estremeceu como se machucasse. - Os médicos parecem pensar que você foi infectada com a metamorfose -.
Eu balancei minha cabeça. - Metamorfose de serpente não é realmente metamorfose. Não é uma doença que pode pegar. Você ou é amaldiçoado por uma bruxa para forma
de serpente, ou ele é herdado como a de cisne -.
Isso me fez pensar sobre as três mulheres que eu tinha visto pela última vez acorrentados a uma parede da sala de espadas. - Falando nisso, o que aconteceu com os
cisnes no clube?
Micah franziu a testa. - Eu não sei o que você está falando -.
Sem aviso, Nathaniel entrou no banheiro. Eu estava começando a sentir-se positivamente com muita roupa na minha toalha. - Nós os resgatamos -.
- O líder da serpente mudou de idéia depois que eu me machuquei?
- Ele mudou depois que Sylvie e Jamil quase o mataram.
Ah. - Então eles estão bem -, disse eu.
Ele balançou a cabeça, mas seu rosto ficou sério, de olhos suaves, como alguém que está prestes a dizer-lhe a notícia realmente ruim.
- Não comece você também. Eu não posso pegar merda de serpente. Não funciona dessa maneira.
- Gregory não tem merda de serpente -, disse ele, a voz tão suave como os olhos.
Pisquei para ele. - Sobre o que você está falando?
Nathaniel começou a vir mais para dentro da sala, mas Cherry pegou seu braço, manteve-o perto da porta para uma fuga rápida - eu acho. Zane apareceu na porta atrás
deles. Ele ainda estava a seis metros, cara pálida, excessivamente magro, mas tão musculoso quanto quando eu o conheci quando destruía uma sala de emergência do
hospital. Mas ele tingiu o cabelo para um verde pálido furta-cor, corte curto, com cones. O fato de ele estar completamente vestido parecia realmente estranho para
mim. Claro que era a versão Zane de roupas de rua, que ia de couro, sem camisa e com colete.
Olhei para os três na porta. Eles eram tão solenes. Me lembrei de Gregory caindo em mim durante a luta. Suas garras me perfurando. - Eu fui cortada muito pior por
um homem-leopardo, e eu não peguei isso -, disse eu.
- Drª Lillian acha que pode ser porque a ferida era uma ferida aguda e profunda, em vez de um corte superficial -, disse Cherry, com uma voz que era quase trêmula.
Ela estava assustada, com medo de como eu ia levar a notícia, ou com medo de mais alguma coisa.
- Eu não vou ser Nimir-Ra de verdade, pessoal. Eu não posso pegar a metamorfose. Se eu pudesse... Eu já fui cortada o suficiente... eu já seria peluda.
Os três deles apenas me olharam com os olhos arregalados. Virei deles para Micah. Seu rosto ainda era neutro, cuidadoso, mas havia uma sombra nos olhos de... pena.
Pena? Eu não mereço pena, não por esse motivo, de qualquer maneira.
- Você está falando sério -, eu disse.
- Você está exibindo todos os sintomas secundários -, disse ele. - A cura rápida, a ponto de seus músculos se espasmarem. A temperatura quente o suficiente para
ferver o cérebro de um ser humano. Tanto é que, quando abaixaram a temperatura você quase morreu. Você precisava assar no calor, o calor do seu grupo para curar.
Foi assim que nós te curamos. Isso não teria dado certo se você não fosse uma de nós.
Eu balancei minha cabeça. - Eu não acredito em você.
- Tudo bem -, disse ele, - você tem duas semanas até a lua cheia. Se você não mudar pela primeira vez até então. Você tem tempo -.
- Tempo para quê? - Eu perguntei.
- Tempo para lamentar -, ele disse.
Me afastei da compaixão em seus olhos, da pena. Merda. Eu ainda não acreditava. - E um teste de sangue? Isso deve provar de uma maneira ou de outra.
Cherry respondeu: - Metamorfose de lobo aparece no sangue em qualquer lugar de vinte-quatro a quarenta e oito horas, às vezes, setenta e dois. Metamorfose de leopardo,
a maioria das metamorfoses de gatos grandes, pode levar de setenta e duas horas a mais de oito dias para mostrar na corrente sangüínea. Um exame de sangue não prova
nada.
Olhei para eles, tentando envolver minha mente em torno disso, e isso simplesmente não iria fechar. Eu balancei minha cabeça. - Eu não posso lidar com isso agora.
- Você vai ter que lidar com isso -, disse Micah.
Eu balancei minha cabeça. - Hoje eu tenho que tirar Jean-Claude da cadeia. Eu tenho que mostrar à polícia que ele não me matou.
- Seu grupo me disse que você não iria querer ser vista. Que você não gostaria que seus amigos da polícia soubessem -.
- Eu não sou um leopardo -, disse eu. Soou teimoso até para mim.
Micah sorriu suavemente, e isso me irritava. - Não me olhe assim.
- Assim como? - ele perguntou.
- Como uma pobre menina iludida. Há coisas que não entendo sobre mim, sobre de onde vem meu poder.
- Quer dizer as marcas de vampiro -, disse ele.
Meu olhar passou dele para os três leopardos na porta. Algo no meu rosto fez todos os recuarem. - Tão bom saber que nós somos apenas uma família grande e feliz,
sem segredos.
- Eu estava nas discussões com os médicos sobre se a sua cura rápida poderia ser apenas um efeito colateral das marcas de vampiro -, disse ele.
- Claro que é -, eu disse. Mas o primeiro segmento de dúvida foi cavando seu caminho através do meu estômago.
- Se isso vai fazer você se sentir melhor -, disse ele.
Eu olhava para aquele rosto compassivo e senti a raiva me lavar em uma linha de calor, e com a raiva veio energia vacilante. A besta do Richard... ou a minha? Deixei-me
pensar a cogitação de todo o acontecido pela primeira vez. Foi minha besta que eu senti com Micah? Foi por isso que eu não tinha conseguido sentir onde Richard estava,
e o que ele estava fazendo? Eu pensei nele várias vezes durante toda a movimentação, mas nunca tinha sentido a marca entre nós abrir completamente. Eu iria supor
que era a energia do Richard, porque a energia era metamorfa. Mas e se não tivesse sido? E se tinha sido a minha?
Alguém tocou em meu braço, e eu pulei. Era Micah, os dedos mau quase tocando meu braço. - Você está pálida. Você precisa sentar?
Eu dei um passo para trás e quase tropecei. Ele teve de agarrar o meu braço para não me deixar cair no azulejo liso e molhado. Eu queria sair de perto dele, mas
eu estava tonta como se o mundo não fosse muito sólido. Ele me colocou no chão.
- Ponha sua cabeça entre os joelhos.
Sentei do jeito indiano no chão, a parede nas minhas costas, minha cabeça inclinada sobre as pernas dobradas, enquanto eu esperava o atordoamento para passar. Eu
nunca desmaiei. Não nunca apenas por choque - ocasionalmente por perda de sangue - mas nunca por choque.
Quando eu podia pensar de novo, levantei-me lentamente. Micah estava ajoelhado ao meu lado, todos atentos e compassivo, e eu o odiava. Eu coloquei minha toalha da
cabeça contra a parede, fechei os olhos.
- Onde estão Elizabeth e Gregory?
- Elizabeth não virá ajudar -, disse Micah.
Abri os olhos, girando a minha cabeça apenas para encontrar os olhos dele. - Ela tem uma razão para isso?
- Ela te odeia -, disse ele, simplesmente.
- Sim, ela amava Gabriel, seu antigo alfa, e eu o matei. Difícil de ser amigos depois disso.
- Esse não é o motivo dela te odiar -, disse ele.
Eu procurei seu rosto. - O que você quer dizer?
- Ela detesta que você é uma melhor alfa como um ser humano do que ela é como um leopardo. Você a faz se sentir fraca.
- Ela é fraca -, disse eu.
Ele sorriu, e tinha humor nele neste momento. - Sim, ela é -.
- Onde está Gregory?
- Você vai puni-lo por contaminar você? - Micah perguntou.
Olhei para trás para os outros três na porta, esperando, em silêncio. De repente eu percebi. Eles estavam tratando Micah como Nimir-Raj, deixando-o lidar comigo,
como chamar o marido quando a esposa bebeu demais. Eu não gostava muito disso. Mas se eu me concentrasse apenas no momento, a pergunta em questão, sem especulação,
sem olhar para o futuro, talvez eu sobrevivesse.
- Se Gregory não tivesse interferido eu estaria morta agora. Eles teriam agarrado o meu coração. Foi um acidente que ele caiu em mim durante a luta. - Eu estava
observando o rosto de Micah, mas eu senti o alívio que passou pelos outros, senti-lo de metros de distância. Olhei para eles, e isso se mostrou nas linhas de seus
corpos.
- Então, onde está ele? Onde está Gregory?
Os três deles fizeram o olhar do jogo batata quente novamente. - Ele se recusou a vir ajudar a me salvar igual a Elizabeth?
- Não, claro que não -, disse Cherry. Mas ela não explicou..
Olhei para Nathaniel. Ele encontrou meu olhar, sem pestanejar, mas eu não gostei do que vi nos olhos dele. Haviam mais notícias ruins para vir, você podia sentir
o cheiro no ar.
Virei para Micah. - Bem, você me diz.
- Quando o seu Ulfric descobriu que Gregory te fez Nimir-Ra de verdade, ele...
Micah cobriu suas mãos.
- Ele pirou -. Zane disse
Olhei para todos eles. - O que você quer dizer com ele pirou?
- Ele levou Gregory -, disse Cherry.
- O que quer dizer com ele levou Gregory?
- Ele tratou Gregory como um inimigo do bando -, disse Micah.
Olhei para ele. - Vá em frente.
- Se você tivesse sido a sua lupa de verdade, e alguém tivesse ferido você, está dentro dos direitos do Ulfric declará-lo um inimigo do bando, um criminoso.
Fiquei olhando para aqueles olhos verdes amarelados. - O que significa isto?
- Isso significa que os lobos têm seu leopardo, e eles vão julgar a ele por ferir você.
- De jeito nenhum, eu quero dizer, mesmo que eu estou virando um leopardo, o que eu não sou. Isso não me machuca. Quer dizer, eu estou indo para ser um metamorfo
como eles agora.
- Não como eles -, disse Micah, - como nós.
Eu tentei ler o rosto, mas eu não o conhecia muito bem ainda. - Você tem um ponto, diga-o -.
- Você não pode ser lupa os lobos e Nimir-Ra dos leopardos -.
- Eu tenho sido os dois por muito tempo.
Ele balançou a cabeça, e novamente ele estremeceu, como se o pescoço machucasse. - Não, você era a namorada humana do Ulfric, que te declarou lupa. Você era a humana
que estava cuidando dos leopardos até que você pudesse encontrar um leopardo alfa verdadeiro para assumir o cargo. Agora você é verdadeiramente Nimir-Ra e o bando
não vai aceitá-la como um deles.
- Você está dizendo que Richard vai me chutar por que serei um leopardo?
- Não, eu estou dizendo que o bando não vai te aceitar como sua lupa -. Micah olhou para baixo, depois para cima.
Eu podia vê-lo tentando colocar seus pensamentos em palavras. - Meu entendimento do que está acontecendo com os lobos aqui é que Ulfric mudou de uma monarquia, onde
sua palavra era lei, para uma democracia onde a maioria governa. Ele começa a votação decisiva, mas não tem a palavra final.
Eu concordei. Parecia como o que o Richard queria para o bando. - Soa como algo que ele faria. Eu meio que estive fora de contato nos últimos meses.
- Ele conseguiu muito bem. A votação foi contra ele, contra você. O bando não vai aceitá-la como lupa quando você for leopardo e não mulher-lobo.
Meu olhar passou deles para os outros. - Isso é verdade?
Todos eles concordaram. - Me desculpe Anita -, disse Cherry.
Eu balancei a cabeça, tentando me concentrar e não tendo sucesso. - Tudo bem, ótimo, ótimo. Richard não pode me fazer lupa. Eu nunca quis ser lupa, apenas sua namorada.
Fodam-se os lobos. Mas o que eles fizeram com Gregory?
- Richard ficou insano quando ele descobriu que Gregory tinha feito -, disse Zane. - Ele pensou Gregory tinha feito isso de propósito, porque estávamos todos com
medo de perdê-la como nosso Nimir-Ra -.
- Ele acusou Gregory de fazê-lo de propósito? - Eu perguntei.
Zane assentiu. - Oh, sim, então eles o levaram.
- Eles, quem?
- Jamil, Sylvie e outros - Ele não iria encontrar os meus olhos.
- Será que alguém não tentou discutir com ele sobre isso?
- Sylvie tentou dizer-lhe que não estava certo, que você não iria gostar. Ele bateu nela, disse para ela nunca discutir com ele de novo, que ele era Ulfric, não
ela.
- Merda -.
- Não culpe seus leopardos por não lutar com os lobos -, disse Micah. - Eles são extremamente em menor número -.
- Eles teriam seus traseiros chutados, eu sei. Além disso, é o meu trabalho lidar com Richard, não deles.
- Porque você é seu Nimir-Ra -, disse ele.
- Porque eu sou sua namorada, algo assim -.
- Claro -, disse ele.
Acenei com a mão para ele. - Olha, eu não posso lidar com tudo isso agora, então eu vou apenas concentrar nas coisas importantes, quero dizer as coisas imediatamente
importante. Onde está Gregory, e como faço para tirá-lo de volta?
Micah sorriu. - Muito prático.
Olhei para ele e senti meus olhos ficarem frio. - Você não tem idéia do quão prática eu posso ser.
Seus olhos mudaram, mas não era o medo em si, era mais de interesse, como se a minha reação o intrigasse. - A situação é complexa porque você é a lupa que foi ferida.
Na verdade, você deve se convencer que Gregory quis machucar -.
- Isso é muito fácil -, disse eu. - Sei que ele não quis fazer nenhum mal. Então porque é que tenho a sensação de que eu não posso apenas telefonar para o Richard
e dizer, ‘Oi, eu estou indo pegar o Gregory’?
- Porque você não tem que convencer só o Richard, mas o bando inteiro, que você tem o direito sobre o Gregory.
- O que quer dizer ‘direito sobre o Gregory’? Ele é meu leopardo. Ele é meu, não deles -.
Micah sorriu, abaixando cílios longos sobre os olhos, como se ele não quisesse que eu a lesse sua expressão naquele momento. - O Ulfric declarou Gregory desonestos
por, de fato, matar sua lupa -.
- Eu estou viva, o que...?
Micah ergueu um dedo, e eu o deixei terminar. - Você está morta para o bando - como sua lupa. Na realidade, ser um leopardo faz você morta para eles. Você pode compartilhar
a cama Richard novamente, mas você nunca será a sua lupa novamente. Eles votaram nisso, e Richard destruiu sua própria estrutura de poder ao ponto em que ele não
pode forçar um voto sobre eles.
- Você está dizendo que ele é Ulfric, mas ele realmente não os governa -, disse eu.
Micah pareceu pensar sobre isso por um segundo ou dois, então começou a afirmar, e parou no meio do movimento. - Sim, de fato, muito bem colocado.
- Obrigado. - Um pensamento veio a mim, e eu segurei o braço dele. - Eles não vão matar Gregory, vão? - Algo passou por seu rosto que me fez segurar mais forte seu
braço. - Eles o mataram?
- Não -, disse Micah.
Eu soltei o seu braço e me encostei na parede. - O que estão fazendo com ele, ou o que eles estão planejando fazer com ele?
- A pena para matar a lupa é a morte em qualquer bando. Mas as circunstâncias são tão estranhas que eu acho que você vai ter a chance de ganhá-lo de volta.
- Ganhá-lo de volta, como? - Eu perguntei.
- Para isso, você terá de perguntar ao Ulfric -.
- Eu vou fazer isso. - meu olhar passou por ele. - Alguém traga meu celular do Jeep. - Nathaniel foi para a porta sem outra palavra.
- O que você vai fazer? - Micah perguntou.
- Eu vou confirmar que Gregory não está sendo ferido. Se ele esta bem por essa noite, eu vou tirar Jean-Claude da cadeia. Se Gregory está em perigo, então eu vou
tirá-lo primeiro.
- Prioridades -, disse ele, baixinho.
- Na mosca.
Ele sorriu novamente. - Estou muito impressionado. Você teve vários choques em um espaço muito curto de tempo, você ainda está lúcida e caminhando para resolver
os problemas, um de cada vez.
- Só posso resolver um problema de cada vez -, disse eu.
- A maioria das pessoas se deixem distrair.
- Eu não sou a maioria das pessoas.
Ele deu aquele pequeno sorriso de novo, protegendo os olhos com seus cílios longos. - Eu notei -.
Algo sobre a maneira como ele disse me fez subitamente consciente de que ele estava nu e eu estava vestindo apenas uma toalha. Era hora de ficar em pé e me vestir.
Eu parei, recusando sua oferta de ajuda. - Estou bem, Micah, obrigada, de qualquer maneira. - Meu olhar passou dele para Cherry e Zane ainda de pé na porta - eu
tenho alguma roupa aqui?
Cherry assentiu. - Nathaniel trouxe suas coisas de casa. Eu vou buscá-las. - E ela foi pela porta.
- Armas, também, - Eu gritei para ela.
Ela enfiou a cabeça pela porta. - Eu sei -. Isso deixou apenas Zane de pé na porta. - Você tem uma tarefa para mim?
- Não agora.
Ele reluziu para mim um sorriso selvagem o suficiente que mostrou que ele tinha elegantes presas superiores e presas inferiores de bichano. Zane tinha passado um
pouco de tempo demais na forma animal para voltar a totalmente como ele era. - Eu vou ajudar a Cherry então. - Ele parou na porta. - Estou realmente feliz que você
não morreu
- Eu também -.
Ele sorriu e saiu.
Isso me deixou sozinha com Micah. Olhei em seus olhos verde-amarelos e sabia que também era um sinal de que ele passou muito tempo na forma animal. Nós não tínhamos
nos beijado, então eu não sabia se ele tinha dentes delicados como Zane. Eu esperava que não, e não tinha certeza de por que me importava.
- Você se importaria se eu começar a limpar? - ele perguntou.
Eu balancei minha cabeça. - A vontade. Estou indo procurar minhas roupas. - Mas Nathaniel veio pela porta com meu celular.
Olhei para o preto e fino telefone. Eu só o tinha a alguns meses. Eu tentei não comprar um. Se você tem um celular e um Pager você nunca está verdadeiramente livre
do escritório. Claro, eu estava de férias. Embora, até agora não tivesse sido relaxante.
Eu liguei o telefone e disquei o número de Richard da memória. Não houve resposta, apenas a sua secretária eletrônica. Eu deixei uma mensagem, então eu sabia o que
fazer. Eu tinha que saber o que estava acontecendo com Gregory. Eu pensei sobre Richard, a sensação de seus braços, o cheiro do seu pescoço, o roçar de seus cabelos,
e pontos de energia rolaram sobre a minha pele. Eu abri a marca que me ligava a Richard e o encontrei de pé em um palco. Ele estava discutindo com alguém, mas eu
não conseguia ver quem. Nunca tinha uma visão clara através de Richard como eu fazia através de Jean-Claude. Richard virou como se ele pudesse me ver de pé atrás
dele, então ele me empurrou para fora, levantando um escudo tão sólido que eu não conseguia senti-lo por outro lado.
Nathaniel estava segurando meu braço, me equilibrando. - Você está bem?
Concordei. Ser empurrada para fora sempre era desorientador. Richard sabia disso. Merda.
- Estou bem. - Eu afastei de Nathaniel e tive que ligar para o serviço de informações para descobrir o numero do Café Lunático. Richard estava na sala de reunião
na parte de trás do restaurante. Raina era a dona do restaurante e, de acordo com a lei do bando, poderia ter pertencido a mim se eu não tivesse usado uma arma para
matá-la. Tinha que ser mano-a-mano ou garras, ou pelo menos uma faca antes de tudo o que era dela ser meu. Posses, de qualquer maneira. Você não pode obter o poder
de ninguém por matá-los. Isso simplesmente não funciona dessa forma. E de qualquer maneira, quem iria querer? Armas foram consideradas trapaça, então eu não herdei
as coisas da Raina.
Richard atendeu no segundo toque, como se ele estivesse esperando a chamada. - Richard, é Anita.
- Eu sei -. A voz dele estava com raiva, fechada e apertada.
- Nós precisamos conversar.
- Estou no meio de algo aqui, Anita.
Bem, se ele queria jogar o brusco e hostil, eu jogo. - Onde está Gregory?
- Eu não posso te dizer.
- Por quê?
- Porque, você pode tentar salva-lo, e você não é mais lupa. O bando vai se defender, e eu não quero você fazendo buracos nos meus lobos -.
- Você deixa meu leopardo quieto, e eu deixo os seus lobos quietos.
- Anita, não é tão simples.
- Eu ouvi a explicação, Richard. Você pirou quando descobriu que Gregory poderia ter me infectado com a essência de leopardo. Você mandou seus executores pegaram
ele, e você o acusou de matar sua lupa. Que é simplesmente estúpido, eu não estou morta -.
- Você sabe o que o bando está votando agora, neste exato momento?
- Nem imagino -.
- Se eu terei que escolher outra lupa para o bando antes da próxima lua cheia.
- Eu acho que você vai precisar de uma -, disse eu, e até me ouvir reconhecer isso fez meu estômago apertar.
- Uma amante, Anita, eles estão querendo me forçar a escolher uma amante do bando.
- Você quer dizer que não podemos namorar agora?
- Esse é o voto.
- Stephen, um de seus lobos, e Vivian, um dos meus leopardos, vivem juntos. Ninguém parece se importar com isso.
- Stephen é um dos menores entre nós. Eles não iriam tolerar um namoro de espécies cruzadas para dominantes. E eles certamente não vão tolerar para o Ulfric -.
- Humano é bom o suficiente para foder, mas não leopardo -, eu disse
- Nós somos humanos, Anita. Mas nós não somos gatos, nós somos lobos -.
- Então você não vai namorar comigo, nem nada, agora?
- Não se eu quero ser Ulfric -.
- O que acontece com o triunvirato?
- Eu não sei -.
- Você vai desistir de mim assim. - De repente eu estava fria, o meu estômago como um nó duro congelado.
- Você esteve fora da minha vida por mais de meio ano. Como eu sei que alguma outra coisa não vai te assustar de novo?
- Eu planejei namorar vocês dois, Richard, estar com vocês dois. - Eu percebi logo que eu disse que era isso o que eu queria dizer. Eu tomei uma decisão e não tinha
percebido isso.
- E sobre daqui uma semana de hoje, ou um mês, ou até um ano? O que vai te assustar da próxima vez
- Eu não planejo fugir mais, Richard.
- Bom saber -. Eu podia sentir sua raiva como algo quente e palpitante sobre o telefone.
Até seu escudo estava vazando, ou ele o abaixou.
- Você não quer ficar comigo? - Minha voz era suave, machucada, e eu odiava isso. Odiava.
- Eu quero estar com você, você sabe disso. Você me deixa louco, mas eu ainda quero você.
- Mas você ainda vai desistir -, disse eu. Minha voz estava um pouco mais forte, mas não muito. Richard estava me largando. Bom, era sua prerrogativa. Eu era uma
dor no traseiro, eu sabia disso. Mas o meu peito doía com isso, merda.
- Eu não queria, Anita, mas eu vou fazer o que eu tenho que fazer. Você me ensinou isso -.
Meus olhos ardiam. Eu ensinei isso. Ótimo. Se nós realmente iríamos terminar por bem, eu não iria chorar ou implorar. Eu não vou ser fraca. Minha voz saiu mais sólida,
mais segura de si mesmo. Meu estômago ainda era um nó frio, mas não mostrou isso na minha voz. O esforço para fazer minha voz soar normal através do telefone fez
o meu peito apertar. - Você é o Ulfric, rei lobo. Sua palavra é lei do bando.
- Eu trabalhei duro para ter certeza que tivessem uma voz igual, Anita. Eu não posso mudar isso agora. Seria desfazer tudo o que eu tentei mudar -.
- Os ideais são ótimas em teoria, Richard, mas eles não funcionam muito bem na vida real.
- Eu discordo -, disse ele. Sua ira já estava vazando. Ele só parecia cansado.
- Eu não vou discutir coisas que temos vindo discutido desde que nos conhecemos. Vou concentrar nas coisas que eu posso mudar. E, não importa o quanto nós queremos,
não podemos mudar um ao outro, Richard. Nós somos o que somos. - Minha voz era incerta, de novo, cheio de alguma da emoção que estava sentindo. - Então, Gregory
está ok?
- Ele está bem -.
- Eu quero ele de volta, você sabe disso.
- Eu sei disso. - Sua raiva estava fazendo um retorno.
- Agora que eu não sou lupa, não sou do bando, como eu pego ele de volta?
- Você tem que ir ao Lupanar amanhã à noite e fazer uma petição por ele.
- O que quer dizer ‘uma petição por ele’?
- Você tem que se provar digna. Haverá algum tipo de teste.
- Como de múltipla escolha, redação, o quê?
- Eu não sei ainda. Nós estamos... votando nisso.
- Foda-se, Richard, há uma razão por que temos uma democracia representativa nesse país, não uma pura. Uma pessoa pura, um voto, simplesmente não funciona bem. Você
não pode decidir nada assim -.
- Eles estão decidindo, Anita. Você só não está gostando do caminho para qual ela está indo.
- Como você pôde pegar o Gregory? Como você pôde fazer isso?
- Assim que percebi o que tinha acontecido, eu sabia que o bando iria te votar para fora. A maioria deles não estavam felizes com você antes disso. Você não era
do bando, e eles não gostavam disso. O fato de você ter evitado eles - todos eles - por seis meses, não ajudou.
- Eu tive que compreender minha situação de merda antes que eu pudesse voltar, Richard.
- E quando você estava compreendendo sua situação de merda, a minha estava desmoronando.
- Sinto muito, Richard, eu sinto. Mas eu não sabia -.
- Amanhã à noite no Lupanar, cerca de uma hora depois do anoitecer. Você pode trazer todos os seus leopardos e quaisquer outros metamorfos que sejam seus aliados.
Se fosse eu, como Ulfric, eu ia trazer os homens-rato -.
- Eu não sou mais lupa, então eles não são mais meus aliados, são?
- Não -, disse ele, e a raiva desapareceu novamente. Richard nunca pode guardar rancor por muito tempo.
- O que acontece se eu não ganhar Gregory de volta?
Ele não me respondeu, só o som de sua respiração ao telefone. - Richard, o que acontece com Gregory?
- Ele vai ser julgado pelo bando.
- E?
- Se ele for condenado por matar a nossa lupa, é uma sentença de morte.
- Mas eu estou aqui, Richard. Eu não estou morta. Você não pode matar Gregory por me matar, quando ele não fez isso.
- Eu atrasei o julgamento até que você estar bem o suficiente para participar. Foi o melhor que pude fazer -.
- Você sabe, Richard, às vezes é bom ser rei. Um rei pode perdoar quem quiser, um rei pode foder quem ele quer -.
- Eu sei disso.
- Então seja rei, Richard, realmente seja rei. Seja o Ulfric deles, não o presidente.
- Eu estou fazendo o que eu acho melhor para todos.
- Richard, você não pode fazer isso.
- Isto já foi feito.
- Richard, se eu falhar no pequeno teste, eu não vou deixar você executar Gregory. Você me entende?
- Você não tem permissão para levar armas para o Lupanar, apenas facas. - Sua voz estava cuidadosa.
- Eu me lembro da regra. Mas Richard, você está me ouvindo? Você está me entendendo?
- Se nós tentarmos executar Gregory amanhã à noite, você vai lutar contra nós, eu entendo. Mas entenda isso, Anita, seus leopardos não são páreo para nós, nem mesmo
com Micah e seu grupo. Nós superamos em cinco por um, talvez mais -.
- Não importa, Richard. Eu não posso parar e assistir Gregory morrer, não por algo tão estúpido assim.
- Você vai tentar salvar um dos gatos e arriscar perder todos eles? Você realmente quer ver o que vai acontecer se eles tentarem lutar no Lupanar contra o bando?
Eu não gostaria de ver.
- Isso é... maldição, Richard, não me encurrale, você não vai gostar -.
- Isso é uma ameaça?
- Richard... - Eu tive que parar no meio da frase e contar lentamente sob a minha respiração. Mas contar até dez não ia funcionar, talvez um zilhão. - Richard -,
minha voz saiu mais calma: - Vou salvar Gregory, custe o que custar. Eu não vou deixar que os lobos massacrem meus leopardos, custe o que custar. Você perdeu a paciência
e levou um dos meus leopardos. Você fez do seu bando uma merda de democracia, onde nem sequer têm direito de veto presidencial. Você vai realmente misturar os erros
começando uma guerra entre seu bando e meu grupo?
- Eu ainda acho que todos terem voz é uma boa idéia.
- É uma grande idéia, mas ela não está funcionando, não é? - Ele ficou quieto de novo. - Richard, não faça isso.
- Está fora das minhas mãos. Sinto muito, Anita, você não sabe o quanto eu sinto.
- Richard, você não vai realmente deixá-los executar Gregory. Quero dizer, não realmente.
Silêncio novamente.
- Richard, fale comigo.
- Eu vou fazer o que posso, mas eu perdi a votação. Eu não posso mudar isso.
- Você pode realmente estar perto e vê-lo morrer por algo que ele não fez?
- Como você sabe que ele não te contaminou de propósito?
- Eu estava lá. Ele caiu em cima de mim com a cobra de duas coisas montando ele. Foi um acidente. Ele manteve eles fora de cortarem meu coração. Ele salvou minha
vida, Richard, e isso é uma recompensa pobre -.
- Ele não poderia ter virado suas garras de lado no ultimo minuto? - Richard perguntou.
- Não, tudo aconteceu muito rápido.
Ele riu, mas foi amarga. - Você tem estado a nossa volta por tanto tempo, e você ainda não entende o que somos. Eu poderia desviar, em menos de um piscar de olhos.
Gregory não é mais lento do que eu. Como um leopardo que ele é mais rápido, mais ágil.
- Você está dizendo que ele fez isso de propósito?
- Eu estou dizendo que ele tinha uma fração de segundo para decidir o que ele faria, e ele decidiu mantê-la como sua Nimir-Ra. Ele fez a opção de levá-la de mim
-.
- E você vai fazê-lo pagar por isso. É isso?
- Sim, é isso.
- Com a vida dele?
Ele suspirou. - Eu não o quero morto, Anita. Mas quando eu descobri que ele tinha feito, eu queria matá-lo eu mesmo. Eu queria tanto que eu não pude confiar em mim
mesmo em torno dele, assim eu o coloquei em algum lugar seguro até eu poder me acalmar. Mas Jacob ficou sabendo disso, e forçou a votação.
- Quem é Jacob?
- Meu novo Geri, terceiro no comando depois da Sylvie.
- Eu nunca tinha ouvido falar dele antes.
- Ele é novo.
- Maldição, terceiro na linha, e ele é novo. Ou ele é um lutador muito bom ou muito perverso, para vencer essa quantidade de lutas em menos de um ano.
- Ele é bom, e ele é perverso.
- Ele é ambicioso? Eu perguntei.
- Por quê?
- Se Jacob não tivesse forçado uma votação, você teria devolvido Gregory para mim -?
Ele permaneceu quieto por tanto tempo, que eu finalmente perguntei: - Você ainda está aí?
- Eu estou aqui. Sim, eu teria devolvido ele para você. Eu não posso matá-lo pelo o que ele fez.
- Então Jacob fez um requerimento que despoja você de um aliado poderoso -- eu - e te força a declarar guerra a outro grupo - os homens leopardo. Ele foi um menino
ocupado.
- Ele está apenas fazendo o que ele acha que está certo.
- Jesus, Richard, como você pode continuar a ser assim tão ingênuo?
- Você acha que ele quer o meu cargo?
- Você sabe que ele quer que o seu trabalho. Eu posso ouvir em sua voz.
- Se eu não sou forte o suficiente para segurar o bando, então é prerrogativa de Jacob para me desafiar. Mas ele tem que derrotar Sylvie primeiro, e ela é tão boa
quanto ele - e tão perversa.
- Quão grande é Jacob?
- O meu tamanho, não tão musculoso -.
- Sylvie é boa, mas ela é menor, e magra, e uma mulher. E o quanto eu odeio dizer isso, mas faz a diferença. Libra sobre libra, vocês rapazes têm força superior
do corpo sobre nós. Se a perícia é igual, uma pessoa maior vai bater uma menor.
- Não subestime Sylvie -, disse ele.
- Não superestime ela, também. Ela é minha amiga, também, e eu não quero que ela morra só porque você não está disposto a cuidar dos negócios.
- O que é que isso quer dizer?
- Isso significa que até ele derrotar Sylvie e se torna Freki, seu segundo no comando, você pode matá-lo em um desafio. Você pode ter ele executado.
- Se Marcus tivesse pensado isso de mim, eu estaria morto agora.
- E Marcus estaria vivo, Richard. Você não está ajudando o seu caso.
- Nós não somos animais, Anita, nós somos pessoas. E eu não posso simplesmente matá-lo porque eu acho que ele está querendo o meu cargo.
- Você não desce de cargo como Ulfric, Richard, você luta até a morte para ele. Sei que, teoricamente, se os dois entrarem em acordo, não tem que ser mortal. Mas
eu tenho perguntado por ai, e nenhum homen-lobo para qual eu perguntei lembrou de uma briga para Ulfric que não foi até a morte. Ele não quer seu cargo, Richard,
ele quer sua vida.
- Eu não posso controlar o que Jacob faz, só o que eu faço.
Eu estava começando a lembrar por Richard e eu não tínhamos dado certo como casal. Oh, tinha havido uma série de razões. Eu tinha visto ele comer Marcus, o que me
fez fugir. Então voltamos juntos, e as marcas foram extremas. Mas havia outras razões. Motivos que me fizeram sentir cansada e mais velha que Richard, mesmo ele
sendo verdadeiramente dois anos mais velho que eu. - Você está sendo estúpido, Richard.
- Não é realmente da sua conta, Anita. Você não é mais minha lupa.
- Se você morrer, as marcas podem arrastar Jean-Claude e eu para morrer com você, então isso é da minha conta.
- E você não arrisca sua vida cada vez que você vai caçar vampiros ou criaturas sobrenaturais com a polícia? Você quase morreu no Novo México, menos de um mês atrás.
Você arriscou todos nós.
- Eu estava tentando salvar a vida das pessoas, Richard. Você está tentando refazer um sistema político. Ideologia é ótima em uma sala de aula ou em um debate, mas
é carne e sangue que conta, Richard. É a vida e a morte que estamos falando aqui, não um ideal ultrapassado que você tem na sua cabeça sobre o mundo melhor que você
pode fazer para o bando.
- Se os ideais não significam nada, Anita, então somos apenas animais.
- Richard, se Gregory morrer por isso, então eu matarei Jaco, e qualquer outra pessoa que ficar no meu caminho. Vou destruir seu Lupanar e salgar a terra, então
me ajude. Você explique para o Jacob, e para qualquer um que precise convencimento, que se eles me ferrarem, eles irão morrer.
- Você não pode lutar contra o bando inteiro, Anita. Não e vencer.
- Se você acha que a única coisa que me interessa é ganhar, então você não me conhece. Vou salvar Gregory por que eu disse que o faria -.
- Se você falhar nos testes, você não pode salvá-lo.
- Que tipo de testes estamos falando?
- Aqueles que somente um metamorfo poderia passar.
- Richard, Richard... - Eu queria gritar e rugir para ele, mas de repente eu estava mais cansada do que com raiva, mais desanimada do que irritada. - Escreva isso,
Richard, se eu não conseguir salvar Gregory, então eu vou mover o céu para o inferno para vingar ele. Você explique isso para Jacob, certifique-se de que ele compreende.
- Diga a ele você mesma. - Houve um silêncio e o som do movimento. Então uma voz de homem se aproximou, uma voz que eu nunca tinha ouvido antes. A voz era agradável,
jovem, mas não muito jovem.
- Olá, sou o Jacob, eu ouvi muito sobre você. - Sua voz tornou claro de que ele não tinha gostado do que ouviu.
- Olha, Jacob, nós não nos conhecemos, mas eu não posso permitir que você mate Gregory por algo que ele não fez.
- A única maneira de você nos parar é o ganhar de volta.
- Richard explicou que eu teria que passar por um teste para obter Gregory de volta. Ele também disse que se eu falhar você vai executar Gregory.
- É a lei do bando.
- Jacob, você não me quer como sua inimiga.
- Você é Nimir-Ra de um pequeno grupo de leopardos. Nós somos o clã Thronnos Rokke. Nós somos o lukoi, e você não é nada para nós -.
- Sim, eu irei amanhã a noite como Nimir-Ra do grupo Blooddrinker's. Mas eu sou Anita Blake. Pergunte aos vampiros e aos outro metamorfos da cidade sobre mim. Veja
o que eles dizem. Você não vai querer foder comigo, Jacob, você realmente não vai querer -.
- Eu já perguntei por aí. Conheço a sua reputação.
- Então por que você está insistindo nisso?
- Isso é problema meu -, disse ele.
- Tudo bem, você quer fazer isso, nós podemos fazer isso. Se você causar a morte de Gregory através de voto ou política dos Lobos, eu vou enterrar você.
- Se você puder -, disse ele. - Você é uma metamorfa nova. Você nem mesmo vai mudar de forma até a lua cheia, e isso é daqui uma semana. Você não é páreo para mim.
- Você diz como se eu fosse oferecer uma luta mano-a-mano. Eu não vou. Se Gregory morrer, você morre. Simples assim.
- Se você atirar em mim, você não vai ser reintegrada ao bando. Se você pudesse ganhar uma mano-a-mano contra mim, então talvez eles votassem você de volta como
lupa. Mas se você atirar em mim, você nunca vai ser lupa de novo -.
- Eu vou dizer isso gentilmente e devagar, Jacob, então nós poderemos nos entender. Eu não dou a mínima para ser lupa. Me preocupo com meus amigos, e as pessoas
que eu prometi proteger. Gregory é uma dessas pessoas. Se ele morrer, você morre.
- Eu não vou matá-lo, Anita. Eu só vou ter certeza de que eles votem sobre isso.
- Você gosta de filmes de John Wayne, Jacob?
Ele ficou quieto por um batimento cardíaco. - Acho que sim, eu digo, o que isso tem haver com tudo?
- Sua culpa, minha culpa, culpa de ninguém, se Gregory morrer, você morre.
- Eu deveria obter a referência do filme? - ele perguntou. Ele parecia irritado agora.
- Acho que não, mas o ponto é este. Vou responsabilizá-lo pessoalmente se alguma coisa acontecer com Gregory, por qualquer motivo. Se ele vier machucado, então também
vai ser machucado. Se ele sangra, você também sangra. Se ele morre...
- Eu peguei a idéia; Mas eu não tenho o voto decisivo nesse assunto. Eu sou apenas um voto.
- Então é melhor você pensar em algo, Jacob. Porque eu te dou minha palavra de que eu quis dizer exatamente tudo o que eu disse.
- Eu ouvi isso sobre você. - Ele estava quieto, e nós ficamos um em cada uma das extremidades do telefone em silêncio, até que ele disse, - E o Richard?
- O que sobre ele?
- Se algo acontecer com ele o que você vai fazer?
- Se eu te disser que eu vou matá-lo se você matá-lo, enfraquece a autoridade dele como Ulfric. Mas eu vou dizer o seguinte, se você derrotá-lo, então é melhor que
seja uma luta justa em um círculo de desafio. Se você trapacear de qualquer maneira, não importa quão pequena, eu vou te matar -. Eu queria tanto apenas dar uma
cobertor de proteção para o Richard, mas eu não podia. Isso enfraqueceria sua posição, e sua posição já era fraca o suficiente.
- Mas se for justo, você vai ficar de fora?
Eu me debrucei contra a parede e tentei pensar. - Eu vou ser honesta, Jacob, Eu amo Richard. Eu nem sempre o entendo, ou mesmo estou de acordo com ele, mas eu o
amo. Eu estou pronta para matar por alguém que nunca foi meu amante, ou mesmo um bom amigo. Então, sim, você mata Richard, e eu vou realmente, realmente querer te
matar -.
- Mas você não vai -, disse ele.
Eu não gostei de como ele foi persistente sobre o assunto. Me fez ficar nervosa. - Vou fazer um acordo, você não desafia Richard para Ulfric até a próxima lua cheia,
então seja lá o que aconteça, se for justo, eu vou ficar fora disso.
- E se for mais cedo? - ele perguntou.
- Então eu vou chover por toda a sua parada.
- Você está podando a autoridade do Richard -, disse ele.
- Não, Jacob, não, eu não estou. Eu não te mataria por eu ser lupa ou qualquer coisa de Lobos. Eu te mataria apenas por que eu sou vingativa. Me de as poucas semanas
até a lua cheia, e você sai limpo disso, se você tiver culhões para terminar o trabalho.
- Você acha que Richard vai me matar, em vez disso?
- Ele matou o Ulfric passado, Jacob. É assim que ele conseguiu o cargo.
- Se eu não concordar com isso, você vai apenas atirar em mim?
- De uma agradável, e segura distância, oh, yeah -.
- Eu posso prometer que não vou desafiar Richard até depois da lua cheia, mas não posso prometer que a votação não vai contra Gregory. Ele foi da Raina, a antiga
lupa, costumava a ajudar a punir alguns membros do bando. Há mais do que uma mulher aqui que ele ajudou a violar.
- Eu sei -.
- Como você pode defendê-lo então?
- Ele fazia o que seu antigo alfa falava para ele fazer, e o que Raina, a Malvada cadela do Oeste, lhe falava para fazer. Gregory não é dominante, ele é menor, e
ele faz o que lhe dizem, como um bom submisso metamorfo. Desde que eu assumiu como sua alfa, ele se recusou a estuprar e torturar. Logo que ele tinha uma escolha,
ele parou de fazê-lo. Pergunte a Sylvie. Gregory se deixou ser torturado em vez de ajudar a estuprá-la.
- Ela contou a história para o bando.
- Você não parece impressionado.
- Não é a mim que você tem que impressionar, Anita, são os outros.
- Me ajude a descobrir com impressioná-los, Jacob.
- Você está falando sério? Você quer que eu ajude a salvar o leopardo?
- Sim -.
- Isso é ridículo. Eu sou o Geri do clã Thronnos Rokke. Eu não tenho que ajudar um leopardo que até você admite que não é dominante.
- Não venha com todas essa consciência de classe para cima de mim, Jacob. Lembra-se do início de nossa conversa, a parte de você morrer? Eu te culpo pela bagunça.
E você vai me ajudar a limpá-la, ou vou espalhar seu cérebro todo sobre as paredes.
- Você não pode levar armas no Lupanar -.
Eu ri, e até mesmo para mim, era um som perturbador, assustador mesmo. - Você vai passar o resto de sua vida dentro do Lupanar?
- Jesus -, disse ele, de voz suave, - você está falando de me assassinar.
Eu ri novamente. A pequena voz na minha cabeça estava gritando para mim, me dizendo que eu estava a sendo uma sociopata muito boa. Mas Rebecca, da Fazenda Sunnybrook,
não estava indo para suprimir Jacob. Talvez mais tarde eu poderia me dar ao luxo de ser suave. - Acho que finalmente nos compreendemos, Jacob. Aqui está o meu número
de telefone celular. Me ligue antes de amanhã a noite com um plano.
- E seu eu não puder vir com um?
- Não é problema meu -.
- Você vai me matar mesmo se eu tentar salvá-lo - realmente tentar salvar seu leopardo, mas não conseguir. Você ainda vai me matar.
- Sim -.
- Puta fria -.
- Paus e pedras quebrarão os ossos, mas não vão matá-lo. Me ligue Jacob, faça isso logo -. Eu desliguei o telefone.
11
- Eu vejo o que você quis dizer sobre ser prática. - Micah disse. Ele estava parado e quieto me olhando, seu rosto cuidadosamente neutro, mas ele não conseguia esconder
tudo. Ele estava entretido. Entretido comigo, eu acho.
- Você não vai sair correndo e gritando porque eu sou uma sociopata sedenta por sangue?
Ele sorriu, e de novo seus longos cílios cobriram seus olhos. - Eu não acho que você é uma sociopata, Anita. Eu acho que você faz o que é necessário para proteger
seu bando. - Ele levantou aquele olhar verde-amarelado para mim. - Eu acho isso admirável, não algo para criticar.
Eu suspirei. - Bom saber que alguém aprova.
Ele sorriu, e era aquela mistura de condescendência, felicidade, e pena, que eu tinha visto antes. Um sorriso complexo esse. - As intenções do Ulfric são boas.
- Você sabe o que eles dizem sobre boas intenções, Micah. Se ele está determinado a ir pro inferno, ótimo. Mas ele não tem o direito de arrastar o resto de nós com
ele.
- Eu concordo.
Me cansava Micah concordar comigo. Eu não estava apaixonada por ele. Por que não podia ser Richard concordando comigo? Mas claro, havia outra pessoa. Eu precisava
buscar Jean-Claude enquanto ainda era noite.
- Eu tive que desligar o chuveiro por educação, para deixar você terminar a ligação, então o barulho não iria interromper seu telefonema. Eu preciso me limpar agora,
se você não se importa.
- Eu vou te dar alguma privacidade. - Eu me virei em direção à porta.
- Eu não estou pedindo privacidade, só explicando porque estou ligando o chuveiro durante a nossa conversa. - Ele disse.
Isso me vez virar. - Que conversa?
Ele ligou o chuveiro, testando a água com sua mão, ajustando o calor, conversando por sobre os ombros. - Eu nunca senti outra Nimir-Ra com esse poder que você libera.
Foi maravilhoso.
- Fico feliz que tenha aproveitado, mas eu realmente tenho que ir.
Inclinou sua cabeça para trás por um segundo, para molhar seu cabelo. A água passou por seu pescoço e ele segurou a respiração, encolhendo os ombros como se tivesse
doído.
Eu dei um passo para dentro do banheiro. - Você está bem?
Ele assentiu e parou o que estava fazendo. - Eu ficarei.
Eu estava perto o suficiente que quando ele levantou sua cabeça eu pude ver a água molhar seu rosto, acumulando pequenas gotas em seus cílios. Eu fiquei parada de
um lado, apenas gotículas de água me acertando. Eu tive minha primeira boa olhada em seu pescoço. - Merda. - Eu estendi minha mão até a água para tocar o rosto dele
e o virei lentamente para poder ver a mordida.
Ele tinha uma marca perfeita dos meus dentes do lado direito de seu pescoço. A ferida ainda estava sangrando, então o circulo de dentes estava carmesim. Em volta
da pele estava com machucados, cores escuras aparecendo acima da pele.
- Deus, Micah, me desculpe.
- Não se desculpe, é uma mordida de amor.
Eu tirei minha mão de seu rosto. - É, ta certo, parece mais como se alguém tivesse tentado arrancar sua garganta fora. - Eu franzi a testa. - Por que ainda não começou
a curar?
- Feridas feitas por dentes ou garras de outro metamorfo cura mais devagar que outras, não tão lento como ferida por prata, mas mais lento que o normal.
- Me desculpe.
- E eu disse, não se desculpe.
- O último Ulfric que eu mordi assim - e não foi nem de perto ruim assim, eu nem mesmo rompi a pele - considerou isso um insulto. Ele disse que isso significava
que eu considerava meu posto no bando maior do que o dele.
- Nós não somos lobos. Para nosso bando uma ferida no pescoço feito por uma Nimir-Ra é um sinal de que o sexo foi bom.
Isso me fez ficar vermelha.
- Eu não quis te envergonhar, apenas explicar para você que você não me deve desculpas. Eu gostei.
Eu fiquei mais vermelha.
- Juntos poderíamos fazer grandes coisas para o nosso bando.
Eu balancei minha cabeça. - Nós não sabemos com certeza se eu vou virar uma Nimir-Ra pelos próximos dias. Vamos ir devagar até lá.
- Se você quer assim. - Seu olhar era direto, e eu estava de repente ciente que ele estava pelado no chuveiro. Eu estava ficando melhor em ignorar, ou pelo menos
em não ficar incomodada por causa de nudez. Mas havia um momento em que você tinha que ficar ciente, quando o olhar da outra pessoa te fazia ficar ciente disso.
- Eu quero. - Eu disse.
Ele virou de costas, abaixando sua cabeça para a água bater em seus ombros, costas e coisas mais baixas. Os respingos ficaram mais fortes enquanto ele virava, batendo
contra meu rosto, ombros, braços, pernas e contra a toalha. Era hora de eu dar o fora, já tinha passado da hora.
Eu estava perto da porta de novo quando ele me chamou. - Anita.
Eu me virei.
Ele estava me encarando, esfregando o sabonete líquido que estava no apoio do banheiro em seu corpo. Ele estava esfregando seus braços quando eu me virei, depois
seu peito enquanto ele falava. - Se você quiser que a gente vá com você amanhã, nós ficaríamos honrados.
- Eu não posso deixar você arrastar seu grupo para nossa bagunça.
Suas mãos deslizaram para baixo, espalhando espuma em sua barriga, seu quadril, e então deslizou por entre suas pernas, passando o sabonete nele. Eu sabia por experiência
própria que você tinha que esfregar para tirar essas coisas, mas suas mãos ficaram ali até ele ficar cheio de espuma e parcialmente ereto, então ele passou suas
mãos para a coxa.
Minha boca estava seca e eu percebi que nós não tínhamos falado nada por alguns minutos. Eu apenas fiquei assistindo ele se ensaboar. Esse pensamento trouxe um calor
para o meu rosto. Micah continuou passando o sabonete por suas pernas, lentamente, levando mais tempo em cada movimento do que era necessário. Ele definitivamente
estava fazendo isso para o meu beneficio. Eu precisava sair dali.
- Se você é minha Nimir-Ra, então sua bagunça é minha bagunça. - Ele disse, sua cabeça estava virada para baixo, seu rosto escondido de mim, então tudo que eu podia
ver era a linha de seu corpo enquanto ele estava fora do jato d’agua para que a espuma não saísse.
Eu tive que limpar a minha garganta para dizer, - Eu não quero apressar as coisas, Micah.
- O poder entre nós dois é o suficiente para que eu concorde com o que você quiser. - Ele levantou então, voltando a ensaboar seus ombros. Isso fez com que ele alongasse
a linha de seu corpo, e eu estava dolorosamente ciente dele. Eu me virei, realmente querendo sair pela porta dessa vez.
- Anita. - Ele disse.
Eu parei na frente da porta, mas dessa vez eu não me virei. - O que? - Eu soava mau-humorada.
- É normal ficar atraída por mim. Você não pode evitar.
Isso me fez rir, uma boa e normal risada. - Ah, você tem uma opinião muito alta sobre você mesmo, não é? - Mas eu continuei sem olhar para ele.
- Não é uma opinião alta sobre mim. Você é uma Nimir-Ra, e eu o primeiro Nimir-Raj que você conheceu. Nossos poderes, nossas bestas estão atraídas uma pela outra.
Nós devemos nos sentir atraídos um pelo outro.
Eu me virei então, lentamente, tentando manter contato visual e falhando. Ele tinha virado, suas costas me encarando. Ele ainda estava passando sabonete em seus
ombros. A espuma deslizava lentamente por sua pele abaixo, em volta da sua cintura.
- Nós não sabemos ainda se eu sou qualquer tipo de metamorfa. - Minha voz soava ofegante.
Ele tentou alcançar suas costas inteira, seus braços se movendo sem esforço por sua pele, mãos passando na sua bunda durinha. - Você sente o chamado do meu corpo,
e eu sinto o seu.
Meu pulso estava batendo forte demais. - Você é um cara bonito, pelado, coberto por espuma. Eu sou humana, então me processe.
Ele se virou, ainda cheio de espuma. E ele era enorme.
Minha boca ficou seca. Meu corpo se apertou tanto e tão de repente que quase doía. Fez minha respiração ficar mais pesada e acelerar meu pulso.
- Você não é humana, essa é a diferença. É por isso que você continua me olhando mesmo quando não quer. - Ele andou até mim, lentamente, movendo como todos os leopardos
podem quando eles querem. Como se ele tivesse músculos em lugares que humanos não tinham. Ele deslizou na minha direção como algum belo gato molhado, seu corpo nu
brilhando pelo sabonete e água, seu cabelo caindo em volta de seus ombros, em volta de seu rosto. Aqueles grandes olhos verdes e amarelos de gato de repente pareciam
perfeitamente feitos para ele.
- Você não entende ainda o quão raro é para dois metamorfos dividirem suas bestas como nós fizemos. - Ele estava quase na minha frente agora. - Elas fluem dentro
e fora dos nossos corpos. - Ele parou ali, não me tocando, não ainda. - Elas são como dois gatos, roçando seus corpos peludos um contra o outro. - Ele correu suas
mãos cheias de sabonete pelos meus braços nus enquanto falava. Eu tive que fechar meus olhos. Ele estava descrevendo exatamente o que eu sentia, como se ele tivesse
lido minha mente, ou sentisse exatamente a mesma coisa que eu.
Suas mãos passaram dos meus braços para meus ombros, meu pescoço, deslizando umidamente pela minha pele. Suas mãos cheias de sabonete envolveram meu rosto em forma
de concha, e eu senti seu rosto se mover em direção ao meu antes de seus lábios me tocarem. O beijo era gentil, seu corpo cuidadosamente não me tocando.
Ele deslizou seus dedos até o começo da toalha, segurando ela, me puxando para frente. Isso me fez abrir os olhos. Depois de alguns passos eu percebi que ele estava
me guiando até o chuveiro.
- Você precisa tirar essa espuma de você. - Ele disse.
Eu estava balançando minha cabeça, e finalmente parei de me mover com ele. Ele manteve o aperto na toalha e ela se soltou, começando a cair pelo meu corpo. Eu a
segurei, meus seios de repente nus.
- Não. - Eu disse, minha voz apertada, mas eu repeti. - Não.
Ele deu um passo na minha direção, pressionado a dureza escorregadia dele contra mim. Ele tentou tirar meus dedos da toalha, e eu a segurei como se fosse minha vida.
- Me toque, Anita, me segure com suas mãos.
- Não.
- Você sabe que quer. Eu posso cheirar isso, - e ele moveu seu rosto no meu, respirando contra minha pele molhada. - Eu posso sentir, - Ele passou suas mãos pelos
meus braços de novo, pelos meus ombros, em direção aos meus seios, mas parou sem tocá-los. - Eu posso sentir o sabor. - Ele lambeu uma linha a longo da minha bochecha.
Eu arrepiei e queria dar um passo para trás, mas era como estar congelada no lugar. Eu não conseguia me mover.
Eu achei minha voz e ela tremia, mas era minha. Minhas mãos estavam presas ao meu corpo porque eu sabia que se eu o tocasse, nós estaríamos com problemas. - Essa
não sou eu, Micah. Eu não sou assim. Você é um estranho. Eu não faço isso com estranhos.
- Eu não sou um estranho. Eu sou seu Nimir-Raj, e você é minha Nimir-Ra. Nós nunca seremos estranhos um para o outro.
Ele trilhou beijos descendo pelo meu pescoço, me mordendo gentilmente, e isso fez meus joelhos ficarem fracos. Ele voltou para os meus lábios, e quando ele me beijou
eu pude sentir o sabor do sabonete que estava na minha pele.
A sensação dele pressionado contra a frente do meu corpo, perto o suficiente que se eu abrisse minha mão eu poderia abraçar ele, era quase demais. Eu percebi que
era mais do que apenas sexo. Eu queria me alimentar dele de novo, não com meus dentes, mas com meu corpo. Eu queria beber a energia dele com a minha pele, com minha
pele nua contra a dele. Eu queria tanto isso. Suas mãos deslizaram pelos meus seios, os cobrindo de sabonete, os fazendo ficarem escorregadios, meus mamilos já duros.
Meus braços deslizaram pela sua cintura, usando a pressão de nossos corpos para manter a toalha no lugar. Ele me moveu contra seu corpo, e seu peito estava escorregadio
e macio esfregando contra meus seios.
Ele começou a andar para trás com seus braços trancados atrás de mim, nos movendo de novo para o chuveiro. Minhas mãos se moveram para suas costas, deslizando perigosamente
para baixo. Era como se eu quisesse pressionar cada centímetro meu nele, eu queria enrolar seu corpo em volta do meu como um lençol e beber dele através dos poros
da minha pele.
Eu abri aquela ligação que eu tinha com Jean-Claude e o achei sentado esperando pacientemente. Eu pedi ajuda a ele, e distantemente eu ouvi sua voz na minha cabeça.
- Isso é tudo que eu posso fazer, ma petite, controlar meu próprio apetite, você tem que controlar o seu.
- O que está acontecendo comigo? - Enquanto eu perguntei, Micah havia movido seu corpo aquela fração para longe o que fez com que a toalha caísse, e quando ele rapidamente
se moveu de volta, ele estava pressionado contra minha virilha e barriga, e isso foi deja vu o suficiente para eu deixar escapar um pequeno som da minha garganta.
Jean-Claude olhou para cima e eu sabia que ele estava vendo o que estava acontecendo com Micah, através de pensamento ele pode sentir o que estava acontecendo como
se fossem as mãos dele deslizando pela pele molhada e deslizante de Micah. Minhas mãos deslizaram pela dureza dele. Ele enfraqueceu contra mim, e enquanto eu o acariciava,
eu soube que não tinha sido minha idéia tocar ele. Jean-Claude queria saber como era a sensação. Ele se afastou o suficiente para eu poder mover minha mão, mas o
dano já tinha sido feito. Micah me levou para o chuveiro, mais certo agora que eu iria dizer sim.
A voz de Jean-Claude apareceu na minha cabeça. - Você pode se alimentar da luxuria dele, mas o preço disso é o sexo. É uma faca de dois gumes ser um incubus. Uma
faca que eu tenho manejado por séculos.
- Me ajude!
- Eu não posso. Você deve lidar com isso sozinha. Ou você irá conquistar isso ou ser conquistada. Você sentiu o que aconteceu quando eu interferi há pouco. Porque
eu neguei a fome do meu corpo. Eu sabia que você não aprovaria, então eu tenho me negado. E estar no seu corpo enquanto você toca ele, enquanto você se alimenta,
seria minha perdição. Eu desejo você mais do que você jamais irá desejar o homem em seus braços. Eu queria ter seu corpo de um jeito que apenas eu posso tomá-lo.
Para me alimentar do sexo, não da veia. Mas eu sabia que isso iria te assustar mais do que o sangue.
Micah me virou me fazendo encarar a parede, colocando minhas mãos contra o azulejo, pressionando seu corpo contra minhas costas. A voz de Jean-Claude era suave na
minha cabeça, mais intima que o toque de Micah. - Eu não sabia que você iria ganhar esse demônio de mim, ma petite, e nada que eu possa dizer irá te convencer disso.
Eu sei disso. Eu te esperarei aqui, até que você tenha lutado contra o demônio, da forma que for. - E ele se protegeu de mim, desapareceu de mim para que não pudesse
sentir o que estava acontecendo, me deixando sozinha para fazer minha decisão, se eu fosse capaz de escolher.
Eu descobri que ainda tinha uma voz e disse, - Micah, pare, por favor, pare.
Micah lambeu minha nuca e eu arrepiei, pressionada contra a parede molhada.
- Por favor, Micah, eu não tomei anticoncepcional. - Um pensamento claro, finalmente.
Ele deu uma mordida leve na minha nuca. - Eu fiz vasectomia dois anos atrás. Você está segura comigo, Anita.
- Por favor, Micah, por favor, não.
Ele mordeu mais forte, o suficiente para deixar uma marca, e meu corpo ficou passivo, calmo. Era como se ele tivesse apertado um botão que eu não sabia que eu tinha.
Quando ele se pressionou entrando em mim, ele estava escorregadio, e eu sabia que em algum momento enquanto eu tinha dado minha atenção para Jean-Claude, ele tinha
passado mais sabonete nele, permitindo que aquela dureza dele deslizasse mais facilmente dentro de mim.
Ele me prendeu contra a parede e deslizou dentro de mim, um centímetro por vez. Não era que ele era mais longo do que largo - ele era largo o suficiente que quase
doía ter ele trabalhando para entrar em mim, mesmo com o sabonete.
Ele se empurrou em mim até estar quase todo dentro, e houve um ponto que ele teve que parar. Então ele começou a sair de mim, devagar, tão devagar. Então entrava
de novo, lentamente, ainda tendo que se empurrar, trabalhar para arranjar espaço dentro de mim. Eu fiquei presa contra a parede, passiva, sem me mover.
Essa não era eu. Eu me movia durante sexo. Mas eu não queria me mover, eu não queria que ele parasse e não havia nenhum pensamento, apenas a sensação dele movendo
para dentro e fora de mim. Eu não estava apertada agora, e o sabonete havia misturado com minha própria umidade, então ele começou a se mover mais facilmente para
dentro e fora de mim. Ele era gentil, mas ele era tão grande que mesmo sendo gentil, era quase demais. Ele chegava ao fim do meu corpo antes que estivesse inteiro
dentro de mim. Eu podia sentir ele tocar minha cérvix{5} a cada estocada. A maioria das mulheres acha doloroso sua cérvix ser tocada, mas algumas acham prazeroso.
Seu tamanho era intimidador, mas quando eu descobri que não machucava, na verdade era muito bom, parte de mim que ainda estava sã, ainda mantinha medidas de segurança,
relaxou e desapareceu. Minha ultima medida de segurança havia desaparecido.
Eu não queria sexo. Isso era apenas um meio. Eu queria me alimentar. Eu queria me alimentar da luxuria dele, beber seu calor, me banhar na energia dele. Esse pensamento
trouxe um som da minha garganta.
Micah se segurou contra a parede, seu corpo me prendendo completamente, e começou a achar um ritmo, ainda gentil, mas mais rápido. Ele estava sendo tão cuidadoso
comigo, e eu não queria que ele fosse cuidadoso.
Eu achei minha voz, mas ela não soava inteiramente como minha. - Mais forte.
Sua voz saiu apertada. - Posso te machucar se eu for mais forte.
- Tenta.
- Não.
- Micah, por favor, só faça, por favor. Se doer eu te falo. Por favor. - Ele estava com menos controle no outro quarto, e eu percebi por que. Ele estava realmente
com medo de me machucar porque ele estava dentro de mim. Quando ele estava apenas se esfregando contra meu corpo, ele não tinha que se preocupar em me machucar.
Agora ele tinha. Isso o fazia ficar com seu controle, o que me mantinha sem poder alimentar dele. Ele era um Nimir-Raj, e tinha poder o suficiente para me manter
fora dele. Ao menos até que ele baixasse sua guarda. Para fazer isso ele tinha que ficar menos controlado do que isso.
Enquanto eu pensava, uma parte de mim apareceu. Eu podia pensar de novo, pelo menos um pouco. Eu não queria fazer isso. Eu não queria me alimentar dele. Era errado,
de tantas formas. Eu comecei a dizer, - Micah, pare, eu não posso fazer isso. - Mas o mais longe que cheguei foi, - Micah... - e ele confiou na minha palavra. Ele
entrou em mim tão forte e rápido que fez um grito escapar da minha garganta e trouxe aquela nova parte de mim que era a fome de Jean-Claude em uma onda de calor
que rodou todo meu corpo e saiu pela minha boca.
Ele parou. - Você está bem?
- Não pare. Não pare!
Ele não perguntou novamente. Ele entrou em mim tão rápido e tão forte que me deixou sem ar. Pequenos e involuntários sons saiam de meus lábios junto com palavras,
- Oh, Deus, sim, sim, Micah! -. Cada vez ele entrava em mim o mais longe que podia, trazendo aquela fina linha entre prazer e dor, era quase demais. E logo quando
o prazer começava a virar dor, ele saía de mim, e eu podia respirar de novo. Então ele entrava novamente, e recomeçava tudo de novo.
A sensação era que ele estava me enchendo como se fosse um copo, até não ter nada dentro de mim além da sensação do corpo dele, a sensação da carne dele dentro de
mim. Era estreito, apertado, como se ele tivesse plugado no meu corpo e jamais sairia. Esse sentimento de preenchimento dentro de mim cresceu, cresceu e se derramou
em mim, por mim, dentro de mim, e saiu pela minha boca em gritos frenéticos, enquanto meu corpo tinha espasmos em volta dele. E foi só ai que o controle dele desapareceu,
me deixando saber que ele ainda estava sendo gentil. Seu controle desapareceu quando ele gozou e eu bebi ele dentro de mim, através de seu peito nas minhas costas,
seu quadril batendo contra o meu. Eu bebi dele enquanto ele explodia dentro de mim. Eu me alimentei dele, tomei dele dentro de mim com cada poro meu, até que nossas
peles se soltaram e mesclaram uma com a outra, virando por um momento brilhante apenas uma coisa, uma besta. E eu pude sentir a besta dele dentro de mim, como se
elas estivessem virando um par com nossos corpos, como nossos corpos humanos tinham feito. Naquele momento, eu não duvidei que eu fosse verdadeiramente sua Nimir-Ra.
Quando terminamos e tínhamos deslizado para o chão, ele ainda dentro de mim, seus braços abraçando a frente do meu corpo, eu comecei a chorar. Ele estava com medo
de ter me machucado, mas não era isso. Eu não podia explicar minhas lágrimas para ele porque eu não queria dizer isso em voz alta. Mas eu sabia. Eu tentei não ser
um dos monstros por tanto tempo, e agora, com um deslize, eu era um deles, ambos. Você não podia ser um vampiro chupador de sangue e um metamorfo ao mesmo tempo.
Eles cancelavam um ao outro, como uma doença ou maldição. E eu tinha me alimentado dele certamente como um vampiro. Eu sempre pensei que tinha que beber sangue para
ser um deles. Mas eu estava errada, errada sobre tantas coisas. Eu deixei Micah me abraçar. Eu senti seu coração batendo contra minhas costas e chorei.
12
Nathaniel dirigiu porque eu estava abalada demais para me concentrar. Eu estava funcionando, seguindo em frente, resolvendo cada problema por vez, mas era como se
o chão que eu pisasse e o ar que eu respirasse fossem precários e novos. Era como se tudo tivesse mudado, porque eu tinha mudado.
Eu era mais esperta que isso. Eu sabia que não importava o quão mal você se sentia, ou quantas coisas horríveis haviam acontecido, o mundo apenas continuava girando.
O resto do mundo nem ao menos sabia que os monstros estavam comendo meu coração. Um tempo atrás eu costumava ficar incomodada por estar tão confusa, com tanta dor,
e o mundo não se importar nem um pouco. O mundo, as criações em geral, são designadas para seguirem em frente, para seguir em frente sem nenhuma pessoa com você.
Isso parecia malditamente impessoal, e era. Mas, então, se o mundo parasse de dar voltas apenas porque um de nós teve um dia ruim, nós todos estaríamos flutuando
no espaço.
Então eu me encolhi no banco do passageiro do meu Jeep na escuridão e soube que apenas eu tinha mudado. Mas era uma mudança tão grande que eu sentia que o mundo
deveria mudar sua órbita, apenas um pouco.
Junho tinha voltado para seu calor normal, pegajoso até. Nathaniel estava vestindo uma regata e um short esportivo de seda. Ele tinha prendido seu cabelo, que estava
pegando na altura do tornozelo, em uma trança solta que curvava no banco, do lado de sua coxa. Ele descobriu que, se deixasse seu cabelo cair no chão do carro, às
vezes ele se emaranhava nos pedais. Ele tinha que vigiar a marcha entre os assentos também. Eu nunca tinha tido o cabelo longo assim.
Nathaniel tinha conseguido sua carteira de motorista fazia apenas alguns meses, mesmo ele tendo vinte anos. Gabriel, o alfa antigo deles, não os encorajava a serem
independentes. Eu meio que obrigava isso deles, o quanto eles eram capazes. No começo, Nathaniel ficava perdido quando eu comecei a mandar que ele decidisse coisas
por ele mesmo, mas ultimamente ele estava se saindo melhor. Me fez ter esperanças, e eu precisava de esperanças agora.
Ele tinha pegado roupas para mim. Jeans preto, blusa azul com decote em - U -, um sutiã preto que servia o suficiente para não aparecer no decote baixo da blusa,
calcinha combinando, meias pretas, Nikes preto, um blusa de manga curta preta para cobrir o coldre da Browning no me ombro. As pessoas continuavam me falando para
comprar uma nova arma. Eles provavelmente estavam certos. Provavelmente havia algo por aí que iria encaixar melhor na minha mão que uma Browning. Mas eu deixava
isso para lá. A Browning era como um pedaço de mim. Eu me sentia incompleta sem ela, era como perder uma mão. Precisaria de algo mais importante que eu ter uma mão
pequena para me fazer trocar de arma. Então, por agora, ainda era eu e a Browning.
Nathaniel ainda tinha pegado para mim meus coldres de faca e as facas de pratas que combinavam. Eu ia deixar elas no carro já que a blusa era de manga curta. Elas
eram um pouco agressivas demais para se usar em uma estação policial.
Eu tinha acabado de substituir o coldre que tinha sido arruinado no Novo México. Tinha sido um pedido especial, e tinha sido necessário um dinheiro extra para apressar
o trabalho, mas tinha valido a pena. Não havia realmente nenhum outro lugar que eu podia carregar uma faca tão grande e ainda conseguir andar, sem o cabo aparecer.
Nós dirigimos em silêncio. Nathaniel não tinha nem ligado o rádio, que era algo que ele gostava de fazer. Ele raramente dirigia em silêncio quando podia ter música
como plano de fundo. Mas hoje a noite ele deixou o silêncio encher o Jeep.
Eu finalmente fiz uma pergunta que estava esperando a resposta. - Quem colocou a Derringer no bolso do meu roupão? - A Derringer estava no porta luvas.
- Fui eu.
- Obrigada.
- As duas coisas que você sempre faz logo de cara é se vestir e se armar. - Seu sorriso ficou visível por um instante na luz do poste. - Eu não tenho certeza qual
é a sua maior prioridade.
Eu tive que sorrir. - Eu também não tenho.
- Como você está? - Sua voz estava bem cuidadosa quando ele perguntou, quieta no silêncio do carro.
- Eu não quero falar sobre isso.
- Ok. - Ele era uma das poucas pessoas que realmente acredita na minha palavra e não pressiona. Se eu dissesse para o Nathaniel que não queria conversar, nós não
conversaríamos. O silêncio entre nós dois não era mais forçado. Na verdade, o silêncio com Nathaniel era um dos sons mais relaxantes do meu dia.
Nathaniel estacionou o Jeep e nós saímos. Eu tinha minha licença de executora comigo, e a maioria das pessoas me conhecia de vista. Me ocorreu que eles pensavam
que eu estava morta. Enquanto andávamos até a porta, eu percebi que eu provavelmente deveria ter ligado e dado um aviso para eles, mas era tarde demais agora. Eu
estava a passos da porta. Eu não iria usar o celular agora.
Eu era familiar para o lugar o suficiente para apenas ter acenado enquanto passava pela porta, hoje à noite os olhos do oficial estavam enormes enquanto mencionava
que eu passasse pela esquerda, então eu não precisaria passar pelo detector de metal. Ele estava pegando o telefone enquanto fazia isso. Eu estava apostando que
ele estava ligando para o pessoal. Você não via pessoas levantando da morte toda noite. Bem, eu acho que eu via, mas a maioria dos policiais não.
Eu estava subindo as escadas que levavam a sede RPIT quando o detetive Clive Perry abriu a porta e começou a descer as escadas. Ele era esbelto e bonito, Afro-Americano
e a pessoa mais educada que eu já tinha conhecido. Ele tinha perdido um degrau e teve que se segurar no corrimão. Ele até mesmo inclinou contra a parede como se
suas pernas não estivessem funcionando bem. Ele parecia em choque - não, assustado.
- Anita. - Sua voz era ofegante. Era provavelmente a segunda vez em todo o ano que nos conhecemos que ele usava meu primeiro nome. Ele usava normalmente Srta. Blake.
Eu respondi para ele gentilmente, sorrindo. - Clive, é bom ver você.
Seus olhos passaram de mim para Nathaniel, e então de volta para mim. - Você deveria estar... - Ele se endireitou nas escadas. - Quero dizer, nós ouvimos... - Eu
assisti ele visivelmente tentar se recompor. Pelo tempo que levamos para alcançar o degrau que ele estava, ele parecia quase normal. Mas sua próxima pergunta não
era normal. - Você morreu?
Eu sorri, então senti o sorriso sumir enquanto encarava seus olhos. Ele estava sério. Eu acho que por eu levantar os mortos a pergunta não era tão ridícula como
soava, mas eu estava percebendo que parte de seu choque não era apenas por me ver andando por aí. Era de medo pelo o que eu era agora. Ele achava que eu era uma
morta-viva andante. De alguma forma ele estava mais perto da verdade que eu queria admitir, de outra forma ele estava tão longe.
- Não, Clive. Eu não morri.
Ele assentiu, mas havia uma rigidez em volta de seus olhos que fez com que eu me perguntasse se eu tentasse tocar seu braço, ele iria desviar? Eu não queria descobrir,
então Nathaniel e eu apenas passamos por ele, o deixando sozinho nas escadas.
Eu entrei na sala dos policiais que ficava cheia de mesas e pessoas barulhentas e ocupadas. RPIT era bem movimentado por volta das três da manhã. O barulho foi morrendo
ao poucos, como água indo pelo ralo, enquanto eu entrava na sala, até que eu estava me movendo por entre as mesas em um silêncio absoluto, apenas rostos me encarando.
Nathaniel continuou atrás de mim, movendo como uma sombra viva.
Eu finalmente disse, alto o suficiente para alcançar toda a sala, - Os rumores sobre a minha morte foram grandemente exagerados.
Então a sala explodiu com barulhos. Eu estava de repente rodeada de homens e algumas mulheres, todos me abraçando, me dando tapinhas nas costas, segurando minha
mão. Rostos sorridentes, olhos aliviados. Nenhuma outra pessoa havia mostrado hesitação como Clive Perry mostrou nas escadas, e isso me fez imaginar qual era a escolha
religiosa dele, ou a metafísica. Ele não era sensitivo, mas isso não queria dizer que ele não tinha crescido com pessoas que eram.
Foi Zerbrowski que me segurou, me tirando completamente do chão em um abraço de urso. Ele media apenas uns 1,70, não era tão alto, mas ele me girou na sala, finalmente
me colocando no chão, rindo e um pouco cambaleante. - Droga, Anita, droga, eu pensei que nunca mais iria ver você entrar por essas portas novamente. - Ele tirou
uma mecha de cachos pretos que estava começando a ficar acinzentada de sua testa. Ele precisava de um corte, mas então, ele sempre precisava. Suas roupas eram as
nada combinadas de sempre, como se ele tivesse escolhido sua gravata e a camisa no escuro. Ele se vestia como se fosse daltônico, ou ele não dava a mínima mesmo.
Eu estava apostando nesse último.
- É bom ver você também. Eu ouvi que você está segurando alguém, um suspeito de ter me matado.
Seu sorriso diminuiu nos cantos. - É, o Conde Drácula está na cela.
- Você pode tirar ele de lá, porque como você pode ver, eu estou bem viva.
Os olhos de Zerbrowski ficaram cerrados. - Eu vi as fotos, Anita. Você estava coberta de sangue.
Eu encolhi os ombros.
Seus olhos ficaram gelados, viraram olhos desconfiados de um policial. - Faz o que, quatro noites? Você está me parecendo positivamente bem para alguém que perdeu
tanto sangue.
Eu pude sentir meu próprio rosto ficando neutro, distante, tão frio e ilegível quanto ao de qualquer policial. - Você pode tirar Jean-Claude da cadeia e deixá-lo
pronto para ir embora? Eu gostaria de levar ele para casa antes de amanhecer.
- Dolph vai querer falar com você, antes de você ir embora.
- Eu imaginava que sim. Você pode, por favor, apressar as coisas para Jean-Claude enquanto eu converso com Dolph?
- Você vai levá-lo para sua casa?
- Eu vou deixar ele na casa dele, não que isso seja da sua conta. Você é meu amigo, Zerbrowski, não meu pai.
- Eu nunca quis ser seu pai, Anita. Essa é a ilusão de Dolph, não minha.
Eu suspirei. - É. - Eu olhei para Zerbrowski. - Você pode preparar o Jean-Claude para irmos embora?
Ele me olhou por um segundo ou dois e então assentiu. - Ok. - Ele olhou de mim para Nathaniel, que havia ido ficar num canto enquanto todo o pessoal estava em volta
de mim. - Quem é esse?
- Nathaniel, um amigo.
Ele olhou de volta para mim. - Um pouco novo ele, não?
- Ele é apenas seis anos mais novo do que eu, Zerbrowski, mas ele veio para dirigir por mim.
Seus olhos pareceram preocupados. - Você está bem?
- Um pouco abalada, mas vai passar.
Ele tocou meu rosto, encarando meus olhos, tentando ler eles, eu acho. - Eu gostaria de saber o que diabos está acontecendo com você.
Eu encontrei seu olhar, meus olhos e rosto inexpressivo. - Eu também.
Isso pareceu surpreendê-lo, porque ele piscou e abaixou sua mão. - Vou tirar o Conde Drácula da masmorra. Você, vá conversar com Dolph.
Meus ombros encolheram um pouco, e eu tive que concentrar para não fazer isso. Eu não estava ansiosa para conversar com Dolph.
Zerbrowski foi buscar Jean-Claude e eu deixei Nathaniel conversando com uma policial até bonitinha e então fui ao escritório de Dolph.
Ele estava parado no vão da porta como uma pequena montanha. Ele media 1,90 e parecia quase como um lutador. Seu cabelo escuro estava bem curto, deixando suas orelhas
visíveis. Seu terno parecia apertado, sua gravata com o nó. Ele provavelmente já estava trabalhando a mais de oito horas, mas ele ainda parecia fresco, recém saído
da caixa. Seus olhos estavam bem cuidadosos enquanto me olhavam. - Estou feliz que esteja viva.
- Obrigada, eu também.
Ele mencionou com a mão e andou pelo corredor, para longe do escritório, longe das mesas, em direção a sala de interrogatório. Eu acho que ele queria privacidade.
Privacidade que nem as janelas fechadas de seu escritório dariam a ele. Isso fez meu estômago apertar e um pouco de medo passar por mim. Eu não tinha medo de Dolph
do jeito que eu tinha medo de um metamorfo ou vampiro maléfico que eu tinha que matar. Ele não me machucaria fisicamente. Mas eu tinha medo da tensão nos ombros
dele, a cautela, o olhar frio em seus olhos enquanto ele olhava para trás, para ter certeza se eu estava seguindo-o. Eu podia sentir o quão bravo ele estava, quase
como uma energia de um metamorfo. O que eu tinha feito para merecer essa raiva toda?
Dolph segurou a porta para mim, e eu me encolhi para passar contra seus músculos. - Sente-se. - Ele disse enquanto fechava a porta atrás de nós.
- Eu ficarei em pé, obrigada. Eu quero tirar Jean-Claude daqui antes que amanheça.
- Eu ouvi que você não estava mais namorando ele. - Dolph disse.
- Ele está sendo mantido aqui com a acusação de ser suspeito de me matar. Eu não estou morta, então eu queria tirar ele daqui.
Dolph apenas me olhou, seus olhos frios e ilegíveis como se ele estivesse olhando para uma testemunha - não, um suspeito - que ele não gostava muito.
- Jean-Claude tem um ótimo advogado. Como você o manteve aqui por mais de 72 horas sem um mandato? - Eu perguntei.
- Você é o tesouro da cidade. Eu disse a todo mundo que ele tinha te matado e eles me ajudaram a adiantar as coisas um pouco.
Droga, Dolph, você teve sorte que nenhum oficial colocou ele em uma cela com janela.
- É, uma pena.
Eu apenas o encarei, sem ter certeza nem do que dizer. - Eu estou viva, Dolph. Ele não me machucou.
- Quem fez aquilo, então?
Foi a minha vez que dar a ele olhos frios de policial.
Ele andou até mim. Ele não estava tentando me intimidar com seu tamanho, ele sabia que isso não iria funcionar de jeito nenhum. Ele era apenas grande assim. Ele
tocou meu queixo, tentando virar meu rosto para o lado. Eu me afastei.
- Você tem cicatrizes no seu pescoço que você não tinha a uma semana atrás. Elas estão todas brilhantes e foram curadas a pouco tempo. Como?
- Você acreditaria se eu dissesse que não tenho certeza?
- Não.
- Problema seu, então.
- Me deixe ver a cicatriz.
Eu coloquei meu cabelo de lado e deixei ele passar seu grande dedo pelas feridas curadas.
- Eu quero ver o resto das feridas.
- Não precisamos de uma oficial feminina aqui para isso?
- Você realmente quer que outra pessoa veja isso?
Ele tinha um ponto. - Por que você quer ver, Dolph?
- Eu não posso forçá-la a me mostrar, mas eu preciso vê-las.
- Por quê?
- Eu não sei. - Ele disse, sua voz perdendo o controle pela primeira vez.
Eu tirei a segunda blusa e a coloquei em cima da mesa. Eu estendi meu braço esquerdo para ele, puxando a manga na blusa para cima.
Ele passou seus dedos pelas feridas. - O que tem no seu braço esquerdo? Porque é sempre ele que leva os maiores danos?
- Eu acho que é porque sou destra. Eu deixo eles arruinarem meu braço esquerdo enquanto agarro a arma com o direito.
- Você matou o que fez isso com você?
- Não.
Ele me olhou, e a raiva ficou visível nele por um segundo. - Eu queria acreditar em você.
- Eu também, principalmente porque estou te dizendo a verdade.
- Quem, ou o que, fez isso com você, Anita.
Eu balancei minha cabeça. - Isso já foi resolvido.
- Merda, Anita, como posso confiar em você quando você não conversa comigo?
Eu dei de ombros.
- As feridas estão só no braço?
- A maioria.
- Eu quero ver todas.
Havia um monte de homens na minha vida que eu teria acusado de apenas querer me ver sem blusa, mas Dolph não era um deles. Nunca houve esse tipo de tensão entre
nós. Eu o encarei, com esperanças que ele deixaria isso para lá, mas ele não deixou. Eu deveria saber que ele não iria.
Eu tirei a blusa de dentro da minha calça e meu sutiã ficou visível. Eu tive que puxar a parte de cima dele para mostrar o novo machucado - agora, cicatriz - sobre
meu coração.
Ele tocou ela como ele tinha tocado as outras, balançando sua cabeça. - Parece como se alguém tivesse tentado arrancar seu coração fora. - Ele levantou seus olhos
para mim. - Como diabos você curou isso, Anita?
- Posso me vestir?
Houve uma batida na porta e Zerbrowski entrou sem esperar que alguém respondesse, enquanto eu ainda estava ajeitando meu peito no sutiã. Seus olhos ficaram mais
abertos. - Estou interrompendo?
- Nós já terminamos. - Eu disse.
- Jesus, e eu pensava que Dolph teria um desempenho maior.
Nós dois olhamos para ele. Ele sorriu. - Conde Drácula está pronto para ir.
- O nome dele é Jean-Claude.
- O que você quiser.
Eu tive que me inclinar para frente para arrumar o sutiã, para que ele encaixasse certo novamente. Aqueles sutiãs machucavam se não fossem colocados direito. Os
dois me assistiram fazer isso, e eu teimosamente não me virei. Zerbrowski ficou olhando porque era pervertido, Dolph, porque estava com raiva.
- Você faria um exame de sangue? - Ele perguntou.
- Não.
- Nós podemos arranjar uma petição no tribunal.
- Com que motivo? Eu não fiz nada de errado, Dolph, exceto aparecer aqui não morta. Se eu não te conhecesse bem, eu diria que está desapontado.
- Estou feliz que esteja viva. - Ele disse.
- Mas lamenta por não poder queimar a bunda de Jean-Claude. É isso?
Ele olhou para longe. Eu finalmente havia chegado ao ponto. - É isso, não é? Você lamenta por não poder manter Jean-Claude preso - não poder executar ele. Ele não
me matou, Dolph. Por que você o quer morto?
- Ele já está morto, Anita. Ele apenas não está debaixo da terra ainda.
- Isso é uma ameaça?
Dolph fez um pequeno som exasperado. - Ele é um cadáver andante, Anita.
- Eu sei o que Jean-Claude é, Dolph, provavelmente melhor do que você.
- Ouvi mesmo dizer. - Ele disse.
- O que, você está bravo porque estou namorando ele? Você não é meu pai, eu posso namorar quem - ou o que - eu quiser namorar.
- Como você pode deixar ele tocar você? - E a raiva, fúria, havia voltado novamente.
- Você quer ele morto por que ele é meu namorado? - Eu não pude manter a surpresa fora da minha voz.
Ele não olhou nos meus olhos.
- Você não está com ciúmes de mim, Dolph, eu sei disso como fato. Apenas te incomoda o fato dele não ser humano, não é?
- Ele é um vampiro, Anita. - Ele olhou nos meus olhos de novo. - Como você pode foder com um vampiro?
O nível de tensão da conversa era pessoal demais, íntima demais. E então isso me acertou. - Que mulher em sua vida está transando com um morto-vivo, Dolph?
Ele deu um passo na minha direção, seu corpo inteiro tremendo, suas mãos imensas em punhos. A raiva pulsava nele deixando seu rosto quase roxo. Ele falou com os
dentes cerrados. - Saia daqui!
Eu queria dizer algo para deixar as coisas melhores, mas não havia nada para dizer. Eu passei cuidadosamente por ele, mantendo meus olhos nele, com medo que ele
fizesse algum movimento até mim. Mas ele ficou apenas parado, tentando ganhar seu controle novamente. Zerbrowski me acompanhou até a porta e a fechou atrás de nós.
Se eu estivesse com outra mulher, nós teríamos conversado sobre o que tinha acontecido. Se eu estivesse com um homem que era de outra linha de trabalho, nós teríamos
conversado. Mas Zerbrowski era um policial. E isso queria dizer que você não conversava sobre coisas pessoais. Se você acidentalmente aprendesse algo verdadeiramente
doloroso, algo verdadeiramente privado, você deixava para lá - ao menos que o homem envolvido quisesse falar sobre isso. Além do mais, eu não sabia o que dizer.
Eu não queria saber se a mulher do Dolph estava traindo ele com um cadáver. Ele tinha dois filhos, nenhuma filha, quem mais poderia ser?
Zerbrowski me levou até a sala principal em silêncio. Um homem se virou quando entramos na sala. Ele era alto, com cabelos escuros começando a ficar grisalho na
raiz. As limpas e fortes linhas em seu rosto estavam começando a atenuar nos cantos, mas ainda era um lindo rosto em um homem rústico, de certa forma. Ele parecia
vagamente familiar. Mas foi apenas quando ele virou seu rosto, expondo as cicatrizes em forma de garras em seu pescoço que eu reconheci ele. Orlando King foi um
dos melhores caçadores do país até que um metamorfo quase havia matado ele. As histórias nunca decidiram que animal fez isso; alguns diziam lobo, outros urso ou
leopardo. A história cresceu tanto que eu duvidava que alguém, além do King, soubesse a verdade. King e o metamorfo que quase tinha matado ele, se ele não foi morto,
então só os dois sabiam.
Ele tinha um lema que era nunca perder uma caça, nunca parar até que a criatura dele estivesse morta. Ele conseguia um bom dinheiro dando palestras pelo país a fora.
Ele as terminava tirando sua camisa e mostrando suas cicatrizes. Isso era um pouco performático demais para o meu gosto, mas hei, não era o meu corpo. Ele ainda
dava alguma ajuda para a polícia.
- Anita Blake, esse é Orlando King. - Zerbrowski disse. - Nós o trouxemos para ajudar a condenar o Conde Drácula pelo seu assassinato.
Eu olhei para Zerbrowski, que apenas sorriu mais abertamente. Ele continuaria chamando o Jean-Claude por apelidinhos até que eu perdesse de vez a paciência. Quanto
mais eu ignorasse, melhor.
- Srta. Blake. - Orlando King disse com sua voz profunda que eu me lembrava de suas palestras. - É bom ver você viva.
- É bom estar viva, Sr. King. A última vez que eu soube, você estava dando palestras na Costa Leste. Eu espero que não tenha interrompido seu tour para vir resolver
meu assassinato.
Ele deu de ombros e havia algo no jeito que ele movia seus ombros que o fazia parecer maior do que era. - Há tão poucos de nós que se doam verdadeiramente à caça
aos monstros, como eu poderia não vir?
- Estou lisonjeada. - Eu disse. - Eu já vi uma palestra sua.
- Você veio até mim para conversarmos depois dela. - Ele disse.
- Estou lisonjeada de novo. Você deve conhecer milhares de pessoas por ano.
Ele sorriu e tocou meu braço esquerdo, bem de leve. - Mas não muitas com tantas cicatrizes como eu. E nenhuma nem metade bonita quanto você nessa linha de negócios.
- Obrigada. - Ele estava a duas gerações na minha frente, então eu presumi que seu elogio era mais por hábito do que por flerte.
Zerbrowski estava sorrindo abertamente para mim, e seu sorriso dizia que ele não achava que King estava sendo apenas educado. Eu dei de ombros e apenas o ignorei.
Descobri que se você fingisse não perceber o flerte de um homem, que a maioria deles eventualmente se cansava e paravam.
- É bom te encontrar novamente, srta. Blake. Principalmente viva. Mas eu sei que você deve estar apressada em resgatar seu namorado vampiro antes que amanheça. -
Não houve a menor hesitação antes da palavra namorado. Eu estudei seu rosto e ele estava neutro. Não havia nenhuma condenação, nada além de um sorriso e sua boa
vontade. Depois do problema com Dolph, isso era meio que legal.
- Obrigada por entender.
- Eu adoraria ter a chance de conversar com você antes que eu saia da cidade. - Ele disse.
De novo eu me perguntei se ele estava flertando, e eu disse a única coisa que consegui pensar. - Trocar histórias, você quer dizer?
- Exatamente. - Ele disse.
Eu não entendia meu efeito em homens. Eu não era tão bonita assim - ou talvez eu apenas não me visse assim.
Nós apertamos as mãos e ele não a segurou mais tempo que o necessário, não apertou ela com força, ou fez nenhuma dessas coisas que homens engraçadinhos faziam quando
estavam interessados. Talvez eu apenas estivesse ficando paranóica quando tinha homem no meio.
Zerbrowski me guiou pelo mar de mesas para encontrar Nathaniel. A policial, Detetive Jessica Arnet, um dos novos membros do esquadrão, ainda estava entretendo Nathaniel
em sua mesa. Ela estava encarando os olhos violetas dele como se tivessem poderes hipnóticos neles. Não havia, mas Nathaniel era um bom ouvinte. Isso era raro o
suficiente em homens para que chamasse tanta atenção quanto seu corpo bonito.
- Vamos, Nathaniel, nós temos que ir.
Ele levantou na hora, mas deu um sorriso para a Detetive Arnet que fez os olhos dela reluzirem.
O emprego de verdade de Nathaniel era stripper, então ele flertava instintivamente. Ele parecia ciente e não ciente de seu efeito nas mulheres. Quando ele concentrava,
ele entendia o que estava fazendo. Mas quando ele só entrava por uma porta e as cabeças se viravam, ele não percebia nada.
Eu toquei seu braço. - Diga tchau para os detetives legais. Nós temos que ir.
Ele disse, - Tchau, detetives legais. - Eu dei um pequeno empurrão nele o guiando até a porta.
Zerbrowski nos seguiu. Eu acho que se Nathaniel não estivesse conosco ele teria feito mais perguntas. Mas ele não conhecia Nathaniel, então não tinha certeza do
que fazer. Então nós andamos em silêncio até a Sala de Processamento de Presos, onde Jean-Claude estava sentado em uma das pequenas cadeiras. Normalmente aquela
sala ficava cheia de pessoas entrando ou saindo, e já que ela era do tamanho de um banheiro, isso a fazia parecer estar sempre lotada. As duas máquina de guloseimas
usavam quase todo o lugar, mas exceto pela máquina de processamento de prisioneiros - o novo nome para máquina de escrever desde que ela saiu da moda - atrás de
uma pequena janela com grade, o lugar estava deserto. Mas era 3:30 da manhã.
Jean-Claude se levantou quando meu viu; sua camisa branca estava amarrotada, uma manga rasgada. Ele não parecia ter apanhado ou algo assim. Mas ele normalmente era
fanático com suas roupas. Apenas algo drástico mudaria isso. Tinha sido uma briga talvez?
Eu não corri até ele, mas eu o envolvi em meus braços, pressionando minha orelha em seu peito, eu o abracei como se ele fosse a última coisa sólida no mundo. Ele
alisou meu cabelo e murmurou coisas para mim em francês. Eu entendi o suficiente para saber que ele estava feliz em me ver e que ele achava que eu estava linda.
Mas o resto eram apenas sons bonitos.
Foi só quando eu senti Zerbrowski atrás de mim que eu me afastei, mas quando a mão de Jean-Claude encontrou a minha, eu dei boas-vindas a ela.
Zerbrowski estava me olhando como se ele nunca tivesse me visto antes.
- O que? - Minha voz saiu hostil.
- Eu nunca te vi ser tão... meiga com alguém antes.
Isso me fez pensar. - Você já me viu beijar Richard antes.
Ele assentiu. - Aquilo era luxuria. Isso foi... - Ele balançou sua cabeça olhando para Jean-Claude e então de volta para mim. - Ele te faz se sentir segura.
Eu percebi em um momento que ele estava certo. - Você é mais esperto que parece, Zerbrowski.
- Katie lê livros de auto-ajuda para mim. Eu apenas olho as figuras. - Ele tocou minha mão direita. - Eu conversarei com Dolph.
- Eu não acho que isso vá ajudar. - Eu disse.
Ele encolheu os ombros. - Se Orlando King consegue converter pessoas quando monstros estão envolvidos, qualquer um consegue.
- O que você quer dizer? - Eu perguntei.
- Você já ouviu, ou viu, algumas de suas entrevistas antes de seu acidente? - Zerbrowski fez aspas com os dedos enquanto dizia acidente.
- Não. Isso foi antes que eu me interessasse pelo tópico, eu acho.
Ele franziu a testa para mim. - Eu continuo me esquecendo disso, você usava fraldas naquela época.
- Fala logo.
- King era um dos cabeças atrás de conseguir apenas matar metamorfos, declarando eles não-humanos, então eles poderiam ser executados apenas por existir, sem mandato.
Então ele foi atacado, e assim de repente, ele ficou mole.
- Quase ser morto faz isso com você, Zerbrowski.
Ele sorriu abertamente para mim. - Isso não me tornou um homem melhor.
Eu já tinha pressionado minhas mãos na barriga dele, para que o intestino dele não saísse enquanto esperávamos uma ambulância. Isso tinha acontecido pouco antes
do Natal, há dois anos atrás. Zerbrowski vivo e bem era tudo que eu tinha colocado na minha lista de pedidos para o Papai Noel naquele ano.
- Se Katie não conseguiu te transformar em um homem melhor, nada pode. - Eu disse.
Seu sorriso aumentou, então seu rosto ficou mais sério. - Eu falarei com o chefão por você, vou ver se consigo fazer ele ficar mais mole sem uma experiência de quase
morte.
Eu olhei para seu rosto sério. - Apenas porque você me viu abraçar o Jean-Claude?
- Aham.
Eu dei um pequeno abraço em Zerbrowski. - Obrigada.
Ele me guiou de volta para Jean-Claude. - Melhor colocar ele debaixo das cobertas antes que amanheça. - Ele olhou de mim para o vampiro. - Tome conta dela.
Jean-Claude deu um pequeno assentimento com a cabeça. - Eu tomarei conta dela o quanto ela me permitir.
Zerbrowski riu. - Ah, ele te conhece.
Nós fomos embora com Zerbrowski rindo, o escrevente na máquina nos encarando, e a noite se suavizando em volta de nós. A manhã estava chegando, e eu tinha tantas
perguntas. Nathaniel dirigiu. Jean-Claude e eu fomos no banco de trás.
13
Eu coloquei o cinto de segurança por hábito, mas Jean-Claude continuou pressionado em mim do meu lado, seu braço em volta dos meus ombros. Eu comecei a tremer e
parecia que isso não ia passar. Era como se eu estivesse esperando por ele para que eu pudesse finalmente desmoronar. Eu não chorei, apenas deixei ele me abraçar
enquanto eu tremia.
- Está tudo bem, ma petite. Nós dois estamos a salvo agora.
Eu balancei minha cabeça contra a frente de sua camisa. - Não é isso.
Ele tocou meu rosto, o levantando para que ele pudesse me olhar na suave luz que entrava na escuridão do carro. - Então, o que é?
- Eu transei com Micah. - Eu olhei seu rosto esperando que raiva, ciúmes, qualquer coisa passasse por seus olhos. O que eu vi foi simpatia, e eu não entendi isso.
- Você é como uma vampira recém nascida. Mesmo nós, mestres, não conseguimos lutar contra a fome na primeira noite, ou nas primeiras noites. É muita coisa. Esse
é o porquê de tanto vampiros se alimentarem de seus criadores quando eles renascem. É quem eles estão pensando em seus corações, então eles cedem a esse sentimento.
É apenas com a ajuda de um vampiro mestre que a fome pode ser direcionada para outro lugar.
- Você não está bravo? - Eu perguntei.
Ele riu e me abraçou. - Eu pensei que você estaria brava comigo por ter lhe dado o ardeur, o fogo, a fome que queima.
Eu me afastei o suficiente para olhar seu rosto. - Por que você não me alertou que eu não poderia controlar isso?
- Eu nunca subestimei você, ma petite. Se alguma pessoa pudesse testar a teoria em todos esses séculos que vivi, esse alguém é você. Então eu não te disse que você
poderia falhar, porque eu não tento mais presumir o que o poder fará com você, ou através de você. Você é um caso único na maioria das vezes.
- Eu estava... indefesa. Eu... eu não consegui controlar aquilo.
- Claro que não.
Eu balancei minha cabeça. - O ardeur é permanente?
- Eu não sei.
- Quanto tempo vai levar até eu poder controlar ele?
- Algumas semanas. Mas mesmo depois que você tenha o controle, você terá que ser cuidadosa em volta das pessoas a quem você sente luxúria. Eles farão a fome acender
como fogo em suas veias. Não há vergonha nisso.
- Você diz.
Ele segurou meu rosto entre suas mãos. - Ma petite, já faz por volta de 400 anos desde que eu acordei com o ardeur em mim, mas eu ainda me lembro. Todos esses anos
e eu ainda lembro a fome pela carne que era quase pior que a fome pelo sangue.
Eu segurei seus pulsos, pressionando suas mãos contra meu rosto. - Estou com medo.
- Claro que está. Você deveria estar. Mas eu te ajudarei a passar por isso. Eu serei seu guia. Isso pode passar em alguns dias, ou ir e vir, eu simplesmente não
sei. Mas eu te ajudarei a passar por isso, não importa o que aconteça.
Nathaniel estacionou no Circo dos Malditos, do lado da porta dos fundos. Ainda estava escuro do lado de fora, mas o ar passava a sensação que a manhã estava chegando.
Você podia sentir ela vindo na ponta da língua.
Jason abriu a porta dos fundos como se estivesse esperando por nós. Ele provavelmente estava. Jean-Claude passou por ele apressadamente, indo até a porta que levava
até as escadas. Nós o seguimos, mas Jean-Claude disse por cima dos ombros, - Eu preciso de um banho antes que amanheça. - Com isso ele nos deixou, correndo como
uma mancha em movimento. O resto de nós andou mais calmamente pelas escadas, onde cabiam três por degrau, porque nenhum de nós éramos pessoas grandes.
- Como você está? - Jason perguntou.
Eu dei de ombros. - Eu estou basicamente curada.
- Você parece estar em choque.
Eu dei de ombros de novo.
- Ok, eu peguei a dica. Você não quer falar sobre isso.
- Não, eu não quero.
Jason olhou para Nathaniel. - Você vai passar a noite aqui?
- Eu vou? - Eu sabia que a pergunta era direcionada a mim.
- Claro, talvez você precise me levar para casa amanhã, ou melhor, hoje mais tarde.
- Sim, eu vou passar a noite.
- Você pode ficar comigo então. Deus sabe que a cama é grande o suficiente e ela não têm visto muitos visitantes.
Eu olhei para Jason. - Jean-Claude limitou suas atividades sociais?
Ele riu. - Não, não exatamente, mas as mulheres que vem aqui são doidas por vampiros. Elas só querem dormir em uma cama embaixo do Circo dos Malditos. Elas não me
querem, elas querem o lobo de estimação de Jean-Claude.
- Eu não sabia que... - Eu parei de falar porque eu percebi que seria um insulto.
- Vá em frente e diga.
- Eu não sabia que você era seletivo assim. - Eu disse.
- Eu não era quando cheguei aqui na primeira vez. Mas ultimamente eu não estou querendo ficar com alguém que apenas me quer para poder se gabar para uma amiga dizendo
que dormiu com um metamorfo, ou dormiu onde os vampiros dormem. Não importa o quão bom é por alguns minutos, ainda faz com que eu sinta que elas só vieram para ver
um dos esquisitos.
Eu passei meu braço pelo dele, apertando. - Não deixe que ninguém te faça se sentir assim, Jason. Você não é esquisito.
Ele deu um tapinha na minha mão. - Olha quem ta falando.
Eu me afastei dele. - O que isso quer dizer?
- Nada, me desculpe por ter dito isso.
- Não, eu quero que você explique.
Ele suspirou e se apressou pelas escadas, mas eu estava com meus Nikes, então podia manter o passo. Nathaniel nos seguiu alguns degraus abaixo sem dizer nada. -
Explique, Jason.
- Você odeia os monstros. Odeia ser diferente.
- Isso não é verdade.
- Você aceita que é diferente, mas você não gosta.
Eu abri minha boca para discutir com ele, mas eu tive que me parar, tive que pensar. Ele estava certo? Ele estava? Eu odiava ser diferente? Eu odiava os monstros
porque eles eram diferentes?
- Talvez você esteja certo.
Ele olhou para mim, seus olhos bem abertos. - Anita Blake admitindo que talvez ela esteja errada? Caramba!
Eu tentei franzir a testa para ele, mas eu podia sentir a ponta do meu sorriso que arruinaria o efeito. - Eu estou me acostumando a ser um dos monstros, ou é o que
estão dizendo por aí.
Seus olhos ficaram sérios. - Você realmente vai ser um leopardo?
- Nós descobriremos, não é?
- Você está ok com isso?
Foi a minha vez de rir, mas a risada soava amarga. - Não. Eu não estou ok com isso, mas o dano foi feito. Não posso mudar isso.
- Pessimismo. - Ele disse.
- Praticidade. - Eu disse.
- A mesma coisa. - Ele disse.
- Não, não é.
Jason olhou de mim para Nathaniel, que estava nos seguindo ainda a alguns degraus mais abaixo. - Como você se sente com ela sendo um dos leopardos?
- Eu acho que manterei meus pensamentos para mim mesmo.
- Você está feliz, não está? - E havia uma ponta de hostilidade em sua voz.
- Não, eu não estou.
- Você pode manter ela como sua Nimir-Ra agora.
- Talvez.
- Isso não te deixa feliz?
- Pare, Jason. Richard me contou sobre a pequena teoria dele sobre Gregory ter me marcado de propósito.
- Você falou com Richard? - Ele fez disso uma pergunta.
- Infelizmente.
- Você sabe o que aconteceu, então?
- Sobre vocês terem pegado o Gregory, sim. Eu até conversei com o Jacob por telefone.
Jason pareceu surpreso. - O que você disse a ele?
- Gregory morre, Jacob morre.
- Jacob quer ser Ulfric.
- Nós discutimos isso também. - Eu disse.
- O que ele disse?
- Ele não desafiará Richard até a lua cheia desse mês. É melhor você dar um toque na Sylvie porque isso quer dizer que Jacob vai desafiar ela nas próximas duas semanas.
- Por que ele está esperando a lua cheia?
- Porque eu disse a ele que o mataria se ele não esperasse.
- Você não pode passar por cima da autoridade de Richard assim.
- Eu não preciso, Jason, ele está fazendo um belo trabalho sozinho.
Nós estávamos no topo da escada, a pesada porta aberta onde Jean-Claude tinha passado por ela. - Richard é meu Ulfric.
- Eu não estou pedindo que fale mal dele, Jason. Ele destruiu sua estrutura de poder com o bando. Isso não é algo para discutir, é apenas a verdade.
Jason me parou na porta. - Talvez, se você estivesse lá, você poderia ter convencido ele a fazer tudo diferente.
Eu finalmente fiquei brava. - Um, você não tem nenhum direito que questionar o que eu faço ou não faço. Dois, Richard é um garoto crescido e faz suas próprias decisões.
Três, nunca mais, nunca mais me questione de novo.
- Você não é mais a minha lupa, Anita.
Raiva passou por mim como uma onda escaldante, deixando meus ombros e meus braços tensos, e espalhando até a minha mão. Eu nunca senti uma raiva tão rápida e completa.
Eu tive que fechar meus olhos para me concentrar e não o acertar com minha energia e acabar fazendo ele se transformar. O que estava errado comigo?
Eu senti Nathaniel nas minhas costas. - Você está bem? - Ele disse.
Eu balancei a minha cabeça. - Acho que não.
- Olha, - Jason disse, - me desculpe, mas eu não quero que Jacob seja líder do bando - eu não confio nele. Richard pode ter um coração mole, um senso do que é certo
muito forte, mas ele também é justo, e ele realmente coloca os interesses do bando a frente dos dele. Eu não quero perder isso.
Eu olhei para ele, tentando falar por cima da raiva. Minha voz saiu apertada. - Você está com medo do que vai acontecer com vocês se Jacob vencer.
Ele assentiu. - Sim.
- Eu também. - Eu disse.
Ele olhou para o meu rosto, analisando ele. - Se Jacob matar Richard em uma luta justa, o que você vai fazer?
- Richard não é mais meu namorado, e eu não sou sua lupa. É um desafio de luta justo, então eu não posso interferir. Eu disse a Jacob que se a luta fosse justa,
e depois da lua cheia, que eu não iria me vingar dele.
- Você não vingaria a morte de Richard?
- Se eu matar Jacob, e Richard e Sylvie estiverem mortos, quem vai comandar? Eu já vi o que acontece com um grupo de metamorfos sem um alfa líder com eles. Eu não
vou deixar o que aconteceu com os leopardos, acontecer com os lobos.
- Se Jacob morrer antes de lutar com Sylvie, então você não teria que se preocupar com isso. - Jason disse.
A raiva que estava desaparecendo voltou. - Você não pode ter os dois, Jason. Ou eu não sou sua lupa - não sou dominante para você - e então não posso te ajudar a
arrumar isso, ou eu ainda sou sua lupa, ainda sou dominante para você, ainda sou alguém que pode te dar esse tipo de ajuda. Decida o que você quer antes de jogar
isso contra mim de novo.
- Você não pode ser lupa, o bando votou que você saísse. Mas você está certa, não é sua culpa. Você tem que tentar se consertar antes de consertar outras coisas.
Me desculpe por ter jogado isso contra você.
- Desculpas aceitas. - Eu disse. Eu comecei a passar pela porta, mas ele segurou meu braço.
- Eu não te pedi para matar Jacob porque você é minha lupa, ou dominante para mim. Eu te pedi isso porque eu sei que você já pensou nisso. Eu te pedi porque eu sei
que você quer o melhor para o bando, e quando você quer, você faz.
- Os negócios do bando não são mais problema meu, pelo menos, todo mundo anda me dizendo isso.
- Eles não te conhecem como eu te conheço. - Ele disse.
Eu me afastei dele, gentilmente. - O que isso quer dizer?
- Quer dizer que quando você dá a sua amizade - sua proteção - para alguém, você toma conta deles, mesmo quando eles não querem.
- Se eu matar Jacob, Richard nunca vai me perdoar.
- Ele te largou, não foi? O que você tem a perder matando Jacob? Nada. Mas se você não matar ele, então você perde Sylvie e Richard.
Eu passei por ele. - Eu realmente estou ficando cansada de fazer o trabalho sujo de todo mundo.
- Ninguém é melhor nisso do que você, Anita.
Isso me parou, me fez virar para olhar ele. - O que isso quer dizer?
- Não quer dizer nada. É apenas a verdade. - Eu encarei aqueles olhos sérios. Eu gostaria de poder discutir, mas eu realmente não podia.
E eu pensando que não poderia me sentir pior hoje a noite. Olhando o olhar de Jason, ouvindo ele falar de mim dessa forma, isso fez com que eu me sentisse pior.
Essa noite não podia ficar mais depressiva.
14
Faltavam minutos para o amanhecer quando Jean-Claude passou pela porta vestido com um roupão. - Você pode ficar com a cama, ma petite, e eu irei ficar no quarto
dos caixões. Eu acho que seus nervos estão à flor da pele o suficiente sem que eu morra em seus braços quando o sol nascer.
Eu gostaria de discordar porque eu queria que ele me abraçasse de todas as formas, mas ele estava certo. Eu tive choques o suficiente para uma noite. - Nathaniel
ficará comigo. - Eu disse.
Um olhar passou pelo rosto de Jean-Claude. - E Jason também.
- Por quê?
- Eu não tenho tempo para explicar, ma petite, mas, por favor, confie em mim nisso. Jason precisa ficar com você também. É para o bem de todos.
Eu podia sentir a manhã chegando, mesmo no subsolo. - Ok, Jason pode ficar também.
Jean-Claude já estava na porta. - Eu direi a ele no caminho para meu quarto. Eu lamento por ter que te deixar assim, ma petite.
- Vá, já é quase manhã. - Eu disse.
Ele me mandou um beijo e se foi, deixando a porta balançando. Nathaniel estava sentado no canto da cama, seu rosto neutro, tanto os olhos quanto a linguagem corporal.
Ele era muito bom em parecer inofensivo, era quase um calmante.
Eu estive apagada por quase quatro dias e ainda assim eu estava cansada, inacreditavelmente cansada. Eu não tinha certeza se era mais uma coisa física do que psicológica.
Eu estava me sentindo esmagada por esse cansaço. - Vamos dormir.
Ele tirou sua regata sem nenhuma palavra, tirou seu tênis e meia e começou a desfazer a trança de seu cabelo. Eu sabia que isso ia levar um tempo, então eu fui ao
banheiro enquanto ele terminava. Fazia um bom tempo que eu não via o banheiro de Jean-Claude com aquela banheira luxuosa preta que era grande o suficiente para uma
pequena orgia. O cisne de prata que era de onde a água saia sempre me lembrava uma fonte. Mas nada de banho de banheira hoje. Eu apenas queria dormir e esquecer
das coisas. Esquecer tudo.
Mas claro, eu não tinha vindo com pijamas, e a blusa que Nathaniel tinha escolhido para mim, mesmo bonita e confortável, não era longa o suficiente para ser um pijama.
Eu não podia dormir de jeans; simplesmente não era confortável. Droga, por que as pequenas coisas tinham que ser tão importantes em noite que as grandes coisas tinham
dominado?
Houve uma batida na porta. - Eu vou sair em um minuto, Nathaniel.
- É o Jason.
- O que você quer?
- Jean-Claude não te disse que vou me juntar a você hoje à noite?
- Ele mencionou algo.
- Ele também mandou eu te entregar um pijama. Ele presumiu que você não traria nenhum.
Isso me fez abrir a porta. Jason estava lá com uma cueca de seda azul, larga o suficiente para ser aceitável como pijama. Aceitável para ele usar ela enquanto está
comigo, devo acrescentar. Jason tinha suas próprias invenções, vestindo sungas - ou menos - na cama.
Ele me entregou um pedaço de pano de cetim vermelho dobrado. Eu peguei e deixei o tecido esparramar na minha mão. Na verdade era duas peças, uma blusa com fitas
e um short. Ela obviamente era uma lingerie.
- Ele me mandou te dizer o seguinte, que de tudo que ele tinha aqui que iria te servir, esse pijama é o que mais cobre o corpo, fim. - Jason disse.
Eu suspirei. - Obrigada, Jason, eu já vou sair. - Eu fechei a porta sem esperar uma resposta.
A blusa que parecia folgada, na verdade ficou bem justa nos meus seios. Certamente dava para ver se eu estava com frio ou não. O short tinha fendas dos lados tão
altas que deixava pouco para a imaginação. Um design puro de lingerie, eu suponho.
Eu abri a porta e desliguei a luz do banheiro quando saí. Jason já estava debaixo das cobertas no lado direito da cama. Nathaniel estava sentado do outro lado. Ele
se levantou quando eu saí do banheiro, seu cabelo solto mexendo em volta dele como uma cortina viva. - Minha vez. - Ele disse suavemente, ligando a luz do banheiro
e fechando a porta.
- Você está gata. - Jason disse.
- Sem elogios, Jason. Já estou desconfortável o suficiente com esse pijama.
- Então tire ele. - Jason disse.
Eu franzi a testa para ele.
Ele deu tapinhas no colchão do lado dele, sorrindo abertamente. - Venha para a cama.
- Me irrite o suficiente e eu te mando de volta para o seu quarto.
- Jean-Claude me disse para ficar aqui hoje.
- Eu poderia insistir. - Minha arma estava entre as roupas que estavam no meu braço.
- Se você fosse atirar em mim só porque fico te provocando, você já teria feito isso há muito tempo atrás.
- Por favor, Jason, eu tive uma noite muito difícil. Por favor, apenas se comporte, só dessa vez.
Ele fez um gesto de Garoto Escoteiro. - Eu não vou te morder, eu prometo.
Isso me fez pensar em Micah e eu acabei ficando vermelha, o que era mais que embaraçoso diante das circunstancias.
Os olhos de Jason ficaram mais abertos. - Essa é a melhor reação que já tive de você. Vou ter que lembrar dessa frase.
- Você me fez lembrar de uma coisa embaraçosa, isso é tudo.
O sorriso diminuiu. - Eu sabia que não era por minha causa.
- Eu não vou virar uma babá do seu ego também, Jason. Você tem que tomar conta de si mesmo.
- Eu sempre tomo. - O sorriso tinha sumido, deixando ele sério. Com seu cabelo loiro e olhos azuis, ele parecia de alguma forma fora de seu ambiente contra a seda
negra, como se ele precisasse de uma cor diferente para trabalhar a favor dele. Mas claro, a cama não era feita para mostrar o melhor dele, era para mostrar o melhor
de Jean-Claude.
O pensamento foi o suficiente. Eu senti ele em seu caixão, o senti morrer para o mundo, ir embora, ou seja lá o que os vampiros fazem quando o sol nasce. A sensação
dele tão distante, sem poder me abraçar, ou me ajudar, fez com que eu me sentisse com frio e mais perdida do que estava.
Eu me inclinei contra um dos postes de madeira de cerejeira da cama. Mas minhas mãos não eram grandes o suficiente para envolver ela. Era uma cama grande - pelo
menos king size.
- O que foi, Anita?
Eu balancei minha cabeça. - Eu não quero falar sobre isso.
- Me desculpe. Eu serei bonzinho. Prometo.
- Sem mais provocações? - Eu perguntei.
Ele tentou se manter sério, mas um sorriso escapou dele. - Eu prometeria não provocar mais se eu conseguisse seguir minha vida sem isso, mas eu prometo que vou tentar
não te provocar mais hoje a noite. Que tal?
Eu tive que sorrir. - Foi honesto, eu acho. - Eu me sentei no canto da cama.
- Você parece perdida hoje à noite. - Ele disse.
Isso era tão perto de como eu me sentia que eu me virei e olhei para ele. - É tão óbvio assim?
- Apenas para alguém que te conhece.
- Você me conhece tão bem assim, Jason?
- Às vezes. E às vezes você me deixa totalmente confuso.
Eu puxei a coberta e engatinhei entrando debaixo dela, puxando o pesado cetim para o canto. Isso criou um bela distância entre Jason e eu. Eu coloquei minha arma
debaixo do travesseiro mais próximo, a trava de segurança ligada. E como precaução extra, já que eu estava dormindo com pessoas que não usavam armas - sem balas
na câmara.
- É sério, Anita, eu vou me comportar, você pode chegar mais perto.
- Eu sei.
- E não só porque Jean-Claude e Richard não gostariam das minhas provocações.
- Richard não é mais meu namorado, Jason. Ele não é mais meu. - Apenas dizer isso em voz alta fez minha pele gelar, meu estômago apertar.
- Ele pode dizer isso, mas se ele descobrisse que eu tentei qualquer coisa hoje à noite, qualquer coisa séria, ele me faria pagar por isso.
- O que você quer dizer?
- Ele pode não estar mais namorando você, mas eu poderia apostar a parte predileta do meu corpo que ele não iria tolerar você namorando qualquer outro lobisomem.
Ele não poder ter você é uma coisa, ele não querer é outra.
Eu olhei para ele, sentada na cama com a coberta na altura do meu peito. - Quando você ficou tão esperto?
- Eu tenho meus momentos.
Eu tive que sorrir. - É, você tem.
Nós dois estávamos sorrindo quando Nathaniel saiu do banheiro. - Apague a luz, Nathaniel.
Ele fez o que eu pedi e a escuridão foi completa. Os olhos iam se acostumando com a escuridão com o tempo. Mas até lá a escuridão era tão completa que era como estar
mergulhada em uma tinta. Escuridão geralmente não me incomodava, mas de repente eu fiquei claustrofóbica, como se uma mão gigante estivesse me pressionando.
Eu senti Nathaniel na cama. - Por favor, ligue a luz do banheiro e deixe a porta entreaberta.
Ele voltou e fez o que eu pedi. Uma das coisas boas em Nathaniel era que ele não questionava ordens frequentemente.
Isso me incomodava. Agora eu via como uma coisa boa, às vezes.
Ele deixou a porta semi-aberta, apenas à distância de um dedo e a luz entrava no quarto e pela cama.
Nathaniel puxou as cobertas e subiu na cama sem nenhuma palavra. Mas ele subir significava que eu tinha que me mover para mais perto de Jason. Eu achei a arma e
passei para o travesseiro que eu estava. Mas Nathaniel não encostou em mim e ainda havia espaço o suficiente entre nós quando todos estávamos quase dormindo. Não
tanto espaço quanto eu queria, mas ainda era um espaço. Na verdade eu poderia até rolar para o lado sem bater em ninguém. Mas claro, não era assim que eu dormia
em casa. Em casa, Nathaniel e o resto dos leopardos dormiam uns com os outros, fazendo uma pilha. Eu dormi a maioria das vezes nos últimos seis meses com eles. Era
triste chegar ao ponto em que eu me sentia solitária por estar sozinha.
Nathaniel tinha virado automaticamente para o lado dele, suas costas viradas para mim, esperando que eu fechasse a distancia entre nós. Ele já tinha movido seu cabelo
para o lado, como um lençol que tinha que ficar fora do caminho, deixando suas costas e parte de seu pescoço nu. Eu deitei ali por um segundo ou dois, então pensei,
que se dane. Eu me movi contra ele, me pressionando contra a maciez morna de seu corpo, meu braço em volta de sua cintura. Ele era apenas alguns centímetros mais
alto do que eu, o suficiente que eu podia encaixar nele, pressionando meu rosto em suas costas, no buraco entre seus ombros. Esse era o jeito que dormíamos há um
bom tempo.
- Agora eu me sinto sobrando. - Jason disse.
Eu suspirei, apertando Nathaniel um pouco mais. - Você promete não tentar nada?
- Eu prometo ser bom.
- Não foi isso que eu perguntei.
Ele deu uma pequena risada. - Você está ficando melhor com esses joguinhos. Ok, eu prometo não tentar nada.
- Então você pode chegar mais perto, se quiser.
- Você sabe que eu quero. - Ele disse. Eu pude sentir ele se mover pela cama em nossa direção.
- Você também prometeu ser bom.
- Você não tem idéia do quão bom eu posso ser. - Ele estava bem perto quando disse isso.
- Você está forçando a barra, Jason.
- Desculpa. - Mas ele não parecia estar arrependido. Ele encurvou contra minhas costas, seu corpo em forma de concha contra o meu, seus joelhos encaixando em uma
linha perfeita atrás de mim. Nós não tínhamos a mesma altura por dois centímetros ou três, então ficar de conchinha era fácil. Isso também colocou certa parte de
sua anatomia contra minha bunda, e era difícil não perceber que ele estava feliz em estar ali. Não há muito tempo atrás, eu teria feito ele se mover, mas eu tinha
passado meses aprendendo sobre a etiqueta dos metamorfos. O homem tentava ao máximo não ter ereções, e não usá-las quando tinha; as mulheres tentavam ignorar o fato
que eles tinham elas. Essa era a regra. Isso permitia que todos fossem um bando de bichinhos dormindo em uma pilha amigável. Se alguém não seguisse isso, o sistema
falhava.
Eu percebi que isso não me incomodava. Todos esses meses eu tinha aprendido que isso era apenas uma daquelas coisas involuntárias que acontecem, não era nada pessoal.
Eu acho que Jason ficou desapontado por não ter conseguido nenhuma reação minha. Quando eu não reagi em nada, ele moveu seu quadril um pouco mais para longe de mim,
mas ele prendeu o resto de seu corpo mais perto de mim.
Eu estava efetivamente - ensanduichada - entre eles e isso me fez lembrar forçadamente de acordar entre Caleb e Micah. Não era uma memória confortadora. Mas o cheiro
da pele do Nathaniel era familiar. A essência de baunilha de seu cabelo estava perto da minha cabeça, e a extensão de seu corpo era reconfortante. Eu peguei a essência
de Nathaniel e coloquei ela em volta de mim como um lençol, coloquei meu corpo o mais perto possível da curva do corpo dele, não como se eu fosse passar por ele,
mas me grudar nele. Um pensamento passava pela minha cabeça, que eu nunca tinha ficado perto assim, mas hoje à noite eu fiquei. Eu o abracei como se ele fosse à
última coisa sólida no mundo, era do jeito que eu queria abraçar Jean-Claude e não podia.
A mão de Jason passou alisando meu quadril, mas eu forcei suas mãos a subirem para minha cintura, quando eu me forcei tanto contra Nathaniel não havia mais para
onde ir. Suas mãos estavam bem quietas na minha perna e havia uma tensão nele, como se ele estivesse esperando eu brigar. Quando eu não briguei, ele relaxou e ainda
moveu seu corpo todo contra mim. Ele tinha conseguido se acalmar. Bom para ele.
Sinceramente, era bom ter o peso de Jason nas minhas costas. Normalmente eu ficava de cochinha com Nathaniel - eu pegava a posição de dominante, com meu corpo protegendo
o dele - com minhas costas nuas para o quarto. Mas eu não estava me sentindo particularmente dominante hoje. Eu queria alguém vigiando minhas costas. E, se não pudesse
ser Jean-Claude, ou Richard, Jason não era uma má escolha. Tirando todas as provocações, ele era meu amigo.
Nathaniel dormiu primeiro, ele normalmente caia no sono mais rápido do que eu. De alguma forma eu sabia que Jason ainda estava acordado pressionado nas minhas costas,
sua mão na minha coxa. Eu podia sentir a tensão nele começar a desaparecer, e estranhamente, era confortador. Jason literalmente tinha minhas costas. Isso significava
que eu podia dormir, e com nós três, seja lá o que passasse pela porta, nós poderíamos lidar bem com isso. Provavelmente.
15
Eu estava sonhando. Algo confuso sobre os corpos e corrida e um barulho tocando que fez a multidão correr mais rápido. Barulho tocando? Eu acordei o suficiente para
sentir Nathaniel se mover ao meu lado. Ele tateou no lado da cama e veio com meu celular da minha pilha de roupas. Ele entregou o telefone tocando para mim. - É
para você. -.
Jason murmurou, - Por Deus, que horas são? -.
Eu sacudi o telefone aberto e o coloquei na minha orelha antes de alguém responder a sua questão - sim, sou eu -. Eu estava apenas meio acordada.
- Anita?
- Sim, quem é?
- É o Rafael.
Isso me fez sentar. Rafael era o rei dos homens ratos. Ele equivaleria a um Ulfric. Ele também era um aliado do Richard. - Eu estou aqui, o que aconteceu? -.
- Primeiro, meus pêsames. Eu soube que você pode ser Nimir-Ra de verdade na próxima lua cheia.
- Jesus, as notícias certamente viajam rápido - eu disse tentando não soar amarga, mas falhando.
- Segundo, eu sei que o bando tem um dos seus leopardos, e você tem que tentar ganhar ele de volta hoje à noite. Você tem permissão de levar aliados com você, e
eu ficaria honrado se permitisse que os homens ratos a acompanhassem -.
- Eu aprecio o gesto, Rafael, você não sabe o quanto aprecio isso, mas não sou mais lupa. Seu trato é com a matilha, e eu não sou mais matilha.
- Verdade, mas uma vez você se arriscou para me salvar da tortura e provavelmente da morte. Eu te disse aquela vez que os homens ratos não iriam esquecer o que você
fez por nós.
- E como fica o seu trato com Richard?
- É com o Richard, não com a matilha.
- Aparecendo essa noite atrás de mim continua sendo um conflito de interesses, você não acha?
- Eu não acho. Eu acho que vai reforçar o ponto de que se o Richard não for mais Ulfric, os homens rato não serão mais aliados dos homens lobo.
- Você vai aparecer comigo essa noite para deixar claro que seu trato é com o Richard e não com a matilha?
Jason sentou na cama.
- Sim -, Rafael disse.
- Esperteza a sua.
- Obrigado.
- Então você também não gosta de Jacob?
Jason aproximou-se mais de mim, como se ele pudesse ouvir a parte do Rafael na conversa. Talvez ele pudesse.
- Não -, Rafael disse.
- Eu também não.
- Então eu vou te encontrar em sua casa hoje à noite antes de nos dirigirmos ao Lupanar.
- Só você? - Eu perguntei.
- Oh, não. Nós vamos estar aí em força para que o ponto não seja perdido para os aliados de Jacob.
- Eu gosto do jeito como você pensa -, eu disse.
- Espero que Richard também -, Rafael disse.
- Você já tentou fazer com que ele execute Jacob, também? - Eu perguntei.
- Eu sabia que você ia entender o problema e a solução necessária, Anita.
- Oh, eu entendo. Eu só queria que Richard também entendesse.
- Sim -, disse Rafael, - Sim. Jacob não o homem que Richard é, mas ele tem algumas qualidades que eu gostaria no Richard, se eu pudesse.
- Eu também.
- Eu vou encontrá-la em sua casa quando tudo estiver escuro.
- Eu vou estar lá, e Rafael...
- Sim? -.
- Obrigada.
- Nenhum agradecimento é necessário. Os ratos possuem uma dívida com você. E nós pagamos nossas dívidas.
- E isso lhe permite poder fazer uma ameaça à Jacob e os seus aliados, sem fazer qualquer coisa que poderia começar uma guerra -, eu disse.
- Como eu disse, Anita, você entende coisas que Richard não. Até hoje à noite.
- Até hoje à noite -, disse. Ele desligou o telefone. Eu desliguei, fechando o telefone. Jason estava praticamente debruçado sobre meus ombros.
- Eu ouvi que Rafael e os homens rato estão indo com você esta noite para o Lupanar?
- Você vai fofocar para o Richard? - Eu perguntei, encarando seu rosto a centímetros de distância, com suas costas tocando meu ombro.
- Não.
Meus olhos se arregalaram.
- A não ser que Richard pergunte especificamente: ‘Será que o Rafael vai estar lá hoje à noite como aliado da Anita?’, então eu não tenho que responder. E eu não
vou voluntariar a informação.
- Isso é raspar muito perto o seu juramento de obediência, não é? -.
- Minha lealdade é para com Richard. E os ratos com você esta noite irão ajudar Richard, não machucá-lo.
Eu assenti. - Às vezes você tem que omitir coisas de Richard para ajudá-lo.
- Infelizmente -, Jason disse.
Eu entreguei o telefone para Nathaniel, que o colocou de volta no chão com minhas roupas. Olhei para o relógio. Eram dez horas; tivemos um pouco mais de seis horas
de sono. Hora de começar o dia. Yippee! Ainda faltavam horas antes que eu pudesse esperar que Jean-Claude estivesse acordado.
Eu me aconcheguei entre as cobertas. Nathaniel rolou de lado, a mão passando pelo meu estômago, uma perna sobre as minhas pernas entrelaçadas. Sua segunda posição
favorita de dormir, embora eu geralmente tivesse que movê-lo antes que eu conseguisse dormir. Mas eu não estava dormindo, eu estava pensando, por isso tudo bem.
Ele esfregou sua bochecha contra meu ombro, e um pequeno movimento de sua parte inferior o pressionou contra mim. Ele estava duro e firme embaixo dos seus shorts
de seda. Era de manhã, ele era homem, é normal. Normalmente, eu poderia ignorá-lo, apenas uma daquelas coisas que você finge que não aconteceu, mas hoje... Hoje,
a sensação dele pressionado em mim fez as partes baixas do meu corpo se apertar. A necessidade trotou através do meu corpo como fogo se espalhando em mim, por mim,
dentro de mim.
Nathaniel ficou muito imóvel do meu lado.
Jason estava sentado, esfregando os braços nus. - O que foi isso? -.
Eu tentei não me mexer, não respirar, apenas ficar tão imóvel quanto Nathaniel. Eu tentei pensar em algo além do calor do seu corpo pressionado contra a minha extensão.
Tentei não sentir a pressão dele duro e pronto através do cetim do shorts de corrida. Eu peguei o lençol e puxei de nós em um movimento violento. Olhei para o comprimento
do seu corpo, de nossos corpos, pressionados juntos. O shorts o agarrava como uma segunda pele na sua parte traseira. O ardeur percorreu-me outra vez com um novo
impulso que eu nunca senti antes, e minha besta se levantou com as profundidades dele. Era como se nós estivéssemos amarrados juntos. Eu me esfomeei, e minha besta
acordou, rolando dentro de mim como um gato preguiçoso, estendendo-se, olhando para o rato. Exceto que o que esse gato queria fazer com o rato não era apenas contra
as leis da natureza, mas fisicamente impossível. O problema era que este rato cheirava a baunilha e pele, e ele estava quente e cheio contra mim. Eu queria rolá-lo
de costas, arrancar o shorts e ver o que eu estava sentindo. Eu queria lamber o seu peito, descer para o seu estômago, e... O visual era tão forte que eu tive que
fechar meus olhos contra a visão dele deitado ali. Mas a visão não era o meu único problema. O cheiro de sua pele foi subitamente esmagador, doce. E eu tinha um
desejo de rolar o meu corpo em cima dele, não exatamente para o sexo, mas para pintar o seu perfume no meu corpo, para usá-lo como um vestido.
- Anita, - era o Jason. - O que está acontecendo?
Abri os olhos para encontrá-lo curvado sobre mim, apoiado no cotovelo, e o ardeur se ampliou para incluí-lo. Ele não discriminava. Toquei seu rosto, corri meus dedos
conta a sua bochecha, traçando a plenitude de seu lábio inferior com o polegar.
Ele moveu sua boca para trás apenas o suficiente para falar. - Jean-Claude disse que você herdou sua necessidade, seu Incubus. Eu acho que não acreditava nele...
- Minha mão traçava seu rosto, pescoço, peito. - ... Até agora -, ele sussurrou.
Minhas mãos pararam sobre o seu coração. Que bateu contra minha mão, e eu podia de repente sentir meu pulso bater na minha palma contra sua pele, como se meu coração
tivesse se derramado pelo meu braço para formar uma concha em minha mão contra o corpo dele.
- Me pergunte porque Jean-Claude insistiu para eu ficar aqui hoje.
Eu apenas olhei para ele. Eu não podia pensar, não podia falar. Eu podia sentir seu coração, quase acariciá-lo. Seu coração acelerou, batendo mais rápido. Meu coração
acelerou para alcançá-lo, até que nossos corações batiam juntos, e era difícil dizer onde um pulso parava e o outro começava. Eu podia provar a sua pulsação em minha
boca como se ela já pulsasse dentro de mim, acariciando o céu da minha boca como se já o tivesse mordido.
Eu fechei meus olhos tentando me distanciar do fluxo de seu corpo, seu calor, sua necessidade.
- Jean-Claude estava com medo que você tentar se alimentar de Nathaniel. Eu tenho que impedir que isso aconteça. - Sua voz estava ofegante.
Eu levantei, e os braços de Nathaniel se enrolaram em volta da minha cintura, pressionando seu rosto no meu lado. Sentei-me ao lado de Jason com Nathaniel como um
peso tentador enrolado no meu corpo. Minha mão continuou no peito de Jason, cobrindo seu coração. Ele deveria ter se afastado, mas não o fez. Eu podia sentir o seu
desejo, sentir a necessidade nele. Era puro desejo, e não pelo poder, ou qualquer outra coisa, simplesmente por mim. Não era amor, mas tinha uma espécie de pureza.
Ele simplesmente me queria. Olhei em seus olhos azuis, e não houve engano, nenhum cronograma. Jason não queria garantir a sua base de poder, ou ganhar energia mística,
ele só queria transar comigo, para me segurar em seus braços.
Eu sempre tratei Jason como menos do que um amigo, jovem e divertido, nunca seriamente. O ardeur de Jean-Claude me deixou ver dentro de seu coração, e eu achei o
mais puro de todos que eu olhei desde muito tempo.
Eu encarei Nathaniel onde ele estava agarrado a mim. Eu conhecia seu coração também. Ele me queria fisicamente, mas mais, ele queria que eu o quisesse. Ele queria
me pertencer em todos os sentidos. Ele ansiava por segurança, um lar, alguém para cuidar dele e que ele pudesse cuidar. Ele viu em mim todas as coisas que ele havia
perdido ao longo dos anos. Mas ele realmente não me via, ele me via num ideal que queria.
Passei a mão pelo seu braço, e ele se aconchegou contra mim. Eu olhei para trás, para Jason e deixei a minha outra mão cair para longe dele, mas era como se eu puxasse
algo para fora dele enquanto me mexia; seu coração ainda batia dentro do meu corpo. Não tínhamos que nos tocar para isso.
O fato de que Jason me queira só por mim, sem segundas intenções me fez querer recompensá-lo. Me fez amá-lo um pouco. Ele cancelou a fome, acalmou minha besta e
me ajudou a pensar.
- Saim, ambos, saiam.
- Anita, é você? -.
- Vá, Jason, leve ele com você e vá.
- Eu não quero ir, - Nathaniel disse.
Peguei um punhado daquele cabelo grosso e o coloquei de joelhos com ele. Eu esperava ver o medo em seus olhos, ou traição, mas o que eu vi era anseio. Eu usei o
cabelo como um cabo e o aproximei de mim até nossos rostos quase se tocarem. Eu senti seu coração batendo, a emoção através de seu corpo como se derramasse em mim.
Nathaniel nunca me diria não.
Se alguém não pode dizer não, é estupro, ou algo parecido. O ardeur se derramou por mim, tirando meu fôlego em uma linha trêmula. Eu queria beijar Nathaniel, para
encher sua boca com minha língua. E eu sabia que se eu fizesse, seria tarde demais.
Minha voz saiu estrangulada. - Você vai sair quando eu te disser para ir, agora saia! - Eu o soltei tão abruptamente que ele caiu para trás na cama.
Jason estava do outro lado da cama, puxando Nathaniel longe de mim, empurrando-o para a porta. Vê-los ir me fez querer chorar ou gritar. Eles eram perfeitos para
a alimentação. O quarto estava cheio de desejo mútuo, e eu os estava mandando embora. Eu ainda podia sentir seus batimentos cardíacos como o doce na minha boca,
como um eco duplo do meu próprio coração.
Eu cobri os olhos com as mãos e gritei, sem palavras, com dor. Era como se a fome finalmente percebeu que eu estava realmente os deixando ir. Ela se enfureceu por
mim, arrancando um grito áspero da minha boca após o outro, tão rápido quanto eu poderia ter fôlego. Deitei na cama de lençóis de seda, me contorcendo, gritando.
Eu tive uma súbita memória, e não era minha, essa necessidade negada, trancada no escuro, onde nenhuma mão poderia tocar na sua, onde nenhuma pele poderia te encostar.
Eu senti uma ponta da loucura de Jean Claude após essa punição em particular. Ele se curou, mas a memória continuava em carne viva.
Mãos sobre mim, me segurando. Abri os olhos para encontrar Nathaniel e Jason me segurando. Cada um deles segurava uma mão em um punho e uma perna. Eles poderiam
pressionar pequenos elefantes, mas como meu corpo se retorcia contra a cama. Eu os levantei, fazendo com que fizessem esforço para me segurar.
- Anita, você está se machucando, - Jason disse.
Olhei para meu corpo e encontrei arranhados sangrando nos meus braços e pernas. Eu tinha que ter feito isso, mas eu não me lembrava de ter feito. A visão daqueles
arranhões sangrentos me acalmou, me fez ficar quieta sob suas mãos.
- Eu vou conseguir algo para te amarrar até Jean-Claude acordar. - Disse Jason.
Eu assenti com a cabeça, com medo de falar, medo do que eu iria dizer.
Ele disse para Nathaniel me segurar, mas a única maneira que uma pessoa poderia fazer isso era segurar meus pulsos enquanto me pressionava com a parte inferior do
corpo. Não dava o controle perfeito, mas me impedia de me machucar.
O cabelo de Nathaniel caiu em torno dos nossos corpos com um ruído seco, até que eu vi o mundo através de uma cortina de seus cabelos. O cheiro dele era como uma
pressão quente entre o peito dele e o meu. Eu podia sentir o cheiro de sangue fresco, também. E a minha besta queria lamber as feridas, queria se alimentar da minha
própria pele, ou melhor ainda, abrir feridas em Nathaniel e se alimentar dele. Só o pensamento disso contraiu meu corpo, me fez contorcer em baixo dele até eu liberar
minhas pernas e ele se deslizou contra mim, apenas as roupas nos separavam. Ele fez um pequeno som, meio-protesto, meio outra coisa.
Eu levantei meus pulsos para fora da cama, empurrando contra o seu aperto em meus punhos. Senti seus braços se forçarem contra mim, me forçando de volta para a cama.
Não deveria ser um grande esforço para ele me segurar assim. Eu estava ganhando outras coisas além da fome através das marcas, ou da besta. Nathaniel era ainda mais
forte do que eu era, eu podia sentir isso. Mas há coisas além da força que contam quando você está lutando. Eu levantei meus braços da cama apenas alguns centímetros
e ele me empurrou de volta. Mas quando ganhei espaço suficiente, eu girei o meu punho direito contra o polegar dele, e minha mão estava livre.
Eu levantei o suficiente para beijar o seu peito, e ele ficou quieto em cima de mim. Eu soube nesse instante que ele não ia tentar reganhar o controle do meu braço.
Eu o mordi gentilmente, e sua respiração saiu em um leve e agudo som. Eu lambia o caminho do seu peito, com ele ainda segurando meu braço esquerdo, a parte inferior
do seu corpo ainda pressionando o meu. Corri minha língua sobre seu mamilo e senti sua respiração acelerar. Fechei minha boca em torno do seu mamilo e mordi a pele
e a carne por baixo. Ele estremeceu em cima de mim, sacudindo seu corpo o suficiente que eu tivesse que tomar cuidado para não romper a pele. Mas eu me segurei quando
ele gemia sobre mim, e quando eu me afastei, eu vi que tinha deixado a perfeita impressão dos meus dentes.
Eu me deitei contra a cama e olhei para a marca da mordida em seu peito, com o mamilo no centro dele, e um arrepio passou por mim, uma onda de prazer ao vê-lo, e
um sentimento de... posse. Eu o tinha marcado.
Eu soltei meu pulso esquerdo da sua mão, e ele não lutou comigo. Ele ficou apoiado em cima de mim em seus braços, os quadris pressionados contra mim e seus cabelos
em uma cascata nos rodeando. Ele olhou para mim, e seu rosto estava cru com a necessidade. Eu não precisava de mais nada para me dizer o quanto ele queria que eu
terminasse o que eu tinha começado.
Eu levantei o suficiente para beijá-lo, e seus lábios tremeram contra os meus. O beijo foi longo e completo, e um som baixo veio de em sua garganta e de repente
desabou contra mim, e todo o seu peso corporal me apertando contra a cama, nossas bocas, nossos braços, nossos corpos presos juntos em um quente ninho com o cheiro
de baunilha de seus cabelos, como estar enrolado em cetim quente. Nathaniel me beijou como se quisesse entrar em mim através da minha boca e eu abri para ele, deixe-o
me explorar, me experimentar, me tocar. Não foi a mão debaixo do meu top, acariciando meu peito, que me trouxe aos meus sentidos. Foram as minhas mãos indo para
baixo na parte de trás do seu shorts, apertando a curva suave de suas nádegas. Ajudou-me a nadar de volta para o controle, a luta com o desejo, a fome. Onde diabos
estava Jason? Parei de beijar Nathaniel, parei de tocá-lo, enquanto suas mãos, sua boca, exploravam meu corpo. Sua necessidade era tão forte, tão forte. Eu não podia
sair da cama. Eu não podia ir embora. Eu não era tão forte assim.
- Nathaniel, pare.
Sua boca estava em meu peito através do top de cetim. Ele parecia não me ouvir.
- Nathaniel pare! - Peguei um punhado de seus cabelos e o puxei para longe de mim. A frente da top estava molhada onde sua boca tinha estado. Seus olhos não pareciam
se focar em mim. Era como se ele não me visse, afinal.
- Nathaniel, você pode me ouvir?
Ele finalmente balançou a cabeça. - Sim -. Qualquer outra pessoa teria protestado por ser interrompido, mas ele simplesmente olhou para mim, os olhos começando a
se focar. Não havia ressentimento no rosto, nem raiva. Ele simplesmente fez o que eu lhe disse para fazer e esperou que eu dissesse algo mais. Eu não entendia Nathaniel,
mesmo sabendo o que seu coração deseja não me fazia compreender ele de verdade. Éramos muito diferentes, mas hoje essa diferença podia nos ajudar.
Eu não iria, não poderia ter relações sexuais com Nathaniel. Mas eu também não conseguiria parar completamente. Eu tinha que me alimentar. Eu tinha que afundar meus
dentes em sua carne, tinha que tomar banho em sua luxúria, eu tinha. - Saia de cima de mim.
Ele rolou de costas, me encarando, deitado entre seus cabelos, como uma moldura ruiva brilhando em torno de seu corpo. Eu queria vê-lo todo emoldurado pelo seu cabelo,
e tudo que eu tinha que fazer era arrastar seus shorts para baixo a curva de seus quadris. A imagem foi tão forte que eu tive que fechar os olhos e respirar profundamente.
A necessidade de tocá-lo se prendia em mim, era quase doloroso, como se o ardeur pudesse me forçar a fazê-lo. E talvez ele pudesse. Mas eu iria controlar a forma
como tocá-lo. Eu iria controlar pelo menos isso.
Eu abri meus olhos e o encontrei me encarando com aqueles impossíveis olhos lilases. - Vire de barriga para baixo, - Eu disse, minha voz rouca.
Ele se virou sem uma única pergunta, e eu fui lembrada como ele era absolutamente impotente com um dominante. Ele faria o que fosse dito, o que quer que fosse dito.
Isso ajudou a me firmar, saber que eu tinha que estar no comando. Eu tinha que ter algum controle, porque ele não teria nenhum.
Eu peguei um punhado dos seus cabelos grossos e empurrei para um lado como um bicho amontoado. Eu deixei suas costas nuas, em uma linha limpa e lisa. Ele virou a
cabeça para o lado e olhou para mim através de seus cabelos. Não havia medo nele, só uma enorme paciência, uma ansiedade, e necessidade.
Coloquei-me de quatro sobre ele, montando seu corpo, e abaixei minha boca para sua pele. Eu lambi os seus ombros, mas não era o suficiente. Eu o mordi, delicadamente,
e ele fez um pequeno movimento debaixo de mim. Eu mordi um pouco mais forte e um som minúsculo escapou de seus lábios. Eu o mordi forte o suficiente para sentir
sua carne encher minha boca, sentir a tensão dele, a carne dele. Eu queria rasgar a sua carne, literalmente me alimentar dele. O desejo foi quase esmagador. Caí
em cima dele, minha bochecha contra as suas costas, até que eu pudesse me controlar. Mas o cheiro da sua pele, a suavidade sob minha bochecha, a ascensão e a queda
de sua respiração no meu corpo, era demais. Eu não iria comê-lo literalmente, mas eu tinha que me alimentar.
Eu mordi a carne de suas costas, o coloquei em minha boca, e desta vez eu não parei até que eu provei o doce sabor metálico do sangue. Era a besta que queria terminar,
o sangue não era suficiente. Mas eu levantei da ferida e segui em frente. Marquei as costas de Nathaniel com perfeitas impressões dos meus dentes, e cada vez mais
saia sangue delas. Parecia que quanto mais tempo eu fazia, mais difícil era de controlar.
O cheiro de sangue fresco contraiu o meu corpo, me encheu de calor e desejos que estavam mais relacionados com comida do que sexo. Sentei montada em seu corpo, olhando
para suas costas, meu trabalho artesanal. O sangue corria em pequenas gotas de alguns dos ferimentos, mas a maioria pareciam bocas minúsculas pressionadas em sua
carne. E isso não era suficiente.
Eu deslizei minhas mãos pela parte de trás de seus shorts, passando minhas unhas delicadamente ao longo de sua carne. Ele se contorcia sob o toque, começou a se
levantar da cama, e eu o empurrei de volta. - Não, não -, eu disse, e ele ficou imóvel sob minhas mãos.
Deslizei seu shorts para baixo até ele estar nu em baixo de mim. Eu abri suas pernas para que eu pudesse ajoelhar entre elas, abaixei minha boca para aquela pele
lisa, intocada, e a marquei. Tinha mais carne para segurar na minha boca ali, firme, mas mais abundante. Eu enchi minha boca com ele, extrai sangue vermelho, quente
em círculos, até que ouvi ele fazendo pequenos ruídos desamparados. E eu sabia que não eram ruídos de dor.
Eu fiquei de joelhos sob ele, encarando as feridas que eu tinha feito em seu corpo, e eu queria mais.
Eu deslizei meu top de cetim para fora com o shorts. Eu coloquei meu corpo nu sob o seu e rolei pelas suas costas, suas nádegas, espalhando o sangue das feridas
pelo meu corpo. Nathaniel estava dizendo: - por favor, por favor -, mais e mais sob a sua respiração. Sua necessidade era como um grande peso, uma espessa nuvem
que pairava sobre nós. Era quase asfixiante, esmagadora. Ele queria tanto isso. Isto, não o sexo, isso. Ele esperou muito tempo para eu dominá-lo, para tomá-lo.
Micah me quis, mas o querer dele era de uma pessoa relativamente estranha. Um homem querendo uma companheira atraente e poderosa. Mas com Nathaniel era diferente.
Seu desejo tinha sido construído ao longo dos anos, sob mil intimidades, e mil negações. Ele havia construído até se tornar um grande peso em seu corpo, em sua mente.
Era uma coisa que fazia peso, o preenchia, e ele não conseguia se livrar dele. Eu entendi por que Jean-Claude havia dito que nós iríamos nos alimentar daqueles que
nós já estivéssemos atraídos. Era muito mais poder se alimentar de Nathaniel. Nossa história juntos se tornou não apenas uma alimentação, mas um banquete.
Eu voltei deslizando em seu corpo, mordendo ao longo de sua carne, não extraindo sangue agora. Eu deitei minha bochecha pressionada contra a curva de suas nádegas,
lutando comigo mesmo para não alcançar a minha mão até a frente dele. Combatendo à necessidade crescente. Eu não iria tocá-lo, não assim. Quando eu pude confiar
em mim, eu abri suas pernas até onde elas podiam ir e o mordi, marcando as áreas intocadas, ficando cada vez mais perto, até que eu pude vê-lo pressionado entre
o seu corpo e da cama. Eu queria lamber-lo lá, rolar seus testículos na minha boca. Mas eu não confiava em mim. Eu deixei suas costas e nádegas com sangue, eu não
confiava em mim mesma, não poderia garantir o que eu faria. Eu movi minha boca para trás, sem tocá-lo, e a pressão de seu desejo e o meu andavam como um relâmpago
de verão, quase lá, quase lá. Corri minha língua na pequena elevação de pele atrás de seus testículos, e Nathaniel deu um gemido chorado.
Eu suguei a pele, colocando-a em minha boca em uma longa linha, trabalhando com a língua e os dentes, e a pressão quebrou sobre nós como uma tempestade liberando
uma explosão muito estrondosa. Ele chamou meu nome, e eu arranhei suas coxas com minhas unhas e lutei com duas fomes diferentes para não arrancar aquela delicada
pele de seu corpo. Quando acabou, eu recuei dele apenas o suficiente para ver que eu não o havia marcado, nem mesmo com a marca dos meus dentes. Deitei na cama,
entre suas pernas, um braço sobre sua coxa, e o outro dobrado debaixo de mim, ouvindo as batidas do meu coração.
Ele estava quieto, exceto por sua continua respiração frenética. Um som me fez encarar para fora das pernas de Nathaniel, me apoiando em cima da carne macia e ferida
de seu traseiro.
Jason estava em pé no meio da sala com o que pareciam algemas nos braços. Seus olhos estavam arregalados, sua própria respiração um pouco rápida demais.
Eu deveria estar constrangida, mas o ardeur estava saciado, e minha besta estava enrolada dentro de mim como um gato satisfeito. Eu estava bem satisfeita comigo
mesma para estar embaraçada. - Quanto tempo você está assistindo? - Até minha voz soava preguiçosa, contente.
Ele teve que limpar a garganta duas vezes antes de poder dizer, - tempo o suficiente -.
Eu subi pelo corpo de Natanael, até que eu estava pressionada contra o comprimento dele. Eu coloquei minha bochecha contra seu rosto, e sussurrei: - Você está bem?
-.
- Sim. - Em um suspiro.
- Eu te machuquei? -.
- Isso foi... Maravilhoso. Oh, Deus, isso foi... Melhor do que eu imaginava.
Eu levantei, acariciando seus cabelos, voltando a olhar para Jason, ainda de pé no meio do quarto. - Por que você não tentou me parar?
- Jean-Claude estava com medo que você ia rasgar a garganta de Nathaniel ou qualquer coisa desse tipo. - A voz de Jason estava voltando ao normal, apenas uma ponta
de incerteza nela. - Mas eu observei você. Toda vez que eu pensava que teria de intervir, você recuava. Toda vez que eu pensei que você ia perder o controle, você
não o fez. Você dominou a fome, você a domou.
Eu senti Jean-Claude acordar, senti-o respirar pela primeira vez no dia. Ele me sentiu também, me sentiu ainda deitada nua sobre o corpo de Natanael, sentiu o cheiro
de sangue fresco, sentiu que eu havia me alimentado e me alimentado bem. O senti vindo em minha direção, correndo em minha direção, atraído pelo cheiro de sangue,
carne quente, e sexo, e a mim.
16
- Jean-Claude está vindo, - Jason disse.
- Eu sei, - eu disse.
Jason andou até o pé da cama e olhou para nós, para mim. Seus olhos demoraram em mim. A maior parte do meu corpo estava escondido ao lado do Nathaniel, mas ele olhou
o que estava à vista. Se eu não tivesse tido aquele vislumbre do seu coração, eu estaria brava ou diria para ele parar, mas eu não sabia o que dizer agora. Ele me
queria, apenas por ser eu, não para sempre, mas apenas por uma noite, um dia, uma semana, apenas algumas vezes. Os sentimentos de Jason por mim deveriam ser os mais
descomplicados entre todos os homens na minha vida.
Descomplicado tem suas atrações, mesmo com o ardeur desaparecido. No momento que eu pensei desaparecido, eu percebi que não era verdade. A fome estava apenas abaixo
da superfície, como algo fervilhando em um recipiente, você tem que deixar com pouco calor, senão transborda. Eu tive calor suficiente por um dia.
Jason e eu nos olhamos. Eu não sei o que nós teríamos dito, mas justamente então a porta abriu. Era Asher. Seu quarto era mais próximo que o quarto dos caixões,
mas eu não o esperava. Seu cabelo dourado caia em perfeitas ondas em torno dos ombros em seu robe. Vampiros não se mexiam em seu - sono -, então sem problemas de
cabelo bagunçado ao acordar. O robe era de um rico e escuro marrom, aberto sobre uma calça de pijama combinando. Seu peito estava desnudo e o robe ostentava em torno
dele como uma capa enquanto ele caminhava pelo quarto.
Ele veio ficar ao lado da cama, mas seu olhar foi para o corpo do Nathaniel, para o sangue. - Eu senti... - Ele levantou seus olhos para o meu rosto e eu espreitei
sobre o corpo do Nathaniel. - Eu senti o chamado.
- Eu não o chamei -, eu disse.
- O poder chamou. -. Ele caiu em seus joelhos ao lado da cama. - Você fez isso?
Eu acenei.
Ele estendeu sua mão, como fosse tocar o meu rosto e então recuou. Foi como se ele tivesse tocado algo no ar na minha frente que o deixou surpreso. Ele levantou
sua mão para seu rosto e a cheirou, e então a lambeu, como se houvesse algo lá para sentir o gosto.
- Eu poderia provar o seu pomme de sang? -. Era a palavra francesa para maçã de sangue e era um nome para uma pessoa que era um doador regular para um vampiro em
particular. Parte de mim queria argumentar com essa frase, mas eu tinha me alimentado do Nathaniel, até provado seu sangue. Demandar uma frase diferente iria ser
brigar por algo completamente trivial pro meu gosto. Chamaríamos uma espada de espada.
- Defina provar. - Eu disse.
- Lamber as feridas.
A sugestão deveria ter me incomodado, mas não o fez. Eu baixei meu rosto o suficiente para ver os olhos do Nathaniel. - Está tudo bem para você, Nathaniel?
Ele acenou com o rosto ainda pressionado na cama.
- Sinta-se a vontade.
Asher baixou sua boca até as costas do Nathaniel, para uma ferida bem acima da cintura. Ele manteve aqueles olhos azul-gelo virados pra mim, do jeito que você observaria
alguém em uma luta de judô - com medo que se você olhasse para outro lado, eles te machucariam. Isso me fez pensar em leões bebendo água da lagoa, com seus olhos
para cima, procurando pelo perigo enquanto eles bebiam.
Nathaniel fez um pequeno som enquanto o Asher lambia a ferida. Tinha parado de sangrar, mas como o vampiro traçava a ferida com sua língua, eu vi o sangue surgir
na superfície novamente. Vampiros tinham um anticoagulante em suas salivas, mas eu nunca tinha visto seu uso demonstrado tão bem antes.
Isso me fez curiosa. Curvei-me perto do corpo do Nathaniel, uma perna entrelaçada com a dele. Eu não pedi permissão, porque ele era meu e eu o conhecia bem o suficiente
para saber que ele iria não apenas não se importar, mas iria aceitar com prazer. Eu baixei minha boca para outra ferida que tinha acabado de parar de sangrar e lambi.
Havia o gosto doce de cobre de sangue e o grosso, rico sabor de sua pele, e um gosto de... Carne. Como se eu pudesse dizer que gosto ele teria se eu o comesse um
pedaço de cada vez.
A besta queimou sobre a minha pele como algo trêmulo e quente. A besta de Nathaniel respondeu a isso, resplandecendo, se ondulando, como se eu pudesse vê-la justamente
abaixo de sua pele, justo abaixo de suas costelas, como se eu pudesse sentir onde ela fica no coração de seu corpo. Naquele momento, eu sabia que eu podia chamar
sua besta, poderia persuadi-lo a mudar quando a lua estava longe de ser cheia. Eu era Nimir-Ra e isso significava muito mais do que ser meramente a sua dominante.
Os olhos de Asher flamejaram com um azul pálido, de forma que ele parecia cego enquanto lambia a ferida. Ele encarava o meu rosto, diretamente através do corpo de
Nathaniel, nossos olhos no mesmo nível enquanto provávamos as feridas. O meu corte sangrava um pouco mais, mas não tanto quanto a de Asher fazia. Eu não era realmente
uma bebedora de sangue - eu me alimentava de outras coisas - e olhando através do corpo de Nathaniel, sentindo sua respiração se acelerando enquanto nós dois o tocávamos,
eu sabia que essas outras coisas estavam aqui para serem tomadas.
A mão de Asher deslizou sobre o corpo de Nathaniel, até que ele tocou minha coxa que estava curvada sobre a perna de Nathaniel. O momento em que ele me tocou, alguma
coisa fluiu entre nós. Era como se o ardeur o reconhecesse, como se o tivesse tocado antes.
Me fez levantar da ferida, me trouxe de volta à realidade, um pouco. Alguma coisa em meu rosto fez que Asher retirasse sua mão.
Jean-Claude apareceu então. Ele estava vestindo um robe preto com uma pelagem preta na gola, lapela e mangas. Seu cabelo preto se fundia com a pelagem, assim você
não podia dizer onde um dos pretos parava e o outro começava. A última vez que eu o vi com esse robe, eu disse que era melhor que houvesse alguma coisa a mais além
de pele. Agora, eu esperava que não tivesse.
Vê-lo trouxe o ardeur fervendo em mim novamente. Fez-me prender a minha respiração, as coisas abaixo de meu estômago se apertando forte o suficiente para tirar um
som da minha garganta.
- Ela carrega seu incubus, - Asher disse e sua voz tirou o meu olhar do Jean-Claude para ele.
- Oui. -. Jean-Claude deslizava pelo quarto até o lado oposto da cama onde o Asher ajoelhava.
- Ela tem o seu sabor e o de Belle Morte.
- Oui. -, Jean-Claude disse. Ele andou ao redor da cama até o outro lado e eu girei para longe do corpo do Nathaniel assim eu podia ver o Jean-Claude se mover. O
movimento expôs a frente do meu corpo e eu tinha bastante de mim mesma para que eu girasse em meu estômago.
Jason disse, - Awww.
Eu o ignorei.
Jean-Claude levantou o robe, assim ele poderia subir na cama. O movimento mostrou uma longa, pálida linha de sua pele dos ombros até o estômago. O vislumbre daquela
carne clara entre a escura pelagem me fez querer desamarrar e expor seu corpo inteiro. Mas eu fiquei onde estava, metade inclinada contra Nathaniel, porque eu estava
com medo de me mover. Com medo de ir até Jean-Claude, porque eu não confiava em mim mesma.
Havia o suficiente de mim sobrando para não querer fazer amor com o Jean-Claude na frente de outros homens. Mas era uma parte bem pequena, algo que tremeluzia na
escuridão, mas que quase não acreditava em si mesmo mais.
- A fome reconheceu Asher. É porque é seu, ou porque é dela? -. Eu perguntei.
- Dela? - ele perguntou.
- Belle Morte. - - Eu não sei, - ele disse. E ele estava perto o suficiente agora que a ponta do robe encostou-se em meu corpo. Eu podia ver a fina linha de uma
pálida pele abaixo da cintura onde o robe abria. Uma fina, fina linha branca, mas foi o suficiente para me deixar saber que não havia nada debaixo do robe a não
ser o Jean-Claude.
Eu queria abrir o robe, para ver todo dele. Eu disse isso sem pensar, como se eu não tivesse tido a intenção de dizer em voz alta. - Abre o robe. - Me surpreendeu
como se eu não reconhecesse minha própria voz.
Eu fechei meus olhos, tentei pensar.
- Está tudo bem, ma petite. Uma vez tomado, o sangue enche o seu estômago, mas luxúria... - Pêlos se esbarraram em uma provocante linha pelos meus braços. - Luxúria
está sempre ali, nunca dominada completamente, nunca satisfeita. - Ele esbarrou a ponta de seu punho peludo pela minha cintura, descendo para o quadril, minha coxa,
meu tornozelo. Quando ele passou sobre o meu pé, ele começou a trilhar o caminho de volta, mas dessa vez na parte de trás do meu corpo, assim que a provocante carícia
tocou minhas nádegas, minhas costas, meu ombro.
Eu fiquei deitada sem palavras, sem fôlego debaixo do seu toque. Quando ele traçou a pelagem em torno do meu rosto, eu agarrei a manga do robe e mantive longe de
mim. - Faça todos saírem. - Minha voz estava quase em um sussurro.
- Eu não posso fazer nada até que eu me alimente, ma petite, você sabe disso.
- Eu sei. Precisa de sangue circulando. - Eu estava tendo uma dificuldade para pensar. - Então faça isso, mas... -.
- Rápido, - ele disse suavemente.
Eu acenei.
Ele tirou sua manga de minha mão e olhou pro Jason, o qual ainda estava em pé lá, assistindo o show. - Venha, pomme de sang, venha e aproveite as recompensas de
seu sacrifício.
A frase era estranhamente formal e eu nunca tinha ouvido ser colocada daquela maneira. Eu esperava que Jason virasse e fosse à cama do mesmo lado que o Jean-Claude,
mas ele não foi. Ele rolou sobre o pé da cama em um movimento tão fluido que era como assistir a água correr, como se sua pele mal continha alguma energia elemental
que não tinha nada a ver com o corpo de carne e osso que eu estava vendo. Ele acabou em seus joelhos no lado oposto de Jean-Claude. Eu podia sentir o movimento de
seu corpo na minha boca, não apenas seu coração, mas como se cada palpitar e batida dele estivesse tentando deslizar por minha língua e descer por minha garganta.
Eu podia sentir sua antecipação, não por mim, mas pelo o que Jean-Claude tinha pra oferecer. Ele veio ansioso para o vampiro, com aquele fôlego ofegante que você
geralmente reserva pro sexo. Eles espelharam um ao outro, ambos sobre os joelhos, olhando um ao outro sobre o meu corpo.
- Eu deixarei vocês sozinhos e com os seus pomme de sangs. - Asher estava em pé próximo a cama, amarrando a faixa na cintura, segurando o robe em torno de si. Ele
ficou em pé muito ereto com aquela postura perfeita que todos os nobres pareciam ter, mas ainda assim ele se aconchegava dentro do robe.
Eu rolei em meu estômago, olhando pra ele, tentando ler o seu rosto, seu corpo. O desconforto eu podia ler, até mesmo dor. E isso deve ter mostrado no meu rosto,
porque Asher baixou seu olhar, aquele maravilhoso cabelo dourado deslizando sobre o lado cheio de cicatrizes em seu rosto, assim quando ele voltou a olhar pra cima,
você poderia ver nada além da perfeita metade dele, aquele olho azul-gelo.
Eu tive uma súbita memória em que estava deitada em uma cama diferente em uma enorme sala escura cercada de dúzias de velas até que as sombras se moviam e ondulavam
com cada pequena lufada de ar, cada movimento de um braço pálido. Eu deitava naquela trêmula imponente escuridão no abraço de uma pálida mulher de cabelos escuros.
Eu olhei para a sua face e era como algo esculpido em alabastro, com lábios vermelhos e perfeitos, cabelo como a escuridão da noite parecendo seda, caindo em torno
de sua nua perfeição como um véu. Seus olhos eram um castanho puro, como um mel escuro. Eu sabia que era Belle Morte, como se eu sempre tivesse conhecido seu rosto.
A porta abriu e Asher entrou, vestindo um robe mais elaborado, mais pesado do que ele vestia agora. Mas ainda ele se aconchegava nele, segurava em torno de seu corpo,
com medo. Eu vi as cicatrizes em seu rosto - recentes, sensíveis - e era... Doloroso. Meu peito se apertou com a visão de sua destruição. Eu fiquei em meus joelhos,
levantando minhas mãos para alcançá-lo, movendo um corpo que eu nunca estive dentro. Jean-Claude se moveu para alcançá-lo todos aqueles séculos atrás. Mas ela ficava
deitada lá nua e perfeita mostrando cada curva, cada lugar secreto à luz das velas e o rejeitou. Eu não conseguia lembrar as palavras que ela usou, apenas o olhar
em seu rosto, a extrema arrogância, o desgosto. O olhar no rosto de Asher quando ele se virou dela para o Jean-Claude, para mim. O olhar de dor e ele deixou aquele
glorioso cabelo cair pra frente, cobrindo seu rosto e foi a primeira vez que nós o vimos fazer aquilo, se esconder de nós.
Eu senti suas mãos no nosso corpo enquanto ela se virava de volta pra nós, como se Asher não estivesse mais ali, mas nós lembramos o olhar em seu rosto, a linha
de seu corpo enquanto ele deixava o quarto. Eu pisquei e estava de volta no quarto de Jean-Claude, olhando o Asher em seu robe de seda marrom andando em direção
à porta. E a linha de seus ombros, o modo que ele segurava a si mesmo fez meu peito se apertar, fechou a minha garganta, fez meus olhos quentes com coisas não ditas
e não derramadas.
- Não vá. - Eu ouvi a mim mesma dizendo isso e eu olhei para o Jean-Claude. Seu rosto era cuidadoso, sem expressão, mas apenas por um momento eu vi os seus olhos
e a dor que eu estava sentindo era apenas um eco do que preenchia seus olhos.
Asher parou na porta e virou, seu cabelo caindo sobre seu rosto, o robe cobrindo todo o resto. Ele não disse nada, apenas olhou de volta pra mim, para nós.
Eu repeti, - Não vá, Asher, não vá.
- Porque não? - ele perguntou, sua voz o mais cuidadoso e neutro que ele podia fazer.
Eu não podia dizer a ele sobre a memória partilhada. Iria soar como piedade e não era isso - não exatamente. Eu não podia pensar em uma boa mentira. Mas essa não
era exatamente a hora para mentiras, de qualquer forma. Apenas a verdade iria curar isso. - Eu não posso suportar ver você ir desse jeito.
Ele moveu seu olhar para o Jean-Claude e havia raiva nele agora. - Você não tinha direito de compartilhar aquela memória com ela.
- Eu não escolho o que ma petite sabe e o que ela não sabe.
- Muito bem, - Asher disse. - Agora você sabe que ela me dispensou de sua cama. Como ela me jogou fora de sua cama.
- Isso foi sua escolha, - Jean-Claude disse.
- Como você podia suportar me tocar? Eu não podia suportar eu mesmo. - Ele ficou perto da porta com a sua cabeça virada pra um lado, então tudo o que você podia
ver era uma onda de cabelo dourado. Sua voz carregava amargura do modo que poderia às vezes carregar alegria - uma amargura que era difícil de engolir, como se asfixiando
em vidros quebrados. A voz e a risada de Asher não eram tão boas quanto à de Jean-Claude, mas ele parecia melhor compartilhando tristeza e pesar do que Jean-Claude.
- Por quê? - Eu perguntei, já sabendo da resposta.
- Por que o que?
- Por que ela te dispensou?
Jean-Claude se moveu do meu lado e eu percebi duas coisas. Um, ele estava se bloqueando de mim, de todos nós, de modo que eu não podia senti-lo e dois, o movimento
do seu corpo sozinho me deixou saber que ele não estava feliz.
Asher agarrou o seu cabelo, o jogou longe de seu rosto, mostrou as cicatrizes para a luz. - Isso, isso. Nossa mestra era uma colecionadora de beleza e eu não era
mais lindo. Doía visivelmente para ela me ver.
- Você é lindo, Asher. Ela não poder ver isso não é sua culpa.
Ele deixou seu cabelo cair de volta. Deslizou por suas cicatrizes, as escondendo. Ele tinha quase parado de fazer isso quando ele estava aqui no Circo. Eu tinha
esquecido como, logo quando ele chegou a St. Louis, ele tinha se escondido sempre que você olhava diretamente pra ele. Ele tinha usado cada sombra, cada queda de
luz para esconder as cicatrizes e destacar a beleza que permaneceu intocada. Ele tinha parado de fazer isso ao meu redor.
Doeu o meu coração vê-lo se esconder. Eu tentei manter o lençol em mim enquanto eu me arrastava em direção a borda da cama, mas estava todo enrolado e preso debaixo
do peso do Jason e do Jean-Claude. Dane-se, todo mundo aqui tinha visto o show. Eu queria tirar aquele olhar do rosto do Asher mais do que eu queria ser modesta.
Jason se moveu para fora do meu caminho sem dizer um único comentário provocador. Quem diria! Eu me arrastei para fora da cama e andei em direção ao Asher e outras
memórias se derramaram sobre mim como cartas jogadas no ar. Quantas vezes ele assistiu o Jean-Claude, Belle Morte e Julianna e tantos outros andar em direção a ele
nus e ansiosos. Mesmo Jean-Claude tinha falhado com ele. Havia aquela sombra em seus olhos formada da culpa. Culpa por ter falhado em salvar Julianna, falhado em
salvar Asher. Mas Asher tinha assumido que era rejeição e que Jean-Claude o tocava apenas por piedade. Não era piedade - eu tinha a memória disso - era por dor.
Eles se tornaram lembranças constantes de como um falhou com o outro. Uma constante lembrança da mulher que ambos amaram e perderam. Até que a dor foi tudo o que
restou a eles. Asher tornou isso em ódio e Jean-Claude simplesmente se afastou.
Eu passei pelas lembranças como se me movesse através de teias de aranhas, coisas que roçavam em mim, me agarravam, mas que não me paravam. Suas mãos estavam atrás
de suas costas, seu corpo inclinado contra a porta, se prendendo a ela e eu sabia por quê. Através do - dom - de Jean-Claude, eu sabia que Asher queria me tocar
e não confiava em si mesmo o suficiente para ter suas mãos soltas na sua frente. Mas não era a mim que ele queria tocar. De certa maneira ele era que nem o Nathaniel;
ele via em mim o que ele precisava ver e não exatamente o que estava lá.
Eu toquei seu cabelo onde escondia sua face. Ele se contraiu. Eu coloquei seu cabelo para trás de seu rosto, ficando na ponta dos pés para alcançá-lo, colocando
uma mão levemente em seu peito para me equilibrar. Ele se moveu para longe de mim, dando um passo para a sala. Eu agarrei seu robe, mas ele se manteve virado enquanto
o robe se afastava para mostrar aquela metade de seu peito perfeito. - Olhe pra mim, Asher, por favor.
Ele continuou virado e eu finalmente tive que andar aqueles poucos passos até ele. Eu era pequena o suficiente para que, ficando em pé na frente dele, me permitia
olhar debaixo do seu cabelo e ver seu rosto. Ele se virou novamente e eu me estiquei, colocando uma mão em cada lado de seu rosto e o virando para me olhar. Isso
colocou meu corpo contra o dele apenas para me equilibrar e eu senti a relutância de seu corpo, a necessidade de se afastar. Mas ele ficou imóvel debaixo do meu
toque. Ele manteve suas mãos atrás de suas costas, como se eu as tivesse amarrado lá.
A pele debaixo de uma mão era tão lisa, a outra tão áspera. Ele poderia ter lutado comigo, mas ele não lutou. Ele me deixou virar seu rosto para mim. Eu envolvi
minhas mãos na espessura de seu cabelo dourado, deixando longe de seu rosto. Eu olhei para seu rosto erguido. Os olhos, aqueles impossíveis olhos azuis claros, eram
irreais, como os olhos de um husky. Seus olhos eram ainda cheios e beijáveis, seu nariz ainda um perfeito perfil. Até mesmo as cicatrizes que começavam em uma parte
longínqua do lado direito de seu rosto eram uma parte de Asher - apenas outra parte dele que eu amava. Eu sempre assumi que qualquer sentimento que eu tinha pelo
Asher era das memórias de Jean-Claude dele enquanto eles eram amantes, companheiros por mais de vinte anos. Mas olhando para ele agora, eu percebi que é apenas parte
disso.
Eu tinha memórias do seu corpo liso e perfeito. Mas não era o que eu pensava quando eu pensava em Asher. Eu o imaginava do jeito que é agora e ainda o amava. Não
era do mesmo jeito que eu sentia por Jean-Claude, ou Richard, mas era real e era meu. Talvez não tivesse existido se eu não tivesse as memórias e sentimentos de
Jean-Claude para construir isso, mas qualquer que seja a fonte, eu tinha sentimentos por Asher que eram todos meus e de ninguém mais. Eu percebi com certo choque
que não era apenas o coração de todos os outros que eu podia ver. Eu virei e olhei de volta para o Jean-Claude, tentei perguntar com os meus olhos o que eu estava
pensando.
- Para conhecer o coração de outra pessoa, você deve conhecer o seu primeiro, ma petite. - Sua voz era suave, sem censura.
Eu me virei de volta para o Asher e havia algo em seus olhos - metade surpresa, metade dor - como se ele esperasse que eu o machucasse de alguma maneira. Ele estava
provavelmente certo. Mas se fosse assim, eu não teria a intenção de fazê-lo. Às vezes as maiores feridas são aquelas que tentamos ao máximo não infligir.
Eu deixei o que eu estava sentindo preencher os olhos, meu rosto. Era o único presente que eu poderia dar a ele. Sua expressão suavizou e o que eu vi naqueles adoráveis
olhos era ao mesmo tempo maravilhoso e doloroso. Ele caiu em seus joelhos, uma lágrima trilhando sua bochecha lisa. O olhar em seu rosto estava cheio de muitas coisas.
- O olhar em seus olhos cura uma parte de meu coração, ma cherie, e machuca outras.
- O amor é uma grande merda, - eu disse.
Ele riu e me abraçou pela cintura, a aspereza de sua bochecha direita pressionada no meu ventre e eu apreciei aquilo mais que qualquer coisa que ele poderia ter
feito. Eu acariciei seu cabelo e o segurei contra mim. Eu olhei pro Jean-Claude do outro lado do quarto e o olhar em seu rosto era profundo, um desejo tão imenso
que não havia palavras pra expressar. Ele queria Asher e eu. Ele queria o que ele teve tantos séculos atrás. Ele tinha dito ao Asher que ele quase foi feliz uma
vez e que isso foi quando ele estava nos braços do Asher e da Julianna. Antes de ela morrer e Asher ser salvo, mas não mais o garoto de ouro de Belle Morte. Jean-Claude
foi forçado a levar o Asher de volta para o Conselho para salvá-lo. Jean-Claude negociou cem anos de sua própria liberdade ao Conselho pelo favor de salvar a vida
de Asher. E então Jean-Claude partiu e Asher ficou pra trás, culpando o Jean-Claude pela morte de Julianna e por sua ruína. Jean-Claude foi de estar apaixonado e
ser amado por duas pessoas, para perder um amor e ter o outro o odiando.
Nós nos olhamos. O olhar de Jean-Claude era tão cru, como uma ferida fresca que ainda sangrava. Ele queria assegurar sua base de poder com o triunvirato. Ele queria
aquilo - precisava daquilo - mas havia outras coisas que ele queria, quase precisava. E uma daquelas coisas estava abraçando minha cintura, pressionando seu rosto
em meu estômago.
Jean-Claude baixou seus olhos como se ele não pudesse controlar o que estava neles. Ele era o mestre da neutralidade, de expressões cuidadosas. O fato de que o que
ele sentia era tão forte para esconder dizia mais do que qualquer coisa. Ele não podia bloquear suas emoções no momento. Elas eram muito fortes; elas destruíram
todo aquele cuidadoso controle e parte de mim estava contente.
aquele momento eu queria dar a ele o que ele mais desejava. Eu queria fazer isso porque eu o amava, mas era mais que isso. Eu percebi de repente que com o Richard
fora de nossa cama, outras coisas eram de repente possíveis. Eu virei de volta para o Asher, olhando pra baixo para o topo de sua cabeça e eu sabia que ser segurado
no circulo dos nossos braços iria curar algo dentro dele que jamais iria ser curado de outra forma.
O ardeur queimou através de mim, quente, tão quente, como se a minha pele devesse estar febril. Asher recuou de mim, deixando seus braços cair lentamente do seu
lado. Ele levantou seu olhar até mim e o mostrou o que havia em seu olhar e era o bastante. Eu sabia que ele sentiu a fome, também.
- Isso é tão quente, - eu disse. - Antes o seu poder sempre pareceu frio, ou até mesmo gelado. É a besta do Richard que carrega o calor.
- Luxúria é quente, ma petite, mesmo entre os sangues-frio.
Eu me virei em direção à cama e estava de repente consciente que estava nua, eu realmente iria ter que arranjar um robe. Não foi o olhar do Jean-Claude que me fez
desviar o olhar, foram o de Nathaniel e Jason. Todos nesse quarto respondiam a mim, em diferentes maneiras, por diferentes razões. Mas era tudo um incentivo pra
essa... Necessidade dentro de mim.
Asher fez alguns pequenos movimentos que chamou a minha atenção de volta pra ele. Eu comecei a alcançá-lo, para tirar o robe de seus ombros e o assistir cair ao
chão. Eu abracei meus braços, como se estivesse com frio, mas eu não era frio. Era a minha vez em não confiar onde as minhas mãos estavam. A tentação era tão forte
em qualquer lugar que eu olhava que parecia não ter um lugar para andar com segurança. Eu me senti presa. Presa, não no quarto, mas no desejo.
Quando eu tive certeza que eu podia falar sem soar tão confusa quanto eu sentia, eu perguntei - Essa coisa é permanente, ou irá embora quando todos nós nos ajustarmos
às marcas estando casadas? -.
- Eu não sei, ma petite. Eu gostaria de poder te dizer com mais certeza. Se você fosse minha de verdade, realmente vampira, então eu diria, sim, isso é permanente.
Mas você é minha serva humana. Você manifestou poderes no passado e alguns vieram e foram. - Ele levantou suas mãos. - Não há uma maneira de se ter certeza. -.
- É sempre desse jeito, nunca satisfeito, nunca acabado?
- Não, você pode saciar-se, mas é preciso muito para fazê-lo. Normalmente, você deve se contentar com o suficiente para manter o desejo esmagador longe de você.
- E você não tem se alimentado assim em meses, porque você pensou que eu não iria provar? -.
- Anos. E sim.
Eu o encarei do outro lado do quarto com o Asher ainda ajoelhado na minha frente. Eu sempre pensei no Jean-Claude como o mais fraco de vontade entre nós três - Richard,
ele e eu. Agora eu ficava ali com medo de me mover, com medo de não me mover, querendo fazer coisas que não eram eu, não eram minhas, nem de Jean-Claude. Eu sabia
que os metamorfos falavam de sua parte animal como algo separado deles - a besta deles - mas eu nunca tinha entendido que algum dos poderes dos vampiros era da mesma
maneira. Desejos, fomes, tão fortes e irresistíveis que eles eram como seres separados presos dentro da sua cabeça, seu corpo, seu sangue.
Asher fez um pequeno movimento e eu virei pra ele. Minha mão alcançou para acariciar seu cabelo antes que eu tivesse virado completamente pra ele, como se meu corpo
tivesse se movendo sem meus olhos ou meu cérebro. Seu cabelo tinha uma textura mais grossa, como o meu, não os cachos finos de bebe de Jean-Claude ou Jason ou sedoso
como o de Nathaniel. Eu afundei minhas mãos no cabelo Asher como se eu pudesse memorizar a sensação dele. Algum lugar entre o meu e o de Richard, em algum lugar
no meio, mas não quente como Richard era ao toque. Asher não se alimentou hoje, e ele não tinha calor para dar. Sua pele estava fria sob os meus dedos enquanto eu
traçava sua face.
Eu falei sem olhar pro Jean-Claude. - Como você aguentou isso? Como você pode lutar com a necessidade todo esse tempo?
- Você é inexperiente, ma petite. Seu controle nunca será mais fraco que agora. Eu tive séculos para praticar o meu controle.
Eu me fiz parar de acariciar Asher. Mas ele tomou a minha mão assim que eu a movi para longe e plantou um beijo gentil nas minhas articulações. Até mesmo aquele
pequeno toque me fez prender a respiração. Minha voz saiu fraca. - Então você pode ir sem alimentar o desejo.
- Não, ma petite.
Eu virei e o encarei e Asher esfregou seu polegar em pequenos círculos na minha mão. Eu me lembrava daquele pequeno toque como precioso, um hábito que ele tinha
não importava qual de nós ele tinha em suas mãos. - Você disse que você não tinha se alimentado desse jeito.
- Eu não tive sexo, nem toquei ninguém de uma forma tão completa como você fez com Nathaniel. Mas eu devo alimentar o desejo, assim como eu devo tomar sangue.
- O que acontece se você não fizer?
- Você se lembra o que aconteceu com Sabin quando ele parou de tomar sangue humano?
Eu acenei. O polegar de Asher continuou com seus pequenos círculos na minha mão, e isso fez com que coisas em baixo do meu corpo se apertassem. - Sabin começou a
se decompor enquanto ainda estava vivo. - Eu olhei para o rosto perfeito de Jean-Claude. - É isso o que aconteceria com você?
Ele sentou de volta na cama em seu robe preto. Jason tinha movido contra a cabeceira como se estivesse assistindo o show e Nathaniel ainda estava deitado em seu
estômago onde eu o deixei, nos assistindo com os olhos neutros. - Teve um vampiro da linhagem de Belle que renunciou à luxúria. Ele tomava somente animais, também,
e eu acredito que teria se decomposto como Sabin, mas ele não teve tempo. Ele começou a envelhecer em questão de dias. Quando ele se tornou uma coisa enrugada, Belle
o matou.
- Mas você não tem envelhecido, o que você esteve fazendo? - Não era acusatório. Eu simplesmente queria saber, porque eu podia sentir Asher no final da minha mão
como algo enorme e... Como algo que eu não podia viver sem. Eu queria Nathaniel, eu queria Jason, eu queria Micah, mas não desse jeito. Eu creio que eram os sentimentos
de Jean-Claude que fez isso maior.
- É possível se alimentar à distância, sem tocar, - Jean-Claude disse.
- Por isso que o clube de strip foi o seu primeiro negócio. Você estava se alimentando da luxúria.
- Oui, ma petite.
- Me ensine a me alimentar à distância. - Mas enquanto eu disse ‘distância’, Asher trouxe minha mão para sua bochecha e roçou contra ele como um gato. Eu tive que
fechar os meus olhos por um segundo, mas eu não disse para ele parar.
- Se alimentar à distância é um pobre substituto de uma alimentação de verdade.
Eu abri meus olhos e o encarei do outro lado do quarto e agora eu podia senti-lo. Eu podia sentir sua necessidade - de sangue, sexo, amor e o toque da nossa pele
contra ele. Ele envolveu seus braços em torno do seu corpo, como se ele estivesse com frio ou não confiasse nele mesmo para não deixar a cama e vir até nós.
- Ensine-me, de qualquer jeito, - eu disse.
- Eu não posso, não tão cedo. Em algumas noites eu irei instruí-la, mas o seu controle não está... Completo o suficiente ainda.
Eu comecei a dizer, - me teste -, mas Asher trouxe meus dedos em sua boca em uma longa, molhada linha e eu de repente não podia pensar.
- Venha para a cama, ma petite, - Jean-Claude disse. - Se você se alimentar aqui, há uma chance de você se saciar o suficiente para você não pressionar nosso tão
teimoso Richard.
O pensamento foi o bastante para diminuir o desejo por um momento ou dois. Eu retirei minhas mãos do Asher e ele não protestou. O puro terror de como eu seria perto
do Richard com isso dentro de mim me fez pensar um pouco. Ficar perto dele normalmente me fazia querer sexo, mas agora... - Meu Deus, eu terei sorte se eu não apenas
tirar minhas roupas e possuí-lo no lupanar. - Eu olhei para o Jean-Claude. - O que eu faço?
- Eu digo novamente, ma petite, se você se alimentar agora de um banquete tão rico, você pode estar muito cheia para precisar se alimentar de novo tão cedo. É tudo
o que eu posso oferecer esta noite. Você poderia simplesmente adiar o encontro por algumas noites.
Eu balancei minha cabeça. - Eles irão matar Gregory. Eu tenho que tirá-lo de lá esta noite.
- Então venha e se alimente.
- Defina se alimentar.
- Beber de seus apetites sexuais -, ele disse.
Eu olhei para Jason e Nathaniel e eles não estavam nem tentando passar por neutros. O olhar em seus rostos trouxe calor para a minha face. Eu balancei minha cabeça.
- Você não precisa ter relações sexuais para se alimentar deles, como você já descobriu.
- Aww, - Jason disse, mas o olhar em seu rosto não combinava com a leve provocação de sua voz.
Eles estavam respondendo à minha necessidade, do jeito que eu tinha respondido por tanto tempo a do Jean-Claude, levados como uma mariposa à chama. Você apenas não
podia evitar querer tocá-la, mesmo quando você sabia que iria queimar.
Asher se levantou. - Eu os deixarei sozinhos. Mas com permissão, eu iria me alimentar do Nathaniel como meu pomme de sang por hoje.
- Não, - eu disse.
Seus olhos se arregalaram apenas um breve momento, e seu rosto foi para algo neutro, os olhos vazios e gelados como o céu de primavera. Eu o senti se afastar de
mim. - Como você desejar. - Ele se virou para a porta.
Eu agarrei sua mão, deslizei meus dedos entre os seus. - Venha para a cama, Asher.
Eu tinha pensado que seu rosto estava o mais branco e cuidadoso que poderia conseguir. Eu estava errada. Sua voz carregava nada quando ele perguntou, - O que você
quer dizer? -.
- Eu não posso devolver o que você tinha. Eu nem mesmo posso dar a você... - Eu parei e tentei de novo. - Mas eu posso deixar você se alimentar junto novamente.
- Como?
- Se Nathaniel disser que tudo bem, você pode tomar sangue dele e o Jean-Claude irá tomar sangue de Jason. Vocês podem se alimentar juntos.
- Você sabe o quão íntimo é se alimentar junto de seu pomme de sang? Um pomme de sang não é um alimento casual, é íntimo, para ser dividido somente com companheiros
íntimos.
Eu enrolei meus dedos em torno de sua mão. - Eu sei. - Eu dei um passo em direção a cama, o trazendo comigo. - Deixe-nos alimentar de sua luxúria, Asher, como antigamente.
Asher encarou Jean-Claude sobre mim. - A ultima vez que duas pessoas se alimentaram do meu desejo, foi Belle e você.
- Eu me lembro, - Jean-Claude disse suavemente.
Ele levantou suas mãos em direção ao Asher do outro lado do quarto e eu me lembrei dele alcançando pelo Asher todos aqueles séculos atrás. - Deixe ser novamente
o que foi uma vez, mas melhor dessa vez. Anita ama você do jeito que é agora, não como uma coisa ideal como uma borboleta alfinetada para ser jogada fora se uma
asa cai. Venha para nós, Asher, venha para nós dois.
Asher sorriu, então deu um passo para estar ao meu lado. Ele me ofereceu seu braço em um gesto bem a moda antiga. Eu queria pegar seu braço, ter uma desculpa para
esfregar meu corpo contra o dele enquanto andávamos, e foi por isso que eu perguntei, - O que você me diz do uso do seu robe tanto quanto sua mão? -.
Ele fez uma reverência baixa e perfeita, tão baixa que seu cabelo quase varreu o chão. - Que você teve que me induzir para lhe oferecer meu robe prova que eu não
sou um cavalheiro. - Ele o tirou enquanto estava em pé e segurou-o para mim como um casaco. Asher tem 1,83m, assim as mangas pairavam sobre as minhas mãos e a barra
embaixo agrupava em torno de meus pés. Eu empurrei as mangas para cima e amarrei a faixa na cintura, mas a única coisa a fazer com o comprimento era apenas segurar
em uma mão como se fosse um vestido demasiado longo. Mas cobriu quase cada centímetro de mim, e eu me senti melhor por isso. O doce aroma de colônia de Asher agarrado
ao robe, e aquele cheiro suave, masculino me fez virar de volta para ele. Fez os meus olhos procurá-lo.
Ver o Asher sem blusa não me fez sentir melhor. Eu tinha um impulso de acariciar sua pele descoberta, de lamber as cicatrizes. Eu não me lembrava de ser tão fixada
nessa coisa oral antes, e me perguntei se isso era a besta falando ou o vampiro. Mas pra fazer uma pergunta seria ter que admitir o desejo e eu não queria saber
tanto assim.
Eu coloquei minha mão sobre a de Asher, em parte porque ele estava segurando sua mão para que eu a pegasse e a outra parte porque mesmo aquele pequeno toque era
satisfatório. Eu queria tocá-lo, queria me envolver em torno dele e responder aquela pergunta que o Jean-Claude estava tão desesperado por responder. Estava toda
aquela beleza e calor arruinados? Era Asher incapaz de funcionar como um homem agora? Eu fechei os meus olhos enquanto ele me guiava, porque as imagens eram muito
fortes. Através do Jean-Claude eu sabia exatamente o que o Asher parecia quando estava nu, antes das cicatrizes. Eu carregava memórias do seu corpo banhado na luz
do fogo enquanto ele deitava exuberante em um tapete em um quarto em um país que eu nunca tinha visto. Eu sabia como a luz do luar brincava nas suas costas quando
o tocava.
Eu tropecei na barra do robe e ele teve que me pegar para evitar que eu caísse. Eu estava de repente pressionada contra o seu peito com a sensação de seus braços
sólidos contra as minhas costas. Meu rosto estava de repente inclinado pra cima, como se eu estivesse esperando por um beijo e houve um daqueles momentos quando
você se torna consciente do outro - dolorosamente e de repente consciente das possibilidades dos próximos poucos segundos -. Ele me pegou em seus braços, me carregando
facilmente, suavemente para frente. Eu teria dito a ele para me colocar no chão, mas o meu coração estava na minha garganta e eu não podia falar por isso.
17
Asher caminhou até a cama e me deitou nela, se inclinando sobre o corpo nu de Nathaniel para fazer isso. Eu deitei em minhas costas e senti o movimento de cada direção.
Jean-Claude se arrastou até o meu lado e Jason se moveu até ficar de seu lado da cabeceira da cama. Nathaniel rolou até que nós estivéssemos deitados um do lado
do outro com ele de lado. Seus olhos não me disseram nada, exceto que ele não diria não, mas eu perguntei assim mesmo.
- Você quer que o Asher se alimente de você?
- Oh, sim -, Nathaniel disse e havia uma coisa em sua voz que eu raramente ouvia - certeza.
Nesse momento ele sabia o que ele queria. Não havia dúvidas nele e a força do seu desejo o fez... mais forte.
Asher deslizou contra as costas de Nathaniel, assim seus corpos se encaixaram juntos. Eu virei em tempo de ver Jean-Claude espelhar o movimento com o Jason. Jason
levantou seu braço e tocou o meu, e foi como se uma porta tivesse sido aberta com tudo. Eu pensei que eu tinha sentido desejo antes disso, mas tinha sido um eco
pouco perceptível. Correu por mim como algo enorme que queimava, exceto que esse fogo não queimava, me alimentava com energia, como se eu não fosse a madeira que
o alimentava, mas sim a chama. Eu era a coisa que alimentava e crescia e consumia.
Eu encontrei a boca de Jason e o beijei, o beijei com lábios e língua e dentes, mordendo seus lábios, o puxando com a minha boca. E seu corpo estava de repente pressionado
no meu, seus braços me segurando nele e Nathaniel deslizou pelas minhas costas. Eu estava presa entre eles e não me importava.
Minha perna deslizou sobre o quadril de Jason, minha perna tocando o Jean-Claude no outro lado dele. Jason estava de repente pressionado entre as minhas pernas,
somente com a seda de seu shorts entre nós. Isso deveria ter sido o suficiente para me parar, mas não foi. Eu precisava dele. Nathaniel levantou meu cabelo, mordeu
gentilmente na parte de trás do meu pescoço e um som saiu de minha garganta. Os dois caíram em mim, mãos, bocas, corpos, como se eles fossem fogo para a minha madeira,
mas essa madeira os consumia, bebia deles quase. Jason empurrou contra mim, o shorts era largo o suficiente, a seda fina o suficiente que ele entrou em mim. O mais
simples dos toques, mas foi o suficiente para me fazer buscar por ar, para me fazer recuar dele.
Ele recuou o suficiente para sussurrar, - Desculpe-me.
Minha voz soou tão sem fôlego quanto a dele quando eu disse, - Eu não estou com controle de natalidade.
Todo mundo congelou. Jean-Claude olhou por cima do ombro de Jason. - O que você disse, ma petite?
- Eu parei de tomar as pílulas seis meses atrás. Eu somente as retomei duas semanas atrás. Sem garantias por outras duas ou quatro semanas.
- Você fez amor com o Nimir-Raj.
- Ele fez vasectomia.
Asher disse, - Ela fez o que? -.
Jean-Claude olhou do outro lado da cama pra ele. - A fome acordou nela pela primeira vez com o novo Nimir-Raj. Você não o conheceu.
- Você o conheceu -, Asher disse.
- Oui.
Jason estava olhando pra mim e eu tive que colocar uma mão nos seus olhos, fechá-los. E o constrangimento ajudou, mas o ardeur somente postergou um momento, como
uma onda puxando para trás a partir da costa, eu podia sentir correndo em nossa direção novamente. Jean-Claude estava certo, toda vez que eu dizia não, a próxima
era mais difícil de negar.
Jean-Claude rolou para fora da cama e eu ouvi uma gaveta abrir. Ele voltou a aparecer com um pacote embalado e sem falar nada o deu para Jason e Nathaniel.
Aquilo deu. Eu me arrastei para sair de onde estava entre os dois para me aconchegar contra a cabeceira. - Não, não, não, você disse sem relações sexuais.
- Eu disse que você não precisa de relações sexuais para se alimentar.
- Não, oh, não mesmo. - Eu envolvi o robe em torno das minhas pernas e cobri tudo o que eu podia, o qual era praticamente muito de mim.
- Nós não pretendemos que eles tenham relações sexuais com você, ma petite. Mas eu também alimentei e fui alimentado pelo desejo da Belle Morte. Chega uma hora na
alimentação onde você se perde e não pode pensar claramente. Eu não quero arrependimentos se nós formos levados pelo momento.
- Eu não vou ter sexo com Nathaniel ou Jason. Continue com isso e nem você vai estar na lista.
- Eu prefiro ter você brava comigo e sem estar na minha cama do que acidentalmente grávida por um deles.
- Eu acredito que eu consigo evitar foder eles. - Eu soei brava, mas não era raiva que eu sentia, era uma semente de dúvida. A hesitação fez a raiva piorar. Eu sempre
me escondia atrás da raiva quando eu podia.
- E antes dessa manhã, você teria jurado ainda mais fortemente que você não iria foder um homem estranho que você acabou de conhecer.
O rubor foi tão quente que quase doía. - Eu não tinha a intenção. - Aquilo parecia fraco até mesmo pra mim. - Eu não podia... -.
- Você não podia controlar si mesma, ma petite, eu sei. Mas se você perder o controle novamente, você não preferia estar segura? -.
Eu balancei minha cabeça. - Se eu não posso me controlar melhor que isso, nós não vamos fazer isso.
- E se você não se alimentar da luxúria nessa sala, como você irá até o lupanar hoje à noite? Como você verá seu amante homem-leopardo esta noite, ele te acompanhar
ao lupanar sem perder o seu precioso controle? Como você irá suportar estar tão perto do nosso Richard e não se oferecer a ele? Ma petite, você teve sexo com um
estranho.
- Ele é o Nimir-Raj dela, - Nathaniel disse. - Eles são destinados a se acasalar.
- Bonito pensar assim, - Jean-Claude disse, - mas eu estive onde ma petite está agora. Eu senti a fome por séculos eu te digo que você não será capaz de ir entre
os metamorfos esta noite a não ser que esteja saciada. Eu pergunto novamente, você pode adiar esse encontro por algumas noites? -.
- Pode ser que eu consiga adiar por uma noite, - eu disse.
Ele balançou a cabeça. - Não, ma petite, uma noite não será o suficiente. Você está atraída pelo Richard e agora pelo Nimir-Raj. Eu creio que você estará incapaz
de pensar ao redor deles a não ser que você tenha se alimentado. A vida de seus leopardos está em risco. Você pode se permitir estar distraída? Você suportaria o
pensamento de estar tão fora de controle em um encontro com estranhos, entre inimigos potenciais?
- Maldito seja, -. Eu disse.
Ele acenou. - Sim, talvez, mas alguma coisa que eu disse é mentira?
- Não. - Eu balancei a minha cabeça. - Eu odeio isso, mas não.
- Então deixe-nos pelo menos tomar precauções, ma petite. Foi pura sorte que o Nimir-Raj era seguro. Nossas vidas são complicadas o suficiente sem isso.
Eu sabia o que - isso - significava. Uma gravidez acidental. O pensamento disso fez o meu sangue correr gelado mais que qualquer coisa. Eu escondi meu rosto em minhas
mãos. - Eu não posso fazer isso.
- Então você deve ligar para o Richard e dizer a ele que você não pode ir hoje à noite. Você não pode ir como você está, ma petite. A necessidade irá somente piorar
quanto mais você a negar.
Eu levantei meu rosto e o olhei. - Quanto pior?
Ele baixou seu olhar. - Ruim o bastante.
Eu me arrastei pela cama até ele, o fiz olhar pra mim. - Quão ruim?
Ele tentou não encontrar meu olhar. Seus escudos estavam de volta ao lugar e eu não podia dizer o que ele estava sentindo. - Você estaria atraída por todos os homens.
Você iria... eu não posso garantir o que você faria, ma petite, ou com quem você iria fazer.
Eu simplesmente o encarei. - Não. Não, eu nunca iria...
Ele tocou minha boca com a ponta de seus dedos. - Ma petite, se você não encontrou as minhas memórias dos meus primeiros dias com isso dentro do meu corpo, então
é uma benção. Eu era um lascivo antes de me tornar um vampiro. Mas o que eu fiz quando o desejo caiu em mim pela primeira vez... O desejo não me atingiu de uma vez,
porque eu almejava sangue primeiro, então quando isso se aquietou, o desejo subiu dentro de mim. - Ele tomou minhas mãos na dele, as pressionou contra a pele fria
de seu peito. - Eu fiz coisas, ma petite, coisas que mesmo para um libertino durão era humilhante. Um olhar, uma insinuação e era o suficiente para me levar a eles.
- Belle Morte não tentou protegê-lo?
- Eu não conheci Belle Morte até que eu tivesse quase cinco anos.
Eu o encarei. - Eu pensei que Belle era sua, que seja, que ela o fez em um vampiro.
- Lissette foi minha criadora. Ela era da linhagem de Belle, mas não era um mestre vampiro, por nenhum tipo de definição. Na França é costume que cada clã de vampiros
tenha pelo menos um vampiro pertencendo a cada linhagem do conselho. Lissette foi a única da espécie dela em um ninho descendente em sua maioria de vampiros muito
menos agradáveis. Julian era o seu Mestre da Cidade e ele foi meu verdadeiro primeiro mestre. Ele trazia pessoas para mim, mas não pessoas que eu teria escolhido.
Ele trazia... - Jean-Claude balançou sua cabeça. - Ele se divertia às minhas custas, porque ele sabia que eu tomaria o que ele oferecia, eu não tinha escolha. Eu
pensei que eu não tinha lugar para constrangimento, mas ele me ensinou que havia coisas que eu não queria fazer e eu fazia mesmo assim.
Eu creio que se ele não tivesse se bloqueando tão fortemente, eu teria visto o que ele estava lembrando, mas ele não queria que eu visse.
- Deixe-me poupar-lhe de tal degradação, ma petite. Você não é como eu era. Você nunca se entregou livremente. Tenho medo do que você faria, ou pense por você mesma,
se você fizesse essas coisas. Eu não acho que o seu senso de si mesma sobreviveria intacto.
- Você está me assustando, - eu disse.
- Bom, você deveria estar assustada. Asher me conheceu antes de eu dominar o ardeur. Ele pode te dizer o que eu parecia então.
Eu apenas olhei para o Asher.
- Eu tinha visto o ardeur aparecer em outros antes do Jean-Claude e eu tive visto sempre, mas eu nunca tinha visto ninguém tão louco por isso, - disse Asher.
- Então você o ajudou a aprender a controlar o ardeur.
- Non. Lissete o mandou a Belle, dizendo a ela que o Jean-Claude era lindo. Eu fui mandado para, como vocês dizem, olhar por ele para Belle. Eu aconselhei Belle
a não trazer o Jean-Claude e seu mestre para a corte.
- Por quê?
- Eu tinha inveja de sua beleza e seus poderes. Depois de dez anos ela estava entediada comigo, ou eu temia. E eu não desejava a competição.
- Eu aprendi a controlar o ardeur sem o auxílio de outro que o tinha experimentado. Por cinco anos eu me alimentei da carne como eu me alimentava do sangue. Só então
dominei a capacidade de alimentação à distância.
- Cinco anos! - eu disse.
- Belle me ensinou o verdadeiro controle do ardeur, e eu não era dela até que eu tivesse morto cinco anos. Mas eu estarei aqui pra você desde o começo. Não vai ser
como foi pra mim. - Jean-Claude me abraçou e aquilo me assustou ainda mais. - Eu nunca teria casado as marcas com você se eu tivesse imaginado que você herdaria
meu incubus. Eu não teria feito isso intencionalmente com você.
Eu me afastei dele e o vi chorando, e o medo se acomodou como um metal velho na minha língua. Eu estava tão assustada que meu corpo ficou quieto, não correndo, mas
quase como se cada batida do meu corpo, cada respiração, tinha simplesmente parado e tudo o que tinha para me preencher era medo.
- O que você fez comigo? -.
- Eu pensei no começo que você não era um vampiro e que não iria ser uma verdadeira fome. Mas vendo-a hoje, eu sei que é como foi para mim. Você deve se alimentar.
Você não deve negar você mesma. Fazer isso é atrair a loucura, ou pior.
- Não, - eu disse,
- Se você tivesse resistido aos avanços do Nimir-Raj, então eu diria que a sua força de vontade poderia vencer isso. Se você tivesse resistido o desejo de se alimentar
de Nathaniel, eu diria que você poderia dominar isso. Mas você se alimentou dele.
- Eu não tive sexo com o Nathaniel.
- Não. E o que você fez ao invés não foi mais satisfatório para algumas partes de você, do que uma mera relação sexual teria sido?
Eu comecei a dizer não e parei. Eu ainda podia sentir a carne de Nathaniel em minha boca, o toque de sua pele em minhas mãos, o gosto do seu sangue na minha língua.
A memória me trouxe a fome sobre mim em uma quente investida. Não apenas a luxúria, mas o desejo de sangue de Jean-Claude e a besta de Richard - ou a minha besta-
querendo tomar aquela última mordida e dilacerar de carne de verdade, sem fingimento, sem se segurar.
Eu tive uma terrível idéia. - Se eu negar uma fome todas as outras vão ficar piores, não irão?
- Se eu negar a luxúria, eu preciso de mais sangue e a mesma coisa ao contrário.
- Eu não apenas tenho seu desejo por sangue, Jean-Claude, eu tenho a besta de Richard - ou minha. Eu queria rasgar a pele do Nathaniel. Eu queria me alimentar dele
pra valer, do jeito que os animais fazem. Isso irá ficar pior, também?
Seu rosto começou a voltar para aquelas linhas cuidadosas, neutras. Eu agarrei seus ombros, os chacoalhei.
- Não! Sem esconder mais. Isso irá ficar pior?
- Eu não tenho como saber com certeza.
- Sem mais jogos! Isso irá ficar pior?
- Eu acredito que sim. - Sua voz era muito suave quando ele disse isso.
Eu me afastei dele, me encolhi contra a cabeceira, olhei pra ele, esperando ele dizer, - desculpe, brincadeira, - mas ele apenas manteve seu olhar. Eu o encarei,
porque eu não queria ver o rosto de mais ninguém. Se eu visse pena, talvez iria me fazer chorar. Se eu visse luxúria, iria me fazer brava.
Eu finalmente disse, - O que eu vou fazer? - Não havia entoação em minha voz, apenas um visível cansaço.
- Você irá se alimentar e nós vamos ajudá-la. Vamos manter você a salvo.
Eu finalmente olhei para os outros. Cada rosto estava ou cuidadosamente neutro ou, no caso de Nathaniel, olhando em direção a cama, como se ele não confiasse em
mim para ver seus olhos. Provavelmente esperto da parte dele.
- Tudo bem, mas eu acho que podemos fazer melhor do que as camisinhas.
- O que você quer dizer, ma petite?
- Nathaniel pode colocar seus shorts e eu vou encontrar meus pijamas.
- Eu ainda acho...
Eu levantei a mão e Jean-Claude ficou em silêncio. - Eles podem colocá-las por debaixo das roupas, caso aconteça algo, mas eu sei que se eu disser ao Nathaniel não...
então ele não fará. - Eu franzi minhas sobrancelhas ao Jason.
- Eu serei bom, - ele disse.
- Eu não estou preocupado que o Nathaniel irá desobedecer você, ma petite.
O tom de sua voz me fez virar do rosto do Jason para o dele. - O que você quer dizer?
- Eu estou preocupado que ele irá realmente fazer o que você disser para ele fazer.
Nós nos olhamos por um longo período de meus batimentos. Eu entendi o que ele quis dizer agora. Não era os rapazes que ele não confiava, era eu. Eu teria gostado
de dizer que eu jamais pediria a eles - nem um dos dois - para fazer isso comigo, mas havia alguma coisa nos olhos do Jean-Claude, algum conhecimento, certa tristeza,
que me impediu de dizer isso.
- Quanto controle eu vou perder? - Eu finalmente perguntei.
- Eu não sei.
- Eu realmente estou começando a ficar cansada de ouvir você falar isso.
- E eu de falar.
Eu finalmente perguntei o que eu tinha que perguntar, - O que nós fazemos agora?
- Nossos pomme de sangs buscam as roupas deles e a sua, e nós nos alimentamos.
Por mais que eu odiava isso, por mais que eu quisesse negar isso, eu sabia que ele estava certo. Eu estive tentando não ser uma sociopata porque isso me fazia ser
um monstro. Eu simplesmente não sabia o que eu estava dizendo. Eu precisava me alimentar de humanos, luxúria ao invés de sangue e carne, mas ainda era alimentação.
Ser uma sociopata estava começando a não soar tão mal.
18
Em algum momento durante o processo de se vestir eu voltei ao senso. Eu fiquei em pé contra a cabeceira, o robe de Asher atado seguro sobre os pijamas vermelhos,
meu rosto desviado, a testa pressionada na madeira. Controle era a essência de quem eu pensava que eu era. Eu podia fazer isso, ou melhor, não o fazer. Eu tinha
que tentar e deixar isso passar por mim, porque entre fazer qualquer outra coisa... Eu não podia fazer isso.
A cama se moveu e apenas a sensação dos homens se movendo ao redor da cama foi suficiente para o meu corpo se apertar e acelerar meu pulso. Querido Deus, me ajude.
Isso não podia estar acontecendo. Eu tinha medo de acabar como um vampiro. Eu cheguei perto muitas vezes, mas eu nunca pensei que aconteceria desse jeito. Eu ainda
estava viva, ainda humana, mas a fome cresceu dentro de mim como alguma grande besta tentando cavar seu caminho para fora de mim e tudo o que a mantinha longe da
superfície eram meus dedos cavando na madeira, minha testa pressionada contra a madeira trabalhada. Eu não tinha certeza com qual fome eu estava lutando. Mas o ardeur
envolvia todas elas não importando se eu estivesse desejando carne ou sangue, o sexo estava lá em tudo. Eu não podia separá-las e isso era assustador o suficiente.
Eu senti alguém engatinhando em minha direção e eu sabia sem olhar que era Jean-Claude. Eu podia simplesmente senti-lo.
- Ma petite, está tudo preparado, nós só precisamos de você.
Eu falei com o meu rosto ainda pressionado na madeira, meus dedos agarrando a ela. - Bem, então vocês irão ter que fazer isso sem mim.
Eu senti sua mão pairando sobre meu ombro e eu disse, - Não me toque! -.
- Ma petite, ma petite, eu mudaria isso se eu pudesse, mas eu não posso. Nós devemos fazer o melhor com o que nos deram.
Me fez olhar pra ele. Seu rosto estava muito perto, os olhos com aquele intenso azul meia-noite, o cabelo uma glória escura em torno de sua pele pálida. Eu tive
um flash de outro rosto tão pálido quanto, tão perfeito quanto, com um cabelo negro luxuoso, mas com olhos de um rico castanho como âmbar escuro. Eles cresceram
na minha visão até que o mundo se afundou no mel escuro dos olhos dela, como se estivesse se derramando sobre meus olhos, sobre minha pele, meu corpo, até que me
encheu e quando eu levantei meus olhos para o rosto preocupado de Jean-Claude, sua mão no meu braço, eu vi alguma coisa perto do terror em seus olhos.
Ele se mexeu para longe de mim e quando eu virei e encarei Asher, ele saiu da cama para ficar em pé tremendo. Jason e Nathaniel ficaram na cama porque eles não tinham
noção do que fazer.
- O que há de errado? - Jason perguntou.
Nathaniel sussurrou, - Os olhos dela.
Eu virei e tive em vista eu mesma no espelho em pé do canto. Meus olhos estavam preenchidos com um claro fogo marrom, não o escuro dos meus próprios olhos, mas dos
dela.
- Não -, eu disse, suavemente. Eu a senti milhares de milhas de distância. O prazer dela com o meu terror deslizou pelo meu corpo, levantou a minha besta e me fez
cair em direção a cama. Minhas mãos se esticaram a procura de algo para me segurar, alguma ajuda, mas não havia nada para lutar; era poder e estava dentro de mim.
Ela me explorou, levantando minha besta até que ela rolou apenas abaixo da superfície da minha pele. Ela tocou aquela parte de Richard que ainda estava dentro de
mim e levantou a sua besta, até que as duas energias se entrelaçaram e meu corpo começou a convulsionar.
Eu ouvi gritos. - Ela vai mudar! - Mãos me segurando para ficar na cama.
Mas Belle tinha aprendido o que ela queria e os deixou deslizar de volta em meu corpo. Ela separou os poderes dentro de mim do jeito que você ordena um baralho.
Ela tocou o elo de Jean-Claude comigo e isso a intrigou, eu podia sentir isso. Até aquele momento ela tinha assumido que eu era um vampiro e agora ela sabia que
eu não era. Ela deixou o que a confundiu deslizar de volta em mim bem fundo e então ela chamou o ardeur, o incubus, e o momento que eu pensei isso, eu percebi que
era a palavra errada. Succubus, ela sussurrou na minha cabeça, succubus. As mãos que tinham me segurado na cama se derramaram por meu corpo, respondendo ao ardeur.
Era como ser coberta em pura luxúria, enrolada nisso, como farinha em um pedaço de carne antes de você cozinhá-la.
Mãos deslizaram ao longo da minha pele, uma boca se fechou na minha e eu não podia ver, era bem em cima de mim, me beijando. Eu podia sentir o peso de seus corpos,
outro pras de mãos, mas eu não podia ver nada a não ser uma brilhosa luz âmbar.
Belle manteve o ardeur na superfície, porque isso a divertia. Eu não podia ver quais mãos eram de quem ou quem estava fazendo o que, tudo o que eu podia fazer era
senti-los; o roçar de seda, o pressionar de carne, uma cortina de cabelo, o perfume de baunilha, mas eu não podia ver. Belle Morte estava usando meus olhos para
outras coisas. Ela tocou aquela parte de mim que me permitia levantar os mortos. Ela acariciou minha necromancia, tentou trazê-la à superfície assim como ela tinha
as outras duas; as bestas e o ardeur, mas tudo o que ela tinha explorado era dela para chamar, era tudo de certa forma parte da linhagem dela, seu sangue. Mas a
necromancia era toda minha.
Minha magia jorrou através de mim, empurrando-a para trás, mas eu não podia expulsá-la, não apenas com um poder bruto. Era como se ela flutuasse perto da superfície
de alguma piscina negra e eu sentasse no fundo tentando empurrá-la dali. Eu não podia expulsá-la, mas eu podia ver de novo, pensar de novo.
Eu estava nua da cintura pra cima. A boca de Nathaniel fechada no meu mamilo, sugando-o. Eu dei um gemido sofrido e Jason baixou sua boca para o meu outro seio.
Houve um momento quando eu olhei pra baixo para os dois pressionados no meu corpo, a cabeça loira, a ruiva, suas bocas trabalhando nos meus seios, a linha de seus
corpos pressionados ao longo deu meu, as marcas dos meus dentes ainda visíveis na carne do Nathaniel, quando o ardeur, quando Belle Morte transbordou sobre mim novamente.
A mão de Jason deslizou pela frente da parte de baixo do meu pijama de seda vermelha, seus dedos me encontrando como se ele sempre soubesse justamente onde me tocar.
Eu me contorci debaixo de seu toque, seus toques.
Eu peguei o pulso do Jason tentei tirar sua mão dali, ele lutou comigo e era um lugar tenro por se lutar. Eu gritei, - Jean-Claude! Asher!
- Ma petite? - Jean-Claude fez disso uma pergunta como se ele não tivesse certeza de era realmente eu. Eu achei os vampiros em pé ao lado da cama, nem ajudando,
nem impedindo, apenas assistindo. Mas eu entendi; o ardeur os tinha chamado também. Eles estavam com medo de nos tocar.
- Se alimente -, eu disse.
- Non, ma petite.
- Eu não posso lutar com ela e com a fome. Se alimente e deixe-me alimentar.
- Você não pode se livrar dela, ma petite!
- Ajude-me!
Ele olhou do outro lado da cama para o Asher e eu vi alguma coisa passar entre eles, alguma coisa construída de sofrimento e velhos arrependimentos. - Ela está certa,
mon ami, ela não pode lutar com Belle e o ardeur.
- Ela não entende o que está pedindo, - Jean-Claude disse.
- Não, mas ela pede e se não fizermos isso, sempre ficaremos pensando. Eu prefiro tentar e falhar a me arrepender de nunca ter tentado.
Eles olharam um ao outro por um segundo ou dois, então Asher subiu na cama e Jean-Claude o seguiu. Asher se esticou ao lado do Nathaniel e Jean-Claude o espelhou
com Jason. A diversão de Belle Morte aflorou por mim, encheu meus olhos com chamas da cor de mel e eu perdi meu aperto no pulso de Jason. Sua mão deslizou de volta
em mim, mas quando eu virei para olhar, eu podia ver Jean-Claude através do vidro escuro dos olhos dela e Asher do outro lado. Eu sabia que uma vez que eles tocassem
cada pomme de sang eles iriam ser pegos no desejo e eles não iriam se ver livres. Era uma armadilha. Eu abri minha boca para dizer não, mas três coisas aconteceram
ao mesmo tempo. Cada um deles investiu nos pescoços de cada homem ao seu lado, como se eles soubessem exatamente o que o outro iria fazer e Jason me forçou sobre
aquela extraordinária sensação do orgasmo. Eu gritei, o corpo resistindo contra a cama e somente o peso deles me manteve de sentar, de tentar agarrar o ar, porque
não era somente o meu prazer que eu estava sentindo. Eu senti as presas do Asher no pescoço do Nathaniel, senti o corpo do Nathaniel crescer, crescer, crescer e
finalmente se liberar em uma corrente de prazer que o fez morder o meu seio, me fez marcar não as suas costas, mas as de Asher com as minhas unhas. Jason retirou
sua boca da minha e gritou. Os vampiros comandaram seus corpos e eu sabia com a consciência de Belle Morte que a única razão que eles não compartilharam um orgasmo
conosco era que a impulsão do sangue não estava lá ainda. Mas o prazer estava. Nós cinco estávamos presos dentro de ondas atrás de ondas de prazer. Como se o calor
que o ardeur era chamado passou sobre e através de nós de novo e de novo. Era como flutuar, sem pele, sem forma, apenas acima da cama e eu podia sentir suas respirações
dentro do meu corpo.
Finalmente eu podia sentir Jean-Claude e Asher, sentir seus corações dando uma grande batida e sentir a vida fluir através de seus corpos e se espalhar em uma longa
e quente linha de prazer, que parecia vir das solas de seus pés ao topo de suas cabeças, como se cada pedaço de seus corpos, cada átomo explodiu de prazer de uma
vez. Nathaniel, Jason e eu gritamos por eles, porque suas bocas ainda estavam presas no sangue, ainda bebendo, ainda se alimentando. Então tinha acabado e nós cinco
ficamos imóveis, exceto pelo movimento frenético de nossos peitos tentando respirar, tentando lembrar como era estar dentro de nossas peles, com apenas um coração
dentro de nós, ao invés de cinco. Nós nos fundimos de volta em nossas peles, somente com úmido suor e forte retumbar de nossos pulsos vibrando contra os corpos de
cada um.
Jean-Claude e Asher se afastaram de Nathaniel e Jason do mesmo jeito que eles os morderam - juntos, em uma sincronização tão perfeita agora como tinha sido dois
séculos atrás. Belle Morte encheu minha mente com imagens - imagens deles dois fazendo amor com ela antes de Asher ser marcado, quando eles eram o par perfeito dela.
Eu tive uma imagem confusa deles fazendo amor com ela ao mesmo tempo. A sensação deles investindo dentro dela, tão perfeitamente consciente tanto antes como agora
onde o corpo de cada um estava e exatamente o que eles iriam fazer. Ela sentia falta deles e era parcialmente meu amor por Asher, eu o vendo como lindo que a fez
se arrepender. A partilha não era só de uma via, ela estava captando os meus sentimentos, também. Mas eu era eu mesma novamente. O desejo tinha sido bem alimentado,
saciado, então agora eu podia fazer o que eu fazia melhor.
Eu chamei minha mágica, a coloquei a minha volta como um sopro de vento gelado contra minha pele molhada de suor. Nathaniel e Jason se afastaram de mim, os olhos
ainda desfocados.
Jean-Claude e Asher se levantaram dos dois homens menores, seus olhos tão fora de foco quanto os dos homens lobos, mas Jean-Claude disse, - Ma petite, o que...
Eu tentei alcançá-lo. - Pegue minha mão.
- Ma petite...
- Agora!
O poder de Belle cortou através de mim como um chicote em uma mão treinada. Ela esteve usando isso para fazer cócegas na minha pele; agora ela pretendia me machucar.
Eu me contorci na cama, somente o peso do Jason e do Nathaniel evitando que eu me debatesse. Minha visão estava sendo consumida por chamas marrons.
Uma mão na minha, pele fria e o momento que o Jean-Claude me tocou eu podia ver novamente. Eu era sua serva humana, ele era meu mestre, éramos parte de um trinvurato
de poder. Se o Richard estivesse aqui ele poderia ter afugentado ela de volta pro inferno que ela veio. Eu mandei o chamado na minha cabeça, gritando psiquicamente
para o Richard, mas a resposta veio de encontro a minha pele. Jason me olhou, confuso. Ele disse, - Anita... - Eu senti o poder de Richard em Jason, o elo da matilha
deles. O poder do triunvirato saltou entre a mão do Jean-Claude, minha mão, e o corpo do Jason. Irá funcionar, tinha que funcionar, porque eu podia sentir Belle
Morte crescendo dentro de mim novamente e eu não tinha certeza se eu tinha isso em mim para afugentá-la.
Eu joguei minha necromancia como uma grande nuvem negra, uma tempestade pronta para cair, enchendo o quarto com o formigante roçar de magia. Nathaniel se afastou
e sussurrou, - Nimir-Ra.
O poder pressionava como raio em uma garrafa, mas a garrafa era o meu corpo e não havia nenhuma liberação sem mais uma coisa... sangue. A última vez que nós fizemos
uma magia ostensiva do triunvirato, eu pedi que os garotos me dessem sangue, assisti como o Jean-Claude tinha afundado suas presas no Richard pela primeira vez,
mas não hoje. Hoje eu precisava se sangue, eu queria o sangue. Eu não iria dividir.
Eu usei minha mão livre para baixar o rosto do Jason em minha direção, mão eu não o beijei. Minha mão desceu por um lado de seu rosto e eu sussurrei, - Eu preciso
de sangue, Jason. Diga sim.
Ele estava se segurando por cima de mim com seus braços, mas ele sussurrou, - Sim, - e desmoronou a parte de cima de seu corpo sobre meus seios, sua mão deslizando
sobre meu estomago como se ele pretendesse fazer outras coisas. Eu podia cheirar o sangue bem na superfície de seu pescoço, podia sentir seu pulso como doce na minha
língua e eu o mordi. Eu não era um vampiro. Não havia controle mental para fazer isso prazeroso. Nós não estávamos tendo mais sexo, não havia distração, somente
meus dentes rasgando sua pele, seu sangue se derramando em minha boca e o momento que o sangue se derramou sobre mim, a necromancia fluiu e eu a empurrei naquele
toque doce. Ela riu de mim, de nós e então a risada parou, porque ela sentiu a pressão do meu poder. Eu era uma necromante e ela era apenas outro tipo de vampiro.
Minha magia não diferenciava entre ela e qualquer outro cadáver. Eu a afastei, a afugentei, a tranquei para fora de nós. Eu estive treinando feitiçaria esse ano,
então eu a compeli de nós, a compeli de nos fazer dano de qualquer maneira, a compeli de nos contatar através de seu poder. Meu ultimo pensamento para ela foi, Se
você quer descobrir que merda está acontecendo, pegue o telefone. E então ela foi embora.
19
Eu estava nua novamente. Parecia ser um tema esta noite. Nós cinco deitávamos em uma pilha, respirando fortemente, os corpos formigando com aquela adrenalina que
a magia irá deixar pra trás às vezes - onde você se sente ao mesmo tempo cansado e animado - tipo como no sexo. Asher e Nathaniel deitavam na cama fora do meu alcance.
Minha boca, queixo e pescoço estavam cobertos do sangue do Jason. Ele deitava com sua cabeça no meu peito, sua cabeça virada de forma que eu podia ver a mordida
em seu pescoço. Eu tinha marcado Nathaniel e Micah, mas havia um pedaço de carne faltando do pescoço do Jason. Não era um pedaço grande, mas era um pedaço de carne
faltando de qualquer jeito.
Eu engoli em seco, respirando profundamente e de forma regular. Eu não ia vomitar. Eu não ia vomitar. Eu ia vomitar. Eu empurrei todos para fora da cama e corri
para o banheiro. Eu vomitei e a carne - do tamanho de uma moeda de cinquenta centavos - saiu do mesmo jeito que tinha entrado - inteira. Tinha alguma coisa sobre
vê-la, sobre ter meus piores medos confirmados que me trouxe a náusea em uma onda queimante. Eu vomitei até pensar que minha cabeça ia explodir e eu ficar ofegante
e seca.
Houve uma batida na porta. - Ma petite, eu posso entrar? - Ele não perguntou se eu estava bem. Vampiro esperto. Eu não respondi, apenas fiquei ajoelhada com a minha
cabeça contra a borda fria da banheira, imaginando se eu iria vomitar novamente ou se minha cabeça iria cair primeiro. Minha cabeça doía pior do que meu estômago.
Eu ouvi a porta abrir. - Ma petite?
- Estou aqui, - eu disse, minha voz soando grossa como se eu tivesse chorado. Eu mantive minha cabeça baixa. Eu não queria vê-lo ou qualquer outra pessoa.
Eu vi a ponta do roupão preto, então mais dele enquanto ele se ajoelhava na minha frente. - Há alguma coisa que eu posso pegar pra você?
Uma dúzia de respostas voou pela minha mente, a maioria delas sarcásticas, mais eu fiquei com a aspirinas e uma escova de dente.
- Você poderia me pedir pra eu arrancar meu coração fora nesse momento e eu seria capaz de fazê-lo. Ao invés disso, você me pede por uma aspirina e uma escova de
dente. - Ele se inclinou e me depositou um dos mais gentis beijos no topo da minha cabeça.
- Eu irei pegar o que você pede. - Ele levantou e de novo, eu ouvi uma gaveta abrindo e fechando.
Eu olhei pra cima e o vi se movendo de um jeito eficiente pelo banheiro, arranjando um frasco de aspirina, uma escova de dente e escolhas de pastas de dente. Era
absurdamente doméstico e o robe preto com pelagem não encaixava nessa parte. Jean-Claude parecia alguém que deveria ter criados, e ele tinha. Mas na maior parte,
perto de mim, ele sempre fazia as coisas para ele e para mim. Quando eu não estava por perto ele provavelmente tinha cinquenta garotas dançarinas esperando por ele
a postos. Mas comigo, era quase sempre só ele.
Ele me trouxe a aspirina e um copo de água. Eu os peguei e houve um momento quando eu não tinha certeza se meu estômago iria mantê-los lá dentro, mas passou. Jean-Claude
me ajudou a levantar e eu o deixei. Não era apenas que minhas pernas estavam instáveis - e elas estavam - era mais que eu inteira estava instável, incerta.
Eu comecei a tremer e não podia parar. Jean-Claude me segurou contra seu robe, no círculo de seus braços. Meu peito doía onde esbarrava contra o tecido. Eu me afastei
o suficiente para olhar pra baixo no meu corpo. Havia uma marca perfeita nos dentes do Nathaniel em torno da aréola do meu seio.
Ele tinha tirado sangue em poucos lugares, mas o resto estava um profundo vermelho-roxo. Ia ser um inferno de uma contusão se meu corpo não curasse isso primeiro.
Jean-Claude traçou seus dedos através do topo da marca de dente e eu me encolhi. - Porque coisas como essa nunca doem enquanto você as está fazendo?
- A pergunta é a própria resposta, ma petite.
Estranhamente, eu entendi o que ele quis dizer. - É quase um espelho do que eu fiz no peito dele.
- Nathaniel está sendo cauteloso, eu creio.
- O que você quer dizer?
- Ele não fez nada a você que você não tenha feito nele primeiro.
- Eu pensei que eles tinham sido levados pelo ardeur e Belle Morte.
- A primeira vez que você sente o chamado do poder dela é uma coisa inebriante. Mas o fato que Jason fez algo que ele sabia que você não permitiria e Nathaniel não
fez, pode significar que Nathaniel tem mais controle dele mesmo do que Jason.
- Eu teria pensado que era o contrário.
- Eu sei, - ele disse e o jeito que ele disse isso me fez olhar pra ele.
- O que isso quer dizer?
- Significa, ma petite, que você pode conhecer o desejo do coração de Nathaniel, mas eu não creio que você realmente o conhece.
- Ele não conhece a si mesmo, - eu disse.
- Em parte isso é verdade, mas eu acho que ele irá surpreendê-la.
- Você está escondendo alguma coisa de mim?
- Sobre Nathaniel, não.
Eu suspirei. - Você sabe que em outro dia eu teria feito você me dizer o que essa enigmática observação significou, mas maldição, eu quero um pouco de conforto de
alguém agora mesmo, e eu acho que você ta bom.
Suas sobrancelhas levantaram. - Quando você pede de forma tão lisonjeadora, como eu posso recusar?
- Sem brincadeiras, por favor, Jean-Claude, por favor, apenas me abrace.
Ele me envolveu de volta em seus braços e eu me movi para que a marca de dente não doesse, ou não doesse mais do que já doía. Tinha se tornado em uma dor palpitante,
aguda quando tocada. Doía, mas uma parte de mim achou isso satisfatório. Era uma confirmação do que nós fizemos, uma lembrança dolorosa de algo que tinha sido incrível.
Se minha moral não ficasse no caminho, eu poderia ter me maravilhado com a coisa toda.
- Porque eu estou satisfeita que Nathaniel tenha me marcado? - Eu perguntei com uma voz pequena, porque eu não estava cem por cento certa se Jean-Claude iria ficar
ciumento por isso. Ele acariciou meu cabelo enquanto seu outro braço me abraçava forte. - Eu posso pensar em alguns motivos. - Sua voz vibrou através de seu peito
contra a minha orelha, misturando com o som de seu batimento.
- Um que faça sentido pra mim seria suficiente, - eu disse.
- Ah, um que faça sentido para você, agora essa é uma pergunta diferente.
Eu apertei meus braços em torno de sua cintura. - Sem brincadeiras, lembra, apenas me diga.
- Poderia ser que você esteja se tornando verdadeiramente a Nimir-Ra dele. - Seu braço se apertou em torno de mim. - Eu sinto algo diferente em você, ma petite,
uma selvageria que não estava ai antes. Não se parece como a besta de Richard, mas é uma diferença. Pode ser simplesmente que como a Nimir-Ra de Nathaniel você queira
um contato mais perto dele.
Fazia sentido. Era difícil argumentar com a lógica disso, mas eu queria mais. - Qual poderia ser os outros motivos?
- Belle Morte a tratou como um vampiro da linhagem dela. Se através das marcas ou sua necromancia você tenha algum poder de vampiro, você pode ter outros. Poderia
ser que os leopardos sejam seu animal para chamar. Eu admito que o primeiro seja o mais razoável, mas o segundo também é possível.
Eu me afastei o suficiente para ver seu rosto. - Você é atraído pelos lobos? - Eu perguntei.
- Eu acho agradável ter os lobos perto de mim. É confortável tocá-los como um... animal de estimação ou um amante.
Eu não tinha certeza como eu me sentia sobre ele usar animal de estimação e amante na mesma frase, mas eu deixei passar.
- Então você quer ter sexo com os lobisomens?
- Você quer ter sexo com Nathaniel?
- Não... não exatamente.
- Mas você quer tocá-lo e ser tocada.
Eu tive que pensar sobre isso por uns segundos. - Eu acho que sim.
- Em uma junção verdadeira de animal e vampiro, há um desejo em ambos de tocar, de um servir e o outro para tomar conta deles.
- Padma, o Mestre das Bestas, tratava seus animais como merda.
- Uma das várias razões que Padma sempre será um poder secundário no Conselho é por sua crença que todo poder deve ser tomado, que todo poder deve vir através do
medo. Poder verdadeiro vem quando outros o oferecem a você e você meramente os aceita como presentes, não como algo roubado de uma guerra pessoal.
- Então o fato de você tratar seus lobos melhor que a maioria é apenas, o que, uma decisão política?
Ele deu de ombros, ainda me segurando contra ele. - Eu não sei como outros vampiros sentem. Eu sei apenas que Belle Morte se sentia atraída por seus gatos e eu sinto
do mesmo jeito com meus lobos. Talvez seja somente a linhagem dela que torna a ligação entre animal e vampiro em algo como amantes? A maior parte do poder dela se
alimenta do sexo, ou pelo menos, atração, e talvez isso não é como outros sentem? - Ele franziu as sobrancelhas. - Eu não tinha pensando de verdade sobre isso antes.
Talvez seja outro benefício da linhagem dela - ou um déficit dele - que a maioria dos meus poderes torna para alguma coisa semelhante ao sexo.
- Asher se sente da mesma maneira com seu animal para chamar?
- Ele não tem animal para chamar.
Eu arregalei meus olhos. - Eu pensava que todos os mestres vampiros de certa idade tinham um animal para chamar.
- Na maioria das vezes eles tem, mas nem sempre. Assim como sua mordida pode dar verdadeira libertação e a minha não pode. Nós temos poderes diferentes.
- Mas não ter um animal para chamar é como uma maior...
- Significa que ele é mais fraco que eu.
- Mas ele ainda podia ser Mestre da Cidade em algum lugar. Eu quero dizer, eu conheci Mestres da Cidade que não tinham animal para chamar antes.
- Se tiver um território vago nesse país e ele tiver disposto a nos deixar, então sim, ele pode ser Mestre da Cidade.
Eu comecei a perguntar, ‘Então porque ele não vai?’ mas eu tinha bastante certeza que eu sabia a resposta e era uma resposta dolorosa, então eu deixei de dizer.
Talvez eu estivesse crescendo finalmente. Nem todo pensamento que vinha na minha cabeça estava saindo da minha boca.
- Ou então poderia simplesmente ser que você esteja querendo Nathaniel por um bom tempo. Há satisfação em finalmente se render ao desejo.
Eu me afastei dele. - Você sabe, você não é bom nessa coisa de conforto.
- Você disse sem brincadeiras. Não é uma mentira o mesmo que jogar um jogo?
Eu franzi minha testa pra ele. - Eu não tive sexo com Nathaniel.
- Venha, ma petite, você não teve relações sexuais, mas dizer que você não teve sexo é fazer muita distinção de coisa pouco importante, não?
Eu olhei pra ele e tentei ficar brava, mas havia algo perto de pânico do que de raiva fazendo meu coração bater mais rápido. - Você está dizendo que o que fizemos
simplesmente se qualifica como sexo?
- Você está dizendo que não?
Eu me virei, assim eu não podia ver seu rosto, me abraçando em torno de mim mesma. Eu finalmente me virei para olhá-lo. Eu tentei me inclinar contra a parede, mas
os azulejos estavam frios e eu ainda estava nua. Eu precisava das minhas roupas, mas elas estavam no outro quarto e eu não estava nem um pouco preparada para ver
os outros homens novamente.
- Então você está dizendo que nos tivemos sexo - todos nós?
Ele respirou profundamente. - Que resposta você quer, ma petite?
- A verdade seria legal.
- Não, você não quer a verdade. Eu pensei que você queria ou eu teria tomado mais cuidado sobre o que diria. - Ele parecia cansado. - Eu estou feliz que você seja
a mulher que é, mas há momentos quando eu desejo que você pudesse simplesmente apreciar alguma coisa sem ser perseguida pelo quarto por sua culpa e sua moral depois.
O que nós fizemos esta noite é algo glorioso. Uma coisa para ser compartilhada e estimada, não algo para se ter vergonha.
- Eu estava lidando melhor com isso antes de você falar que contava como sexo.
- E o fato de que eu tive que contar para você que contava como sexo significa que você ainda esta mentindo para você mesma mais do que eu já mais tentei mentir
para você.
- O que isso quer dizer? -.
Ele levantou uma mão. - Eu não vou dizer mais nada sobre isso. Você não quer a verdade, e você me disse para não mentir. Minhas opções acabaram.
Eu me abracei e franzi a testa para o chão. Eu tentei enrolar minha mente em volta do que ele disse, do que nós fizemos, e eu simplesmente não conseguia. Nós precisávamos
de uma mudança de assunto, rápido.
- Jason agiu como um substituto de poder pelo Richard. - Eu disse.
- Oui. - Ele deu alguns passos deslizantes que o colocou as minhas costas. - Se é conforto que você quer, mais do que verdade, então eu posso fazer isso. - Ele tocou
o meu queixo, levantou o meu rosto para os nossos olhares se encontrarem. - Mas você deve me dizer quando você não quer a verdade, ma petite. É geralmente a sua
maior ordem para mim.
Eu encarei o seu lindo rosto e entendi o que ele estava oferecendo -conforto, mas não honestidade. Mentiras reconfortantes, porque eu não queria escutar a verdade.
- Eu não quero que você minta para mim, mas eu estou no meu limite para verdades duras por hoje. Eu preciso respirar.
- Você quer um espaço de calma para pensar em tudo. Eu entendo isso. Eu posso até dar isso para você por algumas horas, mas você tem que confrontar Richard no Lupanar
essa noite, e eu temo que mais verdades duras te aguardam lá.
Eu coloquei meu rosto contra o peito dele, me aconcheguei no macio de sua pele entre a pelugem de suas lapelas. - Você me lembrando do Richard não vai me fazer sentir
melhor.
- Minhas desculpas. - Ele estava esfregando as minhas costas com as suas mãos, de novo e de novo. O movimento fez os pelos de suas mangas se esfregaram pra cima
e pra baixo no meu corpo, da minha bunda até os meus ombros. Era calmante e não calmante ao mesmo tempo. Eu olhei pra cima, para ele, e não sabia se eu chorava ou
gritava. - Eu achei que eu tinha alimentado o ardeur.
Suas mãos pararam no meu corpo. - Você alimentou, e você alimentou bem, mas está sempre abaixo da superfície. Como se estar cheio, mas mesmo assim admirar uma linda
sobremesa.
Eu não tinha gostado na analogia, mas eu não podia pensar em qualquer outra melhor. Eu pressionei meu corpo contra o seu robe, eu deixei ele me embalar contra o
seu corpo, e escutei o reconfortante som de seu coração.
Eu falei com o meu rosto pressionado contra o seu peito, as pelugens pretas das lapelas coçando meus lábios. - Porque você não me avisou que ela podia fazer aquilo?
-.
- Se você fosse um vampiro da minha linha, eu teria avisado você, mas você não é um vampiro, você é humana, e isso não deveria funcionar assim para você.
Eu me inclinei o suficiente para olhar seu rosto. - Ela pode entrar em qualquer um de seus... filhos? -.
- Não, a habilidade de olhar por dentro de seus filhos dura apenas algumas noites. Quando o vampiro novo é forte o suficiente para controlar sua própria fome, então
ela fica incapaz de entrar, como se alguém fechasse uma porta que estava aberta antes.
- Ela chamou a minha besta, ou bestas, o que diabos estiver acontecendo comigo. Ela o chamou para a superfície como se ela soubesse o que estava fazendo.
- O seu animal vinculado são todos os grandes gatos.
- Então, leopardos. - Eu disse.
Ele aquiesceu. - Entre outras coisas.
- Eu achei que só o Mestres das Bestas pudesse chamar mais de um animal.
- Foi à habilidade que ele teve desde o começo, mas na maioria dos mais velhos cresce uma variedade de poderes. Ela começou, pelo que eu entendo sobre isso, conseguindo
apenas chamar leopardos, então um por um dos grandes gatos começaram a responder a ela.
- Se eu realmente for um leopardo, ela vai ser capaz de me controlar - se ela me encontrar? -.
- Você a mandou embora, ma petite. Você pode responder a sua própria pergunta, não pode? -.
- Você está dizendo que se eu chutei a bunda dela uma vez, eu posso fazer de novo? -.
- Algo assim, sim.
Eu me empurrei dele, meus dedos desceram seus braços pelo robe pesado até que nossas mãos tocaram. - Confie em mim Jean-Claude, uma vitória não significa que ganhamos
a guerra.
- Isso não foi uma vitória pequena, ma petite. Nunca em seus dois mil anos de vida nenhum de sua linha a desafiou como você o fez. - Ele curvou sua cintura um pouquinho
para beijar minhas mãos, mostrando um longo triangulo de seu peito e estomago. Meu olhar seguiu aquela linha de pele pálida para baixo, dentro da sombra que escondia
o resto dele. Pela primeira vez eu não queria desfazer o robe. Parte disso era que eu estava bem... satisfeita, e em parte - a maioria - era que eu tinha acabado
de ter sexo com quatro homens ao mesmo tempo, e o meu desconforto estava um pouco grande de mais para pensar em sexo por um tempo.
- Eu sabia que os vampiros podiam fazer suas mordidas prazerosas, mas eu nunca sonhei que se sentia desse jeito, - eu disse.
- É um dos dons do Asher fazer sua mordida ser orgasmica.
Eu olhei pra ele.
Ele acenou. - Oui, ma petite, eu posso fazê-la prazerosa, mas não tão prazerosa.
- Asher me mordeu uma vez e não foi orgasmico.
- Ele se afastou quando percebeu que ele envolveu sua mente sem pretender. Ele... se comportou.
Eu levantei minhas sobrancelhas com isso. Se esta noite foi a coisa real, ele tinha mais do que se comportado. - Você se alimenta disso, também, assim como Belle
Morte.
- Foi um banquete, não foi? - E alguma coisa no modo dele dizer isso me fez corar. - Eu não pretendia te embaraçar, ma petite, mas foi glorioso. Eu não dividi o
dom do Asher em mais de duzentos anos. Eu quase me fiz esquecer como era.
- Então você não pode fazer isso sem Belle Morte.
- Um de seus dons é ser uma ponte, uma conexão entre suas crianças. Isso permitia o compartilhamento de dons.
- Eu a mandei embora, Jean-Claude, não irá acontecer novamente.
- E nós estamos ambos felizes. Eu não acredito que você entenda o risco que nós tomamos, ma petite. Se você tivesse falhado em expulsá-la, então ela poderia ter
feito coisas conosco, até mesmo de tal distância. Nós somos os únicos dois de sua linhagem que já a deixou voluntariamente. Alguns foram exilados, mas nenhum simplesmente
partiu e ela não é uma mulher que toma rejeição muito bem.
Aquilo era uma constatação. - Ela viu Asher através de meus olhos. Eu senti seu arrependimento por ter o deixado ir, que ela não o viu do jeito que eu vi.
Ele virou sua cabeça para um lado. - Então talvez até mesmo um velho cachorro possa aprender novos truques.
Eu engoli e alguma coisa sobre isso me fez muito consciente do gosto do sangue e de outras coisas na minha boca. Eu tinha que me limpar.
Eu fui até a pia e o olhei no espelho atrás de mim. Eu sabia que estava nua, mas não foi até que eu me vi no espelho que eu notei. Eu tratei de tirar a maior parte
do sangue da minha boca com o papel higiênico, mas ainda estava grudado no meu peito e meu pescoço.
- Eu realmente preciso de um robe pra mim, - eu disse.
- Eu ofereceria o meu, - ele disse.
Eu balancei minha cabeça, estendendo a mão para a escova de dentes. Normalmente, eu teria lavado pra tirar o sangue primeiro, mas eu queria aquele gosto fora da
minha boca mais rápido. - Você nu perto de mim agora não é o que eu preciso.
- Eu vou mandar... - ele hesitou, - Asher buscar um robe pra você.
- Você começou a dizer Jason, não é?
Ele olhou pra mim no espelho.
- Eu sei que ele vai sarar, mas... eu poderia ter realmente o machucado. - Eu disse.
- Mas você não o machucou e isso é o que importa.
- Bonito pensar assim, - eu disse.
Ele sorriu, mas não como se ele tivesse feliz. - Eu irei mandar Asher pegar um robe.
- Ótimo. Obrigada.
Eu apertei a pasta de dente na escova enquanto ele ia para a porta. Ele parou com sua mão na maçaneta. - Normalmente você deveria aos seus pomme de sangs algum presente
ou uma mostra de gratidão por servi-la.
- Eu creio que eles tiveram toda gratidão que eles teriam de mim por um dia.
Ele riu e o som envolveu meu corpo como um acariciar de seda. - Oh, sim, ma petite e eu creio que eles iriam concordar, mas eu digo isso para depois. Você deve recompensar
seu pomme de sang pelo serviço dele ou dela.
- Dinheiro não daria? - eu perguntei.
O olhar em seu rosto disse que ele estava realmente insultado, ultrajado, de fato. - Você acabou de dividir algo mais íntimo do que a maioria das pessoas irão jamais
conhecer com outro ser. Eles nos deram um grande presente este dia e eles não são prostitutos, Anita. - Meu nome verdadeiro, eu estava encrencada. - Eles são pomme
de sangs, pense neles como amados amantes.
Eu franzi minhas sobrancelhas pra ele.
- Hoje o compartilhamento de prazer foi recompensa o bastante, mas você vai precisar alimentar o ardeur todo dia e, a não ser que seja uma alimentação digna da sede,
então mais que uma vez por dia por algumas semanas.
- O que você está dizendo? - eu perguntei.
- Eu estou dizendo que seria melhor se você escolhesse um pomme de sang e o mantivesse perto de você, por que você não sabe de verdade ainda como sua fome é. Poderia
ser algo leve, facilmente assistida ou talvez não seja.
- Você está dizendo que eu precisarei fazer isso todo dia?
- Sim.
- Porra.
Ele balançou sua cabeça. - Hoje foi tão terrível, ma petite? O prazer que você ganhou foi tão pequeno?
- Não é isso. Foi glorioso e você sabe disso. Mas nunca seremos capazes de duplicar isso, não sem Belle Morte e eu não quero uma visita dela novamente.
- Nem eu. Mas há muitas coisas que podem ser feitas para se alimentar e quando você tiver algum controle eu a ensinarei a se alimentar a distância.
- Quando?
- Em algumas semanas.
- Merda. - Eu virei de volta para o espelho, não olhando para ele. - Como eu escolho um pomme de sang?
- Eu creio que você já tenha, - ele disse.
Eu olhei pra ele. - Você quer dizer Nathaniel.
Ele acenou.
- Não, eu... eu não confio em mim mesma para não perder o controle e... você sabe o que eu quero dizer.
- Ele é adorável aos olhos e ele se importa com você. Seria assim tão errado?
- Sim, sim, seria como molestar uma criança. Ele não consegue dizer não. Se uma pessoa não pode dizer não, então é a mesma coisa que estupro.
- Talvez o que você não quer tomar conhecimento, ma petite, é que Nathaniel sabe exatamente o que ele quer, e o que ele quer é você.
- Ele quer que eu o domine em todos os sentidos da palavra.
- É melhor se um pomme de sang for submisso a você.
Eu balancei minha cabeça.
- Então quem mais você arriscaria para se deixar levar, seu Nimir-Raj? - Desta vez havia algo em sua voz.
- Você está com ciúmes.
- O Nimir-Raj não é um pomme de sang, um amante, uma sobremesa, não importa o quanto deleitável. Ele é uma entrada, um prato muito, muito principal e eu desejo ser
o único prato principal na sua mesa.
- Você estava me dividindo com o Richard e ele certamente não era apenas sobremesa.
- Uma grande verdade, mas ele também estava conectado a mim. Ele é o meu lobo para chamar e essa é uma diferente... relação pra mim, para você, do que um estranho.
- Eu sei que foi o ardeur, mas maldição, eu nunca tinha...
- Você não é uma mulher de luxúria casual. Não, ma petite, você não é. E eu temo que esse Nimir-Raj não é mais casual do que o resto de suas luxúrias. - Ele parecia
tão sério quando ele disse isso, solene.
- O que você quer dizer?
- Se você é realmente sua Nimir-Ra, então você estará atraída a ele. Não há como evitar isso. E, sinceramente, eu não posso culpar o seu gosto. Ele não é tão agradável
de rosto quanto o nosso Richard, mas ele tem certas compensações. - O olhar em seu rosto me fez corar novamente.
Eu me virei para a pia e comecei a escovar os dentes e ele tomou isso como um sinal para se retirar. Ele saiu rindo. Quando a porta foi fechada atrás dele e eu estava
sozinha, eu fiquei parada por um longo tempo olhando para mim mesma no espelho. Ainda parecia comigo. Mas eu podia sentir o gosto do sangue do Jason por baixo da
pasta de dente. Eu comecei a esfregar e cuspir e correr a água fria, ouvindo o som da água ao invés da gritaria dentro da minha cabeça.
Quando Jean-Claude estava de volta no banheiro, eu estava enxaguando o sangue do lavatório que eu tinha usado e tinha três diferentes tipos de enxaguantes bucais
ao lado da pia. Eu usei os três e não podia sentir o gosto de nada a não ser o frescor de menta. Você podia se esfregar até ficar limpa do sangue e do gosto disso
na sua boca, mas as manchas que realmente importam são aquelas que nenhum sabonete ou água pode tocar. Eu tinha dito que as coisas não podiam ficar piores, mas eu
sabia que elas podiam, e rápido. Seu eu me trancasse longe por alguns dias até eu poder controlar o ardeur, os lobisomens iriam votar sem que eu estivesse lá e eles
iriam executar Gregory. Se eles matassem Gregory, não seria somente o Jacob que eu mataria. Iria ser guerra entre eu, meu bando e a matilha de Richard. Richard era
um escoteiro o suficiente para se colocar em meu caminho e talvez me forçar a matá-lo. Algo dentro de mim iria morrer se Richard morresse e se eu puxasse o gatilho...
De algumas coisas você se recupera, de outras não. Matar Richard iria se uma dessas coisas que eu não iria me recuperar.
Jean-Claude disse suavemente, - Você está bem, ma petite?
Eu balancei minha cabeça, mas disse, - Claro.
Ele segurou um punhado de seda azul para mim. - Então você precisa se vestir e eu a escoltarei de volta para fora.
Eu olhei pra ele. - É tão obvio que eu não quero voltar lá fora?
- Jason foi levado para seu quarto. Ele irá se curar. Mas nós pensamos que iria desgostá-la vê-lo. Nathaniel aguarda ao seu prazer, afinal ele que dirigiu para você.
- E o Asher?
- Ele levou o Jason embora.
- Você sabe que temos a resposta à questão que você vem querendo saber, - eu disse.
Nós nos olhamos. - Eu senti sua liberação, ma petite. Eu sei que ele esteve me atormentando, me permitindo acreditar que ele estava arruinado. Mas nós ainda não
sabemos o quão ruim suas cicatrizes são e isso é uma ruína de um tipo diferente.
- Você quer dizer que ele pode se sentir tão prejudicado que ele não queira que ninguém o veja ou o toque?
- Oui.
- Até que vocês dois tocassem os garotos, o ardeur não espalhou pra você. Belle Morte não espalhou para você. É como uma doença, - eu disse.
- Eu vi essa doença em particular se espalhar em uma sala de banquete do tamanho de um campo de futebol e espalhar de pessoa a pessoa até todos caírem uns nos outros
em uma... bem, orgia é uma palavra muito suave.
- O que ela ganha fazendo uma sala inteira de humanos perderem o controle desse jeito?
- Ela ganha poder de alimentação em torno dela, mas não foi unicamente isso. Ela desejava ver se haviam limites ao número de pessoas que ela poderia espalhar o desejo.
- Ela encontrou seu limite?
- Não.
- Então centenas de pessoas, - eu disse.
Ele acenou.
- E ela se alimentou da luxúria de todos eles?
- Oui.
- O que ela fez com todo aquele poder?
- Ela ajudou um marquês a seduzir um rei e mudar a rota de negociação e alianças de três países.
Eu arregalei meus olhos. - Bem, pelo menos não foi um desperdício.
- Belle tem muitos defeitos, mas desperdiçar uma vantagem não é uma delas.
- O que ela ganhou através de toda a manipulação política?
- Terras, títulos e um rei que a adorava. Lembre-se, ma petite, que isso era em um tempo na história quando para ser rei de uma nação significava ser monarca absoluto.
Sua palavra era vida e morte e ela o comandava através dos doces segredos de seu corpo.
- Ninguém é tão bom assim na cama.
Um olhar passou por seu rosto - um pequeno sorriso que ele tentou esconder.
- Se ela era tão maravilhosa, então porque você e o Asher a deixaram, em primeiro lugar?
- Asher tinha estado com Belle por muitos anos antes que eu chegasse e mais ainda antes dele encontrar Julianna. Ele e eu estávamos no circulo intimo do poder, onde
muitos lutavam por séculos para estar e falharam. Nós éramos seus favoritos até Asher encontrar Julianna. Não me ocorreu até décadas mais tarde que Belle estava
com ciúmes, mas eu creio que de certa forma era isso. Ela dormia com outros homens, outros vampiros, e ela estava contente que Asher e eu partilhávamos a cama um
do outro e que nós íamos aos vampiros que ela escolhia nos compartilhar. Mas outra mulher que nós escolhemos nós mesmos - aquilo era diferente. Mas é uma das nossas
mais sagradas leis não causar dano ao servo humano do outro, então Belle não fazia nada. Então Asher ofereceu Julianna a mim, e nós nos tornamos um ménage a tròis
e aquilo levantou a questão de Julianna dormir com outros.
Ele olhou para o chão e então pra cima. - Arturo era um dos favoritos dela também. Ele desejava Julianna, mas Asher o recusava.
- Asher recusava, não Julianna, - eu disse.
- Ela era sua serva. Ela não podia negar se ele tivesse consentido.
- Ick, - eu disse.
Ele balançou os ombros. - Era um século diferente, ma petite, e Julianna era uma mulher diferente da que você é.
- Então porque Asher recusou? - eu perguntei.
- Ele temia pela segurança de Julianna. Nós dois temíamos.
- Arturo gostava de ser bruto?
- A Mãe Natureza tinha feito quase impossível para Arturo ter qualquer outra maneira a não ser bruto.
Eu olhei pra ele. - O que você quer dizer?
Ele deu um gracioso balançar de ombros novamente. - Arturo ainda é o homem mais bem dotado que eu já vi.
Era minha vez de balançar os ombros. - E daí?
Ele balançou sua cabeça. - Você não entende, ma petite. Ele é bien outille, bem equipado. Ah, como é em inglês?... Grande como um cavalo.
Eu comecei a apontar que Richard era muito bem dotado, mas era mal apontar ao namorado A que o namorado B é maior. Micah era mais dotado até mesmo que o Richard,
mas de novo, não parecia algo para se mencionar. Eu finalmente fiquei com, - Eu vi dois homens que eram grandes como um cavalo, como você diz, e era intimidador,
mas... você está implicando que você temia pela segurança da Julianna porque ele era bem grande.
- Isso é exatamente o que eu estou dizendo.
- Ninguém é tão grande.
- Arturo faz com que nosso Richard e o seu Nimir-Raj pareçam sem graça.
Eu corei e eu desejava não ter tido. - Esses não eram os dois homens aos quais eu me referia.
Ele levantou uma sobrancelha para mim. - É mesmo?
O jeito que ele disse isso me fez corar mais forte. - No Novo México, um dos apoios do Edward e um dos caras maus.
- E como aconteceu de você ver exatamente o quanto bem dotado eles eram, ma petite? - havia algo em sua voz, um toque de calor, como o começo de raiva.
- Eu não tive sexo com ninguém.
- Então como você os viu nus? - Sua voz ainda carregava aquela ponta de calor e eu realmente não podia culpá-lo.
- Bernardo, o apoio de Edward, e eu fomos questionados por uma gang de motoqueiros local, uh um clube. Eles não acreditavam que ele era meu namorado. Eles perguntaram
se ele era circuncidado e eu disse sim. Eu imaginei que eu tinha uma chance de cinquenta-cinquenta na America. Eles o fizeram baixar suas calças para provar.
- Sob uma ameaça, eu assumo. - Ele estava parecendo mais divertido do que bravo agora.
- Yeah.
- E o outro?
- Ele tentou me estuprar.
Os olhos do Jean-Claude se arregalaram. - O que aconteceu com ele?
- Eu o matei.
Ele tocou meu rosto, gentilmente. - Eu entendi apenas recentemente porque eu estava tão atraído por você do momento que eu a ouvi pela primeira vez interagir com
a polícia.
- Não amor a primeira vista, - eu disse, - mas amor a primeira ouvida. Eu não tenho uma voz tão boa.
- Não subestime o doce som de sua voz, ma petite, mas não foi o som da sua voz que me fascinou. Foram suas palavras. Eu sabia no momento em que eu a ouvi, no momento
que eu vi a arma e percebi que essa amável, petite mulher era a executora, que você nunca morreria esperando que eu a salvasse - que você se salvaria sozinha.
Eu cobri sua mão contra minha bochecha, olhei em seus olhos e vi novamente a tristeza por falhar em salvar Julianna, que praticamente nunca o abandonou. - Então
você me queria porque eu era uma grande resistência.
Ele me deixou fazer a piada. Ele até sorriu, mas nunca alcançou seus olhos. - Oui, ma petite.
Minha voz era suave quando eu disse, - Então Arturo queria Julianna.
Ele retirou sua mão, lentamente. - E ela o temia e nós temíamos por ela. Isso foi há duzentos anos, um pouco mais agora. Asher não era tão poderoso quanto ele é
agora e nós temíamos que sua serva humana não sobrevivesse às atenções de Arturo.
- Eu tenho que perguntar, o quão grande ele era?
Jean-Claude espaçou sua mão como se mediria um peixe. - Tão grande assim. - Parecia ser em torno de quinze centímetros.
- Isso não é tão grande.
- Isso é o quão largo ele era, - Jean-Claude disse.
Eu fiquei boquiaberta. - Você está exagerando.
- Não, ma petite, acredite em mim, eu lembro.
- Então quão longo ele era?
Ele fez outro movimento de mensuração. Eu ri porque eu não acreditava nele. - Oh, por favor. Você está dizendo que ele era o que, em torno se quinze centímetros
largo e pouco mais que trinta centímetros de tamanho? Não é possível.
- Sim, é possível, ma petite.
- Você disse que Arturo era um dos favoritos de Belle. Isso significa que ela...
- Tinha sexo com ele, oui.
Eu franzi as sobrancelhas, não podia pensar em uma maneira simples de dizer isso, então eu soltei, - Não a machucava?
- Ela era uma mulher com uma larga capacidade para homens de todas as formas.
Jesus, isso foi educado. - A maioria das mulheres não seriam capazes de... acomodar aquilo. - Eu disse.
- Não, - ele concordou.
- Ela queria matar Julianna?
- Não, ela acreditava que Arturo não iria fazer dano a ela.
- Por quê?
Ele lambeu os lábios, o que ele raramente fazia e parecia desconfortável, o qual ele parecia ainda menos. - Vamos dizer que algo que Belle Morte ensinou a Asher
e a mim a tomar prazer, nós também fizemos com Julianna.
Eu franzi minha testa pra ele, porque eu realmente não tinha entendido a dica. - Se você está sugerindo algo, eu não estou entendendo.
- Eu preferia não discutir isso, agora. Talvez outra hora.
Eu franzi a testa mais forte. - O que você não está me dizendo?
Ele balançou sua cabeça. - Eu creio, ma petite, que você preferiria não saber.
Eu olhei pra ele. - Você sabe, Jean-Claude, havia um tempo - não muito tempo atrás - que eu teria ficado puta e faria você me dizer tudo. Mas agora, se você me diz
que eu não quero saber, então eu vou simplesmente acreditar em você. Eu realmente não estou a fim de ouvir detalhes íntimos e chocantes sobre a sua vida sexual vampiresca.
Eu tive choques suficientes nessa área por um dia.
- Ma petite, eu creio que você esteja crescendo finalmente.
- Não force. E eu não estou crescendo, eu estou apenas ficando cansada.
- Assim como todos nós, ma petite, assim como todos nós.
Eu deixei o robe de cetim azul real cair das minhas mãos. Tinha uma larga manga de renda e mais renda que passava pela lapela, que se curvava em forma de flores
nas laterais. Era lindo e se ajustou em mim perfeitamente. A maioria dos robes são muito longos para mim. Ele provavelmente o comprou comigo em mente. Eu o atei
no lugar e não queria fazer mais perguntas sobre o ardeur e sexo e coisas de vampiros. Mas algumas coisas tinham que ficar claras entre nós.
- Eu preciso entender isso corretamente, Jean-Claude
- Oui, ma petite
- Você disse que o que fizemos foi sexo, então assim em efeito eu tive sexo com todo mundo?
Ele apenas concordou.
- Você não parece todo ciumento sobre isso.
- Eu estava participando, ma petite. Por que deveria ter ciúmes?
A resposta me confundiu mais. Franzi minha testa para ele. - Ok, me deixe tentar de novo. Você disse que o ardeur talvez precise ser alimentado mais de uma vez por
dia. Nós não podemos contar com que você esteja lá quando aconteça. Eu posso dormir aqui, mas...
- Você talvez precisasse se alimentar enquanto eu não estou acordado. Isso é muito possível, de fato, é provável.
- Ok, então quais são as regras?
Era a sua vez de franzir a testa. - O que quer dizer, ma petite?
- Regras. Quero dizer o que fará você ter ciúmes e o que não? O que, ou quem, eu devo ficar longe?
Ele começou a sorrir, mas parou. - Você é uma das pessoas mais cínicas que eu já conheci, a mais prática no contexto de vida e morte, e se você conhecesse algumas
das pessoas que eu conheci, você entenderia o elogio que é isso. Mas você também é muito sincera, como uma criança. É um tipo de inocência que eu acho que você nunca
perderá. Mas eu acho difícil de lidar.
- É uma pergunta razoável.
- De fato é, mas a maioria não teria a necessidade de perguntar de maneira tão enfadonha. Eles iram ignorar e fazer o melhor que pudessem quando surgisse à necessidade,
ou perguntariam entre o meu pessoal quem eu permitiria você ter relações sexuais, sem ficar bravo. - Estremeci ao ouvi-lo dizer isso, mas... - Eu gosto do jeito
que eu formulei melhor a pergunta.
- Eu sei. Você é simultaneamente uma das mulheres mais diretas que eu conheço, e uma das que mais se ilude.
- Eu realmente não estou gostando para onde essa conversa está indo.
- Tudo bem, mas eu vou responder minha pergunta, porque é verdade. Se Nathaniel é o seu pomme de sang então deixarei que a intimidade com ele passe. Jason é meu
pomme de sang, está nos seus direitos fazer amor com meu servo humano. É considerado um grande presente um vampiro compartilhar seu servo com outro, e Jason mereceu
isso. Ele me serviu fielmente por muitos anos.
- Eu não sou um prêmio para ser dado.
Ele levantou a mão. - Quieta, ma petite, eu vou responder a pergunta, e vou tentar dizer a verdade, mesmo que você não queira ouvi-la hoje. Há muitas coisas que
teria lhe dito hoje se você estivesse com vontade de verdade. Mas você tem razão, isto nós devemos que ter claro entre nós. Eu teria simplesmente pedido que você
deixasse Nathaniel por perto e deixar as coisas acontecerem como devem, mas se você insiste em uma lista, te darei uma, mas não sem motivos. Porque quero deixar
claro que não compartilho você levianamente e há homens com que eu não compartilharia você de maneira nenhuma.
Ele estava bravo agora, e seus olhos sangravam chamas de safira. O resto do seu rosto estava muito parado, mas seus olhos o entregavam. Ele estava nas garras de
alguma emoção forte, provavelmente raiva, mas eu não tinha certeza. E estava se blindando como um filho da puta, assim o que quer que estivesse sentindo, ou pensando
ele não quis dividir comigo.
- Asher é aceitável.
Ele não me deu os motivos e eu não perguntei, porque havia muitas e a maioria era dolorosa.
- Se Richard voltar ao seu juízo, então com certeza. - Ele alisou a parte da frente do robe com as mãos; ele frequentemente checava a sua roupa quando estava nervoso.
- O Nimir-Rar terá que ser aceitável, porque ele chama por você. Richard chama sua besta através de minhas marcas, minha relação com ele, mas o Nimir-Rar, chama
por você, Anita. - Meu nome novamente. Ele não estava feliz. - Ele chama por algo em você, em seu poder. É possível que você seja verdadeiramente Nimir-Rar,e a lua
cheia mostrará se é verdade. Ou poderia ser que, como com Nathaniel, você encontrou seu animal para chamar. Se você for atraída fortemente a todos os leopardos,
então poderia ser ambas as razões. Tenha cuidado se os leopardos são seus para chamar. Pode não ser apenas Nathaniel e o Nimir-Rar que te atraem.
- Por favor, não diga que eu vou virar uma puta.
Ele sorriu. - Não acho que você precise ter medo disso. Você tem mais força de vontade que isso.
- Você acaba de dizer que eu poderia ser tentada pelos outros leopardos.
- Se o Nimir-Rar ou Nathaniel não estiverem perto de você quando o ardeur surgir, meu conselho é ceder a ele imediatamente.
Arregalei os olhos.
- Se você lutar com isso, ma petite, ele crescerá. Se ele tonar-se grande o suficiente, então você realmente se transformará em uma puta. Se você ceder e se alimentar
imediatamente, então fará sexo com uma pessoa, não várias, e será uma pessoa de sua escolha.
- Então o conselho real é manter os homens que prefiro fácil de alcançar.
- Eu faria Nathaniel, ou alguém de sua escolha, seu companheiro constante.
Eu engoli em seco e procurei em seu rosto, porém estava agradavelmente em branco - sua expressão quando ele não queria que eu soubesse o que estava pensando. Seus
olhos haviam sangrado de volta ao normal.
Algo me ocorreu. - Eu não vi Damian por perto.
- Eu falo em sexo, e você pensa em Damian. - Sua voz era agradável, mas as palavras tinham alguma dureza.
- Você me deu uma lista de pessoas que eu posso dormir, e que eu não posso dormir, mas você o deixou fora de ambas listas. E ele não estava no clube e não veio ao
quarto atraído pelo poder como Asher. Onde ele está?
Jean-Claude esfregou as mãos no rosto. - Eu ia te dizer, porém você decidiu que não queria mais verdades duras hoje. - Baixou as mãos e me encarou.
- Está vivo, eu saberia se ele não estivesse.
- Sim, acredito que você saberia. Houve um tempo em que meu primeiro mestre fez o meu coração bater. Seu poder me inundava, me fazia viver. Porém seu poder vinha
do seu Mestre da Cidade, então na verdade era seu poder que me enchia. Cada Mestre Vampiro a quem pertencia exigiam juramentos de sangue, e cada um por sua vez,
fazia o meu sangue correr, meu coração se mover. Então Belle, ela mesma, a cabeça da minha linha, me acolheu e se inundou sobre mim. Ela era como o barulho do mar
e todos antes dela eram rios, procurando se afogar no seu abraço. Pouco a pouco, meu próprio poder me encheu. Mas mesmo agora é a sua linhagem que me faz viver.
O poder que a fez é o que me mantém vivo. Damian é um descendente da sua linha, não da própria Belle mas sim de um de seus filhos, como eu. Eu sou o Mestre da Cidade
e o poder que me mantém vivo, mantém a Damian. Quando ele prestou o juramento que o ligava a mim, que o fez leal a mim, foi meu poder que o encheu, meu poder que
fez seu coração bater. E eu quebrei o vínculo que aquela que o fez.
- Você faz todos os seus vampiros viverem? - Eu fiz disso uma pergunta.
- O poder vem através de mim, sim, mas só se são da minha linha, minha linhagem. Se eles são descendentes de outros que não são filhos de Belle, então não, os juramentos
de sangue não se vinculam tão fortemente.
- E sobre Asher? Você não faz seu coração bater.
Ele assentiu. - Muito bom, ma petite, Não faço. Um Vampiro Mestre é um vampiro que se fez poderoso o suficiente para encher a si mesmo. É uma das coisas que significa
ser um mestre, e uma das razões para que os antigos Vampiros Mestres ainda matem seus filhos quando eles sentem o vinculo quebrar.
- Você está me oferecendo uma grande quantidade de informação, e não pense que não estou agradecida, é fascinante, mas o que que isso tudo tem a ver com Damian?
- Você levantou Damian do seu caixão uma vez. Enchendo-o com a sua necromancia como um zumbi. Você salvou a sua vida duas vezes com a sua necromancia, forjou um
vínculo entre você e ele.
Na verdade, eu sabia disso, mas disse em voz alta - Ele disse que não poderia negar se eu lhe desse uma ordem direta. Que ele queria me servir. O assustava.
- Deveria assustá-lo.
- Não tinha intenção de fazer isso, Jean-Claude. Nem sequer sabia que isso era possível.
- Lendas dizem que os necromantes controlam todo tipo de não vivos, não apenas zumbis. Há algum tempo a política do Conselho era matar todos os necromantes imediatamente.
- Caramba, estou feliz que a política tenha mudado.
- Sim. - ele disse. - Mas você cortou meu vínculo com Damian. Eu não sabia no começo, mas quando ele voltou do Tennesse, não era meu poder que fazia seu coração
bater, era o seu.
Lembrei-me de que senti, no Tennesse, senti o vínculo entre nós. - Não foi feito deliberadamente -, eu disse.
- Eu sei, porém me deixou com um problema quando você se foi por mais de meio ano. Damian tem mais de mil anos. Embora não seja um Mestre Vampiro continua sendo
poderoso. Já não tinha vínculos com nenhuma hierarquia vampírica. Se libertou de todos os juramentos de sangue, de todas as lealdades místicas. Ele era seu, mas
você não veio para reclamá-lo.
- Você deveria ter me contado.
- E o que você teria feito? Levado ele para viver no porão da sua casa? Você não tinha o poder ou o controle há 6 meses atrás para lidar com ele.
- Eu tenho agora. É isso que você está me dizendo?
- Você expulsou a Belle Morte. Uma das mais poderosas do Conselho. Se pode fazer isso, ma petite, então pode lidar com Damian.
- Isso é ótimo, mas onde está Damian?
- Já não podia contar com a sua lealdade. Já não o controlava. Entende, ma petite? Tinha um vampiro com mais que o dobro da minha idade e não podia com ele. Me fez
parecer fraco com os outros, não podia me dar ao luxo de parecer fraco, e era perigoso, porque ele sabia que quando você curou sua aura e se protegeu apertadamente.
Não foi apenas Richard e eu que sentimos a sua falta. Você cortou Damian e ele se sentiu meio... louco.
Eu estava assustada agora, meu coração começava a subir pela garganta. - Onde está Damian?
- Primeiramente, ma petite, entenda que não pode leva-lo este noite, porque será um trabalho de tempo integral nas primeiras horas.
- Apenas me diga. - eu disse,
- Tive que trancá-lo, ma petite.
Olhei para ele. - trancá-lo como?
Ele apenas olhou para mim, e era eloquente.
- Ele está trancado em um caixão bloqueado com cruz durante seis meses?
- Sobre isso, sim.
- Seu bastardo.
- Eu poderia te-lo matado, ma petite, era o que outros teriam feito.
- Por que não fez?
- Porque isso é parcialmente minha culpa por expô-lo a você. Damian era meu para proteger e eu falhei.
- Ele é meu, meu para proteger. - Eu disse.
- No entanto, você o abandonou
- Eu não sabia, você deveria ter me contado.
- E há seis meses você teria acreditado? Ou pensaria que era um truque para trazer você de volta para minha vida?
Comecei a dizer com certeza, eu acreditaria nele, mas parei e pensei sobre isso.
- Eu não sei se teria acreditado em você ou não.
- Eu esperava encontrar uma maneira de restabelecer meu domínio sobre ele, mas ele está fechado para mim.
Engoli em seco e olhei para ele. - Se ele é meu, porque eu não o senti quando todos os meus escudos quebraram no Novo México?
- Eu estive bloqueando você de senti-lo, e não tem sido fácil.
Fechei os olhos e contei até dez, mas não ajudou. Eu estava com tanta raiva que eu sentia minha pele quente. - Você não tinha o direito de fazer isso.
- Sem as marcas fechadas, acho que Damian teria seduzido você. Porque você teria se sentido atraída por ele como você se sente atraída por Nathaniel agora, ou talvez
como pelo Nimir-Rar
- Eu não teria fodido Damian sem o ardeur me ajudando, e eu não tinha isso há seis meses.
- Você pode ter seu vampiro de volta amanhã à noite, eu vou te ajudar a trazê-lo de volta saudável.
- Eu voltarei hoje à noite para buscá-lo
- Fale com Asher, ma petite. Pergunte a ele o que terá que ter para cuidar de um vampiro de volta depois de seis meses de um caixão. Damian não é um mestre; ele
não teve nenhuma capacidade de se alimentar ou ganhar energia. Ele irá sair do caixão esfomeado, insano. Vai ter sobrado muito pouco dele, no começo. - Ele estava
tão calmo enquanto dizia isso.
Eu não sabia o que falar. Eu queria bater nele, mas isso não mudaria nada. Eu nem tinha certeza se isso faria eu me sentir melhor. - Eu quero ele fora essa noite,
quando eu voltar do lupanar.
- Você não será capaz de tratar do seu leopardo ferido e Damian essa noite. Pergunte a Asher e ele irá te dizer quanto trabalho você terá com isso. Mais uma noite
não irá fazer diferença para Damian, e hoje você está tentando impedir a guerra entre os leopardos e os lobos. Mais do que isso, você está tentando fazer uma forte
demonstração de força suficiente para convencer os inimigos de Richard que ele é muito bem-aliado para poder ser morto. Você precisa se concentrar nessas coisas
hoje, ma petite.
- Eu não acredito em você - Eu disse.
Ele deu de ombros - Acredite no que quiser, mas levará horas de cuidados para fazer Damian ficar são novamente. Levará dias de cuidados, sangue, e calor, para trazê-lo
de volta a si mesmo.
- Como você pode saber disso, e continuar fazendo isso com ele? - Minha voz nem soou irritada, só cansada.
- Eu aprendi as lições do caixão envolvido de cruzes pessoalmente, ma petite. Eu não fiz nada a Damian que já não foi feito a mim.
- Você esteve nele por alguns dias até que eu matei o antigo mestre da cidade.
Ele balançou a cabeça - Quando eu voltei ao conselho com Asher e barganhei com eles, o preço para salvarem sua vida foi a minha liberdade. Eu passei dois anos dentro
de um caixão, incapaz de me alimentar, incapaz de me sentar, incapaz... - Ele estava abraçando seus braços, segurando si mesmo - Eu sei que o que eu fiz com Damian
foi uma coisa horrível, mas minha única alternativa era matar ele. você teria preferido isso?
- Não
- Ainda sim, eu vejo a acusação em seus olhos. Eu sou um monstro pelo que fiz com ele. Mas você me teria mais como monstro se eu o tivesse matado. Ou talvez você
teria preferido que eu o deixasse ir às ruas da cidade e assassinado pessoas.
- Damian nunca faria isso
- Ele ficou louco, ma petite, ele se tornou um alienígena. Você se lembra do casal que foi assassinado seis meses atrás?
- Vi vários casais assassinados durante o ano passado. Você precisa ser mais específico.
Ele estava bravo agora, muito. Bom, nós poderíamos ficar bravos juntos. - Eles estavam em um carro, em um semáforo. A frente do carro estava amassada como se tivesse
batido em um corpo, mas nenhum corpo foi encontrado.
- Sim, eu me lembro desse. Eles tiveram suas gargantas arrancadas. A mulher tinha tentado se defender. Ela tinha ferimentos nos braços, onde alguma coisa tinha arranhado
ela.
- Asher achou Damian vagando a poucos quarteirões do carro. Ele estava coberto de sangue. Ele lutou com Asher, e levou mais de meia dúzia de nós para prendê-lo e
trazê-lo para casa. Eu deveria deixá-lo andar pelas ruas depois disso?
- Você deveria ter ligado para mim -, eu disse.
- E o que? Você teria executado ele? Se a loucura é um fundamento viável em seu sistema judicial, então ele não pode ser responsabilizado. Mas seu sistema judicial
não nos dá os mesmos privilégios que dão aos humanos. Nós não podemos alegar insanidade e viver.
- Eu vi aquela cena de crime. Não parecia que um vampiro tivesse feito aquilo. Parecia mais com um metamorfo. Mas... Mas as marcas estavam erradas. - Eu balancei
minha cabeça - Foi cruel. Um animal feroz.
- Oui, e então eu tranquei ele e esperava que você viesse para casa para nós, ou colocar sentido em sua situação. No começo eu não fiz nada para impedi-lo de alcançar
você, mas você não veio.
- Eu não sabia
- Você sabia que Damian era seu, e ainda assim você não perguntou sobre ele. Você o deixou.
- Eu não sabia - Eu repeti, cada palavra dita com raiva.
- E eu não tive escolha, Anita. Eu tive que colocá-lo longe.
- Você acha que a insanidade é permanente?
Ele encolheu os ombros, os braços ainda abraçando seu corpo. - Se você fosse um vampiro e ele o seu vampiro recém-nascido, eu diria não. Mas você não é um vampiro,
é uma necromante, e eu simplesmente não sei.
- Se ele continuar louco...
- Ele terá que ser destruído. - Jean-Claude disse, voz suave.
- Eu não tive intenção disso acontecer.
- Nem eu.
Ficamos ali parados por alguns instantes, enquanto eu pensava sobre tudo e Jean-Claude pensava sobre isso também, ou apenas estava parado lá. - Se tudo que você
está dizendo é verdade, então você não teve escolha. - Eu disse.
- Mas você continua brava comigo. Você continua me punindo por isso.
Eu olhei para ele. - O que você quer que eu diga? Sabendo que você o empurrou em uma caixa por seis meses tira o brilho do nosso relacionamento? Sim, isso me incomoda.
- Em circunstâncias normais, você teria resgatado Damian e me evitaria por um tempo até a sua raiva esfriar.
Eu assenti, - Sim, isso está certo.
- Mas você vai precisar de mim, ma petite, nessas primeiras noites. Você irá precisar de outro vampiro com as mesmas fomes para te ensinar o controle.
- Não posso viver com você, não posso viver sem você, é assim?
- Espero que sua raiva esfrie antes de precisar de mim novamente, mas temo que não. Lembre-se disso, ma petite, que o ardeur não está vinculado à moral, ou mesmo
pelas suas preferências. Se você lutar bastante, forte o suficiente, você acabará por ceder, e vai estar fora do seu controle quem ele escolher. Então faça uma coisa
para mim, se você não pode me perdoar de imediato, mantenha sempre ao seu lado Nathaniel ou o Nimir-Raj. Não pelo meu bem, mas pelo seu. Pois eu acho que, de nós
dois, eu te perdôo mais cedo para dormir com estranhos do que você.
Nós praticamente não terminamos a conversa. Eu achei Asher e ele tinha confirmado a história. Inferno, eu esperei por Willie McCoy para sair do seu caixão e ouvir
a história dele. Damian tinha ficado malucão e matou um casal que aparentemente bateu nele com seu carro. O homem tinha saído para verificar em que bateram. Eles
tinham o machucado, e Damian o acertou, matando o homem. Mas a mulher... Ele subiu no carro atrás dela. Poderíamos ter que matá-lo, porque eu não tinha entendido
o que significava a minha magia para Damian. Eu não tinha entendido um monte de coisas.
Eu dirigi no crepúsculo do suave verão com Nathaniel ao meu lado. Tinha sido um dia longo. Eu estava indo para casa e pegar Rafael e os homens-ratos, e Micah e seus
leopardos. Ele deixou um numero de metamorfos no hospital, e eu tinha chamado por ele. Eu quase não chamei, mas nós precisamos de reservas hoje à noite. Minha vergonha
era um pequeno preço a pagar. Se eu tivesse mantido contato com Jean-Claude e Richard pela a metade do ano passado, eu provavelmente poderia ter falado com Richard
de não fazer toda a merda que tinha feito a sua matilha. Eu chegava em casa para tentar restabelecer um relacionamento, ou dois, mas eu estava era mais limpando
a bagunça que havia acontecido com a minha ausência. Richard poderia estar morto até a lua cheia, e Jacob, Ulfric. Damian poderia ficar permanentemente louco e teria
que ser destruído. O casal que tinha batido com seu carro teria sobrevivido se eu soubesse o que diabos minha magia estava fazendo.
Eu teria evitado um monte de ensinamentos de Marianne porque era muito parecido com feitiçaria pura para as minhas crenças monoteístas, mas eu sei agora que eu tinha
que entender como meu poder trabalhava. Eu não podia dar ao luxo de ser enjoada. Deus continuaria dizendo que eu estava bem com ele. Eu não era má. Mas em algum
nível, eu não acreditava nisso. Em algum nível, eu pensava que a bruxaria, em levantar os mortos, não era muito cristão. Se Deus está ok comigo fazendo isso, então
qual é o meu problema? Eu orei sobre isso muitas vezes e obtive a resposta mais de uma vez. A resposta foi para fazer isso, que era isso que eu precisava fazer.
Se Deus quer que eu faça isso, quem sou eu para questioná-lo? Veja aonde minha arrogância havia nos levado. Dois mortos, um louco, e se Richard perder a matilha,
haverá muito mais mortos.
Senti uma tranquilidade dentro de mim enquanto eu dirigia. Normalmente, o toque de Deus é dourado e quente, mas às vezes, quando eu tenho sido muito lenta e não
pego o que Ele queria para mim, eu tenho esse tipo de tristeza calma, como um pai vendo a criança aprender uma difícil lição. Eu nunca orei para Deus sobre Richard
ou Jean-Claude - não sobre quem escolher. Simplesmente não parecia certo pedir a Deus para me ajudar a escolher um amante, especialmente quando eu pensei que sabia
quem Ele escolheria. Quero dizer, vampiros são maus, certo?
Mas dirigindo entre a escuridão que caía, sentindo sua presença suave encher o carro, percebi que não tinha pedido porque eu tinha medo da resposta. Eu dirigi e
orei, e eu não recebi uma resposta, mas eu sabia que Ele havia me ouvido.
20
Estava completamente escuro quando cheguei em frente à minha casa. Quase todas as luzes da casa estavam acessas, como se eu estivesse dando uma festa e ninguém tivesse
se incomodado em me dizer. A entrada estava cheia de carros indo até a rua. Uma das razões para eu ter alugado a casa era porque eu não tinha vizinhos por perto
para serem pegos em qualquer crise que eu estivesse tendo. Minhas crises geralmente envolvem tiros, assim não ter vizinhos para se machucarem tinha sido o meu principal
requisito em uma casa. Não havia ninguém ao redor para espreitar por uma janela e imaginando o que diabos estava acontecendo na porta ao lado. Apenas as árvores
e a estrada solitária, nenhum dos quais ligava para o que eu fazia. Ou pelo menos eu não acho que as árvores se importem, embora Marianne provavelmente me dissesse
que eu estou errada nisso. Nunca se sabe.
Eu acabei estacionando um pouco abaixo da casa, com nada além de árvores em ambos os lados da estrada. Eu desliguei o motor, e Nathaniel e eu nos sentamos no escuro,
ouvindo o motor morrer. Ele não disse muito desde que sai do banheiro do Jean-Claude - nada em todos os quarenta minutos de carro até aqui. Mas então, eu também
não tinha.
Eu tinha deixado Jean-Claude num acesso de raiva deixando certo que voltaria amanhã à noite e tiraria Damian da prisão. Não foi apenas o fato de Damian ter ficado
trancado durante todos esses meses que me fez não querer ficar com Jean-Claude, mas sim o fato que ele finalmente tinha me transformado em um dos monstros. Eu já
sabia que o sexo com ele fazia com que as marcas ficassem mais fortes, mas agora que as marcas estavam casadas... O que sexo faria conosco agora? Quão perto as marcar
poderiam nos colocar? Eram apenas mudanças com Jean-Claude ou eu teria surpresas místicas vindo hoje à noite com Richard, também? As chances eram prováveis, e Jean-Claude
realmente não tinha idéia de quais surpresas poderiam ser. Ele não sabia o que estava fazendo. Ele realmente não sabia. Desde que eu não sabia o que diabos eu estava
fazendo também, e Richard não tinha idéia. Isso nos deixava numa situação ruim. Eu ligaria para Marianne amanhã, na teoria de que essa magia fosse muito parecida
com outra, mas até então eu estava sozinha. Grande surpresa.
Claro, eu não estava exatamente sozinha. Eu olhei através do banco da frente para Nathaniel. Ele olhou de volta para mim, o rosto calmo, as mãos no seu colo, cinto
de segurança ainda no lugar. Ele puxou o cabelo para trás em uma trança grossa, deixando seu rosto muito simples e sem adornos. Na luz da lua seus olhos pareciam
cinza pálido, ao invés do violeta vibrante de sempre. Sem o cabelo ou com os olhos à mostra, ele parecia mais próximo ao normal do que eu jamais o havia visto. Ele
era, de repente, uma pessoa sentada em frente a mim, e eu percebi num choque que eu realmente não pensava em Nathaniel como uma pessoa. Nem mesmo como um adulto
de qualquer jeito. Ele era mais um fardo do que uma pessoa para mim. Alguém para ser resgatado, ajudado. Ele era uma causa, um projeto, mas não uma pessoa.
O calor começou a pressionar ao redor Jeep. Se nós ficássemos sentamos aqui por muito tempo, eu teria que ligar o ar condicionado novamente. Se Jean-Claude estiver
certo, então eu tinha tido sexo com Nathaniel mais cedo nessa noite. Eu estava esperando que Jean-Claude não estivesse certo, porque eu ainda considerava Nathaniel
como uma criança, uma criança que foi abusada. Você cuida delas, você não faz sexo com eles, nem mesmo eles querendo que você faça.
Meu peito doía, vagamente, da marcas de dentes dele. Nós dividimos a cama tantas vezes que parecia estranho quando ele não estava ao meu lado. Mas eu ainda não o
via como um adulto. Triste, mas verdade.
- Jean-Claude tem quase certeza que o ardeur está alimentado bem o suficiente para não ser um problema pelo o resto da noite -, eu disse.
Nathaniel assentiu. - Você não vai precisar se alimentar novamente até que você durma por algumas horas. Jean-Claude me explicou, um pouco.
Isso me irritou. - Ele fez, não fez?
Ele balançou a cabeça. - Anita, ele está preocupado com você.
- Eu aposto que sim -.
- Você realmente não vai dormir esta noite no Circo, vai?
- Não -, eu disse. Eu estava sentada no banco com meus braços cruzados sobre minha barriga. Tenho certeza que eu parecia tão teimosa como eu me sentia.
- E quando você acordar amanhã, então o que? - Sua voz era muito suave no carro escuro e quente.
- Eu não sei o que você quer dizer.
- Sim, você sabe -, ele disse.
Eu suspirei. - Eu não quero fazer isso, Nathaniel. Eu não quero ter o incubus de Jean Claude dentro de mim. Eu prefiro ser Nimir-Ra de verdade a ter de me alimentar
dos outros.
- E se você for ambos? -, ele perguntou, a voz ainda mais suave.
Eu dei de ombros, braços ainda cruzados, mas, abraçando-me mais do que sendo teimosa agora. - Eu não sei.
- Eu estarei lá para você, Anita -.
- Estar aonde? - Eu olhei para ele.
- Amanhã, quando você acordar.
- O que mais Jean-Claude disse a você enquanto eu estava dando voltas tentando descobrir sobre Damian?
O olhar de Nathaniel nunca vacilou, nunca mudou. Ele não estava envergonhado ou incomodado nem um pouco sobre a conversa. - Que ele não guardaria rancor se você
tiver sexo de verdade comigo.
Eu estudei o rosto dele. - Você não considera o que fizemos hoje como sexo? - Eu fiz disso uma meia-questão, meia-afirmação.
- Não -, ele disse.
- Eu também não, mas... - Eu estava feliz que estava escuro, porque eu estava corando, mas porra, eu queria alguém mais para responder a esta pergunta. - Eu sei
por que eu não acho que o de hoje não era sexo propriamente dito, mas porque você não acha?
Ele sorriu e desviou o olhar. Ele respondeu olhando para o piso. - O que fizemos pela primeira vez com você marcando as minhas costas, aquilo foi perto do sexo verdadeiro
para mim.
- Assim como a coisa de dominação/submissão?
- Não -, ele disse, ainda olhando para baixo. - Se nós realmente precisássemos de preservativos, então teria sido sexo.
- Você quer dizer penetração -, eu disse.
Ele assentiu, ainda sem olhar para mim.
- É como eu me sinto também. Jean-Claude disse que eu estava enganando a mim mesma.
Nathaniel esboçou um pequeno sorriso, então voltou a olhar para o nada. - Ele me disse que eu estava sendo muito Americano, muito masculino, e muito jovem.
- Você é Americano, muito masculino, e nos vinte -, eu disse. - O que mais você deveria ser?
Ele me olhou por um momento, logo olhou para longe novamente. Ele parecia definitivamente desconfortável agora.
- O que mais te disse Jean-Claude -? Eu perguntei.
- Você ficará com raiva.
- Apenas me diga, Nathaniel.
Ele encolheu os ombros, as tiras finas da parte superior mostraram a maior parte dos seus ombros quando ele fez isso. - Ele tem a esperança que você me escolha como
seu pomme de sang. Disse que mencionou isso com você.
- Ele mencionou.
- Posso tirar o cinto de segurança? - ele perguntou.
- À vontade
Ele deixou cair o cinto de segurança e virou para me olhar no rosto, com uma perna no assento, sua trança enroscada sobre seus ombros. - Jean-Claude disse que quando
mais você lutar com o ardeur mais forte ele crescerá, mas se você se alimentar logo que ele surgir, então não é grande coisa.
- Ele me contou. - Eu disse.
- Ele tem medo que você tente e lute amanhã sem ele. Medo que você lute o dia todo, e ceder quando você não aguentar mais.
- Soa como um plano para mim. - Eu disse.
Nathaniel sacudiu a cabeça. - Não seja durona contra isso, Anita, não lute. Tenho medo do que acontecerá se você o fizer.
- O que, então amanhã supostamente eu tenho que rolar pro lado e cair em seus braços? - Não podia deter o sarcasmo em minha voz, ainda que lhe trouxesse um olhar
ferido ao rosto, e me fez querer pedir desculpas. - Não é nada pessoal, Nathaniel. Não é você, é ter que fazer isso que eu não gosto.
- Eu sei disso. - Ele abaixou o rosto e não me olhou nos olhos de novo. - Apenas prometa que quando a fome se elevar amanhã, virá a mim ou a alguém cedo, e tentará
não ser tão... difícil.
- O que você ia realmente dizer no final dessa frase?
Ele sorriu. - Teimosa.
Eu tive que sorrir. - Não acho que possa simplesmente rolar para o lado a primeira vez que o ardeur me acertar. Eu simplesmente não posso ceder assim tão facilmente,
Nathaniel. Você entende isso?
- Você tem que provar que é mais dura que isso. - Ele disse.
- Não, tenho que ser o que eu sou, quem eu sou. E quem eu sou simplesmente não cede a nada nem ninguém.
Ele sorriu pra mim. - Isso é um eufemismo.
- Você está tirando sarro de mim. - Eu disse.
- Um pouco. - Ele disse.
- Você viu o que eu fiz no pescoço do Jason, Nathaniel. E se eu te machucar? Quero dizer, realmente te machucar? -.
- Jason vai curar, Anita. E ele não estava reclamando quando Asher o levou. - Nathaniel sorriu e desviou o olhar, como se ele estivesse evitando rir.
- O que?
Ele balançou a cabeça. - Você vai ficar furiosa, e ele não quis dizer isso desse jeito.
- O que ele te disse, Nathaniel?
- Pergunte a ele. Parece que ele sempre é capaz te dizer as coisas mais ultrajantes e você pensa que é bonitinho. Quando eu te digo, você simplesmente fica brava.
- E se eu ordenasse você me dizer?
Ele pareceu pensar por um segundo, então piscou e me deu outro sorriso. Era um sorriso bom, jovem, descontraído, real. Quando eu conheci Nathaniel ele tinha esquecido
como sorrir assim. - Não, não, eu não faria.
- Que submisso você é. - Eu disse.
O sorriso dele se alargou. - Você não gosta que eu seja submisso. Faz você se sentir desconfortável.
- Então você esta mudando para me agradar?
O sorriso desvaneceu, não que ele não estivesse feliz, era como se sua expressão tivesse mudado de engraçado para pensativo. - No começo, mas ultimamente é para
me agradar também.
Isso me fez sorrir. - Essa é a melhor noticia que eu recebi a noite toda.
- Estou feliz. - Disse ele.
Eu desfiz o meu próprio cinto de segurança. - Vamos sair do carro antes de derreter. - Abri a porta e sabia que ele faria o mesmo. Fechamos as portas e eu apertei
o botão do meu chaveiro que fechava o Jeep. Ele fez um som baixo, e eu andei em torno dos carros para a estrada onde a caminhada foi mais suave. Nathaniel e eu começamos
a andar pela fila de carros até a minha casa. Sua trança caiu ao longo da sua espinha como uma cauda longa e grossa, que se deslocava conforme ele andava.
Cherry e Zane saíram entre os carros a nossa frente. - Nós pensamos que vocês tinham se perdido. - ela disse sorrindo.
- Vocês deixaram todo mundo entrar na casa? - Eu perguntei.
Seu sorriso desapareceu. - Sim, eu espero que tudo bem.
Eu sorri. - Está tudo bem, Cherry, de verdade. Se eu tivesse pensado, teria arranjado alguém para deixá-los entrar.
Ela relaxou visivelmente e caiu de joelhos diante de mim. Eu lhe ofereci minha mão esquerda. Eu mantive a mão direita livre caso eu precisasse sacar a minha arma.
Não era provável, mas nunca se sabe. Cherry segurou minha mão em ambas as suas e esfregou o rosto contra ela, como um gato marcando seu cheiro. A saudação formal
é lamber, mas eu finalmente havia convencido a todos os meus gatos que esfregar o rosto era mais confortável para mim.
Zane ficou de joelhos ao lado de Cherry, mas não tentou agarrar minha mão direita. Ele esperou até que ela tivesse terminado com a minha esquerda. Também os convenci
a serem cuidadosos com a mão da arma. Ele esfregou o rosto na minha mão, e havia um pouco de algo áspero em sua mandíbula, como se tivesse perdido um ponto quando
se barbeada.
Cherry se esfregou contra minhas pernas, enquanto Zane me cumprimentava. Era como ter o corpo de um gato muito grande se esfregando contra mim, que acontecia de
estar, por acaso, em forma humana. As primeiras vezes que isso aconteceu, eu fiquei assustada. Mas isso não me parecia mais estranho. Eu não sabia se isso era bom
ou um pouco triste.
Quando a saudação acabou, Zane disse. - Nós temos a chave extra, por isso tomamos conta da companhia. - Ambos estavam de pé agora, como boas pessoinhas, bem, boas
pessoas altas, que seja.
- Bom, embora eu não tivesse idéia que teríamos uma multidão tão grande.
Eles andaram um a cada lado nosso, e eu podia sentir Cherry ao meu lado. Eu podia sentir a sua energia como uma vibrante linha contra meu corpo. Eu nunca a tinha
sentido tão fortemente antes. Apenas outro prego no caixão sobre a questão de Nimir-Ra. As provas estavam ficando tão evidente que se eu não fosse tão fodidamente
boa em me enganar, eu teria admitido agora. Mas eu tinha tido o suficiente por um dia. Eu precisava passar por essa noite. Então eu ignorei, e se Cherry sentiu algo
diferente, ela não disse.
Foi Zane que colocou o rosto próximo a Nathaniel e o cheirou conforme nós andávamos. - Você tem cheiro de feridas frescas -. Ele tocou nas costas de Nathaniel onde
aparecia a parte de cima do top. Eu sabia que havia marcas de mordida em torno dos seus ombros, por todo o caminho até seu pescoço. Eu deveria saber que não poderíamos
esconder isso. Inferno, mesmo com as roupas cobrindo eles sentiam o cheiro dele.
- O que você esteve fazendo? - Zane perguntou. - Ou deveria dizer com quem?
Nathaniel nem sequer me olhou. Ele ia deixar tudo para mim - o que iria ser dito e o que não. Esperto ele. Ou talvez ele simplesmente não soubesse o que dizer também.
Eu tentei pensar numa mentira para explicar isso, e nada que não fizesse o Nathaniel parecer um prostituto me veio à mente. Ou ele tinha tido sexo com uma mulher
estranha, ou... Ou o quê? A verdade? Eu não queria dizer a verdade até ter certeza de como eu me sentia sobre o assunto. Conhecendo a mim mesma poderia demorar alguns
dias.
Cherry e Zane circularam Nathaniel em círculos cada vez menores, até que seus corpos se esfregavam esbarram contra ele quando se moviam em torno dele. Chocavam-se
com ele continuamente, como um tubarão testando se você era bom para comer.
- Vamos rapazes, não temos tempo pra isso. Precisamos chegar ao Lupanar e salvar Gregory.
Zane caiu de joelhos ao lado de Nathaniel, correndo as mãos sobre todo o corpo do homem menor. As mãos de Zane se deslizaram dentro do top de Nathaniel.
- Se levante, Zane. - Eu disse.
Cherry pisou muito perto de Nathaniel, olhando para ele, colocou a mão sob seu queixo para levantar o resto na direção dela, como se fosse beijá-lo. - Quem foi?
- Isso é um assunto do Nathaniel. - Eu disse. Nathaniel olhou pra mim, meio de lado. O olhar era suficiente. Eu estava sendo uma covarde. Meu pulso estava muito
rápido no meu pescoço, como se eu tivesse tentado engolir alguma coisa enquanto ela tentava fugir.
- Se fosse Zane, ou eu, sim. - Disse Cherry. - Mas enquanto você estava no hospital esses últimos dias, decidimos que Nathaniel tem que apresentar todas as suas
namoradas ao bando antes que ele faça algo íntimo com elas.
- Como Nimir-Ra, eu não tenho o veto presidencial?
Cherry olhou para mim. - Claro, mas você tem que concordar em checar as pessoas para Nathaniel. Ele quase te matou outra vez.
Eu concordava, mas não aquela noite. Naquela noite, de todas as noites, eu queria que as pessoas cuidassem da própria vida. Ninguém se importava em saber quem dormia
com quem - até agora. É lógico. Eu faço meu primeiro movimento indiscreto com um deles, e eu teria que confessar, apesar de que eu ainda não sabia como me sentia
sobre o assunto. Eu abri a boca para dizer, foi eu, mas parei quando vi o seguinte leopardo descendo a rua. Entre todos eles, ela era uma das que eu menos queria
que me ouvisse falando sobre intimidade.
Era Elizabeth. Seu modo de andar sempre foi um cruzamento entre pavonear e deslizar. O último andar de uma prostituta. Ela caminhou por entre os carros no braço
de Caleb, e tinha um sorriso de satisfação no rosto, dizendo que ou ela não sabia que eu estava brava com ela ou ela estava confiante que eu não poderia fazer nada
sobre isso. Ela era mais alta que Caleb por cerca de cinco centímetros. Seu cabelo caia em cachos até a cintura, um marrom tão escuro que teria chamado de negro,
se não tivesse o meu cabelo para comparar. Ela era bonita de uma forma exuberante, como uma espécie de planta tropical com folhas carnudas e flores bonitas, mas
mortal.
Estava usando uma saia tão curta que a parte superior das meias negras e as ligas apareciam. Seus sapatos eram sandálias pretas com um salto mais baixo do que ela
usava normalmente. Afinal, estávamos indo vagar pela floresta. A camisa era bastante fina, até mesmo através da luz das estrelas você poderia ver que ela não estava
usando sutiã, e ela, como eu, era uma mulher que precisava de um.
Caleb estava vestindo uma calça jeans boca de sino, sem sapatos, sem camisa. Os jeans foram cortados baixos o suficiente para mostrar o anel em seu umbigo. Eu era
muito jovem para ter vestido boca de sino pessoalmente, mas me fez lembrar meus primos mais velhos competindo para ver quem tinha o maior sino. Mesmo quando era
criança, pensava que essa calça era feia. O tempo não tinha mudado minha opinião.
Caleb parecia muito satisfeito consigo mesmo. Eu teria apostado que eles fizeram sexo, mas não era meu negocio se eles tinham transado. Honestamente não era.
- Me alegro que você tenha tido uma boa noite, Elizabeth.
Ela apertou o braço de Caleb. - Oh, foi uma noite boa, muito boa.
- Fico feliz, porque está prestes a ficar muito, muito ruim. -, eu disse.
Ela fez uma careta falsa para mim. - Oh, nossa pequena Nimir-Ra ficou com os sentimentos feridos porque eu não quis vir e dormir nua ao seu lado?
Eu tive que rir.
- O que há de tão engraçando? - Perguntou ela. Caleb começou a ser afastar dela, se livrando.
- Por que você acha que eu não vou te matar, Elizabeth?
- Pelo que? -, perguntou ela.
- Oh, talvez por abandonar Nathaniel no club e deixar os bandidos pegá-lo. O que quase me matou e talvez me fez virar Nimir-Ra de verdade.
- Estou cansada de ser babá dele. - ela disse. - Costumava ser muito divertido, mas agora não é mais. Ele tem padrões agora.
- O que significa que ele não vai mais foder com você. - eu disse.
O primeiro sinal de raiva verdadeira apareceu em seu rosto. - Nós costumávamos, às vezes, há ter algo muito bom, Nathaniel e eu.
- Não bom o bastante, aparentemente. - Eu disse.
Ela caminhou até ficar ao lado de Cherry, o que a colocou muito perto de mim. Ela não tinha medo de mim, e eu sabia o porquê - ou pensava que sabia. Ela tinha sido
insultante e arrogante e um pé no saco desde que eu assumi o bando e eu não a tinha machucado. Eu deixava como estava, pois como ela estava tão contente de mostrar,
eu poderia matá-la, mas não realmente puni-la. Punir um metamorfo era arrebentá-los na porrada ou fazer alguma porcaria mística que os assustasse muito. Ela estava
certa. Eu não podia fazer as coisas de metamorfo. Eu percebi o porquê eu deixei passar tantos deslizes de Elizabeth. Eu tinha matando seu querido, o homem que ela
amava. Isso me fez sentir mal. Gabriel tinha merecido a sua morte, mas ela o amava e eu simpatizava com isso. Porém ela tinha usado o último pedaço da minha simpatia
quando vi Nathaniel pendurado nas correntes com as espadas enfiadas em sua carne. As regras haviam mudado, e Elisabeth não sabia. Ainda.
O outro leopardo deslizou para fora das árvores, até a estrada. Os cabelos de Merle brilharam branco na escuridão, a barba e o bigode prateados. Ele estava usando
jeans normais e botas de cowboy com prata na ponta dos dedos. Uma jaqueta aberta que fez mais para moldar seu peito que para cobri-lo. Ele tinha uma mulher com ele.
Ela era alta - 1,80 centímetros ou talvez um pouco mais. Usava sapatos de corrida, jeans, e uma camiseta mal ajustada que caia até o meio das coxas. A camiseta mal
ajustada não poderia esconder o fato que ela tinha pernas longas e bem construídas. Seu cabelo era quase preto, cortado em linha reta, um pouco acima dos ombros.
Ela não usava maquiagem, e os ossos do seu rosto pareciam esculpidos quase duramente. Seus olhos eram pálidos, os lábios finos. Ela tinha um daqueles rotos que teriam
sido bonitos com um pouco de maquiagem, mas ainda era impressionante. Era um rosto que você não iria esquecer ou cansar dele. Merle estava segurando a mão dela,
mas não como se fossem um casal, mais como um pai segura a mão da filha - um gesto reconfortante.
Ela vibrou com a energia sobrenatural que todos os leopardos tiveram em algum grau. Mas esta dançou em minha pele a metros de distância. Quando eles chegaram perto
o suficiente para poder ver seus olhos pálidos, também pude ver que ela estava com medo. Seus olhos tinham um olhar estremecido de uma pessoa que foi abusada com
muita frequência.
Merle a apresentou, - Essa é Gina.
- Oi Gina, - Eu disse.
Ela olhou para mim, e o medo nos olhos dela foi substituído pelo desdém. - Ela é um pouco pequena para uma Nimir-Ra.
- Eu e Micah temos a mesma altura -, eu disse.
Ela encolheu os ombros. - Como eu disse. - Mas a sua ousadia não soava verdadeira. Estava mais para alguém assoviando no escuro. Mas eu deixei pra lá. Gina não era
meu problema esta noite.
Vivian foi à última a chegar dos meus leopardos, e ela veio sozinha do final da rua. Ela era uma das poucas mulheres que me fazia sentir protetora e me faz pensar
em adjetivos como bonequinha e delicada. Ela era simplesmente uma das mais lindas mulheres que eu já vi, e o short casual com o top listrado com sandálias não escondia
isso. Ela era afro-americana e parte irlandesa, e a pele dela era a sombra de cacau pálido que você só adquire com aquela mistura. Ela pareceu meio perdida, e eu
percebi por que. Eu não a vi sem Stephen ao seu lado durante mais de um ano. Stephen era o gêmeo idêntico de Gregory, também stripper do Prazeres Malditos. Stephen
e Vivian estavam vivendo juntos e pareciam muito felizes fazendo isso. Mas Stephen estava no lupanar esta noite como todos os bons lobisomens, e ela estava aqui
com os leopardos. Pobre Vivian. Pobre Stephen. Eu não tinha realmente pensado até agora que Stephen podia perder um irmão hoje. Merda.
Vivian caiu de joelhos em frente a mim, e eu ofereci a ela minhas mãos. Ela as tocou em suas mãos, então esfregou o rosto contra elas, como fizeram Cherry e Zane.
Elizabeth não ofereceu uma saudação e isso era um insulto. Os outros não eram meus leopardos, mas ela era. E ela me desprezou deliberadamente. Era primeira vez na
frente de companhia. Eu normalmente não insistiria nisso, porque eu não gostava da Elizabeth me tocando, mas eu vi a cara de Caleb como Vivian subiu da saudação
dela. Ele tinha notado a falha.
- Como você está, Vivian?
- Uma verdadeira Nimir-Ra não teria que perguntar -, Elizabeth disse.
Eu apertei as mãos de Vivian e a ajudei a se levantar. - Você vai nos ajudar a recuperar Gregory ou vai ser apenas um grande p? - eu perguntei à Elizabeth.
- Eu quero Gregory a salvo -, ela falou.
- Então cale a droga da boca.
Ela começou a dizer algo, e Cherry segurou seu braço. - Já chega, Elizabeth.
- Você não é dominante para mim -, Elizabeth disse.
- Eu estou tentando ser sua amiga -, Cherry falou.
- Você quer que eu a deixe em paz?
- Por favor -, Cherry disse.
- Tudo bem -, Elizabeth falou. Ela virou de volta para Nathaniel. - Eu posso cheirar sangue fresco em você, Nathaniel. - Ela colocou seus braços de ambos os lados
do seu pescoço, as mãos entrelaçadas juntas, o corpo dela pressionando o comprimento do dele, afastando Cherry para trás. - Você finalmente encontrou alguém para
ser seu dominante?
- Sim, - ele disse.
- Quem? - Cherry perguntou.
- Nós realmente não temos tempo para isso, - eu disse. - Nós precisamos chegar ao lupanar.
Merle teve que acrescentar o seu conselho. - A única razão que a Elizabeth tem para tratar você do jeito que ela trata é porque você deixa. Desobediência deve ser
punida imediatamente, ou a estrutura de poder não pode sobreviver - como seu Ulfric local e a sua matilha.
- Eu controlo meus leopardos -, eu disse.
Elizabeth riu, plantando um grande beijo na testa de Nathaniel e deixando uma impressão de batom vermelho para trás. - Ele transou com alguém essa noite, quando
ele tinha sido proibido de estar com alguém sem a aprovação do bando. E você está deixando esse deslize de lado também. Você é tão fraca.
Eu respirei fundo e soltei o ar. - Ele não transou com ninguém esta noite.
Caleb tinha se juntado aos outros rastejando em volta de Nathaniel. Ele enterrou seu rosto na virilha de Nathaniel. Elizabeth se afastou, então ele pôde fazer isso.
- Eu cheiro esperma, mas não vagina. - Isso tudo mesmo eu sabendo que o Nathaniel tinha se lavado cuidadosamente. Caleb se levantou, e Elizabeth foi para trás. Ele
colocou sua mão na parte de trás do pescoço de Nathaniel e moveu seus rostos juntos como se eles fossem se beijar, mas ele parou perto o suficiente para que seus
lábios se tocassem. - Eu não cheiro vagina aqui também. Não acho que ele tenha feito sexo.
Zane empurrou a camisa de Nathaniel até onde ele conseguia estando de joelhos, então levantou empurrando a camisa para o seu pescoço. As marcas da mordida estavam
quase pretas na luz das estrelas. Havia uma marca de mordida em quase cada polegada de suas costas; as bordas que não toquei, mas que eu não tinha perdido muito.
Me fez ruborizar.
Vivian me olhou e eu percebi que provavelmente ela pôde cheirar o sangue correndo pelas minhas bochechas.
Zane disse, - Talvez ele não tenha tido sexo, mas ele teve algo.
Caleb veio para contemplar as costas nuas de Nathaniel. - Alguém se divertiu.
- Olhe isso -, Elizabeth falou. Ela desenhou em frente, em volta de uma marca de mordida ao redor do mamilo dele. Eles correram seus dedos em cima disso, e Zane
arrancou a camisa de Nathaniel e a lançou no capô do carro mais próximo. Todos, menos Merle, Gina e Vivian, enxamearam Nathaniel, tocando as feridas com dedos, mãos
e línguas. A cabeça de Nathaniel caiu para trás, fechou os olhos, e eu sabia que ele não estava exatamente tendo um momento ruim, mas...
- Já chega -, eu disse.
Elizabeth abaixou o short de Nathaniel, e eu tive um vislumbre de o quão não-infeliz ele estava.
Eu gritei, - Já chega!
Elizabeth se virou de ajoelhos, suas mãos nas nádegas dele. - Seja quem for que tenha feito isto pode ter facilmente feito mais dano. Eles poderiam tê-lo cortado
muito feio e ainda assim, ele teria os deixado. Não teria, Nathaniel?
- Eu teria a deixado fazer qualquer coisa que ela quisesse -, ele disse.
Merda.
- Você não pode deixá-lo fazer isso -, Cherry disse se levantando e vindo até mim. - Você não pode deixá-lo cometer um erro desses, Anita. Ou da próxima vez quem
quer que ela seja possa matá-lo.
- Ela não o mataria -, eu disse.
- Você sabe quem é essa? - ela pediu.
Eu acenei.
- Por que você não disse, então? - Merle perguntou.
Eu respirei fundo e soprei para fora. - Porque eu não estou confortável com isso ainda. Mas isso é meu problema, não do Nathaniel. - Eu levantei minha mão para ele.
- Nathaniel.
Ele levantou o seu shorts para que ele pudesse vir até mim, apertando minha mão quando a tocou. Eu o coloquei atrás de mim, a linha dos nossos corpos se tocando.
Contato físico é uma maneira de dizer que ele está sob minha proteção. - Eu o marquei.
Elizabeth riu, ainda de joelhos. - Eu sei que ele é seu favorito, mas eu nunca pensei que você mentiria diretamente por ele.
- Pelo menos alguns de vocês podem cheirar se eu estiver mentindo. Marquei o corpo dele, são as minhas marcas de dente.
- Seu nível de ansiedade subiu desde que nós chegamos aqui. Eu não consigo dizer se você está mentindo, - Merle disse. - E se eu não posso, então nenhum aqui é alfa
o suficiente para ter certeza.
- Você tem conseguido que seu odor não mude quando você está mentindo -, Cherry disse.
Eu tinha ouvido de mentir com seus olhos, mas nunca com seu odor. - Eu não sabia que podia fazer isso, mentir com o seu cheiro.
- Eu acho que mentir não faz mais você ficar ansiosa -, ela disse.
Ah. - Ser sociopata tem seus benefícios -, eu disse.
Caleb engatinhou em nossa direção, daquele jeito de engatinhar deslizando que leopardos conseguem fazer. Era inumanamente gracioso. Ele chegou perto o suficiente
para colocar seu rosto contra a minha perna. Eu deixei, porque eu imaginei que eles estavam ao meu redor para cheirar se eu tinha reivindicado Nathaniel. Eu só não
tinha planejado que um dos gatos de Micah fosse primeiro.
- Ele tem o cheiro dela na pele dele.
- Eles dormem na mesma cama muitas noites -, Elizabeth disse. Ela ficou de pé, não tinha nem desfiado sua meia-calça.
Caleb esfregou seu rosto contra a minha perna. - Ela cheira a lobo... e vampiro. - Ele levantou o rosto para me fitar. - Você fez sexo com seu Ulfric e o seu mestre
ontem? É por isso que Nathaniel não cheira a vagina, porque não foi deixado um buraco para ele?
Eu tinha tentado manter a minha versão de uma mente aberta, mas eu concluí agora mesmo que eu não gostava de Caleb. - O bando tem o direito de questionar com quem
Nathaniel dorme, porque ele não tem um bom julgamento. Nenhum de vocês tem o direito de me questionar.
Caleb se moveu num daqueles movimentos muito rápidos para ver e enfiou seu rosto na minha virilha, forte o bastante para quase machucar. Eu puxei a Browning sem
pensar e pressionei contra seu crânio antes que pudesse perceber. Mais rápido que o normal - mesmo para mim.
Caleb levantou sua cabeça para trás, então o cano da arma estava pressionado contra sua testa. Ele me encarou. - Você não cheira a pinto. Não me diga que você tinha
três homens com você em uma cama e nenhum transou com você. -.
- Caleb, eu realmente estou começando a não gostar de você.
Ele sorriu - Mas você não vai atirar em mim, porque isso deixaria o Micah louco.
- Você está certo. Eu não deveria ter puxado a arma. Eu só não estou acostumada a conseguir agarrar a arma antes de ter um tempo para pensar sobre isso.
- Eu nunca tinha visto você se mover tão rápido -, Zane disse.
Encolhi os ombros. - Benefícios da mudança, eu suponho. - Eu coloquei a Browning de volta no coldre. Eu não iria atirar nele apenas por ser atrevido.
Caleb descansou sua bochecha contra minha coxa, e eu deixei. Lutar contra iria diverti-lo, e ele estava se comportando, relativamente falando.
Vivian tocou no meu braço, - Você está realmente se tornando uma de nós?
- Nós iremos saber em duas semanas -, eu disse.
- Eu sinto muito -, ela disse.
Eu sorri pra ela. - Obrigada.
- Você não domou Nathaniel -, Elizabeth falou, - Você é muito enjoadinha para usar os dentes nele daquele jeito.
Eu olhei pra ela e deixei meus olhos encherem de escuridão que era minha própria versão de uma besta. O olhar que dizia o quão fundo no poço eu tinha caído. - Eu
não sou mais enjoadinha como eu costumava ser, Elizabeth. Você talvez queira lembrar-se disso.
- Não -, ela disse, - não, você o está protegendo. Ele tem sido o bichinho do mestre desde o primeiro dia. Você só está com medo do que Micah vai fazer. Com medo
do que um real Nimir-Raj irá fazer com ele agora que ele desobedeceu a uma ordem direta. - Ela andou arrogantemente a nossa volta. - E você deveria ficar com medo,
Anita, você deveria ficar com muito medo, porque Micah é forte, forte como Gabriel era. Ele não vacila.
- Eu ouvi bastante sobre Gabriel para me perguntar se isso é um elogio. - Micah saiu da floresta com um homem alto ao seu lado. Antes de Micah, eu nunca tinha dormido
com um homem que eu tinha acabado de conhecer. Eu nunca tinha dormido com ninguém que não fizesse meu coração bater depressa, minha pele reagir apenas ao vê-lo.
Enquanto Micah deslizava pelas árvores, ele era gracioso e belo, mas eu não estava apaixonada por ele, e meu corpo não reagia como se estivesse. Eu estava um pouco
aliviada e um pouco envergonhada disso.
Ele estava vestindo uma bermuda que tinha sido cortada e a bainha era permitida continuar irregular. Uma camiseta branca pareceu brilhar na escuridão, fazendo seu
bronzeado aparecer mais escuro. Um largo cinto de couro cercou sua cintura fina. Ele tinha prendido seu cabelo para trás em um rabo de cavalo, mas era tão enrolado
que não deu a ilusão de cabelos curtos; você sabia mesmo olhando de frente que havia muito mais cabelo atrás. Ele parecia mais delicado com roupas do que sem elas.
Talvez eu só não tenha prestado atenção de quão pequena era à estrutura dele. Havia algo elegante no jeito que ele foi feito, ossos finos, pele lisa, muito... Refinada,
especialmente para um homem. Jean-Claude era mais bonito, mas ele era muito alto para ser chamado de delicado. Micah era delicado. A única coisa que o salvava de
parecer frágil era o conjunto de músculos em seus braços, o jeito que ele andava, como se o mundo fosse dele e não importa o lugar que ele se movesse, ele era o
centro do universo. Era tanto a confiança como a certeza. Muito potencial em um pacote pequeno. Ele me lembrava de alguém.
O homem seguindo Micah era moreno, com um cabelo com o corte muito rente, e havia algo em seu tom de pele, mesmo com o brilho das estrelas, que não parecia bronzeado.
Ele era bonito e jovem, quase podia associar-se a um graduado no secundário de uma escola particular, mas musculoso e muito alerta. Isso explica por que Merle não
estava grudado ao lado de Micah. Tivemos uma troca de guarda. Micah o apresentou como Noah.
Eu temi ver Micah novamente - me perguntando o que eu diria, como eu me sentiria. Eu não estava perto de desconfortável como eu pensei que estaria. Talvez eu estivesse
mais se eu não tivesse que defender a honra de Nathaniel. Talvez porque eu não dei nenhum sinal de o que nós fizemos, e Micah também não. Ou talvez ele esteja confuso
como eu estava sobre isso. Ou talvez seja assim que funcione o sexo casual. Eu simplesmente não sabia.
- Sobre o que todos estão tensos? - Micah perguntou.
- Mostre para ele, Nathaniel.
Nathaniel nunca questionou, apenas saiu de trás de mim e mostrou suas costas para os dois homens.
O guarda-costas deu um afiado assobio. Os olhos de Micah expandiram, e ele olhou por cima do ombro de Nathaniel para mim.
- Você fez isso?
Assenti.
- Ela não fez -, Elizabeth disse.
Caleb subiu o máximo que seus joelhos conseguiam e estava cheirando meu estômago, seu rosto apontando para outras coisas, mas ele teve cuidado para não tocar. Eu
não acho que ele teria cheirado minha virilha na frente de Micah. Elizabeth estava certa em uma coisa. Os leopardos simplesmente não estavam com o tanto medo de
mim quanto eles tinham de Micah.
- Ela cheira a sangue, também -, Caleb disse.
- Se afaste de mim -, eu disse.
Ele deu um grande sorriso, mas engatinhou para longe.
- Você está dizendo que ela tem uma ferida nela como as que ele tem nas costas? - Elizabeth perguntou.
Caleb assentiu enquanto se arrastava pelo chão.
- Então ela está mentindo, o que quer que tenha feito isso nas costas dele, fez nela também.
Eu suspirei. - Eu realmente vou ter que provar isso?
- Eu a tomaria pela sua palavra -, Micah disse, - mas aparentemente seu bando não irá.
- É só que nós queríamos que você tomasse um de nós assim há tanto tempo. -, Cherry falou, - E agora... Eu acho que nós teríamos acreditado se fosse sexo, mas não
isso. Não parece algo que você faria, e Elizabeth tem razão sobre uma coisa. Nathaniel é seu favorito, e você o protege.
Excelente, ninguém acredita em mim. - Ótimo, simplesmente ótimo -, disse. Eu comecei a puxar o coldre de ombro e deixei ele bater nas minhas costas. Tirar a minha
camisa de dentro do meu jeans não foi um problema, mesmo a tirando e colocando junto da camisa de Nathaniel no capô do carro não foi um problema. Eu estava usando
um sutiã preto muito bonito. Ele estava destinado a ser visto. Jean-Claude tinha sido uma influência muito má no meu guarda-roupa. O problema era tirar o sutiã.
Eu realmente não queria fazer isso.
Eu desabotoei o fecho nas costas, mas segurei a frente no lugar. - O que acontece quando você ver a marca da mordida?
- Se você me mostrar uma marca de mordida no seu seio que não tenha marca de presas nela, eu irei acreditar que foi Nathaniel -, Micah disse.
Todo mundo se aproximou de mim. Eu nunca gostei de ser o centro das atenções, não pra esse tipo de coisa. - Dêem-me um pouco de espaço pra respirar, pessoal.
Eles deram um passo mínimo para trás e eu pensei, que se dane. Todo mundo aqui, exceto Elizabeth e talvez o novo guarda costas tinham me visto nua. Oh, inferno.
Eu deslizei o sutiã e o deixei no capô junto com a minha blusa. Eu não fiz absolutamente nenhum contato visual.
Uma mão veio à vista e eu peguei o pulso. Era Caleb. - Nathaniel consegue a mordida e eu não posso nem tocá-la.
- Não, você não pode.
Micah não se aproximou mais. - Porque você o marcou?
Eu encontrei seus olhos, esperando ver alguma acusação, ou desprezo ou alguma coisa negativa. Mas seu rosto estava muito parado. - Eu precisava afundar meus dentes
em alguma coisa. Eu precisava... - eu sacudi minha cabeça e olhei pra longe. - Não era sexo que eu queria. Eu precisava me alimentar.
- Não. - Elizabeth veio se aproximar mais. - Não, você não pode ser Nimir-Ra de verdade, não de verdade. - Havia alguma coisa perto do pânico em seu rosto. Eu podia
cheirar seu medo. Ela se moveu perto o suficiente que nossos corpos quase se tocaram e eu podia ouvir seu coração batendo fortemente.
- Tenha medo, Elizabeth, tenha muito medo -, eu disse.
Ela meio que se virou pra longe de mim e Micah disse alguma coisa ao mesmo tempo o qual foi a minha única desculpa pra não tê-la visto vir com seu punho. Ela me
mandou contra a lateral do Jeep, enchendo minha boca com sangue e fazendo meus joelhos fraquejarem. Somente com Cherry me pegando pela cintura que me manteve em
pé. O mundo parecia nadar em serpentinas pretas e brancas por um segundo. Quando minha visão clareou, Elizabeth estava sendo segurada por Micah e Noah, o guarda-costas.
Eu me forcei a ficar em pé e me afastei de Cherry. Ela manteve uma mão em meu braço e eu a deixei por um segundo enquanto eu deixava a vertigem passar. Eu coloquei
uma mão na minha boca e ela veio com sangue.
Merle se moveu para pegar o braço de Elizabeth e Micah veio para ficar na minha frente. - Você está bem?
- Eu ficarei bem.
Ele tocou meu braço descoberto. Era o mais delicado roçar de seus dedos, mas me fez arrepiar. Meus mamilos se endureceram e não havia nada que eu podia fazer para
esconder essa reação repentina.
Eu olhei pra ele e eu não tinha que olhar pra cima, nem por um centímetro. - Eu não te conheço, por que...
Seus braços deslizaram atrás das minhas costas, pressionou nossos corpos juntos e de repente eu não podia conseguir ar suficiente. - Eu sou seu Nimir-Raj, Anita.
Não há nenhuma vergonha nisso.
- Você diz Nimir-Raj como outras pessoas dizem marido.
Ele correu uma mão pelo meu cabelo, até seus dedos estarem apertados na minha nuca, a outra mão na base das minhas costas. - Nossas almas ressoam como o som de dois
sinos perfeitos -, ele sussurrou, enquanto sua boca pairava sobre a minha. O comentário era tão romântico que era estúpido e eu deveria ter rido por isso, mas eu
não ri.
Ele me beijou, um pressionar de seus lábios e então sua língua deslizou na minha boca. Eu sabia quando ele sentiu o gosto de sangue porque suas mãos se apertaram
no meu corpo e ele reagiu contra mim. Ele era muito largo para eu não sentir ele crescendo mais duro entre nossos corpos.
Eu corri minhas mãos sobre seus braços, sua camisa e não era o suficiente. Eu queria tocar sua pele descoberta com a minha, beber cada centímetro dele em cada centímetro
de mim.
Ele me beijou como se ele fosse me beber para dentro e sabia que parte daquela excitação era por causa do sangue. Eu puxei a camisa da sua calça e corri as mãos
pelas suas costas. Mas não era o suficiente.
Ele se afastou do beijo, e eu puxei a camisa pela sua cabeça. Apenas pressionar nossos peitos desnudos contra o outro era melhor. Era como se minha pele suplicasse
por sua pele. Eu nunca tinha sentido nada assim.
Nós seguramos um ao outro, ambos respirando pesado, nossos braços presos um no outro, rostos pressionados no ombro do outro, sua respiração quente no meu pescoço.
- Nós não temos tempo para mais -, ele sussurrou.
Eu acenei, minha cabeça ainda contra seu pescoço. Não era como se eu tivesse planejado mais, mas... - Eu tinha que tocar minha pele na sua, por quê?
- Eu te disse, você é minha Nimir-Ra e eu sou seu Nimir-Raj.
Eu me afastei o suficiente para ver seu rosto. - Isso não explica pra mim.
Ele segurou meu rosto em suas mãos, fazendo um sério contato visual. - Nós somos um casal emparelhado, Anita. É lenda entre os leopardos que você pode encontrar
o par perfeito e do primeiro momento que tiverem sexo você está ligado, mais que casamento, mais que a lei. Nós sempre iremos desejar um ao outro. Nossas almas irão
sempre chamar pela outra. Nossas bestas irão sempre caçar juntas.
Isso deveria ter me assustado, não me assustou. Deveria ter me deixado brava, mas não deixou. Deveria ter me feito sentir muitas coisas, mas tudo o que eu sentia
era que ele estava certo e eu nem mesmo queria tentar ou convencê-lo do contrario.
- Richard vai amar isso -, Elizabeth disse.
Merle e Noah a colocaram de joelhos em um gesto bruto que deve ter doido um pouco. Eu olhei pra ela. - Obrigada por me lembrar o que eu estava prestes a fazer, Elizabeth.
Eu me distraí. - Eu me afastei do Micah, meus dedos trilhando por seu braço, como seu eu não pudesse suportar deixá-lo ir.
- A deixem ir, garotos. Ela é problema meu, não de vocês.
Eles olharam para o Micah, o qual acenou. Elizabeth ficou em seus joelhos, como se incerta do que fazer. Ela tentou ter um deles para ajudá-la a se levantar, mas
eles a ignoraram e a deixaram para se levantar sozinha.
Eu tomei meu tempo para colocar meu sutiã enquanto eu andava de volta para o meu Jeep, o coldre do ombro ainda pendurado em torno da minha cintura. Eu o deslizei
sobre minha pele nua e não era confortável, mas eu não queria perder tempo colocando minha blusa. Eu sabia o que eu iria fazer agora.
Eu andei até meu Jeep e todo mundo esperava no escuro enquanto eu destravava a porta, subia no banco do passageiro, abria o porta-luvas e tirava um pente reserva
de balas de chumbo. Eu comecei a carregar o pente extra no Jeep desde que eu entrei em conflito com alguns fadas mal intencionados. Você pode atirar nas fadas com
prata o dia todo e não irá dar muito certo. Mas chumbo, eles não gostam de chumbo. Chumbo também tem outras utilidades, porque não irá matar um metamorfo. Somente
prata irá fazer isso. Eu voltei pra eles, enfiando o pente na arma enquanto me movia. Eu coloquei o outro pente no meu bolso, apesar de não caber direito e empurrei
o pente novo no lugar até encaixar.
Elizabeth finalmente começou a parecer preocupada quando eu estava uns dois carros de distância. Qualquer um provavelmente estaria correndo, mas bom senso não era
um dos pontos fortes de Elizabeth. Na verdade, eu tinha apontado a arma pra ela enquanto eu me aproximava calmamente, antes de ela dizer - Você não se atreveria.
Eu olhei para o cano da arma em sua direção e não senti nada. Era um grande espaço vazio dentro de mim - tremendamente calmo, pacífico. Mas no centro daquele tranqüilizador
vazio havia uma ponta de satisfação. Eu estive querendo fazer isso por um bom tempo.
Eu atirei nela duas vezes no peito, enquanto ela ainda me dizia que eu não atiraria nela. Ela foi pra trás, a coluna se arqueando, as mãos arranhando o chão, as
pernas chutando enquanto ela tentava respirar.
Todo mundo abriu um grande espaço em torno dela. Eu fiquei em pé na frente dela e a olhei enquanto ela tentava respirar e seu coração lutava para bater ao redor
do buraco que eu fiz. - Você continua dizendo que eu não posso matá-la como sua verdadeira Nimir-Ra, arrancando sua garganta fora ou te eviscerando. Talvez isso
irá mudar logo, mas até lá eu posso atirar em você e você irá estar igualmente morta.
Seus olhos giravam desesperadamente, enquanto seu corpo tentava lidar com o dano. Sangue se derramava de sua boca.
- Está vez não era prata. Mas falhe comigo novamente, Elizabeth, em qualquer forma pequena ou grande, falhe com qualquer membro desse bando, e eu irei matá-la.
Ela finalmente conseguiu ar o suficiente para falar. Ela cuspiu o sangue e as palavras. - Vaca, você nem... - mais sangue, - tem a coragem... - sangue escuro de
sua boca, - de atirar em mim de verdade.
Olhando pra ela eu percebi uma coisa que eu não tinha antes. Elizabeth queria que eu a matasse. Ela queria que eu a mandasse pro lugar que Gabriel estava. Ela provavelmente
não percebia que era isso o que ela queria, mas se isso não era um desejo de morrer, era próximo o bastante.
Ela deitava ali e se curava e me xingava e me dizia o quão fraca eu era. Eu atirei no peito novamente. Ela se contorcia e se sacudia e a poça de sangue apenas crescia
debaixo de seu corpo.
Eu deixei o pente de munição cair da arma em minhas mãos, coloquei no meu outro bolso e coloquei o meu pente principal de volta na arma. - Agora é prata, Elizabeth.
Algum outro comentário esperto? - Eu esperei até ela se curar o suficiente para responder. - Responda-me, Elizabeth.
Ela olhou pra mim e havia algo em seus olhos, algo que dizia que nós finalmente tínhamos nos entendido. Ela estava com medo de mim e às vezes isso é o melhor que
você pode fazer com as pessoas. Eu tentei gentileza, eu tentei amizade. Eu tentei respeito. Mas quando tudo não dá certo, medo fará o trabalho.
- Bom, Elizabeth, eu estou contente que nós nos entendemos. - Eu virei para os outros. Eles estavam pra mim como se tivesse brotado uma segunda cabeça - uma nojenta.
Micah segurava minhas roupas na minha direção e eu deslizei o coldre do ombro para tirá-lo e para colocar as roupas. Ninguém disse nada enquanto eu me vestia.
Quando eu já estava completamente vestida, eu disse - Podemos ir para a casa agora?
Caleb parecia positivamente doente. Micah parecia satisfeito. Assim como Merle, Gina e todos os meus leopardos.
- Não será permitido armas para você no lupanar, esta noite -, Merle disse.
- É pra isso que as facas servem -, eu disse.
Ele olhou pra mim como se ele não tivesse certeza se eu falava sério ou não.
- Sorria, Merle, ela irá se curar.
- Estou começando a concordar com que os homens-rato disseram.
- E o que seria?
- Que você era assustadora sozinha o suficiente sem ser Nimir-Ra.
- Isso não é nem de perto o quão assustadora eu posso ficar -, eu disse.
Ele levantou suas sobrancelhas para mim. - Verdade?
Foi Nathaniel quem disse, - Verdade. - Meus outros gatos o ecoaram, acenando.
- Então por que vocês não têm medo dela? -, Gina perguntou.
- Porque ela não tenta ser assustadora com a gente -, Zane disse. Ele olhou pra Elizabeth no chão, ainda incapaz de se mover. - É claro, talvez as regras tenham
mudado.
- Somente para pequenos leopardos malvados -, eu disse. - Vamos nos encontrar com os ratos e ir ver os lobos.
- E os cisnes -, Micah disse.
- Cisnes? - eu perguntei.
Ele sorriu. - Você continua fazendo conquistas, Anita, até mesmo quando você não pretende fazê-las. -. Ele ofereceu sua mão pra mim. Eu hesitei e então, devagar,
eu a peguei. Nossos dedos se entrelaçaram e nós andamos juntos, mão-a-mão pela rua e se sentia bom e certo, como se eu tivesse encontrado um pedaço de mim mesma
que estava faltando. Eu deixei Zane para trás pra ter certeza que Elizabeth não fosse atropelada por um carro. Iríamos mandar a Dr. Lillian pra ela. O resto dos
leopardos seguiram atrás de Micah e eu e pela primeira vez desde que eu herdei os gatos, eu senti como seu eu realmente era Nimir-Ra. E talvez, somente talvez, eu
não iria falhar com eles.
21
Rafael o rei rato tinha uma limusine preta. Ele nunca me pareceu do tipo que gosta de limusines, e eu disse isso. Ele disse: - Marcus e Raina costumavam mostrar
muito em um show como esse. Eu e meus ratos não estamos dispostos a fazer um espetáculo de nós mesmos, por isso a limo -.
- Ei, eu usei maquiagem -, eu disse. Isso o fez sorrir.
Nós estávamos andando na parte de trás da limusine, com um de seus homens rato dirigindo. Merle e Zane estavam na frente com o motorista. Merle, porque ele contestou
ficar entre pessoas que ele não conhecia, e Zane porque eu não confiava completamente em Merle ainda. Embora eu não tivesse ilusões sobre qual deles ganharia a luta,
se isso acontecesse. Richard tinha um homem lobo ou dois que eu teria apostado contra Merle, mas havia algo absolutamente assustador sobre a cabeça do guarda-costas
de Micah, - algo - que todos os meus leopardos não tinham. Não era crueldade, mas uma praticidade irrevogável. Você apenas sabia que Merle faria o que precisava
ser feito, sem hesitação, sem simpatia, apenas negócios. Quando é assim que você age consigo mesma, você começa a reconhecê-lo em outras pessoas, e então a observá-los
de perto.
Todos os líderes tinham que andar na parte de trás da limusine, o deixava com um ar de elitismo para mim, mas isso nos permitiu conversar, e ninguém mais parecia
ter um problema com isso. Eu não tinha certeza do por que me incomodou, mas o fez.
Rafael era alto, moreno, bonito e fortemente mexicano. Ele falou sem nenhum vestígio de sotaque, ou melhor, parecia que ele era do Missouri. Ele se sentou de frente
para nós. Sim, nós. Micah e eu nos sentamos de frente a ele. Nós não estávamos de mãos dadas. Nós não estávamos lançando olhares de desejo um ao outro. Na verdade,
estranhamente, uma vez que eu estava longe dos leopardos, eu estava desconfortável perto dele. Talvez fosse o meu desconforto habitual que sempre aparece após a
intimidade. Mas eu não tinha certeza, mas eu sentia a diferença. Ou talvez fosse quanto mais próximo estávamos de ver Richard, mais eu me perguntava o que diabos
eu estava fazendo. Eu iria realmente contar ao Richard que eu tinha tido um amante, outro metamorfo? Nós tínhamos terminado antes e ficados juntos novamente, mas
se Richard pensasse que eu tinha pego outro amante permanente, além de Jean-Claude, iríamos terminar. Eu não queria que terminasse, mas parte de mim não tinha certeza
de que o namoro com Richard era saudável para nenhum de nós. Nós não éramos muito bons um para o outro. O amor é assim às vezes.
Eu afastei os pensamentos sérios e olhei para o último membro da nossa festa. Reece Donovan era o novo rei cisne na cidade. Ele tinha cerca de um metro e oitenta
de altura, embora fosse difícil dizer exatamente enquanto ele estava sentado. A pele dele era uma mistura impecável de leite e creme que os cosméticos prometem quando
não se tem um bronzeado por um ano ou dois, mas Donovan era um verdadeiro negocio. Ele era mais branco do que eu, tão branco quanto Jean-Claude, mas havia um leve
rubor no rosto de Donovan, como blush aplicado perfeitamente. Você quase podia ver o sangue fluir por debaixo de sua pele, como se ela fosse quase translúcida. Ele
não parecia apenas vivo, mas muito vivo, como se ele estivesse quente ao toque.
Seus olhos eram de um pálido azul-acizentado que mudava com o seu temperamento como o céu de verão que não conseguia se decidir se queria que fosse um céu pacifico
com brancas nuvens fofas ou fazer cair uma tempestade na sua cabeça. Ele era bonito, em um corte limpo, como se ele deveria ter estado em um campus universitário
em algum lugar comprometendo-se a uma fraternidade e cervejas. Ao invés disso, ele estava indo conosco para uma reunião de homens lobo, onde ele seria a única presa.
Isso não soava como uma idéia boa para mim.
- Você salvou minhas cisnes, Sra. Blake. Você quase se matou ao fazer isso. Eu não podia arriscar em trazer as meninas, elas não são... -. Ele olhou para as mãos
unidas, em seguida, levantou aqueles olhos mutáveis para mim. - Elas são como o seu Nathaniel - vítimas -.
- Nathaniel está dirigindo meu Jeep com o resto do meu povo dentro dele. -, eu disse.
Reece assentiu. - Sim, mas a forma de sua besta é um predador. Minhas meninas não são. Se elas perdessem o controle e mudassem durante a reunião, elas seriam a comida.
- Eu concordo com você, Sr. Reece, mas a mesma lógica não se aplica a você?
- Eu sou um rei cisne, Sra. Blake, eu não vou mudar de forma a não ser que eu o deseje.
A não ser que eu o deseje. Eu nunca tinha ouvido alguém colocar exatamente dessa forma. Donovan Reece tinha um mal caso de arrogância. Eu não iria tentar convencê-lo
a mudar de idéia. Rafael tinha tentado antes de eu chegar. Micah nunca tentou. Ele tiinha sido muito bom em me deixar levar toda a conversa. Eu gosto disso em um
homem.
- Você pode lutar? - eu perguntei.
- Eu não vou ser um fardo, Sra. Blake, não se preocupe.
Eu estava preocupada, porque eu podia sentir o cheiro do sangue abaixo de sua pele. Eu quase poderia vê-lo fluir em sua carne. Ele cheirava a carne e sangue, e calor.
Ele cheirava a comida. Eu tinha estado perto de metamorfos que eram presas, mas eu nunca percebi que você poderia dizer pelo cheiro que não era um predador. Eu sabia
que pelo aroma suave de Reece que sua besta era algo macio e fácil de matar. Algo que iria lutar, mas não me machucar. Eu tive que engolir em seco, tentando retardar
meu pulso, mas não diminuía. Eu quis cair de joelhos na sua frente e cheirar a sua pele, esfregar meu rosto contra seus braços nus até as mangas curtas de sua camisa
me parassem. A camiseta branca aparecia no topo da camisa listrada de branco e azul. Eu queria rasgar a camisa, enviar os botões voando pelos ares, pegar uma faca
da bainha do meu pulso e cortar a camiseta, deixar nu seu peito e estômago. Mas não era o ardeur, não era sobre sexo que eu estava pensando. Eu queria ver sua barriga
nua, para sentir o tecido mole em minha boca, meus dentes, em morder...
Eu cobri os olhos com as mãos, e sacudi a minha cabeça. O que havia de errado comigo?
Micah tocou no meu braço, gentilmente. - Anita, o que está errado?
Eu baixei as mãos e olhei para ele. - Ele cheira a comida -.
Micah assentiu. - Sim -.
Eu balancei minha cabeça novamente. - Você não entende o que estou pensando. É... assustador. - Eu não podia dizer isso em voz alta. Eu queria me alimentar dele,
ou pelo menos afundar meus dentes em sua carne. Acho que eu poderia pular a alimentação, mas a vontade de marcar aquela pele impecável era tão forte que eu quase
não confiei em mim.
- Quando você me disse por que você marcou Nathaniel eu sabia que era a FOME. - Micah disse a última palavra como deveria ter sido, em letras maiúsculas. - Geralmente
leva alguns dias, ou semanas, antes de sua primeira lua cheia, para que a fome se torne um problema. Tudo bem ter pensamentos, imagens em sua cabeça sobre a alimentação.
É normal -.
- Normal. - Eu ri, mas era um som áspero. - O que eu estou pensando, não é nem perto do normal. - Novamente eu não podia me forçar a dizer em voz alta.
- O que você quer fazer com Reece? - perguntou Rafael.
Olhei através do banco para ele. Eu abri minha boca para dizer, então olhei para Reece e parei. - Não, é como contar uma fantasia sexual em frente ao desconhecido
com quem você fantasiava. Parece muito íntimo.
- É muito intimo -, Rafael disse.
Olhei de volta para ele, e seus olhos escuros prenderam meu olhar. - Se você disser ao Sr. Reece o que você está querendo fazer com ele, então talvez ele voe para
casa.
- Um rato também é uma presa -, Reece disse.
- Tudo o que for menor é uma presa -, Rafael disse, - mas os ratos são onívoros. Eles comem tudo o que cruzar seu caminho, incluindo seres humanos, se eles não podem
fugir. Um homem rato não é uma coisa pequena, Sr. Reece, somos grandes o suficiente para sermos os predadores que os nossos homônimos não podem ser. -.
Reece estava encarando a todos nós agora. Ele balançou a cabeça com raiva e se inclinou para frente e enfiou o pulso no meu rosto. - Dê uma boa cheirada, todos vocês
parecem gostar disso.
- Eu não faria isso, se eu fosse você -, Rafael disse.
- Escute a ele, Reece, - Micah disse.
Eu não disse nada, porque o cheiro da sua carne tão perto era inebriante. Era como se o perfume mais exótico em lençóis de seda, como pão fresco e alguns doces de
geléia espalhados sobre a carne. Eu não tinha palavras para isso, mas cheirava melhor do que qualquer coisa que eu já cheirei na minha vida.
Eu estava segurando seu pulso, apertando a pele fina contra meus lábios, antes que eu percebesse o que eu estava fazendo. A pele era tão macia, e eu podia sentir
o cheiro do sangue sob a fina camada de pele. Eu queria fazer mais do que sentir o cheiro. Eu queria prová-lo, sentir sua carne sob os meus dentes, ter o sangue
quente jorrando na minha boca, para... Eu o empurrei para longe dele e rastejei para Micah, pelo assento até o canto mais longe do rei cisne que eu podia sem saltar
pela porta.
Deve ter havido algo no meu rosto, nos meus olhos que o assustou, porque seus olhos se arregalaram, a boca cheia abriu ligeiramente. - Meu Deus, seu controle é realmente
tão ruim assim.
Eu consegui dizer: - Desculpe. -.
- Você realmente quer se colocar no meio de centenas de nós? - Rafael perguntou.
- Eu não vou ser intimidado -, Reece disse. - Você não vai me machucar. De tudo que ouvi falar de Anita, e de você, Rafael, vocês são os caras bons. - Seu olhar
voltou ao Micah. - Dele, eu não sei, mas sei é que os cisnes nunca juraram sua fidelidade a ninguém. Nós éramos autônomos. O fato de que eu estou apoiando Anita
e seu bando irá significar algo para os lobos. Somos fracos como aliados de batalha, mas que qualquer outro animal diferente dos dela se aliar a ela e com seu bando
irá significar algo para o seu Ulfric -.
Eu me encolhi no canto mais distante do acento, os braços abraçando as pernas contra o peito, uma posição que realmente não deveria ser feita enquanto se está usando
um coldre de ombro. Mas eu estava literalmente me segurando, segurando meu controle e o meu corpo. Como eu iria passar à noite de hoje sem fazer algo embaraçoso,
ou mortal? Quanto pior o meu controle vai ficar?
- O ultimo rei cisne respondia a falecida lupa deles -, Rafael disse.
- Assim eu ouvi. Embora, tecnicamente, ele era um príncipe cisne, não um rei. Eu não sei o que ele devia a antiga lupa, mas eu acho que foi algo que se pudesse chantagear,
porque eu encontrei alguns Polaroids que o faria corar.
Eu tive que limpar minha garganta duas vezes antes que eu pudesse falar. - Kaspar se recusou a estar nos filmes pornográficos de Raina, mas o preço por isso foi
que ele ajudou na audição das pessoas para os filmes.
Reece olhou para mim. - Audição, o que você quer dizer? -.
Eu me encolhi e falei, mas eu estava falando por cima da pulsação da minha cabeça, o fluxo de sangue no meu corpo. Eu queria estar ao lado de Reece. Eu queria dar
uma mordida. Em vez disso, eu falei. - Kaspar podia mudar da forma de cisne para a de homem à vontade. Raina o usou para ver se os humanos se assustavam quando ele
mudava no meio do sexo -.
Eu senti a reação de Micah mesmo à distância. Reece pareceu horrorizado. - Você viu isso? -.
- Não, mas Raina teve grande prazer em me dizer sobre isso em detalhes. Ela tentou me fazer assistir a uma das suas audições, mas eu tinha coisas melhores para fazer.
- Ele fez isso por vontade própria? -. Reece perguntou.
- Não -, eu disse. - Definitivamente não era sua escolha. Ele parecia odiar isso.
- Nós vemos o fato de que podemos nos transformar à vontade como um grande dom. Somos um dos poucos metamorfos que podem fazer isso com facilidade.
- Seria porque o seu dom ou é uma maldição ou de nascimento, ao invés de uma doença? -.
- Nós pensamos que sim -, Ele disse.
- Kaspar estava sob uma maldição -, Eu disse.
- Você está se perguntando sobre mim? -.
Na verdade, eu estava assistindo a maneira como seu pomo de adão balançava enquanto ele falava, e imaginando o que sentiria ao colocar os dentes em sua garganta,
mas isso era um fato que provavelmente seria melhor guardar comigo mesma. Eu continuei falando, mas acho que tanto Micah quanto Rafael, souberam o quão irregular
estava meu controle. Eu me abracei e continuei falando, porque o silêncio se preenchia de imagens horríveis, desejos terríveis.
- Sim, eu estou me perguntando -, Eu disse.
- Eu nasci um rei cisne.
- Você nasceu um rei cisne, e não um homem cisne. Isso quer dizer que você é homem? Cisnes metamorfos é utilizado somente para as mulheres?
Ele olhou para mim, estudando meu rosto. - Eu nasci para ser rei deles. Eu sou o primeiro rei em mais de um século.
- Todo mundo é escolhido para liderar, ou luta pelo direito, mas você o faz soar como uma monarquia hereditária -, Eu disse.
- E é, mas não é a linhagem sanguínea que faz a diferença, apesar de um cisne metamorfo estar em sua família ou não. Mas eu não herdei o título.
- Então como você sabia? -. Eu perguntei.
Seus olhos tinham ficado escuros, cinza escuro, como nuvens de tempestade. - A resposta para isso é algo íntimo.
- Me desculpe, eu não sabia.
- Eu vou te dar a resposta que você procura, se você responder a uma questão bastante delicada para mim.
Olhamos uns para os outros. Minha frequência cardíaca estava quase normal novamente. Eu podia olhar para ele sem sentir o cheiro do sangue sob a pele. Falar, escutar,
fazer as coisas um tanto normais tinha ajudado. Eu era uma pessoa, com fala e funções superiores, e não um animal. Eu poderia fazer isso. Realmente. Eu sai da minha
pequena bola, lentamente.
- Pergunte e eu vou deixar você saber. - Eu disse.
- Você matou Kaspar Gunderson, o ultimo rei cisne? -.
Eu pisquei para ele. Isso foi inesperado. A surpresa enorme fez a minha pulsação acelerar num minuto. - Não, não, eu não.
- Você sabe quem foi?
Eu pisquei para ele novamente. Gostaria de saber se eu poderia mentir e se ele seria capaz de dizer, ou não. Eu finalmente me prendi à verdade. - Sim.
- Quem? -.
Eu balancei minha cabeça. - Essa eu não vou responder.
- Por que não? -.
- Porque eu mesma teria matado Kaspar se ele não tivesse fugido.
- Sei que ele foi responsável por várias mortes, e que ele tentou te matar e a alguns de seus amigos -, Reece disse.
- Foi um pouco mais diabólico do que isso -, eu disse. - Ele estava pegando dinheiro de caçadores e fornecendo-lhes os metamorfos -.
Reece assentiu. - Ele também fez os cisnes sob seus cuidados de vítimas. Penso que o que ele e a antiga lupa compartilhavam sadismo sexual.
- É por isso que suas garotas, como você colocou, estavam no clube com Nathaniel.
- Sim, eu não brinco esses tipos de jogos, e elas aprenderam a desejar por isso.
Eu assenti. - Compreendo -, eu disse.
- Você respondeu às minhas perguntas sinceramente, não posso fazer menos. - Ele começou a desabotoar sua camisa.
Olhei para Micah, que encolheu os ombros. Olhei para Rafael, que balançou a cabeça. Legal que nenhum de nós sabia o porquê dele estar se despindo.
Ele deixou a camisa dobrada, mas começou a puxar a camiseta para fora da calça. Ele estava com sua barriga macia nua, e eu não estava cem por cento certa de que
meu controle estava bom para vê-lo. Meu pulso estava na minha garganta novamente. Uma vez que, aparentemente, nenhum dos homens ia perguntar, eu perguntei, - Por
que você está se despindo? -.
- Para mostrar que o símbolo do meu reinado -.
Olhei para ele. - Desculpe? -.
Reece franziu a testa para mim. - Não se preocupe, Sra. Blake, eu não estou prestes a atacá-la.
- Não estou preocupado com você me atacar, Reece, é que... -, mas eu nunca terminei, porque ele descobriu a branca, branca pele de seu estômago. No carro escuro
eu ainda podia ver o pulso logo atrás de seu umbigo. Infernos, eu poderia quase prová-lo na minha boca, como se eu já tivesse afundado os dentes na carne fresca,
como se eu já estivesse abrindo o meu caminho até as coisas mais vitais. Alguma coisa era estranha sobre o cabelo em seu peito. Era quase muito aprazível, muito
fino, muito delicado, correndo em uma linha branca delicada para baixo do centro do peito e se espalhando em um triângulo de cabeça para baixo em torno de seu umbigo,
em seguida, para dentro de suas calças.
Eu estava no assoalho rastejando na direção dele, e eu não lembro de chegar lá. Eu parei, pressionada contra as pernas de Micah. - Eu não me lembro de deixar o meu
assento. Estou perdendo o tempo.
Micah pôs as mãos nos meus ombros. - Isso acontece quando sua besta controla você, num primeiro momento. As primeiras luas cheias são quase completos apagões, até
que você pode começar a acessar as memórias, e isso dá trabalho -.
Reece tinha se recostado de volta no assento, meio - reclinando, e começou a abrir seu cinto.
De perto eu podia ver, ou pensei que eu vi o que estava errado com o pelo em seu peito e barriga. Eu tentei seguir em frente, mas Micah me segurou, apertando as
mãos em meus ombros. Eu estendi a minha mão e pude passar os dedos sobre a barriga de Reece. O leve toque dos meus dedos sobre sua pele fez parar de se preocupar
com o cinto, e olhar para mim.
Não era cabelo. - Penas -, eu disse, baixinho - como num pintinho, tão suave. - Eu queria correr minhas mãos sobre aquela textura surpreendente dele, rolar o meu
corpo através das penas e do calor de sua pele. Eu podia ouvir seu coração batendo no peito, e quando eu olhei para cima, encontrei o seu olhar. O pulso dele estava
em seu pescoço, como uma coisa presa, e eu podia provar seu medo. Esse único toque da minha mão, a sonhadora qualidade macia da minha voz tinha assustado ele.
Os braços de Micah se enrolaram no meu pescoço e ombros e me puxaram contra seu corpo com as pernas de cada lado. Ele se inclinou sobre mim, seu rosto colado no
meu, e disse: - Ssshhh, Anita, Ssshhh. - Mas era mais do que uma voz suave. Eu podia sentir a besta dele chamar a minha, como se tivesse rolado a mão pelo meu corpo,
mas mais que isso. E esse toque fez o meu corpo se apertar, ficar molhado. Trouxe o meu próprio pulso em minha garganta.
- O que você fez? -. Eu parecia sem fôlego.
- A fome pode ser ligada ao sexo -, Micah disse.
- Eu não ia para alimentar -, Eu disse.
- Sua pele ficou quente. Nossos corpos atingem o pico de temperatura antes de mudar, como um ser humano antes de um ataque.
Eu me virei, ainda em seus braços, semi-presa entre seus joelhos. - Você pensou que eu iria mudar?
- Geralmente leva semanas, ou pelo menos a primeira lua cheia, para a primeira mudança. Mas parece que você esta ganhando os problemas mais rapidamente do que o
normal. Se você mudasse pela primeira vez aqui, eu não acho que Rafael ou eu seriamos capazes de evitar que você destroçasse Reece -.
- A primeira mudança é muito violenta -, Rafael disse, - e até mesmo o banco traseiro de uma limusine não tem muito espaço para se esconder ou correr -.
Reece me olhou de apenas alguns centímetros de distância, segura pelos braços de Micah, pelo seu corpo, e eu sabia que não era romântico. Ele estava me segurando
no caso do sexo como distração não funcionar. - Ela tem sido Nimir-Ra por mais de um ano -, Reece disse.
- Mas ainda era humana, até recentemente -, Rafael disse.
Reece me encarou por um segundo ou dois, então disse: - Muito bem, eu tenho uma marca de nascença na forma de um cisne. Minha família sabia desde meu nascimento
o que eu deveria ser.
- Já ouvi falar desse tipo de coisas -, Micah disse, - mas eu pensei que isso era lenda. -.
Reece sacudiu a cabeça. - É realmente verdadeiro -. Ele sentou de volta no assento, colocando sua camisa de volta na sua frente de sua calça.
- Kaspar tinha penas, em vez de cabelo, em sua cabeça -, eu disse.
- Me disseram que, se eu viver tempo suficiente, isso gradualmente vai acontecer comigo -. Havia algo na voz dele que me disse que não estava ansioso com a perspectiva.
- Você não parece feliz -, eu disse.
Ele franziu o cenho para mim, reabotoando a camisa. - Você já foi humana uma vez, Sra. Blake, eu nunca fui humano. Eu nasci um rei cisne. Fui educado para tomar
o meu lugar como rei desde minhas primeiras lembranças. Você não tem idéia do que isso é. Insisti em ir para a faculdade, me formar, mas nunca pode aproveitar essa
formação, porque ir de um lugar para o outro para cuidar dos outros cisnes me mantém muito ocupado -.
Eu fiquei no círculo de corpo de Micah, mas a tensão estava indo embora, - Eu vi minha primeira alma quando eu tinha dez anos, e meu primeiro fantasma bem antes
disso, Reece. Aos treze anos eu acidentalmente levantei o meu cão que tinha morrido. Eu nunca fui humana, Reece, confie em mim sobre isso -.
- Você parece amarga sobre isso -, ele disse.
Eu assenti. - Ah, sim -.
- Ambos precisam aceitar quem e o que você são, ou farão você mesmos miseráveis -, Rafael disse.
Nós dois olhamos para ele, e eu não acho que qualquer olhar fosse amigável. - Me dê uma ou duas semanas para vir aos termos de como ser um gatinho -, eu disse.
- Eu não estou me referindo a você ser Nimir-Ra de verdade -, Rafael disse. - Desde o momento em que te conheci, Anita, você tem meio que odiado o que você é. Assim
como Richard tem corrido de sua besta, você tem fugido de seus próprios dons -.
- Eu não preciso de uma aula de filosofia, Rafael -.
- Eu acho que você precisa, e muito, mas vou deixar essa passar, se isso te incomoda muito.
- Nem tente comigo -, Reece disse. - Eu tenho tido pessoas me pregando a minha vida toda que eu sou abençoado e não amaldiçoado. Se a minha família inteira não pode
me convencer disso, você não tem nem por que tentar -.
Rafael deu de ombros, em seguida, se voltou de volta para mim. - Vamos escolher um tema diferente, porque estamos apenas a alguns minutos de distância do Lupanar,
e eu vi a besta de Micah - a sua energia - passar por você, e sua besta respondeu.
- Você viu isso? -. Eu perguntei.
Ele assentiu. - A energia dele é muito azul, e a sua é muito vermelha, e se misturaram -.
- Então você viu o quê, roxo? -. Eu disse.
Micah me abraçou um pouco mais apertado, um aviso que eu acho que era para não ser leviana, mas Rafael foi mais direto. - Sem piadas, Anita, se eu vi, Richard também
vai ver -.
- Ele é meu Nimir-Raj -, Eu disse.
- Você não entende, Anita. Micah disse que achava que as marcas de nascença na forma de sua besta era lenda. Bem, até agora, eu acreditava que falar de um par acasalado
perfeito era lenda. Como verdadeiro amor, apenas uma história romântica -. O rosto já sério de Rafael ficou ainda mais solene. - Você reconhece algum vínculo desde
o início, assim a história continua, mas só depois de ter sexo pela primeira vez que as suas bestas podem passar através dos corpos de um do outro. Somente a intimidade
física permitiria alguma intimidade metafísica.
Olhei para baixo, longe daqueles olhos duros e exigentes, mas finalmente me obriguei a para cima.
- O que você está perguntando Rafael?
- Não estou realmente perguntando, estou dizendo. Dizendo que eu sei que você teve sexo com Micah, e que, apesar de Richard ter terminado com você e declarado publicamente
que você e ele já não são um casal, ele não vai gostar.
Aquilo era uma atenuação. Eu me afastei de Micah, e ele me deixou ir, sem remanescentes. Eu me afastei e ele permitiu. Ponto pra ele. - Richard me largou, Rafael,
e não o contrário. Ele não tem nenhum direito de fica puto com o que eu faço.
- Se ele a chutou, então ela está livre para fazer o que ela quiser -, Reece disse. - O Ulfric tem apenas a ele mesmo para culpar -.
- Logicamente, você está certo, mas quando é que a lógica dita como um homem deve agir quando vê o amor de sua vida nos braços de outra pessoa? - A maneira amarga
como Rafael disse aquilo me fez olhar para ele, estudar seu rosto. Parecia que ele estava falando por experiência própria.
- Como um Ulfric para a minha Nimir-Ra, ele não tem nenhuma autoridade sobre mim.
- Essa noite vai ser muito perigosa, Anita. Você não precisa deixar o Richard com raiva.
- Eu não quero piorar as coisas. Deus sabe que elas estão ruins o suficiente como elas estão.
- Você está brava com ele por ter te chutado -, Rafael disse.
Eu comecei a dizer não, então percebi que ele poderia estar certo. - Talvez.
- Você quer machucar ele.
Eu comecei a dizer que não, depois parei e tentei pensar - realmente pensar - sobre como eu me sentia. Eu estava com raiva e machucada de que ele simplesmente pode
me deixar de lado. Tá certo, isso não tinha sido tão simples, mas mesmo assim... - Sim, eu estou ferida, e talvez uma parte minha queira punir o Richard por isso,
mas não apenas por me chutar. É toda a bagunça que ele fez na matilha. Ele colocou em perigo as pessoas com quem eu me preocupo, e ele está fazendo a sua merda habitual
de garoto escoteiro que nem sequer funciona bem no mundo humano, muito menos com um bando de homens lobo. Eu estou cansada, Rafael, eu estou cansada disso, e dele
-.
- Isso soa como se você fosse chutar ele se ele não tivesse feito isso antes.
- Eu voltei para fazer isso funcionar. Para ver se nós poderíamos fazer algum sentido em tudo isso. Mas ele tinha que desistir desse código moral que nunca funcionou
pra ele nem pra ninguém perto dele.
- Desistir de seu código moral é desistir de ser quem ele é.
Eu assenti. - Eu sei -. E apenas dizer isso fez me sentir pior. - Ele não pode mudar, continuando a ser quem ele é vai fazer com que ele acabe morto.
- E talvez você e Jean-Claude com ele -, Rafael disse.
- Todo mundo sabe dessa parte?
- É normal que se você matar o servo humano de um vampiro, o vampiro pode não sobreviver à morte. E se você matar um vampiro, seus servos humanos morrem ou enlouquecem.
A lógica diz que matando qualquer um você põe em risco os outros -.
Eu ainda não gosto que todos saibam que matando um de nós pode matar todos nós. Fica muito fácil para os assassinos. - O que você quer que eu diga, Rafael? Que Richard
e eu temos uma diferença fundamental da filosofia em quase todas as áreas importantes? Há mais de uma razão para não nos casarmos e vivermos o felizes para sempre.
E talvez ele vai ter que escolher entre a sobrevivência ou sua moral? Que eu tenho medo que ele quase prefira morrer por aqueles compromissos morais? Sim, eu estou
com medo. Vai matar um pedacinho dele me ver com Micah. Eu o pouparia disso se eu pudesse, mas eu não escolhi nada disso -.
- Você não tem culpa disso -, Rafael disse.
Eu suspirei. - Se eu não o tivesse deixado por seis meses talvez eu pudesse ter falado contra essa democracia com o bando. Talvez, se eu estivesse aqui, um monte
de coisas seriam diferentes, mas eu não estava aqui, e eu não posso mudar isso. Tudo o que posso fazer é tentar consertar o que quebrou -.
- Você acha que pode concertar isso, tudo isso? -, Rafael perguntou.
Eu dei de ombros. - Me pergunte novamente depois que eu conhecer Jacob e ver como Richard lida sendo Ulfric com todos eles. Eu preciso de uma sensação da dinâmica
antes de dizer se há como consertar.
- Como você vai consertar isso? - Micah perguntou.
Olhei para ele. - Se Jacob e alguns outros são o problema, então é consertável -.
- Matar aqueles que estão contra Richard não vai consertar as coisas, Anita -, Rafael disse. - A experiência com a democracia tem que acabar. Richard deve começar
a ser mais duro com aqueles que estão contra ele. Ele deve ser assustador para eles, ou haverá outro Jacob, e depois outro.
Eu assenti. - Você está pregando para o vigário aqui, Rafael.
- Se você não é namorada dele ou mesmo sua amante, então eu temo que a sua influência sobre o Richard será leve.
- Eu não tenho certeza de que tinha muita influência sobre ele quando estávamos namorando.
- Se você não o fizer ver a razão, então, eventualmente, Richard vai morrer e alguém, provavelmente Jacob, vai assumir o bando. A primeira coisa que qualquer bom
conquistador faz é matar aqueles mais próximos e fiéis ao líder do bando.
- Você acha que Jacob é tão prático assim? -, Eu perguntei.
- Sim -, Rafael disse.
- O que você quer que eu faça?
- Eu quero que você esconda o fato de que você e Micah são amantes.
Eu olhei para trás de mim, para Micah. Ele deu de ombros, o rosto calmo. - Eu disse que queria você em todos os termos que você desejasse, Anita. O que tenho de
fazer para convencê-la do que eu quis dizer?
Eu procurei em seu rosto, tentei encontrar algo falso, e não pude. Talvez ele fosse um bom mentiroso. Talvez eu estivesse sendo muito desconfiada. - Quando estávamos
com os leopardos, somente os leopardos, eu estava completamente confortável com você. Eu me senti bem... e por que não me sinto assim agora? -.
- Você está tendo dúvidas -, Reece disse.
- Não -, Rafael disse. Ele olhou para Micah, e os dois tiveram contato visual.
A competição de olhar duro foi tanta que eu tive que interromper. - É melhor um de você começar a falar -, eu disse.
Rafael inclinou a cabeça em direção à Micah, como se dissesse, vá em frente. Eu me virei para Micah. - Certo -, ele disse, e ele parecia estar escolhendo as palavras
com cuidado. Eu tinha quase certeza de que eu não ia gostar desta conversa. - Cada bando, cada grupo de metamorfos que é saudável, tem uma mente de grupo -.
- Você quer dizer, uma identidade de grupo? - Eu perguntei.
- Não exatamente. É mais... - ele franziu a testa. - É mais como um grupo que trabalhou magia por um tempo. Eles começam a ser partes de um todo quando se trata
de trabalho com magia ou cura. Juntos eles formam mais do que quando estão em suas formas separadas.
- Ok, mas o que é que têm a ver com o porquê eu me sentia mais confortável quando era só nós, os leopardos? -.
- Se você se sente diferente quando os leopardos estão por perto, então nós estamos formando uma mente do grupo. Geralmente leva meses para criar esse tipo de vínculo
entre metamorfos. Talvez seja apenas um vínculo com seus leopardos. A mudança que está vindo pode ter começado isso -.
- Mas você acha que é mais do que isso, não é? -.
Ele assentiu. - Eu acho que você está formando uma mente de grupo com o meu bando, na verdade, a decisão de juntar nossos bandos em um só já foi feita.
- Eu não decidi nada, ainda -.
- Não mesmo? - ele perguntou. Ele parecia tão razoável sentado lá, mãos entrelaçadas na frente dele, inclinando-se um pouco sobre mim. Tão concentrado.
- Olha, o sexo foi ótimo. Mas eu não estou pronta para acolher a ouça chinesa, você entende? - Havia um sentimento muito próximo do pânico na boca do meu estômago.
- Às vezes a besta escolhe para você -, Rafael disse.
Olhei para ele. - O que isso significa?
- Se você já é parte de uma mente de grupo com esse bando, então a besta escolheu por você, Anita. É mais íntimo do que ser seu amante, porque não é só apenas com
ele que você tem um compromisso -.
Eu olhei para ele com olhos arregalados. - Você está dizendo que eu vou me sentir responsável pela segurança e bem-estar de todos os seus leopardos, assim como se
fossemos meus?
Rafael assentiu. - Provavelmente.
Eu olhei para trás, para Micah. - E quanto a você? Você se sente responsável pelo meu povo?
Ele suspirou, e era pesado, nada feliz. - Eu não esperava formar uma ligação tão rapidamente. Eu nunca vi isso acontecer tão rápido -.
- E? -, Eu disse.
A boca dele se moveu, quase um sorriso. - E, se nós realmente formarmos uma mente de grupo, então sim, eu me sinto responsável pelo seu povo -.
- Você não parece feliz com isso.
- Nada pessoal, mas seus gatos são desequilibrados.
- E os seus são muito saudáveis -, eu disse, - Gina se parece com alguém que foi maltratada frequentemente.
Os olhos Micah se endureceram, e ele estudou meu rosto. - Ninguém falou com você. Eles não ousariam.
- Ninguém fofocou, Micah, mas eu pude ver isso nela, sentir o cheiro da derrota. Alguém esteve perto demais de destruí-la, e é recente, ou esta acontecendo. Ela
tem um namorado ruim?
Seu rosto se fechou. Ele não gostou que eu percebesse isso. - Algo parecido com isso. -. Mas o pulso dele tinha acelerado, e eu sabia que ele estava escondendo algo
de mim, algo que o assustou.
- O que você não está me dizendo, Micah?
Seu olhar passou de mim para Rafael muito rápido. - Será que ela vai ser capaz de ler o meu povo mais facilmente com o tempo?
- E você o dela -, Rafael disse.
- O povo dela é bastante fácil de ler agora -, ele disse.
Eu estava vendo o seu rosto. Ele estava controlando seu corpo, mantendo a tensão de fora, mas eu podia sentir o gosto de sua pulsação, e o medo. E também não era
um medo pequeno. O pensamento que eu poderia ler o seu povo tão bem quase o aterrorizou.
Eu coloquei minha mão em cima das suas fechadas, e ele ficou serio, com os olhos cautelosos. - Porque te assusta saber que eu puder ler que Gina estava sendo abusada?
Ele ficou tenso em minha mão e se afastou, delicadamente, mas ele definitivamente não queria que eu o tocasse. - Gina não gostaria que você soubesse -.
- Como Nimir-Raj dela, você não deveria a proteger de idiotas abusivos?
- Eu fiz o meu melhor por ela -, ele disse, mas pareceu na defensiva.
- Chutar a bunda do cara e proibi-la de vê-lo novamente. É um problema simples, não complique. Ou ela está apaixonada por ele?
Ele balançou a cabeça, os olhos para baixo, as mãos tão apertadas que a pele ficou branca. Sua voz saiu, mesmo assim, normal, mas uma terrível tensão passou por
suas mãos. - Não, ela não está apaixonada por ele.
- Então, qual é o problema?
- É mais complicado do que você jamais poderia imaginar. - Ele olhou para cima, e não havia raiva em seus olhos agora.
Eu comecei a me aproximar, para tocá-lo, então deixei minha mão cair. - Se nós realmente estamos formando um bando. Se eu realmente sou a Nimir-Ra dela, então ninguém
tem permissão de machucá-la. Ninguém machuca meu povo.
- Os lobos pegaram Gregory -, ele disse. A raiva ainda estava em seus olhos, às mãos trêmulas.
- E nós vamos pegá-lo de volta.
- Eu sei que você teve uma vida dura. Eu já ouvi algumas das histórias, mas você fala como se você fosse jovem e ingênua. Às vezes não importa o quão duro você tente,
você não pode salvar a todos.
Foi a minha vez de olhar para baixo. - Eu perdi pessoas. Falhei com elas, e eles se machucaram, e estão mortos. - Ergui os olhos para encontrar o seu olhar. - Mas
as pessoas que os feriram e os mataram, eles estão mortos também. Talvez eu não consiga manter todos seguros, mas eu sou muito boa em vingança.
- Mas o dano ainda acontece. Os mortos realmente não voltam a andar. Zumbis são apenas cadáveres, Anita. Eles não são as pessoas que você perdeu.
- Eu sei disso melhor do que você, Micah -.
Ele assentiu. Algumas das terríveis tensões tinham se esvaído, mas deixei os olhos com alguma dor antiga que ainda estava fresca.
- Eu fiz tudo o que puder pela Gina e pelos outros, e ainda não é o suficiente. Nunca será suficiente.
Eu toquei suas mãos, e desta vez ele me deixou segura-las. - Talvez juntos poderemos ser o suficiente para todos eles.
Ele estudou meu rosto. - Você realmente quis dizer isso, não é?
- Anita raramente diz alguma coisa que ela não quis dizer -, Rafael disse, - mas se eu fosse ela, eu ia perguntar primeiro quais são os problemas antes que eu prometesse
arrumá-los.
Eu tive que sorrir. - Eu estava prestes a perguntar, do que é que Gina e você têm tanto medo?
Ele virou suas mãos então ele estava segurando as minhas apertadas. Ele olhou nos meus olhos. O olhar não era amor, ou mesmo desejo, mas era sério. - Vamos salvar
o seu leopardo primeiro, então me pergunte novamente, e eu vou te dizer tudo isso.
O carro desacelerou e virou. Cantou pneus. Era o fim da estrada para a fazenda, que levava a floresta ao redor do Lupanar.
- Me fale algo agora, Micah. Preciso de alguma coisa aqui, agora.
Ele suspirou, olhou para suas mãos unidas, até então, lentamente, para satisfazer os meus olhos. - Uma vez nós fomos dominados por um homem muito mau. Ele ainda
nos quer, e eu estou procurando uma casa forte o suficiente para nos manter seguros.
- Por que vocês estão com medo de me dizer?
Seus olhos se arregalaram um pouco. - A maioria dos bandos não querem esse tipo de problema.
Eu sorri. - O problema é meu nome do meio.
Ele parecia um pouco confuso. Acho que eu era a única pessoa que gostava de citar filmes. - Eu não vou mandar vocês embora por causa de algum alfa imbecil. Me deixe
saber de onde o perigo está vindo, e eu vou lidar com isso.
- Eu gostaria de ter a sua confiança.
Havia um peso para seu olhar de tristeza, de uma perda horrível. Isso me fez tremer ao vê-lo, e ele soltou as minhas mãos, deslizando para longe de mim um pouco
antes que Merle abrisse a porta e ofereceu a mão. Ele não tomou a mão, mas ele deslizou para fora no escuro.
Reece o seguiu com um olhar para Rafael, como se o rei rato tivesse dito para sair e nos dar alguma privacidade. Eu me virei para Rafael. - Você tem algo a dizer?
- Cuidado com ele, Anita. Nenhum de nós o conhece, ou o seu povo -.
- Engraçado, eu estava pensando a mesma coisa.
- Mesmo que ele possa fazer a sua besta passar através de seu corpo?
Encontrei seus olhos escuros. - Talvez, especialmente por causa disso.
Rafael sorriu. - Eu já deveria saber que você não é uma pessoa a deixar suas afeições nublarem sua visão.
- Oh, ela pode ser encoberta, mas nunca por muito tempo.
- Você parece melancólica -, ele disse.
- Às vezes me pergunto como seria ser capaz de simplesmente se apaixonar e não pensar nos riscos em primeiro lugar.
- Se der certo, é a melhor coisa do mundo. Se não der certo, é como ter seu coração arrancado e picado em pedacinhos enquanto você assiste. Deixa um grande espaço
vazio que nunca cura realmente -.
Olhei para ele, incerta do que dizer, mas, finalmente, - Você soa como a voz da experiência -.
- Eu tenho uma ex-esposa e um filho. Eles vivem em um estado diferente, tão longe de mim quanto ela pode arrastá-lo.
- O que deu errado, se você não se importa de eu perguntar?
- Ela não era forte o suficiente para lidar com o que eu sou. Eu não escondi nada dela. Ela sabia de tudo antes de nos casarmos. Se eu não estivesse tão apaixonado
por ela, eu veria que ela era fraca. É o meu trabalho como rei saber quem é forte e quem não é. Mas ela me enganou, porque eu queria ser enganado. Eu sei disso agora.
Ela é o que é - não é culpa dela. Eu não posso nem mesmo lamentar que ela engravidasse imediatamente. Eu amo meu filho -.
- Você nunca o vê?
Ele balançou a cabeça. - Eu viajo para vê-lo duas vezes por ano e com visitas monitoradas. Ela faz isso com medo de mim.
Eu comecei a me aproximar, hesitei, então pensei, que diabos. Peguei sua mão, e ele me olhou assustado, e depois sorriu. - Eu sinto muito, Rafael, mais do que eu
posso dizer.
Ele apertou minha mão, em seguida, se voltou pra mim. - Só pensei que você deveria saber que cair cegamente de amor não é como todos os poemas e canções que fazem
parecer. Dói como o inferno.
- Eu me apaixonei assim uma vez -, eu disse.
Ele ergueu as sobrancelhas para mim. - Não desde que eu te conheci.
- Não, na faculdade. Eu estava noiva, pensei que era amor verdadeiro.
- O que aconteceu?
- A mãe dele descobriu que a minha mãe era mexicana, e ela não queria que a sua loira, de olhos azuis, árvore da família fosse contaminada -.
- Vocês ficaram noivos antes de conhecerem a sua família?
- Eles conheceram meu pai e sua segunda esposa, mas eles são ambos bons arianos, muito nórdicos. Minha madrasta não gostava de fotos de minha mãe pela casa, elas
estavam todas no meu quarto. Eu não estava escondendo, mas isso é quase como a minha sogra encarou. Engraçado, seu filho sabia. Ele sabia toda a história. Não importava
até que sua mãe ameaçou deserdá-lo.
- Agora eu que sinto muito.
- Sua história é mais lamentável.
- Isso não me faz sentir melhor -, ele disse, sorrindo.
Eu sorri de volta, mas nenhum de nós realmente parecia feliz. - O amor não é grande? -, Eu disse.
- Você pode responder à sua própria pergunta depois de ver Richard e Micah no Lupanar juntos.
Eu balancei minha cabeça. - Eu não amo Micah, não realmente, ainda não.
- Mas -, ele disse.
Eu suspirei. - Mas eu quase desejo que eu amasse. Seria menos doloroso ver Richard. Eu não sei como eu vou sentir hoje à noite vendo ele e sabendo que ele não é
mais meu.
- Provavelmente, da mesma maneira que ele vai se sentir quando te ver.
- Isso deveria me fazer sentir melhor?
- Não, é apenas a verdade. Não se esqueça que cortar você para fora de sua vida foi obrigado a ele. Ele ama você, Anita, para melhor ou para pior.
- Eu o amo, mas não vou deixá-lo matar Gregory. E eu não vou deixá-lo arriscar a vida de Sylvie. Eu não vou o deixar levar o bando até o limite e ruína por causa
de algum conjunto de regras idealistas que só ele está prestando atenção
- Se você matar Jacob e seus seguidores sem a permissão do Richard, ele pode enviar o bando atrás de você e seus leopardos. Se você não é lukoi, nem lupa, então
deixar que suas mortes sejam impunes faria com que ele parecesse tão fraco assim como se você deixasse Jacob matá-lo -.
- Então o que eu devo fazer?
- Eu não sei.
Merle enfiou a cabeça no carro. - Nós temos lobos aqui. Seus ratos estão segurando eles para trás, mas está ficando impacientes.
- Nós estamos indo -, disse Rafael. Ele olhou para mim. - Vamos?
Eu assenti. - Eu acho que seria bobo não sair do carro.
Ele deslizou para fora da borda do assento, em seguida, hesitou, oferecendo o braço dele para mim. Normalmente eu não teria tomado, mas hoje à noite nós estávamos
tentando um show de solidariedade e de estilo. Então eu saí do carro, de braço dado com o rei rato, como uma esposa troféu - exceto para as bainhas de pulso e as
duas facas escondidas na minha roupa. De alguma formam eu acho troféu usaria mais maquiagem e menos facas. Mas, hey, eu nunca conheci uma mulher-troféu, talvez eu
esteja errada. Talvez eles saibam o que eu sei, que o verdadeiro caminho para o coração de um homem é de seis polegadas de metal entre suas costelas. Às vezes, quatro
polegadas fariam o trabalho, mas para ter certeza, eu gostava de ter seis. Engraçado como objetos fálicos são sempre mais úteis quanto maiores eles são. Qualquer
um que me diga que o tamanho não importa tem visto muitas facas pequenas.
22
A clareira era enorme, mas não grande o suficiente. Os carros, caminhões e vans preenchiam a maior parte do terreno disponível, alguns estacionados tão sob as árvores
que as pinturas devem ter começado a riscar como o inferno. Não havia espaço para que todos os homens rato estacionassem e os carros encheram todo o caminho de cascalho,
fazendo dele apenas outro estacionamento. Algumas pessoas acabaram estacionando ao lado da estrada, ou como eles disseram enquanto se dirigiram para as árvores.
Rafael tinha trazido todos os seus ratos - cerca de duzentos deles. O tratado entre os ratos e os lobos dizia que o número deveria chegar a duzentos. Rafael havia
concordado que, em caso de algum problema, o bando de lobos, que era muito maior - seiscentos ou algo assim - iria em seu auxílio, se necessário. Sem perguntas.
Seus inimigos são meus inimigos, esse tipo de coisa. Ele me explicou nos últimos minutos isso e que significava que ele estava arriscando um grande negócio hoje.
Me fez sentir culpada. Me desejar ter encontrado uma forma de levar uma arma escondida no lupanar. Sinceramente, eu não tinha nem sequer tentado. Estava eu ficando
mais mole, confiante, ou apenas cansada?
A mulher mais alta que eu já vi veio para ficar ao lado de Rafael e ao meu. Tinha pelo menos um metro e oitenta e três, ombros largos, e tinha os músculos que apenas
muito levantamento de peso lhe dão. Ela estava vestindo um sutiã esportivo preto sobre o peito bronzeado e um par de jeans preto desbotado. Seus cabelos escuros
estavam num rabo de cavalo apertado, deixando o rosto limpo e com sem um toque de maquiagem nele.
- Esta é a Claudia. Ela vai ser um dos seus guarda-costas essa noite -, Rafael disse.
Abri a boca para protestar, mas ele me olhou em silêncio. Seu rosto tão sério. - Você tem os seus homens leopardo, mas apenas Micah tem guarda-costas. Não podemos
dar ao luxo de te perder, Anita, não por uma coisa estúpida como essa.
- Se eu não posso cuidar de mim, então quão boa é a minha ameaça?
- Richard terá seu Skoll e Hati. Eu tenho meus guardas. Micah tem os dele. Apenas você não tem escolta. Raina manteve os homens leopardo como um complemento para
os homens lobo. Eles nunca se tornaram um bando, não um real. Mesmo o bando de Micah adicionado ao seu, eles não formam um pessoal próprio para um bando funcional.
Você tem muitos submissos e poucos dominantes. Portanto, esta noite você vai ter Claudia e Igor.
Zane disse, - Nós podemos cuidar da Anita -.
- Não, não podemos -, Nathaniel disse.
Olhei para ele. Ele tocou no meu braço. - Aceite a ajuda, Anita, por favor.
- Nós podemos protegê-la -, Micah disse.
Merle concordou com ele.
- E se você tiver que escolher entre salvar Micah ou salvar Anita, qual você vai escolher? - Rafael perguntou.
Merle olhou para longe, mas Noah disse, - Micah -.
- Exatamente -.
- Será que seus ratos não vão se sentir divididos entre você e Anita como os meus leopardos estão? - Micah perguntou.
- Não, porque eu vou ter guarda-costas. Meu rodere, meu grupo, concorre com soldados aplicados e profissionais. Por que você acha que Raina e Marcus concordaram
com o tratado, quando Richard o trouxe a eles? Eles nunca teriam se aliado a nós se fossem mais forte do que apenas nos números.
- Eu não...
Ele realmente tocou a minha boca com o dedo. - Não, Anita. Quando isso acabar e você for realmente a Nimir-Ra, você vai precisar procurar seus próprios guarda-costas.
Até então, eu vou compartilhar.
Eu tirei a mão dele da minha boca. - Eu não acho que isso é necessário.
- Eu acho -, ele disse.
- Eu concordo -, Cherry disse.
Finalmente, Micah disse: - Concordo. - Merle e Noah deram um olhar engraçado, então trocaram olhares um com o outro.
- Eu não concordei com isso -, Eu disse...
Nathaniel se inclinou para mim, e disse: - Se você não concordar com isso, nós ainda estaremos em pé aqui daqui a uma hora.
Franzi as sobrancelhas para ele.
Ele sorriu e encolheu os ombros.
Eu me virei à guarda-costas em questão. Ela apenas olhou para mim, rosto impassível, como se isso não importasse para ela de uma maneira ou de outra. Um homem foi
para o seu lado. Ele tinha aproximadamente dois centímetros a menos que ela, mais amplo nos ombros, e tinha muitas tatuagens que por um segundo eu pensei que ele
estava vestindo uma camisa de manga comprida colorida. Sua blusa era pequena e estava sobre as ondas do seu peito. Calças jeans e botas de trabalho completavam sua
roupa. Ele era careca, com uma tatuagem de um dragão em volta de suas orelhas e na parte traseira de seu crânio. Mesmo pela luz das estrelas que você poderia ver
o desenho da tatoo era oriental e bem feito.
- Como vocês se sentem sobre colocar a sua vida em jogo por alguém que você acabou de conhecer?
- Você salvou a vida do nosso rei -, o homem disse. - Devemos-lhe uma vida.
- Mesmo que seja a sua -, eu disse.
- Sim -, ele disse.
Olhei para a mulher. - Você concorda com isso?
- Como Igor disse, nós lhe devemos uma.
Sempre me incomodava quando as pessoas estavam dispostas a colocar minha segurança em frente da delas. Eu não estava realmente confortável com o conceito de guarda-costas,
mas, que diabos? Eu ofereci minha mão. Eles trocaram olhares entre eles, então apertaram minha mão. Igor me tocou como se estivesse com medo de quebrar, e Claudia
tentou apertar forte o suficiente para me fazer gemer. Eu não o fiz. Eu sorri agradavelmente para ela, porque eu sabia que ela realmente não me machucaria. Ela só
queria ver se eu ia me contorcer. Meu sorriso agradável fez com que ela franzisse as sobrancelhas, mas ela largou da minha mão. Minha mão realmente doía um pouco,
e se meus poderes de cura não funcionassem, eu estaria roxa pela manhã. Merda.
Rafael se virou para alguns de seus ratos, dando instruções, me deixando sozinha com os dois guarda-costas. - É Igor seu nome verdadeiro? -, Eu perguntei.
- Apelido -, ele disse.
- Qual é seu nome de verdade?
Ele sorriu e balançou a cabeça.
- O que poderia ser pior do que Igor? -, Eu perguntei.
Seu sorriso virou irônico. - Você não gostaria de saber?
Isso me fez sorrir e um certo aperto em meu peito diminuiu. Você quase pensaria que eu estava aliviada por ter guarda-costas meus. Não, não eu. Eu não preciso de
guarda-costas porcaria nenhuma. Eu provavelmente não precisaria deles, mas músculo extra é como munição extra. Se você precisar dela, é bom ter, se você não precisar,
então você pode sempre devolver para a caixa.
A verdade era, eu me sentia mais protegida pelos meus leopardos do que por eles. Triste, mas verdadeiro. E eu não confiava inteiramente em Merle, ou em Noah, ou
mesmo em Micah. Ele estava escondendo coisas de mim, e eu não gosto disso. Algumas mulheres simplesmente nunca ficam satisfeitas.
Rafael se afastou entre seu povo, dando-lhes instruções com a voz suave. Micah subiu para perto de mim, com Merle e Noah à uma distância muito atenciosa. Olhei para
Micah e de repente não podia estar tão perto e não tocá-lo. Eu estendi minha mão para ele, seus olhos se arregalaram, mas a segurou. Sua mão deslizava sobre a minha
num jogo de troca de calor que quase me tirou o fôlego. Eu assisti uma reação similar no rosto dele. O que estava acontecendo? Eu tirei a minha mão da dele, e era
como puxá-la através de caramelo derretido, tão grudenta.
Eu olhei em volta e descobri que, com exceção de Cláudia e Igor, estávamos cercados por leopardos, os dele e os meus. No momento que eu encontrei os olhos de Nathaniel,
o poder sacudiu por mim. Eu me virei dele para Cherry, e seus olhos pálidos se arregalaram. O poder era tão grosso que era como tentar respirar algo líquido, como
se machucasse fazer o ar descer. O poder saltou entre mim e Zane, Vivian e Caleb, que estavam próximo do círculo. De Caleb, quem eu não gosto particularmente. Mas
logo que eu olhei seu rosto, o poder saltou entre nós tal como tinha acontecido com os outros.
Ele engasgou, a mão foi para o peito, como se ele tivesse sentido isso como um golpe. Sua voz saiu estrangulada. - O que você está fazendo?
- Ela está sendo uma Nimir-Ra -, Micah disse.
Eu me voltei para ele, mas na virada o olhar de Noah cruzou com o meu. O poder se estendia entre mim e esse estranho, e ele mostrou o medo em seu rosto. Eu estava
estranhamente calma, mas me senti bem, muito bem. Gina se aproximou de Merle, o que atraiu meu olhar. O poder passou por ela, de dentro dela. Estávamos todos como
num grande circuito de energia, compartilhando, fluindo, crescendo. Lágrimas caiam pelo rosto de Gina, ela chorava baixinho, agarrando o braço de Merle. Eu encontrei
seus olhos por último, como se eu devesse fazer isso e ele tentou se virar, mas não era uma questão de trocar olhares, era uma questão da minha atenção ir para ele.
O poder, meu poder, minha besta, observando-o.
O poder se forçou por meio dele, porque ele lutou. Ele tentou se proteger, mas ele não podia se defender disso. Não era que eu fosse forte o suficiente para forçá-lo.
Não tentei empurrar. Era mais como o poder o reconhecendo, e alguma coisa, talvez a sua besta, ressoou com o poder. Ele se virou lentamente para olhar para mim,
e o olhar em seu rosto era de dor. Não doeu, você se sentia aquecido e bem e assustado.
O poder cresceu, ficando mais e mais denso, até que encheu o ar que nos cercava.
Claudia disse: - Que diabos você está fazendo?
- Criando um vinculo -, Rafael disse, e ele chamou os dois homens rato para fora do nosso círculo. No instante em que eles sairam, o círculo se apertou, e foi como
a pressão de uma tempestade, meus ouvidos pareciam querer pular para fora, como se a pressão do ar mudasse.
Micah se moveu para ficar de frente para mim. Os outros formaram um círculo em torno de nós como se alguém tivesse coreografado. Olhamos uns para os outros e, em
seguida, esticamos nossas mãos para nos tocar. Foi difícil avançar, como se o ar tivesse ficado sólido e tivéssemos que abrir o nosso caminho. As pontas de nossos
dedos se tocaram, e as nossas mãos se uniram, rapidamente, facilmente, como um peixe passando através da água para o ar livre. Nós nos esparramamos em volta do outro,
nossos braços, nossos corpos se tocando completamente, como se pudéssemos entrar no corpo do outro, como se fosse uma porta aberta. Sua boca pairou sobre a minha,
e o poder estava lá, respirando, pulsando, quente contra meus lábios. Eu tentei ficar com medo. Tentei recuar, mas eu não queria. É como se uma parte de mim que
eu nem sabia existia estivesse no comando, e nenhum bom senso - ou dúvidas - poderia detê-la.
Não foi um beijo, foi uma fusão. O poder se derramou em uma onda escaldante de sua boca para a minha, da minha boca para a dele. Eu podia sentir os outros, como
linhas de calor passando como raios de uma roda, e Micah e eu éramos o centro dessa roda. O poder passou por entre nós, para trás e para frente, líquido, queimando,
crescendo, crescendo e derretendo. Derretia os limites, as fronteiras que nos mantinham separados como pessoas. Era como se o corpo de Micah e o meu fosse uma porta
e que nós pisássemos em ambas, mais próximo do que a carne podia tocar, mais perto do que o coração poderia bater, e eu senti sua besta e a minha deslizar através
de nós, a nossa volta, como se os dois grandes animais nos unissem como uma corda que passava pela nossa carne, nossa pele, nossas mentes. E as bestas queimaram
para fora, viajando por linhas de força que batiam em cada um dos outros. Eu senti isso como um sopro físico, e os senti cambalear quando nossas bestas entrelaçadas
passavam pelo circulo e acariciavam suas bestas em retorno. E as nossas bestas voltaram para casa em uma onda de calor, como estar no meio de uma fogueira, mas era
também uma corrida gloriosa, uma alegria que eu nunca havia sentido. Eu vi, com aquela onda de poder vislumbres de dentro dos outros.
Eu vi Gina amarrada a uma cama e um homem em cima dela, como uma sombra, algo mal que o poder não podia ver claramente, Merle coberto de feridas e sangue, encolhido
contra a parede, chorando; Caleb sozinho, coberto de sangue, com os olhos assombrado; Noah correndo por um corredor com gritos perseguindo ele, fazendo-o correr
mais rápido; Cherry deitada em uma pilha enorme de corpos quentes, além de Zane e Nathaniel e eu; a memória de Zane era de sentar na minha mesa da cozinha comendo,
rindo com Nathaniel, Vivian deitada nos braços de Stephen na cama deles; a memória do Nathaniel minha marcando suas costas, mas a sensação de paz que eu recebi dele
através da memória era mais forte do que a sensação de sexo, como se um grande peso fosse tirado dele, e eu vi Gregory preso pelos pulsos e tornozelos nas costas,
amordaçado, vendado, apavorado. Ele estava deitado e nu em uma cama de ossos. Eu sabia que isso não era uma memória, isto era o que estava acontecendo com Gregory
neste minuto. E eu podia vê-lo, sentir o seu terror, e eu ainda assim eu não sabia onde ele estava.
O poder rompeu sobre todos nós em uma onda de peles se esfregando, um teor de acariciamento de vigor, como se tivéssemos entrando em um quarto estranho e de repente
percebêssemos que tudo era familiar, cada canto da sala era uma chave para o nosso coração, e a palavra que passou por mim era casa.
Micah se afastou primeiro, tremendo. Eu estava chorando, e não lembro quando tinha começado. Eu ouvi outras pessoas chorando na escuridão, e eu olhei para além de
nós e descobri que não era apenas as nossas pessoas. Alguns dos homens rato estavam chorando, os rostos voltados para nós com algo parecido com admiração - ou medo
- em seus olhos.
Algo me fez olhar alem deles para a borda da floresta. Richard estava sem camisa, vestido com nada além de um jeans e qualquer sapato. A visão dele lá, pintado com
a luz das estrelas e das sombras, me fez prender o fôlego, não porque ele era lindo, ou porque eu o queria - o que sempre acontecia com Richard -, mas porque ele
parecia, de repente, pela primeira vez, selvagem. Não era a raiva dele que fez a diferença. Eu o vi na borda da floresta, do jeito que você viria inesperadamente
um animal selvagem escondido observando, como por exemplo, veados escondidos na penumbra, ou como algo grande e peludo que entra no seu campo de visão, e você sabe
que não era um cão e que era muito grande para ser uma raposa. Richard estava lá, e quando nossos olhos se encontraram isso enviou uma sacudida por mim desde o topo
da minha cabeça até as solas do meus pés, até além da terra em baixo de mim.
Do que quer que seja que Richard estivesse fazendo para ferrar com a estrutura de sua matilha, uma coisa que ele tinha feito certo, ele havia abraçado sua besta.
Você podia vê-la em cima dele como um casaco que finalmente colocou, algo que servia, feito sobre medida.
Marcus, o antigo Ulfric, sempre insistiu em vestir-se bem, assim com apenas um olhar você saberia que ele era rei. Richard estava lá sem roupa para diferenciá-lo,
mas ainda assim você sabia que ele era rei. O poder faz de você um soberano, e todos os mantos extravagantes do mundo não vão fazer o trabalho sem ele.
Nós nos encaramos pela clareira. Debaixo daquela aparência confortável do novo poder, o olhar em seu rosto fez o meu peito se apertar tanto que doía. Se eu pudesse
ter pensado em algo para dizer que pudesse ter feito as coisas serem menos doloridas eu teria dito, mas eu não conseguia pensar em nenhuma palavra que pudesse ajudar.
Jamil e Shang-Da apareceram em cada lado dele, e havia um olhar de raiva no rosto de Shang-Da. Raiva em mim, eu acho. Jamil olhou para Richard como se quisesse que
houvesse uma maneira para proteger Richard disso, tão bem quanto de balas e garras. Mas algumas coisas, mesmo um bom guarda-costas, não pode levar por você. Essa
era uma dessas coisas.
A voz de Richard veio profunda, alta, clara, inalterada pelo olhar em seu rosto. - Bem-vindo, Rei rato do Clã Dark Crown. Bem-vindos Nimir-Ra e Nimir-Raj do Clã
Blooddrinkers. Bem-vindos à terra do Clã Rokke Thronnos. Os leopardos nos mostraram esta noite o que realmente significa ser um clã, sejam eles um Bando, Lukoi ou
Rodere. Eles nos mostram o que todos nós nos esforçamos para ter - uma verdadeira fusão de todas as nossas partes em um todo -. Amargura preencheu a última parte
mas, no geral, foi um discurso lindo e mais sincero do que agradável.
- Agora, se juntem a nós em nosso lupanar, e vamos ver se vocês podem ganhar de volta o seu gato perdido. - Havia raiva em sua voz, e eu me perguntei se Gregory
estava prestes a pagar o preço da raiva Richard comigo.
Richard se virou e se misturou com as árvores com Shang-Da ao seu lado. Jamil poupou um olhar para trás para mim, então o seguiu.
Micah se inclinou e sussurrou: - Te devo várias desculpas. Sinto muito que seu Ulfric nos tenha visto desta maneira.
- Eu também -, eu disse.
- Eu disse que seus gatos eram desequilibrados e eu estava errado. Você fez uma casa para seus gatos, e os meus não têm onde se esconder.
- O que está errado com todos vocês? - Não era talvez a melhor forma diplomática de perguntar, mas deu certo.
- Essa é uma história muito longa.
Merle se inclinou até nós. Ele falou tão baixo que eu quase não podia ouvi-lo. - Tenha muito cuidado, por todos nós.
Eles tiveram contato visual muito sério. Eu disse: - O que está acontecendo?
Micah levantou minha mão e deu um breve beijo nas dobras dos dedos. - Vamos salvar o seu Gregory. Isso é a prioridade hoje a noite, certo?
Ele sorriu, tentando me encantar e me fazer parar de encará-lo. Olhei para ele até que o sorriso sumiu de seu rosto e ele soltou minha mão. - Sim, salvar Gregory
é a prioridade essa noite, mas eu quero saber o que está acontecendo.
- Um problema de cada vez -, Micah disse.
Eu estava começando a ter um pressentimento distinto de que se todos eles pudessem mentir para mim para sempre, eles mentiriam. Não era mentira, eles estavam escondendo
coisas de mim. Coisas que tinham a ver com sangue e dor, e não importava quão poderosos todos eles fossem, o Bando de Micah não era uma família, não ao todo. Estranho
era que, por mais desequilibrados que fossem os meus leopardos e eu, nós éramos uma familia. Mais do que Richard e seus lobos até. Richard estava tão ocupado lutando
suas batalhas morais e seus problemas na sua estrutura de poder que não houve tempo para remendar outras coisas.
- Me dê a versão resumida, Micah -, Eu disse.
- Gregory está esperando por você para resgatá-lo.
- Então me dê um par de frases, mas que sejam a verdade, Micah -.
- Micah -, Merle disse suavemente, mas com a força de sua voz. Era um aviso.
Olhei para o grande homem. - O que vocês estão escondendo, Merle?
Micah tocou meu braço, trouxe a minha atenção de volta para seu rosto. - Eu lhe disse que uma vez fomos dominados por um homem muito mau, que ainda nos quer. Eu
estou procurando um lugar forte o suficiente para nos manter seguros.
- Você está dizendo que esse cara vai procurar por vocês aqui em St. Louis?
- Sim -, ele disse.
- A maioria dos alfas aceitam a indireta - Eu disse.
Micah sacudiu a cabeça. - Este não. Ele nunca vai desistir de nós -. Ele segurou o meu braço. - Se você nos aceitar, você terá que lidar com ele, eventualmente.
- Ele é à prova de balas? -, eu perguntei.
A questão pareceu confundi-lo, porque ele franziu a testa. - Não, quero dizer, não, eu acho que não.
Dei de ombros. - Não é um problema então.
Ele olhou para mim. - O que você quer dizer? Que você vai apenas matá-lo?
Foi a minha vez de olhar para ele. - Existe alguma razão para não fazê-lo?
Ele quase sorriu, parou, então franziu a testa novamente. - Apenas matá-lo, só isso. - Era quase como se estivesse pensando de novo, como se isso nunca tivesse ocorrido
a ele.
Merle disse, - Ele é um homem difícil de matar -.
- A menos que ele seja mais rápido que uma bala de prata, Merle, ninguém é tão difícil de matar -.
Rafael veio lentamente através dos leopardos, Claudia e Igor atrás dele. - Nós todos estávamos pensando em seus leopardos como menos do que nós. O que eu vi me deixou
com inveja -.
- Eu sei como lobos funcionam -, Eu disse. - E eu sei que eles não têm um sentimento de lar. Primeiro Raina e Marcus os deixaram com medo uns dos outros, agora é
a moral de Richard que os faz lutar para se sentirem seguros. Mas você e os seus parecem bastante seguros. Quão diferente foi o que eu fiz com os meus leopardos
do que todos estão fazendo?
- Eu já me beneficiei da sua lealdade, sua teimosia pura. O que eu não tinha percebido até hoje é que você não me salvou só porque eu era seu amigo, ou apenas porque
era a coisa certa a fazer. Você não arriscou você e ao seu pessoal para salvar-me de ser torturado pelo bem moral que o Richard aprova tanto. Você me salvou porque
você não podia suportar a idéia de me deixar para trás -. Ele tocou meu rosto, muito suavemente. - Não é um senso de certo e errado, mas sim porque você é apenas
bondosa.
Eu olhei para ele. - Eu já fui chamada de um monte de coisas, menos disso -.
Ele me segurou sob o queixo, como se eu fosse uma criança. - Não esconda uma de suas melhores qualidades. Você ama o seu pessoal como uma mãe deve amar seus filhos.
Você quer o que é melhor para eles, mesmo que isso deixe você desconfortável, mesmo que você não goste das escolhas deles -.
Eu tive que desviar do olhar maravilhado no rosto dele, como se estivesse olhando para alguém que não poderia ser eu. - Você nunca foi a rainha leopardo deles fisicamente,
mas envergonhou a todos nós esta noite. Não é ver a sua proximidade com Micah que irá atormentar Richard, no entanto, não vai ajudar. É que você nos deu um vislumbre
do que todos nós estamos lutando para conseguir, para os nossos clãs. Richard acredita que a sua retidão moral vai levá-lo até onde seus leopardos já estão -.
Eu olhei para ele. - Meu bando não é uma democracia, e eu tenho muito mais do que apenas veto presidencial quando se trata de decisões -.
- Richard, provavelmente, sabe disso melhor do que ninguém, e isso vai amargurar ele, Anita. Vai fazê-lo duvidar de si.
Eu balancei minha cabeça. - Richard sempre duvida de si mesmo quando se trata dos lukoi. Ele nunca vai ter certeza sobre eles até que tenha certeza sobre quem e
o que ele é -.
- Primeiro eu tenho que aceitar o fato de que você é bondosa, agora eu tenho que aceitar o fato de que você é bem perspicaz. Eu sabia que você era poderosa, implacável,
e bonita, mas que você tem uma mente e um coração além disso tudo, vai levar tempo para me acostumar -.
- Será que todo mundo realmente pensa que eu sou apenas uma sociopata que por acaso tem habilidades mágicas?
- É tudo o que você deixa as pessoas verem -, Ele disse, - até agora -. Ele olhou em direção ao círculo de rostos ainda voltados para nós. Eu vi um tipo de fome
em seus rostos, e eu sabia que eles tinham sentido o que eu senti. Uma sensação de realmente pertencer, de estar em casa dentro do círculo - e não de tijolos ou
argamassa -, mas de carne, de mãos para apertar, de braços para segurar, sorrisos para compartilhar. Tão simples, tão raro.
Todos esses meses eu estive preocupada que eu tinha falhado com os meus leopardos. Eu achei que falhar significava eles morrerem, ou se machucarem. O que eu percebi
de repente foi que o verdadeiro fracasso teria sido se eu não tivesse dado à mínima. Você pode enfaixar uma ferida, um osso quebrado, mas não se importar... Você
não pode curar isso, e você não pode se recuperar disso.
23
O Lupanar era uma grande clareira de 91,44 metros por 137,16 metros. O terreno parecia ser plano, mas na verdade ficava em um grande vale entre as montanhas. Você
não podia notá-lo durante a noite, mas eu sabia que um pouco além das árvores que cercavam o outro lado do Lupanar ficavam morros íngremes. Eu tinha levado mais
de uma visita para descobrir o que havia além das árvores.
Agora toda a visão parava na extremidade da clareira. Tochas do tamanho de um homem se erguiam presas no solo em ambos os lados do trono de peDrª O trono era uma
cadeira enorme esculpida em pedra, tão velha, onde incontáveis gerações de Ulfrics tocado tinham desgastado a peDrª Provavelmente, o encosto e o assento do trono
também estavam assim, mas eles estavam cobertos por um tecido de seda roxo, o que era adequado a realeza. Havia algo muito primitivo sobre a cadeira de pedra enorme
e seu tecido derramado e colocado entre a luz dourada oscilante das tochas. Parecia um trono de algum rei bárbaro antigo, alguém que deveria usar peles de animais
e uma coroa de ferro.
Homens lobo, a maioria - mas não todos - em forma humana, estavam de pé ou agachados em um círculo enorme, pela qual passamos. Os homens lobo se espalharam atrás
de nós, como uma porta de carne se fechando. Os homens rato se espalharam atrás de nós e em ambos os lados, mas nós sabíamos que se isso resultasse numa briga, os
nossos números eram superados, e em desvantagem no terreno.
Rafael e dois homens rato enormes ficaram de um lado meu. Donovan Reece, o rei dos cisnes, ficou do outro lado. Rafael tinha gentilmente lhe dado um quarteto de
guarda-costas. Micah estava um pouco atrás de mim, e meus guarda-costas recém adquiridos estavam logo atrás. Nossos leopardos tinham se espalhado atrás de nós em
um nó irregular, como uma linha de defesa, antes do show principal que eram os homens rato.
Alguém tinha pendurado um pano nas árvores ao lado do trono. Um pano preto, como uma cortina, e bastou um movimento do vento para chamar minha atenção para ele.
Foi levantado para um lado, e Sylvie veio através dele, seguida por um homem alto, que eu não conhecia. O rosto dela estava menos refinado sem a maquiagem, menos
macio. Seus cabelos curtos enrolados cuidadosamente, mas bagunçados. Ela estava vestida com o primeiro par de jeans que eu já a vi usar, com top azul pálido e sapatos
de corrida brancos.
O homem alto era magro como os jogadores de basquete são - todo braços e pernas e músculos esguios. A maioria daqueles músculos magros se mostrou porque tudo que
ele usava era um par de shorts de jeans cortados. Mas ele, como Richard, não precisava se vestir com elegância. Ele se movia em um círculo de sua própria graça e
poder, como um tigre espreitando a vista. Exceto que não havia barras para se esconder atrás, e eu tive que deixar minha arma em casa.
Ele tinha cabelo escuro, curto e enrolado um pouco mais espesso do que o de Sylvie. Seu rosto era um daqueles que você não poderia decidir se era atraente ou simples.
Era feito de ossos fortes, linhas longas, lábios finos na boca grande. Eu quase decidi que ele era simples quando ele olhou para mim, e no momento em que vi aqueles
olhos escuros eu sabia que estava errada. Inteligência queimava ali, inteligência e emoções escuras. Ele deixou a raiva transpassar em seu rosto, e eu percebi a
força da sua própria personalidade que se fez tão notória que o tornou bonito, mas era o tipo de belo que nunca viria aparecer através de uma foto, porque precisava
de movimento, de sua vibrante energia para fazer funcionar.
Eu sabia sem ser dito que esse era Jacob, e eu sabia outra coisa. Nós estávamos em apuros.
Richard veio em seguida, e moveu-se em sua própria vibração derramando poder. Ele deslizou tão graciosamente, cheio de tanta fúria como Jacob, mas ainda faltava
alguma coisa, alguma vantagem que o outro tinha. Uma ponta de escuridão, talvez. Tudo o que eu sabia com certeza era de que Jacob era implacável. Eu quase podia
sentir o cheiro nele. E Richard, para melhor, ou pior, ainda não o tinha.
Eu suspirei. Eu pensei que se ele pudesse apenas uma vez abraçar o seu animal ele ficaria bem. Ele se sentou no trono com a fogueira brincando com a luz em seu cabelo
solto, transformando-a de cobre a ouro polido, as sombras do fogo brincando sobre os músculos do peito, ombros, braços. Ele parecia parte rei bárbaro, mas ainda
havia algo nele, algo... Terno. E se eu podia sentir isso, então Jacob também poderia.
Eu tive um daqueles momentos de clareza que vem às vezes. Não havia nada que qualquer um de nós poderia fazer para que Richard se tornasse verdadeiramente durão.
Ele pode ser quando com raiva, como ter tomado Gregory, mas não importa o que o mundo fizesse com ele, ainda haveria algo nele que hesitaria. Sua única esperança
de sobrevivência era se cercar de pessoas leais, que não hesitariam.
Jamil e Shang-Da estavam juntos ao lado do trono, não muito perto, mas não muito longe também. Shang-Da estava de volta em seu habitual e monocromática roupa de
negócios preta: calças pretas, camisa preta, paletó preto, e sapatos pretos engraxados. Ele sempre parecia muito GQ{6}, mesmo na floresta.
Jamil poderia vestir-se como o melhor deles, mas tentou estar apropriado a situação. Ele estava em um jeans que parecia recém passado e um top para musculação vermelho
que parecia esplêndido contra a escuridão de sua pele. Ele tinha mudado as contas que ficavam ao longo cabelo para vermelho e preto. As contas brilhavam suavemente
à luz das tochas, como se pudessem ser feitas de pedras semipreciosas.
Jamil pegou meu olhar. Ele não acenou exatamente, mas ele reconheceu-me com seus olhos. Shang-Da evitou o meu olhar, buscando na multidão, mas exatamente nunca me
olhando. Eu acho que, se Richard tivesse permitido, os dois teriam feito o que fosse necessário para garantir o seu trono. Mas eles estavam paralisados pelo Richard,
e o melhor que eles podiam fazer era trabalhar dentro de sua armadilha honrosa.
Sylvie e eu nos encaramos por alguns batimentos cardíacos. Eu tinha visto a sua coleção de ossos de seus inimigos. Ela os tirava periodicamente e cuidava deles.
Ela disse que era confortável correr as mãos sobre eles. Eu, pessoalmente, gostava de um bom bichinho de pelúcia e um café de alta qualidade, mas, hey, o que quer
que faça você se sentir melhor. Sylvie faria tudo o que precisava ser feito, se Richard apenas a deixasse.
E se eu ainda fosse a lupa, inferno, nós temos pessoas o bastante que eram implacáveis para fazer o trabalho, se Richard apenas saísse do nosso caminho. Nós estávamos
tão perto, e ao mesmo tempo tão longe. Era mais do que frustrante. Era como assistir um trem correr em direção a Richard, e todos nós estávamos gritando, - Saia
dos trilhos, saia dos trilhos! - Inferno, nós estávamos tentando arrastá-lo para fora dos trilhos, e ele estava lutando contra nós.
Se Jacob era o trem, então eu poderia matá-lo e Richard estaria seguro. Mas Rafael estava certo. Se não fosse Jacob, seria outra pessoa. Jacob não era o trem lutando
para destruir Richard. Era o próprio Richard.
Sua voz encheu a clareira. - Nós nos reunimos aqui hoje à noite para dizer adeus à nossa lupa e escolher outra.
Houve uma erupção de gritos e aplausos de cerca de metade da matilha. Mas dezenas de homens lobo ficaram em silêncio, observando. Isso não significa que eles estavam
do meu lado. Talvez eles fossem neutros, mas foi bom perceber quem não estava torcendo vibrantemente pela minha expulsão da matilha.
- Estamos aqui para o julgamento final daquele que prejudicou a nossa matilha tomando nossa lupa de nós.
Havia menos aplausos, menos gritos. Parecia que a votação para condenar Gregory tinha sido apertada. Isso me fez sentir melhor, não muito, mas um pouco. Embora se
Gregory morresse, eu acho que realmente não importava.
- Nós também estamos aqui para dar a Nimir-Ra dos leopardos a última chance para ter seu gato de volta.
Os gritos e aplausos ficaram em cerca de cinquenta por cento, mas a atmosfera geral era definitivamente mais fria. A matilha não estava perdida, e certamente não
estava inteiramente do lado de Jacob. Eu fiz uma pequena oração por orientação, porque este era um problema mais político, o que não era um dos meus fortes.
- É um negócio entre o lukoi e o bando. Porque é que os Rodere estão aqui, Rafael? - Richard perguntou. Ele falou como se ele não nos conhece, muito político, muito
distante.
- A Nimir-Ra salvou a minha vida uma vez. Os Rodere lhe devem uma grande dívida.
- Isso significa que o tratado entre nós não é de importância e sem fundo real?
- Eu fiz um tratado com você, Richard, e eu mantenho isso, porque eu sei que você é um homem que honra suas obrigações e lembra-se de seu dever para com seus aliados,
mas devo a Anita uma dívida pessoal, e a minha honra me compele a isso também.
- Se acontecer uma luta, com quem você vai lutar, nós ou os leopardos?
- Eu espero sinceramente que isso não seja necessário, mas eu vim com os leopardos, e vamos embora com eles, sob quaisquer circunstâncias que venham a ocorrer -.
- Você destruiu seu povo -, Jacob disse.
Richard se voltou para ele. - Eu sou o Ulfric aqui, Jacob, não você. Eu digo o que será destruído e o que não vai.
- Eu não pretendia ofender, Ulfric -. Mas sua voz fez das palavras uma mentira. - Eu queria dizer apenas que caso aja uma luta os ratos não conseguiriam nos derrotar.
Talvez o rei gostaria de rever com quem ele tem uma dívida de honra -.
- A dívida de honra existe quer você queria quer não -, Rafael disse. - Richard entende o que significa dever uma dívida de honra. É por isso que eu sei que Richard
vai honrar o nosso tratado. Eu não tenho essas garantias, quando trata de outros membros dessa matilha.
Aí, ele disse. Isso foi tão perto quanto dizer, Eu não confio em você, Jacob, que ele poderia falar. Um poço de silêncio se espalhou pela clareira, de modo que o
balançar das roupas, o deslocamento de um corpo peludo, de repente era alto.
Richard apertou as mãos sobre os braços do seu trono. Eu o assisti, porque ele estava se bloqueando tão fortemente de mim que eu não conseguia senti-lo, mas eu podia
ver, vê-lo pensar. - Você está dizendo que se eu não for mais o Ulfric, o tratado não será mais valido? -.
- Sim, é isso que eu estou dizendo.
Richard e Rafael se encararam por um longo tempo, então o mais fraco dos sorrisos apareceu nos lábios de Richard. - Eu não tenho planos de me demitir de Ulfric,
assim sendo o tratado deve ser seguro por um tempo, a menos que Jacob tenha outros planos.
Essa afirmação enviou uma onda de desconforto pelos homens lobo em espera. Você podia sentir isso, ver se propagar entre eles, como se eles cheirassem uma armadilha
de algum tipo.
Jacob pareceu surpreso, chocado. Ele era um perfeito desconhecido, mas eu via a confusão brincar com suas expressões, enquanto tentava pensar no que dizer. Se ele
dissesse que não tinha nenhum plano sobre o trono, seria perjúrio e os metamorfos eram um pouco sensíveis sobre coisas desse tipo.
Jacob teria que mentir ou declarar suas intenções, e ao olhar em seu rosto, disse claramente que ele não estava pronto para fazer isso.
Uma voz de mulher veio da direita, clara e ressoando como se ela tivesse tido aulas de palco. - Nó não estamos nos distraindo dos negócios em questão? Eu, por exemplo,
estou muito interessada na escolha da nova lupa -.
A mulher era alta, mas feita de todas as curvas, do modo voluptuoso que as estrelas de cinema nos anos cinquenta tinham sido. Ela parecia suave, feminina, mas ela
tinha um balanço ao deslizar sobre o chão, metade sexo e metade predatória, como se ela atraísse você para bancar a vítima, foder você até você gritar por misericórdia,
depois arrancar a sua cara fora.
Ela estava até usando um vestido, um que se agarrava a suas curvas e tinha um decote tão baixo que você sabia que ela tinha de estar usando um sutiã. Peitos desse
tamanho não ficavam tão altos sem alguma ajuda. Ela espreitava com os pés descalços, o seu cabelo vermelho profundo, estiloso e perfeito, caindo um pouco acima dos
ombros com um brilho polido.
- Nós vamos escolher a nova lupa -, Richard disse.
Ela caiu de joelhos na frente do trono arrumando o vestido em baixo das suas coxas, muito elegante, mas certificando-se de inclinar o suficiente para Richard olhar
diretamente para baixo no decote. Eu não gostava muito dela.
- Você não pode nos culpar por estarmos ansiosas, Ulfric. Uma de nós -, e ela hesitou, deixando claro que o - nós - foi por educação, - será escolhida lupa e se
tornará sua companheira, tudo em uma noite gloriosa -. Sua voz tinha caído para um murmúrio abafado, mas ainda alto o suficiente para ser ouvido.
Nope, não gostava dela. Eu não tinha direito de fica puta com Micah parado do meu lado. Lógica não tinha nada a ver com isso. Eu queria pegar um punhado daquele
cabelo tingido de vermelho e machucá-la. Foi só quando Micah tocou meu braço que eu percebi que eu vinha acariciando a faca guardada na bainha de pulso. Às vezes
eu toco minhas armas quando estou nervosa; às vezes meu corpo simplesmente revela os meus pensamentos. Forcei minhas mãos a ficarem calmas, mas eu ainda não estava
feliz.
- Volte com as outras candidatas, Paris -, Richard disse. Ele estava cuidadosamente não olhando para ela, como se ele estivesse com medo de fazê-lo. Isso não melhorou
as coisas, piorou.
Ela se inclinou para frente, colocando a mão em seu joelho. Ele pulou. - Você não pode nos culpar por estarmos ansiosas, Ulfric. Nós todas estivemos querendo você
por muito tempo.
O rosto de Richard franziu com a raiva. - Sylvie -, ele disse.
Sylvie sorriu, e era um sorriso de puro prazer maldoso. Ela agarrou o pulso de Paris e a arrastou, não muito delicadamente, a seus pés. Paris era uns dois centímetros
mais alta, mas o poder de Sylvie, sua besta, a fez parecer ter dez metros de altura.
- O Ulfric lhe disse para voltar e ficar com as outras candidatas. Faça isso. - Deu a Paris um pequeno empurrão para a multidão. A mulher tropeçou, mas recuperou
a compostura, alisando o vestido apertado sobre as coxas.
Sylvie havia se voltado para ir de volta a seu lugar ao lado de Richard, quando Paris disse: - Ouvi dizer que você gosta quando é bruto -.
Sylvie congelou, e eu não precisei ver o rosto dela para sentir a raiva instantânea que irradiava dela. Eu sabia, antes que girasse, lentamente, os músculos tensos,
seus olhos tinham ido para o âmbar do lobo. - O que você disse? -.
- Sylvie -, Richard disse, a voz suave. Não era uma ordem, era um pedido. Eu acho que se ele tivesse dado uma ordem, ela teria lutado, exigido algum tipo de satisfação.
Mas foi um pedido... Ela virou-se para Richard.
- Sim, Ulfric -.
- Tome o seu lugar, por favor.
Ela voltou a tomar seu lugar como Freki em seu lado direito. Mas a raiva ferveu em torno dela como o visível calor que sai de uma estrada no verão.
- Peço desculpas ao Rei Cisne, por não reconhecê-lo mais cedo, mas nós só nos reunimos uma vez.
- Sim -, Donovon Reece disse, - Eu me lembro.
- Bem-vindo ao nosso Lupanar. Gostaria de lhe dar uma passagem segura entre nós, mas eu tenho que saber por que está aqui antes que eu possa fazer isso.
- Estou aqui porque a Nimir-Ra resgatou minhas cisnes das pessoas que quase a mataram. Ela arriscou sua vida por eles. Estou aqui ao seu lado hoje à noite como um
aliado.
- Eu não posso conceder-lhe uma passagem segura, Donovan, porque se as coisas correrem mal, haverá uma luta. Se você é aliado da Anita, você estará no meio dela.
- Ela arriscou sua vida pelo meu povo, não posso fazer menos.
Richard balançou a cabeça, e vi passar um entendimento entre eles. Farinha do mesmo saco, por assim dizer.
- Ela salva cada metamorfo que ela encontra com problemas? -, Jacob perguntou, e ele fez em tom de escárnio.
Richard começou a dizer alguma coisa, e Sylvie deu um passo à frente, tocando seu braço. Ele deu um aceno de cabeça pequeno, e a deixou falar. - Quantos de nós Anita
salvou da tortura ou da morte? -. Ela levantou a mão.
Jamil saiu do lado do trono e levantou a sua própria. Todos os meus leopardos levantaram suas mãos, como uma pequena floresta de gratidão. Rafael levantou a mão.
Eu finalmente avistei Louie, o tenente de Rafael, e namorado da Ronnie. Ele deu um pequeno aceno para mim e ergueu a própria mão.
Richard se levantou e levantou a mão. Havia outras mãos aqui e ali. Então Irving Griswold, repórter - e homem lobo - deu um passo à frente. Seus óculos refletiam
a luz do fogo, assim ele parecia cego. Parecia um alto querubim um pouco calvo e com olhos de fogo.
- O que teria acontecido se a Anita não tivesse salvado Sylvie da tortura do Conselho de vampiro? Sylvie é forte, mas e se ela tivesse se quebrado? Ela é dominante
o suficiente para chamar a maioria de nós, para nos forçar a nos entregar ao Conselho Vampiro -. Irving levantou a mão. - Ela salvou a todos nós.
Mãos subiram entre os homens lobo, até que quase a metade deles estava com a mão para cima. Isso fez minha garganta apertar, os olhos queimarem. Eu não ia chorar,
mas se alguém me abraçasse, eu não podia ter certeza disso.
Louie deu um passo à frente, pequeno, escuro e bonito, com seu cabelo preto curto.
- Rafael é um rei forte, tão forte que, se o conselho vampiro o tivesse quebrado, nenhum de nós poderia ter recusado o convite. Estaríamos todos à mercê deles. Vocês
todos viram o que fizeram com ele e quanto tempo ele levou para se curar. Anita salvou todos os rodere nesta cidade -.
Os ratos levantaram as mãos - todos eles.
Sylvie disse: - Olhem a sua volta, vocês realmente querem perder Anita como a nossa lupa? A maioria de vocês se lembra de como era com Raina. Vocês querem voltar
para aquilo?
- Ela não é lukoi -, Jacob disse.
Alguns outros disseram a mesma coisa, mas não muitos. - Se sua única objeção a ela é que não é um lobo -, Sylvie disse, - então isso é uma péssima desculpa para
perder a Anita -.
- Perder ela -, Jacob disse, - esta é a primeira vez que eu a vejo. Eu estou com essa matilha a cinco meses e esta é a primeira vez que eu coloquei os olhos em sua
lupa preciosa. Não podemos perder uma coisa que nunca tivemos -.
Houve um grande apoio para isso, um monte de uivos, gritos de sim, aplaudido mesmo. Eu não podia culpá-los por essa. Eu dei um passo à frente, movendo-me até que
eu estava sozinha entre os meus aliados e ao trono. Fez-se silêncio ao redor da clareira, até podia ouvir as tochas crepitando.
Richard olhou para mim. Eu podia encontrar seus olhos agora. Eu fiz a minha voz cuidadosa quando eu disse: - Jacob está certo -.
Sylvie olhou assustada. Jacob também. E havia um movimento atrás de mim com pessoas assustadas. - Eu não tenho sido muito lupa para o Clã Rokke Thronnos, mas eu
não sabia que eu deveria ser. Eu era apenas namorada do Ulfric. Eu tinha as mãos cheias com os leopardos, e eu confiava em Richard para cuidar dos lobos. Os leopardos
não tinham ninguém além de mim -. Eu me virei e enfrentei a multidão. - Eu era humana, não me encaixava como lupa ou Nimir-Ra -. O murmúrio da multidão era mais
alto desta vez.
- Eu não sei se todos vocês ouviram, mas houve um acidente na luta que salvou as cisnes. Eu posso vir a ser Nimir-Ra de verdade em poucas semanas. Nós não sabemos
ao certo, mas parece provável -.
Ficaram em silêncio agora, me olhando, os olhos humanos, olhos de lobos, de ratos, de leopardos, mas cada rosto mostrava inteligência, queimando em concentração.
- Não há nada que eu possa fazer sobre isso. Vamos ter de esperar para ver, mas meu leopardo não me machucou de propósito. Eu dou a minha palavra de honra sobre
isso. Me disseram que Gregory é acusado de matar a lupa de vocês -. Levantei minhas mãos acima do meu corpo. - Eu estou aqui, viva e bem. Se vocês me perderem como
a lupa de vocês, não será porque Gregory me tirou de vocês, será porque vocês escolheram me deixar ir. Se é isso que vocês querem, tudo bem. Eu não posso culpá-los.
Até hoje, até poucos minutos atrás, eu não achei que eu estava fazendo um trabalho muito bom como Nimir-Ra, e muito menos tentando ser a lupa humana. Agora, eu acho
que talvez eu estava errada. Talvez se eu tivesse ficado mais por perto, as coisas teriam sido melhores. Fiz o que achava certo no momento. Se vocês não me querem
como lupa, é o direito de vocês, mas não punam um companheiro metamorfo por um acidente que aconteceu durante uma briga em que ele me salvou de ter meu coração arrancado
do meu peito -.
- Um bonito discurso, - disse Jacob, - mas nós já votamos, e seu leopardo tem que pagar o preço, a menos que você seja metamorfa o suficiente para ganhar ele de
volta.
Eu olhei para trás, não para Jacob, mas para Richard. - Richard, por favor.
Ele balançou a cabeça. - Eu não posso desfazer o voto, Anita. Eu faria se eu pudesse. - Ele parecia cansado.
Eu suspirei. - Ótimo, como faço para ganhar Gregory de volta?
- Ela precisa deixar de ser a lupa, antes que ela possa ser a Nimir-Ra -. Isso veio de Paris, que, embora de volta ao meio da multidão, ainda conseguiu fazer sua
voz ressoar através da clareira.
- Eu pensei que vocês votaram para que eu de deixasse de ser a lupa -, eu disse.
- Eles votaram -, Richard disse, - mas para ser oficial por nossas leis, há uma cerimônia que irá cortar seus laços conosco -.
- É uma cerimônia longa? - eu perguntei.
- Pode ser -, ele disse.
- Deixe-me resgatar Gregory, em primeiro lugar, então eu vou fazer qualquer cerimônia lukoi que vocês querem que eu faça.
- Você tem o direito de se recusar a se demitir -, Sylvie disse.
Olhei para Richard.
- Você tem esse direito. - Seu rosto, sua voz, eram neutros quando ele disse. Eu não poderia dizer se estava feliz ou triste com a idéia.
- O que acontece se eu recusar?
- Você tem que defender o seu direito de ser a lupa, seja por combate mano a mano com qualquer dominante que quer o trabalho... - e ele parou ali.
Sylvie olhou para ele, mas foi Jacob que terminou. - Ou você pode provar que você é lupa suficiente para manter o emprego através da unção do trono -.
Eu olhei para ele e deu de ombros. - Unção do trono - o que significa isso?
- Você fode o Ulfric no trono na frente de todos nós.
Eu já estava balançando a cabeça. - De alguma forma eu não acho que Richard ou eu somos a favor de sexo em público.
- É um pouco mais complicado do que isso -, Richard disse. Ele olhou para mim e havia muito em seus olhos - a raiva, a dor - que machucava sustentar seu olhar.
- Apenas sexo não é suficiente. Teríamos que ter uma conexão mística entre os nossos animais -. Ele estava quieto, e eu pensei que ele tinha terminado, mas ele não
tinha. - Como você tem com seu Nimir-Raj -.
Olhamos uns para os outros. Eu não conseguia pensar em nada bom para dizer, mas eu tinha que dizer alguma coisa. - Eu sinto muito. - Minha voz saiu suave, quase
triste.
- Não se desculpe -, ele disse.
- Por que não?
- Não é culpa sua, é minha.
Isso me fez arregalar os meus olhos para ele. - Como assim?
- Eu deveria ter sabido que você teria esse tipo de vínculo com o seu companheiro. Você é mais poderosa como um ser humano do que a maioria das lupas de verdade.
Eu olhei para ele. - O que você está dizendo, Richard? Que você gostaria de ter me feito uma de vocês enquanto você tinha a chance? -.
Ele baixou os olhos como se ele não pudesse suportar que eu visse sua expressão mais. Eu me aproximei perto o suficiente para tocá-lo, perto o suficiente para que
sua energia vibrasse como uma marcha de insetos sobre minha pele. Isso me fez estremecer. Mas eu senti algo mais, algo que eu nunca tinha sentido antes, não com
Richard.
Meu animal se derramou sobre a minha pele e chegou como um gatinho brincalhão para golpear o poder de Richard. As energias brilhavam uma contra a outra, e eu quase
podia ver o jogo de cores na minha cabeça, como pedra e aço, sendo golpeados um contra o outro, exceto que isso tinha muitas cores.
Eu ouvi Richard recuperar o fôlego, seus olhos estavam muito abertos. Sua voz saiu rouca, quase estrangulada. - Você fez isso de propósito? -.
Eu balancei minha cabeça. Eu não confiava em mim para falar. As faíscas tinham se acalmado, e era como se eu estivesse encostado em uma parede sólida de poder, o
dele e o meu, como se eu pudesse ter encostado na energia e só ela nos impedia de nos tocarmos. Eu finalmente encontrei a minha voz, mas era um sussurro. - O que
está acontecendo? -.
- A união das marcas, eu acho -, ele disse, a voz quase tão suave.
Eu queria tanto alcançá-lo através desse poder e tocá-lo, para ver se os animais iriam rolar através uns aos outros como eles fizeram comigo e Micah. Eu sabia que
era bobagem, ele era o lobo, e, aparentemente, eu era um leopardo, então os nossos animais não reconheceriam. Mas eu amei Richard por muito tempo, e nós estávamos
ligados um ao outro pelas marcas de Jean-Claude, e eu carregava um pedaço de seu animal dentro de mim. Eu precisava saber. Eu precisava saber se eu poderia ter com
Richard que eu tinha com Micah.
Minha mão se moveu pelo poder, e foi como colocá-la numa tomada elétrica. A energia era tão forte, mordiscava ao longo da minha pele. Eu estava chegando ao ombro
dele, um lugar neutro e agradável para tocar alguém, quando ele saiu pelo lado do trono e de repente estava em pé ao lado dele. Ele se moveu tão rápido que eu não
pude seguir com os meus olhos. Eu tinha visto o início do movimento e o final, mas o meio - eu pisquei e perdi.
- Não, Anita, - ele disse, - não, se nós não podemos nunca mais nos tocar outra vez, eu não quero sentir sua besta. Nós podemos não ser o mesmo animal, mas será
mais do que qualquer coisa que já tivemos entre nós. Eu não posso suportar -.
Eu deixei minha mão cair ao meu lado e dei um passo para trás distante o suficiente do trono para ele recuperar o seu lugar. Eu não ia me desculpar novamente, mas
eu queria. Eu queria chorar por nós dois, ou gritar. Eu sei que o universo tem um senso de ironia e, às vezes você se lembra o quão sádico ele pode ser.
Eu iria finalmente a aceitar a metade peluda dele, porque eu teria a minha própria. Eu poderia ser a quase perfeita amante de Richard, finalmente, e nós nunca poderíamos
nos tocar outra vez.
24
Richard estava sentado em seu trono de novo, e eu estava de pé longe o suficiente dele para que se sentisse seguro. Rafael, Micah e Reece tinham se movimentado para
o meu lado, um meio-círculo dos reis às minhas costas. Isso deveria ter feito eu me sentir segura. Não fez. Eu estava cansada, tão terrivelmente cansada, tão terrivelmente
triste. Mesmo com Micah às minhas costas, eu não conseguia parar de olhar para Richard, não conseguia parar de pensar, - e se -. Ah, eu sabia, eu nunca teria deixado
ele me transformar em um lobo de propósito, mas uma pequena parte de mim se perguntava. Mas eu disse para a pequena parte calar a boca, e eu comecei a negociar.
- Eu quero que Gregory volte a salvo. Como eu faço isso de acordo com a lei Lukoi?
Richard respondeu: - Jacob -. Essa única palavra soava tão cansada como eu me sentia.
Jacob deu um passo a frente, obviamente satisfeito consigo mesmo. - Seu leopardo está aqui na nossa terra, e nós não fizemos nada para esconder a trilha de seu cheiro.
Se conseguir rastreá-lo você pode levar ele para casa.
Eu levantei minhas sobrancelhas para ele. - Eu tenho que seguir uma trilha de cheiro como um cão? -.
- Se você fosse um verdadeiro metamorfo, você poderia fazer isso -, disse Jacob.
- Este não é um teste justo -, disse Rafael. - Ela não teve sua primeira mudança. A maioria dos nossos poderes secundários não aparecem até depois da nossa primeira
lua cheia.
- Não tem que ser através do cheiro -, Richard disse, - mas deve ser algo que só um metamorfo poderia fazer. Algo que só um trocador poderoso o suficiente para ser
verdadeiramente Nimir-Ra, ou lupa, poderia fazer. - Ele estava olhando para mim quando ele disse isso, e havia algo em seus olhos, algo que ele estava tentando me
dizer.
- Isso não soa muito justo também -, disse Micah.
Richard continuou olhando para mim, querendo que eu entendesse. Eu não sei por que ele não apenas abaixou seus escudos e me deixou ver a sua mente.
Quase que como Richard tivesse lido minha mente, ele disse: - Nenhum homem-lobo ou homem-rato ou homem-leopardo, ninguém pode te ajudar a encontrar seu leopardo.
Se alguém interferir de alguma forma, então o teste é inválido, e ele vai morrer. -.
- Mesmo que essa ajuda é metafísica? - Eu perguntei.
Richard assentiu. - Mesmo se -.
Olhei para ele, estudei seu rosto, e franzi a testa. Eu finalmente balancei a cabeça. Eu tive uma visão de onde Gregory estava, e em que circunstâncias, mas não
me deu nenhuma verdadeira pista. Tudo o que eu realmente precisava fazer era pedir para alguém onde estava um buraco com ossos no fundo. Mas eu não podia perguntar
para ninguém aqui. Então eu tive uma idéia
- Posso usar minhas próprias habilidades metafísicas para me ajudar?
Richard assentiu.
Eu olhei para Jacob, porque eu sabia que a oposição viria dele, se viesse de alguém. - Eu não acho que sua necromancia vai ajudá-la a localizar o Leopardo -.
Na verdade, poderia. Se os ossos em que Gregory estava deitado estivesse na maior área de sepultamento, então eu poderia ser capaz de rastrear os ossos e encontrá-lo.
Ou eu poderia passar a noite inteira correndo atrás de pilhas de animais enterrados ou antigas sepulturas indígenas. Eu tinha uma maneira mais rápida, talvez não
melhor, mas mais rápido.
Sentei-me no chão, estilo indiano, descansando as mãos levemente em meus joelhos.
- O que você está fazendo? - Jacob perguntou.
- Eu vou chamar o Munin, - eu disse.
Ele riu, um som alto de zombaria. - Ah, isso vai ser interessante.
Fechei os olhos, e eu abri a parte de mim que lidavam com os mortos. Eu ouvi Marianne e seus amigos descrevê-lo a ser como abrir uma porta, mas é tão parte de mim
que é mais como abrir a mão, como abrir algo no meu corpo que é tão natural como estender a mão pela mesa para pegar o sal. Isso pode soar como uma descrição terrivelmente
mundana de algo místico, mas as coisas verdadeiramente místicas são uma parte da vida quotidiana. Está sempre lá, nós só escolhemos ignorar.
O Munin são os espíritos dos mortos, colocados em uma espécie de banco de memória racial que pode ser acessado por lukoi que têm a capacidade de falar com eles.
É uma habilidade rara, que eu saiba ninguém no bando do Richard poderia fazer. Mas eu podia. O Munin é apenas um outro tipo de morte, e eu sou boa com os mortos.
No Tennessee, o Munin do bando do Verne e da Marianne chegava rapidamente e ansiosamente - muito perto de ser fantasmas real, se aglomerando em torno de mim, ansioso
para falar. Eu pratiquei até que eu pude escolher quem iria se juntar comigo e ser capaz de se comunicar. Era perto o suficiente de canalização ou mediunidade, que
Marianne sugeriu que eu provavelmente poderia fazer isso com os fantasmas normais, se eu quisesse. Eu não queria. Eu não gostava de partilhar o meu corpo com outro
ser, vivo ou morto. Me assustava, sim assustava.
Esperei para sentir a pressão do Munin crescendo em torno de mim, como um baralho de cartas fantasmagórica que eu poderia embaralhar e escolher a carta que eu queria.
Nada aconteceu. O Munin não veio. Ou melhor, a aglomeração de Munin não veio. Havia sempre um Munin que vinha quando eu chamava, e às vezes quando eu não chamava.
Raina era o único Munin do bando do Richard que sempre viajava comigo. Mesmo no Tennessee, cercado por Munins de uma linha diferente de clãs, Raina ainda estava
lá. Marianne disse que Raina e eu tinha um vínculo etéreo, embora ela não sabia ao certo porquê. Eu tinha conseguido chamar Munin de centenas de anos de idade, e
Raina, a recém-morta, vinha com muito mais facilidade. Mas Marcus, o Ulfric anterior, manteve-se evasivo. Eu pensei que com o meu controle recém encontrado eu seria
capaz de chamá-lo, mas não era apenas o Marcus que não estava lá, não havia ninguém. A clareira estava vazia de espíritos. Não deveria estar. Este era o local onde
eles consumiam seus mortos, cada membro do bando comia a carne para obter as memórias e coragem, ou defeitos, dos mortos recentes. Eles podem optar por não se alimentar,
mas era como a excomunhão total. Raina tinha sido uma má pessoa, e às vezes eu me perguntava o que exatamente você tinha que fazer para ser excomungado do lukoi.
Raina tinha sido tão má que eu deveria deixar ela ir, mas ela era poderosa. Talvez por isso ela ainda estivesse por perto.
Apesar de estar por perto implica ser como os fantasmas do bando de Verne, e ela não era. Ela estava dentro de mim, como se ela fluísse dentro do meu corpo, e não
como se entrasse nele. Marianne ainda não conseguia explicar por que funcionava dessa maneira para a Raina e eu. Algumas coisas você simplesmente aceita e aprende
a contornar, porque fazer qualquer outra coisa é a bater sua cabeça contra uma parede de tijolo, a parede não vai quebrar primeiro.
Raina me encheu como uma mão dentro de uma luva, e eu era a luva. Mas eu trabalhei muito tempo para ser capaz de controlá-la. Nós trabalhamos em volta de um acordo.
Eu usava as suas memórias e poderes, e eu a deixava ter algum divertimento. O problema era que Raina tinha sido uma ninfomaníaca sexualmente sádica quando viva,
e a morte não havia mudado muito ela.
Eu abri meus olhos e senti seu sorriso curvar meus lábios, senti meu rosto assumir a sua expressão. Eu levantei com os meus pés graciosamente, e até mesmo meu caminhar
estava diferente. Uma vez que eu odiei isso, agora eu aceitava como o preço de fazer negócios.
Ela riu, enchendo a garganta, o tipo de risada que faz um homem olhar em um bar. Seu riso era mais profundo do que o meu, contralto, um som de sedução praticado.
Richard ficou pálido, mãos segurando nos braços de seu trono. - Anita? - ele fez disso uma pergunta.
- Tente outra vez, meu lobo de mel -.
Ele se encolheu pelo apelido. A forma de lobo Richard é uma cor de gengibre, como o mel vermelho, embora eu nunca tinha pensado nisso assim antes. Confie em Raina
pensar em algo denso e pegajoso, quando ela olha para um homem.
Suas palavras saíram da minha boca. - Não seja uma cadela, quando você me chamar para ajudar. -.
Concordei, e era a minha voz que explicou para o olhar franzido e confuso de Richard. - Eu estava pensando em algo menos do que generoso sobre ela. Ela não gostou
-.
Jacob caminhou em minha direção e parou quando eu olhei para ele com a expressão de Raina.
- Você não pode ter chamado Munin. Você não é lukoi -.
Estranho, mas nem sequer me ocorreu que sendo um leopardo poderia significar que eu não poderia chamar o Munin. Poderia explicar por que os outros Munin não tinham
vindo quando eu chamei. - Você disse que minha necromancia não iria me ajudar, Jacob, não pode ter as duas coisas. Ou eu estou lukoi o suficiente para chamar o Munin,
ou eu sou necromante o suficiente para me ajudar -.
Nós - Raina e eu - espreitávamos em direção o homem alto, sem camisa. Raina gostava dele. Raina gostava da maioria dos homens. Especialmente se o homem era alguém
com quem ela nunca tinha feito sexo, e entre o bando havia sido uma lista pequena. Mas Jacob e mais de vinte outros eram novos. Ela olhou para o bando e tirou as
caras novas. Ela hesitou sobre Paris e não gostou dela também. Você não pode ter cadelas alfa demais em uma matilha sem que elas lutem entre si.
Senti-me algo que eu não tinha sentido antes de Raina - cautela. Ela não gostava de quantas pessoas novas Richard permitiu entrar na matilha em um espaço tão curto
de tempo. Isso a preocupava. Eu percebi pela primeira vez que não tinha sido apenas o amor que fez Marcus colocar ela como lupa. Ela era poderosa, mas mais que isso,
à sua maneira deturpada, ela se preocupava com o bando, e ela e eu estávamos em perfeito acordo sobre uma coisa: Richard tinha sido descuidado com ele. Mas nós duas
sentíamos que poderíamos consertar isso. Era quase assustador que a cadela bruxa do oeste e eu estávamos em perfeita concordância. Ou eu tinha sido corrompida, ou
Raina nunca tinha sido tão corrupta quanto eu pensava. Eu não tinha certeza qual idéia me incomodava mais.
Claro, ela achava que nós deveríamos seduzir Richard para nos deixar matar um grupo seleto de pessoas, e eu ainda estava esperando que um motivo um pouco menos doce
fosse prevalecer. Raina pensou que eu era uma idiota, e eu não tinha certeza de que eu não concordava com ela. Assustador e assustador.
- Anita -. Richard disse meu nome de novo, hesitante, como se ele não tivesse certeza de que eu estava lá.
Eu virei, uma mão indo para o meu cabelo, lançando-o para atrás do meu rosto. Foi um gesto de Raina, e eu vi que esse movimento uma vez, não só Richard, mas Sylvie
e Jamil atrás dela, nervosos. Não, assustados.
Eu podia sentir o cheiro do medo. A risada de Raina borbulhou da minha boca, porque ela gostou disso. Eu não. Eu nunca gostei quando meus amigos estavam com medo
de mim. Meus inimigos, tudo bem, mas não meus amigos.
- Estou aqui, Richard, eu estou aqui.
Ele me encarou. - A última vez que vi você chamar o Munin da Raina, você não foi capaz de pensar por a si mesma com ela dentro de você.
- Eu realmente não te deixei todos esses meses apenas porque eu estava com medo de como íntimos estávamos. Eu saí para entender minhas merdas, e uma parte disso
foi aprender a controlar o Munin.
Raina disse, - Me controlar? Só pro que você quer. - Ela não tinha dito isso em voz alta, só na minha cabeça. Levou muito tempo para eu perceber que algumas coisas
foram ditas em voz alta e algumas coisas não foram. Isso é confuso, mas você se acostuma.
Eu disse em voz alta o que eu tinha visto na visão. - Eu vi Gregory em um buraco, nú, amarrado, deitado sobre um leito de ossos. Onde é isso? -.
Raina me mostrou em imagens. Foi como mostrar as imagens em fast-forward*, mas as imagens vieram com as emoções, batendo contra mim, um após o outro. Eu vi uma tampa
de metal aparafusada com um minúsculo dutos de ventilação em cima, que deixavam entrar luz suficiente para você ver, se o sol estivesse alto o suficiente. Havia
uma escada de corda que se derramava para baixo no escuro e era levantado quando não era necessário. Eu era Raina ajoelhada em uma cama de ossos, um crânio humano
perto do meu joelho. Eu tinha uma seringa e injetei o seu conteúdo em um homem moreno, que estava acorrentado como o Gregory, dos tornozelos aos pulsos.
Ele estava amordaçado e vendado. Quando a agulha entrou, ele gemeu e começou a chorar. As drogas eram para não deixar ele mudar.
Eu o girei para o lado e vi que um fragmento de osso tinha cortado a sua virilha nua. Eu debrucei para o cheiro de sangue fresco, carne fresca, e o absolutamente
inebriante cheiro de medo que saiu do homem. Não é homem, é lukoi. Eu arranhei o meu caminho para fora da memória antes Raina pressionasse nossos lábios sobre ele.
Eu empurrei longe de mim, mas eu ainda podia sentir o medo, as drogas suando para fora em sua pele, o cheiro de sabão de onde Raina tinha o limpado, diariamente,
antes que o abuso começasse. Eu sabia que seu nome havia sido Todd, e ele falou com um repórter sobre o lukoi, ajudou ele a se esconder com uma câmera em uma lua
cheia, por dinheiro. Talvez ele merecesse morrer, mas não assim. Ninguém merecia morrer assim.
Eu voltei a mim deitada no chão em frente ao trono, lágrimas secando no meu rosto. Jamil e Shang-Da estavam entre mim e à multidão que havia se movimentado para
me ajudar. Claudia e Igor estavam encarando a eles, e Rafael tinha Micah pelo braço, tentando convencê-lo a não lutar para chegar até mim. Merle e Noah estavam se
movendo para se juntar com Cláudia e Igor. Isso tudo estava prestes a virar o inferno.
Me apoiei nos meus braço, e esse pequeno movimento congelou todos em seus lugares. Minha voz saiu rouca, mas a minha. - Eu estou bem. Eu estou bem.
Não sei se eles acreditaram em mim, mas o nível de tensão começou a cair quase que imediatamente.
Bom, eu tive bastante problemas esta noite um sem um estouro grátis.
Eu olhei para Richard, e tudo que eu podia sentir era raiva. - É assim que você vai matar Gregory, simplesmente deixá-lo na masmorra até que ele apodreça? - Minha
voz saiu suave, porque se eu perdesse o controle dela, eu não tinha certeza quantos outros controles eu perderia. Eu conhecia a Raina. Ela não tinha ido embora.
Ela iria querer a - recompensa - primeiro. Ela tinha feito seu trabalho. Eu sabia onde Gregory estava. Eu até sabia como chegar lá. Ela merecia seu prêmio. Não ousei
perder o controle de mim com ela a espera como um tubarão debaixo da água.
- Eu disse a eles para colocar Gregory em algum lugar longe de mim. Eu não disse para colocar ele lá.
Eu me levantei lentamente, até os meus movimentos corporais controlados, os músculos quase duros com adrenalina e a necessidade de descarregar para fora. - Mas você
o deixou lá. Quem tem descido e bombeado as drogas para não deixá-lo mudar? Você não tem mais a Raina para fazer o trabalho sujo. Quem era? QUEM É ELE! - Gritei
em seu rosto, e a raiva era tudo que ela precisava. Ela derramou de mim, e o último controle que eu tinha deve ter se afogado, porque eu queria machucar Richard.
Eu queria fazer isso.
Eu bati nele, de punho fechado, girando meu corpo para ele, torcendo a minha mão no final, colocando tudo que eu tinha nele. Eu fiz o que eles nos ensinaram a fazer
nas aulas de artes marciais quando a luta fosse de verdade. Eu não mirei no rosto de Richard, mas em um ponto dentro de dois centímetros de seu rosto, que era o
objetivo real.
Eu estava de volta a uma postura de proteção antes de Jamil e Shang-Da tivessem tempo de reagir. Eu os senti avançar para mim e senti os outros avançarem também.
A coisa principal que eu estava tentando evitar de acontecer, e fui eu que comecei. Raina estava rindo na minha cabeça, rindo de todos nós.
25
Richard estava inclinado sobre o braço do trono, cabelo cobrindo o rosto, quando Sylvie me agarrou. Eu não lutei contra ela. Seus dedos cravados em meu braço, e
eu sabia que eu estaria machucada pela manhã. Ou talvez não. Talvez eu me curaria. Jacob estava assistindo tudo surpreso e satisfeito.
Olhei para trás e encontrei os guarda-costas lutando. Os leopardos e os ratos estavam se espalhando, os lobos começam a se fechar em torno deles. Abri a boca para
gritar algo, mas a voz de Richard cresceu sobre a clareira.
- Basta! - Uma palavra que congelou todos nós, e nós viramos com os rostos chocados para ele. Ele estava de pé em frente seu trono, o sangue respingado sobre um
ombro e em seu peito. Um dos lados de sua boca estava uma ruína em vermelho. Eu nunca tinha sido capaz de fazer esse tipo de dano antes.
Ele cuspiu sangue e disse: - Eu não estou machucado. Alguns de vocês aqui estiveram dentro da masmorra. Vocês sabem o que era quando Raina ainda estava viva. Vocês
podem culpar a Nimir-Ra de me odiar por colocar seu leopardo lá?
Você podia sentir a tensão começar a aliviar enquanto os lobos recuavam. Richard teve que ordenar para Jamil e Shang-Da recuarem, e eles e Claudia e Igor empurraram
se, como se as intimidações não mostrasse quem era mais forte. Eu não tinha percebido que Claudia era cerca de seis centímetros mais alto do que Jamil, até que se
afastaram um do outro e ele teve de olhar para ela com reflexos dentro dos olhos dela.
Sylvie sussurrou em meu ouvido: - Você está bem?
Eu olhei para Richard. Ele ainda estava sangrando. - Além de vergonha, sim. -.
Ela me soltou, lentamente, como se não estivesse certa de ser seguro me deixar livre. Ela pairava perto de mim, entre mim e Richard, até ele sinalizar para ela voltar.
Ele ficou na minha frente, e nós nos encaramos. O sangue ainda escorria de sua boca. - Você arrumou um soco dos infernos agora -, disse ele.
Concordei. - Se você tivesse sido humano, o que eu teria feito com você?
- Quebrado minha mandíbula, ou talvez meu pescoço.
- Eu não tive a intenção de fazer isso -, Eu disse.
- Seu Nimir-Raj lhe ensinará a julgar sua força. Você poderia parar de ir às suas aulas de artes marciais por um tempo, até compreender como funciona o seu corpo
agora.
- Bom conselho -, Disse eu.
Ele colocou a mão na boca, e ela saiu brilhante com sangue. Eu tive um subto desejo de pegar a mão e lamber o sangue dela. Eu queria escalar o seu corpo e pressionar
minha boca nele e beber. A imagem foi tão vívida que eu tive que fechar os olhos, assim eu não podia mais vê-lo, meio nu, sangrando, como se isso me ajudasse a não
quer ele. Não ajudou. Eu podia cheirar a pele dele, o cheiro dele, e o sangue fresco, como a cereja de um bolo que eu não podia ter.
- Vá buscar o seu leopardo, Anita.
Eu abri meus olhos e olhei para ele. - A masmorra foi uma das coisas que você lutou contra Marcus. Você disse que era desumano. Eu não entendo como você pode usá-la.
- Ele estava lá por quase um dia antes de eu perguntar onde tinham o colocado. Isso foi minha culpa. -.
- Mas de quem foi à idéia de colocar ele lá? - eu perguntei.
Richard olhou para Jacob. O olhar disse tudo.
Eu andei até o homem alto. - Você nunca me ligou de volta, Jacob.
- Você tem seu leopardo de volta, então porque isso importa?
- Se você tocar em alguém do meu povo de novo, eu vou matar você.
- Você vai apostar os gatinhos contra nosso bando?
Eu balancei minha cabeça. - Não, Jacob, isso é pessoal, entre eu e você. Eu conheço as regras. Eu faço disso um desafio pessoal entre eu e você, o que significa
que ninguém pode te ajudar.
- Ou a você -, disse ele. Ele olhou para mim tentando usar sua altura para me intimidar. Não funcionou. Eu estava acostumada a ser baixa. Eu dei para ele um olhar
morto até que o sorriso em seu rosto vacilou e ele deu um passo para trás, o que o irritou. Mas ele não voltou o passo. Jacob poderia ser capaz de matar Richard
em uma luta justa para o domínio, mas ele nunca seria um verdadeiro Ulfric.
Eu dei um passo para perto dele, perto o suficiente que um bom insulto teria nos feito encostar. - Há algo fraco em você Jacob. Eu posso cheirá-lo, e eles também
podem. Você pode desafiar Richard e vencer, mas o bando jamais vai te aceitar como Ulfric. Sua vitória irá separá-los - será uma guerra civil.
Algo passou através de seus olhos.
- Isso não te assusta. Você não se importa -, Eu disse.
Ele se afastou de mim, desviando os olhos, seu rosto. - Você ouviu o Ulfric. Vai buscar o seu gato, antes que mudemos de idéia.
- Você não pode mudar de idéia com uma lâmpada de cem watts e um time de ajudantes.
Ele franziu a testa para mim. Às vezes meu humor é um pouco esotérico, ou talvez apenas não seja engraçado. Jacob não achou engraçado.
- Vá com ela, Sylvie, certifique-se que ela tenha tudo o que precisa para tirá-lo de lá e voltar para os carros com segurança -, disse Richard.
- Você tem certeza que quer que eu vá? -, ela perguntou.
- Nós vamos ficar com ele -, disse Jamil. Nenhum deles tentou esconder o fato de que eles estavam olhando para Jacob enquanto diziam isso. Não só que eles não confiam
nele, como não se importavam que ele soubesse que eles não confiavam nele. Como as coisas tinham se degradado para isso? O que vinha acontecendo na matilha que ninguém
tinha me falado ainda? Muito, pelos olhares nos rostos de todos.
- Ela não pode ir para casa depois da cerimônia para romper seus laços com o bando -, Jacob disse.
- Ela vai para casa quando eu falar que ela vai casa. -, disse Richard, a voz baixa e cheia desse tom profundo um pouco antes de sua voz rastejar para algo a rosnado
e desumano.
- As candidatas vieram preparadas para essa noite, Ulfric, vestidas para agradá-lo.
- Então elas podem se vestir para me agradar outra noite.
- Você decepciona...
- Você está prestes a ultrapassar a si mesmo, Jacob. - Deve ter sido algo no jeito que ele disse isso, porque finalmente, Jacob se calou e se encurvou um pouco.
Mas ele conseguiu fazer do movimento zombaria, e mesmo a distância você podia dizer que ele não tinha a intenção real. Mas ele baixou os olhos com a cabeça, curvando
a cintura. É um erro ao tirar os olhos de seu oponente.
Eu perguntei: - Estou ainda sou à lupa até a cerimônia? -.
- Eu suponho que sim -, disse Richard.
- Sim -, disse Sylvie. E eles se olharam.
- Bom -. Eu chutei Jacob no rosto, embora não tão forte quanto eu bati em Richard. Você não precisa chutar forte para obter o mesmo tipo de dano.
Eu vi na matilha quem fez movimentos em nossa direção e quem não. Eu não vi o que todo mundo fez, mas eu vi o suficiente. Ninguém perto do trono fez um único movimento
para me parar, ou ajudá-lo.
Jacob vacilou em seus pés. Seu nariz tinha estourado como um pedaço de fruta madura. Sangue derramou de seu rosto, sobre as mãos, como água carmesim. Ele gritou
comigo, voz grossa com o sangue escorrendo pela garganta. - Você quebrou meu nariz!
Eu estava em uma posição defensiva, a que eu tinha aprendido no kenpô, apenas preventivo, mas ele não tentou me bater de volta. Eu acho que ele sabia que havia muitas
pessoas perto com a mão doendo por uma desculpa para machucá-lo. Jacob era fraco, mas ele era mais esperto do que parecia, e não tão arrogante.
- Eu sou a lupa do clã Thronnos Rokke. Talvez por apenas esta noite, mas eu sou a lupa aqui. E ele é Ulfric, e você vai mostrar, por Deus, algum respeito!
- Você não tem direito de questionar o Geri deste clã. Eu conquistei o meu lugar. Você só fodeu o Ulfric..
Eu ri, e isso o assustou, o fez inseguro. - Eu sei a lei da matilha, Jacob. Não importa como eu consegui o emprego. Tudo o que importa é que eu sou lupa, o que significa
que, exceto para o Ulfric, minha palavra é lei.
Seus olhos pareciam incertos, e os primeiros traços de medo apareceram, como um amargo perfume no vento. - Você está prestes a ser destronada como lupa. Sua palavra
não significa nada aqui.
- Eu sou o Ulfric aqui, Jacob, e não você, e eu digo quais palavra significam algo, e quais não. Enquanto não tivermos a cerimônia rompendo seus laços com a nossa
matilha, Anita ainda é a lupa, e eu vou apoiar o que ela disser.
- E eu -, disse Sílvia.
- E eu -, disse Jamil.
Shang-Da disse: - Eu apoio o meu Ulfric em todas as coisas.
- Então, vamos ter um pouco de ironia -, disse eu. - Desde que foi idéia de Jacob colocar Gregory na masmorra, vamos deixar que ele tome o lugar de Gregory. -.
Jacob começou a protestar, as mãos ainda tentando parar o fluxo de sangue de seu nariz. - Você não pode fazer isso.
- Ah, mas ela pode -, disse Richard, e tinha uma frieza nele que eu nunca tinha visto antes. Ele não teria tido a idéia por ele mesmo, mas ele gostou. Me deixou
saber o quanto ele estava frustrado com Jacob.
- Ótimo -, disse eu. - Devemos todos caminhar como metamorfos civilizado à masmorra e resgatar Gregory?
- Não vou entrar voluntariamente naquele buraco -, Jacob disse. Sua voz soou um pouco engraçado, com todo o sangue e o nariz esmagado para o inferno, mas ele parecia
seguro de si. Ele não deveria ter sido.
- Seu Ulfric e sua lupa, ambos decretaram que você vai -, disse Sylvie. - Recusar uma ordem é recusar a sua autoridade -.
Jamil continuou: - Recusar-se a sua autoridade é se declarar fora da lei do clã -.
Jacob olhou para mim, quando disse: - Eu vou obedecer meu Ulfric, mas eu não reconheço a Nimir-Ra como minha lupa.
- Se eu disser que ela é sua lupa, então negar isso é a questionar a minha autoridade como Ulfric -, Richard disse.
Os olhos de Jacob saltaram para Richard. - Nós votamos ela fora como nossa lupa.
- Eu estou votando ela de volta -, disse Richard, voz profunda e calma, mas forte o suficiente para fluir.
- Faça outra votação, - Jacob disse, ainda tentando parar o sangue do seu rosto. - E eu vou ir contra ela novamente.
- Não, Jacob, você me entendeu mal. Eu disse que eu estou votando na volta dela, ninguém mais, apenas eu.
Os olhos de Jacob se arregalaram. - Você pregou sobre a democracia em ação desde que entrei para este clã. Você está dando para trás com tudo isso agora?
- Não em tudo, mas nós não votamos para Freki, ou Geri, ou para Hati e Skoll. Nós não votamos para Ulfric. Por que devemos votar a lupa?
- Ela está fodendo com o Nimir-Raj. Só por isso nós deveríamos expulsar ela como lupa.
- Esse é meu problema, não seu, não da matilha.
- Você vai fodê-la também? Você acha que o Nimir-Raj irá compartilhar?
Richard começou a dizer algo, mas Micah falou primeiro, dando um passo o separando dos outros, seus guardas o acompanharam. - Por que você não pergunta para o Nimir-Raj?
Richard olhou para mim, uma questão em seus olhos. Eu dei de ombros.
- Pergunte a ele, Jacob -, disse Richard. O sangue tinha quase parado de pingar da boca de Richard.
- Você se importa se o Ulfric foder sua Nimir-Ra? -. Jacob ainda estava sangrando como um porco abatido. Seu peito, estômago, mesmo a parte da frente de seu shorts,
estavam encharcadas de sangue.
- Eu concordo com qualquer acordo que Anita deseje, contanto que ela continue a ser a minha Nimir-Ra e amante.
- Você a compartilharia com outro homem? - Jacob disse, a voz grossa com descrença.
- Com outros dois homens -, disse Micah.
Quase todo mundo estava olhando para ele. Eu olhei para ele, mas a maioria assistiu as reações alheiras, especialmente Richard. Os outros pareciam chocados, Richard
olhou pensativo, como se Micah tivesse finalmente feito algo que ele não odiou.
- Ela é a serva humana do Mestre da Cidade. Ser a minha Nimir-Ra não mudou isso. Eu senti a marca que os une juntos, e não é algo que vai se romper, como também,
aparentemente, a marca a liga ela ao Ulfric não vai romper.
- Nada a liga ao Ulfric, apenas sua teimosia, e a dele -, disse Jacob.
- Você acha mesmo? -. Micah fez disso uma pergunta.
Jacob parecia incerto. O sangue de seu nariz estava finalmente começando a diminuir. - Você viu mais do que eu vi, se você acha que eles ainda têm uma ligação especial.
- Mais do que qualquer um de nós tem visto. - Isto veio de Paris, que abriu caminho para frente da multidão.
- Eu sou Nimir-Raj, é claro que eu vejo mais do que você. -. Sua voz se tornou tão lógica, tão certa.
- Eu sou um Geri, terceiro na linha de sucessão ao trono.
- Noah é o meu terceiro na linha. Acho que se você perguntar a ele, ele vai dizer que não viu o que eu vi também. Terceiro na linha para ser Nimir-Raj, ou Ulfric,
não é o mesmo como o sendo de verdade.
Eu lutei para não dar ao Micah o olhar de gratidão que eu queria dar. Nós ainda estávamos profundamente no território do blefe, e não seguro do outro lado ainda.
- Você não pode querer de verdade compartilhar sua lupa com dois outros homens. -, disse Paris. Ela empurrou seu caminho para frente de Richard, com suas costas
para mim. Ela estava ou insultando ou sendo estúpida. Talvez os dois.
Richard olhou para baixo, para ela, e não foi um olhar amigável. De alguma forma eu não acho que Paris teve alguma vez uma chance boa em ser lupa, não com Richard
no cargo de qualquer maneira. - O que eu e minha lupa fazemos ou não fazemos, não é da sua conta.
Eu vi suas costas endurecerem, como se ele tivesse batido nela, e talvez ele tivesse atingido o seu orgulho. Ela realmente acreditava que poderia seduzi-lo para
ele a escolher. Eu poderia ter dito a ela que o sexo não era a chave para o coração de Richard. Ele gostava bastante disso, mas não era uma de suas prioridades,
não se isso interferisse nas outras coisas que eram prioridades. Era o mesmo erro que Raina tinha feito, ou um dos erros. Raina nunca tinha realmente compreendido
Richard, também.
- Você não pode simplesmente decidir arbitrariamente que não precisam de um voto para isso -, disse Jacob.
- Sim -, Richard disse: - Eu posso.
Eu pisei ao lado de Jacob. - Isso é o que significa ser Ulfric, Jacob.
- Você vai voltar para uma ditadura após todas as falas de altos ideais -, disse Jacob.
- Por esta noite, é suficiente que Anita seja minha lupa, e isso não vai mudar. Vamos discutir todo o resto mais tarde.
- Eu digo que nós colocaremos em votação se a matilha quer voltar a ser uma ditadura -, Jacob disse.
- Se você não fizer alguém corrigir seu nariz, ele pode se curar torto -, eu disse.
Ele olhou torto para mim. - Você fica fora disso.
Richard chamou um homem com cabelo castanho curto e bigode arrumado. Ele tirou a mochila de seus ombros e começou a tirar fora suprimentos médicos. - Conserte o
nariz dele -, Richard disse e, em seguida, virou-se para Sylvie. - Quando ele estiver com a atadura, escolha algumas pessoas e escolte Jacob para a masmorra.
Houve murmúrios na multidão. Uma voz claro que eu não tinha ouvido antes disse, - Você não pode fazer isso.
Richard olhou para cima, buscando a multidão, e eles se calaram sob o seu olhar. Seu poder desenrolou a partir dele como uma ardente névoa invisível, algo que se
agarrava a sua pele e dificultava a respiração. Eles evitavam os olhos dele, alguns até mesmo caíram em posturas submissas, seus corpos baixos para o chão, olhos
virados para cima, braços e pernas mantidas próximas, fazendo os parecer pequenos e indefesos, claramente pedindo para não serem feridos.
- Eu sou o Ulfric aqui. Se há alguém entre vocês discorda disso, então você está livre para desafiar o próximo da fila, e próximo após esse, até que você seja Freki,
em seguida, declare-se Fenrir, e você pode me desafiar. Se você me matar, então você pode ser o Ulfric, e você pode escolher qualquer maldita política que você queira.
Até então, cala a boca e siga minhas fodidas ordens.
Eu acho que nunca tinha ouvido Richard amaldiçoar. O silêncio era grosso o suficiente para se cortar. Foi Jacob que o cortou, como eu sabia que ele iria. Ele empurrou
o médico de bigode longe, impaciente, enquanto o menor homem tentou embalar seu nariz com o que parecia ser gaze. - Anita voltou, assim como sua espinha dorsal.
Será que ela vai matar e torturar para você como Raina fazia por Marcus?
O punho de Richard golpeou para fora em um borrão que eu não pude seguir. Foi quase mágico. Um momento Jacob estava de pé, e no outro ele estava no chão com os olhos
revertidos para dentro de sua cabeça.
Richard se virou para o resto deles, o sangue seco decorando seu corpo e o peito nu, o cabelo se tornou bronze como a tocha. Seus olhos tinham ido para o âmbar lobo,
e pareciam mais dourado que nunca contra o seu bronzeado mais escuro que o normal. - Eu pensei que nós éramos pessoas, não animais. Pensei que poderíamos mudar as
velhas formas e fazer algo melhor. Mas todos nós sentimos esta noite quando Anita e seus leopardos se fundiram. Algo seguro e bom. Eu tentei ser controlado e gentil,
e olha onde isso nos levou. Jacob disse que a Anita é a minha espinha dorsal. Não, mas ela está fazendo algo certo, algo que eu perdi. Se vocês não aceitam bondade,
então nós vamos ter que tentar outra coisa. -. Ele olhou para mim com aqueles olhos aliens, e disse, - Vamos pegar o seu leopardo. Temos de tirá-lo da masmorra antes
que Jacob entre. - E ele se afastou por entre as árvores e deixou o resto de nós para trilhar atrás. Não havia nenhuma pergunta sobre o que fazer em seguida. Seguimos
Richard nas árvores.
Nós seguimos o Ulfric, porque você supostamente tem que seguir o seu rei, se ele é digno desse nome.
Pela primeira vez eu pensei que talvez, apenas talvez, Richard iria ser o Ulfric, afinal de contas.
26
A masmorra era uma tampa de metal que saía do solo. A tampa de metal se encontrava no meio de uma clareira repleta de altas e finas árvores. Madressilvas rodeavam
o arbusto na tampa de um lado; folhas eram tão espessas no chão que a área parecia intacta. Eu nunca teria encontrado se não tivesse sabido que estava lá. Masmorra
em francês é oubliette que significa um pequeno lugar de esquecimento, mas isso não é uma tradução direta.
Oubliette simplesmente significa pequeno esquecimento, mas o que é, é um lugar onde você coloca pessoas quando você tem planos de nunca deixá-los sair. Tradicionalmente
é um buraco que, quando você empurra alguém para dentro, elas não conseguem sair. Você não os alimenta, ou da água, ou fala com eles, ou qualquer coisa com eles.
Você simplesmente vai embora. Há um castelo escocês onde eles encontraram uma masmorra que tinha sido literalmente emparedada e esquecida, foi descoberto apenas
durante a remodelação moderna. O piso estava cheio de ossos e tinha um relógio de bolso do século XVII no meio dos detritos. Ele tinha uma abertura onde você poderia
ver a sala de jantar principal, você podia cheirar a comida, enquanto morria de fome. Eu me lembro de me perguntar se eles conseguiam escutar a pessoa gritando da
sala de jantar enquanto comiam. A maioria das masmorras ou oubliettes eram mais isoladas, de modo que, depois de colocá-los longe, você nunca teria que se preocupar
com o prisioneiro novamente.
Dois dos homens lobo em sua forma humana bem formada se ajoelharam perto do metal e começaram a desparafusar dois parafusos enormes na tampa. Não havia chave. Você
parafusava a tampa no lugar e apenas ia embora. Porra.
A tampa foi solta, e precisou dos dois para ser levantada. Pesada, apenas no caso de as drogas não manterem a adrenalina de voltar o suficiente e causar a mudança.
Mesmo em forma de animal você ainda teria problemas para passar pela tampa.
Eu caminhei até a borda do buraco, e o cheiro me fez voltar. Cheirava como banheiros públicos*. Eu não sei por que isso me surpreendeu. Gregory esteve lá em baixo
o que, três dias, quatro? Nos filmes que falam sobre você morrer de fome, das coisas românticas - se tal horror é realmente romântico - mas não. Ninguém nunca fala
de suas entranhas se mexendo, ou o fato de que quando você tem que ir, você tem ir. Não é romântico, é apenas humilhante.
Jamil trouxe uma escada de corda e a conectou com grandes grampos de metal ao lado do buraco.
A escada caiu na escuridão com um som seco escorregadio. Eu me forcei a rastejar de volta para a beira da masmorra. Eu estava preparada agora para o cheiro, e sob
o cheiro maduro da vida em um espaço muito pequeno tinha um cheiro seco, um seco, e empoeirado cheiro. O cheiro de ossos velhos, mortes antigas.
Gregory não era a pessoa mais forte que eu conhecia, nem mesmo um dos cem primeiros. O que teria feito ele ficar deitado lá no escuro com o cheiro de ossos velhos,
mortes antigas, pressionados contra seu corpo? Teriam eles explicado para ele como eles o deixariam ali para morrer? Teriam eles falado para ele todas as vezes que
eles parafusavam a tampa de volta no lugar que eles não voltariam, exceto para drogá-lo?
O buraco era de uma escuridão perfeita, mais escuro do que um céu preenchido de estrelas, era o mais escuro que eu tinha visto em muito tempo. Era largo o suficiente
para os ombros largos do Richard conseguissem passar para baixo, mas raspando. Quanto mais eu olhava para ele, mais estreita parecia ficar, como se tivesse uma grande
boca pronta para me engolir inteira. Eu já mencionei que eu sou claustrofóbica?
Richard veio ficar de pé ao meu lado, espiando dentro do buraco. Ele tinha uma lanterna apagada na mão. Algo deve ter aparecido no meu rosto, porque ele disse: -
Mesmo nós precisamos de um pouco de luz para ver -.
Eu levantei a minha mão pela lanterna.
Ele balançou a cabeça. - Eu deixei isso acontecer. Eu vou tirá-lo de lá.
Eu balancei minha cabeça. - Não. Ele é meu.
Ele se ajoelhou ao meu lado e falou suavemente, - Eu posso sentir o cheiro do seu medo. Eu sei que você não gosta de lugares apertados.
Eu olhei de volta para o buraco e me deixei reconhecer o medo que eu sentia. Com tanto medo que eu podia sentir o gosto de algo seco e metálico na minha língua.
Com tanto medo que o meu pulso estava martelando na minha garganta, como algo preso. Minha voz saiu calma, normal. Fiquei contente. - Não importa que eu esteja com
medo. - Toquei a lanterna, tentei tira-la de sua mão, mas ele a segurou. E, meio que brincando de cabo de guerra - que eu provavelmente iria perder - Eu não estava
conseguindo pegar dele.
- Por que você tem que ser a mais durona, a mais valente? Porque você não pode, apenas uma vez, me deixar fazer algo por você? Descer nesse buraco não me assusta.
Me deixe fazer isso por você. Por favor. - A voz dele ainda estava suave, e ele estava encurvado em mim o suficiente que me fez sentir o cheiro do sangue secando
nele, a riqueza do sangue fresco na sua boca, como se algum pequeno corte não tinha curado completamente.
Eu balancei minha cabeça. - Eu tenho que fazê-lo, Richard -.
- Por quê? - Sua voz teve o primeiro sinal de raiva, como um tapa de calor.
- Porque me assusta, e eu tenho que saber se eu posso.
- Pode o quê?
- Se eu posso rastejar para dentro daquele buraco.
- Por quê? Por que você precisa saber isso? Você provou para mim e para todos aqui que você é durona. Você não tem nada mais para provar para nós.
- Para mim, Richard, eu tenho que provar para mim.
- Que diferença faz se você não pudesse descer naquele buraco fedorento? Você nunca terá que fazê-lo novamente, Anita, apenas não faça isso.
Olhei para ele, a perplexidade em seu rosto, seus olhos, que tinham sangrado de volta para seu normal e perfeito marrom. Eu tinha estado tentando explicar merdas
como esta para Richard por alguns anos já. Eu finalmente percebi que ele nunca entenderia e eu estava cansada de me explicar, não apenas para Richard, para todos.
- Me de a lanterna, Richard.
Ele segurou com as duas mãos. - Por que você tem que fazer isso? Apenas me diga. Você está tão assustado que sua boca está seca. Eu posso prová-lo em sua respiração.
- E eu posso provar sangue fresco na sua, mas eu tenho que fazer isso porque me assusta
Ele balançou a cabeça. - Isso não é coragem, Anita, esta é a teimosia.
Eu dei de ombros. - Talvez, mas eu ainda tenho que fazer.
Ele segurou a lanterna mais apertado. - Porquê? - E de alguma forma eu pensei que a questão era mais do que a masmorra e porque eu tinha que entrar nela, eu suspirei.
- Menos e menos me assusta, Richard. Então, quando eu encontrar algo que me incomoda, eu tenho que testá-lo. Eu tenho que ver se consigo fazer isso.
- Por quê? - Ele estudou o meu rosto como se tivesse memorizado.
- Só para ver se consigo.
- Porquê? - a raiva era mais do que um sinal agora.
Eu balancei minha cabeça. - Eu não estou competindo com você, Richard, ou com qualquer outra pessoa. Eu não ligo a mínima para quem é melhor ou mais rápido ou mais
corajoso.
- Então por que fazer isso?
- A única pessoa com quem eu compito é comigo mesma, Richard, e eu vou pensar menos de mim mesma se eu deixar você ou qualquer outra pessoa descer nesse buraco primeiro.
Gregory é o meu garoto, não o seu, e eu tenho que resgatá-lo.
- Você já o salvou, Anita. Não importa quem entre no maldito buraco.
Eu quase sorri, mas não porque era engraçado. - Me dá a lanterna, por favor, Richard. Não posso explicar isso para você.
- Será que o seu Nimir-Raj entende? - A raiva queimou ao longo da minha pele, como um enxame de picadas. Aquilo quase doía.
Eu franzi minha testa para ele. - Pergunte a ele você mesmo, agora me da à maldita lanterna. - Se você fica bravo comigo, nunca demoro muito para corresponder.
- Eu quero ser seu Ulfric, Anita, o seu cara, o que diabos isso seja. Por que você não me deixar ser...? - Ele parou de falar, olhando longe de mim.
- O homem. Era isso que você ia dizer?
Ele olhou para mim e assentiu.
- Olha, se nós continuarmos saindo, ou o que diabos for o que nós vamos fazer, nós temos que ser claros sobre uma coisa. Seu ego já não é meu problema. Não seja
o homem para mim, Richard, seja a pessoa que eu preciso. Você não tem que ser maior e mais corajoso do que eu para ser meu homem. Eu tenho amigos homens que passam
a maior parte seu tempo tentando provar que eles têm bolas maiores e mais duras do que eu. Eu não preciso disso de você.
- E se eu preciso ser mais corajoso do que você para mim, não por você?
Eu pensei sobre isso por um segundo ou dois, então disse: - Você não tem medo de descer no buraco, você tem?
- Eu não quero descer, eu não quero para ver o que eles fizeram com Gregory, mas não tenho tanto medo como você tem, não.
- Então descer aquele buraco não te faz ser mais corajoso do que eu, faz? Porque não te custa nada descer lá.
Inclinou-se muito, muito perto do meu ouvido, então respirou o som mais vazio de todos contra a minha pele. - Como não lhe custaria nada matar Jacob por mim.
Eu enrijeci ao lado dele, então virei, tentando manter o choque fora do meu rosto.
- Eu sabia que era o que você estava pensando no momento em que você olhou para ele -, Richard disse.
- Você me deixaria fazer isso? - Eu perguntei, a voz suave, mas não tão suave como tinha sido a sua.
- Eu não sei ainda. Mas o seu raciocínio não seria que não te custaria nada fazê-lo e me custaria tudo?
Nós nos encaramos. Eu finalmente assenti.
Ele sorriu. - Então me deixe descer o fodido buraco.
- Desde quando você começou a usar a palavra com F?
- Enquanto você estava longe. Eu acho que eu senti falta de escutar. - Ele sorriu para mim, de repente, um flash brilhante de sorriso no escuro.
Eu não podia não sorrir de volta. Ajoelhada naquela horrível abertura escura, o medo ainda seco na minha língua, sua raiva ainda no ar em volta de nós, e nós sorrimos
um para o outro. - Eu vou deixar você descer no buraco primeiro. - eu disse.
O sorriso alargou até que encheu seus olhos, até mesmo com a luz das estrelas eu podia ver o brilho de humor. - Ok.
Inclinei-me sobre ele e lhe dei um beijo rápido. Rápido de mais para os poderes passarem entre nós, rápido de mais para eu sentir o gosto de sangue em sua boca,
rápido de mais para descobrir se as nossas bestas iriam rolar um no corpo do outro. Eu o beijei só porque eu queria, porque pela primeira vez eu pensei que ambos
estávamos dispostos a ceder um pouco. Seria o suficiente? Quem diabos sabe? Mas eu tinha esperanças. Pela primeira vez em muito tempo, eu tinha verdadeiras esperanças.
Sem esperança, o amor morre e parte de você, murcha. Eu não sabia o que significava para Micah eu ter esperanças sobre Richard e eu. Nós conversamos abertamente
sobre compartilhar, mas eu não sabia o quanto daquilo foi um show para o público e o quanto daquilo foi verdade. Mas, nesse exato momento, eu não me importava, eu
apertei aquele sentimento positivo contra mim e o segurei. Mais tarde, mais tarde nós iríamos nos preocupar com outras coisas. Eu deixei Richard descer primeiro,
mas eu ainda ia descer, e eu queria aquela pequena e quente esperança dentro do meu peito junto com o medo.
27
O peso do Richard na escada de cordas a manteve firme em minhas mãos. Ele colocou a lanterna em uma correia em volta do seu pulso. Eu assisti a piscina de luz amarela
dissipando a estreita escuridão e percebi que eu mal estava na escada, minha cabeça ainda estava na superfície do buraco.
Micah estava ajoelhado ao lado do buraco. - Vai dar tudo certo. -, disse ele.
Engoli em seco e olhei para ele, sabendo que meus olhos estavam um pouco arregalados, - Eu sei -, mas minha voz saiu sem fôlego.
- Você realmente não precisa fazer isso -, disse ele, com a voz suave e o quão neutro ele pôde fazer isso.
Eu franzi a testa para ele. - Não comece você também.
- Então é melhor você o alcançar. - Sua voz era um pouco menos neutra, mas eu não poderia dizer que tom ela carregava.
Eu comecei a descer na leve aspereza da escada de corda, me movendo rapidamente, raivosamente. Eu não estava brava com Micah, não realmente. Eu estava brava comigo
mesma. A raiva me fez descer bem no escuro, onde a luz da lanterna parecia muito amarela e muito rígida contra as paredes de barro.
Eu me agarrei lá por um segundo ou dois, olhando para a terra compactada. Eu olhei para cima lentamente e encontrei Micah olhando para mim de uma distância tão grande
que eu não poderia dizer de que cor seus olhos ou cabelos eram. Eu sabia que era ele a partir da forma do seu rosto e ombros. Meu Deus, o quão profundo esse poço
ia?
Parecia que as paredes de terra estavam se dobrando para cima de mim, como uma mão prestes a fechar o punho e me esmagar, então eu não podia respirar o suficiente
do estaleiro, seco ar para encher meus pulmões. Eu fechei os olhos e me forcei a mover uma mão fora da escada e tocar a parede. Era mais longe do que eu pensava,
e quando eu finalmente toquei, me assustei. A terra estava surpreendentemente fria contra a minha mão e eu percebi que era frio no poço, mesmo com o calor no início
do verão lá em cima. Eu abri os olhos, e as paredes ainda estavam com seis metros de raio, assim como eles sempre foram. A terra não estava fechando em torno de
mim, só a minha fobia estava fazendo isso.
Eu comecei a descer novamente, e desta vez eu não parei até que eu senti a escada afrouxar em baixo do meu corpo ficando de repente mais difícil descer sem bater
nas paredes sujas. O peso de Richard já não firmando a escada para mim. Se eu não tivesse sido tanto um pé no saco, eu poderia ter pedido para ele segurar firme
até que eu chegasse até o fim. Em vez disso eu abracei a escada freneticamente e continuei me movendo para baixo. É difícil de se agarrar a alguma coisa quando você
está descendo, mas eu dei um jeito.
O mundo se resumiu a sentir a corda em minhas mãos, meus pés tentando encontrar vantagem - apenas o simples ato de mover para baixo. Eu cheguei a um ponto que eu
parei de saltar cada vez que meu corpo batia nas paredes. Mãos tocaram minha cintura, e eu deixei sair aquele - yip - que é só um som de garotas. Eu sempre odiei
quando eu faço isso.
Eram as mãos de Richard em torno da minha cintura, é claro. Ele me segurou até os últimos metros, enquanto o meu coração tentava pular fora do meu peito. Eu pisei
em um chão que esmagava e escorregava com os ossos. Eles eram profundos, ainda sim você não afundava um pouco como andar em cima deles como um santo pisando sobre
a água.
O eixo estreito abria em um pequeno, apertado e cavernoso buraco na terra. Richard teve que ficar quase dobrado em dois. Eu poderia ficar em pé se eu fosse cuidadosa,
embora o topo do meu cabelo raspasse o teto sólido o suficiente que esquivar um pouco fosse uma boa idéia.
Micah chamou de muito, muito longe de nós, - Você está bem?
Eu tive que tentar duas vezes para ser capaz de dizer: - Bem, estamos bem.
Micah saiu da abertura, um ponto preto contra o cinza pálido. - Meu Deus, quão abaixo nós estamos?
- Dezoito metros, mais ou menos. - Havia algo na sua voz que me fez virar para ele.
Ele balançou a cabeça e olhou para um lado, iluminando com a lanterna algo pequeno e curvado. Era Gregory.
Ele estava sobre seu estômago, amarrado, com os braços e pernas em ângulos tão agudos que eu não poderia imaginar ficar assim por três dias. Ele estava nu, uma venda
de pano branco atravessava seu rosto, amarrado em um emaranhado de longos cabelos loiros, como se até isso tivesse sido feito para machucar, e não apenas para cegar.
Quando a luz de Richard cobriu o corpo de Gregory, ele fez pequenos sons desamparados. Ele podia ver a luz através do pano, se nada mais. Ajoelhei-me ao seu lado,
vendo onde as correntes de prata haviam sido cravadas em seus pulsos e tornozelos. As feridas estavam esfoladas e sangrentas de quando ele lutou contra elas.
- As algemas o deixaram em carne viva -, disse Richard, a voz suave.
- Ele se debateu -, disse eu.
- Não, ele não é poderoso o suficiente para aguentar esta quantidade de prata contra a sua pele. As algemas comeram seu caminho pela sua pele.
Eu olhei para as feridas em carne viva e não sabia o que dizer. Toquei no ombro de Gregory, e ele gritou através da mordaça que eu não tinha visto. Seu cabelo a
tinha escondido. Mas havia um escuro pano enfiado em sua boca. Ele gritou novamente e tentou rastejar para longe de mim.
- Gregory, Gregory, é Anita. - Eu o toquei tão delicadamente quanto eu pude, e ele gritou mais uma vez. Eu olhei para Richard. - Ele parece não me ouvir.
Richard se ajoelhou e levantou um emaranhado de cabelos de Gregory. Gregory se debateu mais forte, e Richard me entregou a lanterna para que ele pudesse usar uma
mão firme para segurar o rosto do homem menor e a outra para manter o cabelo fora do caminho. Havia mais pano em seus ouvidos enfiados em suas orelhas. Richard puxou
o pano e encontreu um tampão de ouvido preto enfiado profundamente no canal. Eles não foram feitos para ser empurrado tão longe, e quando Richard puxou, sangue fresco
escorria de seu ouvido.
Eu só encarava, minha mente congelada por um segundo, não querendo entender. Mas, finalmente, eu me ouvi dizer. - Eles romperam os tímpanos dele. Porque, pelo amor
de Deus? Não foi a venda e a mordaça privação sensorial suficiente?
Richard segurou o tampão até a luz. Eu tive iluminar com a lanterna diretamente sobre ele para ver que ele tinha um ponto de metal.
- O que é isso?
- Prata -, disse ele.
- Oh, Deus, eles foram projetados para isso?
- Lembre-se, Marcus foi um médico. Conhecia todos os tipos de lugares de suprimentos médicos. Luzgares que iriam fazer essas coisas -. O olhar no rosto de Richard
me disse que estava perdido na lembrança e era algo sombrio.
Olhei para de novo as marcas nos braços e pernas de Gregory. - Querido Deus, teria a prata rasgado seu canal de auditivo igual ao que aconteceu com sua pele?
- Eu não sei. É bom que ele ainda esteja sangrando. Significa que, se ele mudar de forma logo, ele provavelmente vai se curar. - A voz de Richard estava grossa.
Eu não estava perto de chorar, o horror era muito esmagador para lágrimas. Eu queria Jacob aqui em baixo, e quem o ajudou, porque você não faz isto a um metamorfo
sem ajuda, não um contra um.
Richard tentou tirar a venda, mas estava muito apertada, ele não conseguia manter um bom suporte. Eu entreguei a lanterna e tirei a faca da minha bainha do pulso
esquerdo. - Segure ele, as facas são afiadas, eu não quero cortar-lo se ele se debater.
Richard segurou a cabeça de Gregory entre suas duas mãos, como uma morça, e Gregory se debateu ainda mais, gritando através da mordaça. Mas Richard o segurou firme
enquanto eu deslizava a faca cuidadosamente entre o pano e cabelo de Gregory. Um corte rápido para baixo e a venda facilmente caiu de sua pele, mas tinha sido muito
apertadas e presas por tanto tempo que Richard teve que descascá-la fora.
Gregory piscou com a luz e viu Richard e gritou mais. Algo morreu no rosto de Richard quando ele fez isso, como se isso tivesse matado algo dentro dele, ter alguém
tão amedrontado dele.
Eu me inclinei, colocando a minha mão com cuidado sobre a pilha de ossos e observei os olhos de Gregory finalmente me ver. Ele parou de gritar, mas ele não parecia
aliviado o bastante. Eu puxei a mordaça da sua boca, e descolou, levando pedaços de pele do lábio com ele. Ele trabalhou a boca lentamente, e por alguma estranha
razão eu me lembrei da cena de O Mágico de Oz, onde Dorothy coloca óleo na mandíbula o Homem de Lata, depois que dele estar enferrujado. A imagem deveria ter me
feito sorrir, mas isso não aconteceu.
Havia um cadeado nas correntes em torno de cada um de seus membros. Richard rastejou em torno de mim, deixando-me ficar onde Gregory pudesse me ver. Eu estava dizendo
de novo e de novo: - Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo - Ele não podia me ouvir, mas foi o melhor que eu sabia fazer.
Richard quebrou a fechadura em um pulso, e dor se mostrou no rosto de Gregory como se doesse para o braço se mexer. Richard libertou ambos os pulsos e depois começou
a esticar lentamente o corpo de Gregory.
Gregory gritou, mas não de medo desta vez, de dor. Eu tentei embalar ele, mas mexê-lo de qualquer forma parecia doer. Exigiu que nós dois rastejássemos em volta
para deixá-lo descurvado o suficiente para colocá-lo no meu colo. Ele nunca ia ser capaz de subir a escada.
As curvas de ambos os braços estavam cobertos de marcas de agulha, nenhum delas tinha cicatrizado.
- As marcas da agulha, porque elas não se curaram?
- Agulha de prata em contato direto com a corrente sanguínea. Um sedativo para manter a adrenalina baixa, para que você não possa mudar, mas não o suficiente para
que não possa sentir, ou saber onde você está e o que está acontecendo. É assim que a Raina costumava fazer.
- É assim que ela costumava amarrar-los e exatamente o que ela costumava usar com eles. Como é que Jacob sabia disso? -, Eu perguntei.
- Um do meu pessoal disse a ele -, Richard disse. Ele ficou de joelhos em vez de ficar de pé encurvado sobre. Seu rosto estava calmo, quase sereno.
- Eu os quero aqui. Quem ajudou Jacob. Quem trouxe os malditos tampões. Eu os quero aqui.
Ele virou aqueles olhos calmos para mim, e eu vi a raiva no fundo daquela calma. - Você poderia fazer isso com alguém? Pode mergulhar essas coisas em seus ouvidos?
Pode fazer tudo isto a alguém?
Eu pensei sobre isso, realmente pensei sobre isso. Eu estava brava, enojada. Eu queria punir alguém, mas... - Não, não, eu poderia atirar neles, matá-los, mas eu
não poderia fazer isso.
- Nem eu poderia -, disse ele.
- Você sabia que Gregory estava na masmorra, mas você não sabia o que eles tinham feito com ele, sabia?
Ele balançou a cabeça, ajoelhado sobre os ossos, ainda encarando os tampões com sangue, como se aquilo tivesse as respostas a perguntas que eram difíceis de mais
de se perguntar em voz alta. - Jacob sabia.
- Você é o Ulfric, Richard, você deve saber o que é que acontece em nome da sua matilha.
A raiva queimou tão quente e apertada que encheu a pequena caverna como a água pronta para ferver. Gregory choramingou e olhava Richard com olhos temerosos.
- Eu sei, Anita, eu sei.
- Então você não vai colocar Jacob aqui embaixo?
- Eu vou, mas não assim. Ele pode ficar aqui, mas não acorrentado, e não torturado. - Richard olhou em torno do espaço minúsculo. - Estar aqui, no final, é tortura
o suficiente.
Eu nem sequer tentei argumentar com isso. - E sobre quem o ajudou?
Richard olhou para mim. - Eu vou descobrir quem o ajudou.
- Então o quê?
Ele fechou os olhos, e não foi até ele abriu a mão e eu vi o brilho do sangue que me dei conta de que ele pressionou a ponta de prata na palma da mão. Ele o puxou
para fora e olhou para o brilho do sangue.
- Você apenas continua me empurrando, não é mesmo, Anita.
- A matilha te conhece bem o suficiente, Richard. Eles sabem que você não teve a intenção de ter ninguém colocado aqui, especialmente não com todos os velhos apetrechos
de Raina. Fazer isso, de qualquer forma, é um desafio a sua autoridade.
- Eu sei disso.
- Eu não quero brigar, Richard, mas você tem que puni-los por isso. Se não, então você perde mais terreno para Jacob. Mesmo se você colocá-lo aqui em baixo, isso
não vai parar as coisas. Qualquer um que tocou isso tem que sofrer -.
- Agora você está brava -, disse ele, e parecia confuso. - Eu pensei que você queria vingança, mas você parece fria sobre tudo isso agora.
- Eu queria vingança, mas você está certo, mas eu não poderia fazer isso com ninguém, e eu não poderia ordenar alguém fazer o que eu não faria eu mesma. Só uma regra
que eu tenho. Mas a matilha está uma bagunça, e se você quiser parar a decadência e mantê-los longe de uma guerra civil, homem lobo contra homem lobo, você tem que
ser severo. Você deve deixar claro que não é aceitável.
- Não é. -, disse ele.
- Há apenas uma forma que eles saibam isso, Richard.
- Punição -, disse ele, e ele fez a palavra soar como uma maldição.
- Sim -, eu disse.
- Eu tenho trabalhado há meses - não, anos - para tentar fugir de um sistema punitivo. Você quer que eu jogue fora tudo que eu tenho trabalhado e volte para a forma
como foi.
A mão de Gregory levantou, lentamente, dolorosamente, apertando fracamente o meu braço que acariciava seus cabelos emaranhados, e sua voz saiu rouca, abusada, como
se ainda estivesse através da mordaça, ele esteve gritando por dias. - Eu quero... sair... daqui. Por favor.
Eu balancei a cabeça para que ele pudesse ver, e um alívio tão grande que foi além das palavras brilharam em seus olhos.
Eu olhei para Richard. - Se o sistema funcionasse melhor do que o antigo, então eu o apoiaria, mas não está funcionando. Lamento que ele não esteja funcionando,
Richard, mas não está. Se continuar este... experimento na democracia e suavidade, leis gentis, as pessoas vão morrer. Não só você, mas Sylvie, e Jamil e Shang-Da,
e cada lobo que o apóia. Mas é pior do que isso, Richard. Eu observei a matilha. Eles estão divididos quase uniformemente. Vai ser guerra civil, e eles vão se rasgar
com mordidas mutuamente - os seguidores de Jacob e os que não vão segui-lo. Centenas morrerão, e o clã de ThronnoS Rokke pode morrer com eles. Olhe para o trono
você está sentado como Ulfric. É antigo, você pode sentir isso. Não deixe que tudo o que ele representa seja destruído.
Ele olhou para a ferida ainda sangrando em sua mão. - Vamos tirar Gregory daqui.
- Você vai punir o Jacob, mas não os outros -, eu disse, e minha voz estava cansada.
- Eu vou descobrir primeiro quem eles são, depois veremos.
Eu balancei minha cabeça. - Eu te amo, Richard.
- Eu ouvi um ‘mas’ chegando -.
- Mas eu valorizo as pessoas que contam comigo para a sua segurança mais do que eu valorizo esse amor -. Eu me senti fria e horrível em dizer isso em voz alta, mas
era verdade.
- O que isso diz sobre o seu amor? -, ele perguntou.
- Não seja hipócrita comigo, Richard. Você me deixou como notícia de ontem quando a matilha votou em eu sair. Você poderia ter dito dane-se, assumam o trono, eu
quero mais a Anita, mas você não fez isso.
- Você realmente acha que Jacob teria que me deixar ir embora?
- Eu não sei, mas você não fez a oferta. Nem sequer lhe ocorreu a fazer a oferta, não é?
Ele olhou para longe, depois voltou, e seus olhos cheios de tanta tristeza que eu queria voltar a trás, mas eu não podia. Era hora de falarmos. Era como a velha
piada sobre o elefante na sala. Ninguém reconhecia que existia até que a merda era tão profunda que não se podia mais andar. Olhando para baixo, para Gregory, eu
sabia que a merda estava profunda demais para ignorar. Nós estávamos sem opções, exceto a verdade, não importa o quão brutal.
- Se eu tivesse renunciado como Ulfric, mesmo que Jacob tivesse me deixado fazer isso, ainda seria uma guerra civil. Ele ainda teria executado os mais próximos a
mim. Teria sido abandoná-los. Eu prefiro morrer a apenas ir embora e deixá-los para serem abatidos.
- Se isso é o que realmente sente, Richard, então eu tenho um plano melhor. Faça de Jacob um exemplo para os seus seguidores.
- Não é tão simples, Anita. Jacob tem apoio suficiente para que ainda seja uma guerra.
- Não se for sangrento o suficiente.
- O que você está dizendo?
- Faça-os ter medo de você, Richard. Faça-os ter medo de você. Machiavel disse há quase seiscentos anos atrás, mas ainda é verdade. Todo governante deve se esforçar
para o seu povo amá-lo. Mas se você não pode fazê-los amar você, então faça os temer. Amor é melhor, mas o medo vai fazer o trabalho.
Ele engoliu em seco, e havia algo perto de medo em seus olhos. - Eu acho que poderia matar Jacob, e até mesmo executar um ou dois dos seus seguidores, mas você não
acha que isso é o suficiente, não é?
- Depende de como você vai executá-los.
- O que você está me pedindo para fazer, Anita?
Eu suspirei e acariciei a bochecha de Gregory. - Eu estou pedindo para você fazer o que precisa fazer Richard. Se você quiser manter essa matilha unida e salvar
centenas de vidas, então eu estou te dizendo como você pode fazê-lo com o mínimo de derramamento de sangue.
- Eu posso matar Jacob, mas eu não posso fazer o que você está pedindo. Eu não posso fazer algo tão terrível que o bando inteiro teria medo de mim. - Ele olhou para
mim, e havia uma selvageria, um pânico em seu rosto, como uma coisa presa que finalmente percebe que não tem escapatória.
Eu podia sentir meu rosto se acalmar, e me senti afundar naquele lugar onde não há nada além do ruído puro e sólido, quase a garantia reconfortante que eu não sentia
nada. Eu disse, suavemente - Eu posso.
Ele virou-se para longe de mim, como se eu não tivesse falado, e pediu para eles para abaixar os arreios. Nós deslizamos os arreios em torno de Gregory, falando
apenas na tarefa em mãos - sem metafísica, sem política. Tinha um segundo arreio na corda, e Richard me fez vesti-lo. Eu consegui embalar Gregory, protegendo-o com
o meu corpo para que ele não se ralasse de mais.
- Eu nunca fiz isso antes -, eu disse.
- Eu sou muito amplo nos ombros para adicionar o volume de Gregory ao meu. Tem que ser você. Além disso, você vai mantê-lo seguro, eu sei que você vai. - Havia algo
em seus olhos que me fez querer dizer alguma coisa, mas ele empurrou a corda e nós começamos a subida para o ar.
Richard nos observava, o rosto para cima, sua lanterna espalhava sombras estranhas em torno do pequeno espaço que ele se ajoelhou sobre os ossos. E então nós estávamos
no túnel, e eu não podia mais vê-lo. Eu tinha meus braços cheios, literal e figurativamente, tentando manter Gregory longe de bater nas paredes. Seus braços e pernas
ainda estavam quase inúteis. Eu não tinha certeza se era por causa do longo confinamento ou as drogas que tinham sido dados, ou ambos. Provavelmente ambos.
Gregory ficava dizendo - Obrigado, obrigado, obrigado - sob a sua respiração.
No momento em que chegamos ao topo, havia lágrimas secando no meu rosto. Independentemente do que Richard decidisse, alguém ia pagar.
Jacob estava lá, já preso em correntes de prata, carregado como uma peça de bagagem lutando entre três homens lobo. Eles lhe permitiram manter seus shorts. Nada
de nudez para os caras bons. Eu acho que tem que haver algumas diferenças, ou como você diz de que lado você está?
Cherry já estava verificando Gregory. Ela tinha que continuar mantendo os outros leopardos para trás. Eles continuaram tentando tocá-lo.
Olhei através da clareira para Jacob. O olhar em seus olhos era o suficiente. Richard poderia ser enjoado se ele quisesse ser, mas se eu deixar o que tinha sido
feito para Gregory sem o troco, então Jacob e seus seguidores veriam isso como uma fraqueza. Eles iriam voltar e nos destruir uma vez que Jacob garantisse a sua
base de poder. Porque havia uma maneira de Jacob evitar uma guerra civil, e isso era fazer o que eu estava incentivando Richard a fazer. Se ele fizer algo tão terrível
que os outros tenham medo de lutar, então ele poderia ser Ulfric sem um banho de sangue. Eu tinha visto o que ele tinha feito para Gregory. Chame-lhe um palpite,
mas eu estava disposta a apostar que Jacob faria o que precisava ser feito. Ele não me parece do tipo enjoado.
Richard saiu do buraco. - Coloque-o dentro.
- Você quer que as drogas sejam utilizadas? - Sylvie perguntou.
Richard assentiu.
- E sobre a venda e o resto?
Richard balançou a cabeça. - Não é necessário.
Jacob começou a lutar novamente. - Você não pode fazer isso!
Richard se ajoelhou na frente dele, segurando-o pelos grossos cabelos. O aperto parecia doloroso. - Quem te mostrou onde isso estava? - Ele abriu a mão com a o tampão
de prata em sua palma.
- Oh, meu Deus -, Sylvie sussurrou.
Outros perguntaram: - O que é?
- Quem, Jacob? Quem te disse os nossos pequenos segredos sujos?
Jacob apenas o encarou.
- Eu poderia usá-los em você -, disse Richard.
Jacob empalideceu um pouco, mas ele não respondeu. Seu queixo estava tão tenso que eu podia ver o pulsar dos músculos, mas ele não desistiu de quem o tinha ajudado.
Ele nem sequer perguntou se responder à pergunta o salvaria da masmorra. Tive de admirar isso, pelo menos, mas eu não tinha que gostar.
- Você não faria isso. -. Foi Paris, parecendo muito menos confiante do que ela tinha sido no trono. Ela parecia absolutamente insegura em seu vestido colante.
Richard olhou para ela por um longo tempo, ou talvez apenas pareceu muito tempo, e algo em seus olhos a fez desviar o olhar.
- Você está certa, eu não posso usá-los em Jacob, nem em ninguém. -. Ele olhou ao redor da clareira até os lobos dispersos e para aqueles que estavam esperando além
das árvores: - Mas me ouçam, se existem mais dessas coisas por ai, eu quero eles destruídos. Quando Jacob sair da masmorra, ela será selada para sempre. Vocês não
aprenderam nada de mim, se algum de vocês poderia fazer isso, vocês não aprenderam nada. -. Ele sinalizou para Sylvie, e ela veio para frente com uma seringa.
Os três homens lobo tiveram que segurar Jacob contra o chão para ela lhe dar a injeção. Eles o mantiveram até que seus membros ficaram moles e os olhos fecharam.
- Ele vai acordar na masmorra -, disse Richard. Sua voz carregava não apenas o cansaço, mas a derrota. Ele virou para mim assim que eles levaram Jacob para o buraco.
- Pegue seus leopardos e os seus aliados e vá para casa, Anita.
- Eu sou a lupa, lembre-se, você não pode me chutar para fora do negócio da matilha.
Ele sorriu, mas isso deixou seus olhos vazios e cansados. - Você ainda é a lupa, mas por hoje à noite você também é Nimir-Ra e seus leopardos precisam de você. Cuide
de Gregory, e se isso valer, eu sinto muito por tudo isso.
- Desculpa é algo que vale a pena, Richard, mas ela não mudará as coisas.
- Nunca muda -, disse ele.
Eu não podia ler o seu humor. Ele não era exatamente triste ou preocupado, ou qualquer coisa que eu tinha um nome, exceto derrota. Era como se ele já tivesse perdido
a batalha.
- O que você vai fazer? -, Eu perguntei.
- Eu vou descobrir quem ajudou Jacob a fazer isso.
- Como? - Eu perguntei.
Ele sorriu e balançou a cabeça. - Vá para casa, Anita.
Eu Levantei e olhei para ele por um batimento cardíaco ou dois, depois voltei para os meus leopardos. Gregory estava em uma maca e Noah e Zane estavam carregando
ele. Cherry estava conversando com o médico lobo que tinha enfaixado o nariz de Jacob. Ela estava fazendo um monte de assentimentos. Instruções, talvez.
Micah estava de pé na ponta do grupo me observando. Encontrei seus olhos, mas nenhum de nós sorriu. Eu olhei para ele de volta, mas Richard já estava indo embora
por entre as árvores com Jamil e Shang-Da às suas costas. O rosto de Micah estava muito neutro enquanto eu caminhava em direção a ele. Eu não estava mais esperançosa.
Eu poderia ter me fingido de boa, mas eu não queria. Eu estava cansada, tão terrivelmente cansada. Minha roupa cheirava a latrina, e provavelmente a minha pele também.
Eu queria um banho, roupas limpas, e fazer o olhar perdido nos olhos de Gregory ir embora. O banho e as roupas eram a parte fácil. Eu nem sei como começar a fazer
a dor de Gregory ir embora.
Eu estendi a mão para Micah, não por causa da energia do outro, aparentemente depressão amortece ela, mas porque eu queria o toque da outra mão. Eu queria o conforto
e eu não queria ter que pensar sobre isso. Eu só queria ser segurada.
Ele arregalou os seus olhos, mas pegou a minha mão, apertando-a suavemente. Eu comecei a caminhar em direção às árvores, levando-o pela mão. Os outros nos seguiram.
Até mesmo o rei dos cisne e os homens-rato.
Anita Blake, a flautista mágica sobrenatural. O pensamento deveria ter me feito sorrir. Mas não o fez.
28
Duas horas depois, eu tomei banho de chuveiro e Gregory de banheira, embora eu tenha tomado banho sozinha e Gregory teve companhia. Ele ainda não tinha o uso total
dos braços e das pernas. Eu não achava que era necessário que Chery, Zane, e Nathaniel precisassem tirar a roupa e entrar na banheira com ele, mas, hey, eu não estava
me oferecendo para ajudar, então quem era eu para reclamar? Além disso, nunca se tornou sexual, era como se o toque em sua pele fosse necessário, parte do processo
de cura. Talvez fosse mesmo.
Eu estava sentada na minha nova mesa de cozinha. A minha velha mesa de dois lugares não havia sido suficientemente espaçosa para todos os leopardos comerem bagels
e cream cheese, ao mesmo tempo. A nova mesa era de pinho pálido, envernizada com um brilho dourado. Continuava não havendo espaço suficiente na mesa para que todos
possam sentar e beber café, mas quase. Eu precisaria de uma mesa de banquete para ter tanto espaço assim, mas a cozinha não era longa o suficiente para isso. Havia
mais de uma razão para que os senhores feudais tivessem grandes castelos - é necessário um espaço apenas para alimentar e cuidar de todo o seu povo.
A única pessoa sentada na cozinha mal iluminado era a Drª Lillian. Elizabeth tinha sido transportada para o hospital secreto que os metamorfos mantinham em St. Louis.
Todos os meus outros leopardos estavam cuidando de Gregory. Micah e seus gatos vagando na área externa. Caleb tinha tentado se incluir no banho e tinha sido recusado.
O resto do bando de Micah parecia inquieto, nervoso, não sabendo o que fazer consigo mesmos. Eu tinha a minha prioridade para a noite - cuidar de Gregory. Todo o
resto podia esperar. Um desastre por vez ou você perde seu rumo e sua mente.
Drª Lillian era uma mulher pequena, de cabelos grisalhos cortados retos logo acima dos ombros. Seu cabelo estava mais comprido do que a primeira vez que eu a conheci,
mas o resto era o mesmo. Eu nunca tinha visto ela usar maquiagem, e seu rosto ainda parecia agradável e atraente em um estilo mais de cinqüenta anos - embora eu
descobri que ela tinha realmente bem mais de sessenta anos. Ela certamente não aparentava.
- As drogas ainda estão em seu sistema -, disse Dr. Lillian.
- Drogas, no plural? - Eu perguntei.
Ela assentiu. - O nosso metabolismo é tão rápido que só um coquetel de remédios para nos manter sedados por algum período de tempo.
- Gregório não foi sedado. Ele parecia muito ciente de tudo o que estava acontecendo -, eu disse.
- Mas o seu coração, sua respiração, seus reflexos involuntários foram subjugados. Se você não pode acessar os efeitos de uma descarga de adrenalina, você não pode
mudar de forma.
- Por que não?
Lillian encolheu os ombros, tomando um pequeno gole de seu café. - Nós não sabemos, mas há algo que nos extremos de resposta da luta ou do vôo que abre o caminho
para a nossa besta. Se você pode privar uma metamorfo dessa resposta, então você pode impedi-lo de mudar.
- Indefinidamente? - Eu perguntei.
- Não, a lua cheia vai trazer-lo, não importa que drogas você bobeie em alguém -.
- Quanto tempo até Gregory voltar ao normal?
Os olhos dela foram para baixo, e subiram, e eu não gostei que ela precisasse desse segundo para mudar seus olhos, como se algo mal estivesse chegando.
- As drogas provavelmente vão sair em cerca de oito horas, talvez mais, talvez menos. Depende de muitas coisas.
- Então ele fica aqui até os medicamentos saírem, então ele muda de forma e fica bem, certo? -. Eu coloquei uma melodia no final, fazendo uma pergunta, porque eu
sabia que a atmosfera era demasiado séria para ser assim tão fácil.
- Eu temo que não -, disse ela.
- O que está errado doutora, porque está tão seria?
Ela deu um pequeno sorriso. - Em oito horas o dano aos ouvidos de Gregory podem ser permanentes.
Eu pisquei para ela. - Quer dizer que ele vai ficar surdo?
- Sim.
- Isso não é aceitável -, Eu disse.
Seu sorriso aumentou. - Você diz isso como se por pura vontade você pode mudar as coisas, Anita. Faz você parecer muito jovem.
- Você está me dizendo que não há nada que possamos fazer para curá-lo?
- Não, eu não estou dizendo isso.
- Por favor, doutora, apenas me diga.
- Se você fosse verdadeiramente a Nimir-Ra, então você poderia ser capaz de chamar sua besta para fora de sua carne e forçar a mudança, mesmo com as drogas em seu
sistema.
- Se alguém puder me dizer como fazer isso, eu estou disposta a tentar.
- Então você acredita que será a verdade Nimir-Ra na lua cheia? -, Lillian perguntou.
Eu dei de ombros e sorvi o café. - Não cem por cento de certeza, não, mas as evidências estão com uma contagem alta.
- Como você se sente sobre isso?
- Ser Nimir-Ra de verdade? -, Eu perguntei.
Ela concordou.
- Eu estou tentando muito não pensar muito sobre isso.
- Ignorar não irá fazer ir embora, Anita.
- Eu sei disso, mas me preocupar com isso não vai mudar as coisas também.
- Muito prático de você, se você conseguir aguentar até o fim.
- O que, não me preocupar?
Ela balançou a cabeça novamente.
Eu dei de ombros. - Eu vou me preocupar com cada desastre enquanto eles forem acontecendo -.
- Você realmente pode compartimentar a esse grau?
- Como podemos concertar o Gregory?
- Eu vou tomar isso como um sim -, Disse ela.
Eu sorri. - Sim.
- Como eu disse, se você fosse a Nimir-Ra em plena potência, você poderia ser capaz de chamar sua besta, mesmo através das drogas.
- Mas como eu não mudei ainda, eu não posso?
- Eu duvido. É uma habilidade bastante especializada, mesmo entre os metamorfos completos.
- Rafael pode fazer isso?
Ela sorriu, o sorriso que a maioria dos homens-rato dá quando perguntado sobre seu rei. Foi um sorriso cheio calor e orgulho. Eles gostam dele e o respeitavam. Vamos
ouvir isso como uma boa liderança.
- Não.
Isso me surpreendeu, e isso deve ter aparecido em meu rosto.
- Eu disse a você, é um talento raro. Seu Ulfric pode fazê-lo.
Olhei para ela. - Você quer dizer Richard?
- Você tem outro Ulfric? -, ela perguntou, sorrindo.
Eu quase sorri de volta. - Não, mas precisamos de alguém que pode chamar leopardos, certo?
Ela concordou.
- E o Micah?
- Eu já perguntei. Nem ele nem Merle podem chamar a besta de outro. Micah se ofereceu para tentar curar Gregory chamando a carne, mas as lesões estão além dele.
- Quando Micah tentou curar Gregory?
- Enquanto você estava se limpando -, disse ela.
- Eu tomei um banho rápido.
- Não demorou muito para ele ter certeza de que os ferimentos de Gregory estão acima de sua capacidade.
- Você não teria falado o seu ponto se não tivesse alguma esperança.
- Eu posso usar outras drogas para tentar superar os efeitos.
- Mas... -, Eu disse.
- Mas a mistura dos medicamentos pode explodir seu coração ou romper suficientes vasos sanguíneos importantes em outros órgãos para matá-lo.
Eu a encarei por um batimento cardíaco ou dois. - Quão ruim são as probabilidades?
- Ruim o suficiente para eu precisar de sua permissão como Nimir-Ra antes de tentar.
- Gregory deu permissão?
- Ele está apavorado. Ele quer ser capaz de ouvir novamente. Claro que ele quer que eu tente, mas não estou certa de que ele está pensando claramente.
- Então, você está vindo para mim como você iria para um pai de um filho -, Eu disse.
- Eu preciso de alguém que está pensando com clareza para tomar uma decisão em nome Gregory.
- Ele tem um irmão. - Eu franzi a testa, porque eu percebi que não tinha visto Stephen no Lupanar. - Onde está Stephen?
- Me disseram que o Ulfric ordenou ao irmão de Gregory para não ir essa noite. Alguma coisa sobre ser injusto para ele ver seu próprio irmão executado. Vivian foi
buscá-lo.
- Meu Deus, isso foi grande para o Richard.
- Você parece amarga sobre isso.
- Pareço? - E isso soou amargo, mesmo para mim. Suspirei. - Estou frustrada, Lillian. Richard vai conseguir que as pessoas me eu me preocupo sejam mortas, para não
falar ele mesmo.
- O que arrisca tanto você quanto o Mestre da Cidade.
Eu franzi a testa para ela. - Acho que todo mundo sabe essa parte -.
- Eu acho que sim -, Disse ela.
- Sim, ele está arriscando todos nós por seus altos ideais morais.
- Os ideais são dignos de sacrifícios, Anita.
- Talvez, mas eu não estou cem por cento certa que eu já mantive um ideal perto o suficiente para trocar as pessoas que eu amo por ele. Ideais podem morrer, mas
eles não respiram, eles não sangram, eles não choram.
- Então, você trocaria todos os seus ideais pelas pessoas que você toma conta? -, ela perguntou.
- Eu não tenho certeza de que eu ainda possuo algum ideal.
- Você ainda é cristã, não é?
- Minha religião não é um ideal. Ideais são coisas abstratas que você não pode tocar ou ver. Minha religião não é abstrata, é muito concreta, muito real.
- Você não pode ver a Deus -, disse ela. - Você não pode prendê-Lo em sua mão.
- Quantos anjos podem dançar na cabeça de um alfinete, huh?
Ela sorriu. - Algo como isso.
- Eu segurei uma cruz enquanto queimava de tão brilhante que me cegou até que todo o mundo era apenas fogo branco. Eu vi uma cópia do Torá virar chamas nas mãos
de um vampiro, e mesmo depois que o livro tinha virado cinzas, o vampiro continuou queimando até que ele morreu. Eu estive na presença de um demônio e recitei as
escrituras sagradas, e o demônio não podia me tocar. - Eu balancei minha cabeça. - A religião não é uma coisa abstrata, Dr. Lillian, ela é viver, respirar, crescer,
uma coisa orgânica.
- Orgânico soa mais Wicca do que cristão -, ela disse.
Eu dei de ombros. - Eu estive estudando com uma psíquica e alguns de seus amigos wiccans por cerca de um ano, difícil não absorver algo.
- Estudar Wiccanismo te colocou em uma posição estranha?
- Quer dizer que porque eu sou uma monoteísta?
Ela concordou.
- Eu tenho dons dados por Deus e não tenho o treinamento necessário para controlar esses dons. A maioria das denominações da igreja encararam mal os psíquicos, deixaram
sozinhos quem anima os mortos. Eu preciso de treino, de modo que eu encontrei as pessoas para me treinar. O fato de eles não serem cristãos eu vejo como uma falha
da igreja, não uma falha deles.
- Existem bruxas cristãs -, ela disse.
- Eu me encontrei com alguns delas. Eles todos parecem ser fanáticos, como se eles tivessem que ser mais cristão do que todos para provar que eles são bons o suficiente
para ser cristão. Eu não gosto de fanáticos.
- Nem eu -, ela disse.
Olhamos uma para o outra na cozinha escura. Ela levantou a caneca de café. Eu tinha dado a ela uma com um cavaleiro pequeno e um dragão enorme que dizia - Sem coragem,
sem glória.
Lillian disse, - Abaixo os fanáticos.
Eu levantei minha própria caneca no ar. Era a caneca do bebê pinguim, ainda minha favorita. - Abaixo os fanáticos.
Nós bebemos. Ela colocou a caneca sobre o porta copos e disse: - Eu tenho a sua permissão para tentar as drogas em Gregory?
Eu respirei fundo e deixei sair lentamente, e concordei. - Se ele concordar, faça.
Ela saiu da mesa e se levantou. - Eu vou ir preparar tudo.
Eu concordei, mas permaneci sentada. Eu estava rezando quando senti alguém entrar no aposento. Sem abrir os olhos, eu sabia que era Micah.
Ele esperou até que eu levantasse minha cabeça, abrindo meus olhos. - Eu não queria interromper -, ele disse.
- Eu já acabei -, disse eu.
Ele acenou e deu aquele sorriso que tinha uma parte diversão, uma tristeza e alguma parte de outra coisa. - Você estava orando? -. Ele fez uma pergunta.
- Sim.
Algum truque da luz fez seus olhos brilharem no escuro, como se houvesse uma centelha de fogo escondida no fundo de seu verde dourado profundo. A ilusão escondeu
seus olhos e a maior parte de seu rosto para as sombras e a escuridão. Somente aquele brilho cintilante permaneceu, como se a dança de cores em seus olhos fosse
mais real do que o resto dele.
Sem ver o seu rosto, eu sabia que ele estava chateado. Eu podia sentir isso como uma tensão abaixo de minha espinha. - O que há de errado? - Eu perguntei.
- Não me lembro da última vez que orei.
Eu dei de ombros. - Muitas pessoas não rezam.
- Porque me surpreende que você faça? -, Ele perguntou.
Eu dei de ombros novamente.
Ele deu um passo à frente, e a luz caiu sobre seu rosto e aquele estranho sorriso misturado dele.
- Eu tenho que ir.
- O que há de errado? - Eu perguntei.
- O que faz você pensar que algo está errado?
- O nível de tensão entre você e seus gatos. O que aconteceu, Micah?
Ele pressionou o polegar e o indicador contra os olhos, esfregando, como se estivesse cansado. Ele piscou os olhos como jóias para mim. - A emergência do bando.
Nós temos um membro que não pode vir hoje à noite, e ela se meteu em apuros.
- Que tipo de apuros?
- Violet é a nossa versão do seu Nathaniel, a menos dominante de nós. - Ele deixou assim, como se explicasse tudo. Ele fez, e não o fez.
- E? -, Eu disse.
- E eu tenho que ir ajudá-la.
- Eu não gosto de segredos, Micah.
Ele suspirou, correndo os dedos pelos cabelos. Ele se desfez da presilha do rabo de cavalo, jogou-a no chão, passou a mão pelo comprimento de ondas, mais e mais,
como se ele estivesse querendo fazer isso à noite toda. O movimento foi duro, desesperado com a tensão.
Ele olhou para mim, o cabelo castanho escuro em desordem em torno de seu rosto, os olhos brilhando. Em um instante, ele deixou de ser o simpático e atraente homem
para algo selvagem e estranho. Não foi apenas o cabelo ou os olhos de gato. Sua besta borbulhava contra a minha pele como a água fervendo. Eu já tinha sentido o
seu poder, mas não assim, quase quente o bastante para escaldar. Então eu percebi que eu podia ver o calor, vê-lo. Ele corria sobre ele, invisível, mas quase não,
como algo meio-visto pelo canto do olho. Eu quase podia ver o contorno de algo monstruoso aparecendo em volta dele, como o vapor saindo do pavimento no verão, uma
coisa ondulada. Eu estive cercada de metamorfos por anos e nunca vi nada parecido.
Merle apareceu na porta. - Nimir-Raj, algo errado?
Micah se virou, e eu vi um rastro nadando, como se algo grande e quase invisível se movimentasse um pouco acima de seu corpo. Sua voz saiu baixa e rosnando. - Errado,
o que poderia estar errado?
Gina empurrou Merle. - Nós temos que ir, Micah.
Micah levantou as mãos, e o rastro se mudou com ele. Eu não podia realmente ver as garras e pêlos, apenas indícios disso, nadando ao seu redor. Ele cobriu os olhos
com as mãos, e eu vi aquelas garras fantasmagóricas percorrer, dentro e fora de seu rosto. Assistir isso me deixou zonza, e eu olhei para o tampo da mesa para me
equilibrar junto com a realidade.
Eu ouvi Marianne dizer que ela podia ver a aura de poder em torno de pessoas e metamorfos, mas eu nunca tinha sido capaz de ver uma antes.
Eu senti o calor dele me dobrando para longe, o calor, a sensação da pele dobrando e se puxando para fora, como o oceano voltando da praia. Eu levantei meu rosto
para ver, e aquela forma vista-não-vista tinha sumido, foi engolida de volta para o corpo dele.
Ele me encarou. - Você me olha como se tivesse visto um fantasma.
- Você está mais perto do que você imagina. -, Eu disse.
- Ela tem medo de seu poder -, Gina disse, e houve desprezo em sua voz.
Eu olhei para ela. - Eu vi a sua aura, vi como um fantasma branco ao redor de seu corpo.
- Você fala como se nunca tivesse visto antes -, disse Micah.
- Eu não tinha, e não visualmente.
Gina pegou o braço dele, delicadamente, mas com firmeza, e tentou puxá-lo para a porta. Ele simplesmente olhou para ela, e eu senti sua presença, a sua personalidade,
por falta de palavra melhor, como algo quase palpável. Ela caiu no chão, segurando sua mão, esfregando o rosto contra ele. - Eu não pretendia ofender, Micah.
O olhar em seu rosto era frio. Seu poder, sua força começou a gotejar através do aposento novamente.
- Nimir-Raj -, disse Merle, - Se você vai ir, você tem que ir agora. Se você não for... - Sua voz era cuidadosa, quase gentil, um tom de piedade, e eu não entendia
o porquê.
Micah rosnou para Merle, eu acho. Então sua voz saiu normal, humana. - Eu sei o meu dever como Nimir-Raj, Merle.
- Eu nunca me atreveria a dizer as funções de um Nimir-Raj, Micah. -, Ele disse.
Micah de repente pareceu cansado de novo, toda energia se drenando. Ele ajudou Gina a ficar em pé, embora parecesse estranho porque ela era uma cabeça mais alta.
- Vamos indo.
Todos eles viraram para a porta. - Espero que o seu leopardo esteja bem -, Eu disse.
Micah olhou para trás. - O Nathaniel estaria, se ele tivesse ligado por ajuda?
Eu balancei minha cabeça. - Não.
Ele balançou a cabeça e voltou para a porta. - A minha também. -. Ele hesitou e disse sem se virar, - Vou levar Noah e Gina comigo, mas tudo bem se eu deixar Merle
e Caleb aqui?
- Você não vai precisar deles com você?
Ele olhou para trás, sorrindo. - Eu só preciso pegar Violet. Eu não preciso de músculo para isso e talvez você queira alguns músculos extra.
- Você quer dizer, no caso do pessoal do Jacob aborrecerem?
Seu sorriso aumentou. - Aborrecer, sim, no caso deles se aborrecerem.
Então eles foram para a outra sala, e eu estava sozinha na mesa. Lillian voltou, com os olhos estreitos.
- O quê? - Eu perguntei
Ela apenas balançou a cabeça. - Não é da minha conta.
- Correto -, Eu disse.
- Mas se fosse...
- O que não é -, Disse eu.
Ela sorriu. - Mas se fosse, eu diria duas coisas.
- Você vai dizer de qualquer maneira, não é?
- Sim -, Ela disse.
Acenei para ela ir em frente
- Primeiro, é bom ver você deixar seu coração seguir alguém novo. Em segundo lugar, você não conhece este homem muito bem. Tenha cuidado a quem você da o seu coração,
Anita.
- Eu não dei meu coração para ninguém, ainda.
- Ainda não -, disse ela.
Eu franzi a testa para ela. - Você percebe que você me disse para seguir o meu coração e não seguir meu coração.
Ela concordou.
- Eles são partes contraditórias de um conselho -, Eu disse.
- Eu estou ciente disso.
- Então, que parte de conselho que você quer que eu siga?
- Ambas, é claro.
Eu balancei minha cabeça. - Vamos salvar Gregory e se preocupar com a minha sempre sórdida vida amorosa mais tarde.
- Não posso prometer que vamos salvar Gregory, Anita.
Eu levantei a mão. - Eu me lembro das probabilidades, doutora. - Eu a segui para fora e para dentro da sala escura e tentei acreditar, realmente acreditar, em milagres.
29
Nós décimos fazer isso na varanda atrás da casa. A varanda dava para dois hectares de floresta fechada. Sem vizinhos. Sem ninguém para nos ver. A varanda também
era duas vezes o tamanho da cozinha, que era a única parte da casa sem tapete. Uma vez que um metamorfo mudasse no tapete ou você mesma limpava a vapor, ou contratava
alguém que o faria. Não fui eu a pessoa que sugeriu que Gregory iria arruinar o tapete, foi, na verdade, o Nathaniel. Ele era, apesar de tudo, a pessoa mais provável
para limpar com o aspirador de pó entre as visitas da empregada. Eu nem estava certa se sabia onde o aspirador ficava.
Gregory estava encurvado no meio da varanda, sua cabeça no colo de seu irmão, seus braços envoltos na cintura nua do outro homem. Apenas seu cabelo loiro frisado,
empalidecido pelo luar, cobria a parte superior do corpo de Stephen. Ele estava nu até a cintura, em preparação para a mudança. Ele ia sair para a floresta com seu
irmão. Isto supondo que Gregory sobrevivesse à mudança. Nós tínhamos cinquenta por cento de chance, não eram probabilidades ruins se tudo o que você estivesse pondo
a perder fosse dinheiro, mas quando se trata da vida de alguém, cinquenta por cento não soa tão bem.
Stephen olhou para mim. Seus olhos eram azul-prateados com o luar. Ele parecia pálido e etéreo. Sua face estava com uma emoção crua; seus olhos mostravam uma inteligência
e uma urgência que Stephen não mostrava frequentemente. Ele era submisso, frágil em toda a sua vida, mas naquele momento ele colocou uma petição em mim com seus
olhos, seu rosto, a dor que mostrava no peso dos ombros, a maneira feroz como ele tocou seu irmão, que ainda estava encolhido em seu colo, apenas longos cachos pálidos
e pele ainda mais pálida. Gregory estava nu no meio de uma noite quente de verão e até aquele momento eu não havia notado. A nudez não me fez pensar em sexo, me
fez pensar em como ele estava terrivelmente vulnerável.
Stephen olhou para mim e pediu com cada linha de seu corpo, o desespero em seus olhos, o que ele era submisso de mais para dizer em voz alta. Eu não precisava ser
telepata para saber o que ele queria. Salve-o, salve meu irmão, ele gritou para mim com seus olhos. Dizer isso em voz alta seria redundante.
Vivian, que era tão frágil quanto Stephen, submissa, disse em voz alta de qualquer maneira. - Por favor, tente chamar a besta dele, pelo menos tente antes que usem
as drogas.
Eu olhei para ela e devia haver algo em meu rosto que a amedrontou, porque ela caiu de joelhos e se arrastou em minha direção. Não era aquele ritmo gracioso que
os leopardos podiam fazer. Era como um humano rastejando, desajeitado, lento, baixo, de olhos vidrados para cima. Ela estava exibindo a versão de leopardo se comportando
submissamente e eu odiava isso. Odiava ela sentindo essa necessidade, como se eu fosse um ogro que precisava aplacar, mas eu a deixei fazer isso. Richard tinha me
mostrado o que acontece em um grupo quando o dominante se recusou a ser dominante.
Ela se apoiou contra minhas pernas, empurrando seu corpo contra mim, de cabeça baixa. Normalmente, leopardos rolariam ao redor de minhas pernas como gatos enormes,
mas esta noite Vivian apenas se pressionava contra minhas pernas mais como um cão assustado do que um gato desfrutando. Eu me inclinei para tocar seu cabelo e a
ouvi murmurando baixinho, tão suave, - Por favor, por favor, por favor. - Você teria que ser mais frio até mesmo que eu para ignorar aquela súplica.
- Tudo bem, Vivian, eu vou tentar.
Esfregando o rosto ao longo de minha calça jeans enquanto ela levantava a cabeça, seus olhos mirando a mim, novamente como um cachorro amedrontado. Vivian sempre
tinha sido tímida perto de mim, mas eu nunca havia visto esse nível de medo antes. Eu não achava que era a tortura de Gregory que fez a diferença. Eu penso que foi
o fato de eu ter enchido Elizabeth de buracos. Sim, provavelmente foi a causa. Eu não poderia arruinar a lição tranquilizando Vivian agora de que eu não iria atirar
nela. Merle e Caleb estavam ouvindo e se nós realmente fossemos combinar nossos bandos, ser temida não era um modo ruim de começar.
Olhei à volta e encontrei Merle me observando. Ele ainda estava completamente vestido, calças jeans, botas, jaqueta jeans sobre o peito nu, mostrando a cicatriz
como um raio ao luar em seu estômago. Encaramos um ao outro e a força do olhar dele, o potencial físico que vislumbrei ao redor dele, fez o cabelo da minha nuca
se arrepiarem. Eu passei anos ao redor de homens perigosos e monstros perigosos; Merle era ambos. Se eu pudesse fazê-lo realmente ter medo de mim, isso seria uma
coisa boa.
Caleb, por outro lado, tinha começado a despir suas roupas quando todos os outros também, e só o meu protesto, apoiado por Merle, haviam mantido as calças. Ele caminhou
descalço, a luz do luar pegando nas argolas em seu mamilo e na borda do umbigo. Ele tinha que olhar diretamente para mim para que a argola em sua sobrancelha reluzisse.
Ele estava circulando Cherry, que não havia se vestido depois de ajudar Gregory em seu banho. Ela se ergueu alta e confortavelmente nua, ignorando-o.
O fato de ele estar prestando atenção à sua nudez era uma violação do protocolo entre os metamorfos. Você só notava a nudez se você tivesse sido convidado a fazer
sexo. Fora isso, você fingia que todos eram tão neutros quanto uma boneca Barbie.
Zane se colocou entre Cherry e Caleb, rosnando baixo. Caleb riu e recuou. Eu não precisava de outro pé no saco no grupo e era isso que Caleb era.
Drª Lillian estava de pé atrás de nós segurando uma agulha enorme, pronta para agir. Os dois guarda-costas homens-rato, Claudia e Igor, estavam atrás dela. Eles
me pegaram de surpresa pondo as armas no carro ao longo do caminho. Armas não eram permitidas no Lupanar, mas eles eram guarda-costas e armas eram uma coisa boa
para guarda-costas. Claudia tinha uma Beretta 10 milímetros escondida nas costas. O fato de ela poder usar uma 10 milímetros dizia o quanto suas mãos eram maiores
do que as minhas. Igor tinha um coldre de ombro com uma Glock 9 milímetros. Ambas boas armas e os dois homens-rato lidavam com elas como se soubessem o que estavam
fazendo. Rafael havia insistido que eles ficassem, por via das dúvidas, no caso de Jacob ou um dos seus aliados terem alguma ideia selvagem sobre um ataque preventivo.
Claudia e Igor estavam na pose típica de guarda-costas, mãos cruzadas em frente a eles, uma mão segurando o pulso oposto. Normalmente é uma coisa de homem ficar
parado assim, ou coisa de atleta, mas guarda-costas o faziam também. É como se eles segurassem as próprias mãos por reafirmação.
Seus rostos estavam neutros. Eles estavam aqui para me proteger e não a Gregory. Não importava pra eles, ou não parecia importar.
Nathaniel se apoiou contra a grade, vestindo shorts, o cabelo pendurado como uma cortina escura ao redor de seu corpo ainda molhado do banho. Demoraria uma eternidade
para seu cabelo secar naturalmente. Sua face era serena. Ela refletia um prazer quase zen, como se ele confiasse em mim para fazer tudo certo. De todas as expressões,
a sua foi a mais irritante. Eu estava acostumada a pessoas terem medo de mim, eventualmente, mas adoração plena - isso eu não estava acostumada.
Olhei de volta para Vivian abaixo, ainda pressionada contra minhas pernas. Havia medo em seus olhos, mas também havia esperança.
Eu toquei sua face e administrei um sorriso. - Farei o que puder.
Ela sorriu e era radiante. Ela sempre foi bonita, mas quando sorria era como se houvesse uma menininha olhando escondido, alguém mais jovial e mais livre que a Vivian
que eu conhecia. Eu valorizava aquele sorriso de menina dela, porque eu raramente o via.
Eu andei os poucos metros até os dois homens. Stephen ainda estava ajoelhado, seu irmão amontoado contra ele. Ele me assistiu com olhos cautelosos. Ele estava esfregando
a mão nas costas de Gregory repetidamente em pequenos círculos, o modo como você acaricia uma criança doente quando querem algum toque para saber que vão ficar bem.
Olhando nos olhos de Stephen, eu soube que ele não acreditava nisso. Ele não acreditava que Gregory ficaria bem, e isso o aterrorizava.
Ajoelhei-me ao lado deles e fiquei quase da mesma altura que Stephen. Eu encontrei aquele olhar pálido, aquela urgência e disse, - Eu vou tentar curá-lo.
Foi Caleb quem disse, - Se Micah não pôde curá-lo, por que você acha que pode?
Eu nem mesmo me preocupei em olhar para trás. - Tentar não vai doer.
- Você não teve a sua primeira lua cheia -, disse Merle. - Você não pode chamar a carne e curá-lo, ainda não, talvez nunca. Chamar carne para curar é um talento
raro.
Eu olhei para Merle. - Eu não vou chamar a carne, nem sei como isso funciona.
- Então como vai curá-lo? -, Merle perguntou.
- Com o munin.
- Como um fantasma de lobos vai lhe ajudar a curar um homem-leopardo?
Eu balancei a cabeça. - Eu curei os leopardos antes usando o munin.
- Você curou Nathaniel -, disse Cherry, - duas vezes, mas mais ninguém.
- Se isso funciona para um de vocês, deve funcionar para todos vocês -, eu disse.
Cherry franzia a testa.
- O que há de errado?
- Você cura com Raina, tudo era sexo com ela e você quer Nathaniel dessa forma. Você nunca foi atraída por Gregory.
Eu dei de ombros. Ela estava expressando as mesmas dúvidas que eu tinha, mas ouvir em voz alta fez soar pior. Eu me sentia mais duvidosa se poderia fazer isso e
mais vagabunda por precisar de atração sexual para curar. Mas eu estava superando essa sensação de vagabunda já. Se eu pudesse salvar tanto a audição quanto a vida
de Gregory, vergonha não seria um preço tão alto a pagar.
Olhei para Gregory, ainda amontoado em uma bola fetal apertada ao redor do colo e cintura de Stephen. Ele segurava seu irmão como se ele fosse a última coisa sólida
no universo, como se, se ele o deixasse ir, ele fosse puxado e se perdesse.
Toquei seus cabelos levemente e ele moveu a face de forma que poderia me ver por entre um emaranhado de cachos pálidos. Eu varri os cachos para longe de seu rosto.
Era um gesto que você usa com uma criança. Eu odiei Gregory uma vez por causa de algumas coisas que ele havia feito quando Raina e Gabriel ainda estavam vivos. Mas
no momento eles estavam mortos e ele soube que tinha uma escolha, ele deixou de fazer a maioria das coisas. Teria ele me feito Nimir-Ra de propósito? Olhando em
seus grandes olhos azuis eu não acreditei nisso. Não era ingenuidade, era a certeza de que Gregory apenas não era dominante para isso. Para decidir, mesmo numa fração
de segundo, mudar o status atual que era profundamente além dele. Ele debateria, ou pediria conselho ou permissão, mas ele não tomaria uma decisão unilateral sem
alguma avaliação. Eu sabia isso sobre Gregory. Richard não.
Eu toquei seu rosto, segurando, levantando para que ele pudesse encontrar o meu olhar sem precisar fazer aquilo com os olhos que me enervava. Simplesmente servil
de mais para o meu gosto. Eu encarei aquele rosto bonito, deixei o meu olhar descer pelos cachos que escorriam, a linha da suas costas, a volta do seu quadril, mas
eu não senti nada. Eu podia apreciar a sua beleza, mas eu tentava muito observar os leopardos com neutralidade. Você pode ser amigo de alguém e ter relações com
ele. O truque é querer que o lado emocional e físico estejam bem do que do que foder com eles. Se você cruzar essa linha e querer sexo mais do que a felicidade deles,
então você não é amigo deles. Seu amante talvez, mas não seu amigo.
Mas era mais do que isso. Cherry estava certa, Gregory nunca tinha mexido comigo dessa maneira. Suspirei e trouxe minha mão de volta. - O que há de errado? - Stephen
perguntou.
- Ele é bonito de se ver, mas...
Stephen quase sorriu. - Mas você precisa de mais do que apenas um rostinho bonito para cobiçar.
Eu dei de ombros. - Às vezes, minha vida seria mais simples se não fosse assim, mas é.
- Eu lembro que eu tive que falar com você na primeira vez que curou Nathaniel -, ele disse suavemente.
Concordei. - Eu me lembro também.
Gregory sentou, assistindo a ambos, tentando leitura labial, eu acho. Havia algo frenético sobre a forma como ele tentou decifrar o que nós estávamos dizendo. Deus,
por favor, me deixe ajudá-lo. Ele estava tão assustado.
- Eu penso nele mais como uma criança, sem ofensa.
- Você pensa mais como uma mãe do que uma sedutora, isso é uma coisa boa -, Stephen disse. - Não se desculpe por isso.
Cherry se juntou a nós, ajoelhando nos saltos do sapato dela, corpo longo e curvo em linhas graciosas. - Você chamou Raina no lupanar sem luxúria, certo?
Eu assenti. - Eu posso chamar o munin de Raina, às vezes, mesmo se eu não quiser, mas ela sempre exige um preço antes de partir.
- Você não seduziu ninguém essa noite no lupanar -, ela disse.
- Não, mas eu quase comecei uma briga batendo em Richard, e em parte era Raina. Ela desfrutou da minha perda de controle, e... e ela estava preocupada com a matilha
hoje à noite. Ela não gostou do que Richard fez. Acho que ela reduziu as exigências dela por causa disso.
- E ela não se preocupa conosco como ela faz com os lobos.
- Não, ela não se preocupa.
- Do que você tem medo? - Stephen perguntou. - De que você iria molestar o Gregory?
Eu balancei a cabeça. - Não, eu tenho medo de que Raina vai.
- Você curou Nathaniel nos bosques e não fez nada terrível com ele -, Cherry disse.
- Não, mas eu tinha Richard e a matilha lá para me equilibrar, para me ajudar a controlá-la através das marcas. Sem ajuda extra nessa área, a idéia de pagamento
de Raina pode ficar um pouco suja.
- Defina sujo -, Stephen disse.
- Sexo, violência - - eu dei de ombros - - sujo.
- Você tem o bando aqui agora -, disse Cherry. - Você pode nos usar para equilibrio.
A verdade era, sem Micah aqui eu não tinha certeza de que eu poderia fazer isso. Assim como Richard era minha porta para os lobos, Micah era minha porta para os
leopardos. Ou era ele? Eu estava tratando isto como eu tratava Richard e Jean-Claude, como se eu fosse o estranho e eles o meu bilhete de entrada. Mas e se eu fosse
realmente a rainha leopardo? Se eu realmente fosse Nimir-Ra, então eu deveria poder fazer isso sem Micah. Eu percebi que, no momento eu duvidava disso, eu ainda
esperava não passar a próxima lua cheia peluda. Não importava quantas provas controversas, eu ainda não acreditava nisso. Talvez eu não quisesse acreditar. Mas eu
queria curar Gregory, isso eu queria.
Eu olhei para todos eles e soube que Cherry estava certa. Se eu fosse Nimir-Ra, então tinha tudo que precisava para me equilibrar. Se eu não fosse Nimir-Ra, então
não iria funcionar. O que nós tínhamos a perder? Eu olhei Stephen e Gregory, um espelho do outro, os olhos amedrontados, e soube exatamente o que tínhamos a perder
se eu não tentasse.
Eu tirei o coldre auxiliar completo com a Firestar da frente da minha calça jeans e olhei em volta. Se eu ia chamar os leopardos, eu não queria que eles se preocupassem
com a arma. Fiz um gesto para Claudia, a mulher rato. Considerando que eu ainda estava ajoelhada, ela se sobressaiu acima de mim, só dois centímetros mais baixa
que Dolph. Eu tinha que admitir que era impressionante, ainda mais porque ela era mulher.
Eu entreguei o coldre com a arma e ela tomou. - Certifique-se de que ninguém leve um tiro com ela.
Ela franziu a testa para mim. - Você acha que alguém vai tentar conseguir a arma?
- Eu, talvez.
O olhar carrancudo se aprofundou. - Eu não entendo.
- Raina se divertia através da violência. Eu não quero estar carregando uma arma quando chamar o munin dela.
As sobrancelhas de Claudia se elevaram. - Você quer dizer que ela tentaria fazer você usá-la em alguém?
Eu assenti.
- Ela tentou antes?
Eu assenti novamente. - No Tennessee, quando eu estava praticando com o munin, sim.
- Você não pareceu se preocupar com o lupanar.
- Posso chamá-la uma vez e dar certo, provavelmente. Mas se eu a chamar muitas vezes, vezes muito próximas, é como se ela crescesse -, Eu hesitei, - mais forte,
ou talvez eu simplesmente me canso de lutar.
- Ela era uma cadela quando estava viva. - Claudia disse.
- Estar morta não a mudou muito -, acrescentei.
A mulher alta estremeceu. - Estou feliz de que os homens-rato não tenham munin. Só o pensamento de alguma entidade dentro de mim já me assusta.
- Eu também -, Eu disse.
Ela me olhou pensativa agora. - Vou manter a arma segura. Existe mais alguma coisa que Igor e eu possamos fazer para ajudar?
Eu tentei pensar em alguma coisa, mas só uma me vinha a mente. - Se os leopardos não puderem me controlar, certifique-se de que eu não machuque ninguém.
- Quão ruim isso pode chegar a ser? -, ela perguntou.
Eu dei de ombros. - Normalmente, eu não me preocuparia com isso, mas da última vez que eu a chamei ela não conseguiu seu pedaço de carne ou sexo. Bater em Richard
a deixou feliz, mas... - Eu tentei explicar. - Eu a chamei três vezes seguidas para praticar, sem molestar ou ferir ninguém. Minha professora, Marianne, e eu pensamos
que era um sinal de que eu estava ganhando o controle de Raina. Então na quarta vez que a chamei, foi pior do que nunca. Você ou paga enquanto está com Raina, ou
você acaba devendo e a dívida vem com o interesse e o interesse é um inferno para pagar.
- Então você deveria me dar as facas também? - Claudia perguntou.
Ela tinha um ponto, sem trocadilhos. Puxei a bainha da manga, envolvi a faca, e a dei a ela.
- Eu pensei que você pudesse controlar esta merda. - Caleb estava parado só um pouco pra trás e pro lado de Claudia. Ele olhava a mulher alta como se imaginando
o que ela tentaria fazer se ele tentasse escalar ela. Eu quase desejei que ele tentasse, porque eu tinha quase certeza do que ia acontecer, e ainda mais certeza
que eu ia adorar assistir a isso. Caleb precisava de uma boa lição de alguém.
- Eu posso.
- Então por que todas as precauções?
Eu poderia tê-lo dito sobre o tempo em Tennessee quando o munin de Raina quase começou um tumulto na matilha de Verne com um tipo de jogo de estupro, sendo eu a
estuprada, mas eu não o fiz. Ao invés disso, eu disse, - Se você não vai ajudar, fique de lado e cale a maldita boca.
Ele abriu a boca para protestar, mas Merle o interrompeu, - Caleb, faça o que ela diz. - A voz dele era quieta, um som muito profundo, mas aquele tom suave parecia
funcionar em Caleb como um encanto.
- Claro, Merle, qualquer coisa que você disser. - E se afastou para o lado, perto da Drª Lillian e Igor.
Vislumbrei Merle. - Obrigada -, Eu disse.
Ele simplesmente respondeu com um aceno de cabeça.
Drª Lillian disse, - Entenderei isso como se você quisesse que eu espere para a injeção.
Eu assenti. - Sim.
Ela se virou e voltou pelas portas de correr de vidro, para dentro da casa escura. Todos os outros permaneceram onde estavam, olhando pra mim. Até Caleb, carrancudo
e de braços cruzados perto do corrimão, ainda estava assistindo ao show.
Eu tirei minha blusa e senti mais do que vi as pessoas reagindo, como o vento num campo de trigo, involuntariamente. Eu nunca me despia na frente das pessoas a menos
que eu realmente tivesse que fazê-lo. O sutiã negro que eu usava cobria mais do que a maioria dos biquínis, mas tem alguma coisa sobre deixar as pessoas te verem
de lingerie que simplesmente faz a todas nós, garotinhas bondosas, nos contorcermos.
- Renda preta. Eu gosto. -, Caleb disse.
Eu comecei a dizer algo, mas Merle foi mais rápido. - Cala a boca, Caleb, e não me faça falar de novo.
Caleb se encostou no corrimão, abraçando a si mesmo, o rosto enrugado em uma carranca que o fazia parecer ainda mais jovem do que realmente era.
- Prossiga -, Merle disse, - ele não vai interromper de novo.
Eu olhei para ele. Era ruim que ele continuasse interrompendo. Isso debilitava minha autoridade, mas já que eu não tinha certeza se tinha alguma autoridade sobre
Caleb, estava tudo bem, eu acho. Mas isso me incomodou. Eu simplesmente não sabia o que fazer sobre isso.
- Eu aprecio a ajuda, mas se nossos bandos realmente se juntarem, então Caleb terá que aprender a respeitar a mim, não a você.
- Você não quer minha ajuda? -, Ele a fez em pergunta.
- A prioridade esta noite é Gregory, mas Caleb e eu precisamos nos entender.
- Você vai atirar nele também?
Eu tentei ler a expressão de Merle, mas falhei. Algum tipo de hostilidade vazia foi tudo o que eu detectei. - Você acha que eu vou ter que atirar?
Merle deu um sorriso bem pequeno. - Talvez.
Isso me fez sorrir, um pouco. - Ótimo, tudo que eu preciso: outro problema de disciplina nos meus pards.
Seu sorriso desapareceu como se uma mão tivesse passado e o apagado de lá. - Nós não somos seus gatinhos, Anita, ainda não.
Eu dei de ombros. - O que você disser.
- Nós não somos seus -, Ele disse.
Observei sua face e vi algo atravessá-la na luz da lua. Talvez se eu tivesse uma iluminação melhor, eu tivesse conseguido decifrar o que era. - Por que o pensamento
de eu estar no comando te incomoda tanto?
Ele balançou a cabeça. - Não é você estar no comando que me incomoda.
- Então o que é?
Ele balançou a cabeça de novo. - O que me incomoda é você tentar estar no comando e falhar - e uma falhar muito, muito mal.
- Eu dou o meu melhor, Merle. É tudo o que eu posso fazer.
Ele acenou com a cabeça. - Acredito em você, mas eu já vi muitas pessoas fazerem seu melhor e ainda assim não conseguirem.
Dei de ombros e deixei pra lá. - Seja pessimista quando tiver que ser, Merle. Precisamos de uma pequena esperança aqui, não de negatividade.
- Então eu vou apenas me calar -, ele disse, o que queria dizer que, se ele não podia ser negativo, ele não tinha nada a dizer. Por mim tudo bem.
Tornei a Gregory e seus olhar arregalado assutado. Toquei seu rosto gentilmente, tentando tirar um pouco daquele medo, mas ele hesitava sempre que eu o tocava. Você
sofre tanto abuso na vida que você começa a pensar que cada mão oferecendo ajuda é um golpe prestes a te acertar.
- Vai ficar tudo bem, Gregory, - Eu disse. Já que ele não podia me ouvir, eu devia estar dizendo isso para reafirmar a mim mesma. Não parecia melhorar uma maldita
coisa em Gregory.
Eu tentei ver Gregory como objeto sexual, mas falhei. Corri meus dedos pela pele suave de suas costas, peguei uma mão cheia daqueles cachos amarelos, olhei naqueles
olhos adoráveis, mas tudo o que podia sentir era dó. Tudo o que eu podia sentir era uma necessidade de proteção por ele e o quanto eu queria deixá-lo seguro. Ele
estava totalmente nu, sentado na minha frente, e ele era adorável. Não tinha nada de errado com seu visual, exceto pelo fato que eu nunca tinha visto Gregory daquele
jeito. Confie em mim para encontrar uma maneira de tornar a virtude em um problema.
Me virei para Stephen, que ainda estava ajoelhado ao nosso lado. - Me desculpe, ele é lindo, mas eu quero abraçá-lo, deixá-lo seguro, não fazer sexo com ele, e instintos
protetores não farão Raina aparecer.
Cherry disse, - Você simplesmente chamou Raina no lupanar. Por que agora é diferente?
Eu olhei pra ela, parada nua e confortável contra o corrimão. Zane estava perto dela, vestido, e tão confortável quanto.
- Eu posso chamar Raina, mas eu não posso garantir que ela vai querer curar Gregory. A cura normalmente vem com desejo, não sem ele.
- Chame-a -, Stephen disse. - Uma vez que ela esteja aqui, talvez o resto floresça.
- Você quer dizer chamar seu munin, depois deixá-la no estado de espírito para tal, não a mim.
Ele pareceu muito serio, mas acenou com a cabeça.
- Você sabe qual é a ideia dela de sexo, Stephen.
Ele acenou novamente. - Confie em mim -, ele disse.
Estranhamente, eu confiei. Ele não era dominante, estava mais pra vítima, mas Stephen fazia o que ele dizia que faria, a quase qualquer preço. Ele tinha uma teimosia
desesperada, não importava quantas vezes você o abatesse.
- Chamarei o munin.
- E eu irei fazer com que a Raina veja o Gregory do jeito que ela tem que ver.
Nos olhamos um ao outro e tivemos um daqueles momentos de compreensão quase perfeita. Stephen faria qualquer coisa para salvar seu irmão, e eu faria quase qualquer
coisa para ajudá-lo.
30
Eu me sentei em volta em meus calcanhares na frente de Gregory e me abri para o munin, removendo a barreira que mantinha Raina longe, e ela se derramou por mim como
água morna percorrendo um cano, mais e mais, surfando em uma onda de ansiedade que ela não teve no lupanar. Um arrepio temeroso passou por mim. Eu sabia que era
um mal sinal, mas não lutei com ela. Eu a deixei ver, deixei ela me preencher, deixei ela gargalhar pela minha garganta.
Quando ela olhou para Gregory, ela não teve nenhum problema em vê-lo como um objeto sexual, mas Raina via quase todo o mundo como objetos sexuais, então não é de
se surpreender.
Toquei seu rosto, acariciei a linha de seu maxilar. Os olhos de Gregory se arregalaram. Eu percebi que, naquele momento, ele não sabia o que diabos nós estávamos
fazendo, ou o que tinha mudado. Eu podia chamar Raina e pensar racionalmente. Eu lutei bravamente para ser capaz disso. Eu poderia estar distante enquanto minha
mão percorria o peito nu de Gregory. Eu poderia parar minha mão - nossa mão - em sua fina cintura, e Raina não poderia me forçar a ir mais pra baixo. Ela rosnou
em minha cabeça, dando-me uma visão dela em sua forma de lobo, vociferando para mim. Mas foi só uma visão, como um sonho; ela não poderia me machucar, ou a ninguém.
Raina falou em minha cabeça. - Este lobo ainda tem dentes, Anita.
- Você conhece as regras -, Eu disse.
- O que? - Stephen perguntou.
Balancei a cabeça. - Estou falando com Raina.
- Isso é assustador -, Disse Zane.
Eu concordava com ele, de todo o coração, mas Raina já estava falando em minha cabeça, e eu não pude responder a ele. - Eu conheço as regras, Anita. E você?
- Sim.
- Eu faço o que eu quiser...
- E eu tento te deter -, eu terminei por ela.
- Como nos velhos tempos -, a voz falou na minha cabeça.
Shaiane
Realmente parecia com a relação que tínhamos quando ela era viva. Ela queria beijar Gregory, e eu não lutei contra isso. O beijo foi de boca aberta, mas suave, nada
que pudesse me assustar muito. Ao seu próprio modo, Raina também estava aprendendo a como lidar comigo.
Eu nunca tinha beijado Gregory antes, nunca quis. Eu ainda não queria. O beijo, de certa forma, é mais íntimo que a penetração, mais especial. Me afastei de seus
lábios, e Raina ficou tão feliz quanto antes ao beijar o lado de seu pescoço. Sua pele estava quente e cheirava a sabão. Enterrei meu rosto sob seus cabelos, atrás
de sua orelha, e senti o cabelo ainda úmido, cheirando a xampu.
Eu tentei fazer Raina curá-lo, mas ela lutou comigo. - Não, não antes de minha recompensa.
Eu tinha me inclinado para longe de Gregory, e devo ter dito em voz alta, porque Stephen perguntou, - Que recompensa?
Balancei a cabeça. - Raina não vai curá-lo antes de estar... alimentada. - Era um tipo de alimentação; de seu próprio modo, Raina era como o ardeur, exceto pelo
fato que ela só precisava se alimentar quando eu a chamava - era um desejo dela, não meu.
- O que você quer? -, Eu perguntei em voz alta, porque eu ainda não me sentia confortável em ter conversas dentro de minha própria cabeça.
Ela me deu uma visão de mim mesma beijando o peito dele, forçando ele a ficar de costas contra a varanda, e depois disso a única coisa da qual eu me lembro bem é
de estar dando um beijinho suave no umbigo de Gregory. Ele estava deitado de costas, me observando com olhos desfocados. Eu estava deitada ao seu lado, segurando
suas pernas, meu peito quase nu pressionado contra sua virilha. Eu não me lembro de como fui parar lá. Merda.
Eu rolei pra me distanciar dele, e Raina veio como fogo, percorrendo meu corpo, puxando minha boca até o quadril dele, lambendo o espaço aonde a cintura encontra
a virilha. Gregory se contorceu ao toque de minha boca, e por mais que eu tenha tentado ignorar isso, puxou nosso olhar até sua virilha.
Ele estava duro, pronto, mas essa visão fez Raina se afastar, me deixou no comando, não por vergonha, mas porque eu nunca tinha visto Gregory ereto antes. Ainda
era adorável de olhar para ele, mas a forma dele era estranha, quase em gancho no final. Eu não sabia que os homens podiam ser assim, e isso me parou no susto.
Raina gritou em minha cabeça, rugiu sobre mim enquanto me inundava com uma lembrança. A lembrança era de estar de quatro com um homem me cavalgando por trás, cavalgando
Raina. Eu não podia ver quem era; tudo o que eu podia fazer era sentir. Ele tinha encontrado aquele ponto no corpo de uma mulher, e eu sentia o orgasmo se aproximando.
Raina jogou sua - nossa - cabeça pra trás, uma onda de cabelos ruivos se balançando livremente de nossa face, e eu vi o reflexo de Gregory no espelho da sala.
Raina sussurrou em minha cabeça, - Sempre será assim com ele por trás, por causa do formato.
Me libertei da lembrança e me vi de quatro ao lado de Gregory, uma mão em seu corpo. Eu me afastei dele, porque as memórias comuns não funcionam sem contato corporal.
Virei minha cabeça para não vê-lo nu e pronto, porque eu ainda podia sentir sua lembrança em meu corpo, no corpo de Raina. Uma mão tocou meu braço nu, e a onda de
memórias desta vez foi avassaladora. Eu estava lá.
Ele encheu minha boca, minha garganta, foi pra dentro da minha boca com um esguicho grosso de calor, e seu corpo tremendo, batendo, os dentes cravados na pele grossa
e macia, e nós o comemos. O sangue se derramou pra cima e Raina se banhou nele.
Lutando, consegui me libertar dele, gritando, guinchando, e mais alguém estava gritando. Era Gregory. Abri meus olhos por um terrível segundo, porque a lembrança
era tão forte que eu não conseguia distinguir entre ela e a realidade. Mas quando pude ver de novo, ele estava se rastejando por completo para longe de mim, da lembrança
compartilhada. Porque esse era um dos dons de Raina: a habilidade de compartilhar o terror.
Eu ainda podia sentir a espessura da carne em minha boca, o sabor do sangue e de coisas mais grossas. Me rastejei até o corrimão, me puxei para cima e perdi tudo
o que tinha comido naquele dia.
Alguém veio por trás de mim, e eu levantei uma mão, minha cabeça ainda pendurada sobre a borda escura da varanda. - Não me toque.
- Anita, é Merle. Nathaniel disse que ninguém deveria encostar em você, ninguém que já tivesse compartilhado um... - ele hesitou, - momento com a velha lupa. Eu
não a conheci. Ela não pode te machucar através de mim.
Segurei minha cabeça com as mãos. Eu sentia como se ela fosse se dividir. - Ele está certo.
Seu aperto em meus ombros era tão hesitante quanto suas palavras. Me afastei do corrimão e o mundo desabou. Merle me agarrou, me segurou em seu peito. - Está tudo
bem.
- Eu ainda posso sentir o sabor de carne e sangue e... oh, Deus! Deus! - Eu gritei, mas isso não ajudou, não a isso. Merle me segurou contra seu peito, firme, minhas
mãos presas dos meus lados, como se eu fosse tentar me machucar. Eu não pensava que eu iria, mas eu já não sabia. Meses de prática, e Raina ainda podia fazer isso
comigo.
Eu gritei, sem palavras, várias vezes, como se gritar fosse tirar a lembrança de mim. Toda vez que eu respirava, eu podia ouvir Merle sussurrando, - Está tudo bem,
está tudo bem, Anita, está tudo bem.
Mas não estava tudo bem. O que Raina tinha acabado de me mostrar nunca estaria bem. Merle me carregou até o banheiro, e eu não protestei. Caleb molhou uma toalha
e pôs em minha testa sem nenhuma palavra de provocação. Um pequeno milagre, mas não o que nós precisávamos.
31
Raina tinha ido, fugiu rindo, maravilhada consigo mesma. Deus, eu odiava aquela mulher. Eu já a tinha matado; não era como se eu pudesse fazer qualquer outra coisa
com ela, mas eu queria. Eu queria machucá-la como ela machucou tantos outros, mas eu imagino que seja um pouco tarde para isso.
Drª Lillian estava com uma pequena luz em meus olhos e tentando fazer com que eu seguisse seus dedos. Eu aparentemente não estava fazendo um trabalho bom o bastante,
porque ela não estava feliz. - Você está em choque, Anita, assim como Gregory. Ele estava um pouco em choque antes de você começar, mas por Deus!
Eu pisquei e tentei focalizá-la. Meus olhos simplesmente não se ajustavam a nada, como se o mundo estivesse tremendo, mas isso não fazia sentido. Talvez eu fosse
quem estava tremendo? Eu não poderia dizer. Apertei a coberta que tinham posto para me cobrir, encolhida no sofá branco em meio a almofadas multicoloridas, e não
conseguia me aquecer. - O que quer dizer, doutora?
- Estou dizendo que as chances de Gregory são menores que cinquenta por cento agora.
Eu pisquei e lutei até conseguir olhá-la, encontrar seus olhos, e pensar. - Quão menores?
- Trinta por cento, talvez. Ele está encolhido em um cobertor na varanda, tremendo ainda mais que você.
Balancei a cabeça, e não consegui parar. Fechei meus olhos, me forcei a ficar parada por um segundo, uma batida de coração. Então falei sem abrir os olhos. - Eu
vi... como Gregory se curou... -. Eu parei, e tentei de novo. - Como ele sobreviveu... o que ela fez com ele?
- Nós podemos recuperar qualquer parte do corpo, menos decapitação, a menos que seja adicionado fogo à ferida para fechá-la. Nós não podemos curar queimaduras, a
menos que a carne queimada seja completamente removida, na verdade criando uma nova ferida. - Sua voz era amarga, feroz. Eu nunca a ouvi tão brava.
Olhei para ela. - O que há de errado com você?
Lillian olhou para baixo, sem encontrar os meus olhos. - Eu era a médica de plantão na noite em que ela fez aquilo ao Gregory. Eu vi a realidade, não só uma lembrança.
Balancei a cabeça e tive que enterrar o queixo nos joelhos para parar o movimento. - Não é como uma lembrança quando se trata do munin, doutora. É real. É como...
é como um filme de live-action, mas comigo no filme. - Abracei meus joelhos e tentei desesperadamente não pensar, não rever o que eu tinha experimentado. Na verdade,
eu estava tendo alguma sorte em ficar com a mente vazia. Mesmo a minha mente tinha finalmente encontrado algo tão terrível com a qual não podia lidar. De um jeito
bizarro, isto era reconfortante. Eu finalmente tinha encontrado uma linha que não poderia cruzar.
- Se eu tentar forçar Gregory a assumir a forma animal agora, isso provavelmente vai matá-lo -, disse a Drª Lillian.
Enterrei a cara nos joelhos, me escondendo. Então falei com o rosto enterrado na coberta grossa. - Eu não posso tentar de novo.
- Ninguém está pedindo para você chamar aquela vadia de novo.
- Anita. - Era Nathaniel.
Não foi sua voz que me fez olhar, foi o cheiro rico e amargo de café. Eu o encontrei segurando minha caneca de bebe pinguim cheia de café fresco. Estava meio pálido,
cheio de açúcar, cheio de creme; bom para o choque. Inferno, bom para tudo.
Ele me ajudou a tirar as mãos do cobertor e segurar a caneca. Apertei a caneca com força, e levou vários segundos até eu me dar conta que estava queimando minhas
mãos. Não entrei em pânico, só devolvi a caneca a Nathaniel. Ele a pegou, e eu fiquei olhando para minhas mãos vermelho rosadas. Eu tinha queimaduras de primeiro
grau, e não tinha sentido o calor até que fosse tarde demais.
- Droga -, eu disse suavemente.
Lillian suspirou. - Vou pegar algum gelo. - E nos deixou sozinhos.
Nathaniel se ajoelhou na minha frente, tomando cuidado para não derramar o café. Merle e Cherry flutuaram para a sala de estar enquanto eu olhava minhas mãos avermelhadas.
Cherry se sentou ao meu lado no sofá. Ela ainda estava nua, mas isso não importava. Nada parecia importar. Merle ficou de pé, e eu nem me preocupei em tentar olhar
para ele. Tudo o que eu podia ver eram os bicos prateados de seus sapatos.
- Nathaniel disse que você tocou sua besta quando marcou suas costas, - Cherry disse.
Pisquei ao olhar para ela, encontrando seus olhos pálidos. Acenei com a cabeça. Lembrei de um momento brilhante, depois de eu ter marcados suas costas, quando eu
senti sua besta rolar ao toque de meu poder, e eu tinha certeza que eu podia chamar aquela sua parte, fazê-lo mudar para mim. Eu ainda estava acenando, e me fiz
parar, dizendo, - Eu lembro.
Lillian voltou e aplicou uma bolsa de gelo envolta em uma toalha em minhas mãos. - Tente não se machucar por alguns minutos. Vou voltar e checar Gregory. - Ela me
deixou com os três leopardos e meu gelo.
- Se você tocou a besta de Nathaniel, existe uma chance de que você poderia chamar a de Gregory agora.
Balancei a cabeça. - Eu não acho.
Cherry agarrou meu braço. - Não perca as forças agora, Anita. Gregory precisa de você.
A primeira chama de raiva irrompeu pelo choque. - Eu fiz meu maldito melhor por ele esta noite.
Ela soltou as mãos de meu braço, mas não desviou o olhar. - Anita, por favor. Merle acha que você pode ser forte o bastante para chamar a besta de Gregory, mesmo
antes de sua primeira lua cheia.
Apertei a toalha coberta de gelo contra o meu peito. O frio súbito que percorreu meu peito quase nu me ajudou a clarear minha cabeça. - Eu pensava que isso não fosse
possível até que mudasse pela primeira vez.
- Com você, Anita -, Merle disse, - Eu seria um tolo se dissesse o que você pode ou não fazer.
Eu deixei o gelo cair sobre a colcha em meu colo e olhei para o homem grande. - Por que a mudança de coração? Eu falhei com Gregory na varanda lá fora.
- Você se arriscou por um de seus gatos. É a melhor qualidade que um Nimir-Ra, ou Nimir-Raj possui, assumir grandes riscos por seu povo.
Toquei a toalha, encontrei um canto molhado, e soube que a bolsa de plástico dentro dela não tinha sido totalmente selada. Movi a bolsa com o lado direito para cima,
de modo que não derramasse mais. - O que você quer de mim? -. Minha voz soou tão cansada quanto eu me sentia.
Merle se ajoelhou na minha frente, e eu encontrei seus olhos. Tinha um olhar neles que eu não queria agora. Ele parecia confiar em mim, e eu não me sentia digna
de confiança. Eu me sentia assustada.
- Chame a besta de Gregory.
- Eu não sei como. Quando eu estava com Nathaniel, foi mais... - Eu suspirei.
- Era sexual, - Cherry completou para mim.
Balancei positivamente a cabeça. - Eu não vou tentar ficar desse jeito com Gregory de novo esta noite. Eu não acho que ele, ou eu, poderíamos aguentar se desse errado
de novo.
- Chamar a besta não precisa ser sexual -, Merle disse.
Encontrei seu olhar estranhamente confiante. Eu estava mais do que cansada. Eu simplesmente não tinha mais nenhuma força para esta noite, não para Gregory. Eu não
queria tocá-lo novamente esta noite. Parte de mim tinha medo de que Raina faria uma aparição surpresa, embora eu soubesse que isso era quase impossível para ela
agora. Eu tinha mais controle do que aquilo. Mas... - Como eu poderia tocar Gregory de novo e não me lembrar daquilo?
- Eu não sei -, Cherry disse, - mas, por favor, Anita, por favor, ajude-o.
- Como eu posso chamar a besta dele sem me envolver daquela forma? - Perguntei.
- Você tem que falar com alguém que chame a besta de seu povo -, disse Merle.
Olhei para ele. - Tem alguém em mente?
- Fiquei sabendo que seu Ulfric pode chamar a besta dos lobos dele.
Confirmei com a cabeça. - Foi o que eu ouvi.
- Se ele chamasse um lobo à sua forma, enquanto você estivesse observando, talvez ele possa te mostrar como se faz.
- Você realmente acha que vai funcionar? -, Perguntei a ele.
- Eu não sei -, ele disse, - mas não vale a pena tentar?
Entreguei a ele o saco de gelo pingando. - Claro, se Richard vier.
Nathaniel respondeu essa. - Richard culpa a si mesmo pelos ferimentos de Gregory. Se nós oferecermos a ele uma chance de curá-lo, ele virá.
Eu encarei o Nathaniel, observando a inteligência naqueles olhos de cor florida. Essa era uma das coisas mais sábias que eu já o ouvi dizer. Isso me deu uma pequena
esperança, que de fato Nathaniel poderia ser inteiro - que ele estava melhorando. Eu realmente precisava de uma esperança, mas ainda era enervante que Nathaniel
conhecesse Richard tão bem, ser tão observador. Significava que eu tinha subestimado Nathaniel. Eu ainda comparava submissão à inferioridade, e esse realmente não
era o caso. Algumas pessoas escolhiam serem os passivos, a servir; isso não as fazia menos, só diferentes. Olhei em seu rosto e me perguntei o que mais eu tinha
perdido, ou o que mais ele me mostraria? Era uma noite de revelações, então por que diabos não fazer Richard se unir a nós? Quão pior isso poderia ficar? Por favor,
ninguém responda isso.
32
Escovei meus dentes e sentei na mesa da cozinha no escuro, bebendo café enquanto esperávamos. Nathaniel entrou descalço na sala, o cabelo balançando solto em seu
peito nu e na bermuda jeans que ele havia vestido.
- Como está Gregory? -, Perguntei.
- Drª Lillian pôs uma intravenosa nele, para ajudar com o choque, ela disse. - Ele parou ao lado da mesa, não exatamente na minha frente.
- Uma intravenosa. Richard estará aqui em uma hora ou menos. Se ela pôs uma intravenosa, então... - E deixei minha voz sumir.
Nathaniel concluiu por mim. - Gregory está muito machucado.
Olhei para ele na cozinha escura. A única luz vinha de uma pequena lâmpada sobre a pia. Ela deixava a maior parte da sala em sombras espessas. - Você não quer dizer
os ferimentos que ele ganhou dos lobos, certo?
Ele balançou a cabeça, todo aquele cabelo balançando ao redor de seu corpo. Uma mecha longa escorregou por sobre seu ombro, e ele jogou a cabeça para colocá-la de
volta para trás. Eu nunca estive perto de um homem que tivesse um cabelo tão comprido e que estivesse tão confortável com isso.
- Ele ficou falando sobre Raina -, Nathaniel disse, - murmurando blasfêmias. - Sua voz ficou baixa, quase um sussurro. Ele olhava por sobre minha cabeça para coisas
que eu não podia ver, e provavelmente não queria.
Eu toquei seu braço. - Você está bem?
Ele olhou para mim, sorriu, mas não como se estivesse feliz. Ele moveu sua mão para pegar a minha. Seu aperto era firme como se ele precisasse de conforto.
- Fale comigo, Nathaniel.
- Eu te dei cópias de três dos meus filmes. - Ele deu um sorriso largo desta vez e, antes que eu pudesse falar qualquer coisa. - Eu sei que você nunca os assistiu.
Quando eu os dei a você, eu ainda pensava que você era como Gabriel e Raina, que tinha que ser sexo, que você ia gostar que eles fossem pornôs. Agora eu entendo
que você vai cuidar de nós de qualquer jeito, não porque você nos deseja nem porque ama a um de nós, mas só - porque sim - Ele se ajoelhou, ainda segurando minha
mão, pressionando-a contra seu peito com suas duas. Ele deitou a cabeça em meu colo, seu rosto virado para longe de mim. Eu movi uma linha grossa de cabelo de sua
face, de modo que eu pudesse ver seu perfil enquanto ele se inclinava contra mim.
Nós ficamos lá por alguns momentos, eu esperando que ele continuasse, ele talvez esperando que eu lhe pedisse, mas o silêncio não foi esticado. Um de nós o preencheria
quando estivesse pronto, e nós dois sabíamos disso. Foi ele quem suspirou, mantendo uma mão na minha, pressionada contra ele, sua outra mão curvada em torno da minha
perna. Eu podia sentir os batimentos de seu coração nas costas da minha mão.
- Eu fiz mais filmes do que esses três. A maioria deles com Raina. Gabriel não a deixaria me ter como amante, ou como escravo. Acho que ele sabia que ela me mataria,
mas em um filme, onde as coisas pudessem ser controladas... - Ele abraçou o próprio corpo contra o meu, apertado.
- O que aconteceu? -, Perguntei suavemente.
- Ela fez aquilo ao Gregory por si própria, como um tipo de... diversão. Mas quando ele sobreviveu àquilo, ela quis fazer uma versão em filme.
Eu fiquei muito parada por um segundo ou dois. Acho que parei de respirar, porque quando minha respiração finalmente saiu, ela tremeu. - Você? - Tornei em uma pergunta.
Ele confirmou com a cabeça, a bochecha ainda presa à minha coxa. - Eu.
Acariciei o seu cabelo, olhei para aquela face jovem. Ele tinha seis anos a menos do que eu, quase sete, mas parecia que tinham décadas nos separando. Ele era tanto
uma vitima, tanto - carne - de qualquer um.
- Gregory não iria fazer isso de novo, disse que se mataria primeiro, e Gabriel deve ter acreditado nele.
Eu continuei acariciando seu cabelo, porque eu não sabia mais o que fazer. O que você diz quando alguém sussurra terrores em sua orelha, conta a você seus mais íntimos
segredos, aqueles que parecem pesadelos? Você senta e você escuta. E você dá a eles a única coisa que pode - o silêncio e a segurança de falar e ser ouvido.
A voz dele foi ficando suave, mais suave, até que eu tive que inclinar minha cabeça para ouvir. - Eles me acorrentaram, e eu conhecia o script. Eu sabia o que ia
acontecer e eu estava excitado. O medo fez a antecipação quase incontrolável.
Deitei minha bochecha sobre a dele, senti sua boca se mexer quando ele falava, e eu fiquei bem, bem quieta. Eu não tinha nada a oferecer senão meu silêncio, e meu
toque.
Ele sussurrou, - Eu gosto de dentes, de mordidas, de vários tipos de dano. Foi maravilhoso até que... - Ele fechou os olhos, virou o rosto para meus jeans, como
se mesmo agora ele não pudesse enfrentar a lembrança. Eu levantei a cabeça quando ele se mexeu, mas beijei gentilmente o topo de sua cabeça.
- Está tudo bem, Nathaniel, está tudo bem.
Ele disse alguma coisa, mas eu não consegui entender.
- O que?
Ele mexeu a cabeça só o suficiente para que sua boca não tivesse enfiada no meio das minhas pernas. - Deus, aquilo doeu. Ela o transformou em pedaços, queria que
aquilo durasse mais do que foi com Gregory.
Seu corpo inteiro deu um grande arrepio, e eu me inclinei contra ele, minha mão livre por suas costas, alisando seu cabelo de jeito que eu pudesse alcançar a pele.
Acariciei suas costas e encontrei as pequenas marcas de mordida que eu tinha deixado nele. Eu não tinha me sentido mal por tê-lo marcado, até agora. Agora eu sentia
que o tinha usado como todos os outros tinham.
Curvei meu corpo por sobre o dele, o abraçando em meu colo, segurando-o tão perto quanto eu podia. - Eu sinto muito, Nathaniel, me desculpe.
- Você não tem nada para se desculpar, Anita. Você nunca me machucou.
- Machuquei.
Ele se levantou o bastante para me olhar nos olhos. Ele parecia tão jovem, com os olhos arregalados. - Eu amo o fato de você ter me marcado, não se desculpe por
isso. - Ele sorriu de leve. - Se você começar a se sentir culpada por isso, você não fará de novo, e eu quero que você faça, eu quero muito.
- Se eu me alimentar de você, Nathaniel, pelo ardeur, ou pela carne, ou que quer que seja, eu estarei te usando. Eu não uso pessoas.
Ele segurou minha mão tão firme que quase doeu. - Não faça isso comigo.
- Fazer o que?
- Não me puna por dizer como Raina me machucou.
- Não estou te punindo.
- Eu te digo esta coisa horrível, e você começa a se sentir protetora comigo, e culpada. Eu te conheço, Anita, você vai deixar sua cabeça entrar no caminho do que
nós dois queremos.
- E o que é exatamente? -. E mesmo eu podia ouvir a impaciência, quase raiva na minha voz.
Ele se levantou um pouco mais, deixando o rosto próximo ao meu, porque eu tinha me sentado, me distanciando dele. - Você precisa alimentar o ardeur, e eu preciso
ter um lugar ao qual pertencer.
- Você é bem-vindo na minha casa sempre que precisar, Nathaniel.
Ele balançou a cabeça, jogando o cabelo para trás impacientemente, soltando minha mão, colocando suas mãos em meus joelhos, meio que rastejando por sob a mesa de
modo a se aproximar de mim, embora só suas mãos tenham encostado nos meus joelhos. Ele me encarou de volta. - Não, você me tolera. Eu faço alguns serviços domésticos,
incumbências, mas eu não pertenço. Você não passa seu dia pensando em mim. Eu estou aqui, mas não sou parte da sua vida, e sei disso. Se eu sou o seu pomme de sang,
então eu terei. Eu finalmente pertencerei a você de um jeito com o qual nós dois podemos conviver.
Balancei a cabeça. - Não, Nathaniel, não.
Ele agarrou as pernas da cadeira e pegou a coisa inteira comigo nela e, ainda ajoelhado, a moveu para trás com um solavanco, de modo que ele coubesse melhor sob
a mesa. Ele nem se esforçou ao fazer isso. Então pôs suas mãos nos braços da cadeira, e escorregou a parte inferior de seu corpo contra a cadeira, colocando minhas
pernas uma de cada lado de seus quadris.
- E de quem mais você vai se alimentar todo dia? Richard? Jean-Claude? Micah?
- O ardeur pode ser temporário -, Eu disse.
Ele pôs uma mão de cada lado de minha cintura. - Se for temporário, então se alimente de mim até que ele acabe. Se for permanente...
- Eu não quero me alimentar de ninguém.
Suas mãos escorregaram pela minha cintura, sua cabeça indo para o meu colo, e percebi que ele estava chorando.
- Por favor, não faça isso, Anita. Por favor, não faça isso.
Afaguei seu cabelo, seu rosto, e não sabia o que dizer. O que eu faria se o ardeur fosse permanente? Richard não deixava ninguém se alimentar dele por qualquer razão
- a mesma regra que eu tinha. Jean-Claude estaria literalmente morto para o mundo quando eu mais precisasse me alimentar. Micah ainda era uma interrogação. Mas de
certo modo, me alimentar de Nathaniel porque ele era o único que me permitiria seria ainda pior.
Levantei sua cabeça do meu colo, com uma mão de cada lado. Lágrimas brilhavam em sua face, à luz tênue. Beijei sua testa, beijei seus olhos fechados, do jeito que
você faria com uma criança.
- Eu cheguei bem na hora ou estou interrompendo? - Era Richard, parado à entrada.
Na porra da hora perfeita, como sempre.
33
Eu congelei com o rosto de Nathaniel embalado em minhas mãos, ele ajoelhado entre minhas pernas com a mesa escondendo a maior parte de seu corpo, eu tinha acabado
de levantar do beijo, e sabia o que parecia. Eu não tinha certeza se saberia explicar para a satisfação de Richard. Até onde eu sabia, Richard ainda não sabia sobre
o ardeur, e naquele momento eu não queria contar a ele.
Dei outro beijo gentil na testa de Nathaniel e me endireitei. Eu não ia agir como se tivesse feito algo errado quando eu não tinha feito. Nathaniel pegou a minha
deixa, deitando a cabeça de volta em meu colo, o que eu percebi que significava que ele estava invisível para quem olhasse da porta, a mesa escondendo o que quer
que ele estava fazendo.
Richard caminhou pela cozinha como um vento zangado, seu poder beliscando minha pele. Ele se posicionou em um ponto em que podia ver que Nathaniel estava com a bochecha
contra minha coxa, olhando para o outro homem conforme ele se elevava diante de nós.
Jamil e Shang-Da estavam pendurados por trás da porta. Eles eram bons guarda-costas, mas tem coisas das quais os guarda-costas não podem te proteger.
Senti meu rosto ficar neutro, vazio, vagamente simpático. - Eu estava reconfortando um de meus leopardos, algo errado nisso?
- Ele parece bem confortável -, disse Richard, a voz leve o bastante, mas seu poder era quente, como a porta aberta de um forno.
Lambi meus lábios. Eu ia ter que explicar sobre o ardeur, mais cedo ou mais tarde, e já que eu queria que ele nos ajudasse a salvar Gregory, talvez agora fosse a
melhor hora. - Nathaniel e eu estávamos discutindo alguns efeitos colaterais das marcas vampíricas.
- Você quer dizer o ardeur -, Ele disse.
Fiquei surpresa e deixei isso transparecer. - Quem te contou?
- Jean-Claude achou que eu deveria saber. Ele me encorajou a vir e estar aqui para você pela manhã.
- E você disse? -. Mantive minha voz tão neutra quanto podia, mas não tão neutra quanto eu gostaria que fosse.
- Eu não o deixo, ou a Asher, ou a qualquer deles, se alimentarem de mim, sangue ou qualquer outra coisa. Não vejo por que eu deveria mudar esta regra só porque
é você e porque é sexo ao invés de sangue.
- Ele explicou que, se eu não me alimentar de você, ou dele, eu ainda tenho que me alimentar de alguém?
- Sempre terá seu Nimir-Raj. - O desprezo em sua voz era tão grosso que você poderia andar por cima.
- Micah foi chamado em negócios do bando.
- Você não acha que ele terá voltado até a manhã para que você possa trepar com ele? Eu acho.
Eu o encarei, ainda envolta pelo seu poder queimante e sua presença física absoluta. Richard era um daqueles homens grandes que não parecia grande até que estivesse
irritado. Ele parecia grande agora, e eu não estava impressionada.
Comecei a acariciar o cabelo de Nathaniel, e ele se aninhou em minhas pernas, deixando a tensão sair de seu corpo. - Você me deixou, lembra-se?
- E você fodeu com ele pela primeira vez antes ou depois de se dar conta que eu tinha te deixado?
Tive que pensar naquilo por um segundo ou dois. - Depois -, Eu disse.
- Você chorou por minha perda, o que, meio segundo?
Senti o calor formigar em meu rosto. Eu não tinha moral para lidar com aquilo, e dizer que foi o ardeur não era bom o bastante para Richard.
- Precisou de nós três para chegar nesta confusão, não piore as coisas.
- Você não quer dizer os quatro de nós? Ou são cinco agora?
Eu devo ter parecido tão vazia quanto eu me sentia. - Não sei do que você está falando.
Ele agarrou a mesa e a jogou para trás com um grito do choque de madeira contra madeira. Nathaniel permaneceu enrolado em minhas pernas e simplesmente olhou para
o outro homem. Eu não tinha pego minha arma de volta dos homens-rato. Eu tinha pego minhas facas de volta, mas eu não estava mesmo querendo fatiar Richard, ainda
não, não por isso. Eu não podia jogar queda de braço com Richard, ao menos não para ganhar, então realmente minha única opção era ficar sentada, parecer perfeitamente
calma, e dizer a ele com minha expressão facial que idiota de merda ele estava sendo.
Ele empurrou a mesa novamente, fazendo a madeira gemer, então se ajoelhou ao lado de Nathaniel e jogou seu longo cabelo para longe, de modo a desnudar suas costas
para poder ver as marcas de mordidas.
- Isso é tudo? -, Ele perguntou, a voz feroz, seu poder tão alto que era como entrar em um piscina de água fervente, submergir até a altura do queixo, e continuar
afundando.
- Não -, Eu disse.
Richard segurou a parte de trás do calção de Nathaniel e puxou, com um movimento tão violento que o corpo inteiro de Nathaniel se moveu junto. Ouvi o botão do calção
quicar pelo chão da cozinha. Richard arrancou os shorts e ficou olhando as marcas de mordidas, onde elas rumavam cada vez mais para baixo.
Richard se inclinou por cima de Nathaniel, não o tocando, mas sua presença era mesmo grande, e eu senti Nathaniel se encolher contra mim.
Richard sibilou em sua orelha, - Ela te chupou, é? Ela é boa nisso.
- Já chega, Richard.
Nathaniel respondeu, - Não.
- Você está com tanto medo de mim que eu não posso dizer se está mentindo ou não. - Ele pegou uma mão cheia do cabelo de Nathaniel e o puxou para trás, lançando-o
para longe de mim. Eu tinha uma das facas que ficavam nas bainhas de pulso em minha mão e não me lembrava de tê-la desembainhado. A ponta estava pressionada contra
a garganta de Richard, e mesmo eu fiquei sem respiração devido à velocidade em que aconteceu. Deve ter sido um borrão de movimento. Não era velocidade humana.
Tudo congelou.
Shang-Da e Jamil entraram na sala. Pressionei a ponta mais profundamente no pescoço de Richard. - Não interfiram, garotos.
Eles pararam. Encontrei os olhos de Richard e descobri que seus olhos tinham ido para o âmbar do lobo. - Solte-o, Richard. - Minha voz era baixa, mas parecia encher
a sala.
- Você não me mataria por isso. - Sua voz estava baixa também, cuidadosa.
- Matar, não. Mas fazer sangrar? Com certeza.
- Você precisa de mim para ajudar a salvar Gregory.
Eu podia sentir seu pulso contra a extremidade de minha faca. - Eu não vou deixar você machucar Nathaniel para salvar Gregory.
Seu aperto ficou mais firme no cabelo de Nathaniel, e eu pressionei a ponta o bastante para arrancar a primeira gota carmesim. - Você estaria irritada desse jeito
se não fosse Nathaniel? -, Ele perguntou.
- Este é o único aviso que eu vou te dar, Richard. Nunca toque em um dos meus novamente.
- Ou o que? Você me mata? Eu não acho que você faria isso.
Percebi naquele momento que, se eu não pretendia matá-lo, então eu não era ameaça. E eu realmente não estava pretendendo matá-lo, não por isso, não ainda.
Puxei a faca de volta de seu pescoço e observei ele relaxar, a tensão saindo dele, sua mão ainda no cabelo de Nathaniel. Me mexi sem pensar, e fui rápida o bastante
para que a faca cortasse seu braço antes que ele pudesse reagir. Ele se sacudiu, se levantou, e se afastou um passo, segurando seu braço ensanguentado. O corte foi
mais profundo do que eu esperava que fosse, porque eu o fiz muito rapidamente. O sangue pingava por entre seus dedos. Jamil e Shang-Da entraram na sala.
Me levantei e puxei Nathaniel comigo, conforme ele levantava seu short para se cobrir. Então deixei as portas francesas às nossas costas. - Você jamais encostará
uma mão furiosa em meus leopardos, Richard, você ou qualquer um de seus lobos.
Jamil estava ajudando Richard a pressionar uma toalha no ferimento. Shang-Da tinha ido buscar a Drª Lillian. - Te serviria bem se eu só saísse e deixasse você e
seus leopardos se defenderem sozinhos.
- Você deixaria Gregory ficar permanentemente surdo, ou morto, porque nós tivemos uma briga? Ele está em perigo porque você não conseguiu controlar seu temperamento,
ou seus lobos.
- É minha culpa, claro, tudo minha culpa.
Eu só olhei para ele, Nathaniel atrás de mim, a faca ensanguentada ainda na minha mão.
Richard deu uma risada que soou menos dolorosa que cômica. - Eu desapontei todos essa noite. -. Ele olhou para mim, e tinha algo feroz em sua face que não era sua
besta, mas só sua emoção pura. Raiva, dor, tão profundas que era como angústia. - Ajudarei você a salvar Gregory, porque você está certa: é minha culpa. Ficarei
com isso -, ele levantou o braço ferido, enquanto Jamil ainda o segurava, - porque você está certa de novo, eu não tenho o direito de tocar em ninguém do seu povo.
Eu também não deixaria você abusar de um dos meus lobos.
Drª Lillian entrou, deu uma olhada e começou a ralhar conosco por sermos crianças que não sabem brincar juntas. - Ele vai precisar de pontos. Vergonha para vocês
dois.
Richard encarava por cima da cabeça dela enquanto ela limpava o ferimento. Acho que ele não estava realmente me encarando, ele estava encarando Nathaniel. Ele era
genuinamente ciumento. Ciumento de um jeito que ele não deveria estar. O que Jean-Claude tinha lhe dito sobre o ardeur e sobre Nathaniel, e o que nós todos fizemos
juntos no circo? Jean-Claude não mentiria, mas ele pode ter feito as coisas soarem piores se isso encaixasse em seus propósitos. Mas que propósito era esse de fazer
Richard sentir ciúmes de Nathaniel? Eu teria que perguntar a Jean-Claude sobre isso. Eu teria tempo para fazer uma ligação enquanto Richard era costurado.
34
Jean-Claude admitiu que contou somente a verdade. Mas, ele adicionou, se fosse por causa daquele Monsieur Zeeman estar com ciúme de Nathaniel, essa não seria uma
coisa completamente ruim. - Ele vai te compartilhar comigo, porque ele precisa, e ele vai te compartilhar com Micah também, porque ele precisa. Mas nós somos ambos
alfas, dominantes. Compartilhar você com alguém como Nathaniel - isso é diferente.
- Você mudou alguma coisa na história para fazer Nathaniel soar mais como uma ameaça, não foi?
- Não, ma petite, eu simplesmente contei a verdade, sem deixar nada de fora. Ele não está inteiramente feliz com Jason, também.
- Jean-Claude, você não pode fazer isso com Richard. Você vai deixá-lo louco.
- Louco o bastante, talvez, pra finalmente compreender que ele não pode viver sem você, e que ele deve entrar em acordo com nosso triunvirato.
- Seu cabeça de merda maquiavélico! Você está jogando com ele.
- Eu estou tentando manuseá-lo a uma posição em que ele faça o necessário para nossa sobrevivência. Se isso é ser maquivélico, que seja.
- Você está piorando as coisas -, Eu disse.
- Eu não acredito nisso. Eu acho, ma petite, que você ainda não entende os homens. Muitos homens desistirão de uma mulher se ela não os fizer felizes. Mas deixe
outro homem tentar conquistá-la, e eles acabarão descobrindo que ainda gostam dela.
- Você e Micah já não são competição o bastante? -, Perguntei.
- Como eu expliquei, nós somos os seus iguais. Nathaniel é menos, e isso vai alfinetar seu orgulho ainda mais.
- Eu não achei que Richard tinha esse orgulho destrutivo dos homens.
- Eu acho que tem muitas coisas que você não sabe sobre Richard.
- E você sabe?
- Eu sou, apesar de tudo, um homem, ma petite. Acredito que eu entenda a psique masculina um pouco melhor do que você.
Eu não podia argumentar contra isso. - Bem, me dê uma prévia da próxima vez que você estiver pretendendo fazer qualquer manobra. Você poderia ter feito que um de
nós fosse assassinado.
Ele suspirou. - Eu realmente continuo subestimando a teimosia de vocês dois. Minhas desculpas por isso.
Inclinei a testa para a parede da cozinha. - Jean-Claude...
- Sim, ma petite.
Fechei os olhos. - Diga-me exatamente o que você acha que Richard pensa sobre Nathaniel e eu.
- Eu contei a ele a pura verdade, ma petite, nada mais, nada menos.
Me virei, ficando de costas para a parede, e olhei para a cozinha vazia. Richard estava no banheiro lá embaixo sendo costurado. Nathaniel estava com os outros leopardos.
Eu dei ordens diretas para que ele não fosse deixado sozinho. Eu só não estava bem para que o Richard e ele realmente tivessem uma briga. Isso seria tão... ridículo,
ou patético.
- E o que isso significa? Que você contou a verdade, nem mais, nem menos?
- Você não vai gostar disso.
- Eu não estou gostando disso agora. Só me conte, Jean-Claude.
- Eu contei a ele sobre o que aconteceu com o ardeur, e acrescentei minha própria crença de que o fato de que você sempre encontra o Nathaniel quando o sexo está
no ar é porque você o acha sexualmente atraente.
- Isso não faria Richard vir até aqui e começar uma briga.
- Eu me lembro de ter acrescentado que você poderia achar um macho menos exigente refrescante depois de nós dois. Alguém que não lhe exigisse tanto, alguém que simplesmente
te aceite do jeito que você é.
- Você faz isso -, Eu disse.
- Tão bom que você tenha reparado -, Ele disse. - Mas não sou eu que tenho morado na sua casa por meses, e pelo que eu cheiro quando o Nathaniel vem para o trabalho,
compartilhando a sua cama.
- Qualquer um dos leopardos é bem-vindo no quarto quando eles ficam aqui. É como um grande monte de cachorrinhos - não é sexual.
- Se você diz. - Sua voz estava suave, zombando de mim.
- Maldito seja, Jean-Claude. Você sabe que eu não vejo Nathaniel dessa forma.
Ele suspirou, um suspiro pesado. - Eu acho que não é pra mim que você mente, ma petite, mas para si mesma.
- Eu não estou apaixonada por Nathaniel.
- Alguma vez eu disse que você estava?
- Então do que você está falando?
Ele fez um pequeno som exasperado. - Ma petite, você ainda acredita que precisa amar cada homem com quem se relaciona fisicamente. Não é bem assim. Você pode fazer
um sexo muito prazeroso, até maravilhoso, com um amigo. Não precisa ser amor.
Eu estava balançando a cabeça, mas percebi que ele não podia ver, então disse, - Eu não faço sexo casual, Jean-Claude. Você sabe disso.
- O que quer que você esteja fazendo com Nathaniel, ma petite, não é casual.
- Eu não posso usá-lo como meu pomme de sang. Não posso.
- Seu senso moral elevou as cabeças feias deles, ma petite. Não deixe eles te tornarem tola.
Abri a boca para protestar contra tudo o que ele tinha dito, mas a fechei e parei para pensar no que ele disse por apenas alguns segundos. Será que eu achava Nathaniel
atraente? Bem, sim. Mas eu achava muitos homens atraentes. Isso não significava que eu tinha que ser íntima deles.
- Ma petite, eu posso ouvir sua respiração. No que está pensando?
O que ele disse me fez pensar de uma nova maneira. - Quando você e eu nos marcamos pela primeira vez, eu quase pude ler sua mente, a menos que você se concentrasse
para me manter fora. Agora não é desse jeito. Talvez o ardeur seja temporário, também.
- Talvez, nós só podemos ter esperanças.
- Se eu tiver o ardeur, terei que fazer sexo. Não é isso que você queria?
- Eu seria um tolo ao negar que a sua castidade forçada é onerosa, mas eu nunca causaria o ardeur de propósito em qualquer um. É uma... maldição, ma petite. A sede
de sangue que eu sinto pode ser saciada. Meu corpo só pode suportar isso. Mas o ardeur, oh, ma petite, nunca é satisfeito de verdade. Sempre tem aquela dor, aquela
necessidade. Como eu poderia desejar isso para você? Se bem que se nosso Monsieur Zeeman cooperar, isso poderia ser a resposta para vocês dois finalmente alcançarem
um arranjo permanente.
- O que? Morar juntos?
- Talvez. - Sua voz estava muito cuidadosa ao dizer aquela única palavra.
- Richard e eu não podemos ficar na mesma sala por uma hora sem discutir, a não ser que estejamos transando. De alguma forma eu não acho que isso contribui para
a felicidade doméstica.
Então senti a primeira emoção que ele me deixou sentir por telefone - alívio. Ele estava aliviado. - Eu quero o que é melhor para nós dois, ma petite, mas conforme
as coisas vão se complicando, eu não sei mais dizer o que seria o melhor.
- Não me diga que suas maquinações não incluem algum plano reserva para cobrir qualquer eventualidade. Você é o conspirador supremo, não me diga que perdeu um truque.
- Eu assisti a Belle Morte encher seus olhos com o fogo dela. Você está adquirindo poderes como uma Mestra Vampira, ou uma Mestra Metamorfa. Como eu poderia ter
planejado algo assim?
Havia um nó frio de medo no centro do meu intestino. - Então você finalmente admite que não sabe o que diabos está havendo, também.
- Oui, isso te anima? - Eu ouvi os primeiros sinais de raiva em sua voz. - Você está feliz agora, ma petite? Eu estou definitiva e totalmente fora de meu departamento.
Ninguém jamais tentou forjar um aliança como a que nós temos, uma aliança não de um mestre e dois escravos, mas de três iguais. Eu não acho que você aprecie quão
gentil eu sou quando a conter meu poder. Os lobos são o meu animal para chamar. Muitos mestres os teriam forçado a ser um simples complemento a seus próprios poderes.
- O animal de Nikolaos eram os ratos, não os lobos -, Eu disse. - Quando você se tornou Mestre da cidade, a matilha de Marcus e Raina era forte demais para você
os tornar complementos a seu poder. Inferno, até você repor os vampiros que eu matei, eles eram provavelmente mais fortes que você e seus vampiros.
- Está insinuando que a única razão pela qual eu não sou um tirano é porque eu não tive a força para me tornar tal?
Pensei naquilo por um segundo, então disse, - Não estou insinuando, estou dizendo.
- Você pensa tão pouco de mim?
- Eu sei o que você era a uns dois, quase três anos atrás, e eu acho que na época você se consolidaria com muito pouco apreço a qualquer um que aparecesse em seu
caminho.
- Está dizendo que eu sou impiedoso?
- Prático -, Eu disse.
Foi a vez dele de ficar calado por um segundo ou dois, então, - Prático, sim, isso eu sou, como você é, ma petite.
- Eu sei o que eu sou, Jean-Claude, é sobre você que eu não tenho certeza.
- Eu nunca te machucaria de propósito, ma petite.
- Eu acredito em você -, Eu disse.
- Mas não tenho certeza que o mesmo poderia ser dito sobre você -, Ele disse, quietamente.
- Eu não quero machucar nenhum de vocês. Mas Richard não pode machucar meus leopardos, e se você fizer qualquer coisa estúpida, não me culpe pelo que acontecer depois.
- Eu nunca subestimaria seu nível de... praticidade, ma petite, embora eu ache que Richard subestimaria.
- Ele me disse que eu não o mataria só por ser bruto com Nathaniel.
- Quão rude foi Richard com o pequeno Nathaniel?
- Não fale dele como se ele fosse uma criança, Jean-Claude. E rude o bastante para eu ter aberto o braço de Richard com uma faca.
- Quão ruim?
- A dourota o está costurando, enquanto conversamos.
- Oh, céus -, ele disse, e suspirou, e dessa vez o som suavizou a minha pele. Eu percebi que ele estava se comportando até agora, pelo menos quanto a usar sua voz.
- Sem jogos, Jean-Claude. Eu quero colocar Richard no telefone, e você diz a ele que fez isso de propósito.
- Mas eu não posso dizer a ele que menti sobre Nathaniel, posso?
- Conserte isso, Jean-Claude, agora, esta noite. Eu preciso que Richard me ensine a chamar a besta de Gregory. Eu não tenho tempo para o mau humor dele.
- O que eu digo a ele ma petite! Que certeza eu posso dar a ele de que você não estará nos braços de Nathaniel amanhã de manhã? Acredito que eu possa manipular Richard
a ficar esta noite, deixá-lo do seu lado quando o ardeur aparecer.
- Richard já deixou clara sua posição, Jean-Claude. Ele não vai deixar você, ou Asher, ou qualquer um, se alimentar dele. Ele não vê por que as regras deveriam mudar
só porque sou eu e sexo, ao invés de sangue.
- Ele disse isso? -, Jean-Claude cadenciou sua voz a uma questão.
- Sim, ele disse, quase com as mesmas palavras.
Jean-Claude suspirou, e pareceu cansado. - O que eu faço com vocês dois?
- Não me pergunte -, Eu disse, - Eu só trabalho aqui.
- E o que, exatamente, isso significa, ma petite?
- Significa que nós não temos um chefe. É ótimo sermos iguais, se é o que somos, mas nenhum de nós sabe o que diabos está havendo, e isso não é bom, Jean-Claude.
Nós estamos mexendo em algo muito sério aqui, Jean-Claude, metafisicamente e emocionalmente e mesmo fisicamente. Precisamos de uma pista quanto o que deveríamos
estar fazendo quanto a tudo isso.
- E a quem deveríamos pedir conselho, ma petite! Se qualquer vampiro no Conselho suspeitasse que eu não dei a vocês a quarta marca, eles nos destruiriam, por medo
que, com a quarta marca, nos tornássemos ainda mais poderosos.
- Falei com Marianne e seus amigos. Eles são bruxos, Wiccan.
- Então nós descobrimos, o que, um coven local, e pedimos sua orientação? - Ele parecia condescendente.
- Seu tom me ofende, Jean-Claude, especialmente porque eu não te ouço dando qualquer sugestão melhor. Não critique se não puder fazer melhor.
- Verdade, ma petite, e muito sábia. Minhas mais profundas e sinceras desculpas. Você está totalmente certa. Eu não tenho uma sugestão quanto a quem deveríamos procurar
para conseguir aconselhamento, ou guia. Pensarei em sua sugestão de encontrar uma bruxa amigável com quem conversar.
- Eu tenho uma bruxa amigável com quem conversar. Ela deve ter que simplesmente nos ver juntos, os três, para ver como as coisas funcionam.
- Você quer dizer sua Marianne?
- Sim.
- Eu pensava que ela fosse mais psíquica que bruxa.
- Não tem muita diferença -, Eu disse.
- Tomarei sua palavra quanto a isso. Eu não tenho muito o que dizer sobre isso.
Percebi que eu estava planejando ligar para Marianne desde que acordei em um sanduíche entre Caleb e Micah. É engraçado como isso mexeu com minha cabeça.
- Tem algo que você tem a dizer a Richard que ajudaria a amaciar as coisas?
- Você quer que eu minta?
- Maldito seja, Jean-Claude...
- Eu posso dizer a ele que se ele não encontrar o apetite do ardeur, alguém deve.
- Eu já disse isso a ele. - Pensei nisso por algumas batidas de coração. - Ele me acusou de ter... - Eu descobri que não podia realmente dizer. - Ele me acusou de
ter feito pior com Nathaniel do que jamais fiz, e foi bruto sobre isso. Eu não tenho certeza se quero fazer sexo com ele agora.
- Você está brava com ele -, disse Jean-Claude.
- Oh, sim estou.
- Com tanta raiva que se ele pedisse, você se recusaria a ir pra cama com ele?
Comecei a dizer que sim, então me parei. Eu estava cansada. Cansada de tudo isso, de ambos os dois, pra falar a verdade. Eu não podia viver com eles, nem sem eles.
Eu queria o corpo de Richard como uma dor no coração, mas quando ele queria, ele podia ser feio, e seu humor esta noite era feio. Eu não queria fazer sexo com ele
quando ele estava assim. Inferno, eu não queria estar perto dele quando ele estava assim.
- Eu não sei -, Eu disse.
- Bem, isso foi honesto, e não augura nada de bom. Se você recusar Richard, e Nathaniel, e o seu Nimir-Raj não retornar esta noite, o que você fará de manhã, ma
petite? Por favor, pense cuidadosamente nisto. Eu te peço que escolha dos males o menor, que quer que isso seja, ao invés de deixar a fome superar seu juízo, ou
mesmo sua necessidade de sobrevivência.
- O que você está dizendo?
- Estou dizendo o que eu disse antes - que negar o ardeur é piorá-lo. Negue-o por tempo o bastante e com intensidade o suficiente, e ele vai começar a explodir tudo
o que você é, ou o que você pensou que era. Eu sobrevivi mesmo depois do que eu fiz para alimentá-lo naquelas primeiras semanas, mas minha degradação moral foi cumprida
anos antes de eu morrer. Eu digo de novo, ma petite, que você não vai passar por isso tão bem quanto eu passei. Acredito que isso vai comprometer sua noção de quem
você é.
- E foder Nathaniel não vai me comprometer?
Ele suspirou. - Colocando desse jeito, eu vejo seu ponto. Mas quão mais comprometedor seria seduzir um estranho?
- Eu nunca faria isso.
- Não é exatamente o que você fez com o Nimir-Raj? - Sua voz estava muito quieta enquanto ele falava, muito cuidadoso para não ser acusatória.
Eu adoraria argumentar contra aquele ponto, mas eu odeio perder, e eu ia perder esta. - Ok, você fez o seu ponto.
- Espero que sim, Anita, eu realmente espero. - Ele nunca usava meu nome a não ser que algo estivesse muito errado. Droga.
- Você sabe, uma vez na vida, deve ser legal ter problemas normais.
- E o que, exatamente, é um problema normal, ma petite?
Outro ponto para Jean-Claude. - Eu já não sei mais.
- Você parece cansada, ma petite.
- Só faltam algumas horas até o amanhecer. Estive acordada a noite toda, então sim, estou cansada. - Só de reconhecer isso parece que uma onda de cansaço me preencheu,
me fazendo esfregar os olhos, o que manchou meus dedos de sombra de olhos e provavelmente manchou meus olhos também. Eu usava maquiagem tão raramente que às vezes
esquecia que estava usando.
Richard retornou à cozinha com seus guarda-costas e os homens-rato. Ele me lançou um olhar, mas não era um amigável.
- Tenho que ir -, falei a Jean-Claude.
- Quer que eu fale com Richard?
- Não, acho que você já fez estrago o bastante para uma noite.
- Eu só queria ajudar.
- Claro que queria.
- Ma petite.
- Sim?
- Tenha cuidado, e lembre-se o que eu disse sobre o ardeur. Não existe vergonha nisso.
- Nem você acredita nisso -, Eu disse.
- Ah, você não entendeu o ponto. Não há vergonha no ato de alimentar-se, se você se alimentar imediatamente de uma pessoa que escolher. Se você lutar, então vai
acabar se alimentando de alguém que não escolheu, em um lugar que não escolheu. Eu não acho que você gostaria disso, ma petite.
Ele estava certo sobre aquilo. - Falo com você amanhã depois que você se levantar. Eu não esqueci de Damian, você sabe.
- Eu não achei que tivesse, ma petite. Estarei esperando sua ligação.
Desliguei sem dizer tchau, principalmente porque estava com raiva, e assustada. Eu não só tinha Richard com quem lidar esta noite e Gregory para salvar, mas amanhã
de manhã, quando eu acordar, o ardeur estaria lá, me esperando. Tinha uma chance de que ele não estivesse, que aquele dia seria a única vez em que eu o tive, mas
eu não podia contar com isso. Eu tinha que me planejar para a pior das hipóteses. A pior das hipóteses era que eu ia me levantar amanhã de manhã e precisar me alimentar
exatamente como fiz esta manhã. A grande questão era: de quem eu ia me alimentar, e poderei eu conviver comigo mesma depois de fazê-lo?
35
Eu odeio estar acordada às três da manhã. É um saco quando o corpo funciona devagar, e o cérebro funciona mais devagar, e tudo que você quer fazer é dormir. Mas
eu tinha promessas a cumprir, e quilômetros a percorrer antes que eu pudesse dormir. Ou pelo menos alguns milagres para realizar antes que eu pudesse ir para a cama.
Drª Lillian tinha tirado a intravenosa de Gregory, mas ele ainda estava envolvido em cobertores. Ele estava sentado na mesa de piquenique na varanda, aninhado entre
Zane e Cherry. Drª Lillian continuava tocando Gregory, verificando o pulso, o modo que sua pele estava fria. Ela estava com a testa franzida e claramente infeliz.
Nathaniel ficou perto deles, mantendo a mesa de piquenique entre ele e Richard. Richard não tinha tentado machucá-lo de novo; na verdade, ele o ignorou intencionalmente.
Os outros gatos rondavam perto da porta de vidro deslizante. Os dois guarda-costas homens-rato, Claudia e Igor, estavam de pé ao meu lado enquanto eu me encostava
na grade. Eles começaram a me seguir por ai quando Richard saiu com seu braço enfaixado e Jamil e Shang-Da às suas costas.
O poder de Richard deslizava na escuridão do verão como um trovão próximo, fazendo a pegajosa noite quente ainda mais densa e tornando-a mais difícil de respirar.
Acho que era a pressão de seu poder, à beira da sua ira, que fez os homens-rato começarem a agir como guarda-costas. Eu tentei dizer a eles que Richard não me machucaria,
mas Claudia tinha dado de ombros, e disse, - Rafael nos disse para manter você segura, e isso é o que nós vamos fazer.
- Mesmo se eu te disser que não existe ameaça?
Ela deu de ombros de novo. - Eu diria que você está perto demais desse ai para ter bom senso.
Eu dei uma olhada para Igor. - Você concorda com ela?
- Eu nunca discuto com uma dama, especialmente uma que pode me vencer na queda de braço.
A lógica de Igor era difícil de argumentar, mas isso significava que eu tinha adquirido duas altas, sombras musculares, e isso me irritava. Mas nenhum deles deu
à mínima se eu estava feliz ou não. Eles estavam seguindo ordens de Rafael, e os meus desejos não contavam.
Então Richard e seus guarda-costas, e eu com os meus, permanecemos na varanda, encarando Stephen, que tinha se despido em preparação para a mudança. Se você fizesse
a mudança com roupas você as destruía. Os Metamorfos ou freqüentavam os brechós, procurando por roupas usadas para vestir na noite de lua cheia, ou iam nus.
Nós ficamos ali parados no círculo de poder de Richard. A energia se construía a nossa volta como um raio invisível chicoteando a nossa volta. O poder crepitava
literalmente, levantando o cabelo em nossos braços, levantando os cabelos de nossa cabeça, como a raiva num cão.
Jamil disse, - Richard... - Mas um olhar de Richard parou-o no meio da frase. O poder subiu outro grau, apertando a nossa volta como uma espécie de mão gigante.
- Qual o problema, Richard? Para que essa demonstração de poder? -, Eu perguntei.
Ele virou pra mim, e a raiva em seu rosto me fez querer dar uma passo para trás, mas eu não recuei. Eu fiquei no meu lugar, mas isso levou esforço.
- Você quer salvar seu gato? -, Ele perguntou, a voz grossa com a emoção que demonstrou em seu rosto, que estalou em seu poder.
Minha voz era quase um sussurro, - Sim.
- Então observe -, Ele disse.
Ele estendeu as mãos na frente de Stephen, mantendo-as cerca de vinte centímetros de distância dos ombros do homem pequeno. A energia pressionava apertada e mais
apertada até que eu tive de engolir para tentar limpar meus ouvidos, como se tivesse havido uma mudança de pressão. Mas engolir não ajudou. Não era esse tipo de
pressão.
As mãos de Richard convulsionaram, como se seus dedos cavassem em algo invisível somente na frente de Stephen. Ele cambaleou em direção a Richard, um passo, e eu
estava perto o suficiente para ouvir um pequeno som de dor vir dele. Richard fechou as mãos em punhos, e algo cintilou entre eles como o calor preso na escuridão
verão. Os ossos do meu rosto doíam com a força forjada. O ar era quase grosso de mais para respirar, como se tivesse peso.
Richard fez um movimento brusco com as mãos e a pressão rompeu, como uma tempestade finalmente rompendo para vida. Por um segundo ou dois, eu pensei que o pesado,
líquido claro que estourou em torno de nós fosse chuva, mas isso estava quente como sangue, e ele não caiu do céu. Isso explodiu do corpo de Stephen. Eu tinha visto
dezenas de Metamorfos mudar, mas nada como isto. Era como se o corpo de Stephen estourasse em uma chuva de densos fluidos quentes e pequenos pedaços de carne. A
besta geralmente retira-se do corpo humano, como uma borboleta de sua crisálida, mas não desta vez. O corpo de Stephen se curvou sobre si mesmo, e sua forma homem-lobo
estava apenas de repente ali. Ele desabou de joelhos, ofegante, tremendo.
Eu estava em pé, nem mesmo respirando, coberta com pedaços frios do corpo de Stephen. Quando eu pude respirar de novo, eu engasguei. - Jesus Cristo.
O pêlo de Stephen era da cor dourado escuro. Ele se agachou, tremendo, aos pés de Richard. Outra vez, a mudança pode machucar enquanto a pessoa está passando por
isso, mas uma vez que acaba, eles geralmente levantam-se e começam a se mover. Stephen parecia desorientado, quase como se ele estivesse com dor. Que diabos estava
acontecendo?
Ele engatinhou os últimos poucos passos até Richard, colocando seu longo, focinho cheio de dentes contra sapatos de corrida de seu rei lobo. Ele estava quase em
posição fetal, grandes braços musculosos enrolados ao redor do pêlo dourado, deitado aos pés de seu Ulfric. Isso era um extremo comportamento submisso e eu não sabia
por quê. Stephen não tinha feito nada de errado.
Eu olhei para Richard. Sua camisa branca estava colada ao seu corpo com os espessos fluidos. Ele virou seu rosto para me olhar, e a luz tênue das estrelas cintilou
na umidade em seu rosto. Um denso pedaço de algo deslizava pela sua bochecha enquanto ele me encarava. O olhar em seu rosto era desafiante, como se esperasse eu
ficar furiosa com ele.
Eu levantei uma mão trêmula e limpei o pior da gosma do meu rosto, atirando-o sobre a varanda onde ele bateu com um baque molhado. Eu olhei para os guarda-costas.
Eles também foram respingados com o denso material, mas nem de perto tão sujos como Richard e eu. Eles não tinham ficado tão próximos. Todos eles olhando para Richard,
olhavam para ele com uma mistura de horror e raiva e assombro em seus rostos, no qual me deixou saber que algo estava muito, muito errado.
Eu tive que tentar por duas vezes antes que eu conseguisse falar, e mesmo assim a minha voz era ofegante. - Eu vi muitas mudanças de metamorfos para suas bestas,
mas eu nunca vi nada parecido. Foi diferente, porque você chamou a besta de Stephen em vez dele fazer isso por conta própria?
- Não -, Richard disse.
Eu esperei por mais, mas isso foi tudo o que ele disse, e parecia tudo que ele pretendia dizer. Mas só não, não bastava. Eu olhei para os outros. - Ok, alguém me
diz o que acabou de acontecer aqui.
Jamil começou a falar, então parou e olhou para Richard. - Com a permissão do meu Ulfric. - As palavras eram educadas, mas o tom era irritado, quase desafiador.
Richard olhou para ele. Eu não podia ver seu rosto, mas seja qual fosse o olhar que ele deu a Jamil, foi algo que fez o outro hesitar. Jamil se ajoelhou na poça
espalhada de líquido espesso. Ele abaixou a cabeça. - Não pretendi ofender, Ulfric.
- Isso é mentira -, Richard disse, e sua voz foi mais baixa do que o normal, apenas um ou dois tons acima de um rosnado.
Jamil lançou uma olhada para cima, em seguida abaixou a sua cabeça outra vez. - Não sei o que você quer que eu diga, Ulfric. Me diga, e eu o direi.
Richard virou-se para mim, deixando Jamil ajoelhado. - Eu não apenas chamei a besta de Stephen, eu a arranquei de seu corpo.
Eu dei uma olhada para baixo para Stephen, que ainda estava agachado aos pés de Richard. - Por quê? -, Eu perguntei.
- É geralmente punição fazê-lo desta maneira.
- O que Stephen fez?
- Nada. -, A voz de Richard foi dura, quase tão dura como o olhar em seu rosto.
- Então, por que puni-lo?
- Porque eu podia. -, Seu queixo levantou quando ele disse isso, e aquela arrogância estava de volta.
- Que diabos há de errado com você, Richard?
Ele riu, e o som era tão inadequado que isso me fez pular. Ele riu, mas foi muito alto, muito duro. - Será que isso não te ensinou como chamar a besta de Gregory?
- Eu não aprendi uma maldita coisa, exceto que você está de mau humor e descontando em outras pessoas.
- Você quer saber o que está errado? Você realmente quer saber?
- Sim, eu quero.
- Saia da frente Stephen -, ele disse, e Stephen nem sequer perguntou por que, ele só engatinhou para longe de nós.
Nós fomos deixados encarando um ao outro, nem bem a dois pés de distância. O que ele tinha feito ao Stephen pareceu ter tirado a ponta de seu poder, mas ainda estava
lá como uma grande coisa adormecida pressionando contra a superfície.
- Abra as marcas, Anita, sinta o que estou sentindo.
- Eu já abri as marcas. Eu percebi que tinha que abrir, para aprender a fazer isso.
- Então isso é só minha blindagem? -, Ele fez uma pergunta.
Eu concordei. - Eu posso sentir sua raiva, Richard, eu só não sei por quê.
- Somente meus escudos entre nós e... - Ele sacudiu a cabeça, quase sorrindo, em seguida deixou cair seus escudos. Isso me atingiu como uma força física, que me
empurrou um passo. Raiva tão crua que encheu minha garganta com bílis; uma auto-aversão tão profunda que traçou lágrimas pela minha bochecha em duas linhas quentes.
Eu fiquei lá por um minuto sentindo a dor de Richard, e era sufocante.
Eu olhei para ele, as lágrimas ainda molhadas no meu rosto. - Richard, oh meu Deus.
- Não se sinta triste por mim, não se atreva a sentir pena de mim! - Ele agarrou meus braços quando ele disse isso, e no momento em que nos tocamos, nossas bestas
transbordaram de dentro de nós e se espalharam pela nossa pele em uma dança quente de poder. Sua besta colidiu contra mim, invisíveis garras metafísicas rasgando
através do meu corpo. Era como se a besta Richard estivesse tentando abrir seu caminho através de meu corpo. Eu gritei, e empurrei minha besta na dele, e eu senti
garras rasgando na carne. Não havia nada para ver com os olhos, mas podia senti-lo, sentir pêlo e músculos e carne sob garras e dentes. Eu gritei não só da dor,
mas das sensações de cortar Richard em pedaços. Ele me machucou, e eu quis machucá-lo de volta. Não havia mais o raciocínio, mais nenhum pensamento, apenas reação.
Nossas bestas rasgaram uma a outra, rolando, arranhando, rasgando. Nós desabamos sobre a varanda, gritando. Vagamente eu ainda conseguia sentir as mãos de Richard
fechadas em meus braços como se ele não pudesse soltar.
Havia movimento à nossa volta. Pessoas pairando, mas ninguém interferiu, ninguém nos tocou. Quando nós caímos, eles dispersaram, como se tivessem medo de nos tocar.
Vozes gritando por cima de nossos gritos, - O que está errado? O que está acontecendo? Anita, Anita! Richard, controle isso!
Sua besta estava, de repente, como um peso dentro de mim, mas não doeu. As duas energias acalmaram, apoiando-se uma contra a outra, sem misturar, apenas apoiando.
Eu quase podia sentir a pressão sólida da besta dele contra algo dentro de mim que tinha ossos e peles, e não era eu. Eu não conseguia ouvir nada além do estrondo
do sangue na minha própria cabeça. Eu senti o peso de Richard em cima de mim, antes que eu olhei para baixo para encontrá-lo desmoronado sobre mim. Sua cabeça repousava
no meu peito. Eu podia sentir o pulsar do sangue em seu corpo, seu coração disparado contra a pele do meu estômago. Eu estava coberta pela fria secreção do corpo
de Stephen. Um, eu estava deitada em uma poça disso; dois, Richard tinha sido coberto nisso, e ele tinha deslizado pelo meu corpo. Eu ia ter que tomar um banho antes
que eu pudesse ir dormir, mesmo se fosse ao amanhecer. E eu sentia dor, sentia dor como se eu tivesse sido espancada. Eu sabia que estaria rígida quando me movesse.
Todo mundo estava em um círculo acima de nós, olhando para baixo. Eu encontrei a minha voz, rouca, quase áspera, mas clara. - Saia de cima de mim.
Richard levantou a cabeça, lentamente, como se ele estivesse machucado, também. - Me desculpe.
- Você está sempre pedindo desculpas, Richard, agora saia de cima de mim.
Ele não se moveu, na verdade se acomodou mais pesado, as mãos curvando na beira da minha cintura. - Você ainda quer ajudar Gregory?
- Isso é o que todo este show se trata, então sim.
- Então, vamos tentar de novo.
Eu enrijeci, e comecei a tentar esquivar-me debaixo dele. Suas mãos apertaram na minha cintura. - Calma, Anita, não vai doer. Eu não acho.
- Diga por você. Isso dói para porra. Me solta, Richard. - Minha voz declarou o início de raiva e medo. Gostei da raiva, poderia ter saído sem o medo.
- Você disputou comigo até um empate. Acabou -, Ele disse.
Parei de lutar e o encarei. - Sobre o que você está falando?
- Nós não somos a mesma espécie de animal, Anita. Eles tinham que descobrir quem é... mais agressivo.
Olhei para baixo da linha do meu corpo dentro daqueles olhos castanhos. - Você está dizendo que isso era algum tipo de exibição dominante?
- Não exatamente.
Estranhamente, foi Merle que respondeu. - Quando duas bestas tão diferentes se encontram, e ambos são fortes dominantes - como, por exemplo, uma verdadeira Nimir-Ra,
e um verdadeiro Ulfric - os dois animais devem lutar e testar um ao outro. Eu vi isso antes. É um tipo de domação de uma besta pela outra.
Levantei os olhos para o homem alto. - Ninguém domou ninguem.
Merle ajoelhou-se ao nosso lado. - Eu acho que você está certa. É como o Ulfric disse, um empate. Ele poderia ter mantido a luta até que um de vocês ganhasse ou
perdesse, mas ele optou por deixar assim.
Eu lembrei de alguém dizendo para Richard controlá-lo, isso sendo a sua besta. Eu olhei para Richard. - Você parou, não foi?
- Eu não me importo com qual de nós é mais dominante, Anita. Este tipo de jogo nunca significou nada para mim, a menos que as pessoas me obriguem a jogá-los.
- Você disse algo sobre ajudar Gregory. O que você quis dizer?
Ele começou a se mover mais para cima do meu corpo, deslizando seu corpo pelo meu. Eu podia sentir a gosma de sua camisa recobrindo minha barriga nua e peito quase
nu. Meu nojo deve ter aparecido em meu rosto, porque ele perguntou, - Qual o problema?
- Sua camisa está coberta de gosma, e eu estou deitada em uma poça disso. Eu não queria que você saísse de cima de mim apenas por afastar-se de mim, eu queria sair
de cima dessa sujeira.
Ele ficou de joelhos, suas pernas de cada lado da minha. Eu podia sentir nossas bestas esticadas entre nós como algo que deveria ter sido visível, como se cada uma
de suas cabeças estivessem enterradas no peito um do outro. Ele me ofereceu uma mão. Eu olhei para ele.
- Eu sei que você não precisa de ajuda, Anita. Mas nossas bestas estão se tocando agora. É uma ligação estreita e contacto físico nos ajudará a mantê-lo até nós
terminamos com Gregory.
Eu não precisei ver o olhar sincero em seu rosto para saber que ele estava dizendo a verdade, as marcas ainda estavam abertas entre nós. Eu sabia que ele estava
dizendo a verdade.
Peguei sua mão e ele me levantou. Ficar de pé doía, ou ele sentiu isso ou ele viu no meu rosto. - Eu machuquei você -, ele disse suavemente.
- Nós machucamos um ao outro. - Eu podia sentir que ele estava rígido, dolorido, mas ele se movia como ele não estivesse, e eu ainda movia como uma humana rígida.
Ele levantou a parte inferior da camisa, ainda segurando minha mão. - Toque-me.
Eu olhei para ele, e ele riu. - Basta manter contato físico, Anita. Eu não quero dizer nada com isso. Mas eu preciso de ambas as mãos.
Eu coloquei uma mão em sua cintura, muito hesitantemente.
Ele balançou a cabeça. - Eu vou tirar minha camisa.
Se você não pode tocar nas mãos, nos braços de uma pessoa, ou grande parte de seu corpo superior, você fica sem opção de lugares politicamente corretos para tocar
a pessoa. Eu resolvi por deslizar a mão sob a camisa molhada, tocando a firmeza macia de sua cintura. Até sua pele estava úmida da camisa que moldava a ela.
Richard tirou a camisa sobre a cabeça, e eu fui deixada em pé a centímetros dele enquanto ele revelava seu estomago plano, a saliência muscular do seu peito e as
costas arqueadas tirando a camisa sobre a cabeça. A visão dele, a atração da luxúria que sempre veio quando eu o via sem roupa empurrou minha besta contra a dele.
Eu senti o pêlo de nossas bestas roçando um no outro, um ímpeto de poder tentador que senti como se alguém tivesse pegado um pedaço de veludo e tivesse acariciado
a parte mais íntima de mim.
Richard arfou.
Eu me concentrei arduamente para parar o movimento, mas que eu tinha feito isso sem pensar trouxe o calor em meu rosto. Eu olhei para o chão; minha mão ainda estava
só tocando sua cintura, logo acima de seu jeans, mas de repente senti o toque íntimo. Eu queria tirar minha mão, e sua mão cobriu a minha antes que eu pudesse mover.
Ele apertou a minha mão contra ele, firme, mas não forçadamente.
Ele tocou meu queixo, levantou meu rosto até que eu tinha que olhar para ele. - Tudo bem, Anita. Adoro o fato de que apenas me olhar mexe com você desse jeito.
O rubor que tinha estado sumindo, brilhou mais forte. Ele riu, suave, baixo, com aquele vigor que uma risada de homem adquire quando ele está pensando em coisas
íntimas. - Eu senti saudades de você, Anita.
Eu olhei para ele. - Eu senti saudades de você, também.
Sua besta se moveu através de mim em uma lavagem de poder e a sensação que me deixou arfando. Minha besta respondeu a dele. Eu não conseguia parar. Talvez eu não
quisesse. Essas formas em sombras rolavam dentro e fora de um ao outro, através de nós, até que eu não conseguia respirar, não conseguia pensar. Foi Richard quem
se afastou primeiro, e disse, - Querido Deus, eu nunca pensei... - Eu senti o esforço que lhe custou afastar-se de mim, para parar. Seu rosto mostrava um olhar eficiente,
prático, mas eu podia sentir o tremor de outras coisas dentro dele. Sua voz saiu enérgica. - Eu vou chamar a besta do Jamil, a maneira que supostamente deve ser
feita. Sinta o que eu faço, como eu uso a minha besta para chamar a dele.
Minha voz estava um pouco ofegante. - Então eu farei em Gregory.
Ele concordou. - Ou eu posso chamar a besta de Shang-Da, se você precisar ver mais uma vez.
Eu concordei. - OK.
Ele deslizou uma mão ao redor da minha cintura, puxando-me contra ele. Não parecia tão íntima como a agitação de nossas bestas dentro de nós. Jamil permaneceu nos
encarando. Ele tirou a camisa e sapatos, mas continuou com suas calças. Ocorreu-me, pela primeira vez que eu nunca tinha visto ele nu, exceto quando ele estava ferido
e próximo da morte. Jamil não fazia nudez casual. Um dos poucos metamorfos modesto que conhecia.
- Estou pronto, Ulfric.
Depois do que Richard tinha feito a Stephen pensei que Jamil estava sendo muito confiante. Mas por outro lado, todos confiavam em Richard; ele era muito confiável.
Não, falta de confiança não era o problema.
- Eu não preciso tocar alguém fisicamente para fazer isso, mas é mais fácil dessa maneira, então eu vou tocá-lo, assim você pode entender melhor como isso funciona.
Eu concordei, envolvida no círculo do seu braço, a firmeza de seu corpo, o enrolar aveludado de nossas bestas como outro braço para nos segurar um contra o outro.
Richard tocou o ombro nu de Jamil, e eu senti seu poder mover para fora como um vento quente. Ele acariciou a pele Jamil, e a besta de Richard fluiu com isso, levando
a minha junto. O poder de Richard provocava ao longo de Jamil, persuadindo, e a melhor analogia que eu podia pensar era como alguém que tentando atrair um gato para
descer de uma árvore. Acenando, falando docemente, prometendo caricias, e prazeres, só se ele descesse. Mas a besta de Jamil não desceu, ela saiu. Ele rolou para
fora do centro do seu ser como um fraco nevoeiro dourado, quase uma forma. Eu vi sua besta, como eu tinha visto antes a de Micah, por um instante, então Jamil desmoronou
na varanda, e suas costas nuas começaram a ondular como água sob um vento forte. O lobo saiu de suas costas em uma longa linha molhada, e seu corpo dissolveu naquela
forma escura peluda, de modo que o corpo humano tornou-se o lobo, como lançar mais de uma moeda, cabeças, caudas, mas ainda a mesma moeda. Eu senti a precisão disso,
a harmonia disso. Jamil abraçou o que ele era; não havia conflito entre ele e sua besta. Eu nunca tinha visto ele em forma de lobo, homem-lobo, mas não esta besta
negra do tamanho de um pônei. Ele era como o pior pesadelo da Chapeuzinho Vermelho.
O lobo se sacudiu, e percebi que sua pele estava seca. Havia mais daquela gosma clara sobre toda a varanda, mas muito pouco disso tinha agarrado ao próprio lobo.
No entanto outro mistério metafísico: Como lobisomens permanecem secos quando se transformar é essa bagunça?
Eu virei sem palavras, puxando Richard comigo. Eu fui até Gregory, ainda sentado na mesa de piquenique, só Cherry e Drª Lillian com ele agora. Zane tinha vindo ver
o que estava acontecendo quando Richard e eu começamos a nos contorcer na varanda.
Gregory olhou para mim, olhos azuis prateados ao luar. Eu sorri e toquei sua bochecha, envolvendo o lado de seu rosto em minha mão. Eu alcancei sua besta, não com
a minha mão, mas com essa coisa sombria que serpenteava por Richard e eu. Eu a mandei tremendo através da pele de Gregory, e ele se sentou, deixando o cobertor cair
longe de seu corpo superior descoberto. Cherry se afastou apenas o suficiente, assim eles não se tocariam, como se ela estivesse com medo de tocá-lo agora.
Eu tentei atrair a besta, chamá-la com doces carícias e persuasão gentil, mas ela permaneceu teimosamente apenas sob a superfície, presa pelos medicamentos que ainda
fazia o corpo de Gregory uma prisão e o choque que também tinha amortecido tudo que eu precisava chamar. Mas eu sabia que isso não tinha que ser gentil. Eu poderia
não ter estado junto quando Richard trouxe a besta Stephen, mas eu vi, e eu conhecia o suficiente de poder para adivinhar o que ele tinha feito.
- Eu vou tentar não machucá-lo -, Eu disse, mas eu empurrei meu poder dentro de Gregory. Eu o senti bater em seu peito e afundar nele como uma grande lâmina de carne
e pêlo.
Gregory arfou, arqueando as costas, só um pouco.
Eu achei sua besta enrolada como um gato, dormindo, preguiçosa, e eu a agarrei com minha mão, afundei as garras nela e a puxei gritando no ar. Eu arranquei sua besta
dele, e Gregory mudou, como Stephen tinha mudado em uma explosão de sangue, carne e fluido. Eu estava coberta disso, tão denso que eu tive que tira-lo dos meus olhos
para ver. Ver que o homem-leopardo manchado de amarelo e preto deitado de bruços sobre a mesa. Eu observei Stephen vir para farejar ao longo do corpo trêmulo do
seu irmão.
- Gregory, Gregory, você pode me ouvir? - Eu perguntei, e minha voz foi mais suave do que eu quis que ela fosse.
Gregory piscou os olhos de leopardo para mim, mas uma voz rosnada saiu daquela garganta peluda. - Eu posso te ouvir.
Stephen jogou a cabeça para trás e uivou. Jamil o imitou, e os gritos de triunfo dos leopardos encheram a noite.
36
O amanhecer deslizava pelas árvores num banho de luz bem branca, que deixava as árvores parecendo com recortes de papel preto contra o céu brilhante enquanto eu
puxava as cortinas e enchia o quarto com a penumbra do crepúsculo. Eu coloquei cortinas bem grossas no quarto quando Jean-Claude ainda era uma visita frequente.
O abajur parecia fraco após o brilho da alvorada. Nathaniel sentou na beirada da cama perto do abajur. Ele estava usando a parte de baixo de um pijama de seda. Era
uma seda lilás clara que imitava seus olhos e parecia uma cor muito delicada para um pijama masculino. Eu sempre suspeitei que os shorts fossem desenhados originalmente
para uma mulher, mas shorts eram shorts.
A luz do abajur capturava as luzes vermelhas em seus cabelos ruivos, onde ele brilhava o lado de seu corpo como algo quente e vivo, quase separado. Estranhamente,
na forma homem-leopardo, ele era uma pantera negra, de modo que o cabelo ruivo desaparecia uma vez que ele deixava a forma humana.
Nathaniel era o único dos homens-leopardo ainda em forma humana. Assim, ele era o único que tive que dividir minha cama. Se eles estivessem como gatinhos, eles teriam
que dormir em outro lugar, mas em forma humana, nós tentávamos ser uma grande pilha de filhotinhos. De alguma forma, era menos confortável só com Nathaniel do que
teria sido com mais deles. Talvez fosse o fato de que seu mamilo direito ainda tinha um círculo de marcas dos meus dentes.
- As marcas de mordida não deveriam ter curado a esta altura? -, Eu perguntei.
- Eu não curo tão rapidamente quanto alguns -, Ele disse suavemente. - E marcas feitas por outro metamorfo, ou até mesmo um vampiro, curam mais lentamente.
- Por que isso?
Ele deu de ombros. - Por que a prata nos mata, e o aço não?
- Entendi seu ponto -, Eu disse. Passei a mão pelo meu cabelo ainda úmido. Eu tinha tomado banho e estava vestindo pijamas de verdade, não uma camisa desproporcional,
que era a minha habitual roupa de dormir. Embora pijama pode ter sido uma palavra grande demais para a camisola verde-esmeralda e combinando, short curto. Havia
um robe longo no mesmo verde vibrante, então tudo estava coberto, mas Nathaniel sabia que eu não tinha me vestido toda para ele. Ou pelo menos eu esperava que ele
soubesse.
Ele me observava andando pelo quarto com os olhos cuidadosos. Nós tínhamos cruzado uma linha, ele e eu, e a marca em seu peito só continuava me lembrando disso.
Eu não pensei que Richard toleraria Nathaniel e eu dividindo a cama a sós, não que eu realmente esperasse nós três na cama juntos, tampouco. Oh, inferno, eu não
sabia o que eu esperava. Eu tinha esperado que Richard viesse a mim depois de seu banho. Mas ele não compareceu, e estava amanhecendo, e eu estava cansada.
Houve uma firme batida na porta. Eu disse, - Pode entrar -, com o meu coração batendo um pouco rápido demais. Merle abriu a porta, e eu esperava que a minha decepção
não aparecesse em meu rosto. Seu próprio rosto não registrava nada, então eu não poderia julgar o que ele viu no meu.
- O Ulfric está na cozinha. -. Ele pareceu desconfortável em seguida. - Ele está chorando.
Eu senti que meus olhos se ampliaram. - Perdão?
Merle olhou para baixo, depois para cima, quase desafiador. - Ele mandou seus guarda-costas para fora da sala, e ele está chorando. Eu não sei por quê.
Eu suspirei. Embora eu estivesse cansada, eu estava entusiasmada com a idéia de Richard estar na casa, dele vindo a mim, quem sabe. Em vez de sexo nós teríamos mais
uma sessão de consolo, e um ombro para chorar. Droga.
Eu senti meus ombros caírem e me forcei a ficar ereta novamente. Eu não tinha que perguntar por que Merle tinha me dito. De quem mais Richard aceitaria conforto?
Nem eu estava cem por cento certa de que ele ia aceitar conforto de mim.
Eu fui para a porta. Merle a segurou aberta para mim, e eu andei debaixo de seu braço sem ter que abaixar. - Obrigada por me dizer, Merle -, murmurei enquanto eu
saía para a sala de estar escurecida.
Shang-Da estava encostado na parede junto à porta aberta que conduzia à cozinha. Ele parecia tão desconfortável como eu já o tinha visto. Ele não encontraria meus
olhos. O que estava acontecendo?
Caleb estava instalado no sofá com um cobertor e um travesseiro extra. Ele estava sentado, o cobertor amontoado em seu colo. Ele estava nu da cintura para cima e,
provavelmente, nu da cintura para baixo, se ninguém o fez vestir pijama. Eu esperava que alguém tivesse lembrado de colocar um lençol no sofá. Ele me viu atravessar
a sala, e mesmo na penumbra da cozinha eu não gostei da maneira como seus olhos me seguiram.
- Robe legal -, ele disse.
Eu o ignorei e fui para a porta. Richard estava sentado na mesa da cozinha, abriu todas as cortinas de modo que a sala estava cheia com a luz suave do amanhecer.
Seu cabelo na altura dos ombros tinha sido secado em uma massa suave e macia. Eu nunca poderia secar no meu cabelo com o secador sem que ele torna-se algo armado
e de aparência horrível. A luz da manhã fez o seu cabelo parecer mais dourado do que o normal, menos marrom. Ele olhou para cima, e percebi que o brilho dourado
era um efeito de halo do sol nascente. Pintava um nimbo de ouro brilhante ao redor dele, deixando seu cabelo castanho claro ao redor de seu rosto, tornando a pele
no centro de seu corpo parecer ainda mais escura do que era, quase como se estivesse na sombra.
Eu tive um momento para ver o brilho das lágrimas em seu rosto sombreado, então ele abaixou sua cabeça e curvou-se na cadeira para que eu não pudesse ver. O movimento
colocou mais de seu corpo na incandescente luz dourada, mas a ilusão de halos e sombra se foi.
Eu andei até a mesa, permaneci perto o suficiente para tocar o seu ombro nu, na duvida se eu deveria. - Richard, qual o problema?
Ele balançou a cabeça, ainda sem me olhar.
Eu estendi a mão, toquei a suavidade de seu ombro gentilmente. Ele não me disse para ir embora, e ele não se afastou. Tudo bem. Eu toquei as lágrimas na sua bochecha
mais próximas de mim, retirando-as com minha mão. Isso me lembrou do consolo a Nathaniel mais cedo.
Eu toquei o queixo de Richard, virei seu rosto para mim, e sequei as lágrimas em sua outra bochecha com a manga do meu robe. - Fale comigo, Richard, por favor.
Ele sorriu. Talvez fosse o - por favor -. Eu não usava essa palavra com frequência. - Eu nunca vi este antes. - Ele tocou a manga muito delicadamente.
Eu não ia ser distraída, nem mesmo por ele percebendo o que eu tinha vestido com ele em mente. - Você tem que estar tão cansado quanto eu estou, Richard. O que está
te mantendo acordado?
Ele olhou para baixo, depois para cima, e havia tanta tristeza em seus olhos escuros, que eu quase disse, não, não, mas ele precisava falar. - Louisa está na cadeia
e Guy está morto.
Eu franzi as sobrancelhas. - Eu não conheço os nomes.
- Louisa é um dos nossos mais novos lobos. - Ele olhou para baixo novamente, não encontrando meus olhos. - Guy é seu noivo... marido. Era seu marido. - Ele cobriu
seu rosto com as mãos, balançando a cabeça repetidamente.
Eu segurei seus pulsos, baixei suas mãos para que eu pudesse ver seus olhos. - Richard, fale comigo.
Suas mãos giraram em meu aperto, segurando minhas mãos. Nós demos as mãos, enquanto eu observava a dor em seus olhos transbordar em palavras. - Louisa matou Guy
na lua de mel deles, ontem. Eu recebi o telefonema pouco antes de eu vir para cá.
- Eu continuo sem entender. É terrível, trágico, mas... -, Eu disse.
- Eu era o seu padrinho. Eu treinei-a para controlar sua besta, e ela perdeu o controle em sua lua de mel no meio do... - Ele abaixou a cabeça, e levantou as minhas
mãos de modo que sua testa descansou contra as costas das minhas mãos.
- Ela perdeu o controle no meio do sexo -, Eu terminei para ele.
Ele concordou, seu rosto ainda pressionado às minhas mãos. - Perdendo sua virgindade -, Ele disse, a voz abafada, baixa.
- Você disse virgindade?
Ele se afastou de mim, então deixou cair suas mãos em seu colo, e eu reparei pela primeira vez que ele estava usando uma toalha amarrada à sua cintura. - Sim.
- Você quer dizer que ela nunca tinha tentado controlar sua besta durante uma relação sexual? -, Eu perguntei.
Ele balançou a cabeça. - Eles tinham sido noivos por mais de dois anos antes que Louisa fosse atacada e se tornado uma de nós. Ambos queriam esperar pela noite de
núpcias.
- Admirável -, Eu disse. - E orgasmo, até certo ponto, é orgasmo. Se ela pudesse se controlar durante o orgasmo sem contato sexual, então ela deveria ter sido capaz
de se controlar durante a relação sexual, também. - Eu toquei seu ombro novamente. - Você fez tudo que podia por ela.
Ele se afastou como se eu o tivesse queimado, ficando em pé tão de repente que o encosto da cadeira bateu na ilha da cozinha, em seguida ao chão. Eu percebi um pouco
antes de ver as pessoas na porta. Eu disse, - Nós estamos bem. - Eu virei para ver Shang-Da, Merle, e os dois homens-rato, ainda hesitando na porta. - Nós estamos
bem, vão embora. - Todos eles se retiraram, mas eu sabia agora que tínhamos uma platéia, porque eles não iriam longe.
Richard permaneceu no meio da minha cozinha usando nada além de uma toalha e a primeira luz dourada do amanhecer. Normalmente isso teria me distraído de qualquer
coisa razoável, mas não esta manhã. A dor em seu rosto era mais importante do que o seu corpo neste momento. Olhando para ele, ali tão provocante, tão machucado,
eu tive uma idéia, uma péssima idéia.
- Por favor, me diga que não quer dizer que ela queria esperar qualquer tipo de contacto sexual até a lua de mel?
Seu queixo levantou, e aquela arrogância tentou deslizar sobre ele. Mas era uma máscara, e eu via através dela agora. Por baixo, ele estava assustado e culpado.
- Eu ensinei-a a controlar a besta durante a raiva, tristeza, medo, dor, todos os extremos de emoção, mas não o sexo. Eu respeitei suas convicções.
Eu olhei para ele. Era algo que Richard faria. Teoricamente, até eu mesma aprovava, mas a teoria e a prática não são as mesmas. Na vida real isso tinha sido uma
má idéia, e Richard deveria ter sabido aquilo melhor do que eu.
Eu senti meu rosto ficar sem expressão, vazio. Era um bom rosto de policial. Eu não queria que nada que eu estava pensando aparecesse no meu rosto. - Então, esta
Louisa mudou no meio do sexo e matou seu marido, e os tiras a pegaram. - Eu não acrescentei que estava surpresa que eles não tinham atirado nela imediatamente. Encontrando
o grande lobo mau comendo o corpo do pequeno humano amável seria motivo suficiente para atirar para matar.
- Louisa se entregou. Eu acho que se ela não achasse que o suicídio era um pecado, ela teria se matado. - Ele se virou na minha direção andando até as portas de
vidro deslizantes, apoiando a testa contra o vidro, como se ele estivesse cansado.
Eu desejei que eu pudesse dizer que isso não era culpa dele, mas era. Ele era o seu padrinho, aquele que era suposto a ensiná-la como ser um metamorfo. Eu aprendi
a lidar com os homens-leopardo, e Richard, e a matilha de Verne no Tennessee, que o orgasmo de qualquer tipo era um dos verdadeiros testes do controle deles. Orgasmo
acreditava-se ser uma libertação, mas para realmente desistir de todo o controle significava mudar de forma, e esse era o maior pesadelo quando você tinha um amante
humano. Richard tinha me dito com bastante frequência quando estávamos namorando que ele não confiava em si mesmo em noite de lua cheia, ou mesmo no dia anterior.
Ele não tinha medo de perder o controle e me matar, apenas perdendo o controle e me assustando até a morte. Ou, mais honestamente, me enojar. Ele havia se transformado
em cima de mim uma vez, e aquilo nada tinha a ver com sexo. E aquela experiência tinha me enviado correndo para Jean-Claude. Bem, foi à mudança de Richard em cima
de mim e vendo-o comer alguém.
Eu não sabia o que dizer. Tudo o que eu sabia era que eu tinha que dizer alguma coisa, aquele silêncio era quase pior do que qualquer coisa.
Ele falou sem se virar. - Vá em frente, Anita, me diga que eu sou um idiota. Me diga que eu sacrifiquei ambos no altar dos meus ideais. - Sua voz era amarga o suficiente
para sufocar, apenas ouvindo a dor nela.
- Louisa e seu marido queriam se manter fiéis a quem eles eram. Você quis ajudá-los a fazer isso. É perfeitamente, logicamente você. - Minha voz estava vazia, mas
pelo menos não era repreensiva. Foi o melhor que pude fazer. Porque era um desperdício, um desperdício porque Richard e a garota e seu noivo estavam mais preocupados
com a aparência do que a realidade. Ou talvez eu seja apenas uma cínica, e cansada, oh, tão cansada.
Era como qualquer tragédia realmente boa - depende inteiramente das personalidades das pessoas envolvidas. Se Richard tivesse sido mais prático e menos idealista;
se Louisa e seu falecido marido tivessem sido menos religiosos, menos puros; inferno, se o marido realmente levou-a ao orgasmo somente com o ato sexual, se ao menos
ele tivesse sido menos talentoso. Tantas coisas tinham acontecido fazendo todas as boas intenções darem totalmente erradas.
- Sim, isso era perfeitamente, logicamente eu, e eu estava errado. Eu deveria ter, pelo menos, forçado-a a ter sua primeira experiência com Guy onde o bando pudesse
supervisionar, salvá-lo. Mas Louisa era tão... delicada sobre isso. Eu simplesmente não podia insistir. Eu simplesmente não podia fazê-la despir-se na frente de
estranhos e ter seu momento mais íntimo testemunhado. Eu simplesmente não conseguiria fazer isso.
Eu não sabia o que dizer. Eu fiz a única coisa que eu pude pensar para consolá-lo. Eu fui até ele e coloquei meus braços em volta de sua cintura, coloquei minha
bochecha contra a firmeza suave das suas costas, e o abracei. - Eu sinto muito, Richard, muito mesmo.
Seu corpo começou a tremer, e eu percebi que ele estava chorando de novo, ainda silenciosamente, mas não suavemente. Grandes soluços violentos sacudiram o seu corpo,
mas o único som que ele se permitiu foi à dura agitação de sua respiração enquanto ele arfava, tentando conseguir ar suficiente.
Ele deslizou lentamente ficando de joelhos, as mãos fazendo sons ásperos para baixo no vidro da porta, como se ele estivesse removendo a pele enquanto sua mão deslizava
no vidro. Eu fiquei em pé, inclinando sobre ele, segurando sua cabeça contra meu corpo, minhas mãos em seus ombros e peito, tentando segurá-lo.
Ele caiu para trás, e, de repente, eu estava tentando manter todo o seu peso enquanto ele ia para o chão. Eu tropecei na bainha do robe, e nós acabamos amontoados
no chão, com sua cabeça e os ombros no meu colo e me esforçando para sentar direito. O nó na toalha tinha afrouxado, e uma longa linha ininterrupta de seu corpo
mostrava da cintura para baixo de seu quadril até seu pé. A toalha ainda estava no local, mas ela estava perdendo a batalha.
Sua boca abriu num choro silencioso, então, repentinamente havia som. Ele deu um grito engasgado enfurecido à beira das lágrimas, e o som parecia abrir algo dentro
dele. Porque o choro era de repente, alto, cheio de pequenos sons horríveis, dolorosos. Ele chorou e gemeu, e gritou, e se agarrou em meus braços, o suficiente que
eu soube que ia fica roxo. E tudo que eu podia fazer era segurar, tocá-lo, balançá-lo, até que ele se acalmou. Ele finalmente ficou deitado de lado, a parte de cima
o máximo que conseguia em mim, o resto dele enrolado de modo que uma coxa o cobriu. A toalha formou um monte no chão embaixo dele. Eu nem sequer soube quando a toalha
havia caído. Eu estava um pouco orgulhosa daquilo, porque normalmente quando eu vejo Richard nu, eu perco cerca de quarenta pontos de QI e a maior parte da minha
capacidade de raciocínio. Mas agora, sua dor era tão crua, que aquilo requeria preferência. Era conforto que ele precisava, não sexo.
Ele finalmente se acalmou em meus braços, sua respiração diminuiu quase ao normal. As pálpebras que tremulavam tinham fechado, e por um momento pensei que ele estava
dormindo. Então ele falou, os olhos ainda fechados. - Nomeei um Eros e Eranthe para o bando. - Sua voz ainda estava rouca com todo o choro.
Eros era o deus grego do amor, ou luxúria, e Eranthe era a musa da poesia erótica; no folclore dos lobisomens eles eram os nomes para os substitutos sexuais. Um
homem e uma mulher que fizeram o que precisava ser feito quando o padrinho de um lobisomem era muito cheio de melindres. A matilha de Verne tinha-os, porque a lupa
de Verne tinha muito ciúme de seu Ulfric, e às vezes você só precisava de alguém que não está envolvido emocionalmente.
- Isso é bom, Richard. Acho que vai tornar as coisas mais fáceis.
Ele abriu seus olhos, e eles estavam desolados. Isso fez meu peito doer por ver aquele olhar em seus olhos. - Há outras posições que fariam muitas coisas mais fáceis
-, Ele disse, a voz grossa e baixa.
Eu fiquei tensa. Eu não evitaria isso, porque eu sabia que existiam títulos entre os lukoi que fariam todos os problemas que ele tinha criado na matilha serem reparados.
Havia títulos que equivaliam a executores, torturadores. O lukoi tem uma longa história, por algumas vezes muito cruel. Poucas matilhas preenchem esses lugares agora.
A maioria não vê a necessidade, mas a maioria dos Ulfrics são bons tiranos; eles não precisam delegar as coisas com brutalidade.
- Você sabe o que Bolverk significa? -, Richard perguntou suavemente.
- É um dos nomes de Odin. Significa trabalhador do mal. -, Minha voz era quase tão suave quanto à dele.
- Você não se lembra disso desde o semestre de religião comparativa na faculdade.
- Não -, Eu disse. Meu pulso acelerou. Eu não podia evitar. Bolverk era um título somado a alguém que fizesse as ações más do Ulfric. Poderia ser qualquer coisa
de trapaça, a mentira, a assassinato.
- Você perguntou ao Verne sobre isso, não foi?
- Sim. -, Eu mantive a minha voz baixa. Eu estava com medo de falar alto, com medo de ele parar de falar, embora eu já soubesse onde a conversa estava indo, e eu
queria chegar lá.
- Jacob vai desafiar Sylvie -, Richard disse, e sua voz era cada vez mais forte, - E ele vai matá-la. Ela é boa, mas eu vi Jacob lutar. Ela não pode vencer.
- Eu não o vi lutar, mas eu acho que você está certo.
- Se eu fizer você Bolverk... - Ele parou. Eu queria gritar para ele terminar, mas eu não ousei. Tudo o que eu podia fazer era sentar ali, muito quieta, e tentar
não fazer nada que pudesse mudar seu pensamento.
Ele recomeçou. - Se eu fizer você Bolverk, o que você faria? -, Dessa vez era suave novamente, como se ele não pudesse acreditar realmente que ele estava dizendo
isso.
Eu soltei um suspiro que eu não tinha sequer percebido que eu estava segurando e tentei pensar. Pensar antes de falar, porque eu só tinha uma chance para isto. Eu
conhecia Richard e se o que eu dissesse não topasse com sua aprovação, a proposta desapareceria, e talvez ele nunca estivesse disposto a pedir este tipo de ajuda
novamente. Eu raramente estive tão ansiosa para falar e tão apreensiva ao mesmo tempo. Orei por sabedoria, diplomacia, ajuda.
- Primeiro, você precisaria anunciar meu novo título para a matilha, então eu escolheria alguns ajudantes. Eu estou autorizada a três, Baugi, Suttung e Guunlod.
Richard disse, - Os dois gigantes Bolverk enganaram para conseguir o hidromel da poesia, e Guunlod, a filha do gigante, que ele seduziu por isso.
- Sim.
Ele girou mais a parte superior do seu corpo, de modo que ele estava olhando para mim. - Você passou quase todo fim de semana dos últimos seis meses no Tennessee.
Eu pensei que você estava estudando com Marianne, aprendendo a usar seus talentos, mas você estava estudando o lukoi, também, não estava?
Tentei ser muito cuidadosa, enquanto eu dizia, - A matilha de Verne funciona muito bem. Ele me ajudou a tornar os meus leopardos um verdadeiro bando.
- Você não precisa de um Bolverk ou um Guunlod para transformar os leopardos em um bando. - Seu olhar era muito direto, e eu não podia mentir para ele.
- Eu ainda era sua lupa, mas não uma loba, o mínimo que eu podia fazer era aprender sobre sua cultura.
E então ele sorriu, e isso atingiu seus olhos, só um pouco - mandando aquele olhar perdido embora. - Você não se preocupava com a cultura.
Aquilo me irritou. - Sim, me preocupava.
Seu sorriso alargou-se, seus olhos enchendo com luz, a maneira que o sol enchia o céu enquanto ele se elevava acima da borda do mundo. - Tudo bem, você se preocupava
com a cultura, mas que não foi por isso que você queria saber sobre Bolverk, o malfeitor.
Eu olhei para baixo, sentindo só um pouco embaraçada. - Talvez não.
Ele tocou meu rosto levemente, me virando para olhar para ele de novo, para encontrar seu olhar. - Você disse que não sabia nada sobre Jacob, antes de você falar
com ele ao telefone.
- Eu não sabia -, Eu disse.
- Então por que perguntar a Verne sobre Bolverk?
Eu olhei para baixo naqueles verdadeiros olhos castanhos e falei a verdade. - Porque você é gentil e leal e justo, e essas são coisas preciosas para se ter em um
rei, mas o mundo não é gentil, ou leal, ou justo. A razão que a matilha de Verne funcione facilmente, a razão que meu bando funcione facilmente, é porque Verne e
eu somos implacáveis quando precisamos ser. Eu não sei se você pode ser cruel se você tiver que ser. Mas acho que o faria em pedaços, se você conseguisse encarar.
- Ter que usar você para ser cruel por mim vai fazer em pedaços algo dentro de mim, Anita. Algo que é importante para mim.
Eu acariciava seus cabelos, sentindo a densa suavidade dele. - Mas eu fazendo não vai quebrar tanto ou tão gravemente, como você fazendo-o, Richard.
Ele concordou lentamente. - Eu sei, e eu me odeio por isso.
Eu me inclinei e beijei sua testa, muito delicadamente. Eu falei com meus lábios tocando sua pele. - A única verdadeira felicidade, Richard, reside em saber quem
você é - o que você é - e fazer a paz com isso. - Seu braço curvou ao meu redor, me segurando contra ele. Ele falou com a boca contra a cavidade da minha garganta.
- E você está em paz com o que você é?
- Estou trabalhando nisso -, Eu disse.
Eu recuei o suficiente para ver seu rosto, e sua mão se lançou através do meu cabelo, puxou meu rosto para o seu. Nós nos beijamos, suave, em seguida mais forte,
seus lábios, sua língua, sua boca trabalhando na minha. Eu coloquei seu rosto em minhas mãos e o beijei - o beijei por muito tempo e com força. Quando eu recuei,
ofegante, eu percebi que ele virou mais a parte inferior do corpo e estava deitado de costas, nu. Ele riu da expressão no meu rosto e me puxou para baixo em direção
a ele. Eu perdi aqueles quarenta pontos de inteligência e todas as minhas habilidades de raciocínio enquanto ele desfez meu robe e corri minhas mãos abaixo da longa
linha do seu corpo.
Eu tinha só o suficiente de autocontrole para dizer, - Aqui não. Nós temos uma platéia na sala de estar.
Sua mão deslizou sob o cetim verde da camisola, curvando-se em volta das minhas costas, me puxando contra ele. - Não há um lugar na casa que eles não vão nos ouvir,
nos cheirar.
Eu me afastei dele antes que ele pudesse me beijar. - Caramba, Richard, isso me faz sentir muito melhor.
Ele se apoiou em um braço, olhando para mim. - Nós podemos ir para o quarto, se você quiser, mas nós não estaremos enganando ninguém.
Eu não gostei daquilo, e isso deve ter mostrado em meu rosto, porque Richard tirou sua mão debaixo da minha roupa, e disse, - Você quer parar?
Nós não tínhamos realmente começado, mas eu sabia o que ele queria dizer. Olhei dentro do sólido castanho dos seus olhos, tracei a ponta do seu queixo com o meu
olhar, a plenitude de seus lábios, a curva de sua garganta, a extensão de seus ombros, a maneira como seu cabelo caiu ao redor dele, pegando a primeira luz da manhã,
trazendo tons de ouro e cobre em seu cabelo, a ondulação do seu peito, seus mamilos já escuros e duros, a linha reta de seu estômago com essa fina linha escura de
cabelo que ia de seu umbigo para... A pele mais escura, mais rica, você quase podia cheirar o sangue que o bombeava cheio e duro. Ele parecia maduro, como se fosse
algo pronto para brotar com vida. Eu queria tocá-lo, apertar, oh tão delicadamente. Eu deitei no chão com as mãos no meu lado, meu pulso batendo na minha garganta,
e disse, - Não, eu não quero parar. - Minha voz era quase um sussurro.
Seus olhos se encheram com aquele calor escuro que se espalha no rosto de um homem quando ele está quase cem por cento certo do que está prestes a acontecer. Sua
voz era mais profunda, aquela nota mais baixa que as vozes dos homens conseguem quando a excitação é profunda. - Aqui, ou o quarto?
Eu rompi meu olhar dele para olhar da porta aberta para a sala de estar. Não havia nenhuma porta para fechar. Eu precisava de mais privacidade do que isso. Mesmo
se eles pudessem nos ouvir, até mesmo nos cheirar no quarto, pelo menos eles não seriam capazes de nos ver. Talvez fosse apenas uma ilusão de delicadeza, mas às
vezes a ilusão é tudo que você tem.
Eu olhei de volta para ele. - Quarto.
- Boa escolha -, Ele disse, e ficou de joelhos, pegando minha mão, de modo que quando ele ficou em pé, ele meio que me puxou para ficar em pé. O movimento me surpreendeu,
e eu caí contra ele. A diferença de altura era suficiente que isso colocou minha mão em seu quadril e muito perto de outras coisas. Me embaraçou o tanto que eu queria
tocá-lo, abraçá-lo. Eu comecei a afastar, porque eu estava tão perto de perder todo o decoro e acariciá-lo ali mesmo na cozinha. Eu não estava totalmente certa que
se eu o agarrasse nós chegaríamos ao quarto. Eu queria aquela porta entre nós e todos os outros.
Ele colocou seus braços ao redor da minha cintura e me levantou, até que nossos rostos estivessem na mesma altura e eu não sabia o que fazer com minhas pernas. Se
eu tivesse certeza de que nós não estaríamos usando a mesa da cozinha eu iria envolver minhas pernas ao redor de sua cintura, mas eu não confiava em nenhum de nós
àquela altura. Ele colocou seus braços debaixo da minha bunda, de forma que minha cabeça estava um pouco acima da sua, e eu descansei em seus braços quase como se
eu estivesse em um balanço. Eu ainda podia senti-lo pressionado duro e firme contra meu corpo, mas isso tinha certo decoro que sentar de perna aberta em sua cintura
faltava. Ele começou a andar para a porta, me carregando, seus olhos tão intensos em meu rosto que ele quase tropeçou em uma cadeira. Isso me fez rir, até que seus
olhos voltaram a encontrar o meu, e eu vi a necessidade naqueles olhos escuros. Um olhar que me roubou a fala, e tudo que eu podia fazer era olhar em seus olhos
enquanto ele me carregava para o quarto.
37
O quarto estava vazio quando ele chutou a porta para fechar atrás de nós. Eu não sabia se a sala de estar estava vazia ou não. Eu não conseguia lembrar de nada além
dos olhos de Richard da cozinha para o quarto. Cada lugar talvez tenha estado vazio, por tudo que eu tinha visto.
Nós nos beijamos apenas da porta pra dentro; minhas mãos estavam cheias da rica densidade ou seus cabelos, o calor firme de seu pescoço. Explorei o rosto com as
mãos, minha boca, provei, provoquei, acariciei, apenas seu rosto.
Ele se afastou da minha boca o suficiente para dizer, - Se eu não sentar, eu vou cair. Meus joelhos estão fracos.
Eu ri, a plenos pulmões, e disse, - Então me coloque no chão.
Ele meio andou, meio cambaleou para a cama, me deitando sobre ela, ficando de joelhos ao lado dela. Ele estava rindo enquanto ele engatinhava em cima da cama ao
meu lado. Ele deitou ao meu lado, seus joelhos pendurados sobre o lado da cama, embora ele fosse alto o suficiente para seus pés realmente tocassem o chão quando
ele deitou daquele jeito, talvez pendurado não fosse a palavra certa. Nós deitamos um ao lado do outro na cama, rindo suavemente, sem tocar.
Nós viramos nossas cabeças para olhar um ao outro ao mesmo instante. Seus olhos cintilavam com o riso, quase todo seu rosto brilhando com isso. Eu estendi a mão
e tracei as linhas do riso em volta da sua boca. O riso começou a desaparecer assim que eu o toquei, seus olhos se enchendo com algo mais escuro, mais sério, mas
não menos precioso. Ele rolou sobre seu lado. O movimento pôs minha mão ao lado do seu rosto. Ele esfregou seu rosto em minha mão, os olhos fechados, lábios entreabertos.
Eu rolei sobre minha barriga, e me movi em sua direção, minha mão ainda em seu rosto. Ele abriu seus olhos, me observando engatinhar em sua direção. Eu me apoiei
sobre as mãos e joelhos e observei seus olhos enquanto eu me inclinava em direção à sua boca. Havia impaciência ali, mas também havia algo mais, algo frágil. Meus
olhos espelharam aquele olhar, meio ávido, meio hesitante, querendo com medo de querer, necessitando, com medo de necessitar?
Minha boca pairou sobre a sua, nossos lábios se tocando, delicados como borboletas sopradas por um vento quente de verão, tocando, não tocando, deslizando entre
si, se afastando. Sua mão agarrou minha nuca, forçou minha boca para pressionar contra a sua, forte, firme. Ele usou sua língua e lábios para forçar minha boca a
abrir. Eu abri para ele, e nos alternamos explorando um a boca do outro. Ele ficou de joelhos, a mão ainda pressionada à minha nuca, nossas bocas travadas juntas.
Ele se afastou, engatinhando para trás para a cabeceira da cama, me deixando ajoelhada sozinha no meio da cama. Ele chegou sob as cobertas, tirou os travesseiros
e se apoiou, me observando. Havia algo quase decadente dele nu, apoiado, me observando.
Eu me ajoelhei olhando para ele, tendo um pequeno problema de concentração, em pensar. Eu finalmente consegui dizer, - Qual é o problema?
- Nada -, ele disse, a voz profunda, mais baixa do que o normal. Não era o rosnar da sua besta, isso era um som peculiarmente masculino. - Eu quero correr minha
besta através de você, Anita.
Por uma fração de segundo, eu pensei que isso era um eufemismo, então eu percebi que ele quis dizer exatamente o que ele disse. - Richard, eu não sei.
- Eu sei que você não gosta de coisas sobrenaturais durante o sexo, mas Anita… -, Ele se acomodou nos travesseiros num estranho movimento suave que de algum jeito
me lembrou que ele não era humano, - Eu senti a sua besta. Ela rolou através de mim.
Apenas ouvindo isso em voz alta tirou um pouco do brilho de mim. Eu cai de volta na cama, ainda de joelhos, mas não mais reta, as mãos frouxas no meu colo. - Richard,
eu não tive tempo para pensar nisso. Eu não sei como eu me sinto sobre isso ainda.
- Nem tudo é ruim, Anita. Alguma das coisas podem ser maravilhosas.
Isso do homem que tinha odiado sua besta o tempo todo que eu o tinha conhecido. Mas eu não disse isso em voz alta. Eu apenas olhei para ele.
Ele sorriu. - Eu sei como isso soa estranho vindo de mim.
Eu olhei para ele mais firme.
Ele riu, se acomodando mais baixo nos travesseiros até que ele estava estendido na minha frente. Uma perna dobrada para cima assim ele não me tocaria, mas perto
o suficiente que eu poderia tê-lo tocado. Ele deitado ali sem consciência de si mesmo nu, que eu já tinha visto antes, mas era mais que isso. Ele parecia banhado
numa comodidade que era rara para Richard. Eu tinha visto no Lupanar que ele tinha aceitado sua besta. Mas era mais que isso; ele tinha aceitado a si mesmo.
- O que você quer de mim, Richard?
Essa era a sua chance para levar a sério, exigir que eu seja menos sanguinária, ou uma meia dúzia de outras coisas impossíveis. Ele não pegou. - Eu quero isso -,
ele disse, e eu senti o ímpeto do seu poder formigando um segundo antes que isso me atravessasse como um fantasma quente.
Eu estremeci com isso. - Não sei Richard. Não sei se é uma boa idéia. - Isso teria soado melhor se a minha voz não tivesse tido um tremor nela.
Eu esperei ele perguntar, ou conversar, mas ele não fez. Eu senti seu poder como um roçar de trovão um segundo antes dele chocar dentro de mim. Eu tive um segundo
de pânico, um momento para imaginar se sua besta e a minha me despedaçariam, então seu poder deslizou por mim como uma luva aveludada. Minha besta ergueu-se como
se de uma grande, quente, profundidade molhada, subindo, até encontrar o calor, o ímpeto ardente da energia de Richard. Ele empurrou sua besta através de mim, e
eu pude senti-la, inacreditavelmente enorme, o roçar do pêlo tão profundo dentro de mim que eu gritei. Eu senti sua besta como se ela tivesse acariciando coisas
dentro de mim que suas mãos nunca teriam tocado. Meu poder pareceu menos seguro que o dele, menos resistente. Mas ergueu-se em volta do rígido pêlo musculoso como
uma névoa aveludada, rodeada pelo seu poder, através de meu próprio corpo. Até que isso pareceu como se algo enorme estivesse crescendo dentro de mim, algo que eu
nunca senti antes, inchando dentro de mim. Isso parecia maior que meu corpo, como seu eu não pudesse segurá-lo dentro de mim, como um copo cheio até a borda com
algo quente e escaldante, mas que continuava derramando o líquido dentro, e eu ainda o segurava, segurava, segurava, até que ele transbordava sobre mim, por mim,
para fora de mim, num rugido de poder que tornou o mundo dourado e lento, puxou meu corpo aos seus joelhos, curvou minhas costas, enviou minhas mãos rasgando o ar
tentando agarrar em alguma coisa, qualquer coisa, enquanto meu corpo escorregou aparte e se refez na cama. Por um período de pulsações forçadas eu pensei que ele
tivesse provocado a mudança, e eu tivesse me livrado da minha pele de verdade, mas não era isso. Eu senti como se estivesse flutuando e só aos poucos senti meu corpo
de novo. Eu deitei de costas, meus joelhos dobraram sob mim, as mãos frouxas ao meu lado, tão relaxada que era como estar drogada.
Eu senti a cama mover embaixo de mim e, um momento depois, Richard apareceu em cima de mim. Ele estava de quatro, pairando sobre mim, e eu tive problemas para focalizar
seu rosto. Ele colocou a mão em concha no meu rosto, olhando nos meus olhos, enquanto eu tentava olhar para eles. - Anita, você está bem?
Eu ri em seguida, lenta e preguiçosa. - Me ajude a esticar meus joelhos, e eu ficarei bem.
Ele me ajudou a ajeitar as minhas pernas, e mesmo assim tudo o que eu queria fazer era só deitar ali. - O que você fez comigo?
Ele deitou ao meu lado, apoiado num cotovelo. - Eu fiz você gozar, usando as bestas.
Eu pisquei para ele, lambi meus lábios, e tentei pensar numa pergunta inteligente, desisti, e me conformei com o que eu queria saber. - É sempre desse jeito entre
os metamorfos?
- Não -, ele disse e se inclinou sobre mim, até que seu rosto encheu minha visão. - Não, só uma verdadeira lupa, ou uma verdadeira Nimir-Ra, podem responder ao meu
Ulfric da maneira que você acabou de fazer.
Toquei seu peito o suficiente para afastá-lo assim eu poderia ver seu rosto claramente.
- Você nunca fez isso com alguém antes?
Ele olhou para baixo em seguida, uma cortina do seu cabelo deslizando sobre seu rosto, escondendo-o de mim. Eu empurrei seu cabelo de volta, assim eu conseguiria
ver aquele perfil quase perfeito. - Quem? - Eu perguntei.
Calor banhou seu pescoço e rosto. Eu não estava certa que eu jamais o tinha visto corar antes. - Foi a Raina, não foi?
Ele concordou, - Sim.
Eu deixei seu cabelo cair de volta no lugar e deitei ali por alguns segundos pensando nisso. Em seguida estava rindo, rindo e eu não conseguia parar.
Ele estava de volta no meu ombro, me espiando mais a baixo. - Anita?
A risada desapareceu enquanto eu olhava em seus olhos preocupados. - Quando você forçou Raina a desistir de você todos esses anos atrás, você sabia que ela era a
única que poderia fazer isso com você?
Ele assentiu, o rosto solene. - Raina comentou as desvantagens de não ser seu animal de estimação.
Eu peguei sua mão e deslizei-a na frente da parte de baixo do cetim. As pontas dos seus dedos encontraram a umidade que tinha ensopado o cetim, e eu não tive mais
que guiar sua mão. Envolveu aquela grande mão dele sobre minha virilha, e o pano estava ensopado. Traçou a ponta dos dedos através do interior da minha coxa e a
pele estava molhada, molhada até os joelhos.
- Como você desistiu disso? -, Minha voz saiu num sussurro.
Seu dedo deslizou até o interior da minha coxa, na cavidade logo abaixo. Ele se inclinou para me beijar enquanto seu dedo deslizava lentamente, lentamente, para
cima através da pele úmida, embaixo do cetim molhado. Sua boca ficou logo a cima da minha, tão perto que uma respiração afiada teria nos feito tocar. Ele falou,
seu fôlego quente na minha pele, enquanto seu dedo acariciava a minha extremidade. - Nenhuma quantidade de prazer valia a pena pelo seu preço. - Duas coisas aconteceram
ao mesmo tempo; ele me beijou, e seu dedo deslizou dentro de mim. Eu gritei contra sua boca, as costas arqueando, unhas cavando em seus ombros, enquanto seu dedo
encontrava aquele pequeno lugar e empurrava-o repetidamente, até que ele me fez gozar novamente. O mundo tinha suaves bordas brancas, como ver através da gaze.
Eu senti a cama mover, mas não conseguia focar, não conseguia ver e não tinha certeza que me importava o que estava acontecendo. Mãos tateando em meus shorts. Eu
pisquei para ver Richard ajoelhado sobre mim. Ele deslizou meus shorts, afastou minhas pernas, e se ajoelhou entre elas. Inclinou-se sobre mim levantando a camisola
de cetim, expondo meus seios. Ele percorreu suas mãos através deles, me fazendo estremecer, em seguida moveu suas mãos para baixo da linha do meu corpo, suas mãos
agarrando minhas coxas, me atraindo num rude puxão contra seu corpo.
O momento que ele se esfregou contra o meu exterior, eu senti o látex emborrachado da camisinha. Eu olhei para seu rosto, e perguntei, - Como você sabia? - Ele se
moveu de forma que a parte de baixo de seu corpo encontrava-se entre as minhas pernas, mais ainda pressionado contra o lado de fora do meu corpo. A maior parte do
seu corpo estava suportado pelos braços como uma adaptação de flexões. - Você realmente acha que Jean-Claude me avisaria sobre o ardeur e não me avisaria que não
estava no controle de natalidade?
- Bom ponto. -, Eu disse.
- Não -, Ele disse, - isso aqui é. - Eu senti o movimento de seus quadris, segundos antes dele me penetrar, num poderoso movimento que levou sons da minha boca em
algum lugar entre um guincho e um grito.
Ele abaixou sua cabeça o suficiente para ver meu rosto. Eu fiquei arfando debaixo dele, mas seja o que for que ele viu o tranqüilizou, porque ele arqueou suas costas,
seu rosto olhando para algum lugar à distancia, e retirou-se de mim, lentamente, polegada por polegada, até eu fazer pequenos sons. Ele se retirou de mim até que
ele mal estivesse tocando dentro de mim. Eu olhei para baixo à extensão do meu corpo para vê-lo estirado duro e pronto. Ele sempre tinha sido cuidadoso comigo, porque
ele não era pequeno; aquela primeira estocada tinha sido mais força do que ele alguma vez, antes, tinha se permitido. Ele, como Micah, me preenchiam, atingindo aquele
ponto bem profundo que era tanto dor quanto prazer. Vi suas costas e seus quadris flexionarem um segundo antes dele me penetrar. Eu o observei me penetrar, vendo
cada polegada dele mergulhar em mim, até que arqueou as minhas costas, meu pescoço, e eu não conseguia olhar porque estava estremecendo debaixo dele, minhas mãos
lutando no cobre-leito, os dedos cavando nos cobertores.
Ele retirou-se outra vez, e eu o parei com uma mão em sua barriga. - Espera, espera. - Eu estava tendo dificuldades para respirar.
- Não está te machucando, eu consigo dizer pelo seu rosto, seus olhos, seu corpo.
Eu engoli, dei uma respiração trêmula, e disse, - Não, não esta me machucando. A sensação é maravilhoso, mas você sempre tem sido tão cuidadoso, mesmo quando eu
pedia para você não ser. O que mudou?
Ele abaixou o olhar para mim, seu cabelo caindo ao redor de seu rosto como uma moldura de seda. - Eu sempre tive medo de te machucar antes. Mas eu senti a sua besta.
- Eu não mudei ainda, Richard, nós não sabemos com certeza.
- Anita -, Ele disse suavemente, e eu sabia que ele estava me repreendendo. Talvez fosse um caso de um grande chilique de mulherzinha, mais ainda assim...
- Eu ainda sou humana, Richard, eu não mudei ainda.
Ele se inclinou sobre mim, seu cabelo deslizando ao redor do meu rosto enquanto ele beijava gentilmente na minha bochecha. - Mesmo antes da primeira lua cheia, nós
conseguimos aguentar mais danos. A mudança já começou, Anita.
Eu empurrei contra seu peito até que ele se afastou o suficiente para ver seu rosto. - Você, todo tempo, tem se contido, não tem?
- Sim -, ele disse.
Eu examinei seu rosto e vi tanta necessidade em seus olhos, e eu soube porque ele tinha estado tão zangado com Gregory. Ele tinha dito que quase se arrependeu de
não me tornar sua lupa de verdade, agora que ele tinha me visto ser a Nimir-Ra, mas era mais que isso. Eu olhei em seus olhos castanhos no jorro de luz da manhã
e soube que ele me queria para ser o que ele era, ainda que ele odiasse isso, de algum jeito ele esteve tentado a me fazer sua lupa de verdade. Em alguma parte no
meio da relação sexual onde ele tinha que ser tão cuidadoso, ele pensava nisso, mais uma vez. Estava lá em seus olhos, seu rosto. Ele começou a desviar o olhar como
se ele pudesse sentir que eu vi isso tudo, mas ele se fez olhar de volta, encontrando meu olhar fixo. Ele estava quase desafiante.
- Quão cuidadoso você tem sido comigo, Richard?
Ele desviou o olhar em seguida, usando seu cabelo como um escudo. Eu levantei a mão através daquele grosso cabelo para tocar seu rosto, virá-lo para me olhar. -
Richard, quão cuidadoso você tem sido comigo?
Havia algo perto de dor em seus olhos. Ele sussurrou, - Muito.
Segurei seu rosto entre minhas mãos. - Você não tem que ser mais cuidadoso.
Um olhar de leve surpresa atravessou seu rosto, ele inclinou sua cabeça para baixo, e nos beijamos, beijamos como tínhamos antes, apoiando, explorando, revezando
as investidas um no outro. Ele se afastou lentamente do beijo, e eu senti a ponta dele tocar a minha abertura. Eu olhei para baixo, a extensão dos nossos corpos,
assim eu conseguia olhar enquanto seu corpo flexionava sobre mim, e penetrou dentro de mim mais forte desta vez, mais rápido. Trouxe minha respiração num grito silencioso.
- Anita...
Eu abri meus olhos, não percebendo que eu tinha-os fechados. Eu olhei para ele. - Não seja mais cuidadoso, Richard, não seja cuidadoso.
Ele sorriu, me deu um beijo rápido, em seguida estava de volta, arqueado em cima de mim, e desta vez ele não parou. Ele penetrou cada polegada de si mesmo em mim
tão forte, tão rápido quanto ele conseguia. O som de carne na carne tornou-se um som constante, um martelar molhado. Eu percebi que não tinha sido apenas o seu tamanho
que o fez cuidadoso, mas a sua força. Ele poderia ter levantado a cama que nós deitamos, e aquela força não estava apenas em seus braços, ou costas, mas em suas
pernas, suas coxas, no corpo que estava pressionando dentro de mim repetidamente. Pela primeira vez, eu comecei a apreciar todo o poder dele.
Eu tinha sentido a força em suas mãos, seus braços, enquanto ele me segurava, mas não era nada como isto. Ele fez de nossos corpos um só corpo, uma pulsação, suando,
ensopando, encharcando o pedaço de carne. Eu estava vagamente consciente que isso doía, de que eu estava me machucando, e não me importei.
Eu gritei seu nome enquanto meu corpo apertava ao redor do seu, comprimindo, e espasmava debaixo dele, o corpo batendo contra a cama, não das estocadas de Richard,
mas do poder do orgasmo em si; gritos transbordavam da minha garganta enquanto meu corpo chacoalhava embaixo dele. Era bom, melhor do que quase qualquer coisa, mas
era quase violento, quase doloroso, quase assustador. Em algum lugar no meio disso tudo eu estava consciente que ele também gozou. Ele gritou meu nome, mas manteve-se
em seu lugar, enquanto eu continuava a contorcer e lutar embaixo dele. Isso não foi até eu fica quieta que ele permitiu-se sucumbir em cima de mim, um pouco para
seu lado, então meu rosto não estaria pressionado em seu peito.
Nós deitamos num suado, monte ofegante, esperando por nossos corações acalmarem o suficiente para falar. Ele encontrou sua voz primeiro. - Obrigado, obrigado por
confiar em mim.
Eu ri. - Você está me agradecendo. - Eu levantei sua mão à minha boca e beijei a palma, em seguida descansei sua mão em meu rosto. - Confie em mim, Richard, foi
meu prazer.
Ele riu, aquele rico som gutural que era puramente masculino, e puramente sexual. - Nós vamos precisar de outra chuveirada.
- O primeiro de nós que conseguir andar primeiro pode ter o primeiro banho
Ele riu e me abraçou. Não estava nem sequer segura que as minhas pernas funcionariam o suficiente para uma chuveirada ao menos. Talvez um banho na banheira.
38
Eu acordei apenas o suficiente para sentir o peso de alguém nas minhas costas. Eu me aconcheguei contra aquele calor, puxando o lençol envolta de mim. Um braço se
espalhou pelo meu ombro, e eu me estremeci dentro daquele circulo de braço e corpo. Não era a calidez, ou a sensação dele que havia me acordado; os leopardos haviam
me feito acostumar com isso. Era o cheiro de sua pele. Pelo cheiro apenas, eu sabia que era Richard. Eu abri os olhos e me apertei mais contra ele, curvando aquele
braço escuro e musculoso mais apertado em volta do meu corpo como se estivesse me cobrindo com um lençol aconchegante. Mas claro, um lençol não tinha o peso duro
de Richard, ou o escorregar de seda da pele dele nua contra a minha, ou a habilidade de se aconchegar contra mim de volta, de usar mãos para me puxar mais apertado
contra ele. Ele diminuiu a distancia, continuou até que mesmo com a diferença de tamanho, seu peito, sua barriga e quadril estavam enrolados em volta de mim. Ele
fez um ultimo movimento e eu pude sentir ele pressionado duro e pronto contra a parte de trás do meu corpo. Era de manhã, ele era homem, mas isso não era algo embaraçoso
a ser ignorado. Eu podia prestar muita, ou a pouca atenção que eu quisesse, e eu queria.
Eu comecei a me virar naquele circulo apertado de seu corpo e descobri que eu estava toda dura. A minha parte de baixo estava machucada, dolorida, mas de uma forma
boa. Eu ri enquanto ele abria seus braços o suficiente para que eu pudesse me virar de frente.
- O que é tão engraçado? - Richard perguntou.
Eu olhei pra cima, para ele, ainda rindo. Eu acho que para evitar gemer. - Eu estou dura.
Ele levantou as sobrancelhas para mim. - Eu também.
Eu fiquei vermelha e ele deu um beijo no meu nariz, então na minha boca, mas continuava casto, ainda não era algo realmente sexual. Isso me fez rir. Se fosse qualquer
outra pessoa e não eu, eu teria dito que eu tinha dado uma risadinha.
O beijo depois daquele não foi casto, e o outro depois desse me pressionou contra a cama. Ele deslizou sua perna entre minhas coxas, até que seu joelho me tocasse,
e eu estremeci.
Ele se afastou. - Você está dolorida demais para isso?
- Eu iria te falar aquilo de sempre sobre tentar - Eu disse, - mas sinceramente, talvez.
Ele continuou sobre os dois braços em cima de mim, seus dedos movendo uma mecha de cabelo da minha bochecha. - O que eu fiz na noite passada, teria quebrado coisas
dentro de um humano normal.
Eu não precisava de um espelho para ver meus olhos ficarem frios. Eu realmente estava tentando não pensar nisso.
- Me desculpe. - Ele disse. - Eu não queria quebrar o clima. - Ele sorriu de repente e pareceu mais jovem, mais relaxado do que eu o via há muito tempo. - Eu apenas
estou feliz em estar com alguém que eu não precise me preocupar em estar machucando.
Eu tive que sorrir para ele. - Eu não estou machucada, mas eu acho que vamos ter que tentar algo um pouquinho mais gentil hoje de manhã.
Seu bom-humor desapareceu, e outra coisa encheu seus olhos enquanto ele abaixava seu rosto para me dar outro beijo. Ele disse enquanto se movia contra mim. - Eu
acho que podemos dar um jeito nisso. - Ele beijou meus lábios, e então trilhou um beijo de cada vez pelo meu pescoço, meu ombro. Ele se distraiu com os meus seios,
os cobrindo de beijos, sua língua dando lambidas rápidas e molhadas pelo mamilo. Ele segurou um seio em sua mão, apertando contra aquele círculo de calor, deslizando
sua boca pelo mamilo, colocando tanto quanto cabia em sua boca. Ele chupou meus seios com sua boca até cobrir metade deles com aquele calor molhado. E com esse toque
o ardeur acendeu pelo meu corpo vindo seja lá de onde ele estava escondido.
Richard se afastou do meu seio, suas mãos ainda cobrindo-os. - O que foi isso? - Seu braço estava arrepiado.
- O ardeur. - Eu disse, minha voz suave.
Ele lambeu seus lábios, e eu vi medo real em seus olhos. - Jean-Claude me disse sobre isso, até me deixou sentir a versão dele sobre isso, mas eu não acreditei de
verdade. Eu acho que eu não queria acreditar.
Minha besta havia despertado com o ardeur, como se uma fome alimentasse a outra. Eu senti ela se desenrolar e se espreguiçar para o mundo, como uma gato grandioso
que acabou de acordar de uma soneca. Isso rolou de mim e alcançou Richard e sua besta acordou para ela. Uma mão estava no calor sólido de seu peito, mas eu podia
sentir algo a mais ali, algo se movendo pelos cantos, como se seu peito fosse uma caverna e houvesse algo preso dentro.
Ele segurou minha mão, tirando ela de seu peito. - O que você está fazendo?
- O ardeur chama nossas bestas, Richard. - Eu me aconcheguei debaixo dele, minha mão deslizando pelo seu corpo, traçando a rigidez de sua barriga, a curva de seu
quadril. Ele segurou minha mão antes que eu pudesse tocar ele. Ele estava segurando minhas duas mãos agora, me prendendo contra as grandes dele. Isso não me incomodou
porque eu sabia que eu podia tocar ele com outras coisas além das minhas mãos, ou até do meu corpo. Eu me lembrei da sensação de sua besta se impulsionando contra
mim, e eu espalhei a minha nele como um impulso quente de energia.
Ele pulou saindo de cima de mim, rolando pela cama em um movimento que era quase rápido demais para seguir com os olhos. Ele ficou de pé no canto da cama, sua respiração
vindo em arfadas, como se ele tivesse corrido. Eu podia sentir o medo dele como um champanhe fino. Isso ajudava no sexo, me fazendo ficar de joelhos e engatinhar
pelo lençol até o canto da cama. Eu podia sentir o cheiro do calor dele, o cheiro de sua pele veio para mim pelo ar, o cheiro suave da colônia que ele tinha colocado
no outro dia. Meu olhar passou pela beleza dele. Seu cabelo bagunçado pelo sono estava caído em uma pesada massa de cachos em seu rosto. Ele empurrou uma mecha de
seu rosto com uma mão e uma jogada de cabeça para trás, e esse simples movimento fez coisas na parte debaixo do meu corpo se apertar. Mas acima do sexo estava o
pensamento sobre a sensação daquela pele dura e macia entre meus dentes. Eu queria marcar ele como eu tinha marcado Nathaniel. Eu queria enfiar meus dentes na sua
pele e morde-lo. Eu tive uma lembrança da sensação de prová-lo com tanta carne, de sentir o corpo dele responder, não apenas pelo sexo, mas pela fome, e eu soube
pela primeira vez porque os metamorfos falavam de fome como um pecado capital. Raina havia despertado sua mente lasciva. O ardeur a segurava ou era mais forte que
ela, mas ela estava ali, me mostrando imagens das coisas que eu estava sentindo. Eu levantei da cama e Richard se afastou.
Eu podia ver sua pulsação no pescoço, batendo como uma coisa presa. A sua besta estava presa também, presa pelo controle dele, pelo medo. Eu podia sentir, como se
estivesse literalmente dentro do meu corpo, como um lobo preso dentro de uma gaiola num zoológico, tentado, tentado, mas nunca livre. Podia ser uma gaiola espaçosa,
mas ainda assim era uma gaiola. Raina me mostrou uma imagem que me fez cair de joelhos. Eu vi Richard preso debaixo do meu corpo, acorrentado numa cama, e quando
ele gozou dentro de mim, ele se transformou no mesmo momento. Essa era a verdadeira liberação para um metamorfo, qualquer outra coisa era se segurar.
Richard se ajoelhou na minha frente, - Você está bem? - Ele tocou meu braço, e isso foi uma coisa ruim. Minha besta rugiu através de nossas peles, e acertou no dele
em um golpe que eu senti fisicamente no meu estomago e quadril, como um soco. Isso desarmou Richard, fazendo ele cair em minha direção, e nós nos seguramos por um
segundo, os braços um no outro, nossos corpos pressionados juntos. O ardeur acendeu por nós como uma chama invisível, e ficamos ajoelhados naquele calor como o pavio
de uma vela. Seu coração batia contra meus braços, onde estavam pressionados em seu peito, como se minha pele tivesse se tornado uma bateria e ele estivesse me tocando
dentro de mim, me enchendo com o ritmo de seu corpo. Minha própria batida de coração encontrou seu lugar dentro do corpo de Richard. Nós estávamos cheios com o subir
e descer, a pulsação um do outro, até que não pudéssemos dizer qual o coração que estava no meu peito, o sangue de quem corria por nós. Por um tremulante momento
nós nos pressionamos um contra o outro, como se nossa pele fosse se soltar e finalmente teríamos as marcas que haviam nos prometido - um ser, um corpo, uma alma.
O poder se partiu quando Richard lutou contra ele, como um homem se afogando, partindo aquele poder como braços partindo a água, você podia se mover, lutar, mas
a água voltava contra você, cobria você, engolia você. Richard gritou e eu senti ele cair para trás.
Eu abri meus olhos quando suas mãos se afastaram de mim, e minha mão tentou segurar ele. Sua mão estava quase solta, apenas seus dedos ainda estavam nos meus, quando
o ardeur se pressionou contra nós e eu sabia que seu controle era frágil pó suficiente para eu me alimentar. Eu senti a confusão dele, senti ele lutar para decidir
o que segurar e o que deixar ir. Eu percebi que as defesas dele haviam caído há tempo atrás porque ele não conseguia segurar as marcas fechadas, se manter na forma
humana, e me impedir de alimentar, tudo ao mesmo tempo. Ele gritou novamente, e eu senti Richard decidir, senti sua consciência decidir pelo menos maligno. Ele jogou
sua besta para longe, longe dentro dele, e fechou as marcas entre nós como uma porta batendo. Foi tão de repente que eu senti como se o mundo tivesse estremecido.
Eu tive um momento de tontura, quase com enjôo, e então o ardeur passou por nós, dentro de nós, como um tremor abaixo de nossos pés, até que fossemos apenas carne,
osso, sangue, apenas com fome, com necessidades. Eu vi as costas de Richard se arquearem, sua cabeça indo para trás, e através do adeur eu senti aquela pressão crescente,
seu corpo tencionando, segundos antes daquele calor dominar ele, e eu segurei sua mão enquanto seu corpo tremia com a força daquilo, e o prazer disso me fez ficar
de joelhos, quase como se o poder em si tivesse me elevado por um momento, me segurando, me embalado, e eu me alimentei, alimentei e alimentei, e alimentei até ficamos
jogados deitados no chão, cobertos de suor, respirando em arfadas, nossas mãos ainda juntas.
Richard se afastou primeiro. Ele ficou deitado ali, seus olhos sem foco, respirando com dificuldade, seu coração batendo rápido demais, enchendo sua garganta. Ele
engoliu em seco, o suficiente para parecer que havia doído. Eu me sentia pesada, pesada com a alimentação, quase como se fosse dormir de novo, como uma cobra depois
de uma bela refeição.
Richard achou sua voz primeiro. - Você não tinha direito de se alimentar de mim.
- Eu pensei que era essa a idéia de você ficar aqui até amanhecer. - Eu disse.
Ele se sentou lentamente, como se ele estivesse todo dolorido agora. - Mas foi.
- Você nunca disse não. - Eu me virei de lado, mas não tentei me levantar ainda.
Ele assentiu. - Eu sei disso. Não estou te culpando.
Ele estava, mas pelo menos estava tentando não culpar. - Você poderia ter me impedido, Richard. Tudo que você tinha que fazer era ou deixar as marcas abertas entre
nós ou soltar a sua besta. Você poderia ter segurado o ardeur. Você escolheu o que controlar.
- Eu sei disso também. - Mas ele não olhava para mim.
Eu ergui meus braços sustentando meu corpo, quase me sentando. - Então o que foi?
Ele balançou a cabeça e ficou de pé. Ele estava um pouco instável, mas seguiu até a porta.
- Eu estou indo embora, Anita.
- Você fez isso soar terrivelmente permanente, Richard.
Ele se virou e olhou para mim. - Ninguém se alimenta de mim, ninguém.
Ele se fechou tanto que eu não podia dizer o que ele estava sentido, mas estava claro em seu rosto. Dor. Seus olhos seguravam uma dor profunda, e ele tinha se afastando
tanto com a sua mente, seu coração, que eu não pude dizer o porque daquilo, apenas que o machucava.
- Então você não vai estar aqui amanhã de manhã, quando o ardeur vier de novo? - Minha voz soava quase neutra quando perguntei.
Ele balançou a cabeça, todo aquele cabelo pesado deslizando por seus ombros. Sua mão estava na maçaneta, seu corpo virado o suficiente para se esconder de mim o
tanto quanto possível. - Eu não posso fazer isso de novo, Anita. Pelo amor de Deus, você tem essa mesma regra. Ninguém se alimenta de você também.
Eu me sentei, meus braços abraçando meus joelhos, segurando eles fortemente contra meu peito. Eu acho que eu estava cobrindo minha nudez também. - Você sentiu o
ardeur agora, Richard. Se eu não puder me alimentar de você, então de quem? Com quem você quer que eu divida isso?
- Jean-Claude... - Mas sua voz caiu um tom antes que ele terminasse.
- É quase meio dia, e ainda está morto para o mundo. Ele não vai acordar a tempo de compartilhar o ardeur comigo.
Sua mão ficou mais rígida na maçaneta, o suficiente para eu perceber os músculos de seu braço tencionarem. - O Nimir-Raj, então. Me disseram que você já se alimentou
dele uma vez, mesmo.
- Eu não conheço Micah tão bem assim, Richard. - Eu respirei profundamente e disse, - Eu não amo ele, Richard. Eu amo você. Eu quero você.
- Você quer se alimentar de mim? Você quer que eu seja sua vaca?
- Não. - Eu disse. - Não.
- Eu não sou comida, Anita, não sou para você nem para ninguém. Eu sou o Ulfric do Clan de Thronnos Rokke, e eu não sou gado. Eu sou a coisa que come o gado.
- Se você tivesse se transformado, então você poderia ter evitado o ardeur, teria me impedido de alimentar, por que não fez isso?
Ele inclinou a testa contra a porta. - Eu não sei.
- Seja sincero, Richard, pelo menos com você mesmo.
Ele se virou então, e sua raiva acertou minha pele como um chicote. - Você quer honestidade, ótimo, nós podemos ter honestidade. Eu odeio o que eu sou. Eu quero
uma vida, Anita. Eu quero uma vida de verdade. Eu quero me livrar de toda essa merda. Eu não quero ser Ulfric. Eu não quero ser um lobo. Eu só quero uma vida.
- Você tem uma vida, Richard, ela apenas não é o que você achou que seria.
- E eu não quero amar alguém que se sente mais confortável em ser um monstro do que eu.
Eu apenas olhei para ele, abraçando meus joelhos contra meu peito nu, minhas costas pressionadas contra a cama. Eu encarei ele, porque eu não conseguia pensar em
nenhuma maldita coisa pra dizer.
- Me desculpe, Anita, mas eu não posso... não vou fazer isso. - Ele abriu a porta então. Ele abriu a porta e saiu por ela, fechando-a atrás dele. A porta se fechou
com um suave som. Eu fiquei sentada ali por uns instantes, não me movendo. Eu acho que nem mesmo estava respirando, então lentamente lagrimas escaparam, e minha
primeira respiração saiu em uma arfada que machucou uma garganta. Eu me virei lentamente no chão, deitando numa posição fetal apertada. Eu deitei no chão e chorei
até ficar fria e tremendo.
Foi assim que Nathaniel me encontrou. Ele pegou o lençol na cama e me cobriu com ele, me pegando do chão e me colocando na cama comigo em seus braços. Ele me abraçou
na curva de seu corpo, ficando de conchinha contra mim, e eu não pude sentir ele através do tecido. Ele me abraçou e acariciou meu cabelo. Eu senti a cama mover
e abri meus olhos para encontrar Cherry e Zane engatinhando em minha volta. Eles tocaram meu rosto, pegando minhas lagrimas com a ponta dos dedos, e então se curvaram
contra mim do outro lado, até que eu estava entre o calor deles.
Gregory e Vivian chegaram em seguida e escalaram a cama até que ficamos todos deitados com aquele calor de corpos e cobertas. E eu estava quente e tive que tirar
o lençol, e suas mãos passaram por mim, me tocando, abraçando. Eu percebi que eu ainda estava nua, assim como eles. Ninguém nunca colocava roupa a não ser que eu
mandasse. Mas o toque não era sexual, era de conforto, aquela pilha quente de gatinhos, todos naquela pilha me amavam cada um da sua maneira. Talvez não fosse da
maneira que eu queria ser amada, mas amor é amor e as vezes eu acho que jogo fora mais amor que a maioria das pessoas tem chance de receber. Eu estava tentando ser
mais cuidadosa ultimamente.
Ele me abraçaram até eu adormecer, exausta de chorar, minha pele quente. Mas lá no fundo do meu ser estava frio, uma ponta de gelo que eles não podiam tocar. Era
o lugar onde eu amava Richard, onde eu sempre havia amado Richard, quase desde a primeira vez em que o vi. Mas ele estava certo em uma coisa. Nós não podíamos mais
continuar fazendo isso. Eu não iria mais continuar a fazer isso. Estava acabado. Tinha que acabar. Ele odiava o que ele era, e agora odiava o que eu era. Ele disse
que queria alguém que não tivesse que se preocupar sobre machucar, ele queria, mas ele também queria alguém humano, normal. Ele não podia ter os dois, mas isso não
o impedia de querer. Eu não podia ser normal, e não tinha certeza nem se eu já tinha sido humana. Eu não podia ser o que Richard queria que eu fosse, e ele não conseguia
parar de querer isso. Richard era um enigma sem resposta, e eu estava cansada de jogar um jogo em que eu não podia vencer.
39
Eu dormi como se estivesse drogada, pesadamente, com desagradáveis fragmentos de sonhos, ou com nada. Eu não sabia quando teria acordado, mas alguém estava lambendo
minha bochecha. Se eles tivessem me chacoalhado ou me chamado, eu provavelmente teria ignorado eles, mas alguém estava lambendo minha bochecha com longos e langorosos
movimentos que eu não podia ignorar.
Eu abri meus olhos e encontrei o rosto de Cherry tão perto que eu não conseguia focá-lo. Ela se afastou apenas o suficiente para eu não me sentisse vesga olhando
para ela, então disse, - Você estava tendo um pesadelo. Eu achei que deveríamos acordar você.
Sua voz estava neutra, seu rosto vazio, feliz de uma certa maneira. Era o rosto dela de enfermeira, bem disposto, confortante, não dizendo nada. O fato dela estar
nua deitada de lado, erguida em um cotovelo, mostrando toda a linha de seu corpo não pareceu distrair ela de seu profissionalismo. Eu jamais conseguiria fazer aquilo
nua. Não importa o que estivesse acontecendo, eu sempre ficaria ciente que estava sem roupas.
- Eu não me lembro o que eu estava sonhando. - Eu disse. Eu levantei uma mão para passar na umidade em minha bochecha.
- Você está com o gosto salgado por causa das lágrimas. - Ela disse.
A cama se mexeu e Zane apareceu do lado do meu ombro. - Posso lamber a outra bochecha?
Isso me fez rir, e isso era quase um milagre o suficiente para deixá-lo fazer isso, quase. Eu me sentei e no mesmo instante me arrependi. Meu corpo inteiro estava
duro e tenso, doendo, como se eu tivesse apanhado. Inferno, eu já tinha me sentido melhor depois de umas surras que levei por anos a fora. Eu abracei o lençol contra
mim, parte para cobrir minha nudez e parte porque eu estava com frio.
Eu me encostei contra a cabeceira da cama, franzindo a testa. - Você disse pesadelo. Que horas são?
- Quase cindo - Cherry disse. - Eu poderia dizer dia-belo, se preferir, mas de qualquer forma você estava- - ela hesitou - - choramingando em seu sono.
Eu abracei mais apertado o lençol. - Eu não me lembro.
Ela se sentou, tocando meu joelho debaixo do lençol. - Você está com fome?
Eu balancei a cabeça.
Ela e Zane trocaram um daqueles olhares que diziam o quão preocupadas elas estavam. Me fez ficar brava.
- Olha, eu estou bem.
Os dois me olharam.
Eu franzi a testa para eles. - Eu ficarei bem, ta bom?.
Eles não pareciam convencidos.
- Eu preciso me vestir.
Os dois ficaram apenas ali me encarando.
- O que quer dizer, saiam e me dêem espaço.
Eles trocaram outro daquele olhar, o que me incomodou, mas com um aceno de Cherry, os dois levantaram da cama e seguiram em direção a porta. - E ponham alguma roupa.
- Eu disse.
- Se isso te fará se sentir melhor. - Cherry disse.
- Fará. - Eu disse.
Zane me deu uma pequena saudação. - Seu desejo é uma ordem.
Aquilo era bem perto da verdade, mas eu deixei passar. Quando eles se foram, eu peguei algumas roupas, armas e fui até o banheiro sem ver ninguém. Eu não teria que
ver a Cherry para ter certeza que eu tinha caminho livre para o banheiro. Eles estavam me manejando, mas nessa manhã, alias nessa tarde, eu não me importei o suficiente
para reclamar.
Eu fui tão rápida quanto pude no banheiro, e por alguma razão eu não gostei de me olhar no espelho. Eu estava tentando não pensar, e ver meus olhos me encarando
como os olhos daquelas vítimas em choque dificultou eu não pensar sobre como eu estava tão pálida, tão em estado de choque.
Eu coloquei minha calcinha preta de sempre e o sutiã combinando. Eu estava chegando ao ponto de não ter nenhum branco. Culpa de Jean-Claude. Meias pretas, jeans
preto, blusa pólo preta, coldre de ombro completa com a Browning Hi-Power, a Firestar no coldre na calça quase perdida entre o preto. Eu ainda acrescentei o coldre
de braço e duas facas de prata. Eu não precisava de todo esse armamento para andar pela casa, principalmente com tantos metamorfos em volta, mas eu estava me sentido
insegura, como se meu mundo estivesse menos solido hoje do que ontem. Eu sempre pensei que Richard e eu daríamos um jeito. Eu não tinha certeza como, mas iríamos.
Agora eu não acreditava nisso. Nós não iríamos dar um jeito em nada. Nós não seriamos nada um para outro além do mínimo. Eu não certeza nem se seu convite para ser
Bolverk ainda estava valendo. Eu esperava que sim. Eu podia perder ele como meu namorado, mas eu não podia deixar ele levar a sua matilha à destruição eminente.
Se ele não cooperasse, eu não tinha certeza de como iria impedi-lo, mas isso era um problema para outro dia. Hoje minha meta era apenas sobreviver, apenas passar
desse dia. Eu abracei minhas armas em volta de mim como objetos de conforto. Se eu estivesse sozinha em casa, ou se apenas Nathaniel estivesse lá, eu iria carregar
Sigmund, meu pingüim de pelúcia comigo. Para se ter noção de quão ruim meu dia estava.
Teve um momento em que eu peguei um vislumbre meu no espero do meu quarto, onde eu parei e eu tive que sorrir. Eu parecia estar vestida como uma assassina casual
chique. Eu provocava alguns dos meus amigos que eram assassinos ou caçadores de recompensa sobre assassinos chiques, mas as vezes você tem que ir com estereótipos.
Além do mais, eu ficava ótima de preto. O preto no preto fazia minha pele parecer quase translucida, como se brilhasse. Meus olhos eram totalmente pretos. Eu parecia
quase irreal, como um anjo sem asas em um dia ruim. Tudo bem, talvez um anjo caído, mas o efeito era o mesmo. Eu aprendi há tempos atrás que se você não está se
sentido amada pelo homem da sua vida, a melhor vingança era ficar bonita. Se eu realmente quisesse seguir essa estratégia completamente, eu teria passado uma maquiagem,
mas dane-se. Eu ainda estava de férias. Eu não queria usar maquiagem nas férias.
Havia pessoal na cozinha. A ordem de todos se vestirem havia sido seguida a risca. Cherry estava vestida com shorts jeans cortados e uma blusa branca masculina com
as mangas rasgadas, então pequenos pedaços de tecidos que sobraram enfeitavam seu braço. Ela amarrou a parte debaixo da blusa em sua barriga, mostrando-a enquanto
andava pela cozinha. O olhar de Zane a seguia onde quer que ela fosse. Eu não tinha certeza dos sentimentos de Cherry quanto a ele, mas Zane estava começando a agir
como um homem apaixonado, ou pelo menos com um caso sério de luxúria. Ele estava sentado na mesa usando a calça de couro que ele tinha tirado ontem, ignorando seu
café e observando Cherry.
Caleb estava inclinado contra o balcão com seus jeans desabotoados para que seu piercing no umbigo ficasse a vista. Ele bebia seu café e observava Zane observar
Cherry com um estranho olhar em seu rosto. Eu não conseguia decifrar aquilo, mas não gostei, era como se ele estivesse tentando pensar em como causar algum problema
entre eles. Caleb era para mim uma daquelas pessoas que gostam de causar discórdia.
Nathaniel estava sentado na mesa, seu longo cabelo em sua trança que descia em suas costas, seu peito nu, mas eu sabia mesmo sem checar que ele estava vestido com
algo. Ele me conhecia bem o suficiente para saber que eu gostava de meus convidados com roupas.
Igor e Claudia se levantaram assim que entrei no lugar. Sua tatuagem estava ainda mais visível na luz do dia. Elas agraciavam seus braços, parte do peito que eu
podia ver através da blusa branca, e o canto de seu pescoço, como jóias derretidas, brilhante, chamando atenção. Mesmo a distancia era bonito contra a pele pálida.
Eu não gostava muito de tatuagens, mas eu não conseguia imaginar Igor sem elas - aquele visual simplesmente combinava com ele. Ele colocou o coldre de ombro e ainda
parecia que deveria se misturar com a blusa, mas ei, não era minha a pele. A Glock estava encaixada em baixo do seu braço, um ponto preto no meio de todas aquelas
cores bonitas, como uma imperfeição em um Picasso.
Claudia parecia positivamente normal do lado dele - se uma mulher com quase 1,80 de altura e mais musculosa do que vários homens parecesse normal. A arma atrás dela
não era nem de perto tão notável quando a de Igor. Seu cabelo preto ainda estava preso numa trança apertada, deixando seu rosto limpo e vazio, e isso incluía seus
olhos. Claudia tinha olhos de policial, ou olhos de caras maus, os olhos de alguém que não te deixa ver o que se passa por trás. Eu não conhecia muitas mulheres
com olhos assim, fora da policia. Se seu rosto fosse um pouco mais suave, ela seria bonita. Mas havia algo em seu maxilar, o jeito que ela segurava aquela boca carnuda
que dizia, caia fora, não me toque. Isso roubou algo nela que a teria mudado completamente.
Merle estava em pé no canto dos armários, próximo à cafeteira o suficiente para Igor encostar nele enquanto eu pegava meu café. Eu não sabia quem tinha feito o pote
fresco e eu não me importava; apenas ver e sentir o cheiro daquilo fez com que eu me sentisse melhor.
Merle estava usando botas de cowboy, jeans e uma jaqueta na altura da barriga que ele estava usando na noite passada. Ele estava bebericando café em uma das únicas
canecas sem graça que eu tinha. A cicatrize em seu peito estava bem branca, chamativas, funda em um pedaço como se aquela parte fosse a ferida mais profunda. Parecia
como se um raio tivesse sido esculpido em seu peito e barriga. Eu queria perguntar a ele o que tinha acontecido, mas havia um olhar em seus olhos enquanto ele vigiava
a cozinha que dizia que provavelmente ele não iria me dizer, e ele definitivamente veria isso como uma intromissão. Não era da minha conta de qualquer forma.
A única cadeira vazia na mesa ficava de costas para a janela e as portas deslizantes de vidro. Eu odiava me sentar de costas para janelas ou portas - principalmente
portas. Nathaniel tocou o braço de Zane. Ele olhou para mim e então se levantou, com sua caneca de café e tudo, e foi em direção a cadeira que ficava de costas para
a porta. Cherry sentou do lado dele, mesmo a cadeira sendo de Claudia, e ela estava para que ela pudesse ver as duas portas. Cherry moveu sua cadeira para mais perto
de Zane, dando as costas para todo o vidro.
Houve um tempo em que eu não era tão cuidadosa assim, principalmente em casa, mas hoje era um dos meus dias paranóicos. Insegurança tinha esse efeito em mim, mesmo
insegurança emocional.
Claudia se sentou do meu lado. Igor se inclinou contra o espaço atrás de mim, mantendo o olhar em Merle, eu acho. Eles pareciam não se gostar.
Eu tomei o primeiro gole do café quente e preto, e deixei aquele calor me encher por alguns segundos antes de perguntar. - Onde está Gregory?
- Stephen e Vivian levaram ele de volta para o apartamento deles. - Cherry disse.
- Mas ele está bem? - Eu perguntei.
Ela assentiu, dando aquele sorriso que a fazia parecer anos mais jovem do que éramos. - Ele está curado, Anita. Você o curou.
- Eu chamei sua besta, eu não o curei.
Ela deu de ombros. - A mesma coisa.
Eu balancei minha cabeça. - Não, eu não consegui curá-lo na noite passada.
Ela franziu a testa e mesmo assim estava bonita. Ela estava com algo a mais hoje, resplandecendo. Eu olhei para Zane que ainda estava observando ela. Talvez fosse
amor para os dois. Algo certamente havia colocado um brilho naqueles olhos.
- Pelo amor dos céus, Anita, você salvou ele, realmente importa como você o fez?
Foi minha vez de dar de ombros. - Eu apenas não gosto do fato do munin de Raina ficar interferindo mais e mais quando eu tento curar alguém.
A campainha tocou e eu pulei como se tivesse levado um tiro. Nervosa - quem eu?
- Eu pedi comida. - Nathaniel disse.
Eu olhei para ele. - Por favor, me diga que é chinesa.
Ele assentiu sorrindo. Eu acho que por causa da minha expressão de agrado. Nós descobrimos que apesar de nenhum restaurante chinês entregar comida tão longe, com
uma gorjeta considerável, e eu quis dizer considerável, eles fariam uma exceção para nós. Nathaniel se levantou, mas Caleb desencostou da porta.
- Eu pego. Eu pareço não ser útil para mais nada mesmo. - Ele colocou sua caneca no balcão e fez seu caminho entre nós para chegar a sala de estar.
- Qual o problema dele hoje? - Eu perguntei.
Igor respondeu, - Ele tentou ser amigável com Claudia.
- E comigo. - Cherry disse.
Eu olhei do rosto sorridente de Cherry para o franzido de Claudia. - E ele não está machucado ou sangrando?
- Não foi necessário machucar ele -, Claudia disse, - apenas ser muito, muito clara. - O tom em sua voz e o olhar em seus olhos fizeram os meus próprios ficaram
frios. Eu não sabia se jamais tinha conhecido uma mulher que tivesse esse efeito em mim. Isso me fez sentir machista por dizer ser mais enervante por ela ser mulher,
mas ainda era verdade.
As narinas dela inflaram e eu vi todos eles cheirarem o ar. Todos se moveram de uma só vez, indo para os cantos da cozinha. Claudia levantou agarrando meu braço
-o braço da arma- e me puxou para trás, em direção ao canto mais distante da cozinha e das paredes. Ela já estava com sua arma a postos em sua mão direita. Eu puxei
meu braço da arma livre enquanto Igor se movia com ela e eles paravam na minha frente, bloqueando minha visão. Igor estava com sua arma nas mãos também. Eu estava
prestes a perguntar o que diabos estava acontecendo quando eu senti o cheiro. O cheiro acre e azedo da essência de cobras.
Eu estava com a Browning apontada para a porta, segurada pelas duas mãos quando o primeiro homem cobra passou pela porta da cozinha com Caleb na frente dele, uma
escopeta pressionada contra seu queixo. - Se alguém se mexer, ele morre.
40
Todo mundo congelou, era como se nós todos tivéssemos prendido a respiração e a segurasse. - Ninguém tem que morrer aqui - o homem cobra disse. Ele olhou para mim
com um enorme olho da cor de cobre. A forte risca preta que limitava seus olhos parecia como uma maquiagem dramática. Não havia nem uma cicatriz no rosto desse ai.
Ele era mais baixo e parecia mais novo. Seu rosto escamoso quase manejou um sorriso, mas o maxilar de uma cobra apenas não é feito pra sorrir. Seus olhos eram tão
vazios e alienígenas como o resto dele. - Nosso chefe quer apenas conversar com a senhora Blake, isto é tudo.
- Mande ele pegar o maldito telefone e marcar uma hora. - eu disse. Olhei fixamente abaixo para o tambor da Browning que estava apontada para quase o centro do tórax
dele, longe o bastante da cabeça de Caleb que eu não ficasse preocupada de atirar nele, mas próximo o suficiente da garganta que com a munição que eu tinha na arma,
poderia muito bem decapitá-lo. Se ele movesse o cano da arma para longe do maxilar de Caleb. Uma espingarda de cano cerrado com tiros de prata atirados em uma área
de alcance, e Caleb já era. Eu não gostava muito dele, mas não podia deixar os caras maus estourarem a cabeça dele, podia?
- Ele não pensou que você iria - disse o homem cobra.
- Você vai embora, faz ele ligar, e eu prometo dar a isto a consideração que merece -. Minha voz estava calma porque eu ainda estava segurando minha respiração como
podia, esperando por aquele tiro, se é que viesse.
O homem cobra afundou o cano da arma no pescoço de Caleb, até que forçasse um pequeno som de dor dele. - É bala de prata, senhora Blake. Há este alcance isto arrancaria
a cabeça dele.
- No segundo que ele morrer, você também vai - Claudia disse isso, a voz dela estava calma e firme como seu braço que segurava a arma apontada para a cabeça do homem
cobra.
Ele deu uma risada sibilada, e isto estava ecoando atrás dele. Mais das coisas começaram a se mover para a porta aberta. Peguei um relance de metal prateado, e mais
armas. - Ninguém passa pela porta, ou eu vou te estourar e deixar o Caleb testar as suas chances -.
Ele empurrou o cano da espingarda contra o maxilar de Caleb até que o homem menor tivesse que se levantar nas pontas dos pés, e vi, pela primeira vez, pistas de
pânico no rosto dele. - Eu não acho que ela goste muito de você - o homem cobra sibilou.
- Não importa - eu disse. - Não deixarei você trazer mais armas para dentro desse ambiente -.
- Você prometeu não machucar Anita -. Isto veio de Merle. Eu tinha quase esquecido dele que estava de um lado atrás de nós.
- Não faremos mal a um cabelo da cabeça dela -.
- Podemos cheirar que você esta mentindo - Claudia disse.
O homem cobra virou a cabeça para o lado, tipo pássaro. - Muitas pessoas não podem cheirar mudanças em nós, não podem cheirar qualquer coisa a não ser o odor de
cobra -.
A voz de Cherry. - Anita.
Meus olhos olharam de relance para ela, e eu vi movimento do lado de fora das as portas de vidro deslizantes. Eles estavam tentando nos cercar. - Nós temos movimento
desse lado - Igor disse.
Pela primeira vez as pessoas tinham armas e pareciam saber o que estavam fazendo. Que refrescante. Meu olhar voltou para o homem cobra em tempo pra ver ele mencionar
com o cano da arma para o do outro lado do vidro. - Nós temos a casa cercada. Não há necessidade de todos vocês morrerem.
Claudia atirou um segundo antes de mim. A bala dela o acertou no rosto, a minha pegou na parte de cima do tórax, abaixou do pescoço. A cabeça dele desapareceu num
monte de sangue e coisas mais espessas. Minhas orelhas pulsavam por causa dos tiros em um lugar fechado. O corpo do homem cobra foi empurrado para trás, enquanto
sua espingarda caiu de suas mãos que convulsionavam. Caleb se jogou no chão para nós. Mais dois homens cobra vieram pela porta, lado a lado, ambos armados com espingardas.
Claudia disse - Esquerda -.
Eu atirei no da direita, e ela pegou o da esquerda. Nós duas acertamos o que visamos, e os dois caíram no chão, uma espingarda derrapou pelo assoalho em direção
a nós.
O som de uma outra espingarda explodiu do nosso lado esquerdo. Eu virei para o barulho, não pude evitar. O vidro da porta deslizante tinha se despedaçado, e eu não
tinha ouvido som de vidro quebrando, apenas a estrondo da espingarda. Igor estava ajoelhado, usando o balcão como cobertura, enquanto ele colocava dois tiros no
tórax de um homem. O homem caiu para os joelhos dele, abruptamente, como um fantoche o qual teve suas cordas cortadas.
- Estão entrando - Claudia disse, e eu virei de volta para a outra porta. Eu podia ver o cano de um brilhante revolver, alguma coisa niquelada chapeada. Claudia
estava com seu corpo pressionado contra os armários próximos a parede, quase escondida da direção da porta. Ela atirou duas vezes contra aquele brilhante cano, e
houve um grito que substituiu o zumbido em meus ouvidos. Um grito que foi aumentando e aumentando como o guincho de um coelho quando um gato o pega. Debilmente,
eu ouvi alguém berrar - Cala a boca, Félix!
Choveram tiros dentro do aposento que vieram do lado da porta de dentro, e por isso nem Cláudia ou eu podíamos ver e ainda continuar escondidas. Alguém tocou meu
braço, eu girei, golpeando Nathaniel com o cano da Browning. Ele apontou. Igor estava no chão, caído de lado, com as primeiras evidencias de carmesim gotejando pelo
chão. Vi Zane e Cherry sob a mesa, se apertando contra o chão.
Olhei de relance para Merle mais atrás, agachado no canto dos armários, provavelmente melhor escondido do que qualquer um de nós. O que você faria num tiroteio se
você não tem arma, se esconderia? Por um momento encontrei os olhos de Merle, antes que eu voltasse para aquela destruição.
Um homem caminhou através dos cacos quebrados da porta de vidro, uma espingarda de ejeção em suas mãos. Ele supriu a munição enquanto andava através da porta. Atirei
nele três vezes antes que seus joelhos desmoronassem sob ele. Ele deveria ter carregado antes de entrar pela porta.
Claudia estava metendo balas no meio da porta. Não acho que ela estava acertando alguma coisa agora, mas ela estava os detendo de correr para nós. Nada mais moveu
pela porta quebrada, mas eu fiquei agachada, com a arma, segurada com as duas mãos, apontada para a abertura.
Choveram balas pela porta de dentro, e Claudia e eu nos estreitamos contra os armários. Mantive um olho na porta distante, mas não podia apontar e me acobertar ao
mesmo tempo. Uma outra explosão de espingarda rugiu pelo cômodo vindo da pequena janela sobre a pia. Isto tirou um grande pedaço dos armários. Eu estava abaixada
como conseguia, sobre a minha bunda, pressionada contra os armários, mas mantive a Browning na porta de vidro. A espingarda mandou outra explosão pela pequena janela,
e os tiros que vinham da sala vieram um em seguida do outro, não visando algo em especial, apenas nos mantendo onde estávamos. Mantive meus olhos e minha arma na
porta distante. Eles estavam atirando para acobertar algo, e aquela era a única porta que sobrou.
Três dele vieram pela porta deslizante, e tudo pareceu diminuir a velocidade. Eu estava vendo o mundo através de um cristal, tudo incisivamente afiado. Eu tinha
todo o tempo do mundo para ver duas cobras e o homem leão Marco vindo num borrão de movimento que era tão rápido que eu sabia que nem um deles era humano. Eu vi
espingardas, longas e negras, canos impossivelmente longos; o leão, Marco, tinha uma nove milímetros em cada mão. Tive a impressão de ver pêlos dourados e amarelos,
antes da minha primeira bala pegasse no lado dele, derrubando de lado. Claudia atirou em um dos homens cobras, fazendo o cair, mas a outra espingarda disparou, e
eu ver ele pairar sobre mim.
Coloquei dois tiros no tórax do homem, que caiu contra a mesa da cozinha, a espingarda caiu silenciosamente no chão.
A bala atingiu próximo ao meu lado direito, e eu vi Marco apontando de uma posição inclinada. Mudei a posição da Browning para mirar nele, mas eu não ia conseguir
a tempo. Eu vi ele carregando o tiro, e sabia que ele me tinha. Não houve tempo para ficar assustada, apenas para o calmo pensamento que ele iria atirar em mim,
e eu não podia pará-lo. Então uma borrão negro estava em suas costas, agarrando-o para trás, enquanto o tiro se enfiava no chão a minha frente. Um homem leopardo
em forma humana jogou o homem para fora da porta e desapareceu atrás dele.
Mantive meus olhos na porta, mas nada se moveu. Alguma coisa pingou em meu rosto, morno, quase quente. Claudia desceu dos armários, para sentar com as pernas estendidas
a sua frente, com a arma ainda presa em sua mão, porém frouxamente. Dei a mim mesma um segundo para ver que o ombro direito e o braço dela eram um montão de vermelho,
então virei de volta para a porta de deslizar de vidro. Estreitei-me conta o armário ao lado dela. Se eles viessem da sala, então eu poderia acertá-los. Se eles
corressem para nós pelos dois lados, isto estaria terminado.
Vi um movimento no canto distante e encontrei Merle em pé com uma espingarda em uma mão e uma cobra na outra. Ele o tinha puxado pela janela. Era outro pente, e
ele enfio na arma com apenas uma mão e rasgando a garganta do homem cobra com suas garras com a outra.
Eu vi mais a boca dele mexer, do que propriamente o ouvi, sabia que a falta de som não era apenas choque, era muito poder de fogo num cômodo pequeno. Pensei que
ele disse - Eu tomo conta dessa porta -. Passei em volta de Claudia e tentei cobrir a sala, confiando que Merle realmente poderia lidar com a outra porta. Os olhos
de Clausia giravam enquanto eu me aproximava dela. A boca dela se moveu, porém eu não conseguia ouvir. Ela começou a alcançar com a mão esquerda sua estática direita,
como se a direita não pudesse se mover. Eu mantive os olhos contra a porta mas assistia seus movimentos dolorosos enquanto ela transferia a arma para a sua mão esquerda.
Como eu estava escondida logo acima do corpo dela, eu tinha esperanças de que ela praticava com a outra mão também. Eu odiaria ser baleada por acidente, quando eu
estava tão provavelmente inclinada a tomar um tiro de propósito.
Nada aconteceu por um período de tempo que parecia pra sempre, o silencio ainda parecia absoluto. Minha audição começou a voltar em estágios. Eu ouvi Caleb murmurar
repetidas vezes - Filho da puta, filho de uma cadela, filho da puta, filho de uma cadela -. Ele estava curvado contra os armários distantes atrás de mim, fazendo
de si um pequeno alvo, tanto quanto ele podia. Nathaniel tinha na verdade pegado a arma caída de Igor e estava apontando para a porta de vidro. Eu tinha ensinado
a Nathaniel o básico sobre armas. Eu tinha muitas perto dele para ele não saber nada sobre elas, mas ao vê-lo apoiar-se contra o balcão acima do corpo de Igor, a
arma sendo segurada pelas duas mãos, seu braço esquerdo estabilizado contra a ponta do balcão, eu sabia que ele iria atirar contra o que viesse por aquela porta.
Se ele agora começasse a pegar armas durante as brigas, eu teria que levá-lo para treinar comigo mais.
Claro, supondo que nós todos viveríamos para fazer alguma coisa mais. O silencio prolongou-se até que o vento suspirando através das arvores do outro lado do vidro
quebrado parecia alto.
Uma voz veio pela direção da varanda. - Sou eu, é Micah -. A voz era profunda, um grunhido grave.
- Isto não soa como Micah - eu respondi.
- Isto soa como eu quando não estou na forma humana - a voz disse.
Eu disse, - Merle?
- É o Micah - ele falou.
- Venha em direção a porta, devagar - eu disse.
O homem leopardo negro andou pela entrada, com as garras para o ar. A forma escura parecia encher a entrada. Na forma de leopardo ele era maior do que 1,82 m, ombros
largos, maiores do que tudo, como se ele tivesse músculos nessa forma que ele não teria em forma humana. O pelo dele brilhava como ébano, a luz solar acariciava
seu lado, trazendo pra fora rosáceas preto no preto como flores de zibelina em veludo amassado. Pele pálida aparecia sobre seu tórax, estomago, e abaixo. Nos filmes
os metamorfos eram assexuados, lisos como a boneca da Barbie. Na vida real, ele era muito macho. De algum jeito era muito mais fácil ver ele nu na forma meio-humana
e não fica nem um pouco embaraçoso. Eu apenas não via os metamorfos como objetos sexuais uma vez que os pelos começavam a surgir.
- Onde esta o cara que você jogou pra fora da porta? - Eu perguntei.
- Ele escapou -.
- Eu não escuto ninguém na sala. - Merle disse.
- Eles todos saíram pela porta da frente - Zane disse - ou pelo menos o quarto parece limpo -. Ele e Cherry estavam ainda espremidos sob a mesa da cozinha, deitados
no chão.
- Eu vou checar a sala. - Micah disse.
- Estes caras maus tem balas de prata. Eu não seria tão cavalheiro sobre isto - eu disse.
Ele concordou e sua cabeça estava quase como a de um leopardo, muito pouco deixado do homem que ele era, exceto, estranhamente, aqueles olhos de licor. Eles marcavam
ele como um estranho quando em forma humana, mas com aquele corpo peludo e musculoso, para mim, aqueles mesmos olhos o marcavam como Micah. A cor era rica. Envolvido
com pelo negro, os olhos eram ainda mais impactantes. Ele hesitou na entrada, então fluiu por ela, se abaixando, fazendo dele o menor alvo que ele podia. Era raro
ver um metamorfo que tirasse vantagem da cobertura. Muitos deles apareciam se ver como invulneráveis, o que era normalmente verdade, mas não hoje. Igor estava ainda
no chão, e o ombro de Cláudia parecia muito com um pedaço de carne. Ele estava apoiada contra os armários. Sua mão esquerda ainda segurando a arma, enquanto a outra
mão estava sem movimento ao chão, como se ela não pudesse usar o braço.
Quando eu olhei para baixo, a arma estava apontada para algum lugar em direção a porta de vidro de correr. A mão oscilava tanto que me fez ficar nervosa sobre agachar
sobre ela, mas ela lutava tanto com aquela agitação de seu membro que nunca comprometeu a linha do meu corpo. O lado direito do corpo dela estava ensopado em sangue,
e seus olhos estavam tendo problemas para se focarem. Eu pensei que apenas sua obstinação a mantinha consciente.
Meu olhar passou rapidamente por Igor e pela pilha de corpo na entrada. Se Igor estava respirando, eu não podia ver isto. - Cheque o pulso dele, Nathaniel -.
Nathaniel olhou abaixo para o homem, e depois me deu um segundo de contato visual, então voltou a prestar atenção a porta quebrada. - Eu ouviria o seu coração se
ainda estivesse batendo. Ouviria o sangue em seu corpo se ainda estivesse se movimentando. Não está. - Ele disse tudo isso com a cabeça virada para longe de mim.
Isto fez com que soasse pior, mais irritante.
Micah apareceu na porta mais distante. - Não ah mais ninguém deixado vivo aqui. - Ele passou pela pilha de corpos na porta, aquele movimento era fluido, o balanço
dele feito pelos pés, que era alguma coisa entre humano e leopardo. Eu iria realmente ser um leopardo quando a lua cheia chegasse esse mês? Era essa escura e cheia
de graça forma, esta sombra muscular, que estava dentro de mim?
Eu empurrei essa questão para longe, nós tínhamos problemas mais urgentes, como os feridos. Concentrei-me nas emergências e tentei deixar tudo o resto pra depois.
Esta era uma das minhas especialidades. Coloquei meus dedos contra o pescoço de Cláudia, tentando checar seu pulso. Ela contraiu seus ombros, movendo o bastante
para que eu não pudesse checá-la. - Estou bem - ela disse, com uma voz áspera. - Estou bem -.
Era óbvio que não era verdade, mas eu não argumentei. Até que eu verificasse a casa pessoalmente, não acreditaria que estava tudo limpo, e meu kit de primeiros socorros
estava na dispensa, eu sabia que aquela área estava segura. - Cherry rasteje de baixo da mesa deste lado e pegue o kit de primeiros socorros -. Levantei e me movi
ao redor dos armários então eu poderia ver tanto a sala quanto a porta de vidro de correr, sem mencionar a ala da janela sobre o canto do café da manhã.
Cherry olhou primeiro para Zane, então rastejou para fora, entre as pernas da cadeira. Ela ficou abaixada até que chegou a porta da despensa. Ela teve que fazer
com que Caleb se mexesse, empurrando-o gentilmente com seus pés. Ele finalmente desenrolou-se de sua posição fetal e rastejou quase trinta centímetros para que Cherry
pudesse pegar o kit.
Cherry foi para Igor primeiro. Ela era uma mulher leopardo, sua audição era tão boa quando a de Nathaniel, porém ela foi lá apesar de tudo, então virou-se para Cláudia.
Claudia tentou empurrá-la para longe com sua mão esquerda, com a arma ainda segura ali.
- Claudia, deixe Cherry te ajudar - eu disse.
- Maldição!
Cherry tomou isso como um sim e começou a inspecionar o ombro. Cláudia não lutou contra ela mais, e eu fiquei feliz. Choque pode fazer com que você faça e diga coisas
engraçadas. Eu realmente não queria o lutar no braço com a mulher rato, ferida ou não. Claro, Micah estava aqui e ele provavelmente poderia atracar-se com Cláudia
e vencer, pelo menos enquanto ela estava machucada.
Eu ainda mantive um sentido periférico do lugar aberto, mas com o tempo arrastando quietamente, havia apenas o vento nas arvores, o barulho dos gafanhotos de verão
soando através da porta aberta da sala e os cacos de vidro da porta de trás. Comecei a relaxar um pouco. A tensão nos meus ombros que sempre aparece durante uma
briga, e que eu nunca noto até que a adrenalina abaixe, deixou-me pensar que nós estávamos seguros, por agora.
Então eu ouvi alguma coisa sobre o silencio do verão - sirenes. Sirenes de policias chegando mais perto. Eu não tinha nem um vizinho próximo. Você ouvia tiros em
condado de Jefferson regularmente, então quem, inferno, reportou os tiros?
Micah virou aquela estranha face redonda para mim. - Eles estão vindo pra cá?
Dei de ombros. - Não sei com certeza, mas parece que sim -.
Nós dois olhamos para baixo, para os corpo no chão, então olhamos um para o outro. - Nós não temos tempo de esconder os corpos - ele disse.
- Não, não temos - eu disse. Olhei para todo mundo. Merle ainda estava prestando atenção na janela da cozinha, com a espingarda emprestada em suas grandes mãos.
Zane tinha se arrastado para fora da mesa e brincava de enfermeira com Cherry, entregando a ela as coisas quando ela pedia. Ela tinha enfaixado o braço de Cláudia.
Cherry olhou para mim. - Ela podia se curar parcialmente se ela se transformasse, mas ainda precisaria de cuidados médicos -.
- A polícia tende a atirar em metamorfos em forma animal - eu disse.
- Eu ficarei - Cláudia disse, com os dentes rangendo um pouquinho. - Quanto mais feridos nós tivermos do nosso lado, mais a polícia gostará disso -.
Ela tinha um ponto. Olhei para Micah. As sirenes já estavam bem próximas agora, quase enfrente a casa.
- Melhor você ir, Micah -.
- Por quê?
- A polícia vai se enfiar aqui, ver um monte de corpos, e muito sangue. Qualquer um em forma anima terá uma grande chance de ser baleado -.
- Isto não é um problema - ele disse. O pelo começou a retroceder, como água voltando para fonte. Enquanto a pele humana era revelada, os ossos dele deslizavam fora
de vista nisso, como coisas pesadas arremessadas em cera, cobrindo, derretendo. Eu nunca vi ninguém mudar tão casualmente, tão fácil. Era quase como se ele estivesse
apenas mudando de roupa, exceto pelo fluido que corria pelo corpo dele como uma folha liquida, o som de ossos detonando, reformando, e o som de carne fervendo sobre
ele. Apenas seus olhos permaneceram os mesmos, imutáveis, como duas jóias fixadas no centro do universo. Então ele estava em forma humana de novo, como corpo coberto
por aquele liquido fluido espesso. Eu nunca tinha visto tanto daquele liquido de uma única mudança. Eu estava no meio de uma piscina disto e nem tinha notado.
Ele caiu repentinamente, tentando se segurar num armário, mas eu estava no caminho e segurei o pela cintura evitando que ele caísse no chão. - Mudanças rápidas vem
com um preço -.
- Eu nunca tinha visto ninguém mudar de volta assim tão rápido -. Cherry disse.
- E ele não vai cair em um sono de coma também - Merle disse. - Dêem a ele alguns poucos minutos e ele ficará bem, confuso, mas bem -. Havia admiração na voz do
grande homem, e alguma coisa mais - quase ciúmes.
O barulho das sirenes parou do lado de fora da casa, então houve silencio. - Todo mundo abaixe as armas, não queremos tiros por acidente - eu disse.
Nathaniel fez o que eu pedi instantaneamente. Tive que pressionar Micah mais próximo a meu corpo com uma mão, para que eu pudesse colocar a minha própria arma sobre
o armário. O corpo de Micah estremeceu contra o meu. Olhei para ele, para perguntar se ele estava bem, mas o olhar em seus olhos me deteve. Não era dor que eu via
em seus olhos. Deslizei minha outra mão ao redor da cintura dele para que eu pudesse segurá-lo com mais segurança contra mim. A pele dele estava escorregadia sob
minhas mãos. Ele arranjou um jeito de colocar uma mão no armário atrás de nós. Encarei seus olhos a centímetros de distancia, e havia mundos para se afogar, ali
dentro daqueles olhos, de necessidades e esperanças, tudo.
A voz de um homem gritou. - Polícia! -.
Gritei de volta, - Não atirem, os caras maus já foram. Nós temos feridos -. Movi Micah para que ele pudesse se segurar contra os armários, e coloquei minhas mãos
na cabeça e movi-me cuidadosamente para a entrada. Tive que passar sobre os corpos na porta da cozinha para ir pra linha de visão dos dois oficiais agachados na
entrada. Se eu fosse um grande e imponente homem, eles poderiam ter atirado, não de propósito exatamente, mas você não vê três corpos na entrada de uma casa no condado
Jefferson, Missouri, todo dia. Mas eu era pequena, feminina e parecia razoavelmente benigna e desarmada. De qualquer jeito, mantive-me falando enquanto me movia.
Coisas como: - Eles nos atacaram. Nós temos feridos. Precisamos de uma ambulância. Graças a Deus, vocês vieram. As sirenes os afugentaram para longe. - Fiquei balbuciando
até que tinha certeza que eles não iriam atirar em mim, então a parte difícil começou.
Como você explica cinco corpos na sua cozinha, alguns que mesmo mortos não pareciam muito humanos? Não faço a mínima maldita idéia.
41
Duas horas mais tarde eu estava sentada no meu sofá, falando com Zerbrowski. Ele parecia, como sempre, como se tivesse se vestido as pressas, no escuro, então nada
combinava, e ele pegou a gravata com a uma mancha nela, ao invés da que ele provavelmente queria vestir. A esposa dele, Katie, era elegante, o tipo de gente organizada,
e eu nunca descobri porque ela permitia que Zerbrowski saisse de casa vestido desse jeito como um desastre ambulante. Claro, talvez não fosse o porque dela deixar
ele fazer isso; ou talvez esta era apenas uma daquelas batalhas que você desiste depois de uns anos.
Caleb se sentou na parte mais longe do sofá encolhendo-se num cobertor que nós tiramos da cama. Os paramédicos tinham levado Claudia dali dizendo que ela estava
em choque. Eu estava apostando que era a primeira vez que ele esteve do lado errado de uma arma. Apenas o topo de seu cabelo cacheado e uma pequena fenda de seus
olhos castanhos mostrava-se sobre o cobertor. Ele parecia ter dez anos de idade, encolhido daquele jeito. Eu teria oferecido a ele conforto, mas Zerbrowski não me
deixaria falar com ele ou qualquer outro. Merle estava encostado contra a parede perto do fim do sofá, assistindo tudo com olhos ilegíveis. Os policiais davam a
ele pequenas olhadas enquanto eles se moviam pelo cômodo. Ele fazia a maioria deles se sentir desconfortável pela mesma razão que ele me fazia desconfortável; ele
usava um potencial violento como um perfume caro.
Zerbrowski emburrou seus óculos mais firmemente sobre o nariz, enfiou suas mãos nos bolsos da calça, e olhou para mim. Ele estava em pé, eu sentada, olhar pra mim
de cima pra baixo era a parte fácil. - Então deixe-me ver se entendi, aqueles caras apenas apareceram aqui, e você não tem a menor idéia do porquê.
- Isso ai - eu disse.
Ele me encarou. E eu o encarei de volta. Se ele pensou que eu quebraria primeiro sob a pressão de seu olhar, ele estava errado. Ajudava o fato que eu realmente não
fazia idéia do que estava acontecendo. Eu sentada. Ele em pé. Nós nos encaramos. Caleb tremeu do seu lado do sofá. Merle assistia todas as pessoas andando pra lá
e pra cá.
Havia um monte de pessoas. Eles se moviam ao redor na casa, atrás de Zerbrowski, entrando e saindo da cozinha, como imensas e ambiciosas formigas. Havia sempre gente
de mais numa cena de crime, sem palermas também. Vai sempre ter muitos policiais ao redor, até mais do que você precisa. Mas você nunca sabe que par de olhos ou
mãos vai achar aquela prova vital. Fracamente, eu penso que mais evidencias provavelmente estavam sendo perdidas com todo o trafego do que achada com essa ajuda
extra, mas isto era eu. Eu simplesmente não sou do tipo sociável.
Nós ficamos em nosso pequeno poço do silencio. A porta do quarto abriu atrás de nós. Eu olhei para trás e vi Micah saindo do cômodo. Ele estava vestindo uma das
minhas calças de moletom. Como eles eram feitos em design masculino mesmo e nós tínhamos o mesmo tamanho, eles serviram perfeitamente. Eu nunca tinha tido um namorado
que eu poderia trocar roupas com antes. Você apenas nunca encontra muitos homens crescidos do meu tamanho.
A polícia não deixou que ele tomasse banho, então seu longo cabelo tinha secado como um monte bagunça sobre seus ombros. O liquido seco estava começando a parecer
lascas de remendos. Os olhos de licor dele piscaram para mim, mas eles estavam neutros. Dolph veio justo atrás dele, agigantando-se sobre Micah do jeito que ele
fazia comigo. Os olhos de Dolph não estavam neutros, eles estavam bravos. Ele estava bravo desde que passou pela porta. Ele separou todos nós em diferentes cômodos.
Nathaniel estava sendo questionado pela amiga dele da estação de policia, Detetive Jessica Arnet. Eles estavam na sala de visitas na parte de cima da casa. Detetive
Perry questionara Caleb e ainda estava interrogando Zane. Dolph tinha feito o de Merle e Micah. Zerbrowski não tinha me perguntado muita coisa, apenas ficou lá pra
ter certeza que eu não falaria com qualquer um dos outros. Chame de isto de palpite, mas eu estava apostando que Dolph planejava fazer o meu interrogatório pessoalmente.
Nós tínhamos cinco corpos no local, três dos quais mesmo mortos não tinham mudado de volta para a forma humana. As três coisas cobras continuaram em forma de cobra.
Metamorfos sempre mudam de volta para sua forma original quando morrem. Sempre. O que levantava a questão, se eles não eram Metamorfos, o que, infernos, eles eram?
- Anita - Dolph disse. Uma palavra, mas eu sabia o que ele quis dizer. Eu levantei e fui para o quarto. Micah rolou as pontas de seus dedos pela minha mão enquanto
eu passava por ele. Os olhos de Dolph se cerraram, e eu sabia que ele notou.
Ele segurou a porta para mim, e eu andei através dela para dentro do meu quarto. Eu ressenti deles usarem minha casa, meu quarto, para me questionar, mas seria um
inferno ter que ir até o centro da cidade. Então mantive minhas queixas para mim mesma. Dolph tinha toda a razão de nos levar para o centro da cidade. Nós tínhamos
cadáveres, e eu não estava nem negando que eu tinha matado eles. Oh, eu podia ter tentado negar se eu pensasse que poderia me livrar, mas eu não podia, então não
fiz.
Ele gesticulou para a cadeira da cozinha que tinha sido levada pro quarto. Ele ficou em pé, todos os seus 2,07 metros. - Diga-me - ele falou.
Eu disse a ele exatamente o que aconteceu. Disse a verdade, toda ela. Claro que eu não sabia o bastante para ter que mentir. Eles arrastaram o corpo de Igor para
longe, todas aquelas brilhantes tatuagens ainda vibrando, mais vivas do que o resto dele. Nós tínhamos um morto e um ferido. Era minha casa. Isto era obviamente
um caso de auto-defesa. A única diferença das outras duas vezes que eu tive que matar gente na minha própria casa era o numero de corpos e que algum deles estavam
não-humanos. Além disso, eu lidei com questões mais questionáveis. Então porque Dolph estava tratando este mais seriamente? Eu não tinha nem idéia.
Dolph me encarou. Ele era muito melhor em fazer olhar de aço do que Zerbrowski, mas eu dei a ele olhos calmos e vazios. Eu podia parecer inocente dessa vez, porque
eu era.
- E você não sabe o porquê deles quererem levá-la? -.
Na verdade, eu tive um pensamento sobre isso, mas não dividi, eu não podia. Eles poderiam ter vindo me caçar porque eu quase matei o líder deles. Um dos problemas
em reter evidencias da policia era que depois você não podia se justificar sem confessar que você fez isso. Este era um desses momentos. Eu não tinha dito a Dolph
sobre os meio-homens, meio-cobras pegando Nathaniel e a briga que aconteceu por causa disso. Eu poderia dizer-lhe agora, mas... mas havia muitas coisas envolvidas
que eu teria que contar a ele, como que eu talvez iria me tornar uma mulher leopardo. Dolph odiava os monstros. Eu não estava pronta pra compartilhar isto com ele.
Dei a ele uma carinha inocente e disse, - Não -.
- Eles queriam você pra caramba, Anita, pra vir aqui com aquele tipo de poder de fogo -.
Dei de ombros. - Eu acho que sim
A raiva encheu seus olhos, contraiu seus labios em uma fina linha. - Você esta mentindo pra mim -.
Arregalei meus olhos. - Eu faria isso?
Ele girou e bateu com força suas grandes mãos no topo de minha cômoda, forte o bastante para que o espelho desse um baque contra a parede. O vidro tremeu, e por
um segundo pensei que poderia despedaçar. Isso não aconteceu, mas a porta abriu e Zerbrowski enfiou a cabeça pela porta. - Esta tudo certo aqui?
Dolph olhou bravo para ele, mas Zerbrowski não vacilou. - Talvez eu devesse terminar de interrogar Anita -.
Dolph chacoalhou a cabeça. - Fora Zerbrowski -.
Como ele era um homem corajoso, olhou para mim. - Você esta bem com isso, Anita?
Eu concordei com a cabeça, mas Dolph já estava gritando, - Saia daqui, porra!
Zerbrowski deu a nós dois um ultimo olhar e fechou a porta dizendo, - Berra se você precisar de alguma coisa -. A porta se fechou e de repente eu pude ouvir a respiração
de Dolph, pesada, trabalhada. Eu podia cheirar o suor de sua pele, fraco, não desagradável, mas um sinal claro que ele estava em angústiado. O que estava acontecendo?
- Dolph? - eu fiz o nome dele como uma questão.
Ele falou sem voltar-se. - Eu estou agüentando muito fogo por você, Anita -.
- Não, nisso você não esta -. Eu disse. - Todos que você tirou dessa casa não são humanos. A lei pode cobrir os metamorfos como humanos, mas eu sei como ela funciona.
O que é mais um monstro morto?
Ele virou então, inclinando seu grande corpo contra a cômoda, com os braços cruzados. - Eu pensei que os Metamorfos mudassem de volta para forma humana quando eles
morriam -.
- Eles mudam - eu disse.
- As coisas cobras não -.
- Não, eles não -.
Nós olhamos um para o outro. - Você esta dizendo que eles não são Metamorfos?
- Não, eu estou dizendo que não sei o que, infernos, eles são. Há homens cobras em um monte de mitologias diferentes. Hindu, vaudun. Eles podiam ser alguma coisa
que nunca foi humano.
- Você quer dizer como a Naga que você tirou do rio dois anos atrás? - ele disse.
- A Naga era verdadeiramente imortal. Essas coisas, o que quer que elas sejam, não podiam aguentar balas de prata -.
Ele fechou seus olhos por um segundo, e quando olhou para mim de novo, vi o quão cansado ele estava. Não um cansaço físico, mas um cansaço do coração, como se ele
estivesse carregando alguma carga emocional há algum tempo.
- O que esta errado, Dolph? O que te deixou tão.... irritado?
Ele deu um pequeno sorriso. - Irritado - Ele sacudiu a cabeça e se afastou da cômoda. Ele sentou na borda da cama, eu me virei na cadeira, então eu estava enganchada
na parte de trás e podia vê-lo melhor.
- Você perguntou que mulher em minha vida estava dormindo com um não-morto -.
- Eu não devia ter dito aquilo. Desculpa -.
Ele negou com a cabeça. - Não, eu estava sendo um bastardo -. Seus olhos ficando ferozes de novo. - Eu não entendo como você deixa aquela... coisa tocá-la - A repulsa
dele era tão forte que eu podia quase senti-la contra minha pele.
- Nós já tivemos essa discussão antes. Você não é meu pai -.
- Mas eu sou o pai de Darrin -.
Eu o olhei com olhos arregalados. - Seu mais velho, o advogado? - perguntei.
Ele concordou.
Olhei a face dele tentando pegar alguma pista, com medo de dizer alguma coisa. Medo de ter não entendido direito ele. - O que sobre o Darrin?
- Ele esta noivo -.
Eu assisti a terrível seriedade de seu rosto. - Porque eu tenho a impressão que congratulações não são bem vindas?
- Ela é uma vampire, Anita, uma maldita, vampira -.
Pisquei para ele. Não sabia o que dizer.
Aquele olhos cheios de raiva olharam para mim. - Diga alguma coisa -.
- Não sei o que você quer que eu diga, Dolph. Darrin é mais velho do que eu. Ele é um garoto crescido. Ele tem o direito de estar com quem quer que ele queira -.
- Ela é um cadáver, Anita. Ela é um cadáver que anda -.
Concordei. - Sim -.
Ele levantou, andando pelo cômodo com passos largos e nervosos. - Ela esta morta, Anita, ela esta, malditamente, morta, você não pode ganhar netos de um cadáver
-.
Quase ri por aquilo, mas meu senso de auto-preservação era mais forte do que isso. Eu finalmente disse. - Sinto muito, Dolph, Eu... isto é verdade, pelo que eu sei
mulheres vampiras não podem carregar a gestação do bebe. Mas seu filho mais novo, Paul, o engenheiro, ele é casado -.
Dolph sacudiu a cabeça. - Eles não podem ter crianças -.
Eu o assisti andando pelo cômodo, pra frente e para trás, pra frente e para trás. - Não sabia, sinto muito -.
Ele sentou de volta na cama, seus ombros largos caindo de repente. - Sem netos, Anita -.
De novo, eu não sabia o que dizer. Não podia lembrar Dolph algum dia dividindo tanto de sua vida pessoal comigo, ou com qualquer um que importasse. Eu estava ambos,
lisonjeada e quase em pânico. Não sou naturalmente um ombro amigo, eu não sei como me comportar nessas horas. Se ele fosse Nathaniel ou qualquer um dos leopardos,
ou mesmo um dos lobos, eu teria o abraçado, afagado, mas ele era Dolph, e eu não tinha certeza se ele era o tipo de cara de afagos.
Ele apenas sentou-se olhando fixamente o chão, suas grandes mãos soltas no seu colo. Ele parecia tão perdido. Levantei da cadeira e fui ficar ao seu lado. Ele nunca
se mexeu. Toquei seu ombro. - Sinto muito, Dolph -.
Ele concordou. - Lucille chorou até dormir depois que Darrin fez o seu pequeno anuncio -.
- É a questão de ser vampira ou a questão de não-netos? - eu perguntei.
- Ela diz que é muito nova para ser avó, mas... - Ele olhou para cima de repente, e o que eu vi em seus olhos era tão cru, que eu quis olhar pra longe. Forcei-me
a encontrar seu olhar de dor, e mantê-lo, pegando tudo que ele me oferecia. Dolph estava me deixando ver além, dentro dele, como nunca tinha feito antes, e eu tinha
que honrar isso. Olhei pra ele, deixando o ver que eu vi aquilo tudo. Se ele tivesse uma namorada, eu teria abraçado ele. Se fosse quase uma das minhas amigas, eu
teria abraçado ele, mas ele era Dolph, e eu apenas não tinha certeza.
Ele virou seu rosto para longe, e apenas então, quando ele deu toda a dor em seus olhos, tentei abraçá-lo. Ele não me deixou fazer isso. Ele levantou, movendo-se
para longe de mim. Mas eu tentei, e isto era o melhor que eu podia fazer.
Quando ele se voltou para mim, seus olhos estavam vazios, seu rosto configurado com a mascara que ele normalmente usava, seu rosto de policial. - Se você estiver
retendo informações, Anita, eu sou queimar o seu rabo.
Concordei, meu próprio rosto voltando a uma mascara vazia como a dele. O momento de compartilhar estava acabado, e ele estava desconfortável com isto, então voltamos
ao solo familiar. Tudo bem por mim. Eu não sabia o que dizer, de qualquer jeito. Mas eu me lembrarei que ele me deixou vê-lo por dentro. Eu me lembrarei, apesar
de não ter certeza se isso seria bom pra nós.
- Um grupo de Metamorfos, ou o que quer que seja, atacou-me em minha própria casa, matou um dos meus convidados, feriu outro, e você ainda vai queimar a mim. Inferno,
pelo que?
Ele sacudiu a cabeça. - Você apenas esta retendo informações, Anita. Algumas vezes eu acho que faz isso por habito, algumas vezes pra ser um pé no saco, mas você
não me conta tudo mais.
Dei de ombros de novo. - Não estou dizendo que estou deixando de fora qualquer coisa sobre hoje, eu digo a você o que eu posso, Dolph, quando eu posso -.
- O que sobre o seu novo namorado com olhos de gato?
Pisquei pra ele. - Eu não sei o que você quer dizer -.
- Micah Callahan. Vi ele tocando em você -.
- Ele rolou na minha mão, Dolph -.
Ele sacudiu a cabeça. - Era o jeito que ele tocou você, o jeito como o seu rosto se suavizou quando ele fez isso.
Era minha vez de olhar pra baixo. Não olhei pra cima até ter certeza que poderia manter uma face vazia. - Não tenho certeza se chamo Micah de meu namorado -.
- O que você o chama?
- Eu aprecio que você esteja dividindo sua vida pessoal comigo, Dolph, eu realmente aprecio, mas eu não tenho que retornar o favor -.
Seus olhos se endureceram. - O que há entre você e os monstros, Anita? Nós, pobres humanos, não somos bons o bastante pra você?
- Não é da sua conta quem eu saio, Dolph
- Eu não penso em encontros, mas ainda não entendo como você tolera que eles toquem em você -.
- Se não é negocio seu com quem eu estou saindo, esta claro como o inferno que não é da sua conta com quem estou tendo sexo -.
- Você esta fodendo Micah Callahan? - Ele perguntou.
Eu encontrei seus olhos raivosos como os meus, e disse - Sim, sim, eu estou.
Ele levantou tremendo em minha frente, com suas grandes mãos em punhos a seu lado, e, apenas por um segundo, pensei que ele poderia fazer alguma coisa, alguma coisa
violenta, alguma coisa que nós dois nos arrependeríamos. Então ele virou suas costas para mim. - Saia, Anita, apenas saia -.
Eu comecei a me esticar para tocá-lo, então deixei minha mão cair. Eu queria me desculpar, mas isto faria as coisas ficarem piores. Eu estava desconfortável com
o fato de ter sexo com Micah, e isto me fez ficar sensível. Dolph merecia melhor. Fiz o melhor que eu podia pra reconciliar isso. - O coração quer o que ele quer,
Dolph. Você não planeja fazer sua vida complicada, isso apenas acontece, e você não fez isso de propósito, e você não faz isso pra machucar quem te ama. Isto apenas
sai dos eixos algumas vezes’.
Ele concordou, ainda virado para longe de mim. - Lucille quer ligar para você e conversar sobre vampiros algumas vezes - quer entender eles melhor -.
- Ficarei feliz por responder qualquer questão que ela tenha.
Ele concordou de novo, mas não olhou para mim. - Eu direi a ela para ligar -.
- Estarei esperando pela ligação -.
Nós dois ficamos lá, ele ainda não olhando pra mim. O silencio se estendeu sobre nós, e isto não era sociável, era tenso. - Não tenho mais qualquer pergunta, Anita.
Pode sair.
Parei na porta, olhando de volta para ele. Ele ainda estava cuidadosamente virado para longe, e eu me perguntei se ele estava chorando. Eu poderia ter farejado o
ar e usado meu novo achado senso leopardo para responder a questão, mas eu não fiz. Ele se virou para longe para que eu não pudesse ver, saber. Eu respeitava isso.
Abri a porta e fechei quietamente atrás de mim, deixando o sozinho com seu pesar e sua raiva. Independente se Dolph estava chorando ou não era negócio dele, não
meu.
42
Quando o ultimo policial tinha ido embora, o ultimo veiculo da emergência se fora, o silencio do verão se estabeleceu sobre a casa. A cozinha era uma bagunça de
vidros quebrados no chão, possas secas de sangue preto vermelho no chão de madeira lustrada. Eu nunca conseguiria tirar todo o sangue das fendas da madeira. Isto
estaria lá pra sempre, um lembrete que o poder de fogo maior tinha vencido, mas não sem custos.
Eu teria que ligar para Rafael e dizer a ele que eu tive um homem dele morto e uma mulher ferida. Eu tinha que admitir que foi uma ótima coisa tê-los. Duas armas
extras fizeram a diferença. Se eu fosse a única armada, as coisas poderia ter sido diferentes. Ta certo, eu poderia estar morta.
Um barulho atrás de mim fez com que eu me virasse. Nathaniel estava na entrada com uma vassoura, uma pá de lixo e um pequeno balde. - Pensei em limpar os vidros
-.
Concordei, meu coração na garganta demais pra falar. Eu não tinha ouvido ele chegar por trás de mim. Ele estava apenas na entrada, não tão perto, mas próximo o bastante
se ele fosse um cara mau com uma arma.
Eu tinha estado extremamente calma durante toda a coisa. Eu não tinha desabado quando a polícia esteve aqui, mas de repente eu estava tremendo, um tremor fraco.
Uma boa reação atrasada, droga.
Nathaniel colocou a pá de lixo e o balde na mesa, apoiou a vassoura contra a cadeira e andou devagar para mim. Olhou atentamente para meu rosto, com os olhos lilases
preocupados. - Você esta bem?
Comecei a abrir minha boca para mentir, mas um pequeno som saiu quando meus lábios se abriram, quase um choramingo. Fechei fortemente minha boca para segurar o som
dentro, mas o tremor ficou pior. Se você é tão malditamente teimosa para não se deixar chorar, seu corpo acha outros jeitos de deixar isso sair.
Nathaniel tocou meu ombro, tentativamente, como se não estivesse certo que seria bem vindo. Por alguma razão aquilo fez com que meus olhos queimassem, meu peito
apertasse. Eu apertei meus braços fortemente ao meu redor, como se segurando forte eu pudesse deter as lágrimas que estavam comprimidas dentro. Ele começou a se
mover, começou a me abraçar. Eu me afastei, porque sabia que se ele me abraçasse eu choraria. Eu já tinha chorado uma vez hoje, aquilo era tudo que eu me permitia.
Inferno, se eu chorasse cada vez que alguém tentasse me matar, eu já teria me afogado em lagrimas.
Nathaniel suspirou. - Se você me encontrasse assim, você me abraçaria, e me faria sentir melhor. Deixe-me fazer o mesmo por você -.
Minha voz saiu apertada. - Eu já desmoronei uma vez hoje. Uma vez é o bastante -.
Ele agarrou meu braço. Eu teria esperado isso de quase todo mundo, mas não de Nathaniel. Eu pensava nele como seguro. Seus dedos apertaram meu braço, não forte o
bastante pra machucar, mas forte o bastante para que eu soubesse que ele estava sério. Parei de sacudir, como um interruptor que tivesse sido ligado. Eu estava focada,
nem mesmo perto de lagrimas.
Ele me agitou pelo braço, forte o bastante para eu olhar enviesado para ele. - Você não aceitaria uma abraço. Eu sei que isto - ele apertou o braço um pouco mais
forte - vai ajudar -.
- Solte-me, Nathaniel, agora - Minha voz estava baixa e cuidadosa, ronronando com raiva. Nathaniel nunca tinha relado a mão em qualquer forma perto de violência.
Abaixo da raiva estava tristeza. Ele supostamente deveria ser seguro, e agora ele não era. Ele estava se tornando uma pessoa, não apenas uma confusão submissa, e
não tinha me ocorrido até aquele momento que eu poderia não gostar de tudo que Nathaniel se tornaria.
Senti um movimento, como se a própria corrente de ar tivesse mudado, antes mesmo de Micah pisar através da entrada da cozinha. O cabelo dele ainda estava molhado
do banho, ajeitado atrás de seu rosto, me dando o primeiro vislumbre real eu tinha de seu rosto sem os cachos encaracolados para distrair os olhos.
Seu rosto era delicado como o resto dele. Eu presumi que os longos cabelos encaracolados apenas o fizesse parecer ainda mais delicado, mas era a sua estrutura óssea,
apenas ele. Se você pudesse ignorar a largura de seus ombros, indo em direção a sua cintura delgada, a linha reta de seus quadris, você poderia dizer, garota. Ele
realmente não parecia mais feminino do que Jean-Claude, mas ele tinha ossos mais delicados, mais suaves. Era mais fácil parecer masculino com 1,82 metros do que
com 1,67 metros de altura. Apenas uma coisa arruinava a delicadeza do rosto dele. O nariz não era completamente reto, tinha sido quebrado e não tinha curado certo.
Isto devia ter arruinado a quase-perfeição de sua face, mas não fez. Isto, como os olhos dele, pareciam acrescentar algo a Micah, fazer ele mais irresistível, não
menos atrativo. Talvez eu apenas estivesse cheia de homens perfeitos.
Ele tinha acrescentado uma camiseta grande as calças de moletom. A camiseta batia no meio de suas coxas que escondia mais de seu corpo do que mostrava, mas mesmo
coberto, eu estava ciente dele. Ciente dele de um jeito que eu estava ciente de Richard e Jean-Claude. Eu sempre tinha presumido que isto era amor misturado com
luxuria, mas eu não conhecia Micah bem o suficiente para amá-lo. Ou pura luxuria sentia-se muito parecido com amor, ou existia mais de um tipo de amor. Isto era
muito confuso pra mim.
- O que aconteceu? - Ele perguntou.
Nathaniel voltou para a sua vassoura, balde e pá. Ele os pegou e começou a limpar os vidros, nos ignorando.
- Nada, o que aconteceu?
Ele franziu o cenho pra mim. - Vocês estão ambos irritados -.
Dei de ombros - Nós superaremos -.
Ele diminuiu a distancia entre nós, e o movimento foi tão repentino depois do aperto de Nathaniel que eu andei para trás.
Micah parou, olhando para mim, claramente confuso. - O que aconteceu? Você não pareceu tão assustada assim quando as armas estavam atirando -.
Olhei de relance para Nathaniel, que estava ajoelhado, varrendo o vidro para a pá. Ele estava aplicadamente evitando olhar para mim, para nós. - Nós tivemos um desentendimento
-.
Nathaniel enrijeceu então, seu corpo todo reagindo ao que eu disse. Ele se virou devagar até que olhou para mim com aqueles olhos com cor de flor. - Isto não foi
justo, Anita. Eu nunca discordei de você em qualquer coisa -.
Eu susperei, não porque ele estava certo, mas por causa da dor nos olhos dele. Fui até ele e equilibrando em meus calcanhares, porque eu não me atrevia a ajoelhar
nos vidros. Toquei em seu ombro nu, do lado de seu rosto. - Eu sinto muito, Nathaniel você apenas me pegou fora de guarda -.
- Porque você não me deixa entrar Anita, por quê? Eu sei que você quer -.
Toquei suas costas onde a marca da mordida tinha quase sarado, escuros círculos avermelhados. - Eu não deixo qualquer entrar sem uma luta, Nathaniel. Você já deveria
saber disso por agora.
- Nem tudo tem que ser uma briga - ele disse. Os olhos dele estavam muito largos, brilhando.
- Para mim tem que ter -.
Ele sacudiu a cabeça, fechando os olhos, e lagrimas caíram por suas bochechas. Eu o ajudei a ficar em pé, porque ainda estava preocupada com os vidros.. Quando nós
levantamos, eu relaxei meus braços ao redor dele até que meu rosto tocou sua pele nua, minha boca pressionada na cavidade de seus ombros onde a clavícula ficava.
Os braços dele me embalaram, mantendo-me próxima. Sua pele era tão suave, tão quente. Eu respirei profundamente. Ele cheirava baunilha como sempre. Nunca tive certeza
se isso vinha do sabonete, xampu, perfume, ou era apenas ele. Mas mais a baixo havia um cheiro mais forte - um que nenhum perfume feito no mundo poderia engarrafar.
Alguma coisa selvagem e longe demais do real, a essência de leopardo, do bando.
Senti Micah nas minhas costas. Eu sabia a sensação do corpo dele, como uma linha de calor antes dele se pressionar contra mim. Mas seus braços não me rodearam, eles
tocaram Nathaniel. O corpo de Micah estava de conchinha contra mim, mas suas mãos, seus braços contornados pelos meus, seguravam Nathaniel a nós, abraçando ele.
Nathaniel soltou uma respiração tremida. Um profundo e retumbante veio da garganta de Micah, e me levou um segundo pra entender que ele estava ronronando, um profundo
ritmo de contentamento. O ronronar vibrou contra minhas costas. Nathaniel começou a chorar, e eu me ouvi dizer, - Nós estamos aqui, Nathaniel, nós estamos aqui -
Nós estamos aqui. Pressionada contra a essência de baunilha da pele de Nathaniel, e o ronronar de Micah vibrando contra meu corpo, a sensação dos corpos deles tão
sólidos, tão reais, e eu chorei. Eu abraçava a Nathaniel, e Micah abraçava a nós dois, nós chorávamos, e estava tudo bem.
43
Alguém pigarreou fazendo barulho na porta. Eu pisquei através de suaves lagrimas e encontrei Zane parado lá. - Desculpe-me por interromper, mas nós temos uma multidão
aqui fora -.
- O que você quer dizer? - Micah perguntou.
- O rei cisne, seus súditos, e com certeza pelo menos um representante de cada grupo de Metamorfos da cidade, pelo que eu posso dizer -.
Nathaniel e Micah se afastaram de mim. Nós todos esfregamos nossos rostos, mesmo Micah estava chorando. Eu não estava certa do por que; talvez ele era apenas do
tipo emocional. - O que eles querem? - Eu perguntei.
- Ver você, Anita -.
- Por quê?
Zane deu de ombros. - O cisne rei não falará conosco lacaios. Ele insiste que ele falará com Anita, e seu Nimir-Raj, se for do agrado dela.
Micah e eu trocamos olhares. Nós dois parecíamos tão confusos como eu me sentia. - Diga a Reece que eu preciso de um pouco mais de informação antes que eu conceda
uma reunião. Estou um pouco ocupada -.
Zane sorriu largamente o bastante que apareceu as presas de gato dele de cima e de baixo. - Nós negaremos a entrada dele a casa até que ele diga a nós peões o que
ele quer. Eu gostei disso, mas ele não vai -.
Eu suspirei. - Eu não quero começar uma briga apenas porque ele apareceu sem telefonar. Merda - Eu comecei a andar, mas Micah pegou minha mão e eu parei. Virei para
olhar pra ele.
- Seu Nimir-Raj pode acompanhar você?
Eu sorri, parcialmente porque ele perguntou, ao invés de presumir, e parcialmente porque olhar para ele me fazia sorrir. Eu apertei a mão dele, e sua mão se fechou
ao redor da minha, pressionando de volta. O que eu queria dizer era - Eu amaria a companhia. - Mas o que saiu foi - Claro -.
Ele sorriu, e pela primeira vez isto não era uma mistura, era apenas um sorriso. Ele levantou minha mão para os lábios dele e pressionou sua boa contra minhas articulações.
O gesto me lembrou de Jean-Claude. Como seria ter Micah e Jean-Claude no mesmo cômodo, ao mesmo tempo, comigo?
Micah franziu a testa. - Você não parece feliz agora. Fiz alguma coisa errada?
Eu sacudi minha cabeça, apertando a mão dele, e o puxei para a sala. Ele me puxou de volta para ele. - Não, você pensou em alguma coisa que a incomodou. O que era?
Eu suspirei. - A verdade?
Ele concordou. - A verdade.
- Apenas me perguntando o quão estranho será quando você e eu estivermos no mesmo cômodo com Jean-Claude -.
Ele puxou minha mão, me pressionando contra ele. Levantei minha mão para deter nossos corpos de se tocarem completamente, e achei seu batimento cardíaco sob a palma
da minha mão. Mesmo através da camisa de algodão, eu podia sentir o baque de seu corpo, como se o coração dele estivesse em minha mão. Tive que levantar apenas um
pouco minha cabeça para encontrar a profundidade verde dourada de seus olhos.
A voz dele saiu um pouco ofegante. - Eu disse a você, eu quero ser seu Nimir-Raj, independente do que isto signifique, independente do que precise -.
Minha própria voz não estava fazendo muito melhor que a dele. - Mesmo que isto signifique me dividir com alguém mais?
- Eu sabia disso quando cheguei -.
Eu senti um franzir se formar entre meus olhos. - Você sabe o que eles dizem sobre coisa que são boas de mais para serem verdade, não sabe?
Ele tocou com as pontas dos dedos meu rosto e curvou-se para mim, falando suavemente enquanto se movia. - Eu sou muito bom para ser verdade, Anita? - Ele sussurrou
meu nome contra meus lábios, e nós nos beijamos. Gentil, suave, molhado. O coração dele estava batendo muito rápido sob minha mão, meu pulso estava na garganta,
e eu pensei que tinha esquecido de respirar.
Ele se afastou primeiro. Eu estava ofegante e um pouco desorientada. Havia um olhar no rosto dele - prazer, eu acho - como efeito que o beijo teve sobre mim.
Tive que tentar duas vezes para achar minha voz - Bom de mais pra ser verdade, aham, definitivamente -.
Ele riu então, e eu não tinha certeza se algum dia eu o tinha ouvido rir antes. Era um bom som. - Eu não posso dizer o quanto significa ver esse olhar em seus olhos
-.
- Que olhar?
Ele riu, e de repente ele pareceu todo másculo, orgulhoso, satisfeito consigo mesmo, e alguma coisa mais - quase embaraçado. Ele tocou meu rosto. - Eu amo o jeito
como você me olha -.
Isto fez com que eu abaixasse os olhos, e ficasse vermelha, mesmo não pensando uma maldita coisa que fosse sexual.
Ele riu de novo, um fluxo repentino de surpresa que continha tanta alegria. Ele riu como uma criança ri antes que elas aprendam como esconder como se sentem. Ele
me pegou pela cintura e me girou pela cozinha.
Eu teria dito a ele para me colocar no chão, mas eu estava rindo muito forte.
- Eu odeio interromper - Donavan Reece, o rei cisne, disse da porta, - mas eu disse a eles que você nos ajudaria. - Ele franziu a testa para nós, sua pálida, pálida
pele, mostrando quase nem uma linha, como se sua pele fosse como a água que sua forma de cisne modificada ficava sobre. Ele obviamente decidiu não esperar do lado
de fora.
Eu perguntei, ainda segurada sobre o chão nos braços de Micah, - Ajudar você a fazer o que?
Ele deu de ombros. - Nada importante, apenas encontrar alguns alfas sumidos e tentar convencer a Kadru dos Metamorfos cobras que seu Kashyapa, seu parceiro, não
está morto, apenas desaparecido com o resto. O problema é - Reece disse - Eu acho que ela esta certa. Eu acho que ele está morto -.
Micah deixou me deslizar de volta ao chão. Eu me perguntei se meu rosto parecia tão contraído como o dele. Marianne me dizia que o universo/divindade me ama e quer
me ver feliz. Então porque é que toda vez que eu fico um pouquinho feliz todo o inferno se solta? A mensagem estava clara, e não era sobre amor.
44
Donovan Reece tinha se sentado na extremidade do meu sofá branco. Ele estava vestindo uma calça jeans tão desbotada que era quase branca. Sua camisa rosa pálida
trazia à tona os tons naturais de rosa e azul de sua pele quase translúcida. Ele era lindo, mas não da maneira como um homem ou uma mulher são lindos, mas na maneira
que uma estátua ou uma pintura é bonita, como se ele não fosse real. Talvez porque eu soubesse que ele tinha penas de bebê cisne no peito, mas de todas as pessoas
na sala, ele parecia a mais surreal.
Uma mulher alta de cabelos quase brancos quanto os estava sentada no braço do sofá do lado dele. As calças dela eram de couro preto, blusa solta de um rosa que combinava
com a camisa dele, ou quase. Eu não tenho certeza se teria lembrado da mulher se as outras duas não tivessem se ajoelhado no chão a seus pés. O cabelo da segunda
loira era amarelo pálido e combinava com seu longo vestido de verão. O cabelo da morena caiu como uma cortina em torno do vestido azul marinho com pequenas margaridas
brancas sobre ele. As mulheres cisnes que tínhamos salvado no clube estavam todas olhando para mim com olhos grandes, quase temerosos.
Eu só reconheci uma outra pessoa que não era o rei de cisne e sua comitiva. Eu tinha conhecido Christine pela primeira vez no Café Lunático quando Raina ainda era
a dona, e Marcus, era o Ulfric dela, ainda estava tentando controlar todos os outros metamorfos da cidade e fazer dele mesmo o supremo comandante, quer os outros
concordassem ou não. O cabelo de Christine ainda era loiro, curto, profissional. Ela estava vestida com um terno verde de negócios. Sua camisa azul estava parcialmente
desabotoada, como se tivesse puxado a0020gravata, embora eu não acho que ela tenha. Ela estava empoleirada no outro extremo do sofá de Donovan, seus sensíveis sapatos
verdes ainda colocados. Quase todos os outros estavam casuais. Havia uma pilha de sapatos perto da minha porta da frente.
- Oi, Christine, já faz algum tempo -, eu disse.
Ela olhou para mim, e não era um olhar amigável. - Estou impressionada que você se lembrou do meu nome -.
- Eu tenho a tendência de lembrar das pessoas que eu conheço em situações estressantes -.
Eu consegui um pequeno sorriso dela. - Bem, parece que nós nos encontramos sob circunstâncias menos agradáveis -, ela disse.
Donovan assumiu, então, me apresentou para o homem e a mulher sentada entre eles. Ambos estavam de preto. A estrutura óssea deles era puramente média americana,
nada de especial, mas os seus olhos eram muito grandes, muito escuros, os cabelos realmente negros. Havia algo de exótico sobre eles que ser estritamente Europeu
apenas não lhe daria. Eles também pareciam incrivelmente parecidos, como versões masculina e feminina um do outro. Eles eram Ethan e Olivia MacNair, respectivamente.
O homem na minha cadeira branca era volumoso, não musculoso, ou gordo, apenas grande. Ele tinha a barba mais cheia que eu já vi. Os cabelos grossos cobriram a maioria
de seu rosto e pescoço. Ele foi apresentado como Boone, e no momento em que ele virou seus pequenos olhos escuros para mim, eu sabia que ele era algo que iria me
comer, se pudesse. Não é lobo, nem gato, mas algo com dentes.
Sua voz era um tom baixo, tão baixo que quase machucou ouvir ele. - Sra. Blake.
Eu assenti. - Sr. Boone -.
Ele balançou a cabeça, esfregando a barba escura para frente e para trás sobre a camisa branca. - Apenas Boone, não senhor.
- Boone, - eu disse.
Nathaniel, Zane, e Cherry estavam trazendo cadeiras da cozinha para as últimas quatro pessoas poderem se sentar. Duas mulheres, dois homens, tinham sobrado. Um homem
era esguio com o cabelo vermelho dourado, e olhos verdes estranhamente expressivos. Ele se sentou no chão, encolhido contra o lado do sofá, como se estivesse se
escondendo.
- Esse é Gilbert, - Donovan disse.
- Gil -, ele disse, a voz quase muito fraca para ouvir.
A mulher era alta, quase 1.80, ombros largos, aparência forte. Seu cabelo era castanho, com listras cinza, puxados para trás de seu rosto em um rabo de cavalo frouxo.
Seu rosto estava sem maquiagem. Ela me ofereceu uma mão, e me deu um dos melhores apertos de mão que eu já tive de outra mulher. Seus olhos castanhos estavam profundos
com preocupação, enquanto ela disse, - Eu sou Janet Talbot. É muita bondade de sua parte nos encontrar em tão curto prazo -.
- Eu não vim aqui para ter uma conversinha -. Isto veio da mulher que estava de pé no canto mais distante da sala, perto da grande moldura da janela. Ela estava
olhando para fora através dos vidros fechados, mãos segurando os cotovelos, a tensão nervosa cantando ao longo de sua coluna, enquanto ela se virou para nós. Eu
podia ver de onde Ethan e Olivia tinham puxado a pele escura e sua aparência exótica. Nilisha MacNair era mais ou menos do meu tamanho, mas ainda mais delicada,
de modo que ela parecia menor. Um homem pode pensar palavras como pássaro, felina, até que ele olhasse nos olhos dela. Uma vez que você olhasse para aqueles escuros,
escuros olhos, você saberia melhor. Os olhos entregam a mentira na embalagem. Ela era um inferno de salto e acostumada a conseguir o que queria.
Um homem estava de pé perto dela, não muito perto. Ele era tão alto, louro, e pálido, como ela era pequena, de cabelos pretos e morena. Ele também era musculoso
de uma forma que a natureza não faz. Tinha ombros largos, cintura estreita, mãos grandes o suficiente para que a cabeça inteira dela coubesse em sua palma, mas ele
estava claramente com medo dela. Oh, era o diferencial do guarda-costas, mas havia medo real lá, também.
Merle estava encostado casualmente perto do grande homem loiro. Eu não sabia onde Caleb estava, e não me importei.
- Eu sou a Kadra, e o Kashyapa, que está morto, é o meu marido -. Nilisha MacNair soltou um sopro repentino que sacudiu, ela recuperou o controle como uma montanha
desabando. - Era o meu marido -.
- O pai não está morto -, Olivia disse. - Eu não vou deixar que você o faça morto por desistir.
Seu irmão, Ethan, tocou em seu braço, como se estivesse tentando acalmá-la e dizer-lhe para se calar. Ela ignorou.
Mas o estrago estava feito, a briga tinha começado. - Como você ousa? Como você ousa dizer que eu iria fazê-lo morto? Só estou enfrentando a verdade.
Olívia se levantou, retirando a mão de seu irmão. - Você simplesmente não pode suportar o fato de que ele estava com outra mulher quando aconteceu.
A briga caiu de nível a partir dai. Aparentemente Henry MacNair, patriarca do clã, estava deixando a casa de sua amante e companheira mulher cobra, quando alguém
o levou. Nenhum corpo foi encontrado, mas uma grande quantidade de sangue foi deixada para trás. Havia sinais de luta, um carro virado, uma árvore de bom tamanho
quebrada. Quando metamorfos tentam se defender, eles tentam duramente.
Eu realmente aprendi um bom bocado pela luta, mas quando se tornou suplantado por duas mulheres gritando uma com a outra a menos de 30 centímetros uma da outra,
alguma das coisas quais nem mesmo era em Inglês, eu tinha tido o suficiente.
Olhei pela sala até Donovan. Ele as tinha trazido a minha casa, afinal de contas. Ele deu de ombros. Basicamente, ele não sabia o que fazer também.
Eu tive visões de derramar água sobre suas cabeças, mas decidi que apenas funcionaria melhor sair da sala. Fiz um gesto para os outros irem para a cozinha, e todos
eles marcharam para fora. Quando o último deles estava deixando a sala que a gritaria começou a morrer. Então a voz Nilisha veio.
- Onde você está indo?
Janet Talbot falou por todos nós. - Para um lugar mais quieto.
Eu não podia ver os rostos das mulheres, mas eu quase podia sentir o constrangimento no ar. Nenhuma habilidade de metamorfos, apenas um palpite bom.
- Por favor -, Olivia disse, - por favor, eu me desculpo. Por favor voltem -.
Todos começaram a voltar para a sala. Nilisha até mesmo tomou uma cadeira com o guarda-costas loiro atrás dela. - Estamos todos muito preocupados com o meu marido.
- Preocupada com ele, mamãe? - Olivia disse.
A mulher acenou, sorriu. - Sim, preocupada.
- Ele não está morto -, a menina disse.
- Se você pode ter esperança, então eu também posso -.
Eles sorriram uma para a outra como brilhantes espelhos, tão parecidos naquele momento. Ethan pareceu aliviado, mas ele não sorriu.
- Tudo bem, então além de Henry MacNair, quem mais está desaparecido?
- Meu filho, Andy -, Janet Talbot disse. Ela me entregou uma fotografia de um jovem com o mesmo cabelo castanho, corte curto, mas suas feições eram mais brandas
do que as dela. Ele era elegante, na fronteira com lindo. - Ele se parece com o pai. - Ela disse, como se estranhos tivessem comentado sobre a falta de semelhança
antes. Eu não teria dito uma maldita coisa.
- Nossa Ursa -, disse Boone, - Eu não pensei em trazer uma foto.
- Ursa, urso, sua rainha? - eu fiz disso uma pergunta.
Ele balançou aquela enorme, barbada cabeça, e eu me perguntava como eu não tinha me tocado. - Ela saiu para pegar algumas coisas no mercado e nunca mais voltou.
Não havia sinais de luta, simplesmente desapareceu.
Eu olhei para Gil o dos olhos verdes. - Quem você percebeu que sumiu?
Ele balançou a cabeça. - Ninguém, eu só estou com medo -.
Eu olhei para Christine. - E quanto a você?
- Estou aqui como um representante para os animais metamorfos que têm apenas um ou dois membros. Aqueles de nós que escolheram St. Louis porque não havia outros
como nós. Eu sou a única tigre na cidade, por isso eu não perdi ninguém, mas nós perdemos um leão -.
- Supostamente o nome do leão desaparecido seria Marco?
Christine balançou a cabeça. - Não, Joseph, por quê?
Donovan respondeu: - O homem leão foi chamado de Marco.
- Ah -, ela disse.
- E, - Donovan acrescentou: - Joseph não é capaz de se transformar tão similar a humanóide. Ninguém que eu conheço pode se transformar quase humano e segurar isso
sem completar -.
Christine continuou como se eu não tivesse falado. Se focando, Christine estava sempre focada. - A companheira de Joseph está grávida. Amber estaria aqui, mas ela
está em repouso completo até que o bebê nascer.
- Até que ela perca, você quer dizer -, Cherry disse.
Eu olhei para ela. - Você diz que como se ela já tenha perdido antes.
- Esta é sua terceira tentativa -, Cherry disse.
- Sinto muito em ouvir isso. Perder o seu... companheiro não deve estar ajudando os seus níveis de stress.
- Isso é um eufemismo -, Christine disse.
- Ela é uma idiota para continuar tentando -, Cherry disse. - Nós não podemos ter um bebê, isso é tudo.
Eu olhei para ela novamente. - Fala isso de novo pra mim, lentamente.
- A transformação é muito violenta, provoca aborto. - Cherry disse como uma questão de fato, então eu assisti ela entender o que ela apenas disse, e ela sussurrou:
- Anita, eu não... você não deveria descobrir desse jeito. Me desculpe -.
Eu dei de ombros, então balancei a cabeça. - Mas o MacNairs têm dois filhos. Eu estou olhando para eles. Janet tem um filho.
- Meu tipo de Metamorfose é herdado -, Janet disse. - Não é ligada à lua. Evitei trasnformar até depois que Andy nascesse.
Eu olhei para Nilisha. - Eu sou uma cobra. Eu posso escolher para tentar carregar um bebê como um mamífero ou como uma cobra -.
- Você põe ovos? - Eu fiz a grande pergunta.
Ela concordou. - Eu não poderia carregá-los no meu corpo. A mudança é muito difícil. Mas eu tinha outras opções.
O não dito, mas você não, os carregou no ar. Era muito difícil pensar sobre isso. Não era como se eu já tivesse considerado ter filhos. Quer dizer, cai na real,
com a minha vida? Em voz alta, eu disse: - Um problema de cada vez. Então, quem desapareceu primeiro?
Henry MacNair foi a primeira vítima, e teve a maior luta. Em seguida, o leão, Joseph; Andy Talbot, o cachorro, no final das contas, e por ultimo a Ursa dos ursos,
Rebecca Morton.
A última vez que nós tínhamos tido tantos metamorfos desaparecidos, tinha sido o antigo rei cisne que os estava entregando para serem caçados por caçadores de emoção
ilegal.
Eu olhei para Donovan Reece. Ou ele leu minha mente ou se antecipou. - Coincidência interessante que eu venho para a cidade quase ao mesmo tempo em que todos desaparecem,
não é.
- Puxa, Donovan, você leu minha mente.
- Juro a vocês que eu não sei nada disso.
Nilisha disse, - Eu sei tudo sobre a traição do antigo rei cisne. Mas eu estou apostando a vida do meu marido que Donovan é inocente de tudo isso.
Eu dei de ombros. - Vamos ver -.
- Você não confia em meu julgamento -, ela disse.
- Eu não confio muito no julgamento de ninguém, exceto no meu. Nada pessoal.
Olivia tocou o braço dela. - Mãe -.
Nilisha respirou fundo e se acalmou. O dia estava melhorando.
- A primeira coisa que vou sugerir é que nós chamemos a polícia.
Ninguém gostou da idéia. - Olha, eles têm recursos que nós não temos, buscas computador, forenses.
- Não -, disse Nilisha, - não, nós devemos lidar com isso entre nós.
- Eu sei que a regra é que nós não envolvemos as autoridades humanas, mas pessoal, nós temos quatro desaparecidos, e já fizeram uma ameaça aos cisnes e aos leopardos.
- Você pensa que o povo cobra e seu leão de estimação estão por trás disso? - Donovan perguntou.
- Seria uma coincidência muito grande se não estiverem -, eu disse.
- Eu concordo -, Micah disse. Ele estave muito quieto sobre tudo, cuidadosamente não estando em pé ou sentado perto demais, como se ele não quisesse confundir as
coisas. Ele estava me deixando estar no comando sem ficar pairando.
- Ok, então quem são esses caras, e que diabos iriam querer com uma variedade de Metamorfos?
Nós conversamos por algumas horas, mas nada brilhante surgiu. Os homens cobra estavam por trás disso. Mas por quê? Por que qualquer metamorfo daria a mínima sobre
outros metamorfos que não eram da sua espécie? Se tivessem sido apenas alvos cobras, então talvez poderia ser uma batalha de répteis, embora, francamente, não era
comum ter uma luta entre dois diferentes tipos de cobras. A cidade era grande o suficiente para todos, contanto que eles não fossem da mesma espécie.
Eu pensei que Nilisha MacNair estava certa e seu marido estava morto. Se as pessoas raptam alguém e não querem dinheiro, eles querem coisas piores, geralmente essas
coisas incluem sangue, dor e, eventualmente, morte. Eles provavelmente foram todos mortos, e se não foram, nós precisávamos da polícia nisso para mantê-los vivos.
No final parece que todos haviam relatado suas pessoas desaparecidas, deixando de mencionar a parte sobre serem Metamorfos. - Mas você não vê, a polícia tem um universitário
de vinte e um anos desaparecido, um marido de quarenta e cinco anos de idade, uma mulher solteira de uns trinta e pouco, e um homem casado de trinta e pouco. Além
do fato de que todos eles são caucasianos, não existe um denominador comum para ligar esses casos. Mas se eu puder dizer à polícia que eles são todos Metamorfos,
então esse é a conexão. Vocês vivem por toda a cidade. Vocês tem diferentes unidades policiais trabalhando em cada caso. Eles nunca vão fazer a conexão, a menos
que nós dizermos a eles qual é a relação -.
Janet Talbot assentiu primeiro. - Andy esta quase se graduando em medicina. Se eles descobrem o que ele é, ele nunca vai ser um medico, mas eu quero ele seguro mais
do que eu quero qualquer coisa agora. Então, eu concordo, vá à polícia.
- Não posso falar por Amber, - disse Christine, - mas eu tenho certeza que ela concorda.
- Eu deveria perguntar aos outros em primeiro lugar, mas pro inferno com isso, encontre Rebecca por nós, mesmo que isso signifique trazer os policiais -, disse Boone.
Nós nos voltamos para Nilisha MacNair. - Não, se eles descobrirem, estamos todos arruinados -.
Olívia segurou a mão dela. Ethan ajoelhou na frente dela. - Mãe, sem o pai, o que isso importa?
Eu não tinha certeza que ela concordaria desde que ele estava traindo ela, mas ela assentiu e concordou. O amor é uma coisa engraçada às vezes. Mas seja qual for
o motivo, isso significava que eu poderia falar com Dolph, e eu não precisaria nem mentir.
45
Dolph respondeu no segundo toque. - Dolph -. Ele nunca disse Time Regional de Investigação Sobrenatural, ou mesmo polícia, apenas o nome dele, nem mesmo seu sobrenome,
nem mesmo seu nome completo, apenas - Dolph - ou - Aqui é o Dolph -. Será que alguém algum dia já reclamou? De algum jeito, eu duvidava.
Ele soou tão perto de surpreso que ele conseguia. - Anita, eu não esperava ouvir sobre você até que nós pelo menos terminássemos a papelada do ultima porção de corpos
- Ouvi uma voz de homem, mas não podia dizer o que era. Dolph voltou. - Zerbrowski disse que se você matou alguém mais que apenas esconda o corpo, ele não começará
de novo a papelada -.
- Eu sei o bastante sobre procedimentos para saber que ele terá que começar um novo relatório de qualquer jeito. Crimes separados, relatórios separados, certo?
- Você realmente tem um corpo fresco ai? - Ele soou cansado, mas não surpreso.
- Não - eu disse.
- Então como nós avaliamos a ligação?
- Eu tenho informação pertencente a vários crimes e a permissão dos envolvidos para dizer a você a verdade, toda a verdade. Agora, não é refrescante?
Eu podia quase sentir ele se sentar reto pelo telefone. - Eu sou um policial, verdade é sempre refrescante, então me deslumbre -.
Eu contei a ele. Como suspeitei, o caso de MacNais estava na lista para Dolph e o grupo, mas este era a primeira vez que ele ouviu de outros.
- Eu entrevistei a esposa pessoalmente. Ele continua dizendo que não tem idéia porque algum monstro atacaria o esposo dela. Isto poderia ter nos ajudado a achá-lo
se nós soubéssemos -.
- Dolph, eles tem um restaurante. Se vazar que eles são metamorfos, eles poderão fechar -.
- A vigilância sanitária não pode interromper a atividade deles por isto -.
- Não, mas pessoas vão falar, e os clientes começarão a se preocupar. Você sabe disso, eu sei disso.
- Ninguém irá descobrir pelo meu pessoal. Você tem minha palavra nisso -.
- Tá certo, mas quanto a outros departamentos estão envolvidos? Quantos não-policiais estão em cada cena de crime, sem mencionar os trabalhadores clericais? Isto
vazará, Dolph, eventualmente isto vazará -.
- Eu vou manter em baixo das cobertas, Anita, mas apenas posso garantir o meu pessoal -.
- Eu sei, Dolph, mas Andy Talbot quer ser um médico. Ele nunca entrará numa escola de medicina uma vez que isto viesse à tona. Rebecca Morton é uma quiroprática.
Se eles descobrissem o que ela é, eles caçariam a licença dela.
- Porque é que muitas dessas pessoas vão para profissões das quais isto é um problema?
Dei de ombros, sabia que ele não podia ver isto - Apenas sorte, eu acho -.
- Eu acho que é teimosia. - Dolph disse.
- O que você quer dizer?
- Diga a qualquer um que eles não podem fazer algo, e ele irão querer fazer isto -.
Ele tinha um bom ponto. - Faz sentido -.
- Como estes desaparecimentos estão ligados ao ataque a sua casa?
Droga, a verdade toda, eu diria. Esta era minha chance de provar isto. Eu respirei fundo e disse a ele quase toda a verdade. Disse que Gregory tinha telefonado por
ajuda, deixando de fora porque ele ter me ligado. Dolph nunca questionou que eu era uma boa escolha para chamar quando era para ser resgatado de monstros. Ele disse
- Ele devia ter chamado a policia -.
- Não faz muito tempo desde que policiais matavam Metamorfos em vista, Dolph. Você realmente não pode culpá-los por serem desconfiados de vocês -.
- Porque você não me disse tudo isso quanto você depôs?
- Você estava bravo comigo - Eu disse, como se isto explicasse. E de um jeito fez, mesmo que isto fizesse com que eu soasse infantil.
- O que você esta deixando de fora? - Ele perguntou.
- Eu disse a você a verdade, e você ainda duvida de mim. Isto realmente machuca, Dolph -.
- Não tanto como isto irá, se eu descobrir que você reteve evidencias nisso -.
- Você não é do tipo que faz ameaças, Dolph -.
- Estou cansado - ele disse.
Fiquei quieta por um segundo. - Você deveria tirar uma folga, Dolph -.
- Ta certo, se você puder se deter de matar qualquer outro, talvez eu atualize a papelada -.
- Farei meu melhor - eu disse.
- Então faça isso. - Ouvi ele tomar uma profunda respiração. - Esta é toda informação que me dará sobre isso?
- Yeap -.
- Eu voltarei e entrevistarei as famílias de novo. Você sabe quanto trabalho extra isto será, apenas porque eles malditamente mentiram da primeira vez?
- Eles não quiseram fazer seu trabalho difícil, Dolph, eles apenas estavam assustados.
- Sim, então não estamos todos? - Com aquilo, ele desligou.
Olhei fixamente ao telefone zumbindo. O homem não estava de bom humor. Eu sabia do por que agora, e eu era provavelmente uma das poucas pessoas de fora da família
dele que sabia o porque. Eu me perguntei o quão rabugento ele iria ficar, e se isto começaria a afetar em seu trabalho, se já não estivesse. Seu ódio de monstros
afastava sua objetividade, então ele estava começando a ser inútil como chefe do Time Regional de Investigação Sobrenatural. Merda. Isto seria problema para um outro
dia. Eu podia adicionar isso a lista de coisa que eu me preocuparia sobre depois. O tamanho da lista estava crescendo, eu nunca tive tempo pra me preocupar com tudo
que tinha nela. Talvez eu poderia jogar um dardo e fazer o que furou o problema do dia. Ou eu poderia apenas ignorar a lista. Sim, ignorar soava bem.
46
Os MacNair, mais os guarda costas prometeram dirigir diretamente à sede da RPIT{7} e dar depoimentos. Janet Talbot foi com eles. Christine realmente não sabia nada
sobre o desaparecimento dos homens-leões, então ela simplesmente foi para casa prometendo ser cuidadosa. Eu ofereci deixá-la ficar na minha casa até que o cara mau,
ou os caras, fossem pegos, mas ela recusou categoricamente.
Donovan Reece disse, - Ela é uma criatura independente.
Eu podia admirar isso. - Eu espero que a independência dela não a deixe machucada.
Ele deu de ombros, ficando de pé. Eu notei uma protuberância debaixo da parte da frente de sua camisa rosa. - Você está armado, - eu disse.
Ele lançou um olhar pra baixo, ao lugar onde sua arma estava, tentando e falhando em esconder. - Eu não irei deixar minhas garotas serem levadas novamente.
- Pessoal, as chamem de pessoal, - eu disse.
Ele me deu um sorriso. - Elas são todas garotas.
- Colabore comigo, - eu disse.
Ele curvou um pouco sua cabeça. - Meu pessoal, tudo bem, mas eu não irei deixá-las serem tomadas novamente.
- Ou mesmo você, Donovan. Lembre-se que todo mundo que está desaparecido tinha sido um líder, não um seguidor. Eles acorrentaram o Nathaniel porque eles pensaram
que ele era você; seu pessoal sendo tomado foi apenas acidental.
Ele encontrou meus olhos, de repente muito sérios. - Você está certa. Como você sabia que eu estava armado?
- Se você vai esconder uma arma na frente das suas calças, vista uma camisa de cor escura e talvez uma que seja um numero maior.
Ele acenou. - Eu nunca carreguei uma arma antes.
- Você sabe como usá-la?
- Eu sei como atirar. Eu apenas não costumo levá-la escondido.
- Você tem uma licença para carregá-la?
Ele me olhou em branco.
- Eu tomo isso como um não.
- Não, - ele disse.
- Então se você usá-la e matar alguém será uma dor de cabeça na corte. Carregar escondido sem licença irá fazer disso uma arma ilegal. Dependendo do juiz, você poderá
ter um tempo na cadeia.
- Quanto tempo leva pra tirar uma licença?
- Mais tempo do que você quer esperar. Mas cheque seu município e comece o processo. Ou não comece o processo e quando você for preso você pode tentar e alegar ignorância
da lei. Não é uma desculpa legal, mas poderá vacilar um juiz. Eu não sei. Eu solicitaria uma licença e torceria para dar certo.
- O que eu tenho que fazer para solicitar?
- Isso diferencia de município para município. Cheque com sua polícia local. Eles saberão quem você tem que ver.
Ele acenou novamente. - Eu farei isso. - Ele olhou pra mim, os olhos cinza muito sérios. - Obrigado, Anita.
Eu dei de ombros. - Apenas fazendo o meu trabalho.
Ele negou com a cabeça. - Este não é o seu trabalho. Você não é o alfa de ninguém aqui. Você poderia ter apenas se negado em nos ajudar.
- E que bem isso teria feito? - Eu perguntei.
- A maioria dos metamorfos não ajudam uns aos outros.
- Você sabe que de todas as políticas dos que tem pelos - e penas - essa é a que eu entendo menos. Como agora mesmo, o que acontece com um grupo afeta os outros.
Se vocês estivessem se comunicando uns com os outros, então vocês saberiam que Henry MacNair desapareceu, desapareceu violentamente. Poderia ter colocados todos
vocês em guarda.
- Você acha que poderia ter prevenido o desaparecimento de outros?
- Eu não sei, mas poderia ter ajudado. As pessoas poderiam ter sido mais cautelosas, talvez não tivessem saído sozinhas. Poderíamos ao menos ter testemunhas.
- Foi depois das minhas garotas - pessoal- foram levadas e você nos ajudou que Christine veio até mim. Ela sabia sobre a Ursa dos ursos tinha desaparecido. Foi Ethan
MacNair, não sua mãe, que nos contou sobre seu pai.
- Eu aposto que ele pagou por ir contra as ordens da mãe, - eu disse.
- Provavelmente, - Donovan disse, - mas você está certa, se apenas nós malditamente falássemos uns com os outros, nós poderíamos nos ajudar mais.
- Não apenas em emergências também, - eu disse.
Seus olhos se estreitaram. - Você quer dizer uma coligação de metamorfos?
Eu dei de ombros. - Eu não tinha pensado tão longe, mas porque não? Algum lugar onde compartilhamos informações. Nós temos um leão trabalhando com um bando de cobras.
Por que os bandidos deveriam se dar melhor do que nós nos damos?
- Toda vez que um dos animais fala sobre juntar forças eles sempre querem dizer que serão o... líder. Você quer ser a Nimir-Ra de todos, Anita?
- Eu não estou falando sobre dividir autoridade. Isso nunca irá funcionar sem uma guerra. Estou apenas falando de dividir informação, ajudar mais uns aos outros.
Quando um dos leopardos ou lobos se machucarem, ele ou ela tenha um lugar para ficar até que fiquem bem. Esse tipo de coisa.
- Alguém teria que ficar a cargo disso.
Eu senti vontade de pegá-lo pela frente da camisa e chacoalhá-lo. - Por que, Donovan, por que alguém tem que ficar a cargo? Alguma coisa acontece com um de seus
cisnes, você pega o telefone e me liga, ou Ethan, ou Christine. Nós ligamos para outra pessoa. Nós tentamos ajudar uns aos outros. Não precisamos de uma hierarquia,
apenas a vontade de cooperar.
Ele parecia feliz, parecia quase desconfiado. - Você não quer ser responsável.
Eu balancei a cabeça. - Donovan, eu não quero nem mesmo ser responsável pelo o que eu estou agora. Eu, tão certo como o inferno, não quero adicionar isso.
Foi Micah, o qual estava encostado contra a parede, tão imóvel, tão calmo que você se esquecia que ele estava ali, quem disse, - Ela está te oferecendo amizade,
Donovan.
- Amizade? - Ele fez soas como se fosse um conceito estranho.
Micah acenou, se afastando da parede para ficar em pé ao meu lado. - Se algo der errado e você precisar de ajuda, você chama seus amigos.
Donovar franziu as sobrancelhas com força o suficiente que formou linhas em sua pele impecável. - Metamorfos não são amigáveis nem com eles mesmos, imagine então
entre linhagens de outras espécies.
- Isso não é verdade, - eu disse. - Richard, - eu pausei depois de dizer seu nome, como se isso doesse ou eu estivesse esperando para doer. Micah tocou meu ombro
e eu coloquei minha mão sobre a dele, a segurei. Eu tentei novamente. - O melhor amigo de Richard é um dos ratos de Rafael. Minha leoparda Vivian está vivendo e
está apaixonada por Stephan, um dos lobos de Richard.
- Isso é diferente.
- Por quê?
- Porque os lobos e os ratos têm um pacto e através de você os leopardos e os lobos estão unidos.
Eu balancei minha cabeça. - Você está usando de subterfúgios, Donovan, ou deliberadamente perdendo o ponto. Vamos apenas concordar em tentar e ajudar uns aos outros,
só isso. Eu não tenho nenhum motivo oculto. Estou apenas tentando manter o dano ao mínimo.
- É verdade que você não tinha que ter salvado minhas garotas. Isso quase custou a você sua vida.
- E você não tinha que ter ido ao lupanar comigo. Mas você foi. Isso é como funciona, cooperação.
Ele pensou por um momento e então acenou. - De acordo. Eu tentarei fazer os outros concordarem também. Você está certa. Se apenas falássemos uns com os outros, poderíamos
prevenir muitas coisas ruins de acontecerem.
- Ótimo, - eu disse, e soltei uma respiração que nem tinha percebido que segurava. Eu queria isso. Eu queria que eles falassem uns com os outros, que ajudassem uns
aos outros.
Alguém limpou a garganta, levemente. Fez todos nós olharmos para o Gil. Ele ainda estava amontoado ao lado do sofá, onde ele estava o tempo todo. - Você tem algo
a dizer? - Donovan perguntou.
- Quão longe esse novo espírito de cooperação vai? - ele perguntou. Seus olhos verdes bem abertos estavam quase redondos de ansiedade. Ele agarrou seus joelhos tão
fortes que suas mãos tinham manchas. Ele estava assustado; você podia cheirar nele, isso e um odor de algo velho que eu não reconheci.
- O que você quer dizer? - Donovan perguntou.
- Eu estou falando com a Anita, na verdade, - Gil disse.
Eu olhei pro Micah e então de volta ao homem amontoado no chão. - O que você quer saber? - eu perguntei.
- Eu sou o único homem-raposa na cidade. Eu não tenho um alfa, ou nenhuma família. - Ele parou ali e lambeu seus lábios nervosamente.
- E? - eu disse.
- Quanta ajuda você está disposta a dar?
- Quanta você precisa?
- Posso ficar com você até essa coisa, ou o que quer que seja, seja pega?
Eu senti meus olhos se arregalarem. Eu abri minha boca, fechei, troquei um olhar com o Micah. Ele deus de ombros. - Tem que ser sua escolha. É a sua casa.
Ponto. Eu me virei para o Gil. - Eu não te conheço nem um pouco. Se você for uma má pessoa e fizer coisas más com o meu pessoal, eu vou te matar, mas se você realmente
quiser apenas um lugar para se esconder por uns dias, você pode ficar.
Ele pareceu ficar menor, mais encolhido. - Eu não vou machucar ninguém. Eu só quero me sentir seguro novamente, só isso.
Eu olhei para Donovan. - Você sabe alguma coisa sobre ele?
- Ele tem medo da própria sombra. Eu não confiaria nele para ajudar em uma emergência. Eu creio que ele se salvaria primeiro.
Gil não discutiu sobre a estima de Donovan sobre ele, ele apenas se encolhia, trêmulo. - Se nós apenas ajudamos os fortes, então não estamos ajudando nós mesmos,
- eu disse.
- Você irá trazê-lo para dentro, sabendo que ele não pode ajudá-la em uma luta e provavelmente iria correr para salvar a própria pele? - Donovan perguntou.
Eu olhei para aqueles olhos grandes e cheios de terror e vi algo além do medo, uma súplica. Eles diziam, - Por favor, por favor, me ajude.
- Você pode ficar e protegeremos você, mas se houver uma emergência eu espero que você faça seu melhor. Não precisa lutar, mas não seja um obstáculo.
- O que isso significa? - ele perguntou.
- Significa que se as armas foram sacadas, se esconda debaixo de algo, fique abaixado. Não faça de si mesmo um alvo. Se meu pessoal se machucar e você tiver a chance
de arrastá-los para um lugar seguro, mas ao invés deixá-los para morrerem, você será o próximo.
- Eu não sou valente, Anita, eu não sou mesmo nem um pouco valente.
- Não seja valente, Gil, apenas faça o que lhe é dito, faça o seu melhor o que quer que seja, mas entenda as regras. Se mantenha fora da linha de fogo porque não
teremos tempo para nos preocupar com você quando a luta começar. Ajuda se puder, fique fora do caminho se não puder. Simples.
Ele acenou, esfregando seu queixo entre os joelhos, outra e outra vez. - Simples, - ele sussurrou, - Eu queria que a vida fosse simples.
- A vida não é simples, Gil, mas uma luta é. - Eu ajoelhei em frente a ele e eu odiei a fraqueza que radiava dele. Querido Deus, a ultima coisa que eu precisava
era outro prejudicado emocionalmente me seguindo por ai. Mas eu não podia chutá-lo pra fora. Anita a coração mole, quem poderia imaginar? Eu o encarei, até que seus
olhos aterrorizados encontraram os meus. - Uma luta é simples, Gil. Você protege a si mesmo, seu pessoal e você mata os vilões. Você faz o que for preciso para conseguir
que você e seu pessoal saiam vivos.
- Como você sabe quem são os vilões? - ele perguntou, a voz quase um sussurro.
- Qualquer um no lugar que não seja nós, - eu disse.
- E você os mata, simples assim?
Eu acenei. - Exatamente, - eu disse.
- Eu não creio que eu poderia matar alguém.
- Então se esconda.
Ele fez aquele aceno esfregando o queixo novamente, como se ele estivesse marcando o cheiro em seus próprios joelhos. - Eu posso me esconder, eu sei como fazer isso.
Eu toquei seu rosto muito gentilmente. Ele recuou, então relaxou um pouco. Todos os animais gostam de serem tocados. - Eu não sou muito boa em esconder, talvez você
pudesse me ensinar.
- Por que você iria querer saber como se esconder? - ele perguntou.
- Porque há sempre alguém, ou alguma coisa maior e mais malvado que você.
- Eu posso ensiná-la como se esconder, mas eu não sei se eu posso aprender como matar.
Onde eu ouvi isso antes? Oh, eu já sei-Richard. Mas mesmo ele aprendeu como, no final. - Você ficaria surpreso com o que você pode aprender, Gil, se você tiver que
fazer.
Ele abraçou si mesmo novamente. - Eu não acho que eu queira aprender como matar pessoas.
- Agora isso, - eu disse, - é um problema completamente diferente.
- Eu não quero, - ele disse.
Eu olhei pra ele. - Então não aprenda, mas não deixe seu melindre fazer que qualquer um de meu pessoal seja morto.
- É mais provável que me mate.
- Verdade, mas essa é sua escolha-se deixe ser morto se quiser, mas não traga prejuízos a mim ou aos meus por causa de um senso moral maior.
- Você realmente iria me matar por isso?
Eu me ajoelhei de volta em frente a ele. - Você pode ficar comigo e eu o manterei a salvo, ou morrerei tentando, mas se você foder com isso e causar morte a um dos
meus leopardos, ou meus amigos, eu matarei você. Eu não quero você chorando depois dizendo que você não tinha entendido. Porque se você mereceu isso, eu irei atirar
em você enquanto você implora que eu não faça.
- Mas quem decide se eu mereço isso? - ele perguntou.
- Eu decido.
Ele olhou para mim como se ele não tivesse certeza se estava seguro comigo ou sem mim. Eu assisti ele pensar sobre isso e não senti nada, nem piedade. Porque Gil
o homem-raposa era uma responsabilidade. Em uma situação de combate ele era uma porra de fatalidade esperando pra acontecer. Eu era civilizada o suficiente para
dar proteção a ele quando ele pediu, mas não o suficiente para pagar no sangue daqueles que eu me importava. Naquele momento eu sabia que eu não era uma sociopata,
porque se eu fosse eu teria chutado seu traseiro pela porta. Oh, inferno, eu teria atirado nele e o colocado fora da desgraça de qualquer um. Ao invés disso, eu
ofereci a ele uma mão e o coloquei sobre seus pés.
- Você entende as regras? - eu perguntei.
- Eu entendo, - ele sussurrou.
- Você está disposto a viver por elas?
Ele deu um pequeno aceno.
- Está disposto a morrer por elas?
Ele deu um suspiro trêmulo, então deu outro aceno.
Eu sorri e sabia que nunca alcançou meus olhos. - Então bem-vindo ao clube e mantenha sua cabeça abaixada. Há alguns assuntos que temos que tratar hoje. Você pode
vir junto. - Até eu mesma não tinha certeza se isso era um convite ou uma ameaça.
47
Ainda havia um fio de luz no céu, como uma fina fita dourada brilhando contra as escuras e escuras nuvens, quando estacionamos atrás do Circo dos Malditos. O estacionamento
detrás era para funcionários. Estava escuro, vazio, nem um pouco interessante, diferente da parte da frente, que era quase como um carnaval. Eu passei pelos pôsteres
dramáticos cheios de luz sem nem olhar duas vezes.
- Os palhaços lá da frente tem presas? - Caleb perguntou.
Foi apenas quando ele perguntou isso que eu percebi que nenhum deles já esteve no Circo antes. Eu tirei meu cinto de segurança e me virei para poder vê-lo no assento
no meio do carro. Ele estava sentado pressionado contra a porta com os ombros de Merle contra ele. Nathaniel estava do outro lado de Merle. Cherry e Zane estavam
no banco detrás com Gil. Micah estava sentado na frente comigo. Até sabermos que minha casa não era mais uma zona livre fogo nós manteríamos todos juntos. Rafael
havia mandado dois novos seguranças, mas eles tinham chegado logo quando estávamos de saída, e eu não iria fazer ninguém no Jeep sair do lugar. Eles nos seguiram,
nada felizes, mas obedeceram as ordens, o que era bom.
Eu respondi a pergunta de Caleb. - É, os palhaços rodopiantes em cima dos anúncios tem presas.
- Eu vi um pôster de zumbis sendo ressuscitados. Você faz isso? - Merle perguntou.
Eu balancei minha cabeça. - Eu não acredito em usar os dons de Deus para propósitos de entretenimento.
- Eu não quis te ofender. - Ele disse.
Eu dei de ombros. - Desculpa, eu fico um pouco sensível com merdas assim. Eu não aprovo um bocado de coisas que meus companheiros animadores fazem por dinheiro.
- Você levanta os mortos por dinheiro. - Caleb disse.
Eu assenti. - Sim, mas eu tenho mais recusado dinheiro do que aceitado.
- Recusado, por quê? - Ele perguntou.
Eu dei de ombros. - Um ricaço do pedaço queria fazer a sua festa de Halloween num cemitério para que eu pudesse levantar uns zumbis meia noite. Ou um cara que me
ofereceu um milhão se eu levantasse Marilyn Monroe e garantir que ela fizesse qualquer coisa que ele quisesse por uma noite. - Eu estremeci. - Eu disse a esse aí
que se eu sequer ouvisse um rumor que ele arranjou alguém pra fazer esse serviço, que eu colocaria a bunda dele na prisão.
Os olhos de Caleb estavam um pouco arregalados. Eu acho que eu o surpreendi. Bom saber que eu podia.
- Você é profundamente moralista. - Merle disse, o tom de sua voz parecia surpreso.
- Na minha própria versão, sim.
- Você se apega a suas regras não importa o que aconteça? - Merle fez disso uma pergunta.
Eu assenti. - Na maior parte do tempo.
- O que te faria quebrar seu código de conduta?
- Perigo ao meu pessoal, sobrevivência, o de sempre.
Os olhos de Merle passaram para Micah, sentado do meu lado. Foi um movimento pequeno. Se eu não estivesse olhando diretamente para ele, eu teria perdido.
- O que? - Eu perguntei, olhando de um para o outro.
Merle respondeu. - Você soa como o Micah.
- Você faz isso parecer algo ruim. - Eu disse.
Ele balançou a cabeça. - Não é ruim, Anita é ruim mesmo, apenas inesperado.
- Você ainda não parece muito feliz com isso. - Eu disse.
- Merle se preocupa demais. - Micah disse.
Eu olhei para ele, mas ele estava olhando o grande homem. Micah havia prendido seu cabelo para trás enquanto ele ainda estava molhado, então ele estava pregado contra
sua cabeça, totalmente reto até a parte do rabo de cavalo, onde os cachos ficavam caídos macios ao longo de suas costas. Seu cabelo parecia um veludo castanho contra
sua blusa cinza carvão.
- Com o que Merle se preocupa? - Eu perguntei.
- Em cuidar de mim, basicamente, e agora, eu acho, com você.
Eu olhei para o homem grande. - É com isso que está se preocupando?
- Algo assim. - Merle disse. Ele havia colocado uma camiseta limpa e branca por baixo de sua jaqueta jeans, mas tirando isso, ele estava usando a mesma roupa de
quando eu o vi pela primeira vez. Se ele usasse mais couro, ele pareceria com um daqueles motociclistas velhacos.
Micah se virou para mim. Sua blusa fez aquele som que seda faz contra assentos de couro. A blusa cinza escura tinha mangas curtas, era de abotoar e era fina. A cor
ressaltava o verde-dourado de seus olhos, fazendo sua pele parecer mais escura. Ele combinou a blusa com jeans preto, cinto preto com fivela prata, e sapatos sociais
pretos. Me ocorreu pela primeira vez que ele parecia estar vestido como se fosse em um encontro. Ele tinha se vestido assim para me impressionar ou impressionar
Jean-Claude? Era uma ocasião semi-formal para qualquer alfa conhecer um Mestre da Cidade. Mas especialmente um que eatava fodendo com a serva humana do Mestre. Eu
não tinha certeza de como lidar com toda essa situação. Jean-Claude tinha aceitado bem Micah na teoria, mas como ele iria reagir vendo ele ao vivo? Como Micah reagiria
vendo Jean-Claude?
Maldição, eu já tinha o suficiente pra me preocupar sem ter que fazer malabarismo com egos masculinos.
- Você está franzindo a testa de novo. - Micah disse.
Eu balancei a cabeça. - Não é nada. Vamos acabar com isso.
- Porque você não soa muito animada?
Eu estava com minha porta aberta quando me virei para dizer, - Nós estamos aqui para resgatar Damian. Eu não sei em que forma ele vai estar. Por que eu estaria animada?
- Eu sei que está preocupada com seu amigo, mas você tem certeza que é isso realmente está te incomodando?
Eu franzi a testa para ele. - Do que você está falando?
- Eu estou nervoso sobre conhecer o Mestre da Cidade, também.
Era quase como se ele tivesse lido a minha mente. Nós não nos conhecíamos bem o suficiente para ele realmente me ler, mas... ou ele era telepata, o que eu não acreditava
que era, ou ele podia me ler bem assim. Eu não tinha certeza qual desses pensamentos me incomodava mais.
Eu soltei o ar e meio que me deixei cair no assento. - É, eu estou um pouco nervosa sobre te apresentar para Jean-Claude. Ele estava tranqüilo sobre você sem te
conhecer, mesmo sabendo que estivemos juntos, mas te ver pessoalmente... - Eu tentei pensar em como dizer. - Eu não sei como ele vai se sentir sobre isso.
- Vai melhorar as coisas se eu prometer me comportar?
- Talvez, se você realmente conseguir.
- Eu consigo. - Ele disse, me dando um contato visual muito sério. Ele certamente passava sinceridade.
- Não me entenda errado, Micah, mas eu tenho sido terrivelmente desapontada recentemente pelos homens da minha vida. É meio difícil confiar que alguém consiga fazer.
Ele avançou para me tocar, então deixou sua mão cair como se algo em meu rosto não tivesse sido amigável. - Eu farei o meu melhor hoje a noite, Anita, isso eu posso
te prometer.
Eu suspirei. - Eu acredito em você.
- Mas, - ele disse.
Eu tive que sorrir. - Suas intenções são boas, minhas intenções são boas, as intenções de Jean-Claude provavelmente são boas. - Eu encolhi os ombros. - Você sabe
o que dizem sobre boas intenções.
- O meu melhor é tudo que eu posso oferecer. - Ele disse..
- E é tudo que eu posso pedir, mas vamos dizer que eu não sei exatamente como lidar com isso. Eu mal consegui lidar com Richard e Jean-Claude ao mesmo tempo, e agora
aí está você. Eu apenas não sei.
- Eu posso voltar para sua casa. - Ele disse.
- Não, Jean-Claude pediu para te conhecer.
Micah me olhou. - E isso te deixa nervosa.
Eu dei uma meia risada. - Oh, mas é claro.
- Por quê?
- Se Jean-Claude estivesse transando com mais alguém, eu não iria querer conhecer essa pessoa.
Micah deu de ombros. - Você acha que ele pretende me machucar?
- Não. - Eu disse. - Nada desse tipo. - Eu tentei colocar em palavras e não consegui. Talvez era apenas a minha falta de sofisticação. Como se apresenta o namorado
C para o namorado A, depois que o namorado A ter sido um jogador tão bonzinho, em compensação do namorado B, que não estava mais em cena? Ou talvez era o jeito que
Jean-Claude tinha pedido para conhecê-lo, - Traga o seu Nimir-Raj, ma petite, eu adoraria conhecê-lo.
- Por quê? - Eu perguntei.
- Não me é permitido conhecer o outro homem em sua cama?
Isso tinha me deixado vermelha. Mas ali estava Micah, e ali estávamos do lado de fora do Circo. Jean-Claude estava lá dentro, esperando. Eu estava na verdade com
mais medo de apresentar os dois do que estava preocupada com Damian. Se Jean-Claude não tentasse matar Micah, então eu preocuparia com Damian. Eu tinha 99% de certeza
que Jean-Claude não começaria uma briga. Era esse ultimo por cento que deixou um nó no meu estomago enquanto nos movíamos na escuridão.
Os dois novos guarda-costas vieram me escoltar enquanto eu seguia em direção a porta. Os dois mediam mais de 1.80, eram homens, e irradiavam ser guarda-costas durões.
Tirando isso, eles eram quase opostos. Cris (Sem h, é apelido de Cristiano) estava na beira dos 20 e poucos anos, sua pele era de um bronzeado dourado, seu olhos
de um tom pálido de azul.. Seu cabelo era de um tom claro de castanho, do tipo que muitas pessoas chamavam de loiro. Bobby Lee já passava dos 40 anos, tinha o cabelo
realmente curto, todo branco acinzentado, suas sobrancelhas ainda eram pretas em cima de seus olhos realmente azuis, como pedaços de safiras azul-água. Ele tinha
um bigode aparado e uma barba também reta, com pequenos pedaços começando a ficar grisalho entre eles.
Cris não tinha nenhum sotaque, mas a voz de Bobby Lee era densa de masculinidade, e duplamente do Sul.
Nathaniel tentou ficar perto de mim e Cris o manteve longe. - Ele está comigo. - Eu disse.
- Nós fomos ordenados a te manter em segurança. Eu não conheço ele.
- Olha, vocês dois, nós não temos tempo para maiores apresentações aqui. Ele é um dos meus leopardos, assim como os dois loiros. Micah é aquele de trança, e os dois
caras com ele são seus leopardos.
- Quem é o ruivo? - Bobby Lee perguntou.
- Gil, ele é um homem-raposa, e ele está sob a minha proteção também.
- Eles são como miras ambulantes. - Cris disse.
Eu franzi a testa para ele. - A maioria desses miras ambulantes são meus amigos, ou mais do que isso, pra mim. Se a merda acertar o ventilador e vocês me salvarem
ao custo da vida deles, vocês seguirão eles.
- Nossas ordens são de manter você em segurança, madame, ninguém mais. - Bobby Lee disse.
Eu balancei minha cabeça e puxei Nathaniel para o circulo dos meus braços. - O que Rafael faria se vocês protegessem ele mas deixasse seu povo ser destruído?
Eles trocaram um olhar entre si. Bobby Lee finalmente falou. - Depende da situação.
- É, talvez, mas eu estou armada, e eu posso cuidar de mim mesma na maior parte do tempo. Eu preciso de backup, não de interferência.
- Não nos disseram para ser backup - Bobby Lee disse.
- Eu sei, mas hoje a noite talvez pode haver uma certa soma de arrogância. Jean-Claude não me deixará ser machucada, mas ele poderá brincar com os outros, ou até
comigo. Não se sobressaltem a isso, ok.
- Você está fazendo com que não façamos nosso trabalho. - Cris disse.
Eu dei de ombros, abraçando Nathaniel contra mim. - Eu aprecio vocês estarem aqui. Eu aprecia a ajuda. Eu poderia estar morta nesse instante se Igor e Claudia não
estivessem comigo. Mas há pessoas que eu arriscaria a minha vida para manter a salvo, e algumas delas estão comigo hoje a noite. Tudo que estou dizendo é para ficarem
frios, não reagirem sem necessidade e não saquem as armas.
Novamente eles trocaram um olhar entre si. Eu suspirei. Bobby Lee estava usando uma jaqueta jeans sem mangas por cima de sua blusa. Cris usava uma blusa de manga
curta e uma regata extra grande por cima desdobrada, por cima de calças caqui. Estava quente demais para usar casaco. Mas eu mesma estava usando uma blusa preta
de seda aberta por cima de uma regata preta. Minha blusa estava dentro da calça e a Firestar 9mm na frente contra todo aquele preto. A maioria das pessoas não iriam
notar, preto no preto. Mas a blusa de manga cumprida estava escondendo armas e facas. Eu estava apostando que Bobby Lee tinha pelo menos uma arma por baixo de sua
jaqueta, provavelmente na parte de trás de suas costas, porque não havia nenhuma protuberância, menor de seja, embaixo de seus braços. Era difícil ver algo pelo
braço esquerdo de Cris. Ele tinha escolhido uma blusa com um monte de gravuras, estampas brilhantes distraiam o olho, mas um vento quente fez sua blusa de mover
para trás e eu pude pegar o vislumbre de seu coldre de ombro. Eu não tinha certeza do que estava por baixo da sua blusa desdobrada, mas eu estava apostando em pelo
menos mais uma arma na frente, assim como a minha.
- Vocês não podem atirar em ninguém hoje a noite a não ser que eu diga, isso está claro?
- Nós temos nossas ordens. - Bobby Lee disse. - E elas não são vindas de você.
- Então voltem para Rafael e diga a ele que eu recusei a ajuda.
Os olhos de Cris se abriram um pouco. A expressão de Bobby Lee jamais mudou. Aqueles olhos azuis bonitos estavam tão vazios como um copo, não havia nada ali. - Por
que está com tanto medo de nos deixar entrar? - Ele perguntou.
Eu suspirei de novo e tentei colocar em palavras que eles entendessem e que estava afim de compartilhar. Eu não consegui inventar nada hoje a noite, então eu decidi
pela verdade. - Eu estou prestes a apresentar meu Nimir-Raj para o Mestre da Cidade pela primeira vez.
- Vocês está fodendo com os dois? - Bobby Lee perguntou, e a frase parecia errada com aquele sotaque de Scarlett O’Hara.
Eu comecei a discutir ou ficar puta, mas deixei para lá. - Sim, estou, e estou um pouco preocupada sobre como essa apresentação vai ser.
- Você acha que o Mestre tentará matar seu Nimir-Raj? - Cris perguntou.
- Não, mas ele poderá querer brincar com ele, e a idéia de diversão e jogos de um vampiro podem ser um pouco singulares.
Bobby Lee riu. - Singulares, ela diz, singulares. - Ele riu de novo e soava morno e profundo e sonoro. A risada encheu seus olhos, os fazendo mais reais. - O que
ela está querendo dizer, Cris, é que estamos prestes a ser entretidos como quando os ratos conhecem as hienas. Um show de força sem perigo, mas um pouco desconfortável.
- Sim, o que ele acabou de falar.
Cris assentiu. - Então hoje a noite não vai ser pra valer.
- É pra valer. - Eu disse. - Mas apenas não será perigoso de um jeito que vocês conseguiram me proteger.
- Nós devemos proteger você e ponto. - Cris disse.
Bobby Lee deu um tapinha no ombro dele. - Nós não podemos protegê-la de sua vida amorosa, Cris. Nós devemos manter o corpo dela intacto, não o coração.
- Ah. - Cris disse, e ele pareceu muito mais novo de repente - com no máximo 20.
Bobby Lee virou para mim. - Nós vamos nos afastar, a menos que você esteja correndo realmente perigo físico.
- Estou feliz que tenhamos nos entendido.
Seus olhos ficaram vazios novamente, seu sorriso ainda em seus lábios. - Ah, nós não nos entendemos nem um pouco, madame, eu posso quase te garantir isso, mas nós
faremos o que fomos ditos a fazer, até que que decidamos não fazer.
Eu não gostei de como isso soou exatamente, mas, olhando em seus olhos vazios, eu sabia que era o melhor que eu ia ter.
48
As escadas que conduzem para o interior do Circo eram largas o suficiente para três pessoas pequenas andarem lado a lado, mas os degraus em si são desarranjados,
como se independente para quem os degraus foram originalmente construídos, não tivesses duas pernas, ou pelo menos não do tamanho humano.
Nós estávamos seguindo Ernie escada a baixo. Da primeira vez em que o vi ele tinha um desses cabelos longos raspados nas laterais. As laterais haviam crescido e
ele tinha cortado o restante, então os cabelos estavam com um corte padrão bastante curto, com um pouco mais em cima, então ele podia colocar gel deixando arrepiado,
como um executivo punk. O cabelo curto também deixou o seu pescoço nu, então se podia ver duas marcas de presas do lado direito.
Ele não estava alimentando Jean-Claude. Eu não acho que o mestre da cidade se alimenta-se de humanos mais, não quando ele podia ter Metamorfos. Mas haviam outros
vampiros sob o Circo e eles tinham que se alimentar também.
Micah andava ao meu lado. Merle, Bobby Lee e Cris tinham um desentendimento sobre onde exatamente eles iriam andar. Eles finalmente decidiram com Cris andando com
Ernie a nossa frente e Merle e Bobby Lee andando bem atrás de nós. Todos os outros seguindo atrás, inclusive Caleb. Nenhum dos guarda costas pareciam ligar a mínima
se outros viviam ou morriam. Eu estava quase certa de que essa coisa de guarda costas iria me irritar em breve, tipo essa noite.
A imensa porta de metal do final das escadas estava aberta, esperando. Ela normalmente era mantida trancada por motivos de segurança. Meu estomago deu um aperto
tão forte que doeu. Eu simplesmente não sabia como lidar com isso. Daria um beijo de oi no Jean-Claude? Tocaria o Micah na frente dele? Ah, inferno.
- Você falou alguma coisa? - Micah perguntou.
- Não de propósito - eu disse.
Ele me deu um olhar questionador, e isso me fez decidir. Eu ia me comportar como sempre. Eu iria fazer exatamente a mesma coisa como se o outro não estivesse lá.
Fazer qualquer outra coisa nos faria andar sobre fios de ovos. Além do mais, eu tinha sido cuidadosa com Richard e Jean-Claude, e veja como isso terminou. Eu não
queria os mesmos erros novamente. Talvez nós pudéssemos fazer alguns novos.
49
Haviam cortinas prateadas logo após a porta. Isso era novo. Ernie separou as cortinas e nos guiou a sala de estar de Jean-Claude. Em outra época, ela havia sido
preta com cortinas brancas, num espaço menor, mas agora estava banca, prata e dourada. Cortinas brancas, de pura seda, penduradas como um corredor que levava a algo
que parecia uma enorme tenda de conto de fadas. As paredes e o teto de pedras que eu sabia estarem lá, estavam completamente escondidos por metros e metros de tecido
prata e dourado. Era como estar no meio de uma caixa de jóias. A mesa de café tinha sido pintada de branco e dourado de uma maneira que a fez parecer antiga, ou
talvez ela fosse mesmo. Uma tigela de cristal estava acomodada no centro da mesa com um derramamento de cravos brancos e flores véu-de-noiva.
Um enorme sofá branco colocado contra as cortinas mais ao longe coberto com tantas almofadas douradas e prateadas que algumas tinham caído no carpete branco do chão.
Duas poltronas estavam nos cantos opostos, uma dourada, outra prateada, com almofadas brancas em cada uma.
A lareira parecia real, mas eu sabia que não era porque havia sido colocada depois, de qualquer forma era tudo que uma lareira deveria ter sido, com exceção que
estava pintada de banco. Tinha até uma nova moldura de mármore branca com veios dourados e prateados para combinar.
A única coisa que não havia mudado era a pintura acima da lareira. A primeira coisa que você via era Julianna, sentada, vestida de prateado e branco, com um meio
sorriso, cabelos castanhos em cachos feitos cuidadosamente. Asher em pé atrás dela vestido de dourado e branco, seu rosto ainda perfeito, seu cabelo dourado em cachos
maiores que os dela, seu bigode e cavanhaque num loiro tão escuro que era quase castanho. Jean-Claude sentado atrás de Julianna, o único dos três que não estava
sorrindo, solene, vestido de preto e dourado. Ele havia projetado a sala em torno da pintura - prateado e dourado e branco.
- Wow. - Caleb disse isso por nós todos.
Eu já tinha visto o senso de estilo de Jean-Claude antes, mas de vez em quando ele surpreendia até a mim. Então eu o senti vindo em nossa direção. Eu o senti e isso
não era uma coisa boa. Eu esperada raiva, ciúme, mas o que se movia em minha direção era simplesmente luxuria, necessidade. Ele podia barrar melhor do que isso.
Seria essa a minha punição, ser afogada em sua luxuria? Se fosse isso, ele havia me julgado mal, porque isso só ia me deixar puta.
Ele passou pelas cortinas brancas e prateadas, e por um momento que não consegui ver onde suas roupas começavam e o tecido terminava. Ele estava usando um fraque
prata com as bordas brancas, botões brancos. Sua blusa era como espuma branca, e as calças, o que eu podia ver delas, eram brancas, mas as botas de couro branco
cobriam suas longas pernas quase por inteiro. O couro parecia macio, maleável, mantido no local por pequenas fivelas prateadas que iam desde o começo do seu tornozelo
até a coxa.
Eu encarei porque não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Mesmo se ele não estivesse projetando sexo em minha cabeça, ele teria me feito pensar nisso. Seu cabelo
caia em curvas soltas até perto de sua cintura, um preto glorioso em todo aquele branco e prateado.
Bobby Lee disse - Bom, e você é tão bonito quanto uma pintura.
Jean-Claude nem olhou para ele. Ele olhava para mim, e eu estava andando em direção a ele através do carpete macio sem ao menos pensar, exceto que eu tinha que tocá-lo.
Ele fechou os olhos, levantou a mão - Não, ma petite, não chegue mais perto.
Eu hesitei por um segundo, depois comecei a andar novamente. Eu podia sentir o cheiro do seu perfume, doce, picante. Eu queria passar minhas mãos pelos seus cabelos,
envolver o cheiro dele em minhas mãos.
Ele cambaleou para trás, meio tropeçando nas cortinas. Havia algo como pânico em seu rosto. - Ma petite, eu pensei que podia protegê-la do ardeur, mas não posso.
Isso me fez parar. Eu franzi a testa para ele. Eu parecia não conseguia pensar. Isso me manteve onde eu estava, quase perto o suficiente para tocá-lo, mas não o
suficiente. - O que esta acontecendo Jean-Claude?
- Eu me alimentei essa noite, mas eu não alimentei o ardeur
- Isso é o que eu estou sentindo. - Eu disse. - O ardeur.
- Oui, eu estou bloqueando o mais forte que eu consigo, mesmo assim você esta sendo apanhada por isso. Isso nunca aconteceu antes.
- Seria porque eu tenho o meu próprio ardeur?
- Foi a única coisa que mudou, então sim, acredito que é isso.
- Você não vai estar em condições nenhuma para ajudar com Damian, não é?
Ele suspirou e olhou para baixo. - Eu preciso alimentar todas as minhas fomes, ma petite. Eu não tinha tanta dificuldade com o ardeur em séculos. Alguma coisa em
dividir isso com você me afetou. Eu não sabia que tinha mudado até sentir você entrar no prédio.
- Você está me dizendo que o seu controle é melhor quando está longe de mim?
Ele assentiu.
- Que diabos é esse arde-sei lá o que? - Bobby Lee perguntou.
Eu lancei um olhar para ele - Quando nós quisermos compartilhar, eu aviso.
Bobby Lee levantou suas sobrancelhas para isso, em seguida fez um pequeno movimento de empurrar. - Você é a chefe, ma’am... por enquanto.
Eu deixei isso passar e me virei de volta para Jean-Claude. - O que nós fazemos?
Nathaniel ofereceu uma sugestão. - O alimente.
Eu olhei para ele, e o olhar deve ter sido o suficiente, porque ele levantou as mãos e foi ficar próximo da lareira. Todos os outros haviam sentado, com exceção
de Gil, que estava encolhido no chão, atrás de uma das poltronas, segurando uma almofada.
Eu me virei para Jean-Claude, e foi a voz de Micah que me fez olhar pra trás de novo. - Eu vi Anita no-- - ele mudou o que quer que estava prestes a dizer - - sob
o controle do ardeur, e não se parecia com isso. Ela está calma de mais.
Jean-Claude olhou de mim para ele, vendo-o, eu acho, pela primeira vez, pelo menos em pessoa. Seu olhar viajou de cima a baixo pelo seu corpo, um olhar de avaliação,
como se ele estivesse pensando em comprar ou tentando insultá-lo deliberadamente.
Micah não percebeu o insulto ou estava imune a isso, porque ele começou a andar em nossa direção. Ele se moveu na corrente de seu próprio poder, como se até aqui,
cercado pelas coisas de Jean-Claude, ele estava supremamente confiante, totalmente à vontade. Ele se moveu como um dançarino, compacto, gracioso, forte. A visão
dele fez coisas se apertarem abaixo do meu ventre. Jean-Claude fez um som baixo. Eu comecei a me virar em direção a ele, mas já era tarde de mais, seus escudos quebraram
e o ardeur rolou através de mim. O calor correu pela minha pele, minha respiração parou, minha visão se foi em borrões de cores. A necessidade de Jean-Claude marchou
sobre mim, através de mim, dentro de mim. Aquilo gritava na minha cabeça, dançava abaixo pelos meus nervos, fluia pelas minhas veias. Naquele momento, se ele tivesse
pedido qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, eu teria dito que sim.
Minha visão voltou e eu encontrei Jean-Claude no chão, meio preso a um emaranhado de cortinas que ele havia puxado de seus ganchos, de modo que ele se sentou num
ninho de banco e prateado. Seu rosto estava quase preguiçoso pela necessidade, seu olhos alagados no fogo azul.
Eu estava de joelhos também, e não me lembrava de ter caído. Micah estava lá, pegando o meu braço, acredito que para me ajudar a levantar, mas no momento em que
ele me tocou o ardeur saltou e ele caiu no chão ao meu lado, como se alguém o tivesse golpeado com um martelo; suas pernas simplesmente pararam de segurá-lo. Ele
sussurrou. - Oh, meu Deus.
Os guarde-costas se moveram então, e eu tive que gritar. - Não! - Deve ter tido algo em minha voz, porque todos os três congelaram em câmera lenta. - Ninguém nos
toca. Ninguém. - Minha voz estava alta, frenética. Existia uma chance de que o ardeur pudesse se propagar para todo o ambiente, um toque por vez. Nós tínhamos problemas
suficientes sem isso.
Micah tinha soltado meu braço, suas mãos sem força em seu colo. Mas a ligação já tinha sido feita, e o ato de tocar ou não, não mudava isso.
Jean-Claude rastejou para fora da cama de tecido brilhante, devagar, cada movimento algo gracioso e perigoso. Ele nunca tinha parecido algo tão predatório como naquele
momento.
- Jean-Claude. - Eu sussurrei. - Não. - Mas eu não podia me mover. Eu o assisti como um pequeno passarinho fascinado pela serpente que está se aproximando. Capturado
entre o terror e a beleza dela.
Asher de repente estava lá, no espaço entre os tecidos. Jean-Claude congelou, mas não era aquela imobilidade que os vampiros antigos podiam ficar. Havia uma energia
pulsando nele, mais parecido com um grande gato prestes a atacar do que com algo frio como um réptil.
- Jean-Claude, você precisa controlar o ardeur melhor do que isso. - Ele estava de braços cruzados como se sentisse pelo menos um roçar disso. Ele notou os novos
rostos e usou um praticado balançar de cabeça para espalhar cabelos dourados em suas cicatrizes, revelando somente a parte perfeita.
A voz de Jean-Claude veio baixa e áspera. - Eu não consigo.
Eu estava com medo; que se transformou em puro terror. Eu olhei para cima para Asher e o vi através de um filme de todos os momentos que nós o tocamos, toda a beleza,
toda a beleza que eu ainda via. Eu suspirei.
- Ajude-nos.
Asher estava sacudindo sua cabeça. - Seu eu for arrastado para isso também, não vou ajudar ninguém.
- Asher, por favor!
- Uma vez que ele se alimente, tudo ficará bem, basta deixá-lo se alimentar.
Eu neguei com a cabeça. - Não aqui. Não dessa forma.
Micah disse, - Se isso vai ajudar, por que não deixar que ele se alimente?
Eu olhei para ele, e só de me virar para ele fez a minha boca se abrir, prender minha respiração. Era quase como se o ardeur lembrasse dele, como uma comida suculenta
que quisesse provar de novo.
Eu tentei duas vezes para dizer, - Você não entende.
Zane disse, - Anita não deixa Jean-Claude se alimentar dela. - Ele e Cherry estavam sentados no canto mais distante do sofá, assistindo com os olhos arregalados,
não chegando pero de nós.
- Eu pensei que ela era a serva humana dele. - Micah disse.
- Ela é. - Jean-Claude sussurrou isso.
Alguma coisa nessas duas palavras me fez olhar para ele, me fez encarar aquele brilhantes olhos azuis. Ele não podia mais me prender com o seu olhar, porque eu era
sua serva humana, mas essa noite havia algo magnético em seus olhos. Eu queria agarrar seu rosto entre minhas mãos, queria provar aqueles lábios semi-abertos.
- Anita! - A voz de Asher estremeceu ao meu redor, me fez olhar para ele.
- Ajude-me.
- Ele pode se alimentar de mim. - Micah disse, voz suave. Todos nós nos viramos e olhamos para ele.
Ele parecia um pouco menos seguro. Eu acho que alguma coisa que ele viu nos nossos rostos fez com que hesitasse, mas ele disse de novo. - Se um pouco de sangue vai
curar isso. Então eu estou disposto.
- Ele já se alimentou de sangue essa noite, - Asher disse. - Não é sangue que ele precisa, mas... voir les anges.
- Inglês, Asher, nem eu entendi essa. - Eu disse.
Ele balançou uma mão como se estivesse apagando o que havia dito. - Ele precisa de libertação, uma... - Ele disse um monte de coisas rápido em francês, eu não consegui
acompanhar. Asher estava em grande aflição, se seu inglês estava fugindo.
Eu fui cuidadosa de não olhar para Micah quando eu tentei explicar. - É o ardeur que Jean-Claude precisa alimentar.
- Ele precisa de sexo, não de sangue. - Nathaniel disse. Sua voz era suave, mas um olhar mostrou que estava parado o mais distante possível. Eu não podia culpá-lo
por isso.
- A primeira vez que você se alimentou de mim não foi sexo, só contato. - Ele disse.
Eu concordei, ainda tentando não olhar para nenhum dos homens. - Eu lembro.
- Constato está bem. - Micah disse.
Eu tive que olhar para ele, e a surpresa foi grande o suficiente que por um segundo eu quase me senti livre do ardeur, eu quase pude pensar. - Que tipo de contato?
- Contato sexual. - Seu rosto estava muito sério, olhos solenes, como se ele também pudesse pensar de novo. - Eu disse que faria qualquer coisa para ser seu Nimir-Raj,
Anita. O que eu preciso fazer para te convencer que eu falava sério?
- O que você está oferecendo, Micah?
- Qualquer coisa que você precise. - Ele olhou de mim para Jean-Claude. - Qualquer coisa que vocês dois precisem.
Eu senti a atenção de Jean-Claude aguçar, quase como uma força psíquica, e o ardeur estava de volta, grosso o suficiente para se afogar. Minha respiração parou em
minha garganta, meu pulso estava muito rapido para conseguir engolir. A voz de Jean-Claude veio, eu acho que na minha cabeça, porque os seus lábios nunca se mexeram.
- Seja cuidadoso com o que oferece, mon ami, meu controle está pobre essa noite.
Micah respondeu, como se ele tivesse ouvido Jean-Claude também. - Vocês eram um ménage a trois com o Ulfric. Ele se foi. Eu estou aqui, e vou ficar. Eu serei o Nimir-Raj
da Anita, o que quer que isso signifique.
Eu consegui dizer. - Quem disse que nós éramos um ménage a trois?
- Todo mundo -. Ele disse
Eu me perguntei quem todo mundo era, por que eu sabia que não era todo mundo.
Jean-Claude estava se movendo novamente, dolorosamente devagar, cada movimento tão cheio de energia, tão cheio de violência em potencial e graça, que quase doia
assistir. Isso fez meu pulso acelerar, meu fôlego difícil - fez meu corpo ficar úmido. Ah, merda, ah, merda, ah, merda.
- Jean-Claude, não. - Mas a minha voz era um suspiro.
Sua boca pairou sobre a minha, então seu rosto virou por um momento para Micah. Eu assisti os dois se olharem a centímetros de distancia e senti o poder pulsando
no ar entre eles. Jean-Claude se moveu tão lentamente para fechar a distancia entre eles que parecia câmera lenta. Micah ficou sentado, esperando. Não se moveu em
direção a ele, mas não se afastou também. Eu pensei a principio que eles tinham se beijado, depois algum truque de luz me deixou ver que havia uma pequena linha
de distancia entre suas bocas. Não se tocavam, ainda não. Eu assisti seus lábios tão terrivelmente perto, e parte de mim queria que eles se tocassem, mas Jean-Claude
manteve o seu lugar, se manteve assim até que Micah fechou os olhos, como se ele não pudesse suportar encarar aquelas orbitas brilhantes, como olhar para longe do
sol, muito claro para agüentar.
E mesmo assim Jean-Claude não fechou a pequena distancia. Era a distancia de uma respiração, um molhar de lábios e mesmo assim ele se segurou quase tocando, quase
lá, mas ainda não. A tensão cresceu, cresceu, cresceu até que eu quis gritar. Eu não percebi que havia me movido em direção a eles, até que ambos olharam ao mesmo
tempo e olharam para mim a centímetros de distancia. Meus olhos pulavam de um para o outro. Olhos como fogo azul; olhos como nuvens amarelo-esverdeado. Os olhos
de Micah cresciam cada vez mais verdes enquanto eu olhava, até que eles estavam um pálido, pálido verde, como as folhas na primavera. Ele focou em mim. Eu não podia
explicar isso, mas eu sabia que esses eram os olhos com o qual ele caçava, com o foco preciso, a pupila quase perdida na cor dos seus olhos.
Eu percebi que eu tinha empurrado o ardeur para trás. Eu estava atraída por ambos, mas eu podia pensar novamente, sentir alguma coisa além da queimação. Você pratica
um tipo de controle metafísico, e eu acho que isso te da uma vantagem sobre todos os outros. O alívio me fez sentir fraca, como se eu pudesse me encolher no chão
e dormir. Nós não iríamos cair uns sobre os outros como monstros devoradores de luxuria. Ebaa.
Eu me afastei devagar, engatinhando para trás. O olhar de Jean-Claude me seguiu, mas ele não fez nenhum movimento para me tocar. Havia algo na forma em que ele ficou
parado de quatro que me deixava saber que o ardeur ainda o comandava. Mas se eu pudesse me manter sem tocá-lo nós ficaríamos bem. Ele me assistiu, como um homem
faminto, que está assistindo sua primeira refeição em dias ir embora engatinhando. Mas ele jogou limpo, se manteve onde estava, deixou eu me afastar. Ele sabia as
regras. Micah não.
Ele tentou me tocar, e eu me joguei para trás no chão num borrão de velocidade que eu nunca tinha tido antes, mas Micah também não era humano. Ele me seguiu em um
movimento que era muito veloz para os meus olhos acompanharem, então ele estava em cima de mim antes que a minha mente pudesse ver que ele tinha se movimentado.
Foi mágico.
Ele estava congelado em cima de mim, seu corpo equilibrado sobre as mãos e os pés, quase como se ele estivesse fazendo flexão. Eu me estiquei, envolta dele, tentando
não tocá-lo. Eu tive tempo para falar, - Não, não -, então duas coisas aconteceram de uma vez. Micah deixou seu corpo cair sobre mim, e Jean-Claude agarrou a minha
mão esticada. Talvez ele tenha pensado que eu estava buscando por ele, eu não sei. Mas no momento que nós nos tocamos o calor correu sobre nós, através nós, e não
existia nada além da necessidade.
50
Nós nos beijamos, e foi como se tivesse derretido da boca para baixo. Minhas mãos deslizaram pela seda da blusa do Micah, e isso não era suficiente. Eu rasguei a
camisa, arranquei do seu corpo até que minhas mãos se espalharam pela sólida suavidade do seu peito, sua pele como cetim quente sob os meus dedos. Micah estava subitamente
me empurrando contra o chão, tão pesado. Eu abri meus olhos e encontrei Jean-Claude acima de nós, em cima do Micah, pressionando nós dois no chão. Eu tive um momento
para encontrar seus olhos, um momento para ver a raiva naquele fogo azul cego, então seus braços estavam em torno do Micah e ele estava arremessando o homem menor
para trás.
Eu sentei, assistindo eles rolarem pelo chão, lutando. Raiva, frustração e puro cansaço brotaram em mim até que não existia lugar para o ardeur. Eu estava cansada
de estar sempre lutando, tão cansada disso.
Eu senti o cheiro de sangue como uma cravejada quente através do centro do meu corpo; o cheiro era quase sexual. Isso foi o bastante. Eu tirei a Browning e olhei
em volta do cômodo. Por um milésimo de segundo, eu tive os dois no fim do canhão (na mira). Por um milésimo de segundo isso me ocorreu. Então eu movi a arma pelo
quarto, registrando pela primeira vez que não tinha restado ninguém no quarto além de nós. Bom saber que nós não tínhamos uma audiência. Eu apontei a arma para o
sofá branco estofado e disparei. Uma das pequenas almofadas brancas e prata quicou com o impacto. O barulho foi trovejante no cômodo de pedra, como se as pesadas
cortinas capturassem o som, segurassem isso ao nosso redor.
Eles congelaram. As mãos do Micah eram garras, retalhando as costas do Jean-Claude, porque isso era tudo o que ele conseguia alcançar. O rosto do Jean-Claude estava
enterrado no pescoço do Micah, seu corpo enrolado no dele, assim tudo que fosse vital estava escondido enquanto ele tentava rasgar fora a garganta do Micah.
Eu olhei para eles. - Parem com isso, parem com isso vocês dois, ou o próximo tiro será em um dos dois. Eu juro, por Deus, que eu vou atirar em vocês.
Jean-Claude levantou, sangue como uma poça carmesim sobre a sua boca, queixo, descendo pelo seu pescoço. Tinha tanto sangue, isso me fez ter medo de olhar para o
pescoço do Micah. As garras do Micah continuaram nas costas de Jean-Claude. Eu podia ver a tensão como se cada músculo estivesse posicionado para impelir as garras
mais profundamente.
- O Nimir-Raj me prende no lugar, ma petite. Eu não posso me mover.
- Micah, deixe-o se levantar.
Micah não se moveu, e eu acho que não poderia culpá-lo, mas… eu apontei a arma para sua cabeça porque esse era o único alvo limpo que eu tinha. Eu tive um pequeno
jorro de pânico que eu pudesse ter que puxar o gatilho, então uma calma brotou em mim, e eu fiquei nesse poço de silêncio, nesse ruído branco para onde vou quando
eu mato. Não existe sentimento aqui, não existe quase nada.
- Eu… vou… matar você, Micah. - Minha voz soou tão vazia como eu me sentia.
Micah virou sua cabeça vagarosamente para me olhar. Sangue derramou do lado esquerdo do seu pescoço até seu ombro, seu peito. Ele estava encharcado em seu próprio
sangue. Eu podia ver mais disso derramando, deslizando, mas não constante; o sangue era bombeado para fora com a sua pulsação. Merda.
- Deixe-o levantar, Micah, ele perfurou a sua carótida. - Eu abaixei a arma e comecei a diminuir a distância para eles.
Micah olhou para cima para o vampiro, ainda parado com suas garras no corpo do Jean-Claude. - Se eu morrer, eu quero que ele vá comigo.
- Isso deveria ser simples o bastante para um Nimin-Raj de seu poder curar uma ferida tão pequena, - Jean-Claude disse, ainda pressionado contra o corpo do outro
homem, intimamente.
Micah retirou as garras das costas do Jean-Claude. Jean Claude se moveu o suficiente para se suportar em suas próprias mãos. Eu vi Micah tenso um segundo antes do
seu braço balançar nessa velocidade inacreditável, muito, muito rápido. A garganta do Jean-Claude nem mesmo tinha começado a sangrar ainda quando a mão do Micah
estava de volta ao seu lado. Então sangue derramou como uma fonte da garganta de Jean-Claude.
- Cure isso, - Micah disse.
Eu fiquei ali, vendo eles dois sangrarem até a morte. Filho de uma cadela fodida.
51
Jean-Claude meio caiu, meio se moveu de cima do Micah. Sangue borrifando em uma chuva vermelha enquanto ele se ajoelhou de quatro, tossindo, como se tentasse limpar
sua garganta. Isso fez o sangue bombear mais depressa.
Eu gritei, primeiro sem palavras, depois eu pensei em algo melhor. Eu gritei, - Asher!
Micah já estava se enrolando em pelo negro, ossos deslizando para dentro e para fora, músculos se revolvendo em flashes de carne rosada. Ele tinha transformado e
curado a si mesmo, mas Jean-Claude não podia mudar.
Eu agarrei o braço do Jean-Claude, e no momento que eu o toquei as marcas abriram entre nós. Eu estava sufocando no meu próprio sangue, me afogando nisso. Mãos fortes
estavam escavando nos meus braços, dedos como pedra fria. Eu pisquei e encontrei o rosto do Jean-Claude resplandecendo como alabastro esculpido com uma luz branca
por dentro. Sua pele brilhava por trás da película de sangue na parte inferior do seu rosto, como rubis espalhados na frente de diamantes. Seus olhos eram piscinas
flamejantes de safira fundida, se o fogo puder ser frio, dolorosamente gelado. Um vento saltou do seu corpo, dos nossos corpos, e isso era o frio da sepultura que
dançava a nossa volta, fazendo nossos cabelos rodopiarem pelos nossos rostos. Nós estendemos esse poder para fora, para longe, para achar Richard, e como antes a
resposta veio contra a nossa pele. Jason ajoelhou ao nosso lado. Eu não tive tempo para me maravilhar por ele estar curado. Ele nos tocou e a marca que era Richard
chamejou pelo seu corpo, um calor para dançar com a nossa frieza. E eu soube que Micah estava ajoelhado atrás de mim, peludo e com garras. Eu o senti nas minhas
costas do mesmo modo que senti Jason, como se ele estivesse atado a nós.
Micah caiu para trás, gritando, - Nããoo! - A ligação foi cortada e por um instante eu oscilei, como se meu suporte tivesse sumido, então Nathaniel estava lá, e o
mundo era sólido outra vez.
Nós nos ajoelhamos, vinculados por carne, mágica e sangue. Eu vi a carne na garganta do Jean-Claude reconstruir, refazer, reformar, remodelar a si mesma até que
a carne ficou perfeita e branca, envolta por uma película de sangue fresco. Ele se curou tão rápido que o sangue não teve tempo para secar.
Eu senti o cheiro de rosas, não o fraco perfume de potpourri*, mas o espesso derrentendo-na-sua-língua, jardim antiquado de rosas, como se eu estivesse me afogando
na suavidade enjoativa delas. Era como ser mergulhado em mel sabendo que tem veneno nele.
Mel, olhos marrons cor de mel. Eu lembrei os pálidos olhos marrons cor de mel de Belle Morte. - Você sente o cheiro de rosas? - Eu perguntei.
Jean-Claude virou seus olhos inundados de azul para mim. - Rosas? Eu não sinto o cheiro de nada além do seu perfume, e pele. - Ele cheirou o ar, - E sangue.
Nathaniel e Jason estavam perdidos na maravilha do ímpeto de poder, mas ninguém sentiu o cheiro de rosas além de mim. Uma vez eu senti o cheiro de rosas quando certo
Vampiro Mestre estava usando sua magia. Meu amigo e companheiro animador, Larry kirkland, tinha sentido o perfume também, mas ninguém mais ao nosso redor tinha sido
capaz de sentir isso.
Eu olhei dentro dos olhos de Jean-Claude, não com a minha visão, mas com a minha mágica, e achei uma coisa, alguma coisa que não era ele. Isso era sutil. O que ela
tinha feito comigo mais cedo era como uma marreta no meio dos olhos; isso era como um estilete na escuridão.
Eu encontrei a linha do poder dela enrolada nele, e no momento em que minha magia, minha necromancia, atingiu isso, o poder desenrolou, abriu, e isso foi como uma
janela sendo escancarada. Eu a vi sentada no seu quarto iluminada por fogo e luz de velas, como se a eletricidade ainda não tivesse sido inventada. Ela estava usando
um vestido de renda branco, com todo aquele cabelo preto caindo em volta dela, e vasilha de rosas cor-de-rosa perto da sua mão pálida. Ela virou esses grandes olhos
marrons claro para mim, e eu vi a surpresa em seu rosto, o choque. Ela me viu ajoelhada com os homens, como antes eu a vi em frente a sua penteadeira com as rosas.
Eu a cortei fora, atirei-a para fora de Jean-Claude, como eu atirei-a para fora de mim mais cedo. Isso foi fácil porque ela não tentou possuí-lo, apenas mexer com
ele, ser aquela voz escura na sua orelha que o empurra um pouco além da borda.
Jean-Claude caiu repentinamente, como se estivesse tonto. Ele levantou seus olhos até mim, olhos que estavam tão normais como conseguem ser, seu usual azul meia
noite. Tinha medo na sua face, ele nem tentava esconder isso. - Eu pensei ter visto Belle sentada em frente ao espelho dela.
Eu assenti. - Você viu.
Ele olhou para mim e eu acho que apenas nossas mãos nele o impediram de cair. - Ela enfraqueceu meu controle sobre o ardeur.
- E seu controle do seu temperamento, - Eu disse.
- O que aconteceu? - Asher perguntou.
Eu olhei para cima para descobrir que todo mundo havia retornado ao quarto. - Algum desse sangue é seu, ma’am? - Bobby Lee perguntou.
Eu balancei minha cabeça. - Nem um arranhão em mim.
- Então eu acho que não entraremos na lista negra dos guarda-costas por deixar você sozinha com um metamorfo e um vampiro, para que eles pudessem lutar por você.
- Ele estava balançando a sua cabeça. - A próxima vez que você pedir para nós deixarmos você sozinha po a sua vida amorosa, nós não ouviremos você.
Eu balancei minha cabeça novamente. - Nós falaremos sobre isso mais tarde.
- Não ma’am, - ele disse, - nós não falaremos.
Eu deixei a discussão passar. Existe sempre tempo para lutar depois. Além disso, ele estava muito perto da razão. Se eu ficasse entre eles no momento errado, quem
sabe que acidente poderia ter acontecido?
Jean-Claude falou suavemente, voz urgente para o Asher. Eles estavam falando francês e eu ainda não conheço o suficiente para pegar mais de uma palavra aqui e ali.
Eu ouvi Belle, claramente, várias vezes.
Em inglês, Asher disse. - Você se lembra do Marcel?
- Oui. Ele ficou louco uma noite e destruiu toda a sua família.
- Incluindo seu servo humano, - Asher disse, - o que foi a causa de sua morte.
Os dois vampiros olharam um para o outro. - Ninguém nunca entendeu o que causou isso, - Jean-Claude disse.
- Tão casual, - Asher disse, - apenas duas noites antes da que ele deveria ter lutado com Belle pelo lugar dela no Conselho.
Jean-Claude pegou a mão que Asher ofereceu e deixou-o ajudá-lo a se levantar. Asher teve que firmar Jean-Claude com uma mão em seu cotovelo. - Tão casual que muitos
tentaram provar que ela tinha envenenado-o, ou algo assim, - Asher disse.
Jean-Claude assentiu, passando uma mão pelo seu rosto, como se ele ainda estivesse tonto. Eu não senti nada, como se minha necromancia me protegesse do que fosse
que Belle tivesse feito para ele. - O próprio conselho tentou provar a sua culpa e falhou, - Jean-Claude disse.
- Eles contrataram uma bruxa para olhar do ponto de vista mágico? - Eu perguntei. Eu fiquei de pé sozinha, tudo certo. Nathaniel e Jason ficaram de pé, de novo sem
efeitos colaterais, exceto pelo sorriso bobo do Jason, o que ele sempre tem depois de um ímpeto de poder.
Os vampiros olharam para mim. - Non, - Asher disse, - ninguém pensou sobre isso.
- Porque diabos não?
- Porque ma petite ela não deveria ser capaz de fazer o que ela fez com um Mestre da Cidade, mesmo um da sua linha de sangue. Que ela possa fazer isso a um Mestre
da Cidade que não é da sua linha de sangue deveria ser impensável.
- Impossível, - Asher disse.
- Eu penso que isso é realmente possível, - eu disse, - eu peguei ela no ato.
- Quem é Belle? - Micah perguntou na sua voz com rugido de leopardo.
Eu me virei para ele, vagarosamente, e alguma coisa deve ter aparecido na minha expressão porque Merle se moveu para frente dele, e de repente os dois homens-ratos
estavam alertas, começando a se mover para o meu lado. Eu não sei o que eu estava prestes a dizer, provavelmente algo realmente bravo, porque Micah falou na minha
frente.
- Ele atravessou minha jugular, Anita. Eu tenho o direito de me defender quando alguém tenta devorar minha garganta.
- Lembre-se que eu sou a serva humana dele. Ele morre, eu posso fazer o mesmo.
Ele espreitou ao redor de Merle, parando sobre suas pernas inclinadas e seus pés de gato. - Então eu tenho que supostamente apenas deixá-lo me matar?
- Não, - eu disse, - não, mas seu ferimento não era caso de vida ou morte. Você já provou isso. Não há um arranhão em você agora.
- Eu curei isso, sim, mas nem todo metamorfo poderia ter curado isso. Um ferimento feito por vampiro é muito parecido com prata, isso pode matar, e a maioria de
nós se cura desses ferimentos como se fôssemos humanos. - Ele estava muito perto de mim, esses olhos verdes e dourados cintilando com raiva. - Ele fez para me matar,
Anita, não pense que não.
- Ele está certo, ma petite, se ele não tivesse me segurado longe demais, eu teria rasgado sua garganta fora.
Eu me virei de volta para o Jean-Claude. - O que você está dizendo?
- Eu vi ele em cima de você, e eu estava me afogando em ciúmes. Eu queria causar dano a ele, ma petite. Ele se protegeu.
- Ele não precisava ter dado aquele ultimo golpe. A luta já tinha parado.
Jean-Claude olhou através de mim até Micah, e tinha alguma coisa na sua expressão - respeito, eu acho. - Se ele tivesse feito comigo o que eu fiz com ele, então
eu não teria escolha a não ser fazer meu ponto, - ele pareceu considerar várias palavras e escolheu, - firmemente.
- Firmemente? Ele esteve malditamente perto de rasgar sua garganta fora.
- Depois de eu ter feito o mesmo com ele.
Eu estava balançando minha cabeça. - Não, não, eu não…
- O quê, ma petite, você está realmente dizendo que se alguém rasgasse sua garganta, tentasse acabar com sua vida, você não teria atirado nele?
Eu abri a minha boca para argumentar, fechei, tentei de novo, e parei. Eu olhei para ele, depois de volta para o Micah, depois novamente para ele. - Bem, maldição.
- O Nimin-Raj fez o seu ponto, ma petite. Ele está disposto a ser amável até certo ponto - além desse ponto não há acordo.
Micah assentiu, e o movimento parecia desajeitado em seu corpo peludo. - Sim.
- Você tem a mesma regra, ma petite, do mesmo modo que eu. Nós três apenas temos diferentes lugares onde a linha é traçada. Mas a linha está lá para todos nós.
- Como vocês dois podem ser razoáveis sobre isso? Vocês dois quase mataram um ao outro há poucos instantes?
Eles olharam um para o outro, em torno de mim, de novo, e tinha alguma coisa naquele olhar. Isso era alguma coisa masculina e secreta, como se o fato de eu ser uma
garota significasse que eu não poderia entender isso, e eles não poderiam me explicar. O que explicava isso para mim.
- Oh, maravilha, que maravilha, vocês garotos quase matam um ao outro, e isso faz vocês amigos.
- Jesus, somente homens conseguem tirar amizade de algo como isso.
- Você é amiga do Mosieur Edward. Vocês dois não começaram tentando matar um ao outro? - Jean-Claude perguntou.
- Isso é diferente, - eu disse.
- Como?
Eu tentei argumentar, mas parei porque o que eu poderia dizer pareceu bobo. - Tudo bem, tudo bem, então o que, vocês dois se beijam e fizeram as pazes?
Eles olharam uma para o outro, e de novo tinha um peso nesse olhar, mas era um peso diferente. - Merda, - eu disse.
- Eu penso que nós começaremos nos desculpando, - Jean-Claude disse, - eu estou verdadeiramente arrependido pela minha perda de controle.
- Eu também, - Micah disse, depois adicionou, - e eu estou verdadeiramente arrependido que eu tenha que tentar e matar você. - Isso foi fraseado de um modo interessante,
não Eu estou arrependido por quase tê-lo matado, mas arrependido por ter que tentar e matar você. Eu estava vendo o vestígio de crueldade do Micah. Essa crueldade
não era muito maior que a minha própria, mas isso me aborreceu de qualquer jeito. Não estava certa do porque, mas aconteceu.
Eu não sabia o que dizer, então eu decidi seguir em frente, nós tínhamos outros negócios. - Você está bem o bastante para ajudar a tirar o Damian do seu caixão?
- Eu usei todas as minhas reservas, ma petite. Eu vou precisar me alimentar novamente. - Ele levantou uma mão. - Mas não o ardeur, meramente sangue.
Meramente, ele disse.
- Eu ofereci para deixar você se alimentar em mim mais cedo. A oferta continua de pé, - Micah disse.
- Não, Micah -, Merle disse.
Micah tocou o braço do homem mais alto, - Está tudo bem.
- Você não está com medo que eu vá tentar e dilacerar sua garganta de novo? Você deveria escutar seu guarda-costas.
- Você disse que tínhamos um entendimento.
- Isso é verdade.
Eles olharam um ao outro, e eu quase podia sentir o nível de testosterona subir.
Micah sorriu, ou tentou sorrir. Na forma de meio-leopardo isso era mais um rosnado de presas brancas em pelo negro. - Porém, na próxima vez que você me morder desse
jeito, é melhor que seja preliminares, ou eu vou matar você.
- Se isso satisfizer você, será meu prazer, - Jean-Claude disse. Ele riu então, esse som tocável, que acariciou minha pele, me fez arrepiar. Micah reagiu a isso
com olhos arregalados. Ele nunca tinha escutado Jean-Claude rir. Se ele pensou que a risada era algo especial, bem, o melhor verdadeiramente ainda estava por vir.
- Eu agradeço a você pela sua mais generosa oferta, - Jean-Claude disse, - mas eu prefiro a minha comida sem pelo.
- Sem problema, - Micah disse. Micah soltou o braço do Merle, e fez aquela extraordinariamente rápida mudança. Sua pele bronzeada pareceu absorver o pelo como pedras
afundando na água. Ele parou nu e perfeito, sem marcas da luta naquela pele macia. Nem suas roupas nem a presilha do seu cabelo tinham sobrevivido a mudança. Mas
estranhamente o cabelo caía reto ao redor do seu rosto, como se fosse afetado pelo fato que ele prendeu apertado enquanto ainda estava molhado. O cabelo ainda era
espesso, mas isso emoldurava seu rosto melhor, era menos irresistível, então você ainda poderia ver a estrutura óssea delicada, esses olhos surpreendentes.
Eu escutei alguém prender sua respiração, e não era eu. Eu não pensei que era Jean-Claude, mas eu não tinha certeza. Não importa, eu não queria saber.
- Você não está nem mesmo tonto, está? - Jean-Claude perguntou.
Micah balançou a cabeça.
Jean-Claude ergueu suas sobrancelhas, abaixou seus olhos, lutou para controlar sua face, até ele poder dar uma perfeita expressão em branco, mas isso levou poucos
segundos. - Eu vou limpar isso, - ele fez um aceno vago para suas roupas ensopadas de sangue coagulado, - antes de aceitar tal magnanimidade, tudo bem?
Micah deu um pequeno aceno com a cabeça.
- Você não vai toma banho de banheira, - eu disse.
- Eu serei rápido, ma petite.
- Você nunca tomou um banho rápido em toda sua vida.
Asher gargalhou, depois tentou suavizar isso, mas foi apenas parcialmente bem-sucedido. Ele estendeu suas mãos. - Mon cheri, ela está certa.
- Eu deveria tocá-lo pela primeira vez coberto com isso?
O rosto do Asher ficou sóbrio instantaneamente, como alguém que tivesse desligado um interruptor. Ele virou esse rosto sério, em branco para olhar fixamente para
o Micah que olhou de volta. Se ele estava inconfortável pelo escrutínio, não pareceu.
Asher suspirou. - Eu suponho que não.
- E o que se supõe que nós faremos pela hora que levará para você ficar de molho na banheira? - Eu perguntei.
- Eu serei rápido, ma petite, minha palavra.
Eu cruzei os meus braços no meu estômago. - Eu acreditarei nisso quando eu ver isso.
- Ma petite, eu dei minha palavra.
- Nas coisas importantes, sua palavra é ótima, mas quando se trata de se enfeitar; você não tem noção do tempo.
- Eu pensei que isso era uma fala masculina, - Bobby Lee disse.
Eu olhei para ele de relance e de volta para o vampiro. - Se eu existo então não pode ser comprovado.
Bobby Lee riu, mas ninguém o acompanhou.
52
Eu sentei no sofá branco com seu buraco de bala novinho em folha. Micah sentou ao meu lado e como ele estava nu, isso era... interessante. Desconfortável e meio
que excitante tudo ao mesmo tempo. Ele continuava insistindo em tentar falar comigo e eu descobri que era difícil manter contato visual, e isso era embaraçoso.
Bobby Lee e Cris ficaram perto de mim, pairando atrás e de um lado, porque eu os fiz se moverem de trás de mim. Eu simplesmente não gosto de pessoas armadas nas
minhas costas, não ao menos que eu os conheça realmente bem. Os homens-ratos estavam ali para me proteger. Eu acreditava que eles iriam fazer o trabalho, porque
Rafael disse para eles fazerem, mas eu ainda não os queria em pé armados nas minhas costas. Merle descansava perto da lareira, mantendo um olho no Micah e o outro
nos guarda-costas. Gil estava se escondendo no canto, ou quase - não é um cara estável - os outros circulavam em torno da sala. Exceto Asher.
Ele estava sentado em uma cadeira oposta ao sofá e nos assistia. Ele tinha espalhado aquele glorioso cabelo sobre seu rosto para que somente o lado perfeito estivesse
visível e somente um olho azul pálido nos olhava. Seu rosto não mostrava nada, mas eu podia sentir o peso de seu olhar, como uma mão empurrando. Seu rosto talvez
não mostrasse nada, mas ele estava nos dando atenção até de mais.
Eu talvez tivesse perguntado por que, mas Jean-Claude caminhou através da abertura nas cortinas. Eu tive que checar meu relógio. Somente vinte minutos tinham passado.
Eu estava namorando ele por quase três anos; uma limpeza de vinte minutos era nada menos que um milagre. É claro, seu cabelo escuro ainda estava molhado e pesado;
ele não teve tempo de secá-lo. Ele estava usando um dos meus robes favoritos, o preto com uma pelagem preta nas bordas. A pelagem esboçou uma maravilhosa extensão
do perfeito peito pálido. O robe estava aberto o suficiente que a cicatriz de queimadura em forma de cruz mostrava e conforme ele deslizava pela sala você tinha
vislumbres da parte superior de seu estômago através da pelagem. O robe estava frouxamente amarrado, não inteiramente do jeito que ele costumava usá-lo.
Ele tinha aquele sorriso em seu rosto que dizia que ele sabia que parecia maravilhoso e ele sabia exatamente que efeito tinha em mim, então seu olhar deslizou para
o Micah. Eu estava perto o suficiente para ver o pulso do Micah se acelerar, pulando debaixo do pulso de seu pescoço. Ele tentou encontrar os olhos do Jean-Claude,
mas finalmente teve que olhar pra baixo e ele corou.
A reação dele fez o meu pulso se acelerar. Eu olhei de volta para o Jean-Claude caminhando em nossa direção, pegando um vislumbre de seus pés pálidos debaixo do
robe preto contra o tapete branco. O olhar em seu rosto era todo para o Micah. Me fez ficar sobre um joelho, minha bunda contra o braço do sofá. Eu me senti estranhamente
possessiva, como se eu tivesse que estar defendendo a honra de Micah. Eu nunca tinha me sentido assim com o Richard e o Jean-Claude, mas até então, o Jean-Claude
nunca tinha olhado para o Richard desse jeito. Porque Richard o teria machucado.
Micah tinha quase matado o Jean-Claude por causa de um insulto que o Richard não teria brigado de volta, e ainda ele sentava corando, desconfortável, mas não bravo.
Jean-Claude estava em pé na nossa frente, tão perto que a borda de pelagem do robe esbarrava na perna nua de Micah. - Você mudou de idéia, mon minet?
Micah balançou a cabeça e então levantou seu rosto para olhar o vampiro. Havia tanto vulnerabilidade quanto aviso naquele olhar. - Eu não mudei de idéia.
- Bom - Jean-Claude ficou de joelhos na frente dele. - Você é poderoso em sua própria maneira e você não é meu animal para chamar. Eu posso não ser capaz de encobrir
sua mente para fazer isso sentir prazeroso. Você pode ser capaz de me manter fora da sua mente.
Micah acenou, o cabelo grosso caindo em torno de seu rosto. - Eu entendo.
- Você tem uma preferência de onde o sangue é tomado?
- O pescoço dói menos, - Micah disse.
Jean-Claude levantou uma sobrancelha. - Você já fez isso antes?
Micah deu um pequeno sorriso que conseguiu não ser feliz. - Eu já fiz muitas coisas antes.
Jean-Claude levantou as duas sobrancelhas com isso e olhou ara mim. Eu dei de ombros.
- Muito bem, mon minet. - Ele levantou em um movimento gracioso, balançando o robe em torno dele como um vestido, dando o menor vislumbre de pernas nuas conforme
ele caminhava para trás do sofá. Ele parou justamente atrás do Micah, colocando uma mão nos dois ombros. Ele não acariciou ou apertou, apenas descansou suas mãos
naquela lisa e quente pele por um momento.
- Vai logo com isso, - Merle disse.
Micah virou sua cabeça para olhar para o outro homem-leopardo. - Merle. - Uma palavra, mas fez com que o homem grande se inclinar mais fortemente na lareira, os
braços cruzados sobre seu peito, o rosto carrancudo, um guarda-costas muito infeliz. Mas ele fez o que lhe foi dito.
Jean-Claude deslizou um braço em torno da frente dos ombros do Micah, através da parte superior de seu peito. Ele usou sua mão livre para alisar o cabelo do Micah
para trás, expondo o lado de seu rosto e a longa linha branca de seu pescoço. Micah moveu sua cabeça um pouco para o lado, dando ao Jean-Claude um ângulo melhor.
O pequeno movimento foi como uma mulher indo para as pontas dos pés para um beijo, um movimento cooperante.
- Talvez poderíamos tem um pouco de privacidade, - eu disse e isso fez que os dois homens me olhassem.
- Como você desejar, ma petite. - Todos saíram, exceto Merle, Bobby Lee e Asher. Eles eram o mínimo que poderiam ser precisos para nos manter de matar uns aos outros.
Depois do que quase aconteceu, eu realmente não podia elaborar um bom argumento para nos deixar completamente sozinhos. Quando todo mundo se ajeitou, Jean-Claude
retornou para o Micah.
Os dedos do Jean-Claude acariciaram o cabelo do Micah, assim ele ficou atrás da orelha, expondo inteiramente o lado de seu rosto, o formato de sua orelha. Ele pressionou
a parte de trás da cabeça do Micah gentilmente contra seu peito, trazendo o pescoço exposto em uma linha mais longa. Micah estava completamente passivo, os olhos
fechados, o rosto sereno; somente o pulso em seu pescoço batendo como uma coisa presa o entregou à mentira para aquela calmaria toda.
Jean-Claude se inclinou sobre ele, os lábios se abrindo, mas até mesmo nessa distância eu peguei apenas o menor vislumbre de dentes. Ele o mordeu, afiado, súbito.
Micah arfou, a respiração presa na garganta. O aperto do Jean-Claude se fez mais forte na cabeça do Micah, seus ombros, o pressionando contra seu corpo. Eu podia
ver os músculos da boca do Jean-Claude trabalhando, sua garganta engolindo convulsivamente. Um deles estava fazendo pequenos sons em sua garganta e eu não tinha
certeza de quem era.
Jean-Claude recuou, levando o Micah com ele, o trazendo metade sobre o sofá. Micah gemeu, as suas mãos indo para o braço do Jean-Claude, segurando enquanto o vampiro
balançava seu corpo para trás. Jean-Claude moveu sua mão do rosto do Micah para sua cintura, como se ele soubesse que o outro homem não se afastaria agora. Ele segurou
o Micah, braços através de seu peito e cintura, as mãos do Micah no braço do Jean-Claude. Ele esticou o corpo do Micah para trás como ele tinha alongado o pescoço
do homem antes, para que o corpo de Micah se mostrasse em uma longa, perfeita linha, as costas curvadas contra o corpo do Jean-Claude, de maneira que ambos estavam
inclinados para trás.
Eu fui deixada ajoelhada no sofá, encarando a linha do corpo nu de Micah, vendo sem dúvidas que o que estava acontecendo estava deixando seu corpo muito feliz. Seu
rosto estava deleitoso com necessidade, prazer. Suas mãos convulsionaram sobre o braço do Jean-Claude e ele meio que gritou, meio que exclamou, - Deus!
O corpo do Jean-Claude começou a se endireitar, lentamente. Ele afrouxou o Micah de volta sobre o sofá. Ele levantou sua boca do pescoço do Micah; seus olhos estavam
um azul profundo, desfocados, não humano. Seus lábios estavam cheios, vermelhos, mas não com sangue derramado, vermelhos como alguém que esteve beijando muito. Ele
libertou o Micah lentamente, deixando seu corpo deslizar contra o encosto do sofá, até que o homem-leopardo meio que desmoronou de lado. Sua cabeça se derramou em
meu colo e eu pulei. Micah levantou sua cabeça, lentamente, pesadamente. Ele se ergueu em um braço e virou seus olhos desfocados para mim. Suas pupilas estavam enormes,
derramando o preto no circulo de seus olhos verde-amarelados. Eu assisti suas pupilas diminuindo a pequenos pontos, de maneira que a cor quase dominou completamente,
como um olho de vampiro. Eu podia senti-lo me encarando, o peso do seu olhar como algo se empurrando contra mim. Ele se inclinou sobre mim, lentamente, os lábios
meio apartados.
Eu fiquei onde eu estava, congelada, incerta do que fazer. Não era que ele era menos amável do que ele foi. Era apenas... oh, inferno, eu não sabia o que fazer.
Eu nem mesmo sabia o que eu queria fazer.
- Você não precisava tirar o Damian de seu caixão? - A voz do Asher veio seca, me fazendo afastar do Micah.
Jean-Claude rosnou para ele, parecendo menos humano do que o tempo todo que ele estava se alimentando.
Asher se levantou em um movimento fluido, como uma marionete puxada por cordas. - Tudo bem, mas se vocês vão ter sexo, então eu não tenho que assistir.
Eu levantei, as mãos do Micah deslizando pelo meu corpo enquanto eu me afastava do sofá. Eu encarei o Asher. - Olha, eu estou tão longe da minha zona de conforto
no momento que eu não posso pensar, mas eu vou te dizer uma coisa. Eu não vou salvar seu ego masculino enquanto a pequena voz no meu cérebro ainda está gritando,
fuja, fuja. Então, ponha essa atitude no gelo, Asher, eu não posso lidar com isso nesse momento.
Ele estava de repente vibrando de raiva, seus olhos uma piscina de azul gelo. - Sinto tanto que meu desconforto a irrita.
- Vá se foder, Asher.
Ele estava de repente se movendo para frente um borrão de velocidade. Eu recuei tão rápido que cai contra o sofá. O Micah me pegou ou eu teria caído no chão. Eu
tive o tempo de sacar uma arma ou uma faca, mas eu nem mesmo tentei. O Asher não estava tentando machucar meu corpo, apenas meus sentimentos. Ele inclinou a parte
de cima do corpo, pairando sobre mim e Micah, apesar de que eu creio que essa parte foi acidental. Ele colocou uma mão em cada lado de nós e se inclinou sobre meu
rosto, tão perto que tive que me afastar para focar naqueles gélidos olhos azuis. - Não ofereça coisas que você não está disposta a fazer, ma cherie, por que isso
é irritante.
Ele levantou-se bruscamente e saiu da sala.
A voz de Micah era suave. - O que foi tudo isso? - Suas mãos estavam imóveis em meus braços, meio que me segurando, protetor.
Eu balancei minha cabeça. - Pergunte ao Jean-Claude. - Eu me pus de pé. - Eu vou pegar o Damian.
- Eu irei acompanhá-la, ma petite.
- Ótimo. - Eu começei a andar. Eu podia sentí-los me seguindo, sentir os dois atrás de mim. Eu quase virei para ver se eles estavam de mãos dadas, mas se eles estavam,
eu não estava pronta para ver isso.
Bobby Lee trilhou atrás sem uma palavra. Cara esperto.
53
O quarto era de paredes de pedra. Não havia pretensão de conforto. Era a versão de prisão dos vampiros, e parecia com uma. Havia meia dúzia de caixões sobre plataformas
elevadas com correntes de prata ao redor deles, esperando para serem erguidos e trancados no lugar com cruzes. As únicas cruzes no quarto estavam em dois caixões
fechados? Dois? Dois caixões acorrentados. Damian estava em um. Quem estava no outro?
- Qual deles é o seu garoto? -, Bobby Lee perguntou.
Eu balancei minha cabeça. - Não sei.
- Eu pensei que você supostamente era o mestre desse garoto.
- Essa é a teoria.
- Então você não deveria saber dizer qual caixa é qual?
Eu olhei para ele, dei um pequeno aceno. - Ponto. - Eu olhei de volta para a porta, mas ela ainda estava vazia, apenas nós. Eu não sabia para onde todo mundo tinha
ido, e eu estava tentando muito não especular no que é que tinha distraído o Micah e o Jean-Claude.
Eu tentei me concentrar em quem estava nos caixões, mas não podia. Uma vez eu pude sentir Damian mesmo antes dele levantar de seu caixão, mas eu não sentia nada
de ambos, exceto que havia vampiros neles. Eu fui para o caixão mais perto. A madeira era pálida e lisa. Não o mais caro, mas também não o mais barato, pesado, bem
feito. Eu passei minhas mãos pela madeira lisa, dedos acariciando a frieza das correntes. Alguma coisa bateu contra a tampa do caixão. Eu pulei.
Bobby Lee riu.
Eu franzi a testa para ele, então me virei de volta para o caixão, mas eu não estava tocando nele mais. Eu sabia que isso não era possível com uma cruz abençoada
presa na tampa, mas eu tinha essa imagem inesperada de um braço rasgando a madeira e me agarrando. Supostamente o Damian estava homicidamente louco. Melhor cautelosa
do que morta.
Eu coloquei minhas mãos um pouco acima do caixão, sem tocar. Eu chamei minha necromancia, como se respirando fundo, e a soprei através do meu corpo, não exatamente
pelas minhas mãos, mas em toda parte. A necromancia era parte do que eu era, não apenas quem eu era. Eu comecei a empurrar o meu poder no caixão, mas ele foi puxado
para dentro, como água caindo em um buraco. A água cai porque a gravidade a puxa para baixo, e não há como parar, é natural, automático. Minha necromancia derramou
naquele caixão, e em Damian. Eu senti ele deitado no escuro, seu corpo pressionado contra o fino cetim. Eu vi os olhos dele olharem nos meus, senti algo queimar
dentro dele, algo que reconheceu o meu poder, mas eu não conseguia sentir ele. Não havia nenhuma personalidade ali, nenhum Damian. Eu sabia que era ele, mas não
havia pensamento nele, nada além da minúscula faísca de reconhecimento, e quase nem isso. Eu tentei conciliar a coisa que eu senti ao que eu sabia que Damian tinha
sido, e era como se ele havia se tornado algo mais. Eu fiz uma rápida oração, e eu nem mesmo me senti estranha rezando a Deus por causa de um vampiro. Eu tive que
desistir de minhas idéias estreitas de Deus há muito tempo, ou desistir da igreja e tudo o que eu gostava na minha religião. O acordo era: se Deus estava ok com
o que eu estava fazendo, então eu tinha que estar também.
- Onde está todo mundo? -, Eu perguntei em voz alta, então Bobby Lee respondeu.
- Eu não sei, mas se você vier comigo, vamos procurar.
Eu balancei a cabeça olhando para o outro caixão. Quem estava lá dentro trancado no escuro? Eu tinha que saber, e se eu pudesse, eu iria tirá-lo. Eu não aprovava
a tortura, e ser trancado em um caixão onde você nunca iria morrer de fome, mas sempre estaria com fome, nunca morreria de sede, mas queimaria com a necessidade
de líquido, estar preso em um espaço tão pequeno que podia nem se virar de lado, eram todas boas definições de tortura em meu livro. Eu gostava mais dos vampiros
de Jean-Claude e eu não iria deixá-los assim, não se eu pudesse persuadi-lo de que tinham sido punidos o suficiente. Eu era muito teimosa sobre coisas como essas,
e Jean-Claude estava querendo me agradar agora. Eu provavelmente tiraria quem quer que fosse para fora. Eu faria o meu melhor. Mas quem era ele? Confesso, havia
vampiros que eu faria mais de um esforço para salvar, assim como pessoas.
Eu fui ficar ao lado do outro caixão e empurrei minha magia nele. Eu tive que empurrar dessa vez, não era como Damian. Quem quer que estivesse na caixa não me dava
boas vindas. Não era ninguém com quem eu tinha uma conexão. Eu senti alguma coisa, e eu sabia que era uma espécie de morto-vivo, mas não se pareceu como um vampiro.
Parecia mais vazio do que isso. Estava totalmente escuro lá fora, deveria ter tido movimento, vida, de alguma espécie, mas não havia nada. Eu empurrei mais para
dentro da coisa, e encontrei um pulso fraco de resposta. Era como se o que quer que estivesse lá estava muito mais morto do que vivo, mas ainda não verdadeiramente
morto.
Um som me virou para a porta. Jean-Claude deslizou para o quarto, o seu roupão amarrado apertado agora, como um sinal de que ele estava pronto para começar os negócios.
Ele estava sozinho.
- Onde está o Micah? -, Eu perguntei.
- Jason o levou pra pegar algumas roupas. Eles devem ser capazes de encontrar algo que sirva nele.
- Quem está nesse caixão? - Eu quase disse o que, mas eu estava apostando que era um vampiro, apenas não como um que eu tenha sentido antes.
Seu rosto já estava cuidadoso, neutro. - Eu penso, ma petite, que você tem o suficiente para estar preocupada com Damian?
- Você sabe e eu sei que não vou me mexer até que eu saiba quem está aqui -.
Ele suspirou. - Sim, eu sei. - Ele na verdade olhou para o chão, como se ele estivesse cansado, e porque seu rosto não mostrou nada, o gesto parecia semi-acabado,
como uma má atuação. Mas eu sabia que ele estava dando duro para manter qualquer coisa fora de seu rosto, apenas deixar seu corpo trair significava que ele estava
muito infeliz. O que significava que eu realmente não iria gostar da resposta.
- Quem, Jean-Claude?
- Gretchen -, disse ele, finalmente encontrando meus olhos. O rosto dele não me disse nada, uma palavra vazia.
Uma vez Gretchen tinha tentado me matar porque ela queria Jean-Claude para ela mesma. - Quando ela voltou pra cidade?
- Voltou? - Ele deu aquela pequena cadência que fez disso uma pergunta.
- Não seja modesto, Jean-Claude. Ela voltou para a cidade e ainda queria o meu sangue, e você a colocou aqui, então quando?
Seu rosto se tornou como uma escultura, exceto que tinha menos movimento nela. Ele estava se escondendo tanto de si mesmo quanto ele podia, e os escudos eram como
armadura. - Eu digo novamente, ma petite, ela não tinha ido a lugar algum -.
- O que é que isso quer dizer?
Ele olhou para mim com aquele rosto perfeito, tão ilegível. - Isso significa que a partir do momento em que você me assistiu colocar ela no caixão em meu escritório
no Prazeres Malditos, ela tem estado sempre aqui.
Eu pisquei, franzi o rosto, abri minha boca, fechei, tentei mais uma vez, falhei. Eu devo ter parecido como um peixe fora d’água, porque eu não conseguia pensar
em uma maldita coisa a dizer. Ele apenas ficou ali, sem ajudar.
Eu encontrei a minha voz, e era sem ar. - Você está dizendo que Gretchen tem estado em um caixão por dois, não, três anos?
Nenhuma sensação de movimento nele ao todo, como se, se eu desviasse o olhar, eu nunca encontraria ele novamente, ele ficaria invisível.
- Me responda, maldição! Ela tem estado em um caixão por três anos?
Ele deu o menor dos acenos.
- Jesus, Jesus. - Andei pelo quarto, porque se eu não fizesse algo físico, eu ia bater nele ou começar a gritar. Eu finalmente acabei em pé na frente dele, mãos
em punhos ao meu lado. - Seu bastardo. - Minha voz era um sussurro rouco, espremido para fora da minha garganta, porque fazer qualquer outra coisa teria me feito
discutir com ele.
- Ela tentou matar minha serva humana, que eu também amava. A maioria dos mestres teriam simplesmente matado ela.
- Teria sido melhor que isso -, Eu disse, a voz ainda um sussurro sibilante.
- Eu duvido que Gretchen concordaria.
- Vamos abrir o caixão e ver - Eu disse.
Ele balançou a cabeça. - Não essa noite, ma petite. Eu sabia que você se sentiria desse jeito, e nós podemos tentar libertá-la, embora eu tenha pouca esperança para
isso.
- O que é que isso quer dizer?
- Ela não era a mais estável das mulheres quando ela entrou. Isso não terá reforçado sua compreensão da realidade.
- Como você pode ter feito isso com ela?
- Eu lhe disse antes, ma petite, ela mereceu sua punição.
- Não três anos -, Disse eu. Minha voz estava começando a soar normal novamente. Eu não ia bater nele, ótimo.
- Três anos para quase matar você. Eu poderia deixar ela ai mais três anos, e não seria punição suficiente.
- Eu não vou discutir se a punição foi justificada ou excessiva, ou qualquer coisa. Tudo o que posso dizer é que eu a quero fora dai. Não vou deixar ela ficar lá
mais uma noite. Não sobrou quase nada agora.
Ele olhou para o caixão. - Você não abriu, como você sabe o que está dentro?
- Eu queria saber como Damian estava. Eu usei um pouco de magia para explorar o que estava dentro de dois caixões.
- E o que você descobriu? -, Ele perguntou.
- Que a minha necromancia reconhece Damian. Que Damian não está lá. É como se a personalidade dele estivesse ausente. O que quer que seja que faz dele, ele, está
desaparecido.
Jean-Claude assentiu. - Com os vampiros que não são mestres fortes e nunca serão, muitas vezes é o Mestre da Cidade, ou o criador deles, que lhes permitem existir
como presenças fortes. Corte isso deles, eles geralmente desaparecem.
Desaparece, foi do que ele chamou, como se ele estivesse falando de cortinas que tinham estado na luz do sol por muito tempo, em vez de um ser vivo. Bem, uma espécie
de ser vivo.
- Bem, a Gretchen está muito alem de desaparecer. Não restou quase nada. Nós deixamos ela mais uma noite e ela pode não estar lá.
- Ela não pode morrer.
- Talvez não, mas o dano... -. Eu balancei minha cabeça. - Nós temos que tirar ela agora, esta noite, ou podemos muito bem colocar uma bala nela.
- Deixe Damian por mais uma noite, e eu vou concordar em libertar a Gretchen.
- Não, - Eu disse. - Damian é como um desses vampiros selvagens. Quanto mais tempo ele estiver assim, maior a possibilidade de que ele nunca será qualquer outra
coisa.
- Você realmente acredita que mais uma noite irá danificar ele irremediavelmente? -, Jean-Claude perguntou.
- Eu não sei, mas sei que se eu esperar até amanhã à noite para tirar ele e os danos forem permanentes, eu vou sempre me perguntar se uma noite extra fez a diferença.
- Então temos um problema, ma petite. Um banho quente está sendo preparado agora para um vampiro liberado. Nós só temos um local adequado aqui no Circo para tal
recuperação.
- Por que um banho? -, Eu perguntei.
- Eles devem ser trazidos de volta à vida, ao calor. O processo deve ser feito com cuidado, ou o risco é de uma morte verdadeira.
- Espere um minuto. Um vampiro pode estar trancado no caixão para sempre e nunca morrer, mas tirá-los de lá pode matá-los? Isso não faz sentido.
- Eles se ajustaram ao caixão, ma petite. Trazê-los para fora após um período de tempo é um choque para o sistema deles. Tenho visto vampiros morrerem por isso.
Eu sabia que ele não iria mentir, ele estava muito infeliz em ter que dizer isso. - Então, nós jogamos os dois na mesma banheira, nada demais.
- Mas é demais, ma petite. A atenção e o poder necessários para trazer um volta não deve ser dividido entre eles. Vai levar tudo o que eu tenho que trazer um de
cada vez de volta. Eu não posso dividir meus esforços sem arriscar ambos.
- Eu sei que você fez Gretchen, mas você não fez Damian. Seus laços com você como Mestre da Cidade se quebraram quando ele se tornou meu, então você não é o mestre
dele de qualquer maneira. Eu sou.
- Sim -, Ele disse.
- Então não é o meu trabalho trazer Damian de volta - minha conexão mística com ele, não a sua?
- Se você fosse verdadeiramente mestre dele, outro vampiro, eu concordaria. Mas você é, para todos os seus talentos, ainda humana. Existem coisas que você não pode
fazer por ele, e há muitas coisas que você não saberá fazer para ele.
- Como o quê?
Ele balançou a cabeça. - É um processo complexo, que exigem habilidades especializadas.
- E você tem essas habilidades. -, Disse eu.
- Não pareça tão cética, ma petite. Eu era parte da tripulação de... emergência da nossa mestra -, Ele disse. - Ela puniria os outros e nós éramos deixados para
lidar com as conseqüências. Muitas vezes esse era seu método.
- Nós? -, Eu perguntei.
- Asher e eu.
- Então Asher sabe como fazer isso, - Eu disse.
- Oui, mas ele também não é o mestre do Damian.
- Não, mas eu sou. Se Damian ainda tem um, sou eu. Então, você cuida de Gretchen, você me empresta o Asher, e ele me diz o que fazer pelo Damian.
- Depois de sua pequena exibição na outra sala, você confiaria nele?
- Eu confiaria nele com a minha vida, e você também.
- Mas não os nossos corações -, Jean-Claude disse.
- Por que incomoda tanto a ele ver você com Micah? - Eu perguntei. - Ele é visto quase tão ruim com Richard, e comigo.
- Eu acredito que você como minha serva humana e Richard como o meu lobo para chamar são posses, meus por direito, e você já estava no local quando Asher chegou
em St. Louis. Micah não é o meu animal para chamar. Ele não tem nenhum vínculo diretamente comigo. Ele é o seu Nimir-Raj, mas nada para mim -.
- E? - Eu perguntei.
- Asher estava disposto a me dividir com você e Richard porque vocês eram meus, mas esse Nimir-Raj é simplesmente outro homem que tem o meu favor quando Asher não
tem.
- Micah não tem seu favor, exatamente, ainda.
Jean-Claude deu um pequeno sorriso. - É verdade, mas Asher não vê isso dessa maneira.
- Se não fossem meus... dilemas sociais você estaria fazendo direito com Asher agora?
Ele riu, um som abrupto que não dançou ao longo do meu corpo, apenas preencheu o rosto dele com alegria. O mais próximo que eu já vi de uma risada verdadeira dele.
- Dilemas sociais - ah, ma petite, isso é precioso.
Franzi a testa para ele. - Apenas responda a pergunta.
A risada desapareceu, quase como uma pessoa, em vez da mudança brusca que geralmente ele faz. - Asher e eu provavelmente teríamos chegado a um entendimento, se isso
não tivesse que me custar você, ma petite.
- Um entendimento. Agora, quem está sendo tímido? -, Eu disse.
Ele deu aquela encolhida de ombros que significa tudo e nada. - Você não ficaria confortável com bruta honestidade, ma petite.
- Ótimo, se eu pudesse digerir isso, você teria tomado Asher de volta como seu amante por agora?
Ele pensou sobre isso, então finalmente, - Eu não sei, ma petite.
- Eu sei que você o ama.
- Oui, mas isso não significa que nós poderíamos ser amantes novamente. Quando ele e eu éramos felizes, era com Julianna. Você pode ser capaz de nos suportar como
amantes fora de sua vista, enquanto nós não nos comportássemos como amantes na sua frente. Eu não acho que você gostaria de assistir Asher e eu de mãos dadas na
frente de você.
Colocando desta forma, ele estava certo. - O que você está dizendo?
- Eu estou dizendo que Asher merece melhor do que um relacionamento escondido onde nunca poderíamos demonstrar afeto público por medo de te magoar. Eu preferiria
entregá-lo completamente para outra pessoa, homem ou mulher, do que forçá-lo a jogar segundo - ou rebaixado - a você para sempre.
Abri a boca para dizer que eu gostava de Asher, ainda o amava de uma maneira, mas eu não fiz, porque eu não queria levantar a possibilidade de um verdadeiro menage
à trois. O que eu tinha visto com Micah e Jean-Claude já tinha me incomodado muito. Eu simplesmente não conseguia lidar com dois homens e eu. Sim, sim, era o Centro-Oeste,
sistema de valores da classe média, mas era a maneira que eu olhei para o mundo. Eu não poderia mudar isso, poderia? E se eu pudesse, eu queria?
Eu não sabia. Eu só não sabia. O fato de que o pensamento não me faz correr gritando noite adentro me incomodou, mas não tanto como eu pensei que deveria ter incomodado.
54
Jean-Claude deu a Jason as chaves para os cadeados nas correntes de prata. Ele tinha passado a última hora explicando tarefa de todos. Jason seria o aperitivo, ah
desculpa, a primeira alimentação da Gretchen. Não poderia ser alguém humano, porque a primeira alimentação após estar no caixão poderia ser bastante... traumática.
Escolha de palavras do Jean-Claude, não minha. Então, basicamente Jason tem que ser o homem e ficar com o primeiro estrago. Então era a vez de Jean-Claude de doar
sangue. O mestre do vampiro o alimenta e ressalta ao vampiro os juramentos de sangue que ligavam ambos ao Mestre da Cidade, a sua linhagem, seu criador, ou, no caso
de Jean-Claude, todos os três. Todos os três era melhor, mais forte será o conexão original, maior a chance que o vampiro tinha de se curar do dano.
Essa última parte fez com que me preocupasse com Damian. Eu não era sua criadora, eu não era da sua linhagem, ou o seu Mestre da Cidade. Eu não tinha certeza exatamente
do que eu era para ele. Para essa pergunta, Jean-Claude disse, - Você é a mestre dele, ma petite. Seja lá o que isso significa para uma necromante, isso é o que
você é para ele. Se tomar sangue de você não reconectar ele novamente, então Asher irá tentar. Isso falhando, eles vão me trazer da Gretchen. Damian deve religar
seus laços com um de nós, ou ele está perdido.
- Defina perdido -, Eu disse.
- A loucura pode ser permanente.
- Merda.
- Oui.
Mas primeiro Gretchen, para que eu pudesse ver o que ia ser feito, entender melhor o processo.
Jason soltou as correntes. Elas caíram do caixão e tiniram contra a madeira, um som maçante, áspero. Isso me fez pular. Gretchen tinha tentado me matar, quando ela
só pensava que eu estava saindo com Jean-Claude. Ela poderia levantar do caixão resolvida a me matar. Eu tinha sido sua advogada, exigindo que Jean-Claude a deixasse
sair. Agora enquanto Jason desfez os bloqueios sobre a tampa, meu peito estava apertado, e eu tive que lutar para manter minha mão longe da minha arma. Seria estúpido
- para não mencionar irônico - se eu tivesse que matá-la no momento em que ela levanta-se. Eu poderia apenas ouvir Jean-Claude, E isso é uma melhoria, ma petite!
Eu fiz uma oração rápida de que não chegaria a isso. Eu não queria matá-la, eu queria salvá-la. Esperando fazer essa ultima não significa que eu não faria a primeira,
mas significa que eu iria tentar evitar isso.
Jason levantou a tampa, lentamente. Não porque era pesada, mas porque, eu acho, ele estava com medo também. A idéia de ser a primeira refeição de Gretchen fez ele
rir, aquele som de antecipação que é metade de um homem adulto, e metade de um menininho. O som que os homens reservam para as coisas que combinam sexo e, geralmente,
esportes, carros, tecnologia ou perigo - depende do seu homem. Eu tenho certeza que existem homens lá fora, que daria aquele ronronar, aquela risada animado com
o pensamento de jardinagem, de poesia, mas eu não os encontrei. Pode ser uma mudança interessante, no entanto.
A tampa voltou no meio do caminho que a posição que as tampas dos caixões tem. Nada se moveu. Havia apenas Jason de pé lá em seu jeans cortado, costas nuas para
o quarto. Gretchen não veio saltando para fora e não comeu ninguém, e eu soltei um suspiro que eu não sabia que estava segurando.
Jason ficou lá, olhando para baixo, imóvel, as mãos congeladas na tampa. Ele finalmente se voltou para o resto de nós, e havia um olhar em seu rosto que eu nunca
tinha visto. Era uma mistura de horror e pena. Seus olhos azuis primavera estavam arregalados, e havia um brilho de lágrimas, eu achei. Jason e Gretchen não tinham
sido próximos. A reação não poderia ser pessoal. O que estava naquele caixão para colocar aquele olhar no rosto de Jason?
Eu estava me movendo para frente sem perceber. - Ma petite, não vá para perto.
Eu olhei para ele. - Qual o problema com ela? Por que o Jason parece tão... ferido?
Jason respondeu: - Eu nunca tinha visto nada assim.
Eu tinha que ver agora, eu tinha. Eu continuei andando em direção ao caixão. Jean-Claude me encontrou, bloqueou o meu caminho. - Por favor, ma petite, não vá mais
perto.
- Eu tenho que assistir o processo, certo? Eu vou ter que ver com o que ela se parece, mais cedo ou mais tarde, Jean-Claude. Poderia muito bem ser mais cedo.
Ele estudou o meu rosto, como se estivesse memorizando ele. - Eu não previ que ela estaria assim tão... -. Ele balançou a cabeça. - Você não vai fica feliz comigo
depois de ver ela.
- Você também não sabe como ela se parece -, Eu disse.
- Não, mas a reação de Jason me diz muitas coisas que eu não quero saber.
- O que é que isso quer dizer?
Ele apenas se afastou. - Olhe para ela, ma petite, e quando você tiver me perdoado, volte para mim.
Perdoar ele? Eu não gostei da frase. Eu tinha estado com medo que Gretchen pulasse para fora e tentasse me matar, agora eu estava com mais medo de olhar para ela,
do que o horror que me esperava dentro daquele caixão. Meu pulso estava tentando sair da minha garganta, e eu não conseguia respirar. O rosto de Jason, a tristeza
de Jean-Claude, e o silêncio absoluto do caixão havia me deixado tão assustada que minha boca estava seca.
Jason se moveu para um lado, se afastando do caixão, inclinando sua bunda contra ele, seus braços abraçando seus lados. Ele parecia pálido e doente. Eu imaginei
se ele tinha mudado de idéia sobre deixar Gretchen tocar nele.
Eu parei longe o suficiente que não conseguia ver dentro do caixão. Eu não queria ver algo tão horrível que deixou Jason pálido. Eu não queria ver, mas eu tinha.
Eu andei até o caixão, como andar até a base, sabendo que a bola vindo até você está indo a uma centena de quilômetros por hora e você não tem chance de rebater.
Meus olhos não podiam ver o sentido do que eu vi no início. Minha mente simplesmente se recusou a entender. É um recurso de segurança que todos nós temos. Se algo
é muito horrendo, às vezes o nosso cérebro apenas diz, não, não vai ver isso, não vai gravar isso, não, isso iria nos quebrar. Mas se você olhar por muito tempo,
a mente diz, bem droga, nós não estamos nos afastando, e finalmente, finalmente, você vai ver, e uma vez que você vê, você nunca será capaz de não ver isso.
Estava deitada contra o cetim branco tão seca, a cor marrom estava muito forte, dolorosamente delineada. Parecia uma múmia enrugada, um desses corpos que eles encontram
de vez em quando no deserto, onde a seca faz múmias naturais. A pele morena tinha se moldado nos ossos, não havia nenhum músculo, apenas os ossos e a pele. A boca
estava arregalada, como se a articulação da mandíbula tivesse quebrado. As presas estavam secas, mas brancas como um crânio. A cabeça inteira tinha secado deixando
o crânio coberto apenas por uma fina camada de pele morena. Mechas de cabelos loiros brilhantes estavam agarradas ao crânio, e as cores brilhantes tornavam isso
pior, mais obscena de alguma forma. Os olhos abriram. Eu pulei, mas os olhos que olharam para mim estavam preenchidos com algo marrom e seco, como grandes passas.
Eles piscaram uma vez, lentamente, e um som como o vento suspirando saiu da boca.
Eu caí do caixão, cai de joelhos. Jason agarrou meu braço, me colocando de pé. Eu me soltei da mão dele e fui para Jean-Claude. Ele ficou lá, rosto paciente, vazio.
Eu bati nele, sem nunca perder o ritmo. Talvez ele esperava que eu parasse, tomar uma posição, mas eu bati nele no rosto, de punho fechado, como se fosse uma continuação
do movimento de meu corpo. Eu flexionei meu punho - todo o meu corpo - para ele, e ele estava de repente no chão, olhando para mim, com sangue no rosto.
55
- Seu bastardo, você se alimentou da energia dela enquanto ela estava lá dentro. - Eu tive que me afastar dele para me impedir de chutá-lo. Algumas coisas que você
não faz, algumas linhas que você não cruza.
Ele tocou a boca com palma de sua mão. - E se eu não tiver nada a ver com isso?
- E se? - Eu fui para cima dele. - E se? Você realmente vai tentar e me dizer que você não se alimentou dela? - Eu apontei de volta para o caixão e devo ter olhado
para trás, porque a próxima coisa que eu sabia era que ele tinha as minhas pernas, e de repente eu estava caindo no chão. Bati nas pedras duras com meus braços como
tinha sido me ensinado no Judô. Isso amorteceu algum impacto, impediu de bater minha cabeça no chão de pedra, mas exigiu concentração. No momento em que meu corpo
bateu no chão, Jean-Claude estava em cima de mim, prendendo meus braços no chão com os braços dele, o resto do seu corpo prendendo o resto do meu.
- Saia de cima de mim.
- Non, ma petite, não até você me ouvir.
Tentei levantar meus braços, não porque eu pensei que eu poderia superar sua força, mas porque eu tinha que tentar. Eu nunca fui capaz de não lutar, mesmo quando
eu sei que é uma causa perdida.
Eu fui capaz de levantar os braços um pouco - não o suficiente para fugir, mas o suficiente para fazê-lo empurrar mais forte o suficiente para arregalar seus olhos,
o suficiente para deixá-lo tenso. É bom saber as marcas estavam me ajudando a ganhar coisas úteis, como força e não apenas porcaria.
O sangue foi uma brilhante surpresa contra aquela pele pálida. O sangue escorria de um corte aberto em sua boca. - Como você sabe que não é para isso que todos os
vampiros são reduzidos depois de anos?
Olhei para ele, porque eu não podia fazer muito mais. - Mentiroso.
- Como você está tão certa? - Ele se pressionou mais forte contra mim para dar ênfase, eu acho, que porque ele não estava feliz de estar ali, seu corpo era tudo
sobre a raiva, não sexo. - Como você sabe, Anita?
Ele tinha usado o meu nome verdadeiro. - Eu sou uma necromante, lembra?
Seu rosto disse claramente que não acreditava que a resposta era tão simples, e ele estava certo. Eu estava me lembrando da minha visita ao Novo México e o que eu
aprendi lá. Um monstro se levantando sobre o bar de um clube de Albuquerque. Se levantou acima do bar em uma linha fina de carne pálida, como o surgimento de uma
lua crescente, em seguida, um rosto ficou a vista. Era um rosto de mulher com um olho duro e seco como uma espécie de múmia. Rosto após rosto, ficava morena e murcha,
como um colar de contas monstruosas amarrado junto com pedaços de corpo, braços, pernas e linha preta grossa como pontos gigantes segurando tudo junto, segurando
a mágica dentro. Se levantou até que se erguia contra o teto, curvando-se como uma cobra gigante para olhar para baixo para mim. Eu estimei quarenta cabeças, mais,
antes que eu perdesse a conta, ou perdesse o coração por contar mais.
Havia tido outro clube naquela cidade, e que tinha sido pior de algumas maneiras, porque a tortura era parte do entretenimento... Linhas tinham aparecido na pele
do homem. Os músculos sob a sua pele começaram a encolher, como se ele tivesse uma doença debilitante, mas o que deveria ter tomado meses estava acontecendo em segundos.
Não importa o quão disposto está ao sacrifício, ainda pode machucar. O homem começou a gritar tão rápido como ele poderia respirar. Seus pulmões estavam trabalhando
melhor do que o primeiro homem, e ele respirou tão rápido, foi como um grito contínuo. Sua pele escureceu enquanto era sugado e sugado, como se algo estivesse deixando
ele seco. Era como assistir um balão murchar. Exceto que havia músculo, e quando o músculo desapareceu, haviam ossos, e finalmente, não havia nada além de pele seca
sobre os ossos. E ainda assim ele gritou.
O ultimo insulto, ou do presente, ou horror, tinha sido o poder do mestre da Cidade de Albuquerque. O poder dela tinha batido contra mim como asas frenéticas, pássaros
gritando que eles haviam sidos chutados para fora no escuro e eles queriam estar no interior da luz e do calor. Como eu poderia deixá-los chorando no escuro, quando
tudo que eu tinha que fazer era abrir e eles estariam seguros? Eu lutei, mas no final as asas explodiram numa torrente de pássaros. Meu corpo parecia se abrir, mas
eu sabia que não. E as coisas aladas - apenas metade vislumbradas - se derramado na abertura. A energia fluiu em mim, por mim, e para fora novamente. Eu era parte
de um grande circuito, e eu senti a conexão com todos os vampiros que ela tinha tocado. Era como se eu fluísse por eles, e eles através de mim, como a água se unindo
para formar algo maior. Então eu estava flutuando no escuro calmante, e haviam estrelas, distantes e brilhantes.
Imagens em seguida, e eles as tinham forçado como as coisas batendo no meu corpo. Eu vi a Mestre da Cidade de pé no topo de um templo pirâmide rodeado de árvores,
floresta. Eu podia sentir o cheiro da rica grama e ouvir o chamado noturno de um macaco, o grito de um jaguar. Seu servo humano se ajoelhou e se alimentou a partir
da ferida sangrenta sobre o peito. Ele se tornou servo dela, e ele ganhou o poder, muitos poderes. E um deles era este - como tirar a força vital de algo, alguém,
e alimentar-se dele, sem matá-lo. E eu entendia como ele tinha tomado a essência do homem, durante esse entretenimento terrível. Mais do que isso, eu entendi como
foi feito, e como foi desfeito. Eu sabia como desfazer a criatura no bar, apesar de que tinha sido feito, ser costurado junto em um pesadelo do Frankenstein, pode
significar que para trazê-los de volta a carne iria matá-los. Eu não precisava do necromante que tinha prendido eles para desfazer o feitiço, eu poderia fazer isso
sozinha.
As lembranças eram tão vívidas, era como reviver-las. Eu voltei ao presente, com quase um solavanco, olhando para os olhos em Jean-Claude, que ainda presa sob seu
corpo, ainda na sala de castigo à milhares de quilômetros de distância da Borboleta Obsidiana e seu pequeno exército. Mas foi o olhar no rosto de Jean-Claude que
chamou a minha respiração na minha garganta.
Os olhos dele estavam arregalados, e eu soube que naquele momento ele tinha visto as minhas memórias, que ele as tinha compartilhado da maneira que eu, às vezes,
compartilhei as dele. Merda.
A voz dele tinha uma fragilidade que eu raramente ouvida. - Ma petite, você foi uma menina ocupada, enquanto você estava longe de nós.
- Você viu o que eu vi, e você sabe como me sinto sobre o que você fez a Gretchen.
Suas mãos se apertaram mais em meus braços, dedos cavando a minha pele apenas um pouco. - Eu sei como você se sente, ma petite. Mas eu não vou assumir esta culpa
gentilmente. Eu sou o Mestre da Cidade, meus vampiros vivem através de mim. A menos que eles sejam mestres deles mesmos, a força de vida deles vem através da linha
deles, até que façam o juramento de sangue a um Mestre da Cidade. Então, esse mestre faz o coração deles bater. Se retirar um pouco de poder, então, alguns simplesmente
não vão acordar à noite, ou eles se tornarão assombrações, animais a serem destruídos, como Damian tornou-se.
Eu me movi sob ele. - Eu não...
- Shhh, ma petite, eu não vou ser condenado sem ser ouvido, não desta vez. Talvez você possa salvar Damian, mas ele tem mais de mil anos. Mesmo não sendo um mestre,
é muito tempo, tempo suficiente para acumular energia suficiente para sobreviver. Mas vampiros como Willie e Hannah, que não são mestres e não são velhos, eles iriam
desaparecer ou ficariam loucos, e não haveria como salvá-los -. Ele me sacudiu, cavando em meus braços, elevando os cotovelos de modo que eu poderia ter ido para
uma arma, se eu quisesse, mas eu só o observei e escutei.
- É isso que você quer, Anita? Qual deles você sacrificaria para salvar Gretchen? Gretchen a quem você odeia. Eu peguei poder dela, porque você negou isso a mim.
- Não ponha a culpa em mim -, Eu disse.
Ele se mexeu de repente, sentado sobre os joelhos, o corpo sobre minhas pernas. Ele me levantou me deixando sentada, os dedos roçando meus braços. - O sistema de
mestre e servo tem funcionado bem durante milhares de anos, mas você continua lutando, e você continua me forçando a fazer coisas que eu não quero fazer -. Ele me
levantou para perto de seu rosto, e vi seus olhos sangrarem até o azul queimar à centímetros de distância. Ele me sacudiu mais violentamente dessa vez, quase o suficiente
para me assustar.
- Se eu pudesse ter alimentado o ardeur como ele foi concebido para ser alimentado, então isso não teria sido necessário. Se eu pudesse ter alimentado através da
minha serva humana, isso não teria sido necessário. Se eu pudesse ter alimentado através de meu animal para chamar, isto não teria sido necessário. Mas você e Richard
me ataram com as regras, você me aleijou com a sua moralidade, e você me força a fazer algo, como eu jurei que nunca faria. Eu estive no caixão e alimentei o meu
mestre, e foi a pior coisa que já suportei. E agora, porque você e ele, de sua superioridade moral para mantê-la pura, você me obrigou a ser mais prático do que
eu sempre quis ser.
Ele me soltou tão de repente, que caí de costas contra o chão, batendo com o cotovelo nas pedras. Ele ficou em cima de mim, tão irritado como eu nunca tinha visto
ele, e eu não tinha raiva para retribuir. Eu finalmente disse, - Eu não sabia.
- Isso está se tornando uma desculpa esfarrapada, ma petite -. Ele foi até o caixão e olhou para o que havia dentro. - Eu dei a ela minha proteção uma vez, e isso
não é proteção -. Ele se virou e me encarou. - Eu faço o que devo, ma petite, mas eu não tenho prazer disso, e eu me canso da necessidade disso. Se você pudesse
me satisfazer, mesmo pela metade, poderíamos evitar tanta dor.
Eu me sentei, lutando contra o desejo de esfregar o meu cotovelo. - Você quer que eu diga que sinto muito? Eu sinto. Você quer permissão para se alimentar de mim,
é isso?
- O ardeur, sim -, ele disse. - Mas, na verdade, se você estiver com disposição para isso, basta ter as marcas abertas e eu ganho muito.
Ele ofereceu sua mão para o Jason, e uma das poucas vezes, vi Jason hesitar antes de segurar a mão de Jean-Claude. Jean-Claude nem sequer olhou para ele, como se
a sua obediência fosse simplesmente um fato, como a gravidade. - Se ela fosse mais forte seria uma alimentação mais perigosa, mas ela é muito fraca, por isso não
será tão ruim -. As palavras foram reconfortantes, mas ele nunca olhou para Jason enquanto ele abaixou o pulso do jovem para o que estava naquele caixão.
Eu levantei, observando o rosto de Jason. Ele estava pálido, os olhos arregalados, respiração ficando muito curta, muito rápida. Ele normalmente não tinha um problema
deixando vampiros se alimentarem dele, mas eu entendi. O que estava no caixão era algo saído de um pesadelo. Na maioria das vezes se você vê um vampiro parecendo
algo feito de varas secas, estava bem e verdadeiramente morto.
Jason puxou seu braço, mantendo-se fora de alcance, eu acho. Jean-Claude se virou para ele, mas não havia nenhuma raiva. Ele manteve a mão um no braço de Jason,
e com a outra ele tocou em seu rosto, delicadamente. - Será que você quer que eu tome a sua mente, antes de ela morder?
Jason assentiu, sem dizer uma palavra.
Jean-Claude embalou a mão contra o rosto de Jason. Eles olharam uns nos outros olhos, um daqueles longos, olhares prolongados, como amantes, exceto eu senti no momento
em que Jason escapuliu. Eu senti sua mente se libertar, sua vontade se evaporar. Seu rosto ficou frouxo, sua boca entreaberta, olhos embaçados. Jean-Claude manteve
sua mão no rosto do outro homem, enquanto ele guiou o pulso para o caixão.
O corpo de Jason ficou tenso, e eu sabia que a Gretchen tinha mordido ele. Mas os seus olhos permaneceram fechados, o rosto agradável. Eu me encontrei ao lado do
caixão sem perceber. As mãos secas se levantaram enquanto eu assistia, segurando no braço de Jason segurando-o contra a boca. Jean-Claude sua moveu a mão para trás,
enquanto a coisa no caixão pressionava o pulso de Jason na boca. Sangue fluía pela pele morena, embebendo o travesseiro de cetim branco, e ainda assim aquela boca
sem lábios se alimentou.
O quarto estava muito quente de repente, quase pelando. Eu me virei e encontrei Micah me observando. Eu não podia ler sua expressão, não estava certa que eu queria.
Eu olhei longe do que quer que estivesse em seus olhos. Eu não queria encontrar os olhos de ninguém agora. Eu lutei tanto tempo e tão duro para não ser o que era.
Não ser a serva humana de Jean-Claude, para não ser a lupa de Richard, para não ser nada para ninguém. Todo mundo parecia estar pagando o preço por isso. Eu odiava
ter outras pessoas pagando o preço pelos meus problemas. Era contra as regras de alguma maneira.
A voz de Jean-Claude me chamou de volta para o caixão. - Beba, Gretchen, beba do meu sangue. Eu dei-lhe a vida uma vez, que seja assim novamente -. Jason estava
caído sentado ao lado do caixão, segurando seu pulso sangrento com uma expressão calma no rosto. A coisa seca estava sentada com o braço de Jean-Claude atrás de
seus ombros. Parecia... melhor, mas ainda não viva, nem mesmo bastante real. Ele ofereceu a carne pálida do seu punho para aquela boca sem lábios, ainda vermelha
com o sangue de Jason, e o abocanhou. Eu ouvi Jean-Claude suspirar, mas esse era o único sinal de que podia machucar.
- Sangue do meu sangue, carne da minha carne -. Jean-Claude falou as palavras, e com cada palavra, cada chupar de sangue, eu senti o poder crescer, senti uma onda
no meu estômago, encurtar a minha respiração. O corpo de Gretchen começou a esticar e preencher. Os pedaços de cabelo ficaram espessos e começaram a fluir em torno
dela. As coisas secas nos buracos de seus olhos se encheram e começaram a ter uma pitada de azul neles. Quando Jean-Claude moveu seu pulso da boca dela, haviam lábios.
Ela tinha olhos azuis e uma riqueza de cabelo amarelo. Ela estava magra, seus ossos aparecendo sob a palidez translúcida perto da sua pele. Seus olhos estavam cheios
de fogo, nada humano. Suas mãos ainda estavam dolorosamente magras, seu corpo frágil, mas ela parecia quase como a vampira que tinha tentado me matar anos atrás.
Ele a pegou nos braços, seu corpo não preenchia as roupas. - Respiração a respiração -, ele disse e se inclinou em sua direção. Eles se beijaram, e eu senti o poder
passar entre eles. Eu sabia que aquele beijo poderia ter esgotado a sua vida de novo, mas isso não aconteceu. Quando ele se afastou dela, o rosto dela estava cheio
e arredondado, de aparência humana. Era como o Príncipe Encantado acordando a Bela Adormecida, exceto que seus olhos me encontraram, e o ódio neles era uma coisa
queimando.
Eu suspirei. Algumas pessoas nunca aprendem. Eu encontrei esse olhar de ódio e disse, - Gretchen, eu prometo a você duas coisas, você nunca terá que voltar pra esse
caixão, e se você tentar me machucar ou os meus outra vez, eu vou te matar. E isso seria uma pena, pois fui eu quem persuadiu Jean-Claude para deixá-la sair em primeiro
lugar.
Ela só olhou para mim da maneira que os tigres atrás das grades olham os visitantes, ganhando tempo. Jean-Claude a abraçou contra ele. - Se você tentar e prejudicar
minha serva humana outra vez, eu vou vê-la destruída, Gretal -. Gretal tinha sido seu nome original, como me contaram.
- Eu entendi, Jean-Claude -. Sua voz soava áspera, como se o tempo no caixão a tivesse danificado.
- Vem, Jason, precisamos aquecer esta aqui -. Jason se levantou como um cachorrinho obediente, ainda sangrando, ainda feliz.
Jean-Claude parou na porta olhando, não para mim, mas para Asher. - Eu devo levar esta para o banho, ou todo o trabalho será desfeito. Mas Damian é um fantasma agora.
Asher levantou a mão, que havia estado escondida ao longo de seu corpo. Ele tinha uma arma, uma Browning 10-milímetros, a grande irmã da minha própria arma. - Vou
fazer o que precisar ser feito.
- Nós não estamos indo matar Damian -, Eu disse.
Jean-Claude olhou para mim, então para Micah, e Nathaniel, e Gil, e para os outros leopardos, e até mesmo para o guarda-costas. Seu olhar parecia percorrer todos
ali, então ele olhou para mim novamente. - Eu pergunto de novo, ma petite, quem você vai sacrificar pelos ideais elevados?
- Você acha que ele não pode ser salvo, não é?
- Eu sei que uma vez que a loucura toma um vampiro, mesmo o mestre que o transformou nem sempre pode trazê-lo de volta para seus sentidos.
- Existe alguma coisa que eu possa fazer que possa trazê-lo de volta a si mesmo?
- Deixe ele se alimentar, tente fazer com que ele não mate quem ele alimenta, e tenha esperança de que quando ele provar seu sangue, ele recupere os sentidos. Se
o seu sangue não saciar ele, em seguida, Asher vai tentar alimentá-lo. Se isso falhar... - Ele deu aquela encolhida de ombros que quer dizer tudo e nada, mesmo segurando
a Gretchen isso parecia gracioso.
- Eu não quero que ele morra por minha causa.
- Se ele morrer, ma petite, será porque ele tentou matar alguém nesta sala -. Com isso, ele saiu, Jason se arrastando atrás dele.
Acho que, talvez, eu tinha usado toda a paciência de Jean-Claude comigo, ou talvez vendo o que ele tinha feito a Gretchen o tinha incomodado muito. Seja qual for
a causa, ele me deixou todos na sala olhando para mim como a forma de agir. E eu não tenho a menor idéia. Quem eu estava disposta a colocar ao lado do caixão? Quem
eu estava disposta a arriscar?
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A resposta, claro, era ninguém, mas nós finalmente decidimos que ia ser a primeira vítima. Eu era muito inútil para a discussão, porque eu teria me colocado como
primeira da lista. Nunca peça algo de alguém que você não está disposto a fazer você mesmo. Mas Asher salientou que não poderia ser a primeira alimentação, se eu
tinha alguma chance de ser a mestre de Damian. Então eles decidiram entre si, e era Zane deixado de pé ao lado do caixão.
Todos, exceto eu, que tinham uma arma, tinham ela apostos com a cartucheira cheira. Eu precisava de minhas mãos livres para oferecer uma parte do corpo para ser
consumida. Pensando sobre isso, eu não gostava muito da descrição do trabalho também. Mas não era ver as costas pálidas de Zane, enquanto ele desprendia as correntes
que me incomodava, era assistir o rosto de Cherry enquanto ela o via fazer isso. Muito medo pela segurança de alguém, muita importância ligada a outro ser significava
que era amor por ela, também. Eles se amavam, e ele estava prestes a chorar, gritar por socorro, e soltar os pássaros carniceiros para se alimentar, e alimentar,
e alimentar.
A tampa do caixão estava apenas meio levantada quando Zane foi empurrado para frente e mãos pálidas se mostraram à sua volta, segurando ele. Sangue borrifou o cetim
branco do caixão, respingado sobre dos ombros de Zane, e a única coisa que podíamos ver de Damian eram suas mãos pálidas e braços travados ao redor das costas de
Zane. Não havia como atirar.
Alguém estava gritando. Acho que era a Cherry. Eu saquei minha arma, mas não havia maneira de atirar sem matar Zane primeiro. Micah e Merle estavam no caixão, tentando
libertar Zane. Zane caiu para trás, sua garganta uma ferida aberta, e alguma coisa que era tudo presas sangrentas e cabelos ruivos selvagens agarrou Merle e se envolveu
ao redor dele, rasgando na garganta do grande homem. Os homens-rato e Asher estavam de pé atrás, esperando por um tiro certeiro, mas não ia haver um, não antes que
alguém morresse.
Eu fui para frente, tentando empurrar Micah para fora do caminho enquanto eu pressionava a arma no rosto de Damian, mas Micah estava tentando soltar o vampiro de
Merle, e na luta eu não conseguia manter a minha arma constante. O cano deslizou no sangue contra a pele de Damian, e de repente olhos verdes se viraram para mim,
e não havia nada neles além de fome. Damian já estava morto. Eu só não tinha puxado o gatilho ainda.
Então ele foi para mim, mais rápido do que qualquer coisa que eu já tinha visto. Eu estava pressionada de costas contra o cetim do caixão, meus quadris e pernas
de fora. Ele não foi para o meu pescoço, ele enterrou seus dentes parte superior do meu tórax. Eu gritei afastando a dor e pressionei o cano da Browning contra o
sua têmpora. Asher estava gritando: - Não atirem, vocês vão atingir a Anita!
Eu gritei de novo e tive que ajustar o ângulo da arma, porque se eu tivesse puxado o gatilho, a bala teria atravessado a cabeça dele indo para o meu peito. Mudei
a arma uma fração, enquanto ele me mordia. Meu dedo enrolado no gatilho, quando ele ergueu seus olhos verdes para mim. Eu assisti seus olhos se encherem com conhecimento,
inteligência - com ele. Ele levantou sua boca de volta do meu peito. Ele parecia assustado. - Anita, o que está acontecendo? - Ele parecia ver meu peito sangrando
pela primeira vez, e seus olhos se arregalaram. - O que está acontecendo comigo?
No momento em que ele falou, no momento em que havia alguma coisa nele além de monstro, eu senti a conexão entre nós travar no lugar, como uma corda perfeitamente
sintonizado em uma harpa. O poder fluía entre nós como água morna, enchendo ele, me enchendo, e eu o atrai de volta para mim, meu sangue ainda em seus lábios.
Ouvi Asher, dizendo: - Fique aí, tudo bem, deixe que ela termina.
Sussurrei enquanto atraia Damian de volta para mim, - Sangue do meu sangue, carne da minha carne, respiração a respiração, o meu coração ao seu.
E pouco antes de nossos lábios se encontrarem e seu destino estar selado, ele sussurrou: - Sim, oh, sim.
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Eu estava até os ombros em água tão quente que fez a minha pele cor de rosa. Eu estava tão quente que eu estava quase doente, porque eu ainda estava completamente
vestida, incluindo todas as minhas armas. Damian se inclinou contra a frente do meu corpo, meus braços em torno dele, segurando ele perto. Seu corpo dobrado contra
o meu, os braços dele segurando os meus braços sobre seu peito nu.
Como é que eu acabei sendo a guardiã da banheira para Damian uma vez que chegamos a minha casa? Ele tinha tido convulsões, e apenas meu toque o tinha acalmado. Nós
o levamos a minha casa com Nathaniel andando de costas, segurando Damian. Eles encheram a banheira com água quente, muito quente, e eu tinha deixado Asher encarregado
de cuidar de Damian. Eu tinha feito a minha parte, eu o trouxe de volta para si mesmo. Eu tinha um curativo sobre o meu seio esquerdo para provar que eu tinha doado
o meu pedaço de carne e sangue essa noite. Zane e Merle estavam a caminho do hospital de Metamorfos, com Micah e Cherry para supervisioná-los. Todos os outros tinham
marchado de volta à minha casa, e tudo parecia bem, até que gritos vindos do banheiro me fizeram correr.
Damian tinha estado se debatendo contra o chão, em convulsão como ele mesmo fosse se quebrar, vomitando sangue no ladrilho. Asher e Nathaniel tinham estado lutando
para segurá-lo, para impedi-lo de se ferir, mas não puderam segurá-lo. Eu ajoelhei para ajudar, e no momento em que eu o toquei, ele se acalmou. Eu retirei a minha
mão, e seu corpo se convulsionou novamente, as mãos lutando no azulejo liso. Eu toquei seu ombro, e ele se acalmou. Nós tínhamos tentado deixá-lo tomar sangue de
Caleb, mas no momento eu parei de tocá-lo, o seu corpo rejeitou o sangue, e tudo mais. A última vez que eu tinha parado de tocá-lo, Damian tinha simplesmente ficado
quieto, e eu o senti começando a desaparecer, a morrer.
Nós arrastamos Damian para o banho de vapor de água, e eu segurei ele. Ele tinha se recuperado, mas apenas comigo segurando ele enquanto minhas roupas grudavam no
meu corpo.
- O que há de errado com ele? -, Eu perguntei.
Asher tinha respondido: - Eu só vi essa reação entre mestre e servo.
- Eu sou a mestre de Damian, e daí? Isso não deve causar isto, deveria?
- Não, ma chérie, não meramente mestre, mas vampiro mestre e servo humano.
- Damian não é meu mestre -, Eu disse.
- Damian não é mestre de ninguém -, Asher disse calmamente, olhando para baixo para nós da borda da banheira. Ele estava sentado em uma poça de sangue que havia
derramado de Damian.
- O que você está dizendo, Asher?
- Você fiz dele o seu servo.
- Ele não pode ser um servo humano, ele é um vampiro -, Eu disse.
- Eu não disse servo humano, ma chérie.
- Então do que você está falando?
- Um servo... vampiro para um mestre necromante, eu acho.
- Você acha? -, Eu fiz disso uma pergunta.
- Estamos lidando com coisas de lendas, ma chérie, coisas que não deveriam ser possíveis. Eu estou tendo que... adivinhar isso.
- Adivinhar? -, Eu disse.
Ele suspirou. - Se eu dissesse que sabia ao certo o que tinha acontecido, seria uma mentira. Eu nunca iria mentir para você de propósito.
Eu teria protestado, exigido, mas nada que eu pudesse fazer ou dizer faria isso falso. Eu tinha um servo vampiro, e isso era impossível. Mas impossível ou não, Damian
deitou contra o meu corpo, agarrado a mim, como se eu fosse a última esperança que ele tinha.
Asher deslizou de volta ao banheiro, vestindo uma toalha de praia enrolada em torno dele. A toalha era grande o suficiente para cobri-lo das axilas até a panturrilha,
efetivamente escondendo seu corpo. Esconder as cicatrizes. - Minhas roupas estão cobertas de sangue. Eu espero que você não se importe.
Eu odiava vestir roupas ensanguentadas, sendo assim, - Tudo bem, fico feliz por você ter encontrado uma toalha que você gostou.
Ele olhou para a toalha colorida. - Eu não sirvo no seu roupão.
Eu sentia por Asher sentir que tinha que se esconder, mas eu tinha outras coisas para me preocupar. - Acho que se eu não começar a me resfriar logo, ou vou vomitar
ou desmaiar.
Ele se ajoelhou na banheira, alisando a toalha sob os joelhos, num gesto que você não vê muito nos homens. Ele tocou o meu rosto levemente. - Você está enrubescida
-. Ele tocou Damian. - A pele dele ainda é mais fria do que deveria ser -. Ele franziu a testa. - Você precisa tirar algumas de suas roupas, especialmente o jeans,
eu acho.
Normalmente, eu não mediria esforços para não estar sem roupas na frente de todos os meninos, mas hoje à noite eu estava disposta a me despir um pouco. - Como posso
tirar a roupa e continuar a segurar ele?
- Eu acredito que um de nós poderia segurá-lo contra você enquanto você tira.
- Você realmente acha que ele vai entrar em convulsões de novo?
- Você poderia soltar ele, e nós poderíamos descobrir -, Asher disse, a voz macia.
Eu balancei minha cabeça. - Estou cansada de limpar o sangue. Apenas me ajude a segurar ele.
Os olhos de Asher se abriram um pouco. - Eu vou chamar Nathaniel.
O calor tinha ido a minha cabeça em uma dor de cabeça latejante. - Apenas entre, Asher, eu prometo não espiar.
Ele se aconchegou ao lado da banheira, escondendo cada pedaço dele que ele poderia debaixo da toalha. - Se eu derrubasse esta toalha no chão, você realmente não
olharia?
A pergunta dele me parou. Abri a boca, fechei, e tentei pensar com o calor, a dor de cabeça, a náusea crescente e, finalmente, apenas disse a verdade. - Eu não teria
a intenção de olhar, mas não, você está certo. Se você estiver nu eu vou olhar. Eu não acho que conseguiria me parar.
- Como um acidente de carro, você não pode virar -, Ele disse.
Então eu olhei para cima e encontrei ele virado, escondendo o rosto com a queda de cabelos dourados. Maldição, eu não tenho tempo para segurar a mão de todos. -
Asher, por favor, eu não quis dizer isso.
Ele não olhou para mim. Eu soltei um braço de Damian, que se moveu em torno do braço restante, como uma criança se estabelecendo em seu sono em torno de seu ursinho
de pelúcia preferido. Eu agarrei o braço Asher, através da toalha. - Sim, eu olharia apenas por causa de pura curiosidade, como eu poderia evitar? Você provocou
e insultou sobre o quão ruins são seus ferimentos. Você fez tanto isso, então eu teria que olhar, tenho que ver.
Ele estava olhando para mim agora, aqueles olhos pálidos, vazios, escondendo de mim.
Eu afundei meus dedos em seu braço, tentando prendê-lo através da toalha, e encontrando principalmente tecido. - Mas se você ainda não percebeu que eu só quero vê-lo
nu, então não tem estado prestando atenção.
O rosto dele não me disse nada, aquela educação em branco que ele e Jean-Claude poderiam ter quando eles queriam. - Agora me ajude a tirar algumas destas roupas
antes que eu derreta.
Ele deu uma risada baixa que dançou sobre a minha pele e trouxe meu pulso para minha garganta. Eu estava muito quente para me arrepiar. - Você se oferecendo para
se despir sem qualquer mágica para te forçar, acredito que é a primeira.
Eu tive que rir, porque ele estava certo. Mas o riso me obrigou a fechar os olhos, pois senti como se o pulsar da dor de cabeça fosse arrancar meus olhos das órbitas.
Eu soltei o braço dele e apertei a minha testa para tentar evitar minha cabeça de cair em pedaços.
- Por favor, Asher, eu vou vomitar.
Eu ouvi o barulho da água, senti empurrar contra mim como se alguém tivesse entrado na banheira. Abri os olhos devagar, tentando manter a dor de cabeça dentro e
encontrei Nathaniel se ajoelhando na água. Seu cabelo ainda estava preso em uma trança frouxa que balançava atrás de dele, ondulando através na água como algo separado
e vivo. A trança levou meu olhar para baixo em seu corpo, e eu tive um sentido periférico de que Nathaniel não estava ficando com nenhuma roupa molhada que seja,
mas eu não me importei. A dor de cabeça chegou a um ponto onde eu estava com medo que eu ia começar a vomitar, se eu não conseguisse ficar mais fria.
Ele respondeu à minha pergunta, sem que eu perguntasse. - Asher quer que Damian tente tirar sangue novamente, ver se vai ficar dentro dele.
Asher ainda estava à beira da banheira enrolado na toalha. - Damian deve ser capaz de manter sangue dentro dele, ou ele vai morrer. Acredito que se você ficar em
constante contato com ele, ele será capaz de manter uma alimentação.
- Se eu tenho que ficar em constante contato então eu tenho que ficar mais fria em primeiro lugar.
- Nathaniel irá ajudar você -, Ele disse.
Olhei para Asher, e até mesmo no brilho ofuscante de uma luz noturna, doeu minha cabeça. - Tá.
Damian fez pequenos movimentos de protesto quando Nathaniel tentou tirar algum de seu peso de cima de mim. Nós finalmente o inclinamos contra a borda da banheira
com Asher suportando um pouco de seu peso, mas deixando ele manter meu braço pressionado em seu peito. Nathaniel desabotoou meu cinto e me ajudou a tirar o coldre
de ombro de um braço, mas eu precisava do outro braço livre para deslizar a outra alça. Damian lutou contra nós, lentamente, teimosamente, como se ele fosse um sonâmbulo.
Mas ele era um vampiro, ele poderia ter rasgado o seu caminho através da parede do meu banheiro com as mãos nuas. Se ele não queria deixar ir o meu braço, não poderíamos
obrigar ele, não a menos que estivéssemos dispostos a quebrar os dedos dele, um de cada vez, e nós não estávamos dispostos a fazer isso.
- O que vamos fazer? -, Nathaniel perguntou.
- Eu tenho que sair deste calor -, eu disse. - Nós podemos colocar água fria na banheira, ou algo assim?
- Não -, Asher disse, - nós temos que mantê-lo tão quente quanto possível, até depois que ele retenha um pouco do sangue. Nós não podemos permitir que ele seja refrigerado.
- Então tire essas roupas de mim.
Eu senti um pouco do olhar que eles trocaram. - Como você quer que eu faça?
Nathaniel perguntou.
Eu me inclinei, minha cabeça para a frente, encostando contra o topo do cabelo molhado de Damian. Sua pele era a coisa mais fria na banheira. Eu estava tão quente
que eu estava prestes a vomitar, mas a pele Damian ainda estava fria ao toque. A dor de cabeça tomou conta de mim e derramou pela minha boca. Eu fiz o meu melhor
para rastejar para a borda da banheira antes de eu vomitar. Damian tinha conseguido evitar a água toda vez que ele vomitou, pelo menos eu poderia fazer o mesmo.
Mas ele se agarrou a mim, e só a mão de Asher no meu braço me manteve alto o suficiente da água para mantê-la limpa.
Minha cabeça estava gritando, a dor tão forte que impactou minha visão em explosões de cores. Asher me trouxe uma toalha fria e limpou minha boca. Ele colocou mais
uma toalha fria na minha testa. Então Nathaniel segurou as costas da minha camisa e a rasgou. Ele a arrancou em pedaços. Asher envolveu uma toalha molhada sobre
meus ombros, que era tão fria que me fez sussurrar, - Merda.
Asher e Nathaniel seguraram meu peso e o de Damian e nos levaram de volta para a extremidade da banheira, enquanto Gil veio e começou a limpar a bagunça. Gil havia
limpado muita bagunça esta noite, e ele nunca tinha reclamado, nem uma vez. Ele teve que pegar as peças da minha camisa flutuando na água duas vezes, mas nunca comentou
em voz alta. Ele dava um bom seguidor. Fazia o que foi mandado e não fazia perguntas.
Nathaniel tentou rasgar meu jeans do jeito que ele tinha feito com a camisa. Ele conseguiu rasgar o início, mas o peso Damian continuou me empurrando sob a água,
e ele não pode ter o efeito de alavanca que precisava. Asher firmou a toalha tão segura quanto podia e entrou cautelosamente na água. Ele se ajoelhou e deslizou
os braços em volta Damian e de mim e levantou, de pé, segurando a ambos na vertical. Eu ainda estava tocando no fundo, mas ele ainda estava segurando os nossos pesos,
pois minhas pernas ainda não estavam funcionando muito bem. Ele segurou ambos sem esforço.
Nathaniel pôs a mão em cada lado do rasgo que ele tinha feito no meu jeans e puxou. A pesada roupa molhada se desfez em suas mãos com um som como de rasgando a carne,
mas mais pesado - molhado, um som áspero. A força disso sacudiu meu corpo, e só a força de Asher me manteve de pé.
Eu senti o ar em minha pele nua e percebi que, ao arrancar o jeans que ele tinha levado a minha roupa intima com ele, mas eu não me importei. O ar em minha pele
ainda era sufocantemente quente. Eu não conseguia respirar. A última coisa que me lembro era de pensar que eu ia desmaiar, então nada.
58
Eu acordei deitada na borda da banheira, com apenas um braço na água com Damian. Toalhas frias me cobriam da cabeça aos pés. A do meu rosto foi levantada, e eu vi
que Natanael estava na água, segurando Damian na vertical. Eu pisquei através de um fio de cabelo molhado e encontrei Asher espalhando uma toalha fria contra meu
rosto. Ele deixou o suficiente do meu rosto descoberto para que eu pudesse olhar para ele, para os lados.
- Como você está se sentindo?
Eu tinha que pensar sobre isso. - Melhor. - Ele substituiu as toalhas da parte de baixo do meu corpo, e eu percebi que estava completamente nua. Eu estremeci com
o pano frio e não me preocupei com nada a não ser que eu estava finalmente fresca. - Quanto tempo estive fora?
- Não muito tempo -, Asher disse, alisando a toalha para que ela se moldasse em minhas pernas.
Olhei para Nathaniel, ajoelhado na banheira, segurando Damian na beirada, assim o vampiro poderia se segurar em mim. - Eu nunca vi a metamorfa desmaiar de exaustão
pelo calor antes -, ele disse.
- Uma primeira vez para tudo -, Eu disse.
Damian virou a cabeça lentamente para olhar para mim. Seus olhos estavam claros, brilhantes, vivos novamente. Seus olhos eram da cor de esmeraldas, e não era por
causa de poderes de vampiro, era a cor natural de seus olhos, como se sua mãe tivesse saído com um gato para consegui-los. As pessoas simplesmente não têm essa cor
dos olhos.
Eu sorri para ele. - Você parece melhor.
- Eu me alimentei.
Eu olhei para Nathaniel. Ele virou a cabeça então eu pude ver as marcas de mordida no lado de sua garganta.
- Eu acho que posso me sustentar -, Damian disse.
Nathaniel pareceu perguntar a Asher, que deve ter assentido, porque Nathaniel recuou. Damian se manteve contra mim, ainda segurando meu braço sobre o peito, mas
de leve agora. Uma mão suavemente no meu pulso, a outra mão acariciava meu braço.
- Ouvi que você é minha mestre.
Olhei para aqueles olhos calmos. - Você não parece perturbado.
Ele esfregou o queixo e o rosto contra o meu braço. Era felino, e íntimo, o gesto de um amante. Eu estudei o rosto dele, tentei ler através daqueles pacíficos olhos
esmeralda. Então eu percebi que não precisava ler seu rosto. O pensamento mais vazio e eu sabia que a tranqüilidade em seus olhos estava nele todo. Ele foi preenchido
com uma grande calma, um senso de certeza. Calma e paz nunca tinha sido a minha reação por Jean-Claude me ligar a ele.
Eu podia sentir o que Damian estava sentindo, conhecia seu coração quase melhor que o meu, mas eu não o entendia. Naquele momento, olhando para aqueles belos e pacíficos
olhos, eu simplesmente não fazia idéia. Eu teria corrido para as montanhas, lutado, gritado, odiado. Eu não teria ido tranquilamente em qualquer tipo de servidão,
não importa quão potencialmente benéfico ao governante. Sinceramente, eu não estava cem por cento certa que eu era uma governante benéfica. Quero dizer eu era fácil
de conviver enquanto as coisas fossem do meu jeito, mas senão, eu não era fácil. Eu estava perto de ser a pessoa mais difícil que eu conhecia, e eu conheço algumas
pessoas difíceis. Eu estava tentando ser mais suave ultimamente, mas tentar ser mais suave e realmente ser mais suave, não é o mesmo. Eu olhei nos olhos de Damian
e sabia que, se fosse comigo, presa a mim como mestre, eu estaria com medo.
Damian se virou na água, se ajoelhando na borda da banheira. Ele se inclinou e deu um beijo suave na minha testa. - Você me salvou, de novo.
Ele estava certo, mas enquanto seus lábios tocaram minha pele, eu me perguntei por quanto tempo ele ficaria grato e quando ele finalmente perceberia quão ferrados
nós estávamos.
59
Asher levou Damian até o porão para o dia, acomodando ambos pouco antes do amanhecer. Micah tinha ligado, dizendo que ambos Merle e Zane iriam sobreviver. Cherry
ia ficar lá com Zane, e ele tinha que ir verificar o resto de seus leopardos. Eu fiz um convite para ele trazer seu leopardos até a minha casa, e ele disse que ia
perguntar. Nós não falamos ‘eu te amo’ no final da conversa, o que foi enervante. Eu não estava acostumada a dormir com alguém que eu não amava ou não dizia eu amo
você também. Mas eu estava muito cansada para pensar tão duramente, por isso eu empurrei isso para baixo, onde todas as outras coisas que eu não quero pensar vivem.
O lugar estava ficando malditamente tumultuado. Nathaniel me ajudou a vestir o pijama mais fresco que eu tinha - uma camisola de seda de alça, que teria sido muito
reveladora, se eu não tivesse sido tão malditamente baixa. Em seguida Nathaniel se aconchegou ao meu lado em um par de shorts de corrida. Gil dormiu no quarto de
hóspedes. Os dois seguranças homens-rato dividiram a noite entre o sofá e dormir no chão em frente da porta do meu quarto, o que significava que se eu tivesse que
ir ao banheiro depois que irmos deitar eu teria que passar por cima deles. Bobby Lee disse, - Isso vai nos acordar, certifique-se que você não vai ficar vagando
sozinha.
Eu não consegui persuadir Bobby Lee ou Cris que eu não precisava de tanto supervisionamento, mas sinceramente eu estava cansada demais para fazer muita coisa discutindo.
Assim, todos nós nos acomodamos para um longo cochilo de verão. Nathaniel tinha fechado as pesadas cortinas para que o quarto estivesse em um pesado crepúsculo cinza.
Eu me acomodei sob o silencio do ar-condicionado do quarto com Nathaniel enrolado contra meu lado e caíndo quase que imediatamente em um sono profundo e sem sonhos.
Quando o telefone de cabeceira tocou, eu sabia o que era, mas levou alguns segundos para acordar o suficiente para me mover. Nathaniel tinha na verdade alcançado
através de mim e atendeu: - Residência Blake -, antes que eu abrisse os olhos.
Ele estava quieto, o rosto muito sério, então ele cobriu um fone com a mão, e disse: - É Ulysses, guarda-costas do Narcissus. Ele quer falar com você.
Peguei o telefone, ainda deitada sobre minhas costas. - Aqui é a Anita, o que você quer?
- Meu Oba deseja se encontrar com você.
Eu movi minha cabeça o suficiente para ver o relógio e gemi. Eu mal tive duas horas de sono. Eu poderia gerenciar uma hora de soneca e me sentir bem, ou ficar sem
dormir, mas em algum ponto entre duas e três horas simplesmente era pior. - Eu trabalho no turno da noite, Ulysses, o que quer que Narcissus quer pode esperar até
mais tarde.
- A palavra dada ontem foi que qualquer informação sobre os Metamorfos desaparecidos passa por você.
Isso me acordou um pouco. Eu pisquei e tentei estar mais acordada do que eu me sentia. - Que informação?
- Ele só vai falar diretamente com você.
- Então coloque ele no telefone, eu sou toda ouvidos.
- Ele insiste em que você venha até o clube dele, agora.
- Eu tive menos de duas horas de sono, Ulysses. Eu não vou arrastar minha bunda para o lado do rio Illinois ao raiar do dia. Se ele tiver informações que possam
nos ajudar a salvar das vidas dos Metamorfos, basta me dar, e eu vou ver que a informação chegue onde ela precisa ir.
- Meu Oba insiste que se você não vier para o clube agora, ele não irá compartilhar informação alguma.
Eu me sentei, encostando contra a cabeceira da cama, fechando os olhos. - Por que agora?
- Não é a minha maneira questionar minhas ordens.
- Talvez você deva trabalhar nisso -, Eu disse.
Houve um silêncio do outro lado do telefone. Eu não sabia se ele estava confuso e não percebeu o meu comentário, ou se tinha atingido muito perto do alvo. Ele finalmente
disse numa voz calma: - Agora mesmo o Rex dos leões está vivo. Esse pode não ser o caso em poucas horas.
Eu me sentei, olhos arregalados, completamente acordada, pelo menos. - Como você sabe disso?
- Meu Oba sabe muitas coisas.
- Narcissus realmente deixaria o Rex dos leões morrer só porque eu não vou ao clube na droga do raiar do dia?
- Meu mestre é muito insistente.
- Merda -, eu disse baixinho e com sentimento. - Diga a ele que eu vou ir ai, mas também lhe diga isso. Da próxima vez ele estiver em apuros, talvez ninguém vá ajudá-lo
também.
- Isso é mais ajuda que ele já deu a qualquer clã de outro animal.
Agora havia alguma coisa na voz de Ulysses, alguma coisa. Ele estava mentindo. Eu podia ouvir em sua voz. Eu não sabia se era poderes de vampiro ou de lobo ou leopardo,
e eu não me importei. A pergunta era: por que mentir sobre o fato de que as Hienas tinham ajudado a nenhum grupo de Metamorfos além desse? Porque valia a pena mentir
sobre tudo?
- Narcissus ajuda mais do que ele quer que as pessoas saibam, não é? -, Eu disse.
- O que te faz dizer isso? - Havia um fio de medo, quase pânico, na voz de Ulysses.
- O que iria doer, se a comunidade de Metamorfos soubesse que as Hienas estavam ajudando outros animais? -, Eu perguntei.
Sua respiração saiu em um longo suspiro. - Narcissus nunca iria querer que ninguém pense isso sobre as Hienas. Isso seria... -, ele hesitou, - mau para os negócios.
- Se Narciso está tão preocupado com Joseph, o leão, então porque não me dá a informação pelo telefone?
Ulysses riu, abrupto, divertido. - Narcissus nunca deu nada de graça. Há sempre um preço com ele.
- Então, eu me arrastando até seu clube sem dormir é o preço?
- Algo como isso.
- Posso trazer meu pessoal?
- Meu mestre adoraria ver qualquer um do seu pessoal que você gostaria de trazer.
Eu não gostei da frase sobre isso. - Que grande da parte dele.
- Quando você vai estar aqui? - Ulysses perguntou.
- Como você sabe que eu vou?
- Porque você sabe que ele é egoísta o suficiente e que, se você não vier agora, ele não vai compartilhar informação alguma. Você sabe que ele iria deixar Rex dos
leões morrer só porque ele não é o mesmo animal que nós somos, e você não vir agora seria um insulto.
- Essa merda de clã tem que parar, Ulysses. Temos de começar a ajudar mais uns aos outros.
- Não é minha função mudar o sistema, Anita. Estou apenas tentando sobreviver nele.
Ele pareceu triste. - Eu não quero gritar com o mensageiro, Ulysses, eu apenas estou cansada do sistema.
Ele riu de novo, mas não como se ele estivesse feliz. - Você está cansada do sistema. Jesus, você não tem idéia. Quando é que posso dizer a ele para esperar por
você?
- Uma hora. Menos, se eu puder. Eu quero Joseph vivo para ver seu bebê.
- A companheira dele provavelmente irá perdê-lo como todos os outros.
- Eu pensei que vocês, hienas, não falavam com os leões ou qualquer outra pessoa. Como você sabe sobre os infortúnios dos bebes de Joseph?
- Narcissus se mantêm informado de coisas assim.
- Por que ele iria se importar?
- Ele quer um bebê.
Isso me fez levantar as sobrancelhas. - Eu nunca imaginei Narcissus como o tipo paterno.
- Tente maternal.
- O quê?
- Nós estaremos esperando por você, Anita. Não o deixe esperando. Ele não gosta de ficar esperando. - Eu ouvi o pesar em sua voz, o pesar na fronteira com a tristeza.
Eu quase perguntei o que estava errado, mas ele já tinha desligado. O que Narcissus tinha feito a ele para colocar esse tom em sua voz? Será que eu realmente queria
saber? Provavelmente não. Não a menos que houvesse algo que eu pudesse fazer sobre isso, e não havia. Se eu começasse uma guerra com cada mestre metamorfo severo
na cidade, eu teria que matar todos, ou quase. O único que não era severo era Richard, e isso ia matá-lo. Eu reclamava sobre Narcissus ser muito severo e Richard
ser muito mole. Acho que eu apenas nunca estava satisfeita.
Eu desliguei o telefone e disse a Nathaniel o que estava acontecendo enquanto eu escolhia uma roupa. Nathaniel jogou uma blusa sobre o shorts de corrida que ele
tinha dormido, e acrescentou sapatos de corrida, sem meias. Ele sabia melhor do que tentar e vestir, porque ele insistia em desembaraçar seu cabelo e penteá-lo,
o que levaria o tempo todo que o resto de nós levaríamos para nos vestir. Eu estava errada. Natanael não estava sequer perto de terminar com seu cabelo quando o
resto de nós estava vestido e pronto para ir. Bobby Lee e Cris apenas entraram em suas camisas e sapatos, correram os dedos pelos seus cabelos curtos, colocaram
os coldres de volta, e eles estavam prontos para ir. Gil desceu em jeans, sapatos de corrida, e uma camisa para fora da calça de homem. A camisa parecia nova, mas
ele não nos manteve esperando. Caleb veio em jeans e nada mais. Eu não me incomodei a dizer a ele para colocar uma camisa ou sapatos. De alguma forma eu não achava
que Narcissus iria se negar a nos atender porque Caleb estava sem roupas.
Eu realmente levei o maior tempo de se vestir: jeans preto, camisa pólo vermelha, tênis Nike pretos, todas as lâminas que eu tinha, incluindo a nova bainha das costas
que eu tinha feito para a maior faca que percorre ao longo de minha espinha. A primeira bainha tinha sido cortada em pedaços pelo pessoal de emergência, enquanto
eles estavam tentando salvar minha vida. Eu também trouxe meus dois revólveres, embora eu não tinha certeza se algum de nós teria permissão para levar armas ao clube.
Mas apenas por precaução eu as trouxe, e eu avisei Cris e Bobby Lee sobre a regra de não-armas. Eles mostraram seu próprio conjunto de lâminas fodonas - cerca de
três cada - e estávamos prontos para ir.
Pensei em chamar Christine, a tigre, mas percebi uma vez que não eram nem sete e que eu iria deixar alguém dormir hoje. Além disso, eu não sabia merda nenhuma ainda.
Quando eu soubesse algo que valesse a pena compartilhar, eu compartilharia.
Eu estava a meio caminho do clube quando percebi que o ardeur não tinha começado. Era de manhã. Eu estava acordada. Não houve nenhuma agitação do ardeur. Esperança
queimou através de mim em um banho quente, impreciso. Talvez o ardeur fosse ser temporário. Querido Deus, eu esperava que sim. Eu fiz uma breve oração de agradecimento
e me mantive me monitorando para os primeiros sinais de luxúria desenfreada.
Nós chegamos ao Narcissus in Chains comigo irritada, mas não, nem um pouco sensual. Era um bom dia.
60
Eu consegui estacionar em frente da Narcissus in Chains. Não só apenas não havia nenhuma fila às 8h00, não havia outras pessoas em frente do clube. A ampla calçada
estendeu-se vazia, quase dourada, à luz da manhã. Se eu tivesse tido tempo para um café, eu poderia até ter dito que era bonito, mas eu não tinha tido tempo para
o café, portanto a luz do sol era somente brilhante. Eu tinha finalmente cedido e comprado óculos de sol há algumas semanas. Me encolhi atrás deles, desejando que
eu ainda estivesse na cama. Eu estava tão cansada, me senti confusa. Eu sou normalmente muito boa em ficar sem dormir. A única coisa que eu poderia culpar a confusão
era a exaustão de calor da noite anterior. Talvez eu precisasse de mais de três horas para recuperar-me dele. Isso me fez perguntar como ruim eu teria estado se
eu não tivesse todos os meus poderes sobrenaturais. Uma pessoa pode morrer de insolação.
Nathaniel estava ao meu lado, Bobby Lee e Cris, um passo atrás e para o lado. Gil e Caleb iam na retaguarda. A porta se abriu antes que pudéssemos bater. Ulysses
conduziu-nos ao clube escurecido. Ele ainda usava sua armadura de couro e metal. O cheiro dele me fez perguntar se era exatamente a mesma roupa que ele estava usando,
isso era há cinco ou seis dias? O homem alto, moreno e bonito que eu tinha encontrado pareceu de olhos fundos. Suas mãos fortes prendiam seus cotovelos, abraçando
seu corpo. Quando ele moveu uma mão para guiar-nos para dentro, ele tremeu. O que diabos estava acontecendo?
Meia dúzia de outros homens musculosos de diferentes raças e alturas estavam nas sombras esperando por Ulysses para dizer-lhes o que fazer. A tensão na sala era
tão densa que você poderia ter sufocado nela.
Cris fez um som assobio nas minhas costas, e eu não poderia culpá-lo. Decidi então ali que a menos que tivéssemos algumas explicações realmente boas, estaríamos
mantendo as armas. Houve um ar do desespero sobre todos os homens-hiena, como se algo realmente ruim tivesse acontecido.
A porta foi fechada atrás de nós, mas estávamos perto dela, e ninguém estava entre nós e ela. Eu queria salvar o leão Joseph, mas não o bastante para arriscar a
mim e ao meu pessoal. Se fosse uma escolha, eu sabia quem eu escolheria. Frio, talvez, mas eu nunca tinha encontrado Joseph o homem-leão. Ele não era real para mim
ainda, e todo o mundo comigo era.
Ulysses deve ter visto, ou cheirado, algo em nós, porque ele explicou. - Nosso mestre tem estado com disposição de nos punir.
- Por quê? -, Eu perguntei.
Ele balançou a cabeça. - Isso é pessoal.
- Legal, vamos falar com Narcissus, e vocês caras podem voltar a se punir.
- Não estamos nos punindo -, disse Ulysses.
Eu dei de ombros. - Olha, eu não aceito deixar alguém me pressionar até esse ponto, mas não é o meu negócio, é seu. Então, vamos compartilhar informações e nos deixar
sair daqui.
Alguma coisa cruzou o rosto de Ulysses, alguma emoção que eu não conseguia ler. - Sem armas no clube, essa é a regra.
- Eu acho que nós vamos manter nossas armas -, Bobby Lee disse.
Olhei para ele, e o olhar foi suficiente. Ele se calou, mas sorriu pra mim. - Na verdade, eu concordo com ele. Nós não vamos desistir de nossas armas hoje.
Ulysses balançou a cabeça. - Não posso desapontar meu mestre nisso, Anita. Você não tem idéia do que ele vai fazer para nós, se deixarmos você entrar com armas.
Olhei para os homens de pé em volta do quarto escuro. Medo rolou deles em ondas, seus corpos foram apertados com a tensão. Eu nunca tinha visto tantos homens tão
completamente derrotados antes. Eles fariam exatamente o que lhes disseram para fazer, porque eles estavam aterrorizados para fazer qualquer outra coisa. Tinham
me dito que um bom dominante era um parceiro atencioso. Talvez Narcissus não era um bom dom, talvez ele era um mau.
- Sinto muito, Ulysses, realmente, não quero lhe causar dor, mas se Narcissus enlouqueceu o suficiente para fazer vocês tão assustados assim, então nós mantemos
as armas.
- Por favor, Anita, por favor. - Ele deve ter visto alguma coisa no meu rosto que o deixou saber que eu não ia entregar, porque ele caiu de joelhos diante de mim.
O som dos joelhos, batendo no chão foi agudo, me fez estremecer. Ele manteve as mãos envolvendo seus braços, de modo que ele somente caísse mesmo sem agarrar-se
em absoluto. - Por favor, Anita.
Eu balancei minha cabeça, olhando dentro daqueles olhos assombrados.
Lágrimas brilhavam pelo seu rosto. - Por favor, Anita, por favor, você não sabe o que ele vai fazer para nossos amantes, se nós desapontarmos ele.
- Amantes? -, Eu fiz uma pergunta.
Ele levou duas tentativas para dizer: - Ajax é meu... amante. Estamos juntos há quatro anos. Por favor, Anita. Eu não tenho nenhum direito de pedir isso, mas, por
favor, desista de suas armas.
Eu balancei minha cabeça. - Sinto muito, Ulysses, realmente eu sinto, mas quanto mais você fala, mais eu quero manter minhas armas.
Ele se moveu tão de repente que não tive tempo para reagir, e Cris e Bobby Lee ambos retiraram suas armas, mas Ulysses não estava tentando me machucar. Ele envolveu
os braços em volta de mim, enterrou o rosto no meu peito, e chorou e implorou. Ele fedia a medo e sangue e coisas piores.
- Levantem as armas, rapazes, ele não está tentando me machucar.
Eles levantaram as suas armas, mas eles não pareceram felizes. Mas então, nem mesmo, suponho, eu estava. Toquei na cabeça de Ulysses, mas ele somente continuou dizendo,
- Por favor, por favor, por favor.
- Vocês todos podem vir conosco, simplesmente saiam com a gente -.
Bobby Lee sussurrou, - Isto não é uma boa idéia.
- Não me importo. Ninguém merece ser tratado assim.
- O que você vai fazer, Anita, oferecer a todos eles um santuário? Não trouxemos muitas armas -, ele disse.
- Se os outros homens-hiena opuserem-se, nos os deixamos. Eu não nos trouxe aqui para sermos mortos, mas se podemos, nós os levaremos com a gente.
Bobby Lee balançou sua cabeça. - Você faz a sua vida difícil, Anita, você faz a sua vida muito difícil.
- Então, me disseram.
Ulysses somente agarrou-se a mim, chorando, implorando. Tive de agarrar o seu rosto e fazê-lo olhar para mim, e ainda assim seus olhos não focaram. Levou quase um
minuto inteiro para ele me ver. - Você pode vir com a gente, Ulysses, todos vocês, somente saiam.
Ele balançou sua cabeça. - Eles têm os nossos amantes. Você não sabe o que eles farão, você não pode saber.
- Eles?
Um tiro de rifle explodiu de algum lugar na sala. Eu tinha a Browning a meio caminho para fora do seu coldre quando Cris cambaleou para trás. Sangue borrifou de
suas costas em Caleb e Gil. Gil começou a gritar. Eu tive que afastar-me antes de Cris atingir o chão.
Bobby Lee disse: - Três na passarela com rifles. Porra, menina, e nós andamos para o meio disso.
Olhei onde ele estava olhando e mal podia distinguir as formas. Se eu supostamente era pra ser o gatinho, porque o rato tinha uma melhor visão na noite?
Ulysses foi sussurrando repetidas vezes, - Me desculpe, me desculpe, me desculpe.
Eu coloquei o cano contra sua testa. - Não importa o que mais acontecer, Ulysses, você é o próximo a morrer.
Uma voz de homem saiu da escuridão. Ele estava falando pelo um sistema de som, isso eu saberia dizer. - Se você puxar o gatilho, vamos matar o seu outro guarda-costas.
Rifles com tiros de prata, Senhora Blake, e eu asseguro que meu pessoal tem tiros fatais. Agora, abaixe suas armas, e nós vamos conversar.
Eu mantive minha arma e disse a Ulysses, - Fique longe de mim, agora! - Ele engatinhou para longe, ainda chorando.
Eu escolhi a forma sombria no meu lado da passarela. Bobby Lee apontou para o outro lado, o que deixou um homem no meio sem uma arma nele. Mas desta distância, com
eles acima de nós, tínhamos de fazer cada tiro valer, o que significava que tínhamos que matar o que nós podíamos, então esperar que pudéssemos fazer algo com o
último. - Quem diabo é você? -, Eu perguntei.
- Deixe as suas armas, Senhora Blake, e eu lhe direi.
- Nós mantemos nossas armas, menina -, disse Bobby Lee. - Ele vai nos matar de qualquer maneira.
Eu concordei.
- Nós não queremos você morta, Senhora Blake, mas não damos a mínima para seus amigos. Nós podemos simplesmente continuar escolhendo-os até que você mude de idéia.
Eu me movi para ficar na frente de todos, para que atirar no meio fosse difícil. Do ângulo acima, eu não poderia bloqueá-los completamente, mas era o melhor que
podia fazer. - Todo mundo abaixado -. Apenas Bobby Lee hesitou. - Eles não me querem morta, e preciso da sua arma. - Ele deu uma olhada para mim, depois caiu para
um joelho, usando-me para proteger-se do atirador do meio. Ele tinha sacado meu plano. Todos estavam abraçando o chão. Estávamos sem cobertura, e a porta estava
perto, mas não perto o bastante, com três rifles em nós.
- O que você esta fazendo, senhora Blake? -, a voz perguntou.
- Somente testando uma teoria -, Eu disse.
- Não esteja estúpida, senhora Blake.
- Bobby Lee -, Wu disse.
- Sim, senhora.
- Quão bom é você?
- Dê a palavra, descobriremos.
Senti que o meu corpo ficar muito, muito parado, para que o mundo se reduzisse ao final da minha arma e aquela forma agachada na passarela. Eram aproximadamente
dez metros. Eu tinha acertado alvos mais longe do que isto. Mas isso era tiro ao alvo. Eu nunca tentei derrubar um homem com um revólver desta distância. Deixei
sair minha última respiração para que eu fosse só tranqüilidade, somente a arma, somente o ponto da arma, somente o alvo da arma, e com o último, simples toque da
minha voz, sussurrei, - Palavra -.
Nossas armas dispararam quase simultaneamente. Não atirei somente uma vez, disparei tão rápido como eu poderia puxar o gatilho. Meu vulto estremeceu, o alvo saiu
rastejando, depois caiu lentamente fora da passarela. Eu virei minha arma antes do corpo atingir o chão e encontrei o homem do meio se levantando. Vi a sombra de
seu rifle. Ouvi a voz gritando por cima da explosão de tiros: - Não acerte ela, não se atreva.
O rifle arou o chão a centímetros de mim - dois tiros - tentando fazer eu me mover e lhe dar uma mira para Bobby Lee, mas eu mantive minha posição e disparei de
volta. Bobby disparava comigo, e a forma da sombra estremeceu, surpresa, depois caiu para frente, seu rifle caindo para pousar no chão com os outros dois corpos
dos atiradores agora mortos.
A voz disse, - Rapazes, não me desapontem.
Os Homens-hiena correram para nós. Bobby Lee e eu começamos a atirar. Dividimos os seis Homens-hiena entre nós, facilmente, sem fogo cruzado, sem tomar golpes do
outro - meu lado da sala, seu lado da sala. Eu peguei dois, acho que ele pegou um, e nós dois clicamos vazio. Saquei a Firestar com a canhota, que o fez cerca de
dois segundos mais lento do que precisava ser, mas foi provavelmente mais rápido do que por o clipe da Browning e recarregando. Se eu sobrevivesse, eu teria que
cronometrar para ver qual dos dois era mais rápido.
Foi Ulysses que estava quase em cima de mim como uma forma escura de morte. Uma arma explodiu em minhas costas, e Ulysses caiu para trás sobre o chão. Girei para
encontrar Nathaniel com uma arma. Seus olhos estavam arregalados, seus lábios separados, um olhar de espanto no seu rosto. Ele pegou a arma que Cris derrubou. Movimento
me virou de volta para a luta. Metal brilhou enquanto Bobby Lee atacou com energia os dois últimos homens-hiena. A luta foi muito intensa. Eu não conseguia ter um
tiro certeiro.
As portas distantes se abriram, e os homens derramaram fora. Avancei para a luta em volta de Bobby Lee e disparei quase à queima-roupa contra as costas de alguém.
O homem tremeu e caiu, me pondo cara a cara com Bobby Lee. Isso o pegou de surpresa, e tive de disparar através do seu corpo no último combatente. Apontei a Firestar
para os homens-hiena se derramando em direção a nós. Eu esvaziei a arma neles, enquanto todos nós começamos a voltar para a porta. Eu não era tão boa com a canhota.
Eu não acho que eu matei ninguém, mas feri alguém com cada tiro, e isso os atrasou, os fez hesitar.
Gil, Caleb, e Nathaniel já estavam nas portas. A luz do dia se derramou dentro, e eu estava deslumbrada por um segundo, porque meus óculos de sol ainda estavam dobrados
através da frente da minha camisa. Eu derrubei a Firestar, estalei o clipe vazio de Browning e tive o segundo clipe socado em casa antes que chegássemos à calçada.
Eu ainda não consegui ouvir o barulho dos clipes que batem em casa, mas vi Bobby Lee fazendo o mesmo movimento com a sua arma que eu tinha feito com a minha. Eu
sabia que ele estava travado e carregado.
Eu gritei, - Nathaniel! O jipe, faça-o funcionar! - Eu sabia que ele sabia onde o jogo extra de chaves estava. Lembrei-me de Narcissus dizendo que havia mais de
quinhentos Homens-hiena. Tivemos que sair de lá antes que eles decidissem apanhar mais armas ou somente esmagar-nos com os números. O tiroteio retardou-os, mas de
quem quer que aquela voz tinha sido, os tinha aterrorizado. Eu poderia matá-los, mas não poderia aterrorizar-los. Se eles se derramarem por aquela porta a fora em
uma onda, dependeria se eles temiam a morte ou terror mais.
Olhei para trás para encontrar Nathaniel no jipe, com Caleb e Gil na traseira. O motor rugiu à vida. Bobby Lee e eu começamos a ir para o jipe, e os homens-hiena
marcharam na luz solar, demais para contar, quase demais para apontar. Disparei na massa de corpos, e gritei, - Corra!
Bobby Lee e eu fomos correndo para o jipe, o que significa que a nossa pontaria não foi o que deveria ter sido, mas os homens estavam amontoados tão firmes que continuamos
acertando neles de qualquer maneira. Eles cairiam, então não haveria gritos, sons, uma tremenda risada que levantou os cabelos atrás do meu pescoço, e o ferido levantou
transformado em homem-hiena, musculoso, de pelo claro, manchado, com um focinho cheio de presas e garras como facas pretas. Nós não estávamos os talhando, estávamos
dando-lhes as melhores armas para usar contra nós.
Nathaniel gritou, - Entrem!
Olhei para trás para encontrar as portas abertas na frente e no meio. Deslizei no assento traseiro, Bobby Lee deslizou na frente. As portas foram fechadas, trancadas,
e Nathaniel foi arrancando do meio-fio quando eles se derramaram sobre nós. Eles cercaram o carro, cobrindo as janelas. Nathaniel acertou no gás e o jipe rugiu para
frente. Um braço quebrou a janela ao meu lado. O som de vidro quebrando estava em todo lugar. Eles tentavam se segurar e entrar. Eu disparei pela minha janela no
homem além, e ele caiu. Bobby Lee disparava no homem-hiena que tentava rastejar pelo pára-brisa.
Mas havia pelo menos três outros quebrando o vidro, tentando rastejar através dele. Disparei a Browning em uma janela em frente a minha. Levou quatro tiros antes
que ele caísse. A Browning estava perto de esvaziar, mas eu tinha perdido a conta. Os últimos dois homens-hiena estavam na metade do caminho através das janelas;
um deles se derramou na traseira do jipe. Ele lançou-se em mim, e disparei mais duas balas quase à queima-roupa nele. A arma clicou vazia. O homem caiu, aparentemente
morto nos meus joelhos, porque eu estava ajoelhada na traseira do jipe, o que significava que eu tinha rastejado por cima do assento para encontrar seu ataque. Eu
não me lembro de ter feito isso.
O último estava na forma de meio-homem. Ele estava tendo problemas rompendo o seu caminho através da janela. Eu acho que ele pegou alguma coisa dolorosa no vidro.
Saquei a lâmina que eu usava nas minhas costas. O meu joelho direito estava para baixo, à perna esticada no assoalho, meu esquerdo, levantado no meu calcanhar. Era
a posição de um espadachim para quando você não podia se equilibrar. Eu ataquei em um borrão de velocidade, sentindo a força no meu corpo como nada que eu jamais
tinha sentido antes. Ele levantou os olhos no último segundo exatamente antes de um pedaço da lâmina entrar no lado do seu rosto e partiu abrindo sua cabeça. Sangue
respingou nos meus braços, sobre meu rosto. O corpo caiu para frente, à maioria das suas partes mais baixas ainda penduradas fora da janela. A parte de cima da sua
cabeça desde pouco acima da maxila se foi, derramando-se sobre o tapete, embebendo na perna da minha calça. Eu tive um batimento cardíaco para pensar, puta merda,
então ouvi os sons no teto.
Bobby Lee disse, - Bastardos persistentes.
Não respondi, somente me ajoelhei pela roda oposta dos corpos. Edward, o assassino de mortos-vivos, e a única pessoa que eu conhecia com uma soma de mortes de monstros
mais alta que a minha, tinha me convencido em deixar um amigo seu remodelar o meu jipe. A roda tinha um compartimento secreto. No interior havia uma Browning Hi-Power
extra, dois clipes extras, e uma mini-Uzi com um clipe de cogumelos. O clip mal coube dentro do compartimento, mas quase triplicou a capacidade da rodada, portanto
isso valeu o ajuste apertado.
Garras rasgaram o teto do jipe e começou a descascá-lo para trás, como abrir uma lata. Lancei-me sobre as minhas costas e disparei para o teto. Uivos de animal,
um corpo caiu passando pelas janelas, mas o outro ficou o teto, o braço meio-animal empurrado através do metal. Fui aos meus joelhos, disparando somente na parte
de trás do braço. O Homem-hiena rolou da traseira do jipe e pulou na estrada. O braço ficou no buraco no teto, preso no metal.
Quando o zumbido nos meus ouvidos diminiu o suficiente para eu ouvir algo além do meu próprio sangue batendo, eu podia ouvir Caleb, dizendo: - Caralho, caralho,
caralho - varias vezes. Gil estava encolhido junto dele no assoalho, gritando, um som alto de dar pena, suas mãos sobre as orelhas, olhos fechados. Inclinei-me sobre
o assento, mas não tentei subir de volta. Minhas costas estavam cobertas de sangue e coisas piores de rolar pelo chão.
Eu gritei, - Gil, Gil!
Ele apenas continuou gritando. Bati no topo da sua cabeça com o cano da arma. Aquilo o fez abrir os seus olhos. Apontei a arma para o teto enquanto ele me encarava.
- Pare de gritar.
Ele assentiu com cabeça, mãos abaixando lentamente. Ele continuou balançando a cabeça repetidas vezes. Caleb tinha parado de xingar sob sua respiração. Ele respirava
tão forte que pensei que ele poderia hiperventilar, mas eu tinha outras coisas com que me preocupar.
- Que tipo de clipe tem nessa Uzi? - Bobby Lee perguntou.
- Ele é chamado de um clipe de cogumelos. E ele triplica em torno à capacidade da munição.
Ele balançou sua cabeça. - Maldição, menina, onde você tem vivido que você precisa desse tipo de poder de fogo?
- Bem-vindo à minha vida -, Eu disse. Olhei para Gil. - Da próxima vez que eu lhe dizer para ficar em casa, fique em casa.
- Sim, senhora -, ele sussurrou.
- Diminua, rapaz -, disse Bobby Lee, - não queremos ser pegos pelos policiais com corpos no carro.
- Os danos podem dar uma dica -, Eu disse.
O braço pendurado no teto havia mudado de volta à forma humana. Ele caiu sem ossos quando Nathaniel virou uma esquina. Olhei para longe dele e o encontrei agora
humano com sua cabeça dividida. Seu cérebro tinham vazado em pedaços. De repente eu estava quente, tonta. Eu não conseguia lembrar o que eu tinha feito com a lâmina
grande. Devo ter deixado cair, mas não me lembro de ter feito isso. Eu me enfiei em um canto, a Uzi levantada para o teto, meu corpo segurou nos três lados de metal
e no banco traseiro. Estava tão perto de ser segurada como poderia controlar. Fechei os olhos, então eu não poderia ver o que eu tinha feito. Mas o cheiro ainda
estava lá: sangue fresco, carne massacrada, e aquele cheiro de alpendre que o deixa saber que os intestinos de alguém tinham se soltado. Eu comecei a engasgar e,
o jipe saiu da estrada. Isso me fez olhar para cima, me deu algo a mais para se concentrar.
Nathaniel estava indo para uma estrada de cascalho no meio do nada. Havia árvores, uma várzea, grama verde, e além disso, o brilho do rio. Era um lugar tranquilo.
Ele dirigiu até que não estivéssemos facilmente visíveis da estrada, depois parou.
- O que está acontecendo? -, Perguntei.
Bobby Lee respondeu, - Eu acho que, se dirigirmos em volta do tráfego com pernas presas para fora, alguém avisara a polícia.
Concordei. Era um bom ponto. - Eu devia ter pensado nisso -, Eu disse.
- Não, você fez seu trabalho do dia. Deixe-me pensando até a sua cabeça clarear.
- Minha cabeça está clara -, Disse eu.
Ele saiu do carro e falou através de uma das janelas quebradas enquanto ele movia as pernas. - Conheço dores de consciência quando as vejo, menina.
- Pare de me chamar de 'menina'.
Ele sorriu para mim. - Sim, senhora. - Ele agarrou as pernas e empurrou o corpo através do vidro. Ele caiu com um som grosso em cima do primeiro corpo. Um som saiu
do corpo no fundo. Podia ter sido apenas ar escapando - isso aconteceu algumas vezes - mas então outra vez...
Eu estava de joelhos, Uzi apontada para os corpos. Bobby Lee disse: - Não atinja o tanque de gasolina, senhora, nós não queremos nos explodir. - Ele tinha a sua
arma de volta.
Mudei o meu ângulo para que eu atirasse através da cabeça escura que ficou no fundo da pilha. Dois corpos constituem uma pilha? Isso importa? Algo escovou meu cabelo
e puxei a arma, só para descobrir que eu tinha escovado os dedos no braço que suspenso no teto. Ele estava se soltando, escorregando mais para baixo sozinho. Ótimo.
Eu pressionei o cano da Uzi contra o topo da cabeça. - Se você estiver vivo, não se mova, se você estiver morto, não se preocupe com isso.
Bobby Lee abriu a traseira do jipe, sua arma ajustada para baixo para um tiro - no corpo -.
- Se eu disparar no topo da cabeça dele, as balas podem cortar suas pernas fora.
Ele afastou-se para um lado, arma constante. - Minhas mais profundas desculpas, senhora, sei melhor do que isto.
Pressionei o cano da arma mais segura no topo da cabeça e comecei a chegar lentamente em direção ao pescoço que era visível somente abaixo do topo do corpo muito
morto.
- Estou vivo -. A voz me fez pular e quase me fez apertar o gatilho.
- Merda -, Eu disse.
- Porque você não acaba com isso? - o homem perguntou. A sua voz era cheia de dor, mas não grossa. Eu tinha perdido o coração e os pulmões. Descuido meu.
- Por que não era a voz de Narcissus pelo sistema de alto-falante, e Ulisses disse que eles tinham seus amantes. Que não sabíamos o que iam fazer para seus amantes
se vocês falhassem. Quem é o cara pelo alto-falante? Quem são 'eles'? Onde diabos esta Narcissus? Por que os homens-hiena deixam alguém tomá-los assim?
- Você não vai me matar? -, Ele fez uma pergunta.
- Você responde nossas perguntas, e eu te dou minha palavra de que não vamos te matar.
- Posso me mover?
- Se você puder.
Ele se moveu lentamente, dolorosamente para o seu lado. Seu cabelo era encaracolado, escuro, cortado muito curto, pele pálida. Ele virou até que ele pudesse ver
meus olhos, e o esforço deixou-o tremendo, seus lábios azuis, que me fez pensar que talvez nós não teríamos muito tempo para fazer nossas perguntas, que talvez já
o tínhamos matado, apenas não rápido o suficiente.
Seus olhos eram uma estranha sombra de ouro. - Eu sou Bacchus -, ele disse naquela voz cheia de dor.
- Prazer em conhecê-lo. Eu sou Anita, esse é Bobby Lee, agora comece a falar.
- Pergunte-me qualquer coisa.
Eu comecei a perguntar. Bacchus começou a responder. Ele não morreu. No momento em que atravessamos a ponte no Missouri, seus lábios estavam rosa e saudáveis e o
olhar atordoado tinha deixado seus olhos. Eu realmente ia ter de começar a embalar melhor a munição.
61
Bacchus na verdade não sabia de muita coisa. Narcissus tinha apresentado seu novo caso, Chimera, e eles pareciam estar se divertindo muito juntos. Se não é amor
verdadeiro, então a troca severa que ambos queriam. Então Narcissus tinha entrado em um dos quartos e não voltou a sair. Por vinte e quatro horas os homens-hiena
tinham pensado que era somente sexo, mas depois disso, eles deixaram de acreditar nas garantias de Chimera que Narcissus estava bem. Ajax tinha conseguido entrar,
e foi quando as coisas ficaram mal.
- Ajax nos disse que Narcissus estava sendo torturado, realmente torturado.
- Porque você não o resgatou? -, Perguntei.
- Chimera veio com os seus próprios guarda-costas. Eles tomaram... - Bacchus teve de parar e lutar para respirar profundamente, como se algo dentro dele doesse.
- Você não sabe o que eles fizeram ao nosso pessoal. Você não sabe o que eles ameaçaram fazer-lhes se nos falhássemos.
- Nos diga, então saberemos -, Eu disse.
- Você encontrou Ajax? -, Ele perguntou.
Assenti.
- Eles cortam fora seus braços e pernas e queimaram as extremidades das feridas, para que ele não pudesse curar o dano. Chimera disse que eles o colocariam em uma
caixa metálica e somente o tirariam em ocasiões especiais. - Bacchus engasgou, e eu não estava certa se foi dos ferimentos ou de horror.
Bobby Lee disse, - Ele esta aborrecido o bastante para que eu não possa dizer se ele está esta mentindo ou não, mas eu acho que ele está dizendo a verdade. - Sua
voz estava um pouco rouca, como se ele estivesse vendo as imagens na sua cabeça que eu tentava muito duro não imaginar. Eu tinha melhorado ultimamente em simplesmente
recusar a deixar minha imaginação fugir comigo. Talvez isso tenha algo a ver com ser uma sociopata; se sim, vamos ouvi-lo como demência. Sentei-me lá no jipe, minha
mente cuidadosamente em branco, sem ver nada. Bobby Lee parecia doente.
- Quantos guarda-costas este Chimera tem? -, Perguntei.
- Cerca de vinte e cinco, antes que você começasse a matá-los.
- Eu pensei que lá haveria uns quinhentos de vocês. Como poderia vinte e cinco homens controlá-los?
Bacchus olhou-me com olhos arrasados. - Se alguém tivesse o seu Ulfric, Richard, e estivesse cortando partes dele, mutilando-o, você não faria qualquer coisa para
salva-lo?
Fiquei quieta e pensei sobre isso. Dei a única resposta verdadeira que eu poderia. - Eu não sei. Isso dependeria do que 'qualquer coisa' inclui. Eu vejo o seu ponto,
mas porque vocês não correram deles somente?
Bacchus apoiou-se contra a lateral do jipe. Nathaniel tomou uma curva um pouco rápido, e Bacchus tentou agarrar algo assim ele não escorregaria. Eu lhe dei minha
mão, agarrei-o, e ele pareceu tanto agradecido como incerto. Manteve-se segurando minha mão e fez um bom contato visual. - Nós não tínhamos um alfa. Ajax e Ulysses
eram os próximos no comando, e uma vez que começaram a cortar Ajax, Ulysses disse-nos pra fazer o que eles dissessem. - Ele apertou minha mão, não muito apertado.
- O resto de nós não são líderes, Anita. Nossos alfas estavam todos dizendo-nos para cooperar com Chimera. Nós somos seguidores, deste modo, isso é tudo. Precisamos
de um alfa com um plano.
Meus olhos se arregalaram. - O que você está dizendo, Bacchus?
Ele puxou-me para perto dele com nossas mãos apertadas - Há ainda quase cento e cinqüenta hienas saudáveis. Deus sabe o que eles farão aos presos agora que nós falhamos.
- Porque eles querem a senhora Blake? -, Bobby Lee perguntou.
- Chimera quer Anita para sua companheira.
Isto levantou minhas sobrancelhas. - O que você está falando?
- Ele fica de pau duro quando o assunto é sobre você. Não sei por quê.
Eu tentei puxar minha mão do aperto da mão de Bacchus, mas ele me manteve perto. - Ele tentou me matar pelo menos duas vezes. Isso não parece muito amigável.
- Ele queria você morta, agora ele não quer, eu não sei por quê. Chimera é louco, ele não precisa de uma razão de mudar de idéia. - Ele olhou para mim, ainda segurando
minha mão. - Por favor, ajude-nos.
- Você pode garantir que as outras hienas seguirão a senhora Blake? -, Bobby Lee perguntou.
Bacchus olhou para abaixo, seu aperto de mão afrouxou, então ficou mais apertado, e ele levantou os olhos novamente. - Sei que se tivéssemos tido algum alfa que
teria defendido todos nós, teríamos pegado estes caras por agora. Mas Ulysses ama Ajax, realmente o ama. Ele não sabia que fazer.
- E Narcissus? Ele não esta ainda todo sentimental sobre Chimera, certo? -, Eu disse.
- Não, mas a única vez que nós fomos autorizados a ver Narcissus, ele estava amordaçado.
- Narcissus tem uma reputação -, disse Bobby Lee, - de ser um bastardo resistente. Não penso que ele teria se rendido para eles.
Bacchus encolheu os ombros, e eu finalmente libertei minha mão. - Não sei -, o homen-hiena disse, - mas ele não podia dizer-nos para atacá-los. Por tudo que eu sei,
Chimera pode ter tomado sua língua. Ele fez isto para Dionysus, meu... amante. - Ele abraçou-se, cabeça baixa, olhos fechados. - Ele me deu a língua em uma caixa
embrulhada com uma fita.
Tinham-me dado uma caixa uma vez com partes de pessoas que me importavam nela. Eu tinha matado aqueles que os tinha machucado, matei todos eles. Mas o dano feito
aos meus amigos tinha sido permanente. Nada que eu posso fazer repararia isso, porque eles tinham sido humanos; eles não crescem de volta partes do corpo perdidas.
Bacchus manteve seus olhos fechados, sua face muito ainda, como se ele estivesse se segurando firme, com medo de perder o controle. Eu não sabia o que dizer diante
da sua dor. Como que eu fui de tentar matá-lo para me sentir mal por ele? Talvez isso fosse uma coisa de menina, ou talvez eu tivesse sido super-socializada como
uma criança. Seja qual for a razão, encontrei-me querendo ajudá-lo, mas não querendo arriscar ninguém do meu próprio pessoal. Cris foi morto no chão da Narcissus
in Chains. Eu não conhecia Cris a muito tempo; sua perda não foi tão grande para mim, simplesmente não era. Mas se eu entrasse lá com vigor, eu estaria arriscando
pessoas às quais eu sentiria falta.
Ainda assim... - Você pode desenhar um plano, um esquema do clube, marcar onde todo mundo está sendo mantido?
Ele abriu seus olhos, sua expressão surpresa, as lágrimas que ele tinha estado segurando trilhando por suas bochechas, esquecidas. - Você nos ajudará?
Encolhi os ombros, desconfortável junto ao alívio frenético em seus olhos. - Não estou certa ainda, mas não faz mal descobrir contra o que estaríamos.
Bacchus agarrou minha mão novamente, apertou-a na sua bochecha. Pensei no início que isso ia ser uma espécie de saudação hiena, mas ele pôs um suave beijo em minha
mão e deixou-me ir. - Obrigado.
- Não me agradeça ainda, Bacchus, não me agradeça ainda. - Eu não disse em voz alta que se o clube parecia muito difícil de tomar, como ele custaria muitas vidas,
eu não o faria. Mantive isso para mim, porque ele poderia mentir, fazer parecer mais fácil. A pessoa que ele amava estavam sendo torturada. As pessoas farão muitas
coisas pelas pessoas que eles amam, até mesmo coisas estúpidas.
62
Bobby Lee insistiu em ligar para Rafael primeiro. Nathaniel e Caleb me ajudaram a ajeitar Bacchus na cozinha. Ele ainda estava andando como se coisas doessem. A
primeira coisa que Gil fez foi se sentar na extremidade do sofá, encolhido. Ele esteve abstraído desde que eu lhe disse para parar de gritar. Normalmente, eu teria
perguntado o que estava errado, mas que se dane, eu não tinha tempo para ser babá dele agora.
A cozinha estava escura e deprimente com todas as janelas e a porta de vidro deslizante sobre tabuas. Tivemos de acender todas as luzes. Minha ensolarada cozinha
sido transformada em uma caverna.
Uma hora depois tínhamos um bom mapa do interior do clube. Bacchus sabia o horário de guarda das hienas, mas não para os homens de Chimera. Ele fez o melhor que
podia, mas disse, - Chimera muda sua rotina, algumas vezes todos dias, ou pelo menos a cada três dias. Um dia ele continuou mudando suas ordens a cada hora mais
o menos. Foi estranho, mais estranho até do que o normal para Chimera.
- Quão instável ele é? -, Bobby Lee perguntou.
Bacchus realmente pareceu pensar sobre isso por um segundo ou dois. Eu tinha pensado que era uma pergunta retórica; talvez eu estivesse errada. - Às vezes ele parece
bem. Às vezes ele é tão louco que me assusta. Penso que ele assusta até mesmo seu próprio pessoal. - Bacchus franziu as sobrancelhas e então disse, - Eu os ouvi
dizer coisas, como ele literalmente estava ficando louco e eles estavam com medo dele, também.
A campainha tocou. Isso me fez pular. Nathaniel pulou do balcão de cozinha, onde ele esteve sentado. - Eu vou atender.
- Verifique e veja quem é antes -, eu disse.
Ele olhou para trás por cima do seu ombro, o olhar em seu rosto claramente dizendo que eu estava lhe dizendo algo que ele já sabia. Depois de meses dividindo a cama
e a mesa comigo, ele sabia que tinha que verificar a porta antes que ele a abrisse.
- Você costumava apenas a abrir a porta -, Eu disse.
- Sei melhor agora -, ele disse e desapareceu na sala de estar.
Ele voltou quase imediatamente. - É o homem-lobo que estava na Narcissus in Chains, aquele chamado Zeke. - Nathaniel pareceu um pouco pálido.
Bobby Lee e eu tínhamos armas em nossas mãos. Eu não me lembrava realmente de ter sacado a minha. Eu estava olhando para as janelas tapadas. A madeira era uma proteção
um pouco melhor do que o vidro tinha sido, mas ao invés disso não podíamos ver através da madeira também. Os caras maus poderiam esgueirar-se melhor de nós. - Ele
está sozinho? - Eu perguntei.
- Ele é o único que está na varanda -, disse Nathaniel, - mas isso não significa que ele está sozinho. - Seus olhos estavam um toque arregalados quando ele disse,
- Eu não cheiro cobras ou leões. - Eu podia ver o pulso em seu pescoço pulando sob sua pele.
- Vai dar tudo certo, Nathaniel -, Eu disse.
Ele concordou, mas o olhar em seu rosto me disse que ele não estava convencido. Gil uniu-se a nós na cozinha. - O que está acontecendo?
- Caras maus -, Eu disse.
- Mais deles? -, Ele disse, a voz lamentosa.
- Você poderia estar mais a salvo sozinho, Gil -, Eu disse.
Ele concordou. - Estou começando a perceber isto. - Seus olhos estavam tão arregalados que pareceu doloroso.
Eu tinha trazido a mini-Uzi do carro e a tinha recarregado com o cofre de armas no andar de cima. Peguei-a do armário da cozinha e debati entre ela e a Browning.
A campainha tocou novamente. Não pulei desta vez. Pendurei a Uzi por cima do meu ombro pela sua cinta e ajustei a Browning mais confortavelmente na minha mão. A
Uzi era realmente uma arma de emergência. O fato que eu tinha até pensado sobre atender a minha porta com ela em uso era provavelmente um mau sinal. Se eu precisava
de mais que uma 9mm para responder a minha própria porta da frente, eu deveria apenas deixar a cidade.
Eu espiei para fora na sala de estar, mas não havia nada para ver exceto a porta da frente fechada. Eu ia ter de olhar para fora da janela lateral para ver o que
estava esperando na varanda. Aproximei-me a porta com a Browning firme nas duas mãos, ficando ao lado da porta. Estava pronta no caso deles começaram a atirar através
porta. Mas é claro, na última vez eles tinham atirado pelas janelas, também, mas as cortinas foram puxadas, e isso era o melhor que eu ia ser capaz de fazer, no
máximo de segurança que eu conseguiria chegar.
Ajoelhei-me perto da janela, porque a maioria das pessoas atiram para o peito ou cabeça, e de joelhos eu sou muito mais baixa. Afrouxei a cortina para um lado, e
algo bateu contra o vidro. Pulei para atrás, trazendo a arma para cima, mas nada mais aconteceu. Eu tinha uma imagem na minha cabeça do que tinha sido, e não tinha
sido uma arma. Pensei que tinha sido um foto. Afrouxei a cortina de volta e encontrei-me encarando uma Polaroid de um homem acorrentado a uma parede. Ele estava
nu, coberto em arranhões sangrentos, sangue cobrindo a maior parte do seu corpo, portanto foi difícil ver no início exatamente quem era. Então gradualmente os meus
olhos fizeram sentido daquilo, e eu percebi que era Micah. Sentei-me abruptamente no chão, quase como se eu tivesse caído. Minha mão correu a cortina, mantendo-a
aberta. A arma não estava onde deveria estar, mas pairava no ar, meio esquecida. Uma mordaça cortou através daquela larga boca, o rosto delicado coberto de sangue
e carne inchada. Os longos cabelos estavam amontoados para um lado, como se estivessem tão grudentos com o sangue que ele não se movia mais livremente. Seus olhos
estavam fechados, e perguntei-me por um segundo que durou para sempre se ele estava morto. Mas havia algo sobre o modo que ele estava pendurado nas correntes que
dizia vivo. Mesmo em uma foto, havia uma quietude na morte que os vivos não podem imitar. Ou talvez eu apenas tivesse visto corpos o suficiente para saber.
Bobby Lee estava ao meu lado. - O que é, o que está errado? - Então ele viu a foto, e ouvi sua respiração ficar afiada. - Este é o seu Nimir-Raj, não é?
Concordei, porque eu ainda não estava respirando, que fez ficar difícil falar. Fechei meus olhos por um momento, tomei uma profunda respiração purificante, e deixei-a
sair lentamente. Tremeu quando ela deixou meu corpo. Xinguei silenciosamente. - Se controle, Anita, você pode fazer melhor do que isto.
- O que? -, Bobby Lee perguntou.
Me dei conta que eu tinha dito o último em voz alta e balancei minha cabeça, deixando a cortina voltar ao lugar. Eu fiquei de pé. - Deixe-o entrar, vamos ver o que
ele tem a dizer.
Bobby Lee estava me dando um olhar engraçado. - Você não pode atirar nele até que saibamos o que está acontecendo.
Concordei. - Eu sei.
Ele tocou meu ombro, virou-me para olhar para ele. - Há um olhar no seu rosto, menina, que é tão sombrio como o amanhecer de um Inverno. Pessoas matam outras pessoas
enquanto eles estão usando esse olhar. Não quero que você deixe suas emoções ficarem no caminho dos negócios.
Algo que era quase um sorriso tocou meus lábios. - Não se preocupe, Bobby Lee, não deixarei nada interferir com os negócios.
Sua mão afastou-se devagar. - Menina, o olhar nos seus olhos agora me assusta.
- Então não olhe -, Eu disse, - e não me chame de 'menina'.
Ele concordou. - Sim, senhora.
- Agora abra a maldita porta, e vamos terminar com isso.
Ele não discutiu novamente. Ele somente foi para a porta e deixou o grande lobo mau entrar.
63
Quando abrimos a porta, Zeke tinha uma foto de Cherry na frente de seu peito. Suas primeiras palavras foram, - Atire em mim e ambos vão estar pior que mortos.
Então ele se sentou no meu sofá branco, ainda respirando, embora se ele dissesse algo errado, eu tinha esperanças de mudar essa situação.
- O que você quer? - Eu perguntei.
- Fui enviado para buscá-la para o meu mestre.
- Definia ‘buscar’ - eu disse. Eu estava sentada na mesa baixa de madeira de café na frente dele. Bobby Lee estava de pé nas costas dele com uma arma pressionando
sua coluna. Com essa distancia com munição de prata, não havia um alfa no mundo que iria sobreviver, ou pelo menos nenhum que eu conheci, e eu conheci alguns.
- Ele quer que você seja sua companheira
Eu balancei minha cabeça. - Eu ouvi isso, mas ele não tentou, por duas vezes, fazer vocês me matarem?
Zeke assentiu. - Sim
- E de repente ele quer que eu seja o seu docinho de coco* -.
*Honey Bun, seria um apelidinho carinhoso entre amantes, docinho de coco se encaixa melhor do que pão de mel.
Zeke assentiu com a cabeça novamente. O gesto pareceu estranho na forma de lobo, como uma espécie de golden retriever que estava concordando sabiamente.
- Por que a mudança de coração? - Eu perguntei. O fato de que eu estava fazendo perguntas calmamente enquanto os polaroids de Cherry e Micah colocadas ao meu lado
na mesa do café foi um testemunho a minha paciência e minha falta de sanidade. Se eu fosse realmente sensata eu não poderia ter ficado calma, mas eu tinha batido
naquele meu interruptor na minha cabeça que me permitia pensar quando coisas horríveis estavam acontecendo. O mesmo interruptor que me permitia matar sem muito remorso.
Ser capaz de me separar das minhas emoções me segurava de atirar em pedaços o corpo de Zeke até ele me dizer onde estava Micah e Cherry. Além disso, há sempre a
possibilidade muito real de que eu poderia fazê-lo mais tarde. Conversar sensatamente em primeiro lugar, torturar só se for preciso, para conservar energia.
- Disseram a Chimera que você iria ser uma Panwere como ele.
Eu levantei as sobrancelhas para isso. - Panwere, o que diabos é isso?
- Um metamorfo que pode assumir mais de uma forma -, disse Zeke.
- Não é possivel -, disse.
Bacchus falou pela porta da cozinha. Ele ficou tão longe quanto podia de Zeke e ainda permanecer na sala. - Chimera pode assumir mais de uma forma, eu vi isso.
Eu olhei para trás, para Zeke. - Ok, tudo bem, ele é um panwere. Porque alguém diria a ele que eu também sou uma?
- Antes de eu responder a essa pergunta, eu tenho alguém esperando em um carro nas proximidades. Eu gostaria que ela viesse e falesse com você.
- Quem? - Por um momento selvagem eu pensei que ele quis dizer Cherry, mas ele não disse.
- Gina
- Gina do Micah? - Eu perguntei.
Zeke assentiu.
Olhei atrás dele, para Bobby Lee. - Nós confiamos nele para voltar a sair e entrar sem reforços?
Bobby Lee balançou a cabeça.
Eu balancei minha cabeça também. - Desculpe, Zeke, mas nós não confiamos em você.
- Envie Caleb então. - Ele olhou para o leopardo, que tinha ficado bem quieto durante tudo. Caleb estava sentado no canto do comodo, mantendo-se afastado de Zeke,
muito igual ao Bacchus, pensando nisso. Mas também, Gil estava encolhido em um canto diferente. Assumi estar cercada por assustados gatos, hienas e raposas, mas
agora ...
- Como você sabia o nome dele? - Eu perguntei.
- Eu sei muita coisa sobre Caleb.
- Explique - disse.
A campainha tocou novamente. Eu não pulei desta vez. Eu estava naquele lugar distante onde eu não tenho nervos, embora a Browning estivesse apontada para a porta.
Isso contava como nervos?
Eu fui até a porta, e Bobby Lee permaneceu com a arma pressionada contra as costas de Zeke. - É melhor vocês terem esperanças de que seja alguém amigavel. - Bobby
Lee disse.
As narinas de Zeke se ampliaram, farejando o vento. - É Gina.
Me chame de paranóica, mas eu não confiei nele. Espiei pela janela. Desta vez não houve surpresas desagradáveis, apenas Gina de pé na varanda pequena, um xale cinza
espesso abraçado ao redor da parte superior de seu corpo. Estava calor la fora, para o que diabos era aquele xale? Soltei um suspiro profundo. O xale era grosso
o suficiente para esconder todos os tipos de surpresas desagradáveis. Maldição.
- O que ela tem sob o xale?'' Perguntei a Zeke.
''Eu poderia dizer que é uma mensagem de Chimera -.
Olhei para ele. - Papo assim não vai conseguir fazer abrir a porta.
Zeke deu de ombros, e Bobby Lee deve ter pressionado o cano da arma mais forte em suas costas, porque ele parou de se mover bruscamente.
- Ela foi torturada. Chimera enviou-a comigo para mostrar o que vai acontecer com seu leopardo, se você não vier comigo -.
- Porque o xale? - Perguntei novamente.
Zeke fechou os olhos, como se quisesse olhar para longe, mas tinha medo de que Bobby Lee entendesse errado. - É para cobri-la, Anita, apenas para cobrir a sua nudez.
- Ele parecia cansado, e não apenas cansado, mas desgastado. - Por favor, deixem-na entrar, ela está com muita dor.
- Ele cheira como se tivesse falando a verdade -, disse Bobby Lee.
Eu suspirei. Isso foi provavelmente a melhor garantia que nós conseguiriamos. Abri a porta, arma pronta, ficando fora de vista de alguém que poderia estar observando
do quintal. Porque eu estava atrás da porta, eu não vi Gina até que ela estava bem para dentro da sala. Fechei a porta atrás dela, e ela pulou, então suspirou, como
se o movimento repentino doesse muito. Quando ela olhou para mim, era tudo que eu poderia fazer para evitar ofegar. Pensei primeiro que ela tinha dois olhos pretos,
então percebi que eram apenas buracos sob os olhos tão profundos que pareciam machucados. Sua pele estava tão palida com um tom menor de cinza e eu entendi pela
primeira vez, o que significa cinzento. Ela estava pálida, como se seu corpo estava coberto por algo mais fino, mais delicado que pele. Seu corpo estava debruçado
sobre si mesma, como se ficar de pé doesse. Seus lábios estavam quase sem sangue, mas era seus olhos que me machucavam mais. Eles estavam cheios de horror, como
se ela ainda estivesse vendo o que tinha sido feito com ela, como se ela pudesse sempre ver aquela coisa horrivel de novo e de novo.
Ela falou com aquela voz vazia, sem esperança. - Eu fiquei preocupada.
Eu não precisava ver o que estava em baixo do xale para acreditar que ela tinha sido torturada. Eu não precisava ver nada além do seu rosto.
- Ela poderia se sentar antes que ela caia? - Zeke perguntou.
Eu concordei com a cabeça um pouco rápido demais, percebendo que eu tinha encarado. - Por favor, sente-se -.
Gina olhou para Bobby Lee, de pé atrás de Zeke. - Você contou a eles?
- Eu queria você aqui para reafirmar a minha historia. -, disse Zeke.
Ela assentiu com a cabeça uma vez, depois se moveu para se sentar ao lado dele no sofá. Ela sentou perto dele, quase tocando. Se ele tivesse alguma coisa haver com
o que aconteceu com ela, eu não acho que ela estaria tão aconchegada.
Na verdade, ela estava tão aconchegada que eu tinha quase certeza que ela conhecia Zeke. Conhecia ele não apenas com a diversão e os jogos de Quimera, mas conhecia
ele antes. Como que os gatos de Micah ficaram amigaveis com os assassinos de Chimera?
Eu perguntei. - Vocês dois parecem se conhecer. - Certo, talvez isso não fosse uma pergunta, mas serviria.
Eles trocaram um olhar,em seguida Zeke se virou para mim. Eu queria que ele estivesse em forma humana. Mesmo depois de anos lidando com metamorfos, eu ainda tinha
dificuldade para ler suas expressões quando eles estavam em forma animal. O fato de que seus olhos eram humanos ajudava algumas vezes, mas você nunca percebe o quanto
de uma expressão não fica nos olhos, mas nos movimentos faciais em volta do olho até você não te-los como dica mais.
- Deixe-me começar dizendo que Chimera quer você viva e bem e sob seus cuidados em menos de duas horas, ou ele vai começar a fazer danos permanentes em Micah e seu
leopardo.
Eu senti meus olhos ficarem um pouco mortos. - Temos um prazo, então - eu disse. - Fale mais rápido.
- A versão mais curta que eu sei é isso. Chimera sempre foi um mestre severo, mas nunca sádico, até as últimas semanas. Ele está instável, e eu acredito que ele
esteja ficando louco e vai matar a todos nós, se ele permanecer no comando.
- Esta é a versão curta? - Bobby Lee perguntou.
- Eu concordo -, disse eu, - acelere.
- Eu quero que você me ajuda em uma revolta no palácio, Sra. Blake. É isso rápido o suficiente para você?
- Talvez isso tenha sido um pouco rápido demais -, disse. - Por que você quer uma revolta, e por que você quer minha ajuda?
- Eu te disse, eu temo que Chimera vai matar a todos nós. A única maneira de evitar isso é matá-lo.
Bem, isso que era sincero. - Então, porque a minha ajuda?
- Você tem uma certa reputação de força mortal -.
- Você fala como um professor de Inglês, - Eu disse, - ou um advogado caro. Porque não apenas matá-lo você mesmo?
- Os outros que o seguem, o temem, eles não iriam confiar que eu apenas garanta a sua morte.''
- E eu posso?
- Você e seu pessoal, sim.
- Meus leopardos não vão entrar.''
Nathaniel disse. - Anita ...
Eu balancei minha cabeça. - Não, eu não vou colocar o resto em perigo para salvar um de vocês''
- Que tipo de bando nós seriamos se deixassemos a nossa Nimir-Ra ir ao perigo sozinha?
- Um bando que obedece ordens. - eu disse.
Ele se encostou contra a parede, mas havia uma teimosia incomum em seu rosto que dizia talvez, que talvez ele estivesse pegando mais do que habilidades com armas
de conviver comigo. Tinha como se pegar teimosia?
- Não os seus leopardos, mas os lobos, e os ratos.''
- Os ratos não são meus.'' E eu não sou a Lupa dos lobos mais.
- Rafael já está a caminho com alguns dos nossos.'' Bobby Lee disse.
Eu franzi a testa para ele. - Bem, legal você ter mencionado isso.
Ele deu de ombros. Se ele estava ficando cansado de pressionar a arma nas costas de Zeke, não parecia. - Rafael é meu alfa, não você, senhora.
- Eu entendo isso, mas se nós vamos conviver, você ainda precisa me manter informada. Eu tive surpresas o suficiente por um dia.''
- Amém a isso -, disse.
- Onde que Micah e Cherry estão sendo mantidos? - Eu perguntei.
Zeke balançou a sua grande cabeça de lobo. - Não, até que concorde em nos ajudar.
- Chimera queria me chantagear para ser o seu docinho, você quer me chantagear para ajudar a matá-lo. Eu não vejo muita diferença.
- A única maneira de parar Chimera e aqueles que ainda o são leais é a morte. Eu proponho que nós jutemos os nossos recursos e conquistemos isso.''
- Você fala terrivelmente bonito para um assassino.
- Eu sou o seu assassino porque quando ele conquistou a minha pequena matilha de lobos, ele me forçou a essa forma e me manteve assim. Quando ele permitiu tentar
mudar de volta, isso foi o melhor que eu pude fazer.
Olhei para os olhos humanos. - Apenas seus olhos, - eu disse.
- Apenas os meus olhos.
Os olhos eram normalmente uma das primeiras coisas a ser animal se você ficar em forma de besta por muito tempo. Seus olhos serem a unica coisa humana era estranho.
Mas eu não pedi para ele explicar, porque nós estavamos comendo o nosso tempo e eu queria Micha e Cherry de volta.
''Nessa forma,'' Zeke disse,'' eu não posso ser nada mais do que um assassino, um enforcer. Eu não posso ser humano.''
Eu não tentei argumentar sobre ele ser humano. Então deixei passar. - Vamos direto ao ponto. Bobby Lee, Rafael vai ajudar nisso?
- Acho que sim. Ele está vindo com soldados o suficiente para dar um bom show.''
Olhei para Bacchus. - As hienas irão juntar forças com os seus, o que, opressores? Vocês irão ajudar Zeke e o seu pessoal?''
- Zeke sempre tentou nos salvar de dores. Ele sempre falou em moderação. - Bacchus assentiu. - Eu acho que os outros vão concordar em trabalhar com ele, mas se eles
vão concordar em deixar os outros viverem depois, isso eu não posso prometer.''
- Se nós ajudarmos você a destruí-los,'' disse Zeke, '' e então vocês viram e nos matam, nós não ganharemos nada.''
No meio de olhar entre Bacchus e Zeke eu passei o olho por cima das fotos. Eu passei os ultimos minutos não pensando sobre elas. Eu consegui concentrar em outras
coisas, mas foi como se apenas aquela olhada tivesse rasgado todas as minhas barreiras que normalmente me mantinham de fazer merdas estúpidas. Eu levantei, tão repentino
que todos olharam para mim.
- Você mataria Zeke? - Eu perguntei.
- Não, mas Marco, ele tem que morrer -, disse Bacchus.
- Porquê? - Eu perguntei.
- Ele e os homens cobra tem que morrer -, disse Bacchus.
- Concordo -, disse Zeke. Então, ele olhou para mim. - E eu acho que sei uma maneira de ter os lobos envolvidos.
- Estou ouvindo -.
- Chimera é lobo, hiena, leopardo, leão, urso, e cobra.
- Ele está por trás dos desaparecimentos dos outros alfas - ,eu disse.
Zeke assentiu.
- Eles estão vivos?
- O leão e o cão sim. Chimera não foi capaz de faze-los mudarem de forma ainda. Ele nunca mata ninguém a menos que ele possa quebrá-las primeiro.
- Narcissus está vivo? - Isto de Bacchus.
- Sim -, disse Zeke. - Chimera não tem sido capaz de quebrá-lo também.
- E o que disso vai atrair os lobos? - Eu perguntei. Eu tinha ido ficar do outro lado da porta da cozinha, oposta da do Bacchus. Eu não conseguia ver as fotos de
lá.
- Chimera nunca foi capaz de encontrar um grupo de animais dominantes que era fraco o suficiente para ser tomado por pessoas de fora antes, até que ele ouviu sobre
a sua matilha de lobos.
Eu fiquei mais reta, empurrando para longe da parede. - O que você quer dizer?
- Jacob, Paris, e alguns outros são o que sobrou da minha martilha. Chimera não poderia me enviar porque a minha condição levantaria questões.
- Você está dizendo que assim que Jacob se tornar Ulfric, ele entregaria a matilha para Chimera?''
- Esse era o plano -, disse Zeke.
- E agora? - Eu perguntei.
- Agora, ou Jacob e os outros concordam em deixar o seu bando como está, ou eles morrem.
- Você mataria o que sobro de sua matilha, simples assim? - Eu disse.
- Eles deixaram de ser minha matilha a muito tempo atrás.
- Então deixe-me ver se entendi, - Bobby Lee disse: - você quer que os ratos, os lobos e os leopardos unão forças com as hienas e quem quer que seja o seu pessoal
vai se juntar a você e destruir o resto.
- Sim -, disse Zeke.
- E se nós não? - Bobby Lee perguntou.
- Você fala como se tivesse muitas escolhas aqui,'' disse Zeke, ''Você não tem. Chimera vai fazer pior do que matar o seus leopardos. O que ele tem permitido ser
feito com as hienas é além de qualquer tolernância civilizada. Sua sanidade está indo embora, e a aqueles em seu pessoal que farão coisas terriveis sem um mestre
para lhes falar não.''
- Leva tempo para organizar uma ofensiva como esta -, disse Bobby Lee. Zeke disse, - Eu não vejo um relógio, mas o tempo está se esgotando. Anita deve estar na presença
de Chimera antes que as duas horas termine, ou vai ser algo muito ruim para Micah e o leopardo.
- Você continua dizendo Micha e o leopardo,'' eu disse, '' como se você conhecesse Micah.'' Eu tive uma ideia horrivel, e eu tinha sido devagar por não pensar nisso
antes. ''Jacob supostamente deveria pegar os lobos para Chimera, e Micah supostamente os leopardos''. Eu disse com uma voz vazia. Meu corpo parecia vazio, como se
eu estivesse caindo dentro de mim mesma, afogando naquela grande estática branca que me permitia matar e não pensar.
''Nós achamos que o alfa deles estava morto e que seria facil o suficiente.'' Ele olhou para mim. ''Nós não sabiamos sobre você, ou melhor, não entendiamos o que
você era.''
Gina falou.'' Uma vez que Micah a conheceu, ele sabia que não iria dar certo. Ele tentou fazer Chimera deixar você e os seus quietos, mas quando você se voltou contra
Jacob, você se tornou uma ameaça muito grande. Chimera ordenou que você fosse morta. Micah não descobriu a ordem até que todos já haviam saido para vir atrás de
você. Ele salvou você.''
Eu apenas olhei para ela. Minha mente ainda estava tentando processar a ideia de que Micah tinha mentido para mim o tempo todo desde que eu o conheci.
''Micah disse a Chimera que você iria ser uma panwere como ele, e que ele poderia nunca mais encontrar outro como ele. Por isso você pode tanto controlar os leopardos
como os lobos.''
Eu pisquei os meus olhos para ela. - Eu acho que essa é uma teoria. - Minha voz soou distante até mesmo para mim.
- Você não entende, Anita?Eu não acho que Micah acreditava nisso, mas foi tudo o que ele conseguiu pensar para manter você viva e ele vivo, e não ter o resto de
nós torturado.'' Ela se levantou, e dor rasgou pelo seu rosto. Zeke a equilibou, e ela ficou reta e deixou o xale cair.
Queimaduras traçavam seus ombros palidos. O resto dos seus peitos estavam nus e sem danos, mas enquanto ela virava para mostrar as suas costas, Gil prendeu o folego.
Suas costas estavam marcada com queimaduras, não, não queimaduras, carne crua ensanguentada, algumas partes com pedaços de pele enegrecida, como se a pressão não
tivesse sido a mesma todas as vezes. Algumas das marcas estavam manchadas nas bordas, como se ela tivesse se movido, lutado.
Ela se voltou para me encarar, lágrimas brilhando em seus olhos. - Toda vez que Chimera mandava Micah para algum lugar ele tinha a mim ou Violet com ele. Se Micah
não fizesse o que fosse mandado para fazer, então ele nos machucaria.'' Ela começou a andar até mim, com as mãos segurando os seus braços, como que para se manter
equilibrada, mas cada passo doia, e isso mostrava pelas encolhidas de seus olhos.'' O que você faria para impedir que isso acontecesse com Nathaniel?''
Eu encontrei seu olhar, mas não sem esforço. - Eu faria muito, mas eu não trairia ninguém.
Lagrimas começaram a cair devagar pelo seu rosto, como se ela estivesse lutando muito para não chorar.
- Ele torturou Micah porque o Micah se recusou a atrair você para uma emboscada. Chimera vai matá-lo, porque ele diz que Micah não é mais o seu gato, e sim seu,
que o ardor de uma mulher ganhou a sua lealdade.'' Ela soluçou, e o movimento deve ter doido, porque ela se enclinou para frente, com o espasmo. Eu a peguei pelos
braços para impedir que ela caisse.
- Oh, Deus -, ela sussurrou, - Como doi.''
Minha garganta estava apertada. Segurei seus cotovelos até que ela conseguiu ficar de pé novamente.
- Eu sou a mensagem de Chimera para você, Anita. Ele disse que ele fará isso com o seu leopardo se você não voltar conosco.''
'' Você não vai voltar lá.'' Eu disse.
- Ele ainda tem Cherry e Micah. Se eu não voltar ele fará isso com ela. Eu não creio que ela sobreviva.'' Eu entendi o que Gina quis dizer. Não o corpo da Cherry,
mas a mente.
Ela começou a cair em direção ao chão, devagar, comigo a segurando o mais gentilmente que eu conseguia. '' Micah sabia o que iria acontecer com ele quando ele se
recusou a ajudar na sua emboscada, mas ele ainda o fez.'' Ela estava de joelhos agora, suas mãos apertando os meus braços forte, forte o suficiente para doer. ''
Eu teria mentido e concordado fazer qualquer coisa para impedir que isso acontecesse comigo.'' Ela soluçou novamente, e eu segurei os seus braços para impedi-la
de cair para trás sobre suas costas. Eu a segurei enquanto ela tremia de dor, e quando ela se aquietou, ela disse, com uma voz mais de lagrimas que barulho,'' Eu
teria traido qualquer um para impedi-lo de me machucar. Mas ele não queria nada de mim. Nada que eu pudesse dizer, ou fazer, iria parar. Chimera prometeu que apenas
ele sofreria de ter se recusado, e então quando ele estava acorrentado e não conseguiria sair, eles me trouxeram e o fizeram assistir.'' Ela olhou para mim, olhos
arregalados, cheios de coisas horriveis. '' Chimera teria feito Cherry ou eu assumir a forma animal. Ele disse que ele nunca tinha tomado uma besta fêmea antes.''
- É disso o que ele chama a nós presos entre as formas.'' disse Zeke.
Os dedos de Gina cavaram no meu braço, apenas um pouco. ''Micah pegou o nosso lugar. Ele é alfa o suficiente para manter a forma humana. Ele arriscou a sua forma
humana por nós. Merle era o nosso Nimir-Raj mas ele não arriscaria a sua forma humana por nós. Micah pegou o lugar dele, o nosso lugar. Ele é o nosso Nimir-Raj porque
ele nos ama, a todos nós. Micah ofereceu te trair para fazê-los pararem de me machucar, mas Chimera disse que ele podia cheirar que Micah estava mentindo e que ele
iria apenas fugir e te avisar. Então ele me mandou com Zeke, porque ele confia em Zeke.''
Eu olhei para Zeke sobre a sua forma colapsando lentamente, tentando embalá-la enquanto ela escorregava para baixo, e não machucá-la, mas tudo parecia doer. Ela
estava fazendo pequenos barulhos miados depois de um tempo em que eu a ajudava a se abaixar no chão. Havia algo nos olhos de Zeke que não precisava de expressões
faciais para interpretar.
''Chimera precisa ser impedido.'' Zeke disse, suavemente.''Ele precisa ser impedido.''
''Sim.'' Eu disse, ainda segurando uma das mãos de Gina,'' Sim, ele precisa ser impedido.''
''Impedido, inferno?'' Bobby Lee disse,'' Nós precisamos é matar ele.''
Eu concordei com a cabeça.'' Isso, também.''
64
Nós conseguimos voltar ao clube com tempo de sobra. Os homens-rato chegaram em massa em minha casa e eu deixei Rafael encarregado do resgate, porque é isso o que
seria. Eu estava deixando Zeke me levar para o covil dos bandidos desarmada. Zeke estaria carregando as minhas armas e, teoricamente me devolveria se eu precisasse
delas, teoricamente. Mas a teoria e o ato nem sempre são a mesma coisa. Zeke tentou me matar uma vez, agora eu deveria supostamente confiar nele com a minha vida.
Parecia uma má idéia, mas eu ainda faria isso. Com tempo suficiente, talvez pudéssemos ter avançado com um plano melhor, mas nós não tínhamos tempo. Não se tínhamos
esperanças de salvar Cherry e Micah.
Parecia que eu tinha passado a maior parte dos últimos quatro anos chegando tarde demais. Tarde de mais para salvar as pessoas, tarde de mais para manter os monstros
longe. Eu era da equipe de limpeza, alguém que vinha depois que os corpos foram espalhados e limpava a bagunça. Eu matava os monstros, mas somente depois que tinham
feito coisas terríveis. Mesmo agora, Chimera já havia massacrado e torturado, mas eu só podia confessar a mim mesma e a mais ninguém, que parte de mim não dava a
mínima para os outros. Quer dizer, eu estava triste pela dor de Gina e o amante de Bacchus, e Ajax que foi cortado em pedacinhos, mas eles eram irreais para mim.
Cherry e Micah eram reais. Micah se tornou real muito rapidamente para mim, o que me assustava, mas se eu não olhasse muito atentamente, eu poderia seguir em frente,
poderia pensar claramente, poderia respirar normalmente. Pensar demais tendia a fazer meus pensamentos vagarem ao redor, minha respiração acelerar.
A parte principal do clube estava escura e vazia. A festa, como eles disseram, era lá em cima. Era no quarto no final do grande corredor branco que tínhamos descido
para resgatar Nathaniel e Gregory dias atrás. Chimera esperava do lado de fora em sua capa preta, e seus olhos estavam tão abertos que eu pude ver olhos cinza pálidos.
Ele vestia um terno simples, completo, com gravata bem atada e camisa branca, que se apresentaram estranhamente com a capa de couro preta. Ele tinha as mãos para
trás, encostando contra seus braços. Ele tentava parecer casual e falhando. Ele estava nervoso, e eu não precisei de nenhum poder metamorfo para perceber.
Gina precisou da ajuda de dois homens-hiena para andar. Zeke e eu poderíamos tê-la ajudado, mas ele estava fingindo me escoltar, e Gina tinha um bilhete sob seu
xale para passar para as hienas. O bilhete era de Bacchus, pedindo a um deles para deixá-lo entrar pela passagem secreta. Aparentemente, Chimera nunca perguntou
se havia uma passagem secreta no clube, então ninguém disse a ele.
Os olhos de Chimera foram de mim para ela. - Gina... -. Ele balançou a cabeça. - Levem-na e consigam para ela algum cuidado médico.
As duas hienas não argumentaram, apenas se viraram e voltaram para o corredor. O homem-cobra que tinha estado com eles ficou onde estava, seus olhos verdes listrados
de preto nunca deixaram o rosto de Chimera. Eu diria que ele estava atento como um bom soldado, mas era mais do que isso. Havia algo em seu rosto, que ia além, como
se estar ali à espera das ordens de Chimera fosse a coisa mais maravilhosa do mundo. Aquele olhar de paciente adoração era assustador por si só, e eu soube por que
Bacchus tinha dito sobre as cobras terem de morrer. Não pelo que tinham feito para as hienas, não era vingança, mas porque as pessoas que adoram os seus reis como
deuses não participam de revoltas no palácio.
- Eu não tinha certeza de que você viria, senhora Blake.
A voz era familiar, mas eu não conseguia lembrar de onde. - Você não me deu muita escolha.
- E por isso eu sinto.
- Sente o suficiente para me deixar levar meus leopardos e ir para casa?
Ele quase sorriu, mas balançou a cabeça. - Micah não é seu leopardo, ele é meu, senhora Blake.
Novamente, a voz soou familiar, mas eu não lembrava de onde. Eu dei de ombros. - Você me trouxe aqui com a garantia de que tanto Cherry quanto Micah seriam libertados,
ilesos. Soa como ambos são meus.
Ele balançou a cabeça novamente. - Para desistir de Micah eu teria que desistir de todos os meus leopardos, e eu não estou disposto a fazer isso.
- Então você mentiu para me trazer até aqui.
- Não, senhora Blake. - Ele tirou as mãos de trás das costas. Ele usava luvas de couro preto. - Junte o seu bando ao nosso, nos fortaleça.
Eu balancei minha cabeça. - Eu vim até aqui para libertar o meu povo, não para participar do seu clube.
Ele olhou para Zeke. - Você não explicou a ela o que eu queria?
Zeke mexeu-se ao meu lado. - Você me disse que se ela viesse para cá desarmada você libertaria Micah e os outros homens-leopardo. Isso é tudo que você me disse.
Chimera franziu a testa, mesmo com a capa eu conseguia ver. Ele esfregou o rosto por trás do couro, como se algo doesse. - Eu te disse, que queria que ela se juntasse
a nós.
- Você tem dito muitas coisas ao longo das últimas semanas -, Zeke disse cuidadosamente.
- Quanto tempo você tem sido Nimir-Ra? - Ele perguntou. A voz era normal, comum, embora as mãos continuassem esfregando seu rosto.
- Cerca de um ano.
- Então você precisa ver como eu vejo, que é necessário a união de todas as formas diferentes. A única coisa que nos permitiu mover-nos para cada cidade e assumir
menores grupos foi o fato de que os maiores não os ajudaram. Eles são como vizinhos de cidades grande que apenas chamam a polícia se fosse seu próprio apartamento
que estava sendo roubado. Eles deixam qualquer um diferentes deles ir para o inferno.
- Concordo que a comunidade metamorfa poderia ter um pouco de união, mas não tenho certeza de que tortura e chantagem é a maneira de conseguir isso.
Ele fechou as mãos sobre os olhos, curvando-se para trás, como se ele estivesse com dor. O homem-cobra o tocou com as pequenas mãos escuras. Chimera estremeceu,
depois levantou-se, o homem-cobra ainda tocando-o, confortando-o, eu acho.
Chimera olhou para mim, os olhos muito diretos. Ele segurou a capa de couro e puxou-a sobre a cabeça. Seus cabelos escuros suados arrepiaram-se, precisando ser penteados.
O toque de cinza nos templos não se distinguiam mais. Mais parecia com cabelo de cientista maluco, como se tivesse feito algo terrível e tivesse mudado as cores
durante a noite. Eu podia ver agora as cicatrizes na parte lateral do pescoço. Orlando King, codinome Chimera, olhou para mim.
Eu apenas o olhei de boca aberta. Estava surpresa demais para qualquer outra coisa.
- Eu vejo que você não me reconheceu, senhora Blake.
Eu balancei a cabeça e tentei duas vezes antes que eu pudesse dizer: - Eu não esperava vê-lo aqui. - Isso soou pouco convincente mesmo para mim, mas o que eu quis
dizer foi: Orlando King, um extraordinário caçador, não deveria ser o líder de um grupo de metamorfos descontrolados. Isso não era possível de forma alguma.
- É por isso que você sabia sobre todos os metamorfos na cidade, porque eles vieram a você pedindo ajuda.
Ele sinalizou com a cabeça. - Eu sou conhecido, desde o meu acidente, por caçar metamorfos descontrolados e não informar as autoridades. Umas poucas maçãs podres
não têm que estragar o barril inteiro.
Olhei para ele e tentei pensar. - As pessoas pensavam que a sua experiência de quase morte o tinha amolecido, mas você virou metamorfo, é por isso que deixou de
ser um caçador de recompensas.
- Pareceu errado caçar outros infelizes -, ele disse. - As pessoas que tinham menos a ver com o acidente que fez deles o que eles eram do que eu. Pelo menos eu estava
caçando o homem-lobo que quase me matou. Eu estava tentando feri-lo. A maioria das pessoas que sobrevivem a um ataque são apenas inocentes.
- Eu sei disso -, Eu disse, a voz suave, porque saber que Chimera era Orlando King não me ajudou a resolver o mistério; o aprofundava. Eu estava mais confusa do
que quando entrei no maldito prédio.
- Mas a minha mudança de opinião, como você diz, veio mais tarde. A metamorfologia de lobo apareceu na minha corrente sanguínea depois de quarenta e oito horas do
meu ataque. Eu decidi que iria matar tantos monstros quanto eu pudesse pegar antes da primeira lua cheia. - Ele encarou por trás de mim, olhos distantes recordando-se.
- Eu peguei os trabalhos mais perigosos que eu pude achar, até que acabei por tentar matar uma tribo inteira de homens-cobra nas profundezas da bacia amazônica.
- Ele olhou para o pequeno e escuro homem ainda a seu lado. - Eu decidi que dezenas de quaisquer animais, certamente me matariam, e se não, então na primeira lua
cheia eu estaria em uma área desprovida de qualquer ser humano, exceto as pessoas que eu tinha vindo para matar.
- Lógico, eu acho -, Eu disse, porque pareceu apropriado dizer algo.
Seu olhar desviou para mim. - Eu tinha planejado a minha morte, senhora Blake, mas todos os animais que eu tentei matar simplesmente não estavam a altura de me matar.
Quando eu tive a minha primeira lua cheia eu já tinha sido infectado por um grande número de formas de metamorfos predatórios. E nessa primeira lua, me transformei
no que Abuta e seu povo são, depois um lobo, urso, leopardo, leão, assim por diante. - Ele estava olhando para Abuta, e seu rosto mantinha alguns dos fervores religiosos
que o menor homem parecia emanar. - Eles pensaram que eu era um deus, porque eu podia ter tantas formas. Eles me adoraram, e enviaram metade de sua tribo para me
acompanhar de volta à civilização. - Ele então riu. Foi repentino e desagradável. Algo sobre aquele riso arrepiou meus braços.
- Você matou todos, menos três deles, Anita. Posso chamá-la de Anita?
Concordei, quase com medo de falar, porque as emoções estavam gravadas por todo o rosto de King, emoções que não combinavam com suas palavras calmas, como se ele
sentisse coisas que ele não estava ciente. Era como assistir a um filme mal dublado, só que as ações do corpo é que estavam fora do passo, não as palavras.
Uma picada de energia saiu dele, como calor, e seus olhos reviraram. Um pálido leopardo esverdeado, uma cor de lobo âmbar. Não eram apenas as cores das íris que
não combinavam, era a forma das pupilas; a estrutura inteira dos olhos estavam ligeiramente diferentes um do outro. Eu não tinha notado a mudança da estrutura óssea,
foi tão rápido assim.
Um sorriso torceu os lábios. Toda a expressão do rosto, corpo, tudo mudou, e isso não foi uma transformação, era como se outra pessoa apenas encaixasse na pele de
King. A voz de Chimera era ligeiramente sulista, gutural. Era a voz que eu ouvi pelo auto-falante quando tentaram emboscar-nos no clube. - Pobre Orlando, ele simplesmente
não agüenta cooperar mais. Ele odeia o que ele se tornou.
Acho que parei de respirar por algumas batidas de coração, o que fez a minha próxima respiração estridente. Eu lidei com sociopatas, psicopatas, assassinos em série,
loucos de toda laia, mas esta foi a minha primeira personalidade múltipla.
Chimera puxou a gravata apertada, jogou fora, desabotoou o colarinho, virou o pescoço, e sorriu. - Assim, muito melhor, você concorda?
Minha voz saiu sem ar. - Sempre bom estar confortável.
Ele se aproximou de mim, e eu recuei, colidindo com Zeke. Chimera chegou mais perto, quase tocando e cheirando meu rosto. Isso aproximou seu poder sobre mim como
milhares de formigas mordendo minha pele.
- Você cheira a medo, Anita. Eu não achei que uma mudança de olhos assombrasse você.
Lambi meus lábios, fixando aqueles olhos diferentes a centímetros de distância. - Os olhos não me incomodam.
- Então o que? - Ele perguntou, ainda inclinado sobre mim.
Lambi meus lábios de novo e não sabia o que dizer. Ou melhor, não conseguia pensar em algo seguro para dizer. Pensei em várias observações inteligentes, mas você
deve agradar pessoas loucas quando você está a mercê delas, isso é uma regra. Mas é claro, eu também tinha uma regra de nunca me colocar a mercê de sádicos assassinos
em série que sofrem de distúrbio de personalidade múltipla. Eu esperava que todos nós vivêssemos para lamentar a minha quebra dessa regra. Os verdadeiramente loucos
são muitas vezes imprevisíveis e difíceis de negociar.
- Estou esperando uma resposta -, Ele disse em uma voz cantante.
Eu simplesmente não conseguia pensar em uma boa mentira, então tentei uma meia verdade. - O fato é que eu estava conversando com Orlando King e agora eu não estou,
mas é o mesmo corpo falando comigo.
Ele riu e deu um passo atrás. Então ele ficou bem parado, como se estivesse ouvindo coisas que eu não podia ouvir. Já era o resgate, assim tão cedo? Não poderia
ser. Ele olhou para mim, sorrindo aquele sorriso desagradável e correu as mãos pelo seu próprio corpo. - Eu faço um melhor uso do corpo do que Orlando.
Ok, as coisas não estavam melhorando. Eu olhei para Zeke e tentei dizer-lhe com os olhos que ele deveria ter me contado que Chimera era tão louco assim.
Chimera agarrou meu pulso, puxou-me para perto. Eu estava tão ocupada tentando fazer contato visual com Zeke que eu não vi que isso ia acontecer. - Eu estava sempre
dentro de Orlando. Eu era aquela parte dele que o permitia massacrar outros seres humanos e não sentir nada, apenas ódio. Ele raramente matava um metamorfo em forma
animal. Era mais seguro em forma humana, e Orlando acreditava muito em segurança, pelo menos para si mesmo. - Ele me puxou contra seu corpo usando meu pulso como
uma alavanca. Ele não estava me machucando, mas a força de seu aperto era como uma promessa, uma ameaça. Ele poderia ter esmagado o meu pulso e ambos sabíamos disso.
- King tinha uma reputação de terminar o seu trabalho -, Eu disse.
- O trabalho era matar outras pessoas, tanto mulheres como homens. Então, ele cortava suas cabeças, queimava os corpos, certificava-se que eles não voltariam. Eu
era a parte dele que gostava do trabalho, e quando ele se tornou o que ele mais odiava no mundo, eu o protegia dele mesmo.
- Como? - Eu perguntei, suavemente.
- Fazendo as coisas que ele era fraco demais para fazer, mas que ainda queria terminado.
- Como o que? -, Eu perguntei. O resgate estava chegando, era só uma questão de embromar até que a ajuda chegasse. Esse tinha sido o plano original, e o fato de
que Chimera era Orlando King é mais louco do que um estalo de um besouro em junho, realmente não muda o plano. Basta mantê-lo falando. Todos os homens gostam de
falar de si, mesmo aqueles que são completamente amaldiçoados. Ser louco não muda isso, ou pelo menos nunca mudou antes. Era apenas a questão da personalidade múltipla
que estava me enlouquecendo. Se eu tratasse Chimera como qualquer outro maníaco homicida, nós estaríamos bem. Pelo menos era o que eu continuava dizendo a mim mesma.
Meu pulso ficou muito rápido, meu peito continuou apertado, o medo permaneceu alto, e eu acho que eu não acreditava em mim mesma.
- Você quer saber como eu ajudei Orlando? -, Ele perguntou.
Concordei. - Sim.
- Você quer realmente saber o que eu fiz por ele?
Concordei de novo, mas eu estava começando a não gostar da maneira que ele estava fraseando as coisas.
Ele sorriu, e apenas o sorriso prometia dor e coisas desagradáveis. - Você sabe o que dizem. Falar é barato. Deixe-me mostrar-lhe, Anita, deixe-me mostrar o que
eu tenho feito. - Com isso, ele alcançou por trás a maçaneta da porta, virou-a e puxou-me para dentro do quarto.
65
O quarto estava escuro, totalmente escuro, como se estivesse sendo arremessada para a cegueira, o nada, como uma caverna. Chimera soltou meu braço. Era como estar
à deriva, perdida na escuridão. Eu tropecei no escuro. Eu estendi as mãos para tentar me segurar toquei em algo. Eu o agarrei, tentando agarrar alguma coisa, qualquer
coisa. E então a carne cedeu em baixo da minha mão, e eu percebi que era humano e não estava onde deveria. Estava alto demais para ser a panturrilha de alguém. Me
afastei para trás, e outra coisa roçou minhas costas. Dei um gritinho agudo, com as mãos estendidas, hesitante no escuro, me choquei contra outra coisa que balançou
quando eu atingi. Eu percebi que o que quer que fosse, estava pendurado pelo teto. Afastei-me dele e bati meu rosto na próxima surpresa. O denso encontrão de carne
com carne me deixou saber que era um corpo. O grito me permitiu saber que ainda estava vivo. Eu o atingi forte o suficiente para que o homem balançasse contra mim
novamente, e eu tentei recuar e colidi com outro. Esse não fez qualquer barulho. Eu mantive minhas mãos estendidas na minha frente e lutei para me livrar deles,
mas minhas mãos continuaram tocando corpos e partes de corpo - quadril, coxas, virilhas, nádegas. Afastei-me rapidamente, tentando forçar meu caminho para fora da
floresta de corpos pendurados, mas me mover rapidamente os fez começarem a balançar e bater em mim. Gritos vieram da escuridão, como se eu os tivesse assustado por
baterem nums aos outros. Homens gritando no escuro; pelo som das vozes eu sabia que não havia mulheres. Um corpo me atingiu forte o suficiente para que eu caísse,
e um pé balançando roçou contra mim. Eu tentei rastejar para longe deles, mas eles estavam por toda a parte, me tocando, me roçando, alguns se debatendo contra as
minhas costas.
Eu me deitei no chão tentando sair de perto, me livrar, batendo minhas mãos contra eles freneticamente para não ser tocada. Eu rastejei de costas, usando os pés
e as mãos para tentar passar por baixo eles, mas suas alturas eram diferentes, e eu não pude me livrar deles.
Senti um grito formando em minhas entranhas e sabia que se eu gritasse uma vez não pararia. Minha mão tocou numa poça de algo quente e líquido e isso me parou. Mesmo
na escuridão eu conhecia a sensação de sangue. Este provavelmente era o momento onde a maioria das pessoas teriam definitivamente começado a gritar, mas de alguma
forma a sensação do sangue me acalmou. Eu sabia sobre sangue e sobre deixá-lo sair de um homem até que ele morresse. Eu pressionei a minha mão na poça ainda aquecida
e isso me equilibrou.
Deitei-me no chão com a mão no sangue e minha cabeça descansando em Deus sabe o que e reaprendendo a respirar. Se eu ficasse muito quieta e não tentasse me mover,
os pés não me tocariam, nada me tocaria. Então, eu estava deitada no escuro e fechei os meus olhos e tentei usar meus outros sentidos, porque meus olhos eram inúteis.
Eu tenho uma visão noturna muito boa, mas mesmo um gato precisa de alguma luz, e não havia nada, nada além da escuridão.
As correntes rangiam enquanto os corpos ainda balançavam pesadamente acima de mim. Havia minúsculas correntes de ar. Uma gota quente bateu no meu rosto. Com todos
os movimentos alguém começou a sangrar. Mantive meus olhos fechados e obriguei-me a ficar calma, até mesmo a respiração. Um homem gritava: - Deus, Deus, Deus! -
De novo e de novo, tão rápido quanto ele poderia tomar fôlego. Ele perdeu o juízo e eu não o culpava. Eu malditamente cheguei perto também, e eu não estava pendurada
pelo teto, nua, sangrando.
A voz de Chimera saiu da escuridão. - Cale a boca, cale a maldita boca!
O homem parou de gritar quase que imediatamente, mas sua respiração veio em lamúrias, como se tivesse que fazer algum som.
- Anita -, Chimera disse. - Anita, onde você está?
Mesmo ele não podia ver na total escuridão, e o cheiro de sangue, suor e carne mascararam aparentemente meu odor. Ótimo, ele não sabia onde eu estava. Eu desejei
que eu pudesse pensar em algo bom para fazer com essa informação. Mas eu apenas deitei no chão imundo e escuro, minha mão na poça de sangue esfriando e outra gota
de sangue morno acertou meu rosto, e não fiz nada. Tudo que eu tinha que fazer era protelar até a cavalaria chegar. Eu tentei falar com Chimera e isso não funcionou
muito bem. Eu tentaria silêncio.
- Anita, Anita, responda-me.
Eu não respondi. Se ele quisesse me encontrar ele poderia malditamente muito bem acender a luz. Eu achei que eu precisava de alguma luz. Mas então pensei que talvez
eu realmente não quisesse ver o que estava pendurado acima de mim neste quarto. Talvez fosse uma daquelas visões que destroem a mente, e você realmente nunca se
recupera. Mas eu queria muito ver alguma coisa, qualquer coisa. Eu estava deitada no escuro, da maneira como eu costumava me aconchegar debaixo dos lençóis como
uma criança, com medo do escuro, medo do que eu não podia ver.
- Responda-me Anita! -. Ele gritou e desta vez com a voz áspera.
Uma voz masculina veio acima de mim. - Responda a ele se você puder, você não o quer com raiva de você.
Outro homem emitiu um som como uma risada sufocada. Soou grossa, como se houvesse sangue em sua boca e garganta.
A escuridão, de repente ficou cheia de vozes, dizendo: - Responda-o, responda-o. - Era como se o vento tivesse encontrado uma voz e estava me dando instruções no
escuro.
Outra gota de sangue caiu sobre meu rosto e começou a deslizar lentamente pela minha pele. Eu não a limpei. Não me mexi. Eu tinha medo de que qualquer movimento
fizesse Chimera saber onde eu estava, e eu não queria isso.
Cale-se! -. Chimera gritou, e o ouvi mover-se mais para o interior da sala. As vozes acima de mim calaram-se. Mas eu ainda os podia sentir pendurados lá como peso
acima de mim, como um teto de pedra se pressionando para cima de mim. Respirei fundo, soltando o ar lentamente. Minha claustrofobia tentava gritar na minha cabeça
que eu não conseguia respirar, mas era uma mentira. A escuridão não tem peso para isso, isso era o medo falando. Se Chimera queria me deixar deitada na escuridão
pela próxima hora até que a ajuda chegasse, eu o deixaria. Eu não entraria em pânico. Não ajudaria nada se eu começasse a engatinhar freneticamente pelo chão com
pés raspando nas minhas costas. Se eu fizesse isso, eu começaria a gritar e não pararia por um longo, longo tempo.
O sangue escorria pelo meu pescoço, na direção do meu cabelo, e eu mantive meus olhos fechados e concentrados na respiração superficial, calma.
- Responda-me, Anita, ou eu começarei a cortar os homens que estão pendurados acima de você -, Chimera disse. Sua voz estava mais próxima, mas não tão perto. Ele
ainda estava fora da floresta de corpos pendurados.
Eu ainda não respondi.
- Você não acredita em mim? Deixe-me provar isso a você.
Um homem gritou, alto, comovente, sem esperança.
- Não -, Eu disse.
- Não o que?
- Não os machuque.
- Eles não são nada para você, não são seus animais, não são seus amigos. Por que você se importa?
- Orlando King sabe a resposta à sua pergunta.
- Eu estou perguntando para você -, Chimera disse.
- Você já sabe a resposta -, Eu disse.
- Não, não! Orlando sabe a resposta. Eu não. Eu não entendo. Por que você se preocupa com estranhos? - Outro homem gritou novamente.
- Pare com isso, Chimera.
- Ou o que? - Ele perguntou. - O que você fará se eu não parar? O que você fará se eu ficar aqui no escuro cortando pedaços deste homem? Como você vai me parar?
O homem estava gritando: - Não, não, não isso não! - O grito cessou, o que significava que o homem ou estava morto, ou ele havia desmaiado. Eu esperava que ele tivesse
desmaiado, mas de qualquer forma eu não poderia fazer muito sobre isso.
- Você pode provar o medo, Anita? Rolando em sua língua como o forte tempero que é.
No momento a minha boca estava tão seca, que eu não poderia provar coisa alguma. Mas eu podia sentir o medo, cheirar isso neles. Todos estavam com medo agora, terror
fresco, emanando de suas peles. - É fácil assustar as pessoas, no escuro, Chimera. Todos têm medo do escuro.
- Até você?
Eu evitei a questão. - Me disseram que se eu viesse aqui em baixo, você deixaria Cherry e Micah irem.
- Eu falei realmente isso para Zeke.
E nesse momento eu sabia que ele não tinha intenção de deixá-los ir. Não deveria ter me surpreendido, mas surpreendeu. Eu realmente tinha esperado uma transição
justa dele? Talvez. Isso ofendeu uma parte de mim, saber que ele não ia fazer o que ele disse. Isso significava que os acordos estavam cancelados. Eu tinha ido de
ter alguma coisa para barganhar, para nada. Apenas por capricho, ele poderia matar Cherry e Micah antes que a ajuda chegasse. Meu pulso estava acelerando novamente,
e eu lutei para manter minha respiração estável. Eu tirei minha mão da poça de sangue fria. Eu poderia muito bem me mover. Ele me localizaria daqui a pouco através
da minha voz.
Coloquei minhas mãos na minha barriga e tentei pensar no que eu poderia fazer, desarmada, contra um homem que pesava cem quilos a mais e era forte o suficiente para
quebrar paredes de tijolos. Nada útil veio à mente. Talvez a violência não seja a forma de protelar. O que restava? Sexo? Doce motivo? Réplicas espirituosas? Querido
Deus, uma ajudinha aqui.
- Você não sente a necessidade de falar, não é? -, Ele perguntou, com a voz mais calma, mais - normal -.
- Não a menos que eu tenha algo a dizer.
- Isso é raro em uma mulher. A maioria delas não suporta a idéia de silêncio. Elas falam, falam e falam. - Ele soava mais calmo. Na verdade, ele soava como se nós
estivéssemos sentados numa mesa em algum agradável restaurante, em um encontro às cegas. Como nós estávamos em uma sala escura de tortura com sangue no chão, a voz
trivial era mais assustadora do que a violenta tinha sido. Ele deveria ser violento e furioso, mas com a conversa fiada, isso era realmente louco.
Sua voz ficou mais calma, mas nunca soou exatamente como Orlando King. Era como se houvesse outra voz que vinha de dentro dele, outra personalidade, talvez. Eu não
sabia, e não me importava. Se isso o impedisse de cortar as pessoas, então sim.
- Gostaria de ver seu leopardo agora? -, A voz calma perguntou.
- Sim -.
As luzes explodiram na minha visão, e eu estava tão cega com o brilho quanto eu estive no escuro. Coloquei uma mão sobre meus olhos para protegê-los, então lentamente
abaixei-a quando minha visão borrada clareou.
Eu estava olhando fixamente para um par de pés e pernas. Meu olhar foi até a linha do corpo do homem para encontrar marcas frescas de garras nas nádegas e coxas.
Outra gota de sangue escorreu dos pés descalços para a terra em minha mão. Meu olhar passou lentamente para o próximo par de pernas, e o próximo, e o próximo...
Dezenas de homens pendurados como enfeites obscenos. Pela primeira vez perguntei-me, Micah estava pendurado em algum lugar nesta floresta de corpos?
- Você quer se levantar ou está apreciando a vista daí? - A voz calma falou a apenas dois pés de distância de mim. Isso me fez saltar bruscamente. Eu girei minha
cabeça para trás para ver Chimera de pé a dois homens pendurados distantes de mim.
- Eu levantarei, se você não se importar.
- Permita-me ajudá-la. - Ele empurrou um dos homens pendurado para o lado como você moveria uma cortina, como se os pálidos olhos azuis não estivessem abertos, encarando,
como se o homem não tremesse quando Chimera o tocou.
Eu estava de pé, evitando cuidadosamente o corpo mais próximo a mim, antes que Chimera pudesse empurrar de lado outro e me ajudar a levantar. Eu realmente não queria
que ele me tocasse.
Os olhos de Chimera tinham sangrado de volta ao cinza humano. Seu rosto estava vazio, normal. Aquele sorriso quase diabólico tinha ido embora, mas eu também estava
olhando para Orlando King. Era outra pessoa. A questão era, a nova personalidade ia ser mais útil ou mais perigosa?
Ele empurrou corpos para trás como se abrisse uma porta para que eu pudesse sair. Eu o deixei fazer isso, mas eu mantive minha atenção sobre ele, como se eu esperasse
que ele tentasse me agarrar. Eu acho que eu fiz. Quando caminhei para um espaço vazio soltei o ar sem nem saber que estava prendendo.
Chimera caminhou ao meu lado e eu me afastei dele um pouco. Um movimento chamou minha atenção, mas eram só os homens pendurados balançando lentamente de onde Chimera
os havia movido. Todos eles tinham marcas de algum tipo; garras, lâminas, queimaduras. Um deles estava sem as pernas do joelho para baixo. Virei para o homem diante
de mim, e eu sabia que estava pálida. Eu não podia evitar isso. Eu não gritei. Eu não entrei em pânico, não muito. Eu não conseguia controlar reações involuntárias.
Eu estava tendo problemas suficientes com a voluntária.
- Onde estão meus leopardos? -, Eu perguntei, e minha voz soou quase normal. Eu recebi zilhões de pontos de chocolate por isso.
- Seu leopardo está aqui -, Ele disse, e caminhou para uma pesada cortina branca que pegava quase toda a parede próxima. Ele puxou uma corda e as cortinas se separaram.
Atrás delas tinha um quarto, e Cherry estava acorrentada pelos pulsos e tornozelos à parede de pedra. Uma bola de couro amordaçava sua boca. Seus pálidos olhos estavam
arregalados. Lágrimas mancharam o sangue seco em seu rosto. Seu rosto parecia intacto, mas o sangue tinha vindo de algum lugar.
- Ela curou tudo o que fizemos com ela -, Chimera disse. A cobra Abuta apareceu ao lado de Chimera, como se tivesse sido convocado. O homem maior acariciou a cabeça
do homem-cobra, como você faria a um cão de estimação que você gostasse muito. - Abuta mostrou bastante talento para esse tipo de coisa.
Engoli em seco e tentei não ficar com raiva. A raiva não ajudaria ninguém. A ajuda estava chegando. Eu tinha apenas que protelar até que ela chegasse. Olhei ao redor
da sala. Havia homens acorrentados a todas as paredes ao redor. Eu não conhecia nenhum deles. Havia certa uniformidade entre eles - ainda jovens, ou pelo menos não
de idade, bem desenvolvidos, alguns esbeltos, alguns musculosos, todas as raças, de todos os tipos físicos, todos atraentes. Gostaria de saber quanto tempo Narcissus
levou para encontrar esses homens bonitos?
Micah não estava pela parede. O quarto da Polaroid mais parecia como o canto que Cherry estava. Olhei para a parte ainda fechada da cortina. Ele estaria ali atrás?
Eu me aproximei de Cherry sem perceber, porque ela fez um pequeno movimento em suas correntes e me assustei. Virei para encontrá-la olhando Chimera, não para mim.
Ele não havia se movido tanto quanto eu poderia ver, mas algo que ele teria feito causou medo nela, e finalmente percebi o quê. Seus olhos eram de animal de novo,
e aquele sorriso misterioso estava de volta. Era Chimera novamente, e pode chamar de palpite, mas eu estava apostando que ele fez a maior parte do trabalho doloroso
do que as outras duas personalidades.
- Desacorrente-a -, Eu disse, como se sendo confiante, ele faria o que eu pedisse. Eu não estava tão certa.
Ele estendeu a mão para o rosto dela, e eu agarrei seu pulso. - Desacorrente-a.
Ele me deu aquele sorriso desagradável. - Eu odiaria perder uma das únicas mulheres que temos aqui em cima. Narcissus pode ir para os dois lados, mas ele mantém
as mulheres fora de sua matilha. Verdadeiras hienas pintadas são matriarcais. Ele tem medo que, se ele trouxer mulheres, visto que o instinto assumirá o comando,
ele perderá sua matilha, porque ele não é mulher suficiente para mantê-lo.
- Eu sempre gosto de aprender novos fatos sobre a vida animal -, Eu disse, - Mas vamos desacorrentar Cherry e tirá-la daqui.
- Mas e seu amante? E Micah?
Eu encontrei aqueles olhos descombinados de animal e lutei para manter o medo fora do meu rosto. - Eu imaginei que você estivesse salvando-o por último, um grande
final. - Minha voz foi de calma para cansada. Devido o tom, você pensaria que não me importava de uma forma ou de outra, mas eu não conseguia controlar minha pulsação
no pescoço.
Seu sorriso se aprofundou, e vi uma expressão humana encher aqueles olhos de animal. Antecipação, antecipação da minha dor, eu acho.
Ele abriu a cortina lentamente, revelando Micah acorrentado pelos pulsos e tornozelos à parede, assim como Cherry. Mas ao contrário dela, seus ferimentos não haviam
curado. O lado direito de seu rosto estava muito ferido. Seu olho estava inchado, completamente fechado, incrustado com sangue seco. A curva delicada da mandíbula
estava tão inchada que não parecia real. O inchaço havia torcido o lábio para um lado. Estava tão inchado que eu podia ver o rosa de dentro de sua boca e vislumbrar
dentes onde sua boca não fechava completamente.
Ouvi um pequeno som, e era eu. Estava perto de um soluço, e eu não podia permitir isso. Se Chimera soubesse o quanto isso me cortava, ele machucaria mais o Micah.
Eu não consegui me parar antes de tocá-lo. Eu tinha que tocá-lo, pois só assim ele seria real para mim. Ver nunca foi exatamente acreditar para mim.
Toquei todo o seu rosto com a ponta dos dedos. Seus olhos tremulantes se abriram. Houve um momento de alívio, então eu acho que ele viu Chimera, e seus olhos se
arregalaram. Ele tentou falar, mas não conseguia abrir a boca. Fez pequenos ruídos de dor.
Chimera tocou-lhe levemente os hematomas, mas Micah estremeceu de qualquer maneira. Eu agarrei seu pulso, como fiz por Cherry, e fiquei entre os dois. - Desacorrente-o.
- Eu quebrei sua mandíbula pessoalmente por ter mentido para mim.
- Ele não mentiu para você -, Eu disse.
- Ele me disse que você era um panwere como eu, mas você não é. - Ele se inclinou sobre mim para me cheirar. - Eu sentiria o cheiro se você fosse. Você é alguma
coisa, e não é humano. Cheira como leopardo e lobo -. Ele respirou profundamente acima do meu rosto. - Mas também cheira a vampiro. Você não é o que eu sou, Anita
-. Ele olhou para Micah. - Ele só estava tentando me impedir de feri-lo, ou a seus gatos depois que ele salvou você do meu povo, quando chegaram à sua casa.
- Então, eu não sou uma panwere. Isso significa que você não me quer para sua companheira?
Então ele riu. - Oh, eu não sei, eu gosto de estupro, acrescenta tempero -. Acho que ele disse isso apenas para me chocar, mas eu não tinha certeza. Ele estuprou
Cherry? Ele a tocou? Eu tentei manter o pensamento fora do meu rosto, pois com o pensamento veio uma branca e quente lufada de raiva.
- Oh, você não gosta dessa idéia, não é? -, Ele tentou tocar meu cabelo, e eu saí de perto dele, para fora do quarto, assim eu teria espaço para manobrar. A ajuda
estava a caminho, mas uma olhada para meu relógio mostrou que ainda faltavam vinte minutos. Talvez as tropas viessem mais cedo, talvez não. Eu não podia contar com
isso.
Ele não tentou me seguir, só me deixou uma polegada de distância. - Eu podia estuprá-la na frente de Micah. Eu não acho que qualquer um de vocês gostaria disso.
Embora verdadeiramente eu pudesse preferir o contrário. Orlando é homofóbico. Eu me admiro porque seria?
Falei enquanto avançava para a cortina, atraindo-o para longe de Cherry e Micah. - O que nós mais não gostamos nos outros é o que nós mais odiamos em nós mesmos
-, Eu disse.
- Bravo -, Chimera disse. - Sim, eu guardo muito de Orlando a salvo dele mesmo -.
- Isso deve ser difícil -, Eu disse.
- O que? -, Ele perguntou.
- Manter segredos enquanto você compartilha o mesmo corpo.
Ele me seguiu lentamente ao redor da parede. - No começo ele não queria saber o que fazíamos, mas ultimamente ele está se tornando... Infeliz com a gente. Acho que
ele teria se prejudicado se eu não o tivesse parado -. Chimera acenou para os homens pendurados. - Ele acordou no escuro no meio deles. Ele gritou como uma menina
-. Chimera colocou seus dedos nos lábios e disse: - Opa, me desculpe, você não gritou como todos. Ele gritou como um bebê até que eu apareci e o resgatei, mas ele
não parecia tão agradecido. Tanto que ele me culpou -. Chimera parecia confuso e, novamente, eu tive a impressão que ele estava ouvindo coisas que eu não podia ouvir.
Ele olhou para mim, - Você ouve isso?
Eu arregalei meus olhos para ele e dei de ombros. - O que?
Ele olhou para o homem pendurado mais afastado, e eu olhei ao redor por uma arma. Todos estes danos e pessoas cortadas, tinha que haver uma lâmina por aqui em algum
lugar. Mas o quarto estava branco e vazio, exceto pelos homens acorrentados. Não era suposto ter lá um atiçador, cassetete, uma maldita arma? Que tipo de calabouço
era este, com vítimas, mas sem instrumentos de tortura?
Eu ouvi em seguida, gritos, luta. A batalha começou. Embora ela ainda estivesse distante. A boa notícia era que a ajuda estava a caminho, a má notícia era que Chimera
sabia o que estava acontecendo e eu estava sozinha com ele. Tudo bem, não sozinha, mas ninguém acorrentado à pedra ia ser capaz de me ajudar.
Ele virou o rosto tão cheio de raiva para mim que era quase bestial, sem mudar de forma.
- Por que você capturou todos os alfas? -, Eu perguntei. Eu ainda estava tentando mantê-lo falando; isso era tudo que eu tinha.
- Assim eu poderia controlar os seus grupos -. Suas palavras saíram como um rosnado baixo através dos dentes cerrados.
- Suas cobras são as anacondas. O alfa que você pegou era uma cobra. Você não pode dominar uma espécie de cobra que você não é.
- Por que não? -, Ele perguntou, e ele começou a aproximar-se de mim, ainda em forma humana, mas com aquele tenso encanto que é mais animal que humano.
Eu não tinha uma boa resposta para isso. - Os alfas estão vivos?
Ele balançou a cabeça. - Eu ouço uma luta, Anita. O que você fez?
- Eu não fiz nada.
- Você está mentindo. Eu posso sentir o cheiro.
Certo. Talvez a verdade ajudasse. - Os sons que você ouve são a cavalaria para o resgate.
- Quem? -, Ele perguntou, a voz quase um puro rosnado. Ele ainda estava me perseguindo e eu ainda estava apoiando neste meio tempo.
- Rafael e seus homens-rato, e provavelmente os lobos.
- Há centenas de homens-hiena neste edifício. Sua cavalaria não pode chegar ao destino a tempo de salvá-la.
Eu dei de ombros, com medo de dizer a verdade, medo de que ele descontaria nos amantes dos homens-hiena. E eu não ousaria tentar mentir, ele sentiria o cheiro. Então,
eu só continuei me afastando. Nós estávamos quase à porta. Se eu pudesse abri-la, talvez ele me perseguisse. Talvez eu pudesse prendê-lo em minha própria emboscada.
Abuta moveu-se para frente da porta. Eu tinha me esquecido dele, e isso foi descuido. Não fatal, não ainda, mas descuidado.
Apertei minhas costas contra parede para que eu pudesse manter um olho em ambos. Abuta ficou na porta. A mensagem era clara, se eu me mantivesse longe da porta ele
ficaria longe de mim. Chimera, por outro lado, mantinha-se aproximando. Eu estava entre um panwere e uma cobra - na verdade, não uma pedra e um duro lugar, mas perto.
Chimera fluiu em sua outra forma. Eu tenho visto transformações por anos e sempre foram violentas, ou sujas. Mas essa, foi quase... deslumbrante. Escamas fluíam
novamente sobre ele como se fosse água. Não havia nenhum líquido claro, nem sangue, nada, só a mudança, como se ele andasse de uma forma para outra, como as mudanças
de Clark Kent em superman. Era tão rápido que era quase instantâneo. Ele nem sequer perdia um passo. Suas roupas dobradas distantes como as pétalas de uma flor caindo
na terra, ele saiu na forma da serpente Coronus. O grande homem-cobra parou de se mover. Ele congelou naquele forma imóvel que os répteis amam. Fiquei imóvel quando
ele o fez. Ele finalmente virou sua cabeça para que ele pudesse olhar para mim com o olho vermelho. Ele deve ter jogado o inferno com sua profunda percepção tendo
que fazer isso.
- Eu me lembro de você. Chimera nos disse para matar você -. Ele olhou em volta da sala escura, e disse lentamente, - Onde estamos?
Então ele se inclinou, como se estivesse com dor, e a forma seguinte era humana, mas não o corpo de Orlando. Ele era Boone e antes que os olhos de Boone tivessem
perdido seu olhar confuso, ele era um homem-leão. Por um segundo eu pensei que seria Marco, mas é claro que ele não poderia ser ambos, Marco e Coronus, nem mesmo
Chimera poderia realizar isso.
Ele era dourado, amarelo-acastanhado, musculoso, masculino, com uma juba em volta da metade do seu rosto humano, que era quase preta. As garras em suas mãos eram
como adagas pretas.
- Esta é minha forma real -, ele rosnou. - A cobra e o urso são como Orlando, eles ainda acreditam neles mesmos -. - Mas eu sou tudo o que existe e não há nada além
de Chimera -. Ele se aproximou de mim e eu fugi. Corri em direção aos homens que estavam pendurados, porque eu sabia que eles iriam atrasá-lo, então no último segundo
ele virou, tão rápido. Eu caí no chão e deslizei em minhas mãos e pés como um macaco. Eles o atrasariam, mas ele os cortaria até chegar a mim. Eu não podia deixar
isso acontecer.
Ele me encurralou no lado mais afastado do quarto - longe de Micah e da porta. Eu acho que ele poderia ter me capturado antes, mas ele não tinha pressa. Eu não sei
por quê. Os sons de luta estavam mais perto, mas não perto o suficiente.
Chimera veio até mim com graça contida na violência, uma montanha de músculos e pêlo amarelado que brilhava sob as luzes. Ele abriu a boca e rugiu, um som que eu
nunca tinha escutado fora de um jardim zoológico antes. Esse rugido tossido me fez ficar um pouco mais reta. Zeke e Bacchus prometeram vir nos tirar daqui antes
do início da luta. Eles falharam, ou mentiram, mas eu não seria derrotada sem uma luta, e eu não seria derrotada gritando. Eu o vi vir até mim, como um pesadelo
em câmera lenta, belo e terrível, como uma espécie de anjo bestial.
De repente o ardeur elevou dentro de mim como uma onda quente, derramando pela minha pele, desenhando um suspiro em minha garganta. A última vez que tinha surgido
foi pela proximidade de Richard. Desta vez... Talvez seja só hora de me alimentar novamente. No momento em que pensei em alimento, eu sabia que Jean Claude tinha
acordado, e com ele levantando, nas profundezas do Circo, o ardeur aumentou dentro de mim.
Chimera parou onde estava, balançando sua grande juba. - O que é isso? -, Ele rosnou.
Minha voz veio soprosa. - O ardeur
- O que?
- O ardeur, o fogo, a necessidade -, Eu disse. Com cada palavra o ardeur crescia como um peso, e esse peso roçou minha besta novamente. Ele derramou para cima daquele
lugar apertado, enrolado dentro de mim, e os dois separados elevaram o calor interior, derramando pelo meu corpo, puxando-me para frente, para Chimera. Eu não tinha
mais medo dele, porque eu podia sentir o cheiro de seu medo. Você não deve temer nada que tenha medo de você. Parte de mim sabia que não era verdade, é mais provável
um homem assustado e armado, atirar em você, do que um corajoso, mas as partes de mim que era capaz de pensar estavam escorregando, deixando para trás apenas o instinto.
O que ficou gostava do cheiro do medo. Lembrou-me de comida e sexo.
Chimera recuou, e começamos uma lenta caminhada para trás, pelo caminho que nós viemos. Desta vez comigo avançando lentamente sobre ele. Eu me aproximava dele, como
ele se aproximava de mim, e parte de mim percebeu que eu estava colocando meus pés um sobre o outro, quase pisando em meus próprios passos, como um gato. A caminhada
foi estranhamente graciosa, balançando meus quadris. Minha coluna estava muito reta, ombros para trás, braços quase sem movimento, ao meu lado, mas havia uma tensão
correndo por cima do meu corpo, uma antecipação da ação, da violência. Antes o ardeur sempre substituía a fome do animal, mas quando eu me aproximei de Chimera,
observei essa enorme forma muscular recuar de mim, era em carne que eu estava pensando. Dentes e garras, despedaçando a carne, mordendo, rasgando. Eu podia quase
sentir o gosto de seu sangue - quente, quase escaldante, na minha boca, na minha garganta. Não era apenas a fome da minha besta, mas a sede de sangue de Jean-Claude
e o desejo de Richard por carne. Era tudo isso e o ardeur correndo por todos, de modo que uma fome seguiu em uma corrente infinita, uma cobra comendo o próprio rabo,
um Ouroboros dos desejos.
Chimera parou de correr, pressionando-se contra a cortina branca. Estávamos quase de volta à Cherry e Micah. Havia atrás de Chimera uma parede sólida, atrás da cortina.
- O que você é? -, Ele perguntou com uma voz estrangulada, cheio de medo que subia dele em ondas. Ele cheirou o ar, narinas infladas. - Você não cheira como antes.
- Qual é o meu cheiro? - Toquei seu peito apenas com as pontas dos dedos, não tinha certeza do que ele faria. Mas ele não se afastou. Apertei minha mão sobre o seu
coração e senti a espessura, a batida pesada contra minha mão, como se eu pudesse tê-lo acariciado, como passando sua mão por um tambor. Eu soube naquele momento
o que ele queria mais do que tudo. Ele queria morrer. Quem que estivesse no centro, o que foi deixado de Orlando King, ele queria acabar com isso. Ele queria se
matar desde o momento em que soube que ia ser um homem lobo. Ele nunca mudou de idéia. Ele só não podia cometer suicídio, não diretamente de qualquer maneira.
Debrucei-me próximo a ele, pressionando nossos corpos juntos, levemente, as duas mãos em seu peito. - Eu ajudarei você -, sussurrei.
- Me ajudar como? - Mas sua voz estava receosa, como se ele já soubesse.
Dor trespassou pelo meu peito. Meus joelhos desmoronaram. Chimera me pegou, cuidadosamente, com aquelas mãos com garras. Acho que foi um gesto automático. Eu vi
através dos olhos de Richard, por um momento, vi um homem-hiena rosnando em seu rosto, senti as garras rasgando seu peito. A dor era forte, ossos quebrando, em seguida,
dormência, e Richard não lutou. Ele deixou a dormência tomar conta. Eu soube naquele instante que Richard queria morrer, ou melhor, ele não queria viver como ele
era. A sua dor o fez chegar a mim, mas suas mãos estavam lentas, lentas para se defender. Ele jamais admitiria que ele deixou-se morrer, mas ele queria e isso, e
o fez ser lento. Lento o suficiente para ter o homem-hiena cortando seu peito aberto como se rachasse um melão.
Shang-Da estava lá puxando a hiena para longe dele, então eu voltei para meu próprio corpo, no ar, atirada para além da cortina do quarto. A cortina amorteceu um
pouco a queda, e os últimos remanescentes da dormência de Richard deixou o meu corpo flácido, por isso não machucou realmente. Fiquei deitada por um segundo num
derramamento de cortina. Minha mão roçou para fora e bateu em metal. Levantei a borda da cortina e constatei que este quarto estava cheio de armas. Eu encontrei
as lâminas. Chimera tinha me atirado para elas, e o choque da lesão de Richard reprimiu o ardeur. Minha mão fechou sobre uma faca que era maior do que meu antebraço.
Eu levantei-a contra a luz e reconheci a prata quando vi. O ardeur foi embora sem eu a alimentar, e eu estava armada. A vida era boa.
Então ouvi o som de garras ou lâminas, na carne. Um espesso som de alguma coisa rasgando rapidamente, atravessando carne. Se você ouve o som com freqüência suficiente,
você sabe o que é.
Eu podia ver os homens pendurados aqui, e eles estavam intactos. Meu estômago estava apertado, tenso e frio, porque eu sabia onde Chimera estava. Eu só não sabia
qual deles ele estava cortando em pedaços.
Puxei a cortina para longe de mim, comecei a me levantar, e Abuta estava na minha frente. Mantive uma mão enrolada na cortina e atirei-a nele. Ele fez o que qualquer
um faria. Ele recuou e eu penetrei a lâmina de prata no meio do seu corpo, pescando, procurando pelo coração.
Abuta gritou, mãos para trás em direção de onde Chimera estava cortando meu povo. Ele disse algo em uma língua que eu não entendia. Quando seu corpo entrou em colapso,
eu continuei desviando a lâmina tentando encontrar seu maldito coração, mas a lâmina ficou presa em suas costelas e mais ampla do que minhas facas de costume. Não
moveu para onde eu queria. Eu tive um vislumbre de um borrão dourado momentos antes de Chimera me golpear violentamente e me mandar voando para os homens pendurados.
Eu bati forte, e eles gemeram, e eu estava no chão tentando reaprender a respirar. Seu braço tinha me atingido no ombro, que ficou dormente pelo impacto.
Chimera ajoelhou-se sobre o homem-cobra, embalando-o nos braços. Virei para Micah e Cherry. A frente do corpo de Cherry tinha linhas sangrentas, como se ele tivesse
enfiado as garras de cada lado dela, tão profundamente quanto ele podia, tanto dano quanto ele poderia causar em tão pouco tempo quanto possível. Seu peito subia
e descia freneticamente. Ela estava viva.
O corpo de Micah estava caído aberto como algo maduro que havia sido jogado contra uma parede. Seus intestinos brilhavam como algo separado e vivo. Eu podia ver
coisas dentro do corpo dele que nunca pretendi ver a luz do dia. Ele convulsionou, sacudindo contra as correntes.
Eu gritei, e o meu pânico me abriu para o Richard novamente. Ele estava deitado no piso térreo, e ele estava morrendo, e mais do que isso, eu senti que o seu abandono
tinha ferido os lobos. Ele era seu Ulfric, seu coração, sua cabeça e sua vontade eram fracos, e tornou-os fracos. As hienas, os meio-homens que lutavam para Chimera,
estavam lutando por aquilo que acreditavam, ou lutando por aqueles que amavam. Os lobos não tinham nada, só a boa vontade de Richard em morrer.
Gritei de novo, e Chimera estava diante de mim, uma mão enrolada em minha camisa, suas garras abrindo feridas superficiais em meu peito. Ele trouxe a outra mão de
volta, e o tempo parecia lento. Eu tinha todo o tempo do mundo para decidir o que fazer e,no entanto, eu não tinha tempo de sobra. Senti a respiração de Richard
chocalhando no peito, senti ele começar a morrer. O corpo de Micah deu um último tremor, depois ele ficou muito quieto.
Gritei, sem palavras, para alcançar algo, qualquer coisa para salvá-los. Meu poder veio, meu poder, era a única coisa que eu podia usar para salvar a todos nós.
Foi uma das piores coisas que eu já vi ser feita e eu não hesitei.
Eu não chamei meu poder - não tinha tempo. Eu me tornei meu poder. Ele fluiu por mim imediatamente, transbordou para minhas mãos. Eu toquei no braço peludo que me
segurava, e bloqueei seu outro braço que veio em minha direção num movimento obscuro. Bloqueei o soco e lancei minha mão livre no braço de Chimera, de modo que minhas
duas mãos tocaram seu braço. No momento que o suficiente de mim o tocava eu chamei o poder que eu aprendi no Novo México. Quando eu levantava um zumbi, eu colocava
energia no cadáver, ajudando o que estava deitado no túmulo a ser mais sólido e real. Esse era o contrário, eu tirei a energia, suguei-a para fora, fiz o homem leão
menos real, menos vivo.
O pêlo fluiu em minhas mãos até que eu toquei a pele humana. Era o corpo de Orlando que desabou de joelhos diante de mim. Os olhos cinza chocados de Orlando levantaram
procurando meu rosto, para suplicar-me, talvez. Mas ele nunca me pediu para parar, e sinceramente eu não tinha certeza de que eu sabia como parar.
Ele começou a gritar um pouco antes de sua pele ficar fina e enrugada, como observar décadas passarem de uma vez. Me alimentei dele, me alimentei de sua essência,
me alimentei do que ele era. O poder percorreu meu corpo, vibrando pela minha pele, cantando pelos meus ossos, cascateando no ímpeto da alegria por cada parte do
meu ser e além. Eu senti a energia fluindo para Micah, pela ligação que sempre me fez querer tocá-lo toda vez que estivemos juntos. O poder encontrou Richard e o
fez respirar. Espalhou-se para todos os lobos, e eles não eram mais dependentes da vontade do enfraquecido Richard, eles tinham a minha, e eu queria viver. Queria
todos nós vivos. Nós viveríamos. Nós viveríamos, e nossos inimigos morreriam. Eu queria assim. Eu faria assim. Usei a vida de Orlando King para encher meus leopardos,
meus lobos, e de longe meus vampiros, com vontade. Vontade de viver, de lutar, de sobreviver.
E durante tudo isso, Orlando King gritou. Gritou enquanto seu corpo era drenado em minhas mãos. Sua pele era como papel de seda sujo encaixado num esqueleto quando
eu finalmente o deixei. Ele desmoronou. Esse forte corpo virou algo leve como o ar, mas ainda assim ele gritou. Um som desagradável, imperfeito, um após o outro,
e eu não senti nenhuma piedade. Senti apenas a corrida do poder como o vôo de um pássaro em minha cabeça.
Micah estava ao meu lado em forma de homem-leopardo com o pêlo negro. O centro do seu corpo estava inteiro, parcialmente curado, devido a sua transformação. Um enorme
leopardo manchado, do tamanho de um pônei passou em torno de nós, sibilando para o que restou de Orlando. Cherry estava inteira coberta em seu casaco de pêlo, com
nenhuma mancha de sangue.
Devo ter ficado lá mais tempo do que pensei, drenando a vida de Orlando King, tempo suficiente para que arrancassem as correntes, tempo suficiente para que se transformassem
e curassem. Os homens que estavam pendurados mudaram de forma também. E com a mudança eles quebraram suas correntes, curaram a maior parte de seus danos, e caíram
no chão com seus pêlos manchados e garras. Eles cheiravam o que sobrou de Orlando. Eles emitiram estranhos sons de latido, quando Orlando continuou a gritar.
A voz de Micah saiu áspera com a sua forma peluda. - Seus olhos estão como uma noite de céu estrelado.
Eu não precisava olhar num espelho, para saber o que ele queria dizer. Meus olhos estavam negros, inundados e escuros, com o brilho distante de estrelas na escuridão.
Os olhos da Borboleta Obsidiana eram como esses, e meus olhos espelharam os dela depois que ela me tocou com seu poder.
A distante porta se abriu e os lobos entraram. Shang-Da e Jamil estavam segurando Richard entre eles. Ele ainda estava em forma humana, ainda recusando a se transformar
e ajudar o poder a curá-lo.
Os lobos, alguns em forma humana, outros não, vieram me tocar, me lamber, se prostrar diante de mim. Eles rosnaram, morderam e Orlando ainda gritava seco no chão.
Jamil e Shang-Da ajudaram Richard a contornar o quarto e ficar de frente a Micah e a mim. Foi só quando ele estava bem perto que eu percebi que seus olhos também
estavam negros com o jogo de frias estrelas neles. Gostaria de saber se os olhos de Jean-Claude estavam iguais, e um pensamento me deixou saber que seus olhos estavam
assim. Jean-Claude estava latindo na corrida do poder. Richard olhou para mim como se eu tivesse atropelado sua mãe. A dor em seu rosto não tinha nada a ver com
suas feridas curando. Eu tomei só um pouquinho mais da sua humanidade, ou assim ele sentia.
Ele olhou para a coisa gritando no chão com aqueles olhos negros estrelados e disse: - Como você pôde fazer isso?
- Eu fiz o que tinha que fazer - Eu disse.
Ele estava balançando sua cabeça. - Eu não queria viver tanto assim.
- Eu queria -, Micah disse.
Os dois homens entreolharam-se; olhos verde-amarelados para o preto. Alguma coisa parecia passar entre eles, então Richard olhou para mim. - Ele está morrendo?
- Não exatamente.
Ele fechou seus olhos, e eu consegui um vislumbre de dentro dele, antes que ele erguesse seus escudos. Não era horror que o fez empalidecer, era o fato de que a
corrida do poder o fez se sentir melhor do que qualquer coisa que ele já experimentou. Então, os escudos apertaram-se, mas seus olhos ficaram inundados pela escuridão.
- Tire-me daqui -, Ele disse.
- Transforme-se, Richard, cure a si mesmo - Eu disse.
Ele apenas balançou a cabeça. - Não.
- Maldito seja, Richard.
Ele apenas disse - Não - em seguida Jamil e Shang-Da ampararam ele até a porta. Eu o assisti ir, mas não tentei chamá-lo de volta. Eu fiz o meu melhor para ignorá-lo
quando me ajoelhei ao lado da coisa esquelética que era Orlando King. Eu sabia como lhe dar sua energia de volta, e que também seria uma corrida de qualquer maneira,
mas Orlando queria morrer, e Chimera era perigoso demais para ser mantido vivo. Eu fiz o que Orlando queria, e condenei Chimera. Chamei minha magia mais uma vez,
e derramei-a dentro dessa coisa que gritava e se debatia, e libertei seu espírito. Ele passou por mim como um pássaro invisível, e seu corpo deu aquela longa e dura
respiração que muitas vezes é o último som. Orlando King morreu irreconhecível, a menos que você tivesse seus registros dentários.
Micah me ajudou a levantar. Ele estava de volta à forma humana. Antes de ver Chimera, eu diria que a mudança de Micah era mais suave do que qualquer uma que eu já
vi. Ele me puxou para dentro de seus braços, e eu pressionei meu rosto contra a pele nua de seu pescoço, senti o perfume de sua pele, e o ardeur brotou dentro de
mim, como se estivesse à espera. Arrepios correram pelos seus braços nus, e ele deu um riso nervoso. - Eu não sei se vou topar. Eu tive um dia difícil.
Passei meus braços a sua volta, apertei meu rosto contra seu peito, para ouvir os batimentos fortes e constantes de seu coração. E por nenhuma razão que pudesse
imaginar, comecei a chorar, e o ardeur foi embora em uma lavagem de lágrimas e mãos. Não só as mãos de Micah, mas as mãos dos lobos, hienas e leopardos, que tinham
me desobedecido e vieram para a luta. Finalmente, Zeke e os meio-homens se juntaram a eles. Todos me tocaram, me marcaram com seu cheiro, suas lágrimas, suas risadas.
Nós rimos e choramos, uivamos e rugimos. Fizemos todo barulho que poderia ser feito. Richard perdeu um inferno de uma festa da vitória.
Epílogo
Richard me fez mesmo a sua Bolverk. Mas eu não era mais sua namorada. Eu nem sei se estou chateada com isso. Ele é livre para encontrar outra Lupa, embora eu não
tenha certeza se o grupo vai concordar com ele, eles parecem gostar de mim. Como Bolverk do Clan Rokke Thronnos, minha primeira ordem de serviço foi executar Jacob.
Paris ainda está viva pela insistência de Richard. Eu acho que é um erro, mas ele é Ulfric. Oh, que seja.
Eu não fiquei peluda com a lua cheia. Aparentemente, Jean-Claude estava certo sobre os leopardos serem meu animal para chamar, assim como Damian é o meu servo vampiro.
Eu estou ganhando poderes como um vampiro mestre. Vai entender.
Os homens-cobra e Marco morreram durante a luta. O restante do povo de Chimera reuniram-se aos seus grupos adequados. Temos uma coligação de transformados para promover
uma melhor compreensão entre os grupos. Eu sou a presidente, embora eu tentasse não ser. Micah e seu bando permaneceram na cidade.
Micah e eu ainda estamos saindo, se você pode chamar compartilhar a cama e minha casa de encontro. Mas eu não deixei Jean Claude. Estou saindo com ambos. Eu sou
serva humana de Jean Claude, e eu não posso esconder mais isso. Jean Claude também não ficou horrorizado com o que eu fiz para Orlando King. Ele ficou satisfeito.
Satisfeitos de que nós ganhamos, satisfeito que sobrevivemos. Ele e Micah parecem estar se dando bem, até agora. Eu continuo esperando que eles se desentendam, mas
até agora tudo bem.
Salvamos Joseph, o Rex dos leões, e sua esposa ainda está grávida de quatro meses e contando - um recorde. Narcissus afinal era um hermafrodita, e está grávido,
também. Eu não estou certa se Narcissus deveria estar procriando, especialmente sabendo quem é o pai, mas não é da minha conta.
O rei cobra e o filho estão mortos. Assassinados depois que Chimera os quebrou.
Eu acordei prensada entre Micah e Nathaniel. Você não pode alimentar o ardeur na mesma pessoa todos os dias, nem mesmo um metamorfo. É por isso que costumam dizer
que succubus e incubus matam suas vítimas. Você pode literalmente amar alguém até a morte. Então eu me alimento de Micah e Nathaniel. Micah como meu Nimir-Raj e,
Nathaniel como meu pomme de sang. Não, eu não estou tendo relações sexuais com Nathaniel. Ambos parecem pacíficos com o acordo, embora eu ainda estranhe um pouco
isso. Eu ainda estou esperando que o ardeur seja temporário.
O povo de Belle Morte contatou Jean-Claude. Eles estão negociando por Musette, um dos tenentes de Belle, para vir para uma visita. A menção do nome Musette fez Asher
e Jean-Claude empalidecerem.
Ronnie está horrorizada que cheguei tão perto de ser morta, mas isso não a fez mais aceitável em assuntos da minha vida amorosa. Voltamos a não nos ver muito. Talvez
Micah possa ser meu novo parceiro de malhação, sem trocadilhos.
Eu ainda amo Richard, mas isso não importa. Não vai dar certo. Ele não pode aceitar o que ele é, ou o que sou. Nenhum de nós pode mudar a nossa natureza, e eu nem
quero mais. Micah me aceita como sou, tudo que eu sou. Ele me ama da minha coleção de pinguins de brinquedo até a minha praticidade a sangue frio. Ele não se importa
com corpos no chão, e nem Jean-Claude. Espero que Richard faça as pazes com ele mesmo algum dia, mas realmente não é mais problema meu. Eu vou manter a matilha em
segurança com ou sem ele.
Quanto ao resto, se eu acordar em lençóis de seda, sei que estou com Jean-Claude. Se eu acordar em lençóis de algodão puro, estou em casa. Mas onde quer que eu esteja,
Micah está ao meu lado. Vou dormir contra o calor suave dele, respirando o doce mel de sua pele. Às vezes, os lençóis têm o cheiro da colônia de Jean-Claude, às
vezes não. Às vezes, o corpo de Micah tem duas marcas bem feitas de presas, e eu sinto Jean-Claude em seu caixão, estabelecendo-se para o dia, contente e bem alimentado,
cheio do meu sexo e sangue de Micah. A vida é realmente boa, mesmo que você esteja morto.

 

 

 

{1} Consiste no cabelo entraçado junto ao couro cabeludo.
{2} Tradução: Black Water: Água Negra.
{3} Tradução: Blooddrinkers: Bebedores de Sangue.
{4} Tradução: Maneater, Comedor de homens.
{5} Colo do útero.
{6} Revista de moda.
{7} Regional Preternatural Investigation Team, Equipe Regional de Investigação Preternatural.

 

 

                                                    Laurell K. Hamilton         

 

 

 

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