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Sigurd, o príncipe Sigfrido, o mais valente dentre os cavaleiros que serviam o rei da Dinamarca, galopou no lombo de seu cavalo pelos caminhos e veredas do bosque, Chegou até a gruta onde estava escondido o ouro dos deuses e matou o dragão que vigiava noite e dia a entrada da caverna. Depois, esfregou sua espada contra a erva dos prados para limpar o sangue da afiada lâmina e se dispôs a carregar na sua montaria o tesouro dos deuses. Mas, de repente, Sigfrido escutou um barulho a suas costas, voltou-se e viu aproximar-se o ferreiro Regen, que trazia nas suas mãos o coração do dragão morto.
Regen tinha forjado na sua frágua a cintilante espada de matar dragão, a poderosa espada chamada Gram — nome que significa "pesadume" e "dor" —, e após o ritual dos cumprimentos, sentou-se no solo, apoiou suas costas no tronco de uma arvore e começou a recitar em voz alta:
Eu te saúdo, oh Sigfrido! Valente cavaleiro. Ninguém ha tão audaz, na terra como tu. Hás dado morte ao dragão e agora és dono do tesouro escondido, do apreciado ouro dos deuses. Mas, hás de saber que sobre o dourado metal se encerra uma fatal maldição: veneno se tornará o ouro para todo aquele que o entesoure!
Depois de alguns momentos de silêncio, o ferreiro Regen contou a Sigfrido que, tempos atras, os mortais tinham enfrentado os deuses e os haviam vencido. Então, os deuses ofereceram uma montanha de ouro aos mortais em troca de que soltassem as correntes com as quais os mantinham presos. Os mortais aceitaram a ideia, deixaram em liberdade Loky, o deus do fogo, enquanto mantinham preso Odin, deus dos mortais e de todas as criaturas, criador das gravuras mágicas das runas, protetor das ciências, da poesia e da sabedoria, e esperaram...
Com a rapidez de um relâmpago, o deus do fogo percorreu o céu e chegou até as longínquas terras dos elfos, capturou o anão Andvare e, em troca de sua liberdade, pediu que seu povo lhe desse todo o ouro das minas escavadas na montanha.
Os elfos carregaram todo o ouro da sua montanha e o puseram aos pés de Loky, mas o malvado deus do fogo exigiu que lhe entregassem, também, o anel mágico de ouro que utilizavam para descobrir os filões e as betas do dourado e valioso metal. Os elfos concordaram com as imposições do deus Loky quem, logo que teve em seu poder os montes de ouro e o anel magico, voltou imediatamente à morada dos mortais para entregar-lhes o precioso tesouro.
Mas antes de abandonar as terras dos elfos foi amaldiçoado com a maldição do anel: veneno se tornará o ouro para todo aquele que o entesoure! Assim falou Regen; e suas palavras pareciam sinceras, mas seus pensamentos eram falsos e albergavam avessas intenções. Sigfrido que compreendia o linguajar dos pássaros, escutou seu canto e descobriu que o dragão que acabara de matar era, na realidade, irmão do ferreiro; se chamava Fafner e, tempos atrás, havia fugido levando consigo o ouro dos deuses.
Soube também, Sigfrido, que o astuto ferreiro queria matá-lo para ficar com o tesouro que acabara de achar na caverna do dragão. Então, Sigfrido enfrentou Regen. Os dois homens desembainharam suas espadas e lutaram com furor até que um deles sucumbiu ao poder do opositor. Sigfrido matou Regen, carregou o ouro dos deuses no seu cavalo, guardou o anel mágico es antes de abandonar aquele lugar, lambuzou seu corpo com o sangue do dragão para fazer-se invulnerável.
Depois de varias jornadas, Sigfrido chegou ao castelo onde permanecia reclusa a jovem Valquíria, que havia ousado desobedecer os deuses, e a libertou de um mau sonho que desde anos a torturava. Como prova de agradecimento, a jovem Valquíria lhe desvelou os mistérios dos signos das pedras rúnicas c lhe convidou a ficar vivendo no seu castelo, Mas Sigfrido seguiu seu caminho.
Sigurd, o príncipe Sigfrido, o jovem príncipe apaixonado, faltou com sua promessa e abandonou a formosa Brunilda, não por sua própria vontade, mas sim porque, vítima de um engano, bebeu a beberagem do esquecimento, a poção mágica que uma feiticeira havia preparado a pedido da rainha Grimhil para que o jovem príncipe se casasse com sua filha Gudrum.
Sigfrido e Gudrum contraem matrimonio e, durante o banquete da boda, Gunnar, irmão da recém-casada Gudrum. pede a Sigfrido que fale da formosura da jovem Brunilda porque deseja casar-se com ela. Sigfrido desperta do malefício, se livra dos efeitos da beberagem do esquecimento e retorna ao palácio de Brunilda para declarar-lhe de novo seu amor e pedir sua mão. Mas Gudrun havia enviado na frente um mensageiro para advertir Brunilda e a informar de que Sigfrido acabara de casar-se com ela. O mensageiro tem ordem de entrevistar-se também com os irmãos de Brunilda a fim de que evitem a traição e, para isso, lhes revela o ponto vulnerável do corpo de Sigfrido.
Quando Sigfrido está quase entrando no palácio de Brunilda é derrubado por uma flecha, por um dardo envenenado, que se crava na única parte do seu corpo que não é invulnerável Brunilda derrama lágrimas de dor pela morte de seu amado, desconsolada se lança ao fogo da pira onde arde o corpo de Sigfrido...
Os dois jovens apaixonados morrem juntos e seus corpos se convertem em cinzas..., mas o espírito de ambos segue vivo na Edda da Völsunga Saga, a lenda escandinava de Brunilda e Sigurd, o valente príncipe Sigfrido.
APÊNDICE: O Ouro do Rin
Não se conhece o autor do Cantar dos Nibelungos, porém se sabe que foi escrito no século XIII, na alia Idade Nédia, por alguém que viveu na região bávara da ribeira do Danúbio. Na versão alemã, por acaso a mais popularizada, o príncipe Sigfrido mata o dragão Fafner e se apodera do anel mágico e dos tesouros dos Nibelungos. Logo se banha, debaixo da copa de uma tília, no sangue do dragão para tornar-se invulnerável,
mas cai uma folha da árvore nas costas e uma pequena parte do seu corpo fica desprotegida.
Sigfrido se casa com Crimilda, irmã do rei burgundio Gunther, quem, por sua vez, contrairá matrimonio com a formosa Brunilda, rainha de Islândia. A fatalidade, conjuntamente com uma série de maus entendidos, faz com que um criado de Brunilda acabe com a vida de Sigfrido e jogue, nas águas do Rin, o tesouro dos Nibelungos. Crimilda vingará a morte de seu amado Sigfrido muitos anos depois, para o qual se casa com Átila, o implacável rei dos hunos.
Segundo a lenda, durante gerações e gerações, o tesouro dos Nibelungos esteve oculto abaixo das águas do Rin, custodiado pelas místicas criaturas dos rios e bosques: as Donzelas do Rin. Até que, um infeliz dia, as Donzelas do Rin descobriram que o ouro do rio havia sido roubado e, desde então, choram sob as águas do Rin...que se tomaram tunas pela perda do ouro.
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