“Avante!”.
O comando ecoou desfilando sobre a terra ensolarada e os homens saíram juntos em filas de três em três. Em cada passo, as botas de ferro atingiam o chão em perfeita harmonia, criando uma batida rítmica, que foi contraposta pelo gingado irregular de armas e equipamento, já que, ocasionalmente, esfregavam ou batiam umas nas outras. Já, os pés marchando estavam levantando uma tênue nuvem de poeira em seu rastro.
“Você certamente os vê chegando a uma distância considerável”, Halt murmurou.
Will olhou de soslaio para ele e sorriu. “Talvez essa seja a idéia”.
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O general Sapristi, que tinha organizado esta demonstração das técnicas militares de Toscan para eles, assentiu com a cabeça em aprovação.
"O jovem cavalheiro está correto", disse ele.
Halt levantou uma sobrancelha. "Ele pode estar correto, e ele é, sem dúvida jovem. Mas ele não é um cavalheiro”.
Sapristi hesitou. Mesmo após dez dias em sua companhia, ele ainda não estava completamente acostumado ao fluxo constante de insultos alegres que fluía entre estes dois Araluenses estranhos. Era difícil saber quando eles estavam falando sério e quando eles estavam brincando. Algumas das coisas que disseram uns aos outros seria motivo de confusão e derramamento de sangue entre os cidadãos de Toscan, cujo orgulho era notoriamente mais forte do que seu senso de humor. Ele olhou para o arqueiro mais jovem e percebeu que ele parecia não ter tomado nenhuma ofensa.
“Ah, Signor Halt”, disse ele hesitante, “Você está fazendo uma piada, não é?”.
“Ele não está fazendo uma piada” Will disse. “Mas ele gosta de pensar que está fazendo uma piada, sim”.
Sapristi decidiu que poderia ser menos confuso voltar ao ponto que os dois arqueiros já haviam levantado.
"Em todo caso”, ele disse, “Nós achamos que a poeira levantada pelos nossos soldados muitas vezes pode causar pânico nos inimigos e forçá-los a se dispersar. Muito poucos inimigos estão dispostos a enfrentar as nossas legiões em combate aberto”.
"Eles certamente podem caminhar muito bem”, Halt disse suavemente.
Sapristi olhou para ele, percebendo que a manifestação que fizera até o momento, pouco tinha impressionado o Araluense de barba grisalha. Ele sorriu interiormente. Isso mudaria em poucos minutos, ele pensou.
"Aqui está Selethen”,'Will disse e como os outros dois olharam para baixo, podiam ver a forma distinta de altura do líder Arridi subindo os degraus da plataforma de revisão para se juntar a eles.
Selethen, representando o Emrikir Arridi, estava na Toscana para negociar um pacto de comércio e militar com o Senado Toscan. Ao longo dos anos, os Toscans e Arridi se enfrentaram de forma intermitente, de seus países, separados apenas pelas águas relativamente estreitas do Mar Constant. No entanto, cada país tinha os itens que o outro necessitava. O Arridi tinha reservas de ouro vermelho e ferro em seus desertos que os Toscans necessitavam para financiar e equipar seus grandes exércitos. Ainda mais importante, os Toscans tinham-se tornado excessivamente apaixonado por kafay, o rico café cultivado pelos Arridi.
Os habitantes do deserto, por seu lado, olharam para Toscana afim de seus tecidos - de linho e algodão, tão necessários no calor do deserto feroz - e para a qualidade excelente de azeite que os Toscans produziam que era muito superior aos seus produtos cultivados localmente. Além disso, há uma necessidade constante para repor e trazer novos reprodutores para os seus rebanhos de ovinos e caprinos. Os animais morriam facilmente no deserto.
No passado, as duas nações lutaram por esses itens. Mas agora, as cabeças mais sábias prevaleceram e eles decidiram que uma aliança pode ser mutuamente benéfica para o comércio e para a segurança. As águas do Mar Constant foram infestadas rapidamente por corsários, com seus pequenos navios. Eles revistaram o local no qual os navios mercantes viajavam entre os dois países, roubando e afundando-os.
Algumas pessoas na região ainda pensam nos tempos em que os wolfships escandinavos costumavam visitar estas águas. Os escandinavos invadiram bastante, mas nunca nos números que foram vistos nestes dias. E a presença dos navios escandinavos manteve a incidência dos piratas locais para baixo.
Atualmente, os escandinavos respeitavam mais as suas leis. Seu Oberjarl, Erak, tinha descoberto que era muito mais rentável para contratar seus navios para outros países que precisavam para garantir que suas mercadorias chegassem a águas nacionais. Como resultado, os escandinavos haviam se tornado a policia naval em muitas partes do mundo. Os Toscans e Arridi, sem forças navais significativa da sua própria, decidiram, como parte de seu acordo, alugar um esquadrão de wolfships para patrulhar as águas entre os dois litorais.
Todas essas foram às razões pelas quais Halt e Will passaram os últimos dez dias em Toscana. A inimizade de longa data entre os dois países, acompanhados pela inevitável suspeita de outras intenções, levou ambos os lados a concordarem em pedir a uma nação de terceiros para atuar como árbitro no tratado que estava sendo posto em prática.
Araluen era um país confiável por ambos os Arrida e Toscana. Além disso, o Araluenses tinham laços estreitos com o Oberjarl escandinavo e sentiu que a sua intervenção seria muito útil na formação de uma relação com os marinheiros selvagens do norte.
Era lógico para Selethen sugerir a inclusão de Halt e Will na delegação Araluan. Ele tinha incluído no pedido Horace, mas o dever de Horace estava em outro lugar.
O próprio texto e as condições do tratado não foram as preocupações dos dois arqueiros.
Eles estavam aqui apenas para escoltar o negociador-chefe de Araluem, Alyss, namorada de infância de Will e um dos membros mais brilhantes do novo Serviço Diplomático de Araluem.
Ela estava atualmente trancada com os advogados Arridi e Toscan, colocando em questão os detalhes do acordo.
Selethen caiu agradecido em um assento ao lado de will. As três companhias de legionários Toscan - de trinta e três para cada uma, com um comandante geral que compõem a tradicional centuria Toscan de cem homens - articulada por meio de uma curva à direita inteligente abaixo deles, passando de uma formação de três para uma de onze estendidos lado a lado. Apesar da formação mais ampla as suas linhas foram alinhadas perfeitamente – em uma perfeita linha reta como uma lâmina de espada, Will pensou. Ele estava a ponto de dar voz ao pensamento, então ele sorriu. Esta comparação não seria precisa tanto quanto a do sabre curvo de Selethen .
Como está o avanço das negociações? “Halt perguntou”.
Selethen franziu os lábios. "Como o progresso de sempre. Meu mordomo está pedindo uma redução de três quartos de um por cento sobre o imposto a ser cobrado para kafay”.
“Seus defensores” disse ele, incluindo Sapristi na conversa, estão estendendo por mais de cinco oitavos de um por cento. Eu tinha que ter uma pausa de tudo. Às vezes eu acho que eles fazem isso porque simplesmente gostam de discutir.
Sapristi assentiu. "É sempre assim. Nós soldados arriscamos a nossa vida lutando, enquanto os advogados discutem sobre frações de um ponto percentual. E ainda olham para nós como seres inferiores”.
"Como Alyss está se saindo?" Will perguntou.
Selethen virou um olhar de aprovação sobre ele. "Sua Senhora Alyss está provando ser uma ilha de calma e sentido comum em um mar de controvérsia. Ela é muito, muito paciente. Apesar de perceber que ela tem sido tentada a bater no meu mordomo sobre a cabeça com o seu maço de papéis em diversas ocasiões”.Selethen olhou para as três companhias Toscan, agora voltando à formação de três fileiras.
“A destra! Doppio di corsa!”.
A ordem foi dada pelo comandante central, que ficava no centro do terreno de desfile. Instantaneamente, as companhias viraram à direita, reformadas em três fileiras, então dobraram a velocidade, o baque de suas sandálias, o gingado de equipamentos emitindo um som mais alto e mais urgente com o aumento do ritmo. A poeira subia também.
'General Sapristi' Selethen perguntou, indicando as formações apertadas, “esta demonstração de precisão faz bem para um espetáculo. Mas há algum benefício real para ganhar com isso? ‘“.
"Na verdade, existe, Wakir. Os nossos métodos de luta dependem da disciplina e coesão. Os homens em cada grupo lutam como uma unidade”.
"Uma vez que uma batalha começa, os meus homens lutam em grande parte como indivíduos”, disse Selethen. Sua voz indicou que ele via pouco valor neste estilo de coordenadas de manobra, quase maquinal. "É claro que o trabalho do comandante é levar suas tropas para a posição mais vantajosa no campo. Mas depois disso, eu acho que é quase impossível controlá-los como indivíduos. Melhor deixá-los lutar com suas próprias habilidades”.
“É por isso que toda essa sondagem seja necessário”, Sapristi respondeu. "Nossos homens estão acostumados a reagir às ordens. Ele se torna instintivo. Nós ensinamoslhes alguns treinos poucos vitais, e insistimos nesse treinamento mais e mais. Leva anos para treinar um guerreiro bom. A sondagem constante significa que podemos ter uma legião pronta para lutar de forma eficaz em menos de um ano”.
“Mas eles não podem aprender a ser bons espadachins em tão pouco tempo?” 'Will perguntou.
Sapristi balançou a cabeça. “Eles não precisam disso. Assista e aprenda Arqueiro”.
'Halt! “O comando tocou para fora e as três companhias fizeram uma parada como um todo”.
“Uma nuvem de pó e uma linha de estátuas, ‘Will meditou”.
Do outro lado da parada, um trompete soou e os guerreiros começaram a aparecer por trás dos prédios de lá. Mudaram-se rapidamente para formar uma linha estendida de batalha – não com a disciplina rígida e como a linha de formação do comandante central.
Eles estavam armados com espadas de madeira de treinamento - espadas de lâmina longa, Will percebeu, e escudos redondos. Cerca de um quarto deles carregavam arcos recurvo, além de suas espadas.
Em um comando, o 'inimigo' começou a avançar pelo pátio de desfile. A linha ondulada demonstrava que alguns setores avançavam mais depressa do que outros.
»rige Tre!", gritou o comandante central. Halt olhou uma pergunta para Sapristi. "Formulário de três fileiras," tradução geral. "Nós não usamos a língua comum para os comandos de campo. Não há sentido em deixar o inimigo saber que você tem em mente."
“Não mesmo,” Halt concordou suavemente
Movendo suavemente e sem pressa nenhuma, as três companhias trotaram para a posição, três fileiras de profundidade e trinta e três de largura. As fileiras foram separados uns dos outros por cerca de um metro e meio.
A força inimiga parou o seu avanço, a alguns metros de sessenta linhas rígidas de legionários.
Os homens da tribo inimiga olharam selvagemente, brandindo suas armas e, ao comando gritavam, aqueles com arcos se adiantaram, flexas prontas sobre a corda. Os observadores ouviram o som fraco de cinqüenta flexas raspando contra os arcos como eles foram puxados para trás em toda sua extensão. Ao mesmo tempo, o comandante chamou sua contra-ordem.
'Tartaruga! Pronto!
Noventa e nove homens altos, com escudos curvos deram a volta para frente, com um chocalho de equipamentos.
'Tartaruga significa "tartaruga", "Sapristi explicou”.Pronto significa “pronto”.
O comandante inimigo gritou uma ordem e os arqueiros lançaram uma saraivada irregular. Quando a primeira flexa foi lançada, o centurião Toscan berrou: ·. “Azione!·”. 'Ação', traduziu Sapristi.
Imediatamente, os soldados reagiram. A linha de frente agachada ligeiramente, de modo que seus escudos os cobriam completamente. O segundo e terceiro grupo se aproximaram.
A segunda posição levantava seus escudos para a altura da cabeça, bloqueando-os como os da linha de frente. A terceira posição fez o mesmo. Os cem homens do centurão estavam agora protegidos por uma barreira de escudos para frente e um teto de gastos escudos.
Segundos depois, a saraivada de flechas batiam contra eles, ricocheteando inofensiva.
"Assim como uma tartaruga", Will observou. “Quem é o inimigo?’’”.
"São todos os guerreiros de países vizinhos e províncias que foram eleitos para se juntar ao nosso império", Sapristi respondeu suavemente.
Halt considerou por um momento. "Será que eles elegem para se juntar? ', Perguntou ele”.Ou foi a decisão tomada por eles? ‘
"Talvez nós ajudamos um pouco com o processo de tomada de decisão", admitiu o general Toscan. “Em todo o caso, todos os guerreiros hábeis e experientes podem e vão ser usados como auxiliares e olheiros. Eles são extremamente úteis para as manifestações deste tipo. Assista agora”.
A força de ataque tinha parado no ponto de onde tinha lançado a saraivada de flexas. O general apontou para onde um grupo de atendentes estava correndo para o campo, cada um com um esboço de um homem de corte de madeira clara. Havia pelo menos cem deles, Will estimou.
Ele observava com curiosidade, enquanto os homens colocavam os bonecos verticalmente no lugar, a trinta metros da linha de frente dos legionários.
“Para efeitos da demonstração", Sapristi disse, “vamos supor que o inimigo tenha chegado a esta posição em seu avanço. Nós não usamos guerreiros verdadeiros para esta parte do exercício. É muito caro, e precisamos de nossos auxiliares.”
Os atendentes, muitos deles olhando nervosamente para as fileiras de legionários ainda, saíram correndo do campo uma vez que seus alvos estavam na sua posição.
Will inclinou-se ansiosamente. “O que acontece agora, general?”.
Sapristi se permitiu um pequeno sorriso.
"Assista e veja", disse ele.
2
Nihon-Jin, alguns meses antes.
Horace deslizou a tela para o lado, fazendo uma careta quando ele segurou um pouco a porta aberta. Até agora, ele tinha aprendido a lidar com essas estruturas de madeira clara e de papel com cuidado. Em sua primeira semana em Nihon-Jin tinha sido destruídos vários painéis deslizantes. Ele sempre esteve acostumado com portas pesadas que precisavam de algum esforço para serem abertas. Seus anfitriões foram sempre rápidos para se desculparem e assegurar-lhe que a obra devia ter sido falha, mas ele sabia o motivo real que era sua própria torpeza. Às vezes, ele parecia um urso cego em uma fábrica de porcelana.
O imperador Shigeru olhou para o alto guerreiro Araluense, observando o cuidado que ele teve com a porta, e sorriu com uma diversão genuína.
“Ah, Or'ss-san”, ele disse, “você esta se mostrando bem mais atencioso por poupar nossa porta frágil da destruição”.
Horace balançou a cabeça. “Vossa Excelência é muito gentil”.Ele fez uma reverência.
George - um velho conhecido de Horace em seus dias na Ala de Redmont e seu assessor de protocolo sobre esta viagem - havia impressionado com ele que isso não era feito fora de qualquer senso de auto-humilhação. O Nihon-Jin curvavam-se uns aos outros de forma rotineira, como um sinal de respeito mútuo. Em geral, a profundidade da curvatura de ambos os lados era o mesmo. No entanto, George tinha adicionado, seria político você curvar-se muito mais que o Imperador, do que você podia esperar que ele se se curvasse a você. Horace não teve nenhum problema com o costume. Ele achou Shigeru um anfitrião fascinante e gracioso, bem digno de respeito. De certa forma, lembrava Horace do Rei Duncan - um homem com quem Horace tinha o mais profundo respeito.
O Imperador era um homem pequeno, muito menor do que Horace. Foi difícil estimar sua idade. O Nihon-Jin parecia muito mais jovem do que realmente era. O cabelo de Shigeru era tingido de cinza, mas Horace imaginou que ele deveria estar na casa dos cinqüenta. Mas o pequeno imperador era incrivelmente ajustado e possuía uma força enganadora. Ele também tinha uma voz surpreendentemente profunda e uma gargalhada franca, quando ele estava se divertindo, o que aconteceu varias vezes.
Shigeru estalou a língua levemente como um sinal de que o jovem não tinha necessidade de manter a posição por mais tempo. Como Horace endireitou-se, o imperador curvou-se em resposta. Ele gostava do jovem e musculoso guerreiro e tinha gostado de tê-lo como um convidado.
Em sessões de treinamento com alguns dos principais guerreiros Nihon-Jin, Shigeru tinha visto que Horace era extremamente hábil com as armas do seu próprio país - a espada, mais longa e mais pesada do que a katana curva Nihon-Jin, e o escudo redondo que ele usou de forma eficaz. No entanto, o jovem não mostrou senso de arrogância e tinha se preocupado em estudar e elogiar as técnicas de espadachins Nihon-jin.
Esse foi o propósito da missão de Horace. Como mestre de espadas em Araluen, e como guerreiro em potencial, faz sentido que Horace deva estar familiarizado com a maior gama de técnicas de luta possível. Foi por essa razão que Duncan havia despachado ele nesta missão militar. Além disso, Duncan podia ver que Horace estava ficando entediado. Após a excitação inebriante de seu embate com os Renegados em companhia de Will e Halt, foi fácil para o jovem a tornar-se impaciente com a rotina monótona da vida no castelo Araluen. Muito a contragosto da filha de Duncan, Cassandra, que gostava da companhia de Horace, ele tinha enviado-o nesta missão.
"Olhe para isso, Or'ss-san", disse Shigeru, acenando-lhe para frente.
Horace sorriu. Nenhum dos Nihon-Jin tinha sido capaz de dominar a pronúncia do seu nome. Ele tinha se acostumado a ser tratado como Or'ss-san. Depois de algumas tentativas iniciais, Shigeru tinha alegremente aprovado a versão simplificada. Agora, ele estendeu as mãos em concha para Horace e o jovem se inclinou para frente para olhar.
Havia uma flor perfeita amarela aninhada na palma da mão do imperador. Shigeru balançou a cabeça.
"Viu?", Disse. “Aqui estamos nós, com o outono em cima de nós. Esta flor deveria ter secado e morrido semanas atrás. Mas hoje eu achei aqui no meu jardim de pedra. Não é um fato diferente?”.
"De fato é”, Horace respondeu. Ele percebeu que tinha aprendido muita coisa no seu tempo aqui - e não todas elas sobre assuntos militares. Shigeru, mesmo com a responsabilidade de governar um público variado e, em alguns casos, teimosos grupos de indivíduos, ele poderia ainda encontrar tempo para admirar as pequenas ocasiões de beleza a ser encontrada na natureza. Horace sentiu que essa habilidade levou o Imperador a desfrutar uma grande paz interior e contribuir em grande medida, à sua capacidade de enfrentar e resolver problemas de uma forma calma e sem frustração.
Tendo mostrado a flor para seu hóspede, o Imperador se ajoelhou e ele retornou à matriz ordenadamente de pedrinhas pretas e brancas.
"Ela deve ficar aqui", disse ele. "Este é o lugar onde seu destino decretou que ela deveria estar”.
Havia pisos de pedra pelo jardim para que o Imperador e seu convidado pudessem andar sem perturbar a simetria das pedras. Era como um lago de pedras, Horace pensou.
Ele estava consciente de que cada manhã, o Imperador iria varrer as pedras em um padrão ligeiramente diferente. Um homem inferior poderia ter funcionários para executar esta tarefa, mas Shigeru gostava de fazer ele próprio.
“Se tudo for feito para mim”, ele havia explicado a Horace, “como vou aprender?”.
Agora, o Imperador passou graciosamente aos seus pés mais uma vez.
“Eu temo que o seu tempo com a gente esteja chegando ao fim”, disse ele.
Horace assentiu. “Sim, excelência. Vou ter que voltar para Iwanai. Nosso navio deve chegar lá no final da semana”.
“Nós ficaremos triste quando você partir”, disse Shigeru.
“Peço desculpa por ir”, respondeu Horace.
O Imperador sorriu. “Mas não se arrepende de voltar para casa?” ·. Horace tinha que sorrir de volta. “Não. Eu ficarei feliz de chegar em casa. Estive afastado muito tempo”.
O Imperador fez um gesto para Horace o seguir e eles deixaram o jardim de pedra e entraram em um bosque de árvores cultivadas perfeitamente. Uma vez que eles estavam fora dos trampolins de pedras, havia espaço para eles caminharem lado a lado.
“Eu espero que sua viagem tenha valido a pena. Você aprendeu muito enquanto esteve com a gente?” Shigeru perguntou.
“Muita coisa, excelência. Eu não tenho certeza de que o sistema serviria em Araluen, mas é interessante”.
Nihon-Jin chamou seus guerreiros, um pequeno grupo de elite superior, conhecido como o Senshi. Eles nasceram para serem treinados na arte da espada e começaram as suas formações desde novos, com diferenciação da maioria das outras formas de aprendizagem. Como resultado, o Senshi havia se tornado uma seita agressiva e guerreira, com uma sensação de superioridade sobre as demais classes da sociedade Nihon-jan.
Shigeru era um Senshi, mas ele era uma espécie de exceção. Naturalmente, ele havia treinado com a katana desde menino e ele era um competente, se não um perito, um guerreiro. Como Imperador, era esperado que ele aprendesse essas habilidades. Mas ele tinha interesses mais amplos - como Horace tinha apenas observado - um lado compreensivo e voltado à sua natureza. Ele estava realmente preocupado com o que viesse a ser as classes mais baixas: os pescadores, agricultores e trabalhadores de madeira que eram olhadas com desprezo pela maioria dos Senshi.
“Eu não estou certo de que podemos mantê-lo como ele são por muito mais tempo neste país”, disse a Horace. “Ou que deveríamos”.
O jovem guerreiro olhou de soslaio para ele. Ele sabia que Shigeru vinha trabalhando para melhorar as condições para as classes mais baixas, e dar-lhes mais voz na forma como o país era governado. Ele também aprendeu que estas iniciativas foram altamente impopulares com um número significativo de Senshi.
“O Senshi vai resistir a qualquer mudança”, alertou ao Imperador e o homem mais velho suspirou.
“Sim. Eles irão. Eles gostam de estar no comando. É por isso que é proibido para o povo comum de portar armas ou aprender qualquer habilidade de arma. Eles superam em muito o Senshi, mas o Senshi compensa sua falta de números por sua habilidade com armas e sua ferocidade em batalha. É pedir muito de destreinados pescadores ou agricultores ou trabalhadores de madeira para enfrentar esses adversários mortais. Isso já aconteceu no passado, é claro, mas quando os trabalhadores fizeram protesto, eles foram cortados em pedaços”.
“Eu posso imaginar”, disse Horace.
Shigeru ficou um pouco mais ereto. “Mas o Senshi deve aprender. Eles devem se adaptar. Eles não podem continuar a tratar as pessoas - o meu povo - como inferiores. Precisamos de nossos trabalhadores, assim como nós precisamos de nossos guerreiros”.
“Sem os trabalhadores, não haveria comida para o Senshi, sem madeira para suas casas, sem lenha para aquecê-los ou para a forja que criam as suas espadas. Eles precisam entender que todos contribuem e deve haver uma maior igualdade.”.
Horace franziu os lábios. Ele não quis responder, porque ele sentiu que Shigeru tentava uma tarefa impossível. Com exceção dos retentores imediatos do Imperador, a maioria dos Senshi tinha se mostrado forte oposição a qualquer mudança no sistema atual - especialmente quando o assunto era dar voz às classes mais baixas.
Shigeru sentiu a hesitação do jovem. “Você não concorda?”, Ele perguntou suavemente.
Horace encolheu os ombros, desconfortável. “Eu concordo”, disse ele. “Mas minha opinião não importa. A questão é, será que Deus Arisaka concorda?”.
Horace tinha encontrado Arisaka na primeira semana de sua visita. Ele era o soberano do clã Shimonseki, um dos maiores grupos de guerreiros ferozes e Senshi. Ele era um homem poderoso e influente, e ele não fez segredo de sua opinião de que o Senshi devia permanecer a classe dominante no Nihon-Jin. Ele também era um mestre espadachim, considerado um dos melhores guerreiros individuais no país.
Horace tinha ouvido rumores de que Arisaka havia matado mais de vinte homens em duelos - e ainda mais nas lutas que aconteciam de vez em quando entre os clãs.
Shigeru sorriu amargamente com a menção do nome arrogante. “Arisaka-san pode ter que aprender a aceitar a vontade do seu Imperador. Afinal, ele fez um juramento a mim”.
“Então eu tenho certeza que ele vai honrar o juramento”, Horace disse, apesar de ter sérias dúvidas sobre o assunto. Como sempre, Shigeru viu o tom das mesmas palavras e reconheceu a preocupação na voz de Horace.
“Mas eu estou sendo um hospedeiro descortês”, disse ele. “Nós temos um pouco de tempo juntos e você deve apreciá-lo - não gastá-lo se preocupando com a política interna do Nihon-Jin. Talvez possamos andar juntos para Iwanai? Vou ter de deixar aqui em breve para retornar ao Ito eu mesmo”.
Eles tinham passado a última semana relaxante no ambiente informal de verão do Imperador, no sopé das montanhas. Seu palácio principal e sede do governo foi uma magnífica fortaleza amuralhada da cidade de Ito, viagem de uma semana para o sul. Seu tempo na pousada tinha sido agradável, mas, como Shigeru tinha observado anteriormente, o outono foi forçando seu caminho por terra, com seus ventos frios e tempestuosos, e o verão não apresentou acomodações mais confortáveis no tempo frio.
“Eu iria gostar” Horace disse, satisfeito com a perspectiva de passar mais alguns dias em companhia de Shigeru. Ele questionou o vínculo de respeito e carinho que sentia pelo Imperador. Talvez tenha a ver com o fato de Horace ter crescido como um órfão, e assim ele foi levado pela força sutil de Shigeru, assim como sua sabedoria gentil e bom humor permanente. De certa forma, o imperador lembrou Halt, apesar de suas boas maneiras foi um contraste marcante com a natureza, muitas vezes de jeito amarga dos
Arqueiros. Ele apontou para as árvores cuidadosamente cultivadas em torno deles, suas folhas agora resplandecendo amarelo e laranja que anunciam o Outono.
“Devo dizer a George para iniciar os preparativos para fazer a viagem”, disse ele. “Vou deixar-vos a contemplar as suas árvores”.
Shigeru, por sua vez, olhou para os padrões de troncos escuros e folhas em chamas em torno dele. Ele amava a paz e a solidão neste jardim, longe da política de auto-serviço da capital.
“Essa beleza será sua pequena recompensa pela perda de sua companhia”, disse ele sem problemas e Horace e sorriu para ele.
“Você sabe, Vossa Excelência, eu gostaria de poder dizer coisas do tipo”.
3
Toscana
Um comando soou pelo campo de exercícios e Will observou o telhado de escudos desaparecerem enquanto os legionários abaixavam-se de volta à posição normal.
Aí, em resposta a outro comando, a segunda e terceira filas deram um passo para trás. Cada homem carregava uma comprida lança em adição à curta espada que ele usava no lado direito. Agora, os homens na fila de trás inverteram o aperto, trocaram o lado e levantaram as lanças para a posição de lançamento, os braços direitos nas costas, as lanças equilibradas no ombro direito deles, mirando para cima num ângulo de aproximadamente quarenta graus.
“Azione!”.
Trinta e três braços direitos avançaram, trinta e três pernas direitas fizeram o mesmo e o vôo de lanças ocorreu em forma de arco na direção dos alvos de madeira. Elas ainda estavam no meio do caminho quando a segunda fila repetiu a ação, mandando outros trinta e três projéteis planando.
Não havia um alvo individual - cada homem simplesmente lançava a sua arma para a massa de alvos na frente dele. Will percebeu que, numa verdadeira batalha, a distância ideal seria decidida pelo comandante, que estava gritando as ordens.
A primeira saraivada subiu em arco, depois se lançou para baixo enquanto as pesadas cabeças de ferro das lanças sobreviviam à força do lançamento.
Houve um retumbante estrondo de lasca quando as lanças caíram. Metade delas acertou o chão inocentemente. A outra metade esmagou-se nos leves alvos de madeira, derrubando-os ao chão. Alguns segundos depois, o segundo vôo chegou, com resultados similares. Dentro do espaço de poucos segundos, quase um terço da centena de alvos havia sido quebrado e destruído.
“Interessante”, disse Halt brandamente. Will olhou de rápido relance para ele. O rosto de Halt estava impassível, mas Will conhecia-o muito bem. Halt estava impressionado.
“O primeiro golpe é geralmente decisivo”, Sapristi disse a eles. “Guerreiros que nunca lutaram antes com a nossa legião são abalados por essa repentina devastação”.
“Posso imaginar”, disse Selethen. Ele estava observando severamente e Will supôs que ele imaginava aquelas mortais lanças indo ao encontro da ágil cavalaria dele “a toda brida”.
“Mas hoje, para o fim da demonstração, o nosso ‘inimigo’ será dominado de fúria e continuará com o ataque”, continuou o general.
Enquanto ele falava, a selvagem massa de guerreiros inimigos aproximou-se do ponto onde os alvos haviam sido atacados com brutalidade e estilhaçados. Agora eles brandiam as espadas e avançaram na direção do muro de escudos.
O sólido estrondo quando eles acertaram o muro foi carregado claramente para os observadores. A fila frontal oscilou um pouco com o impacto inicial. Então ela se firmou e segurou-se rapidamente. Olhando cuidadosamente, Will pôde ver que a segunda fileira havia cessado e estava na verdade empurrando os colegas para frente, ajudando-os contra o impacto inicial do avanço.
As espadas dos membros da tribo açoitaram-se balançando arcos nos grandes escudos quadrados. Mas, na maior parte, eles eram ineficientes — e estavam indo um na direção do outro. Em contraste, as curtas espadas de prática de madeira dos legionários começaram a se mover como línguas de serpentes pelas estreitas aberturas no muro de escudos, e os observadores podiam ouvir os berros de raiva e dor dos atacantes. A demonstração poderia estar usando armas de madeiras cegas, mas aqueles impactos de golpe seriam dolorosos e os legionários não estariam se contendo.
“Como eles conseguem ver?” Perguntou Will. Os homens na fila frontal estavam bem agachados atrás da barreira formada pelos escudos.
“Eles não conseguem ver muito bem”, falou Sapristi para eles. “Eles vêem uma perna ocasional ou braço ou tronco pelos buracos e eles os apunhalam. Afinal, um homem golpeado na coxa ou no braço é devolvido tão ineficaz quanto um homem apunhalado no peito. As nossas tropas apenas se jogam para frente, golpeando e apunhalando qualquer coisa que vêem no outro lado dos escudos”.
“É por isso que os seus homens não precisam ser espadachins experientes”, disse Will.
O general abriu um sorriso largo para ele. “Exato. Eles não têm que aprender técnicas avançadas para golpear, aparar golpes e revidar os golpes. Eles só apunhalam e golpeiam com a ponta da espada. É uma técnica simples de aprender e alguns centímetros da ponta só causam tanto dano quanto uma larga investida. Agora observe enquanto a segunda fila acrescenta o peso dela no avanço”.
A fila frontal perfeitamente alinhada estava margeando lentamente para frente, abarrotando-se no inimigo e forçando-o a recuar. Agora, a segunda fila de repente investiu, mais uma vez acrescentando o peso e impulso deles àqueles dos homens na frente, e a pressão extra mandou o inimigo cambaleando para trás, esbofeteados e empurrados pelos grandes escudos, acertados e fustigados pelas curtas espadas que foram arremessadas. Aí, tendo conquistado um breve intervalo, a formação parou. Um longo som de apito soou e a segunda fila virou-se para que eles ficassem virados de costas com a fila frontal. Outro sinal do apito e a fila frontal virou para a esquerda, enquanto a segunda fila virou para a direita. Cada par de homens caminhou para um pequeno meio-círculo. Dentro de alguns segundos, a fila frontal havia sido substituída, todos de vez, pelos homens novos da segunda fila. Ex-homens da fila frontal passaram para trás pela terceira fila, que pegaram os seus lugares atrás da nova fileira frontal.
Os atacantes agora encaravam oponentes completamente novos, enquanto a antiga fila frontal tinha uma chance de se recuperar e restabelecer as suas baixas.
“É brilhante”, disse Will.
Sapristi assentiu para ele. “É eficiência e coordenação”, falou. “Os nossos homens não precisam ser espadachins experientes. Isso leva uma vida inteira de treino. Eles precisam ser eficazes e precisam trabalhar como um time. Mesmo um guerreiro relativamente inábil pode ser eficaz nessas condições. E não leva muito tempo para aprender”.
“E é por isso que você mantém um exército tão grande”, falou Halt.
Sapristi trocou o olhar para o Arqueiro mais velho. “Exatamente”.Respondeu. A maioria dos países mantinha um relativamente pequeno exército efetivo de guerreiros experientes enquanto o núcleo desses exércitos, chamando homens menos experientes aos grupos a fim de preencher os números em tempo para a guerra. Os toscanos, porém, precisando manter a ordem no extenso império deles, precisavam ter um grande exército permanente para ser solicitado sempre.
Selethen apalpou o queixo pensativamente. A mão esquerda dele devaneara inconscientemente até o punho de sua espada enquanto observava. Sapristi lançou os olhos para ele, satisfeito em ver que a demonstração tivera um efeito sóbrio no líder Arridi. Não doía, pensou Sapristi, ao novo aliado da Toscana apreciar o poder das legiões toscanas.
“Vamos dar uma olhada nos resultados”, disse Sapristi. Ele se levantou e liderou o caminho de descida da plataforma de inspeção para o campo de exercícios, onde as duas forças, com a demonstração agora completa, se separaram. Os legionários ainda estavam nas fileiras medidas deles. A força de ataque vagueava num grupo frouxo.
“Nós tínhamos as espadas de práticas mergulhadas em tinta fresca, assim pudemos medir resultados”, contou Sapristi. Ele lidou o caminho até o grupo inimigo. Conforme se aproximavam, Halt e Will viram braços, pernas, troncos e pescoços respingados com manchas vermelhas. As marcas eram prova do número de vezes que as espadas de madeira dos legionários haviam encontrado a marca.
As espadas mais compridas dos atacantes foram revestidas com tinta branca. Olhando agora, os araluenses podiam apenas ver evidências ocasionais de que essas espadas haviam alcançado o objetivo. Havia padrões cruzados e manchas aleatórias de branco nos escudos e alguns dos elmos de latão dos legionários, mas a maioria dos homens na centúria estavam ilesos.
“Absolutamente eficaz”. Selethen disse ao general. “Decerto, absolutamente eficaz”. A ágil mente dele já estava trabalhando, calculando modos para contra-atacar uma força de tal infantaria pesada como essa.
Era óbvio que Halt estava tendo pensamentos parecidos. “Naturalmente, você escolheu perfeitas condições para a infantaria pesada aqui”, falou ele, passando um braço pela extensão do campo de exercícios aberto e liso. “Num campo mais apertado, como uma terra florestal, vocês não seriam capazes de manobrarem com tanta eficiência”.
Sapristi assentiu em reconhecimento. “Verdade”, disse. “Porém, escolhemos os nossos campos de batalha e deixamos o inimigo vir até nós. Se eles não vierem, simplesmente invadimos as terras deles. Mais cedo ou mais tarde, eles terão que batalhar conosco”.
Will vagara para longe do grupo e estudava uma das lanças. Era uma arma bruta, ele via. O cabo quadrado de madeira era apenas brutalmente formada — simplesmente um pedaço de madeira firme bastante usual e minimamente adornado. A ponta era
igualmente funcional. Uma haste grossa de ferro flexível, de aproximadamente meio metro de comprimento, martelada rasa num retalho e afiada numa ponta farpada. Um entalhe fora cortado em um lado da haste e a cabeça fora encaixada nele e amarrada no lugar com fios de latão.
Sapristi o viu olhando para ela e aproximou-se para juntar-se a ele.
“Elas não são bonitas”, ele disse. “Mas funcionam. E são fáceis e rápidas de fazer. Na verdade, os soldados podem fazer as suas próprias em caso de emergência. Podemos criar milhões dessas em uma semana. E você viu como elas podem ser eficazes”. Ele indicou as fileiras de alvos esmagados e estilhaçados.
“É torta”, disse Will criticamente, correndo a mão ao longo da cabeça de ferro distorcida.
“E pode ser endireitada facilmente e usada outra vez”, o general disse. “Mas essa é na verdade uma vantagem. Imagine uma dessas acertando o escudo do inimigo. Ela penetra, e a farpa a prende no lugar. Então a cabeça se curva, de forma que o cabo esteja se arrastando no chão. Tente lutar efetivamente com quase dois metros de ferro e madeira se arrastando do seu escudo. Garanto-lhe, não é uma coisa fácil a ser feita”.
Will sacudiu a cabeça, admirado. “Isso tudo é muito prático, não é?”.
“É uma solução lógica ao problema de criar uma grande e eficiente força de batalha” contou Sapristi. “Se você fosse escolher qualquer um desses legionários para ir numa luta cara-a-cara contra um guerreiro profissional, eles iriam perder, provavelmente. Mas dê-me uma centena de homens inexperientes para eu ensinar por seis meses e os retornarei contra um número igual de guerreiros que estiveram treinando em combate individual a vida inteira”.
“Então o sucesso é da formação, e não individual?” Perguntou Will.
“Exato”, falou Sapristi. “E até hoje, ninguém apareceu com uma maneira de derrotar a nossa formação em batalha aberta”.
“Como você faria isso?” Halt perguntou a Selethen naquela noite. As negociações haviam sido finalizadas, combinadas, assinadas e testemunhadas. Houve um banquete oficial para celebrar o fato, com discursos e saudações em todos os lados. Agora Selethen e o grupo Araluen estavam relaxando nos alojamentos dos Araluenses. Seria a última noite deles juntos, como o Wakir tinha que partir cedo na manhã seguinte. Selethen trouxera alguns dos embrulhos de Kafey de presente e ele, Will e Halt estavam todos saboreando as bebidas. Ninguém, pensou Will, fazia café tão bem quanto os Arridi.
Alyss estava sentada perto da lareira, sorrindo para os três. Ela gostava de café, mas para os Arqueiros, e aparentemente Arridi, beber café era algo próximo de uma experiência religiosa. Ela se contentou com uma taça de suco de frutas cítricas.
“Simples”, disse Selethen. “Nunca os deixe escolherem as condições. Como Sapristi disse, eles nunca foram derrotados em batalha aberta. Então vocês precisam lutar com uma ação mais fluida contra eles. Capture-os quando eles estiverem em movimento e em fila. Acerte-os pelos flancos com rápidas investidas, antes que eles possam entrar na formação defensiva. Ou usem artilharia contra eles. Essa formação firme dirige-se a um alvo bastante compacto. Acerte-a com dardos pesados de um lançador ou rochas de
catapultas e você começaria a perfurar buracos nela. Uma vez que a formação perde coesão, isso não é tão formidável”.
Halt assentia. “Eu estava pensando o mesmo”, disse. “Nunca os confronte de frente. Se você puder lançar uma força de arqueiros por detrás deles sem eles perceberem, a formação de tartagura seria vulnerável”.
“Mas, naturalmente”, continuou Halt, “eles contam com o senso de ultraje dos inimigos deles quando invadem um país. Muito poucos exércitos terão a paciência de iniciar uma batalha incessante, acossando e enfraquecendo-os ao longo de um período. Muitos poucos líderes teriam a capacidade de convencer os seus seguidores de que esse jeito era o melhor. Um orgulho nacional forçaria a maioria a confrontá-los, a tentar forçá-los a recuar até a fronteira”.
“E nós vimos o que acontece quando os confrontamos”, disse Will. “Aquelas lanças eram eficazes”. Os homens mais velhos concordaram com a cabeça.
“Distância limitada, porém”, disse Selethen. “Não mais do que trinta ou quarenta metros”.
“Mas um pouco mortal àquela distância”, falou Halt, concordando com Will.
“Para mim, parece”, falou Alyss alegremente, “que o melhor curso a tomar seria um de negociação. Negociar com eles ao invés de lutar com eles. Use diplomacia, e não armas”.
“Falou como uma verdadeira diplomata”, falou Halt, dando a ela um dos seus raros sorrisos. Ele tinha afeição a Alyss, e o vínculo dela com Will o deixava ainda mais disposto a gostar dela. Ela curvou a cabeça em falsa modéstia. “Mas e se a diplomacia falhar?”.
Alyss insurgiu-se ao desafio sem hesitar. “Então você pode sempre recorrer ao suborno”, ela disse. “Um pouco de ouro nas mãos certas pode conseguir mais de uma floresta de espadas”. Os seus olhos cintilaram quando ela disse isso.
Selethen balançou a cabeça em admiração. “Vocês, mulheres de Araluen, se dariam muito bem no meu país”, falou ele. “O alcance das habilidades de negociação de Lady Alyss é de primeira classe”.
“Lembro-me que você não estava assim tão entusiasmado com as habilidades de negociação da Princesa Evanlyn”. Falou Halt.
“Tenho de admitir que encontrei a minha igual ali”, ele disse, triste. No seu primeiro encontro aos Araluenses, ele tentara enganar Evanlyn na pechincha deles sobre um pagamento de resgate para Oberjarl Erak. A princesa permanecera totalmente desenganada e tinha maravilhosamente levado a melhor em cima dele.
Alyss franziu a testa levemente à menção do nome de Evanlyn. Ela não era uma das maiores admiradores da princesa. Entretanto, ela recuperou-se rapidamente e sorriu de novo. “Mulheres negociam bem”, ela disse. “Preferimos deixar todos os suados detalhes desagradáveis de batalha para pessoas como a vossa...”.
Ela foi interrompida por uma discreta batida na porta. Já que essa era uma missão diplomática, ela era na verdade a líder do grupo de Araluen. “Entre”. Chamou ela em resposta, depois acrescentou numa voz baixa para os outros, “Que será que aconteceu?”.
“Afinal, está um pouco tarde para visitas.”
A porta abriu para admitir um dos seus servos. O homem olhou rapidamente a sala. Ele percebeu que estava interrompendo uma conversa entre a líder da missão, dois. Arqueiros e o representante de mais alto nível do grupo Arridi.
“Minhas desculpas pela interrupção, Lady Alyss...” começou incerto.
Ela tranqüilizou-o com um aceno de mão. “Tudo está perfeitamente bem, Edmund”.
“Devo assumir que é importante?”.
O servo engoliu em seco, nervoso. “Pode-se dizer que sim, milady. A Princesa Coroada Cassandra chegou e quer ver todos vocês”.
4
Nihon-Jin
O vento ficara mais forte desde que eles haviam deixado o chalé de verão do Imperador no dia anterior. Agora ele estava sibilando pelo vale enquanto eles cavalgavam cuidadosamente pela trilha estreita que virara para um lado, e vinda numa forte rajada enquanto afunilava-se entre os morros comprimidos que formavam o vale. As árvores em volta deles pareciam ter adotado uma curvatura permanente a um lado, de tão constante que era à força do vento. Horace puxou a sua gola de pele de carneiro um pouco mais alta para as orelhas e aninhou-se agradecido na sua quente profundidade.
Ele olhou rapidamente para cima. O céu era um azul claro brilhante, mas sólidas nuvens cinzentas já se espalhavam com agilidade por ele, mandando tiras de sombra esvoaçando silenciosamente pela paisagem adiante. Ao sul, ele pôde ver uma linha escura de nuvem maciça. Ele estimou que ela estivesse sobre eles no início da tarde e provavelmente traria chuva com ela. Ele considerou sugerir que eles pudessem levantar acampamento durante o dia antes que a chuva acrescentasse a sua força ao vento. Não havia necessidade de apressar a viagem — o porto de Iwanai estava a uma boa distância a cavalo — e ele não apreciava a idéia de montar barracas no meio de uma forte tempestade. Era melhor levantá-las enquanto o grupo ainda estava seco e acomodaremse dentro delas durante o clima deteriorante.
A trilha que eles seguiam aplanava e se alargava por cem metros aproximadamente, então Horace impeliu o cavalo ao lado do cavalo do Imperador, que estava cavalgando imediatamente na frente dele. Shigeru, aconchegado profundamente nos seus próprios robes de pele, sentiu a presença ao seu lado e olhou. Ele fez uma careta às nuvens que corriam acima e encolheu os ombros um pouco.
Horace abaixou a gola para falar, sentindo a mordiscada fria do vento no seu rosto enquanto fazia isso.
“Acha que vai nevar?” Gritou, levantando a voz contra as constantes batidas do vento.
Shigeru olhou para o céu novamente e sacudiu a cabeça. “Está um pouco cedo no ano. Talvez em uma semana ou duas tenhamos algumas leves caídas. Aí, em um mês, a verdadeira neve vai começar. Mas estaremos longe demais daqui nessa hora. Quando sairmos das montanhas, o clima não estará tão severo”.Ele olhou de novo para as agourentas nuvens à frente.
“Mas ali há muita chuva”, ele continuou alegremente.
Horace abriu um sorriso. Quase nada parecia perturbar Shigeru. Vários governantes teriam gastado a manhã inteira reclamando em voz alta sobre o frio e o desconforto, como se as reclamações deles na verdade servissem para aliviar a situação e como se os seus criados pudessem fazer algo em relação a isso. Não o Imperador. Ele aceitava a situação, sabendo que não poderia fazer nada para alterar o clima. Era o melhor a ser feito para suportá-lo sem fazer da vida mais difícil para aqueles ao seu redor.
“Talvez devêssemos levantar acampamento logo”, sugeriu Horace.
Shigeru estava prestes a responder quando um grito vindo de um dos seus cavaleiros de ponta chamou a atenção.
Em adição a alguns servos domésticos — e é claro Horace e George —, Shigeru estava viajando com um grupo relativamente pequeno de guarda-costas. Apenas uma dúzia de guerreiros Senshi, sob o comando de Shukin, primo do Imperador, havia acompanhado ele até o chalé de verão. De novo, Horace pensou, era uma medida padrão do próprio homem. Shigeru tinha poucas razões para recear um ataque. Ele era popular com o povo comum. Eles sabiam que ele trabalhava para melhorar o terreno deles e eles o amavam por isso. Antigos imperadores não se divertiam com tal consideração e sempre fora necessário para eles se cercarem com grandes grupos de homens armados quando viajavam pelo interior.
Um dos Senshi havia sido postado mais adiante do grupo como um cavaleiro de ponta. Outros três estavam agrupados uns dez metros na frente de Horace e do Imperador. O resto estava postado atrás. Naquela trilha estreita, não havia espaço para escoltas pelos flancos, apesar deles serem arrumados para combate quando o grupo alcançasse o fundo do vale.
O cavaleiro que gritara agora levantou a mão, fazendo o grupo principal parar. Horace ouviu um tinido de cascos e um grito de alerta vindo de trás dele. Olhando para onde o grito viera ele margeou o cavalo a um lado para permitir que Shukin e quatro guardas passarem margeando por ele. O Imperador fez o mesmo.
“Qual é o problema?” Shigeru perguntou a Shukin, enquanto o líder da escolta passava trotando. Por respeito à Horace, e para evitar a necessidade de tradução, ele falou na língua comum ao invés da língua de Nihon-Jin.
“Não sei primo”, respondeu Shukin. “Kaeko-san viu alguma coisa. Reportarei assim que falar com ele. Por favor, espere aqui”.
Ele olhou sobre o ombro para assegurar-se de que os quatro homens permanecendo na reta-guarda tivessem se aproximado para uma fileira mais próxima, depois acelerou.
Sem pensar conscientemente, a mão esquerda de Horace deslizou até a sua bainha, virando-a levemente para frente para que, se ocorresse à necessidade dele puxar a espada, que ele pudesse fazer aquilo rapidamente. O seu escudo circular de marca registrada ainda estava amarrado nas costas. Ele não precisava mudar aquilo por enquanto. Ele poderia passá-lo por cima do ombro e colocá-lo em posição em um segundo ou dois se requerido.
O cavalo de Shigeru alterou o peso entre as patas nervosamente quando os guardas passaram cavalgando. O Imperador deu um afago no pescoço dele e falou de modo calmante com ele, e o cavalo ajeitou-se. Então o Imperador arrumou-se mais confortável na sela, olhou para Horace e deu de ombros.
“Imagino que ouviremos o que está acontecendo em um instante ou dois”, disse.
Os modos dele indicavam que ele tinha certeza que havia sido um alarme falso, que os seus guardas estavam sendo muito cautelosos. Ele fitou Shukin quando o primo refreou ao lado do guerreiro Senshi que era o cavaleiro de ponta. Houve uma breve discussão,
depois Shigeru e Horace viram Kaeko apontando para alguma coisa longe no vale, onde a trilha zigue-zagueava novamente para acomodar o declive abrupto da lateral do morro.
Shukin trotou de volta para reportar.
“Um cavaleiro está vindo. É um dos seus servos domésticos, primo. E ele parece estar com pressa”.
Shigeru franziu a testa. Demoraria muito para um dos seus oficiais responderem algo naquele tipo de clima.
George margeou o cavalo até Horace. George era um escriba e representante treinado e fizera um estudo abrangente dos modos da língua de Nihon-Jin. Aquela não era a sua primeira viagem pelo país. Por causa do seu conhecimento de questões locais, ele fora mandado naquela viagem com Horace para observar e informar o jovem guerreiro em questões de protocolo e para atualizar um dicionário da língua de Nihon-Jin que ele escrevera há dois anos.
George podia ser um pouco irritado e cheio de si mesmo às vezes, mas ele tinha um coração essencialmente bom, e fornecia excelentes conselhos a Horace na viagem. Horace ficava feliz por estar com ele.
“Por que estamos parando?” Perguntou.
Horace apontou um dedo para a trilha. “Tem um cavaleiro. Provavelmente um mensageiro. É melhor esperarmos por ele para vir conosco”.
“Um mensageiro? Quem? O Lord Shigeru está esperando alguma mensagem? Sabemos sobre o que é?” As perguntas de George vieram dando cambalhotas antes que Horace tivesse a chance de começar a responder.
Horace sacudiu a cabeça e sorriu para o seu velho colega de infância. “Eu não sei. Eu não sei. E... eu não sei”, disse. Ele viu o ombro de George relaxar quando percebeu que as perguntas haviam sido irracionais. “Imagino que vamos descobrir quando ele nos alcançar”.
“É claro. Bobagem de minha parte”, falou George. Ele soava genuinamente aflito após deixar a sua máscara de calma profissional cair do jeito que caiu.
“Não deixe isto atrapalhar você”, falou Horace. Depois, ele não pôde deixar de imitar um dos gritos muitas vezes repetidos de George. “Afinal, se você não perguntar, nunca vai aprender”.
George teve a graça de permitir-se um fino sorriso. Ele nunca gostava de ser o assunto de piadas. Ele achava que aquilo destruía a sua dignidade.
“Sim, sim. Concordo Sir Horace”. A sua leve ênfase ao título de Horace era evidência de que ele achava a observação de Horace desnecessária.
Horace deu de ombros para si próprio. Viva com isso, George, ele pensou.
A agitação de cascos galopantes estava mais próxima agora. O cavaleiro alcançara a curva brusca na trilha e estava rumando pelos últimos cem metros aproximadamente na
direção deles. Um clamor de Shukin fez os quatro guerreiros à frente do grupo dar espaço para deixar o recém-chegado passar.
Ele reuniu-se com o Imperador e Shukin e deu o melhor de si para se inclinar na sela. Aquilo era estranho, pensou Horace. Ele estivera com Shigeru tempo suficiente para saber que a etiqueta certa de um cavaleiro era desmontar e então se ajoelhar. A mensagem, seja lá qual fosse, devia ser urgente.
George também notara a falta de comportamento normal. “Algo deu errado”, disse discretamente.
O mensageiro agora falava rapidamente com Shigeru. Ele mantia a sua voz baixa para os que estavam em volta do Imperador não pudessem ouvir. Horace viu o Imperador e o primo se retesarem nas selas e se sentarem um pouco mais eretos. Que quer que a mensagem fosse, eles haviam sido pegos de surpresa. E não parecia ser uma das surpresas mais agradáveis. Shigeru interrompeu a tagarelada do mensageiro com uma rápida palavra e virou-se na sela para fazer sinal que eles viessem á frente.
Rapidamente, Horace e George trotaram os cavalos para se juntarem ao pequeno grupo.
“Conte-nos outra vez”, Shigeru disse. “Mas fale na língua comum para que Or’ss-san possa entender”.
Horace assentiu o seu agradecimento a Shigeru. Depois o mensageiro falou outra vez. Apesar de sua pressa em chegar ali, ele falou calma e claramente.
“Lord Shigeru, Or’ss-san e George-san, houve uma revolta em Ito. Uma revolta contra o Imperador”.
5
Nihon-Jin
Horace franziu o cenho, confuso. George obviamente sentia o mesmo. Ele se inclinou para perguntar ao mensageiro.
“Mas por que o povo se voltou contra o imperador?” Ele perguntou. “Eles amam Lorde Shigeru”.
Não era uma bajulação desleixada ou o tipo de elogio que você pode esperar para ouvir perto de um governante.
Tanto Horace quanto George tinham visto uma ampla evidencia da popularidade de Shigeru enquanto viajavam ao norte com ele para seu palácio. Mas Shigeru estava sacudindo sua cabeça para eles, um olhar de imensa tristeza em suas feições normalmente alegres.
“Não as pessoas”, ele disse amargamente. “Os senshi. Lorde Arisaka levou seu clã a uma revolta contra meu governo. Eles se apoderaram do palácio de Ito e mataram vários de meus auxiliares. O clã Umaki se juntou a eles”.
Aqueles eram os dois mais poderosos e influenciáveis clãs senshi do país. Horace e George trocaram olhares horrorizados. Então George chamou a atenção do Imperador.
“Mas, vossa excelência, esses clãs juraram sua obediência a você, não é? Como puderam quebrar o juramento?” George sabia que entre a classe senshi, um juramente é inviolável.
Os lábios de Shigeru se esboçaram em uma linha reta e ele balançou a cabeça, incapaz de falar naquele momento, dominado pela emoção. Foi Shukin quem respondeu por ele.
“Eles afirmam que o imperador havia violado seu próprio juramente tentando levantar as pessoas comuns contra as melhores. Eles afirmam que ele traiu sua classe – a classe senshi – e já não é digno de ser imperador”.
“E como resultado”, Shigeru adicionou amargamente. “Seu juramento de lealdade não vale nada para mim. Eu sou o infrator do juramento, não eles”.
“Mas...” Horace hesitou, procurando as palavras certas. “Você não estava ‘levantando as pessoas comuns contra seus superiores’. Você simplesmente estava tentando fazer de suas vidas melhor, reconhecendo seu valor. Como Arisaka pôde fugir com uma distorção dos fatos verdadeiros?”.
Shigeru conhecia o olhar do jovem. Ele recuperara um pouco do controle agora e falou calmamente. “Or’ss-san, as pessoas vão acreditar em meias-verdades e distorções se elas corresponderem ao que querem acreditar. Se elas refletirem seus medos. Os senshi têm um medo irracional de que eu quero tirar o poder sobre o povo e Arisaka barganhou esse medo”.
“Mas Arisaka não acredita em si mesmo?” George diz.
“Arisaka acredita em outra coisa” Shigeru replicou. “Quando o antigo imperador morreu sem um herdeiro, Arisaka acreditou que ele poderia ser escolhido como imperador no meu lugar”.
“Ele tinha ficado ocupado por meses” Shukin disse a eles, seu desprezo pelo traidor Arisaka muito óbvio em sua voz. ”Espalhando medo e discórdia entre os senshi, mentiras que meu primo estava traindo sua classe e planejando dar o poder ás pessoas comuns entre eles. Seu esforço teve sucesso, pelo que parece”.
“Como todas as mentiras, essa foi baseada no menor grão de verdade”, Shigeru disse.
“Eu quero que as pessoas tenham uma maior participação no jeito do país ser governado. Arisaka foi distendido de toda relação”.
Horace se virou para o mensageiro. Ele o reconhecia agora como um dos assessores que ele tinha visto no palácio Ito.
“Você disse que dois clãs se juntaram a essa revolta”, ele disse. “E os outros? E o clã do imperador?”.
“Muitos do clã do imperador estão mortos agora. Eles tentaram resistir a Arisaka, e seus homens mataram todos. Eles diminuíram de cinco ou seis para um. Aqueles que não estão mortos estão espalhados e escondidos”.
“E os outros?” George perguntou. “Os Meishi, os Tokoradi e os Kitotashi? Eles juraram não obedecer Arisaka”.
“Nenhum deles podem tomar posição contra os shimonseki em seu juramento. E cada qual está esperando para ver o que os outros vão fazer. Até agora, todos eles vão dizer que o que Lorde Arisaka diz é verdade, então talvez seus atos sejam justificados”.
George bufou de desgosto.
“Se e talvez”, ele disse. “A língua da protelação e da incerteza. São as pessoas que procuram justificar a sua própria falta de ação”.
“Arisaka tem o impulso”, Horace disse. Como um soldado, ele entendia o valor de uma ação rápida e determinada que apresentassem possíveis dissidentes com um fato consumado. “Se eles tivessem resistido desde o começo, Arisaka não deveria ter fugido com isso. Agora ele tem o controle do palácio e a bola está rolando. É muito tarde para pará-lo facilmente”. Ele olhou para Shigeru. “A questão é, vossa excelência, o que você está planejando fazer sobre isso?”.
Shigeru fez uma pausa pensativa e olhou para o mensageiro.
“Onde Arisaka está agora?”.
“Ele está rumo ao norte para a capital, vossa excelência. Ele planeja pegar seu prisioneiro”.
Shukin e o imperador trocaram olhares rápidos.
“Até que ponto ele está atrás de você, Reito-san?” Shukin perguntou e o mensageiro encolheu os ombros.
“Provavelmente vários dias. Ele não estabeleceu de imediato. Mas há alguns sobreviventes do exército real não muito atrás de mim. Eles poderiam estar aqui em algumas horas”.
“Quantos deles?” Horace perguntou rapidamente. Sem qualquer decisão consciente de sua parte, ele estava começando a pensar sobre a possibilidade de um rápido contraataque, mas as palavras de Reito dissiparam sua idéia.
“Só quarenta ou cinqüenta”, ele respondeu. “E Arisaka tem pelo menos trezentos homens com ele”.
Horace assentiu mordendo o lábio, nervoso. O exército de Shigeru era pequeno. Ele governava por simpatia, não força. Razão pela qual, ele pensou, o golpe de Arisaka obteve sucesso.
“Mais uma razão para fazermos uma pausa aqui por algumas horas”, Shigeru disse, se responsabilizando pela situação. “Arisaka não estará aqui por muitos dias. Mas meus soldados vão chegar em breve. Nós podemos nos juntar a eles. E enquanto nós esperamos, podemos decidir nosso próximo movimento”.
Eles se moveram para fora da pista em um pequeno pasto ao lado. Os homens armaram dois pavilhões – um para o grupo de comando e um para o restante do partido. Eles não estariam acampando essa noite então tudo o que precisavam era um abrigo temporário para o tempo enquanto esperavam os sobreviventes do exército de Shigeru chegarem.
E enquanto os líderes tinham tempo para analisar a situação e fazer seus planos.
Um tapete tecido de bambu foi colocado sobre o solo úmido por dentro de um pavilhão e uma mesa baixa e cinco bancos sobre ela. Shigeru, Shukin, Reito, Horace e George se sentaram em volta da mesa. Um funcionário colocou vários potes de chá verde e manejava menos copos de porcelana antes deles. Horace sorveu com gratidão o chá.
Não era tão bom quando um café, ele pensou, mas qualquer bebida quente nesse tempo era bem-vinda.
As paredes de tela do pavilhão agitaram-se com uma rajada de vento e a primeira chuva sacudiu contra eles.
“Norte”, Shukin estava dizendo. “Nós temos que ir para o norte”.
“Lógico, desde que Arisaka e seu exército estejam no sul”, Horace disse. “Mas há alguma outra vantagem no norte? Você tem aliados lá – clãs que possa convocar de modo que você possa enfrentar Arisaka?”.
Shigeru balançou sua cabeça.
“Não há clãs senshi no norte”, ele disse. “Há os Kikori, isso é tudo. Eles não são guerreiros”.
Seus dois conterrâneos assentiram de acordo. Mas Horace queria mais informações.
“Quem são os Kikori?”.
“Madeireiros”, George disse a ele. “Eles trabalham entre as madeiras altas nas montanhas. Suas vilas estão espalhadas por toda parte”.
“Se eles são madeireiros, eles serão hábeis e fortes e eles terão machados”, Horace disse. “E eles vão saber como usá-los. Poderíamos recrutá-los como soldados? Será que eles lutariam por você, vossa excelência?”.
Shigeru e Shukin trocaram olhares e o Imperador balançou sua cabeça.
“Eles lutariam. Eles são intensamente leais. Mas eu não vou pedir a eles. Eles não são guerreiros treinados, Or’ss-san. Os homens de Arisaka podem massacrá-los. Eu não vou pedir para eles lutarem quando eles não têm esperança”.
George se inclinou na direção de Horace e tocou sua manga, chamando sua atenção. Ele acrescentou, em tom baixo.
“Há outro problema, Horace. Os Kikori podem lutar. Mas eles não acreditam que terão chance contra os Senshi – porque eles acreditam que não tem o direito de lutar contra eles”.
“Não tem direito? Do que você está falando? Claro que eles –”.
“É uma questão de sua mentalidade. Eles passaram séculos acreditando que eram piores que os Senshi. Shigeru-san está tentando inverter a situação, mas vai levar muito tempo para fazer isso. Assim como os Senshi são determinados a acreditar que são melhores que as outras classes, os Kikori acreditam que os Senshi são seus superiores. Eles podem entrar em uma batalha contra eles. Mas eles farão isso esperando perder”.
“Isso é loucura”, Horace disse. Mas ele conseguia ver o raciocínio na declaração de George.
“Você é um soldado, Horace. Você consegue liderar um exército para uma batalha se os homens esperam ser derrotados? Ainda pior, se os homens pensam que não tem direito para vencer?”.
“Acho que não”. Os ombros de Horace abaixaram. Por um momento, ele pensou que havia um possível curso de ação, mas George estava certo. Um exército que acreditava que seu destino era perder poderia estar marchando para sua morte.
“Tem os Hasanu”, Shukin estava dizendo pensativo. “E Lorde Nimatsu é um homem honesto. Ele não virou as costas para seus juramentos de fidelidade”.
“Os Hasanu são certamente lutadores”, Shigeru disse. “Mas ao extremo norte, com uma série de montanhas enormes nos separando deles. Isso pode levar semanas, até meses, para alcançá-los. E nós não temos idéia do que eles podem responder. Eles são um povo estrangeiro”.
“Se eles são pessoas, de fato”, Reito interferiu.
Shikeru deu a ele um olhar de repreensão.
“Não acredite em velhas superstições, Reito”, ele disse. “Os Hasanu são... incomuns, digamos? Mas estou convencido de que são humanos”.
“Quem são os Hasanu?” Horace sussurrou para George. “Eles são outro clã de guerreiros?” Mas George estava balançando sua cabeça, um olhar confuso em seu rosto.
“Eu nunca ouvi falar deles. Eles não são um clã. Tenho certeza que sei tudo deles”.
Antes de poderem levar o assunto adiante, Shukin falou em tom autoritário.
“Querendo ou não nós podemos reunir forças para um contra-ataque contra Arisaka, nosso primeiro curso é ter certeza de que o Imperador está seguro. Nós temos que nos dirigir para o norte por dentro das montanhas. Nós não vamos pedir para os Kikori lutar, mas eles estarão dispostos a nos esconder de Arisaka”.
Shigeru assentiu de acordo.
“Talvez não seja o mais bravo a fazer”, ele disse. “Mas certamente o mais sábio. Se nós podemos evitar os homens de Arisaka por um mês ou dois, no inverno eles estarão aqui e o tempo vai nos proteger”.
“Há sempre a fortaleza de Ran-Koshi”, Reito sugeriu e o Imperador e seu primo olharam para ele rapidamente.
“Ran-Koshi?” Disse Shukin. “Eu sempre pensei que isso era um mito”.
Reito sacudiu a cabeça.
“Muitas pessoas pensam. Mas eu tenho certeza que é real. O problema é como encontrálo”.
“O que é essa fortaleza?” Horace perguntou.
“Ran-Koshi é uma fortaleza que é dita em um conto folclórico antigo”, Shigeru disse a eles. “É por isso que Shukin duvidou de sua existência. Dizem que fica no alto das montanhas, em um vale escondido. Muitas centenas de anos atrás houve uma guerra civil sobre a sucessão do trono”.
“Não ao contrário de agora, de fato”, Shukin disse severamente e o Imperador olhou para ele.
“Precisamente”, ele disse e então se voltou para os dois Araluenses. “O campeão atual usa Ran-Koshi como sua base de poder. Dizem que é uma fortaleza invencível, com paredes maciças e um fosso profundo”.
“Soa como um tipo de lugar que você poderia usar”, Horace disse.
Shigeru assentiu pensativo.
“Estaria abandonado agora”, ele disse. “Isso se existe de verdade”.
“Se isto está lá, só existe um grupo de pessoas que vão saber onde está” Reito disse. “Os Kikori. Eles passaram gerações vasculhando as montanhas por bosques de árvores, em
seguida construíram caminhos para trazer os troncos caídos para a região baixa. Eles conhecem cada centímetro das montanhas do norte”.
“Então por que eles nunca revelam sua localização?” Shukin disse.Shigeru inclinou sua cabeça na direção de seu primo.
“Por que eles deveriam?” Ele respondeu. “Ao longo dos anos, os Kikori tiveram poucos motivos para amar a classe dominante desse país. Se eles sabiam desse segredo, duvido que tenham dito aos Senshi sobre isso. Eles não vão lutar contra a classe guerreira, mas não há nenhuma razão pela qual eles deveriam fazer alguma coisa para ajudá-los”.
“Bom ponto de vista”, Horace disse. “Então tudo o que temos que fazer é ir para o norte, falar com os Kikori, e nos abrigarmos na fortaleza mística?”.Shigeru deu a ele um aceno bem-humorado. Depois de seu primeiro choque das notícias da traição de Arisaka, ele havia recuperado um pouco de seu espírito normal.
“Talvez nós possamos dar um passo de cada vez, Or’ss-san”, ele disse. “Nossa prioridade é simplesmente fugir de Arisaka, e para isso, eu concordo que temos que ir para o norte. Mas estou com medo de vocês não virem conosco”.
Horace abriu sua boca para responder, sentiu a mão de George em seu braço e parou. “Nós estamos em uma missão diplomática, Horace”, George disse tranqüilamente. “Nós não temos direito de interferir em problemas internos entre o Nihon-Jin”.
Essa declaração fez Horace se levantar. Seu primeiro instinto ao ouvir sobre a rebelião de Arisaka foi ajudar o Imperador a achar um jeito de derrotar o chefão traiçoeiro. Agora, realizado, e não tinha direito de fazer tal coisa. Ele se sentou confuso. Shigeru viu o conflito em seu rosto e ofereceu a Horace um pequeno sorriso triste.
“George-san está certo. Essa não é sua batalha. Vocês são observadores do nosso país e, assim como não posso pedir para os Kikori lutarem, eu não espero que vocês arrisquem suas vidas em meu nome. Vocês podem voltar para sua própria terra”.
“Seria melhor se Or’ss-san e George-san também evitassem os homens de Arisaka”, Shukin disse. “Os Shimonseki podem não entender as sutilezas da imunidade diplomática”.
Shigeru olhou para seu primo. Shukin tem um bom ponto de vista, ele pensou. Os homens de Arisaka teriam seu sangue. Eles podem ser arrogantes e críticos, e Horace poderia muito bem ser provocado por eles se ele encontrá-los. Eles saberiam que o jovem Araluense era um amigo do Imperador e saberiam que ele era um guerreiro. Seria melhor ele evitar contato totalmente.
“Há uma estrada secundário para o Iwanai aqui perto ao norte”, ele disse. “Não é tão bom quanto viajar na estrada principal. De fato, é mais como uma pista na montanha”. Mas seria melhor vocês irem por ela, eu acho. “Talvez vocês possam nos acompanhar até lá, então nos deixe.”
Horace balançou sua cabeça impotente. Ele sabia que estavam certos, mas odiava abandonar um amigo em perigo.
“Não gosto disso, vossa excelência”, ele disse finalmente.
“Nem eu, Or’ss-san. Mas, acredite em mim, é para o seu bem”.
6
Nihon-Jin
Uma hora passou sem nenhum sinal dos restos do exército do Imperador. Shukin tomou uma decisão.
“Nós não podemos esperar muito, primo. Cada minuto de atraso faz Arisaka chegar mais perto de nós”.
“Eu não gosto de abandonar meus homens. Eles lutaram em meu nome, afinal de contas. É um mau prêmio para eles se eu abandoná-los”, Shigeru retrucou.
“Será ainda pior se eles verem você ser pego por Arisaka. Reito-san pode ficar para trás e levá-los até nós. Nós podemos arranjar um encontro. Mas agora, você deve pegar a estrada de novo”.
“Reito disse que os homens de Arisaka estão á muitos dias atrás dele”, o imperador apontou, mas Shukin não ficou convencido.
“Seu exército principal, sim. Mas nesse lugar, eu teria enviado rápidos exploradores para procurar por você. Eles podem ficar na nossa direção a qualquer momento. Afinal de contas, os sobreviventes das tropas de Ito estão viajando a pé e trazendo seus feridos com eles. Eles vão se mover muito devagar do que exploradores montados á cavalo”.
Relutante, Shigeru concordou. Os homens da escolta começaram a desmontar os dois pavilhões e embalá-los. Reito e Shukin juntaram suas cabeças a um longo mapa e concordaram e um ponto de encontro onde Reito pode levar os sobreviventes.
“Espere por nós aqui”, Shukin disse a ele, apontando para uma vila marcada no mapa,
“Nós vamos fazer contato com você”. Ele estava muito consciente da possibilidade de Reito e o resto dos homens de Shigeru poderem ser seguidos e capturados. Seria melhor se eles não pudessem falar a Arisaka exatamente onde o imperador deixou a área. Reito encontrou seu olhar, entendeu, e assentiu.
“Procure-nos em alguns dias”, ele disse. Então, curvando ás pressas para Shigeru, ele montou seu cavalo e cavalgou descendo a trilha para o sul.
Os outros montaram e viraram seus cavalos em direção do norte, começando descer junto á trilha que os trouxera para o alojamento de verão. Depois de alguns quilômetros, eles foram na direção de outra trilha ramificada para o oeste, e desceram dentro dos vales.
Shukin, cavalgando na frente, freou seu cavalo e esperou enquanto Horace o alcançava. Ele indicou uma nova trilha.
“Nós vamos pegar esse caminho. Ela vai nos conduzir para fora do Iwanai, aonde vocês vão nos deixar”.
Horace assentiu infeliz.
“Eu odeio deixá-los”, ele disse. “Eu sinto como se estivesse desistindo de vocês”.
Shukin se inclinou e segurou o antebraço do jovem guerreiro.
“Eu não consigo imaginar alguém que eu queira ter ao meu lado, Or’ss-san”, ele disse.
“Mas como o imperador disse, essa não é sua luta”.
“Eu sei disso”, Horace respondeu. “Mas eu não tenho que gostar disso”.
Shukin sorriu severamente.
“Olhe pelo lado positivo. Pelo menos a chuva parou”.
Então ele impulsionou seu cavalo a um galope e o montou para retomar sua posição na cabeça da pequena coluna.
George cavalgou ao lado de Horace. Ele se mexeu em sua sela, recostando-se no colchete para dar conforto às suas costas doendo. George não era um cavaleiro especializado e Shukin empurrara o ritmo nas últimas horas. A procuradoria havia sido devolvida e agitada continuamente na sela e ele tinha certeza que seu traseiro estaria preto e azul. Seus músculos da coxa estavam doloridos e limitados. Seu desconforto era físico, mas ele sabia que Horace estava sentindo uma angústia mental perspicaz que era tão ruim e ele queria tomar conta de seu amigo.
“Já estamos chegando?” Ele perguntou, escondendo um sorriso enquanto sua voz denunciava a velha queixa de crianças em uma viagem.
Horace não pôde deixar de sorrir de volta.
“Você não foi recrutado para isso, não é?” Ele disse. “Você provavelmente pensa que tudo seria reuniões políticas e banquetes formais no palácio de Ito”.
“É verdade”, George respondeu, com alguma simpatia. “Nunca aconteceu comigo que nós gastaríamos nosso tempo subindo e descendo montanhas a galope em trilhas que uma cabra que se preze evita. Se você... Olhe!” Ele gritou e se ajeitou na sela para empurrar Horace para um lado.
Horace ouviu um silvo selvagem como algo que passou por seu rosto, errando-o por centímetros. Então ele viu George agitando uma longa flecha fincada na parte de cima de seu braço. Enquanto ele assistia, George deslizou pela lateral de sua sela e bateu severamente, agitando a terra da trilha.
Os atacantes saíram das árvores de ambos os lados. A saraivada inicial de flechas veio de três das escoltas, assim como George. Agora nove espadachins atacavam no pequeno sarau. Horace desembainhou sua espada e deixou seu escudo redondo em posição, seu braço esquerdo escorregando através das tiras e apertando a mão com velocidade de uma longa prática.
Essa foi uma emboscada bem planejada, ele pensou. O inimigo tinha deixado o partido passar, fluiu uma saraivada, então saíram das árvores enquanto a pequena coluna circulava na confusão.
Três dos atacantes convergiram no imperador, que estava andando a cavalo no meio do grupo, alguns metros à frente de George e Horace. Um agarrou as rédeas do cavalo do imperador, e assim que Shigeru sacou sua espada e o golpeou, o homem mergulhou para baixo do pescoço do cavalo para evitar o golpe. Instantaneamente, os outros dois foram sobre o imperador como chacais em um cervo. Eles agarraram seus braços e o empurraram contra sua sela, a espada caindo de sua mão enquanto ele batia no chão.
Seus retentores foram pegos de surpresa, envolvidos com outros seis atacantes.
Horace tomou sua decisão em meio segundo. Seu instinto normal seria atacar á cavalo.
Mas ele não estava montado em Kicker e ele não tinha idéia se seu cavalo tinha sido treinado para batalha. Além disso, o imperador estava no chão e ele tinha o risco de ser atropelado. Ele jogou uma perna por cima do pomo e caiu no chão, correndo para frente para proteger Shigeru.
Um dos Senshi levantou sua espada com as duas mãos, mirando um em um só golpe o imperador indefeso. A espada de Horace era mais pesada do que a katana que os guerreiros de Nihon-Jin usavam. Mas ele também era maior e o agressor de Shigeru não tinha esse fator. Ele pensou que ele só tinha tempo para matar Shigeru e se voltar para o guerreiro investindo. Ele sentiu um momento de surpresa quando o golpe de Horace na horizontal apanhou-o nas costelas, expondo enquanto ele levantava a espada para o alto, e destruiu sua armadura de couro envernizada. Então ele não sentiu nada.
Horace sentiu um pouco quando ele viu o segundo homem oscilar um corte por cima da cabeça a partir da esquerda. Ele girou naquela direção e seu escudo parecia se mover por vontade própria, interceptando a lâmina afiada com um tinido ecoante. Ele sentiu o aço superduro da katana dilacerar seu escudo, apunhalando em uma fração de segundo.
Assim que fez isso, ele avançou, limitando o homem por espaço, e chutando a parte chata do lado de seu joelho. A perna do homem desabou com ele e ele tropeçou para frente com um grito agudo de dor. Uma estocada rápida acabou com seu choro e ele caiu aos pés de Horace.
Em uma luta contra vários inimigos, é fatal ficar em uma direção por muito tempo.
Horace girou cento e oitenta graus, escudo levantado, apenas a tempo de bloquear a estocada do terceiro homem – aquele que tinha pegado as rédeas do imperador. Antes de Horace poder revidar, o homem levantou os braços com um grito asfixiante.
Ele caiu de joelhos, com choque e surpresa em seu rosto. Atrás dele, Shukin estava equilibrado com sua espada pronto para outro golpe. Mas isso não era necessário. O assassino caiu para frente, seu rosto abaixado na terra molhada.
Horace olhou em volta rapidamente. A retaguarda da sentinela se apertou e foram cuidar dos dois outros agressores Senshi. Ele ouviu um som de colisão e alguém correndo pelo mato do declive do lado da trilha. Pelo menos um dos atacantes escapou. Shukin embainhou sua espada. Então ele ajudou Shigeru aos seus pés.
“Está tudo bem, primo?” Ele perguntou ansiosamente.
Shigeru deixou sua preocupação de lado.
“Eu estou coberto de lama e sem fôlego, mas são e salvo – graças ao Or’ss-san”. Ele sorriu de gratidão para o jovem Araluense.
Horace balançou sua cabeça.
“Estou feliz por estar a serviço”, ele disse, um pouco formalmente. Horace sempre ficava desconfortável quando as pessoas agradeciam por fazer o que ele considerava nada mais do que seu trabalho. Ele embainhou sua espada. O homem sênior da retaguarda foi abordado e estava falando para Shukin no rápido Nihon-Jin.
“Eles não são os homens de Arisaka?” Horace perguntou para o imperador.
Shigeru assentiu.
“Aquele é o elmo dos Shimonseki”, ele disse, indicando um emblema de coruja estilizado no peitoral dos agressores, sobre o coração.
Shukin andou para se juntar a eles.
“Meu cabo contou nove deles”, ele disse. “Dois fugiram. Meus homens mataram outros quatro, Or’ss-san cuidou de dois e eu terminei com o sétimo”.Ele lançou um olhar de desprezo para as figuras esparramadas na trilha, então de má vontade tinha que admitir que aquele ataque quase obteve sucesso. “Eles estavam bem organizados. Dois dos três se moveram para cortar o avanço dos guardas da retaguarda, enquanto os três restantes te atacaram primo. Eu não acho que eles contavam com a habilidade de Or’ss-san com sua espada. Foi seu erro principal. Nós perdemos dois homens e um foi ferido na saraivada de flechas que eles lançaram”.
Suas palavras trouxeram uma terrível percepção para Horace.
“Ah, Deus!” Ele exclamou. Ele virou-se e correu de volta pela trilha para onde George estava caído na sela. Em toda a ação, ele havia se esquecido do escriba. Seu coração deu um surto de alívio quando viu a figura magra sentada ao lado da trilha lamacenta, dolorosamente cuidando de seu braço direito, ainda empalado por uma longa flecha de penas brancas. Sua manga estava encharcada de sangue e seu rosto estava pálido – mais pálido que o normal – mas ele estava vivo. Horace se ajoelhou ao lado dele.
“George!” Ele disse o alívio evidente em sua voz. “Você está bem?”.
“Não! Não estou!” George respondeu com espírito notável. “Eu tenho uma flecha enorme presa no meu braço e dói pra caramba! Como pode estar tudo bem nessas circunstâncias?”.
Por impulso, Horace foi tocar a flecha, mas George o empurrou, então gemeu como se o movimento repentino enviasse dor através de seu braço.
“Você salvou minha vida, George”, Horace disse gentilmente, lembrando como sua companhia desengonçada o havia empurrado para fora do alcance da flecha mirada nele.
George fez uma careta.
“Bem, se eu soubesse que isso machucaria tanto, eu não teria feito! Eu deveria ter deixado eles te acertarem! Por que você sobrevive desse jeito?” Ele exigiu com uma voz muito alta. “Como você consegue agüentar isso? Esse tipo de coisa é muito, muito doloroso. Eu sempre desconfiei que esses guerreiros fossem loucos. Agora eu sei. No futuro, eu...”.
Tanto faz o que ele planeja fazer no futuro, Horace nunca descobriria. Naquele momento, chocado com a dor da ferida e enfraquecido pela perda de sangue, os olhos de George giraram e ele deslizou para o lado.
“Pode ser uma boa coisa”, o líder Senshi disse. “Nós vamos tirar essa flecha dele enquanto está inconsciente”.
George se manteve inconsciente por alguns minutos. Mas isso deu tempo suficiente para Shukin, e o curandeiro do Imperador, remover a flecha do ferimento. Eles aplicaram um remédio na entrada e saída do ferimento e compeliram seu braço com roupa limpa.
Shukin observou o resultado com um olhar de satisfação.
“Isso pode curá-lo”, ele disse. “O remédio vai tomar conta de qualquer infecção – apenas de que a flecha era nova e parecia limpo o suficiente. Ele vai ter uma dor no braço por algumas semanas, contudo”.
Como numa deixa, os olhos de George se abriram. Ele olhou em volta com interesse nos rostos olhando para baixo sobre ele, então franziu o cenho.
“Meu braço dói”, ele disse. Horace e os outros caíram na gargalhada aliviados, que não fizeram nada para acalmar os sentimentos de George. Ele os fitava com indignação.
“Pode ser divertido para todos os tipos de guerreiros heróicos”, ele disse. “Eu sei que todos vocês fizeram o hábito de só descartar esse tipo de coisa. Mas isso dói”.
Horace gentilmente o ajudou a se levantar e o levou até onde seu cavalo estava esperando pacientemente.
“Vamos lá”, ele disse, ajudando sua companhia a subir na sela. “Nós temos um caminho a percorrer ainda”.
Ele estava feliz que George, geralmente um acompanhante tagarela, não teve vontade de falar enquanto eles montavam em direção da junção com a trilha de Iwanai. Horace tinha muito para pensar e ele queria preparar suas palavras com cuidado. Ele sabia que George poderia discutir com o que ele tinha em mente e ele sabia que George foi treinado em coerência e a habilidade de expressar pensamentos com clareza e precisão.
Eventualmente, a hora chegou quando o imperador e Shukin frearam seus cavalos e indicaram um despenhadeiro, uma faixa estreita que conduzia para baixo para o sudoeste.
“Vocês nos deixam aqui”, o imperador disse. “É um dia cavalgando para o Iwanai por esse caminho. Duvido que vocês vão correr mais que os homens de Arisaka nessa trilha”.
“Tenham cuidado quando chegarem ao porto, de qualquer jeito. Fiquem fora de vista tanto quanto conseguirem até estarem a bordo de seu barco.”.
“Um de meus homens vai guiá-los”, Shukin disse.
Mas Horace balançou a cabeça.
“Nenhum de seus Senshi”, ele disse. “Um criado está bom. Vocês precisam de todos os homens lutadores que tem com vocês”.
Shukin assentiu, reconhecendo a prudência.
“Tem razão. Muito bem, um dos criados vai guiá-los”.
Horace ficou sentado em silêncio enquanto George fazia suas despedidas. O imperador, ele notou, parecia zombeteiro para ele enquanto tudo estava acontecendo, talvez percebendo o que Horace tinha em mente. Eventualmente, George bateu as rédeas no pescoço de seu cavalo e virou sua cabeça em direção da trilha íngreme e estreita.
“Vamos lá, Horace. É hora de ir”.
Horace pigarreou desconfortável.
“Esse é o assunto, George”, ele disse. “Eu estou ficando”.
7
Toscana
‘Evanlyn? Aqui? O que diabos ela poderia querer?’ Perguntou Will para ninguém em particular. Ele nunca pensava sobre a princesa pelo nome real. Ele havia a conhecido como Evanlyn e compartilhou tantos perigos e aventuras com aquele nome que ela sempre seria Evanlyn em sua mente.
A ação imediata de Alyss foi uma das suspeitas. Ela está aqui para se meter entre eu e Will, ela pensou rapidamente. Ela sabia que Will e a princesa eram muito próximos no passado – e continuavam sendo – e isso a fazia suspeitar o pior de Evanlyn. Ela pensava dela por esse nome também, pois isso facilitava a não gostar dela. Se ela pensasse de Evanlyn pelo nome real, Cassandra, ela teria que lembrar-se de que ela era a Princesa Real de Araluen e deveria respeitá-la por tal. Como Evanlyn, ela era apenas outra garota tentando botar suas mãos no namorado dela.
Depois dessa primeira reação exagerada, Alyss reconheceu que ela estava sendo irracional. Até Evanlyn não iria passar por tanto esforço para simplesmente colocar-se entre ela e Will, ela percebeu então. Deve haver outra razão, mais importante, por trás de sua chegada súbita. Evanlyn estava aqui para cancelar a aceitação Araluense sobre as condições do tratado, e apagar todo o trabalho duro que Alyss botou nas negociações nos últimos cinco dias? Talvez a política de Araluan tivesse mudado em relação ao acordo entre Arrida e Toscana? Isso seria extremamente estranho se fosse o caso – afinal, o tratado havia sido assinado e ratificado e ela tinha testemunhado isso em nome da coroa de Araluan.
‘Talvez nós devêssemos chama - lá e perguntar a ela, ’ Disse Halt em tom de negociação, em resposta à pergunta de Will. Ele havia visto as expressões de concentração no rosto de Alyss e ele tinha algumas idéias sobre os pensamentos que passavam por sua cabeça. Mais isso não era motivo para deixar a Princesa Real congelando seus calcanhares na ante-sala enquanto Alyss superava seu susto.
‘Claro’ a alta garota loira disse, reunindo seus pensamentos, chateada consigo mesma por agir de uma forma tão anti-profissional. ‘Por favor, mostre a ela o caminho, Edmund. ’
O atendente, que estava ansioso, ciente de que estava deixando a princesa esperando, acenou agradecido e saiu, deixando a porta aberta. Poucos segundos depois ele reapareceu, ficando de lado enquanto a visitante entrava.
‘Lady Evanlyn, veio vê-los’ ele anunciou.
Halt franziu o rosto. A princesa só usava esse nome em viagens não-oficiais ou incógnitas. Halt sabia que isso a lembrava de um tempo em que sua vida e comportamento não eram adequados pelo protocolo real e procedimentos da corte. Ele se levantou e deu um passo a frente, com suas mãos para ela. Como um velho amigo e conselheiro, ele não sentiu a necessidade de ajoelhar-se para ela. Afinal, se ela escolheu viajar incógnita, ela não deveria esperar tratamento real.
Ela sorriu quando o viu e pegou suas mãos. ‘Olá, Halt’ Disse ela. ‘É bom te ver’
‘Você também minha lady.’ Halt disse.
Evanlyn olhou ao redor da sala. Seu sorriso falhou levemente ao ver Alyss se levantar para cumprimentá-la.
‘Bem vinda, Vossa Alteza’ Alyss disse.
Evanlyn sinalizou para deixar o titulo de lado impacientemente. ‘Não nessa viagem, por favor, Lady Alyss. Eu não estou viajando sobre minha oficial capacidade. Evanlyn é bom o suficiente. ’ Seus olhos moveram adiante e seu sorriso recuperou sua beleza natural quando viu Will.
‘Olá, Will’ ela disse e ele deu um passo à frente para abraçá-la. Ele sabia que Alyss não iria gostar disso, mais ele tinha um genuíno afeto por Evanlyn e ele não iria fingir que não. Ele e Evanlyn passaram por muita coisa juntos para ele não cumprimentá-la dessa maneira. Mas ao mesmo tempo ele era sábio o suficiente para fazer apenas um breve abraço.
‘Bem vinda a Toscana. ’ Ele disse.
Mais os olhos de Evanlyn já haviam se movido adiante. A sala não estava clara o suficiente e só agora ela reconheceu a identidade da quarta pessoa presente.
‘Seley El’then!’ Ela disse, com um prazer evidente na voz. ‘Que maravilhoso te ver!’ Selethen, percebendo a pronúncia correta do seu nome, fez o ritual Arridi de saudação, levando sua mão até a boca, testa e boca de novo, curvando-se levemente.
‘Lady Evanlyn. Eu estou encantado em vê-la novamente.’ Ele pausou, então adicionou, fingindo um semblante preocupado, ‘A não ser que você tenha descoberto que eu te devo dinheiro?’
Ela balançou a cabeça, rindo de sua piada. Então, percebeu que os outros estavam a espera para escutar por que ela chegara tão inesperadamente, ela apontou para as cadeiras e sofás ao redor da mesa central.
‘Por favor, Sentem-se, todos. Preciso conversar com vocês. ’
Selethen hesitou enquanto todos os outros assumiram seus assentos.
‘Talvez eu deva deixá-los?’ Ele sugeriu, sentindo que isso poderia ser muito bem uma conversa privada entre Araluenses. Mas Evanlyn considerou sua sugestão por um segundo ou dois, então balançou a cabeça.
‘Não há necessidade que você vá, Selethen. Isso não é nenhum segredo. ’ Ela percebeu um pote de café na mesa e adicionou’ Eu mataria facilmente por uma xícara de café, foi uma viagem longa. ’
‘Mas é claro! Minhas desculpas!’ Alyss pulou de pé de novo, irritada que seu senso de hospitalidade falhou. Sem duvida que a aparição súbita de Evanlyn estava a deixando atrapalhada. Ela rapidamente encheu um copo de café e o colocou do outro lado da mesa. A princesa sorriu agradecida, a antipatia mutua esquecida por um momento.
‘Obrigado, Alyss’ ela disse. A sua omissão do formal ‘Lady Alyss’ era sinal o suficiente que sua gratidão era genuína. Alyss acenou e sentou-se novamente. Evanlyn deu um longo gole de café, olhou satisfeita para o copo.
‘Eu acredito que isso seja o seu café, Selethen?
Ele sorriu e ela bebeu de novo, tomando quase todo o conteúdo do copo. Ela colocou o copo na mesa, parou por um segundo ou dois para reunir seus pensamentos e começou.
‘É uma longa pequena história. ’ Ela disse ‘Horace está desaparecido. ’
Houve exclamações de surpresa em torno da sala. A voz de Will foi a primeira a ser ouvida.
‘Desaparecido?’ Disse ele. ‘Desaparecido onde?’
‘Nihon-Ja’ Evanlyn disse. ‘Meu pai o enviou em uma missão militar algum tempo atrás. Ele devia se apresentar para a corte do Imperador - ele tinha cartas de instrução do meu pai - e então passar algum tempo estudando as técnicas militares e armas de Nihon-Ja.
‘O que aconteceu? Como foi que ele desapareceu?’ Will perguntou.
‘Para ser precisa, eu não sei o que aconteceu. Olhe, deixe-me explicar, ’ Ela disse, cortando rapidamente a próxima pergunta de Will. ‘Horace estava viajando com George-‘
‘George Carter? George da tutela? Nosso George, você quer dizer?’ Will interrompeu. Enquanto ele dizia ‘Nosso George’ ele fez um gesto de circulo que incluía ele e Alyss.
Halt levantou uma sobrancelha para Will enquanto via a impaciência no rosto de Evanlyn.
‘Talvez uma dessas interjeições tivesse sido suficiente’ ele disse’ Já que todas elas se referem à mesma pessoa. ’
Evanlyn acenou agradecida. ‘Está certo’ Ela disse ‘O seu George estava lá para aconselhar Horace no protocolo e para agir como interprete.
Halt endireitou a cabeça para um lado ‘Mas a língua comum certamente é falada em Nihon-Ja?’
Evanlyn concordou. ‘Não tão bem quanto nos outros países. Os Nihon-Jan se mantiveram um pouco... Isolados... Ao passar dos séculos. E meu pai pensou que seria um toque diplomático, ’ Ela acenou em direção a Alyss, ’ Se o Imperador fosse dirigido à palavra em sua própria língua.
Alyss assentiu. ‘Nos tentamos fazê-lo sempre que possível. ’
‘Ainda não vejo o que Horace espera aprender dos Nihon-jan sobre armas e métodos’ Disse Will. ‘Afinal, ele é um perito em armas.’
‘Os guerreiros Nihon-Jan – Eles chamam de Senshi – usam técnicas diferentes, ’ Halt interviu. ‘E seus ferreiros aperfeiçoaram o método de fazer lâminas extremamente
duras. Os que fazem armas para os Arqueiros aprenderam deles suas técnicas muitos anos atrás. ’
‘É por isso que suas facas saxônicas são incrivelmente resistentes?’ Alyss perguntou. Era bem conhecido o fato de que as facas saxônicas poderiam causar entalhes em espadas normais.
‘É uma técnica onde vários anéis de ferro são esquentados e batidos, então encaixados e misturados juntos para formar uma composição. Ao passar dos anos nós tomamos a prática de adotar boas idéias de onde quer que seja achada. ’ Halt disse a ela.
‘Nossos ferreiros em Dimascar desenvolveram uma técnica similar para criar lâminas extra-resistentes’ Selethen acrescentou.
‘Você esta falando sobre as lâminas Dimascarene, eu suponho?’ Disse Halt. ‘Eu ouvi falar delas mais nunca vi uma. ’
‘Elas são muito caras, poucas pessoas podem pagar por uma ‘ Selethen disse.
Halt acenou pensativo, guardando a informação para futura referencia. Então ele se virou para Evanlyn ‘Desculpe-me Evanlyn, nós estamos atrapalhando, por favor, continue. ’
‘Está certo, só para cobrir qualquer futura interrupção... ’ Ela olhou maldosamente para Will, ele considerou isso um pouco injusto. Afinal foram Halt e Selethen que estavam conversando sobre espadas super-resistentes, não ele. Mais sua indignação não foi percebida enquanto ela continuava.
‘Eu acredito que todos vocês são familiares com o sistema de rápidas mensagens do Conselho Silasian ?’
Todos eles concordaram. O Conselho Silasian era um cartel de comerciantes na parte leste do mar Constant. Eles facilitam as trocas instituindo um sistema central de crédito para que os fundos sejam transferidos entre países sem o risco de mandar grandes quantias de dinheiro por terra ou mar. Em adição eles descobriram alguns anos depois que comunicações rápidas poderiam ser tão lucrativas quanto transferências de dinheiro.
Eles instalaram uma linha de pombos correios e cavaleiros de um lado do mundo para o outro. Distancias que demorariam semanas de navio ou a cavalo puderam ser transformadas em dias, É claro que o serviço era extremamente caro, mais em emergências, muitos usuários sentiam que valia o preço.
‘Nós recebemos uma mensagem de George por meio desse serviço algumas semanas atrás, ’Disse Evanlyn.
‘Era muito curto e foi enviada do porto de Ooghly River em Indus – o que é mais ou menos o limite do sistema de mensagens no leste. Aparentemente houve uma rebelião contra o Imperador de Nihon-Ja, e Horace se meteu nela. As forças do Imperador são muito menores e ele é um fugitivo. A última vez que foi visto ele estava indo para o norte, entre as montanhas, para se esconder em algum tipo de Fortaleza lendária.
Horace foi com ele. ’
Will sentou-se e assobiou lentamente. Isso era justamente o que Horace faria, ele pensou, se envolver em um empreendimento idealista como esse.
‘E o que você está planejando fazer?’ Ele perguntou, mas ele já sabia a resposta.
Evanlyn se virou para olhá-lo profundamente.
‘Estou indo encontrar Horace.’ Ela disse.
8
Nihon-Jin
O anúncio de Horace encontrou uma onda de exclamações. A mais alta de todas foi a de George.
"Horace, você não pode ficar aqui! Você não entende? Não temos o direito de interferir na política interna de Nihon-Jin!”.
Horace franziu a testa e olhou torto para o seu compatriota. "Isto é um pouco mais grave do que apenas política, George", ele disse. “Esta é uma rebelião contra o governante legítimo”.
“Você não entende que não é apenas uma matéria de política. Para começar é uma traição.”.
George fez um gesto pedindo desculpas para os dois líderes de Nihon-Jin. Ele percebeu que suas palavras poderiam ser consideradas como nada diplomático.
"Meu pedido de desculpas, a sua excelência", disse ele apressadamente. "Eu não pretendia ofender”.
Shigeru assentiu. "Não levei, George-san. Eu entendo seu ponto de vista. Se isto é um caso de política ou de traição, é uma questão interna de Nihon-Jin”.
"Isso é verdade", disse George, e virou-se para Horace. "Não é como se Araluen tivesse qualquer tipo de tratado formal com o Imperador. Você e eu estávamos aqui apenas como diplomatas. Concederam-nos liberdade de circulação em todo o país, mas temos que manter nossa neutralidade. Se nos envolvermos, se tomarmos qualquer um dos lados vamos invalidar as credenciais”, exclamou. "Vocês não entendem? Nós simplesmente não podemos dar ao luxo de fazer isso!”.
"De fato, eu não entendo", disse Horace. "Mas é um pouco tarde para começar a se preocupar com o que acontecerá se tomarmos os lados. Eu tenho medo que já fiz isso”.
George franziu o cenho, sem entender. “Eu não...”.
Horace o cortou rapidamente. "Enquanto você estava tendo sua soneca ao lado da trilha lá atrás", ele disse: “Eu matei dois soldados de Arisaka. Acho que ele pode ver que, tomamos um dos lados, não é?”.
George levantou as mãos num gesto de perplexidade. “Você o quê? O que poderia ter levado você a fazer esta coisa incrivelmente estúpida, Horace? Certamente você poderia ter feito melhor do que isso! Por quê? Basta me dizer o por quê?”.
O Imperador tossiu educadamente antes de Horace poder responder e avançou para colocar sua mão em cima do ombro de George para acalmá-lo.
“Talvez tenha sido porque estavam tentando me matar na hora”, disse ele.
George, mais uma vez, olhou devidamente chateado. Como um especialista sobre o protocolo, ele não estava se saindo tão bem, ele pensou. Horace, vendo George momentaneamente perdido com as palavras, pegou essa vantagem.
"Eu simplesmente não acho, George", disse ele, com um pequeno sorriso no canto da boca. "Eu deveria ter verificado através de nossas credenciais para ver o que eu devo fazer se alguém tentar matar o Imperador. Mas, que merda, eu só consegui correr e parar eles do melhor jeito que pude”.
Shukin começou a sorrir também. Mas as próximas palavras do Imperador rapidamente desfizeram a expressão de seu rosto.
"De fato, Arisaka poderia ver o ato de salvar a minha vida como uma grande afronta por matar seus dois homens”, disse Shigeru.
"Sua Excelência está certo”, Shukin concordou, totalmente sério agora. “Isso estabilizará Or'ss-san como seu inimigo jurado. Arisaka não gosta de ter seus planos frustrados”.
George olhou de um rosto para outro, tentando desesperadamente ver um caminho para sair desta situação.
"Mas ele não precisa saber sobre ele, certo? Estamos à milhas de qualquer lugar, em uma floresta remota numa montanha! Quem é que vai dizer a ele?”.
"Talvez", disse Horace, “os atacantes que escaparam vão mencionar. Sei que irão, eu mencionaria em seu lugar”.
George, ao ver o chão ruir sob seus pés, balançou a cabeça em resignação desgostosa.
“Oh, ótimo!”, disse ele, cansado. "Você deixou testemunhas fugirem! Se você estava pensando em participar, Horace, por que não fazer um trabalho completo?”.
Horace olhou para ele. "Você está dizendo que o nosso estatuto diplomático estaria em melhor posição se eu tivesse matado o dobro dos homens de Arisaka?”, perguntou ele. A lógica da posição de George parecia escapar dele.
“Não. Não. Não”, disse George, finalmente decidindo aceitar o inevitável. "Bem, suponho que você fez a nossa cama. Agora só temos de mentir sobre ela”.
Um silêncio caiu sobre o pequeno grupo. Shukin e o Imperador trocaram olhares estranhos. Horace olhou para eles e acenou com a cabeça quase imperceptivelmente. Ele percebeu o que eles estavam pensando.
"Eu me pergunto se pode nos dar licença por um momento, Vossa Excelência?", Disse.
Shigeru inclinou a cabeça e Horace gesticulou para George andar para alguns metros de distância do grupo reunido em volta do imperador. George seguiu, olhando perplexo.
“O que é isso agora?” Perguntou logo que eles estavam fora do alcance da voz. "O que mais você fez quando eu estava inconsciente - porque eu estava inconsciente, você sabe.
Eu tinha uma grande flecha presa em meu braço!" Ele acrescentou a ultima palavra, com um pouco mais de ênfase. A referência divertida de Horace a sua 'soneca' tinha atingido um nervo exposto.
Horace fez um gesto apaziguador. "Eu sei. Eu sei. Desculpe-me, pelo que eu fiz. Afinal, você salvou minha vida”.
George parecia um pouco amolecido. Não havia muitas pessoas que poderiam alegar ter conseguido algo parecido, ele pensou. Horace normalmente não precisava de alguém para salvar a sua a vida. Ele parecia muito hábil para fazer isso sozinho. Agora ele pensava sobre isso, e George encontrou se perguntando se seu companheiro de divisão já formado, Will Treaty, tão famoso como ele poderia ter se tornado, poderia ter salvo a vida de Horace como ele salvou.
"Bem, sim. Tudo bem. Mas o que você quer falar?”.
“George”, Horace começou, depois hesitou. “Não há nenhuma maneira diplomática de colocar isso, então eu vou simplesmente dizê-lo. Você não vai ficar”.
"Bem, claro que eu vou!” George explodiu. “Se você for ficar, vou ficar com você. Eu sou seu amigo. Amigos não fogem e desertam outros amigos só porque há um pouco de perigo!”.
“Tudo bem, eu continuo com meu braço doendo. Mas eu não tenho medo, Horace. Eu não sou algum tipo de covarde que vou pular fora e deixá-lo para enfrentar o perigo sozinho!”.
Horace estava acenando quando o escriba entregou a resposta veemente. George não era um covarde, ele sabia. Longe disso. Mas fatos são fatos e eles tinham que ser enfrentados.
“George”, ele disse calmamente: "você está gravemente ferido no braço. Mas mesmo se estivesse em saúde perfeita, não ajudaria na viagem que iremos realizar”.
"Não se preocupe comigo!", Disse George, com uma vontade considerável, independentemente do fato de que sua voz seria levada claramente aos guerreiros Nihon-Jin a poucos metros de distância. “Eu vou me manter totalmente bem. Eu não vou atrasar vocês!” Mas ele viu Horace balançando a cabeça de novo e, no fundo, George sabia que o guerreiro jovem e alto estava certo.
"Você não gostaria de nos atrasar", disse Horace. “E eu sei que você tentara o seu melhor. Mas você não está pronto para este tipo de vida, George. Para começar, você não é um equitador bom o suficiente”.
“Eu...” George parou. Ele sabia que era verdade.
"Você está montando o cavalo mais lento no grupo", destacou Horace. “Se o resto de nós tiver que acompanhar seu ritmo estará nos atrasando. Não será culpa sua, George. Mas se Shigeru vai escapar de Arisaka, vamos ter que andar rápido e viver brutamente. E se nós tivermos que ficar a espera de seu cavalo lento o tempo todo estaremos colocando a vida do Imperador em risco. Certamente você não quer isso?”
Horace pensou que era mais diplomático culpar o potencial do cavalo de George para retardar o grupo. Era verdade até certo ponto, mas George viu através do disfarce. Ele
tinha um cavalo lento e velho porque ele era um pobre cavaleiro lento e um cavalo velho e lento era tudo que ele poderia suportar.
Ele baixou a cabeça miseravelmente. "Eu não sou bom o suficiente, sou?", Disse ele em voz baixa.
Horace chegou perto e deu um tapinha no ombro.
"Não é que você não é bom o suficiente", disse ele. “Você não está treinado para este tipo de vida”. Você fica em casa, em reuniões diplomáticas, elaborando tratados complexos entre os países, e em salas de audiência, chegando com um argumento brilhante para salvar a vida de alguém ou uma propriedade. Isso é o que você faz bem. Isso é para o que você tem treinado. Por outro lado, isto é para o que eu treinei.”Horace apontou com braço em torno da paisagem montanhosa que os cercava como ele disse com as palavras. George não ousou o encarar. Seus ombros estreitos caíram quando ele soltou um suspiro profundo”.
“Eu sei”, disse ele finalmente.
"Além disso, eu preciso de você para mandar uma resposta de volta para Araluen, então eles saberão o que aconteceu comigo. Eu não posso simplesmente desaparecer da face da terra sem dizer às pessoas onde eu fui”.
George ergueu os olhos para atender Horace então disse. "Você pensa que vai morrer aqui, não é?" Ele disse calmamente. "Você não acha que Shigeru tem uma chance”.
Horace balançou a cabeça. "George, eu nunca iria entrar em qualquer luta pensando que eu vou perder”.
“Mas você disse que não pode simplesmente desaparecer da face da terra. Isso não soa como se estivesse muito confiante”.
Horace sorriu para ele então. "Esse é o problema com você e os advogados", disse ele. "Você é muito literal. Vamos apenas dizer que o meu desaparecimento será uma questão temporária”.O rosto de George fez uma careta quando sua mente se moveu rapidamente. "Se eu pudesse falar com Will e Halt", disse ele, "eles poderiam vir ajudálo. Na verdade, eles certamente viriam para te ajudar”.
"É uma ótima idéia", disse Horace tristemente. O pensamento de ter os dois arqueiros ao seu lado neste caso era extremamente atraente. "Mas é um sonho. Vai levar meses para você tomar todo o caminho de volta para Araluen. Nesse tempo, as coisas aqui vão estar bem e verdadeiramente resolvidas - de uma forma ou de outra”.
Mas agora era George borbulhando com entusiasmo pela sua idéia.
"Não! Não! Não! Eu não tenho que pegar todo o caminho de volta! Eu só preciso chegar a Indus! De lá, eu posso usar o serviço de mensagens rápidas Silasian. Isso levará a resposta para eles dentro de poucos dias!”.
Horace olhou para seu companheiro com novo respeito. "Você vê?", Disse. "Isso é em que você é bom. Pensando. Descobrir algumas idéias. Deixe-me dizer, se você puder, diga a Will e Halt, assim você estará fazendo muito mais bem do que se você simplesmente ficar aqui conosco”.
"Começar agora?" George disse, sorrindo agora. Horace devolveu o sorriso.
"Exatamente”.Ele ofereceu a mão para George que a segurou e apertou calorosamente. Antes, de ele desapertar seu aperto de mão, Horace acrescentou: "Outra coisa. Eu nunca vou esquecer que você se ofereceu para ficar aqui, George. Foi preciso muita coragem para se oferecer a ficar aqui comigo. Agradeço-lhe e, quando eu chegar em casa, eu vou deixar as pessoas saberem sobre isso”.
George finalmente retirou sua mão e fez um pequeno gesto auto-depreciativo, apesar de Horace ter dito palavras que tinham aquecido o coração.
"Bem... você sabe. Não foi muito. Quero dizer... nós éramos colegas de divisão, não éramos? Isso é o que colegas de divisão fazem por si. Eles se unem. Não é grande coisa”.
"Na verdade é uma coisa muito grande", disse Horace com firmeza. “E eu não vou esquecer”.
9
Toscana
“Então eu vou com você!” Will disse impulsivamente.
Halt sorriu para si mesmo ouvindo a resposta instantânea. Ele esperava nada menos do seu ex-aprendiz. Horace, afinal, era o melhor amigo de Will. Eles cresceram juntos, lutaram lado a lado e salvaram a vida um do outro em numerosas ocasiões.
Evanlyn favoreceu Will com um sorriso caloroso. “Eu tinha certeza que você diria isso”, ela disse. “Meu pai me deu permissão para pedir a sua ajuda nessa missão, mas eu disse a ele que não era necessário pedir. Obrigada, Will. Eu me sinto bem mais confiante com você do meu lado”.
“É claro, eu vou também”, Halt disse, então adicionou com uma sobrancelha levantada, “Isso se eu for necessário?”.
“Lady Pauline me contou que você diria isso”, Evanlyn disse para ele. “Ela disse que você deveria ir com a benção dela”.
Will olhou rapidamente para seu mentor, sem saber como Halt iria reagir a suposição que ele precisava da permissão da Lady Pauline para ir à missão. O Halt que ele conhecia viria com uma resposta vigorosa dizendo que ele era bem capaz de tomar suas próprias decisões, muito obrigado. Ele estava um pouco surpreso de ver Halt sorrir afetuosamente para as palavras da Evanlyn.
“Bem, isso é um alívio”, Halt disse, sem o menor traço de ironia.
Agora era a hora de Will levantar uma sobrancelha – uma expressão que ele copiou cuidadosamente de Halt com o passar dos anos. As coisas mudaram, ele pensou.
Alyss limpou sua garganta nervosamente e eles se viraram para olhar para ela. Havia um ponto brilhante de cor em cada uma de suas bochechas.
“Eu gostaria de ir também”, ela disse. “Horace é um de meus amigos mais velhos. Ele ajudou Will a me resgatar do Castelo Macindaw e eu lhe devo essa. Aliás, vocês irão precisar de alguém que saiba falar Nihon-Jan”.
As palavras eram formuladas como uma sugestão. Mas o seu tom não deixou dúvidas que era uma declaração firme de intenção. Ela não estava pedindo permissão. Ela estava falando para Evanlyn que ela não iria deixá-la ir para o outro lado do mundo com Will. Não dessa vez.
“Sim, Lady Pauline falou que você diria isso também”, Evanlyn disse secamente. Ela desejava que pudesse assegurar à garota alta que ela não tinha intenções em Will, além da amizade. Ela podia ver que Alyss poderia ser uma valiosa amiga e aliada – não apenas nesse caso, mas nos anos que viriam – e ela queria um jeito dela poder quebrar barreira entre elas. Talvez essa viagem dê a ela essa oportunidade.
Halt pensou que seria melhor se ele entrasse em cena. “Soa como uma boa idéia para mim”, ele disse. “Alyss é uma pessoa útil para se ter por perto”.
Alyss permaneceu corada. Ela estava preparada para argumentar e não tinha esperado que Evanlyn cedesse tão facilmente. No fundo de sua mente, uma pequena dúvida se formou. Talvez ela estivesse julgando Evanlyn muito duramente. Mas ela esqueceu esse pensamento quando Will fez uma pergunta para ela.
“Você fala Nihon-Jan? Quando você aprendeu?”.
Ela encolheu os ombros, sentindo o pulso voltar ao normal agora que não havia mais perguntas sobre ela estar acompanhando a missão.
“Eu tenho estudado a língua por mais ou menos um ano”, ela respondeu. “Maior parte usando as traduções do George. Eu não sou fluente, mas dá para me virar”.
Will levantou as duas sobrancelhas. “Bem, você aprende algo novo todo dia”, ele disse reflexivamente.
“No seu caso, não é exagero”, Halt disse, completamente sério.
Will apertou os lábios em aborrecimento. Ele teria que aprender a não dar oportunidades como a essa a Halt, ele pensou. Em seguida, outra questão ocorreu a sua mente de gafanhoto e ele virou-se para Evanlyn.
“Como nós chegamos lá? E como você chegou aqui afinal?”.
Ele ouviu o suspiro profundo de Halt e percebeu que ele fez de novo.
“Você alguma vez”, o Arqueiro mais velho disse com grande deliberação, “pretende fazer uma pergunta a cada vez? Ou tem de ser sempre múltiplas escolhas?”.
Will olhou para ele com surpresa. “Eu faço isso?” Ele perguntou. “Tem certeza?”.
Halt não disse nada. Ele levantou as suas mãos em gesto de 'Vê o que eu digo?' E apelou para os outros do cômodo. Selethen se divertiu com a mímica entre os dois. E desde que a alegria neste tipo de debate confuso e sem importância era parte do caráter Arridi, ele não podia se ajudar. Ele tinha que entrar.
“Halt”, ele disse, “Eu posso estar errado, mas eu acho que você fez o mesmo erro. Eu tenho certeza de ter ouvido você fazer duas perguntas agora a pouco”.
“Obrigado por apontar isso, Lord Selethen”, Halt disse com uma formalidade gelada.
Will sorriu para o Wakir, que inclinou a cabeça solenemente para Halt. Então Will se lembrou que Evanlyn não respondeu nenhuma de suas perguntas.
“Então, como você chegou aqui?” ele a lembrou.
“Eu usei o navio do tratado Escandinavo”, ela disse.
O tratado entre Araluen e Escandinávia estava em vigor há alguns anos e agora era renovado regularmente. Uma das últimas cláusulas decretava que um WolfShip
escandinavo a cada ano devia ser baseado na costa de Araluen, com sua tripulação a disposição do Rei de Araluen. Desde de que os WolfShips eram um dos navios mais rápidos do mundo, era uma adição valiosa. Em troca, o Rei Duncan pagava uma taxa a Escandinávia e garantia condições favoráveis de comércio a outros WolfShips procurando comprar água, lenha e provisões. Em resposta a outras nações como Iberion e Gallica, que reclamaram que Duncan estava ajudando os Escandinavos a atacar sua costa, o Rei simplesmente encolheu os ombros.
“Nenhum sistema é perfeito”, ele disse. “E, aliás, eles poderiam sempre pagar os Escandinavos para não atacar”.
O que era, claro, verdade.
“Eu imagino que iremos a Nihon-Ja no WolfShip?” Halt disse.
Evanlyn assentiu. “Meu pai me deu permissão para isso. Vai ser mais rápidos que qualquer navio comercial que pudéssemos fretar. E, aliás, Gundar está ansioso para ver Nihon-Ja. Ele foi o primeiro Escandinavo a visitar lá”.
“Gundar?” Will disse. Era um nome comum entre os Escandinavos, ele sabia, mas ele não poderia esperar que fosse um velho amigo. Evanlyn já estava assentindo.
“Sim. É o navio de Gundar Hardstriker. Ele está ansioso para ver você e Alyss de novo e ele tem um tripulante que diz que nada iria impedir ele de resgatar o General. Eu assumo que ele quer dizer Horace?”.
Will e Alyss trocaram olhares divertidos. “Sim. É assim que a tripulação de Gundar chama o Horace. Soa como se Nils ainda esteja com ele”, Will disse.
“Ele vai ser uma pessoa útil para se ter”, Alyss apontou, recordando da forma massiva e da habilidade furiosa com o machado de batalha de Nils Ropehander.
“Qualquer Escandinavo é útil se tem uma luta por perto”, Halt disse. Então, mudando de assunto, ele virou-se para Evanlyn. “Tem alguma necessidade de se apresentar para a corte do Imperador Toscan? Você tem alguma obrigação oficial?”.
Evanlyn balançou sua cabeça. “Oficialmente eu não estou aqui. É por isso que estou viajando como Lady Evanlyn. Então não, eu estou livre para ir e vir”.
“Então eu sugiro que devemos ir o mais cedo que puder. Nós já fizemos nossas despedidas oficiais. Vamos ter uma boa noite de sono e de manhã desceremos primeiramente às docas”.
“Você pode pegar meu quarto Lady Evanlyn. Eu irei dormir em um dos sofás”, Alyss disse rapidamente. Mas Evanlyn balançou a sua cabeça.
“Nós vamos dividir o quarto Alyss”, ela disse firmemente. “Eu não quero nenhum privilégio especial. Nós devemos também nos acostumar a isso. Um WolfShip é muito pequeno para toda essa tolice”.
Alyss era astuta o suficiente para reconhecer um ramo de oliveira quando vê um. Ela sorriu para Evanlyn – um sorriso genuíno pela primeira vez.
“Vai ser o meu prazer em dividir com você”, ela disse.
Os outros levantaram agora e Selethen apertou a mão de todos enquanto ele despediase.
“Boa sorte para vocês”, ele disse. Depois adicionou um pouco melancólico. “Soa como uma viagem interessante. Eu estou tentado a juntar. Horace é um amigo meu também. Mas...” Ele fez um gesto com a mão elegante, recusando a idéia.
Halt assentiu. “Você é bem vindo a se juntar a nós a qualquer momento, Selethen. Mas você tem suas obrigações para atender. Nós entendemos”.
Selethen fez o gesto Arridi de saudação e despedida, tocando com a sua mão a boca, a testa e a boca de novo.
“Sim”, ele disse finalmente. “Eu tenho meus deveres, que é uma amante dura. Mas como eu disse, eu estou tentado”.
Ele sorriu para todos e saiu para retornar pro seu alojamento.
Eles chegaram às docas um pouco depois da primeira luz. O WolfShip de Gundar, chamado de WolfWill em homenagem a Will, estava ancorado ao longo do pontão. Will franziu a testa quando o viu primeiramente. Ele tinha visto o navio quando foi lançado. Mas agora tinha algo diferente nele.
“Algo parece estranho”, ele disse pensativamente.
Halt estava estudando o navio também. “Eles moveram o mastro?” ele perguntou para ninguém em particular. “Parece um pouco mais distante do que eu me lembro”.
“E onde está o mastro que cruza?” Will perguntou. Normalmente, esse mastro quadrangular era fixado sete oitavos no caminho para cima do mastro, com a grande vela quadrada recolhida em cima quando estivesse a bombordo. O mastro do WolfWill estava nu, além de um complicado sistema de cordames no mastro principal, e o que parecia ser um par de velas cuidadosamente enroladas estendidas da frente para trás do convés na sua base.
“Tudo o que eu sei”, Evanlyn disse, “É que este é o navio mais rápido que eu já entrei. Olhe, aí vem Gundar. Você pode perguntar a ele”.
Ela apontou para onde uma figura familiar, enorme como todo Escandinavo é, estava bamboleando no seu andar de marinheiro através do convés em direção a eles.
“Will Treaty!” ele gritou, assustando as gaivotas em um raio de cinqüenta metros para um vôo de grasnidos barulhentos. Will se firmou enquanto a figura enorme se aproximava. Ele sabia o que estava vindo mais havia pouca coisa que poderia fazer a respeito.
Claro, Gundar o levantou do chão com um abraço de urso sufocante. Will só podia grunhir uma saudação enquanto sentia suas costelas no limite de se quebrarem.
“Pelas barbas de Gorlog, garoto, como é bom te ver! Eu esperava que nos encontrássemos quando Erak me designou para basear-me em Araluen. Como você está? O que você tem feito?”.
“M' deix' ir e eu vo' tentar... contar a você”, Will tentou grunhir sem fôlego. Finalmente, Gundar o abaixou. Will cambaleou quando Gundar o liberava, e seus amigos ficaram um pouco alarmados pelo gemido enquanto inspirava ar, que foi a primeira e reflexiva resposta de Will enquanto seus pulmões vazios puxavam ar desesperadamente.
Então, vendo Alyss, o enorme marinheiro pegou a mão dela com um de seus punhos enormes e botou um beijo desajeitado e esmagador nele.
“Lady Alyss!” ele gritou. “Como você pode ter ficado mais bonita do que era?”.
Evanlyn tinha que admitir, fez uma careta com esse comentário. Gundar nunca tinha comentado a sua aparência e ela estava ciente que ao lado da garota elegante e loira, ela era um pouco... moleca.
Alyss estava sorrindo deleitada para ele. “Ah, Gundar, eu vejo que você não perdeu nenhum de seu charme cortês. Você vai virar a cabeça de alguma garota com essa sua lábia”.
Ele sorriu para ela, então desviou a sua atenção para a figura de barba grisalha, pequena em pé atrás dela.
“E você deve ser o famoso Halt?” ele disse. “Eu esperava alguém um pouco maior”, ele adicionou, em parte para si mesmo, enquanto avançava.
Halt, com experiência nas maneiras dos Escandinavos, recuou no mesmo ritmo. “Sim. Eu sou Halt”, ele disse. “E eu preciso de todas as minhas costelas intactas, muito obrigado”.
“É claro que você precisa”.Invés de dar um abraço de urso no Halt, Gundar se contentou com um aperto firme e másculo. Os olhos de Halt vidraram enquanto sentia seus dedos e suas juntas esmagarem dentro do punho do tamanho de uma ilha. Ele balançou a sua mão dolorosamente enquanto Gundar a soltava.
“Qualquer amigo de Erak é meu também!” Gundar olhou em volta curiosamente. “Mas onde está aquele pônei desgrenhado de você Will?”.
“Nós deixamos nossos cavalos em Araluen”.Will disse. Desde que a viagem havia sido concebida como uma breve missão de dez dias para a capital de Toscan, não tinha nenhuma razão para trazer Puxão e Abelardo. Eles foram deixados sobre os cuidados do Velho Bob, o criador de cavalos do Corpo dos Arqueiros. Agora, Will não tinha certeza se tinha se arrependido dessa decisão ou não. Ele gostaria de ter Puxão com ele, mas a viagem marítima para Nihon-Ja seria longa, muito mais longa que Puxão já tivesse emfrentado. Haveria poucas chances de ir para a terra para exercitar os cavalos, e ele não tinha certeza de como eles lidariam.
Similarmente, Ebony, o cachorro de Will, fora deixado com Lady Pauline. Ebony estava somente meio treinado e ele sentia que seu comportamento turbulento poderia causar um pouco problemas com os oficiais de Toscan engomados.
Gundar assentiu vagamente. Ele não tinha idéia da procura na alma que tinha acontecido nos dois Arqueiros antes de decidirem de deixar seus cavalos para trás. Ele olhou para acima do cais.
“E quem é esse Lenny Longshanks?” ele disse. “Ele está com vocês?”.
Os quatros Araluenses se viraram rapidamente para olhar para cima no pontão. Andando propositalmente na direção deles, um pacote jogado sobre um ombro, era uma figura alta e magra.
“A tentação ganhou”, Selethen disse enquanto chegava mais perto. “Eu decidi ir com vocês”.
10
Nihon-Jin
Depois que George os deixou e seguiu a trilha de volta para o porto de Iwanai, Shukin aumentou o ritmo.
Agora, como eles mantiveram seus cavalos num galope constante ao longo do estreito caminho enlameado da montanha, Horace percebeu quanto George havia diminuido o ritmo deles e sentiu culpado pela sensação de alivio por convencer seu amigo conterrâneo a seguir por um caminho separado.
O resto do grupo, todos cavaleiros qualificados, seguiram com facilidade e os pôneis locais, um pouco menores do que o cavalo de batalha que Horace estava acostumado, eram robustos e fortes. O melhor de tudo, ele pensou, como sua montagem escorregou, caiu e depois se recuperou, eram animais com as patas firmes, bem utilizados para estes inclinados, trilhas em montanhas ásperas.
Um dos acompanhantes percebeu o tropeço e viu de repente Horace sentar-se ereto na sela após o cavalo recuperar seu equilíbrio. Ele cavalgou para perto dele.
‘Deixe o cavalo, Or'ss-san’, ele disse calmamente. ‘Ele está acostumado a esse tipo de terreno e ele vai guiar por si mesmo.’
‘Eu percebi’, Horace disse entre os dentes. Quando o terreno irregular deu sob os cascos de seu de cavalo de novo, ele se forçou a permanecer solto e flexível na sela, em vez de apertar seus músculos e apoiar-se, e tentar puxar a cabeça do cavalo de volta. O cavalo grunhiu enquanto ele se recuperava. Horace tinha a sensação desconfortável de que era um grunhido de apreciação rancorosa, como se o cavalo estava dizendo-lhe: ‘Assim está melhor. Apenas sente-se solto, seu grande saco de ossos, e deixe todo o trabalho para mim.’
Ele estendeu a mão e acariciou o pescoço do cavalo. O animal respondeu balançando a cabeça e crina.
Eles cavalgaram, mantendo um galope constante durante meia hora, em seguida, deixando os cavalos num passo mais lento e trote pelos próximos 20 minutos. Era semelhante ao ritmo de marcha forçada do Arqueiros, que Horace tinha aprendido com Halt e Will em suas viagens juntos. E, enquanto anteriormente ele reclamava pelo tempo gasto com o ritmo mais lento, ele sabia que, no longo prazo, eles cobririam uma distância maior em um dia deste modo.
O sol era uma presença leitosa, brilhando fracamente através das carreiras de nuvens cinzas que passaram sobre eles. Quando Shukin julgou que o sol estava diretamente sobre eles, ele sinalizou uma parada em um ponto onde a trilha se alargava e formava uma pequena clareira .
‘Vamos comer e descansar um pouco’ , disse ele. ‘Isso vai dar a nós e aos cavalos uma chance para se recuperar.’
Eles tiraram as celas dos cavalos e os escovaram. Nesse tempo, isso não deixaria o suor dos cavalos secar e esfriar no vento gelado. Enquanto isso era feito, três servos retiravam os alimentos dos cestos que levavam atrás de suas selas. No momento em que os cavaleiros amarraram seus cavalos, a comida estava pronta, e os servos acenderam uma fogueira para fazer chá.
Horace aceitou uma prato com picles, truta defumada e arroz temperado enroladas em bolas, procurou um lugar bom para sentar-se. Ele se agachou sobre um tronco caído, gemendo um pouco pois seus joelhos e coxas deixaram saber o quanto eles estavam trabalhando. Era muito agradável descansar por alguns minutos, ele pensou. Ele apenas esperava que a breve parada não fosse suficiente para deixar seus músculos duros. Se o fizessem, a primeira meia hora na pista de novo seria uma tortura. Ele resolveu levantarse e caminhar ao redor da clareira, já que ele tinha comido.
A comida era boa. Leve, saborosa e com um gosto picante bem-vindo. Horace olhou o tamanho do seu prato. Os Nihon-Jan foram, em geral, uma raça de pequeno porte. Ele sentiu que poderia ter sido felizmente agraciado com uma parcela muito maior de almoço. Então ele encolheu os ombros filosoficamente. Ele sempre pensava assim, independente de onde estivesse ou do que era lhe dado.
Shukin, tendo verificado que Shigeru não precisava de nada, fez um rápido passeio pelo acampamento temporário, assegurando que todos os homens comiam e nenhum dos cavalos tinham criado problemas. Então, quando ele estava satisfeito, um servo entregou-lhe um prato de comida e ele sentou sobre o tronco, ao lado de Horace. O Araluan observou sombriamente que Shukin, acostumado a sentar de pernas cruzadas no chão desde a infância, não mostrou nenhum sinal de rigidez ou desconforto que ele sentiu.
‘Até onde você pretende ir hoje?’ Horace perguntou ele.
Shukin virou seu rosto enquanto considerava a pergunta. ‘Eu esperava atravessar o Rio Sarinaki,’ ele disse. Ele indicou a direção que eles estavam viajando, ‘É mais vinte quilômetros subindo a partir daqui. Há uma cachoeira com um cruzamento bem acima dele.’
‘Nós devemos ser capazes de fazer essa distância’, disse Horace. ‘Nós temos mais cinco horas de luz do dia, pelo menos.'
‘Dependendo da trilha,’ Shukin disse a ele. ‘É relativamente fácil ir no momento, mas fica íngreme e áspero, em alguns quilômetros. Isso vai nos atrasar.’
‘Hmmm. Isso poderia ser um problema. E se chover, a trilha vai ficar mais escorregadia, eu imagino?’Horace perguntou.
O senhor Senshi assentiu. "Ele certamente não vai ajudar. Mas se pudermos, eu gostaria de atravessar o rio antes do anoitecer. "
Isso fez sentido para Horace. Atravessando um rio logo acima de uma cachoeira alta pode ser uma tarefa difícil e perigosa. E qualquer cachoeira neste terreno montanhoso seria alta, ele sabia.
‘O cruzamento é complicado, não é?', ele perguntou.
Shukin apertou seu lábio inferior e fez um gesto de talvez com a mão. ‘Não é fácil,’ admitiu. ‘Mas eu tenho uma outra razão para querer chegar antes de escurecer. A central de comando tem uma visão do país abaixo de nós. Eu gostaria de ter a chance de ver se há qualquer sinal de Arisaka e seus homens. "
Viajar como estavam, rodeados por altas árvores densas em ambos os lados da trilha, poderia reunir pouco conhecimento do que estava acontecendo por trás deles. Horace compreendeu que Shukin tinha a inevitavel sensação de incerteza de qualquer líder que realiza uma retirada devido uma força superior. Ele precisava saber onde estavam seus perseguidores - quão perto eles estavam, se estavam ganhando terreno em relacão ao pequeno grupo que viajou com o Imperador. Correndo cegos, como estavam, era uma receita para tensão e incerteza. Você nunca sabia quando poderiam aparecer guerreiros armados das árvores, gritando seus gritos de guerra, com espadas pronta para atacar.
Assim como foi naquela manhã.
‘E se não chegarmos ao rio?’ Horace perguntou. Foi muito bom planejar para a melhor circunstância possivel. Mas o pior possível deveriam ser considerado também.
Shukin encolheu os ombros. "Há uma pequena vila não muito longe das quedas. Nós vamos lá para nos abrigar a noite ".
A chuva, que havia parado por quase uma hora, começou de novo enquanto falava. Era uma bruma leve, enganosa em sua intensidade. Parecia inofensiva a primeira vista, mas foi constante e incessante. Depois de dez a quinze minutos desta, Horace sabia, casacos e calças tornariam-se saturados, de modo que a água, deixando de ser absorvida pelo tecido, escoaria e alcançaria as botas. Não demoraria muito, nestas condições, para que uma pessoa se tornasse encharcada e infeliz.
‘Bem, se não chegarmos as quedas’ ,Horace disse filosoficamente,’pelo menos vamos ter um lugar seco para dormir esta noite.’
A chuva transformou a superfície escorregadia da pista em uma consistência semelhante a cola. Os cavalos cambalearam e tropeçaram, deixando o cabelo de Horace em pé quando ele viu vislumbres das profundezas vertiginosas abaixo deles, quando a parede de árvores ao lado da estrada diminuia de vez em quando.
Ainda mais sério, a lama espessa e pegajosa grudava nos cascos dos cavalos, obrigando os cavaleiros a parar com frequência e limpar a sujeira.
Ele viu Shukin olhando com mais freqüência para o disco pálido e aquoso que marcava a posição do sol. O rosto do senhor Senshi mudou para uma carranca agora. Era o meio da tarde e Horace, apesar de não estar certo de quanto eles tinham viajado, sabia que não era a distância que eles teriam que cobrir, caso quisessem atravessar o rio durante o dia. Eventualmente, com uma queda em seus ombros, Shukin parecia ter a mesma opinião. Ele ergueu a mão para parar a pequena coluna e deslocou o seu cavalo de volta para baixo da encosta onde o imperador estava sentado pacientemente. Horace levou seu cavalo perto para se juntar a discussão.
‘Nós não conseguiremos atravessar o rio hoje’, disse Shukin.
Shigeru franziu os lábios em desapontamento. ‘Você tem certeza?’ , ele perguntou, em seguida, ele acenou para eventuais respostas à medida em que se corrigiu. ‘É claro que você está certo. Caso contrário, você não teria dito isso.’
‘Sinto muito, primo,’ Shukin disse, mas Shigeru repetiu a o gesto de aceitação com sua mão.
‘Você fez tudo o possível’, disse ele. ‘Eu não posso culpá-lo pela chuva - ou por essa lama.’
Ele olhou para baixo, de forma significativa às bolas irregulares de lama que estavam grudadas aos cascos de seu cavalo. Assim que o fez, um dos servos desceu da sela e correu para a frente para limpar a massa pegajosa. Shigeru olhou para o homem e como ele se inclinou à pata dianteira esquerda do cavalo.
‘Eu deveria mandá-lo embora e fazer isso eu mesmo’ , disse ele com tristeza. ‘Um homem deve cuidar de seu próprio cavalo.’ Fez uma pausa, então se permitiu um sorriso triste. ‘Mas eu estou tão cansado’.
Horace sorriu de volta. ‘É bom ser o Imperador’, afirmou e Shigeru olhou-o cinicamente.
‘Ah sim, realmente. Olhe que momento excelente estou tendo. Viajar nessas condições, quente e confortável. A abundância de boa comida e bebida e uma cama macia, no final da trilha. O que mais eu gostaria?
Ele e Horace compartilharam a piada, mas Shukin baixou o olhar. ‘Eu peço desculpas, primo’, disse ele amargamente. ‘Você não merece isso.’
Shigeru adiantou-se e colocou a mão suavemente no ombro de seu primo.
‘Sinto muito, Shukin’, disse ele. ’Eu não estou reclamando. Eu sei que você está fazendo o seu melhor para me manter seguro. Eu vou ser grato por uma noite em cama de palha numa cabana furada em uma aldeia qualquer’.
‘Infelizmente, esse parece ser o que está guardado para nós ', Shukin concordando. ‘Um pouco mais acima dessa subida, o caminho leva para uma bifurcação. A esquerda leva até a cachoeira e a passagem. A direita nos leva a uma vila de lenhadores. Nós vamos virar à direita.’
‘Uma coisa’, Shigeru acrescentou uma dúvida. ‘Será que esta chuva tem qualquer efeito sobre a travessia? O que se faz com que o rio suba? Devemos, talvez, tentar chegar lá mesmo que seja no escuro? ‘
Mas Shukin sacudiu a cabeça, sem qualquer sinal de insegurança. ‘Não é forte o suficiente para isso. A água não se acumula, porque escapa facilmente às quedas de água.’
Shigeru sorriu para seu primo, o entendimento de como a responsabilidade pela segurança de seu Imperador e bem-estar estava sobre os ombros do Senshi.
‘Bem, meu amigo, não há sentido em lamentar o que não podemos conseguir hoje. Vamos começar com o que podemos alcançar e encontrar essa vila. Como Or'ss-san mencionou anteriormente, pelo menos, teremos em algum lugar seco para dormir esta noite.’ Ele incluiu Horace no sorriso.
Shukin assentiu e virou-se para emitir um comando para a pequena coluna. Assim que saíram, Horace notou que Shukin agora demonstrava determinação em seus ombros. Não pela primeira vez, Horace refletiu sobre como o bem-humorado Imperador, altruísta aos contratempos poderia inspirar assim muito mais a lealdade e o esforço dos seus subordinados que a perseguição e a intimidação jamais poderiam alcançar. Foi uma valiosa lição de liderança, ele pensou.
Foi outra difícil duas horas na pista, andando, deslizando, escorregando e tropeçando antes de chegarem a uma pequena clareira. Shukin ordenou uma breve parada, enquanto os cavalos e os homens tiveram alguns minutos para recuperarem seu folego. Ele consultou o mapa, com um de seus cavaleiros segurando uma capa impermeável sobre ele. Mal havia luz suficiente para ver os detalhes sobre a folha, Horace pensou, mas o guerreiro Senshi dobrou o mapa e apontou para a trilha.
‘Dez minutos mais’, disse ele.
Um pouco depois, viram o brilho das luzes através das árvores, piscando intermitentemente entre os ramos, movidos ao vento, interpondo-se entre as arvores. Então, de repente, eles foram em uma clareira, no início de um pequeno grupo de cabanas com teto de palha. Uma quente luz amarela brilhava através do papel encerado das janelas das casas e da fumaça emitida a partir de vários chaminés. O cheiro de fumaça de madeira lembrou Horace de salas quentes e comida quente e chá. De repente, ele estava ansioso para desmontar.
Como ele tinha pensado, ele se tornou consciente do movimento em sua visão periférica. Ele olhou para o lado e viu as portas de correr abertas como formas escuras materializada nas varandas de madeira na frente das casas.
Os moradores foram surgindo a partir de suas casas para acolher os estrangeiros que chegaram entre os eles.
Pelo menos, Horace esperava que eles estavam planejando as boas vindas.
11
O Wolfwill estivera velejando ao leste por dois dias, e Toscana estava distante atrás deles. O navio estranhamente ancordado, com uma vela triangular curvada cuja extensão estava posta num ângulo abrupto ao mastro vertical, estava balançando impacientemente sobre as pequenas ondas, com o vento na sua boca. A vela fora posta rotunda até a sua extensão curvada e elevada ser quase paralela à linha do próprio navio.
O cordame zunia com o vento da passagem deles e o convés vibrava levemente debaixo dos seus pés. Era uma sensação divertida, fazendo Will se lembrar dos pássaros marinhos que voavam baixo, acompanhando o navio por horas todos os dias, planando facilmente logo acima da superfície do mar, com movimentos dificilmente perceptíveis de suas asas.
Os Araluenses e Selethen estavam reunidos na proa, deixando o convés principal livre para os marinheiros trabalharem com o mastro e velas. Com aquele vento e com aquela velocidade, não havia necessidade de remar, apesar de o navio poder colocar oito longos remos de cada lado, no caso do vento parar.
Mesmo Halt se juntara a eles. Sabiamente, nenhum deles comentou o fato de que aquela era a primeira vez que eles o viam nos dois dias passados. Evanlyn, Alyss e Will conheciam a delicada natureza do estômago de Halt nas primeiras horas de qualquer viagem por mar e eles tinham alertado Selethen da sensibilidade do Arqueiro de barba grisalha sobre o assunto.
Halt lançou um olhar maligno a eles. Estavam todos sendo muito óbvio sobre não mencionar o repentino reaparecimento dele, algo que era ainda pior que se tivessem comentado, pensou ele.
“Ah, qual é!” ele disse. “Alguém diga alguma coisa! Eu sei o que vocês estão pensando!”.
“É bom ver você pronto pra outra, Halt”, disse Selethen gravemente. De todos eles, ele era o mais capaz de manter um rosto direto quando dizia aquilo.
Halt encarou os outros e eles rapidamente expressaram em coro o prazer em vê-lo de volta ao seu estado normal. Mas ele pôde ver os sorrisos que eles não conseguiram esconder muito bem. Ele fixou um olhar em Alyss.
“Estou surpreso por você, Alyss”, falou ele. “Não esperava nada de melhor de Will e Evanlyn, é claro. Bestas sem coração, os dois. Mas você! Pensei que tivesse sido treinada melhor!”.
Que era um comentário particularmente farpado, vendo que o mentor de Alyss era nada mais do que Lady Pauline, a amada esposa de Halt.
Alyss estendeu um braço e tocou o braço dele gentilmente.
“Halt, me desculpe! Não é engraçado, você está certo... Cale-se, Will”.Essa última foi direcionada a Will quando ele tentou, sem sucesso, abafar um riso silencioso.
“Não há nada de engraçado em mal de mor. É uma coisa séria”.
Halt foi pego de surpresa quando ouviu aquilo. Ele pensou que não tinha nada mais do que estar mareado. Um problema irritante, reconhecidamente, mas um que passava dentro de um dia ou dois, sendo do mar. Mas Alyss parecia acreditar que aquilo era algo muito mais exótico. E quanto mais exótica uma doença era, mais risco de vida ela causava.
“Malldy-mur?” perguntou ele com uma pontada de ânsia. “Que é esse Malldy-mur?”
“É gálico”, contou Alyss. Ela usara a expressão porque sabia quanto Halt odiava a palavra “enjôo”. Se fosse sábio, a palavra nunca teria sido proferida na presença de Halt. Ela olhou rapidamente para os outros, mas eles não ofereceram ajuda. Nenhum deles encontrou o olhar. Você mesma se meteu nisso, eles pareciam dizer. Agora você pode sair dessa.
Halt tinha razão, ela pensou. Eles eram bestas sem coração.
“Digo... ‘enjoado’ ”, ela terminou fracamente.
“Pensei que você falava gálico, Halt”, disse Evanlyn.
Ele alongou-se ereto com alguma dignidade. “Eu falo. O meu gálico é excelente”.
“Mas não se pode esperar que eu memorize cada expressão obscura da língua. E a pronúncia de Alyss deixa um pouco a desejar.”.
Os outros se apressaram a concordar que não, ele certamente não podia memorizar, e sim, a pronúncia dela certamente deixava. Halt olhou para eles, sentindo aquela honra que foi apropriadamente restaurada. Tinha que ser admitido que, de um jeito sorrateiro, enquanto ele odiava o desconforto de estar mareado, uma vez que estava, ele curtia a atenção e simpatia que isso criava entre mulheres jovens bonitas como Evanlyn e Alyss. E ele gostava do fato que Will tendia a agir cuidadosamente com ele quando o problema era mencionado. Deixar Will desequilibrado era sempre um desejo.
As coisas deram uma virada declinante, porém, quando Gundar, viu que Halt estava de pé pela primeira vez em dois dias, andou a passos pesados pelo convés para se juntar a eles.
“De pé outra vez, né?” estrondeou alegremente, com típico tato escandinavo.
“Pelas unhas de Gorlog, com todo esse vômito que está acontecendo, pensei que você iria virar-se ao avesso e se vomitar sobre o parapeito!”.
Com tal descrição gráfica, Alyss e Evanlyn empalideceram e viraram-se.
“Você tem uma imaginação fértil, Gundar”, disse Will, e Selethen permitiu-se abrir um sorriso.
“Agradeço pela sua preocupação”, falou Halt friamente. De todas as pessoas, escandinavas pareciam os mais intolerantes contra enjôo no mar — ou, como ele agora
sabia, malldy-mur. Ele fez uma nota mental de pegar Gundar no dorso do cavalo assim que alcançassem Nihon-Jin. Escandinavos eram notoriamente cavaleiros péssimos.
“Então, você encontrou Albert?” continuou Gundar, impassível. Até Halt ficou confuso pela súbita troca aparente de assunto.
“Albert?” perguntou. Tarde demais, ele viu o sorriso de Gundar se alargar e soube que caíra numa armadilha.
“Você parecia estar procurando por ele. Você se inclinava no parapeito e chamava, ‘Alb-e-e-e-e-e-r-t!’ Achei que ele era algum deus do mar de Araluen”.
Os outros tiveram de concordar que o enunciado prolongado do nome feito por Gundar soava muito como o som do desespero de Halt, se esforçando para vomitar ao lado. Halt olhou para o lobo do mar.
“Não. Não o encontrei. Talvez eu possa procurar por ele no seu elmo”.
Ele estendeu uma mão. Mas Gundar ouvira o que acontece quando escandinavos emprestaram os seus elmos para o Arqueiro sorridente no navio e ele recuou um passo.
“Não. Tenho plena certeza que ele não está aqui”, falou apressado.
Selethen, sempre o diplomata, achou que devia ser hora de fazer os outros esquecerem o estômago de Halt.
“Esse navio é interessante, capitão”, falou para Gundar. “Não consigo lembrar de ver um como esse. E eu via vários navios escandinavos (wolfships) na minha época”, acrescentou significativamente.
Selethen era o Wakir, ou governador local, de uma das províncias costeiras de Arrida. Ele via freqüentemente wolfships enquanto eles se incubiam de invadir as suas cidades. Gundar foi esquecido dessa referência. Mas, como Selethen suspeitava, como qualquer escandinavo, ele estava ansioso para falar sobre o seu navio.
“É um navio maravilhoso!” entusiasmou-se. “Construí sozinho, nos diques de um rio ao norte de Araluen — lembra-se, Will?” Ele olhou Will para uma confirmação.
Gundar e a sua tripulação, tendo sido naufragados na costa do norte, fora convocado por Will para auxiliá-lo no cerco do Castelo Macindaw. Como um prêmio pelos seus serviços, eles conquistaram a permissão de ficar em Araluen enquanto construíam um novo navio para a jornada de volta ao lar. Will também foi útil em certificar-se que vigas, cordame, lona, alcatrão e outros materiais eram estocados a eles pelo preço mínimo.
“Lembro-me muito bem”, concordou Will. “Mas ele tinha velas redondas aí. Essa organização nova de velas é algo muito diferente”.
“Ah, sim, o projeto de vela do Heron. É realmente alguma coisa”, concordou Gundar. “Continuamos com o casco e mudamos o mastro, velas e cordame”.
“Por que chama isso de projeto de vela do Heron?” perguntou Alyss.
Gundar sorriu para ela. Ele também encontrara Alyss em Macindaw e foi recompensado com um beijo na sua bochecha barbuda quando eles foram reinstruídos em Toscana. Gundar era afeiçoado a ser beijado por loiras bonitas. Mas ele sentiu que havia alguma coisa entre essa em particular e Will, então ele não quis aprofundar as coisas.
“É o nome do navio original com cordame assim. O Heron. Não realmente um navio — ele tinha só três quartos do tamanho de um wolfship. Mas o projeto do mastro e vela era uma brilhante nova organização. Era a criação de um jovem rapaz escandinavo. Ele era um gênio”.
“Ouvi falar que ele era meio-Araluan”, interveio Halt secamente.
Gundar fitou-o por um momento. A maioria dos escandinavos naqueles dias escolhia esquecer que eles zombaram do projeto quando o viram pela primeira vez.
“Talvez ele fosse e talvez ele não fosse”, disse Gundar, depois continuou, com total falta de lógica, “Mas foi a metade escandinava que criou o projeto. Todo o mundo sabe que o povo de Araluen não sabe nada de navios”.
“Sério?” Halt disse.
Gundar fitou-o. “Bem, é claro. É por isso que tantos deles começam a vomitar as tripas no minuto em que pisam a bordo”.
Will viu a conversa rumando de volta para o perigo. “Então nos conte sobre esse projeto. Como ele funciona?”.
“A parte mais importante é que ele deixa a gente velejar para o vento”, contou Gundar.
“Para o vento?” perguntou Halt. “Como isso pode ser possível?”.
Gundar franziu o rosto. Ele era relutante em admitir qualquer falha no seu navio, mas sabia que se não respondesse com sinceridade, a sua platéia veriam a verdade atrás do seu orgulho eventualmente.
“Não realmente para o vento”, admitiu. “Podemos atravessá-lo velejando, gradualmente abrindo terreno contra ele. Somos capazes de nos movimentar num ângulo ao vento, assim ainda podemos fazer progresso quando ele estiver na nossa proa. Nenhum navio de velas redondas pode fazer isso”.
“Então é por isso que você estava mudando de direção toda hora ontem quando o vento estava contra nós?” perguntou Selethen.
“Sim. Movemo-nos diagonalmente ao vento. Então, depois de um tempo, trocamos e vamos do outro jeito, gradualmente ziguezagueando na direção que quisermos. Chamamos isso de emenda”.
“Por quê?” perguntou Alyss e ele franziu o rosto outra vez. Ele nunca tinha se questionado porque a manobra que ele descrevera era chamada de emenda. Gundar era uma daquelas pessoas que aceitavam as coisas, com uma mente não-curiosa.
“Por que... é assim que é chamado”, disse. “Emenda”.
Sabiamente, Alyss não discutiu mais o assunto. Will escondeu um pequeno sorriso com a mão. Ela conhecia Alyss e sabia que a resposta de Gundar era totalmente inadequada à mente curiosa dela. Ele achou que era melhor eles trocarem o assunto.
“Como isso funciona, então?” perguntou. Gundar olhou para ele, grato. Aquela parte ele podia explicar.
“Bem, o jovem rapaz escandinavo que projetou”, ele olhou rapidamente para Halt, desafiando-o a discutir a nacionalidade do inventor novamente, “gastou bastante tempo estudando pássaros marinhos, particularmente a forma das asas. Ele achou que seria uma boa idéia fortalecer a borda frontal da vela como a asa de um pássaro e a forma da vela em si, então ela era triangular ao invés de não quadrada”.
“Então ele encurtou o mastro principal, depois projetou aquele curvado botaló* flexível que vocês vêem no topo. O botaló fortalece e suporta a borda frontal da vela para que possamos virá-la para o vento. Uma vela redonda original simplesmente tremularia, vibraria e perderia a sua forma. Mas com o botaló, a vela forma uma curva plana de forma que possamos redirecionar a força principal do vento com muito mais eficiência. O resultado é: o navio pode se movimentar num ângulo de onde a direção do vento está soprando. Em efeito, podemos velejar contra o vento”.
Ele fez uma pausa, vendo alguns rostos que se questionavam, depois corrigiu a afirmação. “Certo. Através do vento. Mas é uma melhoria imensa na velha vela redonda. É inútil quando o vento não está mais forte à frente do que morto no flanco”.
“Mas você duplicou aquele botaló fino do topo e a vela”, disse Evanlyn. E ela tinha razão. No convés, da proa até a popa, havia outro botaló, com sua vela enrolada em sua volta. Estava no lado oposto do mastro ao botaló que estava atualmente no lugar.
Gundar favoreceu-a com um sorriso. “Essa é a beleza da coisa”, ele disse a ela.
“Como você pode ver, a vela está atualmente no lado a estibordo do mastro, com o vento vindo do lado a bombordo, assim o vento soprou-o do mastro numa curva perfeita. Quando emendamos...” Ele deu uma rápida olhada em Alyss, mas ela manteu a expressão em branco. “O vento estará no lado a estibordo, forçando a vela contra o mastro, de forma que a forma perfeita de asa seja deteriorada. Encordoamos outro botaló e a vela no lado a bombordo. Depois, quando emendamos, abaixamos a vela a estibordo e levantamos a vela a bombordo. As duas são ligadas por corda através de uma roldana no calcês, assim o peso de uma descendo na verdade nos ajuda a levantar a outra”.
“Engenhoso”, disse Halt finalmente.
Gundar Hardstriker sorriu modestamente. “Bem... a maioria de nós, escandinavos, é”.
*Botaló: NÁUTICA: pau com ferros de três bicos na ponta para vários serviços a bordo
12
Shukin levantou uma mão e o pequeno grupo de cavaleiros puxou rédeas, parando no limpo espaço central entre as casas.
Os aldeões estavam precavidos, mas com o hábito de respeito longamente lembrado para a classe Senshi, eles esperaram silenciosamente os recém-chegados declararem o assunto.
Margearam um pouco mais perto, formando um círculo frouxo em volta dos cavalos.
Alguns dos aldeões, Horace notou, estavam carregando pesados cajados de madeira negra, enquanto outros seguravam machados frouxamente. Mas nenhum das armas provisórias estava sendo brandido em gestos ameaçadores. Elas estavam ficando simplesmente fechadas na mão enquanto os aldeões esperavam para ver o que aconteceria depois.
Shukin, que estava cavalgando alguns metros na frente do grupo, virou na sela.
“Avance e junte-se a mim, por favor, primo,” disse calmamente para Shigeru.
Shigeru acelerou o cavalo para frente até se juntar a Shukin, no meio do grupo de espera Kikori. Era um movimento corajoso em parte do Imperador, Horace pensou. Até aquele momento, ele estivera seguramente cercado pelo seu grupo de guerreiros. Agora, se começasse algum problema, ele estava vulnerável a ataques de todos os lados e a sua escolta não seria capaz de alcançá-lo a tempo de salvá-lo.
A chuva começou novamente a formar uma neblina, tamborilando levemente nos telhados de colmo e formando auréolas nebulosas em volta das lâmpadas penduradas debaixo do beirado das varandas que defrontavam os chalés. Uma fria gota desceu correndo a parte de trás da gola de Horace e ele mexeu nela inconfortavelmente em cima da sela. Fora só um pequeno movimento, mas mesmo assim, vinte e quatro pares de olhos viraram para ele instantaneamente. Ele se ajeitou novamente na sela e permaneceu quieto. Gradualmente, os olhos precavidos voltaram a Shukin e Shigeru.
“Povo Kikori,” começou Shukin. A sua voz era profunda e autoritária. Ele não falou em voz alta, mas foi o timbre da voz que as palavras foram carregadas com clareza para todos na clareira. “Hoje, uma grande honra chegou ao seu vilarejo.”
Ele fez uma pausa, seu olhar examinando os madeireiros que esperavam e suas famílias.
Ele sentiu uma pontada desapontamento quando viu a incredulidade nos olhos deles.
Eles eram cínicos por qualquer guerreiro Senshi que lhes dizia que eles estavam prestes a receber uma grande honra. Geralmente, tais afirmações eram o prelúdio a uma série de exigências pelas suas casas, sua comida, seu tempo e bem-estar. Ser honrado porque você pode nos dar o que quer que peçamos — afinal, planejamos pegá-lo de qualquer jeito.
Lamentando dizer, era esse o mundo entre as duas classes.
Ele procurou pelas palavras necessárias para convencê-los de que ele e os seus homens não estavam querendo se impor no vilarejo. Eles estavam pedindo por hospitalidade e abrigo, sim. Mas eles pagariam. Eles tratariam os aldeões justamente. Qualquer tentativa de confiança cairia provavelmente em ouvidos surdos, ele sabia. Os Kikori tinham anos de experiência com tratamento arrogante pelas mãos dos Senshi e nenhum número de palavras doces mudaria aquilo.
Enquanto hesitava, ele sentiu um toque leve no antebraço dele.
“Talvez eu devesse conversar com eles, primo,” disse Shigeru.
Shukin hesitou. Mesmo em tais arredores humildes, Shigeru devia ser atendido com um certo nível de consideração. E aquilo significava que ele devia ser anunciado adequadamente, com todos os seus títulos e honras, para que as pessoas pudessem apresentar-se a ele respeitosamente.
Ele tomou fôlego para dizer alguma coisa por aquelas linhas quando percebeu que Shigeru já estava se balançando da sela. O Imperador sorriu para o homem mais próximo dele, do tipo muito musculoso atarracado que obviamente gastara a vida toda agitando o sólido machado que segurava frouxamente na mão direita. O rosto do homem estava colocado numa expressão obstinada sem sorriso. Ele parecia um líder.
Tinham que conquistar a simpatia dele, Shigeru sabia.
“Aaaah!” disse o Imperador, com profundo alívio enquanto esfregava as nádegas. “Isso é tão bom!” O madeireiro não pôde evitar um pequeno sorriso surpreso se formando.
Ele foi desarmado pela declaração inventiva de Shigeru e modos informais. Eles estavam há muito tirados da conduta altiva dos Senshi que o madeireiro encontrara no passado.
Shukin observava ansiosamente de sua sela, os olhos fixos naquele pesado machado.
Ele queria desesperadamente mover a mão para mais perto do cabo da espada, mas sabia que seria um erro — provavelmente fatal. Ao mínimo sinal de ataque, aquele quadro vivo poderia explodir numa carnificina.
Contudo, Shigeru parecia não ter tais ressentimentos. Ele aproximou-se do homem, curvou-se a ele e estendeu a mão, apresentando-se.
“Qual é o seu nome?” perguntou.
O madeireiro foi pego de surpresa. Aquele Senshi estava se oferecendo para apertar mãos num gesto inusitado e amigável. E ele se curvara primeiro — um sinal totalmente inesperado de cortesia. Ele começou a estender a mão para a de Shigeru, percebeu que segurava o machado na sua mão direita e trocou-o, desajeitado, para a esquerda. Depois hesitou, olhando para baixo na direção da mão cheia de calos, ainda manchada com lama e seiva de árvore do trabalho duro do dia.
Shigeru riu, um profundo som estrondoso que era genuinamente divertido.
“Não se preocupe comigo!” ele disse. “Eu mesmo não sou uma flor cheirosa!” E ele levantou sua própria palma, manchada de lama e suja com a viagem, para todos verem.
“Só não esmague os meus minúsculos dedos nesse seu pesado aperto!”
Um murmúrio mudo de diversão correu pelos aldeões observadores. Horace sentiu uma pequena diminuição na tensão. O madeireiro abriu um sorriso em resposta e estendeu-se para apertar a mão de Shigeru.
“Eu sou Eiko,” ele disse.
Shigeru assentiu, gravando o nome na memória. Horace sabia que o Imperador poderia ser apresentado a outras vinte pessoas naquela noite e ele lembraria todos os nomes deles depois de ouví-los uma vez. Era uma habilidade que Shigeru demonstrara em mais de uma ocasião.
Eiko levantou a cabeça para um lado, esperançoso, perguntando-se se o Senshi responderia com o nome dele. Se fizesse, seria a primeira vez. Os Senshi normalmente proclamavam seus nomes em voz alta, esperando que classes menores reagissem com respeito e pavor. Na experiência de Eiko, eles não trocavam nomes em amizade com carregadores de machado Kikori.
Shigeru manteve a pausa apenas tempo suficiente para certificar-se de que todos estavam prestando atenção nele. Depois ele recuou a mão, sacudindo-a um pouco em respeito brincalhão à força do aperto de Eiko.
“Prazer em conhecê-lo, Eiko. Eu sou Shigeru Motodato.”
Houve um influxo de fôlego dos aldeões agrupados. Eles conheciam o nome, naturalmente. Houvera rumores que Shigeru estava visitando o seu chalé na montanha, não muito longe. E eles ouviram outros rumores ao longo dos passados anos. Era dito que aquele Imperador era um amigo das classes menores, que ele falava fácil e livremente com fazendeiros, pescadores e lenhadores quando os encontrava, recusandose a contar com a sua dignidade e tratando eles como amigos.
“Ah,” disse Shigeru, como se acrescentasse a uma reflexão posterior, “às vezes o povo se refere a mim como ‘o Imperador’.”
Ele virou, sorrindo para as pessoas em torno dele, e realizou aquele movimento para fazer o seu manto exterior abrir, revelando o brasão dos Motodato na parte superior esquerda da túnica — três cerejas vermelhas estilizadas. Era um brasão real, é claro, reconhecido por toda Nihon-Jin.
Agora o influxo sussurrado de fôlego se tornou um coro geral de respeito e cada um dos aldeões curvou as cabeças e se abaixaram a um joelho em respeito ao Imperador. Não sobrava mais dúvida que aquele era ele. Era uma ofensa punível de morte para qualquer outro a não ser o Imperador ou sua companhia usar o símbolo real. Eles não conseguiam imaginar alguém ser tolo o suficiente para fazer aquilo.
Mas agora Shigeru avançou para o meio deles. Ele escolheu uma mulher idosa de cabelo cinza e curvada após uma vida de trabalho duro, abaixou-se e pegou a mão dela, gentilmente ajudando-a a se levantar.
“Por favor! Por favor! Não precisa dessa formalidade! Vamos, mãe! Levante-se! Não fique toda suja só por minha causa!”
A mulher se levantou, mas ainda manteve a cabeça abaixada respeitosamente. Outros na multidão ainda levantavam as cabeças enquanto Shigeru estendia-se, levantando o queixo dela com a mão para que os olhos deles se encontrassem. Ele viu surpresa misturada com respeito, então um súbito brilho de afeição no rosto alinhado.
“Assim é melhor! Afinal, você trabalhou duro a sua vida inteira, não foi?”
“Sim, senhor,” murmurou ela.
“Mais duro que eu, aposto. Tem algum filho?”
“Oito, meu senhor.”
“Oito? Meu senhor!” disse Shigeru, habilmente repetindo a sua frase, mas alterando a inflexão de uma das palavras colocando um respeito aterrorizado. Risadas correram pelos aldeões reunidos. “Você definitivamente esteve trabalhando mais duro que eu!”
“E dezessete netos, meu senhor,” a mulher disse, encorajada agora pelos modos leves dele. Shigeru assobiou em surpresa e deu um tapa na testa.
“Dezessete! Aposto que você os mima, não?”
“Não mesmo, Lord Shigeru!” ela respondeu indignada. “Se eles me provocam, eles sentem a palma da minha mão no traseiro deles!”
As mãos delas voaram à boca em terror quando percebeu que dissera “traseiro” na frente do Imperador. Mas Shigeru meramente sorriu para ela.
“Nada para se envergonhar, mãe. Todos temos um traseiro, sabe.”
A risada ficou mais alta. Shigeru virou para a multidão e fez um gesto para cima com as mãos. “Por favor! Por favor! Não se curvem e se desvalorizem! Levantem-se, todos vocês!”
E eles fizeram com uma mistura de espanto e diversão à aproximação calma e informal dele. Eles eram um grupo sagaz, difícil de enganar. E eles sentiam como a maioria das pessoas sentia na primeira vez que encontrava Shigeru, que ele era genuíno. Ele gostava do povo. Não havia falsidade nem vaidade nele.
Instintivamente, os aldeões se moveram para um pouco mais perto do seu Imperador. Mas o movimento não era ameaçador. Eles simplesmente queriam dar uma olhada melhor naquele personagem legendário. Era estranho alguém tão glorificado visitar um pequeno vilarejo como aquele — e rir e brincar com os habitantes.
“Este é um belo vilarejo,” dizia Shigeru enquanto olhava em volta das filas de chalés limpos e de colmo. “Como é chamado?” Ele escolheu um jovem menino para a sua pergunta — um garoto na adolescência, supôs Horace.
O jovem ficou com a língua travada por alguns segundos. Ele fitou de olhos arregalados o seu Imperador, não acreditando que fora direcionado por tal personalidade importante.
Uma mulher de pé ao lado dele, provavelmente a sua mãe, Horace pensou, o cutucou com o cotovelo e sibilou algo a ele. Assim encorajado, ele gaguejou uma resposta.
“Chamamos de mura, meu senhor,” ele disse. O seu tom pareceu deduzir que Shigeru deveria saber daquilo. Houve algumas risadas mudas da multidão, mas Shigeru sorriu radiante para ele.
“E esse é um nome excelente!” ele disse. Os aldeões riram em voz alta mais uma vez.
Horace ficou confuso até um da escolta margear o cavalo para mais perto e dizer numa voz baixa, “Mura significa ‘vilarejo’ na língua de Nihon-Jin.”
“E tem, por alguma chance, uma nascente quente em algum lugar perto desse mura?” perguntou Shigeru.
Correram vários murmúrios afirmativos daqueles em torno dele. Não era algo de surpreender. Havia nascentes quentes por todas aquelas montanhas e, onde possível, os Kikori situavam seus vilarejos perto delas. Horace sentiu um braço quente de prazer fluir por ele. Nascentes quentes significavam um banho quente. O povo de Nihon-Jin amava banhos quentes e Horace começara a gostar do hábito desde que chegara ali.
Depois de um dia de equitação dura e músculos doloridos, a idéia de afundar em água escaldante e acabar com as dores do dia era quase boa demais para agüentar pensar nela.
A dica gentil de Shigeru pareceu ajudar os aldeões a lembrar do seu senso de hospitalidade. Um homem mais velho, que estivera na segunda fila de pessoas em volta do Imperador, agora avançou e se curvou profundamente.
“Minhas desculpas, Lord Shigeru! Na felicidade em vê-lo, esquecemos de nossas boas maneiras. Eu sou Ayagi, ancião do vilarejo. Por favor, desmonte os seus homens. O meu povo cuidará dos seus cavalos e prepararemos banhos quentes e comida para vocês e os seus homens. Estaríamos honrados se vocês aceitassem qualquer tipo de hospitalidade tosca que possamos oferecer. Temo que não isso não seja digno de um Imperador, mas será o melhor que possamos fazer!”
Shigeru estendeu uma mão e pousou-a no ombro do ancião do vilarejo.
“Meu amigo,” ele disse, “você pode ficar surpreso com o que é digno de um Imperador nesses tempos.” Ele virou e assinalou para os seus homens desmontarem. Alguns dos aldeões avançaram para pegar as rédeas dos cavalos e levá-los embora. Ao comando de Ayagi, outros saíram correndo para preparar comida aos visitantes inesperados. Horace suspirou levemente quando desceu da sela.
“Me leve para aquele banho e deixe-me feliz,” ele disse para ninguém em particular.
13
“Abaixar velas”, ordenou Gundar. “Equipar remos, homens”.
Enquanto os manejadores de vela traziam a longa retranca curvada e a sua vela ondulante abaixo ao convés, os remadores designados estavam desalojando os remos de madeira de carvalho branco e encaixando-os nos tolete. Na hora em que a vela foi enrolada e envolta na retranca, os remadores estavam nos seus bancos. Eles cuspiram nas mãos, giraram os ombros e esticaram os músculos, preparando-se para o duro trabalho de levar o barco à frente.
O Wolfwill balançou gentilmente nas ondas, uns cem metros de uma baixa costa sem traços característicos. Não havia colinas ou árvores a vista. Apenas areia castanha e rochas que se estiravam tão longe quanto os olhos podiam ver. E diretamente na frente deles, o que parecia ser a desembocadura de um pequeno rio era apenas visível.
“Pronto capitão!” Gritou o remador líder. Era Nils Ropehander, Will notou sem surpresa. Nils era um dos mais corpulentos e fortes na tripulação. Ele era uma escolha lógica para ser o remador líder e iria dar um passo rápido nos outros.
Ele também não era o mais inteligente ou curioso dos homens e Will notou ao longo dos anos que aquelas qualidades, ou falta daquilo, geralmente eram a marca de um excelente remador. Sem nada mais para distrair a sua mente, um homem assim podia se concentrar completamente na seqüência e ritmo necessários da arte de remar: Para cima, giro, para frente, giro, para baixo, para trás.
“Então é isso?” Disse Halt, olhando agudamente para o buraco na costa baixa. “É a desembocadura do Canal Assaranyan?”.
Gundar hesitou. Ele olhou para o sol e o horizonte, depois abaixou para o mapa no pergaminho que ele estendia numa pequena mesa no lado estibordo.
“Segundo esse mapa genovês que comprei antes de partirmos da Toscana, é isso”, ele disse. “Digo, assumindo que algum genovês possa desenhar um mapa certo. Ouvi que as habilidades deles são mais na área de matar pessoas que de fazer mapas”.
“É verdade”, falou Halt. Genovesa tinha uma longa história no alto-mar, mas nas épocas mais recentes a cidade ficou sem honra por causa de seus assassinos altamente treinados, que trabalhavam como matadores de aluguel por todo o continente — e ocasionalmente, como Halt e Will descobriram há pouco tempo atrás, em Araluen.
“Os genoveses não são tão ruins”, disse Will. “Basta você conseguir atirar neles antes deles atirarem em você”.
“Vamos chegar um pouco mais perto”, disse Gundar. “Remos! Cedam! Devagar, Nils!”.
“Sim, capitão!” Nils gritou de sua posição na proa do navio. “Remadores! Prontos!”.
Dezesseis longos remos se ergueram de uma vez só, balançando suavemente para frente enquanto os remadores se inclinavam para a popa, pressionando os pés nas travas na frente deles.
“Cedam!” Exclamou Nils. Os remos mergulharam na água e os remadores se levantaram contra seus cabos, com Nils pronunciando uma relaxada cadência para as primeiras vogas a marcar o ritmo. Instantaneamente, o Wolfship veio à vida novamente, cortando a água calma enquanto os remos o impulsionavam à frente, uma pequena onda curva gorgolejando debaixo do seu talhamar.
“Está planejando passar a remo?” Halt perguntou a Gundar, olhando para a tira reveladora de lã no topo do mastro. Indicava que o vento estava levemente no lado perto da popa e eles aprenderam ao longo dos passados dias que aquele era um dos melhores e mais rápidos pontos de navegação do barco. Gundar notou o olhar e sacudiu a cabeça.
“Perderíamos muita distância a sotavento”, ele disse brevemente. “Esse canal é estreito demais para isso. Avançaríamos, naturalmente, mas perderíamos distância a favor do vento. Temos que voltar de novo muito cedo. Não é um problema no mar aberto, antes temos bastante espaço, mas é inepto num espaço confinado como esse”.Ele olhou com cuidado da costa, agora muito mais perto deles.
“Nils!” O capitão chamou. “Levantar remos!”.
Os remos se ergueram, pingando, da água. Os remadores descansaram neles, mantendo a pá fora do mar. Acostumados a trabalho físico como eles eram, nenhum deles estava ao menos respirando com dificuldade. Lentamente, o navio deslizou até parar mais uma vez, balançando gentilmente nas pequenas ondas.
Gundar cobriu os olhos, olhando atentamente para a estreita abertura — mal trinta metros de largura. Ele olhou para o mapa e as anotações de coordenação que vinham com ele, fungou na brisa, depois olhou de olhos cerrados para a posição do sol no céu.
Will entendeu que aquela era a parte do sistema de navegação instintiva que os escandinavos confiavam. Alguns deles, Oberjarl Erak, por exemplo, eram mestres da arte. Parecia que Gundar era outro adepto.
Mas obviamente, não doía pedir uma segunda opinião. O capitão olhou em volta, procurando Selethen. De todos os outros, ele tinha mais conhecimento daquela parte do mundo.
“Já esteve aqui antes, Selethen?” Perguntou.
O Wakir sacudiu a cabeça. “Nunca estive tão longe a leste. Mas ouvir falar do Canal Assaranyan, naturalmente. Aqui é onde eu esperava que ele estivesse. Mais longe ao norte e sul, a terra fica mais montanhosa”.
Todos seguiram o olhar dele pela costa. Ele tinha razão. Ali, a costa era lisa e baixa. Em cada lado, norte e sul, a terra castanha e seca crescia em pequenos morros.
“Que exatamente é esse Canal Assaranyan, afinal?” Perguntou Will.
Evanlyn, que estudara a rota da viagem antes de partir de Araluen, respondeu. “É um canal através da parte mais estreito de terra aqui. Estende-se por quarenta ou cinqüenta quilômetros, depois abre em uma hidrovia natural para o Oceano do Leste”.
“Uma hidrovia natural?” Perguntou Will. “Você está dizendo que essa parte não é natural?” Ele gesticulou para a desembocadura de rio nada impressionante mais adiante.
“O povo acredita que foi feito pelo homem — centenas, talvez milhares de anos atrás”.
“Estende-se direto através dessa área baixa — é por isso que foi construída aqui” .
“É claro”, falou Will. “E quem construiu?”.
Evanlyn deu de ombros. “Ninguém sabe ao certo. Assumimos que tenha sido os Assaranyans”.Evitando a pergunta seguinte de Will, ela continuou: “Eles eram uma raça antiga, mas sabemos de poucas coisas preciosas em relação a eles”.
“Exceto que eles são excelentes escavadores”, disse Alyss secamente.
Evanlyn a corrigiu, mas sem qualquer senso de superioridade. “Ou eles tinham muito tempo e muitos escravos”.
Alyss reconheceu a afirmação. “Talvez mais provavelmente”.
Will não disse nada. Ele fitou a abertura do canal. Parecia tão significante, ele pensou. Depois ele pensou na mão-de-obra envolvida em cavar um canal de cinqüenta quilômetros por aquela terra seca e áspera. A perspectiva era ofensiva.
Gundar pareceu chegar a uma decisão.
“Bem, como a minha velha mãe costumava dizer: se isso parece com um pato, faz quack como um pato e anda como pato, isso é provavelmente um pato”.
“Muito sábio”, respondeu Halt. “E o que exatamente as palavras de sabedoria de sua mãe tem a ver com essa situação?”.
Gundar deu de ombros. “Parece um canal. Está no lugar certo para um canal. Se eu estivesse escavando um, esse é o lugar onde eu escavaria um canal. Então...”.
“Então isso é provavelmente um canal?” Disse Selethen.
Gundar abriu um sorriso para ele. “Ou isso, ou é um pato”, ele disse. Depois, unindo as mãos em forma de copo na boca, ele gritou para Nils. “Vamos continuar nos mexendo, Nils! Diminua!”.
O remador líder assentiu. “Remos! Prontos!”.
Novamente houve o barulho de remos nos toletes e o grunhido involuntário dos remadores enquanto eles se preparavam para a voga.
“Cedam todos!”.
O Wolfwill foi impelido para frente outra vez, reunindo velocidade com cada voga triunfante, depois se assentando para um plano deslize pela água. Gundar, com os olhos semicerrados em concentração se inclinou sobre a cana do leme a estibordo para alinhar a proa com o centro do canal.
Eles ficaram em silêncio. O único som era o rangido e gemido dos remos nos seus toletes enquanto se balançavam para cima e para baixo, para trás e para frente, em uníssono, e o grunhido ocasional de esforço de um dos remadores. A imensidade íngreme do trabalho tomado por aquele povo antigo estabeleceu meio que um pavor sobre os viajantes enquanto o navio deslizava plano pelo apático canal reto abaixo.
Tinha que ser feito por homens pensou Alyss. Nenhum rio natural era tão reto. Conforme eles se distanciavam do oceano, o vago deserto castanho os comprimia em todos os lados e o frescor da brisa do mar, mesmo leve, se perdia deles. O canal se alargava conforme progrediam, até cada lado estar há cem metros. A erosão ao longo dos anos alargara o canal consideravelmente. Em cada declive, o chão imediato parecia macio e ilusório a outros vinte metros aproximadamente.
Selethen notou Alyss estudando o chão.
“Pise ali e você pode não sair viva”, ele disse, pensativo. “Aposto que é areia movediça”.Alyss assentiu. Ela estivera pensando a mesma coisa.
O calor abateu-se sobre eles, dobrando-se em volta deles como um cobertor. O ar ficou pesado com aquilo.
Gundar falou suavemente para dois tripulantes. Eles se apressaram para a popa e atiraram baldes pelos lados para puxar a água. Depois passaram pelos bancos dos remadores, jogando a água fria sobre os homens trabalhando duro. Alguns dos remadores murmuraram, agradecendo.
Os escandinavos, viajantes experientes como eram, haviam todos vestido camisas de linho com longas mangas e tinham mais do mesmo material presas em volta das cabeças, como bandanas para protegê-los do sol. Nas águas mais frias do norte, Will geralmente os via com peito nu, aparentemente impenetráveis ao frio. Eles eram uma etnia de pele clara e anos de viagens nas águas quentes do Mar Constante os ensinaram a respeitar o poder quente do sol.
A água do mar jogada neles encharcou as suas camisas, mas Will notou que eles ficaram secos dentro de poucos minutos. Ele lembrou-se de sua própria experiência com o poder do sol, no deserto de Arrida alguns anos atrás, e estremeceu com a memória.
Alguns dos tripulantes se ocuparam encordoando tendas de lona para que aqueles que não estivessem engajados em remar pudessem se abrigar na sua sombra. Era um alívio bem-vindo sair do olhar direto do sol. Mas o ar em si ainda estava pesado e opressivo.
Will olhou rapidamente sobre a popa. Agora não havia sinal de mar azul cintilante atrás deles. Só aquele rio castanho cortando direto através da igualmente castanha areia.
“Quanto vai demorar a passagem?” Ele perguntou a Gundar. Por algum motivo, ele falou suavemente. Parecia apropriado naquela quietude opressiva.
Gundar considerou a pergunta. Quando respondeu, parecia que ele tinha a mesma aversão a fazer barulho demais.
“Cinco, talvez seis horas”, disse. Depois reconsiderou. “Pode ser mais. Os homens vão cansar mais rapidamente nesse calor”.
Agindo com aquele pensamento, ele deu uma ordem e a tripulação de ajuda aos remadores começou a trocar de lugar com eles. Fizeram isso gradualmente, um par de remos por vez, trabalhando na frente da popa. Daquele jeito, o navio manteve a sua velocidade pela água castanha e escura debaixo deles. Conforme cada parte de remadores abandonavam os remos para os seus substitutos, esparramavam-se instantaneamente no convés, na sombra das tendas. Eles estavam cansados, mas longe de exaustos, Will sabia. Ele tivera várias experiências com tripulantes escandinavos no passado. Possuíam uma habilidade inata de cair no sono quase que em qualquer lugar, quase imediatamente. Em uma hora aproximadamente, estariam descansados e prontos para substituir os seus companheiros nos remos novamente.
“Podemos até ancorar no canal quando escurecer”, falou Gundar. “Não haverá lua até quase a metade da madrugada, e pode ser uma boa idéia descansar nas horas frias”.
Will podia entender a sabedoria daquilo. O canal podia ser reto, mas sem nenhum ponto de referência para guiá-los, a água castanha iria imergir com os baixos bancos castanhos em cada lado. Eles possivelmente poderiam virar um lado ou o outro e correr para o chão.
“Não é uma boa idéia”, disse Halt discretamente. “Temos companhia”.
14
Ayagi e o seu povo ficaram pálidos com a notícia da rebelião de Arisaka contra o Imperador. O povo comum de Nihon-Jin pensava no Imperador como uma pessoa cuja ascensão ao trono era guiada e consagrada pelos deuses. Revoltar-se contra ele era um sacrilégio impensável.
“Nós somos o seu povo, Senhor Shigeru.” o ancião de cabelo branco do vilarejo disse. “Diga-nos o que quer que façamos. Ficaremos do seu lado contra Arisaka.”
Houve um indignado estrondo de aprovação dos outros aldeões. Principalmente entre eles, Horace notou, estava Eiko, o corpulento madeireiro que Shigeru apertara as mãos primeiro. Ayagi podia ser o ancião do vilarejo, mas Eiko era obviamente uma pessoa de considerável influência entre os Kikori mais novos.
“Agradeço, meus amigos,” respondeu Shigeru. “Mas, no momento, espero evitar mais derramamento de sangue. Tudo que precisamos é de um guia para o vilarejo de...”
Ele hesitou e olhou para Shukin, pedindo o nome do vilarejo que denominara como o ponto de encontro com Reito e os sobreviventes do exército.
“Kawagishi.” disse Shukin. “O Vilarejo no Barranco.”
Ayagi se curvou. “Conhecemos este vilarejo,” disse. “O meu sobrinho, Mikeru, mostrará o caminho para vocês pela manhã.”
Shigeru se curvou de sua posição sentada. “Obrigado, Ayagi. E agora paremos de falar nesse desentendimento com Arisaka. Algum de vocês tem alguma música favorita para todos nós cantarmos?”
Um banho quente, comida quente, roupas secas e uma cama seca e aquecida para a noite causava maravilhas no corpo cansado de Horace.
Logo após o amanhecer, o Imperador e o seu grupo acordaram, tomaram café da manhã e se prepararam para mudarem-se mais uma vez. A chuva parara durante a noite e o céu estava limpo num azul brilhante. A respiração de Horace emitia vapor no ar frio quando ele exalava. Uma das aldeãs pegara as roupas molhadas e sujas da viagem dele durante e noite, e as limpou e secou. O mesmo serviço fora efetuado para o resto dos viajantes. Vestindo roupas limpas, ainda quentes do fogo em que elas haviam secado na frente, estava um luxo ilustre.
Houve o normal alvoroço e confusão envolvidos na hora do “partir”. Os cavaleiros inspecionaram as tiras dos seus cinturões. Armas foram verificadas, correias apertadas, armadura ajustada. Como era o seu hábito, Horace limpou e afiou a sua espada na noite anterior, antes de deslizar entre os cobertores aquecidos deixados no chão de esteiras do seu quarto. Ele supôs que cada um dos Senshi fizera o mesmo.
Enquanto o resto do grupo montava, Shukin ficou para trás. Ele pôs uma mão no bolso do seu cinto e tirou uma mão cheia de moedas de ouro, cada uma gravada com o brasão de três cerejas.
Ayagi viu o movimento e recuou, estendendo as mãos na frente dele.
“Não! Não, Senhor Shukin! Não queremos pagamento! Foi um prazer ter o Imperador como nosso convidado!”
Shukin sorriu para ele. Ele esperava aquela reação, mas sabia que naqueles tempos eram duros nas montanhas e os Kikori tinham pouco para economizar. Ele tinha a sua resposta pronta para o protesto de Ayagi.
“O Imperador, talvez,” disse. “Mas ninguém esperaria que vocês suprissem uma dúzia de Senshi famintos — ou um gaijin pesado com o apetite de um urso negro!”
Ele indicou Horace quando disse isso, sorrindo para certificar-se que Horace sabia que ele estava brincando. Horace sacudiu a cabeça tristemente. Ele não podia disputar com o fato de que comera mais do que qualquer outro no grupo. As porções de comida de Nihon-Jin pareciam tão poucas para ele, e ele era famoso até em Araluen pelo seu prodigioso apetite.
Os aldeões riram. Horace provou-se ser uma figura de grande interesse e popularidade entre os Kikori. Ele era refinado, modesto e pronto para juntar-se ao grupo de canto de músicas favoritas — ainda que houvesse mais entusiasmo do que melodia.
Até Ayagi sorriu. O seu senso de hospitalidade o deixou relutante em pegar o dinheiro, mas ele sabia que se não pegasse, o seu povo ficaria com pouco dinheiro. Com o ouro que Shukin estava oferecendo, eles poderiam comprar mais suprimentos no mercado mensal em um dos vilarejos maiores.
“Tudo bem, então.” ele disse, rendendo-se com boa graça, “em respeito ao kurokuma...”
Ele aceitou as moedas e foi dado a Horace o nome pelo qual ele seria conhecido entre o povo de Nihon-Jin — Kurokuma ou Urso Negro. Na hora, contudo, ele não prestava atenção. Estava ocupado fixando uma tira frouxa no saco de dormir amarrado atrás de sua sela e perdeu a afirmação de Ayagi.
Shukin curvou-se graciosamente e Ayagi retornou o gesto. Depois virou e curvou-se para o Imperador, com todos os aldeões presentes fazendo o mesmo.
“Obrigado, Ayagi-san,” disse Shigeru, levantando a mão para todos eles, “e obrigado, Kikori.”
Os aldeões permaneceram de cabeça abaixada enquanto o pequeno grupo ia embora galopando do vilarejo.
Mikeru, o sobrinho do ancião, era um jovem de aproximadamente dezesseis anos magro com um rosto sagaz. Ele estava montado num pequeno cavalo de corrida de pelo felpudo — o tipo que o povo Kikori usava como animais de carga quando eles iam buscar lenha. Ele era familiar com a área, naturalmente, e os levou por uma rota muito mais curta do que a rota mostrada no mapa que Shukin carregava. Estiveram viajando por menos de uma hora quando alcançaram o vau no rio que Shukin esperava cruzar antes de anoitecer. Atravessaram em fila única, os cavalos pisando com cuidado nas
pedras escorregadias debaixo de seus cascos. A água subiu até a altura do ombro nos cavalos e era gelada enquanto encharcava as perneiras e botas de Horace.
“Que bom não estar chovendo,” murmurou enquanto subia a cavalo a grande ribanceira, seu cavalo sacudindo-se para tirar o excesso d’água. Ele queria poder fazer o mesmo.
“O que disse Kurokuma?” perguntou um da escolta cavalgando perto dele. Os outros riram com o nome.
“Nada importante.” falou Horace. Depois olhou para eles em suspeita. “Que negócio de ‘kurokuma’ é esse?”
O Senshi olhou para ele com um rosto totalmente impassível.
“É um termo de grande respeito.” explicou ele. Vários outros, ao alcance da voz, assentiram em confirmação. Eles também conseguiram manter um rosto impassível. Era uma habilidade que o povo de Nihon-Jin rematara.
“Grande respeito.” um deles ecoou. Horace estudou todos, cautelosos. Ninguém sorria. Mas ele sabia agora que aquilo não tinha nada a ver com o Nihon-Jin. Ele sentia que havia uma piada que ele estava perdendo, mas não conseguiu pensar em uma maneira de descobrir o que poderia ser. Melhor manter a dignidade, ele pensou.
“Bem, eu já achava que sim.” falou para eles, e avançou.
Logo após atravessarem o rio, Mikeru os levou para um pedaço de terra limpo na lateral da trilha, firmado na borda de um despenhadeiro plano que descia ao vale abaixo.
Era aquela paisagem que Shukin queria chegar. Ele, Shigeru e Horace desmontaram e se aproximaram da beira. Horace respirou fundo. A borda do despenhadeiro era abrupta, como se tivesse sido cortada por uma faca. A montanha descia vários milhares de metros para um vale. Eles podiam ver as montanhas em que estiveram escalando e, atrás delas, as baixas terras lisas.
Horace, que nunca gostava da sensação de estar em lugares altos, manteve distância da borda do despenhadeiro. Shukin e Shigeru não tinham tais aflições. Eles ficaram a menos de um metro da tremenda queda, olhando atentamente os vales lá embaixo, cobrindo os olhos do claro sol da manhã. Aí Shukin apontou.
“Lá,” falou brevemente.
Shigeru seguiu a direção em que o dedo dele apontava, e grunhiu. Horace, de pé vários metros atrás da borda, tentou estender o pescoço e ver o que estavam olhando, mas sua visão estava obstruída. Shukin notou e o chamou.
“Aproxime-se, Or’ss-san. É totalmente seguro.”
Shigeru sorriu para o primo. “Não deveria ser Kurokuma?”
Shukin sorriu em troca. “Naturalmente. Aproxime-se, Kurokuma. É totalmente seguro.”
Horace aproximou-se arrastando os pés até a borda, por instinto mantendo o seu peso inclinado para fora da queda. Uma experiência amarga no passado o ensinou que,
mesmo que odiasse estar em lugares altos, ele era paradoxalmente atraída à borda quando fica em uma, como se achasse a queda irresistível.
“Totalmente seguro é o meu pé.” murmurou para si próprio. “E o que é esse Kurokuma que todos vocês insistem em me chamar?”
“É um termo de grande respeito.” contou Shigeru.
“Grande respeito.” ecoou Shukin.
Horace olhou de um ao outro. Não havia sinais no rosto dos dois denunciando-os que aquilo era uma brincadeira.
“Muito bem,” ele disse, continuou a avançar arrastando os pés. Então, olhando na direção que Shukin indicou, ele esqueceu todo o seu ódio de alturas e termos de grande respeito.
No vasto vale, seguindo lentamente a trilha aferrada numa encosta de montanha oposta a eles, ele pôde distinguir uma fileira de homens. O sol cintilava por acaso no equipamento deles enquanto se mexiam e a luz batia nos elmos, pontas de lança e espadas.
“Arisaka,” Shukin disse. Ele olhou da fileira de minúsculas figuras até a crista da montanha em que estavam escalando, depois para a série seguinte de cumes. “Ele está mais perto do que eu esperava.”
“Tem certeza?” perguntou Horace. “Pode ser Reito e os sobreviventes do exército real.” Mas Shigeru sacudiu a cabeça.
“São muitos,” ele falou. “E, além disso, Reito-san deveria estar mais perto de nós.”
“Qual à distância deles a seu ver?” perguntou Horace. Mesmo que estivesse viajando por aquele interior, ele não tinha certeza de qual a velocidade de que um grande grupo pudesse cobrir terreno — e ele não tinha nenhuma idéia real de quanto separava o exército de Arisaka e eles.
“Acho que quatro dias atrás de nós.” estimou Shigeru, mas Shukin sacudiu a cabeça.
“Mais perto de três.” ele disse. “Vamos ter que ser mais rápidos se quisermos alcançar Ran-Koshi antes deles nos pegarem.”
“Isso se pudermos encontrar Ran-Koshi,” falou Horace. “Até agora ninguém parece saber onde é.”
Shukin encontrou o seu olhar ao nível. “Vamos encontrar.” falou com firmeza. “Ou encontramos, ou não teremos chance.”
“Ayagi-san estava confiante de que haveria pessoas no Vilarejo da Margem que saberiam sobre isso. Alguns dos mais velhos em particular, ele disse.”
“Bem, não vamos chegar nem um pouco mais perto de lá ficando aqui batendo papo,” falou Horace e Shukin sorriu apreciado.
“Bem dito, Kurokuma.”
Horace inclinou a cabeça e olhou o líder Senshi. “Acho que prefiro isso a Or’ss-san,” falou. “Não está muito seguro, se importa.”
“É um termo de grande respeito,” falou Shukin para ele.
“Grande respeito,” confirmou Shigeru.
O olhar de Horace trocou de um lado para o outro entre eles. “É isso que me deixa inseguro.”
Shigeru abriu um sorriso e deu um tapinha no ombro dele. “Vamos voltar aos cavalos. Como você diz, não vamos chegar nem um pouco mais perto do Vilarejo na Margem do Rio enquanto ficarmos aqui batendo papo.”
Eles alcançaram o vilarejo em outras duas horas. Enquanto cavalgavam, uma figura familiar saiu a passos largos de um dos chalés para recebê-los. Horace reconheceu Reito, o Senshi que trouxera a eles a notícia da rebelião de Arisaka. Ele olhou o vilarejo e tornou-se ciente de que havia outros Senshi ali, os sobreviventes do exército de Shigeru em Ito. Vários deles estavam feridos, com bandagens manchadas de sangue nos ferimentos. Alguns vagueavam pelo vilarejo, na maioria das vezes coxeando duro. Mas vários deles estavam ainda deitados em macas. Ele ouviu Shukin dar um profundo suspiro.
“Vamos ter que ir muito mais devagar daqui em diante,” o líder Senshi disse.
15
Havia um único cavaleiro cavalgando pela ribanceira do norte do Canal Assaranyan, mantendo o passo com o navio, paralelo ao curso deles. O homem usava robes brancas e ondulantes e um turbante branco na cabeça, com uma cauda imensa de tecido que protegia o seu pescoço do sol. A propósito era similar ao kheffiyeh que Selethen usava, Will supôs.
“Agora de onde vocês acham que ele veio?” Perguntou Gundar, forçando os olhos para olhar mais de perto o recém-chegado.
“Há provavelmente um wadi logo atrás daquela crista”, falou Selethen. Gundar olhou para ele, sem compreender, e ele explicou, “Um sulco raso”.
Mais cedo, eles puderam ver a alguma distância pelo deserto em cada lado do canal. Naquele ponto, porém, a ribanceira aumentava um pouco, de forma que ficava vários metros mais alta do que o nível da água. Agora, eles não podiam ver nada mais do que ribanceiras elevadas.
“Ah... sim. Entendo”.Gundar fez uma pausa. “O que acham que ele está tramando?”.
“Imagino que nada de bom para nós”, falou para ele Selethen. “Olhem. Ele tem amigos”.
Mais três cavaleiros apareceram, aparentemente se ergueram da areia no topo da ribanceira. Eles se juntaram ao primeiro cavaleiro numa formação frouxa. Nenhum deles parecia demonstrar qualquer interesse no navio que continuava a deslizar pelo canal, há sessenta ou setenta metros deles. Selethen tivera razão sobre a areia movediça, Alyss pensou. Os cavaleiros ficavam logo atrás do chão desagregado e escurecido na beira do canal.
Halt estudou-os e pôde distinguir os curtos arcos de cavalaria pendurados nas costas deles. O povo de Selethen usava aqueles arcos. Eles eram eficazes a uma distância próxima, mas perdiam a forma depois de cinqüenta ou sessenta metros. Ainda assim, não doía estar preparado.
“Will”, ele disse calmamente, “poderia trazer os nossos arcos?”.
Will deu-lhe um rápido olhar, então assentiu. Os arcos deles estavam estocando nos baixos alojamentos fechados para dormir, na popa do navio. Ele saiu apressado para pegá-los.
“Esperando encrenca, Halt?” Perguntou Evanlyn.
O Arqueiro deu de ombros. “Eu seria bobo se não esperasse”, falou. “A menos que você possa sugerir um motivo do por quê aqueles quatro cavaleiros simplesmente estão cavalgando junto conosco”.
“Sete”, disse Evanlyn.
Halt olhou novamente, e viu que o número de fato cresceu. Ele também viu que o estilingue de Evanlyn aparecera na sua mão e estava balançando pra frente e pra trás lentamente num movimento pêndulo.
“Vai bem longe esse lançador de pedra seu”, ele disse e Evanlyn deu de ombros.
“Nunca se sabe. Além disso”, ela apontou para além da proa, “o canal parecer estar se estreitando”.
Naquele momento todos olharam para frente e puderam ver que ela tinha razão.
Bancos de areia se formaram no lado norte do canal, diminuindo a largura consideravelmente.
Halt coçou a barba enquanto os estudava. “Hmmm. Não tenho certeza se eles serão capaz de se aproximarem mais, até com aquilo. Aqueles bancos parecem bastante macios para mim”.
Will voltou e passou para Halt o seu arco e uma aljava de flechas. Ele tinha a sua própria aljava pendurada no ombro, e o arco dele e de Halt já estavam encordoados. Halt assentiu o seu agradecimento e flexionou o cordão do arco, experimentando.
“Talvez devêssemos margear para a ribanceira do sul, então?” Sugeriu Selethen.
Aquele lado, eles podiam ver, estava expressivamente livre de bancos de areia. A ribanceira em si parecia ser reta e lisa, erguendo-se quase que na vertical da água a uma altura de cinco ou seis metros.
“É muito convidativo”, Halt disse. “Talvez até demais”.
“Está certo, Arqueiro”, disse Gundar a ele. Os olhos de seu marinheiro, acostumados a procurar por sinais de obstáculos submersos, detectara várias contracorrentes suspeitas na superfície no lado sul do canal. “Eu diria que há obstruções logo abaixo da superfície naquele lado, esperando que nos enrolemos nelas”.
“Bancos de areia, você quer dizer?” Perguntou Selethen.
Gundar sacudiu a cabeça. “Mais provavelmente puas, cepos e pesados cabos postos para parar e segurar-nos rapidamente”.
“Então os rapazes além do cume deste lado podem vir nos visitar quando quiserem”, interferiu Halt. Ele estivera estudando a ribanceira do sul, suspeitando do fato de que os cavaleiros da ribanceira do norte se revelaram, e que a parte do sul do canal parecia oferecer segurança. Alguns segundos antes, ele captara um lampejo de luz, como se o sol brevemente tivesse refletido de uma espada ou elmo. Ele estava desejando apostar que havia um grande número de guerreiros escondidos na ribanceira do sul, esperando o momento de quando o navio se enrolasse nas barreiras subaquáticas que Gundar detectara.
Ele contou aos outros o que vira e todos eles olharam com cautela para a ribanceira do sul. Depois de poucos segundos, Will também captou um pequeno movimento ali.
“Certamente tem alguém ali”, ele falou.
“E com certeza é mais de um”, acrescentou Selethen. “Ali tem uma fraca neblina de pó onde eles se moveram para a posição. Não há vento o suficiente para dispersar essa neblina”.
“Na minha opinião, eles tinham esperanças que a nossa atenção estivesse voltada aos cavaleiros”, Alyss disse.
Exatamente quando ela disse aquilo, os sete cavaleiros na ribanceira do norte aumentaram a velocidades de seus cavalos para se moverem um pouco à frente do navio. Então refrearam e desamarraram seus arcos, encaixando flechas nas cordas.
Halt olhou num sinal de alerta para Gundar, mas o capitão já notara o movimento.
“Escudos no costado!” Ordenou, e a tripulação de ajuda aos remadores, passaram pelo grupo de remo e colocaram oito dos grandes escudos escandinavos em suportes triangulares no costado para cobrir os remadores. Em tantos anos de invasões e lutas, os escandinavos haviam sido atingidos antes e sabiam como se proteger.
“Duvido que estejam a alcance para nos acertar”, falou Halt. “Mas não dói evitar riscos”.
Eles ouviram o familiar ruído e silvo das flechas deixando os arcos e subindo em arco no ar na direção do navio. Como Halt previra, eles não estavam a alcance para os pequenos arcos. Seis das flechas caíram inofensivamente na água. A sétima acertou o casco, um metro acima do nível da água, mas, sem energia, caiu com um vago splash.
“Fora de alcance”, disse Will. “Você estava certo”.
“Não sei se eles realmente queriam nos acertar ou só desviar a atenção”, respondeu Halt. “Mas de um jeito ou de outro, acho que podemos mostrar a eles que é uma má idéia cavalgar ali”.
Ele encaixou uma flecha no cordão de seu arco. Will fez o mesmo. Os cavaleiros lançaram outra saraivada, que caiu novamente a pouco alcance do Wolfwill.
“Pegue aquele na traseira com o turbante roxo, Will. Eu vou pegar o que está no lado dele”, disse Halt com calma. Will assentiu.
“Agora”, disse Halt, e eles levantaram os arcos, puxaram e lançaram em quase um só movimento. As duas flechas, uma preta e uma cinza foram lançadas com os tiros, subindo no ar quente, depois descendo em arco.
Os cavaleiros que Halt escolheu estavam no meio do ato de atirar novamente quando as duas longas flechas pesadas desceram silvando e os acertaram. O alvo de Halt gritou de dor, deixando cair o seu arco e apertando a flecha que de repente o golpeara no braço superior. O homem no turbante roxo não fez nenhum som. Ele tombou de lado da sela e caiu na areia castanha com um som monótono.
Houve gritos de confusão quando os cinco companheiros se dispersavam em pânico.
A mensagem era clara. As saraivadas deles caíram a pouco alcance do alvo, enquanto os dois tiros de volta acertaram os alvos na retaguarda do grupo, os mais distantes do navio. O que significava que todos eles estavam ao alcance facilmente. Subitamente,
eles se sentiram absolutamente expostos. Eles viraram os cavalos da ribanceira e galoparam para a crista, em direção à segurança, o cavalo sem cavaleiro seguindo-os.
Apenas o homem no turbante púrpura permaneceu, deitado imóvel na areia.
Alguns segundos depois, os homens na ribanceira do sul pareceram perceber que a emboscada deles fora detectada. Eles apareceram sobre a crista da ribanceira, acenando armas e gritando insultos e maldições para o navio enquanto este passava deslizando arrogantemente. Eles tinham o dobro de pessoas, vestidos andrajosamente e armados com uma série de espadas, lanças e adagas, com vários arcos curtos entre eles. Os homens com os arcos atiraram algumas saraivadas imperfeitas, mas todos estavam bem longe do navio. Will olhou para Halt, então olhou para o arco nas mãos, mas o Arqueiro barbudo sacudiu a cabeça.
“Deixe-os”, disse Halt. “Eles não podem nos ferir e agora sabem que é mais seguro deixar-nos em paz”.Ele virou para Gundar. “Ao mesmo tempo, pode não ser uma boa idéia ancorar em qualquer lugar no meio do rio para um descanso”.
O sol estava se pondo atrás deles, uma gigante bola transformada em vermelho-sangue pelas minúsculas partículas de areia que flutuavam no ar do deserto, quando eles saíram deslizando quietamente do Canal Assaranyan para o Mar de Sangue — um golfo estreito que levava no fim a espaços imensos do Oceano do Leste.
“Acho que é disso que o nome é derivado”, falou Will, apontando um dedo para a superfície da água atrás deles.
O brilho intenso do pôr do sol estava refletido na superfície da água, transformando à mesma numa espetacular cor vermelha, tremeluzindo e se deslocando nas ondas enquanto prendiam e refletiam a última luz do dia, de forma que a água em si parecesse um mar de sangue.
Uma gentil brisa marinha ressaltou do sul quando eles estavam a vários metros da costa. Estava quente, contudo um calor bem-vindo após aquele mormaço que os engolfara enquanto remavam pelo canal.
“Levantar vela”, ordenou Gundar. Na falta de vento uivante e ondas, ele podia dar suas ordens numa voz muito mais calma do que o seu berro normal. Os manejadores de vela se apressaram para desenrolar a vela de bombordo e içar a retranca delgada que a suportava ao mastro. Quando o vento batia na lona e ela inchava, ele deu mais ordens rápidas.
“Nos remos”.
Os compridos remos se ergueram, pingando, da água. Houve alguns segundos de ruídos e batidas enquanto os remadores os puxavam a bordo e os guardavam no navio.
Ao mesmo tempo, a tripulação de navegação puxava as escotas controlando a vela triangular. No início inchando frouxamente no vento, agora se endureceu numa eficiente curva plana e os passageiros sentiram o empurrão encouraçado do vento tomar efeito. O Wolfwill adernou um pouco a bombordo, então Gundar inclinou o seu peso no leme, rumando o navio para os ângulos certos do vento.
“Afrouxem”, ele gritou. Pôde sentir que a vela, esticada com tanta firmeza, estava fazendo o navio adernar mais do que o necessário e aquilo estava custando velocidade a
eles. O Wolfwill se estabilizou, ficou um pouco mais perpendicular, então precipitou numa aceleração lenta e longa como uma gaivota.
Gundar virou para olhar os passageiros e não pôde evitar sorrir para eles.
“Nunca me canso disso!” Falou e eles sorriram em troca. O clima do navio estava se alegrando, particularmente depois das horas de calor e tensão na travessia do Canal Assaranyan.
“Então o que podemos esperar do Mar de Sangue, Gundar?” Will perguntou ao grande escandinavo robusto.
Gundar braceou o leme com o quadril e abriu as notas de navegação genovesas na pequena mesa de mapa ao lado dele. Consultou o manuscrito cuidadosamente escrito por alguns minutos, depois ergueu o olhar a Will.
“Nessa época do ano, devemos ter ventos constantes”, ele disse. “Embora em um mês ou dois haja uma boa chance de se acalmar”.
Marinheiros, Will notou, sempre queriam que você soubesse das piores notícias, mesmo quando tudo parecia bem.
“E”, continuou Gundar, “as notas dizem para evitar outros navios o máximo possível. Aparentemente o mar aqui está transbordando de piratas”.
“Piratas?” Perguntou Halt.
Gundar assentiu, apontando um dedo para as notas. “É o que diz aqui. Piratas”.
Halt ergueu as duas sobrancelhas de uma vez.
“Piratas”, ele falou. “Oh, céus”.
16
-Sim, eu sei o caminho para Ran-Koshi,o marceneiro disse. Shukin e Shigeru trocaram um rápido olhar. Eles começaram a temer que a lendária fortaleza de Ran-Koshi era só uma lenda. Agora perceberam que talvez acharam um guia.
- Você já foi lá ? Shukin perguntou. Uma coisa era saber se você já esteve lá e outra é saber se você sabe onde é.
- É onde recebemos um outro tipo de madeira, madeira perfumada – Respondeu o aldeão.
Shigeru franziu o cenho, imaginando o que ele quis dizer, seriam árvores.
Vendo a expressão, Shukin disse baixinho: "madeira de cânfora.
Toru, o aldeão, assentiu. "Sim". Eu já ouvi esse nome. "Ele viu a expressão aliviada nos rostos dos dois Senshi e acrescentou um aviso. "É um lugar de difícil acesso. Você vai ter que ir a pé daqui. Cavalos nunca conseguirão seguis nas trilhas de montanha. "Então nós vamos caminhar", disse Shigeru com um sorriso. "Eu posso ser o Imperador, mas eu não sou nem um pouco frágil como uma flor. Eu fiz a minha parte da viagem dura. "
" Você pode terfeito, mas e eles? ", disse Toru, varrendo a mão ao redor das amuradas, espaço comum no centro do Vilarejo da Margem. Os três homens estavam sentados em banquinhos baixos na varanda de madeira polida da casa do chefe da aldeia. O chefe, Jito, tinha convocado Toru para falar com o imperador, quando soube que o partido Senshi procuravam a antiga fortaleza de Ran-Koshi.
Agora, com o gesto de Toru, Shigeru e Shukin olhou para as fileiras de homens reunidos em torno de feridos na praça. Pelo menos um terço dos Senshi que haviam escapado do exército Ariska estavam feridos e alguns deles seriamente. Muitos têm que viajar em macas ou padiolas, e mesmo os que podia andar só poderia viajar lentamente por causa de suas feridas.
"Nosso chefe da aldeia irá oferecer para cuidar deles aqui se você lhe perguntar, 'Toru disse. "Mas você estariam causando grande sofrimento para os moradores se você fizesse isso. "
Shukin fez um gesto pedindo desculpas, colocando a mão no dinheiro da bolsa em seu cinto.
"Naturalmente, nós iríamos pagar ', disse Toru, mas balançou a cabeça.
"O inverno está quase aqui. Os moradores mal tinham armazenado comida suficiente para durar através dos meses mais frios. Eles não podem comer dinheiro e não haveria comida suficiente no mercado local para eles e esses soldados . "
Tinha sido um assunto diferente na vila anterior, Shukin pensou melancolicamente. Ele sabia Toru estava certo. Eles não poderiam pedir à essa pequena aldeia para cuidar e alimentar trinta homens feridos durante vários meses. Seja como for, ele estava
relutante em deixar os Senshi para trás. Muitos deles iriam se recuperar e que daria a Shigeru um núcleo de guerreiros treinados. Não é um exército, talvez, mas o início para um. Eles não podiam se dar ao luxo de abandonar uma força potencial como aquela.
"Os feridos virão conosco", disse Shigeru, interrompendo-os. Seu tom de voz mostrava que não haveria discussão.
"Nós apenas temos de agir. E teremos de agir rapidamente.”
Toru encolheu os ombros.” Não é tão fácil de fazer.”
Ele foi respeitoso para com o Imperador, mas não em respeito a ele. Os Kikori eram pessoas práticas e não viu nenhuma razão para concordar com Shigeru quando ele sabia que estava errado. Isso não estaria fazendo ao Imperador e seus homens quaisquer favores.
"No entanto, nós o faremos", disse Shigeru. "Talvez alguns dos homens mais fortes da vila atuariam como maqueiros para nós. Novamente, gostaríamos de pagar.
Toru considerou esta. A estação de recolha de madeira acabou. Alguns dos homens mais jovens poderiam estar dispostos a complementar sua renda. Seria dinheiro que poderia ser reservado para os meses mais quentes, quando o mercado teria mais itens à venda.
“ Isso é possível", ele concordou. Como negociador, ele estava prestes a acrescentar que os homens teriam o direito de cobrar extra para as dificuldades de deixar suas casas e famílias e seguir através das montanhas no inverno que se aproximava quando levantaram vozes a partir da borda da floresta distraído todos eles.
Eles se viraram para olhar e viram um grupo de pessoas saindo das árvores. Cerca de vinte deles. Seriam Kikori, por sua vestimenta, Shukin pensou. Depois, ele franziu a testa. O homem atarracado líder do grupo, com um machado pousado casualmente na mão, parecia familiar.
“Estranhos", disse Toru. "O que os traz aqui, eu me pergunto?
Ele olhou apontando para os dois primos. Seu processo de pensamento era óbvio. De uma forma ou de outra, eles trouxeram os estrangeiros da outra vila. Então Shukin reconheceu o líder dos recém-chegados e parecia que Toru estava certo.
"É Eiko", disse ele, levantando-se do banquinho.
Shigeru e Shukin sairam da varanda caminhando em direção a Eiko e seus companheiros. Toru seguia com outros membros da aldeia e reuniram-se em torno dos recém-chegados. Aldeias individuais toleravam seus vizinhos, mas tendiam a ficar sozinhos. Cada grupo tinha suas próprias fontes secretas de madeira e eles guardavam as localizações destes recursos dos forasteiros. Os moradores receberam os estranhos educadamente, mas não efusivamente.
O chefe deu um passo adiante.
"Eu sou chefe Jito, do Vilarejo da Margem, o que o traz aqui, estranho - e como podemos ajudar você ?”
Seu tom de voz não deixou dúvidas de que sua oferta de ajuda foi apenas uma formalidade.
Eiko inclinou educadamente - uma rápida redução da cabeça que foi todo o protocolo exigido para um chefe de aldeia.
- Saudações Jito-San. Me chamo Eiko. Olhando depois de Jito ele viu o imperador e Shukin, facilmente reconhecível dos aldeões com suas roupas Senshi. Desta vez ele disse profundamente:
- Saudações, Lord Shigeru.
.Jito olhou bruscamente para o imperador assim que ele ouviu as palavras ditas por Eiko. Ele não estava inteiramente feliz de ter mais estrangeiros em sua população. Os Senshi feridos tinham que exercer uma forte pressão nos recursos da vila. Num momento em que eles deveriam estar fazendo os preparativos finais para a próximo inverno, os moradores foram distraídos por ter de cuidar dos soldados feridos.
- Bom dia Eiko.Há algum tipo de problema? Olhos aguçados do Imperador tinha notado que alguns dos recém-chegados estavam feridos. Meia dúzia estavam enfaixados e outros três sendo ajudados por amigos.
-"Você conhece essas pessoas, meu senhor? 'Jito perguntou desconfiado.Shigeru assentiu. “Eles nos ofereceram abrigo noite passada. Eu estou com medo que isso lhes custou caro.” A última declaração foi realmente uma pergunta a Eiko, mas antes mesmo de o morador responder Shigeru achava que sabia a resposta.
Eiko assentiu. É verdade, Lord Shigeru, ele disse. Mas não foi nosso erro. Os homens de Arisaka chegaram ao nosso vilarejo pouco tempo depois que vocês se foram.
Shigeru ouviu uma rápida ingestão de ar do seu primo. “Mas ele viu o exército de Arisaka. Eles estavam dois ou três dias atrás de nós.” Disse Shukin.
“Sim, ele viu a força principal. Esta foi uma das partes da escolta que tinham vindo na frente. Uma dúzia de guerreiros, bem montadas que viajavam a luz do dia.” Com o lábio de Eiko enrolado em desprezo. "Portanto, eles não se incomodaram trazendo os seus próprios suprimentos, simplesmente pegaram o que queriam de nossa gente. Houve um murmúrio dos aldeões da vila que estavam ouvindo essa conversa. Foi uma mistura de raiva e medo em quantidades iguais. No passado, todos tinham experimentado as depredações de saqueadores das partes Senshi. Eiko reconheceu sua reação com um significativo aceno de cabeça.
"Você está certo em se preocupar com isso", disse ele. "Eles estão verificando todas as aldeias da região. Eles estão aqui por tempo demais. "
Esta declaração provocou uma tempestade de exclamações dos aldeões. Alguns eram da opnião em abandonar a aldeia e se esconder na floresta. Outros quiseram ficar e proteger seus pertences. Jito ergueu a mão para o murmúrio de vozes animado.
"Fiquem quietos!", ele gritou e as vozes se extinguiu a um silêncio constrangedor. "Nós precisamos de um plano com calma, não correr por aí como galinhas sem cabeça." Ele olhou para trás para Eiko. "Alguns de seus homens estão feridos.”
“ Presumo que estes Senshi não querem simplismente roubar fornecimentos? "
Eiko balançou a cabeça com amargura. “Não. Eles vasculharam a aldeia para qualquer coisa de valor - como eles costumam fazer.”
"E eles encontraram as moedas que deu o seu chefe", Shigeru comcluiu para ele, o rosto sombrio
“Sim, senhor. Eles viram o escudo real sobre as moedas e quis saber de onde é que tínhamos pegado".
Horace tinha sido um espectador silencioso a tudo isto. Depois de dias de longas cavalgadas, ele havia participado da prática de todos os guerreiros experientes para pegar no sono, sempre que a oportunidade surgia.
Ouvira as vozes da praça da aldeia, quando ele surgiu, esfregando os olhos e puxando uma camisa. Ele foi a tempo de ouvir Eiko contando os acontecimentos e lembrou-se da moedas que Shukin tinha dado ao Ayagi, o chefe. Elas eram de ouro, que teria sido o suficiente para levantar suspeitas de uma aldeia pobre. Mas, para agravar o problema, foram claramente marcado com o símbolo de três cerejas do Imperador. Eles só poderiam ter vindo de uma fonte.
"Ayagi-san se recusou a dizer-lhes onde ele tinha conseguido as moedas," Eiko continuou. "Eles o mataram.”
“Em seguida, eles corriam como loucos pela aldeia, cabanas em chamas, matando mulheres e os velhos.” Ele indicou seus companheiros. "Alguns de nós conseguiram fugir para a floresta na confusão."
Shigeru balançou a cabeça com amargura. "Ele deveria ter dito a eles", disse ele. "Eles teriam sabido de qualquer maneira.”
"Talvez Shigeru, Senhor. Mas Ayagi era um homem orgulhoso. E ele era fiel a você.”
"Então, eu sou responsável por sua morte", disse Shigeru com uma voz cansada, derrotada.
Eiko e Jito trocaram olhares rápidos. As aldeias individuais Kikori podem tratar uns aos outros com desconfiança. Mas eles foram fiéis aos costumes antigos e eles estavam unidos em sua lealdade ao Imperador - tanto ao conceito como ao próprio homem.
Jito disse com firmeza: "Você não foi a causa, Senhor Shigeru. A culpa recai sobre o juramento.”
"Se alguém tinha culpa, era eu", disse Eiko. A dor era por demais evidente em sua voz.
"Nós fomos vistos como covardes da floresta, pois mataram nosso povo e destruiram a nossa aldeia. Nós não fizemos nada!”
Shukin balançou a cabeça. "Você não poderia fazer nada contra Senshi treinados", disse ele. "E perder sua própria vida não teria ajudado o seu povo. "
Horace tinha sumido e no meio da multidão. Agora, ele decidiu, era hora de ele participar.
"Nem eu teria ajudado o Imperador", disse ele, e todos os olhos se virou para ele. "Ele precisa de homens para ajudá-lo a lutar contra os Arisaka, não para jogar fora suas vidas sem nenhum propósito. "
Viu os ombros de Eiko endireitar e sentiu a nova postura do trabalhador encorpado. Os murmúrio de assentimento atravessava as pessoas de ambas as vilas. Anos de ressentimento em sua arrogante tratamento pelo Senshi foram subitamente focado em uma oportunidade para o desafio - uma oportunidade centrado na pessoa de seu imperador.
"Bem dito, Kurokuma!” Shukin chamou-lhe, sorrindo. Ele se virou para o Kikori montado. Ele também poderia ver o novo sentido de propósitos infundindo-lhes. O gaijin tinha um excelente senso de tempo, pensou ele, e uma excelente escolha de palavras para por fogo , inflamando os espíritos dessas pessoas.
“Nós precisamos de vocês Os Kikori será o coração leal do novo exército do imperador. Nós vamos treinar vocês. Nós vamos ensinar vocês a lutar! "
Um rugido de entusiasmo e desafio recebeu estas palavras. Muitos sentiram que um arrogante e prepotente Senshi como Arisaka tinha desfrutado à sua própria maneira muito tempo no Nihon-Jin. Mesmo sem contar a destruição de sangue frio da aldeia vizinha, Arisaka havia tido um ato de traição para com o Imperador, o que foi o suficiente para carregar os corações contra ele. Mas ainda havia alguns que pregavam cautela. Quando os gritos de desafio diminuiram de intensidade, uma mulher mais velha expressou seus pensamentos.
"Mas e se os homens de Arisaka vierem aqui agora? Nós não estamos prontos para combatê-los ainda. "
Horace viu a dúvida começa a se espalhar entre os Kikori. Eles não acreditam na sua própria capacidade para enfrentar os guerreiros armados Senshi. Mas eles estavam esquecendo um fato importante. Ele deu um passo adiante no espaço livre ao redor do Imperador, Eiko e Jito.
"Você disse que havia uma dúzia na escolta dianteira??", perguntou ele.
Eiko assentiu. "Uma dúzia. Talvez um pouco mais. "
Horace sorriu com a resposta. Ele olhou em torno do grupo reunido de Senshi leais ao Imperador - uma dúzia de guarda-costas imediato e pelo menos outros 25 ilesos sobreviventes da batalha de Ito.
"Parece-me” , disse ele, “que pela primeira vez, temos os homens Arisaka com sérias desvantagem.”
17
Evanlyn e Alyss praticavam esgrima sob o olhar atento de Selethen.
A exploração de Evanlyn à Escandinávia e Arrida nos últimos anos foi amplamente divulgada em toda Araluem. Ela era, afinal, a princesa da coroa e desfrutou de certa quantidade de prestigio. Como resultado, muitas mulheres e crianças em Araluan foram influenciadas a ter interesse nas habilidades de luta. Alyss foi uma delas, mas a sua motivação foi além do que seguir o que estava atualmente na moda. Ela estava mais do que um pouco frustrada por sua incapacidade em defender-se efetivamente quando foi capturada pelo cavaleiro traidor Keren no castelo Macindaw. Ela estava determinava que nunca deixaria isso acontecer novamente. Esta nova ênfase em artes marciais foi evidenciado pelo fato de seu punhal, parte do uniforme Courier, havia mudado de uma flecha, para um com um estilo de agulha, mais prático e mais letal.
Além disso, ela praticava dardos, e usava um sabre leve. Um estilo de espada que estava ganhando popularidade com as meninas com a sua idade. Evanlyn tinha uma arma semelhante e, quando descobriram o fato, era lógico que elas praticassem juntas.
Lógico, talvez. Mas não sábio.
Um dos tripulantes do navio esculpiu armas de treinamento em madeira para que as duas começassem uma rotina de treinamento diário. Selethen ofereceu os seus serviços como instrutor e árbitro, as duas aceitaram após assistir as primeiras seções.
“Muito bem. Posições de combate, por favor.”
“Isto é discutível.”- Halt cochichou para Will quando assistiam.
Um certo número da tripulação se reuniu para assistir também. Havia uma certa alegria em ver duas meninas extremamente atraentes tentando dividir os seus crânios com espadas de madeira.
“A parte do combate ou a das moças? ”- Respondendo Will com um sorriso.
Halt olhou para ele e sacudiu a cabeça.
“Com certeza as moças. Não há debate sobre a luta.”
Will deu de ombros. Ele sabia que havia um nervosismo em relação às meninas que tinha algo a ver com ele. Por que deveria estar atrás dele.
“Um pouco mais alto, Evanlyn! Você tende a deixar a sua guarda muito baixa.”
Ela esperou enquanto Evanlyn ajustava a posição de sua espada, lançando um olhar sobre Alyss para ver se estava pronta. A loira teve uma vantagem sobre a princesa em habilidade, o que foi notado. Provavelmente porque ela teve uma abordagem mais
focalizada com a espada. Quando praticava havia um pequeno sulco formado entre as suas sobrancelhas, provando a concentração e o propósito que botava em seus movimentos. Evanlyn, por outro lado, foi um pouco impetuosa em sua aproximação.
Ela teve aulas de sabre por um tempo, mas nunca com qualquer dedicação especial com a arma, tinha movimentos mais rápidos que Alyss, mas essa, sendo mais alta e atlética, tinha um passo maior e um alcance mais longo e, assim, as duas tenderam a se equilibrar com muita freqüência.
“Anda” disse Selethen, com um sentimento de resignação em sua voz. Ele tinha uma boa idéia do que iria acontecer.
Evanlyn saltou para a frente de ataque, como ele sabia que ia.
“Muito impulsiva”. Pensou
Muito inclinada a querer que as coisas começassem, sem nenhuma disputa preliminar.
Alyss também sabia. Ela esperou calmamente para o ataque rápido de Evanlyn. Que balançou para um lado. Evanlyn pulou, desviando da lâmina de madeira, que passou empurrando o corpo dela, cambaleando ligeiramente e perdendo o equilíbrio. Então Alyss fez um movimento rápido com o pulso, fazendo uma rachadura na lâmina de Evanlyn e fazendo os espectadores tremerem. O dinheiro mudou de mãos entre os escandinavos que assistiam.
“Ei, cuidado” Gritou Evanlyn.
Sua espada caiu no convés e ela cuidou do machucado em sua mão, olhando para Alyss.
Então ela virou furiosamente para Selethen “Ela fez isso de propósito” Mas antes que pudesse responder Alyss respondeu em um mesmo tom.
“Bem, é claro que fiz de propósito. Não é por isso que nós estamos praticando?”
“Para fazer as coisas de propósito ou estamos tentando praticar acidentes e bolhas?”
“Por favor, moças” Selethen começou. Ele era solteiro e tinha pouca experiência com mulheres. Ele estava começando a se perguntar se ele já quis alguma.
“Mas é verdade Selethen” Alyss protestou “Ela sempre responde isso.”
-Porque que você sempre consegue fazer isso! Evanlyn disse com raiva, tendo a espada em punho.
Um escandinavo respondeu por ela dizendo apenas um breve “Obrigado.”
O lobo do mar se inclinou um pouco mais perto dela.
“Chute nas canelas dela na próxima vez, princesa“ Disse ele em um sussurro “Eu ganhei muito dinheiro com você.”
Alyss falhou em avisar sobre a troca. Ela ainda estava apelando para Selethen como o árbitro da luta
“Quero dizer, ela tem que aprender, não tem? Se esta era uma luta real, ela não conseguiria fazer tudo de novo. Ela não consegue usar uma mão”
“Por outro lado” Selethen disse de imediato, lamentando as palavras que ouviu dos escandinavos rindo do trocadilho não intencional.
“Se você fizer isso o tempo todo, não passaremos deste ponto, não é?”
Alyss parecia considerar o ponto. Então, relutantemente, concordou.
“Muito bem, Selethen. Se você diz.”
Ela se virou para Evanlyn. “Tudo bem, princesa, sua mão está fora dos meus limites a partir de agora.”
Will balançou a cabeça, desesperado.
“Oh, Alyss, Alyss, Alyss” Disse em voz baixa, o suficiente para somente Halt ouvi-lo.
Sabiamente, o Arqueiro barbudo não disse nada.
“Não me faça nenhum favor” Evanlyn disse entre dentes. Ela flexionou sua mão sobre o punho da espada, tentando aliviar a dor em seus dedos machucados.
Selethen olhou desconfiado para as duas garotas. Ambas tinham as bochechas em chamas.
“Talvez devêssemos deixar para um outro dia? “-Sugeriu.
“Você pode” Disse Evanlyn, com os olhos fixos em Alyss. “Eu não vejo necessidade.”
Alyss sorriu um sorriso completamente desprovido de bom humor. “Bem, nem eu.” Respondeu ela docemente.
Houve uma longa pausa, em seguida, Selethen aceitou o inevitável com um encolher de ombros
“Tudo bem então. Senhoras” Ele olhou para Deter e revirou os olhos com a palavra.
Halt concordou fortemente. “Posições ...”
Selethen observou que a posição da guarda de Evanlyn estava certa.
“Talvez ela vai aprender com tudo isso e não ir correndo para a luta” Ele pensou.
“E talvez a grande baleia azul que os escandinavios acreditam causar a maré subindo e descendo vai saltar do mar, abrir asas e voar em círculo em torno do navio.”
“Vai “Disse ele em tom resignado.
E lá se foi Evanlyn, como uma flecha saindo de um arco, indo para todos os lados do convés e lançando uma série de cortes rápidos. Para frente, para trás e para frente de novo. Os ataques foram meio desajeitados, mas ela compensou o fato. Alyss, esperando um outro encontro foi surpreendia e forçada a ceder terreno, recuando e aparando os
golpes desesperadamente com sua própria lâmina, de modo que uma série de lascas e rachaduras voaram por todo o convés.
Houve um murmúrio de incentivo dos escandinavios que tinham apoiado a vitória de Evanlyn.
Deve-se notar que eles só o tinham feito porque os seus companheiros tinham oferecido generosas probabilidades de 3-1 - difícil de resistir, em um torneiro para duas pessoas.
Mas, então, a impulsividade Evanlyn deu o melhor dela. No ponto onde ela deveria ter visto Alyss, que tinha recuperado seu ritmo próprio e tempestivo, ela persistiu no ataque com muitos golpes e com sucesso. Não sendo possível sustentar a velocidade de um raio de seus seis primeiros golpes, ela desacelerou sensivelmente e Alyss, agora de volta ao controle, desviou seu golpe final para o lado, em seguida, mirou do outro lado
Desta vez, porém, sua lâmina rachada atingiu o cotovelo dolorido de Evanlyn.
“Ai!” - Evanlyn gritou. ”Sua vaca desengonçada!”
A espada caiu no deck, mais uma vez. Seu braço e mão estavam dormentes e formigando. Alyss, intencionalmente ou não, pegou no nervo, no ponto do cotovelo.
“Alyss! “-Selethen disse com raiva. “Nós concordamos... “
“Nós concordamos que a mão dela estava fora dos limites", disse Alyss, com inocência.
“Eu bati no cotovelo, não na mão. Se vamos para... Ai!”
Ela sentiu uma dor lancinante na perna direita.
Evanlyn, segurando seu braço direito paralisado com a mão esquerda, virou e atingiu a perna de Alyss, rasgando sua calça e criando uma ferida, muito rasa na borda do osso.
Alyss, com o rosto enrugado de dor, mancando de lado para o baluarte e se apoiou contra ele. Ela olhou Evanlyn, em seguida, olhou para baixo e percebeu que tinha a espada na mão, enquanto Evanlyn estava desarmada. Ela avançou.
“Basta!” Halt berrou.
Todos os olhos se voltaram para ele, surpresos. Mesmo os escandinavos pareciam impressionados com o volume de sua ordem. Halt olhou furiosamente para as duas meninas, ambas com muitos ferimentos, uma furiosa com a outra.
-”Vocês vão parar de gritar e berrar como garotas mimadas e egocêntricas” Halt continuou.
“Estou doente e cansado. Ambas devem saber melhor sobre isto.”
Os olhos de Alyss abaixaram e ela se levantou, envergonhada, diante dele. Evanlyn, no entanto, continuou irritada - e pronta para afirmar sua própria dignidade.
“É isso mesmo, Halt? Gostaria de lembrar que esta "mimada e egocêntrica" é a sua princesa real.”
Halt girou sobre ela. Seus olhos brilhavam com fúria e Evanlyn, recuou um pouco. Ela nunca tinha visto tanta raiva em Halt.
“Princesa real? “Disse ele com desprezo.
“Princesa real? Posso sugerir, princesa real, que dizer para alguém que dá um figo voando sobre isso? Se você não estivesse quase tão crescida, eu a colocaria sobre o meu joelho bronzeado!”
Evanlyn ficou escandalizada com a idéia.
"Se você colocar as mãos em mim, meu pai açoitaria você!”
Halt bufou escárnio.
"Se seu pai estivesse aqui, ele iria segurar a minha capa enquanto eu fazia isso!”
Evanlyn abriu a boca para responder, em seguida, fez uma pausa. Era verdade, conhecendo seu pai, ela pensou que Halt poderia estar certo.
“Agora, pelo amor de Deus, vocês duas comecem a se comportar como uma princesa e uma mensageira.”
“Se você não fizer isso, eu vou ter que pensar em enviar Will para casa.”
“Eu?” Will disse, com a sua voz embargada em um grito estridente da indignação.
“O que isso tem a ver comigo?”
“É tudo culpa sua!” Halt gritou irracionalmente.
E quando ele disse, as duas meninas perceberam que ele estava certo. O ciúme sobre Will estava fazendo-as se comportarem como crianças. Alyss foi a primeira a responder.
Ela pensou que era justo, como ela tinha sido mais culpada. Ela deixou cair à espada, deu um passo para Evanlyn e manteve a mão em um sinal de paz.
“Sinto muito, Evanlyn. Eu me comportei mal” Ela disse miseravelmente. Sua sinceridade era evidente e Evanlyn, perdeu rapidamente a raiva, foi igualmente rápida para perdoar e para ver as suas próprias falhas. Ela segurou a sua mão.
“As minhas desculpas também, Alyss. Eu não deveria ter chutado você. A sua canela está bem?”
Alyss olhou para baixo, onde um fio de sangue escorria pela sua canela.
“Não realmente.” Ela disse, com um sorriso enviesado. “Mas eu acho que eu merecia.”
“Não se sabe sobre isso.” Halt disse.
“Você definitivamente merecia.” Mas ele considerava sutilmente as meninas e balançou a cabeça com satisfação. Ele era consciente da tensão que existia entre elas e ele sabia que esse dia chegaria, cedo ou tarde. Melhor tê-lo mais cedo e terminar logo com ele,
ele pensou. Quando falou, sua voz tinha perdido a borda áspera de suas declarações anteriores.
“Talvez devêssemos esquecer as aulas de esgrima por algum tempo”, disse ele e as meninas concordaram com a cabeça.
Selethen deu um suspiro profundo. “Estou aqui para isso.”
Houve uma pausa estranha. Finalmente, foi Gundar que a quebrou.
“Eu não sei se alguém está interessado” Dizendo ele hesitante, “mas não parece ser um navio pirata vindo em nossa direção?”
18
Parte dos cavaleiros Senshi emergiram da floresta em uma formação irregular e desceram em uma área comum do Vilarejo da Margem.
Nada mexia no vilarejo. As aves da floresta, que cresceram silenciosamente com a passagem barulhenta de estrangeiros, gradualmente começaram a cantar novamente nas árvores ao redor do círculo de cabines. O pequeno rio que corria do outro lado da vila, que deu o nome ao lugar borbulhava e escalava as rochas, o barulho parecia anormalmente alto no silêncio.
O cavaleiro líder tocou as rédeas impacientes, observando ao redor as cabanas aparentemente vazias.
‘Kikori!’ Ele chamou.-’Mostre-se!’ Queremos bebidas e comidas, e queremos agora. A floresta pareceu absorver a voz dele.Não houve resposta, só pássaros e o rio.
‘Não há ninguém aqui Chui, disse um dos cavaleiros usando sua posição de tenente. O comandante olhou para o homem que havia falado.Ele estava cansado, estava dolorido devido a desconfortável sela e estava ficando cada vez mais bravo com aqueles denominados Kikori. Quem se recusava a responder suas perguntas ou fugir para a floresta no primeiro sinal dele e de seus homens. Era hora de ensinar a esses camponeses insolentes uma lição, ele pensou.
Ele desmontou, estava com os músculos rígidos tendo alguns passos para esticar seus músculos cansados. Cavalgar nesses terrenos montanhosos com intensa mudança de inclinações e ângulos foi um péssimo negócio.
'Desmonte', ele disse aos seus homens e eles seguiram o seu exemplo. Ele apontou um dedo para o homem que tinha falado.
‘ Você, vá e inspecione essas cabines. Ele indicou as três cabines maiores agrupadas e viradas para o terreno comum.-‘Você vai com ele’ ordenou a um segundo guerreiro.
Os dois homens seguraram os cabos de suas espadas, caminharam com dificuldade devido a rigidez de suas pernas, subiram os degraus da cabine mais próxima. O primeiro homem chutou e abriu a porta quebrando o batente então a porta rugiu torta, ele caminhou e olhou para dentro, suas botas sujas marcando e arranhando o piso de madeira polida. Foi o ato final de arrogância de Nihon-Jin entrar em uma casa escondido sem remover os sapatos.Os cavaleiros que estavam do lado de fora ouviram o baque de suas botas no piso de madeira, enquanto ele se movia pela cabine.Depois de um tempo ele apareceu na porta e disse:
“Vazio. Ele falou”.
O outro homem que estava na próxima cabine que tinha acabado de ouvir a voz do amigo disse:
“Mesma coisa aqui Chui, parece que eles se foram.”
O tenente murmurou uma maldição aos moradores ausentes. Agora ele e seus homens teriam que procurar comida no vilarejo e eles mesmos teriam que prepará-la. Isso não funcionava para os Senshi, ele pensou. Era trabalho para camponeses que eram feitos para servi-los. Ele refletiu irritado que os moradores provavelmente estavam escondendo suas historias antes de fugirem. Mais tempo perdido, mais inconveniência.
‘Ok’ ele disse rápido, -‘Vamos queimar essas cabines!’
As cabines julgando por sua posição, provavelmente seriam dos idosos do vilarejo.Bom, eles que aprendam a não fazer um guerreiro Senshi ficar parado esperando enquanto era requisitado seus serviços, ele pensou. Tinha uma leve brisa soprando, enquanto as chamas que queimavam as três cabines, se expandiam para o resto dos edifícios destruindo completamente todo o vilarejo. Muito mal, ele pensou severamente, na próxima vez eles poderiam fugir se soubessem que aquilo aconteceria.
O homem pegou a lanterna de pedra e aço da varanda da maior cabine e estava agora ocupado em acendê-la. Eles usaram tochas para modificar o timbre das palhas aceso sobre a cabine.O tenente esfregou suas costas com os punhos cerrados estendidos pela rigidez. Ele estava apreciando ver as cabines queimarem, ele pensou. Isso sempre o deixava com um sentimento de satisfação, ver um edifício pegar fogo.
O homem tinha dois feixes de palha e gravetos recolhidos que agora definiam a pequena lanterna já pegando fogo, ele olhou interrogativamente para seu líder e fez um gesto imperioso com as costas da mão.
‘Vamos logo com isto!’
Assim que ele se dirigiu a maior cabine uma voz atrás dele o chamou ‘Lorde!Por Favor!Não queime minha casa, eu lhe imploro’.
Uma figura irregular com uma túnica Kikore simples, veio correndo entre as árvores que circundava a vila.
Dois Senshi se moveram para interceptar, mas o líder fez um gesto seco para deixar a figura irregular se aproximar dele. Ele parou a poucos metros do líder e caiu de joelhos com a cabeça baixa.
‘Por favor, lorde. Não destrua nosso vilarejo – disse em tom servil.
A mão do soldado caiu no cabo da espada e deu um passo mais perto da figura rebaixada e perguntou:
“Quem é você?”.
“Sou Jito, lorde. Sou o chefe desse vilarejo”.
“Quanto tempo mais você queria manter eu e meus homens esperando?” O líder se enfureceu e perguntou:
“Onde estão os moradores?”.
“Eles fugiram, estavam com medo”.
“E você não os impediu?”.
“Eu tentei lorde, mas eles não me ouviram”.
“MENTIROSO!” A palavra foi gritada com violência e o homem ajoelhado vacilou para trás.”Você é um mentiroso, você os mandou ir e disse a eles para esconder qualquer comida desse vilarejo de mim”.
“Não lorde eu...”.
“Mentiroso!” A palavra foi gritada dessa vez mais alta.O oficial estava num frenesi de ódio. Seus homens se entreolharam, eles tinham visto isso acontecer e sabiam muito bem o destino do chefe da aldeia.
“Não lorde, por favor...”.
“Você está mentindo pra min, e insultou a min e a meus homens! Onde está sua hospitalidade? Onde está o devido respeito aos membros da ordem Senshi? Você Kikore sujo devia estar de joelhos nos implorando para comer de seu arroz e tomar seu vinho.”
“Estamos os honrando por vir para seu vilarejo e vocês fogem para a floresta que nem ladrões!”.
“Não lorde, por favor, estaríamos honrados”.
“Cale sua boca mentirosa” o tenente gritou, “vou lhe mostrar como lidamos com ladrões e vamos queimar esse vilarejo até tudo virar cinzas!”.
Houve um silvo do toque do aço contra madeira envernizada quando ele sacou a espada longa de sua bainha, dando um aperto de duas mãos.
“Ajoelhe-se em linha reta e abaixe a cabeça ladrão!” Ele gritou.
Finalmente, o chefe pareceu aceitar que não havia sido nada bom ele estar sentado sobre as pernas, mas agora ele ajoelhou-se e inclinou a cabeça para frente e renunciou à espada do tenente, o tenente levantou a longa arma e se preparou para cortar.
Ele levantou a arma longa acima de sua cabeça, se preparando para varrer para baixo e emitiu um grunhido de prazer animal quando ele parou em cima do traço. Então as coisas aconteceram muito rapidamente.
O chefe do vilarejo que estava ajoelhado veio para cima de seu joelho direito. Sua mão surgiu sobre o manto esfarrapado Kikore com uma espada reluzente Senshi curta.Usando o pé de apoio ele se jogou para frente empurrando a lâmina sem misericórdia no tenente.
O tenente olhou com horror, surpreso com seu atacante. Agora, como o manto esfarrapado foi colocado de lado, ele viu que isso não era morador idoso, lamentandose. Foi uma armadilha, era um guerreiro forte Senshi, seu preto cabelo cheio de fuligens cinzas para torná-lo grisalho. No peito de sua jaqueta de ouro fino foi brasonado um símbolo triplo de cereja.
A espada caiu da mão do tenente e ele dobrou, morto antes de ele bater no chão.
Rapidamente, Shukin trocou a espada curta para a mão esquerda, se inclinou e pegou o tenente. Os homens do grupo de ataque ficaram atordoados por alguns segundos, mas agora eles arrancavam suas espadas e estavam preparados para vingar a morte de seu líder. Eles não estavam completamente certos de como isso tinha acontecido.
Um momento antes o morador havia ficado intimidado em sua apresentação, no momento seguinte o seu líder estava cambaleando e caindo diante dele. O que quer que tenha acontecido, o morador traiçoeiro iria morrer para isso.
Mas mesmo quando eles já se preparavam outras figuras apareceram nas árvores atrás deles, correndo do flanco e juntando-se para perto de Shukin.
Os dois homens que haviam sido enviados para atear fogo nas cabines estavam perto dele e ele virou-se para enfrentá-los.Ele bloqueou o primeiro homem cortando seu golpe facilmente, sacudindo a espada para um lado e, no mesmo movimento, um corte de modo que parte se sua própria lâmina atingiu o pescoço do homem. Quando o homem caiu, Shukin bloqueou a lâmina do segundo homem, cortou com a espada curta na mão esquerda, depois virou para a direita, sua espada longa chegando por cima do ombro direito como parte do movimento.Ele deu um passo curto quando o homem caiu, alguns segundos depois de seu companheiro.
Agora, os invasores não teriam tempo para vingar seu líder caído. Eles encontraram-se cercado por trinta guerreiros armados Senshi, todos vestidos de crista do imperador.
Por alguns minutos, breves, a compensação tocou com o tinir das espadas e os gritos dos feridos.Os homens de Arisaka lutaram ferozmente, mas nunca tiveram uma chance.
Horace, atribuído à guarda do Imperador em uma da segunda linha de cabines, observava a luta curioso.
Cada um dos inimigos foi cercado por dois ou três homens de Shigeru. No entanto, eles nunca atacaram todos juntos, optando por desafiar os atacantes em uma série de combates individuais. Ele comentou sobre este fato ao imperador e Shigeru simplesmente assentiu.
“Esta é a forma como é feito”, disse ele. "Não é honroso lutar os três de uma vez contra um homem somente. Ganhamos ou perdemos como indivíduos”.
Horace balançou a cabeça. “De onde eu venho, uma vez que uma luta começa, tudo vira um derradeiro inferno”, disse ele. Ele viu que Shigeru não entendeu a expressão, mas ele não fez nenhuma tentativa de explicar.
Gradualmente, os sons de luta acabaram com o último dos homens de Arisaka caindo. Mas eles não tinham sido derrotados tão facilmente. Quatro guerreiros Shigeru também estava em silêncio sobre o solo manchado de sangue do terreno comum e outros dois foram feridos e estavam na enfermagem.
Shigeru e Horace deixaram a cabine onde haviam ficado escondidos e saíram para se juntar a Shukin.
Aos poucos, os moradores começaram a reaparecer, surgindo em volta de seus esconderijos na floresta. Eles consideravam o Senshi caído com algo como respeito.
Jito olhou Shigeru e inclinou a cabeça ligeiramente. “Este foi um bom trabalho, Senhor Shigeru.”
Eiko também tinha um olhar de satisfação no rosto. Estes foram os homens que mataram os seus amigos, vizinhos e destruíram a aldeia, enquanto você foi obrigado a ficar e assistir. Foi bom, pensou ele, para ver como o sapato era no outro pé. Mas Shigeru estava incomodado. Ele indicou as formas ensangüentadas no chão. "Arisaka ouvirá falar disto. Ele irá responsabilizá-lo e vai declarar guerra”, disse ele.
Jito lançou um olhar depreciativo nos invasores mortos. Seus ombros se endireitaram levantou a cabeça com orgulho. “Deixe-o! Leve-nos a Ran-Koshi e nos ensine a lutar, Senhor Shigeru. O Kikori estão declarando guerra ao Arisaka.”
Houve um murmúrio de concordância entre as pessoas das duas aldeias, uma vez que ouviram suas palavras. Eles se reuniram em torno de Shigeru, tocando-o, se curvando a ele, prometendo a sua lealdade. Shukin e Horace trocaram sorrisos severos.
"Temos homens", disse Shukin. Horace assentiu. "Agora só temos que os transformar em guerreiros”.
19
O navio pirata estava longe com uma montagem de doze remos de cada lado. Ele tinha um mastro pequeno e uma vela quadrada. Como ele se aproximou do Wolfship, os dois bancos de remos subiam e desciam em uníssono perfeito.
- Podemos superar ele Gundar? Halt perguntou.
Como sempre,Gundar olhou para o céu,a vela e o outro navio,em seguida farejou o ar experimentalmente antes de responder.
- Do jeito que o vento está,sem problemas –ele disse.Ele gritou uma ordem para os velejadores para ajustar a vela que a seguir viria uma curva mais difícil.
Ao mesmo tempo ele cutucou o leme ligeiramente de modo que a proa do navio balançou alguns graus a bombordo. Instantaneamente,Will sentiu um tremor percorrer o convés enquanto o navio inclinou-se então acelerou.
Halt estava coçando a barba pensativo ,ainda assistindo os piratas que estavam atrás dele. Ele estimou que haviam entre quarenta ou cinquenta homens na tripulação dele e ele podia ver o capitão que estava inclinado,estimulado a gritar incentivos aos remadores que perceberam que estavam perdendo terreno para o navio estrangeiro com sua vela triangular.
-E se o vento mudar? – Halt perguntou.
Gundar encolheu os ombros e estudou a bandeira pirata.
- A proporção de remos é desigual,eles estão com doze e nós com oito. – Meditou Gundar em voz alta –Sob remos ele provavelmente são mais rápidos que nós - Concluiu Gundar.
Halt mudou a informação e disse : - Ele não é exatamente a única que avistamos do seu tipo, Gundar assentiu. "com as velas daquele jeito dizem que estas águas são infestadas de piratas."
O arqueiro estudou os piratas denovo sob um esforço renovado de sua equipe de remo,ele fez uma distância do WolfWill. Mas agora depois daquele sinal de entusiasmo eles estavam começando a cair para trás denovo. Os remos do WolfWill estavam sendo enviados por um navio e a ultima parte da tripulação estava relachando nos bancos fora da vista. Chances que os piratas pensassem que ela era uma mercador e estava com apenas uma duzia de homens.
- Você pode nos deixá-lo pegar sem que ele perceba? - ele perguntou.
Gundar sem hesitar respondeu imediatamente :
- Facilmente – disse sorrindo maldosamente- Você que fazer uma surpresinha para eles?
- Alguma coisa desse tipo - Halt olhou para os homens no banco de remo.
Deixem suas armas prontas,mas fora de vista.- ele disse.Ele foi respondido com uivos escandinavos,eles adoram uma luta,ele pensou.
Gundar enquanto isso,dava ordens e chamava remadores para a vela,aquilo parecia impressionante mas a realidade era que ela perdia velocidade manual.Mas mesmo assim os piratas continuavam a ganhar deles mais uma vez.Existia uma duzia deles que se reuniram na proa gritando ameaças e apontando para uma pedreira. Eles não são bons,Will observou,quer que eu começe a atirar? – Ele tinha uma flecha no arco,mas Halt balançou a cabeça negativamente.
- Ainda não.ele olhou para onde Evanlyn e Allys estavam perto do trilho.
Evanlyn já tinha sua atiradeira pronta lentamente a balançando pra frente e para trás.
Ele viu que Allys tinha algo em seu cinto,ele pensou.
- Vocês duas venham para cá. Ele disse indicando um lugar a sua esquerda.
Relutantemente elas observaram. Elas deviam ter argumentado com ele antes,mas ambas sabiam que quando o navio partisse pra uma luta, as ordens de Halt teriam de ser obedecidas sem hesitação.
- Você pode atirar assim que o navio estiver a um alcance bom para o estilingue – ele disse a Evanlyn- E você Allys,pode usar oque tem no cinto se eles entrarem no navio.
- Isso é provavel ? Com um sorriso fraco olhando para os escandinavos,ela sabia da qualidade de combate corpo a corpo dos escandinavos,principalmente daquela tripulação.
- Eu dúvido. – Halt disse,e se virando para Ghundar e sua tripulação Halt explicou o plano.
- Nós vamos usar os arcos nas curvas,e agarra-los quando estivermos perto.
- E a tripulação deles ? Nils chamado apartir dos bancos de remo.
- Se ficarem no caminho,destruimos TUDO e tomaremos a bordo.
- "Você quer que a gente afunde ele? 'Gundar perguntou e Halt balançou a cabeça.
- 'Não. Eu quero aquele navio seriamente danificado, mas capaz de fazê-lo de volta ao porto.
- Aquele som é parecido com o nosso – Gundar disse alegremente. E um rugido soou na garganta da tripulação. “Jens” afirmou um manipulador da vela, você leva oito homens até o arco. A ancora já está pronta para conseguirmos fazer o ataque, isso nós asseguramos.
- Eu também vou skirl! – Disse Nils Ropehander de sua posição sobre o remo da porta da frente Gundar assentiu.
- "Primeiro de quatro linhas de ambos os lados Jens seguem a bordo, disse ele,
- Mas fique fora de vista agora!
- Só apareçam quando eu disser – Halt disse. - Queremos fazer uma grande surpresa a esses rapazes amaveis. - Disse Halt com ironia.
Novamente um grunhido de assentimento da tripulação.Eles foram feitos para esse tipo de encontro Will percebeu.
Muitos deles já estavam rindo com o pensamento de ver o medo nos corações dos piratas, quando eles perceberam que o indefeso veleiro aparentemente desarmado foi literalmente, um lobo em pele de cordeiro. Um lobo-marinho em pele de ovelha, de fato.
- Evanlyn,deixe-me ver oque pode fazer – Halt disse silenciosamente. A princesa,não precisou que ele pedisse denovo. Ela já tinha uma pedra modelada na atiradeira que para se soltar era só ela soltar um pouco . Olhando ao redor certificando-se que nada a impediria,ela deu dois giros e soltou o tiro.
Eles puderam acompanhar o tiro só por alguns segundos pois o mesmo se perdeu na paisagem. Mas um segundo mais tarde,um dos piratas do navio inimigo começou a gritar e caiu derrubando sua roupa branca. Os companheiros dele pararam de falar em choque, silenciaram por um momento, então redobraram suas ameaças e insultos, estimulando os remadores a ir mais rápido para pegar o insolente intruso. Eles eram um grupo irregular, como Will havia mencionado vestindo farrapos brancos, roupas coloridas e turbantes sujos. Geralmente eles eram magros e tinham a pele negra. Assim que eles chegaram mais perto Will conseguiu ver suas armas,e elas eram uma mistura de espadas curvas,dardos e facas.Não parecia haver uniformidade entre eles e Will pensou que eles eram mais acostumados a combater tripulações indefesas a guerreiros treinados.
Halt assentiu, aprovando o tiro de Evanlyn
- Interessante, só dois giros – Ele disse – Em Arrida você girou muito mais antes de atirar.
- Eu venho praticando – Ela disse – Rodar muito,não vale a pena,avisa seu inimigo e te deixa exposta quando voltar do tiro. O ideal é ganhar o máximo de velocidade em um giro.mas eu ainda não consigo. Ela mecheu na bolsa de couro pendurada no ombro e tirou outra forma especial de projéteis de chumbo
- Devo fazer outro ?
Halt considerando que os piratas se aproximavam.observando com os olhos semicerrados contra a claridade do sol.
- Não eu acho que já despertamos aquelas buzinas o suficiente. Quando começarmos a luta você pode atirar neles o quanto quiser. Ele se virou para Gundar – Quando você estiver pronto skirl.
Gundar julgou os ângulos e a distância que se encontravam de sua vela.
-Eles estão vindo ! gritou e se inclinou no leme. O navio balançou caprichosamente, a vela estava batendo ele rugiu : -Abaixar vela! E o boom da vela batendo no convés. Rapidamente dois velejadores tiraram a vela do caminho.
A bordo do navio pirata, a tripulação silenciou, mas logo se virou para enfrentá-los.
-"Mostrem-se, lobos do mar!" Halt gritou e dezesseis grandes, homens fortemente armados apareceram a partir dos bancos de remo para complementar os já na proa do navio.
Os piratas, esperando para atacar uma dúzia ou assim os marinheiros levemente armados, de repente, viram-se enfrentando pelo menos trinta gigantes gritando, os tripulantes peludos, todos armados com machados de duas pontas.
No mesmo momento, o capitão do navio pirata começou a gritar ordens para cortar as cordas que estavam chegando agora perto das embarcações dos navios estrangeiros. Ele gesticulava desesperado para que os remadores se afastassem do perigo inesperado.
Will ouviu um som rápido zunindo quando Evanlyn rodopiou e atirou novamente. O capitão pirata de repente caiu, segurando sua testa, em seguida, caiu de costas no convés.
Houve batida como os dois navios que se aproximaram e os gritos, os escandinavos derramados sobre a sua própria curva e convés da cozinha. A maioria dos piratas reuniram-se na proa e deram uma olhada para os homens e os seus enormes machados e correram para a popa. Alguns deles tomou uma rota de escape mais curta e mergulhou sobre o mar. Os poucos que se mantiveram a lutar tiveram pouco tempo para lamentar a sua escolha. A invasão, liderada agora por Nils, que forçou seu caminho passado Jens, despedaçou-se através deles, dispersando os seus corpos flácidos para os lados.
Muitos tripulantes,liderados por Jens,cairam nos desocupados bancos de remos e quebraram os eixos que estavam em linha d’agua. Jorrou água do mar através de fendas enormes que eles criaram. Satisfeito com seu trabalho, então eles se ocuparam jogando remos ao mar, enquanto seus companheiros cortados na baixa ficaram segurando o mastro do navio no lugar. Um homem invadiu o mastro e lançou-se a vela, então deslizou rapidamente para baixo novamente. A vela cheio de vento e tensas no mastro.
Não há suporte, o mastro resistiu à pressão para alguns segundos, depois houve uma rachadura e cedeu a sotavento, tendo um emaranhado de lona e cordéis com ele.
Gundar olhou para Halt. O arqueiro estava avaliando os danos que tinham sofrido
Quase metade dos piratas foram mortos ou incapacitados e que o navio já estava fixando-se em arco. Hora para deixar os piratas ainda fazer reparos e ter notícias deste navio muito indesejado estrangeiro de volta para seus lares no litoral.
-De volta a bordo!, disse Gundar e gritou aos seus homens.
-De volta a bordo! Lobos do mar! Voltar para o navio!
Os homens começaram a escalar de volta ao navio, subindo a bordo do WolfWill, que ficou maior que o navio pirata. Os amigos dos escandinavos os ajudaram a subir a bordo. Nils foi o último a chegar. Inicialmente, ele estava lutando sozinho na retaguarda. Então os piratas pareceram perceber que não haveria mais futuro, o único
futuro que lhes era esperado era vindo daquele machado de guerra. Em resposta Nils balançou o machado os desafiando.
- Vamos seus vagabundos sujos, venham enfrentar um pirata de verdade!
Mas não tinha mais nenhum pirata a bombordo, e sem perceber Nils estava avançando contra seus amigos.
- Somos nós Nils, seu grande idiota! – Gundar falou
Nils parou e sorriu vergonhosamente:
-Desculpe skirl!
Will tinha que sorrir, Nills parecia um garotinho que acabava de responder um chamado da mãe para jantar.
Nills fez um último gesto de insulto aos piratas, então se virou de volta aos remos.
- Cortem essas cordas de luta! – Gundar falou, e dois machados passaram por ele cortando as cordas. Não mais amarrados os dois navios começaram a lentamente ir para seu destino, Gundar olhou para baixo a quarta e ultima fileira de remadores alguns daqueles homens não haviam saído para a batalha, sendo que alguns deles eram os piratas que acabaram de batalhar.
-Fora de remos! Abram Caminho! Ele mandou. Assim os homens reagiram instantaneamente. Will percebeu que os escandinavos tinham feito esse tipo de coisa, muitas vezes antes.
Então Halt percebeu que havia também não só escandinavos mas também piratas nos remos
- Bom,eu precisava de alguns vivos – Gundar disse sorrindo
20
A cada dia que passava, seus números aumentavam. O grupo do Imperador se agarrava e tropeçava nas íngremes trilhas lamacentas da montanha, subindo um cume, descendo do outro lado, em seguida, subindo o seguinte, que sempre pareceu ser mais intenso e maior do que o anterior, mais e mais os Kikori silenciosamente passaram por este grupo. Eles surgiram silenciosamente entre as árvores, tendo viajado por caminhos secretos e perigosos conhecidos apenas pelo povo da montanha, fizeram uma reverência simples a Shigeru, então, juntaram-se à coluna.
Os líderes da coluna souberam, sem muita surpresa, que a patrulha Senshi que tinham derrotado no Vilarejo da Margem, não era o único grupo avançado enviado por Arisaka.
Houve mais de meia dúzia de outros pequenos grupos escondidos nas montanhas, brutalizando os Kikori, queimando suas aldeias e torturando seus líderes, na tentativa de saber o paradeiro de Shigeru.
Esse comportamento bárbaro, mostrando-se como animais para os Kikori, era realmente auto-defesa. Os Kikori foram um povo profundamente cumpridor da lei, e eles davam grande valor no conceito de sucessão legal e legítimo do trono - mesmo eles nunca tendo visto o Imperador. Shigeru era o legítimo imperador, e o profundo sentido de moralidade deles mostrou-lhes que ele não deve ser deposto pela força. Os ataques de Arisaka só serviram para convencê-los de que ele era um possível usurpador, cujas tentativas de conquistar o poder limitado eram um sacrilégio e deveriam ser resistidas.
E, como consequência disso, Shigeru deve ser apoiado.
Assim, como aldeias foram saqueadas e queimadas, os Kikori se uniram ao grupo de Shigeru, aos poucos, até que haviam várias centenas deles - homens, mulheres e crianças – que conheciam as trilhas precipitadas sobre as montanhas, ajudando a levar os feridos em macas e trazendo o seu fornecimento de alimentos tão necessário com eles. Era difícil ir, até mesmo para o povo da montanha, e a necessidade de transportar os feridos atrasou-os. Shukin, Shigeru e Horace eram constantemente conscientes que a principal força Arisaka estava em algum lugar atrás deles, diminuindo a distância entre eles a cada dia.
‘Se soubéssemos onde ele estava’, disse Shukin. Ele havia convocado uma breve parada ao meio-dia e os carregadores deixavam agradecidos as macas e estavam esparramados ao lado da pista. Alguns aproveitaram a oportunidade para comer um pouco dos alimentos que transportavam. Outros simplesmente deitaram-se, descansaram e recuperaram suas forças, deixando a folga de alguns minutos para amenizar a dor dos músculos tensos.
Sem nada sendo dito, Horace tinha se tornado um do pequeno grupo de líderes da caminhada. Shigeru tinha reconhecido o seu valor como um guerreiro especialista e um militar experiente e foi grato por ter alguém bom do seu lado que seu primo Shukin tinha assumido. Olhando para os seus dois principais lideres agora, o Imperador sorriu pesarosamente. Eles estavam muito longe da imagem idealizada de uma festa real, ele pensou. Exausto, manchados de lama suja e encharcadas, as suas vestes e túnicas foram
rasgadas em uma dúzia de lugares por espinhos e galhos afiados ao longo da via, carregada com rústicas embalagens de alimentos e cobertores, que mais parecia um grupo de vagabundos errantes que o Imperador e seus dois principais conselheiros.
Então, ele olhou para as espadas que os dois homens usavam – a espada de Horace longa e reta, no estilo araluen e a de Shukin uma katana, mais curta, com lamina dupla e empunhada ligeiramente curvada. Não havia lama lá, ele sabia. Ambas as lâminas, dentro de suas bainhas, foram cuidadosamente limpas e afiadas - um resultado de seus proprietários limpá-las e afiá-las cada noite.
“Quando você espera que os batedores voltem?” Horace perguntou. Dois dias antes, Shukin pediu voluntários entre os Kikori voltar ao longo de sua fuga para procurar algum sinal da posição do Arisaka. Não havia falta de numeros dispostos a assumir a tarefa e ele enviou quatro dos mais aptos homens mais jovens de volta para baixo da montanha.
“Vai depender quanto tempo vão levar para encontrar Arisaka” Shukin disse. “Estou esperando ouvirmos dele mais tarde, em vez de mais cedo.”
Horace assentiu. Se os batedores voltassem esta noite, pensou, eles teriam um bom motivo para preocupar-se. Levando em conta o fato de um Kikori levemente carregado, especialista em atravessar este país,viajavam muito mais rápido do que os homens Arisaka, eles ainda teriam que viajar duas vezes a distância- ida e volta. Se eles voltarem nas próximas 12 horas, Arisaka não poderia ser superior a dois dias atrás deles.
“Quão longe está Ran-Koshi?” Shigeru perguntou.
Shukin encolheu os ombros em resposta. “Toru diz cerca de cinco léguas, do modo que os corvos voam.”( Um modo de se falar em linha reta.)
Horace fez uma careta. “Nós não somos os corvos”, disse Shigeru e sorriu cansado.
“O que é uma pena.”
Cinco léguas são mais de vinte quilometros, Horace estimou. Mas, viajando para cima e para baixo em cristas como eles estavam, e atravessando as encostas das montanhas, a distância percorrida no que solo poderia ser cinco ou seis vezes isso e que seria difícil ir, de qualquer forma.
“Nós devemos estar lá em quatro dias, se tudo correr bem”, Shukin disse esperançoso.
Nem Horace nem Shigeru responderam, apesar disso Horace não pôde deixar de perguntar a si mesmo a pergunta: por que as coisas começariam a correr bem agora?
Eles ouviram vozes mais para trás para baixo na coluna e todos se levantaram e se virou para ver o que era a causa do distúrbio. Horace viu dois homens jovens trotando cansados até a pista, após as linhas de repouso dos Kikori, que causou a perguntas a eles como eles vieram. Os dois balançaram as cabeças, em resposta às perguntas. Ao contrário da maioria dos viajantes, eles ficaram levemente vestidos, sem roupas pesadas ou casacos para protegê-los do ar frio das montanhas. Eles vestiam bermudas e camisetas e botas de couro forte, e levavam embalagens pequenas que poderiam ter levado apenas o mínimo possível de alimentos e água. Eles estavam vestidos e
equipados para viagens de forma rápida e Horace sentiu uma mão fria fechar sobre o seu coração que ele reconheceu como dois dos batedores que Shukin tinha mandado.
“Isso não parece bom”, disse ele, observando as expressões sérias no rosto os recémchegados. Shukin grunhiu em resposta, os três desceram o caminho para atingir os batedores.
Os rapazes os viram e redobraram o seu ritmo, deixando-se cair a um joelho e abaixando a cabeça diante do imperador. Delicadamente, Shigeru colocá-los à vontade.
“Por favor, levantem-se, meus amigos. Esta trilha barrenta não é lugar para cerimônias.”
Olhou ao redor e viu vários espectadores interessados observando-os, curiosos para saber o que os batedores tinham descoberto. “Alguém pode trazer comida e uma bebida quente para estes homens? E agasalhos.”
Muitos dos espectadores correram para fazer sua oferta. O restante do grupo veio pouco mais perto, ansiosos para ouvir o relatório. Shukin olhou para eles e acenou de volta.
“Dê-nos espaço”, disse ele. “Vocês ouvirão a notícia em breve.”
Relutantemente, eles se afastaram, mas seus olhos permaneceram fixos no pequeno grupo. Shukin introduziu os dois batedores até o local onde ele estava descansando.
“Sentem-se e descansem em primeiro lugar,” disse. Afundaram-se agradecidos ao chão molhado, deixando as suas embalagens de lado.Um deles começou a falar, mas Shukin levantou a mão para detê-lo.
“Comer e beber em primeiro lugar,” disse ele,e a comida e chá quente foram colocados diante deles. As pessoas que tinham trazido a comida ali estavam, querendo relaxar e ouvir o que os batedores tinham para relatar. Mas uma rápida olhada de Shukin e um aceno da sua cabeça moveu-os. Horace percebeu que sua ordem para os homens comerem primeiro era mais do que simples bondade. Ele não queria que ninguém ouvisse o que eles tinham a dizer.
Os batedores mastigaram ruidosamente as suas tigelas de caldo de carne de porco e macarrão. Enquanto comiam, Horace viu a tensão e o cansaço enfraquecendo em seus rostos.
Shukin esperou até que comeram a maior parte do macarrão.
“Vocês encontraram Arisaka?” ele disse calmamente.
Os dois homens concordaram. Um deles, momentaneamente com a boca cheia de caldo quente, olhou para seu companheiro para ele responder.
“O seu exército está mal a um dia de viagem a partir daqui,” disse o batedor e Horace ouviu Shukin dar rápido suspiro. Shigeru, como sempre, pareceu não se importar com a notícia, basta aceitá-lo para o que era.
“Um dia!” Shukin repetiu, em voz perturbada. Ele passou as mãos pelos cabelos.
Horace reconheceu o perigo em sua ação. Sobrecarregado com a tarefa de manter seu Imperador seguro, Shukin podia ver seus inimigos cada vez mais perto. “Como eles podem estar se movendo tão rapidamente?”
O primeiro batedor ganhou a sua voz agora. “Arisaka está conduzindo-os cruelmente, meu senhor”, disse ele. “Ele está determinado a capturar o Senhor Shigeru.”
“Seus homens não vão lhe agradecer por isso”, disse Horace, mas Shukin pensativo fez um gesto de desprezo.
“Seus homens vão aceitar. Eles estão acostumados com a falta de respeito para seu bem estar.” Ele olhou para os batedores. “Onde estão os seus dois companheiros?”
“Eles ficaram para trás para vigiar Arisaka,” ele disse, “Quando ele entrar na marca de meio dia de distancia, eles virão para nos avisar.”
“No ritmo que ele está recuperando do atraso, que deve ser alguma hora amanhã a tarde,” disse Shukin pensativo. Ele desenrolou o mapa das montanhas que ele e Toru tinha elaborado e ponderou isso. Arisaka estava a um dia longe de sua posição atual. Se eles se partissem agora e se mantivessem em movimento, estenderiam o tempo que levaria para pegá-los, mas mesmo assim, ele foi ganhando chão sobre eles muito rapidamente.
Ele olhou para cima e acenou com gratidão para com os batedores.
“Obrigado a ambos. Vocês fizeram bem. Agora vão e consigam roupas quentes e um pouco de descanso. Nós partiremos em breve.”
Eles se curvaram e se viraram para ir embora, mas ele os chamou de volta.
“Peçam a Toru para vir aqui, tudo bem?” Disse. Eles acenaram e trotaram para longe.
Horace e Shigeru não disseram nada enquanto Shukin estudou o mapa rude, batendo com os dedos no queixo, como fazia. Poucos minutos depois, Toru chegou.
“Você me chamou, Senhor Shukin?”
“Sim. Sim. Não é necessário isso,” Shukin disse, acenando sobre o gesto formal de Toru. “Sente-se aqui.”
O guia Kikori caiu de joelhos, os pés dobrados sob ele. Horace balançou a cabeça. Ele poderia apenas manter essa posição por alguns minutos, então os joelhos e as coxas começariam a doer. Os locais, ele sabia, podia sentar-se confortavelmente por horas naquela posição.
“Arisaka está um dia de distância a partir deste ponto,” Shukin disse a Toru. O guia não mostrou nenhum sinal de emoção com a notícia. “No ritmo atual, ele está travando nós, provavelmente já tem um dia e meio. Talvez dois dias, se empurrar a coluna o maximo que nós podemos.”
Ele fez uma pausa para deixar Toru absorver essa informação.
“Quanto tempo você acha que vai nos levar para chegar a Ran-Koshi?”
O Kikori ergueu os olhos para atender a Shukin. “Na nossa velocidade atual, pelo menos quatro dias.”
Shukin afundou seus ombros. Ele esperava esta resposta, mas tinha esperança de que Toru poderia ter uma melhor notícia.
“Então nós temos que encontrar alguma maneira de atrasá-lo,” disse Shukin, após um momento de reflexão.
O rosto de Toru se iluminou e ele chegou para o mapa, virando-o em sua direção e estudando-o. Em seguida, ele apontou um dedo em um ponto.
“Aqui, senhor,” disse ele. “Este desfiladeiro é intransponível - exceto por uma ponte simples. Se destruirmos ela, Arisaka terá que tomar um longo desvio ... descendo ao longo deste cume... então passar todo este vale estreito. E então ele vai ter que recuperar todo o terreno que perderam.” Sua mão percorreu por um tempo uma curva em todo o mapa.
“Ele levará pelo menos duas semanas.”
Shukin assentiu com satisfação. “Excelente. Nós vamos destruir a ponte. Quando é que vamos chegar lá?”
A cara de Toru caiu quando viu a falha em sua sugestão. “Senhor, a ponte é de dois dias de distância. Arisaka vai nos pegar antes de alcançá-la.”
Houve um longo silêncio, então Shukin pegou o mapa e deliberadamenteo enrolou e guardou-o no tubo de couro que protegia dos elementos.
“Então nós vamos ter que ganhar um pouco mais de tempo ao longo do caminho,” disse ele.
21
A costa ocidental de Nihon-Jin estava estendida diante deles, enquanto o navio balançava suavemente sobre as ondas num mar de vidro.
A terra plana na costa rapidamente deu lugar a uma sucessão de colinas muito florestadas. Atrás delas, cadeias de montanhas íngremes subiam bem alto no ar, seus picos já cobertos de neve e intermitentemente oculta pelas nuvens impulsionadas pelo vento.
Era um pais de aparência rude, Will pensou, ele se inclinou sobre a amurada ao lado de Halt, estudando essa nova terra. Após semanas no mar, respirar o frescor do ar salgado, ele estava consciente de uma cheiro novo carregado para ele pelo vento: carvão ou fumaça de madeira, ele percebeu. Eles devem estar relativamente perto de uma cidade ou uma vila grande, embora no momento nenhum estava visível.
“Lá,” disse Halt, lendo seus pensamentos e apontando para uma longa capa que se afastava no mar para o norte deles. Will olhou para o local, mas não viu sinal de edifícios ou de pessoas. Então ele percebeu Halt tinha apontando para o que ele percebeu ser sinais de fumaça no ar. Julgando pela extensão da fumaça, ele pensou, deve haver uma cidade considerável além da margem.
“Aquela é Iwanai?” perguntou Gundar. O skirl atravessou sua rotina habitual de cheirar o ar, verificação das velas e cuspir para o lado.
“Nós viemos um pouco a sul,” disse ele. Ele parecia descontente e Will sorriu para si mesmo. Ele tinha visto o suficiente de skirls escandinavos para saber que eles se orgulhavam de fazer descidas em terra perfeitas - mesmo em lugares que nunca tinham ido antes. Após semanas no mar, usando apenas as estrelas, instinto, sua agulha procuranorte e um mastro em cruz , Gundar tinha trazido para dentro de poucos quilômetros de seu destino.
“Você foi bem, Gundar,” Halt disse calmamente.
O skirl olhou para ele e deu de ombros. “Poderia ter sido melhor.” Olhou para o indicador do vento e inclinou-se sobre o leme para trazer o arco próximo ao norte-oeste, criando um curso à margem a frente deles. Wolfwill iria enclinar-se lateralmente ao porto, em seguida,comecaria a entrar de lado no porto.
“O que faremos quando chegarmos a Iwanai?” Will perguntou para Halt. Até agora, a cidade litorânea no meio da Nihon-Jin tinha sido seu objetivo. Agora eles estavam quase lá, era hora de considerar sua próxima ação.
“De acordo com a mensagem enviada por George, o homem que o guiou para baixo das montanhas estará na cidade”, disse Halt. “Nós precisamos fazer contato com ele. Ele é fiel ao Imperador e deve ser capaz de nos levar para ele.”
“Tão fácil assim?” Will disse. “Nós apenas vamos passear em uma cidade estranha em um país estrangeiro e perguntar: Alguém viu o amigo do George, por favor?”
Evanlyn foi consultar a mensagem que recebeu de George algumas semanas antes.
“Seu nome é Atsu,” ela lhes disse. “E eles devem ser capazes de nos colocar em contato com ele em um ryokan chamado Shokaku.”
“O que é um ryokan? ... E o que é um Shokaku?” Will perguntou e ela sorriu impotente.
“Eu não tenho a menor idéia,” disse ela. Ela olhou para Alyss como por ajuda. A menina loura tinha tomado uma cópia da mensagem quando eles deixaram Toscana e foi estudá-la nos últimos dias, referindo-se ao livro de Nihon-Jin palavras e frases que Lady Pauline havia enviado a ela.
“A ryokan é uma pousada,” ela disse a eles. “E Shokaku é uma garça de algum tipo.”
“Para levantar as coisas?” Will perguntou.
“Para voar. Um tipo de garça, um grande pássaro,” ela corrigiu. “De fato, tão perto quanto eu posso trabalhar com isso, Shokaku significa ‘uma garça voadora’.
“Parece uma coisa lógica de um guindaste para fazer,” Halt meditou. “Eu suponho que você não esperaria que ele significa ‘uma garça de passeio’ ou ‘uma garça empalhada’.
Fez uma pausa, depois estudou Alyss cuidadosamente em poucos segundos. “Tem certeza que você vai ser capaz de fazer-se entender aqui?”
Alyss hesitou. “Tenho certeza. Uma coisa é praticar uma língua com outro estrangeiro, uma outra é ouvir falado pelos nativos. Mas tenho quase a certeza que eu vou conseguir.
Uma coisa, porém,” ela adicionou. “Eu penso que quando descermos na praia procurando por Atsu devemos manter os números baixos.”
O traço de um sorriso tocou boca Halt. “Você está certa,” disse ele. “Afinal, somos uma espécie de grupo exótica, não somos? Eu suspeito que a visão de Selethen, Gundar e Nils andando pelas ruas iria chamar muita atenção. Estaríamos melhor se mantermos um perfil mais baixo possível.”
“Então vai ser apenas nós quatro?” Evanlyn disse e Halt balançou a cabeça.
“Três. Alyss porque ela fala a língua. Will porque eu quero alguém para cuidar da minha retaguarda.”
“Mas ...” Evanlyn começou, e suas bochechas ficando vermelhas. Suas palavras não ditas eram muito óbvias. Não era importante o papel que poderia desempenhar na busca de ex-guia de George. No entanto, ela odiava a idéia de ser deixada de fora. Evanlyn tinha um grande senso de curiosidade e sempre gostou de estar no centro das coisas.
Halt levantou uma sobrancelha para ela agora. “Mas? ...”, ele repetiu.
“Bem, não é realmente justo, não é?” Evanlyn protestou. “Afinal, esta é a minha expedição.” As palavras soavam fracas como ela disse a eles.
“Justiça não tem nada a ver com isso,” respondeu Halt. “Mas você está certa, é sua expedição ...”
Antes que ele pudesse continuar, Evanlyn apoderou-se de suas palavras, pensando que ele pode estar mostrando sinais de abrandamento.
“Isso mesmo! Se não fosse por mim, nenhum de nós estaria aqui.”
“Na verdade, acho que para a obtenção de crédito vai para Gundar,” Will a corrigiu, e ela olhou para ele.
Halt interveio rapidamente para acabar com qualquer discórdia, ainda em inicio. “Como eu digo, é a sua expedição - e eu tenho certeza que você gostaria de vê-la realizado da maneira mais eficiente possível. Correto?”
“Bem ... se você colocá-lo dessa forma ... é claro,” Evanlyn foi forçada a admitir.
“E isso significa que um pequeno grupo deve ir a terra, inicialmente,” Halt disse, seu tom de voz, indicando que este foi o fim da discussão. Então sua voz suavizou um pouco. “Tenha paciência comigo sobre isso, Evanlyn. Eu sei que você está preocupada com Horace.”
Will ficou um pouco confuso pelas palavras de Halt. “Não está mais ansiosa do que o resto de nós, certo?,” disse.
Halt virou-se e ergueu as sobrancelhas quando o seu olhar encontrou Selethen. Às vezes, ele pensou, seu antigo aprendiz pode ser notavelmente lento na absorção. Ele viu o aceno lento de compreensão do Arridi.
“Acho que estamos todos de acordo, Halt,” Selethen disse. “Devemos manter um perfil baixo até que saibamos a situação aqui. E vocês Arqueiros são muito bons nisso.” Ele sorriu para Evanlyn. “Tenho certeza que o resto de nós terá a chance de desempenhar um papel no devido tempo, Princesa.”
Evanlyn aceitou. Ela ficou desapontada, mas ela podia ver que a decisão de Halt fazia sentido. Um grande grupo de estrangeiros que chegam e ficam fazendo perguntas chamaria muita atenção. E isso poderia levar à população local a se tornar relutantes em dar qualquer informação. Se houvesse, de fato, uma rebelião contra o Imperador, a situação poderia ser extremamente delicada em Iwanai.
“Você está certo, Halt,” ela disse e ele notou o reconhecimento por trás do seu apoio.
“É bom ouvir alguém dizendo isso para variar.” Will disse alegremente. “Parece que eu disse aquelas palavras em um terrível pedaço do meu tempo.”
Halt virou um triste olhar para ele. “E você sempre foi correto.”
Will deu de ombros e sorriu para Evanlyn. Ela estava agora reconciliada com o plano e ela sorriu de volta para ele. A coisa mais importante, ela percebeu, era descobrir onde Horace tinha ido. Não importa realmente quem descobriu isso, contanto que eles descubram.
Os marinheiros Nihon-Jin inclinaram-se sobre os trilhos dos navios de cada lado deles quando Wolfwill embicou cuidadosamente em um cais no porto de Iwanai. Mais do que um deles lançou olhares desconfiados sobre o comprimento da wolfship. Suas linhas lhes disse que ele não era um navio de comércio - o casco era muito estreito para permitir qualquer grande quantidade de armazenamento abaixo do convés. Era um navio de combate, eles perceberam. Um assaltante. E como tal, ela seria tratado com reserva.
Vários capitães, observando-o deslizar na direção da porto , tomaram conhecimento da figura do lobo em sua proa. Adequada, eles pensaram, e resolveram manter uma estreita vigilância sobre ele o tempo todo ela estava na porta.
“Em remos!” Gundar gritou. Água desceu em cascata sobre os remadores quando eles levantaram os remos para a vertical, em seguida, baixou-os e os recolheram. O navio estava chegando ao porto em um ângulo, com a proa apontando para o meio da lacuna deixada entre dois outros navios. Gundar, sabendo de sua tarefa, facilitou o leme para a direita e virou a proa ao porto.
“Corda da Popa! chamou e o marinheiro ao lado dele enviou ao cabo de amarração para cima e para terra no porto. No mesmo instante, três homens na costa agarraram-o e começaram a puxa-lo. A popa do navio foi colocada na área de embarque e deram uma volta em torno de um poste de madeira, verificando como ela foi hasteada, permitindo a corda correr cada vez mais lentamente .
“Corda curva de distância!” Gundar chamou. A segunda corda partiu em uma parábola alta, e foi transportado em sua volta. O navio tinha perdido toda a sua direção e agora foi deslizando lateralmente através da água para o cais. Quatro dos remadores do estibordo lançaram um pára-choques de vime sobre o baluarte, deixando-o cair para baixo para proteger o casco do navio da pedra bruta do porto.
Os pára-choques rangeram um protesto quando Wolfwill fez contato com a terra, o som gradualmente diminuindo para um mínimo de ruídos aos poucos ele parou de se mover.
Dois dos tripulantes do navio, saltaram em terra e supervisionaram a fixação dos cabos de amarração. Gundar nunca confiou em ociosos da costa local para realizar essa tarefa.
Ele soltou um profundo suspiro e se virou para seus passageiros expectantes.
“Bem,” disse ele, “aqui estamos nós.”
22
Shukin encontrou um local adequado para o seu plano a meio caminho na manhã seguinte. Eles haviam descido um vale profundo entre duas cristas enormes, e um rio rápido corria pelo ponto mais baixo. A trilha que seguiam conduziu a um vau raso, largo o suficiente para apenas dois homens para atravessar de uma vez. No montante do vau, o rio deixou-se cair um precipício íngreme, rochoso. A jusante era uma piscina profunda e ampla. Ambos os lados, os bancos foram pura e íngreme. Shukin parou enquanto inspecionava o local, esperando que o último dos Kikori atravessasse. Eles entraram na água com muita dificuldade - a água da superfície do vau fez o rio correr mais rapidamente.
‘Poucos homens poderiam segurar este local por horas’, disse ele. ' Os homens de Arisaka só podem vir até nós em dois a cada vez. ‘
Horace observou o local rapidamente. ‘Os bancos altos a montante e a jusante vai impedi-los de chegar a terra firme lá. Você está certo. Este é o único ponto onde se pode atravessar. O único perigo é se há algum outro vau jusante, onde eles podiam atravessar e encontrar seu flanco’.
‘Mesmo se houver as árvores são muito espessas para que se movam rapidamente a jusante. Não, este é o lugar onde eles terão de atravessar. ‘ Shigeru estava balançando a cabeça. ‘Além disso, não é de natureza de Arisaka procurar uma alternativa de passagem’, disse ele. ‘Ele vai querer tentar forçar seu caminho através do rio aqui. Ele não é famoso pela sutileza e ele tem pouca consideração pela vida dos seus homens. ’
‘Isso é o que eu estava pensando, 'Shukin disse.
‘Nós poderíamos reforçar este lado com estacas fincadas na areia em ambos os lados do vau, ’ Horace afirmou. ‘Isso iria garantir que eles têm de atravessar em uma frente estreita. ’
‘Boa idéia, ’ disse Shukin. Ele olhou em volta, viu Eiko observando-os e repassando instruções para alguns dos Kikori para cortar e afiar estacas de árvores e colocá-las no chão, em um ângulo e projetando-se sobre a superfície do rio. Imediatamente, uma dúzia de homens pôs-se à tarefa.
‘Ajuda ter trabalhadores de madeira qualificados com você’, disse Horace com um pequeno sorriso.
‘Então, primo, 'disse Shigeru, escolhendo cuidadosamente as palavras, ’ o plano é deixar um pequeno grupo de homens aqui para segurar o vau e atrasar o exército de Arisaka o máximo possível?’
Mas Shukin estava balançando a cabeça antes de Shigeru terminar de falar - como o Imperador suspeita de que ele seria.
‘Eu não estou deixando um grupo de homens aqui’, disse ele. ‘Eu vou ficar com eles. Eu não posso pedir que eles façam isto a menos que eu esteja disposto a compartilhar o risco com eles. ’
‘Shukin, eu preciso de você comigo’, disse Shigeru calmamente. Mas o rosto Shukin tinha um conjunto determinado e Horace pode ver que sua decisão estava tomada.
‘Minha tarefa é ter certeza de que você está seguro’, disse ele. ‘A melhor maneira que posso fazer é adiar os homens de Arisaka e lhe dar uma chance para alcançar a fortaleza em Ran-Koshi. Você estará seguro lá assim que começar a nevar. ’
‘E na primavera?’ Shigeru perguntou. ‘Você acha que eu não preciso de você, então?’
‘Por esse tempo, muitas coisas podem ter acontecido. Acredite em mim, Shigeru, eu pensei sobre isso e esta é a melhor maneira que posso servi-lo. Além disso, uma vez que atrasarmos eles pelo tempo suficiente, nós podemos escapar por entre as árvores e voltar mais tarde. ‘
O fato de que ele usou o nome de Shigeru, e nem um título formal ou informal foi a prova da profundidade de sua convicção. E a pretensão de que ele e seus homens conseguiram escapar por entre as árvores não enganou ninguém.
Shigeru continuou a olhá-lo tristemente. ‘Pelo menos meia dúzia de outros guerreiros estaria disposta a este comando de retaguarda’, disse ele. ‘Eu entendo que o seu senso de honra pessoal pode levar que você faça isso. Mas há mais do que a sua honra em jogo. ‘
‘Isso é verdade. E eu não estou fazendo isso de qualquer sentimento equivocado de honra. Mas o que você imagina que vai acontecer aqui? '
Shigeru encolheu os ombros. 'Os homens de Arisaka vão tentar atravessar. Você e seus homens vão repeli-los. Eles tentarão novamente. Eventualmente, eles irão atravessar. Você não pode segurá-los para sempre. '
‘Isso é certo’, disse Shukin. ‘E, infelizmente, a vantagem desta posição nos dá também uma desvantagem. Eles só podem nos atacar dois de cada vez, mas por isso mesmo, apenas dois de nós pode enfrentá-los a qualquer momento. Portanto, é importante que os homens defendessem o vau sejam os nossos melhores guerreiros. Você conhece alguém no nosso grupo que pudesse ser melhor que eu com uma espada?’
Shigeru foi responder, e hesitou, depois baixou os olhos quando percebeu que Shukin não estava se vangloriando. Ele estava falando a verdade simples.
'Não', disse ele. ‘Você é o melhor que temos. ’
‘Exatamente. E então eu tenho a melhor chance de segurar todos os homens de Arisaka por um período mais longo. ‘
‘Eventualmente, é claro, Arisaka vai perceber isso. Ele vai mandar seus melhores guerreiros para enfrentá-lo e, se necessário, ele mesmo vai vir a você’ disse Shigeru.
Shukin se permitiu um sorriso amargo. ‘E isso pode resolver todo o problema. ’
Shigeru não disse nada. Ambos sabiam que, Shukin era um guerreiro bom, Arisaka foi um dos melhores espadachins em Nihon-Ja. Em uma batalha um contra um, as chances eram muito em seu favor.
‘Eu vou ficar com você’, disse Horace, de repente, quebrando o silêncio. Mas ambos os seus amigos balançaram as cabeças.
‘Eu não posso pedir isso’, disse Shigeru. ‘É ruim o suficiente que meu primo esteja pronto para fazer isso. Eu não posso pedir um estrangeiro se sacrificar também. ’
‘E também Korukoma, eu dependo de você para proteger o Lord Shigeru na minha ausência, ’
Shukin disse a ele. ‘Ele necessita de um soldado experiente ao seu lado, eu posso ver agora por que você foi enviado a nós. Eu posso comandar esta retaguarda com a mente muito mais leve se eu souber que o Imperador terá a sua experiência e conhecimento em seu dispor. Você pode servi-lo em meu lugar. Isso será mais importante para mim do que ter outra espada para me ajudar. ’ Horace respirou para argumentar porem Shigeru colocou a mão em seu antebraço.
‘Shukin esta certo, Or’ss-san,’ ele disse, usando o apelido de Horace. ‘Eu precisarei de toda ajuda que conseguir. ’
Após poucos segundos, Horace pensou a respeito. Ele acenou tristemente, com olhos fixos no chão.
‘Muito bem.’ Ele olhou para cima e encontrou o olhar de Shukin. ‘ Você pode contar comigo’ ele disse simplesmente e o líder Senshi concordou.
‘Eu sei disso, Or’ss-san. ’
Horace olhou em volta para encontrar um modo de quebrar o silêncio constrangedor que caiu sobre eles.
‘Mantenha algumas daquelas estacas afiadas e mantenha alguns dos seus homens desocupados para usá-las como barreiras, ’ ele disse. ‘ Você pode parar vários homens de Arisaka antes de eles chegarem aos bancos’
Shukin concordou, reconhecendo uma boa ideia.
‘Você vê?’ ele disse, sorrindo. ‘Este é o porquê que eu quero que você fique com Shigeru. ’
‘Apenas não coloque os seus ideais de honra no caminho. Pare Arisaka do modo que você conseguir. Tudo bem?’
‘Você tem a minha palavra. Agora me dê sua mão Or’ss-san. Foi um prazer lhe conhecer’ Toda pretensão que Shukin e seus homens possam escapar do local da emboscada foi abandonada. Horace segurou sua mão e Shukin o segurou pelos ombros com o braço esquerdo.
‘ Tem um presente para você na minha bolsa, ’ Shukin disse a ele. ‘Está amarrado em papel oleado amarelo. Algo para você se lembrar de mim. ’
‘Eu não preciso de nada para me lembrar de você. Tome cuidado Shukin. ’
Assim que disse estas palavras ele deu um passo para trás. Horace percebeu quão ridículo ele estava. Mas Shukin apenas sorriu. Então ele abraçou Shigeru. Os dois
homens afastaram poucos passos de Horace e ele se virou, dando-lhes um momento de privacidade. Eles falaram suavemente em sua língua, Shukin caiu sobre um joelho, com a cabeça abaixada, e Shigeru colocou a mão direita sobre a cabeça do primo em benção.
O momento privado deles acabou. Shukin levantou-se e ativamente chamou os nomes de meia dúzia dos Senshi. Eles se colocaram a frente dele assim que os chamou.
‘Nós ficaremos aqui para nos livrarmos destes mosquitos irritantes que estão nos seguindo, ’ ele disse e todos eles sorriram, depois fizeram uma pequena referencia a Shigeru. Não chamou por voluntários, Horace percebeu. Aqueles homens eram voluntario de qualquer forma.
‘Agora, primo, é melhor entrar em movimento. Você precisa estar naquela ponte antes que Arisaka encontre outro caminho através do rio. Shukin havia retornado para a pretensão de que eles parassem Arisaka permanentemente neste local.
Shigeru assentiu e se afastou. Horace, depois de um momento de hesitação, seguiu-o e começou o longo e difícil trabalho árduo até o cume seguinte. Atrás deles, Horace ouvia Shukin emitindo instruções para seu pequeno grupo, emparelhando-os em equipes de dois.
O cume que subiam foi um dos maiores e mais íngremes até o momento. A faixa foi cortada em seu lado em uma série de ziguezagues, de modo que continuamente inverteu a direção e passou acima do local onde Shukin esperava encontrar com os seus perseguidores - cada vez um pouquinho mais alto. Ocasionalmente, em locais onde as árvores clareavam, eles podiam ver as pequenas figuras pelo vau com bastante clareza. Shukin havia despachado um de seus homens para o outro lado do vau, enviando-o a algumas centenas de metros atrás na trilha para dar o aviso da aproximação de homens de Arisaka. Os outros se sentaram na grama ao lado do vau, descansando. Suas armas foram mantidas à mão, de qualquer forma. Uma vez, Shukin olhou quando eles passaram uma mancha clara e acenou para eles.
Reito, como o conselheiro sênior sobrevivente dos guarda-costas de Shigeru, tinha tomado o comando da coluna e continuou forçando o ritmo quando eles foram lentamente para cima, ziguezagueando para frente e para trás ao longo da face do cume. Eram dois terços do caminho para cima, e tinha acabado de chegar a outro ziguezague na pista, quando um dos Kikori soltou um grito de alerta, apontando outro lado do vale ao contrário do cume.
Horace parou, inclinando-se pesadamente sobre o cajado que ele tinha cortado para ajudá-lo a manter a sua posição sobre a trilha íngreme e enlameada. A chuva enevoada caia, impedindo a trilha de secar. Veio e foi em ondas, em alternativa, encobrindo-os em névoa, em seguida, passando para que eles pudessem ver claramente sobre o vale. A chuva havia parado por um tempo e agora o ar estava claro novamente. Ele olhou para o vale como o Kikori havia apontado e viu o movimento na encosta oposta da montanha.
Pequenas figuras estavam fazendo seu caminho para baixo da pista.
‘Arisaka, 'ele disse calmamente. Isso não era um grupo avançado. Havia centenas de guerreiros e eles estavam se movendo em um ritmo acelerado. No meio da coluna ele podia ver bandeiras tremulando no vento da montanha. Essa seria a parte de comando, ele pensou. O próprio Arisaka provavelmente estava ali. Ele apertou os olhos, esforçando-se para ver se ele poderia ver o líder inimigo, mas era impossível escolher
um indivíduo do grupo. Mesmo se ele pudesse vê-lo, a distância era grande demais para ver qualquer detalhe.
O Kikori tinha chegado a um impasse, observando o exército perseguindo os nervosamente. Em uma linha reta em o vale, eles eram menos de um quilômetro de distância - embora a distância que teriam de viajar para apanhá-los era muitas vezes isso. Mas era amedrontador vê-los tão perto.
Ele chamou a atenção de Reito e apontou para o cume oposto.
‘Eles estão se movendo rapidamente’, disse ele. ‘Mais rápido do que nós. ’Reito assentiu. ‘Eles não têm feridos para levar com eles’, disse ele. ‘Senhor Shukin irá atrasá-los’, acrescentou confiantemente.
‘Talvez’, disse Horace. Ele se perguntava quanto tempo Shukin seria capaz de ganhar. ‘Mas vamos seguir em frente mesmo assim. ‘
Reito virou-se e gritou uma ordem. A coluna começou a se mover novamente, escorregando e deslizando na lama. Aqueles na traseira tiveram o momento mais difícil, porque a superfície da pista foi batida por centenas de metros à sua frente. Todos os olhares estavam voltados para o cume na medida em que continuaram para cima. Mas, então, as árvores bloquearam a visão. Horace não tinha certeza de que ele preferia. Vendo o quão perto os inimigos estão pode ser uma experiência perturbadora, mas não vê-los, ainda sabendo que eles estão lá, parecia pior de alguma forma.
Reito ordenou uma parada de descanso de dez minutos e pediu uma mudança dos carregadores de macas. Aqueles que tinham transportado os feridos soltaram seu peso para baixo com gratidão e os novos carregadores vieram tomar a carga. O período de descanso pareceu passar em um instante e Reito colocou-os em movimento novamente. Ele moveu-se para cima e para baixo na coluna, por vezes importunando os viajantes cansados para aumentar seus esforços, por vezes, brincando e incentivando-os quando a situação parecia exigir. Horace pensou cansado que Reito, com todas as suas idas e vindas ao longo da coluna, foi cobrindo duas vezes o mesmo terreno que o resto deles.
Eles estavam perto do topo da crista, quando Shigeru apontou para um afloramento rochoso, onde uma lacuna nas árvores proporcionou uma visão clara do vale. Como o grupo de Kikori e Senshi foi para cima, ele e Horace subiram nas pedras e olharam para baixo. O vau estava abaixo deles. Do outro lado, os homens Arisaka foram reunidos. Um pequeno grupo de guerreiros lutava do outro lado do rio, com a cintura na água rápida, para atacar os defensores. É, obviamente não era o primeiro ataque. Vários corpos estavam caídos sobre a cobertura de aguçada estacas que haviam sido empurrados para o chão da margem do rio. Mais eram visíveis, flutuando lentamente para a jusante, na água mais profunda abaixo do vau. O rio em si foi riscado com fitas vermelhas de sangue.
Horace olhou com atenção, mas ele podia ver apenas quatro defensores no lado mais próximo do banco. Ele soltou um suspiro de alívio quando ele fazia Shukin armadura de couro azul. O líder Senshi foi posicionado agora para encontrar o próximo ataque. Um de seus homens estava de pé ao lado dele, desenhando com a espada. Os outros estavam agachados atrás deles, cada um armado com uma estaca muito afiada. À medida que os atacantes vieram ao alcance, se impulsionaram para o homem que liderava. Um dos agressores foi perdendo o equilíbrio e caiu, ao ser levado nas águas profundas junto ao vau. Outro varreu a sua espada na estaca e despedaçou-a. Instantaneamente, o defensor desistiu, deixando Shukin e seu companheiro de combate próximo a batalha.
Espadas brilharam na penumbra do vale. O som do toque de aço sobre aço foi carregado vagamente a eles, mas demorou pela distância e fora do tempo com as ações dos homens abaixo, fazendo com que Horace sentisse estranhamente desorientado. Cinco dos inimigos caíram nos primeiros golpes rápidos, Shukin contou três deles, e os outros invasores chamaram de volta para o meio do rio para se reagruparem. Mas, agora, Horace podia ver que o companheiro de Shukin tinha afundado até os joelhos também. Um dos outros deixados de lado sua participação, desembainhou a espada e deu um passo ao lado de Shukin. O homem ferido arrastou de volta para o banco. Ele conseguiu se arrastar a poucos metros de distância do vau, em seguida, ficou imóvel.
Shigeru tocou a mão ao braço de Horace.
'Olha', disse ele, apontando.
Do outro lado do vau, uma figura foi propositadamente caminhando na água. Ele estava acompanhado por pelo menos, dez guerreiros, e ele usava uma armadura vermelha brilhante. ‘Arisaka? Horace perguntou, embora ele já achasse que sabia a resposta.
Shigeru assentiu gravemente. ‘Aparentemente, ele pensa Shukin adiou por tempo suficiente.’ Horace olhou para o amigo. O rosto de Shigeru, normalmente tão enigmático e composto, foi elaborado com preocupação.
‘O Shukin tem alguma chance contra Arisaka?’, Ele perguntou. Lentamente, o Imperador balançou a cabeça. ‘Não. ’
O último ataque foi tomando forma agora. Os dez homens com Arisaka lotaram a frente, cortando e dando facadas, em uma massa compacta. Shukin e seu companheiro se encontraram com eles, cortando-os, e os homens cambaleando longe na dor ou caindo e ficando imóveis no rio. Mas o simples peso dos números empurrou os defensores para trás. Os atacantes conseguiram ganhar uma posição no banco agora, dentro da cobertura de estacas afiadas. A maioria deles concentrava seus esforços no assistente de Shukin. Shukin lançou-se em um ataque de flanco sobre o nó de homens de combate e dois caíram na rápida sucessão. Mas ele teve que desviar para fazê-lo o que o deixou vulnerável. De repente, a figura blindada de vermelho moveu-se para frente, empurrando alguns de seus homens de lado, e Shukin encontrava-se ladeado. Ele virou-se para Arisaka, aparou a lâmina do general e cortou para trás com a sua própria. Arisaka recuou.
‘Ele cortou-o!’ Horace disse animadamente. Sua mão agarrou o ombro de Shigeru. Mas o Imperador sacudiu a cabeça.
‘Nada mal’, ele disse e Horace viu que ele estava certo. Arisaka estava avançando novamente e foi Shukin forçado a voltar pelo círculo de luz formada pela lâmina de Arisaka. ‘Tenha cuidado, Shukin! Lembre-se que ele vai... Aaaah!’
O grito de desespero foi arrancado de Shigeru quando Arisaka lançou um ataque súbito e desconcertante. Ele atingiu dois golpes incrivelmente rápidos em Shukin, a partir da esquerda e da direita, balançando em um alto curso descendente de cada vez e em um círculo completo para dar mais força a sua espada. Como a defesa de Shukin estava desesperada, Arisaka girou para um terceiro ataque, e a lâmina de Shukin subiu novamente na defensiva. Mas desta vez, o golpe antecipado nunca veio. Em vez disso, como ele estava no meio de seu movimento, Arisaka inverteu o seu poder sobre a
espada e fez um impulso na velocidade de um raio para trás. Pego de surpresa, o primo de Shigeru moveu-se para um lado, sua espada caindo de sua mão. Ele dobrou em agonia e caiu sobre um joelho.
Quase com desdém, Arisaka deu um passo à frente e atacou novamente. Shukin caiu de bruços na beira do rio de areia. Ele não se moveu. Tardiamente, atrasado pela distância, Shigeru e Horace ouviram o grito de triunfo que vinha dos homens de Arisaka. Eles haviam se ajoelhado para assistir à batalha e agora Horace colocou a mão embaixo do braço do Imperador e levantou-o de pé.
‘É melhor andar’, disse ele. ‘Temos que aproveitar o tempo que ele conseguiu para nós. ’
23
Eles tinham sido amarrados ao lado do cais, durante várias horas antes de as autoridades de Iwanai mostrarem algum interesse neles. Halt estava ansioso para ir a terra e começar a busca por Atsu, mas ele sabia que isso seria um erro.
‘Nunca é uma boa ideia ir para a terra antes que você tenha pagado suas taxas de amarração’, Gundar lhe tinha dito. Era uma prática normal em qualquer porto para aguardar a permissão para descer - que geralmente era concedida após um pesado pagamento ser entregue. Se ele ignorou essa prática, ele só ia chamar a atenção para suas ações e poderia até ser proibido de outras visitas em terra.
No meio da tarde, um grupo de quatro guerreiros Senshi presunçosos embaixo do cais, enviando os trabalhadores das docas e os pescadores às pressas para fora de seu caminho. Eles embarcaram no Wolfwill sem convite e seu líder conversou brevemente na língua comum com Gundar. Os cinco passageiros assistiram o processo nos limites apertados dos quartos de dormir na popa.
O líder dos guerreiros parecia desinteressado, mesmo desdenhoso, quando o skirl contou-lhe que o navio tinha viajado da Escandinávia, e que o país estava muitas léguas a oeste. Foi óbvio que, aos olhos do guerreiro Nihon-Jan, um estrangeiro era um estrangeiro, não importa de onde ele veio, e todos os estrangeiros estavam abaixo do interesse de um membro da classe Senshi.
Depois de alguns minutos, o Senshi veio para o verdadeiro propósito de sua visita. Ele e Gundar discutiam sobre o pagamento das taxas portuárias. Quando eles chegaram ao acordo sobre um valor, a carranca de Gundar disse ao Senshi que estava descontente com a quantidade, mas sabia que ele poderia fazer pouco sobre isto. Isso parecia deixar o guerreiro de bom humor, pela primeira vez. Com um sorriso sarcástico, ele aceitou as pesadas moedas de ouro de Gundar. Então, ele e seus comparsas presunçosos foram em seu caminho, olhando para o navio e rindo de algum comentário que o líder fez.
Uma vez que eles estavam seguramente afastados, Halt e outros surgiram da cabine.
‘Acha que ele negociou muito?’ Will disse, recordando a expressão carrancuda de Gundar quando ele entregou o dinheiro. Para sua surpresa, o skirl emitida uma gargalhada franca expansão.
‘Aquele? Ele não podia conduzir uma negociação com as rédeas e um chicote! ‘, Disse ele, sorrindo amplamente. ‘Ele estava tão ocupado dizendo insultos sobre gaijins... ‘Ele parou e olhou para Alyss. ‘O que é um gaijin, afinal?’
‘É um estrangeiro’, disse ela.
Gundar franziu a testa, pensativo. ‘Então por que ele iria me chamar assim? Afinal, ele é o estrangeiro, não é? '
A vaga sugestão de um sorriso tocou os cantos da boca de Halt. Não importa onde ele estava Gundar nunca iria ver-se como o intruso.
‘Assim, sobre as taxas de porto?’ Ele perguntou, e o sorriso reapareceu no rosto largo de Gundar, ‘Mal a metade do que eu estava disposto a pagar! Esse moço não tem tido muito trabalho, eu diria. ‘Ele riu para si mesmo, lembrando da discussão com o funcionário Senshi arrogante, mas inapto. ‘Aliás, ele continuou dizendo que ele estava a recolher o dinheiro para a honra do Senhor Arisaka. Ele é o galo garnisé que está dando trabalho ao Imperador, não é?’
‘Eu gostei do jeito que você colocou’, Selethen interrompeu calmamente. O andar empertigado dos guerreiros lhe trouxe um galo à mente. Mas Halt estava concordando em resposta à pergunta de Gundar.
‘Sim. E isso pode explicar porque a taxa era tão pequena. As chances são de que este funcionário em particular só teve o trabalho desde Arisaka tomou o poder. ’
Evanlyn franziu a testa, pensativa. ‘Se os homens de Arisaka estão no poder aqui, isso pode dificultar para fazer contato com Atsu”. Halt assentiu. ‘Você está certa. Pode demorar um pouco mais do que esperávamos.‘ Olhou Alyss. ‘Talvez devêssemos ter um par de quartos, esta ryokan de vocês, aquele com o guindaste gingando’.
‘Esse é a garça voadora, Halt’, disse ele. ‘Mas você pode estar certo. Dessa forma, nós vamos dar a Atsu à oportunidade de vir até nós de forma discreta. Ele pode não querer ser visto embarcando em um navio estrangeiro.”
Halt virou-se para Gundar. ‘Nós vamos à praia hoje à noite’, disse ele. ‘Não há nenhum sentido em deixar mais pessoas do que o necessário dar uma boa olhada em nós. Você dará a seus homens um tempo em terra?’Gundar assentiu. ‘Eles mereceram. Mas eu vou ter certeza de que ficar longe de encrenca. ’ ‘Eu aprecio isso. Podemos ter que ficar na pousada para mais de uma noite, então tente manter seus homens confinados à zona portuária. Não deixe os andar mais longe.’
‘A maioria do que eles querem estará na zona portuária’, disse Gundar. ‘Se tem espuma e é servido em uma caneca, que é o que estamos procurando.’ Halt virou e pediu desculpas para Selethen e Evanlyn.
‘Eu estou receoso que tenho que lhes pedir para continuar a bordo e ficar fora de vista, tanto quanto possível ‘, disse ele. Ambos concordaram imediatamente, compreendendo o seu raciocínio.
‘Você está certo, Halt’ Selethen acordado. ‘Muitos gaijins exóticos vagando vai chama atenção, e isso pode assustar o nosso homem. ’
Evanlyn sorriu para o Wakir. 'Você me incluiu como um gaijin exótico? ‘, ela perguntou e ele assentiu com a cabeça gravemente.
‘Talvez a mais exótica de todas, minha senhora’, disse ele.
Halt ficou satisfeito ao ver que Evanlyn aceitou sua decisão que ela não deveria ir a terra. Isso o lembrou de outra coisa que tinha estado em sua mente.
‘Alyss, você acha que poderia fazer algo para tornar-se um pouco menos exótico? Perguntou ele. ‘Eu estava pensando em seu cabelo, em particular.’ Ela assentiu.
‘Eu estive pensando a mesma coisa. Eu vou me ocupar com ele imediatamente. ’Quando ela se virou, Evanlyn a surpreendeu, perguntando:
'Você aceita qualquer ajuda com isso?'
Alyss virou e sorriu para a princesa. ‘Eu aprecio isso’, disse ela. 'Uma garota sempre gosta de uma segunda opinião quando ela tenta um novo estilo. ’
As duas garotas desapareceram na cabine de popa mais uma vez. Will as viu partir, então, perguntou para Halt, ‘Existe qualquer coisa que você gostaria que eu fizesse? Crescer a barba? Aprender a andar como um galo?’
‘Se você pudesse parar de fazer perguntas jocosas, acho que seria um começo, ’ Halt disse a ele. ‘Mas é provavelmente um pouco tarde na vida para que você faça isso '.
Halt e Will estavam esperando pela prancha para Alyss para sair da cabine. Os dois Arqueiros pareciam relativamente anônimos, em suas vestes manchadas e com suas golas elaboradas tentando esconder seus rostos. Seus arcos longos maciços não poderiam ser escondidos, é claro, e Halt queria saber se eles deveriam deixá-los a bordo. Mas então ele pensou que eles estavam indo para território desconhecido e ele não estava disposto a fazer isso sem a sua arma principal.
A escotilha da cabine traseira se abriu e Alyss surgiu no convés. Ela usava um casaco longo e escuro, também com um capuz puxado para cima para mascarar seu rosto. Ela era alta - não havia muito que Alyss poderia fazer para ocultar esse fato. Mas ela andava encurvada, e que ajudou um pouco. Quando ela veio até eles e puxou o capuz, Will murmurou em espanto.
Seus longos cabelos se foram, em um corte curto para enquadrar o seu rosto. E onde ele havia sido uma brilhante cor loira, agora ele era preto - muito preto. O rosto familiar de Alyss sorriu para ele nesse quadro decididamente não-familiar. E, no entanto, havia algo diferente em seu rosto também. Ele olhou mais perto, à luz incerta da lanterna do corredor e percebeu que ela tinha aplicado algum tipo de mancha em sua pele para escurecê-la, alterando-a de sua coloração normal a um castanho claro.
‘Raios me partam!’, Disse. Foi desconcertante ao extremo. Ela foi Alyss. Mas, novamente, ela não era. Era como um estranho com os olhos de Alyss e o sorriso familiar de Alyss.
‘Não é a reação mais lisonjeira, ’ ela disse, e ele acrescentou à lista, a voz familiar de Alyss.
‘Bem feito, Alyss’ Halt disse em aprovação. ‘Você trabalhou muito bem. ’‘Evanlyn fez a maior parte,’ Alyss disse, indicando a princesa quando ela surgiu no convés. ‘Eu não poderia ter cortado o cabelo sozinha e que era dela a idéia de manchar a minha pele em uma tonalidade mais escura. ’
'Raios me partam,’ Will disse mais uma vez. Alyss franziu o cenho para ele. A carranca familiar de Alyss, ele pensou.
‘Você tem de continuar a dizer isso?’, Ela disse.
‘Mas... Como você fez isso? 'Will perguntou, e Alyss encolheu os ombros.
‘Eu sou uma Mensageira’, disse ela. ‘Nós nunca sabemos quando teremos que ir disfarçadas, por isso parte do nosso equipamento de viagem padrão é um kit de disfarce.
Corantes de pele, coloração de cabelo e assim por diante. Cortamos o cabelo curto, porque eu só tinha uma pequena garrafa de cor escura para os cabelos.
‘Bem, você não será confundida com uma local’ disse Halt. ‘Mas você vai excitar muito menos comentários do que com o seu cabelo usual, loiro. ’
Selethen estava de olho nos resultados do trabalho das meninas por alguns minutos. ‘Pessoalmente, já estou acostumado com senhoras com a pele mais escura, acho esse novo estilo muito glamoroso na verdade,‘ ele disse.
Alyss sorriu e deixou cair uma pequena reverência em sua direção. Ela viu Will fôlego para outro comentário e disse, sem olhar para ele: 'Se você disser ‘Raios me partam’ de novo, eu vou chutar você '.
Isso era o que ele ia dizer, por isso não disse nada. Os três desceram a prancha e foram para baixo do cais. Quando chegaram à rua que corria paralela ao porto, eles hesitaram.
'Direita ou esquerda? ‘Halt perguntou. ‘Ou à frente?’ Will interveio.
Havia uma larga estrada pela frente, ladeada pelas luzes do que poderia ser lojas, tabernas e bares. Era difícil dizer que os sinais estavam todos em incompreensíveis caracteres Nihon-Jan. A estrada em si era errática, em ziguezague de forma anárquica, e eles podiam ver várias estradas menores e becos que se ramificam a partir dele. Das três escolhas, pela frente parecia o mais provável, Halt pensou. Ele tomou um ritmo incerto para nesse sentido, depois hesitou.
‘Por que os homens nunca perguntam direções?’ Alyss disse.
Ela havia notado um pequeno grupo de moradores empoleirado no muro do porto, varas de pesca salientes sobre a água escura. Ela caminhou em direção a eles agora e, como se eles se conscientizassem de sua abordagem, ela parou e curvou-se educadamente. Um dos pescadores desceu da parede e se inclinou em troca. Alyss falou baixinho para ele por um segundo ou dois. Houve certa quantidade de apontar e braços acenando, obviamente, indicando uma seqüência de mudanças de direção. Então o homem levantou três dedos para se certificar de que ela tinha plenamente compreendido. Ela inclinou-se novamente e voltou para onde Halt e Will estava esperando.
‘O que ele disse?' Will perguntou. Ela sorriu para ele. ‘Ele disse que meu Nihon-Jan foi excelente. Em seguida, ele adicionou, meio que me mimando, ‘Para um gaijin’. Ainda assim, um elogio é um elogio, eu acho.”
‘Foi o seu excelente Nihon-Jan bom o suficiente para entender suas instruções para o rillokan?’ Will perguntou sarcasticamente.
‘Isso é ryokan, e sim, foi. Direto ao longo dessa estrada principal ate a terceira lanterna. Então, à esquerda, depois a quarta estrada à direita. Haverá um desenho de uma garça fora da pousada - uma voando’, acrescentou, para prevenir qualquer comentário de Halt. O arqueiro simplesmente encolheu os ombros.
'Então eu estava certo. É desta maneira ‘, disse ele, enquanto partiam.
Os edifícios foram criados juntos, construídos em madeira e com telhados de colmo. Portas e janelas estavam cobertas com telas deslizantes, cujos painéis translúcidos
mostraram o quente amarelo de lanternas brilhando dentro. Halt caminhou um pouco mais próximo de um e estudou os pequenos painéis na porta.
‘É papel’, disse ele. 'Papel pesado. Provavelmente encerados ou oleados para fazer a prova de chuva. Mas deixa luz atravessar e preserva a privacidade, ao mesmo tempo. Engenhoso.’ ‘Não é tão engenhoso, se um ladrão quer entrar’ Will disse. As portas e as janelas aparentavam ser decididamente frágil, pensou ele.
‘Talvez os habitantes sejam todos cumpridores da lei’, comentou Alyss.
Eles chegaram à lanterna da terceira rua, que ficava pendurada em um poste e virou de lado a lado nas rajadas de vento, e viraram à esquerda para uma rua lateral. Os edifícios de ambos os lados pareciam fechar-se sobre eles nos limites estreitos da rua. A rua principal, ampla e varrida pelo vento como era, estava praticamente deserta. Mas aqui as pessoas estão mais apressadas, as mulheres escondendo-se rapidamente em suas vestes longas e estreitas, homens caminhando com um passo mais aberto. Os transeuntes olhavam para eles. Suas roupas marcaram-os como estranhos, mesmo que seus rostos e feições estivessem ocultos por capuzes profundos que todos eles usavam.
Eles ouviram balbucia de conversa e repentinas ondas de riso de muitos dos edifícios que eles passaram. Ocasionalmente, as portas se abriram e pessoas surgiram, dando despedidas aos seus amigos de dentro das casas. Como eles saíam para a rua, eles paravam para assistir as três figuras estrangeiras que passavam, correndo por entre as sombras. Mas seu interesse era superficial. Em um porto marítimo assim, os moradores estavam acostumados a ver estrangeiros.
‘Parece que somos notados, ’ Will disse suavemente. Halt olhou de soslaio para ele. ‘Não tanto como se viéssemos tropeçando aqui em plena luz do dia’, disse ele. ‘E pelo menos até agora, estamos apenas sendo visto por habitantes da cidade, e não por soldados de Arisaka.’
‘Talvez eles não desçam esses becos à noite. Como estamos indo, Alyss? ’
O rosto de Alyss, na sombra de seu capuz, estava contorcido em uma carranca de concentração. O lado da rua era ainda mais irregular do que a rua principal tinha sido, torcendo e virando e abrindo em becos e entradas laterais dos edifícios. Era difícil acompanhar o que era, na verdade, uma rua e o que era simplesmente um beco sem saída.
‘Cale a boca. Eu estou contando ‘, disse ela. Então ela apontou para uma estreita abertura na direita. ‘Parece ser aquele. ’
Eles mergulharam na viela. Havia mais pessoas na rua e agora eles tiveram que se acotovelar no seu caminho através da multidão em movimento lento como as pessoas pararam de ler o que parecia ser o cardápio em placas fora das casas de comida.
‘S'mimasen 'Alyss dizia repetidamente enquanto roçava os transeuntes.
‘O que significa isso?' Will perguntou, quando eles chegaram a um trecho da rua sem qualquer outro pedestre. Ele ficou impressionado com o conhecimento de Alyss da linguagem local.
‘Isso significa ‘me perdoe’’ Alyss respondeu, em seguida, uma sombra de dúvida atravessou seu rosto. ‘Pelo menos, eu espero que sim. Talvez eu esteja dizendo ‘você
tem os costumes de uma gorda, semeando ranço’. Disseram-me um monte de significado para esta pronúncia.
‘Ainda assim, isso poderia ser uma frase útil de saber’, disse Halt. Mas ele tinha notado a reação das pessoas às desculpas de Alyss. Eles simplesmente assentiu reconhecimento e seguiam seu caminho. Ele tinha certeza de que ela tinha a pronúncia correta.
Ele também ficou impressionado com a maneira como ela estava copiando. Pauline ficaria orgulhosa dela, pensou, e fez uma anotação mental para contar a sua mulher sobre as competências linguísticas de Alyss.
‘Aí está’, disse a menina, de repente, apontando para um prédio de dois andares no lado oposto da de rua. Era maior do que seus vizinhos. Suas paredes foram construídas com troncos sólidos, com o espaço entre elas preenchido com barro ou lama. Havia várias janelas de papel-encerado ao longo da frente do edifício e mais quatro no andar de cima, de frente para a rua.
A porta era feita de tábuas de madeira maciça. Ao lado da porta, projetada sobre a rua, havia uma placa tendo uma pintura de uma ave em voo. Havia vários ideogramas Nihon-Jan escrito verticalmente para baixo na placa.
‘Isso parece uma garça, com certeza,’ Will disse, ‘e ela está voando.’ Halt estudou o tabuleiro. 'Poderia ser um pelicano’, disse ele de forma crítica. ‘Mas vamos dar-lhe o benefício da dúvida.’
Liderando o caminho, ele empurrou a porta, a ser confrontado por uma onda de calor. Ele fez uma pausa por um segundo, para estudar a sala adiante, em seguida, abriu o caminho para dentro.
24
Molhado, sujo e exausto, o grupo do Imperador finalmente alcançou a estreita passarela.
Enquanto olhava para ela, Horace fez uma breve pausa. Era uma estrutura frágil. Havia uma trilha estreita de tábuas, larga o bastante para passar apenas uma pessoa por vez.
Quatro pesados cabos de corda a suportava: dois em cada lado das tábuas e outros dois, colocados um metro mais alto e mais separados, que agiam como corrimões. Cordas curtas e mais leves estavam amarradas num padrão em zigue-zague dos cabos inferiores até os mais altos, forçando uma pequena barreira lateral para prevenir que viajantes caíssem. Com os cabos de corrimão postos mais largos e separados que a trilha, a ponte formava um triângulo truncado e invertido. Quando ele olhava para a grande queda abaixo e notava que a ponte estava oscilando e vibrando levemente no vento, acabava decidindo que não era uma estrutura que atravessaria com confiança.
Horace não gostava de alturas. Mas ele se concentrou, respirou fundo e pisou nas estreitas tábuas, apertando firmes as cordas laterais.
No minuto em que o pé dele tocou-a, a ponte parecia vir à vida, oscilando e imergindo enquanto descrevia um círculo gigante no ar. Mais abaixo dele, ele ouviu o rio correndo e tombando sobre as rochas. Rapidamente, ele pisou novamente em terra firme, percebendo que seria um atraso para os outros. Os Kikori, acostumados a esse tipo de terreno, iriam se mover com mais rapidez pela ponte do que ele podia. Eles seriam atrasados se ele fosse primeiro.
“Eu vou passar por último,” ele disse, e gesticulou para o Senshi mais próximo liderar o caminho.
O guerreiro pisou na ponte. Ele parou enquanto absorvia o ritmo dos movimentos dela, depois se apressou a atravessá-la, confiante. Reito e vários outros Senshi o seguiram, alcançando o outro lado rapidamente. Então Shigeru cruzou, seguido pelos primeiros dois padioleiros Kikori. Eles pisaram com cuidado na ponte, se movendo com mais lentidão, com os dois homens tendo que adaptar-se aos movimentos repentinos e imergentes da ponte. Eiko era quem observava o progresso deles, gritou uma sugestão para o par seguinte de padioleiros. Eles pararam e abaixaram suas padiolas. Um deles jogou o homem ferido sobre o ombro e partiu para a ponte. Horace podia ver que ele se movia com mais rapidez deste jeito. O segundo homem seguiu seu companheiro com a padiola enrolada equilibrada no ombro.
Aquilo assentou o padrão para mover o ferido pelo caminho estreito. Quando chegaram seguramente no outro lado, os Kikori restantes seguiram. Já que eles eram desimpedidos,não tiveram que esperar uma pessoa para cruzar.Logo, uma linha firmemente movimentada foi formada enquanto pisavam levemente na ponte. Uma vez que os Kikori atravessaram, os guerreiros Senshi começaram a segui-los. Esses não passaram pela tarefa com tanta agilidade quanto os Kikori, mas, movendo-se com cuidado, eles descobriram que três ou quatro de cada vez poderiam passar pela ponte.
Assim o grupo esperando para atravessar, rapidamente diminuiu.
Horace esperava ansioso. Ele agora observara trezentas pessoas cruzarem a ponte, de forma que quaisquer dúvidas quanto à sua resistência foram dispersas. Ele gastava os minutos restantes numa febre de impaciência, observando o caminho de onde vieram, esperando ver o primeiro sinal dos homens de Arisaka.
“Kurokuma! Esta na hora!”
O último dos Senshi de Shigeru puxou a manga de Horace, indicando a ponte atrás deles. Horace assentiu.
“Vá,” Disse. “Estarei logo atrás de você.”
Ele esperou até o homem chegar ao meio da ponte e então pisou mais uma vez nas tábuas. Ele segurou, ajustando-se ao movimento imergente e oscilante, depois começou a atravessar arrastando os pés, movendo-os com cuidado, colocando-os o mais próximo ao centro das tábuas quanto podia. Mesmo assim, o movimento era atordoante e ele lutou para não olhar para baixo. Uma memória súbita entrou em sua mente — de Will na ponte imensa de Morgarath em Céltica, correndo com os pés leves pelas estreitas traves onde a trilha ainda estava a ser posta.
“Queria que você estivesse aqui, Will,” Disse discretamente, depois continuou arrastando os pés à frente.
Ele já havia passado dois terços do caminho quando ouviu o grito de alerta do outro lado da ponte. Parando, ele torceu a parte superior do corpo para olhar sobre o ombro.
Ele pôde ver homens correndo ao longo da trilha na beira do desfiladeiro. Em outros cinco minutos, eles alcançariam a ponte. Ele não esperava que eles chegassem tão cedo, e um pensamento lhe acertou: Arisaka devia ter mandado outro grupo avançado à frente à toda velocidade, descarregados por nada a não ser as armas.
“Não pare, Or’ss-san!” Era Reito, gritando para ele do outro lado do desfiladeiro.
“Continue se movendo!” Alarmado para se mover, Horace mergulhou para frente, sem cautela, agora que seu movimento poderia fazer a ponte balançar e oscilar. Apertou o corrimão feito de corda ferozmente, quase correndo para sair da ponte. Podia ver meia dúzia de Kikori parados onde as cordas e cabos que suportavam a ponte estavam ancorados, os machados prontos para cortá-los. Atrás dele, ouviram-se mais gritos enquanto os homens de Arisaka se aproximavam mais.
“Preparem uma corda!” gritou Horace. “Uma corda longa!”
Ele mergulhou para o chão sólido e virou para ver o primeiro dos homens de Arisaka pisando cuidadosamente na ponte. Eles hesitaram com a rápida movimentação. Ao contrário dos Kikori, eles não nasceram e cresceram nesse território montanhoso. Mas começaram a avançar devagar. Os machados dos Kikori estrondearam quando acertaram os cabos suportando a ponte.
Mas a corda grossa estava entrelaçada junta e pesadamente pichada, o alcatrão endurecera a uma consistência quase de rocha ao longo dos anos. Haveria problemas se os homens de Arisaka conseguissem atravessar antes dos homens com os machados conseguirem romper todos os quatro cabos.
Horace viu um dos Kikori que estava parado com uma corda comprida e chamou-o.
“Amarre na minha cintura! Rápido!”
O homem percebeu o que ele queria e deu um passo à frente, apertando um laço na corda em volta da cintura de Horace, dando um nó seguro atrás dele.
“Agora desamarre a corda enquanto eu ando!” Horace disse. Ele encolheu os ombros e passou o escudo para frente, correu o braço pelas tiras de suporte e puxou a espada.
Respirou fundo e pisou na ponte outra vez. O Kikori que amarrara a corda, desamarrava-a lentamente, mantendo uma pequena extensão entre eles para que qualquer movimento de Horace não o prejudicasse. Ele pediu ajuda e três companheiros correram para auxiliá-lo.
Dessa vez, Horace fazia cada movimento com um propósito em mente. Qualquer nervosismo que ele poderia sentir era dominado pela necessidade de conter o Senshi que avançaria para chegar até ele. Horace sabia que o perigo real em tal plataforma inconstante viria caso ele deixasse a tensão vir á tona. Tinha que relaxar e acostumar ao movimento da ponte. Ele era um atleta soberbamente coordenado e acabara de descobrir um jeito de relaxar a tensão nos músculos.
“Imagine que você está montado num cavalo,” ele falou para si mesmo e, de imediato, descobriu que podia entrar em concordância com o balanço, se lançando com a movimentação da ponte. Avançou cinco metros e esperou. O primeiro Senshi parou alguns metros próximo dele, olhando incerto para a figura alta que estava na ponte, balançando levemente nos calcanhares. O Senshi não tinha esse senso de facilidade. Ele estava tenso e nervoso, fora de sua zona de conforto. Mas continuou, tentando dar um golpe desajeitado em Horace.
Horace recebeu o golpe com o escudo inclinado, desviando-o mais do que bloqueando. Como consequência, seu atacante não sentiu resistência no golpe e tombou, sem equilíbrio. Enquanto tentava se recuperar, Horace deu um rápido bote de lançamento e acertou-o na coxa esquerda, atravessando o buraco da armadura.
Com um grito rouco de dor, o guerreiro deixou cair a espada quando a perna esquerda falhou, mandando-o numa guinada para a rede grossa de cordas laterais. Aterrorizado assim que percebeu que estava prestes a passar com um mergulho e cair para a morte, lutou para segurar-se em algo. O homem atrás dele fora impedido pelo corpo torto e estranhamente espalhado. Enquanto tentava passar, Horace avançou de repente em direção a ele, arrastando os pés rapidamente. O Senshi tentou um corte esquisito nele, mas, mais uma vez, o escudo repeliu o golpe. A lâmina bateu na borda do escudo e ficou presa ali por um segundo. Durante o tempo em que o Senshi a puxava, o golpe lateral de retorno realizado por Horace acertou-o na lateral.
As espadas fabricadas em Nihon-Jin eram mais afiadas e rígidas do que a lâmina de Horace. Mas a espada dele era mais longa e pesada, e acabou amassando a laqueada armadura de couro que o Senshi usava, acertando as costelas atrás dela. O homem ofegou em dor, caiu no corrimão e perdeu o equilíbrio, tombando e caindo no sólido desfiladeiro abaixo deles.
O homem seguinte hesitou quando ele e Horace sentiram um violento tremor correr pela ponte e o corrimão esquerdo ceder. Eles ficaram se encarando, cada um esperando que o outro tentasse um movimento. Mas Horace sabia que o tempo estava do seu lado agora.
Na beira do precipício, Shigeru falou rapidamente para os homens segurando a corda de Horace.
“Amarrem a corda naquela tora de árvore!” ele ordenou. “Quando Kurokuma cair, diminua a velocidade da queda antes que a corda acabe!”
Eles se agarraram ao pensamento instantaneamente e correram a corda em torno da tora — que era grossa como uma cintura. Os homens com machados estavam trabalhando cada vez mais rápido e a ponte estremecia com cada golpe. Shigeru viu o soldado inimigo mais próximo do outro lado do abismo virar e começar a correr de volta, gritando um alerta. Seus companheiros seguiram-no, mas estavam muito atrasados. A ponte subitamente começou a descer, jogando Horace e os quatro Senshi restantes no desfiladeiro.
“Deixem a corda escapar um pouco!” ordenou Shigeru. Ele sabia que se a corda simplesmente ficasse esticada, Horace acertaria a dura parede do despenhadeiro com força brutal. Entretanto, conforme a corda ficava firme, os Kikori a deixavam correr, usando o laço posto na tora para diminuir a velocidade e permitir que Horace caísse livremente no penhasco debaixo da projeção onde a ponte fora feita.
Horace sentiu a ponte cair, sentiu ele mesmo caindo no espaço vazio e o estômago subindo à garganta. Ele esperou o barulho súbito da corda ficando esticada, então percebeu o que estava acontecendo. A corda estava esticada, contudo estava cedendo.
Não houve nenhuma parada repentina, portanto deixou seguir com a dificuldade e tentou virar-se para encarar a parede do despenhadeiro, de modo que pudesse diminuir o impacto com os braços e pernas.
A projeção e a corda amarrada o salvaram. Se o abismo fosse íngreme, ele teria acertado-a como um pêndulo, na ponta do arco, movendo-se com bastante rapidez para prevenir que ele fosse ferido. Mas no momento em que começava a balançar para baixo, ele ainda estava se movendo na vertical, e sua força estava sendo gradualmente reduzida. Acertou a parede de pedra a vinte metros, com força suficiente para quebrar uma ou duas costelas e perder o fôlego. Ele praguejou com o impacto e soltou a espada de sua mão, fazendo-a cair no desfiladeiro abaixo. Então ele sentiu a corda se estreitando nas suas axilas enquanto os Kikori começavam a puxá-lo de volta para cima. Conforme se aproximava da beira do precipício, ele pôde ver o rosto ansioso de Shigeru entre aqueles que o fitavam. Quando alcançou a projeção ele usou as pernas para segurar-se e depois foi puxado para a beira, se estendendo no chão lamacento.
“Devo estar parecendo um peixe fora d’água” ele pensou. Shigeru pegou o braço dele, depois instantaneamente o libertou quando as costelas quebradas de Horace gritaram de dor e ele berrou. “Você está bem, Or’ss-san?” perguntou Shigeru. Horace sentiu as costelas feridas debaixo da camiseta e fez uma careta. “Não. Quebrei minhas costelas. E perdi minha espada, droga,” ele disse.
25
Em contraste com as barulhentas tabernas e restaurantes que eles já tinham passado até agora, o interior do Ryokan era um oásis de calma e tranqüilidade. Halt, Will e Alyss se encontraram em uma grande sala de entrada com paredes e piso acabados em madeira polida. O cheiro doce de cera de abelha pairava no ar, uma prova do constante polimento. Ele era sobreposto por uma mistura de incenso e fumaça de madeira perfumada, o último vindo de uma fogueira posta contra uma parede lateral, onde uma lareira enviava um brilho quente pela sala. Esta iluminação suave era aumentada por várias lanternas penduradas, cada uma composta por uma vela acesa dentro de um globo de papel. Em frente à lareira, e situada em simetria a ela, uma pequena lagoa mandava reflexões de luz através das paredes. A decoração do quarto era pequena, mas elegante. Uma grande mesa diante deles, com duas caixas belamente pintadas, um em cada extremidade, e um jornal pesado no centro. Instrumentos de escrita estavam dispostos ordenadamente ao lado do jornal. Atrás dela havia uma pintura de parede emoldurada - e não uma imagem, mas um ideograma Nihon-jin grande. À esquerda, uma escadaria de madeira subia para o nível seguinte, e uma galeria de madeira trilhada corria ao redor dos quatro lados do espaço aberto acima deles. Halt, olhando ao redor, assumiu que o acesso aos quartos viria desta galeria. Havia um único degrau em frente deles, então a área principal do quarto era um pouco maior do que a entrada. Will começou a ir em direção a área levantada para se aproximar da mesa, mas Alyss tinha notado vários pares de sandálias alinhadas ao longo da parte inferior do assoalho. Ela lembrou um item a partir de notas de fundo de George sobre os costumes dos Nihon-Jin e o parou com a mão em seu braço. "Só um momento, Will", disse ela. “Suas botas”. "O que tem elas?", Ele perguntou, mas Halt havia notado as sandálias descartadas, e uma prateleira de chinelos moles no lado. "Tire-as", disse ele. "É um costume Nihon-Jin”, Alyss explicou. "Eles não usam botas dentro de casa”. Halt já estava tirando as botas e as colocando na prateleira. Ele olhou agradecido para o chão de madeira polida, a cor de mel escuro no fogo e a luz da lanterna. "Com pisos como esse, eu não estou surpreso", disse ele. Will e Alyss seguiram o exemplo. Pisaram para cima da plataforma elevada e selecionaram os chinelos.
Todos eles pareciam ser do mesmo tamanho, mas eles eram um estilo simples invólucro, com uma sola de esteira e uma banda de feltro que se estendia sobre o dorso do pé para segurá-los no lugar. "Ainda bem que Horace não está aqui", disse Will. Os pés grandes do jovem guerreiro teriam ficado para fora dos compactos chinelos. Os outros sorriram ao pensamento. Então, como se estivessem esperando por eles porem os chinelos, um homem saiu de uma entrada por trás da cortina da longa mesa. Ele parou e se curvou. Os três se aproximaram da mesa e se inclinaram em troca. Parecia um monte de reverência neste país, Will pensou. "Como posso servir-los?" Disse o homem. Sua voz era suave e levemente sibilante. Alyss olhou para Halt. O homem tinha falado na língua comum e ela assumiu que Halt conduziria a conversa com ele. Ele acenou brevemente para ela. “Nós gostaríamos de quartos", disse ele. "Por duas noites, possivelmente três”. "Claro que sim. Isso não será um problema. Vocês são do navio estrangeiro que entrou no porto hoje?”. Halt assentiu e o homem abriu o grande livro sobre a mesa. Ele pegou o que Will tinha assumido ser uma pena, mas ele agora viu que era um pincel fino. Ele mergulhou-o em um tinteiro feito de jacarandá polido e fez duas entradas nítidas no livro - que era, obviamente, o registro de quartos disponíveis. "Você quer jantar?", Perguntou ele. "Há uma sala de jantar no andar de baixo, ou podemos servir a sua refeição em um dos quartos”. "Eu acho que nos quartos", disse Halt. Ele indicou Will. "O meu assistente e eu vamos ter um quarto e a senhorita vai ter o outro. Você pode servir a refeição no nosso quarto”. O homem inclinou-se ligeiramente. "Como você quiser. Há mais alguma coisa ou eu devo te mostrar seus quartos agora?”. Halt trocou um rápido olhar com Alyss. Ele se perguntou se o homem já suspeitava a razão por trás da sua visita. Afinal, este era o lugar onde George passou várias noites antes que ele deixou Iwanai. Ele veio para uma decisão e se inclinou para frente, abaixando a voz um pouco. "Fomos informados de que poderíamos encontrar um amigo aqui", começou ele. "Um homem pelo nome de Atsu. Ele veio –”. Ele foi interrompido pelo som da porta batendo para trás em suas dobradiças por trás deles. Todos se viraram quando dois Senshi entraram na estalagem, suas botas soando alto no assoalho de madeira. Com desprezo, eles ignoraram os chinelos e adentraram, de calçados duros, para a plataforma elevada interior. Um deles, obviamente, o líder, estava um passo à frente dos outros. Os olhos do taberneiro piscaram brevemente com aborrecimento, mas ele se recuperou rapidamente e fez uma reverência para os recém-chegados, com as mãos dobradas dentro de suas mangas.
“Curvem” Halt murmurou para seus companheiros. Ele sentiu um impulso momentâneo de apreensão, se perguntando se o hospedeiro poderia informar o Senshi que eles estavam perguntando sobre Atsu.Mas era óbvio que o homem não era amigo dos soldados do Arisaka. O Senshi fez um barulho irrisório em sua garganta quando eles fizeram uma profunda reverência a ele. Ele desprezou a devolver o elogio, então se virou e disparou um fluxo rápido de palavras Nihon-Jin ao hospedeiro. Will ouviu a palavra 'gaijin' usada várias vezes. Ele olhou para Alyss e viu que ela estava franzindo ligeiramente a testa enquanto tentava acompanhar o ritmo da conversa. O estalajadeiro respondeu cortesmente, retirando a mão da manga de seu manto para indicar seus convidados com um gesto gracioso. O Senshi se virou para eles. Notando Halt como o líder, ele aproximou-se dele - muito perto para as boas maneiras - e parou, pés e mãos na cintura, estudando-o. Will notou o símbolo no peito do seu manto - uma coruja vermelha. Eles haviam aprendido que era a marca do clã Arisaka - embora Will sentisse que isso também poderia ser identificado pelas suas maneiras autoritária e arrogante. Halt, que poderia parecer enganosamente obsequioso se a ocasião exigisse, baixou os olhos do direto e desafiador olhar do Senshi. O homem gemeu mais uma vez, vendo a simples ação como um ato de fraqueza. "Gaijin!" Ele disse abruptamente, apontando o dedo indicador em cada um deles em rápida sucessão. "Do navio gaijin?”. Halt inclinou a cabeça. "Isso está correto, lord", disse ele. Ele tinha certeza que o Senshi não era nada de lord, mas não faria mal lhe chamar disso. “Descubra o rosto na frente de um Senshi!” O homem ordenou. Ele estendeu a mão e deu um tapa em cima da capa de Halt para trás de seu rosto com as costas da mão. Will respirou fundo, certo de que Halt iria reagir explosivamente para o insulto. Mas o Arqueiro barbudo apenas abaixou a cabeça novamente. A mão não tinha feito nenhum contato com seu rosto, apenas pegando a borda da capa e jogado para trás. O Senshi assentiu para si mesmo em satisfação, em seguida, virou-se para Alyss e Will. "Você e você! O mesmo!”. Eles empurraram de volta suas capas. Alyss curvou e quando ela fez isso Will seguiu o exemplo, feliz que sua cabeça abaixada iria mascarar a raiva que ele sabia que estava mostrando em seus olhos. Quando ele recobrou a serenidade, ele se ajeitou novamente. “Por que vocês estão aqui?” O Senshi tinha voltou sua atenção para Halt. "Estamos aqui para o comércio de pedras preciosas," Halt respondeu. Foi a resposta que Gundar tinha dado no início do dia ao funcionário do porto. Negociar pedras preciosas explicava a falta de espaço de carga grande a bordo do navio, e era boa o suficiente para explicar suas linhas rápidas. Um navio com uma carga de jóias precisa ser rápido afinal. Mas o Senshi reagiu com indignação a sua resposta, intensificando ainda mais a mensagem em seu rosto.
"Não! Não! Não! Por que vocês estão aqui?” Ele bateu o pé, arrastando uma marca no macio polimento, e apontou para o chão. “Por que nesse Ryokan?”. O estalajadeiro interveio com uma explicação em Nihon-jin. Sua voz era baixa e respeitadora, e ele manteve o olhar abaixado, evitando contato visual com o Senshi irritado. O guerreiro ouviu a explicação, depois virou o seu olhar nos três Araluenses e fez um comentário a seu companheiro inseparável. Os dois riram e, em seguida, com um gesto de desprezo, o Senshi indicou que ele não tinha mais interesse nos estrangeiros. Os dois homens se viraram e caíram fora do ryokan, batendo a porta que se fechava atrás deles. "E o que foi aquilo?” Will perguntou. Ele tinha endereçado a questão a Alyss, mas era o estalajadeiro que respondeu. "Eu disse que vocês tinham vindo pelos banhos. O ryokan é construído sobre uma fonte termal. Os Senshi verificam os movimentos de todos os estrangeiros na cidade - eles gostam de se mostrar o quão importante eles são. Alguém deve ter visto você chegar aqui e relatou. Há informantes em toda parte estes dias", ele acrescentou tristemente. "Isso poderia tornar a viagem para o norte um pouco difícil", disse Halt pensativo, e o estalajadeiro concordou. 'Não vai ser fácil.’ "De fato, depois de tanto tempo no mar, um banho quente parece uma boa idéia", disse Halt. Durante a viagem, com água fresca tão rara, eles tinham sido forçados a usar água do mar para se banhar. "E por que aquele rosto feliz na saída?' Will perguntou. "Parecia ter os colocado em um bom humor.”. "Ele disse que, a julgar pela forma como nós cheiramos, nós precisamos de um banho", Alyss respondeu. Will levantou uma sobrancelha ao insulto, mas Halt soltou uma risada curta. "Se não fosse tão verdadeiro, eu poderia estar insultado", disse ele. Ele virou-se para o estalajadeiro. "Talvez pudéssemos usar os banhos primeiro e então comer?", Ele sugeriu. O estalajadeiro assentiu. "Eu vou lhes mostrar o caminho", disse ele. "E enquanto você está relaxando, vou mandar um mensageiro para ver se Atsu ainda está em Iwanai. Ele vem e vai.”. Antes de deixar os outros para ir para a área de banho das mulheres, Alyss deu-lhes instruções cuidadosas. Os banhos quentes não eram para lavagem. Eles eram para aproveitar e relaxar. Assim, eles se lavaram e enxaguaram em um anexo, recolhendo a água quente da banheira e derramando sobre si, e depois mergulharam na água quase escaldante do banho. No início, era uma agonia, mas Will gradualmente tornou-se acostumado ao
calor e sentiram que aliviava as dores de várias semanas de pé apoiado em um deck incerto e dormindo em tábuas duras. Relutante, ele finalmente saiu, enxugou-se e cobriu-se com um manto suave que o ryokan providenciava. Alyss estava esperando por eles quando ele e Halt voltaram para seu quarto. No centro da sala, uma mesa baixa, apenas 30 centímetros do chão, tinha sido colocada na posição. Estava carregada com tigelas e pratos pequenos, com alimentos aquecidos à vela. Will olhou em volta esperando por uma cadeira, mas, de acordo com a decoração minimalista do ryokan, não havia nenhuma disponível. Alyss sentou, descansando em seus calcanhares, com as pernas dobradas debaixo da mesa. Halt gemia baixinho. "Eu estava com medo disso", disse ele. "Eu suponho que nós teremos que dormir no chão também.”. Ele havia notado anteriormente que não havia camas no quarto. Quando ele perguntou, o estalajadeiro tinha mostrado para eles colchões grossos guardados atrás de uma das telas deslizantes que mascarava um armário. Will sorriu para ele enquanto ele se servia de um espeto de frango grelhado, coberto de um salgado e delicioso molho pardo. "Você esteve dormindo no chão por anos quando nós acampávamos", disse ele. "Quando você se tornou tão exigente?”. "Quando nós acampávamos," Halt respondeu: "nós estávamos em campo aberto. Eu aceito que eu tenha que dormir no chão quando eu estou em uma floresta ou um prado. Mas este é um quarto e este é um piso. Quando estou dentro de casa, prefiro dormir em uma cama.” Ele removeu a tampa de uma tigela de madeira polida e olhou para o interior, um caldo fumegante. Olhando em volta, ele não podia ver nenhum sinal de uma colher, então ele bebeu diretamente da tigela. "Isso é realmente muito bom", disse ele. Alyss estava servindo-se de outro prato - um caldo de macarrão fortemente atado com carne de porco desfiada. Ela parecia confusa com as duas varas de madeira que pareciam ser o único implemento, em seguida, segurou o copo à boca e despejou um pouco do macarrão e da carne de porco com os paus, chupando de uma forma muito vulgar. "Você sabe, eu prefiro esperar que Atsu não apareça com muita pressa. Eu poderia ter alguns dias mais com isso", disse ela. Halt mudou de posição pela terceira vez em trinta segundos, aliviando a tensão em suas coxas, sentando-se lateralmente em uma nádega. "Diga isso aos meus pobres e velhos joelhos doendo", disse ele.
26
Apesar do resmungo anterior de Halt, as camas - essencialmente nada mais do que os colchões grossos espalhados no chão - eram bastante confortáveis.
Depois de eles terem apagado a pequena lanterna que iluminava o quarto, Will estava deitado de costas, ouvindo a respiração profunda e regular de Halt. Quando seus olhos se acostumaram à escuridão, ele podia discernir uma fenda de luz pálida que aparecia na beira da porta de correr que conduzia à galeria exterior, apesar de que estalajadeiro tinha escurecido as lanternas da galeria algumas horas antes.
O painel deslizante da janela estava aberto e uma brisa fria entrava na sala. Will puxou a colcha para cobrir mais em torno de suas orelhas. O estalajadeiro tinha oferecido a eles um pequeno braseiro de carvão para aquecer a sala, mas eles tinham recusado. Ambos os Arqueiros preferiam ar fresco.
Não pela primeira vez, ele encontrou-se maravilhado quão incrível sua vida havia virado nos últimos anos. Ele sabia que algumas pessoas com quem ele havia crescido nunca tinha ficado mais de um ou dois quilômetros de distância do Castelo Redmont e outros nunca tinha ido além dos limites do feudo Redmont. Mesmo sua amiga dos protegidos Jenny, que agora era uma chef famosa, mal tinha ido mais longe do campo.
No entanto, ali estava ele, do outro lado do mundo, tendo viajado por um canal incrível no deserto, cortado por desconhecidas mãos antigas, em um navio engenhoso projetado para navegar contra o vento. Antes disso, ele havia cruzado o palpitante e traiçoeiro Mar Stormwhite e visto as falésias estéreis de Skorghijl, em seguida, viajado para as montanhas cobertas de neve da Escandinávia, onde ele havia enfrentado os cavaleiros ferozes das estepes do Leste.
Mais recentemente, ele tinha atravessado o deserto abrasador de Arrida e fez grandes amigos entre os nômades da tribo Bedullin. Ele havia enfrentado a tribo selvagem Escocesa no norte. Então, com Halt e Horace, ele tinha viajado por todo o comprimento de Clonmel, um dos seis reinos da Hibernia.
Às vezes, quando ele pensava sobre o quanto ele tinha visto e feito em sua jovem vida, a sua cabeça girava. E nesses momentos, ele pensava em sua ambição de infância de se tornar um cavaleiro. Como limitada a sua vida teria sido, em contraste com esta incrível existência! Ele sabia que a maioria dos cavaleiros que havia treinado na Escola de Batalha de Redmont com Horace nunca tinha deixado as fronteiras de Araluen.
Ele questionava se Halt, que tinha visto todas essas coisas e muito mais, já sentiu a mesma sensação de maravilha e entusiasmo por sua vida. Sem pensar, ele falou.
"Halt? Você está acordado?"
"Não." O mau humor na resposta de uma palavra era inconfundível.
"Ah. Sinto muito.”
"Cale a boca."
Ele ponderou se iria pedir desculpas mais uma vez, decidiu que isso iria contra a instrução para calar a boca, então ele ficou em silêncio. Ele olhou para a janela aberta. A luz de uma meia lua estava começando a aparecer por ela. A mesma lua estaria brilhando agora em Horace, em algum lugar nas montanhas, ele imaginava. Então, ele deu um enorme bocejo e, pouco depois, apesar de seu sentimento de admiração, ele adormeceu.
Ele havia dormido apenas alguns minutos quando a voz de Halt o acordou.
"Will? Você está dormindo?"
Seus olhos dispararam, instantaneamente em alerta. Então ele percebeu que não havia sentimento de alarme ou aviso nas palavras de Halt e seus músculos enrijecidos relaxaram.
"Eu estava", disse ele, um pouco indignado. "Eu não estou agora."
“Bom,” Halt respondeu, um tanto presunçosamente. "Bem feito para você.”
E o Arqueiro barbudo rolou para o outro lado, reuniu os lençóis debaixo do queixo e cochilou.
Um som.
Leve, quase inaudível. Mas fora do padrão normal de sons da noite que o subconsciente de Will tinha estudado, arquivado e aprendido a ignorar. Seus olhos estavam abertos novamente, e ele ouviu atentamente. A lua já não brilhava através da janela aberta. Ele devia ter dormido por algumas horas, ele pensou.
A respiração de Halt se manteve com a mesma profundidade, mas Will sabia que o seu professor estaria acordado também. Arqueiros são treinados para manter o seu padrão de respiração, mesmo quando despertarem inesperadamente, de forma que um invasor potencial não tenha nenhum aviso de que sua presa estava acordada e pronta para ele.
Outro som. Uma luz, um barulho rangido da madeira em movimento, ainda que levemente, contra a madeira. Era o som de um cuidadoso pisar nos degraus, ele percebeu. Assim, o intruso, se fosse um intruso, e não um dos funcionários da ryokan, não estava em seu quarto. Movendo-se lentamente e com infinito cuidado para não fazer barulho, ele levantou-se em um cotovelo e colocou a colcha para trás. Do outro lado do quarto, viu a sombra escura de Halt fazendo a mesma coisa. Halt levantou a mão de alerta, sinalizando-lhe para não fazer nenhum movimento a mais. Deitado num chão como este, seria difícil subir sem fazer barulho. A construção em geral do interior do ryokan era extremamente leve - com painéis móveis de madeira e papel oleado e mais painéis de tecido de junco que cobriam o chão de madeira. Painéis móveis como estes quase certamente teriam espaço livre entre eles e iriam fazer barulho - assim como as escadas estavam fazendo. Eles ouviram mais dois guinchos leves da escada como se estivesse em confirmação. Will olhou para baixo para se certificar que sua faca Saxônica e a faca de arremesso estavam jogadas ao lado do colchão, de fácil acesso.
Agora que eles sabiam que não havia intrusos no quarto, não havia necessidade de continuar a pretensão de respiração profunda. Ambos respiraram de leve, quase inaudível, seus ouvidos tensos para qualquer som vindo de fora.
Will estava grato que seu quarto estava mais perto da escadaria do que o de Alyss. Um invasor teria de passar a sua sala para chegar a Alyss. Um chinelo de pano contra a parede, em seguida, outro guincho leve, disse-lhes que quem quer que fosse tinha alcançado a galeria e estava se movendo lentamente ao longo dela. Eles seguiram os sons ligeiros que marcavam o seu progresso até que o feixe pálido de luz no painel da porta foi obscurecido e eles sabiam que ele estava fora de sua porta. Os sons do movimento cessaram e Will sentiu uma sensação de alívio. Quem quer que fosse, Alyss não era o alvo.
Ele fez um grande esforço nas orelhas, a cabeça ligeiramente inclinada para o lado em direção à porta. Houve um som suave arranhar - unhas na superfície do papel oleado, ele adivinhou. Dificilmente o ato de alguém cuja intenção era levá-los de surpresa.
Halt imitou o som, passando as unhas no tapete de junco. Houve silêncio por alguns segundos, sem movimento perceptível fora da porta. Então uma voz baixa, quase inaudível, pouco mais que um sussurro, veio a eles.
"Eu sou Atsu".
Eles trocaram um olhar rápido. Halt acenou para a parede ao lado da porta. Will levantou-se, fazendo o mínimo de barulho possível, e moveu-se, descalço, para ficar ao lado da abertura, a faca Saxônica na mão. Halt permaneceu sentado no colchão.
“Entre, Atsu" Halt disse suavemente.
A porta raspada abriu. A figura foi aparecendo na abertura. Ele olhou para a esquerda e direita, viu Will ao lado da porta e estendeu as mãos para mostrar que estava desarmado. Will fez um gesto para o Atsu ir para frente, na sala, e ele obedeceu, deslizando a porta fechando atrás dele. Moveu-se para onde Halt estava sentado lateralmente sobre o colchão, as pernas cruzadas, e caiu de joelhos, de frente para ele.
Ele se curvou. "Saudações, amigos", disse ele. Will moveu-se a partir da porta agora e ficou de lado, para que ele pudesse observar o homem enquanto ele falava com Halt. Ele era franzino, menor do que Will ou Halt, mas rijo. Ele estava quase careca, com apenas uma franja de pêlos ao redor dos lados e de trás da cabeça. Ele parecia estar desarmado, mas ele poderia muito bem ter uma faca escondida sob a longa capa que era o traje padrão para a maioria dos Nihon-jan.
"Você sempre se move tão tarde da noite?" Halt perguntou a ele.
Atsu assentiu. "Desde que os homens do Lord Arisaka impuseram-se sobre nós, assim é mais seguro para mim, para evitá-los."
"Você ajudou a outro gaijin recentemente," Halt disse. Era uma afirmação, mas era também uma questão. Se esse não fosse o Atsu, as chances são de que ele não saberia o nome do gaijin que ele tinha trazido para baixo das montanhas. Atsu compreendeu o desafio.
"Você está falando de George-san", disse ele. Amigo de Or'ss-san."
Halt franziu a testa momentaneamente, não reconhecendo o nome.
"Quem?", Disse ele, desconfiado. Desta vez, Atsu enunciou o nome com cuidado.
"Or'ss-san", disse ele. "O guerreiro gaijin."
Will de repente, decifrou o nome. Ele sabia que a palavra 'san' era um termo Nihon-Jan de respeito, adicionado como sufixo do nome de uma pessoa. Se ele ignorasse isso, ele ficaria com 'Or'ss' - e isso era um pouco mais reconhecível.
"Horace", disse ele rapidamente e Atsu virou a cabeça para ele e sacudiu-a rapidamente em afirmação.
"Sim. Or'ss-san", disse ele. "Ele salvou a vida do Imperador."
“Ele fez isso agora?" Halt disse, pensativo. “Eu imagino que isso não tenha o tornado o estrangeiro favorito de Arisaka”.
"Não, de fato. Arisaka ficou furioso quando soube. Or'ss-san matou dois dos seus Senshi." Atsu permitiu uma nota de satisfação na fluência de sua voz quando acrescentou o último comentário.
"Isso soa como Horace, tudo bem," Will disse.
"E o nosso amigo aqui não me parece muito com o coração partido com o pensamento dos homens Arisaka estarem nos deixando para um lugar melhor", disse ironicamente Halt.
"O que torna mais provável que ele seja, de fato, um amigo," Will concordou.
Halt parou por um instante, pensando. Will parece estar certo, ele pensou. Mas algumas perguntas a mais poderiam estar em ordem.
"O que mais você pode nos dizer sobre George,?” Ele disse.
Atsu analisou a questão, examinando seus pensamentos para garantir que suas respostas avançassem sua credibilidade aos olhos destes dois gaijin.
"Ele não é um guerreiro. Ele é um locutor.”
Will sufocada uma pequena risada. "Isso soa como George.
Atsu olhou para ele novamente. "Mas ele salvou a vida de Or'ss-san nas montanhas", acrescentou ele e Will ergueu as sobrancelhas em surpresa.
“George salvou a vida de Horace?", Disse ele, incrédulo.
"Estávamos emboscados nas montanhas. Um deles atirou uma flecha no Or'ss-san. George-san viu e empurrou Or'ss-san para um lado. A flecha atingiu George-san no braço."
Halt e Will trocaram outro olhar.
"Alyss disse que George mencionou uma ferida em sua mensagem," Will disse. "Embora isso sobre salvar Horace é novidade para mim."
“Falando de Alyss", Halt disse, "talvez você deva buscá-la. Ela deveria ouvir o que Atsu tem a dizer."
Seu tom de voz disse que ele agora estava convencido de que este realmente era Atsu e que ele provavelmente poderia ser confiável. Will virou-se para a porta, mas, quando ele fez isso, houve um leve toque na moldura da porta e o painel deslizante abriu, revelando Alyss no manto Nihon-Jan que ela estava usando anteriormente.
“Vocês dois sempre berram no topo da sua voz no meio da noite?", Disse ela. Em seguida, avistando a terceira figura na sala, sua voz perdeu o seu tom de piada. "Acredito que este é Atsu?” Era uma suposição lógica, Will pensou. Ninguém mais provável estaria em seu quarto a esta hora da noite.
"De fato é. Atsu, esta é a Senhorita Alyss."
O pequeno Nihon-Jan girou em volta de joelhos e curvou-se de sua posição de joelhos para Alyss.
"Hr'ady Ariss-san", disse ele. Alyss embora ela fosse diplomata, levantou uma sobrancelha para a pronúncia incomum de seu nome. Espere até que ela ouça o que ele faz com o de Horace, Will pensou, vendo a expressão.
"Encantada em conhecê-lo", disse Alyss, seus traços sobre controle novamente. Ela fechou a porta e atravessou a sala para sentar-se no final do colchão de Halt, as pernas encolhidas para um lado.
" Atsu pode nos dizer o que aconteceu com Horace?" Ela perguntou a Halt.
"Eu estava prestes a pedir-lhe isso” O Arqueiro respondeu. Mas Atsu não precisava de mais questionamento.
"Or'ss-san se ofereceu para servir o Senhor Shigeru, o Imperador do Nihon-Jan, contra o usurpador, Arisaka. Eles reuniram alguns dos homens do Senhor Shigeru e estão a recuar para as montanhas, em direção à antiga fortaleza de Ran-Koshi.”
“Portanto, o Imperador tem um exército com ele?" Halt perguntou.
Atsu balançou a cabeça. "Nenhum exército. Apenas os sobreviventes dos seus homens da guarnição em Ito. Quase cinquenta homens. Há também os Kikori, mas eles não são do exército."
"Os Kikori?” Alyss perguntou. Ela não estava familiarizada com a palavra. Atsu se virou para ela.
"Trabalhadores cortadores de madeira", disse ele. "Eles vivem nas montanhas e são leais ao Imperador. Arisaka cometeu o erro de invadir e queimar as suas aldeias, em sua busca pelo Imperador. Como resultado, ele alienou os Kikori e muitos deles aderiram ao Imperador.”
"Mas eles não são soldados?" Will perguntou e Atsu balançou a cabeça.
"Infelizmente, não. Mas eles conhecem as montanhas como a palma das suas mãos. Se eles estão escondendo o Imperador, Arisaka nunca vai encontrá-lo."
"Que fortaleza é essa que você mencionou?”
"Ran-Koshi. É uma lendária fortaleza, com altos muros com muitos metros de espessura. Mesmo com uma pequena força, o Imperador pode segurá-la contra o exército Arisaka por meses."
Os três Araluans trocaram olhares. Will e Alyss deixaram para Halt falar a pergunta que todos eles queriam resposta.
"Então, como vamos chegar a Ran Koshi? Você pode nos guiar?”
Seus corações se afundaram quando Atsu sacudiu a cabeça tristemente.
"É dito que está em algum lugar nas montanhas do noroeste. Somente os Kikori saberiam sua localização, com certeza - faz tanto tempo desde que ninguém viu que muitas pessoas dizem que é apenas uma lenda.”
"É isso o que você acredita?" Alyss perguntou.
“Não. Eu tenho certeza que é real. Mas mesmo se eu soubesse exatamente onde ela está nas montanhas, levaria semanas, até meses para chegar lá. Você estará cruzando um terreno montanhoso, um cume elevado após o outro. É incrivelmente lento e, claro, que você seria pego pelo inverno, antes de chegar na metade do caminho. E você vai estar se movendo através do território controlado por homens do Arisaka.”
Halt esfregou o queixo, pensativo. "Você tem um mapa?", Perguntou ele. "Pode mostrar-nos a área aproximada?”
Atsu assentiu com a cabeça rapidamente. Ele enfiou a mão no roupão e tirou um rolo de pergaminho. Abriu-o e eles podiam ver que era uma carta da ilha norte de Nihon-Ja.
"Ran-Koshi dizem estar nesta área", disse ele, com o dedo circundando uma pequena área no canto superior esquerdo da ilha. “É selvagem, difícil. Como você pode ver, é no coração das montanhas mais altas e nas traseiras deste lago enorme. Para chegar lá, você teria que atravessar tudo isso...”
Seu dedo traçou uma rota para cima pelo centro da ilha. As marcações no mapa indicavam que a rota iria levá-los através de uma região montanhosa - íngreme e densamente florestada.
Ele olhou para cima, se desculpando.
"Como eu disse, levaria semanas para fazer essa viagem. E eu simplesmente não tenho tempo para guiá-los. Há um movimento de crescente resistência ao Arisaka e eu sou um dos organizadores. Eu simpatizo com o seu desejo de encontrar Or'ss-san, mas eu tenho minhas próprias tarefas."
Halt olhou para o mapa pensativo por alguns segundos. Então ele apontou para um local um pouco a oeste da área que Atsu tinha indicado.
"Se nós estivéssemos aqui, você poderia nos colocar em contato com pessoas que possam nos ajudar a encontrar o Imperador? Estes Kikori que você mencionou.”
Atsu assentiu. "Claro que sim. Mas como eu digo, levaria semanas para chegar a esse ponto - que podemos até não conseguir se a neve chegar. E eu não posso perder esse tempo. Sinto muito.”
Halt assentiu, entendendo sua situação. Ele tinha vindo a considerar o problema de viajar através deste campo hostil controlado por forças Arisaka desde o encontro com os dois Senshi. Agora, ele pensou ter visto uma resposta.
"Você poderia nos ajudar por quatro ou cinco dias?", Perguntou ele.
27
Eles estavam perto do final de sua jornada. Horace marchou cansadamente a trilha áspera que serpenteava pelo chão de um vale estreito. Em ambos os lados, penhascos íngremes impossíveis de ser escalados subiam acima deles.
Quanto mais eles iam, mais estreito o vale tornava-se, até que estava a pouco mais de vinte metros de largura.
Alguns flocos de neve flutuavam, mas eles ainda estavam vendo as primeiras nevadas realmente pesadas do inverno.
Reito finalmente chamou para uma parada para descanso e a longa coluna de Senshi e Kikori caiu com gratidão no solo, retirando os pacotes de seus ombros, abaixando as macas para o chão. Era fim de tarde e eles tinham viajado desde antes do amanhecer.
Eles tinham viajado muito e constantemente todos os dias da semana passada, com Reito esperando manter a liderança que tinha ganhado sobre a força de Arisaka. Horace encontrou uma grande pedra e encostou-se nela. Suas costelas ainda estavam doendo devido ao impacto com a face do penhasco. O médico de Shigeru tinha cuidado dele, mas havia pouco que se pudesse fazer. O tempo seria o real curador. Mas agora a musculatura protegendo as costelas rachadas estavam enrijecidos e doloridos e as ações de sentar e depois subir novamente teriam a esticado, causando dor aguda.
"Falta muito?" Ele perguntou a Toru. O Kikori que esteve guiando considerou sua resposta antes de responder. Horace podia dizer pela sua expressão que ele não sabia, e ele estava feliz que o Kikori não fez nenhuma tentativa de fingir o contrário.
“Este é o vale. Eu tenho certeza disso. Quanto mais nós temos que ir... Eu não tenho certeza."
Horace chamou a atenção de Reito. “Por que nós não vamos em frente e reconhecemos?" Ele sugeriu e o Senshi, depois de olhar uma vez para Shigeru, reclinouse contra a base de uma grande rocha e assentiu. Desde a morte de Shukin, Reito tinha tomado sua responsabilidade pela segurança do imperador muito a sério. Era uma acusação que pesava sobre ele. Shukin, um amigo de longa data e parente do Imperador, teve mais facilidade em lidar com a responsabilidade. Ele tinha se acostumado com a tarefa durante um período de anos. Mas era tudo novo para Reito e ele tendia a ser muito solícito. Agora, porém, considerando a situação, ele decidiu que Shigeru estaria seguro o suficiente em sua ausência.
"Boa idéia," disse Reito. Ele engatou suas espadas para cima e virou o rosto para o vale diante deles. Toru, sem ser perguntado, levantou-se também e os três partiram, andando com cuidado sobre as rochas e pedras despencadas que cobriam o vale.
Eles dobraram uma curva à esquerda. O estreito vale serpenteava o seu caminho entre as altíssimas montanhas, raramente continuando em uma direção por mais de quarenta metros.
À frente deles, eles podiam ver o muro branco de pedras que marcava outra virada, desta vez para a direita. Eles arrastaram-se por diante, suas botas triturando as rochas e areia por baixo deles.
Ninguém falou. Não havia nada a dizer. A fortaleza de Ran-Koshi estava em algum lugar à frente deles. Falar sobre isso não a traria um centímetro mais próximo.
Eles contornaram a curva e, de repente, lá estava ela.
“É isso?" disse Horace, uma descrença evidente em sua voz.
Reito não disse nada. Ele balançou a cabeça lentamente conforme ele estudava a "fortaleza".
À frente deles, o vale se endireitava e subia uma ladeira íngreme. A cem metros de distância, uma paliçada de madeira caindo aos pedaços, com no máximo quatro metros de altura, tinha sido jogada em toda a parte mais estreita do vale, onde as paredes de rocha íngremes fechavam para deixar uma lacuna de apenas trinta metros de diâmetro.
Além da paliçada, a terra continuava a crescer e o vale ampliava mais uma vez. Eles podiam ver várias cabanas em ruínas, suas cinzas e madeiras frágeis com a idade, os seus telhados de palha muito apodrecidos.
A face de Reito escureceu de raiva. Ele se virou para Toru. "Esta é Ran-Koshi?", Disse ele amargamente. “Esta é a poderosa fortaleza que vai nos proteger do exército de Arisaka?”
Há semanas que eles haviam buscado esse objetivo, pensando nele como o seu santuário final, como um lugar onde pudessem descansar e recuperar sua força, onde eles poderiam treinar os Kikori a lutar, protegidos pela fortaleza de muros de pedra.
Agora, lá estavam eles, com não mais do que uma linha abandonada de toras e tábuas para abrigar. No lado esquerdo, o lado ocidental, a paliçada estava praticamente metadedesmoronada, Horace viu. Um esforço determinado por uma força de ataque iria derrubá-la e abriria um espaço de cinco metros nas defesas, escassas como elas estavam.
Toru estava imóvel.
"Esta é Ran-Koshi", disse ele. Ele não tinha estado presente na discussão semanas atrás, quando Shigeru e Shukin haviam descrito a enorme e lendária fortaleza. Ele tinha sido simplesmente perguntado se ele poderia liderar o caminho para Ran-Koshi e ele tinha feito. Ele sabia que Ran-Koshi era esta paliçada simples através de um vale - muitos dos Kikori sabiam - e ele tinha assumido que assim o fazia Shigeru e seus seguidores. Não havia nenhuma razão para ele pensar o contrário. Ele enfrentou o nobre Senshi irritado com calma.
Reito fez um gesto frustrado furioso com as duas mãos. Ele de repente sentiu desamparado. Pior, ele sentia que tinha traído a confiança que Shukin e Shigeru haviam colocado nele. Eles haviam lutado pelas montanhas durante semanas, carregando seus feridos, combatendo o seu caminho até as traiçoeiras trilhas enlameadas, onde um passo em falso pode levar ao desastre. Shukin e seus homens tinham dado suas vidas para comprar-lhes tempo. E eles fizeram isso, eles sofreram, para... Isso. Por um momento, ele estava a ponto de lançar sua espada longa e executar o guia Kikori. Mas ele dominou o impulso. Ele olhou para Horace, com o rosto ferido.
"O que eu posso dizer ao Imperador?”
Mas Horace, após a sua surpresa inicial, estava acenando lentamente conforme ele estudava o terreno à sua volta.
"Diga a ele que nós encontramos Ran-Koshi", ele disse simplesmente. Reito estava começando a dar uma resposta amarga, mas Horace acalmou-o com uma mão levantada, em seguida, apontou para as montanhas que juntavam em todos os lados.
"Estas são as poderosas paredes de pedra da fortaleza", disse ele. "É o próprio vale. Esta é a fortaleza. Nenhum exército poderia escalar essas paredes, ou quebrá-las. A paliçada é apenas a porta de entrada.”
“Mas está abandonada! Está caindo sobre si mesma!" Reito estourou em desespero.
Horace colocou a calma mão em seu ombro. Ele sabia que a reação era causada pelo senso de dever e obrigação que Reito sentia ao Imperador. “Está velha, mas a estrutura é boa o suficiente para além do extremo oeste - e ela pode ser reconstruída, disse ele. "Nós precisamos simplesmente substituir algumas das maiores madeiras na parede principal. E, afinal, temos duas centenas de trabalhadores qualificados de madeira com a gente" Ele olhou para Toru. "Eu diria que o seu povo poderia colocar isso direito em três ou quatro dias, não poderiam?
"Sim, Kurokuma", disse ele. Ele estava feliz que o guerreiro gaijin tinha visto a imagem maior. "E nós podemos reconstruir as barracas de modo que teremos quartos quentes e secos durante o inverno."
Lentamente, a sensação de angústia estava saindo de Reito enquanto ele olhava para os seus arredores com novos olhos. Kurokuma estava certo, pensou. Nenhum exército poderia escalar ou violar estas paredes maciças.
E a paliçada estava com apenas trinta metros de largura - que poderia ser facilmente defendida com duas ou três centenas de defensores que eles tinham à sua disposição.
Outro pensamento atingiu Reito. "Uma vez que a neve chegar, esta passagem estará com metros de profundidade na neve. Um inimigo não poderia sequer se aproximar da paliçada em qualquer número", disse ele. Ele se virou para Toru e curvou-se profundamente. "Minhas desculpas, Toru-san. Falei sem pensar."
Toru voltou à proa e transferiu seus pés indecisos. Ele não estava acostumado a ter guerreiros Senshi pedindo desculpas a ele, ou se curvando para ele. Ele resmungou uma resposta.
"Não há nenhum motivo para você se desculpar, Senhor Reito", disse ele.
Mas Reito corrigiu. "Reito-san", ele disse com firmeza, e os olhos do Kikori se arregalaram, em surpresa. O Senshi estava evitando o título honorífico de "Senhor" para um mais igualitário de "Reito-san". Horace observou a interação entre os dois homens.
Agora ele estava familiarizado com a etiqueta de endereçar e as formas de perceber o abismo gigante que Reito tinha acabado de passar. Aquilo serviria bem para os próximos meses, ele pensou. Seriam melhor ter o Kikori como parceiros dispostos, ao
invés de indivíduos inferiores. Ele bateu nos ombros de ambos os homens, puxando-os juntos.
"Vamos dizer a Shigeru que descobrimos sua fortaleza", disse ele.
Eles fizeram o seu caminho de volta para o vale para onde a coluna esperava por eles.
Horace estava consciente de uma nova energia em sua etapa. Depois de semanas de escalada e escalonamento em diante, eles tinham atingido o seu objetivo. Agora, eles podiam descansar e se recuperar. Shigeru os viu chegando, viu a linguagem corporal positiva entre os três e levantou em expectativa.
"Vocês a encontraram?", Ele disse. Horace se referiu para Reito. O Senshi sentiu a responsabilidade da liderança profundamente e Horace pensou que só era justo para ele entregar a boa notícia. "Sim, senhor”, disse ele. "Está a apenas poucas centenas de metros de distância." Ele apontou o vale por trás dele. "Mas o Senhor Shigeru, devo dizer-lhe. Ela não é..." Ele hesitou, não sabendo como proceder.
Horace, ao vê-lo vacilar, concluiu sem problemas para ele. "Não é exatamente o que esperávamos", disse ele. "É uma fortaleza natural ao invés de uma feita pelo homem. Mas ela vai atender a nossas necessidades tão bem quanto."
Pela primeira vez em muitos dias, Shigeru sorriu. Horace viu seus ombros elevarem, como se um peso enorme tivesse sido tirado deles.
"A entrada precisa de conserto", continuou Horace. "Mas os Kikori irão lidar com isso facilmente. E nós podemos construir cabanas e um abrigo adequado para os feridos."
Ele estava muito consciente do fato de que os homens feridos haviam viajado sem queixa, tendo sido constantemente expostos ao frio intenso, granizo e neve, enquanto eles estavam viajando. Vários já haviam sucumbido aos seus ferimentos. Agora, com a perspectiva de quartos quentes e secos, os outros teriam uma chance maior de sobrevivência.
A palavra tinha rapidamente viajado para baixo na coluna que Ran-Koshi estava ao alcance. Sem ordens dadas, os Kikori e Senshi tinham levantado e estavam se formando em sua ordem de marcha mais uma vez.
"Obrigado, Reito", disse Shigeru, "por nos trazer em segurança através das montanhas até este ponto. Agora, talvez devêssemos examinar meu palácio de inverno?”
Eles subiram até a ruína oeste da paliçada, escolhendo o seu caminho com cuidado sobre a madeira lascada. Quando eles saíram do outro lado, Horace parou em surpresa.
O vale se alargava, a terra continuava a aumentar gradualmente. Mas havia um considerável espaço aberto atrás do muro de madeira. E a área estava pontilhada com cabanas e chalés. "Alguém esteve aqui recentemente", disse Horace. Então, conforme eles se moviam mais acima do vale e ele podia ver a condição dos edifícios de forma mais clara, ele revisava sua estimativa. "Talvez não recentemente", disse ele à Reito. "Mas, certamente, muito mais recentemente do que mil anos atrás."
A madeira dos edifícios, como a paliçada em si, estava cinza e seca com a idade. Os telhados eram feitos de telhas rachadas e na maioria dos casos, as vigas de sustentação desabaram, deixando somente seções de telhados ainda em vigor.
Os recém-chegados olharam em volta e se perguntaram confusos sobre quem os habitantes mais recentes poderiam ter sido. Então, um dos Kikori surgiu a partir de uma cabine que ele tinha ido inspecionar e gritou entusiasmado.
"Kurokuma! Aqui!”
Horace se moveu rapidamente para se juntar a ele. A cabine era maior do que a maioria das outras. Não havia espaços de janela. As paredes eram brancas e sólidas, com apenas uma porta no final.
"Parece mais um armazém do que uma cabine", disse ele baixinho. E quando ele pisou cautelosamente para dentro, olhando para cima para se certificar de que o telhado não estava prestes a desabar sobre ele, viu que ele estava certo.
O interior estava cheio de velhas, caixas de madeira em decomposição e restos apodrecidos de tecido que poderiam ter sido os restos de sacos de comida. Eles estavam espalhados em todas as direções.
Obviamente, os animais tinham trabalhado aqui ao longo dos anos, vasculhando o conteúdo do prédio em busca de algo comestível. Mas o que chamou seu interesse era um armário correndo pelo centro da sala.
"Armas, Kurokuma!", Disse o Kikori que o tinha chamado. “Olha!”
O armário tinha velhas armas. Dardos, lanças e espadas simples - não as armas cuidadosamente criadas pelos Senshi, mas mais pesadas, armas de lâmina reta. As ligações de couro e hastes de madeira estavam podres com a idade e parecia que iriam se desintegrar em um toque. E as partes de metal estavam velhas e com ferrugem. Inutilizáveis, Horace viu de relance. Elas não haviam sido de boa qualidade quando eram novos. Ele supôs que eram de ferro, e não em aço temperado. Elas seriam mais perigosas para o usuário do que para o inimigo.
"Podemos usá-las?" O Kikori perguntou, mas Horace balançou a cabeça. Ele tocou a lâmina de uma das espadas e ferrugem saiu em flocos vermelhos.
"Muito velha. Muito Enferrujada", disse ele. Ele se virou para Reito, que tinha seguido até a cabine. "Qualquer idéia de quem poderia ter construído tudo isso?", Ele perguntou, varrendo a mão no interior do antigo armazém. Reito adiantou-se e examinou uma das espadas, notando a má qualidade.
"Em um palpite, eu diria que bandidos ou saqueadores", disse ele. "Isso teria sido um esconderijo ideal para eles enquanto caçavam nas aldeias Kikori e nos viajantes através dos vales."
"Bem, eles estão há muito tempo fora daqui", disse Horace, limpando manchas de ferrugem das suas unhas.
"Eu acho que nós vamos construir as nossas próprias cabines", ele acrescentou. "Eu prefiro dormir à noite sem se preocupar que o teto vai cair sobre mim."
Eles montaram acampamento na área mais ampla por trás da paliçada. No momento, eles iriam se abrigar em tendas, mas Horace direcionou ao Kikori sênior onde as cabines e o abrigo hospital deveria ficar localizado. Com um número tão grande de
trabalhadores qualificados à sua disposição, ele também deu instruções para renovar e reforçar a paliçada, para começar, com prioridade a ser dada para o lado esquerdo quase desmoronado.
Ele estava feliz por tirar essa carga dos ombros de Reito, deixando-o livre para cuidar do bem-estar de Shigeru. Reito era um Senshi, mas ele era da corte, não um general, e Horace eram mais bem qualificado para zelar pela defesa da Ran-Koshi. Ele caminhou sobre o vale, com uma nova energia em sua etapa, seguido por um grupo de uma dezena de idosos Kikori - os líderes das aldeias que haviam se juntado a sua festa. Ele ficou satisfeito com a maneira que eles rapidamente aceitaram o seu direito de dar ordens.
Ainda mais gratificante foi o fato de que eles estavam dispostos a cooperar uns com os outros. Quaisquer rivalidades entre as vilas que poderia ter existido antes foram ceifadas pela situação atual.
Um deles apontou que havia pouca madeira pesada no próprio vale. Grupos de trabalho teriam que viajar para trás no caminho que eles tinham vindo para cortar madeira fora do vale e arrastá-lo até a fortaleza.
Horace assentiu reconhecendo o fato.
"Então amanhã vamos descansar", disse ele. "Depois disso, o trabalho começa."
O Kikori assentiu em acordo. O descanso de um dia inteiro tornaria o trabalho mais rápido, todos sabiam.
"Obtenham seus grupos de trabalho detalhados", ele disse a eles. Todos os Kikori sênior deram curvadas superficiais e ele os retornou com uma curvada rápida de sua própria cabeça. Interessante como isso rapidamente se tornou uma ação natural, ele pensou. Então, quando eles se afastaram para seus respectivos grupos, ele olhou em torno procurando por Eiko e Mikeru. Os dois nunca estavam muito longe e durante as últimas semanas ele tinha se acostumado a destacá-los para tarefas específicas.
"Eiko, você pode organizar espiões para voltar no caminho que nós viemos e vigiar a aproximação de Arisaka?”
"Eu vou eu mesmo, Kurokuma", o forte lenhador disse, mas Horace balançou a cabeça.
“Não. Eu preciso de você aqui. Envie homens que você pode confiar."
“Eu irei com eles, Kurokuma?" Era Mikeru, o jovem que havia os guiado a partir da primeira aldeia Kikori e, como resultado, havia escapado do ataque brutal de uma das patrulhas da Arisaka. Ele era vivo e inteligente e enérgico, sempre pronto para alguma coisa para quebrar a monotonia da marcha longa e difícil. Ele era a pessoa ideal para a tarefa que Horace tinha em mente. “Não. Eu tenho outra coisa que eu preciso que você faça. Obtenha três ou quatro de seus amigos e explore este vale. Encontre um caminho secreto para fora para a planície abaixo."
Mikeru e Eiko ambos franziram a testa, intrigados com suas palavras.
“Caminho Secreto, Kurokuma? Existe um caminho secreto?” Mikeru olhou ao redor das paredes juntas de rocha. Elas pareciam impenetráveis. Horace sorriu amargamente.
"Esta era uma fortaleza. Mas também é uma armadilha. Um beco sem saída. Nenhum comandante militar iria colocar seus homens em uma fortaleza como esta a menos que houvesse uma saída secreta. Confie em mim. Ela vai aparecer. Vai ser estreita e vai ser difícil, mas estará lá. Você apenas tem que encontrá-la."
28
O Wolfwill deslizava na enseada estreita a remos. Não havia nenhum sopro de vento e a superfície da água estava calma e transparente, marcada apenas pelos dezesseis círculos deixados por cada golpe dos remos e a forma de flecha que o navio deixava para trás dele. Quatro dias antes, eles tinham deixado Iwanai e navegado até a costa oeste de NihonJin. Um vento forte soprava do sul e Gundar tinha levantado duas velas a noroeste e levantou vela, e abaixou os remos de ambos os lados. Eles ficavam perpendicularmente ao casco. Nesta posição - Gundar chamava de ganso voando - eles formavam um M gigante. Com o vento pela popa, ele poderia usar duas vezes a área normal da vela. O mar estava calmo e com essa pressão extra por trás dele, o Wolfwill tinha navegado até o litoral. Conforme Halt tinha visto quando ele estudou o mapa, os três dias de navegação à vela os salvaram semanas, em comparação com a alternativa - caminhar ao longo de centenas de quilômetros de montanhas. E eles tinham evitado a atenção das patrulhas de Arisaka. Agora eles tinham atingido a parte norte da ilha e em algum lugar, não muito longe da costa, estava a fortaleza de Ran-Koshi. "Isso é o suficiente, eu acho, Gundar”, ele disse calmamente. Gundar gritou uma ordem, também em tom de surdina, e os remos cessaram seu constante movimento. Parecia certo manter suas vozes baixas. Tudo aqui foi tão tranqüilo, tão pacífico. Pelo menos, por enquanto. O tempo diria o que estava debaixo das árvores na margem densamente florestada da enseada. Atrás das primeiras colinas cobertas de árvores, as montanhas começavam a subir novamente, agora cobertas até a metade da altura de neve. Wolfwill derivou, parecendo repousar sobre a sua própria imagem invertida, enquanto sua tripulação e os passageiros estudavam o litoral, procurando sinais de movimento. "Já esteve aqui antes, Atsu?” Selethen perguntou e o guia sacudiu a cabeça. "Não nesta província, senhor", disse ele. "Então eu não conheço o Kikori local. Mas isso não deve ser um problema. Os Kikori são leais ao Imperador Shigeru. Eu simplesmente tenho que fazer o contato com as tribos locais”. "Contanto que você não tope com homens da Arisaka ao invés disso”, Halt disse secamente. "Nós não sabemos que os homens da Arisaka penetraram tão longe a Noroeste", disse o guia.
Halt encolheu os ombros. "Nós não sabemos que eles não fizeram também. É melhor assumir o pior. Dessa forma, você não estará decepcionado quando ele ocorrer”.Halt virou-se para Gundar. "Eu pensei que você poderia acampar na ilha que nós passamos, ao invés de por aqui no continente”. O skirl assentiu. “Também pensei isso. Poderíamos ficar aqui por semanas, até meses, enquanto o inverno passa. Nós iremos estar mais seguros na ilha". Tinha sido decidido que Gundar e seus homens não iriam acompanhá-los nas montanhas. Um capitão sempre relutava em abandonar o navio, mesmo para um tempo curto, e eles poderiam estar em Ran-Koshi por meses. Em vez disso, os Escandinavos levariam Atsu de volta para Iwanai, em seguida, retornariam a esse ponto e passariam o inverno em um acampamento, encalhando o navio e transportando-a acima da marca da maré para protegê-la de tempestades de inverno. Eles planejavam construir cabanas no abrigo das árvores. Escandinavos muitas vezes enfrentavam inverno como este enquanto eles estavam viajando. Gundar tinha re-carregado o navio quando eles estavam em Iwanai então eles tinham bastante comida a bordo. Além disso, eles poderiam vir para o continente para caçar e buscar água, se não houvesse nada na ilha. A ilha foi um golpe de sorte. A Quatrocentos metros da costa, ela iria fornecer segurança e alerta precoce de qualquer possível ataque. "Ponha-nos em terra" Halt continuou. "Então, saia da ilha. Nós vamos acampar na praia hoje à noite enquanto Atsu tenta contatar os moradores”. Quarenta minutos depois, o grupo de terra observava enquanto os remos do Wolfship avançavam para frente e para trás, a dinamização do artesanato puro em seu próprio comprimento. Em seguida, ambos os bancos de remos começaram a se unir e o navio ganhou velocidade rumo ao mar. Na popa, Gundar acenou adeus. Conforme Wolfwill fez uma curva e desapareceu da vista, Will sentiu-se estranhamente só. Mas não houve tempo para a introspecção. Havia trabalho a ser feito. "Certo", disse Halt. "Vamos montar um acampamento. Atsu quer esperar até a manhã? Ou você vai tentar fazer contato com os moradores esta noite?”. Atsu olhou para o sol baixo. Havia provavelmente ainda uma hora de luz do dia. "Poderia ser melhor se eu fosse imediatamente”, disse ele. "É altamente provável que nós fomos vistos, então quanto mais cedo eu possa fazer contato e explicar as nossas intenções, melhor”. Halt assentiu e, enquanto os outros começavam a erguer as suas tendas pequenas e coletar pedras para lareira, Atsu escorregou para dentro da floresta. Will o assistiu ir, em seguida, voltou-se para a tarefa de apertar a corda na sua tenda. Selethen, ao lado dele, não era familiarizado com o projeto Araluan de tendas e estava um pouco confuso sobre o arranjo de cordas e lona. Will moveu-se rapidamente para ajudá-lo a obtê-los separados. "Obrigado", disse o Wakir. Ele acrescentou, com um leve sorriso, “Eu costumo ter um servo para fazer isso por mim, você sabe”.
"Estou feliz por estar ajudando”, Will disse. "Contanto que você nos de um pouco do seu fornecimento de café”. "Boa idéia”, o Arridi respondeu e começou a remexer em sua mochila. Seus grãos de café eram superiores aos que Will e Halt transportavam. Eles tinham mais sabor e eram muito mais aromáticos. Durante a viagem, eles tinham todos os seus fornecimentos cuidadosamente racionados - café parecia ser desconhecido em Nihon-Jin. Mas agora Will pensou que era hora de desfrutar de uma boa xícara. Evanlyn e Alyss tinham encontrado um córrego de água doce um pouco para o interior da praia e tinha pegado as peles de água e os cantis para enchê-los com água limpa e fria. Enquanto esperava as meninas voltar, Will e Selethen definiam sobre como fazer uma fogueira. Halt, sentado com as costas em um tronco e estudando o mapa, olhou para cima quando eles o fizeram. Will hesitou. "Nós podemos ter uma fogueira, Halt?", Perguntou ele. O Arqueiro mais velho pensou por um momento. “Por que não?”, Disse. "Como Atsu salientou, os locais provavelmente sabem que estamos aqui”.Ele olhou na direção das árvores, onde as duas meninas eram visíveis enchendo os cantis. "Você está esperando problema?” Will perguntou ciente de que Halt estava mantendo um olhar atento sobre as meninas enquanto elas trabalhavam. Novamente, Halt hesitou antes de responder. "Eu sempre estou nervoso quando estou em um país que eu não conheço", disse ele. "Acho que é a melhor maneira de ser”. "É certamente o que o manteve vivo até agora", disse Selethen, com uma sugestão de um sorriso. Halt assentiu. "Sim. Por enquanto tudo bem. Além disso, eu estive pensando... Atsu parece confiante de que todas as aldeias Kikori estarão apoiando o Imperador. Mas não há nenhuma garantia férrea que alguns deles não tenham passado para os Arisaka”. "Você acha que isso é provável?" Will perguntou e Halt voltou a olhar para o seu jovem protegido. “Não. Mas é possível. Estamos indo muito na palavra de Atsu para as coisas e não temos como saber o quão bom é o seu julgamento”. Evanlyn e Alyss retornaram enquanto eles estavam discutindo isso. As meninas estavam sobrecarregadas com dois cantis grandes cheios e levaram a carga entre eles. Evanlyn olhou ao redor do acampamento em aprovação. Alyss, que havia notado a expressão sombria no rosto de Selethen e os dois Arqueiros, acrescentou: "E que expressões sérias vocês todos estão usando. Há algo de errado, Halt?”. Halt sorriu para ela. "Agora que temos água para o café, não”, respondeu ele. “Tudo está exatamente como deveria ser”.
Eles fizeram o café, então Will definiu sobre como preparar uma refeição da noite. O mercado de Iwanai lhes tinha fornecido várias galinhas e ele começou a articulá-las e preparar a carne marinada de azeite, mel e o molho salgado escuro que era um tempero em Nihon-Jin. Atsu havia lhe ensinado como preparar arroz, que ele nunca tinha cozinhado antes, e ele colocou uma panela tampada cozinhando na brasa do fogo enquanto ele preparava uma salada verde, com cebolinhas e folhas verdes que se assemelhavam a espinafre. Como sempre, ele tinha seu kit de cozinha com ele, com seus próprios temperos pessoais que iriam criar uma salada leve e picante. "Bom conhecer um homem que cozinha", disse Alyss, sentada confortavelmente ao redor fogo, de costas contra um tronco e os joelhos dobrados. "Ouvi dizer que você pode preparar uma refeição muito boa também, Halt" Evanlyn disse, delicadamente a provocá-lo. Halt tomou outro gole do café que eles tinham preparado. Seus olhos sorriram para ela sobre a borda de sua caneca. "É parte da formação de um Arqueiro", disse ele. "Não há nenhuma lei que diz que temos que ficar na aderência dura e com água fria quando estamos acampados. Uma boa refeição faz muito para restaurar o espírito. Alguns anos atrás, Crowley tinha Mestre Chubb para preparar um conjunto de receitas e instruções para nós. Todos os aprendizes de Arqueiro fazem um curso de três meses em seu terceiro ano”. “Então o que você está planejando cozinhar para nos castigar?" Selethen perguntou. Ele estava sorrindo, mas ele pensou que esse curso era uma excelente idéia. Como disse Halt, comida boa e simples poderia fazer um longo caminho para tornar um campo mais confortável. Halt esvaziou o resto de seu café. Ele olhou para os resíduos em sua caneca melancolicamente. Por um momento ele foi tentado a pegar mais um pote. Mas eles não podiam dar ao luxo de desperdiçar os seus suprimentos limitados. "Eu não vou cozinhar”, respondeu ele. "Will gosta de fazer e eu não quero estragar sua diversão”. Will olhou para cima de onde ele estava enfiando a carne de frango marinada em espetos finos de madeira verde. "Além disso, Halt tem sido conhecido por queimar a comida, quando ele faz", ele disse e todos riram. Ela estava preste a acrescentar ao conto de tentativas fracassadas de Halt cozinhando quando parou os olhos fixos nas sombras à beira das árvores da orla da praia. Ele abaixou a espada que ele estava preparando e se pôs de pé, a mão dele indo para o punho de sua faca Saxônica. "Nós temos companhia”.
Havia figuras emergentes das árvores. Rusticamente vestidos de peles e de couro e todos portando armas - lanças e machados principalmente. Os outros ficaram de pé também. Halt tinha seu longo arco em sua mão e ele rapidamente recuperou sua aljava de onde ela estava deitada no chão ao lado dele, atirando-a no ombro. Em uma continuação do mesmo movimento fluído, ele pegou uma flecha da aljava e a colocou na corda. Selethen colocou a mão alertando em seu antebraço. "Há muitos deles, Halt. Este pode ser um tempo para falar”. Selethen estava certo, o Arqueiro viu. Havia pelo menos vinte homens vindos na direção deles. "Onde diabos esta Atsu quando precisamos dele?" Will disse amargamente. Ele estava olhando as árvores por algum sinal de seu guia, mas sem sucesso. Seu próprio arco estava em sua mão, mas Selethen estava certo. Havia muitos homens armados para fazer uma resistência de valor. Os recém-chegados formaram um semicírculo ao redor do pequeno grupo pela fogueira. Seus olhos eram duros e desconfiados. Halt desarmou o seu arco e estendeu as mãos num gesto de paz. Seguindo seu exemplo, Selethen afastou a mão do punho da sua espada curvada. Um dos homens falou. Mas Halt não pôde reconhecer as palavras. “Você pegou isso, Alyss?", Perguntou ele. A menina loura olhou rapidamente para ele, não totalmente segura de si mesma. "É Nihon-Jin", disse ela. "Mas é um sotaque muito forte regional. Torna difícil de pegar. Acho que ele está perguntando quem somos”. “Pergunta lógica”, Will disse. O orador olhou para ele e cuspiu algumas palavras. O tom era óbvio, mesmo que o sentido não fosse. Ele ficou furioso. "Melhor se Alyss falar, Will”, Halt advertiu em voz baixa. O orador Nihon-Jin balançou a olhar para ele, mas como Halt era obviamente o líder desse grupo, ele não parecia estar irritado que ele estava falando. "Pergunte se ele viu Atsu", disse ele e Alyss falou, escolhendo suas palavras. Os outros ouviram a palavra "Atsu" entre elas. O Nihon-Jin respondeu com desdém. Obviamente ele não tinha idéia de quem poderia ser Atsu. Ele repetiu a pergunta original, mais incisivamente neste momento. "Ele ainda está perguntando quem somos", disse Alyss. Não houve necessidade de traduzir a resposta negativa à sua pergunta sobre Atsu. "Diga a ele que nós somos viajantes”, Halt disse cuidadosamente. "Nosso barco foi danificado e a equipe nos deixou aqui”.
Alyss reuniu seus pensamentos para enquadrar as frases necessárias. O porta-voz Nihon-Jin cumprimentou as suas palavras com um grunhido. Em seguida, ele disparou outra pergunta. "Ele quer saber para onde estamos indo”, disse Alyss. Ela olhou para Halt. "Devo dizer algo sobre Shi-" Ela parou de se dizer o nome do Imperador, percebendo que o NihonJin provavelmente iria reconhecê-lo. Em vez disso, ela mudou sua pergunta no último momento. "Sobre... o Imperador?”. "Não" Halt disse rapidamente. "Nós não sabemos de que lado essas pessoas estão. Basta dizer-lhe que estamos procurando pelos Kikori”. Era uma situação complicada. As chances eram boas que estes homens se opunham a Arisaka. Mas não era certeza. Se Alyss dissesse que eles estavam procurando por Shigeru, eles poderiam encontrar-se feitos prisioneiros pelo usurpador. Alyss começou a traduzir a declaração. Mas o homem tinha ouvido a palavra “Kikori". Ele bateu o seu próprio peito repetidamente e gritou para eles "Kikori". A palavra foi repetida diversas vezes. "Eu suponho que vocês compreenderam isso”, Alyss disse. "Estes são Kikori”. "A questão é: de que lado eles estão?” Evanlyn perguntou. Mas Alyss não tinha resposta para isso. Então o homem virou-se para seus seguidores e fez um gesto rápido. Os Kikori se moveram ao acampamento, circulando em torno dos cinco estrangeiros e fazendo gestos imperiosos. O significado era óbvio. Eles iriam acompanhar eles. Will percebeu que o Kikori não fez nenhuma tentativa de aliviá-los de suas armas, e gesticulou para os Araluans e Selethen para pegar suas mochilas e outros equipamentos. Will fez uma tentativa de mover uma das barracas, mas o Kikori mais próximo a ele fez um gesto negativo e gritou com ele. Ele parecia repetir a mesma palavra de novo: Dammé! Dammé! Will deu de ombros. "Eu acho que a barraca fica", disse ele.
29
Horace estava estudando o lado ocidental do colapso da paliçada com o chefe de trabalho atribuído a repará-la. Esta seção do trabalho tinha ficado para trás do resto dos reparos. A maior parte da paliçada estava boa agora, as passagens tinham sido reforçadas e em alguns lugares substituída inteiramente, e as tábuas da parede renovadas sempre que necessário com novos e fortes troncos. Mas a seção recolhida tinha problemas para além de simples estragos do tempo. O chefe apontou para um canal profundo cortado no chão sob a paliçada arruinada. "Esta área se torna um curso de água quando a neve derrete Kurokuma", disse ele. "A água da enxurrada gradualmente erodiu as fundações do muro neste momento e as levou. Nós vamos ter que definir novas bases”. Horace coçou o queixo. "E espero que não chova. Não há como reparar isso se tudo for varrido novamente", disse ele, pensativo. Mas o chefe sacudiu a cabeça. "Está muito frio para chover. Vai nevar. Mas não haverá água a correr por aqui até a primavera, quando a neve derreter. Mesmo assim, levaria algumas estações para dano suficiente ser feito. Isso não acontecerá em um ou dois anos”. Horace estudou o homem por um momento. Ele parecia confiante e certamente ele parecia saber o seu ofício. "Muito bem. Vamos continuar com isso. Eu não vou estar feliz até que eu saiba que toda a paliçada está completa”. "Nós devemos ser capazes de consertá-la em poucos dias. Agora que os outros reparos estão quase a terminar, posso atribuir grupos de trabalho extras para esta parte”. "Muito bem", disse Horace. Ele gesticulou para o homem ir em frente e virou-se, voltando-se a inclinar para o pequeno povoado de cabines que já tinha sido criada pelo trabalho duro dos Kikori. Um pequeno grupo de homens mais jovens tinha sido dispensado do trabalho e o comandante da guarda pessoal de Shigeru tinha começado a sua instrução na arte da técnica Senshi da espada. Ele estava demonstrando os movimentos básicos para eles agora, pedindo um tempo para cada corte de blocos, ou impulso. Horace parou para assistir, fascinado pelo estilo diferente. Parecia muito mais ornamentado e ritualístico do que os treinos que ele estava acostumado. Mais - ele procurou por uma palavra e, em seguida, encontrei - extravagante, com seus giros e varreduras. Mas além da técnica estrangeira ele podia discernir uma semelhança de efeito.
Agora Moka, o comandante da guarda, parou sua demonstração e pediu para os Kikori repetirem a seqüência. Eles estavam armados com espadas retiradas do grupo de ataque dizimado na Vila da Margem. Moka assistiu de rosto duro, enquanto os jovens Kikori tentavam imitar seus movimentos. Eles eram, infelizmente, não coordenados e desajeitados na sua execução. Reito estava perto, assistindo também. Ele viu Horace e moveu-se para se juntar a ele. "Eles não são muito bons, são?" Horace disse. Reito encolheu os ombros. "Senshi começam a aprender isso quando eles têm dez anos de idade", disse ele. "É pedir muito para os trabalhadores da madeira aprendê-lo em poucas semanas”. "Eu me pergunto se eles vão aprender em poucos meses", disse Horace melancolicamente. "Eles vão estar a enfrentar os guerreiros que já estão treinando desde que tinham dez.” Reito assentiu. Ele pensou a mesma coisa. "Mas qual é a alternativa?”. Horace balançou a cabeça. "Eu gostaria de saber”.Mesmo se a paliçada e as falésias enormes em ambos os lados os manterão seguros para o inverno, ele descobriu que temia o confronto com o exército de Arisaka Senshi na primavera. "Às vezes eu penso que nós estamos apenas adiando o inevitável", disse ele. Antes que Reito pudesse responder, ouviram o nome de Horace sendo gritado. Eles se viraram e olharam para o vale, para onde se podia ver a figura animada de Mikeru e dois de seus jovens companheiros. Vários dos Kikori pararam seu treinamento de espada para virar e olhar também. Conforme eles fizeram, seu instrutor gritou com eles para voltar ao trabalho. Timidamente, eles retomaram a prática. "Vamos ver o que Mikeru quer", disse Horace. "Ele parece animado”, Reito observou. "Talvez seja uma boa notícia”. "Isso iria fazer uma mudança", disse Horace enquanto eles desciam o vale inclinado para satisfazer o jovem. Mikeru os viu chegando e parou de correr. Ele fez uma pausa, curvado com as mãos sobre os joelhos, enquanto ele recuperava o fôlego. "Nós descobrimos Kurokuma", disse ele, ainda um pouco ofegante. Por um momento, Horace não tinha certeza de que ele estava falando. Sua cabeça ainda estava cheia de pensamentos dos reparos à paliçada e a tarefa aparentemente impossível de transformar trabalhadores de madeira em espadachins qualificados no espaço de poucos meses. Então ele lembrou-se da tarefa que ele tinha estabelecido para Mikeru alguns dias antes. "A saída secreta?", Disse. O rapaz acenou, sorrindo triunfante para ele.
“Você estava certo, Kurokuma! Estava lá o tempo todo! É estreita e é difícil e da voltas e mais voltas. Mas ela está lá!”. "Vamos dar uma olhada nela", disse Horace e Mikeru assentiu com ansiedade. Eles deram uma meio-corrida, e depois pararam após poucos metros, olhando para trás para ver se Horace e Reito estavam seguindo. Ele lembrava Horace um filhote ansioso, esperando impacientemente por seu mestre para alcançá-los. "Devagar, Mikeru", disse ele com um sorriso. "Ela está lá há centenas de anos. Não vai a lugar nenhum agora”. Como o menino havia dito, o caminho bem escondido era estreito e difícil. Era um barranco íngreme que descia pela montanha, escavando seu caminho através da rocha. Em alguns lugares, Horace pensou, parecia ter sido escavado pela mão. Aparentemente, os ocupantes originais de Ran-Koshi tinham encontrado uma série de fendas estreitas que desciam a montanha e ligavam para formar um caminho quase imperceptível que levava para baixo através das paredes de rocha. Eles entraram e escorregaram por um caminho íngreme, enviando uma chuva de pequenos seixos em cascata antes deles, despejando as paredes de pedra do outro lado. "Não é muito fácil chegar a este caminho”, Reito observou. Horace olhou para ele. "Isso é como você quer. A maioria das pessoas olha para isto e não reconhece como um caminho de volta para a fortaleza. E mesmo que um invasor saiba sobre isso, eu vi uma meia dúzia de pontos onde dez homens poderiam adiar um exército”. "Muitos lugares para construir precipícios e armadilhas também”, Reito disse. "Você só poderia vir até aqui em uma fila única”. "Mesma coisa indo para baixo", disse Horace casualmente. "Você precisaria de muito tempo, se você quisesse passar uma força aqui em baixo”. “Baixo? Por que você quer ir para baixo? Quero dizer, é bom conhecer esta rota aqui. Nós certamente precisamos fortalecê-la e estabelecer posições defensivas para impedir os Arisaka de usá-la e nos apanhar de surpresa. Mas por que você iria querer passar uma força para baixo?”. Ele sabia que Horace não poderia estar a pensar nisso como uma rota de fuga para o grupo inteiro. Eram mais de quatrocentos Kikori com eles agora, muitos deles mulheres e crianças. Levaria semanas para chegar a todos por este caminho íngreme até o platô da serra abaixo. E mesmo se você pudesse passar todos para baixo, eles seriam vistos quase tão rapidamente quanto eles tentaram fugir, atravessando o campo aberto na parte inferior. Horace encolheu os ombros e não respondeu. Era apenas uma vaga idéia se agitando em sua mente. Tudo o que ele tinha feito até então tinha sido puramente defensivo. Reconstruir a paliçada. Encontre este caminho, que o instinto lhe disse que estará aqui, e criem defesas.
Mas era da natureza de Horace o ataque, levar a luta ao inimigo, surpreendê-los. Este caminho poderia tornar isso possível. Apesar de que ele como ele iria montar um ataque contra guerreiros profissionais com apenas os trabalhadores de madeira apressadamente treinados, ele não tinha idéia. Não pela primeira vez, ele reconheceu o fato de que ele não era um planejador ou um inovador. Ele sabia como organizar as defesas. Ele poderia estudar uma posição de avaliar suas potenciais fraquezas e mover-se para fortalecer e consolidá-las. Mas quando necessitava a concepção de um método pouco ortodoxo ou inesperado de ataque, ele simplesmente não sabia por onde começar. "Preciso de Halt ou Will para isso", ele murmurou para si mesmo. Reito olhou com curiosidade. "O que foi Kurokuma?”. Horace balançou a cabeça. "Nada de importante, Reito-san. Vamos seguir essa trilha de cabra até o fundo”.Ele partiu depois de Mikeru. Como de costume, o rapaz havia disparado na frente deles, pulando como um cabrito montês de uma rocha para outra. No fundo, a trilha estreita dava no terreno plano. A entrada era bem escondida. Após alguns metros, a sarjeta fazia uma curva acentuada à direita. Para um olhar casual, parecia ser uma parede de pedra cega que terminava em uma covinha na face da montanha. Arbustos e árvores tinham crescido sobre a entrada e enormes pedras estavam empilhadas sobre ela. Horace estava disposto a apostar que não tinha acontecido por acaso. A entrada principal para o vale que levava a Ran-Koshi era em torno de uma falésia, a cerca de trezentos metros de distância e escondido da vista. Horace estudou o terreno. "Digamos que você trouxesse uma centena de homens para baixo. Fila única. Sem mochilas. Apenas armas. Levaria a melhor parte do dia. Você poderia mantê-los escondidos aqui, enquanto eles se formavam. Talvez fazer isso no escuro, por isso haveria menos chances de ser visto”. Mais uma vez ele não notou que ele tinha falado em voz alta seus pensamentos. Ele estava um pouco surpreso quando Reito lhe respondeu. “Você poderia fazer isso", ele concordou. "Mas quem são esses cem homens que você está falando? Temos no máximo quarenta Senshi prontos para lutar agora e Arisaka terá dez vezes mais que isso”. Horace assentiu, cansado. "Eu sei. Eu sei”, disse ele. "Eu apenas não posso deixar de pensar. Se tivéssemos uma força de combate decente, poderíamos ser capazes de dar uma sacudida desagradável nos Arisaka”. "E se nós tivéssemos asas, poderíamos ser capazes de voar com segurança por cima de seu exército”, Reito respondeu. Horace encolheu os ombros. "Sim. Eu sei. Se, se e se. Bem. Nós vimos à porta de trás. Vamos voltar até o vale”.
A escalada de volta foi ainda mais demorada. Anoitecia quando Reito e Horace emergiram da queda de rochas. Suas roupas estavam rasgadas em vários lugares e Horace estava sangrando um arranhão de muito tempo em sua mão direita, onde ele tinha tentado em vão parar de se deslizar para baixo em um monte íngreme de cascalho e piçarra. “Você estava certo", disse Horace a seu companheiro. "Seria impossível subir lá e lutar contra um defensor determinado ao mesmo tempo”. "Vamos ter certeza que temos defensores no lugar", disse Reito. Horace assentiu. Outro detalhe para cuidar de amanhã, ele pensou. Enquanto eles passavam no final da trilha principal para a ravina, as vozes começaram a chamar-lhes. Horace estreitou os olhos contra a escuridão crescente. Parecia haver um grande grupo de pessoas reunidas pela cabana de lados abertos que havia sido construída como uma casa de pasto comunal. Ele liderou o caminho em direção a eles, mas um dos Kikori destacou-se do grupo e correu para encontrá-los. "Kurokuma! Venha depressa. Nós pegamos cinco espiões.
30
O grupo reunido de Kikori e Senshi se separou diante deles e Horace e Reito seguiram seu caminho. O jovem guerreiro viu os cativos, cercados por uma escolta de Kikori armados, e o seu coração sentiu uma alegria indescritível. Por enquanto, os cinco recém-chegados estavam virados para fora e não tinha percebido sua chegada.
‘Kurokuma!’, chamou o líder da escolta, empurrando a pequena multidão para cumprimentar Horace. 'A patrulha os pegou em terras baixas, perto da costa. Eles não vão dizer por que estão aqui. Pensamos que eles são espiões. Eles são estrangeiros ‘, acrescentou ele, como um adendo.
‘Então são eles’, respondeu Horace. ‘Talvez devêssemos açoitá-los. Isso poderia acabar com o problema em suas línguas.’
Ao som de sua voz, os prisioneiros se viraram e o viram. Houve um momento de nãoreconhecimento, devido ao fato de que ele estava usando o uniforme Nihon-Jin - calça e camisa, com um robe que chegava a coxa, mantido no lugar por um cinto. Um gorro de pele, mesmo em baixo na cabeça e com abas laterais para proteger as orelhas do frio, completava o uniforme.
Então Evanlyn soltou um grito de prazer crescente.
‘Horace!’ Antes do Kikori assustado pudesse pará-la, ela jogou-se para ele e atirou os braços em torno de seu pescoço, abraçando-o com tanta força que ele achou difícil de respirar corretamente. Dois dos homens que estavam guardando o grupo moveu-se para afastá-la, mas Horace os deteve com um gesto de mão. Ele estava gostando de ter o abraço de Evanlyn.
‘Tudo bem’, disse ele. ‘Eles são meus amigos.’ Um pouco relutante, ele se desvinculou do abraço de Evanlyn, mas ele estava satisfeito que ela permaneceu perto dele, o braço possessivamente ao redor de sua cintura. Ele sorriu para Halt, Will e Alyss como eles também tinham reconhecido o seu velho amigo apesar de estar mal vestido, como um lenhador nihon-jin despenteado.
‘Eu não tenho nenhuma idéia de como todos vocês chegaram aqui ‘, disse ele. ‘Mas graças a Deus que vocês chegaram!’
Os Kikori, ainda perplexo, mas percebendo agora que os estrangeiros não representavam nenhuma ameaça, ficaram de lado, como o três Araluans avançaram para cumprimentar Horace, batendo as costas - no caso de Will e Halt - e abraçando-o novamente no caso de Alyss. Evanlyn não abandonou a sua reserva em torno da cintura de Horace e, quando ela considera o abraço tinha ido longe demais, ela mudou-lhe sutilmente longe do abraço da Mensageira.
Por alguns momentos truncados, todos falavam ao mesmo tempo, em um murmúrio louco de perguntas sem resposta e declarações de alívio. Então, Horace percebeu uma figura estranha, parados logo atrás dos outros. Ele olhou mais de perto.
‘Selethen?’, disse, com surpresa em sua voz. 'De onde foi que você apareceu?
O alto Arridi avançou então e, na forma do seu povo, abraçou Horace, em seguida, fez o gesto com a mão graciosa da boca para testa e de volta à boca.
‘Horace’, disse ele, com um largo sorriso no rosto. ‘Como é bom te ver vivo e bem. Nós todos estávamos preocupados com você. ’
‘Mas... ’ Horace olhou de um rosto familiar para outro. ‘Como você veio para...?’
Antes que ele pudesse terminar a pergunta, Will o interrompeu, pensando em esclarecer as coisas, mas apenas tornando-as mais enigmáticas - como tantas vezes acontece.
‘Estávamos todos na Toscana para a assinatura do tratado’, começou ele, depois se corrigiu. 'Bem, Evanlyn não estava. Ela veio mais tarde. Mas, quando ela chegou, nos disse que estava desaparecido, então todos nós pegamos o navio de Gundar - você deve vê-lo. É um projeto novo que possa navegar contra o vento. Mas de qualquer forma,
isso não é importante. E pouco antes de sairmos, Selethen decidiu se juntar a nós - o que com você que é um antigo camarada de armas e de todos – e... ’
Ele não foi mais longe. Halt, vendo a crescente confusão no rosto de Horace, levantou a mão para parar seu balbuciante antigo aprendiz.
‘Hey! Hey! Vamos com um fato de cada vez, certo? Horace, existe algum lugar em que podemos conversar? Talvez devêssemos sentar calmamente e conversar sobre o que está acontecendo. ’
‘Boa idéia, Halt’, disse Horace, alívio evidente em seu tom.
Will parou, um pouco envergonhado quando ele percebeu que estava correndo com a boca.
‘De qualquer maneira, estamos aqui’, disse ele. Em seguida, o embaraço desvaneceu-se e não podia parar o largo sorriso que estava aparecendo em seu rosto ao ver seu melhor amigo. Horace respondeu na mesma moeda. Ele instintivamente compreendeu que a explosão de Will foi o resultado de intenso alívio de que ele, Horace, estava seguro e bem.
Horace apresentou seus amigos a Reito, que se curvou à moda nihon-jin como ele cumprimentou cada um deles. Os Araluans curvaram-se, mas Horace, agora acostumado à ação, viu que eles eram um pouco duros e incertos em sua resposta. Selethen foi o único que conseguiu uma resposta graciosa, combinando a curva com o gesto de mão padrão Arridi. O grupo Nihon-Jin estava ali, interessados espectadores em tudo isso. Depois Reito havia recebido os seus amigos, Horace apresentou-os em massa para os Nihon-Jin que os assistiam. O Kikori e o Senshi e todos se curvaram. Novamente, os recém-chegados responderam.
‘Há muito se curvar neste país, ’ Will disse, com o canto da boca.
‘Acostume-se, ’ Horace disse-lhe alegremente. A sensação de alívio que sentiu ao ver seu velho amigo era quase irresistível. Ele foi começando a se sentir fora de sua responsabilidade.
O grupo Nihon-Jin, vendo que os recém-chegados não representava nenhum perigo, começou a afastar-se.
‘Nós vamos para minha cabine para conversar’, disse Horace. ‘Reito-san, você perguntaria ao Imperador se ele pode ver-nos em meia hora? Eu gostaria de apresentar meus amigos. ‘
‘Naturalmente, Kurokuma 'Reito respondeu. Curvou-se rapidamente e virou-se para apressar afastado. Horace respondeu automaticamente com uma curva rápida de sua autoria.
Will, assistindo, imitou a ação incerta, não tenho certeza se ele deveria ou não participar.
‘Todos se curvam para todos aqui? ', perguntou ele.
‘Muito, ’ disse Horace a ele.
A cabine de um quarto que os Kikori haviam construído para Horace era espaçosa e confortável. Seu saco de dormir foi dobrado em um canto. Uma mesa baixa tinha sido construída e foi colocada no meio do piso de madeira, enquanto um pequeno tacho com carvão criou um círculo alegre de calor. O grupo de amigos se sentou à mesa e trocaram informações sobre os eventos ao longo dos últimos meses.
‘Eu não sei o que aconteceu com Atsu’ Halt disse como eles chegaram ao final de sua história. ‘Ele provavelmente vai arrumar as coisas lá no acampamento.
‘Vou mandar alguém para que ele saiba que você está aqui. Ele não vai encontrar nenhum dos Kikori local ‘, disse Horace. ‘Eles estão todos aqui conosco. Os que correram para você era uma patrulha que enviamos para vigiar os homens de Arisaka.’ Horace disse. ‘Mas me diga, porque não basta dizer que você estava procurando por mim - ou Shigeru '.
Ele abordou a questão a Alyss, como era a tradutora de Nihon-Jin no grupo. Ela encolheu os ombros. ‘Nós não estávamos totalmente certos do com que estávamos lidando’, explicou. ‘Nós não queriamos mencionar o Imperador, para o caso de serem aliados de Arisaka. Eu acho que eles sentiram a mesma coisa sobre nós. Eles pareciam pensar que éramos espiões. Eles provavelmente desconfiaram porque nós somos estrangeiros. ’
Horace balançou a cabeça, pensativo. ‘Eu acho que sim. ’ Ele ainda estava um pouco sobrecarregado pela visão de Alyss com cabelo curto e escuro.
‘E eles nunca mencionaram o seu nome, ’ Will interveio 'Tudo que nós conseguimos tirar deles era que eles estavam levando-nos a ‘Kurokuma’. Não sabíamos se isso era um lugar ou uma pessoa. O que significa, a propósito?’
‘Disseram-me que é um termo de grande respeito’, disse Horace, não querendo admitir que ele não sabia.
‘Conte-nos mais sobre o imperador, ’ Halt disse. ‘Você está obviamente impressionado com ele.’
'Eu estou’, Horace concordou. 'Ele é um homem bom. Amável e honesto e incrivelmente corajoso. Ele esta tentando melhorar a sorte das pessoas comuns aqui e dando-lhes mais do seu posso dizer.’
‘O que é, naturalmente, odiado por Arisaka, ’ disse Halt.
‘Exatamente. Shigeru tem a coragem de não recuar de Arisaka, mas infelizmente, ele não é líder militar. Ele foi treinado como um Senshi, claro. Todos os membros de sua classe são. Mas ele não tem as habilidades militares mais amplas -. Idéia de tática ou de estratégia.’
‘Esse era o papel de Shukin, eu imagino?’ Evanlyn disse.
Um olhar triste tomou conta do rosto de Horace. ‘Sim’. Ele teve o cuidado deste lado das coisas. Acho que sua morte abalou muito o Imperador. Ele precisa de ajuda.’
‘Que você está fornecendo, ’ Selethen disse calmamente. Horace encolheu os ombros.
‘Eu não poderia deixá-lo para se defender. Seus conselheiros são outros cortesãos, e não líderes de guerra. E quaisquer de seus guerreiros experientes são muito jovens para planejar uma grande campanha. ‘Seu rosto se iluminou. ‘Por isso eu fiquei tão feliz em vê-lo. ’
‘Talvez devêssemos ir ao encontro deste seu Imperador, ’ Halt disse.
Shigeru cumprimentou-os cortesmente, acolhendo-os para o seu país e pedindo detalhes de sua jornada. Ele pediu desculpas para a situação que agora se encontravam.
‘Arisaka jogou meu país em desordem, ’ disse ele tristemente. ‘Eu temo não poder recebê-los com as honras que vocês merecem. ‘
Halt sorriu para o imperador. 'Nós não merecemos muito no caminho da honra, a sua excelência. ‘
‘Todos os amigos do Kurokuma’, disse Shigeru, indicando Horace com uma inclinação de cabeça, ‘Merecem grande honra neste país. O seu jovem amigo me serviu bem, Halto-san. ’
No caminho até a cabine do Imperador, fixado no topo do vale, Horace explicou rapidamente alguns dos caprichos de pronúncia do idioma Nihon-Jin.
‘Eles parecem ter dificuldade para terminar uma palavra com uma consoante dura, como’ T ‘, disse ele. ‘Normalmente eles vão acrescentar uma vogal depois dela. Então, se você não se importar, Halt, vou apresentá-lo como ‘Halto’. Will pode ser ‘Wirru’. Fez uma pausa para explicar melhor. ‘L’ não é um som que eles estão totalmente confortáveis, também. ’
‘Suponho que vai me fazer ‘Arris’? Alyss disse e Horace assentiu.
’Que sobre Selethen e eu? 'Evanlyn perguntou.
Horace considerou por um momento. ‘Os L's em seus nomes provavelmente serão um pouco arrastados, ’ ele afirmou. ‘E eles vão pronunciar as três sílabas em seus nomes com igual ênfase. Vocês não serão E-van-lyn ou Sel-eth-en, como dizê-las. Eles não se prolongar mais qualquer uma sílaba do que as outras. Eles vão dizer que todos os três em uma espécie de ritmo staccato. ’
Ele provou estar correto. Shigeru ouviu atentamente como Horace apresentou seus amigos, usando os nomes adaptados que ele lhes tinha dado, e depois os repetiu cuidadosamente. Naturalmente, o educado termo 'san' foi adicionado a cada nome também.
Após as formalidades serem atendidas, Shigeru enviou-os para o chá, e todos eles tomavam com gratidão à bebida quente. Havia uma ponta afiada no tempo – uma grande nevasca ia começar.
Horace considerava o seu copo. O chá verde foi tudo bem, pensou ele. Mas não era a sua bebida favorita.
‘Eu não acho que vocês trouxeram qualquer café com você? , ’ Perguntou aos dois Arqueiros.
‘Nós temos um pouco, ’ Will respondeu e como os olhos de Horace brilharam, ele continuou, ‘Mas está tudo no nosso local de acampamento na costa. ’
‘Ah. Logo agora que você me deu esperança. Vou mandar homens para trazer seu equipamento até aqui ‘, disse Horace.
Shigeru estava acompanhando a troca com um sorriso. O alívio de Horace era óbvio agora que os seus amigos estavam aqui - especialmente o homem mais velho, de barba. Shigeru sabia que Horace tinha assumido muito depois da morte Shukin e ele temia que pudesse ser um fardo muito pesado para esse jovem homem. Agora, ele poderia compartilhar esse fardo, o Imperador pensou. E ele sentia instintivamente confiança na capacidade deste Halto-san para encontrar uma maneira de se opor a Arisaka. Horace tinha dito a ele uma grande quantidade de coisas enigmáticas sobre o Arqueiro nas últimas semanas.
‘Kurokuma sente falta de seu café’, disse Shigeru.
‘Sua alteza?’ Era o mais jovem dos dois arqueiros, obviamente com uma pergunta, e Shigeru assentiu com a cabeça para ele continuar. ‘O que é esse nome que você deu a ele? Kurokuma?’
‘É um título de grande respeito’, o Imperador respondeu gravemente.
‘Sim. Horace nos disse. Mas o que isso significa? ‘
‘Eu penso, ’ Alyss começou hesitante, ‘ que tem algo a ver com um urso? Um urso preto?’
Shigeru inclinou a cabeça na direção dela. ‘Você tem um excelente entendimento de nossa língua, Arris-san’, ele disse a ela.
Ela corou um pouco e curvou-se em resposta ao elogio.
Horace, que havia tentado descobrir o significado de Kurokuma já há algum tempo, sentiu o prazer de ouvir a tradução.
‘Urso preto‘, repetiu ele. ‘É, sem dúvida, porque eu sou tão terrível na batalha. ’
‘Eu acho que sim, ’ Will falou, 'Eu vi você na batalha e você é definitivamente horrível. ’
‘Talvez’, disse Halt rapidamente, acabando com quaisquer outras trocas entre eles, ‘poderemos ter uma excursão das defesas. Já tomei muito do tempo de Sua Excelência. ‘
'Por favor, Halto-san, me chamam de Shigeru. Eu não me sinto como uma excelência nestas montanhas. ‘Seu olhar passou pelos outros. ‘Todos vocês, por favor, me chamem de Shigeru-san. Ele vai salvar um monte de arqueamento e raspagem. ’
Seu sorriso abraçou-os e eles todos murmuraram em reconhecimento. Então, quando eles começaram a subir e ficar em pé, ele levantou a mão.
'Princesa Ev-an-in', disse ele, ‘talvez você e Arris-san pode ficar e falar mais. Gostaria de saber mais sobre seu pai e seu Reino de Araluen. ‘
'Oh é claro, sua exc-' Evanlyn começou, mas depois se conteve no seu dedo admoestando. ‘Eu quero dizer, claro, Shigeru-san. ‘
31
Primeira ordem do dia foi para inspecionar o andamento dos reparos à paliçada.
Halt ficou em silêncio por vários minutos enquanto ele estudava na seção enfraquecida ocidental. O grupo de trabalho Kikori estava ocupado cavando as fundações para novas vigas verticais. Eles estavam bem organizados e o trabalho estava a decorrer sem problemas. O Kikori, após gerações de corte e arrasto das imensas árvores da montanha, estavam acostumados a trabalhar juntos, com o mínimo de confusão. A todo mundo foi atribuída uma tarefa e todos as executaram de forma eficiente. Will observou como um grupo levantava uma grande viga mestra da madeira sobre um dos buracos da fundação.
Eles trabalharam de maneira suave e eficiente, reagindo imediatamente com as instruções gritadas pelo seu chefe.
‘Eles são bem disciplinados, ’ Will comentou.
Horace assentiu. ‘Sim. Eles cooperam bem. Eu diria que é porque eles precisam trabalhar em equipe quando derrubam árvores realmente grandes e então têm de movêlas pelas montanhas. Cada homem tem que poder contar com os homens ao lado dele. ‘
‘Horace, ’ Halt interrompeu, ‘você poderia pará-los apenas por um momento? Fazê-los parar o que estão fazendo. '
Horace olhou para ele com surpresa, então, chamou o capataz e disse a ele para deixar os homens esperar por um momento. Ele voltou-se a Halt.
‘Há algo de errado, Halt?’ Perguntou, e o Arqueiro balançou a cabeça.
'Não. Não. Nós poderíamos ter uma oportunidade aqui. ’ Seus olhos se estreitaram enquanto ele estudava a seção danificada. Então ele pareceu voltar a uma decisão.
‘Quantos homens Arisaka têm? E quanto tempo antes de chegar aqui?’
‘Cinco ou seis centenas de guerreiros, tão próximo quanto nossos batedores podem nos dizer ’, Horace disse ele. ‘A maior parte do seu exército é cerca de três semanas afastado. Nós os forçamos a um longo desvio, quando cortamos a passarela. Mas se ele pensar um pouco, ele vai enviar um grupo na frente nesse meio tempo para tentar entrar aqui antes do bloco de neve no vale. ’
Halt assentiu. Foi o que ele esperava. ‘Então, podemos esperar um grupo de talvez uma centena de homens em algum momento nos próximos dez dias?’
‘Isso é certo. Poderia ser mais cedo, mas eu duvido. Mesmo viajando leve e sem nenhuma bagagem real, é difícil ‘.
‘E se pudéssemos dar-lhes o nariz sangrando, seria útil’, disse Halt.
Novamente, Horace acordou. ‘Qualquer redução para os números de Arisaka seria útil.’
‘Tudo bem. Aqui está o que vamos fazer. Pare os reparos naquela seção. Arrume-a, mas faça isto mal. Use a madeira podre que ali estava. Torne-o um óbvio ponto fraco. ‘
Horace balançou a cabeça, pensativo. ‘Você está planejando concentrar os ataques em uma região?’ Ele não tinha certeza se era uma boa idéia, mas ele nunca tinha visto Halt ter uma ruim.
‘Um pouco mais do que isso. Dentro da seção enfraquecida, construir uma segunda parede - faça-a em forma de U e um pouco menor do que a paliçada que eles não possam vê-la. Nós vamos deixá-los a criar uma brecha. Quando eles se concentrarem no meio, eles acreditaram que as paredes têm três lados - mais fortes neste momento. Nós os teremos concentrados em uma área e realmente podemos fazer algum dano a eles.
Teremos troncos e pedras na calçada da paliçada, para que, uma vez que estiverem dentro dele, podemos deixá-los na brecha e prendê-los. Pelo menos, vamos tornar mais difícil para eles recuarem. ’
Selethen estava concordando, com seus olhos sobre a paliçada e a muralha de pedra íngreme ao lado.
‘Nós poderíamos também acumular rochas e troncos naquela parede de rocha’, acrescentou. ‘Vai ser fácil o suficiente para construir um muro para mantê-los no lugar.
Então, uma vez que o inimigo está dentro, nos destruímos o muro e criamos uma avalanche sobre eles. ’
Halt olhou rapidamente para o Arridi. ‘ Boa ideia’, disse ele.
Pela primeira vez em várias semanas Horace possa sorrir com o pensamento do conflito iminente. Haveria pouco combate corpo-a-corpo envolvido. O Kikori teria a vantagem de combate a partir do topo da paliçada. Pedras, lanças e troncos seriam armas eficazes.
Eles poderiam destruir qualquer força de ataque pequena antes de ter que entrar na verdadeira batalha.
‘Estou tão feliz que vocês pensaram nisso. ’ Disse ele.
‘No mínimo, vamos cortar os números de Arisaka para baixo’, disse Halt. ‘O truque só funciona uma vez, mas vai reduzir sua velocidade e, em seguida, a neve pode estar aqui. ’
Horace chamou o capataz e eles explicaram o novo plano para ele. Seus olhos brilharam quando ele agarrou a idéia e ele concordou com entusiasmo, sorrindo para Halt e Selethen, como os autores do estratagema. Não foi necessário dar-lhe os planos detalhados para a nova seção da parede. Ele seria mais do que capaz de planejar isso. Eles o deixaram para reorganizar os trabalhadores e foram assistir ao pequeno grupo de Senshi que estava praticando suas habilidades com a espada. Como Horace, os três recém-chegados ficaram impressionados com a velocidade e a precisão da técnica os guerreiros Nihon-Jan.
'Eles são bons ‘, disse Selethen. ‘Muito bons. ’
Horace olhou para ele. ‘O homem para o homem, eu diria que eles são melhores que os nossos cavaleiros de Araluen’, disse ele. Doía-lhe admiti-lo, mas o fato era inevitável.
‘Nossos melhores guerreiros seriam praticamente iguais ao seu melhor, mas é o próximo nível, onde eles têm a vantagem. As fileiras Senshi são mais hábeis do que a média de um graduado a partir de uma escola de batalha em Araluen.
Halt concordou com ele. ‘Faz sentido’, disse ele. ‘Você nos disse que eles começam a praticar quando eles têm dez anos. Nossas escolas de batalha não aceitam alunos até que eles estejam com quinze anos. ’
Selethen alisou a barba. 'Eu concordo', disse ele. ‘Como indivíduos, eles são impressionantes. ’
As palavras criaram uma centelha de uma vaga lembrança na mente de Will. Ele franziu a testa enquanto tentava encontrá-la, mas para o momento em que lhe escapou. Ele olhou para longe, distraído, para os trabalhadores no vale, que estava subindo ao longo da paliçada, colocando madeiras na nova posição e agora estavam trabalhando sobre as toras que formariam a nova seção de parede interna. Ele notou o quão bem eles trabalharam em harmonia uns com os outros. Não parecia haver desperdício de esforços e nenhuma confusão em suas ações. Ele sacudiu a cabeça, um
pouco aborrecido, enquanto ele tentava recuperar a idéia tentadora que estava mexendo na sua cabeça. O que Selethen tinha dito? Como indivíduos, eles são impressionantes. Isso se relacionava de alguma forma, à vista das equipes de Kikori disciplinados no trabalho.
‘Uma hora eu lembro’, disse a si mesmo, e correu para apanhar com os outros.
Mais uma vez, Moka foi trabalhar com seu pequeno grupo de Kikori, tentando transformá-los em espadachins. Houve alguma melhora, Horace pensou. Os Kikori estavam aptos e bem coordenados. Mas a diferença entre estes novos alunos e os que Senshi que tinha acabado de assistir era por muito evidente.
‘Quantos Senshi em forma que você tem, prontos para lutar?’ Halt perguntou.
‘Talvez quarenta. Suficiente para manter a paliçada contra um ataque. Mas depois disso... ’ Moka gesticulou em dúvida. Ele sabia que Arisaka não se assustaria com as baixas iniciais. Uma vez que ele tinha um número esmagador no lugar, ele continuaria jogando seus homens na parede de madeira.
‘E Arisaka tem... Quantos? Quinhentos?
‘Algo como isso. ’ O tom de Horace foi abatido. Não importa o que eles poderiam planejar táticas para atrasar Arisaka, mais cedo ou mais tarde, eles teriam que enfrentar o seu grande número de habilmente treinados guerreiros.
‘E você tem duzentos Kikori quem irão lutar?’ Selethen pediu e, como Horace assentiu, ele acrescentou: ‘E sobre as armas?’
‘Machados’, disse Horace. ‘Algumas facas. E a maioria deles tem lanças. Nós encontramos um arsenal de velhas armas mais acima do vale quando chegamos aqui. O local tem sido utilizado como uma fortaleza mais de uma vez ao longo dos anos. Mas eles eram velhos e principalmente enferrujados. Eu não confiaria na têmpera das lâminas, elas são dificilmente usáveis.
Halt olhou para o céu. Havia nuvens cinza correndo baixo acima deles, com uma “barriga” inchada com a umidade.
‘Vamos torcer para nevar em breve’, disse ele.
‘Então, como estão as coisas entre você e Will?’ Horace perguntou. Alyss virou para ele e um sorriso lento iluminou seu rosto.
‘Ótimas’, disse ela. ‘“Esta tudo certo”. ’
Tinha dois dias desde os Araluans e Selethen haviam chegado a Ran-Koshi. Nesse tempo, o trabalho que Halt e Selethen sugeriram havia avançado bem. Como Horace tinha comentado anteriormente, os Kikori eram um grupo útil de ter com você se for necessário construir em madeira. O jovem guerreiro tinha sentido uma sensação de alívio por poder entregar esses detalhes para mais velhos e mais experientes.
‘Eu não sou um planejador’, ele disse a si mesmo. ‘Eu sou um fazedor.’
Hoje, Halt e Wakir Arridi estavam supervisionando a colocação do muro de contenção que Selethen tinha sugerido. Evanlyn foi enclausurado em outra longa discussão com
Shigeru. O Imperador estava interessado em aprender sobre a estrutura social em Araluen. Era uma hierarquia bem menos opressiva do que aquela que existia em NihonJin há séculos e ele pensou que poderia ser capaz de usá-la como um modelo para sua nova sociedade.
Horace e Alyss, encontrando-se sem nada os pressionando, tiveram a oportunidade de ter algumas horas juntos. Os dois eram velhos amigos. Eles haviam crescido juntos, como órfãos na ala no Castelo Redmont e eles estavam à vontade na companhia um do outro. Eles haviam tido a refeição do meio-dia de um afloramento rochoso acima do vale, onde poderiam relaxar e olhar para baixo sobre todos os trabalhos em curso. Os sons de batidas e serragem, e os gritos dos Senshi aos que cuidavam das brocas, se misturaram e chegou a eles.
‘Você sabe’, disse Horace, ‘quando estávamos voltando para casa de Macindaw naquele tempo, eu pensei que eu ia ter que levar vocês dois e bater suas cabeças juntas. Era tão óbvio que havia algo acontecendo e nenhum de vocês iria admitir isso. ’ Sorriu com a memória. Ele ficou satisfeito com a relação que se desenvolveu entre Alyss, a quem ele pensava como uma irmã, e Will, seu melhor amigo.
'Sim', Alyss disse, ‘cada um de nós tinha medo de dizer alguma coisa, caso a outra pessoa não sentisse da mesma maneira. ’
Horace riu baixinho com a memória. ‘O problema é que vocês dois pensam muito. Eu disse naquele tempo. Eu acredito que se você se sentir assim sobre alguém, você deveria sair e dizer isso. ’
‘É mesmo?’ Alyss disse e Horace e balançou a cabeça, fazendo seu melhor para parecer sábio e conhecedor.
‘Sempre o melhor plano’, disse ele definitivamente.
‘Assim, Como estão às coisas entre você e a princesa? Alyss perguntou abruptamente e ficou encantada ao ver que o rosto de Horace tornou-se um tom de rosa quando ele hesitou em responder.
‘Bem ... ah ... o que quer dizer, eu e a princesa?’ Ele conseguiu deixar escapar depois de alguns segundos. Mas a hesitação disse a Alyss tudo o que ela precisava saber.
‘Aham!’, Disse ela. ‘Eu pensei muito. Ora, ela mal conseguia tirar suas mãos de você quando nós o encontramos pela primeira vez! Ela estava toda sobre você como uma demão de tinta. ’
‘Ela não estava!’ Horace insistiu.
‘Ah, por favor! Eu não sou cega. Ela foi correndo para você, jogou os braços ao seu redor e abraçou você’.
‘Assim como você’, assinalou Horace, mas ela acenou que não.
‘Eu não quase quebrei nenhuma de suas costelas’, disse ela. ‘Além disso, você acha que isso é completamente normal para a princesa atravessar todo o mundo em uma busca para encontrar um cavaleiro que está perdido’
Ele baixou o olhar e ela viu um sorriso tímido formando em seu rosto.
‘Bem, talvez, uma vez que você colocá-lo dessa maneira... ’
Alyss reagiu com prazer. ‘Portanto, há algo entre vocês! Eu sabia! Eu disse a Will, mas ele não acreditou.’
‘Bem, não vamos fazer muito barulho sobre isso, tudo bem?’ Horace. ‘Não poderia vir a qualquer coisa. Só que, antes de eu sair de Araluen, nós estivemos... nos vendo um pouco.’
‘Eu acho que é por isso que Duncan te mandou embora’, ela brincou e imediatamente sentiu quando viu uma nuvem de dúvida o seu rosto.
'Você acha mesmo? Isso me ocorreu. Afinal, ela é a princesa e eu sou ninguém... ‘
Ela tomou seu braço e sacudiu-o, irritado com ela para colocar essa dúvida na sua mente.
‘Horace! Você definitivamente não é um Zé Ninguém! Como você pode dizer isso? Duncan deve estar feliz de você cortejar sua filha!’
‘Mas eu era um órfão. Eu não tenho fundo nobre... ’, começou ele, mas ela o interrompeu.
'Duncan não se preocupa com isso! Ele não é esnobe. E você é um herói, você não percebe? Você é o principal cavaleiro jovem do Reino. Ele ficaria feliz de ter você como genro. ‘
Agora pânico queimou nos olhos de Horace com suas palavras. ‘Uau! Não tão rápido!’
Seu genro? Quem disse algo sobre ser seu genro?’
‘Foi apenas um pensamento passageiro’, disse Alyss. ‘Figura de linguagem. Nada mais que isso.’ Horace relaxou um pouco, mas sorriu interiormente. Se Horace não tinha pensamentos sérios nesse sentido, ele simplesmente riria da idéia. Eu sabia, ela pensou.
Eu me pergunto se ele sabe disso também?
Procurando uma maneira de mudar de assunto, Horace olhou em volta e seu olhar iluminado sobre Will. O jovem Arqueiro estava mais baixo no vale, sentado no chão, numa conversa profunda com um grupo de Kikori mais velhos.
‘O que ele está fazendo? ', Perguntou ele.
Estava gesticulando muito e desenhando no chão com pedaços de pau. Mãos dizendo que não, vozes que balbuciavam, os ajustes que seriam feitos para o que foi elaborado e, em seguida, o grupo chegou a um acordo, acenando e sorrindo, batendo-se mutuamente sobre os ombros como eles chegaram a um ponto de vista comum.
Alyss ainda estava sorrindo para ela sobre o que ela considerava ser um deslize de Horace. ‘Não sei. Ele ficou quieto durante os últimos dois dias. Vagueia muito por ele. Algo que parece ser errado. Eu perguntei, mas ele foge do assunto. ’
Mas Horace tinha visto esse tipo de comportamento de seu amigo várias vezes antes e sabia o que estava acontecendo.
‘Não há nada de errado’, disse ele. ‘Ele está planejando algo. ’
32
Na pequena cabine que dividia com Alyss, Evanlyn estava debruçada sobre um mapa desenhado em uma folha de linho, mastigando distraidamente dois pincéis finos que em Nihon-Jin eram usados como caneta. E estava tarde. A única lanterna sobre a mesa deixava sombras escuras nos cantos da sala, e era realmente insuficiente para permitirlhe ler os finos detalhes do mapa. Ela havia pensado em usar outra lanterna, mas Alyss estava enrolada em seu colchão junto à parede e Evanlyn não queria perturbá-la. As duas meninas passaram mais tempo em companhia uma da outra, desde que chegaram a Ran-Koshi. Elas eram as duas únicas mulheres no grupo, e agora que elas estavam cercadas por um grupo ainda maior de guerreiros e carpinteiros elas tendiam a ser colocadas juntas. Havia mulheres nas colônias Kikori, é claro, mas tratavam as duas
estrangeiras com reverente respeito, e as diferenças de linguagem, juntamente com o sotaque regional dos Kikori, dificultou a aproximação. Não podia ser dito que Alyss e Evanlyn tinham se tornadas boas amigas. Mas ambas estavam fazendo um esforço para conviver uma com a outra – deixando de lado o momento ocasional de atrito. Se elas fossem amigas íntimas, Evanlyn provavelmente acenderia outra lanterna. Mas, porque elas tendiam a andar nas pontas dos pés rondando uma a outra, ela não queria dar à Alyss, qualquer motivo de reclamação. Esfregou os olhos e se inclinou para o mapa. Ela desejou ter uma mesa de altura normal e uma cadeira confortável. Estas mesas baixas e cadeiras de Nihon-Jin eram duras no joelho e nas costas. Ela ouviu um farfalhar de lençóis quando Alyss virou. ‘’O que você está fazendo?’’ A menina alta disse. Sua voz estava grossa pelo sono. ‘’Desculpe, ‘’ disse Evanlyn instantaneamente. ‘’Eu não quis te acordar. ‘’ ‘’Você não me acordou, ‘’ Alyss respondeu, ‘’A luz fez. ‘’ Então, percebendo que Evanlyn poderia levar isso como um sinal de irritação, acrescentou rapidamente, ‘’Isso foi uma piada. ‘’ ‘’Ah... Bem, desculpe, de qualquer maneira, ‘’ Evanlyn disse. ‘’Volte a dormir. ‘’ Mas Alyss estava sentando. Estremeceu da noite fria da montanha e apressadamente jogando um casaco Kikori de pele de carneiro nos ombros. Então, desprezando a subida, ela se moveu agachada por todo o espaço até se sentar ao lado de Evanlyn. ‘’Acenda outra lanterna, ‘’ disse ela. ‘’Nós vamos ficar cegas tentando ler isso no escuro. ’’ Evanlyn hesitou, mas Alyss fez um gesto impaciente pra ela fazer o que ela sugeriu. ‘’Você poderia muito bem, ‘’ disse ela. ‘’Eu nunca vou voltar a dormir, imaginando o que você esta fazendo. ‘’ Evanlyn assentiu com a cabeça e acendeu uma segunda lanterna, puxando-a para perto da primeira, assim ela duplicou a luz. Alyss se moveu um pouco mais pra perto e estudou o mapa com ela. ‘’De onde isso vem?’’ Ela perguntou. Ela podia ver que era uma carta de Ran-Koshi de um país do norte. ‘’Shigeru e eu a elaboramos, com ajuda de Toru e alguns dos outros Kikori. É claro, o General mentiu que o terreno daqui não tem segredos. O único fator desconhecido era o local exato de Ran-Koshi. ‘’ Ela bateu o dedo sobre a parte do mapa que mostrava o vale e as suas íngremes paredes circundantes.’ Alyss balançou a cabeça pensativa, então ela apontou para uma ampla expansão sem características diretamente ao norte do vale. ‘’O que é isso?’’ Ela leu o nome nas letras sobre ele. ‘’Mizu-Umi Bakudai?’’ ‘’É um grande lago. E por aqui, do outro lado, é a província onde os Hasanu vivem. ‘’
‘’Eu ouvi as pessoas mencioná-los varias vezes. Quem são os Hasanu?’’ Havia um bule de chá sobre a mesa e Evanlyn o alcançou para se servir de uma xícara de chá verde. ‘’Quer um pouco? Ainda esta bem quente. ‘’ Alyss balançou a cabeça. ‘’Eu estou bem. ‘’ ‘’Os Hasanu são uma tribo selvagem que vive nesta área remota no outro lado do lago. Algumas pessoas pensam que eles são monstros. Aparentemente existem muitas lendas sobre as estranhas criaturas da montanha, trolls e demônios e essas coisas. Mas Shigeru acha que isso é superstição. Ele acredita que os Hasanu são humanos. Eles são gente simples. Eles dizem ser muito mais altos que a média Nihon-Jin e cobertos de longos pelos avermelhados.” ‘Como atrativo,’ Alyss comentou. Evanlyn permitiu um breve sorriso. ‘’Sim. Mas eles são aparentemente incrivelmente fiéis à seu Lord, um nobre chamado Senshi Nimatsu, e ele é leal a Shigeru. E eles são guerreiros bastante formidáveis,’ acrescentou de forma significativa. ‘’Hmmm. Então se Shigeru pudesse recrutá-los, ele pode ter uma força razoável para envolver Arisaka.’ Alyss disse. Como os Araluen, ela estava consciente das deficiências dos Kikori como guerreiros. ‘Há muitos deles?’ ‘Milhares,’ Evanlyn disse a ela. ‘Essa é a beleza disso. Há uma abundância de clãs fiéis a Shigeru que seriam contrários as Arisaka, mas todos eles estão em pequeno número e não estão organizados. Arisaka é suportado por seu próprio clã, o Shimonseki, e outro, o clã Umaki.’ ‘’Numericamente, são os dois maiores clãs do país, então ele tem um forte, coordenado poder de base. ‘’ ‘’Mas, se pudéssemos chamar os Hasanu para ajudar, nós teríamos Arisaka em desvantagem numérica. Ou eu posso encorajar os outros clãs a defender Shigeru. O único problema é... ‘’ Evanlyn fez uma pausa e Alyss terminou por ela. ‘’Os Hasanu estão do outo lado desse enorme lago. ‘’ ‘’Isso está certo. E o caminho ao redor do lago passa por montanhas ainda mais selvagens do que as daqui. Shigeru diz que seriam necessários pelo menos dois meses para chegar lá e outros dois pra voltar. ‘’ ‘’Por esse tempo, as coisas por aqui teriam acabado, ‘’ disse Alyss e Evanlyn balançou a cabeça, sem palavras. As duas estudaram o mapa em silêncio por alguns minutos. Então Alyss disse lentamente: ‘’Por que não tomar uma folha fora do livro de Halt? Ir pelo lago, e não em torno dele. ‘’
Ela estava se referindo a tática de velejar para o norte ao longo da costa de Iwanai, e cortando semanas de viagem dura sobre as montanhas. Mas agora Evanlyn apontou a falha evidente em seu plano. ‘’Nós poderíamos fazer isso se tivéssemos um navio, ‘’disse ela, mas Alyss sacudiu a cabeça, sua excitação aumentando, conforme a ideia crescia. ‘’Nós não precisamos de um navio. Precisamos de um caiaque. ‘’ ‘’Um o quê?’’ Evanlyn perguntou. O termo era desconhecido para ela. Alyss tomou o pincel dela e começou a esboçar rapidamente à margem do mapa, definindo o esboço de um barco comprido e estreito. ‘’Um caiaque. É um barco pequeno e leve – com a armação de madeira e com uma roupa oleada ou cobertura de lona. Os Escandinavos o usam para pescar. Eu tenho atualmente um de volta em Redmont. Eu uso ele nos rios e lagos lá. É um ótimo exercício, ‘’ ela adicionou. Evanlyn estudou o áspero desenho criticamente. ‘’Você poderia construir um?’’ Ela perguntou. ‘’Não, ‘’ Alyss disse a ela e o espírito de Evanlyn afundou somente pata subir novamente quando Alyss continuou ‘’Mas aposto que os Kikori podem, se eu mostrar a eles a ideia bruta. ‘’ ela puxou o mapa a seu redor, para que pudesse vê-lo mais claramente e traçar um caminho através do lago com o dedo indicador. ‘’Nós poderíamos fazer isso em estágios fáceis, ‘’ disse ela. ‘’Há muitas ilhas onde poderemos acampar à noite. ‘’ ‘’Nós?’’ Evanlyn perguntou e Alyss olhou para ela para satisfazer seu olhar. ‘’Bem, é claro ‘nós’. Eles vão precisar de todos os homens disponíveis que tem aqui uma vez que o exercito de Arisaka chegar. Não há realmente muita coisa que nós podemos conseguir aqui. ‘’ Ela viu que Evanlyn estava pra protestar e continuou rapidamente, ‘’Oh, eu tenho certeza que você poderia bater alguns deles com seu estilingue. Mas se fizéssemos isso, estaríamos fazendo algo muito mais valioso! Vamos lá, ‘’ disse ela, após uma breve pausa, ‘’no fundo da sua mente você sempre teve a intenção de fazer isso, não é? ‘’Suponho que sim, ‘’ disse Evanlyn. ‘’Então vamos fazer isso juntas! Eu vou com você. Você pode precisar de um intérprete e posso lidar com um caiaque. Além disso, não vai precisar de uma escolta, se fizermos isso dessa maneira. Nós vamos estar perfeitamente seguras no lago e isso significa que não vamos deixar Halt e os outros de mãos atadas. ‘’ Evanlyn pensou por alguns segundos, depois sacudiu os ombros, chegando a uma decisão. ‘’Por que não?’’ Então ela pensou mais. ‘’Eu me pergunto o que Halt vai dizer quando colocarmos isso pra ele?’’
Alyss encolheu de ombros. ‘’Bem, é uma ideia bem lógica, ele dificilmente pode dizer não, pode?’’
‘’Não!’’ Disse Halt. ‘’Não, não, não, e, no caso de você ter perdido a primeira vez, não. ‘’Por que não?’’ Evanlyn disse, erguendo a voz em um tom que indicava raiva. ‘’É uma solução perfeitamente lógica. ‘’ Halt considerou como se ela tivesse perdido os sentidos. ‘’Você pode imaginar o que o seu pai vai dizer pra mim se ele ouvir que eu deixei você ir correndo para ir nessa expedição mal planejada?’’ Evanlyn encolheu os ombros. ‘’Bem, para começar, não é mal planejada. ‘’ De fato, ela e Alyss tinham sentado na maior parte da noite anterior, anotando detalhes e equipamentos que seriam necessários para a viagem. ‘’E em segundo lugar, ‘’ ela continuou ‘’se não fizermos isso, meu pai nunca vai ouvir falar disso de qualquer maneira, porque estaremos todos mortos. ‘’ ‘’Não seja ridícula!’’ Halt bufou. ‘’Halt, você tem que encarar os fatos, ‘’ Alyss colocou. ‘’Evanlyn está certa, Se nós não conseguirmos ajuda, Arisaka vai invadir esse lugar no verão. Oh, nós vamos segurar por um tempo, é claro. Mas, mais cedo ou mais tarde, seus homens irão romper. Esta é a única chance. ‘’ ‘’Eu esperava mais senso de você, Alyss. ‘’ disse ele firmemente. ‘’Eu sei que Evanlyn tende a sair em ideias malucas, mas estou surpreso com você. O que você acha que Pauline diria sobre isso?’’ A cor queimando no rosto de Alyss enquanto ele falava. Então ela respondeu, medindo suas palavras com cuidado para a raiva não pegar o melhor delas. ‘’O que você diria para Pauline se essa fosse sua ideia?’’ Ela respondeu. Halt hesitou. Todos sabiam que ele nunca se atrevia a dizer que Pauline era imprudente ou maluca. Vendo sua hesitação, Alyss continuou rapidamente. ‘’Diga-me, Halt, além da sua preocupação conosco, qual é a falha neste plano?’’ Ele abriu a boca para responder, depois parou novamente. Verdade seja dita, não havia nenhuma falha, que não o fato de que ele odiava ver as meninas se colocando em perigo. Ele olhou para elas por alguns segundos e percebeu que esse fato não era uma razão suficientemente boa para rejeitar o plano. Ambas as meninas tinham estado em situações perigosas antes. Ambas estariam em situação perigosa novamente. Nenhuma delas estava recolhendo violetas. E Evanlyn estava certa. Se ela e Alyss forem, elas não estariam tomando nenhum combatente longe do vale. Elas precisariam
de ajuda para escalar o penhasco escarpado que levava até o lago. Mas uma vez que isso fosse feito, os Kikori que ajudaram poderiam voltar. ‘’Eu só... Eu... Eu não gosto disso, ‘’ disse ele. Evanlyn se aproximou dele e colocou a mão sobre a dele. ‘’Nós não pedimos que você gostasse, ‘’ ela afirmou. ‘’Eu não gosto da ideia de que nós vamos deixar você, Horace e Will para lutar com Arisaka com um bando de lenhadores meio treinados como exército. Estes são tempos difíceis e temos de fazer duras decisões. ‘’ Ele soltou um suspiro profundo. As meninas estavam certas e ele sabia disso. ‘’Tudo bem, ‘’ disse ele. As duas faces antes dele foram subitamente envoltas em sorrisos de excitação e ele acrescentou pesadamente: ‘’Mas Deus me ajude quando Will e Horace souberem disso. ‘’ Seja qual fosse a resposta das garotas, foi cortada pelo som de gritos fora da cabine de Halt. Então a porta se abriu e um jovem Mikeru explodiu para dentro, muito animado para apresentar a normalmente impecável maneira dos Nihon-Jin. ‘’Halto-san! Venha rápido! Os homens de Arisaka estão aqui!’’
33
O aviso excitado de Mikeru foi um pouco antecipado. O exército de Arisaka não estava realmente cobrindo o vale, como ele insinuou. Mas os primeiros elementos já tinham sido avistados, apenas um dia á distância.
Assim como Horace tinha imaginado, Arisaka repetiria sua tática de antes e enviaria um grupo para viajar rápida e antecipadamente à frente de sua força principal. Os vigias Kikori contaram cem Senshi armados, carregando uma bagagem pequena e se movendo em direção ao vale em um movimento constante.
‘Como eles sabem que nós estamos aqui?’ Horace perguntou.
Halt encolheu os ombros. ‘Eles podem não saber sua localização exata. Eles provavelmente só estão seguindo vocês. Afinal de contas, um grupo tão grande quanto este deixaria muitos sinais para um perseguidor decente que está na metade do caminho.’
‘Então qual é nosso melhor movimento agora, Halto-san?’ Shigeru perguntou. Eles estavam reunidos em uma barraca para discutir sua última contingência. Shigeru, observando como Horace se submetia para o Arqueiro barbudo, e sabendo das limitações de Reito como um comandante de batalha, havia questionado a Horace finalmente sobre a prática e experiência de Halt. Horace não havia deixado dúvida que eles estavam com sorte por ter um estrategista experiente à sua disposição e Shigeru havia nomeado o Arqueiro no comando da defesa de Ran-Koshi.
‘A paliçada foi recuperada,’ Halt disse. ‘E a armadilha na extremidade ocidental está praticamente completa. Outro meio dia e deve se encontrar pronta. Eu sugiro que nos sentemos atrás da estacada, esperamos eles atacarem e então derrubar nossa avalanche em cima deles.’
‘Eles vão atacar?’ Shigeru perguntou. ‘Talvez eles vão esperar pela força principal de Arisaka alcançá-los.’
Halt sacudiu sua cabeça. ‘Eu duvido disso,’ ele disse. ‘Não faria sentido atravessar o país depois de nós para se sentar e esperar até eles finalmente alcançarem. Arisaka sabe que a nevasca está vindo.’ Todos eles olharam para a porta aberta. Estava nevando do lado de fora. A cada dia, os flocos se tornariam maiores e mais pesados e a nevasca maior. Já cobria o chão com oito a dez centímetros de profundidade. ‘Ele vai querer seus homens nos atacando antes da tempestade real vir. Afinal de contas, ele sabe que você só tem trinta ou quarenta guerreiros com você.’
‘Existem cerca de duzentos homens Kikori também,’ Will disse mas Halt fez um gesto desconsiderado.
‘De tudo que o Imperador e Reito-san nos disse, Arisaka não está esperando eles para lutar. Isso pode nos dar uma grande vantagem.’
‘Se eles lutarem,’ Horace disse sombriamente. Ele se preocupou que quando a hora chegar, os Kikori poderem ser afetados por séculos de tradição e história. Eles raramente haviam se rebelado conta os Senshi no passado e quando eles fizeram isso, os resultados haviam sido catastróficos. Ele sentiu que as chances eram altas que eles poderiam, no último minuto, serem dominados pelo seu senso de inferioridade assumida. Ajudar o Imperador a escapar e se levantar contra os guerreiros altamente treinados Senshi do exército de Arisaka eram duas questões totalmente diferentes.
‘Eles vão lutar,’ Will disse firmemente e Halt lançou um olhar interrogatório para ele.
‘Você parece ter certeza disso. O que você e Selethen tem feito? Você está gastando um monte de tempo com os Kikori.’
Will e o líder Arridi trocaram um rápido olhar. Então will balançou sua cabeça.
‘Dentro de alguns dias ainda,’ ele disse. ‘Só uma ideia que estamos trabalhando. Nós vamos te falar quando for a hora certa.’
‘De qualquer maneira,’ Halt disse, dispersando a questão por enquanto e voltando ao ponto que Horace havia levantado, ‘os Kikori estarão lutando por trás em uma posição defensiva, não enfrentando os Senshi em combate aberto. Isso vai fazer uma diferença. Tudo o que eles tem que fazer é se manter e empurrá-los de volta para a parede.’
‘Tão fácil assim?’ Horace disse, sorrindo apesar de seus receios de antes. Mas ele pensou que Halt tinha razão: lutando por trás em uma posição defensiva era menos assustador do que enfrentar um inimigo num campo de batalha aberto. Com alguma sorte, muitos dos guerreiros de Arisaka podem não chegar perto o suficiente para combate individual.
‘Quando você acha que eles vão atacar, Halt?’ Selethen perguntou.
‘Nossos exploradores disseram que eles poderão estar aqui no final de amanhã. Eu posso supor que eles vão avaliar a situação, descansar durante a noite, então nos atacar primeiro na manhã seguinte.’
Selethen assentiu concordando com a estimativa, mas Shigeru estava um pouco surpreso com a velocidade que as coisas estavam correndo.
‘Tão cedo?’ ele disse. ‘Eles não tem... preparações para fazer?’ ele perguntou incerto.
‘Eles não tem nenhum armamento pesado ou equipamento de qualidade com eles,’ Halt disse. ‘Afinal de contas, eles não tem uma ideia real que podem nos encontrar em um forte já pronto como este. Meu palpite é que eles vão passar a noite ficando com poucas escalas prontas então tentar nos atacar. Afinal, eles não tem nada para ganhar esperando.’
O céu estava nublado e carregado com nuvens. No leste, através de uma fenda entre os picos da montanha, o sol poderia ser feito com uma bola vermelha pálida dentro do céu.
Um vento frio soprava o vale, trazendo flocos de neve com ele.
Acima do cântico chuvoso do vento, Halt conseguia ouvir pisadas rápidas de pés, esmagando o terreno pedregoso diante deles.
‘Lá vem eles.’ Ele murmurou, enquanto o grupo de Arisaka avançava, se movendo em três colunas irregulares, contornando a última curva antes da estacada. Ele se virou para Will.
‘Não desperdice flechas sobre os que estão no pé da parede. As pedras e flechas vão fazer isso por eles. Guarde seus tiros para qualquer um que chegar ao topo. Eles são os únicos que precisamos parar, antes de terem um apoio real.’
Will assentiu. Eles estavam marchando para a passarela de madeira ao lado escondido da paliçada. Os poucos guerreiros Senshi de Shigeru estavam em posição de defesa. Ao lado deles e por trás deles, os Kikori se agacharam, fora de vista. Alguns tinham seus machados pesados prontos, mas a maioria estava armada com lanças ou longos pólos que eles haviam cortado para usar como lança com ponta de aço. As extremidades eram esculpidas em pontos que tinham sido endurecidos em incêndios da noite anterior.
Todos de cinco metros, pilhas de grandes rochas pontiagudas estavam prontas para serem usadas contra os atacantes.
‘Fiquem abaixados, Kikori,’ Halt disse silenciosamente, enquanto ele passava pelos trabalhadores da madeira agachados. Eles sorriram nervosamente para ele e ele adicionou, ‘Nós em breve estaremos dando a Arisaka uma surpresa muito desagradável.’
Eles alcançaram a extremidade ocidental no fim da estacada. Ali dez Senshi e o mesmo número de Kikori estavam a postos na passagem de tábua grossa atrás da parede mal remendada e destruída.
‘Eles vão se concentrar aqui uma vez que perceberem,’ Halt considerou. ‘Estejam prontos para saírem da parede tão cedo quando sentirem que está acontecendo.’O grupo misturado de defensores assentiu, seus rostos sérios, seus pensamentos focados na luta que estava vindo. Halt examinou a nova parede oculta com satisfação. Era baixa, mas muito mais robusta do que a velha paliçada – totalmente muito mais em posição defensiva. Ele olhou para cima para as rochas empilhadas, terra e madeira equilibradas precariamente acima da parede de pedras. Os Kikori fizeram uma cobertura para as pedras com ramos e arbustos, sempre deixando um pequeno broto de árvore saltando para o monte então aquilo parecia mais natural. Olhando com cuidado, ele só poderia lançar as cordas para a direita longe de ter uma queda mortal.
‘Todos a postos!’ Era a voz de Horace. Ele estava no meio da estacada. Ele tinha seu escudo em seu braço esquerdo. A forma estranha de uma katana de Nihon-Ja estava em sua mão direita. Atrás dele, ele ouviu e sentiu passos na escada que levava até a passarela abaixo. Os dois se viraram para ver Shigeru, em uma armadura de couro envernizado, pisando na passarela, rigorosamente seguido por Reito.
‘Vossa alteza, eu realmente prefiro que você fique para trás da luta,’ Halt disse a ele.
Ele sabia que Shigeru não era especialista com a espada. Capaz, talvez, mas especialista? Nunca.
‘Sua preferência é notável, Halto-san,’ disse Shigeru, fazendo nenhum movimento para se retirar da escada. Halt encontrou seu olhar por alguns segundos, então encolheu os ombros.
‘Bem, eu tentei,’ ele disse.
Em uma ordem berrada, a força atacante de repente começou a correr. Ele não tiveram nenhuma informação específica. Eles se espalharam em uma linha irregular tão longe quanto as paredes estreitas do vale concediam. A linha tinha três ou quatro homens absortos. Halt fez cinco escadas rudimentares – cada uma não mais do que um tronco de arbusto espesso, entalhado para aceitar travessas, que foram ligados para representar degrais. Pelo menos outros dez homens estavam carregando cordas e pequenas âncoras.
O plano obviamente era atacar a parede em quinze ou dezesseis pontos diferentes de uma vez para extrapolar os cerca de trinta Senshi que poderiam estar defendendo a estacada.
Os atacantes não tinham ideia de que cem Kikori estavam agachados embaixo das muralhas de madeira. As primeiras três escadas se quebraram contra a parede quase que ao mesmo tempo em três pontos diferentes e os homens de Shigeru se moveram para barrar os homens que estavam escalando-as. Halt esperou até cada escada ter vários homens sobre ela.
‘Kikori! Agora!’ ele gritou.
Os madeireiros ficaram de pé com um urro mudo de desafio. Pedras choveram pelas muralhas, lançados para a massa de Senshi nas bases das escadas. O primeiro atacante que chegou ao topo da escada deu um corte em um Kikori, que baixou a lâmina assoviando na hora certa. Moka deu uma estocada com sua espada e o homem gritou e caiu da escada.
Em outro lugar, Horace bloqueava espadas dos atacantes com seu escudo. Antes que ele conseguisse revidar, no entanto, um lanceiro Kikori de olhos arregalados o empurrou para o lado e enterrou sua lança no joelho do Senshi. Com grito de dor, o homem caiu em seus companheiros, juntos abaixo.
Uma terceira escada fora derrubada enquanto um quarto lanceiro Kikori empurrou suas longas varas contra ele, empurrando-o de lado até se quebrar. O Senshi mais próximo do topo conseguiu pular para o parapeito. Foi só um momento de descanso. Ele mal recuperou seu equilibro antes que o machado de um Kikori cortou através de sua armadura. Ele caiu para frente, esmagado sobre a muralha. Outro defensor empurrou o cabo de uma lança por baixo de seus joelhos e a usou como alavanca, mandando ele se espatifando para o lado que ele veio.
Pequenas âncoras crepitando contra as paredes enquanto os homens de Arisaka tentavam escalar mão sobre mão. Halt ouviu Reito e Moka, os dois membros seniores dos Senshi do Imperador, gritando instruções para seus defensores, e ele conhecia a essência de suas palavras. Deixe-os subirem pelo menos até o meio antes de vocês cortarem as cordas! Eles haviam decidido essa estratégia na noite anterior. Um homem caindo de três ou quatro metros fica com uma boa chance de ser ferido – particularmente se seus companheiros abaixo estiverem brandindo armas. No meio da parede, Halt viu um dos guarda-costas de Shigeru envolvido em esgrima com um atacante que tinha feito isso sobre o muro. As formas de dois Kikori ainda estavam aos pés do atacante. Enquanto Halt assistia, uma flecha bateu no peito do defensor e o mandou cambaleando para fora da muralha.
Antes de os guerreiros atacando pudessem ter vantagem de seu intervalo momentâneo, a forma alta de Selethen se mexeu graciosamente para atacar. Seu sabre encurvado fez uma abertura entre o elmo do Senshi e a gola de sua armadura.
Satisfeito de que a ameaça tinha sido cuidada, Halt olhou ao redor e viu outro defensor, um Kikori com machado dessa vez, cair no assoalho com uma flecha em seu peito. O Arqueiro procurou a depressão abaixo da parede. Cinco Senshi, armados com longos arcos recurvos assimétricos favorecidos por Nihon-Jan, haviam parado cerca de trinta metros atrás de seus companheiros e estavam apanhando os defensores.
‘Will!’ ele gritou. Seu aprendiz havia se afastado para cortar uma corda de âncora com sua faca saxônica. Quando ele olhou, viu o braço esticado de Halt apontando para o grupo de arqueiros e deslizou o arco de seu ombro.
‘Você vai pela esquerda. Eu pela direita!’ gritou Halt e Will assentiu. Uma vez antes, eles tinham feita uma confusão de tiro no mesmo adversário na batalha. Agora os dois longos arcos cantaram sua terrível música e os Senshi em cada ponta da linha de arqueiros cambaleou para trás, olhando com terror para as flechas que haviam perfurado suas armaduras de couro como se não estivesse lá. Antes de seus companheiros registrarem o fato que eles tinham caído, os Arqueiros derrubaram os dois próximos com uma batida cardíaca cada. O quinto homem procurava em vão pela fonte desses
tiros mortais. Ele tinha uma flecha colocada no arco, pronto para atrair e atirar assim que ele ver seu adversário. Ele nunca tratou disso. A terceira flecha de Will pousou nele.
Ele derrubou seu arco, agarrando sua terrível flecha, então caiu e ficou imóvel.
Agora um capitão entre os atacantes, percebendo que o primeiro e disforme invasão cega havia falhado, estava balançeando a situação. Ele viu um trecho flácido a oeste da estacada e percebeu que era uma oportunidade. Ele gesticulou para dois homens para pegar uma escada caída e segui-lo. Ao longo do caminho, ele recolheu mais três, equipados com âncoras e cordas. O grupo rapidamente montou uma investida juntos na base da parede, se esquivando de pedras que eram despejadas de cima, para uma parte enfraquecida. Enquanto eles iam, o capitão reagrupou mais homens até pelo menos trinta Senshi estarem seguindo ele. Ele gesticulou para uma escada de tronco único, então para as vigas apodrecidas da parede. ‘Usem-na como um aríete! Destruam a parede!’ ele gritou. Mais meia dúzia de homens, de repente vendo o que ele pretendia, se juntou aos dois Senshi empunhando a tora. Eles investiram na parede e, com um deles contando tempo, bateram de novo e de novo nas madeiras frágeis da estacada. Duas das velhas toras despedaçaram e se dividiram, uma terceira cedeu na próxima pancada do aríete. Mais pedras choveram neles, mas o objetivo dos defensores não era tão precisa quanto antes. Em pânico, o capitão refletiu.
Ele gritou para os homens com pequenas âncoras, apontando para o topo da estacada.
‘Não tentem escalá-la! Puxem para baixo!’ ele ordenou. As âncoras zumbiram ao redor, então velejou para cima, cada uma arrastando um cabo de corda atrás dela. Uma tiniu e voltou, mas duas se prenderam na madeira e se segurou rápido. Instantaneamente, oito ou nove homens se ataram nas cordas e içaram e esticaram para trás. Uma parte de três metros do parapeito de madeira deu lugar e desabaram em uma nuvem de pó e estilhaços. Os homens se soltaram da corda cambaleando e caíram, as se recuperaram imediatamente e lançaram de novo. A âncora que haviam errado no primeiro lançamento agora estava solidamente enterrada na madeira no topo da parede. Assim que os atacantes mais abaixo da parede viram o que estava acontecendo, mais deles andaram para se juntar ao ataque na parte oeste. A árvore-tronco aríete se esmagou contra a parede de novo, rompendo uma fenda entre duas das madeiras verticais. Mais homens se juntaram ao ataque, balançando o aríete com uma força ainda maior.
Pedras e flechas choveram neles agora mas os atacantes estavam loucos de raiva da batalha e eles sabiam que aquela parte da parede estava quase rompendo. Eles conseguiam ver os defensores deixando a parede em ruínas, correndo em pânico para escapar antes de desabarem. Gritando sua batalha clamada, eles avançaram triunfantes, em força combinada do aríete e quatro âncoras com cordas, a parede finalmente cedeu e uma brecha de quatro metros apareceu. Eles treparam sobre as madeiras quebradas, abundando na abertura.
Os primeiros homens completamente pararam, aturdidos, de cara com uma nova parede baixa que os rodeava por três lados. Mas a pressão de seus companheiros atrás forçaram eles na direção do espaço rodeado. Mais e mais deles eram despejados antes que percebessem que estavam em uma armadilha. Horrorizado, eles viram uma linha de cabeças aparecer sobre o topo da nova estacada – pelo menos cinquenta deles. Então uma tempestade de pedras arremessadas e lanças quebrou sobre eles – e nessa hora, os defensores pareciam ter recuperado sua antiga precisão.
‘Vão em frente! Continuem indo em frente!’ O capitão que tinha começado o ataque ainda estava vivo. Ele brandiu sua espada agora para liderar os Senshi para um novo
ataque. Não havia jeito de eles voltarem através da aglomeração inviolável. Sua única esperança era escalar a nova parede baixa em frente a eles.
Assim que eles começaram a ir em frente, ele ouviu um estranho barulho rangendo acima deles. Olhando para cima, ele viu o que parecia ser uma parte da parede montanhosa de repente se soltou. Uma vasta pilha de pedras, terra e madeira caiu sobre a extremidade no fim do muro, ressaltando, esmagando, aniquilando tudo e qualquer coisa em seu caminho.
Uma tora esmagou a espada em sua mão e uma rocha entalhada bateu nele, deixando-o de joelhos, Enquanto terra e pedra trovejaram ao redor dele, ele derrubou as laterais, sabendo que seu ataque tinha falhado – então tudo ficou escuro.
Os atacantes aturdidos, com quase um terço de seu número morreram ou feridos na armadilha planejada por Halt e Selethen, lentamente começou a se retirar da estacada, deixando seus companheiros caídos para trás. Eles vaguearam de volta para a fenda em grupos pequenos, para enfrentar a ira de seu comandante. General Todoki, líder da facção principal e um dos ajudantes mais ardentes de Arisaka, assistia em descrença enquanto seus homens derrotados chegavam ao vale, feridos, sangrando e desanimados.
Ele gritou para eles, sua fúria fazendo-o perder todo o controle e todo o senso de dignidade. A maioria ignorou ele. Ele não estava lá com eles e eles tinham deixado trinta companheiros para trás, sem qualquer chance de um enterro decente.
Aquela noite, o inverno teve cuidado com eles. A neve começou a cair sério, e pela manhã, tinham quase dois metros empilhados no vale. O tapete de puro branco apagou todos os sinais da carnificina do dia anterior.
34
‘Como você sugere levar essa coisa do penhasco para o lago?’ Halt cutucou o caiaque duvidosamente com um pé. A embarcação estreita tinha quase quatro metros de comprimento, com um quadro de madeiras claras cobertas de lençóis oleados, esticados como pele de tímpano em tensão. Ele havia visto caiaques antes. Como Alyss havia dito, ela tinha um no Castelo Redmont, e aquele parecia similar, pelo que ela conseguia se lembrar. Os Kikori tinham feito um excelente trabalho construindo-o, sob o olhar atento de Alyss.
‘Eiko resolveu esse problema para nós, ’ Evanlyn respondeu. ‘Os Kikori vão abaixá-lo por uma corda, fazendo isso numa fase em uma hora. ’
Eles estavam de pé em um meio-círculo ao redor do barco recém-pronto. Evanlyn e Alyss usavam um ar de excitação e orgulho de proprietário. Will e Horace pareciam extremamente indecisos sobre todo o projeto. Halt, que sabia sobre ele fazia algum tempo, estava mais ou menos conformado com isso. Mas ele não estava entusiasmado.
‘Isso vai demorar pra ter um pouco de manejo, ’ ele disse. Mas Alyss levantou uma mão para fazê-lo parar de dizer algo mais e se ajoelhou ao lado do caiaque.
‘Aha, essa é a beleza do design. Vejam, ’ ela disse. Ela havia trabalhado em dois pinos de retenção da madeira fora de seus suportes e removeu uma das quatro divisórias que criava o perfil do lado contrário do caiaque. As vigas que estendiam o barco desabou um pouco para dentro, e a cobertura oleada perdeu um pouco de sua tensão. Ela repetiu a ação com as outras três formas em minutos, e o caiaque não era mais que um feixe de vigas claras, quadros e oleados. Ela rapidamente juntou-os, então usou o oleado para envolver as vigas em um feixe apertado. Ela se afastou para ver o resultado – um feixe de longas estacas de madeira clareadas.
‘Isso!’ ela anunciou. ‘Nós simplesmente o desmontamos do jeito que é muito mais um feixe manuseável. ’
Will deu um passo à frente e olhou o feixe com ar crítico. Quando estava montado, parecia um barco. Mas agora a fragilidade do design estava muito mais evidente. Não era mais do que madeiras e panos.
‘Isso vai flutuar?’ ele perguntou duvidoso e Alyss sorriu para ele. Ela sabia a razão por trás de sua falta de entusiasmo e ela não poderia ajudar sendo um pouco contente por isso. Pela mesma razão, ela não iria concordar que ele fosse tão longe. Will poderia estar preocupado com ela, e ela sabia que ele a amava. Mas isso não significa que ele a tinha ou poderia ditar o que ela poderia fazer ou não.
‘Claro que isso vai flutuar, ’ ela disse a ele. ‘E se isso não flutuar, nós vamos ter que voltar e escalar o penhasco. ’
‘Bem... eu não gosto disso, ’ Will disse.
Horace ecoou a opinião. ‘Nem eu. ’
‘Sua antipatia pelo projeto vai ser devidamente notável, ’ Evanlyn disse a eles friamente.
‘E ignorada, ’ Alyss disse. As duas garotas trocaram um rápido sorriso.
Will abriu sua boca para falar mais, mas Selethen o parou para evitar qualquer declaração lamentável.
‘Pessoalmente, eu acho que é um bom plano‘ ele disse sem problemas. ‘Além do mais, eu vou dormir profundamente até o fim do inverno sabendo que há uma expectativa de uma força aliviadora chegando pelo verão. ’
Em Arrida, as mulheres das tribos do deserto viviam em um ambiente hostil e dividiam as tarefas perigosas. Elas muitas vezes variam muito dentro do deserto, caçando por comida e lutando contra os predadores que atacavam seus animais do rebanho. Ele conhecia aquelas duas garotas e estava confiante que elas tinham a habilidade e a
coragem para realizar a missão que elas haviam pegado. E seu comentário sobre sentir uma sensação de conforto por uma expectativa de uma força aliviadora era verdade.
Selethen, como os outros, sabia que eles não poderiam simplesmente ocupar sua posição defensiva indefinidamente uma vez que a neve for derretida. Arisaka poderia eventualmente ser vitorioso, por meio de seu grande número.
‘É... bem... talvez, ’ Horace disse. Ele estava um pouco surpreso que Selethen estava apoiando as garotas. Will olhou para Halt.
‘O que você acha disso, Halt? Você realmente vai deixar elas irem?’
Nas palavras ‘deixar elas’ as duas garotas eriçaram com indignação. Mas Halt levantou uma mão e elas seguraram sua tranqüilidade naquele momento.
‘Eu não posso dizer que estou feliz sobre isso, ’ ele começou e Will assentiu conscientemente, contente por ver seu mentor estar concordando com ele e Horace. Mas as próximas palavras de Halt dizimaram qualquer senso de satisfação que ele poderia estar sentindo.
‘Mas eu não estava feliz em Arrida quando vocês saíram procurando pelo Puxão, ’ ele disse. Seu olhar se moveu ao redor para incluir Horace. ‘Nem quando eu ouvi que vocês dois haviam atacado o Castelo Macindaw com apenas trinta homens. ’
‘Trinta e três, ’ murmurou Horace. Ele estava começando a ver onde Halt estava indo.
O Arqueiro deu a ele um olhar intimidador. ‘Ah, me perdoe... Trinta e três homens. Isso faz muita diferença. Olhe, nós vivemos em um mundo perigoso, e tanto Evanlyn e Alyss tem que decidir o que elas mais querem fazer do que assistir enquanto nós homens cuidamos delas.’
‘Elas não querem ser expectadoras. Elas são corajosas e criativas e aventureiras. Esse é o porquê de vocês gostarem delas. Elas cabem ao mundo que vocês escolheram para si mesmos. Se vocês queriam um par de donzelas bobas de enfeite que são boas para nada além de fofocar e costurar, há muitas delas ao redor. Mas eu duvido que seja de seu interesse.’
Ele parou, assistindo para ver se suas palavras haviam sido absorvidas. Lentamente, Will e Horace começaram a assentir concordando com o que ele havia dito. O próprio Halt se deteve para ver se tinha chegado a um acordo com todos esses pontos de muitos anos trás, quando ele havia se apaixonado pela senhorita Pauline. Ele tinha aceitado que ela poderia cumprir os direitos de uma Mensageira – poderia inevitavelmente levá-la ao perigo. E ele tinha que acreditar em sua habilidade para cuidar de si mesma – como ela havia aprendido a acreditar nele.
‘Agora, o que Selethen disse é verdade. Nós vamos precisar de ajuda na primavera. Nós não podemos simplesmente nos sentar atrás da estacada e esperar manter Arisaka longe para sempre. E a única fonte disponível de ajuda fica do outro lado do lago, com os Hasanu. Está tudo certo, lorde Shigeru?’
O Imperador assentiu. Ele havia seguido a conversa com grande interesse. As noites que ele havia perdido falando com Evanlyn haviam demonstrado que ela era uma jovem senhorita de coragem e determinação notáveis. E ela era muito inteligente e clara –
qualidades que poderiam ser necessárias se ela estava indo realizar o seu pedido de ajuda para lorde Nimatsu.
‘Lorde Nimatsu tem a única força que pode nos ajudar a derrotar Arisaka,’ ele disse.
‘Então isso faz sentido para Evanlyn e Alyss conseguirem sua ajuda,’ Halt terminou, olhando os dois jovens homens.
‘Eu sei de tudo isso,’ Horace respondeu. ‘Mas eu não posso deixar de me sentir...’
Ele não completou. Alyss o interrompeu.
‘Pare de sentir, Horace, e comece a pensar! Vamos enfrentá-lo, quando se trata de uma batalha fora da linha reta, você tem uma vantagem sobre nós. Certo ou errado, seus homens são fisicamente mais fortes que somos. Esse é um fato natural, e força física desempenha um grande papel em uma batalha fechada. Eu poderia trabalhar nas minhas habilidades com o sabre até ficar com o rosto azul. Mas mesmo se eu fosse tão rápida e tão habilidosa quanto você, Horace, você seria mais forte do que eu. Esse é o jeito das coisas. E eu sei que Evanlyn poderia derrubar um ou dois, ou mesmo uma dúzia de inimigos com seu arremesso. Mas uma vez que eles vierem para perto, ela estaria em apuros.’
‘Essa é a nossa chance de fazer algo construtivo nessa guerra!’ Evanlyn disse, assumindo o tema. ‘Nossa chance de contribuir! E se fizermos isso, nós não enfraquecemos nossas forças. Essa é a beleza do caiaque de Alyss. Se viajarmos por terra nós iríamos precisar de alguns dos Kikori para vir conosco como guias e guardacostas. Mas no lago, quem pode nos pegar?’
Houve um longo silêncio enquanto Horace e Will digeriam tudo aquilo. Em seus corações, eles sabiam que Halt e as garotas estavam certos. O plano era lógico e bem pensado – mesmo para os detalhes que Evanlyn tinha acabado de apontar. Viajando no lago, eles não iriam precisar dos serviços de qualquer um dos Kikori. Era exatamente isso...
‘Eu vou ficar preocupado com você,’ Will disse, olhando dentro dos olhos de Alyss. Ela sorriu para ele e colocou as mãos dele nas delas.
‘Bem, claro que vai. Eu esperava isso de você. Assim como eu vou me preocupar com você, preso aqui com centenas de homens de Arisaka ladrando pelo seu sangue. Assim como eu me preocupei com você quando você estava em Hibernia. Ou em Arrida. Ou em qualquer uma das suas missões. Claro que eu me preocupei com você. Mas eu nunca tentei te impedir, tentei?’
‘Não,’ Will concordou relutante. ‘Mas...’
Alyss levantou um dedo como aviso. ‘Não ouse dizer “isso é diferente”,’ ela disse e ele fechou sua boca precipitadamente. Selethen soltou um riso profundo e todos eles se viraram para olhá-lo.
‘Um bom estrategista sempre sabe quando recuar sobre uma posição indefensável, Will,’ ele disse. O jovem Arqueiro sorriu relutante.
Evanlyn se virou para Horace. ‘E você, Horace? Vai se preocupar comigo?’ ela disse, um sorriso se escondendo por trás de seus lábios.
Horace ficou vermelho em seu rosto e arrastou os pés. Ele não encontrou o olhar dela.
‘Ah... bem... sim. Claro. E Alyss também, claro. As duas. Vou ficar preocupado com as duas.’
Evanlyn se virou para os outros e encolheu os ombros. ‘Eu acho que isso é tudo que uma garota pode esperar de um tipo forte e silencioso como ele.’
‘Estou contente que está tudo resolvido,’ Halt disse. ‘Agora, para os detalhes. Quando vocês planejam sair?’
‘Nós pensamos em amanhã,’ Evanlyn disse e Alyss assentiu concordando.
‘Amanhã!’ Will e Horace falaram em coro de surpresa. Todos os olhos se voltaram para eles.
‘Quer dizer, não está se apressando um pouco? Por que ir tão cedo?’ Will adicionou incerto.
Alyss encolheu os ombros.’Por que esperar? O tempo só vai piorar. E quanto mais cedo formos, mais cedo nós voltamos.’
‘Isso é verdade, eu imagino. Mas... amanhã?’ Até agora, eles haviam discutido a ideia das garotas partirem. Mas agora eles estavam numa realidade e numa urgência para tudo.
Halt largou uma mão em seu ombro. ‘Melhor se acostumar, Will. Se você está envolvido com uma Mensageira.’ Ele parou e então incluiu Evanlyn. ‘Ou uma princesa doida...’ Ele a favoreceu com um sorriso fraco para ela não ficar ofendida. ‘Essa não vai ser a última vez que você vai vê-las em um esquema de pensa-lebre.’
Por um momento, ele estudou as duas garotas. Ele tinha que admitir certo sentimento proprietário sobre elas. Alyss foi protegida de sua esposa e ele havia assistido crescer como uma mulher jovem engenhosa e corajosa. Will contra de sua força de propósito e sua calma sobre pressão durante o cerco do Castelo Macindaw havia confirmado sua opinião favorável para ela. Quanto a Evanlyn, ele havia a assistido em ação, batalhando contra os cavaleiros Temujai na Escandinávia e contra os bandidos Tualaghi no deserto.
Não havia questões sobre sua coragem ou de sua habilidade. Elas faziam um bom time, ele pensou. E se elas pudessem superar o ciúme residual que ainda existia entre elas, elas seriam formidáveis. Talvez essa viajem possa ajudá-las nisso.
‘Eu vou fazer uma carta para você entregá-la para lorde Nimatsu,’ Shigeru disse para Evanlyn. ‘E essa noite, eu vou pedir aos meus criados para preparar um jantar de despedida adequado para as duas.’
‘Parece bom,’ Evanlyn disse alegremente. ‘O que vamos ter?’
Shigeru sorriu para ela. ‘As mesmas rações duras que temos toda noite,’ ele disse. ‘Mas essa noite, o ajuste da tabela será excelente.’
Halt olhou ao redor do grupo, satisfeito que a questão havia sido decidida e que Horace e Will perceberam a necessidade das garotas para contribuir para a campanha, e o valor delas fazendo isso. Mas havia outra coisa que estava em sua mente já há algum tempo.
Ele capturou o olhar de Selethen. O Arridi viu o desafio nos olhos do Arqueiro e sorriu, sabendo o que estava por vir.
‘Amanha então,’ Halt disse. ‘Mas antes de Alyss e Evanlyn partirem, eu acho que todos nós gostaríamos de ver o que Selethen e Will tem feito nas últimas semanas. ’
35
‘É um pouco cedo para te mostrar isso, ’ Will disse, enquanto ele levava a curiosidade do grupo na direção do canto isolado do vale. ‘Até agora, nós só temos equipamento para dez homens. Os outros têm que pegá-los para treinar e praticar.’
‘Praticar o que?’ Evanlyn perguntou, mas Halt fez um sinal para ela esperar.
Eles pararam em um ponto onde um bosque escondia um pequeno barranco. Will e Selethen os conduziram para frente e eles foram para terra plana, quarenta metros por vinte.
Horace apontou para uma linha de ramos – feixes de ramos amarrados juntos, cada um com cerca do tamanho de um homem – de pé na extremidade da sarjeta.
‘O que são eles?’
Will sorriu para ele. ‘Eles são os inimigos,’ Ele olhou para Selethen. ‘Você quer assumir o controle?’
O guerreiro Arridi encolheu os ombros em deferência. ‘Era a sua idéia. Eu só sou um ajudante.’
Will assentiu, organizou seus pensamentos por um segundo, então continuou.
‘Eu suspeitei dessa idéia quando nós chegamos aqui e vimos os Kikori no trabalho. Sua disciplina de grupo era excelente.’
Shigeru assentiu. ‘Tem que ser. Cortar a madeira é um negócio perigoso.’
‘Exatamente,’ Will disse. ‘Então Horace, eu acho que os Senshi, com seus anos de treinamento tem vantagem em combate individual. Como um a um, eles foram geralmente superiores para nós guerreiros araluenses.’ Ele lançou uma pergunta com o olhar para Horace, que também assentiu.
Halt se recostou, inclinado confortavelmente contra uma pedra, sorrindo para seu exaluno. Ele pensou que poderia ver quando esse estava comandando, mas ele não tinha certeza do que Will planejava conseguir.
‘Agora tudo isso tocou um sino na minha memória. Eu havia ouvido esse tipo de coisa antes. Isso me deixou louco por alguns dias, então eu lembrei onde tinha sido.’ Ele parou e o sorriso de Halt se alargou enquanto os outros inconscientemente se inclinaram para frente, esperando ele continuar. Seu jovem aluno não conseguiria resistir a uma oportunidade para um pequeno drama.
‘Eu lembrei do General Sapristi dizendo muito das mesmas coisas.’
‘General quem?’ Horace perguntou, totalmente confuso.
‘Ele era um general na Toscana que arranjou uma demonstração de seus métodos de luta para nós,’ Will explicou. ‘As legiões toscanas têm desenvolvido um sistema de luta como um time. É bem simples, então não era preciso para eles aprender ou praticar esgrima completo. Eles só tinham que socar e esfaquear e empurrar. O segredo é eles trabalharem juntos.’ Ele parou. Sua garganta estava um pouco seca com tudo o que falara e ele gesticulou para Selethen assumir a história.
‘Como o general nos disse, individualmente seus legionários não poderiam ser páreos para guerreiros experientes. Sua força reside em seu trabalho de equipe, e seu equipamento.’ Selethen parou, então se virou e gritou uma ordem.
‘Kikori! Se mostrem!’
Ele e Will haviam enviado um mensageiro à frente para deixar os estagiários saberem o que estava por vir. Agora, a seu comando, uma fila de dez Kikori trotou para trás de uma pilha de pedregulhos no meio do caminho do vale.
Mas eles estavam equipados como nenhum Kikori jamais tinha se equipado antes.
Shigeru olhou para eles, fascinado.
Cada homem carregava um longo escudo retangular. Era ligeiramente curvado e feito de madeira, reforçado no topo e nos lados com tiras de ferro. No centro, uma saliência prateada de ferro se projetava. Os homens também usavam couraças de couro duro e elmos de couro. Estes também foram cortados com tiras de ferro, para proteção extra. Enquanto eles corriam, se movendo constantemente, eles seguravam longos dardos inclinados em seus ombros.
Horace deu um passo à frente para olhar mais de perto. ‘Eles são bastante primitivos,’ ele disse. Os dardos eram bruscamente do estoque de madeiras, com um metro e meio de comprimento, cada um com uma haste de aço ressaltada, saliente em uns cinqüenta centímetros do estoque de madeira. A haste de aço terminava em um ponto farpado.
‘Eles não precisam ter nada mais que aquilo,’ Will disse a ele. ‘Selethen, vá conduzir a demonstração, por favor?’ Ele se virou para os outros. ‘Vamos nos mover um pouco para baixo, para o lado. Vocês serão capazes de ver melhor.’
Ele pegou o caminho de uma pequena rocha que aflorava no meio da sarjeta. Selethen manteve os dez Kikori em uma linha, esperando em expectativa. Quando seus companheiros estavam fixados, Will gritou para Selethen.
‘Inimigo avistado!’
‘Formação de batalha!’ Selethen ladrou o comando. Instantaneamente, cada segundo homem na linha deu dois passos para trás. Então as duas linhas se fecharam, de modo que onde haviam dez homens em uma linha, agora estavam duas fileiras de cinco. O movimento foi feito em segundos.
‘Em frente!’ Selethen comandou. As duas fileiras saíram juntas, estimulando constantemente para frente, com os Kikori da ponta direita da segunda fileira marcando o tempo.
‘Impressionante,’ disse Horace suavemente.
Will olhou rapidamente para ele. ‘Como eu disse, seu senso de disciplina é excelente. Eles pegaram esses dois rapidamente. ’ Então ele desviou o olhar e gritou para Selethen de novo.
‘Arqueiros inimigos!’
‘Alto!’ Gritou Selethen. Os Kikori que avançaram pararam bruscamente.
Halt lembrou da frase de Will na exposição de Toscana: Uma nuvem de poeira de uma linha de estátuas. General Sapristi poderia ter ficado impressionado, ele pensou.
‘Kamé!’ Selethen ordenou.
O Imperador recostou-se e olhou para Will, um pouco confuso. ‘Tartaruga?’
Mas Will gesticulou na direção dos dez estagiários. A fileira frontal havia levantados seus escudos para a altura da cabeça, enquanto a segunda fileira segurou os seus mais altos, paralelo ao chão, as bordas foram sobrepostas nos topos em frente ás fileiras de
escudos. Os dez homens estavam agora protegidos na frente e por cima por uma carapaça incessante.
‘Ah... Sim. Tartaruga. Eu vejo,’ Shigeru disse pensativo.
‘Kamé para baixo!’ Selethen ordenou e os escudos voltaram para sua posição original.
‘Fileira da frente, yari!’
Agora a fronteira frontal deu um passo longo para frente. Os homens se viraram para o lado, revertendo suas garras nos dardos brutos e, como um, inclinaram seu peso para seus pés direitos, as longas armas indo por cima de seus ombros direitos, apontando para cima em um ângulo de trinta graus.
‘Lançar!’
Eles lançaram como um só, cada homem colocando a força e poder de todo o seu corpo por trás do lançamento. As armas partiram para o alto, então arquearam para baixo enquanto o peso das pontas de aço pegava efeito. Três dos feixes de ramos foram golpeados e derrubados para o chão, enquanto os outros dois dardos ricochetearam e resvalaram sem causar danos neles. Agora, Selethen estava ordenando a segunda fileira para frente. Eles se moveram através da primeira fileira e repetiram a seqüência de movimentos. Outros cinco dardos subiram em toda a distância curta. Outro feixe foi golpeado.
‘Imagine isso, mas com cinqüenta dardos cada vez ao invés de um,’ Will disse.
Horace assentiu pensativo. Uma barragem de cinqüenta daquelas armas de aparência rudimentar poderiam ser devastadoras para uma força oposta. Sua mente militar havia visto o valor das suaves pontas de aço – entendendo como um guerreiro, mesmo levemente feridos, poderiam ser impedidos pelo peso arrastado do dardo.
‘Mas agora eles estão desarmados,’ Shigeru disse. Ele tinha olhado com cuidado, mas não conseguia ver nenhum sinal da longa katana que era a arma principal dos Senshi.
Assim que ele disse as palavras ele ouviu a raspagem de lâminas brandindo sendo puxadas. Ele via agora que cada um dos Kikori estava armado com uma pequena arma.
‘Issho ni!’ Selethen chamou. As duas fileiras começaram a avançar, escudos travados juntos.
‘Issho ni!’ O grito foi ecoado pelas dez gargantas, então repetiram como eles se moveram firmemente para frente.
Will olhou para o Imperador. ‘Estamos usando Nihon-Jin para os comandos mais importantes,’ ele explicou. ‘Mais chance de desentendimento desse jeito. ’
‘Apropriado ’ Shigeru respondeu.
Evanlyn inclinou a cabeça para um lado curiosa. ‘O que “issho ni” significa?
‘Juntos’ Alyss disse a ela.
‘É seu grito de guerra,’ Will disse. ‘Isso os lembra de como eles lutam – como um time.’ Ele colocou as mãos em volta da boca e gritou para Selethen. ‘Tragam eles até nós!’
O Arridi acenou confirmando e gritou uma ordem. A marca do lado esquerdo de cada fileira começou a marchar no lugar enquanto seus companheiros se viraram para a esquerda em um movimento coordenado constante.
Horace assobiou suavemente. ‘Eles devem ter nascido para fazer isso.’
Agora as duas fileiras estavam de frente para os espectadores e Selethen gritou outra seqüência de ordens. O movimento rotatório parou e a formação, ainda intacta, começou a avançar novamente. Shigeru e os outros conseguiam ver o valor dos escudos largos.
Os próprios homens estavam praticamente invisíveis, só os topos de seus elmos aparecendo sobre a parede de escudos.
Não havia nada para um espadachim ocupar, o Imperador percebeu. Mas pelas aberturas estreitas entre os escudos, ele conseguia ver as pequenas armas que os Kikori carregavam, oscilando como várias línguas de cobras.
‘Como eles conseguem ver?’ Ele perguntou.
Will sorriu. ‘Não muito bem. Seu comandante controla a direção para avançar. Mas eles apunhalam qualquer coisa que vem à vista através das fendas nos escudos. Braços, pernas, corpos. É só apunhalar e seguir em frente, apunhalar e seguir em frente. Nós não ensinamos a eles qualquer tipo de varredura de curso que os Senshi usam. Eles não precisam aprender qualquer técnica complicada. Só apunhalar rapidamente e retirar a arma imediatamente. Se um guerreiro Senshi atacar um deles, eles dão de cara com um escudo enorme. E se ele prensar o ataque, o homem próximo ao seu inimigo provavelmente vai apunhalá-lo assim como fez.’
‘De onde vem essas espadas?’ Halt perguntou.
‘Algumas delas são as espadas curtas carregadas pelos Senshi mortos na Vila da Margem ou na estocada. O resto são lanças de curto alcance, com os eixos reforçados com tiras de ferro.’
‘Mas uma boa katana vai tosquear facilmente através do ferro,’ Shigeru protestou.
Will concedeu o ponto. ‘Certo. É por isso que cada homem vai carregar duas espadas reservas. Mas eles não estão usando suas espadas curtas para aparar ou bloquear a katana dos Senshi. É o que os escudos fazem. E se a katana atravessar o ferro e a madeira do escudo, seu dono pode se encontrar em apuros.’
‘Eu não entendi.’ O Imperador franziu o cenho.
Mas Horace havia visto a verdade no que Will disse. De fato, ele tinha usado a mesma idéia como uma tática em tempos passados.
‘Se a katana atravessar o escudo, vai se emperrar por alguns segundos enquanto seu dono se liberta. E nessa hora, ele vai ter dois ou três Kikori apunhalando ele. Ele fica entre perder também sua espada ou sua vida.’
‘Sim.’ O Imperador colocou seus dedos no queixo pensativo. Ele tinha que admitir que aquela demonstração estava um pouco desanimada. Ele cresceu na tradição Senshi e, igualitário como ele devia ser, era inquietante ver que dois forasteiros haviam planejado tão rápido um jeito de contra-atacar as técnicas Senshi.
Will levantou sua mão agora e Selethen gritou para a tropa parar. Outro comando e, com um, eles aterraram seus escudos e se curvaram para seu Imperador. Shigeru se levantou para onde ele estivera sentado na pedra e se curvou extremamente de volta.
Seu enjôo de alguns minutos atrás se fora. Aquele era o seu povo, tanto quanto os Senshi foram, ele percebeu. Eles estavam dispostos a lutar por ele, e a aprender novas formas de fazê-lo. Eles mereciam seu respeito e lealdade. Will deslizou da pedra e caminhou entre a tropa Kikori, congratulando-os pelo ombro e oferecendo palavras de parabéns a eles. Então ele e Selethen os dispensaram e voltaram aos outros.
‘Nós levamos três meses,’ ele disse para Halt. ‘Nós planejamos preparar e equipar duzentos homens nessas técnicas.’
Halt assentiu. ‘Com duas centenas de homens treinados, vocês podem dar a Arisaka de fato uma surpresa muito desagradável. Muito bem, Will. E você também, Selethen.’
O Arridi se curvou e fez seu gesto de cumprimento tradicional. ‘Como eu disse, foi idéia de Will,’ ele respondeu. ‘Mas como você, eu acho que isso vai ser bem eficaz.’
Horace colocou um braço sobre o ombro de Will e sacudiu sua cabeça. Seu amigo franzino nunca parava de surpreendê-lo.
‘Você parece ter um hábito de criar exércitos do nada,’ ele disse. ‘Pena que não tem cem Araluenses escravos para poder treiná-los como arqueiros. ’ Ele estava se referindo à poderosa força de arqueiros que Will havia formado para lutar contra exército Temujai. ‘Uma coisa,’ ele adicionou com uma carranca ligeira. ‘Vocês vão precisar de um monte de ferro para elmos e escudos e espadas. Onde vocês vão encontrar isso?’
‘Nós temos tudo pronto.’ Will sorriu. ‘Os metalúrgicos Kikori estão bem ocupados no esconderijo de armas antigas que você descobriu. Nós não precisamos de finas têmperas de aço e eles podem fazer o trabalho muito bem.’
‘Eu me pergunto,’ disse Horace, ‘se eu nunca vou fazer uma pergunta que você não possa responder.’
Will considerou a idéia por um segundo ou dois, então sacudiu sua cabeça.
‘Eu não deveria pensar assim.’
36
Evanlyn girou lentamente na extremidade da corda como a equipe de Kikori acima dela gradualmente, permitindo a ela descer.
Ela foi suspensa no espaço, vários metros afastados da face do penhasco. Mas a poucos metros abaixo dela, um afloramento de rocha deslizou, barrando o caminho. Quando ela se virou para enfrentar o precipício, mais uma vez, o paciente Kikori soltou mais alguns metros de corda, até que seus pés tocassem a pedra. Apoiando seus pés contra a rocha, ela andou nela mesma para trás abaixo do penhasco, usando suas pernas e pés para manter-se salva enquanto o homem continuava a descê-la. Então ela passou o afloramento e, lentamente, girando no espaço ela continuou.
'Você está perto daqui, ' Alyss chamou de baixo. Evanlyn olhou por cima de seu ombro e pode ver a Mensageira esperando ao pé do precipício, quase quinze metros abaixo dela. Ela olhou para trás até onde a corda já havia deslizado sobre o afloramento de rocha. Um pouco mais disso e a corda iria partir, ela pensou. Mas a pedra era lisa e não havia muito a fazer. Ela sentiu seus pés tocar o chão, e a mão de Alyss sobre seu cotovelo para estabilizar ela. A corda ficou frouxa e ela deixou escapar um enorme suspiro de alívio. Ela não tinha percebido que estava segurando a respiração. Suas pernas estavam um pouco instável, uma reação ao fato de que ela havia sido pendurada no espaço durante uma queda enorme, como uma aranha em um fio de teia. Alyss correu para ajudar a libertá-la do cinto de corda que o Kikori havia criado para mantê-la em segurança enquanto eles a baixaram até a falésia.
"Fico feliz que acabou", disse Evanlyn.
Alyss assentiu com a cabeça em concordância sincera. 'Se há uma coisa que me apavora, é altura. ’
Evanlyn olhou para ela surpresa. "Mas você se ofereceu para ir primeiro.”
'Somente porque eu pensei que se eu visse você indo, eu nunca teria a coragem de seguir. Passei a maior parte do tempo com os olhos fechados. "
Eles desprenderam até perder o último sinal de que a corda tinha sido amarrada ao redor de Evanlyn, e Alyss puxou forte a corda quatro vezes - um sinal combinado para contar a Kikori acima de que Evanlyn estava segura no fundo do precipício. A corda de repente, começou uma rápida ascensão, enquanto as duas meninas faziam um balanço da sua situação.
As falésias tinham duzentos e cinqüenta metros de altura e eles fizeram a descida em três etapas, com os escaladores Kikori escolhendo pontos de paragem adequados ao longo do caminho. Em cada ponto, um alpinista tinha esperado com Alyss e Evanlyn enquanto o resto da equipe desceu, Até que as garotas tivessem descido até a próxima fase. O caiaque, amarrado em um feixe estreito, estava nas pedras ao lado deles. Um dos Kikori tinha feito o estágio final da descida com ele, guiando passaram a obstrução do afloramento de rocha e desvincularam-se na parte inferior. Ele tinha então subido rapidamente de volta, auxiliado por seus companheiros de tração na corda, para informar que estava tudo bem.
A poucos metros, as águas do Mizu-Umi Bakudai batiam gentilmente contra a costa. Evanlyn ficou aliviada ao ver que a água estava calma. O dia tinha sido suficientemente de arrepiar os cabelos, pensou ela, sem a complicação de águas turbulentas para a sua iniciação na arte de caiaque.
"Eu acho que seria melhor começar a montagem do barco", disse ela. Mas antes que Alyss pudesse responder, um pequeno chuveiro de pedras deslizou do afloramento de rocha acima deles. Ambos cobriram as suas cabeças contra qualquer pedra que pudesse cair então um par de botar apareceu na beirada da pedra. O Kikori que tinha feito a descida chamou seus companheiros para parar de descer. Ele deslizou para fora da rocha e enfiou uma almofada de pele de carneiro entre a corda e a face da rocha. Obviamente, ele dividiu o mesmo pensamento de Evanlyn mais cedo sobre o desgaste da corda.
Então ele sinalizou e recomeçou a descida. Ele caiu rapidamente para as rochas ao lado deles, em seguida, olhou para cima, sorrindo.
"Você veio mais rápido do que nós, Eiko, 'Evanlyn disse.
Ele deu de ombros. "Faço isso várias vezes", disse a elas.
As meninas notaram que ele tinha desprezado usar o cinto de acordo como havia sido planejado por elas. Ele simplesmente amarrou um laço na extremidade da corda e colocou um pé nela, como os outros o baixaram. Alyss tremeu com o pensamento.
Eiko tinha pacotes de viagem sobre o seu ombro e os tirou e colocou os no chão ao lado do maço de madeiras e oleado. Ele gesticulou para ele.
'Você precisa de ajuda?
Alyss abanou a cabeça. "Nós devemos nos habituar a montá-lo nós mesmas."
Ele assentiu e se afastou, observando como eles rapidamente desenrolaram o pacote, organizadas os quadros e as costelas, e em seguida, prendeu e apoiou a madeira de modo que o esqueleto do barco tomou forma.
Quando começaram a esticar o oleado sobre o quadro, lutando contra o laço para trazêlo apertado, ele fez um "clic" com a língua e os deteve.
"Melhor assim!", Disse ele. Removendo os pinos de fixação, ele deslizou uma das estruturas principais para os lados, relaxando a tensão para que as costelas do barco caíssem um pouco.
“Amarre agora”, disse ele, acompanhando a palavra com gestos. "Em seguida, aperte as costelas novamente. '
As meninas rapidamente captaram a idéia. Elas esticaram um oleado apertado sobre o barco parcialmente montado, atando-a firmemente no lugar, então ajeitou a estrutura, Voltando assim a posição original, de modo que qualquer folga restante na pele do barco já estava esticada para fora.
"Boa idéia", disse Alyss apreciativa. "Isso torna muito mais fácil."
"Sim. Eu estava receosa, de que iria quebrar uma unha”, Evanlyn acrescentou.
Alyss olhou para ela severamente, a ponto de fazer um comentário depreciativo, quando percebeu que a princesa estava brincando. Sentindo-se um pouco tola, inclinou a cabeça para a tarefa de prender a última das amarras. Quando o último nó foi amarrado, eles voltaram e examinaram sua obra.
"Excelente", disse Alyss.
Evanlyn assentiu. "Você pode quase jurar que era um barco."
Desta vez, Alyss não reagiu. Ela tinha um sentimento de que as piadas de Evanlyn foram destinadas para ocultar seu nervosismo em se aventurar através do lago nesta estrutura aparentemente frágil.
Alyss poderia entender isso. Mas ela também sabia que o caiaque era muito mais robusto e navegável do que parecia.
Os dois remos de pontas duplas tinham sido amarrados no pacote original e ela apanhou-os e levou-os alguns metros à beira da água. Quando voltou, viu que Eiko tinha estado ocupado, enchendo as duas bexigas de ar feitas de couro de porco que servia de câmaras de flutuação no caso de o barco ser pego no mau tempo. Eles empurraram as bexigas para a proa e a popa do caiaque, para cunhá-los no lugar entre as longarinas, então arrumaram os pacotes de viagem entre os dois bancos, prendendo uma capa de oleado por cima deles para mantê-los secos.
"Certo", disse Alyss. “Agarre um e vamos embora."
As meninas se inclinaram para pegar o barco, mas Eiko acenou negativamente. Ele pegou facilmente o barco equilibrou em seu quadril, e sorriu para elas.
"Eiko", Evanlyn disse, "nós dissemos. Temos que - '
"Sim, sim!", Disse, acenando com a mão livre com desdém. "Vocês tem que fazer vocês mesmas. Você pode fazer amanhã e amanhã e amanhã. Eu faço hoje.”
Alyss e Evanlyn trocaram um olhar. Então Alyss encolheu os ombros.
'Por que não? ‘, Disse ela. "Afinal de contas, nós podemos fazê-lo amanhã e amanhã e amanhã. 'Ela curvou-se e varreu com a mão a beira do lago. "Eiko, meu amigo, depois de você."
Sorrindo, o Kikori caminhou em direção ao lago, as duas meninas a seguir. Ele colocou o caiaque nas águas rasas da beira do lago, deixando metade dentro e metade fora da água. As duas meninas olharam para a vasta extensão de água. A partir da falésia, eles eram capazes de ver a outra margem, um longo, longo caminho. A partir do nível da água, não havia sinal dele. Eles poderiam estar na borda de um oceano.
"É certamente um grande lago,' Evanlyn disse calmamente. Ela olhou para Eiko.” Eiko, o que significa’ Mizu-Umi Bakudai’?"
O trabalhador de madeira franzindo a testa, hesitante. "Significa ‘Mizu-Umi Bakudai‘", disse ele.
Evanlyn fez um gesto impaciente.
"Sim, sim. Obviamente. Mas o que essas palavras significam?”
Alyss tossiu e Evanlyn virou-se para ela. O Mensageiro estava reprimindo um sorriso. "quer dizer Grande Lago”, disse ela.
Eiko assentiu alegremente e Evanlyn sentiu as suas bochechas ficarem rosada. 'Ah, é claro. Lógico, eu acho. ’
"O Nihon-Jan têm uma propensão para nomes literais de lugares, eu tenho notado," Alyss disse a ela. Em seguida, bruscamente, ela espanou as mãos para fora e inclinou o caiaque, empurrando-o plenamente em águas rasas. "Vamos verificar se não há nenhum vazamento.”
A água estava a poucos centímetros de profundidade a costa, mas, após dois ou três metros, já tinha meio metro de profundidade. De lá, ele rapidamente se tornou mais profundo e com fundo de areia e pedra, facilmente visível quando se aproximava até se perder de vista. Alyss ao encostar reagiu ao choque da água gelada.
"Ai! Isso é frio! Certifique-se de ir para a ponta do barco, Evanlyn.”
"Certifique-se de si mesmo", respondeu secamente Evanlyn. Mas, secretamente, ela sabia que se alguém estava indo para a ponta do barco, que seria ela. Ela passou a entrar na água para ajudar, mas Alyss acenou de volta.
"Eiko pode me ajudar. Ele é mais pesado” Ela virou-se para o Kikori e apontou para o barco. 'Empurre para baixo tanto quanto você puder, por favor, Eiko. ’
Ele acenou como sinal de compreensão e entrou no seu lado. Descendo, ele apoiou a sua mão contra as costelas da amurada e inclinou seu peso para o barco. O casco afundou ainda sob o peso dele e Alyss inclinou-se, buscando de cima para baixo qualquer sinal de vazamento. Mas o oleado apertado criou uma excelente barreira à prova d'água e não havia nenhum sinal de vazamento.
"Isso é ótimo", disse Alyss, endireitando-se. Ela acenou para Evanlyn. 'Ok, pegue seu remo e suba abordo. Pegue o banco da frente. Dessa forma eu posso manter um olho em você. "
Eiko agiu rapidamente no sentido de Evanlyn, fazendo um gesto para indicar que ele iria levantá-la para o barco, mas Alyss deteve.
"Não, Eiko. Melhor se ela se acostuma a fazer isso sem ajuda. Subir pode ser um pouco complicado”, ela explicou para Evanlyn. A outra menina concordou e com o remo na mão, entrou na água. Ela, também, prendeu a respiração com o toque gelado do lago.
"Eu posso ver porque você não quer cair no lago.” Movendo-se sem jeito, ela levantou um pé molhado e foi passar para o caiaque, tentando equilibrar-se. Mas Alyss a parou.
'Não é dessa forma. Vire as costas para o caiaque e suba de costas em primeiro lugar. Sente-se lateralmente com suas costas no assento. “Isso faz com que a maior parte de seu corpo esteja dentro do barco, e então só faltam suas pernas.”
Cuidadosamente, Evanlyn abaixou-se para trás até alcançar o assento de madeira. O barco inclinou e ela ficou tensa, nervosa. Mas Alyss segurou firme o caiaque
"Eu seguro. Pode se soltar. Agora, levante seus pés e balance-os dentro do barco. Coloque-os sobre a estrutura ou apóie no acento da frente, não no oleado", acrescentou. 'Nunca colocar o peso sobre isso. '
Evanlyn olhou para ela. "Você tem mais algum conselho evidente para mim?' Ela perguntou sarcasticamente e Alyss encolheu os ombros.
"Nunca é bom o bastante se assegurar", disse ela. Ela esperou enquanto Evanlyn balançava as pernas e os pés dentro do barco, instalando-se no lugar. Em seguida, Alyss soltou seu lado da popa e se mudou para o lado do caiaque. Eiko se adiantou para segurar o barco firme como ela vinha fazendo, mas ela acenou negativamente.
"Eu estou bem", disse ela. Ela entregou seu remo á Evanlyn, que estava esperando, um pouco ansiosa.
"Evanlyn, o barco vai estalar quando eu começar a entrar. Barcos fazem isso. É perfeitamente normal. Não tente combater. Vai se recuperar. Basta manter o seu peso no centro e seu corpo solto, ok?”
Evanlyn, tensa como uma corda de violino, acenou com a cabeça.
Movendo-se rapidamente e sem problemas, Alyss jogou seu peso no banco de trás e trouxe suas pernas para dentro. O barco balançou sob seu peso – violentamente parecia para Evanlyn, que não podia deixar de emitir um grito de alarme. Em seguida, ela se firmou e percebeu que eles estavam flutuando, à deriva no banco e Eiko em pé na beira, com os joelhos dentro d’água. Ele sorriu encorajador para elas e acenou. As ondas pequenas faziam um som pok constantemente contra o oleado apertado do caiaque e, pela segunda vez naquele dia, Evanlyn soltou um suspiro que ela não tinha percebido que estava segurando.
"Ok, me passa o remo", ela ouviu Alyss dizer e ela virou-se desajeitadamente para passar o remo de volta para sua companheira. Quando ela fez isso, o barco balançou e ela imediatamente ficou tensa mais uma vez, virando rapidamente de volta para enfrentar o arco.
"Relaxe", disse Alyss a ela. "Basta ir com ele – da mesma maneira que em um cavalo. Se de repente você ficar rígida, vai ser mais difícil de manter equilibrado e relaxado. Agora vamos tentar com o remo novamente. E veja se você pode evitar deixálo cair."
Dessa vez, Evanlyn deslizou o remo para trás sem se virar. Ela ouviu um gemido de dor ligeira quando o remo pegou Alyss nas costelas.
“Obrigado por isso”, disse a mensageira.
"Desculpe", respondeu Evanlyn. Ela odiava a sensação de estar fora de controle.
"Agora, vamos continuar nos movendo," Alyss disse a ela. "O lado esquerdo primeiro. Reme suave e lentamente. Não tente fazer demais. Acima de tudo, tente não jogar água em cima de mim. Na minha contagem.”
Evanlyn levantou o desconhecido remo, à espera da contagem de Alyss.
“Tudo bem... primeiro à esquerda. Um... e dois... um... dois... é isso. Continue assim. Suave... E lentamente. Um e... Ai, caramba! Se você espirrar em mim novamente, eu vou jogá-la para fora. Agora, Seja cuidadosa!' No pensamento de Evanlyn, Isso não era a maneira certa de falar com a princesa de Araluen.
37 “Eles estão indo bem", disse Horace referindo-se aos cinqüenta Kikori que estavam sendo treinados, em duas fileiras estendidas, avançando em uma corrida constante em todo o campo de treinamento.
Selethen gritou um comando e os homens no lado inferior esquerdo de cada categoria pararam no lugar, ainda correndo em tempo, e viraram noventa graus à esquerda. As duas linhas foram com eles, os da extremidade externa do arco tendo de se mover mais rápido do que os mais próximos do ponto de giro. Por alguns segundos, as fileiras vacilaram e curvaram perdendo a sua precisão. Então, a terceira linha exterior voltou para a posição e as fileiras foram devidamente formadas novamente. Assim que eles estavam prontos, outro comando de Selethen fez cinqüenta homens se destacarem a frente mais uma vez, agora se movendo em noventa graus voltando para a posição original. Isso tudo demorou menos de 30 segundos. Will não tinha respondido. Ele tinha estado analisando a manobra com cuidado, procurando por qualquer sinal de desleixo ou falta de precisão. Não tinha ninguém que ele conseguia ver. Depois, ele olhou para o amigo e sorriu em resposta.
“Sim. Sua coordenação é de primeira. "
“ Eu vejo que você conseguiu mais armas para eles agora", comentou Horace. Toda a linha de frente foi equipada com grandes escudos retangulares e bestas brutas. Cada homem, dos cinqüenta usava várias armas curtas afiadas ao seu lado.
“Eles todos tem espadas afiadas agora. A maioria deles fez a sua própria quebrando suas lanças. E os trabalhadores de madeira e metal estão entregando novos escudos e lanças o tempo todo. Em breve teremos o suficiente para equipar uma completa hyaku.”
“ Hyaku?” Horace perguntou.
“É Nihon-Jan para "cem”. Essa é a formação padrão de luta Toscan - cem homens em um grupo. Eles chamam isso de uma centúria - três fileiras de trinta e três homens cada, mais o comandante. ”
“ E quantos desses hyakus você planeja ter?”
“Eu acho que dois. Seria bom ter mais, mas nós simplesmente não temos os homens. E Halt diz que um pequeno esquadrão, devidamente treinado e disciplinado, pode ser muito eficaz. "
"Isso faz sentido", disse Horace.
A tropa agora parada e todos os da frente agora passavam suas bestas de volta aos homens na posição de trás. "Nós compartilhamos o que temos, 'Will explicou a Horace." Desde que todos estejam movendo e girando como uma unidade, não importa se todos estão armados ainda."
Como as tropas esperavam, vinte dos seus colegas em treinamento correram para o campo, e colocaram manequins vestidos de guerreiros em uma linha de frente para eles, cerca de cinqüenta metros de distância. Uma vez que isso foi feito, apressaram-se no campo, e Selethen deu a ordem para suas tropas avançarem mais uma vez.
"Kame!”Selethen gritou. Instantaneamente, a linha de frente levantou seus escudos acima da altura de suas cabeças, enquanto a segunda posição os imitou segurando os escudos horizontalmente para formar um telhado. Assim, protegidos, continuaram seu avanço constante, botas pisando em uníssono no chão lotado. Depois de alguns segundo, Selethen deu outra ordem e seus escudos, reais e imaginários, voltaram à posição normal de marcha. Os soldados inimigos fictícios estavam agora a meros quarenta metros de distância.
Outra ordem de Selethen viu a linha de frente continuar a marchar, enquanto a segunda fila pegou suas lanças de novo. Como se, no comando, ele arremessasse as armas sobre os seus companheiros marchantes, enviando-os em arcos de cima para baixo para quebrar a distância de 40 metros. Em seguida, marcharam duas vezes mais rápido para recuperar a sua posição atrás da linha de frente. Metade dos bonecos tinha sido atingida por dardos. Alguns caíram sobre os seus lados, enquanto outros se inclinaram bêbados, apoiado pelo dardo pesado que agora estivesse fincado no chão.
Selethen aumentou o ritmo e todos os cinquenta avançaram em um movimento constante, cintilando duas lâminas ameaçadoramente nas frestas entre os escudos. À medida que a linha de frente atingia a linha do 'inimigo', o segundo posto imediatamente fechava apertando por trás deles, empurrando e acrescentando seu peso para o impulso.
Finalmente, Selethen parou seus soldados com o som de um sino e os soldados relaxaram, fincando no chão seus escudos. A linha traseira moveu-se para recolher os dardos.
“ Selethen está fazendo um bom trabalho", disse Horace, enquanto o alto Arridi andava entre os homens, fazendo comentários - incentivando alguns, elogiando outros, aconselhando quando necessário. 'Ele ira comandar ambos os hyakus?’
“Não", respondeu Will. "Eles precisam trabalhar de forma independente. Isso é algo que eu queria falar com você. Você vai assumir o comando de um deles?
'Eu? "Horace disse um pouco surpreso. "Achei que você gostaria de comandar um deles. Afinal, é a sua idéia. 'Mas Will estava balançando a cabeça.
“Precisamos de dois bons comandantes de campo", disse ele. "Você é melhor nisso do que eu. Halt e eu podemos ficar de fora e manter uma visão geral das coisas. Nós vamos ficar com os Senshi de Shigeru como reserva e enviá-los onde quer que estejam necessários. "
Horace não pode evitar um sorriso se formando. 'Ah, vocês Arqueiros", disse ele. "Vocês amam ser os responsáveis por trás de tudo, não é?”
Will hesitou, a ponto de negar a brincadeira de acusação. Então, ele estendeu as mãos em derrota. “Bem, sim. Na verdade, nós adoramos. Mas também, estamos mais adequados para o combate de longa distância. Você é o especialista em combate corpo a corpo.”
Horace tinha de admitir que o efeito potencialmente devastador do arco e flecha de Will e Halt seria um recurso valioso para se ter de reserva.
“Seria uma honra comandar uma das hyakus", ele disse. "Estou me sentindo bastante inútil ultimamente, sentado na minha cabine sem fazer nada." Fez uma pausa como se o pensamento o ferisse “Eu vou ter que aprender todos os comandos.”
“ Isso não vai levar muito tempo. Mantivemos isso tudo muito simples - sem querer insultar é claro. É algo que Halt sempre diz: faça algumas coisas simples muito bem, ao invés de um monte de complicadas manobras que podem dar errado no calor da batalha. Você vai pegar tudo em um dia. E com você e Selethen ambos trabalhando com os homens, nós vamos conseguir treiná-los na metade do tempo. "
Horace assentiu. O pensamento de ter algo construtivo para fazer era de muita satisfação. Depois da tensão e do perigo da fuga através das montanhas, nas últimas semanas de inatividade, enquanto suas costelas feridas cicatrizavam o deixou metade dele se sentindo velho e vazio. Agora, ele sentia um senso de propósito, mais uma vez. Ele bateu no punho de sua espada e fez uma careta quando ele encontrou a desconhecida forma da katana que ele agora usava.
“ Eu vou ter que fazer alguma coisa sobre essa espada", disse ele. "Depois de anos de treinamento com uma espada de cavalaria de Araluan, esta katana de Nihon-Jan apenas não esta certa."
A oportunidade de fazer isso veio mais cedo do que ele esperava. Depois de passar mais varias horas com Will e Selethen, tomando notas dos exercícios e os comandos que ele precisaria aprender, Horace voltou para sua cabana naquela tarde. Uma comitiva de Shigeru trouxe-lhe comida e chá quente e quando ele se sentou para desfrutar a refeição, o homem fez uma reverência.
“ Kurokuma, Sua Excelência, pediu que depois de ter comido você devesse visitar sua cabine.”
Horace começou a levantar, mas o homem acenou de volta para baixo.
“Não! Não! Sua Excelência disse que você deveria aproveitar a sua primeira refeição. Ele o recebera sempre quando for conveniente para você. '
Sorrindo, Horace reconheceu a mensagem e sentou-se novamente. Com a maioria dos governantes, ele sabia a expressão “sempre que for conveniente para você 'significa' agora, e cinco minutos atrás, se fosse possível'. Com Shigeru, ele tinha vindo a aprender, que eles queriam dizer exatamente o que eles disseram. O Imperador não gostava que seu povo largasse tudo para atendê-lo em um capricho. Foi uma das razões pelas quais seus eminentes seguidores o adoravam tanto.
Mesmo assim, o Imperador era um Imperador e Horace não perdeu tempo indevido ao terminar a sua refeição. Uma vez que ele tinha comido e se lavado, ele vestiu seu manto quente, amarrou a faixa entorno dele e empurrou a katana na bainha através da faixa. Suas botas estavam abrigadas no degrau fora da cabine e ele as calçou e tirou toda a neve que havia dentro. Quão diferente é tudo isso de Araluen, ele pensou. E ainda, de muitas maneiras, era a mesma coisa. Esse pequeno acampamento nas montanhas o fizera refletir muitos dos valores que havia aprendido em seu reino de origem. Amizade e companheirismo, a lealdade ao pensativo e atencioso imperador. E, ele refletiu, infelizmente, o sempre presente problema de quem queria usurpar o imperador e tomar o poder para si próprio.
Suas botas fizeram barulho quando com encontraram a neve rasa, assim ele fez o seu caminho até a cabana de Shigeru. A cabana era um pouco maior do que as outras que os Kikori tinham construído. Shigeru protestou, dizendo que não precisava nada mais do que seus companheiros. Mas os Kikori se escandalizaram por tal sugestão. Ele era o seu imperador e esta era a sua oportunidade para mostrar a ele quanto eles o reverenciavam e o respeitavam. Consequentemente, a cabine de Shigeru tinha um pátio coberto e duas salas interiores - uma grande sala onde ele poderia encontrar-se com seus conselheiros e um pequeno quarto onde ele poderia se retirar com privacidade.
Um dos Senshi montavam guarda na varanda. Ele sorriu e curvaram-se em saudação quando viu Horace se aproximando através da cortina de neve caindo.
“Kurokuma! Boa tarde. Sua Excelência está esperando você. "
Parando apenas para responder a saudação do homem e tirar a neve incrustadas de suas botas, Horace abaixou-se e entrou pela porta baixa. Shigeru estava sentado, de pernas cruzadas, sobre uma esteira de palha no chão. Um pequeno, mas brilhante, braseiro de carvão proporcionou uma aconchegante ‘boas vindas’. O Imperador tinha um fino pincel na mão e um quadro feito por um pedaço esticado de papel de arroz em seu joelho. Ele estava escrevendo os ideogramas Nihon-Jan no papel, outra e outra vez, esforçando-se cada vez mais para uma melhor interpretação dos laços e redemoinhos. Ele olhou-o e sorriu.
'Ah, Kurokuma, por favor, sente-se comigo.' Ele gesticulou para um banquinho.
Horace curvou-se, em seguida sentou, Ele sabia que normalmente era uma violação da etiqueta sentar numa posição mais elevada do que o Imperador. Mas Shigeru estava consciente de que os Araluans não passam anos sentados com as pernas cruzadas como eles e, como conseqüência, os seus joelhos tende a queimar em protesto, após alguns minutos nessa posição. Foi outro exemplo de consideração do imperador para seus subordinados, Horace pensou.
“Gostaria de um chá, Kurokuma?”
Horace, é claro, tinha acabado de tomar chá. Mas ele sabia que havia um ritmo e
etiqueta na sociedade de Nihon-Jan. E ele não poderia recusar esse ritmo.
'Obrigado, Excelência ", disse ele, curvando-se de sua posição. Ele sentiu um pouco bobo, sentado em seu banquinho com os joelhos cruzados na frente dele - como um gigante em um parque infantil. Shigeru, pelo contrário, parecia digno e equilibrado, sentado com as pernas cruzadas.
Um servo saiu da sala interior e serviu o chá para ambos. Horace tomou um gole para demonstrar sua gratidão. Mesmo um curto passeio de sua cabine para a de Shigeru, o tinha exposto ao tremendo frio do vale e ele sentiu a inundação do calor do chá através de seu corpo.
"Você queria me ver, Vossa Excelência?”Ele tinha uma vaga noção de que George teria desaprovado essa abertura. Provavelmente, ele devia ter comentado sobre a caligrafia do Imperador, admirando-a enquanto Shigeru modestamente apontaria seus erros e falhas. Mas ele ficou intrigado para saber o motivo ao qual foi chamado. Desde a batalha na paliçada, certa falta de atividade veio á superá-los. Não havia urgente necessidade de a cada dia Shigeru consultar com seus conselheiros e o Imperador retirou-se para dentro de si um pouco. Horace sabia que a morte de Shukin pesava fortemente sobre o Imperador e era altamente provável que Shigeru, sensível e gentil como ele era, também sentia uma profunda responsabilidade pelo destino daqueles que se haviam se reunido em seu auxílio - Os Kikori, seus próprios Senshis e o grupo de estrangeiros que havia chegado e oferecido seus serviços. E seria de se esperar que o imperador houvesse recuado por um senso de depressão.
Esses pensamentos todos passaram pela mente de Horace. Mas o Imperador não mostrou nenhum sinal de dúvida ou incerteza. Sua expressão era calma e a sua atitude serena. Ele sorria agora para o jovem sentado diante dele, com as mãos nos joelhos.
'Você tem estado ocupado, Kurokuma?”, Perguntou ele.
Horace encolheu os ombros. "Não realmente, excelência. Tem havido pouco a fazer. Mas isso vai mudar. Pediram-me para assumir o comando de um dos hyaku.”
"Ah, sim. As tropas que o seu amigo Wirru-san está treinando ", disse Shigeru. "Diga me, você acha que os Kikori tem alguma chance contra os Senshi de Arisaka? '
Horace hesitou. Ele recordou os seus pensamentos do campo de treinamento - como os Kikoris pareciam uma força inexorável, avançando em todo o terreno limpo para trás da chuva mortal de lanças.
"Eu acho que eles tem sim, excelência", disse ele. "Enquanto eles acreditarem em si mesmos e manterem seus nervos. Mas toda a formação de Will e as táticas especiais virarão nada se os Kikori não acreditam que podem vencer "
"Será que eles acreditam nisso?"
Horace balançou a cabeça. "Talvez agora não. Mas eles vão. Vamos fazê-los acreditar. Cabe á nós construir esse espírito neles. "
"Eu achei que você poderia dizer isso. E me ocorre que, se você está lutando ao lado deles, liderando eles na verdade, você vai precisar de uma espada. "Shigeru apontou para o cabo da katana que se projetava através da faixa do sobretudo. "O que você acha de sua katana?
"É uma arma boa", disse Horace, cuidando para não ofender. "Mas parece desconhecida para mim. Não é como a que eu treinava.”
"Hmmm. Eu pensei que isso poderia acontecer. Um guerreiro precisa da arma que ele conhece e confia. Nesse caso ... " Shigeru voltou para a sala menor, onde seu servo tinha se retirado após servir chá.
"Tabai! Traga a espada!"
O empregado entrou novamente, carregando um pacote envolto em um longo pano. Ele foi para apresentá-lo ao imperador, mas Shigeru estalou a língua e apontou para Horace. Tabai ofereceu o pacote para o jovem cavaleiro, que pegou com curiosidade. Ele olhou para Shigeru.
“Eu encontrei esta ontem, entre a bagagem do Shukin,” o Imperador disse. "Eu não poderia empunhá-la para passar por batalhas tão cedo e, francamente, eu tinha esquecido sobre isso” Ele fez um gesto para que Horace desembrulha-se o pacote.
Horace tirou uma parte de pano para o lado, apoiado em um dos joelhos para inspecionar o pacote mais de perto. Dentro dele havia uma espada. Sua espada, numa finamente afinada bainha de couro. A travessa de aço liso, o pomo de bronze e couro ligado ao cabo eram todos familiares.
"Mas ... esta é a minha espada!", Disse ele, espantado. A espada tinha mergulhado em uma profunda ravina, com uma forte correnteza no fundo. Ele não podia conceber como poderiam ter a recuperado.
"Olhe mais de perto", Shigeru disse á ele. Quando o fez, Horácio observou que o couro do cabo era novíssimo, sem marcas do suor ou das centenas de encontros nos troncos de exercícios. Ele queria desembainhá-la , em seguida, lembrou que esta era uma grosseira violação do protocolo de presença do imperador. Mas Shigeru gesticulou para ele ir em frente.
A lâmina fez um zzzzing limpo da bainha e Horace a segurou no alto, um pouco confuso. O equilíbrio era perfeito - como ele se lembrava. Poderia ter sido a sua velha espada. Mas agora ele podia ver a lâmina, ligeiramente azulada, mostrando um padrão de repetição em círculos das batidos contra o aço que era como uma série de linhas onduladas. Ela refletiu a luz ofuscante e brilhou como sua velhas espada nunca tinha feito.
"Era um presente de Shukin para você", explicou Shigeru, e Horace lembrou de Shukin dizendo-lhe para buscar um pacote quando ele o tinha deixado para defender o vau. "Ele “pegou emprestado” sua espada uma noite no verão e mandou seu próprio ferreiro fazer uma copia exatamente igual.”
"Mas ..." Horace começou a se perguntar por que Shukin tinha feito tal coisa.
Shigeru, sentindo qual seria a próxima pergunta, ergueu a mão para evitar.
"So há uma diferença. Esta lâmina é aço de Nihon-Jan - muito mais forte do que sua antiga espada e capaz de ser muito melhor afiada. Agora, se você lutar contra o Senshi, você fará isso em seus termos.”
38
A primeira noite delas tinha sido tranqüila, exceto pelos gemidos de Evanlyn, enquanto estava deitada em sua pequena tenda, tentando inutilmente aliviar as ondas de dor que afetava seu ombro e os músculos da coxa. Ela e Alyss tinham remado por várias horas através das águas plácidas do lago, eventualmente, desembarcaram numa pequena ilha. Uma rápida averiguação as mostrou que a ilha era desabitada -- era pouco mais do que uma rocha acima da água, salpicada de arbustos. Elas fizeram o acampamento em uma pequena praia, e se prepararam para a noite. "Há músculos em mim, que eu nem sabia que tinha", disse Evanlyn a Alyss na manhã seguinte. "E cada um deles está queimando como fogo." Evanlyn estava em excelente condição física. A vida ativa que ela levava a deixou em forma. Mas a ação de remar, hora após hora, tinha colocado seus músculos sob uma pressão, fora da normalidade. Alyss, mais acostumado com esse movimento, exigiu mais de si mesma. Ela sabia que era pior para Evanlyn. Ainda assim, ela não disse nada para não perturbar a princesa, não ganharia nada com isso. Os constantes gemidos de Evanlyn mantiveram Alyss acordada a noite toda e esta manhã estava um pouco irritada. "Você vai se acostumar com isso", disse ela.
Evanlyn olhou rapidamente para Alyss, viu que ela não mostrava simpatia pelo seu sofrimento, apertou sua boca em uma linha sombria, determinada a não mostrar nenhum sinal de desconforto. A água estava fervendo no fogo, e ela retirou a chaleira da brasa e despejou-o em um pequeno bule de metal, sobre as folhas de chá verde que tinham trazido com elas. "Gostaria que tivéssemos café", disse ela. Em suas viagens com os Arqueiros, ela aprendeu a gostar da bebida tanto quanto eles. Ela passou uma xícara para Alyss, que estava estudando o lago em seu mapa, planejando o próximo passo. “Eu também”, Alyss respondeu distraidamente. Ela tomou um gole do chá, apreciando o seu calor, e deitou o mapa na areia entre elas. Era um mapa simples. Afinal, um mapa de lago não mostrava muita coisa, além de ilhas que pontilhavam a sua superfície em intervalos irregulares. "Hoje será um longo dia", disse ela. "A ilha mais próxima de nós é essa aqui." Ela bateu no mapa, indicando uma massa de terra, marcada no meio da extensão de água. Evanlyn olhou para o mapa, comparando a distancia que tinham viajado, com a distância que ainda tinham que percorrer, e assobiou baixinho por entre os dentes. "É um logo caminho", disse ela. "Não há nada mais perto", Alyss disse a ela. "Vamos ter que percorrer de qualquer jeito. E eu prefiro fazê-lo antes do anoitecer. “Pelo menos o vento está a nosso favor.” Ela sabia por experiência própria, o quão difícil podia ser remar contra o vento. "Eu acho que vamos ter que remar por cinco, talvez seis horas." Evanlyn gemia baixinho. "Oh, meus braços e ombros doloridos. "Você vai se sentir melhor assim que partirmos,” Alyss disse a ela. "As dores vão melhorar quando você mexer um pouco os músculos, e estiver aquecida." Evanlyn começara a recolher seus utensílios do pequeno café da manhã. Ela se sentiu um pouco incentivada pelo comentário de Alyss. "Bem, ao menos já é alguma coisa." “É claro", acrescentou Alyss, com um pouco de malicia, ”À noite quando esfriar, seus músculos irão endurecer de novo, e eles vão doer como o inferno." Evanlyn parou de amarrar sua mochila de viagem. "Bem, muito obrigado pelas amáveis palavras de encorajamento", disse ela. "É bom saber o que eu vou enfrentar logo mais." Elas arrumaram suas coisas no caiaque e empurraram para a água. Mais uma vez, Evanlyn subiu primeiro, ainda um pouco desajeitada, enquanto Alyss segurava o barco para estabilizá-lo. Então Alyss embarcou também. Desta vez, quando o barco balançou
de repente sob seu peso, Evanlyn não ficou tensa. O dia anterior serviu para ela se acostumar com os movimentos de sua pequena embarcação na água. O caiaque balançou e mergulhou de vez em quando. Mas ela tinha aprendido que tais movimentos não era presságio de nenhum desastre. Uma vez ela conseguiu relaxar, descobriu que poderia neutralizar o movimento do caiaque, com o movimento de seus músculos, equilibrando o seu peso sem pânico e sem tensão. Sua remada ainda deixou um pouco a desejar, e de vez em quando errava, enviando uma ducha de água, espirrando para trás sobre sua companheira. As primeiras vezes que isso aconteceu, Alyss respondeu com uma polidez gelada, “Obrigado por isso, sua majestade." Depois disso, seus comentários foram menos audíveis, consistindo de murmúrios indecifráveis. Cada vez, Evanlyn cerrava os dentes, decidida a não cometer o mesmo erro novamente. Inevitavelmente, ela errou e teve que suportar os comentários, os quais muitos, não eram completamente inaudíveis - comentarios que ela sabia que eram grosseiros e descorteses ao extremo. Mas não havia nada que pudesse fazer sobre isso, pois ela percebeu que cada vez que errava, lançava mais água na cara de Alyss. Elas fizeram uma pausa a cada 30 minutos ou mais para descansar. Quando o sol ultrapassou a marca do meio-dia, Alyss anunciou que poderiam parar para comer e beber. Sentaram-se à deriva no lago, embaladas pelo já familiar pok-pok-pok, do bater das ondas contra o casco. Havia pouco vento e nenhuma corrente, portanto, elas tendiam a ficar paradas na mesma posição. Depois de descansarem, porém não antes dos músculos de Evanlyn esfriar e endurecer, Alyss anunciou que iam partir. Ela tinha uma bússola e ela virou o caiaque para seguir entre oeste e Noroeste (W NW), em seguida, começaram a remar mais uma vez. Enquanto o barquinho se afastava, Evanlyn olhou para trás por cima do ombro, para pegar o timing da remada. O caiaque avançou rapidamente, em seguida, Evanlyn errou a remada e jogou um spray de água em Alyss. "Muito obrigado", disse Alyss. Evanlyn não disse nada. Ela pediu desculpas tantas vezes, que as palavras pareciam agora sem sentido. Além disso, Alyss já deveria saber que ela não estava fazendo isso de propósito. Com raiva, ela se concentrou na sua remada, a lâmina do remo entrava profundamente na água, e terminando por levantar antes de completar todo o curso. Desta vez, quarenta minutos se passaram antes que Alyss levasse outro spray de água na cara. "Muito obrigado", disse ela mecanicamente. Evanlyn desejou que sua companheira dissesse alguma coisa nova, ou mudasse seu péssimo comportamento. No meio da tarde, o vento aumentou, soprando fortemente em todo o seu curso a partir do sudoeste. Alyss teve de consultar a bússola com mais freqüência, para mantê-las no curso. O vento também agitou mais a água, provocando ondas que batiam na lateral esquerda da proa do caiaque.
Conforme a água batia, lançava jatos para dentro do caiaque. No início, não era mais que uma inconveniência e desconforto, enquanto a água gelada rodava em torno de seus pés. À medida que mais e mais água entrava, o caiaque ficou mais pesado. "Eu vou continuar remando. Enquanto isso você tira a água." Alyss mandou. Ambas se inclinaram para o lado, enquanto colocava os remos para dentro do pequeno barco, então Alyss passou o balde para ela. "Cuidado com a pele do barco", Alyss a advertiu, como ela pegava água do fundo do caiaque, e a jogava na água. Sem pensar, ela jogou o primeiro balde para a esquerda, no lado do barlavento. Uma boa parte foi pega pelo vento e arremessado para trás entre elas. “Obrigado por isso", disse Alyss. "Desculpe", disse Evanlyn. Da próxima vez, jogou a água para a direita. Era uma tarde úmida, fria e desgastante. Em cada remada, os músculos do braço, ombro e cotovelos de Evanlyn, doíam por causa dos constantes movimentos repetitivos. Alyss permaneceu obstinada á sua tarefa de remar, apesar dos comentários ácidos, quando Evanlyn acidentalmente a encharcava. Evanlyn sentia uma crescente admiração pela força e resistência da alta moça. Alyss nunca parava, mantendo a embarcação firme atravessando as ondas. "Pelo menos", disse ela em um momento, as palavras dela saindo em um grunhido, "Este vento está nos ajudando a manter o caminho certo. Enquanto eu conseguir mantêlo vindo da esquerda pela frente, estamos mais ou menos no caminho da ilha.” "A menos que ele mude", disse Evanlyn, enviando outro balde ao mar. Houve um longo silêncio. Finalmente, Alyss falou novamente. "Não tinha pensado nisso. Melhor checar." O caiaque gradualmente diminuiu e parou e ficou ao sabor do vento, enquanto Alyss parou de remar e conferiu sua bússola. Demorou alguns minutos para que a agulha estabilizasse, então ela grunhiu de satisfação. “Não. O vento não mudou, estamos na rota. Vamos embora". Evanlyn usou a breve pausa para tirar a maioria da água para fora do barco. Ela assumiu o seu remo novamente e se juntou a Alyss movendo o barco para frente, recuperando rapidamente a distância que tinham perdido enquanto estavam paradas. Seus ombros estavam pegando fogo. “Sem mais gemidos,” ela falou sombriamente para si mesma -- ela mordeu o canto da boca para prevenir-se de fazer um som. De cabeça baixa, ela avançou com o remo, colocou-a na água e arrastou o barco para frente. Então, ela levantou a lâmina e atingiu a frente do caiaque do outro lado. A cada remada, os músculos do ombro e os músculos na parte inferior de seu braço, enviavam uma dor aguda através dela. Estava determinada a não parar antes de Alyss. Sem mais gemidos. Basta ir em frente.
As palavras não ditas suportaram o seu ritmo, formando um estranho mantra. ‘Pelo menos eu não estou com frio’, ela pensou. Apesar de seus pés e mãos estarem congelados, ela podia sentir o seu corpo suando. Ela remava determinada a não parar antes de Alyss. Agora, a luz estava desaparecendo como o sol de inverno afundando-se no horizonte. Seus pensamentos ficaram confinados à proa afiada do caiaque, e a sua frente, à água ia gradualmente tomando uma estranha cor. Sem mais gemidos. Basta ir em frente. Uma vez de cada lado. Esticar, abaixar, puxar e levantar. Esticar, abaixar, puxar e levantar. Ela odiava o lago. Odiava a água gelada. Odiava o remo. Odiava o Caiaque. Odiava tudo nesta viagem. E acima de tudo, ela odiava Alyss. "Nós conseguimos", disse Alyss. "Estamos chegando." Evanlyn poderia a ter beijado. Ela olhou para cima e lá estava a ilha, a uns cinqüenta metros de distância. É era maior do que aquela que tinham acampado na noite anterior e havia árvores aqui, onde na outra ilha só havia pequenos arbustos. Eles arrastaram o barco para cima de uma praia de cascalho, em seguida, caíram exaustas no chão, gemendo em agonia enquanto ficaram deitadas. Alyss deu-lhes alguns minutos de descanso antes que ela despertasse Evanlyn, sacudindo seu ombro. "Venha”, disse ela. "Temos que montar o acampamento antes de escurecer.” Enquanto subiu cansada, arrastando seus pés, ela decidiu que tinha perdoado Alyss rápido demais. Novamente a odiava. Mas ela também sabia que a menina estava certa. Cambaleando de cansaço, elas fizeram uma fogueira e armaram a tenda perto. Então elas tiraram suas roupas úmidas de suor e caíram sobre os colchonetes, puxando os cobertores à sua volta, cansadas demais para comer. O uivo longo e triste penetrou através da névoa de cansaço, que tinha embalado Evanlyn, fazendo-a acordar. Se tinha sido perto ou longe? Ela não tinha nenhuma maneira de dizer. Estava dormindo quando o uivo chegou. Talvez, ela pensou, ela tivesse sonhado. Em seguida descartou a idéia, sabia que era real. E foi perto. Soou como se estivesse apenas há alguns poucos metros de distância, da parte de trás da tenda. "Alyss?", Disse ela hesitante. Ninguém poderia estar dormindo com aquele barulho, pensou. "O que foi isso?” "Isso é o que eu quero saber. Parece um lobo. Há lobos nessas ilhas? "Bem, certamente não parecia um gatinho, não é?" Alyss jogou fora seus cobertores e agachou na pequena barraca, atrapalhando-se com suas coisas ao lado de sua cama. Lá fora, a fogueira que tinham armado antes de ir dormir, estava quase morta. A poucas chamas amarelas que cintilavam, refletiam sombras estranhas nas paredes da barraca. Evanlyn ouviu o silvo rápido de uma lâmina sendo desembainhada e viu Alyss com seu sabre na mão.
"Aonde você vai?“
"Lá fora para ver que barulho é esse”, Alyss disse a ela. Apressadamente, Evanlyn jogou fora seus cobertores e procurou pela penumbra sua própria espada. Ela calçou as botas, deixando-as desamarradas, e seguiu Alyss engatinhando para fora da tenda. "Oh querida,“ Alyss disse quando ela surgiu. Evanlyn se juntou a ela alguns segundos depois e ela apontou para o semi-círculo ao redor do acampamento, até onde a luz da fogueira alcançava. “Lobos”, Evanlyn disse. "É provável que ataque?” Alyss encolheu os ombros. "Eu não sei. Mas o meu palpite é que eles não vieram aqui apenas para passar o tempo. Pelo menos, o fogo parece mantê-los afastados.” Havia apenas um punhado de lenha a esquerda -- alguns ramos que haviam deixado para reacender o fogo na parte da manhã. Evanlyn jogou dois deles na pequena pilha de brasas em chamas. Por um momento, nada aconteceu. Em seguida, o intenso calor das brasas acendeu os dois novos ramos, lançando as chamas para cima. O semicírculo de luz aumentos alguns metros. Alyss olhou ao redor. Os lobos estavam do lado interno da ilha. O caminho para o caiaque e o lago, estava limpo. “Volte para a tenda", disse ela. "Pegue sua mochila. Vamos para o caiaque. "O caiaque? O que...?” Alyss cortou. "Você pode esperar aqui até que o fogo acabe, e conferir porque os lobos estão aqui", disse ela. "Vamos com o caiaque até o meio do lago e esperar amanhecer." “Lobos sabem nadar?" Evanlyn perguntou desconfiada, embora a idéia de Alyss parecesse lógica. Alyss encolheu os ombros. "Não tão rápido como eu posso remar quando eu estou apavorada", disse ela. "E se algum vier atrás de nós, podemos bater neles com os remos. Agora vamos nos mexer, a não ser que você tenha uma idéia melhor. Elas voltaram para a tenda. Ao fazerem isso, os lobos chegaram mais perto, mas ainda permanecendo no limite do semicírculo de luz. Lá dentro, elas enfiaram as roupas e seus equipamentos de volta nas mochilas. Em seguida, ainda carregando suas espadas na mão, saíram da tenda. Um grunhido surdo deu a volta no semicírculo, rodeado por criaturas cinza. A luz do fogo começou a ceder. "Não vire as costas para eles", disse Alyss. Cuidadosamente, elas se afastaram do local do acampamento para o Caiaque. Enquanto iam, dois dos lobos se levantaram e foram de encontro a elas. Alyss levantou sua espada e assobiou um desafio para eles. O aço refletiu a luz vermelha do fogo, brilhando ao redor do acampamento. Os lobos pararam. As garotas se afastaram novamente e os lobos mantiveram o ritmo em direção a elas. Evanlyn segurou na jaqueta de Alyss, e olhando por cima dos ombros, a guiou em direção do caiaque. "Você os vigia. E eu nos levo até barco", disse ela.
Alyss grunhiu em resposta. Ela temia que os lobos pudessem tentar dar a volta, se colocando entre as duas garotas e o barco. Mas os animais não tinham idéia do que era aquela forma longa e estreita. Na medida em que podiam ver, eles tinham essas estranhas criaturas presas contra a água. Eles pararam e Alyss podia ver o caiaque em sua visão periférica. “Ponha-o na água”, disse ela. "E suba a bordo. Evanlyn a soltou e começou a movimentar o barco, deslizando sobre as pequenas pedras para a água. Ela entrou na água só alguns metros, e esperou Alyss, que ainda mostrava sua espada para o lobo mais próximo. Evanlyn embainhou sua própria espada -- ela não ia arriscar furar o casco coberto de pele -- e sentou-se desajeitadamente no barco. Balançaram violentamente por alguns segundos, mas elas esperaram até o caiaque estabilizar. Colou sua espada no fundo e assumiu o remo. “Entre,” ela disse a Alyss, que enquanto se ajeitava no barco, espirrava água para todo lado. Os dois lobos que estavam no limite do lago, pararam hesitantes. Alyss ainda estava balançando as pernas para dentro do barco, enquanto Evanlyn já estava levando o barco para longe da praia. Um dos lobos jogou a cabeça para trás e uivou de frustração. "Eu acho que significa que não sabem nadar", disse Alyss. "Isso também significa que não vamos volta a terra", Evanlyn respondeu. Mas Alyss abanou a cabeça. "Eles vão embora quando amanhecer”, disse ela. "Vamos ter que voltar de qualquer jeito para pegar nosso equipamento de acampar. Pelo menos eles não vão querer nosso equipamento -- embora eles provavelmente vão comer toda nossa comida. "Que droga", disse Evanlyn. Eles remaram até cerca de cem metros da costa, em seguida, descansaram enquanto faziam um balanço da sua situação. Eventualmente o vento parou. Restou uma brisa suave - apesar de que foi suficiente para afastá-las da ilha. Evanlyn se lembrou de algo que havia visto há muito tempo atrás, quando ela e Will foram presos a bordo do navio de Erak, o Wolfwind. Ela amarrou uma corda a um peso e jogou por cima da proa, onde afundou na água ficando para trás enquanto o barco ia em frente. "É chamado de âncora", explicou. "Ela vai nos parar à deriva." Alyss ficou impressionado. "E você que se achava ignorante quando se tratava de barcos.” "Eu não me lembro de ter dito isso.” Evanlyn respondeu com uma careta. Alyss encolheu os ombros. "Ah? Bem, devo ter sido eu." Quando amanheceu, remaram de volta para a praia, cochilando na última hora de escuridão da manhã. Elas juntaram seus equipamentos de acampar, roupas e cobertores sobressalentes, que os lobos espalharam pelo chão, e também procuraram qualquer coisa comestível. Havia um saco de arroz aberto e derramado sobre a areia, mas com cuidado conseguiram o recuperar. Não havia nenhum sinal dos lobos. Mas as meninas sabiam que ainda estavam lá, as observando.
39
Halt e Will caminharam com cuidado pela beirada. Uma decisão sábia. A rocha estava molhada e brilhante, havia gelo em algumas partes. Cinquenta metros abaixo estava o chão do estreito e curvo vale que levava à Ran-Koshi. Mikeru ia à frente de todos, sem se importar com a incrível altura do precipício a sua direita. Passeava casualmente, às vezes mais rápido, ocasionalmente cortava caminho pulando de uma pedra à outra, todo o tempo olhando para trás pedindo pros outros andarem mais depressa.
- Ele é como um cabrito montanhês - Halt murmurou, e Will sorriu. - Ele cresceu nesse território - Mesmo não tendo nenhum problema com alturas, Will não conseguia acompanhar o jeito casual de Mikeru nesse caminho precário. - Cresceu mesmo - disse Halt - e tem uma natureza impaciente.
Desde seu sucesso em achar a passagem secreta que saia de Ran-Koshi, Mikeru passou seu tempo explorando as íngremes encostas e montanhas que cercavam a fortaleza, procurando novos segredos e caminhos escondidos. Na tarde anterior, aproximou-se de Will e Halt enquanto eles discutiam o progresso do treinamento dos Kikori. Com muito orgulho e prazer sobre sua mais nova descoberta.
- Halto-san, Wirru-san. Eu encontrei um posto de vigília. Podemos ver os homens de Arisaka de lá. Isso os interessou. Desde que derrotaram os Senshi no primeiro encontro, não conseguiram nenhuma informação nova sobre os movimentos de Arisaka. Halt estava considerando mandar um pequeno grupo de batedores pela passagem secreta para ver o que o lorde estava planejando. Não o fizera ainda, pois mandar um grupo pela passagem talvez revelasse a existência da passagem. Esse novo local era um meio mais fácil de observar o que Arisaka estava planejando. Mas a luz do dia estava quase terminando e era muito tarde para inspecionar a descoberta de Mikeru naquele dia. Concordaram em partir no outro dia.
Na manhã seguinte, logo após o café da manhã, o jovem Kikori estava esperando impacientemente para guiá-los. Ele correu para a parte leste do penhasco e gesticulou em direção ao alto.
- A trilha é lá em cima. Escalamos um pouquinho só. Halt e Will haviam contado a Horace sobre a descoberta e ele decidiu acompanhá-los. Mas olhou alarmado para a rocha. Mal conseguia perceber a beira, há uns 20 metros acima de suas cabeças, agora que Mikeru a indicava.
- Um pouquinho, a meu ver - ele disse - Isso é um pocão - Ele começou a se afastar da pedra, mas Mikeru pegou seu braço e deu um sorriso encorajador. - Escalada é fácil Kurokuma. Você consegue facilmente. - Pro inferno que eu consigo - Horace disse, enquanto se soltava de Mikeru - É pra isso que temos os Arqueiros. Eles escalam paredes de rocha e se arrastam por beirais estreitos e escorregadios. Eu sou um guerreiro treinado e muito valioso pra se arriscar nessas brincadeiras.
- Nós não somos valiosos? - Will perguntou fingindo insulto. Horace olhou pra ele - Temos dois de vocês. Sempre podemos arriscar perder um - disse firmemente.
Mikeru ainda estava em duvida sobre o que Horace disse - Kurokuma, do que você está falando? - São brincadeiras que os Arqueiros fazem. Elas normalmente envolvem fazer coisas que arriscam quebrar seu pescoço ou sua perna. Mikeru balançou a cabeça concordando - Vou me lembrar dessa palavra - ele disse - Brincadeiras. É uma boa palavra.
- Se a aula de linguagem do dia terminou - Halt disse – “podemos continuar andando?” Horace olhou com sarcasmo e apontou pro precipício - Por favor. Você primeiro.
A beirada era junta ao precipício, e gradualmente aumentava em altura conforme eles seguiam a trilha. Will estimou que estivessem perto da entrada do vale, mas qualquer visão do exército de Arisaka estava sendo escondida por trás de um paredão de rochas que bloqueava a trilha. Mikeru, vendo-os hesitar, foi em direção às rochas.
- Fácil! - ele disse – “Assim!” Ele se encostou contra as rochas, alcançando ao redor delas com o braço direito, mantendo-se seguro firmemente com o esquerdo. Procurou por alguns segundos, e obviamente achou um novo local para segurar-se do outro lado. Sem aviso, foi em direção a beirada, deixando seu pé esquerdo solto no ar enquanto seu pé direito procurava suporte do outro lado da rocha. Aí ele encaixou o pé esquerdo em uma fresta na rocha e se lançou ao redor da pedra para o outro lado, fora do campo de visão. Ouviram sua voz, alegre como sempre.
- Fácil! Bastante espaço aqui! Venham agora! Halt e Will trocaram olhares. Então Will se curvou como Horace. “A época antes da beleza” disse para Halt. Halt levantou levemente as sobrancelhas “A pérola antes do porco” ele respondeu, e foi em direção a rocha, repetindo os gestos de Mikeru. Após alguns segundos procurando, se lançou ao redor da rocha seguindo o jovem Kikori. Will andou em direção a rocha. Olhou para baixo, e ignorou a queda. Sabia que se os outros conseguiram fazer isso, ele também poderia. Sempre fora um excelente alpinista.
Passou sua mão direita pela rocha, apalpando a face da pedra pelo outro lado. Uma mão gentilmente o guiou para um suporte na pedra. Caminhou em direção ao precipício, contornando a rocha com sua perna direita. Quase imediatamente, encontrou uma beira
horizontal de uns cinco centímetros forte o suficiente para seu pé se firmar. Moveu seu pé esquerdo para a fresta na rocha e estava livre para alcançar com sua mão direita, depois a esquerda, balançando seu corpo ao redor da rocha, como os outros haviam feito. Os encontrou esperando por ele em uma parte larga da trilha que estavam seguindo, uma plataforma espaçosa na rocha. Julgando pelas marcas de perfuração visíveis na superfície, a plataforma fora construída para servir de posto de vigília . E ali, abaixo deles, estava o acampamento Senshi. Franziu as sobrancelhas - Não pode haver mais de 150 deles. Mas Halt apontou mais ao sul - A parte principal está lá. Agora que prestava atenção, Will podia ver um acampamento muito maior montado ao abrigo das árvores, a quase dois quilômetros de distância. Entre aquele ponto e a entrada do vale, o chão era uma planície alta e vazia, sem proteção nenhuma, constantemente varrida pelo vento incessante. - Não é um lugar muito confortável - Will disse, apontando para o menor dos grupos. Halt concordou - Não faz sentido Arisaka manter todos seus homens - e a si mesmo - exposto aqui. Deixou uma força grande o suficiente para nos prender aqui, enquanto os demais têm a proteção das árvores.
Will estava olhando com atenção o pequeno acampamento na entrada do vale. Apenas alguns dos homens estavam andando por ele. Os que ele conseguia enxergar estavam todos enrolados em grossas camadas de roupas e peles. Provavelmente a maioria estava aconchegada no interior de suas barracas, suas mentes fracas, com frio e ressentidos. Em algum tempo, tudo que pensariam seria em encontrar abrigo do vento e do frio. Isso significava que estariam prestando pouca atenção na tarefa de vigiar. Afinal, ninguém esperava que Shigeru e seus homens saíssem da proteção na qual estavam - a não ser que fosse uma tentativa de fuga. E alguns vigias podiam manter isso sob controle. Como Halt disse, eles eram a rolha na tampa da garrafa, colocados ali para evitar que o Imperador fugisse.
- Eles estão meio vulneráveis, não? - Will disse. Halt olhou para ele - Vulneráveis ao tempo? Will mordeu o lábio pensativo - Sim. Mas também a nós, se os atacássemos. Halt estudou as fileiras de barracas abaixo sem falar nada. Will está certo, ele pensou. Os homens no acampamento estariam preocupados em manter-se aquecidos. A julgar pelo que ouvira de Arisaka, os sobreviventes do ataque anterior provavelmente estariam ali como punição por terem falhado.
- Você desceria com homens pela Passagem de Mikeru? - ele perguntou. O jovem Kikori olhou e sorriu à menção de seu nome. Gostou do fato de terem nomeado a passagem secreta com seu nome. Torcia para que esse novo local fosse nomeado Vigília do Mikeru.
- Sim - respondeu Will - A saída é na parte mais distante desse penhasco que nós estamos. Eles não estariam olhando nessa direção. Poderíamos descer com os homens à noite, organizá-los na saída, fora do campo de visão, e atacar o acampamento antes que eles saibam que estamos ali.
Os olhos de Halt seguiam o terreno conforme Will descrevia a cena. Concordou - Trinta ou quarenta Senshi podem fazer um grande impacto – sugeriu - Particularmente em um ataque surpresa - Muitos dos Senshi feridos no ataque anterior já haviam se recuperado o suficiente para lutar novamente. Poderiam facilmente juntar uma força desse tamanho. Mas Will balançou a cabeça em desacordo.
- Eu estava pensando em algo como cem Kikori - ele disse. Houve um momento de silêncio. Halt não estava surpreso. Apesar de ter sugerido o uso dos Senshi, tinha a
sensação de que era a isso que Will se referia. A idéia tinha muito mérito. Mas Halt sentia que deveria apontar as possíveis falhas, para ter certeza de que seu antigo aprendiz não estava entusiasmado demais para testar suas novas táticas que havia ensinado aos Kikori.
- Eles não são treinados em batalha - ele disse - Não importa o quanto eles tenham treinado, nada toma o lugar da experiência de verdade.
- Mais uma razão para o ataque com eles - Will disse - É uma oportunidade perfeita para eles adquirirem a experiência necessária. O inimigo estará com frio e desmoralizado, e não estará esperando um ataque. E são apenas uns cento e cinqüenta deles. Não estaremos enfrentando a massa do exército de Arisaka. Atacaremos forte e rápido, e retornar com os Kikori pela passagem enquanto os homens de Arisaka imaginam o que está acontecendo. Se o plano funcionar, daremos aos Kikori confiança em suas habilidades e técnicas.
- E se não funcionar? - Halt disse. Will olhou nos seus olhos - Se não funcionar agora, com todas essas vantagens a nosso favor, estaremos em uma grande encrenca quando a primavera chegar e enfrentarmos cinco vezes mais Senshi. Desse jeito, podemos deixar Arisaka sangrando, reduzir o número de seus homens um pouco e mostrar aos Kikori que eles podem enfrentar os Senshi em batalha. E essa é, provavelmente, a parte mais importante de todas.
- Acho que você está certo - Halt disse - Quando quer executar o plano? - O mais cedo possível - Will disse - Não faz sentido demorar mais. Uns dias a mais de treino não farão diferença para os Kikori nesse momento.
40
Evanlyn olhava para os lados do barco enquanto seguiam em direção à costa. A água estava limpa e pura e parecia ter menos de 30 centimetros de profundidade. Mas aprendera nos últimos cinco dias quão traiçoeira a água era. No terceiro dia, achando que a água era rasa, saíra do barco e ficou flutuando com água até a cintura. Somente com um enorme esforço ela não caiu e submergiu completamente. Suas roupas haviam secado em frente ao fogo que haviam feito. Desde o encontro com os lobos, havia se tornado um procedimento padrão manter o fogo aceso a noite inteira e manter alguem acordado sempre em vigília. Significava que cada uma teria menos tempo de sono, mas quando dormissem seria mais tranquilo, sabendo que a outra estaria acordada vigiando e mantendo o fogo durante a noite. Se era por causa do fogo ou não, não tiveram outras incomodações desde a segunda noite. Claro, Evanlyn pensou que talvez não houvesse lobos nas demais ilhas.
Agora, testando a profundidade com o remo, satisfeita ao ver que a profundidade da água não passava dos joelhos. Jogou as pernas sobre a lateral do barco e levantou-se rapidamente, guiando a proa do caiaque em direção a praia. Aprenderam a atracar o barco sem ninguém nele. Na terceira noite, deixando o barco encostar-se à areia e pedras do fundo, abriram um buraco na proteção. Alyss assistiu enquanto Evanlyn costurava um pedaço de proteção sobre a parte danificada para evitar que entrasse água, cobrindo a costura com cera para vedar.
'Muito elegante,' ela disse, aprovando. Evanlyn sorriu e balançou a agulha. 'Corte e costura é uma das habilidades consideradas dignas de uma princesa, ' ela respondeu com um leve toque de sarcasmo na voz. 'Nunca achei que fosse ser útil.'
Os olhos de Alyss estavam nela enquanto ela testava a profundidade da água e saía do barco. Alyss estava desenvolvendo uma relutante admiração pela habilidade da princesa de aprender e se adaptar. Alyss havia sido dura com ela enquanto ela aprendia as
técnicas de se navegar com um barco pequeno. Um pouco disso era pela antipatia que sentia em relação à Evanlyn, mas principalmente por uma opção prática. .
Alyss sabia, por conversas com Will e Lady Pauline, e por suas próprias observações, que Evanlyn, corajosa e esperta como era, tinha um lado petulante. Inevitável, talvez, em alguem criada como princesa, em um ambiente onde existem pessoas sempre dispostas a realizar todo e qualquer desejo seu. Mas nessa viajem, não existiriam serviçais ou passageiros. Alyss sentira que se ela tivesse mostrado simpatia pelos músculos doloridos de Evanlyn, ou deixado passar as ridículas tentativas de remar que ela fez, Evanlyn poderia se sentir inclinada a se aproveitar da bondade de Alyss. Ao invés disso, o sarcástico 'Obrigado por isso. ' que Alyss repetia sempre que Evanlyn cometia um erro a impelia a fazer melhor, tentar mais, mostrar pra sua alta e autosuficiente colega de viajem que, princesa ou não, ela podia fazer o trabalho que haviam dado a ela da melhor forma possível.
Com esses pensamentos em mente, Alyss quase perdeu o tempo para sair do barco. Sabendo que isso resultaria em um comentário sarcástico de Evanlyn, pois sabia que tudo que ela queria era uma desculpa para responder, ela jogou as pernas sobre a lateral e ajudou a princesa a levantar o barco e levá-lo até a praia, para fora da água.
Largaram o barco e se alongaram para soltar os musculos enrijecidos. Alyss deu alguns passos, olhando ao redor da pequena praia, e as arvores crescendo mais além.
“Então é isso,” disse. Finalmente haviam chegado ao outro lado do enorme lago. Essa era a província onde Lord Nimatsu governava os misteriosos Hasanu. Havia neve no chão aqui, mas não nas quantidades que haviam visto em Ran-Koshi. A altitude era menor, e a área era protegida dos sistemas de tempestades que vinham do mar e jogavam neve e chuvas nas montanhas atrás deles. Aqui, em uma área protegida pelas mesmas montanhas, o vento era mais gentil, mais temperado. E suspirava suavemente pelos galhos das árvores que havia ao redor.
'Não parece ter ninguém por perto, ' Evanlyn comentou. 'Não significa que não tem ninguém aqui, é claro.' 'É claro. ' Um nó de apreensão se formou no estômago de Evanlyn enquanto ela ficava parada nesse quieto e aparentemente deserto local.
Haviam interrogado Shigeru e seus conselheiros sobre os Hasanu, mas, na verdade, não aprenderam muita coisa. Alguns atestavam que os Hasanu eram sobreviventes de uma raça de meio humanos meio macacos que sobreviveram nesse território remoto. Outras, mais assustadoras, teorias diziam que os Hasanu eram espíritos das árvores e florestas e o reclusivo Lord Nimatsu era um feiticeiro que os dominava. Outros 'fatos' que haviam compilado se contradiziam.
Alguns diziam que os Hasanu eram tímidos e nervosos ao falar com estranhos, outros diziam que eram ferozes e implacáveis matadores. Lendas antigas davam crédito à última opção. Diversas estórias falavam sobre sua ferocidade em batalha. Dizem que eles nunca foram derrotados. Esses contos, claro, eram de centenas de anos atrás e ninguém pode afirmar ter visto um Hasanu, ou conhece alguém que viu. Apesar de haver os que dizem conhecer alguem que conhece alguem que afirma conhecer alguém que viu um. Ao final de uma longa e confusa reunião, Shigeru mandou seus assessores embora e sentou-se com as duas garotas para lhes dar uma opinião mais justa sobre essas estranhas pessoas.
'Muito é dito sobre os Hasanu, ' ele às disse. 'E muito do que é dito é exagero. Isso é o que eu sei, sem rumores, conjecturas ou histeria.' 'É dito que eles são uma raça alta e poderosa e relatórios do passado dizem que eles são cobertos com longos e vermelhos cabelos por todo o corpo. Isso pode ser verdade. Vivem em um clima frio e seus corpos podem ter se adaptado dessa maneira ao longo dos anos. Mas o que eu sei que mais importa, e no que todas as lendas e contos concordam, é que eles são destemidos nas batalhas e tem um intenso senso de lealdade ao seu Lord.
No momento, esse é Lord Nimatsu. 'Essas qualidades indicam lados positivos de suas personalidades, transformando em mentiras as insanas histórias sobre sua sede de sangue com estrangeiros. Leais e destemidos, para mim, não equivalem a selvagens e sedentos por sangue.' 'Lord Nimatsu, mais de uma vez, tem confirmado sua lealdade a mim. Isso, eu creio, será a chave para nossas negociações com os Hasanu. Eles são leais a Nimatsu, e, por extensão, são leais a mim - ou pelo menos ao conceito de um Imperador. Quando chegar à província de Nimatsu, seja paciente. Espere que eles façam contato. Eles farão, e farão sob ordens de Nimatsu. Quando ele souber que estão agindo em meu nome, estarão seguras.” '
Shigeru tirou seu anel de sinete e entregou a Evanlyn. 'Levem isso com vocês. Quando Nimatsu ver isso, saberá que eu as enviei. Isso garantirá sua segurança. Quando fizerem contato com ele, acredito na sua eloquência, Ev-an-in-san, para convencê-lo a nos ajudar. Mandarei uma carta com vocês, claro. Mas na minha experiência, é a palavra dita e a integridade do mensageiro que tem mais poder nesses assuntos. Evanlyn pegou o anel e colocou em seu dedo indicador. 'Gostaria de poder aconselhá-las melhor nesse assunto,' Shigeru disse, suspirando. 'Mas o sucesso ou fracasso dessa missão dependerá exclusivamente das suas habilidades e recursos. 'Sorriu para as duas e adicionou: 'E não consigo imaginar mensageiros mais merecedores ou capazes.'
'Então,' Alyss disse, olhando ao redor para as árvores. 'Como nós achamos os Hasanu?' 'Não se preocupe com isso. Lembre-se do que Shigeru disse. Os Hasanu nos acharão.' Tiraram suas coisas do caiaque e montaram acampamento. Alyss montou a barraca enquanto Evanlyn juntava pedras para uma fogueira e depois lenha. Estava usando uma faca saxônica - presente de Halt há alguns anos - para cortar um grande pedaço de madeira morta em partes para carregar quando teve a sensação de estar sendo observada.
Em algum lugar nas sombras das árvores, alguém, ou alguma coisa, estava observando. Tinha certeza disso. Parou um momento o que estava fazendo, depois continuou, resistindo a quase impossível vontade de virar e olhar para as árvores.
Olhou para Alyss para ver se ela havia percebido alguma coisa. Aparentemente não. A garota estava apertando as cordas da barraca, testando a resistência delas para ver se estava bem armada.
Evanlyn juntou a madeira casualmente e andou até o círculo de pedras que ela havia feito para a fogueira. 'Estamos sendo observadas,‘ ela disse baixinho. Alyss parou por um momento, depois testou a corda uma ultima vez, limpou as mãos satisfeita e foi ajudar Evanlyn a separar a madeira para a fogueira. Enquanto estavam fazendo isso disse 'Você viu alguém?' 'Não. Foi mais uma sensação do que qualquer outra coisa. Mas tenho certeza que tem alguém nas árvores. ' Ela meio que esperava uma resposta dela. Mas Alyss nunca foi de negar o valor de um instinto.
'Então continuamos a fazer o que estávamos fazendo, ' Alyss disse. 'Vamos fazer um chá. E continuar agindo normalmente.' Mesmo assim, Evanlyn percebeu, ela olhou rapidamente na direção em que sua espada estava no topo de sua mochila na entrada da barraca.
Alguns minutos depois, sentaram-se em frente à fogueira, uma de frente para a outra, tomando chá. Alyss de frente para o lago, deixando Evanlyn para olhar as árvores. Evanlyn havia sentido a presença do estranho, então, seria melhor que ela olhasse as árvores, pois teria uma maior chance de perceber quem quer que seja. Ou o que quer que seja.
Enquanto ela tomava o chá, seus olhos moviam-se de um lado para o outro por cima da xícara. Sua cabeça nunca se movia. A alguns metros de distância, era impossível perceber que estava procurando alguma coisa. Deu um suspiro satisfeito e largou a xícara no chão. 'Alguma coisa se moveu, ' disse. Um movimento muito sutil chamou sua atenção. Fez tudo que pode para não encarar a direção de onde veio o movimento, conseguiu por um esforço enorme.
'Consegue vê-lo agora?' Alyss perguntou, mantendo o tom casual de conversa. 'Não. Ele se deitou no chão. Espere. La vai ele de novo. Não consigo perceber os detalhes. São apenas movimentos embaixo das árvores. O que quer que seja está se movendo para perto da linha das árvores. ' Elas esperaram, nervosas. Mas não houve mais sinais de movimentação. Alyss deu de ombros. 'Ou não está se movendo, apenas nos observando. Bem, não podemos ficar sentadas a tarde inteira. Alguma idéia?'
Evanlyn se levantou, cuidando para não fazer movimentos súbitos, e foi em direção a sua mochila. Revirando a mochila, encontrou o que procurava - um dos poucos pacotes de comida que os lobos não pegaram quando atacaram o acampamento dias atrás. Era um pequeno pedaço de papel engordurado, contendo algumas frutas cristalizadas - maçãs e damascos. Eram um doce muito apreciado pelos Kikori e Evanlyn aprendera a gostar também. Havia em torno de uma dúzia ainda. Esperava que fosse o suficiente. Voltou para onde Alyss estava a observando curiosamente.
'Tenho uma idéia, ' ela disse. 'Nosso amigo invisível pode ficar mais a vontade para se mostrar se não houvesse duas de nós.' Viu que Alyss ia se opor a idéia e levantou uma mão para a impedir. 'Não, me escute. Estou sugerindo que você pegue o caiaque e vá uns 100 metros pra longe da costa e espere lá. Vou sentar ali, perto das árvores, e ver se os Hasanu fazem contato.' Mostrando o pacote de doces. 'Vou usar isso pra começar a conversa. ' Alyss franziu a testa pensativa. 'Uma das coisas que as pessoas concordaram, ' ela disse, 'é que os Hasanu gostam de doces.' 'E esses se encaixam na descrição. Veja bem, se você sair - apesar de estar perto - e eu sentar mais próxima de onde eles estão, é um sinal bem simples não? Queremos fazer contato. Existe uma boa chance de nosso amigo nas árvores querer sair.'
'Existe também a chance dele se sentir encorajado a te desmembrar parte por parte, ' Alyss disse e Evanlyn concordou desconfortável. 'Essa é a parte do meu plano que eu não gosto muito. Mas acho que temos que correr o risco e apressar um pouco as coisas. De outra maneira, poderemos ficar sentados aqui por dias. E convenhamos, se eles quiserem nos desmembrar parte por parte, a sua presença aqui não faria muito para impedi-los.'
'Bem, obrigado pelo voto de confiança, ' Alyss respondeu. 'Só uma coisa, ' Alyss adicionou. 'Considere minha posição um instante. Seria um bocado estranho eu retornar
para Araluen e falar ao seu pai que eu assisti um monstro de Nihon-Jan te despedaçar membro por membro. Não vai ser bom para minha carreira. '
Percebendo um novo tom de camaradismo Evanlyn deu um sorriso. 'Afinal de contas, sua carreira é extremamente importante para todos nós, ' ela disse. 'Manterei isso em mente. Agora anda logo!'
Alyss se levantou, pegou sua espada, um cantil de água e uns pedaços de coelho defumado que Evanlyn matara usando sua funda no dia anterior e foi em direção ao barco. Evanlyn a seguiu. Tiraram o remo de Evanlyn do barco - Alyss não o usaria - e entrou na água, levantando o caiaque e o levando junto. Assim que ele flutuou na água, Alyss entrou no caiaque e remou suavemente, fazendo o barco deslizar pela calma água. Olhou por sobre os ombros em direção a Evanlyn. 'Tome cuidado, ' ela disse. 'Claro,' Evanlyn respondeu, abanando a mão.
Andando pela beira da praia, achou um tronco de árvore caído perto da linha das árvores que serviria como ótimo local para sentar e esperar. Sentou-se, tirou o pacote de doces do bolso e colocou meia dúzia de doces no tronco ao seu lado. Pegou um pedaço e, pois na boca, sentindo sua saliva aumentar enquanto a mistura de azedo com doce surtia efeito. Deu um suspiro exagerado de satisfação, fazendo barulho com a boca diversas vezes para indicar o quanto ela estava gostando do doce.
E esperou. Pareceu uma eternidade, quando na verdade foram apenas dois ou três minutos, mas seus sentidos aguçados captaram um breve som - um movimento nas árvores as suas costas e a esquerda. Com os sensos tão aguçados quanto uma corda de violino, se esforçou para ouvir mais. Seria isso mais um movimento? Parecera mais perto que o primeiro. Ou seria o vento? Olhou para sua direita, examinando as árvores concentradamente. Não estavam se movendo. Não, não havia vento. Lá estava o som de movimento de novo! Os cabelos na sua nuca se arrepiaram e ela podia sentir arrepios se formando nos seus braços. Alguma coisa estava ali. Alguma coisa estava atrás dela, se movendo para mais perto.
Todos os nervos do corpo pediam para que ela se levantar e ver quem era. Todos seus nervos gritavam para que ela virasse e visse o que era. Essa espera, sabendo que alguma coisa está ali - não, achando que alguma pessoa está ali - era quase intolerável. Mas de alguma maneira, ela conseguiu. Engoliu o pedaço de fruta, forçando-a a passar pela sua garganta, subitamente seca. 'Mmmm, ' disse apreciando. 'Tava muito bom.' Colocou outra na boca, fez uma exclamação apreciando, e então, como quem não quer nada, pegou outra fruta e a colocou meio metro mais longe, depois gesticulou na direção da fruta. 'É para você,' ela disse, depois repetiu um pouco mais baixinho. 'Pra você.'
Definitivamente havia alguma coisa atrás dela. Não tinha duvidas disso. Algo grande estava a menos de dois metros de distância. Não sabia como, mas sabia que era grande. Não escutara nada além do roçar de folhas e galhos. Mas havia uma grande presença ali, como se a força de vida do que quer que estivesse ali tivesse se insinuado nos seus sentidos. Percebeu que estava segurando a respiração. O coração estava batendo muito rápido no seu peito - tão alto que ela tinha certeza que o que quer que estivesse atrás dela podia ouvir.
Começou a cantar - uma das músicas calmas que ouvira Will cantar enquanto tocava sua mandola. 'Oh Annalie dançando. Um raio de luz caiu nela enquanto eu assistia Annalie dançando e eu não vi Annalie em algum lugar antes?'
A voz dela variava com a tensão. Acertava e errava as notas tentando cantar. Eu pareço aterrorizada, pensou. Mas talvez isso... O que quer que seja... Talvez pense que sou somente uma cantora terrível. Respirou fundo para o próximo verso, mas ele nunca veio. Do canto do olho, percebeu um movimento. Uma mão enorme, com grandes unhas, parecidas com garras e coberta em grossos pelos ruivos, passou por sobre seus ombros e pegou um doce no tronco.
41
Os homens selecionados para o ataque na hyaku foram colocados no exercício de solo em dois grupos de cinqüenta. Organizados em três grandes fileiras, os Kikori pareciam impressionantes. A fraca luz do sol fez as pontas de suas lanças brilharem, abrangendo também o ferro que reforçava as tiras em seus escudos e seus elmos de couro. As linhas da sua formação foram em uma linha estreita tal como se encontravam antes de Will, Horace, Halt e Selethen. Horace e Selethen comandariam um grupo de cinqüenta cada um - ou uma goju, como eles chamavam a formação. Will e Halt ficariam atrás e permaneceriam no comando geral - embora Halt tivesse cedido essa responsabilidade ao Arqueiro mais jovem. - Eles são seus homens - disse ele - Você os treinou e os homens merecem serem liderados por quem eles conhecem e confiam. Will assentiu com a cabeça nervosamente. Ele sabia que Halt estava certo. Como sempre, mesmo assim, ele estava contente por ter o experiente Arqueiro de barba grisalha por perto, se necessário. Ele olhou para onde Horace estava sentado observando e acenou. O jovem guerreiro respirou fundo e, em seguida gritou uma ordem com um toque de emoção. - Hyaku! Os homens estavam de pé em posição de repouso, com os pés afastados e as suas lanças soltas, os eixos repousavam sobre a terra, estendidos para frente com o braço
esticado. No comando de aviso , juntaram os pés e as lanças foram postas a posição vertical. - Ordem de Abertura! - Horace gritou. A linha de frente deu dois longos passos para frente. A de trás deu dois para trás. As três fileiras agora estavam separadas por um espaço de dois metros, deixando espaço para os seus comandantes poderem passar e inspecioná-los. Este foi o trabalho de Horace e Selethen. Eles selecionaram um goju cada e moveram-se rapidamente ao longo das fileiras, verificando os equipamentos, certificando-se de cada homem ter três espadas curtas num arranjo em seu quadril direito, verificando escudos para qualquer sinal de afrouxamento ou desgaste das tiras, olhando as pontas das lanças para ver se elas estavam firmemente ligadas e brilhando por causa de um recente polimento. - Parece bom - Halt disse calmamente. Horace e Selethen estavam mais da metade da sua inspeção e até agora, nenhum tinha parado para repreender qualquer um das tropas pela falta ou equipamento defeituoso. Obviamente, a inspeção foi quase perfeita. Horace parou uma vez para corrigir um capacete de coro de um soldado, puxando a pulseira de queixo um pouco mais para fixá-la com mais firmeza, porem isso foi tudo. Os Kikori tinham sido um desafio esplendido e Will sentiu um ingênuo senso de orgulho deles. Não muito tempo atrás, eles tinham sido simples trabalhadores de madeira. Agora eram soldados, com um orgulho de soldado, orgulho na sua própria capacidade e na sua própria unidade. - Tropas inspecionadas e prontas - Horace reportou. Will concordou – Junte-os e coloque-os em repouso, Horace. O guerreiro alto deu as ordens e as fileiras da frente e de trás voltaram a suas posições originais. Cem pares de pés bateram no chão e cem pontas de lanças foram postas a frente como se fossem uma só. Will deu um passo à frente, aproximando-se das fileiras de forma que elas pudessem ouvi-lo mais claramente. Ele estudou os rostos sob os capacetes de couro e ferro. Os homens eram sombrios e determinados. Mas havia um olhar de excitação moderada em muitos dos olhos que olhavam para o jovem arqueiro. Não era apreensão ou medo, e ele estava gostando do que via. - Goju Kuma! Goju Taka! – Will disse, e agora todos os olhos estavam voltados para ele. Eles nomearam os dois goju para cada um dos lideres. Goju Kuma era o Urso de cinqüenta, liderado por Horace, que agora todos conheciam por Kurokuma. Goju Taka reflete o apelido que tinha sido dado a Selethen. Taka significa "falcão", e Will assumiu que o nariz proeminente de Selethen tinha alguma semelhança com o bico curvo de uma ave de rapina. - Amanhã será hora de colocar todo o seu trabalho em prática - ele continuou - Amanhã será o dia que vocês darão o primeiro ataque do Imperador naquele traidor do Arisaka!
Houve um grunhido de raiva através das fileiras quando ele disse o nome do odiado líder rebelde. - Lembrem-se de seu treinamento. Lembrem-se do que temos praticado. Se vocês fizerem isso, vocês vão conseguir uma grande vitória para o seu Imperador. Mas vocês devem se lembrar de sua formação. Olhe ao seu redor. Olhe para os homens aos seus lados e atrás de vocês! Estudem seus rostos. Ele fez uma pausa enquanto cem cabeças viravam, enquanto os olhos faziam contato e acenavam com a cabeça para reconhecimentos. Quando eles se estabeleceram novamente, ele continuou. - Estes homens são os seus camaradas. Estes são os seus irmãos. Estes são os homens que lutarão com vocês. Estes são os homens de sua confiança que ficaram ao seu lado. Estes são os homens que confiam em você manter-se firme ao lado deles! Sejam dignos de sua confiança! Novamente, um grito de acordo do fundo da garganta percorreu as fileiras de homens armados. Will sentiu que disse o suficiente. Ele não teria tempo para um longo, e detalhado discurso de comando na véspera da batalha. Eles geralmente eram feitos para aumentar o senso de auto-importância do comandante. Will tinha mais uma coisa que queria lembrá-los. - Soldados Kikori! - Ele gritou – De qual maneira nós lutamos? A resposta veio com um rugido das fileiras. - Issho ni! - Disseram-lhe - Juntos! - De qual maneira nós lutamos? - Ele perguntou ainda mais alto, e a resposta voltou mais alto também. - Issho ni! - De qual? - Perguntou-lhes mais uma vez, e desta vez o vale sentiu a resposta. - Issho ni! Num impulso, o jovem arqueiro sacou sua faca Saxônia e a brandiu acima de sua cabeça. Os dois Goju responderam, segurando suas lanças para cima, para logo em seguida bate-las no chão congelado com um barulho resultante de madeira e metal. Atrás dele, uma voz profunda e penetrante, gritou apenas uma palavra. - Chocho! Os cem soldados na frente dele responderam instantaneamente, transformando o grito em um canto. - Chocho! Chocho! Chocho! Intrigado, e um pouco surpreso, Will se virou para ver que Shigeru se aproximou, enquanto ele falava. O Imperador estava vestido com a armadura completa,, , mas sem
capacete. Suas duas katanas estavam guardadas em seu cinto, com suas longas empunhaduras saliente antes dele, como os chifres cruzados de um animal perigoso. Shigeru continuou a liderar o canto, colocando a mão no ombro de Will. - Chocho! Chocho! Chocho! - Os homens gritavam e, vagamente, Will percebeu que isso de alguma forma aplicava-se a ele. Então, Shigeru ergueu a mão para que houvesse silencio e as vozes que rugiam instantaneamente cessaram. Will se desvencilhou e recuou se diferenciando, pois percebeu que Shigeru queria dirigir-se às suas tropas. Horace com um grande sorriso quando Will se juntou a ele. - Que diabo é Chocho? - Will sussurrou. - É você. É do que os homens chamam você - disse ele. E acrescentou: - É um termo de grande respeito. Atrás deles, Halt assentiu como confirmação - Grande respeito- ele concordou. Houve uma pequena sugestão de um sorriso no canto da boca dele e Will soube que ele iria levar muito tempo para descobrir o significado da palavra. Mas ele não teve mais tempo para pensar sobre isso quando Shigeru começou a falar. - Kikori, estou honrado de tê-los como meus soldados. Estou orgulhoso de seu compromisso, de sua coragem e de sua lealdade. Vocês têm a gratidão de seu Imperador. Houve um silêncio em torno do local na hora. Eles eram simples cortadores de madeira, camponeses para quem, até há pouco tempo, o Imperador havia sido um conceito distante e muito reverenciado, acima do seu alcance e de sua estação. Agora, ele vivia entre eles e falava diretamente com eles em termos de grande respeito. Suas palavras eram simples, mas a sinceridade por trás delas era muito óbvia e os Kikori sentiram seu coração inchar por causa do orgulho. Tal foi o carisma deste homem que eles morreriam por ele. Shigeru pareceu sentir isso e continuou. - Soldados! Eu sei que vocês irão morrer em serviço. Houve um rugido instantâneo de assentimento e ele imediatamente levantou as mãos e a voz para sufocá-lo. - Mas eu não quero isso! - A gritaria se extinguiu e os rostos que o olharam estavam confusos. - Eu quero que vocês vivam ao meu serviço! - Ele gritou e eles rugiram em aclamação, mais uma vez. Quando o som de suas vozes foi morrendo, ele continuou. - Chocho lhes ensinou uma nova forma de luta. Ele ensinou-lhes o código de Issho ni! Se vocês forem fieis a este código, vocês vão ter uma grande vitória. - Fez uma pausa. - E eu vou estar lá para vê-la! Porque estou indo com vocês! ' Agora, os aplausos foram ensurdecedores. Shigeru avançou para caminhar entre os seus homens, e eles romperam as fileiras para rodeá-lo, aplaudi-lo, inclinando-se para ele, estendendo a mão para tocá-lo.
- O quê? - Will disse - Do que ele está falando? - Ele tentou seguir o Imperador, para atraí-lo de volta. Uma mão segurou seu braço e ele virou-se para ver o rosto de Halt. Seu antigo mentor estava balançando a cabeça. - Ele está bem, Will. Ele tem que estar lá. - Mas, se formos vencidos! Se nós falharmos... Ele vai ser pego por Arisaka! - Will disse impotente. Halt assentiu. - Isso é certo. Mas ele está disposto a apostar nestes homens. Ele acredita neles. Você não? - Bem, sim, claro. Mas se ele está lá... - Se ele estiver lá, eles vão lutar para mantê-lo seguro. Você sabe que eles podem vencer o Senshi. Eu e Shigeru sabemos disso. As únicas pessoas que não têm certeza são os próprios homens. Oh, eles estão prontos aqui e agora. Mas quando a crise chegar, eles vão enfrentar um inimigo que nunca foram dignos de enfrentar antes. O nosso maior perigo amanhã é que, diante de guerreiros que eles sempre acreditaram que eram superiores, eles percam a confiança. E se o fizerem, eles vão falhar. Eles vão lutar bravamente. Mas eles vão morrer bravamente - porque eles acreditam que não têm o direito de ganhar. - Mas... - Will começou, mas Horace interrompeu. - Halt está certo, Will - disse ele - Se eles sabem que Shigeru esta lá e que ele confia neles, eles terão maior confiança em si mesmo. - Ele pode ser morto ou preso - protestou Will. - Não - disse Horace - Seus homens não vão deixar isso acontecer. Ele sabe que tem que estar lá. - Ele é um grande homem - Selethen disse calmamente - O tipo de homem que estaria orgulhoso de servir. - Eles pensam que sim - Halt disse, apontando para onde a cabeça careca de Shigeru pode ser vista, movendo-se entre capacetes e pontas de lanças - E eles vão precisar desse tipo de orgulho, se eles vão ganhar - Fez uma pausa, assistindo a cena no vale através dos olhos entreabertos. - E eles estão indo ganhar - acrescentou. Ele viu que Will ainda estava em dúvida sobre a idéia e bateu nas costas dele com alegria - Experimente ter alguma fé em seus homens, Will. Pelo menos tanto quanto o Imperador tem. - Não há nenhuma maneira que eu posso parar com isso? - Will perguntou desesperadamente e desta vez foi à vez de Horace dar um tapa no seu ombro. - Claro que sim. Basta descobrir uma maneira de dizer a um Imperador que você o proibiu de fazer algo que ele estava determinado. Isso deve ser fácil para alguém com uma personalidade como a sua.
Seus três amigos sorriram para ele. Então Halt sacudiu a cabeça em direção ao riacho estreito que leva à passagem secreta. - Vamos indo. Amanhã temos uma batalha para vencer.
42
Evanlyn, literalmente de cabelo em pé. Controlava um impulso de pular sobre seus pés e se virar, confrontando a criatura desconhecida atrás dela - embora a lógica dizia-lhe que devia ser um dos Hasanu. Sua música tinha acabado, quando uma mão entrou no seu campo visual. Com uma voz trêmula e incerta, ela começou a cantar bem baixinho. "Rodou e rodou e se foi, suavemente pisando no círculo do sol..." Ela tinha certeza de que podia ouvir o som da mandíbula fechar atrás dela. Ela pegou outro pedaço de fruta e colocou em sua boca. Então, teve uma idéia. Ela escolheu um segundo pedaço e o colocou em cima da lenha. "Para você," ela disse, e continuou a cantarolar a melodia da música. Após alguns segundos, a mão apareceu novamente e pegou a fruta. Ela terminou sua parte e estalou os lábios em apreciação. "Mmmm. Bom.” "Mmmmmmmm.” O som ecoou por trás dela, junto com o estalar dos lábios. Ela respirou profundamente e colocou outro pedaço de fruta ao seu lado. “Para você.” Mais uma vez, a mão apareceu. Desta vez, não tão rapidamente como foi nas ocasiões anteriores. Ele pegou a fruta e a retirou mais lentamente. Então ouviu a voz novamente – áspera e um pouco indistinta. Apenas uma palavra.
''Rigato.”
Arigato, ela entendeu, era uma palavra em Nihon-Jin para agradecer. Ela buscou desesperadamente uma resposta correta em sua memória, mas lhe fugiu as palavras corretas. Resolveu falar então, "Não há de que." Colou um damasco à sua esquerda. Ela esperou até que não pudesse ouvir mais o som da mastigação atrás dela, em seguida, colocou o último pedaço de fruta para o lado. Desta vez, houve uma longa pausa. Em seguida, a voz disse:
“Ié, ié!” Isso significava “Não, não!" Era uma forma Nihon-Jin de recusar educadamente. A mão apareceu, pegou a fruta e colocou mais ao lado dela. Ela sorriu para si mesma. A possibilidade de aquele encontro resultar em ela não ter os membros arrancados pedaço por pedaço, pareceu estar ficando mais promissor, ela pensou. Casualmente, ela tirou a faca Saxônica.
Imediatamente, houve um movimento alarmado atrás dela. Ela não prestou atenção, só repetiu com a mesma frase. “Ié, ié!” Não era a frase mais exata, mas ela pensou que daria certo e falou em um tom leve e reconfortante. O movimento parou. Ela sentiu que o Hasanu tinha recuado alguns metros. Agora, ela usou a faca saxônica para dividir o damasco restantes em duas partes. Ela guardou a grande faca, pegou metade do damasco e colocou a outra ao seu lado. Ela ouviu Hasanu se mover novamente, desta vez não se preocupou em fazer mais barulho. A mão entrou em vista mais uma vez, pegou a fruta e saiu do campo de visão. "Eu acho que é hora de nos conhecermos", disse ela suavemente. Tendo a certeza de não fazer nenhum movimento súbito, ela se levantou de seu assento na lenha. Fez uma pausa, colocou um sorriso no rosto e decidiu que o que ela tinha visto, ficou para trás. Então, ela virou-se lentamente. A figura agachada no chão atrás da lenha era maciça. Longos cabelos felpudos e vermelhos pendurados até os ombros, acompanhado por uma barba igualmente longa e desgrenhada. O corpo era enorme, parecia estar coberto de longos cabelos castanho-avermelhados. No entanto, ela não poderia demonstrar qualquer reação em seu rosto.
O rosto dela mantinha um sorriso fixo. Sentia-se vagamente como sendo carne morta. Então, ela abaixou em uma graciosa reverência, com os braços estendidos para os lados, a cabeça inclinada. O Hasanu permaneceu em pé. Ela olhou para cima, ainda sorrindo, e prendeu a respiração. Ele tinha pelo menos dois metros e meio de altura, e agora ela viu que o cabelo longo e vermelho que parecia cobrir seu corpo, não era nada mais que um
longo manto, feito de pele ou lã felpuda, ela não poderia dizer exatamente o que era.
Curvou-se desajeitadamente para ela e ela abaixou seu olhar, então lentamente ficaram em pé juntos. Agora ela podia ver mais se suas características. O rosto era largo, com bochechas proeminentes e um nariz grande plano. Os olhos eram estreitos, mas bem afastados, tinha grossas e longas sobrancelhas desgrenhadas. Havia definitivamente uma luz de inteligência e curiosidade em seus olhos. Então, ele sorriu. Seus dentes eram grandes e uniformes. Eles eram um pouco amarelados e manchados, mas eles eram normais, como dentes humanos, sem incisivos em forma de presa. Evanlyn tocou a mão em seu peito. "Evanlyn", disse ela, pronunciando as sílabas com cuidado. “Ev-lyn um." Ele franziu o cenho. A estrutura do nome era desconhecida para ele, mas ele tentou novamente. "Van-Eh-in.” "Bom!” Ela sorriu encorajadoramente e ele sorriu de volta. Apontou para o outro lado, no caiaque distante, onde Alyss esperava nervosamente.
"Alyss", disse ela. "Minha amiga. Al-YSS.” Ele franziu a testa com o esforço, em seguida, repetiu: "Ah-Yass.” "Bem perto", disse ela, e depois continuou falando com cuidado. "Alyss, Evanlyn, amigos.” Ela acompanhou as palavras com gestos. Apontando para si e para Alyss, em seguida, imitando um gesto de abraço para indicar amigos. O gigante franziu a testa novamente por alguns segundos, tentando interpretar o significado. Então ela viu que ele compreendeu, quando ele repetiu o gesto de abraçar.
"Am-gos. Hai!” Hai significa "sim", ela sabia. Agora, ela apontou para ele, então para si mesma. "Você... Evanlyn... amigos, hai?” Ela repetiu o gesto de abraçar, então sentiu uma súbita sensação de alarme, de que ele realmente a abraçasse de verdade. Não sabia se suas costelas suportariam aquele abraço de um gigante da floresta, de dois metros e meio de altura. Felizmente, ele percebeu que ela estava falando simbolicamente. Ele apontou para si mesmo. "Kona", disse ele. Ela assumiu uma expressão exageradamente questionadora e apontou para ele.
"Você... Kona?” Ele acenou, sorrindo novamente. "Hai! Kona." Ele apontou para ela novamente, então para si mesmo. "Eh-van-in. Kona.” “Amigos”, disse ela com firmeza, apontando dela para ele. Não era uma pergunta, era uma afirmação, e ele assentiu com ansiedade. "Hai! Am-gos.” "Eu agradeço a Deus por isso", ela murmurou para si mesma. Ele inclinou a cabeça para um lado, perguntando o que ela disse, mas ela fez um gesto de ‘deixa pra lá’ com a mão. "Não importa", disse ela, fazendo uma anotação mental para evitar comentários impertinentes no futuro. Kona podia parecer com um macaco enorme, peludo, mas ela percebeu que ele não era bobo. Ela apontou para o pequeno acampamento, em seguida, acenou para ele. “Vem”, disse ela. Ela pegou na sua enorme mão. No início ficou inseguro, mas deu sua mão a ela, então abriu um largo sorriso mais uma vez, com o contraste do tamanho das mãos dele e dela. Ela levou-o para baixo na praia, à beira da água, onde ela acenou para Alyss, cerca de cem metros á deriva no mar. A garota alta acenou de volta. “Você está bem?" A voz de Alyss atravessou fracamente as águas perturbadas. Evanlyn não conseguiu resistir a um sorriso. “Não. Rasgou-me membro a membro! É claro que eu estou bem! Venha para terra!" Quando Alyss começou a remar, Evanlyn voltou-se para Kona. "Alyss está chegando. Alyss, Kona, amigos." "Ah-Yass, Kona, Am-gos", repetiu ele. Mas seu tom de voz indicou que ele julgaria por si mesmo. Alyss afinal, não tinha compartilhado nenhum damasco cristalizado com ele.
Quando ela chegou, suas dúvidas foram rapidamente dissipadas pelo charme e a graça natural de Alyss, bem como a maneira fácil de lidar com estranhos. Em resposta ao seu convite, ele estudou o caiaque com interesse. Os Hasanu tinham seus barcos, mas eram pesados e desajeitados em comparação com o estreito e gracioso caiaque. Ele demonstrou especial interesse na construção dos remos. Seu povo utilizava apenas ramos espessos, para impulsionar seus barcos. A idéia de uma lâmina em forma achatada, nunca lhes ocorreu.
Kona guardou o projeto em sua cabeça para futura referência. Sua inspeção do barco terminou, ele voltou seus olhos para os outros equipamentos. A tenda despertou seu interesse. Como o caiaque, era mais avançado no design, do que os simples abrigos que os Hasanu construíam para si, quando estavam viajando. Ele
estudou as outras coisas e sua curiosidade foi despertada quando viu os dois sabres deitadas em suas bainhas. "Katana?", Disse ele, depois apontou para as espadas das duas meninas. O significado era inconfundível. São seus? Alyss assentiu. “Nosso.” Ele mostrou alguma surpresa. Aparentemente, não era comum mulher Hasanu portar armas. Eles acenderam o fogo e Evanlyn ferveu a água para o chá. Ela e Alyss dividiram um copo, deixando o segundo para Kona usar. O recipiente pequeno se escondia entre suas mãos enormes, cobertas de pelo. Em uma inspeção mais minuciosa, descobriram que os Hasanu, tomando Kona como base, tinham um monte de pêlos no corpo - embora longe de serem tão grandes e volumosos como a lenda contava. Eles esperaram até Kona terminar seu chá, e ofereceram um coelho defumado a ele. Ele ficou impressionado com a comida, estalando os lábios várias vezes. Em seguida, elas abordaram o tema da sua visita a esta província. Por sugestão de Alyss, Evanlyn assumiu a conversa. Afinal, ela tinha sido a primeira a ganhar a confiança de Kona. "Kona?", Disse ela, para chamar sua atenção. Quando ele olhou para ela com expectativa, ela gesticulou entre os três. "Alyss, Evanlyn, Kona... amigos. Hai?” "Hai!", Ele concordou de imediato. Ela assentiu com a cabeça várias vezes, então disse, “Alyss, Evanlyn, Nimatsu-san..." Ela parou naquele ponto, vendo o interesse dele pelo nome citado, e um olhar de compreensão apareceu no rosto dele. Então, ela repetiu: “Alyss, Evanlyn, Nimatsu-san... amigos. Amigos.“ “Não pressione?” Alyss disse suavemente. “Afinal, ele não conhece Nimatsu.” "Veremos", Evanlyn disse com uma voz decidida ao seu lado. "Agora cale a boca. Alyss, Evanlyn, Nimatsu-san. Todos amigos". Kona ficou um pouco surpreso. Ele apontou para as duas. "Am-gos... Nimatsu-san?" "Hai!" Evanlyn disse ele. "Hai!" Alyss disse também. Kona ficou satisfeito, parecia impressionado. "Você... nos leva... a Nimatsu-san?" Evanlyn reforçou o significado com gestos. Kona pareceu entender. "Eh-van-in, Ah-Yass, Nimatsu ikimas-san?"
"Ikimas é "ir", disse Alyss a Evanlyn em um tom baixo. Evanlyn sentiu uma pequena onda de triunfo. "Hai!", Disse ela. "Evanlyn, Alyss, Kona... Nimatsu-san ikimas. “O Verbo deve vir por último,” Alyss murmurou. Evanlyn fez um gesto de desprezo. “Quem se importa? Ele entendeu." Kona considerou o pedido por algum tempo, inclinando-se para frente pensativo. Em seguida, ele pareceu chegar a uma decisão. "Hai!" Disse enfaticamente. "Nimatsu-san ikimas. Ele se levantou bruscamente e andou ao longo da praia a passos largos para a linha das árvores. Ele parou subitamente, olhando para as duas meninas que tinham sido apanhadas de surpresa pelo seu súbito gesto. Ele estendeu a mão para elas, os dedos para baixo, e fez um movimento enxotando-as. "Ikimashou!" Disse. Evanlyn, já se levantando, parou indecisa. "O que ele está fazendo? Ele está acenando para nós. Ele não concordou em nos levar?” Mas Alyss tinha visto aquele gesto várias vezes antes, no acampamento Kikori. "É como o Nihon-Jin acenou para você também", disse ela. "Ikimashou significa ‘vamos lá’". “Então o que estamos esperando?” Evanlyn disse, correndo para agarrar a sua mochila e a espada. "Vamos ikimashou agora mesmo." Alyss estava fazendo a mesma coisa. "Você não precisa dizer ‘vamos ikimashou’", disse ela. "A palavra ‘vamos’ já está inclusa no verbo. "Grande coisa", disse Evanlyn. Ela estava se sentindo muito satisfeita consigo. Afinal Alyss era a lingüista. Mas Evanlyn tinha conseguido se comunicar com o enorme Hasanu. "Você vem ou o quê?" Jogou a mochila por cima do ombro, enquanto marchava rapidamente ao longo da praia em direção a Kona.
43
Liderar os cem homens de hyaku pela estreita passagem abaixo, foi um exercício interessante de logística e trabalho em equipe. Horace tinha decidido que era demasiado arriscado, os lutadores atravessarem o caminho íngreme e rochoso, sobrecarregado por dardos, escudos e armaduras. Assim, quando a avaliação da parada com Shigeru foi concluída, ele marchou com os homens para o início da passagem secreta e eles organizaram seus escudos e lanças em pilhas de cinco. Os Kikori que não foram selecionados para participar da luta, agora atuariam como carregadores, ajudados pelo sempre presente Mikeru e um grupo de seus jovens amigos.
Eles amarraram cinco lanças juntas, atribuindo a um homem carregar uma dessas cargas em suas costas. Os escudos foram igualmente empilhados e amarrados, e dois homens pegaram cada um, um pacote de cinco escudos, levando-os como se fossem macas. O restante dos homens se espalhou ao longo da coluna, para ajudar os carregadores de armas nos lugares mais difíceis, ou para substituí-los quando se cansarem. Mikeru e seus amigos correram à frente a passos firmes e decididos como cabras da montanha, colocando tochas para iluminar os lugares mais difíceis da trilha.
Finalmente, os lutadores carregando apenas suas facas e armaduras, faziam seu caminho no estreito desfiladeiro em uma longa fila. Meia hora antes do amanhecer, Goju Kuma e Goju Taka, alcançaram o final da passagem secreta. Eles estavam armados e totalmente equipados e tinham feito a viagem sem problemas. Por outro lado entre os carregadores, havia uma dúzia de tornozelos torcidos e outras lesões menores. Horace se aproximou
do local onde Will, Halt e Shigeru, observavam os homens emergindo e tranquilamente entrando em formação.
"Estamos prontos para prosseguir", disse ele.
Will gesticulava para o enorme penhasco, várias centenas de metros de distância, que obscurecia qualquer visão do acampamento Senshi.
"Vamos primeiro dar uma olhada no inimigo", disse ele. "Fique de olho no Imperador", acrescentou a Horace.
Ele não queria que Shigeru vagueasse muito longe e ficasse se expondo, antes deles terem uma boa idéia das condições do acampamento do inimigo. Então ele e Halt saíram silenciosamente, mantendo-se perto da encosta do penhasco. Eles chegaram ao final do penhasco e fizeram uma curva, saindo de vista. Horace olhou para o Imperador. Shigeru parecia calmo, mas tinha a mão direita fortemente pressionada no cabo de sua katana.
Horace deu um sorriso encorajador.
"O que fazemos agora?” Shigeru perguntou. "Vamos esperar", respondeu Horace.
Will e Halt deslizaram ao redor do afloramento rochoso, em seguida, escalaram um pouco até um planalto, para ter uma visão melhor da situação. Eles tinham enviado Mikeru para vigiar, iria ficar a noite toda de olho no acampamento, e qualquer movimento dos Senshi, reforços ou qualquer outra alteração, enviaria rapidamente uma mensagem. Nenhuma mensagem chegou, mas neste caso Will preferia confiar em seus próprios olhos. Essa foi à maneira que Halt o havia ensinado. O campo se estendia na frente dele, enquanto observava de um mirante bem alto.
As tendas foram armadas aleatoriamente, em uma grande massa amorfa. Os poucos sentinelas podiam ser vistos caminhando desanimados em torno do perímetro exterior.
Naquele momento que os dois Arqueiros os observavam, e os sentinelas não pareciam levantar os olhos do solo congelado á frente dos seus pés. Eles estavam preocupados em ficar abaixados dentro de suas capas, para conservar o máximo de calor, tanto quanto possível. O céu lentamente foi clareando e Will e Halt, puderam ver mais detalhes. No centro do acampamento, ficava uma barraca maior e mais ornamentada. Dois homens montavam guarda do lado de fora e estandartes estavam fincados na entrada, balançando ao vento.
"Você pode ver o estandarte no centro?" Halt perguntou.
Havia um brasão na bandeira central. Os outros mostravam caracteres escritos em Nihon-Jan. Will protegeu os olhos para tentar ver mais detalhes.
"Um boi, eu acho", disse ele. "Um boi verde".
"Isso não significa coisa nenhuma para nós", respondeu Halt. "Embora Shigeru deva saber o que é."
Will olhou para ele. "Isso é importante?"
"É sempre importante saber o que você está enfrentando," Halt disse calmamente.
Ele analisou o terreno entre eles e o acampamento Senshi. A maior parte era solo comum, mas havia um ponto coberto de pedras caídas. Além das pedras, a leste, a terra de uma parte do penhasco havia desmoronado. À frente deles, ao sul, a planície inclinava para baixo até as tendas.
"Essa é a nossa posição", disse ele, indicando a Will. "Esse terreno acidentado dará ao nosso flanco esquerdo alguma proteção, e os Senshi estarão atacando de baixo para cima.
"A colina não é muito íngreme", Will observou.
"Nós vamos aproveitar qualquer vantagem que estiver ao nosso alcance," Halt disse a ele.
"Agora, vamos voltar e começar a festa.” Eles voltaram para seus companheiros e organizaram um rápido conselho de guerra. Will descreveu o chão acidentado do lado esquerdo.
"Vamos começar por lá", disse ele. "Então vamos avançar em linha. Coloque os homens em duas fileiras, teremos uma ampla frente. Selethen colocará seus homens à direita da goju de Horace, cerca de dez metros para trás. Dessa forma, quando o inimigo tentar vir por trás do seu flanco direito, você pode avançar e bater-lhes por trás. Horace, quando eles fizerem isso, lembre-se do plano que traçamos ontem à noite."
“Eu sei. Fecho o cerco com a minha segunda linha,” disse Horace. "Você sabe, eu já fiz isso antes.” "Desculpe", disse Will. "Mais tarde vou ensinar o padre a rezar.”
Os dois velhos amigos sorriram um para o outro. Shigeru e Selethen pareciam um pouco confusos.
"Por que o padre quer aprender a rezar?" Shigeru perguntou. O guerreiro Arridi encolheu os ombros.
"Eu não tenho a mínima idéia." Olhou para Halt, mas o Arqueiro acenou afastando o assunto.
"É uma longa história", disse ele. "Eu te conto mais tarde.”
“Ah, Shigeru," Will disse lembrando um detalhe. "O comandante inimigo tem um boi verde no seu estandarte. Significa algo para você?”
O Imperador assentiu. "É o General Todoki. Ele é um dos mais ardentes defensores da Arisaka. Foram seus homens que atacaram a fortificação. Ele estará ansioso para vingar essa derrota."
“Bom”, disse Halt. "Isso significa que provavelmente irão agir sem pensar. Combater um inimigo que está com raiva, é muito bom."
"Vamos começar!" Will disse, e os cinco apertaram as mãos, em seguida, saíram para as suas posições.
Em uma palavra de comando, os homens das duas goju que estavam descansando no chão, pularam rapidamente sobre seus pés. Formaram três filas, e com movimentos
ritmados pegaram suas armas e equipamentos, cadenciados pelo barulho da batida de seus pés. Eles rodearam a colina e avistaram o inimigo.
Quando os dois gojus atingiram as suas posições, Halt, Will e Shigeru, desviaram para uma pequena colina, de onde poderiam observar a batalha. Eles estavam um pouco atrás das fileiras Kikori. Moka, o guarda costas sênior de Shigeru, queria acompanhá-lo, mas ele se recusou.
"Eu quero que os Kikori saibam que tenho total confiança neles", disse ele.
Moka permaneceu com dez Senshi na entrada da passagem secreta de Mikeru. Se o pior viesse a acontecer, seria sua tarefa bloquear a passagem dos homens de Arisaka, enquanto Kikori poderia escapar pela passagem secreta. Os gojus estavam posicionados, formando-se em duas fileiras longas com 25 homens cada. Cada homem da segunda fileira carregava duas lanças. A primeira fileira estava armada só com espadas e facas.
Todos eles naturalmente carregavam maciços escudos no braço esquerdo.
Surpreendentemente, não houve reação do acampamento inimigo. Nenhuma das preguiçosas sentinelas pareciam ter notado que cem homens armados, de repente apareceram há apenas cento e cinqüenta metros de distância. Halt balançou a cabeça em desgosto.
"Eu achei que isso podia acontecer", disse ele. Ele pegou uma flecha com ponto de fogo que tinha preparado na noite anterior – panos embebidos em óleo estavam enrolados na ponta da flecha.
“Acenda Will.” O Arqueiro mais jovem pegou sua faca e uma pedra, e rapidamente as friccionou, pondo fogo no pano embebido em óleo.
Halt esperou até ter certeza que a chama estava bem firme. Então, ele olhou para o campo inimigo, levantou seu arco quase quarenta e cinco graus, puxou a corda e a soltou. A flecha em chamas deixou um rastro fino de fumaça preta por trás dela, enquanto subia para o céu nublado da manhã.
Eles a perderam de vista quando começou a descer de seu vôo. Então, Will viu um brilho -- uma língua de fogo subiu da tenda ornada de Todoki. Depois de alguns segundos, todo o telhado do pavilhão que estava untado com óleo para torná-lo impermeável, pegou fogo. Podiam-se ouvir mensagens vindas do acampamento, vários homens correram para fora da tenda, um caiu no meio do caminho.
"Eu receio que você tenha deixado Todoki-san muito irritado, Halto-san", disse Shigeru.
Halt sorriu amargamente. "Essa era a idéia." Ele olhou para Will e assentiu. O jovem Arqueiro encheu seus pulmões e gritou na direção de Horace.
"Horace! Vá!”
Horace desembainhou a espada e levantou-a no ar. Selethen fez o mesmo. Houve um barulho ruidoso, enquanto escudos pesados eram levantados do chão rochoso. Então, com uma palavra de Horace, todos os cinqüenta Kikoris berraram juntos.
"Issho ni!"
Os homens de Selethen ecoaram em um único grito.
"Issho ni!"
Então todos os cem homens começaram a entoar seu grito de guerra, ao mesmo tempo cadenciando com a marcha, enquanto avançavam pela planície em direção ao acampamento dos Senshi. Horace e Selethen pararam após vinte passos, mas o grito de guerra continuou ecoando na planície. Os homens de Todoki, despertados pelo fogo repentino na tenda do comandante, estavam agora totalmente preparados.
O alarme inicial ao repentino som do grito de guerra Kikori, e o som de suas botas marchando furiosamente, os fez perceber que estavam sendo atacados pelos humildes Kikori – camponeses que desprezavam e não tinham o direito de levantar armas contra seus superiores. Armando-se, os Senshi de Todoki começaram a fluir pelo campo em uma massa não-coordenada, apressando-se para atacar esses tolos presunçosos.
Eles formaram uma linha esfarrapada, enquanto corriam na direção dos Kikoris que os esperavam. Em seguida, Horace deu uma ordem e um apito estridente soou entre os dois gojus que esperavam. Com um estrondo, os escudos de cada linha de frente foram apresentados e voltados para o inimigo – Os guerreiros Senshi se viram confrontados por um muro aparentemente sólido, de madeira e ferro. Dois rápidos apitos soaram e a parede de escudos começou a caminhar na direção dos Senshi. Isso foi um insulto que não podia ser suportado! O líder Senshi atirou-se contra a parede de escudos, procurando um inimigo para lutar. Mas os Kikori estavam escondidos por trás dos enormes escudos.
Furioso, o primeiro Senshi atacou com sua katana, fazendo amplos movimentos para tentar acerta os Kikori por cima. Porém, as bordas superiores dos escudos foram reforçadas com ferro. A espada encravava no ferro, mas, com o apoio da dura madeira por baixo, o escudo resistia, parando o movimento assassino. Alguns Senshis lutavam para libertar suas espada do escudo. Mas agora surgiu um novo perigo.
Os Kikori não paravam de avançar, e os homens na segunda fila ajudavam com o peso de seus corpos, empurrando os Senshis para frente.
Os escudos se chocaram contra os Senshi, fazendo-os cambalear. Em alguns casos, eles não conseguiram mais segurar o punho da katana, deixando-as fincadas nos escudos.
Agora, aqueles que estavam brigando bem de perto, puderam ver relances do inimigo através das aberturas por entre os escudos. Vários tentaram estocar pelas brechas, mas quando a lâmina passava, os Kikori batiam um escudo contra o outro, prendendo a espada e torcendo-a da mão de seu dono.
Instintivamente, alguns Senshis abaixavam para recuperar a sua arma caída, só para depois perceber o seu erro. Curtas lâminas afiadas de ferro começaram a esfaquear por entre as aberturas, espetando braços, pernas, órgãos, visando às aberturas nas armaduras dos Senshi. Um guerreiro Senshi levantou sua espada, para dar um poderoso golpe no guerreiro Kikori à sua esquerda, exposto por uma momentânea lacuna na parede de escudos. Mas, quando ele fez isso, ele sentiu uma súbita e enorme dor debaixo do braço, quando uma lâmina o acertou, desferida por um Kikori na sua direita – não visto até agora. Sua katana caiu de sua mão e desabou de joelhos, enquanto soava em seus ouvidos o grito de guerra Senshi.
"Issho ni!"
Foi à última coisa que muitos dos Senshi ouviram naquele dia. Horace e Selethen, com espadas prontas, moveram-se entre as duas fileiras, procurando alguma fraqueza que precisasse de intervenção. Mas eles não encontraram nada. Os Kikori se exercitaram e treinaram por semanas, e com o seu imperador de olho neles, tornaram-se uma máquina de matar. Uma máquina que esfaqueava, cortava e esmagava, empurrando os Senshis, em movimentos perfeitamente coordenados de destruição.
Alguns Senshis conseguiram fazer algumas vítimas. Eles estocavam fortemente os escudos e em alguns casos os trespassando fazendo sua vítima. Mas poucos deles viveram para comemorar o fato. O ato de estender os braços acima do escudo deixou-os criticamente expostos, tornando-se alvos dos Kikori. A maior parte encontrou-se constrangido e foi forçado a voltar, sem espaço suficiente para empunhar suas longas espadas com eficácia, e mostrar às desconcertantes seqüências de golpes que tinham aprendido e praticado desde a infância.
E enquanto isso, eles eram esbofeteados pelos escudos, enquanto as lâminas de ferro cintilavam de dentro para fora como serpentes. As espadas não paravam de esfaquear, cortar, ferir e matar. Os homens de Todoki, nunca tinham experimentado uma batalha como essa antes. Um Senshi estava acostumado a encontrar um inimigo no campo de batalha, envolvendo-se em um único combate, ganhando ou perdendo. Mas não havia indivíduos para enfrentá-los -- apenas uma parede impessoal de escudos, que os pressionava como uma fortaleza móvel. Confusos e desiludido, sem saber como combater a força inexorável diante deles, vendo seus companheiros caídos, mortos ou feridos – os últimos logo sendo despachados pela segunda linha de Kikoris - eles fizeram o que qualquer homem sensato faria. Eles se viraram e correram.
44
“Lamento dizer que sou incapaz de ajudar vocês,” Lord Nimatsu disse a Evanlyn.
Eles estavam sentados na sala de audiência do castelo dele. O castelo em si era uma vasta construção de madeira de quatro andares, localizado no topo de uma colina proeminente e cercado por um profundo fosso. Cada andar era posto atrás do que vinha embaixo, criando uma série de terraços que serviriam de confortáveis áreas de recreação num clima bom e posições defensivas no caso de um ataque.
O teto era construído com telhas azuis. Era de uma altura rasa, e os cantos se elevavam num estilo exótico que era desconhecido às duas garotas, embora fossem bastante comuns em construções de Nihon-Jin.
A sala era espartana a seu caráter. Eles se sentavam em grandes almofadas no chão polido de madeira, em volta de uma baixa mesa de madeira escura onde os servos de Nimatsu serviram chá e uma refeição simples. Vários estandartes altos estavam pendurados nas paredes, cada um escrito em caracteres na língua de Nihon-Jin. Eram bonitas apesar da simplicidade em forma, Alyss pensou.
A recepção delas no castelo de Nimatsu foi graciosa. Ele as deixou bem-vindas, reconhecendo o anel que Shigeru dera a Evanlyn, e ofereceu hospitalidade. As garotas haviam tomado banho, deleitando-se na água quente depois da longa jornada fria
atravessando o lago e mais um dia gasto caminhando até o castelo de Nimatsu. Elas encontraram roupas limpas esperando-as quando saíram do banho; incluindo os robes externos e envoltos favorecidos pelo povo de Nihon-Jin. Elas se vestiram e então se juntaram ao senhor do castelo para uma refeição.
Evanlyn explicou o motivo da visita e impôs o pedido de Shigeru por ajuda para Nimatsu. Lorde Hasanu considerou as palavras por alguns minutos em silêncio. Ele era um homem magro que parecia ter uns cinquenta anos. Sua cabeça era completamente raspada e ele não tinha barba ou bigode. Seus ossos malares eram grandes e proeminentes, os olhos calmos e profundos. Ele encontrou o olhar das visitas antes sem nenhum senso de embaraço ou decepção.
Mas agora ele recusara o pedido de Shigeru por ajuda.
As duas garotas trocaram um olhar. Evanlyn, que foi quem mais falou até agora, pareceu um pouco confusa pela recusa inesperada. Afinal de contas, Nimatsu fizera questão, durante toda a refeição, de ressaltar como ele respeitava o Imperador e como sua lealdade era profunda ao homem e ao seu escritório. Ela assentiu levemente para Alyss, pedindo para que ela liderasse o debate enquanto ela, Evanlyn, tomava tempo para pensar e planejar o próximo movimento.
“Lord Nimatsu”, Alyss começou e os olhos escuros viraram para ela. Alyss achou que conseguia detectar um traço de tristeza neles. Se isso era relacionado à sua recusa, talvez ela pudesse aproveitá-la como uma alavanca para fazê-lo mudar de idéia. Ela falou com cuidado, escolhendo as palavras para que não houvesse alguma insinuação de desrespeito à posição dele.
“Você é um súdito leal ao Imperador”, ela disse. Era uma frase, mas fora posta de forma que ele devesse respondê-la.
Ele assentiu. “Exatamente.”
“E o seu povo é leal a você — e ao Imperador?”.
Mais uma vez ele assentiu, inclinando-se um pouco á frente ao fazê-lo.
“Certamente você não tem respeito ao general Arisaka”, ela disse e ele sacudiu a cabeça imediatamente.
“Eu considero Arisaka um traidor e um quebrador de promessas”, ele disse. “E como tal, ele é uma abominação.”
Alyss estendeu os braços em choque. “Então eu não consigo entender o porquê de você recusar-se a ajudar lorde Shigeru,” ela disse. Talvez, pensou, ela pudesse ter posicionado aquilo em termos mais diplomáticos. Mas sentiu que era hora para falar com franqueza.
“Perdoe-me”, Nimatsu disse. “É claro que oferecerei minha ajuda a Lorde Shigeru”.
“Apenas me expressei mal. Jurei auxiliá-lo e assim farei.”
Franzindo a testa, Evanlyn tentou interromper. “Então...”
Nimatsu alçou uma mão para pará-la enquanto continuava. “Mas temo que o povo hasanu não irá.”
“Eles não lhe seguirão? Você não irá ordenar a eles?” Perguntou Alyss. Ele pousou o olhar calmo sobre ela de novo.
“Eu não os ordenarei porque não irei colocá-los na posição de se recusarem a obedecer a uma ordem do lorde legítimo deles. Fazer tal coisa causaria uma enorme vergonha neles”.
“Mas se você ordená-los, eles devem...” Evanlyn interrompeu-se. A frustração estava muito óbvia na sua voz e ela lutou para controlá-la, sabendo que demonstrar raiva não serviria em nada à causa. Como princesa, ela estava acostumada a impor ordens e tê-las obedecidas de imediato. Ela não conseguia imaginar o motivo pelo qual Nimatsu estava relutante em fazer o mesmo.
Alyss, mais acostumada à natureza oblíqua da cortês negociação diplomática, pensou que havia enxergado um cintilar de esperança. A recusa de Nimatsu era relutante. Ele obviamente preferiria ajudá-los, mas por algum motivo, não podia.
“Lorde Nimatsu, pode dizer-nos por que você não pode pedir ao povo hasanu para ajudar o Imperador?” Ela perguntou. Escolheu “não pode” deliberadamente. Causava menos confronto do que “não irá” e ela sentiu que havia mais coisas nisso do que apenas uma recusa teimosa de ajuda. Havia algo o prevenindo de fazer isso.
Ele olhou de volta para Alyss e seus olhos a disseram a suposição dela era correta.
“Os hasanu estão com medo”, ele disse simplesmente. Alyss se insinuou para trás em surpresa.
“De Arisaka?”.
Ele sacudiu a cabeça. “Para viajar até Ran-Koshi, teríamos que primeiro passar pela Floresta de Uto,” ele disse. “Os hasanu acreditam que há um espírito maligno solto nesta floresta.”
“Um espírito maligno?” Perguntou Evanlyn.
Lord Nimatsu inclinou a cabeça brevemente em desculpas a elas. As garotas sentiram que esse assunto era doloroso. Ele não tinha nenhuma vontade de entregar os seus simples seguidores à zombaria de estranhos. Aí ele pareceu chegar a uma decisão.
“Um demônio”, ele disse. “Eles acreditam que um demônio maligno vaga pela Floresta de Uto e não ousaram em colocar um pé lá dentro.”
“Mas isso é superstição!” Evanlyn disse. “Certamente você não irá...”
Alyss colocou uma mão restringente no braço dela. Não havia nada a ser ganho forçando um argumento com Nimatsu. Ele notou o gesto, registrando o jeito que Evanlyn forçou-se a interromper o veemente protesto.
“Essa é uma superstição que já matou dezessete das minhas pessoas,” ele disse com simplicidade. Evanlyn foi completamente pega de surpresa. Os hasanu podiam ser tímidos para com estranhos. Mas eles eram imensos e de estatura poderosa e a reputação deles dizia que eram lutadores ferozes. O que possivelmente teria matado tantos deles?
“Você acredita neste demônio, senhor?” Perguntou Alyss. De novo, aqueles calmos olhos encontraram os dela.
“Acredito que há algum predador terrível vivendo livremente na floresta,” ele disse.
“Um demônio? Não. Acho que não. Mas isso não é importante. Os hasanu acreditam em demônios e eles acreditam que há um deles na floresta. Eles não irão atravessá-la. E não irei ordenar que atravessem. Não vejo sentido nenhum em dar uma ordem que sei que será recusada. Essa recusa envergonhara a mim e aos hasanu igualmente.”
“Há algo que possamos fazer?” Perguntou Evanlyn.
Ele deu de ombros. “Não posso pensar em nada que vocês possam fazer para persuadilos.”
Alyss respirou fundo, depois ajeitou os ombros. “E se matarmos o demônio?”
45
General Todoki observou primeiro em descrença, depois em fúria elevante, enquanto seus homens corriam em retirada. Inicialmente eram poucos, mas, conforme paravam e fugiam, a maioria dos colegas os seguiu, tentando se distanciar o máximo possível da muralha terrível e impessoal de escudos e lâminas se arremessando.
Todoki, cercado por meia dúzia de oficiais seniores, correu para interceptá-los. Ele puxou a espada enquanto corria, gritando ordens para os Senshi que fugiam.
“Covardes! Covardes! Virem-se e encarem o inimigo! Eles são camponeses! Virem-se e encarem-nos!”
Os homens mais próximos a ele pararam com a retirada apressada. Mas eles não fizeram menção de virar na direção dos dois gojus, que agora estavam em silêncio. Seus oficiais se moviam entre os guerreiros envergonhados, girando-os com empurrões para que encarassem os Kikori, gritando insultos e ameaças, golpeando-os com punhos ou com a parte plana de suas espadas. Um homem firmemente virou-se de costas ao inimigo.
Todoki ficou na frente dele, os rostos há poucos centímetros de distância, e gritou com ele, cuspindo na cara do outro homem.
“Covarde! Desertor! Eles são camponeses! Você é um Senshi! Vire-se e lute!”
O homem levantou os olhos para encontrar os do general. Havia vergonha ali, Todoki viu, mas também confusão e medo.
“Senhor,” ele disse, “eles mataram Ito e Yoki bem ao meu lado.”
“Então volte e vingue a morte de seus colegas!” Tomado pela raiva, Todoki estapeou o homem forte no rosto. Um pingo de sangue desceu correndo pelo canto da boca do guerreiro, mas ele não fez menção de se virar.
“Mate eles!” Berrou Todoki. “Mate cinco deles para cada colega seu morto! Volte e lute seu covarde! Mostre-os que eles não podem se opor aos Senshi!”
O que era tudo fácil em princípio. Mas esses homens acabaram de ver em primeira mão que os Kikori, a classe despojada de camponeses, podiam de fato se opor aos Senshi — e até matá-los. Trinta e cinco colegas deles estavam deitados mortos no chão do campo de batalha para provar isso.
“Senhor,” disse o guerreiro, “como eu posso matar o que não consigo ver?”
Ciente de que os olhos dos outros Senshi estavam sobre eles, Todoki sentiu uma fúria esmagadora crescendo dentro dele. Aqueles homens haviam envergonhado-o por causa de seu comportamento covarde. Agora esse outro covarde insolente ousava bater boca com ele! Uma rebelião assim podia ser infecciosa, ele percebeu. Basta deixar um homem recusar uma ordem e os outros fariam o mesmo.
Sua espada lampejou um borrão de luz refletida, acertando o homem no espaço entre o elmo e o peitoral. Com um grito assustado e sufocado, o Senshi cambaleou e caiu.
Todoki pisou sobre o corpo do homem e encarou os outros Senshi, que recuaram diante dele. Ele gesticulou com a lâmina da espada agora avermelhada na direção das linhas silenciosas dos Kikori.
“Aquele é o inimigo! Vão ao ataque! Lutem com eles. Matem eles!”
O medo imediato da espada e a disciplina arraigada na qual eles cresceram provou ser mais forte do que o medo deles dos gojus Kikori. Impelidos e torturados pelos oficiais de Todoki, os homens viraram para encarar o inimigo. Eles viraram relutantes, mas viraram.
Will, observando de seu ponto de vantagem, viu o general reunindo as tropas. Ele ficou tentado a dar um tiro no general, mas Todoki estava cercado por dúzias de figuras amontoadas e acertá-lo seria uma questão de sorte. Melhor não gastar o elemento surpresa com um tiro vago, ele pensou. À hora chegaria.
Ele suspeitou que algo assim pudesse agora acontecer, e agora era à hora de colocar a segunda parte de seu plano em ação — pegar os Senshi de surpresa com outra tática inesperada.
Ele pôs os dedos na boca e emitiu dois curtos assobios perfurantes.
Selethen e Horace ouviram o sinal. Horace deu a ordem para os gojus.
“Meia volta. O dobro do tempo à frente!”
Os Kikori giraram nos calcanhares, depois começaram a caminhar de volta á posição inicial, os pés apunhalando o chão em sincronia perfeita.
“Alto!” Gritou Horace e as quatro linhas de homens pararam. “Meia volta!”
Novamente, a precisão maquínica mostrou-se, com cada homem se movendo em perfeito uníssono.
General Todoki observou o movimento e gritou em encorajamento aos guerreiros relutantes.
“Estão vendo? Eles estão recuando! Eles não lhes darão outra chance melhor!”.
“Ataquem!”.
Os homens não tinham tanta certeza. Eles viram a volta precisa e coordenada dos Kikori enquanto eles se retiravam. Não havia nenhum sinal de pânico ou derrota ali. Os mais astutos entre os guerreiros deles perceberam que o inimigo simplesmente se retirara para uma posição melhor de defesa — e eles fizeram isso com grande eficiência e velocidade.
Todoki podia ver a dúvida. Ele olhou loucamente em volta e, pela primeira vez, notou o grupo de três homens numa pequena elevação atrás das linhas Kikori. Ele fitou-os por um momento, não acreditando no que via. Havia três homens de pé observando. Dois deles eram formas vagas e indistintas, de algum jeito confundindo o olhar enquanto ele tentava distingui-los com mais clareza. Mas a terceira figura, vestida em armadura completa Senshi, era inconfundível. Era o Imperador. Ele chamou os oficiais com um grito e eles foram ao encontro de Todoki. Ele apontou a espada para a figura distante.
“É Shigeru,” ele disse. “Peguem seus arcos. Se matarmos ele, então ataquem e os Kikori vão se romper diante de nós.”
Os quatro oficiais correram de volta ás fileiras de barracas e retornaram alguns minutos depois carregando seus pesados arcos recurvos. Era da natureza de nobres Senshi treinarem como arqueiros. Agora, Todoki apontou para Shigeru uma vez mais e ordenou que atirassem.
“Que está acontecendo?” Perguntou Halt enquanto observava o pequeno grupo se dividir e correr de volta ao acampamento. Era difícil distinguir o que estavam carregando quando voltaram, mas, enquanto se preparavam para atirar, as ações eram inconfundíveis. Ele e Will desamarraram seus arcos.
Will viu o primeiro oficial Senshi atirar e instantaneamente soube onde ele mirou. “Eles localizaram Shigeru!” Ele estava prestes a girar e jogar Shigeru ao chão, mas enquanto fazia isso, seu olhar captou o tremeluzir de movimento e ele girou de volta.
Quando lhe foi perguntado mais tarde sobre o que ele fez em seguida, Will não pôde explicar como conseguiu. Nem pôde repetir a proeza. Ele agiu totalmente por instinto, num remendo inacreditável de coordenação entre mãos e olhos.
Enquanto a flecha Senshi descia, rumando na direção de Shigeru, Will adejou o arco para ela, pegou-a e tirou-a de seu curso. A ponta do arco acertou o chão duro de rocha com um ruído e a flecha escorregou pelo chão, se afastando. Até Halt levou um segundo para se surpreender.
“Meu deus!” Ele disse. “Como você fez isso?”
Então, percebendo que não havia tempo para conversa, ele atirou no arqueiro Senshi.
Todoki viu o primeiro tiro a caminho. Ele estava triunfante. Seus quatro tenentes eram atiradores excelentes. Shigeru não tinha chances de sobrevivência contra uma saraivada de flechas atiradas por eles. Então ele ouviu um impacto surdo e o homem que atirara a primeira flecha cambaleou, depois caiu. Uma flecha de haste preta viera de lugar nenhum e acertara-o, atravessando o peitoral de couro.
Quando Todoki se inclinou na direção dele, dois de seus outros oficiais gritaram e caíram. O restante não se moveu mais, atravessado por uma flecha cinza. O outro agarrou fracamente uma haste preta no ombro, gemendo em dor. O quarto arqueiro encontrou o olhar de Todoki e o general viu medo ali. Três de seus homens foram abatidos em segundos, e eles não tinham idéia de onde as flechas vieram. Mesmo quando o homem abriu a boca para falar, outra flecha de haste cinza veio cortando o ar pelo céu. Ele cambaleou sob o impacto, agarrando fracamente a haste, depois caiu mortalmente ferido.
Todoki ficou momentaneamente aturdido. Ele olhou de volta para onde Shigeru estivera e percebeu que as duas formas vagas em cada lado dele, mascaradas por indistintas capas verde e cinza, deviam ter atirado. Ele olhou para o arco caído no chão ao seu lado e instintivamente soube que se o pegasse, ele estaria morto em segundos. Ele se agachou, gesticulando para um grupo próximo de Senshi.
“Venham até mim! Circulem-me!”
Eles estavam relutantes. Viram os destinos dos quatro oficiais seniores. Mas anos de disciplina os reclamou e os homens se agruparam em torno do general. Todoki tinha uma altura menor do que a altura média do povo de Nihon-Jin, e os guerreiros formaram um círculo eficaz. Mas antes que ele pudesse sentir qualquer senso de alívio, ele ouviu um grito alto vindo das forças Kikori.
“Okubyomono!”
A palavra, emanando de quase cem gargantas, carregou-se claramente através do chão até eles. Então ela foi emanada outra vez, repetidas vezes, como um canto elevante, gritado em menosprezo pelos Kikori.
“Okubyomono! Okubyomono! Okubyomono!” Covardes! Covardes! Covardes!
Os Senshi se agitaram inconfortáveis conforme o canto contínuo se seguia. Todoki viu a oportunidade perfeita. Os homens podiam não responder ás suas ameaças, mas o insulto desses seres inferiores devia impeli-los ao ataque. O inimigo cometeu um erro, ele pensou.
“Ataquem!” Berrou ele, a voz falhando. “Ataquem eles! Matem eles!”
Seus homens correram para frente, rumando ao grupo mais próximo dos inimigos.
Horace observou-os chegando, depois gritou uma ordem.
“Levantar escudos!”
Os pesados escudos eram pesados demais para serem levantados constantemente.
Quando pararam, os Kikori descansaram seu peso no chão ao seu lado. Agora, eles levantaram em círculo à frente, batendo os escudos juntos para formar uma muralha sólida. Alguns segundos depois, o goju de Selethen fez o mesmo.
“Fileiras traseiras! Recuar!” Horace gritou, e a fileira traseira de cada goju recuou um passo.
Cada homem ainda tinha duas lanças.
“Preparar lanças!” Gritou Horace.
Quando receberam a ordem, cada homem abaixou um dos pesados projéteis no chão ao lado dele e preparou o outro. Cinqüenta pernas direitas deram um passo para trás, cinqüenta braços direitos se estenderam para trás, cada um segurando uma lança no ponto de equilíbrio, as pontas mortais de ferro virados para cima.
Horace esperou até os Senshi se aproximarem a mais ou menos trinta metros de distância. Eles não viram sinais de movimento da segunda fileira. Estavam escondidos atrás das muralhas de escudos.
“Lançar!” Gritou Horace, e cinqüenta lanças se elevaram e depois desceram suas pontas viradas para baixo, e acertaram a massa de Senshi avançando.
O efeito foi devastador. Homens caíram por toda a linha Senshi conforme os pesados projéteis acertavam-os. Então, enquanto a linha se paralisava e hesitava aterrorizada pela chuva inesperada e mortal de madeira e ferro, uma segunda saraivada golpeou-os.
Homens cambalearam sob o impacto. Pelo menos trinta atacantes foram acertados e estavam mortos ou feridos. Mas então outro comando ressoou e novamente os Senshi ouviram aquele grito de guerra temido:
“Issho ni! Issho ni!”
A muralha de escudos voou na direção deles e as lâminas esfaqueantes e mortais começaram novamente. Alguns dos Senshi tentaram perfurar os escudos, sabendo que um golpe cortante seria inútil. Mas Horace previra aquela tática e tinha uma própria.
“Kamé!” Ele gritou, e a segunda fileira, que se fechara mais uma vez após lançar a segunda saraivada de lanças, levantou os escudos para formar a formação tartaruga, bloqueando os ataques descendentes, fechando a fileira frontal numa carapaça quase impenetrável. E agora as punhaladas, impulsos e mortes recomeçaram enquanto as curtas lâminas assassinas se projetavam da muralha de escudos.
Alguns dos Senshi, percebendo que ainda excediam em números dos homens do goju de Horace, começaram a fluir em volta do flanco direito, esperando pegá-los na traseira ou na lateral. Quando Horace viu aquilo acontecer, ele gritou outra ordem. “Descer kamé! Portão!”
E numa evolução suavemente treinada, a segunda fileira abaixou os escudos levantados e virou para encarar a direita, movendo-se suavemente para formar outra linha nos ângulos direitos à fileira frontal, encarando a nova direção de ataque.
Foi a manobra que Will e Horace discutiram, fechando o portão. E vista de cima, aquilo era precisamente como devia parecer.
Os Senshi que tentaram flanquear os homens de Horace agora se encontraram encarando outra muralha sólida de madeira e ferro. Eles acertaram a muralha sem eficácia e perceberam, tarde demais, que se deixaram abertos a outro perigo.
Agora era a vez de Selethen. Seu goju, em duas fileiras, voltou-se num movimento giratório pela esquerda, depois avançou num empurrão para cair na retaguarda dos
Senshi que atacavam a segunda fileira re-transferida de Horace.
Pegos entre martelo e bigorna, havia poucas esperanças para os Senshi. Confusos, desnorteados, encarando um novo inimigo e uma forma de batalha totalmente diferente à qual estavam acostumados, eles viraram e correram pela segunda vez naquele dia. Passaram correndo pelo acampamento, rumando em pânico para o acampamento distante onde o exército principal de Arisaka ainda não estava ciente do que acabara de acontecer.
Só agora havia lamentosamente poucos deles correndo. A vasta maioria permaneceu no campo de batalha, imóvel.
Com uma exceção. Uma figura grande permaneceu vestida de armadura adornada e cara de couro — armadura que carregava o símbolo de um boi verde.
Enlouquecido com raiva e vergonha, Todoki emergiu de trás da massa de guerreiros que o cercaram. Sozinho agora, ele avançou nas fileiras silenciosas de Kikori. Ele pôde ver uma figura alta entre eles e lembrou-se das histórias do guerreiro gaijin que se tornara amigo de Shigeru. Ele se levantou agora e gritava insultos e ofensas à figura, que lentamente avançou, saindo das fileiras do goju.
O entendimento de Horace da língua de Nihon-Jin não era uma das melhores para entender os insultos que a raiva torturada de Todoki estava evocando, mas o significado era óbvio.
“Isso não parece nada bom,” ele disse discretamente para si mesmo enquanto um grito de xingamentos era lançado até ele.
“Horace!” Will chamou de seu ponto de vantagem, mas Horace meio virou e fez um gesto apaziguante na direção dele.
“Está tudo bem, Will. Já estou cansado desse cara.”
Sua espada saiu da bainha com um silvo e ele virou de volta para encarar Todoki. Com um berro de raiva e ódio, o general inimigo carregou contra ele.
Todoki viu a longa espada reta gaijin. Ele sabia algo sobre aquelas armas estrangeiras.
Elas eram feitas por aço inferior e ele sabia que sua própria katana, forjada por um dos melhores ferreiros em Nihon-Jin, fatiaria a arma estrangeira se ele pusesse a força certa.
Desdenhando a graça e equilíbrio que vinham num golpe normal de corte, ele optou por força bruta e pôs cada parte de sua força e peso no golpe. Com um berro imenso, ele acertou a lâmina do estrangeiro.
Houve um tinido agudo quando as lâminas se encontraram. Os olhos de Todoki se alargaram em terror quando ele percebeu que a espada do gaijin estava intacta. Ela resistira ao golpe. Desequilibrado por causa do esforço excessivo que colocara, ele cambaleou levemente e abaixou a guarda.
Horace deu o bote, batendo o pé direito para frente e depois dirigindo com o ombro e subitamente esticou o braço para dar impulso máximo ao empurrão. Ele mirou no buraco no topo do peitoral firmado de Todoki, onde apenas uma tela de couro mais fino protegia a garganta do guerreiro.
Ele acertou a marca, e a lâmina forjada em Nihon-Jin atravessou facilmente a fina barreira. Os olhos de Todoki, assustados, ainda incapazes de entender o que acontecera com ele naquele dia, fitaram Horace por um segundo por cima da lâmina de espada meio queimada.
Então eles escureceram e todo sinal de vida os deixou enquanto o general rebelde caía ao chão rochoso aos pés. Horace libertou a espada e deu meia volta, encontrando-se encarado pelos homens dos dois gojus. Os guerreiros Kikori — por enquanto eles realmente eram guerreiros — levantaram as curtas espadas no ar para aclamá-lo. Uma voz começou a cantar e, em questão de segundos, uma centena de outras estavam ecoando-a.
“Kurokuma! Kurokuma! Kurokuma!”
Horace acenou exaustivamente para agradecê-los. Selethen avançou para parabenizá-lo, dando um sorriso largo. Eles se abraçaram e, depois, cercados pelas tropas Kikori cantando e se alegrando, andaram juntos para onde Will, Halt e Shigeru esperavam.
“Eu ainda gostaria de saber como ele conseguiu esse nome,” Will disse.
Shigeru virou-se a ele. Pela primeira vez, quando ele estava discutindo o apelido de Horace, seu rosto não tinha traços de diversão.
“Independente de como ele conseguiu,” ele disse, “é certamente um termo de grande respeito.”
46
Alyss terminou de amarrar o último ramo no lugar e inspecionou a plataforma irregular que construíra na bifurcação da árvore.
“Isso deve bastar,” ela disse. A plataforma de ramos resoluta tinha aproximadamente quatro metros quadrados de área, dando espaço amplo para Alyss e Evanlyn se sentarem e esperar o misterioso predador que se espreitava na Floresta de Uto.
Elas estavam bem fundas na floresta, num espaço onde quatro dos hasanu haviam sido pegos pelo predador — conhecido pelo povo hasanu como Kyofu ou o Terror.
Evanlyn, no chão quatro metros abaixo, olhava ao seu redor nervosa. O sol estava se pondo e logo ficaria escuro; e o Terror era conhecido por caçar à noite. Uma coisa era se sentar no castelo de Nimatsu e criticar os medos supersticiosos dos hasanu, outra coisa era estar na neve com as sombras se alargando e a floresta sombria cercando-as.
Enquanto ainda era dia, Evanlyn executara a tarefa de coletar ramos de árvore para a plataforma sem aflição. Mas a última pilhagem, que a levou mais longe do espaço que escolheram, havia sido feita nas sombras se alargando do fim de tarde e ela encontrouse olhando temerosamente sobre o ombro enquanto trabalhava os nervos dando um salto ao mais leve dos barulhos da floresta.
“Jogue uma corda,” ela disse. “Estou subindo.”
“Só um momento.” Alyss se levantou levemente e andou até o centro da plataforma.
Pisando com extremo cuidado, testou a firmeza da plataforma, certificando que os laços nos ramos estavam suficientemente firmes para carregar o seu peso. Quando se satisfez, ela caminhou até a borda e chutou o rolo de corda amarrada da plataforma, mandando-a pelos ramos até a princesa aguardando. Evanlyn subiu a corda com uma mão de cada vez, movendo-se com pressa levemente indigna. Quando se estabeleceu bem alto na bifurcação da árvore, ela puxou a corda de volta e a enrolou outra vez, antes de encontrar num lugar para ficar confortável — apesar de “confortável”, nessa plataforma irregular, era um termo relativo.
Alyss sorriu para ela. “Preocupada que Terror suba logo atrás de você?”
Evanlyn a fitou friamente e não respondeu. Era exatamente isso que ela estava preocupada. A escuridão rapidamente assolou a floresta e as duas garotas se sentaram, com frio e sem conforto, na plataforma. O único som que ouviam era os bufos e reclamações do jovem porco que amarraram numa árvore próxima. O porco era a isca, designado a tirar Terror de seu esconderijo. Uma vez que isso acontecesse, Alyss esperava matar o Terror, o que quer que fosse com as duas lanças leves que estavam ao lado dela. Ela pegara emprestada dos hasanu. Levou um tempo para ela encontrar armas leves o bastante para que carregasse, mas no fim Alyss ficou com armas de prática, designadas para crianças.
Ela tinha uma mão competente com a lança e, naturalmente, Evanlyn tinha seu estilingue e um suprimento de balas de chumbo pesadas em forma de ovo.
“Um pouco complicado para o porco,” Evanlyn disse discretamente.
“Você pode trocar de lugar com ele a hora que quiser” Alyss lhe disse.
“O que você acha que é... quero dizer, o Terror?”
“Algum predador grande, como Nimatsu sugeriu. Um urso, talvez. Existem ursos nessa área. E ele disse que há evidências de tigres da neve há vários anos atrás. Talvez seja um deles.”
“Eles nunca foram vistos ou ouvidos. Isso não parece um urso que eu já tenho visto,” notou Evanlyn.
Alyss olhou de lado para ela. “Já viu muitos ursos?”
Evanlyn teve que abrir um sorriso.
“De qualquer jeito, uma coisa que tenho certeza,” continuou Alyss, “é que não é um demônio de outro mundo. Agora fique quieta.”
Ela gesticulou para Evanlyn descansar um pouco enquanto montava guarda. Evanlyn se deitou nos ramos irregulares e nodosos e se torceu para encontrar a posição mais confortável. Ela fechou os olhos, mas demorou um pouco para conseguir cair no sono.
Seus nervos estavam à flor da pele enquanto ouvia os sussurros da brisa suave atravessando as árvores, a leve palpitação das asas de um pássaro noturno e uma dúzia aproximadamente de sons inidentificáveis de outros animais noturnos ou insetos que se espreitavam entre as árvores.
Pareceu-lhe dormir por apenas alguns segundos quando a mão de Alyss no seu braço acordou-a.
“Algo se mexendo?” sussurrou. Alyss sacudiu a cabeça e respondeu no mesmo tom baixo. “Nada. O porco estava acordado há uns vinte minutos atrás, mas voltou a dormir.”
As duas olharam para os ramos, vendo a clareira onde o porco estava amarrado. O pequeno animal estava deitado dormindo ao lado da árvore.
“Parece bem pacífico agora,” Evanlyn disse. “Talvez ele esteja tendo um sonho de porco.” Ela arrastou os pés até a borda da plataforma, pegando a corda enrolada. Alyss pegou-a pelo braço. Mesmo que ainda sussurrasse, Evanlyn pôde ouvir a urgência em seu tom.
“O que você pensa que está fazendo?”
Evanlyn corou, mesmo que Alyss não pudesse sair disso por causa da luz fraca.
“Necessidade de urinar,” ela disse. “Eu bebi muito da minha garrafa de água quando comemos. Os picles me deixaram com sede.” Ela sorriu tímida.
Firmemente, Alyss pegou a corda enrolada do aperto dela e afastou-a da borda da plataforma.
“Pois aguente,” ela disse. “Nenhuma de nós vai descer por essa corda antes da luz do dia.”
“Alyss seja racional. Se o Terror estivesse nessa área, aquele porco estaria guinchando e fungando em terror. Tenho certeza que é perfeitamente seguro. Não temos ouvido nada por horas.”
“Nem os dezessete hasanu que essa criatura matou. Três deles foram pegos no meio de um acampamento onde outros estavam dormindo, lembra? Evanlyn, o único lugar seguro é essa plataforma. E eu nem estou tão seguro a respeito disso.”
Evanlyn hesitou. Nimatsu lhes contou algumas histórias horripilantes sobre o Terror, era verdade. Como Alyss ressaltara, algumas das vítimas foram pegas enquanto estavam cercadas por dúzias de colegas dormindo — nenhum do qual ao menos ouviu algum barulho.
“Bem... tudo bem,” ela disse, fingindo uma relutância que não mais sentia. A ideia de que o Terror podia estar em algum lugar perto delas, rastejando na direção da árvore onde elas estavam, eriçou os cabelos de trás de seu pescoço. Mas ela não iria admitir isso para Alyss. “Durma. Eu continuo observando.”
Alyss fitou-a, cautelosa. “Não vá fugir quando eu adormecer,” ela alertou.
Evanlyn sacudiu a cabeça. “Não vou.”
Alyss se deitou, puxando a capa nos ombros. Ela pareceu cair no sono muito mais rápido do que Evanlyn. Dentro de alguns minutos, sua respiração estava profunda e
regular, pontuada por ocasionais bufos leves de reclamação enquanto se mexia para diminuir o desconforto de um nó mal amarrado nos ramos abaixo dela.
Evanlyn sentou, entediada e apertada, enquanto a lua arqueava para cima e para baixo sobre elas, no fim descendo e deixando a floresta escura e silenciosa mais uma vez. Os barulhos dos pássaros e animais morreram. Agora só restara o vento. Uma vez, logo antes do amanhecer, parecia soprar uma rajada mais forte do que antes e Evanlyn se sentou um pouco mais reta, perscrutando em volta nervosamente. Mas então percebeu que só havia sido uma rajada de ar vaga e ela se afundou de volta na vigília de olhos turvos. Ela bocejou vigorosamente. Suas pálpebras ficaram pesadas e ela se ajeitou ereta rapidamente, percebendo que sua cabeça caíra para um lado e, há alguns segundos, teria estado dormindo. Evanlyn sacudiu a cabeça para limpá-la, respirando fundo, depois examinou o chão pouco iluminado inferior a ela. A forma obscura do porco ainda era visível na neve. Não havia mais nada para ser visto também.
Ela bocejou de novo. Havia uma fina camada de neve nos ramos em torno dela. Evanlyn pegou um pouco e esfregou o líquido congelado no rosto e olhos. Por alguns segundos, ela estava refrescada e alerta. Aí suas pálpebras e cabeça caíram novamente. Ela forçouas a abrir, bocejou de novo e desejou que não tivesse bebido toda aquela água na noite anterior.
Nunca na vida ficou tão grata em ver o amanhecer. A primeira luz cinzenta transbordou nas árvores e ela percebeu que podia distinguir detalhes agora, ao invés de apenas ver contornos vagos. Depois começou a distinguir um brilho vermelho ao leste, escassamente visível pelos troncos e ramos superiores.
Então, sem notar o exato momento que aconteceu, luz cinza-metálica banhou a floresta e a clareira acima onde elas estavam sentadas. Engraçado, pensou como a luz do dia fazia as coisas parecerem menos ameaçadoras.
Alyss se mexeu, depois rolou para o lado e se sentou, esfregando os olhos.
“Algo aconteceu?” ela perguntou, apesar de saber que, se tivesse acontecido, Evanlyn a teria acordado.
“Nada. Parece que a gente escolheu a extensão mais entediante disponível da floresta. Não vi nada ontem a não ser uns insetos e pássaros e até eles ficaram entediados depois de um tempo e foram dormir. Acho que vamos ter que...”
Evanlyn parou. A mão de Alyss apertava seu antebraço firmemente — com tanta firmeza que estava doendo.
“Olhe,” a Mensageira disse. “Olhe para o porco.”
Evanlyn seguiu seu olhar e sentiu o sangue congelar. A neve em volta do pequeno animal estava manchada de vermelho. Alyss pegou a corda de subida e andou até a borda da plataforma, preparando para jogá-la à superfície da floresta abaixo deles. Mas aí ela parou então apressadamente se afastou da borda.
“Olhe aqui embaixo,” ela disse numa voz mal audível. “Não se levante!” alertou. “Você pode cair!”
Sobre as mãos e joelhos, Evanlyn se moveu até a borda da plataforma e olhou para baixo através dos ramos mais baixos até o chão embaixo. A neve em torno da base da
árvore delas estava modelada com pegadas múltiplas, onde um animal grande circulara o tronco repetidas vezes. Num outro lado estava formado um entalhe na neve, onde aquele mesmo animal se deitara, esperando-as, observando-as.
“Você não ouviu nada?” Alyss perguntou e Evanlyn, os olhos arregalados em terror, sacudiu a cabeça.
“Nadinha,” ela disse, depois lembrou, “Uma vez, logo antes do amanhecer, achei que o vento pareceu soprar um pouco mais alto. Mas isso foi tudo.” Ela indicou o cadáver do porco. “Nem ouvi isso acontecer! E juro que eu fiquei acordada a noite toda.”
Ela tremeu em medo quando se recordou de como queria descer da plataforma durante a noite.
“Meu deus!” disse suavemente. “Eu queria descer! Poderia ter acontecido nessa hora!”
Alyss assentiu. Seu estômago também estava apertado com medo. Não tinha jeito de saber quanto tempo a criatura imensa — o que quer que fosse — estivera deitada, observando-as da base da árvore.
Mais tarde, reunindo a coragem, elas desceram da plataforma e estudaram as pegadas na neve.
“Parece mais como um tipo de gato gigante,” Evanlyn disse. Ela não conseguia parar de olhar sobre o ombro enquanto estudava as marcas de patas. Alyss se movera para olhar para a depressão onde a criatura havia deitado na neve.
“Deve ter uns quatro metros de comprimento,” ela refletiu. “Eu queria que Will estivesse aqui. Ele veria algum sentido nessas pegadas.”
“Eu queria que ele estivesse aqui também,” Evanlyn disse. Mas ela estava pensando mais sobre a garantia que o arco longo e poderoso e as flechas de haste cinza de Will podiam dar. Alyss fitou-a rapidamente, então, entendendo o significado das palavras de Evanlyn, o franzir suspeito no seu rosto se clareou. Ela se levou e andou para onde o porco estava deitado, duro e frio agora. Evanlyn a seguiu nervosamente, a mão no cabo da espada que usava. Alyss cutucou o porco com a ponta de uma das lanças.
Aparentemente foi morto por um animal transpassando as garras gigantes pela garganta dele.
“O Terror o matou. Mas não tentou comê-lo,” ela murmurou. “Nem levou a carcaça com ele.”
Evanlyn olhou-a de relance temerosa. “O que isso significa?” ela perguntou, apesar de achar que sabia a resposta.
“O Terror não queria que o porco tocasse o alarme. Além disso, não estava interessado no porco. Estava se aproximando de nós.”
47
“Da próxima vez,” Halt disse, “não iremos embora com tanta rapidez.” Eles haviam perdido apenas seis homens na batalha, com outra dúzia de feridos, quatro gravemente.
Em contrapartida, eles capturaram mais de setenta espadas, peitorais de armadura e elmos dos Senshi caídos — e havia muito mais homens feridos de Arisaka.
Enquanto os guerreiros Senshi e Kikori de Shigeru voltavam pela estreita passagem, Halt pediu que Mikeru e uma dúzia de seus seguidores apagassem as pegadas rumando à boca da entrada secreta. Os adolescentes fizeram isso arrastando grandes partes de lona, originadas das tendas abandonadas do inimigo, pela neve sobre uma grande área na frente do pequeno barranco. Mikeru era muito útil para se ter por perto, Halt refletiu. Ele era entusiasmado, energético e abusava do senso de iniciativa. Um pequeno grupo de Senshi guarda-costas de Shigeru permaneceu para observar o estreito barranco, no caso do inimigo topar com a entrada.
Agora, o grupo de comando estava revendo a batalha no chalé de Shigeru. Halt havia apenas transformado em palavras o pensamento que estava na maioria das cabeças deles.
“Arisaka não é nenhum tolo,” concordou Shigeru. “Ele não irá se apressar cegamente do jeito que Todoki fez. Ele procurará maneiras de derrotar essas novas táticas tramadas por Chocho.” Ele assentiu para Will, que franziu levemente a testa com o termo, mas sabia que agora não era hora para uma aula de idiomas.
“O que temos que fazer é nos colocar no lugar de Arisaka,” disse Halt. “Tentar imaginar como poderíamos contra-atacar as táticas usadas pelos dois gojus.”
“Quatro” Will disse e, quando os olhos de Halt pousaram nele, ele explicou o pensamento. “Teremos pelo menos duzentos homens treinados na hora que o vale estiver aberto novamente.”
Selethen assentiu em confirmação.
“Muito bom,” disse Halt. “Mas ainda estamos em menor número e dessa vez não teremos a vantagem do elemento surpresa. Arisaka conhecerá o nosso modo de luta. Então se você fosse ele, o que você faria?”
Selethen deu uma tossidela e os outros olharam para ele.
“Discutimos isso na Toscana,” ele ressaltou. “Armas pesadas ou artilharia pode romper as fileiras formadas nos gojus. E quando eles perderem essa integridade, os Senshi podem lutar no seu estilo normal — um contra um.”
“Arisaka não tem armas pesadas,” respondeu Halt. “E não tem como consegui-las nas montanhas.”
“Verdade,” Selethen admitiu. “Então arqueiros seria a segunda melhor coisa.” Ele virou pra Shigeru. “Quantos arqueiros você acha que ele poderia reunir?”
O Imperador considerou a pergunta por alguns segundos.
“Quem sabe trinta”, ele disse. Senshi não praticavam tiro com arco e flecha. Era uma habilidade reservada à nobreza.
“Trinta arqueiros podem causar um monte de estragos,” interpôs Will.
Horace se curvou para frente. “Mas o kamé se opõe a isso efetivamente,” ele disse, referindo à formação tartaruga que Will ensinara aos Kikori.
“Não se conseguirem flanquear-nos e então atacar pela traseira,” Selethen disse. “A segunda fileira terá que virar e enfrentar o novo ataque... e isso destrói a formação kamé. Eles não podem ficar com os escudos sobre as cabeças se estão enfrentando um ataque pelo flanco.”
Horace fez um gesto de desprezo. “Então escolhemos um lugar onde eles não poderão nos flanquear. O vale sob a estacada tem a extensão perfeita para isso. Ou talvez possamos simplesmente esperar atrás da estacada.”
“Não podemos fazer isso,” disse Halt. “Teremos que combater Arisaka. Ele terá reforços vindos do sul. Com homens suficientes, ele pode tomar a estacada. Mas o problema é...” A voz morreu Halt não querendo transformar em palavras o pensamento que lhe veio à cabeça.
Shigeru olhou para ele. “O problema, Halto-san?”
Relutante, o arqueiro respondeu. “Não podemos nos dar ao luxo de simplesmente esperar atrás da estacada e batalhar numa luta defensiva indefinidamente. Se fizermos
isso, Arisaka ganhará. No ideal, ele gostaria de nos apagar. Mas se isso levar tempo demais, ele simplesmente deixará alguns homens aqui para nos manter ocupados, depois marchará ao sul e reclamará o trono. Ele pode dizer que você está morto e ninguém descobrirá a verdade,” disse ao Imperador.
Shigeru assentiu pensativo. “E quando ele reclamar o trono será duas vezes mais difícil de tirá-lo de lá.”
“Exatamente. Então nós precisamos forçá-lo a lutar — fazê-lo achar que esse tempo valerá a pena. E se formos fazer isso, precisamos criar uma segunda ideia na cabeça dele e descobrir como ele atacará as nossas táticas.”
“Resumindo,” disse Will lentamente, “ele terá que destruir a nossa muralha de escudos e rodear-nos ao mesmo tempo. Correto?”
Os outros assentiram e ele continuou.
“Sabemos que ele tem capacidade de nos flanquear se lutarmos com ele em campo aberto. Se puder atacar-nos, mas ainda manter-nos a certa distância, ele nos forçará a avançar. Afinal, as nossas lâminas afiadas são apenas efetivas de perto. E se avançarmos de uma posição preparada para ficarmos mais perto, iremos nos expor a um movimento pelos flancos.”
Horace seguia a linha de raciocínio pensativamente. O que o amigo dizia fazia sentido.
“Mas como ele pode atacar a gente e manter a gente a certa distância ao mesmo tempo?” perguntou.
“Eu estava pensando em algo como a Falange da Macedônia,” Will disse.
Shigeru notou o súbito e simultâneo influxo de fôlego de Halt, Horace e Selethen.
Todos assentiram pensativos.
“O que é a Falange da Macedônia?” ele perguntou.
“Os macedônios eram guerreiros que desenvolveram uma formação altamente efetiva chamada de Falange,” Halt explicou a ele. “Consistia em guerreiros com dardos longos e pesados com mais de quatro metros de comprimento. Eles poderiam atravessar a fileira frontal de um exército antes que o inimigo pudesse reagir.”
“E você acha que Arisaka possa saber sobre essa falange?”
“Não,” Halt respondeu. “Mas a ideia de usar lanceiros ou piqueiros pode muito bem ocorrer a ele. Eu ficaria surpreso se não ocorresse: é uma ideia lógica. Eles poderiam atacar a nossa fileira frontal e estariam seguros das nossas lâminas curtas.”
“Teríamos que nos aproximar deles,” Horace disse. “Teríamos que avançar para lutar com eles ou nossa muralha de escudos seria dilacerada em pedaços.”
“E assim que avançarmos, os colegas deles podem nos flanquear,” disse Selethen.
“Poderíamos usar as nossas lanças como dardos,” sugeriu Horace. “Poderíamos lançar a primeira saraivada, depois reter as lanças da segunda e terceira fileira como armas de esfaqueamento.”
Halt esfregou o queixo pensativamente. “Isso pode funcionar. As probabilidades são que Arisaka não terá homens com a capacidade de manejar algo mais longo que o dardo macedônio. Demora anos para desenvolver a força e habilidade necessárias. Em minha opinião, eles vão usar lanças normais, então estaríamos lutando com lanças contra lanças. Mas, na melhor das hipóteses, será um beco sem saída. No fim precisaremos de nos aproximar. É onde todas as vantagens caem com os nossos homens. Aí precisamos de um jeito para impedir qualquer movimento pelos flancos.”
“Uns cinquenta arqueiros viriam a calhar,” Will disse.
“Se pudéssemos treinar eles. E se tivéssemos cinquenta arcos,” respondeu Horace.
Will assentiu, desanimado. Mas, ao olhar para o velho mentor, ele viu uma luz nos olhos de Halt.
“Eu tenho uma ideia,” o arqueiro mais velho disse. “Will, vamos nos encontrar com o jovem Mikeru.”
Will, Halt e Mikeru estavam no campo de treinamento onde os gojus Kikori costumavam treinar. As tropas estavam descansando no momento, de forma que eles tinham os campos para si próprios.
“Mikeru,” disse Halt, “você pode jogar uma lança?”
O jovem Kikori assentiu, entusiasmado. “É claro, Halto-san. Todos os Kikori aprendem a manejar uma lança quando são bem novos.”
“Excelente.” Halt passou ao jovem uma lança de arremesso padrão Kikori e assentiu para uma viga a trinta metros de distância, onde ele prendera um dos peitorais de armadura capturados. “Acerte aquele peitoral.”
Mikeru testou o peso e equilíbrio da lança, depois avançou a passos largos até o alvo estar a trinta metros de distância. O braço direito e peso corporal foram para trás, a perna esquerda estendendo-se e então ele atirou a lança num arco raso. Ela acertou o peitoral, perfurando e derrubando-o da viga para que caísse com um tinido no chão.
Halt notou a coordenação do arremesso, com o braço direito e ombro, corpo e pernas, tudo combinando para pôr força máxima na lança.
“Muito bom” ele disse. “Will, será que você poderia recolocar o alvo, por favor?”
Will avançou para recolocar o peitoral danificado na viga, puxando a lança dele enquanto fazia isso. Quando virou, Halt havia levado Mikeru de volta a um ponto de cinquenta metros do alvo. Will se juntou a eles rapidamente e Halt pegou a lança dele, oferecendo-a para Mikeru.
“Vamos ver se você consegue daqui,” ele disse. Mas Mikeru sacudiu a cabeça apologeticamente.
“É longe demais, e a lança é pesada demais para eu jogar tão longe.”
“Achei que sim,” Halt disse. Ele abriu um pedaço enrolado de lona que estivera carregando e produziu uma arma estranha, que passou para Mikeru.
Era um dardo gigante, com mais de um metro de comprimento e feito de bambu leve, mas com uma pesada ponta de ferro em uma extremidade. Na outra extremidade havia três penas de couro, enlaçadas e coladas à haste como a pena de uma flecha. Logo à frente dessas penas, um pequeno buraco havia sido entalhado por todo o redor da haste. “Tente com isso,” ele disse.
Mas outra vez, Mikeru, depois de testar o peso do projétil, sacudiu a cabeça.
“Esse é leve demais, Halto-san. Não posso pôr força nele.”
“Exatamente,” concordou Halt. Então ele sacou uma correia de couro, amarrou-a em uma extremidade e enlaçou na outra. Ele torceu a extremidade amarrada em volta do buraco na traseira da haste, então, prendendo firmemente no lugar, cruzou a correia em si mesma, perto ao nó, para prendê-lo no lugar. Depois, mantendo firme a correia, ele a estendeu pela haste até onde Will notou que havia uma seção presa com corda fina, formando uma empunhadura. Ele pegou a mão direita de Mikeru e deslizou o lado enlaçado na correia nela, antes de colocar a mão do garoto na empunhadura presa com corda no dardo, certificando-se de que deixava a correia firme enquanto fazia isso.
Entendimento iluminou os olhos do jovem Kikori quando ele segurou o dardo, com a correia de couro tensionada se estendendo por metade de sua extensão, retida no lugar pela corda passando sobre o nó.
“Agora tente,” Halt disse.
Mikeru sorriu para ele, olhou para o peitoral, se inclinou para trás, depois lançando o corpo e braço no arremesso. A corda de couro agiu como uma extensão ao braço dele, acrescentando um enorme impulso extra ao lançamento. Enquanto o míssil se afastava silvando num voo mortal em arco, a extremidade amarrada da correia simplesmente se libertou e caiu livre, balançando do pulso de Mikeru.
O dardo somente errou o peitoral, depois acertou o chão com a ponta num baque surdo, uns oito metros atrás dele. Mikeru sacudiu a cabeça em admiração.
“É bom,” ele disse. “Muito bom.” Começou a andar para recuperar o dardo, mas Halt o parou, apontando para o rolo de lona. Havia mais três dardos ali.
Mikeru era um atleta natural, com excelente coordenação mão e olho. E ele já era um experiente arremessador de lanças. Não levou muito tempo para se acostumar a essa nova técnica. O quarto arremesso acertou a armadura de couro, a pesada ponta de ferro dilacerando um buraco denteado.
Halt deu um tapinha nas costas dele em encorajamento.
“Mostre isso aos seus amigos,” ele disse. “Faça mais desses dardos e pratique com eles até vocês todos conseguirem acertar. Temos outras sete ou oito semanas até a primavera e eu quero trinta de vocês treinados e prontos com essas armas quando enfrentarmos Arisaka novamente.”
Mikeru assentiu, entusiasmado. Ele se irritava com o fato de que até agora não foi de nenhum papel especial na batalha contra o usurpador. E ele sabia que os amigos sentiam a mesma coisa. Essa era a chance deles.
“Estaremos prontos, Halto-san,” ele disse, ficando ereto e curvando-se formalmente.
Halt assentiu em reconhecimento. Então ele e Will se viraram, deixando Mikeru recuperar os dardos e continuar a aperfeiçoar a nova habilidade.
“Agora vamos ver o que acontece se eles tentarem nos flanquear,” Halt disse.
48
''Você tem certeza que essa é uma boa ideia?'' Evanlyn perguntou ansiosamente.
Alyss olhou de relance pra cima de onde estava checando seu equipamento.
''Não. Não tenho. Mas esta é uma ideia, e esta é a única que nós temos. Eu apenas espero que você seja tão boa quanto você diz que você é com aquele seu estilingue.''
''Eu nunca disse que eu era tão boa. Outras pessoas podem ter dito isso, não eu. '' Evanlyn protestou. Alyss a considerou cinicamente. ''Talvez. Mas eu nunca ouvi você os contradizer.''
A discussão foi interrompida por uma luz clara na armação da porta do quarto que elas compartilhavam.
''Entre.'' Alyss chamou e a porta deslizou para admitir Lorde Nimatsu. O nobre de Nihon-Jin as olhou com um olhar preocupado no rosto. Ele olhou para a cama e viu o equipamento de Alyss disposto pronto.
''Ariss-san, '' ele disse, enquanto se curvando a ela, ''vejo que você esta determinada a continuar com isto.''
''Estou amedrontada que eu esteja Lorde Nimatsu. Suas pessoas não passarão por aquela floresta a menos que nós mostremos para eles que nós matamos o Terror. E este é o melhor caminho que eu posso imaginar pra fazer isso.”
''Mas você não pode tentar com outro porco – ou uma cabra, talvez – como isca?''
Nimatsu perguntou.
Alyss balançou a cabeça. ''O Terror mostrou que não está interessado em animais. Ele só matou o porco pra silenciar ele. Assim não suspeitaríamos que ele estivesse lá. Mas uma vez feito isso, não tocou na carcaça. Sentou por horas debaixo da nossa árvore, esperando pra ver se nós descíamos. Ele quer pessoas. É um comedor de homens. Então agora, eu sou o porco. '' Ela esperou um segundo e olhou para Evanlyn.”
''Você sempre poderia contestar o jeito que eu disse isso. '' Ela sugeriu.
Evanlyn fez um gesto negando. ''Isto é muito sério para se brincar, Alyss. Você está se pondo em perigo terrível. E você está pondo muita confiança em minha habilidade com o estilingue. Por que não tiramos na sorte pra ver quem será a isca?''
O olhar de Nimatsu mudou rapidamente entre as duas meninas durante esta troca. Ele acenou com a cabeça várias vezes.
''Você esta arriscando um grande negócio, Ariss-san. Ev-an-in-san é tão habilidosa como você diz?''
''Ela é muito melhor que eu sou com um dardo. '' Alyss lhe disse. ''Então, é lógico que eu sou a isca e ela é a caçadora. Um amigo nosso diz que ela pode acertar o olho de um mosquito com o estilingue dela. ''
''Eu não estou certa de que sou tão boa assim. '' Evanlyn disse duvidosamente.
Alyss levantou uma sobrancelha. ''Bem, esse não é o melhor momento para me dizer isso.''
Evanlyn deixou o comentário passar. Ela sabia que o sarcasmo de Alyss partia os nervos. A menina estava à altura de se colocar numa posição de perigo terrível. Ela poderia tentar passá-lo calmamente, mas era natural que ela estivesse com medo do que estava por vir.
''De qualquer maneira, '' Alyss continuou, ''uma vez que tudo começar, eu vou estar seguramente escondida no meu escudo. Você será a única no aberto, tendo que lidar com o grande gato.''
Ela indicou o grande escudo de madeira que tinha sido feito sob suas instruções. Quase dois metros de altura, era retangular, formando uma curva rasa. Foi, de fato, idêntico aos que são utilizados pelos Kikori e que planejava usar para se proteger do ataque do Kyofu.
Nimatsu suspirou profundamente. Ele admirava a garota alta, cortês e temia que ela não sobrevivesse à noite seguinte.
''Eu continuo dizendo, eu não gosto dessa ideia, '' disse ele, com uma nota de finalidade em sua voz. Ele sentiu que não iria dissuadi-la. Alyss sorriu para ele, mas havia pouco humor real no sorriso.
''Eu não sou louca por ela também. Mas, atualmente, é a única ideia que temos. ''
Em algum lugar por perto, uma coruja piou em intervalos regulares. Quando Alyss ouviu o som pela primeira vez, seu cabelo arrepiou-se. Agora ela tinha se acostumado com ele e ele se tornou parte do quadro global da noite, junto com o farfalhar ocasional de pequenos animais noturnos que se deslocavam sob as árvores e o sopro suave do vento entre os galhos. Ela ficou de costas para a maior árvore que pôde encontrar o escudo pesado plantado em sua frente, seu braço através da cinta de suporte, pronto para levantá-lo em posição. Apenas sua cabeça à mostra acima da superfície do escudo. Em uma bainha à direita de seu quadril, ela usava a faca saxônica de Evanlyn. A arma mais curta seria mais útil e mais fácil de manejar do que seu longo sabre – assumindo que tudo ocorresse de acordo com o plano. Seus dois dardos bateriam o ponto no chão ao seu lado. Ela duvidou que fosse de qualquer uso, mas ela trouxe de qualquer maneira.
Sua cabeça, rosto e braço direito estavam protegidos com couro resistente para proteção contra as garras do Terror. Até agora ela estava convencida de que era uma forma de gato predador gigante. Ela tinha ouvido contos de tigres e sua capacidade quase sobrenatural de tomar a presa de forma silenciosa e sem ser observado. Ela não poderia imaginar um animal volumoso, desajeitado como um urso fazendo isso.
Ela se se encostou à árvore. Suas pernas estavam doendo. Ela tinha estado aqui de pé por várias horas e o frio implacável foi subindo por suas pernas, enrijecendo os músculos. Ela queria se sentar por alguns minutos, mas sabia que isso iria colocá-la em desvantagem se o mostro aparecesse. De pé, ela poderia se mover instantaneamente, trazendo o escudo até enfrentar um ataque de frente ou de ambos os lados. A árvore protegia sua retaguarda.
Ela moveu suas pernas, tentando fazer o sangue fluir, aliviando o peso de uma para a outra.
A facilidade momentânea só fez piorar o desconforto quando ela colocou o peso sobre os músculos cansados mais uma vez. Ela se perguntou que horas eram. A lua há muito desparecera e as sombras sob as árvores eram profundas e de tinta preta. Ela olhou para a plataforma que eles construíram na árvore a sua frente. Ela só poderia fazê-lo fora, e ver o volume escuro da forma de Evanlyn enquanto ela vigiava. Pelo menos Evanlyn poderia sentar-se, pensou. E isso foi...
Alguma coisa estava errada.
Ela percebeu isso. Algo na floresta havia mudado. Seu coração batia forte enquanto tentava localizar a diferença. Então, ela conseguiu. A coruja não vaiou. Sem perceber, ela estava contando em sua mente após cada vaia. A coruja estava fazendo seu som fúnebre regularmente, depois dela ter contado entre cento e cinquenta e cento e sessenta.
No entanto, sua automática, contagem quase subconsciente tinha passado apenas 173.
Havia alguma coisa ali, algo perto. Acima da borda do escudo, com os olhos movendo rapidamente de um lado para o outro, procurando nas sombras, tentando desesperadamente ganhar sua primeira visão do predador, se esforçando para descobrir de onde o ataque viria.
''Alyss! Esquerda! Esquerda!'' O grito de alerta de Evanlyn penetrou pela floresta e Alyss virou para a esquerda, levantando o escudo quando ela viu um borrão de movimento vindo até ela.
Algo enorme bateu contra o escudo e a mandou voando por alguns metros. Ela agarrou as alças desesperadamente para manter sua posição no escudo, sua única esperança de segurança. Ela caiu de costas no chão, escorregando na neve em pó, o fôlego expulso de seu corpo em um grunhido explosivo. Então algo enorme, pesado e incrivelmente forte estava em cima dela, apenas o escudo de madeira curvado entre eles, e ela encolhida sob ele, puxando-o para proteger a cabeça, o corpo e os pés, agarrando-se desesperadamente às alças que o monstro tentava arrancar para obter sua presa. Agora, ela podia ouvir o rugido, de gelar o sangue, de kyofu, pois rasgou a madeira com suas garras e, um pequeno pedaço da borda superior do escudo com seus dentes enormes.
Como os gatos enormes fazem, ele tinha elaborado suas pernas traseiras para estripar sua presa com uma descendente selvagem. Mas as garras inclinadas não encontrou carne, mas madeira dura, reforçada com ferro. Eles lascaram primeiro e arrancaram sulcos profundos na segunda.
O animal rosnou em frustração e fúria quando as lascas de madeira longa esfaquearam o almofadado de suas patas. Em algum lugar abaixo desta superfície firme, ele sabia, estavam carne e sangue quente, e redobrou seus esforços para chegar a ela.
Evanlyn viu o súbito borrão de movimentos a partir da borda da clareira quando o kyofu lançou seu ataque. Ela só teve tempo de gritar o aviso antes do monstro se chocar contra o escudo, enviando Alyss voando. Até agora, o plano de Alyss estava trabalhando. Ela conseguia manter o grande escudo interpondo-se entre o predador e ela mesma. Agora era a vez de Evanlyn. Ela chutou a corda enrolada sobre o lado da plataforma, deslizou alguns metros, depois caiu à distância restante ao chão da floresta.
Seu estilingue já estava na mão quando se recuperou sobre os pés, ela estava colocando um dos chumbos, em forma de ovo, na bolsa central. Ela queria a velocidade máxima, assim girou o estilingue duas vezes, em seguida, liberando, chicoteando o projétil brutalmente em toda a clareira até o predador.
A cena parecia se desdobrar lentamente em sua visão. Ela podia ver agora que kyofu era um gato enorme – muito maior do que os leões da areia que Selethen tinha apontado para ela quando estavam viajando através de Arrida. Este era imenso, e seu pelo era branco, marcado com listras borradas de cinza-escuro.
‘’Um tigre da neve, ’’ pensou ela. Então seu tiro atingiu o animal com uma rachadura enjoativa, acertando o ombro esquerdo, esmagando e fragmentando o osso sob a pele.
Ela mudou-se automaticamente, recarregando a bolsa, girando o estilingue, liberando novamente.
Smash! O segundo tiro atingiu a costela da criatura, fraturando-a. O tigre uivava de agonia e fúria e girou a cabeça para ver onde estava seu atacante.
Sob o escudo, Alyss ouviu a violenta, batida do impacto quando os dois tiros atingiu a besta em rápidas sucessões. Na primeira, ela sentiu a diminuição da pressão sobre o seu lado direito, o antebraço esquerdo da criatura foi destruído no ombro, deixando-o flácido e inútil. Então ela ouviu outro barulho abafado e o kyofu já não tinha mais a intenção de rasgar o escudo solto. Enquanto levantava a cabeça para procurar Evanlyn, o peso sobre Alyss foi subitamente reduzido e ela podia mover seu braço direito. Ela lançou seu punho direito do suporte do escudo e, com a força do desespero, agarrou a faca saxônica da bainha.
Evanlyn colocou seu terceiro tiro cuidadosamente, enviando-o contra a traseira do quadril esquerdo do animal.
Novamente, o osso triturado na perna traseiro-esquerda de repente ficou mole, de modo que seu salto destinado para a figura, que agora podia ver, embaixo de uma árvore do outro lado da clareira, não deu em nada. Ele fracassou de forma desajeitada, sem orientação de um lado.
A agonia em sua perna traseira queimando e, louco de dor, ele virou-se para o prejuízo com suas enormes presas.
Quando se virava para fazer isso, o quarto tiro de Evanlyn bateu em sua cabeça com uma força chocante.
E no mesmo instante, Alyss alcançou a extremidade do escudo e dirigiu a faca saxônica afiada profundamente na barriga da criatura, cortando para cima para criar uma ferida de quase meio metro de comprimento.
O monstro urrou uma nota estridente de terror confusa substituindo a selvageria do coração frio de seu desafio normal. Aleijado, eviscerado, morrendo, ele ruiu lateralmente sobre a neve, agora correndo vermelha com seu sangue.
Desesperadamente rastejando com os pés, Alyss forçou seu caminho para trás sob o escudo, deslizando de costas para escapar do alcance da criatura horrível. Evanlyn correu até ela, agarrou seu braço e arrastou-a claramente, trazendo-a aos seus pés. As duas meninas se agarravam uma na outra. Em seguida, o kyofu deu um último grito estremecendo e ficou imóvel.
''Ele está morto, '' disse Evanlyn entorpecida.
Alyss não disse nada. Dominada pelo choque em seu calvário, reagindo ao terror daqueles minutos agachados sob o escudo, sentiu seu estomago palpitando e ficou violentamente enjoada.
49
Quando amanheceu, elas arrastaram o corpo morto do mostro de volta ao castelo de Nimatsu, engatado atrás de um par de cavalos emprestados da aldeia Hasanu. Ele era, como Evanlyn havia adivinhado quando o viu pela primeira vez, um tigre da neve. Mas era um imenso, medindo cerca de cinco metros do focinho à cauda. Quando a pequena cavalgada fez seu caminho através da rua principal da aldeia, os Hasanus saíram em reverência para vê-los passando. Houve gritos de espanto quando viram o tamanho do gato morto, seu corpo listrado de branco e cinza manchado com sangue e sujeira. Os sinais deixados pelos tiros de Evanlyn também foram claramente visíveis – a pata dianteira esquerda foi esmagada e retorcida em um ângulo curvado. A mandíbula inferior foi destruída quase separada do crânio da criatura, mantida no lugar apenas por uma rede de nervos, e a mandíbula e o pescoço estavam cobertas de sangue seco e congelado. O mais notável era o corte de meio metro de comprimento na barriga do animal, com a pele em torno dela saturada de sangue também. A cabeça da besta bateu no chão que os dois cavalos caminhavam lentamente pela vila. Os olhos estavam entreabertos, vidrados. Mas mesmo na morte, o animal ainda ganhava seu título, Kyofu – O Terror.
A palavra voava de boca em boca quando eles escancaravam para a fera que estava aterrorizando o interior. Então eles olharam do cadáver enorme para as duas meninas que o havia conquistado. Ambas estavam cansadas e pálidas, lutando contra o choque e as sequelas de medo tanto quanto o cansaço. Vistas ao lado do corpo inerte, elas pareciam minúsculas, quase insignificantes. O casaco e a calça de Alyss estavam rasgados e manchados do terreno acidentado onde ela tinha caído. Ela tinha descartado o couro de proteção do rosto e dos braços. O escudo foi pendurado sobre o jugo do lado esquerdo do cavalo e a luz do dia revelou a extensão do golpe que havia tomado das garras e dentes do Kyofu. A borda superior foi estilhaçada e dividida e havia goivas maciças nas curvas de madeira que formavam a maior parte do escudo. As tiras de ferro reforçado mostravam cicatrizes brilhantes onde as garras enormes da criatura tinham marcado profundamente no metal. Quando as duas criaturas esguias, diminuídas pelo Kyofu e pelo povo maciçamente construído de Hasanu, avançaram pela rua da aldeia, os moradores começaram a se ajoelhar, a flexão de corpos e cabeças baixas se deslocavam em sucessão, assemelhando-se a uma plantação de trigo diante de uma súbita brisa varrendo pelo campo. ‘Nós nos curvamos ou algo assim?’’ Evanlyn disse pelo canto da boca. Treinada como ela estava com o protocolo, esta foi uma situação que seus professores nunca tinham previsto. ‘’Você pode. Estou muito cansada’’ Alyss respondeu. Ela olhou para o fim da rua central da aldeia, que subia em direção ao castelo. A figura alta de Lord Nimatsu estava esperando por elas. Á medida que elas se aproximavam, ele se inclinou no menor arco possível diante delas. Alyss e Evanlyn trocaram um olhar, em seguida, fizeram gestos com as mãos vagas e os prumos um pouco duros da cabeça em resposta. ‘’Ariss-san, Ev-na-in-san, ’’ disse o nobre quando se ajeitou mais uma vez, ‘’você fez um grande serviço ao meu povo. ’’ Evanlyn balançou a cabeça, olhou em volta e apontou para o enorme corpo no chão. ‘’Lord Nimatsu, aqui está seu Kyofu. Morto. ‘’ ‘’Eu posso ver. Eu posso ver, ‘’ Nimatsu respondeu suavemente. Ele se aproximou para examinar o Kyofu mais de perto, tendo nas lesões terríveis que essas duas estrangeiras franzinas tinham infligido sobre ela. ‘’Vocês estão ilesas? ‘’ Perguntou ele. Alyss encolheu os ombros. ‘’Eu estou ferida e maltratada, e meu traseiro tem hematomas nele todo. ‘’
Evanlyn deu um sorriso cansado. ‘’Eu tive um inacreditável medo fora de mim. Mas, além disso, nós estamos bem. Você deverá ver o outro. ‘’ Ela fez uma pausa, depois acrescentou em falsa surpresa, ‘’Oh... você pode. ‘’
‘’É um tigre da neve, ‘’ Nimatsu disse suavemente. Ele caiu de joelhos ao lado do corpo inerte, chegando a tocar a pele branca. ‘’Eu nunca vi um tão grande. Eu pensei que eles tinham sido expulsos destas partes anos atrás. ‘’ ‘’Bem, esse resolveu ficar por perto, ‘’ Alyss disse a ele. Nimatsu ergueu os olhos do tigre morto e encontrou os olhos dessas duas garotas gaijins. Em sua vida ele tinha visto muitas façanhas na batalha. Nunca antes tinha visto coragem igual àquela apresentada por essas duas. Ele se virou para os Hasanus reunidos, agora observando em silêncio. ‘’Povo Hasanu!’’ Disse ele, erguendo a voz para que descesse até a rua, onde centenas de rostos estavam assistindo. ‘’O Kyofu está morto!’’ Foi como se estivessem aguardando a confirmação do fato. Este foi um gigante rugido sem palavras de triunfo dos aldeões reunidos. Alyss e Evanlyn ficaram sem jeito, não tinham certeza de como responder ao momento. Verdade seja dita, ambas estavam ansiosas para escapar da opinião pública e recuperar a noite terrível que passaram. Nimatsu levantou a mão e o rugido da multidão morreu lentamente. ‘’O Kyofu matou dezessete dos nossos amigos e vizinhos. Agora, essas meninas, essas meninas de outro país, deram um fim no Terror! ‘’ Alyss levantou a sobrancelha. Ele não usou a palavra gaijin, notou. Literalmente, significa estrangeiro. Mas o tempo tinha desenvolvido harmonia pejorativa na forma como foi utilizada algumas vezes. Obviamente, Lord Nimatsu pretendia que ninguém poderia desferir qualquer tipo de calúnia com suas palavras. ‘’Povo Hasanu, dê graças a Ev-na-in-san e Ariss-san!’’ Agora o barulho que se levantou de sua garganta era ensurdecedor. Alyss olhou para Evanlyn, em pé ao seu lado. A princesa sorriu. ‘’Eu acho que nós poderíamos nos curvar agora, ‘’ disse ela. Elas reconheceram os gritos dos moradores, então Lord Nimatsu adiantou-se para se juntar a elas. ‘’Hoje, vocês devem descansar e se recuperar. ‘’ disse ele. ‘’Vou enviar mensageiros para recolher um exército Hasanu. Até o fim da semana devemos estar prontos para marchar para o auxílio do imperador Shigeru. ‘’
Alyss deitou no banho escaldante, sentindo a água aliviar suas contusões e dores de sua batalha com o Kyofu. Ela ainda podia lembrar o terror entorpecente que sentiu quando o maciço animal tinha saído da noite a ela, a boca seca de medo enquanto estava deitada debaixo do escudo de madeira, ouvindo suas garras e dentes rasgar-se na madeira, sentindo-o romper e sabendo que não podia resistir ao ataque por muito mais tempo, então o alívio esmagador quando ouviu o disparo de Evanlyn batendo no corpo do animal. ‘’Ela é tão boa quanto dizem, ‘’ ela murmurou para si mesma. Relutantemente, ela saiu da água fumegante, envolvendo-se em um gigante manto quente e gemendo um pouco com as pontadas de dor nos músculos das costas. No entanto, a dor era muito menor do que tinha sido antes do banho, ela sabia. Houve um leve toque na moldura da porta. ‘’Entre, ‘’ ela falou. A porta se abriu e Evanlyn entrou. Ela tinha tomado banho também. Ela usava um manto em volta do cabelo curto loiro que ainda estava molhado. ‘’Como você está se sentindo?’’ Evanlyn perguntou. Alyss fez seu caminho para um banquinho e se sentou. Gemendo um pouco mais uma vez, e indicou para Evanlyn se sentar ao lado dela. ‘’Eu vou viver, ‘’disse ela, com um sorriso irônico. ‘’Essa água quente certamente faz maravilhas. O que não me escaldou me deixa mais forte, ‘’ disse ela, citando incorretamente o velho provérbio. O sorriso desapareceu e ela estudou Evanlyn por alguns segundos. ‘’Ocorre-me, ‘’ ela disse, ‘’que em todo o espanto e emoção e aplausos, eu nunca disse obrigada a você. ’’ ‘’Obrigada a mim?’’ Disse Evanlyn, seu tom incrédulo. ‘’Eu nunca presenciei nada que se igualasse ao que você fez na noite passada! Esse foi o ato mais corajoso que eu já vi! Onde diabos você teve aquela ideia?’’ Alyss corou um pouco, embora, com o rosto já liberado a partir do calor do banho, foi difícil de observar. ‘’Selethen nos disse algo quando estávamos em Toscana. Ele disse que uma das tribos ao sul de Arrida caça leões desse jeito. Eles deixam os leões bater neles, em seguida, se encontram sob seus escudos e dão facadas em cima deles. Pareceu-me que podia ser um caminho para lidar com Kyofu. É claro, ‘’ ela disse, sorrindo, ‘’eles não têm o benefício de um amigo atirando grandes pedaços de chumbo no leão quando fazem isso. Você não tem ideia de como eu estava aliviada quando você veio ao resgate. ‘’ Ela olhou seriamente para a garota menor agora. Todos tinham feito um grande alarido sobre Alyss se dispor para servir de isca na floresta. Alyss só percebeu que quando Evanlyn veio em sua ajuda, ela tinha feito isso sem nenhuma proteção. Se seus tiros de estilingue não tivessem sido tão precisos quanto foram, ela teria ficado diante de uma fera enfurecida de perto, sem escudo, armadura ou qualquer outro tipo de arma de defesa.
Se Alyss havia arriscado sua vida para derrotar o Kyofu, Evanlyn não tinha feito menos. Ela questionou se a princesa percebeu isso e sentiu um profundo respeito com a outra menina, e não apenas sua habilidade com o estilingue, mas para sua disponibilidade para se colocar em perigo para salvar um companheiro. Se apenas... Alyss resolutamente empurrou o indigno pensamento de lado. Mas Evanlyn parecia ter pensado de forma semelhante. ‘’Alyss, ‘’ disse ela, hesitante, ‘’um dia eu serei rainha. E eu vou querer que as pessoas ao meu redor sejam corajosos, dedicados e criativos. ‘’ ‘’Isso é como deve ser, ‘’ disse Alyss. ‘’Francamente, eu gostaria que um pouco dessas pessoas fossem mulheres. Acho que as mulheres têm uma visão de diferente perspectiva sobre as coisas, como sua mentora tem provado uma vez ou outra. Eu gostaria que você fosse do meu circulo íntimo, Alyss, profissionalmente e pessoalmente. Acho que poderíamos trabalhar bem juntas. ‘’ Alyss fez uma meia reverência de sua posição sentada e encolheu-se quando os músculos das costas estenderam-se novamente. ‘’Eu sempre vou ser feliz a servir a minha rainha e meu país de qualquer maneira que eu puder, ‘’ ela disse educadamente. Evanlyn estendeu as mãos em exasperação. ‘’Por que você tem que ser tão formal, Alyss? Eu respeito você. Eu admiro você. Eu gosto de você! Eu quero ser sua amiga! Meu pai revelou que ter bons amigos como conselheiros é a melhor maneira de governar. Halt, Crowley, Barão Arald. Eles não são apenas conselheiros. Eles eram seus amigos há anos. E os amigos dirão quando você está errado. Eu quero isso!’’ “Tenho sido hostil, sua alteza? Eu sempre tentei ser respeitosa. ‘’ A face de Alyss foi uma máscara, mas agora dois pontos de cores apareceram-no rosto de Evanlyn. ‘’Sempre tem que ter uma ninharia entre nós, não é?’’ Disse ela com raiva. ‘’Obrigada por isso, sua alteza. Eu tenho sido hostil? Eu sempre fui respeitosa. ‘’ Ela imitou as palavras de Alyss selvagemente. ‘’Eu estou oferecendo a minha amizade. Mas você parece decidida a me empurrar para longe. Por quê? Vamos tirar isso a céu aberto, de uma vez por todas!’’ Alyss respirou fundo. Ela hesitou. Ela era uma garota ambiciosa e ela sabia que poderia estar comprometendo sua carreira futura se ela tivesse mais essa questão. Mas então a barragem rompeu. ‘’Nós sabemos o que é! Deixe suas mãos longe do Will, certo?’’ Ela levantou-se dominando a garota menor com sua altura superior. Mas Evanlyn manteve sua posição e gritou com ela. ‘’Será? O que sobre Will? O que há com você sobre mim e Will?’’ ‘’Por que você está apaixonada por ele! Você é a princesa e você acha que pode ter qualquer coisa que você quiser, e você vai querer. Qualquer tolo pode ver isso!’’
‘’Então eu tenho medo de que você seja tola, Alyss Mainwaring, porque eu não sou apaixonada por Will. Eu estou amando Horace. ‘’ Evanlyn abaixou sua voz, mas suas palavras não carregavam menos peso pela queda brusca no volume. ‘’É claro que você esta! Não nego isso. Você... ’’ Alyss de repente percebeu o que a princesa tinha dito e afundou em uma pausa. ‘’Você está o quê?’’ Disse. ‘’Quero dizer, eu sei que Horace é apaixonado por você. Mas você... ‘’ ‘’Eu estou apaixonada por ele. Profundamente no amor com ele. E só ele. Porque você acha que eu vim a meio caminho ao redor do mundo para ajudá-lo? Porque ele é um bom parceiro de dança? Oh, eu amo Will, Alyss. Mas eu não sou apaixonada por ele. Passamos por muita coisa juntos e ele era um maravilhoso amigo e protetor pra mim. Olha, anos atrás quando voltamos da Escandinávia, eu achava que estava apaixonada por Will. Eu admito que eu fiz um jogo com ele então. Mas ele não me quis – e ele estava certo. Nós somos amigos, bons amigos. Certamente você pode lidar com isso?’’ Alyss hesitou. Ela ainda não estava certa. Ela não tinha certeza de que ela confiava nos motivos de Evanlyn. ‘’Eu não estou... ‘’ ela começou, mas Evanlyn explodiu de raiva mais uma vez. ‘’Ah pelo amor de Deus, menina! Diga-me, como você se sente sobre Horace? ‘’Horace?’’ Alyss disse em surpresa. ‘’Bem, nós crescemos juntos. Eu amo ele, é claro. Ele é como um irmão mais velho. ‘’ ‘’Exatamente! Agora isso me incomodou? Ou eu tenho lidado com isso?’’ Alyss não pode evitar um sorriso irônico. ‘’Bem, quando o encontramos, você quase quebrou meu braço deixando-o longe de mim, ‘’ ela disse e Evanlyn revirou os olhos ao céu. ‘’Mas não... Eu suponho que não tem incomodado. Não há nenhuma razão para que deva. Não há nada como... que... entre Horace e eu, como eu digo. ‘’ ‘’Aaaaaaaggggggghhhhh!’’ Evanlyn soltou um grito frustrado. Alyss efetivamente recuou em um ritmo de surpresa. ‘’Isso é o que eu estou tentando dizer! Não há nada entre Will e eu, ambos! Lide com isso! Pelo amor de Deus, lide com isso!’’ Mais do que um pouco de surpresa, Alyss estudou a postura determinada dela. Alyss era uma pessoa honesta e ela foi forçada a admitir que Evanlyn tivesse um excelente ponto. Alyss passou os últimos meses, e um tempo considerável antes deles, desconfiando dela, desconsiderando seu ressentimento e ciúme do tempo que ela passou com Will. No entanto, ela percebeu que Evanlyn, se ela escolheu, pode sentir da mesma maneira sobre seu relacionamento com Horace. Mas ela não fez. Ela aceitou E de repente Alyss sentiu-se muito pequena quando se lembrou do sarcasmo e das provocações e as articulações magoadas que tinham caracterizado sua relação. Evanlyn se comportou bem, ela pensou. Foi ela quem se comportou mal, que tinha sido mesquinha e desconfiada. Esta era uma menina nobre e corajosa, ela percebeu. Ela não
hesitou em arriscar a vida dela quando Alyss estava em perigo. Ela agiu de forma rápida e desembaraçadamente. Ela tinha oferecido sua amizade e Alyss, como sempre no passado, tinha rejeitado. ‘’Sinto muito, ‘’ ela disse mansamente. ‘’Nunca pensei nisso dessa forma. ‘’ Sentia-se envergonhada e por poucos segundos ela não conseguia encontrar os olhos de Evanlyn. Mas, em seguida, ela ouviu o sorriso inconfundível na voz da garota menor. ‘’Bem, graças a Deus nós temos que sair desse caminho. Afinal, os nossos futuros maridos são melhores amigos. Seria estranha maldição se continuarmos a odiarmos uma a outra. ‘’ ‘’Eu nunca odiei você, ‘’ Alyss protestou, mas ela viu Evanlyn levantar à sobrancelha em uma expressão familiar. ‘’É mesmo?’’ disse a princesa. Alyss encolheu de ombros desajeitadamente. ‘’Bem... talvez um pouco. Mas eu estou, além disso, agora. ‘’ Ela olhou para Evanlyn elas sorriram uma para a outra. Havia um calor novo em seus sorrisos e Alyss percebeu que essa era uma amizade que duraria para sua vida. ‘’Você realmente vai se casar com Horace?’’ ela perguntou intrigada. Evanlyn assentiu. ‘’Vou precisar de uma dama de honra, ‘’ disse ela. ‘’Uma alta. Dessa forma, vou ser menor e mais feminina. ‘’
50
Halt bateu a mão no ombro do sentinela esgotado. ‘’Obrigado, meu amigo, ‘’ disse ele. ‘’Agora vai e pegue um pouco de comida, depois descanse. Você serviu o seu imperador muito bem. ’’ ‘’Hai, Halto-san!’’ o jovem Kikori, viajante e sujo respondeu. Ele havia passado um período de quatro enervantes dias evitando o exército Arisaka para trazer o seu relatório para Ran-Koshi. Ele curvou-se para o grupo de comando, então, novamente, mais profundamente, ao Imperador. Então ele se virou e saiu. Halt esperou até que ele tinha ido embora. ‘’Eu acho que devemos agir, ‘’ disse ele. ‘’Nós vamos ter que forçar as coisas para Arisaka antes que seus reforços cheguem aqui. ’’ ‘’Agora sabemos o que ele está esperando, ‘’ disse Horace pensativo. O vale que conduzia até Ran-Koshi tinha estado claro por vários dias, o final da neve já havia derretido. Todos os dias eles esperavam o ataque de Arisaka e todo dia ele falhava em fazê-lo. Agora o motivo de seu atraso era óbvio, General Yamada, um aliado inesperado, marchava em sua ajuda com uma força de trezentos Senshis. Segundo o relatório que acabaram de receber, as tropas extras poderiam chegar dentro de uma questão de dias. Shigeru sacudiu a cabeça tristemente. ‘’Eu esperava que Yamada ao menos se mantivesse neutro. Eu nunca pensei que ele iria acreditar nas mentiras que Arisaka vem espalhando sobre mim. ’’
Através do inverno, a rede de espiões de Atsu tinha trazido relatos de uma extensa campanha de desinformação gerada por Arisaka e seus aliados para conquistar os clãs não confirmados. Segundo esses relatos, Shigeru havia abandonado o trono e fugiu do país. Arisaka estava alegando ter prendido uma força rebelde que estava usando o nome de Shigeru e um impostor que se assemelhava ao imperador, na tentativa de ocupar o trono. ‘’Quanto maior a mentira, mais fácil é para vender, ‘’ Halt disse simpaticamente. ‘’As pessoas tendem a acreditar que uma história absurda deve ser verdadeira – justamente porque é tão improvável.” ‘’Mas, certamente, uma vez que Yamada e seus homens verem Shigeru, eles saberão que a história é falsa?’’ Will disse. Halt balançou a cabeça. ‘’Quantos dos homens de Yamada te conhecem de vista?’’ perguntou ao Imperador. Shigeru franziu os lábios. ‘’Muito poucos. Mesmo Yamada teria que me ver de perto para me reconhecer. ‘’ ‘’E pelo tempo que teria a chance pra fazer isso, você estaria morto. Você pode ter certeza que Arisaka se certificaria disso, ‘’ Halt respondeu. ‘’Mas, se nós pudéssemos quebrar o vigor de Arisaka antes de Yamada chegar, você teria a chance de provar que você é o Imperador. ‘’ ‘’Arisaka tem pelo menos quinhentos, ‘’ Will ressaltou. ‘’Eles nos superam em mais de 2 por 1. ‘’ ‘’Eles nos superaram em 4 por 1, se esperarmos por Yamada chegar, ‘’ Halt apontou. ‘’E desse jeito, nós podemos escolher nosso próprio campo de batalha. ‘’ Virou-se para onde Jito, o ex-chefe da aldeia da margem, estava de pé – a poucos passos dos outros. Jito ainda estava um pouco espantado de estar tão próximo do Imperador, mas ele ganhou o seu lugar nesse conselho. Halt o colocou como responsável pela logística e organização de defesas. ‘’Jito, os ouriços estão prontos?’’ Jito assentiu com a cabeça em confirmação. ‘’Sim, Halto-san. Temos cinquenta deles. Eu os levei para baixo da passagem de Mikeru e eles estão prontos para serem montados e colocados em posição. ‘’ Aqueles Kikoris que não foram treinados para lutar tinham se ocupado nos meses anteriores, na construção de medidas de defesa e equipamentos. Os ouriços, uma obstrução portátil, desenvolvidos por Halt podiam ser montados rapidamente no campo de batalha, era um exemplo de seus trabalhos. ‘’Então os implante nesta noite – entre as rochas e os deixe cair ao nosso flanco esquerdo. ‘’ ‘’Sim, Halto-san. Levará entre 4 e 5 horas para montá-los e colocá-los em posição.‘’
‘’Precisamos deles em posição na primeira luz do dia. Defina seu próprio calendário, mas certifique-se de que estejam em posição quando precisarmos. ‘’ ‘’Sim, Halto-san. ‘’ Jito curvou-se para o Imperador e se virou para sair da barraca. Horace avançou para estudar o mapa que Halt havia preparado. ‘’Você pretende envolver Arisaka no mesmo terreno onde lutamos a primeira batalha. ‘’ Halt balançou a cabeça em confirmação. ‘’Nosso flanco direito será garantido pelo blefe. As pedras eram boas o suficiente sobre o flanco esquerdo, quando não estávamos em desvantagem numérica, mas nós vamos precisar de mais tempo. Os ouriços vão estender a proteção a esse raso precipício. Dessa forma, ambos os flancos estão seguros. ‘’ Selethen coçou o queixo pensativo ao olhar para o gráfico. ‘’Relativamente seguro,‘’ ele corrigiu. ‘’Eles ainda vão passar os ouriços, com tempo,‘’ ele disse e olhou para Halt. ‘’Verdade. Então eu colocarei os arremessadores-de-lança de Mikeru no flanco esquerdo. Eles podem ficar escondidos entre as rochas, em seguida, eles acertam os Senshis enquanto eles forçam seu caminho através das defesas. O Goju reserva pode cuidar de qualquer um que passar por isso. E os homens de Moka podem dar uma mão, se eles precisarem. ‘’ Moka, chefe da guarda pessoal Senshi de Shigeru, franziu a testa quando os estrangeiros discutiam essas disposições. ‘’Halto-san, ‘’ ele perguntou: ‘’por que não simplesmente avançar para o vale abaixo da paliçada? Nós poderíamos escolher um lugar onde as paredes do vale protegessem nossos flancos. ‘’ ‘’Se fizermos isso, ‘’ Halt explicou, ‘’não há nenhum incentivo para Arisaka atacar. Ele saberá que poderíamos simplesmente recuar até o vale para a paliçada. Se sairmos aqui, na planície, ele verá que nós não temos nenhuma linha real para recuar. ‘’ ‘’Além de passagem de Mikeru,‘’ Will apontou e Halt olhou para ele. ‘’Verdade. Mas Arisaka não sabe sobre isso. Ele vai ver isso como a chance de nos derrotar de uma vez por todas.‘’ ‘’Se o pior vier para o pior, nós nunca conseguiríamos fazer auxílio para passar com pressa. É muito estreita. Nossos homens ficariam presos na entrada,‘’ disse Horace. ‘’É um risco, ‘’ disse Halt. ‘’Mas eu acho que temos que lançar os dados e levar isso adiante.‘’ O Imperador ficou com uma expressão de preocupação no rosto. Ele olhou para Horace, em seguida, voltou para Halt. ‘’Halto-san, você está dizendo que, para fazer Arisaka nos atacar, teremos que nos colocar em perigo, em posição exposta?’’
Halt encontrou seu olhar calmamente. ‘’É isso mesmo, sua excelência. Há sempre riscos em batalhas. É um negócio perigoso. O truque é ter as pessoas certas. ‘’ ‘’Como você sabe quem são os certos?’’ Shigeru perguntou. Halt olhou para seus dois companheiros mais jovens. Eles responderam em coro: ‘’Você espera e vê se você vencer.‘’ Shigeru assentiu. ‘’Acho que eu deveria saber disso.‘’ Halt sorriu amargamente a Will e Horace. Eles sabiam, assim como ele, que eles estavam tendo um grande risco. Mas a única maneira de vencer batalhas, quando estavam seriamente em desvantagem numérica, era arriscando. ‘’Tenha os seus gojus prontos para sair duas horas antes do amanhecer, ‘’ ordenou. ‘’Vamos pular o portão da paliçada e marchar em direção ao vale principal. Vai ser mais seguro e mais rápido do que se deslocar para baixo pela passagem de Mikeru. E, além disso, precisamos manter ele claro para as pessoas de Jito. ‘’
Depois que os outros deixaram a sala, Halt permaneceu com Shigeru. O Imperador sentado, esperando em expectativa. Ele sabia que Halt queria falar com ele, e ele teve uma ideia sagaz a respeito do que seria. ‘’Vossa Alteza, ‘’ Halt começou, ‘’há uma alternativa que nós não discutimos... ‘’ Ele fez uma pausa, procurando a maneira correta de abordar o assunto, mas Shigeru estava à frente dele. ‘’Halto-san, você vai sugerir que eu poderia fazer a minha fuga daqui sozinho, certo?’’ Halt foi pego de surpresa como o Imperador havia lido seus pensamentos tão facilmente. Mas ele se recuperou rapidamente. ‘’Sim, senhor, eu estou. Isso não precisa ser uma coisa permanente. Mas eu tenho que admitir as chances aqui estão contra nós. Poderia ser melhor se você fizesse seu caminho para o litoral. Nosso navio está esperando em uma ilha apenas poucos dias. Eles poderiam levá-lo a bordo e – ‘’ ‘’E tornar as mentiras de Arisaka verdadeiras, ‘’ disse Shigeru. Halt encolheu os ombros, desconfortável. ‘’Não exatamente. Você estaria livre pra voltar quando as coisas estivessem mais instaladas aqui. Você poderia até levantar alguns dos clãs do sul contra Arisaka. ‘’ ‘’E o Kikori?’’ Shigeru perguntou. ‘’O que aconteceria com eles se eu os abandonasse?’’ Halt fez um gesto de desprezo. ‘’Você está usando termos emotivos aqui. Você não está abandonando eles... ‘’
Shigeru bufou em escárnio. ‘’Eu estou deixando-os na véspera de uma batalha que estão lutando em meu nome, ‘’ disse ele. ‘’Uma batalha que você mesmo disse é um risco, sem garantia de sucesso. Isso não conta como abandoná-los?’’ ‘’Mas eles entendem. Eles estão lutando por você. ‘’ Halt tinha que continuar tentando, embora pudesse ver que não iria convencer o Imperador. ‘’Que é mais uma razão para eu ficar, ‘’ disse Shigeru. Então depois de uma pausa continuou: ‘’Diga-me, Halto-san, se eu fosse fugir, você e seus amigos viriam comigo?’’ Halt hesitou. Então ele respondeu, sabendo que Shigeru merecia ouvir a verdade. ‘’Não, vossa excelência, não iriamos. Nós treinamos esses homens pra lutar. Cabe a nós ficar aqui e levá-los quando eles lutam. ‘’ ‘’Exatamente. Eu pedi a esses homens para lutar em meu nome. Cabe-me a acreditar neles quando eles fazem. Então, como você, eu tenho que ficar e correr o risco. ‘’ Houve um silêncio entre eles por algum tempo. Então, com um elevar quase imperceptível de seus ombros, Halt capitulou. ‘’Bem, suponho que é melhor se certificar de que nós ganhemos, ‘’ disse ele. Shigeru sorriu. ‘’Isso é precisamente o porquê de precisarmos ficar aqui. ‘’
51 Os quatro gojus passaram pela porta da paliçada duas horas antes do amanhecer. Cada grupo de cinqüenta formou-se em três linhas, e eles partiram para o desfiladeiro.
A disciplina estava excelente, Halt notou aprovando. Com exceção de alguns comandos silenciosos para marchar, não havia nenhum som além do tilintar dos seus equipamentos e o barulho das suas botas no solo rochoso sobre o vale de Ran-Koshi. Por enquanto, pelo menos, as paredes do vale deviam mascarar todos os sons dos sentinelas no acampamento de Arisaka.
Quando chegaram à entrada do vale, o goju líder - dos ursos – virou a esquerda em resposta ao sinal com a mão de seu líder e viraram na sua posição combinada sobre a planície. Os ursos, formados agora em duas fileiras, cobririam a esquerda da linha de batalha do Imperador, também com as obstruções montadas pelos trabalhadores de Jito protegendo seu flanco esquerdo. Os falcões de Selethen vieram atrás deles, tomando posição a direita.
Os dois últimos gojus - os tubarões e os Lobos - tomaram posição atrás dos outros, para cobrir o espaço entre os dois gojus líderes. Moka, com cinquenta guerreiros Senshi de Shigeru, formaram uma reserva móvel atrás dos gojus, pronto para reagir a qualquer quebra da formação.
A linha de batalha se formou com o mínimo de barulho e confusão. Cada um sabia exatamente onde deveria ficar e foi para seu lugar sem hesitar. Eles estavam todos no lugar antes de os primeiros raios de luz cinza começaram a riscar o céu, a leste. Will, Horace, e Selethen ficaram junto dos Kikoris, dizendo-lhes calmamente para descansar e relaxar, salvando a sua força para uma batalha futura. Os homens estavam sentados em suas fileiras, com seus escudos de lado. Algumas das mulheres, tudo organizado por Jito, moviam-se entre eles com água, vinagre de arroz e peixe defumado.
Outros membros da equipe de trabalho de Jito estavam dando os ultimos retoques nos ouriços. Horace foi inspecionar os equipamentos nos quarteis mais proximos. Depois preciso parabenizar Halt pela perspicácia, ele pensou. Primeiro pela parede falsa durante a paliçada no primeiro ataque, agora isso.
Cada ouriço foi construído com seis estacas afiadas, de dois metros de comprimento. As estacas passavam pelo meio de um laço, com seis voltas espaçados para mantê-los no lugar. As estacas ficavam em uma forma que lembrava três largos “Xis” juntos. Eles eram leves e fáceis de fazer. Mas uma vez no local, eram difíceis de tirar, pois as amplas pontas tendiam a entrar na terra. Além disso, o conjunto de ouriços estava envolto com uma corda, dando voltas pelos “braços” dos ouriços, se perdendo entre eles. Horace sabia que as cordas também estavam cheias de pequenos e afiados ganchos. Eles eram pequenos, então nao tão faceis de ver. Mas iriam segurar em roupas e equipamentos dos atacantes e retarda-los, enquanto ele tentava se soltar.
Além dos ouriços existia também um “drop-off” - um pequeno penhasco de cerca de quatro metros de altura, que empunha uma barreira extra no caminho de alguem que tentasse flanquear pela esquerda.
Ele ouviu um leve ruído atrás dele, e virou-se para ver que Will tinha se juntado a ele, inspecionando as defesas. “Ao todo, não foi um trabalho ruim”, Disse Horace “Eu não gostaria de ser um soldado de Arisaka e acabar preso nos ouriços,” Disse Will “Você viu Mikeru e os seus atiradores praticando?” “Sim. Eles dão até medo de tão bons, não dão? Outra das melhores idéias de Halt”
Will ia responder quando os dois ouviram um som distante de alarmes, seguidos por uma corneta estridente. Os dois olharam na direção do acampamento Arisaka. “Parece que alguem nos viu,” Will disse. Ele bateu na mão de horace. “Boa sorte, Horace. Tenha cuidado”
“Pra voce também Will. Vejo você quando tivermos expulsado os Arisakas. “
“Ele não irá fugir,” Will respondeu. “Mas se pudermos cuidar deles antes do exercito do Yamada aparecer, nós temos uma boa chance. “
“E se não conseguirmos?” Horace disse. Will de repente encontrou algo muito legal no céu. “Não quero nem pensar nisso” Ele disse depois. Horace balançou a cabeça e inconscientemente soltou sua espada da bainha. “Eu queria saber onde estão as garotas.” A expressão de Will já sombria, ficou mais ainda. “Eu acho que elas não conseguiram. Se elas tivessem conseguido convencer Nimatsu e o povo dele para nos ajudar, elas deveriam estar aqui a uma semana já. Acho que somos só nós.”
O exército de Arisaka ficou em sua posição usual – Uma frente ampla e curva e três ou quatro homens no fundo. Eles moveram-se através da planície em silêncio, esperando os quatro gojus. Diferente dos Kikoris, eles não marchavam no mesmo passo e sim como um bando solto. O Senshi preferia lutar como individuais e eles andavam da mesma maneira.
Só tinha uma diferença da formação normal. Arisaka tinha ouvido dos perigos sobre a parede de escudos dos Kikoris e sabia que tinha que quebrar aquela formação rígida. Will tinha imaginado que ele usaria algo similar à Falange Macedônica – uma formação fatiada armada com lanças pesadas, para destruir a formação do inimigo. O pensamento dele foi um pouco fora do alvo. Arisaka nada sabia sobre os métodos macedônios. Mas ele sabía sobre os Aríetes.
Em intervalos na linha haviam jovens troncos de àrvore aparadas e afiadas, seguradas por seis guerreiros cada, os homens segurando em cordas na lateral do tronco. Os troncos afiados balançavam abaixo das mãos, na altura da cintura segurado pelas cordas. Iria atuar como aríetes e abrir grandes lacunas na defesa adversária antes dos Kikoris lidarem com os atacantes. Nenhuma barreira de escudos aguentaria um impacto tão forte. E uma vez que a integridade da parede estivesse quebrada, os Kikoris perderiam sua grande vantagem – A habilidade de lutar como um time, com cada guerreiro ajudando e defendendo o companheiro ao lado. “Então é isso que ele tem em mente,” Horace murmurou para si mesmo. Ele observou quando os Senshis avançavam, e cercavam a linha the Kikoris em cada extremidade. Com o espaço menor as formações externas teriam que recuar até a frente do exército Arisaka. Eles posicionariam três ou quatro atacantes atrás dos aríetes.
Will estaca correndo por trás dos dois gojus líderes, gritando para atrair a atenção de Horace.
“Aríete! Aríete!” Ele chamou e Horace acenou em confirmação. Eles praticaram a defesa contra as enormes lanças. Os aríetes eram no fundo a mesma coisa, e eles tinham uma tatica que podiam usar contra eles. Will continuou a correr para passar a mesma mensagem para Selethen.
Horace se apressou para se juntar com seu goju. Ele se moveu rapidamente, chamando seus homens.
“Use a tática Aríete quando chegarem perto!” ele gritou e viu a seção de lideres na frente do goju virarem rapidamento para indicar que entenderam.
Os Senshi estavam a 50 metros de distancia agora, quase no alcançe do Aríete.
“Preparem-se!” Horace gritou e eles responderam como um só homem, andando para trás três passos para se dar espaço para arremeçar.
“Lanças prontas!”
Vinte e cinco braços se moveram para trás e as lanças miraram para cima.
“Mirem os aríetes!” Horace ordenou. Ele observou enquanto o exercito se aproximando, julgou que eles estavam no alcance do tronco. “Agora!”
As lanças sibilaram enquanto voavam em arco. Alguns segundos depois, ele viu seções inteiras da linha Senshi caírem, enquanto as lanças continuavam a cair sobre eles. Um dos aríetes caiu no chão quando metade de seus atacantes desapareçou sob as lanças, e os outros foram forçados a deixar o tronco cair de suas mãos. O pesado tronco rolando só serviu para causar mais confusão. Porém, eles se reagruparam e voltaram para a luta. Ainda tinham dois aríetes mirados no goju dos ursos.
O tronco mais perto surgiu da linha de frente dos Senshis, enquanto começavam a correr. Eles se lançaram em direção a barreira de escudos Kikori, o rápido aumento de velocidade enganou Horace. O pesado e afiado tronco oscilou para a frente, acertando a barreira frontal. Três dos Kikori caíram no chão e os homens do aríete moveram-se rapidamente para voltar à posição. O grupo de Horace havia se juntava novamento após jogarem suas lanças. Agora usavam suas armas reservas para derrubar adversários na linha de frente, no aríete e nas barreiras. O tronco oscilou para trás e para frente para derrubar mais escudos de novo. Mais Kikori caíram na batalha e os Senshi esperando gritaram em triunfo quando viram a anteriormente parede sem falhas se desintegrando. O tronco oscilou para trás novamente.
“Aríete! Aríete!” Horace gritou, a garganta seca e a voz rouca.
Agora, enquanto o pesado tronco oscilou para a frente, os Kikori andaram para trás e para o lado, abrindo um espaço entre eles. Sem nenhuma resistência, o aríete saiu da mão dos atacantes, jogando os homens armados no chão. Alguns dos Kikori se ocuparam em pegar o aríete e leva-lo através dos soldados. Pelo espaço entre os Kikoris, alguns dos Senshis resolveram se aproveitar, enquanto se ouvia o barulho de espadas sendo retiradas da bainha e rapidamente as espadas mortais dos Kikoris começaram a trabalhar. Os sobreviventes que carregavam o tronco, acharam-se no espaço atrás do segundo goju, aturdidos e isolados. Quando perceberam o que aconteceu, dez homens do goju dos tubarões se moveram para ajudar e rapidamente os cercaram. Em alguns segundos, os homens Arisakas jaziam imóveis. Mas, em um estilo de luta mais aberto, eles tinham levado 5 Kikoris junto com eles.
Com um grito de raiva, a linha Senshi avançou, mas a parede de escudos se fechou tão rapido quanto abriu e eles se descobriram olhando uma formidável muralha sem falhas. Eles cortaram e bateram sem efeito algum, negado o espaço que precisavam para fazer um melhor uso de suas espadas. As espadas curtas e mortais dos Kikoris rapidamente apareceram entre os escudos cortando, ferindo e matando.
Os Senshis recuaram, saindo do alcance das espadas curtas. Agora alguns deles começaram um ataque mais cauteloso procurando pequenos espaços entre os escudos com suas longas Katanas. Mas agora, já avisados da tática dos Kikori de juntar os escudos, eles recuaram suas espadas rapidamente. Foi uma técnica eficaz e mais Kikori caíram, sendo substituídos por homens da segunda linha.
Horace olhou de relance para baixo na linha para ver o que havia acontecido com o segundo aríete. Os homens que estavam segurando o aríete, vendo o que havia acontecido com seus companheiros, foram mais cautelosos em seu ataque. Balançaram o tronco em vários golpes curtos, e selvagens na parede de escudos. A formação rachou, e mais homens caíram. Então os homens segurando o aríete arremessaram-no na linha de frente dos Kikoris, as espadas imediatamente saindo da bainha para se aproveitar da abertura que tinham feito.
Por alguns minutos, tiveram a situação que quiseram - uma linha separada de Kikori, que lhes dava o espaço que precisavam para usar suas espadas longas. Eles fizeram um grande estrago nos defensores. Então a segunda linha se juntou a primeira, usando suas lanças para atacar a longa distancia, movendo-se para a frente como um homem apenas, para acabar com as aberturas na linha frontal. Horace veio de sua posição vantajosa, sua espada balançando e empurrando os Senshi, seu escudo resistindo as Katanas dos Senshi. Sua velocidade, e o poder de seus golpes com a espada, pegaram os homens de Arisaka de surpresa e começaram a recuar antes do “exercito Horace”. Vendo isto, Horace gritou para seus Kikori.
“ Avançem! Avançem! Issho-ni! Issho-ni! “
O goju dos ursos, com a disciplina e a formação restauradas, começaram a marchar firmemente para a frente, juntando o inimigo, cortando, matando e avançando. Mas mesmo recuando, as katanas dos Senshis tomavam um pedágio dos gojus que avançavam.
No flanco direito, os falcões de Selethen estavam indo um pouco melhor. Tinha havido apenas dois aríetes na formação de Selethen, e estavam atrás dos troncos que estavam atacando as linhas de Horace. Selethen foi capaz de usar a tática “doorway” quando o primeiro aríete atacou. Os Kikori foram para o lado, deixando o tronco passar, enquanto os homens de Selethen acabavam com eles com lanças e as espadas curtas. Então a linha havia fechado outra vez para enfrentar o próximos Senshi.
O segundo aríete nunca chegou à linha de frente dos falcões. Quatro de seus seis portadores foram golpeados por uma salva de flechas pretas. Halt, estando com Shigeru em uma posição elevada vantajosa, acenou com a cabeça de satisfação quando viu o resultado de suas flechas. Os restantes dois carregadores, incapazes de controlar o pesado tronco eles mesmos, deixaram-no cair no chão. O tronco quicou e rolou, derrubando quatro Senshi, planejando aproveitar o buraco que o aríete faria nas linhas inimigas.
Aproveitando a confusão, Selethen ecoou as ordens de Horace.
“Avante! Issho-ni!”
Os Kikoris moveram-se para a frente como uma maré repetindo a ordem.
“Issho-ni! Issho-ni!”
Eles bateram de frente com os Senshi e o massacre começou. Porém, assim como os Senshi encarando os homens de Horace, esses guerreiros sabiam bem que não seria bom deixar os Kikoris chegarem perto. Eles procuraram espaços entre e em cima dos escudos, cortando e ferindo. Homens morreram nos dois lados, embora o combate a curta distância se adequasse melhor aos Kikori. Selethen, assim como Horace, passou
pela linha, atacando onde ajuda era necessaria com sua brilhante e curva espada, usando seu pequeno escudo de mão para refletir os ataques das Katanas inimigas.
Ele olhou para as linhas do goju de Horace e viu que seus homens estavam movendo-se de encontro as linhas de Horace, abrindo um espaço perigoso. No mesmo instante, ele gritou uma ordem.
“Falcões! Parem e voltem 10 passos!”
Movendo-se como um, a linha frontal dos falcões moveu-se para trás. Como haviam treinado, a segunda linha segurou nos ombros dos companheiros na linha frontal. Viraram-se na direção que estavam recuando, guiando os passos da linha frontal, para que eles não precisassem dar as costas aos inimigos. O goju inteiro simplesmente moveu-se para trás, a formação ainda intacta, qualquer espaço entre os escudos fechado pelos homens da segunda linha.
Selethen contou a distância até a força Senshi e olhou de volta para o Goju dos tubarões atrás de seus homens. Ele sinalizou o comandante deles e o homem se virou gritando uma série de ordens.
Os homens de Arisaka, a visão obscurecida pelo inimigo diretamente a frente deles, não tiveram nenhum aviso sobre a chuva de lanças do goju tubarão, também porque estavam de olho nos falcões. Guerreiros Senshi caíram sem aviso por toda a extensão da linha enquanto as lanças pesadas acertavam seus alvos. Selethen vendo que os aríetes estavam todos fora de ação, sinalizou outra chuva de lanças e observou enquanto mais grandes espaços se abriam nas linhas Senshi.
Um comandante Senshi gritou uma ordem e seus homens sem saber quando poderia acontecer outra chuva, viraram-se e correram rapidamente.
Horace agora viu que os seus homens estavam avançando muito à frente da formação dos falcões. Ele também mandou pararem e as duas linhas de frente olhavam para si mesmas. Os Senshi não iam tentar outro ataque frontal, pois isso iria leva-los ao alcance das curtas espadas. Mas agora um grupo de cinquenta guerreiros Senshi se deslocaram do batalhão e começaram a tentar achar um caminho pelas obstruções de madeira inimigas que eles podiam ver no flanco esquerdo. Eles forçaram e cortaram seu caminho pelos ouriços em forma de estrela, gradualmente conseguindo passar. Aí, varios deles foram pegos pelos ganchos que cobriam o chão na altura do joelho.
Nenhum deles prestou atenção à corneta que veio da terra elevada onde Halt estava observando. E poucos viram o grupo levemente armado de jovens que surgiu da cobertura das rochas à sua direita.
Mikeru olhou para a figura distante com o manto cinza e verde. Ele viu Halt levantar a mão lentamente, duas vezes, em seguida, apontar para a traseira. O jovem Kikori assentiu, compreendendo, e emitiu suas ordens aos seus trinta lançeiros.
"Duas lanças", disse ele. "Então recuar." Cada homem carregava oito dardos em um tubo de couro em suas costas. Halt estava obviamente se preocupando em conservar suas armas ao máximo.
'Preparem-se!' Mikeru falou. Ele olhou para a linha de atiradores, viu que eles estavam todos preparados, e falou a ordem definitiva. 'Agora!'
As lanças com ponta de ferro, batendo na corda esticada fizeram um barulho de assobio quando foram soltas . Alguns dos homens que lutavam para soltar-se dos ouriços ouviram e ergueram os olhos, curiosos para saber o que era. Em seguida, as trinta lanças colidiram com eles e se ouvia gritos e choros quando caíam, sua armadura rompida pelas pontas de ferro. Antes que pudessem se recuperar, outro vôo de lanças acertou o alvo.
Quinze dos 50 foram deixados pendurados desajeitadamente, estendidos sobre os ouriços. Onze dos sobreviventes passaram pelo emaranhado de obstáculos e encontraram-se diante de cinqüenta guerreiros de Moka, que estavam ansiosos para dar um golpe pelo Imperador. Houve uma batalha desigual rápida. Nenhum dos atacantes sobreviveu. Vendo o resultado, o restante da força que tentava o flanqueio se retirou.
Do outro lado do campo, a mesma coisa estava acontecendo. Homens de Arisaka, frustrados na sua tentativa de forçar um caminho através da parede de escudos, foram recuando para fazer um balanço da situação. Eles deixaram muitos de seus companheiros no campo de batalha, mas eles não estavam derrotados de maneira alguma.
E eles tinham levado junto também muitos dos Kikori. Sabendo o que esperar, os Senshi não atacaram cegamente, como haviam feito antes. Estavam mais disciplinados na sua segunda abordagem e sabiam quando recuar.
Agora, por consentimento mútuo, as duas forças recuaram e se observaram, cada um avaliando o dano que havia feito, os prejuízos que sofreram. Halt olhou para cima quando Will se aproximou. Ele viu que a aljava de seu antigo aprendiz se encontrava metade vazia. Obviamente, Will tinha alguns dos Arisakas na sua conta.
"Qual a situação?" Halt perguntou.
O Arqueiro mais jovem sacudiu a cabeça. "Não é muita boa. Perdemos mais de vinte homens. E há outros dez feridos.”
Halt assobiou lentamente. Esse foi um terço dos homens que tinham estado nos dois principais gojus. "Podemos aguentar mais um ataque?"
Will pensou sobre a questão antes de responder.
"Eu diria que sim. Arisaka perdeu quase duzentos homens no ataque. Temos dois gojus intactos e prontos para lutar. São novas tropas. Vou bota-los na frente para substituir os falcões e os ursos.”
“Além disso, temos os lançeiros de Mikeru. Eles fizeram um ótimo trabalho.Também temos cinqüenta Senshi nossos.”
"Eu penso que nós podemos lidar com qualquer coisa que Arisaka lançar sobre nós - desde que os reforços não apareçam.”
No momento em que ele disse as palavras, ele lamentou-as. O pensamento supersticioso ocorreu-lhe que, ao mencionar a possibilidade, ele pode torná-la realidade. Então ele expulsou o pensamento. As coisas não funcionam assim, ele disse a si mesmo.
Do outro lado do campo, do exército Arisaka, ele ouviu um barulho repentino de alegria. Ele olhou para cima.
"O que eles estão comemorando?", perguntou ele.
Halt apontou na direção de uma linha de homens, apenas visível no canto sudoeste da planície.
"É Yamada”, disse ele. 'Ele chegou."
52
Com o roto insensível, Will observava os recém-chegados se aproximando vindos do sudoeste. Eles marchavam em um bando grande, irregular e o sol do meio da manhã brilhava fraco em suas armas e armaduras. Com pelo menos trezentos deles, pensou ele.
A voz de Halt estalou-o para fora de seu devaneio sombrio. ‘’É melhor você se mexer se vai reorganizar suas tropas,‘’ disse ele. ‘’Ou você vai se render?’’
Will sacudiu com raiva e correu do local um pouco elevado, onde Halt e Shigeru estavam. Ele enviou um destacamento para recuperar o maior número de dardos possíveis, e ordenou os Lobos e os Tubarões para a linha de frente, substituindo os dois gojus mal esgotados que suportaram o combate tão longo. Horace e Selethen iriam comandar os dois novos gojus na linha de frente. Os três tiveram uma consulta apressada.
‘’Eles não terão qualquer pancada neste momento, ‘’ Will disse. ‘’Então eu acho que o negócio é normal. Use seus dardos. Duas rajadas de cada um, não há necessidade de guarda-las para apunhalar. E feche com eles o mais rápido que você puder. Nossos homens se saíram bem quando se aproximaram - e os Senshi não gostaram disso.”
Seus dois comandantes assentiram. Horace olhou para onde Shigeru estava em plena armadura cerimonial.
‘’Alguma chance de você convencer Shigeru a escapar?’’ Ele disse, abaixando a voz.
Will balançou a cabeça. ‘’Halt tentou. Ele vai ficar por seus homens, ganhando ou perdendo.‘’
‘’Eu sempre pensei que ele iria, ‘’ Selethen disse calmamente. Todos os estrangeiros tinham vindo a respeitar a força de caráter e a tranquila dignidade do imperador.
‘’Nesse caso, nós temos que ganhar,‘’ disse. Mas o fato de que ele fez a pergunta mostrou que ele não acreditava que era possível agora. Todos sabiam que a chance era ter força para esmagar Arisaka antes dos homens de Yamada chegarem. Essa oportunidade se foi. Eles podiam ouvir os irregulares passos pesados e o chocalho de equipamentos da força de Yamada se aproximando. Em poucos minutos, estariam lutando por suas vidas novamente.
‘’Tudo bem,‘’ disse Will. ‘’Eu acho que é isso. Tempo para nós – ‘’ ‘’Chocho! Chocho-san!’’
A voz jovem e clara carregava a eles e todos se viraram para ver Mikeru correndo em sua direção. O tubo de flechas tampado pendurado e suas costas iam pra cima e pra baixo enquanto ele corria, criando um chocalho em contraponto o barulho de seus pés.
‘’Que negócio é esse de Chocho?’’ Will murmurou para si mesmo. Mas seus amigos ouviram o comentário.
‘’É um termo de grande respeito, ‘’ eles disseram em coro, e ele olhou para eles.
‘’Ah, cala a boca, ‘’ disse ele. Mas agora Mikeru tinha alcançado eles. Ele se inclinou para frente, recuperando sua respiração, suspirando fundo com os pulmões cheios de ar, as mãos sobre as coxas.
‘’Mikeru, vamos precisar de você de volta com os seus homens,‘’ Will começou. O pequeno, mas potente arqueiro estava estacionado do outro lado da linha. Mas Mikeru estava balançando a cabeça enquanto reunia fôlego suficiente para falar.
‘’Chocho‘‘ ele conseguiu suspirar, ‘’há homens vindo. Soldados!’’
‘’Nós sabemos, ‘’ disse Horace, o polegar indicando os Senshi se aproximando. ‘’Seria um pouco difícil de perder eles.‘’ Mas Mikeru acenou com as mãos em gesto negativo. ‘’Não lá!’’ Disse. ‘’Lá!’’ E apontou para o leste. Três pares de olhos se viraram para seguir seu dedo apontado. Para o leste de sua posição, após o final do flanco esquerdo e do penhasco baixo, havia outra linha de cume, dois quilômetros de distância. Emergindo atrás dele, e na planície, estava um enorme corpo de tropas. Quando os três amigos viram, a coluna continuou flutuando de trás do cume, levantando nuvens de poeira que marcava seu movimento. ‘’São as garotas, ‘’ Horace disse calmamente. ‘’Elas fizeram isso. E trouxeram os Hasanu com elas. ‘’
‘’Deve ter milhares deles, ‘’ disse Selethen, como a coluna continuava a emergir a vista. E agora eles podiam ouvir o som fraco de um canto distante. Will percebeu que podia ouvir porque o aclamar do exército de Arisaka tinham morrido quando todos os olhos se voltaram para o leste ‘’Kotei! Kotei! Kotei!”
‘’O que eles estão dizendo?’’ Ele perguntou à Mikeru.
O jovem lutador sorriu para ele. ‘’Eles estão dizendo: ‘Imperador! Imperador! Imperador!’’’ Ele disse a eles. Will deixou escapar um suspiro de alívio. Ele olhou em volta para onde estava Halt e viu seu antigo mestre, o capuz puxado para trás e sua cabeça descoberta, baixinho acenou para ele.
Os Hasanu tinham se instalado integralmente na planície e começaram a avançar em direção ao Senshi de Arisaka. O canto ficou mais alto e mais alto quando eles se aproximaram e os homens de Arisaka viraram incertamente para enfrentar a horda que se aproximava. Mesmo com os homens de Yamada, eles estavam em menor número, em pelo menos 3 – 1 e eles estavam apreensivos como eles começaram a fazer os detalhes dos Hasanu. Grandes figuras, mais de dois metros de altura, cobertos com o que parecia ser um cabelo avermelhado e brandindo clavas fortificadas, lanças e lanças pesadas.
Inconscientemente, o Senshi agrupado se aproximou enquanto eles enfrentavam essa nova ameaça terrível. E como eles o fizeram, eles pareciam esquecer que atrás deles estavam as presas mortais dos Lobos e dos Tubarões. Will olhou para os dois gojus, em formação, perfeitamente disciplinados. Ele percebeu que essa era a oportunidade ideal para esmagar o exército de Arisaka. Sua força pequena, mas altamente treinado seria o martelo. O enorme exército Hasanu seria a bigorna, sobre a qual eles quebrariam Arisaka de uma vez por todas. ‘’Mikeru, ‘’ disse ele, ‘’pegue seus homens para avançar tanto quanto os ouriços. Bata no Senshi do flanco. Deixe-os terem todos os seus dardos, depois corram para ele.‘’
O jovem assentiu com a cabeça e correu para longe. Will virou-se para Horace e Selethen. ‘’Avancem os quatro gojus e acertem eles na parte traseira, ‘’ disse ele. Os dois comandantes assentiram e correram para as suas posições. Soaram as ordens. Houve o familiar som de bater de escudos maciços, elevando em suas posições. Em seguida, os Lobos e os Tubarões saíram em perfeita harmonia, os gojus cansados, Ursos e Falcões, foram atrás deles.
Alguns dos homens de Arisaka sentiram a abordagem e se viraram para enfrentá-los. O exército rebelde estava preso. As asas da linha maciça dos Hasanu os rodeando nos próximos poucos minutos. E a máquina de guerra de rosto sombrio dos Kikori estava em sua retaguarda. Mas os Senshi eram guerreiros, formados em uma escola dura. Eles
poderiam ter nenhuma chance, mas eles vendiam suas caras vidas. Aqueles na travessia viraram o rosto para os gojus Kikori que avançavam. A quarenta metros Horace pediu aos Kikori que parassem, então, para as fileiras de trás, para abrirem, seus dardos equilibrados.
‘’Pare!” A voz, profunda e ressonante, soou sobre todo o campo de batalha. Will girou e viu Shigeru, com Halt ao seu lado, caminhando em direção à linha Kikori. Depois de um momento de hesitação, o jovem Arqueiro moveu-se pra se juntar a eles. Shigeru estava segurando um ramo verde acima da cabeça, o equivalente a uma bandeira de trégua pra os Nihon-Jin. O silêncio se abateu sobre o campo de batalha, quando os milhares de guerreiros esperavam para ver o que estava prestes a acontecer. O ramo verde era um símbolo inviolável e devia ser respeitado. Halt, Will e Shigeru atravessaram a planície, até que ficou entre os gojus Kikori e a linha de Senshi. Shigeru ficou parado, ainda segurando o ramo verde acima da cabeça.
Da força Hasanu, viram outro grupo segurando um ramo verde, se retirando do grupo principal e se movendo para se juntar a eles. O coração de Will subiu de alívio quando ele reconheceu Alyss, com Evanlyn ao seu lado tentando igualar os passos largos da menina mais alta e ainda manter sua dignidade. Elas estavam andando a um ou dois passos atrás de um homem alto, de aparência aristocrática Nihon-Jin em armadura de guerreiro. À medida que se aproximava, Will encontrou os olhos de Alyss e eles sorriram um para o outro.
‘’Senhor Nimatsu, ‘’ desse Shigeru, ‘’é bom ver você. ‘’ O alto Nihon-Jin curvou-se profundamente. ‘’Eu estou ao seu serviço, Sua Excelência, como o meu povo esta. Dê a ordem. ‘’
Shigeru não disse nada no momento. Virou-se para as forças rebeldes, agora quase cinquenta metros de distância para ele. ‘’Arisaka!’’ Chamou. ‘’Temos que conversar. ‘’
Por um momento, nada aconteceu. Em seguida, um movimento ecoou da fileira de rebeldes e os guerreiros Senshi se partiram com um grupo de três homens se movendo por eles – Arisaka, com o rosto escondido pela aparência quase demoníaca, capacete vermelho laqueado, e outras duas pessoas. Eles pararam. A direita de Arisaka estava um de seus tenentes, um nobre Senshi encorpado, trazendo um enorme arco recurvo. À esquerda estava um velho fidalgo, também em armadura.
Shigeru se curvou a essa pessoa passando. ‘’Lord Yamada, você me reconhece?” O homem mais velho olhou para a figura diante dele. Ele não tinha certeza. Seus olhos não eram tão bons como costumavam ser, e a pessoa estava a alguma distância. Mas ele definitivamente se parecia com o Imperador.
‘’Disseram-me que um impostor tinha tomado o lugar do Imperador, ‘’ ele disse com sua voz incerta. De repente, o arqueiro na direita de Arisaka se moveu, atirando uma flecha que tinha colocado em posição.
‘’Morte ao impostor!’’ Ele gritou quando atirou. Shigeru resistiu firme, quando a flecha perfurou seu braço esquerdo, abaixo da armadura. O sangue começou a escorrer sobre sua manga de linho branco.
Um rugido de protesto levantou-se em torno do campo de batalha, de amigos e inimigos. O ramo verde de trégua era sagrado. A violação foi uma abominação aos olhos dos Nihon-Jin. Mas antes que qualquer um pudesse se mover, ou do arqueiro
preparar outro tiro, Will chicoteou uma flecha de sua aljava, pós no arco, puxou, mirou e atirou em um movimento.
Sua flecha perfurou a armadura do nobre como uma faca quente na manteiga. O homem cambaleou com o impacto, seu arco recurvo caindo das mãos mortas, então ele caiu para o chão.
A multidão ficou em silêncio de repente, atordoada com a resposta relâmpago de Will ao ataque traiçoeiro. Vozes começaram a murmurar de novo, a incerteza em primeiro lugar. Mas, novamente, Shigeru acalmou a multidão.
Rapidamente ele pegou um lenço do pescoço e atou ao redor do ferimento em seu braço. Em seguida ele pós a mão ilesa no arco de Will e tomou-o do jovem arqueiro. Sua voz ecoou mais uma vez. ‘’Chega! Chega de derramamento de sangue! Lord Arisaka, vamos acabar com isso agora.‘’
A espada de Arisaka assobiou da bainha. Mais uma vez, um murmúrio de desaprovação forte ondulou pela planície, tanto em seus próprios homens e seus inimigos. Puxar uma arma na presença do ramo verde era uma violação grosseira do Código Senshi de comportamento. Mesmo as tropas de Arisaka não podiam tolerar tal ato.
‘’Isso só vai terminar com sua morte, Shigeru!’’ Arisaka gritou. Yamada voltou-se para ele, a raiva e a vergonha que sentiu tudo muito óbvio em seu rosto.
‘’Shigeru?’’ Ele repetiu. ‘’Então você já sabe faz tempo que ele não é um impostor? Você mentiu pra mim e para meus homens?’’
Arisaka, com a fúria além da razão, rasgou o capacete na parte do rosto da cabeça e jogou no chão com raiva. ‘’Ele é fraco, Yamada! Fraco e perigoso! Ele irá destruir tudo o que é sagrado!’’
Olhou agora em Shigeru, o rosto corado, os olhos brilhando de ódio. ‘’Você quer destruir a classe Senshi e tudo o que ela representa! Eu não vou permitir! Eu vou parar você!’’
‘’Arisaka,‘’ Shigeru disse, sua voz profunda estava calma e razoável, por contraste. ‘’Eu não vou destruir os Senshi. Eu sou um Senshi. Mas por muito tempo, as outras pessoas de Nihon-Jin foram reprimidas e oprimidas. Eu quero governar para todos os povos. Como os Kikori aqui, e os Hasanu. As pessoas comuns têm o direito de ter uma palavra a dizer no nosso país. Diga para seus homens largarem suas armas agora e vamos viver em paz. Vamos viver juntos em paz.‘’ ‘’Não!’’ A voz de Arisaka era um grito. ‘’Meus homens vão lutar com você. Nós vamos morrer se for necessário! Você pode nos derrotar, mas isso não será uma vitória barata. Milhares vão morrer aqui hoje!’’
‘’Isso é algo que eu não posso permitir, ‘’ disse Shigeru. Arisaka riu um som estridente que mostrou como ele estava perto da loucura.
‘’E como você vai parar isso?’’ Ele perguntou.
‘’Eu vou me retirar, ‘’ disse Shigeru simplesmente. Arisaka recuou surpreso, e exclamações de espanto passaram pela multidão.
‘’Vou abdicar se essa for o único caminho de parar essa loucura. Nomear outro imperador ‘’ Shigeru continuou. ‘’Lord Yamada, e Lord Nimatsu, eu olho para vocês para garantir que uma escolha adequada seja feita. Mas eu não vou assistir milhares de Nihon-Jin, meu povo, perderem suas vidas para preservar meu orgulho. Eu vou me retirar. ‘’
‘’Você esta blefando, Shigeru!’’ Arisaka disse. ‘’Você não vai desistir do trono. ‘’
‘’Eu juro que eu vou, se isso for evitar que milhares morram aqui hoje. ‘’ Shigeru deixou seu olhar rondar os rostos dos homens de Arisaka quando eles assistiam a esse choque de personalidade. ‘’Juro por minha honra, diante de todos aqui. ‘’
O silêncio cumprimentou suas palavras como àqueles que prestaram atenção percebeu que ele estava sério. Então os homens de Yamada começaram a murmurar entre si. Eles tinham vindo até aqui, sob uma falsa crença. Eles perceberam agora que Arisaka havia mentido para o seu comandante para fazê-los quebrar seu juramento ao legítimo Imperador. Se Arisaka ordenasse a luta, seu comandante recusaria. Assim como eles. Agora Arisaka dependeria apenas de seus próprios homens.
Matsuda Sato era um oficial de baixo ranking no exército de Arisaka. Ele comandou um pequeno grupo de doze homens e levou-os a serviço de seu senhor por dezessete anos. Em todo esse tempo, ele recebeu um escasso reconhecimento de seu serviço ou sua lealdade. Ele havia assistido Arisaka brutalizar seus homens, conduzindo-os sem piedade e puni-los severamente se ele acreditasse que eles haviam fracassado. Arisaka nunca recompensava o bom serviço, apenas punia o que ele considerava ruim. Sato, sabendo que não havia alternativa, sempre assumiu que esse era o sinal de um bom líder. Agora ele percebeu que estava testemunhando a força real – um homem que abandona a posição mais alta na terra para salvar a vida de seus súditos. Isso era liderança, Sato percebeu. Este era um homem a ser seguido. Arisaka foi exposto como trapaceiro e traidor.
Sato deslizou sua katana, ainda na sua bainha, de dentro de sua cintura e deixou-o cair no chão em sinal de paz.
‘’Shigeru!’’ Ele gritou, erguendo o punho cerrado acima da cabeça. Os homens ao seu redor olharam para ele, surpresos. Então um deles copiou suas ações e se juntou a ele. Em seguida, outro. Em seguia, mais dois. Depois uma dúzia,
‘’Shigeru!’’ O clamor começou a se espalhar por todos os homens de Arisaka. O barulho de espadas batendo no chão tornou-se contínuo, uma chuva de granizo monstruosa, e as vozes inchando, dezenas de outros, então cinquenta, cem, então muito mais.
‘’Shigeru! Shigeru! Shigeru!’’ Em seguida, os Kikori participaram, deixando seus escudos e lanças caírem no chão e acrescentando suas vozes ao rugido crescente de aclamação. E finalmente, os Hasanu do fundo da garganta, bem como, até as montanhas ao redor se encheram com o nome.
‘’Shigeru! Shigeru! Shigeru!’’
De olhos arregalados, furioso, instigado além da razão, Arisaka balançou seu olhar em torno de seus homens. A cantoria agora era ensurdecedora e a visão de seus próprios homens aplaudindo o Imperador era demais.
Sua espada brilhou e o homem mais próximo dele caiu com um grito. Matsuda Sato, comandante de doze homens, olhou para o seu senhor, primeiro intrigado e perguntando por que ele estava vendo-o apenas através de uma névoa vermelha. Sentia-se entorpecido onde a espada de Arisaka tinha aberto uma ferida enorme no peito. Em seguida, o vermelho mudando lentamente para preto.
Um silêncio horrorizado de propagou sobre a planície quando os homens perceberam o que Arisaka tinha feito. Ele deu um passo pra frente e se virou para suas tropas, tirando sarro de como eles instintivamente recuaram, pra longe dele. ‘’Vocês me traíram!’’ Ele gritou. ‘’Vocês tem vergonha de mim! Vocês profanam minha honra!’’
‘’Você não tem honra!’’ Ele girou a katana ainda manchada de sangue em sua mão. O orador, cujas palavras tinham sido levadas claramente para os homens em sua volta, era um dos estrangeiros. Um jovem, vestindo um estranho manto verde e cinza. Os olhos de Arisaka se estreitaram. Ele era o que tinha atirado tão rápido em resposta a flecha de seu tenente. Mas agora o pesado arco longo do estrangeiro estava nas mãos de Shigeru, e ele estava desarmado.
‘’Você é um traidor, um covarde e um homem sem honra, Arisaka!’’ O estrangeiro continuou. Arisaka levantou sua katana, apontando para o calmo rosto jovem. ‘’Quem é você, gaijin? O que você sabe de honra?’’
‘’Eu sou chamado de Chocho, ‘’ Will disse. ‘’Eu vi a honra entre esses guerreiros Kikori, homens que eu treinei para lutar com você. São homens que entenderam a fidelidade e a confiança e eu vejo-o agora em seus próprios homens, agora que eles reconhecem o verdadeiro Imperador Nihon-Jin. Mas não vejo nenhuma honra em você, Arisaka. Eu vejo um rastejador, traidor, mentiroso covarde! Eu vejo um homem sem honra a todos!’’
‘’Chocho?’’ Arisaka gritou, instiga fora de controle. ‘’Borboleta? Então morra Borboleta!’’ Ele saltou para frente, a katana levantando-se para desferir um golpe letal no estrangeiro desarmado. Mas quando o braço direito de Will atirou para frente por debaixo de seu casaco e deu um passo a frente com a perna direita, agachando-se quando ele lançava a faca saxônica por debaixo do braço. Um cata-vento de luz girando, que brilhou no sentido de cobrar Arisaka, acertando-o acima do peitoral de sua armadura, abaixo do queixo, e enterrando-se em sua garganta.
O impacto da lâmina pesada empurrou a cabeça de Arisaka para trás. Ele sentiu a katana caindo de repente de seus dedos folgados, sentiu o sangue jorrar da ferida enorme. Então ele sentiu... Nada. Will endireitou-se de sua posição agachada quando Shigeru avançou e colocou a mão em seu ombro.
‘’Parece que ele confundiu uma borboleta com uma vespa, ‘’ o Imperador disse.
53
A despedida foi dita, em sua maior parte. Will, Halt, Selethen e as duas garotas já estavam a bordo do Wolfwill. O navio estava com a proa encalhada na areia, na enseada onde o grupo de Araluen entrou inicialmente em terra. Gundar e seus homens tinham passado o inverno relativamente confortáveis na ilha paradisíaca, embora, Gundar ficou triste ao saber que tinha perdido uma épica batalha. Mas havia abundância de peixes e crustáceos nas águas frias, e um bom suplemento de jogo em terra. Agora, com seus passageiros, os Escandinavos estavam ansiosos para voltar o navio para águas de casa. Só Horace permaneceu na praia, de pé diante do Imperador, superando o homem menor.
Lágrimas formaram-se nos olhos do jovem guerreiro agora que tinha chegado a hora de dizer adeus. Nos meses que se passou, ele percebeu que tinha chegado a amar, esse governante corajoso e altruísta, a respeitar o seu senso de justiça inabalável e de seu infalível bom humor. Ele sabia que perderia o barulho profundo do riso de Shigeru – um som tão grande que ele sempre quis saber como vinha de tal estrutura pequena. Agora, confrontados com o momento de partida, houve um enorme caroço na garganta, um nó que bloqueava as muitas palavras que ele queria dizer. Shigeru adiantou-se e abraçou-o. Ele sabia o quanto devia ao jovem garoto. Ele conhecia a coragem de Horace, a determinação e a lealdade que ele havia sustentado e seu pequeno grupo de seguidores em toda a semana difícil e perigosa quando estavam fugindo de Arisaka. Ele se lembrava de como Horace tinha avançado sem hesitação para pegar o lugar de Shukin quando seu primo foi morto na mão de Arisaka. Os dois Arqueiros, é claro tinham feito um grande serviço a ele, com suas inovadoras táticas e planos de batalha, como tinha o de pele escura, nariz de falcão, guerreiro Arridi. E Evanlyn e Alyss, por sua coragem e iniciativa, foram os instrumentos que salvaram o seu trono, trazendo o poderoso exército Hasanu para resgatá-lo. Sentiu-se grato a todos eles. Mas sem Kurokuma, nenhum deles teria estado aqui. Sem Kurokuma, Arisaka seria agora o Imperador. ‘’Shigeru... ‘’ Horace conseguiu uma palavra, então, embargada pela emoção, ele afastou-se do abraço do homem mais velho, de cabeça baixa, com lágrimas escorrendo pelas bochechas. Shigeru deu um tapinha no braço musculoso. ‘’A despedida é difícil, Kurokuma. Mas eu e você estaremos sempre juntos. Basta olhar em sua mente e coração e você vai me encontrar lá. Eu nunca vou te esquecer. Eu nunca esquecerei que te devo tudo. ’’ ‘’Eu... eu não... ‘’ Horace não podia administrar mais nada, mas Shigeru sabia o que ele estava tentando dizer. ‘’Eu gostaria que você pudesse ficar com a gente, meu filho. Mas seu próprio país e seu próprio rei precisam de você. ‘’ Horace assentiu oprimido pelo seu senso de lealdade em conflito. Shigeru não poderia ter escolhido uma forma mais atraente de dirigir-se do que chamar Horace de ‘’filho’’. Horace tinha crescido órfão, carente de amor de um pai e orientação desde uma idade precoce. Em seguida, Shigeru sorriu e falou em voz baixa, de modo que ninguém mais pudesse ouvir. ‘’E eu acredito que certa jovem princesa precisa de você também. Cuide bem dela. Ela é uma joia sem preço. ’’ Horace ergueu os olhos vermelhos para encontrar os de Shigeru. Ele conseguiu um jovem sorriso em troca.
‘’Ela certamente é‘’ ele concordou. ‘’Nós vamos nos ver novamente. Eu sei disso no meu coração. Você sabe sempre será bem-vindo aqui em Nihon-Jin. Você é um de nós. ‘’ Horace assentiu. ‘’Eu voltarei um dia, ‘’ disse ele. ‘’Isso é uma promessa definitiva. E talvez você possa viajar para Araluen. Shigeru franziu os lábios. ‘’Sim. Mas talvez não por enquanto. Eu acho que preciso ficar aqui até que as questões estejam estabilizadas, ‘’ disse ele. ‘’Mas quem sabe? Se houvesse uma ocasião importante de estado – um casamento de alto nível, talvez?’’ Ele deixou o pensamento aberto e novamente eles compartilharam um sorriso conspirador. Então ele enfiou a mão na manga larga de seu manto e apresentou um pequeno rolo de papel, amarrado com uma fita de seda preta. Ele entregou a Horace. ‘’Nesse meio tempo, lembre-se de mim por isso. Um símbolo da minha amizade. ‘’ Horace pegou o pergaminho. Ele hesitou então Shigeru gesticulou para ele abrir. Era um papel de linho fino, sobre ele, pintado e estilizado, traços enganosamente simples que caracterizavam bem a arte de Nihon-Jin, estava à capitulação de um urso, representado no ato de pegar um salmão em uma cachoeira. Era uma peça fascinante, com apenas os adornos dos detalhes pintados dentro. Mas de alguma forma, o olho do espectador foi levado a providenciar as linhas em falta e recursos, criando uma ilustração completa e compreensiva. Quanto mais Horace olhava, mais o urso parecia tornar-se vivo. Mais ele podia ver a água fluindo ao redor dele. Tudo realizado com algumas pinceladas magistrais sobre o linho. ‘’Você pintou isso?’’ Disse ele, observando a entrega de três pequenas cerejas no canto esquerdo. Shigeru curvou a cabeça em confirmação. ‘’É um pouco bruto. Mas foi feito com amor.” Horace lentamente enrolou o linho, recolocou a fita e colocou-o em segurança dentro de sua jaqueta. ‘’É um verdadeiro tesouro, ‘’ disse ele. ‘’Vou mantê-lo sempre. ‘’ ‘’Então eu estou contente, ‘’ disse Shigeru. Horace estendeu as mãos num gesto desajeitado. Ele não tinha pensado em encontrar um presente para Shigeru. ‘’Eu não tenho nada para lhe dar... ‘’ ele começou. Mas o Imperador colocou o indicador para cima graciosamente para silenciá-lo. ‘’Você me deu meu país, ‘’ ele disse simplesmente. Eles encararam um ao outro por um longo tempo. Não houve mais palavras. Do navio, eles ouviram Halt chamando, a voz um pouco apologética para a intrusão.
‘’Horace. Gundar diz que a maré está caindo. Ou subindo. Seja o que for, temos que estar em nosso caminho. ‘’ Seu tom era delicado. Ele tinha visto seu jovem amigo e Shigeru e ele sentiu que tinha atingido o ponto estranho que vem em todas as despedidas – quando não há mais nada a dizer, quando ninguém quer fazer o movimento final, para quebrar o vínculo entre eles. Quando alguém ou algo tem que dar-lhes o ímpeto pra partir. ‘’Eu tenho que ir, ‘’ Horace disse com a voz rouca. Shigeru assentiu. ‘’Sim. ’’ Resumidamente, eles se abraçaram mais uma vez, cuidando para não amassar o pergaminho dentro da jaqueta de Horace. Em seguida, o alto e jovem guerreiro virou-se bruscamente e correu até a escada de embarque. Seus pés mal tinham tocando o convés, o grupo puxou a escada a bordo do navio e começou a explorar a clara praia, virando sua proa para o mar aberto. Horace mudou-se para a popa, sua mão levantada em despedida. Na praia, Shigeru copiou o gesto. A maré vazante pegou o Wolfship, puxando-o rapidamente para longe da praia enquanto a tripulação içava a vela triangular. Então, quando o estaleiro foi apoiado ao redor, a vela encheu e o leme começou a morder quando Gundar definia o rumo para resistir o promontório. Horace permaneceu na popa, observando a figura na costa ficar cada vez menor. Após vários minutos, Evanlyn se moveu para ficar com ele, deslizando o braço em sua cintura. Impulsivamente, Will foi para se juntar a eles, com a intenção de adicionar seu apoio e conforto de Evanlyn. Mas Alyss pegou seu braço e o impediu. ‘’Deixe-os, ‘’ ela disse calmamente. Ele franziu a testa, sem entender por um segundo ou dois, então absorveu a mensagem. Sua boca formando o silencioso ‘’Oh’’. O convés sapateou quando o vento refrescou e a água começou a ruir mais alto, uma vez que deslizou pelos lados do Wolfship, acelerando-o. Finalmente, ele circulou o ponto e Horace não conseguia mais ver seu amigo, o Imperador de Nihon-Jin.
54
‘’Borboleta?’’ Will disse. ‘’Por que ‘Borboleta’?’’ ‘’Eu acredito que é um termo de grande respeito, ‘’ disse Selethen gravemente. Ele esta, muito obviamente, não rindo. Muito obviamente, Will pensou. ‘’Está tudo certo pra você, ‘’ disse ele. ‘’Te chamaram de ‘Falcão’. Falcão é um excelente nome. É guerreiro e nobre. Mas Borboleta... ?’’ Selethen assentiu. ‘’Eu concordo que Falcão é um nome eminentemente adequado. Eu presumo que tem a ver com minha coragem e nobreza de coração. ‘’ Halt tossiu e o senhor Arridi olhou para ele, as sobrancelhas levantadas. ‘’Eu acho que se refere menos ao seu coração e mais a outra parte do seu corpo, ‘’ Halt disse suavemente. E bateu com o dedo de forma significativa ao longo do lado do nariz.
Era um gesto que ele sempre quis uma oportunidade de usar e esta era boa demais para perder. Selethen fungou e virou para longe, fingindo não perceber. Eles estavam no mar há cinco dias o que explicava o atual bom humor de Halt. Ele tinha durante o período habitual amontoado no gasto abrigo de proteção, com o rosto branco, olhos enfiados na cabeça. Seus amigos tinham taticamente o ignorado enquanto ele se acostumava com o balanço do navio. Agora, com um vento constante ao longo ponto cardial do seu porto e um suave, até aumentar, o Wolfwill foi devorando os quilômetros na viagem pra casa. No oeste, um magnífico por do sol estava pintando as nuvens baixas no horizonte em tons de dourado brilhante e laranja. Os seis amigos estavam sentados em baixas cadeiras de lona, em um espaço livre em frente apenas da posição de Gundar, discutindo os nomes que tinham sido dados pelos Kikoris. Selethen foi nomeado ‘Falcão’. Alyss tinha ganhado o título de Tsuru, ou ‘Garça’. Era uma ave graciosa de pernas compridas e o nome era apropriado. Evanlyn era Kitsuné, a palavra Nihon-Jin para raposa – um tributo a sua velocidade e agilidade. Halt, curiosamente, tinha sido conhecido apenas como Halto-san. Talvez porque, de todos eles, seu nome era mais fácil para a os Nihon-Jin enunciarem. Mas Will tinha sido surpreendido em seu confronto com Arisaka, ao descobrir que seu nome – ‘Chocho’- significava ‘Borboleta’ parecia um nome altamente não marcial para ele – nada tão glamoroso. Ele ficou perplexo ao saber por que haviam escolhido ele. Seus amigos, é claro, ficaram encantados em ajuda-lo a adivinhar o motivo. ‘’Eu suponho que é porque você está com tão enfeitado, ‘’ Evanlyn disse. ‘’Vocês Arqueiros são um tumulto de cor, depois de tudo. ‘’ Will olhou para ela, e ficou profundamente abalado ao ouvir o riso abafado de Alyss pelo comentário espirituoso da princesa. Ele tinha pensado que pelo menos Alyss, podia apoia-lo. ‘’Eu acho que pode ser mais pelo jeito como ele correu ao redor do campo de treino, flechando aqui e lá para corrigir a maneira que um homem pode estar segurando seu escudo, então correndo pra fora para mostrar para alguém como colocar o peso do seu corpo no arremesso de seu dardo, ‘’ disse Horace, com um pouco mais de simpatia. Em seguida, ele arruinou o efeito adicionando impensadamente, ‘’devo dizer, seu manto flutuou em torno de você como asas de borboleta. ‘’ ‘’Não era nenhuma dessas coisas, ‘’ Halt disse finalmente, e todos se viraram para olhar para ele. ‘’Eu perguntei à Shigeru, ‘’ ele explicou. ‘’Ele disse que todos tinham percebido como a mente e a imaginação de Will mudavam rapidamente de uma ideia para outra numa velocidade tão alta, trás, frente, lados, em um padrão totalmente
invisível – algo que eu mesmo notei. Na verdade, é um nome bastante justo a você quando se pensa nisso. ‘’ Will olhou tranquilizado. ‘’Eu suponho que não é tão ruim se você colocá-lo dessa forma. É só que parece um pouco... feminino. ‘’ Ele sentiu o endurecimento na atitude de Evanlyn e Alyss e apressou-se a qualificar suas palavras, ‘’Que eu, por exemplo, não me importo nem um pouco. É um elogio, realmente. Um termo de grande respeito, de fato. ‘’ ‘’Eu gosto do meu nome, ‘’ disse Horace, um pouco presunçoso. ‘’Urso Preto. Isso descreve a minha força prodigiosa e meu poderoso talento na batalha. ‘’ Alyss poderia deixá-lo fugir com isso, se não fosse por sua observação sem prudência sobre o manto de Will agitando como asas de borboletas. ‘’Não é bem assim, ‘’ disse ela. ‘’Eu perguntei a Mikeru de onde o nome veio. Ele disse que descrevia seu prodigioso apetite e seu poderoso talento na mesa de jantar. Parece que quando você estava fugindo pelas montanhas, Shigeru e seus seguidores estavam preocupados que você poderia comer todos os suprimentos por si só. ‘’ Houve uma rodada geral de risos. Após alguns segundos, Horace se juntou. Halt, observando-o de perto, pensou o quão bem este jovem tinha se tornado. Corajoso, leal e com habilidades inigualáveis com armas, ele era um crédito da tutela do Barão Arald e a Escola de Batalha do Castelo Redmont. Halt não pensou que sua influência e exemplo poderia ter desempenhado algum papel na formação de um personagem tão forte e simpático. ‘’Bem, ‘’ disse Evanlyn, ‘’vamos ter que encontrar outro título para ele em breve.‘’ Todos olharam para ela, intrigados com suas palavras. Will, olhando para Horace, percebeu que seu melhor amigo tinha ficado muito vermelho de vergonha. Evanlyn, sentada junto à Horace, sacudiu-o suavemente com o cotovelo. ‘’Diga a eles, ‘’ disse ela, sorrindo largamente. Horace limpou sua garganta, arqueou e pigarreou várias vezes e finalmente conseguiu falar. ‘’Bem, é isso mesmo... Vocês veem... Nós estamos tipo de... ‘’ Ele hesitou, limpou a garganta mais duas ou três vezes, e Evanlyn sacudiu-o novamente, um pouco menos suave. ‘’Diga a eles, ‘’ ela repetiu e as palavras saíram em um jato, como a água de uma represa em colapso. ‘’NoitepassadaeupropusàEvanlyneeladissesim... ‘’Ele conseguiu abrandar e disse em uma velocidade mais compreensível, ‘’então quando chegarmos em casa, vamos nos casar e eu espero – ‘’ Ele disse mais. Mas ninguém o ouviu no grito geral de alegria e felicitações que irromperam de seus amigos. Os Escandinavos olharam surpresos com a comoção geral.
Halt virou-se para Gundar quando Will subiu pelo convés para abraçar primeiro Horace e depois Evanlyn, com o rosto aceso com alegria para os dois, o seu coração se enchia de felicidade. ‘’Gundar!’’ Halt gritou. ‘’Libere algumas das nossas disposições especiais, e um pouco de vinho e cerveja. Vamos ter uma festa hoje à noite!’’ ‘’Eu estou nessa!’’ Gundar disse, sorrindo largamente. Ele ouviu o anúncio de Horace e ele foi felicitar os dois jovens. A palavra do compromisso brilhou ao longo dos bancos de remo onde a tripulação estava relaxando. Houve um rugido de prazer do banco da frente, então a figura parecida a um urso que era Nils Ropehander veio descendo da plataforma gritando parabéns. ‘’O que é isso? General? Compromisso? Bem, General, aqui está minha mão em parabenização!’’ A expressão ‘’aqui está minha mão’’ acabou sendo um pouco relaxada. Nils despejou em Horace um abraço de urso de felicidade. Quando ele soltou Horace, o jovem a ser noivo, amassado, gemendo, ofegante, no convés. Nils, em seguida, se virou à Evanlyn. Ela levantou-se cautelosamente e começou a recuar. Mas o lobo do mar rapidamente tomou-lhe a mão, curvou-se e levantou-a aos lábios, proporcionando um molhado, beijo estalado. ‘’Eu espero ser um mensageiro no casamento!’’ Ele gritou. Evanlyn sorriu disfarçadamente enxugando a mão molhada na jaqueta. ‘’Eu acho que eu gostaria de ver isso, ‘’ disse ela. Ela olhou para Alyss, viu o prazer nos olhos da alta garota. ‘’Falando de funções oficiais, espero que você seja minha dama de honra?’’ ‘’Eu vou ficar feliz, ‘’ disse Alyss. ‘’E eu suponho que isso signifique que finalmente vou conseguir terminar uma dança de casamento com Will.’’ Não havia dúvida na mente de ninguém que Will seria o padrinho. No casamento de Halt, sua dança com Alyss havia sido interrompida pela chegada inesperada de Svengal, com a notícia de que Erak estava sendo mantido como refém. ‘’Eu tenho uma grande ideia!’’ Horace disse, depois de ter recuperado a maioria de sua respiração. Ele olhou ao redor do seu círculo de amigos mais próximos. ‘’Nós temos a dama de honra e o padrinho aqui. Por que não fazer o casamento agora? Gundar é o capitão do navio. Ele pode realizar casamentos, não pode Halt? Você pode nos casar, não pode Gundar? ‘’Eu não estou certo de que seria uma grande ideia... ‘’ Halt começou, mas Gundar o parou alegremente. ‘’Pelos dentes de Gorlog, garoto, eu não sei se eu posso ou não. Mas diga-me as palavras e eu digo pra você!’’ ‘’Hum, Horace, querido, ‘’Evanlyn disse, escolhendo cuidadosamente suas palavras.
‘’Gundar não é tão capitão do navio como um pagão de uma reforma pirata. ‘’Olhou desculpando se para Gundar. ‘’Sem ofensas, Gundar. ’’ O Skirl encolheu os ombros com alegria. ‘’Não me ofendeu, mocinha. É uma descrição bastante justa. Não tenho certeza da parte da reforma, ‘’ acrescentou ele, pensativo. ‘’Eu não tenho certeza que meu pai iria aprovar totalmente nós nos casarmos aqui. Eu acho que ele gostaria de saber sobre isso em primeiro lugar, ‘’ Evanlyn continuou. Horace, ousado, encolheu de ombros. ‘’Tudo bem, ‘’ disse ele. ‘’Foi só uma ideia. Mas se você disser não, então é não. ‘’ Halt aproximou-se dele e afagou-lhe delicadamente seu braço. ‘’Acostume-se a isso, ‘’ disse ele.
EPÍLOGO
Eles celebraram a fundo na noite. Quando os outros já haviam ido embora, Will e Alyss ficaram juntos, o braço dele na cintura dela, o braço dela nos ombros dele, na proa do navio. Era uma linda noite e a lua se erguia baixa no horizonte, projetando uma trilha cor de prata pela água escura na direção deles.
Na popa, eles puderam ouvir o ocasional murmúrio baixo de conversa da tripulação na vigia.
“Estou feliz por você e Evanlyn serem finalmente amigas,” disse Will.
Alyss abaixou a cabeça no ombro dele. “Eu também. Ela é uma garota realmente legal.”
“É mesmo,” ele disse. Alyss levantou a cabeça e olhou para ele.
“Você não tinha que concordar com tanta prontidão,” ela disse a ele. Depois sorriu e colocou a cabeça de volta no ombro dele.
“Então... eles estão se casando. Horace e Evanlyn. Que tal isso?” Will sacudiu a cabeça em admiração.
“De fato,” ela disse, incerta de onde aquela conversa iria chegar.
“Sabe...” Ele fez uma pausa, parecendo reunir a coragem, depois continuou, “Talvez você e eu devêssemos pensar em fazer algo assim.”
A cabeça de Alyss saiu do ombro dele. O braço dela deslizou para longe dele e ela se afastou de Will.
“Talvez você e eu devêssemos pensar em fazer algo assim?” Ela repetiu, a voz aumentando com cada palavra. “Essa é a sua idéia de proposta de casamento?”
“Bem... eu... er...” começou Will. Mas ele não tinha idéia de onde ir, o que dizer. De qualquer jeito, Alyss não lhe deu chance de continuar.
“Porque se for, você terá que fazer algo muito melhor!”
Ela virou e se afastou pelo convés, dando longos passos zangados. Will fez um gesto inútil atrás dela, então parou. Ele sentiu que havia dado errado. Muito errado. Ele podia ver as costas finas dela, rijas e eretas, radiando total ultraje.
O que ele não podia ver — e que ela não tinha intenção de deixá-lo ver — era o imenso sorriso deleitado que iluminava seu rosto.
John Flanagan
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