Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


O MATADOR DE DRAGÕES / Jianne Carlo
O MATADOR DE DRAGÕES / Jianne Carlo

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Dunsmuir Castle, Escócia e Nortúmbria,ano de 1029

—A traição toma forma—. Ruard manteve a voz baixa, embora o barulho dos moradores, trabalhadores do castelo e os nobres locais se reunindo para testemunharem seu casamento com Catriona a Pura afogaram as palavras aos ouvidos de qualquer bisbilhoteiro. —Dizem na aldeia que os Pictos estão reunindo forças.

A espera interminável pela chegada de sua noiva havia azedado o humor de Ruard. Suas novas terras não eram o prêmio que esperava por ter servido o Rei Cnut por quase quatro invernos. Ele gostaria agora de uma batalha campal. Poderia liberar a energia inquieta que corria em seus ossos. E apaziguar a crescente luxúria em seu corpo.

—Sim. Por sorte, poderemos aliviá-los das moedas. Você certamente vai precisar de muitas para fortalecer este castelo. —Seu irmão Njal fez uma careta e cuspiu o vinho em uma taça de bronze. —Cnut o Grande não falou das riquezas de Dunsmuir Castle? Não vi nada, senão sujeira, e não provei nada, senão comida, cerveja e hidromel servida nesta pocilga desde que chegamos.

—Sim, mas o solo é preto e fértil. E as fazendas são vastas. —Ruard e Njal não tinham perdido seus dias e noites, mas cavalgaram a amplitude e a profundidade das terras que seriam dele, uma vez que se casasse com Catriona a Pura. Ruard olhou para as duas prostitutas batendo as canecas de latão nas mesas. —Porque há duas prostitutas servindo no castelo?

 

 

 

 

—Penso que pelas necessidades dos homens.— Njal desembainhou sua faca e cavou parte na superfície da mesa. —Já são quase duas luas sem uma mulher. Noite passada eu quase levei a gorducha ao meu catre.

Ruard expeliu a cerveja que tinha na boca sobre a mesa. Entrecerrando os olhos para a sujeira incrustada na mesa, passou uma mão pelos lábios molhados. 

—Não! Nem uma vez vi você copular com uma rapariga que outros homens compartilharam.

—Meu pau não sentiu nada, senão minhas próprias mãos por duas luas. É como uma febre na minha cabeça o pensamento de uma quente e apertada vagina. A pele macia de uma mulher. —Njal esfregou o pênis. —Um generoso seio.— Ruard gemeu quando seu pau endureceu em resposta às palavras de Njal e a imagem evocada,e rosnou.

—Pare. Ou minha determinação vai se estilhaçar. —Njal gargalhou, bateu a mão na mesa, e fez uma careta quando a cerveja pegajosa cobriu seus dedos. Esfregou a mão para trás e para frente sobre a túnica.

—Ninguém acreditaria que o pau de Ruard Randy ficou desacompanhado por uma noite, muito menos por duas luas. Que você não tome uma das fêmeas do castelo eu entendo, mas uma das prostitutas da vila?

Ruard encolheu os ombros. 

—Minha senhora deve ser respeitada pelo povo.

Njal acenou para os rostos sulcados de sujeira dos homens e mulheres cambaleando e tropeçando entre as mesas no salão. 

—Você deseja o respeito deles?

Ruard examinou o lugar e soltou um longo suspiro. Quando o rei o transferiu para o Castelo Dunsmuir, ele tinha imaginado uma propriedade não muito diferente da do seu irmão mais velho: limpa, ordenada, com cheiro de erva fresca e cheia de trabalhadores bem-vestidos e comerciantes. Não essa sujeira, o hall cheio de fumaça com o ar tão sujo que ele evitava comer as refeições na mesa alta sempre que possível. Não os arruaceiros que não faziam outra coisa senão tomar a cerveja e chafurdar em seus próprios dejetos.

—Nem o castelo ou essas pessoas viram uma escova de limpeza em muitas semanas, eu aposto. Não invejo você, irmão —. Njal arrastou os juncos molhados no chão. Pulgas pulavam sobre os restos em decomposição. —Caso fosse dizer meus votos de casamento, eu preferiria Catriona a governanta a Catriona a Pura, como esposa.

Um rapaz imundo e pequeno despejou uma bandeja com duas travessas cobertas por uma massa grudenta, em cima da mesa. Ruard estremeceu como o odor do alimento que inundou suas narinas.

—Eu juro que se ela for tão rançosa quanto essa carne não irei consumar o casamento esta noite. —Ruard estreitou os lábios. —Colocarei mais homens para trabalhar nas casas de banho, para que terminem no dia seguinte.

—E você vai forçar o seu povo a usar o sabão?

—Sim—. Ele recordou as mulheres, o perfume de lavanda na corte de Cnut, a fragrância fresca das mulheres nórdicas. O aroma picante do harém. Ele não cheirou nada, senão ranço no Castelo Dunsmuir.

As portas do salão bateram ao serem abertas, bem como o clamor das vozes que ressoaram na câmara .

—Sua noiva está aqui.

—Devo me alegrar por ela ter se dignado a chegar?— Ruard rangeu os dentes, mas a raiva que havia controlado explodiu, as mãos apertadas em punhos, e cada tendão do pescoço esticado. Ele lutou longa e duramente pelo Castelo de Dunsmuir e as duas aldeias vizinhas ao castelo. Por Odin, sua noiva e as pessoas saberiam o seu lugar antes do inverno acabar.

Os poucos lampiões em cada lado da entrada do castelo pouco faziam para levantar as sombras escuras da sala enevoada pela fumaça. Uma feroz rajada gelada sacudiu os juncos, que escondiam a sujeira dos pisos de pedra irregulares, em um turbilhão, um cão sarnento fungou e uivou, e um raio clareou o céu da meia-noite. Os trovões ressoavam como a tempestade que se aproximava.

Todos os olhos voltaram-se para os recém-chegados.

Ruard cravou seu olhar treinado sobre os chegados, em busca de um vislumbre da mulher que ele tomaria como esposa.

Sua boca abriu-se quando vislumbrou a fêmea solitária no centro de um grupo de guerreiros armados.

—Nunca vi uma mulher tão diferente de seu nome—. Njal esvaziou o cálice. —Se coubesse a mim nomeá-la, ela seria Catriona a Sereia, não Catriona a Pura.

 

Ruard mal registrou as palavras de Njal. Ele esperava por uma esposa obediente que tivesse todos os dentes, não babasse, e executasse seus deveres de esposa sem reclamar. Uma mulher simples e humilde.

Ele não tinha nenhuma utilidade para uma deusa deliciosa que chamava a atenção de todos os homens. Todos os homens da sala, cada menino que servia, cada ancião encarquilhado, cada guerreiro ficou boquiaberto com sua beleza, enquanto ela deslizava pelo corredor.

Ruard não tinha nenhuma utilidade para uma ninfa ruiva com seios tão maduros como melões e lábios de rubi, implorando por beijos. Nem para uma garota cujos quadris flexíveis clamavam pelas mãos de um homem. Ou para uma donzela com um queixo erguido e teimoso em desafio. Nem para uma mulher cujo piscar dos olhos não falava de nada além de problemas.

Ele apertou o despudorado e dolorido pau, disposto a acalmá-lo, e esperou até que sua noiva estivesse na frente da mesa alta, as mãos cruzadas na cintura, antes dele reconhecer sua presença. Com os lábios apertados, sabia que ela compreendia seu descontentamento.

—Você está atrasada— Rurad levantou-se e bateu as mãos sobre a mesa. Apertou sua excitação contra a borda da madeira e a dor bloqueou-a. O pênis ficou flácido só para subir, logo depois, como um aríete, quando ela jogou a cabeça para trás, a luz do fogo dançando em seus cabelos ondulados, e as narinas dilatadas. Ela torceu os dedos tão firmemente que os nós dos ficaram brancos, e falou, a voz suave e musical.

—Perdoe a minha demora, meu senhor.

Havia um leve tom de zombaria, indicando que ela não se importava nem um pouco com seu perdão. Antes que Ruard pudesse proferir uma resposta, um homem vestido com o traje de um monge se adiantou. 

—A tempestade nos atrasou, meu senhor.

Nenhum macho parecia menos um homem de Deus do que aquele que estava diante de Ruard. Amplo, alto, musculoso, usava uma túnica marrom feita para um homem com a metade de seu corpo e altura, e a bainha da túnica mal chegava aos joelhos grossos como troncos de carvalho. O homem atrás do sacerdote adiantou-se e puxou o elmo.

Ruard abafou um rugido quando reconheceu o cavaleiro. Ele segurou o aço frio da Heiðir, a espada que chamada de Matadora de Dragões por seus inimigos, cristãos e nórdicos. Ele cerrou o maxilar antes de inclinar a cabeça.

—Ulfric, o que o traz a Dunsmuir?

Ele não tinha nenhuma simpatia por Lorde Ulfric, terceiro filho do conde de Tees. Embora chamado pelo Rei Cnut, Ulfric demorou a levantar a espada para ajudar Ruard e seus irmãos quando eles lutaram batalhas fronteiriças contra o rei Máel Coluim, da Escócia. O casamento de Ruard com a sobrinha de Máel Coluim, Catriona, foi arranjado para formalizar a trégua provisória entre os dois soberanos, já que o Castelo Dunsmuir marcava as fronteira entre os dois reinos.

—Disfarce sua raiva— Njal murmurou, com a mão esfregando a barba, a voz muito baixa para chegar aos ouvidos de Ulfric. —Banque o Lorde amigo.— Ruard deu ao irmão um aceno imperceptível, sem tirar seu foco do indesejável lorde.

Ele cruzou os braços.

—Eu serei a testemunha de seus votos com Lady Catriona—. Ulfric arreganhou os dentes, mas o riso não iluminou seus olhos azuis claros.

—Não irei atrasar você em sua jornada. Os votos serão ditos esta noite. Njal, envie um garoto para buscar o padre.

—O rei mandou o seu próprio homem santo—. Ulfric inclinou a cabeça para o monge.

—Eu quero o padre local, bem como o homem do rei presidindo a cerimônia.— Ninguém iria negar os votos que ele e Catriona a Pura trocariam neste dia.

Ulfric encolheu os ombros. 

—Como quiser.

Ruard ordenou a um servente do castelo para buscar comida e bebida. Ajudou a noiva a subir ao estrado, segurando com suavidade os dedos delicados, e relutantemente, soltando a mão dela antes de se sentar no banco.

Sua masculinidade aumentou quando o quadril dela roçou sua coxa. Ele desejou que seu pau ficasse mole e olhou a futura esposa de soslaio. Catriona parecia ter passado por maus bocados. No entanto, ela era sobrinha de Máel Coluim, ainda que através esposa de um irmão. Por direitos reais ela deveria ser gorda e mimada.

Segundo os moradores, Lady Catriona nunca esteve em Dunsmuir, embora tivesse herdado o castelo e as terras que se estendiam até a costa leste da Northumbria. Terras que se tornariam dele uma vez que o casamento fosse consumado.

Após colocar vinho em uma taça, Ruard ofereceu-a a Catriona.

—Devemos casar esta noite, meu senhor?— Havia várias sardas espalhadas pelo arrogante nariz de Catriona, e as mãos pequenas se enroscaram firmemente quando ela sibilou a pergunta.

Muito surpreso pela ousadia dela por formular esta resposta, deslizou o olhar para o colo, a inclinação orgulhosa do queixo enquanto ela olhava para a frente, e voltou para seu pulso nu, quando a manga da túnica escorregou para o lado. Leves marcas da cor das flores de urze marcavam a carne na base da palma da mão.

Ruard franziu a testa.

—Nós temos, meu senhor?

A irritação fez seu rosto ficar quente, e ele respirou fundo, esperando acalmar seu temperamento.

E lamentou a ação imediatamente.

Catriona cheirava a primavera, fresca e verde, e irradiava o calor de uma dezena de campos aquecidos por um sol de verão ofuscante. A cabeça dela roçou seu braço, e quando arrumou a saia, o cabelo deslizou como uma carícia de seda sobre seu antebraço. O pau de Ruard engrossou.

Os lábios dela se moveram e ele ficou tão encantado com a visão dos dentes como pérolas que não ouviu uma palavra do que ela disse. Somente quando Ulfric montou o banco do seu lado direito que Ruard registrou a fúria na voz dela e a pergunta que havia feito.

—Sim. —Ele a teria por esposa esta noite.—Nós vamos casar esta noite.

—É o costume fazer correr os proclamas três vezes.— Ruard pegou o queixo de Catriona e inclinou a cabeça dela para trás e assim ela teve que encontrar seu olhar. 

—Vamos nos casar, quando o padre chegar nesta sala.— A raiva cruzou as profundezas marrons dos olhos dela. A tonalidade rosada se espalhou pelas faces da jovem. Ruard teria jurado que chamas lamberam as pontas dos dedos, mas foi o ar quente do resfolegar dela que chamuscou a sua carne.

Seu pênis enrijeceu-se com a cobiça e seu saco endureceu.

O olhar que ela lhe deu era puro desafio. Ele não toleraria uma esposa desobediente. O pensamento de domá-la, imaginar os cachos flamejantes espalhados em sua cama, enfiar-se em em seu canal virgem apertado, fez seu pênis esticar-se na calça.

O sacerdote do castelo escolheu aquele momento para anunciar sua presença.

—Meu senhor?

Ruard cravou os olhos em Catriona e o cheiro dela tão próxima, toda doçura e prazer, a sensação da carne macia, o nervoso lamber da língua rosada no canto dos lábios, afastou qualquer visão, menos a dela, gloriosa e nua, para longe de sua cabeça. 

—Case-nos padre. Agora.

—Irmão — Njal, sempre o mediador, deu um passo à frente.

—Não. Nem uma palavra, — Ruard rosnou.

Catriona não afastou seu olhar, embora estreitasse os lábios. 

—E os proclamas, meu senhor?

—Senhora, esperei sete noites por sua chegada. Nós vamos casar imediatamente. Leia os proclamas três vezes primeiro padre.

O lábio inferior dela tremeu, mas ergueu o queixo, e olhou para o padre.

—É o costume realizar uma missa.

—É o costume. — O padre gaguejou as palavras.

Os pelos do pescoço de Ruard eriçaram-se.

—Case-nos de uma vez. A missa fica para amanhã.

—Talvez você precise ver o contrato de casamento.— Catriona encarou Ulfric, que puxou um pergaminho da sacola e colocou o papel, selado e amarrado, em cima da mesa. Ruard desatou a fita que envolvia o papel frágil. Todos estavam silenciosamente observando-os, cada par de olhos voltados para ele.

Ele examinou as palavras escritas. Um músculo em seu rosto se contorceu. A fúria correu em suas veias.

Njal acotovelou-se ao seu lado e sussurrou:

—Segure-se. Lembre-se das terras que serão suas —Ele estendeu o braço, pegou o papel, olhou para a escrita, e murmurou uma maldição. —O Rei Máel Coluim exige todas as testemunhas dos votos presentes em sua câmara durante a consumação.

—É um insulto. Todos irão testemunhar a consumação? Um lençol ensaguentado não será suficiente? —A mente de Ruard se agitou.

 

Catriona esperava um guerreiro cruel com mau hálito e que cheirasse mal. Um homem assim seria fácil de matar. Um palhaço sem graça com um temperamento vicioso. Um homem que fosse fácil de envenenar.

Não um homem com cabelos dourados, olhos azuis da cor do céu, cujos ombros diminuíam qualquer um que ela já vira. À primeira vista, pensou nele como o deus nórdico que seus primos e irmã falavam constantemente, Thor, o Deus do Trovão. Na verdade ele deveria ser o deus do trovão, pois seu coração não tinha parado de bater uma única vez desde que ela colocou os olhos sobre ele.

Seu queixo ainda queimava com o toque dele, sua carne estava tão quente que tinha vontade de jogar o conteúdo frio da taça no rosto e no pescoço. Engoliu em seco.

Dunsmuir não era como seu pai havia descrito.

Não era como se fosse um prêmio. O fedor do castelo chegou antes que passasse pelo portão. Por que Ulfric cobiçava esta terra?

O aroma de carne estragada flutuando sobre a mesa fez sua garganta se estreitar. Seria fácil escorregar a bolsa de veneno amarrada às suas saias no alimento de Lorde Ruard.Ele nunca sentiria o gosto amargo. Catriona se encolheu quando o senhor segurou a mão dela. Ela olhou para suas carnes unidas, a pele dele bronzeada, a dela pálida como a neve que logo cercaria o Castelo Dunsmur. O aperto dele era forte, e onde suas mãos se encontravam, o pulso dele palpitava, aquecendo a carne.

Como eu vou matá-lo? Posso sentir seu coração batendo. Posso ouvi-lo respirar.

A lembrança do corpo magro de sua irmã acorrentado às paredes da masmorra da Torre Carden trouxe náuseas até sua garganta. A vida dele pela dela. Deveria ser feito.

Catriona não resistiu quando o lorde a puxou para ficar ao lado dele no palanque. Ela ficou muda e cega quando o padre pronunciou os votos.

O salão lotado estava impreciso quando ela proferiu o juramento. Tudo ficou em silêncio quando o senhor declarou as palavras que os uniam. Ela ficou maravilhada com a voz dele, o som mais rico e mais forte que o rugido do mar batendo contra as muralhas de Carden Tower. A muralha que protegia as masmorras onde os homens de Ulfric, mantinham sua irmã Gæierla prisioneira.

—Minha senhora.

Catriona piscou quando o senhor a puxou para ele.

—É um costume nórdico trocar alianças como símbolo da nossa união.— Ele olhou para o irmão, que deu um passo a frente e colocou dois elos de ouro na palma da mão do lorde.

Ele deslizou o metal frio em seu dedo,a argola de ouro brilhando a luz turva das lareiras do castelo e Catriona sentiu como se pesos tivessem sido colocados em seus ombros. O lorde virou a mão dela, seus olhos se encontraram e a expressão feroz no rosto dele fez com que sua garganta se apertasse. Os lábios de Rugar roçaram a palma da sua mão, antes dele colocar o outro anel em sua carne.

Chamas pareciam alastrar-se desde suas mãos aquecendo seu interior, fazendo correr um estranho calor em seu ventre, e ela ansiava atirar-se nos braços dele, para contar tudo, pleitear a ele que fosse o campeão dela e de Gæierla.

Isso é algum encantamento louco. Alguma maldição do anel.

—Lady Catriona?— O suave sussurro penetrou a magia mantendo seu corpo refém e sua mente prisioneira.

Apertando os dentes com tanta força que temia que se romperiam, Catriona colocou o anel no dedo dele, e arriscou um olhar para seu marido quando o metal se recusou a deslizar sobre os nós dos dedos espessos. Seu coração vibrou no peito diante do olhar penetrante dele. O âmbar nos olhos azuis lançou o calor de um dragão prestes a lançar um rugido de fogo. A mão dele cobriu a sua e ele a ajudou a empurrar o elo pelo dedo.

Ela não sabia como foram parar sentados na mesa alta.

Quando outro travessa nojenta apareceu, Catriona ansiava por nada mais que uma maçã fresca ou, se tivesse sorte, uma cenoura. Embora sua barriga roncasse, nunca levaria um pedaço daquela carne fétida até seus lábios. Ela olhou para a comida tentando determinar se alguma coisa naquela travessa parecia remotamente familiar.

—Nem Njal nem eu conseguimos identificar o conteúdo da panela da cozinheira.

Catriona sentiu a pele arrepiar-se e o coração ameaçou voar para fora da boca. Ela se virou para olhar o lorde, despreparada para o sorriso torto que ele deu, a diversão enrugando os cantos dos olhos.Uma piscadela foi a resposta de seu prometido. Incapaz de conter um sorriso, Catriona desejaria ver o rosto do Rei ao testemunhar aquela aliança.

Ruard inclinou-se até seu ouvido e Catriona voltou-se para observá-lo. 

—Njal escondeu pão, queijo, vinho e maçãs em nossa câmara.

—Maçãs? De verdade? —A boca salivou e ela olhou para ele como se possuísse as chaves para o reino de Cristo. —Tenho ansiado por uma maçã durante sete noites.— Ela fechou os olhos lembrando-se do gosto agridoce de sua fruta favorita, e piscou quando o dedo dele roçou seu pescoço.

Ele franziu a testa. Pegou a mão dela e empurrou as mangas até desnudar seu pulso. 

—Como você conseguiu essas contusões, minha senhora?

 

Catriona a Pura poderia chamar-se Catriona a Orgulhosa, pois permaneceu firme e inabalável durante a cerimônia. Apenas Ruard sentiu os dedos trêmulos e ouviu o resfolegar nervoso na sua respiração quando sua língua gaguejou na hora dos votos.

Njal tinha tomado o assento à sua esquerda e Ulfric o outro adjacente.

—Não vejo por que Ulfric precisa estar sentado à mesa alta. Ele é o terceiro filho.

—Devo lembrá-lo que sou Njal o Pacificador?

— É seu desejo que Ulfric parta pela manhã, não? —Ruard cruzou os braços e olhou para seu irmão.

—Você acha que ele não ficaria, se tivesse uma desculpa para ficar perto dela mais algum tempo?

Deixando escapar um longo suspiro, Ruard revirou os olhos. 

—Me curvo à sabedoria do pacificador de Cnut.

—Não gosto dessa proclamação selada pelo rei Máel Coluim.— Njal cortou um pedaço de pão queimado em dois.

—O que acontecerá se Catriona não for uma virgem?— Ruard cerrou os dentes. —O que acha?

—As leis deste país não são familiares para mim.— O olhar de Ruard varreu a sala. A multidão ficava mais barulhenta a cada caneca esvaziada. Não era provável que ele pudesse evitar que todo o salão enchesse a câmara.

—Se sua mulher não for virgem, as terras podem ser perdidas.

—Um corte rápido do meu braço, um lençol sujo de sangue e estará tudo resolvido.

—Não. Nós não sabemos o costume local. E se as mulheres forem lavá-la depois? —Njal balançou a cabeça. —Talvez Ulfric e os homens verifiquem sua carne procurando um corte...

—Muitas noivas foram salvas pelo sangue de um porco ou galinha.

—Veremos —, Njal prometeu.

 

Ruard não pretendia permitir que qualquer homem comesse com os olhos os seios abundantes de Catriona, ou se esforçasse para ver se os cachos flamejantes de seus cabelos combinariam com os da virilha. Seu olhar caiu no colo dela como se ele pudesse discernir a resposta a essa pergunta olhando longa e duramente para o vestido da jovem.

Ela sentou-se imóvel, as mãos cruzadas na colo e não fez nenhuma tentativa de usar a faca de comer.

—Minha senhora?

Presenteando-o com um sorriso sincero, um dos poucos que ela havia concedido, ela sussurrou:

—Estou aguardando as maçãs, meu senhor.

Ele imaginou os lábios carnudos, a maçã vermelha, ela mordendo a polpa e a ponta de seu pau ficou molhada, a seiva escorrendo. Ruard afogou-se em seu aroma fresco de primavera, e seu saco queimou,como rochas derretidas prontas para explodir.

Uma das servas pigarreou, levantou-se e foi sussurrar no ouvido de Catriona.

Catriona endireitou os ombros e colocou as mãos sobre a mesa. 

—É hora de me retirar, meu senhor.

Suas palavras caíram em seus ouvidos, mas não penetraram na neblina de luxúria da sua mente. Ruard levantou-se e seus olhos seguiram o balanço dos quadris quando ela deslizou até a escada. Nunca tinha visto uma mulher se mover com tanta graça. O pau lutou contra o calção de linho, estirando-se no tecido até ficar erguido e orgulhoso. Sua mente se encheu de visões de Catriona, nua sob ele, com as pernas em volta de sua cintura, pedindo o seu toque, seu beijo, sua posse exigente.

—Tire esta expressão do rosto, irmão. Ulfric observa como o falcão que é. Todos podem ver seu desejo. Fique sentado. —Ruard considerou o conselho de seu irmão e sentou-se abruptamente.

As nobres locais se ergueram para seguir Catriona a escadaria de pedra.

—Não gosto disso.— Njal esvaziou o cálice. —Quem trama é essa? Não é uma casualidade Ulfric testemunhar a consumação de seu casamento.

—Você adquiriu o sangue?

—Enquanto você e sua noiva sussurravam um para outro. Não notou a minha ausência? —Njal mostrava um sorriso zombeteiro. Ele sabia onde os pensamentos de Ruard estavam. —Eu coloquei duas bolsas sob as peles de cama.

—Não uma, mas duas? Irei penetrar um hímen ou matar um porco?

—Um deles contém o óleo que o mestre do harém usa com virgens. Catriona a Pura parece aterrorizada o suficiente para gritar. O óleo vai facilitar o caminho e talvez entorpecer a dor dela.

Ruard olhou para o teto. Em seu desejo acabou esquecendo a suposta dor que a perda da virgindade ocasionaria a Catriona. 

—Eu não terei outros homens vendo minha noiva nua.

—Fique calmo, irmão. Sua senhora encontrou uma cama com cortinas. Isso irá garantir um mínimo de privacidade.

—Você e os nossos homens devem cercar a cama. Ninguém tira as cortinas. —Estava relutante, embora fosse tomar Catriona tão publicamente, Ruard sabia que não podia arriscar-se a perder Dunsmuir. —Isso precisa ser feito nesta noite.— Ele rangeu os dentes. Na verdade, embora sua ereção não houvesse diminuído, tomar a virgindade de sua esposa enquanto Ulfric e os outros escutavam os gemidos dela não era nada excitante. Lembrou-se dos dedos trêmulos durante a bênção do sacerdote e prometeu proteger Catriona dos curiosos.

Um rugido surgiu vindo das mesas mais baixas. Ruard olhou na direção do barulho e se moveu abruptamente, com a espada na mão. Metade dos homens no salão estavam bêbados e a maioria não devia lealdade a ninguém. Os gritos e apelos indecentes aumentavam a cada momento que passava. Cerveja derramada embebia os juncos no chão, fumaça empesteando o ar e o cheiro de urina dominava o salão.

Os guerreiros de Ulfric cercaram o jovem senhor enquanto este bebia de uma taça, e em seguida, atirou-a sobre uma mesa. Ulfric levantou a espada e gritou:

—Hora da cerimônia.

Em poucos segundos Ulfric e seus homens tinham Ruard e Njal cercados.

 

—É uma garota rebelde que você toma como esposa.— Ulfric enviou a Ruard um olhar astuto.—Ela se recusou a se confessar com o monge. Quem sabe ela recuse seu pau?

Ulfric sinalizou e os seus homens separaram Ruard de Njal, atirando sua espada para longe e o despiu da cota de malha. Embora seus punhos encontraram meia dúzia de mandíbulas, Ruard logo estava nú e viu-se carregado sobre os ombros dos homens que se amontoaram no salão.

Gritos lascivos ricochetearam nas paredes, os homens correram para a escada de pedra, empurrando-o através da porta da câmara, e em linha reta até uma das matronas. A mão dela acariciou seu pau, e ela apertou-o na base antes de gritar:

—Pelos deuses, ele tem seiva em abundância.

Uma mulher gritou, o público riu, alguém empurrou Ruard na direção da cama, e ele tropeçou e praticamente foi lançado através das cortinas de veludo em torno da cama para cair,com um estrondo, no colchão de palha.

 

As mulheres tinham despido sua roupa, escovado seu cabelo até o couro cabeludo formigar, e a colocaram no colchão sob os lençóis. O lençol frio provocou tremores na espinha, arrepios em seus braços, e Catriona esmagou-o entre os dedos e mordeu o lábio com tanta força que sentiu o gosto de sangue.

Ela olhou para a cortina verde que cobria a cama, mas seus olhos se recusaram a se concentrar. As outras mulheres haviam tentado impedi-la de fechar as cortinas ao redor da cama, mas uma das nobres, Lady Carlton, veio em socorro de Catriona.

Rezando, fervorosamente, para sobreviver a consumação, ela quase pulou da cama quando gritos, assovios e batidas acabaram com o murmúrio das conversas femininas. Ela ouviu uma mulher atestar a virilidade do lorde. Como a bruxa sabia que seu marido tinha semente em abundância? Antes que ela tivesse tempo para refletir sobre a fonte do conhecimento da mulher, as cortinas se abriram e seu marido caiu sobre o colchão.

 

A perna de Ruard era escura contra a brancura dos lençóis. Catriona olhou para as coxas musculosas, hipnotizada ao ver os músculos rijos e proeminentes.

Alguém abriu as cortinas da cama mostrando-os aos outros. Ruard cobriu seu corpo com o dele, esticou um braço para colocar o veludo de volta no lugar, e gritou:

—Njal, cuide disso.

Catriona ouviu a voz do irmão dele, mas Njal falou em escandinavo e ela não entendeu as ordens que ele rugiu.

Ela estremeceu quando dedos calosos serpentearam através das cortinas e a beliscaram no antebraço.

Ruard rosnou, agarrou a mão, e torceu o pulso ossudo até que o homem gritou em agonia.

Um peso caiu sobre seu peito, ela não poderia respirar ar o suficiente e o pânico borbulhava em sua garganta apertada. Lutou, se contorcendo, tentando desalojar o peso que a privava da respiração.

—Desista, Catriona. Para mim, olhe para mim. —Ruard a agarrou pelos ombros e deu-lhe uma sacudidela.

—Monte nela com força!

—Enfie bem nela!

Eu não posso fazer isso. Eu não posso.

—Você pode. Você vai. Não dê ouvidos a eles. Olhe para mim. —Os lábios dele se moviam na sua orelha e, em seguida, ele recuou, prendendo seu olhar ao dela.

Estou pensando em voz alta? Isso é mágica?Catriona se perguntou.

—Você é uma donzela?

—Sugue essas tetas!

—Morda os mamilos dela!

Ouvia as vozes dos homens.

Passos e saudações estouraram e um homem começou a cantar, depois outro e mais outro.

Ruard a sacudiu novamente. 

—Olhe para mim, senhora.— Todos os pensamentos giravam em sua cabeça e ela não conseguia ficar longe de seu olhar ardente.

Ele cheirava bem, e suas mãos tinham o calor de uma fogueira, onde encostavam. 

Ruard apertou seus ombros.

—Catriona. É virgem?

Ela olhou para os dedos dele, tão morenos contra a sua pele pálida. Os antebraços eram ligeiramente peludos e bastante musculosos, sem nenhuma grama de gordura.

Um dragão soltando fogo foi desenhado no ombro dele. Esta criatura, este homem a quem chamavam de o Matador de Dragões, iria protegê-la.

 

O pensamento foi tão tranquilizador que Catriona deixou de lutar.

A tatuagem era irrestivel. Catriona traçou a envergadura do dragão com o indicador.

—Senhora, você tem que me escutar.— Seus olhos eram a sombra de um céu de verão, azuis, brilhantes e deslumbrantes. A mão dele segurou seu pescoço e os dedos roçaram seu rosto. —Você é uma donzela, Catriona?

—Está duvidando de minha honra, meu senhor?— Ela endireitou os ombros. —Sou uma donzela.

A sala ficou tão silenciosa que quando uma madeira na lareira estalou, Catriona gritou. Ela percebeu que todos os homens e mulheres ouviram e colocou a mão sobre a boca.

—Njal, uma de suas canções obscenas não seria ruim agora.— Ruard olhou pelas cortinas.

Quando seu irmão começou a cantar, um poema sujo sobre uma maçã, Ruard rolou sobre a cama, sentando-se, puxando Catriona para o colo e sussurrou:

—Vamos fazer isso rápido minha senhora. Segure-se em em meus ombros.

Um leve odor da cerveja que ele tinha bebido antes perfumava seu hálito quente e os sopros leves faziam cócegas no ouvido dela. Sua garganta apertou-se quando ele falou e pelos dourados começavam a aparecer em seu queixo.

Ela sentiu como se o mundo inteiro tivesse desaparecido, como se sua mente estivesse em branco, porque já não eram os pensamentos dela que estavam no comando. Ruard juntou as mãos de Catriona e derramou óleo nelas.

—Meu senhor?— Ela casou com um homem cuja mente não regulava bem. Por que mais ele colocaria óleo na palma das mãos dela? —Eu não sei o que quer.

—Para poupá-la da dor, minha senhora.— Ele guiou a mão dela a sua parte masculina e Catriona quase engoliu a própria língua. Ela se afastou para longe da masculinidade ereta, os lençóis que cobriam os seios cairam, e o óleo derramou-se sobre seu ventre.

Quando Catriona puxou os lençóis, Ruard os afastou e rolou para cima dela.

Ele era pesado, duro e quente, e ela queria empurrá-lo para longe e ao mesmo tempo envolver os braços em torno dele e apertá-lo mais perto de seu corpo, até que seus corpos estivessem colados.

—Será mais rápido, minha senhora.

—Eu sei— ela sussurrou.

Ele recuou para olhar para Catriona, e ela franziu o pequeno nariz quando o corpo nu colocou-se entre suas pernas. A parte masculina dele cutucava seu ventre. Ela olhou para baixo, o medo subindo a garganta e não conseguiu respirar. Catriona se retorcia, o desespero fortalecendo seus membros quando empurrou o peito e cravou as unhas em sua carne.

—Não. Siga meu conselho, senhora.

A mão dele capturou-lhe os pulsos e um braço segurou-a rapidamente. A masculinidade enfiou-se entre as coxas dela e Catriona congelou, antes de falar.

— Isso não vai funcionar meu senhor. É muito grande. Por que você está espalhando óleo lá? —Ela soltou um grito quando ele enfiou os dedos entre as dobras de seu sexo.

A sala ficou em silencio novamente.

—Cante—. Gritou Ruard.

Ela gritou enquanto Ruard esfregava um ponto que a fazia se retorcer de prazer. 

—Meu senhor.— Ela libertou as mãos e puxou uma mecha do cabelo dele. —O que está fazendo?— Ele empurrou um dedo dentro dela e Catriona estremeceu quando sentiu-o derramar o líquido de uma bolsa nos pelos de sua vagina.

—O que está fazendo, semhor? —Catriona reconheceu o tom zombeteiro de Ulfric.

—Njal!— Ruard berrou.

Ouviu a poderosa voz romper em cânticos.

Ruard agarrou os quadris de Catriona, cobriu seus lábios com os dele, e empurrou.

Ela abriu a boca para protestar contra o forte abraço e a língua dele deslizando dentro de sua boca. O calor daquela carícia poderia aquecer um castelo inteiro, florestas e prados, enviando ondas de prazer por todo o corpo. Como poderia uma língua fazer tal mágica? Seus olhos se fecharam e ela se entregou ao domínio do beijo, seguindo sua liderança quando ele tomou seu rosto entre as mãos.

Catriona acariciou o queixo dele, tocou a ponta da língua com a dela, e sentiu-se derreter quando ele a sugou levemente. Ruard mordiscou o lábio inferior,e quando a mão do marido cobriu um seio, ela gemeu.

Ruard ficou rígido imediatamente, e, em seguida, afastou os lábios e olhou diretamente nos olhos dela.

Catriona nunca esteve tão perto de uma pessoa. Suas respirações se misturavam, e ela não poderia dizer se a respiração dele alimentava a dela ou o contrário. Sob as palmas das mãos, a carne latejava e a pele quente lançava faíscas a seus mamilos. Eles queimavam e doíam, e quando Ruard lambeu sua boca, ela enroscou os dedos no cabelo dele.

Ele revirou o mamilo entre os dedos e um leve puxão a deixou desesperada por mais, mais e mais. Mais dele, mais de seu peso, mais movimento. Ela mexeu os quadris.

Ruard murmurou algo, deslizou dentro do corpo dela e a parte masculina a invadiu,provocando uma dor muito leve.

—Não—, ela sussurrou agarrando o braço dele ao senti-lo parar. —Fique.

—Não—, ele sussurrou de volta. —É melhor desta maneira.

Quando ele empurrou de volta para dentro de seu sexo, Catriona suspirou, e envolveu as pernas em sua cintura. Era deliciosa a maneira como ele a enchia, o sexo dele abrindo-a, e ela sabia que nunca ficaria vazia novamente. Chamas lambiam seu sexo, aquecendo-a da cabeça aos pés. Ele tomou sua boca novamente e começou a se mover, a língua e o pau criando um inferno dentro dela.

Eles fundiram-se mais e mais rápido, o corpo de Ruard batendo no dela, e quando Catriona pensou que iria morrer de puro prazer, sentiu-se convulsionar.

Estremeceu e o prazer a fez ficar relaxada no momento que ele parou de se mover e caiu em cima de seu corpo.

Os homens ainda estavam cantando, mas Catriona só ouviu a rouca respiração dele, o bater de seus corações no peito um do outro.

Ruard deitou-se ao seu lado, roçou seu rosto com as costas da sua mão, e disse em voz alta:

—Chega, Njal.

Ruard afatou-se mais e ela se sentiu desolada com a perda do seu calor. Ele puxou os lençóis, levantando-a com uma mão, olhou para a mancha de sangue, e sorriu.

Depois, abriu as cortinas da cama, jogou a roupa para fora, e ordenou:

—Todos para fora. Agora. —Esparramada na cama, seus membros se recusaram a obedecer a qualquer comando, e ela olhou para o marido de cabelos cor de ouro que parecia muito com as descrições do deus Thor.

É verdade que meu marido Matador de Dragões carrega a mágica dos deuses nórdicos em seu sangue. Gæierla vai adorá-lo.

 

—Njal, pendure o lençol para que todos possam ver.— Ruard ouviu as testemunhas deixarem a câmara.

—É claro. Vou sair agora. Tranque a porta.

—Sim—. Ruard olhou por cima do ombro para a noiva tentando cobrir a sua nudez com duas almofadas. Ele puxou as cortinas da cama, caminhou até o outro lado do quarto e colocou a barra de metal no lugar.

O fogo precisava ser reabastecido e ele queria um momento para ordenar os pensamentos. Jogou dois pedaços de lenha, adicionou um punhado de estopa e vislumbrou a túnica esmeralda que Catriona usava anteriormente jogada sobre um tronco, suas botas ao lado.

Ruard entregou a túnica a ela, sentou-se na cama, e perguntou:

—Devo bancar a criada, minha senhora?— Círculos rosados salpicaram as faces da moça. Ela abraçou as almofadas e balançou a cabeça, fazendo o glorioso cabelo deslizar sobre a pele suave. Ruard queria deslizar a língua sobre a curva do ombro, circular os mamilos que imploravam sua atenção e deslizar dentro do apertado e quente canal.

—Você está tremendo—, ele murmurou, jogando o vestido de lado quando a levantou para seu colo. Ela corou, a cor espalhando-se através do pescoço e seios. Ruard passou os braços ao redor dela, acariciando suas costas, saboreando as curvas. O cabelo dela fez cócegas no nariz, quando retorceu o gostoso traseiro em sua coxa.

Ruard gostava que ela cheirasse a primavera, mesmo no auge do inverno. O cabelo tinha todas as cores de um fogo ardente, cada tom de dourado e vermelho capturado nas ondas desalinhadas. Os cachos femininos brilhavam pelas gotas de óleo que entraram e saíram quando ela tentou desalojar seus dedos do monte.

—Catriona, desista. É meu direito acariciá-la.

—É?

Ela se encolheu e ele apertou o traseiro dela como castigo.

—Isso é o que ocorre na cama, Catriona. Não lhe dá prazer quando eu a toco aqui? —Ruard roçou o clitóris, a moça cravou as unhas no braço dele, e ronronou como um gato.—Ou aqui— Lambeu um mamilo rosado, fazendo-a estremecer, arquear-se, e murmurar algo que ele não conseguiu decifrar. —O que a aflige, Catriona?

—Não sei o que quer dizer, meu senhor.— Ela mordeu o lábio. —Uma senhora me disse para ficar quieta, fechar os olhos e deixá-lo agir. Ela disse que não duraria mais que o tempo que leva para enfiar uma linha na agulha.

—Enfiar uma linha na agulha?— Espantado Ruard só pode repetir a declaração da esposa. —Enfiar uma linha?

—Pelos deuses, foi para poupá-la da dor que fui mais rápido. Enfiar uma linha? —Ele bufou. —Pois vamos enfiá-la pelo que restar desta noite, esposa.

 

Estava casado há poucas horas e já ameaçava sua masculinidade. Por Odin, ele iria arar essa mulher até amanhecer. Ela não teria qualquer motivo para se queixar do seu amor.

Ruard rolou Catriona até ela ficar de costas. Os peitos altos, arredondados e a boca molhada. Observou as curvas, esfregando os polegares sobre os mamilos duros ao seu toque. Seu pênis deslizou sobre o sexo lubrificado e cobriu os pelos e o cheiro feminino flutuou até seu nariz.

Ele traçou o círculo da aréola com a língua, os dedos dela se enroscando em seu cabelo, apertando-se contra seu peito.

A gula o fascinou.

Ruard fechou a boca sobre um mamilo tenso e roçou o ponto com os dentes, levemente. Catriona se contorcia, a pele escorregando e deslizando em seu pau. Seu saco contraiu-se e Ruard lutou para diminuir o ritmo, pensando em armas, treinamento, para não enterrar o rosto entre as pernas dela e lamber o botão secreto até que ela gritasse o nome dele.

O suor cobria sua testa.Tocou um seio, testou as dobras com um dedo, e quase gritou quando a encontrou escorregadia e pronta. Quando enfiou dois dedos dentro dela, Catriona apertou as pernas, com tanta força que poderia quebrar seu pulso.

Ela mordeu o ombro dele e estremeceu quando Ruard deslizou outro dedo nela. Ruard segurou seu rosto e sorriu quando ela o olhou com os olhos vidrados e mordeu o lábio inferior. A cor tomou o rosto dela e Catriona virou a cabeça de um lado para o outro, gemendo baixinho. Seu pênis latejava e finalmente retirou os dedos.

Ruard agarrou o traseiro moça, ergueu-a do colchão, e relaxou o abraço, não querendo machucá-la. O êxtase invadia seus poros, as paredes dela se apertavam em torno de seu comprimento, as bolas apertadas como nozes duras, e ele enfiou tudo dentro de Catriona, sua semente em erupção, quente e abundante, enquanto a boceta dela o ordenhava. Seus pulmões ardiam, ele não conseguia recuperar o fôlego, e fez o possível para não cair sobre ela, para não cheirar sua nuca, para não lamber o suor salgado do pescoço porque sabia que seu membro rebelde explodiria se provasse a carne dela ou inalasse sua essência de mulher. Ruard gemeu quando Catriona choramingou e os músculos apertaram seu pau.

Ele se perguntava quanto tempo levaria para enfiar uma linha na agulha.

Ruard relaxou quando ela soltou um longo suspiro. Sua esposa tinha encontrado o prazer duas vezes esta noite e por Thor, ela iria encontrar novamente antes que o dia clareasse.

 

O amanhecer o encontrou estudando o rosto da noiva, as belas feições em repouso, doce como o mel, e tão tentadora. Os lábios faziam beicinho mesmo durante o sono, o lábio inferior cheio se contorcendo enquanto ela sonhava. Catriona dormia como um bebê, enrolada em si mesma, com os joelhos protegendo os seios fartos, os cabelos despenteados na almofada da cama, refletindo os raios dourados do sol que passavam através das persianas de madeira.

Os dedos agarravam a almofada e mais uma vez as marcas roxas no pulso dela chamaram sua atenção. Ele puxou o lençol, verificou a outra mão, e encontrou uma contusão similar. Teriam as rédeas do cavalo machucado as mãos dela em uma queda? Ou Ulfric providenciou um corcel muito forte para sua noiva delicada?

Ela foi deliciosamente receptiva ao seu amor. Não teve problemas com a noiva e conseguiu deixá-la satisfeita e adormecida com uma criança. Se ela pudesse colocar o Castelo Dunsmuir na linha, encontrar uma maneira de fazer a comida palatável,terminar com o fedor... Ruard suspirou. Qualquer mulher nórdica, ele sabia que poderia resolver os problemas de Dunsmuir em menos de uma semana, mas as mulheres anglo-saxãs que conheceu desde que chegou nesta terra, eram infelizmente, ociosas. Sem dúvida, com sua beleza, todos tinham servido todos os seus caprichos. Ele suspirou de novo.

Se tivesse sorte, ele poderia encontrar uma serva nórdica na próxima viagem.

Detestava a ideia de deixar a esposa, mas sabendo que teria de encontrar respostas para as questões que afligiam sua mente, Ruard amarrou a cota e embainhou a espada. Empurrou as peles com firmeza ao redor dos ombros de Catriona e saiu do quarto.

A orquestra desarmônica de roncos, grunhidos, e o som de pelo menos um homem vomitando o conteúdo da barriga, chegou aos ouvidos de Ruard antes que ele terminasse de descer a metade das escadas que levavam ao corredor.

Ele fez uma careta quando o cheiro de cerveja, corpos sujos e vômito assaltaram seu nariz. Poucos se agitaram quando ele caminhou através do emaranhado de corpos, bancos, chifres de cerveja, juncos espalhados e animais. Embora a manhã estivesse horrível, com nuvens cinzentas cobrindo o sol, ele apreciou o ar fresco, sem o cheiro dos dejetos humanos, quando caminhou através do castelo para as grandes portas duplas.

Observou Njal conduzir dois cavalos para fora dos estábulos e correu para encontrá-lo.

—Tire esse sorriso da sua cara, irmão.

—Eu fiquei de guarda na porta da sua câmara na noite passada. Fico feliz em saber que seu pau foi bem drenado. —Njal entregou-lhe as rédeas. —E não por uma mão.

Ruard escolheu ignorá-lo. 

—Vamos cavalgar agora?

—O presente da manhã para a sua noiva.— Njal montou em seu cavalo. —Será que os excessos do leito conjugal afetaram sua razão?

O calor subiu pelo pescoço de Ruard. Ele realmente havia se esquecido do presente que havia pedido ao ferreiro. 

—Ela veio a mim virgem.

—Você não está satisfeito?

—Sim—. Ruard cravou os pés no estribo e montou seu corcel.

—O que o incomoda?— Njal usou o joelho para instigar o garanhão em um trote uma vez que Ruard montou no cavalo.

Ruard balançou a cabeça. 

—Esta história de Máel Coluim exigir todos presentes para a consumação. Ulfric. Um homem santo que parece mais guerreiro do que monge.

—Isso é o suficiente para fazer um homem desconfiar de sua sombra.

—Sim.

Njal instigou o cavalo a galope e, com o rugido do vento pelo caminho através do bosque, já não podiam conversar.

 

Ruard curvou-se sobre a sela, como era seu costume enquanto cavalgava para a aldeia. O inverno havia declarado vitória sobre os dias de outono remanescentes. Não era mais um clima ameno, mas um punhal gelado correndo através das colinas, e uma réstia de geada esbranquiçada roubava o verde da paisagem. Njal o alcançou na primeira cabana da vila. O galope estimulante deixou os guerreiros ofegantes e eles desaceleraram.

—Isso é maravilhoso. Seu povo com sorriso de boas-vindas.

Três trabalhadores jogavam sacos de aniagem de um carrinho para a sujeira em frente à cervejaria da aldeia e pararam o trabalho para encará-los.

—Eu entendo. Em todas as nossas batalhas, lembra-se de alguma em que os moradores não se esforçaram para agradar o novo mestre? Lembra-se de um única ocasião? —Ruard estudou os rostos sombrios dos aldeões.

Duas mulheres idosas agachadas fizeram uma cruz em suas testas enrugadas quando os irmãos passaram montados. Uma matrona protegeu três crianças por trás de suas saias largas quando eles chegaram as esquinas da aldeia.

—Você não estava conosco quando Cnut tomou o norte. Histórias sobre nórdicos enfurecidos que pilharam, saquearam, estupraram e esfaquearam bebês se espalham como fogo, depois de uma longa seca. Muitas aldeias lutaram até o último homem. Não era incomum um irmão matar uma irmã para poupá-la de ser estuprada por um nórdico.

—Não acontece o mesmo no Castelo Dunsmuir.

—Sim. Mas há muito tempo estas terras estão sem liderança. Quando um homem não tem ninguém para responder por tanto tempo, não é fácil aceitar outras regras. —Njal voltou para o caminho que conduzia a casa do ferreiro.

Hesitou quando uma espessa fumaça subiu do telhado da casa do ferreiro, Ruard encontrou os olhos verdes do homem e desmontou. 

—Bom dia.

—Meu senhor.— De corpo e estatura enormes, o ferreiro limpou a fuligem espalhada sobre o rosto. Gotas de suor caíam de seu rosto sobre o metal quente que tinha na outra mão.

—A peça está pronta.

Quando o ferreiro, apresentou o presente de sua noiva, Ruard não podia disfarçar sua surpresa. Requintada e delicada, o elo poderia ter sido forjado pelos melhores artesãos de Nápoles. Quando pagou o ferreiro o dobro do preço combinado, a expressão do homem passou de um sorriso mal disfarçado ao queixo caído.

—Esse não foi o preço que combinamos, meu senhor.

—Sim, mas esse é o preço digno do artesão. Quando viajarmos para a corte do rei, na primavera, minha esposa vai ser a inveja de todas as mulheres.

—Eu agradeço a você, meu senhor.— O ferreiro ostentava uma expressão de descrença, e Ruard teve que sufocar uma gargalhada.

—Com certeza, o ferreiro vai virar a maré a seu favor—, comentou Njal enquanto se dirigiam de volta para o castelo. —Nada como algumas moedas para inspirar devoção repentina.

Será que Catriona ficaria satisfeita com o presente? Será que inspiraria sua devoção? A ideia repentina fez Ruard deixar escapar:

—Sabe quanto tempo leva para enfiar uma linha na agulha?

 

Catriona acordou com o grasnar estridente de uma andorinha. Cada membro imóvel. Aprendeu a ouvir antes de se mexer, a espreitar através das cobertas antes de abrir os olhos.

Onde estou?

Os acontecimentos das últimas noites inundaram sua mente.

A invasão de Ulfric na fortaleza de seu pai, seu administrador e amigo esfaqueado até a morte, o sangue que fluiu sobre a túnica que havia costurado para ele. Se não fosse pela chegada dos guerreiros do Rei Cnut, talvez ela e Gæierla também estivessem mortas.

Senhor, mantenha minha irmã segura. Não deixe os homens de Ulfric feri-la.

Ela ouviu um baque surdo seguido pelo ruído do fogo.

Castelo Dunsmuir.

Suas pálpebras abriram-se e se focaram na cortina verde.

Consciente dos lençóis roçando os mamilos, a nudez sob o linho, sentou-se e lembranças da noite a fizeram corar da cabeça aos pés. Escondendo o rosto com os dedos, tentou bloquear as imagens vívidas das mãos de Ruard entre suas coxas, o óleo, o pau do homem, o êxtase que tomou conta dela.

Perdoe-me, Gæierla.

A ternura de Ruard com ela, o sorriso fácil, o jeito como ele a fez esquecer de todos os horrores na noite passada, a fez querer chorar e gritar ao mesmo tempo.

Como posso sentir alegria quando Gæierla tem frio e fome?

Ela olhou para as peles da cama.

Deitei com ele. Ele já esteve dentro de mim.

A porta se abriu com um estrondo.

Catriona congelou. Botas estrepitaram na direção da cama. Ela não podia tomar ar e o barulho do seu coração galopante encheu seus ouvidos.

—Catriona?

As cortinas se abriram e rosto bonito de deus Thor do seu marido apareceu.

—Como se sente esta manhã, esposa?

Ela não conseguia mover um membro, e seus dedos se recusaram a obedecer a ordem para soltar as peles. Ostentava o mais belo sorriso, o bronzeado da pele contrastando com a brancura dos dentes.

Ruard retirou as luvas, deixou-as cair na cama, e a mão fria segurou seu queixo. 

—O que está errado?

Como poderia a carne fria provocar tantas chamas, correndo através de suas entranhas, aquecendo seu sexo?

—Catriona? Você está doente?

Estou queimando.

As sobrancelhas douradas se juntaram. A palha afundou quando Ruard colocou o quadril na cama e pegou a mão dela.

—Você está com frio.— Ele passou a mão dela entre as dele. —Como você conseguiu essas marcas em seus pulsos?

A pergunta gelou seu cérebro febril.

Gæierla.

—Foi Ulfric que fez isso?

Ele sabe? O choque a paralisou. Como?

Quando?

Ela assentiu com a cabeça, incapaz de comandar a língua para fazer qualquer outra coisa, senão colar-se ao céu da boca.

—O monge me disse que Ulfric lhe deu um cavalo que não conseguia controlar. Ele disse que você por poiuco não caiu quando o garanhão empinou.

Os pensamentos se misturavam na cabeça de Catriona enquanto pensava no que deveria dizer.

O que fazer?

—Fale comigo, mulher. O monge falou a verdade?

Engolindo o aperto na garganta, ela se concentrou na linha da mandíbula forte e balançou a cabeça. Os dedos dele seguraram seu queixo e a forçou a encontrar o olhar dele. Os olhos dele pareciam penetrar em sua alma e ela rezou por força.

A testa de Ruard enrugou-se, mas ele parecia apaziguado no momento. 

—Vou ver um cavalo novo, mais suave para você. E não vai montar sozinha até eu ter certeza de que pode controlar o cavalo.

Ela focou o olhar em seus dedos e rangeu os dentes.

Até que ele tivesse certeza?

Até mesmo os cavaleiros mais valentes do seu pai reconheceram suas habilidades com cavalos.

—O monge vai ficar ate o final do inverno. Ele tem um decreto do rei Cnut com essa ordem — Catriona queria gritar: Ele mente - ele é homem de Ulfric.. Mas Catriona não tinha provas da mentira do monge. A raiva fez correr um arrepio pelo corpo.

Ruard esticou o braço e arrastou-a para seu colo.

Ele a puxou para perto e cobriu os ombros nus. 

—Você está tremendo. É negligência minha. Não tive tempo de acender o fogo esta manhã. —Que o guerreiro que todos chamavam de Matador de Dragões estivesse preocupado com ela a surpreendeu tanto que ela se esforçou para conseguir contar sobre a irmã, para confiar nele.

Ele se esticou na cama, pegou uma pele, e arrastou-a para cobrir a carne exposta.

—Aqui, esposa.

Ele entregou-lhe uma trouxa de tecido.

—Esse é o seu presente da manhã de bodas, minha senhora. Estou bem satisfeito com minha noiva.

Ela olhou para cima e o sorriso dele foi aconchegante sobre sua confusão e medo. O último presente dado a ela foi do seu pai pouco antes de morrer em batalha. As chaves para a torre Carden.

Desfazendo o laço, ela fixou os olhos na fita azul brilhante esperando por um sinal de Deus. O presente tirou seu fôlego. Delicado, entrelaçados laços de ouro, uma pérola ornamentando a mais refinada cruz que ela já tinha visto. Mas sob o presente estava o prêmio que ela realmente queria, as chaves para as despensas e baús de especiarias do Castelo Dunsmuir. Era tudo o que Catriona precisava para libertar Gæierla: as especiarias para esconder o sabor do veneno na comida do marido.

 

Suas partes íntimas ainda vibravam quando seu luxurioso marido lhe deu o presente. Catriona não chegou ao salão até que o sol afirmou sua posição no meio do céu. Ela atravessou o salão usando o presente, balançando os quadris para que as chaves tilintassem, uma declaração tácita de quem teria a posse a partir desse dia.

Ela relaxou as mãos crispadas flexionando os dedos. Seus pensamentos corriam um atrás do outro, Gæierla, Ruard, seu amor, o jeito carinhoso como ele a abraçava, o veneno na bolsa, Ulfric, Gæierla.

O que fazer?

Ela examinou o grande salão, as duas lareiras, a varanda estreita de um lado, o canto arredondado na extremidade levando a uma das torres. A magnificência da estrutura a deixou em um impasse.

Era uma posse de grande valor e importância. Como o era seu marido, apesar dele ser viking.

Pare de ser tão covarde. Ela endireitou as costas. Papai não teria chafurdado em águas turvas. Eu sou a senhora aqui. Ninguém pode se opor. Tenho poder e vou usá-lo.

A rigidez nos ombros relaxou quando viu sua amiga, Helene, esperando por ela perto do estrado. Filha do Conde da Northumbria, Eiríkr Hákonarson, Helene teve a infelicidade de visitá-la quando Ulfric tinha chegado a Carden Tower. Sabendo que os dois homens eram inimigos declarados, Catriona alegou que Helene era uma serva e a levou consigo.

—Diga-me tudo o que achou.— Catriona sabia que Helene teria gasto todo tempo desde a chegada avaliando os trabalhadores do castelo e o resto da propriedade.

Lado a lado, elas caminharam para a cozinha, mantendo as vozes baixas, e poucos servos do castelo que se encontravam no salão tomaram conhecimento das duas mulheres.

—Nada senão um punhado dos servos que vale a pena manter. O novo cozinheiro governa a cozinha e não vai ceder a ninguém. Além das fofocas comuns você vai encontrar as despensas e as caixas de especiarias vazias. As duas mulheres que servem o salão não são nada senão prostitutas de taberna.

Ruard se aproveitou das prostitutas?

Catriona apertou os lábios, mas a pergunta ficou queimando em sua mente ,sem explodir de sua boca, no entanto. 

—Todos os homens usam as prostitutas?

—Não. Nenhum dos guerreiros nórdicos tocaram as prostitutas, conforme ordenado pelo Senhor Ruard. —Catriona piscou rapidamente tentando deter o fluxo repentino de umidade que turvava sua visão. Ela apertou os olhos. Será que a ordem se aplicava a Ruard também? Ou será que ele queria as prostitutas só para si?

Uma onda de fúria fez corar suas faces e tinha as mãos crispadas mais uma vez. Ela jurou aprender cada truque relacionado a cama, procuraria instrução, se necessário. Seu marido não iria a cama de outra fêmea.

—Catriona? O que está errado? —Helene puxou a manga da túnica marrom de Catriona.

—Não é nada de importante. Onde estão os guerreiros?

—Todos estão caçando, salvo os homens do rei.

—Ótimo. Isso nos dará tempo para inspecionar a fortaleza. —Helene bocejou e colocou a mão sobre a boca aberta. —Perdão, Catriona. Dormi pouco na noite passada.

A vergonha e o medo deixaram seu estômago agitado. 

—Onde você dormiu?— Catriona parou e apertou as mãos de Hélène. —Perdoe-me, minha amiga. Eu deveria ter providenciado para que ficasse em segurança.

—Não se preocupe. O capitão e seu homem ficaram de guarda na noite passado. E o irmão do Senhor ordenou a seus homens que protegesse o local onde dormimos.

Catriona enviou um silencioso obrigado ao Senhor que dois dos guardas pessoais do rei Cnut haviam sido designados para ficar ao seu lado até ela os dispensar.O capitão de Grecy e seu soldado tinha flanqueado-a na viagem a Dunsmuir e frustraram muitas das tentativas de Ulfric de pegá-la sozinha. 

—Por sorte, o Senhor se digna a olhar sobre nós mais uma vez.

—O Senhor não abandona nem mesmo ao pior pecador.— A fé de Helene nunca tinha vacilado, ao contrário da de Catriona.

—É verdade, eu sei.— Ela tentou desviar um discurso sobre os ensinamentos da igreja. —O que você acha do meu presente?

Helene inclinou a cabeça. 

—É primoroso. Nunca vi um assim antes.

—Esse é o meu presente de bodas. —Catriona não conseguia evitar o calor escaldante que subiu a seu rosto.

—E o senhor deu-lhe as chaves do castelo. É um começo muito promissor como castelã deste lugar.

—Você fala com sabedoria, Helene. Devo me apressar para corrigir os problemas do castelo. —Catriona aproximou-se de Helene e as duas mulheres voltaram a passos lentos. Ela olhou para as janelas semi-fechadas adjacentes à lareira e sabia que tinha poucas horas para realizar seus planos.—Continue. Diga-me tudo.

—A cozinha é uma bagunça.— Helene fez uma careta. —Levará um dia inteiro para encontrar o chão daquela pocilga e limpar tudo. O administrador cuida disso aqui apenas no nome.

—Por que você acha isso?— Catriona parou na entrada para a cozinha.

—Em seu novo posto como cozinheiro ele que comanda e compra tudo.

—O cozinheiro de novo?— Catriona franziu a testa. —Há quanto tempo ele cuida das refeições?

—Cinco semanas.

—É um feito notável passar de um posto tão importante como o de administrador para cozinheiro em tão pouco tempo.— Catriona retirou uma pequena sujeira de sua saia.—Há outra mão nisso, Helene. Um cozinheiro não pode comandar sem o apoio de uma espada.

—Isso é o que eu penso também.

A avaliação de Helene da cozinha provou ser precisa. A atitude ríspida do cozinheiro inflamou o temperamento de Catriona, mas ela segurou a língua. Quando abriu as despensas para encontrar três ralos sacos de batatas, um balde meio vazio de cenouras murchas e uma pilha de cebolas podres, Catriona sufocou um grito de frustração.

—A farinha tem gorgulhos.— Helene inclinou-se para examinar um saco.

—Com certeza a cerveja e o leite estarão azedos, a manteiga rançosa e a carne deve estar estragada.

Dunsmuir estava sem um senhor por nove semanas.

Como é que isso aconteceu? Ela balançou a cabeça. 

—Onde estão as tapeçarias? As cadeiras? Os pratos? As taças de bronze? Papai disse que as riquezas de Dunsmuir eram dez vezes as nossas.

Helene enrolou a mão em torno do pulso do Catriona. 

—Há muitos ouvidos aqui...

—Sim. Vamos ver os baús de especiarias. —Um pouquinho de tempero foi o que restou em cada gaveta. Suficiente para as duas mulheres identificarem pelo cheiro e cor o que as caixas continham.

Helene inalou. 

—Canela, cravo, açafrão-— Ela colocou a mão à boca.

—O quê?

—Aposto que os frascos de sal estão vazios. É uma fortuna o que o novo senhor perdeu.

—Sim—. Como seu marido aceitaria essa notícia?

—E alguém mais lucrou com isso. —Sal misturado com areia enchia uma jarra pela metade.

Catriona ordenou a um ajudante de cozinha que peneirasse o sal em um saco de estopa e o levasse para sua câmara. O sal era muito precioso para arriscar-se que o escasso estoque desaparecesse. E a jarra suja precisaria de uma limpeza completa.

Um passeio por todo o castelo revelou lamentavelmente poucos móveis e, à exceção de três tapeçarias rasgadas agarradas às paredes de tijolos,não havia outros sinais de riqueza. Elas não encontraram uma única caneca de estanho, nenhuma taça de vidro e nem uma colcha tecida em qualquer câmara. A ira de Catriona crescia a cada nova descoberta.

A mente Catriona estava agitada enquanto caminhavam de volta para a câmara. Uma vez que a porta fechou-se, ela se virou para Helene. 

—É triste usar cavaleiros para fazer o trabalho de uma mulher, mas eu preciso assumir o comando do castelo de uma só vez. E nesta noite quero vê-la em uma câmara.

Ela levantou a mão quando Helene começou a protestar. 

—Não. Temos de começar, enquanto continuamos a procurar. Não há ninguém para contradizer minhas ordens. E ninguém vai desobedecer o homem do rei, de Grecy. Você pode enviar um garoto para buscá-lo?

Enquanto Helene cuidava dessa tarefa, Catriona fez o inventário da câmara. Era grande com uma parede de janelas fechadas por meio da qual os fracos raios de sol perseguiam partículas de pó. Dois homens, uma escova de limpeza e um sabão iriam eliminar o odor de mofo persistente. Quando chegassem as carretas com seu dote, as tapeçarias e peles diminuiriam a aridez da sala.

Eu sou louca por pensar como uma noiva recém-casada?

Ulfric jurou que iria matar Gæierla se eles não se casassem.

Mas o que o impede de matar nós duas uma vez que tenhamos nos casado e ele tiver Dunsmuir?

Catriona saltou quando a porta se abriu, com a mão junto ao peito, e soltou um longo suspiro quando Helene entrou na sala.

—De Grecy está treinando na fortaleza. E estará aqui em breve. —Helene juntou as mãos na cintura e Catriona sabia antes que ela falasse o que a preocupava. —E o veneno? E seu marido? Você pode fazer...

Colocando dois dedos contra os lábios de Helene, Catriona sussurrou:

—Eu não vou deixar Ulfric vencer. E vou encontrar uma maneira de conseguir trazer Gæierla para Dunsmuir. Sou a senhora aqui agora. Ulfric não pode encurralar-me. —Helene concordou. 

—De Grecy vai impedi-lo, é verdade. Mas o que você fez com o veneno?

—Escondido. —Até que ela pudesse esvaziar a bolsa. —Decidi dizer a Lorde Ruard quem você é, Helene.

—Isso não é necessário. Quando de Grecy for para corte do Rei Cnut, ele pode me levar para o Castelo Scalling.

—Não—. Catriona balançou a cabeça. —É muito perigoso. Lorde Ruard deve saber e então ele pode conseguir-lhe uma escolta. Se Ulfric sequer suspeitar quem você é ... não, essa é a única maneira, Helene. —Um bater estrondoso fez as duas mulheres recuarem.

—É de Grecy. Fique aqui, enquanto eu falo com ele. —O Capitão de Grecy prontamente concordou em ajudá-la a forçar os trabalhadores do castelo para limpar os juncos podres, reorganizar os bancos de salão, e mudar Helene para uma nova câmara.

Satisfeita, Catriona sugeriu que Helene acompanhasse de Grecy e pediu para que ela supervisionasse a produção de pão fresco.

Catriona caminhou para a câmara de Lady Carlton. A mulher tinha ajudado-a na véspera, quando todos os nobres queriam que as cortinas da cama ficassem abertas. Por sorte ela havia encontrado uma mulher para chamar de amiga.

 

—E como você pretende manter Ulfric longe do castelo, no dia seguinte?— Njal retardo o cavalo uma vez que os dois irmãos ficaram à frente do resto do grupo de caça.

—Nós caçaremos dia após dia. Nós caçamos até que ele não fique mais aqui. —Ruard deu a curta resposta concisa sem pensar.

Catriona o manteve na cama por muito tempo nesta manhã. Mas ele não podia recusar aquela carne doce.

Que danos Ulfric havia feito durante as longas horas que ele passava na cama com a esposa?

Quando ele finalmente desceu para o hall, a parte de trás do seu pescoço coçava da maneira como fazia antes de uma emboscada. E metade dos homens de Ulfric haviam desaparecido.

Ruard suspeitava que sua distração resultou fácil para o outro explorar as debilidades de suas forças.

—E a chuva? Neve?

Ruard examinou o céu sombrio e olhou para o globo sombrio aparecendo no horizonte. Ele gemeu, lembrando que o sol estava da cor de sangue logo no início da manhã. O ar estava pesado com a umidade e o gelo. Era certo que haveria granizo ou neve no dia seguinte.

—Nós enfrentaremos.

Njal olhou por cima do ombro. 

—Eles aproximam-se. O monge é muito estranho. Você conhece muitos homens santos com habilidades de guerreiros?

E poucos rivalizavam com a habilidade de seu irmão com a arma.

—Não. Eu quero que o observe.

O castelo Dunsmuir apareceu diante deles. Mesmo que Ruard soubesse que tinha todo o inverno para definir seus direitos,não pode evitar o orgulho feroz que correu através de suas entranhas quando olhou para sua propriedade.

Longe das comuns estruturas de madeira, o castelo de Dunsmuir era uma construção em pedra e argamassa. As torres gêmeas reluziam douradas sob os raios do sol poente. As águas turvas do fosso ondulavam sob o vento forte, fazendo o reflexo do castelo reluzir, como um espelho.

—Essa é uma construção da qual se orgulhar, mesmo estando fedendo.— A montaria de Njal pulou para o lado impaciente por terem parado.

A direção do vento mudou, Rurad se preparou para o mau cheiro dos juncos podres no salão.

Njal fungou. 

—Sinto o cheiro de pão assando.

—Sim —. Ruard respirou superficialmente e a saliva alagou a boca. —De fato isso cheira bem.— Percebendo um bando de meninos carregando baldes de água do poço até o grande salão, ele fustigou o cavalo e galopou através do pátio para os degraus do castelo. Apeando, jogou as rédeas para um dos meninos e, em seguida, correu até as escadas.

Antes de chegar às portas duplas de mogno maciço, elas se abriram.

—Bem-vindo, meu senhor.— A voz geralmente monótona do servo tinha uma nota jovial.

Ruard olhou para o rosto do homem. Havia um sorriso curvando os lábios finos do seu sisudo servo?

O perfume celestial de pão capturou sua atenção. Ele olhou na direção da cozinha e piscou.

—Parece que sua noiva deve ter muitos nomes, Catriona a Sereia, Catriona a Dona de Casa... não, melhor, Catriona a Trabalhadora Milagrosa—. Njal bateu no ombro de Ruard. —Se você pudesse adicionar Catriona a Chupadora a isso, então você, na verdade, ganhou um prêmio irmão.

Ele mal ouviu Njal. Seu olhar varreu a sala, indo em todas as direções. Os arruaceiros que normalmente pendiam dos bancos bebendo cerveja, soltando gases, cuspindo, foram colocados para trabalhar. Cada homem estava trabalhando, esfregando o chão, limpando os juncos, colocando os bancos alinhados e a fumaça já não enchia a câmara enorme, porque três homens limpavam cada lareira.

Avançando, Ruard parou em uma mesa, retirou as luvas e deslizou os dedos na madeira. Limpa. Sem gordura. Ele não conseguia impedir os lábios de expandirem-se num sorriso.

Virando-se, dirigiu-se ao servo. 

—Onde está minha senhora?

—No quarto, meu senhor.

Rapidamente, Ruard tentou controlar a impaciência, então bufou, e correu até as escadas. Ele teria que encomendar ao ferreiro outro presente para a esposa. Ele iria encontrar cada maçã no vale e alimentá-la com elas, uma por uma. Ruard se casou com um tesouro.

Indiferente a platéia no corredor, abriu a porta de sua câmara e quase engoliu a língua. Perto da lareira, imersa em uma grande banheira de madeira estava sua noiva.

As faces rosadas pela água quente, os cachos vermelhos unidos num coque no alto da cabeça, sua esposa molhada o presenteou com um tímido sorriso.

—Eu lhe dou as boas-vindas, meu senhor.— Seu pênis endureceu feito o aço da espada. Seus testículos se apertaram como se estivessem num torno.

Ele bateu a porta.

Puxando a túnica sobre sua cabeça, Ruard rosnou,

—Quanto tempo leva para enfiar uma linha na agulha, mulher?— Quando o pano não mais a escondeu de seus olhos, Ruard a vislumbrou confusa e de boca aberta. —Quanto tempo?— Ele desamarrou a corda que mantinha a calça no lugar e retirou as botas. Seu pênis estava alto e orgulhoso, a ponta esticada clamando por ela.

—Para a cama de novo?— Catriona lhe deu um sorriso tão brilhante que ele teve que piscar.

—Sim—. Era a única palavra que sua boca conseguiu emitir, de tão cheia que estava sua mente com a idéia de sugar os seios dela. —Primeiro preciso tirar o cheiro da caça de mim.

—É trabalho de uma esposa banhar o marido—. Ruard estava quase derretendo de tanto que ardia sua virilha. Quando ela alcançou as toalhas que estavam perto Ruard caminhou através do quarto, arrebatou o tecido e o ergueu para ela.

Catriona baixou o queixo e se levantou. Invejando a água agarrada à pele dela, Ruard gemeu, o pau mais duro do que pedra, o saco latejando e doendo.

Ele queria tocá-la, cheirar a carne rosada, os montes arredondados dos seios, os mamilos atrevidos implorando por sua boca, língua e dentes. Enrolou o pano em volta dela e enterrou o nariz nos cabelos. Por Thor, até mesmo o cheiro dela fazia seu pau ficar molhado. Ciente da mancha de sangue de cervo em seu corpo, ele recuou, beijou a testa dela, e disse as palavras que lhe custariam uma agonia incalculável

—Isso é não necessário, esposa. Eu posso me lavar. —Jogando a cabeça para trás, os olhos castanhos se estreitaram e ela ergueu o queixo de uma maneira que rapidamente se tornava familiar para ele. 

—É o meu dever, meu senhor, e não vou fugir da tarefa.— Quem era ele para discutir? Embora se espantasse com o tom feroz.

Amarrando o pano sobre um ombro, ela pegou um pedaço menor de tecido e saiu a banheira.

—Meu senhor?

Dobrando-se no barril de madeira, ele disse,

—Ruard. Eu gostaria que você me chamasse de Ruard quando estivermos sozinhos.

—Sim meu...— Ela corou, o tom rosado aprofundando-se em suas faces, mas o encarou. —Ruard.

 

Você não é uma tonta. Isso é só carne.

Apenas carne.

Os ombros largos, a pele lisa sobre as costelas, a mágica parte masculina ... suas entranhas pegaram fogo. Catriona não conseguia parar de olhar para a haste grossa e pulsante. A forma como a carne escura queimava, tocando seu ventre a mantinha em chamas. Ela lambeu os lábios recordando as sensações maravilhosas que a língua dele acarretava. O fogo de sua boca queimando em seu peito.

Pegando o pano para ensaboá-lo, ela se encolheu quando Ruard rosnou:

—Seja rápida mulher, eu estou em chamas para montar em você.— Sorrindo, ela mergulhou o tecido na água, fez espuma com a barra de sabão, e limpou o pescoço grosso. 

—Posso lavar seu cabelo, meu senhor?

—Ruard. Lave qualquer parte de mim que você desejar. —Ele pegou o queixo dela e quando Catriona olhou em seus olhos, o fogo que queimava neles fez a sua respiração parar.

—Diga meu nome, Catriona.

Seus olhos a mantiveram cativa. Ela teria visto um leve ar melancólico?

—Esposa. Por mim. Fale meu nome.

—Ruard.— Senhor, ele possuía a magia nesse instante, tudo o que ela ansiava, por sua vez, era aquele homem dentro dela, seus braços ao redor dela, seu peso sendo um doce prazer.

—O que você está pensando agora?— Ele a apertou mais e a expressão de seus olhos fizeram correr uma gota de umidade em seu sexo.

—Em você—, respondeu ela, incapaz de parar as palavras que escaparam de seus lábios.

—Pelos deuses, você é minha. Minha e de nenhum outro. —Ela engasgou quando ele se levantou, erguendo-se como o deus Thor, o Matador de Dragões que era. Quando ele a pegou nos braços, seu ventre parecia queimar e ela mal conseguia respirar.

—Fale comigo. Você está dolorida? Está ferida? Eu preciso entrar em seu calor Catriona, mas não quero lhe causar dor. —Ruard abraçou-a. Ele cheirava a cavalo, couro e sabão, e Catriona queria tocar em sua carne, lamber os cabelos de ouro em seu peito, tocar os lábios nos dele e se afogar em seus beijos.

Quando eles caíram na cama, sentiu a masculinidade sondando entre suas coxas.

Ele a sacudiu. 

—Catriona. Diga-me. Você está ferida?

—Sim, eu estou queimando, mas se você puder me beijar, meu senhor...

A língua dele mergulhou em sua boca e ela se entregou a magia, seguindo seu comando, tocando-o onde ele a tocava, lambendo onde ele a lambia. As fogueiras que ele fez surgir dentro dela rivalizavam com o paraíso, ela não tinha pensamentos, nem direção salvo onde ele a levava, nenhuma consideração, só a estranha dor de tê-lo preenchendo-a, colocando seu pau dentro dela.

—Ruard.— Ela enterrou os dedos em seus cabelos. —Encha-me. Faça a magia acontecer. —O azul dos olhos dele desapareceu e eles pareciam mais negros do que a meia-noite. Ruard segurou o traseiro dela, ergueu os quadris para fora da cama, seus olhos se encontraram e ele mergulhou dentro dela. Ela quase desmaiou de êxtase. Era deliciosa a sensação dele dentro de seu corpo e, quando começou o ritmo da noite anterior, ela gritou, incapaz de encobrir o prazer que borbulhava por todos os poros de sua pele.

—Ruard.— Ela agarrou os ombros dele, seus quadris erguendo-se para ele, carne batendo em carne. O saco golpeando seu sexo, a virilidade preenchendo aquele local que a levava ao paraiso. Ela gemeu, envolvendo as pernas nas costas dele, mordiscando o pescoço, amando a vitalidade do suor dele, seu cheiro.

O tempo passou, ela não tinha idéia de quanto tempo eles ficaram juntos, a boca dele em seu pescoço lambendo seu suor muitas vezes, a respiração quente lavando as ondas de calor sobre a garganta, as frases que ele murmurou queimando seu rosto.

—Ruard?

—Sim, minha beleza.

As palavras dele a fizeram enternecer.

—É nórdico o que você fala? O que significa esta palavra elsking ?

—Sim. É nórdico. É um palavra para um homem chamar sua noiva.Significa amada.

Catriona quase derreteu-se sob o calor do seu olhar. Seu peito arfava. Não seja fraca. Vá em frente. Ele é um homem bom.

—Já foi para cama com as prostitutas do salão?— Catriona sufocou um gemido porque não era o que ela pretendia dizer.

Ele devorou-a com seu olhar feroz. 

—Não.Por que você pergunta isso?

—Me perdoe, meu senhor.— Ela olhou para o umbigo dele, maravilhada com a beleza de seu corpo, não ousando olhar mais em baixo. Menina tola. O elogie, elogie suas habilidades como guerreiro. Incerta de sua língua rebelde, ela segurou os lábios.

—Olhe para mim, Catriona.— Ele inclinou seu queixo e ela teve que encontrar os olhos dele. —Não quero que ninguém além de você. Você é a mulher para mim e eu não vou desonrá-la. Não aqui em sua própria terra.

Em outras? Na corte do rei? Onde?

Ela quis bater no peito dele.

Respire. Prenda-o a você. Fale de sua masculinidade. Então diga a ele sobre Gæierla. Faça o que você deve fazer.

—Meus agradecimentos, meu senhor.

Ele pegou o queixo de Catriona novamente. 

—R-u-a-r-d. Diga meu nome.

—Ruard.

O sorriso dele fez seu ventre vibrar e sua feminilidade arder.

Ele a tomou de novo e de novo, e eles perderam a refeição da noite. Horas depois, jantaram maçãs, queijo e pão. Enquanto ele a alimentava com um pedaço de queijo especialmente perfumado, perguntou:

—Como você operou o milagre no hall?

—Não foi um milagre, meu... Ruard.— Ele presenteou-a com o sorriso dos deuses, os olhos azuis estavam repletos de âmbar, a pele ao redor deles enrugando-se suavemente, e os lábios curvados. Ela praticamente desmaiou, o toque, o olhar quente, os sons da respiração rascante dele, o cheiro do seu aroma de guerreiro, tudo planejado para inundar seus sentidos, e deixá-la tonta e deliciosamente aquecida e segura.

—Foi principalmente trabalho de deGrecy.— Ele franziu a testa, o rosto se contorcendo. Ela se apressou. —O novo cozinheiro controla o castelo, meu.. Ruard. E ele não obedece as minhas ordens. Quando ele a fez subir em seu colo, Catriona desabafou: —Nós precisamos substituir o cozinheiro.— Ela hesitou. —Eu tenho um plano, meu... Ruard. Você vai me ajudar?

Tomando-lhe a mão, ele trouxe-a à boca e depois beijou o centro da palma. 

—Seu desejo é uma ordem. Fale.

Ela queria uivar de alegria. Poderia uma mulher pedir um companheiro melhor? No entanto, suas próximas palavras iriam testá-lo. Antes de seu coração fraco dar para trás, ela disse tudo. A invasão de Ulfric ao castelo Carden após a morte do pai, a ameaça de matar Gæierla, os planos para matar Ruard, desposá-lo, e ganhar Dunsmuir, embora ela evitasse mencionar a bolsa de veneno.

O rosto dele não mostrava nenhuma expressão enquanto ouvia o relato e Catriona prendeu a respiração no final, entrelaçando os dedos para esconder o tremor.

—Eu agradeço a você, Catriona.

Afastando dos olhos a umidade provocada por seu relato dos horrores, olhou para Ruard.

—Agradece? Meu... Ruard?

Ele a puxou em seus braços e seus olhares se entrelaçaram. 

—Eu agradeço a sua confiança.

Eu confio nele.

Limpando uma lágrima solitária que escorria pelo seu rosto, ele sussurrou:

—Tudo vai ficar bem, esposa. Cuidarei de sua irmã e de Ulfric.

Ela contou que o cozinheiro, não administrador, comprava tudo para o castelo e os olhos dele se estreitaram.

—O cozinheiro sabe do funcionamento do castelo. Irei vê-lo.

—Minha mente está confusa. Esqueci Helene. —O olhar de fúria que atravessou o rosto de seu marido quando ela lhe disse sobre o pai de Helene fez seu estômago apertar.

—É uma loucura Helene ficar desprotegida.— Cambaleando aos pés dele, ele então a levou para a cama. —Sabe o que Ulfric fará se descobrir a verdade?

—Essa é a razão para estar contando agora.— Seus olhos se estreitaram e a raiva fez seu coração saltar uma dúzia de batidas.

—Você e Helene permanecerão nesta câmara até eu voltar. Vou colocar guardas.

Um arrepio correu pelos ombros de Catriona.

Embora ela nunca tivesse visto um berserker[1] em fúria, sabia que seu marido mal continha a ira sob controle pelos movimentos bruscos, pelo jeito que testou o fio da sua espada matadora de dragões.

Devo me livrar do veneno. Ele nunca poderá saber o que eu tinha pensado em fazer.

 

Ruard encontrou Njal no corredor.

—É a Matadora de Dragões que eu vejo diante de mim? O que está errado?

A fraca luz do alvorecer filtrou-se através das persianas antes de Ruard terminar de contar tudo.

—Onde está Ulfric?

—Ele e seus homens montaram acampamento perto da floresta. Tenho guardas vigiando-os. Ulfric é o homem do rei. —Njal puxou a barba. —Ele está bem situado na corte. Não é sábio matá-lo imediatamente.

Njal vestiu a cota.

Ruard segurou o punho da Heiðir enquanto esperava, saboreando a sensação do aço frio. As narinas dilatadas. Ulfric acorrentou Catriona e a irmã em um calabouço frio, úmido, havia machucado-a, havia negado comida, água; a fúria tomou conta dele, a pele fervendo no ar da manhã gelada.

—Ele tocou Catriona.

Empurrando a espada para o lado, Njal olhou para ele. 

—Vamos matá-lo, então? E os homens dele?

—Ninguém pode viver. Primeiro, envie um homem para jogar o cozinheiro e o monge no calabouço. —Njal sinalizou, dois homens correram para ele e deu a ordem.

Os irmãos tomaram as escadas as pressas. Roncos, grunhidos, e o baque ocasional de um homem caindo de um catre, eram os únicos sons que quebravam o silêncio do grande salão.

—Algo está errado.— Ruard interrompeu quando os dois homens enviados para buscar os vilões voltaram.

Os guerreiros derraparam ao parar, um deles disse:

—O monge e o cozinheiro desapareceram na noite passada, senhor.

—Encontre-os—, Ruard ordenou e despediu os homens.

—Como planeja este ataque?

—Os Pictos são inimigos jurados de Cnut—, Ruard respondeu. —Eles atacaram o acampamento de Ulfric e levarão a culpa pelas mortes. Continuamos nas boas graças de Cnut e minha esposa e a irmã ficarão seguras. O monge e o cozinheiro morrem.

—Será melhor se você ficar aqui e me deixar fazer isso. Ninguém pode desconfiar de sua...

—Ulfric vai dar o último suspiro com a minha espada no coração.— Tudo parecia estar vermelho, cegando momentaneamente Ruard ou talvez fosse a ira fervendo em seu sangue que criou um inferno diante de seus olhos. —Nem mais uma palavra.

—Quando vamos?

—Agora.

 

A batalha foi feroz, mas curta. Ulfric não esperava uma emboscada de seu anfitrião. A cor vermelha revestia a Heiðir quando Ruard invadiu a guarda de Ulfric cortando caminho até o guerreiro.

—Cnut vai te caçar por isso,— gritou Ulfric por cima do barulho de aço contra de aço. —Ele vai destruir você e os seus.

—E quem vai viver para contar a ele?— Eles haviam pego Ulfric e seus homens desprevenidos, sem nenhum aviso. Ulfric não teve como se defender.

Ruard fez um corte largo em cada um dos antebraços dele. O sangue jorrou das feridas e Ulfric tropeçou. 

—Pelos hematomas nos pulsos da minha esposa.

—A cadela—. Ulfric recuperou o equilíbrio e ergueu a arma acima da cabeça.

Ruard se moveu e cortou a barriga do outro homem.

—Por lhe negar comida.

Ulfric segurou a carne aberta e olhou para cima.

Ruard sorriu vendo o conhecimento da morte nos olhos de Ulfric.

Os joelhos do guerreiro dobraram-se e a espada escorregou da mão que sangrava.

Posicionando a ponta da espada no coração de Ulfric, Ruard perguntou:

—Por quê?

—Eu sou um terceiro filho.— O cinza fantasmagórico aparecia sobre a carne bronzeada do guerreiro. —Terras.

No momento em que a espada entrou no coração de Ulfric, a fome de vingança clareou a luxúria berserker de Ruard. Seu olhar varreu o prado agora atapetado com neve manchada de vermelho. Todos os seus homens ainda de pé, mas nenhum de seus inimigos seguia com vida. A guarda de Ulfric totalmente aniquilada ou nos últimos espasmos.

Njal embainhou a espada.

Ruard passou a lâmina na calça e caminhou ao lado do irmão, sua mente no que deveria ser feito em seguida. 

—Cuide da irmã de Catriona. Irei aos Pictos. Você precisa mais do que uma dúzia de homens?

—Será suficiente. Fique calmo, irmão. Todos os olhos estarão em você.

—Eu não sou tolo. Trabalhei muito e bem para Dunsmuir. Não vou perder minha propriedade. —Os irmãos se separaram, Ruard rumou para o norte até o assentamento Picto,e Njal cavalgou para o castelo Carden e Gæierla.

A sorte sorriu para Ruard e se depararou com um bando de Pictos galopando ao longo da fronteira há não mais de uma hora de Dunsmuir. Após o massacre, quando transportaram os corpos para o acampamento de Ulfric, os empilharam em uma vala e atearem fogo, o crepúsculo havia se estabelecido na terra.

Quando ele atravessou a ponte levadiça e os portões do castelo, vislumbrou toda a casa de banho. Levaria uma noite inteira para saciar sua fome da esposa, mas não podia ir a ela manchado com o sangue da batalha. Enviou um pajem para buscar uma muda de roupa, fez o caminho para a casa de banho e rapidamente lavou o corpo.

Limpo, subiu as escadas de dois em dois degraus e correu pelo corredor até a sua câmara.

Dispensou os guardas com um aceno de cabeça, e abriu as portas para encontrar as duas mulheres costurando a luz do fogo. Ruard assistiu Catriona enfiar uma linha na agulha em menos tempo do que ele levou para respirar e engoliu uma série de maldições.

Catriona colocou o carretel de linha e a agulha sobre uma mesa baixa, se levantou e fez uma reverência. 

—Meu senhor, dou-lhe as boas-vindas.

Ele tinha que estar dentro dela. 

—Deixem-nos.— Nem mesmo olhou para Helene, fixou o olhar em Catriona, observando o tom rosado em seu rosto, o toque das mãos nervosas, a rápida subida e descida dos seios fartos.

No momento em que a porta rangeu se fechando, Ruard se virou, deslizou a barra no lugar e cortou a distância entre eles. A puxou com força contra o peito, capturou sua boca e bebeu a doçura do hidromel que ela havia bebido antes. Os braços dela enrolaram-se em seu pescoço,gemeu e asugou a ponta de sua língua.

Seu pau quase rompeu a calça.

Catriona apertou-se contra seu peito, as mãos pequenas exibindo uma força surpreendente, e afastou os lábios longe dele.

—Esposa?— Por Odin ele estava pronto para explodir.

—Você está bem?— Os dedos dela traçaram seu rosto, ela puxou a túnica e tentou ver o peito. —O que aconteceu? Onde está Ulfric?

—Depois.— Ele esfregou o pescoço dela, a colocou sobre a cama, tirou a túnica pela cabeça, e desamarrou a corda. Descalçando as botas ele rosnou:

—Tire sua roupa ou a farei em pedaços.

—Você deseja sexo?— Perguntou erguendo as sobrancelhas.

—Eu preciso disso.— Ele se arrastou para a cama, desamarrou o vestido e observou os seios dela. —Meus—. Firmes, cheios, macios, os mamilos cor de rosa pedindo pela boca dele. Ele acariciou os seios, o pau quase a jorrar, as bolas em fogo. Ondas de luxúria chegaram a virilha enquanto sua língua lambia os botões firmes e ela ronronava para ele novamente.

Ruard delineou os seios, molhando a pele. As mãos dela se emaranharam em seus cabelos quando Catriona o puxou mais perto.

Ele se colocou entre as pernas dela, nenhum pensamento em sua cabeça, senão o aperto de veludo do sexo dela em torno de seu pênis. Ele empurrou para cima as saias e deslizou a mão sobre a pele sedosa da barriga. Escorregou a mão entre as coxas e seus olhos se fecharam quando a essência dela cobriu seus dedos. 

—Por Freyja, você está pronta para mim, elsking.— Levantando os quadris dos lençóis, ele tocou com o pau o centro dela e mergulhou seu pau ao máximo. Ela enrolou as pernas em volta da cintura do marido e arqueou-se. Ruard gemeu quando sentiu a boceta da mulher apertar-se em torno dele. Ele a cavalgou, o pau entrando rápido e furiosamente, a luxúria correndo ferozmente nele.

Rangendo os dentes, deslizou a mão para baixo entre seus corpos unidos, encontrou o clitóris e o comprimiu levemente.

Ela gritou o nome dele. O saco pressionava a virilha dela e a semente saiu em jorros. Os músculos dela apertaram sua masculinidade e ele empurrou novamente e novamente até que ela se contorceu em uma infinidade de doces convulsões, e ele caiu, o peito quente, suado cumprimindo a carne macia de Catriona.

 

—Isso é mágico. — Catriona descansava na casa de banhos. O pinho nas paredes grossas emoldurava uma ampla câmara. Flutuava uma nuvem de vapor de cima de um monte de pedras lisas brilhando sobre um poço de troncos carbonizados. As chamas das lamparinas penduradas nas paredes lançavam pontos de luz em toda a superfície ondulante de uma piscina oval cavada no chão. Inclinando-se, mergulhou a mão na água límpida. —Está quente. Como?

Casei com um homem de grande valor. E grandes apetites. Um homem em quem confio.

Ele a montou três vezes antes de levá-la ali e Catriona ainda tinha de receber respostas para suas indagações. Ela estava tão tentada a agarrar a túnica dele e exigir respostas...

Um homem bom e irritante, de grande valor, corrigiu-se.

O cabelo de ouro brilhava como um halo reluzente e ela não conseguiu resistir a alisar uma mecha rebelde. Ele virou-se em torno dela e começou a desamarrar o vestido. 

—Nós cavamos um canal desde o rio da floresta de Dunsmuir, a água atravessa, alimenta o reservatório e então cavamos outro canal para que a água corra morro abaixo para onde o rio deixa o limite de nossas terras.

—Isso é inteligente, meu senhor.— Seu vestido caiu amassado no chão de pedra.

Ela saltou quando Ruard bateu levemente em suas nádegas.

—Ruard, esposa. Você gritou meu nome várias vezes esta noite. Certamente pode conversar comigo agora.

O calor subiu por seu rosto. Catriona mordeu o lábio inferior preocupada porque ela realmente gritou o nome dele como uma oração quando teve prazer.

—Ruard, você não falou do que aconteceu.

—Paciência esposa. Vou dizer tudo. —Ele levou-a para dentro da água, colocou-a entre as coxas musculosas, de costas para o peito dele e começou a falar.

Era difícil concentrar-se enquanto ele a acariciava o tempo todo, mordiscava sua orelha, lambia e mordia sua nuca, e ela teve que lutar para compreender as palavras. 

—Ulfric está morto?— Ela se contorceu nos braços dele, o coração batendo como o de um falcão em pleno vôo.

—Sim e todos os seus homens. Njal partiu para o Castelo Carden. Sua irmã chega em uma semana. —A alegria inundou sua alma.

E eu pensei em envenená-lo. Senhor, escuta esse juramento. Tomo este homem para marido de bom grado. Vou velar por cada necessidade dele. Obedecer cada comando.

 

Quase um semana depois, Catriona desejava estrangular Ruard com as mãos.

—Eu vou—, ela prometeu, resistindo à vontade de bater o pé. —Eu sou senhora aqui e este castelo será comandado do meu modo.

—Minha mulher não vai cozinhar para o castelo.— Ruard cruzou os braços sobre o peito. —Costurar,eu permito, supervisionar a execução dos serviços também, mas você não vai cozinhar para os homens.— Ela odiava costurar e pegava uma agulha apenas quando não havia outras funções para executar ou quando ficava presa em sua própria câmara.

—E você vai comer esta lavagem?— Acenando para a aveia queimada e fria aglomerada em uma tigela, ela continuou, —Olhe mais de perto, os gorgulhos ainda estão nadando.

Ele olhou para a substancia pegajosa meio-congelada.

—Por Odin estou vendo.— Ruard estremeceu e empurrou o pão amanhecido para longe.

—Não posso visitar a aldeia porque você me manteve prisioneira esta semana.— As bochechas queimavam. —Tentamos uma dúzia de cozinheiros. Todos cozinharam uma lavagem. Se você ao menos me deixasse fiscalizar... —Ela bateu o pé novamente.

—Não. Não permitirei que digam que minha esposa é uma cozinheira. E é para a sua própria segurança que está confinada no castelo.

—Eu não vejo perigo. Ulfric e seus homens estão mortos. Você está atrapalhando.

—É bom que não esqueça, que os Pictos expulsaram o ferreiro do chalé na noite passada. Você não vai para a aldeia.

—Tudo bem então. Eu já enviei de Grecy. Ele e seus homens vão me ajudar a manter a cozinha em ordem.

—De Grecy não é mais necessário. Eu não o quero ao seu lado. —Ruard ficou de pé, apoiou as mãos sobre a mesa e inclinou-se, seus rostos quase tocando-se. —Vou dispensar ele e seus homens esta manhã.

Empurrando o peito dele, ela disse, sibilando as palavras através dos lábios.

—Por ordem do rei Cnut, eles não são seus para dispensá-los.

—Então você vai dispensá-los.— Ele a puxou para que ficasse de pé.

—O que está fazendo?

—Nós vamos encontrar de Grecy agora.

—Não—. Ela cravou os saltos na plataforma de madeira.

—Catriona. Pare. —Helene a cutucou na cintura.

—O salão... Todos estão observando.

Uma rápida olhada ao redor da câmara fez Catriona fazer uma careta e a razão entorpeceu sua ira.

Ela baixou o queixo, olhando para chão de madeira enquanto rezava por paciência. 

—Eu te peço, meu senhor. Dê-me este dia para resolver alguns assuntos. Eu prometo não cozinhar. Simplesmente supervisionarei a refeição.

—Eu vou ajudá-la, meu senhor.— Helene levantou.

Justamente então as portas do salão foram abertas e Njal entrou, elmo em uma mão e a outra no quadril de Gæierla.

O coração de Catriona disparou quando ela estudou cuidadosamente a sua irmãzinha. Duas tranças, duas orelhas pequenas, um longo nariz, dois olhos grandes, um queixo pontudo e uma boca com um sorriso perpétuo. Um vislumbre das pernas por baixo da muito curta e surrada saia.

Gæierla puxou os longos e esguios braços quando seu olhar encontrou o de Catriona, um segurando um saco de pano junto ao peito, o outro em torno do pescoço musculoso de Njal. Uma bota batia na coxa de Njal enquanto Gæierla se contorcia no abraço dele.

—Meu anjo.— Catriona voou para fora da tribuna e disparou pelo corredor lotado. Quando alcançou Njal, estendeu os braços e sua irmã sorridente caiu em seu abraço. Lágrimas quentes turvaram a visão e teve que piscar para se concentrar nas feições de Gæierla.

—Você está bem, irmã? Eles a machucaram? —Acariciando as grossas tranças douradas de Gæierla, Catriona a abraçou forte e cheirou o cabelo dela.

—Olha—, Gæierla ordenou afastando-se e procurando na sacola. Ela segurava uma maçã vermelha. —Njal me dá tudo que quero. Ele me deixou nadar em um riacho. Estava gelado mas ele me deu um sabão cheiroso. Veja? —Ela colocou o pulso no nariz de Catriona. —É sândalo do leste. Não sei com quem casar agora, Thor ou Njal.

Catriona riu e balançou a irmã de um lado para o outro. Ela estava com tanto medo que a estadia nas masmorras abalaria o espírito aventureiro de Gæierla. 

—Eu te amo.

Ela sentiu a aproximação de Ruard antes da mão dele em seu ombro e voltou-se para encontra o olhar dele.

 —Eu o convido a conhecer minha irmã, meu senhor.— Ela colocou Gæierla no chão e deu-lhe um olhar duro.

A menina lembrou-se das boas maneiras. Segurando as saias, se inclinou em uma reverência. 

—Meu senhor.— A maçã caiu no chão. —Pelos dedos de Odin, volte aqui, sua fruta condenada.

—Gæierla.—Catriona olhou para a irmã. —Jovens damas não amaldiçoam. Para compensar, você vai me dar o seu saco e as maçãs vão para a cozinha.

—Isso não é amaldiçoar Catriona, é a fala de cavaleiro—. O sorriso de Gæierla se ampliou enquanto ela acrescentava: —Meu senhor Njal conhece bem Odin.

Helene se aproximou da garota,a aliviou do saco de pano e pegou a maçã do chão. 

—Acho que sua irmã está muito excitada por vê-la novamente. E eu seria capaz de apostar todo este castelo que ela apenas repete as palavras aprendidas enquanto voltava com os guerreiros.

—Sim. Eu assumo a culpa por isso e lhe darei uma compensação.

—Assim diz Njal o Pacificador—. Ruard olhou para o irmão que teve a graça de abaixar a cabeça.—Você vai responder por isso amanhã. Por enquanto, dou-lhe as boas vindas, pequena irmã. —Ruard pegou Gæierla em seus braços e segurou-a para que seus olhares ficassem no mesmo nível. —Quantos verões você já viu?

—Sete. Você parece o deus Thor. —Gæierla enrolou uma mecha do cabelo de Ruard em torno do dedo. —É dourado como a carruagem que ele anda pelo céu. Eu gosto de tempestades. Faça trovejar, deus Thor. —Os olhos de Ruard cintilaram,divertidos.

Njal gargalhou. 

—Eu não invejo você, irmão. Sua nova irmã tem um humor estranho. Ela pode recitar cada saga que menciona Thor. Receio que vai ter que contá-las muitas vezes.

—Sim—. Gæierla bateu palmas. —Faça uma tempestade, deus Thor.

Catriona nunca tinha visto homens recuarem tão rápido.

Num momento Njal e Ruard estavam ali, no próximo se foram. Gæierla deve ter desnorteado ambos os homens com seus pedidos de raios e trovão,pensou divertida. A garotinha caiu no sono assim que os homens as deixaram, enrolando-se sobre um catre na câmara de Helene.

—Ela está segura agora, Catriona.— Helene enfiou peles em volta dos ombros e pés de Gæierla.

Ela beijou a face da irmã adormecida.

—Penso que ela não está afetada pela prisão.

—Sim. O espírito de Gæierla é destemido. Garanto que teve os homens de Ulfric satisfazendo todos os seus caprichos. —Helene apertou o ombro de Catriona. —E eu não duvido nenhum um pouco que ela terá Ruard e Njal contorcendo-se em seus dedos dentro de uma semana.

—Certamente.— Catriona balançou a cabeça. —Meu pequenino duende pode comandar guerreiros e senhores com o simples piscar de seus cílios. Temo que ela vá incomodar Ruard porque realmente acredita que ele é seu Thor.

—Sim, mas me parece que ela também está encantada com Njal o Pacificador. O nome dele sai muitas vezes de seus lábios e ela parece estar ciente do tratado negociado nas terras nórdicas. —Helene delineou as portas de madeira fechada.

—Ela deveria dormir no meu quarto.— Catriona não conseguia parar de inspecionar sua irmãzinha e verificar se havia qualquer sinal de doença ou fraqueza. —Eu me detesto por deixá-la.

—Que vergonha, Catriona. Seu Ruard merece sua atenção esta noite. Foi sob as ordens dele que Gæierla foi resgatada, sua espada que acabou com Ulfric.

—Sim—. Seus pensamentos correram para outros assuntos, Ruard penteando o cabelo dela com os dedos, os beijos de Ruard, a língua mágica. —É um prazer dar ao meu marido a devida atenção esta noite e nas outras que virão. Vou mostrar o quanto eu aprecio sua coragem e honra. Esta fortaleza vai brilhar esta noite e a comida vai rivalizar com a da corte do rei.

No jantar, as mulheres estavam exaustas, mas satisfeitas com seus esforços.

—Está começando a parecer um lugar habitável.— Catriona inspecionou as paredes brilhantes, os juncos frescos.

—Não me surpreenderia se o seu senhor a confinasse na sua câmara de novo.

—Ele não me proibiu, de Grecy.— Uma fungada e Ruard saberia que Catriona tinha usado o homem do rei para colocar os trabalhadores do castelo no serviço. O veado assado no espeto da cozinha perfumava o grande salão.

Helene levantou uma sobrancelha.

Catriona entrecerrou os olhos. 

—Ele me proibiu de cozinhar e eu não cozinhei.

—Não, você esfregou panelas e pisos. Foi inteligente de se vestir tão bem esta noite. Ele nunca vai suspeitar de que há meia-hora você estava tão suja quanto um ajudante das cozinhas.

Catriona correu para o seu lugar na tribuna diante dos homens e olhou para cima quando uma rajada de gelo anunciou a abertura das portas do hall.

 

Ruard dominou a porta, com a cabeça raspando o topo da estrutura, o cabelo dourado brilhando contra uma túnica azul-escura, com os ombros tão grandes e musculosos que ele tinha que virar de lado para passar pela porta aberta.

Gæierla nunca vai acreditar que ele não é o deus Thor.

Para seu alívio, Ruard cumprimentou-a com um sorriso.

Seu olhar varreu a mesa alta, antes de tomar seu lugar. 

—Onde está Gæierla?

—Dormindo, meu senhor. Ela não conseguia manter os olhos abertos.

Gemidos de prazer encheram o salão quando os meninos da cozinha carregaram pratos de veado em fatias para as mesas. Catriona se envolveu em uma conversa com Helene mal se atrevendo a respirar ou comer um pedaço, esperando Ruard expressar sua desaprovação.

Ele comeu e falou em murmúrios baixos com Njal.

Depois de Helene sinalizar aos meninos de pé ao longo do corredor para trazer ao hall a doce torta de maçã para Ruard, Catriona finalmente relaxou.

 

—A aldeia espera por suas ordens desde que ocorreu a invasão da cabana do ferreiro.

De barriga cheia, Ruard tomou um gole de cerveja.

—Sim.

—A ira do ferreiro trabalha a nosso favor.Você acha que é uma farsa?

—Não. O homem perdeu o bebê e a esposa no ataque. Ele busca vingança. Está claro que está louco de dor. —Ruard manteve a voz tão baixa quanto Njal.—Se fosse minha esposa ou sua irmã, eu mataria todos os que participaram da invasão. Dobre a guarda sobre as mulheres. Elas não devem deixar a salão, nem mesmo para se aventurarem pelos arredores do castelo.

—Ah, vejo por que você permitiu a Catriona a tarefa de cozinhar.

—Se cozinhar a mantém ocupada dentro do castelo, eu me rendo.

A perda do ferreiro tinha enchido Ruard de terror.

Desde que o cozinheiro e o monge desapareceram, seus homens tinham sido atacados por misteriosas flechas,vindas não se sabia de onde, enquanto caçavam e patrulhavam. O gado havia desaparecido e então houve o ataque mortal na casa do ferreiro.

—Ela não conhece os perigos lá fora.— Ruard olhou para o perfil da esposa. Ele odiava que Catriona ficasse fora de sua vista. Sua pele comichava se alguém, mesmo Njal, a tocava. Ele queria surrar de Grecy cada vez que pegava o homem falando com Catriona. —Não vou arriscar a vida dela.

—Você acha que o ferreiro nos conduzirá as riquezas perdidas de Dunsmuir nesta noite?

—Sim. Está claro que todos na aldeia sabem onde se encontra. O ferreiro não tem nada a perder.

Njal bebeu sua cerveja. 

—Catriona não vai acordar quando você sair?

Ruard sorriu. 

—Minha mulher dorme como um urso no inverno.

Embora a menor carícia endurecia seus mamilos, mesmo adormecida. Esta noite ele planejou cobrir o monte de Venus com mel e lamber até limpar toda a carne. Seu pênis alegremente deixaria escapar uma trilha molhada sobre o ventre dela.

Quanto mais ele tinha Catriona, mais ansiava por ela, quanto mais tempo passava em sua companhia, mais vazio sentia quando ela não estava ao seu lado.

Ruard não gostava das emoções turbulentas que ela inspirava e não podia mais negar seu ciúme mesquinho. Ruard queria a esposa para si.

 

Njal e Ruard encontraram o ferreiro no começo da floresta, a noite coberta por um manto de nuvens escuras, sem uma única estrela brilhando no céu.

—Bem Smith, o que tem a dizer?— Ruard olhou para a espada recém-forjada que o homem afiava.

—Levarei você a riqueza de Dunsmuir.

Era isso que Ruard esperava.

—Siga-me.— O cavalo do ferreiro começou a correr.

Ruard cravou o calcanhar em sua montaria e instigou um rápido galope. Os três homens embrenharam-se na floresta, através de uma trilha estreita tomada por rochas maciças. A neve caía em suaves tufos molhados, o gelo derretendo-se em contato com o solo. O caminho ficou enlameado e escorregadio, e diminuíram a marcha.

—Não veio ninguém até aqui nesta noite—, murmurou Njal.

—Sim, não há marcas.

O ferreiro tinha uma boa audição. 

—Eles planejam levar tudo no dia seguinte.

—Quem?— Ruard esporeou o cavalo em um ritmo mais rápido até que ficou ao lado do ferreiro.

—O monge e o cozinheiro.

Ruard ergueu as sobrancelhas e ficou boquiaberto. 

—O monge e o cozinheiro?

—Não foi nenhum ataque.Os pictos não mataram minha mulher e o bebê. Foram eles. —A voz do ferreiro engrossou em sua agonia. —Eu quero vingança. Eles são meus. Gostaria de ter sua palavra agora, meu senhor.

—Feito—. Ruard não sujaria sua espada com aqueles dois.

—O monge é um nobre—, afirmou o ferreiro.

—Você será enforcado—, advertiu Njal.

—Que assim seja. Não tenho nada pelo que viver. —Chegaram a um lugar de onde se avistava uma caerna. O ferreiro veio preparado, acendeu duas tochas depois de desmontar e levou-os até uma caverna. Taças, latão, tapeçarias, jóias, anéis, mobílias ricamente esculpidas, mesas, cadeiras com almofadas bordadas apareceram diante do olhar de Ruard.

Próximo a ele, Njal riu. 

—Tem sorte, irmão. Isso é uma fortuna.

—Como é que eles removeram tudo isso sem ninguém saber?

O ferreiro bufou. 

—Todos sabiam. Ulfric perseguiu todos os trabalhadores fora do castelo de Dunsmuir. Aqueles que não foram embora foram mortos. Um dos servos que supervisionava o castelo perdeu o filho quando tentou detê-lo. A mulher do taberneiro foi estuprada.

—Nós vamos vingar cada morte, cada estupro—, Ruard prometeu.

—O monge e o cozinheiro são meus.— Dor e raiva cintilavam nos olhos verdes do ferreiro e Ruard sabia que o homem não descansaria enquanto não vingasse as mortes de sua família. 

—Quando vai matá-los?

—Assim que eu voltar para a aldeia. Eles serão enforcados.

—Como vai capturá-los?

—O taberneiro viu uma cova com corpos queimados esta manhã. Os Pictos atacaram lorde Ulfric e seus homens. Muitos morreram. Eu sabia que o monge e o cozinheiro fugiriam para a caverna e esperariam para escapar.

Eles se separaram do ferreiro, nas primeiras horas da manhã.

—Você acha que alguém na aldeia vai acreditar que nada sabíamos dos esquemas de Ulfric?— Njal apertou os joelhos no corcel para se por a galope.

—Não—. A montaria de Ruard pulava para um lado e ele inclinou-se na sela. —O ferreiro não será enforcado por matar o monge e o cozinheiro. Nós vamos colocar seus corpos junto aos de Ulfric e seus homens e atear fogo novamente.

—Esse é um modo certo para ganhar a lealdade dos aldeões.

—Njal o Pacificador aprova?— Ruard lançou um olhar sobre o ombro. Seu irmão assentiu.

—Sim. É tempo de você aprender o valor da paz, Matador de Dragões.

As torres do castelo Dunsmuir apontaram no horizonte.

O orgulho que assaltou Ruard quando vislumbrou sua propriedade o fez abrandar o cavalo. Um brilho alaranjado no horizonte era o sinal do alvorecer.

Njal cheirou o ar. 

—Pão fresco—. Ruard sentiu o cheiro e seu estômago roncou. —Sim. Minha esposa está ocupada. —E não na sua câmara aguardando as brincadeiras da manhã.

—A vila ficará segura uma vez que o monge e o cozinheiro estejam mortos.

—Você se preocupa demais. Se minha esposa concordar em dispensar de Grecy, vou acompanhá-la a aldeia.

Njal bufou. 

—É triste ver meu irmão guerreiro cair tão baixo para ter ciúmes de sua esposa com um homem da corte.

—Eu anseio o dia em que você tome uma noiva. Vou gostar de vê-lo se contorcer como um verme preso no bico de um melro.

Para ele, a Matadora de Dragões havia sido derrubada por lábios doces, macios e o sorriso com covinhas de sua esposa.

Sentia-se como um tolo capturado, esta manhã, incapaz de decidir como dizer a Catriona o quanto ele a valorizava. A idéia surgiu em sua mente. 

—Envie alguém para a gruta, assim que os homens estiverem mortos. Vou surpreender minha esposa com o tesouro nesta noite no hall.

Njal revirou os olhos. 

—E para responder a pergunta, qualquer um pode enfiar uma linha na agulha em um piscar de olhos.— Ruard congelou, suas coxas apertaram-se em torno dos flancos do garanhão, o cavalo ergueu a cabeça larga e relinchou em protesto. Ele girou na sela do cavalo para enfrentar o irmão. 

—O que você disse?— Não, ninguém podia saber o que sua esposa tinha dito.

—É preciso um piscar de um olho para enfiar uma linha na agulha.

Uma névoa vermelha de raiva turvou a visão de Ruard. Lançou-se, arrastou Njal do cavalo e ambos os guerreiros caíram no chão lamacento.

—Parem com isso de uma vez.— O rugido de Catriona veio através da necessidade de Ruard de bater em Njal até deixá-lo sem sentidos.

Prendendo Njal sob seu corpo, seu punho para trás, Ruard olhou para cima, e viu cada habitante do castelo de pé em círculo, observando a briga insana dos irmãos.

Catriona o chamuscou com um brilho nos olhos não muito diferente daqueles que recebia quando menino de sua mãe. 

—No momento que você lavar a lama e sua pele não cheirar mais a excrementos de cavalo, o pão fresco será feito. — E assim o dia amanheceu.

Ela não o deixou chegar perto. O pênis de Ruard saltava e se contorceu todo o dia. Ele esperava que o tesouro melhorasse o humor de Catriona.

Ela usava o vestido da primeira noite no jantar, a cor esmeralda absorvendo as chamas e dançando em seus cabelos. O véu que ela usava mal cobria os cachos.

Quando a torta de maçã apareceu no final da refeição e ela presenteou-o com um pequeno sorriso, seu coração batia contra as costelas. Ele havia se apaixonado pela esposa. Tão chocado estava, que mesmo se o bolo tivesse gosto de serragem, ele não ofenderia Catriona, e assim comeu cada migalha.

Ruard cobriu a mão dela com a sua. 

—Eu tenho notícias para lhe dar, quando formos para nossa câmara—, ele sussurrou.

—Assim como eu, meu senhor.

O cabelo dela cheirava a primavera e ervas, mas depois ele percebeu os juncos frescos no chão. O olhar dela seguiu o seu.

—Eu agradeço a você por me permitir decidir quando dispensar de Grecy. Ele foi de muita ajuda hoje. —O nome do homem azedou seu estômago. De Grecy.

Uma dor aguda atingiu sua barriga e ele grunhiu.

A bile correu até a garganta. Ele se levantou, seus joelhos se dobraram, e caiu. Sua cabeça bateu na borda da mesa e a escuridão o tomou.

 

—Ele está tão pálido.— Catriona retorcia as mãos, enquanto observava Helene esfregando a espuma dos cantos da boca de Ruard.

—Mais sal—, Helene ordenou.

—Enviei Njal para a aldeia para buscar. Você tem certeza de que ele deve vomitar assim?

—Sim, ele deve esvaziar todo o veneno do estômago. E a bile não tem rastro de sangue. Isso é um bom sinal.

—Como eu pude esquecer de jogar fora o veneno?

—Catriona, isso foi uma desventura. Pare de culpar a si mesma.

As portas foram escancaradas e Njal correu para o quarto, despejando um saco no chão. 

—Todo o sal na aldeia. Como ele está?

—Não há sangramento.— Helene rolou as pálpebras de Ruard para cima. —Os olhos estão quase normais. Ele estará bem amanhã.

Catriona se sentou ao lado do marido naquela noite, até os raios do sol entrarem pelas frestas das persianas. A palidez não havia deixado sua pele e as manchas escuras sob os olhos faziam com que seu estômago revirasse.

Em todos aqueles anos, Catriona havia confiado em apenas duas pessoas na terra, seu pai e Gæierla. No entanto, este Viking matador de Dragões ganhou não só sua confiança, mas seu coração.

Ela o amava e era muito covarde para dizer as palavras.

Com medo de dormir, passeou na sala de pés descalços, não querendo acordar Ruard. Seus pensamentos eram mais tolos do que os palhaços da corte do rei Máel Coluim. E se Gæierla houvesse esvaziado a bolsa inteira na torta? Ela não podia suportar a idéia da vida sem Ruard.

Pobre Gæierla. Ninguém poderia convencê-la de que ela não havia abatido seu deus Thor. Nem mesmo Njal a quem ela se agarrou, chorando a perda de seu herói. Ruard não puniria sua irmã, não é? Foi um erro inocente por parte de Gæierla.

Eu sou a culpada. Eu deveria ser punida.

Ela adormeceu observando peito nu de Ruard subindo e descendo e lembrando-se de suas noites juntos na cama.

—Catriona?

Uma palma cobriu sua mão e apertou.

 —Minha esposa. Acorde.

Erguendo a cabeça de sua posição na cadeira, ela voou para sentar-se no colchão. 

—Você está bem? A sua barriga dói? —Seus dedos tocaram a suavidade da barba incipiente. —A cor está de volta ao seu rosto. Vou rezar duas vezes por dia durante o resto da minha vida. —Ela encheu de beijos seus ombros. —Eu estava tão aterrorizada.

—Não se preocupe, Catriona. Eu comi carne estragada antes e sobrevivi. Mas talvez tenhamos de renunciar a nossa manhã porque temo que meus membros não irão suportar meu peso.

Ele segurou o rosto dela e Catriona lamentou a perda do calor da pele dele, depois que confessasse tudo. Ela sentou-se ereta, manteve as costas rígidas e cruzou as mãos no colo.

—Não foi carne estragada, meu senhor. Foi veneno. Eu... esqueci de contar parte do plano de Ulfric. Era para eu envenenar sua comida, então Ulfric iria pedir ao rei Cnut minha mão, nós nos casariamos e depois Dunsmuir seria dele.

Embora o rosto dele tivesse perdido toda a cor de novo, não mostrou raiva em sua expressão. 

—Você não me envenenou, Catriona.

Ela engoliu em seco, mas encontrou o olhar dele, o queixo erguido.

—Não. Eu sou a culpada, mais ninguém. Foi tudo minha culpa. Peço que não castigue Gæierla.

Catriona amava apenas duas pessoas na terra e nunca poderia escolher entre uma ou outra. 

—Eu decidi me livrar do veneno, mas esqueci. Antes de adormecer, Gæierla me ajudou e a Helene a preparar a refeição da noite. Eu precisava de mais sal para a massa e a mandei buscar em nossa câmara.

—Sal em nossa câmara?— Com as sobrancelhas sulcadas ele examinou o quarto.

Resumidamente, ela explicou sobre os frascos vazios de especiarias, a areia misturada com sal, e quando começou a balbuciar, ele a beijou, silenciando as palavras que saiam de sua boca.

—Ela misturou os sacos?

—Foi minha culpa, meu senhor. Eu não me expressei claramente. Simplesmente disse a ela para trazer um punhado de grãos brancos do saco. —Catriona curvou a cabeça. —Ela está apavorada e ninguém consegue convencê-la de que ela não matou seu deus Thor. Os olhos dela estão inchados de tanto chorar...

—Calma, Catriona. Sua irmã é apenas uma criança de sete verões. Foi um acidente infeliz.

—Vou fazer penitência para o resto da minha vida por este pecado. Imploro seu perdão mil vezes, meu senhor. —Ela baixou a cabeça para olhar para a cama incapaz de suportar a acusação em seus belos olhos azuis.

—Quando?

Ela arriscou uma espiada para ele, e prendeu a respiração quando ele sorriu para ela. —Não entendi? O quê?

—Quando?

—Quando o quê? Ele revirou os olhos. 

—Quando você decidiu jogar fora o veneno?— Ela sabia que seu rosto e o pescoço estavam vermelhos.

—Depois que unimos os nossos corpos.

—Por quê?

—Você estava dentro de mim, Ruard. É possível que eu carregue seu bebê agora.

—Por mim, esposa?— Ele esfregou o polegar sobre o lábio inferior e sua feminilidade se apertou, bem treinada como um falcão que obedece as ordens de seu adestrador.—Sim?

—É muito cedo para dizer, eu acho.— Ela estremeceu quando ambas as palmas das mãos grandes cobriram seu ventre.

Os lençóis se ergueram, Catriona olhou para o pau rígido. Ele estendeu a mão para puxá-la para cima dele. 

—Está muito fraco, Ruard. Eu gostaria que você ficasse bem novamente antes de fazermos isso...

—Estou bem o suficiente para montar, esposa.— Montar? Ela balançou a cabeça. 

—Não. Tenho algo que precisa saber antes.

—Fale rapidamente, porque estou em chamas por você.— Seus dedos estavam ocupados em desamarrar os laços, então ele a puxava para ficar sentada sobre ele e erguia a saia até a cintura.

Coragem Catriona, você não é uma covarde.

Ela o empurrou no peito.

Ruard olhou para ela, uma sobrancelha loira erguida.

—Eu vim para matá-lo Ruard, Matador de Dragões.— Ela enrijeceu-se quando os músculos dele ondularam sob suas mãos. —Eu seria sua verdadeira esposa se você me quiser, mas deveria me abandonar, deveria...

—Não desejo nenhuma outra Catriona.— O tom era ríspido e duro, mas em seu olhar não havia hesitação. Penteando o cabelo dela com os dedos, ele sussurrou, — Estou muito satisfeito com minha noiva. Você é minha agora e nunca vai sair do meu lado.

Lady Carlton tinha avisado a ela que apesar dos maridos gostarem de ouvir as esposas falarem de amor, os guerreiros não. Ela também disse a Catriona que todos os homens apreciavam muito as atividades na cama. E embora eles tivessem ido para cama desde que trocaram seus votos, e as mãos dele tivessem explorado todo o corpo de Catriona, somente pôde tocar por alguns segundos o pênis, antes dele rosnar e enterrar a carne espessa em sua vagina.

—Ruard?

—Catriona?— A mão dele segurou seu pescoço e ele pressionou o rosto em seu cabelo. —Você tem cheiro de primavera no inverno, como pode ser? E em seguida, tem cheiro de inverno na primavera?

—Não entendi...

—Não é nada. O que está errado?

—Você já ouviu falar de uma prática que chamam de chupar o pau?

 

—Você está bêbado irmão?— Njal estendeu as longas pernas sob a mesa alta. — Ainda estamos no meio da manhã e você tropeçou aos descer os degraus.— Ruard não conseguia ordenar seus pensamentos,as imagens dos lábios vermelhos de Catriona cobrindo seu pênis surgiam em sua mente. Na verdade ele tinha encontrado muito mais do que imaginava. Seu coração tinha parado quando ela docemente perguntou-lhe sobre sugar seu pau. E esta manhã, ele sufocou um gemido enquanto o pênis engrossava, lembrando-se que ela havia engolido a sua semente.

Estou obcecado por minha esposa.

Ele sempre desdenhou homens cujas noivas comandavam a relação. Agora ele sabia por quais partes as mulheres realmente levavam os homens. Coração e pênis: os piores traidores da mente de um homem em todos os tempos. 

—Onde está minha mulher?

—Atrás de você, meu senhor.— O cheiro da primavera envolveu-o quando ela deslizou pelo banco. Como era costume para uma mulher casada, ela usava um véu, pois gostava de saber que os gloriosos cabelos eram soltos somente para ele. Ruard observou a forma como o fogo dos cabelos de Catriona iluminava as sombras do grande hall. —Fui buscar o alimento para quebrar seu jejum.— Ao seu sinal, um ajudante da cozinha depositou uma travessa de madeira sobre a mesa.

—Veado, ovos, queijo e pão fresco aquecido no forno.— Ele não ouviu nem uma palavra, muito ocupado olhando para os dentes brancos, as covinhas lindas e os lábios talentosos. Esta manhã, ela havia tomado suas bolas na boca. Ruard esteve com um incontável número de mulheres, mulheres de grandes cortes, e nunca tinha agido como um adolescente. Quando ela ronronou com a cabeça de seu pau entre os lábios, a unha deslizando por seu saco, sua semente irrompeu sem controle na boca da jovem.

—Não está a seu gosto, meu senhor?— Ela abaixou a cabeça. —Está se lembrando do veneno? Vou provar primeiro sua comida para que não tenha motivos para imaginar...

—Não, elskling.— Ele segurou seu queixo, capturou o olhar dela, e falou para os seus ouvidos apenas. —Apesar de ser o paraíso comer de seus dedos ou lábios, eu provarei, pois você é preciosa demais para mim. —Os olhos dela brilhavam e ele temia que iria chorar.

Njal riu e bateu com a mão sobre a mesa, empurrando a comida. 

—É uma pena que nossos irmãos Jarvik e Magnus só cheguem amanhã, para contemplarem você apaixonado por sua esposa.

Seu rosto esquentou, e Ruard voltou-se e acertou Njal na mandíbula.

Pelo canto do olho, ele vislumbrou a súbita careta de Catriona. 

—Isso não vai acontecer novamente. —Endireitando-se,observou Njal esfregando a mandíbula.Ruard devorou ​​cada pedaço enquanto Catriona explicou que os baús com seu dote tinham chegado. Teria o tesouro chegado quando ele ficou na cama? Poderia agradar Catriona e mostrar a todos o quanto ele valorizava a noiva.

—Você vai caçar esta manhã, meu senhor?— O sorriso que ela lhe deu fez o peito de Ruard doer e ele ansiar por tomá-la nos braços.

—Sim—. Ele beijou a palma da mão dela. —Até a noite, esposa.

Ruard e Njal passaram o resto do dia inventariando as riquezas perdidas de Dunsmuir e descobriram que o Rei Cnut não havia exagerado as riquezas do castelo.

Os irmãos conseguiram carretas para levarem ao salão no final da refeição da noite.

O dia demorou demais para passar para Ruard.

Para sua consternação, durante a refeição da noite Ruard não conseguia parar de olhar para a noiva, admirando seu perfil perfeito, o sorriso pronto e se embriagando em sua fragrância da primavera. Ele a alimentou escolhendo pequenos pedaços de carne de sua travessa, segurou a taça para que ela bebesse, e a tocou todas as vezes que pode.

Quando o ajudante de cozinha não trouxe torta de maçã, mas uma pequena torta de groselha no final da refeição, ele reprimiu um sorriso.

—Está a seu gosto, meu senhor?

—Sim esposa. É um milagre que você encontrasse groselha após tantas geadas.

—O capitão de Grecy as enviou. Eu dei a ele e seus homens ordens para voltarem à corte do rei Cnut ontem. Um mensageiro que retornou as trouxe.

Foi apenas por meio de seu treinamento de guerreiro que Ruard suprimiu um uivo e teve que colocar um enorme pedaço de torta na boca para ocultar o sorriso tolo que ameaçava tomar conta de seu rosto. De Grecy tinha ido embora. Catriona havia declarado seu amor. Nunca tinha comido uma torta de groselha tão deliciosa.

Njal limpou a garganta e Ruard olhou para cima para vê-lo sinalizando um pajem. Minutos depois, uma mula trouxe a primeira das pequenas carretas.

Ocupada conversando com Helene, Catriona não percebeu o barulho dos cascos. Foi somente quando um suspiro coletivo atravessou o grande salão que ela olhou para cima.

Ruard tinha fixado seu olhar sobre ela e foi somente quando Njal o cutucou nas costelas e rosnou, —Um brinde—, que ele tirou os olhos da esposa.

Ele capturou a mão de Catriona e roçou os lábios sobre os nós dos dedos dela.

No silêncio repentino, ele ouviu sua respiração rápida, viu o rosto perder o rosado e o franzir das sobrancelhas. Apertando os dedos, ele sussurrou,

—Está tudo bem esposa.

Ele se virou, olhou para o corredor, levantou a taça, e gritou:

—Eu devolvo os tesouros de Dunsmuir a seu legítimo proprietário, minha esposa, Lady Catriona.— A alegria foi manifestada com comedimento. Seu povo precisava de tempo para confiar nele, o relato do ferreiro havia ajudado a produzir sorrisos em vez de caretas. Njal e ele acrescentaram o corpo do monge e do cozinheiro aos do poço, e colocaram fogo de novo, garantindo que o homem não fosse enforcado.

Catriona agradeceu pelo presente.

Ele não iria soltar a mão dela e não se importava que todos o vissem idolatrar a esposa. Ruard a alimentou com queijo, colocou uma mecha de cabelo que escapava do véu para trás sob o pano transparente e beijou a palma da mão dela várias vezes.

Eles não se demoraram no salão. Ruard levou a noiva pelas escadas, acompanhado de assobios, aplausos e gritos. Ela corou furiosamente quando ele começou a despir as suas roupas.

—Tímida, mulher?

—Eu receio ter sido muito atrevida na noite passada e esta manhã.

—Isso é o que tenho esperado por todo o dia. Ter você nua em meus braços. Acho que senti falta da sensação de ter você, cheirá-la,admirar essas covinhas. —Ela sorriu mais amplamente e quando Ruard tocou um dedo em cada covinha, o ligeiro franzir da testa desapareceu. —Será que Lady Carlton lhe contou sobre o jogo de chupar sua feminilidade?— Os olhos dela se arregalaram. —É similar, mas mais doce. E eu mal posso esperar para retribuir o prazer com o qual você me presenteou a noite passada e essa manhã. —Ele podia ver as perguntas quase saindo de sua boca, então colocou um dedo sobre os lábios dela. —Eu lhe darei um presente primeiro.— Sob as peles de cama, pegou um pacote de pano, virou a palma dela para cima e colocou o presente em sua mão.

—Ruard isso não é necessário, basta meus presentes das bodas.

—Abra.— Ele parou de respirar, fixou o olhar no rosto dela, querendo ver todas as nuances de sua reação.

Delicados dedos puxaram o laço de fita vermelho. Ela olhou para o dragão de ouro brilhante finamente forjado contra o tecido preto. Com um dedo delicado, ela traçou o rabo, a cabeça e então olhou para ele com uma pergunta nos olhos. 

—Você me deu um dragão, Matador de Dragões?

—Eu vou matar todos os seus dragões, Catriona, por você ter reivindicado o coração do Matador de Dragões.— Os olhos dela ficaram desfocados e o pânico o atingiu.

Ele remexeu atrás do outro presente escondido, pegou a caixa de madeira e apresentou a ela.

—Outro? Ruard, é muito.

—Abra,— ele ordenou, esperando que ela entendesse.

Com cuidado, ela destravou o fecho de metal, levantou a tampa, e riu alto. 

—É uma agulha. Preciosa e adorável, mas uma agulha, no entanto.

—Você nunca vai enfiar outra. Contrate outras pessoas para executar a tarefa.

—Por quê?

—Quando entrei para a câmara quando você e Helene estavam confinadas naquele dia, você estava enfiando uma linha na agulha. Demorou apenas um segundo para passar a linha pelo buraco.

—Mulheres costumam passar linhas pelos buracos.— Ela inclinou a cabeça e um brilho diabólico dançou em seus olhos escuros.

—Mas isso demorou menos que tomar um fôlego.—Ruard endireitou-se e cerrou os punhos. —Minha esposa não vai enfiar uma linha na agulha de novo. A não ser que ela leve uma manhã inteira, ou talvez uma semana.

 

 

[1] Um grupo de antigos guerreiros nórdicos lendários por sua selvageria e fúria imprudente na batalha.

 

 

                                                                                                    Jianne Carlo

 

 

 

                                          Voltar a Série

 

 

 

                                       

O melhor da literatura para todos os gostos e idades