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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


O PROFISSIONAL 2 / Kresley Cole
O PROFISSIONAL 2 / Kresley Cole

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

— Espere! — Recuei de Sevastyan quando ele avançou para mim através do ondulante vapor. Parecia disposto a tirar minhas roupas molhadas.

Presa em uma sauna sensual, nua, com um executor fora dos limites que por acaso estava me dando água na boca: o que possivelmente poderia dar errado?

E Sevastyan estava completamente preparado para aproveitar a tempestade. O fogo da sauna estava aceso antes de chegarmos. Ele insinuou sobre o planejamento de minha sedução, o que me fez pensar...

— O que deu em você, Siberiano? Conheço as regras, não deveríamos estar brincando um com o outro.

Em um tom baixo, com as palavras soando como uma promessa, ele disse.

— Não tenho nenhuma intenção de brincar com você.

Eu franzi a testa.

— Mas foi por isso que me evitou, não é? Porque não queria se arriscar a ficar colado comigo. Então o que é isto?

— É simples, — ele estava quase em cima de mim, — você está congelando quando posso aquecê-la.

Quando me esquivei, ele levantou as mãos, como se para mostrar que não me forçaria a nada.

Rolei os olhos. Como se nunca tivesse.

— Então precisarei tornar mais quente aqui. — Ele retornou ao fogo. Depois de aumentar o calor e o vapor, sentou-se em um banco próximo e começou a se despir, suas maneiras casuais.

 

 

 

 

Fiquei extasiada quando ele desabotoou a camisa com aqueles dedos anelados. Não sei se foi a vodca em meu estomago ou um rolo de excitação crescendo, que estava me aquecendo mais, apenas soube que meu frio tinha tudo, menos desaparecido.

Quando ele retirou o tecido molhado, os músculos de seus braços e ombros ondularam, aquelas tatuagens austeras atravessando seu peito flexionado.

Eu tinha pesquisado mais sobre aquelas marcas nele. As duas estrelas significavam que era um criminoso aristocrata, um homem que tinha se aproximado dos altos escalões da Bratva. Aquelas em seus dedos significavam que foi um ladrão e um assassino. Mas também vi cicatrizes que não notei no avião, uma que deveria ser de um ferimento à bala em seu flanco, e outra cortando abaixo na parte de trás de seu braço, que parecia com um ferimento de faca.

Mais lembranças de quanta dor seu corpo recebeu. No entanto, estas cicatrizes não diminuíam sua atração; exatamente o oposto.

Ele levantou o queixo orgulhoso. O bastardo sabia o quão bom seu corpo parecia.

Quão másculo.

Quão sexual.

Encontrei meus pés me levando mais próxima dele, minhas mãos coçando para tocar sua pele úmida. Que mulher poderia resistir-lhe?

Uma mulher melhor que eu.

Antes de perceber isto, me sentei no banco aos pés dele. Senti-me obrigada a dizer.

— Não quero isto.

Ele ergueu as sobrancelhas. Oh, verdade?

— Tire sua jaqueta.

Engolindo em seco, eu fiz. Minha blusa de seda marfim era transparente, meus mamilos duros e as aréolas coral visíveis através de meu sutiã de renda branco.

Quando ele fez um som baixo de apreciação, admiti.

— Estou assustada.

— Comigo?

Nunca. Balancei a cabeça.

— Estou assustada com o que isto significa. Pelo que entendo, se continuarmos nos divertindo, você vai ficar permanentemente preso a mim. Assim como poderia também deslizar um anel em meu dedo. Especialmente se fizermos sexo.

— Você me deixou preocupado com isto.

Talvez a ameaça mútua de assumir responsabilidades tenha sido exagerada? Como quando os pais dizem às crianças “Vá para fora com o cabelo molhado, e pegará um resfriado”; “Divirta-se com um executor, e estará presa para sempre”.

Sevastyan nunca correria o risco de um futuro eterno comigo, certo? E se eu permanecesse uma virgem depois deste encontro, seguramente estaria isenta de quaisquer regras lógicas da máfia.

Mas talvez meu cérebro estivesse se agarrando a qualquer desculpa para fazer este interlúdio acontecer. A névoa impregnando o ar, fazendo tudo parecer como um sonho. E não era mais fácil ser imprudente nos sonhos?

— O que quer de mim, Sevastyan?

Ele estendeu a mão para agarrar meus tornozelos e os colocou sobre seu colo, fazendo-me virar para ele.

— Você confia em mim, milaya moya? — Meu doce.

Tirando uma de minhas botas e as meias que acompanhavam.

— Por alguma razão, eu confio. — Tirando a outra.

Então estendeu a mão para desabotoar minha blusa com aqueles dedos tatuados. Eu ainda estava considerando uma saída estratégica, até que peguei seu cheiro másculo.

Tempo esgotado. Estava drogada.

Quando me guiou, encolhi os ombros para fora de minha blusa grudenta, deixando meu sutiã, que realçava meus seios mais do que os escondia.

Seu olhar caiu, e ele esfregou a palma sobre a boca.

— Você controla esta situação, Natalya. — Disse, sua voz me acalmando até que eu estava olhando para os lábios dele. — Diga-me o que quer.

Antes que pudesse pensar melhor sobre isto, fui dizendo-lhe a verdade.

— Mais.

Segurando meu rosto com ambas as mãos, ele roçou os dedos polegares sobre minhas bochechas.

— Então lhe darei prazer assim como também preciso, como você precisa de mim.

Não sabia o que aquilo significava, sabia apenas que soava necessário e crítico. Como a respiração.

— Mas não posso dormir com você.

Ele tirou as mãos, estreitando os olhos com uma labareda flagrante de raiva.

— Tudo que pode pensar é sobre preservar sua saída? Então fique certa de que não a foderei até que me implore. Mas se não for forte o suficiente para resistir a mim, então isto é com você. — Ele disse, repetindo o que eu lhe disse no avião.

Não implorar igualava-se a nenhum sexo? Podia resistir a implorar. Então eu estaria no controle.

— Se não é sexo, então o que tem em mente?

— Vou dar-lhe ordens, e quero que as siga a risca. — Um cintilar de pura luxúria acompanhou as palavras ásperas dele.

O quanto ele precisava disso! A ideia de cumprir os “interesses particulares” dele limpou minha mente de resistir. Tornou meu corpo flexível, minha vontade fraca.

Ele queria me comandar; eu queria isto também.

Ele me puxou para mais perto para me sentar no colo dele, até que nossos rostos estivessem a centímetros de distância, nossas respirações se misturando. Ele beliscou meu lábio inferior, apenas para acalmá-lo com a língua. Quando inclinou a boca sobre a minha, suspirei derrotada e dei boas-vindas ao seu beijo sensual.

Quando nossas línguas começaram a se enroscar, estava vagamente ciente de que minhas calças pareceram derreter. O choque de meus seios nus contra a pele quente e ardente dele me despertou. Enquanto ele ainda vestia as calças, estava apenas com minha calcinha.

Ele rompeu o beijo, erguendo-me de seu colo.

— Aqui, deite-se.

Minha primeira ordem. O banco tinha cerca de sessenta centímetros mais ou menos, com ripas polidas. Podia deitar nele confortavelmente, mas suspeitei de que conforto não era a primeira preocupação de Sevastyan. Engolindo em seco nervosa, reclinei-me.

Ele estendeu a mão para puxar minha calcinha. Então me encarou.

Seus olhos dourados estavam iluminados com uma intensidade animalesca tão forte, que fez meu coração disparar.

Segui seu olhar enquanto ele o passava por cima do meu corpo nu, perguntando o que estava vendo que o afetava com tanta força. Minha pele normalmente pálida estava corada de excitação, e pontilhada com a névoa, até que parecia reluzir. Meus quadris inquietos não conseguiam parar de se mover.

Ele me quer obscura e profundamente, minha mente continuava repetindo. O que me irritou antes, agora me enlouquecia de excitação.

— Feche os olhos, Natalie. Não os abra. E permaneça onde está.

— Sevastyan...

— Eu dou as ordens. Você as obedece. Sdavaisya. — Entregue-se.

A Ansiedade elevou-se, mas não podia competir com minha ânsia. Depois que fechei os olhos, ele saiu da sala. Eu o ouvi no pré-banho. Foi buscar mais vodca?

Enquanto me perguntava o que ele estava fazendo, percebi uma alteração sobre mim. Qualquer intranquilidade persistente desapareceu sob uma enxurrada de sensações. Podia sentir aquelas gotas de névoa coletadas por toda minha pele, escorrendo pelos lados e encharcando meu umbigo. Meus mamilos enrugaram mais apertado com cada sussurro de vapor. O cheiro do fogo encheu meu nariz.

Meu cabelo pesado derramando sobre o fim do banco. Mordi meu lábio enquanto sentia o estrondo de um trovão na madeira abaixo de mim, uma vibração de meus saltos em minha cabeça.

Todos os meus sentidos estavam sobrecarregados.

Fiquei ainda mais molhada, meus lábios incharam entre minhas pernas. Queria espalhar minhas coxas, abri-las para ele. Ele disse que eu era bonita lá, lambeu toda a fenda e a dobra com uma fome voraz.

Precisava que voltasse! O que estava fazendo? A curiosidade me atormentando

Rasgando.

Fiquei tensa. Isso soava como pano sendo rasgado.

Rasgando... Rasgando... Rasgando...

Que diabos? Pensei que ouvia a água correndo também.

Quando o som de seus passos se aproximou, foi tudo o que pude fazer para não espiar.

— Fez como eu lhe pedi?

— Sim. — Minha voz tremeu com a palavra.

— Boa menina. — Ele roços suas juntas sobre meu queixo. De todas as minhas partes oferecidas a ele, acariciou meu rosto.

— Hum, o que você estava fazendo? — Podia imaginar os olhos dele seguindo os movimentos de seus dedos.

— Preparando. Quero seus braços sobre a cabeça.

Hesitante, os estiquei para trás; ele juntou meus pulsos.

Tremi quando amarrou o pano ao redor deles.

 

— Sevastyan, eu não sei. — Ele me descreveu como sendo indefesa. Disse que quereria fazer coisas sujas comigo.

Estava prestes a descer daquele cavalete mais uma vez? Para mergulhar neste encontro?

— Você pode me parar a qualquer momento, Natalie.

Você não pode parar uma queda livre, não pode parar...

— Mas se me obedecer, prometo que farei com que goze mais forte do que o fez.

Entretanto não via como isso poderia ser possível, até agora Sevastyan manteve todas as promessas. Qual a intenção dele de me fazer ter um orgasmo mais forte do que o no avião, ou no armário?

Agora tinha todo o incentivo do mundo para obedecê-lo.

Enquanto me agitava em antecipação, ele amarrou meus pulsos firmemente juntos, então os fixou em uma perna do banco.

Eu o senti se movendo novamente. Quando estendeu a mão sobre mim, a cabeça larga de seu pau deslizou sobre minha pele, roçando meus músculos do estômago. Ele estava nu? Apesar de querer muito vê-lo completamente nu, ainda assim fechei os olhos bem apertados, resistindo ao desejo de abri-los.

Ele me segurou por trás dos joelhos, curvando minhas pernas até que meus pés estivessem apoiados no banco.

— Deixe seus joelhos caírem para os lados.

Quando eu o fiz, podia sentir a névoa dançando sobre minha inchada boceta.

Ele inspirou, e eu soube que estava olhando fixamente para mim, lá. Estava tentada a fechar minhas pernas, mas ele murmurou asperamente.

— Ya sptryu na para shto prenodlezhit mne. — Estou olhando para o que é meu.

Neste momento, toda eu era dele.

Ele iria prender minhas pernas? Agora eu o queria. E então queria que ele fizesse coisas sujas comigo.

Esperava aquela sensação do pano ao redor dos meus tornozelos, ao invés disso, ele amarrou uma tira ao redor de um joelho. Não podia dizer o que estava fazendo. Estirando a tira para trás passando pelo banco?

Uma vez que firmou meu outro joelho, percebi que ambas minhas pernas estavam suspensas abertas e espalhadas, amarradas com uma faixa longa de pano. Se puxasse meu joelho direito, o meu esquerdo seria forçado a se erguer impossivelmente mais largo. Como uma balança.

Como dizer-lhe para parar? Que isto era demais?

— Olhe para você. Cachos vermelhos e lábios rechonchudos e rosas contra estas coxas brancas. Bonitas. — Minha boceta tremeu sob o olhar dele, e ele inalou fundo. — Sabe quanto desejei ver isto? Minha adorável Natalya atada para meu uso. — Sua voz caiu uma oitava mais baixa. — As coisas que farei com você.

Minha resistência pereceu com um gemido.

— Abra os olhos.

— Ok. — Eles se arregalaram a vista dele totalmente nu.

O fogo banhava seu corpo com luz, cintilando sobre as elevações e reentrâncias dos músculos. Gotas serpenteavam abaixo de seu torso, arrastando sobre os nervos. Minha boca abriu, meus lábios precisando arrastar por cada centímetro de sua brilhante pele.

Seus ombros e peitorais musculosos afilando até os cumes do estômago inflexível. Entre seu quadril estreito, seu pau se projetava avidamente. Ofeguei ao ver a cabeça firme e o corte coberto com gotas de pré-sémen, o comprimento expandido pulsando.

A visão dele operou uma resposta pulsando dentro de mim.

— Oh, Deus, oh, Deus. — Nunca quis alguma coisa mais do que queria aquele pau enterrado até o cabo dentro de mim. Mas não podia ter isto.

Desesperadamente precisava apertar minhas coxas juntas ou esfregar meu clitóris para aliviar esta dor. Quando puxei contra minhas amarras, percebi por que amarrou minhas pernas assim. Ele queria que eu pudesse me mover um pouco, assim podia observar-me lutar contra minhas amarras, que claramente o deixava mais excitado. Os lábios dele se separaram, seus olhos pareciam arder com fervor.

Uma vez que pude separar meus olhos dos dele, notei as outras tatuagens em seu corpo. Em cada joelhos dele tinha uma estrela poderosa combinando com aquelas em seu tórax. Sabia o que aquilo simbolizava: ele não se ajoelharia diante de nenhum homem.

Olhar fixamente para o corpo de Sevastyan era como olhar para o sol.

— Quero que veja a necessidade contra a qual estou batalhando. — Ele agarrou seu pau, roçando seu polegar sobre a cabeça, lustrando-a com a umidade. — Quero que veja o quanto a desejo.

Com sua outra mão, levantou sua última tira de pano. Até meu luxurioso estúpido cérebro sabia o que queria fazer com isto. Com segurança, segurou a parte de trás de minha cabeça, erguendo-a, assim podia amarrar o pano sobre meus olhos.

— E então, quero que não veja nada.

— Espere! — Ser amarrada deste jeito e sem ver nada?

Ele terminou de amarrar o laço.

— Melhor que sinta. Confie em mim para cuidar de você. Dizer-me o que quer.

Hesitei, então disse.

— Eu irei.

— Bom. Agora, arqueie suas costas e mantenha-a assim.

Uma vez que fiz isto, ouvi um chapinhar de água. Então a concha batendo na extremidade do balde?

Água fluiu sobre meu peito. Estava apenas um pouco quente demais, enquanto meus peitos a canalizavam diretamente até minha boceta.

Podia sentir o fluxo que escorria sobre meu clitóris. Podia sentir aquele gotejar sensual diretamente sobre minha abertura. Uma carícia íntima, líquida. Gemi, mantendo minha posição curvada com dificuldade.

Outro fluxo dançou sobre minha garganta. Como um colarinho.

Comecei a suar. Tão quente...

— Ahh! — Água gelada lambeu sobre meus seios. Ele foi do vapor ao gelo frio. Lutei para manter minhas costas curvadas enquanto ele mergulhava outra linha fria de um de meus mamilos para o outro.

Ele despejou mais abaixo pelo lado interno de minhas coxas espalhadas. Arrepios. Transpiração. Calafrios. Arquejos. Meu corpo não sabia como reagir.

Então frio diretamente entre minhas pernas.

— Sevastyan! — Inutilmente me contorci.

— Fique reta. Abra a boca.

Estava estremecendo, quando cegamente obedeci. A água fria bateu em minha língua. Engoli rapidamente, não tinha percebido o quão sedenta estava.

— Mais?

Nunca tinha bebido uma água tão deliciosa.

— Uh-huh.

O fluxo retornou, junto com a ponta do dedo dele, traçando meus lábios. Chupei o dedo, bebendo disso antes de ele puxá-lo para longe.

Então nada além de sons. O fogo crepitando. Minha respiração ofegante, a dele áspera. Momentos passando...

Contra meus lábios, senti a cabeça do pau dele. Ele estava regando minha boca como a água gotejando por seu comprimento. A visão de Sevastyan, canalizando a água ao longo do seu eixo para minha boca à espera... Oh, Deus, oh, Deus.

Estirei minha cabeça até bebê-lo, mas ele afastou aquela coroa deliciosa de minha língua. Puxei os pulsos para me soltar, precisando beber dele... mas ele me atormentou, esfregando a cabeça pelos meus lábios, em seguida afastando-se.

Outro contato esfregando, mais água fria. O mundo começou a desvanecer-se até que apenas Sevastyan existia.

Então a ausência. Nenhum contato. Estava para gritar quando seu dedo retornou. Chupei-o com força, rodando minha língua, deixando-o perceber o que faria com seu pau. Ele deve ter entendido a mensagem; um grunhido rompeu do peito dele.

Quando retirou o dedo, eu ofeguei.

— Por que está me provocando assim?

— Minha menina gananciosa quer mais?

— Sabe que quero!

Uma pressão contra meus lábios. Dele mesmo?

Sevastyan estava me beijando com leves batidinhas de sua língua contra a minha, buscando. Gemi em sua boca, mas ele manteve o ritmo lento, lânguido, colocando a mão contra o lado do meu rosto. Quebrou o beijo para roçar levemente seus lábios contra minha bochecha, meu queixo, ao longo do meu pescoço, em seguida de volta para minha boca à espera, pegando minha língua na dele.

O mais terno e romântico beijo que já recebi.

Como se ele me estimasse.

Ele prendeu-me para usar meu corpo, então me deu um beijo de amante.

Homem enlouquecedor! Enquanto os lábios dele e a língua vagarosamente reivindicavam os meus, me debati contra minhas amarras, desesperada para segurar a cabeça dele, enterrar meus dedos em seus cabelos, assim poderia segurar a boca dele na minha.

Temia perder a cabeça antes da tarde terminar. E possivelmente minha virgindade. Confiava no que ele disse, sobre não me foder até que eu implorasse? Sim. Mas confiava na minha promessa de não implorar?

Talvez não fosse forte o suficiente para resistir a ele.

Ele afastou-se, escovando meus cabelos da minha testa, apenas ajustando minha venda.

— Adorável pequena Natalya.

Eu gaguejei.

— Como tem tanto controle?

— Fiz uma promessa a você de que gozaria mais do que já tinha feito antes. Mantenho minhas promessas para você. Agora, abra a boca novamente.

Avidamente o fiz, lambendo meus lábios para qualquer coisa que quisesse pôr entre eles...

Seu pau. Sem a água. Permitindo-me saboreá-lo melhor. Ansiosamente lambi a cabeça larga, passando a língua pela fenda úmida no meio.

Quando ele se afastou, eu me debati novamente.

— Nãooo!

Com uma mão, ele enjaulou minha garganta, com a outra, apertou com o dedo um mamilo.

— Parada.

De alguma maneira me acalmei. Então outra sensação contra minha boca. Uma carne firmemente ondulada. Quando percebi o que me deu desta vez, me calei, gemendo contra seus testículos, minha língua esmagando os cumes. Em meu frenesi, chupei um completamente entre meus lábios, tentando pegar o outro.

— Uhn! — Ele gemeu longo e baixo. — Menina gananciosa. — Repetiu.

Novamente ele se afastou, privando-me. De sua pele, sua carne, seu sexo, sua boca. Privou-me deste mundo que tinha criado, onde ele era tudo. O que faria a seguir? Como me tocaria?

Senti a boca dele em meu seio, arrastando beijos em direção ao meu mamilo. Iria me atormentar como fez no avião, evitando os bicos...?

No entanto, enquanto lambia os globos de meus seios, beliscava ambos os mamilos. Com força.

Mais forte. Apertando para baixo nos bicos. Era doloroso, delicioso também.

Ele murmurou asperamente.

— Você gosta disso.

— Oh, Deus. — Gemi enquanto ele os puxava...

Apenas para soltá-los abruptamente.

Ele se debruçou, a boca e a língua enrolando ao redor de um mamilo, suavemente chupando, como se beijando para afagar uma dor. Quando o soltou, me torci para arquear meu outro seio para ele.

Uma risada sombria soou contra minha pele, mas ele me restringiu. Uma vez que começou a traçar os lábios sobre meu torso, deixando ambos meus mamilos doloridos e úmidos com seu rastro, me deixou à beira de gozar.

Alcançando meu umbigo, circulou-o com movimentos de sua língua, em seguida me beijou como se estivesse bebendo de mim. Quando a boca dele mergulhou mais baixo, ele colocou as mãos sobre minhas coxas, seus dedos estirando minha vulva. Como fez no milharal.

Lendo minha mente, ele disse.

— Imaginei aquela noite terminando de forma diferente. Fantasiei que você queria que a fodesse lá, debaixo da lua. — Separou meus lábios com um toque de certeza. Podia sentir como estava encharcada, como minhas dobras queimavam.

Seu dedo seguiu a junção molhada, fazendo-me tremer.

— Ty takaya nezhnaya. — Você é tão macia. — Tão bonita aqui. — Meu quadril empurrou faminto, minha exposta boceta vazia. — Como poderia não querer devorá-la a cada oportunidade? — Ele segurou minha bunda. Com os dedos alargados em todo minha nádega, ergueu-me até a boca como uma tigela, em seguida correu a ponta da língua do meu núcleo até meu clitóris.

— Oh, Deus, sim!

Um dedo entrou em mim enquanto me lambia. Em seguida estalou um segundo dentro. Mas os removeu logo, rápido demais...

— Quer saber o que é o paraíso para mim? — Aqueles dedos mergulharam brevemente em minha boca para que eu chupasse.

Meu gosto! Meu gosto era o paraíso para ele. Como pude me transformar tanto? Novamente ele afastou aqueles dedos muito cedo.

Atento completamente à minha boceta, ele me aninhou, então arrastou meu clitóris entre seus lábios, mamando nele muito suavemente. Meu corpo inteiro estava tremendo. Encarcerando-me com seu agarre, e sua boca, me mantendo a beira de gozar com uma perita crueldade.

Quando a sucção finalmente aumentou, o broto inchou até que pulsava contra sua língua. Tão perto. tão perto.

Ele soltou-o com um som molhado.

— Não, não pare! — Era um conjunto de sensações tão insuportáveis, que podia sentir a névoa descendo nisto.

Como se fosse seu brinquedo, ele soprou nele. Brincou com ele. Atormentou-o entre seus dentes.

— Tão minúsculo e tão delicioso. — Disse com uma voz rouca. — E isto fará com que faça coisas para mim que nunca sonhou.

Meus dedões dos pés enrolaram, meus punhos cerraram. Quanto tempo me manteria nesta miséria? Não sabia se passaram-se minutos ou horas.

— É demais! — O quanto poderia ser tão excruciante o prazer ilimitado?

Ele chupou-me muito mais forte. Até que enfim! Devia dizer-lhe que estava prestes a cair da borda? Ele me privaria de meu orgasmo, da mesma maneira que teve todo o resto. Esconder o quão você está perto. Não deixe-o saber...

— Se gozar antes que eu lhe dê permissão, será castigada.

Eu me retorci de frustração. Negar um orgasmo, assim como tinha lido sobre isto.

—Eu-eu preciso gozar. Por favor.

— Diga isto em russo. Adoro está palavra vinda de você.

— Pozhaluista!

— Aprecie mais do meu beijo. — Senti as respirações irregulares dele contra minha abertura espalhada. — Mas não goze.

Lambidas ferozes sobre meu clitóris arrancaram um grito desesperado de meus pulmões. Tarde demais. Não pude resistir a isto. A onda estava me sobrecarregando...

— Você está gozando? — Com um grunhido de irritação, ele chupou mais forte para que eu terminasse, me lambendo ao mesmo tempo. Meu corpo retorceu contra minhas amarras, as pernas se esticando, o quadril resistindo desenfreadamente à boca dele. Porra. Caralho. Chupe-me mais forte. Arranque de mim o orgasmo mais poderoso que jamais imaginei.

Assim como ele prometeu.

Como antes, minha mente estava... se restabelecendo.

Eu me recostei, recuperando-me do impressionante prazer, mas não satisfeita. Ao invés de apagar o fogo, o orgasmo acabou de despencar, o suficiente para meus pensamentos clarearem um pouco. Para que eu apreciasse melhor o que ele estava fazendo comigo.

Apreciar minha posição submissa. Minha felicidade. Seu domínio.

Enquanto me retorcia depois dos tremores, ele continuou a acalmar-me, saboreando.

— Saboreio seu gozo... Podia lambê-la para sempre. — Sua voz soava cansada. — Mas você gozou antes que eu permitisse, Moyá plohaya devchonka. — Isso significa “minha garotinha malvada”. Assim como impertinente ou... perversa.

E eu era. Para ele, eu era.

Ele afastou-se

— Vou ter que começar de novo, para que fique selvagem novamente. Você está pronta para seu castigo?

Em uma parte escura de meu cérebro, reconheci que ele armou para que eu fosse castigada, que sempre iria cair nesta, porque ele jogava joguinhos.

Ele estava jogando com apostas mais altas do que eu poderia me dar ao luxo de perder?

 

— Estou pronta. — Eu acho. Não reconheci minha voz de bêbada. Ficou áspera dos meus gritos?

Ouvi um sussurro e meus olhos arregalaram por trás de minha venda. Isso era um venik? Uma daquelas mini-vassouras? O que ele iria fazer com aquilo? Minhas perguntas enfraqueceram quando ele correu isto sobre meu seio.

As folhas molhadas escorregavam sobre os contornos de meus seios, a textura apenas deste lado áspero através de meus mamilos endurecidos. Com um grito, arqueei para cima...

Um tapinha. Ele chicoteou um de meus seios!

— Sevastyan! — Em seguida, outro. — O que você está...

E novamente! A aguilhoada continuava a intensificar, mas meus mamilos endureciam ainda mais, como se seduzindo para outro tapa, que prontamente ele deu.

Mais. E mais.

Quase exigi que ele parasse, mas tudo o que fez comigo no passado tinha sido muito arrasador para ser desperdiçado. Então friccionei meus dentes e recebi a dor dele.

Enquanto minha mente lutava para assimilar minhas... minhas chicotadas, ele esmagava aquelas folhas suaves sobre mim repetidamente, os sons das batidas altos no casulo da sauna.

Quando ofeguei e me agitei, a dor começou a se transformar em um tipo peculiar de prazer. Eu não poderia... desejar isto? Acabei desfrutando da surra severa dele no avião, mas ter meus seios trilhados com um implemento estava seriamente aumentando as apostas.

Então por que comecei a me erguer para receber cada golpe?

Ele me chicoteou até que meus empinados seios doessem, meus mamilos latejavam tanto quanto meu clitóris.

Mas não conseguia chegar perto disso. Ele estava retendo qualquer contato abaixo de minha cintura, mais castigo por vir; sabia disso como se ele tivesse me dito.

— Toque-me, Sevastyan! — Minhas paredes internas apertavam vazias. — Tenho que gozar novamente.

— Você me quer dentro de você?

Eu gemi, apenas recordando por que era tão importante não fazer sexo.

— Oh, Deus... Eu não... Eu não posso... — Meu desejoso estúpido cérebro, patinando as rodas, não ganhando nenhuma tração.

— Se você se tornasse minha, não a deixaria ir. — As palavras dele estavam entrecortadas, como se ele estivesse reprimindo um frenesi. — Entenda-me, se eu for seu primeiro amante, serei o último. — O tom de voz conclusivo me gelou. — E mataria qualquer homem que pensasse em tocar o que é meu.

Permanente.

— Implore-me para fodê-la. — Ele chicoteou meu seio direito.

Armadilha!

Em minha mente, eu o via preparado, prestes a me capturar, acorrentar-me para sempre. O caçador prestes a atacar. Isto era o que ele esperava.

Isto. Por que agora? Por que eu?

— Implore Natalya.

Não conseguia pensar!

— N-não?

Silêncio. Finalmente: — O que você disse?

— Não posso. Não a menos que você possa dizer-me que serei apenas sexo. Sem amarras.

— Disse que você controlava esta situação. — O tom ficou sinistro, ele falou em tom áspero. — Mas eu a controlo. Posso fazê-la implorar.

Eu sussurrei.

— Eu sei.

Minha admissão pareceu moderar um pouco da raiva dele.

— Então por que nos nega, milaya?

— É tudo demasiado. Eu apenas... não posso.

— Então não vou foder com você até que me implore, para sair deste tormento. Porque estou jogando para ganhar. — Ele faz as regras. — Isto é mais do que apenas prazer para mim. — Outra batida do venik.

— Sevastyan, eu não sei... não sei quanto tempo mais posso aguentar isto. — Apenas quando eu estava para implorar por misericórdia, ou desmaiar, senti a pressão em meu núcleo. Um objeto morno, bulboso cutucava contra minha abertura. Apesar do que disse, ele iria foder-me?

Não... isso não era ele... oh, querido Deus, isto era a alça polida da concha? Eu gemi. — V-você não pode. — Não consegui pensar, porque ele começou me penetrar lentamente. — Você está... está fazendo isto para me espezinhar? — Homem diabólico!

— Prometi-lhe prazer incomparável, apesar de você ter me tirado meu meio mais eficaz. Venha agora, bichinho, disse que precisava de algo dentro de você.

Eu queira. E queria isto mais fundo, mas ele meramente bombeava com impulsos superficiais, até que minha cabeça pendeu. Ele evitava meu clitóris completamente, mais castigo. Ainda assim, estava prestes a gozar.

Batida. Mesmo enquanto fodia minha boceta com a alça, ele chicoteava meus suaves seios. Naquele momento, não conseguia decidir qual a estimulação eu mataria para ter mais.

Eu ansiava a marca de dor que este homem me dava.

— Dobre-se para mim. — A tensão em sua voz fez meus dedões dos pés enrolarem. Ele me chicoteava; empurrava em meu canal resistente. Ele me enlouquecia. — Quando ordenar que goze, obedeça.

Impulso, impulso, impulso para os sons destacados de minhas chicoteadas.

Solucei com a intensidade. Ficando tonta. Eufórica.

— Sevastyan, oh Deus, por favor. — Um gemido agudo irrompeu de meus pulmões.

— Ah mulher, seus sons! Goze por mim. Agora.

Caí da borda. As contrações profundas no núcleo me fizeram gritar com abandono, me fez forçar as amarras enquanto meu corpo se contraía.

Perdida dentro da agonia, ouvi eu mesma confessando coisas, como sonhei com ele me fodendo. Quanto ansiava para tê-lo em minha boca. Como me masturbei fantasiando com ele.

Cada admissão era pontuada pelos gemidos irregulares dele.

Quando o prazer finalmente cedeu, o coração parando bem antes do orgasmo parar, fui ficando insensata, lutando para recuperar o fôlego. Para processar o que ele tinha acabado de me fazer sentir.

Com um beijo amoroso contra minha coxa, suavemente removeu a alça, deixando-me vazia mais uma vez. No entanto, percebi que ainda não estava satisfeita, que esta necessidade tinha apenas crescido. Onde esta loucura iria acabar? Como ele podia me transformar nesta criatura irracional?

Enquanto ele continuasse demonstrando tal controle, eu seria uma escrava de sensações. Para ele.

E ele não disse que queria me transformar em sua escrava?

Eu o senti desatar minha venda.

— Olhe para si mesma. — Ele comandou.

Pisquei para baixo. Não reconhecendo a mim mesma. Este era corpo de uma estranha. Sua pele pálida estava rosada e escorregadia de suor. Mechas de cabelos vermelhos escuros serpenteavam sobre os seios pesados, enrolando ao redor dos mamilos salientes, lascivamente. Seu pequeno clitóris estava tão inchado que se projetava de sua vulva.

Esta estranha era um retrato da perversa necessidade. Ela parecia com se tivesse sido usada. Da mesma maneira que Sevastyan disse.

Não uma estranha.

Eu.

Revelação. A venda tinha saído, e eu tinha sido revelada, uma nova eu que não sabia que poderia existir. Olhei para meus mamilos abusados espantada, olhando fixamente como se em transe.

Quando o gemido dele afastou meu olhar fixo, retorci minha cabeça na direção dele.

Ele foi revelado também. Da mesma maneira que meu corpo mudou, o dele também tinha. Os músculos dele estavam incrivelmente maiores, vincados com tensão sob a pele escorregadia pela nevoa.

Mas nada podia competir com a visão de seu pau magnífico. Seu eixo estava inchado, como se implorando para ser enterrado dentro da carne quente. À luz do fogo, a umidade brilhava sobre a cabeça cor de ameixa, fazendo minha boca encher d’água.

Ele era... um deus, com a pele polida pelo fogo.

Quando consegui arrastar meu olhar pelo corpo dele, embebi na visão de seu rosto. Seus lábios estavam afinados, aquela cicatriz de um corte de navalha, esbranquiçada. Seus cabelos molhados enrolados sobre suas bochechas magras e coradas. Seu rosto nobre estava cheio com dor.

Uma dor ganhada enquanto entregava meu prazer.

E em seu ardente olhar estava sua própria loucura. Um anseio profundo até os ossos, que chamavam por mim.

Com seu forte sotaque, ele cuspiu uma palavra: Obcecado.

Não sabia se ele estava falando sobre si mesmo ou sobre mim. Não sabia se foi uma pergunta ou uma resposta. Imaginando que isto era a palavra mais importante dos pensamentos dele, respondi com a minha mais importante: Revelação.

Suas sobrancelhas arquearam, e ele silvou.

— Sim. — Quando ele agarrou a amarra em meus pulsos, seu pau deslizou através de minha barriga sensível, e fluiu pré-sêmen da ponta. Era como um insulto, uma lembrança do que me foi negado, atiçando meu desejo ainda mais. Ainda estava chiando no lado de dentro, fervendo por ele.

— E nós não terminamos. — Ele prometeu. Ele soltou o laço, o suficiente para que eu eventualmente livrasse minhas mãos, em seguida afastou-se. Inclinando-se para trás contra a parede, ele começou a masturbar, seu pau de dar água na boca.

Fiquei paralisada pela visão erótica: um deus, vibrando com a necessidade, o auto-prazer.

Então percebi que ele queria me privar mais uma vez.

— Não, pare! — Enlouquecida por ele, lutei para me livrar do resto do caminho, enquanto ele me observava com olhos dourados.

Sempre me observando.

Enquanto lentamente ele se fodia com seu punho, uma gota brilhante brotou da coroa. Meus olhos o seguiram enquanto ela deslizava até a extremidade de sua mão, e eu quis chorar. Puxei com mais força, o pânico deixando minhas mãos desajeitadas. — Por favor, pare! — Estava faminta para ele. Selvagem, com fome. Mordi meu lábio inferior, tentando protelá-lo.

Ele não parou, apenas continuou a me torturar com o que eu não podia ter. Estando tão perto dele, mas ainda assim mantida separada? Isto estava me matando.

— Por favor, espere por mim! — Não estava meramente sendo estúpida com a luxúria, estava doente com isto, febril. — Preciso de você!

Então ele falou.

— O que está sentindo agora... eu sempre sinto. Desde que a vi pela primeira vez.

O modo que me senti agora?

Como ele sobreviveu a isto por tanto tempo?

Mas não tínhamos que nos sentir daquele modo mais. Arranhei os laços, livrando minhas mãos! Nunca desviando os olhos dele, de seu punho se torcendo e os músculos ondulando, comecei a rasgar os laços ao redor meus joelhos.

— Por favor, espere... 

E então eu estava livre.

As sobrancelhas arquearam, ele gemeu em antecipação, com... dor.

Eu podia aliviar isto. Devorá-lo. Drená-lo. Ignorando as pontadas em meus músculos, me movimentei.

Uma fração de segundo mais tarde eu estava de joelhos diante dele, minhas unhas embutidas em seu peitoral, seu comprimento chupado no fundo de minha garganta.

Seu rugido agitou o quarto como um trovão. Enquanto ele continuava a gritar para o teto, banhei seu pau com minha língua, adorando-o. Empalando minha garganta com aquela cabeça larga. Gemendo com cada pitada de sêmen.

Grudei minhas unhas sob seu torso, então usei uma mão para apertar sua bunda, a outra para agarrar seus pesados testículos.

Ele enterrou os dedos em meu cabelo. Em uma voz tão áspera que mal a reconheci, murmurou em russo para mim.

Ordenando-me a continuar ordenhá-lo com minha faminta boquinha.

Informando-me que ficaria feliz em matar para me possuir.

Declarando que meu corpo pertencia apenas a ele.

Suas palavras descuidadas estavam prestes a me deixar no limite, quando ele falou asperamente.

— Você esperará por mim... esperará por meu sêmen em sua língua.

Seu saco escuro apertado em minha palma enquanto o corpo dele se preparava para gozar. Não pensei que a circunferência carnosa de seu pau pudesse ficar mais espessa entre meus lábios. Então ficou. Aquela inchação de sêmen estava logo abaixo da coroa.

— Olhe para mim, milaya.

Olhei para cima para encontrá-lo congelado, seu rosto uma máscara de agonia, seu corpo capturado em tensão perfeita. Enquanto eu o lambia, nossos olhares se encontraram. Pelo que pareceu uma eternidade, nós estávamos mantidos em suspense.

Então ao som de seu berro angustiado, calor espirrou contra a parte de trás de minha garganta.

Ele começou a empurrar furiosamente. Agarrei sua bunda com ambas as minhas mãos para sentir seus músculos flexionados, enquanto ele trabalhava para gastar até a última gota dentro de mim.

— Você... — impulso —... é... — impulso — ... minha.

Com seu esperma em minha língua, minha permissão, inseri meus dedos em meu clitóris e dei um golpe escorregadio sensual.

Orgasmo. Explodindo. O êxtase explodindo. Os dedos arrancando isto, retorcendo mais espasmos. Fodendo. Fodendo! As lágrimas fluíram abaixo em meu rosto enquanto eu o engolia, bebendo até que estivesse vazio e estremecendo, roçando minha boceta até que estava muito sensível para mais...

Ainda suavemente o chupando, descansei minha bochecha contra sua coxa. Com ternura infinita, ele acariciou meu rosto. Agora eu estava satisfeita.

Quando seu pau amoleceu escapando de minha boca, uma gota de sêmen escorreu por meu queixo. Ele recolheu isto com seu polegar. Com uma expressão como temor em seu rosto, ele devolveu isto para minha língua em espera.

Quando olhei para ele e chupei seu polegar, seus olhos escureceram com possessão.

Profundo. Brutal. Interminável.

Ele me fitou como se eu fosse uma coisa aprisionada, já dele para desfrutar.

Interminável. Interminável. Interminável.

Querido Deus, o que eu fiz?

 

Quando a realidade começou a se restabelecer, eu estava com as pernas bambas.

Precisava ficar longe deste homem, que tinha mais controle sobre minhas emoções e desejos do que já tive. Este homem, que tinha me transformado para sempre, mostrando-me coisas que nunca poderia esquecer.

Nunca poderia deixar de sentir.

Não tinha decidido me tornar uma escrava, ele me fez uma.

Quase tinha tido relações sexuais com ele. Quase coloquei um anel em meu dedo. No entanto, não o conhecia. Não conhecia seu passado, sua família, ou até mesmo o que gostava de fazer no seu tempo livre.

Não sabia se éramos compatíveis além do sexo.

— Não. Não, Natalie. — Ele me agarrou. — Não acorde ainda.

Alguma parte minha, obscura, não queria despertar. Apertei minha testa, despedaçada. Estava atordoada de calor, do prazer que alterava a vida.

Quando ele pegou minha mão e começou a me levar em direção à pequena piscina, permiti isto. Embrulhou seus braços ao meu redor, em seguida nos colocou dentro.

Tremi com a temperatura, mas eu precisava disso, não tinha percebido o quanto estava superaquecida. Ele me colocou em pé na água, na altura da cintura, então se inclinou para pressionar seus lábios nos meus.

Empurrei o peito dele, mas ele me segurou perto, saboreando minha boca com a dele, persuadindo com a língua para me fazer esquecer de mim mesma...

Perdida em êxtase novamente, estava vagamente consciente de que ele estava me limpando, me conhecendo. Uma grande mão acariciando entre as minhas pernas. Outra amassando um dos meus seios. Sem pressa, como se tivesse todo o tempo do mundo.

Exatamente quando eu estava ficando gelada novamente, ele me levou para fora. Antes que pudesse formular um protesto, estava me secando com uma toalha. Queria dizer-lhe para parar, deixar-me sozinha. Apenas para que eu processasse tudo o que fez comigo.

Mas estava distraída por seu baixo rosnando soando enquanto cuidava de mim, secando meus seios, suavemente roçando os cachos entre minhas pernas. Seu eixo endureceu novamente, balançando com seus movimentos.

Estávamos prestes a começar tudo de novo? Eu não tinha aprendido nada? Em todos estes interlúdios com Sevastyan, não tinha sido Natalie. Eu tinha sido Natalya. E essa vadia sem cérebro não parecia aprender nada.

Afastei-me dele, virando para procurar por minhas roupas.

— Preciso me vestir. Nós precisamos.

— Não faça isto. — Ele murmurou pelas minhas costas.

— Outro comando? — Pegando um roupão para mim, lancei-lhe uma toalha.

Ele deve ter percebido que eu estava prestes a surtar, porque se cobriu, a enrolando em volta dos quadris estreitos.

— Você se arrependeu disso? — Sua voz estava cheia de descrença. — Não pode. Não vou permitir. — Como se ele não tivesse me chocado o bastante hoje, pegou-me em seus braços.

— O que está fazendo?

Ele sentou-se no banco, me embalando, segurando a parte de trás da minha cabeça em um abraço protetor.

Nada mais justo, já que me despedaçou hoje.

Encoberta pelo vapor, quase despedacei.

— Como pôde me transformar tanto? — Sussurrei contra sua orelha. — Como? — Ao ponto de achar que perdi a cabeça.

— Eu não o fiz. Apenas mostrei-lhe uma faceta diferente de você mesma.

Segurando-o com força, usando-o como uma tábua de salvação, enterrei meu rosto no lugar onde seu pescoço encontrava seu ombro.

— Por que está me mostrando essas coisas?

Ele não disse nada.

Afastei-me para olhar nos olhos dele, descobrindo que era impossível não beijar seu rosto. Meus lábios tocaram em cima da ponte de seu nariz torto, seu queixo, depois alisei a perfeição magra de suas bochechas. Ele me apertou com mais força contra ele, parecendo saborear essa atenção, esse meu carinho.

Entre beijos, perguntei.

— O que quer de mim?

Silêncio.

— O que você quis dizer sobre obsessão?

Ele desviou a cabeça.

— Oh! — Desembaracei-me dele e me ergui em pé, procurando por minhas roupas de baixo. — Você me enfurece! — Encontrei minha calcinha próxima ao fogo, quase seca pelo calor. Arrastei-me nelas.

Sutiã. Onde inferno estava meu... encontrei-o. Virei de costas para ele, tirei meu roupão, em seguida amarrei meu sutiã.

— Caralho, Natalie, não sei o que dizer a você para aliviar a maneira com se sente.

— Claro que não sabe. — Virei ao redor dele. — Porque não somos nada mais que estranhos! Não o conheço! — Com dificuldade, puxei minhas calças úmidas por minhas pernas.

— O que quer saber?

Tinha tantas perguntas. Como decidir por uma primeiro?

— Aquelas tatuagens em seus joelhos, elas significam que você não se ajoelhará diante de ninguém, não é? — De acordo com minha pesquisa. — Que indica que é dono de si mesmo.

— Isso não importa. Eu sigo Kovalev.

Sevastyan era tanto um aristocrata criminoso como meu pai. No entanto, outro detalhe que não tinha nenhuma ideia.

— Isto é tudo o que tem a dizer sobre isto? — Quando vi minha blusa, me lancei sobre ela.

— Não acho fácil de conversar sobre eu mesmo.

Meus dedos pararam sobre os botões.

— Bem, não foi fácil para eu deixá-lo me prender! Mas confiei em você nisto.

— Você voltaria atrás? Desfaria esta tarde se pudesse? — Ele coletou suas próprias roupas, começando a se vestir.

— Não sei, — admiti. — Não entendo isto, ou você. — Empurrei meu cabelo molhado para trás, amarrando-o em minha nuca. — Você me ignorou por semanas, então deu tudo de si hoje. Por que agora?

— Paxán achou, e eu concordei, que tudo estava sendo excessivo para você aqui.

Nunca senti pressão como eu tive aqui. Nunca.

— Quando lhe confessei que cruzei a linha com você, ele me pediu para lhe dar espaço para respirar por umas semanas. Disse que você era jovem, e que precisava deixá-la encontrar seu caminho. Então lhe dei minha palavra que daria espaço a você.

— Por umas semanas. — Isso tudo ficou claro. A contagem regressiva que senti.

Hoje foi meu décimo quarto dia em Berezka. O relógio tinha zerado.

— Tinha ordens de não falar com você em Nebraska; aqui fui proibido de procurá-la por algum tempo.

Nunca pensei sobre ele ter que esperar para encontrar-me ao longo daquele mês que tinha me espionado. Ele já admitiu que fantasiava comigo sexualmente, quando tinha me perseguido. Como é frustrante observar e nunca ser capaz de tocar.

Não, não, não, você está furiosa com ele, lembra-se?

— Acho que Paxán esperava que você quisesse Filip. Talvez eu também.

Não é de se admirar que Sevastyan tivesse ficado tão irritado quando pensou que Filip estava prestes a me beijar.

— Então o que acontece agora?

— Agora? — Ele vestiu as calças. — Agora que terminei, lhe darei espaço.

Será que ele estava brincando? Enquanto eu estudava o rosto dele, ouvi algo do lado de fora. Uma caminhonete?

— Sevastyan, tem alguém aqui?

Ele se sentou para puxar suas botas.

— Enquanto fui ver os cavalos, chamei o cavalariço e disse que viesse nos buscar em não menos que duas horas.

— Duas horas? Ele saberá o que fizemos! Vamos caminhar lá para fora e uma nuvem de vapor ondulará para fora, e ele saberá. Ou pensará que sabe, e dirá para todo mundo! Não importará que não dormimos juntos. Todo mundo acreditará que fizemos isto.

— Verdade.

Meus olhos arregalaram.

— Você fez isto de propósito. Para forçar um compromisso. Nós não fizemos sexo, mas poderíamos muito bem ter feito.

— Você está chateada pela perspectiva de ficar comigo?

— Disse a você que não gosto de tomar grandes decisões sob pressão.

— Então somos afortunados que a decisão foi tomado para você. — Enquanto eu ficava boquiaberta, ele disse — Fiz uma jogada para o que eu quero. — Sua expressão dizia tudo. Sua bunda é minha, e nós dois sabemos disto. — Não fiz nenhum segredo do que faria para possuí-la. Se esta é a única maneira, então que assim seja.

Eu enrijeci. Não exatamente uma aprovação minha. Ele estava tão frio, tão diferente de como esteve mais cedo. Porque ele ganhou. Ou pensava que tinha.

— O que acontece quando a excitação da perseguição desaparecer? E por que eu? De todas as mulheres bonitas que já namorou? Quero dizer, você está com trinta e poucos anos e nunca pensou em se acomodar antes.

Em vez de me responder, ele disse.

— Isto está feito, Natalie. Tudo dará certo se confiar em mim.

A voz do cavalariço soou do lado de fora.

Sevastyan puxou a camisa molhada, em seguida agarrou seu casaco.

— Direi a seu pai que estamos juntos. Quando ele falar com você, lhe dirá o mesmo.

Simples. Claro. Permanente.

Viver em um novo país, em um novo mundo, com um homem que mal conhecia. Em uma nova vida que não estava segura que era melhor do que a minha antiga.

— Confiar em você e tudo vai dar certo? Isto é apenas outro modo de dizer que você sabe o que é melhor para mim. Ou pior, que sabe melhor que eu.

— Neste caso, sei. Você não tem a experiência para entender isto que acabou de acontecer aqui, e no armário, e no avião, é uma exceção muito rara, não a regra.

Eu fiquei eriçada.

— Novamente, está dizendo que sabe melhor do que eu.

— Você é uma garota inteligente. Vai repensar tudo o que fizemos, e vai chegar à mesma conclusão que cheguei. — Ele se aproximou, inclinando-se para beijar o meu queixo e abaixo.

— E qu-que conclusão é essa? — Quando ele tinha descoberto o quão sensível meu pescoço era? Naquele ponto em particular...

Ele pressionou os lábios diretamente na minha pulsação, fazendo meus joelhos enfraquecerem.

— Eto ne izbezhno dlya nas. — Você e eu somos inevitáveis.

Foco, Natalie! Como eu poderia ainda desejá-lo, quando sua prepotência é insuportável?

— Um asteroide bater na terra é inevitável! Ou um vulcão ativo entrar em erupção. Coisas ruins são inevitáveis.

Recuando, ele olhou para mim.

— Não, as coisas são poderosas. — Ele disse, enquanto capturava minha mão para me arrastar para fora, para o mundo real.

 

Na entrada da frente da Berezka, Sevastyan me encaminhou para as portas. De repente, eu estava ciente de todas as atividades ao nosso redor. Era somente eu, ou os jardineiros pararam seu trabalho para observar Sevastyan e eu interagirmos?

Um casal de brigadeiros saiu da casa. Eles pararam abruptamente e olharam para minha aparência molhada, antes de uma advertência no olhar de Sevastyan fazê-los se esquivarem.

Voltando-se para mim, Sevastyan disse:

— Vou falar com Paxán depois do jantar.

Fiquei em silencio, meio ofuscada.

— Não aceitei isto. Você.

— Confie em mim, bichinho. — Ele enrolou o dedo indicador debaixo de meu queixo, em seguida inclinou-se até me dar um beijo que qualquer um poderia ver.

Qual era o plano que ele admitiu. Pensei que seria um breve beijo de adeus, um preço a contragosto que aceitaria para entrar em casa, tão depressa quanto possível.

Ao invés disso, Sevastyan pareceu disposto a iniciar aquele fogo dentro de mim, mais uma vez. Tomou minha boca ferozmente, deixando-me quente, movimentos de procura por sua língua. Era um beijo sujo e devorador, com o objetivo de matar minha resistência.

O que ele conseguiu.

As mãos dele desceram para meus quadris, apertando-me contra seu corpo, enquanto sua boca consumia a minha. Nossas línguas lutando até que eu estava segurando em seus ombros, querendo ficar ainda mais perto de seu calor inflexível.

Como sempre, o beijo dele teve uma maneira de deixar minha mente em branco, encher-me com uma sensação de que estava tudo bem, mesmo quando sabia que tudo estava desmoronando...

Quando ele finalmente escapou, deixando-me arquejando e agitada, ele sorriu maliciosamente.

— Minta para si mesma o quanto quiser, mas definitivamente você me aceitou. — A satisfação masculina emanava dele. Seu porte não estaria fora de ordem se estivesse em um pódio Olímpico.

Triunfante. Um macho vitorioso.

Era por isso que não conseguia afastar a sensação de que fui derrotada?

Quando abri a porta com passos cambaleantes, ele deu um tapinha na minha bunda. Lancei um confuso olhar sobre o ombro, surpresa tanto pelo tapinha amoroso inesperado, como também por este lado brincalhão.

— Vá para dentro e se aqueça, Natalie. E relaxe, isto é uma coisa boa.

Então ele se foi, deixando meus lábios contundidos e minha mente tumultuada. Perdida em meus pensamentos, fiz meu caminho para cima pelas escadas...

Tinha começado quando Filip entrou na minha frente no corredor.

Havia fúria em seus olhos.

— Divertiu-se com o cão de guarda?

 

— Estive tão preocupada com você! — Jess exclamou quando liguei para ela naquela noite.

— Verdade? — Eu meio que fiquei preocupada comigo mesma, depois da crise de Filip há algumas horas atrás. — O que aconteceu?

— Nossa sei lá, talvez o fato de que certo assassino da máfia carregou minha melhor amiga.

Oh, isto.

— Então por que não me ligou no novo número que lhe dei?

— Como inferno se liga da Grécia para a Rússia? É como tentar entender a porra da relatividade. E ainda, dei-lhe várias doses. De ouzo. Sério, você não tem ideia quanto sua situação está me afetando. Tive stress de comida em meu caminho através da Grécia.

Eu franzi o cenho.

— Você não tem stress para comer...

— Pau, Natalie. Eu estava com stress para comer um pau. Pronto, você me fez dizer isto, feliz agora?

— Opa!

— Pentelha.

— Vadia. — Apesar de meu mau humor, tive que sorrir. — Acho que sua viagem foi um sucesso.

— Claro que foi. Mas não quero falar sobre mim, Riquinha. Quero saber se está segura.

Defina “segura”.

— Estou perfeitamente bem.

Ela acreditou em minha palavra.

— Então me dê os detalhes! Conte-me tudo sobre seu gângster rumspringa[1].

Como começar? Sentei-me em frente de minha penteadeira, olhando fixamente para meu reflexo. Estava de voltava para minha antiga Natalie, nenhum indício da Natalya, mas se fosse fantasiosa, diria que meus olhos estavam mais... conhecedores.

— Pode não ser apenas o rumspringa. Kovalev quer que eu fique. — Qualquer outra mulher mataria por uma oportunidade de viver em um lugar como este, conhecer seu pai e estudar em uma nova universidade.

Estar com um homem tão glorioso e sensual quanto Sevastyan.

Silêncio no telefone de Jess. Então finalmente:

— E você está pensando realmente nesta perspectiva?

— Estou sentindo, ah, um pouco de pressão para ficar. — Contei a ela sobre as últimas duas semanas, a quantidade louca de presentes, minha fobia crescente de grande quantidade de dinheiro, e o perigo eminente.

Quando terminei, ela disse.

— Você não mencionou o unicórnio na pele de lutador.

— Acho que se pode dizer que começamos um... envolvimento. — Como explicar esta situação confusa? A natureza complicada de Sevastyan? — Com ele, tudo é extremo, — assim como Paxán tinha dito. — O homem é extremamente sensual, complexo, enfurecedor. Às vezes sinto como se já estivesse apaixonada por ele; às vezes sinto como se devesse correr para outro lado. Resumindo, estou extremamente confusa. — Detalhei para ela os destaques de nossa relação e o espectro da situação difícil, em seguida disse-lhe tim-tim por tim-tim do que aconteceu no banya.

— Isto é tão excitante! Você acabou de me deixar molhada. Checo, checo, checo.

— Está falando sério? A conversa de bondage e chicotear nem ao menos a fez levantar uma sobrancelha?

— Dá licença. Nada entre adultos consensuais me perturba. — Como esperado, ela concentrou-se em seu detalhe favorito — Você AINDA tem sua etiqueta de pele? Vamos Nat, isto está ficando ridículo. Está pensando com sua vagina?

— Não!

— Existe um problema bem aí.

— Jess, estava esperando algum conselho realmente simples e direto. Preocupo-me que eu esteja diferente por causa daquele encontro, que esteja mudada. Mas é o seguinte: acho... acho que ele poderia ser demais.

— Você realmente resistiu?

— De alguma maneira. O cara me disse que se fosse meu primeiro amante, seria o último.

Ela tossiu.

— Isto é um babado forte.

— Exatamente meus pensamentos. Percebi que ele era perfeito para um caso de férias, mas o que dizem, as regras da máfia não estão nos cartões para Nat.

— Só para que fique claro, você está conversando sobre fazer sexo com apenas um cara sua vida inteira.

— Soa tão ruim quando você coloca isto assim. Com quantos caras dormiu Jess? Realmente.

— Oitenta? A população de uma cidade pequena do Meio Oeste? Uma multidão?

— Mas se arrepende de algum deles?

— Não. Cada um trouxe algo diferente para a mesa.

Podia admitir para mim mesma que Sevastyan trouxe um banquete. Ainda assim... Não parece que tive muito progresso em esquecer o que nós fizemos. Ele comandou e basicamente me amarrou como um peru de Ação de Graças.

— Visual Nat, visual. Agora minha forração do checo, checo, checo não existe mais. De qualquer jeito, sou da escola de pensamento feminista que diz “se mamãe gosta, então mamãe pode foder”. Corrija-me se eu estiver errada, mas você também é.

Suspirei.

— Sou. — Nunca sentiria mais prazer, então como podia não ver isto de forma positiva? Com este pressentimento mesquinho neutralizado, parti para um maior.

— Entendo por que Sevastyan não quer conversar sobre si mesmo, ele tem um passado, para dizer o mínimo, mas me deixa com um monte de nada para continuar. Uma noiva por encomenda saberia mais sobre seu pretendido do que sei sobre o meu potencial... noivo, ou que seja. Desejava apenas ter mais tempo para separar o que sinto. Jess, amanhã tenho que conversar com Paxán, e a pressão está me matando. O dinheiro, o perigo, este executor, tudo isto esta prestes a me fazer arrancar os cabelos.

— Nunca ouvi você assim tão surtada.

Porque nunca estive!

— Comprometi-me com esta vida... — um tanto, — e suponho que serei obrigada a pagar o preço, quando estragar tudo.

De certa forma, este microcosmo do crime era no próprio país deles, com seus próprios limites e costumes, e agora estava ligada a eles. Tentei explicar:

— Entrei neste mundo, e ele tem suas próprias leis. Não importa como me sinto sobre isto; tacitamente concordei com eles. E ainda por cima, fui explicitamente advertida das consequências. No entanto, ainda assim quebrei as regras.

— Vamos falar de como entrou neste mundo! Algum russo a lançou sobre o ombro e a roubou de nossa casa! Ele a agarrou em um milharal, seu pau encantou você, e ainda de alguma maneira resistiu, até o ponto em que a forçou dentro de um avião da máfia. Então não me venha com esta merda sobre como concordou com algumas leis genitais.

Pau encantou? Tipo domesticar.

— Mas então caí direitamente na linha. — Deslumbrada por Sevastyan e Berezka. Acalmada pelas risadas com meu pai...

— Você sabe o que? Porra de barulho. — Jess declarou. — Você tem vinte e quatro anos, Nat. Deixe os compromissos à longo prazo para as pessoas que têm menos malditos anos sobrando. Cinquenta anos e tal. Qualquer um que diz a uma garota de sua idade para assumir um compromisso como este, deve pensar que você não viverá muito tempo. — Ela suspirou, então disse. — Desculpe. Esqueci que pode ficar limitada a qualquer momento.

Eu engoli em seco.

— Talvez deva ver as coisas com isso em mente. Agir como se tivesse apenas um mês de vida. Apesar de tudo, sei que quero mais tempo com Sevastyan.

Mas isso não significava que eu quisesse... para sempre.

— Escute a si mesmo! Abaixe o Kool Aid[2] e tenha algumas perspectivas, boneca. Esgueire-se, e a encontrarei na Europa. Evitaremos balas e quebraremos corações.

— Bem que gostaria. — Quando tentei imaginar como Sevastyan reagiria se eu escapulisse, me distraí ouvindo a promessa dele “Se fugir de mim novamente, a pegarei. É o que eu faço. E então a colocarei de bruços sobre meus joelhos e chicotearei sua bunda rechonchuda até que fique bem claro”.

Só agora entendi que ele provavelmente quis dizer isto literalmente. O pensamento me deu arrepios.

— Estou presa aqui enquanto durar.

— Digamos que aceite o executor. Digamos que o perigo passe. Você poderia ser feliz aí?

Este era o ponto crucial disso, hein?

— Mudar para um novo país para se atar com um novo cara, enquanto estou começando em uma nova universidade, parece como muitas variáveis de uma vez. Muitas escolhas para se fazer, — assinalei, — e há mais... — Contei-lhe tudo sobre Filip.

Esta tarde, nem ao menos tive uma chance de perguntar ao homem o que Paxán queria conversar com ele, antes de ele me esculhambar.

— Sevastyan estava por toda parte sobre você nas portas da frente. O bastardo praticamente anunciou que você é dele.

Filip pareceu devastado, como se este acontecimento realmente o tivesse afetado. Mas não percebi nenhum sentimento mais profundo nele. Sim, ele paquerou comigo, mas estava certa de que ele paqueraria com uma pedra perfumada.

— Como isto é de sua conta? — Eu exigi, perguntando-me se ele tinha bebido.

— Porque me importo com você. Realmente me importa com você. — Ele esfregou a mão sobre o rosto pálido, atraindo a atenção para seus olhos avermelhados, para a profunda e ardente raiva neles. — Sevastyan jogou-se em cima de você. Ele brincou com você. Agora está caminhando por aí com seus ombros erguidos e um sorriso em seu rosto cicatrizado, porque ele está um bilhão de dólares mais rico. Você é tão ingênua. Você nem ao menos é o tipo dele, não sabe disso?

Sim. Sim, eu sabia. Ainda assim eu disse.

— Isto é besteira, Filip. Não que lhe deva uma explicação, mas Sevastyan me quer. — Exceto que não me deu uma razão por que me queria, em vez de todas as outras. Disse apenas que faria qualquer coisa para me possuir.

— Você foi manipulada por um vigarista, um assassino barra pesada. É isso aí, prima!

Então Filip adicionou um tirou de misericórdia que me fez estremecer, levando-me para o santuário do meu quarto. Nem ao menos desci para o jantar.

Acreditei no que ele disse sobre Sevastyan? Não. Mas as acusações de Filip destacaram o que eu já tinha aceitado: Eu não conhecia Sevastyan.

— Que escroto. — Jess decidiu, descartando Filip facilmente. — Normalmente diria que precisa de alguém para isso, dando-lhe uma perspectiva, fodendo sua cabeça quando necessário. Entretanto me recordo como reage quando encurralada.

— Como assim?

— Você termina arremessando os cotovelos. — Ela disse. —Você é boa, até que chegue a hora de não ser boa.

— Você está citando Casa de Estrada?

— Era isso ou a citação do meu livro de romance tórrido mais recente. — Isso não era um hábito tão secreto de Jess. Pelo tanto que amava a ideia de amor, seus gostos de leitura faziam sentido. De vez em quando, ela empurrava um para mim. — Você queria meu conselho simples e direto, Nat? Aqui está: não faça nada permanente. E é melhor não fazer porra nenhuma até que eu chegue aí.

 

Não fiquei surpresa quando fui convocada por Paxán na manhã seguinte. Não dormi, mal funcionando depois de duas xícaras de chá forte.

Pela maior parte da noite, andei para lá e para cá, perguntando-me como consegui me meter nesta bagunça. Depois de alternadamente culpar a mim mesma e a Sevastyan para isto, concordei com Sevastyan.

Ele era mais experiente do que eu, e claramente mais impiedoso. Mas como me manipulou tão facilmente? E com que finalidade?

Paxán quereria uma decisão esta manhã. Ele anunciaria a lei.

Enquanto caminhava até o escritório dele, senti como se estivesse marchando para a forca, os saltos de minha bota clicando ao longo do mármore. Ajustei a gola da minha cacharrel jade, então alisei minhas palmas mornas nas pernas da minha calça jeans. Tudo o que sabia com certeza era que estava fatigada e tão cansada de estar confusa.

Passei por Gleb, um dos brigadeiros, ostentando uma pistola em um coldre descoberto. Assim como Sevastyan usava. O homem deu um aceno com a cabeça de reconhecimento, mas nada como as saudações amigáveis que normalmente recebia quando eu encontrava um dos homens.

A resposta de Gleb trouxe a minha mente as palavras de despedida de Filip “Todos os brigadeiros estavam apostando se o Siberiano a fisgaria. Deveria ter apostado também. Mas me disse que não havia nada entre vocês! E todo este tempo, deixou-me pensar que me queria”.

Agora eu era o assunto de uma aposta. Paxán estava certo; minhas ações com Sevastyan corroeram minha posição aqui. Se viver no país do crime, então obedeça a sua leis...

Quando entrei no escritório, fiquei surpresa pela expressão bondosa de Paxán. Ele estava trabalhado em um relógio, parecendo adorável diante de sua lupa.

— Bom dia, dorogaya moya! Chá? — Sempre cavalheiro. — Você parece como se precisasse de um. — Ele removeu seus óculos, afastando as ferramentas.

Uma vez que eu tinha uma xícara na mão, ele fez um gesto para me juntar a ele ao lado de sua escrivaninha.

— Quero mostrar-lhe algo. — Ele abriu um grande livro brilhante, virando a página. — Você já viu este animal? — Ele apontou para um retrato de um lobo preto, com olhos ambarinos vívidos, pronto para atacar sobre um banco de neve. — Criatura impressionante, não? É um lobo siberiano.

Eu assenti com a cabeça, distraída.

— Este tipo de lobo é provavelmente mais solitário do que os outros lobos. Alguns vagarão pelo deserto, caçando sozinho. Mas como os outros de sua espécie, eles acasalam para toda vida. Apesar de serem malignos ainda possuem uma lealdade eterna.

Pousei minha xícara.

— Não estamos falando sobre lobos, não é?

Ele balançou a cabeça.

— Quanto mais penso em você e Sevastyan juntos, mais sentido faz. Então, ontem à noite, ele me disse que vocês tinham chegado a um entendimento? — A esperança na expressão de Paxán me matou.

Deus, não queria decepcionar este homem.

— Eu... talvez nós tenhamos. Mas não sei se me sinto assim agora.

— Oh. Entendo. — Em um tom triste, ele disse — No entanto, as ações têm consequências, minha querida. Pelo lado positivo, o seu noivado pode ser longo.

Só que eu nunca seria capaz de rompê-lo. Estava prestes a hiperventilar.

— Mas... mas... — Puxei minha gola alta, começando a andar pela sala. — Não o conheço, não o suficiente para isso. Não estou dizendo que nunca iria querer mais dele, mas não posso simplesmente assinar isso. Ainda não.

Jess estava certa. Não faça nada permanente. Nem compromissos à longo prazo. Com estes homens que esperam muito de mim. Isso era muito difícil. Não poderia estar presa a esta lógica distorcida da máfia.

— Não posso simplesmente sair com ele? Nos Estados Unidos, nós namoramos!

— Fazemos isto aqui também, a menos que você seja filha do chefe do crime, que está envolvida com seu mais confiável executor, durante uma mortal guerra por território.

Quando ele explicava isso assim... droga, sabia que tinha feito asneira. Mas isso não me impediu de me agarrar em qualquer maneira de cair fora.

— Sevastyan e eu não, hum, consumamos nada.

Paxán notou meu pânico, parecendo incomodado por sua vez.

— Não a forçarei a tomar uma decisão que obviamente não está confortável. Aleksei deve ter interpretado mal as coisas com você. Não deveria ser castigada por isto. Mas minha outra opção é separá-los.

Ele estabeleceu uma alternativa, e como uma mulher se afogando, agarrei-me a isto.

— O que quer dizer com isto?

— Precisarei mandá-lo afastar-se daqui, para longe de você. Pelo menos até as coisas se acomodarem.

— Mas esta é a casa dele. Ele adora Berezka.

— Ele tem outras propriedades. — Paxán disse. — Estes são tempos difíceis. Devemos fazer escolhas difíceis.

Difícil? Tente funesta. Assumir algum tipo de compromisso com um homem que era um mistério para mim, ou mandá-lo para longe de sua casa.

Eu me senti atordoada.

— Não quero que ele vá. — Meus olhos marejaram. — Sou a estranha aqui. Eu preciso ir.

— Tolice! — Paxán veio em minha direção, agarrando meus ombros. — Você é minha filha! Esta é sua casa. Sempre será.

Olhei para ele, surpresa por esta expansão de emoção desabrochando de meu pai.

Como se incomodado com sua reação, ele deixou cair às mãos, recuando um passo.

— Tome uma decisão, Natalie. — Ele disse, sua voz soando mais severa do que já tinha ouvido.

Náuseas agitavam minha barriga.

— Se tiver que escolher agora, neste exato momento... — Tanta pressão e confusão. Apressada, disse — Então não quero nada permanente com Sevastyan. Mande-o para longe daqui, se for preciso, mas não posso mais fazer isso!

Assim que disse as palavras, me arrependi delas, mesmo antes de ver que Sevastyan acabara de cruzar o limiar para a sala.

Ele estava sorrindo antes de parar no meio do passo, os lindos lábios mais curvados ainda, dentes brancos, seu rosto ainda mais bonito para ela. Algo em meu peito parecia como se estivesse mudando, retorcendo. Será que ele estava feliz em ouvir as nossas vozes, juntando-se a nós?

Tinha limpado aquele sorriso devastador direito do rosto dele.

Eu tinha feito isso.

Quando a compreensão o acertou, um músculo em sua mandíbula pulsou. Seus punhos cerraram, seus dedos tatuados ficaram esbranquiçados.

O sangue drenou do meu rosto, e engasguei com a expressão dele, mesmo Paxán deu um passo protetor na minha frente.

Porque Aleksandr Sevastyan parecia que estava prestes a cometer um assassinato.

 

Com os olhos estreitados e frios, Sevastyan deu meia volta para sair do aposento em passos largos.

— Discutirei as coisas com ele e tudo ficará bem. — Paxán me assegurou, mesmo enquanto seu rosto mostrava preocupação.

Comecei a ir atrás de Sevastyan, dizendo por cima do meu ombro.

— Não, eu preciso ir conversar com ele. — Saí correndo pela entrada da galeria, seguindo atrás dele. — Espere, Sevastyan!

Com os ombros enrijecidos de tensão, ele não diminuiu a velocidade. O pânico que eu senti apenas uns momentos antes redobrou, agora ampliando em outra direção. E se achei o homem que me ofereceria algum benefício, que tivesse algo a mais? E se eu tivesse acabado de arruinar as coisas com ele?

— Sevastyan! — Eu o segui saindo pelas portas da frente até o patamar.

A última vez que estivemos aqui, ele me beijou possessivamente, reivindicando. Agora ele estava andando a passos largos para longe de mim, indo em direção a seu Mercedes, para ir embora. Para desaparecer.

Corri atrás dele. Logo que ele alcançou seu carro, agarrei seu braço.

Ele o puxou para fora do meu aperto.

— O que você quer?

— Você ouviu coisas... Elas estavam fora de contexto.

— Então me diga que você não estava acabando de me chutar da porra da minha própria casa, onde eu vivi por dezoito anos.

— Soou pior do que era. E no fim eu nunca teria permitido isto.

Sua expressão se tornou muito mais fria.

— Você não teria permitido isto? Só duas semanas aqui, e assumiu o papel de princesa fácil para caralho.

Eu balancei minha cabeça com força.

— Paxán me deu duas escolhas: aceitar algo permanente com você ou vê-lo partir. Você não me diz nada sobre si mesmo, mas espera que eu assuma um compromisso como este? Eu mal te conheço.

— Você sabe o suficiente. Sabe que existia algo entre nós.

Existia.

— Droga, se você parar e me deixar explicar...

Ele deu meia volta para mim.

— Entendo perfeitamente. Você quer que eu te faça gozar. Deseja que foda você, mas só se isso terminar ali. Além de sexo, qualquer coisa comigo não te atrai.

Eu comprimi minha fronte.

— Isto não é justo! — Eu não senti como se estivesse sendo encurralada em um canto; estava sendo lançada de cabeça. — Eu nunca pedi nada disso, nunca pedi este tipo de pressão!

— Esta discussão acabou. A situação ficou clara como cristal para mim. — Ele abriu seu carro, deslizou sua grande estrutura atrás do volante, então bateu a porta na minha cara.

Escanteio, conheça Natalie.

— Seu babaca! — Quando ele deu partida no motor, esmurrei a janela com a base do meu punho e chutei com minha bota a lateral do carro. SSML, baby! Seja Sempre Mais Louca. — Você me arrancou da minha vida e então espera que eu viva de acordo com suas expectativas? — Outro pontapé. — Bem, foda-se! — Inclinei-me para que minha cabeça ficasse no seu nível. — Vá achar alguma submissa burra que vá te dar o que obviamente não posso.

Ele me lançou um sorriso cruel.

— Estou planejando, bichinho. — O motor acelerou e ele se foi.

 

Eu parecia um balde de merda.

Sentia-me como um também. Lá fora, outro dia triste cheio de chuva estava chegando ao fim, o anoitecer caindo em Berezka. Do lado de dentro, me sentei em frente ao meu espelho beliscando minhas bochechas, fazendo careta para o vidro.

Para clarear minha perspectiva, vesti uma blusa azul real apertada dos seios até a cintura e abrindo em um babadinho franzido que parecia audaciosa com uma saia de lã superfina e botas de couro na altura do tornozelo despojadas.

Isso não ajudou minha perspectiva. Nem um pouco.

Julgando minha aparência, tão boa quanto podia ficar, parti para o estúdio do Paxán para discutir algumas coisas com ele.

Minha palidez e olheiras não deviam me surpreender, considerando as últimas trinta ou mais horas de insônia, confusão e fúria. Desde que Sevastyan saiu em disparada ontem de manhã, fiz uma série de coisas.

O jantar na noite passada foi uma experiência miserável. Não percebi quanto eu sentiria falta de sua companhia. Não, ele não tinha falado muito comigo ao longo das últimas duas semanas, mas pelo menos senti sua presença, sua força e proteção palpáveis.

Tanto Paxán quanto eu estivemos desanimados. Embora ele sempre educadamente desligava seu celular durante as refeições, ontem à noite ele verificou cada mensagem, cada toque. Não parecia saber o que fazer consigo mesmo, tão desacostumado a qualquer conflito com o homem que ele considerava seu filho.

Eu senti um pontada, perguntando-me quanto mais seria esperado que Paxán lidasse com isso. Além do perigo e desassossego, ele agora tinha que viver com este drama entre sua filha e seu executor?

Sem falar da tensão entre Filip e eu. O cara deve ter ouvido que tive um desentendimento com Sevastyan, porque ele apareceu para jantar. Pena que estava pouco comunicativo e bêbado. Que pareceu deixar Paxán perplexo.

Depois do jantar fiquei tão miserável. Durante a noite toda fiquei olhando pelo retorno do Sevastyan. Ele não voltou para casa, provavelmente passou a noite na cama de alguma outra mulher.

Ao amanhecer, agarrei a grade da minha sacada, a raiva me rasgando. Ele esperava que eu fizesse todos os movimentos certos, o tempo todo, apesar de eu não ter nenhuma referência para me guiar. Aquela raiva teve um modo de clarear meus pensamentos. Eu ferrei de um lado; ele do outro, retirando-se de qualquer chance de reconciliação.

Ele tirou a machadadas seu membro da minha árvore da decisão. O que era um tipo de decisão.

Com uma decisão a menos, formulei outras. Daí minha reunião com Paxán esta noite.

Enquanto descia atropeladamente a escada, me perguntei se veria Sevastyan. Imaginei que ele voltaria hoje, por nenhuma outra razão que sua lealdade eterna com seu chefe.

Falando do diabo, cheguei à galeria que conduzia ao estúdio do Paxán exatamente quando Sevastyan chegou. A caminho de lá também?

— Você voltou? — Minha voz era áspera, e soei tão exausta como sabia que parecia.

— Eu ainda trabalho com ele. — Sevastyan disse em um tom baixo quando nós dois fomos reduzindo os passos até parar, como se por acordo mútuo. — Não serei mantido longe quando ele precisa mais de mim.

Finalmente estávamos na mesma página.

— Nós precisamos conversar.

Sevastyan inclinou sua cabeça para mim, muito parecido como fez naquele bar na primeira noite em que o conheci. Suas pupilas dilatadas, seus olhos iluminados com mais do que simples interesse.

A percepção me atingiu.

— Você acha que quero conversar sobre... você e eu? Esse trem já passou, já era.

Ele estreitou seu olhar.

— Você está com raiva de mim?

Totalmente puta! Mas precisava segurar a onda, declarar calmamente minha nova proposta.

— Você tem muita coragem, Natalie.

— Eu tenho... EU tenho coragem? — Lá foi a onda. — Escuta aqui, seu galinha, não fale mais assim comigo. Você revogou esse privilégio com seu comportamento ontem.

— Meu comportamento? Você vai ter que me clarear.

— Quando você ouviu uma coisa fora de contexto, perdeu as estribeiras e saiu desembestado para enterrar suas mágoas de relacionamento, até as bolas, em outra mulher.

Ele chegou mais perto de mim.

— Você está com ciúmes.

Eu revirei meus olhos.

— Por favor. Minha paixão superficial por você acabou. Como dizem no cinema, você matou isto bem morto.

Aquele músculo da sua mandíbula fez um tique conforme ele dizia em voz áspera.

— Então sobre o que você quer conversar comigo?

Na penumbra do anoitecer, a chuva tamborilava nas janelas da galeria, lançando sombras sobre seu rosto. O rosto que eu amorosamente beijei. Permaneça no assunto, Nat.

— Estou preocupada com Paxán. Ele já tem o suficiente em seu prato sem tudo isso.

— Concordo. — disse Sevastyan. — O que você sugere que eu faça?

— Sugiro que a gente entre lá e diga a ele que estamos trabalhando nossas diferenças e podemos ser civilizados. Nós diremos a ele que terminamos seja o que for que estava entre nós, então você pode continuar a viver aqui. Acho que se apresentarmos uma frente unida, isso vai aliviar sua mente.

Sevastyan entreabriu os lábios, mas eu o interrompi, — Isto não está em debate. — Eu me virei e andei a passos largos em direção ao estúdio.

Ele passou por mim para abrir a porta, dizendo por cima do ombro.

— Eu não estive com mais ninguém.

Eu hesitei ao andar. Meu coração fez o mesmo.

— Devo acreditar nisto? — Pela segunda vez em poucos dias, me vi pedindo-lhe mentalmente, diga sim, diga sim.

— Não me importo se acredita ou não. — Eu nunca tinha visto o Siberiano tão frio quanto o gelo.

Mas acreditei nele. Bem, inferno, então ele não foi arrancado a machadadas da minha árvore da decisão? Talvez isso signifique que não quero acabar com ele?

Ele acrescentou.

— Fui chamado por causa do trabalho.

Em outras palavras, só adiou o lance de mulherengo. Então acabou!

— Você é um babaca, — murmurei. No entanto, quando entramos no aposento, colei um sorriso enorme no meu rosto para Paxán.

Ele falou alto conosco.

— Boa noite para você dois. Aleksei, é bom ver você aqui. E com Natalie!

— Nós podemos falar com você um minuto? — Eu perguntei, quase estremecendo quando seus olhos brilharam ainda mais do que o habitual. Ele deve pensar que viemos anunciar algo mais do que “somos apenas bons amigos!”.

— É claro. Sente-se, sente-se.

Sevastyan afundou em um dos canapés, descansando um tornozelo sobre o joelho oposto; na outra ponta, eu me empoleirei na beirada da almofada.

Sem perder tempo, eu disse.

— Paxán, nós queremos que você saiba que não haverá nenhuma impropriedade futura entre nós.

Ele levantou incredulamente uma sobrancelha para Sevastyan. Em resposta, o Siberiano estendeu seu braço nas costas do canapé em direção a mim, todo casual. Mas eu senti a tensão vibrando nele.

Descuidada, eu continuei.

— Então não deve ser um problema para nós dois estarmos aqui em Berezka. Eu sei que você se sentiria mais confortável se Sevastyan estivesse no local, ajudando a manter tudo em segurança, e eu também.

Antes de mudar de ideia, mergulhei de cabeça para anunciar uma de minhas novas decisões.

— E há mais. Gostaria de ficar aqui permanentemente. Quando este perigo terminar, vou começar a procurar sobre transferência de faculdade.

Notei Sevastyan enrijecer ao meu lado. Porque ele ficou surpreso? Puto? Ou o quê?

Paxán, é claro, ficou irradiante.

— Você está falando sério? — Então ele ficou de lado para Sevastyan com uma expressão que parecia como se ele dissesse “eu te disse”.

Eu concordei com a cabeça firmemente. Durante as longas horas da noite anterior, compreendi o quanto minha indecisão e hesitação estavam limitando minha vida. Fiz uma autópsia no meu passado e concluí que precisava ser mais ousada no meu futuro. Sim, tinha me acostumado com as coisas novas que Sevastyan e eu fizemos com uma certa imprudência, mas rolar com socos não era o mesmo que balançar o punho primeiro.

A alegria absoluta no rosto do Paxán me destruiu. Uma coisa que aprendi sobre ele? Custava muito pouco para fazê-lo feliz.

— Isso é bom, — ele disse simplesmente, ficando com os olhos um pouco marejados.

Relanceei o olhar para Sevastyan para avaliar sua reação. Ainda mais tensão rolava dele. O qual não me importei.

— Isto é motivo de comemoração! — disse Paxán. — Uma verdadeira boas-vindas, uma permanente, para sua casa. E nós temos boas notícias para você também... — Ele foi parando de falar, virando sua cabeça em direção à entrada.

Sevastyan já estava de pé, perscrutando na mesma direção. Eu segui seus olhares, avistando Filip na entrada.

O rosto angelical do homem estava amarrotado na miséria. Sua mão esquerda estava enfaixada, vazando sangue. Na outra mão, ele carregava uma metralhadora, apontada para nós.

— Bem, isto não é comovente?

 

— O que você está fazendo, Filip? — Paxán empalideceu quando ele e eu estancamos. — Isso não é uma arma que queira apontar em ambientes fechados. — A arma era pesada para Filip, e ele tinha apenas uma mão para segurá-la. Seu braço já estava tremendo. — Muito menos destravada.

Quando Filip olhou para a arma, que balançava em seu aperto. Meu coração deu uma guinada, quando a mira do cano varreu de mim para Sevastyan, então para Paxán.

— Vou levá-lo daqui. — Ele disse a Paxán. — Pela recompensa de Travkin.

O quê? Filip estava trabalhando para aquele filho da puta? E havia uma recompensa? Este era o risco de segurança elevado que ninguém iria me contar! Travkin colocou dinheiro sobre a vida do meu pai.

— Basta abaixar a arma e conversar comigo. — Disse Paxán, seu tom aparentemente calmo.

— Não há tempo para conversar. — Filip levantou a mão enfaixada, sua voz rompendo quando disse. — A próxima visita e meus credores não serão tão misericordiosos, como três dedos.

Eles tinham... lhe mutilado? Cobri minha boca, temendo que fosse vomitar. Ele penhorou seu relógio e o carro, e ainda não tinha sido suficiente. Eu me perguntava quão fundo ele estava. Nunca tinha imaginado isso.

Sevastyan falou asperamente, — Deixe Natalie ir.

Paxán acrescentou, — ela não está envolvida nisto de qualquer maneira. — Ele era todo frieza na superfície, mas senti seu medo.

— Ela está! — Filip acenou aquela metralhadora na minha direção, fazendo Paxán silvar uma aspiração e me encher de medo. — Natalie é a razão de eu estar nesta situação. Eu era o herdeiro! Então saiu a noticia de que você estava deixando-lhe tudo. — As lágrimas começaram a derramar pelo rosto manchado dele. — Mas quando meus credores ficaram sabendo que eu a estava cortejando, eles sabiam que poderia conquistar qualquer mulher. De repente, eles não podiam me dar dinheiro suficiente. — Ele olhava para Sevastyan. — Até que ouviram que a herdeira estava com o executor. Eles reclamaram as dívidas.

— Conversamos sobre isso há apenas dois dias. — Paxán disse. — Perguntei-lhe se precisava de ajuda.

Isso era o que eles sabiam?

— E não precisava... — ele praticamente cuspiu em Sevastyan — ...até que ele fez seu movimento no mesmo dia!

— Então, vamos resolver a situação. — Disse Paxán, chamando a atenção de Filip para longe de Sevastyan. — Dinheiro não é problema. Pela memória de seu pai, me comprometo a resolver qualquer coisa que você deve.

— Você não entende. Preciso de mais. — As lágrimas continuaram a derramar, a arma balançando erraticamente, enquanto seus dedos pareciam com cãibras. — A recompensa que Travkin colocou é mais dinheiro do que eu poderia ter.

— Leve-me. — A expressão de Sevastyan estava cheia de ameaça. — Sou um prêmio valioso para um inimigo.

— Estou aqui pelo velho.

Paxán engoliu em seco.

— Tire o dedo do gatilho Filip, e vou com você.

— Eu dou as ordens! Você manda o bulldog embora, então vamos conversar sobre sua filha, perdida há muito tempo.

Sevastyan falou áspero, — Isso não vai acontecer.

— Você não dá a mínima para si mesmo, não é? Mas e se eu ameaçar sua preciosa Natalie? — Filip virou-se, diretamente para mim.

Eu estava olhando para o cano de uma arma, apavorada demais para manter os olhos abertos, apavorada demais para fechá-los.

A arma escorregaria do braço enfraquecido... apenas uma questão de tempo...

— Machuque-a e sua vida termina hoje. — Sevastyan prometeu em tom frio. — Estou te dando uma chance de sair desta sala vivo.

As bravatas de Filip começaram a se dissipar.

— E-eu não tenho escolha. — Ele ergueu a mão livre em direção a sua testa, depois choramingou com a lembrança de que tinha perdido os dedos. Com uma voz aduladora, ele disse, — Deixe-me levá-lo, Sevastyan.

— Nunca. — Sevastyan tinha andado em direção a Filip? — Isso não vai acabar do jeito que você esperava. A notícia não teve tempo de alcançá-lo, mas não haverá nenhuma recompensa.

— Do que você está falando? Claro que há! Por que não haveria?

— Porque apenas algumas horas atrás, eu atirei em Travkin.

Dei um segundo olhar para Sevastyan. Travkin estava morto? Esta era a boa notícia que Paxán tinha mencionado?

— Você está mentindo! — O olhar de Filip disparou. — Mentindo!

Em pânico, eu disse, — Filip, não faça isso. Não é tarde demais. Nós ainda podemos corrigir isso.

Com o canto dos olhos, avistei Sevastyan avançando ainda mais perto de Filip, até que ficou entre eu e Paxán.

— Parado, Sevastyan. — Filip gritou. — Vou atirar, juro por Deus que vou! — Outra ondulação trêmula daquela arma...

Sevastyan investiu contra mim, assim que as balas encheram a sala, de parede a parede. Relógios explodiram, vidros quebraram, carrilhões badalaram como sinos de igreja. Eu gritei um som entrecortado quando atingi o chão; Sevastyan estava em cima de mim, colocando a mão em minha cabeça. Na outra mão, uma pistola fumegando.

Pó de gesso nublava o ar, mas pude ver Filip caído de costas do outro lado da sala. Ele tinha sido baleado na barriga, torcendo de dor. Embora meus ouvidos soassem como se uma sirene estivesse na minha cabeça, ainda podia ouvir seus gritos. E outra coisa...

As expirações de Paxán. Elas soavam carregada. Não, não, não! Esforcei-me para me erguer, mas Sevastyan tinha me prendido.

— Você está ferida? — Ele me perguntou.

Quando balancei a cabeça, ele se lançou em pé, dirigindo-se para Filip.

Quando Sevastyan o desarmou, me mexi para chegar até Paxán. Ele estava deitado no chão, jorrando sangue de um ferimento no peito.

Sevastyan pegou a metralhadora de Filip, em seguida avaliou em volta da sala, verificando o perímetro.

— Natalie, coloque pressão sobre isso! — Ele trancou as portas do escritório, fechando-as por dentro.

Ajoelhada ao lado de Paxán, pressionei minhas duas mãos sobre o ferimento.

— Você vai ficar bem, você vai ficar bem. — Choque, eu estava entrando em choque. Então como poderia ajudar meu pai?

Entre caretas de dor, Paxán parecia envergonhado.

— Isto não foi... como planejei as coisas.

— Não fale, por favor, não fale. — Sangue escoava pelos meus dedos. Força vital. Ele não podia perder mais nada. — Você tem que economizar sua força!

Sevastyan caiu de joelhos do outro lado de Paxán. Ele colocou as mãos em cima das minhas, atando nossos dedos para pressionar com mais força ainda. A expressão de Sevastyan era tão dura, como o granito sob pressão. Prestes a rachar.

A ferida de Paxán não era fatal. Não podia ser. Então, por que eles estavam agindo como se fosse?

O que Sevastyan e Paxán sabiam sobre tiroteios que eu não sabia?

Tudo.

Paxán lançou a Sevastyan um sorriso fraco.

— Você sabe que eu não teria suportado se você tivesse me salvado em vez dela. Estou orgulhoso de você, filho.

A cena nebulosa repetindo em minha cabeça. Sevastyan tinha estado diretamente entre Paxán e eu, quando as balas tinham disparado. Ele fez uma escolha, jogar-me no chão, em vez de Paxán.

— Pare com isso, vocês dois! Paxán, você tem que aguentar firme. Você vai fazer isso!

— Fique sossegada, Dorogaya moya. — Com esforço, ele estendeu a mão para mim, roçando meu rosto antes de seu braço cair.

Então seus olhos foram para Sevastyan.

— Você está ligado a ela. — Disse-lhe em russo. — A vida dela está aos seus cuidados, filho. Somente sua. — Ele cobriu os nossos ensanguentados nós dos dedos com sua mão. — Ela pertence a você.

Um aceno de cabeça afiada de Sevastyan. Mais pressão sobre o granito.

Com dificuldade, Paxán virou a cabeça de volta para mim.

— Aleksei irá protegê-la. Ele é seu agora também. — Fiquei olhando para os nossos dedos entrelaçados, inundados de vermelho que era como um juramento de sangue. — Minha filha corajosa.

Meus olhos se encheram de lágrimas, gotas escorrendo.

— Não faça isso! Bátja, por favor, espere.

— Bátja? — Ele sorriu através de sua dor, de alguma forma ainda evidenciando contentamento. — Sabia que você iria me chamar de pai. — Mas o azul brilhante dos olhos dele estava diminuindo. Substituído pela cegueira? — Queria apenas ter tido mais tempo com vocês dois. Eu te amo tanto.

Para Sevastyan, ele disse, — Faça da vida dela o melhor... como se eu estivesse nela.

O sangue borbulhava de seus lábios. Seus olhos ficaram em branco, o peito... ficou imóvel.

— Não, não vá! — Eu soluçava. Mas já era tarde demais.

Pavel Kovalev, meu pai, estava morto.

 

— Natalie, levante-se!

A sirene em minha cabeça voltou. Sevastyan estava em pé ao meu lado, mas suas palavras soavam distantes.

Ele agarrou uma de minhas mãos cobertas de sangue e me arrastou em pé.

— Isto não está acontecendo. — Eu murmurei enquanto caminhava com dificuldade, os vidros dos amados relógios de Paxán esmagando debaixo de meus sapatos. — Isto não está acontecendo. — Meu pai não podia estar morto.

Sevastyan me arrastou até onde Filip se retorcia de dor, o sangue escorrendo de seu ferimento no estomago.

Em uma voz distorcida, Filip me disse.

— Eu-eu não queria isto. Vim esta noite... porque os outros já estavam... a caminho. Isto iria acontecer. Não importa... o que fiz. A recompensa era... inconcebível.

O ódio brotou dentro de mim, secando minhas lágrimas.

— Maldito seja! Como pôde fazer isso?

— Juro a você, vim apenas por Paxán. — Ele estendeu a mão mutilada em minha direção. — Se não sabia sobre Travkin... outros também não ouviram ainda. Eles vão... estar chegando.

— O que quer dizer?

— Travkin também queria... sua cabeça.

Com um grito furioso, Sevastyan me arrancou para trás dele, perfurando uma bala no crânio de Filip.

Dois mortos. Dois. Mortos diante de meus olhos.

Não conseguia respirar, meus pulmões pareciam contrair. Sentia como se o mundo ao meu redor estivesse queimando, chamas crepitando cada vez mais próximas. Como se eu gritasse e ninguém ouvisse. Estava hiperventilando quando Sevastyan pegou meu braço em seu doloroso aperto, e começou a me arrastar para longe.

— Vamos, Natalie! — Com a arma levantada, ele me levou em direção a uma porta nos fundos do escritório.

— Nós não podemos deixar Paxán desse jeito. — Olhei de volta para o corpo dele, imóvel. Seus olhos inanimados. Por que não os fechei? Estúpida, estúpida. — Nós temos que cuidar dele!

Sevastyan apenas me arrastou para perto com mais força.

— Estou levando você de Berezka. Não sabemos em quem podemos confiar aqui.

Fiquei muda. Enquanto a sirene em minha cabeça amplificava, ele me empurrou em uma garagem que nunca tinha visto, em seguida me lançou em um sedan escuro.

Névoa.

O carro descia pela estrada molhada, a chuva despejando do céu noturno.

Os anéis ensanguentados de Sevastyan cavando no volante.

A lama espirrava no para-brisa, os limpadores arenosos.

A parte de trás do carro derrapava, eu permanecia congelada.

Sevastyan não diminuiu a velocidade até que alcançamos o rio, então parou abruptamente na frente de uma casa de barcos.

— Fique aqui e feche as portas atrás de mim. — Ele ordenou enquanto estendia a mão por cima de mim em direção ao porta luvas. — O vidro é à prova de balas. Não abra estas portas. — Ele tirou uma pistola, armou-a, soltou a trava de segurança, em seguida estendeu-a para mim. Quando não fiz nenhum movimento para pegá-la, ele a deitou no console. — Se alguém entrar de qualquer maneira, você usa a arma. Aponte para o tórax e puxe o gatilho.

Sevastyan estava dirigindo-se em direção ao perigo? Agora o mundo inteiro estava queimando, se eu o perdesse também...

— Onde você está indo? Não vá! Nós não podemos apenas ficar neste carro e ir embora?

Ele balançou a cabeça.

— Não sei quem está controlando o portão. Ou quem está esperando do lado do fora deles. Precisamos partir pela água. — No barco do Cassino Royale? — Vou limpar a casa de barcos, então retornarei para você.

Quando ele abriu a porta, sua própria arma levantada, eu chorei.

— Por favor tenha cuidado.

Ele lançou-me um olhar estranho.

— Não se preocupe, sua proteção retornará. — Ele escapou para a chuva, aproximando-se rapidamente da casa de barcos...

Avistei um clarão de um cano pelo canto de minha vista. Ouvi um estalo agudo, como um trovão baixo.

Metade da parte superior do corpo de Sevastyan deu um tranco para trás, como se tivesse sido esmurrado no ombro.

Não esmurrado. Baleado.

Um relâmpago brilhou enquanto eu gritava. Quando meus olhos se ajustaram, Sevastyan e outro homem estavam lutando por uma arma.

Pelos feixes dos faróis, eu podia ver que era o brigadeiro Gleb. Sevastyan golpeou com um de seus punhos parecendo uma bigorna, acertando o rosto do homem. Gleb cambaleou, dominado.

Sevastyan não se machucaria muito mais se movesse assim, não é? Ele arrancou a arma do homem atordoado, então chicoteou Gleb com a pistola.

— Quantos mais existem? — Ele rugiu.

O rosto de Gleb dividiu-se em um sorriso macabro. O que quer que ele disse, enviou Sevastyan em uma raiva profunda, o punho voando.

Arranhei minhas mãos manchadas de sangue, enquanto observava Sevastyan bater no homem até a morte. Outro raio crepitante bifurcou acima, destacando um golpe terrível.

Nunca tinha visto ninguém lutando como Sevastyan. Lutando para matar.

Este era Sevastyan em seu estado mais primitivo, e real. Ele era um executor, e matar era o que ele fazia.

Quando Gleb desmoronou, inconsciente, Sevastyan o seguiu, caindo de joelhos para continuar a aniquilar o homem. Era como se um pequeno demônio tivesse assumido o comando de Sevastyan. O rosto de Gleb era uma massa, com cada golpe de Sevastyan, o sangue espirrava dele como se vindo de uma poça agitada.

Quando isto acabaria? Abri a porta, tropeçando em direção a ele.

— Sevastyan, nós temos que partir! — A chuva congelante tamborilava para baixo. — Você tem que parar com isso!

Ele me olhou, os faróis brilhando em seus olhos. Vi a loucura e algo mais. Como se ele precisasse de mim para impedi-lo, porque ainda estava batendo no homem.

Entre ataques de trovão, pensei ter ouvido um arrocho ósseo.

Então ouvi algo ainda mais aterrorizante.

Tiros à distância. Parecia um campo de batalha. O leal e o desleal travando uma guerra total? Sevastyan ouviu isto também. A expressão dele dizendo que estava desesperado para se juntar a briga.

Se alguma coisa acontecesse com ele... e se eu perdesse Paxán e Sevastyan também em uma noite banhada de sangue?

Lembrei-me das palavras de Paxán: Violência extrema. Vigilância extrema.

— Você disse que mantém suas promessas, Sevastyan. Você prometeu me manter segura.

Ele me olhou através dos cílios engrossados pela chuva, com os olhos brilhando. Estava me afogando neles. Estávamos nos afogando juntos. Estendi minha mão trêmula.

Como se estivesse em transe, ele se levantou, parecendo desesperado para não vir até mim.

 

— Vai me deixar olhar seu braço? — Eu pedi a Sevastyan pela décima vez. Percebi que eu continuaria perguntando até que ele respondesse.

Suas roupas secaram nele, mas recusou-se a se mover do volante do iate. Por horas, os motores zumbiram incessantemente enquanto ele nos guiava rio acima, nosso destino final desconhecido.

Ele se sentou no banco do capitão na cabine do piloto luxuosa, seu corpo rígido da tensão. As silenciosas luzes dos instrumentos iluminavam seu rosto cansado, aquelas feições atraentes, o olhar insondável.

Este era o homem que se lançou na frente das balas por mim. Que matou para me proteger. Em nossa primeira noite juntos, ele me disse: “Eliminarei qualquer ameaça a você, sem piedade”.

Ele fez.

O brilho do painel destacava as manchas de sangue seco pelo seu rosto, pescoço, e no pano rasgado ao redor do seu braço ferido.

Quanto daquele sangue era seu? De Gleb.

De Paxán?

— É só um arranhão. — disse Sevastyan por fim. — Tive piores.

Eu sabia. Vi as cicatrizes. Encorajada que pelo menos estava falando comigo, eu perguntei, — Você não pode fazer uma pausa? Nós não fugimos para longe o suficiente?

Descobri que fugir era justamente para o que este barco tinha sido equipado. Em uma das imponentes cabines abaixo, achei passaportes novos — para Natalya e Roman Sevastyan, casados, um baú para nossas roupas e um tesouro em dinheiro. Precauções só para caso precisasse.

No caso aconteceu.

Dentro de outra cabine também descobri algumas coisas de Paxán. Após os eventos da noite, esta inclusão pareceu... ingenuamente otimista. Lágrimas arderam meus olhos como agulhas, mas tentei detê-las, tentei ser forte.

Consegui me segurar enquanto eu me lavava e vestia calça comprida e um suéter. Mas agora, imaginando a própria devastação de Sevastyan, meus olhos marejaram mais uma vez. Além de mim, ele era a única outra pessoa viva que entendia o que o mundo perdeu hoje à noite.

— Precisamos limpar seu ferimento e então você pode descansar.

— Mais tarde. — Sem afastar o olhar de seu curso, ele disse. — Você não está segura.

— Com quem você estava falando mais cedo? — Quando eu retornei à cabine do piloto depois de me trocar, ouvi Sevastyan ao telefone falando em russo laconicamente, — Eu nunca te pedi nada. Prenda-o. — Então em um tom mais baixo. — Entende a importância do que estou confiando a você? Assegure-se disso. — Antes de desligar, ele disse. — Não considere esta uma chance para mais alguma coisa.

O que isso queria dizer? E por que seu próprio sotaque mudou? Soou como um dialeto diferente.

Talvez um siberiano?

— Você, por favor, pode conversar comigo, Sevastyan? Tenho tantas perguntas, e estou tão cansada de estar confusa.

Ele exalou.

— Então pergunte.

— O que acontecerá com Paxán? — Minha voz se partiu.

Com o olhar fixo no horizonte, ele disse.

— Se aqueles defendendo Berezka vencerem, verão para... eles cuidarão dele. — Sua voz estava rouca e áspera. — Uma vez que eu sentir que é seguro o suficiente para você voltar, nós teremos... o funeral.

Eu nunca olhei para um homem e soube que ele esteve morrendo por dentro. Mas como eu podia esperar qualquer coisa diferente? Sevastyan escolheu que eu vivesse, acima do homem qud ele adorava como um herói.

Ele me salvou acima de seu próprio salvador.

Como ele devia estar em conflito. Quanto a mim, eu sentia um profundo jorrar de pesar. Mas era puro.

Sevastyan parecia com quem estava desmoronando lentamente.

Eu agarrei seu braço bom.

— Eu só conheci Paxán há algumas semanas. Se eu o amava tanto assim, não posso imaginar o que você deve estar sentindo. Sinto tanto que você teve que escolher.

— Não havia nenhuma escolha. — Ele disse, mas a culpa estava estampada em seu rosto. — Você ouviu suas últimas palavras.

Tentei não pensar nisso. Sobre o que estava sendo dado. Um decreto santificado pelo sangue.

Mudei de assunto.

— Você pelo menos pode me dizer onde estamos indo?

— Eu não sei. Não sei em quem podemos confiar. Tudo é diferente agora. — Ele disse. — E apesar de Travkin estar morto, ainda haverá perigo até que todos os jogadores saibam que a recompensa expirou. A cobra ainda se torce mesmo depois de perder sua cabeça.

Travkin. Só o nome fez meu sangue ferver. Eu queria vingança contra aqueles assassinos sem nome e sem rosto, culpava-os até mais do que Filip. Meu primo foi apenas a arma ingrata e enganosa, Travkin puxou o gatilho.

— Você realmente o matou?

Sevastyan acenou com a cabeça.

Então até mesmo da sepultura, Travkin tinha efetuado a morte do meu pai.

— Como chegou até ele? Deve ter tido um exército de guardas.

Com um olhar ameaçador, Sevastyan cuspiu.

— Eu não era esperado.

— Isso é tudo o que vai me dizer? — Perguntei com incredulidade. — Você sabia que Travkin colocou uma recompensa para mim também?

Sevastyan finalmente virou para mim.

— Eu descobri cinco minutos antes de entrar em seu refúgio habitual e meter uma bala entre seus olhos.

Engoli em seco, tentando imaginar este homem caminhando a passos largos para dentro da cova do leão assim. Por mim.

— Você poderia ter morrido.

Olhando de volta para a água, ele disse, — Você precisa descansar, Natalie. Estava em choque mais cedo. Vá lá para baixo.

— Não gosto de ir lá para baixo. Nunca estive em um barco como este. — Quanto mais distante ficávamos de Berezka, mais turbulenta a água se tornava. Ouvir as ondas batendo contra a parte inferior do barco me apavorava. Certamente era só uma questão de tempo antes que o casco rachasse como um ovo. — Eu nunca estive na água quando não havia terra à vista. — Estranho, mesmo não tendo nenhum visual da costa, nenhuma luz brilhava ao longe, eu ainda sentia como se o mundo todo estivesse queimando ao meu redor. Estar perto de Sevastyan fazia aquele sentimento retroceder.

Quando batemos em uma ondulação maior, ele murmurou, — Não é um barco; é um navio. E você está perfeitamente segura nele.

— Tudo a mesma coisa. — Escalei o banco do capitão espaçoso ao lado dele, sentando coxa com coxa. Talvez eu precisasse estar perto de Sevastyan por causa do que passamos juntos. Talvez nós precisássemos um do outro porque ambos deixamos pedaços de nossos corações lá atrás, em Berezka.

Tempo passado. Perdi minha batalha contra as lágrimas. Enquanto eu chorava silenciosamente, Sevastyan desviou a vista para a escuridão.

 

Bum. Bum. Bum.

Despertei em uma das cabines, enfiada debaixo das cobertas. Tinha uma vaga lembrança de repetidamente ter sobressaltos acordada encostada em Sevastyan, até que para o bem de todos eu desci. Ele me moveu? E trocou minhas roupas? Eu estava vestida só com uma de suas camisetas.

Ainda estava escuro lá fora, mas não tinha ideia de que horas poderia ser; o outono na Rússia significava menos horas de luz.

Eu podia dizer que estávamos estacionados. Talvez Sevastyan tivesse descido aqui para descansar.

Para lamentar.

Bum. Bum. Que som era este martelando? Levantei para investigar. Enquanto fazia meu caminho em direção à fonte, eu me perguntei como seria comigo e Sevastyan hoje. Será que ele esperaria que acatássemos os últimos desejos de Paxán?

Será que eu cumpriria seus termos? Aceitar Sevastyan como meu? Eu me lembrei como me senti ante o pensamento de perdê-lo também.

Como se um arame farpado estivesse apertando ao redor do meu coração.

Bum. Bum. Segui o som até a outra cabine. Quando Sevastyan não respondeu à minha batida na porta, empurrei a porta abrindo. Ouvi o chuveiro ligado no banheiro ao lado, o barulho estava vindo ali de dentro.

Quando a suspeita me tomou, corri para o banheiro. Respirei fundo com a cena diante de mim.

Nu debaixo do jato de água com os olhos vidrados e seus dentes à mostra, Sevastyan estava esmurrando a parede de pedra do chuveiro com seus punhos machucados. O vapor em cascatas batia em seu tórax conforme ele golpeava mais e mais, como se em um inimigo invisível.

Se existisse granito sob pressão, agora ele estaria quebrando bem diante dos meus olhos, como a pedra que ele esmurrava.

— O que você está fazendo? — gritei. Como ele podia continuar com isso? Seus punhos sangravam, mais sangue escorria de um nó no pano que ele amarrou apertado ao redor do seu bíceps, sua ideia de curativo para seu ferimento à bala. Isso formou um sulco entre as protuberâncias de músculo. — Por favor, pare!

Ele não fez.

— Pare! — Abri a porta do chuveiro e me meti ali dentro, pegando seu braço ileso com ambas as mãos.

Ele era um assassino volátil e violento, mas não sentia medo dele. Nem mesmo quando se virou para mim, cabelo preto chicoteando sua bochecha. Ele era de tirar o fôlego. Real. Cru.

Meu, minha mente sussurrou.

Aquele senso de conexão com ele deflagrou como uma luz ofuscante.

Apertando os dentes, ele disse, — Vá embora. — Seus olhos estavam tristes, seu rosto nobre cheio de tanta dor.

Eu podia aliviar isto.

— Não vou deixá-lo assim.

— Por que? Você não está nem aí para mim. Não além do que eu posso fazer por você.

Será que quis dizer além de prazer? Além da sua proteção? Eu me lembrei de suas palavras de despedida depois da nossa briga “além de sexo, qualquer coisa comigo não te atrai”.

— Você está tão errado, Sevastyan.

Ele só me encarou. Pelo que estava procurando? Permissão? Compreensão? Finalmente ele se moveu, colocando as palmas na parede em cada lado da minha cabeça, enjaulando-me.

Suas tatuagens de estrela estavam no nível dos meus olhos, meros centímetros de distância me chamando. Eu queria envolver meus braços ao redor dele e apertar meus lábios no seu tórax.

Beijá-lo e beijá-lo e beijá-lo até que toda sua dor desaparecesse.

Timidamente, eu me inclinei adiante para passar meus lábios sobre uma de suas tatuagens. Ele se encolheu como se eu o tivesse atingido, mas ele não me deteve. Arrisquei escovar meus lábios sobre seu pescoço. Ele estava imóvel, uma estátua por fora, um brutal executor por dentro.

Esfreguei o nariz na linha áspera de sua mandíbula. Alisei aquelas mechas de cabelo para longe do seu rosto, então beijei a bochecha cinzelada que revelei.

Quando inclinei meus lábios sobre os dele, ele estremeceu suspirando e recuou. O ardor em seu olhar era aquele anseio profundo até os ossos, aquele que me chamava de minha.

— O que você quer de mim, Natalie?

Como articular isto? Eu quero te beijar até que você esqueça sua dor por um tempo, quero te segurar apertado contra mim porque não consigo ter meu corpo perto suficiente do seu. Em outras palavras...

— Quero que você faça amor comigo.

Antes eu não dormi com ele por causa do futuro e das consequências. Não tinha certeza se viveria tempo suficiente para desfrutar do primeiro, então não podia ter me incomodado com o último.

Ante a minha admissão, suas sobrancelhas se juntaram, parecia como se ele estivesse desvendando.

Eu perguntei a ele, — O que você quer de mim?

Ofeguei quando ele agarrou a gola da minha camisa úmida.

— Quero o que é meu. — Ele arrancou a roupa de mim com um rasgo, desnudando-me.

Eu estava tremendo, nua.

Enquanto seu olhar passava por cima do meu corpo nu, ele não pode reprimir seu gemido angustiado.

Sevastyan olhava para mim como um homem despencando em direção à morte olharia para um par de asas. Como se eu fosse a diferença entre vida ou morte para ele.

Deitei minhas palmas em cima de suas tatuagens de estrela, ele embalou meu rosto. Sua testa encontrou a minha. Por longos momentos nós ficamos assim.

Quando ele tomou minha boca com a sua, finalmente, separei meus lábios em boas-vindas, fechando meus olhos quando ele me beijou suavemente. Deus, eu amava seu gosto, queria beber no calor de sua boca.

Como sempre, fiquei impressionada pelas contradições deste homem. Ele era terno, ainda que carnal. Seus pensamentos eram um mistério, mas seu corpo contava uma história, de sua contenção, músculos ondulando, peito arfando, mãos apertando.

Com um gemido, ele sacudiu a língua mais forte contra a minha, dizendo-me que ele estava prestes a aprofundar este beijo. Dizendo-me que estava prestes a reivindicar esta parte minha, com o resto do meu corpo a seguir.

Que ele estava prestes a me conquistar.

E quando me rendi totalmente, ele me consumiu como se estivesse sufocando e eu fosse o ar mais doce.

 

Sevastyan me beijou até que fiquei atordoada, toda mole contra seu corpo duro. Eu me agarrei nele quando puxou meu joelho até seu quadril, segurando-o lá.

Seu pau pressionou contra minha barriga como uma marca pulsante, e fiquei mais molhada para isto, preparando-me.

Ele usou sua mão livre para agarrar um de meus seios, debruçando-se até lamber a ponta endurecida. Choraminguei quando ele a sugou entre seus lábios, ainda trabalhando aquela língua esperta, forçando mais tensão enrolando lá embaixo em minha barriga. Ele se estendeu para meu outro mamilo, por sua vez, lambendo, chupando, deixando ambos os cumes doloridos esticando-se por mais.

Então sua mão se arrastou côncava para mim. Deslizou seu dedo do meio dentro de meus lábios espalhados, fazendo-me gemer.

— Sim, sim...

Quando ele sentiu o quanto eu estava escorregadia, um som derrotado irrompeu de seu peito, e um segundo dedo se juntou ao primeiro para me abrir.

Então ele retirou aqueles dedos levando-os até sua boca, suas pálpebras deslizando até fechar enquanto chupava meu creme até limpar. Outro mergulho, outra chupada. Como se estivesse me bebendo, uma gota de cada vez.

Era a pior tortura sentir seus dedos fortes me enchendo, então o vazio.

— Dentro de mim, Sevastyan, por favor...

Ele os mergulhou mais fundo.

— Isto é o que você precisa. — Ele os bombeou dentro do meu núcleo até que eu estava arranhando seus ombros.

Eu me senti tonta, tomada por uma espécie de delírio. Eu precisava que ele perdesse o controle, porque eu já estava prestes. Minhas mãos percorreram seu corpo molhado, as pontas dos meus dedos arrastando carinhosamente por cima de seus peitorais dignos de suspiros.

Descendo, escovei meu polegar em um de seus mamilos achatados, notando sua inalação acentuada. Quando enfiei minhas unhas pelo cabelo encaracolado de sua trilha para a parte boa, sua mão apertou meu joelho, imobilizando-o.

Uma vez que alcancei o peso do seu pau, ele disse rouco, — Use-o.

Balancei meu quadril para cima enquanto puxava seu membro para mim. Quando a cabeça fez contato com minha boceta, ele deixou escapar um palavrão, seu comprimento dando solavancos em minha mão. Arquejando, corri a coroa para cima e para baixo entre meus lábios escorregadios e inchados.

— Tão molhada, — ele rosnou. — Tão pronta para mim.

Enquanto eu acariciava meu clitóris com a ponta bulbosa, seu corpo estremeceu com necessidade.

— Chega de provocar. Quis isso por muito tempo.

Ele cobriu minha mão com a dele, ajustando a coroa contra minha entrada, avançando só uma fração.

Assim eu soube, sem dúvida nenhuma, que estava prestes a perder minha virgindade, as preocupações rastejaram dentro de mim. Ele era de longe muito maior do que qualquer coisa que já entrou no meu corpo. Isto vai doer.

Ele puxou nossas mãos para longe, então começou a aliviar mais fundo, cunhando a cabeça larga para dentro. Meu ofego foi cortado por seus lábios, famintos e insistentes enquanto afundava seu pau ainda mais longe. Cada centímetro me forçava a estirar cada vez mais, onde isso ia acabar?

Justamente quando senti uma pontada de pânico, ele recuou. Seus olhos ardentes esquadrinharam meu rosto, avaliando cada reação minha.

Embora a água quente estivesse há muito tempo correndo, comecei a suar. A extensão queimava, grande demais, grande demais, assim me levantei nas pontas dos pés para ganhar algum tempo.

Ele sacudiu sua cabeça lentamente.

— Tome-o. — Sua mão livre agarrou meu quadril para me segurar firme.

Eu inalei fundo para ter coragem. Uma vez que relaxei um grau, ele murmurou.

— Minha boa menina. — Então continuou sua inexorável posse do meu corpo.

Eu senti dor, nenhuma surpresa, considerando seu tamanho, mas podia suportá-la. Quando eu tinha aceitado o máximo de seu eixo possível, quando estava acomodado profundamente dentro de mim, ele ficou quieto novamente. Apesar de eu sentir nele uma luxúria voraz, o desejo de empurrar devia estar chicoteando-o, de alguma maneira freou sua agressividade, lutando contra seus impulsos mais primitivos.

Mesmo quando os tendões do seu pescoço ficaram esticados com a tensão e seus músculos tremeram.

Mesmo quando eu podia sentir seu pau pulsar dentro de mim com cada batida de seu coração.

Com a voz áspera e dura, ele disse simplesmente, — Moya. — Minha.

Naquele momento eu era completamente sua. Estava unida a ele, empalada por ele e não havia escapatória. Como se eu dançasse pela borda de um vulcão prestes a explodir, ou olhasse para uma represa se rompendo.

— Moya. — Ele puxou o quadril para trás, em seguida investiu adiante. A dor desapareceu, e em seu lugar veio uma sugestão de algo tão incrível...

Ele fez isto novamente.

Minhas pálpebras ficaram pesadas conforme a maravilha me inundou. Arrebatamento. Plenitude. Conexão. Com sua próxima punhalada medida, eu suspirei.

— Oh, meu Deus.

— Você gosta disso, bichinho.

Adoro.

— Eu nunca soube. — Minhas mãos relaxaram o aperto mortal em seus ombros e começaram a espalhar carícias por cima de suas costas esculpidas.

— Minha mulher está ficando tão molhada. — Outro rolar de seu quadril me fez afundar as unhas nos contornos duros como pedra de seu traseiro.

Quando comecei a me mover com ele, ele disparou.

— Você quer mais?

— Sim, Deus, sim!

Ele me ergueu com um braço em torno das minhas costas.

— Segure-se em mim. Pernas ao redor da minha cintura.

Quando eu as fechei ali, mãos possessivas plantaram-se na minha bunda, forçando-me a deslizar de volta ao seu pau escorregadio. Seu membro bateu em mim em um novo ângulo, e meus olhos arregalaram. A pontada foi passageira, o prazer escalou.

— Renda-se, Natalya.

Eu dei um grito e fiz. Hoje à noite eu era sua sem reservas.

Seus olhos dourados me mantiveram extasiada quando ele surgiu contra mim, dentro de mim, seu pau engrossando ainda mais. Quando meus mamilos rasparam eu seu tórax musculoso, apertei meus braços ao redor dele, incapaz de conseguir ficar perto suficiente.

Ele estava dentro de mim, eu queria ser envolvida por ele.

Seu corpo mau e tatuado estava trabalhando no meu, controlando meu prazer, aumentando-o em todos os sentidos. O mármore na parede intacta era liso contra minhas costas. Deslizei de cima abaixo contra ele, deslizei para cima e para baixo em seu comprimento latejante.

Eu já estava correndo em direção ao meu orgasmo quando suas palavras escaparam na minha orelha — Você está me dando um aperto tão quente e molhado... prestes a roubar meu esperma de mim antes de eu estar pronto.

Ele estava tão perto quanto eu? Mesmo nesta posição, comecei a encontrar suas punhaladas, contorcendo-me no seu pau, esfregando meu clitóris inchado contra ele.

Ele rangeu os dentes.

— Pare, milaya. Ou vou gozar.

Eu estava longe demais para parar, com certeza nós dois estávamos. Apertei minhas pernas ao redor de sua cintura para que eu pudesse ondular mais rápido, mais forte. Água se juntou na perfeita vedação onde nossos corpos se encontraram, meus movimentos febris fazendo um som de chapinhar.

Ele alargou seus dedos em cima da minha bunda, dizendo com voz áspera — Disse... para parar. — Ele cavou em minhas curvas para me segurar no lugar, mas seu aperto punitivo só acabou por me excitar mais.

Sem raciocinar mais, eu arquejei.

— Oh, Deus, oh, Deus!

— Então geme para mim, bichinho. Nunca me canso desse som.

Eu fiz, até que gritos substituíram meus gemidos quando me arremessei cada vez mais perto.

— Sevastyan!

Ele disse entre dentes — Eu quero sentir o quão forte minha mulher goza. Esprema meu sêmen de mim.

Com isso, colidi na borda, minhas paredes internas apertaram seu comprimento. Ele deu um grito e cessou suas estocadas, sabia que ele podia me sentir ordenhando seu pau com contrações rítmicas, exigindo tudo dele.

Ele se segurou quieto enquanto eu o apertava mais e mais, os espasmos me deixaram incapaz de fazer qualquer coisa além de repetir seu nome enquanto minha cabeça pendia.

Ele embrulhou meu cabelo ao redor de seu punho, forçando-me a olhar para ele. Entrecortadamente ele disse — Ty moya. — Você é minha.

Então ele lançou sua cabeça para trás e berrou, começando a ejacular dentro de mim. Eu podia sentir seu sêmen jorrando dentro como uma maré escaldante. Só então ele investiu novamente, lançando o quadril em um frenesi para bombear até ficar seco, gritando pela força de seu gozo...

Posteriormente, ele me apertou contra ele tão firmemente, que chegou quase a ponto da dor. Eu precisava disso, queria que me apertasse muito mais forte.

Não sei quanto tempo nós permanecemos assim, corações trovejando juntos, seu quadril oscilando suavemente. Horas podem ter passado. Quando até mesmo a água fria dos tanques começou a vir falhada, ele me tirou do chuveiro, braço apertado debaixo da minha bunda, seu pau semi ereto ainda dentro de mim.

Não teve uma vez que sonhei que ele me levava toda molhada para cama? Sem separar nossos corpos, ele se sentou na beirada comigo no colo. Beijou a água no meu pescoço, chupando a pele acima da minha pulsação daquele modo que me fez derreter. Mordiscou meu lábio inferior, ternamente chupando-o.

Quando ele abaixou sua cabeça, sua língua caiu em meus mamilos enrugados e arqueei minhas costas com um grito, glorificando ao senti-lo inchando dentro de mim.

No entanto, em seguida ele me ergueu para fora do seu pau, girando-me, facilmente me posicionando com minhas costas em seu tórax.

— Queira ver você melhor. — Ele agarrou seu comprimento no punho para me empalar mais uma vez.

— M-me ver?

Ele firmou suas pernas entre as minhas, espalhando-me até que minhas pernas descansaram contra a parte de fora suas coxas.

— Olhe para você.

Eu olhei para cima. Estávamos na frente do espelho da cômoda, nossos corpos úmidos refletidos, como se mais duas pessoas estivessem no quarto conosco.

— Qualquer homem mataria por você.

Meu rosto estava corado, olhos brilhando com paixão. Atrás de mim, ele parecia ainda mais corpulento e inflexível, enquanto eu parecia pálida, pequena e suave. A sombra escura de seu pau era gritante contra a carne rosa recebendo-o tão avidamente.

Quando ele sopesou meus seios, olhei para suas mãos ásperas e tatuadas contra minha pele branca como leite, aquele nó no pano ao redor de seu braço musculoso. Ele parecia um deus das trevas, um guerreiro que tinha acabado de voltar da batalha.

Porque ele era.

Ele me ergueu só o suficiente para revelar seu eixo cheio de veias brilhando do meu orgasmo e de seu sêmen. Quando uma gota perolada arrastou trilha abaixo de minha abertura, ele disse — Vê meu sêmen dentro de você?

— Deus, estou vendo. — A essência quente e rica dele. A evidência dos que nós fizemos. Eu gemi, começando a tremer. No espelho, vi meus seios balançando com minhas respirações resfolegantes.

Contra a cavidade do meu pescoço, ele disse rouco — Eu nunca gozei dentro de outra.

Eu estava pegando meandros desta conversa. Nunca gozou? Ah, porque ele usou proteção.

— Sentiu isto dentro de você?

Eu acenei com a cabeça.

— Pareceu tão quente, escaldante. Isso me fez necessitar gozar de novo.

Ele virou meu rosto para que nossos olhos pudessem se encontrar no espelho, então pude ver como ele me fitava, ao meu corpo.

Como se eu já fosse uma coisa capturada. Seu olhar era... sinistro.

— De certa forma, eu marquei você.

Ante a ideia, tremi contra ele. Esperava um hematoma pela frenética reivindicação no chuveiro, e até mesmo agora. Este era o homem que chicoteou meus seios, que bateu na minha bunda com tanta força que senti isto no dia seguinte. Só de recordar como ele me dobrou com dor fez a umidade me inundar.

No entanto, aquele assalto implacável em todos os meus sentidos foi justamente uma demonstração de seu domínio. Ele tinha controle sobre si mesmo, sobre mim.

— Este é o lugar onde você pertence.

— Pertenço? — Eu sussurrei. Uma palavra tão carregada.

— Você pertence encostada a mim, — ele roçou os dentes descendo por meu pescoço, — ao meu redor. Conectada a mim.

Conexão.

— Sim, sim.

Seus dedos rodearam minha garganta, enjaulando-a.

— Você pertence a mim. — Sua outra mão mergulhou lá embaixo para acariciar meu clitóris escorregadio, arrancando um ofego meu.

Espalhei minhas pernas mais ainda, sabendo que ele estava prestes a me fazer não raciocinar novamente.

— Eu disse a você que se fosse seu primeiro amante, seria o último. — Ele disse, seus dedos fazendo círculos lentos e escorregadios. — Eu disse que mataria qualquer homem que tocasse o que era meu. Está me entendendo?

Apesar de mal poder reunir meus pensamentos, a relutância me atravessou. Entendi que ele queria me possuir. Sombriamente, brutalmente. Mas por quanto tempo? Tipo totalmente?

Restaria qualquer coisa de mim quando um homem como este se saciasse?

Quando hesitei em responder, ele abruptamente se retirou.

Fiquei fria, desprovida.

— O quê? Por quê? — Vazio dolorido me encheu.

Ele me posicionou de volta em seu colo, seu membro ingurgitado na frente do meu púbis. Permaneceu erguido como um ídolo para ser adorado, fazendo minha boca encher de água e meu quadril remexer. Não podia me impedir de me esfregar na base úmida.

— Agarre-o.

Eu fiz.

— Acaricie. Conheça-o. Meu pau é o único que você realmente precisará, ou conhecerá.

Cativada, pus ambas as mãos nele, puxando, masturbando-o na frente do espelho.

— Oh, Deus, Sevastyan...

— Se você o quiser de volta, então me implore por ele.

À medida em que eu o apertava em meus punhos, as palavras saíram dos meus lábios — Por favor, me dê seu pau.

— Por que?

Por que? Honestamente...

— Porque sinto que vou morrer sem ele.

— Então me diga que possuo seu primoroso corpinho.

Possuir. Possuir. Neste exato momento, ele possuía, controlava-o absolutamente. Ele me ergueu mais uma vez, equilibrando-me em cima do seu pau, cunhando apenas a cabeça dentro. Eu gemi, ziguezagueando nele enquanto ele retinha o que eu tão desesperadamente ansiava. Tudo bem!

— Você o possui.

— Quem possui você? — Ele exigiu, aumentando as apostas. Uma vez mais ele estava me empurrando, forçando-me a submeter cada vez mais completamente.

Mas lutar com ele parecia... inconcebível. Como resistir ao inevitável. Então murmurei — Você me possui.

— Bom. — Seus olhos cintilaram com triunfo. Satisfeito que me rendi, cravou seus calcanhares no chão e empurrou para cima em minha umidade.

— Sevastyan! — Eu gritei, mas ele não diminuiu a velocidade, parecia ter alcançado os limites de seu controle de ferro.

Seus quadris levantaram, pistoneando entre minhas pernas. No espelho eu podia assistir seu olhar trancado em meus seios balançando. Eu podia testemunhar seu pau grosso brilhando investindo em mim, engolido pela minha boceta faminta. Prestes a me encher com mais de seu sêmen.

Meus dedões do pé curvaram. Choraminguei, os tremores tomando conta de mim. Construindo, enrolando, construindo, enrolando...

Liberação.

Minhas costas arquearam, eu gritei impotente enquanto meu corpo era tomado.

Ele puxou meu cabelo para descobrir meu pescoço, mordiscando-me duro, rosnando contra minha pele.

— Ty svodish’s menya s uma! — Você me enlouquece!

Senti seu pau sacudir dentro de mim, então calor... explosão após explosão enquanto eu gemia seu nome, em uma voz que gotejando submissão.

Depois que desmoronei de volta contra ele, toda mole de satisfação, Sevastyan manteve nossos corpos unidos, aproveitando a oportunidade para acalmar sua mordida com um beijo terno em meu pescoço.

Logo ele começou a endurecer novamente. Eu estava exausta, mas senti-lo crescendo dentro de mim mais uma vez me excitou tanto que estava pronta para outra rodada.

Mas ele me ergueu do seu eixo, movendo-me completamente para o topo da cama.

— Eu não quero te machucar. Esqueci que você não era experiente antes desta noite.

Eu já podia dizer o quanto estaria dolorida. Provavelmente um bom plano para tomar um fôlego.

Ele deitou de costas, arrastando-me ao seu lado. Enquanto me segurava firmemente no berço de seus braços, descansei minha cabeça no seu tórax. Com o som de seu coração contra meu ouvido, tracei uma tatuagem, cheia de fascinação por este homem, e um persistente mal estar.

Uma vez imaginei que estaria rendendo algo quando eu perdesse minha virgindade. Com Aleksandr Sevastyan eu posso ter rendido... tudo.

Mas a fadiga estava me capturando.

Enquanto eu estava deslizando no sono, ele disse rudemente — Tenho mil pensamentos correndo pela minha cabeça.

Ele realmente estava instigando uma conversa? Sobre o que estava passando pela sua cabeça?

— Diga-me. Mesmo que seja só um.

— Amanhã, talvez, — ele disse em um tom evasivo. — Vá dormir.

— Só um, Sevastyan.

Ele exalou.

— Esta necessidade que tenho por você... devia te perturbar.

Engoli em seco. Perturbava. Ainda assim perguntei.

— Por que?

Ele pressionou sua palma contra a minha, estudando nossas mãos por momentos enervantes.

— Porque isso perturba até a mim.

 

Ergui-me subitamente, despertando com o som de meu próprio grito e as botas que pisoteavam em direção à cabana.

— Natalie?

Estava acordada. No barco. Apenas um pesadelo.

Durante o sono, revivi aquelas balas pulverizando. Ouvia os preciosos relógios de Paxán quebrando, pensando que ele ficaria incomodado com a perda.

Então sonhei que Sevastyan tinha morrido na casa de barcos, seu corpo poderoso abatido. Pingos de chuva bombardeando seu rosto sem vida, seu olhos vítreos...

Quando ele invadiu pela porta da cabana, eu já estava de joelhos, agarrando-o com uma choradeira.

Ele me apertou contra ele, arrastando-me para seu colo enquanto se sentava na cama.

— Eu tenho você. Shh. — Ele murmurou, apertando-me contra seu tórax. —Shh, milaya moya. — Ele começou a acariciar minhas costas com sua mãozona morna, acalmando-me. Deus, eu precisava dele. Sua força, seu calor.

Em seus braços, com a batida do coração dele martelando em minha consciência, perguntei-me como possivelmente podia ter pensado que este homem fosse tão sinistro.

Quando ele estava assim, não conseguia lamentar a rendição da noite passada. Quando apertava beijos contra meus cabelos, me sentia mais próxima dele do que já estive de alguém.

Como podia lamentar dar-lhe qualquer coisa que eu pudesse...?

O som de vozes do lado de fora me despertou.

— Onde nós estamos? — Perguntei.

— Aportando no exterior de São Petersburgo. — Ele me aconchegou mais perto. — Quer falar sobre isto?

Não havia necessidade de dizer que tinha tido um pesadelo.

— Eu... revivi aquilo. — Disse em uma voz entrecortada. — Em seguida, sonhei que você tinha morrido.

— Não irei há lugar nenhum, Natalie. Mas você passou por muita coisa. Não estava preparada para nada disso.

— Senti que algo estava errado com Filip. Ainda assim ignorei meus instintos. Devia ter dito algo.

Sevastyan balançou a cabeça.

— Contei a Paxán sobre meus pressentimentos, mas ele sempre foi leal aos seus amigos. Sentiu que devia mais a Filip, não dando atenção ao meu conselho. Devia ter lutado com ele, feito com que visse a razão.

Dei uma risada amarga.

— Ambos estamos culpando a nós mesmos. Talvez devêssemos culpar Filip? Ou Travkin?

Em um tom baixo, Sevastyan admitiu.

— Desejo poder matar Travkin novamente.

Lembrando-se do que ele fez, perguntei — Por que entrou na toca do leão para assassiná-lo? Por que não esperou?

— No minuto em que a marcou para morrer, ele assegurou a sua própria. Ninguém jamais a machucará. Ninguém... — A mão de Sevastyan em minhas costas parou, ele ficou tenso ao meu redor.

— O que? O que há de errado?

Seguido seu olhar, vi meu reflexo no espelho da cômoda. Havia grandes hematomas de dedos em meu quadril e bunda.

Com uma voz rouca, ele disse — Fui eu quem fez isto a você?

Olhei para cima, vendo uma expressão que nunca tinha visto no rosto dele.

Medo.

Porque a única coisa que podia assustar um homem como Sevastyan... era ele mesmo.

Ele me colocou na cama como se eu fosse feita de porcelana, então se levantou para partir, sua postura dura.

— Deixei contusões. — Ele parecia arrasado por isto, o que não deveria.

Então tentei aliviar o clima.

— Por favor. Eu me machuco até com palavras duras. Além disso, isto é tipo a natureza da besta, não é? — Ele chicoteou mulheres antes, amarrou-as. — Certamente você já viu isto no passado.

Assim mesmo ele não relaxou, o claro conflito em sua expressão.

— Não. Não de minha mão.

Porque Sevastyan nunca tinha estado com a mesma mulher duas vezes? Quando Paxán me disse isto, eu meio que pensei que estava exagerando. Mas provavelmente Sevastyan nunca esperou para ver o resultado de seus apetites.

Eu o senti me escapando.

— Estou perfeitamente bem. Você gostou quando minha bunda ficou dolorido. — Lembrei-lhe. — Como isto pode ser diferente?

— É diferente. Agora. — Ele me deu um roupão.

Com uma careta, me vesti.

— Agora por quê?

— Discutiremos isto mais tarde. Temos um dia longo pela frente.

Ele não olhava para mim, estava se fechando diante de meus olhos. Agora que fizemos amor, pensei que entraríamos em uma nova fase em nosso relacionamento. Uma em que, quem sabe, conversaríamos.

Mas era como se um esboço tivesse farfalhado no ar entre nós.

— No banya, você me disse para não acordar. Sinto como se devesse dizer-lhe o mesmo. Está se afastando, e não sei por que.

— Tenho algo para você. — Ele retirou um envelope do bolso da jaqueta, me entregou. — Estava na cabana de Paxán, no cofre dele. — A parte de trás estava lacrada com um círculo de cera vermelha. Reconheci a caligrafia caprichada de Paxán na frente.

Para minha filha

Ele me disse que nunca se cansaria de dizer isto.

— Leia, então arrume uma mala para cinco noites. — Sevastyan deu um breve aceno com a cabeça. — Partiremos logo. Deixarei você com isto.

Assim que fiquei sozinha, rasguei o envelope...

 

Minha querida Natalie,

Se você estiver lendo isto, então estou, como vocês americanos tão eloquentemente fraseiam isto?, fodido.

 

Até com aquelas palavras, podia ouvir seu tom irônico, podia imaginá-lo escrevendo isto com um suspiro.

 

Porém, você está com Aleksei, e este é meu consolo. Ele enfrentará em uma saraivada de balas por você.

 

Ele tinha.

 

No entanto, por mais leal que ele seja, há uma escuridão nele. Desde o primeiro inverno em que o trouxe para Berezka, ele não falou sobre sua infância, mas sei que foi horrorosa. Nunca o forcei a conversar sobre isto, porque senti que ele queria arrematar seu passado e recomeçar de novo.

Esta foi uma falha de minha parte.

Dorogaya, ele é como um relógio complicado, e algum mecanismo profundamente dentro está quebrado. Ele mantém cicatrizes dentro e fora, e até que possa confiar em outra pessoa o suficiente para confiar sobre seu passado, não acredito que jamais estará inteiro. Convença-o a confiar em você com seus fardos.

 

Como? Se Sevastyan não tinha se aberto até agora...

Não que esperasse que ele soubesse como. Foi criado desde os treze anos em um domicílio habitado por homens, com rifles, armas e criminosos.

E quem sabia o que aconteceu com ele antes disto?

 

Você é uma mulher rica agora. Assim que estiver fora de perigo, por favor, conheça o mundo e viva seus sonhos.

Com todo meu coração, espero que você e Aleksei possam construir um futuro juntos, com uma base forte. Mas se você não puder minha valente filha, então olhe para o horizonte. A vida é curta. Aceite isto de alguém que aparentemente sabe.

Lágrimas nublaram minha vista. Novamente seu toque de ironia penetrava suas palavras. Mas nunca mais riríamos juntos novamente, nunca mais compartilharíamos piadas.

Você é a grande surpresa de minha vida, estimada além das palavras. Porém o tempo que passei com você não foi suficiente, e nunca poderia ser.

Com todo meu amor,

Bátja

 

Entre as lágrimas, reli a carta várias vezes, até que estava quase entorpecida por isto, então a coloquei no bolso interno de minha mala. Enquanto começava a arrumar a mala, refleti sobre o conselho de meu pai sobre Sevastyan.

Não era uma grande fã de mulheres tentando consertar os homens, mudá-los. Sempre achei que havia caras suficiente por aí, então deveria procurar por um pacote completo que já estava completamente montado, ou ficar sem.

Mas conseguir que Sevastyan se abrisse não necessariamente envolvia mudá-lo, envolvia começar a conhecê-lo. Como uma investigação acadêmica.

Nossa relação precisava ser trabalhada. E trabalho é o que eu fazia.

Queria Sevastyan o suficiente para lutar por ele? Sim. Sim, eu queria. Eu o quis desde o momento em que o vi pela primeira vez.

Tinha que tentar.

Sai da cabana no momento em que ele desligava uma chamada. Com a mesma pessoa misteriosa de antes?

— Você está bem? — Sua maneira de perguntar sobre a carta.

— Sim. Paxán escreveu um lindo adeus.

Sevastyan acenou com a cabeça.

— Acabei de saber que o perigo diminuiu. A noticia sobre a recompensa se dispersou, e Berezka está segura. O enterro de seu pai será realizado lá em duas semanas.

— Entendo. — Engoli em seco um nó em minha garganta. — Voltaremos para lá agora?

— Ainda não. Aluguei um carro para irmos para o sul de Paris. Há uma propriedade segura na cidade.

— Mas se o perigo está diminuindo...

— Confio nas informações sobre Berezka, mas não o suficiente para arriscar sua vida.

— Quem esta lhe fornecendo a informação? Um dos brigadeiros?

— Um homem chamado Maksim.

Com a menção deste nome, algo se arrastou em minha memória.

— Como você o conhece? — Quando Sevastyan não respondeu, eu disse. — Deixe-me adivinhar. Encontrou-o no norte. Por acaso.

— Algo assim. — Ele disse, torcendo aquele anel no polegar como um filho da puta. Como meu sombrio Siberiano. — Eu o conheço pela maior parte de minha vida. Eu... confio nele, até certo ponto, pelo menos. — Torcendo, torcendo, torcendo.

— Uh-huh. — Não senti como se estivesse mentindo, mas ele estava definitivamente contornando a verdade. E por enquanto, estava muito esgotada para confrontá-lo.

Quando ele me disse — Vou buscar sua mala. — E rumou para a cabana, isto foi quase um alívio.

 

Uma vez que estávamos no carro, um Mercedes sedan parecido com o dele, Sevastyan parou antes sair. Sem olhar para mim, apertou o câmbio, roçando sua outra mão sobre o volante.

Finalmente ele falou — Um bom homem iria racionalizar que você estava confusa ontem à noite, traumatizada, e não poderia ser responsável por suas ações. Um bom homem a colocaria de volta em sua antiga vida, agora que tudo mudou.

— Mas você não se considera um bom homem?

Ele me encarou, enunciando as palavras — Nem um pouco, bichinho. — Sua resposta soou tanto como uma promessa quanto uma ameaça.

Como responder àquilo? Ele basicamente me disse que era um filho da puta egoísta, que não me deixaria partir. Da mesma maneira que me informou ontem à noite, enquanto me acariciava tão divinamente.

Deixei a conversa para depois, mas não faria isto por muito tempo. A carta de Paxán destacou meus próprios pressentimentos. Precisava de mais de Sevastyan.

Mas como faria para me preparar para conseguir isto?

Ele colocou o carro em movimento. Enquanto saíamos de São Petersburgo, olhei para ele, percebendo que estava começando uma expedição para o desconhecido. Com esta viagem, com este homem.

Era uma espectadora em ambos os casos, esperando Sevastyan trocar de marcha ou dar sinal com o pisca-pisca, abrir-se ou mostrar algum sinal de confiança.

E o tempo todo, as luzes de perigo piscavam mais e mais...

 

— Incrível. — Suspirei enquanto olhava sonhadoramente para Paris da sacada coberta da casa da cidade de Sevastyan.

Sua “propriedade segura” era uma mansão de quatro andares da virada do século, com uma vista de morrer para a maldita Torre Eiffel, o ponto mais alto de todos os meus sonhos de viagem. Ela disparava para cima, o topo desaparecendo em nuvens baixas, compactas de chuva.

— Estou contente que você goste, — ele disse da espaçosa e panorâmica área de estar. Se Berezka foi tudo que era opulento, este lugar era quase tão exuberante, mas o interior era mais moderno. Na frente de uma lareira crepitante, ele serviu uma taça de vinho tinto para mim.

Eu não pude evitar suspirar por ele, todo vestido à perfeição em um terno grafite de três peças. Vendo-o desse jeito me deixou contente pelo modo como me vesti bem hoje. Esta manhã ele me disse que Paris estava apenas a poucas horas de distância, então renunciei às minhas roupas mais confortáveis para sapatos de saltinhos Kitten heels, meias ⅞, uma saia lápis até o meio da coxa e uma blusa justa de seda púrpura profundo.

Pelos últimos cinco dias, nós dirigimos sempre para o sul em direção a Paris, dando-me uma visão lateral do banco do passageiro do sul da Rússia, Polônia, Alemanha e o norte da França.

À noite, ficamos em hotéis luxuosos e fizemos amor por metade das horas que nos dispomos a dormir. Apesar de ele ter me tomado várias vezes, sempre me tratava como porcelana.

Durante estes dias, eu vi mais de suas contradições fascinantes. Ele conhecia vinhos, mimando-me com safras raras, mas não bebia comigo. Quando jantamos em restaurantes finos, ele era tão cavalheiro, seus modos à mesa impecáveis, mas eu sabia que ele estava sempre carregando uma pistola muito pouco cavalheiresca no coldre.

Além de russo, inglês e italiano, ele falava fluentemente francês e tinha uma boa compreensão do alemão, mas eu mal podia conseguir que ele se comunicasse comigo sobre qualquer coisa significativa.

Ele se recusou a se abrir. A cada quilômetro que colocávamos entre nós e a Rússia, mais distância acumulava entre Sevastyan e eu. Estava começando a ver que Paxán estava certo, algo estava quebrado dentro de Sevastyan.

A dor que compartilhamos não nos aproximou, de fato, evitávamos mencionar Paxán e Berezka...

Quando ele atravessou as portas da sacada, aceitei o vinho, perguntando — Este lugar é realmente seu?

— Eu o comprei de um príncipe saudita. — Isso explicava o forte esquema de segurança, a entrada privativa. Um guarda e empregados já estavam instalados aqui.

— Parece caro.

Uma pitada de diversão.

— Eu tenho meu próprio dinheiro, milaya. — No nosso primeiro dia na estrada, ele me disse que quando as coisas se acalmassem, nós precisaríamos discutir minha herança, mas não tinha absolutamente nenhuma pressa. Desde então, nós não conversamos sobre despesas ou dinheiro até agora.

Ele se juntou a mim na grade, a situação me lembrando da primeira vez que olhei da minha sacada em Berezka. Só que agora, Sevastyan não estava fisicamente distante. Ele me puxou para frente dele, minhas costas na sua frente, e passou os braços quentes ao meu redor. Descansando o queixo na minha cabeça, ele me trancou apertada contra seu torso.

— Quando a comprou? — perguntei.

— Não muito tempo atrás.

Outra resposta vaga para ser colocada com o resto delas. Mordi minha língua. Às vezes eu a mordia com tanta força que sangrava.

Desde aquela noite no barco, não houve progressão de emoções, ou intimidade.

Ele me reclamou várias vezes, elogiando, trazendo-me indescritível prazer. Depois de cada vez, ele me deixava explorar seu corpo tão atentamente quanto explorava o meu. Noites de descoberta sem fôlego. Eu caía no sono com minhas mãos ainda o acariciando.

Mas ele nunca me tomava como ele tão claramente necessitava. Eu encontrava seu olhar em meus pulsos, porque ele precisava deles amarrados. Ele acariciava meus mamilos com o nariz, chupava-os, mas nunca raspava-os com seus dentes ou beliscava até doer.

Ontem, em um posto de gasolina na Alemanha, ele esteve ao telefone, de novo, por isso eu perambulei ali dentro e fiz uma compra, uma revista de BDSM (ela estava em uma prateleira próxima ao óleo de motor!).

Uma vez que nos colocamos a caminho, ele perguntou distraidamente — O que você tem aí?

Então virei para uma página que eu tinha marcado com uma dobra no canto enquanto esperava por ele, levantando uma das muitas fotos que despertaram meu interesse: uma mulher nua amarrada pelos pulsos e tornozelos no que parecia com um cavalete acolchoado.

Ela usava estas pinças de mamilo realmente muito legais; parecia como se alguém tivesse colocado uma varinha de ligação em cima dos bicos, então outra embaixo, apertando as barrinhas juntas com parafusos nas pontas. Recordando o quão duro Sevastyan beliscou meus mamilos no banya, e como amei isto, eu queria ser grampeada assim. Só de pensar, meus mamilos endureceram.

Assim que Sevastyan registrou o que ele estava vendo, suas pupilas dilataram, suas juntas ficaram brancas no volante. Com a voz rouca, ele perguntou — É isso que você pensa que quer?

Eu acenei com a cabeça.

— Você tem muita experiência com cenas como esta, certo?

— O suficiente para nós dois, de forma que nunca teremos que descer a esse nível novamente.

Descer?

— Você deveria saber, já que aparentemente é o único homem com quem vou dormir, que quero tentar de tudo uma vez. Minha curiosidade exige isto.

Ele engoliu em seco, sua garganta trabalhando.

— Como o quê?

No tom mais casual que eu podia fingir, disse — Adorei quando você me chicoteou com o venik. Quando o ardor se transformou em calor, e o calor em felicidade. Então talvez devêssemos aumentar as apostas e tentarmos uma pá ou algo como, — empurrei uma propaganda de um flogger para ele, — isto.

O lábio superior do meu siberiano frio ficou enfeitado com gotas de transpiração.

— Ou isto. — Mostrei a ele a foto de uma mulher nua amordaçada e presa em um poste. Um homem completamente vestido estava atrás dela, batendo entre suas pernas com um dogging bat, uma vara que parecia com um marcador de páginas coberto de couro que abria na ponta. — Isso deve parecer... elétrico.

Com um palavrão cabeludo, Sevastyan me arrebatou a revista, lançando-a no banco de trás.

Tinha quase certeza que ele estava prestes a parar o carro no acostamento para me violentar. No entanto, ele não fez. Nem discutiu o que eu mostrei, como se nunca tivesse acontecido.

Basicamente, meu relacionamento com Sevastyan era emocionalmente atrofiado e indo em direção a sexualmente frustrado. Dois obstáculos muito grandes...

Agora, com as luzes de Paris cintilando à distância, ele me girou em seus braços.

— No que você está pensando?

— Na viagem. Na revista.

Ele deixou suas mãos caírem e afastou-se para longe de mim. Cruzando até a grade, ele descansou seus antebraços ali em cima.

— Eu não vou discutir isto.

Estreitei meus olhos cheia de irritação e decepção. Mas lembrando sua reação com os nós dos dedos brancos pela minha escolha de leitura me fez perceber que podia desgastá-lo. Fazer com que perdesse o controle. Talvez?

Claro, isso significaria ter que pagar para ver. Estava pronta para me comprometer em uma relação de BDSM com este homem? Uma parte minha queria, simplesmente porque pelo menos estaria em uma relação definida.

Como estávamos agora, estava tudo no ar, com estabilidade zero. Eu estava descobrindo que gostava de estabilidade. Gostei de viver em uma fazenda minha infância inteira com pais estáveis como uma rocha. Eu gostava de estar estabelecida em uma faculdade.

Naturalmente, Sevastyan se sentiria diferente depois de sua existência de mal ter o que comer quando criança. Mas eu precisava de mais...

— Fale sobre qualquer outra coisa, Natalie, ou não conversaremos de jeito nenhum.

— Tudo bem. Vamos discutir outras coisas. Que tal, como você fez tanto dinheiro? — Eu não tinha ideia que ele era independente e rico a este grau, mas isso fazia sentido considerando que ele mesmo era um vor. Agora percebia que ele viveu em Berezka por escolha, para estar perto de Paxán. Esse pensamento deu um puxão no meu coração. — Não vai me contar como?

— Eu... lutei. — Ele caiu em silêncio. Imaginei que ele sabia que teria que me dar algo mais, porque tentou novamente. — Na minha adolescência e durante meus vinte anos, lutei em lutas subterrâneas da mafiya. Era lucrativo para mim.

— Imagino que você ganhou um monte de dinheiro.

— Nunca perdi uma daquelas competições, — ele disse não com arrogância, mas quase com... arrependimento. Em um tom mais baixo, ele acrescentou. — Sou singularmente adequado para lutar, sempre fui.

— Como assim? — Densidade óssea superior? Limiar alto para dor? Lembrei de Paxán me dizendo que ele nunca viu ninguém apanhar Sevastyan, e ele só tinha treze anos na época.

Ignorando minha pergunta, Sevastyan continuou.

— Há alguns anos, percebi que não poderia lutar para sempre. Eu tive uma ideia de negócios e trouxe-a para Paxán. Ele me encorajou a usar meus lucros para desenvolver o esquema sozinho.

— E qual foi?

— Uma maneira de contrabandear vodca barata para dentro do país.

— A Rússia não é a terra da vodca barata?

— Custa significativamente menos comprar vindo dos Estados Unidos, mas nossas tarifas de álcool desencorajaram a maioria a importar. Então apresentei uma maneira de disfarçar a vodca na Alfândega.

— Como? — perguntei fascinada.

— Eu tinha que tingir de azul claro com corante alimentar. Então rotulamos os barris como fluído de limpador de para-brisa. Uma vez na Rússia, nós invertíamos o corante.

Eu sorri para ele.

— Isto é assustadoramente brilhante.

Ele deu de ombros, mas eu podia dizer que estava contente com minha apreciação.

— Isso fez milhões, ainda faz. — Ele disse, novamente sem arrogância. Então exalou, o olhar distante se foi. — Eu ajudo a trazer álcool barato para dentro do país. Irônico.

— Como isto é irônico?

Com a atenção de volta para mim, ele disse — Chega de perguntas.

Inclinei minha cabeça para ele. Eu tive uma vitória, ele me contou mais sobre si mesmo do que nunca antes. Então eu devia liberá-lo?

Tinha acabado de decidir o que faria quando um olhar lascivo surgiu em seu rosto, o olhar que eu agora reconhecia e acolhia ofegante.

— Eu quero te mostrar uma coisa. — Ele me levou pelas escadas, em seguida atravessamos um foyer para uma suíte palaciana.

Lá dentro, vi nossas malas uma ao lado da outra.

— Este é nosso quarto? — Ficar em hotéis com um companheiro de viagem não era grande coisa. Mas agora me ocorreu que eu estava vivendo com um homem.

Na sua casa.

— Você não gosta?

O quarto era decorado em cores discretas, azul escuro e creme. A colcha sobre a cama imensa era exuberante, mas refinada, as paredes forradas com um papel de extremo bom gosto.

A mobília era uma mistura complementar de masculino e feminino. Havia uma cômoda sofisticada para cosméticos e joias, que eu já não tinha, como também um pufe de couro otomano que parecia que tinha sido roubado do quarto de algum duque aposentado. No entanto, tudo combinava.

— O que há para não gostar? É isto o que você queria me mostrar?

Ele sacudiu a cabeça, levando-me para um escritório em anexo com uma porta bojuda. Dentro havia uma escrivaninha, uma cama de solteiro, armários de armazenamento e vários monitores exibindo filmagens de câmeras.

— Isto é um quarto do pânico?

— Justamente.

As filmagens vinham de cada área da casa.

— O lugar inteiro tem câmera?

— E uma escondida do lado de fora. — Exibia parisienses caminhando por uma rua lateral, a maioria olhando diretamente para a câmera escondida. — Posso assistir cada filmagem, ou feed, no meu telefone. — Sevastyan levantou seu celular, clicou em um aplicativo, então me mostrou um. — Então mesmo quando eu não estiver aqui, posso cuidar de você.

Sempre me observando.

— Ele grava? — Perguntei em um tom inocente, mas ele já sentiu a direção dos meus pensamentos.

— Se nós desejarmos. Ou você pode assistir uma imagem ao vivo quando acontece. — Ele voltou para o quarto, pegando um controle remoto. Um painel zumbiu, revelando uma enorme tela plana montada na parede.

Com outro toque em um botão, a TV veio a vida com uma visão clara como cristal do quarto. A câmera devia estar escondida na moldura da parede em frente à cama.

Ele tirou seu paletó, então moveu-se para a cama, recostando-se na cabeceira.

— Dispa-se para mim. — Ele clicou outro botão no controle remoto, dividindo a tela entre o quarto e a rua. Era como se estranhos estivessem conosco, olhando diretamente para dentro do quarto. Com seus olhos escurecendo, ele disse — Dispa-se para eles.

Oh, o jogo começou. Essa foi a primeira, mesmo que distante, sugestão de distorção desde que nós fizemos sexo.

Soltei meu cabelo e o sacudi sobre os ombros, seu olhar demorou na minha juba, parecendo seguir cada cacho enrolando.

Com um ar indolente, desabotoei minha blusa, sua mão foi em direção sul para esfregar a protuberância enorme já lutando contra sua calça.

Dei meia volta quando encolhi os ombros para fora da minha blusa, mantendo minhas costas para ele enquanto abaixava zíper da minha saia. O som do zíper dele juntou-se ao meu. Mas eu podia vê-lo na TV, seu olhar extasiado na minha bunda enquanto ele acariciava seu pau.

Deus, aquele homem me excitava além da razão. Eu tive uma breve ideia que ele podia estar gravando. A ideia acabou por me excitar ainda mais. Qualquer timidez que eu pudesse ter mantido foi queimada durante as noites fazendo amor com ele, por seu olhar ardente, seus toques reverentes.

Este homem gostava do meu corpo e não fazia nenhum segredo disso. Então o que existia para ser tímida?

— Você gostaria que eles pudessem te ver assim? — Ele perguntou enquanto eu deslizava da minha saia.

— Eu poderia. — Tirei meu sutiã.

— Minha pequena exibicionista. — Só sua voz retumbante fez meus mamilos crescerem. — Você é voyeur também?

Considerando meu pequenino vício em pornografia, tive que dizer — As probabilidades são que posso ser.

— Não remova seus saltos nem as meias, vou te foder com eles.

Tremi ante suas palavras, alcançando minha tanga, o último item que ele me deixou tirar. Eu me alegrei com sua respiração pesada enquanto eu abaixava o pedacinho de renda até meus tornozelos, dando um passo fora dela.

— Dê a volta, assim posso ver o que é meu. — Ele mandou.

Como sempre, qualquer sugestão de sua posição dominante enviava um tremor através de mim. Girei lentamente. Embora ele ainda estivesse vestido, eu ostentava meus atributos nus para ele.

Ele parecia hipnotizado, suas sobrancelhas juntas bem apertadas, lábios entreabertos. Apreciando seu óbvio prazer, endireitei meus ombros e inclinei o quadril.

— Gosta do que vê, Siberiano?

— E é tudo só para mim. Venha.

Com um sorriso petulante, fui rebolando até a cama, subindo para andar de joelhos em direção a ele.

— Suba a cavalo em mim.

Eu situei um joelho em cada lado do quadril dele e deitei minhas palmas contra o alto da cabeceira da cama, o que colocou minha virilha bem diante do seu rosto. Posicionada assim, nossos olhares se encontraram. Sua expressão me desafiava a desviar o olhar quando ele se debruçou para frente para sacudir sua língua. Ofeguei com a chicotada dura que ele deu no meu clitóris.

Ele fez de novo, enterrando seu rosto mais fundo, não se dando ao trabalho de esconder o fato que estava inalando meu cheiro. Passei meus dedos em seu cabelo preto despenteado, balançando adiante para mais de sua boca sensual.

Ele lambeu meu broto, saboreando-o até que ficasse agonizantemente inchado. Seus gemidos juntaram-se aos meus enquanto ele me comia, se lambuzando todo, ruidosamente titilando e chupando com abandono até que tudo entre minhas pernas estava ensopado.

Percebi uma gota de minha umidade escorrendo pela parte interna da minha coxa, pega pela liga rendada no topo da minha meia. Com um grunhido, ele limpou a renda com sua língua, enviando minha excitação espiralada. Em seguida estabeleceu-se lá embaixo me ordenando.

— Brinque com seus mamilos. Role-os entre os dedos.

Enquanto eu me tocava, ele me espalhou ainda mais, chupando o capuz do meu clitóris até que minhas pernas tremeram e meus dedões do pé curvaram nos meus sapatos de salto.

— Oh, Deus, Sevastyan, estou perto.

Bem quando eu estava prestes a gozar, ele se afastou com um beijo suave.

Perscrutei abaixo com confusão.

— Mas... mas você não pode parar.

— Acabei de fazer, bichinho. — À medida em que me deitava de costas na cama, balbuciei um protesto... que caiu em silêncio quando ele se levantou para começar a se despir. Teve pouco trabalho com suas roupas, como se não quisesse perder um nanossegundo disso.

Contemplei com adoração, presa ao seu corpo em movimento, todo dureza implacável. Cada uma daquelas subidas e descidas conheceram meus lábios. O arranhão de bala no seu braço estava quase curado, outra cicatriz corajosamente ganha para se juntar ao resto delas.

Outra marca para eu beijar.

De volta à cama, ele manobrou entre minhas pernas, agarrando seu membro no punho apontando entre meus cachos encharcados. Mesmo depois de todas as vezes que ele me tomou, eu ainda ficava de olhos arregalados quando mergulhava a cabeça dentro. Ele tomava cuidado com o seu tamanho, pois eu só estava fazendo isso há alguns dias.

— Mais protestos? — disse rouco quando entrou em casa.

Arqueei para ele, suspirando.

— Tudo bem aqui.

Quando ele começou a empurrar, agarrei a colcha em ambos os lados da minha cabeça. Vi seu olhar saltar de minhas mãos para meus olhos, então de volta para minhas mãos. Quando estiquei meus braços acima da minha cabeça e cruzei meus pulsos, suas pálpebras ficaram pesadas, e senti seu eixo pulsar dentro de mim.

— Não se contenha, Sevastyan.

— Não estou me contendo.

— Você não quer me imobilizar? Pare de me dar prazer às custas do seu!

Ele me lançou um olhar como seu fosse louca.

— Você acha que isto não é prazeroso para mim? Estou fazendo tudo que posso para não gozar!

— Então me prenda com força porque eu preciso disso.

— Você não sabe o que está pedindo, — ele disse curvando-se para me beijar, lambendo-me com meu próprio gosto. Esfregou meus mamilos repetidas vezes, então arrastou sua mão para meu monte. Seu polegar trabalhou meu clitóris até que eu estava gemendo em sua boca.

Quando finalmente se afastou para pegar fôlego, minha cabeça pendeu, meu olhar na tela da TV. Eu o assisti de acima, saboreando a visão de seu corpo poderoso enquanto trabalhava para me saciar. Suas costas estavam lavadas de suor, os músculos rígidos de sua bunda flexionando conforme ele mergulhava entre minhas coxas. Eu podia ver seu eixo desaparecer em minha boceta, seus testículos pesados ficando tensos.

Quando seu tórax esfregou em cima dos meus mamilos, mais umidade vazou da minha fenda. Ele agarrou as curvas da minha bunda com ambas as mãos. Seus dedos espalhados abrangeram a largura inteira da minha bunda, segurando-me firme para sua investida.

Justamente quando eu me perguntava se ele podia sentir toda aquela coisa escorregadia de cima abaixo na minha fenda, ele disse áspero — Tão molhada. Minha mulher precisa ser fodida, não? — Eu aprendi que ele tendia a falar na agonia, e adorava quando eu respondia.

— Eu precisei disso desde esta manhã no carro. Continuei imaginando o que você faria se eu me debruçasse em cima de você e começasse a te chupar.

Seus dedos cravaram mais fundo, seu dedo do meio perigosamente perto do meu rim. Mas era tão bom. Quanto seria fácil usar minha umidade para abrir minha brecha com aquele dedo. Ele apertou muito mais forte, espalhando-me, chegando cada vez mais perto.

Quando eu o imaginei suavemente sondando minha bunda enquanto seu pau saqueava minha boceta, eu me contorci para levar seus dedos lá.

— Pare, bichinho. Vai me dar ideia.

Jogo anal sempre me pareceu quente nos filmes pornôs que eu assistia. Só e pensar nele me preparando...

— Disse a você que eu tentaria qualquer coisa uma vez.

Ele silvou.

— Você quer que eu foda sua bunda?

Quando ele dizia isto assim? Com tal luxúria?

— Okay!

— Isto não é para você, menina bonita. Vou te machucar.

Antes eu tinha sido uma garota safada. Ou uma gulosa. Agora esta ternura estava prestes a me enlouquecer.

Eu estava cansada disso! A frustração removeu qualquer vestígio de um filtro que nunca existiu, em primeiro lugar.

— Vou só imaginar isto então, fantasiar sobre você me forçando a curvar em cima da cama... espalhando minhas pernas e fazendo eu levantar minha bunda para que pudesse lubrificá-la para seu uso.

— Unh! — Seu quadril disparou para frente, seu corpo investindo muito mais duro.

Sua resposta desgovernada me chocou. Deus, quanto ele precisava fazer estas coisas em mim, quanto eu precisava que ele fizesse! Eu já tinha planejado vencê-lo pelo cansaço. Até onde eu estava disposta a ir?

Com uma voz gutural, eu disse — Meus braços seriam amarrados atrás das minhas costas, minha boca amordaçada. Você me mandaria ficar quieta, mandando-me relaxar. — Quanto mais eu falava, mais fáceis as palavras vieram. — Você me penetraria lá com um dedo, abrindo-me com outro.

— Porra, mulher! — Outra punhalada dura. Minhas palavras estavam mandando-o para borda, e eu mesma também. Este lutador finalmente estava jogando a toalha?

— Então você entupiria lubrificante em cima do seu pau latejante, por toda parte dessa cabeça grossa, não me dando nenhuma escolha além de aceitá-lo.

Sua respiração estava ofegante, o quadril balançando.

— Você seria apertada para caralho ao meu redor, tão quente.

Amando sua resposta, eu disse — Eu estaria nervosa, poderia tentar me torcer para longe...

— Então eu chicotearia essas curvas perfeitas até que você se submetesse a mim. Porque nada me impediria de enterrar meu pau até as bolas.

Eu gemi, tão perto de gozar, mas nunca querendo que isso terminasse.

— Você começaria a se mover dentro de mim... Eu ficaria irracional... porque é você, possuindo-me completamente.

— Seus belos gritos seriam abafados por essa mordaça.

— Oh, Deus, oh, Deus. — O quadril dele, liso de suor, esfregou no interior de minhas coxas, o pelo em suas pernas abrasando minhas panturrilhas, somando-se à todas as sensações.

Eu estava arquejando, pairando na borda quando ele disse — Eu bombearia minha porra quente em você, inundando-a com isso... Nunca te deixaria esquecer a quem você pertence...

Eu explodi, arqueando minhas costas fora da cama. Esfregando meus seios contra ele, eu gemi em êxtase, apertando ao redor dele.

Eu estava ainda vindo quando suas costas curvadas, seu tórax subindo acima de mim. Os músculos em seus braços endireitados eram cordas tensas de arco. Os tendões cansados em seu pescoço quando ele continuou a bater o quadril. O poder em seu corpo estava aterrorizando, o poder que ele segurou em cheque para mim.

Quando ejaculou, ele gritou — Natalya! — Seu pau grosso pulsou quando disparou seu sêmen dentro de mim, cobrindo-me, enchendo-me.

Nunca me deixando esquecer a quem eu pertencia.

Ele desmoronou em cima de mim, seu corpo tremendo com aqueles tremores posteriores, enquanto eu me recompunha mais uma vez.

Eu mal era capaz de me mover e de pensar. Então arrastei minhas unhas para cima e para baixo em suas costas úmidas enquanto ele corria seus lábios ao longo do meu pescoço.

Eu não sabia quanto tempo ficamos deitados assim. Uma vez que pude processar os pensamentos novamente, refleti no que tinha acabado de acontecer, perguntando-me quanto tempo uma necessidade como a de Sevastyan podia ficar engarrafada. Se não pudesse satisfazer seus desejos mais obscuros comigo, eventualmente ele iria para outra?

Não iria?

Eu nunca teria pensado que podia gozar tão forte e estar tão desapontada. Durante minha primeira noite com Sevastyan naquela cabine do avião, ele me disse “Você não deveria ser assim”.

Mas eu era.

Eu tinha “interesses particulares” também. E podia ver agora o quanto nós combinamos. Ele uma vez foi meu homem dos sonhos, aquele que queria abrir meus olhos.

Agora ele era como uma miragem...

 

Mais tarde naquela noite, Sevastyan e eu estávamos deitados de lado, de frente um para o outro na penumbra do quarto.

Através das portas abertas da sacada, podíamos ouvir o despertar da noite em Paris. O cozinheiro residente tinha preparado uma refeição gourmet que comemos na cama, entre turnos fazendo amor.

Eu me estendi adiante para traçar uma tatuagem em seu tórax.

— Sevastyan, por que tem sido tão gentil comigo?

Deu de ombros.

— Vou precisar de uma resposta verbal de você.

Algo em meu tom deve ter alertado a ele que eu não estava brincando. Ele disse — A maioria das mulheres gostariam de um homem que as apreciasse, não?

— Isto é evasivo.

— Muito bem, então. Não quer que eu mime você?

— Até certo ponto. Mas nem sempre. — Pressionei meus lábios com força. — É duro de explicar. Quero que seja como você era comigo naquelas primeiras três vezes que ficamos juntos. Eu quero que seja você mesmo.

— E se este for meu verdadeiro eu?

— Não acredito nisso, especialmente não depois de hoje à noite.

— Casais fantasiam e conversam sobre coisas que nunca chegam a ser concretizadas.

Droga, ele era escorregadio.

— Por que fantasiar, quando podemos ter a realidade?

Seu olhar entediado bateu no meu.

— Eu nunca vou te machucar. Agora, mude de assunto.

Desânimo brotou, até que percebi que ele tinha acabado de me dar uma entrada.

— O novo assunto é você.

Ele exalou.

— Eu disse a você que tenho dificuldade de falar sobre mim mesmo.

— Provavelmente porque nunca faz isto. Eu quero conhecer você, Sevastyan. Assim como você me conhece. E não acho que isto é pedir demais, considerando nossas circunstâncias.

Ele engoliu em seco. Este homem tinha se lançado na frente de uma saraivada de balas para salvar minha vida. Enfrentou ainda mais lutando com Gleb e assegurando nossa fuga. No entanto, temia se abrir comigo?

Como fazê-lo entender que eu não o julgaria, não fugiria gritando?

— Caso não tenha notado, sou muito mente aberta. Gostaria que você pudesse conversar comigo, confiar em mim.

— Por quê?

— Porque nós estamos em um relacionamento. E cada segredo confiado entre nós é outra pedra em nossa fundação. Ei, vamos apenas começar com algumas perguntas leves. Se realmente não quiser responder, você pode dizer que passa.

Ele disse bruscamente.

— Pergunte.

— Qual sua cor favorita?

— Costumava ser azul. — Ele estendeu a mão adiante para girar uma mecha do meu cabelo em volta do seu dedo. — Agora é vermelho.

— O que você gosta de ler?

Ainda olhando seu dedo girando, ele disse — Artigos de história. Sobre mulheres e gênero.

Inteligente.

— Você esteve na prisão?

— Duas vezes. Nenhuma delas por muito tempo. Paxán conseguiu me liberar com rapidez suficiente. — Um flash de angústia cruzou seu rosto.

Eu me forcei a continuar.

— Essas tatuagens nos seus joelhos... Você é um vor de si mesmo?

Ele soltou a mecha do meu cabelo.

— Sim. — Sem explicação. Sem desenrolar.

— Você é o chefe vor do sindicato do Paxán agora?

— Depende. Não tenho informação suficiente para responder isto ainda. — Ele estava começando a se desligar novamente.

— Você tem algum irmão?

— Não.

— Alguma família viva? — Eu perguntei.

— Nenhuma.

— Como eram seus pais?

— Passo.

— Existe alguma coisa que queira me contar sobre seu passado? Olha, não preciso saber de coisas que você fez a trabalho, mas quero saber sobre sua infância.

— Por que isto é tão importante para você?

— Eu sou uma historiadora, Sevastyan, vou querer saber sua história, — pulei para outra pergunta, — quando você soube quais eram seus interesses particulares?

Ele deu de ombros novamente.

— Isto é antes de nós.

Eu murmurei.

— Não diga isto. Você abriu meus olhos para todas estas coisas novas, — por alguma razão, ele se encolheu ao ouvir aquilo, — e agora quero mais. Não posso voltar, Sevastyan.

— Já que você vai estar só comigo, vai ter que fazer. — As paredes estavam levantando.

— Não me feche do lado de fora.

Ele curvou seu dedo debaixo do meu queixo, todo carinhoso, mesmo enquanto dizia — Como posso deixar você de fora quando nunca a deixei entrar?

Quando ele levantou para se vestir, reconheci uma dura verdade: para Sevastyan, confiar em outra pessoa seria similar a dar um passo fora do cavalete.

O que significava que eu estava me apaixonando por um homem que nunca estaria emocionalmente disponível para mim.

Escanteio, conheça Natalie.

 

Pressão.

Eu senti isto em Berezka, ainda sinto. Mas, ao longo da semana passada, isso se transformou em algo diferente: a pressão de duas pessoas que queriam um ao outro, mas não se ajustavam.

Porque sexualmente ele mudou a si mesmo, e emocionalmente permaneceu o mesmo.

Senti isto crescendo dentro dele, dentro de mim. Um precipício assomou ameaçadoramente.

Esta manhã, eu estava sozinha na cidade mais uma vez. Sevastyan recebeu uma mensagem cerca de duas horas atrás e saiu correndo para algum local não revelado. Outro encontro que ele não vai explicar.

Ele os tinha diariamente, às vezes duas vezes por dia. Imaginei que ele estava trabalhando à distância nos negócios do sindicato.

Afinal, uma operação de milhões de dólares tinha recentemente perdido seu líder, e supus que o grosso da responsabilidade caiu para o Sevastyan. Eu podia lidar com suas longas horas, mas seu segredo me irritava. Quando ele confiaria em mim?

Talvez estivesse tentando me proteger? Uma negação plausível? Nesse caso, eu não sabia nada.

Eu estava do lado de fora olhando para dentro, justamente como quando estive em Berezka...

Ele me levou para passear umas duas vezes, mas seus pensamentos estavam preocupados, seus olhos penetrantes avaliando potenciais ameaças. Ainda assim Paris foi incrível, e fui capaz de checar os destinos de sonho em meu guia turístico.

Subi na Torre Eiffel, suspirei sobre o Arco do Triunfo, comprei lembrancinhas ao longo da Champs Élysées.

Embora ele estivesse convecompree que o perigo para mim estava de fato diminuindo a cada dia, não se sentiu confortável o bastante para me deixar ir para qualquer lugar sem ele. Então eu estava presa aqui quando ele saia para atender seja qual for os negócios que não iria me contar.

Quando informei a Sevastyan que precisava comprar um novo telefone, ele trouxe um para mim. Quando disse a ele que queria sair e comprar mais roupas, ele simplesmente ordenou muito mais do que deixei para trás em Berezka; roupas, cosméticos, sapatos, meias, e claro, lingerie.

Ele até começou a me comprar joias.

— Eu não deveria estar pagando por isso? — Eu perguntei a ele.

Com os ombros tensos, ele respondeu — Você acha que não posso sustentar minha própria mulher?

Embora tivéssemos uma empregada, um cozinheiro, um motorista/mordomo/guarda que podia obter qualquer coisa desde receita de anticoncepcional até sorvete Chunky Monkey, esta mansão super luxuosa era uma gaiola dourada.

Como de costume, eu estava assistindo as filmagens no quarto do pânico, vendo os parisienses cuidando de suas vidas. Este quarto era meu favorito. Achava que eu meio que gostava de espiar as pessoas. Eu imaginava histórias para suas vidas, especulando sobre o que eles poderiam estar conversando.

Ou talvez só estivesse ficando louca.

Com um gemido, coloquei minha cabeça entre as mãos. Estava vinculada a um homem que me deu um vislumbre de minha verdadeira natureza só para negá-la. Um homem que não confiava em mim.

Um homem que eu ainda não conhecia.

Ambos estávamos lidando com nossa dor, separadamente, e parecíamos estar vivendo vidas satélites. Se ele estivesse aqui, estava frequentemente ao telefone com o misterioso Maksim. Eu o escutei dizendo coisas enigmáticas como “Proteja-o com sua vida” e “Ela está comigo”.

Abri meu coração para Jess sobre quanto eu sentia saudade de Paxán, mas Sevastyan era o único que realmente podia entender. Eu até contei a ela sobre Filip. Sua avaliação “Se ele era tóxico em vida, ainda será na morte. Proíbo você de pensar nele. Você tem sorte em estar viva”.

Não tive sorte. Sevastyan me manteve viva.

Jess também esteve em êxtase que Sevastyan e eu dormimos juntos.

— Você perdeu sua etiqueta de pele! Agora você entra na fase divertida da sua vida.

— Diversão? — Não tanta agora. Se Sevastyan e eu fôssemos ter um relacionamento viável, precisaríamos trabalhar nisto. Mas sempre que queria conversar sobre seu passado ou seus pensamentos ou, Deus me livre, seus sentimentos, ele se calava.

Sem verdadeira intimidade. Nenhum progresso em direção a compartilhar.

E embora o sexo sempre fosse prazeroso, estava ficando cada vez menos satisfatório. Ele temia me machucar ou deixar uma marca, e eu podia senti-lo tão frustrado por suas limitações autoimpostas quanto eu.

Mais cedo ou mais tarde, ele iria para outra para ter essas necessidades profundas atendidas, a menos que eu pudesse convencê-lo a me acompanhar. Sevastyan me disse que ele seria meu último; não fez tal afirmação sobre si mesmo.

Senti como se eu estivesse com um relógio em contagem regressiva. Tentá-lo antes que ele se desviasse.

Emocionalmente atrofiado, sexualmente frustrado. Nossos dois obstáculos pareciam estar ficando cada vez mais e mais altos...

Levantando da minha central de comando, fui até a cama. Enquanto me esticava atravessada na colcha, eu me perguntei se ele estava me observando.

A ideia me deu um arrepio. Talvez eu devesse mostrar a ele o que estava perdendo sempre que me deixava para trás.

Ele me assistiu me masturbar uma vez antes, mas não fui capaz de apreciar isto então. Agora?

Ainda que não estivesse assistindo, eu podia fingir que estava. Vencer-vencer.

Excitação me percorreu quando deslizei dos meus sapatos e meias, blusa e saia, ficando só com minha roupa de baixo, sutiã e calcinha feitos de material transparente cor da pele.

Deitada de costas mais uma vez, passei minhas mãos até meus seios para dar a eles um aperto, apertando-os juntos e amassando-os com força, como eu sabia que ele queria fazer com eles.

Com um suspiro, tirei meu sutiã, girando-o no meu dedo indicador antes de atirá-lo como um estilingue em direção à câmera. Com os seios à mostra, usei uma mão para provocar meus mamilos, beliscando-os como ele fez; minha outra mão desceu por meu torso, mergulhando dentro da seda da minha calcinha transparente. Eu a deixei, porque Sevastyan ainda poderia assistir meus dedos acariciando.

O telefone ao lado da cama tocou.

Abrindo um sorriso faiscante para a câmera, eu respondi — Você me pegou em uma hora ruim, baby, liga de volta em um segundo?

Parecia como se ele estivesse ligando do carro.

— Pare o que está fazendo, sua bruxinha, — disse áspero em russo. Então nosso motorista não podia entender? — Estarei em casa em cinco minutos, você vai esperar por mim.

— Ou o quê? — Dei a meu clitóris um golpe desafiante que fez meus quadris rolarem. —Vai me matar e me jogar no mar?

— Não me teste, bichinho.

Eu o coloquei no viva-voz.

— Você me deixou em casa sozinha. O que uma menina faz? — Golpe. — Não quer saber sobre o que eu estava fantasiando? É você, seu fodido sem noção. — Golpe. — Oooh. Espere, você não faz mais isto.

— Sobre o que você está falando?

— Você me disse no avião que as mulheres olham para você e sabem que terão uma foda dura. Não estou vendo isto. — Queime!

Eu podia ouvi-lo rangendo os dentes enquanto eu continuava a dedilhar a mim mesma.

— Natalie, você não vai gozar por sua própria mão.

— Isso estava em um livro de regras ou algo parecido? Senti falta de orientação em nossa relação. Vamos lá, jogue junto, Sevastyan. Pergunte-me se estou molhada. Não? Então vou ter que te mostrar. — Levantei meus joelhos até meu peito, então deslizei minha calcinha até minhas panturrilhas. Quando descansei minhas pernas na cama, abri bem meus joelhos dobrados, dando a Sevastyan uma visão clara dos meus cachos encharcados que eu continuei a acariciar preguiçosamente.

Ele disse sibilando — Cesse o que está fazendo agora.

— Ou vai me castigar? Se um dominante como você não quer ver tal desobediência, devia parar de assistir.

— Eu nunca vou parar de te observar. Isso começou comigo observando você.

— Isso é certo. Essa é a segunda vez que você ficou olhando lascivamente eu me masturbar. — Golpe.

— Não foi isso que eu quis dizer. Caramba, mulher, você não quer que eu perca o controle.

— Oh, mas eu quero! — Parecia que estava na hora de trazer meu Jogo. Será que eu tinha coragem de fazer isto? Que escolha eu tinha? Eu estava jogando para valer. — E se eu fizesse... isso? — Fiquei de quatro na frente da câmera para que ele pudesse ver tudo. Espalhei meus joelhos com a calcinha apertada ao redor dos meus tornozelos.

— Deus todo poderoso.

Sua reação e esta vulnerabilidade nua, esta exibição, fez minha cabeça girar e meu corpo esquentar, como se minha excitação tivesse acabado de desacelerar o foguete adiante. Aparentemente eu era uma exibicionista, meu sangue corria de emoção.

Isto já não era mais um jogo, eu estava desesperada para gozar.

Quando eu corcoveei para meus dedos ele fez um som sufocado, então disse entre dentes algum comando francês para o motorista. Provavelmente para ir mais rápido, porque uma série de buzinadas irritadas soou em seguida.

— Você não tem ideia do que está fazendo comigo.

Eu estava perdida para o prazer, sacudindo, sacudindo rápido...

— Então ponha seu dedo dentro por mim, — ele disse em russo entrecortado. — Seja minha boa menina, e foda a si mesma com ele.

Com um grito serpenteei meu dedo indicador pelo meu clitóris em direção à minha abertura, enrolando entre meus lábios, sua respiração pesada no viva-voz encheu o quarto, excitando-me ainda mais.

Quando me penetrei e comecei a bombear, ele disse rouco — Mostrarei a você duro. — A chamada desconectou.

Apenas alguns segundos depois, eu o ouvi no andar de baixo, suas botas martelando subindo os degraus para este andar. E pela primeira vez percebi...

Eu deveria ter medo.

 

Eu puxei meus dedos, virando-me na cama. Eu tinha acabado de me erguer pelos cotovelos quando ele alcançou o limiar da porta, parecendo ocupar todo o espaço na entrada.

Ofeguei com sua aparência. Lábios sisudos. Seus punhos apertados. Olhos vidrados com fome sexual.

Quando sua ereção empurrou dando um solavanco em suas calças e uma mancha de pré-sêmen apareceu no material, não consegui deter um gemido.

Ele parecia... desfeito. Tanto quanto na primeira vez que me viu na banheira.

Como se ele quisesse me comer, pedaço por pedaço.

Ele avançou a passos largos em direção à cama com o andar de um predador, as mãos grandes desafivelando o cinto, com um gesto ameaçador como eu nunca vi.

Eu me preparei quando ele me alcançou.

Ele me pegou pelo quadril, virando-me de barriga para baixo, então empurrou sua calça até as coxas. Como um animal, ele me empalou com uma investida brutal, montando em mim.

Seu pau teve que lutar contra minhas paredes contraindo porque eu já estava gozando, sua invasão rude desencadeando meu clímax.

— Oh, meu Deus!

— É isto o que você precisava de mim? — Ele agarrou meus ombros, puxando-me com um arranco de volta, bem quando seu quadril empurrou para frente, enviando seu pau mais fundo do que já estava.

Meu grito foi abafado pelo seu rugido triunfante quando ele começou a foder.

Sua intensidade animalesca chamou a minha, exigindo outro orgasmo, atiçando todo meu calor de antes e mais algum. Um novo atrito desconhecido começou a ferver bem dentro de mim, até que eu estava arranhando a parte de trás de suas coxas, esporeando-o para mais, mais.

Esta posição forçava todos os meus sentidos em sobrecarga. O som de nossas peles estapeando. O balanço acentuado dos meus seios. O modo como seu saco balançava para cima batendo em meu clitóris molhado a cada investida de seus quadris.

Ele disse rouco — Isto é... — punhalada — ...duro suficiente... — punhalada brutal — ...para você? — punhalada selvagem.

Meus dentes chocaram-se ruidosamente com esta última investida, meus braços cedendo. Deitei de bruços na cama, de bunda para cima, impotente para fazer nada mais além de receber sua foda impiedosa.

A ideia de ele usando meu corpo inerte desse jeito, um brinquedo para sua luxúria, arremessou-me mais perto da borda, meu clímax fervendo dentro de mim.

Arquejei seu nome repetidamente, meio com medo da força do meu clímax vindo. A pressão escalou e escalou... Mais uma vez eu me perguntei, onde isso acabaria?

— Era isso que você queria? Uma foda dura? — Ele deixou escapar, esmurrando seu pau dentro de mim. — Então me mostre o quanto você gosta disso! Goze novamente, bichinho... goze por toda parte do meu pau duro.

Ele mandava, eu obedecia.

Minha boceta convulsionou ao redor de sua circunferência, espasmos revolvendo meus músculos. Quando o arrebatamento bateu e minha mente registrou a força disso, esvaziei meus pulmões em um grito selvagem.

Gritando. Gritando. Até que seus rugidos se juntaram aos meus e seu calor me inundou, seu quadril chicoteando minha bunda para suas estocadas finais drenarem.

Zonza. Lembrando de respirar. Toda contente juntando os pedaços.

Ele desabou em cima de mim, murmurando meu nome enquanto se aninhava no meu cabelo. Seus lábios roçaram minha nuca, sua respiração soprando a transpiração ali.

Mas então ele ficou tenso, parecendo acordar. Retirou-se de mim com um palavrão, saindo da cama.

Aos poucos, consegui me ajeitar na posição sentada.

— Não era isso o que eu queria. — Ele puxou sua calça para cima com um arranco.

Ele estava agindo como se o que nós acabamos de fazer fosse errado, quando isto foi incrível e perfeito e excitante.

Ele apontou um dedo acusador para mim.

— Você empurra e pressiona. Não sabe o que provoca.

Empurrei meu cabelo para fora do meu rosto.

— Mas eu quero saber!

Quando ele não disse nada, me levantei para agarrar meu roupão. Hora de fincar o pé. Vestindo o roupão, eu disse — Sevastyan, alguma coisa você tem que me dar.

— Sobre o que você está falando?

— Eu estou infeliz. Com nossa relação, com nossa vida sexual...

— Você está brincando? Eu faço você gozar até gritar. Ainda assim está insatisfeita?

— Quero explorar o que você me mostrou antes. No avião você disse que eu não deveria ser assim, mas eu sou.

Ele se acalmou.

— Você não sabe o que é. Você tem vinte e quatro anos e nunca teve outro amante.

— Foi você quem disse que eu amava isto, que precisava disso. Você estava certo! Sou uma mulher de carne e osso, uma mulher de sangue quente, não alguma boneca de porcelana. Então por que você mudou comigo?

— Você está sob minha proteção. Você é minha. — Ele disse simplesmente.

— Por favor, diga-me que esta não é uma daquelas situações de dama ou puta, onde você pensa em mim ou como imaculada no alto de um pedestal ou uma vagabunda.

Ele deu de ombros. Nenhuma negação. Ah, merda. Apertei minhas têmporas. Não, não, não, ele não pode pensar dessa forma.

Porque eu sabia que tal convicção não podia ser corrigida. Não como um relógio quebrado. Não com meu doce, doce amor. Nem com toda a magia da minha vagina. Nem com meu oceano inevitável de lágrimas.

— Olha, nenhum de nós está conseguindo o que esperava. Talvez devêssemos pensar sobre dar um tempo um ao outro.

Ele deu meia volta. Sua expressão chateada me fez dar um passo atrás.

— Você pertence a mim. Nada de tempo. — Ele varreu com o braço por cima da cômoda, enviando maquilagem e joias voando.

Fiquei tensa, pronta para sair correndo para o quarto seguro. Até que me lembrei que apesar de todos os seus defeitos, este homem nunca me machucaria. Apesar de seus punhos cerrados, eu exigi.

— Então me ajude a consertar isto!

Ele colocou uma mão na sua garganta como se não pudesse conseguir ar suficiente.

— Há uma necessidade dentro de mim, é como uma besta que uiva. Eu preciso fazer coisas com você. Preciso controlar você, mandar em você, castigar você. Para te deixar louca. — Ele enfiou os dedos pelo cabelo. — Fui condescendente nisso antes de você, mas nunca senti como se não pudesse viver sem isto. No entanto, agora com você...

— Agora o que?

— É como uma doença dentro de mim que luto, luto, mas nunca posso derrotar. — Sua voz estava subindo a cada palavra. — E aí me tenta assim? — Ele gritou. — Você arrebenta comigo!

Eu gritei de volta.

— Então pare de lutar com isso! — Marchei até ele, agarrando seu rosto. Nas pontas dos dedos encontrei seu olhar. — Estou aqui, Sevastyan. Estou pronta, estou disposta. Eu preciso de você. — Estou apaixonada por você.

Por alguma razão, segurei essas palavras. Talvez porque não esperava que ele respondesse na mesma moeda.

Ele falou sobre possuir, controlar e me mandar. Falou sobre obsessão. Mas nunca sobre amor.

— Por que você luta contra algo que ambos desejamos?

Com uma estranha delicadeza, ele soltou minhas mãos, afastando-as, então andou a passos largos até a escrivaninha do quarto seguro. Do fundo falso de uma gaveta que eu não tinha conhecimento, ele recuperou uma carta. Retornando para mim, ele a empurrou em minhas mãos.

— Você não foi a única que recebeu uma carta.

Subjugada pela curiosidade, eu a abri. Meu pai escreveu uma correspondência final para ele também? O papel estava amassado. Quantas vezes Sevastyan o leu? Será que ele espera ler a minha, ainda escondida na minha mala?

Meus olhos arregalaram enquanto eu esquadrinhava as linhas:

 

Ela é preciosa, Aleksei, trate-a como a um tesouro, e acima de todas as coisas, respeite-a... A vida da minha Natalie está em suas mãos... Ela é frágil, foi arrancada de uma existência segura e protegida, forçada a entrar no perigo presente em nosso mundo. Nada mais importa se ela não estiver feliz e protegida...

 

Oh, meu Deus. Olhei para Sevastyan enquanto tudo se tornava claro.

— É por isso que você esteve nos negando?

O homem que foi seu salvador, a quem sentiu como se tivesse falhado, o mentor que tinha guiado sua vida por décadas, deu a seu executor cegamente leal uma série de instruções finais.

— Sevastyan, eu respeito os desejos do Paxán. Eu faço. Mas esta carta não tem qualquer relação ao que acontece entre nós. — Eu a entreguei de volta para ele.

Ele segurou a folha com a mão trêmula.

— Como você pode dizer isto?

— Nós temos que fazer nosso próprio caminho juntos.

— Esta carta me fez lembrar o que você é. E aí, logo depois que li pela primeira vez, eu vi... eu vi os hematomas que fiz em você. Eu ainda nem tinha a intenção de disciplinar você, não como eu faço na minha imaginação distorcida.

— Sevastyan, espera...

— Ele era seu pai. Ele era... meu pai. Ele esperava que eu a tratasse como um tesouro. Ele não sabia sobre essa parte da minha vida. Tomei o cuidado de mantê-la em segredo. Se soubesse, ele nunca teria me escolhido para você.

— Você está agindo como se esse tipo de vida fosse obscura e suja. Como se apenas pessoas quebradas fizessem isto.

Ele levantou suas sobrancelhas: Não, merda!

— Você não tem que ser quebrado para gostar de kink[3]. Olhe para mim. Eu tive a educação mais idílica do mundo, e não posso parar de pensar nisso com você. — Quando vi que ele não estava se mexendo, eu disse — Você foi instruído a me manter feliz. Bem, nesse instante, estou muito longe disso.

Parecia que ele tinha acabado de conter um estremecimento.

— Então isso significa que eu devia ter sucesso pelo menos em proteger você. Não quero que o meu passado te manche.

— Manche? Porque eu estava tão saudável? Odeio ter que dizer isto para você, mas já estava inclinada nesse caminho. Quando fui on-line pedir meu “arsenal”, você acha que não passeei pelas outras páginas no site, aquelas com couro preto trançado e correntes de prata brilhantes? Eu já estava curiosa.

Pela primeira vez, a dúvida cintilou em sua expressão. Esperança?

Eu pressionei a meu favor.

— Está certo. Talvez lá no fundo você sentiu isto em mim desde o começo.

Ele balançou a cabeça com força.

— Isto não pode ser. Não quero mais discutir isso...

— Cala a boca e me escute! Estou lutando por nós, e você nem mesmo está tentando me encontrar no meio do caminho. Você pensa que sou estúpida?

— Não! Sobre o que você está falando?

— O que você descreveu como uma doença... não pode reprimir algo assim para sempre. Você já ameaçou achar outra mulher da última vez que não conseguiu as coisas do seu jeito comigo. Desde que se recusa a me ver como parceira, mais cedo ou mais tarde você irá para outra a fim de ter essas necessidades atendidas.

Com uma sacudida acentuada de sua cabeça, ele agarrou meus braços prestes a falar, mas eu o cortei — Você nunca pensou que eu poderia ir para outro também?

Ele me soltou com os dedos espalmados como se lançando uma granada. Com um palavrão grosseiro, ele virou em direção à porta.

No caminho para fora, meu lutador fez um buraco na parede com um soco.

 

Solitária e ainda irritada, consegui me vestir, então peguei alguma comida que achei na geladeira. Depois disso, chamei Jess, que estava de ressaca e desorientada. Então fui para o quarto do pânico para ociosamente pesquisar pedestres desatentos por horas.

Ou, para ser sincera, esperar pelo retorno do Sevastyan como uma tola patética. E se ele tivesse ido para outra mulher? E se estava chicoteando-a agora, dominando-a com aquela voz envolvente e corpo magnífico?

Meus olhos encheram de lágrimas. Eu podia deixar passar qualquer coisa, mas não a infidelidade, não quando praticamente implorei para ele não fazer isto...

Eu me empurrei da minha cadeira quando vi Sevastyan retornar. Pisquei através das minhas lágrimas, assistindo-o entrar na cozinha com um grande pacote embrulhado para presente.

Ele esteve fora conseguindo um presente para mim? Minhas emoções giraram selvagemente em outra direção. Vertigem. Júbilo.

Como se soubesse que eu estava observando-o, ele levantou o olhar para a câmera enquanto colocava a caixa no balcão. O olhar em seus olhos estava cheio de advertência. E talvez até um pouco de... tristeza. Então ele saiu novamente.

Onde estava indo e por que deixou o pacote? Era uma oferta de paz, ou um presente de despedida?

Corri para as escadas, descendo saltando os degraus até a cozinha. Rasguei a caixa, achando um vestido longo, verde esmeralda, enfeitado com contas. Lingerie estava incluída, um bustiê de cetim preto com uma tanga combinando. Meia ⅞ e saltos completavam o conjunto.

Havia até um estojo de veludo comprido com brincos de esmeralda e um pingente combinando.

Engoli em seco. Sobre o que era tudo isso? Avistei um cartão do lado de dentro e o peguei. Ao ler o que estava escrito minha excitação retrocedeu, meu estômago dando uma guinada.

 

Nove horas hoje à noite. Tenha cuidado com o que deseja.

S.

 

Eu terminei de prender meu cabelo com grampo um pouco antes das nove, então chequei minha aparência no espelho de corpo inteiro.

O vestido era nada menos que primoroso. O bordado era sofisticado e assimétrico, o design aderia ao meu corpo, chamando atenção para a fenda alta na perna direita, então para meu quadril largo e finalmente meus seios, que estavam em plena exibição.

A princípio, pensei que o corpete não caberia, então percebi que meus seios deveriam saltar meio para fora assim. O pendente que ele me deu descansava bem no meu decote.

Este visual pedia uma maquilagem, então coloquei batom, rímel e até um pouco de sombra cintilante nos olhos que fez a cor dos meus olhos ressaltarem. Tirei uma foto do meu visual e enviei um torpedo com ela para Jess. Ela tinha me declarado uma raposa fria como pedra. E se declarou heteroflexível e muito interessada em jogos sensuais com ruivas peitudas.

Ainda assim, nunca tendo me vestido com nada parecido com isto, eu estava tendo dúvidas a respeito de sair em público. Entretanto, não tinha ideia para onde Sevastyan estava me levando, ou até mesmo se ele estava me levando para sair. Eu ficar toda arrumada podia ser parte de alguma fantasia sua.

Eu estava nervosa? Inferno, sim. Aquele cartão me assustou. Ainda assim lembrei a mim mesma do que exatamente desejava; explorar nossos desejos mais obscuros, juntos.

E, cara, eu estava no jogo.

Além do mais, sua concessão sinalizava que ele estava tentando me fazer feliz. Considerava tudo que ele estava para me mostrar como terapia de casal, formação de um time para dois...

Sevastyan apareceu na porta do nosso quarto. Respirei fundo ante sua aparência de parar o coração.

Ele vestia um smoking tradicional, obviamente sob medida. A jaqueta destacava impecavelmente seus ombros largos e tórax musculoso. O tecido gritava caro, mas o corte dizia conservador.

Acessórios discretos; abotoaduras sem pedras, um bolso quadrado de seda escura com um design discreto, uma gravata clássica, completavam seu conjunto fascinante.

Sua mandíbula barbeada fez minhas mãos coçarem para acariciar aquelas bordas cinzeladas.

Ele reteve somente um dos seus anéis para esta noite, aquele anel sexy do dedo polegar. Junto com suas tatuagens, era um contraponto gritante para a elegância do resto de seu traje.

Até em um smoking, ele ainda era meu lutador de rua. Este homem estava a caminho de se tornar meu, esteve tomando medidas, embora umas estranhas e misteriosas, para nossa relação avançar.

Talvez com o tempo ele pudesse sentir algo mais profundo por mim também.

Estudando minha aparência tão avidamente quanto eu estudava a sua, ele murmurou — Antecipação fica bem em você. — Ele recuou para passear seu olhar por mim dos pés à cabeça. — Ya potryasyon. — Estou desfeito.

— Eu poderia dizer o mesmo.

— Venha. — Quando ele colocou sua mão no meu quadril para me levar escadas abaixo, podia sentir o calor de sua palma até mesmo através do vestido que eu estava usando. Ele estava nervoso? Ou simplesmente ansioso?

— De qualquer maneira, onde estamos indo?

— Jantar primeiro.

Então, estávamos saindo da mansão e eu parecia a Jessica Rabbit. Oh, bem. Vejam-me, amem-me, filhos da mãe.

— E depois?

— Paciência, — ele murmurou com um aperto no meu quadril.

Ele me ajudou a entrar na nova e elegante estola, — Pele novamente, Siberiano? — a seguir entramos na nossa limusine à espera. À medida que partíamos, a tensão ondulava entre mim e Sevastyan. Não tinha nenhuma ideia do que ele estava pensando, sentindo. Mas quando me remexi no vestido e mostrei o alto da minha coxa através da fenda do vestido, ele entreabriu seus lábios em uma exalação.

Nosso destino era um restaurante elegante chamado Plaisirs. Seus clientes estavam vestidos com esmero, mas até eles pararam e olharam fixamente para Sevastyan quando entramos, entre garfadas de comida que pairaram no meio do ar. Eles até olharam fixamente para mim.

Para uma menina de Nebraska, até que me sai bem. Sentindo-me mais confiante, enquadrei meus ombros e ergui o queixo, o que pareceu agradar Sevastyan.

O jantar, que tinha que ser a melhor mesa na casa, foi um leve e sensual flerte. Lagosta, frutas suculentas, deliciosas trufas, deliciosos petiscos. O vinho era tão sublime que eu não conseguia parar de lamber os lábios.

Sevastyan pediu vodca com gelo, mas não tocou nela.

Eu estava alta o suficiente para perguntar.

— Se não vai beber, por que pediu?

Ele soltou uma respiração que estava presa, como se soubesse que esta pergunta eventualmente viria.

— Meu pai era alcoólatra. Eu não desejo me tornar um. — Ele disse em absoluto eufemismo. — Mas na Rússia...

— Tantas coisas envolvem álcool?

— Exatamente. Talvez eu faça isso para testar minha decisão.

Ele me confidenciou alguma coisa! Meu coração deu uma pequena vibração. Estávamos caminhando na direção certa. E de repente seu comentário sobre a ironia do contrabando de bebida barata fez todo o sentido.

— Seu pai ainda está vivo?

— Nyet. — Um duro não. — Este é um assunto que prefiro não discutir. — Suavizando seu tom, ele disse. — Não esta noite de todas as noites.

— É justo. Então... Alguma sugestão sobre onde você está me levando a seguir?

— Você logo verá.

— Okay, Siberiano. — Controlando minha curiosidade, tomei outro gole de ambrosia/vinho, sorrindo contra a taça.

— Você está... feliz comigo. — Ele soou surpreendido.

— Muito.

— Porque você pensa que ganhou nisso, que eu capitulei para você.

Depositei minha taça na mesa.

— Nem tudo é um jogo, Sevastyan. Talvez eu queira que ambos ganhem.

— Então por que você estava contente comigo?

— Porque você me escutou. Reconheceu que eu precisava de alguma coisa de nossa relação, e acredito que você pretende, de alguma forma, me dar isto hoje à noite. Você está tentando, e isso me dá esperança a respeito de nosso futuro.

— Então antes você não tinha nada além de dúvidas? — Um brilho perigoso passou pelos seus olhos.

— Sevastyan, você controla se tenho dúvidas ou não. Está nas suas mãos.

— Parece simples quando você coloca assim. Mas saiba que esta noite é tudo menos simples para mim.

E ele ainda estava passando por isto.

— Eu entendo.

Ele franziu o cenho.

— Você espera muito de mim. Em muitas áreas de nossas vidas. Mas talvez eu não... reconheça tudo que uma jovem mulher necessita.

O que fazer com esta declaração desconcertante? Então me lembrei que, além de sexo, ele não teve muita experiência com mulheres. Nunca esteve em um relacionamento, não teve irmãos, então nenhuma irmã, e não teve uma mãe desde que ele tinha treze anos, ou menos.

Ele conhecia o corpo de uma mulher? A pontuação dos juízes dava dez em tudo. Mas sua cabeça? Nem tanto.

Em um tom irônico, eu disse — De agora em diante, falarei sobre tudo que preciso, você sabe, tentar não ser uma flor tão tímida e reservada com você.

Sua expressão tornou-se um olhar de fascinação, novamente como se eu fosse uma criatura que ele nunca viu na natureza antes.

Nós nos encaramos por um longo tempo, enquanto tentava imaginar seus pensamentos. Ele estava tentando decifrar os meus também?

Ele arrastou seu olhar para longe para verificar seu relógio, então fez um sinal para o maitre. Disse algo em francês para o homem, que prontamente retornou com minha estola e uma caixinha que eu não lembrava de Sevastyan verificando antes.

Eu me virei em direção à entrada, mas Sevastyan tomou meu braço — Por aqui. — Com a caixa na mão, ele me levou em direção aos fundos do restaurante, passando direto pelas outras mesas... em seguida saindo pela porta dos fundos em um beco de paralelepípedo.

— Tem alguma coisa errada? — sussurrei. — Viu uma ameaça? — Então Deus me ajude se algum assassino da mafiya arruinar minha noite de fantasia...

— Não. Nós vamos para nosso próximo destino. — Ele disse com um ar enigmático.

— Ah. — Excitação reacendeu dentro de mim. — O que tem na caixa?

Ele inspecionou a área.

— Suponho que você pode tê-la agora. — Ele disse, entregando-a para mim.

Com um sorriso, rasguei o embrulho, achando dentro a máscara mais impressionante imaginável. O material era de um rico verde que complementava meu vestido, as bordas alinhavadas com o que deviam ser esmeraldas de verdade.

Na lateral, lampejos de seda projetavam-se como asas de uma borboleta. Embaixo de cada recorte oblíquo de olhos, o material curvava-se para baixo em um arabesco, uma asa afilando.

— Isto é tão magnífico, Sevastyan! — Ansiosamente dei minhas costas a ele quando se moveu para amarrá-la. — É para um baile de máscaras? — No último romance que li da coleção de Jess, um romance histórico de alguma autora com um nome estranho, teve um baile de máscaras das cortesãs. A heroína francesa e seu herói escocês participaram, e safadezas se seguiram. — Nós estamos indo a um?

— De um certo tipo, — Sevastyan murmurou.

Antes que eu pudesse perguntar sobre seu tom de voz estranho, ele amarrou minha máscara e girou-me para encará-lo.

— Você é incomparável, — ele disse com tanta solenidade que enrubesci.

Quem podia resistir se apaixonar por um homem como este?

Uma mulher melhor do que eu?

Então ele puxou uma máscara de seda ônix de dom do bolso do seu casaco, amarrando-a.

Minha mente... ficou... temporariamente... em branco.

Uma vez que meu cérebro estalou de volta à vida, um emaranhado de pensamentos me golpeou. Sexy. Atrevido. Lava quente. Orgasmo espontâneo.

Ele não poderia parecer mais perverso.

— Venha comigo.

Enquanto ele me escoltava adiante, continuei furtivamente lançando olhares para o seu rosto.

— Não está muito longe agora, bichinho.

Eu estava quase subjugada de curiosidade conforme fizemos nosso caminho em direção ao fim do beco nebuloso, o clique-clique dos meus saltos ecoando.

— Aqui. — Ele parou em frente a um portão de ferro em forma de arco que parecia saído da Idade Média.

— O que tem lá atrás?

— Nosso destino. — Ele girou uma alavanca e abriu o portão, conduzindo-me para dentro de um túnel úmido. Uma tocha iluminava o caminho que se aprofundava mais ainda.

— Uh, nós vamos entrar ali?

— Mudou de ideia?

Eu pedi por isto. Estava preparada para uma queda livre com este homem.

— Você não vai se livrar de mim tão facilmente, Siberiano.

Houve um vislumbre de surpresa em sua expressão? Ele pensou que eu desistiria? Ou esperava que fizesse?

— Pelo menos me dá uma pista sobre onde estamos indo.

— É um lugar em que já estive antes.

À medida em que seguimos o túnel, percebi que estávamos descendo para baixo da cidade. Eu li sobre catacumbas sob as ruas de Paris e estava me coçando para investigar os arredores, mas ele me levava sempre adiante.

Em frente tinha uma câmara circular com mais tochas. No centro, uma fonte borbulhava, chamas dançando na superfície da água. A luz do fogo bruxuleava nas paredes arredondadas, iluminando mosaicos. Os azulejos retratavam sátiros lascivos e donzelas em coito, as chamas fazendo parecer como se os sátiros estivessem se movendo, investindo.

Ao lado da entrada formal, uma placa de bronze brilhante tinha gravada em relevo quatro palavras:

O LIBERTINO

CLUBE PRIVÉ

 

Murmurei para ele.

— Trata-se de algum tipo de... Clube de sexo? — Clube de sexo não era sinônimo de clube de swing? Meu coração foi no chão. A ideia de compartilhá-lo ou ser compartilhada, acabou com a minha graça.

— Perdeu a coragem? — Ele perguntou, detectando minha tensão.

— Eu não quero que qualquer um de nós fique com mais ninguém.

Ele me apoiou contra a parede debaixo de uma daquelas tochas. A luz do fogo capturou seu rosto; por trás da sua máscara, seus olhos eram ouro fundido.

— Você é minha mulher. Minha. E aprendi muito cedo na vida a não compartilhar o que é meu. Você acha que algum dia deixarei outro te tocar?

Eu ergui meu queixo.

— Também não vou compartilhar você.

Isto pareceu satisfazê-lo.

— Então estamos de acordo. Algum outro limite rígido que eu devia estar ciente?

Pensei que ele estava brincando comigo, então revirei meus olhos murmurando.

— Só me leve para dentro desse maldito clube antes que eu morra de curiosidade.

Lá dentro, uma mulher nos cumprimentou por trás de uma grande mesa de escritório. Ela também usava um vestido formal e uma máscara, uma de coruja. Apesar de ela obscurecer um pouco suas feições, sua pele cor de oliva, figura esguia e olhos amendoados eram interessantes.

— Bem-vindos. — Ela disse com um pesado sotaque francês enquanto me ajudava com minha estola. Uma vez que a guardou, ela disse a Sevastyan — Seu quarto privado é por este caminho, Monsieur S.

Quantas vezes Sevastyan esteve aqui?

Ele disse algo para ela em francês, em seguida me conduziu adiante com sua mão possessivamente de volta ao meu quadril. Conforme a seguimos por baixo de um arco, a tensão da animada música clássica ficou mais distinta. Nós nos aproximamos de um conjunto de portas duplas guardadas por criados inexpressivos enquanto nos permitiam a entrada.

Passando pelas portas estava um salão de baile deslumbrante com um teto abobadado, cheio de frequentadores formalmente vestidos.

Nós não estamos mais no Cinturão do Milho, gente.

Arranjos de flores enormes perfumavam o ar. Ricas tapeçarias enfeitavam as paredes, retratando mais cenas sensuais. Estátuas de Vênus combinando, que pareciam com as que estavam em museus, flanqueavam uma enorme escadaria. Ao longo dos degraus, estátuas humanas vivas com pele polvilhada de ouro seguravam candelabros para iluminar o caminho.

Os veludos decadentes, faixas de seda e esplendor à luz de velas, fizeram eu me sentir como se caminhasse em um filme de época francês. Finalmente achei minha voz para murmurar.

— Quantos anos tem este lugar?

— Séculos.

Com essa única palavra, ele poderia muito bem ter me acertado em cheio com adrenalina. Ah, a história, eu respirava isto. Empenhando-me em notar cada detalhe, olhei com estupefação à minha volta.

Enquanto passávamos pela multidão de foliões atraentes, percebi que ninguém estava sendo descarado e sujo. Havia bebidas, riso e paquera, mas nada diferente do que você veria em um clube comum.

Era só eu ou estávamos atraindo um monte de olhares? Sevastyan parecia estar ficando cada vez mais agitado.

— O que está errado? — Perguntei a ele.

— Eles pensam que você está disponível. Que não pertence a mim.

— Por quê?

— Porque você não tem uma coleira.

Coleira e manter você.

— Hmm, isto é quente, de um modo totalmente apavorante. — Mas ei, isto era tudo fingimento, tudo fantasia diáfana e seda decadente, certo? Notando que de fato muitas das mulheres usavam coleiras esportivas, perguntei a ele em um falso tom petulante. — Como é que eu não tenho uma coleira?

Mas ele estava falando sério quando respondeu.

— Você não ganhou uma, — quando eu estava prestes a pegar fogo, ele adicionou, — e eu não ganhei o direito de dar isto a você. — Ele parecia estar tão em conflito atrás de sua máscara de dom.

Um homem de meia idade extremamente bonito e quente varreu na nossa frente. Ele usava uma máscara de elefante com uma tromba exagerada. Sutil, amigo, realmeeeente sutil. Ele começou a falar, mas Sevastyan só lhe deu aquele seu olhar assassino que era sua assinatura, o que fazia os homens tremerem.

Não fomos parados novamente.

A mulher coruja estava esperando por nós naquela enorme escadaria principal. Nós a seguimos até o patamar do segundo andar, então caminhamos por um corredor iluminado por luminárias a gás.

— Onde estamos indo, Siberiano?

— Paciência, — ele entoou.

Não é exatamente o meu forte. Afinal, impaciência era irmã da curiosidade.

Um pensamento me atingiu.

— Por que você escolheu uma máscara de borboleta para mim? — De todas as criaturas que ele poderia ter escolhido.

— Você pensa que tem que haver uma razão?

— Estou achando que você não faz nada sem uma razão.

— Talvez houvesse...

— Aqui estamos nós, — disse a mulher, parando diante de uma porta sem identificação. Ela a destrancou e nós entramos.

Um lustre ornamentado de velas lançava uma luz suave sobre o espaço. No meio do quarto tinha um grande sofá estofado em tecido suntuoso. As cadeiras e mesas antigas compunham uma área de estar ao lado, uma banheira de cobre assentava em outro. Uma cortina de teatro aveludada cobria uma parede inteira.

O ar era morno, cheirando a cera de vela e... novidade. O que era estranho, considerando como tudo o mais parecia vintage.

Também cheirava a couro.

A mulher abriu uma garrafa de champanhe gelado à espera, despejando em duas taças antes de partir. Na porta, ela me deu uma piscada conhecedora. O que ela sabia que eu não?

Talvez que um trem tivesse desgovernado do cavalete? Ou o quão profunda a maldita água era?

Fique calma, Natalie. Eu confiava neste homem para me proteger, para me dar prazer, ser o que eu precisava que ele fosse.

Ele apontou para o sofá.

— Sente-se.

Eu fiz, notando que ele encarava a cortina de teatro. Nós estaríamos assistindo um filme? Um jogo picante? Nós nem chegamos a apreciar aquela coisa de máscara afinal, pensei com decepção. Nos livros, as pessoas sempre precisavam ficar até a meia-noite pelo menos, não míseros dez minutos.

Agora que meus olhos se ajustaram à luz fraca, espiei formas cobertas por todo o quarto, formas que podiam ser qualquer coisa. Mas eu tinha uma ideia. Minha mente correu para aqueles vídeos de BDSM que eu tinha devorado, a cartilha que inalei, a revista que mostrei a ele. Havia um tronco aqui, ou um banco de espancamento, ou um balanço? Sevastyan iria me amarrar para me atormentar?

Parte de mim estava apavorada com a perspectiva. Mas eu era mulher suficiente para admitir que a ideia me deixou molhada. Siga com isto, siga com isto.

Quando ele se sentou ao meu lado, eu disse — O que é este quarto?

— É nosso. Um dos muito poucos disponível para possuir.

Nosso?

— Há quanto tempo você o tem?

— Mais ou menos nove horas. Eu renovei hoje e equipei para as minhas especificações.

Desde nossa briga esta manhã? Isso explicava o cheiro de novo. Eu podia apenas imaginar o dinheiro que ele teve que soltar para conseguir tudo pronto a tempo.

Ele pegou um controle remoto de múltiplos botões da mesa ao lado do sofá.

— Você me disse que queria ver mais de Paris. Aqui é outra fatia disto. — Ele apertou um botão. A cortina começou a se abrir, revelando uma parede de vidro.

Atrás do vidro estava... estava...

Quando percebi o que eu estava contemplando, suspirei.

— Oh. Meu. Deus.

A mão de Sevastyan disparou para pegar minha taça de champanhe pouco antes de ela atingir o chão...

 

 

                                                                                                    Kresley Cole

 

 

 

[1] Rumspringa: é um período da adolescência para alguns membros da comunidade Amish, durante o qual o jovem deixa temporariamente a comunidade para experimentar a vida no mundo exterior.

[2] Kool Aid: é uma bebida parecida com o nosso suco em pó, só que aqui refere-se ao massacre que um líder de uma seita fez com seus seguidores, os fazendo tomar esta bebida com medicamentos e cianeto que matou a todos.

[3] Kink: sexo bizarro e pervertido.

 

 

 

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