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Poesia & Contos Infantis

 

 

 


O TESTAMENTO DE SÃO JOÃO / J.J. Benítez
O TESTAMENTO DE SÃO JOÃO / J.J. Benítez

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

 

O presente documento não é fruto de minha imaginação. As cruas afirmações que nele se vertem procedem de uma revelação, outorgada ao mundo faz meio século e custodiada até hoje pela denominada «Fundação Urantia». Com meu agradecimento à dita Fundação, por me haver permitido beber em suas —para mim— sagradas fontes. A Igreja conhece esta revelação mas, obviamente, silenciou-a e rechaçou, de igual modo que os «instalados no poder» só benzem e fazem seu aquilo que lhes beneficia.

 

 

 

 

Eu, João, às sete Senhoras escolhidas e a seus filhos, a quem amo, segundo a verdade do Engendrado de Deus.

Eu, João de Zebedeo, a quem o Justo chamou «filho do trovão», nascido na Betsaida, depois de ter vivido cem anos, sabendo que minha hora é chegada, escrevo-lhes desde Éfeso, meus filhos, no sexto ano do governo do imperador César Nerva Trajano Augusto, cujo último e recente triunfo lhe valeu o título do Dácico.

Eu, o pior dos pecadores meus filhos, é minha última hora. A não demorar serei reclamado à presença do Verdadeiro. Bem sabem que todos meus velhos irmãos e companheiros na verdade morreram. Eu mesmo sou um cadáver, que sobrevive pela graça do Pai e os cuidados de minha neta, consagrada a este despojo humano há vinte anos. Mas nem a bondade nem as insônias de minha família e de meus muito amados filhos desta Senhora escolhida podem trocar o rumo do que foi planejado pelo Muito alto. Ele me chama, mas nem sequer posso ir aos serviços, como não seja prostrado em uma cadeira. É, pois, o momento de tomar papel e tinta e confessar meus enganos. Já foi escrito por meu fiel e amado discípulo Nathan: «Deus é luz, nele não há trevas alguma. Se dissermos que estamos em comunhão com ele, e caminhamos em trevas, mentimos e não obramos a verdade.» Pois bem, vós, meus filhos, devem ser misericordiosos para com este ancião que, apesar de suas palavras e aparência, cometeu o mais abominável dos pecados: caminhar nas trevas e, o que é mais escandaloso, deixar que outros caíssem no engano.

 Eu ditei ao Nathan. Não faz ainda dois anos — coincidindo com a guerra com os dacios— que meu bom e ilustre Nathan, imerecido amigo deste Presbítero, concluiu a redação do que vós, meus filhos, destes em chamar o Evangelho de João. Meu dever agora é lhes acautelar. Fui eu quem ditou ao Nathan. Só eu, portanto, devo carregar com a culpa de quem, tendo conhecido a verdade, a oculta, dissimula e falseia. Este é meu grande pecado, meus filhos, e daqui, vencido e desejoso de voltar para a luz, rogo ao Santo e a vós perdão e misericórdia. Então, enquanto dirigia a pluma do Nathan, rememorando algumas das coisas que fez e que disse Jesus, tive a ocasião de fugir das trevas que outros, e eu mesmo, consentimos e alimentou, embora bem sabem os céus que só nos guiou a melhor das vontades. Mas o Maligno tem seus próprios planos e este indigno servo do Justo não pode nem quer justificar-se. Queridos: não lhes escrevo para acrescentar escuridão à escuridão, mas sim para que a palavra do Filho brilhe em seus muito amantes corações, tal e como foi confiada e não como os torpes servos do Senhor acordamos pregar. Não lhes cause angústia nem naufraga quanto me disponho a lhes confessar. Agora sim caminho na luz e a luz só é causa de alegria. Seu espírito, reposto da surpresa, saberá compreender, retificar e prosseguir na verdadeira mensagem que nos deixou a Palavra. Não devo ocultá-lo por mais tempo: a verdade foi sepultada. E eu, conscientemente, ao igual a outros irmãos em Cristo, contribuí com meu silêncio e covardia a selar sua tumba. Uns e outros, do momento mesmo da partida deste mundo do Salvador, permitimos que sua doutrina fora maquiada, esquecendo e apagando a tocha de sua luz infinita. Não é este que conhecem a mensagem que nos legou Nosso Senhor. Temos cansado em graves enganos. E eu, Juan do Zebedeo, como último dos superviventes do grupo dos íntimos do Justo, estou obrigado a retificar, em benefício da verdade. Só então descansarei em paz.

 Primeiro engano: o retorno do Professor 2 Bem sabem, meus filhos queridos, que transcorreram setenta e três anos da morte por cruz e a gloriosa ressurreição do Verdadeiro. Após, todos, vós e eu mesmo, esperamos sua volta. E a fé nessa segunda vinda segue viva entre as sete Senhoras escolhidas. É hora já de despertar à realidade. Este, como verão, foi um de nossos primeiros e lamentáveis enganos. Não soubemos interpretar suas palavras. Confiamos de todo coração em seu iminente retorno à carne e isso nos fez imprudentes. escutastes que lábios do bom Pedro que o fim de todas as coisas está próximo. Mas Simón e quantos compartilhamos esta esperança nos equivocamos. Este, até sendo um assunto de menor fila, deveu envenenar de um principio as que deviam ser filiais relações entre os embaixadores do reino, tal e como o próprio Senhor qualificou a seus íntimos. E nossas dissensões —que sempre soubemos lhes ocultar— foram distanciando aos uns dos outros. Na verdade lhes digo, queridos, que essas posturas irreconciliáveis entre os que vós chamam discípulos do Jesu Cristo se remontam, inclusive, a muito antes da partida do Justo. Jamais souberam delas, mas é chegado o momento das revelar, desentupindo assim a verdade. Em vida dele, alguns dos ordenados por suas próprias mãos nos deixamos arrastar pela inveja e a falação. Eu mesmo fui repreendido pelo Professor em repetidas oportunidades. Mas minha vaidade foi tal que, longe de me emendar, cheguei a me proclamar —e assim reza no evangelho que veneram com tanto zelo e amor— como o discípulo que Jesus amava, desmerecendo assim a Aquele que ama a todos por igual. Mas esquecerei no momento aquelas antigas e infantis dissidências para me ocupar do mais grave: o que na verdade lhes concerne, meus filhos.

 A primeira ruptura Nossas vergonhosas e até hoje secretas maquinações — que só serviriam para quebrar o amor que nos devíamos mutuamente— começaram em realidade no histórico momento em que ele, tal e como prometeu, nos deu de presente o Espírito de verdade. Isto, como bem sabem, ocorreu em Jerusalém, durante a festa do Pentecostés.

Como resultado daquele sagrado sucesso, Simón Pedro —pleno de entusiasmo e de amor pelo Professor— rompeu o prudente silêncio que nos rodeava, lançando-se às ruas da Cidade Santa, aos caminhos e às aldeias do Israel, proclamando a salvífica realidade da ressurreição do Jesus. Justamente aí nasceria o mais terrível de nossos enganos. Não lhes alarmem. Logo o compreenderão. O Senhor o tinha repetido uma e outra vez: «Esta é minha mensagem: o Pai Universal é Pai de todos os humanos e, em conseqüência, os homens são irmãos.» Esta singela e gloriosa verdade resume e justifica o sentido da vida do Jesus. Mas nós, encabeçados pelo Pedro, esquecemo-lo. Aquele supremo poder chegado do céu no Pentecostés nos fez ressurgir das cinzas do medo e da incerteza. A graça do Espírito limpou nossos corações e nos proporcionou o valor para proclamar a boa nova. Mas, queridos meus filhos, cegos de alegria e necessitados de uma absurda reivindicação do bom nome de Cristo e de seu grupo apostólico, Simón tomou a iniciativa, arejando a única notícia que naqueles momentos de êxtase nos importava: a ressurreição do Justo. Não tentarei me justificar nem justificar a quantos assim empreendemos a missão de divulgar o novo evangelho. Vós, irmãos, e os que venham no futuro, serão nossos juizes. Mas que ninguém lhes engane. Este novo evangelho não precisa de muitas palavras, nem tampouco de excessivos ritos ou conveniências. Fomos nós quem, involuntariamente, em tais momentos de euforia, caímos no imperdoável engano de substituir a única mensagem do evangelho do reino por sucessos limitados e concretos relacionados com a vida do Salvador. Estávamos ébrios de glória. O Cristo tinha ressuscitado de entre os mortos. Muitos lhe vimos e compartilhamos sua palavra. Isso era quão único importava. As forças que procuravam sua perdição, e a nossa, tinham resultado esmagadas pela verdade de sua divina presença. O Professor —devem compreendê-lo— estava conosco. Não tinha morrido para sempre. E um sentimento de triunfo, de segurança e de poder nos embriagou, apagando todo o resto. Consumidos pelo êxtase saímos ao mundo e enrouquecemos, proclamando o que já sabem; o que então cegava nossa débil condição de mortais: que Jesus estava com os seus e que nós fomos seus escolhidos. Seu triunfo, em conseqüência, também era o nosso. Quem, em tão assinaladas datas, podia meditar sobre outro assunto que não fora o de sua ressurreição? Sentimo-nos transportados a outro mundo; a uma existência plena de alegria e de esperança. A chegada do Espírito de verdade foi tempestuosa, como profetizou o Justo. E todos rememoramos suas palavras. Mas, como lhes confessava, meus filhos, aquele momentâneo brilho do triunfo sobre nossos inimigos nos cegou. Simón Pedro, enrolando vontades, tomou a iniciativa, pregando o que acabo de lhes revelar. E outros muitos lhe seguimos, nos identificando e nos fazendo cúmplices do que só era uma parte da verdade. Com o tempo, Pedro se converteria no fundador de uma nova religião —em que vós e eu descansamos— que (não posso seguir ignorando-o) nasceu disforme. longe de testemunhar a única e só verdade, ofereceu às sete Senhoras escolhidas uma pálida sombra do que é a mensagem divina. Porque sombra é o que recebestes e não a luz. Nosso cristianismo, tal e como se desenvolveu nestes tempos, insígnia que Deus é o Pai do Senhor Jesus Cristo. Esta certeza, unida à experiência de uma comunhão, pela fé, com o Cristo ressuscitado, é toda nossa bagagem. Diminuída bagagem, para falar a verdade, se o compararmos com a grande mensagem que esquecemos!: a paternidade de Deus sobre toda a Humanidade e a filial relação de seus filhos. Somos culpados. Reconheçamo-lo, embora só seja por uma vez e embora isto atraia as críticas dos que veneram aos que já morreram. Equivocamo-nos. Simón Pedro o primeiro. E eu, Juan, com ele. Mas, se lhes escrever e revelo estas coisas, é porque ainda estão a tempo de retificar. formalizamos uma religião «a propósito» do Jesus, em torno de sua pessoa, a seus milagres e sinais e a muitas de seus ensinos, esquecendo a única que importa e pela que ele viveu e morreu: que nos amemos — crentes e não crentes— na fé e na segurança de que Deus nos foi revelado como Pai Universal, não só da Palavra, mas também também de todos nós, indigna carne mortal.

Como lhes vinha referindo, meus filhos, a não demorar, esta foi causa de novas e profundas dissensões no seio do flamejante colégio apostólico. Dissipados os primeiros vapores do triunfo (logo que transcorrido um mês desde o Pentecostés), alguns irmãos —movidos sem dúvida pela graça do Espírito— nos recordaram o perigoso e errôneo de tal comportamento. Lembrança a amargura do Bartolomé e seus acesos debates com o Simão Pedro e com quantos nos empenhávamos em seguir pregando única e exclusivamente ao redor da figura do Professor Ressuscitado, renegando do autêntico sentido de sua encarnação. O desacordo entre os íntimos foi tal que, indevidamente, produziu-se a grande ruptura. Sempre lhes ocultou a verdadeira razão da partida do Natanael às terras orientais da Filadelfia. Esta que agora lhes confesso foi a única motivação de sua repentina e precipitada marcha de Jerusalém. Soube que permaneceu um ano com o Abner e Lázaro, dirigindo-se depois às nações situadas além da Mesopotamia, onde pregou o evangelho do reino, tal e como ele o entendia. Esta grave diferencia de critérios, que jamais foi reconhecida publicamente, diminuiu nossas forças, reduzindo a seis o grupo inicial dos doze que tanto veneram. E é por isso pelo que também lhes escrevo: para que seu amor por volta dos doze embaixadores seja fruto da luz e não da cega confusão que nós mesmos propiciamos. A força da ressurreição nublou nossos sentidos e Simón Pedro, seu irmão Andrés, Felipe, Mateo Leví, meu irmão Santiago e este agonizante Presbítero que agora solicita sua compaixão se conjuraram para estender a boa nova da volta à vida do Professor, fazendo ouvidos surdos a todo o resto. Que o Senhor, em sua infinita misericórdia, saiba nos perdoar...

 O Espírito de verdade: seu significado Consumada a grande ruptura —da que nunca nos recuperaríamos—, o ardor e eloqüência do Pedro fizeram o resto. E nós, temerosos às vezes e surpreendidos sempre ante o puxador poder de seu verbo sobre a figura do Jesus, assistimos com vaidade e torpe satisfação humana a um quase milagroso estalo do número de crentes no Filho. Esse primitivo núcleo se foi fazendo mais e mais notável e, de novo, o calor do triunfo afogou nossas consciências. Gentis e judeus recebiam a palavra e o batismo e, aos poucos meses, fomos legião. O que hoje chamamos igreja nasceu como uma seita dentro do judaísmo, limitando e empobrecendo o que já tinha sido concebido pobre e limitadamente. Porque todos nós —e Pedro mais que nenhum— permanecemos fiéis ao que tanto tinha combatido o Senhor: às asfixiantes e inúteis normatiza e rituais da Lei. Sabem por nossos lábios e cartas: não fomos capazes de renunciar às ataduras das crenças e do sufocante cerimonial de nossos pais porque, simplesmente, tínhamos perdido esse único e verdadeiro sentido da mensagem crístico. Como vêem, queridos filhos, nossos males procedem e procederão sempre dessa néscia renúncia na hora de proclamar a paternidade de Deus, em benefício de uma egoísta e muitas vezes mesquinha visão do evangelho do reino.

Mas antes de prosseguir com a pública confissão destes nossos enganos, é meu dever e desejo lhes escrever também sobre outro assunto, intimamente vinculado ao nascimento desta nova religião que hoje chamamos cristianismo e que, de não alterar a tempo seu rumo, só Deus Todo-poderoso saberá no que pode desembocar com o passo dos tempos... Muitos de vós, meus filhos devotos, interrogaste-me ao longo destes anos sobre o sentido da chegada do Espírito de verdade. Pois bem, hei aqui minha sincera opinião, não formulada para acender polêmicas, a não ser para iluminar a quantos anseiam e procuram a paz em Nosso Senhor Jesus. O Filho único viveu e ensinou um evangelho que libera o homem da mais remota das dúvidas: não somos filhos do Maligno, a não ser gloriosos filhos do Pai. Esta foi sua mais apreciada lição que, me permitam que insista, abandonamos como impulsivos adolescentes, deslumbrados por uma efêmera glória. Ele nos elevou à dignidade de filhos de um Deus, dissipando assim as trevas e a incerteza que pesavam sobre nossa origem e, o que é mais importante, sobre nosso futuro. Filhos queridos!, é que pode haver maior honra e alegria que saber-se filhos do Todo-poderoso?

E como prometeu em vida, não ficamos órfãos. Ao deixar este mundo, o Mestre enviou em seu lugar ao Espírito, destinado a morar em todos e cada um dos homens, reafirmando assim sua mensagem, geração detrás geração. Não caiamos de novo no engano de autoproclamarnos depositários exclusivos dessa graça. O Espírito não escolhe. reparte-se e derrama por um igual entre os mortais —crentes ou não—, de igual modo que a luz do sol beneficia ao mundo sem regateios nem distinções. Deste modo, cada povo, cada nação, cada sociedade e cada tribo humanos possui e possuirá a verdadeira mensagem do Jesus Cristo, posto ao dia segundo as sempre novas e renovadoras necessidades espirituais de cada momento e de cada ser humano. Fique bem claro, meus filhos, que a primeira e mais importante missão do Espírito consiste em personalizar a Verdade. Só a inteligente compreensão dessa Verdade nos dará aconteço e nos permitirá possuir a mais pura e elevada forma de liberdade humana. O segundo grande benefício da chegada do Espírito também foi experiente por este, seu irmão. Ao princípio, quando ele foi executado, a tristeza e o desespero se instalaram em nossos corações. E apesar de havê-lo visto ressuscitado, sua partida deste mundo nos deixou órfãos. Não sabíamos viver sem sua companhia. Mas ele enviou ao Espírito e esses sentimentos de abandono e orfandade se extinguiram. É de lei pensar que, sem o Espírito de verdade, todos os crentes estariam hoje indefesos e condenados à solidão individual e coletiva. A presença deste Espírito nos empurrou —e assim será até o fim dos tempos— a proclamar e estender a realidade da chama divina do Pai que pulsa na alma de cada mortal. Em certo modo, o Espírito de verdade é, de uma vez, o espírito do Pai Universal e o do Filho Criador. Escrevo-lhes isto, não porque desconheçam a verdade, mas sim porque essa verdade lhes foi mostrada pela metade. Queridos em Cristo: não caiam no engano de confiar em seu intelecto para reconhecer e identificar ao Espírito de verdade, estendido já sobre a Humanidade. Este Espírito jamais cria uma consciência de si mesmo. Sua missão é outra: consolidar e fazer visível o espírito do Filho. Desde o começo, Jesus o disse: «O Espírito que lhes enviarei não falará por si mesmo.» A prova, portanto, de sua comunhão com o Espírito de verdade não se acha em seu reconhecimento —circunstância que jamais obterão— a não ser em uma crescente, clara e inconfundível conscientiza da presença viva do Filho no mais profundo de seus corações. Se gozarem da luz íntima do Jesus, então terão descoberto ao Espírito que mora em vós. Mas o Espírito, meus filhos, está em todos. Os que ainda permanecem nas trevas são só atrasados no amor infinito e compassivo do Pai. Não sejamos impacientes: a fruta amadurecida por si mesmo e não pelos desejos do hortelano.

O Espírito, meus filhinhos, veio para ajudar aos homens a recordar e a compreender os ensinos do Professor e iluminar nossas vidas.

O Espírito, meus filhinhos, veio para ajudar aos crentes a que comprovassem a sabedoria da Palavra e o excelso valor de sua vida encarnada.

O Espírito, filhinhos, veio também para nos recordar que a Palavra vive hoje e sempre no mais profundo de cada um dos crentes desta e de todas as gerações futuras. Porque não é esta uma obra de mortais, mas sim de Deus. E o Espírito é seu condutor. Ele nos guia para a verdade última: a consciência espiritual de que estamos abocados à felicidade. E se me perguntam o que é a felicidade, só poderei lhes recordar o que já sabem e foi dado como o mais antigo dos mandamentos: fazer a vontade do Pai.

 O evangelho do resgate Que ninguém lhes engane, meus filhos. Nem sequer nós, os embaixadores do reino. Eu mesmo lhes tenho escrito que o Filho de Deus se manifestou para desfazer as obras do Maligno. E até sendo assim, não é essa a grande verdade. Jesus viveu plenamente entregue à vontade do Pai. Mas o Pai não é colérico, a não ser amoroso. Equivocadamente, alguns dos que permanecemos muito perto dele lhes transmitimos um evangelho de cru resgate. O Cristo —foi dito— viveu, morreu e ressuscitou para enxugar a dívida humana; para nos arrebatar das redes do Diabo. Não, meus filhos!, cada homem, pelo generoso feito de ter sido criado pelo Pai, recebe o inviolável patrimônio de sua própria imortalidade. O Justo não deveu resgatar, a não ser a recordar. Deus não mata. Deus não culpa. Deus não castiga. Somos nós mesmos, longe da luz, quem culpo, odiamos, aniquilamos ou castigamos. Mas, mesmo assim, a graça da paternidade divina é um esperanzador e inerente direito de cada mortal. Esta é a essência da mensagem do Jesus; uma mensagem que deformamos e sepultou. Agora lhes corresponde a vós recebê-lo e praticá-lo. E me atrevo a lhes dizer mais, posto que meu fim se adivinha e logo comparecerei ante a justiça de quem todo o pode: se lhes empenhassem em ignorar quanto agora lhes revelo (e eu sei que minha mão a guia o Espírito), seguindo nosso desafortunado exemplo e marginando a grande mensagem do Professor, outros, depois que vós, serão igualmente iluminados por esse Espírito e estas verdades, ocultas até hoje, a respeito de que a paternidade de Deus e a fraternidade entre os homens terminarão por emergir, transformando as civilizações. Advirto-lhes isso, muito amantes filhos em Cristo: nada há mais certo e indestrutível que o amor do Pai, que a sabedoria da Palavra encarnada e que a força do Espírito. A ação deste último é como o amanhecer: quem poderia detê-lo? Nós mesmos devemos reconhecer seu salvífico poder. Apesar de ter equivocado o caminho, sua força nos encheu de tal sorte que, a partir do Pentecostés, cada um dos embaixadores do reino fez mais progressos espirituais em um mês que nos quatro anos de íntima associação com o Justo. É, pois, minha obrigação lhes acautelar. Algum dia, por cima inclusive das Senhoras escolhidas, a Humanidade despertará à luz e fará sua a grande mensagem do Jesus do Nazaret. meus filhos, também vós fostes batizados em espírito. Obrem, portanto, não de boca nem de palavra, a não ser com as obras que inspira a um homem o saber se filho do Pai dos Céus. Mais ainda: trabalhem nessa verdade, aceitando de por vida a vontade de quem lhes criou e vive em vós, como a vela no candelabro.

 

Queridos, foi escrito: não confiem em qualquer espírito, a não ser examinem se os espíritos vêm de Deus. Agora sabem que todos os espíritos procedem e encerram a Deus. Aqueles que se empenham na iniqüidade só estão cegos. Vós devem abrir seus olhos ao Espírito que mora neles. Basta lhes oferecendo a verdade que ele nos deixou; será suficiente retirando o véu de seus olhos para que descubram que sua origem, como o nosso, não está na carne ou no barro, a não ser no Pai Universal. O resto é coisa do grande instrutor; do Espírito interior que descendeu no Pentecostés. E da mesma forma que me vêem agora retificar sobre o escrito em relação ao exame dos espíritos que vêm de Deus, também me disponho a fazê-lo sobre outro assunto, estreitamente vinculado a essa histórica presença do Espírito de verdade. Têm-no lido e, inclusive, ouvido de lábios dos próprios embaixadores do reino. Entretanto, eu lhes declaro solenemente que muitas desses estranhos e milagrosos sinais e ensinos que foram associadas ao Pentecostés só foram conseqüência de nosso transbordado ardor e sentimento de triunfo sobre as castas sacerdotais feijões que tinham pretendido lhe aniquilar e nos aniquilar. O descida do Espírito, meus filhos, não necessita de campainhas, incenso ou ventos tempestuosos. Devem compreender e perdoar a quem assim tem narrado e propalado a vinda do instrutor. Eu, Juan do Zebedeo, fui testemunha daquela assembléia na morada do defunto Elias Marcos e digo verdade ao referir que nada externo nos comoveu. Ninguém viu com os olhos da carne as línguas de fogo que alguns pretendem, nem tampouco fomos sobressaltados pelo furacão ou milagrosamente bentos pelo dom de línguas. Aquele momento foi muito mais intenso e profundo do que a tradição lhes contribuiu. O Espírito chegou tempestuosamente, sim, mas com o poder da revelação interior: a mais demolidora de quantas possa conceber o intelecto humano. Pouco depois do meio-dia, os cento e vinte crentes ali reunidos notamos uma singular presencia em metade da sala. Repito-lhes isso: ninguém viu nada sobrenatural. Mas a força do Espírito se apoderou de cada coração, nos enchendo de uma alegria, de uma segurança e de uma confiança como jamais haja sentido mortal algum. Era o instrutor prometido pelo Jesus. E Pedro, movido pelo Espírito, elevou-se, confessando em público o que cada um já adivinhava para si: que aquele renascimento espiritual só podia ser obra da terceira pessoa da Deidade. E impulsionados por essa força, a assembléia se dirigiu ao Templo, onde anunciamos a judeus e gentis quanto já sabem. E foi nosso ardor, e não o dom de línguas, o que abriu as portas do triunfo e da nova era. Lástima que tão formidável e nobre impulso só fora aproveitado pelos embaixadores para pregar única e exclusivamente a respeito da Ressurreição e da vida encarnada do Professor, desatendendo a maravilhosa essência de sua mensagem universal... Olhem, meus filhos, que não me canso de repeti-lo. Olhem que podem acreditar que é muito o andado desde o Pentecostés e, entretanto, ao lhes desvelar estes trágicos enganos, é fácil intuir que apenas se tivermos apertado nossos lombos e disposto a impedimenta.

Agora começam a reconhecer que equivocamos o caminho. Eu mesmo, ao lhes escrever sobre o Sedutor, cheguei a dizer: «Tudo o que se excede e não permanece na doutrina de Cristo, não possui a Deus. que permanece na doutrina, esse possui ao Pai e ao Filho. Se algum vier a vós e não é portador dessa doutrina, não lhe recebam em casa nem lhe saúdem, pois o que lhe saúda se faz solidário de suas más obras.» Agora, meus filhos, assusto-me ante minha própria necedad. Somos nós —aqueles que um dia fomos ordenados pela graça do divino Jesus— os primeiros que deveríamos nos proclamar sedutores e anticristos, posto que não permanecemos em sua doutrina, a não ser na nossa. Mais ainda: nenhum mortal, pela indisputável verdade de ser filho do Pai Universal pode ser tachado em justiça de sedutor ou feto do Maligno. Todos possuímos a Deus, me deixem que volte sobre meus passos e que retifique, posto que ainda estou a tempo. Todos —crentes e pagãos— levamos a luz da Divindade. Só por isso merecem nosso respeito e amor e só por isso devemos acolhê-los e saudá-los. Que conheçam um dia sua autêntica origem e destino é nossa coisa, sim, mas, sobre tudo, do Espírito de verdade que se derramou para todos e cada um dos homens. Como lhes mencionei, a principal missão deste Espírito consiste em iluminar à Humanidade sobre o amor do Pai e a misericórdia do Filho. Em conseqüência, quais somos nós para premiar, castigar ou julgar? Façamos bem nosso trabalho, proclamando a verdade e deixemos ao grande Instrutor o como e o quando de cada revelação pessoal. Esses frutos do Espírito chegam sempre. Mas em cada ser humano são distintos, de acordo com suas circunstâncias, personalidade e desejo de perfeição. Em minha já dilatada existência, queridos filhos, aprendi a ser paciente. A verdade da mensagem do Justo se move por si mesmo; nunca pelas pressas do homem. Não esqueçam que ele vive agora, desde o Pentecostés, em cada um de nós e o faz em forma de espírito instrutor, revelando-se na experiência individual de cada ser humano. Recordem sempre. Recordem que é ele, não nós, o portador de toda graça e misericórdia.

Um novo evangelho de fé E posto que me proponho lhes legar meu último testemunho, justo será que, antes de continuar com outras não menos importantes revelações, saia também ao encontro de uma grave duvida, suscitada entre alguns dos muito amantes filhos desta, minha querida Senhora de Éfeso. Perguntam-lhes, não sem razão, se a verdade e a retidão podem vencer algum dia em um mundo como o nosso, desarmado pela iniqüidade, a calúnia, a mentira e a inveja. É que a fé e o amor triunfarão sobre a maldade? A resposta, embora proceda deste desprezível despojo humano, é afirmativa. E não é unicamente a voz da experiência a que vos fala, a não ser, sobre tudo, a desse espírito instrutor que me honrou com sua divina presença. São a vida, morte e ressurreição do Professor as melhores prova de quanto lhes escrevo. O sinal e demonstração eternos de que a verdade, a bondade e a fé prevalecerão e serão justificadas por toda a eternidade. Sabem que, ao pé da cruz, alguém se mofou do Jesus, dizendo: «Vejamos se Deus lhe libera.» Aí têm a mais clara das respostas. O dia da crucificação amanheceu escuro. Mas o da ressurreição foi radiante e mais, se couber, o do Pentecostés. conhecestes muitas religiões. Pois bem, eu lhes digo que aquelas que procuram afanosamente liberar o homem das cargas próprias da vida são religiões nascidas na desesperança. Notar, filhos queridos, que só procuram e anseiam o aniquilamento, bem pelo sonho, o descanso ou a morte. Essas não são religiões de vida. a do Jesucristo glorioso é uma religião que enaltece a vida, nos enchendo de fé, esperança e amor. Nisto sabemos que lhe conhecemos. Não lhes aflijam, portanto, ante o turvo presente deste mundo em crise. A verdade já germinou. Deixem que cresça. Uma e outra vez lhes lamentam ante os duros reversos do destino. E eu lhes pergunto: não padeceu o Justo golpes mais severos que os seus? Eu fui testemunha de exceção: o Professor fez frente às dúvidas, à iniqüidade e ao desprezo com uma arma indestrutível: a fé na vontade de seu Pai. Jesus não fugiu jamais as contrariedades da vida. Confrontou-as e dominó, incluindo o amargo cálice de sua morte. E olhem que nunca lhe vimos refugiar-se na religião para liberar-se da vida e de suas ataduras. Repito-lhes isso: a religião do Engendrado de Deus não foge da vida, por mais que criamos em outra existência futura e eterna. A religião que ele praticou —e a que me referirei breve com maior atenção— goteja paz e alegria porque supõe o descobrimento de uma nova existência espiritual. Uma forma de ser e de conceber a vida que a enobrece. Não confundam a religião do Cristo com a adormidera de falsos deuses. Toda religião que narcotiza ao povo é religião humana, não divina. Nisso, justamente, distinguimos a religião da Palavra: em que seu desejo de progresso espiritual é fonte inesgotável. Esta é a grande alavanca que move e moverá ao mundo. Só as almas que conhecem a verdade — melhor ainda: que a buscam — estão capacitadas para conduzir ao resto dos mortais. Só esses podem ostentar com orgulho o título de progressistas e dinâmicos.

  Agora é Deus quem procura o homem foi escrito que quem confessa ao Filho, possui também ao Pai. E eu acrescento, meus doces filhos, que quem proclama ao Justo Jesucristo já foi meio doido pelo Espírito de verdade. E a liberdade se instalará em seu coração. Desde o Pentecostés, Jesus tem quebrado com as fronteiras e com as limitações humanas. Sua bandeira azul e branca é a bandeira da liberdade. Mas nós, os que tivemos o privilégio de lhe servir em vida, não soubemos lhe servir em espírito. A chegada do Instrutor —que não foi outra coisa, como já fiz menção, que um divino presente do Professor a cada mortal— tinha uma missão que os íntimos não souberam intuir em tão histórico momento. Hei aqui outro dos graves enganos que, até hoje, tampouco fomos capazes de reconhecer. Este Espírito de verdade se pulverizou com o fim de animar aos crentes a trabalhar mais intensa e ilusionadamente na proclamação do evangelho do reino. Mas nós —torpes e cegos— entendemos que semelhante experiência formava parte do próprio evangelho e a deformação da mensagem primitiva do Jesus acusou um novo e duro golpe. Durante anos, por causa desta cegueira espiritual, todos vós aprendestes e aceitou que o Espírito de verdade descendeu única e exclusivamente em benefício dos onze embaixadores do reino. Não foi assim. Os cento e vinte homens e mulheres reunidos aquele dia no lar dos Marcos recebem, todos, a luz do Espírito. Mas o Santo Instrutor fez outro tanto com o resto dos mortais: crentes ou pagãos. E cada alma recebeu os talentos justos, de acordo com seu amor à verdade e sua própria aptidão para compreender as realidades espirituais. Esta é a autêntica religião: a que libera os homens das pressões sacerdotais ou das castas, achando sua manifestação mais pura no mais sagrado do próprio homem: seu coração.

meus filhos, quantos e quão graves enganos estão suportando por causa da soberba e debilidade humanas? por que não soubemos manifestar com simplicidade e verdade o que em realidade supôs a vinda do Espírito Instrutor? longe do que têm lido e escutado, a irrupção do Espírito de verdade no Pentecostés trazia consigo um tesouro: uma religião nem antiga nem nova, nem conservadora nem reformadora. Uma religião em que ninguém podia dominar: nem os velhos nem os jovens. Uma religião cimentada na mensagem que alguns dos íntimos esquivam intencionadamente. De havê-lo seguido, de ter sido fiéis ao evangelho do Justo, o trabalho de expansão do Espírito Instrutor seria hoje uma realidade diferente, muito mais universal e esplêndida. Sem nos dar conta, a acolhida dispensada naquela manhã do Pentecostés a nossos ardorosos sermões, por parte de homens que representavam a raças e religiões tão díspares, foi já, meus irmãos, um muito vivo sinal do caráter universal da religião do Jesus. Mas nós não soubemos entendê-lo assim. Não sinta saudades, irmãos, se o mundo lhes aborrecer. adulteramos uma mensagem, empobrecendo-o com nossa miopia. O que nasceu destinado a todos os homens vive mal agora em sete comunidades que se autoproclaman escolhidas pelo Filho único. Pode conceber-se maior desatino! O Espírito de verdade me dita que o evangelho do reino não pode nem deve identificar-se nunca com raça, cultura ou idioma concretos. Mas, o que fizemos nós, escolhido-los? Eu lhes direi isso: do muito mesmo dia do Pentecostés nos empenhamos em encarcerar o evangelho, limitando-o e subjugando-o às tradições e normas judias. Todos os neófitos se viram obrigados a aceitar nossas condições. E a universalidade da mensagem crístico — posto de manifesto pelo Espírito de verdade— foi abortada do primeiro momento. Compreendem agora minha angústia e tormentosos remorsos? Quais fomos nós para retificar os sagrados planos do Instrutor? E apesar disso, fizemo-lo. Sabem, inclusive, que Pablo do Tarso padeceu multidão de dificuldades com seus irmãos de Jerusalém, precisamente porque se negava a aceitar que os gentis pagassem o tributo da submissão às leis judaicas. Na verdade lhes digo, irmãos, que nenhuma religião que se tenha por revelada poderá estender-se pelo mundo se cair no grave equívoco de deixar-se impregnar por uma cultura nacional ou se fizer suas práticas raciais, econômicas ou sociais estabelecidas com antecedência. Escrevo-lhes tudo isto para que minha alma descanse em paz e não se consuma no fogo dos remorsos do que, conhecendo a verdade, optou por escondê-la, inclusive a um passo da morte. Se dissermos: «o Espírito Instrutor foi nossa coisa», enganamo-nos. A proclamação do Pentecostés, hei-lhes isso dito, teve um destino universal. Ao tempo que o Espírito descendia sobre os cento e vinte o fazia igualmente sobre os campos e cidades, rompendo com as formas, rituais, templos e costumes de todos os tempos e nações. Queridos irmãos: desde esse dia, já não é necessário procurar o deserto para receber a graça e a luz do Espírito de verdade. Ele encheu o mundo. Impregnou a natureza e a nós, filhos do Pai, deu-nos novas armas para estender a boa nova. Umas armas —me escutem com atenção— que nada têm que ver com o poder terrestre dos homens. Desde o Pentecostés, a religião do Jesus rompeu para sempre com as forças físicas que conhecem. Os novos educadores da Humanidade —vós, meus filhos, e quantos possam acontecemos— devem compreender que essas armas do Instrutor são sempre de natureza espiritual: as únicas indestrutíveis. A conquista e proclamação da nova ordem, desta religião do Justo, deve ser indulgente; respeitando consciências e crenças e sem desmentir a ninguém. Partirão pelo mundo com uma única bagagem: o do amor e a boa vontade. Só com o bem poderão vencer ao mal. Separem-vos de vós a fácil inclinação a julgar e condenar. Respondendo ao mal com o mal retrocederão aos velhos costumes de nossos pais, que ignoravam a venturosa mensagem crístico da paternidade de Deus. Se todos os seres humanos for irmãos, por que amaldiçoar, menosprezar ou procurar a destruição de quem leva nosso mesmo sangue espiritual? Ou é que são capazes de prescindir de seus filhos, pais e maridos ou algemas porque mais de uma vez equivoquem suas palavras ou feitos? À luz do Espírito de verdade, seus filhos e os gentis de terras remotas são uma mesma coisa: o fruto do amor do Pai. Vão pelo mundo com o afã de triunfar, mas façam com a moeda do amor. O ódio se desmorona ante um sorriso amoroso; ante um silêncio pormenorizado e ante uma resposta favorável, que não humilhe ou machuque. Irmãos: que odeia é desgraçado. Não somem novas angústias a seu atormentado coração. Muito ao contrário: escutem seus raciocínios e, embora resultem áridos e inaceitáveis para vós, tratem de fazê-los seus. Sempre há um ponto de verdade na verdade de outros. Olhem que lhes escreve um arrependido. Olhem que não procuro já a vaidade das honras, nem a recompensa temporária da admiração dos homens. Sou um homem que viveu na mentira e que morre proclamando a verdade.

O Professor nos ensinou que sua religião jamais é passiva. A boa nova é toda uma aventura pessoal. Aqueles que a façam sua poderão enfrentar-se ao medo e às trevas das dúvidas. Para isso está a fé viva e valente na verdade. Devem ser homens inquietos, sempre atentos, não a suas próprias necessidades, a não ser às de outros. A misericórdia e o amor farão o resto. Nunca lhes encadeiem a ritos e cerimoniais que não tenham nascido do amor. A religião que ele nos ensinou não precisa de tetos, cánones nem hierarquias. Vive no espírito humano como o suco que nutre às novelo. É esse espírito que mora em cada um de nós seu único e verdadeiro templo. E a nós, individualmente, corresponde-nos despertar e fazer despertar a outros a esta esperanzadora luz. Mas, me permitam que insista: removam os alicerces espirituais de seus irmãos com o exemplo e as boas obras; nunca com a recriminação e a condenação. A Verdade não é patrimônio dos que lhe conhecemos. A Verdade é ele e, desde o Pentecostés, ele se instalou sem regateios nos mais humildes e nos capitalistas. Queridos filhos, que importante resulta esta singela realidade! Todos estamos tocados pelo dedo muito amante do Pai. Inclusive os idólatras, os sanguinários ou os que lhes perseguem. É hora já de olhar a Deus cara a cara e não como ao Eterno dos Exércitos. É chegada a hora de proclamar sua paternidade sobre todos nós, esquecendo o equivocado conceito de um Jehová colérico e justiceiro. Sempre tememos ao Todo-poderoso porque, simplesmente, não lhe conhecíamos. Jesus do Nazaret nos tem descoberto e insone a autêntica face do Pai: um Deus tão amoroso que, não só nos concede a imortalidade, mas também, além disso, é capaz de instalar-se no mais íntimo de cada mortal. Olhem que digo verdade porque não sou eu quem escreve. É ele quem conduz minha pluma. E eu vos manifesto que a sombra radiante do Pai Universal viaja até o coração de cada menino, quando este adota sua primeira decisão moral. Não só fomos criados diretamente pelo Pai: além disso, forma um tudo com a carne e o espírito que nos sustentam. Escutem, pois, sua voz. Basta olhando para dentro. Basta guardando silêncio. Basta ficando em suas mãos, tal e como o Professor nos ensinou. Até a chegada do Santo Instrutor os homens se perderam em escuras e difíceis buscas do grande Deus. Desde o Pentecostés —mercê à ação do Espírito—, essa busca contínua, mas iluminada pela mensagem do Justo: agora é Deus quem procura o homem. E o faz, como lhes digo, de dentro e não desde temíveis e justiceiros tabernáculos.

Vós mesmos, ao longo destes setenta anos, fostes testemunhas da grande mudança experienta em muitos dos crentes. A força do Espírito de verdade é tal que os homens são capazes hoje de perdoar toda sorte de injúrias pessoais e de suportar em silêncio as mais abomináveis injustiças. Sabem de irmãos em Cristo que encararam perigos em nome e em benefício da fé e que desafiaram a dor e a morte, respondendo à cólera e o ódio com o amor e a tolerância. Esta é a grande lição que ele nos legou e que eu, apesar de meus pecados, atrevo-me a solicitar de vós. Pouco a pouco, com o passo dos tempos, sobre a cruel face deste mundo só ficará um ganhador: Jesus do Nazaret, o Justo, o Filho único e Engendrado de Deus. E esse triunfo se produzirá, não pela dialética ou o poder dos homens, mas sim pelo Espírito, capaz de iluminar todas as mentes com o grande princípio crístico: Deus é nosso pai. Em conseqüência, se todos formos irmãos, que sentido tem guerrear?, que vontade a Humanidade com a tirania de uns irmãos sobre outros?, que justificação pode manter o ódio?, é que existe algo mais rentável e benéfico que a mútua confiança e a solidariedade?

Mas os íntimos têm sido os primeiros em incumplir este formoso e lógico princípio. Não lhes falamos que Pai e da mensagem de fraternidade. Ao menos, não o fizemos como ele nos aconselhou: dando absoluta prioridade à paternidade de Deus.

 As mulheres: outro engano que devemos reparar Ao esquecer a essência da mensagem do Jesucristo e pregar tão somente em torno de sua pessoa, milagres e ressurreição, caímos em um poço sem fundo, habitado pelo pior dos devoradores: o engano. me permitam que, em nome dessa justiça que procede do Justo, vos abra de novo meu cansado coração e confesse outro grave pecado, alimentado sem piedade por quantos nos chamamos filhos do Todo-poderoso e que está desembocando em uma penosa realidade que, vós, meus queridos filhos, devem reparar e retificar sem demora. Conhecem sobradamente qual foi a condição e estado da mulher na comunidade que nos há meio doido viver. Ainda hoje, apesar da luz derramada no Pentecostés, permanece alheia, escravizada e relegada em virtude de mesquinhos e sempre equivocados conceitos religiosos, econômicos e sociais. Nós, os embaixadores do reino, assistimos em vida do Jesus —com grande escândalo por nossa parte— a audaz e aberta reivindicação que o próprio Professor fez dos direitos das mulheres. Sabem, embora muitos de nós o tenhamos oculto, que ele permitiu e respirou a presença, junto aos doze, de outro nutrido grupo de hebréias, que compartilhou os ensinos, alegrias e tristezas da predicación e da vida pública do rabino. Simón Pedro e alguns de nós fomos admoestados pelo Jesus ao pretender as ignorar ou as desprezar. Apesar disso, escrito está pelo grande Saulo: «A mulher ouça a instrução em silêncio, com toda submissão. Não permito que a mulher ensine nem que domine ao homem. Que se mantenha em silêncio. Porque Adão foi formado primeiro e Eva em segundo lugar.» Pois bem, eu lhes digo que Pablo e que todos quantos assim falamos e obrou não somos dignos de fazer nossa a palavra do Jesucristo. A partir do Pentecostés, no reino do Pai não pode haver primeiros e segundos. Na fraternidade que herdamos, a mulher não é menos nem mais que o homem, a não ser igual. Recordem que entre aqueles cento e vinte discípulos que recebemos o dom do Espírito, uma boa parte eram mulheres. E o Instrutor descendeu sem exceções, enchendo de graça, por um igual, a varões e fêmeas. Os fariseus podem seguir dando graças ao Céu por não ter nascido mulher, leproso ou gentil. Mas, entre nós e no novo reino, semelhante atitude não tem justificação. A mulher é reflexo do homem, têm lido nas cartas do Pablo. Também foi escrito que a mulher deve cobrir-se quando ora ante Deus e que sua cabeleira lhe foi dada a modo de véu. Torpes palavras, a meu entender, que só demonstram estreiteza de espírito e um forçoso esquecimento dos ensinos do Professor. É o Pai quem cria, com idêntica liberdade e amor, a mulheres e homens. A mulher não procede do homem, nem este daquela. Ambos nascem, ao uníssono, do amor do Pai. Se a presença do Espírito de verdade marcou um novo tempo e a alegria de uma religião sem barreiras nem discriminações, por que este empenho em separar e menosprezar a nossas irmãs? Eu lhes direi isso: estamos vivendo uma parte do novo evangelho, esquecendo o tudo. Queridos: observem que minhas palavras, uma e outra vez, fluem impregnadas por um repetitivo lamento. Ao não respeitar a mensagem primitiva de Cristo, os enganos se acontecem em cascata. Estamos equivocando o caminho. Os homens não podem pretender o monopólio do serviço religioso. Elas, nossas irmãs, foram igualmente bentas pelo Espírito. Elas podem e devem proclamar a boa nova ao mundo. Elas souberam que Professor, com idêntica intensidade que os homens (mais inclusive que nós, que lhe abandonamos das tristes horas do prendimiento no Getsemaní). Elas têm o direito e a obrigação de dirigir-se às assembléias e de participar das cerimônias. Tanto uns como outros somos ramos de uma mesma árvore. Todos recebemos idêntica luz, idêntica chuva e idêntico vento. Permaneçam alerta e retifiquem sua atitude. De prosseguir nesta cega discriminação e néscia superioridade para as mulheres, a igreja que agora nasce acrescentará escuridão à escuridão e, algum dia, o mundo a julgará com idêntica medida.

 Não há famílias santas e da mesma forma que chamo sua atenção sobre o perigoso engano que se abate sobre todos aqueles que marginam à mulher, é meu dever sair ao passo de outra não menos lamentável e errônea crença, que vai ganhando terreno nos corações de muitos dos crentes das sete Senhoras escolhidas. Ao princípio foi uma muito humana e lógica admiração. Agora, ano detrás ano, começou a transformar-se em motivo de veneração e de quase doentia adoração. É possível que muitos de vós, filhos queridos, tomem estas palavras como inevitável conseqüência de uma senilidade centenária. Mas eu lhes repito que minha mente permanece clara e serena e minha mão segue os ditados do Espírito. E guiado pelo amor que vos professa vos lembrança que não é bom santificar nem render culto a ninguém que não seja Deus. Vi com meus próprios olhos como muitas das comunidades de crentes veneram à família terrestre do Jesus, havendo pouco menos que divinizado a María, sua mãe. Saibam que María e um dos irmãos do Professor formavam parte daquele grupo de cento e vinte discípulos que foi repleto pelo Espírito de verdade. Mas eles não receberam mais que o resto. Nenhum dom especial foi outorgado à família humana do Justo. Não há, portanto, famílias santas. Só o Pai é santo. A lembrança e o respeito para a memória dos que nos precederam são práticas elogiables e benéficas. Mas não caiam na tentação de santificar aos que tiveram algo que ver com o Professor. Repito-lhes isso: ninguém é santo. Sabem que não são minhas palavras, mas sim do próprio Engendrado de Deus.

Seu natural desconhecimento da personalidade da mãe do Jesus, das circunstâncias que a rodearam e o inevitável passado do tempo estão forjando nas comunidades de crentes uma imagem tão distorcida da María que me assusta pensar até onde pode chegar este amontoado de despropósitos e de falsas notícias. Este Presbítero que lhes escreve sim conheceu a mãe do Senhor. E embora o que me disponho a lhes relatar possa lhes parecer duro e desrespeitoso, entendo que assim me submeto e lhes submeto à verdade. Não fala com sinceridade quem assegura que a esposa do José foi um permanente e valioso respaldo espiritual na missão de seu primogênito. Ao igual a ocorresse conosco, seus íntimos associados, sua mãe tampouco compreendeu em vida a excelsa missão do Professor. Só depois de sua morte e ressurreição, e mercê à luz do Espírito, começou a intuir quem era na verdade e por que tinha encarnado em seu ventre. E sua tristeza foi tal que, depois da partida do Jesus, decidiu retirar-se à a Galilea, morrendo ao ano, vítima da melancolia e da desolação. María, como muitos de nós e de seus parentes, tinha forjado em sua mente uma idéia terrestre e revolucionária de seu filho. Jesucristo era o ansiado Mesías das Escrituras. Um Mesías libertador, que poria fim à dominação de Roma, elevando à nação judia à fila e à posição que sempre mereceu. Apesar das explicações e do notório rechaço do Justo para tais pretensões, sua mãe —de caráter teimoso e obstinado— viveu empenhada em dito ideal. E esta nada grata situação seria motivo de choques e enfrentamentos entre ambos e de mais de uma lágrima. A família do José e María riscou ambiciosos planos para o Jesus. Já desde sua misteriosa concepção, o anúncio do anjo de Deus a María e a seu parente da Judea, Isabel, foi tomado como um signo premonitorio. E ambas as mulheres, com o incondicional apoio do Zacarías e as reservas do José, reuniram-se em diferentes oportunidades, desenhando em seus corações o futuro do libertador e de seu braço direito, Juan, mais tarde chamado o Anunciador. Queridos, abram os olhos à realidade. O Professor foi um incomprendido, inclusive para os sua na carne. Ele amou profundamente a sua família, mas não foi capaz de lhes fazer ver qual era na verdade seu destino. María não podia entender as filiais relações de seu primogênito com o Pai dos céus. Aquela atitude do Jesucristo, refiriéndose a Deus como seu Pai, valeu-lhe sérias reprimendas e a incompreensão e o repúdio de quantos lhe conheciam. E sua mãe não foi uma exceção. María não era uma mulher total, nem tão espiritual e devota de seu filho como muitos de vós pretendem. Teria sido muito de desejar que, entre os testemunhos escritos e orais que hoje circulam pelas comunidades de crentes a respeito da vida e ensinos do Professor, alguém se tivesse atrevido a contar esse, para muitos, escuro capítulo da existência terrestre do Senhor. Mas também nisto fomos covardes e interessados. Por desgraça, eu, Juan, sou o último dos superviventes daquele sagrado tempo e, embora me empenhasse em semelhante tarefa, pressinto que nem sequer chegaria a iniciá-la. Asseguro-lhes, meus filhos, que ao esquecer os trinta primeiros anos da vida do Justo obscurecemos —e de que forma!— muitas das razões e dos orígenes de seus ensinos e de seu singular comportamento ao longo de seu predicación pública. A História, implacável, julgará-nos por isso. E o fará com razão e sabedoria. Sabem de sobra que a trajetória de qualquer ser humano é indivisível. Forma um tudo, desde sua mais longínqua infância até o momento da morte. por que, então, perguntarão-lhes com lógica, não lhes foi oferecida também essa parte da vida do Professor? Poderia me justificar e justificar a quantos assim atuaram, alegando falta de tempo ou, o que seria pior, uma carência de informação. Nada disto é certo. Muitos dos íntimos e próximos ao Jesus conhecíamos de antigo seus anos de juventude. E uma vez mais, de mútuo acordo, estimamos que não convinha escurecer com debilidades e servidões humanas a imagem de uma família que velou pela Palavra. Néscios e cegos! É que a figura do Santo poderia ser empanada por homem mortal algum? Muito ao contrário, o fiel conhecimento da verdade tivesse engrandecido, se couber, sua condição humana, situando e centrando a quantos lhe acompanharam em vida em seu justo e legítimo lugar, sem falsos pudores nem disfarces. Como vêem, amados em Cristo, tenho motivos para o desgosto e para prosseguir com esta carta-testamento que, assim o desejo, só nasce ao amparo da verdade.

 Jesus não era o Mesías que todos esperavam 4 E posto que já o mencionei, me deixem agora que me estenda sobre essa falsa imagem que todos, incluindo a este Presbítero, chegamos a nos formar sobre o Jesus do Nazaret e seu novo reino. Isto sim lhes foi irradiado com lealdade e rigor: quando o Professor foi feito prisioneiro e justiçado, seus íntimos, sem exceções, creímos morrer de tristeza e desespero. Simplesmente, fugimos, perdendo toda esperança. E seus conselhos e recomendações se dissiparam naquelas jornadas de aparente fracasso individual e coletivo. De algo, entretanto, serve-nos tão cruel e amarga experiência. O Professor —se disse então— foi um profeta rico em palavras e prodígios ante Deus e seu povo, mas em modo algum podia ser o Mesías libertador. No fugaz transcurso de uma noite e de uma manhã, o acariciado trono do David se derrubou com estrépito e nós com ele. Todos os embaixadores —embora não queiramos reconhecer— acreditávamos na iminente restauração do reino do Israel sobre a Terra. Para nós só era um reino terrestre. Foi mister, como lhes digo, que fora sepultado e ressuscitasse de entre os mortos para compreender que não lhe tínhamos compreendido. Sua presença nos devolveu a esperança, nos abrindo os olhos a um reino espiritual e a um Cristo Deus. antes de partir, ele nos tirou até as saias do monte dos Olivos, nos recomendando que permanecêssemos em Jerusalém até ser dotados do poder do Espírito e nos assegurando que logo retornaria. Essa promessa seria fonte de graves transtornos, de não poucas confusões e de atitudes extremas que ainda hoje padecem. E o Espírito descendeu sobre o mundo e a boa nova, embora empobrecida e manipulada, foi proclamada com força e arrojo. Realmente convém reconhecer que fomos discípulos de um Professor vivo e triunfante e não de um líder morto e esquecido. O rabino se instalou em nossos corações. Era uma presença real e lhe vivifiquem. Mas, meus queridos filhos, arrastados pelo ardor, tomamos a promessa de volta do Senhor como algo iminente. Era lógico —assim o creímos então— que Jesus retornasse breve para concluir a excelsa missão de instaurar o reino. Em realidade, só tinha ido ao Pai com o fim de preparar nossos respectivos tronos. Como é possível conceber pensamentos tão pueris? Entretanto, assim foi e assim foi durante anos. Vós sabem bem, posto que permanece escrito e, inclusive, em sua simplicidade, qualificam-no de palavra de Deus. Simón Pedro, Santiago e Pablo, entre outros, encarregaram-se de recordar às sete Senhoras escolhidas que a vinda do Jesucristo está próxima; que esses dias últimos serão difíceis; que o Juiz está já às portas; que o fim de todas as coisas está próximo e que, como eu mesmo referi, são muitos os anticristos que apareceram e que, conseqüentemente, é chegada a última hora. Vões palavras! Vões ilusões que só originaram catástrofes e rixas!

 Um belo mas utópico intento Quem lhes escreve nestes últimos dias de sua vida não o faz com amargura nem desalento. Só com a serenidade de tão dilatada experiência. E dia detrás dia, transbordante de amor e de triunfo, aquela incipiente comunidade de fiéis seguidores do Professor se refugiou no Templo de Jerusalém, orando, pregando e proclamando que a Parusía tinha sido anunciada. E esta cega esperança arrastou a um novo engano: o plano e as riquezas foram postos ao serviço da assembléia. Quem mais tinha, mais oferecia. E o povo inteiro elogiou o belo gesto de uns homens e mulheres que, à espera do retorno de seu Senhor, foram capazes de desprender-se de terras, dinheiros e patrimônios, em benefício dos mais pobres e necessitados. Aquela massa inicial de crentes tinha um só coração, uma só voz e um único objetivo: compartilhá-lo tudo e esperar em paz a iminente chegada do Filho. Nós, boa parte dos íntimos, fomos os diretos responsáveis por este enfebrecido movimento. Enrouquecemos ante as multidões, proclamando os fatos da vida, morte e ressurreição do Professor, atemorizando às gente ante a pronta segunda vinda do Verdadeiro. E o evangelho do reino —não me canso de insistir nisso— foi substituído por um evangelho sobre e a propósito do Jesus. O Cristo começava a ser o credo, centro e final da nova e deformada religião que começava a germinar em Jerusalém. Ele tinha ressuscitado. Estava vivo. Tinha vencido ao Maligno. Muitos lhe tínhamos visto e escutado suas palavras. Tinha-nos agradável seu Espírito. Não demoraria para retornar. Estas realidades e nosso profundo amor pelo Senhor provocaram o nascimento de uma doutrina em que Deus era o Pai do Jesucristo, esquecendo a antiga e autêntica mensagem: que Deus é o Pai de todos os homens. Certamente, embora estas primeiras comunidades se apresentaram ante os povos como uma elogiable manifestação de amor fraterno e de boa vontade, tinham nascido viciadas. Devo ser sincero uma vez mais: aquele amor desinteressado entre os membros do que —com o tempo— seria chamada igreja surgiu como conseqüência de uma ardente paixão pelo Jesus, mas nunca pelo reconhecimento do grande princípio que ele tinha revelado: a fraternidade entre os mortais. Desta forma, não de outra, filhos queridos, germinou no Israel a comunidade de irmãos que lhes precedeu. Em efeito, chamávamo-nos irmãos e irmãs. Nossa saudação era o beijo da paz. Reuníamo-nos em público, partíamos o pão como ele nos tinha ensinado. Orávamos e celebrávamos o jantar da lembrança, batizando ao princípio no nome do Jesucristo. Só vinte anos mais tarde se começou a batizar no nome do Pai, do Filho e do Espírito de verdade. Em realidade, nada pedíamos aos conversos: só a cerimônia simbólica do batismo. A organização administrativa que agora conhecem e padecem chegaria depois, quando os homens —levados por sua natural inclinação e sepultado para sempre a mensagem do Jesus— resolveram hierarquizar o amor. Naquele tempo só fomos a fraternidade de Cristo, sem chefes e sem mais disciplina que um intenso zelo para a memória do Senhor. Era um segredo a vozes que o Professor retornaria a Jerusalém antes de que passasse aquela geração. E movidos por esta sólida convicção lançamos a outra lamentável aventura: a partilha de todos nossos bens. Jesus jamais tinha propiciado um gesto semelhante. Entretanto, seguros de seu retorno e de que seríamos recompensados com acréscimo, pobres e ricos puseram seus pertences ao serviço da comunidade. Os resultados finais desta bem-intencionada experiência de amor fraterno foram calamitosos. As semanas e os meses passaram e os recursos da fraternidade se esgotaram. Jesus não dava sinais de vida. Não retornava. E a impaciência fez presa nos irmãos; em especial, nos que mais tinham doado. Muitas famílias se viram de repente na ruína, com suas fazendas hipotecadas e suas filhas entregues à escravidão. Os choques, rixas e deserções amiudaram e a situação se fez tão dramática que os crentes da Antioquía se viram na triste necessidade de efetuar coletas com o fim de paliar a fome de seus irmãos de Jerusalém. Assim concluiria uma das primeiras e mais amargas iniciativas do recém estreado colégio apostólico do Jesus.

 As primeiras perseguições Apesar desta crítica situação —a que ninguém quis referir-se até o momento, bem por pudor ou porque se perdeu no esquecimento—, as comunidades de crentes seguiram crescendo e estendendo-se dentro e fora do Império. Isso conduziria um novo e triste problema. Ante o vigoroso impulso de nossas assembléias, os saduceos se elevaram indignados, propugnando a destruição do que qualificaram como «semente de uma ordem blasfema». A permanente insistência em nossos discursos a respeito da ressurreição do Professor e da vida eterna que nos aguarda todos depois da morte feriu sua néscia teologia, mobilizando às castas sacerdotais. Os fariseus, por sua parte, reagiram com moderação, dado que nossos costumes e ritos não se apartaram da Lei mosaica. Mesmo assim, o poder dos saduceos se deixou sentir e muitos dos dirigentes das comunidades de crentes assentadas no Israel foram encarcerados e perseguidos. Só a providencial intervenção do rabino Gamaniel deveu sufocar o que parecia o primeiro grande desastre dos seguidores do Jesus. Dirigindo-se aos saduceos, advertiu-lhes: «lhes abstenha de tocar a estes homens. lhes deixem em paz. Se seu trabalho provier dos homens, ele sozinho morrerá. Mas, se proceder de Deus, nunca poderão destrui-lo.» A perseguição cessou e as comunidades viveram um curto mas intenso período de paz no que o evangelho «a propósito» do Jesus se estendeu sem maiores dificuldades e com extrema rapidez.

 A grande ruptura com o judaismo Nosso grande pecado —o esquecimento da verdadeira mensagem do Jesus do Nazaret à Humanidade— não demoraria para revolver-se contra nós mesmos. Durante aqueles seis primeiros anos, a pesar do fracasso da partilha dos bens e dos primeiros encarceramentos, nem os íntimos do Jesus, nem tampouco os irmãos que começavam a despontar como líderes nas diferentes comunidades, quisemos escutar as vozes dos mais sensatos, que nos recordavam insistentemente o engano de nossas colocações. E tudo continuou seu curso até que no ano 790 da fundação de Roma (seis depois da morte e ressurreição do Senhor), um preclaro grupo de crentes gregos procedentes da Alejandría se transladou a Jerusalém. Eram alunos de Rodam e, mercê a seu valor e sabedoria, fizeram grandes conversões entre os helenistas da Cidade Santa. Entre aqueles se encontrava Esteban. Pois bem, foi escrito que, depois da lapidação do Esteban, desencadeou-se uma furiosa perseguição contra os fiéis crentes em Cristo. Dizem verdade quem assim conta. Entretanto, as autênticas motivações desta segunda perseguição não foram confessadas. Esteban e o resto dos gregos chegados da Alejandría não compartilhavam nossa forma de fazer,   sempre amparada sob as normas e rituais judeus. mais de uma vez se enfrentaram ao Simón Pedro e aos discípulos que nos empenhávamos em pregar única e fundamentalmente em torno da figura do Senhor, renegando da grande mensagem de fundo. E fiéis a sua filosofia, os gregos se lançaram às ruas de Jerusalém, denunciando esta servidão dos crentes em Cristo à religião mosaica e proclamando o grande princípio da paternidade universal de Deus e a conseqüente fraternidade entre os mortais. Aquilo foi um escândalo para próprios e estranhos. Entretanto, devemos reconhecer que a razão lhes assistia. Em um desses fogosos discursos, como já sabem, Esteban resultou lapidado e os saduceos, implacáveis, reiniciaram os encarceramentos e perseguições. Nunca vi tanto desconcerto e desolação entre os irmãos. Os mais fugiram às montanhas e os que nos ocultamos na Cidade Santa, transcorridos alguns dias, celebramos uma assembléia que, filhos queridos, resultaria tristemente histórica. Esteban tinha sido o primeiro mártir da nova religião. Todos o reconhecemos. Não obstante, nenhum dos pressente teve o valor de aceitar que ele e o resto dos gregos estavam na verdade e que nós tínhamos errado na filosofia do reino. E em vez de repensar e retificar o rumo, nossos esforços se centraram na busca de uma fórmula que nos permitisse sair da crise. E os sagrados pilares da mensagem do Professor foram definitivamente arruinados e abandonados, em benefício da sobrevivência e do que já todos chamávamos a religião do Jesus. As discussões pareciam não ter fim. Mas, ao mês da morte do Esteban, a assembléia alcançou a compreender que só ficava uma alternativa: terei que separar-se dos não crentes. E a fraternidade de Cristo deixou de ser uma seita incrustada no judaismo, para erigir-se na igreja do Ressuscitado. Pedro foi o encarregado de organizá-la e Santiago, o irmão do Jesus, resultou designado como seu primeiro chefe. Tinham transcorrido seis anos da morte do Justo.

 O primado: assunto humano Recordem que, faz anos, eu, Juan, Presbítero de Éfeso, escrevia que muitos sedutores tinham saído ao mundo. Eu sou um deles. E o sou, não porque tenha atacado e renegado do Jesucristo, mas sim por meu silêncio. Hora é, pois, de romper essa cumplicidade. Para falar a verdade, quanto têm lido e ouvido em torno da designação divina do Simón Pedro para ocupar o primado das Senhoras escolhidas só responde à vontade dos homens e aos interesses de quantos, naquele tempo, participamos e consentimos em tais maquinações, mais próprias de fracos mortais que da sabedoria do Engendrado de Deus. Sei que quanto lhes estou refiriendo é duro de acreditar e mais difícil ainda de aceitar. Mas eu sei que a verdade brota de meu espírito e que o Todo-poderoso sustenta minha mão. Não lhes escandalizem portanto ante o lido e o que ainda subtrai por confessar. As sete Iglesias que hoje se estendem pelo círculo não surgiram por rápido desejo do Jesus do Nazaret, mas sim pela debilidade de seus embaixadores, ansiosos de poder alguns e desconfiados os mais. Só quando os crentes começaram a ser legião, esquecido já a grande mensagem crístico, embarcamo-nos na humana aventura de consolidar e fortificar entre muros, ritos e normas o que tinha nascido livre, como máxima expressão da busca da perfeição espiritual. E me permitam que siga abrindo meu coração e que confesse em público o que faz anos consome meu espírito. Possivelmente devamos rogar para que o Professor não retorne jamais. Porque, de fazê-lo, possivelmente sua cólera incendeie primeiro aos seus, que não souberam guardar e fazer guardar sua excelsa mensagem. Os que lhe conhecemos em vida sabemos que o Professor jamais sujeitou sua vontade às cadeias do rigorismo da lei mosaica, nem aceitou passar pelo olho das organizações que põem freio à maravilhosa potestad da liberdade espiritual. E nós, que nos autoproclamamos sua igreja, temos cansado no mesmo desvario dos que lhe condenaram e executaram. Olhem que ninguém lhes engane com falsas justificações. Se o Professor tivesse desejado uma igreja, ele mesmo se teria posto à frente dos milhares de homens e mulheres que lhe seguiram. Não era uma igreja o que Jesucristo ansiava e apregoava. Sua missão era e é imensamente mais nobre, universal e singela: fazer ver quão mortais estamos irremisiblemente ligados pelos laços da fraternidade. Que Deus é nosso Pai, a todos os efeitos. Isto, meus filhos, inscreve-se na alma através do Espírito de verdade; não pelo poder dos homens. Nem sequer pela sempre falsa santidade de uma igreja que leva o nome do Ressuscitado. Eu mesmo, e outros antes que eu, temos escrito em favor da natureza divina do primado e das Iglesias às que pertencem. Tudo obedeceu a puras razões e interesses humanos. Era mister nos justificar e o fizemos. O mal parece. Agora são vós quem deve retificar e retomar o autêntico evangelho do reino. Nisso empenho este meu último fôlego.

 Uma dolorosa e inevitável diáspora Mas ainda tenho muito que lhes escrever e o tempo apressa. Formalmente constituída a igreja do Jesucristo, as perseguições das castas sacerdotais se multiplicaram, dando lugar a uma dolorosa e inevitável diáspora. Empurrados pelas circunstâncias, dezenas de fiéis crentes se propagaram pela Gaza e Tiro, caminho da Antioquía e, de ali, para a Macedônia, Roma e todos os limites do Império. E com eles viajou a nova religião. E conhecestes deste modo que, entre esses forçados peregrinos, achava-se uma parte importante dos doze. À vista da tradição é lógico presumir que homens como Mateo Leví, Simón o Zelote, Natanael e outros partiram para terras longínquas, obrigados em boa medida pela ameaça dos encarceramentos. Não é esta toda a verdade. Infelizmente, nesta contínua cerimônia da confusão a que lhes submetemos, a autêntica razão da marcha destes embaixadores do reino lhes foi exausta. Como poderão deduzir por vós mesmos, a difusão de dita razão não podia interessar aos que formávamos parte da recém estreada igreja. E, uma vez mais, foi deformada de mútuo acordo. Essa razão —que moveu a alguns de nossos irmãos a separar do primitivo colégio apostólico— não foi outra que a que já lhes apontei e repito sem cessar: com grande visão e lealdade optaram por proclamar o evangelho, tal e como ele nos tinha ensinado, fundamentando sua doutrina na mensagem da paternidade de Deus e a fraternidade dos homens. O resto —Iglesias, ritos, leis e a predicación «a propósito» do Jesus— não lhes interessava. E ante a impossibilidade de uma reconciliação, optaram por uma discreta e silenciosa retirada de Jerusalém. Aos olhos da comunidade, foram as perseguições e o zelo por levar a palavra de Deus a outros povos o que motivou o êxodo de discípulos como Mateo, Simón o Zelote, Bartolomé e Tomam. Nós, os que escolhemos o caminho da igreja, sim conhecíamos a verdade. Mas, covardes e interessados, ocultamo-la.

E agora, se me permitirem isso, queria dedicar uma amorosa lembrança a cada um destes irmãos. Todos, suponho, mortos faz anos. Com isso cumpro igualmente o sagrado dever de lhes informar a respeito dos lugares aos que lhes conduziu a força do Espírito Instrutor.

 Andrés, o irmão do Pedro Apesar de ter ostentado em vida do Professor a chefia dos doze e de havê-lo feito com tanta dignidade como eficácia, Andrés soube passar a um segundo discreto plano depois da morte e ressurreição do Justo. A partir do Pentecostés aceitou de bom grau que os irmãos crentes lhe designassem como o irmão do Simón Pedro, perdendo assim sua antiga e bem merecida autoridade. A ele se deveu, em grande medida, a eficaz organização da nascente igreja que presidiu Pedro. Não lhes descubro nenhum secreto se lhes confessar que parte de meu evangelho, assim como outros que circulam entre os fiéis das Senhoras escolhidas, sustentaram-se nas notas e lembranças que chegasse a escrever Andrés em torno dos ensinos, sucessos e pensamentos do Jesucristo. Infelizmente, depois de sua morte, irmãos que não merecem este título manipularam, enviesado e corrigido estes escritos originais do Andrés, convertendo-os em uma vida do Professor que pouco ou nada tem que ver com a realidade. Sei que, depois de uma intensa predicación por terras de Armênia, Ásia Menor e Macedônia, Andrés foi detido e crucificado no Patras. E contam seus amigos que aquele valente discípulo demorou dois dias em morrer.

 Pedro: fundador da igreja Ninguém pode duvidar da grande valia do Simón Pedro. Desde o Pentecostés, inclusive antes, ele nos respirou a proclamar a boa nova. Não é possível negar seu valor e fé no Professor. Como já lhes anunciei, foi Pedro quem na verdade cimentou a nova igreja, muito antes, inclusive, de que Pablo se convertesse na grande tocha iluminadora. Ele alcançaria o primado porque, tacitamente, todos delegamos em sua coragem e excelente verbo. Entretanto, é hora já de desvelar seus enganos, que tanta escuridão propiciaram e seguem propiciando. Desde o começo —também sabem—, Simón se empenhou em convencer aos judeus da natureza messiânica do Jesus. Para ele não havia a menor duvida: o Professor foi o autêntico Mesías, o legítimo sucessor do trono do David. E até o momento de sua morte, em sua mente se confundiram esses três conceitos: Jesucristo como Mesías Libertador, Jesucristo como Redentor e Jesucristo como Filho do Homem, revelando a Deus. Nenhum de nós foi capaz de clarificar sua fogosa e irrefletida vontade. Depois de abandonar Jerusalém, Simón Pedro viajou incansavelmente —desde Corinto a Mesopotamia—, levando seu ministério a todas as Iglesias, inclusive às fundadas pelo Pablo. A ele se deve essa outra vida do Jesus, narrada pelo Marcos trinta e oito anos depois da morte do Justo. Com exceção das notas do Andrés, foi Juan Marcos quem pôs por escrito a primeira, mais curta e singela das histórias em torno dos sinais e vida pública do Professor. Nela, como sabem, bebemos todos outros. E embora não ignoram que Marcos viveu também algumas das cenas narradas em seu evangelho, o justo é proclamar que, na verdade, este evangelho deveria levar o nome do Simón Pedro. Ele foi seu indutor e inspirador. Sendo jovem, Juan Marcos se uniu ao Pedro e, posteriormente, ao Pablo. E embora todos sabíamos da resistência do Jesus a pôr por escrito seus ensinos, Marcos terminou por acessar aos requerimentos do Simón Pedro e da igreja de Roma. Os irmãos necessitavam de um testemunho escrito e, com a ajuda do Pedro, o jovem Marcos foi ordenando um primeiro rascunho. Aprovado este pelo próprio Simón Pedro, Marcos iniciaria sua definitiva redação pouco depois da crucificação de seu amigo e professor. Este evangelho foi concluído trinta e oito anos depois da morte e ressurreição do Jesucristo. Por desgraça, a quinta e última parte deste evangelho se perdeu e outras mãos insensatas cobriram sorte lacuna com acrescentados e postiços que nenhum dos íntimos do Professor poderíamos reconhecer.

Outros ensinos do Pedro seriam recolhidas anos depois nos escritos do Lucas. Entretanto, toda sua força e vigoroso estilo ficaram refletidos na primeira de suas cartas, dirigida aos que vivem na Dispersão. Hoje, morto Pedro e depois das tendenciosas e injustas correções introduzidas por um dos discípulos do Pablo em dita epístola, a primitiva mensagem do Simón ficou desvirtuado. Sua imagem, entretanto, perdurará na memória dos crentes, ao igual à de seu muito amante algema, entregue às feras na areia de Roma o mesmo dia da martirización de seu marido.

 Natanael desapareceu Pouco lhes pode dizer este Presbítero de Éfeso do bom e tido saudades Bartolomé. Foi um dos irredutíveis defensores da autêntica mensagem do Professor. E apesar de sua ternura e excelente bom humor, que antigamente soube velar pela segurança de todas nossas famílias, terminaria por enfrentar-se com firmeza ao Pedro e aos que lhe secundamos. A morte de seu pai, pouco depois do Pentecostés, animou-lhe a abandonar definitivamente Jerusalém, encaminhando seus passos às terras do Tigris e do Éufrates. Minha últimas notícias —disto faz já mais de trinta anos— lhe faziam pelas longínquas fronteiras da Índia onde, suponho, terá morrido. Natanael, por fortuna para ele, nunca quis arrolar-se em hierarquias nem estruturas. Pregou e levou o legado do Jesus até o Oriente, sem atar-se às humanas disciplinas do Iglesias ou leis. Junto ao Zelote e ao Mateo Leví, foi todo um exemplo de integridade e valentia. O Justo o terá acolhido em seu seio.

 Mateo Leví e seu discípulo Isador Sei por seu bom amigo e discípulo, Isador, que o publicano de Deus encontrou a morte na Lysimachia (Tracia), por causa das intrigas de alguns judeus, que conspiraram e delataram aos romanos. Tampouco Mateo se sentiu agradado com a idéia de pregar um evangelho apoiado tão somente na figura do Professor. E antes de cair no pecado de escândalo, sua proverbial humildade e tolerância lhe impulsionaram a sair de Jerusalém, levando a Palavra até o norte. Foi visto em Síria, Capadocia, Galatia e Tracia onde, segundo seu fiel Isador, foi executado. Entre as Senhoras escolhidas da Ásia existe a crença generalizada de que o evangelho que leva o nome do Mateo é obra de punho e letra do Leví, o publicano. A verdade é outra. Embora as notas e lembranças sobre a vida do Engendrado de Deus, que serviram de pedra angular para a confecção de tal evangelho foram, em efeito, trabalho direto do Mateo Leví, a redação em grego é coisa de seu aluno, Isador que, modestamente, silenciou sua identidade. Mateo escreveu suas notas pouco depois da crucificação do Senhor. Possivelmente os irmãos mais velhos recordem como aqueles escritos em aramaico do Leví foram copiados e distribuídos dez anos depois da morte do Jesus e pouco antes do autoexilio do publicano. Hoje, depois de tanto tempo, foi impossível a localização de uma só das cópias em aramaico de tão precioso e justo manuscrito. Ficam, isso sim, e devemos dar graças ao Céu por isso, os cilindros do Isador, escritos na cidade de Bolota ao cumprir o ano quarenta e um da partida do Jesucristo. Isador, como possivelmente sabem, escapou com vida do cerco do Tito a Jerusalém, levando consigo as notas do publicano e as quatro quintas partes do também chamado evangelho do Marcos. Com tudo isso dispôs e redigiu o que na atualidade conhecem como o evangelho do Mateo.

 Simón Zelote, o fogoso nacionalista Minha lembrança tem que ser igualmente íntimo para o Simón, a quem todos chamávamos o Zelote. Quão difícil foi a vida deste honrado e em ocasiões irrefletido nacionalista e patriota judeu! O Professor lhe amou como ao resto, mas fracassou em seu intento por lhe convencer de que o novo reino nada tinha que ver com suas ideais e esperanças políticos. A morte do Senhor lhe separou de nós. Viveu afastado de tudo e de todos durante alguns anos até que, informado da formação da igreja do Jesucristo, apresentou-se de improviso em Jerusalém e, com sua habitual sinceridade, reprovou-nos o que qualificou de traição à mensagem. Simón Pedro jamais simpatizou em excesso com o Zelote e a discussão foi amarga e inútil. Por último, desalentado ante o comportamento de seus velhos companheiros, vimo-lhe partir para a Alejandría, pregando «a sua maneira» a paternidade universal de Deus. Alguns crentes gregos lhe acompanharam anos mais tarde pelo Nilo. E em solitário remontou o grande rio, entrando no coração da África. Faz muitos anos que não sei nada dele. Nenhum dos irmãos soube me dar razão. Mas o coração me dita que seus restos repousam ali onde foi conduzido pela força do Espírito Instrutor: nas difíceis selvas que se perdem ao sul da Nubia.

 Judas e Santiago do Alfeo Foram a simplicidade e assim lhes recordará. Poucos homens serviram ao Professor com tanta entrega e renúncia como os gêmeos do Alfeo. Eles sabiam de seu escasso verbo e, conscientes de que sua missão tinha concluído com a marcha do Justo, não reclamaram honras nem hierarquias. depois do Pentecostés, com a mesma discrição com que tinham vivido aqueles quatro anos ao lado do Jesus, assim se retiraram de novo às bordas do mar do Tiberíades, trabalhando em excesso-se em um pouco tão importante —ou mais—, queridos filhos, que a predicación do novo reino: o diário exemplo do trabalho bem feito. Judas e Jacobo morreram junto a sua lancha e suas redes.

 Tomam Dídimo, o grande pensador Minha notícias sobre o irmão Tomam se perdem na ilha de Malte. Escreve-lhes um ancião que, apesar de seus pecados e debilidades, jamais deixou de amar a seus amigos e companheiros. De todos fui recebendo pontuais cartas e testemunhos até que a morte, como no caso do Dídimo, foi-lhes sumindo no silêncio. Tomam deixou pouco depois do Pentecostés. Este notável pensador, de cujas dúvidas aprendemos todos, lutou também em favor da reunificação espiritual do primitivo colégio apostólico. Mas, ao não obtê-lo, escolheu o caminho do apostolado individual. Durante anos viajou pelo norte da África, Chipre, Sicilia e Giz, batizando no nome do Jesus. Os tentáculos do Maligno, encarnado na Besta romana, alcançaram-lhe quando pregava em Malte e ali mesmo foi sentenciado e executado. Logo me reunirei com ele. Apesar de meus esforços não me foi possível conhecer quão escritos estava preparando em torno dos ensinos do Professor. Deus Todo-poderoso queira que esse jornal chegue à mãos podas e generosas.

 Felipe, o intendente Minha lembrança amorosa também para o curioso Felipe, a quem conhecia desde minha juventude na Betsaida. Morreu igualmente martirizado, tal e como lhes contou, vítima do ódio e da cegueira dos mesmos judeus que nos encarceraram e perseguiram desde o Pentecostés. Sabida era sua eficácia como intendente. Esse mesmo praticamente resultou de grande utilidade na reorganização dos embaixadores do reino. Muitas das normas da nova igreja foram obra dela. Felipe partiu em seguida, cheio de zelo, para as terras da Samaría, proclamando o evangelho entre os impuros. Sua esposa, como ocorresse com o Pedro, foi outra digna propagadora da verdade, permanecendo com grande valor e audácia ao pé da cruz em que foi executado o velho e íntimo intendente. E quando as forças de seu marido começaram a debilitar-se, ela proclamou a voz em grito a boa nova, até que a ira dos judeus se lançou contra sua pessoa, lapidando-a. Suponho-lhes inteirados, meus filhos, do grande trabalho realizado por Leoa, a filha maior do Felipe, que chegaria a ser a célebre profetisa do Hierápolis.

 Santiago Zebedeo, meu querido irmão Não serei eu, Juan do Zebedeo, quem elogia meu próprio sangue. Santiago, meu irmão, foi um homem atormentado, desejoso de paz e de amor. Não foi comprido nem largo em vaidades. Mas bem parco e silencioso em suas apreciações, embora sempre justo e, como bem sabem, queridos filhos, leal ao Professor até o ponto de saber apurar o cálice do sofrimento. Quatorze anos depois da crucificação do Jesus, Santiago correu sua mesma sorte, enfrentando-se ao martírio com a integridade que tinha caracterizado sua vida. Até tal ponto estou na verdade que seu acusador, ao comprovar a força moral de meu irmão sob a espada do Herodes Agripa, caiu fulminado pela graça do Espírito, correndo a unir-se aos discípulos do Cristo que com tanta sanha tinha açoitado. Eu também perdoei a seus verdugos e o Todo-poderoso me concedeu a graça de resgatar à viúva de meu irmão da grande tribulação de sua solidão, fazendo-a minha esposa, de acordo com as sagradas leis judias. Há vinte anos, uma de minhas netas cuida amorosamente deste despojo humano que não se cansa de solicitar seu amor e perdão.

 Judas Iscariote Não posso resistir o impulso de meu esgotado coração. Também devo lhes falar do traidor. Também Jesus do Nazaret lhe amou. E também devemos fazê-lo nós, por muito penoso e antinatural que isso nos pareça. Amados filhos: em alguma ocasião chegastes até mim, me interrogando sobre os tristes sucessos que nos tocou viver e que precipitaram ao poseído pelo Maligno ao fundo da Gehena. Muitas e confusas versões sobre a grande traição foram chegando até meus ouvidos, fruto, certamente, da ignorância e do rancor. Eu repetirei a verdade, não pelo afã de me enfurecer com o irmão cansado —a quem o Pai (estou seguro) perdoou—, mas sim para que vós saibam a que ateneros e jamais esqueçam as palavras do Justo em sua mensagem de despedida: «... olhem que lhes aviso contra os perigos do isolamento social e fraternal.”

Escrevo-lhes isto para que, no futuro, jamais lhes deixem arrastar pelo desespero, por muito grave e funesta que possa lhes parecer sua conduta. antes de julgar (e melhor será que jamais caiam em semelhante temeridade) convém a todo homem de bem o informar-se com pontualidade e paciência sobre aquilo que tem ante si e que, na maioria dos casos, foi maquiado pela precipitação ou a maledicência dos homens. Resulta singelo condenar. Elaborar um julgamento honesto e meditado, em troca, é trabalho de gente prudentes e consideradas. O que pôde mover ao Judas, o Iscariote, a vender ao Senhor? meus filhos, que ninguém lhes engane. Muitos irmãos das sete Iglesias puseram por escrito que foi a cobiça o que transtornou ao embaixador perdido. E eu lhes digo que não. Outros, que igualmente desconhecem a verdade, tentam ao Todo-poderoso com dardos envenenados por um rancor que o próprio Professor teria abominado. É mister conhecer primeiro a forte e singular personalidade do traidor para alcançar a compreender sua verdade. Não foi o ouro nem a prata o que lhe levou em segredo até a guarida do supremo sacerdote e dos que fazia tempo tratavam de perder ao Engendrado de Deus. Mais ainda: não criam quanto lhes dizem sobre as trinta moedas. Embora as recebesse, aquela bolsa não foi motivo de satisfação para o Judas, mas sim de grave insulto e desonra. O Iscariote viveu sempre em solidão, alimentando sua alma não com os princípios da fraternidade, a não ser com a peçonha do ressentimento e da desconfiança. E o Professor não se livrou de semelhante conduta. Judas jamais lhe perdoou que não tivesse atuado em favor de seu primeiro e adorado professor: Juan, o Batista. Da morte do Anunciador, sua associação com o Cristo foi uma permanente luta em que todos perdemos. Mil vezes foi oferecida a mão aberta do Jesucristo e mil vezes foi rechaçada, consumido por um dominante sentimento de vingança. Se Judas Iscariote tivesse aceito nossa amizade, ao igual ao fizeram os não menos inseguros Tomam ou Bartolomé, sua enfermidade teria tido padre. Mas, longe de confiar suas misérias ao Jesus ou a quantos lhe rodeávamos, descansou em si mesmo e o monstro da inveja, do ciúmes, da vingança e da solidão terminou por lhe devorar. Agora, passados setenta anos da morte do Senhor, estou seguro que, sem o Judas, as castas sacerdotais teriam completo igualmente seu papel de sanguinários executores. Judas só foi uma triste pedra no caminho. Judas foi um homem tímido, que não soube remontar sua própria insegurança. A solidão, meus filhos, pode conduzir a um grau tal de insociabilidad que, a pesar do amor de outros, transforme ao indivíduo em um cárcere inexpugnável, em que ninguém pode entrar nem sair. Judas, além disso, foi sempre um mal perdedor. Desconfiem daqueles que jamais foram maltratados pela vida. Sua obsessão é ganhar e a sabedoria —por definición-germina sempre no sofrimento e no fracasso. O Iscariote não soube ou não pôde aprender que as contrariedades e decepções formam parte do suceder dos acontecimentos. Aqueles que culpam sempre a outros de suas próprias frustrações correm o risco de esquecer que só são seres humanos. E Judas o esqueceu. Nenhum dos íntimos soube reagir com valentia e nobreza no torvelinho do prendimiento e do execução do rabino. Entretanto, nosso amor pelo Jesus do Nazaret nos manteve unidos. O Iscariote padeceu o grande infortúnio de não saber amar. Isso, queridos em Cristo, foi o que na verdade lhe perdeu. Amem, meus filhos, amem sempre, embora a tristeza e os fracassos sejam seus permanentes horizontes! Foi a falta de amor o que lhe precipitou para a desconfiança e o ressentimento. Quando tudo estava aparentemente perdido, ele tratou de justificar seu fracasso individual com a deserção. Pensou que os capitalistas lhe perdoariam e aceitariam de novo no círculo do que, no fundo, jamais tinha saído. Se se tivesse crédulo ao Professor ou a qualquer de nós, se tivesse sabido aceitar sua própria e natural condição de mortal, com seus defeitos e limitações, Judas não teria provado a amarga sorte do desespero. Mas Deus é imensamente misericordioso e este Presbítero tem a certeza de que sua alma foi perdoada e acolhida na luz. Tomem boa nota da lição que nos proporcionou o Iscariote. Fujam do isolamento. Procurem consolo e amizade, embora seja entre as prostitutas e deserdados da fortuna. Desde não fazê-lo, seus enganos se multiplicarão, enredando-se no coração como uma serpente. Os solitários como Judas bebem dia a dia o veneno do ressentimento, rechaçando toda justiça, toda caridade, toda alegria e toda opinião que não nasça de sua própria escuridão. Como criem que pôde sentir um homem de semelhantes características quando, a sua vez, viu-se traído pelos sacerdotes do Caifás? As honras e o reconhecimento público que ele procurava ficaram reduzidos a ouro. Mas o ouro jamais pode encher o poço sem fundo da frustração.

 Os perigos desta nova religião 5 Apesar de nossos enganos, pergunto-me como é possível que esta nova igreja do Jesucristo continue seu avanço, propagando-se como um oceano de azeite mais à frente, inclusive, do Império. Santa condição a do Espírito Instrutor, filhos queridos, que é capaz de extrair o bom do mau. Enquanto a Palavra foi rechaçada pelo judaismo, tal e como foi profetizado, outros povos, sedentos de amor e de esperança, têm-na feito dela. Quem diz que está na luz e aborrece a seu irmão, está ainda nas trevas. Faz anos que minha pluma escreveu esta verdade e agora me vejo na triste obrigação de recordar-lhe a meu próprio povo. Os judeus dizem conhecer e possuir a Deus, ao Único, ao Todo-poderoso, mas nos negam a compreensão e, ainda pior, perseguem-nos e assassinam em nome dessa Suprema Bondade. E eu lhes digo: cuidem de não cair no mesmo pecado. A Verdade não é como uma moeda; se acaso, como um tesouro, repleto de moedas, do que cada qual retira segundo suas necessidades. Todos gozamos de uma parte da Verdade. Por isso, irmãos, não pretendam monopolizar a Palavra, caindo nas mesmas trevas dos que lhes martirizam. Deixem que o Espírito guie seus passos. Não caiam na tentação das pressas. Cada homem tem seu momento e oportunidade. Ninguém ficará sem seu alimento espiritual. Mas mantenham os olhos bem abertos. Esta civilização pagã que lhes abre agora os braços está necessitada de algo que nós, desde o Pentecostés, menosprezamos. Olhem que lhes enfrentam a uma civilização velha e cansada de guerrear. Olhem que seus sábios e filósofos não foram capazes de encher o vazio de tantas e tão falsas religiões. Observem, queridos embaixadores do reino, que as almas destes povos não judeus se consomem na insatisfação espiritual. Eles veneram seu passado e estão orgulhosos de sua arte, de sua ciência e de suas conquistas. Tão somente há um capítulo em suas vidas que permanece virgem e necessitado de luz: eles ignoram que são filhos —por direito próprio— do grande Pai Universal. É este, não outro, a mensagem que esperam de vós. Se lhes empenharem em convertê-los a uma nova religião que esqueça este sagrado princípio, tudo terá sido em vão. Este perigo se abate já sobre muitas das Senhoras escolhidas da Ásia, empenhadas em proclamar as maravilhas do Jesus.

Não é a vida do Professor o que encherá seus corações, a não ser a mensagem que deu sentido a essa vida.

Vejo com tristeza como esta religião que propagam com tanto ardor e zelo começou a guerrear com outras confissões, em um absurdo e estéril empenho por dominar e prevalecer, como se a Verdade pudesse impor-se pela força. Encadeados a seus rituais correm o risco de lhes fazer iguais a eles. Filhos muito amantes, não prometam a ressurreição. Esse é um direito inato em tudo mortal. Não procurem uma nova ordem social ou econômica, porque então serão identificados com tal ou qual poder terrestre. O reino do Pai Universal não exige nem limita: só recorda e convida. Ainda estão a tempo: proclamem a excelsa verdade da fraternidade entre os homens e deixem que seja o amor do Pai o que faça o resto. A felicidade, a ordem social e a liberdade humana não se acham sujeitos à religião. Não confundam o bem espiritual, fruto da experiência pessoal, com sua verdade. De continuar assim, cegados por uma verdade que nasceu disforme, o futuro da recém estreada igreja do Jesucristo será tormentoso e incerto. Vejo-lhes abocados a cruentas batalhas e, o que é pior, a vergonhosos compromissos terrestres com outras religiões e forças humanas. Alguns de seus chefes e mais preclaros irmãos —seguindo em parte a bem-intencionada mas equivocada doutrina do Pablo— começaram a posicionar-se publicamente em todos os aspectos da vida social e dos costumes dos povos e nações nos que formaram e assentou novas comunidades cristãs. Pois bem, este é meu testemunho: fujam de tais julgamentos. Jesus do Nazaret transmitiu um aviso espiritual. Nunca ditou normas a respeito dos rituais religiosos, da educação, da medicina, da arte, da magia, da lei, da sexualidade, do governo dos homens ou da política. por que nós, agora, em seu nome, vamos pronunciar nos e a tomar posições em relação a realidades humanas tão particulares de cada raça ou de cada cultura? A Verdade, filhos queridos, hei-lhes isso dito, é múltiplo e, conseqüentemente, boa. Limitem seus atos e palavras à singela e vital expressão e difusão desse aviso espiritual da fraternidade e da paternidade de Deus. Será o Espírito de verdade quem faz o resto, dirigindo cada coração e cada comunidade para o autêntico e definitivo bem comum. Correm um grave perigo: este Cristianismo —como os irmãos da Antioquía batizaram à nova religião de Cristo— ameaça convertendo-se em todo um revolucionário e nova ordem social (muito louvável em ocasiões), mas que nada tem que ver com os desejos do Justo. E sei por experiência que toda ordem social leva implícita a ruína dos anteriores e o perigo das mais nefastas tentações humanas: as do poder e a ambição. O Espírito ilumina minha alma e vejo uma igreja corrompida, sanguinária e autoritária, que, em nome de um Deus, todo bondade e misericórdia, trará o luto, a confusão e a discórdia entre os homens. É isto o que pregou e nos encomendou o Professor?

Não lhes deixem deslumbrar pelo puxador êxito de suas proclama. O Império necessita de qualquer ideal que sacuda as adormecidas vontades de seus cidadãos. E Jesus do Nazaret, em efeito, é um dos mais formosos e esperançados ideais que homem algum possa conceber. Mas estão vendendo um ideal equivocado. O próprio Jesus, em vida, encarregou-se de corrigir a quantos quisemos lhe imitar: «Cada homem tem sua própria existência. Cada qual deve vivê-la, segundo seu momento e circunstâncias.» Não é bom imitar a ninguém. Nem sequer ao Justo. Não alimentem, portanto, as famintas almas dos homens com a inimitável existência de Cristo; não prometam a salvação eterna, porque todos estamos salvos. Alimentem melhor o espírito humano com a única luz que convida ao progresso e à esperança: com a realidade da paternidade de Deus. O dia que o Império e que todos os impérios da Terra sejam conscientes de sua origem, natureza e invariável destino divino, nossa missão e a de seus sucessores se cumpriu. Aproveitem, sim, a calorosa acolhida dos gregos e do resto das nações, mas não deixem que a excelsa mensagem crístico se consuma e desapareça, absorvido pela capitalista e ardilosa filosofia helênica. Pablo do Tarso foi um excelente propagador da nova religião. A ele se deve —bem sabem— a fundação e organização de muitas das Iglesias que hoje elogiam ao Senhor. Mas Pablo não conheceu o Jesus e fez de seu ministério uma competição, helenizando o cristianismo. Não é uma carreira olímpica o que nos ensinou o Justo, a não ser o amável descobrimento de algo que permanecia esquecido: nossa condição de filhos de um Deus.

 O ardiloso Saulo: verdadeiro impulsor e artífice do cristianismo Sabem que amei ao Saulo. Nada escuro poderia dizer dele. Entretanto, empenhado como me encontro nesta última confissão, convém que lhes alerte sobre os perigos da doutrina e da instituição humana que ele respirou em vida. Tudo foi feito em benefício da Palavra e isso lhe honra. Mas, como ocorresse conosco no Pentecostés, sua bem-intencionada vontade equivocou o atalho. O confuso e inseguro cristianismo dos primeiros tempos sofreria um golpe mortal quando Saulo compareceu naquele histórico dia frente ao conselho do Areópago de Atenas. Ele, Saulo, deixou-lhes escrito: «Atenienses, vejo que vós são, por todos os conceitos, os mais respeitosos da divindade. Pois ao passar e contemplar seus monumentos sagrados, encontrei também um altar no que estava gravada esta inscrição: "Ao Deus desconhecido." Pois bem, o que adoram sem conhecer, isso lhes venho eu a anunciar.» E Pablo, a sua maneira, revelou aos gregos a nova religião. Esse foi o ponto de partida de um processo que se consolidaria com os anos: a helenización do cristianismo. A eles, aos gregos, queridos irmãos, devem a atual expansão e o florescimento da igreja fundada pelo Pedro e reformada pelo Pablo. Os gregos ensinaram o liberalismo intelectual, que conduz à liberdade política. Jesus ensinou o liberalismo espiritual, que deve nos levar a liberdade religiosa. Hei aí uma coincidência que soube aproveitar o ardiloso Saulo e que acelerou a assimilação da nova religião por parte dos sábios e pensadores gregos. A união de ambos os conceitos e ideais lhes fez pressagiar uma sociedade nova, plena de liberdade social, política e espiritual. O oportunismo do Saulo foi prodigioso. A cultura Helena, ávida sempre de um Deus único, grande e insubstituível, recebeu com os braços abertos a revolucionária corrente religiosa de origem judia. Eles amam a beleza. Nós, os judeus, a santidade. Pela primeira vez na história do mundo, beleza e santidade formaram um tudo e as Iglesias do Pablo florescem como a Galilea na primavera. Mas não lhes enganem: carente de sua verdadeira essência —a mensagem da Paternidade Universal de Deus — , esta nova forma de religião está passando a formar parte de uma cultura (a Helena), com um enxame de ritos e servidões que afoga a quem aspira à liberdade de pensamento. A igreja do Jesucristo — assim amordaçada— se converteu em uma expressão mais de uma cultura concreta que balança ou retrocede a capricho dos homens. Não era isto, meus filhos, o que o Justo desejava e pelo que encarnou na Terra. O próprio Saulo —involuntariamente, sem dúvida— traiu as palavras que pronunciasse ante o conselho do Areópago: «O Deus que fez o mundo —assim foi escrito de seu punho e letra— e tudo o que há nele, que é Senhor do céu e da terra, não habita santuários fabricados por mão de homens.» Bem sabem que hoje os templos e santuários à memória do Jesus e de seu Pai se levantam em qualquer parte, constituindo todo um símbolo eclesiástico. me digam: se Deus habitar em cada um dos mortais, que necessidade tem que encerrá-lo entre muros de pedra ou tijolo cru? por que humanizar ao que não é humano, lhe atribuindo, como antigamente o fizessem nossos pais, o papel de justiceiro e vingador? Deus não ressuscitará primeiro aos que morreram em Cristo, tal e como proclamou Saulo. Para Deus não há primeiros nem segundos, a não ser filhos acordados ou atrasados no amor. E a ressurreição —quanto mais deverei repeti-lo?— não é prêmio nem castigo, a não ser uma conseqüência de nossa natureza de filhos do Muito alto. Fomos criados Por Deus e, em tão generoso e sublime ato, Ele nos infundiu a imortalidade, da mesma maneira que a noite vai ligada à alvorada. São muitos, como vêem, os enganos do Pablo. Uns enganos que prosperaram, não por sua estupidez ou má fé, mas sim por nossa primitiva negligência ao nos negar a proclamar a grande e única mensagem. Nada há mais certo e formoso que esse princípio da fraternidade entre os homens. Um princípio que não precisa de templos. Um princípio que deve ser cinzelado no espírito do homem.

Não falem do prêmio da salvação meus filhos, entristece-me escutar a palavra salvação. Seus Presbíteros e eu mesmo, indigno servo do Senhor, arrastamos a muitos à mesma armadilha. por que falam do prêmio da salvação? É que não recordam os ensinos do Professor? Saulo escreveu aos romanos: «Não me envergonho do Evangelho, que é uma força de Deus para a salvação de tudo o que crie: do judeu primeiro e também do grego.» Vões palavras! Jesus, o Justo, recordem, veio ao mundo para proclamar o contrário. Não lhes alarmem, pois minha boca diz verdade. Jesucristo não trouxe a salvação. O Engendrado de Deus se limitou a descobrir aos mortais que, pelo mero feito de ser criados, já gozam da salvação. Esta é nossa glória e o imenso e generoso presente de Deus, nosso Pai. A salvação não é um prêmio. A salvação, meus filhos, é um direito. Não atormentem, portanto, as frágeis vontades de seus irmãos com a ameaça do castigo divino. Aqueles que não se comportam de acordo com o princípio universal da fraternidade arrastam já em seus corações as cadeias da incompreensão, da solidão, da infelicidade e da desonra. É que não lhes parece suficiente castigo? Mas inclusive esses, chegado o momento, abrirão os olhos à luz. Não pode ser de outra forma, já que assim foi disposto pelo Pai desde o começo dos princípios.

 Não é Deus quem castiga E também foi escrito: «A cólera de Deus se revela do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que aprisionam a verdade na injustiça.» Olhem que quem assim lhes fala não conhecem deus. O grande Pai Universal —nosso Pai— não é o Juiz justiceiro e sedento de sangue e vingança das Escrituras. Somos os homens quem assim o concebo e desejamos, movidos por nossas debilidades e pelo desconhecimento da verdade. Não é Deus quem castiga ou premia, a não ser nós mesmos, desde nossa bondade ou iniqüidade. Somos nós quem atraio a desgraça e as trevas quando, em lugar de seguir as leis da natureza, regateamos ou escondemos o amor. Somos os mortais quem propicio a ventura e a felicidade quando, simplesmente, respondemos ao mal e ao bem com o amor.

Recordei-lhes isso ao lhes falar do evangelho do resgate. Esqueçam a errônea idéia de um Pai vingador, que perdoa a seus filhos pela redenção do Justo. Nem Pablo nem os que assim pregamos alguma vez estávamos no certo. «Todos pecaram e estão privados da glória de Deus», escreveu Saulo. Mas não é assim. Apesar de ter pecado, a glória de Deus é nossa.

A ligeireza nas palavras do Saulo deve ser desculpada. Ele não conheceu cristo e os ensinos recebidos de lábios do Simón Pedro e de outros discípulos que sim lhe conhecemos chegaram mortas ou viciadas até sua fogosa alma. Só assim podem justificar-se tantos e tamanhos enganos. Porque, que sentido tem qualificar ao Jesus de «instrumento de propiciación, a quem Deus exibiu para mostrar sua justiça»? O Professor nunca foi instrumento de propiciación e menos ainda na redenção do gênero humano. Filhos muito amantes, repito-lhes isso: nunca houve tal redenção. Jesus não morreu pelos ímpios. O Justo provou a morte porque essa foi a vontade do Pai. E me perguntarão com justiça: que sentido teve sua morte? Também o disse com claridade e eu me limitarei a desempoeirá-lo do esquecimento. Era mister que assim fora para que compreendêssemos que a morte é só uma ponte que nos separa de outra realidade. Para muitos, antes do Jesucristo, a morte era o fim. Agora, desde o Jesucristo, a morte é um princípio. Convinha, portanto, que o Filho do Homem —apesar de sua divina natureza— nos precedesse também nesse transe, nos devolvendo a esperança. Porque esperança é o que nos aguarda outro lado desta vida. Sua ressurreição, da que eu, Juan do Zebedeo, sou testemunha, é esperança. Ele vive. Morreu, sim, mas está vivo. Esse foi o único fim de sua crucificação. Não menosprezemos a sabedoria e amor de Deus. Saulo desvaira quando afirma que (dá prova de que Deus nos ama é que Cristo, sendo nós ainda pecadores, morreu por nós». O Pai nos ama e amará sempre, com ou sem o Jesucristo. E a melhor prova disso está em nós mesmos, que somos sua pessoal e muito amante criação. Ou é que alguém, em seu são julgamento, pode imaginar sequer ao homem como um engano de Deus? O Professor morreu por nós. Ninguém pode negá-lo, mas não pelas razões que esgrimem seus chefes e educadores.

 A morte não é conseqüência do pecado Também foi escrito: «Por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, e assim a morte alcançou a todos os homens.» É hora já de desterrar estas velhas e caducas crenças. O pecado existe; sabem porque vos fala um pecador. Mas não lhes deixem enganar: a morte não é conseqüência do pecado, mas sim da sabedoria do Pai. Da mesma maneira que ninguém lhas relacionar o nascimento com o pecado, por que fazê-lo entre morte e pecado? Jesus do Nazaret morreu e, entretanto, jamais pecou. Olhem a seu redor. É a sabedoria de Deus a que assim dispôs as coisas. É preciso morrer, como é preciso que a semente seja enterrada. Perguntem ao camponês se o trigo pode brotar de um nada. É o homem, em sua ignorância, quem decompõe a maravilhosa obra do Criador. Ser filhos de Deus —lhes hei isso dito— representa o imutável dom da imortalidade e da ressurreição. Mas, para chegar a ambos, só há um caminho: o sonho da morte. Pecadores e justos transitam por essa ponte, porque assim foi disposto pelo Pai. Não nós venhamos e troquemos a obra de Deus, manchando a morte com a tinta da desesperança. Eu desejo a morte, filhos queridos, porque acredito na promessa do Jesus do Nazaret. Os pecados de meus ancestros e de meus pais não podem escurecer meu futuro. Ou é que um Pai tão amante como Deus pode clamar justiça e vingança pelo que outros, antes que eu, tenham podido cometer? O pecado não entrou no mundo por culpa do Adão. O pecado, filhos muito amantes em Cristo, forma parte da fraca e limitada condição humana, sempre hesitante. Pensem que Deus, em sua infinita sabedoria, fez-nos criaturas mortais, inseguras e suscetíveis de perfeição. Ele sabe e conhece essas limitações e as aceita como um pai terrestre compreende e perdoa os enganos de seus filhos. Esta nova e tortuosa igreja do Jesucristo está caindo em graves enganos. Um dos mais nefastos e lamentáveis é atribuir a morte e a condenação da Humanidade ao possível engano de um só de seus mortais. Despertem à luz! Não julguem a Deus com a vara de sua própria cegueira. Tudo está escrito desde o começo dos princípios. E nosso futuro é glorioso. Rechacem sem temor o velho e equivocado provérbio: «O salário do pecado é a morte.» O salário do pecado é a amargura, a tristeza ou a desolação, mas nunca a morte. Convém que evitem o pecado, que obrem sempre em justiça, amando a seus semelhantes, inclusive quando lhes for negada essa justiça. Mas não fujam do pecado por temor à morte porque então seu pecado será ainda maior.

Não é Jesucristo o alicerce Compreendo que minhas palavras sejam motivo de confusão. Tudo lhes foi anunciado pelos embaixadores do reino, sempre em apóie a um único alicerce: Jesucristo. Mas eu lhes asseguro que esse alicerce não é o verdadeiro alicerce. Não devemos construir sobre a figura do Professor, a não ser sobre sua mensagem; esse no que tanto insisto e cujo desconhecimento é a raiz de todos os males que nos afligem. Não construam sobre a figura do Inimitável. Façam sobre o aviso espiritual que trouxe para o mundo. Façam sem demoras sobre o princípio da fraternidade.

 O Império não entende a palavra reino Se primeiro Pedro e Pablo depois tivessem sido fiéis ao grande mensagem crístico da fraternidade e da paternidade de Deus, o sangue não tivesse sido derramada nos circos de Roma. O povo romano carece do sentimento da beleza, tão próprio dos gregos. Mas são gente honradas, que souberam governar-se a si mesmos. Se os primeiros embaixadores da igreja do Jesucristo tivessem sabido separar o conceito de reino espiritual de reino terrestre, a desconfiança dos tribunos e imperadores não se teria cevado sobre os cristãos. Eles respeitaram e acolheu sempre com agrado e benevolência todas as manifestações religiosas que não puseram em perigo a integridade de seu estado. Como não foram aceitar a mensagem de um Deus Pai de todos os homens, cuja benéfica ação só incumbe ao reino do espírito? Mas, uma vez mais, equivocamos o caminho, tratando de instaurar uma nova ordem social —em nome do Jesus Ressuscitado—, onde já existia um e fortemente consolidado. Não vêem, irmãos, que, apesar de seus muitos defeitos, o povo romano é um povo honrado? Não compreendem que jamais aceitarão uma religião que esconda o menor sinal de rivalidade política? O que pensavam conseguir com a utópica abolição da escravidão e de todos os cultos idolátricos? Não é esse o caminho da luz. Preguem o princípio espiritual de um Deus Pai de todos os mortais e eles mesmos —pela graça do Espírito Instrutor— terminarão por trocar seus equivocados esquemas sociais. O fruto deste engano está à vista: sangue, perseguições e ódio. Sede ardilosos como serpentes. Os estóicos, com sua paixão pela vida e pela natureza, eles abrirão o caminho. É possível que algum dia, a não demorar, sempre da inteligente emano dos gregos, Roma aceite o cristianismo como sua própria cultura moral. Entretanto, se não voltarem às fontes, se não pregarem a grande mensagem, essa possível futura institucionalización do cristianismo por parte do Império só conduzirá novos e tenebrosos males. A igreja do Jesucristo terá alcançado então a paz e o poder. Os cristãos do futuro aceitarão o Império e este, a sua vez, fará seu o cristianismo. Uns e outros terão cansado em um novo e perigoso engano. Não compreendem que o resto dos povos do mundo lhes identificarão com a tirania, as riquezas e o poder? Não podem ser emblema de governantes ou sistemas políticos. Sua missão é outra. Seu trabalho é abrir os olhos dos homens a uma singela e sublime verdade: que todos —todos, queridos irmãos— somos filhos do grande Deus. Se lhes converterem em uma igreja ou religião de Estado, sua esterilidade espiritual será irreversível. Ninguém lhes reconhecerá então como aqueles homens audazes que saíram ao mundo a apregoar a fraternidade.

Como aliada da política ou expoente de umas muito concretas formas e idéias de uma determinada cultura, essa igreja do Jesucristo (e qualquer outra) estará condenada a compartilhar o natural declive do poder ou da civilização que encarne. Nestes anos que me há meio doido viver vi como a autêntica religião do Jesus se viu involuntariamente intoxicada pelos enganos dos mais próximos ao Professor, convertendo-a no que hoje chamamos Cristianismo; quer dizer, uma religião «a propósito» do Jesus. Vi igualmente como sucessivos enganos, da mão do Pedro e Pablo, limitaram ainda mais nossas possibilidades, sepultando a mensagem crístico sob normas inflexíveis e rígidas. Vi nascer uma igreja humana —que se tem pela Santa e divina—, que pactua com o poder; que aceita a helenización e que luta hoje por acessar ao Império. Que futuro nos aguarda? Eu lhes anuncio isso: a esterilidade espiritual e a decadência. A igreja do manhã será poderosa, mas estranha e longínqua aos homens. Fará sua uma Verdade que é patrimônio universal. A religião, filhos queridos, é a revelação ao homem de seu destino divino e eterno. Todo o resto não é religião. A verdadeira religião é uma experiência sempre pessoal e espiritual que nunca deve ser identificada com outras formas superiores da atividade humana. Não confundam, pois, a verdadeira religião com o amor pela beleza ou com o reconhecimento ético das obrigações sociais ou políticas. Nem sequer o sentido da moralidade humana pode ser confundido com a religião e, muito menos, com a verdadeira religião. Esta tem um só fim: encontrar os valores que evocam a fé, a confiança e a segurança. O resultado de todo isso é a adoração. A verdadeira religião —a do Jesus— descobre os valores supremos e a alma, só então, é capaz de contrastá-los com os valores relativos do pensamento. Nenhum sistema social, nem agora nem no futuro, poderá ser duradouro, a menos que se sustente em uma moralidade apoiada nessas grandes realidades espirituais. Examinem os reino e os impérios. Examinem aos homens que os sustentam. São felizes? Quantos desses sistemas sociais, políticos e econômicos do mundo resistiram o desgaste dos séculos? Todos caem porque nenhum tem descoberto ainda que a maior felicidade de seus súditos não reside no poder, na saúde ou no bem-estar, a não ser em saber encher a permanente insatisfação espiritual da alma. Um homem que descobre sua origem e prometedor destino como filho do Pai Universal o tem e o dá tudo. Olhem que o Espírito volta a lhes mostrar o caminho.

 Fazer a vontade do Pai: hei aí o segredo Queria agora lhes falar dele, do Justo. E o farei como um contumaz pecador que, apesar de suas debilidades, reconhece a Luz ali onde brilha. Muitas vezes lhe ouvi falar do Pai. Essa foi seu grande força. Jesus do Nazaret, como qualquer de nós, conheceu também a amargura e teve que enfrentar-se às contrariedades da vida. Mas jamais fraquejou. Sabem por que? Ele conhecia a bondade e a infinita misericórdia do Pai. Era uma segurança que nascia do coração. Muitos de vós a chamariam fé. Repetiu-o até não poder mais, mas nós apenas se lhe compreendemos: «Fazer a vontade de meu Pai; esse é meu alimento.» Este é o segredo, filhos amados em Cristo. Ditoso aquele que o obtenha! Ditoso aquele que saiba abandonar-se nas mãos do Pai! Nada lhe será impossível. Nada lhe será negado. Nada ficará oculto a sua curiosidade.

O Jesus humano soube conjugar em seu coração a um Deus santo, justo e poderoso com a idéia de um Deus-Pai, igualmente bom, belo e misericordioso. Foi, a um tempo, o Santo do Israel e o Pai celestial, vivo e amante. Pela primeira vez, alguém se atrevia a mostrar aos mortais a um Deus-Pai, conhecedor de todas e cada uma de suas criaturas. Esta foi sua grande revelação; seu grande êxito; sua grande mensagem. O Yavé do deserto, do sangue e da cólera ficou atrás. Agora só conta a idéia de um Pai que nos conhece, ama e sustenta. E esse Deus-Pai —OH incrível verdade!— habita em nós, como uma faísca eterna.

 Uma confiança suprema no Pai Mas não confundam essa cega confiança no Pai com uma fuga da cotidiana realidade. Jesus do Nazaret, como homem, trabalhou e brigou até o esgotamento. E só recorreu a sua fé em Deus como o grande recurso para emergir de entre as preocupações e fortalecer-se ante o fantasma da solidão e do desespero. Sua confiança no Pai não foi nunca uma fácil e ilusória compensação frente às vicissitudes da vida. Ele sabia do amor do Pai e, simplesmente, em metade das contrariedades, ficava em suas mãos. E todos, a seu redor, vimo-nos contagiados desta fé triunfante. Jamais homem algum fez de Deus uma experiência e uma realidade tão viva como as demonstradas pelo Filho do Homem. Esta, meus filhos, é a religião do Jesus, tantas vezes mencionada nesta última carta: fazer a vontade do Pai. Uma religião com um único fundamento: uma intensa relação espiritual dos homens com um Deus-Pai. Pablo e outros eminentes irmãos da igreja do Jesucristo formularam toda uma teologia sobre a fé. Mas eu lhes digo que a fé do Professor era algo vivo, pessoal, espontâneo e, sobre tudo, espiritual. Não era um respeito à tradição, nem tampouco uma criação ou uma miragem de seu intelecto. Era uma profunda convicção. Tão arraigada se achava em sua alma esta suprema confiança na vontade do Pai que, inclusive nos momentos de aparente fracasso, manteve-se sereno, desarmando aos que pretendiam lhe perder. Ah, irmãos, que distintas teriam sido nossas vidas de ter desfrutado dessa mesma confiança no grande Pai! Sigam meu conselho: quando as forças ou a inteligência lhes abandonem, quando todo se presente escuro e sem horizonte, quando seus enganos ou os enganos de outros lhes tenham esmagado no lodo, quando nada deste mundo vos importância, quando a solidão seja sua única companhia, então, meus filhos, levantem a vista e falem com o Pai. Ele o tem tudo previsto. Ele escuta e sabe. Ele dispõe e dispõe sempre o melhor para cada um de seus filhos. As misérias, as ruínas e a dor deste mundo não são gratuitos. foram riscados para nos fortalecer. Confiar na vontade do Pai deve ser seu único lema.

 Fujam do fanatismo A história está cheia de exemplos. Muitos profetas e iluminados manifestaram sua fé nos deuses e também no grande Deus. Mas têm cansado no fanatismo. Entre nossos irmãos —a que ocultá-lo—, essa fé exagerada e cega, carente de sentido comum e de equilíbrio, tem suposto em ocasiões dor, luto desnecessário e uma intransigência que jamais pregou o Justo. Não deixem que suas vidas se vejam condicionadas pelo fanatismo religioso. Jesus do Nazaret jogou mão de sua fé e de sua confiança na vontade do Pai, mas sempre o fez com serenidade e inteligência, sem permitir que dita fé (apesar de seu ardor) eclipsasse ou se impor aos raciocínios de seu intelecto. Não submetam a inteligência à fé. Ambas são compatíveis. Raciocinem primeiro. E se sua mente não alcança a distinguir a verdade, descansem então na fé, mas façam sem estridências e com a humildade e paciência de quem sabe que, algum dia, achará a resposta a suas dúvidas. Muitas das incertezas e mistérios que rodeiam ao homem mortal não podem ter satisfação cumprida neste mundo. Esperem ao outro. O Professor sabia coordenar sua poderosa fé com as soube apreciações de sua vida cotidiana. Sua fé, sua esperança espiritual e sua devoção moral foram unidas —maravilhosamente associadas— a um agudo e inteligente praticamente da vida.

 Procurem primeiro o reino de Deus Quantas vezes o escutamos de seus lábios? «Procurem primeiro o reino de Deus.» Este Presbítero que agoniza recorda com especial emoção o Padrenuestro que ensinasse a seus discípulos. O Professor gostava de repeti-lo, pondo sempre uma especial ênfase na expressão «que venha seu reino e faça-se sua vontade». Filhos muito amantes: devo lhes escrever também sobre algo que muitos dos crentes da nova igreja do Jesucristo parecem ter confundido. Há décadas, infinidade de irmãos nossos —desejosos de entregar-se por completo a Deus— se retiraram aos desertos e às montanhas e vivem na solidão, dedicados à penitência e à contemplação do grande Deus. São tomados por homens e mulheres Santos, tocados pelo dedo da Providência. Eu lhes digo que não é esse o melhor caminho para encontrar o reino do Pai Celestial. Esse reino espiritual está, sobre tudo, nos próprios homens que nos rodeiam. São suas misérias, alegrias e dúvidas as que na verdade configuram o reino. Permaneçam junto a eles, renunciando a vós mesmos. Essa é a grande busca. Trabalhem duro, com a vista e o coração postos na prática e proclamação da grande mensagem de fraternidade. Só assim cumprirão o desejo do Filho do Homem. Só assim se entra no reino do Pai. Só assim se encontra. E uma vez que o tenham encontrado, será o amor do Pai quem lhes abasteça do necessário. Não orem para pedir por sua saúde ou a de outros. Não levantem o coração para os céus, suplicando bens ou privilégios materiais. A oração não está feita para isso. Roguem primeiro para que Deus ilumine suas consciências e lhes faça partícipes dos mistérios espirituais. É mais: atrevo-me a escrever que a oração só está feita para dar obrigado. O que outra coisa podemos oferecer a Deus? Obrigado, em especial, por nos haver criado. Esse ato de sublime amor —que jamais poderá ser compensado— leva implícito nosso desenvolvimento intelectual, físico e espiritual. Ele vela por cada um de nós do mais íntimo de nós mesmos. Nunca o esqueçam, filhos queridos.

 Nunca orem por obrigação E se lhes falo da oração, não posso omitir o que ele também nos ensinou e que, não obstante, seus íntimos esquecemos com freqüência, mais pendentes de nossa vontade que da vontade do Pai. Jesus do Nazaret nunca orou por obrigação. Para ele, a oração era uma expressão sincera de seu comportamento espiritual; uma conseqüência de seu amor para o Pai. O Professor lhe deu à oração um profundo sentido de ação de obrigado. Jamais lhe ouvimos pedir para ele. A oração foi uma exaltação do intelecto, em íntima associação com Deus; um reforço das tendências humanas superiores; uma consagração do impulso; uma rendição incondicional à vontade de Deus; uma sublime afirmação na confiança humana na Divindade; uma revelação do valor e a proclamação de seu descobrimento; uma confissão de devoção suprema e uma técnica, em soma, para rebater as dificuldades, mobilizando aos poderes da alma para resistir o egoísmo e o pecado. Sua ininterrupta comunhão com Deus foi conseqüência deste novo estilo de oração ao que todos estamos chamados. Não lhes limitem a orar nos templos, tal e como alguns pretendem. A oração nas Iglesias de pedra é tão válida como a que nasce no campo, ao amor da luz ou no fragor da tormenta, mas nunca superior. Ou é que o sorriso de um filho a seu pai é mais virtuosa e de agradecer porque tenha sido desenhada sob o terrado da casa que na fonte ou a borda do caminho? Os templos, se esquecerem a autêntica mensagem sobre a paternidade de Deus, terminarão por transformar-se em cárceres da alma, onde só os mornos e medíocres encontrarão consolo a suas eternas dúvidas. Não procurem deus na penumbra dessas casas onde habitam epíscopos, diáconos ou presbíteros. Eles parecem ignorar que a faísca divina, diretamente arrancada do Pai, está dentro de cada um de nós. Saulo volta a errar quando escreve: «Acima de tudo recomendo que se façam preces, orações, súplicas e ações de obrigado por todos os homens; pelos reis e por todos os constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida tranqüila e aprazível com toda piedade e dignidade.» A oração não é uma troca. Deus não concede maior bem-estar porque nossas orações sejam mais numerosas, intensas ou clamorosas. Quem assim pensa e escreve não compreendeu a mensagem do Jesus. O amor do Pai para seus filhos é tal que não necessitamos da súplica. Ele outorga a vida, e quanto suporta, muito antes de que nós percebamos essa necessidade. É possível que a seus pais terrestres tenham que lhes recordar suas obrigações e lhes rogar este ou aquele favor. Isto não ocorre com o Pai dos céus. Repito-lhes isso: procurem primeiro seu reino. O resto virá além disso, como uma lógica conseqüência desse infinito amor.

 Jesus foi como um menino A fé e confiança do Jesucristo em seu Pai foram sempre serenas e meditadas. Mesmo assim, seu comportamento respeito a Deus recordou sempre o de um menino que confia e se entrega cegamente nos braços de seus progenitores. Vós, os que têm filhos, sabem quanta verdade encerram minhas palavras. Jesus do Nazaret amava a seu Pai e, nele, à Natureza. Era, repito-lhes isso, como um menino que se sente seguro no calor de seu entorno familiar. O Universo era sua casa. Tudo lhe era familiar. Amava a brisa, os animais e as estrelas porque todo isso é fruto do amor do Pai. Recordem suas palavras: «Se o Pai velar pelas aves do céu, como não vai fazer o por vós, seus filhos?» Foi esta segurança implacável o que o fazia valente e audaz. Certamente, ninguém lhe viu retroceder jamais ante um perigo ou uma ameaça. E não porque o Professor não fora capaz de experimentar o medo. Ele era homem. Nas trágicas horas de sua paixão e morte, eu lhe vi tremer e encolher-se ante a dor e a humilhação. Mas, me digam: quem é o verdadeiro herói? Aquele que, até sentindo o medo, resiste e se enfrenta à adversidade ou ao perigo, ou o que jamais conheceu esse sentimento? O Justo soube dominar sempre seu temor porque jamais perdeu a confiança no Pai Celestial. Na calma ou na agitação, entre seus amigos ou inimigos, ele se sentiu acompanhado. Sua vida, seus atos e pensamentos estavam nas mãos do Todo-poderoso. Ele sabia e, ao igual ao infante idolatra a seu pai, assim se abandonou aos intuitos da vontade divina. meus filhos: se alcançarem a compreender e a levar a efeito quanto lhes digo, o mundo se maravilhará ante sua moderação. É por tudo isto pelo que ele disse: «A menos que não lhes façam como meninos não entrarão no reino dos céus.» Para o Jesus era muito mais importante que nós, seus discípulos, acreditássemos nessa paternidade de Deus que nele mesmo. Ele não desejava nem pretendia que lhe imitássemos, mas sim que compartilhássemos e que fizéssemos nossa sua forma de acreditar e de confiar no Pai. Com isso teria sido suficiente. Com isso, muito caros filhos em Cristo, os enganos dos embaixadores não teriam sido tão graves.

 «me siga”

Esta é minha conclusão. Quando o Professor nos convidou a lhe seguir, suas palavras encerravam um significado que só agora, com a ajuda do Espírito Instrutor, comecei a compreender. Jesus do Nazaret não procurava uma cega adesão a seus ensinos ou a sua pessoa. Aquela ordem —«me siga»— era muito mais. Ele pediu que acreditássemos como ele acreditava; que fizéssemos a vontade do Pai, tal e como ele o fazia. «me siga em minha confiança em Deus. me siga em minha total entrega a sua divina vontade.» Esta é a justificação de seu grande mandamento.

 Não lhes afastem do Jesus humano Nestes anos turbulentos vi com crescente alarma como seus instrutores e alguns dos já falecidos embaixadores elevavam ao Jesus do Nazaret a um trono inexeqüível para o humilde mortal. Cristo, em efeito, é a Palavra e o Filho de Deus vivo, criador do Universo que nos acolhe e supremo poder. É Deus e como a tal devemos lhe reconhecer. Mas me inquieta que os crentes, mal instruídos por quem se diz seus chefes, esqueçam e se distanciem do Jesucristo humano. Ele se fez homem. Viveu como tal e nós lhe pertencemos, de igual forma que ele nos pertence. Não permitam que a teologia de uns poucos escureça e apague de seus corações a admirável natureza e qualidade humanas do Justo. Saulo lhe chamou Supremo Sacerdote. Mas Saulo não lhe conheceu. Até sendo o homem mais religioso que jamais tenha nascido neste mundo, as multidões lhe seguiram e escutaram admiradas porque falava e ensinava, não como um sacerdote, mas sim como um laico. Ah, que grande contradição! A nova igreja do Jesucristo se trabalha em excesso em hierarquizar-se, designando graus entre seus chefes e semeando a semente do sacerdócio em todas e cada uma das comunidades. É que não compreendem que o máximo instrutor religioso de todos os tempos, e em cujo nome se levantam esses templos, era na verdade um laico? Se vós, fiéis crentes, permitem que outros lhes distanciem do Jesus humano, o que ficará? Entronizem ao Engendrado de Deus na lonjura dos céus e o passado do tempo e das épocas se voltará contra vós. E chegará o dia em que Jesus só será uma entelequia ou um divino mistério. Não é isso o que lhes convém. Sem esquecer sua natureza divina, façam sua sua condição de homem. Jesus chorou como vós. Jesus se alegrou e desfrutou da vida, de idêntica forma a como vós estão obrigados a fazê-lo. É no conhecimento de seu lado humano onde lhes sentirão plenamente identificados com suas dúvidas e tribulações. Nisso são como ele. Deixem a teologia para os que pretendem a penetração do impenetrável. Eu vos anúncio, meus filhos, que toda religião que se separe do Jesus humano vagará perdida e em contínua luta. Na verdade lhes digo que os reajustamentos sociais, as transformações econômicas e as revisões religiosas de toda civilização sofreriam uma mudança radical se a religião viva do Jesucristo substituíra à teológica em torno e a propósito do Jesus. Não tratem de lhe imitar, mas não esqueçam tampouco que foi um mais entre os homens. Ele foi homem em primeiro lugar. Depois, no transcurso de sua vida encarnada, lenta e progressivamente, adquiriu a consciência de sua verdadeira origem, natureza e destino divinos. Jesus se elevou à Divindade do imperfeito degrau da mortalidade humana. Nunca o esqueçam. nos toca, pois, empreender o mesmo caminho. Mas nunca poderíamos fazê-lo —tal e como alguns pretendem— em sentido inverso: da inexeqüível Divindade. Sejamos mais humildes, filhos queridos. Reconheçamos nossa condição de fracos mortais e não entremos em definir os mistérios de Deus. Deixem isso para a revelação do Espírito Instrutor.

 A religião do Professor e o cristianismo do Saulo Por tudo que tenho escrito e revelado nesta espécie de testamento, eu, Juan do Zebedeo, Presbítero de Éfeso, vejo-me exposto a reconhecer que a igreja da que formo parte é uma farsa. Depois da febre do Pentecostés (já lhes disse isso), Simón Pedro nos arrastou na inauguração de uma nova religião, apoiada em um Cristo ressuscitado e glorioso. Mais tarde, o apóstolo Pablo transformaria este duvidoso evangelho no Cristianismo: uma religião a que incorporaria seus próprios pensamentos teológicos. Hei aqui um segundo e dramático engano. Se o evangelho do reino se apoiava na experiência religiosa pessoal do Professor, o cristianismo se manifestou como a quase exclusiva experiência religiosa pessoal do Saulo. Compreendem agora minha angústia? O que será de vós e dos futuros crentes se não retificarem a tempo? Quanto se tem escrito em torno da vida e aos ensinos do Jesus forma um admirável documento cristão, embora apenas se tiver algo que ver com a verdadeira religião do Nazareno. Inclusive o que chamam evangelho do Lucas não é outra coisa que um fiel reflexo dos pensamentos e desejos do Pablo. Sabem tão bem como eu que Lucas, o médico da Antioquía, foi um gentil, convertido ao Cristianismo pelo fogoso Saulo. Isto acontecia dezessete anos depois da morte do rabino da Galilea. A partir desse momento, Lucas fé recolhendo muitas dos ensinos de seu professor, o apóstolo Pablo, concebendo a idéia de escrever três livros em torno de Jesus e ao Cristianismo. Uma vez morto Saulo, Lucas se entregou à tarefa de redigir a vida de Cristo, tal e como Pablo a tinha relatado. A morte lhe surpreendeu na Acaya, faz apenas dez anos, quando estava a ponto de concluir o segundo destes livros, conhecido hoje como Os atos dos Apóstolos. O evangelho do Lucas é, portanto, o evangelho segundo Pablo. Não lhes enganem. Analisem os escritos do Saulo e observarão quão distantes se acham do que na verdade pregou e desejou o Engendrado de Deus. Pablo e seu cristianismo pregaram a um Cristo divinizado, Supremo Sacerdote e sentado à mão direita do Pai.

Ambos esqueceram ao Jesus do Nazaret, humano e acossado pela vida. Não é o primeiro o caminho a seguir, a não ser o segundo. O homem está destinado a Deus (ninguém o duvida), mas foi posto pelo Pai nos mais baixos degraus da criação, precisamente para que, humanizando-se, descubra o atalho da Divindade. Esse foi a aprendizagem do Professor. Filhos amados: resulta absurdo querer imitar a um Cristo Deus, quando nem sequer podemos (nem devemos) imitar ao terrestre. Cumpramos primeiro nossa missão como mortais do reino —sejamos nomes— e, desta forma, iremos escalando as cúpulas que roçam a Divindade.

 Outro engano difícil de retificar Mas não toda a culpa desta deplorável situação deve ser atribuída ao Saulo. Outros antes que ele (este Presbítero entre eles) têm escrito sobre o Jesucristo, passando por cima esses transcendentais aspectos de sua humanidade e de sua vida cotidiana. A razão já foi apontada em seu momento: caíamos no muito grave engano de acreditar que Jesus retornaria breve, culminando assim os trabalhos de instauração do reino. E os íntimos, movidos por este sentimento, esquecemos a cara humana do rabino, apresentando aos crentes a um Cristo glorioso, ressuscitado e fundamentalmente Deus. Ah, queridos filhos, quão negro foi este novo engano e que difícil resulta agora de retificar! por que não o advertimos a tempo? por que não nos esforçamos em relatar também sua infância e juventude? Conhecendo essas etapas de sua vida encarnada poderia apreciar até onde chegaram suas dúvidas e angústias, que lhe fizeram igual ao mortais. Seu predicación pública esteve intimamente ligada a seus anos de duro trabalho no Nazaret e às largas e escuras épocas de incompreensão de quantos lhe rodearam em seu lar da Galilea. Hoje vejo com desolação como as comunidades cristãs se foram afastando dessa faceta humana do Jesus, exaltando tão somente a natureza divina do Professor. Repito-lhes isso: bem está que criam no Senhor glorificado, mas não esqueçam que nasceu, cresceu e morreu como um de nós. Jesus fundou a religião da experiência pessoal, cumprindo a vontade do Pai e em permanente serviço à Humanidade. Pablo, em troca, fundou uma igreja em que Jesucristo-Deus é o motivo e a causa de sua adoração, limitando a fraternidade aos irmãos crentes. Esta parcial visão da verdade é o que lhe moveu a escrever «que a vinda do Ímpio estará assinalada pelo influxo de Satanás, com toda classe de milagres, sinais, prodígios enganosos, e todo tipo de maldades que seduzirão aos que se têm que condenar por não ter aceito o amor da verdade que lhes tivesse salvado». Despreze semelhante estupidez. Já lhes disse isso: todos serão salvos. A idéia da condenação eterna não faz a não ser rebaixar o estatuto de Deus. Apaguem de suas mentes a errônea crença de um logo retorno do Professor. Ele já tornou —lhes anunciei isso nas primeiras linhas desta carta— por mediação do Espírito de verdade. Em conseqüência, não lhes trabalhem em excesso em procurar os sinais precursoras de sua segunda vinda, tal e como foi ensinado pelo Saulo e Simón Pedro. A maldade, a iniqüidade, os ímpios e o influxo do Maligno som realidades permanentes em um mundo como este, sumido nas trevas da imperfeição. Assim foi e assim será até que os homens façam sua a mensagem de luz e de esperança da paternidade de Deus. Quão doloroso resulta comprovar que parto deste mundo sem ter contribuído a difundir este sagrado princípio! Pablo trouxe o pessimismo às comunidades de crentes. Jesus nunca foi pessimista. Pablo fala de condenação e de iniqüidade. Jesus do Nazaret nos ensinou que a salvação está garantida. O Professor veio a nos descobrir que todos somos filhos de Deus e que, repetirei-lhes isso mil vezes, conseqüentemente, nosso futuro e o de todos os mortais é esplêndido. Os homens não são maus, a não ser débeis; a Humanidade não é depravada, a não ser cega. Mas chegará o dia em que a religião do Jesus triunfará.

 Comecem por lhes estimar a vós mesmos Nosso Senhor Jesus Cristo jamais desprezou aos homens. Benzeu aos pobres e deserdados porque, geralmente, são sinceros. Mas também elogiou aos ricos e poderosos que sabem guardar e fazer guardar a justiça. Ele tinha em grande estima à Humanidade, até o ponto de fazer-se igual a nós. Não caiam, portanto, no pecado de menosprezar e, muito menos, no de lhes menosprezar. Levam em seu espírito a faísca da divindade e isso, sem dúvida, converte-lhes também em uma sublime prolongação do Pai Universal. Compreendem agora por que não me canso de lhes repetir que todos somos irmãos?

 A excelsa e inigualável religião do Jesus Esta nova igreja do Jesucristo se empenha em penetrar e modificar a ordem das coisas, ignorando que o Engendrado de Deus não ofereceu em sua vida encarnada norma alguma para retificar o progresso social. Sua missão foi religiosa e a religião (a excelsa e inigualável religião do Jesus) é uma experiência exclusivamente individual. Esta aventura religiosa —sempre pessoal— resolve por si mesmo a maioria das dificuldades humanas, selecionando, valorando e recolhendo os problemas do homem. Certamente, a religião não suprime as preocupações, embora sim as absorve e ilumina. A verdadeira religião, meus filhos, unifica a personalidade, de forma que possa adaptar-se às necessidades humanas. Sabem que a realidade está integrada por três elementos: os fatos, as idéias e as relações. Pois bem, eu lhes digo que a consciência religiosa identifica estas realidades como ciência, filosofia e verdade. Para a filosofia, em troca, estas atividades são definidas como razão, sabedoria e fé. Para nós, meus bem amados filhos, para os que conhecemos a religião do Jesus, essa compreensão progressiva da realidade que nos rodeia só equivale à aproximação a Deus. E o descobrimento do Pai só é possível através dessa experiência espiritual individual. me permitam que insista. Esta é a base da religião crística: toda uma aventura pessoal —sempre em solitário— pelos mares calmos e tempestuosos da vida. fomos criados para a busca e exploração permanente de nós mesmos, que não é outra coisa que a busca do Pai. A religião não é um compromisso social e coletivo no que a maioria acata com submissão o que outros poucos decidem como bom ou como mau. A verdadeira religião é sempre, por definição, um achado individual, fruto de mil quedas, enganos e êxitos. Não lhes acomodem na falsa segurança das Iglesias humanas. Pensem por vós mesmos, até a risco de que lhes marginem e aborreçam. Nada há mais benéfico para a alma que seus próprios achados individuais. Se na verdade lhes trabalham em excesso na busca de Deus, essa disposição será a prova de que já o encontrastes.

 Levam a Deus em seu espírito Perguntarão-lhes por que volto uma e outra vez sobre o mesmo. por que este ancião parece obcecado pela busca individual de Deus. Não é que aborreça as bem-intencionadas diretrizes de seus chefes espirituais, mas observo com preocupação como a maioria dos fiéis crentes se entrega leal e sinceramente a essa constelação de normas e proibições, anulando sua maravilhosa potestad de escutar sua própria consciência. E o que é na verdade a consciência? Filhos queridos, é que esquecestes que o pensamento humano pode alcançar os mais altos níveis de inteligência espiritual? É que não recordam que a faísca divina se instalou em cada um de seus espíritos por obra e graça do Pai? É Deus quem mora na alma do homem e, em conseqüência, estão em disposição de escolher, de julgar e de procurar por vós mesmos. Levam a Deus com vós. por que lhes submeter então à teologia de outros pensamentos? Saiam ao mundo com valentia! Participem, se assim o desejarem, das inquietações de uma comunidade de crentes, mas não lhes deixem anular pelo rigorismo das instituições. Sobre vós começam a gravitar muitos mais deveres que direitos. E o que é mais grave: seu principal direito — ser filhos do Pai Celestial— está sendo ignorado. que na verdade se sabe filho de Deus não necessita de leis e mandamentos. O mais importante (o único), vai encerrado já nesse inamovible direito: fazer a vontade do Pai, nosso Pai. que, ao fim, descobre que é filho de Deus ama a seus semelhantes (aos amigos e aos inimigos) e cumpre com as leis da natureza. que na verdade faz sua essa esperanzadora realidade da fraternidade humana nada tem. E o amor do Pai compensa essa generosidade com o cento por um. que já tem descoberta sua origem e destino divinas só se teme a si mesmo. Esse direito implica caridade, justiça e tolerância.

É por isso pelo que lhes animo a incessante busca pessoal do Pai. Quando o menino descobre um dia sua própria identidade, nada pode igualar à alegria de semelhante achado. Pois bem, isto é o que lhes peço: que lhes detenham no caminho da vida e compreendam que são filhos de um Deus. O que pode importar então todo o resto?

Perguntarão-me com razão: que provas tenho de que sou um filho de Deus? Como saber que essa faísca divina mora em mim? Darei-lhes três sinais. A primeira se chama amor. Os animais se fazem gregários, certamente, protegendo-se assim dos perigos. Mas, me digam, são altruístas? Só um intelecto habitado pela faísca divina pode conceber o altruísmo. Só um espírito habitado pelo próprio Pai Universal é capaz de amar incondicionalmente.

O segundo sinal se chama sabedoria. Ao descobrir que o espírito se acha meio doido pelo dedo de Deus, o intelecto humano está em condições de aceitar que a natureza é sempre bondosa.

A terceira prova reside nessa permanente e insaciável necessidade do homem de encher sua insatisfação espiritual. Olhem aos animais. Algum foi capaz de prostrar-se ante a Divindade? Só o espírito que recebeu a faísca divina pode aspirar a Deus.

Levam a Deus em seu espírito e isso lhes faz imortais. Estão obrigados a evoluir e a ser felizes. Mas não lhes enganem: essa experiência é individual. Será através dessa luz divina que habita em cada um de vós como chegarão a amar generosa e espiritualmente. Será por esse dom do Pai pelo que reconhecerão os valores morais e a bondade do Universo. Só da mão do Pai —através desse mensageiro que habita em vós— poderão distinguir o bem do mal, o humano do divino, o tempo da eternidade e a verdade do engano. Os homens, as religiões humanas e as falsas teologias podem lhes fazer esquecer temporalmente que essa faísca divina habita em vós. Entretanto, cedo ou tarde, o fôlego do Pai mobilizará suas consciências, fazendo possível o grande descobrimento. Olhem para seu interior. Escutem a voz sutil do mensageiro que se instalou em vós. Ele aguarda que despertem. Ele espera suas perguntas. Ele é Ele. Ele é a revelação. Do que lhes serve escutar lentos discursos sobre o amor, a lealdade, a justiça, a castidade, o batismo ou a penitência se não terem aprendido primeiro a dialogar com o mensageiro celeste que lhes habita? É no contato com esse morador divino como aprenderão a distinguir e valorar a beleza, a alegria, o amor e, muito especialmente, o esperanzador futuro que lhes aguarda. Nem a ciência, nem a filosofia nem a teologia poderão colocar jamais esses atributos humanos em uma balança e muito menos atribuir-se sua paternidade. Os judeus souberam criar uma religião com uma suprema moral. Os gregos divinizaram à beleza, e Pablo e seus sucessores fundaram uma religião apoiada na fé, a esperança e a caridade. Nenhum, entretanto, revelou-nos ao Pai. Só o Justo o tem feito. Só ele nos trouxe uma religião cimentada no amor. Só o Senhor tem aberto nossos olhos à autêntica fraternidade e assinalou para o interior de nossos corações: aí está o grande tesouro. Procurem o mensageiro do Pai e o resto lhes dará além disso.

Tenho medo por vós e por esta nova igreja do Jesucristo, que se inclina perigosamente para o poder e as conveniências humanas. Esta igreja, filhos amados, nasceu morta. Ressuscitem vós, instalando no centro de suas vidas e de seus corações o único princípio que importa e que nós, os íntimos do Senhor, não soubemos lhes desvelar: o da Paternidade Divina e a fraternidade entre os homens.

A segunda revelação

 Prólogo 1 Filhos todos das sete Senhoras escolhidas da Ásia: me permitam agora que lhes manifeste uma nova revelação —a segunda, depois do Patmos—, acontecida em Éfeso pela graça de nosso Senhor e recebida por este indigno cervo, que se apaga já como um candelabro. Ditoso o que leoa e escute esta manifestação do poder do Justo. Nela está o Espírito de verdade. Quem tem ouvidos, que ouça.

 Os sete anjos guardiães me encontrando em Éfeso, eu, Juan, Presbítero, o mais humilde dos crentes, fui arrebatado em sonhos à presença dos sete anjos que guardam os sete livros dos sete segredos divinos. E sete vozes, como de trompetistas, clamaram ante mim: «Quanto veja e escute, escreve-o, para que outros, depois que você, compreendam e glorifiquem ao Santo dos Santos. Mas antes, acordada ao mensageiro divino que dorme em ti, a fim de que ele, e só ele, faça dele quanto contêm os sete cilindros dos sete secretos do Profundo. Esse livro, Juan, filho do trovão, deverá ser escrito um dia antes de sua morte.”

As sete vozes, como de homem, partiam dos sete anjos, mas nenhum falava. Aqueles sete poderes se achavam sentados diante de mim e eu soube que era o oitavo poder. E entre eles e eu flutuavam na luz os sete livros dos sete secretos de Deus. E cada um resplandecia com uma cor e entre todos eram como o arco íris.

E o primeiro dos anjos guardiães se elevou de seu trono, desenrolando o primeiro dos livros. E clamou com forte voz: «Juan, escuta o primeiro dos segredos. Eu sou o que vela junto ao Livro da Infinitud de Deus.”

Este anjo era infinito. Sem princípio nem fim. Seu rosto de ouro se achava em todas partes. Sim olhava à esquerda, ali se achava. Se girava à direita, ali encontrava sua face. E o mesmo acontecia no alto e no baixo. E sua voz, como o trovão de mil águas, deu leitura ao primeiro secreto da secreta natureza do Deus único.

 Do infinito ao finito «Escuta o que muito poucos sabem. É a infinitud o primeiro privilégio e poder do Muito alto. Embora lhe fora dado tocar o Infinito, jamais alcançaria seus limites. Assim é Deus. Seus limites são ilimitados. Nada ajuste seu entendimento e grandeza. Em sua presença, sua luz cegadora é tal que vós, criaturas do tempo e do espaço, confundiriam a luz com as trevas. Não só seus pensamentos e seus planos são impenetráveis: tudo o que Dele emana é igualmente infinito. Infinita é sua bondade. Infinita em seu sorriso e sua misericórdia. Infinita é a sombra de sua luz, que cobre até a última das estrelas. Como tentar averiguar seus anos? É que não sabem que o céu e os céus dos céus não podem lhe conter? Seus julgamentos são insondáveis e impenetráveis seus meios. Pobres criaturas mortais! por que pretendem o que nenhuma criatura perfeita pretende? É que poderiam cavalgar sequer a esteira de seu infinitud?

«Escuta o que muito poucos sabem. Deus é o único Deus. Ele é o Pai Infinito e criador, fiel a si mesmo. Ele é a fonte e o dispensador universal. Todas as almas brotam dessa fonte e a ela retornarão. Inclusive as dos ímpios e construtores de iniqüidade. Ele é o Pensamento Primitivo, de que emanam todos os pensamentos. Ele é. a Alma Suprema e o Espírito Ilimitado de todo o criado e por criar. A chama de seu Espírito dorme na Natureza, agitando tempestades, verdeando primaveras e enchendo ansiedades.

»E1 Grande Controlador não comete enganos. São vós, mortais imperfeitos, quem altera o sábio curso dos acontecimentos. O Grande Pai Universal resplandece de majestade e de glória e todos seus exércitos sabem. Ele não sabe do temor. E esse valor foi irradiado a todos seus filhos imortais. Mas vós, até sendo imortais, são temerosos porque ignoram seu próprio grande secreto. Ele é imortal. Existe por si mesmo. É eterno e imensamente divino e benfeitor. Hei aqui, pobre criatura mortal, o Antecedente de tudo o que existiu, existe e existirá. E esse Infinito é tão mais excelente assim que —por sua infinita bondade e misericórdia— teve a bem o tender uma ponte para o finito: para vós, o último degrau do criado. Esta é seu grande glorifica. Com Deus todo é possível. Inclusive, que a Divindade habite na imperfeição. Ele é o começo e o fim e a causa das causas. te ajoelhe portanto ante o primeiro livro: o da Infinitud de Deus.”

E assim o fiz. E todos os anjos, comigo, prostraram-se ante o primeiro dos sete livros dos sete secretos de Deus.

E o anjo leu para mim e para quantos anseiam a verdade: «Escuta o que muito poucos sabem. Só Deus é consciente de seu Infinitud. Pode alguém dizer o mesmo? Conhece você os limites de seu próprio espírito? Ele sabe de sua perfeição e poder. Fora de si mesmo, só o Pai Universal é capaz de avaliar-se em forma completa e apropriada. Ninguém, salvo Ele, tem esse privilégio. Nem sequer aqueles que fomos criados na perfeição conhecemos a essência e os limites de nossa própria natureza. Só Ele se conhece e compreende. Só Ele pode fazer frente, infalível e permanentemente, a todas as necessidades dos universos. E todos quantos fomos dotados de algum poder dependemos do dele e do poder de todas as personalidades da Deidade. Só Deus é consciente de todos seus atributos de perfeição. por que, então, fazem bandeira de sua caridade, de sua justiça ou de sua sabedoria? Aos olhos dos céus, sua perfeição é motivo de piedade.

«Escuta o que diz o primeiro livro: Deus não é um acidente cósmico, nem tampouco um experimentador de universos. Os soberanos dos universos podem empreender aventuras. Os pais das constelações têm a bem experimentar. Os chefes dos sistemas de mundos improvisam. Mas o Pai Universal contempla o fim desde seu começo. Seu plano divino e seu intuito eterno abrangem e compreendem todas as experiências e aventuras de seus filhos de todos os mundos, sistemas, constelações e universos. Nada lhe surpreende. Nada é novo para Ele. Nada lhe chega por surpresa. Nem sequer sua liberdade. Nem sequer o fruto dessa liberdade. Ou é que pensam que são livres? Estão destinados a Deus e a força de seu amor é irresistível. Podem fechar a porta a sua chamada, mas Ele a derrubará. Ele habita o círculo da eternidade. Seus dias não conhecem o princípio nem o fim. Ele não sabe de pressas e impaciências. Não julguem a Deus como a um ser mortal. Para Ele não passou, presente nem futuro. Ele é o tempo. Ele é o não tempo. Ele é o único EU SOU.

»Escuta agora o que muito poucos sabem. E sendo Infinito, como Deus pode comunicar-se com o finito? Como se faz com seu amor e com o amor de outras inteligências inferiores? O Pai Universal, em sua infinita sabedoria, dispôs três grandes pontes, que lhe permitem descender até vós e, a sua vez, servem aos mortais no inevitável caminho para a Perfeição. Vós conhecestes ao Justo, Filho do Pai. Hei aqui a primeira ponte. Embora perfeito em sua divindade, o Filho participou que a carne e do sangue, fazendo-se um mais entre vós. Este é o grande milagre da misericórdia e da infinitud de Deus. Ele se tem feito homem e foi chamado Filho do Homem.

»E1 segunda ponte entre Deus e as criaturas mortais do tempo e do espaço é estabelecido através das múltiplos facetas de que chamam Espírito Infinito. A suas ordens, legiões de anjos e de outras inteligências celestiales lhes socorrem e se aproximam dos humanos, velando por seu destino. O próprio Espírito Infinito descendeu igualmente sobre a Humanidade, instalando-se na alma humana.

»E1 terceira ponte entre Deus e vós é conhecido no primeiro livro dos segredos divinos como o Monitor de Mistério. O Pai, em seu infinito amor, lhes deu de presente uma parte de sua própria essência. É por isso pelo que nós e todas as criaturas celestiales lhes reverenciamos. Esse Monitor de Mistério é enviado como um dom gratuito e amoroso para que habite no pensamento de cada mortal do tempo e do espaço. É um presente que lhes faz a sua imagem e semelhança. Levam, pois, em seu espírito a estampagem da Divindade, que lhes mantém e lhes manterá unidos ao próprio Pai dos Universos.

Ditosos vós, criaturas mortais, porque são como Deus!”

E os sete anjos se ajoelharam ante mim, humilde servo do Senhor e reverenciaram à parte de Deus que convive comigo. E os sete poderes que guardam os sete livros entoaram sem descanso: «Santo, Santo, Santo, Deus Infinito, que mora nas almas dos humildes.”

E o primeiro dos anjos, aquele que guarda o cilindro da Infinitud de Deus, continuou a leitura do que muito poucos sabem:

«É assim, e por outros caminhos que só seu Infinitud conhece, como o Divino Pai descende do Infinito ao finito, nos enchendo com sua glória. É Ele quem modifica e humaniza seu poder, de forma que seu amor alcance a todas e cada uma de suas criaturas. É assim como seus vastos domínios se encheram com sua presença. É por isso pelo que ostentam o título de filhos criados por sua bondade. Não fala o primeiro livro dos segredos divinos de entelequias, mas sim de realidades. Vós, como nós, são seus filhos queridos e muito amantes, destinados a compartilhar seu amor e perfeição. E tudo isto foi feito, e assim será até o final dos tempos, como manifestação de seu infinito poder e infinita sabedoria. Deus não perde nem vontade com sua criação. Mas não vos obstinéis em compreendê-lo. O finito não pode abranger ao infinito. E mesmo assim, embora seu humilde entendimento não distinga a luz da escuridão, tudo que aqui está escrito é verdadeiro. Não lhes empenhem em entender ao Deus Infinito ou em interpretar seus intuitos. Isso só chegará no último dia, quando a larga carreira de perfeição que lhes aguarda desemboque na Ilha Eterna do Paraíso. O homem mortal não pode desvelar agora os prodigiosos intuitos do Pai Universal. Só de vez em vez, fruto dessa misericórdia divina, as criaturas do tempo e do espaço recebem a necessária revelação, que lhes anima e clarifica. Esta, Juan, é uma dessas concessões. Escreve, pois, quanto veja e escute. E recorda que, apesar das limitações do homem para fazer sua a infinitud de Deus, o Pai dos céus sim compreende a finitud de seus filhos. E vos ama, protege e sustenta, quanto mais quanto major é sua limitada condição e natureza.

»E1 Pai Universal compartilha a Divindade e a Eternidade com grande número de inteligências superiores do Paraíso. Mas, hei aqui outro dos insondáveis mistérios, compartilha também seu Infinitud? São Deus e seus associados na Trindade os únicos infinitos na ordem da Criação? Este, o primeiro dos livros dos sete segredos divinos, guarda silêncio. E só reza: "Nele vivemos. Por Ele nos movemos e nele temos nossa existência." Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça...”

 O segundo livro dos mistérios 2 E o segundo dos anjos abandonou seu trono, abrindo o Livro da Perfeição de Deus. E aquele anjo tinha forma de círculo. E dele nascia uma luz como a de um sol nascente. E com voz de menino, de homem e de ancião clamou ante mim:

«Escuta, mortal, o que muito poucos sabem. Este é o segundo secreto. A natureza de Deus é eternamente perfeita. Eu sou seu emblema. Seus profetas o compreenderam. Deus é como um círculo, sem princípio nem fim. Vós, entretanto, humanizastes a perfeição, limitando a idéia do Perfeito à perfeição humana. Escuta, mortal: o Pai é um eterno presente. A perfeição humana, em troca, é uma fugaz sombra de um fugaz minuto desse eterno presente. O lar do Pai é o presente. E nele habita em toda sua glória e majestade. E o presente de Deus é o passado e o futuro dos homens e de quantas criaturas se movem no círculo da eternidade. Ele está literal e eternamente presente em todos seus universos. E sem Ele, o Universo careceria de presente.”

 «Eu sou o Senhor: não troco”

E o círculo eterno, sem deixar de girar, envolveu-nos em um oceano de luz. E ante este pobre servo foram mostradas todas as obras da Criação. E em cada uma delas se achava o círculo de Deus. E o segundo anjo me disse: «Olhe o criado. A perfeição infinita de Deus está em tudo. Nem no fogo das estrelas, nem no zelo dos animais, nem na busca da abelha, nem no azul do mar, nem no coração do homem há mudança. Tudo é uma ilusão. Ele riscou seus planos, proclamando o fim do começo. O passo dos dias, o variável rumo das aves e a velhice dos mortais não significam mudança algum. Deus não volta nunca sobre seus originais intuitos. Foram estabelecidos na Perfeição e a Perfeição é imutável. O Senhor das luzes é o no-troco. Na condução dos assuntos universais não existe possibilidade de variação. Tudo foi e será de acordo a um permanente presente. Ele diz: "Eu sou o Senhor: não troco. Minha opinião prevalece. Minha obra é boa e cumprirei todo aquilo que me agrada, tal e como foi estabelecido." Escuta, mortal: os planos e intuitos de Deus são perfeitos e eternos porque são Ele mesmo. Nada podem acrescentar ou sustraer a sua obra. que arbusto, não rompe nem rouba os planos divinos. Inclusive a iniqüidade cumpre seu papel. Quem de vós poderia melhorar a sucessão dos dias e as noites? Algum é capaz de acrescentar generosidade à generosidade da Natureza? Sente-se você podendo para modificar o trânsito para a morte? Tudo que faz Deus subsiste. As mudanças de forma, de lugar ou de tempo são miragens de sua mente imperfeita e limitada. Seus planos são firmes, seus critérios imutáveis e seus atos, divinos e infalíveis, de acordo com sua suprema Perfeição. Foi escrito e escrito com verdade que mil anos são a seus olhos como o dia de ontem quando aconteceu e como uma véspera na noite. Mas vós não podem captar a perfeição da Divindade, de igual forma que seu espírito ignora no momento sua autêntica origem e destino. É que o mar pode sonhar? Pode o homem trocar-se pelo mar? você pode encerrar em seu olhar a luz de uma galáxia? E, entretanto, Deus é muito mais. Tão perfeito que permite que você, na carreira para o Paraíso, possa descobrir e compartilhar sua Perfeição.»

 A imutável emano do destino E o segundo anjo, aquele que me falava com voz de menino, de homem e de ancião, tocou minha frente com sua luz. E a palavra «Destino» ficou gravada nela. E o segundo guardião dos segredos de Deus disse:

«Escuta o que muito poucos sabem. O homem ouviu falar dele e lhe teme porque ignora sua natureza. O Destino não é um fantasma, nem tampouco um volúvel espírito errante. Forma parte dos intuitos do Pai e, como tal, é implacavelmente justo e amoroso. Cada mortal do tempo e do espaço é obra direta do Pai e, portanto, compartilha e compartilhará sempre esses intuitos. É mais: vós são seu intuito. E o Destino está em vós, escrito desde o começo dos princípios, como fiel guardião de sua carreira ascensional. Ninguém pode escapar ao destino, como ninguém pode escapar de si mesmo. Não criam na ilusão de um Destino modificável. São muito poucos os que cometem a estupidez de revelar-se contra a Perfeição. Seu caminho foi esboçado da origem pela suprema Bondade e Perfeição. As variações e as mudanças em suas vidas —já foi dito— som fruto das fronteiras de seu intelecto, encarcerado de momento na imperfeição. Não lhes enganem. debaixo dessas aparentes modificações se acha o alicerce granítico dos imutáveis e sempre perfeitos planos divinos.» E o segundo anjo perguntou:

«E qual é o Destino dos homens? Está escrito: retornar à fonte da que emanaram.”

Então, os sete poderes que guardam os sete secretos de Deus foram prostrar se ante mim, clamando: «Santo, Santo, Santo, Senhor Perfeito, você que derramas a água de seu amor em cada uma de suas criaturas.”

E o grande círculo da Perfeição seguiu falando. «Escreve quanto veja e escute. Esta Perfeição do Pai não nasce de sua justiça, mas sim da graça de sua bondade. E é essa bondade perfeita e infinita a que lhe faz sair de si mesmo, para derramar-se em sua Criação. Você e as tua são água de sua água. Deus, em sua Perfeição, não se isola. Não conhece portas. Não sabe de limites. É como um forno eterno que irradia. Vós e nós e todas as criaturas dotadas de sua faísca divina havemos partido de sua Bondade e a ela voltaremos. Nosso caminho é um permanente retorno. E Ele, em sua infinita perfeição, nutre-se e alimenta, ganhando a experiência da imperfeição em nossas próprias imperfeições. Foi escrito que somos seu coração, suas mãos, seus olhos e seus pés. Ele não conhece a imperfeição, mas compartilha a suas e a de todas suas criaturas evoluiria. É através do contato pessoal com seus Monitores de Mistério como Ele se aflige quando vós estão afligidos. É em e pela presença divina que lhes habita como Ele sente, conhece, dúvida e se dói, fazendo suas suas próprias experiências, alegrias e tragédias. A Suprema Bondade sofre em seu sofrimento. A Suprema Perfeição ama e chora em seu amor e em seu duelo. É que podem imaginar maior sabedoria?”

 O terceiro anjo abriu o terceiro livro 3 E foi feito o silêncio. E vi como o terceiro anjo ficava em pé e tomava o terceiro dos livros dos segredos de Deus. Este era o livro da Justiça.

«Escuta o que muito poucos sabem.”

O terceiro anjo era transparente como o cristal. Em sua mão direita blandía uma espada, igualmente de cristal. E em sua folha vi meu passado, meu presente e meu futuro. E o terceiro anjo leu no livro que tinha ante si:

«Está escrito no livro da Justiça: não tenho feito sem causa tudo que tenho feito. Deus é reto em todos seus caminhos. Só assim se alcança a justiça. Olhe esta espada. Nela está sua vida. Nenhum ato escapa a sua visão. Tudo é um em sua existência. E tudo será julgado por ti mesmo. Deus não julga. Será você o juiz. por que interpelam então a sua Justiça? por que proclamam seus lucros e êxitos? Ele os conhece porque tudo partiu Dele. Ele já lhes julgou no instante de sua criação. E lhes julgou rectamente e fostes premiados com o dom da imortalidade. Agora, se o desejar, te julgue a ti mesmo, mas não invoque a Justiça Divina. Essa já foi executada.”

E o guardião do livro da Justiça de Deus me entregou sua espada, proclamando: «Guarda-a, posto que sua morte está próxima. E faz com ela o que se espera de ti: te julgue em silêncio.”

Então, ao contemplar minha própria vida, soube quão inúteis e infantis tinham sido minhas preces, exigindo da Justiça do Pai o que na verdade tinha estado em minhas mãos. Eu tinha solicitado o fogo dos céus contra os ímpios. Eu tinha pedido a sabedoria para mim e meus. Eu tinha clamado por minha salvação, sem entender que os atos dos homens não movem nem comovem a Justiça de Deus. Vã ilusão humana! Vã chamada a um Deus para que modifique, em nosso benefício, seus justos e imutáveis intuitos! É que posso eu alterar o ritmo das marés, implorando a Justiça dos céus? Torpe de mim, que pretendi modificar o Destino de meus irmãos, elevando minhas preces a Deus! Não escapa à verdade implorando justiça. Não se evita a responsabilidade humana, exigindo da Justiça Divina que nos economize a dor ou as calamidades. Não lhes equivoquem, irmãos. Nós somos nossos próprios juizes. E recolheremos aquilo que tenhamos semeado. Não culpem de sua estupidez à Justiça Divina, que não acudiu quando a solicitaram. A Justiça do Pai cumpriu ao nos criar e nos justificar. Desde esse instante, nos toca repartir nossa própria justiça.

 O único castigo divino E o terceiro anjo pôs ante mim o livro da Justiça e da Retidão de Deus. Mas não vi letras. E o guardião do terceiro secreto falou assim:

«A Justiça do Pai não se apóia nas letras, a não ser na Sabedoria e na Misericórdia. Escuta, mortal, porque está escrito: a Sabedoria Infinita é o juiz que determina as proporções de Justiça e Misericórdia que a cada qual correspondem. Deus é imensamente bondoso. Sua misericórdia não conhece o fim. Mas o castigo —o grande castigo— existe.» E no livro em branco da Retidão de Deus foi dado contemplar a uma criatura sem igual. Toda ela era de luz e sua sombra, inclusive, era como o fulgor de mil sóis. E essa criatura se achava encadeada com elos feitos de solidão e soberba.

«Escuta o que muito poucos sabem. Tem ante ti ao Maligno.”

Retrocedi com espanto, mas o terceiro anjo me reteve, acalmando meu temor. E falou para mim e para toda a Humanidade, dizendo:

«Este ser de luz escolheu a iniqüidade e aguarda o julgamento de si mesmo. Se permanecer na iniqüidade, se sua última palavra for rebelião contra o governo de Deus, ele mesmo se automóvel aniquilará. Hei aqui o único castigo-consecuencia que pesa sobre os filhos de Deus. Mas antes, o Maligno verá passar ante si a infinita esteira da misericórdia. Se seu julgamento final for contra Deus e contra si mesmo, a sentença será de dissolução. E o que foi criado pelo Santo dos Santos será reduzido a uma fração impessoal que formará parte da experiência evoluiria do Ser Supremo. Sua personalidade, sua imortalidade e seu poder se perderam para sempre. Será como o não ser. Não lhes enganem. Embora não possam compreendê-lo em sua justa medida, o mal pelo mal, o engano completo, o pecado voluntário e a iniqüidade pela iniqüidade também formam parte do plano de Deus. Mas só O conhece o fim e a justificação de seus próprios intuitos. Os que falamos e nos movemos sob sua sombra intuímos que o mal sobrevive em razão de uma misericordiosa tolerância, que sirva às criaturas dotadas de vontade para descobrir por si mesmos o que é justo e eqüitativo.» E o terceiro anjo e o resto dos anjos que guarda os sete livros dos sete secretos de Deus se prostraram ante o pergaminho da Justiça e da Retidão Divinas, clamando com uma só voz: «Santo, Santo, Santo o Senhor de todo o Criado, que concede a suas criaturas o julgamento de si mesmos.”

 O quarto livro: o da Misericórdia 4 Falou depois o quarto dos anjos guardiães. Era este como um ancião venerável, cujo sorriso não conhecia o descanso. Foi o único que não abriu o livro que flutuava ante si. Mas sua voz parecia ler em seu próprio coração. Isto foi o que escutei:

«Sou o guardião do livro da Misericórdia Divina. Escuta o que muito poucos sabem. E escreve-o em seu coração, para que outros possam ler nele, através de suas obras. A misericórdia nasce do conhecimento e é temperada pela sabedoria. Aquele que não reconhece os defeitos e debilidades de seus semelhantes não conhece a palavra misericórdia. Só Deus é imensamente misericordioso, porque só Ele habita no pensamento de suas criaturas. Só Ele as conhece e faz suas suas aflições. foi escrito: "Nosso Deus está cheio de compaixão e de graça. É lento na cólera e pródigo em misericórdia." Mas estas palavras não lhe fazem justiça. O homem finito atribui a suas Criador qualidades que só são humano. Deus não é colérico nem lento em sua cólera. A cólera é debilidade e o Pai dos Céus é a suprema fortaleza. Não precisam ir a Deus, porque Ele já está em todos e cada um de vós. Vão a vós mesmos e Ele lhes sairá ao encontro. Tudo o que lhe busca acha consolo. Sua misericórdia vai de eternidade em eternidade. Ele proclamou: «Eu sou o Senhor que pratica a bondade, o julgamento e a retidão sobre a Terra, pois tomo agradar nisso. Não aflijo nem causar pena aos homens, pois sou o pai da misericórdia e o Deus de toda consolação.»

 Não procurem influências ante Deus E o ancião guardião abriu meu coração e pôs ante mim uma visão: nela estavam todos os Santos e mártires que nos precederam em vida e aos que o homem crente roga e reza, implorando os favores do Todo-poderoso. E o quarto anjo, sem perder seu sorriso, negou com a cabeça.

E clamou de novo:

«A misericórdia do Muito alto não precisa de influências. Escreve, Juan, para que outros não caiam no mesmo engano. Deus é compassivo e benevolente por natureza. Ele habita em ti e em todos os seres dotados de vontade. Não clamem, portanto, aos que chamam Santos, porque suas súplicas serão estéreis. O nascimento da mais mínima necessidade em suas criaturas do tempo e do espaço é suficiente para que Ele mobilize sua tenra misericórdia. antes de que elevem os olhos ao céu, solicitando seu favor, o Pai de Misericórdia sabe já de sua necessidade. Deixem em suas mãos suas inquietações. Ele lhes conhece. E escuta bem: ao igual a Ele vos ama e perdoa porque lhes conhece, assim, vós, criaturas mortais, devem praticar a virtude da misericórdia, conhecendo e amando primeiro a seus semelhantes. Só o que conhece compreende. Só o que compreende ama.»

 O pai e a mãe do amor e da bondade E o quarto anjo pôs suas mãos sobre minha cabeça, me interrogando: «Sabe o que é a eqüidade?» Mas não tive ocasião de responder. E o ancião, assinalando primeiro o livro da Justiça e depois o da Misericórdia, prosseguiu com grande voz:

«O homem que faça una a justiça e a misericórdia terá alcançado a eqüidade. Em Deus, a misericórdia sempre procria o amor e a bondade. É o pai e a mãe de ambos. Sem ela, nem o amor nem a bondade poderiam existir. Deus é imensamente bondoso porque infinita é sua misericórdia. E te perguntará: se existir a justiça, do que serve a misericórdia? A misericórdia não é uma violação da justiça; mas bem, uma pormenorizada interpretação das exigências de dita justiça, quando esta é aplicada em eqüidade. A misericórdia divina equilibra e ajusta as imperfeições das criaturas do tempo e do espaço. A misericórdia, homem mortal, é a justiça da Trindade. Quem tem ouvidos, que ouça.»

 O quinto anjo 5 «Eu sou o anjo guardião do livro do Amor Divino. Este é o quinto secreto da natureza do Pai. Escreve, Juan, filho do trovão, para que outros o recordem.”

Era a voz do quinto guardião. elevou-se em seu trono e, abrindo o livro que lhe correspondia, arrancou de suas letras um coração palpitante. E me mostrando isso disse: «Uma só prova há e uma só prova tenho do Amor do Pai. Ele concede a Vida. Você existe por seu Amor. Você foste agradável com o Monitor de Mistério por causa de seu Amor. Esse é seu único comportamento com todo o criado. Ele cria porque ama. E seu amor transborda todo o imaginável. Ele não distingue entre justos e ímpios: seu sol amanhece para todos por igual. Ele envia sua chuva sobre ricos e deserdados, sobre puros e impuros. Ele lhes ama por vós mesmos. Em seu amor não há intermediários nem condicionamentos.»

 O Monitor de Mistério Então vi como aquele coração palpitante desaparecia de entre as mãos do quinto anjo. E o coração, símbolo do amor de Deus, transformou-se em mim mesmo. E vi um Juan todo de luz, de vestimentas de luz e de cabelos de luz. E o anjo guardião do livro do Amor Divino se prostrou ante meu outro eu e todos os anjos lhe imitaram, exclamando: «Santo, Santo, Santo, Senhor do Amor, porque te instala nos mais humildes.» E em minha visão vi como meu outro eu falava. Isto foi o que disse:

«Juan, escreve quanto veja e ouça, para que outros também descubram seu dom divino. Não sou seu outro eu, a não ser a parte mais nobre de seu eu. Sou o que sou. Procedo do amor do Pai e levo o título de Monitor de Mistério. Não te alarme: sou Deus e fui semeado em seu pensamento por rápido e direto desejo do Muito alto. Ditoso aquele que, em vida, consiga formar um tudo com seu Monitor de Mistério! Lhe guiará. Lhe sustentará. Ele será seu refúgio e sua fonte de sabedoria. Somos como a chuva benéfica que empapa os campos, lhes outorgando sentido. Descendemos em cascata interminável sobre as criaturas dotadas de vontade e habitamos nelas até que, cedo ou tarde, somos um com seu espírito. Se buscas a Deus, só tem que me olhar. te olhe e reconhecerá em ti a faísca da Divindade. A busca da Perfeição Infinita será então como um jogo. E vida detrás vida, universo detrás universo, eu te guiarei para a presença do Supremo Amor.»

 Existo embora não me veja E o Deus que habita em mim e que me guarda se lamentou: «Não vêem o ar e, entretanto, ninguém dúvida de sua existência. Você, Juan, não alcança a descobrir as vísceras do sol que te ilumina e, não obstante, confia em sua luz. por que, então, não criem no Deus invisível que lhes assiste e habita? Certamente, entre vós e Ele existe uma dilatada distância. É muito o caminho que fica por salvar até chegar a sua presença paradisíaca e mais ainda o vazio espiritual que devem encher para tentar lhe compreender em plenitude. Mas, do instante mesmo de sua criação, Ele dispôs já essa ponte que suaviza a espera. Seu Espírito descendeu até ti e te observa e acompanha em silêncio. Quem crie que te empurra para a bondade? Quem move seu coração para a compaixão?

Quem imagina que levanta seu decaído ânimo? Quem fortalece sua alma ante a adversidade? Quem te faz sábio e justo? Quem enche suas solidões? Quem é essa voz interior, precavida e dócil, que jamais erra em suas apreciações? Nada há mais agradável e cometido que amar e confiar no Espírito de Deus que te alaga. Nada mais prazenteiro que saber-se habitado e protegido por sua infinita sabedoria. O mundo se tornaria doce e acolhedor se suas criaturas do tempo e do espaço descobrissem o grande secreto que forma parte de seu patrimônio.

»Escuta, Juan, o que muito poucos sabem. Muitas das criaturas que já conhecem sua presença amariam a Deus, embora fora menos poderoso e infinito. É sua natureza —bondosa e misericordiosa— a que lhes move ao amor. É admirável que alguém tão grande se entregue com semelhante ternura e devoção ao cuidado e à educação de suas mais pequenas criaturas. Não esqueça que a experiência de amar, em grande medida, é uma resposta direta à experiência de ser amado. Sabendo então que o Pai Universal me ama, como não lhe amar eterna e incondicionalmente, inclusive embora se visse desposeído de seus atributos de Supremo, Último e Absoluto?”

 O amor não é Deus O Juan que me falava deixou de brilhar e nas mãos do quinto anjo apareceu de novo o coração palpitante, símbolo do quinto secreto. E todos, a um tempo, prostraram-se ante o Amor, proclamando: «Santo, Santo, Santo Senhor, porque seu amor nos persegue agora e ao longo de todo o círculo sem fim das foi eternas.”

E o quinto anjo fechou o livro do quinto secreto da natureza divina. E disse:

«Quando meditar sobre a natureza amante de Deus, não te surpreenda: seu amor crescerá como a sombra do cipreste no ocaso. E adoecerá de amor. É a única lei do Universo. A única moeda. O único santuário. A única verdade. O amor do Pai para suas criaturas, e para ti, Juan, é similar ao de um pai terrestre por seus filhos, com uma única diferença: o amor de Deus é sempre imensamente inteligente e imensamente previdente. Os pais da Terra são limitados. Esquecem às vezes e fracassam em suas estimativas. O amor do Pai dos Céus é sábio. Ele é Amor, embora o amor não é Deus. Não erre em seu pensamento. O amor o pode tudo, mas carece do poder divino. O amor o perdoa tudo, mas só o amor de Deus é capaz da benevolência infinita.

»E agora, escuta o que muito poucos recordam: Deus lhes deu já as máximas provas de seu amor. Lhes deu de presente sua própria essência e são legítimos proprietários dela. revelou-se à Humanidade por meio de seu Filho encarnado e já ninguém pode chamar-se engano. As criaturas do tempo e do espaço deste universo conhecem a verdade sobre sua origem e identidade: são filhos de um Deus e a Ele se dirigem seus passos. Nunca perca de vista que o Pai te ama. Se os homens o esquecerem, converterão o mundo no reino do bem; não no reino do amor. Lamento que seu limitado pensamento não possa conceber o autêntico e real significado da palavra Amor. Pouco ou nada tem que ver esse afeto divino com o conceito humano do amor. Lentamente, quando seu Monitor de Mistério arraste a outras moradas, compreenderá-o.»

 O sexto secreto de sua natureza divina 6 E em minha visão, o sexto guardião leu a sexta revelação. Era aquele um anjo de Bondade, com a túnica de neve do Supremo Sacerdócio. E o sexto cilindro dizia assim: «Podemos ver a beleza divina no universo físico: na geometria luminosa de suas flores, no silêncio esmeralda de suas águas ou no calculado voar dos sóis. Podemos intuir a verdade eterna no mundo da mente. Pere, e a bondade divina? Onde descobri-la?

»Escuta, Juan, o que muito poucos sabem. E escreve-o, tal e como te será relatado, de acordo com a revelação. A bondade de Deus palpita no universo espiritual de cada experiência religiosa. Isso é a verdadeira religião: uma fé forjada na confiança na bondade divina. A Filosofia diz que Deus pode ser grande e absoluto. Inclusive, de uma ou outra forma, pessoal e inteligente. A Religião exige além que Deus seja moral; quer dizer, bom. E eu te digo que este é o sexto atributo de sua natureza divina. O Pai Celestial é Bom por essência. E esta revelação só se alcança através da experiência religiosa pessoal de cada criatura. A religião evoluiria pode voltar-se ética. Tão somente a religião revelada se torna verdadeira e espiritualmente moral. O Filho do Homem lhes revelou isso: o Pai é uma Deidade dominada pela Bondade. Vós são sua família e Ele é bondoso com os seus.”

 O Pai de todos «Agora escuta, Juan, para que outros façam suas as palavras deste sexto secreto. Não existe nada no universo que não proceda da Bondade de Deus. Bendito o homem que se confie nele! Terá achado seu sustento e a paz. É hora de esquecer a voz dos profetas. Eles proclamaram a um Deus do Israel, sempre justiceiro, abrasador e condutor de um único povo eleito. O Filho do Homem lhes trouxe a boa nova. O Deus da guerra e da cólera foi substituído pelo Pai amoroso de todas as criaturas. Nunca houve um Deus do Israel. Nunca houve um Deus vingativo e castigador. Não confundam os desejos dos homens com a realidade divina. que chamam Jesus do Nazaret lhes manifestou a grande e única verdade: o Pai Universal foi, é e será a máxima expressão da Bondade. Deus não ama como um pai, a não ser em tanto que pai. A Retidão implica que Deus é a fonte da lei moral no universo. E a Verdade lhe faz ressurgir como um Professor: o supremo Professor. Mas não esqueçam que o amor está no centro. Seus profetas e sábios supõem erroneamente que a Retidão de Deus é irreconciliável com seu Amor de Pai. Algo assim significaria a ausência de unidade na natureza da Deidade. De fato, este engano lhes conduziu a uma doutrina indigna do Pai: o evangelho do resgate. Deus não salva a ninguém. Estão salvos pelo glorioso feito de ser seus filhos. E embora a iniqüidade cobrisse suas almas, Ele espera sempre. Não somem a sua natural imperfeição as imperfeições do passado. Ninguém pode perder seu estatuto de filho do Muito alto. E muito menos, pelas hipotéticas culpas de alguém que lhes precedeu. Está escrito, embora não têm descoberto seu maravilhoso significado: "O Filho do Homem não foi imolado para satisfazer a vingança do Todo-poderoso e saldar assim uma velha dívida. O Justo se somou à morte por própria vontade, para que não temam o seguinte passo de sua carreira ascensional. Ele deveu proclamar sua condição de filhos de um Deus; não a lhes resgatar das garras de um Deus." Essa doutrina do resgate é, de uma vez, um insulto à unidade e ao livre-arbítrio do Pai Celestial.”

 A morte: um sonho «Voltem os olhos para o Ressuscitado. Temem a morte porque não a conhecem. Ele lhes mostrou a verdade: uma realidade gozosa. A morte foi disposta pelo Pai, não como um mal, mas sim como um princípio. Temer à morte é temer a Deus. É que podem esperar algo indigno do que lhes deu de presente a vida e a imortalidade? Não julguem com os talentos de sua limitação. A morte é um sonho de que despertarão ressuscitados em um novo mundo. Mas esse será só o começo da larga marcha fora da matéria. E outras mortes lhes sairão ao passo, sempre mais à frente. Todas foram calculadas para seu bem, da mesma forma que cada amanhecer representa uma nova e lhe apaixonem aposta pela vida.

»por que associam o pecado com a morte? Certamente, Deus aborrece o pecado, mas ama aos pecadores. Nem sequer ante a iniqüidade pura pode trocar sua face e mostrar-se colérico. A Bondade Infinita não sabe dessas torpes palavras humanas. O pecado não é uma realidade espiritual. Só a Justiça Divina adverte sua existência. Seu Amor o transcende e cai sobre o pecador, acolhendo-o. Só se o pecador termina por identificar-se com o pecado pode modificar-se este comportamento da natureza divina. Mas são muito escassos os que escolhem a maldade. Uma criatura mortal do tempo e do espaço que se autoidentificase com a iniqüidade transformaria seu estatuto, extinguindo-se. Mas não temam. Sua imperfeição lhes protege da grande iniqüidade. Seus enganos são sempre fruto e conseqüência da pesada carga material que suportam. Ele sabe e sua Bondade dilui sua inconsciência.»

 O anjo da beleza e da verdade 7 E o sétimo e último dos anjos guardiães dos sete livros dos sete secretos da natureza de Deus se abriu passo até mim. Era uma donzela. E sua beleza era tal que eclipsava aos restantes poderes E antes de abrir o livro de Deus disse: «Juan, toca meu corpo.» E assim o fiz.

E seu corpo era real e tão certo como o meu.

«Agora já sabe que a Beleza é real. Eu sou a guardiana do sétimo mistério: escuta para que possa escrever e outros aprendam depois que você.» E a Beleza abriu o último dos cilindros, proclamando: «Está escrito: são a Beleza e a Verdade os últimos atributos da natureza divina. E ambos se confundem e o universo dos universos não sabe onde começa uma e onde conclui a segunda.

«Escuta, mortal, o que muito poucos sabem. A verdade é bela porque, a sua vez, é completa e simétrica. Não temam procurar a verdade. Não se trata de uma ilusão ou de uma entelequia. A verdade universal e divina é tão certa e real como a rocha que sustenta seu lar. Não lhes percam, portanto, nos sofismas da abstração. As criaturas do tempo e do espaço identificam a verdade com aspectos concretos e limitados da realidade que lhes envolve.

E cada ser humano está capacitado para isolar e descobrir milhares dessas verdades parciais. Mas, nem sequer fundindo essas miríades de verdades relativas obteriam a posse da verdade última. Sua consciência está disposta e preparada para detectar a beleza da verdade e sua qualidade espiritual, mas a posse da grande verdade lhes fulminaria.”

 

O sabor da verdade «Os humanos do tempo e do espaço desejam a felicidade. E eu te pergunto: o que é a felicidade? É possivelmente o poder? Pode encontrá-la na saúde? esconde-se na sabedoria ou na ciência? Tem nome de mulher? Acaso tropeçaste com ela no amor ou na compaixão?”

O sétimo anjo, com forma de donzela, guardou silêncio. Mas meus lábios estavam selados. E a mulher sorriu e todo meu espírito se viu repleto por uma intensa felicidade.

«Já respondeste, Juan, filho do trovão. A felicidade brota no reconhecimento da verdade. E você me reconheceste. A diferença do engano, o sabor da Verdade é sempre um sabor espiritual que só proporciona felicidade. Este é o sinal: reconhecerá a verdade por seu sabor espiritual. Reconhecerá o engano pela tristeza e decepção que lhe cobrem. Deus é essa Verdade. Deus é essa Beleza.”

E os sete poderes se prostraram ante o Livro da Verdade e da Beleza de Deus, reverenciando-o e proclamando: «Santo, Santo, Santo Senhor, que é a Verdade coerente, a Beleza atraente e a Bondade estabilizadora.”

E a suprema guardiana do sétimo secreto leu do livro da Beleza: «Escuta, pois, o que muito poucos sabem. Aqueles que desejem distinguir a suprema beleza, que procurem na realidade. Deus não se oculta. Sua beleza todo o cobre. E assim é acima e abaixo, no finito e no infinito, no escuro e na luz. Se depois desejam possuir essa beleza última, aprendam a discernir a bondade divina que descansa na verdade eterna. Tudo é unidade harmoniosa na Criação: bondade, verdade e beleza.”

 O grande engano de seus pais «passou o tempo de seus pais. passou o tempo da religião do Yavé. O grande engano de seus pais esteve em não saber conjugar a Bondade de Deus com as verdades da ciência e da beleza. A religião acreditou na Bondade do Pai dos Céus, mas rechaçou a verdade e a beleza. A bondade divina não existe em solitário e aisladamente. Os homens necessitam de todas elas. Procuram a verdade, precisam da bondade e se nutrem na beleza. Todo isso forma um único fôlego na natureza do Todo-poderoso. Toda religião que antepor seus mandamentos morais às verdades da ciência, da filosofia e da experiência espiritual ou à beleza da criação e da Natureza perderá seu sentido e os homens a aborrecerão.

«Escuta, mortal, e escreve para que outros não errem: verdade, beleza e bondade são realidades divinas. Que não separe o homem o que é um tudo na essência do Santo dos Santos. Toda verdade é bela e boa. Toda beleza — material ou espiritual— é boa e verdadeira. Toda bondade —já se trate de moralidade pessoal, eqüidade social ou ministério divino— é igualmente bela e verdadeira. Quando a verdade, a beleza e a bondade se fundem e confundem na natureza humana dos filhos de Deus, o resultado é sempre a felicidade. Para obtê-lo só têm que escutar a voz da faísca divina que lhes acompanha. O é imensamente belo, imensamente bom e imensamente verdadeiro. que tenha ouvidos, ouça o que o sétimo livro diz.»

 A visão da ilha de Deus

 O Espírito Divino se apoderou de mim 1 E eu, Juan, humilde servo do Senhor, tive uma segunda visão. Caí em êxtase e o Espírito de Deus se apoderou de mim. E me disse: «Não tema. Eu habito em ti pela graça do Pai. Procedo Dele e sou Ele. E a Ele conduzirei. Sou sua presença. Sou um Monitor de Mistério. Abrirei-te caminho para a Ilha de Deus e verá o que muito poucos mortais viram. Escreve depois quanto veja e escute, para que seus semelhantes conheçam e confiem. O caminho que te mostrarei é o caminho do Paraíso. Outros muitos, antes que você, empreenderam esta larga marcha para a Perfeição. A morte é o sinal que lhes põe em movimento. Mas seu vôo para a Ilha Nuclear de Luz será como um sonho. Não estará submetido à realidade. Não deverá te estacionar nem esperar nas infinitas moradas que separam esta vida encarnada da presença paradisíaca de Deus. Esse comprido peregrinação o cobrirá por ti mesmo, quando assim for disposto por sua infinita Sabedoria.» E eu perguntei: «Como farei semelhante viagem, se não estar morto?» E o Monitor de Mistério que me habita me cobriu com sua roupagem de luz e fui um com ele. E em minha visão escutei sua voz pela segunda vez. E era minha própria voz. E ele disse: «Não tema. Eu sou o poder e a sabedoria. Ele está em mim e eu em ti. Ele te chama. Bastará-te desejando-o. Eu te envolverei por dentro e por fora.”

 Os sete universos do Senhor E envolto em sua luz fui arrebatado para o alto. E senti grande espanto ao voltar a vista para terra, já que meu corpo, como dormido, jazia na terra. E vi afastar-se minha casa e também a cidade em que habito e depois os campos e toda a terra. E o azul do céu desapareceu igualmente e me vi envolto nas trevas do desconhecido. E vi a Lua e o Sol e miríades de estrelas, mas sua luz não era suficiente para limpar a negrume. E essa negrume era como o azeviche e se propagava ao longo e ao largo. E o Monitor de Mistério falou de novo: «Este é seu primitivo lar: um universo entre universos. Um entre cem mil. E esses cem mil universos logo que são nada.» Mas eu não compreendi. E assisti maravilhado ao passo veloz daqueles milhões de nebulosas estreladas, de sóis como fornos e de mundos e de luas de mil tamanhos diferentes. E perguntei onde se achava o Paraíso. Possivelmente no centro daqueles cem mil universos? E o Monitor disse: «A obra de Deus escapa aos limites do conhecimento dos homens. Estes cem mil universos que agora cruza só são uma ilha de vida no Grande Universo. Recebem o nome do Superuniverso. Outros seis como este giram em torno do Grande Universo e cada um desses Superuniversos está formado por outros cem mil universos, todos eles palpitantes de glória e de sabedoria. te limite a admirar a obra do Pai porque é inútil sua compreensão.”

 O Grande Universo do Senhor E em minha visão, agasalhado pela luz do mensageiro divino, aqueles cem mil universos ficaram atrás. E a negrume se fez mais tenebrosa. E aquele Superuniverso —meu primitivo lar— apareceu ante mim em toda sua glória, como uma roda de luz, girando como um torvelinho e flutuando em um nada pela misericórdia de Deus. E vi outra amostra do poder divino, tão imensa que não existem palavras para descrevê-la. Outra roda de luz, imensamente maior que a roda do Superuniverso, parecia flutuar e girar e palpitar em meio da negrume de um nada. E a seu redor estavam os sete Superuniversos, como gotas de água salpicadas de um mar. E tudo guardava uma grande e sublime ordem. E cada Superuniverso, os sete, eram iguais. Todos como rodas brancas de luz, girando em torno da grande roda central. E perguntei pela segunda vez onde se achava o Paraíso. Possivelmente no centro daquela gigantesca roda? E o Monitor respondeu: «Isto que vê é só parte da obra de Deus. Suas dimensões reais escapam ao conhecimento das criaturas evoluiria do tempo e do espaço. Essa grande roda de mundos a que te aproxima pela graça e a benevolência do Pai recebe o nome de Grande Universo. Nela se contêm todos os corpos celestes habitados e por habitar, assim como o espaço que os rodeia. Tudo que viu e te dispõe a ver forma o Grande Universo. Mas, mesmo assim, a obra de Deus é muito mais. Nos limites do Grande Universo se abre outra parte da criação increada. É o espaço exterior, tão profundo que não é possível concebê-lo. Nele se preparam novos universos, Superuniversos e Grandes Universos. E chegará o dia em que criaturas como você, de tão humilde origem, serão chamadas a povoá-lo e elevá-lo para a Suprema Perfeição. E toda esta infinita obra divina —o Grande Universo e o chamado espaço exterior— recebe um último nome: o Professor Universo. Mas a obra de Deus é muito mais.»

 Viaje pelo Grande Universo do Senhor 2 E em minha visão, a grande roda de mundos que chamam Grande Universo se extinguiu ante meus olhos. E não soube compreendê-lo. E o Monitor que me habita falou e disse: «Não tema. O Grande Universo do Senhor é perfeito. Nada trocou, embora os olhos de seu espírito criam o contrário. penetramos nas fronteiras de suas fronteiras. Dois anéis de mundos escuros abraçam e rodeiam ao Grande Universo, fazendo-o invisível ao resto dos Superuniversos que o escoltam e circundam. Um roda em sentido vertical e o segundo o protege em horizontal. São circuitos inabitados, tão capitalistas que nada escapa a seu poder: nem sequer um raio de luz. Estes corpos escuros equilibram e fazem estável a grande roda interior de mundos. E seu número e tamanho são tais que a mente de um mortal necessitaria mil vistas para contá-los.”

E guiado pela invisível chamada da Ilha Eterna do Paraíso, o Monitor de Mistério atravessou comigo os anéis de mundos escuros e gigantes. E o mais sublime dos êxtase se apoderou de meu espírito. Frente a mim, humilde servo do Grande entre os Grandes, apareceram sete anéis de luz, tão imensos e majestosos que não cabem em intelecto humano algum. E de novo perguntei se aquele era o Paraíso. E a presença divina disse: «A obra de Deus escapa às curtas fronteiras das mentes de seus filhos evolucionarios. Estes sete cordões de esferas perfeitas recebem o nome de Universo Central da Havona. Mas não são o coração do Grande Universo. O primeiro dos anéis soma trinta e cinco milhões de esferas. O último, mais de duzentos e quarenta e cinco milhões. E esses um bilhão de esferas são perfeitas em sua natureza e tudo que nelas vive e se desenvolve é igualmente perfeito. São as últimas moradas das legiões de filhos de Deus que se encaminham à Ilha Eterna de Luz. Esse também será seu lar no futuro dos futuros.»

 As portas do Paraíso 3 E ao cruzar os sete anéis de esferas perfeitas da Havona, meu Deus e mensageiro se deteve. E em minha visão vi como se ajoelhava e eu me ajoelhava nele. E ante mim surgiram as portas sem portas do Paraíso. O centro do Grande Universo se elevava ante mim e sua luz era cegadora. Então soube que minha viagem tinha chegado a seu fim. E a voz do divino Monitor de Mistério anunciou: «Não está em meu poder que transcenda os limites das 21 esferas sagradas que rodeiam e guardam a Ilha Eterna de Luz. Ante ti se levanta a Glória da Casa do Pai. Esse é seu verdadeiro destino e o destino de todos os filhos do Muito alto. Escreve quanto veja e escute porque te acha em lugar sagrado.”

Desta forma soube que a Ilha Eterna de Luz —chamada também Casa do Pai e Ilha Eterna do Paraíso— não é fruto da imaginação ou do desejo dos mortais, a não ser uma realidade física, sublime e indescritível. E o Monitor de Mistério falou assim: «Essas esferas que tem ante ti e que giram ao redor da Ilha Nuclear de Luz formam os três circuitos trinitarios. São as portas da Casa do Pai. Cada uma dessas 21 esferas é um forno de que partem as energias organizadoras viventes. Todas levam um nome e todas estão ao serviço do Pai, do Filho Criador e do Espírito Infinito.» E vi como aquelas esferas, sete primeiras, sete segundas e sete terceiras, eram na verdade como pequenos pontos de luz ao lado da Casa do Pai. E o mensageiro divino que me habita disse: «Não pretenda entender o que, por seu tempo, nem sequer existe. A Ilha Eterna do Paraíso é tão imensa, tão gloriosa e bela que só quão afortunados já culminaram sua carreira ascensional poderiam senti-la: nunca descrevê-la. A seus olhos se assemelha a uma infinita roda ou ilha de luz e com isso basta. É sua presença real o que deve te encher de esperança. Para ela, lenta mas progressivamente, voam quantos fostes criados e distinguidos pelo amor do Pai.» E em minha visão foi dado conhecer que o Paraíso existe independentemente do tempo e que é o centro eterno do Grande Universo e que dele nasce o espaço e quantas energias físicas são e sustentam o criado. E seu grande eixo é um sexto mais comprido que seu pequeno eixo e que determina o Norte astronômico absoluto. E todos os corpos celestes que foram, são e serão se medem e orientam segundo a Casa do Pai.

 

Todo o espiritual é real 4 E das 21 portas do Paraíso vi sair outros tantos cavaleiros alados. Doze passaram de comprimento, derramando a vida a seu passo. Eram os sembradores divinos dos espaços criados e increados. Os outros nove me chamaram por meu nome. E o primeiro disse:

«Juan, não chegaste em vão até as portas da Suprema Bondade. Escreve quanto veja e escute. Isto é o que tem escrito na primeira porta: "Os seres e as coisas espirituais são reais. Também o é a Casa do Pai. Ela é o centro do criado e o lugar onde moram o Pai Universal, o Filho Eterno e o Espírito Infinito. Aqui habitam também seus associados divinos."» E o segundo arauto de Deus disse:

«Juan, não chegaste em vão até as portas da Suprema Beleza. Isto preside a segunda das portas do Paraíso: "A Ilha de Luz é o coração cósmico do Professor Universo. Nada lhe iguala em beleza e perfeição. Esta é a casa material e espiritual da Trindade. Esta é a Residência Divina."» E o terceiro dos cavaleiros alados disse:

Juan, não chegaste em vão até as portas da Suprema Verdade. Escuta o que nela se anuncia: "Hei aqui a Casa da Deidade. A presença pessoal do Pai habita no centro mesmo da superfície superior desta morada circular. E junto ao Pai se acha o Filho e ambos os som revestidos pela glória do Espírito Infinito. Ele habita, habitou e habitará perpetuamente esta Ilha Nuclear de Luz. Sempre lhe encontramos nela e assim será, inclusive mais à frente do não-tempo. Este é seu lar. Esta é a Casa do Pai. Esta é nossa Casa."»

 O caminho para o Paraíso E o quarto emissário disse:

«Juan, não chegaste em vão até as portas da Suprema Sabedoria. Isto foi gravado na quarta porta: "Só as personalidades da Divindade conhecem os caminhos do Paraíso. Mas todos estão chamados a ser Deus. Todos encontrarão o atalho para o coração do Professor Universo. Todos amanhecerão na Morada do Pai. Ao igual ao bom piloto sabe achar os rumos e os portos, assim, os filhos do Muito alto, sempre guiados pela presença divina que os habita, saberão navegar pelos universos dos universos até descobrir o grande resplendor central da Casa de Deus. Você, que chegaste até aqui, sabe agora que as promessas divinas nunca são estéreis."» E o quinto enviado disse:

«Juan, não chegaste em vão até as portas do Supremo Amor. Isto diz a quinta porta: "Quanto aqui as, aqui permanecerá por toda a eternidade. Nada pode modificar a essência e a convocação da Ilha Eterna. Os rios de vida que dela entram e saem e as correntes de energia que dela emanam são os alicerces da Criação. Sem a Casa do Pai, tudo seria caos."»

 A capital de Deus E o sexto disse:

«Juan, não chegaste em vão até as portas da Suprema Infinitud. Quanto figura escrito na sexta porta corresponde à verdade. Esta é a capital de Deus. Esta é a capital dos reino materiais e espirituais: a mais excelsa e infinita das moradas e sedes. Todo rei tem seu trono. Este é o trono do Supremo Rei.» E o sétimo dos cavaleiros alados disse:

«Juan, não chegaste em vão até as portas da Suprema Retidão. Isto reza sobre a sétima das portas do Paraíso: "Só aqui existe a quietude. Só a Ilha Eterna permanece imóvel. Só ela, em sua imobilidade, é causa de todo movimento."» E o oitavo disse:

«Juan, não chegaste em vão até as portas da Suprema Justiça. Escreve o que proclama o dintel da oitava porta da Casa do Pai: "Hei aqui o caminho para o Alto Paraíso. Hei aqui o caminho para o Sob Paraíso. O primeiro é o universo das atividades pessoais e da Trindade. O Absoluto Incondicionado habita no segundo."» E o último dos cavaleiros alados disse:

«Juan, não chegaste em vão até as portas da Suprema Misericórdia. Escuta minha voz, a do arauto da novena porta. Assim foi escrito sobre a eternidade: "Tudo nasce na Casa do Pai Universal. O espaço brota do Sob Paraíso e o tempo, do Alto Paraíso. Aqui não há tempo. Esquece outras realidades, outros tempos e outros mundos. Esta é a realidade de um mundo sem tempo. A Casa do Pai é o no-espaço. Suas superfícies são absolutas e seus serviços incomensuráveis, dignos da Suprema Misericórdia. Nela te encontra."» E em minha visão soube que as outras doze portas da Ilha Nuclear de Luz são portas seladas e que só se abrirão no não-tempo.

 O absolutum 5 E os mensageiros de Deus retornaram a suas portas. E o Monitor de Mistério seguiu ajoelhado ante a majestade do Paraíso e eu nele. E o Deus que me habita e que me tinha conduzido até as 21 esferas santas, portas todas da Casa do Pai, pôs em minhas mãos o cofre da Verdade do Paraíso. E ao abri-lo achei nele a Lei da Grande Morada da Deidade. E foi Ele quem leu a Lei «Escreve depois o que escute. Isto é o que é e o que guarda o que se levanta ante ti. Esta é a revelação de Deus. Isto é a Ilha Nuclear de Luz. Juan, escuta o que foi escrito antes do tempo e do espaço.”

E essa Lei dizia:

«A Casa do Pai é física e espiritual. Sua natureza física não tem réplica no resto do criado. Essa substância física é uma organização homogênea de potências. Esta matéria prima do Paraíso não está morta nem viva. É chamada absolutum e é a expressão original não espiritual de Deus. define-se por si mesmo: é o Paraíso e não existem dois Paraísos.”

 O Alto Paraíso «Isto é o Alto Paraíso. Três esferas divinas o constituem: a esfera da Presença da Deidade, a esfera Muito Santa e a esfera Santa. O intelecto das não Deidades não pode penetrar nem suportar a Presença Divina; só adorá-la.

»Isto é a esfera Muito Santa: uma quase infinita região que circunda à primeira esfera —a da Presença da Deidade— e que foi reservada para o culto, a trinitización e o lucro espiritual superior. Nada físico ou material, nada do criado nos universos do Grande Universo, pode sobreviver na esfera Muito Santa. Nem sequer as máximas criações intelectuais. Hei aqui o reino do Espírito Superior. Os peregrinos do tempo e do espaço só conhecem a esfera Santa e assim será mais à frente do não tempo.”

E a Lei da Grande Morada da Deidade diz: «Isto é a esfera Santa: as sete casas paradisíacas do pai. Somam sete e todas giram ao redor da esfera Muito Santa. A primeira, a muito próxima à esfera Muito Santa, é habitada pelos filhos nativos do Paraíso e da Havona.. A segunda é residência dos filhos dos sete Superuniversos do tempo e do espaço. Seus irmãos aguardam aqui sua definitiva ascensão. E a segunda das moradas paradisíacas do pai foi dividida em sete moradas e nelas cumprem seu destino legiões de seres espirituais e miríades de criaturas ascendentes. E cada uma das sete grandes moradas da esfera Santa está consagrada à Felicidade e ao avanço na Perfeição dos filhos evolucionarios de cada um dos sete Superuniversos do Grande Universo. E a Lei do Paraíso diz que essas sete regiões da esfera Santa apenas se se encheram. Porque cada uma dessas sete moradas é fruto do Amor e da Infinitud de Deus. E a Lei diz: Cada morada da esfera Santa será dividida em unidades residenciais. E em cada uma morará um trilhão de grupos ativos de filhos glorificados. E mil unidades residenciais serão uma divisão. E cem mil divisões serão uma congregação. E dez milhões de congregações serão uma assembléia. E um trilhão de assembléias serão uma grande unidade. E sete grandes unidades serão chamadas unidades professoras. E assim será até o infinito. E a Lei diz: E mesmo assim, as sete moradas da esfera Santa seguirão sem encher-se. E nem sequer se encherão com as multidões de filhos glorificados que nascerão no futuro eterno.”

 O Sob Paraíso 6 E essa Lei dizia: «Só a Deidade conhece o Sob Paraíso. Tudo que aqui foi recolhido nasce da revelação divina. Nenhuma criatura —perfeita ou evoluiria— penetrou jamais os mistérios das antípodas do Alto Paraíso. Ninguém reside no Sob Paraíso. Nem sequer a Deidade Absoluta. A revelação diz que é o seio de todos os circuitos de energia física e da força cósmica. É o coração do poder físico e o eterno manancial do fluxo energético que comove o Professor Universo. Em seu centro se instala a zona escura e inexcrutable da Infinitud. E outra região de Mistério rodeia ao mistério da Infinitud. E no bordo exterior do Sob Paraíso flui a Força e a Força das Forças que todo o alimenta. É o braço e o fôlego do Professor Universo. E a revelação diz: "Este forno de Força está formado por três anéis concêntricos. O primeiro e interior assume as atividades energéticas de força da Ilha Nuclear de Luz. O exterior assume as funções do Absoluto Incondicionado. O segundo anel apenas se tiver sido revelado aos filhos do Todo-poderoso."» E a Lei diz:

«Isto é o primeiro anel da superfície exterior do Sob Paraíso: um coração eterno e invisível que bombeia a energia precisa até os limites do espaço físico. Ele dirige e modifica as energias de força. E essa força-mãe do espaço ingressa pelo sul e flui pelo norte.”

E a Lei diz:

«Isto é o anel central da superfície exterior do Sob Paraíso: um coração eterno e invisível que pulsa, regulando os espaços vazios e intermédios do Professor Universo. A realidade não foi revelada e permanece no mistério. Só foi escrito que pulsa.”

E a Lei diz:

«Isto é o terceiro anel da superfície do Sob Paraíso: um sol indescritível e infinito que irradia em todas direções, alcançando os limites extremos dos sete Superuniversos e os vastos e incompreensíveis domínios do espaço increado. Este sol responde à vontade e às diretrizes das Deidades infinitas, quando estas atuam como Trindade. Todas as formas de força e todas as fases de energia circulam pelo Professor Universo, retornando ao Paraíso por rotas precisas. As pulsações desta zona exterior da Ilha Nuclear de Luz se repetem em ciclos de proporções gigantescas. E a Lei diz: durante um trilhão de anos dos mundos do tempo e do espaço, esta força é centrífuga. E durante um trilhão se volta concêntrica. E essas manifestações de força espacial são universais.”

E a Lei diz:

«E todas as forças e a matéria não são mais que uma só coisa. E tudo nasce do Sob Paraíso. E tudo retornará a ele. E essa expansão e contração do espaço acontece a cada dois trilhões de anos do tempo dos mundos evolucionarios.» E do cofre da Verdade do Paraíso surgiu a terceira e última revelação sobre a Lei que o descreve e governa. E esta é a Lei do Paraíso Periférico:

«A Ilha Nuclear de Luz —a Casa do Pai Universal— não só a formam o Alto e Sob Paraísos. Também o Periférico cumpre seu papel.

«Isto é o Paraíso Periférico: as áreas de partida e desembarque das legiões de filhos do Santo entre os Santos. Isto diz a Lei: a Ilha Eterna termina bruscamente em sua periferia. E suas dimensões são tão inimagináveis que seus ângulos terminais resultam pouco menos que imperceptíveis.»

 O Alto e Sob Paraísos, inabordáveis «Não foram feitos o Alto e Sob Paraísos para o pé dos filhos de Deus. Ambos são inabordáveis. Só o Periférico foi disposto para os supernafines transportadores e para o resto dos franqueadores de espaços e de tempos. Aqui chegam e daqui partem os Mensageiros Solitários e quantos filhos de Deus são e serão. Aqui têm seu lar os sete Professores Espíritos. Aqui, no Paraíso Periférico, foram levantados os imensos parques históricos e proféticos, que contêm o passado de cada um dos Filhos Criadores e de seus respectivos universos locais do tempo e do espaço. E são sete trillones os que já emergem na periferia da Casa do Pai. E contudo, esses sete trillones de parques não são nem quatro por cento do que a glória de Deus tem estabelecido. E a glória do Pai é infinita.”

É por tudo isto que foi escrito: «O olho não viu, o ouvido não escutou e o pensamento dos mortais não percebeu as coisas que o Pai Universal preparou para aqueles que sobrevivem à vida da carne sobre os mundos do tempo e do espaço.» Quem tem ouvidos, ouça a Lei que rege e descreve as muitas moradas da Casa do Pai.

 O Paraíso: a meta final 7 Também foi escrito: «Na Casa de meu Pai há muitas moradas.» Esse é o destino de quantos foram criados com vontade. Essa é a meta dos altos e dos perfeitos, dos mortais e de todas as personalidades espirituais que regem, governam ou sustentam os mundos perfeitos e os mundos do espaço e do tempo. Mas esse destino supremo não se alcança com a morte. A carreira ascensional para as criaturas evolucionarias e inclusive para legiões de filhos criados em perfeição é lenta e dilatada. A radiante Presencia do Pai se aloja na Ilha Nuclear de Luz. Não lhes enganem com as promessas das religiões dos mundos do tempo e do espaço   O sonho da primeira morte conduz à luz; nunca à Suprema Luz. Antes é preciso percorrer o ascendente caminho da Infinitud. E o Paraíso é o centro geográfico da Infinitud. O Paraíso é a residência eterna, gloriosa e real do Pai. Não uma entelequia. Sua morada é o modelo de todas as moradas. O Paraíso é a sede universal de quantas atividades têm que ver com a personalidade É a fonte central de todas as manifestações de força e energia espaciais. Tudo que existiu, existe v existirá procede da morada do Pai. O Paraíso é o coração de toda a Criação. dele procedemos e a ele retornaremos. Tudo mortal que descubra a Deus e se comprometa em sua busca terá empreendido um caminho sem retorno. O único caminho: o da Ilha Nuclear de Luz Benditos todos aqueles que se sintam peregrinos do Paraíso!»

 

E depois disto fui devolvido à negrume. E em minha visão vi, ao norte do Grande Universo, o primeiro dos Superuniversos. E era como uma roda dentada, plena de luz e de glória. E nele foram reunidos cem mil universos mais pequenos. E em el.centro do primeiro Superuniverso se acha a primeira Escola de Deus. E nela se acostuma o primeiro dos atributos da Deidade. E o primeiro dos Sete Espíritos Professores me falou assim:

 Vamos, nos céus e abaixo, na terra «Só Deus é onipresente. Escuta, filho da terra, a primeira maravilha do Pai.

»A aptidão de Deus para estar simultaneamente presente em todas partes, em todos seus reino e em toda sua Criação forma o primeiro de seus atributos: a ubicuidad divina. Só Ele pode achar-se em um mesmo instante em infinitos lugares. Deus está simultaneamente acima, nos céus e abaixo, na terra. E foi escrito: "Onde irei me afastar de seu espírito? Para onde fugirei para escapar de sua presença?”

»É1 enche os céus e a terra. Ele é um Deus ao alcance da mão. Quem pode lhe igualar? Ele enche a fração e o tudo. Ele é a plenitude. Ele o enche tudo em tudo. Ele o anima tudo em tudo. E, mesmo assim, a totalidade do Pai é muito mais. Nem o criado nem o increado podem lhe conter. Ele os transborda e transborda. Como poderei revelar ao Infinito do finito? Jamais a causa poderá ser plenamente compreendida por seus efeitos. O Pai Universal é imensamente maior que sua própria obra. Sua obra é só a sombra fugaz de alguém que aconteceu. Deus foi revelado à Criação, mas a Criação não pode abranger seu Infinitud.”

 Nada se esconde a seu ubicuidad «Seu rastro está em tudo. Olhem aos céus e ali está sua mão. Olhem em seus pensamentos e ali está sua essência. É o dom divino. É o Monitor de Mistério. O homem mortal procura deus nas estrelas e na cara oculta da natureza, sem saber que faz tempo se instalou em sua alma. Este Deus não é um Deus longínquo. Sua voz é nossa voz. Sua luz é nossa luz. Não procurem companheiros de viagem. Ele é o grande companheiro. Seu ubicuidad é conseqüência de seu infinitud. Onde poderão lhes esconder? A Criação não é obstáculo para a Deidade. Só os néscios clamam e exigem sua presença física e visível. A fulgurante presencia divina só é possível na Morada da Deidade. Só no Paraíso é possível sua contemplação. Não esperem contemplá-lo no resto da Criação. Ali, sua infinita Sabedoria delegou nos chefes e criadores dos universos do tempo e do espaço, confirmando assim sua excelsa soberania. No conceito da Presença Divina é necessário deixar espaço a um amplo campo de modalidades e de canais de manifestação, que abrangem os circuitos de presença do Filho Eterno, do Espírito Infinito e da Ilha Nuclear de Luz. Só nos Monitores de Mistério, dados de presente a todas as criaturas evoluiria, está a mão direta, pessoal e amorosa do Pai. Este é seu grande patrimônio.”

 Deus o impregna tudo «O Pai Universal o impregna tudo. Ele está nos circuitos e nas correntes de força do Paraíso. Ele está em cada grama de matéria do Professor Universo: na luz dos Superuniversos e na negrume dos espaços increados. Ele está em todos os tempos e no não-tempo. Ele está nos depósitos do futuro e nas reservas do passado. Ele está em si mesmo e além de si mesmo. E essa presença divina em todo o criado guarda seus graus. O reconhecimento de Deus por parte de suas criaturas e seu grau de lealdade determinam a intensidade de dita presença. Mas inclusive os mundos rebeldes, obstinados e sumidos nas trevas do engano gozam da mão do Senhor. Em vós, criaturas dotadas de vontade e habitadas por um Deus, está a sublime possibilidade de intensificar essa presença da Deidade. Basta desejando-o. Basta reconhecendo ao dom que lhes foi agradável da Ilha Nuclear de Luz. Não culpem ao Pai de suas íntimas solidões. As flutuações da presença de Deus não são devidas a sua variabilidade. Deus não troca. Deus não se retira ou desaparece porque tenha sido desprezado. Deus não foge da maldade ou do engano. Deus não se afasta de suas criaturas imperfeitas. São vós os que recebestes o poder de escolher. Deus penetra a alma humana —aberta ou fechada ao conceito e à necessidade de perfeição— com idêntica intensidade. Mas o faz mais abundantemente sobre o espírito que lhe reclama.»

 Não há poder, mas sim de Deus 2 E em minha visão vi também a segunda roda de mundos: o segundo Superuniverso, ao norte do Paraíso, preparando-se para virar para o oeste. E, como o primeiro, assemelhava a uma roda dentada, branca e plena de glória. E no centro de seus cem mil universos se acha a segunda Escola de Deus. E nela se acostuma o segundo dos atributos da Deidade. E o segundo dos Sete Espíritos Professores me falou assim:

«Só Deus é o Poder. Escuta, filho da terra, a segunda maravilha do Pai.

»Está escrito: "Não há poder, mas sim de Deus." Toda a criação sabe: "O Onipotente rainha." Ele vigia os assuntos de todos os mundos. Ele governa nos exércitos celestiales e nas criaturas. Nele tudo é possível. Nele todas as coisas são possíveis. Ele sustenta os universos e os faz circular no círculo da eternidade. Tudo foi escrito por Ele e tudo segue seus intuitos.

»De todos seus atributos, a Onipotência é o melhor compreendido nos vastos domínios da matéria. É justo, já que Deus é também energia. Tudo é manifestação de seu poder: a luz que lhes ilumina, a noite que lhes cobre, a vida que recebestes, a que lhes permitiu transmitir e até o sonho da morte. Ele riscou os caminhos da luz e a ordem dos sistemas planetários. Ele decretou a hora e o modo de manifestação de todas as formas de energia e de matéria. Não há uma só fibra de erva que não tenha brotado de acordo com seus planos e sabedoria. Não há engano na natureza. Só em seus corações limitados. Nada morre ou desaparece por engano divino. Tudo se transforma, de acordo com seus intuitos. por que duvidam então? Nenhum filho imortal, consciente de sua filiação divina, pode duvidar de seu Pai Celestial. Ele é o poder e a glória. Ele vigia até o último de seus cabelos e até o mais recôndito de seus pensamentos. São para Ele como o cristal. E toda a Criação é como o cristal. Ele, em seu infinito poder, ajusta seus imperfeitos pensamentos mercê aos Monitores de Mistério. Deixem que esse dom divino lhes conduza.»

 Seu poder não é cego nem incontrolado «Ante situações de emergência, ante a aparente suspensão de leis naturais e imutáveis, ante os fictícios vazios de Deus, seu limitado intelecto duvida. E dúvida, inclusive, do reto poder divino. Este humano conceito de Deus é próprio de criaturas que o ignoram tudo sobre as sagradas e excelsas leis da Deidade e sobre a infinitud dos atributos do Pai. Deus não é uma força cambiante. Seu poder é férreo e monolítico. Seu poder e sabedoria estão preparados para fazer frente a todas as exigências da Criação. As grandes prova da existência humana foram previstas com antecipação. Ele as conhece e controla. Ele as permite. Ele ata e desata. Nada no Grande Universo ou nos espaços increados escapa à harmonia infinita. Na aparente violência destruidora do raio está a harmonia. No duelo e no sofrimento se consolida a harmonia. A tormenta limpa e harmoniza. Na rebelião e no desamor também campea a possibilidade da harmonia. Não julguem pelas aparências. O poder de Deus não é uma força cega. As criaturas habitadas pelo Espírito de Deus e dispersas nos Superuniversos estão tão próximas em número a infinitud e suas mentes resultam ainda tão imperfeitas e grosseiras que é quase impossível formular leis gerais que expressem com precisão os atributos infinitos do Pai Universal. Só por isso, muitos dos atos do Criador lhes desejam muito cruéis, arbitrários e absurdos. Está escrito: "Os caminhos do Senhor são inexcrutables." E eu, um dos Sete Espíritos Professores, digo-lhes: os caminhos do Senhor são inexcrutables para a criação limitada dos mundos do tempo e do espaço. Os caminhos do Senhor são sábios e amorosamente riscados desde o começo dos princípios. Mas vós, criaturas mortais, não podem entendê-lo. Os atos de Deus são inteligentes, benevolentes e sempre intencionados. Tomam em consideração o bem maior, embora esse bem supremo e geral possa obscurecer transitoriamente o Destino ou a felicidade de um ser, de um mundo ou de toda uma associação de mundos. Nos universos do tempo e do espaço, a felicidade de uma fração difere em ocasiões da felicidade do conjunto. No círculo da eternidade, essas aparentes anomalias não existem. Estão limitados por sua natureza humana. E isso provoca que seus pontos de vista sejam essencialmente materialistas, fragmentários, finitos e relativamente verdadeiros. São como cegas toupeiras que jamais conheceram outro mundo que o de suas escuras galerias. Mas eu lhes asseguro que por cima desses túneis existem outros infinitos mundos, imensamente mais belos e imensamente mais justos. Temporalmente, enquanto dure sua atual encarnação na matéria, estarão parcialmente cegos e surdos, sem possibilidade de compreender em todo seu esplendor a benevolência e a sabedoria dos atos divinos. Muitos desses atos lhes desejam muito cruéis e alheios à felicidade individual e coletiva dos homens. Algum dia, não muito longínquo, compreenderão que todo o criado forma a grande família de Deus e que nessa família não há distinções, a não ser amor. O menino mortal não compreende às vezes as soube e justas decisões de seu pai ou de sua mãe terrestres. Mas todas elas são concebidas e postas em ação por ele bem estrito do filho. É sua infantil natureza —imensamente jovem no conjunto do criado— o que distorce sua idéia de Deus e faz que lhes enganem sobre seus móveis e amorosos intuitos. Mas algum dia crescerão.»

 Os limites do poder de Deus «Não existem limites ao poder de Deus, salvo aqueles que Ele mesmo, por sua própria vontade, decidiu estabelecer em suas manifestações espirituais. Estas são as três únicas realidades que condicionam essa Onipotência: a natureza divina. Em especial, seu amor infinito. A vontade divina. É especial, sua tutela misericordiosa e seus paternais relacione com as personalidades do universo. A lei de Deus. Em especial, a retidão e a justiça da eterna Trindade do Paraíso.

»E1 Pai Universal é, pois, ilimitado em seu poder. É divino em sua natureza. É final em sua vontade. É infinito em seus atributos. É eterno em sua sabedoria e absoluto em sua realidade. E tudo isto aparece unificado na Deidade e se expressa umversalmente pela Trindade e pelos divinos Filhos da Trindade.»

 Deus chama a cada estrela por seu nome 3 E depois disto vi a terceira Escola de Deus. achava-se no centro da roda dentada do terceiro dos Superuniversos, aquele que gira na negrume, ao norte do grande atalho do espaço. E este terceiro Superuniverso é como os outros e nele palpitam cem mil universos. E na terceira Escola se acostuma o terceiro dos atributos do Pai. E de novo, em minha visão, escutei a voz do terceiro dos Sete Espíritos Professores da Criação. E falou assim:

«Só Deus é onisciente. Escuta, filho da terra, a terceira das maravilhas do Pai.

»Só Ele conhece o número de estrelas. Só Deus as chama a cada uma por seu nome. Sobre sua consciência repousam todos os mundos criados e os increados. Só Deus conhece todas as coisas. Seu pensamento é o único que está em todos os pensamentos. Ele pesa as nuvens. Seu Filho Criador, encarnado na vida humana, anunciou-o com verdade: "Nenhum só destes pajarillos cairá a terra sem que meu Pai saiba." Seu conhecimento do que já aconteceu, pelo que acontece e do que deverá ocorrer é perfeito e universal. Seus olhos estão na vida e na morte, no visível e no invisível, no tempo e no não tempo. E foi escrito: "Certamente vi sua aflição, ouvi as queixa e conheço os sofrimentos de meu povo." Seus olhos estão nos céus e na terra. Todo filho da criação pode proclamar na verdade e em justiça: "Ele conhece o caminho que eu tomo. E quando me tiver posto a prova, sairei do mesmo como o ouro."»

 Ele conhece sua estrutura «Tudo está nu para Ele. Nem sequer o recôndito labirinto de seus pensamentos escapa a sua visão. Ele sabe de seus avanços e retrocessos. O conhece a debilidade de sua estrutura. Ele sabe que procedem do pó e que o pó lhes limita. Por isso escreve em pedra seus acertos e no ar seus enganos. Ele admira sua tenacidade e respira seu amor. Ele compreende as quedas e a confusão da vontade. Ele está disposto. Nunca se esgota. No princípio, no caminho e atrás do sonho da morte, ali está seu rastro. Ele aconteceu primeiro e Ele passa o último. Ditosas as criaturas do tempo e do espaço que descobrem a permanente e amorosa sombra da Divindade! Não precisarão pedir. Não precisarão suplicar. Não precisarão economizar nem acumular. Tudo será dele, antes inclusive de necessitá-lo. Descansem na vontade do Pai e seu trabalho será suave e ligeiro.”

 Deus nunca é pilhado de improviso “Não está em nossa mão conhecer se o Pai Universal sabe de antemão da iniqüidade de seus filhos. Isso pertence ao mistério insondável de seu Infinitud e de sua Sabedoria. Ele riscou o Destino dos homens e de todas as criaturas. E inclusive na iniqüidade, sua presença não desfalece. Mas, em sua infinita onisciência, permite que nos equivoquemos. Sua divina presença em cada uma de suas criaturas não está enfrentada à liberdade individual. Ambas convivem, embora o Destino final dos filhos evolucionarios seja sempre a perfeição. Vós, filhos do tempo e do espaço, dificilmente podem compreender o alcance e os limites da vontade do Criador. A onipotência não supõe poder fazer o que é antidivino. De igual modo, a onisciência tampouco implica o conhecimento do incognoscible. por que imaginam então que Deus é a causa primitiva do pecado e da iniqüidade? Ele o conhece, mas não o criou. Ele não pode criar o antidivino. A iniqüidade é fruto da liberdade recortada de seus filhos. Por isso, jamais o mal poderá equiparar-se à Deidade.”

 Deus não se esgota 4 E em minha visão apareceu ante mim o quarto dos Superuniversos, girando em metade da negrume. E seus cem mil universos eram como um estalo de luz. Esta é a quarta roda dentada que excursão gloriosa em torno do Grande Universo. E em seu centro se acha a quarta Escola de Deus: a que mostra o quarto dos atributos do Grande Pai. E dela partiu a voz do quarto dos Sete Espíritos Professores. E falou assim:

“Só Deus é ilimitado. Escuta, filho da terra, a quarta das maravilhas do Pai.

«Criem que Deus é como o vento do deserto, que se esgota aos três dias? Criem possivelmente que seu manancial conhece a seca? A infinita e contínua expansão de sua essência não diminuiu seus limites. Deus não tem limites. Ele impõe as fronteiras no material. Mas suas fronteiras ainda não foram desenhadas. A sucessiva e permanente criação de universos não diminui seu poder nem as reservas de sua sabedoria. Estas se acham intactas e seguem repousando na personalidade central da Deidade. O Pai Universal não sabe da palavra diminui. Seu potencial de amor, de poder e de sabedoria é como a luz do sol: jamais retrocede. Nada nem ninguém pode lhe despojar de seus atributos. Nem sequer o eterno derrame de si mesmo desgasta seu caráter ilimitado. Imaginem, se puderem, uma criação infinita. Imaginem, se puderem, um ilimitado universo material ao que seguisse um infinito universo increado. Pois bem, mesmo assim, o poder de controle e de coordenação da Ilha Nuclear de Luz responderia com acréscimo a tão inimaginável criação divina.”

 Deus não empobrece sua sabedoria                                        «Da mesma forma, a ilimitada efusão de seu pensamento divino sobre miriadas de criaturas não empobrece sua sabedoria. No final dos tempos, os filhos evoluídos do Pai não poderão ser contados. Só Deus chamará a cada um por seu nome. E, entretanto, apesar da magnificência dessa obra, os limites e as reservas de sua sabedoria se acharão intactos. É o grande mistério de sua natureza Santa e ilimitada. Ele entra em cada um dos homens e mulheres dos mundos do tempo e do espaço e lhes enche. Mas Ele segue cheio. Legiões e legiões de legiões de Monitores de Mistério povoam os sete Superuniversos, outorgando a cada criatura a suprema possibilidade de vidas futuras e da vida eterna. Ele descarrega assim, em cada um de seus filhos amados, a mais valiosa herança: a imortalidade. E mesmo assim, sua sabedoria e perfeição seguem intactas. Porque o Grande Pai é onipotente, onisciente e imensamente ilimitado. Mas não me peça que seja igual ao Pai. Embora eu proceda dos arredores da Morada Eterna, a Infinitud só pode ser compreendida pela Infinitud. Vós, mortais do reino do tempo e do espaço, desfrutam da sublime possibilidade de um futuro. Nessa larga marcha irão descobrindo o que eu agora não posso lhes revelar.”

 O amor: único caminho para a experimentação de Deus «Assim está escrito na Escola de Deus: nenhuma criatura finita pretenda o Infinito. O pensamento limitado dos filhos limitados não sabe conceber uma verdade absoluta. São pasto das verdades parciais. Um só caminho se abre ante vós. Um só caminho que conduz, não ao conhecimento do Pai, a não ser a sua experimentação. É pelo amor pelo que poderão sentir sua presença. É no amor onde se banha Deus. É com amor como se saldam as dívidas. É o amor a roupagem que lhes faz na verdade a sua imagem e semelhança. E esse amor será tão maior e intenso quanto major seja sua disposição para procurar deus. (Benditos os que, ainda duvidando de si mesmos, esforçam-se no amor! Benditos os filhos evolucionarios que, apesar de seus enganos, não perdem a fé no amor! O amor lhes foi agradável. Trabalhem pois!»

 Deus delega em suas criaturas 5 E vi depois a roda branca, luminosa e dentada do quinto Superuniverso. Navegava na negrume, proclamando assim a glória do Senhor. E do coração de seus cem mil universos recebi a chamada do quinto dos Sete Espíritos Professores: que vela na quinta Escola de Deus. E em minha visão escutei:

«Só Deus governa. Escuta, filho da terra, a quinta maravilha do Pai.

»E1 Pai não atua diretamente nos Superuniversos. Hei aqui outra de suas excelsas prerrogativas. São seus chefes, delegados e personalidades espirituais quem lhe representa no governo do criado. E isto obedece a sua própria vontade. E é assim como Ele governa sobre tudo o criado e o increado. E sua eleição é sempre justa e infalível. Não em vão foi escrito: "Ele destrona reis e os eleva. Todas as terras e mundos lhe pertencem e os Muito Elevados mandam nos reino dos homens." O Pai governa assim do mais alto ao mais baixo. Sori, seus filhos quem lhe representa e servem. E a cadeia do Paraíso até o último dos mundos evolucionarios do tempo e do espaço é incomensurável.»

 O grande engano das criaturas evoluiria «Em sua natural limitação e falta de compreensão dos planos divinos, os homens confundem com freqüência ao Supremo Governante com seus filhos delegados. E lhes prostrastes temerosos ante seus anjos, lhes chamando Senhor e Santo dos Santos. São eles, as criaturas perfeitas do Pai, quem deve prostrar-se ante vós, que fostes dados de presente com a faísca prepersonal de Deus. Seu mundo e todos os mundos dos sete Superuniversos são vigiados, protegidos e sustentados por uma miríade de excelsas criaturas que procedem da Divindade, mas que não são a Divindade. Apesar de suas infelizes vidas, Ele está em vós. E vós são a inveja da Criação.»

 Tudo foi previsto «por que lhes afligem? por que levantam seus olhos e clamam justiça? As incertezas de suas vidas também obedecem ao grande plano da Divindade. Suas angústias, calamidades, enganos e provas continuadas não escurecem nem contradizem a soberania universal de Deus.

É Ele, em sua infinita sabedoria, quem assim o dispôs. Todo isso estava previsto, antes, inclusive, de sua criação. Não culpem portanto ao Pai nem a seus filhos subordinados. Tudo foi escrito em benefício de todos. Tudo foi previsto. Se for boa a força de caráter, por que lhes lamentam ante a adversidade? Não compreendem que todo isso é obra do Pai? Respondam a essa prova fortalecendo sua coragem.

»Se for bom o serviço a seus semelhantes, por que lhes alarmam ante a desigualdade social? Não compreendem que todo isso é obra do Pai? Respondam a essa prova com o amor desinteressado.

»Se for boa a confiança em si mesmo e na vontade de Deus, por que rasgam suas vestimentas ante a insegurança e a incerteza? Não compreendem que todo isso é obra do Pai? Respondam a essa prova com a esperança.

»Se for boa a afirmação do pensamento humano, por que desfalecem? Não compreendem que todo isso é obra do Pai? Respondam a essa prova com a humildade.

»Se for bom o amor à verdade, por que lhes alarmam ante o engano e a mentira? Não compreendem que todo isso é obra do Pai? Respondam a essa prova com sua verdade, embora isso lhes conduza à morte e à ruína.

»Se for boa a busca de Deus, por que lhes entristecem com a maldade do mundo? Não compreendem que todo isso é obra do Pai? Respondam a essa prova com uma permanente luta pela beleza e a bondade.

»Se for boa a lealdade, por que retrocedem ante a traição? Não compreendem que todo isso é obra do Pai? Respondam a essa prova com o valor e a amizade.

»Se for bom o esquecimento de si mesmo, por que lhes empenham em procurar honras? Não compreendem que todo isso é obra do Pai? Respondam a essa prova com o desinteresse.

»Se for boa a felicidade, por que acusam a Deus de lhes enviar a dor e a solidão? Não compreendem que todo isso é obra do Pai? Respondam a essa prova, assumindo o sofrimento próprio e alheio.

»Para alcançar a Perfeição é preciso primeiro ter conhecido a imperfeição.”

 As criaturas da Havona «Não lhes comparem às criaturas perfeitas do universo da Havona. Elas formam parte de outros intuitos divinos. A apreciação da verdade, da bondade e da beleza é inerente à perfeição desse universo divino. Esses habitantes perfeitos dos mundos perfeitos da Havona não precisam do potencial dos níveis de valor relativo para estimular suas eleições. Eles são capazes de identificar e escolher o bem, em ausência de toda situação moral que sirva de contraste e que force a pensar. Não o esqueçam: é em virtude de sua existência pelo que ditos seres perfeitos possuem sua natureza moral e seu estado espiritual,' O homem material, em troca, ganha seu estatuto de candidato à Perfeição por sua própria fé e por sua esperança. Em certo modo, são a inveja da Criação. A perfeição desses seres espirituais é intrinsecamente boa. Sua perfeição, fruto do esforço, é duplamente boa. As criaturas da Havona não sabem do valor humano. As criaturas perfeitas da Havona são perfeitas em seu amor, mas não conhecem o altruísmo humano. Os seres espirituais da Havona confiam em seu excelso futuro, mas jamais estarão cheios da maravilhosa esperança que enche aos homens. Eles, e eu com eles, têm fé na imutável estabilidade do universo, mas somos alheios à fé salvadora e lhe vivifiquem que é capaz de elevar a um mortal do estatuto de animal ao de Filho de Deus. Os habitantes da Havona amam a verdade, mas ignoram que essa verdade pode salvar a alma. São leais, mas não passaram pela sublime experiência de averiguar por si mesmos o sabor do triunfo sobre as tentações. Conhecemos o prazer, mas jamais saberemos da doçura que representa escapar da dor. As criaturas da Havona são desinteressadas, mas nunca saberão do domínio do egoísmo. »Está escrito: somos perfeitos pelo amor de Deus. Vós, criaturas mortais do tempo e do espaço, serão-o por seu amor a Deus.»

 O universo não era inevitável 6 E em minha visão vi também o sexto Superuniverso, girando em torno do Grande Universo. E seus cem mil universos proclamavam a glória do Senhor. E da sexta roda de mundos escutei a voz do sexto dos Sete Espíritos Professores. Ele regenta a sexta Escola de Deus. E nela se acostuma o sexto atributo da Divindade. E o sexto Espírito Professor disse:

«Só Deus é o Primeiro. Escuta, filho da terra, a sexta maravilha do Pai.

»Criem que Deus perde sua primazia porque delegue seu poder? Sua mão segue firme sobre a alavanca das circunstâncias. E essas circunstâncias são Ele mesmo. Não confundam sua generosidade com o desinteresse. Ele delega e outorga seu poder a seus filhos, mas permanece o Primeiro. É o Primeiro. Será o Primeiro. As decisões finais são delas. Ninguém, nem sequer os rebeldes, podem escurecer sua primazia. Foi escrito: "Quem como Deus?" Aqueles poucos que escolheram a iniqüidade como bandeira desfrutam de limitadamente de sua primazia. E essa primazia é sempre como a melhoria que anuncia a morte. Devem lhes sentir felizes e confiados: essa primazia do Pai está ao serviço da felicidade universal. Por isso não é errôneo profetizar que a felicidade revoa em todas as órbitas do criado.

»A soberania do Pai é ilimitada. Estão ante o fato fundamental de toda criação. O universo não era inevitável. Embora não compreendam ainda suas leis e sua harmonia, não imaginem que estão ante um acidente cósmico. O universo não existe por si mesmo. Este Grande Universo e o Professor Universo e cada um dos sete Superuniversos e os cem mil universos de cada Superuniverso são um puro e sublime trabalho de criação divina. Ele apareceu um dia ao tabuleiro de suas infinitas possibilidades e pensou na Criação. E assim surgiu o Grande Universo e tudo que já conhece. Tudo foi esboçado com amor. Cada sol, cada força, cada mundo, cada vida, cada homem e cada futuro. Tudo foi desenhado em seu Infinitud, com os pincéis de sua Sabedoria. Tudo —até o último entre os últimos— foi planejado com a meticulosidade do que ama. Você entre eles. Ele escolheu seus rasgos. Ele moldou seu corpo e Ele tirou seu espírito imortal de sua própria Imortalidade. Tudo, em soma, está submetido a sua vontade, porque tudo é dele.

O universo não era, pois, inevitável. E essa bondade e amor no criado são tanto majores quanto mais grande é sua imperfeição aparente. Deus não cobre às criaturas perfeitas da Havona com o amor com que cobre aos mundos evolucionarios do tempo e do espaço. Eles já são o amor. Vós, em troca, navegam em busca do amor. Quem pode necessitar mais de Deus?”

 Uma única vontade universal e soberana «O homem evolucionario rechaça a idéia de uma vontade universal e soberana sobre tudo o criado. Essa realidade escapa a seu intelecto. Entretanto, na mais flagrante das contradições, aceita e concha a atividade dessa mesma vontade soberana na elaboração das leis do universo. Estão rendendo assim a maior comemoração ao Soberano de tais leis. Não lhes enganem: à larga ou à curta, todas as filosofias e religiões desembocam no conceito de um só Deus e de uma só soberania universal. O governo único do Pai é inevitável. As causas universais sobressaem sempre sobre os efeitos universais. É preciso que as correntes da vida e do pensamento cósmico estejam por cima dos níveis de sua manifestação. Não podem explicar o pensamento humano em apóie a uma evolução natural das espécies. Jamais o obterão por esse caminho. Não podem justificar a alegria ou a esperança, em apóie a parâmetros evolucionistas inferiores. De onde lhes vem a capacidade para apreciar a beleza ou a bondade? Acaso da grosseira mutação das espécies? De onde criem que nasce a vontade? Possivelmente de um fenômeno natural, possível e identificável na Natureza? Não é possível compreender o entendimento humano, se não ser reconhecendo uma realidade superior. Jamais poderão explicar a excelsa e irrepetível realidade do homem como ser moral, se não ser partindo da realidade de um Pai Universal e amoroso.”

 Não pergunte sobre o sofrimento de Deus «Na sexta Escola de Deus se acostuma também outra regra de ouro: "Não pergunte sobre o sofrimento de Deus." Sofre o Pai Universal? Ninguém conhece a resposta. Deus é infinitamene poderoso. Sua é a soberania universal. Seu é o poder e a glória. Seu o conhecimento e a Infinitud. Sua a suprema onipotência e onisciência. Mas, sofre o que todo o enche? me deixem que lance uma resposta ao vazio: possivelmente sofra em suas criaturas imperfeitas. Possivelmente se aflija em suas aflições. Possivelmente se estremeça na noite escura da iniqüidade. Mas só é um possivelmente. Ele está no pensamento humano. Ele conhece seus momentos de solidão. Ele sofre. Ele está em suas calamidades. Ele sofre. Ele tropeça com vós no equívoco. Ele sofre. Ele sabe da fome em sua fome. Ele sofre. Ele se rasga na batalha e na enfermidade. Ele sofre. Ele é vós.”

 A criação: o conjunto de sua natureza ativa 7 E fui arrebatado ao fim até meu próprio Superuniverso: o sétimo e último dos criados. E é como uma roda dentada, branca de mundos e de estrelas. E em algum lugar de seus cem mil universos se acha meu lar. E do centro de meu lar partiu a voz do sétimo dos Espíritos Professores. E ele falou em nome da sétima Escola de Deus. E disse:

«Não é a Criação o sétimo atributo do Pai. Escuta, filho da terra, a sétima maravilha do Deus que te tem feito.

»E1 Pai cria, mas essa faculdade não é nem forma parte de seus atributos divinos. Esse poder resume o conjunto de sua natureza ativa. Esta função universal de criação se manifesta eternamente, à medida que é condicionada e controlada por todos os atributos coordenados da realidade divina de Deus. As criaturas perfeitas da Havona pomos em dúvida que uma característica qualquer da Deidade possa ser considerada como anterior às outras. Mas, se este fosse o caso, a natureza criadora do Pai ocuparia o primeiro posto. E essa faculdade criadora alcança sua culminação na verdade universal de sua Paternidade. E essa autêntica e sublime Paternidade também foi dada de presente. É que cabe mais amor? Deus, o Soberano eterno e infinito dos universos, é poder, forma, energia, arquétipo, princípio, presença e realidade. Mas, sobre tudo isso, é Pai. Deus é pessoal, exerce uma vontade soberana, experimenta a consciência de sua divindade, executa as ordens de seu pensamento criador, persegue a satisfação de realizar um intuito eterno e manifesta seu amor. Mas, sobre tudo isso, é Pai. Ditosos aqueles que entendam o significado da palavra Pai! O é Pai real de homens e mulheres; de seus sonhos e projetos; de suas vazios e esperanças. É o Pai por essência e por presença. Quando o compreenderão?”

 As palavras do Filho Criador «Na sétima Escola de Deus tem escrito com artigos eternos: "Ninguém ama tanto ao Pai como seu Filho Criador." Ele descendeu aos mundos evolucionarios de seu universo para revelar esta verdade. Ele se encarnou para manifestá-lo. Ele viveu e padeceu morte para que vós, criaturas do tempo e do espaço, descubrierais a imensa fortuna que jaz em seu coração: a eterna filiação. Voltem para suas palavras. Nelas se concentra toda a verdade do criado. São filhos de um Deus. Filhos imortais por direito e por herança. Podem dizer o mesmo de seu pai terrestre?

»Deus Pai ama aos homens. Deus Filho serve aos homens. Deus Espírito inspira aos filhos dos universos na aventura sempre ascendente da Perfeição. É a prodigiosa aventura da busca do Pai e do Filho. Amem ao Pai porque vos ama. Amem ao Filho porque lhes revelou o amor do Pai. Amem ao Espírito porque lhes sustenta e recorda que ambos lhes amam.”

 

Os sete homens 1 E depois disto fui despertado sobre a terra. E vi sete homens diante de mim. Os sete vestiam como eu e eram em tudo igual a mim. E os sete recebiam o nome do Juan. E em minha visão vi que o primeiro se achava encadeado. E este tinha o rosto coberto de sangue e suas mãos consumidas pela lepra. E ao falar, de sua boca escapavam serpentes mortíferas. E foi o primeiro em falar. E ao fazê-lo, os outros seis se encheram de sangue. E disse o encadeado:

«Eu sou o Abismo do homem. Ocupo o primeiro círculo de seu pensamento. Não sou bom nem mau. Sou o homem.» E de sua boca escapou a serpente da Mentira.

«Eu sou a glória do criado. O rei do criado. Olhe meus talentos. Quem pode equiparar-se a mim? Não procure outros caminhos. Eu sou seu único horizonte.”

E de sua boca escapou a serpente da Soberba. E esta devorou à serpente da Mentira.

E o homem encadeado falou pela terceira vez. E disse: «Eu sou o Poder. Nada temo. A ninguém temo. Amo-me mesmo. Não conheço a mediocridade. Sou a cúspide e o povo. Vêem mim e desfruta de minha fortaleza.”

E de sua boca escapou a serpente da Necedad. E esta devorou à serpente da Soberba.

«Eu sou o Prazer. Não tenho nem sei de limites. Minha coroa é de rosas. Amo tão somente até que me sacio. Bebo até que me vazio. Vêem mim e não saberá da dor.»            E de sua boca escapou a serpente do Egoísmo. E esta devorou à serpente da Necedad. E a serpente do Egoísmo devorou ao encadeado.          

    O homem do segundo círculo 2 E vi também: o segundo dos homens recebeu o cajado de peregrino. Mas este não se achava encadeado. E ao falar, seu rosto se limpou de sangue. E os outros cinco se limparam de sangue. E o do bastão falou assim:

«Eu ocupo o segundo círculo de seu pensamento. Sou Juan: que busca. conheceste o caminho do Paraíso. Mas esse caminho é comprido e lento, que só gostará depois do sonho da morte. Vêem mim e te mostrarei o caminho mais curto para Deus. Não é este caminho de morte, mas sim de vida. Hei aqui o que achará escrito no segundo círculo de seu pensamento: "Deus não se esconde. Deus não habita um refúgio inalcançável." Todos seus recursos infinitos foram mobilizados para mostrar-se a suas criaturas. Às perfeitas, através da Perfeição. A vós, criaturas evoluiria, a ti, Juan, por meio da morte e da vida. São duplamente afortunados. Pelo sonho da morte empreenderão o comprido caminho ascensional para a Ilha Nuclear de Luz. Pela vida —agora— empreenderão o descobrimento do dom divino, instalado no sétimo e mais profundo dos círculos de seu pensamento. Eu sou Juan, que esse busca sétimo círculo. me dê sua mão e me siga. Isto foi escrito no pensamento de cada mortal: "O mundo da Perfeição se estremece ao comprovar como um Deus Onipotente procura a suas criaturas mais indefesas e limitadas. E o mundo da Perfeição se estremece igualmente ante sua natural cegueira. Estão destinados à Perfeição mas não sabem. São parte da Perfeição, mas não o suspeitam."»

 Do finito inferior ao finito superior «Escuta, Juan, ao Juan que busca. E escreve quanto ouça, para que outros descubram também o que se acha escritos no segundo círculo do pensamento humano. Isto diz o que busca: "São o finito inferior. Para alcançar a presença do Pai é preciso que antes lhes elevem até o finito superior. O sonho da morte não proporciona a Infinitud. Só modifica sua finitud, quase animal, a uma finitud espiritual superior. E de esfera em esfera, de mundo em mundo, de plano em plano, de realidade em realidade, sua busca de Deus limará a finitud. Mas lhes alegre: dentro de sua finitud, sempre têm a oportunidade de lhes agarrar da mão de Deus. Basta reconhecendo sua íntima Presença, instalada no sétimo círculo de seu pensamento."»

 Não há segundos na carreira da ascensão «Não subestimem aos deserdados da fortuna ou da inteligência. É certo que na existência mortal, cada qual recebeu segundo o intuito divino. Os mortais do reino não são iguais. A uns anima a vontade. Outros, em troca, são ricos em lealdade ou desinteresse. Muitos não alcançam jamais o poder terrestre ou a opulência. Os mais vivem no engano. Mas eu, Juan, que busca, digo-te que, na carreira espiritual para o Pai, todos foram dotados da mesma bagagem. A perspicácia espiritual e a significação cósmica não dependem do grau de civilização, do bem-estar material ou das desigualdades sociomorales dos mundos do tempo e do espaço. Não há segundos na carreira da ascensão ao Paraíso. O dom divino que jaz no pensamento de cada homem pesa, brilha e mede exatamente o mesmo no caso do sábio que no do deserdado. O Monitor de Mistério que habita em cada um de vós foi medido na balança sem medida do amor do Pai. Todos têm, portanto, a mesma dotação espiritual. Todos têm, portanto, o mesmo privilégio. Todos têm, portanto, idêntico patrimônio. Todos, apesar de suas diferenças na carne, são filhos do mesmo Deus. Todos podem lhe encontrar, em seu momento. E esse momento, sempre chega.»

 

O grande momento «E eu, Juan, que busca, digo-te: Está escrito. Esse sublime momento —o histórico momento no que a criatura mortal descobre a seu Monitor de Mistério— se produz quando seu pensamento se entrega à vontade do Pai. Aquele que se abandona sincera e generosamente às mãos do Pai é partícipe da grande revelação. A partir desse instante saberá de seu magnífico estatuto de filho de um Deus. A partir desse instante terá empreendido a prodigiosa aventura da busca consciente da Divindade. A partir desse instante, seu Monitor de Mistério fará o resto e lhe conduzirá sem tropeço. Hei aqui o segredo dos segredos dos mundos dos Superuniversos: fazer a vontade do Pai. que se entrega ao Pai e faz sua vontade receberá ao ponto a máxima revelação: saberá então que é imortal. Saberá então que se acha irremisiblemente condenado à felicidade. Saberá então que Deus está nele e que o universo é dele. Nada poderá lhe deter em sua carreira para o Paraíso. A iniqüidade, o engano e as dúvidas terminarão estrelando-se contra o muro de sua fé. Fazer a vontade do Pai é o único salvo-conduto para o centro do Grande Universo. O desejo de assemelhar-se ao Pai é o único requisito para transpassar distâncias, tempos e barreiras.»

 Escrito até a Eternidade «E eu, Juan, que busca, que ocupa o segundo círculo de seu pensamento, abro ante ti o que está escrito até a Eternidade: "O Pai deseja que todas suas criaturas cheguem à íntima comunhão com Ele. No Paraíso há um lugar para cada um." Por isso, gravem a fogo em seu intelecto o que foi escrito até a Eternidade. Isto foi escrito nas paredes da Ilha Eterna: "Deus é suscetível de aproximação. Deus é acessível.”

»E1 Pai não tem pressa. Ele dá de presente o tempo. Ele concede o tempo e o não tempo para chegar à Eternidade. Sua presença e personalidade não desmerecem porque seu caminho para o Paraíso seja comprido e penoso. Embora seu passo seja para trás, Ele aguarda. Embora os milhões de esferas de prova e perfeição que lhes contemplam fossem duplicados pelo Destino, Ele estaria sempre ao final. A impaciência lhes consumirá na matéria. Nunca mais à frente do primeiro sonho da morte. O Filho Criador o anunciou: "Agora vou ao Pai, a fim de lhes preparar um lugar." Não duvidem que assim é na verdade. Não duvidem que algum dia lhes acharão ante a presença da Deidade. O Monitor de Mistério que lhes habita é sua garantia. Ditoso aquele que se funde com ele! Nesse instante, nesse histórico instante, terá aceito fazer a vontade do Pai e seu destino eterno aparecerá ante ele como um sucesso irreversível. Ditoso o que se identifica com seu dom divino, com seu Monitor de Mistério! Terá percorrido a metade do caminho.”

 A potestad de escolher «E eu, Juan, que busca, que leva o cajado de peregrino e ocupa o segundo círculo de seu pensamento, anuncio-te: O poder e a misericórdia do Pai são tais que inclusive os que rechaçam fazer a vontade de Deus se aproximam dele. Inclusive esses duvidarão em meio da iniqüidade. A dúvida é como o estalo de um sol interno e divino. Só as bestas privadas de vontade são incapazes de duvidar. Na dúvida humana se encerra a sublime potestad de escolher. Só quando perderem a capacidade de escolher terá morrido para a Eternidade. Mas semelhante desgraça foi apagada dos arquivos de Deus. Amem também aos que duvidam. Eles se debatem em inferioridade de condições. Vós, os que sabem da existência do dom divino no sétimo círculo do pensamento, estão armados. Eles, em suas negras vacilações —tão perto e tão longe da Verdade—, estão desarmados.»

 A aventura começou «lhes regozije! que, ao fim, decide fazer a vontade do Pai entra em formar parte dos aventureiros de Deus. A Criação é uma aventura. Descobri-la por vós mesmos é a máxima aventura. E Ele, do fundo de sua alma, regozija-se com sua aventura. Eu, Juan, que busca, vos anúncio os mais brilhantes amanheceres, os mais sossegados ocasos, o possível e o impossível. Essa é a aventura de Deus. A luz será um fio em suas mãos. A matéria, uma flor que se desfolha entre seus dedos. Eu vos anúncio que a verdade será sua sombra e o conhecimento, um mais de seus cabelos. E depois da aventura do descobrimento de uma esfera sagrada chegará o segundo e o terceiro. E a aventura não terá fim. Olhem aos aventureiros humanos. Eles desfrutam na provocação, sumidos na curiosidade e no afã de avançar. Assim é a aventura divina: sempre mais à frente, sempre mais profundo, sempre mais perto de vós mesmos.”

 O homem do terceiro círculo do pensamento 3 E a voz que falava em mim se extinguiu. E com ela, o segundo nome, chamado Juan. E em minha visão houve o terceiro homem. E ao fazê-lo, também seu rosto ficou lavagem de sangue. E disse:

«Eu ocupo o terceiro círculo de seu pensamento. Sou Juan, que aproxima. Eu aproximo o espírito humano à presença física e à presença espiritual de Deus. Vêem mim. te aproxime e te mostrarei o que se acha escrito no terceiro dos círculos do pensamento das criaturas do tempo e do espaço.» E aquele homem era igual a mim. Em sua mão direita levava uma espada de diamante. Na esquerda, uma espada de fogo. E falou assim:

 A presença física de Deus «Eu, Juan, que aproxima, mostro a Deus em todas as coisas. Touca o rocio da manhã e estará ante a presença física do Pai. Beija a sua amada e esse beijo será a presença física do Pai. Escuta o trovejar da turbulência e terá escutado a presença física do Pai. Alimenta a seu gado e terá alimentado a presença física de Deus. Descansa entre perfumes e estará reclinado na amorosa presença física do Pai. Vela a ancianidad dos tua e estará ante a presença física de Deus. Abre as páginas de um livro, espião o rumo das estrelas, vigia o verde dos campos ou te encha do azul dos mares e terá descoberto sua divina e física presencia. Essa presencia física do Infinito descansa em todo o criado.»

 A presença espiritual de Deus «E eu, Juan, que aproxima, mostro-te agora a presença espiritual do Pai. Olhe no fundo de seu pensamento. Olhe no sétimo círculo. Aí está sua divina presença. Ele te conquistou sem que você o tenha advertido. Mas, quando o advertir, quando escolher fazer sua vontade, essa presença espiritual te arrasará e você inteiro será presença física e templo do Criador. E todo o criado será teu. por que especulam com um Deus remoto? por que sonham com um Deus longínquo nos limites dos universos estrelados? por que imaginam no trono dos tronos do último dos firmamentos? Que grande engano, quando Ele escolheu como morada o fundo de seus pensamentos!»

 Por seus frutos lhes conhecerão «E eu, Juan, que ocupo o terceiro círculo de seu pensamento, adianto a suas dúvidas. Como posso ser consciente dessa presença divina? Como e quando saber que meu intelecto e minha vontade são um tudo com o dom divino? Está escrito: "Por seus frutos lhes conhecerão." Não procurem a infinitud com os olhos materiais da finitud. A fusão com o Monitor de Mistério não é como o relâmpago que fere os céus. Não é como a pedra que golpeia as águas ou como o vento que estremece as taças das árvores. É muito mais, mas pertence ao mundo do imaterial. Lhes há dito que aquele que faz a vontade do Pai já tem descoberto seu dom divino. E seus atos lhe delatarão. Os efeitos lhes revelarão a causa. Aquele que penetra em seu sétimo círculo, e se funde com o Deus que lhe habita, obra sempre de acordo com a verdade, em consonância com a beleza e movido pela bondade. E em metade de seus supostos enganos, sua audácia, sua lealdade, sua generosidade e tolerância serão juizes e testemunhas de sua excelsa associação com Deus. Nada nem ninguém poderá lhes confundir. Nada nem ninguém poderá então lhes enganar. Desde esse histórico momento, desde que descubram em vós a íntima e real presencia da Divindade, tudo terá um novo sentido. Seu código moral se abrirá e tolerarão o intolerável, amarão o que ninguém ama e desejarão o que muitos aborrecem. Serão pasto dos lobos e luz para os silenciosos. Os poderes do primeiro homem, aquele que cospe serpentes, eles ridicularizarão e golpearão, mas jamais serão vencidos. Aqueles que se entregam à vontade do Pai e se aventuram em seu sétimo círculo mental serão chamados hereges, loucos e farsantes. Mas eles sabem que lhes move o Espírito. Eles descobrirão o sentido da vida, sua origem e seu glorioso futuro. E não temerão à morte. Eles serão o sal da terra e suas obras resplandecerão. Só os que obtêm essa fusão com o Deus que lhes habita escapam do tédio e da mediocridade. São graníticos em meio da desolação, temperados na glória e tenros entre os malvados. Não conhecem seu próprio nome. Provem a lhes suplicar, Provem para lhes buscar. Provem a descansar em seu silêncio repousado. Sempre estão dispostos. Não conhecem a palavra não. Estão revestidos de ferro, mas são doces como o coração de uma mulher. Amam até o final e nunca perdem. Nada possuem e, entretanto, são os donos do mundo. Olhem a seu redor e me digam: não são já legião?”

 O homem do quarto circulo 4 E em minha visão falou o quarto homem. Seu nome era Juan e vestia como eu. Mas suas vestimentas eram radiantes como cem mil sóis. E ninguém tivesse podido lhe olhar cara a cara. E ao falar, seu rosto se limpou de sangue. E este homem, como o segundo e o terceiro, tampouco estava encadeado. E disse:

«Eu ocupo o quarto círculo de seu pensamento. Sou Juan, que adora. Mostrarei-te a prece e te mostrarei a adoração.» E ao falar Juan, que adora, todos os homens, exceto o primeiro, prostraram-se em sinal de submissão.

«Está escrito: a adoração se basta a si mesmo. A prece, em troca, é interessada. Aqueles que conhecem pai lhe adoram, mas jamais lhe pedem. A verdadeira adoração não procura contrapartidas. adora-se a Deus pelo que é. Nunca pelo que outorga. A adoração não pede nem espera nada em troca. É a suprema manifestação da humildade das criaturas. Inclinamo-nos ante Ele em um espontâneo e natural gesto de amor, reconhecendo assim sua glória e majestade. O homem primitivo adora aos invisíveis deuses de sua imaginação e às desatadas forças de uma Natureza que ignora e o faz sempre por temor. O filho de Deus adora sempre por amor.

»A adoração sincera é outro sinal da fusão do pensamento humano com o dom divino. Aqueles que o têm descoberto se inclinam por si mesmos e sem esforço ante o Deus que lhes habita. Só os sábios e os humildes podem compreender este sublime ato de reconhecimento.

»A experiência da adoração é muito mais que o simples acatamento de uma criatura a seu Criador. A adoração pura representa um titânico esforço do Monitor de Mistério por mostrar ao Pai dos Céus o mais puro e nobre da alma humana. É no ato da adoração onde o dom divino que lhes habita retorna fulminante a sua origem, mostrando ao Todo-poderoso a magnificência da alma que lhe foi encomendada. A adoração, portanto, é um dos máximos exercícios de elevação espiritual do eu humano, que pressente assim seu destino final. O pensamento humano consente em adorar, enchendo os desejos de seu dom divino. E o homem se eleva então em todos seus níveis: o mental, o espiritual e o pessoal.»

 Peçam respostas, não benefícios «E agora, Juan, mostrarei-te a prece. Aqueles que adoram e suplicam a um tempo não adoram nem rezam. Estão pedindo o que já têm, inclusive antes de que o necessitem. A prece nunca deve perseguir benefícios materiais. Esses são fruto do amor do Pai; nunca de suas orações. Aprendam a orar para satisfazer a insatisfação espiritual. Peçam respostas, nunca doe. E a sabedoria do Pai lhes encherá plenamente. Melhor ainda: rezem para seu interior e o dom divino que lhes habita saberá lhes iluminar. A fome insaciável do espírito e do pensamento humanos só encontra repouso na oração. A fome material não é de sua incumbência. Ou é que são menos que as aves do céu? E foi escrito: "Elas não semeiam nem recolhem, mas o Pai Celestial as alimenta."»

 Juan, o do quinto círculo 5 E o quinto homem me tocou na frente, dizendo: «Eu ocupo o quinto círculo de seu pensamento: o círculo da verdadeira religião. Meu nome é Juan.”

E em minha visão vi como seu rosto se lavava. E este quinto homem tampouco se achava encadeado. E disse:

«Só há três religiões. Vêem e lhe mostrarei isso.”

E vi uma grande multidão que lançava alaridos e se prostrava rosto em terra, presa de enorme excitação e medo. Seus cabelos se achavam talheres de cinza e levantavam altos fogos aos deuses e ídolos de barro e de metal. E esses deuses eram o raio e a lua e a própria terra. E o quinto Juan falou:

«Esta é primeira das religiões: a do medo. Os homens evolucionarios do tempo e do espaço devem passar por esta etapa. Ainda não conhecem pai e, em sua natural escuridão de pensamento, associam aquilo que temem à divindade. Mas o Pai os ama igualmente.”

Vi depois a outra multidão, tão imensa como a primeira. Tinham edificado luxuosos templos de mármore e de cedro e o sangue corria pelos tabernáculos. Aqueles homens e mulheres não adoravam ao sol nem a ídolos de barro ou de metal, a não ser ao Grande Deus. E ofereciam sacrifícios de animais ao Grande Deus. E toda a multidão se prostrava ante o altar e ante os sacerdotes do Grande Deus e lhes eram submissos. E o quinto homem disse:

«Esta é segunda das religiões: a da autoridade. Os homens evolucionarios do tempo e do espaço passam igualmente por esta etapa. Já conhecem deus, mas não sabem ainda de sua paternidade. E se entregam leais e indefesos à vontade dos ministros e príncipes de seu Iglesias. Recebem uma precária paz espiritual em troca de sua total entrega e obediência às rígidas e sempre limitadas normas da organização religiosa a que pertencem. Mas o Pai os ama igualmente.”

 Os cavaleiros do alvorada E o quinto homem abriu depois o quinto círculo de meu pensamento. Mas não vi multidões, nem templos, nem sangue, nem deuses. No quinto círculo galopava um cavaleiro. E suas vestimentas eram como o ouro. E seu cavalo era como o bronze no crisol. E à lombriga levantou seu braço esquerdo, assinalando o alvorada. E gritou: «me siga!» E o quinto homem disse:

«Esta é terceira das religiões: a da experiência. Os homens evolucionarios do tempo e do espaço sempre chegam a ela. É a religião final. A que jaz no quinto círculo de seu pensamento. A que descobrem e praticam todos aqueles que, ao fim, fazem-se um com seu Monitor de Mistério. A que adotam todos aqueles que, ao fim, reconhecem sua filiação divina e se entregam à vontade do Pai. Esta é a religião verdadeira: a da busca pessoal de Deus. A religião da aventura. A religião da experiência individual: a mais árdua e difícil. E cada um, em solitário, como um cavaleiro de fogo, galopará para o amanhecer espiritual.”

 A religião da revelação «Só aqueles que sejam conscientes da sublime paternidade de Deus poderão lhes compreender. O resto lhes aborrecerá, porque ainda se acham ligados ao medo ou à submissão. Mas eu te anuncio que esta é a religião da revelação.

E toda criatura evoluiria chegará a ela, de igual forma que o menino tende à velhice. Se o desejo ardente de lhes assemelhar a Deus não pulsasse no mais íntimo de seu espírito, essa experiência última não teria sentido nem seria real. Descobrir a paternidade de Deus e fazer-se um com o dom divino que lhes habita é o sinal. Então, só então, empreenderão a prodigiosa aventura da verdadeira religião. E essa religião final lhes encherá porque estarão ante a mais viva e dinâmica experiência de sua existência. A religião não é só um sentimento passivo de dependência absoluta e de segurança na vida eterna. É muito mais. A religião da revelação é um permanente descobrimento de si mesmo e de outros. Uma carreira febril para a felicidade, uma acumulação de sabedoria e um contínuo sobressalto. Não necessitarão então de templos nem de ministros de Deus. Vós serão templo e juizes de vós mesmos. Vós, nessa audaz carreira para o alvorada espiritual, irão procurando o melhor dos homens e o farão seu. Serão curiosidade e luz e jamais lhes encherão. A religião da revelação dará sentido a suas vidas terrestres e, mais adiante, às gloriosas experiências nas esferas do Grande Universo, seu imediato lar. A religião da experiência pessoal lhes dará segurança. E serão admirados e respeitados por seu domínio e moderação, inclusive por seus inimigos.

E está escrito: "Todos serão um com o Pai." Todos estão chamados à terceira e definitiva aventura da religião da revelação. cedo ou tarde, Deus será admitido como a realidade dos valores, como a substância das significações e como a vida e a verdade.”

 O eu e o universo «O homem que pratica a terceira das religiões se identifica com o universo. Seu eu espiritual e íntimo é um com a natureza. O aventureiro de Deus sabe escutar os murmúrios do fluxo. Sabe interpretar a solidão da noite. Compreende a grandiosa beleza da harmonia universal. É um com o arco íris. É uma com a dor e com a felicidade de seus semelhantes. As dúvidas alheias são delas. O cavaleiro da alma espiritual não despreza jamais. Respeita a vida em todas suas formas e circunstâncias e sabe que ele forma parte dessa vida. Fala de seus sonhos e fabrica seus próprios sonhos. levanta-se com a brisa e é um mais no cortejo noturno das estrelas. O universo é ele.

»E1 que não provou ainda a religião da revelação não compreende o universo. E em seu cego afã por sobreviver luta por dobrar a natureza. Não sabe que ele é a natureza. Como subjugar o universo se forma parte de vós mesmos? Os homens que dormitam ainda na primeira e na segunda das religiões não sabem que não se pode atar a Natureza. Aquele que humilha e despedaça a Criação será esmagado pela Criação. Muitas doutrinas e religiões desejam e pregam a salvação do homem. Mas, me diga Juan, qual delas o consegue finalmente? Possivelmente as que prometem lhes salvar dos sofrimentos, procurando ao homem uma paz sem fim? Possivelmente as que prometem lhes salvar das dificuldades, estabelecendo uma prosperidade apoiada na retidão? Possivelmente as que prometem a harmonia e a beleza, divinizando a beleza? Possivelmente as que prometem salvar ao homem do pecado, assegurando a santidade? Possivelmente as que prometem a liberação dos rigorosos códigos morais das anteriores? Eu te digo, Juan, filho do trovão, que só existe uma religião capaz de lhes salvar: a que vos salva de seu próprio eu e que libera as criaturas de seu isolamento no tempo e na eternidade. Essa religião da revelação jaz no mais íntimo de seu espírito. Essa é a religião do Jesus do Nazaret: a religião dos cavaleiros do alvorada espiritual; a que libera o eu, lhes fazendo um com o universo.”

 «Conheçam deus e lhes conhecerão”

«Olhe a seu redor e me diga: o que vê?» E olhei e vi meu próprio povo, encadeado à Bondade. E vi também aos gregos, encadeados à Beleza. E vi os povos do Oriente, encadeados à Moral e à Ética. E aos do Ocidente, encadeados ao Poder. E aos do Norte, encadeados ao Medo. E aos do Sul, encadeados à Superstição. E o quinto Juan disse:

«Agora vêem e olhe no quinto círculo de seu pensamento, onde jaz a religião da revelação. O que vê?”

E olhei e vi a Bondade e a Beleza e a Moral e a Ética e a Verdade. E tudo era uma só coisa. E eram os rastros do cavaleiro de ouro que galopa para o alvorada. E o quinto Juan disse:

«Hei aqui a religião do Serviço. Os gregos disseram: "te conheça ti mesmo." E os hebreus disseram: "Conheçam seu Deus." E os cristãos hão dito: "Conheçam senhor Jesus." E Jesus disse: "Conheçam deus e lhes reconhecerão como filhos de um Deus." Quem tem ouvidos, que ouça.»

 A religião, sempre posterior à moral «Mas escuta, filho da terra: tudo foi previsto no eterno presente do Senhor. Não despreze portanto aos que ainda dormem na primeira ou na segunda religião. A religião, em si mesmo, é uma conseqüência natural da evolução humana. Nasce sempre depois da moral. E esta tem sua origem em um supremo achado: a consciência de si mesmo. A moralidade, embora broto na terra inculta do reino animal, evolui sempre e abre as portas ao estádio das religiões. Apesar de suas imperfeições, a religião é um sagrado passo e todos estão sujeitos a elas. A religião é um fenômeno universal nos mundos do tempo e do espaço. Mas não equivoquem seus julgamentos. A religião jamais descansa nos achados da ciência. A ciência ratifica a religião. A religião jamais descansa nas obrigações da sociedade. As deficiências da sociedade consolidam a religião. A religião jamais descansa sobre as hipótese da filosofia. A filosofia se deve à religião. A religião jamais descansa sobre os deveres da moral. É a moral a que se refugia na religião. A religião é um reino independente que impregna os quatro níveis da fraternidade universal: o físico ou da sobrevivência material; o social ou da comunhão de todos os seres vivos; o nível da razão moral ou do dever e o espiritual, no que o homem adquire consciência de sua filiação divina.

«Olhem a seus sábios, filósofos e artistas. Os primeiros investigam os fatos e a maioria concebe a Deus como uma força. Estão na verdade?

»Olhem aos filósofos. inclinam-se a acreditar que Deus é uma unidade universal. E muitos deles se tornaram panteístas. Estão na verdade?

»Olhem aos artistas e criadores. Pensam em Deus como um ideal de beleza. Deus é a suprema estética. Estão na verdade?

»E eu te digo, Juan, que todos eles dormem na primeira ou na segunda das religiões, inclusive sem sabê-lo. Os aventureiros da religião da revelação acreditam em um Deus Pai, que garante sua sobrevivência no material e no espiritual. Sábios, filósofos e artistas descobrirão algum dia que a religião da revelação, a da experiência pessoal, a dos cavaleiros do alvorada, é o grande banco da ciência, da verdade e da arte. Os aventureiros de Deus não temem à Ciência. São insaciáveis. Procuram nela e descobrem maravilhados que os achados científicos ratificam e sublinham a presença da Deidade. Mas a Ciência é uma escada sem fim. Cada passo provoca um novo passo. Cada explicação, mil novos feitos inexplicáveis. Cada gota de luz, um universo de escuridão que espera. A religião da revelação —a dos cavaleiros do alvorada espiritual— não é Ciência, embora cavalgue sobre ela. »Os aventureiros de Deus gozam com a Verdade. Não a temem. E em seu comprido caminho ascensional para o Paraíso vão recolhendo e fazendo suas cada uma das verdades de outros. Não temam aos que se acreditam em posse absoluta da Verdade. cedo ou tarde serão derrubados do monstro irracional que escolheram por arreios. Tirem da Filosofia e da Teologia aquelas pequenas dose de verdade que lhes satisfaçam. O dom divino que lhes habita se encarregará das digerir. Mas jamais ancorem seu espírito em uma só verdade. A verdade última e final não está a seu alcance. Olhem aos teólogos: a experiência religiosa espiritual não pode ser plenamente compreendida pelo pensamento material. A doutrina essencial da concepção humana de Deus cria neles uma paradoxo. A lógica humana e a razão finita não podem harmonizar a imanência e a trascendencia. A imanência divina de um Deus que forma parte de nós mesmos e a trascendencia de um Deus que domina o criado. O aventureiro de Deus, aquele que entrou no caminho sem retorno da religião da experiência espiritual, ama e busca a verdade, mas nunca se detém nela. Simplesmente, sente-a. Está escrito: "A Verdade está no Pai. A Verdade espera ao final do caminho, mas também é o caminho.”

»Os aventureiros de Deus perseguem a Beleza porque são a Beleza. Aqueles que, ao fim, penetram no caminho da busca pessoal do Pai, os que aceitam sua vontade e reconhecem sua filiação divina estão no reino da Beleza. E a arte será seu horizonte e sua presente. A Beleza lhes sairá ao passo. A Beleza se sentará a sua mesa e a Beleza velará seus sonhos. E serão distinguidos com a luz da Beleza interior: a mais cobiçada no reino do Pai.”

 

 O homem do sexto circulo 6 E o sexto homem me falou: «Eu ocupo o sexto círculo de seu pensamento. Sou Juan, a consciência de Deus.”

E em minha visão vi como o rosto do sexto homem ficava limpo de sangue. E tampouco se achava encadeado. E abrindo a primeira das portas do sexto círculo disse:

«O que vê?» E me vi mesmo. Era um Juan que rodeava uma coroa de bronze. E o sexto homem disse:

«Esta é sua consciência mental. Ela logo que compreende a Deus. O pensamento humano é tão limitado que nem sequer se compreende a si mesmo. Não procure aí o impossível. A consciência de Deus está mais à frente. A consciência mental dos mortais do tempo e do espaço é como um menino recém-nascido: vê, escuta e sente, mas não pode assimilar ainda as realidades que lhe envolvem. lhe dê tempo. Aqueles que se empenham em desenhar a Deus em seu pensamento fracassam antes de tentá-lo. Alguns, no máximo, em um alarde de vontade ou de imaginação conseguem esboçar os rasgos de um Deus humano ou de um Deus força. Mas o Pai é o Absoluto e o Absoluto não tem forma.”

E abriu depois a segunda das portas do sexto círculo de meu pensamento. E disse:

«O que vê?» E me vi mesmo. Era um Juan que rodeava uma coroa de prata. E o sexto homem disse:

«Esta é sua consciência da alma. Ela tampouco compreende a Deus, mas o intui. A alma humana, como o pensamento, procede do Pai mas nas criaturas evolucionarias se acham vazios. Encherão-se pela experiência. Encherão-se pela dor e pela beleza. Encherão-se finalmente através da aventura da religião da revelação. A alma humana leva impressos os atributos e excelências do Pai. Por isso, sem sabê-lo, tende a Ele. É a alma a eterna insatisfeita. A eterna curiosa. A permanente buscadora. É a alma a que tem saudades a felicidade e a perfeição, a que jamais descansa e a temente. Ela leva a semente do ideal divino que algum dia verá brotar e maturar. lhe dê tempo. Aqueles que se empenham em idealizar a Deus nos mundos do tempo e do espaço correm o risco de confundir ao Pai com qualquer de seus atributos. A alma humana está preparada para fundir-se com o Pai, mas deixem que caminhe. Não se alcança a meta no primeiro passo. Deus não é só Beleza. Deus não é só Amor ou Bondade ou Misericórdia ou Poder ou Retidão ou Eternidade. Deus o é tudo.”

E o sexto homem abriu a terceira das portas do sexto círculo de meu pensamento. E disse:

«O que vê?» E me vi mesmo. Era um Juan que rodeava uma coroa de ouro. E o sexto homem disse:

«Esta é sua consciência do espírito. Nela habita seu Monitor de Mistério. Nela descansa o dom divino que foi atribuído no momento de sua criação. Nela vive a fração de Deus. Hei aqui a parte mais sagrada de seu eu. Ditoso aquele que descobre o segredo de seu sexto círculo! Ditoso aquele que se sabe habitado pelo Pai! antes desse histórico achado —o mais transcendental de suas vidas encarnadas—, o espírito do homem se sente órfão e desamparado. Uma estranha e incompreensível força lhe impulsiona para as realidades espirituais. Seu espírito está criado para isso. Mas, enquanto não seja consciente de seu divino morador, enquanto não se faça um com o Monitor de Mistério, tudo será bruma e indecisão. lhe dê tempo. Aqueles que se empenham em participar das verdades espirituais, sem ter descoberto primeiro que estão poseídos por um Deus, queimarão inutilmente suas energias e correrão o risco do desânimo e da incredulidade. O espírito do homem encerra a Deus. E algum dia se abrirão seus olhos. Deixem que caminhe por si mesmo. No histórico momento em que um ser humano decide abandonar-se nas mãos do Pai dos Céus e fazer em todo sua vontade, esse dia, Juan, a Criação se comove de júbilo. Esse dia, Juan, esse homem terá aberto a consciência de seu espírito.»

 A clara idéia da personalidade de Deus «E esse dia, Juan, pensamento, alma e espírito humanas unirão suas forças e a idéia da personalidade de Deus brilhará com claridade na criatura evoluiria do tempo e do espaço. E a consciência mental desenhará a Deus como Pai. E a consciência da alma reconhecerá a Deus como Pai. E a consciência do espírito se fará uma com o Pai. E o homem saberá então que, por cima de todos seus atributos e excelências, a verdadeira personalidade de Deus é a de Pai Universal. E a partir desse memorável instante, esse filho de Deus, consciente já de sua origem e natureza, será um novo cavaleiro do alvorada. Sua peregrinação não terá retorno. Nisso reconhecerão o que foi escrito: "E o homem foi feito a sua imagem e semelhança."»

 A sobrevivência eterna «Será nesse histórico momento, quando o pensamento acredita em Deus, quando a alma lhe reconhece e quando o espírito lhe deseja, quando terão apostado pela imortalidade. Será então quando a criatura evoluiria adquirirá plena consciência de seu grande patrimônio: a vida eterna. E essa consciência será tão firme e sólida como os pilares que sustentam ao próprio Deus. lhes incline portanto ante o generoso sacrifício do Filho do Homem, que não duvidou em afastar-se temporalmente de sua glória para lhes recordar a grande verdade: são afortunados. São filhos de um Deus. São imortais. É que pode caber maior honra e maior alegria? Podem dizer o mesmo as criaturas do mar ou as que povoam os ares? Podem as estrelas proclamar-se filhas de um Deus? Pode aspirar o universo à imortalidade? Só vós, filhos do amor divino, levam em suas têmporas o grande título de "eternos". Nem as limitações do intelecto, nem as restrições sociais, nem a carência de poder ou de fortuna, nem sequer a ausência em vida dos mínimos privilégios educativos ou morais lhes invalidarão para essa vida eterna. A presença em seu espírito da fração divina não depende dos homens ou das circunstâncias que lhes rodeiam durante o breve passo pela terra. Ou é que a faculdade humana de procriar se acha sujeita ao estatuto social, econômico, moral ou educativo do homem? É o poder de transmissão da vida o que garante e assegura sua progenitura. Nas realidades espirituais acontece o mesmo. Sua imortalidade não depende do mundo. Sua vida eterna não está sujeita ao prêmio ou ao castigo da Divindade. São eternos, embora sejam presa do engano ou da confusão. Esse é seu grande patrimônio. E nenhum poder sobre o mundo poderá lhes negar o que é sua por decisão do Pai. Deixem a um lado as pueris interpretações religiosas sobre a salvação e a condenação. São os homens, em sua estupidez e limitação, quem se trabalha em excesso e empenham em salvar ou condenar. Deus só pode sorrir com benevolência ante semelhante atitude. por que lhes atormentam com a idéia de um fogo eterno, supremo castigo para os que não acatam as leis eclesiásticas? Não levantem calúnias contra o amor do Pai. Se Deus tivesse criado um inferno, toda nossa fé seria vã. O Pai Universal é o supremo Amor. E o amor não sabe de vinganças. O amor não conhece a iniqüidade. O amor se entrega. O amor não guarda rancor. O amor não castiga nem salva. O amor espera. O amor vela. O amor procura. O amor é a paz. Se vós, limitados pais terrestres, não procuram o mal para seus filhos —nem sequer para os rebeldes ou equivocados—, por que maltratam a imagem do Grande Pai, lhe fazendo responsável pelo que nem sequer é digno do homem? O inferno de que falam seu Iglesias está naqueles que ainda não têm descoberta sua origem, natureza e destino divinos. Não há maior inferno que a cegueira espiritual, nem pior castigo que sentir-se órfão de Deus. Olhem aos que ainda não se decidiram a procurar deus. debatem-se na infelicidade. Nunca possuem o suficiente. Nunca confiam. Tudo tem um preço: inclusive o amor. Não sorriem para fora, a não ser para seu próprio egoísmo. Atam e encadeiam a seus semelhantes com os laços do interesse pessoal. Não sabem ainda da generosidade pela generosidade. Fogem de si mesmos. A solidão da alma lhes espanta. Jamais falam de outros, mas sim de si mesmos. Não conhecem a cor da serenidade. Nunca escutaram a voz de seu dom divino. Não aceitam a derrota de seu eu e, consumidos pela soberba e o mais negro dos egoísmos, preferem destroçar a renunciar. Mas a estes também chegará o grande momento.”

 O homem do sétimo e último círculo 7 E em minha visão falou o sétimo e último dos homens. Também seu nome era Juan e seu rosto era meu rosto. E ao falar, seu rosto ficou limpo de sangue. E isto foi o que disse:

«Eu ocupo o sétimo círculo de seu pensamento. Sou Juan e encarno a personalidade que te foi conferida. Isto é o que achará no último e mais profundo círculo de ti mesmo.”

E o sétimo homem disse:

«É Deus Pai quem outorga e sustenta a personalidade de cada uma de suas criaturas. Cada um tem a seu e todas são diferentes entre si. E não existe no Criado quem não a tenha recebido do Pai. Ele é o Deus das Personalidades. Desde vós, as criaturas mais humildes, até as personalidades com dignidade de filhos criadores, todos no Grande Universo receberam um nome, um destino e um poder. Todo isso se resume na palavra Personalidade. E você, Juan, é dono da tua. Mas, conhece-a?”

 Um mistério impenetrado «Escreve quanto escute porque é esta a palavra da sabedoria. Não pergunte agora por seu verdadeiro nome. Você mesmo o descobrirá mais à frente, depois do primeiro sonho da morte. Esse nome celeste —seu verdadeiro nome— procede da sabedoria de Deus. Juan, o filho do trovão, é fruto da terra. Juan é nome de terra. que foi dado no instante de sua criação divina é nome e mistério impenetrado, que você só desenterrará ao outro lado de sua vida encarnada. E nesse instante, seu nome brilhará sobre sua frente e a Criação te reconhecerá. E seu poder, como seu nome, distinguirão-lhe lá onde vá.”

 A personalidade pertence a Deus «E da mesma forma, Juan, filho da terra, sua personalidade é um mistério impenetrado. Podemos conceber os fatores que a integram e sustentam, mas só Deus sabe de sua natureza. Só Ele sabe de sua origem e de seu Destino. Só Ele conhece sua significação última. Podemos perceber os múltiplos fatores que conformam o veículo da personalidade, mas jamais sua essência. Isso pertence ao terreno do inexcrutable. Isso pertence a Deus. Os humanos não captastes o imenso valor e a divina significação da personalidade. Ela lhes distingue. Ela proclama o mais sagrado de sua individualidade. Na infinita harmonia do criado, sua personalidade rompe com todo o previsível. Forma parte do surpreendente, do único e, em soma, da extrema sabedoria do Pai. Contemplem as múltiplos personalidades que lhes rodeiam e compreenderão que falo com a verdade. Nada na Natureza iguala semelhante prodígio divino. Nenhum animal, nenhuma só das flores, nenhum só dos insetos, nenhuma das estrelas se distingue do resto por sua personalidade. Eles não foram distinguidos com esse dom do Pai. Só vós e nós fomos revestidos da magnífica roupagem da individualidade. A personalidade existe em todas as criaturas dotadas de pensamento e vontade. Mas não confundam esse sagrado privilégio. A faculdade de pensar não constitui a personalidade. Nem tampouco o espírito ou a inquieta alma. A personalidade é uma qualidade, uma soma de valores cósmicos, procedentes diretamente do Pai e conferidos em exclusiva aos sistemas vivos nos que a energia física, o pensamento e o espírito se associam e coordenam, formando um tudo. Não equivoque seu julgamento, Juan, filho do trovão: a personalidade não é tampouco um lucro progressivo. Existe ou não existe. Está ou não está. E se o bom Pai a concede, essa Personalidade será imutável e indestrutível. Que não a conheçam em sua plenitude não significa que não exista plena e terminante. Que não a experimentem em plenitude não significa que não possa ser experimentada. São criados com uma personalidade que não tem infância. Hei aqui o alto prodígio da Infinitud. São criados em plenitude, embora essa personalidade permaneça, de momento, na sombra de sua limitação espiritual. São a sua imagem e semelhança. Quem tem ouvidos, que ouça.”

 Uma atribuição exclusiva de Deus «Ninguém pode criar uma personalidade. Só o Pai. Ninguém pode formar sua própria personalidade. Só Deus a concede e a concede como um bem último e terminado. Podem moldar seu pensamento. Podem formar a alma, aproximando a à realidade de sua filiação divina. Mas jamais poderão atuar ou trabalhar sobre sua personalidade. Só descobri-la. Não está nas mãos dos filhos evolucionarios, nem tão sequer nas dos espíritos perfeitos, o modificar uma só dobra dessa personalidade. Assim fostes criados e assim lhes apresentarão na Ilha Nuclear de Luz. E essa personalidade é perfeita, como perfeito é seu Oleiro. Nenhuma personalidade se acha desconectada do Pai. Nem sequer durante os escuros períodos da vida terrestre. A personalidade de cada homem dorme durante um tempo. Mas, finalmente, é descoberta pelo eu interior e pelo eu de outros. Que grande engano o de muitos de seus educadores! por que se esforçam em retificar e dobrar a personalidade própria e as de seus semelhantes? Trabalhem com lealdade e desinteresse por conduzir o pensamento e a alma humanas para a realidade da paternidade de Deus, mas não tentem tocar a personalidade. Nenhuma força, nenhum poder se acham autorizados a modificá-la. É mais: jamais o conseguiriam. Deixem que a personalidade do menino cresça. Deixem que ele mesmo a veja germinar. Deixem que ele seja quem a faça voar. As características de sua individualidade são intocáveis. Nem a maldade, nem o melhor dos conselhos, nem tampouco o melhor dos exemplos alterarão seu núcleo. Essa iniqüidade e essa bondade podem debilitar ou fortalecer o pensamento e a alma, mas nunca a figura luminosa e indelével da individualidade. O homem nasce e morre sem que sua personalidade se veja modificada. No melhor dos casos, quando ao fim é consciente do dom divino que lhe habita, descobrirá-a. E deverá aceitá-la. Não perguntem se sua personalidade é boa ou má. O que nasce de Deus é perfeito, embora agora não possam compreendê-lo. Não lhes lamentem, portanto, ante o singular e estranho da personalidade dos que lhes rodeiam. É que lhes assombra que cada amanhecer seja distinto ao anterior? Se essa personalidade for parte da Divindade, por que julgá-la? É que algum de vós pode julgar a Deus? A personalidade é um bem divino. Literalmente divino. Respeitem e reverenciem. Com isso terão completo ante o Pai e ante os homens.”

 A liberação da personalidade «Só depois do sonho da primeira morte, quando os anjos resucitadores lhes devolvam à verdadeira vida, sua personalidade aparecerá ante vós em plenitude. Só então começará seu grande vôo sobre tudo o criado. Só então serão conscientes do bem recebido. E será por seu primitivo nome e por essa excelsa personalidade celeste pelo que serão reconhecidos e identificados no Grande Universo e, no futuro, nas missões que lhes serão encomendadas nos espaços e universos increados. Essa personalidade será sua roupagem e seu coração. Uma roupagem de luz e um coração de amor. E desde esse instante, seu eu individual e irrepetível se sentirá livre da lei de causa e efeito. Simplesmente, serão conscientes do grande patrimônio da imortalidade. Mas não lhes enganem. Se a criatura do tempo e do espaço não descobre em sua atual encarnação ao Monitor de Mistério que lhe habita, se não alcançar nesta primeira experiência mortal o histórico achado de sua fusão com o dom divino, se sua personalidade e seu espírito não decidem entregar-se à vontade do Pai, então deverá esperar. Pouco ou nada trocará depois do sonho da primeira morte. Será na nova oportunidade onde possivelmente se converta em um cavaleiro do alvorada espiritual» E as oportunidades são tantas como podem imaginar. Em uma delas, esse ser dotado de vontade fará ao fim sua grande eleição. E com a eleição chegará a consciência de si mesmo, de sua origem, de sua divina essência e de sua prodigiosa herança. A imortalidade é seu patrimônio. Assim está escrito. Mas são vós, ao escolher a busca de Deus, quem o descobre. Enquanto essa suprema eleição não chega, tudo é escuridão e vacilação. Nem a ciência, nem a filosofia nem as religiões lhes poderão convencer de seu destino eterno. Só ao penetrar na te apaixonem aventura da busca pessoal de Deus receberão o sinal. E o sinal é sempre uma: abandonar-se nos braços amorosos da vontade divina. Esse abandono significa escolher. Esse abandono significa compreender que são filhos de um Deus. Mas essa eleição é livre e voluntária. Nada lhes forçará a isso. É o único capítulo no que o Pai se mantém à margem. Mas Ele não conhece a impaciência. Essa eleição, Juan, filho da terra, é sempre um encontro obrigado, tão certo como o nascimento ou o sonho da morte. Possivelmente ao ler esta revelação, muitos o intuam ou descubram. Esse será seu grande momento. Que detenham então seu caminhar e reflitam sobre seu presente e seu passado. E se a audácia não desapareceu que sua alma, que escolham. Bastará assumindo sua condição de filhos de um Deus. Bastará aceitando a vontade do Pai. E o milagre se feito. Não são estas palavras novas, a não ser velhas. O Filho do Homem as estreou sobre a Terra: "Aquele que faz a vontade do Pai Celestial: esse é meu irmão."» E depois de tudo isto, seis dos sete homens que ocupam os círculos de meu pensamento clamaram com uma só voz:

«Estas são as divinas relações de Deus com os homens do tempo e do espaço. Quem tem ouvidos, que ouça.» E o primeiro dos homens, que se achava encadeado, seguiu mudo e talher de sangue.

 

 A cidade dos céus 1 E então caí em êxtase e sobre minha cabeça vi aparecer a nova Jerusalém. Era como mil cidades. E de seus alicerces saíam raios que descarregavam sobre a terra e sobre os mares. E cada raio abria a terra e as águas. E de cada um dos abismos vi brotar uma multidão de homens e mulheres. Todos vestiam de branco e seus rostos eram brancos como a morte. E cada multidão foi engolida pela nova Jerusalém. E da grande cidade que flutuava nos céus partiu uma voz, como o sonar de mil trompetistas ao despontar o dia. E essa voz me disse:

«Juan, filho da terra, é hora já de que me conheça. Eu recolho as almas dos que entraram no sonho da primeira morte. Estes que vê subir para mim não existem para a vida mortal. Agora começa sua segunda vida. Mas não tema, porque não é esta sua hora. Antes deve conhecer que vela por ti. Abre seus olhos à visão de Deus e escreve.”

E isto foi o que vi: da cidade dos céus vi partir uma águia. E sua cabeça era de homem. E seus cabelos brancos como as neves do Hermón e sua face como esculpida em pedra. E me arrebatando me conduziu à Montanha de Deus. E ali vi o Gigante. Era como dois homens e vestia também de branco. E seu rosto parecia como o granito e seu cinto não era de pele, mas sim de estrelas. E contei seis estrelas em torno de sua cintura. E em minha visão escutei a voz do Gigante que dizia:

«Eu sou o que vela por ti. Eu sou seu guardião. Agora me vê para que cria. Sempre estive a sua direita e a sua esquerda, embora só me pressentia. Não te acompanho por minha vontade, mas sim pela vontade do que te criou. E assim é com cada um dos homens. Ele, em sua infinita sabedoria, não lhes deixou órfãos. Chegamos a sua vida em silêncio e assim partimos dela. Mas somos tão certos e reais como a terra que pisa.» E de seu cinto partiu uma primeira estrela e ao vê-la frente a meus olhos fiquei como morto. Então vi um sexto de minha vida. E isto foi o que vi e escutei. Vi um sexto de minha infância e um sexto de minha juventude e um sexto de minha maturidade e um sexto de meu ancianidad. E em todos me vi acompanhado do Gigante que me falava. E isto foi o que disse: «Eu preservo sua vida material. Eu velei sua enfermidade e sua dor. Eu viajei e viajo a seu lado, apartando ao inimigo e suavizando seus enganos. É o amor do Pai, através de minha mão, a quem deve o alimento que recebe e o descanso que precisas. Ditosos os que sabem deste singelo princípio! Ditoso aquele que se sente acompanhado por seu anjo guardião! Nada poderá temer. Nada lhe faltará. Ninguém nem nada truncará sua existência antes do previsto. Eu sei de suas necessidades materiais antes de que você mesmo as descubra. E eu as concedo por mediação do Pai. Eu estou junto a ti, no bom e no mau. Minha tutela é permanente. Eu te conduzo através dos acontecimentos da vida. Meu nome é "custódio" mas os homens, em sua ignorância, chamam-me "casualidade".”

 Eu preservo seu pensamento 2 Vi depois como a segunda estrela voava para mim. E caí como morto. Então vi outro sexto de minha vida. E o Gigante que me guarda disse:

«Eu preservo seu pensamento. Na infância, eu guio os passos de sua inteligência. Eu sou o conhecimento e a ciência que lhe saem ao passo em sua juventude. Eu disponho a ordem de suas idéias na maturidade e eu preparo sua mente na ancianidad. Eu recebo o nome de "inspiração", embora só sou um guardião da sabedoria divina. É o amor do Pai, através de minha mão, a quem deve sua ciência e seu saber. Eu me limito a conduzir e a satisfazer sua curiosidade. Eu me limito a responder a sua insatisfação intelectual. Mas os homens, em sua ignorância, chamam-me "inteligência".”

 Eu preservo sua vontade 3 E em minha visão vi chegar até meu rosto a terceira das estrelas do cinto do Gigante. E caí como morto. E ante mim apareceu um sexto de minha infância e um sexto de minha juventude e um sexto de minha maturidade e um sexto de meu ancianidad. E em todos me vi acompanhado do Gigante que me guarda. E o Gigante disse:

«Eu preservo sua vontade. Eu a defendo da vontade de outros e a faço forte. Eu fôlego sua tenacidade. Eu estou a sua direita e a sua esquerda na fraqueza e no triunfo. Eu sou o espírito que anima seus projetos e esperanças. Eu disponho os obstáculos e os retiro. Eu sou quem semeia de espinhos seu caminho. Eu, como mediador do Pai, quem te desafia na solidão e quem te sustenta no fragor da batalha da tentação. Meu nome é "coragem" mas os homens, em sua ignorância, chamam-me "sorte".”

 Eu preservo sua bondade 4 E a quarta estrela caiu sobre mim e meus olhos se nublaram. E vi um quarto sexto de minha vida. E neles, como nos anteriores, eu não estava sozinho. E o guardião disse:

«Eu preservo sua bondade. Eu a corrijo em sua infância e a preparo para a juventude. Eu saio a seu passo com a roupagem do despojo e da ruína humanos. Eu meço sua bondade. Eu a templo e a contenho. Eu sou o guardião que, por mediação do Pai, fôlego a generosidade do jovem, a tolerância do ancião e a resignação do agonizante. Eu disponho a riqueza para o que mais entrega e a carência para o que só guarda. Eu estou a sua direita e a sua esquerda na aflição de outros e meço sua aflição. Eu sou a ira que mede sua ira. Eu sou o beijo que espera e a ternura que mede sua ternura. Recibo então o nome de "desinteresse", mas os homens, em sua ignorância, chamam-me "altruísmo".”

Eu preservo seu amor 5 Vi depois ao Gigante e lançou sobre mim sua quinta estrela. E fiquei como morto. E em minha visão vi o quinto sexto de minha vida. E o guardião de mim mesmo disse:

«Eu preservo seu amor: a moeda divina que te foi encomendada. Eu me encarreguei de que não o perdesse em sua infância. Eu o desvelei no mais íntimo de seu coração de jovem. Eu te saí ao encontro nos homens e nas mulheres. Eu o recebi que ti e só ao final lhe devolverei isso. Eu sou a brasa que o acende. E essa brasa segue viva, a pesar do desamor que eu também provoquei. Eu, seu guardião, dourei seu amor na velhice e atiro agradado a sua sublimação. Eu, por rápido desejo do Pai, risquei os múltiplos atalhos que você, depois, escolheste para amar. Eu suportei sua infidelidade e te vi renunciar por amor. Eu te tenho aberto os olhos ao universo e sei de seu amor por todo o criado. Eu levo as contas de sua entrega e dos talentos que o Pai te ofereceu. Meu nome é Deus, mas os homens, em sua ignorância, confundem-me com a "paixão".”

 Eu preservo sua imortalidade 6 E a sexta e última estrela me deslumbrou. E caí como morto aos pés do Gigante. E o guardião disse: «Eu preservo sua imortalidade. Eu custódio seu mais prezado bem. E se acha ante seus olhos desde o começo. Eu, por rápido desejo do Pai, recorri a sua inteligência, a sua vontade, a sua bondade e a sua capacidade de amar para que o descubra. E esperei pacientemente este momento. Agora já sabe. Agora é teu. Agora já sabe de seu patrimônio: é filho de um Deus. É eterno. É meu irmão. É Deus.»

 

 Os Anciões dos Dias 1 E depois disto fui novamente arrebatado pela águia com cabeça de homem. E fui elevado ao mais alto da nova Jerusalém. Ali, no Santuário de Deus, vi os sete chefes dos sete Superuniversos. E o sétimo me mostrou o grande olho do tempo e disse:

«Vêem e contempla os trabalhos do Senhor. Esta é parte de sua obra.”

E o olho do tempo se abriu ante mim e vi um sétimo da obra do Pai. E vi o princípio, o presente e o futuro do sétimo dos Superuniversos, no que habito. E os sete Anciões dos Dias clamaram:

«Nós velamos pelas sete obras de Deus. Nós somos os chefes dos Superuniversos que giram em torno do Grande Universo. Glorifica ao Pai que os criou por mediação do Filho! Pai e Filho são Um.”

E em minha visão foi dado conhecer o Superuniverso no que habito. E isto foi o que vi:

O primeiro dia, o Senhor Todo-poderoso fez as dez rodas maiores. E essas dez rodas formam o Superuniverso. E viu Deus que era bom.

O segundo dia, o Senhor Todo-poderoso criou as cem rodas menores que formam cada uma das rodas maiores. E Deus viu que era bom.

O terceiro dia, o Senhor Todo-poderoso trabalhou nos cem universos que formam cada uma das rodas menores. E viu Deus que era bom.

O quarto dia, o Senhor Todo-poderoso fez as cem constelações que flutuam em cada um dos cem mil universos do sétimo dos Superuniversos. E viu Deus que era bom.

O quinto dia, o Senhor Todo-poderoso construiu os cem sistemas que encerra cada uma das constelações. E viu Deus que era bom.

O sexto dia, o Senhor Todo-poderoso concluiu sua obra, criando os mil mundos de que consta cada um dos sistemas. E viu Deus que tudo era bom.

E o sétimo dia descansou. E chamou a sua presença aos espíritos portadores de vida e lhes ordenou que descendessem até o sétimo dos Superuniversos e fizessem brotar de suas águas toda sorte de vida. E Ele se reservou a criação do homem. E assim ocorreu com cada um dos sete Superuniversos que giram em torno do Grande Universo.

 E Deus criou o tempo 2 E o sétimo dos Anciões dos Dias me mostrou o   olho do tempo e disse:

«Vêem agora e contempla os trabalhos do Senhor. Esta é parte de sua obra.”

E o olho do tempo se abriu de novo ante mim e em minha visão vi a glória do Pai. E vi como o Não Tempo criava o tempo. E os sete Anciões dos Dias e chefes dos sete Superuniversos clamaram:

«Nós velamos os tempos de Deus, Mas só Ele vela o Não Tempo. Glorifica ao Pai no tempo e no Não Tempo!”

E vi os trabalhos do Senhor. E isto foi o que vi: Do Não Tempo, Deus criou primeiro o tempo sem tempo do Paraíso. E a eternidade foi. E este foi seu primeiro trabalho.

Do Não Tempo, Deus fez depois o tempo do Grande Universo. E um dia na Havona é como mil anos da Terra, em que habito. E foi escrito: «Não esqueçam, amados meus, que um dia diante do Senhor é como mil anos e mil anos como um dia.» E este foi seu segundo trabalho.

Do Não Tempo pôs seu olhar em cada um dos sete Superuniversos que giram em torno de Havona. E criou o tempo de cada Superuniverso. E um dia de cada Superuniverso é como trinta da Terra, em que habito. E este foi seu terceiro trabalho.

Do Não Tempo, Deus fez depois o tempo de cada um dos cem mil universos de cada um dos Superuniversos. E um dia desse tempo é como dezoito dias da Terra, em que habito. E este foi seu quarto trabalho.

Do Não Tempo, Deus criou mais tarde o tempo dos sistemas de mundos de cada universo local. E um dia em cada sistema é como três na Terra, em que habito. E este foi seu quinto trabalho.

Do Não Tempo, Deus fez finalmente o tempo da Terra e de quantos mundos povoam o Superuniverso. E este foi seu sexto trabalho.

E o sétimo dia descansou. E chamou a sua presença às legiões celestiales e lhes encomendou o cuidado de sua obra. E da Ilha Eterna do Paraíso partiram os Filhos Criadores e cada um tomou posse de um universo. E seu número é sete vezes cem mil. E todos, em sua glória, levavam o mesmo nome: Micael. E estes são os filhos do Filho Eterno, a segunda pessoa da Trindade. E cada um governa e preside em seu universo local. E o nosso, onde eu habito, é conhecido como Nebadon e seu Deus Criador descendeu à Terra sob o nome do Jesus do Nazaret. Ele é meu Deus e criador. Ele é filho do Filho Eterno e neto do Pai.

 A Providência divina 3 E o sétimo Ancião dos Dias e chefe do sétimo dos Superuniversos falou pela terceira vez e disse:

«Vêem agora e contempla a mão de Deus sobre o Grande Universo e sobre os Superuniversos. Esta é parte de sua obra.» E o olho do tempo se abriu pela terceira vez e soube da Providência Divina. E isto foi o que soube:

«Do Não Tempo, a mão de Deus está sobre tudo o criado. Cada mundo, cada sistema de mundos, cada constelação, cada universo local e cada Superuniverso tem seu próprio intuito. Nada ficou solto. Nada se move por azar. Enganam-lhes ao supor que a tutela do Pai sobre seu mundo é uma tutela infantil ou arbitrária. A Providência Divina consiste no amontoado de atividades solidárias dos espíritos divinos e dos seres celestiales que, em harmonia com a lei cósmica, trabalham sem descanso para honrar ao Pai e elevar espiritualmente às criaturas dos universos. Os universos, com todas suas manifestações físicas, intelectuais e espirituais, não são um acidente divino. Cada fenômeno, cada grama de matéria, cada realidade visível ou invisível foram previamente imaginados pelo Pai. Cada um encerra um intuito e um por que. Não lhes enganem ante o aparente caos das explosões dos mundos estrelados. Tudo se acha sob o férreo controle do olhar do Pai. Tudo se deve a sua livre e soberana vontade. E tudo desemboca em um único fim: o contínuo e ilimitado progresso da Criação. Esta é a grande contra-senha divina. Este é o espírito do criado e increado. O progresso existe. Já foi estabelecido desde o começo dos princípios. É o Paraíso a essência e a máxima expressão do progresso. E o Paraíso foi criado como morada Santa da felicidade. É, pois, a felicidade o vento que anima e empurra ao progresso. E a felicidade é o fôlego do Pai. E esse fôlego tem um nome: Providência. Olhem o passado e o presente de sua raça evolucionaria. Quanto sofrimento e quanta evolução até chegar ao dia de hoje! Entretanto, o homem progrediu. A Providência Divina se cumpre sempre, lenta mas inexoravelmente. Os aparentes enganos, os aparentes fracassos, os aparentes retrocessos da Humanidade não são tais. Todo isso se acha escrito nas páginas da Providência. E a Suprema Providência não está sujeita a engano. Está escrito: "Deus é fiel e sua fidelidade jaz nos céus." Todas as coisas trabalham na direção de Deus. Nada se aparta sem seu consentimento. As estrelas que vêem cair, fazem-no aos pés do Pai. A nova semente se eleva para o Pai. A luz procede Dele e a Ele retorna. Quem se acha livre de seu olho? Não há limites para sua força, nem labirintos para sua sabedoria. O cria e o sustenta tudo. E seu equilíbrio é imutável. Não lhes enganem: o estalo dos sóis está equilibrado. A instabilidade das órbitas está equilibrada. A fúria dos elementos naturais está equilibrada. A morte é equilíbrio.»

 Tudo é renovado «Imaginam um universo sem Deus? Se isto fosse possível, tudo se derrubaria. Seus sábios empobrecem sua sabedoria ao considerar o universo como um pêndulo casual, alheio à presença e à vontade de um Deus. Sem Ele, tudo o criado seria irreal. O Pai Eterno nunca abandona a direção e o sustento de sua obra. Não é um Deus inativo. Deus é a realidade ativa. Antes do tempo, Ele sustentava o Não Tempo. E agora, nos reino do tempo e do espaço, Ele sustenta o passado, o presente e o futuro. O universo dos universos se encontra em permanente renovação. E na morte da renovação encontra a vida. O Pai Universal é a fonte renovadora. Ele satisfaz o colossal e o infinitesimal. Ele irradia a vida, a luz e a energia. Seu trabalho descende ao material e se eleva até a mais sublime espiritualidade. Ele aperfeiçoa o vôo das aves e a força do leão. Ele afia a silhueta dos peixes e dá cor aos mares. Ele trabalha no finito e no infinito. vós podem, criaturas mortais, igualar o escarlate das rosas? Pode criar sua ciência a harmoniosa geometria do arco íris? Desfrutam de acaso do poder do raio? Está escrito: "Ele estende o Norte sobre o espaço e suspende a Terra em um nada".”

 

 A casualidade «Em sua limitada compreensão de quanto lhes rodeia no universo, chamam "casualidade" a todo aquilo que escapa a seu raciocínio. De verdade criem que a casualidade existe? Deus trabalha incansável sobre cada átomo do criado, sobre cada circunstância, sobre o espiritual e o não criado. Ele coordena e traçado seus intuitos. por que chamam então "casualidade" ao que, simplesmente, não conhecem? Chamem Deus e estarão mais perto da verdade. Bem por sua ação direta ou através de suas criaturas intermédias, o Pai lhes sai ao passo em cada curva de suas vidas. E o faz em forma de amor, de duelo, de poder, de miséria ou de felicidade. por que chamam a essas circunstâncias "casualidade"? Se o azar existisse, Deus não seria Onipotente. E devem saber que seu poder vai além do imaginável e do inimaginável. Deus não deixa cabos soltos. Não sonhem, portanto, com a liberdade absoluta. Sua única liberdade está na capacidade de escolher fazer ou não sua vontade. Essa é a liberdade das liberdades: escolher ou não a imortalidade.»

 A eterna manipulação divina «Nem sequer nos mais altos níveis dos espíritos criados em perfeição se alcança a compreender em plenitude o fenômeno da Providência Divina. Estão e estamos ante outro dos escuros e impenetrados mistérios da Trindade. Não forcem, pois, sua inteligência. Nos universos do tempo e do espaço existe uma unidade orgânica que, ao parecer, serve de fundamento a quase infinita trama de sucessos cósmicos. Esta presencia viva de Deus em evolução, esta imanência do Incompleto Projetado, se manifesta de vez em quando, e inexplicavelmente, através da coordenação, aparentemente fortuita, de dois acontecimentos universais sem vinculação nem relação entre si. A isto chamamos Providência. E essa Providência representa um vasto controle e uma manipulação eterna de todo o criado. Só assim pode entender-se que Deus ate e desate o intrincado nó gordiano dos confusos fenômenos físicos, mentais, morais e espirituais dos universos com a só força de sua vontade. Desde não conhecer e saber de seu infinito amor, essa escura força poderia arrasar mundos e inteligências.”

 O ignorado destino dos universos «Tampouco sabemos com certeza o final último dos intuitos divinos. À exceção das Deidades do Paraíso e de seus mais íntimos associados, ninguém intui sequer os últimos planos da Providência. Só na Ilha Nuclear de Luz está escrito o destino dos universos. Contemplando o universo central da Havona parece fácil deduzir que foi criado como modelo dos sete superuniversos e como etapa final de perfeição para as criaturas evoluiria do tempo e do espaço. Mas, trata-se só disso? O que encerra na verdade a sabedoria divina? Qual é a finalidade dos atuais e imensos espaços increados que se estendem pelo Professor Universo? Isto é o que sabemos: na Ilha Eterna do Paraíso existe um prodigioso plano para educar a quão humanos alcançam ao fim a presença divina. Estes seres formam já o Corpo da Finalidade. E algum dia serão enviados a esses espaços increados com uma missão que, no momento, não foi revelada.» A obra de Deus na natureza 4 E em minha visão falou o sétimo Ancião dos Dias. E o fez pela quarta vez. E disse: «Vêem e te mostrarei a obra de Deus na natureza. Esta é parte de sua obra.”

E o olho do tempo se abriu pela quarta vez e vi nele todo o criado sobre a Terra e sobre outras mil Terras. E isto foi o que vi e escutei:

Vi oceanos enfurecidos, rios de lava ardente, dilúvios mortíferos, tremores de terra que assolavam e matavam, furacões sobre a campina e sobre as águas, estrelas cambaleantes e em metade do caos, da morte e da ruína, uma multidão de seres humanos, sedentos de sangue, de poder e de vingança. E escutei a voz do olho do tempo que dizia:

«Esta é a natureza que evolui. Esta é a parte imperfeita da natureza.”

E vi depois a ordem universal e o calor lhe vivifiquem do sol e as mil espécies que alimentam ao homem. E vi também a paz das altas cúpulas e a chuva benéfica que engorda as colheitas. E escutei a música das aves e me senti agradado sob a pontual ronda das estrelas. E em metade daquela perfeição se achava uma multidão de seres humanos, progredindo em paz. E escutei de novo a voz do olho do tempo que dizia:

«Esta é a natureza que evolui. Esta é a parte divina da natureza.”

E soube então que a natureza, embora obra do Pai, tem duas caras. E assim é por intuito de Deus. Uma cara é o reflexo do Paraíso. A outra, o reflexo da natural e evoluiria imperfeição dos mundos e de suas criaturas. A natureza representa e contém o perfeito e o parcial, o eterno e o temporal. E a segunda cara, da mão da evolução, tende por volta da primeira. E a evolução foi disposta pelo Criador, inclusive no material, como caminho natural para o imutável. A evolução é a pedra universal que lima enganos e asperezas. quanto mais jovem é um mundo, quanto mais jovens suas criaturas, mais pontuais e pomposas som suas imperfeições. Mas o sopro divino da Perfeição sopra igual para todos os mundos e para todos os homens. E todos serão um na harmonia universal.

 A resultante de dois fatores cósmicos E a voz do olho do tempo disse:

«As leis de Deus são imutáveis. Ele dispôs o princípio e o final de todo o criado. Nada pode alterar essa lei. Mas o Pai Universal, em sua infinita sabedoria, sujeita essa invariável ação universal à evolução e à conduta de cada indivíduo, de cada mundo, de cada sistema de mundos, de cada constelação, de cada universo local e de cada Superuniverso. Deus não conhece a pressa. A impaciência e a pressa são signos de evolução humana. A demora na execução final das leis da Providência não empana sua grandeza. Ao contrário. Só um Deus de Amor poderia consentir que seus justos e sábios intuitos se vejam condicionados e temporário e provisoriamente modificados pela imperfeita e evoluiria conduta de seus filhos e de sua jovem criação. Cada humano do tempo e do espaço é um mundo em potência. Um esplêndido e maravilhoso mundo. E esse humano deve encher e cumprir sua própria evolução, de acordo com suas circunstâncias. E assim acontece com cada um dos mundos. E assim acontece com cada um dos sistemas, constelações e universos locais. E assim acontece com cada Superuniverso: cada um encerra seu próprio intuito. E a natureza não é alheia a esta ordem de coisas. A natureza —assim está escrita— é a resultante de dois fatores cósmicos: de um lado, o fator divino da Perfeição. Do outro, o inevitável e lógico fator da imperfeição, dos enganos, da estupidez e até das rebeliões de suas criaturas evoluiria. A natureza encerra, pois, uma trama de perfeição uniforme, imutável e majestosa, que emana do círculo da eternidade. Mas, em cada universo, sobre cada mundo e em cada criatura dotada de vontade (inclusive nas não conscientes de si mesmos), a natureza é modificada e condicionada pelos atos, enganos e infidelidades de seus habitantes.”

 A grande rebelião 5 E o sétimo dos chefes dos Superuniversos falou pela quinta vez. E me mostrando o olho do tempo disse: “Vêem e te mostrarei algo que padece. Esta é a última rebelião contra Deus.» E o olho do tempo se cobriu de sangue. E os sete Anciões dos Dias se tingiram de sangue. E eu com eles. E vi 619 mundos que flutuavam na negrume do universo ao que pertenço. E todos se achavam vermelhos de sangue. E a negrume de um nada se fez sangue. E meu mundo era o 606. E vi também ao Soberano desse sistema de 619 mundos. Mas se achava prisioneiro do sangue. E seu nome era Luzbel e levava na frente o número 37. E em minha visão soube que aquela criatura perfeita, de uma luz radiante como a aurora, recebe agora o nome de Lúcifer e que seu julgamento se acha pendente. E o sétimo Ancião dos Dias disse:

«Esta criatura foi perfeita em todas as vias, do momento em que foi criada. Mas escolheu a iniqüidade. Escuta sua história e conhecerá sua própria história. Ele reinava na "Montanha de Deus". E sua sabedoria lhe levou a sentar-se no conselho dos Muito Altos. Mas, faz duzentos mil anos do tempo da Terra, o engano aninhou em seu coração. E se levantou em armas contra o Filho Criador de seu universo local e contra a Deidade do Paraíso. E muitos dos Príncipes planetários desses 619 mundos secundaram sua rebelião. E entre eles, Caligastía, o Príncipe de seu próprio mundo. Quando no universo do Micael, o Filho Criador, teve-se conhecimento dos planos do Soberano rebelde, as supremas hierarquias da constelação e do Nebadon se mobilizaram para persuadir ao Luzbel. Mas a iniqüidade tinha germinado em seu coração. E o sistema de mundos que governava se tingiu de sangue. Lúcifer fez seu público "Manifesto da Liberdade" e milhares e milhares de criaturas ficaram deslumbradas, unindo-se à revolta. Satã, lugar-tenente de Lúcifer, levou a proclama aos mundos rebeldes, e entre eles ao teu. E Caligastía afundou a seu mundo nas trevas. Vêem agora e conhece por ti mesmo o "Manifesto da Liberdade".”

E o olho do tempo se abriu ante mim e li:

«Deus não existe. O Pai Universal é um mito, inventado pelos Filhos do Paraíso para sustentar e monopolizar o poder universal. Ninguém conhece a natureza e a personalidade de Deus. Deus é uma gigantesca fraude.

»Micael, o Filho Criador do universo local do Nebadon, carece de potestad sobre os mundos sob seu domínio. Embora Criador e meu Pai, Micael não é meu Deus. Os Anciões dos Dias só são estrangeiros neste reino. daqui proclamo a soberania e o auto-governo dos mundos sob minha tutela.

»As criaturas evoluiria do tempo e do espaço foram e são enganadas. Durante largas épocas são preparadas para um destino tão desconhecido como fictício. As criaturas "finalistas" traíram a seus irmãos, lhes fazendo acreditar em um Pai Universal inexistente.”

E o sétimo chefe do sétimo Superuniverso falou de novo e disse:

«A blasfêmia de Lúcifer foi um fogonozado nos céus. Muitos caíram deslumhrados aos pés do Soberano rebelde. Nem a clemência nem a bondade das altas hierarquias celestes lhe fizeram desistir. E Micael ordenou a não intervenção. Foram tempos escuros para o sistema de mundos ao que pertence. E ao fim, Gabriel, chefe executivo do Micael e supervisor de todos os Soberanos de sistemas de mundos do universo local do Nebadon, ficou em marcha com suas legiões celestiales, ao encontro de Lúcifer. Gabriel desdobrou a insígnia do Micael: a bandeira branca com três círculos concêntricos e azuis no centro. E Lúcifer estendeu a sua: branca também, com um círculo vermelho e outro mais pequeno, negro, no centro. E houve guerra nos céus. Uma guerra sem sangue, em que milhares de criaturas puseram em jogo sua imortalidade. E ao final, a Verdade resplandeceu e Lúcifer e seus chefes foram encadeados e destituídos. E o sistema de mundos de Lúcifer foi isolado e assim permanece. Mas a luz retornará a seu mundo e ao resto do sistema quando o Maligno seja julgado. A quarentena disposta sobre os 37 mundos rebeldes que se aliaram finalmente com Lúcifer tocará a seu fim e as criaturas e a natureza que os habitam recuperarão o ritmo de sua natural evolução, unindo-se ao batimento do coração do Superuniverso ao que pertencem.”

 A natureza não é Deus «Hei aqui um exemplo de quanto viu e ouvido: em sua imensa sabedoria, Deus permite que seus imutáveis intuitos divinos se vejam demorados e aparentemente transtornados pelos enganos, imperfeições e rebeliões de suas criaturas. É a cara temporária e evoluiria da criação. Compreende agora por que Deus não pode achar-se pessoal, física e diretamente no que chamam natureza? Ele a cria e sustenta mas, tal e como aparece nos mundos evolucionarios, tal e como você a vê no teu, nunca será a justa expressão e o fiel reflexo de um Deus imensamente sábio e perfeito. Deixem que cresça. Deixem que evolua. Cresçam com ela e evoluam a seu ritmo, mas não procurem nos fenômenos naturais a mesma faísca divina que habita em vós. A natureza representa as leis da perfeição, mas se encontra condicionada por sua própria evolução. Mas chegará o dia em que essa natureza será perfeita e com uma só cara: a do Paraíso. Cada universo desfruta de seus próprios planos evolutivos e Deus sabe. Ele delegou em seus Filhos Criadores para que assim seja. Fujam, portanto, daqueles que veneram a natureza como a máxima expressão da Divindade. Sem sabê-lo, estão adorando sua própria imperfeição. Respeitem e admirem à natureza pelo que representa, mas não caiam no engano de confundi-la com Deus. É que podem identificar seus enganos com possíveis enganos divinos? Desde quando o Pai Universal está sujeito a equívoco? Ele consente e equilibra as forças da criação, mas as contempla desde fora. Essas imperfeições representam os tempos de espera inevitáveis no desenvolvimento constante do espetáculo da Infinitud. Essas interrupções defeituosas da continuidade perfeita são, justamente, as que permitem ao pensamento limitado dos homens evolucionarios ter uma percepção, embora fugaz, da realidade divina no espaço e no tempo. Enquanto contemplem à natureza com seus olhos carnais, as manifestações materiais da Divindade lhes seguirão parecendo perfeitas. Despertem à verdade! A natureza não é Deus, embora Dele proceda.»

 A não imagem de Deus 6 E depois disto, o chefe do sétimo dos Superuniversos me mostrou de novo o olho do tempo e falou pela sexta vez. E isto foi o que disse:

«Vêem e te mostrarei agora a não imagem de Deus.» E o olho do tempo se abriu e vi um homem e a uma mulher, perfeitos em sua beleza. E o Ancião dos Dias falou:

«Esta é a não imagem de Deus. Deus não é o homem, embora habite nele. Deus não é semelhante aos homens. Nem aos perfeitos nem aos imperfeitos. São os homens os que procuram parecer-se com Ele. Deus procura a perfeição para os seus, mas os homens lhe confundem com as perfeições e imperfeições humanas.”

E o olho do tempo se abriu e vi o monstro que se devora a si mesmo. E esse monstro levava o nome de «ciúmes». E o Ancião dos Dias disse:

«Esta é a não imagem de Deus. O homem é ciumento e imagina a um Deus ciumento. Mas o Pai não conhece o ciúmes. Ele deseja e pretende que o homem seja a peça professora de sua criação. E quando o homem erra, quando a criatura mortal e evoluiria do tempo e do espaço se prostra ante os ídolos ou ante sua própria soberba, Deus se sente ciumento "pelo homem: nunca "do" homem.”

E o olho do tempo se abriu e vi nele ao cavaleiro do fogo e da cólera. E o Ancião dos Dias falou:

«Esta é a não imagem de Deus. O homem é colérico e imagina a um Deus colérico e de perdição. Mas Deus não sabe da cólera. Deus não se vê miserável por emoções tão baixas, indignas inclusive do próprio homem.”

E o olho do tempo se abriu e vi um homem ajoelhado e talher de cinza. E o Ancião dos Dias disse:

«Esta é a não imagem de Deus. O homem se arrepende de seus atos e palavras e imagina a um Deus igualmente arrependido. Mas o Pai não gosta do cálice do arrependimento. Ele é imensamente sábio e poderoso. Ele conhece seus enganos e assim estão escritos nas pranchas de seus intuitos. Sua sabedoria se forja nas provas e nos fracassos. E é justo que experimentem o arrependimento. A sabedoria de Deus reside na perfeição absoluta de sua infinita previsão universal. E esta divina previsão é a que dirige a livre vontade criadora.”

E o olho do tempo se abriu pela quinta vez e contemplei em minha visão a um homem enfermo e entristecido. E o Ancião dos Dias disse:

«Esta é a não imagem de Deus. O homem conhece a amargura e faz a Deus triste e humilhado. Mas o Pai Universal não é humano. E embora se aflige com sua aflição, sua dor e divina tristeza não são emoções humanas. A dor e a amargura não cabem na suprema Infinitud. Deus não é emoção humana, embora Ele seja seu criador. Olhem a luz do sol: procede do Pai, mas não é o Pai. Olhem a escuridão: procede do Pai, mas tampouco é o Pai.» E o olho do tempo se abriu e vi o cavaleiro que se fere si mesmo. E seu nome era «vingança». E seu rosto era de homem. E o Ancião dos Dias disse:

«Esta é a não imagem de Deus. O homem é vingativo e faz a Deus vingativo. E seus profetas e livros sagrados seguem alimentando esta não imagem de Deus. Mas Deus está isento de vingança. Deus é o supremo Amor. Inclusive entre vós, os homens, o verdadeiro amor está renhido com a vingança. Ninguém que ame a um filho pode alimentar vingança contra ele.» E o olho do tempo se abriu e vi um homem com a túnica negra da confusão. E o Ancião dos Dias falou:

«Esta é a não imagem de Deus. O homem é arbitrário por natureza e imagina a um Deus igualmente arbitrário em seus julgamentos e obras. Mas Deus é a suprema justiça e retidão. Deus não confunde nem se confunde. Não confundam seus intuitos com a arbitrariedade. Equivocam o Destino com a arbitrariedade e, em sua estupidez de pensamento, julgam-no injusto.» E o olho do tempo se abriu e vi uma multidão prostrada ante um anjo de luz. E o Ancião dos Dias disse:

«Esta é a não imagem de Deus. O homem é lento de pensamento e confunde a Deus com suas criaturas espirituais subordinadas. Da mais remota noite dos tempos lhes prostrastes, rosto em terra, adorando a quem, na verdade, só estão ao serviço do Pai. Seus profetas, líderes e livros sagrados confundiram e seguem confundindo aos anjos e enviados do Pai com o próprio Pai. Não soubestes distinguir com claridade e justiça às três pessoas da Trindade, nem tampouco à Deidade do Paraíso, nem tão sequer aos Filhos Criadores dos universos locais e muito menos aos Príncipes dos mundos, aos Soberanos dos sistemas de mundos, aos Pais das constelações ou aos Chefes dos Superuniversos. Numerosas mensagens de personalidades subordinadas —desde portadores de Vida até os mais modestos ordens angélicos— foram apresentados à Humanidade, aos povos e aos seguidores das mais diversas religiões como procedentes do mesmo Deus Supremo. Esqueçam o passado. As tradições religiosas são sempre uma História imperfeitamente conservada.» E o olho do tempo se abriu e vi nele três altares. No primeiro, os homens ofereciam sangue a Deus. No segundo queimavam incenso e no terceiro, os homens se ofereciam a si mesmos a Grande Divindade dos Céus. E o Ancião dos Dias falou de novo e disse:

«Esta é a não imagem de Deus. Os homens edificam mitos e fazem de Deus um mito. Mas Deus é uma realidade. Deus não precisa de sangue, nem de incenso, nem tampouco do oferecimento pessoal de seus filhos. Deus não bebe sangue. Deus não escraviza. Deus não contém sua ira ante as oferendas de suas criaturas humanas. Deus não sabe da ira. Estas são manifestações de um mundo primitivo que já evolui. Deus não golpeia a seus filhos com a fome, com a miséria ou com as catástrofes naturais. Isso é obra da natureza evoluiria e imperfeita. Estas crenças e práticas repugnam aos seres que governam os universos. Mas não lhes desalentem. Nos intuitos divinos está escrito que seu mundo, como todos os mundos evolucionarios da criação, acharão ao fim a Verdade. E a não imagem de Deus ficará apagada dos corações.»

 A imagem de Deus 7 Então vi o sétimo chefe dos Superuniversos que me mostrava de novo o olho do tempo. E disse:

«Vêem, mostrarei-te a verdadeira imagem de Deus.» E o olho do tempo se abriu, mas não vi nada. E seu interior se achava vazio. E os sete Anciões dos Dias se prostraram ante o olho do tempo e adoraram a imagem de Deus. E o sétimo disse:

«Deus não é humano. Deus não tem imagem. Em toda a glória da Criação, Deus é o único ser que não tem exterior nem mais à frente. Deus é estacionário e se acha contido em si mesmo. Deus não conhece acontecido nem futuro, mas conhece o passado e o futuro. Deus é energia intencional, espírito criador e vontade absoluta. E estas qualidades são autoexistentes e universais.

»E está escrito: "Eu Sou o que Sou. Eu, o Senhor, não troco." Ele existe em si mesmo e, em conseqüência, é imensamente independente. Deus é hostil à mudança, embora sua obra troque. Deus passa da simplicidade à complexidade, da identidade à variação, do repouso ao movimento, do divino ao humano, do infinito ao finito e da unidade à dualidade e à trindade e o faz sem modificar sua essência. E em seu misterioso poder, Ele permanece invariável no torvelinho de sua própria criação. Seu não troco não significa imobilidade.

»Estas coisas são inexeqüíveis ainda ao intelecto imperfeito e limitado dos homens. Mas esta é a verdadeira imagem de Deus.

»Deus se autodetermina. E só Ele determina o limite de seus desejos e de seu poder. Mas esses limites são infinitos. Seus atos só se acham condicionados por suas qualidades e atributos perfeitos. O vínculo, portanto, entre Deus e a Criação é o de seu Amor. Esta é a imagem de Deus.

»E1 Pai é o supremo Criador. Esta é sua imagem. Ele fez a Ilha Nuclear de Luz e o universo central e perfeito. Ele é o Pai de todos os Criadores. Sua imagem está em todos os Filhos Criadores dos cem mil universos de cada Superuniverso. Sua imagem está sete vezes cem mil vezes. E só é uma. Ele compartilha com os homens e com suas criaturas espirituais subordinadas sua personalidade, sua bondade, seu amor, sua sabedoria e sua justiça. Mas a vontade infinita só é de Deus. Ele escolhe sempre o perfeito. Por isso sua Sagrada Morada é perfeita. Por isso o universo central da Havona é perfeito. Ele escolhe sua criação evoluiria. Por isso, algum dia, a natureza e os universos serão perfeitos. Ele escolhe e cria a seus filhos evolucionarios. Por isso, algum dia, vós também serão perfeitos.

»E1 Pai é eterno e infinito. Esta é sua imagem. Mas, como lhes fazer compreender a eternidade se nem sequer estão preparados para intuir suas limitadas fronteiras materiais e intelectuais? O que sabem de suas esferas físicas e mentais? Apenas uma letra no imenso alfabeto de vós mesmos. Como querer apanhar então a idéia de infinitud? Não joguem jogo do impossível. Só depois do primeiro sonho da morte é possível despertar às soleiras da grandeza divina. A eternidade é conseqüência da imortalidade. É a vida que gera a vida. Não olhem atrás, porque jamais alcançarão a vislumbrar o princípio. Olhem para frente, embora tampouco distingam o final. A eternidade, no momento, deve ficar ancorada em sua alma como uma esperança. Em seus mundos evolucionarios, a esperança substitui à eternidade.

»E1 Pai é Absoluto. Esta é sua imagem. E sua natureza absoluta o impregna tudo.

»E1 Pai é Pai. Esta é seu primeira, última e grande imagem. Em todas suas vastas relações com as criaturas do tempo e do espaço, o Deus dos universos está governado por este máximo sentimento: seu amor. Este é seu grande título: que melhor lhe define. No Deus Pai, seus atos não se acham unicamente governados pelo poder ou pelo intelecto. Em todos eles reina o amor. Em conseqüência, em todas suas relações com as personalidades criadas nos universos, o Grande Deus é, sobre tudo, Pai muito amante. Para a ciência, Deus é a Primeira Causa. Para a filosofia, Aquele que existe por si mesmo. Para a religião, o Deus Universal. Para Deus, Deus é Pai. Este é nosso grande patrimônio e o seu. Este é nosso descanso e o seu. Esta é nossa esperança e a sua. E está escrito: "Embora minhas forças se esgotem, Ele é meu Pai e me sustentará." Bendito aquele que se deite como simples mortal e desperte como filho de um Deus!»

 A segunda fonte

 1 E do Santuário, o espírito de Deus me conduziu até as três fontes que alimentam eternamente à Cidade Santa, à nova Jerusalém. E uma voz a minhas costas disse:

«Juan, filho da terra, bebe da segunda fonte, posto que a benevolência de Deus já te permitiu beber da primeira.» Mas eu não recordava ter bebido da primeira das fontes. E a voz disse: «A primeira fonte derrama a graça do Pai e sua água já está em ti. Bebe, pois, da segunda: a que derrama a graça do Filho Eterno e Original.» E cumpri a ordem do céu. E ao beber a água da segunda fonte caí em um profundo sonho. E isto foi o que vi e o que escutei:

 O Filho original Vi a Morada Santa e no centro havia três tronos. Mas dois anjos de luz ocultavam o primeiro e o terceiro tronos. E o segundo trono era como jaspe cristalino. E nele se achava sentado o Senhor, meu Senhor. E caí de bruces, lhe adorando e entoando sua glória. Mas o Senhor me falou e disse: «Juan, equivoca-te. Não sou quem você crie, embora seja em tudo igual a ele.» Mas eu não compreendi. E meu Senhor disse: «Olhe a sua esquerda.» E em minha visão vi uma multidão. E soube que eram mais de trezentos mil. E o Senhor disse: «Olhe agora a sua direita.» E assim o fiz. E vi outra multidão. E somava quão mesmo a primeira. E o Senhor, meu Senhor, falou de novo: «Estes são meus Filhos Criadores, em tudo igual a mim. Seu número é sete vezes cem mil. Um deles é seu Senhor.» Mas não compreendi. E o que ocupava o segundo trono falou assim: «Todos procedem de mim. Já lhe hei isso dito: são meus Filhos e seus nomes são um só nome: Micael. Seu Senhor é Micael.» Mas eu não compreendi. E o Senhor disse: «O Senhor que você conheceu, e que recebeu em vida mortal o nome do Jesus do Nazaret, é Micael do Nebadon, seu universo. Nele reina e governa por direito próprio e pessoal. Ele é seu Criador e o Criador de todo Nebadon. Ele é meu Filho e seu Deus. Mas só eu sou o Filho Eterno e Original, a segunda pessoa da Trindade.» E a confusão se apoderou de mim e chorei amargamente.

 Engendrado pelo Pai 2 E em minha visão, a multidão de Filhos Criadores de minha   esquerda clamou com uma só voz e disse:

«Glorifica ao Filho Eterno e Original, único engendrado pelo Pai! Ele é o Deus Filho, a segunda pessoa da Deidade e Criador associado de todas as coisas. Ele é nosso Pai. Ele é o Filho do Pai Universal. E nós, os Filhos Criadores dos universos, os Micael, entoamos sua glória.» E minha alma se abriu e o espírito de Deus penetrou nela como o vento do Este. E esta foi minha sagrada revelação sobre o Filho Eterno e Original, que ocupa o segundo trono, que derrama a água da segunda fonte:

«Em seu mundo, em sua limitada e imperfeita inteligência, confundistes ao Micael do Nebadon —seu Criador e Criador do universo local do sétimo dos Superuniversos— com o Filho Eterno e Original. Mas escuta, filho da terra, porque estas são palavras de verdade. O Filho Eterno e Original, a segunda pessoa da Deidade, jamais descendeu em vida mortal sobre a Terra. O Filho Eterno é o centro espiritual e o divino administrador do governo espiritual do universo dos universos. O Pai Universal, aquele que ocupa o primeiro dos tronos, aquele que te habita, é criador e controlador. O Filho Eterno é criador com Ele e administrador espiritual. Deus-Pai é espírito. E seu Filho revela esse espírito à criação. Deus-Pai é o Absoluto Volitivo. Deus-Filho é o Absoluto Pessoal. O Filho Eterno e Original, na primitiva linguagem e nos primitivos conceitos das criaturas evoluiria do tempo e do espaço, assemelharia-se à expressão final e perfeita do primeiro conceito pessoal e absoluto do Pai Universal. Em conseqüência, em todas as circunstâncias em que o Pai se expressa de uma forma pessoal e absoluta, faz-o através de seu Filho Eterno e Original. foi escrito: "Ele é o Verbo e a Palavra divina e vivente." O Filho Eterno existiu, existe e existirá eternamente. Ele vive no centro das coisas, em associação com a presença pessoal do Pai Universal que todo o envolve.»

 Nunca teve começo «Só por acessar a seu limitado intelecto é pelo que esta revelação consente em pronunciar a expressão "primeiro pensamento". Deus-Pai nunca teve um primeiro pensamento. Em conseqüência, não é justo falar de uma origem do Filho Eterno.

»E1 Pai Universal tem um conceito infinito da realidade divina, do espírito incondicionado e da personalidade absoluta. O Filho Eterno encarna a personalidade de dito conceito. É assim como o Filho constitui a revelação divina da identidade criadora do Pai Universal. E esta personalidade perfeita do Filho Eterno revela que o Pai é, em efeito, a fonte eterna e universal de todos os valores e significações daquilo que é espiritual, volitivo, intencional e pessoal. Não é possível que o pensamento humano alcance a compreender as misteriosas relações entre os seres que constituem a Deidade, de igual forma que não podem lhes beber os oceanos. Mas os oceanos estão aí e ninguém dúvida de sua existência. Não duvide, portanto, de quanto encerra esta revelação, embora seus conceitos e expressões sejam tão limitados como seu próprio pensamento. Sabemos que o Filho surge do Pai, embora ambos sejam eternos. Sabemos que o Pai Universal é Criador, embora sua criação seja sempre em coordenação com o Filho. Foi escrito sobre o Micael do Nebadon, seu Criador e Filho Criador do Filho Eterno: "Ao princípio era a Palavra. E a Palavra estava com Deus. E a Palavra era Deus. Todas as coisas foram feitas por ela e nada do que foi feito o foi sem ela." Esta revelação, válida para o Micael, é-o também para o Filho Eterno e Original, a segunda pessoa da Trindade. Mas, até sendo igual ao Filho Eterno, Micael —seu Jesus do Nazaret em vida mortal— não é o Filho Eterno. Hei aqui outra lamentável fonte de enganos entre os humanos da Terra. confundistes ao Criador do Nebadon com a segunda das Deidades do Paraíso. Os Filhos Criadores, os Micael, procedem do Filho Eterno e são Ele, mas não são o Filho engendrado pelo Pai. De seu Jesus do Nazaret se há dito: "É aquele que estava do começo a quem ouvimos, a quem vimos com nossos olhos, a quem contemplamos, a quem estreitamos a mão: a Palavra mesma de vida." E assim é na verdade. Os Micael que criaram, que sustentam e governam cada um dos 700 000 universos locais dos sete Superuniversos procedem do Pai Universal com tanta certeza como o Filho Original e Eterno, mas foram criados, a sua vez, por mediação do Filho Eterno. Assim está escrito: "E agora, OH meu Pai!, me glorifique por ti mesmo com a glória de que gozava a seu lado antes de que este mundo fora."»

 Os nomes do Filho Eterno  «E estes são os nomes que recebe o Filho Original e Eterno nos diferentes círculos da criação. No Universo Central e Perfeito da Havona é conhecido como a Fonte Coordenadora, o CO-Criador e o Absoluto Associado. Na sede do sétimo Superuniverso, o Filho Eterno é designado como o Centro Coordenado de Espírito e como o Eterno Administrador Espiritual. Na sede de seu universo local do Nebadon é chamado a Fonte Centro Eterna Segunda. Os Melquizedek lhe atribuem o título de Filho dos Filhos e em seu mundo, como foi escrito, o Filho Eterno e Original foi confundido e identificado com o Filho Criador do Nebadon: Micael do Nebadon. E embora todo Filho do Paraíso pode ser chamado em justiça Filho de Deus, e assim ocorre com seu Micael, a apelação de Filho Eterno só pertence ao Filho Original, segunda pessoa da Trindade e CO-Criador com o Pai Universal.”

 que viu ao Filho viu ao Pai 3 E o espírito de Deus seguiu falando. E isto foi o que disse: «O Filho Eterno e Original é o Verbo. E a Palavra é igual ao Pai. A Palavra é o Pai, manifestada "pessoalmente" em sua Criação. E foi escrito com verdade: "Aquele que tenha visto o Filho viu ao Pai." E assim é para o Filho Eterno e Original e para todos os Filhos Criadores que somam sete vezes cem mil.» E vi então à multidão de minha direita que proclamava com uma só voz:

«Glorifica ao Filho Eterno e Original, único engendrado pelo Pai! Ele é o Deus Filho, a segunda pessoa da Deidade e Criador associado de todas as coisas. Ele é nosso Pai. Ele é o Filho do Pai Universal. E nós, os Filhos Criadores dos universos, os Micael, entoamos sua glória.», E o espírito de Deus seguiu falando. E isto foi o que escutei:

«Juan, filho da terra, agora conhece a natureza do Filho Eterno. Escreve para que outros criam.”

 Em tudo igual ao Pai «O Filho Original e Eterno, o único engendrado pelo Pai, é em todo semelhante ao Pai. Quando adoram ao Pai, embora o ignorem, adoram igualmente ao Filho Eterno e ao Espírito Infinito. Deus Filho é tão real e divino em sua natureza como o Deus Pai. Ele possui também a infinita retidão e justiça do Pai e é o espelho da santidade da Causa-centro-primera. O Filho Eterno é perfeito como Deus Pai e com Ele compartilha a responsabilidade de conduzir às criaturas mais humildes até a Ilha Nuclear de Luz. Quando ao fim tomam a decisão de escolher fazer a vontade do Pai, estão escolhendo fazer a vontade do Filho Eterno. Ele é também a plenitude. Ele encarna a plenitude do caráter absoluto de Deus, tanto em personalidade como em espírito. Ele possui todos os divinos atributos de Deus Pai e os revela à Criação. Este é seu excelso encargo.

»Deus Pai é espírito. Mais ainda: Ele é o espírito universal. E essa natureza espiritual se acha personalizada na Deidade do Filho Eterno e Original. E todas as características espirituais de Deus Pai aparecem realçadas até a infinitud em seu Filho Eterno. E ambos compartilham esse espírito divino —em plenitude e sem reservas— com o Ator Conjunto ou Espírito Infinito, a terceira pessoa da Trindade.

»Quanto à Bondade do Pai Universal e do Filho Eterno, quem pode estabelecer fronteiras? Ambas as som uma mesma coisa. Não é possível as separar nem as distinguir. O Pai ama como um Pai e o Filho, como um Pai e como um Irmão. E o amor de ambos pela Verdade e a Beleza é similar, embora o Filho Eterno se consagre em maior medida que o Pai a desenvolver a beleza exclusivamente espiritual dos valores universais.

»E1 Filho Eterno e Original é, pois, igual em tudo ao Deus Pai. Entretanto, embora apenas lhe conhecem, Ele deve representar para vós, criaturas mortais do reino, um degrau prévio à Morada Santa. Viram ao Filho Eterno em seu Filho Criador, encarnado na Terra. Ele é como seu Jesus do Nazaret. Escutem as palavras do Micael do Nebadon e terão escutado as palavras da Palavra.”

 Assim é o Filho Eterno 4 E o espírito de Deus seguiu falando em meu coração. E isto foi o que disse:

«Assim é o Filho Eterno e Original. Escreve para que outros lhe glorifiquem.

»A diferença de Deus Pai, o Filho só é onipotente no reino do espírito. Nunca encontrarão esbanjamento de funções na Deidade. A Deidade não consente nem se entrega jamais a uma duplicidade de suas funções em todo o criado.

»O Filho Eterno é também onipresente. E essa onipresença é a unidade espiritual do universo dos universos. A coesão espiritual de todo o criado descansa e se nutre na ubicuidad real e infinita do espírito divino do Filho Original. É o cimento e a alma de toda vida e signo espirituais. E o espírito do Pai está no do Filho. O Pai é espiritualmente onipresente, mas esta onipresença é inseparável do espírito onipresente do Filho. E em todas as realidades e situações de dobro natureza espiritual, nas que Pai e Filho estão pressentem, o espírito do Filho Eterno se acha coordenado com o de Deus Pai.

»Em seu contato com as personalidades, o Pai opera sempre mediante o circuito de personalidade. Em seu contato pessoal com a criação espiritual aparece nos fragmentos de sua Deidade. E estes fragmentos do Pai têm uma função solitária, única e exclusiva desde que surgem em qualquer ponto do Professor Universo. E em todas estas situações, o espírito do Filho Eterno se acha coordenado com a função espiritual da presença fragmentada do Pai Universal.»

 A presença do Pai e a presença do Filho «Mas não lhes enganem. Embora o Filho Eterno é espiritualmente onipresente e seu espírito todo o enche, só o Pai lhes habita. Só o Monitor de Mistério —a presença viva de Deus— se instala no mais profundo de seu coração, ajustando seus pensamentos, desejos e vontade aos excelsos planos divinos de perfeição. E é mediante esta progressiva elevação do pensamento, da alma e do espírito do homem como os filhos evolucionarios de Deus vão sendo atraídos para o todo-poderoso núcleo do espírito do Filho.»

 O Filho Eterno sabe tudo «Como o Pai Universal, o Filho Original é imensamente sábio. Nada escapa a seu conhecimento. E ao igual a Deus Pai, nenhum acontecimento universal lhe pilha por surpresa. Ele é parte do princípio sem princípio e do final que nunca termina. Ele conhece o final antes do princípio e é, como o Pai, um eterno presente. Ambos, Pai e Filho Eterno, sabem do número e da convocação de todos os espíritos perfeitos e de todas as criaturas evoluiria do tempo e do espaço. E sabem em cada instante do tempo e do não tempo. O Filho Eterno conhece todas as coisas por si mesmo e em virtude de sua onipresença espiritual, conhecendo além disso a vasta inteligência do Ser Supremo. Por isso foi escrito: "O Filho conhece o interior e o exterior do Pai e se conhece si mesmo." Ninguém na Criação pode fazer distinção entre a sabedoria da primeira e da segunda fontes. Embora as vejam brotar por separado, ambas fluem de idêntico manancial.”

 Tão amoroso como os Micael «Quanto ao amor, a misericórdia e a benevolência do Filho Eterno e Original, em nada diferem dos do Pai. São uma mesma coisa no mistério impenetrável da Deidade. O segundo ama como o primeiro e este, igual ao segundo. E não há amor, misericórdia ou primeiros benevolência ou segundos. E esta forma de ser é transmitida íntegra e imensamente ilimitada aos Filhos do Filho. Em sua limitada inteligência podem imaginar aos Micael, Soberanos Criadores de cada um dos universos locais dos sete Superuniversos, como o espelho que reflete a imagem do Filho Eterno. Eles são tão misericordiosos, indulgentes, sábios e amorosos como o Filho Único, engendrado pelo Pai. Eles são Ele e são o Pai nele. Eles são uma ponte para o núcleo todo-poderoso do Filho. Eles, os Micael, os Filhos do Filho Eterno e Original, têm a potestad de criar e são os criadores de cada um dos universos que governam. E neles está o Pai e neles está o Filho. E são um com ambos e alguém é a criação neles.”

 O Filho é misericórdia 5 E em minha visão fui invadido pelo espírito de Deus. E o espírito de Deus lhe falou com este humilde servo do Senhor. E isto foi o que escutei:

«No estandarte do Filho Eterno e Original tem escrita uma palavra: "misericórdia". Na bandeira do Pai ondeia uma palavra: "amor". E o Filho é a revelação desse amor divino aos universos. E o Filho é a misericórdia. O Filho compartilha a retidão e a justiça da Trindade mas, sobre estes rasgos da Deidade, sua misericórdia ondeia sobre tudo o criado. Hei aqui o degrau que lhes aproxima do Filho Eterno. Ele ama como o Pai mas, como Filho, compartilha com as criaturas o sentimento de filiação para um Deus. Olhem, pois, ao Filho Eterno, olhem a seus Filhos Criadores, olhem aos Micael, olhem ao Jesus do Nazaret e lhes acharão ante um irmão. Um irmão cujo grande ministério é a misericórdia. A misericórdia é a essência do caráter espiritual do Filho. Nenhum de seus mandamentos, nenhum de seus atos, nenhum de seus pensamentos e intuitos se acha órfão de misericórdia.”

 O trabalho do Filho «E o trabalho do Filho Eterno e Original é um: revelar esse Deus Pai a toda a criação. Revelar aos universos que existe um Deus de Amor. Revelar aos espíritos que existe um único caminho para a Ilha Nuclear de Luz: o atalho amoroso do Pai. Revelar aos universos dos Superuniversos que são filhos de um Deus e que, em conseqüência, todos são irmãos. Recordem a seu Micael, Filho Criador do Filho Eterno. Esse foi sua mensagem. Esse foi seu testemunho na encamación sobre a Terra. Essa foi sua vida. Ele denunciou a grande verdade, escondida e esquecida aos olhos dos homens. A palavra "Pai" foi sua única e grande palavra. E cumpriu consigo mesmo e com os desejos do Filho Eterno. E assim será mais à frente do tempo e do não tempo.

»E1 trabalho do Filho Eterno é a aplicação espiritual do amor do Pai. Isto é a misericórdia. Conhecem homens que amem realmente e que não sejam misericordiosos? Tudo o que ama é misericordioso. que ama põe em prática seu amor. E o faz através da doação de si mesmo, da entrega de sua alma, de suas posses e até de seus defeitos. E em todo isso ondeia sempre o sentimento divino da misericórdia. Misericórdia para outros e, em especial, para si mesmo. Esta é, a escala humana, a ação permanente do Filho Original e Salvífico. Em seu limitado intelecto podem imaginar o amor de Deus Pai como o amor de um pai terrestre para os seus. E estarão próximos à verdade. O amor do Filho Eterno seria então similar ao amor de uma mãe terrestre. E igualmente estarão próximos à verdade. Embora o amor do Pai e do Filho sejam na verdade uma mesma coisa, existem sutis diferencia quanto à qualidade e à forma de expressão de ambos.»

 Uma personalidade puramente espiritual «Escuta, Juan. Ao longo deste segundo Apocalipse foi repetido até não poder mais: o Pai é a personalidade paternal. Deus Pai dá de presente e distribui a personalidade a cada uma de suas criaturas. Aos perfeitos e aos limitados pelo tempo e pelo espaço. Dele nascem e a Ele voltam. Pois bem, também a personalidade do Filho Eterno nasce do Pai. Mas esta personalidade da segunda pessoa da Trindade é pura e absolutamente espiritual. O Filho é personalidade absoluta. E esta personalidade absoluta é, ao mesmo tempo, o grande modelo divino e eterno. Modelo do dom de personalidade do Pai ao Espírito Infinito e Ator Conjunto da criação e modelo do dom de personalidade do Pai ao resto de seus filhos. Mas não é possível penetrar no mistério da personalidade do Filho Original. Seu intelecto se acha ainda impossibilitado para entender sua natureza. Baste dizer que essa personalidade é o mais nobre e brilhante de tudo o que existe e existirá.

»O Filho Eterno é o grande ministro da Misericórdia, o grande Espírito Divino e a grande reserva espiritual do Professor Universo e dos espaços increados. E essa reserva espiritual é como o amor de uma Mãe Divina: inesgotável, sempre disposta, inexeqüível ao desalento, amante e, por cima de tudo, misericordiosa.»

 O Filho Eterno não se fragmenta «Só Deus Pai atua pessoalmente sobre a criação física e material. Não são estes os domínios e os encargos do Filho. Na ajuda mental e espiritual às criaturas dos universos, o Filho Eterno atua sempre em cooperação com o Espírito Infinito. Ele o envia a vós e Ele lhes envolve assim com sua graça e poder. Mas o Filho Original não forma parte de seu Monitor de Mistério. Esta faísca divina —assim foi escrito— é e procede do Pai. O Filho coopera com o Pai na criação de personalidades, mas não as cria por si mesmo. É com o Pai Universal, em sua ação conjunta, como o Filho Eterno e Original cria aos Filhos Criadores dos universos. Hei aqui uma lei imutável que não devem esquecer: o Filho cria, mas em união com o Pai. Deus Pai lhe conferiu o poder e o privilégio de unir-se a Ele no ato divino da criação de outros Filhos que, a sua vez, são criadores. Estes são os Micael. E quando o Pai e o Filho se unem para criar um Micael, essa sagrada ação é conhecida como "intuito". Mas os Micael não podem transmitir seu poder criador a suas criaturas subordinadas dos universos. Esse poder criador nasce e morre em si mesmo.

»E1 Filho Eterno não está capacitado para fragmentar-se, nem para fragmentar sua natureza. Esse é um exclusivo atributo do Pai. E Ele lhes habita, enquanto o espírito do Filho lhes envolve. A fração prepersonal do Pai é dada de presente às criaturas evolucionarias do tempo e do espaço e nelas se instala. O espírito do Filho é agradável a toda a criação, impregnando-a e envolvendo-a até seus últimos limites. E é por essa sagrada "água" —a que emana da segunda fonte—, e que todo o cobre, pela que os universos dos universos flutuam para Deus.

»E1 Filho Eterno é o reflexo de Deus Pai em todo o criado. O Filho é pessoal e, em conseqüência, jamais poderá ser fragmentado. Não equivoque seus julgamentos. Os Filhos Criadores, os Micael, não são uma fragmentação do Filho Eterno e Original: são o reflexo do Pai e do Filho, de igual forma que o Filho o é do Pai. E os Micael são Deus e som o Pai e som o Filho. Daí que, com justiça e verdade, possam chamar o Jesus-Micael do Nebadon seu Pai e o Filho de Deus vivo. E Deus Pai disse: "Façamos ao homem a nossa imagem e semelhança." E nesse instante, Pai e Filho Eterno consentiram em derramar a faísca divina e real do Pai sobre os corações dos homens. E o Monitor de Mistério habitou em vós e o espírito do Filho lhes envolve. E ambos trabalham em sua perpétua elevação para o Paraíso.”

 O pensamento do espírito 6 Pela sexta vez fui penetrado pelo espírito de Deus. E eu, Juan do Zebedeo, o último dos mortais, escutei a palavra divina. E isto foi o que escutei:

«Você, Juan, filho da terra, apesar de ser templo do Pai, é uma criatura inteiramente material e submetida às leis da natureza evoluiria. Simplesmente, não conhece. Você é material e o Filho Eterno é espiritual. Como fazer compreender à besta os circuitos imateriais do pensamento? Está escrito nos intuitos da Deidade: "Tudo se cumprirá em seu momento. A besta se elevará para o homem e o homem para a luz." Devem esperar, pois, a obter o definitivo estatuto espiritual para aparecer nas realidades divinas e espirituais do Filho. Só então, enquanto atravessem os universos, descobrirão o pensamento do espírito. E este clarificará os mistérios que agora lhes consomem. Só então começarão a intuir que o Filho Eterno é espírito e que seu pensamento, como sua natureza, nada têm que ver com o pensamento e a natureza humanos. O pensamento do homem é um. O pensamento do espírito é tudo. Só depois do primeiro sonho da morte aparecerá em vós o pensamento do espírito. E este pensamento do espírito não pode ser comparado com o que rege a matéria, nem tampouco com o que rege seu intelecto. O pensamento do espírito é muito mais: é a percepção espiritual. O pensamento é um sucesso universal nas criaturas dotadas de vontade. Sem ele não existiria consciência espiritual na criação. E este pensamento, em sua expressão infinita, é igualmente comum e natural na Deidade. A Deidade pode ser pessoal, prepersonal, superpersonal ou impessoal, mas nunca aparece desprovida de inteligência. O pensamento do espírito, aquele que enche aos Filhos do Paraíso, não se parece em nada ao pensamento dos homens mortais. O caminho que lhes separa da perfeição é tal que sua mente, se pudesse intui-lo, resultaria fulminada. Mas não lhes desalentem. Outros muitos, antes que vós, empreenderam esse caminho de ascensão por volta do Paraíso e agora sabem e entendem que o Filho Eterno é real.”

 O Filho: a palavra expressiva «Isto servirá a seu limitado intelecto: a criação é como uma grande família. Nela reina e governa o Pai. Nela reina e governa o Filho: a Divina Mãe que ostenta a misericórdia. Nela participam os Filhos Maiores da Deidade e os filhos menores dos mundos do tempo e do espaço. E o amor, a justiça, a beleza e a retidão cobrem a Grande Família. E assim será no tempo e no não tempo. E como em uma família humana, os filhos menores devem crescer em espírito e em sabedoria para tentar aproximar-se do pai e à mãe, conhecendo assim suas vontades e intuitos. À infante lhe basta com o amor de seus pais. Ao adolescente não lhe basta com o amor. Sua personalidade demanda conhecer. E o pai e a mãe entregam então ao filho, abrindo as portas de suas inteligências. Mas todo isso requer um tempo e exige um crescimento. Esta é a verdade espiritual que lhes aguarda. E chegará o dia em que os filhos menores serão chamados Filhos da Deidade e estarão na presença do Pai e da Mãe, conscientes e preparados para entender e assumir seus sagrados intuitos. O amor, então, sublimou-se. Na realidade da Ilha Nuclear de Luz ocorre o mesmo. Deus-Pai e Deus-Filho, em tanto que personalidades divinas, não podem ser facilmente distinguibles pelos ordens de inteligências inferiores. Para os Filhos do Paraíso e os Filhos perfeitos do Universo Central, essa dificuldade é menor. Os seres nativos da Havona estão capacitados para distinguir ao Pai e ao Filho Eterno, não só como uma unidade pessoal de controle universal, mas também como duas personalidades separadas que operam em planos e territórios definidos da administração universal. Vós, criaturas mortais e evoluiria, podem imaginar a Deus Pai e a Deus Filho como individualidades separadas. De fato o são. Mas, na administração do criado, acham-se de tal forma entrelaçadas que não resulta fácil distinguir a um do outro. Ante semelhantes circunstâncias é melhor prostrar-se em sinal de humilde aceitação. Recordem então que Deus Pai é o pensamento iniciador e o Filho Eterno e Original, a palavra expressiva. E em cada um dos cem mil universos de cada Superuniverso, esta divina associação aparece personalizada em seus respectivos Filhos Criadores ou Micael. Ele representa ao Pai e ao Filho. E assim deve ser aceito pelos milhões de criaturas que habitam esses universos do tempo e do espaço. Enquanto não cruzem a barreira dos Superuniversos, rumo à Havona, os Micael são sua esperança e a encarnação viva e verdadeira do Pai e do Filho Eterno. Depois, uma vez no Universo Central, esquecerão aos Micael e o pensamento do espírito se preparará para o último e definitivo salto para a compreensão da Deidade. À medida que esse caminho para o Paraíso seja mais curto, a personalidade do Filho Eterno se voltará cada vez mais real e distinguible, de igual forma que agora, nos mundos do tempo e do espaço, seu pensamento, sua alma e seu espírito começam a estar capacitados para discernir a grandeza e a personalidade dos Micael. O conceito de Filho Eterno não pode brilhar em plenitude no coração dos mortais do reino. Mas, em seu lugar, brilha o de seus Filhos Criadores. E a compreensão da natureza do Micael compensará a incompreensão da natureza do Filho Eterno. Não tentem tomar o céu com as mãos. Micael é seu Deus, seu Pai e a encarnação do Filho, segunda pessoa da Trindade. E Ele descendeu sobre seu mundo terrestre, com o propósito de conhecer sua própria experiência mortal e de que conheçam a boa nova: que são filhos de um Deus e, conseqüentemente, irmãos.”

 Os Micael «E agora, Juan, filho da terra, escuta o que diz a revelação. Estes são os Micael, os Filhos Criadores dos universos dos Superuniversos: Eles são Filhos do Paraíso. Eles foram criados pelo Pai e o Filho Eterno. Eles são parte da Deidade. E cada Micael é eterno e, como fiéis reflexos do Pai e do Filho Original, seu poder é infinito e seu amor, bondade e misericórdia não têm fim. Eles são os criadores dos cem mil universos de cada Superuniverso. E só ao Pai e ao Filho se devem e só a Eles prestam contas. E todo o criado em cada universo local é obra dela, por rápido intuito da Deidade. E quantas criaturas povoam cada universo local são igualmente filhos de cada Filho Criador. Você é sua obra. E o espírito do Pai habita em ti. É Micael do Nebadon, o universo ao que pertence, o muito amante criador de suas constelações, de seus sistemas de mundos e de todos os mundos que nele giram, nascem e morrem. E nada escapa a seu olhar e a seu poder. Ele ostenta a glória de todo o criado no Nebadon por intuito do Pai e do Filho e por intuito próprio. Ele conhece suas criaturas e, em seu infinito amor, descendeu sete vezes até elas, "encarnando-se" nos diferentes círculos de seus estoque. Ele lhes criou e Ele lhes conhece na carne. E sua sétima e última efusão nos mundos evolucionarios do tempo e do espaço marcou sua glória até a eternidade. Nessa sétima encarnação, Micael do Nebadon se fez homem e recebeu o nome do Jesus do Nazaret. E compartilhou a vida e a morte com suas criaturas mais humildes. E hoje reina e governa em seu universo com plena autoridade. O chamado Jesus do Nazaret é, pois, com pleno direito, o Filho do Deus vivo, o fiel reflexo do Pai Universal. Ele lhes tirou que as trevas ancestrais para lhes mostrar o caminho que lhes aguarda. Ele lhes revelou ao Pai e ao Filho Eternos e, por cima de tudo, revelou-lhes sua própria essência e natureza divinas. Ele lhes há dito com verdade e justiça: "São filhos do Pai e ninguém lhes arrebatará tal privilégio.”

»É1 lhes aguarda final de sua ascensão pelo universo do Nebadon, mas não é esse seu final. Chegado o dia, Micael do Nebadon lhes verá partir para a Ilha Nuclear de Luz e com vós viajará toda sua glória. E assim é em cada um dos cem mil universos de cada Superuniverso.”

E em minha visão olhei a minha esquerda. E vi a primeira multidão de Filhos Criadores. E compreendi. E olhei à direita e vi a segunda multidão dos que chamam Micael. E compreendi. E aquele que se sinta no segundo dos tronos da Morada Santa falou assim:

«Eu sou o Filho Eterno e Original, a segunda pessoa da Trindade. Estes são meus Filhos Criadores.”

E então compreendi e caí de joelhos, entoando a glória de meu Senhor. E os que se achavam a minha esquerda e a minha direita proclamaram com uma só voz:

«Glorifica ao Filho Eterno e Original, único engendrado do Pai! Por Ele somos e nele somos. Sua glória é nossa glória. Seu poder é nosso poder. E tudo é um no Pai e no Filho Eterno.”

 O nascimento dos Micael 7   E o espírito de Deus entrou em mim pela sétima vez. E     esta foi sua revelação: «Escuta, filho da terra, o que ninguém conhece. E escreve depois para que outros criam. Assim surgiram os Micael. Os Filhos Criadores dos universos de cada Superuniverso são conseqüência do pensamento criador conjunto do Pai e do Filho Original e Eterno. Quando ambos projetam um novo, absoluto e original pensamento, essa idéia se vê materializada ao momento em um Filho Criador: em um Micael. Para seus limitados conceitos, este poderia ser o "nascimento" de um Deus. E cada Filho Criador é potencialmente igual ao Pai e igual ao Filho. E sua natureza é igualmente divina, igualmente sábia e igualmente misericordiosa. E nele jaz o poder e a glória. Cada Micael é um Deus e cada Micael é Deus. E antes de sua partida para os reino do tempo e do espaço, cada Micael recebe do Filho Eterno todos os atributos e toda sua natureza divina. E são, a um mesmo tempo, o Pai e o Filho. E sua missão é uma desde o começo: revelar aos universos materiais a existência do Pai e a do Filho Eterno. E essa revelação sagrada tem lugar de forma direta e pessoal. Jesus do Nazaret, seu Micael, é o mais vivo e eloqüente exemplo de tão sublime ministério.

»É pois o Paraíso o "berço" de cada Filho Criador. É por isso que são chamados Filhos do Paraíso. Mas os Micael não são os únicos Filhos do Paraíso. Uma vez personalizados pela ação conjunta do Pai e do Filho Eterno, os Micael empreendem a grande viagem e a grande aventura de sua própria criação nos universos sujeitos ao tempo e ao espaço. Eles são os Soberanos e Criadores de cada universo local, embora a divina presença do Pai Criador se acha igualmente em cada átomo e em cada energia de toda a criação. E com a ajuda dos agentes controladores e criadores do Pai, cada Micael empreende a gloriosa tarefa de criar e organizar seu próprio universo. E o seu recebe o nome do Nebadon e é um dos cem mil que glorificam à Deidade no sétimo dos Superuniversos que giram em torno do Grande Universo perfeito da Havona. Foi escrito portanto com verdade e justiça: "Eu sou antes que seu pai Abraham." Micael do Nebadon, assim que Pai e Filho, não tem princípio e Ele marca o princípio do Nebadon e de todas suas criaturas evoluiria.»

 Comunicação permanente entre o Filho e os Filhos Criadores «E em razão de seu divino "parentesco", todos os Filhos Criadores dos universos evolucionarios gozam da comunicação permanente e foto instantânea com o Filho Eterno. São uma mesma coisa, independentemente do tempo e do espaço. Só em determinadas encarnações dos Micael, e por rápido desejo destes, essa íntima e permanente união com a Morada Santa se vê temporalmente interrompida. Micael do Nebadon —seu terrestre Jesus do Nazaret— assim o dispôs antes de partir para a vida mortal de seu mundo. E durante um tempo do tempo da Terra, Micael do Nebadon não soube de sua verdadeira origem e natureza divinas. Micael do Nebadon, por vontade própria, negou-se a si mesmo. E durante os anos de sua infância e adolescência, seu pensamento humano e evolucionario se debateu em sua mesma angústia, padeceu suas mesmas incertezas e combateu em suas mesmas trevas. Foi igual em tudo a suas mais humildes criaturas. E lenta e progressivamente, de acordo com os intuitos do Pai e do Filho Eterno, o Micael encarnado foi elevando-se na perfeição espiritual, descobrindo que, ao igual aos restantes mortais, seu pensamento, sua alma e espírito se achavam habitados por uma porção do Pai. E Jesus do Nazaret foi um com seu Monitor de Mistério. E nesse histórico momento, Micael soube quem era na verdade. E sua natureza divina estalou em todo seu esplendor. E só então foi Deus e homem a um mesmo tempo. Só então se restabeleceu o divino contato com o Filho Eterno e Pai e Filho Criador foram novamente uma só coisa. E sua missão na Terra —a revelação do Pai e do Filho— entrou em sua última e decisiva etapa. Filósofos, pensadores e ministros de seu Iglesias se esforçam em demonstrar o absurdo de um Deus encarnado e consciente de sua origem e natureza paradisíacas do momento mesmo de seu nascimento. Micael do Nebadon se entregou tão generosamente a sua experiência de efusão na carne mortal que, inclusive, renunciou voluntariamente, e durante um tempo, a sua real e genuína personalidade de Filho Criador. E seu sacrifício na cruz foi tomado pelas hierarquias e criaturas celestes como o mais belo exemplo de submissão à vontade do Pai. Compreendem agora o estremecedor sentido de suas palavras no horta do Getsemaní? Ele, supremo criador dos homens, aceitou a dor e a humilhação, sem proclamar seu títulos e direitos. Ele, soberano dessa terra, consentiu com amor e benevolência que suas próprias criaturas lhe infamassem e executassem. E foi escrito com verdade: "Pai, se for possível, separa-se de mim este cálice, mas não se faça minha vontade, a não ser a tua." Todo um Deus feito homem se entrega à vontade do Pai. Hei aí a suprema lição. Hei aí a suprema eleição. E Ele fez a vontade do Pai e sua soberania é proclamada por todo o criado. Bendito aquele que, ao igual a Micael do Nebadon, aceite sempre a vontade do Pai Universal!”

 O Filho Eterno, um exemplo para os Micael «Também foi escrito: "O Filho Original é indivisível." Escuta, Juan, filho da terra. Esta é a revelação dos segredos do Filho, a segunda fonte. O Filho Eterno, a diferença do Pai, não pode penetrar e habitar o coração humano. Este é um dom exclusivo do Pai. O Monitor de Mistério é a faísca e a fração prepersonal de Deus Pai, que só Dele procede. Mas o Filho tem seus próprios caminhos para alcançar o pensamento dos homens e de todas as criaturas evoluiria. Esse "caminho" são seus Filhos Criadores: os Micael. Através das encarnações destes, o Filho Eterno e Original se mostra e manifesta a toda a criação, fazendo possível seu divino trabalho de revelação do Pai. Está escrito: "Sede perfeitos como o é seu Pai do Paraíso." Este desejo se cumpre à perfeição através das efusões dos Micael em suas diferentes esferas evoluiria. Eles, por ordem e mediação do Filho Eterno, revelam ao Pai e revelam ao Filho. E o Filho Original se faz um nas encarnações dos Micael. Desta forma, os homens da Terra conhecestes ao Filho. E o Filho se fez homem, instalando-se em sua História e em seus pensamentos. E foi igualmente escrito com verdade e justiça: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida." Micael do Nebadon, em sua encarnação como Jesus do Nazaret, revelou-lhes o "caminho" para o Pai e o Filho. Ele lhes desvelou também a "verdade" de sua filiação divina e a "vida" que encerra e supõe essa suprema eleição de toda criatura humana: fazer a vontade do Pai. Jesus do Nazaret lhes mostrou ao Filho Eterno e, por sua mediação, tem-no feito homem. E é chamado em justiça o Filho do Homem. Esta é sua grande experiência. O que os Monitores de Mistério representam para o Pai é equilibrado na experiência do Filho pelas encarnações de seus próprios Filhos Criadores. Mas não são estas encarnações nos mundos do tempo e do espaço as únicas experiências do Filho Eterno e Original. Está escrito na Morada Santa: "Houve um Micael original. E esse foi o Filho Eterno, em sua divina e misteriosa encarnação na Havona." E esta é sua história: em um princípio, o Filho Eterno, fazendo uso de suas divinas prerrogativas, decidiu encarnar-se em cada um dos circuitos perfeitos que rodeiam a Ilha Nuclear de Luz, fazendo um "peregrino" mais no caminho para a Divina Perfeição do Paraíso. E foi um mais entre os divinos seres da Havona e entre as criaturas ascendentes dos mundos evolucionarios que se achavam no Perfeito Universo Central. E por sete vezes conheceu as criaturas dos sete circuitos. E seu passo é recordado como o passado do Micael original: o primeiro Filho Criador do Filho Eterno. Mas suas efusões estão fora de sua limitada compreensão dos assuntos divinos. Ele foi um autêntico "peregrino" e viveu as experiências reais dos espíritos ascendentes. Ele, Deus Filho e Eterno, abdicou sete vezes de seu poder e de sua glória, participando assim na última experiência de quão afortunados já conhecem e escalam os últimos degraus que conduzem à Morada Santa da Deidade. O Filho Eterno, com sua misteriosa "encarnação", constitui hoje um sublime exemplo para seus próprios Filhos Criadores, que devem lhe imitar nas esferas evoluiria de seus respectivos universos locais. E os Micael vivem impacientem por culminar suas próprias efusões nas esferas de sua soberania. Micael do Nebadon alcançou sua plenitude com sua sétima e última experiência, registrada em sua vida mortal na Terra. Como homem foi perfeito. Como Soberano do Nebadon, seu passo pela Terra ratificou sua Divina Perfeição. Ele tem aberto o mundo ao Filho Eterno. E o Filho Eterno mora entre vós.”

O mistério das sete encarnações do Micael do Nebadon 1 E em minha visão, um dos Micael se destacou de entre a multidão de Filhos Criadores. E era meu Senhor, aquele a quem chamam o Cristo. Mas sua face não era a de meu Senhor.

E sua face era como fogo divino, que jamais se consome. E caí apavorado a seus pés. Então escutei uma voz. E essa voz sim era sua voz, a que eu tinha escutado na Galilea e na Perea e em Jerusalém e nos Montes da Judea. E essa voz era tão cálida e harmoniosa como a de meu Senhor.

E me disse:

«Juan, filho do trovão, meu filho e irmão, este é o livro de minha história na criação. Devora-o e minha história será parte de sua história.”

E vi um livro entre suas mãos de fogo. Mas o livro não se consumia. E o devorei e então fui parte da história de meu Senhor. E essa história tem sete páginas e sete nomes e sete lugares. E isto foi escrito na primeira das sete páginas:

«Glorifica ao Micael do Nebadon, Filho do Filho Eterno! Eu, Gavalia, chefe das Estrelas da Tarde do Nebadon, escrevo por ordem do Gabriel. Este é o mistério das sete encarnações do Micael, Soberano Criador do universo do Nebadon. Esta é a história de sua plenitude e da plenitude de todas suas criaturas evoluiria.

«Está escrito nos intuitos divinos: quando o Filho Eterno e Original, em cooperação com o Pai Universal, faz realidade um Micael, este Filho Criador assume a responsabilidade de criar, sustentar e pacificar o universo sede de sua soberania. E ante a Sagrada Trindade faz o solene juramento de não assumir essa plena soberania até que não tenha culminado suas sete obrigadas encarnações nas esferas de sua criação. Assim está escrito desde o começo dos princípios. E essas encarnações devem registrar-se sob as formas das criaturas que habitam no reino do tempo e do espaço de cada um dos cem mil universos de cada Superuniverso. É assim como os Filhos Criadores chegarão a ser soberanos sábios, justos, compassivos e pormenorizados, por cima, inclusive, de sua natural e infinita sabedoria, justiça, bondade e compreensão. Será por suas encarnações como alcançarão a suprema expressão da inteligência misericordiosa e sua plena e definitiva soberania sobre toda sua criação. Assim é e assim está escrito desde o começo dos princípios. E eu, Gavalia, dou testemunho disso.

»Está escrito nos intuitos divinos: todo Filho Criador deve encarnar-se, ao igual ao Filho Eterno e Original se encarnou nos sete circuitos da Havona. Só assim serão um com sua criação. Só assim revelarão ao Pai e ao Filho às legiões de criaturas inteligentes mas imperfeitas que lhe estão submetidas. Só assim conseguirão a definitiva investidura de sua soberania. Só assim estarão preparados para experimentar e conhecer o ponto de vista pessoal dos filhos evolucionarios a seu cargo. Só assim farão sua a experiência vivente, o julgamento, a paciência, a solidão e os enganos dos seres em processo de perfeição.

»Está escrito nos intuitos divinos: só aqueles Micael que aceitem o plano divino das sete encarnações serão coroados pelos Anciões dos Dias e chefes dos Superuniversos.

»Esta é a história das sete encarnações de um dos Filhos Criadores do Paraíso: Micael do Nebadon, que governa e sustenta seu universo há quatrocentos mil e milhões de anos da Terra.»

 Um estranho Filho Melquizedek E assim diz a primeira página:

«Faz mil e milhões de anos da Terra, algo singular ocorreu no universo local do Nebadon. Foi então quando os administradores e chefes do reino souberam de um estranho desejo de seu Filho Criador: Micael se ausentaria durante um tempo e Emmanuel, seu irmão maior, assumiria a soberania do universo. E antes de partir para a inexplicada missão, Micael do Nebadon se despediu com as seguintes palavras: "Deixo-lhes por um curto período. Sei que muitos de vós desejariam me acompanhar, mas não podem vir ali onde eu vou. Vós não podem executar aquilo que estou a ponto de cumprir. Parto para fazer a vontade das Deidades do Paraíso. Quando acabar minha missão e adquira a experiência necessária, retornarei a meu lugar, com vós." E Micael desapareceu da vista de suas criaturas. Três dias mais tarde, em um remoto mundo, habitado por seres da chamada Ordem dos Melquizedek, aparecia um desconhecido Filho Mequizedek, igual em tudo a estas excelsas criaturas, mas de origem desconhecida. No Nebadon se suspeita hoje que aquele Melquizedek era em realidade o Soberano de nosso universo: Micael, que tinha adotado a forma e a personalidade de um destes filhos da criação. O misterioso recém-chegado à esfera dos Melquizedek levava instruções pelas que devia ser acolhido em dito grupo e integrado nos serviços de socorro da Ordem. E assim viveu e compartilhou as experiências dos Melquizedek, sendo um com eles. E esta experiência se prolongou por espaço de um século do tempo da Terra. Transcorridos esses cem anos, o humilde e anônimo Melquizedek desapareceu. E nesses precisos instantes, Micael do Nebadon retornou a seu trono, assumindo de novo sua soberania. No mundo dos Melquizedek se pode ler hoje uma significativa lenda, depositada em um humilde templo, em que se relata a exemplar vida deste desconhecido Filho Melquizedek e seu arrojo e valentia em um total de vinte e quatro missões de urgência e socorro pelo universo. E esta inscrição comemorativa finaliza assim: "... Hoje, sem advertência prévia e em presença de três de nossos irmãos, este Filho visitador de nossa Ordem desapareceu tal e como chegou, acompanhado simplesmente de um omniafín solitário. Este visitante viveu como um Melquizedek. Foi em todo semelhante a um Melquizedek e como tal trabalhou, cumprindo fielmente todas suas missões de urgência. Por consentimento universal chegou a ser chefe dos Melquizedek, pois ganhou nosso amor e nossa adoração, por sua sabedoria incomparável, seu amor supremo e sua esplêndida consagração a seus deveres. Ele nos amou, compreendeu-nos, serviu conosco e nós somos para sempre seus leais e devotos companheiros Melquizedek.

A partir de agora, este estrangeiro será reconhecido como um ministro universal da natureza Melquizedek.”

»Só nos arquivos secretos do Nebadon se tem pontual e exato conhecimento desta primeira "encarnação" do Micael. Mas esses arquivos são inacessíveis às criaturas evoluiria. Tampouco é possível compreender como todo um Criador pode deixar de sê-lo e transformar-se em uma criatura Melquizedek, vivendo e trabalhando durante um século ao serviço de dita Ordem. Mas assim é e assim figura na primeira página da história que tenho escrito por mandato do excelso Gabriel.”

 

Um Soberano salvador 2 E isto foi escrito na segunda página: «Glorifica ao Micael do Nebadon, Filho do Filho Eterno! Eu, Gavalia, chefe das Estrelas da Tarde do Nebadon, escrevo por ordem do Gabriel. Este é o mistério da segunda encarnação de nosso Soberano. Esta é a história de sua plenitude e da plenitude de todas suas criaturas. Está escrito nos intuitos divinos: "Ele se fará um de nós e nos revelará sua glória."» E assim diz a segunda página: «Passados cento e cinqüenta milhões de anos da Terra desde a primeira encarnação do Micael, uma grande rebelião estalou em um dos sistemas de mundos do Nebadon. Esta revolta foi muito anterior à rebelião que padeceu seu mundo. Conforme consta, o Soberano daquele sistema —o número onze do Nebadon— se mostrou desconforme com o veredicto dos Pais da Constelação, que condenavam a dito Soberano por antigas discrepâncias e insubordinações à ordem estabelecida. O mencionado Soberano, de nomeie Lutencia e pertencente, como todos os soberanos de sistemas de mundos, à Ordem dos Filhos Lanonandec, rechaçou a sentença, arrastando em sua rebeldia a legiões de suas criaturas e associados. Foi uma das mais graves rebeliões contra Micael do Nebadon. Mas, finalmente, o sedicioso foi julgado e afastado de seu reino, enquanto as altas hierarquias do universo solicitavam a sede-capital do Nebadon um Soberano substituto para o aflito e perturbado sistema de mundos. E foi justamente nesses tempos, e em tais circunstâncias, quando o Filho Criador anunciou seu desejo de ausentar-se pela segunda vez de seu trono e de sua glória, com o fim de "fazer a vontade do Pai Universal". E o poder e a autoridade do Micael repousaram novamente nas mãos do Emmanuel, seu divino irmão do Paraíso. E sua partida foi tão súbita e misteriosa como a primeira.

»Três dias depois, um desconhecido Filho da Ordem dos Lanonandecs —aqueles que ocupam o trono dos Sistemas de mundos— fez ato de presença no chamado Corpo de Reserva dos Filhos Lanonandecs Primários do universo do Nebadon. Em seu poder se achava uma ordem, confirmada pelo Emmanuel, pela que este desconhecido Soberano devia fazer-se carrego, a título provisório, do Sistema número onze, assolado pela recente rebelião, como sucessor da Lutencia. E durante mais de 17 anos do tempo do Nebadon, este novo Soberano administrou justiça entre os mundos arrasados e confundidos, ganhando-a estima e a confiança de suas criaturas. Jamais um Soberano Sistêmico foi tão amado e respeitado. E ao longo de seu sábio e misericordioso reinado chegou a oferecer ao Soberano destronado a possibilidade de compartilhar com Ele o governo e a administração do Sistema, sempre e quando se retratasse de seus ataques e injúrias ao Filho Criador. Mas Lutencia rechaçou o oferecimento. O rebelde conhecia a autêntica personalidade que se escondia depois da figura daquele novo Soberano. E seus ataques ao Filho Criador se recrudesceram. Nesta ocasião, entretanto, as criaturas que lhe tinham secundado anteriormente optaram pela sabedoria e pela misericórdia do novo chefe dos mundos, conhecido em todo o Sistema pelo Soberano Salvador.

«Quando o reino foi pacificado, sede-capital-a do universo enviou ao Soberano que devia ocupar definitivamente o trono. E todo o Sistema lamentou a marcha do Soberano Salvador. E, após, os Filhos da Ordem dos Lanonandecs —entre os que se encontra seu igualmente destronado Lúcifer— veneram e amam a este ignorado irmão de Ordem, considerando-o como o maior e sábio que jamais tenha ocupado a soberania de um sistema do Nebadon. E está escrito que, inclusive o Soberano rebelde e destronado lhe fez chegar a seguinte mensagem: "Você é justo e reto em todos seus caminhos. Embora eu não aceite a regra do Paraíso, estou obrigado a reconhecer que é um administrador eqüitativo e misericordioso.”

»Três dias mais tarde que sua despedida do Sistema número onze, Micael retornava a sua glória na sede-capital do Nebadon. E todos no universo soubemos que o Filho Criador tinha executado sua segunda "encarnação". Nesta ocasião, como um Soberano de Sistemas de mundos de seu próprio universo. E seu poder e sua glória foram igualmente reconhecidos. Assim é e assim figura na segunda página da história que tenho escrito por mandato do excelso Gabriel.”

 Um Adão único 3 E isto foi escrito na terceira página:                      «Glorifica ao Micael do Nebadon, Filho do Filho Eterno! Eu, Gavalia, chefe de. as Estrelas da Tarde do Nebadon, escrevo por ordem do Gabriel. Hei aqui o mistério da terceira "encarnação" de um Deus.» E assim diz a terceira página:

«E se produziu uma nova rebelião nos céus. E esta foi a segunda grande rebelião no reino do Nebadon. E os Portadores de Vida do universo reclamaram na sede-capital do Nebadon a urgente ajuda de um Filho Material —um Filho da Ordem dos Adanes—, que tomasse posse do planeta 217, localizado-se no sistema 87 da constelação 61. Micael demorou o auxílio solicitado pelos Portadores de Vida e, ante a surpresa geral, voltou a ausentar-se pela terceira vez. Como em ocasiões precedentes, o Filho Criador do Nebadon delegou seus poderes em seu Irmão do Paraíso, confiando o mando das legiões celestes ao Gabriel. E detrás despedir do Espírito Mãe, Micael desapareceu com o destino desconhecido. Não foi difícil lhe associar ao Filho Material que, três dias mais tarde, materializaria-se no mundo sede do Sistema em rebelião.

E este novo e anônimo Adão foi confirmado como Príncipe Planetário provisório do mundo 217. Desta forma, Micael dava cumprimento à terceira de suas "encarnações" entre as criaturas que conformam e habitam seu reino.

E o fazia em forma de Príncipe de um mundo igualmente destroçado pela rebelião e submetido, como o resto do Sistema, a total incomunicación com o universo. Durante o tempo de uma geração de homens evolucionarios, este sacrificado e exemplar Adão trabalhou em solitário, obtendo o que parecia impossível: o arrependimento do anterior e dissidente Príncipe Planetário e de todo seu Estado Maior. E a ordem reinou de novo naquele Sistema. Quando a sedar do Nebadon o estimou conveniente, outros Filhos Materiais foram enviados e materializados no mundo 217 e o provisório Príncipe Planetário delegou neles, desaparecendo tão misteriosamente como tinha chegado. Aos três dias, Micael reaparecia em seu trono e os Anciões dos Dias proclamavam sua glória e sua soberania. Só nos arquivos secretos do Nebadon se conhece com exatidão e detalhe a dura prova experimentada pelo Micael durante sua experiência como Príncipe Planetário de um mundo evolucionario. A reabilitação deste mundo em quarentena, perdido na confusão e arruinado pelos rebeldes, constitui um dos capítulos mais formosos e esperanzadores de toda a história do Nebadon.

«Estas "encarnações" são e serão um impenetrado mistério para muitas das criaturas do universo. Como pode um Deus fazer-se criatura subordinada? Como um Filho Criador pode descender, plenamente desenvolvido e conformado, aos círculos e aos estratos inferiores de sua própria criação? O certo é que, depois desta terceira efusão, nenhum Adão nem Príncipe Planetário se lamentou das dificuldades de suas missões planetárias. Todos sabem que, um dia, seu Deus e Criador adotou essas mesmas formas, desempenhando com honra, amor e sabedoria idênticas tarefas às que eles desempenham. Os Filhos Materiais sabem agora que seu Soberano foi igualmente tentado e provado. E a glória e o poder do Micael do Nebadon são reconhecidos em todo o universo. Assim é e assim figura na terceira página da história que tenho escrito por mandato do Gabriel.”

 Sob a forma de um serafín 4 E isto foi escrito na quarta página: «Glorifica ao Micael do Nebadon, Filho do Filho Eterno! Eu, Gavalia, chefe das Estrelas da Tarde do Nebadon, escrevo por ordem do Gabriel. Este é o mistério da quarta "encarnação" de quem todo o pode.» E assim diz a quarta página:

«E Nebadon conheceu então um comprido período de paz. E nesse período, de acordo com os intuitos do Paraíso, Micael do Nebadon conheceu sua quarta e gloriosa experiência nas esferas inferiores de seu reino.

»Depois de ausentar-se de seu trono, o universo soube de uma notícia procedente do quartel geral seráfico. E essa notícia dizia assim: "Damos conta da chegada imprevista de um serafín desconhecido, ao que acompanha um supernafin solitário e o excelso Gabriel do Nebadon. Este serafín possui todas as características da Ordem dos Serafines do Nebadon e leva os créditos dos Anciões dos Dias, confirmadas pelo muito nobre Emmanuel, divino Filho do Paraíso. Este serafín pertence à Ordem Suprema dos Anjos do universo e trabalhará no Corpo de Conselheiros Instrutores.”

»A partir desse momento, o misterioso serafín desempenhou o cargo de conselheiro instrutor seráfico, às ordens de vinte e seis sucessivos professores instrutores. E seu trabalho se prolongou por espaço de quarenta anos do tempo universal do Nebadon, habitando em vinte e dois mundos diferentes. Seu último cargo foi o de conselheiro e assistente agregado à missão de encarnação de um Filho Instrutor da Trindade. E durante esses últimos sete anos, este Filho Instrutor da Trindade jamais teve conhecimento da verdadeira identidade de seu humilde acompanhante seráfico.

»Agora, todos os ordens de anjos do universo de. Nebadon são conscientes de que seu Criador se fez igual a eles e de que foi tentado e provado, exatamente igual a eles. E embora sigamos sem compreender o mistério de semelhante "encarnação", Nebadon inteiro se une ao cântico dos anjos: "Glorifica ao Micael, nosso Deus e Criador, que é sábio e misericordioso no alto e no baixo!”

»E o poder e a glória de nosso Criador foram reconhecidos em todo Nebadon. Assim é e assim figura na quarta página da história que tenho escrito por mandato do Gabriel.”

 No centro do sétimo Superuniverso 5   E isto foi escrito na quinta página:         «Glorifica ao Micael do Nebadon, Filho do Filho Eterno! Eu, Gavalia, chefe das Estrelas da Tarde do Nebadon, escrevo por ordem do Gabriel. Este é o mistério da quinta "encarnação" de quem ascende e descende por seu poder.» E assim diz a quinta página:

«É confissão do excelso Gabriel: nem ele mesmo, a brilhante Estrela do Alvorada, está em disposição de entender como seu Criador, Micael do Nebadon, pode prescindir de seu estatuto de Filho do Paraíso para ser e parecer uma criatura evoluiria do tempo e do espaço. Mas ele, como nós, crie e aceita. E se inclinou humilde e leal ante a quinta "encarnação" do grande Soberano. Isto foi faz trezentos milhões de anos, segundo o cômputo da Terra. Naquele tempo, as altas hierarquias e chefes do universo local do Nebadon assistimos a uma nova transferência de poderes do Micael a seu irmão e Filho do Paraíso, Emmanuel. Mas, nesta solene ocasião, tudo foi distinto: Micael anunciou pública e oficialmente o lugar ao que se dirigia. E este lugar era Uversa, sede-capital-a do sétimo dos Superuniversos: nosso Superuniverso. E seu ingresso na Uversa ficou registrado assim nos anais da História: "Sem anúncio prévio chegou hoje a esta sagrada sede-capital um peregrino de origem humana, em seu caminho ascendente dos mundos do universo local do Nebadon. acha-se acompanhado pelo Gabriel e confirmado pela autoridade do Emmanuel. Esta criatura desconhecida apresenta o estatuto de um verdadeiro espírito e assim foi acolhido em nossa comunidade.”

»No Nebadon se seguiu com profundo interesse a carreira ascensional deste humilde peregrino para a Perfeição. A escolta permanente do capitalista Gabriel foi definitiva. Todos soubemos que aquele espírito originário dos mundos do tempo e do espaço era na verdade nosso Soberano e Criador. Mas, ainda hoje, não podemos compreender como foi possível semelhante transformação. Era a primeira vez que Micael se encarnava em um espírito perfeitamente desenvolvido, mas de origem humana. E durante onze anos do tempo do Superuniverso trabalhou e se comportou como um mais dos peregrinos que chegam a Uversa, procedentes dos mais modestos e imperfeitos mundos evolucionarios. E Eventod —este foi seu nome— foi tentado e provado como o resto de seus companheiros originais ascendentes de todos os universos locais do Superuniverso. E foi um leal aspirante à Perfeição, ganhando-a estima e a admiração de quantos lhe rodearam. Sua quinta experiência como uma criatura mais de sua própria criação culminaria quando o grupo de peregrinos ao que pertencia se dispôs para o seguinte e gigantesco "salto" para o Grande Universo da Havona. Depois de uma entrevista com os Anciões dos Dias, chefes do sétimo dos Superuniversos, o misterioso "peregrino" desapareceu. Ao pouco, Micael reaparecia na sede-capital de seu universo local. E sua glória e poder foram reconhecidos e todo Nebadon foi um com seu Soberano.

»Esta quinta encarnação do Micael abriu os olhos de suas mais próximas criaturas, engrandecendo ainda mais, se couber, o divino plano de elevação dos mortais do reino desde seus remotos planetas até a Ilha Nuclear de Luz. E nesses momentos fomos conscientes de que a grandeza deste divino Filho do Paraíso poderia lhe conduzir a encarnar, inclusive, no último e mais imperfeito dos círculos de sua obra: no homem físico e mortal. Tais apreciações seriam confirmadas algum tempo depois. E assim é e assim figura na quinta página da história que tenho escrito por mandato do Gabriel.»      

                            

  No mundo moroncial 6 E isto foi escrito na sexta página: «Glorifica ao Micael do Nebadon, Filho do Filho Eterno! Eu, Gavalia, chefe das Estrelas da Tarde do Nebadon, escrevo por ordem do Gabriel. Este é o mistério da sexta encarnação do Micael, dono e senhor da vida e da morte.» E assim diz a sexta página:                                          «Por rápido desejo do Micael, todos os habitantes da sedecapital do Nebadon soubemos de seus iminentes intuitos. O Soberano e divino Filho Criador levaria a seu cabo duas últimas encarnações muito perto dos mortais do reino. E o universo inteiro se comoveu. A sexta efusão teria lugar no mundo-sede da quinta constelação. A sétima e última, em um remoto planeta do Sistema de mundos conhecido pela Satania. E Nebadon entoou a glória de seu Deus, que não esquece aos mais humildes. E Micael abandonou seu trono, em união de um serafín solitário e da Radiante Estrela do Alvorada. E este Filho do Paraíso apareceu no mundo de pelada: aquele que se abre depois do primeiro sonho da morte. Mas meus lábios estão selados e não me é permitido seguir. A sexta encarnação do Micael só pode ser desvelada depois do primeiro sonho da morte. Aquelas criaturas mortais do tempo e do espaço que já entraram no mundo moroncial sabem que, com sua experiência neste círculo do criado, Micael descendeu ao penúltimo dos degraus de seu reino. E assim é e assim figura na sexta página da história que tenho escrito por mandato do Gabriel.”

 O mundo da cruz 7 E isto foi escrito na sétima página: «Glorifica ao Micael, Filho do Filho Eterno! Eu, Gavalia, chefe das Estrelas da Tarde do Nebadon, escrevo por ordem do Gabriel. Este é o mistério da sétima e última encarnação do Micael: aquela que maravilhou ao universo.» E assim diz a sétima página:

«Foi preciso que Nebadon esperasse milhares de anos para assistir ao grande prodígio. Ninguém no universo conhecia o lugar, nem o dia, nem a hora, nem a forma em que se registraria a sétima encarnação do Filho Criador. Até que, faz trinta e cinco mil anos do tempo da Terra, a Brilhante Estrela do Alvorada proclamou o desejo do Micael de fazer-se um com a carne humana e mortal. As suspeitas das criaturas do Nebadon eram fundadas. E o nome de um ínfimo e longínquo mundo material — "Iurancha"— ressonou no reino. "Iurancha", sua Terra, tinha sido escolhida como cenário da mais incrível das aventuras experienciales de um Deus. Faz trinta e cinco mil anos do tempo de "Iurancha", os Filhos Materiais (Adão e Eva) enviados para elevar o nível de suas raças evoluiria fracassaram em sua sagrada missão. Aquele era um mundo confuso e confundido, vítima da rebelião de Lúcifer, com um Príncipe Planetário destronado, incomunicado com o resto do universo e sem aparente futuro. E Nebadon pôs seus olhos na Terra, estremecido ante a idéia de que um Filho Criador pudesse descender até uma esfera tão precária e convulsionada. Mas a glória, a magnificência e o valor do Micael não conhece limites. E o mistério de sua encarnação desconcertou à criação. Nas efusões precedentes, Micael sempre tinha aparecido como uma criatura perfeitamente desenvolvida. Na Terra, ao nascer como um ser indefeso, em tudo igual ao resto dos mortais, rompeu normas e previsões, alcançando assim, do começo, um máximo de glória e provocando a admiração de suas criaturas celestes subordinadas. Seu nascimento na aldeia de Presépio causou sensação no Nebadon. E está escrito: "Foi em tudo igual a seus filhos e irmãos mortais, exceto no mistério de sua encarnação." Ninguém no Nebadon pode penetrar este insondável mistério de sua encarnação como criatura humana do tempo e do espaço. Só Ele e o Paraíso o conhecem. E durante um terço de século do tempo de "Iurancha", o reino assistiu comovido, maravilhado e apavorado à exemplar e titânico empenho do chamado Filho do Homem por conhecer de perto às criaturas mais limitadas, humildes e indefesas. Nebadon o compreendeu: esta última e perigosa experiência do Micael, transformando-se em carne e sangue, podia conduzir violentos sofrimentos e, inclusive, a morte ao Filho do Paraíso. Mas também estava escrito: se o Filho do Homem superava a grande prova, sua autoridade e soberania sobre o reino do Nebadon seriam já indiscutíveis.

»E Micael se fez carne e habitou entre vós. Sua concepção e nascimento em nada diferem dos de qualquer mortal. Como foi dito, só a técnica de sua encarnação ficou sumida no mistério. Anos mais tarde, quando os homens da Iurancha" escreveram a história de Deus feito homem, seus muitos enganos contribuíram a deformar esta excelsa e inimitável etapa da divina existência do Filho do Paraíso. Seus pais terrestres, embora previamente escolhidos pelo Gabriel, foram em tudo normais. E a vida do chamado Jesus Ben Joseph foi igualmente similar às de seus irmãos de raça e de mundo. Ele revelou à Terra e a todos os mundos materiais do Nebadon a suprema mensagem da paternidade de Deus. Jesus do Nazaret pôde ter abandonado a Terra, sem necessidade de ter gostado do primeiro sonho da morte. Hei aqui uma parte de sua história que vós ignoram. Sua missão jamais foi de resgate. Micael não pretendia saldar uma velha e absurda dívida dos homens com o Pai Universal. Os homens não são responsáveis pela rebelião de Lúcifer e da Caligastía, seu Príncipe Planetário ou do fracasso do casal de Filhos Materiais. São suas vítimas.

O chamado Jesus do Nazaret, uma vez cumprida a missão de revelar ao Pai e, uma vez enriquecido com a experiência do contato direto e pessoal com suas criaturas evoluiria, pôde ter retornado a seu trono. Sua soberania estava garantida. Mas, sublimando sua própria encarnação, escolheu fazer a vontade do Pai do Paraíso até o final. Era preciso que a criatura humana recebesse a grande prova da vida depois da vida. Hei aí a justificação a sua morte. E desde sua gloriosa ressurreição de entre os mortos, todos os seres mortais do reino do Nebadon cresceram em sua fé e fortaleza. E agora sabem que seu Criador também passou pelo primeiro sonho da morte. E hoje não temem à morte.

»A sua volta a sede-capital do universo, Micael foi definitiva e oficialmente aceito pelos Anciões dos Dias e pela Deidade do Paraíso como Chefe Soberano do Nebadon. Suas sete encarnações tinham sido culminadas. Tinham transcorrido um bilhão de anos do tempo da Terra. Micael é, pois, a Suprema Autoridade de seu universo. Pai e Filho Eterno lhe fizeram Criador, mas sua soberania é fruto de sua experiência. Hoje, mercê à prodigiosa gesta do Micael, seu mundo —"Iurancha"— brilha com luz própria no firmamento do Nebadon. A Terra é um templo simbólico, a mansão humana de um Deus e o planeta mais invejado. E é chamado o Mundo da Cruz, em lembrança da morte do Filho Criador. Assim é e assim figura na sétima página que tenho escrito por mandato do Gabriel.» E ao devorar o livro da história de meu Senhor fui parte de sua história. E, comigo, todos os homens. E essa história tem sete páginas,   sete nomes e sete lugares no universo. E cada um é uma revelação. E em cada página aparece o nome de Cristo Micael, rei do Nebadon,   ministro Melquizedek,   salvador Sistêmico,   redentor Adámico,   companheiro Seráfico,   associado dos Espíritos Ascendentes, ser Moroncial e Filho do Homem.

E de novo caí aos pés de meu Senhor, entoando sua glória:

«Você é meu irmão e meu Deus. Você nos revelaste ao Pai e ao Filho Eterno e Original, segunda pessoa da Trindade. Você está em mim e mais à frente do primeiro sonho da morte.» E minha alma se abriu de novo e o espírito de Deus penetro nela como o vento do Este. E este foi o final da sagrada revelação sobre a segunda fonte do Paraíso: o Filho Eterno, que ocupa o segundo trono.

 

 As três aventuras universais 1 «Vêem e verá o que já aconteceu, o que acontece e acontecerá até a eternidade. Este é o conclave de Deus.» E em minha visão vi como os céus se abriam. E vi dois sóis. E uma voz disse: «Hei aqui o conclave do Pai e do Filho. Isto foi antes do tempo e do não tempo. Isto é agora. Isto será.» E os dois sóis se fizeram um. E deste único sol brotou uma chuva de luz que se estendeu sobre tudo o criado. E o espírito de Deus falou de novo. E isto foi o que disse:

«Esta é a primeira aventura universal. O Pai e o Filho Eterno, como criadores conjuntos, estiveram de acordo do tempo e do não tempo. E o Pai disse: "Façamos às criaturas mortais a nossa imagem e semelhança." E após, sempre, o Pai Universal é como um dilúvio que não cessa. Cada gota de luz que emana de sua essência é um Monitor de Mistério que busca e habita a uma criatura do tempo. E essa chuva divina não tem fim. Esta foi a primeira renúncia da Deidade. Este é o primeiro passo de seu plano divino de Perfeição Universal. Esta é a primeira aventura de Deus.”

 A cadeia dos Micael 2 E em minha visão vi como o grande sol se fazia dois sóis. Do primeiro seguiu emanando a chuva de luz. Do segundo vi cair o que me pareceu uma cadeia que, ao ponto, sujeitou todo o criado. E essa cadeia tinha sete vezes cem mil elos. E cada elo assemelhava um anel de ouro, tão resplandecente que nenhum olho humano poderia sustentar sua visão. E o espírito de Deus disse:

«Vêem e verá o que já aconteceu, acontece e acontecerá até a eternidade. Isto foi antes do tempo e do não tempo. Isto é agora. Isto será. Esta é a segunda aventura universal. Esta é a aventura do Filho Eterno e Original. Esta é a cadeia dos Micael, os Filhos Criadores do Filho Original. Eles procedem do sol eterno do Filho e sujeitam todo o criado. Está escrito: "Um Micael é um universo. E todos amarram os sete Superuniversos.”

»É assim como o Filho Eterno e Original prossegue a empresa do Pai Universal. A cadeia dos Micael sustenta os universos e cumpre a vontade do Filho: revelar a magnificência e a paternidade do Pai. Os Micael, através de suas encarnações nas esferas de sua criação, descobrem os segredos da Deidade e, se for mister, reabilitam o imperfeito e o tenebroso. Este é o segundo passo e a segunda renúncia da Deidade do Paraíso. Esta é a segunda aventura de Deus.»

 

O terceiro sol 3 E vi depois um terceiro sol. E este se achava por cima dos outros dois sóis. E dele partia um vento tempestuoso que envolvia a chuva de luz e a cadeia de ouro. E todo o criado se achava meio doido por este vento. E o espírito de Deus que me habita falou de novo. E isto foi o que disse:

«Vêem e verá o que já aconteceu, o que acontece e o que acontecerá até a eternidade. Hei aqui o conclave do Pai, do Filho e do Espírito Infinito. Isto foi antes do tempo e do não tempo. Isto é agora. Isto será.

»Esta é a terceira aventura universal. Pai, Filho e Espírito, como criadores conjuntos, estiveram de acordo do tempo e do não tempo. E o Pai disse: "Façamos às criaturas mortais a nossa imagem." E Ele se fragmentou. E disse o Filho Eterno: "Enviemos aos Micael para que revelem a glória do Pai e do Filho." E Ele criou aos Filhos Criadores. E o Espírito Infinito disse: "Façamos misericórdia." E Ele é o vento da misericórdia infinita que todo o enche. Este é o terceiro passado do plano divino de Perfeição Universal. E sem a misericórdia, nada do anterior seria possível. E esse vento impetuoso não tem fim. Esta é a terceira renúncia da Divindade. Esta é a terceira aventura de Deus.”

 O controle do Filho Eterno 4 E a voz que falava dentro de mim disse: «É o Filho Eterno e Original quem governa e sustenta os reino do espírito. Do Pai depende a criação. Do Filho, as realidades e os valores do espírito. Filho e Espírito Infinito põem em prática, vigiam e mantêm o que procede do Pai. É o Filho o forno eterno de que emana toda energia espiritual. E esta força espiritual é independente do tempo e do espaço. Jamais se debilita. A diferença das restantes força físicas, a espiritual tem seus próprios circuitos. Todos nascem no Filho Eterno e a Ele retornam. E essa força que nasce do Filho não conhece o freio: penetra no material e não se debilita com a distância. Do ponto de vista da personalidade, o espírito é a alma da criação. A matéria representa seu corpo físico. O primeiro é imortal. O segundo, fugaz.

E cada entidade espiritual é atraída para o Filho, de igual forma que a pedra lançada ao ar é reclamada pela terra. Nada nem ninguém poderá conter essa atração do forno espiritual divino. E seu destino espiritual será sempre o Filho Eterno. Quando uma criatura evoluiria manifesta uma inquietação espiritual, essa "realidade" intangível mas física é projetada para o Filho, através dos imensos circuitos espirituais que envolvem os universos. E esses circuitos espirituais são tão certos como a luz que lhes cobre. Jesus do Nazaret revelou em vida ao Pai e ao Filho. Revelou a paternidade amorosa de Deus e a realidade espiritual do Filho. Tudo "gesto", toda manifestação e todo desejo espirituais passam primeiro pela segunda fonte. Nela desembocam e nela se sublimam.

E foi escrito com verdade e justiça: "Nenhuma só de suas súplicas ficará desatendida." Nada que nasça do espírito cai no vazio. O poder de atração espiritual do Filho Eterno é absoluto e infinito. Ele tem o controle de quantas realidades e valores espirituais brotam de seu espírito. Nada se perde na vasta criação da Deidade. Até o último de seus pensamentos é arquivado nos circuitos espirituais dos céus.”

 A afinidade de espírito «E essa atração espiritual do Filho Eterno se ramifica igualmente entre os universos dos sete Superuniversos e entre todas suas criaturas evoluiria. E a infinita rede de circuitos que partem e que retornam ao forno divino espiritual se reparte e penetra em cada mundo, provocando, a sua vez, o sublime fenômeno da afinidade entre os espíritos humanos. Esses circuitos que brotam do Filho Eterno são os autênticos responsáveis pela atração espiritual entre os homens e entre os grupos humanos. Aqueles que compartilham os mesmos desejos espirituais, idênticos gostos e desejos se acham tocados pelos circuitos do Filho. E vós, em sua limitação, chamam-no "casualidade".

»Tais circuitos espirituais são indestrutíveis. Na desolação, na angústia, nas trevas das rebeliões, no fracasso das criaturas do tempo e do espaço, sempre aparece uma esperança ou outro ser humano que compartilha sua tristeza e que se sente identificado com as mais íntimas de suas aspirações. Se levantarem os olhos do espírito para os céus comprovarão maravilhados como a mão espiritual do Filho Eterno lhes cobre eterna e misericordiosamente. A rebelião de Lúcifer sumiu a seu mundo em uma incomunicación com o resto do universo do Nebadon. Mas os circuitos espirituais do Filho sobre "a Iurancha" seguem intactos. Ele está com vós.”

 A resposta do Filho 5 «Nós, as criaturas perfeitas da Havona, sabemos que toda pergunta ou súplica espirituais recebem cumprida resposta. Mas não confundam o material com o espiritual. As preces que só procuram benefícios materiais, para si ou para outros, não penetram nos circuitos espirituais do Filho. Aquelas que, em troca, nascem do espírito, são atraídas instantaneamente por volta da segunda fonte do Paraíso. E jamais ficam sem resposta. E sabemos também que essa intensidade espiritual pode ser medida, ao igual às criaturas do tempo e do espaço medem as forças físicas da criação. E a resposta dos circuitos espirituais é tão mais intensa quanto major é o grau de elevação ou de ansiedade espirituais da criatura que a protagoniza. E foi escrito com verdade: "Procurem, pois, o reino de Deus e sua justiça e o resto lhes dará além disso." Peçam a luz e o Filho se fará luz em seu espírito. Procurem a sabedoria e o Filho se fará conhecimento em seus corações. Solicitem respostas e os circuitos espirituais lhes responderão com o cento por um.”

  O Filho nos Filhos Criadores E a voz do espírito de Deus encheu meu coração. E isto foi o que disse:

«Não procurem, portanto, à pessoa do Filho Eterno e Original nos universos dos Superuniversos. Sua presença no criado é espiritual e se manifesta através de seus circuitos e da soberania de seus Filhos Criadores e Paradisíacos. O Filho está nos Filhos. E sua pressão espiritual o enche tudo. Só no Universo Central da Havona é possível distinguir sua divina atividade pessoal, sempre através da harmonia e da perfeição do ali criado. Havona é tão perfeita que seu estatuto espiritual e energético se encontra em perpétuo equilíbrio.»

 O progressivo descobrimento do Filho Eterno «Agora, em sua atual existência mortal, as criaturas evoluiria identifica ao Filho Eterno e Original com o Filho Criador ou Micael que rege seu universo local. E o Filho, em efeito, acha-se personalizado em cada um de seus Filhos Paradisíacos. Mais adiante, conforme vão peregrinando pelos universos do Superuniverso, essa presença lhe vivifiquem do Filho Original se fará mais e mais evidente. E depois do grande "salto" ao Universo Central, cada criatura ascendente será plena e definitivamente consciente dessa presença divina da segunda fonte do Paraíso, que todo o enche. E seu amor lhes cobrirá como uma segunda e invisível pele. Não procurem, portanto, a presença do Filho em seus corações ou em seu espírito. É o Pai quem lhes habita. O Filho lhes envolve e atrai como a flor à abelha. É o forno divino do Filho Eterno quem exerce uma permanente e imutável atração espiritual para a Ilha Nuclear de Luz. E foi escrito com verdade e justiça: "cedo ou tarde lhes fundirão e confundirão com a suprema felicidade." Hei aqui o grande secreto da ascensão imparable das criaturas evoluiria e dos peregrinos do tempo e do espaço para Deus. O Filho arrasta e conduz como um farol na escuridão. Hei aqui o único atalho para a Deidade. E seus circuitos de espiritualidade são as únicas vias abertas e seguras para o interior da Havona. Ninguém pode chegar à Perfeição pela carne: só pelo espírito. Cada vez que seu espírito se eleva, os céus se elevam, pendentes de suas súplicas. Cada vez que seu espírito experimenta um desejo, os céus respondem dispostos a seu desejo. Não existe poder nos céus ou na terra capaz de abortar suas inquietações espirituais. E cada vez que se manifestam, viajam mais rápidas que a luz até o coração do Filho Criador, supremo reflexo do Filho Eterno. Pelo contrário, também foi dito: se suas súplicas forem inteiramente materiais, jamais serão canalizadas pelos circuitos espirituais do Filho. Estes requerimentos materiais são como a fumaça que se dissipa. Caem mortos antes de nascer. São como peças de cobre e como pires de bronze que ressonam inutilmente. foi escrito: "Deixem suas preocupações materiais ao amor do Pai. Os desejos espirituais pertencem ao reino do Filho."»

 

 O Filho: único caminho para o Pai 6 E em minha visão vi o mundo no que habito. dele partia uma escala e uma multidão subia por ela. E o espírito divino que me habita disse:

«Vêem e te mostrarei o único caminho para o Pai.» E a escala morria em um mundo de cristal e de luz que não soube reconhecer. E de este partia uma segunda escala para o centro do universo. E dos cem mil universos partiam outras tantas escalas, que morriam na Uversa. E das sete sedes-capitales dos Superuniversos vi como sete anjos tendiam sete escalas, igualmente de luz, que morriam na escuridão dos mundos sem luz que envolvem Havona. E o espírito de Deus disse:

«Hei aqui o único caminho para o Pai Universal. Aquele que escolhe fazer a vontade do Pai entra nos circuitos espirituais do Filho Eterno. E esse circuito, depois do primeiro sonho da morte, conduzirá aos mundos superiores da Moroncia. E depois do segundo sonho será atraído para as profundidades do criado. E ali, na divina presença dos Filhos Criadores, advertirá a sombra luminosa do Pai. Mas seu caminho não terá feito a não ser começar. Seu espírito, então, ficará aliviado das últimas esteiras de imperfeição e será projetado para os mundos perfeitos e harmoniosos do Universo Central. Sua peregrinação para a Ilha Nuclear de Luz será então menos borrascoso que nos mundos evolucionarios dos sete Superuniversos. A primeira parte do trabalho do Filho Eterno e Original —revelar às criaturas a existência do Pai— se cumpriu.”

 

 1 depois disto, a voz que falava com minhas costas disse: «Juan, filho da terra, bebe da terceira fonte: a que alimenta à nova Jerusalém. A primeira fonte derrama a graça do Pai e sua água já está em ti. A segunda brota do seio do Filho Eterno e Original e sua água já está em ti. Agora bebe da terceira e a água Santa do Espírito Infinito te reconfortará por toda a eternidade.» E bebi e caí como morto. E em sonhos tive a seguinte visão:

 que Atua Vi de novo a Morada Santa, aquela que contém os três tronos. Mas o primeiro e o segundo se achavam ocultos a todas as olhadas. Dois anjos de luz montavam guarda frente aos tronos e sua luz era cegadora. E no terceiro trono se sentava um ancião. Mas seu rosto jamais era o mesmo. Olhei uma vez e sua face era tenra, como a Misericórdia. Olhei depois e seus olhos eram doces, como o Amor. E olhei pela terceira vez e o ancião tinha a serenidade da Justiça. E também vi um rosto de Poder e um rosto de Sabedoria e um rosto de Criador. E caí aos pés do terceiro dos tronos, clamando piedade. E a voz do espírito de Deus falou assim:

«Não tema, Juan, filho da terra, porque está ante a presença de que Atua. Estes são seus doze nomes. Escreve-os para que outros conheçam a revelação que te foi confiada.”

E escutei os doze nomes de que Atua. E são estes: «Espírito Infinito, Supremo Guia, Criador conjunto com o Pai e o Filho, Divino Administrador, Pensamento Infinito, Espírito dos Espíritos, Aquele que Atua, Espírito Onipresente, Coordenador Final, Ação Divina, Espírito Mãe da Ilha Eterna e Inteligência Absoluta.”

E o espírito de Deus disse:

«Este é o Espírito da Trindade, a terceira pessoa da Deidade. Ele é da aurora da Eternidade. Ele é a conseqüência do Deus Pensamento e do Deus Palavra. Ele é o Deus Ação: o divino executor dos planos do Pai e do Filho Eterno e Original. Seu pensamento mortal e limitado não pode conceber sua natureza. te limite a senti-la. Ele é sempre e desde que Deus Pai e Deus Filho conceberam o gigantesco plano da criação universal. Esse foi seu "nascimento sem nascimento". E o Deus Espírito é um e gorjeio. É um entre três e um na Unidade.»

 

Fiel ao Pai e dependente do Filho «E em seu começo sem começo, o Deus que Atua fechou o ciclo perfeito da Infinitud. E desde seu "nascimento sem nascimento", o Espírito Infinito reconheceu a seus divinos pais: ao Pai-Pai e ao Filho-Mãe. E Ele sabe de suas distintas naturezas e de sua natureza conjunta. E Ele é parte dessa natureza conjunta. E até sendo uma mesma coisa, Aquele que Atua é fiel ao Deus Pai e imensamente dependente do Deus Filho. E assim será no tempo e no não tempo. O vasto plano da criação estabelece a primogenitura do Pai, a revelação perpétua do Filho e a contínua, sábia e misericordiosa ação do Espírito. Este é o ciclo da Eternidade. São independentes e necessariamente dependentes. Deus Pai estabelece seus intuitos e, conjuntamente com seu Filho, os ativa e revela. O Deus de Ação, por sua parte, executa-os. Ele anima as abóbadas desoladas do espaço. É o Coordenador Final quem fez, faz e fará realidade as esferas perfeitas e os sete Superuniversos materiais. Ele transforma as divinas idéias do Pai e do Filho e as faz flutuar e girar nos espaços criados e nos increados. E as energias potenciais do "antes da Eternidade foram encomendadas a sua divina sabedoria e a seu divino poder e hoje são. Ele é o Criador dos mundos perfeitos da Havona, obedecendo assim aos pensamentos e desejos associados do Pai e do Filho. É assim como a terceira pessoa da Trindade adquire seu título de Criador conjunto com o Pai e o Filho. E o Espírito Infinito é um com o Grande Universo Central. E ambos foram a um tempo e ambos são eternos. Havona é, pois, "simultâneo" ao "nascimento sem nascimento" de que Atua. A diferença do resto da criação, o universo perfeito e central, o "coração" de todo o criado, existe desde o começo sem princípio do Espírito Infinito. Hei aqui o insondável e misterioso "ponto de partida" da história do visível e do invisível. E "antes do antes" só se abre o abismo ignorado da Deidade.”

 Uma pessoa para seu limitado pensamento 2 E muitas daquelas palavras foram longínquas e incompreensíveis para este humilde servo do Senhor. Mas o espírito de Deus disse:

«Não tema, Juan, filho do trovão. Apesar de seu limitado pensamento, deixa que a Palavra se faça uma com seu Monitor de Mistério. Ele sabe, compreende e guarda. E agora, escreve quanto escute.» E o espírito de Deus disse:

«Seus profetas e livros sagrados dizem bem: o Espírito Infinito é também uma pessoa. Apesar de sua onipresença, apesar das legiões de criaturas perfeitas nascidas de sua essência, a pesar do mistério impenetrado de sua força e energias vivificantes que todo o enchem e enchem, que Atua é o Criador Conjunto de todos os universos e de todos os seres. E sua presença é tão certa e real como a do Pai e como a do Filho. E embora cada um desempenha um ministério pessoal na obra da criação, os três são um e suas ações são uma. E a pessoa de Deus Pai está na pessoa do Espírito. E a pessoa do Filho é igualmente certa e segura na pessoa do Deus de Ação. E o Espírito Infinito é o reflexo de ambos. E foi escrito: "Que o que tem ouvidos escute o que diz o Espírito." É em sua condição de pessoa divina, a terceira da Deidade, como Ele invade e dirige seu espírito, sua alma e seus pensamentos. Ele está tão perto das criaturas evoluiria do reino como o estão o Pai e o Filho. E é o Espírito quem intercede por vós. É sua infinita misericórdia a que todo o cobre e pela que são possíveis todas as coisas. Foi Ele quem descendeu no Pentecostés, derramando-se sobre cada coração. Ele é a presença viva do Filho Criador de seu universo. Ele encarna a presença espiritual do Filho Eterno e Original e acordada sua inteligência até lhes fazer compreender que são templo e habitáculo da faísca divina do Pai. Aqueles que escolhem fazer a vontade do Pai Universal foram tocados pelo Espírito. Ele está neles. E Ele, do silêncio da autêntica misericórdia, dirige também os passos dos confusos e dos atrasados no amor.»

 O espiritual, a autêntica realidade 3 «O atual estatuto material e evolucionario do homem lhe impede de descobrir em plenitude a grande verdade da criação: a essência e a realidade da obra divina não são a matéria, nem tampouco o tempo e o espaço. Estes, dentro do criado, constituem —apesar de sua grandeza— uma parte insignificante e limitada da realidade cósmica. A realidade, a verdade e o suporte da criação é sempre de natureza espiritual. A Deidade não é matéria, nem tempo, nem espaço. E só a Deidade ostenta o título de certa. São os reino do espírito e os próprios espíritos os que formam e conformam a realidade cósmica. Esse é seu caminho e seu destino. E a matéria que agora lhes encarcera e atrasa ficará esquecida depois do primeiro sonho da morte. É o homem quem, em sua limitação, comete o grave engano de considerar a matéria como a grande realidade do criado. Os mundos, universos e Superuniversos físicos e materiais só são uma prolongação da divina e majestosa realidade intangível do Paraíso. É a Ilha Nuclear de Luz o "centro" da Deidade e de todo o criado. E sua natureza não é material. Para as criaturas evoluiria do tempo e do espaço, o espírito e o pensamento são uma conseqüência e uma derivação da matéria. Na ordem universal, o espírito é o fundamento e a primeira realidade e última de quanto existe. É por isso que compreenderiam melhor ao Espírito Infinito se o interpretassem e admitissem como a Grande Realidade Universal. Realidade, na suprema realidade, equivale a espírito, de igual forma que a personalidade humana não pode ser identificada com um braço, com um rosto, nem tão sequer com a totalidade de seus corpos finitos e temporários. E essa personalidade, de natureza divina e inteiramente espiritual, sim é identificável com o autêntico EU SOU de cada criatura: aquele que procede do Pai, aquele que nada nem ninguém pode modificar e aquele que encerra em si mesmo o germe da imortalidade. São seus sentidos físicos os que erram, interpretando o visível e tangível como a única e definitiva realidade. Abram os sentidos da alma e do espírito e comprovarão que a realidade interior e espiritual é imensamente mais sólida, sábia e eterna que a que lhes envolve. E essa realidade cósmica é infinita porque infinito é seu Criador, que Atua.”

O Espírito, único caminho para o Filho e o Pai «É pelo Espírito Infinito e seus associados na criação pelos que o homem e todas as criaturas evoluiria do tempo e do espaço descobrem ao Filho e ao Pai. Ele cai sobre os corações e abre os olhos da inteligência, fazendo compreensíveis as mensagens e a realidade das encarnações dos Filhos Criadores. Ele, agora, está fazendo possível esta revelação. Ele, com sua misericórdia, eleva ao espírito humano e lhe ajuda no grande achado de seu Monitor de Mistério. Ele, sutilmente, empurra ao homem a escolher fazer a vontade do Pai dos Céus. E quando isto acontece, Ele potencializa os circuitos espirituais do Filho Eterno e Original que envolvem às criaturas do reino. São os Micael quem revela ao Filho e Este, a sua vez, quem lhes revela ao Pai muito amante. Mas nada disso seria possível sem a decisiva ação e misericórdia do Espírito Infinito. Ele, pois, é o caminho para a revelação do Deus Pai e do Deus Filho a todo o criado. E através desta dobro revelação, o Espírito Infinito se revela a si mesmo. E se revela como o Deus que envolve à Deidade, como o primeiro Deus que lhes sai ao encontro na peregrinação para o Paraíso. O está no centro de todas as coisas, mas seu rastro é invisível. Ele administra o Poder do Pai e o faz material nos universos. E em coordenação com o Filho Eterno, Aquele que Atua modelo e desenha os universos, delegando nos Micael e nos chamados Espíritos Criativos —Filhos do Espírito Infinito— a última criação material e o sustento dos universos locais dos Superuniversos. E sobre toda essa magnífica obra planeja o espírito do Pai. E Pai, Filho Eterno e Espírito Infinito são uma mesma pessoa e três pessoas distintas. Deus Pai mantém. Deus Filho mantém e revela. Deus Espírito mantém e revela e conduz o criado para o Filho e o Pai. Deus Espírito é o Grande Administrador do plano divino, tanto no criado como no desejado pela Deidade. E o Deus Espírito é, sobre tudo, a face benevolente, misericordiosa e paciente da Trindade. O Pai Universal cria a personalidade das criaturas, as habitando fisicamente. O Filho, conjuntamente com o Pai, envolve-as em seu amor e lhes proporciona a boa nova de sua filiação divina. O Espírito as enche e lhes mostra o atalho para o Paraíso. E o faz, conjuntamente com o Pai e o Filho, demonstrando a infinita misericórdia de que é capaz a Deidade. Esta é a sagrada essência do Espírito Infinito: socorrer, auxiliar e servir perpetuamente ao pensamento e ao espírito dos homens.”

 Ele não encarna: descende em sua divindade 4 «E agora, filho da terra, escuta o que muito poucos conhecem. Em seu mundo e em outros mundos do tempo e do espaço, o Espírito Infinito é considerado como uma força onipresente. Aqueles que habitam perto do Paraíso e os "peregrinos" da Perfeição sabem que o Espírito Infinito é também uma presença pessoal em todo Havona. Ele participou ativamente nas sete "encarnações" do Filho Eterno nos sete circuitos que rodeiam a Ilha Eterna do Paraíso. E Ele e seus associados se converteram assim em fiéis servidores e ajudantes de todos aqueles que peregrinam e cruzam os últimos círculos do Universo Central. E isto mesmo acontece com os Micael. Quando um Filho Criador aceita converter-se no guia e soberano de um universo local, Aquele que Atua e seus associados lhe acompanham em sua empresa como infatigáveis apóstolos e servidores. E depois do passo encarnado de um Micael, o Espírito Infinito e Supremo Instrutor lhe substitui e representa, enchendo os espíritos dessa raça. Este foi o mistério de seu Pentecostés. O Filho Criador do Nebadon reina agora em seu mundo, através da misericordiosa presença do Deus Espírito. O Espírito Infinito não encarna nas criações materiais como o fazem os Filhos Criadores. Ele não se faz homem, mas descende e se instala em seu espírito, "rebaixando" sua divindade. E assim permanece em vós até o primeiro sonho da morte. E essa "degradação" é uma prova mais de seu infinito amor e de sua inesgotável misericórdia. E todo isso acontece sem que sua divina personalidade se veja alterada. E assim está escrito: "Eu serei parte e tudo. Eu habitarei na miséria sem deixar a glória de meu Pai."»

 O Espírito Santo e o Espírito Infinito «Em sua limitada percepção mental, e como conseqüência dos graves enganos de seus livros sagrados, confundistes ao Espírito Infinito com o chamado Espírito Santo. O segundo não é Aquele que Atua, a não ser um circuito espiritual de seu universo local do Nebadon, dependente do Filho Criador do Paraíso. O Espírito Infinito é Deus e se acha presente em toda a criação. O Espírito Santo não é onipresente, salvo nos espaços limitados de seu pequeno universo local. O Deus Espírito, em troca, impregna-o tudo, de um a outro limite dos universos criados e increados. O Espírito Infinito é o pensamento universal da Trindade. Chega ali onde chega a presença do Pai e do Filho. O Espírito Infinito é uma ação eterna, um poder cósmico, uma Santa influencia e uma personalidade. E Ele é visível às personalidades e inteligências superiores da Havona, ao igual ao Pai e o Filho. Ele é a Suprema Realidade que vós, por agora, não podem ver, embora sim sentir. E está escrito: "O Espírito sonda todas as coisas. Inclusive, as profundidades de Deus." Tudo se acha esboçado e bem esboçado nos supremos intuitos da Deidade: o Filho Eterno e Original é o divino guardião do plano universal do Pai para a ascensão das criaturas até a Ilha Nuclear de Luz. E detrás ter promulgado seu mandamento universal —"sede perfeitos como eu o sou"—, o Pai confiou a execução desta grandiosa obra ao Filho Eterno. E o Filho compartilha a carga de semelhante empresa com seu coordenado divino, o Espírito Infinito e terceira pessoa da Trindade. Esta é a forma em que a Deidade coopera na criação, controle, evolução, revelação, reabilitação e apostolado de tudo o que foi, é e será.”

 O Deus do Pensamento 5 E o espírito de Deus me mostrou depois os títulos do Espírito Infinito. E disse:

«Aquele que Atua é chamado o Espírito Onipresente. Como o Deus Pai, está em todo lugar, em todo momento. Mas seu grande título é o de Deus do Pensamento. Com o Pai e com o Filho compartilha a onisciência. Mas é no universo do pensamento onde seu poder é total. O Espírito Infinito o conhece tudo. Nada se oculta a seu olhar. antes de que nasçam à luz da realidade, Ele conhece já seus mais recônditos pensamentos. E através de sua misericórdia, o Pai concede e satisfaz suas necessidades materiais e finitas. É a onisciência do Deus Pensamento a que vela por sua segurança. Por isso foi escrito com verdade e justiça: "antes de que peçam ao Pai dos Céus, Ele já lhes concedeu isso." por que lhes afligem então pelo hoje ou pelo manhã? Deixem em mãos do Espírito todo o concernente à materialidade de suas vidas. Briguem por sobreviver, mas façam na confiança e na segurança de que Ele chega sempre ali onde a criatura mortal não pode chegar. Não esgotem suas forças e inteligência com o "o que comerei ou o que beberei". Lhes há dito que isso é conseqüência do amor do Pai, não de suas súplicas. E o amor do Pai é infinito.

»A terceira pessoa da Trindade é o Administrador Universal dos universos do pensamento. O Deus do Pensamento é o centro intelectual de todo o criado. Ele, como Pensamento Infinito, não está sujeito ao tempo nem ao espaço. Só o pensamento cósmico está condicionado pelo tempo. Só o pensamento das criaturas evoluiria está sujeito ao tempo e ao espaço. A suprema realidade da criação —o espiritual— não necessita do pensamento, tal e como o interpretam os seres humanos. O espírito puro e perfeito —a grande realidade da criação divina— é espontaneamente consciente e capaz de identificar e identificar-se. A consciência é parte natural do espiritual. Não precisa, portanto, de pensamento. O espírito é inteligente por natureza e por definição e, embora possa ser dotado de uma certa forma de pensamento, sua forma de expressão pouco ou nada tem que ver com a das criaturas imperfeitas do reino do tempo e do espaço. É o Deus e Administrador Universal do Pensamento quem distribui o pensamento cósmico nos universos materiais. E cada Superuniverso recebe suas próprias formas de pensamento. E cada universo local, a sua. E nenhuma forma de pensamento do tempo e do espaço é igual a outra. Daí que a verdade e a lógica sejam sempre relativas. Não confundam a energia com o pensamento ou com o espírito ou com a personalidade. Nos seres em evolução, o pensamento acompanha sempre à energia e ao espírito. Mas a energia pura não precisa do pensamento. O espírito é o intuito divino, e o pensamento espiritual, o intuito divino em ação. A energia é uma entidade material. O pensamento é uma significação. O espírito, um valor. Só nos reino materiais e evolucionarios existe a possibilidade de intercomunicação e interdependência entre energia, pensamento e espírito. Depois do primeiro sonho da morte, é o espírito quem se transmuta, elevando-se sobre o pensamento e a energia. Então serão na verdade uma "realidade". Agora só são uma promessa de "realidade". E é o Deus do Pensamento quem prepara e cuida essa promessa de "realidade espiritual". É Ele quem, antes de que o Monitor de Mistério lhes habite, faz germinar no prehombre e no homem a semente do intelecto, vitalmente necessária para a chegada da faísca prepersonal do Pai. Deus não habita nas bestas. Deus Pai descende tão somente nas criaturas previamente dotadas de pensamento e de vontade. E esse é o misericordioso trabalho do Espírito Infinito, a terceira pessoa da Deidade. E por sua divina ordem, legiões de criaturas a seu serviço percorrem os vastos domínios da criação, repartindo infinitas formas de pensamento em outras tantas infinitas formas humanas e mortais. E cada pensamento evolucionario é um, sempre distinto a outros. »Mas não confundam o pensamento com a Deidade. Aqueles que adoram o pensamento estão venerando sua própria imperfeição. Ao igual à perfeição está na natureza, a perfeição também foi semeada no pensamento. Mas nenhum dos dois é Deus. O pensamento procede na verdade de Deus, mas os seus, como criaturas submetidas à limitação da carne, não foram revestidos ainda da dignidade divina. Criem que seus escuros e torpes pensamentos são dignos de um Deus? O plano concebido para sua evolução intelectual e espiritual é na verdade sublime. Mas essa suprema realidade apenas se pode ser intuída no cárcere da carne e do sangue. Examinem seus pensamentos humanos. Quantas vezes os truncam por falta de sinceridade e de retidão? Quantas vezes os rebaixam ao círculo da animalidad? Quantas vezes os afogam no medo e na ansiedade? Aquele que na verdade escolhe fazer a vontade do Pai vê com assombro como seus pensamentos vão soltando as cadeias do medo animal, elevando-se então para assuntos e preocupações imensamente mais dignas. Aqueles que na verdade aprofundam no pensamento humano só podem prostrar-se, desolados e humilhados, ante a imensa imperfeição dos mesmos. Desconfiem de quão pensadores fazem do pensamento um motivo de culto. enganam-se e lhes enganam.

»E ao igual ao Pai cria e atrai para si a todas as personalidades e o Filho cria e atrai para si toda realidade espiritual, o Espírito cria e atrai para si toda forma de pensamento. E da terceira pessoa da Deidade parte um circuito "mental" que percorre a criação, exercendo uma atração absoluta e universal sobre aqueles pensamentos que merecem ser salvos. E este misterioso circuito é independente do circuito espiritual do Filho e do circuito puramente gravitacional que emana do Paraíso.”

 O Deus da Energia 6 E o espírito de Deus me mostrou depois o segundo título do Espírito Infinito. E disse: «Aquele que Atua é chamado o Manipulador Universal: o Deus da Energia. Ele e seus agentes associados penetram na criação física e material dos universos, controlando, provocando ou anulando quantas energias existiram, existem e existirão. O Espírito Infinito não é a energia, nem tampouco a fonte da energia. O Deus da Energia é seu eterno e universal Manipulador. Por Ele e nele se desenvolve o movimento dos astros, dos universos e dos reino estrelados dos Superuniversos. É o Deus da Energia e suas criaturas associadas quem cohesionan as forças que sustentam os mundos em um nada, os que provocam as mudanças nas vísceras dos sóis ou nas órbitas das luas. Eles têm o poder e o contrapoder. Eles multiplicam o fogo e a água. Eles anulam, coordenam, estabilizam ou impulsionam todas as correntes energéticas físicas visíveis e invisíveis dos universos criados ou increados. Eles transcendem a força e neutralizam a energia. Eles condensam e reduzem a energia até materializá-la ou a expandem como um vento divino.

»E no Deus da Energia e Supremo Manipulador reside um poder único no criado: só Ele pode desafiar e anular a força que cohesiona mundos, sistemas de mundos, constelações, universos locais e Superuniversos. E esse poder único e surpreendente —que no futuro de seu mundo será conhecido como "antigravedad"— é transmissível a determinadas personalidades elevadas do Espírito Infinito. E este divino poder não é observável no Pai e no Filho, a não ser no Espírito. E foi escrito: "Ele faz avançar e retroceder os mundos com o só movimento de seu olhar.”

»E esta ação do Deus da Energia é uma em coordenação com o Pai e o Filho Eterno e Original. E todas elas são fruto da consciência e da sabedoria infinitas do Manipulador Universal. Não julguem equivocadamente: os aparentemente erráticos movimentos dos astros não são conseqüência da casualidade ou de leis físicas nascidas do azar. O Grande Manipulador das energias não permite a casualidade. O azar é fruto de sua ignorância ou de seus sonhos. Tudo obedece à suprema inteligência da Deidade. E o Espírito Infinito, neste caso, é a grande alavanca que ativa e anima essa inteligência. Quem tem ouvidos, que ouça.”

 

 O primeiro anjo resucitador 1 E eu, Juan, o filho do trovão, Presbítero de Éfeso, tive uma última revelação. E é este um apocalipse de vida e de esperança. E por isso escrevo e por mandato de quem me disse: «Vêem e te mostrarei o que acontece depois do sonho da primeira morte.» E em minha visão me vi mesmo, em minha casa de Éfeso, cumprida já minha existência e escrevendo quanto aqui escrevo. E frente a mim se achava o primeiro dos anjos resucitadores do Senhor. E me disse: «Vêem. É a hora.» E meus olhos se fecharam e fui presa de um doce e aprazível sonho. E uma voz que não era minha voz falou dentro de mim e disse: «Este é o primeiro sonho: aquele que precede à verdadeira vida.» E depois disto, tudo foi negrume e silêncio. E eu senti um grande espanto, porque não sabia onde me achava, nem o que tinha sido de mim. Mas o primeiro anjo resucitador me conduziu para a luz. E ao despertar não soube onde me achava. Meu corpo não era corpo de carne nem de sangue, mas era um corpo. E o anjo resucitador me mostrou quanto me rodeava e disse: «Está escrito por ti, Juan: "Na casa de meu Pai há muitas mansões." Esta é a primeira mansão da vida. Este é o Templo da Vida Nova. Este é o primeiro mundo da Moroncia.”

E assim soube que, depois da morte, os humanos som transportados aos sete mundos que chamam da Moroncia, muito próximos a sede-capital do Sistema de mundos no que habitamos. E essa sede-capital é Jerusem. E o espírito adormecido de cada homem e mulher é depositado no Templo da Vida Nova. E do tabernáculo desse Templo partem sete asas radiais. E em todas elas se abrem as sagradas salas de ressurreição de todas as raças humanas de todos os mundos habitados do Sistema. E cada asa do Templo está destinada a uma das sete raças do tempo e do espaço. E cada uma das asas dispõe de cem mil habitações pessoais de ressurreição. E ali, em cada habitação Santa, os anjos resucitadores do Senhor reconstróem a personalidade de cada humano. E ao despertar à nova e verdadeira vida, cada homem e cada mulher reemprenden essa nova vida no ponto exato no que foi quebrado pela primeira morte. E tudo naquele mundo era igual ao anterior. Só meu corpo não era como meu anterior corpo pois, até vendo-o, apalpando-o e sentindo-o, não soube reconhecê-lo.

E depois disto me vi em meio de uma multidão que tampouco se reconhecia. E os anjos resucitadores conduziram a grande cidade da Moroncia. E o primeiro anjo resucitador disse:

«Esta é a cidade do Melquizedek, seu novo lar. Aqui serão instruídos e educados na carreira ascensional por volta do segundo mundo da Moroncia.”

E durante dez dias do novo tempo, ressuscitado-los são livres de conhecer quanto lhes rodeia e lhes foi dado pela graça do Senhor. E ali estão muitos dos que nos precederam no sonho da morte. E chegado ao décimo primeiro dia, os novos habitantes da cidade Santa do Melquizedek se reúnen em torno dos professores e som instruídos nas coisas do primeiro mundo da Vida. E essa sagrada educação parte do ponto exato em que se viu truncada pela morte. E o primeiro anjo resucitador falou de novo e disse:

«Esta é a grande experiência do primeiro mundo da Vida: aqui serão corrigidos os muitos defeitos e a herança terrestre que arrasta cada mortal do reino do tempo e do espaço. Serão estudantes de vós mesmos. Serão seus próprios juizes. Este é o julgamento particular.”

E o tempo de permanência no primeiro mundo da v Vida é medido pela gente mesmo.

E em minha visão soube que não me era dado transpassar os limites do primeiro mundo da Moroncia. E o primeiro anjo resucitador disse:

«Escreve, Juan, filho da nova vida, o que muito poucos conhecem. Isto é o que te aguarda no segundo Templo.”

E isto foi o que escrevi:

 O mundo da harmonia mental 2 «Concluído o tempo de permanência no primeiro mundo santo, os peregrinos da Perfeição são novamente adormecidos e transportados pelas ordens seráficas até o segundo mundo da Moroncia. E ali despertam depois do segundo sonho da morte. E cada criatura ascendente disporá então de um novo corpo, que em nada se assemelhará ao primeiro corpo mortal. E esse corpo será novamente glorioso. E nele, como nos corpos dos sucessivos mundos da Moroncia, sua memória será respeitada e enriquecida. Mas essa memória nada tem que ver com seu cérebro físico mortal. Será a memória cósmica a que prevalecerá. E essa memória não será bloqueada jamais. E, embora glorioso, seu novo corpo será alimentado. E esse alimento será um reino de energia vivente. Lentamente, de mundo em mundo, serão cada vez menos materiais, até que, definitivamente, na última das esferas da Moroncia, nem sequer precisem de um corpo glorioso. No primeiro e no segundo mundo da Moroncia esquecerão e perderão todas suas deficiências biológicas, assim como os terrestres apetites sexuais. E serão limpos das limitadas concepções de associação familiar e de parentescos, para assimilar e fazer seus os reais conceitos de família espiritual e cósmica. Essa será sua sagrada e genuína realidade. E ao longo de sua permanência neste segundo Templo, todos seus esforços e os de seus instrutores irão encaminhados à definitiva correção da desarmonía mental. Será aqui onde se extinguirão todos seus conflitos intelectuais. E uma estranha paz, como jamais tenham sonhado, reinará para sempre em seu espírito.”

 O mundo da clarividência 3 E o anjo resucitador falou de novo. E isto foi o que disse:

«Escreve, Juan. Isto é o que te aguarda no terceiro mundo da Moroncia.» E isto foi o que escrevi:

«O terceiro Templo é a morada dos Instrutores de todos os mundos da Moroncia. E seu número é legião.

Eles serão seus educadores e seus guias. Eles lhes recebem e eles lhes despedirão. E será em companhia destes sublime querubins com quem aprenderá e viajarão até a sede-capital do Jerusem. E nesta terceira morada, em que ingressarão depois do sonho da terceira morte, serão adestrados nas grandes realizações pessoais e coletivas; em especial, naquelas que não conheceram ou que ficaram inconclusas em seus respectivos planetas natais. Enquanto que nos dois primeiros mundos da Moroncia a educação dos recém chegados é basicamente restritiva, anulando a pesada carga de limitações e defeitos de toda vida encarnada, no terceiro Templo lhes abrirão os olhos à autêntica clarividência cósmica. E as verdades do universo começarão a brilhar em seus corações. Hei aqui o início da grande educação universal e divina. Hei aqui, na terceira morada moroncial, a iniciação às imensas verdades e secretos da Criação. E seu espírito se sentirá pleno de sabedoria e de gratidão para a Deidade.”

 O mundo da fraternidade 4 E o anjo resucitador falou e disse:

«Juan, isto é o que achará no quarto mundo dos peregrinos de Deus. Escreve para que outros conheçam a verdade.» E isto foi o que disse:

«E serão novamente submetidos ao sonho da morte e desde a terceira morada lhes conduzirá à quarta. Este é o mundo dos superángeles e das Brilhantes Estrelas da Tarde. Sua experiência será já larga e sublime. E aqui, depois de receber o novo corpo glorioso, entrarão em formar parte da grande fraternidade de peregrinos ascendentes para o Paraíso. Aqui serão instruídos e iniciados nos prazeres e exigências da autêntica vida de irmandade no cosmos. E participarão de atividades comuns que não têm seu fundamento no egoísmo individual ou nos triunfos pessoais. Serão então introduzidos em toda uma nova ordem social, apoiado no amor e no serviço mútuo: a grande normatiza do universo. Só então serão plenamente conscientes do destino comum e supremo de todas as criaturas: a busca do Paraíso.

Só então começarão a intuir a prodigiosa realidade do Pai Universal. Aqui será onde aprenderão igualmente a língua de seu universo local do Nebadon, assim como a da Uversa, sede-capital-a de seu Superuniverso. E o conhecimento dessas duas línguas lhes acompanhará até as portas do Paraíso.”

 O mundo da consciência cósmica 5 E o anjo da Ressurreição me falou de novo. E disse:

«Escuta, Juan, quanto acontece no quinto mundo da Moroncia. Este, como os anteriores, também será seu lar.» E isto foi o que escrevi:

«E os transportes seráficos lhes conduzirão desde o quarto ao quinto Templo da Nova Vida. E ali, depois do sonho da quinta morte, lhes mostrarão as novas maravilhas do Senhor. Esta é a sala de espera do Jerusem, sede-capital-a de seu Sistema de Mundos da Satania. E aqui terão informação cumprida de muitos dos grupos e ordens de filhos perfeitos do Filho Criador. E serão um com eles. Na quinta morada da Moroncia receberão as primeiras instruções em relação a seu segundo grande salto: o mundo das Constelações. E suas visitas ao Jerusem serão muito mais freqüentes, lhes familiarizando com a sede do Sistema. Será aqui onde, ao fim, assistirão ao despertar de sua consciência cósmica. Será no quinto Templo da Nova Vida onde começarão a pensar cósmicamente. E seus horizontes espirituais se alargarão até limites inimagináveis. E então serão na verdade conscientes do grande plano da Divindade. E lhes sentirão ditosos, plenamente ditosos, pelo privilégio de formar parte da grande família do Pai Universal. Será então quando compreenderão a magnificência de seu destino e a imensa misericórdia do Espírito Infinito. É no quinto mundo onde o peregrino para a Eternidade toma a iniciativa em seu ascendente caminho para a Havona. E se volta audaz. Estas criaturas ascensionales são já "cuasiespíritus".”

 O mundo do nome cósmico 6 E em mim visão vi o anjo resucitador. E isto foi o que disse:

«Juan, filho do trovão, escreve o que muito poucos conhecem. Assim é a sexta morada: a que achará depois do sonho da sexta morte.”

E isto foi o que escrevi:

«Um novo corpo glorioso será seu na sexta morada da Moroncia. Mas esse corpo será como um não corpo. E o sexto Templo da Vida Nova será recordado pelo peregrino para a Havona como o grande momento de sua definitiva fusão com o Monitor de Mistério. Hei aqui uma etapa brilhante na carreira ascensional das criaturas evoluiria do tempo e do espaço. A alma imortal do novo homem se faz uma, ao fim, com a faísca prepersonal do Pai. E embora este histórico sucesso pôde ter ocorrido, inclusive, na vida encarnada, é no sexto mundo onde, em geral, alma e Monitor se reconhecem e fundem. E nesse histórico instante, os superángeles proclamam: "Hei aqui um filho muito amado, em quem minha alma sente prazer." E esta singela cerimônia marca o ingresso oficial de um mortal no caminho sem retorno para o Paraíso. E o peregrino para a Ilha Nuclear de Luz recebe então seu verdadeiro nome cósmico e o segredo de seu nome cósmico. E assim foi escrito: "que tenha ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Iglesias: ao vencedor lhe darei maná escondido; e lhe darei também uma piedrecita branca, e, gravado na piedrecita, um nome novo que ninguém conhece, a não ser o que o recebe.”

»E estes peregrinos serão então como super-homens e algo inferiores aos anjos. Mas seu futuro é já esplêndido. E os que "procedem da grande tribulação" terão deixado atrás todo vestígio de carne e de sangue mortal e toda impureza e toda limitação.

»E será na sexta morada da Moroncia onde as criaturas do tempo e do espaço serão iniciadas nas coisas e nos segredos da grande administração do universo local ao que ainda pertencem. E será aqui onde conhecerão soberano Sistêmico. E Ele lhes falará dos Pais das Constelações e do Grande Micael, o Filho Criador do Nebadon.”

 O mundo sem morte 7 E assim falou o anjo resucitador:       «Escuta, Juan, o final da carreira ascensional pelos mundos desmaterializadores. Isto é o sétimo Templo da Vida Nova.”

E isto foi o que escrevi:

«Esta é a morada sem morte. Esta é a esfera da culminação. No sétimo mundo da Moroncia, os peregrinos do tempo e do espaço não necessitam já de um corpo. alcançaram finalmente seu autêntico estatuto espiritual. São espíritos, dispostos a viver a grande aventura da Divindade. Ao chegar ao sétimo mundo não ficará em vós o menor rastro de suas limitações passadas. A herança da Besta terá ficado apagada. Não serão já homens, a não ser anjos. E serão adestrados e instruídos em seus direitos e deveres como futuros cidadãos do Jerusem, sede-capital-a do Sistema: seu iminente lar. De mundo em mundo terão transitado como indivíduos. Agora serão preparados como grupo. E aquele que assim o deseje poderá permanecer no sétimo Templo, em missão de ajuda e socorro dos peregrinos atrasados no caminho ascensional.

»E um histórico dia, os novos anjos serão reunidos no mar de cristal do sétimo mundo da Moroncia. E os transportes seráficos os conduzirão a seu destino final, embora sempre transitivo: Jerusem. Então serão definitivamente imortais.

»Mas seu caminho para o Paraíso não terá feito a não ser começar... E novas foi e novos lugares e novos mistérios lhes serão revelados pela graça do Pai muito amante. Quem tem ouvidos, ouça esta nova revelação.»

 

 E eu, Juan do Zebedeo, Presbítero de Éfeso, o último dos servos do Senhor, escrevo para recuperar a paz e por mandato de quem está por cima de mim. Filhos muito amantes das sete Senhoras escolhidas, escutem esta segunda revelação, que não brota da carne nem do sangue, mas sim do Espírito que a todos envolve e conduz.

E diz o que dá testemunho de tudo isto: «Eu vi e escutado. Eu escrevo quanto foi revelado.

»Que a graça do Micael seja com todos.”

 

 

                                                                  J. J. Benitez

 

 

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