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O URSO E A NOIVA / Jianne Carlo
O URSO E A NOIVA / Jianne Carlo

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

O URSO E A NOIVA

 

                                     Stjórardalr, Noruega 1028 dC

– Você já foi casada antes – disse Marta, então, amaldiçoou quando um nó nos longos cachos dourados de Ainslin recusava-se a desembaraçar. – Não será nenhum choque fazer isto.

Ainslin delicadamente arrancou o pente dos dedos artríticos de sua criada e nem se preocupou em apontar as diferenças óbvias entre seu casamento atual e o passado.

– Aqueça-se no fogo, Martha. Cuidarei do meu cabelo. Estava frio no salão durante a refeição da noite.

Sim, mas gelado era o que descrevia o tom usado pela irmã do Jarl quando ela havia falado com Ainslin durante a interminável noite da refeição que os Vikings chamavam de náttverðr.

– É melhor que as senhoras da casa não cuidem de você – murmurou Marta – A irmã do novo senhor não é do meu gosto. Ela tem o olhar maligno, ela é má.

Ainslin reprimiu um suspiro pela verdade em suas palavras.

Helga, meia-irmã de Torsten, Jarl de Stjórardalr, o líder de Stjórardalr, não tinha se dirigido à Ainslin mais de três vezes desde a sua chegada, duas noites antes. As respostas cortantes às poucas perguntas que ela se aventurou a fazer tinham suprimido suas últimas esperanças de fazer desta uma união feliz. Ainslin olhou para as chamas dançando na lareira e passou o pente de marfim esculpido, um presente da esposa do Rei Cnut, Ælfgifu, através de seu cabelo.

Por duas vezes ela tinha casado por procuração; por duas vezes ela não tinha conhecido seu marido até a noite de núpcias. Ordenada a se casar com o guerreiro conhecido por Bjarndýr Norðanverðr, o Urso do Norte, o Jarl de Stjórardalr, pelo Rei Cnut, Ainslin e Martha tinham viajado por terra e mar durante três semanas antes de pôr os pés na pousada conhecida como Bjarndýr Skali, Salão do Urso.

– Ele não esperará um lençol ensangüentado – Marta juntou a costura na qual Ainslin estava trabalhando antes, duas novas túnicas para seus gêmeos, Brom e Rob.

E este é o problema, porque haverá um lençol com sangue a menos que eu encontre uma maneira de...

Como? Ela não sabia. Na última parte da viagem, ela se preocupou e se lamentou sem saber como seu novo marido reagiria a sua virgindade intacta. Resumidamente, ela imaginou tomar um amante, mas quem? Um dos guardas? Eram todos homens do Senhor. Um dos donos das pousadas? Ela estremeceu lembrando-se dos dentes de um, o fedor de peixe podre de outro, o esterco no antebraço peludo do proprietário da última pousada.

Sua atual situação era culpa de seu primeiro marido, da bondade e da idade de Hadrain. Ninguém sabia ou suspeitava que seu casamento anterior não tivesse sido consumado, não quando ela era a orgulhosa mãe de dois filhos queridos.

– Minha senhora – uma voz suave chamou, e um toque surdo soou na porta da cabana.

-Entre – Ainslin baixou o pente e cruzou as mãos, endireitando sua coluna para o anúncio inevitável. A criada, Thora, o único rosto amigável que tinha encontrado em dois dias, espiou ao redor da porta de madeira maciça. – O Senhor voltou, minha senhora. Ele está pronto para recebê-la.

O coração de Ainslin tremeu, e seu estômago revirou.

O irmão do jarl, Ruard, tinha sido o procurador algumas horas antes, quando o padre conduziu a cerimônia. Ela não tinha feito todas as perguntas que zumbiam como abelhas em sua cabeça, mesmo assim, Ruard discretamente informou para Ainslin que o jarl teve um contratempo inesperado.

Ela orou para que o marido tivesse o sorriso fácil de Ruard. Será que o senhor parecia-se com o seu irmão? Ele tinha olhos da cor do mar? A cor do cabelo como o trigo maduro?

O tratamento delicado de Ruard tinha dado à Ainslin esperanças. Desde o nascimento, ela ouvia os contos sobre os ferozes guerreiros nórdicos que tinham saqueado a Northumbria e a Mercia durante séculos, e ela esperava um tratamento áspero de seu marido nórdico e seus irmãos.

Descansando a mão sobre a mesa da cabana, ela se levantou, os joelhos de repente demasiado fracos para sustentar sua estrutura.

Marta pulou do banco, pegou a capa do colchão de palha perto da lareira, e mancou até Ainslin.

Ela odiava fazer sua velha criada levantar-se e andar, mas precisava de uns poucos momentos para recompor sua mente e se preparar para encontrar o seu esposo, o novo padrasto de seus filhos.

Ainslin aceitou o manto e arrumou as peles quentes ao redor de seus ombros.

– Estou pronta, Thora. – Ela se endireitou, murmurou um adeus a Martha e deixou a cabana aconchegante.

A primavera ainda não tinha chegado ao chão, e manchas de neve acarpetavam as montanhas atrás da cabana. Florestas cobriam as encostas íngremes. A luz nebulosa brincava com as sombras. O que parecia ser pequenos animais descansando na grama recém-surgida no prado eram montículos de terra, quando ela se aproximou.

Uma leve brisa enregelava suas mãos sem luvas, e uma rajada de gelo caiu sob o manto de pele, rodeando as saias do vestido esmeralda que ela usava. Martha tinha insistido sobre o vestido amarrado na frente e a camisa cavada no pescoço por baixo da seda, desde que desse um pouco de proteção contra o frio.

Ela puxou a capa protegendo seu pescoço.

Inalando profundamente, a fragrância de pinho pungente de alguma forma a reconfortava. Prendeu a respiração e, em seguida, soltou lentamente. Um sorriso curvou seus lábios quando viu a expiração dançando congelado pelo frio. Os gêmeos achavam que soprar ar gelado era tão divertido quanto assistir as quedas do bobo da corte.

Thora andava três passos na frente de Ainslin, em torno das muitas cabanas da fortaleza. Levaria algum tempo para se acostumar a esta fortaleza à beira-mar, tão diferente do Castelo Næss. A pousada grande de pedra, os estábulos, currais de gado e as dezenas de casas no interior da fortaleza murada contrastavam fortemente com montanha e a muralha do castelo de Hadrain em Cumbria.

Ainslin olhou em frente e tropeçou, roçando um dedo do pé em uma pedra. Elas caminharam para um chalé construído na encosta da montanha. Um bosque de árvores bloqueava uma parte da residência.

Por que tão distante da pousada? Para ninguém poderia ouvir meus gritos? Eu não devo hesitar. Devo agradá-lo. Devo convencê-lo a trazer Brom e Rob.

– Por aqui, minha senhora – Thora chamou, parando entre os troncos das árvores densas que dividiam a floresta, Uma trilha estreita apareceu.

O calor do sol desapareceu, e um vento súbito levantou seus cachos soltos, enviando arrepios ao pescoço. A noite caiu rápida e absoluta, uma completa escuridão a envolveu durante o tempo que levou para caminhar vinte passos. A lua se aventurou para fora das nuvens que protegiam as estrelas, e uma corrente prateada de luz iluminou o chalé situado na encosta da montanha.

Thora deteve-se na frente da estrutura de troncos.

Talhada em troncos de pinheiros maciços, o chalé mostrou-se maior do que Ainslin esperava. Nenhum guarda a vista, mas era um lugar imponente para um jarl tão poderoso e rico como o Urso do Norte.

– Meu senhor – Thora disse, batendo na madeira. – Sua senhora está aqui.

A porta se abriu, e uma forma monstruosa tomou conta do marco. Um fogo crepitava e reluzia atrás do jarl, a luz lançando suas feições às sombras. Ainslin lambeu os lábios, fez um movimento nervoso, e cruzou as mãos em sua cintura.

– Isto é tudo, Thora. – Sua voz, tão profunda como a imitação de rugido de um urso, espalhou-se em seu ventre. Ele tinha o tamanho de um grande urso preto. Ainslin teve que esforçar-se para manter as pernas unidas e permanecer em pé e não virar-se e correr de volta para Martha, aterrada.

Thora abaixou-se numa reverência e virou-se, deixando Ainslin em pé, sozinha. Ela engoliu em seco ouvindo o barulho dos galhos esmagados sob os pés da menina enquanto esta se distanciava.

– Entre, minha senhora. – Ele deu um passo para o lado e acenou com a mão para a lareira acesa. – O fogo irá aquecer sua pele gelada.

Ela se concentrou em colocar um pé na frente do outro, e só parou quando uma faísca perdida do fogo chamuscou o dorso da mão. Lentamente, Ainslin virou-se para o homem que ela iria chamar de marido deste dia em diante.

Ele usava botas de couro da cor do pescoço de uma corça, um tom entre bege e marrom, com manchas de cinzas brancas. Ela mediu seus pés e pareciam ter três vezes o tamanho dos dela. Escuras calças, da cor de azul de um fiorde profundo, desapareciam na pele das botas forjadas. A bainha trançada de sua túnica lembrava-a dos mercados perto da corte do Rei Cnut, onde ela tinha tocado pela primeira vez nas sedas do Oriente.

Um intrincado semblante de um urso, bordado em fios de ouro, precedia a gola trançada da túnica. Ele não usava cinto, nem capa, e ela hesitou sentindo que seu coração parecia pular em sua garganta, antes de levantar o olhar do músculo tenso do pescoço para seu rosto.

Norðanverðr Bjarndýr. O Urso do Norte. Guerreiro. Marido.

– Sente-se, – ordenou. Duas cadeiras de um tamanho próprio para abrigar seu corpo enorme, separadas por uma mesa quadrada, ficavam à direita da lareira de pedra. Sem mais delongas, ele voltou-se e deu um passo gigante para a porta.

Ainslin prendeu a respiração, deslizou para a cadeira, e caiu no assento de madeira. Seus pés não alcançavam o chão de tábuas, o encosto rígido subia acima de sua cabeça, e ela deu uma espiada para ele, esperando que o homem não notasse seu leve movimento. Seu coração batia tão alto em seus ouvidos que ela não conseguia pensar, e seus dedos tateavam o broche preso em seu manto.

Espiando-o atiçar o fogo, ela olhou para suas costas.

O cabelo exuberante e preto com reflexos azuis caia pelos ombros, compridos e sua respiração parou. Sentindo o coração saltar, os olhos de Ainslin recusaram-se a observá-lo e suas entranhas aqueceram-se. O frio do curto passeio evaporou, e os dedos dos pés se curvaram nas botas curtas que ela usava. Uma onda de calor tomou sua carne, semelhante a uma chama de fogo chegando por dentro de seu vestido e lambendo-a dos tornozelos até o pescoço. O farfalhar de suas vestes e o som de suas botas rangendo na madeira enquanto se levantava, acalmou os seus movimentos. Evitando olhar, Ainslin fingiu arrumar a corrente do cinto no vestido, esfregando o polegar sobre a escultura familiar no ouro.

Seu perfume, couro, fumaça e pinho, tornaram-se mais intensos quando ele caminhou até a mesa. O aroma parecia envolvê-la, até que ela não conseguia mais discernir se algum cheiro da lavanda do banho que Martha tinha preparado para ela permanecia em sua pele. O ar na sala parecia pesar em seus ombros. Ainslin olhou para os nós na mesa de pinho, consciente de que ele ouvia sua respiração rápida, e o calor floresceu no seu rosto.

– Eu já vi dezoito verões. Eu não sou uma jovem donzela.

Ela rezou para que ele não notasse o rosto afogueado, os dedos trêmulos, ou o rápido agitar de seus cílios.

– Eu não quero uma virgem nervosa. – Usando a ponta de uma bota, ele moveu a outra cadeira para trás. – Estamos casados por escolha do rei. A aliança é benéfica para ambos.

A arrogância dele fez seus dentes rangerem. Ela sentiu a raiva, mas permaneceu em silêncio.

– O que, nenhum protesto?

– Por favor, continue. – ela disse, sua voz doce e suave. – Estou ansiosa para conhecer as vantagens de me tornar uma mulher casada, sem controle sobre minhas terras ou a minha riqueza. Como viúva, eu desfrutava do controle de ambas.

– Seus filhos precisam de um tutor – ele replicou, e chegou ao banco, ao longo da parede, onde tinha um jarro de barro e duas taças de vidro.

– Meus filhos estão em Cumbria – afirmou. – Sem qualquer proteção salvo o decreto do rei.

Ele colocou uma taça em frente dela, derramou vinho, depois encheu sua taça, descansou o jarro sobre a mesa, e se inclinou para trás na cadeira. Os cantos de seus lábios repuxaram-se, e as linhas finas nos cantos de seus olhos se aprofundaram. Pela primeira vez, ela encontrou seu olhar em cheio, e seu coração pareceu parar ao ver a tempestade de seus olhos cinzentos.

 

– Não, minha senhora – Torsten espreguiçou-se, esticou os pés debaixo da mesa, suas botas produzindo um baque suave no silêncio momentâneo– Seus filhos viajam para Bear Hall, enquanto nós falamos.

Ela suspirou e abriu a boca, mas não proferiu uma única palavra. Em vez disso, um tom rosado matizou sua pele, e seu olhar caiu sobre o dele.

Os olhos do homem sombrearam-se, observando a subida e a descida dos seios que ele sonhava sugar. A saliva revestiu sua boca. A pele de porcelana da mulher, elogiada e louvada por bardos da corte, franziu-se, e sua língua tocou em um canto de sua boca. Torsten desejava rugir sua vitória para todos. Ele, o Urso do Norte, havia arrancado uma reação de Ainslin, a beleza cujo gélido temperamento, muitos diziam, poderia congelar as montanhas que vomitavam fogo na Islândia.

– Nenhum agradecimento, minha senhora?

– O rei deu sua permissão? – Ela estudou seu colo.

– Eu não preciso da sua bênção, – Torsten respondeu. – Ele deu você e seus filhos para mim.

Então, Aislin ergueu o olhar, seus olhos verdes salpicados de ouro como os de um gato, o cílios castanhos pesados com a umidade das lágrimas, e ele apertou sua mandíbula, sem vontade de se render a observar o amor dela pelos filhos gêmeos que tinha tido com outro homem.

– Quando? – Ela perguntou, fixando os dedos na borda da mesa.

– Uma semana depois que você começou a sua jornada para cá, mandei meu irmão buscar seus filhos e trazê-los para você.

Torsten tomou um gole de vinho e observou-a cuidadosamente, porque Ainslin, a Frígida estava com seu controle férreo de volta.

– Por quê? – Ela ergueu o queixo, e o tão invejado orgulho das mulheres da corte brilhava nos olhos não mais ameaçados pela fraqueza feminina das lágrimas.

– Eu queria algo de você. – Torsten amaldiçoou a aspereza na voz causada por um pau que tinha ficado grosso, duro e dolorido, desejando aquela boceta apertada por muito tempo.

Ela nunca vacilava.

– Por favor, continue meu senhor.

–Eu gostaria de ter você quente e disposta na minha cama.

Ele forçou um tom áspero, embora falasse suavemente.

Torsten empurrou sua cadeira para trás quando ela ficou em pé e todas as cores sumiram de suas bochechas. O olhar dela desviou-se, pousando sobre a lareira, a pilha de toras, o atiçador, e todo o tempo, seu peito arfava. De repente, ela caminhou em torno da mesa, abraçou o próprio corpo, e lhe deu as costas.

Os deuses tinham criado a mulher simplesmente para confundir o homem. Torsten rangeu os dentes, sufocando a vontade de erguer os braços, resistindo ao instinto de segurar e confortar a mulher que ele havia planejado tomar para si, há duas estações atrás.

Sua respiração profunda encheu repentinamente o silêncio da sala.

Ainslin virou-se para enfrentá-lo.

Tal terror? Por quê? Teria seu marido usado-a com crueldade? Batido nela?

– Você tem meu juramento, eu virei sempre a você por vontade própria, sempre que assim o desejar.

A cada palavra seu pau inchava e crescia, umedecendo as calças soltas. Por Odin! Ele não iria derramar sua semente como um jovem inexperiente. Visões dela nua, o cabelo longo e dourado espalhado sobre os lençóis finos que havia comprado em sua última viagem, os mamilos, implorando por suas atenções, nublaram seu cérebro.

– Eu terei o seu juramento, meu senhor, que você não me deixará de lado ou aos meus filhos, se achar que eu não lhe agrado mais – disse ela, com as mãos entrelaçadas tão fortemente que a pele dos dedos perdeu toda a cor.

Seu pau estremeceu, seu saco apertou-se, a sua luxúria tão grande, que teve que se segurar para não estendê-la sobre a mesa e socar em sua boceta.

– Está feito! – ele quase rosnou. Conhecendo-se bem sabia que isso nunca aconteceria. Ela lhe agradava, pelos deuses! Ela agradava-lhe, simplesmente por respirar.

– Eu gostaria de ter você agora, Ainslin.

 

Ainslin não tinha noção do que iria acontecer, mas nunca esperaria que Torsten se lançasse sobre ela, passando um braço musculoso sob seus joelhos, e levantando-a no alto contra seu peito. A ação rápida atordoou sua mente, e ela não conseguia tragar ar o suficiente para aliviar a dor em seu peito.

O senhor marchou para fora do cômodo, passou por outro, e mais outro. Ainslin vislumbrou uma cama enorme encostada contra uma parede, uma lareira de ardósia, com toras empilhadas, um banco, uma mesa e duas cadeiras resistentes antes de Torsten girar em um círculo e tudo desapareceu. Dois passos mais, e ele parou e baixou-a até o colchão. Linho fino acariciou suas mãos, quando ela tentou secar o suor das palmas das mãos sobre o tecido.

Ele se sentou, os olhos fixaram-se em seu rosto, soltou os laços de suas botas e puxou-as, colocando as duas lado a lado, ao pé da cama. Em um movimento fluido, ele puxou a túnica sobre sua cabeça, e colocou-a sobre uma cadeira. Um tremor percorreu-a.

Ainslin estremeceu da cabeça aos pés com a visão de seu peito colossal.

– Você está gelada – ele murmurou e levantou-se, caminhando até a lareira.

Ainslin percebeu que ele a tinha visto tremer e acreditava que ela estivesse com frio. Embora o quarto não tivesse nenhuma fonte de calor, salvo as lamparinas de pedra penduradas nas vigas, seu corpo ardia, sua pele formigava. Fascinada pela maneira como seus músculos das costas se agrupavam e flexionavam, por uma cicatriz que corria de um ombro ao meio do braço, pelo contraste de seu cabelo escuro e pele bronzeada, ela levantou-se sobre os cotovelos, olhando para ele, seus olhos gananciosos para absorver cada detalhe, cada nuance.

O fogo crepitou e uma chama saltou lançando faíscas azuis e amarelas, a lenha estalando. Ele olhou por cima do ombro, e seus olhares se encontraram.

Ainslin parou de respirar, seu estomago pareceu contorcer-se, e sentiu suas partes íntimas se contraírem.

Ele colocou a barra de ferro que tinha usado para atiçar a lenha contra a parede de pedra, levantou-se e em dois grandes passos alcançou o leito. A expressão em seu rosto fez a boca de Ainslin ficar seca e suas narinas se dilataram, um tremor de medo causando um aperto em seu estômago. Ele pairava acima dela como um gigante, e a jovem mordeu o lábio com tanta força que sentiu o gosto de sangue.

– Não – ele disse, e sentou-se no colchão, a palha amassando-se sobre seu peso. Seu polegar acariciou seu lábio ferido, ele abaixou a cabeça e lambeu a pequena gota que estava ali.

Brasas queimaram no local onde sua língua acariciou, seu hálito quente fez cócegas no nariz, e o aroma leve do vinho que ele tinha bebido intoxicou sua mente. Suas pálpebras ficaram pesadas e, quando ele colocou seus lábios sobre os dela, Ainslin fechou os olhos. Entregou-se para ele, deixando-o fazer o que quisesse, não sendo capaz de pensar, apenas de sentir. Seus lábios eram macios e carnudos, ele lambeu a linha de sua boca e a caricia a atingiu como um raio, deixando a sua carne em chamas. O sexo dela ficou molhado, e a umidade que se formou a fez apertar suas coxas.

A mão dele envolveu seu rosto, e se deitou ao lado dela na cama. Ele abriu a boca para sugar o lábio inferior, e Ainslin ansiava por tocá-lo, sentir seu peito duro sob a ponta dos dedos. Incerta do que ele esperava, ela apertou seus punhos.

Quando Torsten mordiscou o lugar que tinha sugado, ela suspirou, e a língua dele deslizou entre seus lábios. Maravilha das maravilhas, nunca imaginou que uma língua pudesse dar tanto prazer. Ainslin caiu de costas no colchão, e a perna dele deslizou sobre seu corpo prendendo seus quadris contra o linho da cama. Lambeu seus dentes, fez cócegas no canto de seus lábios, tocou a ponta da língua com a dele, puxando-a para o interior sua boca, sugando levemente.

Sua boca deixou a dela, e as pálpebras de Ainslin tremeram. Com a respiração irregular, olhou para a arrogante linha de sua mandíbula, a grossa camada de cílios escondendo seus olhos dela e lançando sombras sobre as maçãs do rosto proeminentes. Ele trilhou beijos em seu rosto que a fizeram encolher-se. Traçou o contorno de sua orelha e sua feminilidade contraiu-se.

Nunca Ainslin imaginou uma carícia tão deliciosa. Ela agarrou os lençóis quando Torsten mordeu o lóbulo de sua orelha. A mordida fez com que os músculos de seu ventre se agitassem. Seus seios pulsavam, sua boceta se contraía, o botão ali dentro queimava. O quarto tornou-se um inferno de calor, e um fino suor revestiu seus braços e mãos.

Um gemido escapou de seus lábios quando sua boca voltou a dela.

– Abra! – ele ordenou, lambendo seus lábios, e quando ela obedeceu, sua boca foi invadida. Sua língua rodava e confundia-se com a dela num entrar e sair ritmado, persuadindo-a em uma dança que ficou mais furiosa em cada avanço. Por vontade própria, as mãos dela tocaram a nuca de Torsten, os dedos enroscados em seus cabelos sedosos, massageando-os, esfregando a pele lisa de sua nuca.

Ainslin se rendeu, seguindo suas ordens, moldando seus lábios nos dele. Seu toque, seu cheiro, o roçar de suas bocas era muito estonteante para manter qualquer pensamento em sua cabeça. Quando ele afastou-se dela, demorou longos segundos antes que Ainslin pudesse encontrar forças para abrir os olhos. Ela queria protestar contra a perda de seus lábios mágicos, mas as palavras não se formaram, e sua cabeça caiu para trás sobre o travesseiro. Um véu de cabelos escondeu o rosto dele, e ela sentiu seus dedos no decote do vestido.

Ele murmurou uma maldição, alcançou a mesa ao lado da cama, agarrou um punhal pequeno, cortou os laços de seu vestido, e jogou a faca de volta à sua posição original. Voltando-se para ela, ele gemeu:

– Minha!

Seus mamilos retesaram-se sob seu olhar feroz, a camisa transparente não era páreo para a cobiça em seus olhos. Torsten rasgou a frente do vestido até a cintura. Uma mão caiu em seu seio, e os polegares calejados roçaram o bico dolorido.

A cabeça de Ainslin rodava, ela cravou as unhas nas palmas das mãos, ansiando por mais, por uma liberação da pulsação dolorosa entre as coxas, vinda das contratações convulsivas de seu sexo.

Quando sua boca prendeu seu seio, e a língua lambeu o bico, ela gritou e enrolou os dedos em seus cabelos. Ele mordeu o mamilo inchado.

Seus quadris impulsionaram-se contra ele, e ela apertou-o contra o peito, resistindo quando ele ergueu a cabeça.

– Não! Não!

Ele riu e trilhou seu caminho para o outro seio.

– Sim, Ainslin, sim. – As pernas dela tremeram quando sua língua traçou a carne cor-de-rosa em torno de seu mamilo latejante, desenhando círculos cada vez menores, mas não tocando o bico pulsante. Ele passou as mãos em seu vestido e moveu-se sobre ela, puxando as saias até a cintura. O ar fresco banhou seus joelhos, suas coxas e seu monte.

Ela piscou e olhou para baixo, quando ele sugou o bico crispado de seu seio com sua boca. Ainslin gemeu quando ele mamou duro em sua carne e, em seguida, soltou o bico. Seus dentes cerraram-se, ela gemeu de frustração, esfregando o pé para cima e para baixo nos lençóis de linho.

Torsten beliscou mais forte, e Ainslin arqueou-se atingida por algo fora de seu alcance, dor e prazer correndo por seu sexo, uma sensação insuportável, e gritou quando seu dedo mergulhou em sua boceta. Seu polegar acariciou o botão carnudo, e suas pernas da moça fecharam-se em torno de sua mão.

A palma da mão calejada massageava seu botão ardente, e ela apertou-a ainda mais, a bunda erguendo-se do colchão. Quando Torsten tirou a mão, Ainslin queria raspar as unhas em seus ombros e trazê-lo de volta. Ela se sentiu privada de algo, e só por vergonha manteve as mãos nos lençóis, tentando barrar o impulso de jogar os braços em volta do seu pescoço e implorar para que ele continuasse.

Num piscar de olhos, Torsten afrouxou a corda que amarrava suas calças e chutou-as para longe. O medo permeou através do desejo, galopando em sua mente, com a visão de seu pau ereto, a cabeça lisa e gotejante. Ainslin engoliu em seco quando percebeu o tamanho de seu membro, sua boca ficou seca, e suas nádegas mergulharam no colchão quando ele rolou sobre seu corpo.

O peso de seu peito, a rigidez de seu pau contra o seu monte, fez sua respiração falhar e sua boceta ficar muito úmida.

 

Torsten beijou-a fortemente, sua boca parecendo comer seus lábios. A resposta apaixonada de Ainslin disparou nele uma onda de luxúria mais poderosa do que o raio do martelo de Thor, o Mjöllnir. Seu saco se contraiu, e o guerreiro furioso nele foi à loucura. Ele cobriu com as mãos a bunda da garota, inclinando seus quadris para frente, e dirigiu para dentro dela, empalando-a em uma única estocada, rasgando sua virgindade.

O choque congelou seus membros. Torsten olhou para baixo para encontrar os olhos delas apertados e fechados, a testa enrugada, e sua boca contraída.

Uma virgem?

Sua vara latejava, seu saco estava inchado, cheio a ponto de explodir, e exigia libertação. A luxúria martelava sua cabeça, o desejo furioso rasgava suas veias, a vontade de saquear e pilhar lançava tremores através de seus músculos tensos. Ele ainda se segurava, não ousando nem mesmo um pequeno atrito, muito perto do limite para precipitar seu êxtase, a vara rígida a ponto de explodir no fogo apertado daquela boceta.

A raiva cortou um pouco sua fome, e Torsten levantou a cabeça e olhou para o teto, lutando contra o desejo de derramar sua semente, reivindicando-a, possuindo-a, querendo socar em sua bocetinha apertada, para encontrar uma liberação sem limites.

Ainslin colocou as mãos sobre o peito dele, os dedos vacilantes, e ele sentiu o martelar do coração da moça, com os pulsos conectados ao seu peito.

Torsten olhou para ela e rangeu os dentes quando encontrou os olhos dela mais arregalados do que os de uma corça assustada, o brilho dourado no verde refletindo a luz da lamparina acima da cama.

– Eu não o agrado – ela sussurrou, baixando o queixo.

– Não – Tentando não mover a parte de baixo do corpo, ele beijou suas pálpebras, sua testa, o canto de um olho.

– Ainslin, vamos falar sobre isso mais tarde. Nada me agrada mais do que estar dentro de você. Mas temo que a dor pela perda de sua virgindade tenha dissipado todo o seu prazer.

 

Ainslin ergueu a cabeça abruptamente, e bateu contra a mandíbula dele, o som do estalo foi como um trovão no silêncio do quarto.

– Perdão, meu senhor. Eu não quis feri-lo.

Um sorriso brincou em sua boca.

– Eu faço um acordo com você, Ainslin. Depois disso, você vai beijar meu queixo melhor, e eu vou fazer o mesmo com sua boceta.

Círculos gêmeos cor de rosa floresceram em seu rosto, e seus olhos ficaram arregalados quando o significado de suas palavras penetrou dentro dela. Ele estudou seu rosto procurando algum sinal de dor e não achou nada, a boca agora estava relaxada, e ele percebeu que Ainslin não percebeu que os seus dedos traçavam a carne escura em torno de seus mamilos.

Torsten bombeou dentro dela suavemente; ergueu as sobrancelhas, repetiu o movimento e, por Odin, sua doce boceta apertava seu pau com avidez. Gotas de suor formaram-se em sua fronte. Ele cerrou a mandíbula e retirou-se lentamente, deslizando o eixo latejante de sua vagina até a cabeça ficar na entrada.

Suas unhas cravaram-se em seus ombros, os olhos ficaram vidrados e ela choramingou. A agonia de enchê-la lentamente, de novo deslizando seu pau em seu sexo em convulsão, quase o fez penetrá-la com força. Torsten rangeu os dentes, lutando contra a vontade de socar.

Ela deslizou as mãos até sua bunda e apertou suas nádegas, os dedos ágeis enviando ondas de luxúria através de sua virilha.

Ele resmungou e se concentrou em outro recuo lento. Suas unhas cravaram-se em suas nádegas, e ela apertou sua bunda ritmicamente.

O controle de Torsten desapareceu, e ele empurrou o pau.

Ainslin levantou a perna e envolveu a panturrilha ao redor de seu quadril.

Num ultimo fiapo de seu controle de guerreiro, ele grunhiu.

– Ainslin, está doendo?

– É uma agonia – ela gemeu. – Você não pode se mover mais rápido?

Libertado pelas palavras mais doces que ele já tinha ouvido, Torsten mergulhou nela; suas paredes esticadas e segurando-o, sugando sua vara. Segurando seus quadris com força, ele levantou sua bunda e penetrou de novo e de novo, angulando para bater no ponto que ele aprendeu com as mulheres do harém.

Distraído, quando o seio dela roçou seu rosto, colocou sua boca no mamilo, sugando-o forte. O corpo de Ainslin curvou-se, costas arqueadas, e ele estremeceu através de seu bico intumescido, seus dentes raspando o mamilo, seu pau socando sua boceta. Seu saco ficou tenso, seu pau explodiu, espalhando sua semente e enchendo seu ventre.

A liberação o deixou acabado, sua mente desfocada, seus músculos relaxados. Torsten descansou sua fronte na dela. Seu cabelo glorioso cheirava a lavanda. Ele enfiou um cacho da cor do pôr do sol em torno de um dedo e descansou seu peso no cotovelo, para observar melhor suas feições.

Olhos fechados, lábios avermelhados, boca curvando-se nos cantos, ela soltou um longo suspiro, e suas pálpebras ergueram-se.

Quando seus olhares se encontraram, a cor sumiu de sua pele, e ela rapidamente virou a cabeça para o lado. A tonalidade rosada manchou suas faces. Torsten, de repente, queria prolongar a sua intimidade e decidiu não questionar sua nova esposa neste momento.

Tremores continuavam a percorrer seu canal, e a respiração dela ofegava a cada contração. Seu pau se recusava a ceder, e embora ele detestasse sair do calor de sua vagina, Torsten sabia que deveria, porque a tinha usado duramente.

– Eu estou seco.

Suas pálpebras piscaram, continuava com a cabeça inclinada sobre o travesseiro.

– E com fome. – Ela não olhava para ele, lançando seu olhar para o peito, garganta, qualquer lugar, menos para seus olhos.

– Helga fez a cozinheira preparar uma refeição fria para nós. Há uma bandeja no cômodo principal.

– Devo buscar a comida para você?

Incomodava Torsten que ela já não o tocasse, enquanto alguma compulsão o levava acariciar a pele delicada, cheirar seu cabelo, e se divertir com o bico de seu seio.

– Não. Eu pegarei a comida para nós. – Com isso, ele saiu dela e rolou na cama para ficar de pé.

Ela agarrou a roupa rasgada juntando-as na frente, e Torsten decidiu que preferia as mulheres usando vestidos saxões com cordões frontais, uma definitiva vantagem para uma mente atordoada de luxúria como a dele. Ele olhou para as pernas dela, viu o sangue espalhado sobre as coxas, e abafou uma maldição. Todas as perguntas que ele precisava fazer corriam por seu cérebro.

 

Ainslin encolheu-se sob o olhar penetrante de Torsten. Ela olhou na direção do olhar de seu marido e fez uma careta quando viu as manchas de sangue em suas coxas. Ele apertou o seu ombro.

– Deite-se. Devo cuidar de você primeiro.

– Não! – ela exclamou piscando. O calor percorrendo-a da cabeça aos pés.

– Sim, Ainslin – declarou ele. – Eu a machuquei, e eu cuidarei de você.

Sua respiração falhou, observando-o caminhar a passos largos para a jarra e a bacia no banco que estava encostado na parede. Ela tinha visto guerreiros treinando, tinha cuidado do marido doente durante a longa primavera anterior a sua morte, sabia que os homens e mulheres se excitavam, mas nunca tinha visto um com a beleza deste líder viking.

Suas costas, ela havia memorizado anteriormente. Agora, observava suas panturrilhas, os olhos persistentes nas poderosas coxas que se tencionavam quando ele andava. Ainslim molhou os lábios quando vislumbrou as marcas vermelhas de suas unhas em sua carne.

Um frio serpenteou em seu peito. Ela apalpou os laços de seu vestido e conseguiu encontrar três pontas para amarrar juntas. Embora a seda tivesse uma fenda rasgada, os seios foram cobertos, e ela olhou para cima para encontrá-lo agachado perto do fogo. Seus sacos pendurados abaixo de suas nádegas.

Quando Torsten ficou em pé e virou-se, ela engasgou e compreendeu a causa do desconforto inicial, quando o marido encheu sua vagina. Seu pau projetava-se orgulhoso e ereto de um ninho de cachos escuros, a coroa lisa e avermelhada, uma pequena fenda brilhante e úmida. Fascinada pelo seu membro, que balançava enquanto ele andava, Ainslin obedeceu a sua ordem para abrir as pernas sem hesitação. Quando ele se sentou no colchão, ela notou seu sangue nele e falou.

– E quem vai cuidar de você?

Ele riu e a gargalhada expandiu-se, rasgando o silêncio do quarto. Inclinando o queixo dela com um dedo, Torsten forçou-a a afastar o olhar de seu sexo.

– Seria um prazer para mim se você desejar fazê-lo, esposa. – Ainslin sabia que tinha corado, e seus olhos se arregalaram quando ele pressionou um pano úmido em seu monte.

– Está quente.

– Não. É a chama que me queima vivo. – Ela franziu as sobrancelhas e os lábios se contraíram. – É uma brincadeira obscena, Ainslin.

O tecido estava quente demais, e ela suspirou pelo prazer de ter alguém cuidando dela para variar. Seus músculos relaxaram e ela afundou-se no colchão de palha. Uma brincadeira obscena... Ela estudou seu rosto. Será que as rugas nos cantos dos olhos significavam que ele ria muitas vezes? Em sua experiência, sorrisos estavam em falta nos lábios dos guerreiros. Ele tinha sido paciente, não tinha batido nela quando descobriu a sua virgindade e agora limpava sua pele. A esperança cresceu e seu coração disparou.

Ele traria seus filhos, e era maravilhosamente fácil estar quente e desejosa em sua cama.

Eu preciso encontrar outras formas de agradá-lo. Se não fosse por Helga, eu poderia ser feliz aqui.

Quando ele puxou a saia para baixo e se levantou, Ainslin levantou-se atrás dele.

– Não – ele disse se virando. – Ainslin, a dor...

– Foi só um momento. Estou dolorida, não machucada.

Ainslin pegou os panos de suas mãos.

– É a sua vez de se deitar, meu senhor.

Ele segurou seu rosto e olhou nos olhos dela.

– Você tem certeza?

– Sim – respondeu ela, não conseguindo conter um sorriso. – Eu estou certa, meu senhor.

– Torsten. Meu nome é Torsten.

– Eu tenho certeza, Torsten.

Então Ainslin lavou o pano manchado e torceu-o, Seguiu os movimentos de Torsten, seus lábios curvaram-se, quando ele bateu em cima do colchão e uma onda de partículas de pó saltou, contra a luz das velas. A cabeça apoiada sobre as palmas das mãos, ele esticou as longas pernas, e sorriu quando a pegou olhando para ele. Ela foi até o fogo, se inclinou, e aqueceu os panos, mantendo os panos secos longe das faíscas.

Excitação temperada com uma pitada de medo deixava seus dedos trêmulos, e ela quase derrubou o pano úmido nas chamas.

Quando ele vai me perguntar? Devo contar tudo? Será que ele vai me abandonar?

Engolindo em seco, levantou-se e moveu-se para a cama, o suave bater de suas botas, silenciado pelas peles no chão de madeira. Sua coragem vacilou quando ela sentou-se sobre o colchão, e manteve os olhos fixos em seus musculosos braços.

– Para mim, Ainslin, olhe para mim. – Sua voz era suave.

Ele circulou-lhe o pulso e guiou a mão até seu sexo enrolando os dedos em torno de sua excitação rígida. Ainslin espiou em suas mãos unidas. Seu pau se contorceu com o toque. Lentamente, suavemente, ela limpou o sangue. Seu sexo empurrou uma, duas, e ela exclamou:

– Ele tem vida própria!

– Muitas vezes – ele concordou tomando o pano de sua mão. – Chega esposa. Eu não posso mais aguentar a sua limpeza. Você é delicada e minha barriga ronca. Vamos comer.

Ele puxou as calças, não se preocupando em vestir as botas ou a túnica, e depois que ela terminou de alisar seu vestido amarrotado, insistiu em carregá-la para o cômodo principal. Ainslin descobriu que gostava de estar em seus braços. O nariz dela tocou o peito de Torsten, e as penugens faziam cócegas na ponta. Ele cheirava a fumaça do fogo, e ela não conseguia resistir a inalar profundamente, baixando as pálpebras enquanto saboreava a força de seu abraço, a segurança de seus braços, e o calor que ele irradiava.

Torsten colocou-a na cadeira que ela ocupara antes. O fogo na sala tinha morrido, e as brasas brilhavam em tons de rubi. Ela estremeceu e abraçou-se.

– Você está com frio de novo – afirmou Torsten enquanto caminhava até o fogo. – O clima é mais ameno em Cumbria do que aqui em Stjórardalr.

– Eu vou me acostumar. – Ela se endireitou na cadeira de espaldar alto. – Eu não vou reclamar.

Ainslin não conseguia entender como ele não sentia o frio da sala, nu como estava salvo pelas calças soltas de lã. Ela o viu jogar toras na lareira e atiçar as cinzas até as chamas saltarem e dançarem. O cheiro doce de pinho lançou um delicioso aroma no ar.

Ela examinou o banco onde estava o jarro de vinho e avistou uma bandeja na extremidade. Imediatamente, ela saltou do banco.

– É a comida da qual falou, meu senhor? – Ainslin perguntou, levantando a bandeja.

– Sim – respondeu ele, colocando o ferro com o qual alimentou o fogo na cornija da lareira de pedra e alcançou-a em dois passos. Tomando a bandeja das mãos dela, Torsten colocou em uma ponta da mesa. Ele levantou-a do chão, sentou na cadeira, e sentou-a em seu colo.

– Você gosta de aves, Ainslin?

– Sim – respondeu ela, tentando não se mexer ou se contorcer, pois nunca tinha sentado no colo de um homem antes e estava muito consciente de seu pau protuberante cutucando suas nádegas. Ele tocou a taça de vinho em seus lábios.

– Beba – ele ordenou.

Obedecendo-o, Ainslin bebeu o vinho doce. Seu coração batia como os tambores de guerra. Tensa sob seu forte escrutínio, algumas gotas do vinho derramaram-se por seu queixo.

Torsten aproveitou a ocasião, sua língua lambeu o vinho de sua pele, a carícia e o formigamento enviando faíscas por sua colua.

Torsten colocou um pedaço de ave nos lábios dela.

– Abra!

Ainslin olhou ansiosamente para a cadeira do outro lado, mas seus lábios separaram-se e capturou a comida com a boca.

– Você casou com o Conde de Northman quatro invernos atrás. – Ele espetou uma cenoura e cortou uma laranja ao meio. – Como veio para mim virgem?

Assustada, ela recuou, um calor subindo por sua garganta e rosto, sua mente girando. A verdade saiu de seus lábios.

– Hadrain não podia... Aconteceu há 10 verões atrás, e sua masculinidade não mais se levantou.

– O casamento nunca foi consumado – Torsten disse, estreitando os olhos. – Por que se casou, então?

Ainslin focou o olhar em seus dedos.

– Hadrain e meu pai foram criados juntos e eram grandes amigos. Meu pai foi morto quando o rei Malcolm reclamou Northumbria. Hadrain descobriu que o Conde de Northman pretendia mandar uma petição ao rei para ter minha mão em casamento. Nós nos casamos antes que o mensageiro partisse para a corte do rei.

Torsten franziu a testa, as sobrancelhas negras se juntaram.

– Eu conheço o Conde Sigrid de Northman. Suas terras são próximas as suas e de Hadrain.

Ela assentiu com a cabeça.

– Hadrain não tinha simpatia por Sigrid, mas não podia negar-lhe um quarto ou uma refeição quando ele visitava Cumbria. Ainslin estudou as unhas curtas. – Sigrid é um homem lascivo. Ele tomou minha serva, Greta, e levou-a para sua cama. Ela não foi por vontade própria.

Levantando o queixo dela, Torsten forçou-a a encontrar o olhar dele. – Os meninos são dela?

– Sim – Ainslin sussurrou. – Ela morreu no parto.

– Por que Hadrain reivindicou os meninos para ele?

– Os filhos de Hadrain de seu primeiro casamento morreram na batalha, junto com o meu pai, deixando-o sem herdeiros vivos. Ele temia que Sigrid fosse ganhar o controle de suas terras e de mim depois que morresse. Greta engravidou de Sigrid e Hadrain viu uma maneira de me manter segura.

Lágrimas encheram seus olhos quando se lembrou da luta de Greta durante o nascimento dos meninos e da longa doença de Hadrain.

– Ele anunciou que eu estava grávida e precisava de cuidados especiais. Enviou Greta, eu e alguns criados de confiança para suas terras no País de Gales.

– Quem conhece este segredo? – O curvar sombrio da boca de Torsten fez seu coração saltar como um bobo da corte entretendo uma multidão.

– Apenas duas pessoas que sabem ainda vivem. O servo que nos acompanhou ao País de Gales, Lancaster Robyn, e sua esposa, Eileen. Eles são leais a mim. – Sua voz falhou.

 

Torsten estudou a mulher que tinha cobiçado por duas estações. Um jarl tinha que ser capaz de discernir a verdade da mentira, e ele havia conduzido seu povo por muitos anos para não notar as mãos trêmulas ou o pulsar em sua garganta. Ainslin disse-lhe apenas uma parte de sua história.

Ainslin não sabia que Sigrid tinha sido o seu rival à mão dela. Torsten tinha passado uma temporada completa na corte do Rei Cnut para influenciar a decisão do rei à seu favor. Se Sigrid descobrisse a verdade, ele reclamaria não só seus filhos, mas também Ainslin.

Mesmo os lençóis ensanguentados desta noite não convenceriam aos outros que ele havia tirado sua virgindade, porque Ainslin tinha reivindicado os garotos como dela há três invernos.

– Eu vou trazer este servo e sua esposa –Torsten afirmou– Meu administrador é idoso e preciso procurar o seu substituto logo. – Ele alisou as rugas na fronte de Ainslin. – Não se preocupe Ainslin, tudo ficará bem–Na verdade, entretanto, as mentiras dela abasteciam uma pederneira com fogo prestes a explodir, este segredo a ligaria a ele. – Sigrid e eu não somos aliados, e ele não tem motivos para se desviar tão ao norte. – Cutucando um pedaço de perdiz, ele acrescentou: – E se a nossa união revelar-se útil, você não precisa me acompanhar a Corte de Cnut.

O medo tomou seus olhos, as pupilas escuras expandiram-se, e os círculos verdes aprofundaram-se, lembrando a ele um prado.

– O que preocupa você?

– Você vai enviar os meus filhos de volta? – A voz de Ainslin vacilou e ela desviou o olhar.

– Não – Ele limpou um pedaço de comida dos lábios dela. Sua ereção engrossou quando ela lambeu uma gota de vinho que ameaçava cair– Nós vamos criá-los como nossos filhos.

Lançando-lhe um olhar de soslaio, ela terminou de mastigar e engoliu.

– Eu agradeço a você, meu senhor.

– Torsten, Ainslin – ele disse, mais focado na palidez da moça do que à menção de serem pais. Cortando uma fatia grossa de queijo, ele ponderou sobre a reação dela, antes de romper a fatia em duas e alimentá-la com o menor pedaço. Suas pálpebras semicerraram, enquanto ela mastigava.

– É delicioso – ela disse, após engolir. – Eu nunca provei um queijo deste tipo antes.

– É de Verona. Eu o comprei nos mercados de lá – Torsten explicou incapaz de tirar os olhos da boca vermelha e brilhante quando Ainslin lambeu os lábios.

Seu saco inchou, tenso, e a fome de sua barriga desapareceu quando uma ideia rondou os cantos de sua mente.

– Você sabe nadar?

Ela piscou.

– Como uma truta – respondeu, com os olhos cintilando, os lábios curvando-se. – Meus filhos também. É meu segredo para passar o tempo quando o sol está quente.

Torsten sorriu, empurrou a cadeira para trás, e ficou em pé, segurando-a nos braços.

– Meus irmãos chegarão em breve, e vamos comemorar nossa união com uma festa. – Ele marchou através do cômodo.

– Tem mais, além de Ruard e aquele que foi buscar os meninos?

– Sim. Quatro no total: Ruard, Magnus, Njal e Jarvik que traz os meninos. – Ele libertou uma mão para destrancar a porta traseira de seu chalé e abri-la.

– Helga é sua única irmã?

Ouvindo a ansiedade em sua voz, ele olhou para ela, e puxou-a para fora.

– Ela é minha meia-irmã. Graças a Odin, eu só tenho uma. Helga parte para casar com seu noivo em breve.

Anotou mentalmente que teria que descobrir qual foi o tratamento que Helga deu a Ainslin, ele fez o seu caminho para o balneário privado, situado na encosta da montanha. Sua respiração aqueceu seu peito, quando ela suspirou, e seus membros rígidos relaxando em seus braços.

Sorrindo quando Ainslin engasgou ao entrarem na cabana de madeira, Torsten acendeu duas lamparinas de pedra penduradas, deixando-a ver a pilha de madeira ao lado do poço de pedra, e a bandeja de ferro cheia de pedras lisas. O vapor que subia aqueceu as costas dele e deslizou-a para baixo de seu corpo. Torsten ajoelhou-se, desamarrou as botas dela, e tirou as meias marfim e as ligas verdes, saboreando a maciez de suas panturrilhas firmes e correndo as pontas dos dedos ao longo das dobras de seus joelhos.

Ela suspirou, e suas mãos apoiaram sobre os ombros dele, apertando mais quando ele repetiu a carícia. Ele reprimiu um sorriso enquanto se levantava, trouxe os dedos dela aos lábios, beijou cada um por sua vez, antes de perguntar:

– Você gosta?

– É maravilhoso – ela murmurou, contorcendo os dedos dos pés. – O chão não tem o frio do inverno.

– Nem da primavera. É raso nas bordas, mas, mais profundo no meio. – Desatando os laços de seu vestido enquanto falava, Torsten suspirou quando seus seios saltaram livres, os bicos dos mamilos pedindo sua boca.

– Minha! – Cobrindo seus seios com as mãos, ele pesava-os testando um depois o outro. – Por duas estações eu tenho sonhado com isso.

– Meu senhor?

Ele amaldiçoou sua língua solta.

– Eu a encontrei por acaso quando visitei a corte de Cnut para negociar um resgate. – Ajudando-a a tirar as roupas, ele continuou. – Foi então que soube que você era viúva, e pedi a sua mão ao Rei.

Seus olhos se tornaram tão grandes como os de uma corça. Ela balançou a cabeça.

– Nós não nos encontramos, eu nunca esqueceria você.

– Você estava cuidando da esposa do rei, Ælfgifu. Mas é bom saber que você me acha inesquecível.

O rosa tomou conta de seu pescoço e suas bochechas quando ele deixou cair as calças e seu pau saltou, rígido.

– É hora de cumprirmos bem nosso acordo, Ainslin. Eu vou beijar a sua lesão melhor e você vai beijar a minha. Temo que serão necessários muitos beijos antes que qualquer um de nós esteja curado. – Ele inclinou seu queixo, colocou sua boca sobre a dela, e beijou-a profundamente.

 

Ainslin cambaleou sob o ataque dos lábios de Torsten, tão tonta pela exploração lenta da língua em sua boca que a preocupação que assolava sua mente desapareceu. Ela ficou na ponta dos pés para absorver mais dele, seus seios roçando os pelos de seu peito. Ela abraçou-o mais quando ele lambeu a ponta de seus dentes. Ela ajudou-o quando Torsten puxou seu vestido pela cabeça, e o jogou-o na terra batida.

Sua pele exalava calor, e ela gemeu quando ele cobriu sua bunda com as palmas das mãos, e esfregou-se contra ela, seu pau umedecendo sua barriga. Ondas quentes de vapor envolviam suas pernas, a língua dele provocava um incêndio profundo em seu interior e Ainslin agarrou-se a ele, colocando os braços em volta de seu pescoço.

– Ainslin – ele resmungou, dando quentes e molhados beijos ao longo de seu pescoço.

– Torsten – ela gemeu quando um turbilhão de sensações viajou através de sua espinha e suas dobras ficaram molhadas.

A mão dele escorregou entre suas coxas, um dedo deslizando para cima e para baixo em suas dobras.

Sua boceta apertou-se quando seu dedo sondou a entrada.

O mundo inclinou-se quando ele pegou-a no colo, e em um instante eles estavam na água. Ondas suaves formadas pelo peso dele bateram em sua bunda, intumescendo seus seios. Ele a levou para uma pedra grande que se projetava sobre a superfície da piscina, e a colocou no topo da superfície plana, colocando-a de tal forma que suas pernas pendessem aos lados da pedra.

– É este o lugar que eu machuquei? – ele perguntou, beijando suas dobras, – Não... Talvez aqui? Ele beijou-a na coxa.

Ainslin repousava sobre os cotovelos, o choque drenando o sangue para seu sexo com a visão de seu cabelo escuro provocando suas coxas, os lábios sugando-lhe a carne inchada. Ele olhou-a e sorriu quando viu sua reação.

– Não, não é. – Quando ele falou, o som retumbou em sua boceta, seu hálito quente passando sobre suas dobras encharcadas, e os olhos dela fecharam-se quando sua boca firmou-se em torno de seu clitóris.

Sua língua rodou mais e mais o ponto, e Ainslin ergueu os quadris, as paredes de sua vagina contraídas, a doce dor era insuportável. Suas pernas cruzaram-se nas costas dele, e quando Torsten sugou forte seu botão, ela gozou, seus quadris arqueando-se da pedra, e enroscou os dedos em seus cabelos, puxando a cabeça rapidamente para ela.

Torsten moveu-se para colocar seu rosto em sua barriga e seus braços se apertaram ao redor dela. Suas mãos deslizavam sobre suas costas, a carícia acalmando-a. Aos poucos, sua respiração ofegante diminuiu. Ela levantou as pálpebras mais pesadas do que a rocha em que descansava, e seu aperto no ombro dele amoleceu. Torsten levantou-a da pedra, caminhou para águas mais rasas e sentou-se com ela em seu colo.

– Seu mel é mais doce que o melhor néctar – ele disse e roçou os lábios nos dela, deslizando sua língua sobre a linha da sua boca. Ainslin não podia absorver tudo, muito tonta pela sua explosão para pensar.

Interrompendo o beijo suave, ele encontrou seu olhar, um brilho dourado da lamparina pendurada brilhando em seus olhos cinzentos.

– Eu temo que não encontrei o machucado para curar, Ainslin, então devo tentar novamente.

Ela grunhiu. A madrugada se aproximava quando Torsten carregou-a de volta para a cama no chalé. Os pensamentos dela dispersos se reuniram com a lembrança do tempo em que ficaram na sala de banho. Nunca teria imaginado as coisas que eles fizeram. O pau que ela tinha medo meras horas antes, tinha-se tornado uma obsessão.

Ele se acomodou ao lado dela no colchão, acomodando-a para deitar-se sobre seu peito, e seus dedos brincavam com seus cabelos.

– Faça as suas perguntas, Ainslin. Somos marido e mulher agora, e não haverá segredos entre nós, e nem perguntas não respondidas. – Está claro que você não conhece os meandros dos jogos do sexo.

Os olhos de Ainslin se estreitaram e ela levantou a cabeça.

– Você lê mentes também?

– Assim como o quê? – Seu sorriso largo não a agradou. – Ah, eu vejo pelo tom rosado de suas bochechas o que você pensa. Você saberá mais sobre mim enquanto eu descubro como beijar sua boceta melhor. É um prazer praticado por muitos.

Seu rosto ficou mais quente.

– Eu não tinha mãe ou irmã para... – ela engoliu em seco, levantou o queixo, e continuou. – Para contar-me sobre jogos de sexo.

– Elska, seu rosto diz cada pensamento seu. – Ele chegou entre as pernas dela e colocou a mão em seu monte. – Isto é muitas vezes chamada de boceta, quando os guerreiros conversam. – Capturando sua mão, ele enrolou os dedos dela em torno de seu pênis. – Isto é um pau, um pinto, um eixo, uma pica, um mastro, uma vara.

– Eu sei alguns apelidos dele – ela protestou. Seu pau engrossou. – E ele nunca se cansa?

– Não – Seu sorriso aumentou. – Mas você sim. –Ele tocou a ponta do nariz dela. – Então, agora vamos dormir.

Ainslin acordou para descobrir que Torsten tinha saído e, que os seus pertences haviam sido transferidos para o chalé enquanto ela dormia. Uma espiada pela janela mostrou o sol alto no céu, então vestiu uma camisa creme de gola alta, um vestido verde amarrado na frente com fitas cor de creme, meias e ligas combinando, botas curtas e, em seguida fez seu caminho de volta.

Os serventes estavam em alvoroço no salão principal, carregando bandejas, baldes, bolas tecidas de lã, em diferentes direções. Um fogo queimava em uma das extremidades da sala e o cheiro de carne assada perfumava o ar. Frescas, brisas amenas perseguiam a fumaça do fogo através de três portas abertas.

Seguindo o aroma, Ainslin caminhou através do cômodo. Uma grande quantidade de homens que carregavam bancos marchava pelo salão. Atrás deles vinha uma dúzia de guerreiros puxando mesas.

Ainslin viu Thora e sinalizou para ela.

– Os irmãos do Jarl chegaram?

– Um deles, minha senhora – a garota de faces rosadas respondeu. – Seus filhos também. Outros visitantes também. Teremos muitos convidados hoje à noite.

Obrigado, Senhor, por trazer meus filhos em segurança para mim.

– Onde está o Jarl?

– Nos estábulos.

Antes que ela pudesse pedir a direção, Ainslin viu Torsten na porta observando a atividade. Ela apressou o passo, focando Torsten. Quando se aproximou dele, um cavaleiro com um elmo polido na mão apareceu ao seu lado. O homem tinha um rosto familiar, mas ainda usava sua cota de malha, e ela não conseguia reconhecê-lo.

– Ainslin – a voz de Torsten elevou-se acima do barulho do salão. – Sigrid, o Conde de Northman, acompanhou a jornada de seus filhos para Bjarndýr Skali.

A bile correu por sua garganta, seu estômago apertado. As unhas de Ainslin cravaram-se nas palmas das mãos enquanto lutava para conter seu pânico. Desejando correr para seus filhos, ela deliberadamente retardou seus passos e inspirou profundamente três vezes.

– Meus senhores – disse Ainslin, fazendo uma primeira reverência à Torsten e então para Sigrid. – Bem-vindo, Conde Northman!

As palavras tinham um gosto amargo.

– Ainslin – entoou Sigrid.

– Por favor, meu senhor. Onde estão meus filhos?

Ainslin dirigiu a pergunta a Torsten.

– O seu servo e a esposa os levaram às cozinhas – ele respondeu, prendendo seu olhar, uma gama de advertências não ditas brilhando nos olhos dele. – Helga está fazendo os arranjos para o Conde de Northman.

Ainslin quase desmaiou de alívio.

– O emissário do Rei Cnut viajou com o Conde e traz uma carta para mim.

Por que o rei enviou um homem? O que Sigrid sabe?

Ela lutou para manter sua confusão longe do rosto.

–Venha, esposa. – Torsten estendeu um braço.–Apresente-me os meus novos filhos.

– Seus filhos?

Ele ganhou seu coração com a afirmação. Lágrimas de alegria brilharam nos olhos de Ainslin. Ela encontrou seu olhar e sorriu, pousando a mão sobre a dele. Enquanto caminhavam pelo salão, Torsten murmurou: – Tudo irá ficar bem, Ainslin.

– Por que ele está aqui agora? Greta está morta há três invernos – Ainslin sussurrou.

– Não tema, Ainslin. Você e os meninos são meus agora. Eu cuidarei para que nenhum mal recaia sobre qualquer um de vocês. – Torsten colocou a outra mão sobre a dela e se virou para encará-la, uma vez que chegaram às cozinhas.

– Mamãe!

Ao som da lamúria alta de Rob, Ainslin voltou-se, e inclinou-se quando a criança correu para seus braços abertos.

– Rob. Estou tão feliz que você está aqui. – Ela acariciou as suas costas e cheirou seu cabelo. – Onde está Brom?

– Aqui, mamãe.

Ainslin olhou para cima para encontrar Brom sentado ao lado de Eileen em uma mesa perto da porta, acenando com uma fatia de pão no ar. Ela levantou Rob, que montou suas longas pernas sobre seu quadril, e se levantou.

– Eu montei um cavalo, Mamãe. Eu vi o mar. E naveguei em um barco.

– Não fez! – gritou Brom quando caminhou em sua direção, mastigando um pedaço do pão. Quando ele chegou perto dela, Brom esticou o pescoço para olhar para Torsten.

– Você é o nosso novo papai?

– Sim – Torsten respondeu.

– Brom, Rob, conheçam o seu novo papai, o Jarl Torsten – disse Ainslin.

– O que é um jarl? – Rob gritou e saltou no chão.

Ainslin não previu a reação de Torsten. Ele riu, pegou um menino em cada braço, e disse:

– Um jarl é um líder.

Rob tocou o rosto recém-barbeado de Torsten.

– Você lidera os homens no campo de batalha?

– Você é um guerreiro? – Brom perguntou antes de encher a boca com um grande bocado do restante do pão.

– Sim – Torsten respondeu. Olhou por cima do ombro, e enviou para ela um sorriso dando uma piscadela.

– É hora de levar os nossos filhos para a sua nova casa, esposa.

Seus olhos se encheram de lágrimas não derramadas e ela queria jurar fidelidade a ele, para que soubesse que teria sua eterna lealdade a partir deste dia.

Ambos, Brom e Rob começaram a bombardear Torsten com perguntas, suas vozes cada vez mais altas à medida que cada irmão tentava atrair a atenção exclusiva do jarl. Torsten tinha uma expressão confusa que Ainslin conhecia bem. Seus filhos eram barulhentos, falantes, e ela frequentemente desejava um abençoado silêncio.

– Não – Torsten quase berrou. – Uma pergunta de cada vez. Quem é o mais velho? – Rob fez beicinho e, em seguida, lamentou:

– Mamãe, não é justo. Por que você não me teve primeiro? Por que Brom é sempre o primeiro?

– Um guerreiro não lamenta a ordem das coisas. – Torsten declarou. – Nem procura a ajuda de sua mãe. Você não aspira ter sua própria espada Rob?

O olhar de Eileen encontrou o de Ainslin.

– Seu jarl em breve terá os meninos disciplinados.

Ainslin, Eileen e Robyn seguiram Torsten e os meninos para fora das cozinhas.

Ainslin estava maravilhada com o silêncio repentino dos meninos. Os longos passos de Torsten os levaram em meros minutos para longe.

– Eileen, como veio o Conde Northman às terras nórdicas? – Ainslin sussurrou, de braços com a esposa do servo. Robyn, caminhando ao lado de Ainslin, respondeu:

–Somos nós que estamos com ele, minha senhora. É uma viagem do conde em apoio ao rei Cnut que queria ser rei da Inglaterra, Dinamarca e Noruega. O irmão do Jarl Torsten conseguiu nossa passagem em seu navio.

– Eu insisti em acompanhar os meninos. – Eileen sussurrou junto à orelha de Ainslin.

– O Conde Sigrid não suspeita de nada.

– Está certa?

Ainslin encontrou o olhar da outra mulher.

– Ambos, Robyn e eu, estamos certos, minha senhora. Não se preocupe.

– Eileen, o que elska quer dizer?

Ainslin se arrependeu da pergunta imediatamente.

¬– Em nórdico significa querida ou doçura, minha senhora.

Um rubor aqueceu Ainslin da cabeça aos pés.

Eles chegaram ao chalé. Torsten depositou os meninos no degrau mais alto e encarou Ainslin.

– Não se preocupe, esposa. O destino de Sigrid é Trondhjem, não Bjarndýr Skali.

Ainslin soltou a respiração que não percebeu que tinha segurado.

– Muito obrigado, meu senhor.

Sua mão tocou o pescoço dela, seu polegar acariciou-lhe o queixo, e a tempestade em seus olhos disse a Ainslin de seu desejo.

– Devo encontrar com o mensageiro do rei, elska. Fique aqui com os nossos filhos. Deixe o servo e sua esposa irem para a cozinha preparar uma bandeja de comida para você e nossos filhos.

Nossos filhos. Por três vezes ele reivindicou os gêmeos. Ainslin se segurou para não arremessar seus braços em volta dele e beijar cada centímetro de sua pele. Esta noite ela iria mostrar à Torsten sua gratidão.

 

Torsten levou a carta entregue pelo representante do rei para a cabana que usava para o planejamento de batalhas. Seus irmãos, Ruard e Jarvik, juntaram-se a ele antes que terminasse de ler as instruções do rei.

– O que Cnut, o Grande disse? – Jarvik perguntou, com a cabeça apoiada na parede distante enquanto ele se inclinou no banco e sentou.

– Ele nos ordenou irmos à Trondhjem para sua coroação. O rei oferece à minha esposa e eu, a honra de um casamento cristão após a coroação. – Torsten encolheu os ombros. – Eu não tenho interesse nesse Deus cristão, mas minha mulher reza fervorosamente para ele.

– É esperado que ela fosse fervorosa, meu irmão. – Jarvik ergueu as sobrancelhas. Torsten olhou para seu irmão. – Dizem que o rei Olaf fugiu até seu aliado, o rei Anund da Suécia

         – Foi um golpe de Estado – Ruard murmurou. – Olaf, o Gordo, viu a frota dragão do rei Cnut e fugiu, o covarde.

         – Eu contei sessenta navios dragões. Talvez eu tivesse fugido para salvar meu rabo também. – Os lábios da Jarvik comprimiram-se – O Rei Olaf comanda uma dúzia expressiva de navios. Quando todos os Jarls se recusaram a fornecer homens para triplicar esse número, a derrota foi certa.

         – Sim, e quando muitos de nós oferecemos homens à Cnut, O Grande, Olaf o Gordo não teve escolha senão fugir. Torsten dobrou a nota e colocou-o em uma bolsa e depois colocou a bolsa em uma caixa sobre uma pequena mesa.  

         – A presença de Sigrid me aborrece e me intriga. – Ruard apoiou um ombro na parede da cabana e cruzou um tornozelo sobre o outro.

         – Sigrid não é confiável – Jarvik rosnou – Fofocas dizem que ele matou Hadrain de Cumbria.

         – Não! – Torsten pulou da cadeira – Veneno?

         – É a suspeita. Hadrain tinha vivido muitos anos, mas era forte. Sua súbita doença após uma visita de Sigrid semeou os rumores. Fofocas da corte falam da luxúria de Sigrid por sua nova esposa. Dizem que deita com qualquer criada com o cabelo dourado e olhos verdes.

         Jarvik deixou a cadeira cair no chão.

– E eu não gosto da maneira como ele olha para os filhos de sua esposa.

         Torsten observou-os.

         – Quanto aos meus filhos recém-adquiridos, há muito que eu preciso dizer a vocês dois.

         Escolhendo cuidadosamente as palavras, Torsten contou-lhes sobre a virgindade de Ainslin.

         – Uma esposa casada há quatro anos e uma noiva virgem. – Ruard piscou para Torsten. – Que os deuses me golpeiem com tamanha sorte.

         – E os filhos que escoltei até aqui? – Jarvik esfregou a nuca. – Eu não gosto desta notícia.

         – Que nenhum homem salvo eu tocou-a é uma benção. – Ele hesitou, e então acrescentou: – Sigrid estuprou a criada de Ainslin, Greta.

Jarvik gemeu.

         Torsten contou-lhes o resto da história, e seus irmãos ficaram em silêncio.

         – Você queimou os lençóis? – Ruard, sempre o único a amarrar as pontas soltas, perguntou.

         – Ninguém ousaria entrar no meu chalé – Torsten declarou. – Mas eu me dobro a sua sabedoria. Vocês dois vão ver Sigrid. Vigiem seus passos. Vou cuidar dos lençóis ensanguentados.

         Os três irmãos deixaram a cabana, ao mesmo tempo.

         – Eu não o vejo – murmurou Ruard quando entraram no Hall.

         Os cabelos da nuca de Torsten eriçaram-se.

– Ainslin – Ele correu para fora da pousada.

         – Meu garanhão está amarrado logo em frente – Jarvik gritou.

         Preciosos momentos decorreram antes que Torsten cravasse os calcanhares nos flancos do cavalo. Ele galopou para seu chalé, atirou-se da sela, venceu os cinco degraus em um salto, e abriu a porta.

         Ainslin levantou-se de uma cadeira, e quando seus olhares se encontraram, ele reconheceu o pânico em seus olhos.

         – Meu senhor, o Conde Sigrid nos visita para ver os nossos filhos, mas os meninos estão dormindo.

         Por Odin! Sua esposa teve a coragem e a disciplina de um verdadeiro guerreiro. Como ela havia persuadido os gêmeos falantes para que ficassem quietos ele não sabia, mas estava claro que ela o tinha feito. Sua bravura ofuscou sua beleza. Não deixava transparecer o medo em seu rosto. Torsten cerrou o maxilar quando viu que Sigrid ocupava a cadeira onde ele tinha alimentado Ainslin na noite passada.

         Robyn estava ao lado de Ainslin, suas sobrancelhas escuras, franzidas e uma mão apoiada na ponta da cadeira de Ainslin.

         O olhar de Tornsten prendeu o servo, e deu a ele um discreto aceno de aprovação.

         – É hora da festa começar – disse Torsten – Você não sabe nossos costumes, Sigrid, por isso vou perdoar esta infração. Uma visita à casa do jarl é somente a convite do próprio.

         Sigrid lentamente esticou suas pernas levantando-se da cadeira, a boca comprimida, flexionando os dedos.

        Atrás das costas de Torsten, Jarvik falou.

– Eu vim para conhecer a minha nova irmã.

       Mais um para impedir o retalhamento dos membros de Sigrid.

         A luxúria de Sigrid brilhava como joias cintilantes sob o sol do deserto, as narinas dilatavam-se e ele não fez nenhuma tentativa para esconder o volume de sua ereção sob a túnica.

         A fúria tomou conta de Torsten que apertava a mão em torno cabo de sua espada.

         – Irmão – Ruard rosnou a saudação perfurando a névoa vermelha que escurecia a visão de Torsten. Ruard tocou o pulso de Torsten.

         Jarvik caminhou até Ainslin, capturou-lhe a mão e levou-a aos lábios.

– Meu irmão é realmente abençoado pelos deuses. Bem-vinda, irmã!

         O olhar de Sigrid penetrava Torsten, sua boca torceu-se em um sorriso sinistro, mas seu tom pingava mel quando ele falou.    

         – Lady Ainslin e eu éramos vizinhos. Procurei dar-lhe notícias da família e dos amigos. Com sua licença, vou esperar por você no salão.

         Jarvik escoltou Ainslin para o salão, com Torsten e Ruard seguindo seus passos.

         – Vou cortar seu pau – Torsten tocou as pedras ovais que adornavam o punho da sua espada.

       – Ela só tem olhos para você. Seu rosto se iluminou quando o viu – Ruard ponderou.

         – Eu não disse que a treinando ganharia seus favores?

         Revirando os olhos, Torsten respondeu:

– Sim. Parece que o treinamento de um falcão funciona com uma mulher.

         – Acostumá-la ao seu toque, alimentá-la, banhá-la... A confiança virá.

         O bom humor de Torsten voltou.

– Você acha que ela poderia caçar para mim também? Derrubar a presa?    

         – São vocês que estão derrubados. – Ruard retrucou. – Deviam ser como eu... O martelo de Thor não sente luxúria por apenas uma mulher. Lembro-me bem dos dias em que tal infortúnio me impressionava. Diga-me, você pode aceitar a ideia de seu pau embainhando outra que não seja Ainslin?    

         Atordoado, Torsten olhou nos olhos azuis de seu irmão. Suas palavras falharam. Ele não havia montado em uma mulher desde o dia em que pôs os olhos em Ainslin de Durham.

 

Ainslin colocava a linha pelo buraco da agulha. O calor subiu a sua garganta e rosto quando outro olho tomou sua mente: a fenda úmida no pau de Torsten. Ele não tinha permitido que ela provasse seu mel no balneário ou no início de manhã, quando tinha lhe dado prazer novamente.

Será que ele vai desfrutar com a minha língua, assim como eu fiz com a dele? Eu juro por tudo que é sagrado que vou agradar Torsten. Ele não terá nenhum motivo para nos abandonar.

         O fogo que Robyn acendeu anteriormente crepitava. Ainslin tirou as peles de seus ombros quando as toras explodiram em chamas. Havia tomado um pedaço de seda escarlate, dado a ela por Ælfgifu como parte de seu dote, e cortou uma túnica para Torsten. A cor brilhante e o padrão que tinha escolhido acrescentariam à seu aspecto e destacariam os reflexos azuis nos cabelos negros. Inspecionando os pontos da linha cor de ouro para não deixar qualquer irregularidade, ela sorriu, imaginando Ruard e Torsten lado a lado.

         Anjo e demônio, cada um com seu aspecto. Um tão claro, o outro tão escuro. Os planos e ângulos das feições esculpidas de Torsten dizendo belas palavras sobre seu sexo... Ela corou... Sua boceta umedeceu ao lembrar-se de seu sorriso malicioso quando olhava entre suas coxas. Ela não queria saber se o ato era um pecado, e já tinha decidido não mencionar qualquer intimidade entre eles em sua confissão.

         Ainslin ouviu a porta ranger abrindo-se e apressadamente escondeu a túnica em seu baú. Olhando ao redor da sala, inspirou profundamente, na esperança de que seus esforços agradassem Torsten. Os baús com seu dote tinham chegado com os gêmeos, e ela pôs Robyn para trabalhar. Tapeçarias penduradas nas paredes, almofadas bordadas forrando a bancada e as cadeiras, dois tapetes mais no chão. Taças de prata, vidros verdes, pratos de argila e pedra, taças em cima das mesas.

         Um baú de carvalho de três gavetas, presente de núpcias de Hadrain para ela, estava à esquerda da cama. Uma corrente de ar frio serpenteou através do cômodo, e o fogo ardente dobrou-se na direção oposta, quando a porta se abriu. Ainslin virou o rosto para o marido.

         A excitação correu através de suas veias quando ela o viu. Ele encheu a sala, trasbordando calor e energia. O cheiro dele invadiu sua carne... Couro, fumaça, e alguns cheiros masculinos que lhe deram água na boca.

         – Venha para mim, Ainslin. – Sua voz profunda disparou uma estranha dor entre as pernas.

         Ela deslizou para ele, incapaz de afastar o olhar da tempestade que parecia tomar conta dos olhos de seu marido. Ele em pé, com a mão na cintura, vestindo uma túnica marrom, perneiras apertadas da mesma cor e botas pretas amarradas na frente.

         – Nossos filhos, Robyn e Eileen, estão alojados em uma cabana perto da pousada esta noite. Nós partiremos amanhã para Trondhjem, para a coroação do rei Cnut. Ele honra-nos, depois, com uma missa de casamento, para que todos possam testemunhar a nossa união.

         Ela franziu a testa, sem saber como tomar esta notícia.

         – Isto é bom, Ainslin. – Emoldurando seu rosto, ele se inclinou para roçar os lábios sobre os dela.

         Suspirando pela carícia, Ainslin colocou as mãos em seu peito.

         – Mesmo que Sigrid suspeite da verdade, ele não vai negar a Cnut, o Grande, a bênção pública da nossa união.

         – Eu agradeço a você, meu senhor – ela sussurrou, lágrimas formando-se em seus olhos. – Não simplesmente por esta grande honra, mas por reivindicar Brom e Rob como seus filhos, e por me permitir a minha fé cristã.

       Ele abraçou-a, apertando-a em seus braços, uma mão acariciando seu seio, a outra em suas nádegas.

– Você é minha, Ainslin, assim como Brom e Rob. Eu protegerei todos até a morte. – O polegar tocou uma lágrima. – O que você tem, elska?

Ainslin teve de engolir três vezes antes de responder.

– Não muitos guerreiros aceitariam o filho de outro. É mais do que eu poderia esperar, mas... – ela procurou seus olhos, rezando para que ele compreendesse sua hesitação. – Eu não dei a luz à Brom e Rob.

         – Mas você os ama como uma mãe faria, não?

Ele enroscou os dedos em seus cabelos. Ainslin assentiu com a cabeça.

         – É tudo o que eles necessitam – disse ele. – Você me agrada, Ainslin.

         Os nós em seu estômago pareceram afrouxar, e a chama do desejo em seus olhos a tornou ousada. Ela ficou na ponta dos pés e tocou seus lábios nos dele, tomando a pele macia, lisa, provando o vinho que ele tinha bebido. Movendo-se para aprofundar o beijo, inclinou a cabeça, e a barba leve no queixo fez cócegas em sua boca.

         Ele afastou-se e encontrou seu olhar, a respiração rápida tocando sua pele umedecida.

         Suas narinas queimavam, ele olhou para baixo, respirou fundo e disse roucamente.

– Você é uma festa para meus olhos, Ainslin.

       Ela havia escolhido uma camisa simples, a gola e mangas bordadas, esperando que ele fosse entender seu sinal. A mandíbula dele apertou-se e um músculo pulsou sobre seu olho.

         – Podemos.... – ela sussurrou, voltando seu foco para o pescoço dele, para o pulsar rápido no centro de sua garganta. – Eu...

         Instantaneamente, ele levantou-a, e sua boca cobriu a dela. Ele andou até a cama e sentou-se pesadamente sobre o colchão. Sua língua mergulhou dentro de sua boca, varrendo seus dentes, acariciando. As mãos dele se atrapalharam nos laços da camisa. Cada toque, cada carícia, deixou o ventre de Ainslin pulsando, seus dedos trêmulos, e ela cerrou as mãos em sua túnica, e puxou-o para perto.

         Torsten interrompeu o beijo, sua respiração rápida expelindo fogo no ar para os bicos de seus seios descobertos. Seus olhos cinzentos tinham escurecido até a cor de carvão. Ele ajudou-a a ficar em pé, deslizou a camisa até a cintura e depois pelos quadris e o tecido escorregou para as peles no chão abaixo de seus pés descalços. Os ombros dela curvaram-se, e Ainslin lutou contra o impulso de cobrir sua vagina e seios.

         – Não, Ainslin, nunca esconda a glória de seu corpo de mim. É para adorar, ter prazer, saborear – ele murmurou, suas mãos se movendo, circulando sua carne, os polegares esfregando seus mamilos.

         – Torsten – ela gemeu, seus joelhos cederam, e ela descansou as palmas das mãos em seus ombros. Ele puxou-a para perto, e colocou a boca no vale entre os seios, sugando e lambendo. De repente, parou, e o quarto ficou em silêncio, só o fogo estalando.

         Ainslin piscou e olhou para o cabelo escuro cobrindo sua cabeça, toda a confiança voando até os confins das terras nórdicas.

         – Eu sou muito corajosa. Eileen está errada.

         Quando ele sorriu, o gelo cobriu seus pés e mãos, e ela desejou sumir num buraco. Cerrou as pálpebras fortemente. Torsten deve ter sentido a sua rigidez, pois cheirou seu umbigo, e depois olhou para ela, um sorriso largo dominando seu rosto.

         Imediatamente, a expressão dele mudou, e murmurou algo em nórdico que ela não entendeu. Parou, emoldurando seu rosto com as duas mãos. Ela não queria ver seu descontentamento e manteve seu olhar em seu queixo quadrado.

         – Para mim, Ainslin – ele murmurou. – Eu quase derramei minha semente nas calças. Esta é a razão pela qual eu parei, elska.

         Ela olhou para ele.

         Seu polegar roçou através da linha de sua boca.

         – O náttverðr foi muito longo esta noite. – Ele colocou um dedo entre os lábios dela. –Eu comi alguma coisa, mas não senti nada, nenhum gosto pela comida, só pensava em sua boca, seus seios, sua boceta. Quase corri para o chalé.

         Cada palavra que ele falava derretia sua rigidez. Timidamente, ela tocou com sua língua a ponta do seu dedo, e chupou.

         Ele gemeu, aprisionando-a em seu abraço, e colocou-a em cima das peles sobre a cama. A pele quente parecia perversamente deliciosa contra sua bunda, e Ainslin se contorceu. Ela devorou com os olhos o musculoso peito quando ele arrancou a túnica, o cinto voando através do quarto e batendo na mesa. Depois ele arrancou as botas e as chutou para fora de seu caminho.  

         Ainslin lembrou-se da véspera, quando ele tinha arrumado a túnica e suas botas, seus movimentos sem pressa, ordenados. Um sorriso curvou seus lábios, e suas partes femininas contraíram-se, as costas arquearam-se, seus mamilos endureceram, os pés flexionaram e seu sexo umedeceu, o botão ali formigando de desejo pela língua firme dele, e seus dentes.

         Torsten desceu sobre ela, seu joelho empurrando as pernas dela, a boca fixando-se em um seio, e Ainslin gritou quando ele atraiu o bico e sugou a carne em chamas. Seu corpo sabia o que aconteceria depois, e a umidade encharcou suas dobras.

         – Minha! – ele grunhiu, o som provocando calor no bico de seu seio. Ele rodou o mamilo, e sua língua áspera enviava fogo a sua vagina.

         Ainslin cobriu seu pau com seu monte, esfregando-se, um apelo inarticulado para ser possuída.

         – Não – ele murmurou, dando em seu seio uma última e persistente lambida, antes rolar com ela colocando-a sobre ele.

         – Nós vamos parar?– Ela gemeu, e tentou recuperar o fôlego, empurrando-se e descansando as palmas das mãos sobre o peito duro.

         – Eu não vou feri-la de novo, Ainslin – Ele arquejou entre as palavras, a sua voz grossa e rouca. Erguendo-a acima de seu pau rígido, ele moveu-a de um lado para outro, provocando suas dobras inchadas.

         – Eu imploro, Torsten. – Ela se esforçou para cobrir a distância entre seus corpos e soltou um longo gemido quando sentiu o pau duro dentro dela, entrando em sua boceta latejante.

         – Para você, Ainslin. Eu me rendo a você. Defina o ritmo – insistiu ele, afrouxando o controle sobre seus quadris.

         Ela fechou os olhos em êxtase, afundando em seu pau, a felicidade transbordando quando seu sexo esticou-se a ponto de explodir, a sensação, ao mesmo tempo, de agonia e prazer.

         A necessidade de mover-se a levou a deslizar para cima e para baixo em seu pau, e sua respiração vacilou quando ele beslicou seus mamilos.

         Seus seios queimavam, e ela montou mais rápido, suas paredes internas apertadas contra seu pau, ditando o ritmo doloroso de entrar e sair. Ela queria, ou melhor, ela necessitava da liberação que parecia quase fora de seu alcance. O polegar dele encontrou seu botão inchado, e ele acariciou-a. Ainslin gritou seu nome quando o orgasmo chegou, estremecendo em torno de seu pau. Ele segurou seus quadris e continuou a pressão, enquanto derramava sua semente dentro dela.

 

Torsten vislumbrou o salão do Jarl à distância e reprimiu o instinto de voltar para a segurança e privacidade de Bjarndýr Skali. Sigrid tinha uma vantagem de meio dia sobre eles, mas ele não queria apressar a marcha, sabendo que a vagina de Ainslin estava inchada e delicada por causa noite anterior.

         Olhando para trás viu-a rir andando lado a lado com Ruard. Apertou com força as rédeas de seu cavalo, inadvertidamente, e seu corcel, Prúðr, bufou em desaprovação.

         Jarvik, galopando à sua esquerda, provocou:

– É covardia ver você descer tão baixo a ponto de ter ciúme do seu próprio irmão.

         – Eu vou ver você no campo de treino amanhã – Torsten prometeu. – Será bem-vindo o seu comentário no dia que conhecer sua noiva.

         – Muitas luas passarão antes que isto aconteça, você ainda tem que acomodar Ruard...

         – É hora de você aprender a pensar antes de derramar tantas tolices – Torsten repreendeu-o.

         – Ruard recebeu uma carta ontem à noite do rei. Sua aliança foi feita.

       Pulando pelo choque Jarvik exclamou:

– Não!

         – Sim – respondeu Torsten e instigou o cavalo a galope – Cnut, o Grande, já arranjou o seu – ele gritou, olhando por cima do ombro, e gargalhando.

         Eles chegaram para encontrar o jarl, Eiríkr Hákonarson, o líder dos nobres escandinavos que tinham se recusado a apoiar o rei Olaf contra a invasão de Cnut, o Grande, ele mesmo dirigindo um contingente de seus guerreiros em um canto isolado do campo de prática.

         No minuto em que Eirkr avistou Torsten e Jarvik, dispensou a delegação de seu exército de guerreiros e caminhou para cumprimentá-los.

         As linhagens Hákonarson e Ostberg promoveram os primeiros filhos das respectivas famílias. Eirkr e Torsten, os dois jovens, tinham crescido juntos na propriedade de Thorkell, o Alto, antes de ser chamados à batalha pelo Rei Cnut.

       Conhecido por favorecer os jogos de sexo acima de tudo, governando Trøndelag e liderando seu exercito de guerreiros para a batalha, Eirkr sorriu para Torsten, seu sorriso um tanto lascivo e escarnecido.

       – É verdade que Ainslin, a Frígida chegou?

       – Fale este nome novamente, e vou vê-lo nos treinos amanhã – Torsten estourou.

         Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, Jarvik retrucou.

– Pelos gemidos e gritos na noite passada, pareceria inveja alimentar esse apelido. Apesar de meu conhecimento ser somente de segunda mão.

         – Desista! – Torsten rugiu, saltou de seu corcel e agarrou as rédeas do cavalo de seu irmão, assustando o garanhão com um tapa no traseiro e derrubando Jarvik na terra dura. A disputa que se seguiu envolveu todos os guerreiros nas proximidades e revelou-se particularmente gratificante.

         A escuridão tinha caído há muito tempo quando Torsten fez o seu caminho para o quarto que foi atribuído a ele e Ainslin. Ainslin não estava no aposento e soube por Martha que o arcebispo do Rei Cnut havia chamado-a para a confissão. Torsten amaldiçoou calorosamente enquanto tomava banho e vestia-se, e continuou xingando quando irrompeu no grande salão para encontrar os assentos separados, Jarls e os nobres de ambos os lados de Cnut, as esposas sentadas na mesa abaixo à direita.

         O olhar de Torsten mantinha-se em Ainslin. Ela conversava pouco, comia pedaços pequenos, bebia ainda menos e lançava-lhe olhares furtivos durante a refeição. Quando o legislador passou a recitar o Øre Thing, as leis da corte, a esposa do rei, Ælfgifu, rapidamente levou as mulheres da sala. O legislador começou o Øre Thing declarando Cnut Rei da Noruega e quando todos os Jarls juraram sua fidelidade, o novo rei pronunciou suas decisões sobre uma série de disputas mesquinhas.

         Horas mais tarde, quando Torsten retornou ao seu quarto, encontrou sua esposa agachada sobre uma bacia, sua pele parecendo esverdeada, o cabelo colado ao rosto. Seu coração parou de bater, e ele consumiu a distância entre eles, inclinando-se e colocando um braço sobre seus ombros.

         – O que você tem, Ainslin? – Ela gemeu e balançou a cabeça colocando a mão sobre sua boca.

         Ele ficou de pé, virou um copo de cerveja e voltou para seu lado.

         – Peço perdão, meu senhor – ela resmungou, algum tempo depois, quando o último conteúdo de seu estômago encheu a taça de pedra. A cor voltou a sua pele, mas não um rosa saudável como antes, mais uma mancha escarlate. – É meu período. Eu fico sempre doente durante esta época. Eu pedi para Martha encontrar outro quarto ou colchão para nós duas esta noite.

         – Não – ele murmurou, abraçando-a. –Você vai ficar comigo e eu vou ser sua criada.

 

           O Rei Cnut e Ælfgifu ficaram bem satisfeitos com o casamento cristão de Ainslin e Torsten.

         Sigrid não ofereceu mais perigo depois que o rei o nomeou Jarl de Orkneys.

         Ainslin tinha florescido como uma margarida na primavera depois que eles voltaram para Bjarndýr Skali. Na verdade, aqueles meses de despertar das terras para o sol tinham sido uma benção que Torsten nunca tinha esperado. Seu desejo por sua mulher crescia a cada união, nunca saciado.Sentia-se mais feliz a cada novo amanhecer. Assim como o trigo nas lavouras irrompia o solo rico, sua confiança nele, e a intimidade entre eles amadurecia.

         Brom e Rob cresciam, as pernas rechonchudas transformando-se em músculos em desenvolvimento quando Torsten e seus irmãos começaram o treinamento para sua formação.

         Estava quase em pleno verão, e Torsten não podia ver sua esposa sofrendo mais. Por muito tempo, ele assistiu impotente enquanto ela ficava mais desanimada quando seus períodos chegavam. Não só o riso sumia de seu rosto, mas a doença que acompanhava seus períodos durava mais tempo e se tornava mais intensa. Ele decidiu tirá-la de Bjarndýr Skali por uma semana ou duas.

         – Você está certo, irmão? – Jarvik perguntou.

         – Sim. Será bom para ela estar nas montanhas. Cuide dos meus filhos também – Torsten respondeu, olhando para Ainslin montada em uma égua castanha.

         Jarvik seguiu seu olhar e assentiu.

– Vá, eu vou garantir que não aconteça nada de mal a Brom e Rob.

         A viagem de cinco dias a sua cabana no interior pareceu melhor o humor de Ainslin.

         Os olhos de Ainslin brilharam quando chegaram a Sumar Söngur, e ela distraiu-se ordenando o quarto da cabana, cozinhando, limpando e planejando um outro cômodo para que eles pudessem trazer os meninos no verão seguinte.

         Seus olhos verdes recuperaram seu brilho, as bochechas adquiriram novamente seu tom rosado, após uma semana nadando, mergulhando e trepando no lago, nas margens de areia e ao lado da lareira em chamas da cabana.

         Ele desejava tomá-la em pleno sol, na crista da montanha, na grama macia.

         – Não – ela protestou, o rosto brilhando. –É meio-dia, Torsten, e estamos no meio de um campo.

         – Sim – ele sussurrou, depositando beijos em sua nuca e na garganta. Ainslin tentou afastá-lo, mas quando ele lambeu aquele ponto entre o pescoço e o ombro que sempre a fazia se entregar, ela suspirou e roçou com a boca seu queixo, lambendo a pele suavemente.

         Foi um longo amor e, a cada carícia, a ternura inundou sua alma. Quando ela alcançou o prazer sob o sol quente, seus olhos desfocaram-se, seus lábios gritando o nome dele, ele não conseguiu mais se segurar e derramou a sua semente em sua boceta.

         A grama alta protegia a pele dos raios do meio-dia. Eles estavam deitados, Torsten ainda dentro dela, Ainslin sobre seu marido, e ele não conseguia lembrar-se de um mais momento mais feliz. Estava apaixonado por sua esposa, e não se importava que soubessem. Ela roçou os lábios no local sob o qual seu coração batia forte, se inclinou e apoiou um antebraço em suas costelas, o seu peso muito leve para causar qualquer desconforto.

         – Elska? – Ele murmurou, o sono fazendo pesar suas pálpebras.

         – Eu tenho uma confissão a fazer, meu senhor, – ela sussurrou, olhando para o queixo dele.

Imediatamente o guerreiro nele rugiu tomando a frente, o amante e o marido subjugados. Ele relaxou a tensão em seus músculos e continuou acariciando sem pressa as costas dela.

         – Sim, e bem sei qual o pecado você procura confessar, você me apertou mais forte que a grande mão de Dorna.

        Era um fato conhecido que a leiteira, Dorna, poderia dar prazer a um guerreiro em meros segundos. O segredo era a caricia ritmada e as mãos mágicas consideradas um presente da deusa Freya.

         Ainslin não sorriu como ele esperava, mas mordeu o lábio inferior, e então murmurou,

         – Você deve me abandonar, Torsten. Eu temo que não dê à luz um herdeiro seu.

         Seu coração doeu, e ele precisou de toda sua força de vontade para não rugir, não caçar um inimigo para batalhar até a morte, porque não sabia como afastar a derrota em seu tom. Os raios de sol iluminavam os brotos de capim dourado, os pássaros cantavam uma música alegre, nenhuma nuvem maculava o céu azul, mas as trevas da meia-noite e o desespero o envolveram.

         Torsten sentou-se, correu os dedos por seus cabelos, inclinando seu rosto e ela teve que encontrar seu olhar.

– Não importa Ainslin. Eu te amo, e nunca vou deixar você ir. Você é o sol e as estrelas na minha vida, e eu preferiria ver Valhalla, no dia seguinte do que passar um momento sem você e nossos filhos.

         Lágrimas escorriam pelo rosto dela.

– É minha culpa – afirmou. – Eu assisti Greta morrer depois que ela deu à luz a Brom e Rob e, tenho medo de dar à luz uma criança. Meu medo impede sua semente de dar frutos. Você deve procurar outra mulher.

         Ele tomou o rosto dela entre as mãos.        

         – Responda-me, Ainslin de Durham, você me ama?

         Um sorriso triste curvou sua boca.

– Sim, Torsten. Eu te amo demais para ser sua esposa estéril.

         – Talvez a culpa seja minha – ele disse. Havia pensado nessa tática depois de ouvi-la dizer a Martha quase a mesma frase que disse a ele. – Eu deitei com muitas mulheres, e não nasceu nenhuma criança.

Era verdade e não era. A serva que o tinha iniciado nos jogos do sexo tinha morrido no parto, assim como a viúva que tinha tomado o seu lugar. Então, ele viajou para o Oriente, e aprendeu muitas maneiras de evitar que uma criança se alojasse dentro do ventre de uma mulher: esponjas embebidas em vinagre, pele de suínos para capturar a sua semente.  

         Surpresa, ela piscou rapidamente. Balançou a cabeça.

– Não, você se esforça para esconder minha mais grave falha.

         –Ainslin, para mim – ele ordenou quando ela evitou seus olhos. – Esta é uma união que eu me lembrarei por toda a minha vida. Sob o sol, nos prados, você confessou seu amor por mim, e eu, o meu para você. Desista, esposa. Nenhuma outra pode tomar seu lugar. – Ele capturou a mão dela e colocou a palma contra seu peito. – Meu coração bate por você Ainslin. Por você e nenhuma outra.  

         – Torsten...

         – Não – afirmou – A partir do momento em que pus os olhos em você, isso – disse ele, levando sua mão para onde eles se uniam, colocando o polegar na base de seu pênis – não quis nenhuma outra. Meus irmãos me provocam implacavelmente, pois eu não trepei com ninguém além de você desde então.

         Ela começou a chorar, e ele confortou-a fazendo amor novamente e novamente até que seu humor melhorou. O sol tinha diminuído com o tempo e eles caminharam de volta à cabana. Ele a amou sobre o colchão de palha, nas peles em frente à lareira, na casa de banho ao lado da cabana. Ele caçava, ela cozinhava, e nadavam juntos no lago raso no sopé da montanha. As madrugadas foram passando, e foi somente quando Torsten calculou as noites que eles tinham ficado fora que ele percebeu que o tempo para os períodos dela tinham passado. Os dias esticaram-se em semana atrás de semana. Torsten prendia a respiração a cada manhã, esperando a doença começar, e seu período aparecer.

         Jarvik enviou um mensageiro com uma carta cheia de preocupações. Não confiando em colocar tal suspeita no papel, Torsten respondeu vagamente, ordenando a seu irmão para esperá-los em uma semana ou duas.

         O tempo passava, e o período de Ainslin não ocorria, e Torsten notou mudanças sutis em sua esposa. As emoções vinham à superfície em momentos ímpares. Ela encontrou um pássaro com uma asa quebrada e cuidou da ave com pão encharcado em leite, e depois chorou quando a criatura morreu. Num momento ela estava de bom humor, no seguinte, ela derramava lágrimas por causa da beleza das águas do lago sob o sol.

         Quando notou seu ventre arredondado sob suas carícias, o pequeno inchaço fez seu coração bater, e ele não sabia o que fazer: mantê-la em Sumar Söngur ou retornar.

         Na primeira manhã em que ela acordou e imediatamente esvaziou seu estômago, ele a observou atentamente, esperando que ela reconhecesse o óbvio. O dia passou, e na manhã seguinte, o mesmo padrão se repetiu. Na manhã do terceiro dia, depois         que seu enjoo diminuiu e ela pôs um caldeirão de água a ferver, sentou-se perto do fogo e abraçou os joelhos.

         – Torsten? –A pergunta meio sussurrada fez sua boca ficar seca. – Eu não tive meu período. E ainda estou doente como fico quando ele vem.

         – Finalmente. – Ele reprimiu um suspiro e correu para ela, embalando-a nos braços. – Olhe para mim, Ainslin. – Quando o seu olhar encontrou o dele, ele disse– Você deveria ter tido seu período na semana em que viajamos para cá.

         Seus olhos verdes se arregalaram parecendo tomar seu rosto, a esperança nos reflexos de ouro realçados pelas chamas da fogueira fez vibrar seu coração.

– Estou grávida. – Ela olhou para a barriga, as mãos protetoramente curvadas sobre o ventre. – Você acha que é verdade?

         Torsten podia ver que ela prendia a respiração à espera de sua resposta.

         – Sim, Ainslin, esposa, e amor da minha vida, você está esperando uma criança.

         Muito mais tarde, depois de um mágico e lento amor, quando estavam nus nos braços um do outro, ela murmurou, sonolenta:

– Temos que voltar a Bear Hall. Terei necessidade de um tônico especial de Martha agora.

         Os cabelos da sua nuca eriçaram-se como os pelos de um urso preto quando ele se lembrou de Martha insistindo para Ainslin beber o tônico que ela preparava. Quando ele questionou Marta sobre o chá, a mulher respondeu que o tônico ajudava a aliviar as dores dos períodos de Ainslin.

       Torsten brincou com o cabelo de Ainslin, até que sentiu seus músculos relaxarem e sabia que ela estava quase adormecida.

       – Martha acompanhou você, Greta, Robyn e Eileen ao País de Gales?

         – Claro, –ela murmurou, aninhando-se mais perto dele– Marta é uma parteira. Ela supervisionou o nascimento de Brom e Rob.

 

         Torsten enviou cartas a Jarvik e Ruard com instruções estritas. Quando eles chegaram a Bear Hall, Jarvik informou que Martha havia sido chamada de volta a Durham para ajudar sua irmã doente.

         Ainslin se irritou e se preocupou nos primeiros dias.

         Helga partiu uma semana depois para a corte dinamarquesa para se casar com seu noivo, e entregou as chaves de Skali Bjarndýr para Ainslin.

         Sua esposa floresceu depois que assumiu suas novas responsabilidades. A qualidade e o sabor da comida no salão pareciam as do castelo de um rei. Nem uma réstia de grama em toda a propriedade de Stjórardalr foi poupada de sua atenção.

         O verão desapareceu, as folhas das árvores assumiram esplêndidos tons de laranja, ferrugem e marrom. O ar ficou frio, Brom e Rob cresciam, a barriga de Ainslin arredondava-se cada vez mais.

         Ruard retornou, após levar Martha para Gales antes da primeira nevada.

       Torsten cavalgou para o porto para cumprimentá-lo.     Sentiu a brisa gelada no lado de fora, enquanto andava para a pousada da cidade. Sentados ao lado de uma lareira, segurando duas canecas de cerveja, eles falaram da corte de Cnut, os últimos compromissos e as mudanças em Bear Hall.

         – E Martha? – Torsten perguntou.

         Ruard torceu a boca.

– Ela confessou que dava a Ainslin uma bebida para evitar que tivesse uma criança. Ela alega que fez isso por causa do medo que Ainslin sentia do parto.

         Torsten amaldiçoou.

         – Marta não pode retornar a Stjórardalr, irmão.

         – Ela nunca mais vai pisar esta terra. – Torsten prometeu. – Ainslin não sabe de nada, e eu não contarei até depois do parto.

         – Ælfgifu envia uma parteira para assistir Ainslin. O navio que a transportava está dois dias atrás de nós. Relaxe irmão, essa parteira é uma curandeira de renome. Disseram que ela trabalha com magia nos partos difíceis.

         – Eu não quero magia – Torsten rosnou. – Eu quero minha esposa viva. E se Odin quiser fazer um acordo para deixar o meu filho viver também, vou fazer o sacrifício apropriado.

 

                         Bjarndýr Skali, 1029 dC, Primavera.

Os campos haviam sido arados, as chuvas transformavam os grãos de trigo em tenros brotos, andorinhas e pardais construíam seus ninhos em ramos e galhos, o ar zumbia com uma canção de primavera, silvos, sapos coaxando, os leitões gritando. Torsten inspecionava suas terras e se sentiu feliz, a temperatura moderada da primavera era um prenúncio de uma safra abundante. A paz provisória que se estabeleceu sobre as terras após a coroação do Rei Cnut ainda permanecia.

Ainslin teve uma menina em segurança, Inga, um bebê de cabelos negros e olhos cor de esmeralda, covinhas, e um riso borbulhante que o deixava emocionado. Jarvik e Ruard brincavam com ele impiedosamente sobre sua fascinação pelo bebê e juraram, na noite passada que, se ele mencionasse sua filha mais do que três vezes em uma refeição, eles iriam levá-lo para o campo de treinamento.

         A brisa forte carregou as nuvens, limpando o céu. Torsten cavalgava inquieto na sela e abruptamente cancelou sua inspeção das fazendas de seus arrendatários. Ele cravou seus calcanhares nos flancos de Prúðr, e o garanhão disparou num galope, cavalo e jarl correram para seu chalé.

Ele desmontou, cobriu o espaço com cinco passadas para abrir a porta de pinho. Sorriu quando encontrou cômodo após cômodo vazio, sabendo onde iria encontrar sua família. Ainslin descobriu que as fontes termais que alimentavam o balneário também alimentavam a lagoa localizada em um recanto na encosta da montanha. Durante a gravidez, tinham passado muitas noites memoráveis e dias de lazer na piscina rasa.

Quando a avistou, emocionou-se com a visão de sua esposa, filha e os dois garotos pulando nas águas quentes.

         – Papai, gritou Rob – Inga arrotou como um guerreiro.

         Ele olhou para Ainslin, que fez uma careta e disse:

         – Ela fez, mas talvez o seu novo irmão arrote mais alto.

         – Novo irmão? – Ele ousou ter uma esperança.

         – Ou irmã, saberemos quando vier à neve – respondeu Ainslin presenteando-lhe com o sorriso beatífico da virgem que tinha vindo para sua cama há muitas luas.

 

                                                                                Jianne Carlo  

 

                      

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