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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


OLHOS DO OBSERVADOR / Carol Lyne
OLHOS DO OBSERVADOR / Carol Lyne

 

 

                                                                                                                                   

 

 

 

 

 

Por um ano, Bo Lawson tentou ficar mais íntimo de seu chefe, Rance Benning o capataz da fazenda Backbreaker Ranch, mas o teimoso ex-campeão de rodeio se recusava. Bo não entendia a aversão de Rance de estar sozinho com ele. Podia ser porque Bo foi infectado pelo HIV?

Rance notou Bo no primeiro dia que ele pôs os olhos nele, na padaria de Brynn. Desde aquele tempo, ele fazia de tudo para ausentar-se do perigoso olhar cinzelado e jeans apertado. Rance via algo parecido com piedade nos olhos do homem, e ele não se colocaria mais naquela posição novamente.

Quando um dos touros premiados do rancho desaparece, Rance e Bo são encarregados de encontrar o touro campeão. Embora Bo veja isso como uma oportunidade, Rance vê isso como uma tortura. O segredo de Rance fica ameaçado de ser descoberto pelo homem perigosamente sensual.

 

 

 

 

                           Capítulo Um

 

“CUIDADO!” uma voz familiar gritou.

Trabalhando com o rastelo de feno, Bo quase não tem tempo de dar meia volta, antes de ver um touro vir para ele. Em uma fração de segundos decidiu tentar se colocar entre os dentes do rastelo, antes que o touro tivesse oportunidade de empalar seus duros chifres nele.

Bo gritou quando um dos amarelos dentes se enterrou nele, preparando-se para o impacto cobriu a cabeça com as mãos. A corrida do touro não se deteve até que se chocou contra a máquina que estava só alguns centímetros de onde estava Bo. O resultado do impacto não somente impulsionou o fino dente mais profundamente em Bo, mas também a cara do touro foi atingida. O touro de uma tonelada tentou se liberar do dente em sua cara e movia sua cabeça de um lado a outro banhando Bo de sangue.

Rance e dois vaqueiros colocavam laços ao redor da cabeça de ‘Zero Tolerance’, mas inclusive com três homens, eles não igualavam à força do touro.

Tentando sair do rastelo, Bo sentiu sua carne rasgada. “Porra!” ele gritou suas mãos imediatamente foram ao lugar.

Sabendo que não podia fazer nada sem machucar-se mais, não tinha escolha, tinha que esperar que os vaqueiros tentassem pôr sob controle o grande premiado touro de rodeio. A única coisa que podia fazer era chamar para pedir mais ajuda. Movendo-se o quanto lhe era possível, Bo tirou seu celular de seu bolso no cinturão e telefonou à casa principal. Até o leve movimento encaixava mais profundamente o dente. Quando Shep atendeu, Bo estava ofegando de dor.

“Shep.”

“Sou eu, Bo. Necessitamos ajuda nos pastos do este. ‘Zero Tolerance’ está ferido e se voltou louco. Rance, Buddy e Steve estão tentando controlá-lo, mas eles parecem estar perdendo a briga. Chama Jeb. Se ele estiver na área, pode ser capaz de salvar o maldito touro.”

“Vamos para lá.”

“OH, e precisa trazer luvas descartáveis, há uma caixa no estábulo. Eu estou sangrando, e vou necessitar ajuda para conseguir sair debaixo do rastelo de feno.”

“Merda. Devo chamar uma ambulância?”

Bo pegou uma profunda respiração. Seus pulmões pareciam estar bem, mas poderia ter outras lesões internas. Com HIV as infecções de qualquer tipo eram sempre pior. O sangue que sentia correndo em um lado não era bom sinal. “Sim, penso que é o melhor. E se assegure de advertir de minha condição.”

“Farei isso, agüenta companheiro.”

Bo deixou o telefone cair de sua mão ensangüentada no pasto. Deus, Droga. Ele tinha passado bem, nem sequer teve um simples resfriado em quinze meses.

Tentando inclinar-se para ver a lesão, Bo quase encaixa outro dente do rastelo em seu olho. Suspirando, chegou à conclusão de que seria melhor ficar o mais tranqüilo possível. Pegou um pedaço de sua arruinada camisa e a manteve contra a ferida.

Shep, Jeremy e Jim chegaram com a caminhonete. Shep foi o primeiro em chegar com uma pistola tranqüilizadora na mão. “Saiam pro lado.” ordenou.

“Espera.” Rance gritou. “Perdeu muito sangue pode matá-lo com isso.”

Shep olhou de Rance a Bo. “Melhor ele que Bo e pelo que se vê se não tirarmos Bo é o ajudarmos isso é exatamente o que vai acontecer.”

Logo que Shep disparou o dardo tranqüilizante no touro, Rance passou sua corda a Jimmy e correu para Bo.

“Não me toque.” Bo advertiu. “Acho que Shep trouxe luvas.”

Antes que Rance pudesse dar meia volta, Shep estava ali lhe dando luvas de látex a todo mundo. Com as luvas postas, Shep e Rance se aproximaram. Bo sabia que se mostrava pior do que realmente estava.

“Muito do sangue é do touro.” ele explicou, e apontou a ensangüentada cara. “Meu problema está aqui embaixo, ao lado. Um dos dentes do rastelo parece que ficou preso.”

Rance se moveu atrás do rastelo de feno e tentou ver melhor para que eles pudessem dirigi-lo. “Acho que devemos cortar o dente da máquina e deixar que os doutores o removam de você.”

Bo respirou fundo, tentando sobrepor-se a náusea. Com seu sangue ainda fluindo a um ritmo constante, sabia que não ia estar consciente muito tempo. Desmaiaria antes que Rance cortasse o dente, isso sem contar os danos internos que pudesse ter “Se apresse, não acredito que possa agüentar.”

“Vamos fazer com que funcione.” Rance gritou por sua caixa de ferramentas e procurou na caixa até que encontrou o que necessitava.

Quando Shep se moveu sobre ele, Bo se apoiou nele e lhe murmurou ao ouvido, para que Rance não pudesse ouvir. “Odeio te pedir isto, mas preciso que me segure. Minha visão está começando a nublar-se.”

Shep envolveu seus braços ao redor do peito de Bo, enquanto Rance trabalhava furiosamente para liberar o dente tentando não se mover. A cabeça de Bo estava no ombro de Shep. “Sinto muito, chefe.”

“Não é sua culpa. Mas logo que Rance te tire daqui com vida, você vai brigar por sua vida como um demônio.”

“Sim farei isso, diga a...”

“Tenho-o!” Rance gritou. “Tenho o maldito diabo, fora daqui.”

Shep cuidadosamente ajudou a mover Bo, o bastante para afastá-lo do rastelo e deitá-lo na suave relva. Enquanto Bo lutava por manter-se consciente, ouviu a sirene da ambulância. Dando-se conta que os paramédicos saberiam o que fazer, Bo se permitiu fechar os olhos.

 

Colocando um novo par de luvas, Rance se ajoelhou ao lado de Bo. “Bo? Acorda. Vamos abre os olhos.”

“Abre a porta da ambulância.” gritou Buddy.

Brandamente removeu o sangue ao redor do dente, Rance tirou sua camisa. Não querendo mover a peça de metal, pressionou sua camisa contra a ferida no abdômen de Bo, até que Zac Alben tocou seu ombro.

A contra gosto, Rance se separou. Enquanto Zac e o chefe de bombeiros George Manning trabalhavam para estabilizar Bo e subi-lo a uma maca, o pensamento de Rance retrocedeu a semana anterior.

 

Bo entrou na cozinha do barracão com um humor fantástico. “Bom dia a todos.”

Rance levantou sua vista do prato com ovos e toucinho e rapidamente abaixou. Bastava que esse homem entrasse para levá-lo a loucura, seu alegre humor e seu sorriso de estrela de cinema era muito.

Com seu comprido e negro cabelo até os ombros, ainda úmidos pela ducha, e as gotas de água descendo pelo esculpido peito que mostrava, Rance quase gemeu ante a imagem de Bo nessa manhã cedo. Queria gritar para que Bo fechasse o botão de sua camisa, mas não podia deixar de olhá-lo. Devia ser um sádico.

“O que te faz tão alegre nesta manhã da primavera?” Buddy perguntou.

“Eu? Não estamos usando grandes palavras hoje. Você deve saber que hoje é meu dia favorito do ano inteiro, o dia de plantar. O dia quando todas as coisas são possíveis e eu sou um deus entre os mortais. Eu tenho o poder de converter o chão árido em comida para homens e animais.” Bo explicou com seu nariz levantado.

A cozinha inteira estalou em gargalhadas, quando viu o guardanapo de Rance voou pelo ar e golpeou Bo na cara. Com o intento de cobrir sua risada. Apesar de tentar manter-se afastado da tentação, Bo era divertido como o inferno e mantinha a todos entretidos.

“Se cuide de ‘Zero Tolerance’. O touro sempre vê um alvo nas suas costas”. Rance comentou, comendo a ultima porção de seu bacon.

Bo se deixou cair na cadeira ao lado de Rance e negou com a cabeça. “O que é que acontece com esse filho de cadela? Eu nunca fiz uma maldita coisa a esse touro, mas parece que quando estou perto se volta louco”.

“Talvez tenha ouvido uma de suas piadas.” Rance respondeu.

Bo se inclinou e fez um exagerado ruído de um beijo. “Você ama minhas piadas, admite-o?”

Retirando sua cadeira, Rance levou seu prato à pia lavando-o com água quente e sabão. “Eu não sei o que signifique a carne de ‘Zero’ para você, mas faça um favor a si mesmo e se mantenha a uma prudente distancia.”

“OH, entendi-o. ‘Zero’. Carne. Você é um homem realmente divertido.”

Sacudindo a cabeça, Rance levantou seu chapéu do gancho da porta e o acomodou até meia testa. “Bom, ‘Pai do Milho’ tenha um maravilhoso dia plantando sua semente. Eu terei meus ombros inserindo esperma de touro em receptivas vacas. Vamos ver qual de nós se sente como um deus ao final do dia.”

 

Depois de ajudar Jeb Garza a suturar Zero Tolerance em um dos currais de contenção, Rance se dirigiu ao hospital em Sheridan. Decidiu-se logo que Zac avaliou a condição de Bo, que a clínica de Cattle Valley não estava equipada para cuidar das lesões do peão.

Apesar de que percorreu todo o caminho, mais de cento e trinta quilômetros por hora. Rance tentou parecer casual, quando entrou na sala de emergência. Soube pela enfermeira da recepção que Bo continuava sendo operado. Mais tranqüilo com esse conhecimento, ao menos Bo seguia vivo, pegou o elevador e subiu à sala de espera.

Rance enxergou Shep e Jeremy e caminhou direto para eles. “Como está ele?”

“Continua na cirurgia. Eles vão remover o baço e uma parte do rim esquerdo, mas o doutor é otimista sobre sua recuperação.”

Rance assentiu, tentando absorver a informação. “E seu estado de HIV? Isso pode afetá-lo de algum jeito?”

Shep esfregou a parte de atrás de sua nuca. “Não diretamente, mas uma insuficiência renal sempre é uma preocupação nos pacientes com HIV. Sem uma parte de seu rim esquerdo pode enfrentar maior risco. Eles precisam ajustar a dose de seus medicamentos até que sare, mas os doutores pensam que enquanto continue se cuidando ele se recuperará satisfatoriamente.”

“Já chamei a pessoa de contato em seu cartão de emergência.” Jeremy adicionou. “Está vindo de Idaho.”

Embora não tivesse o direito a dizer nada, Rance não queria pensar em outro homem sentado ao lado de Bo. “Quem é?”

Jeremy sorriu. “Lark um velho amigo de Bo de seus dias na comunidade do norte. Ele e seu parceiro, Kade, foram quem trouxeram Bo a Cattle Valley.”

Rance recordou a primeira vez que viu Bo. Foi na padaria. Ele estava na calçada, quando três formosos homens entraram. Soube imediatamente que eles não eram da cidade. Seu trabalho como policial seguia em seu sangue e rapidamente saiu da calçada para avaliar os homens.

O pequeno não constituía uma ameaça, soube pelo amplo sorriso do menino, mas os outros dois se viam quase... perigosos.

O que incomodou Rance foi que não podia separar seus olhos de Bo. Havia algo quase animal no olhar desse homem que foi direto ao pênis de Rance, em vez de seu cérebro. Odiou o sentimento e saiu da padaria pouco depois.

Terei que esperar que chegassem os dois homens à cidade, os mesmos que viu com Bo no primeiro dia. Rance não sabia muito da vida de Bo, antes de ser contratado em Backbreaker, mas tinha ouvido muitas fofocas de que Bo tinha vivido em uma comunidade tipo amor livre no Canadá. E se os três tinham sido amantes? “Então quando chegam esses amigos aqui?”, perguntou.

Jeremy olhou o relógio. “Dentro de uma hora. Por quê? Está se oferecendo para ir apanhá-los no aeroporto?”

Não queria vê-los, mas sabia que se recusasse pareceria um idiota. “Claro.”

 

Com seus braços cruzados sobre o peito, Rance esperava que Lark e Kade cruzassem a porta de chegada. Já eram nove da noite e não tinha comido desde o café da manhã. Pensou em comprar algo no caminho para o hospital, mas Rance não tinha certeza de poder estar em companhia dos amigos de Bo, sem perguntar algo que não era seu negócio perguntar.

Enxergou o grande tipo que parecia motociclista e levantou a mão chamando sua atenção. O menor, Lark, pela descrição deveria estar à sombra do motociclista que se dirigia para Rance. Tinha ouvido Bo falar a respeito de que os dois homens viriam com ele durante o ano, porque isso o tinha repentinamente nervoso?

“Como está ele?” Lark perguntou, ajustando uma grande mochila no ombro.

“Saiu de cirurgia e está estável, quando deixei o hospital. Vim recolher a ambos, e volto ao hospital.” Ofereceu sua mão. “Meu nome é Rance.”

Lark estreitou sua mão antes de apontar ao grande tipo. “Sou Lark e ele é meu companheiro, Kade. É agradável finalmente dar um rosto ao nome.”

Rance se surpreendeu ao ouvir que Bo falava dele por seu nome. Perguntava-se o que diria. Notou Kade mais reservado que Lark, inclusive não se molestou em estreitar a mão de Rance. Bom, isso estava bem para ele. Não precisava jogar encantados com esses dois tipos, ele estava ali simplesmente para fazer um favor a Bo e recolhê-los.

“É toda sua bagagem?” Rance apontou para a grande bolsa no ombro de Kade.

“É tudo. Lark retorna no domingo. Tem seus exames finais na próxima semana. E eu não necessito mais que uma muda de jeans com camisetas.”

Rance se girou para a porta e virou os olhos. Não tinha perguntado ao homem pelo inventário de sua bagagem. Deu-se conta de uma coisa, Kade evidentemente pensava ficar ao menos até a próxima semana. Merda.

Depois de tirar suas chaves de bolso, Rance apontou para a caminhonete do rancho. Não disse uma palavra quando Kade pegou a mala e a mochila de Lark e as pôs na carroceria da caminhonete. Ao menos Lark se sentou no meio. Rance não sabia se sobreviveria ao frio proceder de Kade todo o caminho.

Logo que saiu do estacionamento, as perguntas começaram. Rance tentou explicar o melhor que pôde do que lhe havia dito Shep. “Eu não falei diretamente com os doutores, não falam comigo de nada disto.” Rance adicionou.

“Quanto tempo pensam que necessitará para recuperar-se?” Kade perguntou.

“Deverá sentir-se melhor em três ou quatro semanas, mas não vai estar completamente bem até dentro de oito semanas.”

“Como isso vai afetar seu trabalho? Esse tipo não planeja contratar alguém em seu lugar?” Kade perguntou.

“Nós realmente não falamos sobre isso. Bo é o único agricultor que temos contratado, e estava justamente começando com a plantação, não tenho certeza do que Shep planeja fazer.”

“Eu posso fazê-lo.” Lark disse. “Passei meus primeiros dezoito anos de vida na agricultura.”

“Você não vai deixar a escola.” Kade lhe recordou.

“Sim, mas posso fazer o possível até o domingo, é de noite que vou embora, e terminando os exames retorno.” Lark estabeleceu, dando um beijo no pescoço de Kade. “Vamos, será uma maneira divertida de passar o verão. Nós planejamos nos mudar a Cattle Valley de qualquer maneira, apenas adiantamos alguns meses.”

“E que se supõe que farei, enquanto você brinca de menino-agricultor?” Kade perguntou fazendo cócegas nas costelas de Lark.

Rindo, Lark aplaudiu as mãos de Kade. “Você pode construir a cabana, aquela que não pára de falar.”

Rance viu sua oportunidade e a pegou. “Espero que tenham sorte com isso. A terra disponível em Cattle Valley é bastante escassa.”

“Bom imagino que encontraremos algo” Kade adicionou, beijando o topo da loira cabeça do Lark.

Merda.

 

Passaram-se quase três dias, antes que eles permitissem que Bo tivesse visitas. Claro, Lark pôde vê-lo em seguida, mas evidentemente Rance não tinha essa alta categoria. Sim, ele esteve de péssimo humor, e usava contra todos os que estavam ao seu redor, especialmente os trabalhadores.

Depois de tomar um banho para tirar o suor, Rance se vestiu com seus novos jeans negros e uma camisa de flanela. Pegou seu negro Stetson[1] e o colocou, a meia testa como estava acostumado, e as chaves da porta da frente do escritório.

“Vai ver o Bo?” Steve lhe gritou do estábulo.

“Sim.”

“Diga-lhe que desejamos que recuperasse rápido. E que aqui é muito aborrecido sem ele.” Steve riu.

“Farei isso.” Rance respondeu, entrando em sua grande caminhonete quatro por quatro.

Antes de dirigir-se a Sheridan, ele se deteve na padaria Brynn’s para comprar rolinhos de canela, os favoritos de Bo. Não tinha certeza se Bo já podia comer, mas se conhecia Bo, tinha certeza como o inferno que ele tentaria sair-se com a sua.

Odiava admitir, mas realmente sentia saudades de ver o fazendeiro no rancho. Desejou várias vezes que Bo nunca tivesse posto um pé em Cattle Valley.

Rance sacudiu a cabeça. Sabia que nada tinha que ver com o homem, e tudo o que sentia quando estava perto de Bo. Desde o primeiro momento que o viu na padaria, quis saltar sobre Bo, e reclamá-lo como sua propriedade, apenas que ele não era o mesmo homem que foi antigamente, e nunca mais o seria.

Riu consigo mesmo. Não havia nada que dissesse a esse homem, Bo nunca deixava de tentar entrar em seus jeans. Se Bo só soubesse o muito que Rance desfrutaria disso, apenas que seu orgulho não permitia isso. Melhor manter a fantasia de Bo, em lugar da realidade que Rance poderia lhe dar.

Antes de dar-se conta já estava dentro do elevador para ir ao quarto de Bo, com a sacola que continha os rolinhos de canela em sua mão. O andar parecia bastante tranqüilo até que se aproximou do quarto de Bo. Ouviu a conhecida risada de Bo, e sentiu uma opressão em seu peito. Sim, sentia saudades ao néscio filho de cadela.

Bateu na porta, tirou seu chapéu e tentou arrumar seu negro cabelo. Bo estava rodeado de gente. Pelo visto Kade fazia sua residência na grande cadeira ao lado da cama de Bo. Shep, Jeremy e um casal de trabalhadores do rancho ‘EZ Does-It’ estavam também ali.

Ninguém no quarto pareceu dar-se conta da entrada de Rance. Quase deixou a sacola na mesa e saiu, mas então, a alta voz de Logan Miller o deteve.

“Hei, olhe o que trouxe o gato!”

O pequeno grupo se moveu e Rance pôde vê-lo pela primeira vez depois do acidente. Seu coração se afundou quando viu a grande porção de torta caseira que Bo estava comendo. Isso era melhor que um rolinho de canela comprado na loja.

“Hey, você.” Bo disse com a boca cheia de comida. “Encontrou tempo para vir ver-me.”

Rance caminhou para a mesa ao lado de Bo e colocou a sacola branca. “Eles não me deixaram te ver até agora.”

Acreditou detectar emoção na cara de Bo ante sua declaração. Bo olhou para a sacola antes de retornar a vista a Rance. “O que me trouxe?”

Rance se encolheu de ombros. “Não, muito, fui até a padaria de Brynn, e comprei rolinhos de canela.”

Bo se lambeu os lábios. “Obrigado. Sinto muito, mas comi duas porções da torta de maçã caseira de Jax. Tenho certeza que antes que se acabe o dia o comerei.”

“Sem problema.” Rance disse.

“Bom, nos despedimos.” Shep disse colocando sua mão no ombro de Bo.

“Sim, nós também precisamos ir.” disse Jax. “Logan está trabalhando em uma moto e o tipo não conhece a paciência.”

Shep riu. “A moto de Nate de novo, suponho?”

Logan assentiu. “Cada vez que me dou à volta o homem quer que adicione algo mais. Já lhe disse que ele não é o único cliente, mas diz que já esperou o suficiente para ter uma moto construída para ele.”

Todo mundo no quarto conhecia Nate riu. Seu novo prefeito era um tipo fantástico, mas um pouco mimado, quando se tratava de esperar por algo.

Bo disse adeus a seus amigos, e eles foram saindo do quarto um por um. Rance esperou que Kade também saísse, mas não teve essa sorte.

“Vêem aqui e sente-se.” Bo aplaudiu a cama a lado dele.

“Não acredito que seja boa idéia.” Kade o interrompeu, olhando receoso a Rance.

Bo olhou Kade e negou com a cabeça. “Faça-me o favor de perguntar à enfermeira quando será a outra pílula para a dor.”

“Dentro de uma hora.” Kade respondeu.

“Bom. Vai. Pergunta. De qualquer maneira.” A voz de Bo não deixou lugar a maus entendidos. Queria que Kade se fosse.

Com um som de desgosto fazendo erupção de sua garganta, Kade ficou de pé e saiu do quarto. Rance viu o grande tipo sair, e se dirigiu a Bo.

“Huff! Porque esse tipo me odeia tanto?”

Estudando a Rance, Bo suspirou. “Porque você me agrada muito.”

“E que, ele tem seus próprios planos com você?” Rance perguntou, sentando-se aos pés da cama de Bo com o chapéu ao lado dele.

Bo riu e segurou sua mão. “Você sabe que me dói quando rio, não sabe?”

“Sinto muito. Não tentava ser divertido.”

“Bom, isso foi divertido. Kade não tem olhos para ninguém, apenas para Lark. Não, o problema com Kade é que pensa que você não me quer, porque sou soro positivo. Olhe, ele também tem HIV.”

“Que seja soro positivo não tem nada que ver com a razão de que eu não salte a sua cama.” Rance informou a Bo.

“Sério? Então qual é a razão, qual é a razão que não me deixa carregar esse lindo pacote? Especialmente qual é o problema que te mantém babando hoje?”

Rance desviou o olhar para a janela. “Razões pessoais.”

Não havia maneira de que pudesse falar de sua história diante desse homem. Shep sabia a respeito de seu passado, mas apenas porque ele se embebedou uma noite e o confessou. Não, ele não podia fazer uma viagem por suas lembranças. Bo era o tipo de homem que poderia dizer que não era um grande problema, mas Rance sabia de primeira mão o que em realidade era.

Uma quente mão o tocou, tirando Rance de seus pensamentos. Olhou a mão de Bo, ainda conectada ao soro. Pena, era algo que não se podia permitir.

“Não sinta pena de mim.” Rance disse retirando da mão de Bo.

“Não o faço. Ao menos não pela razão que acredita. Eu sinto pena de que não acredita em mim o suficiente para me dar uma oportunidade.”

“Já lhe disse isso, isto não tem nada que ver com você.” Rance ficou de pé acomodou o negro chapéu em sua cabeça. “Quando deixaram sair daqui?”

“Em dois dias, mais ou menos.” Bo murmurou recusando fazer contato visual.

“Pode ir a minha casa, se pensar que é mais cômoda para sua recuperação. O Senhor sabe que é muito mais tranqüila que o barracão.”

“Deixe-me pensá-lo. Lark e Kade me ofereceram que ficasse com eles. Eles alugaram a casa de Casey a que está junto à igreja, até que eles encontrem seu próprio lugar.”

As notícias causaram dor no peito de Rance. “Como quiser. Apenas me avise para trocar as cobertas no quarto extra.”

Rance deixou o quarto sem olhar para trás. Provavelmente seria melhor que os amigos de Bo cuidassem dele.

Então porque lhe doía tanto a idéia?

 

                                               Capítulo Dois

 

Na terceira semana na pequena casa alugada, Bo se estava voltando louco. Fazia tantas palavras cruzadas que poderia estar preparado para Jeopardy[2]. Quando olhava Lark preparar-se para outro dia na granja ele fervia de ciúmes.

“Deixe-me ir ao rancho um dia.” rogou-lhe.

“E então o que mais?” Lark perguntou. “Eu sei que não seria capaz de se sentar e ver todo mundo trabalhando, sem sentir a necessidade de colocar suas mãos na terra.”

“Vamos, não farei nada, apenas me sentarei no alpendre, isso será melhor que estar todo o dia vendo a mesma velha parede.”

Lark pôs uma mão em seu quadril e entrecerrou os olhos. “Você calçará sandálias. Sei que não se arriscaria a trabalhar sem os sapatos adequados.”

Bo rapidamente esteve de acordo. Não levaria as botas e não sairia com os outros meninos. O que queria era ver Rance. Não o via desde dia que o capataz o visitou no hospital. Inclusive se fosse uma auto-tortura, Bo precisava ver aqueles olhos castanhos escuros, aquele celestial traseiro e aquele amplo e musculoso peito. E se ele conseguisse lamber essas covinhas, bom isso seria muito melhor.

Vestindo uns velhos shorts, e uma velha camiseta vermelha do concerto de Gênese, Bo colocou seus pés em um par de sandálias de dedo e empacotou sua comida. Levou um comprimido para dor, pensou que estaria bem se afastando de casa. Se sentisse cansaço poderia ir deitar em sua cama no barracão.

Bo, além disso, esperava falar com Shep a respeito de retornar a trabalhar várias horas ao dia e poderia incluir informação no computador. Poderia não fazer o trabalho duro de um fazendeiro, mas tinha certeza que podia ter seu traseiro em uma cadeira e teclar.

“Pronto?” Lark perguntou, saindo do quarto onde ainda dormia Kade.

“Diabos sim, muito preparado.”

Lark riu e pegou o lanche que ele mesmo tinha preparado. “Kade disse que vai depois à cidade. Se quer retornar antes que termine o dia, apenas lhe chame.”

“Ele vai trabalhar na oficina de Logan de novo?” Kade e Logan logo se tornaram amigos, e ultimamente Kade tinha passado mais de um dia trabalhando junto a seu novo amigo motociclista.

“Provavelmente, mas ele vai se encontrar com alguém a respeito de uma terra. Ouviu de um velho casal de tipos que estão considerando mudar-se ao sul. Acredito que um deles tem problemas respiratórios.”

Bo tentou de pensar de alguém em Cattle Valley com essa descrição. “Está falando de Ben Zook?”

Lark se encolheu de ombros. “Não conheço o nome do tipo.”

Eles subiram ao pequeno veículo híbrido de Lark chamado carro, e se dirigiram a Backbreaker. Enquanto eles passavam pela padaria, Bo pensou no presente que Rance lhe levou no dia que o visitou. Embora Rance fez parecer que o gesto não fosse grande coisa, Bo sabia a verdade. Apesar de todas suas queixa, Rance o queria.

“Acredito que é momento de retornar ao rancho.” informou ao Lark.

“Por quê? Estou te irritando?” Lark riu.

“Não, mas os ruídos que fazem no quarto todas as noites é suficiente para fazer sentir a um tipo voyeurista[3]. Especialmente quando esse tipo não tem sexo há quase um ano.” Era difícil de acreditar que Bo tivesse passado quase um ano sem foder ou ser fodido. Antes que se mudasse a Cattle Valley sua vida inteira parecia girar ao redor de seu pênis.

A cara de Lark se voltou vermelha. “Merda. Porque não disse antes?”

“Porque era convidado?” disse-lhe brandamente deslizando sua mão pela coxa de Lark.

“Pare com isso.” Lark riu e bateu na mão de Bo.

“Valeu a pena tentá-lo.” Bo sabia muito bem como gostava Lark de ser fodido. Diabos, eles tinham feito tantas vezes, que conhecia cada sarda do corpo de Lark intimamente, mas isso tinha sido há vários anos atrás. Lark tinha completado dezoito anos e tinha deixado a comunidade para ir à universidade de Idaho, onde conheceu Kade.

Bo não guardava nenhuma inveja. A vida na comunidade era muito diferente do que tinha vivido. OH, agora que se lembrava.

“Falaste com sua família ultimamente?”

Lark se estremeceu em seu assento. “Não em duas semanas. Eles não estão felizes de que esteja trabalhando na granja daqui, em lugar de ir tomar meu lugar em Sunrise Gardens. Por quê?”

“Penso que algo está acontecendo com Jan, mas ninguém quer me dar uma resposta cada vez que telefonou ela esta ocupada ou não esta.”

“É estranho. Que precisa falar com ela?” Lark perguntou.

“Quero que assine os malditos papéis do divórcio que me enviou faz quase um ano.”

“Não? Merda. Pensei que fosse um homem livre agora.”

“Desejo-o. Não é que realmente seja importante, porque não tenho encontros de qualquer maneira. Apenas se Rance me dá uma oportunidade, eu gostaria de ser livre. Começar as coisas entre nós com o pé direito. Sabe?”

“Quer que chame mamãe mais tarde, e ver se consigo lhe tirar alguma coisa?”

“Se você não se incomodar.” Bo pegou uma maçã de seu lanche e deu uma mordida, e o suco escorregou por seu queixo. “Droga! Está boa. Conseguirei mais.”

“Nós podemos chegar à loja de volta a casa, e comprar mais fruta, pela maneira em que você e Kade comem fruta, todos pensariam que são dois meninos vegetarianos.”

“Não, só dois meninos que sabem a importante de estar sãos.” Não importava o que fizesse durante o dia seu status de HIV não se afasta de seus pensamentos, especialmente agora. Se ele comer bastantes frutas frescas e vegetais isso permitia que vivesse outro ano, isso valia à pena.

Eles chegaram a Backbreaker e Lark estacionou junto à fila de caminhonetes. “Não sente que este carro esta desconjuntado aqui?”

Lark riu. “Sim, mas cada vez que vou pôr gasolina, agradeço minha sorte às estrelas, eu não posso conduzir um desses bebedores. A primeira coisa que comprarei quando tiver um trabalho real é um Prius[4].”

Bo saiu do pequeno carro. “Isso é um perfeito carro para você, mas realmente não posso ver Kade conduzir isso.”

“Provavelmente não, mas aprenderá a adaptar-se ou que congele seus ovos tentando dirigir no inverno sua maldita Harley.”

Enquanto eles chegavam ao estábulo, Lark disse. “Nos vemos depois. Devo terminar por volta das cinco.”

“Parece-me bem.” Bo foi ao estábulo, ansioso para ver Rance.

Buddy foi o primeiro em correr para ele. Eles estiveram de pé falando tolices por vários minutos, antes que Rance aparecesse. Vestindo seus costumeiros e ajustados jeans e sua camiseta.

“Não tem trabalho que fazer, Buddy?” Rance perguntou.

“Com certeza, chefe.” Buddy inclinou seu chapéu para Rance e disse a Bo. “Bom te ver de novo.”

“Igualmente.” Bo se girou para Rance depois de que Buddy saiu do estábulo. “Tem espinhos em sua cueca?”

Rance se dirigiu ao escritório do rancho. “A única dor no traseiro é você.”

Bo girou os olhos e seguiu o capataz. Parecia que Rance tinha retornado a sua velha maneira de ser. Sem esperar convite, Bo se sentou em uma das velhas cadeiras do escritório e pôs seus pés nus na mesa de Rance. Se ele tinha dúvida da beleza de alguma parte de seu corpo, sem dúvida não era de seus pés.

Rance deixou seu chapéu no cabide e olhou a posição de Bo. “Que diabos está fazendo?”

“Esperando que seja civilizado.” Bo respondeu, descansando suas mãos em seu peito.

“Tira seus pés de minha mesa.”

Bo flexionou seus perfeitos dedos. “Por que você não gosta de meus pés?”

Rance pegou uma caneta e golpeou o suave arco do pé de Bo.

“Ouch.” Bo retirou seu pé com um repentino movimento que se machucou.

“Porra!” ele gritou, sua mão se foi para a cicatriz.

“Merda, sinto muito.” Rance disse, levantando-se de sua cadeira e ajoelhando-se ao lado de Bo. “Está bem? Necessita que fale com alguém?”

Bo viu os profundos olhos negros de Rance. Os lábios que tinha esperado quase um ano beijar estavam ali. Incapaz de deter-se, Bo se inclinou selando sua boca com a de Rance. Quando Rance não se moveu, Bo estimulou os suaves lábios com sua língua.

Com um suave gemido, Rance abriu e rapidamente a língua de Bo explorou a boca do capataz. Bo colocou sua mão na parte de atrás do pescoço de Rance e o aproximou quando Rance começou a devolver o beijo.

Porra. Bo se sentia no céu. Deslizou de sua cadeira colocando-se de joelhos frente a Rance, puxando o homem aos seus braços. Deus, se sentia correto.

Rance gemeu de novo e começou a foder a boca de Bo com sua língua. Isso era mais quente que quatro de julho. Bo sentia o vulto de Rance atrás de sua braguilha pressionando contra ele. Não ia desperdiçar a oportunidade, Bo abertamente procurou a ereção apanhada nos jeans de Rance.

Como se fosse um interruptor de luz, Rance se retirou e ficou de pé. Pegou seu chapéu, o pôs em sua cabeça e saiu do escritório sem dizer uma só palavra.

Bo continuou de joelhos com uma ereção do tamanho de um touro. Que bosta aconteceu?

 

Rance se dirigiu à segurança de sua casa, jogou seu amado chapéu ao chão de madeira e se deixou cair no sofá. “Filho de cadela!” ele se amaldiçoou, caindo de joelhos.

Tinha lutado com a maldita atração por Bo tanto tempo, para cometer um estúpido engano. Em um ataque de ira, levantou seu punho e golpeou sua virilha. Em uma fração de segundos sua mão conectou-se com o ainda semi-duro pênis, tirando todo o ar dos pulmões de Rance. Caindo de lado, embalou suas mãos em sua virilha e abriu as pernas. Jesus! Sentia-se como se o conteúdo de seu estomago estivesse tentando de sair pela boca devido à dor que continuava ressonando de seu pênis.

Cuspiu várias vezes no piso antes que a bílis fizesse sua aparição. Tudo no que podia pensar quando esvaziou o conteúdo de seu estomago no piso de madeira, era Graças a Deus que não tinha tapete.

Quando a náusea passou, Rance conseguiu girar-se em direção oposta para afastar-se da fetidez. Quando se deitou, chorava como um bebê, recordando Oren Reynolds.

Seu primeiro encontro no restaurante na rua da estação, os seguintes encontros, onde tentava fazer o melhor para atrair o pequeno loiro a sua cama. A primeira noite que eles fizeram o amor, Oh Deus, que noite tinha sido. O homem tinha sido o melhor amante que teve. Apesar de sua pequena estatura, era um animal absoluto na cama. Quem dizia que os contadores eram aborrecidos não tinha conhecido Orem.

Com suas bolas inchadas e doloridas, pensar em Orem tinha feito com que Rance estivesse duro de novo. Inclusive com toda sua bagagem extra, o fato de que ainda fosse açoitado por um fantasma, fazia impossível sua relação com Bo.

Não, isso não era exatamente a verdade. Orem realmente não era um fantasma, o tipo não estava morto. A última vez que o viu foi na corte, sentado no lugar das testemunhas confessando cada detalhe de sua vida amorosa com Rance, ante o juiz e uma sala cheia de gente.

Depois disso foi impossível que Rance ficasse em Boston. Sua cara tinha aparecido estampada em cada jornal do estado e alguns jornais nacionais também.

Empacotar e dirigir-se a Cattle Valley tinha sido a melhor decisão que tomou afastar-se de Orem, afastar-se da especulação pública. Aqui era apenas Rance e necessitava que assim seguisse. Expor sua vergonha ante Bo não era opção, era bom que seu pênis cooperasse.

 

Depois do impacto do repentino desaparecimento de Rance, Bo foi procurar Shep. Não viu ninguém ao redor do curral, e se dirigiu à casa principal. Sustentou com suas mãos sua ferida e lentamente subiu os degraus do alpendre. Podia agüentar o pequeno desconforto para ver o chefe.

Tocou a campainha e esperou. Como ninguém apareceu para abrir a porta, Bo sentou-se na cadeira de balanço do alpendre, provavelmente estivesse ocupado fazendo coisas na manhã com Jeremy, e quem poderia culpá-lo.

Talvez devesse esquecer-se de Rance e procurar um jovem garanhão na cidade. Talvez alguns insignificantes amassos pudessem aliviar a dor em seus shorts. Muito ruim que estivesse apaixonado por um filho de cadela. Bo sabia que merecia isso. Depois de foder com qualquer homem ou mulher que caminhasse possivelmente amar Rance fosse uma forma de carma.

Ainda estava ponderando seu carma e sua má atitude Quando Shep mostrou a cabeça fora da porta. “Pensei ouvir alguém aqui fora antes.”

Bo sorriu. “Muito correto, eu imagine que deveria estar... ocupado e decidi ficar cômodo.”

Shep se sentou em uma cadeira frente à cadeira de balanço. “Como se sente?”

“Melhor, muito aborrecido. O doutor diz que não posso fazer nada estressante por outras quatro semanas, mas eu esperava poder falar com você e que me deixasse fazer algum trabalho no computador.”

Shep o olhou como se estivesse louco. “Disse a Rance que te pagasse cada semana, e lhe dei instruções especifica…”.

“Sim, fez isso.” Bo interrompeu Shep antes de metesse Rance em problemas. “Apenas me cansei de ficar sentado.”

“Tire umas férias. Juro que não estou me desfazendo de você, mas não temos suficiente trabalho não físico para te manter ocupado e te conheço, quando necessitar um trabalho tentará de fazê-lo. Minha companhia de seguro se zangará muito se lhe encontrarem.”

Bo passou suas mãos através de seu escuro cabelo castanho até os ombros. “Talvez faça uma viagem a Sunrise Gardens e conseguir os malditos papéis do divórcio de minha ex-esposa.”

“Viu? Perfeito. Tenha uma linda viagem e retorne quando estiver preparado para trabalhar.”

A porta se abriu e Jeremy saiu com os pés e o torso nu. “Oh, Hey, Bo.”

“Hey.” respondeu-lhe, tentando não olhar a magra musculatura do peito que mostrava.

“Só passando o momento fora?” Jeremy perguntou, sentando-se no colo de Shep.

“Queria sair da caixa de bolachas que Lark e Kade alugaram. Ouviram algo a respeito de que Ben Zook se mudar ao sul?”

“Não, mas não é de se surpreender. Viver na base da montanha para eles é realmente uma tolice no inverno. Imagino que é muito para dois velhos homens seguir com isso.”

Bo assentiu. “Lark disse que Kade iria ver o lugar. Disse que eles se mudam ao sul por causa de problemas de asma.”

Shep assentiu. “Sim, parece que são eles. Sinto não ver mais o velho Ben quando deixar a cidade, mas ao menos são boas notícias para seus amigos.”

“Kade apenas fala da cabana de seus sonhos que Lark prometeu lhe construir. Suponho que se ao menos já têm a terra eles podem viver em uma loja, enquanto Kade constrói”.

“Se assegure de que fale com Hal.”

“OH, eles já falaram. Kade esta ansioso por começar o projeto.”

“Ainda não conheço muito bem Kade, mas Lark foi um maldito bom trabalhador, enquanto você esteve de cama.”

Por alguma razão, Bo se sentiu completamente orgulhoso. “Lark é um diabo de agricultor. Ele me ensinou tudo o que sei, esteve nisto desde que tinha a idade suficiente para caminhar.” Pelo canto do olho, Bo viu Rance entrar no estábulo. Deve não ter demonstrado tão indiferente como esperava.

“Ainda não progride?” Shep perguntou.

“Huh?”

Shep inclinou a cabeça para o estábulo. “Imaginei que com o acidente e tudo, vocês dois pudessem finalmente chegar a bons términos com suas coisas.”

Bo grunhiu e negou com a cabeça. “Não imagina o que aconteceu. Eu o beije faz alguns instantes e pela primeira vez parecia que tudo ia bem. E fato ele foi muito receptivo até que eu supus que quisesse ir um pouco mais longe. Então isso foi como se descarregasse um balde de água fria.” Bo suspirou. “Não sei mais o que fazer.”

O telefone tocou no interior da casa, e Shep deu um brincalhão golpe no traseiro de Jeremy. “Deixe ir, amor. Estou esperando um telefonema dos cowboys do rodeio profissional.”

Jeremy ficou de pé e Shep correu a atender ao telefone. Depois de olhar um momento para o estábulo, Jeremy se dirigiu à porta. “Não sei exatamente que aconteceu a Rance em Boston, apenas que foi o suficiente para trazê-lo aqui.”

Bo assentiu, quando Jeremy abriu a porta.

“Procurar na Internet pode ser um bom lugar para encontrar respostas.” Jeremy murmurou antes de fechar a porta.

 

 

                                           Capítulo Três

 

Bo estava sentado no sofá vendo o jogo de beisebol. Kade estava enrolado na poltrona com Lark, que tinha o nariz enterrado na novela TA Chase[5]. O suor na frente de Lark dizia a Bo que deveria ser muito boa.

Tinha estado dando voltas toda a tarde a esse assunto. Por muito que quisesse conhecer o problema de Rance, sentia que se seria uma invasão a sua privacidade. “Posso lhes fazer uma pergunta?”

Nenhum dos homens pareceu tê-lo ouvido. “Oláááá.”

Lark finalmente levantou a vista de sua leitura, “O que?”

“Queria pedir a opinião de vocês sobre algo.”

Lark deu uma cotovelada em Kade, até que afastou a vista da televisão. “Bo precisa nos perguntar algo” Lark disse.

Quando teve a atenção de ambos, ele repentinamente não sabia por onde começar. “Uh… Se eu quero saber algo de alguém, seria errado que eu procurasse na internet?”

“Sim.” Lark rapidamente disse.

“Não.” Kade respondeu ao mesmo tempo.

Os dois homens se olharam. Lark entrecerrou os olhos. “Não posso acreditar que diga isso.”

“Por quê? Se está na internet, é que a informação é livre. Que mal tem vê-la?” Kade defendeu-se.

“Porque, nós sabemos que ele está falando de Rance. E se algo lhe aconteceu, é o suficiente ruim para deixá-lo pra trás. Tenho certeza que se Rance quisesse que Bo conhecesse seu passado, ele o diria.”

“Mas o não o faz.” Kade elevou a voz.

Bo tinha passado suficiente tempo com esses dois homens para saber como terminavam as discussões. Primeiro começavam os gritos e logo fodiam, nenhuma das duas coisas queria presenciar.

“Possivelmente tenha razão para fazê-lo.” Lark afirmou com suas mãos em seus quadris.

Embora os dois homens parecessem estar se atacando, Bo viu que a frente das calças de algodão de Lark parecia mais que nunca uma barraca de campanha. OH, menino.

Ficou de pé apontou para a porta. “Vou pegar algumas coisas e vou passar a noite no rancho. Darei a vocês um tempo a sós.”

Duvido que qualquer um dos dois homens tivesse ouvido, eles continuavam discutindo. Bo rapidamente colocou uma muda de roupa em uma bolsa, pegou as chaves de Lark e saiu. “Terá que dizer a Kade que te leve ao rancho pela manhã, sinto muito.”

Deixando sua bolsa no assento do passageiro, ele se dirigiu ao rancho. Se cada simples pergunta ia causar essa forte reação e que esse casal de pássaros do amor, arrancassem-se as penas, ele já tinha sua resposta. Não. Apesar da tentação de conhecer a vida pessoal de Rance. Não procuraria na internet, mas isso não significava que não ia tentar encontrar algumas respostas diretamente do homem.

Chegou ao rancho e estacionou ao lado da caminhonete de Rance. Notou que havia luz na cabana do capataz, decidiu que não havia melhor momento que o presente. Poderia ter um inimigo depois do que ia dizer e fazer, mas ao menos seria capaz de mover-se.

Subindo os degraus do alpendre bateu a porta. Esperou um momento, pensou que Rance lhe falava. Abriu a porta, e deu um passo dentro. “Rance”

“Aqui atrás.”

Bo seguiu a voz até o quarto. Coberto com um cobertor, Rance estava deitado na cama com uma garrafa de uísque em uma mão e na outra uma bolsa de gelo sobre suas bolas.

“Que aconteceu?” Bo perguntou.

Rance o viu e grunhiu. “Se afaste.”

“Machucou-se?” Bo perguntou, sentando-se na beira da cama.

“Droga, disse que se afastasse.” Rance disse pouco claro, obviamente bêbado.

Pegando a garrafa quase vazia de uísque da mão de Rance, Bo a colocou na mesa. Apontou para o pacote de gelo. “Chutaram-lhe?”

“Não.” Rance respondeu, colocando seu braço sobre seus olhos. “Retorne com seus amigos, Bo.”

A ordem lhe doeu. “Divertido, pensei que você fosse meu amigo.”

“Bom, pensou errado. Agora devolva meu uísque, e me deixe apenas com um demônio.” Rance balbuciou.

Bo estudou Rance por um momento. Esse era o resultado de um simples beijo? “Que merda aconteceu para fazer de você um frio bastardo?” ele perguntou gritando.

Rance tirou o chapéu dos olhos e olhou Bo. “Você chegou à cidade.”

“Que significa isso? Tudo o que eu quero de você é amor e afeto. A mesma maldita coisa que todo mundo quer. Você quer também, vejo isso em seus olhos cada vez que me vê, então porque todo esse drama?”

O tom de voz de Rance se voltou sarcástico. “Não necessito essas coisas e não necessito você. Vai e encontra a alguém a quem foder.”

Bo ficou de pé e devolveu a garrafa de uísque a Rance. “Sim, possivelmente esteja certo. Possivelmente desperdicei meu tempo me apaixonando por você. Eu apenas pensei... droga. Esquece.”

Bo saiu do quarto de Rance sem voltar atrás. Pegou sua bolsa do carro e se dirigiu ao barracão. Steve, Buddy e Jim estavam vendo o mesmo jogo de beisebol que estava vendo Kade.

“Quem está ganhando?” perguntou, acomodando-se na poltrona.

“Os Mariners.” Steve respondeu. Notando a bolsa que ele tinha deixado na porta, Steve a apontou. “Isso significa que retorna?”

“Acho que sim. Preciso ir ao Canadá resolver uns assuntos pessoais, mas ao que tudo indica meninos que não terão mais remédio que me agüentar de novo.”

Buddy estirou uma de suas pernas e roço a coxa de Bo. “É bom que você retorne, homem.”

“Obrigado.”

 

Bo entrou em estacionamento do Sunrise Gardens e desligou o motor. Esperava estar fazendo o certo. Visitantes sem avisar geralmente não eram recebidos, mas Bo esperava que os anos trabalhados na granja facilitassem as coisas para ele.

Saindo do carro alugado, pegou sua mala e caminhou para o posto do guarda.

“Bom estou vendo um sapo de duas cabeças. Bo Lawson, que te traz aqui?” Randy perguntou, aplaudindo as costas de Bo.

“Devo ver a todo mundo e recolher os papéis de divórcio com Jan.”

Randy empalideceu. “Uh, Jan sabe que você vinha?”

Que merda é essa? “Não, Jan não sabe que venho. Por quê? Algum problema?”

Bo podia dizer de como se comportava seu velho amigo, que verdadeiramente havia um problema. A decisão de ver sua ex-esposa se fortaleceu.

“Não tenho certeza. Tenho que falar com Jim.”

Randy desapareceu dentro do pequeno barracão e levantou o telefone. O fato de que Randy chamasse Jim não era extraordinário. Como um dos proprietários de Sunrise Gardens, nada acontecia sem que informasse Jim. Conteve a respiração esperando que Randy terminasse o telefonema.

“Jim virá em um minuto.” Randy lhe disse.

“Obrigado.”

Em lugar de abrir os grandes portões, abriu a porta para pedestres e permitiu Bo passar. Bo notou que Randy tinha cortado a pequena comunicação entre eles. Não tinha certeza do que tinha falado com Jim, mas parecia que Randy apenas seguia ordens do chefe.

Bo pegou sua mala do chão e esperou. Em menos de dez minutos enxergou o carrinho de golfe chegar pelo caminho. Jim chegou ao lado de Bo e desceu do carrinho. E como de costume envolveu Bo em um amoroso abraço.

“Como está?” Jim perguntou, dando um passo atrás para olhar Bo de acima abaixo.

Bo sabia que Lark tinha informado a seus pais seu acidente na granja. Descansou sua mão sobre a ferida em cicatrização e assentiu. “Muito melhor. Eu retornarei ao trabalho em algumas semanas.”

“Bom me alegra ouvir isso.” Jim puxou Bo a seus braços de novo e o beijou.

Esse não foi um beijo de amizade, não, esse foi um beijo de um ex-amante. Droga, Bo tinha sido amante da maioria dos homens e mulheres que viviam em Sunrise Gardens. Aceitou com naturalidade a brincalhona língua de Jim. Bo sentiu que começava a endurecer-se.

Jim obviamente notou também. Retirando-se passou a mão pela frente dos jeans de Bo. “Foi faz tempo.”

“Assim é.” Bo adicionou.

Uma parte dele queria inclinar Jim sobre o carrinho de golfe e fodê-lo até que saísse seu cérebro. Sabia por experiência própria que Jim lhe daria a bem-vinda a sua entrada, mas Bo necessitava primeiro de respostas.

Olhando os olhos de Jim, lhe fez a pergunta pelo que tinha ido. “Que acontece com a Jan?”

Jim o olhou não só surpreso ante a pergunta, mas também incomodado. “Levarei-te a casa e conversaremos. Nós não podemos fazer isso aqui.”

Dando-lhe a seu velho amigo a cortesia que merecia, Bo assentiu colocou sua mala na parte detrás de carrinho de golfe.

Enquanto eles percorriam o caminho pela pequena cidade que Jim e sua esposa Lynda tinham estabelecido, Bo inalou. Podia cheirar o sol no ar. Depois de anos de cultivar produtos orgânicos na granja, Bo sabia que a maioria dos campos já estavam semeados.

Embora Jim e Linda tivessem estabelecido uma das granjas mais próspera, eles definitivamente tinham agregado benefícios. Agora eles eram residentes da própria comunidade de amor livre, eles podiam viver sua vida conforme sua escolha, enquanto faziam suficiente dinheiro para fazer sua vida confortável.

Enquanto viajava pela cidade, Bo cumprimentou vários amigos antigos. A monogamia. Não era uma palavra de uso comum em Sunrise Gardens. Aqui, sexo era sexo, e todo mundo desfrutava do prazenteiro passatempo com quem eles tivessem escolhido, sem importar seu estado civil.

Em vez de dirigir-se à casa, Jim chegou em frente ao micro-bar. “Tomamos uma primeira cerveja?”

Bo assentiu. “Sim, sinto que vou necessitar.”

Entrar no bar era como retornar a sua velha vida. Passou várias tardes manuseando a um incidental amante nesse mesmo quarto.

Sacudindo a cabeça, Bo riu sozinho. Unicamente tinha passado na cidade cinco minutos e o sexo já estava à frente em sua cabeça. Embora tivesse passado quase um ano sem foder ou ser fodido, Bo não sentia saudades desse lugar. Quis algo mais que uma ração diária de sexo, essa foi a razão principal por que deixou a comunidade, até seu matrimônio com Jan não tinha sido por amor verdadeiro, o que Lark e Kade tinham foi o que o convenceu a mudar-se para Cattle Valley.

“Está bem?” Jim perguntou, lhe entregando uma cerveja.

“Sim, apenas há muitas lembranças neste lugar.”

“Algumas boas, espero.” Jim lhe piscou um olho.

“Depende do que defina como bom.”

Jim, Lynda e seu terceiro parceiro, Neil eram a exceção a regra em Sunrise Gardens. Embora eles desfrutassem do sexo com outros, eles realmente se amavam entre si. Isso era o que queria Bo. Queria fazer amor com seu par, não só foder com ele.

“O que está passando nessa tua cabeça?” Jim perguntou cobrindo sua mão com a sua.

Girando a mão, Bo entrelaçou os dedos com os de Jim. “Carma, suponho. Aqui eu tinha todo o sexo que um homem pode desejar, mas nada do amor verdadeiro que desejo. Agora tenho o amor que desejo, mas nada de sexo.”

Jim apertou a mão de Bo. “Sim, isso é um carma muito ruim. Lark me falou a respeito de Rance. Sinto ouvir que ainda não se acertaram.”

Bo deveria saber que Lark soltaria a informação a seus pais. “Possivelmente eu quero muito. Quero dizer, eu não estou exatamente apanhado fora do século. Possivelmente sexo é tudo o que estou destinado a fazer.”

“Tolices. Não acredito isso, nem ninguém que te conheça.”

Bo se inclinou e introduziu sua língua na boca do Jim. Sabia, que se chupasse a língua do Jim, isso lhe daria mais comodidade, mas com isso apenas estaria tentado afastar os sentimentos de solidão.

Jim pegou o comprido cabelo de Bo em suas mãos e se sentou escarranchado sobre Bo, sem romper o beijo. Era fácil sentir a paixão de Jim crescer contra o abdômen de Bo. Bo quase jogou as preocupações ao vento e deixou que o homem em seu colo fizesse exatamente o que ele queria, só que tinha ido a Sunrise Gardens com um grande propósito.

Quebrando o beijo, colocou suas mãos nos quadris de Jim que ainda se moviam. “Nós precisamos conversar.”

Ao ver a expressão na cara de Jim, Bo se deu conta que o homem tentava lhe distrair. “O que te assusta tanto que você me foda aqui em um lugar publico?”

Jim lentamente retornou a sua cadeira. Depois de uns goles a sua cerveja, olhou fixamente aos olhos de Bo. “Jan está morrendo.”

Bo não sabia o que esperava ouvir, mas definitivamente não era isso. Sentiu-se momentaneamente paralisado com a notícia. Jan sempre foi uma moça saudável quando ele a conheceu, ou ao menos era o que ele pensava. Recordou os telefonemas que eles tinham compartilhado desde que se mudou a Cattle Valley. Estavam ocultando alguma coisa, inclusive, pela maneira que o tinha deixado. Um pensamento cruzou sua mente e lhe causou dor no estomago “Eu deixei ela doente... é isso?”

“Não!” Jim rapidamente disse. Terminando sua cerveja de um gole, apontou pedindo outra. “Não sei como começar a te dizer isto…”

“Diga-me e pronto”.

“Ela teve um bebê faz seis meses… um menino.”

O que? Isso significava que estava grávida quando Bo a deixou. “É meu?”

Jim negou com a cabeça. “Não, mas o parto piorou seu problema cardíaco. Ela está no hospital da Regina.”

“Desculpe-me.” Bo disse, levantou-se da mesa e se dirigiu ao banheiro.

Abrindo a torneira do lavabo, molhou o rosto. Olhando-se fixamente pelo espelho tentou compreender o que tinha acontecido. Perguntava-se por que Jan não havia lhe dito nada sobre o bebê. Ela sabia que o bebê poderia matá-la?

Uma das razões pelas que Bo concordou em casar-se com Jan era porque ela tinha perfeitamente claro que não queria meninos. Com sua condição de HIV, gerar um filho não era uma opção com que poderia viver, então estava claro que eles teriam o matrimônio ideal.

Apoiou sua cabeça sobre seus braços cruzados no lavabo e permitiu que as lágrimas saíssem. Se a criança fosse dele ou não, não importava, ele não poderia nunca tê-la deixado se soubesse. Possivelmente por isso ela não havia dito nada? Ela estava com o pai do bebê depois que ele a deixou?

A porta se abriu e Jim entrou no pequeno banheiro. “Está bem?”

“Porque ninguém me disse nada?”

“Jan nos pediu que não contássemos”

“Por quê?”

Jim cruzou seus braços e se apoiou contra o lavabo ao lado de Bo. “Não tenho certeza, mas tenho minhas teorias.”

“E quais são?”

“Você ainda seria tecnicamente seu marido. Quando ela morrer, você terá a custódia de Joey e seu seguro de vida também. Possivelmente ela estava tentando fazer as coisas mais fáceis para você”

Bo explodiu. “Fáceis? O que? Quer que eu pegue o telefone e diga. Minha esposa morreu, e OH, por certo, tenho um menino para cuidar?”

Jim pôs suas mãos nos ombros de Bo. “Esta é uma feia situação, mas o mais importante é o menino. Ele te necessita.”

Bo riu. “Sim, certo. Eu nunca fui necessário em minha vida. Não sei se poderia lidar com isso.”

Sacudindo sua cabeça. Olhou implorante para Jim. “Há alguém mais? Quem é o pai biológico?”

“Ele não figura na fotografia, nunca esteve. Algum tipo que ela conheceu quando foi a Winnepeg ao concerto.”

Bo recordou. Ele a viu ir-se com suas amigas com um sorriso em seu rosto, feliz de sair de Sunrise Gardens por uns dias. Merda. “Tem alguém aqui na cidade? Com certeza alguém se apegou ao menino.”

“Claro, Lynda está completamente apaixonada pelo pequeno menino, mas penso que precisa pensá-lo bem. Você ainda está em choque. Se dê algum tempo para se acostumar à idéia.”

Pegando a mão de Bo, Jim o guiou fora do pequeno banheiro. “Você gostaria de conhecê-lo?”

Bo secou as lágrimas das bochechas. Se atreveria? Pensou em sua vida em Cattle Valley. Não tinha nem casa própria. Supunha que o seguro de vida poderia lhe ajudar com isso, apenas que ele não estava preparado para criar um menino. E se ficasse doente?

“Vamos. Não pense muito agora. Conheça Joey e decide depois isso.”

Bo assentiu e permitiu que Jim que o guiasse fora do bar.

O caminho para a casa de Jim foi o mais longo de toda sua vida. Quanto tempo tinha passado desde que tivesse carregado um bebê? Porra. Nunca! Praticamente tinha crescido nas ruas de St. Louis cada vez que sua puta mãe levava um de seus muitos homens a casa.

Bo afastou seus pensamentos de sua mãe, tinha aprendido há muito tempo a não questionar o amor de sua mãe por ele, mas ainda lhe deprimia.

Jim chegou à frente da casa. “Está preparado para isto?”

“Não, não tenho certeza se algum dia estive.”

Bo subiu os degraus e seguiu Jim dentro da casa. Foi envolvido imediatamente em um abraço de urso. Neil, o terceiro membro do trio de Jim e Lynda lhe dava o acostumado beijo de bem-vinda. Bo retornou o beijo diplomaticamente. Mas não tomou nenhuma vantagem. Retirando-se, olhou ao redor da sala, esperando... que?

Uma confortável mão tocou suas costas. “Vou dizer a Lynda que está aqui.”

Bo assentiu e viu Jim sair da sala. Girou-se para Neil. “Como se sente tendo um bebê em casa?”

Neil sorriu. “Eu realmente estou me divertindo. Eu não estive perto quando Meadowlark cresceu e tudo isto é novo para mim.”

Bo sentou-se no sofá. “Não sei como cuidar de um bebê.”

“Ninguém realmente sabe, até que esteja na situação. Muito de tudo é intuição e muita paciência. Mas a recompensa é indescritível.”

Sim, Bo dizia que o ex-coronel tinha um tolo sorriso, estaria dizendo a verdade. Possivelmente Neil tivesse razão. Ouviu passos pelo corredor e ficou de pé e se girou para ver Lynda que carregava ao pequeno menino em seus braços.

Congelado em seu lugar, Bo não podia manter sua respiração quando ela aproximou o pequeno Joey.

“Quer carregá-lo?” ela perguntou.

Bo olhou o menino adormecido. “Não é muito pequeno?”

Lynda sorriu e passou seu dedo pela bochecha de Joey. “Um pouco possivelmente, mas não muito.”

Ela olhava com doçura ao menino. “Ele é são, Bo.”

Bo sentiu um pouco de tensão deslizar-se de seus ombros. Finalmente voltou a sentar-se no sofá e estendeu seus braços. Lynda sorriu e cuidadosamente passou o bebê. Joey tinha longos cílios que se moviam enquanto voltava a dormir. Apesar da cor do cabelo, era fácil ver que Bo não era seu pai. A cor bronzeada escuro da pele era um claro sinal.

Agora que tinha Joey em seus braços, Bo não podia deixar de olhá-lo. Era perfeito. Sorriu ao ver que Joey parecia estar sonhando, movia esses grossos lábios vermelhos como se estivesse chupando uma mamadeira.

Seus olhos começaram a arder com as lágrimas. Não merecia algo tão inocente e limpo sacudindo sua cabeça tentou devolver Joey para Lynda. “Não posso.”

“Sim pode. Nós vamos comer. Se encarregue de Joey até que retornemos.”

Antes que Bo pudesse protestar, Lynda, Neil e Jim saíram pela porta da frente. Tinham-no deixado sozinho carregando a um menino que não sabia cuidar. Vendo que não tinha escolha, Bo se acomodou na poltrona e apoiou seu braço nas almofadas. “Parece que seremos apenas você e eu por uma hora mais ou menos.”

Vinte minutos depois de que o trio o deixasse, Joey despertou. Começou a grunhir e mover seus olhos. Bo ficou tenso, não sabia que esperar. Esses grandes olhos negros abertos olhando-o fixamente.

Os dois pareciam estudar-se um ao outro durante aproximadamente cinco minutos, antes que Joey começasse a chorar. Bo moveu Joey para seu ombro e tentou de arrulhar ao menino, mas não funcionou. Merda. Comida, possivelmente esteja faminto.

Bo não tinha nem idéia onde procurar a mamadeira. Ficou de pé segurando Joey contra seu peito e se dirigiu à cozinha. Facilmente encontrou as mamadeiras e a formula, mas a grande pergunta era como prepará-la, enquanto sustentava a um inquieto bebe chorando em seus braços?

Sabia que deixar Joey na mesa ou no balcão era uma opção, pegou duas toalhas e cuidadosamente deitou Joey encima delas.

Lendo as instruções da lata rapidamente ficou a trabalhar em prepará-la. “Estou tentando, Joey. Dê uma pausa a seu velho.”

Deteve a meia sacudida da mamadeira, dando-se conta do que acabava de dizer. Bom, droga.

Bo terminou de preparar a mamadeira e levou Joey à cadeira de balanço no alpendre. Não pôde evitar rir pela maneira que o menino atacava a mamadeira. “Droga, acho que estava com fome.”

Repreendendo-se por amaldiçoar frente a um menino, ele fez nota mental de cuidar de sua linguagem. Enquanto observava Joey esvaziar a mamadeira, pensou em Jan. Sabia que ele precisava ter vindo vê-la, mas as coisas do trabalho e ele mesmo estiveram em primeiro lugar. Não tivesse sido bom para a condição de Jan se ele chegasse zangado.

Uma lista. Precisava fazer uma lista de todas as coisas que precisava fazer se fosse levar Joey a Cattle Valley com ele. Claro, tinha que encontrar onde viver teria que arrumar um quarto, e uma grande quantidade de coisas mais. Uma coisa era certa, ele não levaria Joey enquanto sua mãe vivesse. E se ela quisesse ver o formoso rosto de seu filho uma vez mais, antes de dar o ultimo suspiro?

Joey terminou sua mamadeira, e Bo o levantou sobre seu ombro como via as mamães da televisão fazerem. Começou a bater com sua mão as costas do menino, até que ouviu que arrotou e esse som que o fez vomitar uma grande quantidade. Genial.

 

Rance viu Lark dirigir-se para seu hibrido, correndo para alcançá-lo, perguntou. “Soube alguma coisa de Bo?”

Lark se girou, secando o suor de sua testa com a barra de sua camiseta. “Sim, retorna a casa na próxima semana. Por quê?”

Rance chutou a terra sob suas botas. “Apenas perguntava.”

Lark apoiou seus quadris contra seu veículo. “Posso te perguntar algo?”

Rance estava assustado do que poderia ser. “Possivelmente.”

Dando vários passos ficou frente à cara de Rance. “Você sente algo por ele?”

Embora esperasse a pergunta, ele ainda não estava preparado. “Ele é um bom tipo, suponho. Bom trabalhador.”

“Isso não é o que perguntei e sabe.”

Olhando a cara ao melhor amigo de Bo, sabia que precisava tentar explicar que ele não podia ter Bo. “Não importa o que sinto ou não por ele. Eu não posso deixar que vá mais adiante, é melhor para ele buscar outro.”

Lark assentiu. “Normalmente estaria de acordo, apenas que por alguma razão, ele se apaixonou por você pela primeira vez em sua vida. Com tudo o que está tentando dirigir agora, ele necessita você.”

Rance decidiu mudar a direção do comentário do amor. “Pensei que já estava melhor?”

“Ele está.” Lark suspirou e baixou o olhar. “Possivelmente me mate se souber que te disse isto, mas sua esposa morreu ontem de um ataque cardíaco.”

Rance cuspiu sentindo que lhe tinham dado um golpe no estomago. “Ele estava casado? É uma fodida brincadeira?” OH, Deus ele estava preocupado em vomitar. “Esse filho de cadela.” ele ladrou. Rance se dirigiu a sua casa com Lark atrás dele.

“Espera. Isso não é o que você pensa. Ele tinha enviado os papéis do divórcio a Jan faz um ano.” Lark tentava explicar.

“Guarde isso para você, menino. Já me disse tudo o que precisava saber.” Subiu os degraus da dois em dois e fechou a porta ante a cara do ainda protestando Lark.

 

“Tem certeza que não se incomoda em cuidar de Joey até que eu consiga uma casa?” Bo perguntava com Joey em seus braços.

Depois do encontro inicial. Bo tinha aprendido muito do cuidado do pequeno menino. Tinha ajudado que Lynda e Joey tivessem sido pacientes com ele. Olhou seu pequeno filho e sorriu. “É o menino do papai?”

Já não importava que Bo não fosse seu pai biológico o doce bebê tinha entrado profundamente em seu coração. Pela primeira vez em sua vida amava alguém que parecia que o amava. Sabia que se sentiria morrer, retornar a Cattle Valley sem ele, mas era momento de retornar ao trabalho.

“Papai retornará logo, sabe isso.” Com um último beijo, Bo entregou Joey a Lynda. “Não posso lhes agradecer suficiente tudo o que têm feito por nós.”

Lynda beijou Bo na bochecha. “É um prazer. E sabe que são bem-vindos quando quiser.”

Deu-lhe um rápido beijo e se despediu de Jim e Neil, antes de passar sua mão pelo negro cabelo de Joey. “Sentirei saudades.” Subindo ao carro alugado, olhou seu filho pelo espelho retrovisor até que se perdeu na distância. Girando seus olhos no caminho, Bo se concentrou em tudo o que precisava fazer para a casa de seu filho.

Falar com Shep seria o primeiro em sua lista. Duvidava que seu chefe se incomodasse que vivesse fora do rancho, mas era mais que isso. Precisava assegurar-se que Shep entendesse quando ocasionalmente tivesse que deixar o trabalho para levar Joey ao médico ou ao que necessitasse. Seus planos era manter Joey perto o máximo possível durante o dia. As mulheres de Sunrise Gardens sempre semeavam com seus bebês em suas costas. Bo não via a razão que não pudesse fazer o mesmo. Nunca trabalhava com ganho, e à exceção do incidente com ‘Zero’ que quebrou o curral, duvidava que Joey estivesse em perigo. Por dias se preocupou, falar com Rance, mas ao olhar os grandes olhos escuros de Joey ele se deu conta que ele não perderia tempo, nem energia amando alguém que não queria ser amado. Nunca poderia deixar seus sentimentos por Rance, apenas que ele não poderia deixar que se detivesse, tinha que seguir sua vida.

Pegou a fotografia de Joey do bolso de sua camisa e a beijou. “Companheiro, parece que seremos apenas você e eu.”

 

 

                                     Capítulo Quatro

 

Foi no segundo dia depois que chegou, que Bo se armou de coragem para falar com Shep. Batendo na porta principal, sentou-se em sua usual cadeira de balanço no alpendre, e esperou que Shep viesse.

Sentia-se com vontade de colocar suas mãos na terra de novo. Odiava tirar Lark de seu trabalho, mas sabia que o menino tinha coisas melhores para fazer.

Shep saiu com Jeremy em seus braços. “Já era tempo de te ver por aqui”

“Sinto muito. Cheguei um pouco tarde e estava desejando começar amanhã.”

“Lark nos disse a respeito de sua esposa, sinto muito.”

Bo assentiu. Ainda era difícil de recordar que Jan se fora, mas tinha a sensação que ela estava em um lugar melhor. “Obrigado. O final foi muito doloroso para ela. Lark, não lhes disse tudo o que aconteceu?”

Shep olhou para Jeremy, e ambos negaram com a cabeça. “Não.” Shep respondeu.

“Jan teve um bebê faz sete meses. Ela me deixou para criá-lo. E antes que perguntem, não, ele não é meu filho de sangue, mas isso não faz diferença para mim. Amo Joey como se fosse meu.”

Shep abriu amplamente os olhos e Jeremy ficou de boca aberta. “Droga. Nós teremos uma pequena mascote correndo por todo o rancho.”

Jeremy deu uma cotovelada em Shep. “Ele é um bebe, não um cachorrinho.”

Shep parecia insultado. “Eu sei disso.” Sorriu a Bo. “Fico feliz por você. Inclusive estou feliz por mim. Eu sempre quis um sobrinho para poder mimar.”

Bo não podia acreditar como seu chefe levava tudo bem. “Quero que saibam que estou procurando uma casa para dois na cidade. Espero que esteja tudo bem.”

“Não. Isso certamente não está bem. Que tem de mau o barracão? Agora que Jeremy não está compartilhando o quarto, há espaço para um berço.”

Bo se arranhou a cabeça. “Não tenho certeza se os outros vaqueiros ficaram contentes com Joey ali.”

“Bom, porque não vai e pergunta, antes de correr e comprar uma casa? Isso deve funcionar pelo menos por dois anos.”

Nunca tinha duvidado da bondade das pessoas em Cattle Valley. Bo queria dizer a Shep e Jeremy tudo sobre o bebê, inclusive lhes mostrou as fotografias. No final de sua visita reconheceu que Jeremy estava tão emocionado com a idéia de ter um bebê ao redor, como Shep.

“É terça-feira, Que opina de ir à cidade para a noite do taco?”

Bo esfregou seu estomago, tinham passado dois meses desde que se sentou e comeu gordurentos tacos com seus amigos. “Eu adoraria. Sunrise Garden é genial com todos esses produtos frescos que produz, mas sinta falta da comida gordurosa, apenas vou em casa me lavar, me dê no máximo dez minutos.”

Shep assentiu. “Nós esperaremos aqui.”

Bo correu para o barracão. Entrando pela porta quase se choca com Rance. “Sinto muito.” disse e seguiu adiante.

Tirando-a roupa entrou na água quente da ducha, e rapidamente se banhou. Era a primeira vez que se lembrava que ao ver Rance não lhe causasse uma ereção. Bo pensou que fosse um pequeno progresso.

Terminou de banhar-se e vestiu-se com uns cômodos shorts e uma camiseta branca, em oito minutos. Depois de calçar suas sandálias de dedo se escovou o cabelo e saiu.

“Estou pronto.” disse chegando aos degraus do alpendre, e notou que Shep e Jeremy estavam acontecendo uma tarde ‘compartilhada’. Droga imaginou que não havia necessidade de apurar-se depois de tudo. Uma coisa que os vaqueiros do rancho tinham aprendido, malditamente rápido era a não incomodar o chefe, quando estava desfrutando um pouco de açúcar.

Resignado sentou-se no degrau debaixo. Surpreendeu-se ao ver a grande caminhonete de Rance frente a ele.

“Necessita uma carona? Parece que eles vão demorar um pouco.”

Bo não teve nem que olhar sobre seu ombro. O som dos beijos e os gemidos eram suficientes para que soubesse que Rance tinha razão, Bo subiu à caminhonete. “Obrigado por isso.”

Enquanto eles se dirigiam à cidade as únicas palavras que Rance lhe disse foram de trabalho. “O feno já deve estar preparado, Não é assim?”

“Sim. Provavelmente comece a cortá-lo e empacotá-lo na próxima semana. Vou necessitar um pouco de ajuda, para transladar os fardos. O doutor permitiu-me retornar ao trabalho, enquanto não levante nada mais pesado de quinze quilos até que ele me autorize.”

“Não há problema.”

Eles percorreram o resto do caminho em silêncio Bo finalmente ligou o rádio. Não podia evitar perguntar-se se as coisas entre ele e Rance sempre estariam tensas.

Uma das coisas que era certo é que ele precisava falar com Rance a respeito de Joey. Bo decidiu esperar até que lhe desse carona de volta a casa para conversar. Não tinha sentido arruinar o jantar de ambos, porque não tinha dúvida de que eles provavelmente brigariam por isso. Que era justamente o que ele e Rance faziam ultimamente.

Bo nem se surpreendeu quando Rance escolheu sentar-se ao final da mesa reservada para os trabalhadores do EZ Does-It’ e Backbreaker. Tinha ouvido que eles comiam juntos há anos.

Pediu uma garrafa de cerveja, deu um sujo olhar a Rance. Foda-se. Quando terminou o primeiro copo, Jax, Logan, Kade e Lark caminhavam da porta. Finalmente, alguém com quem conversar.

Lark cumprimentou Bo com um grande abraço. “Senti saudades.”

“Eu também. Como vai a busca de trabalho?”

Lark riu e girou os olhos. “Eu somente estive livre um dia. Penso que mereço ao menos duas semanas, antes de me converter em um completo adulto.”

Bo se inclinou e desordenou o cabelo loiro. “Reconheço que tem razão.”

Lark virtualmente saltou de sua cadeira. “Então me fale a respeito de Joey. Quero ouvir tudo.”

Bo se recarregou e cruzou os braços, esse era um tema que desfrutava falar. “Ele é formoso. Juro-te que nunca vi alguém mais perfeito. Tem o cabelo negro azeviche e a mais formosa pele bronzeada que vi. OH, e seus olhos são hipnotizantes, seus longos cílios chegam a suas bochechas quando pisca e te digo uma coisa Lark, foi amor à primeira vista quando o tive em meus braços.”

Um alvoroço ao final da mesa captou sua atenção. Rance tinha virado sua cerveja e tinha caído toda sobre Ezra.

“OH, Merda.” Bo riu entre dentes. Derramar cerveja sobre um homem do tamanho da Ezra James era como cutucar um urso com vara curta.

Piscou um olho a Lark. “Se Ezra decide matar a Rance, não terei quem me leve a casa”

 

Depois de muito desculpar-se com Ezra, Rance decidiu que tinha bebido bastante cerveja. Seu olhar foi até Bo, no lado oposto da mesa. O homem estava bebendo como um peixe. Não entendia como cerveja era prejudicial em sua condição?

Diabos, estava muito ocupado, desfalecendo por esse tipo, Joey, de que tinha estado falando antes. Rance não sabia se Bo tinha feito de propósito, mas falava suficientemente alto para que Rance pudesse ouvir cada palavra.

Rance deveria estar feliz de que encontrasse a alguém, enquanto esteve no Canadá, mas Droga, isso provava uma vez mais como era fácil esquecer. Bo era a segunda pessoa que dizia que o amava, apenas para deixá-lo de lado quando algo melhor chegava. Bom. Isso poderia definitivamente fazer minha vida mais fácil. Realmente esteve repensando as coisas enquanto Bo esteve longe.

“Terminou?” Bo perguntou.

Rance levantou a vista mais que surpreso ao ver que a maioria das pessoas já tinha pagado suas contas, e tinham ido. “Sim.”

Colocou algumas notas na mesa, e se dirigiu à caminhonete. Arrependia-se de haver oferecido carona a Bo em primeiro lugar. Como suspeitava Shep e Jeremy realmente não chegaram à terça-feira de taco no O’Brien’S.

 

“Não vomite em minha caminhonete.” Rance grunhiu enquanto fechava o cinto de segurança.

“O que? Porque vomitaria? Eu só tomei três cervejas.”

“Três são muitas conforme me parece.” Rance grunhiu.

“Qual é seu problema, homem?” Bo perguntou.

“Isso não é bom para você, e você sabe. Pensei que era um perito se cuidando.”

Bo estudou o perfil de Rance. Isso soava como se o homem estivesse preocupado. Bo tentou afastar essa idéia, mas lhe perguntaria sobre Joey de caminho a casa.

Uma vez que eles chegaram à propriedade do rancho, Bo se deu conta que ele não tinha falado a Rance sobre Joey. OH bom. Ele não estava de humor de qualquer modo. Possivelmente fizesse isso amanhã. Claro isso queria dizer que tinha que falar com Steve, Buddy e Jim.

Bo saiu da caminhonete e se dirigiu ao barracão. Perguntava-se se seria muito tarde para telefonar para Lynda e lhe perguntar sobre Joey, OH Merda. Recordou que deixou seu celular no trator.

Mudando de direção Bo se dirigiu aos pastos. O trator estava atrás do segundo portão, e tinha que cruzar o curral do touro, mas era tarde e habitualmente o grande animal estava acalmado na noite.

Ouviu passos atrás dele e olhou sobre seu ombro. Rance se aproximava. Que diabos queria?

“Aonde pensa que vai?” Rance perguntou.

Bo não deteve seus grandes passos. Subiu o portão mais próximo e cometeu o engano de saltar. Sentiu uma forte dor em seu ferimento.

“Fiz uma pergunta.”

Bo exalou. Tentando cruzar o curral o mais tranqüilamente possível com Rance interrogando-o. “Deixei meu telefone no trator, vou pegá-lo, se estiver tudo bem para você?”

Quase chegava ao segundo portão quando Rance pôs sua mão no ombro. “É um maldito idiota, sabe isso?”

Bo se encolheu de ombros e retirou a mão, abriu a segunda porta. Depois do anterior salto idiota, ele não planejava fazer outro. Passou através do portão aberto e ia fechá-lo quando outra vez Rance estava ali.

Bo fez seu melhor esforço para estar acalmado, mas Rance persistia. “Que diabos necessita com o maldito telefone para que arrisque seu pescoço caminhando através do curral do touro?”

Girando-se e ficou cara a cara com Rance, Bo o empurrou. “E é seu fodido problema? Por um ano atuou como se eu não fosse suficientemente bom para estar ao seu lado, e agora repentinamente é meu guardião. Merda! Quero o telefone para ver se Joey ainda está acordado. Tudo bem para chefe?”

Rance começou a rir. “OH, eu deveria pensar que um dia afastado de seu novo fodido companheiro e você…”

Isso foi tudo que Rance conseguiu dizer, antes que Bo golpeasse com seu punho a bonita cara de seu chefe. Apanhado com o guarda baixo, Rance caiu na terra. Antes que pudesse levantar-se, Bo estava sobre ele, assinalando com um dedo diretamente à cara de Rance.

“Se você voltar a dizer qualquer coisa parecida de novo a respeito de meu filho, eu lhe mato.”

Rance o olhava surpreso. Esfregava a mandíbula no lugar onde Bo tinha conectado o golpe. “Joey é seu filho? Desde quando tem um filho?”

“Sim, ele é meu filho, quem pensou que era?” Bo estava surpreso que Rance soubesse o nome de Joey.

“Diabos, eu não sei. Eu te ouvi falar no jantar com Lark a respeito de quão formoso era e de como tinha se apaixonado por ele. O que queria que eu pensasse?”

Antes que Bo pudesse se explicar, mais um ruído atrás deles captou sua atenção.

“Porra! Corre!” ele gritou, dirigindo-se ao trator, enquanto ‘Zero Tolerance’ empurrava o portão e saia atrás deles.

Ambos mal conseguiram saltar ao trator antes que o touro de uma tonelada os alcançasse. “Porque não fechou o maldito portão?”

“Pensei que tinha feito isso.” Rance gritou.

Bo passou do pneu traseiro à cabine. Ofereceu sua mão a Rance para que entrasse na cabine. “Melhor entrar, não parece que o velho ‘Zero’ vá logo a algum lugar.”

Depois de vários segundos esperando a resposta, Rance finalmente deixou que Bo lhe ajudasse a entrar na cabine. Zero continuou bufando ao redor do trator. Bo podia dizer que o filho de cadela estava esperando sua oportunidade de apanhá-los.

Bo recuperou seu celular debaixo do assento. “Devemos chamar alguém?”

Rance riu. “Sério? Você sabe como vão nos importunar por isso?”

Embora a cabine fosse maior que o pneu, era muito pequena para duas pessoas ficarem sentadas por horas, teriam que esperar que ‘Zero’ se cansasse do jogo.

“Sente-se eu me sentarei na coberta.”

“Não, você se senta, é você que está ainda se recuperando.”

Bo não queria brigar com Rance sobre quem e aonde, assim sentou-se. “Obrigado.”

Rance subiu escarranchado no volante mantendo suas pernas tão alto como pôde para afastá-las de ‘Zero’. Os dois homens ficaram em silêncio cerca de quinze minutos, antes que Rance limpasse a garganta. “Então me fale a respeito de seu menino.”

“Bom, penso que não há melhor momento que o presente.” Bo explicou a Rance a respeito de Jan sua gravidez e sua enfermidade posterior. Aumentou a uma intensidade poética, quando falou de seu filho e quão preparado era.

“Já lhe fez provas de inteligência?” Rance riu.

“Claro que não, digo-o pela maneira como olha todas as coisas e parece que pensa sobre elas. Não me surpreenderia que começasse a falar qualquer dia.

Rance riu de novo. “Ah, tá! Vai começar a falar com o bebê. É isso?”

“Nunca tinha estado com bebe, e não manterei afastado Joey.”

“Então quando pensa trazê-lo aqui?”

“Logo. Eu preciso falar com os meninos para saber se não ficaram aborrecidos com que o bebê fique no barracão. Eu ofereci me mudar a uma casa na cidade, mas Shep não quer ouvir nada a respeito, pensa que poderá brincar de ‘tio’.”

“Não posso esperar a ver isso.”

Eles estavam tão envoltos na conversa que não notaram que ‘Zero’ se foi. “Merda. Aonde foi?”

“Não sei.” Rance disse. “Mas duvido que tenha retornado ao curral.”

“Que podemos fazer?” Bo perguntou. Tudo o que podia pensar era Shep muito zangado quando descobrisse que o touro número um do rodeio era um DESERTOR.

“Amanhã irei buscá-lo. Pode levar mais de um dia, depende do motivo que encontrou o fodido.”

Bo grunhiu. “Perfeito. Não há maneira de que Shep não se inteire, agora. É assim?”

“É minha culpa, falarei com Shep e direi que deixei a porta aberta.”

“Não posso deixar que carregue toda a culpa. Iremos juntos logo que amanheça.”

Rance olhou ao redor uma vez mais. “Tenho certeza que está descansando?”

“Melhor que seja isso. Tenho certeza que se esse grande bastardo está em algum lugar da área, ele virá correndo. Ainda não sei por que me odeia tanto.”

Rance riu e desceu ao chão. “Não leve para o lado pessoal. ‘Zero’ odeia todo mundo.”

“Alguns mais que a outros.”

 

Rance não se atreveu a olhar Bo. Shep deu a ambos tal sermão que não esqueceriam tão cedo. Ordenou-lhes que tomassem um trailer e não retornassem sem o touro.

“Ao menos não temos que nos preocupar de que o touro se dirigiu à cidade.” murmurou. Touros tão grandes e pesados como ‘Zero’ tendem a tomar a rota mais fácil a seu destino.

“Se existir isso.” Bo adicionou.

Eles poderiam estar agradecidos de ir de caminhonete e não a cavalo. Montar dias a cavalo, não é tão divertido como parece. Ainda não podia acreditar que deixou o portão aberto. Que coisa tão imatura tinha feito. Se tivesse prestado mais atenção ao bem dos animais em lugar de sua tendência ciumenta, nunca teria cometido esse engano.

Tinha que admitir isso, estava ciumento pela maneira como Bo falava de Joey. A parte realmente estúpida era que apesar de descobrir que Joey era um bebê, ele continuava ciumento. Realmente estava acostumado que Bo sempre estivesse ali, tentando beijá-lo, ou roçando seu traseiro com a mão quando passava ao seu lado, parecia estar vazio sem ele.

Bo deveria ser um grande tipo para aceitar criar um menino de outro homem. Isso era o mais importante de tudo. Agora que sabia a verdade, tinha muitas duvida que inclusive não pensou a respeito de Bo. Tinha ouvido Bo falar muitas vezes sobre sexo na comunidade ou como é que se chamasse aquele lugar, e disso formou uma opinião a respeito desse homem a qual estava provando ser totalmente equivocada.

“Quanto tempo esteve casado?” ele tirou o chapéu perguntando.

“Três anos legalmente. Dois anos juntos.”

“Amava-a?”

Bo se moveu em seu assento e se apoiou contra a porta do passageiro. “Eu cuidava dela. Mas não a amava. E ela pensava o mesmo.”

“Está pode ser uma tola pergunta, mas porque se casou se não a amava?”

Bo não respondeu por um momento. Finalmente, limpou a garganta. “Apenas queria pertencer a alguém.”

A dor ante a simples resposta machucou o coração de Rance. “E sua família?”

Bo se encolheu de ombros. “Meus amigos são minha família. Eu deixei minha casa, isto é, se posso chamar assim, quando tinha treze anos.”

“Droga, foi um menino solitário.”

“Sim.”

“Como sobreviveu?”

Bo acomodando-se e se girou para a janela. “De toda maneira que pude.”

Rance sabia pela maneira em que falava, que Bo tinha comercializado com seu corpo. “É assim como se contagiou com o vírus?”

“Está sendo muito curioso para alguém que não quer falar de seu próprio passado.”

“Certo. Sinto muito, por me intrometer.”

Eles percorreram cada quilômetro tentando cobrir cada centímetro dos pastos antes de encontrar uma rota. “Merda.”

Rance estacionou a caminhonete e foi investigar de perto. Encontrou uma mancha de cabelo negro em uma das pontas do arame. “Ao menos não se matou.”

“Sim, mas aonde foi?”

Rance suspirou. “À área de caça.”

“Merda.”

“Sim.”

 

Depois de passar uma hora ao telefone com Shep e Nate, Rance finalmente pôde levar a caminhonete e o trailer à área de caça. A única condição era que tinham que fazer um exame provisório, depois que Bo passasse o trailer.

Sem ferramentas apropriadas nem luvas protetoras, o perigo de que Bo se cortasse era muito grande para correr esse risco. Rance considerou que a melhor solução era esticar o arame quebrado.

Passaram outros noventa minutos antes que retornasse à caminhonete. “Cruzemos os dedos para que se mantenha até que retornemos ao rancho.”

“Aonde?” Bo perguntou.

Rance olhou para Bo. Sabia que o homem se sentia mal por não poder ajudar com a cerca, mas eles não tinham opção. “Vai para frente a leste. ‘Zero’ não é o mais preparado do curral, assim duvido que tente de nos enganar.”

Bo assentiu, e lentamente levou a caminhonete e o trailer por entre rochas e brechas. “Sim.” Bo disse de repente.

“Huh?”

Bo parou o caminhão e apoiou a cabeça contra o volante.

"Quando eu tinha dezessete anos, um homem, Edward me fez seu menino-brinquedo. Eu viajei ao redor do mundo, vestia roupas cara e contrai o vírus quando fazíamos um cruzeiro pelo Mediterrâneo. Eduard estava de olho em um vinho raro, mas o proprietário só queria trocar isso por uma noite comigo. O sacana sabia que tinha o vírus, quando fizemos o negócio. Edward não queria dormir com ele, então Edward se infectou através de mim”. Rance fechou os olhos e colocou a mão nas costas de Bo. "Sinto muito”.

Bo secou as lágrimas e voltando-se para Rance. "Você sabe, eu fiz um monte de coisas na minha vida e eu conheci um monte de gente interessante. Uma coisa que aprendi é que todo mundo tem uma história, e todo mundo acha que a sua é a pior."

Bo riu. “É por isso que não me detenho na minha. É horrível. Vivi treze anos com o vírus e isso faz que muita gente tenha medo de mim, mas eu não posso mudar isso. Tudo o que eu posso fazer é despertar cada manhã e dar Graças a Deus por outro dia.”

Rance se girou afastando-se da honestidade do olhar de Bo. Sentia-se envergonhado? Afastou-se das pessoas e da intimidade simplesmente porque sentia pena de si mesmo?

Bo continuou conduzindo para leste, Rance tentou enfocar-se na tarefa que tinha adiante. Sabia que tinha que pensar muito sobre isso. Quem poderia pensar que o menino que brincava com todos, pudesse ser o único que fizesse ver a verdade atrás de suas ações?

 

Não era permitido atear fogo na área da reserva, Rance decidiu que seria melhor dormir no trailer, ao menos assim estariam protegidos dos animais.

Enquanto Bo se deslizava sozinho e apenas de cueca dentro do saco, ele não podia tirar o mau humor da conversação de sua mente. Porque tinha revelado sua história a um homem que parecia não se importar com ele? Soube a resposta imediatamente, porque Rance lhe importava. Bo tinha visto os olhos de Rance quando terminou a história. Rance tinha mantido os lábios apertados o resto do dia falando pouco, mas sabia que havia raiva detrás desse silêncio. Perguntava-se se Rance estava pensando em se abrir. Era muito duro para o homem admitir que tivesse cometido um engano. Bo sabia que isso era para qualquer outra pessoa.

“Pode me responder algo?”

“Talvez.” Rance respondeu, precavidamente.

“Há duas histórias sobre você flutuando em Cattle Valley e gostaria de saber qual é a correta. Dizem que você foi profissional do circuito de rodeio, e outra que vem de Boston”.

Ele de propósito fez a pergunta que já conhecia a resposta. Todo mundo na cidade acreditava que Rance era um cowboy de rodeio aposentado, mas muito poucos conheciam a verdadeira história. Bo precisava provar a Rance que podia abrir-se e contar a verdade.

“Nunca participei de um rodeio em minha vida. Eu passava os verões com meu avô em Oklahoma. Não era ruim quando eu era menino, ali aprendi a montar. Quando acabava os verões eu retornava a Boston à luxuosa vida de meus pais.”

Bo sentiu desejos de levantar os braços com a pequena vitória. Girou-se de lado e reajustou o travesseiro inflável sob sua cabeça. “Nunca fui a Oklahoma. Isso é estranho já que cresci no Missouri. Talvez nunca tivesse razão de ir lá.”

Rance girou sua cara e sorriu a Bo. “Não perdeu nada.”

“Então porque foi?”

“Provavelmente pela mesma razão pela que você se casou. Meus pais eram pessoas muito ocupadas com suas importantes carreiras que consumiam seu tempo. Eu ia a Oklahoma onde parecia que alguém se importava comigo.”

Bo embalou um lado do rosto de Rance. Inclinando murmurou contra os lábios de Rance. “Penso que nós dois temos muito em comum.”

Rance fechou a distância e selou seus lábios com os de Bo. O beijo começou suave, com uns brincalhões apertões para aumentar a diversão. Bo gemeu e deslizou sua ‘cama’ mais perto de Rance.

Sentia-se como uma mariposa apanhada em seu casulo. Meio deitado acima de Rance, Bo aprofundou o beijo, provando, e chupando. Beijar Rance era a melhor coisa do mundo enrolado dentro de um pacote. Com seu pênis duro como uma pedra, o corpo de Bo automaticamente começou a esfregar-se contra o de Rance. No início Rance parecia lhe dar a bem-vinda aumentando de atividade sexual, mas como fez anteriormente, com pânico em sua voz lhe ordenava deter-se.

“Pare. Bo, por favor, pare.” gritava empurrando Bo para afastar-se.

Bo se girou sobre suas costas e cobriu os olhos. “Jesus! Você é mais difícil do que eu imaginei.”

Com um audível suspiro, Rance se moveu e colocou sua cabeça sobre o peito de Bo. “Você sabe como disse antes, todo mundo tem uma história. Bom, eu também tenho e penso que finalmente é tempo de compartilhá-la com você.”

 

 

                                        Capítulo Cinco

 

Bo envolveu seus braços ao redor de Rance. Se o homem queria escapar não o faria fácil, tirou apenas as botas e o chapéu antes de meter-se no saco de dormir. Quando tentava pôr Rance mais cômodo para lhe facilitar a contar sua história sua mão sentiu a roupa, essa estava de mais.

“Antes de começar, porque não me faz um favor e tira a camiseta? É melhor aconchegar pele com pele.”

“Ummm, possivelmente deveria ouvir primeiro minha história.”

Bo beijou o topo da cabeça de Rance. “Não há maneira de que algo que me diga em sua história, evite que queira te tirar a camiseta.”

Os músculos de Rance se esticaram sob suas mãos, quanto mais pensava, mais se dava conta que o nunca tinha visto Rance sem sua camiseta. Até nos dias mais quentes do ano, o muito que chegava era a uma camiseta regata.

Rance tirou sua camiseta sobre sua cabeça e a lançou a um lado. Com apenas a luz da lua que entrava no trailer, Bo não podia ver nada fora do normal no peito de Rance. Como esperava de um duro trabalhador, os músculos do peito de Rance, pareciam esculpidos. Mais pálidos em contraste com o rosto, pescoço e braços do vaqueiro, o peito de Rance se via tão perfeito como Bo sabia que seria.

Com uma profunda respiração, Rance passou a mão de Bo por seu sob abdômen, “Sente isto?”.

Os dedos de Bo encontraram uma massa de pequenas cicatrizes duras que cruzavam o abdômen de Rance. “Posso perguntar?”

“Deixe-me te dar a versão do Reader’s Digest[6]”.

“Está bem.” Bo adicionou, puxando Rance para seus braços.

“Eu estava saindo com um tipo, Orem, quando eu trabalhava no departamento de polícia de Boston. Com meu louco horário, não nos víamos muito, mas tentávamos ter tempo para dois encontros na semana”.

“Sempre me pareceu estranho que se recusasse ficar para dormir nas noites, mas suas desculpas sempre eram acreditáveis.”

“OH, merda.” Bo murmurou. Tinha sentido o que ia vir.

“Sim, Oh, merda. Perto de sete meses de relação, uma mulher caminhou para mim quando chegava à estação, levava um impermeável. Estava chovendo assim não me pareceu estranho o comprido abrigo que levava. Ela me perguntou se eu era Rance Benning.”

Bo tragou o nó em sua garganta. Não gostava da direção que estava levando a história. Sustentou mais perto Rance.

“Quando eu lhe disse sim, ela tirou uma arma e a disparou a queima roupa. Ela disparou em meu pênis, mas os chumbos cobriram uma grande área.”

Bo ofegou quando suas bolas imediatamente tentaram de meter-se dentro de seu corpo. Então recordou muitas coisas neste ponto. O beijo no escritório de Rance. Eles tinham estado muito quentes até que Bo tentou alcançar a ereção de Rance.

Bo tentou falar, mas não pôde. Limpou a garganta e tentou de novo. “Que aconteceu?”

“Meus companheiros oficiais, ouviram o disparo e saíram do edifício. A esposa de Orem, Anita, nem sequer tentou correr. Eles chamaram à ambulância e cheguei tão rápido ao hospital que não morri sangrando. Tive quatro procedimentos para tentar reconstruir o dano que o chumbo tinha causado. Eles fizeram tudo o que puderam, mas meu corpo estava muito prejudicado. Eu perdi um testículo, e meu pênis basicamente estava dividido em dois. Eles voltaram a uni-lo. Inclusive depois de todos estes anos eu não consigo me olhar.”

“Que aconteceu a Orem e a sua esposa?”

“Anita foi a julgamento. Ela ainda ficará na prisão por vários anos. Orem é a parte triste. Depois do tiroteio, retornou com seu ex-amante, o rapaz disse à polícia que Anita os tinha pegado na cama. Ela disse que a próxima vez que ele decidisse foder, ela estouraria as bolas do cara. O cara estava tendo casos na região.“

"Então, ele sabia que você estava sendo ameaçado?"

"Sim, eu e o procurador achamos que isso foi proposital. Veja, Anita era uma mulher rica. Orem sabia que, se divorciando situação piorava. A melhor solução era enviá-la à prisão. E seria melhor, se sua esposa disparasse em um policial. Sim, Orem sabia exatamente o que estava fazendo."

"Então ele também esta na cadeia?"

"Não. No final, o procurador não tinha provas suficientes para levá-lo a julgamento.”

"Ele é um homem livre?"

“Sim. Algo que penso cada vez que eu uso o banheiro.”

Bo finalmente compreendeu. Não somente Rance tinha sido traído da pior maneira, como também tinham deixado um aviso constante. O tamanho e a forma do pênis de um homem é parte importante de sua auto-estima. Não era de estranhar que Rance se recusasse a deixar que alguém mais se aproximasse.

Puxando Rance até o nível dos olhos, Bo o beijou. Outorgando toda a ternura nesses lábios, tentou levar as profundezas toda dor que Rance tinha passado. Isso funcionou, porque o corpo de Rance começou a reagir, enquanto Bo dava o melhor de suas emoções.

Bo quebrou o beijo e Rance apoiou sua cabeça no ombro de Bo. Olhando-se fixamente aos olhos, Bo beijou a testa de Rance. “Isto é correto, estar aqui com você é mais do que acreditei ser capaz de ter, eu estaria contente com apenas isto pelo resto de minha vida. Meu amor por ti não tem nada que ver com o sexo. Sei que soa estranho vindo de mim, mas é a verdade. Apenas te sentir em meus braços toda noite é mais do que esperei.”

Rance começou a beijar o peito nu de Bo. “Humm, isso não soa muito divertido. O equipamento ainda funciona. Apenas que não me sinto muito cômodo vendo-o, ao menos não ainda.”

“Posso viver com isso. Suponho que nesta parte da conversação, tenho que falar da minha condição de soro positivo, hum?”

Rance deixou de rodear com a língua o mamilo de Bo e respondeu. “Sei o suficiente. Para ser honesto, pouco tempo depois de sua chegada a Cattle Valley pesquisei tudo sobre HIV na internet, enquanto tenhamos um bom estoque de camisinhas, penso que estaremos bem com isso. Embora provavelmente continue chateando com sua dieta.”

Bo riu pela primeira vez em dias. “Eu realmente tenho uma alimentação saudável. Claro que gosto de ser indulgente de vez em quando, mas sei que meu corpo precisa permanecer em boa forma.”

Rance passou a mão sobre o peito de Bo. “Se fizer isso, ninguém que te veja, saberia que é soro positivo.”

“E é a maneira que quero que siga.” A imagem de Joey apareceu dentro de sua cabeça. Merda. Nem sequer tinha falado de seu filho. “Posso te fazer uma pergunta?”

Rance riu. “Suponho que é seguro dizer, sim, sou um livro bastante aberto neste momento.”

“Bom… Droga. Sinto-me como uma garota.”

Rance passou sua mão sobre a ereção de Bo apanhada sob sua roupa íntima. “Humm, não se sente como uma.”

“Menino preparado. O ponto é, tenho que pensar em meu filho agora. E suponho... que preciso saber se isto entre nós durará.”

Rance levantou as sobrancelhas e olhou fixamente Bo. “Tem uma idéia do que significa para mim te falar de minha história?”. Antes que Bo pudesse responder, Rance o beijou. “Amo-te, estúpido idiota.”

Bo sorriu de orelha a orelha. “E sobre o Joey? Há lugar em sua vida para ele?”

“Eu não estive muito com bebe. Atendi um parto uma vez, mas até aqui chega meu conhecimento.”

“Diabos, sabe mais que eu quando cheguei ao Canadá. Lynda, a mãe de Lark, ela me ensinou bastante e eu posso ensinar você se quiser.”

Girando-se acima de Bo, Rance começou a mover seus quadris contra ele. “E que obtenho se passo a lição?”

Bo colocou a mão entre eles e começou a desabotoar os jeans de Rance. “Isto está bem?”

Depois de uma curta pausa, Rance assentiu. “Eu aceito isso.”

Girou-se de cima de Bo e começou a despir-se. Bo tirou sua própria cueca e esperou que ele terminasse. Notou que Rance não se mostrou absolutamente, quando tirou sua roupa íntima.

Alcançando seus jeans, Bo tirou sua carteira procurando algumas camisinhas. Antes que Rance perguntasse a razão de que Bo levava isso, Bo decidiu fazer isso fácil a seu breve amante. “Quando me inteirei que era soro positivo, jurei a mim mesmo nunca sair de casa sem proteção. Não se preocupe não os usei desde que chegue a Cattle Valley, ao menos não até agora.”

Ajoelhado sobre o saco de dormir, Rance usou sua camiseta para cobrir-se, enquanto começava a abrir o zíper do saco. “Porque não juntamos os sacos de dormir?”

Embora duvidasse que eles precisassem tampar-se, Bo assentiu e saiu de sua improvisada cama. Sorriu ao apanhar o olhar de Rance centrado em seu palpitante pênis.

“Todo teu.” brincou, fazendo oscilar a ereção de lado a lado com um movimento de quadril.

Antes inclusive de que tivessem arrumado a cama. Rance estava ocupado abrindo um dos pacotes de alumínio. “Tem apenas duas?”

Bo riu. “Sim. Sinto muito.”

Rance se esfregou a mandíbula por uns segundos, aparentemente pensando profundamente. “Minha semente não é perigosa, correto?”

“Sim, mas não pode me chupar sem uma camisinha. Embora o risco seja mínimo não vale à pena arriscar-se.”

“Está bem, então, se lhe chupo necessitaríamos uma camisinha para você, correto?”

O pênis de Bo começou a produzir grande quantidade de pré-sêmen ante a idéia. “Sim.”

“Perfeito. Então faremos isso e deixaremos a outra para amanhã.”

Rindo, Bo empurrou seu pênis para Rance. “Parece-me bom plano.”

Rance tirou a camisinha e lentamente deslizou pela longitude de Bo, deixando espaço na ponta para o sêmen. “É suficiente?”

Bo estava perdido com a sensação de Rance masturbando-o, que achava difícil responder. “Bom.”

Enquanto batalhavam por entrar no saco de dormir com Rance recusando-se a soltar a ereção de Bo. Droga, Bo não sabia se algum dia sentiu tanto prazer por uma simples masturbação.

Abrindo o saco de dormir o bastante para expor o pênis ao ar, Rance se inclinou. O primeiro toque da língua de Rance quase envia ao êxtase Bo. “Porra, bebê.”

“Droga, você é grande.” Rance observou, provando com sua língua a longitude de Bo.

“Todo seu”, ele murmurou, quando Rance cobriu a coroa com sua boca.

Rogando que Rance não comentasse sobre o desagradável sabor do látex. Em vez disso, parecia cativado com o pênis de Bo, pegando tanto como podia dentro de sua garganta. Bo sabia que tinham passado anos para Rance, não queria que seu amante se afogasse esta vez. “Não se machuque, se apenas chupar a cabeça, está bom para mim.”

Rance recusou a oferta e continuou tentando que sua garganta tomasse toda a longitude de Bo. Bo não pôde evitar sorrir. Rance era um homem que precisava ser o melhor em tudo o que fazia. E a maneira que estava fazendo Bo sentir-se, não precisava preocupar-se a respeito de suas habilidades para fazer uma mamada.

Uma vez que Rance se sentiu mais cômodo, Bo enredo seus dedos no escuro cabelo de Rance e começou a foder sua boca. “OH, Cristo você é bom nisto.”

Com suas bolas preparando-se, Bo advertiu Rance de seu iminente clímax. “Quase, estou lá.”

Os dedos de Rance foram do escroto de Bo ao buraco de seu traseiro, enquanto continuava o assalto ao pênis de Bo. Inalou profundo quando o primeiro jorro de sêmen saiu de seu eixo a camisinha.

Com sua mão trabalhando na base, Rance continuou ordenhando cada gota de sêmen do pênis de Bo, que puxou Rance e lhe deu um profundo beijo.

“Isso foi... assombroso.” Bo deu a Rance outro beijo antes de cuidadosamente retirar a camisinha. Sem ter idéia de onde depositá-lo, procurou na bolsa com suas coisas, pegando a sacola da escovas de dente, depositou dentro a camisinha e deixou de lado.

“Wow. Você realmente é cuidadoso.” Rance comentou.

Bo pegou uma das toalhas úmidas que sempre levava em seu bolso e cuidadosamente limpou o pênis. “Realmente sou um pouco obsessivo, mas não quero fazer a um amante o que alguém me fez. É um pequeno preço por minha paz mental.”

Quando Bo deixou a toalha úmida dentro da sacola com a camisinha, Rance grunhiu e se girou sobre ele. “Minha vez.”

“Como me quer?” Bo perguntou.

“Justo como está.” Rance riu e começou a esfregar-se lentamente.

Para ser honestos Bo queria tomar o pênis de Rance com suas mãos, mas neste ponto de sua relação, ele não tinha certeza se seu toque seria bem-vindo. A verdade era que não queria sustentar o pênis de Rance por mórbida curiosidade, queria tocá-lo porque era o homem mais sexy que ele tinha conhecido.

Pela intensidade com que Rance se estava esfregando contra ele, Bo podia imaginar que fazer o amor com o capataz seria igual de intenso, Apesar de toda sua tranqüila reserva, Rance o surpreendia em cada ocasião.

Com uma mão na parte de atrás do pescoço de Rance, puxou o sexy filho da puta a um profundo beijo, o fodendo com sua língua.

Um grunhido que seguiu ao estremecimento do corpo de Rance apontou o orgasmo. “Oh, foda.”

Bo deu a bem-vinda a quente semente disparada entre seus corpos, passando sua mão entre eles recolhendo tanto da essência de Rance como pôde. Levando seus dedos a seus lábios, Bo olhou fixamente seu companheiro nos olhos e lentamente lambeu o branco e pegajoso sêmen.

Rance gemeu e se inclinou para outro beijo, varrendo com sua língua a boca de Bo, provando seu próprio sabor.

“Mmmm.” Bo murmurou. “Você tem um sabor muito bom.”

Rance tirou outra toalha úmida da bolsa de Bo. Depois de rapidamente limpar o peito de Bo. “Você me esgotou.”

“E isso que apenas tínhamos uma camisinha. Imagina o que poderemos fazer com uma caixa inteira a nossa disposição.”

 

Durante as primeiras horas da manhã, o trailer inteiro se moveu quando um forte ruído despertou a Rance e Bo de seu sono.

“Que diabos?” Bo ficou de pé.

O trailer foi golpeado uma vez mais, por uma tonelada de ‘Zero Tolerance’.

Procurando sua roupa Rance se movia em círculos. “Onde está minha maldita cueca.”

“Esquece-o. Temos que colocar ao filho de cadela aqui, antes que se afaste de novo, Bo lhe lançou sua roupa e começou a subir pela parte de atrás do trailer.

Outro golpe quase tomba Bo. “Que está fazendo?” Rance perguntou.

“Tentando sair daqui sem me matar. Pensei que podia chegar à carroceria da caminhonete.”

“E então o que? Vai agarrar ‘Zero’ você mesmo?” Rance gritou.

“Suponho, a menos que consiga se vestir e ajude.”

Nesse momento Rance se deu conta que estava completamente nu, parado no centro do trailer. “Merda.”

Encontrou seus jeans e rapidamente os pôs, esperando que estivesse o suficientemente escuro para que Bo não pudesse vê-lo. “Então como vamos fazer isto?” perguntou, vestindo sua camiseta.

“Uhhh, vamos persegui-lo por trás com dois tacos de beisebol?”

Rance virou os olhos, inclusive quando pensou que o gesto ia passar inadvertido. “Que tal tentar primeiro com os laços e deixar os tacos para um plano B?”

“Você ama arruinar minha diversão. Se esqueceu o que essa besta me fez?”

Rance fez uma pausa ao ato de calçar as botas e olhou o Bo. “Não. Nunca esquecerei o que te aconteceu. Vejo-o bastante em meus sonhos está impresso permanentemente em meu cérebro.”

Bo lhe sorriu. Os primeiros raios do sol deslizando-se lentamente pelo horizonte deram a seu amante um suave resplendor. “Tenho uma caixa de camisinhas no rancho. Que diz se subir seu doce traseiro aqui e me ajuda a brigar com esse genioso touro.”

Rance assentiu dando a Bo sua bolsa, e deslizou a sua em seu ombro. “E os sacos de dormir?”

‘Zero’ golpeou o trailer com um grunhido. Rance começou a subir a parede oposta. “Que se fodam. Pegue os pinos daquele lado enquanto eu libero este?”

Rance pegou e esperou Bo. “No três. Um, dois, três!”

Os pinos foram tirados simultaneamente, permitindo à porta traseira cair à terra. Rance sorriu. “Agora pegamos os laços da carroceria da caminhonete.”

“Ou os tacos de beisebol que sempre tenho atrás do assento.” Bo adicionou.

Sacudindo a cabeça, Rance saltou do trailer e foi à frente quando pegou os laços. Ele ia a meio caminho quando ouviu Bo baixar lentamente ao chão do trailer. Merda. “Uh, Bo”

“Que?” Bo fez uma pausa com o pé no primeiro degrau.

Rance apontou para ‘Zero Tolerance’ na base da rampa com olhar assassino. “Poderia se apressar.”

 

“E então, Bo subiu mais rápido que o homem aranha.” Rance se dobrava de tanto rir junto com os outros trabalhadores.

Bo girou os olhos e olhava ‘Zero’ pelas frestas do trailer. “Não basta o que fez para mim na plantação? Agora faz que seja o alvo de brincadeiras de meu amante e meus amigos? Estou muito decepcionado.”

A cabeça de ‘Zero’ golpeava a parede do pequeno trailer tão forte para estilhaçá-la, frente à cara de Bo, captando a atenção dos outros vaqueiros. Enquanto os trabalhadores levavam o trailer ao curral de ‘Zero’ o animal estava destroçando cada coisa a sua vista. Pedaços de sacos de dormir de Bo e Rance voavam pelo ar como confete.

Jim e Buddy subiram aos lados do trailer e liberaram os pinos. Quando a rampa desceu, ‘Zero’ saiu como uma tormenta atacando e bufando. Bo nunca tinha visto nem ouvido nada como isso.

A rampa se afundava sob o tremendo peso do touro, quando entrou no curral. Bo foi o primeiro que viu o que estava pendurado nos chifres do touro.

“Devem ser seus.” gritou a Rance.

Com a cara vermelha Rance olhou o touro de uma tonelada com seus boxer pendurados em um de seus chifres.

Outro round de risadas surgiu superando o anterior. Bo sorriu satisfeito. Seu trabalho tinha terminado.

Chegando atrás de Rance, Bo murmurou em seu ouvido enquanto casualmente roçava com sua mão o traseiro de seu amante. “Eu não sei você, mas eu posso te assegurar que necessito de uma ducha.”

Rance olhou sobre o ombro com preocupação em seus olhos. “Não posso. Esta noite? Possivelmente nós possamos ir a algum lugar?”

A expressão de insegurança na cara de Rance derreteu seu coração. As estridentes risadas dos vaqueiros continuavam, Bo se inclinou e beijou brandamente o pescoço de Rance. “Você tem um encontro.”

Enquanto caminhava para o barracão, Bo tentou acalmar sua respiração. “Eu vou quebrar esse muro, nem que seja a última coisa que eu faça.”

 

 

                                 Capítulo Seis

 

Bo bateu à porta de Rance as sete em ponto. Vestia sua roupa elegante, que não podia dizer-se que era muito elegante. Entretanto pensava que estava apresentável com seus jeans negros, uma camisa branca e um colete negro de couro.

Rance abriu a porta e Bo quase caiu de joelhos.

“Droga! Está quente.” Não havia maneira que Bo pudesse competir com Rance na aparência. O homem estava muito bem, todo vestido de negro com uma grande fivela de prata em seu cinturão, que definitivamente chamava a atenção ao grande vulto atrás de sua braguilha. Com ou sem cicatrizes, esse pênis era algo para sentir-se orgulhoso.

Depois de colocar seu Stetson negro em sua cabeça, Rance o beijou. “Vê-te malditamente bem.”

Bo se aproximou mais e abraçou seu amante. Virilha com virilha, Bo se deslizava lentamente. “Nós poderíamos ficar?”

Rance assentiu. “Sim, nós poderíamos, mas quero te cortejar um pouco antes de te levar a cama. Além disso, se as pessoas nos virem juntos possivelmente parem com alguns dos rumores de que eu seja hetero.”

Rindo, Bo beijou Rance de novo, esta vez sua língua provou o sabor de hortelã da pasta de dente que Rance usava. “Cattle Valley é um pequeno bairro comparado com a maioria das cidades, mas nem por um segundo pensaria que um homem hetero pudesse se ocultar na cidade.”

“Erico iniciou toda a maldita coisa.”

“Porque, ele faria isso?” Bo perguntou.

“Houve um momento em que eu gostei muito dele e ele não entendeu porque não podia entrar em minhas calças. Ele imaginou que deveria ser hetero.”

Bo beijou a mandíbula de Rance. “Ele o perdeu.”

“Se não sairmos daqui nosso primeiro encontro formal se arruinará.”

Antes de liberar o homem de seus braços, Bo pressionou seu rosto no pescoço de Rance e inalou. Cheirava fantástico. Rance misturado com algo suave e cítrico. “Você nunca usou colônia antes.”

“Não muito, atrai mosquitos.” Rance explicou em um tom óbvio.

Bo virou os olhos e guiou seu acompanhante para a porta da frente. Que romântico tinha em suas mãos.

Rance abriu a porta do motorista e Bo subiu, sentando-se no lugar do meio. Uma vez, que ambos fecharam o cinto de segurança, Bo deu outro beijo em Rance. “É aditivo.”

“Bom. Alegro-me de que se sinta dessa maneira.” Rance passou seu braço pelo respaldo do assento e o aproximou.

“Então, aonde vamos?” Bo perguntou.

“Bom, pensei que poderíamos desfrutar de um bom filé no Grizzly Bar. Talvez inclusive dançar uma ou duas musicas, enquanto estejamos ali.”

“Parece-me bem. Eu estive ali apenas uma vez e só tomei uns goles.”

A mão de Rance começou a brincar com o cabelo de Bo enquanto subia a montanha. “Então, quando trará Joey à cidade?”

A pergunta surpreendeu Bo. “Por quê? Está impaciente para de reunir com ele?”

“Claro. Quero dizer, eu nunca pensei que fosse possível ter um menino, mas desde que falou sobre o menino. Eu estou malditamente emocionado com a idéia.”

Essa declaração fez Bo sentir-se todo tenro e sentimental, algo que ele definitivamente nem poderia divulgar ao rude vaqueiro ao lado dele. “Fico feliz que se sinta dessa maneira porque Jim, Lynda e Neil chegaram à cidade em seu avião particular no sábado. Eu ofereci ir apanhá-los, mas eles disseram que queriam ver Lark e Kade de qualquer maneira. Eles também foram bastante amáveis, trarão todas as coisas de bebe que eles compraram para Joey.”

Rance retirou seu braço do respaldo quando eles chegaram à montanha. Bo podia dizer pela expressão na cara de Rance que algo lhe preocupava. “Algo esta ruim?” Bo perguntou.

“Huh? Não, apenas pensava.”

“No quê?”

“Nada em particular.” Rance apertou a coxa de Bo. “É um pouco de tudo isto. Você precisa ser paciente comigo.”

Bo assentiu. “Eu sei, estou tentando.”

Deixou o tema de lado, mas seguiu preocupado. Eles chegaram ao hotel entraram e se dirigiram ao Grizzly Bar que parecia estar cheio. “Que diabos faz toda esta gente aqui em uma noite no meio da semana?” Rance perguntou.

Bo se encolheu de ombros e encontrou uma mesa. Rance se sentou na cadeira frente a ele, pediu uma jarra de cerveja e pediu para ver o cardápio. Enquanto Rance guardava silêncio uma vez mais, Bo admirava o sistema de iluminação do teto do lugar. Era espetacular. Seu garçom, Tortaton, retornou com a cerveja e o cardápio. Servindo-se cerveja, Bo folheou o cardápio. Embora Grizzly oferecesse comida diferente todas às noites, imediatamente decidiu-se pelo filé com batatas. Deixando o cardápio de lado olhou o salão.

A música estava bastante alta para uma conversação, mas não o bastante para dançar. Não era um problema. Rance não parecia inclinado por nenhuma das duas.

Bo realmente desejava ver Tortaton entre a multidão, dirigir-se a sua mesa e anotar os pedidos. Queria comer rápido, e retornar o mais rápido possível a casa. Ser paciente com Rance era uma coisa, mas sentar-se ao lado dele com esse humor era outra totalmente diferente.

“Já decidiram?” Tortaton perguntou.

“Sim. Quero o filé com batata assadas, cenouras e uma porção de espinafres, por favor.”

Enquanto Rance pedia, Bo o olhava cuidadosamente. Essa era a única maneira de provar a uma sala repleta de gente que ele era realmente gay. O que aconteceu com o apaixonado amante da noite anterior? Tinha retornado ao mundo real, e se tinha perdido o feitiço?

Tortaton se afastou levando seus pedidos, e Bo decidiu começar a conversar com Rance. Diabo, algo melhor, que sentir-se apenas em um encontro. Tentando falar sobre a música, ele se aproximou de seu amante. “Quer dançar?”

Rance olhou para a pequena pista de baile, e negou com a cabeça. “Talvez depois. A música é muito rápida para meu gosto.”

Bo assentiu, apertando os dentes. “Necessitarei ajuda a semana que vem para carregar e descarregar o feno.”

Rance assentiu. “Já me disse, pedirei que Steve te ajude.”

Bom, não foi muito para uma conversação. Decidiu tentar uma vez mais. “Pensei entrar no Gym. Você está interessado? Têm descontos para casais.”

Rance negou com a cabeça. “Já faço suficiente exercício no trabalho. Não vejo porque pagar a alguém pelo que posso fazer grátis em minha própria casa.”

Pronto. Bo não sabia que bicho subiu no traseiro de Rance, mas tinha certeza que não queria jogar esse jogo. Enxergou Asa Montgomery sentado em uma mesa para apenas uma pessoa e se inclinou para Rance. “Vou perguntar a Asa se Lynda e Jim podem usar sua pista de aterrissagem.”

Rance entendeu o que disse Bo, mas não disse nada.

Com um irritado grunhido ficou de pé e caminhou entre as mesas. “Senhor. Montgomery?”

Asa levantou a vista dos papéis na mesa. “Sim?”

“Senhor, posso falar com você sobre algo?”

Embora nunca tivesse se encontrado com Asa, ele tinha ouvido que era um homem solitário, que preferia estar em sua grande mansão nos subúrbios da cidade. Quando Asa se uniu Gym, isso foi algo fora de seu costume, e rapidamente levantou a fofoca na cidade.

“Claro.” Asa disse, lhe indicando uma cadeira.

Bo sentou-se. “Nunca nos vimos, mas meu nome é Bo Lawson, e eu sou o agricultor no rancho Back Breaker.”

Asa assentiu. “Vi-te antes no O’Brien’s, que posso fazer por você?”

“Bom, senhor, eu recentemente descobri que tenho um filho, um bebê e seu nome é Joey. As pessoas que cuidam dele para mim planejam trazê-lo do Canadá este fim de semana.”

“Sim?” Asa pareceu estimulá-lo, não duvidava que Bo quisesse algo, obteria com essa história e uma vez conseguido se afastaria dele.

“Eles vêm em seu jato particular, seria possível que pudessem aterrissar em sua pista em vez de chegar a Sheridan. Eu sei que é pedir muito, e normalmente não teria coragem para fazer tal coisa, apenas imaginei que não faria mal perguntar.” Então pensou que teria que ter falado com Jim e perguntar que lhe parecia.

“Claro. Telefona a meu escritório e eles lhe darão as coordenadas para que aterrissem em meu espaço.”

“Só assim?” Bo estava impactado. Pensou que deveria puxar mais o saco, antes que Asa aceitasse tal coisa.

“Porque não? A Prefeitura da cidade me permitiu construir a maldita coisa, porque viajo muito. O mínimo que posso fazer é pô-la a disposição dos residentes da cidade, se a necessitarem.”

“Está bem, obrigado, muito obrigado.” Bo se aproximou da mesa e estendeu a mão.

Asa aceitou e estreitou sua mão com um sorriso. “Porque parece que tem medo de mim?”

Surpreso pela pergunta Bo piscou várias vezes. “Bom, porque você é Asa Montgomery, senhor. Você é um destacado investidor.”

Asa riu. “Eu sou apenas um tipo de uma pequena cidade de Kansas que foi afortunado de estar no lugar adequado no momento adequado. E meu nome é Asa.”

Bo ficou de pé. “Obrigado, de novo.”

“É bem-vindo, felicitações por seu filho. Cuide dele.”

“Farei-o.” Sentindo-se bem, Bo caminhou reuniu-se com Rance. “Isso saiu bem.”

“Que bom”

Logo que se sentou Tortaton chegou com a comida. “Mmm, cheira bem.”

“Obrigado.” Rance disse, quando Tortaton colocou suas costelas assadas frente a ele.

Bo começou a comer, pensando em que veria Joey em alguns dias. Sim, Rance queria seguir de mau humor, que bom para ele. Bo não ia permitir que seu amante lhe deprimisse. Comeu com gosto, fazendo uma nota mental de trazer Lynda, Jim e Neil quando estivessem na cidade.

“Como esta sua comida?” perguntou-lhe Rance.

“Boa, e a tua?”

“A minha está boa.”

Quando ambos terminaram, Bo estava no fim de sua paciência. Era mais que óbvio que Rance não estava de humor para dançar. Bo tirou sua carteira, e colocou algumas notas na mesa. “Está preparado para ir?”

“Sim.” Rance deixou o dinheiro de sua comida na mesa e ficou de pé.

Evidentemente Bo tinha razão com respeito ao baile. Não podia imaginar que tinha acontecido em seu caminho à montanha. Se pressionasse Rance por respostas, poderia explodir em sua cara?

Esperou até que desceram o caminho da montanha, antes de manifestar sua frustração. Sentado junto à janela, girou-se para Rance. “Não tenho certeza do que aconteceu, mas tenho a sensação de que há mais do que revela.”

Bo notou que Rance esticava as mãos no volante, antes de responder. “Eu já disse tudo…”

“Sim, eu sei, eu tenho que ser paciente.” Bo interrompeu Rance evitando que dissesse o mesmo outra vez.

“Bem, se já sabia então porque não deixa ir?”

“Porque eu não acredito que isto seja por algo que você faça com seu pênis, por isso.” Sabia que tinha subido o tom da conversação, mas Droga, estava frustrado.

“Isto não é só sobre meu pênis. É tudo. Você, eu, Joey. Tudo isto é muito para um dia. Se você não pode me dar um pouco de espaço, enquanto eu penso a respeito de tudo isto. Nós não teremos muita oportunidade de ter um futuro.”

Bo se enfureceu. Estava preparado para trabalhar com os problemas de seu corpo com Rance, mas quando colocou Joey no meio, não havia possibilidade. Inclusive embora Rance não houvesse dito, evidentemente a criação de um menino não era algo que lhe interessasse. Bem, foda-se. Mentalmente disse a Rance.

Em lugar de terminar tudo ali. Bo decidiu que ambos necessitavam uns dias para que as coisas se esfriassem. “Digo-te que você pode ir refletir, pensar ou como é que chame ao que faz em sua sala. Possivelmente e finalmente tome uma decisão, enquanto isso possivelmente seja melhor que não nos vejamos fora do trabalho.”

Rance riu uma amarga maneira. “Com certeza que muda rápido quando as coisas não vão a sua maneira.” Rance entrou em Backbreaker e estacionou a caminhonete.

Bo tentou acalmar-se antes de dizer algo que pudesse arrepender-se. “Rápido? Isto é interessante. Eu estive apaixonado por você por um ano e você sabia. Eu fui paciente. Eu não posso deter minha vida indefinidamente. enquanto você considera se vale ou não a pena.”

Quando Rance não disse nada, Bo grunhiu e saiu. Caminhando para o barracão, se sentia como se tivesse sido golpeado. Porra. Estava cansado de sentir-se como merda por causa de Rance.

 

Rance golpeou o travesseiro mudando de posição mais uma vez. Quando era mais que óbvio que não ia poder dormir, tirou as pernas da cama, ficou de pé e se dirigiu à cozinha e pegou uma cerveja.

Sabia que ele tinha pressionado as coisas. Devia ser honesto e dizer a Bo o que acontecia sua mente. Levando a cerveja à cama, ligou a televisão.

Um comercial de turismo em Montana pegou sua atenção. Mostravam um pai e um filho pescando e falavam da diversão em família. “Droga, isto é uma conspiração”, ele murmurou, desligando a televisão.

Rance sabia que seu estranho humor tinha dado idéias equivocadas a Bo, mas que deveria fazer? Se confessasse o que o realmente estava tentando decidir não era se Bo e o bebê podiam mudar-se com ele. Era pensar que se os dois vivessem juntos. Significava que Bo o veria nu.

Terminou sua cerveja e colocou a garrafa vazia na mesa. Deslizando-se sob as cobertas pensou na tortura que tinha vivido com Bo no ano anterior. Quantas vezes desejou Bo em sua cama? Muitas mais das que podia contar.

Conforme os meses foram passando sentia que seus sentimentos para o boêmio agricultor cresciam em profundidade, tinha tentado manter distância. Depois da noite de paixão, era óbvio que Bo aceitava a deformidade física de Rance, mas ele estava preparado para expor-se?

Em um estranho movimento Rance deslizou sua mão para sua virilha. Tinha por hábito dormir com a calça do pijama depois do disparo, para evitar inclusive a si mesmo ver seu arruinado pênis.

Passou sua mão sobre sua carne cheia de vultos e cicatrizes o começou a endurecer-se. Rance tentou imaginar que poderia sentir Bo fazendo o mesmo. Poderia Bo saber acariciar as cicatrizes e levar Rance a outro nível de excitação. Os bordos em sua malha eram mais sensíveis?

Rance sacudiu a cabeça soltou o pênis. Que importa? Provavelmente fodeu tudo entre eles, retirando as cobertas, Rance ficou de pé. Possivelmente se explicasse a Bo porque queria mais tempo?

Quase tinha chegado à porta da frente quando se deu conta da hora. Talvez fosse melhor que esperasse até o café da manhã. Uma coisa era certa queria Bo e Joey em sua vida. Que diferença fariam umas horas?

 

Com sua nova resolução, Rance caminhou para o barracão, esperando falar com Bo antes que começasse o dia. Um carro ao lado de sua caminhonete chamou sua atenção.

“Hei, o que está fazendo?” Rance perguntou a Lark.

Lark tinha uma boina de beisebol e estava encostado contra o carro. “Acabo de retornar, deixei Bo no aeroporto. Decidiu voar ao Canadá para trazer Joey em vez de esperar que meus pais o trouxessem aqui. Espero que não se incomode, mas me disse que o cobrisse, enquanto retornava.”

O coração de Rance se partiu. “Como pôde ir-se?”

Lark se encolheu de ombros. “É Bo. Quem sabe.” Caminhou para Rance. “Ele estava muito deprimido. Você não sabe o que poderia ser?

Sem lhe responder, Rance se dirigiu a seu escritório no estábulo. Tinha ouvido muito sobre Sunrise Gardens e não se sentia cômodo com Bo viajando de improviso. Talvez devesse tomar um avião e segui-lo?

Saindo do escritório quase se bateu com Shep.

“Já era hora de que estivesse aqui. Você está atrasado.”

“Huh?” Rance perguntou.

“Nós temos uma reunião na cidade para o comitê dos dias de Cattle Valley.” Shep lhe recordou.

Merda, como pôde esquecer isso supunha que ele apresentaria a escolha dos touros para o rodeio. “Está bem, vou pegar os arquivos.”

“Vejo-te na caminhonete.”

Quando Rance chegou ao escritório, pegou as pastas da prateleira, obrigando-se a ter sua cabeça como capataz, não podia apresentar-se ante ao comitê como um vaqueiro doente de amor. Com a informação na mão, Rance correu para a caminhonete de Shep. “Sinto tudo isto.”

Shep se dirigiu à cidade. “Preciso te perguntar como foi em seu encontro?”

“Provavelmente nada bom.” Rance murmurou.

“Tem algo que ver com o fato que perdi meu maldito bom agricultor?”

Os arquivos caíram ao chão da caminhonete quando seu coração saltou. “Que quer dizer com isso? Pensei que Bo só tivesse ido ao Canadá buscar Joey.”

Shep pareceu estudar um momento Rance antes de responder. “Tudo o que sei é que deixou uma mensagem em meu celular, dizendo que se ia. Disse que esperava ter trabalho quando retornasse, mas que entenderia se precisasse por alguém para substituí-lo, antes que retornasse.”

Rance apoiou a cabeça contra o respaldo. “Eu realmente fodi tudo”

“Quer falar disso?”

“Não tenho certeza de ter feito alguma coisa certo. Nós... um… estivemos muito perto...na noite que estivemos fora.”

“Sim, imaginei isso quando vi os dois destroçados sacos de dormir unidos com os zíperes. Então, o que esteve ruim?”

“Nada.” Rance rapidamente disse, mas quanto mais pensava mais se deprimia. “Tudo.”

“Bom, sei que não o rechaçou. Então foi Bo que o fez.”

“Não, ele não me rechaço. Esteve maravilhoso, quando lhe disse o que me aconteceu. Apenas que eu não estava preparado para me expor ante ele. Pedi-lhe que tivesse paciência e aceitou.”

“Então, qual é o problema?”

“Eu. Comecei a pensar e lhe perguntar a respeito de Joey quando se mudaria, mas me acovardei. Ambos sabemos que tendo a me encerrar e ficar calado quando isso acontece. Suponho que Bo não entendeu. Porque ao fim do encontro, ele estava zangado e com razão”

Shep chegou à frente da prefeitura. “Então que vai fazer?”

“Esperar que retorne e lhe rogar que me perdoe.” Rance disse.

“Claro, se você quer deixar o destino de sua relação nas mãos de alguém mais. Como plano alternativo porque não vai até ele?”

Antes que Rance pudesse pensar sobre isso, Nate estava fora do edifício. “Vocês vêem?” Nate gritou.

Rance se inclinou e pegou os arquivos. “Tenho que pensá-lo.”

Shep se uniu a Rance no primeiro degrau. “Pense muito. Bo tem mais que seu próprio coração para preocupar-se agora. Imagino que se preocupasse apenas com seus sentimentos, ele não teria se deslocado e indo por Joey neste momento.”

Rance sabia que Shep tinha razão, apenas que não era o momento de pensar nisso. Seguiu seu chefe ao interior da sala de reunião e sentou-se. Esperando que Carol lhes fizesse notar seu atraso, Rance se surpreendeu quando não o fez.

A mulher tinha seus próprios problemas. Durante os primeiros dez minutos, ela parecia enfocada mais em seu celular que na reunião. Rance não sabia que dizia a mensagem de texto, apenas que cada vez que olhava parecia mais zangada. Depois de horas de discutir os eventos do rodeio, eles tomaram um descanso. Rance notou a maneira como Nate dirigia Carol tranqüilamente próxima sala.

“Que pensa que acontece?” Shep perguntou ao lado dele.

“Nem idéia, mas o que seja, tenho certeza que Nate pode dirigi-lo.”

Shep assentiu. “Nunca tinha visto Carol zangada antes, penso que é sobre alguém. Ela quase estava triste, pode ser que ela realmente tenha um coração atrás dessas lindas tetas.”

Impactado Rance ficou com a boca aberta. “Desde quando você nota as tetas femininas?”

“Desde que nasci com olhos. Apenas porque eu não goste de brincar com elas, não significa que não as aprecie.”

Rance não podia dizer o mesmo, apenas se encolheu de ombros. “Eu deveria lidar com meus próprios problemas e deixar que Nate lide com os da Carol.”

“E tenho certeza que se tratasse com eles na verdade... Nate fashion.” Shep riu.

 

 

                                   Capítulo Sete

 

Bo estava tendo um fantástico sonho com Rance quando uma mão em sua virilha o despertou. Abriu os olhos e sorriu. “Que diabos está fazendo?”

“Bom. Eu vim te dizer que o jantar está pronto, mas parece você tem outras necessidades mais urgentes.” Jim riu, apertando a ereção de Bo.

Por melhor que sentisse a pressão, Bo não queria continuar. Se as coisas funcionassem ou não com Rance, era a mão de Rance a que queria em seus jeans, não as de Jim.

Bo afastou a mão de Jim. “Sinto muito, mas não a pessoa certa para esse trabalho.”

Jim suspirou e apontou aos pés da rede. “É uma vergonha desperdiçar essa boa ereção por um homem que está muito longe.”

“Sim, Bom! Meu pênis está de acordo com você, mas o resto de mim não concorda.”

Bo desceu da rede e beijou Jim na bochecha. “Isto não é um reflexo de suas habilidades como amante, me acredite.”

“Agora, está tentando me fazer sentir melhor.” Jim fez uma careta.

Rindo, Bo envolveu seu braço ao redor de seu velho amigo, quando eles se dirigiram dentro. “Possivelmente.”

Antes que pudesse sentar-se a mesa, o telefone na casa tocou. “Querem que atenda?”

“Se puder.” Jim respondeu, deixando seu prato de carne ao forno e vegetais na mesa.

Bo entrou na sala e levantou o telefone. “Alô?”

“Hei, justamente a pessoa que eu estava procurando.” Randy, o guarda da porta da frente, disse.

Sorrindo, Bo disse. “Disse-te quando cheguei que esta é uma viagem de negócios, não de prazer.”

“Divertido. Eu não estou atrás de seu pênis, bom, estou sim, mas não estou telefonando por isso. Telefono, porque aqui há um tipo que diz que precisa falar com você.”

Bo ficou de boca aberta, a primeira pessoa que passou por sua mente foi o pai biológico de Joey que repentinamente se apresentou. “Quem é?”

“Um cowboy quente, todo vestido de negro, diz que se chama Rance.”

O coração de Bo saltou de alegria. “Está bem vou até ele.”

Desligou o telefone, e correu à cozinha. “Era Randy ao telefone. Rance está na porta.”

Jim assobiou. “Deve ser obviamente o do sonho de antes.”

Virando os olhos. Bo beijou o topo da cabeça de Jim. “Não me esperem para jantar. Tenho muitas coisas para resolver com Rance e lhe apresentar a Joey.”

Lynda sorriu e beijou sua bochecha. “Boa sorte, querido.”

“Obrigado.”

Bo se dirigiu correndo ao carrinho de golfe, enquanto passava seus dedos entre seu cabelo. Tinham passado quatro dias da última vez que viu Rance. Talvez devesse primeiro barbear-se?

Rapidamente rechaço a idéia, subiu ao carrinho de golfe e saiu. Esperava que Rance mostrasse bom sinal. Certamente se o tivessem despedido, Shep teria lhe telefonado.

Quando se aproximou da porta, ao ver o bonito cowboy seu pênis se endureceu de novo, Droga! Isso apenas olhando o homem.

“Hei” cumprimentou, detendo-se. Não se atreveu a fazer nenhum movimento para Rance.

“Sinto muito, por me apresentar assim, mas preciso falar com você.” Rance apontou para a pequena bolsa de viagem a seus pés. “Você se importa?”

“Não, em nada. Sobe.”

Logo que Rance se sentou, Bo se dirigiu para seu lugar favorito no lago. Como Rance não dizia nada, Bo decidiu iniciar a conversação. “Então, que te trouxe até o Canadá?”

“Não se faça estúpido, sabe por que vim.”

Bo deteve o carro e desligou. “Eu realmente penso que não sou o único que se faz de estúpido aqui, o que acha?”

Rance tirou o chapéu e o deixou no assento traseiro. “Sim. Eu sei perfeitamente bem quem é o idiota. Mas em minha própria defesa, penso que meu mau humor na outra noite, não significa o mesmo que você imaginou.”

“Droga! O que queria que imaginasse? Você me pediu para sair, e praticamente me ignorou toda a noite. Eu conversei mais com o maldito garçom que com você.”

“Eu sei, mas eu tinha um montão de coisas em minha cabeça.” Antes que Bo pudesse dizer algo mais, Rance levantou a mão. “E sei, eu deveria discuti-lo com você, mas antes que pudesse fazê-lo você teve a audácia de se zangar e voar até aqui.”

Bo negou com a cabeça. “Isso não foi por ter me zangado, estava magoado, mas não zangado.”

Agora que Bo tinha a oportunidade de levar a conversa com Rance até o encontro que eles tiveram e ele não ia deixar passar. “Entendo que necessita tempo, mas me machuca que se feche completamente.”

“Eu sei, me inteirei essa noite. Pensei em falar com você na manhã seguinte, mas já tinha ido.”

Bo se encolheu de ombros. “Senti a necessidade de estar junto de pessoas que me amam.”

Rance pôs sua mão na coxa de Bo. “Poderia ter ficado no rancho e teria recebido se apenas tivesse acreditado em mim.”

Fechando seus olhos Bo se inclinou sobre Rance e roçou os lábios de seu amante com os seus. “Está dizendo que me ama?”

Puxando Bo mais perto, Rance lhe deu um profundo beijo. Bo se derreteu ante a ternura dos dedos de Rance em seu cabelo.

Rompendo o beijo Rance fixamente olhou nos olhos de Bo. “Te amo faz muito tempo. Apenas estou muito assustado em admitir.”

Bo pôs sua mão sobre o vulto nos jeans de Rance. “E isto?”

“Isso é amor por você, muito.”

Bo sorriu. “Sabe que não estou falando disso.”

“Sim, eu sei.”

“Então?” Bo insistiu.

“Está bem. Assim estão as coisas. Quero você e Joey de volta ao rancho para que vivam comigo. O problema é que não tenho certeza de estar preparado para me expor na sua frente.” Rance respirou profundamente. “Isso é o que ia dizer.”

Finalmente tinha sentido para o Bo que Rance atuasse como um idiota em seu encontro. Seu amante tinha coisas muito difíceis para pensar. Bo queria passar o resto de sua vida com Rance, mas…

“Enquanto não confie em mim o bastante para se mostrar em corpo e alma, eu não posso viver com você.”

“Isto não é questão de confiança.” Rance tentou argumentar.

“Sim, é. Seu pênis é feio, e daí. Se você pensar que isso é o que mais me importa, então você realmente não me conhece.”

“Sério? Com quantos homens diferentes fodeu em sua vida?” Rance disse.

Bo se sentiu como se o tivessem golpeado, Sabendo que havia dito a Rance tudo sobre seu passado, ele não podia acreditar que o homem tivesse a audácia de perguntar isso. “Se foda, filho da puta...”.

Rance levantou a mão, detendo a recriminação de Bo. “Tudo o que quero dizer, é que está acostumado a ter sexo de certa maneira. De uma maneira que não tenho certeza de poder te dar.”

“Fez uma boa imitação na outra noite.”

Rance negou com a cabeça. “Eu posso obter uma ereção, inclusive gozar, Graças a Deus, mas eu não fodi a ninguém após do disparo. Eu…”.

Bo deteve Rance com um beijo. Porque insistia em pressionar-se mais? Bo terminou o beijo e desceu do carrinho de golfe caminhou à beira do lago, cruzou os braços e se girou para Rance.

“Que diz a alguém quando cai do cavalo?”

“Huh? Digo-lhe que volte a subir, mas isso não tem nada haver, eu não cai do maldito cavalo, me dispararam.”

“É a mesma coisa, se pensar um pouco.” Bo tentou de fazê-lo entender.

A expressão na cara de Rance dizia a Bo, que ele não acreditava isso. “Olhe, eu gosto de foder, inclusive mais que ser fodido, mas esse não é o ponto. Que você possa ou não possa não me importa. Penso que está fazendo uma tempestade em um copo d’água. Apenas com uma fodida, tire a roupa!”

Rance abriu amplamente os olhos. “O que?”

“Ouviu-me, tire a roupa. Dá o salto. Deixa de falar em sair desta relação.”

“Não falei e nem fiz isso.” Rance argumentou.

“Droga, tenho certeza que fez e eu não posso ver como põe travas entre nós. Então tire a roupa. Se confia em mim. Faça isso.”

Rance apertou a mandíbula, saiu do carrinho e se dirigiu para Bo. “Você quer ver o que eu mesmo não posso ver? Bem, apenas não diga que não lhe adverti sobre isso.”

Rance desabotoou seus jeans, e baixou o zíper junto com sua cueca até seus tornozelos. Com uma expressão que Bo não pôde ler, cruzou os braços.

Apesar de ter pedido isso, Bo não estava mentalmente preparado para ver o pênis de Rance. Rapidamente controlou seu choque. Ajoelhou-se frente a seu amante, pegou o flácido eixo em suas mãos, olhando os tensos músculos de Rance.

Sentia que devia a Rance inspecionar completamente o prejudicado membro. A cicatriz estava inserida em meio de toda a longitude, dando ao pênis a aparência de que foi unido cirurgicamente.

Inclinando-se, começou a beijar as cicatrizes mais proeminentes. Quando o fez, o pênis em sua mão começou a alongar-se. Bo sorriu e continuou acalmando a besta selvagem frente a ele.

Duro, era fácil ver porque Rance estava preocupado por suas habilidades para foder. A cabeça e perto de seis centímetros do eixo destacavam em um incomum ângulo. Vendo Rance aos olhos, Bo sorriu. Sabia que o não podia lhe mentir a Rance, então, decidiu lhe dizer a seu companheiro exatamente o que pensava.

“Bom, tem razão, esta fodidamente feio, mas é isso o que?”

Rance continuou de pé sem dizer nenhuma palavra.

“Isso não troca meus sentimentos para ti, nem um pouco.”

Puxou Rance a seus joelhos. Com os olhos de seu amante no mesmo nível que os seus, Bo o beijou, esperando como o inferno que passasse qualquer exame que Rance necessitasse para provar seus sentimentos.

O varrido da língua de Rance em seus lábios lhe deu a resposta que o procurava. Pondo todo o amor que sentia nesse beijo, Bo abriu e gemeu. O problema da imagem do corpo de Rance poderia levar tempo. Mas por agora seu amante confiava nele. Teria isto agora, e o perfeito pênis algum dia.

 

Rance pressionou sua ereção contra Bo. “Vamos a algum lugar e me faça amor.”

Liberando-o, Bo sorriu. “Eu posso fazer isso.”

Quando Rance viu Bo rapidamente tirar sua roupa lhe perguntou. “O que está fazendo?”

Tirando uma camisinha de sua carteira, Bo tirava a camisa de Rance. “Pensei que disse que fizéssemos o amor?”

“Aqui?”

Bo riu. “Este é um lugar perfeito. Você vai concordar comigo, quando lhe apresente aos outros, Sunrise Garden é especial.”

Depois de assegurar-se de que não havia ninguém ao redor. Rance tirou as botas, jeans e a cueca. Nunca tinha feito sexo em um lugar público, e a idéia secretamente lhe excitava. Esticou-se na suave grama e esperou que Bo se unisse a ele.

A ereção oscilava mais que nunca, provando que Bo não estava aborrecido ou assustado. Abrindo suas pernas, convidando-o, Rance abriu os braços e lhe deu a bem-vinda ao forte corpo de seu amante quando o cobriu. Rance não precisou recordar a Bo que há anos não fazia sexo. Seu amante pôs seus dedos frente à boca de Rance. Abrindo-a Rance banhou perfeitamente em saliva os compridos e formosos dedos em sua boca.

Bo levantou uma sobrancelha. “Droga se continuar assim eu vou gozar antes de entrar.”

Rindo, Rance liberou os dedos de Bo. “Não pode fazer isso.”

Bo o beijou, enquanto seus dedos começavam a explorar o buraco de Rance. Porra. Rance tinha esquecido como era bom ser estirado. Seu corpo se abriu para a penetração, enquanto ele brandamente mordia o lábio inferior de seu amante.

Adicionando outro dedo, Bo tinha uma expressão de preocupação em seu rosto. “Você provavelmente não deva fazer isso. Pode se deixar levar e causar sangramento.”

Passando seus dedos pelo sedoso cabelo de Bo, Rance negou com a cabeça. “Eu não vou deixar de viver minha vida assustado por te tocar e te fazer amor. Eu não farei intencionalmente nada estúpido, mas tampouco vou vigiar cada ação entre nós.”

“Tem uma idéia do que seria para mim se contraísse o maldito vírus?” Bo perguntou.

“Nós precisamos deixar as coisas claras entre nós, antes de irmos mais adiante. Eu estou escolhendo fazer amor com você, sei tudo o que pode acontecer. Se por alguma razão, eu contraio AIDS, eu não quero que se sinta culpado. Eu sou maior. Eu sei os riscos que envolve tudo isso, e posso aceitá-los para que esteja comigo.”

Bo negou com a cabeça. “Não deveria ter que fazê-lo.”

“Mas o faço e o quero. Então abre a camisinha e foda-me!”

Bo se apoiou em seus calcanhares entre as pernas de Rance. Abrindo o pacote de alumínio, deslizou a camisinha em sua ereção. Rance sabia que seu amante seguia preocupado, mas Rance também sabia que tinha toda uma vida para convencê-lo que aceitava as conseqüências.

Posicionando a coroa na entrada de Rance começou a empurrar a dura ereção até que a cabeça penetrou o buraco de Rance. A vacilação de Bo, dizia a Rance que seu amante ainda estava muito preocupado.

“Depois do disparo pensei que minha vida tinha terminado. Vivia cada dia como se já estivesse morto. Você mudou isso para mim. Um só ano com você e com Joey significa mais que toda uma vida de solidão.”

Com um impulso de seus quadris, Bo se enterrou dentro do corpo de Rance. O ardor tirou a respiração, esperou pacientemente a que seu corpo se acostumasse ao pênis de Bo.

Fechando os olhos, Rance gemeu quando a dor se converteu em puro prazer. “Deus, isso tão bom.”

“Nem a metade de bom como você.” Bo ofegou, saindo-se lentamente antes de voltar a entrar.

Enganchando seus braços sob seus joelhos, Rance se abriu mais. Sem lubrificante, não duvidava que estivesse tão machucado como o inferno uma vez que Bo terminasse com ele, mas isso não tinha importância. Fazer verdadeiramente o amor pela primeira vez em sua infeliz vida, bem valia a pena um pouco de desconforto.

Olhando fixamente os olhos escuros de Bo, ele se perguntava como pôde ter sido enganado por Orem. Nunca seu ex o olhou da maneira como Bo o olhava.

Bo o surpreendeu quando pegou seu pênis em seu punho.

“Você não tem que fazer isso.” Rance rapidamente disse.

“Relaxe, eu quero fazê-lo.” Bo moveu seus quadris com o ritmo de sua mão.

Quanto tempo tinha passado desde que tinha sido tocado? Diabos, de fato, quanto tempo tinha passado desde que teve coragem de se dar prazer?

“Segue comigo.” Bo ofegou, aumentando a velocidade.

Rance sentiu o polegar de Bo pressionando contra a cicatriz abaixo da cabeça de seu pênis “Porra!” ele gritou quando seu eixo fez erupção, lançando o pegajoso e branco sêmen, pintando não só seu peito, mas também o de Bo.

Levantando sua cara para o sol, Bo gritou quando alcançou o clímax. Rance estava assombrado do poder que seu amante exibia no músculo que bombeava e os tendões que mostrava. Droga, sou um afortunado filho da pauta, disse a si mesmo, Bo começou a lamber o caminho no abdômen de Rance, provando a semente derramada. Agarrando o cabelo de Bo em um punho, a boca de Rance encheu d’água ao ver Bo desfrutar ruidosamente o sabor de seu sêmen. “Desejo…”

Os lábios de Bo cobriram os lábios de Rance. “Shhh, compartilhe sua própria semente.”

Rance piscou, não estava acostumado que alguém fosse capaz de lê-lo tão claramente. Sim, desejava lamber cada centímetro desse homem que estava sobre ele incluindo a essência que poria em risco sua vida. Rance se perguntava se fazer amor com um homem soro positivo faria que sentisse que estava perdendo algo.

O sexo era fantástico, mas era mais, antes e depois de brincar era estar um ao lado do outro. Que pudesse ter o pênis nu de Bo em sua boca, esse prazer não teria comparação? Rance sabia que isso nunca aconteceria. Com Bo, eles nunca teriam sexo de nenhum tipo desprotegido, incluindo mamada ou rimming[7]. Tinha ouvido a respeito de usar um papel plástico, mas isso não seria o mesmo que ser capaz de provar o homem que amava.

“Que está ruim?” Bo perguntou, beijando o corpo de Rance.

“Nada.” Rance respondeu, lambendo os lábios de Bo.

“Mentiroso.”

Rance sabia que precisava ser honesto com Bo. “Apenas me dei conta de todas as implicações de fazer amor com um homem portador de AIDS.”

O corpo de Bo ficou tenso. “Pode o perigo ser muito para você?”

Rance negou com a cabeça. “Não. Isto parece unilateral. Há muitas coisas que eu gostaria de fazer com você, mas sei que não posso. Suponho que sou como um menino em uma loja de doces. Que quer tudo, mas lhe dizem que apenas pode pegar certa quantidade.”

Bo se separou de Rance e tirou a camisinha, atou e a deixou no bolso de seus shorts, ficou de pé e se dirigiu ao carrinho de golfe e tirou do centro do tabuleiro umas toalhinhas úmidas.

Rance olhou seu amante, tentando decifrar seu humor. “Não quis ferir seus sentimentos ou que se zangasse”

Bo retornou a sua posição ao lado de Rance. “Não fez nenhuma das duas, Eu só estou preocupado.”

“Por quê?” Rance perguntou.

“Por não ser suficiente? Por não ser capaz de te dar o suficiente?”

O coração de Rance se derreteu. Ele pensando no que não podia fazer com Bo, que esqueceu o mais importante: o que receberia.

Rance puxou Bo a seus braços e o beijou. “Amo-te, vou começar uma família com você e com Joey e isso é mais importante para mim que qualquer outra coisa. Por favor, não deixe que minhas queixas te façam acreditar algo diferente. Esta é uma nova maneira de fazer amor para mim, isso é tudo. Eu desejo dar a ti o mesmo prazer que você me dá.”

Bo sorriu. “Não se preocupe por isso.”

Parecia que Bo queria dizer algo, mas se deteve, fechou a boca e negou com a cabeça.

“Que?”

Depois de um longo momento, Bo enterrou sua cara contra o pescoço de Rance. “O dia que descobri que era soro positivo, foi o pior dia de minha vida.”

“Isso é compreensível.” Rance interrompeu.

Bo assentiu. “Suponho, mas não era o medo a ter AIDS o que me assustava. Eu estava prejudicado. Que homem decente poderia querer a alguém como eu, como par? Então, fodi, e fodi e fodi até mais. Sempre de uma maneira segura, mas nunca permitia a mim mesmo ser apanhado.”

“OH, bebê.” Rance disse calmamente, beijando o topo da cabeça de Bo.

“Quando Lark e Kade chegaram de visita no ano passado, eu os vi juntos e sabia que eu queria o que eles tinham. Eu sabia que era mais que um sonho impossível, mas decidi que o sexo não era suficiente para mim, já não mais.”

Bo olhou fixamente aos olhos de Rance. “Você é a primeira pessoa que amei verdadeiramente.”

Rance sentiu necessidade de abrir sua alma ao homem em seus braços. Por muito tempo se permitiu viver a vida como vitima sempre assustado do que pudessem pensar dele. “Eu penso que nós temos mais em comum do que nos demos conta. Para você foi contrair AIDS, para mim foi o disparo. Ambos pensamos que estávamos muito danificados para ser amados.”

“E agora nos temos um ao outro.”

“E o Joey.” Rance adicionou. “E falando dele, quando vou ter a oportunidade de conhecer a mais recente incorporação a nossa família?”

A cara inteira de Bo se iluminou. “Agora mesmo.”

Ambos pegaram suas roupas ao mesmo tempo e começaram a vestir-se. Bo estava quase tremendo da emoção enquanto vestia sua camisa.

“Espera a vê-lo, é absolutamente perfeito.”

Rance riu e subiu ao carrinho de golfe. “Como já me demonstraste, o perfeito está nos olhos do observador. Então não tenho nenhuma dúvida que Joey é perfeito.”

 

Depois de lavar muito bem suas mãos na pia da cozinha, Bo levou Rance à sala. Sentado frente à televisão estava Neil com seu boxer nos tornozelos, enquanto Jim lhe estava chupando o pênis.

Virando os olhos, Bo limpou a garganta. Jim finalmente separou sua boca do eixo de Neil e sorriu.

“Você deve ser Rance.” Jim saudou.

“Sim.” Rance respondeu.

Bo envolveu seu braço ao redor de Rance. Seu amante parecia um pouco nervoso pela aparente falta de modéstia de Jim e Neil. Bo teria que dizer a Jim e Neil que mantivessem as coisas um pouco mais frias, enquanto Rance estivesse na casa.

“Onde está Joey?” Bo perguntou.

“Subindo a escada. Lynda está lhe pondo o pijama.” Neil apontou para uma cadeira. “Sentem-se.”

Bo negou com a cabeça. “Obrigado, mas vou apresentar Rance a Joey e Lynda.”

Guiou Rance fora da sala. Deteve-se ao lado do sofá e murmurou ao ouvido de Jim. “Faria-me o favor de tentar terminar, antes que retornemos.”

Rindo, Jim assentiu. “Sem problema.”

Quando saíram Bo abraçou e beijou Rance. “Sinto, por ter se sentido incomodado. As coisas aqui são um pouco diferente.”

“Suponho. Quero dizer, ouvi histórias, mas... wow.”

Rindo, Bo continuou guiando Rance para cima das escadas. Entrando no quarto, Bo sentiu que seu coração se derretia cada vez que via seu filho.

“Está dormindo?” Bo perguntou a Lynda.

“Não, mas não demora.” Lynda se levantou da cadeira de balanço e brandamente passou o menino a Bo.

“Eu gostaria de te apresentar Rance.” Bo o apresentou sem tirar a vista da doce cara de Joey.

“Prazer em conhecê-lo, finalmente.” Em vez de estreitar a mão de Rance, Lynda embalou sua bochecha em saudação.

“O prazer é meu. Obrigado por cuidar de Bo e de Joey por mim.”

Bo provavelmente deveria ter se ofendido pela maneira como Rance o disse, mas apenas sentiu a calidez das palavras.

“Isso foi um absoluto prazer para mim.” Lynda respondeu. “Vou deixar os três a sós. Desçam quando Joey estiver na cama, comeremos alguma coisa.”

Bo assentiu em agradecimento, quando Lynda deixou o quarto se girou para Rance, e mostrou seu filho. “Você gostaria de carregá-lo?”

Rance mordeu o lábio e assentiu. “Deixe-me sentar primeiro.”

Depois de sentar-se na cadeira de balanço, Bo deixou Joey nos braços de Rance. Joey por um momento abriu os olhos e voltou a fechá-los.

“Ele é formoso.” Rance murmurou, passando seu dedo indicador pelos longos e negros cílios de Joey.

“Não acreditou quando te disse que era perfeito?” Bo brincou, de joelhos frente a Rance e Joey.

Rance se inclinou e depositou um suave beijo na testa de Joey. “Posso te fazer uma pergunta pessoal?”

“Claro. Eu não tenho segredos.”

“Seu pai biológico é um nativo americano?”

“Segundo Jan era, mas ela não sabia de que tribo nem nada. Diabos ela não sabia nem seu sobrenome somente que se chamava Hawk[8], ela foi a uma festa do sexo, realmente estava envergonhada. Joey provavelmente nunca conheça suas verdadeiras origens.”

Negou com a cabeça. “Se chegar o momento em que Joey queira saber, nós lhe ajudaremos. Imagino que haverá exames ou algo que possamos fazer. Enquanto isso o menino terá todo o amor e a confiança que qualquer menino possa necessitar.”

“Tem razão.”

 

 

                                             Capítulo Oito

 

Depois de acomodar o último fardo de feno, Bo se dirigiu a casa. Embora ainda faltassem duas horas para o batismo, Bo esperava poder ir até o salão da recepção para ver se Tyler necessitava ajuda em arrumar o salão.

Tudo tinha saído perfeitamente bem, quando ele e Rance estavam com Tyler e Hearn no O’Brien’s na terça-feira. Eles mencionaram que queriam batizar Joey e Tyler sugeriu um batismo duplo com Gracie no próximo sábado à noite.

“Estou em casa.” Bo gritou, ao entrar na casa que ele e Joey compartilhavam com Rance.

“Aqui atrás.”

Bo tirou a camiseta por sua cabeça e entrou no quarto. “Eu vou tomar uma ducha…”.

A voz de Bo se apagou quando viu o que tinha diante. Rance estava nu com as pernas abertas e tinha em sua mão seu pênis ereto. O que mais lhe impressionou foi ver que Rance aceitava lhe mostrar seu próprio corpo, isso dizia Bo o muito que confiava nele.

“Bom, olá.” Bo olhava o nu pênis de Rance.

“Esperamos por você.”

“Posso ver isso. Dê-me um segundo para tirar o suor, e estarei mais que feliz de estar sobre você.”

“Não me incomoda o suor.” Rance lhe informou abrindo mais suas pernas.

Bo sorriu. “Onde está Joey?”

“Os meninos o têm no barracão.”

Quanto queria ter enterrado nele esse pênis que lhe mostrava, Bo estava mais interessado no pênis que estava sendo acariciado em toda sua dureza. Eles tinham retornado do Canadá a cerca de uma semana e ele ainda não tinha sido preenchido por esse membro, mas não havia dito nada. Sabia que a última coisa que Rance precisava era que recordassem sua lesão, mas Bo podia fazer com que valesse a pena.

Pegando o frasco de lubrificante e duas camisinhas da cômoda, foi ao lado da cama.

“Foda-me.” finalmente rogou a seu amante.

Os olhos de Rance se abriram enormemente. “O que?”

“Ouviu-me.”

Rance piscou várias vezes, antes de olhá-lo envergonhado. “Não acredito que possa.”

Bo viu a recém formada autoconfiança de Rance começar a desaparecer. Não, isso definitivamente não era uma opção. Abraçando seu amante Bo deu a Rance um apaixonado beijo. “Acredito que pode. Mas se não funcionar, nós estaremos bem.”

Rance assentiu com um leve movimento de sua cabeça aceitando, mas Bo podia dizer que seu companheiro ainda estava preocupado. Posicionando-se a si mesmo na cama, Bo pegou um pouco de lubrificante em seus dedos e tirou um plugue de entre suas pernas.

Para o Bo isso não era estranho ele freqüentemente se colocava um plugue anal, antes de ir trabalhar todo o dia sobre o trator, então o processo de estiramento para ele foi rápido e fácil. Viu Rance pegar a camisinha e tentar deslizá-la em seu próprio eixo. Bo tinha a sensação de que a preocupação de Rance não era o de sustentar a ereção, a não ser a curva em seu pênis.

Bo tirou a camisinha das trementes mãos de Rance. “Deixe-me te ajudar.”

Começou a passar seus dedos para acima e para baixo da longitude de Rance levando tempo para apreciar as pesadas bolas que penduravam entre as pernas de seu companheiro. Com a coroa do pênis de Rance coberta, Bo se inclinou e meteu em sua boca a cabeça. Sorriu quando a ereção reapareceu e brandamente deslizou o resto da camisinha passando o feio ângulo e baixando tudo o que foi possível.

Com a tarefa completa, colocou sua própria camisinha em seu eixo, nunca seriam demais as precauções para proteger sua própria família. “Acho que seria melhor se eu ficasse de quatro.”

Bo ficou na posição e Rance se ajoelhou atrás dele. Com seu traseiro bem lubrificado, a metade do pênis de Rance se deslizou sem muita dificuldade. As cicatrizes que Rance tinha em seu pênis eram mais grossas que o plugue que Bo tinha usado, mas isso lhe causava uma prazerosa dor.

Quando Rance alcançou o principal lugar da lesão, ele se moveu atrás de Bo se empurrou. “Diga-me se te machuco.”

Rance lentamente enterrou seu pênis. Sustentando a respiração, Bo quase gozou quando o pênis golpeava sua próstata.

“Porra, bebê, acredito que acabamos de descobrir o céu.” ele disse quando mais do pênis de Rance entrava nele.

Rance ainda não estava totalmente dentro quando Bo perdeu a briga pelo controle e seu corpo inteiro começou a estremecer-se com a intensidade de seu orgasmo. A pesar do tremor, o pênis de Rance continuava golpeando a próstata de Bo.

Com seu traseiro ainda no ar, Bo pegou a base da camisinha, sabendo que ele ainda não tinha terminado. Droga. Porque não se deram conta que o pênis de Rance tinha o ângulo perfeito agora para dar tanto prazer?

A resposta chegou imediatamente. Porque ambos se enfocaram na aparência estética do pênis de Rance e eles não tinham visto mais adiante. Se alguém o houvesse dito, ‘Teria acreditado que o estavam enganando’ mas era certo, quanto às cicatrizes no pênis de Rance.

“Está bem?” Rance perguntou, quando a respiração de Bo retornou ao normal.

“Porra. Não. Não estou bem.” Bo respondeu. “Nunca em minha vida senti algo parecido com isto.”

“Quer que saia?”

“Diabos, não. O que quis dizer, é que eu gosto como me fode.”

Rance pôs sua mão no duro traseiro de Bo. “Você pediu isso.”

Quando Rance aumento o ritmo, Bo sentia que não podia colocar ar suficiente em seus pulmões. O constante estímulo em sua próstata era entristecedor, quase ao ponto de dor.

Rance gritou o nome de Bo quando se empurrou uma vez mais e gozou. Incapaz de respirar, Bo deu uma cotovelada em Rance, que entendeu a indicação e saiu de seu amante, antes de paralisar a seu lado.

Fechando os olhos, Bo tentava como louco recuperar suas faculdades. Jesus Cristo! Nunca tinha experimentado nada semelhante a isso.

Não tinha certeza quanto tempo esteve deitado, mas finalmente girou seu rosto para Rance. Seu amante parecia estar dormindo. Evidentemente ele não era o único afetado pela intensa sessão.

Com a mão ao redor de seu pênis caminhou com dificuldade até o banheiro, ele precisava jogar a camisinha.

Depois de limpar-se, pegou uma toalha úmida e a levou ao quarto e removeu a camisinha do flácido pênis de Rance. Não pôde evitar sorrir ao ver a quantidade de sêmen presente. “Pobre bebê provavelmente esteja desidratado agora.”

Rance se agitou, quando Bo limpava sua virilha. “Merda, que foi isso?”

“Relaxe. Nós temos uma hora antes de ter que ir.”

Deitando-se de novo, Rance suspirou. “Isso foi lindo.”

Rindo, Bo se inclinou e beijou a têmpora de Rance. “Isso meu amor, foi o céu e o inferno combinados. Eu não sei se meu coração agüenta isso todo o tempo, mas definitivamente decidi fazer de novo.”

 

Rance assobiou, quando viu Bo sair do banheiro com seu novo terno negro. A única coisa que não gostava de era o cabelo de Bo amarrado na nuca. Sabia que seu companheiro queria parecer respeitável, mas assim, não se via como o homem que amava da cabeça aos pés.

“Está apetitoso.” Rance disse a Bo, lhe dando um abraço.

“Sinto-me como um tolo.” Bo admitiu puxando seu colarinho branco.

“Possivelmente isto ajude.” Rance puxou a tira de pele que sustentava o cabelo de Bo. O suave cabelo se desdobrou nos ombros de Bo. “Sim, muito melhor.”

Bo sorriu. “Sinto-me muito melhor, também.”

“Está pronto?” Rance perguntou. Passando sua mão pelo duro traseiro de Bo. Ainda não estava totalmente recuperado do prazer de haver-se enterrado em Bo.

“Sim. Tenho a esperança que os meninos tenham conseguido pôr a roupa em Joey”.

“Eu não contaria com isso.”

Eles caminharam para o barracão, apenas detendo-se duas vezes para beijar-se. Rance não podia manter suas mãos longe do traseiro de Bo. Droga, ele tinha se convertido em um maníaco sexual nas ultima horas.

A maneira com que Bo continuava roçando com sua mão a frente da braguilha de Rance, lhe dava a sensação que o não era o único depravado.

Entrando no barracão, Rance ficou com a boca aberta, Joey estava com o branquíssimo traje que Lynda tinha mandado do Canadá. Não somente estava imaculado, mas parecia os cowboys estavam levando muito a sério seu trabalho de babás.

Joey estava sentado no centro de um cobertor com travesseiros ao redor dele. Jim, Steve e Buddy estavam vestidos com seus trajes, sentados com as pernas cruzadas com ele no chão. Steve tinha uma toalha à mão pronta para enxugar qualquer saliva que lhe escapasse, Buddy tinha a rã de pelúcia na mão, Tentando entreter o pequeno, e Jim tinha a mamadeira e as fraldas preparadas se caso precisassem.

Bo deu uma cotovelada em Rance. “Vê? Não precisava preocupar-se.”

Rance riu ante o tolo sorriso na cara dos rudes cowboys. “Nunca pensei que viveria para ver este dia.” Entrando no círculo de travesseiros que funcionava como barricada, Rance levantou Joey. “Como está o menino do papai?”

Joey sorriu e tentou alcançar o chapéu de Rance. Rance puxou a cabeça para trás o suficiente para manter o chapéu em sua cabeça. “Está pronto para sua primeira festa?”

Os cowboys ficaram em pé e escovaram seus trajes. “Faz vinte minutos que trocamos suas fraldas.” Jim informou Rance.

“Bom. Obrigado meninos. Podem cuidar dele quando quiserem.”

“Faremos isso.” Buddy disse.

 

Exceto por Joey que encheu suas fraldas na metade do batismo, tudo transcorreu sem tropeços. Bo e Rance se alternavam para carregar Joey, enquanto seus padrinhos estavam atrás deles. Bo sabia que Joey teve sorte, em vez de um padrinho ele tinha sete homens dispostos a cuidar dele caso algo acontecesse com Rance ou a ele.

Enquanto os amigos de Cattle Valley começavam a encher o salão da recepção, Bo passou o menino a seu tio Lark. “Pode cuidar dele um pouco.”

Lark assentiu e orgulhoso levou Joey a sua festa. Bo puxou Rance a seus braços. Parado frente à igreja o beijou. “Depois da farsa de meu matrimônio com Jan, fiz a promessa de nunca fazê-lo de novo. Mas o amor mudou minha maneira de pensar.”

Rance separou sua cabeça um pouco. “Está dizendo que quer que nos casemos?”

“Sim. Aqui e agora. Não necessitamos nada apenas você, eu e Deus, para fazê-lo. Uma cerimônia tradicional é tudo a respeito da cerimônia. Eu quero que isto seja a respeito de nós dois e nosso amor um pelo outro.”

Rance passou seus dedos pelo cabelo de Bo, e lhe deu um beijo suave como asas de um anjo. “Eu Rance Benning, aceito você, Bo Lawson, como meu marido. Para te ter em meu coração e te proteger todos os dias de minha vida.”

Embora fosse curto e doce Bo sentiu que seus olhos se alagavam. “O dia que te vi na padaria foi o dia que meu coração começou a palpitar pela primeira vez em minha vida. Não sei o que fiz para merecê-lo, e para ser honesto, provavelmente nunca saiba o que foi que fiz, mas obrigado. Você Rance Benning, é o único amante e companheiro que necessito.”

O beijo que se seguiu à improvisada cerimônia, foi mais sexual que doce. Bo não podia puxar Rance o suficientemente perto para satisfazer-se. Suas línguas tinham um duelo e ambos fodiam a boca um do outro, quando Rance subiu a perna para envolver o quadril de Bo.

“Sexo na igreja, não” o Reverendo Sharp ria da porta.

Quebrando o beijo, Bo olhou sobre seu ombro a Casey. “Dê-nos um descanso, acabamos de nos casar.”

“Que?” Casey caminhou para o santuário. “Parabéns.”

“Não vai ficar zangado porque fizemos sem você?” Rance perguntou.

O Reverendo Sharp negou com cabeça. Casey deu a ambos um abraço e um beijo na bochecha. “Vocês tiveram à testemunha mais importante. Isso é o que conta.”

“Penso exatamente o mesmo.” Bo pegou a mão de Rance e o guiou para a porta do salão. “Vamos celebrar.”

Devido a suas anteriores atividades Bo não pôde ir ao salão, antes batizado. Ao entrar se assombrou da decoração de Tyler. Olhou ao redor da sala que tinha tecidos pendurados em branco com toques de azul e rosa por toda a sala. “Esse homem não faz nada pela metade?”

“Não seria Tyler se o fizesse.” Rance comentou, pegando a mão de Bo.

Eles se uniram à multidão em busca de seu filho. Rance foi o primeiro em ver Joey, assinalando-o. “Está ali.”.

Bo girou seus olhos. “Droga! Nós nunca conseguiremos recuperá-lo.”

Joey estava seguro, acomodado no forte antebraço de Gill, puxando uma das orelhas do homem ante o riso de todos ao redor, incluindo o ex-jogador de futebol.

“Olhe, parece que há comida.” Rance disse assinalando à esquerda de Gill.

Resignado a compartilhar a seu filho, Bo guiou Rance à mesa do bufê. Sean O’Brien estava parado frente a uma travessa de lasanha quando Bo pegou um prato. “Parece bom, Sean.”

“Jay fez isso e ele é um maldito bom cozinheiro. Um inferno melhor que eu.”

Bo olhou para o tranqüilo homem na cozinha. Não sabia muito sobre o recém-chegado, embora duvidasse que alguém soubesse. Exceto, é claro, Nate, Jay era muito reservado. Embora tivesse que admitir que o menino parecesse muito mais feliz do que quando chegou à cidade.

Enchendo seu prato, Bo encontrou dois lugares vazios na mesa junto a Isaac, Matt e Sam. “Podemos sentar com vocês?”

“Claro.” Sam respondeu.

Rance apontou para os três homens. “É estranho ver os três juntos.”

Isaac terminou de engolir sua comida, antes de responder. “Sim. Nós finalmente decidimos contratar a alguém que cubra os fins de semana por nós.”

“Sério? Alguém de Cattle Valley?” Bo perguntou.

“Não. Daniel era um de meus professores. Mantemos contato depois da graduação, e quando mencionou que deixava a universidade, sugeri que viesse aqui.” Matt lhe informou.

“Bom, nós sempre necessitamos outro medico na cidade.” Apontando para a lasanha, Bo girou os olhos. “Isto é um pedaço de céu em um prato.”

“Precisa provar o tiramisu[9].” Rance disse levando um pedaço a sua boca.

“Não, mas o farei.” Bo se inclinou e empurrou sua língua dentro da boca de Rance. O sabor do café misturado com o chocolate despertou suas papilas gustativas. “Mmm, mais.”

Rindo, Rance o alimentou com um pedaço de sua sobremesa. “Isto pode ser nosso bolo de casamento.”

“O que? Vocês dois se casaram?” Isaac perguntou.

Bo engoliu o delicioso doce antes de responder. “Na verdade faz alguns minutos.”

“Porque não disseram a ninguém?” Isaac foi mais à frente.

Bo olhou para Rance e se encolheu de ombros. “Queríamos que fosse apenas nós dois.”

Isaac assentiu. “Então, parabéns.”

“Obrigado.” Bo apertou a coxa de Rance por baixo da mesa.

O som de um choro cruzou o salão. Rance e Bo ficaram de pé. Os homens na mesa começaram a rir. Bo se afastou, e Rance atrás dele. O problema evidentemente era chegar até Joey.

Seu doce menino estava desesperadamente tentando sair dos braços de Erico. Antes que Bo pudesse alcançá-lo, Jay tinha chegado e tinha tirado o gritalhão menino de Erico. Joey imediatamente se acomodou contra o magro peito do Jay e colocou seu polegar à boca.

Rance ia passar Bo, mas seu novo marido o deteve. “Veja isso, inclusive Jay está feliz?”

Rance pareceu estudar ao andrógino homem. “Não, não posso acreditar o que ele fez.”

Jay beijou o topo da cabeça de Joey e caminhou com o bebe para o canto do salão. Erico o seguiu com o olhar, ligeiramente nervoso. Bo se perguntava se tinham mesmo posto o cheff em seu lugar e por alguém tão doce e tranqüilo como Jay.

“Deixemo-los, por enquanto.” Bo murmurou ao ouvido de Rance.

Rance assentiu. “Acredito que encontramos a babá perfeita.”

“Mas perfeita que um barracão cheio de rudes trabalhadores?” Bo riu.

“Bom, possivelmente nós podemos reservá-lo para ocasiões especiais, quando os vaqueiros estejam festejando na cidade.”

“Sim, como a próxima semana de rodeio. Merda, melhor eu e você oferecermos o emprego, eu vi como que Hearn olhou Jay resgatar o bebê de Erico. Não vou deixar que esse homem mude os planos de nossa babá.”

Rance riu e deu em Bo um forte beijo. “Em frente, tigre.”

Cruzando o salão, chegou ao tranqüilo canto aonde se encontrava Jay, Bo se aproximou brandamente. O garoto parecia assustar-se facilmente por qualquer razão, e a última coisa que Bo queria era que Jay soltasse Joey.

Ficou de pé parado a três metros e esperou a que Jay o notasse. Embora fosse difícil ouvi-lo com o ruído da multidão na festa, Bo escutou que cantava ‘Hush, Little Bebê’[10], Jay tinha uma suave e calma voz.

O tom era perfeito, os olhos de Bo se encheram de lágrimas. Que estava fazendo esse menino em um bar como cozinheiro?

A canção terminou tirando Bo de seu transe. Quando levantou a vista Jay estava junto a ele. “Sinto muito. Espero que esteja bem. Ele estava chorando e…”

“Está bem. Mais que bem realmente. É maravilhoso com ele.” Bo se aproximou e passou a mão pelas costas de Joey. Seu pobre pequeno menino estava dormido. “Rance e eu, queremos saber se estaria interessado em cuidá-lo para nós ocasionalmente.”

“Eu?”

Bo sorriu ante a expressão impactada da cara de Jay. “Sim, você. O que te posso dizer é que Joey já confia em você, então porque nós não o faríamos?”

Jay olhou para a carinha adormecida pressionada contra seu peito. “Eu gostaria muito.”

“Bom. Não sei se alguém já te contou, os dias de Cattle Valley começam dia primeiro de julho, no sábado a noite há um baile na rua que eu e Rance gostaríamos de ir, se estiver livre para ficar com Joey.”

Jay assentiu. “Eu posso fazê-lo. Eu não tinha planejado assistir o baile mesmo.”

Fortes braços envolveram a cintura de Bo. “Está preparado para retornar a casa? Já me despedi e lhes disse que estou quente por iniciar a lua de mel.”

Bo girou sua cabeça e beijou seu parceiro. “Em um momento.”

Retornando a atenção uma vez mais para Jay, Bo se aproximou. “É hora de levar este menino para casa.”

Jay beijou a testa de Joey uma vez mais, antes de dá-lo a Bo. “Se me esperar um minuto, vou escrever o numero de meu celular num papel.”

“Claro.” Bo apoiou Joey contra seu ombro. Enquanto Jay procurava uma folha de papel, Bo caminhou para Rance. “Deveria ouvir como cantou para Joey.”

“Bem?”

“Muito melhor.” Bo guiou a sua família à porta. Odiava ser um desmancha-prazeres, mas seu dia tinha começado muito cedo, e começaria o outro às seis da manhã. A viagem ao Canadá tinha atrasado seu horário por uns dias. Lark esteve bem, mas simplesmente não tinha a força de Bo.

Jay os encontrou perto da porta. “Este é o numero do O’Brien’S. Eu trabalho para ele a maioria das noites, podem me encontrar ali. Espero ter telefone em breve, quando o tiver, lhes darei o numero.”

Bo lhe agradeceu e se dirigiu à caminhonete. “Você inclusive não ouviu Jay falar muito?” “Não, pode dizer-se que não o ouvi.” Rance respondeu.

Depois de acomodar Joey em seu assento e fechar o cinto de segurança. Rance saiu do estacionamento. “Shep disse que durma amanhã, que os domingos significam não trabalhar.”

Bo sorriu. Essa era uma das razões por que seu chefe o agradava. “Perguntou-me se encontraremos quem cuide de Joey por algumas horas na tarde.”

“Provavelmente, por quê? O que tem em mente?”

Movendo-se no assento passou seu braço pelo pescoço de seu parceiro. “OH, ainda tenho alguns truques na manga.”

 

 

[1] Stetson é uma marca famosa de chapéus de cowboys, criados por John B Stetson Company. Desde meios de 1800.

[2] Jeopardy é um jogo de concursos.

[3] É uma prática que consiste num indivíduo conseguir obter prazer sexual através da observação de outras pessoas. Essas pessoas podem estar envolvidas em atos sexuais, nuas, em roupa interior, ou com qualquer vestuário que seja apelativo para o indivíduo em questão, o voyeur.

[4] Prius é um veículo hibrido da Toyota.

[5] Novela publicada com o pseudônimo de K R Dwer em 1972, e reimpressa em 1995, do escritor Dean Ray Koontz, perito novelista de suspense.

[6] Reader’s Digest, revista americana mensal desde 1922, no México e no Brasil se chama Seleções.

[7] Rimming, é jogo sexual de lamber ao redor do ânus.

[8] Hawk, falcão.

[9] Sobremesa italiana, sem receita única, mas cujos ingredientes principais são bolo de chocolate embebido em baunilha e licor de café, regado com molho de chocolate e creme.

[10] Canção de berço. Tranqüilo pequeno menino, não diga uma palavra, seu pai vai te comprar um passarinho, se o passarinho não cantar, seu pai vai te comprar um anel de diamantes, se o anel de diamantes for de latão, seu pai vai te comprar um espelho, se o espelho se quebrar, seu pai vai te comprar um carrinho de mão e um carneiro. Se o carneiro não quiser puxar, seu pai vai te comprar um carrinho de mão e um touro, se o carrinho de mão e o touro, se transformam, seu pai vai te comprar um cão chamado Rover. Se o cão chamado Rover não quiser latir seu pai vai te comprar um cavalo e uma carreta, se o cavalo e a carreta caem. Você seguirá sendo o pequeno mais doce da cidade.

 

 

 

                                                                                Carol Lyne 

 

 

                      

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