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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


OSSOS SANGRENTOS / Laurell K.Hamilton
OSSOS SANGRENTOS / Laurell K.Hamilton

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT 

 

 

Series & Trilogias Literarias

 

 

 

 

 

 

Quando o chefe de Anita Blake na Animators, Inc., informa que ela deve levantar zumbis de 300 anos de um campo de ossos misturados simplesmente para resolver uma disputa por terras, ela fica compreensivelmente aborrecida. Mas assim que ela chega em Branson, Missouri, para fazer a proeza, o trabalho fica mais interessante. Um vampiro psicótico com destreza em espadas começa a cometer múltiplos assassinatos na área, e Anita deve chamar Jean-Claude, seu poderoso pretendente com presas, para ajudá-la.

 

 

 

 

CAPÍTULO 1

Era Dia de São Patrício e o único verde que eu estava vestindo era uma abotoadura que dizia: “Me atormente e você é uma refeição morta”. Eu comecei a trabalhar ontem com uma blusa verde, mas acabei com sangue nela toda de uma galinha decepada. Larry Kirkland, reanimador de zumbis em treinamento, tinha deixado cair o bicho decapitado. Isso fez com que a pequena cabeça da galinha girasse e espalhasse sangue em nós dois. Eu finalmente peguei a maldita coisa, mas a blusa estava arruinada.
Eu tive de correr pra casa e troca-la. A única coisa que não estava arruinada era minha jaqueta cinza carvão que estava no carro. Eu coloquei de volta por cima de minha blusa preta, saia preta, meia preta e sapatos pretos. Bert, meu chefe, não gosta que a gente use preto no trabalho, mas eu tinha de estar às 7 no escritório sem nenhum cochilo, então ele simplesmente teria de viver com isso.
Eu misturei meu café na minha caneca e bebi o mais rápido que pude. Isso não ajudou muito. Eu olhei a série de 8 a 10 brilhantes arquivos espalhados em minha mesa. A primeira foto era de um vale que tem sido aberto, provavelmente por uma escavadeira. Uma mão esquelética saía da terra fresca. A próxima foto mostrava que alguém havia tentado cuidadosamente tirar a sujeira, mostrando fragmentos de um caixão e ossos do outro lado dele. Um novo corpo. A escavadeira deve ter sido trazida de volta. E teria arado a terra vermelha e achado um cemitério de ossos. Ossos semeavam a terra como se fossem flores espalhadas.
Uma caveira espalhada era uma articulação de maxilar em um grito silencioso. Um pouco de cabelos pálidos ainda estava preso nela. A escura e manchada roupa em volta do corpo parecia o resto de um vestido. Eu achei pelo menos 3 fêmures* próximo a metade do esqueleto. Ao menos que o corpo tivesse 3 pernas, nós estávamos olhando pra uma verdadeira bagunça.
(*Osso da coxa)
As fotos eram todas tiradas de um jeito macabro. As cores fizeram com que fosse mais fácil diferenciar os corpos, mas o brilho alto foi um pouco demais. Pareciam fotos de cadáveres feitos por um fotógrafo de moda. Provavelmente em NY tem uma galeria de arte que mostraria essas coisas malditas e serviriam queijo e vinho enquanto as pessoas andavam em volta dizendo: “Poderosas, não acha? Muito poderosas.”
Elas eram poderosas. E tristes.
Não havia nada além das fotos. Sem explicação. Bert havia dito para ir até seu escritório depois de eu olha-las. Ele explicaria tudo. É, eu acredito nisso. O Pernalonga é meu amigo também.
Eu peguei as fotos, coloquei-as no envelope, peguei minha caneca e café na outra mão e fui pela porta.


Não havia ninguém na mesa. Craig havia ido pra casa. Mary, nossa secretária diurna, não chegaria até as 8. Havia um espaço de tempo de 2 horas em que o escritório ficava inabitado. Bert ter me chamado pro escritório onde nós dois éramos as únicas duas pessoas me incomodou. Muito. Pra que o mistério?
A porta do escritório de Bert estava aberta. Ele estava sentado atrás da mesa, bebendo café, mexendo em uns papéis por ali. Ele me olhou, sorriu, e me mencionou para que eu chegasse perto. O sorriso me incomodou. Bert nunca está feliz ao menos que ele queira alguma coisa.
Seu terno-de-mil-doláres combinava com a camisa e gravata branca. Seus olhos cinzas brilhavam de vitória. Seus olhos eram da cor de vidro de janelas sujas, então para brilharem era um real esforço. Seu cabelo loiro-neve havia sido recém arrumado. O corte era tão curto que eu podia ver seu couro cabeludo.
“Sente-se, Anita.”
Deixei o envelope em sua mesa e sentei.
“O que você quer, Bert?”
Seu sorriso aumentou.
Ele usualmente não gastava seu sorriso com ninguém além de clientes.
Ele certamente não gastava comigo.
“Você olhou as fotos?”
“Sim. O que tem elas?”
“Você pode levantá-los da morte?”
Eu franzi a testa e bebi um gole do café.
“O quão velhos eles são?”
“Você não pode dizer pelas fotos?”
“Pessoalmente eu poderia te dizer, mas não por fotos. Responda a pergunta.”
“Por volta de 200 anos.”
Eu apenas olhei pra ele.
“ A maioria dos animadores não poderiam levantar zumbis dessa idade sem sacrifício humano.”
“Mas você pode.” Ele disse.
“Sim. Eu não vi nenhum lápide nas fotos. Nós temos algum nome?”
“Por que?”
Eu balancei minha cabeça. Ele tem sido meu chefe à 5 anos, começou a companhia quando era apenas ele e Manny, e ele não sabe merda nenhuma sobre levantar zumbis.
“Como você pode estar cercado de animadores por todos esses anos e saber tão pouco sobre o que fazemos?”
Seu sorriso diminuiu um pouco, o brilho começou a desaparecer dos olhos.
“Por que você precisa de nomes?”
“Você usa nomes pra chamar os zumbis do túmulo.”
“Sem um nome você não pode levantá-los?”
“Teoricamente, não.”
“Mas você pode.” Ele disse.
Eu não gostei do quão seguro ele estava.
“Sim, eu posso. John, provavelmente também.”
Ele balançou a cabeça. “Eles não querem o John.”
Eu terminei meu café. “Quem são ‘eles’?”
“Beadle, Beadle, Stirling e Lowestein.”
“Uma firma de direito.” Eu disse.
Ele confirmou.
“Sem mais jogos, Bert. Só me diga o que diabos está acontecendo.”
“Beadle, Beadle, Stirling e Lowestein têm alguns clientes construindo um luxuoso resort nas montanhas próximas de Branson. Um resort bem exclusivo. Um lugar onde ricas estrelas de países que não possuem uma casa na área podem fugir da multidão. Milhões de dólares estão investidos.”
“O que o cemitério antigo tem com isso?”
“A terra que eles querem comprar está em disputa entre duas famílias. A corte decidiu que os Kelly são donos da terra, eles pagaram um tanto bom de dinheiro. A família Bouvier reclamou que terra é deles e que havia uma lote deles nela para provar. Ninguém havia achado o cemitério.”
Ah. “Eles acharam o cemitério.” Eu disse.
“Eles acharam um antigo cemitério, mas não necessariamente o lote da família Bouvier.”
“Então eles querem levantar os mortos e perguntar quem eles são?”
“Exatamente.”
Encolhi os ombros. “Eu posso levantar alguns corpos do caixão. Perguntar quem eles são. O que acontece se o último nome deles for Bouvier?”
“Eles terão de comprar a terra uma segunda vez. Eles pensam que alguns corpos são Bouvier. Por isso querem todos os corpos levantados.”
Eu levantei minha sombrancelha. “Ta brincando”?
Ele balançou a cabeça parecendo satisfeito. “Você consegue fazer?”
“Eu não sei. Me dê as fotos de novo.”
Eu coloquei minha caneca na mesa e peguei as fotos de volta.
“Bert, eles devem ter demorado seis dias. É uma cova enorme, graças ao escavador. Os ossos estão todos misturados. Eu apenas li um caso de alguém levantando os corpos de uma cova assim. Mas eles estavam chamando uma pessoa específica. Eles tinham um nome.” Eu balancei a cabeça. “Sem um nome isso pode não ser possível.”
“Você poderia tentar?”
Eu espalhei as fotos na mesa olhando para ele. A metade do topo de uma caveira havia virado para baixo como uma bola. Dois esqueletos de dedos envoltos de algo seco e dessecado que uma vez teria sido tecido humano, estava ao lado. Ossos, ossos para todo lado e nenhum nome para chamar.
Eu poderia fazer? Honestamente, eu não sei. Eu queria tentar? Sim. Eu queria.
“Eu tentarei.”
“Maravilhoso.”
“Levantar eles a cada algumas noite vai demorar semanas, mesmo se eu conseguir fazer. Com John ajudando vai ser mais rápido.”
“Vai custar milhões para eles esperarem esse tanto.”
“Não tem outro jeito de fazer.”
“Você reanimou a família Davidson inteira, incluindo o grande avô. Não era nem pra você ter levantado ele. Você pode levantar mais que um por vez.”
Eu balancei minha cabeça.
“Isso foi um acidente. Eu estava terminando o espetáculo. Eles queriam levantar 3 membros da família. Eu pensei que eu poderia salvar o dinheiro deles fazendo tudo de uma vez.”
“Você levantou 10 membros da família, Anita. Eles só pediram 3.”
“E?”
“E.. você consegue levantar o cemitério todo em uma noite?”
“Você é louco.” Eu disse.
“Você consegue?”
Eu abri minha boca para dizer não, e fechei. Eu tinha levantado um cemitério inteiro uma vez. Nem todos eles tinham 200 anos, mas alguns deles eram mais velhos, quase 300 anos. E eu levantei todos eles. Claro, eu tinha dois sacrifícios humanos pra guiar o poder. É uma longa história como eu terminei com duas pessoas morrendo dentro do círculo de poder. Auto-defesa, mas a mágica não se importou. Morte é morte.
Eu poderia fazer? “Eu realmente não sei, Bert.”
“Isso não é um não.” Ele disse. Ele tinha um ansioso, antecipado olhar no rosto.
“Eles devem ter te oferecido muito dinheiro.” Eu disse.
Ele sorriu. “Nós estamos discutindo o projeto.”
“Nós o que?”
“Eles mandaram esses projetos pra gente, pra Ressurrection Company na Califórnia e a Essential Spark em New Orleans.”
“Eles preferem Élan Vital à English Translation.” Eu disse. Francamente isso soa mais como um salão de beleza do que uma firma de animação de cadáveres, mas ninguém me perguntou. “E então o que? O menor preço ganha?”
“Esse é o plano deles.” Bert disse.
Ele parecia totalmente satisfeito consigo mesmo. “Que?” Eu perguntei.
“Me deixe te explicar” ele disse. “Aqui há o que, 3 animadores em todo país que poderiam levantar um zumbi velho sem sacrifício humano? Você e John são dois deles. Eu estou incluindo Phillipa Freestone da Ressurrection nisso.”
“Provavelmente.” eu disse.
Ele concordou. “John conseguiria sem um nome?”
“Eu não tenho como saber isso. John pode. Talvez ela também.”
“Poderia algum deles levantar toda essa bagunça de ossos, nenhum deles no caixão?”
Isso me parou. “Eu não sei.”
“Poderia um dos dois ter a chance de levantar todo o cemitério?” Ele estava me olhando muito fixadamente.
“Você está desfrutando demais disso.” Eu disse.
“Apenas responda a pergunta, Anita.”
“Eu sei que John não conseguiria. Eu não acho que Phillipa seja tão boa quanto John, então não, eles não poderiam.”
“Eu vou subir a oferta.” Bert disse.
Eu ri. “Subir a oferta?”
“Ninguém mais consegue fazer. Ninguém além de você. Eles tentaram tratar disso como se fosse um problema simples de construção. Mas eles não terão a quem mais fazer a oferta, terão?”
“Provavelmente não”. Eu disse.
“Então eu terei de melhora-la.” Ele disse com um sorriso.
“Seu ganancioso filho da puta.”
“Você ganha parte dos honorários, você sabe.”
“Eu sei.” Nós olhamos um para o outro. “E se eu tentar e não conseguir levantar todos em uma noite?”
“Você ainda será capaz de levanta-los eventualmente, não é?”
“Provavelmente.” Eu levantei pegando minha caneca de café. “Mas eu não gastaria o cheque até depois de eu ter conseguido. Eu agora vou tentar dormir.”
“Eles querem a resposta essa manhã. Se eles aceitarem nossos termos, eles irão vir em um helicóptero privado.”
“Helicóptero. Você sabe que eu odeio voar.”
“Por essa quantia de dinheiro você vai voar.”
“Ótimo.”
“Fique preparada pra ir no momento da notícia.”
“Não pressione, Bert.” Eu hesitei na porta. “Me deixe levar Larry comigo.”
“Pra que? Se John não consegue, Larry certamente também não.”
Eu encolhi os ombros. “Talvez não, mas há sempre como combinar poder durante a animação. Se eu não conseguir sozinha, talvez eu consiga um impulso com nosso treinamento.”
Ele me olhou pensativo. “Por que não levar John? Combinando vocês conseguiriam.”
“Só se ele me der seu poder livremente, você acha que ele faria isso?”
Bert balançou a cabeça.
“Você vai dizer a ele que o cliente não o quis? Que você ofereceu ele ao cliente e eles perguntaram por mim pelo meu nome?”
“Não.” Bert disse.
“Por isso você está fazendo isso assim, sem testemunhas.”
“Tempo é a nossa essência, Anita.”
“Claro, Bert, mas você não quer encarar Mr. John Burke com outro cliente que prefere a mim do que ele.”
Bert olhou para baixo, para as pontas de seus dedos agarradas na mesa. Ele olhou para cima, seus olhos cinzas sérios. “John é quase tão bom quanto você, Anita. Eu não quero perde-lo.”
“Você pensa que ele iria embora se mais um cliente pedisse por mim?”
“Seu orgulho está ferido.” Bert disse.
“E tem muito dele pra ferir.”
Bert sorriu. “Você provocar ele não ajuda.”
Encolhi os ombros. Parecia mesquinho dizer que foi ele quem começou, mas ele tinha. Nós tentamos namorar, e John não conseguiu lidar com o fato de eu ser uma versão feminina dele. Não, ele não soube lidar com o fato de eu ser uma versão melhor dele.
“Tente se comportar, Anita. Larry ainda não está preparado, precisamos de John.”
“Eu sempre me comporto, Bert.”
Ele suspirou. “Se você não me fizesse ganhar tanto dinheiro, eu não agüentaria suas merdas.”
“Digo o mesmo.”
É assim que é nossa relação. Comércio ao seu melhor. Nós não gostamos um do outro, mas fazemos negócios juntos. Energia livre no trabalho.

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 2


A tarde Bert me ligou e disse que conseguimos.
“Esteja no escritório com malas e pronta para ir as 2 horas. Mr. Lionel Bayard irá voar com você e Larry.”
“Quem é Lionel Bayard?”
“Um parceiro júnior na firma Beadle, Beadle, Stirling e Lowenstain. Ele gosta do som da própria voz. Não dê a ele um tempo difícil por isso.”
“Quem, eu?”
“Anita, não provoque a ajuda. Ele provavelmente estará usando um terno de 3 mil dólares, mas ele continua sendo a ajuda.”
“Eu salvarei isso para um dos parceiros. Certamente Beadle, Beadle, Stirling e Lowenstain aparecerá em pessoa em algum dia dessa semana.”
“Não provoque o chefe também.”
“O que você disser.” Minha voz estava totalmente afável.
“Você fará qualquer coisa que queira independente do que eu disser, não vai?”
“Credo, Bert, quem disse que você não pode ensinar a um cachorro velho novos truques?”
“Apenas esteja aqui as duas horas. Eu chamei Larry. Ele estará lá.”
“Eu estarei também, Bert. Eu tenho uma parada para fazer, então se eu atrasar alguns minutos, não se preocupe.”
“Não atrase.”
“Estarei o mais cedo possível.” Eu desliguei antes que ele argumentasse comigo.
Eu tinha que tomar banho, mudar de roupa, e ir ao Seckman Junior High School. Richard Zeeman ensina ciências lá. Nós tínhamos um encontro marcado pra amanhã. Em um certo ponto Richard havia pedido para que eu me casasse com ele. Isso foi meio que antecipado, mas ele merecia mais que uma mensagem na secretária eletrônica, dizendo desculpa, querido, não podemos ter o encontro. Eu estarei fora da cidade. A mensagem teria sido mais fácil para mim, mas covarde.
Eu fiz uma mala. Era o suficiente para 4 dias ou mais. Se você colocar roupa de baixo extra e roupas mixadas e combinadas, você vive uma semana com uma mala pequena.
Eu adicionei mais alguns extras. A Firestar 9mm e a pistoleira interior de calça.
Suficiente arma extra para afundar um navio e um plus de duas facas no braço. Eu tinha 4 facas. Todas desenhadas para a pequena moi. Duas delas tinham sido perdidas sem recuperação. Eu teria elas substituídas, mas fabricadas a mão leva tempo, principalmente quando você insiste em ter a prata mais forte possível.
Duas armas, duas facas devem ser suficientes para uma semana de viagem a negócios. Eu usaria a Browning Hi-Power.
Fazer as malas não era um problema. O que vestir hoje que era. Eles queriam que eu levantasse os zumbis hoje se eu pudesse. Infernos, o helicóptero poderia voar direto para a construção. O que significa que eu estaria andando entre sujeira, ossos, caixões quebrados. Não soa como um território para saltos. Mas se um parceiro júnior usava um terno de três mil dólares,as pessoas que me contrataram esperariam de mim que eu me vestisse de acordo. Eu poderia me vestir profissionalmente ou em plumas e sangue. Eu na verdade, tive um cliente que estava decepcionado porque não apareci nua coberta de sangue. Deve ter tido mais de uma razão para seu desapontamento. Eu acho que nunca tive um cliente que teria se oposto a esse tipo de roupa ceremonial , mas jeans e tênis não inspiram confiança. Não me pergunte por que.
Eu pude por na mala minha capa e colocar depois o que eu decidir vestir. É, eu gosto disso. Verônica Sims – Ronnie, minha melhor amiga, tentou me convencer a comprar uma fashion inocente saia curta. Era curta o suficiente que eu estava um pouco embaraçada, mas a saia ficava coberta pela capa. Ela não enrugava ou amontoava pra cima depois de eu vestir o traje para estacar uns vampiros ou ir em cenas de crime. Tire a capa e eu estava pronta para ir ao escritório ou sair a noite. Eu estava tão satisfeita, eu voltei lá e comprei mais 2 em cores diferentes.
Uma era carmesin e a outra roxa. Eu ainda não consegui achar uma preta. Pelo menos não uma tão curta que eu me negue a vestir. Sinceramente, a saia curta me faz parecer mais alta. Ainda me faz parecer com pernas compridas. Quando você mede 5 pés de 3 palmos*, isso quer dizer alguma coisa. Mas roxo não combinava muito com o que eu tinha, então era a carmesin.
(*não sei passar pra metros)
Achei uma blusa de manga curta que era exatamente do tom de vermelho. Vermelha com tons violetas, uma fria e dura cor que parecia ótimo com a minha pele pálida, cabelo preto, e olhos castanhos escuros.
A pistoleira de ombros e a Browning Hi-Power parecia muito dramática contra a roupa. Um cinto preto forçava apertado na cintura segurando no lugar a pistoleira. Uma jaqueta preta com mangas para esconder a arma. Eu girei em frente ao espelho no meu quarto. A saia não era tão longa quanto a jaqueta, mas você não poderia ver a arma. Pelo menos não facilmente. Ao menos que você tenha roupas feitas por alfaiates, é difícil esconder uma arma, especialmente em roupas femininas.
Eu coloquei apenas maquiagem suficiente para que o vermelho não me inundasse. Além do mais eu iria dizer tchau para Richard e ficar longe alguns dias. Um pouco de maquiagem não iria doer. Quando eu digo maquiagem quero dizer, sombra, blush, batom e só. Fora de uma entrevista de televisão que o Bert me colocou, eu não uso base.
Exceto pela meia e salto alto preto, que eu teria de colocar não importa a saia que vestisse, a roupa estava confortável. Pelo menos se eu lembrar de não girar a cintura, eu estava segura.
A única jóia que usava era uma cruz que estava dentro da blusa e o relógio no meu braço. Meu relógio bonito havia quebrado e eu nunca tive a oportunidade de arruma-lo. O relógio de agora era um masculino que parecia deslocado no meu pequeno braço. Mas ei, brilha no escuro se eu apertar um botão. Me mostra a data, que dia é, e tem cronômetro para corrida. Ainda não achei um relógio feminino que faz isso tudo.
Eu não tive de cancelar a corrida com Ronnie de amanhã de manhã. Ela estava fora da cidade resolvendo um caso. O trabalho de um detetive privado nunca acaba.
Eu coloquei a mala em meu Jeep e fui a caminho da escola de Richard a 1 hora. Eu iria me atrasar pro escritório. Ah,bem. Eles que esperem por mim ou não. Não iria quebrar meu coração perder o passeio de helicóptero. Eu odeio aviões, mas helicópteros.. me assustam um inferno.
Eu não tinha medo de voar até eu estar em um avião que caiu uma altura considerável em segundos. A aeromoça terminou contra a parede coberta de café. Pessoas gritavam e oravam. A mulher ao meu lado recitava a oração em germânico. Ela estava tão assustada, as lágrimas caiam pelo seu rosto. Eu ofereci minha mão e ela pegou. Eu sabia que ia morrer e não havia nada que eu podia fazer para prevenir. Mas nós iríamos morrer segurando em mãos humanas. Morrer coberta de lágrimas e orações humanas. Então o avião pousou e de repente estávamos a salvo. Eu nunca mais confiei em transportes aéreos.
Normalmente em St. Louis não tinha uma real primavera. Tem o vento, dois dias de tempo suave e verão calorento. Esse ano primavera apareceu cedo e ficou. O ar era leve contra nossa pele. O ar cheirava a coisas crescentes verdes, e o vento parecia ter sido um sonho ruim. Brotos vermelhos estavam nas árvores em ambos lados da rua. Pequenas roxas flores, como delicadas lavandas estavam aqui e ali pelas árvores nuas. Havia um tanto bom de verde. Como se alguém tivesse pegado um pincel gigante e pintado tudo. Olhe diretamente para elas e as árvores são desnudas e pretas, mas olhe o outro lado, não uma particularmente mas todas elas, e vai ter um toque de verde.
270 South é tão agradável quanto uma avenida pode ser: te deixa ir bastante rápido e acaba rápido. Eu acabei na rua Tesson Ferry. A rua é cheia de pequenos shoppings, um hospital e restaurantes de fast-food, e quando você deixa o comércio atrás de você passa por um distrito de casas tão apertado que elas quase se tocam. Existem alguns espaços abertos ou com árvores,mas eles não vão durar.
A curva para a Old 21 é acima da colina depois de passar o rio Meramec. Mais casas com um posto, o escritório de serviço de água, e um grande campo de gás a direita. Onde as colinas vão e vão.
No primeiro semáforo eu virei a esquerda passando os shoppings. A rua era uma curvada e estreita que passa entre casas e madeiras. Haviam vistosos narcisos nos jardins. A rua descia num vale e no fim dela um sinal de pare. A rua subia numa rápida cresta do vale, em um T, vire a esquerda e você está quase lá.
A única escola histórica estava em um chão abundante e plano no vale envolto de colinas. Sendo nascido em alguma fazenda em Indiana, eu teria chamado isso de montanha uma vez. A escola elemental estava separada, mas perto o suficiente para dividir o parquinho. Se você tiver recreio no Junior High*. Quando eu era muito pequena pra estar no Junior High, parecia que a gente ganhava recreio. Pelo tempo que demorei pra chegar ali, sem recreio. O mundo é assim.
(*seria Colegial Junior, não sei como funcionam a separação de séries lá nos EUA)
Eu parei o mais perto do edifício que pude. Essa era minha segunda visita a escola de Richard e a minha primeira durante as aulas. A gente tinha vindo antes para ele pegar uns papéis que havia esquecido. Sem alunos então. Eu entrei pela entrada principal e fui pelo corredor. Devia ter sido entre os intervalos das aulas quando eles movem seus corpos de uma sala pra outra.
Eu de repente estava ciente que era da mesma altura ou mais baixa que todo mundo que eu via. Havia algo claustrofobico em ser empurrado por mochilas e livros. Deve ter um ciclo do inferno onde você tem eternamente 14 anos, eternamente no Junior High. Um dos mais baixos ciclos.
Eu flui com a multidão até a sala de Richard. Eu admito que peguei um conforto no fato que estava vestida melhor que a maioria das garotas. Mesquinho pra caralho, mas eu fui gordinha no Junior High. Não tem muita diferença entre gordinha e gorda quando vem uma zoação. Eu tive meu crescimento acelerado e nunca mais fui gordinha novamente. Ok... eu já fui minúscula antes. A menor criança na escola por anos e anos.
Eu parei em uma lado da porta, deixando os alunos irem e virem. Richard estava mostrando algum texto no caderno de uma garota jovem. Ela era loira, usando uma blusa de flanela em cima de um vestido preto que era um tamanho 3 vezes maiores que ela. E usava algo que parecia botas pretas de combate com pesadas meias brancas aparecendo no topo delas. A roupa era bem interessante. O olhar de adoração no rosto dela não. Ela estava brilhante e ansiosa porque Mr. Zeeman estava dando uma ajuda mão-por-mão pra ela.
Eu tenho de admitir que Richard merecia uma quedinha ou duas. Seu cabelo castanho denso estava preso atrás, dando a ilusão que era vem curto e perto de sua cabeça. Ele era alto, ossos largos e maxilar forte, com um toque de suavidade em seu rosto que fazia dele quase muito perfeito. Seu olhos eram sólidos chocolates marrons com cílios que tantos homens e tem e mulheres querem. A sua camisa amarela brilhante fez com que sua permanente bronzeada pele ficasse ainda mais escura. Sua gravata era escura, um rico verde que combinava com a calça que ele vestia. Sua jaqueta estava recostada atrás de sua cadeira na mesa. Os músculos do seus braços trabalhavam contra o tecido da blusa enquanto ele segurava o livro.
A maioria da sala estava sentada, o corredor quase silencioso. Ele fechou o livro e entregou à garota. Ela sorriu e passou pela porta, atrasada para a próxima aula. Seus olhos passaram por mim imaginando o que eu fazia ali.
Ela não era a única. Um monte de alunos sentados olhavam na minha direção. Eu entrei na sala.
Richard sorriu. Isso aqueceu até meus dedos. O sorriso salvava ele de ser gato demais. Não que não era um lindo sorriso. Ele podia fazer comercial de pasta de dente. Mas o sorriso era um sorriso de um pequeno garoto, aberto e bem-vindo. Não havia engano, nenhum profundo e malvado plano. Ele era o maior garoto escoteiro do mundo. O sorriso mostrava isso.
Eu queria ir até ele e ter seus braços em volta de mim. Eu tive uma terrível urgência de agarrar sua gravata e arrastar ele pra fora da sala. Eu queria tocar seu peito debaixo da camiseta amarela. A urgência era tão forte que eu coloquei minhas mãos nos bolsos da jaqueta. Não deveria traumatizar os estudantes.
Richard me afeta assim as vezes. Okay, a maioria das vezes quando ele não está peludo ou lambendo sangue dos seus dedos. Ele é um lobisomen. Eu mencionei isso? Ninguém na escola sabe. Se eles souberem ele perde seu emprego. Pessoas não gostam de licantropos ensinando suas preciosas crianças. É ilegal discriminar alguém por sua enfermidade, mas todo mundo faz. Por que o sistema educacional seria diferente?
Ele tocou minha bochecha. Só as pontas dos dedos. Eu virei meu rosto em suas mãos passando meu lábios contra seus dedos. Tiveram vários “ooohs” e risadas nervosas.
“Eu voltarei já, cambada.” Mais “ooohs”, risadas e um “Onde vai, Mr. Zeeman?”
Richard me guiou para fora da sala, minhas mãos ainda em meus bolsos.Normalmente, eu teria dito que não iria me embaraçar na frente de um monte estudantes adolescentes, mas depois eu não estava totalmente confiante.
Richard me levou até o deserto corredor. Ele encostou contra a fechadura e olhou abaixo para mim. O pequeno sorriso de garoto foi embora. O olhar em seus olhos escuros me fez arrepiar. E corri minha mãe pela sua gravata, suave contra seu peito.
“Eu tenho permissão de beijar você ou isso escandalizaria as crianças?”
Eu não olhei para cima quando perguntei. E não queria que ele visse o rastro de desejo em meus olhos. Era embaraçoso o suficiente que eu sabia que ele sentia. Você não pode esconder luxúria de um lobisomem. Eles podem cheira-la.
“Eu irei arriscar”. Sua voz era macia, baixa, com um pouco de calor que fez meu estômago apertar.
Eu senti ele curvando sobre mim. Eu levantei meu rosto pra ele. Seus lábios eram tão macios. Me curvei contra seu corpo, palmas contra seu peito. Eu pude senti seus mamilos duros contra minha pele. Minhas mãos percorreram sua cintura, deslizando pelo tecido de sua camisa. Eu queria tirar sua blusa fora de sua calça e correr minhas mãos pela sua pela desnuda. Eu dei um passo para trás me sentido um pouco sem ar.
Foi minha idéia que não teríamos sexo antes do casamento. Minha idéia. Mas droga, era difícil. O quanto mais a gente namorava, mas difícil ficava.
“Jesus, Richard” Eu balancei minha cabeça. “Está ficando difícil, né?”
O sorriso de Richard não parecia inocente ou de escoteiro muito menos.
“É, fica.”
Vermelho subiu a minha face.
“Eu não quis dizer isso.”
“Eu sei o que você quis dizer.”
Sua voz era gentil, mas com um pouquinho de provocação.
Meu rosto ainda estava quente de vergonha, mas minha voz estava firme. Ponto pra mim.
“Eu terei de sair da cidade a negócios.”
“Zumbis, vampiros ou policia?”
“Zumbis.”
“Bom.”
Eu olhei pra ele. “Por que bom?”
“Eu me preocupo mais quando são negócios de policia ou estacar vampiros. Você sabe disso.”
Eu assenti. “Sim,eu sei disso.”
Nós ficamos ali no corredor, encarando um ao outro. Se as coisas fossem diferentes nós estaríamos noivos, talvez planejando o casamento. Toda essa tensão sexual deveria se tornar alguma conclusão. Até lá...
“Eu vou me atrasar. Tenho de ir.”
“Você vai dizer ao Jean-Claude tchau em pessoa?” Seu rosto era neutro quando perguntou,mas seus olhos não.
“É dia. Ele está no caixão.”
“Ah.” Richard disse.
“Eu não tinha um encontro planejado com ele essa semana, então eu não devo a ele nenhuma explicação. É isso que queria ouvir?”
“Perto o bastante.” Ele disse. Ele deu um passo longe da fechadura trazendo nossos corpos muito perto. Ele curvou-se para um beijo de despedida. Risadinhas ecoaram pelo corredor. Nós nos viramos para ver a maioria da sala contra a porta olhando para nós. Maravilha.
Richard riu. Ele levantou a voz o suficiente para que ouvissem ele. “Voltem para dentro, seus monstros.”
Houveram miados e uma pequena garota morena me deu um nada amigável olhar. Eu acho que devem haver um monte de garotas que tem uma queda pelo Mr. Zeeman.
“Os nativos são inquietos. Eu tenho de voltar.”
Eu assenti. “Eu espero estar de volta segunda.”
“Nós vamos caminhar próxima semana então.”
“ Eu coloquei Jean-Claude fora da agenda essa semana. Eu não posso ficar sem vê-lo 2 semanas seguidas.”
O rosto de Richard fechou com um começo de raiva.
“Caminhe comigo de dia, veja o vampiro a noite. É justo.”
“Eu não gosto disso tanto quanto você.” Eu disse.
“Eu queria acreditar nisso.”
“Richard.”
Ele deu um longo suspiro. A raiva meio que deixando ele. Eu nunca entendi como ele fazia isso. Ele poderia estar bravo um minuto e calmo no outro. Ambas emoções pareciam genuínas. Uma vez em que estou brava, estou brava. Talvez seja um defeito de caráter.
“Me desculpe, Anita. Não é como se você estivesse saindo com ele por trás das minhas costas.”
“Eu nunca faria nada atrás de suas costas. Você sabe disso.”
Ele assentiu. “Eu sei disso”. Ele olhou de volta para a sala de aula. “Eu tenho de ir antes que eles ponham fogo na sala.”
Ele ando pelo corredor sem olhar pra trás.
Eu quase o chamei, mas deixei ir. O humor já estava meio que arruinado. Nada como saber que sua namorada está saindo com mais alguém pra jogar um vento no seu sal.
Eu não comentaria sobre se houvesse outra forma das coisas serem. Uma dúvida aqui e ali, mas nós três temos de viver com isso. Se viver fosse um dos termos de Jean-Claude.
Ah, infernos, minha vida pessoal é muito confusa para palavras. Eu andei até o fim do corredor tendo de passar pela porta aberta da sala. Meus saltos faziam um barulho alto, ecoando. E não tentei ver um último vestígio dele. Iria fazer eu me sentir pior em estar indo embora.
Não tinha sido minha idéia ter encontros com o Mestre da Cidade. Jean-Claude havia me dado duas escolhas: ou matava Richard ou eu sairia com os dois. Parecia ser uma boa idéia no momento. Cinco semanas depois eu não estou tão certa.
Tinha sido minha moral que mantinha Richard e eu de consumarmos nosso relacionamento.
Consumar, belo eufemismo. Mas Jean-Claude deixou bem claro que o que eu fizer com Richard teria de fazer com ele também. Jean-Claude estava tentando me cortejar. Se Richard puder me tocar e ele não, não seria justo. Ele tinha um ponto, eu acho. Mas o pensamentos de fazer sexo com um vampiro é o que mais me mantém casta e em meus ideais antiquados.
Eu não poderia namorar os dois indefinidamente. A tensão sexual sozinha está me matando.
Eu poderia seguir em frente. Richard talvez me deixasse fazer isso. Ele não iria gostar, mas se eu quisesse me ver livre dele, ele deixaria eu ir. Jean-Claude por outro lado... Ele nunca me deixaria ir.
A questão é, eu quero que ele me deixe ir? Resposta: Diabos,sim. O real truque é saber como me livrar sem ninguém morrer. É... essa é a pergunta de $64,000.
Problema é, eu não tenho a resposta. E vamos vamos precisar de uma mais cedo ou tarde. E tarde está chegando cada vez mais perto.

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 3


Eu me segurei contra um lado do helicóptero, uma mão presa num agarro mortal na correia que estava presa na parede. Eu queria usar as duas mãos para segurar firme, como se segurar a maldita correia muito forte iria me salvar quando o helicóptero despencasse na terra. Eu usei só uma mão porque duas parecia covardisse. Eu estava usando um fone de ouvido, tipo como uma proteção de orelha quando você faz testes de tiro, mas com um microfone, então você poderia conversar mesmo com o sonoro barulho. Eu não havia percebido que a maioria dos helicópteros eram claros, tipo estar suspensa em uma bela, zumbinante e vibrante bolha. Eu manti meus olhos fechados o máximo que pude.
“Você está bem, Mr. Blake?” Lionel Bayard perguntou.
A voz me sobresaltou. “É, estou bem.”
“Você não parece bem.”
“Eu não gosto de voar.” Eu disse.
Ele deu um fraco sorriso. Eu não acho que eu estava inspirando confiança em Lionel Bayard, advogado e lacaio da Beadle, Beadle, Stirling e Lowenstein. Lionel Bayard era um baixo e seco homem com um curto e loiro bigode que parecia todo o pêlo facial que ele teria. Seu maxilar triangular era suave como o meu. Talvez o bigode era daqueles de colar. Seu terno marrom com um pano de duas cores, amarelado, servia em seu corpo como uma luva. Sua gravata era amarela e marrom também bordada com linhas douradas. A gravata era monogramada. Seu esbelto casaco de couro também. Tudo combinava, até seus dourados macassins.
Larry se retorceu em seu assento. Ele estava sentado atrás do piloto.
“Você está realmente com medo de voar?”
Eu pude ver seus lábios movendo, mas todo o som veio pelo meu fone, sem eles eu nunca poderia ser capaz de conversar sobre todo o barulho. Ele soou entretido.
“Sim, Larry, eu estou realmente com medo de voar.” Eu espero que meu sarcasmo tenha viajado até ele como seu entretimento fez.
Larry riu. Obviamente, o sarcasmo havia chegado lá.
Larry parecia até arrumadinho. Ele estava vestido em seu casaco azul, sua camisa branca – que era uma das 3 que ele havia ganhado- e sua segunda melhor gravata. Sua melhor estava toda ensangüentada. Ele ainda está no colégio, trabalhando finais de semana até ele graduar. Seu cabelo curto era surpreendentemente da cor de uma cenoura. Ele era sardento e por volta do meu tamanho, baixo, com pálidos olhos azuis. Ele parecia com um adulto Opie* Bayard estava trabalhando duro para não enrugar a testa pra mim. Ele mostrava seu esforço o suficiente para não me incomodar.
(* http://bighollywood.breitbart.com/files/2009/01/opie.jpg )
“Tem certeza que você quer fazer esse trabalho?”
Eu olhei seus olhos castanhos. “É melhor você esperar que sim, Mr. Bayard, porque eu sou tudo que você tem.”
“Eu estou ciente das suas especiais habilidades, Mr. Blake. Eu passei as ultimas 12 horas contatando cada firma animadora nos Estados Unidos. Phillipa Freestone da Ressurrection Company me disse que ela não poderia fazer o que pedimos, que a única pessoa no país que poderia ser capaz de fazer o serviço seria Anita Blake. Élan Vital em New Orleans nos disse mesma coisa. Eles mencionaram John Burke mas não estavam totalmente confiantes que ele conseguiria. Nós devemos ter todos os corpos levantados ou isso será tempo perdido para nós.”
“Meu chefe explicou para vocês que eu não tenho cem por cento de certeza que eu consigo fazer isso?”
Bayard piscou. “Mr. Vaughn parecia muito confiante que você poderia fazer o que pedimos.”
“Bert pode ser confiante o quanto quiser. Ele não precisa levantar essa bagunça.”
“Eu sei que o meio que usamos de escavamento da terra complicou seu trabalho, Mr. Blake. Mas não fizemos de propósito.”
Eu deixei isso passar. Eu vi as fotos. Eles tentaram cobrir isso. Se as construções não fossem local com alguns simpatizantes Bouvier, eles arariam as ossadas, jogariam um concreto em cima e voilá, sem evidência.
“Tanto faz. Eu farei o que conseguir com o que você deixou para mim.”
“Seria mais fácil se nós tivéssemos trazido você antes das covas serem mexidas?”
“Sim.”
Ele suspirou. Isso vibrou através dos fones.
“Então minhas desculpas.”
Eu encolhi os ombros.
“Ao menos que foi você quem fez pessoalmente isso, não é você quem me deve as desculpas.”
Ele mudou um pouco a posição na cadeira. “Eu não ordenei a escavação. Mr. Stirling sim e está no local.”
“O Mr. Stirling?” Eu perguntei.
Bayard parece que não pegou a piada. “Sim, esse Mr. Stirling”. Ou talvez ele realmente esperava que eu soubesse o nome.
“Você sempre tem um parceiro superior olhando pelos seus ombros?”
Ele usou um dedo para ajustar seus óculos. Parecia com um gesto antiquado para modernos óculos e ternos.
“Com esse tanto de dinheiro apostado, Mr. Stirling pensou que ele poderia estar no local, no caso de termos mais problemas.”
“Mais problemas?” eu perguntei.
Ele piscou rapidamente, como um coelho arregalado. “Problemas com Bouvier.”
Ele estava mentindo.
“O que mais há de errado com nosso pequeno projeto?”
“O que você quer dizer, Ms. Blake?” Suas mãos feitas por uma manicure provavelmente, deslizaram pela sua gravata.
“Vocês tem mais problemas que apenas os Bouviers.” Eu fiz disso uma constatação.
“Qualquer problema que temos ou não, não é da sua conta. Nós te contratamos para levantar os mortos e estabelecer a identificação dessas pessoas. Além disso, você não tem opiniões aqui.”
“Você já levantou um zumbi, Mr. Bayard?”
Ele piscou novamente. “Claro que não.” Ele soou ofendido.
“Então como você sabe quais problemas irão ou não afetar meu trabalho?”
Pequenas linhas franzidas apareceram entre suas sombrancelhas. Ele era um advogado e levava uma boa vida, mas pensar parecia ser difícil para ele. Me faz imaginar onde ele conseguiu sua graduação.
“Eu não vejo como nossas pequenas dificuldades poderiam afetar seu tabalho.”
“Você admitiu que não sabe nada do meu trabalho,” eu disse. “Como você sabe o que afetaria ou não ele?”
Ok. Eu estava jogando verde. Bayard provavelmente estava certo. O outro problema não me afetaria, mas você nunca sabe. Eu não gosto de ser mantida no escuro. E não gosto que mintam para mim, nem por omissão.
“Eu acho que Mr. Stirling deve saber se te põe a par das coisas ou não.”
“Não chefe o bastante para tomar decisões.” Eu disse.
“Não” Bayard disse, “Não sou.”
Jesus, alguma pessoas você não consegue nem alfinetar. Eu olhei para Larry. Ele encolheu os ombros.
“Parece que vamos aterrisar.”
Eu olhei para fora para a crescente terra. Nós estávamos no meio das Montanhas Ozark, em cima de vermelhas e nuas terras. O lugar da construção, eu presumo.
O helicóptero estava perto do chão. Eu fechei meus olhos e segurei firme. A viagem esta quase acabada. Eu não iria vomitar perto do chão. A viagem está quase acabada. Quase acabada. Quase acabada. Teve uma batida que me fez tossir.
“Chegamos”, Larry disse. “Você pode abrir seus olhos agora.”
Eu abri. “Você está aproveitando essa merda demais, não está?”
Ele sorriu abertamente. “Eu não estou acostumado a ver você como o elemento mais fraco.”
O helicóptero esta coberto por uma neblina vermelha de poeira. As hélices diminuíram o rítimo com um som whump whump. Elas pararam então, a poeira abaixando e eu pude ver onde estávamos.
Nós estávamos em uma pequena e plana área entre um grupo de montanhas.
Parecia um vale estreito mas que escavadeiras haviam alargado, fazendo uma terra plana. A terra era tão vermelha que parecia um rio de óxido. A montanha em frente ao helicóptero era vermelha. Equipamentos pesados e carros estavam agrupados no outro lado do vale. Homens estavam em volta do equipamento, escondendo seus olhos da poeira.
Quando as hélices pararam de vez, Bayard destravou seu cinto de segurança. Eu também. Nós tiramos os fones e Bayard abriu a porta. Eu abri a minha e descobri que o chão estava mais longe que eu pensava. Eu tinha de expor uma longa linha da minha coxa para tocar o chão.
Os operários estavam agradecidos. Assobios, miados e uma oferta para ver debaixo de minha saia. Não, essas não eram exatamente as palavras usadas.
Um homem alto com um chapéu branco veio até nós. Ele estava usando um par de abrigos marrons, mas seus sapatos cobertos de terra era Gucci e sua cor morena era saudavelmente perfeita. Um homem e uma mulher o seguiram. O homem parecia um legítimo capataz. Ele estava vestido em jeans e uma blusa que contornava muito bem seus braços musculosos. Não de jogar tênis, mas de trabalho duro. A mulher vestia um terno com uma saia bem tradicional, completado com uma blusa profissional. O terno era caro, mas havia uma desafortunada sombra que não combinava nada com seu cabelo ruivo, mas combinava com o blush que ela passou nas bochechas. Eu analisei seu pescoço, e sim, havia uma linha logo a cima da gola onde sua base não havia sido espalhada. Ela parecia ter sido maquiada numa escolha de palhaços. Ela não parecia muito nova. Eu imaginei que alguém em algum lugar deveria ter dado uma dica de que ela não estava muito bem. Claro, eu não ia dizer isso pra ela também. Quem sou eu pra criticar?
Stirling tinha os olhos cinzas mais pálidos que já vi. As iris era apenas um pouco mais escuras que o branco dos olhos. Ele parou ali com suas companhias atrás dele.
Ele me olhou de cima a baixo. E pareceu não gostar do que viu. Seus olhos estranhos passaram de mim a Larry e seu terno barato e amassado. Mr. Stirling franziu a sombrancelha. Bayard veio na direção arrumando seu terno no lugar.
”Mr. Stirling, essa é Anita Blake. Mr. Blake, esse é Raymond Stirling.”
Ele apenas ficou ali, olhando para mim como se estivesse desapontado. A mulher tinha um bloco de notas, caneta posicionada. Deveria ser sua secretária. Ela parecia preocupada, como se fosse muito importante que Mr. Raymond Stirling gostasse da gente.
Eu estava começando a não me importar se ele gostaria ou não. O que eu queria dizer era “Algum problema?” , mas o que eu disse foi “Há algo errado, Mr. Stirling?” Bert ficaria orgulhoso.
“Você não é o que eu esperava, Mr. Blake.”
“Por que não?”
“Você é bonita, para começar.” Não era um elogio.
“E?”
Ele sinalizou para minha roupa. “Você não está vestida apropriadamente para o trabalho.”
”Sua secretária está usando saltos.”
“As roupas de Mr. Harrison não lhe dizem respeito.”
“E nem as minhas à você.”
“Justo o bastante, mas você vai ter muito trabalho em subir a montanha com esses sapatos.”
“Eu tenho meus Nikes na mala.”
“Eu acho que não gosto de sua atitude, Mr. Blake.”
“Eu sei que não gosto da sua.” Eu disse.
O capataz atrás dele estava tendo problemas em não rir. Seus olhos estavam brilhando com o esforço. Mr. Harrison parecia meio assustada. Bayard havia movido para mais perto de Stirling, deixando claro de que lado ele estava. Covarde.
Larry se moveu para mais perto de mim.
“Você não quer esse trabalho, Mr. Blake?”
“Não o suficiente para me estressar com isso.”
Mr. Harrison parecia como se tivesse comido um inseto. Um grande e gosmento inseto. Eu acho que perdi a deixa de cair de joelhos e implorar aos pés do chefe. O capataz tossiu por entre as mãos. Stirling olhou para ele e de volta para mim.
“Você é sempre arrogante assim?” ele perguntou.
Eu suspirei. “Eu prefiro a palavra ‘confiante’ a ‘arrogante’, mas eu vou te dizer uma coisa. Eu vou abaixar a bola se você abaixar também.”
“Eu peço desculpas, Mr. Stirling” Bayard disse. “Minhas desculpas. Eu não tinha idéia...”
“Cale-se Lionel” Stirling disse.
Lionel se calou.
Stirling estava olhando para minha com seus olhos cinzas esquisitos. Ele assentiu. “Combinado, Mr. Blake.” Ele sorriu. “Eu baixarei a bola.”
“Ótimo” eu disse.
“Ok, Mr. Blake, vamos ao topo e ver se você é tão boa quanto pensa que é.”
“Eu posso dar uma olhada pelo cemitério, mas antes de escurecer eu não posso fazer mais nada.”
Ele franziu a testa e olhou para Bayard. “Lionel”. Essa única palavra tinha um tanto bom de calor nela. Raiva procurando um alvo. Ele parou de me encher o saco, mas Lionel era um alvo fácil.
“Eu te mandei um fax com uma nota, senhor, tão cedo quanto eu realizei que Mrs. Blake não poderia nos ajudar até anoitecer.”
Bom garoto. Na dúvida, cubra sua bunda de papéis.
Stirling olhou para ele se desculpando mas se manteve firme, salvo atrás de sua nota do fax.
“Eu chamei Beau e pedi a ele para trazer todo mundo até aqui com o entendimento que teríamos o trabalho terminado hoje.” Seu olhar estava fixo em Bayard. Lionel definhou um pouquinho, evidentemente a nota não era proteção o suficiente.
“Mr. Stirling, mesmo se eu levantar todo o cemitério em uma noite, e isso é um grande ‘se’, e se os mortos forem todos Bouviers? Se os lotes forem todos deles? Meu entendimento é que essas construções terão de parar até que você pague pelas terras.”
“Eles não querem vende-las” Beau disse.
Stirling olhou para ele. O capataz apenas sorriu suavemente.
”Você está dizendo que esse projeto inteiro vai acabar se as terras forem da família Bouvier?” eu perguntei a Bayard. “Por que, Lionel, você não me disse isso?”
“Não havia nenhum motivo para você saber.” Bayard disse.
“Por que eles não querem vender a terra por milhões de dólares?” Larry perguntou. Era uma boa pergunta.
Stirling olhou para ele como se ele estivesse surgido do ar. Evidentemente poeiras não deveriam falar.
“Magnus e Doreas Bouvier tem apenas um restaurante, chamando Ossos Sangrentos. Isso não é nada. Eu não tenho idéia do por quê deles não quererem ser milionários.”
“Ossos Sangrentos? Que tipo de nome de restaurante é esse?” Larry perguntou.
Eu encolhi os ombros. “Não diz exatamente bon appetit”
Eu olhei para Stirling. Ele parecia bravo mas isso era tudo.
Eu apostaria esses milhões de dólares que ele sabia exatamente o por que dos Bouviers não quererem vender as terras. Mas isso não aparecia em seu rosto. Suas cartas estavam fechadas contra seu peito e ilegíveis.
Eu virei para Bayard. Havia uma vermelhidão em suas bochechas e ele evitou meu olhar.
Eu jogaria pôquer com Bayard qualquer dia. Mas não na frente do chefe dele.
“Está bem. Eu me trocarei em algo mais confortável e nós daremos uma olhada.”
O piloto me entregou minha mala. A capa e sapatos estavam em cima. Larry veio até mim.
“Ah, eu deveria ter trazido uma capa, meu terno não vai sobreviver a essa viagem.”
Eu tirei dois pares de capas. “Esteja preparado.” Eu disse.
Eu sorriu abertamente. “Obrigado.”
Eu encolhi os ombros. “Uma coisa boa em vestirmos o mesmo tamanho.” Eu tirei minha jaqueta preta, o que deixou à vista minha arma.
"Ms. Blake," Stirling disse. “Por que você está armada?”
Eu suspirei. Eu estava cansada de Raymond. Eu ainda nem estava no topo da montanha e já não queria ir. A última coisa que eu queria fazer era ficar ali e debater o por que de eu precisar de uma arma.
A blusa vermelha tinha mangas curtas. Uma ajuda visual é muito melhor que teórica.
Eu andei até ele com meus braços expostos, mostrando ambos.
Havia uma grande e seca cicatriz de faca no meu braço direito, mas nada muito dramático. Meu braço esquerdo que era uma bagunça. Fazia apenas um mês que um homem leopardo havia aberto meu braço. Um médico bonzinho havia o costurado junto de novo, mas ainda havia o suficiente para mostrar as marcas das garras.
A cicatriz de cruz queimada que uns criativos servos de vampiros me fizeram, agora estava meio destorcida por causa das garras. Das montanhas de cicatrizes em minha pele até o fim do meu braço, onde um vampiro havia mordido profundamente na carne e raspado o osso, jorrava brancas cicatrizes como água.
"Jesus," Beau disse.
Stirling pareceu um pouco pálido mas disfarçou bem, como se já tivesse visto pior. Bayard parecia verde. Mr. Harrison estava tão pálida que junto com a maquiagem estava parecendo branca como um lírio.
“Eu não vou a lugar algum desarmanda, Mr. Stirling. Conviva com isso, porque eu convivo também.”
Ele assentiu, olhos bem sérios. “Tudo bem, Mr. Blake. O seu assistente também está armado?”
“Não.” Eu disse.
Ele assentiu novamente. “Ok. Troque-se e quando estiver pronta subiremos.”
Larry estava subindo o zipper de sua capa quando eu voltei.
“Eu poderia estar armado, você sabe.”ele disse.
“Você trouxe sua arma?” eu perguntei.
Ele assentiu.
“Tirou ela da mala?”
“Do jeito que você me disse.”
“Bom.”
Eu deixei passar. Larry queria ser um executor de vampiros assim como animador, o que quer dizer que ele precisava saber como usar uma arma. Uma arma com balas de prata que poderia diminuir a velocidade de um vampiro.
Nós trabalhamos com escopetas, que poderiam decepar a cabeça e o coração deles à uma segura distância.
Melhor que estacas, pra caralho.
Eu deixei ele andar com a arma com a condição de que ele não carregasse ela até eu achar que ele era bom o suficiente para não fazer um buraco nele, ou em mim.
Eu dei a permissão, então ele poderia andar com ela no carro e usar nas montanhas em algum momento mais tenso.
A capa cobria a saia como mágica. Eu tirei os saltos e coloquei os Nikes. Eu deixei a capa aberta o bastante para que eu pudesse pegar a arma se precisasse, e eu estava pronta para ir.
“Você irá conosco, Mr. Stirling?”
“Sim.” Ele disse.
“Então lidere o caminho.” Eu disse.
Ele passou por mim, olhando para a capa. Talvez visualizando a arma escondida nela. Beau começou a nos seguir mas Stirling disse, “Não, eu levarei ela sozinha.”
Silêncio pairou sobre os três funcionários. Eu esperava que Ms. Harrison ficasse para trás com seus saltos, mas eu tinha certeza que os dois homens iriam vir junto. E pelo olhar deles, eles também.
“Espere um minuto. Você disse “ela”. Você quer que Larry espere aqui também?”
“Sim.”
Eu balancei a cabeça. “Ele está em treinamento. Você não pode ensiná-lo se ele não ver como faz.”
“Você fará alguma coisa que precisará ser vista hoje?”
Eu pensei nisso por um minuto. “Eu acho que não.”
“Eu posso ir quando anoitecer?” Larry perguntou.
“Você estará lá pra ver a bagunça, Larry. Não se preocupe.”
“Claro”, Stirling disse. “Eu não tenho nenhum problema com seu assistente ajudando seu trabalho.”
“Por que ele não pode ir agora?” Eu perguntei.
“Pelo preço que estamos pagando, me faça rir, Mr. Blake.”
Ele estava sendo estranhamente educado, então eu concordei. “Ok.”
“Mr. Stirling” Bayard disse, “Você tem certeza que quer ir sozinho?”
“Por que não, Lionel?”
Bayard abriu sua boca, fechou, e então disse, “Nenhuma razão, Mr. Stirling.”
Beau encolheu os ombros. “Eu direi aos operários para irem para casa por hoje.” Ele começou a ir embora, virou de volta e parou. “Você quer que eles voltem amanhã?”
Stirling olhou para mim. “Mr. Blake?”
Eu balancei minha cabeça. “Eu não sei ainda.”
“Qual seu melhor palpite?” ele perguntou.
Eu olhei para o paciente homem. “Eles são pagos mesmo se não aparecerem?”
“Apenas se aparecerem.” Stirling disse.
“Então, sem trabalho amanhã. Eu não posso garantir que eles terão algo pra fazer.”
Stirling concordou. “Você a ouviu, Beau.”
Beau olhou para mim e de volta para Stirling. Ele tinha um estranho olhar no rosto, metade entretido, metade algo que não pude entender.
“Qualquer coisa que diga, Mr. Stirling, Mr. Blake.”
Ele virou e caminhou pela terra suja chamando os homens enquanto movia. Eles começaram a andar antes que ele chegasse lá.
“O que você quer que nós façamos, Mr. Stirling?” Bayard perguntou.
“Espere por nós.”
“O helicóptero também? Ele tem de ir antes de anoitecer.”
“Nós voltaremos antes de anoitecer, Mr. Blake?”
“Claro. Eu vou só dar uma olhada rápida por lá. Eu terei de estar de volta antes de anoitecer também.”
“Eu deixarei um carro e um motorista para você ficar.”
“Obrigada.”
“Podemos ir, Mr. Blake?” Ele mencionou o caminho. Algo havia mudado na forma como ele estava me tratando. Eu não poderia reclamar, mas não estava gostando.
“Logo depois de você, Mr. Stirling.”
Ele assentiu e liderou o caminho, indo pela terra vermelha em seus sapatos de mil dólares.
Larry e eu trocamos olhares. “Eu não vou demorar, Larry.”
“Nós lacaios não iremos a lugar algum.” Ele disse.
Eu sorri. Ele sorriu. Eu encolhi os ombros. Porque Stirling queria que fôssemos só nos dois? Eu assisti o brilhante parceiro chefe enquanto ele seguia pela terra debatida, e o segui. Eu descobriria o por quê de todo o mistério quando chegasse-mos ao topo. E eu estava apostando que eu não iria gostar do que iria ouvir. Somente eu e o grande chefe no topo da montanha com os mortos. O que poderia ser melhor?

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 4


A vista no topo da montanha valeu o esforço da subida. Árvores cortavam o horizonte. Nós estávamos em um círculo de floresta que não haviam tido contato com mãos humanas até onde minha vista alcançava.
Havia muito verde aqui. Mas a coisa que você mais notava era a cor lavanda brotos nas árvores escuras.
Brotos são putas coisas delicadas que se você coloca-las entre flores já abertas você as perde, mas aqui com nada além das árvores nuas era fácil de ver.
Alguns margaridas começaram a florescer, adicionando seu branco à lavanda. Primavera em Ozarks, ahh...
“A vista é magnífica”, eu disse.
“Sim” Stirling disse, “É,não é?”
Meus Nikes pretos estavam cobertos de terra. A terra crua enchia o vale.
Esse topo da montanha provavelmente deveria ser tão bonito quanto os outros. Havia um osso de um braço saindo fora da terra próximo ao meu pé. O ante-braço julgando pelo tamanho. Os ossos eram escassos e ainda estavam conectados por um pedaço seco de tecido.
Quando vi esse, meus olhos encontraram muito mais para ver. Era como uma dessas pinturas mágicas que se você encarar, de repente você vê o que está ali.
Eu vi todos eles, ali no chão como se fossem mãos procurando sair de um rio de terra.
Haviam alguns pedaços de caixões, seus pequenos pedaços se espalhavam, mas a maioria eram ossos mesmo.
Eu ajoelhei e coloquei a palma das mãos na terra arruinada. Eu tentei pegar algum sentimento de morte. Havia algo tênue e distante, como um cheiro de perfume, mas não era bom.
No brilhante raiar do sol eu não poderia trabalhar a minha... mágica.
Levantar os mortos não é maligno, mas é necessário escuridão. Eu não sei por que.
Eu levantei, passando minhas mãos contra a capa, tentando limpar a sujeira vermelha.
Stirling estava em pé no alto da terra nua olhando o nada. Havia uma distancia em seu olhar que dizia que ele não estava admirando as árvores. Ele disse sem olhar para mim, “Eu não posso te intimidar, posso, Mr. Blake?”
“Nem.” Eu disse.
Ele virou para mim com um sorriso, mas isso deixou seus olhos vazios. “Eu investi tudo que eu tenho nesse projeto. Não apenas meu dinheiro, mas de clientes também. Você entende o que estou dizendo, Mr. Blake?”
“Se os corpos forem Bouviers, você está ferrado.”
“Que maneira eloqüente você apresentou.”
“Por que estamos aqui em cima sozinhos, Mr. Stirling? Por que toda essa ‘escaveiração’*?”
(*sim, foi um trocadilho que ela fez.)
Ele respirou profundamente o gentil ar e disse, “Eu quero que você diga que eles não são ancestrais dos Bouvier, mesmo se forem.”
Ele olhou para mim quando disse. Observando meu rosto. Eu sorri e balancei a cabeça.
“Eu não mentirei por você.”
“Você não pode fazer o zumbi mentir?”
“Os mortos são bem honestos, Mr. Stirling. Eles não mentem.”
Ele andou um passo para mais perto de mim, com o rosto bem sincero.
“Meu futuro inteiro depende de você, Mr. Blake,”
“Não, Mr. Stirling, seu futuro depende dos mortos em seus pés. O que sair da boca deles, decidirá.”
Ele assentiu. “Eu suponho que isso seja justo.”
”Justo ou não, é a verdade.”
Ele assentiu novamente. Alguma luz havia deixada seu rosto, como se alguém tivesse desligado a luz. As linhas de seu rosto então estavam de repente claras. Ele rejuvenesceu uns dez anos em poucos segundos. Quando ele olhou em meus olhos, seus olhos estavam dramáticos.
“Eu te darei parte dos benefícios, Mr. Blake. Você poderia ser bilionária em alguns anos.”
“Você sabe que suborno não irá funcionar.”
“Eu soube que não iria logo depois de alguns minutos de te conhecer, mas eu tinha de tentar.”
“Você realmente acredita que essas terras são da família Bouvier, não é?” eu perguntei.
Ele respirou profundamente e andou para longe de mim para olhar as árvores. Ele não iria responder minha pergunta, mas ele não precisava. Ele não estaria tão desesperado se ele não acreditasse que estava ferrado.
“Por que os Bouviers não querem vende-las?”
Ele olhou de volta para mim. “Eu não sei.”
“Olhe, Stirling, só tem nós dois aqui, ninguém para impressionar, sem testemunhas. Você sabe o por quê de eles não venderem. Apenas me diga.”
“Eu não sei, Mr. Blake.” Ele disse.
“Você é um louco por poder, Mr. Stirling. Você revisou cada detalhe desse negócio. Você pessoalmente viu cada “eu” pontuado*, cada “t” traçado. Esse é seu bebê. Você sabe tudo sobre a família Bouvier e seus problemas. Apenas me diga.”
(* “eu” em inglês é “i”, daí o ponto.)
Ele apenas olhou para mim. Seus pálidos olhos estavam opacos, vazios como uma janela com ninguém em casa.
Ele sabia mas não iria me contar. Por que?
“O que você sabe os Bouviers?”
“As pessoas daqui pensam que eles são bruxos. Eles fazem uma pequena fortuna com alguns feitiços inofensivos.”
Havia algo no jeito que ele disse isso, tão casual, tão normalmente. Me fez querer conhecer os Bouviers pessoalmente.
“Eles são bons com mágica?” eu perguntei.
“Por que quer saber?”
Levantei os ombros. “Apenas curiosidade. Essa é uma razão do por que tem de ser esta montanha?”
“Olhe para isso.” Ele abriu seus braços largamente. “É perfeito. É perfeito...”
“É uma bela vista” eu disse. “Mas a vista também não seria igualmente boa naquela outra montanha? Por que tem de ser justamente essa? Por que você tem que ter a montanha dos Bouviers?”
Seus ombros caíram, então ele se endireitou e olhou para mim. “Eu quero essa terra e eu consigo.”
“Você consegue. O truque é, Raymond, você mante-la?”
“Se você não irá me ajudar, então não me atrapalhe. E não me chame de Raymond.”
Eu abri minha boca para dizer mais uma coisa e meu beeper apitou. Eu peguei dentro da capa e olhei o número.
“Merda”. Eu disse.
“O que há de errado?”
“Eu estou sendo bipada pela polícia. Eu preciso de um telefone.”
Ele franziu a testa para mim. “Por que a policia estaria bipando você?”
Isso que dá só trabalhar na minha região. “Eu sou uma executora de vampiros legal em três áreas do estado. Eu estou junto com o Time Regional de Investigação Sobrenatural.”
Ele estava olhando fixadamente para mim.
"Você me surpreende, Mr. Blake. Poucas pessoas conseguem isso.”
“Eu preciso achar um telefone.”
”Eu tenho um portátil com bateria abaixo dessa maldita colina.”
“Ótimo. Eu estou pronta para descer se você estiver.”
Ele deu uma última volta, respirando nessa bilionária vista.
“Sim, estou pronto para descer.”
Essa era uma interessante escolha de palavras, um estilo freudiano eu diria. Stirling queria essas terras por alguma razão perversa. Talvez porque ele não podia te-las.
Algumas pessoas são assim. Quanto mais você diz não, mais elas querem você.
Isso me lembra um certo vampiro mestre que conheço.
Hoje a noite irei andar pela terra visitando os mortos. Provavelmente será amanhã a noite antes que eu, na verdade, tente levantá-los. Se a relevância da policia for alta, talvez demorará mais.Eu espero que não seja nada urgente. Urgente usualmente significa corpos mortos. Quando monstros estavam envolvidos, nunca é apenas um corpo. De um jeito ou de outro os mortos se multiplicam.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 5

Nós voltamos para o vale. As pessoas da construção haviam ido embora, exceto por Beau, o capataz.
Mr. Harrison e Bayard estavam parados próximos ao helicóptero, como se estivessem abandonados no deserto.
Larry e o piloto estavam de um lado, fumando, compartilhando aquela camaradagem que todas as pessoas que estão determinadas a terem seus pulmões pretos têm.
Stirling andou até eles, seus passos firmes e confiantes novamente. Ele deixou suas dúvidas no topo da montanha, ou pelo menos parecia. Ele era o chefe gostosão novamente.
Ilusão é tudo.
“Bayard, pegue o telefone. Mr. Blake precisa usá-lo.”
Bayard deu um pequeno pulo, como se tivesse sido pego fazendo algo que não devia. Mr. Harrison parecia um pouco vermelha. Estava o romance no ar? E isso não era permitido? Não era permitido um pouco de fraternização entre os empregados?
Bayard correu contra a poeira até o carro. Ele pegou algo que parecia uma pequena, preta pasta de couro. Ele tirou dela um telefone e segurou para mim. Parecia um walkie-talkie com antena.
Larry andou até mim cheirando à fumaça.
“Que foi?”
“Eu fui bipada.”
"Bert?"
Eu balancei a cabeça. “Polícia”.
Eu andei um pouco distante do grupo. Larry era educado o suficiente para ficar com eles, mesmo sabendo que não precisava. Eu disquei o número de Dolph. Detetive sargento Rudolf Storr era a cabeça do Time Regional de Investigação Sobrenatural.
Ele atendeu no segundo toque. “Anita?”
“Sim, Dolph, sou eu. O que foi?”
“Três corpos mortos.”
“Três? Merda.” Eu disse.
“É.” Ele disse.
“Eu não posso estar lá tão cedo, Dolph.”
“Sim, você pode.” Ele disse.
Havia algo em sua voz.
“O que isso quer dizer?”
”As vítimas estão logo perto de você.”
“Perto de Brason?”
“Vinte e cinco minutos de Branson.” Ele disse.
“Eu já estou 40 milhas longe de Brason no meio de um puta nada.”
“No meio do nada é onde isso é.” Dolph disse.
“Vocês irão voar para cá?” eu perguntei.
“Não, nós já nossas vítimas de vampiros aqui.”
“Jesus, tem outras três vítimas de vampiros?”
“Eu acho que não” ele disse.
“O que isso quer dizer, você acha que não?” eu perguntei.
“A patrulha estadual de Missouri está nisso. Sargento* Freemont é a investigadora no cargo. Ela acha que não foi um vampiro porque os corpos estavam cortados. Pedaços deles estão desaparecidos. Eu tive de dançar um bocado para conseguir essas informações dela. Sargento Freemont parece convencida que a TRIS irá chegar e roubar a glória. Ela estava particularmente preocupada com a nossa inteligente e rainha dos zumbis de estimação.
(*acho que não tem a versão feminina pro termo)
“Foi a parte 'de estimação' que me incomodou mais” eu disse. “Ela não parece encantadora.”
“Eu tenho certeza que ela será mais, pessoalmente.” Dolph disse.
“E eu terei de conhece-la?”
“ Dê a ela a escolha entre um grande time de policiais chegando depois e apenas você agora. Eu acho que se ela te ver sozinha sem a gente com você, ela será menos maligna.”
“Bom ser a menos maligna para variar” eu disse.
“Você deve ser melhor ainda” Dolph disse. “Ela ainda não te conhece muito bem.”
”Obrigada pelo voto de confiança. Deixe-me testar meu entendimento aqui. Nenhum de vocês irão vir para ver a cena do crime?”
”Não nesse momento. Você sabe que estamos apertados até Zerbrowski voltar do serviço.”
“O que a Patrulha do estado de Missouri pensa sobre uma civil os ajudando em uma investigação de assassinato?”
“Eu deixei claro que você era um membro de muito valor em meu esquadrão.”
“Obrigada pelo elogio, mas eu continuo não tendo um distintivo para mostrar.”
“Você talvez terá se as novas leias federais entrarem em efeito.” Dolph disse.
“Nem me lembre.”
“Não quer ser uma xerife federal?” Sua voz parecia muito suave. Não, entretida.
“Eu concordei com ele nos licenciando, mas nos dando o mérito de xerifes federais é ridículo.”
“Você conseguiria.”
“ Mas quem mais? John Burke com seu poder da lei por trás dele? Dá um tempo.”
“Isso não vai passar, Anita. O departamento pró-vampiros é muito forte.”
“Da sua boca para os ouvidos de Deus. Ao menos que eles revoquem a necessidade de mandatos de execução, isso não faria mais fácil mata-los, e eles não farão isso. Eu já saí do estado para executar vampiros. Eu não preciso de um distintivo.”
Douph riu. “Se estiver em problemas, grite.”
“Eu realmente não gosto disso, Douph. Eu estou aqui fora investigando um assassinato sem nenhuma posição oficial de policial.”
“Viu, você precisa de um distintivo.” Eu ouvi ele suspirar pelo telefone. “Olhe, Anita, eu não te deixaria sozinha se já não tivéssemos problemas aqui. Quando eu puder, enviarei alguém. Infernos, eu queria que você viesse para dar uma olhada nos corpos daqui. Você é nossa expert em monstros.”
“Me dê alguns detalhes e tentarei dar uma de Kreskin.”
“Homem, por volta dos vinte, rigoroso não faz jus.”
“Onde está o corpo?”
“Em seu apartamento.”
“Como chegaram lá tão rápido?”
“Vizinhos ouviram uma briga e ligaram para o 911. Eles nos chamaram.”
“Me dê seu nome.”
“Fredrick Michael Summers, Freddy Summers.”
“Ele tem alguma mordida de vampiro antiga? Mordidas curadas?”
“Sim, algumas. Parece com uma almofada de agulhas. Como você sabe?”
“Qual a primeira regra de um homicídio?” eu disse. “Você checa tudo e mais um pouco. Se ele era um amante de algum vampiro ele teria mordidas curadas. Quanto mais mordidas, mais antigo é o relacionamento. Nenhum vampiro consegue morder uma vítima três vezes com um mês sem correr o risco de matá-las e levantá-las como vampiros. Você pode ter diferentes vampiros mordendo essa pessoa, mas isso faria de Freddy um viciado em vampiros. Pergunte aos vizinhos se haviam muitos caras ou garotas diferentes indo e vindo pelo apartamento dele a noite.”
“Nunca me passou pela cabeça que vampiros teriam relacionamentos.” Dolph disse.
“Legalmente eles são pessoas. Isso significa que eles tem amorzinhos também.”
“Eu vou medir o tamanho das mordidas” Douph disse, “Ver se elas combinam com apenas um vampiro, um amor ou diferentes, ver se nosso garoto estava pegando um grupo todo.”
“Espero que seja um amor só” Eu disse “Se for só um vampiro ele pode levantar da morte.”
”A maioria dos vampiros sabem o suficiente isso para arrancarem sua garganta ou a cabeça.” Ele disse.
“Não soa muito planejado. Crime de paixão, talvez.”
“Talvez. Freemont está segurando os corpos para você. Ansiosamente esperando nossa expert em perícia.”
“Aposto que sim.”
“Não comece a implicar com Freemont nisso, Anita.”
“Eu não começarei nada, Douph.”
“Seja educada.”
“Sempre.” Eu disse em minha mais suave voz.
Ele suspirou. “Tente lembrar que nesse estado talvez nunca viram corpos com pedaços faltando.”
Foi a minha vez de suspirar. “Eu serei boazinha, palavra de escoteiro. Você tem as direções?”
Eu peguei um pequeno bloco de notas com uma caneta presa na espiral no bolso da minha capa. Eu comecei a carregar um para esse tipo de ocasião.
Ele me deu o endereço que Freemont havia dado a ele. “Se você ver alguma pista na cena do crime, tente mante-la intacta e eu vou tentar mandar alguém até lá. De qualquer maneira, olhe as vitimas, dê ao estado sua opinião e deixe eles fazerem seu trabalho.”
“Você realmente acha que Freemont me deixaria chegar tão perto da cena e a força-lo a esperar pelo TRIS?”
Silêncio por um segundo e então “Faça o melhor que puder, Anita. Ligue se pudermos fazer qualquer coisa no final das contas.”
“Sim, claro.”
“Eu preferiria ter você em uma cena de crime do que um monte de policiais que eu conheço.” Dolph disse.
Esse era um imenso elogio vindo de Dolph. Ele o mais essencial policial do mundo.
“Obrigada, Dolph.”
Eu estava falando com ar. Dolph já tinha desligado. Ele sempre fazia isso.
Eu apertei o botão, desligando o telefone, e apenas fiquei ali por um minuto.
Eu não gosto de estar em um lugar desconhecido com policiais desconhecidos e partilhar vitimas que foram comidas. Andar com o esquadrão Spook fez isso comigo. Eu já me acostumei a falar “Eu estou com o esquadrão” nas cenas de crimes. Eu tinha uma pequena insígnia com minha ID que ficava presa na minha roupa. Não era uma insígnia policial, mas pelo menos era oficial. Mas estar no meu lar onde eu podia correr para Dolph em qualquer problema era uma coisa; aqui sem nenhum apoio é outra história.
A polícia não tem absolutamente nenhum senso de humor quando se trata de civis dando palpites em seus casos de homicídio. Não posso realmente culpá-los. Eu não era realmente uma civil, sem nenhum posição oficial. Sem influência. Talvez a nova lei seja uma coisa boa.
Eu balancei minha cabeça. Teoricamente, eu poderia ir em qualquer estação policial em qualquer país e pedir ajuda, ou me envolver sem ser convidada em qualquer caso. Teoricamente. No mundo real, os policiais iriam odiar. Eu seria tão bem vinda como um cachorro molhado numa noite fria. Não sou federal, não sou daqui, e não haviam suficientes executores de vampiros no país, só uns 12. Mas eu só sabia de 8 de nós, dois deles estavam ausentes. A maioria deles eram especializados em vampiros. Eu sou a única entre eles que faz outros tipos de execução.
Esse papo das novas leis incluíam mortes sobrenaturais. A maioria dos executores estariam fora do departamento. Era um aprendizado informal. Eu tinha graduação em biologia sobrenatural, mas isso não era comum. A maioria dos licantropos, ocasionalmente pequenos ogros, e outras bestas pequenas eram caçadas por outros caçadores. Mas a nova lei não daria especiais poderes para esses caçadores. Executores de vampiros, a maioria deles, trabalham duro dentro dos limites da lei. Ou talvez a gente apenas precise de mais pressão. Eu estive gritando que vampiros eram monstros por anos.
Mas então a filha do senador foi atacada há umas semanas atrás, ninguém fez merda nenhuma. E agora, de repente é um caso de celebridade. A legitima comunidade de vampiros deixaram o suposto criminoso vampiro na casa do senador. Eles deixaram sua cabeça e dorso intactos, o que quer dizer que mesmo sem braços e pernas ele não iria morrer. Ele confessou o ataque. Ele era um vampiro recém criado e apenas se deixou levar nos amassos, como qualquer sugador de sangue de 21 anos do sexo masculino.
Aham, certo. O atirador local, Gerald Mallory, fez a execução. Ele veio de Washington. Deveria ser sua sexta morte e ele ainda usava estacas e martelo. Dá pra acreditar?
Houve uma conversa sobre cortar os braços e pernas poderia ajudar a manter os vampiros na cadeia. Isso foi votado como cruel e uma punição estranha. E além do mais, não funcionaria, não realmente para vampiros velhos. Não era apenas seus corpos que eram perigosos. E por fim, eu não acredito em tortura.E se cortar os braços e pernas de alguém fora e coloca-lo numa caixa pela eternidade não é tortura, eu não sei então o que mais é.
Eu voltei para o grupo e entreguei o telefone para Bayard.
“Eu espero que não tenha sido notícias ruins.” Ele disse.
“Não para mim” eu disse.
Ele pareceu confuso. Não uma reação estranha vindo dele.
Eu falei diretamente com Stirling. “Eu tenho de ir até uma cena de crime perto daqui. Tem algum lugar onde eu possa alugar um carro?”
Ele balançou a cabeça. “Eu disse que você teria um carro e motorista enquanto você estiver aqui. Eu falei sério.”
“Obrigada. Mas eu não tenho certeza sobre o motorista. É uma cena de crime, eles não vão querer pessoas de fora por lá.”
“O carro então, sem motorista. Lionel, cuide para que Mr. Blake tenha qualquer coisa que ela queira.”
“Sim, senhor.”
”Eu a encontrarei de novo ao anoitecer, Mr. Blake.”
“Eu estarei o mais cedo possível, Mr. Stirling, mas a policia tem preferência.”
Ele franziu a testa para mim. “Você está trabalhando para mim, Mr. Blake.”
“Sim, mas eu também sou uma executora de vampiros. Cooperação com a policia local tem preferência.”
“Então foi um assassinato de vampiro?”
“Eu não tenho permissão de compartilhar informações da policia com ninguém.” Eu disse. Mas eu me xinguei mentalmente por trazer a palavra “vampiro”. Eu começaria um rumor que provavelmente aumentaria só com essa palavra. Merda.
“Eu não posso deixar a investigação mais cedo só para vir olhar a montanha. Eu virei quando puder. Eu definitvamente verei os mortos antes do sol nascer, então você não perderá tempo realmente.”
Ele não gostou, mas não discutiu.
“Tudo bem, Mr. Blake. Eu esperarei aqui por você, mesmo que leve a noite toda. Estou curioso sobre o que faz. Eu nunca vi um zumbi ser levantado antes.
“Eu não levantarei zumbis essa noite, Mr. Stirling. Nós já falamos sobre isso.”
“É claro.” Ele apenas olhou para mim. Por alguma razão era difícil encarar seus olhos pálidos. Eu me obriguei a encará-lo e não olhei para o outro lado, mas foi com esforço. Era como se ele estivesse me induzindo a fazer alguma coisa, tentando me hipnotizar com os olhos como se fosse um vampiro. Mas um vampiro, mesmo que um pequeno, ele não era.
Ele piscou e foi embora sem dizer nenhuma palavra.
Ms. Harrison o seguiu logo depois com seu salto alto no chão desigual. Beau acenou para mim e o seguiu também. Acho que eles estavam todos no mesmo carro. Ou talvez Beau era o motorista de Stirling. Que trabalho maravilhoso deve ser.
“Nós voaremos até seu hotel onde alugamos seus quartos. Vocês podem desfazer as malas, e terão o carro esperando lá por vocês.” Bayard disse.
“Sem desfazer malas, apenas o carro. Cenas de crimes mudam rápido.” Eu disse.
Ele assentiu. “Como quiser. Eu vou falar com o piloto e já vamos embora.”
Não foi até eu ter tirado minha capa ter dobrado elas, a minha e de Larry, que eu percebi que poderia ter ido com Stirling. Eu poderia ter pego uma carona pra fora dali sem ter que voar. Merda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 6


Bayard havia nos entregado um Jeep preto com janelas escuras e com a buzina mais barulhenta que eu já ouvi. Eu estava com medo que eles me entregassem algo como um Cadillac ou algo igualmente ridículo. Bayard tinha me dado as chaves com o comentário, “ Algumas dessas ruas não tem nem asfalto. Eu achei que você precisaria de algo mais substancial que um simples carro.”
Eu resisti ao impulso de lhe fazer um cafuné e dizer “bom garoto”. Diabos, ele fez uma excelente escolha. Talvez ele até seja uma pessoa inteligente no final das contas.
As árvores faziam longas e magras sombras pela rua. Nos vales entre as montanhas, o sol já estava quase se pondo. Nós deveríamos estar de volta no cemitério antes do anoitecer completo.
Sim, nós. Larry estava sentado ao meu lado, em seu terno azul amarrotado. Os policiais não iriam se incomodar com seu terno barato. Minha roupa, por outro lado, talvez faça com que eu ganhe algumas sobrancelhas levantadas. Não há muitas policiais do sexo feminino por aí. E menos ainda com pequenas saias vermelhas. Eu estava começando a repensar seriamente minha escolha de roupas. Insegura? Quem, eu?
O rosto de Larry estava brilhando de excitação. Seus olhos brilhavam como os de uma criança no natal. Ele estava batendo os dedos nos braços. Tensão nervosa.
“Como você está?”
“Eu nunca estive uma cena de crime antes.” ele disse.
“Sempre tem a primeira vez.”
“Obrigado por me deixar vir junto.”
“Apenas lembre das regras.”
Ele riu. “Não toque nada. Não ande por cima do sangue. Não fale ao menos que falem com você antes.” Ele franziu a testa. “Por que essa última? Eu entendi as outras, mas por que eu não posso falar?”
“Eu sou membra do Time Regional de Investigação Sobrenatural. Você não. Se você sair falando “Oh meu Deus, eca, um corpo morto”, eles podem implicar com você.”
“Eu não te envergonharei.” Ele soou insultado, então um pensamento ocorreu a ele. “Nós nos passaremos por oficiais da polícia?”
“Não. Continue repetindo ‘sou membro do esquadrão Spook, sou membro do esquadrão Spook, sou membro do esquadrão Spook.”
”Mas eu não sou.” Ele disse.
“É por isso que não quero você falando.”
“Ah.” Ele disse. Ele quietou no banco novamente, um pouco do brilho sumindo de seu rosto.
“Eu nunca vi um corpo morto fresco, antes.”
“Você levanta mortos para viver, Larry. Você vê corpos o tempo todo.”
“Não é a mesma coisa, Anita.” Ele parecia mau-humorado.
Eu olhei para ele. Ele tinha ido para o mais longe no banco que o cinto de segurança permitia, braços cruzados no peito. Nós estávamos acima da montanha. Um tanto bom de sol pareceu uma explosão contra seu cabelo laranja. Seus olhos azuis pareceram translúcidos no momento em que passamos da luz para as sombras. Ele parecia todo enferrujado.
“Você nunca, nunca viu um corpo de alguém em um funeral ou de um recém zumbi levantado?”
Ele ficou quieto por um minuto. Eu concentrei em dirigir, deixando o silêncio inundar o Jeep. Era um silêncio confortável, pelo menos para mim.
“Não” ele disse afinal. Ele soava como um garotinho que havia ouvido que não era pra ir brincar lá fora.
“Eu não sou muito boa com corpos frescos também.” Eu disse.
Ele me dos cantos dos olhos. “O que quer dizer?”
Era a minha vez de mudar de posição no banco. Eu lutei contra a urgência de levantar e me endireitar.
“Eu vomitei numa vítima de assassinato uma vez.” Mesmo dizendo rápido, continuava vergonhoso.
Larry levantou no seu assento, sorrindo abertamente. “Você só está me falando isso pra que eu me sinta melhor.”
“Eu contaria voluntariamente alguma coisa sobre mim se não fosse verdade?” eu perguntei.
“Você realmente vomitou em cima de um corpo na cena do crime?”
“Você não precisa parecer tão feliz sobre isso.” Eu disse.
Ele deu uma risadinha. Eu juro, risadinha.
“Eu não acho que eu vomitaria em um corpo.”
Eu levantei os ombros. “Três corpos, com partes faltando. Não faça promessas que você não pode cumprir.”
Ele tossiu alto o suficiente para eu ouvir.
“O que você quer dizer, partes faltando?”
“Nós vamos descobrir”, eu disse “Isso não faz parte da descrição do seu trabalho, Larry. Eu sou paga para ajudar a polícia, você não.”
“Vai ser tão horrível assim?” Sua voz era baixa, incerta.
Pedaços de corpos cortados fora. Ele tava brincando? “Eu não sei até chegarmos lá.”
“Mas o que você acha?” Ele estava me olhando ansiosamente.
Eu olhei de volta para a estrada, e então para Larry. Ele parecia muito solene, como um paciente perguntado ao médico pela verdade. Se ele iria ser valente, eu seria honesta.
“Sim, vai ser horrível.”

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 7


Era horrível. Larry saiu cambaleando da cena do crime para vomitar. O único conforto que eu poderia oferecer para ele, era que ele não era o único. Alguns policiais pareciam meio verdes também. Eu não tinha vomitado ainda, mas eu estava considerando essa idéia pra depois.
O corpo estava deitado em uma sombra na base da montanha. As sombras estavam circuladas por árvores e arbustos com galhos finos marrons. Quando o sol se for de vez, as sombras de esconderiam para todos os lados.
O corpo perto de mim era de um garoto loiro, com cabelo muito curto, como um açougueiro fora de moda. Sangue encharcava em volta do globo ocular, descendo por seu rosto. Havia algo errado com o rosto, além dos olhos, mas eu não consegui identificar o que. Eu ajoelhei em um pedaço seco do chão, feliz por que minha capa protegia minha perna de sujar com o sangue. Sangue escorria do outro lado da rosto do garoto, caindo no chão. Ele já havia secado, parecendo uma pegajosa substancia marrom. Era como se os olhos desse adolescente havia chorado lágrimas de escuras. Eu toquei com meu dedo envolto com luva sua barba loira. Isso fez com que seu osso mexesse de forma que não deveria mexer. Eu respirei fundo e tentei continuar respirando devagar. Eu estava feliz por ainda ser primavera. Se esse corpo estivesse aqui no verão, o ar não seria muito agradável. Vento gelado era uma benção.
Eu coloquei minhas mãos no chão e me curvei num jeito meio desajeitado. Eu estava tentando ver por baixo de seu queixo sem mover no corpo de novo. Ali, perdido no meio do sangue do pescoço, estava uma marca de perfuração. Uma marca de perfuração maior que minha mão.
Eu já vi ferimentos com facas e garras que poderiam fazer marcas similares, mas essa era muito grande para ser de faca e muito limpa para ser uma garra. E também, o que diabos tinha uma garra tão grande? Parecia como se uma faca gigante havia sido empurrada contra seu queixo, perto o bastante de seu rosto para acertar nos olhos dentro da cabeça. Era esse o por que dos olhos estarem sangrando mas parecerem intactos. A faca não havia nunca saído pelo seu rosto.
Eu corri meus dedos contra seu cabelo loiro e achei o que estava procurando. O começo da faca, se era uma faca, saia de cima de sua cabeça. Então a faca havia sido enfiada lá e o garoto loiro havia caído no chão. Morto, eu espero, mas morrendo eu tinha certeza. Suas pernas estavam desaparecidas logo abaixo do joelho. Quase não havia sangue onde as pernas haviam sidos retiradas. Elas foram cortadas depois dele ter morrido. Uma pequena benção isso. Ele morreu relativamente depressa, e não havia sido torturado. Haviam piores jeitos de morrer. Eu ajoelhei perto de suas pernas. O osso esquerdo havia sido cortado num corte limpo, em um golpe. Na direita haviam lascas, como se a faca tivesse cortado a esquerda num corte rápido, mas só um pedaço dela acertou a perna direita. Um segundo golpe deveria ter sido necessário para a perna direita.
Pra que pegar as pernas? Um troféu? Talvez. Seriais killers pegam troféus, roupas, coisas pessoas, pedaços do corpo. Então talvez seja uma lembrança.
Os outros dois corpos eram menores, ambos mediam por volta de cinco pés. Mais novos talvez, ou talvez não. Os dois eram pequenos e com cabelos escuros e bonitos. Provavelmente aquele tipo de garotos que eram bonitos, quase lindos, mas francamente, era difícil de dizer.
Um estava deitado de costas quase oposto do sangue. Um olho castanho encarava para cima o céu, gelado e imóvel, de alguma forma irreais, como de animais empalhados.
O resto de seu rosto estava cortado em dois enormes cortes, como se a ponta da faca havia ido e vindo como um tapa com a frente e trás das mãos. O terceiro corte havia arrancado fora o pescoço. Era uma ferida bem limpa; todas elas eram. A maldita faca, espada, ou o que for, era incrivelmente afiada. Mas era mais que uma boa faca. Nenhum humano poderia ser rápido o suficiente para matar eles sem uma arma de fogo. Mas a maioria dos monstros que matam um ser humano não pegariam uma arma pra isso. Um monte de coisas iriam nos cortar no meio com garras, nos comer vivos, mas a lista de seres sobrenaturais que iriam te matar com uma arma era de fato, bem curta. Um ogro talvez poderia cortar uma árvore e te acertar com ela até você morrer, mas não usaria uma faca. Não apenas essa coisa havia usado uma espada, uma arma não comum, mas também havia alguma destreza. Os cortes no rosto não haviam matado o garoto. Por que o outro não saiu correndo? Se o loiro foi morto primeiro, por que esse não correu? Nada é rápido o suficiente que poderia ter pego os três garotos adolescentes com uma espada antes que qualquer um deles pudesse correr. Esses não eram golpes rápidos. Quem ou o que fez isso tinha um tempo bom para cada morte. Mas todos eles agiram como se tivessem sido pegos de surpresa.
O garoto havia caído de costas no chão, mãos segurando sua garganta. A poeira havia sido espalhada onde seus pés haviam caído. Eu respirei fundo. Eu não queria examinar as feridas, mas estava começando a ter uma desagradável idéia.
Eu ajoelhei e tracei a ferida no pescoço com meus dedos. O começo da pele era tão lisa. Mas continuava sendo carne humana, pele humana, sangue seco, denso e pegajoso. Eu tossi forte e fechei meus olhos e deixei meus dedos procurarem por aquilo que achei que encontraria. A beira da ferida tinha dois lábios, começando no meio. Eu abri meus olhos e trancei a segunda ferida com meus dedos. Meus olhos continuavam não vendo.
Havia muito sangue. Quando a ferida estivesse limpa, daria para ver, mas não aqui, não assim. O pescoço havia sido cortado duas vezes, profundamente. Um corte era suficiente para matar. Por que dois? Porque eles estavam escondendo algo no pescoço. Marcas de presas, talvez? Ser morto por um vampiro explicaria porque eles não tentaram fugir. Eles apenas ficaram no chão e foram cortados até morrer.
Eu olhei para o último adolescente. Ele estava virado no seu lado direito. Sangue havia escorrido por ele. Ele estava tão cortado que meus olhos não quiseram achar sentido no que eu estava vendo. Eu queria olhar para o outro lado antes que meu cérebro entendesse o que meus olhos estavam vendo, mas não olhei.
Onde o rosto deveria estar estava todo fatiado, buracos entalhados. A criatura fez a mesma coisa com esse que fez com o loiro, mas tinha sido mais minucioso. A frente do crânio havia sido cortada fora. Eu olhei em volta procurando no chão por um pedaço de osso e carne, mas não vi. E então tive de olhar de volta para o corpo. Eu sabia o que estava vendo agora. Eu gostava mais quando não sabia. Atrás do crânio estava cheio de sangue coagulado, era horrendo, mas o cérebro não estava lá. A espada havia deslizado por ele abrindo-o pelo peito e estômago. Seu intestino estava espalhado para fora.
O que eu pensei era que seu estômago estava jogado para fora da ferida como um balão meio cheio. A perna esquerda havia sido arrancada fora na altura do joelho. Os trapos de seu jeans pregavam ao buraco como pétalas de flor não aberta. O braço esquerdo havia sido cortado fora na altura do cotovelo. O osso do braço era escuro com sangue seco, e estava um estranho ângulo como se o braço todo tivesse sido quebrado na altura do ombro e não houvesse mexido mais.
Muito violento. Havia esse lutado um pouco?
Meus olhos voltaram para seu rosto. Eu não queria olhar de novo, mas eu não tinha realmente examinado. Havia algo horrivelmente pessoal em desfigurar o rosto de alguém. Se houvesse sido humanamente possível fazer isso tudo, eu diria para chegarem a lista de ex. Como regra geral, apenas pessoas que amam você cortariam seu rosto fora. Esse é um ato amoroso que você não ganha de estranhos. A única exceção são assassinos em série. Eles trabalham com o pensamento patológico que suas vitimas representam uma outra pessoa. Uma outra pessoa que o assassino ama. Quando estão cortando o rosto de estranhos, estão simbolicamente cortando,por exemplo, a figura de um pai que ele odeia.
Os finos ossos da cavidade nasal do garoto havia sido rachado. O maxilar estava desaparecido, fazendo a face parecer incompleta. Parte da mandíbula ainda estava lá, mas havia sido quebrada fora perto dos molares. O sangue havia deixado apenas dois dentes brancos e limpo. Eu encarei esse rosto arruinado. Estava sendo muito bom pensar nisso tudo como apenas carne, apenas carne morta. Mas carnes mortas não tinham cáries, não iam ao dentista. Ele era apenas um adolescente, talvez mais novo ainda. Eu estava julgando apenas pelo tamanho e pela aparência dos outros dois. Talvez esse sem rosto era uma criança, uma criança mais alta. Uma criança.
A tarde de primavera vacilava ao meu redor. Respirei fundo para me manter e isso foi um erro.
Eu tinha um corpo cortado, com estômago de fora e morto ali. Eu cambaleei para o lado da sombra.
Nunca vomite nas vítimas. Estressa os policiais.
Eu cai de joelhos num espaço onde todos os policiais estavam. Eu não havia exatamente caído, tipo me jogado ao chão. Eu respirei o ar gelado de lá lentamente. Isso ajudou. Uma pequena brisa estava passando por lá, levando embora o cheiro de morte. Isso ajudou mais.
Policiais de todos os tamanhos e pesos estavam amontoados por ali. Ninguém havia passado mais tempo que o necessário entre os corpos.
Eles haviam filmado e tirado fotos pelos técnicos de cena de crime. Todo mundo havia feito seus trabalhos, exceto eu.
“Você está passando mal, Mr. Blake?” A voz era da Sargento Freemont da Divisão de Controle de Drogas e Crimes*
(*Division of Drug and Crime Control, DD/CC, mais conhecido como D2C2.)
Seu tom era gentil, mas desaprovador. Eu conhecia esse tom. Nós éramos as únicas duas mulheres na cena de crime, o que quer dizer que estávamos jogando com os grandes homens. Você tem de ser mais esperta que os homens, forte, melhor, ou eles te enchem o saco. Ou eles te tratam como uma garota. Eu estava apostando que Sargento Freemont não havia passado mal. Ela não se permitiria isso.
Eu respirei profundamente de novo. Olhei para ela. Dos meus joelhos ela parecia medir cinco pés e oito palmos. Seu cabelo era liso, escuro, cortado na altura do queixo. As pontas eram curvadas pelo seu rosto. Sua calça era se um vibrante amarelo, jaqueta preta e blusa um amarelo mais suave. Eu tinha uma boa vista de seus sapatos polidos. Havia um anel de ouro na sua mão esquerda, mas não de noivado. Linhas profundas de sorriso deixavam seu rosto com aparência de uns 40 anos, mas ela não estava sorrindo agora.
Eu tossi tentando não sentir o gosto do cheiro atrás da minha língua. Eu fiquei de pé.
“Não, Sargento Freemont, eu estou bem.” Eu estava feliz que era verdade. Eu só esperava que ela não me fizesse voltar lá. Queimaria meus biscoitos ter de olhar para os corpos de novo.
“O que fez aquilo?” ela perguntou. Eu não virei para ver onde ela estava apontando. Eu sabia o que estava ali.
Eu levantei os ombros. “Eu não sei.”
Seus olhos castanhos eram neutros e ilegíveis, bons olhos de policial. Ela franziu a testa.
“O que quer quiser com você não sabe? Supostamente era para você ser a perita em monstros.”
Eu deixei o ‘supostamente’ de lado. Ela não tinha me chamado de rainha dos zumbis na minha cara, na verdade ela tem sido bem educada, correta, mas não havia muito sentimento nisso.
Ela não estava impressionada, e com seu jeito quieto, com seu olhar com absoluta inflexão, ela me deixou saber isso. Eu teria de tirar do meu chapéu um grande cadáver para impressionar Sargento Freemont, DD/CC. Até lá, eu não estava nem perto.
Larry andou até nós. Seu rosto esta meio amarelo-esverdeado. Era meio notável com meu cabelo ruivo. Seus olhos estavam meio vermelhos com aquelas pequenas lágrimas depois que você vomita. Se a coisa for violenta, as vezes você realmente chora enquanto vomita.
Eu não perguntei a Larry se ele estava bem. A resposta era óbvia. Mas ele estava em pé, sozinho. Contanto que ele não desmaie, ele ficará bem.
“O que você quer de mim, Sargento?” eu perguntei. Eu estava sendo mais que paciente. Por mim, eu estava mais que conciliadora. Doulph ficaria orgulhoso. Bert talvez ficaria assombrado.
Ela cruzou os braços no estômago. “Eu deixei o Sargento Storr me convencer a deixar você ver a cena do crime. Ele disse que você era a melhor. De acordo com os jornais, você apenas faz uma pequena mágica e descobre tudo. Ou talvez você apenas levanta o morto e pergunta quem matou ele.”
Eu respirei profundamente. Eu não usava mágica para resolver crimes, uma regra geral. Eu usava conhecimento. Mas dizer isso pareceria que eu estava me defendendo. Eu não precisava provar nada pra Freemont.
“Não acredite em tudo que você lê nos jornais, Sargento Freemont. E quanto a levantar os mortos, não funcionaria com esses três.”
“Você está me dizendo que não consegue levantar zumbis também?” Ela balançou a cabeça. “Se você não pode nos ajudar então vá para casa, Mr. Blake.”
Eu olhei para Larry. Ele encolheu os ombros. Ele ainda parecia abalado. Acho que ele não tinha energia para me dizer para me comportar. Ou talvez ele estava cansado de Freemont tanto quanto eu.
“Eu poderia levanta-los como zumbis, Sargento, mas você precisa ter uma boca e uma garganta que funcione para falar.”
”Ele poderiam escrever.” Freemont disse.
Essa era uma boa sugestão. Me fez pensar melhor dela. Se ela era uma boa policial, eu poderia começar com um pouco de hostilidade. Contanto que eu nunca mais tenha de ver outros sorpos como esses, eu poderia por um monte de hostelidade.
“Talvez, mas os mortos perdem uma grande função do cérebro depois de uma morte traumática. Eles possivelmente não conseguirão escrever, mas mesmo que pudessem, eles poderiam não saber quem os matou.”
”Mas eles viram.” Larry disse. Sua voz soava rouca, e ele deu uma tossida discreta, coberta com as mãos, para limpar a garganta.
“Nenhum deles tentou correr, Larry. Por que?
“Por que você esta perguntando a ele?” Freemont disse.
“Ele está em treinamento.” Eu disse.
“Treinamento? Você trouxe alguém em treinamento no caso de assassinato?”
Eu olhei para ela. “Eu não te digo como fazer seu trabalho. Não me diga como fazer o meu.”
“Você não fez merda nenhuma até agora. Exceto pelo seu assistente vomitando nos arbustos.”
Um vermelho nada saudável sua pelo pescoço de Larry. Embaraçamento quando ele mal se agüentava em pé.
“Larry não era o único a passar mal, apenas o único sem um distintivo.”
Eu balancei minha cabeça. “Nós não precisamos dessa merda” Eu passei por Freemont. “Vamos, Larry.” Larry me seguiu, obediente pelo menos.
“Eu não quero nada disso na imprensa, Mr. Blake. Se sair algo lá, eu sei de onde surgiu.” Ela não estava gritando,mas a voz estava levemente alta.
Eu me virei. Eu também não estava gritando, mas todo mundo podia me ouvir.
“Você tem uma criatura sobrenatural desconhecida que usa uma espada e é mais rápido que um vampiro.”
Alguma coisa passou pelo seu rosto, como se eu finalmente tivesse feito alguma coisa interessante.
“Como você sabe que é mais rápido que um vampiro?”
”Nenhum dos garotos tentaram correr. Todos morreram onde estavam. Ou é rápido ou tem um incrível controle mental.”
”Não é um licantropo então?”
”Nem um licantropo é tão rápido, e eles não tem habilidades de nublar mente humana. Se um licantropo aparecesse com uma espada, os garotos dariam um grito e correriam. Teriam pelo menos sinais de luta.”
Freemont apenas ficou parada ali me olhando. Era um olhar bem sério, como se ela estivesse me medindo. Ela continuava nada feliz comigo, mas estava ouvindo.
“Eu posso te ajudar, Sargento Freemont. Eu posso te ajudar a descobrir o que fez isso, talvez, antes que ele faça de novo.”
Sua máscara confiante se desfez um pouco. Se eu não estivesse encarando seus neutros olhos, eu perderia o ato.
“Merda”, eu disse, auditivamente. Eu andei até ela aumentando minha voz. “É isso não é? Essas não são as primeiras mortes.”
Ela olhou para o chão, e então me olhou nos olhos, maxilar travado. Seus olhos não eram neutros agora, eles estavam um pouco assustados. Não por ela mesma, mas pelo o que ela havia feito, ou não feito.
“A Patrulha do Estado pode lidar com homicídios.” Sua voz estava no tom mais gentil que tinha ouvido.
“Quantos?” Eu perguntei.
“Dois antes. Um casal de adolescentes, um garoto e uma garota. Provavelmente ficando na floresta.” Sua voz era suave, quase cansada.
“O que a perícia disse?”
”Você está certa” ela disse. “Era uma faca, provavelmente uma espada. E monstros não usam armas, Mr. Blake. Eu achei que tinha sido o ex namorado da garota. Ele tinha uma coleção de armas da Guerra Civil, incluindo uma espada. E ela parecia ser bem afiada.”
Eu assenti. “Soa lógico.”
”Nenhuma das armas de corte combinava com as feridas, mas eu pensei que ele poderia ter se livrado da arma do crime. Eu não pensei...” Ela olhou para longe de mim, mãos firmemente dentro dos bolsos da calça. Eu pensei que ela iria partir a roupa desse jeito.
“A primeira cena de crime não era como essa. Eles foram mortos no primeiro golpe, isso os derrubou ao chão. Um humano não poderia ter feito isso.” Ela olhou de volta para mim, como se esperasse que eu concordasse com ela. Eu concordei.
“Os corpos deles estavam cortados além do corte mortal?”
Ela assentiu. “Rostos desfigurados, sua mão esquerda desaparecida. A que tinha o anel de compromisso do ex.”
“Suas gargantas estavam cortadas?”
Ela franziu a testa, pensando, e então assentiu. “A dela estava. Mas sem muito sangue também, como se tivesse sido feito depois que ela morreu.”
Minha vez de assentir. “Ótimo.”
”Ótimo?” Larry perguntou.
“Eu acho que temos um vampiro em nossas mãos, Sargento Freemont.”
Os dois franziram a testa para mim. “Olhe para as partes dos corpos faltando. As pernas de um garoto foram cortadas depois que ele morreu. A artéria femoral estava quase perto da virilha. Eu já vi vampiros que preferem o sangue de lá, do que do pescoço. Corte fora as pernas e sem marcas de presas.”
“E quanto aos outros dois?” Ela perguntou.
“Talvez o garoto menor foi mordido. Seu pescoço foi cortado duas vezes sem nenhuma razão. Talvez foi uma violência extra como o rosto desfigurado. Eu não sei. Mas vampiros podem tirar sangue do pulso, na curva do braço. E todas essas partes estão desaparecidas.”
”Um dos cérebros estão desaparecidos.” Freemont disse.
Larry engasgou levemente do meu lado. Ele passou a mão pelo seu rosto suado.
“Você vai ficar bem?” Eu perguntei
Ele assentiu, não confiando em sua voz. Grande Larry.
“O que melhor do que tirar algo fora do corpo do garoto que um vampiro não estaria interessado?” eu disse.
“Ok, dizendo faz algum sentido. Por que dessa forma? Isso é...” Ela levantou sua mãos abertas, olhando para onde estavam as vítimas. Ela era a única de nós três olhando pra lá. “Isso é loucura. Se foi um humano, eu diria que tínhamos um serial killer em nossas mãos.”
”Talvez possa ser um” Eu disse suavemente.
Frremont olhou para mim. “O que diabos quer dizer?”
”Um vampiro foi uma pessoa antes. Estar, tecnicamente, morto não cura você dos problemas que você tinha quando era um ser humano. Se você tinha uma violenta patologia antes da morte, isso não muda só porque você está morto.”
Freemont olhou para mim como se eu fosse a louca. Eu acho que era a palavra “morto” que estava incomodando ela. Uma vez que seus suspeitos estão mortos, eles não deveriam ser suspeitos mais. Eu tentei de novo. “Digamos que Johnny era um serial killer. Ele vira um vampiro. Por que ele virar um vampiro faria dele de repente menos violento? Por que não mais violento?”
“Ah meu Deus.” Larry disse.
Freemont respirou profundamente pelo nariz e deixou o ar sair lentamente. “Ok, talvez você esteja certa. Eu não estou dizendo que você está. Eu já vi fotos de vítimas de vampiros e elas não pareciam com isso, mas se você estiver certa, o que você quer de mim?”
”As fotos da primeira cena de crime. E uma olhada por onde aconteceu.”
”Eu mandarei os arquivos para seu hotel.” Ela disse.
”Onde estava o casal morto?”
”Apenas alguns quilômetros daqui.”
“Vamos dar uma olhada.”
”Eu pegarei um dos oficiais para te levar lá.” Ela disse.
“Essa é uma área geográfica malditamente pequena. Eu assumo que acharei sozinha, se me der as direções.”
”Francamente, Mr. Blake, eu não tenho certeza se há como saber o que procurar. Os vales e a terra seca faz com que fique quase impossível fazer ou achar trilhas.”
“É.” Eu disse. “Trilhas iriam ajudar.” Eu olhei de volta de onde eu vim. As trilhas eram disformes acima da montanha. “Se foi um vampiro...”
Freemont me cortou. “O que quer dizer, se?”
Eu olhei para seus olhos acusatórios. “Olha, sargento, se foi um vampiro, ele tem o maior controle sobre mentes que eu já vi. Eu nunca conheci um vampiro, nem mesmo um vampiro mestre, que poderia segurar três mentes humanas enquanto matava eles. Até eu ter visto isso, eu diria que não existia.”
”O que mais poderia ser?” Larry perguntou.
Eu encolhi os ombros. “Eu acho que é um vampiro, mas se eu disser que tenho cem por cento de certeza, estarei mentindo. E eu tento não mentir para a policia. Talvez não há trilhas na montanha, mesmo onde o chão é mais macio, porque o vampiro poderia ter voado por ela.”
“Como um morcego?” Freemont perguntou.
“Não, eles não mudam a forma de seu corpo, mas eles podem... “ Eu procurei pela palavra e não havia nenhuma. “Eles podem meio que levitar. Eu já vi. Não posso explicar, mas já vi.”
“Um vampiro serial killer.” Ela balançou a cabeça, as linhas próximas à boca aprofundando. “Os federais vão estar em toda parte nisso.”
”Nem brinca.” Eu disse. “Você achou as partes perdidas dos corpos?”
”Não, eu pensei que talvez ele poderia ter comido elas."
”Se ele comeu esse tanto, por que não mais? Se comeu, por que não tinha marcas de dentes? Se comeu, pra que esmigalhar partes do corpo daquele jeito?”
Ela fechou as mãos nos punhos. “Você fez seu ponto. Foi um vampiro. Mesmo um policial burro sabe que eles não comem carne.” Ela virou seus olhos castanhos para mim, e ali havia um tanto bom de raiva. Não direcionada a mim, exatamente, mas eu acho que eu tinha uma boa parcela. Eu a encarei de volta, sem piscar. Ela desviou o olhar primeiro. Talvez eu não valia essa parcela.
“Eu não gosto de ter civis em minha investigação de homicídio, mas você apontou coisas que eu perdi. Ou você é muito boa, ou sabe alguma coisa que não está me dizendo.”
Eu poderia ter apneas dito que era boa no meu trabalho, mas não disse. Eu não queria que ela pensasse que eu estava segurando informações quando eu não estava.
“Eu tenho uma vantagem sobre detetives de homicídios normais, eu espero que seja um monstro. Nunca ninguém me chamou se fosse apenas uma apunhalada, ou um bater e correr. Eu não passo um bom tempo tentando vir com boas e normais explicações. Isso significa que eu ignoro um monte de teorias.”
Ela assentiu. “Certo, se você me ajudar a pegar essa coisa, eu não ligo para o que você faz para viver.”
“Bom saber.” Eu disse.
“Mas sem repórteres, sem mídia. Eu estou no cargo aqui. Essa é minha investigação. Eu decido quando vai ao público. Isso está claro?”
”Claro.”
Ela me encarou como se não acreditasse em mim. “Eu quis dizer nenhum tipo de mídia, Mr. Blake.”
”Eu não tenho problemas em não ter mídia, Sargento Freemont. Eu prefiro dessa forma.”
”Para uma pessoa que não gosta de mídia você ganha muita atenção.”
Eu levantei os ombros. “Eu estou envolvida em apenas casos sensacionalistas, detetive. Casos que ganham uma boa imprensa, tem público. Eu mato vampiros, pelo amor de Deus. Isso dá boas matérias.”
“Contanto que fiquemos entendidas, Mr. Blake.”
”Sem mídia. Não é uma condição difícil.” Eu disse.
Ela assentiu. “Eu terei alguém para te acompanhar até a primeira cena de crime. E verei se te entregam os arquivos no hotel.” Ela começou a ir embora.
“Sargento Freemont?”
Ela virou de volta, com um olhar não amigável. “O que foi agora, Mr. Blake? Você já fez seu trabalho.”
”Você não pode tratar isso como se fosse um serial killer humano.”
”Eu estou no cargo dessa investigação, Mr. Blake. Eu posso fazer o que diabos eu quiser.”
Eu olhei para ela, para seus olhos hostis. Eu não estava me sentindo muito amigável também.
“Eu não estou tentando roubar seu brilho aqui. Mas vampiros não são apenas pessoas com presas. Se esse vampiro pôde pegar e segurar as mentes desses garotos enquanto eles eram mortos, cada um de uma vez, ele poderia pegar sua mente, a de qualquer um. Um vampiro talentoso assim poderia fazer você pensar que branco era preto. Você me entende?”
”É dia, Mr. Blake. Se for mesmo um vampiro nós o acharemos e estacaremos ele.”
”Você precisará de uma ordem da corte para a execução.”
”Nós conseguiremos uma.”
”Quando você conseguir, eu voltarei e terminarei o trabalho.”
“Eu acho que podemos lidar com isso.”
”Você já estacou um vampiro?” eu perguntei.
Ela apenas olhou para mim. “Não, mas eu já atirei em um homem. Não pode ser muito mais difícil.”
”Não é difícil do jeito que você quis dizer,” Eu disse. “Mas é um inferno mais perigoso.”
Ela balançou a cabeça. “Até os federais chegarem, eu estou no cargo, e você ou qualquer um não podem intrometer. Está claro, Ms. Blake?”
Eu assenti. “Como um cristal, Sargento Freemont.”
Eu olhei para seu broche em formato de cruz na gola de sua camisa. A maioria dos policiais andavam com cruzes agora.
“Você tem armas com balas de prata, certo?”
”Eu cuidarei dos meus homens, Mr. Blake.”
Eu levantei minhas mãos me rendendo. Era muito para uma conversa de garotas.
“Está certo, estamos indo. Você tem o número do meu beeper. Use se precisar, Detetve Freemont.”
“Eu não precisarei.”
Eu respirei fundo e engoli um monte de palavras. Pegar uma briga com um policial em cargo de uma investigação de assassinato não era uma boa forma de ser convidada para para brincar de novo. Eu passei por ela sem dizer tchau. Se eu abrisse minha boca, não tinha certeza do que sairia. Não agradável, e nada útil.

 

 

 

CAPÍTULO 8


Pessoas que não acampam muito pensam que a escuridão cai do céu. Não cai. Escuridão desliza pelas árvores e cobrem elas primeiro, e então se arrastam para outros lugares.
Estava tão escuro entre as árvores que eu queria uma lanterna. Quando estávamos na estrada, perto do nosso Jeep, já estava anoitecendo.
Larry olhou para a noite vindo e disse “Nós podemos voltar e dar uma passada pelo cemitério para Stirling.”
”Primeiro vamos comer.” Eu disse.
Ele olhou para mim. “Você quer parar para comer, isso é um acontecimento. Eu usualmente tenho de implorar por um drive-up.”
“Eu esqueci de almoçar.” Eu disse.
Ele sorriu abertamente. “Isso eu acredito.” O sorriso sumiu devagar de seu rosto. “A primeira vez que você me oferece comida e eu não acho que não consigo comer.”
Ele olhou para mim. Havia luz suficiente ainda para ver ele olhando para meu rosto.
“Você realmente poderia comer depois do que você viu?”
Eu olhei para ele. Eu não queria dizer. Não há muito tempo atrás, a resposta teria sido não.
“Bem, eu não encararia um prato de macarrão, ou bifes tártaros, mas sim, eu poderia comer.”
Ele balançou a cabeça. “O que é um bife tártaro?”
“Um bife cru, basicamente.” Eu disse.
Ele tossiu parecendo um pouco mais pálido que segundos atrás.
”Como você consegue até pensar em coisas como essas assim tão cedo...”
Ele deixou as palavras pararem no ar. Nós dois vimos, palavras não eram necessárias.
Eu suspirei. “Eu estive em cenas de crimes já fazem quase 3 anos, Larry. Você aprende a sobreviver. O que quer dizer, você aprende a comer depois de ver corpos dilacerados.”
Eu não adicionei que eu já tinha visto piores.
Eu já tinha visto corpos serem reduzidos à um quarto de sangue e víceras e irreconhecíveis pedaços de carnes. Não suficiente para encher um sacola. Eu tinha ido atrás de Big Macs depois de ver esse.
“Está disposto a pelo menos tentar comer?”
Ele estava me olhando de forma suspeita. “Onde você tem em mente?”
Eu desamarrei meus Nikes e parei cuidadosamente na estrada. Não queria sujar minhas meias.
Eu tirei a capa. Larry fez o mesmo, mas ele se manteve com os sapatos.
Eu manejei minha capa cuidadosamente para o sangue não tocar no interior do Jeep.
Joguei meus tênis no porta malas e coloquei meus saltos de novo.
Larry estava tentando ajeitar seu terno amassado, mas tem algumas coisas que só uma lavagem a seco poderia solucionar.
“O quanto você gostaria de ir no Ossos Sangrentos?” Eu perguntei.
Ele olhou para mim, mãos ainda no terno. Ele franziu a testa. “Onde?”
”É o restaurante que Magnus Bouvier é dono. Stirling mencionou ele.”
”Ele disse onde que era?” Larry disse.
“Não, mas eu perguntei para um dos policiais locais por restaurantes e Ossos Sangrentos não é tão longe assim daqui.”
Larry estava quase estrábico olhando de forma suspeita para mim. “Por que você quer ir lá?”
”Eu quero falar com o Magnus Bouvier.”
“Por que?” Ele perguntou.
Essa era uma boa pergunta. Eu não sabia se tinha uma boa resposta. Eu levantei os ombros e entrei no Jeep. Larry não tinha outra alternativa a não ser se juntar a mim, ao menos que ele quisesse continuar a conversa.
Quando estávamos sentados no Jeep, eu continuava sem ter uma boa resposta.
“Eu não gosto de Stirling. Não confio nele.”
”Eu tive a impressão que você não gostava dele.” Larry disse, sua voz bem seca. “Mas por que não confiar nele?”
”Você confia nele?” Eu perguntei.
Larry franziu a testa e pensou sobre isso. Ele balançou a cabeça. “Não realmente.”
“Viu?” Eu disse.
“É, mas você acha que conversas com Bouvier vai ajudar?”
“Eu espero que sim. Eu não gosto de levantar mortos para pessoas que eu não confio. Especialmente em algo assim grande.”
”Ok, então nós vamos comer no restaurante de Bouvier e bater um papo com ele, e daí o que?”
”Se a gente não aprender nada novo, nós vamos ver Stirling e levantar o cemitério para ele.”
Larry estava me olhando como se não tivesse certeza se confiasse em mim. “O que você está armando?”
“Você não quer descobrir por que Stirling tem de ter essa montanha? Por que a montanha dos Bouviers e nenhuma outra?”
Larry olhou para mim. “Você tem andado demais com a polícia. Você não confia em ninguém.”
”Os policiais não me ensinaram isso, Larry. Esse é um talento natural.”
Nós já estávamos na estrada. As árvores faziam longas e finas sombras. Nos vales entre as montanhas, as sombras faziam formatos de uma piscina enquanto anoitecia. Nós deveríamos estar indo direto para o cemitério. Apenas andar por lá e dar uma olhada não machucaria ninguém. Mas se eu não podia ir caçar vampiros, eu podia questionar Magnus Bouvier. Essa parte do meu trabalho ninguém podia me tirar.
Eu não queria realmente ir caçar vampiros. Era quase totalmente noite. Caçar vampiros a noite era uma boa maneira de ser morto. Especialmente um que podia controlar mentes como esse. Um vampiro pode nublar sua mente e ainda te machucar, se seu controle for bom o suficiente, e você não iria se importar. Mas quando essa concentração estivesse fora de você, ou de alguma outra pessoa, e ela começa a gritar, você acorda.E corre. Mas os garotos não correram. Eles não tinham acordado. Eles apenas morreram. Se essa coisa não fosse impedida, outros vão morrer. Eu podia garantir isso. Freemont deveria ter me deixado ficar. Eles precisariam de um expert em vampiros com eles nisso. Eles precisariam de mim.
Ok, eles realmente precisam de policiais com experiência com monstros, mas eles não tinham isso. Fazia apenas 3 anos desde que Addison V. Clark fez vampiros virarem legalmente vivos. Três anos atrás, Washigton fez com que esses sugadores de sangues vivessem na cidade com direitos. Ninguém pensou no que isso significaria para a polícia. Antes da lei mudar, crimes sobrenaturais eram cuidados por caçadores de vampiros. Esses privados caçadores com experiência necessária para nos manter vivos. A maioria de nós temos algum poder sobrenatural que nos ajuda um pouco contra os monstros. A maioria dos policiais não.
Humanos não atiram bem em monstros. Sempre tem muitos de nós que tem talento para matar essas bestas.
Nós fazemos um bom trabalho, mas de repente os policiais nos querem fora.
Sem treinamento extra, sem arma extra, nada. Inferno, a maioria dos departamentos de polícia não tem nem balas de prata.
Demorou esse tempo todo para Washigton perceber que talvez eles fizeram uma burrada. Que talvez, apenas talvez, os monstros eram realmente monstros e a policia precisava de um treinamento extra.
Levaria anos para treinar esse policiais, então eles teriam de fazer apenas um circuito de treinamento, fazendo policiais especializados em caçar monstros. Para mim, pessoalmente, talvez funcionaria. Eu adoraria ter um distintivo para esfregar na cara de Freemont. Ela não poderia me deixar de fora, não se eu fosse um dos federais. Mas para a maioria dos caçadores de vampiros, iria ser uma bagunça. Você precisaria mais que experiência sobrenatural para trabalhar na área de homicídio. Você com certeza deveria ter mais que experiência em vampiros para carregar um distintivo.
Não haviam respostas fáceis. Mas lá fora, na escuridão, haviam um monte de policiais caçando um vampiro que podia fazer coisas que eu nem imaginava ser capaz. Se eu tivesse esse distintivo, eu poderia estar com eles. Não era um zona segura, claro, mas eu sabia muito mais do que esses policiais que “viram” fotos de vítimas de vampiros. Freemont nunca viu a coisa real. Eu espero que ela sobreviva ao seu primeiro encontro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 9


O Bar e Restaurante Ossos Sangrentos ficava em uma estrada de cascalho vermelho. Alguém tinha exterminado as árvores ao redor, de modo que o jipe subiu por um manto negro do céu, polvilhado com um milhão de estrelas. O brilho das estrelas era a única luz a vista.
"É realmente escuro aqui fora", disse Larry.
"Sem postes de luz," eu disse.
"Nós já não deveríamos ter visto as luzes do restaurante?"
"Eu não sei". Eu estava olhando as árvores quebradas. Os troncos brilharam brancos e ásperos. Isso tinha sido feito recentemente, como se alguém tivesse ido louco com um machado, ou talvez uma espada, ou algo grande tinha rasgado os troncos.
Eu diminuí, analizando a escuridão. Eu estava errada? Foram trolls? Havia um Imenso Troll da Montanha Ozark* a esquerda nestas montanhas? Um que ia usar uma espada? Eu era um grande crente em uma primeira vez para tudo.
(*algo como o incrível homem das neves)
Eu parei o jipe.
"O que há de errado?" Larry perguntou.
Eu liguei o pisca alerta. A estrada era estreita, apenas dois carros de largura, mas estavamos subindo. Qualquer um que estivesse descendo não veris o Jeep imediatamente. As luzes ajudavam, mas se alguém estava acelerando... Inferno, eu estava indo faze-lo; por que fugir? Eu coloquei o jipe em "park"* e saí.
*em carros automáticos quando você quer parar têm que comolocar a marcha em "park" e para dirigir em "drive")
"Aonde você vai?"
"Estou pensando se um troll rasgou parte dessas árvores."
Larry começou a sair do seu lado. Eu o parei. "Desca pelo meu lado se quiser sair."
"Porquê?"
"Você não está armado." Eu tinha a Browning fora. Era um sólido, confortante peso, mas sinceridade, contra algo do tamanho de uma grande montanha dos trolls, não era muito útil. Talvez com balas de explosão, mas pequenas como uma 9 milímetros não eram armas para caçar algo do tamanho de um pequeno elefante.
Larry fechou sua porta e desceu pelo meu lado. "Você realmente acha que há um troll aqui fora?"
Eu encarei a escuridão. Nada se moveu. "Eu não sei". Eu virei para uma vala seca que cortava a margem da estrada. Eu pulei com muita atenção nela. Os saltos afundaram no solo seco, arenoso. Peguei um punhado de ervas daninhas com a minha mão esquerda e usei-as para me levantar. Eu tive que agarrar um dos troncos massacrados para me mover para trás em folhas soltas e pontas de pinho.
Minha mão encostou na espessa seiva. Lutei contra impuso idiota de afastá-la, obrigando-me a manter a mão da pegajosa casca.
Larry se mexeu da borda, seus sapatos deslizando nas folhas secas. Eu não tinha uma mão livre para oferecer a ele. Agarrou-se em uma espécie de meia flexão, e utilizou as plantas daninhas para mover-se ao meu lado. "Maldição de sapatos."
"Pelo menos você não está de salto", eu disse.
"E não acho que eu não sou muito grato", disse ele. "Eu iria quebrar o meu pescoço."
Nada se movia na escuridão, noite escura, excepto nós. Havia o som do florescer da primavera por perto, musicais, mas nada mais. eu soldei um suspiro eu não percebi e não percebi que o estava prendendo. Eu me movi para um terreno mais sólido e olhei para as árvores.
"O que estamos procurando?" Larry perguntou.
"Um machado grande, liso. Se um troll quebrou os troncos, eles podem ser imperfeito e cheio de pontos irregulares de madeira."
"Parece bom para mim", disse ele. Ele percorreu a ponta dos dedos ao longo da madeira nua. "Mas isso não parece com um machado."
A madeira estava muito boa. Um machado viria em um ângulo. Este era praticamente plano, como se cada árvore tivesse sido cortada de uma só vez, duas, no máximo. Algumas das árvores tinham sido de cerca de trinata centímetros de diâmetro. Ninguém poderia fazer isso, mesmo com um machado.
"Quem poderia ter feito isso?"
Eu procurei na escuridão, lutando contra o impulso de apontar a arma no escuro, mas eu a mantive apontada em direção ao céu. Segurança em primeiro lugar. "Um vampiro com uma espada, talvez."
Ele encarou para fora da escuridão. "Você quer dizer aquele que matou os rapazes? Por que um vampiro derrubaria um monte de árvores depois de matá-los?"
Era uma boa pergunta. Uma grande pergunta. Mas, como acontece com tantas perguntas, hoje, eu não tinha uma boa resposta. "Eu não sei. Vamos voltar para o carro."
Nós nos arrastamos pelo caminho de volta. Nenhum de nós caiu desta vez. Um recorde.
Quando estávamos no carro eu guardei a arma. Eu provavelmente não precisaria dela, entretanto... algo reduzir essas árvores.
Eu usei os lenços umidecidos de aloe vera e lanolina que eu guardava no carro para limpar o sangue, para limpar a seiva em minhas mãos. Os lenços funcionavam tão bem em sangue de árvores quanto no de humanos.
Nos conduzimos para o topo, buscando luzes. Tínhamos de estar perto do Ossos Sangrantos, a menos que as direções fossem longes. Aqui eu esperava que eles não fossem.
"Aquilo é um a tocha?" Larry perguntou.
Eu examinei a escuridão. Houve uma cintilação de fogo, muito alto fora do chão para ser uma fogueira. Duas tochas iluminado uma grande curva de cascalho à esquerda da estrada. As árvores tinham sido derrubadas aqui, também, mas há anos. Era velho, edificado na clareira. As árvores formavam um pano de fundo para um edifício histórico. Uma placa de madeira pendurada no beiral. Era difícil de ler com a luz das tochas, mas que eu poderia ter lido "Ossos Sangrentos".
As telhas de madeira escura cobriam o telhado desciam pelas paredes, para que todo o edifício parecesse um crescimento natural que nasceu a partir da argila do solo vermelho. Cerca de vinte carros e caminhões estavam estacionados ao acaso sobre o cascalho escuro.
A placa balançou com o vento, as tochas refletiram as palavras profundamente esculpidas. "Ossos Sangrentos" foi esculpida em suaves, letras curssívas.
Andei cuidadosamente sobre o cascalho em meus saltos altos. Os sapatos que Larry vestia funcionavam melhor no cascalho que os meus. "Ossos Sangrentos é um nome estranho para um bar e churrascaria."
"Talvez eles sirvam costelas", eu disse.
Ele fez uma cara pra mim. "Eu não poderia enfrentar churrasco de qualquer coisa agora."
"Não seria minha primeira escolha de qualquer forma".
A porta abriu para dentro diretamente para o interior do bar. A porta fechou e fomos mergulhou em um crepúsculo de fogo. A maioria dos bares são lugares sombrios para beber e se esconder. Um lugar de refúgio do brilhante e ruidoso mundo exterior. Mas, como todos os refúgios eram, este era um bom lugar. Havia um bar junto a um dos lados da sala, e uma dúzia de pequenas mesas espalhadas sobre o chão de madeira escura polida. Havia um pequeno palco a esquerda e uma jukebox* perto da parede dos fundos onde um pequeno corredor provavelmente conduzia a cozinha e aos banheiros além dela.
(*caixa onde você seleciona uma música, coloca uma moeda e ela toca a música selecionada)
Cada superfície era de madeira escura e polida até brilhar. Velas com chaminé de vidro* brilhavam nas paredes. Um lustre com mais chaminé de vidro e velas estava pendurado baixo, no teto de madeira escura. A madeira era o mais escuro dos espelhos, incandescente na luz que refletia.
(*https://www.peddlerpusher.net/images/CK4000.jpg deve ser algo como isso)
As vigas que apoiavam o teto eram esculpidas com vinhedos e folhas que parecia carvalhos. Cada rosto se voltou para nós como um mau ocidental. Muitas dos rostos eram do sexo masculino; os olhos deslizando sobre mim, viram Larry, e a maioria voltou para as suas bebidas. Alguns ficaram esperançosos, mas os ignorei. Era demasiado cedo na noite para alguém ter bebido o suficiente para me causar problemas. Além disso, nós estávamos armados.
As mulheres estavam agrupadas em três no fundo do balcão. Elas estavam vestidas para uma sexta-feira à noite, se você planejasse passar uma sexta-feira à noite em uma esquina com propósitos estranhos. Elas olharam Larry como se perguntassem se ele ia ser bom para comer. Eu, elas pareciam odiar a visão.
Se eu conhecesse alguma delas, eu teria dito que estavam com ciúmes, mas eu não sou o tipo de mulher para produzir ciúmes à vista. Não sou assim tão alta, não sou loura o suficiente, não sou nórdica o suficiente, não sou exótica o suficiente. Sou bonita, mas eu não sou linda. As mulheres me olhavam como se vissem algo que eu não tinha. Elas me fizeram olhar para trás para ver se alguém tinha vindo atrás de nós, embora eu sabia que ninguém tinha.
"O que está acontecendo aqui?" Larry sussurrou.
Isso era outra coisa. Ficou quieto. Eu nunca estive em um bar em uma sexta-feira à noite em que você pode sussurrar e ser ouvido.
"Não sei", eu disse suavemente.
As mulheres no balcão se separaram como se alguém tivesse pedido, dando-nos uma visão clara do balcão. Havia um homem que está por trás do bar. Pensei que ela tinha cabelo bonito quando a vi pela primeira vez. O cabelo caia por sua cintura parecendo pesado, de cor castanha da água. A chama da vela brilhava em seu cabelo da mesma forma que brilhou na madeira polida do balcão.
Ele levantou os olhos azul-esverdeado impressionados, como a água do mar profundo, para nós. Ele era negro e lindo em vez de bonito, andrógino como um gato. Ele era exótico como o inferno e de repente eu compreendi por que o bar tinha três mulheres ao fundo.
Ele colocou um copo cheio de um líquido âmbar cuidadosamente em um pequeno guardanapo e disse, "Você está pronto, Earl." Sua voz era surpreendentemente baixa, como se ele fosse cantar profundos graves .
Um homem levantou-se das mesas, Earl provavelmente. Ele era grande, homem do comércio de lenha, com forma de quadrado macio como uma versão suave de Boris Karloff's de Monstros S.A.. Não cobria um menino. Ele caminhou para a sua bebida, e seu braço passou pela parte traseira de uma das mulheres. A mulher virou, irritada. Eu esperei que ela mandasse ele para o inferno, mas o garçom tocou seu braço. Ela estava subitamente muito tranquila, como se ouvisse vozes que eu não pude ouvir.
O ar oscilou. De repente eu estava muito consciente do cheiro de sabão e água de Earl. Seu cabelo estava ainda húmido do chuveiro. Eu poderia lamber a água de sua pele, sentir os grandes mãos sobre meu corpo.
Eu agitei minha cabeça e caminhei em direção ao Larry. Ele segurou meu braço. "O que há de errado?"
Eu olhei pra ele, agarrando com força seu braço, meus dedos cavaram através do pano de seu terno, até que eu podia sentir seu braço sólido sob a minha mão. Eu virei de volta para o balcão.
Earl e a mulher tinha ido sentar em uma mesa. Ela estava beijando a palma da sua grossa mão.
"Jesus", eu disse.
"O que há de errado, Anita?" Larry perguntou.
Eu tomei uma respiração profunda e fiquei longe dele. "Estou bem, foi apenas inesperado."
"O que foi?"
"Magia". Eu caminhei para o balcão.
Aqueles olhos incríveis olharam para trás de mim, mas não havia nenhum poder neles. Não era como lidar com um vampiro. Eu poderia olhar para aqueles belos olhos para sempre, que continuariam a ser apenas os olhos. Mais ou menos.
Eu coloquei as mãos sobre o reluzente madeira do balcão. Mais videiras e folhas curvas ao redor da borda da pesada madeira. Corri meus dedos sobre o profundo conjunto talhado. Esculpidos à mão, tudo isso.
Seus dedos acariciaram a madeira como se fosse pele. Foi um toque possessivo, a forma como alguns homens tocam suas namoradas quando eles estão em sua posse. Eu estava apostando que ele talhou cada centímetro disso.
Uma morena de vestido dois tamanhos menores do que deveria ter sido, tocou o braço dele. "Magnus, você não precisa de um estranho."
Magnus Bouvier virou-se para a morena. Ele arrastou a ponta dos dedos acariciando seu braço. Ela tremeu. Ele levantou a sua mão suavemente de seu braço, pressionando os lábios em volta da sua mão. "Escolha quem quiser, querida. Está muito bonita para ser negada esta noite."
la não era bonita. Seus olhos eram pequenos e marrom lamacento, seu queixo muito afiado, nariz grande demais para um rosto fino.
Eu estava olhando diretamente para ela nem a trinta centímetros de distância, e seu rosto suavizou. Seus olhos eram grandes e cintilantes de repente, os seus lábios finos, cheios e úmidos. Foi como ver ela através de um desses suaves filtros que usaram durante os anos sessenta, com exceção de mais.
Eu olhei de relance para Larry. Ele parecia que ele tinha sido atropelado por um caminhão. Um esbelto, lindo caminhão. Eu olhei ao longo do bar, e todos os outros homens no local, exceto Earl estavam olhando para a mulher, exactamente da mesma forma, como se ela tivesse apenas apareceu na frente deles como Cinderela transformada por sua fada madrinha. Não é uma má analogia.
Eu virei de volta para Magnus Bouvier. Ele não estava olhando para a mulher. Ele estava olhando para mim.
Eu me inclinei no balcão, encontrando seu olhar. Ele sorriu levemente. Eu disse, "Encantos de amor são ilegais."
O sorriso se alargou. "Você é muito bonita para ser da polícia." Ele chegou a tocar no meu braço.
"Toque em mim e eu vou prendê-lo por uso indevido de influência sobrenatural."
"Trata-se de uma contravenção", disse ele.
"Não, se você não for humano, não é," eu disse.
Ele piscou para mim. Eu não o conhecia o suficientemente bem para ter a certeza, mas acho que o surpreendi, como eu deveria ter acreditado que ele era humano. Sim, certo.
"Vamos conversar em uma mesa", disse ele.
"Por mim tudo bem."
"Dorrie, poderá assumir por alguns minutos?"
Uma mulher veio detrás do bar. Ela tinha o mesmo espesso cabelo castanho, mas estava amarrado para trás de seu rosto em um rabo de cavalo grosso, alto e apertado na cabeça. A longa, brilhante cauda de cabelo balançou quando ela se moveu, como se fosse viva. Seu rosto, livre de cabelo e maquiagem, era triangular, exótico, felino. Seus olhos eram os mesmos verde azulados impressionantes como os de Magnus.
Os homens mais próximos do bar observaram-na com os cantos de seus olhos, como se estivesse com medo de olhar diretamente para ela. Larry olhou fixamente pra ela de boca aberta.
"Eu vou observar o bar, mas isso é tudo", disse ela. Ela virou os olhos para Larry e disse, "O que você está olhando?" Sua voz era dura, grossa com desprezo.
Larry piscou, fechou sua boca, e gaguejou. "N-nada."
Ela olhou furiosa para ele como se ela soubesse que ele estava mentindo. Tenho um pressentimento do porquê os homens não estavam olhando para ela.
"Dorcas, seja agradável com os clientes."
Ela olhou furiosa para Magnus, ele sorriu, mas ele apoiou baixo. Magnus saiu detrás do balcão. Ele estava usando uma camisa azul claro sobre os jeans desbotadas que eram quase branco. A camisa batia quase na coxa, ele tinha as mangas dobradas sobre seus antebraços. Botas de cowboy pretas com prata completaram o traje. Tudo, exceto as botas parecia emprestado. Ele deveria parecer desleixado, informal demais entre todos os outros vestidos para uma sexta-feira à noite, mas ele não estava. Sua absoluta confiança fez a roupa parecer perfeita. Uma mulher em uma das mesas agarrou a bainha de sua camisa quando ele passou por ela. Ele puxou-a para fora de suas mãos com um sorriso brincalhão.
Magnus levou-nos a uma mesa perto do palco vazio. Ele ficou de pé, deixando-me escolher minha cadeira, muito cortês da parte dele. Eu sentei com as minhas costas para a parede para que eu pudesse ver as portas e a sala. Era tipo de coisas de cowboy, mas a magia andava no ar. Magia ilegal.
Larry sentou-se à minha direita. Ele me olhou e colocou sua cadeira um pouco para trás da mesa, assim ele poderia ver a sala também. Era quase assustador o quão seriamente Larry prestou atenção no que eu fiz. Ele se manteria vivo, mas era como ser seguido por alguém com cerca de três anos com uma permissão de porte de arma. Uma tipo assustador.
Magnus sorriu para nós dois, indulgentemente, como se estivessemos fazendo algo bonito e divertido. Eu não estava com humor parta de ser divertida.
"Encantos de amor são ilegais", eu disse.
"Você já disse isso", disse Magnus. Ele me deu um sorriso que eu acho que estava destinado a ser encantador e inofensivo. Não era. Não havia nada que pudesse fazer para partecer menos exótico. É certo como o inferno não era inofensivo.
Eu o encarei até o sorriso murchas nos cantos, e ele engoliu. Ele colocou suas longa mãos sobre a mesa, olhando para elas.
Quando ele olhou para cima, o sorriso tinha desaparecido. Ele olhava sério, até mesmo um pouco nervoso. Bom.
"Não é um encanto", disse ele.
"O inferno que não é," eu disse.
"Não é. Um feitiço, mas nada tão mundano quanto um encanto."
"Você está dividindo cabelos", eu disse.
Larry estava olhando para nós atentamente. "A coisa no bar era um encando de amor?"
"Que coisas no bar?" O rosto de Magnus estava incrivelmente sereno, como se pensasse que Larry ia acreditar nele.
Larry olhou para mim. "Ele está brincando? A mulher foi de três para vinte e três. Tinha que ser mágica."
Magnus virou a sua atenção para Larry pela primeira vez, excluindo-me e eu me senti excluída. Foi como se um raio de sol tivesse se afastado de mim, e eu estava um pouco fria, um pouco mais no escuro.
Balancei a cabeça. "Corte a porcaria do encanto".
Magnus se voltou para mim, e por um minuto eu senti esse calor. "Pare com isso."
"O quê?"
Levantei-me. "Ótimo, vamos ver como é engraçado o que você pensa sobre estar na cadeia."
Magnus rodeado meu punho com a mão. Sua pele deveria ter sido áspera pelo trabalho, mas não erta. Sua pele era macia de um modo não natural, como se fosse veludo. Claro, que poderia ter sido ilusão, também.
Tentei puxar a minha mão fora, mas ele reforçou seu aperto. Continuei a puxar, e ele continuou apertando com a certeza de alguém que sabia que eu não podia fugir. Ele estava errado. Não era apenas uma questão de força, era uma questão de alavancagem.
Eu girei meu pulso para seus dedos em um movimento de giro rápido, empurrando ao mesmo tempo. Seus dedos deslizados sobre minha pele tentando escava-la, mas acabou. Meu pulso ficou vermelho onde ele tinha o seu dedo ao longo da pele raspadas. Não estava sangrando, mas ele machucou mesmo assim. Teria sido melhor se eu o esfregasse, mas eu não iria dar-lhe a satisfação. Eu era, afinal, uma matadora de vampiro dura como prego. Além disse, teria arruinado alguns dos efeitos, e eu gostei da surpresa Magnus sobre o rosto.
"A maioria das mulheres não se afasta uma vez que eu as tenha tocado".
"Use magia em mim mais uma vez, e eu vou te dar de comida para a polícia."
Ele me encarou, um olhar pensativo no rosto. Ele acenou com a cabeça. "Você ganhou. Mais nenhuma magia sobre você ou seu amigo."
"Ou qualquer outra pessoa", eu disse. Eu sentei com cuidado, colocando um pouco mais de distância entre mim e ele. Eu virei a cadeira um pouco para um lado de modo que sacar a minha arma seria mais fácil. Eu não acho que eu tenho que matá-lo, mas o meu punho doeu quando ele apertou. Meu braço tinha lutado com vampiros e trocadores de forma. Eu conhecia força sobrenatural quando a sentia. Ele tinha. Ele poderia ter espremido até meus ossos estourarem para fora da minha pele, mas ele não tinha
espremido rápido o suficiente. Ele não queria realmente me machucar. Seu erro.
"Oh, meus clientes não gostariam que magia fosse embora", disse ele.
"Você não pode manipulá-los como isto. É ilegal, e eu vou denunciar você por isso."
"Mas todos sabem sexta à noite é a 'Noite dos Amantes do Ossos Sangrentos'", disse Magnus.
"O que é Noite dos Amantes?" Larry perguntou.
Magnus sorriu, já recuperando fácil alguns de seus charmes, mas a cintilação de calor tinha sumido. Ele estava sendo fiel à sua palavra, eu poderia dizer. Até mesmo vampiros não podiam controlar minha mente sem eu saber. Isso poderia deixar Magnus nervoso.
"Faço todos lindos ou elegantes, ou sexy, esta noite. Por algumas horas você pode ser o amante de seus próprios sonhos, e de outra pessoa. Embora eu não iria passar a noite. A atração não dura muito tempo."
"O que você é?" Larry perguntou.
"O que se parece com um Homo sapiens, pode procriar com Homo sapiens, mas não é Homo sapiens?" Eu perguntei.
Os olhos de Larry se alargaram. "Homo arcanus. Ele é um feéri?"
"Por favor, mantenham a sua voz baixa", disse Magnus. Ele olhou pelas mesas próximas. Ninguém estava jogando muita atenção para nós. Eles estavam ocupados demais observando uns dos outros realçando a mágica dos olhos.
"Você não pode transmitir para humanos",eu disse.
"O Bouviers percebem o futuro e fazemos encantos do amor durante séculos por aqui."
"Você disse que não era um encanto de amor", eu disse.
"Eles pensam que é, mas você sabe o que é."
"Glamor*", eu disse
*(a tradução seria magia ou encanto,mas achei melhor deixar assim pela pergunta do Larry)
"O que é glamor?" Larry perguntou.
"É magia feéri. É o que lhes permite nublar nossas mentes, as coisas parecem melhor ou pior do que eles são."
Magnus afirmou com a cabeça, sorrindo, como se satisfeito que eu sabia tanto. "Exatamente, é realmente uma magia menor comparado a alguns."
Eu balancei a cabeça. "Eu tenho lido sobre glamor, e isso não funciona tão bem, a menos que você esteja na alta corte, Daoine Sidhe*. A Corte Seelie** do mundo das fadas não cruza com mortais frequentemente. Pelo menos não plebeus. A Corte Unseelie**, por outro lado, o faz. "
*Daoine Sidhe - divindade do folclore do antigo povo irlandês.
**Uma Corte Seelie e Unseelie é um termo utilizado no folclore escocês para indicar um grupo de fadas. http://saulo_roque.sites.uol.com.br/fada/seelie.htm e http://saulo_roque.sites.uol.com.br/fada/unseelie.htm
Ele me encarou com os seus belos olhos, olhando, mesmo sem encantar, tão lindo que você queria toca-lo. Queria ver se o cabelo dele era tão abundante quanto parecia. Ele era como uma escultura realmente fina; você queria correr suas mãos sobre as dele para sentir as linhas.
Magnus sorriu suavemente. "A Corte Unseelie é má, cruel. O que eu faço aqui não é mal. Por uma noite essas pessoas podem vir aqui e ter as suas próprias fantasias. Eles pensam que é encanto de amor, e eu os deixo acreditar. Estamos todos manter o segredo deste pequeno ato ilegal. A polícia local conhece. Eles vem de vez em quando e se juntama todos."
"Mas não é encando de amor."
"Não, é um talento natural de minha parte. Usando minha mágica caseira, não é ilegal se todo mundo sabe que eu estou fazendo isso."
"Então você fingi que são encantos de amor, e todos olham para o outro lado, porque estão passando um bom momentp, mas é realmente magia de feéri, que não é ilegal com a permissão dos participantes."
"Exatamente", disse ele.
"O que torna tudo legal".
Ele concordou com a cabeça. "Agora se eu fosse descendente de o lado negro dos fairie, eu faria qualquer coisa para trazer prazer de tantos?"
"Se isso satisfizesse as suas necessidades, sim."
"Não há uma proibição da Corte de Unseelie que se estendem a este país?" Larry perguntou.
"Sim", eu disse.
"Não se a minha família se mudou pra cá antes de a proibição entrar em vigor. O Bouviers estão aqui há quase trezentos anos."
"Não é possível", eu disse. "Ninguém, além dos índios, estão aqui há tanto tempo."
"Llyn Bouvier foi em francês caçador de peles. Ele foi o primeiro europeu a pôr o pé sobre esta terra. Ele casou-se na tribo local, converteu-os ao cristianismo".
"Intimidador para ele. Então é como você não queria vender a Raymond Stirling?"
Ele piscou para mim. "Eu ficaria muito decepcionado se descobrisse que você está trabalhando para ele."
"Lamento desapontá-lo", eu disse.
"O que vocês são?"
Ele não tinha perguntado quem, ele perguntou o que. Foi uma questão muito diferente. Uma maneira de me parar por um segundo.
"Eu sou Anita Blake, este é Larry Kirkland. Somos animadores".
"Acho que você não desenha cartoons*", disse ele.
*desenho animado
Ele me fez sorrir. "Não. Nós ressuscitar os mortos; 'animar' vem do latim, dar a vida."
"É tudo o que você faz?" Ele estava olhando para mim muito atentamente, como se tivesse alguma coisa escrita no interior do meu crânio e ele estava tentando lê-lo.
Era um nível incômodo de exame minucioso, mas eu olhei pelo melhor. Encontrei seus olhos e respondi. "Eu sou uma matadora de vampiros licenciada."
Ele balançou a cabeça suavemente. "Não perguntei o que você fez da vida. Perguntei o que você é."
Eu fechei a cara. "Talvez eu não entenda a pergunta."
"Talvez não, mas o seu amigo perguntou o que eu era. Você disse que eu era um feéri. Pergunto-lhe o que você é, e você descreveu o seu trabalho. Seria como eu dizer que estou um barman."
"Não sei como responder-lhe, então," eu disse.
Ele ainda estava olhando para mim. "Sim, você sabe. Eu posso ver uma palavra em seus olhos. Uma palavra."
Quando ele disse, uma palavra me veio à mente. "Necromante. Sou uma necromante".
Magnus acenou. "Será que o Sr. Stirling sabe o que você é?"
"Duvido que ele compreenda, mesmo que eu dissesse a ele."
"Você realmente tem a capacidade de controlar todos os tipos de não mortos?" Magnus perguntou.
"Você realmente pode fazer uma centena de sapatos em uma única noite?" Eu perguntei.
Magnus sorriu. "Tipo de feéri errado".
"Sim", eu disse.
"Se você está trabalhando para Stirling, porque está aqui? Eu espero que você não tenha vindo aqui para tentar convencer-me a vender. Eu odeio ter que dizer não a uma linda mulher."
"Preserve o elogio, Magnus. Não vai levar você a lugar nenhum."
"O que me levaria a algum lugar?"
Eu suspirei. "Eu tenho muitos homens na minha banca agora."
"Esse é uma verdade de Deus", murmurou Larry.
Eu amarrei a cara pra ele.
"Não estou pedindo pra sair comigo. Estou lhe convidando para a minha cama."
Eu amarrei a cara para Magnus. Não, um olhar furioso era uma conotação melhor. "Não nesta vida."
"Sexo entre seres sobrenaturais é sempre surpreendente, Anita."
"Eu não sou um ser sobrenatural".
"Agora quem vai dividir cabelos?"
Eu não sabia o que dizer sobre isso, então eu não disse nada. Eu raramente ficava em apuros com o silêncio.
Magnus sorriu. "Eu deixei você desconfortável. Lamento, mas eu nunca me perdoaria se eu não tivesse perguntado.
Tem sido um longo tempo desde que eu estive com alguém que não era um humano franco. Deixe-me pagar as bebidas, para
compensar a minha grosseria. "
Eu balancei minha cabeça. "Cardápios seria ótimo. Nós ainda não comemos."
"As refeições serão por conta da casa."
"Não", eu disse.
"Porque não?"
"Porque eu particularmente não gosto de você, e eu não pesso favores de pessoas que eu não gosto."
Sentou novamente em sua cadeira, um estranho, uma expressão quase assustada em seu rosto. "Você é direta."
"Você não tem idéia", disse Larry.
Eu resisti ao desejo de chutar Larry por debaixo da mesa e disse: "Podemos ter alguns cardápios?"
Ele levantou a mão e chamou, "Dois cardápios, Dorrie."
Dorrie os trouxe. "Sou proprietária de parte desse lugar, e não o seu garçonete, Magnus. Aprece-se"
"Não se esqueça que eu tenho compromisso hoje à noite, Dorrie." Sua voz era suave. Ela não estava zombando.
"Você não vai me deixar sozinha com essas pessoas. Eu não vou..." Ela olhou para nós. "Eu não aprovo a Noite dos Amantes . Você sabe disso."
"Eu vou cuidar de todos, antes de eu sair. Você não terá de manchar sua moral."
Ela olhou furiosamente para todos nós na sua vez. "Você está saindo com eles?"
"Não", ele disse.
Ela virou em seu calcanhar e voltou para o bar. Os homens que não estavam comprometidos assistiram-na andar de volta, com cuidado, não olhando até que ela não pudesse vê-los.
"Sua irmã não aprovar o abuso do glamor?" Eu perguntei.
"Dorrie não aprovar de um monte de coisas."
"Ela tem moral".
"Eu não implicaria", disse ele.
Eu encolhi os ombros. "Você que disse, não eu."
"Ela sempre tem essa atitude?" ele perguntou Larry.
Larry afirmou com a cabeça. "Normalmente".
"Vamos apenas arrumar nossa comida”, disse.
Larry sorriu, mas ele olhou para o cardápio.
Era um pedaço de papel plastificado impresso em ambos os lados. Eu pedi um cheeseburger, bem assado, fritas da casa, e uma Coca grande. Eu não tinha cafeína há várias horas, eu estava correndo devagar.
Larry franziu as sombrancelhas para o cardápio. "Não acho que eu poderia comer um hambúrguer no momento."
"Eles tem saladas," eu disse.
Magnus passou as pontas dos dedos contra as costas da mão do Larry. "Tem algo nadando atrás de seus olhos. Alguma coisa... horrível mesmo por trás seus olhos."
Larry o encarou. "Eu não sei o que você quer dizer."
Peguei Magnus pelo pulso e o puxei afastado de Larry. Ele virou os olhos para mim, mas não havia mais do que apenas a sua cor para torná-los difíceis de encarar. A pupila de seus olhos tinham espirais como o olho de um pássaro. Olhos humanos simplesmente não fazem isso.
De repente eu estava muito consciente de que eu ainda estava segurando se pulso. Afastei minha mão. "Pare de nos ler, Magnus."
"Você usou luvas, ou eu seria capaz de dizer o que você tocou", disse ele.
"Uma investigação policial está acontecendo. Tudo o que você compreender por meio psíquico deve ser mantido em sigilo, ou você será responsável apenas como se tivesse roubado informações dos nossos arquivos".
"Você sempre faz isso?" ele perguntou.
"O quê?"
"Mencionar a lei quando está nervosa."
"Às vezes", eu disse.
"Eu vi sangue, issso é tudo. Meu dons são bastante limitados na área de previsões do futuro. Você deve apertar as mãos de Dorrie. Previsões são o ponto forte dela."
"Obrigado, mas sem cumprimentos", disse Larry.
Ele sorriu. "Você não é polícial, ou você não teria me ameaçado com a polícia, mas você estava com eles antes. Por quê?"
"Eu pensei que tudo o que você viu foi sangue", eu disse.
Ele tinha a graça de parecer envergonhado; bom saber que ele poderia ser envergonhado. "Um pouco mais, talvez."
"O dom da clarividência não é um poder de visão tradicional".
"Nossa tataravó era a filha de um xamã, então a história aconteceu."
"Conseguiu mágica de ambos os lados da família," eu disse. "Piscina suja".
"Clarividência não é mágica", disse Larry.
"Um bom clarividente realmente fará você pensar que é," eu disse. Eu encarei Magnus. A última vidente que tinha me tocado e visto sangue tinha ficado horrorizada. Ele não queria me tocar novamente. Ele queria que eu não estivesse em qualquer lugar perto dele. Magnus não parecia horrorizado, e ele se ofereceu para transar comigo. Diferentes tacadas para diferentes pessoas.
"Eu vou levar seu pedido à cozinha, se você apenas decidir o que quer", disse ele.
Larry encarou o cardápio. "Uma salada, eu acho. Sem temperos". Ele pensou nisso um pouco mais. "Sem tomates".
Magnus começou a levantar.
"Por que você não vai vender a Stirling?" Eu perguntei.
Magnus estendeu a cabeça para um lado, sorrindo. "A terra tem estado na nossa família há séculos. É a nossa terra."
Eu olhei para ele e não conseguiu ler o rosto dele. Poderia ter sido a real verdade, ou uma mentira atrevida.
"Portanto, a única razão pela qual você não quer ser um milionário é porque de que... tradição familiar?"
O sorriso se aprofundou. Ele inclinou se aproximando, a longo cabelo derramando na frente. Ele sussurrou, e estava quieto o suficiente para que ele precisasse sussurrar. "Dinheiro não é tudo, Anita. Embora Stirling paressa pensar que é."
Seu rosto estava muito perto, apenas o suficiente perto para eu não reclamar. Podia sentir o cheiro de seu creme pós-barba, fraco como se você desejasse ter que chegar muito perto de sua pele para cheirá-lo, mas valeria a pena o esforço.
"O que você quer, Magnus, se não é dinheiro?" Eu o encarei de muito perto. Seus longos cabelos se esparramaram por minha mão.
"Eu te disse o que eu queria."
Mesmo sem o glamor ele estava tentando falar doce comigo, me distrair. "O que aconteceu com as árvores pelo caminho?" Eu não sou distraida facilmente.
Ele piscou os longo cílios. Algo deslizou por trás dos seus olhos. "Aconteceu".
"Você cortou aquelas árvores?" Larry perguntou.
Magnus virou-se para ele, e eu estava contente de não estar olhando para ele de poucos metros. "Infelizmente, sim."
"Por quê?" Eu perguntei.
Ele se arrumou, sistemático de repente. "Eu fiquei bêbado e fui em uma pequena confusão." Ele encolheu os ombros. "Embaraçoso, não é?"
"Essa é uma palavra para isso," eu disse.
"Eu vou pegar sua comida. Uma salada indefesa saindo."
"Você se lembra o que eu pedi?" Eu perguntei.
"Carne queimada até a morte, eu me lembro."
"Você parece um vegetariano."
"Oh, não", disse ele. "Eu como todos os tipos de coisas."
Ele caminhou através da multidão antes que eu pudesse decidir se eu ia ou não estar insultada. Ainda bem. Pela minha vida, eu não podia pensar em uma boa linha de retorno.

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 10


Dorcas trouxe a nossa comida, sem uma palavra. Ela parecia zangada, talvez não de nós, mas connosco. Ou com tudo. Eu simpatizei. Magnus foi para trás do balcão, espalhando a sua própria marca de magia especial para seus clientes mais uma vez. Ele olhou de relance em nossa direção e sorriu, mas não voltou para terminar a nossa conversa. Evidentemente, tínhamos sido concluída. Eu estava fora de todas as perguntas.
Eu dei uma mordida do meu cheeseburger. Estava quase crocante nas bordas, e não com uma quantidade infinita de rosa no centro. Perfeito.
"O que há de errado?" Larry perguntou. Ele beliscou uma folha de alface.
Eu engoli. "Por que deveria estar algo de errado?"
"Você está carrancuda", ele disse.
"Magnus não voltou para a mesa."
"E daí? Ele respondeu todas as nossas perguntas."
"Talvez a gente só não soube colocar as perguntas da forma certa."
"Você suspeita de alguma coisa dele agora?" Larry balançou a cabeça. "Você tem estado pendurada em torno de tiras por muito tempo, Anita. Você acha que todos estão tramando algo."
"Eles geralmente estão". Dei outra mordida no hambúrguer.
Larry apertou os olhos firmemente.
"O que há de errado com você?" Eu perguntei.
"Há molho saindo do seu hambúrguer. Como é que você pode comer, depois do que acabei de ver?"
"Acho que isso significa que você não quer que eu coloque ketchup nas minhas fritas."
Ele me olhou com algo próximo de dor física em seu rosto. "Como é que você pode fazer piadas?"
O meu beeper soou. Se tivessem encontrado o vampiro? Bati o botão, e o número de Dolph brilhou para mim. Agora o quê?
"É Dolph. Coma calmamente. Eu vou telefonar do jipe e já volto."
Larry levantou-se comigo. Ele colocou a gorjeta sobre a mesa e deixou a sua salada quase intocada. "Eu estou satisfeito."
"Bem, eu não estou. Pessa a Magnus para embrulhar para viagem minha refeição." Deixei ele olhando para baixo para o meu desesperadamente semi-comido hambúrguer.
"Você não vai comê-lo no carro, vai?"
"Basta tê-la embalada." Fui para o Jeep e seu extravagante telefone. Dolph respondeus no terceiro toque. "Anita"?
"Sim, Dolph, sou eu. O que houve?"
"Vítima de vampiro perto de você."
"Merda, outro".
"O que você quer dizer com outro?"
Isso me parou. "Freemont não ligou para você depois que eu falei com ela?"
"Sim, ela disse coisas boas sobre você."
"Isso me surpreende, ela não foi muito amigável."
"Como assim não amigável?"
"Ela não me deixaria caçar vampiros com ela."
"Conte-me," disse Dolph.
Eu contei a ele.
Dolph ficou quieto durante muito tempo depois de eu ter acabado. "Você continua aí, Dolph?"
"Eu estou aqui. Eu desejava não estar."
"O que está acontecendo, Dolph? Porque Freemont liga e diz que estou fazendo um bom trabalho, mas não pede ajuda do esquadrão em algo tão grande?"
"Eu aposto que ela não chamou o FBI também", disse Dolph.
"O que está acontecendo, Dolph?"
"Eu acho que Detetive Freemont está puxando uma Polícia Solitária sobre nós."
"Os meninos federais vão querer um pedaço disto. O primeiro vampiro serial killer da história. Freemont não pode mantê-lo para si mesmo."
"Eu sei", disse Dolph.
"O que é que vamos fazer?"
"O corpo no chão desta vez soa como um simples assassinato de vampiro. É clássico, marcas de mordida, nenhum outro dano ao organismo. Poderia ser um vampiro diferente?"
"Pode ser", disse.
"Você soa duvidosa."
"Dois vampiros desonestos nesta pequena área geográfica, que esta longe de ser uma cidade, não parece provável."
"O corpo não foi cortada em pedaços."
"Tem isso", eu disse.
"Como você está certa de que o primeiro assassino é um vampiro? Existe alguma coisa que poderia ser?"
Eu estava abrindo a boca para dizer "não", e fechei-a. Alguém que poderia cortar as árvores em brigas de bêbados poderia certamente cortadas pessoas. Magnus tinha seu glamor. Eu não tinha certeza de que era capaz de fazer o que eu vi na clareira, mas...
"Anita"?
"Eu poderia ter uma alternativa."
"O quê?"
"Quem", eu disse. Eu odiava entregar Magnus a polícia. Ele manteve o seu segredo por tanto tempo, mas... a pergunta que eu deveria fazer era, ele tinha matado cinco pessoas? Eu senti a força nas suas mãos. Me lembrei dos troncos limpos das árvores, cortados por um só golpe, dois no máximo. Eu tive flashes da cena do assassinato. O sangue, os osso nus. Eu não poderia correr o risco com Magnus, e eu não podia me dar ao luxo de estar errado.
Eu o entreguei a Dolph. "Você pode manter a parte sobre ele ser um feéri em segredo por um tempo?"
"Por quê?"
"Porque, se ele não o fizer, então sua vida está arruinada."
"Muita gente tem sangue sobrenatural deles, Anita."
"Diga à estudante universitária no ano passado, cujo noivo bateu nela até a morte, quando ele descobriu que estava prestes a casar com um feéri. Ele protestou no tribunal que não tinha pretendia matá-la. Os seres sobrenaturais são suposto difíceis de matar , não são."
"Nem todos são assim, Anita."
"Nem todas as pessoas, mas o suficiente."
"Eu vou tentar, Anita, mas não posso prometer."
"É justo", eu disse. "Onde é a nova vítima?"
"Monkey's Eyebrow", disse ele.
"O quê?"
"Esse é o nome da cidade."
"Jesus. Monkey's Eyebrow, Missouri. Deixe-me adivinhar. É uma cidade pequena."
"Grande o suficiente para ter um xerife e um assassinato."
"Desculpe. Você tem a direção?" Eu peguei meu pequeno bloco de notas com espiral do bolso do casaco preto.
Ele me deu as direções. "Xerife St. John está segurando o corpo para você. Ele ligou para nós em primeiro lugar. Desde que Freemont quer ir sozinha, vamos deixá-la."
"Você não vai dizer a ela?"
"Não."
"Eu não acho que Monkey's Eyebrow tenha uma unidade de cena criminal, Dolph. Se não tivermos Freemont com seu pessoal, vamos precisar de alguém. Você pode mandar seu pessoal ainda?"
"Estamos trabalhando em nossos próprios assassinato ainda. Mas, desde que Xerife St. John nos ligou por seu assassinato, vamos estar na área, assim que nós pudermos chegar lá. Não esta noite, mas amanhã."
"Freemont supostamente vai enviar mais fotos da cena do crime do primeiro casal que foi morto. Aposto que ela perguntou se eu poderia enviar mais fotos da segunda cena, também. Descubra e conte amanhã quando você chegar aqui."
"Freemont podem suspeitar sobre você pedir mais fotos", disse Dolph.
"Eu vou dizer a ela que eu as quero para comparação. Ela pode estar tentando manter o o caso para si mesma, mas ela quer que ele seja resolvido. Ela só quer resolver isso sozinha."
"Ela é um cão de caça gloriosos”, Dolph disse.
"Acho que sim."
"Não sei se vou ser capaz de manter Freemont fora do segundo caso ou não, mas vou tentar dar-lhe algum tempo, assim você pode olhar em volta sem ela respirando no seu pescoço."
"Muito apreciado."
"Ela disse que você estava com o seu assistente na cena do crime. Tinha que ser Larry Kirkland, certo?"
"Certo".
"O que você está fazendo levando-o a cena do crime?"
"Ele vai se formar em Biologia sobrenatural esta primavera. Ele é um animador e um matador de vampiro. Eu não posso estar em todos os lugares, Dolph. Se eu acho que ele pode lidar com isso, pensei que poderia ser bom ter dois peritos em monstro. "
"Talvez. Freemont disse que Larry perdeu todo o almoço na cena do crime."
"Ele não vomitou sobre a cena do crime, apenas perto dela."
Houve um momento de silêncio. "Melhor do que atirar-se sobre o corpo."
"Eu nunca fui viver para baixo, eu fui?" ????
"Não", Dolph disse, "você não foi."
"Ótimo. Larry e eu vamos chegar lá o mais rapido possível. São uns trinta minutos de carro, talvez mais."
"Eu vou dizer ao Xerife St. John que você está a caminho." Ele desligou.
Eu desliguei. Dolph me treinou para nunca dizer adeus no telefone.

 

 

CAPÍTULO 11


Larry sentou no banco do carro o mais longe que o cinto de segurança permitia. Suas mãos estavam apertadas juntas em seu colo. Ele olhava fixadamente para a escuridão lá fora como se estivesse vendo algo atrás do cenário que movia. Imagens de adolescentes assassinados dançando em sua mente, eu aposto. Eles não estavam dançando na minha.
Não ainda. Eu talvez os veria em meus sonhos, mas não acordada, não ainda.
“O quão ruim esse vai ser?” Ele perguntou. Sua voz soava baixa, comprimida.
“Eu não sei. É uma vítima de vampiro. Pode ser limpo, apenas algumas marcas perfuradas, ou pode ser uma matança.”
“Matança como com os três garotos?”
”Douph disse que não, disse que foi um crime clássico, apenas marcas de mordida.”
“Então não vai ser uma bagunça?” Sua voz estava apertada, soando próximo à um sussurro.
“Não saberemos até chegar lá.” Eu disse.
“Você não pode simplesmente me confortar?” Sua voz era pequena, tão incerta que eu quase ofereci dar uma meia volta na estrada com o Jeep. Ele não tinha de ver outra cena de crime. Esse era meu trabalho, e não o dele, não por enquanto.
“Você não tem de ver outra cena de crime nunca mais , Larry.”
Ele virou sua cabeça e olhou para mim. “O que quer dizer?”
”Você teve sua cota de sangue e tripas por um dia. Eu posso voltar e te deixar no hotel.”
“Se eu não for essa noite, o que vai acontecer na próxima?”
“Se você não agüenta esse tipo de trabalho, você não tem de agüentar esse tipo de trabalho. Nenhuma vergonha nisso.”
“E quanto a próxima vez?” Ele perguntou.
“Não haverá uma próxima vez.”
“Você não vai se livrar de mim assim tão fácil.” Ele disse.
Eu espero que a escuridão tenha escondido o sorriso em meu rosto. Eu o manti pequeno.
“Me fale sobre vampiros, Anita. Eu pensei que vampiros não podiam beber sangue suficiente em uma noite para matar alguém.”
“Bonito pensamento.” Eu disse.
“Eles nos disseram no colégio que um vampiro não poderia drenar um ser humano com uma mordida. Você está me dizendo que isso não é verdade?”
“Eles não podem beber e secar um humano com uma mordida, em uma noite, mas eles podem drenar um com uma mordida.”
Ele franziu a testa para mim. “O que isso quer dizer?”
“Eles podem perfurar a carne e drenar o sangue sem beber ele.”
“Como?” Ele perguntou.
“Apenas colocam as presas dentro, o sangue começa a fluir, e o sangue cai pelo seu corpo até o chão.”
“Mas isso não é pegar sangue para comida, é apenas assassinato.” Larry disse.
“E seu ponto é...?” eu disse.
“Hey, não é aqui que a gente vira?”
Eu peguei vislumbre estrada. “Merda.” Eu diminui, mas não podia ver por cima da crosta da colina. Eu não ousei virar enquanto eu não tivesse certeza que não haviam carros vindo do outro lado. Era outras meia milhas antes de ter uma estrada de cascalho. Haviam algumas caixas de correio pela rua.
Árvores cresciam tão perto da estrada que mesmo no inverno elas cobriam um lance da rua em sombras. Não havia lugar para virar. Inferno, se um segundo carro vier, um de nós teria de dar ré.
A rua subia e subia, como se a gente fosse rumo ao céu. Na linha de cima da estrada eu não podia ver nada em frente ao carro. Eu tinha de simplesmente confiar que teria mais estrada na nossa frente, e não um precipício sem fim.
“Jesus, isso é empinado.” Larry disse.
Eu diminui o Jeep e a parte de baixo do carro encostou no chão mais reto. Meus ombros encolheram um pouquinho.
Havia uma casa logo a frente. A luz do alpendre estava ligada, como se estivessem esperando companhia. A luz fraca não era agradável. A casa era de madeira não pintada com um rústico telhado de estanho. Eu virei na terra em frente a casa onde havia um quintal. Parecia como se não fossemos o primeiro carro a fazer isso. Haviam marcas fundas no chão de anos de carros virando e saindo.
Pelo tempo que levamos indo até o fim da rua, a escuridão já era pura como um veludo. Eu aumentei as luzes, mas era como dirigir num túnel. O mundo só existia na luz, qualquer outra coisa era escuridão.
“Eu daria muitas coisas para ter alguns postes agora.” Larry disse.
“Eu também. Me ajude a achar a nossa rua. Eu não quero passar por aqui duas vezes.”
Ele se ajeitou no assento, se esforçando contra o cinto de segurança. “Ali.” Ele apontou enquanto disse. Eu diminui e virei cuidadosamente na rua. Os faróis passavam pelo túnel de árvores. Essa rua era toda de terra vermelha. A terra fazia uma pequena neblina em volta do Jeep. Por uma vez eu estava feliz pela secura. Iria ser uma grande merda se fosse lama.
A rua era larga o bastante para caber dois carros ali, então se você tivesse fobia de lugar fechado, ou se estivesse dirigindo o carro de outra pessoa, não teria problemas. Um riacho cruzava a estrada, com uma profundidade de pelo menos 15 pés. A ponte não era nada além de tábuas e vigas. Sem barras, sem nada. Enquanto o Jeep passava pela ponte, as tábuas rangiam e moviam. Elas não estavam pregadas. Deus.
Larry estava olhando para baixo, seu rosto pregado contra o vidro. “Essa ponte não é muito mais larga que o carro.”
“Obrigada por me contar, Larry. Eu não tinha notado sozinha.”
“Desculpa.”
Depois da ponte, a rua continuava larga o suficiente para dois carros. Eu acho que quando dois carros se encontravam na ponte eles faziam turnos. Havia alguma ordem de trânsito cobrindo isso. O primeiro carro da esquerda vai primeiro, talvez.
No horizonte da colina, luzes apareciam distantemente. Luzes de polícia iluminavam a escuridão como lanternas multicoloridas.
Elas estavam mais longe que pareciam. Nós tivemos mais 2 colinas pra subir e descer antes as luzes refletissem nas árvores, fazendo elas parecerem mais irreais.
A rua derramava em claridade agora. Uma relva espalhava em frente da estrada, circulando uma grande casa branca. Era uma casa real com vertentes e janelas e um grande alpendre.
Haviam dois andares e ordenados e cuidados arbustos. A entrada era de cascalho branco. Narcisos subiam na entrada em duas finas linhas.
Um policial uniformizado nos parou perto de onde os outros carros estavam. Ele era alto, grande nos ombros, e tinha cabelos escuros. Ele apontou a lanterna para o carro. “Me desculpe, senhorita, mas você não pode ir lá agora.”
Eu mostrei minha ID para ele e disse, “Eu sou Anita Blake. Estou com o Time Regional de Investigação Sobrenatural. Me disseram que o xerife St. John está me esperando.”
Ele se inclinou na minha janela aberta e apontou a lanterna para Larry. “Quem é esse?”
“Larry Kirkland. Ele está comigo.”
Ele encarou Larry por uns segundos. Larry sorriu, fazendo seu melhor para parecer inofensivo. Ele era quase tão bom nisso quanto eu.
Eu tinha uma boa vista da arma do policial inclinado na janela. Era uma Colt 45. Arma grande, mas ele tinha as mãos para isso. Eu senti um pouco da sua loção pós barba: Máscula. Ele se inclinou mais perto para olhar Larry. Se eu tivesse uma arma escondida no meu colo, eu poderia ter apontado para ele. Ele era grande, e eu aposto que ele usava muito isso a seu favor, mas era inútil. Armas não ligam para o quão grande você é.
Ele assentiu e desenclinou do carro. “Entre na casa. O xerife está esperando você.” Ele não soava particularmente feliz sobre isso.
“Algum problema?” eu perguntei.
Ele me deu um sorriso, mas era ácido. Ele balançou a cabeça. “Esse é nosso caso. Eu não acho que precisamos de alguma ajuda, incluindo a sua.”
“Você tem um nome?” Eu perguntei.
"Coltrain. Delegado Zack Coltrain."
“Bem, Delegado Coltrain, nós nos veremos na casa.”
“Eu acho que vamos, senhorita Blake.”
Ele pensou que eu era uma policial e deliberadamente não me chamou de “oficial” ou de “detetive”. Eu deixei passar. Se eu realmente tivesse um título profissional eu teria reclamado, mas entrar numa argumentação porque ele não me chamou de “detetive” quando eu não era uma, me pareceu inútil.
Eu dirigi até acima e estacionei entre os carros dos policiais. Prendi minha ID na minha gola. Nós andamos até o alpendre e ninguém nos parou. Nós ficamos do lado de fora da porta num silencio que era quase melancólico. Eu já estive em um monte de cenas de crime. Uma coisa que elas não eram, eram silenciosas. Não haviam conversas dos rádios dos policiais, sem homens andando em volta. Cenas de crimes eram sempre cheias de pessoas: analisadores de roupas, detetives, pessoas uniformizadas, técnicos de cenas de crimes, pessoas tirando fotos, filmando, a ambulância esperando para levar o corpo.
Nós ficamos no alpendre, na noite gelada de primavera com apenas o som de sapos ao fundo.
Os coachados altos soavam estranhos junto com as luzes das sirenes da policia.
“Nós estamos esperando por alguma coisa?” Larry perguntou.
“Não.” Eu disse. Eu toquei a campainha da porta. O som era um alto bong indo profundamente pela casa. Um pequeno cachorro latia furiosamente, em algum lugar ali dentro. A porta abriu. Uma mulher parou na luz do corredor, a maior parte dela nas sombras.
As luzes da policia passaram por seu rosto, colorindo em néons.
Ela era da minha altura com cabelo escuro que era naturalmente enrolado ou ela tinha um bom permanente. Que nem o meu, mas o dela parecia mais ordenado. O meu sempre parecia meio que revoltado.
Ela usava uma blusa abotoada com mangas longas e estava solta de seu jeans. Ela parecia ter uns 17 anos, mas eu não era tola. Eu parecia mais nova pela minha idade também. Larry também. Não poderia ser porque éramos baixo, poderia?
“Você não é da polícia estadual,” Ela disse. Ela parecia ter bastante certeza disso.
“Eu estou com o Time Regional de Investigação Sobrenatural.” Eu disse. “Anita Blake. E esse é meu colega Larry Kirkland.”
Larry sorriu e assentiu.
A mulher se moveu, desbloqueando a entrada da porta, e a luz do corredor iluminou seu rosto.
Eu adicionei mais 5 anos na sua idade, mas eram 5 anos bons. Levei um minuto para realizar que ela estava usando muita maquiagem.
“Por favor, entre, senhorita Blake. Meu marido, David está esperando com o corpo.” Ela balançou a cabeça. “É horrível.”
Ela ficou um pouco na colorida escuridão antes de fechar a porta.
“David disse a ele para desligar essas luzes. Nós não queremos que ninguém saiba o que aconteceu.”
“Qual seu nome?” eu perguntei.
Ela ficou levemente vermelha. “Me desculpe, eu normalmente não sou tão dispersa. Meu nome é Beth St. John. Meu marido é o xerife. Eu estou sentada com os pais.” Ela fez uma pequena menção para a porta dupla na esquerda da entrada principal.
O cachorro continuava a latir atrás da porta como uma pequena e peluda metralhadora.
Uma voz masculina disse. “Quieto, Raven*”, o latido parou.
(*Raven significa “corvo”, mas vou manter Raven o nome do cachorro mesmo.)
Nós estávamos parados numa entrada de um aposento que tinhaum teto que parecia que o arquiteto tinha cortado um pedaço fora do quarto acima de nós e criado um enorme espaço. Um candelabro de cristal faiscava luzes até nós. A luz cortava um retângulo fora de escuridão do quarto à nossa direita. Havia um vislumbre de uma mesa de sala de jantar de cerejeira tão polida que brilhava.
O corredor cortava logo atrás numa porta distante que provavelmente nos levava a cozinha.
Escadas corriam pela parede com portas duplas. O corrimão e acima das portas era branco, o carpete era um pálido azul, o papel de parede branco com pequenas flores azuis. Era aberto e ventilado, claro e bem vindo, e totalmente quieto. Se a gente pudesse achar um pedaço de chão sem carpete, a gente poderia deixar uma agulha cair e ouviria sem problemas.
Beth St. John nos guiou para cima da sala azul e branca. No centro da escada, no lado direito, haviam uma série de fotos de família.
Elas começavam com um sorridente casal, sorridente casal e bebê sorridente, sorridente casal e um bebê sorridente, e um bebê chorando. Eu andei pelas escadas, vendo os anos passarem. Os bebês se tornando crianças, uma garota e um garoto. Uma miniatura de um poodle preto apareceu nas fotos. A garota era a mais velha, mas apenas por um ano. Os pais ficando mais velhos, mas não pareciam se importar. Os pais e a garota sorrindo; as vezes o garoto sorria também, as vezes não. O garoto sorria mais na outra parede, onde a câmera havia fotografado ele bronzeado com um peixe, ou com o cabelo molhado saindo da piscina. A garota sorria em todo lugar que você olhava. Eu imaginei qual dos dois estava morto.
Havia uma janela no final das escadas. Ela parecia como um espelho preto. A escuridão pressionada contra o vidro era como um peso.
Beth St. John bateu na última porta da direita, próxima a essa escuridão pressionante.
“David, os detetives estão aqui.” Eu deixei essa passar. O pecado de omissão é uma coisa esplendorosa. Eu ouvi movimento no quarto, mas ela deu um passo para trás antes da porta abrir. Beth St. John parou no meio da escada então ela não tinha como ver dentro do quarto. Seus olhos passavam de foto para foto, pegando vislumbres dos rostos sorridentes. Ela colocou uma mão no peito como se estivesse tendo problema para respirar.
“Eu irei fazer café. Você quer?” Sua voz estava meio estrangulada.
“Claro” Eu disse.
“Parece bom.” Larry disse.
Ela deu um sorriso fraco e desceu as escadas. Ela não correu, o que fez com que ela ganhasse um bocado de pontos de bolo de chocolate (*juro que ta escrito isso) no meu livro. Eu estava apostando que era a primeira cena de crime de Beth St. John's.
A porta abriu. David St. John estava usando um uniforme azul claro que combinava com o que o delegado estava usando, mas a semelhança parava aí. Ele media por volta de 5 pés e 10 palmos, magro mas não muito, como um corredor de maratona.
Seu cabelo era pálido, uma versão marrom do vermelho de Larry. Você notava seus óculos antes de notar seus olhos, mas seus olhos eram bem marcantes. Um perfeito verde como de gatos. Exceto pelos olhos, era um rosto bem normal, mas era um desses rosto que você não se cansava. Ele me ofereceu sua mão. Eu peguei. Ele apenas tocou minha mão, como se estivesse com medo de apertá-la. Um monte de homens fazem isso, mas pelo menos eles oferecem um aperto de mão, a maioria não se incomoda.
“Eu sou o xerife St. John. Você deve ser Anita Blake. Sargento Storr me disse que você vinha.”
Ele olhou para Larry. “Quem é esse?”
“Larry Kirkland."
Os olhos de St. John's se estreitaram. Ele deu um passo grande para o corredor, fechando a porta atrás dele.
”Sargento Storr não mencionou mais ninguém. Posso ver alguma ID?”
Eu tirei minha identificação. Ele olhou e balançou a cabeça. “Você não é uma detetive.”
“Não, não sou.” Eu estava mentalmente amaldiçoando Douph. Eu sabia que isso não ia dar certo.
“E quanto a ele?” Ele inclinou seu queixo em direção a Larry.
“Tudo que eu tenho é uma carteira de motorista.” Larry disse.
“Quem são vocês?” O xerife perguntou.
“Eu sou Anita Blake. Eu faço parte do esquadrão Spook. Apenas acontece que eu não tenho um distintivo. Larry está em treinamento.” Eu peguei minha nova licença de executora de vampiros no bolso da minha jaqueta. Parecia como uma carteira de motorista gloriosa, mas era o melhor que eu tinha.
Ele olhou a licença. “Você é uma caça-vampiros? É um pouco cedo para terem te chamado aqui. Eu não sei quem fez isso ainda.”
“Eu estou com o esquadrão da Sargento Storr. Eu vim no começo do caso em vez do final. Isso tende a manter o número de corpos mortos mais baixos.”
Ele me devolveu a licença. “Eu não sabia que a lei de Brewster havia sido posta em efeito.”
Brewster era o senador que teve a filha comida. “Não foi. Eu estive trabalhando com a polícia há muito tempo.”
”Quanto tempo?”
”Por volta de três anos.”
Ele sorriu. “A mais tempo que eu sendo xerife.”
Ele assentiu, quase como se respondesse uma pergunta pra si mesmo.
“Sargento Storr disse que se havia alguém que poderia me ajudar a resolver isso, seria você. Se a cabeça do TRIS tem esse tanto de confiança em você, eu não vou recusar a ajuda. Nós nunca tivemos um assassinato com vampiros aqui, nunca.”
“Vampiros tendem a ficar perto de cidades.” Eu disse. “Eles podem esconder suas vítimas melhor desse jeito.”
”Bom, nenhum tentou esconder essa.” Ele abriu a porta e fez um gesto com os braços, mencionando pra gente entrar.
O papel de parede era cheio de flores rosas, grandes e de moda antiga rosas. O quarto transbordava vaidade, com o enorme espelho e tudo mais, parecia como se fossem antiguidades, mas tudo mais era branco com laços rosas. Parecia o quarto de uma garota muito mais nova.
A garota estava deitada na pequena cama. A coberta combinava com o papel de parede. Os lençóis estava por cima de sua pele, era de um rosa jujuba. Sua cabeça estava encostada em um travesseiro, como se houvesse escorregado para o lado depois que havia deitado.
As cortinas rosas balançavam contra a janela aberta. Uma brisa gelada entrou pelo quarto, balançando seu espesso cabelo preto. Era anelado e arrumado com gel. Havia uma mancha vermelha abaixo de seu rosto e pescoço onde os lençóis estavam ensopados de sangue. Eu aposto que havia uma marca de mordida daquele lado. Ela usava maquiagem, não tão bem aplicada quanto a de Beth St. John’s, mas a intenção estava boa.
O batom estava levemente borrado. Um braço largado no espaço, a mão aberta como se tentasse alcançar algo. As unhas estavam com um brilhante e fresco esmalte vermelho.
Sua pernas longas estava espalhadas e abertas na cama. Haviam duas marcas de presas no interior delas, mas não eram marcas frescas. As unhas dos pés estavam pintadas para combinar com as das mãos. Ela ainda estava com o vestido preto que usou antes.
As alças haviam sido puxadas para baixo de seus ombros, expondo seus pequenos e bem formados seios. As fechaduras haviam sido arrancadas foras, ou eram dessas que abriam fácil, porque o tecido estava puxado até sua cintura, fazendo do vestido um cinto. Com suas pernas abertas, ela estava completamente exposta.
Isso, mais do que qualquer outra coisa, me deixou puta. Ele podia ter ao menos coberto ela, não a deixado como uma prostituta. Isso era arrogante e cruel.
Larry estava parado no meio do quarto perto da outra janela. Estava aberta também, jogando ar gelado pelo quarto.
“Você tocou em alguma coisa?”
St. John balançou a cabeça.
“Tirou alguma foto?”
”Não.”
Eu respirei fundo, lembrando que era uma convidada aqui e não tinha nenhum cargo oficial. Eu não poderia ter o luxo de estressá-lo. “O que você já fez?”
”Chamei você, e a policia estadual.”
Eu assenti. “Há quanto tempo você achou o corpo?”
Ele olhou o relógio. “Uma hora atrás. Como chegou aqui tão rápido?”
“Não estava nem 10 milhas longe” Eu disse.
“Sorte minha.” Ele disse.
Eu olhei para o corpo da garota. “É.”
Larry estava abraçando o peitoril da janela, segurando com as mãos.
”Larry, por que não corre lá embaixo até o Jeep e pega algumas luvas na minha mochila?”
“Luvas?”
”Eu tenho uma caixa de luvas cirúrgicas nas minhas coisas de animação. Traga a caixa.”
Ele respirou fundo e assentiu. Cada músculo facial dele relaxou. Ele se moveu rapidamente até a porta e a fechou atrás dele. Eu tinha duas luvas no meu bolso da jaqueta, mas Larry precisava de ar.
“Primeira cena de crime dele?”
”Segunda”, eu disse. “Qual a idade dela?”
”Dezessete.”
”Então é assassinato, mesmo com o consentimento dela.”
”Consentimento? Do que você está falando?” Havia um belo toque de raiva na voz dele.
“O que você acha que aconteceu aqui, xerife?”
”Um vampiro escalou até a janela dela enquanto ela estava se arrumando para dormir e a matou.”
”Onde está todo o sangue?”
”Há mais sangue embaixo do pescoço dela. Você não pode ver as marcas, mas é lá onde ele drenou ela.”
”Não há sangue o suficiente para ter matado ela.”
“Ele bebeu o resto.” Ele soava indignado.
Eu balancei a cabeça. “Nenhum vampiro consegue consumir todo o sangue de um ser humano adulto de uma vez.”
“Então havia mais de um.” Ele disse.
“Você quer dizer as marcas na coxa?”
“Sim, sim.” Ele andava de um lado pro outro no carpete rosa, meio nervoso.
“Essas marcas são de pelo menos uns bons dias atrás.” Eu disse.
“Então ele hipnotizou ela duas vezes antes, mas dessa vez a matou.”
”Não é terrivelmente cedo para uma adolescente estar indo dormir?”
“Sua mãe disse que ela não estava se sentindo bem.”
Nisso eu acredito. Mesmo se você quiser que aconteça, esse tanto de sangue perdido realmente não faz bem a saúde.
“Ela arrumou o cabelo e fez a maquiagem antes de ir dormir.” Eu disse.
“E daí?”
”Você conhecia essa garota?”
“Sim, diabos, sim. Essa é uma cidade pequena, senhorita Blake. Nós conhecemos uns aos outros. Ela era uma boa criança, nunca esteve em problemas. Você nunca a achou estacionada com um garoto, ou bebendo. Ela era uma boa garota.”
”Eu acredito que ela era uma boa garota, xerife St. John. Ser assassinada não te faz uma pessoa má.”
Ele assentiu, mas seus olhos estavam meio doidos, muito branco aparecendo. Eu queria perguntar quantos assassinatos ele havia visto, mas não perguntei. Ou era o primeiro ou o vigésimo primeiro, ele era um xerife.
“O que você acha que aconteceu aqui, xerife?” Eu já havia perguntado uma vez, mas não custava tentar de novo.
“Um vampiro estuprou e matou Ellie Quinlan, foi isso que aconteceu aqui.” Ele disse quase como se me desafiasse, como se ele não acreditasse também.
“Isso não foi estupro, Xerife. Ellie Quilan convidou o assassino para esse quarto.”
Ele caminhou até a janela mais distante e parou ali como Larry tinha, olhando a escuridão. Ele passou os braços em volta de si mesmo, como se estivesse se abraçando. “Como eu vou contar a seus pais, seu irmão, que ela deixou alguma... coisa fazer amor com ela? Que ela deixou isso se alimentar dela? Como eu posso contar isso a eles?”
”Bom, em três noites, duas contando com a de hoje, Ellie pode levantar da morte e contar ela mesma.”
Ele se virou para mim, seu rosto pálido de choque. Ele balançou a cabeça lentamente.
“Eles querem ela estacada.”
“O que?”
”Eles querem ela estacada. Eles não querem que ela levante como uma vampira.”
Eu olhei para o corpo ainda quente. Eu balancei a cabeça. “Ela irá levantar em mais duas noites.”
“A família não quer.”
”Se ela fosse uma vampira, seria assassinato estacá-la só porque a família não quer que ela seja uma.”
“Mas ela não é uma vampira ainda” St. John disse. “Ela é um cadáver.”
“O magistrado terá de certificar a morte antes dela ser estacada. Isso pode levar um pouco de tempo.”
Ele balançou a cabeça. “Eu conheço o doutor Campbell, ele irá agilizar o processo para nós.”
Eu fiquei ali parada, olhando a garota. “Ela não planejou morrer, Xerife. Isso não foi suicídio. Ela estava planejando voltar.”
”Você não pode saber isso.”
Eu o olhei. “Eu sei disso, e você também. Se nós a estacarmos antes que ela levante da morte, será assassinato.”
”Não de acordo com a lei.”
“Eu não irei cortar fora a cabeça e o coração de uma garota de dezessete anos só porque seus pais não gostam do estilo de vida que ela escolheu.”
“Ela está morta, senhorita Blake.”
“É senhora Blake, e eu sei que ela está morta. Eu sei o que ela virará. Provavelmente melhor do que você.”
”Então você entende por que eles não querem isso.”
Eu olhei para ele. Eu entendia. Havia um tempo em que eu haveria feito isso e gostado. Sentindo como se estivesse ajudando a família, libertando suas almas. Agora, eu apenas não tinha certeza mais.
“Deixe seus pais pensarem sobre isso por mais vinte e quatro horas. Confie em mim nisto. Eles estão horrorizados agora, e com a cabeça quente. Eles estão realmente em posição de decidir o que acontecerá com ela?”
“Eles são seus pais.”
”Sim, e dois dias a partir de hoje, eles prefeririam ter ela em pé, conversando com eles, ou morta numa caixa?”
“Ela será um monstro.” Ele disse.
“Talvez, provavelmente, mas eu acho que deveríamos segurar isso por um pouco mais para que eles possam ter um tempo. Acho que o problema imediato é o sugador de sangue que fez isso.”
“Eu concordo, nós o acharemos e o mataremos.”
“Nós não podemos matá-lo sem uma ordem de execução da corte.” Eu disse.
“Eu conheço o juiz local. Eu posso conseguir uma para você.”
“Eu aposto que sim.”
“Qual o seu problema? Você não quer matar ele?”
Eu olhei para a garota. Se ele realmente quisesse levantá-la como vampira, ele teria levado o corpo com ele. Ele teria escondido ela até ela acordar, para mantê-la a salvo de pessoas como eu. Se ele se importasse com ela. “Sim. Eu matarei ele por você.”
“Certo, o que podemos fazer?”
“Bom, primeiro, o assassino deixa a toca só depois de escurecer, então seu lugar de descanso do dia tem de ser perto daqui. Há alguma casa antiga, cavernas, algum lugar onde você poderia esconder um caixão?”
“Há uma antiga mansão uma milha longe daqui, e eu sei que há uma caverna ao longo do riacho. Eu costumava ir ali quando era pequeno. Todos nós costumávamos.”
“Aqui está o acordo, Xerife. Se nós sairmos no escuro atrás dele agora, ele provavelmente irá matar algum de nós. Mas se a gente não tentar essa noite, ele irá mudar seu caixão de lugar. Nós poderemos não achá-lo novamente.”
“Nós vamos procurar por ele essa noite. Agora.”
“Há quanto tempo você e sua esposa são casados?” Eu perguntei.
“Cinco anos, por que?”
“Você a ama?”
“Sim, nós éramos namorados no colegial. Que tipo de pergunta é essa?”
“Se você for agora atrás desse vampiro, você pode nunca mais vê-la novamente. Se você nunca caçou um a noite em seu próprio território, você não sabe o que está para acontecer, e nada que eu diga irá te preparar para isso. Mas pense em nunca mais vez ver Beth de novo. Nunca mais segurar suas mãos. Nunca mais ouvir sua voz. Nós podemos ir de manhã. O vampiro pode não mover seu caixão essa noite, ou pode mover da caverna para a mansão, ou vice versa. Nós podemos pegar ele amanhã sem arriscar a vida de ninguém.”
“Você acha que ele não vai mover o caixão essa noite?”
Eu respirei profundamente e queria mentir. Deus sabe que eu queria mentir.
“Não, eu acho que ele vai deixar imediatamente a área. Provavelmente é por isso que ele veio logo depois de escurecer. Isso dá a ele a noite toda para fugir.”
“Então nós vamos atrás dele.”
Eu assenti. “Ok, mas nós vamos ter algumas regras aqui. Eu estou no comando. Eu já fiz isso antes e continuo viva, isso faz de mim uma profissional. Se você fizer tudo que eu diga, talvez, apenas talvez, nós sobreviveremos até a manhã.”
“Exceto o vampiro.” St. John disse.
“Sim, claro.” Fazia um bom tempo desde que eu tive de ir atrás de um vampiro a noite e em lugar aberto. Meu kit de vampiros estava em casa, no meu armário. Era ilegal carregar ele sem uma ordem de execução específica da corte. Eu tinha a cruz que estava vestindo, as duas armas, as duas facas, e era isso. Sem água benta, sem cruzes extras, sem escopetas. Inferno, sem estaca e maleta.
“Você tem balas de prata?”
“Eu posso arranjar algumas.”
“Faça isso, e ache uma escopeta e balas de prata para ela também. Há alguma igreja católica ou Episcopaliana por aqui?”
”É claro.” Ele disse.
“Nós precisamos de água benta e hóstia sagrada.”
“Eu sabia que você pode usar água benta contra vampiros, mas não sabia que podia jogar hóstia neles também.”
Eu tive que rir. “Elas não são como pequenas granadas sagradas. Eu quero a hóstia para dar aos Quilans para eles colocarem em cada porta, em cada janela.”
“Você acha que ele voltará aqui?”
“Não, mas a garota o convidou, apenas ela pode retirar o convite, e ela está morta. Até a gente pegar o bastardo, antes prevenir que remediar.”
Ele hesitou mas concordou. “Eu irei à igreja. Verei o que posso fazer.” Ele foi até a porta.
“E, Xerife?”
Ele parou e olhou para mim.
“Eu quero essa ordem da corte nas minhas mãos antes da gente ir. Eu não quero ser acusada de assassinato.”
Ele assentiu, meio nervoso, cabeça balançando como daquelas cachorrinhos que você vê nos vidros de trás dos carros*
(*é... aqueles brinquedinhos que você cutuca e a cabeça fica mexendo pra cima e pra baixo.)
“Você terá, Senhora Blake.” Ele se foi, fechando a porta atrás dele.
Eu fui deixada sozinha com a garota morta. Ela estava ali deitada, pálida e imóvel, ficando mais gelada, morta. Se for como seus pais querem, seria permanente. E seria meu trabalho fazer isso acontecer. Haviam livros escolares jogados atrás da cama, como se ela estivesse estudando ali antes dele aparecer. Eu peguei um dos livros com meu dedo, cuidadosamente para não desorganizar a cena do crime. Cálculos. Ela estava estudando cálculos antes de colocar maquiagem e seu vestido preto. Que merda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 12


Enquanto nós esperávamos a ordem da corte, eu conversei com a família. Não era minha coisa predileta à fazer, mas era necessário. Esse não era um ataque aleatório, o que quer dizer que eles provavelmente conheciam o vampiro, ou conhecia ele antes dele morrer.
A sala de estar continuava com o tema azul predominante. Beth St. John havia feito café.
Ela veio até nós com uma bandeja. Eu acho que ela não queria ver o corpo novamente. Não posso dizer que a culpava. Eu já havia visto cenas de crimes mais sangrentas, muito mais sangrentas, mas cada morte tinha sua violência peculiar. Havia algo muito triste sobre Ellie Quinlan jogada em seus lençóis rosas, e eu não a conhecia. Beth St. John a conhecia. Fazia isso ser mais difícil.
A família estava sentado em um sofá branco. O homem era grande, não gordo, mas meio quadrado como um armário. Ele tinha cabelos curtos e pretos que estavam começando a ganhar um bom cinza. Bem distinguido. Sua cor era quase morena. Ele estava vestido em uma camisa branca desabotoada no pescoço mas as mangas iam até o punho. Seu rosto estava bem firme, imóvel como uma máscara, como se dentro dela estivesse acontecendo algo totalmente diferente.
Ele parecia calmo, composto, mas o esforço era aparente em sua pele. Raiva brilhava nos seus olhos escuros.
Seus braço estava em volta dos ombros de sua esposa. Ela estava inclinada nele, chorando levemente, olhos fechados, como se isso fosse fazer as coisas ficarem melhores. Seus olhos maquiados haviam borrado, fazendo linhas coloridas descendo em suas bochechas.
Ela tinha seu denso cabelo preto em um curto e complicado visual que parecia muito consistente para tocar. Ela usava uma jaqueta de mangas longas, uma blusa abotoada com delicadas flores nela, rosa predominando. Sua calça era rosa, combinando. Ela estava descalça, exceto pela meia fina.
Uma delicada cruz de ouro e o anel de casamento eram suas únicas jóias.
O garoto era da minha altura, e esbelto como um algodão*.
(*? Haha)
Ele parecia não ter tido o crescimento acelerado, o que fazia ele parecer mais novo do que era. Seu rosto era liso, pele perfeita que dizia que barbear era um sonho distante para ele. Se a garota tinha 17 anos, ele devia ter uns 15, talvez 16. Ele podia passar por 12. A vítima perfeita, exceto por seus olhos e o jeito que ele se segurava. Mesmo com as linhas das lágrimas em seu rosto, ele parecia seguro de si mesmo, controlado. Seus olhos tinham uma ligeira inteligência e uma cólera que intimidaria algumas pessoas.
Seu cabelo era o preto perfeito de seus pais, mas tinha fios mais lisos, provavelmente a textura natural da senhorita Quinlan, antes dela ter arrumado ele para morrer.
Um pequeno poodle preto estava em seu colo. Ele estava latindo como uma arma, rat rat rat , yip-yip-yip* até ele pegá-lo e segurá-lo. Pequenos rosnados ainda saiam dele.
(*pra Laurell cachorros latem assim, não tenho nada com isso.)
“Quieto, Raven”, o garoto disse. Ele acariciava o cachorro enquanto disse, isso recompensava os rosnados. O cachorro rosnou de novo, e ele o acariciou de novo. Eu decidi ignorar isso. Se o poodle saltasse, eu podia lidar com isso. Eu estava armada.
“Senhor e senhora Quinlan, meu nome é Anita Blake. Eu preciso fazer a vocês algumas perguntas.”
”Você já estacou o corpo?” O homem perguntou.
“Não, senhor Quinlan, o xerife e eu concordamos em aguardar mais vinte e quatro horas.”
“Sua alma imortal está em perigo. Nós queremos isso feito agora.”
“Se você ainda quiser amanhã a noite, eu farei.”
“Nós queremos agora.” Ele estava abraçando sua esposa bem apertado, dedos cravados em seus ombros.
Ela abriu os olhos e piscou para ele. “Jeffrey, por favor, você está me machucando.”
Ele respirou fundo e relaxou o abraço. “Me desculpe, Sally. Me desculpe.” As desculpas pareceram levar um pouco da raiva dele. As linhas de seu rosto suavizaram. Ele balançou a cabeça.
“Nós devemos salvar a alma dela. Sua vida se foi, mas sua alma ainda resta. Nós devemos salvar isso pelo menos.”
Havia um tempo em que eu acreditava nisso também. No meu entendimento, eu pensava que todos os vampiros eram malignos. Agora eu não tinha mais tanta certeza. Eu conhecia muitos deles que não pareciam ser tão malignos. Eu conhecia mal quando sentia, e isso não era o que eles eram. Eu não sei o que eles eram, mas eram eles danações? De acordo com a igreja católica, sim, eles eram, assim como a garota escada acima. Mas então, de acordo com a igreja, eu também era. Eu virei episcopaliana quando a igreja declarou que todos os animadores estavam excomungados.
“Você é católico, Sr. Quilan?”
“Sim, que diferença isso faz?”
“Eu nasci católica. Então eu entendo suas crenças.”
“Elas não são crenças, senhorita... qual o seu nome?”
“Blake, Anita Blake.”
“Elas não são crenças, Senhorita Blake. São fatos. A alma imortal de Ellie está em perigo de cair na danação eterna. Nós temos de ajudá-la.”
“Você entende o que está me pedindo para fazer?” eu perguntei.
“Para salvar ela.”
Eu balancei a cabeça. A sra. Quinlan estava olhando para mim. Seus olhos estavam bem abertos. Eu estava apostando que causaria um pequeno desentendimento familiar.
“Eu irei enfiar uma estaca no coração dela e cortar fora sua cabeça.” Eu deixei de fora o fato que a maioria das minhas execuções eram feitas com escopetas agora, de alcance curto. Era uma bagunça e você precisava de um caixão fechado, mas era um bocado mais fácil para mim e um bocado mais rápido para o vampiro.
Sra. Quinlan começou a chorar novamente, inclinando mais contra seu marido. Ela escondeu seu rosto nele, borrando mais a maquiagem em sua limpa camisa branca.
“Você está tentando machucar minha esposa?”
“Não, senhor, mas eu quero que vocês todos realizem que duas noites a partir dessa, Ellie irá levantar como vampira. Ela irá andar e falar. Eventualmente ela será capaz de ficar com vocês. Se eu estacá-la, tudo que ela será é uma morta.”
“Ela já está morta. Nós queremos que você faça seu trabalho.” Ele disse.
Sra. Quinlan não iria olhar para mim. Ou ela acreditava no julgamento de seu marido ou ela não iria discutir com ele. Nem pela continuidade da existência de sua filha.
Eu deixei pra lá. Eu poderia ficar quieta por 24 horas. Eu duvidava que o Sr. Quinlan iria mudar de idéia. Mas eu tinha esperanças na Sra. Quinlan.
“O poodle sempre late para estranhos?”
Eles todos piscaram para mim, como coelhos pegos no flagra por uma lanterna. A mudança de assunto foi muito abrupta pro gosto deles.
“O que isso tem a ver com qualquer coisa?” ele perguntou.
“Há um vampiro assassino em algum lugar aí fora. Eu irei pegá-lo, mas eu preciso de sua ajuda. Então por favor, apenas responda minhas questões da melhor forma que conseguir.”
“O que o cachorro tem a ver com isso?”
Eu suspirei e tomei um gole do café. Ele tinha visto sua filha morta, assassinada, estuprada, certeza que ele estava se segurando. A raiva havia tomado lugar do horror, e ele estava começando a usar isso.
“O poodle latiu um bocado quando eu estava na porta. Ele late toda vez que um estranho entra na casa?”
O garoto percebeu aonde eu estava tentando chegar. “Sim, Raven sempre late para estranhos.”
Eu ignorei seus pais e conversei com a pessoa mais racionável da sala. “Qual seu nome?”
“Jeff”, ele disse. Deus, Jeff Junior, é claro.
“Quantas vezes eu teria de visitar a casa até Raven parar de latir para mim?”
Ele pensou sobre isso, mordendo o lábio debaixo, realmente pensando nisso.
Sra. Quinlan endireitou-se, um pouco separada de seu marido. “Raven sempre late quando alguém está na porta. Mesmo se ela conhecer.”
“Ela latiu essa noite?”
Os pais franziram a testa para mim. Jeff disse, “Sim. Ela latiu como doida até que Ellie deixou ela entrar em seu quarto logo depois de escurecer. Ellie a deixou entrar e então uns minutos depois Raven desceu as escadas.”
“Como você achou o corpo?”
“Raven começou a latir de novo e não parava. Ellie não a deixava entrar. Ellie sempre deixa ela entrar. Quero dizer, eu não posso entrar no quarto dela, mas Raven sempre entra mesmo quando Ellie queria alguma privacidade.” Ele disse essa última palavra soar como ele usualmente dizia, revirando os olhos.
“Eu bati na porta e ela não respondeu. Raven estava unhando a porta. Ela estava trancada. Ela trancava bastante a porta, mas ela mas não respondia.” Uma lágrima escapou dos seus olhos bem abertos.
“Eu fui e chamei papai.”
“Você destrancou a porta, Sr. Quinlan?”
Ele assentiu. “Sim, e ela estava apenas deitada ali. Eu não pude tocá-la. Ela estava impura agora. Eu...” Ele estava soluçando em lágrimas, se esforçando tanto para não chorar que seu rosto estava ficando roxo.
Jeff veio e colocou os braços em volta de seu pai, inclinando contra sua mãe, o poodle ainda apertado em seus braços. O cachorro levantou um pouco, lambendo a maquiagem no rosto da Sra. Quinlan. A mulher olhou para cima e deu uma risada chocada, pegando a bola peluda.
Eu queria ir embora. Eu queria deixá-los se abraçando juntos e sofridos. Inferno, a morte era tão recente, eles não tiveram tempo de sofrer ainda. Eles ainda estavam em choque. Mas eu não podia ir. Xerife St. John estaria de volta com a ordem, e eu precisava do máximo de informação que conseguíssemos antes de enfrentarmos a escuridão.
Larry estava sentado em um canto em uma cadeira azul clara. Ele estava tão quieto, que você quase esquecia que ele estava ali. Mas seus olhos eram ávidos, notando tudo, arquivando as coisas. Quando eu percebi que ele realmente memorizava tudo que eu dizia e fazia, foi intimidador. Agora eu prestava atenção nisso.
Beth St. John entrou na sala com uma travessa de sanduíches, café e drinques leves. Eu não lembro de ninguém pedindo por eles, mas eu acho que Beth estava precisando fazer algo além de sentar ali e ver os Quinlans chorando. Eu também.
Ela deixou a bandeja na mesa de café entre o sofá e as cadeiras.
Os Quinlans a ignoraram. Eu dei mais gole no meu café.
Assistir famílias chorando sempre era melhor com cafeína.
O abraço grupal havia acabado. O poodle foi transferido para os braços da esposa, e os dois homens sentados cada um de um lado dela. Jeffrey e Jeff olharam para mim com olhos idênticos. Quase dava medo. Um bom trabalho da genética.
“O vampiro tinha de estar no quarto com Ellie quando ela deixou o cachorro entrar quando anoiteceu.” Eu disse.
“Minha filha não deixaria seu assassino entrar.”
“Se ela tivesse 18, Sr. Quinlan, não seria assassinato.”
“Ser transformada em vampira sem seu consentimento é assassinato, Senhorita Blake.”
Eu estava ficando cansada de todo mundo me chamando de “senhorita”, mas o pai sofrido iria fazer isso mais algumas boas vezes.
“Eu acredito que sua filha conhecia o vampiro. Eu acredito que ela o deixou entrar espontaneamente.”
“Você é louca! Beth, vá chamar o xerife. Eu quero essa mulher fora da minha casa.”
Beth se levantou meio incerta. “David foi arranjar algumas coisas, Jeffrey. Eu... o delegado Coltrain está lá em cima com o corpo, mas...”
“Então traga ele aqui.”
Beth olhou para mim, e então de volta para ele. Ela segurou suas pequenas mãos juntas, quase as contorcendo. “Jeffrey, ela é uma caçadora de vampiros licenciada. Ela faz isso bastante. Ouça ela.”
Ele se levantou. “Minha filha foi estuprada e assassinada por um desalmado, um animal sanguessuga, e eu quero essa mulher fora da minha casa, agora.” Se ele não estivesse chorando enquanto dizia isso, eu teria ficado puta.
Beth olhou para mim. Ela estava disposta a se levantar por mim também, se precisasse. Muitos pontos pra ela. “Há alguém que você conheça que desapareceu ou morreu recentemente?” eu perguntei.
Quinlan estava meio vesgo. Ele me olhou confuso. A mudança de assunto de novo era, tipo, muito abrupta. Eu estava esperando que eu pudesse distrair ele de se livrar de mim, pelo menos por tempo suficiente para que eu pudesse saber algumas coisas.
“O que?”
“Há alguém que você conheça que desapareceu ou morreu recentemente?”
Ele balançou a cabeça. “Não.”
“Andy está desaparecido.” Jeff disse.
Quinlan balançou a cabeça de novo. “Esse garoto não é da nossa conta.”
“Quem é Andy?” Eu perguntei.
“O namorado de Ellie.”
“Ele não é o namorado dela.” Quinlan disse.
Eu peguei o olhar de Jeff. O olhar dizia tudo. Andy era o namorado dela, e o querido e velho papai não gostava dele nem um pouco.
“Por que você não gostava de Andy, Sr. Quinlan?”
“Ele era um criminoso.”
Eu levantei minhas sobrancelhas. “De que tipo?”
“Ele foi detido por causa de drogas.”
“Ele fumava maconha.” Jeff disse.
Eu estava desejando apenas sair dali e conversar com Jeff. Ele parecia saber o que estava havendo e não estava tentando esconder. O truque era como conseguir isso.
“Ele era um influência corrupta para minha filha, e eu tive de dar um basta nisso.”
“E ele está desaparecido?”
“Sim” Jeff disse.
“Eu irei responder as perguntas da senhorita Blake, Jeff. Eu sou o homem da casa.”
Jesus, o homem da casa. Não ouvia isso fazia um bom tempo.
“Eu gostaria de ver o resto da casa, no caso do vampiro ter entrado por outro lugar além do quarto de Ellie. Se Jeff pudesse me mostrar as entradas, eu ficaria grata.”
“Eu posso mostrá-las, Senhorita Blake.” Quinlan disse.
“Eu tenho certeza que sua esposa precisa de você agora, Senhor Quinlan. Jeff pode me mostrar elas, mas só você pode confortar sua esposa."
Sra. Quinlan olhou para ele, e então para mim, como se não tivesse certeza de que queria ser confortada, mas eu sabia que isso seria um apelo para ele.
Ele assentiu. “Talvez você esteja certa.” Ele tocou os ombros de sua esposa. “Sally precisa de mim agora.”
Sally cooperou com novas lágrimas, usando o poodle meio que como um lenço de assoar.
O poodle se retorceu e choramingou. Quinlan se sentou e pegou sua esposa em um abraço. O cachorro se viu livre e saltitou até Jeff.
Eu levantei. Larry levantou. Eu andei até a porta e olhei de volta para o garoto. Jeff se levantou e o poodle veio saltitante do seu lado. Eu abri a porta e indiquei nós todos para lá. Raven, o poodle me olhou de forma suspeita, mas veio também.
Eu tive um último vislumbre de Beth St. John olhando a porta como se ela quisesse vir com a gente, mas ela se sentou atrás dos sanduíches intocados e dos cafés calmantes. Ela se sentou como um bom soldado. Ela não iria abandonar seu posto.
Eu fechei a porta, me sentindo covarde. Eu estava feliz por não ser o meu trabalho segurar as mãos dos Quinlans. Encarar o vampiro no escuro não parecia ser tão ruim em comparação. É claro, eu estaria a salvo na casa. Mas lá fora no escuro com o vampiro, eu me sentiria diferente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 13


Nós paramos no hall. O ar estava fresco ali,mais fácil de respirar. Talvez era minha imaginação. O poodle estava cheirando meu pé. Ele deu um pequeno rosnado e Jeff pegou ele, em um só braço, como se fosse um gesto familiar que ele tinha feito umas cem vezes antes.
“Você não queria ver nenhuma porta na verdade, né?” ele perguntou.
“Não.” Eu disse.
“Papai está bem. Ele apenas...” Ele encolheu os ombros. “Ele é apenas o certo, e todo mundo está errado. Ele não faz isso de propósito.”
“Eu sei. Ele está assustado agora também. Isso faz qualquer pessoa ser um porre.”
Jeff sorriu abertamente. Eu não tinha certeza se era pelo comentário do “assustado” ou a palavra “porre”. Provavelmente ele não ouvia muitas pessoas dizerem isso sobre seu pai.
“O quão sérios era Andy e sua irmã?”
Ele deu uma olhada para a porta fechada e diminuiu sua voz um pouco. “Papai diz que não muito, mas eles eram sérios. Realmente sérios.” Ele deu uma olhada para a porta novamente.
“A gente pode ir para outro lugar para conversar.” Eu disse. “Sua escolha.”
Ele olhou para mim. “Você realmente é uma caça-vampiros?”
Se as circunstâncias fossem outras, ele estaria aproveitando o momento. É difícil não pensar que enfiar estacas no coração de outras pessoas não era legal.
“Sim, e levanto zumbis também.”
“Vocês dois?” Ela soava surpreso.
“Eu ainda sou um animador inexperiente.” Larry disse.
Jeff balançou a cabeça. “A gente pode conversar no meu quarto.” Ele nos guiou até o andar de cima, pelas escadas. Nós o seguimos.
Se eu fosse uma policial, questionar jovens sem um tutor ou um advogado presente, seria ilegal, mas eu não era uma. E ele não era um suspeito. Íamos apenas compartilhar informações, gente. Apenas papear com um garoto de 16 anos sobre a vida sexual de sua irmã.
Investigações de assassinatos nunca são agradáveis, e algumas dessas coisas desagradáveis, nem sempre tem a ver com o cadáver.
Jeff hesitou no fim das escadas, olhando o corredor. Delegado Coltrain estava parado no lado de fora do quarto de Ellie, postura rígida, mãos atrás das costas, alerta à intrusos. A porta estava aberta. Muito difícil ficar lá dentro com o corpo, eu acho. Ele viu Jeff e fechou a porta, ainda parado na frente dela. Legal da parte de Coltrain cuidar para que Jeff não visse o corpo. Mas ficar parado do lado de fora de uma porta fechada não era a melhor idéia. O vampiro, se fosse velho o bastante, poderia entrar no quarto, atrás dele, e abrir a porta antes que ele pudesse pegar sua arma. Os mortos não fazem nenhum barulho.
Eu me debati mentalmente se deveria contar isso a ele. Eu deixei pra lá. Se o vampiro quisesse matar mais gente, ele já teria feito. Ele poderia ter matado a família inteira. Mas em vez disso, quando o cachorro latiu ele entrou em pânico e fugiu. Esse não era um sugador de sangue velho. Era alguém novo no ramo. Eu estava apostando que era o namorado, Andy, mas mantive minha mente aberta. Andy talvez apenas estivesse dirigindo rumo a Califórnia atrás de fama e fortuna, mas eu duvidava disso.
Jeff abriu a porta perto das escadas e entrou lá. Seu quarto era menor que o de sua irmã. Nascer primeiro tem suas vantagens. O papel de parede era com cowboys e índios. As cobertas combinavam. Era o quarto de alguém muito mais novo, assim como o de sua irmã. As paredes estavam lisas, sem mulheres semi-nuas, sem carros esportes. Havia uma mesa no canto, cheia de livros. Uma pequena pilha de roupas estava jogada perto da porta. Raven, o poodle, cheirava as roupas. Jeff espantou ele de lá, chutando as roupas dentro do armário e fechou a porta.
“Sente onde der.” Ele puxou a cadeira da mesa um pouco, e então parou perto da janela, sem ter certeza do que fazer.
Eu duvidava que muitos adultos iam conversar com ele em seu quarto. Os pais não contam. Se bem que na verdade eu não conseguia imaginar os Quinlans vindo para ter uma pequena conversa. Eu sentei na cadeira. Imaginei que Jeff iria se sentir mais confortável sentado em sua cama com Larry do que comigo. E também, eu não estava acostumada a usar saias curtas ainda, e toda vez eu esquecia que estava vestida com ela. A cadeira então parecia mais segura.
Larry se sentou na cama com suas costas encostadas na parede. Jeff se sentou perto dele, colocando alguns travesseiros nas costas. Raven pulou na cama, rodando duas vezes em seu colo e então deitou. Cômodo.
“O quão quente era a relação de Andy e sua irmã?” Sem preliminares, apenas arrancando logo as roupas.
Ele olhou para nós dois. Larry deu a ele um sorriso encorajador. Ele mudou sua posição, um pouco mais seguro em seus travesseiros e disse, “Bem quente. Eu quero dizer, eles se pegavam bastante na escola.”
“Embaraçador.” Eu disse.
“Sim. Quero dizer, ela era minha irmã. Ela era só um ano mais velha que eu, e tinha esse cara apalpando ela.” Ele balançou a cabeça. Ele começou a coçar a orelha do poodle, as mãos movendo em seu pequeno corpo curvado. Ele a acariciava como se fosse um hábito, um ato de conforto.
“Você gostava de Andy?”
Ele encolheu os ombros. “Ele era mais velho e meio que estiloso, mas não, eu acho que Ellie poderia ter escolhido melhor.”
“Como assim?”
“Ele fumava maconha e não tinha planos pra faculdade. Andy não iria a lugar algum. Era como se o fato dele amar minha irmã era tudo. Como se fossem viver do amor ou algo estúpido como isso.”
Eu concordo, isso era estúpido. “Quando seu pai colocou um basta nisto, eles terminaram?”
Ele riu pra mim. “Não. Eles apenas começaram a sair por aí. Eu acho que nada que falassem pra Ellie iria faze-la mudar de idéia."
“Geralmente é assim.” Eu disse. “Quando Andy desapareceu?”
“Umas duas semanas atrás. Seu carro sumiu também, então todo mundo pensou que ele havia ido embora, mas ele não deixaria Ellie para trás. Ele era meio esquisito, mas não teria deixado ela.”
“Ellie estava triste por ter sido deixada para trás?”
Ele franziu a testa, abraçando o cachorro contra seu peito. Raven lambeu seu queixo com sua pequena língua rosa. “Essa é a parte estranha. Quero dizer, eu sei que ela tinha que fingir na frente da mamãe e do papai, mas mesmo na escola ou quando saia com seus amigos, ela não parecia ligar. Ela estava até meio que feliz. Quero dizer, Andy era um perdedor, mas era como se ela não acreditasse que ele tinha feito isso, ou então que ela sabia algo que o resto de nós não. Eu pensei que ele tinha ido embora para achar um emprego fora daqui e iria voltar depois pra buscar ela.”
“Talvez ele iria.” Eu disse.
O franzido ficou mais profundo entre suas sobrancelhas. “O que você quer dizer?”
“Eu acho que Andy é o vampiro que pegou sua irmã.”
Um olhar de desgosto passou pelo seu rosto. “Eu não acredito nisso. Andy amava Ellie, ele não iria matar ela.”
“Se ele era um vampiro, Jeff, ele não iria pensar que a tornar uma vampira seria matá-la. Ele provavelmente pensou em traze-la de volta.”
Jeff balançou a cabeça. Raven saiu do seu abraço como se ele estivesse apertando forte demais. Ela saiu de seu colo e deitou nos lençóis. “Andy não machucaria Ellie. Não machuca morrer?”
“Provavelmente” eu disse.
“As plantas embaixo da janela dela estavam todas amassadas.” Larry disse.
Eu olhei para ele. “Repete.”
Ele sorriu, contente consigo mesmo. “Eu dei uma olhada lá fora. Foi por isso que demorei tanto quando você me mandou pegar as luvas que você não precisava. As plantas embaixo da janela do quarto da garota estavam amassadas como se algo pesado houvesse caído nelas.”
Eu tive um momento para visualizando Larry lá fora no escuro sozinho, desarmado exceto por sua cruz. O pensamento me fez gelar. Eu abri minha boca para gritar com ele e fechei ela.
Nunca dê broncas em ninguém em público a não ser que seja uma lição objetiva. Eu disse, “Alguma trilha?”
Eu me dei dúzias de pontos de bolo de chocolate por não gritar.
“Eu pareço com um Tonto*? E também, o chão era apenas de grama e tem sido tão seco ultimamente. Eu não acho que vai ter alguma trilha.” Ele franziu a testa para mim. “Vampiros deixam trilhas?”
“Normalmente não, mas se essefor um novo eu penso que sim, ou talvez.” Eu assenti. “É.”
Eu levantei. “Eu tenho de ir perguntar uma coisa para o delegado. Obrigada por sua ajuda Jeff.” Eu ofereci a ele um aperto de mão. Ele aceitou. Seu aperto era um pouco incerto, como se ele não fizesse muito isso. Eu fui pela porta e Larry me seguiu.
“Você vai achar ele e matá-lo mesmo se for Andy?” Jeff perguntou.
Eu virei de volta e olhei para ele. Seus olhos escuros continuavam inteligentes, cheios de propósitos, mas havia também algo bem menino, precisando reafirmação.
“Sim, eu o acharei.”
“E matará ele?”
“E matarei ele.”
“Bom.” Ele disse. “Bom.”
Eu não tinha certeza se “bom” era a palavra que eu teria escolhido, mas não era a minha irmã deitada morta no outro quarto.
“Você tem uma cruz?” Eu perguntei.
Ele franziu a testa, mas disse, “Sim.”
“Você está usando ela?”
Ele balançou a cabeça.
“Pegue ela e a vista até que eu tenha pego ele. Ok?”
“Você acha que ele vai voltar?” Medo faiscou nos seus olhos.
“Não, mas nunca se sabe, Jeff. Apenas faça isso.”
Ele levantou e foi até sua cômoda. Lá havia uma linha de uma brilhante corrente no canto do espelho. Quando ele a pegou, um pequena cruz de ouro balançou. Eu assisti ele colocar ela. O cachorro assistia tudo com olhos ansiosos.
Eu sorri. “Vejo você depois.”
Ele assentiu, dedos passando pela cruz, assustado agora, depois do choque. Nós o deixamos com os cuidados de Raven.
“Você realmente acha que o vampiro irá voltar aqui?” Larry perguntou.
“Não.” Eu disse, “mas só no caso do nosso pequeno visitante lá fora ter mais idéias, eu quero que Jeff tenha ao menos uma cruz.”
“É”, ele disse “E eu achei uma pista.”
Delegado Coltrain estava olhando para nós, mas estávamos de saída atrás de privacidade. Eu manti minha voz baixa e esperei que isso fosse suficiente. “É, e você foi lá fora, sozinho, desarmado, no escuro com um vampiro que já matou uma pessoa no ao redor.”
“Você disse que era realmente um vampiro novo.”
“Não antes de você ir atrás das luvas.”
“Talvez eu descobri que era um novo por minha conta,” ele disse.
Ele estava sendo teimoso, como se fosse para me surpreender, ele faria de novo.
“Vampiros novos ainda podem matar você, Larry.”
“Mesmo eu tendo uma cruz?”
Ele tinha um ponto. Poucos dos mortos novos conseguiam passar pela dor que a cruz causava, ou fazer controle de mentes o suficiente para a pessoa tirar a cruz voluntariamente.
“Certo, Larry, mas e quanto ao vampiro que fez ele? Esse pode ser uns séculos velho, e está lá fora no escuro, também.”
Ele pareceu um pouco pálido. “Eu não pensei nisso.”
“Eu pensei.”
Ele encolheu os ombros e teve a graciosidade de parecer embaraçado. “É por isso que você é a chefe.”
“Isso mesmo.” Eu disse.
“Ta certo, tá certo. Eu prometo ser bonzinho.”
“Ótimo, agora vamos perguntar ao delegado Coltrain se ele sabe de alguém que pode achar trilhas de vampiros.”
“Você realmente pode achar um assim?”
“Eu não sei, mas um com menos de 2 semanas de idade e que cai da janela até os arbustos, talvez a gente consiga. Eles pelo menos serão capazes de vir aqui dar uma olhada.”
Ele estava sorrindo abertamente para mim.
“Sim, saber que ele caiu da janela foi uma informação muito útil. Talvez não teria ocorrido a mim checar por pistas no lado de fora da janela.”
Se ele sorrisse mais abertamente, ele iria sofrer um dano no músculo.
“E se um vampiro antigo o suficiente passasse pela sua cruz e comesse seu rosto, eu nunca saberia sobre os arbustos.”
“Ah, Anita. Eu fui bem.”
Eu balancei minha cabeça. Por tudo que Larry havia visto de vampiros, ainda não era o suficiente. Ele ainda não apreciava inteiramente o que eles são. Ele não tinha nenhuma cicatriz ainda. Se ele continuasse nesse ramo por tempo suficiente para ter uma licença, isso iria mudar.
Deus o ajude.

 

CAPÍTULO 14


O vento era gelado e cheirava a chuva. Eu virei meu rosto para o suave toque dela. O ar cheirava a gramas verdes crescendo. Cheirava a limpo e novo. Eu fiquei parada na grama olhando para cima.
A janela de Ellie Quinlan brilhava como um suave amarelo farol. Ellie havia aberto suas janela, mas seu pai havia ligado as luzes. Ela havia encontrado seu amor vampiro na escuridão. Melhor para ela não ver o cadáver andante que ele era.
Eu estava com minha capa, com o zíper na metade para eu poder alcançar a Browning. Eu só trouxe o coldre de calça para a Firestar, então eu a deixar no bolso da capa. Não era muito eficiente em um apontamento rápido, mas era melhor que não ter a arma. O coldre não funcionava muito bem com saias.
Larry tinha sua própria arma na ombreira. Ele parou do meu lado encolhendo os ombros, tentando deixar a correia mais confortável. Não era tão desconfortável como uma fantasia, mas também não era totalmente confortável. Era meio como um sutiã. Eles eram justos e necessários, mas também nunca eram completamente confortáveis.
Ele estava usando uma capa extra, desabotoada que batia em seu quadril. Uma lanterna nos iluminou, fazendo brilhar a cruz de Larry. A luz passou para mim, brilhando nos meus olhos.
“Agora que você arruinou minha visão noturna, tira erra droga dos meus olhos.”
Uma profunda risada masculina veio de trás da brilhante luz. Dois policiais estaduais haviam acabado de chegar para a caçada. Oh, felicidade.
“Wallace,” a voz de um homem disse, “faça o que moça disse.” A voz era profunda e vagamente ameaçadora. A voz que dizia, “encoste no carro e afaste as pernas” e você fazia isso e muito mais.
Officer Granger veio até nós, sua lanterna apontada para o chão. Ele não era tão alto quanto Wallace, e um pouco de estômago estava saindo do seu cinto, mas ele se moveu pelo escuro como se soubesse o que estava fazendo. Como se ele já houvesse caçado no escuro antes. Talvez não vampiros, mas outra coisa. Talvez homens.
Wallace veio até nós, a luz da lanterna passando pela gente como um fogo voador. Não estava em meus olhos, mas continuava não ajudando minha visão noturna.
“Desligue as lanternas... por favor.” Eu disse.
Wallace deu um passo para mais perto de mim. Ele era alto, forte como jogadores de futebol americano, com pernas longas. Um corredor de trás*, talvez. Ele e o delegado Coltrain poderiam fazer queda de braço depois. Agora eu queria que ele saísse de perto de mim, merda.
(*acho que é uma posição do futebol.)
“Deslige, Wallace.” Granger disse. Ele já havia desligado a dele.
“Eu não vou conseguir ver droga nenhuma.” Ele protestou.
“Medo do escuro?” Eu perguntei, sorrindo para ele.
Larry riu. Isso foi uma coisa errada a se fazer.
Wallace se virou para ele. “Você acha isso engraçado?” Ele deu um passo até Larry, até que eles estavam quase se tocando, usando seu tamanho para intimidar. Mas Larry era que nem eu, ele tem sido pequeno toda sua vida. Ele já foi intimidado pelos melhores. Ele continuou firme e forte no chão.
“Você está?” Larry perguntou.
“Estou o que?” Wallace perguntou.
“Com medo do escuro?”
Reanimar cadáveres não era a única coisa que Larry estava aprendendo comigo. Infelizmente para Larry, ele era um garoto. Eu podia sempre ser um pé no saco e a maioria das pessoas iriam me agüentar. Mas Larry não era tão sortudo.
Wallace agarrou a capa de Larry levantando ele do chão. Sua lanterna caiu no chão, rolando até seu calcanhar.
Oficial Grander chegou mais perto deles mas não tocou Wallace. Mesmo no escuro você podia ver a tensão em seus ombros e braços. Não de levantar Larry, mas por querer bater nele e resistir a urgência.
“Acalme-se, Wallace. Ele não quis dizer nada.”
Wallace não disse nada, só trouxe Larry para mais perto dele, o levantando para ficar cara a cara com Larry. Um círculo de luz amarela estava em seu rosto. O músculo de sua mandíbula estava pressionada meio para fora, zumbindo como se fosse pular para fora de seu rosto.
Havia uma cicatriz acima do osso da mandíbula. Ela desaparecia no colarinho de sua jaqueta.
Wallare colocou seu rosto junto com o de Larry. “Eu-não-estou-com-medo-de-nada” Cada palavra era apertada para fora.
Eu dei um passo para perto dele. Ele estava meio abaixado para intimidar Larry, então eu pude sussurrar em seu ouvido. “Bela cicatriz, Wallace”.
Ele pulou como se eu houvesse batido nele. Ele soltou Larry tão de repente que saiu tropeçando. Ele deu uma volta, uma grande mão vindo para amassar a minha cara. Pelo menos ele soltou Larry. Ele cambaleou até mim. Eu curvou seu braço para um lado e passou por mim. Ele cambaleou de novo. Eu trouxe meus joelhos até seu estômago fortemente. Me custou um tanto bom não seguir ele e realmente o machucar. Ele era um policial. Um dos caras bons. Você não bate neles. Eu dei um passo pra longe, fora de alcance e esperei que ele tivesse baixado a bola. Eu poderia ter machucado ele feio no primeiro golpe, mas agora ele estava preparado. Mais difícil de machucar.
Ele era um pé mais alto e tinha vários quilos a mais que eu. Se a briga ficasse séria, eu estava em problemas. Eu esperava que não me arrependesse pelo meu gesto galante.
Wallace acabou de quatro perto dos arbustos da casa. Ele ficou de pé mais rápido que eu queria, mas ele ficou meio inclinado, com as mãos nos joelhos. Ele olhou para mim. Eu não tinha certeza o que sua expressão significava, mas não era completamente hostil. Era meio que um olhar, como se eu houvesse surpreendido ele. Eu ganhava um bocado esses olhares.
“Você está bem agora, Wallace?” Granger perguntou.
Wallace assentiu. Difícil de falar depois de levar um bom golpe.
Granger olhou para mim. “Você está bem, Senhorita Blake?”
“Eu estou.”
Ele assentiu. “Sim, você está.”
Larry veio para o meu lado. Ele estava muito perto. Se Wallace voltasse pra mim, eu iria precisar de mais espaço para mover. Eu sabia que Larry estava querendo demonstrar apoio.
Depois que eu conseguir fazer Larry atirar mais rapidamente, nós teremos de trabalhar algumas técnicas básicas de mão-à-mão.
Por que ensinar ele a atirar antes de ensinar a lutar? Porque você não luta com vampiros. Você atira neles. Ele sobreviveria a um ataque do Oficial Wallace. Mas não de um ataque de um vampiro. Não se ele não pudesse atirar.
“Você estava com ele quando ele ganhou essa cicatriz?” Eu perguntei
Granger balançou a cabeça. “Seu primeiro parceiro que não sobreviveu.”
“Um vampiro pegou ele?”
Ele assentiu.
Wallace se endireitou lentamente. Ele arqueou sua coluna um pouco, como se estivesse as ajeitando.
“Belo soco.” Ele disse.
Eu encolhi os ombros. “Foi meu joelho, não minha mão.”
“Continua sendo um bom golpe. Eu não tenho nenhuma boa desculpa pelo o que eu fiz.”
“Não,” Eu disse, “Você não tem.”
Ele apenas olhou para o chão, e então para cima. “Eu não sei o que me fez fazer isso.”
“Vamos dar uma pequena volta.” Eu comecei ir pela escuridão sem olhar para trás, como se não tivesse dúvidas que ele me seguiria. Essa técnica funciona mais do que você imagina.
Ele me seguiu. Ele tinha parado para pegar a sua lanterna, mas bravamente a desligou.
Eu parei perto da floresta e olhei pelas árvores, deixando meus olhos se ajustarem ao escuro. Eu não olhei nada em particular. Eu deixei meus olhos vendo tudo. Eu estava procurando movimento. Qualquer movimento. Os galhos das árvores se moviam de acordo com o vento, era um movimento geral, como ondas no mar. As árvores não eram o que estavam me preocupando.
Wallace batia a lanterna desligada em sua coxa. Um suave whap,whap. Eu queria mandar ele parar, mas não o fiz. Se o confortava, eu poderia viver com isso.
Eu deixei o silêncio se prolongar entre nós. O vento ainda estava lá, enchendo a noite com brisas sonoras. Você podia cheirar a chuva nele.
Ele segurou a lanterna com as duas mãos. Eu podia ouvir sua respiração acelerada em cima do vento.
“O que foi isso?”
“O vento,” Eu disse.
“Tem certeza?”
“Bastante.”
“O que você quer?” Ele perguntou.
“Esse é o primeiro vampiro que você vai atrás desde a morte de seu parceiro?”
Ele olhou para mim. “Granger te contou?”
“Sim, mas eu vi seu pescoço. Eu estava certa do que tinha feito a cicatriz.”
Eu queria dizer a ele que estava tudo bem ficar com medo. Diabos, eu estava assustada, mas ele era um policial e um homem, e eu não conhecia ele bem o suficiente para saber como ele aceitaria conversas de consolo de mim. Mas eu precisava saber se ele me seguiria dentro da floresta. Eu tinha que saber se podia contar com ele. Se ele continuasse assustado assim, eu não poderia.
“O que aconteceu?” Eu perguntei. Talvez conversar sobre isso agora era uma coisa errada a se fazer, mas ignorar não estava dando muito certo.
Ele balançou sua cabeça. “O general disse que você está no comando, Senhorita Blake. Certo, eu vou fazer o que me disserem. Mas eu não tenho que responder perguntas pessoais.”
Dava muito trabalho encolher os ombros para fora da capa, e eu realmente não queria meus braços presos. Eu desabotoei um botão da minha blusa e estiquei a roupa.
“O que você está fazendo?”
“O quão boa é a sua visão noturna?”
“Por que?”
“Você consegue ver a cicatriz?”
“Do que você está falando?” Ele soou desconfiado. Desconfiado que eu era louca, talvez.
Minha visão noturna enxergaria, mas a maioria das pessoas não tinham meus olhos. “Me dê sua mão.”
“Por que?”
“Eu estou prestes a te dar a oportunidade da sua vida. Apenas me dê sua maldita mão.”
Ele me deu, meio hesitante, dando olhadas atrás para o homem esperando.
Sua mão era fria ao toque. Ele era um cachorrinho assustado. Eu tracei a ponta de seus dedos largos pela minha clavícula. No momento que ele tocou o tecido da cicatriz, sua mão pulou como se houvesse levado um choque. Eu trouxe minha mão de volta, e ele traçou a cicatriz novamente sozinho.
Ele voltou sua mão pra ele, devagar, passando seus dedos juntos como se estivesse relembrando o que sentiu em minha pele.
“O que fez isso?”
“A mesma coisa que fez isso no seu pescoço. Um vampiro que não era organizado com sua comida.”
“Jesus.” Ele disse.
“É.” Eu disse. Eu abotoei minha blusa. “Me diga o que aconteceu, Wallace. Por favor.”
Ele olhou para mim por um longo momento, e então assentiu. “Harry, meu parceiro, e eu, nós recebemos uma chamada de alguém que havia achado um corpo com a garganta despedaçada.” Ele fez as palavras soarem bem vazias, normais, mas eu sabia o que ele estava vendo em sua cabeça. Vendo acontecer de novo atrás de seus olhos.
“Era um lugar de construção. Apenas a gente no meio daquele lugar com nossas lanternas. Houve um som como de um vento assoviando, e alguma coisa acertou Harry. Ele caiu com um homem em cima dele. Ele gritou, e eu tinha minha arma na mão. Eu atirei nas costas do homem. Eu atingi ele solidamente, três, quatro vezes. Ele se virou para mim e sua face estava sangrenta. Eu não tive tempo de imaginar o por que, porque ele pulou em mim. Eu esvaziei meu gatilho nele antes de eu atingir o chão.”
Ele respirou profundamente, suas mãos grandes girando pela lanterna. Ele estava olhando para as árvores também, mas não procurando por vampiros, ou pelo menos não por esse.
“Ele rasgou minha jaqueta e camiseta como se fossem de papel. Eu tentei lutar com ele, mas...” Ele balançou a cabeça. “Eu me pegou com seus olhos. Ele me pegou com seus olhos, e quando ele veio para meu pescoço, eu queria que ele fizesse, queria aquilo mais do que qualquer outra coisa em minha vida.”
Ele se virou um pouco para longe de mim, como se apenas não encontrar meus olhos não fosse suficiente. “Quando eu acordei, ele apenas tinha ido embora. Harry estava morto. A garota estava morta. Eu estava vivo.”
Ele se vioru para mim finalmente, me olhando diretamente nos olhos e disse, “Por que ele não me matou, Senhorita Blake?”
Eu olhei para seus olhos ansiosos e não tinha uma boa resposta. “Eu não sei, Wallace. Ele queria fazer de você um deles, talvez. Eu não sei porque você e não Harry. Você nunca o pegou?”
“O Mestre local enviou a cabeça dele em uma caixa na estação. A nota dizia desculpas pelo comportamento incivilizado dele. Era o que a nota dizia, ‘comportamento incivilizado’.”
“É difícil ver isso como assassinato quando você também se alimenta de humanos.”
“Todos eles fazem isso? Alimentam de pessoas?”
“Eu nunca conheci um que não alimentasse.”
“Eles não podem comer de animais.”
“Teoricamente, sim. Na prática parece faltar certos nutrientes.” A verdade era, se alimentar era muito perto de sexo para a maioria dos vampiros. Eles não acreditavam ser bestas, então não se alimentavam de animais. Eu não achei que a analogia de sexo iria dar certo com o Oficial Wallace.
“Você consegue fazer isso, Wallace?”
“O que você quer dizer?”
“Você consegue sair no escuro para caçar vampiros?”
“É meu trabalho.”
“Eu não perguntei se era seu trabalho. Eu perguntei se você consegue sair no escuro e caçar vampiros.”
“Você acha que tem mais de um?”
“É sempre melhor supor que sim.” Eu disse.
Ele assentiu. “É, eu acho que sim.”
“Com medo?” Eu perguntei.
“Você está?”
Eu olhei para a noite gelada. As árvores balançavam e gemiam no vento.
Havia movimento em todo lugar. Logo teria chuva, e a luz das estrelas iriam desaparecer.
“Sim, estou com medo.”
“Mas você é uma caça-vampiros,” Ele disse. “Como você pode fazer isso noite após noite se te assusta?”
“Não te assusta saber que cada vez que você pára algum suspeito de tráfico ou violação ele pode estar armado? Você sai naquele carro e nunca sabe.”
“É meu trabalho.”
“E esse é o meu.”
“Mas você está assustada.”
“Totalmente.”
Larry chamou, “O xerife está de volta. Ele tem a ordem judicial.”
Wallace e eu olhamos um para o outro. “Você tem balas de prata?” Eu perguntei.
“Sim.”
Eu sorri. “Então vamos em frente. Você ficará bem.” Eu disse. E acreditei. Wallace faria seu trabalho. Eu faria meu trabalho. Todos nós faríamos nosso trabalho. E na manhã seguinte, alguns de nós estaríamos vivos, e alguns de nós não. Mas claro, talvez havia apenas um recém morto vampiro. Se sim, provavelmente todos nós veríamos o nascer do sol.
Mas eu não durei esse tanto supondo o melhor. Supondo o pior é sempre mais seguro. E normalmente, verdadeiro.

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 15


Eu estava acostumada a usar a escopeta de serra*. Sim, era ilegal, mas era fácil de carregar e fazer um estrago nos vampiros. O que mais uma caça-vampiros moderna poderia querer?
(*Não me perguntem, não sei de armas.)
A bomba de Ithaca de cálculo 12*, chegava perto.
“Por que eu não tenho uma escopeta?” Larry perguntou.
(*a mesma coisa de cima haha)
Eu apenas olhei para ele. Ele parecia sério. Eu balancei a cabeça. “Quando você souber lidar com a Nove, nós conversaremos sobre escopetas.”
“Ótimo.”
Ah, o entusiasmo da juventude. Larry era apenas quatro anos mais novo que eu. Às vezes pareciam milhares.
“Ele não vai atirar na gente nas costas por acidente, vai?” O delegado Coltrain perguntou.
Eu sorri, nada doce. “Ele prometeu que não vai fazer isso.”
Coltrain olhou para mim como se não tivesse certeza se eu estava brincando.
Xerife St. John se juntou a nós no alto da colina. Ele tinha uma escopeta também. Eu tive de confiar que ele sabia como usá-la. Wallace estava com a escopeta de sua unidade. Seu parceiro Granger tinha um aparentemente malvado Rifle como algo que um atirador carregaria. Parecia o brinquedo errado para o trabalho de hoje a noite, e eu tinha dito. Granger apenas olhou para mim. Eu encolhi os ombros e deixei pra lá. Era o pescoço e a arma dele.
Eu olhei em volta para eles. Eles olharam para mim. Esperando por mim para dar a palavra.
“Todo mundo tem sua água benta?” Eu perguntei.
Larry bateu a mão no bolso de sua jaqueta. O resto assentiu, ou murmuraram um sim.
“Lembrem-se das três regras de um caçafor de vampiros. Um: Nunca, nunca mesmo olhe nos olhos deles. Dois: Nunca, nunca mesmo tire sua cruz. Três: Mire na cabeça e coração. Mesmo com balas de prata,você não irá matar atingindo outros lugares.” Eu me senti uma professora do jardim de infância mandando suas crianças para um parquinho hostil.
“Não entre em pânico se você for mordido. A mordida pode ser limpa. Contanto que eles não te peguem com o olhar, você pode continuar lutando.”
Eu olhei para eles, todos silenciosos, todos mais altos que mim, até Larry era por uma mão ou duas. Eles podiam todos me desafiar pra uma queda de braço e ganharem. Então por que eu queria mandar eles todos para casa onde estariam seguros? Céus, todos nós poderíamos ir pra dentro. Ter um bom chocolate quente. Dizer aos Quinlans que sua garotinha iria ficar bem. Eu quero dizer, dietas líquidas era tendência entre adolescentes. Certo?
Eu puxei o ar profundamente e deixei sair devagar. “Vamos fazer isso, garotos. Estamos desperdiçando a luz das estrelas.”
Ou ninguém pegou uma referência do John Wayne ou ninguém achou engraçado. Difícil de dizer.
Eu tive que deixar St. John guiar o cominho pelas árvores negras. Eu não conhecia a área. Ele conhecia. Mas eu não gostei dele em evidência. Eu não gostei nada mesmo. Eu queria levar ele de volta para sua esposa. Seu amor desde o colegial. Cinco anos casados e ainda apaixonados. Jesus, eu não queria ele morto.
As árvores fecharam em nossa volta. St. John foi trilhando o lugar como se ele soubesse o que estava fazendo. Havia pouco solo derrapante nesse época no ano. Fazia as coisas mais fáceis, mas continuava sendo uma arte andar pela densa floresta, especialmente no escuro. Você não pode ver nada mesmo com lanternas. Você tem meio que se guiar pelas árvores da forma que você se guia da água quando nada. Você não concentra realmente na água, nem no seu corpo. Você se concentra no ritmo do seu corpo cortando, deslizando pelo líquido gelado. Na floresta, você achava um ritmo também. Você concentrava em deslizar seu corpo pelas entradas naturais. Achando o lugar onde a floresta deixava você passar. Se você lutasse, ela lutaria de volta, e assim como a água, ela pode matar você. Qualquer um que não acredite que florestas são lugares mortais, nunca esteve em uma antes.
St. John sabia como se mover, assim como eu. Eu estava bastante satisfeita com isso, na verdade. Eu estive sendo uma garota urbana por tanto tempo. Larry tropeçou até mim. Eu tive que me segurar, ou nós dois teríamos ido pro chão.
“Desculpa.” Ele disse, se puxando para longe de mim.
“Como você está indo aí, caça vampiros?” Coltrain chamou. Ele estava subindo na minha frente. Eu tive que a ser a segunda atrás de St. John, eu não deixaria Larry pra trás. Coltrain queria isso. Ele disse que ele e o xerife iam tomar conta de nossas bundas. Tudo bem por mim.
“Grite um pouco mais alto,” Wallace disse. “Eu acho que o vampiro não te ouviu.”
“Eu não preciso de um estadual me dizendo como fazer meu trabalho.”
“Isso já sabe que estamos aqui.” Eu disse.
Isso parou eles. Os dois olharam para mim. Grander, que estava logo a frente de Wallace, olhou para mim também. Eu tinha a atenção de todo mundo.
“Mesmo se o vampiro tiver apenas algumas semanas de idade, sua audição já é incrivelmente aguçada. Isso sabe que estamos aqui. Sabe que estamos chegando. Não importa o quão quieto fiquemos ou quão barulhenta nossa banda seja. Dá na mesma. Nós não vamos surpreender isso no escuro.” Aquilo que provavelmente surpreenderia a gente, mas eu não acrescentei essa parte em voz alta. Estávamos todos pensando isso, de qualquer forma.
“Nós estamos perdendo tempo aqui, delegado.” St. John disse.
Coltrain não se desculpou ou ao menos pareceu arrependido. Wallace sim. “Me desculpe, xerife. Não vai acontecer de novo.”
St. John assentiu e virou sem nenhuma outra palavra e nos guiou mais longe pela floresta.
Coltrain fazia uns pequenos resmungos mas deixei para lá. Seja lá o que ele estava dizendo, eu não acho que Wallace iria atiçá-lo de novo. Pelo menos eu esperava que não. Eu não ligava se ele estava com medo, nós tínhamos problemas suficientes sem brigarmos uns com os outros.
As árvores sussurravam e balançavam em nossa volta. Folhas mortas quebrando nos meus pés. Alguém xingou levemente atrás de mim. O vento golpeou com uma grande rajada, jogando meu cabelo em meu rosto. Logo acima a qualidade da escuridão era diferente. Nós estávamos nos aproximando de alguma claridade.
St. John parou perto da linha das árvores. Ele olhou para mim. “Como você quer fazer isso?”
Eu podia saborear a chuva no vento chegando. Se possível, eu queria a gente fora dali antes dela chegar. A visibilidade seria uma droga com ela.
“Nós mataremos a coisa, e daremos o maldito fora pra casa. Não é um plano difícil.”
Ele assentiu, como se eu tivesse dito alguma coisa profunda.
Eu bem que queria.
Uma figura parou na nossa frente. Um minuto nada, no próximo, ali estava. Escuridão e sombras, mágico. Ele agarrou St. John enquanto ele ia pegar sua arma e o jogou no outro lado das árvores, como arco e flecha.
Eu atirei no vampiro, no peito, foi quase um tiro certeiro. Ele caiu de joelhos. Eu tive um vislumbre do branco de seus olhos, como se ele não estivesse acreditando. Eu tive que carregar a escopeta para colocar outra bala no lugar. O rifle de Granger explodiu atrás de mim como um canhão. Alguém gritou. Eu atirei no vampiro entre seus olhos. Sua cabeça espalhou nas folhas. Eu estava com a escopeta em meus ombros antes do corpo atingir o chão.
Larry estava no chão com uma vampira em cima dele. Eu tive um vislumbre de um longo cabelo marrom antes da cruz criar vida em uma luz brilhante de um fogo azul. Ela se afastou com um grito, cambalenado no escuridão. Sumindo.
Uma vampira com um longo cabelo loiro segurou os grandes braços de Granger , com a cabeça pressionada em seu pescoço.
Eu não podia usar a escopeta. Eles estavam muito juntos. À essa distancia eu mataria os dois.
Eu larguei a escopeta no colo surpreso de Larry. Ele ainda estava deitado no chão, piscando. Eu peguei a Browning e atirei no meio do peito da vampira. Ela cambaleou mas não largou Granger.
Ela olhou para mim, o homem ainda preso contra seu peito. Ela chiou para mim. Eu atirei em sua enorme boca. Isso fez sua cabeça ir para trás.
A vampira tremeu. Eu dei um segundo tiro em sua cabeça. Ela largou Granger e caiu no chão tendo convulsões. Granger apenas ficou deitado ali. No escuro eu não podia ver seu rosto ou seu pescoço.
Morto ou vivo, eu fiz tudo que pude.
Larry estava de pé, a escopeta desajeitada em suas mãos.
Houve um grito, espremido e cheio de dor. Wallace estava no chão com um escasso corpo de vampiro em cima dele. Presas dentro de seu braço. O osso quebrou com um sonoro barulho. Ele gritou de novo.
Eu tive um vislumbre de Coltrain parado, congelado, apenas lá. Houve um movimento atrás dele. Eu olhei atentamente para lá, esperando um vampiro sair das sombras, mas algo brilhou.
Uma faca de prata apareceu na minha vista. Eu encarei aquilo, mas eu perdi um segundo de alguma forma.
A próxima coisa que eu vi era a ponta da faca aparecendo na garganta de Coltrain. Eu perdi outro segundo, piscando na escuridão, e o vampiro arrancou a faca do pescoço dele e foi embora. Ele desviou da árvores como algo nada humano, incrivelmente rápido, como um pesadelo visto pela córnea de seus olhos.
Larry levantou a escopeta para seus ombros, mirando na direção de Wallace. Eu ia tomar ela dele, e algo me acertou nas costas e rodou comigo para o chão. Uma mão pressionava meu rosto no chão seco. Uma segunda mão arrancou minha capa pelas costas tão violentamente que rasgou um ombro. Houve uma explosão logo atrás da minha cabeça, e o vampiro tinha sumido.
Eu rolei virada para cima, ouvido zunindo.
Larry estava parado perto de mim com seus braços esticados, arma pra baixo. Seja lá no que ele tinha atirado, tinha ido embora na escuridão.
Meu ombro esquerdo estava machucado, mas não tão ruim quanto ficaria se eu não levanta-se. Eu me firmei em pé. Os vampiros haviam ido embora.
Wallace estava sentado, passando as mãos no braço. Coltrain estava deitado no chão sem se mover.
Houve um barulho atrás de nós. Eu virei, apontando com a Browning. Larry estava virando também, mas muito lento. Eu abaixei o cano, era o St. John.
“Não atire. Sou eu.”
Larry segurou sua arma apontada para o chão com as duas mãos. “Jesus amado” Ele disse.
Amém. “O que aconteceu com você?”
“A queda me levou pra baixo. Eu segui os sons dos tiros.” St. John disse.
Uma rajada de vento passou por nós. Cheirava tanto a chuva que estava sentindo na minha pele.
“Cheque o pulso de Granger, Larry.” Eu disse.
“O que?” Larry pareceu meio chocado.
“Veja se ele está vivo.” Era um trabalho desagradável, e eu mesma teria feito, mas confiava mais em mim do que em Larry para manter os vampiros longe. Ele me salvou uma vez essa noite, mas eu continuo confiando mais em mim.
St. John andou até nós. Ele tocou Wallace, que assentiu. “Meu braço está quebrado, mas eu estou vivo.”
Larry ajoelhou do lado de Granger. Ele passou a arma para sua mão esquerda, não era a melhor coisa a se fazer, mas eu entendia. Difícil checar um pulso no escuro de uma garganta quente de sangue, melhor usar sua mão dominante.
“Ele ainda tem pulsação.” Ele olhou para cima, seu sorriso aliviado contrastou no escuro.
“Coltrain está morto,” St. John disse. “Deus me ajude, ele está morto.” Ele levantou a mão e sua pele estava reluzindo sangue, preto por causa da luz. “Ele está quase decapitado. O que fez isso?”
“Espada.” Eu disse. Eu tinha visto. Tinha visto acontecer. Mas tudo que eu conseguia lembrar era um corpo preto e mais alto que o de um ser humano. Ou mais alto que a maioria. Uma sombra de uma espada era tudo que eu tinha visto, e eu estava olhando diretamente para aquilo.
Algo fluiu pela minha pele, e não era o vento. Poder encheu a noite de primavera como água. “Tem algo velho aqui.” Eu disse.
“Do que você está falando?” St. John disse.
“Um vampiro antigo. Está aqui. Eu posso sentir.”
Eu procurei na escuridão, mas nada se moveu além das árvores, do vento. Não havia nada para ver. Nada para lutar. Mas estava lá e estava perto. Com a espada na mão, talvez.
Granger se levantou tão rápido que Larry caiu no chão com um grunido. Os olhos do grande homem se viraram para mim. Eu vi suas mãos irem para sua arma, e eu sabia o que o vampiro estava fazendo.
Eu apontei a Browning para sua cabeça e esperei. Eu tinha que ter certeza.
Granger procurou pelo seu riffle caído. Ele levantou seu braço e apontou lentamente, como se ele não quisesse fazer aquilo. Ele apontou para Larry com menos de um pé de distância.
Wallace gritou, “Granger, o que diabos você está fazendo?”
Eu atirei.
Granger cambaleou, sua arma vacilou, então suas mãos a recuperaram. Eu atirei de novo, e de novo. Suas mãos caíram lentamente no chão, ainda com a arma nela. Ele caiu direto de costas no chão.
“Granger!” Wallace estava gritando, avançando até seu parceiro. Merda.
Eu tive que socar e chutar a arma para fora de suas mãos. Se ele movesse eu atiraria nele de novo. Ele não mexeu. Ele apenas ficou deitado, morto.
Wallace tentou segurar ele com uma mão. “Por que você atirou nele? Por que?”
“Ele ia matar Larry. Você viu.
“Por que?”
“O vampiro que o mordeu. Seu mestre está aqui. E ele é um filho da puta poderoso. Ele usou Granger.”
Wallace estava com a cabeça ensangüentada de Granger em seu colo, seu próprio braço machucado pressionado no peito de Granger. Ele estava chorando.
Merda.
Um som rodou pelo vento. Um curto, furioso latido. Uma mulher gritou, alto e claro, cortando através do som.
“Oh, Deus.” Eu sussurrei.
“Beth.” St. John estava de pé correndo antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.
Eu agarrei o ombro de Wallace, puxando sua jaqueta. Ele olhou para cima.
“O que aconteceu?”
“Eles estão na casa.” Eu disse. “Você consegue andar?”
Ele assentiu. Eu o ajudei a ficar de pé.
Outro grito veio. Não era o mesmo grito. Um homem dessa vez, ou um garoto.
“Fique com ele,Larry. Chegue na casa o mais rápido que puder,”
“E se eles planejaram nos separar?” Larry perguntou.
“Então está funcionando.” Eu disse. “Atire em qualquer coisa que mova.” Eu toquei seu braço, como se isso fizesse as coisas mais reais, mantivesse ele seguro. Não iria, mas era tudo que eu tinha. Eu tinha de ir para a casa. Larry havia sido ensino a matar monstros. Os Quinlans e Beth St. John não.
Eu guardei a Browning, mantive minhas duas mãos na escopeta, e me mandei por entre as árvores. Eu corri, sem nem olhar por onde estava indo. Passando por espaços entre as árvores sem nem pensar se haviam espaços, mas haviam. Eu pulei um tronco e quase caí, mas me segurei e continuei correndo. Um galho bateu no meu rosto, trazendo lágrimas aos meus olhos. A floresta que parecia transitável antes agora era feita de raízes e galhos que prendiam e engastalhavam. Eu estava correndo cega. Não era um bom jeito de se manter viva com vampiros no escuro. Eu cai de joelhos perto da casa dos Quinlans, a escopeta ainda apertada em minhas mãos.
A porta da frente estava aberta. A luz reluzia em um quente retângulo. Barulhos de tiros vinham de dentro dela. Eu fiquei de pé e corri para a luz.
O poodle estava deitado quebrado perto da porta, enrolado como se alguém houvesse forçado ele em uma bola.
A porta da sala de estar estava aberta.Ouvi um segundo tiro. Eu entrei pela porta da esquerda, costas contra a parede, escopeta pronta.
Senhor e Senhora Quinlan estava abraçados num canto distante segurando suas cruzes na frente deles. O metal brilhava em uma quente e branca luz como um magnésio queimando.
A coisa na frente deles não parecia muito com um vampiro. Parecia como um esqueleto com músculos e carne estirados em seus ossos. Ele estava esticado, impossivelmente magro e alto. A espada estava de volta, brilhante e grande. Era o assassino de Coltrain?
St. John estava atirando na vampira de cabelo castanho da floresta. Ela tinha um longo cabelo escuro partido no meio, reto e adorável, montando o rosto que tinha sangue espalhado e esticado enquanto mostrava suas presas.
St. John continuou atirando no corpo da vampira. Ela continuava chegando. Sangue espalhou em frente da sua jaqueta jeans. Sua arma clicou, vazia. A vampira cambaleou, e então caiu de joelhos.
Ela então caiu de quatro, e você podia ver que suas costas estava só na carne. Ela deitou, lutando pra respirar no chão, enquanto St. John se recuperava.
Eu fiquei de pé, tentando manter um olho na porta em caso desse não ser o único. Eu andei até os Quinlans e até a coisa que estava na frente deles. Eu precisava de um ângulo melhor antes que eu usasse a escopeta. Não queria transformar os Quinlans em parte do papel de parede.
A coisa se virou para mim. Eu tive um vislumbre do seu rosto que não era nem humano nem animal, era uma coisa esticadamente magra, um alien com presas e cego, olhos brilhando. Ele se encolheu, e sua pele fluiu para uma carne desnuda que cobria seu quase osso nu. Eu nunca tinha visto nada como isso. Quando eu apontei a escopeta, eu estava olhando para aquilo que deveria ser um rosto humano. Cabelos brancos e longos cobriam seu esquelético rosto, e mega-corredor era a palavra para seu movimento. Aquilo corria como algum deles voavam, quase como se fizesse mais de uma coisa junto, eu não tinha palavras melhores pra explicar isso.
Alguns deles voavam, esse corria. Tinha ido embora antes que eu pudesse tocar no gatilho.
Eu fui deixada olhando a porta aberta onde ele passou que estava movimentando pra frente e pra trás. Eu poderia ter atirado? Eu hesitei? Eu acho que não, mas não tinha certeza. Era como na floresta quando Coltrein morreu, como se eu houvesse perdido alguns segundos.
O vampiro devia ser nosso assassino, mas a única coisa que eu vi claramente na floresta era a espada.
St. John atirou na vampira caída. Ele atirou até sua arma clicar vazia de novo. A arma fez click, click,click.
Eu andei até ele. A cabeça da vampira era uma carne sangrenta e pesada, coisas molhadas. Não havia sobrado um rosto. “Está morta, St. John. Você a matou.”
Ele apenas me encarou, abaixando sua arma vazia. Ele estava tremendo. Ele caiu de joelhos de repente, como se ele não pudesse mais ficar em pé. Ele engatinhou até sua esposa, deixando sua arma jogada no tapete. Ele a pegou em seus braços, meio que a abraçando e ninando ela. Ela estava coberta de sangue. Sua garganta estava crua de carne em um lado.
St. John estava fazendo um alto e intenso som profundo em sua garganta.
As cruzes dos Quinlans haviam parado de brilhar. Eles se levantaram agarrados um no outro, piscando como se estivessem cegos pela luz.
“Jeff- eles pegaram Jeff.” Sra. Quinlan disse.
Eu olhei para ela. Seus olhos estavam muito abertos. “Ele pegou Jeff.”
“Quem pegou Jeff?” Eu perguntei.
“O maior deles.” Sr. Quinlan disse. “Aquela coisa, aquela coisa disse para Jeff tirar sua cruz, e Jeff tirou.” Ele olhou para mim com olhos sobressaltados. “Por que ele fez isso? Por que ele tirou a cruz?”
“O vampiro o pegou com os olhos,” Eu disse. “Ele não pode evitar.”
“Se a fé dele tivesse sido maior, ele não teria desistido.” Quinlan disse.
“Não foi culpa do seu filho.”
Quinlan balançou a cabeça. “Ele não era forte o suficiente.”
Eu virei para longe dele. O que me deixou encarando St. John. Ele havia posto no colo e braços o quanto pode do corpo de sua esposa. Ele a ninava, olhos distantes. Ele não estava vendo essa sala. Ele estava em algum lugar dentro dele. Algum lugar melhor. Eu espero.
Eu fui pela porta. Eu não tinha que ver isso. Ver St. John ninando o corpo de sua esposa não era parte da descrição do meu trabalho. Honestamente.
Eu me sentei nas escadas onde eu podia ver a porta, o corredor e as escadas até o corredor.
St. John começou a cantar em uma estranha e quebrada voz. Me levou algum tempo para perceber que o que ele estava cantando era “Você é tão linda.” Eu levantei e fui para fora.
Larry e Wallace estavam hesitantes no alpendre. Eu apenas balancei minha cabeça e continuei andando. Eu estava quase na garagem quando não podia mais ouvir a canção.
Eu parei ali puxando o ar profundamente e soltando ele devagar. Eu concentrei em minha respiração, concentrei no som dos sapos e do vento. Eu concentrei em tudo menos no som que estava crescendo na minha garganta. Eu fiquei ali no escuro, no lugar aberto, sabendo que era perigoso, mas não tinha certeza se ligava. Eu fiquei ali até que tive certeza que não iria gritar. Então eu me virei e voltei para a casa.
Foi a coisa mais valente que eu havia feito na noite toda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 16


Detetive Freemont se sentou no final do sofá dos Quinlans e eu me sentei no outro. Nós estávamos o mais longe uma da outra quanto era possível. Apenas orgulho me segurou de não pegar uma cadeira. Eu não iria me encolher diante de seus frios olhos de policial. Então eu me mantive no final do meu sofá, mas foi um esforço.
Sua voz era baixa e cuidadosa, cada palavra separada, como se ela fosse gritar se apressasse as palavras. “Por que você não me ligou e disse que havia um segundo assassinato de vampiro?”
“Xerife St. John chamou os policiais estaduais. Eu presumi que você seria avisada.”
“Bom, eu não fui.”
Eu encarei seus olhos gelados. “Você estava a 20 minutos longe da cena de crime olhando para um possível assassinato de vampiro. Por que eles não te chamariam para uma segunda cena de crime?”
Os olhos de Freemont olharam para o lado, e depois de volta para mim. Seus olhos policiais haviam diminuído um pouquinho. Era difícil ler eles para ter certeza, mas ela parecia tensa. Talvez até assustada.
“Você não contou a eles que era um assassinato de vampiros, contou?” Eu disse.
Seus olhos se encolheram.
“Merda, Freemont. Eu sei que você não quer os federais roubando seu caso, mas segurar informações da sua própria gente... aposto que seus superiores não estão felizes com você.”
“Isso é problema meu.”
“Ta certo. Seja lá qual for seu plano, mais poder para você, mas por que você está puta comigo?”
Ele puxou o ar profundamente, meio tremendo e deixou ele sair como um corredor tentando ter um último fôlego.
“Como você tem certeza que o vampiro usou uma espada?”
“Você viu o corpo.” Eu disse.
Ela assentiu. “Um vampiro poderia ter arrancado fora o pescoço.”
“Eu vi a espada, Freemont.”
“O 'ME' poderá acreditar em você, ou não.”
“Por que você não quer que isso seja de vampiros?”
Ela sorriu. “Eu pensei que tinha esse caso todo resolvido. Pensei que iria prender alguém essa manhã. Eu não pensei que fosse um vampiro.”
Eu encarei ela. Eu não estava sorrindo. “Se não foram vampiros, então o que era?”
“Feéris*.” Eu a encarei por uma batida de coração. “O que quer dizer?”
(*Então, segundo o que vi no Wiki são tipo fadas, mas como a Isadora colocou já Feéris, vou manter assim, também porque não são exatamente fadas.)
“Seu chefe, Sargento Storr, me ligou. Me contou sobre o que você tinha descoberto sobre Magnus Bouvier. Ele não tinha um álibi para a hora do assassinato, e até você pensou que ele poderia ter feito isso.”
“Porque ele podia não quer dizer que ele tenha feito.” Eu disse.
Freemont encolheu os ombros. “Ele correu quando eu tentei questiona-lo. Pessoas inocentes não correm.”
“O que quer dizer, ele correu? Se você estava lá questionando ele, como ele correu?”
Freemont sentou encostando as costas no sofá, mãos segurando uma na outra tão forte que seus dedos estavam manchando.
“Ele usou mágica para nublar nossas mentes, e fazer ele escapar.”
“Que tipo de mágica?”
Freemont balançou a cabeça. “O que você quer que eu diga, Senhorita Expert em coisas Sobrenaturais? Quatro de nós sentamos ali em seu restaurante como idiotas enquanto ele apenas foi embora. Nós nem ao menos vimos ele levantar da mesa.”
Ela olhou para mim, sem sorrisos. Seus olhos eram escuros com seu neutro frio olhar.
Você poderia encarar o dia todo alguém com esses olhos e manter todos seu segredos a salvo.
“Ele parecia humano para mim, Blake. Ele parecia como um bom e normal cara. Eu não teria percebido ele em uma multidão. Como você sabia o que ele era?”
Eu abri minha boca e fechei. Eu não tinha certeza de como responder essa pergunta. “Ele tentou usar glamor em mim, mas eu sabia o que estava acontecendo.”
“O que é glamor, e como você sabia que ele estava usando um feitiço em você?”
“Glamor não é exatamente um feitiço.” Eu disse. Eu sempre odiei explicar coisas sobrenaturais para pessoas que não entendiam da área. Era como ter física quântica explicada para mim. Eu podia seguir os conceitos, mas eu teria de aceitar a palavra deles para a matemática.
A matemática está além da minha capacidade, eu odeio admitir, mas estava. Mas não entender física quântica não me mataria. Não entender criaturas sobrenaturais talvez matasse Freemont.
“Eu não sou burra, Blake. Me explique.”
“Eu não acho que você é burra, Detetive Freemont. É apenas difícil de explicar. Eu estava dirigindo com dois uniformizados em St. Louis. Eles estavam me transportando de uma cena de crime, bancando o táxi. O motorista viu um cara apenas andando por ali. Ele o parou, colocando ele contra o carro. O cara estava carregando uma arma e estava sendo procurado em outro estado por roubo à mão armada. Se eu estivesse em uma sala com ele, eu teria notado a arma, mas apenas passando de carro, sem chance. Eu nunca teria visto. Até seu parceiro perguntou como ele tinha visto. Ele não conseguiu explicar pra gente fazer, mas ele sabia como fazer.”
“Então é prática?” Freemont disse.
Eu suspirei. “Em parte, mas inferno, Detetive, eu levanto mortos, eu tenho umas habilidades sobrenaturais. Isso me dá vantagens.”
“Como diabos nós devemos vigiar essas criaturas, Senhorita Blake? Se Bouvier tivesse uma arma, nós apenas sentaríamos ali e deixaríamos ele atirar na gente. Nós meio que acordamos e ele não estava mais ali. Eu nunca vi nada como aquilo.”
“Há coisas que você pode fazer para se proteger do glamor de feéris.”
“O que?”
“Um trevo de quatro folhas quebra o glamor, mas não te mantém seguro se ele resolver te matar com as próprias mãos. Há outras plantas que você pode usar, ou carregar para quebrar o glamor: Saint-John's-wort, red verbena, margaridas, rowan, e cinzas*. Minha escolha seria ter uma pomada feita de trevos ou de Saint-John's-wort. Esfregue em suas pálpebras, boca e orelhas e mãos. Te fará imune ao glamor.”
(*deixei umas em inglês, porque obviamente não sei o que é.)
“Onde eu arranjo essa coisa?”
Eu pensei nisso por um segundo.
“Bom, em St. Louis eu sei onde ir. Aqui, tente ir em lojas que vendem comidas saudáveis ou shoppings que vendem coisas ocultas. Qualquer pomada contra feéris vai ser difícil de achar por que não tem muitos nativos deles nesse país. Pomada de trevos é cara, e rara. Tente o Saint-John's-wort.”
Ela suspirou. “Essa pomada irá funcionar em algum controle mental, como de vampiros?”
“Não,” Eu disse. “Você pode até derrubar um vampiro num buraco cheio de Saint-John's-wort e ele não ligaria.”
“O que você faz contra vampiros então?”
“Mantenha sua cruz, evite contato com os olhos, ore. Eles podem fazer coisas que fariam Magnus parecer um amador.”
Ela esfregou os olhos, espalhando sombra em seu dedo. Ela de repente parecia cansada. “Como a gente protege as pessoas de algo como isso?”
“Você não protege.” Eu disse.
“Sim, nós protegemos.” Ela disse. “Nós temos que proteger, é nosso trabalho.”
Eu não sabia o que dizer para isso, então eu nem tentei. “Então você acha que foi Magnus porque ele fugiu e porque ele não tem um álibe.”
“Por que mais ele fugiria?”
“Eu não sei.” Eu disse. “Mas ele não fez isso. Eu vi a coisa na floresta. Não era Magnus. Inferno, eu apenas ouvi falar de vampiros se formando de sombras. Eu nunca tinha visto aquilo antes.”
Ela olhou para mim. “Você nunca viu antes. Isso não é confortador.”
“Não era pra ser. Mas desde que não foi Magnus, você pode acabar com o mandato atrás dele.”
Ela balançou a cabeça. “Ele usou mágica em oficiais da polícia enquanto era acusado de um crime. Esse é um delito classe C.”
“Qual é seu crime?”
“Escapar.”
“Mas ele não ia ser preso.”
“Eu tinha um mandato para ele.” Ela disse.
“Você não tinha o suficiente para um mandato.” Eu disse.
“Ajuda conhecer as pessoas certas.”
“Ele não matou aquelas crianças, nem Coltrain.”
“Você apontou o dedo para ele.” Ela disse.
“Era apenas uma possibilidade alternativa. Com cinco pessoas mortas, eu não tinha tempo de estar errada.”
Ela levantou. “Bem, você teve seu palpite. Foi um vampiro e eu não faço idéia porque Magnus Bouvie fugiu de nós. Mas só por ter usado mágica em oficiais da polícia, já foi um delito.”
“Mesmo se ele for inocente do crime original você vai tentar prendê-lo? “ Eu perguntei.
“Usar mágica é um crime sério, Senhorita Blake. Há um mandato para sua prisão. Você viu ele, você lembra disso.”
“Eu sei que Magnus não é uma boa pessoa, detetive. Eu não sei porque ele correu, mas se você sair dizendo que ele usou mágica em policiais, alguém vai atirar nele.”
“Ele é perigoso, Senhorita Blake.”
“Sim, mas um monte de pessoas também, detetive. Você não as caça e as prende por isso.”
Ela assentiu. “Nós todos tempos defeitos, Senhorita Blake, faz todos nós sermos errados de vez em quando. Pelo menos aqui nós sabemos o que fez tudo isso.”
“Sim.” Eu disse. “Nós sabemos.”
“Você sabe quando o corpo da garota foi levado? Ela perguntou. Ela pegou uma caderneta do bolso do casaco. Direto aos negócios.
Eu balancei a cabeça. “Não. Tinha apenas ido embora quando eu subi.”
“O que te fez pensar em checar o corpo?”
Eu olhei para ela. Seus olhos estavam agradáveis e ilegíveis. “Eles tiveram um belo trabalho pra fazerem dela uma deles. Eu pensei que eles tentariam levar ela. Eles levaram.”
“O pai está fazendo um barulho dizendo que ele pediu para você estacar o corpo antes de ir caçar os vampiros. É verdade?” Sua voz era suave, tranqüila. Mas ela estava prestando atenção nas respostas. Ela não tomava tantas notas quanto Douph. A caderneta parecia mais algo para manter suas mãos ocupadas. Eu estava finalmente vendo Freemont fazer seu trabalho. Ela parecia boa nisso. Isso era tranqüilizador.
“Sim, é verdade.”
“Por que você não estacou a garota quando seus pais pediram?”
“Eu conheci um pai. Viúvo. Sua filha, sua única criança havia sido mordida. Ela queria ela estacada.
Eu fiz o trabalho naquela noite, naquele instante. Na manhã seguinte ele estava no meu escritório chorando, querendo que eu desfizesse aquilo. Querendo que eu trouxesse sua filha de novo como vampira.” Eu encostei no sofá, me abraçando.
“Você põe uma estaca no coração de um vampiro e ele está morto de vez.”
“Eu pensei que você deveria arrancar a cabeça de um vampiro para ter certeza.”
“Você arranca.” Eu disse. “Se eu tivesse estacado a garota Quinlan, eu teria tirado pra fora seu coração, e cortado sua cabeça pra fora.” Eu balancei a cabeça. “Não sobraria muito.”
Ela escreveu algo no caderno. Eu não pude ver o que. Eu aposto que era um rabisco e não uma palavra. “Eu vejo porque quis esperar, mas o Sr. Quinlan está falando em processar você.”
“É, eu sei.”
Freemont levantou as sobrancelhas. “Apenas pensei que iria querer saber.”
“Obrigada.”
“Nós não achamos o corpo do garoto ainda.”
“Eu não acho que você vai achar.” Eu disse.
Seus olhos não pareciam agradáveis mais. Ela olhava com os olhos cerrados e suspeitos. “Por que?”
“Se eles quisessem matar ele, eles poderiam ter feito aqui, hoje. Eu acho que eles querem fazer ele ser um deles.”
“Por que?”
Eu encolhi os ombros. “Eu não sei. Mas normalmente quando um vampiro tem um interesse pessoal numa família, tem uma razão.”
“Você quer dizer, um motivo?”
Eu assenti. “Você viu os Quinlans. Eles são católicos devotos. A igreja vê vampirismo como suicídio. Suas crianças irão queimar por toda a eternidade no inferno se virarem vampiros.”
“Pior que apenas matá-los.” Ela disse.
“Para os Quinlas, eu acho.”
“Você acha que os vampiros vão voltar para pegar os pais?”
Eu pensei nisso por um minuto. “Inferno, não sei. Eu quero dizer, antes de vampiros serem legais você tinha alguns casos onde o Vampiro Mestre pegava famílias inteiras. As vezes viravam amigos deles primeiro. As vezes apenas vingança por algo pequeno. Mas desde quando eles se tornaram legais, você não sabe mais os motivos deles. Quero dizer, o vampiro podia levá-los para o tribunal.
O que os Quinlans poderiam fazer que foi ruim o suficiente para isso?”
A porta se abriu. Freemont se virou, o franzido na testa já no lugar. Dois homens apareceram no corredor. Os dois estavam vestidos em ternos pretos, gravatas pretas e camisas brancas. Uniforme habitual dos federais.
Um era baixo e branco, o outro alto e negro. Os dois sozinhos faziam eles parecerem bem diferente, mas havia uma igualdade neles, como um mesmo biscoito houvesse sido cortado não importando o quão torrado por fora ele estava*.
(*?)
O mais baixo deles mostrou seu distintivo para nós. “Eu sou o Agente Especial Bradford, esse é o Agente Elwood. Qual de vocês é a Detetive Freemont?”
Freemont andou até eles com as mãos para cima. Mostrando que ela estava desarmada e amigável. É, ta certo. “Eu sou a Detetive Freemont. Essa é Anita Blake.”
Eu apreciei ser incluída nas apresentações. Eu me levantei e me juntei a eles.
Agente Bradfort olhou para mim por um longo tempo. Tempo suficiente para me estressar. “Tem alguma coisa aqui, Agente Bradford?”
Ele balançou sua cabeça. “Eu atendi as chamadas de conferência do Sargento Storr no Quântico. O jeito que ele falava sobre você, eu pensei que você fosse maior.” Ele sorriu quando disse, metade sendo amigável e metade condescende.
Um monte de respostas ferozes vieram em minha mente, mas nunca entre numa briga com Federais. Você irá perder. “Desculpe por desapontá-lo.”
“Nós conversamos com o Oficial Wallace. Ele também fez com que você parece mais alta.”
Eu encolhi os ombros. “Difícil de me fazer parecer mais baixa.”
Ele sorriu. “Nós gostaríamos de conversas com a Detetive Freemont em particular, Senhorita Blake. Mas não vá para muito longe, nós queremos uma declaração sua e de seu assistente, Sr. Kirkland.”
“Claro.”
“Eu peguei a declaração da Senhorita Blake pessoalmente.” Freemont disse. “Eu acho que nós não vamos precisar dela mais essa noite.”
Bradfort olhou para ela. “Eu acho que nós decidiremos isso.”
Eu apenas olhei para ela. Alguma bunda ia ser frita e Freemont estava dirando o dela da reta. Ótimo.
“Não esqueça do garoto desaparecido.” Eu disse. Todo mundo olhou para mim. “Você quer começar a apontar dedos, ótimo, tem bastante culpa pra jogar por aí. Se você não tivesse me perseguido mais cedo, eu talvez a teria chamado, mas eu chamei a policia estadual. Se você dissesse aos seus superiores tudo que eu tinha te falado, eles teriam conectado os dois casos, e você estaria aqui de qualquer forma.”
“Eu tinha homens o suficiente para cobrir as casas e os civis.” Freemont disse. “Não me incluir custou vidas.”
Eu assenti. “Provavelmente. Mas você teria vindo aqui e me chutado novamente. Você teria pego St. John e seu pessoal e teria ido para o escuro com cinco vampiros, um deles bem antigo, quando tudo que vocês viram foram fotos me assassinatos de vampiros. Eles teriam destruído você, mas talvez, apenas talvez, Beth St. John estaria viva. Talvez Jeff Quinlan ainda staria aqui.”
Eu olhei para ela, e assisti a raiva desaparecer de seus olhos. Nós nos encaramos. “Precisou de nós duas pra foder com isso, Sargento.” Eu me virei para os dois agentes. “Eu vou esperar lá de fora.”
“Espere.” Bradford disse. “Storr disse que as vezes a comunidade legal de vampiros ajudam em casos como esse. Com quem falo por aqui?”
“Por que eles caçariam um deles mesmos?” Agente Elwood perguntou.
“Esse tipo de merda é ruim para os negócios. Especialmente agora com a filha do Senador Brewster sendo morta. Vampiros não rpecisam de mais publicidade ruim. A maioria deles gostam de ser legais. Eles gostam do fato que matar um deles é assassinato.”
“Então, com quem eu falo?” Bradford perguntou.
Eu suspirei. “Nessa área eu não sei. Eu não sou daqui.”
“Como eu descubro com quem falar?”
“Eu talvez possa te ajudar nisso.”
“Como?”
Eu balancei minha cabeça. “Eu conheço alguém que pode saber de algum nome. Eu tentarei não te dar um tempo ruim aqui, mas um monte de monstros não gostam de lidar com policiais. Não faz tanto tempo que policias apenas atiravam neles só de vê-los.”
“Então você está dizendo que os vampiros vão falar com você e não com a gente?” Elwood disse.
“Mais ou menos isso.”
“Isso não faz sentido. Você é uma executora de vampiros. Seu trabalho é matar eles. Por que eles iriam acreditar em você e não em nós?” Ele perguntou.
Eu não sabia como explicar, e não tinha certeza se queria. “Eu também levanto zumbis, Agente Elwood. Eu acho que eles meio que me consideram como um dos monstros.”
“Mesmo você sendo a versão deles de uma cadeira elétrica.”
“Mesmo assim.”
“Isso não tem lógica.”
Eu ri então, eu não pude evitar. “Deus, tem alguma coisa que aconteceu hoje que foi lógica?”
Elwood me deu um pequeno sorriso. Eu notei que ele era o mais novo dos dois. Eu não acho que ele aprendeu a regra que agentes de FBI não sorriem.
“Você não iria segurar informações do FBI, iria, senhorita Blake?” Bradford perguntou.
“Se eu descobrir o nome de algum vampiro nessa área que irá falar com você, eu te darei o nome,”
Bradford me encarou. “E que tal se você descobrir o nome de qualquer vampiro nessa área e você nos der o nome. Deixe a gente se preocupar se eles vão falar ou não conosco.”
Eu olhei para ele por uma batida de coração e menti. “Claro.”
Se eu esperava que os monstros me ajudassem, eu não podia dar todos eles para a policia. Só alguns selecionados.
Ele me olhou como se não acreditasse em mim, mas ele não podia me chamar de mentirosa na minha cara. “Quando nós acharmos o vampiro responsável, nós nos certificaremos de chamar você para matá-lo.”
Isso era mais que Freemont podia fazer. A noite estava subindo. “Me bipe a qualquer hora.”
“Nós conversaremos com a Sargento Freemont agora, Senhorita Blake.”
Eu fui descartada. Tudo bem por mim. Ele me ofereceu sua mão. Eu a peguei. Ele apertou. Agente Elwood também. Todo mundo sorriu. Eu fui embora.
Larry estava esperando de fora, no corredor. Ele se levantou da escada, onde estava sentado.
“E agora?”
“Eu preciso fazer uma ligação.”
“Pra quem?”
Mais dois homens com “Agente Federal” tatuados em suas testas passaram pela entrada na direção da cozinha. Eu balancei minha cabeça e fui pela porta para o lado de fora no vento lado da noite. O lugar estava cheio de policiais. Eu nunca vi tantos agentes federais na minha vida. Mas ei, o primeiro vampiro serial killer era novidade. Todo mundo queria um pedaço. Assisti todo mundo andando em volta e de repente queria ir para casa. Apenas fazer minhas malas e ira para casa. Ainda era cedo. Horas e horas restavam de escuridão. É que parecia ter sido uma eternidade desde que eu deixei o cemitério. Inferno, ainda teria tempo de voltar e dar uma olhada pelo pátio de ossos de Stirling antes de amanhecer.
Eu fui até o Jeep que Bayard havia nos emprestado. Eu usaria o telefone portátil que vinha nele. Larry entrou no banco do passageiro.
“Telefonema particular.”
“Vamos lá, Anita.”
“Fora, Larry.”
“Fora no escuro com os vampiros.” Ele piscou seus grandes olhos azuis para mim.
“O lugar está cheio de policiais. Eu acho que você ficará bem. Fora.”
Ele saiu, resmungando por cima de sua respiração. Ele podia resmungar o quanto quisesse. Larry queria ser caçador de vampiro, ótimo, mas ele não tinha que estar intimamente envolvido com os monstros como eu estava. Eu estava tentando mante-lo fora disso o quanto podia. Não era fácil, mas valia o esforço.
Eu menti para os bons agentes. Não era o fato que eu levantava zumbis que me deixava de boa com os vampiros. Era o fato que o Mestre da Cidade de St. Louis tinha uma queda por mim. Talvez estivesse apaixonado por mim, ou pelo menos ele pensava que sim.
Eu sabia o número de cor, o que era um mau sinal. “Prazeres Malditos, onde suas fantasias mais obscuras se tornam realidade. Aqui é Robert. Como posso te ajudar?”
Ótimo, Robert, um dos vampiros que menos gostava. “Olá, Robert, aqui é Anita. Eu preciso falar com Jean-Claude.”
Ele hesitou e então disse, “Eu irei transferir você para o telefone de seu escritório. É um sistema novo, então se eu te desconectar, ligue de volta.”
O telefone clicou antes que eu pudesse responder. Um momento de silêncio e a voz veio do outro lado da linha. Você pode criticar um monte de coisas em Jean-Claude, mas ele era bom em ligações.
“Boa noite, ma petite.” Era isso, tudo que ele disse, mas mesmo com o zunido do telefone sua voz era como veludo dentro da minha cabeça.
“Eu estou próxima de Branson. Eu preciso falar com o Mestre da Cidade daqui.”
“Sem ‘Boa noite Jean-Claude, como vai você?’ Apenas vai direito aos negócios. Que terrivelmente rude, ma petite.”
“Olha, eu não tenho tempo para joguinhos agora. Alguns vampiros daqui estão sendo procurados. Eles seqüestraram um garoto novo. Eu quero achar eles antes que eles façam do garoto um deles.”
“O quão jovem é o garoto?”
“Dezesseis.”
“Em séculos passados, ma petite, ele não considerado uma criança.”
“Não é uma idade legal nesse exato minuto.”
“Ele foi voluntariamente?”
“Não.”
“Você sabe isso como um fato, ou você meramente disse que ele foi seqüestrado.?”
“Eu conversei com ele antes. Ele não ria por ele mesmo.”
Jean-Claude suspiroou. O som deslizou pela minha pele como dedos gelados. “O que você quer de mim, ma petite?”
“Eu quero falar com o Mestre da Cidade daqui. Eu preciso do nome. Eu presumo que você saiba quem é o Mestre daqui.”
“Claro, mas não é assim tão simples.”
“Nós só temos três noites para salvar ele, e um inferno a mais se eles apenas quiserem um lanche.”
“O Mestre não irá falar com você sem um guia para te levar.”
“Mande alguém ,então.”
“Quem? Robert? Willie? Nenhum deles são poderosos o suficiente para te escoltar.”
“Se você quer dizer que eles não podem me proteger, eu posso me proteger sozinha.”
“Eu sei que você pode cuidar de si mesma, ma petite. Você tem feito isso abundantemente claro. Mas você não aparenta ser tão perigosa quanto você é. Você teria de atirar em um ou dois para ensinar a eles seus lugares. E se você saísse de lá viva, eles não te ajudariam.”
“Eu quero recuperar esse garoto intacto, Jean-Claude. Trabalhe comigo nisso.”
“Ma petite...”
Eu tive uma imagem dos olhos castanhos de Jeff Quinlan. Seu quarto com o papel de parede de cowbys. “Me ajude, Jean-Claude.”
Ele ficou em silêncio por um momento. “Eu sou o único com poder suficiente para ser seu acompanhante. Você deseja que eu largue tudo e corra até você?”
Foi a minha vez de ficar quieta. Colocando daquele jeito, não parecia certo. Soava como um grande favor. Eu não queria ficar em débito com ele. Mas eu provavelmente viveria devendo a ele um favor. Jeff Quinlan não.
“Tudo bem.” Eu disse.
“Você quer que eu vá te ajudar?”
Eu apertei meus dentes e disse, “Sim.”
“Eu irei voar amanhã a noite.”
“Hoje.”
“Ma petite, ma petite, o que eu vou fazer com você?”
“Você disse que ia me ajudar.”
“E eu vou, mas essas cosia levam tempo.”
“Ques coisas?”
“Seria de grande ajuda se você pensasse em Branson como um país estrangeiro. Um potencialmente hostil pai estrangeiro onde eu irei trabalhar para nos garantir uma passagem segura. Há costumes a serem observados. Se eu embarcar aí, isso pode ser visto como uma declaração de guerra.”
“Não tem como você começar essa noite?” Eu perguntei. “Sem começar uma guerra?”
“Talvez, mas se você esperasse uma noite a mais, ma petite, nós poderíamos entrar com muito mais segurança.”
“Nós podemos nos cuidar. Jeff Quinlan não.”
“É esse seu nome?”
“Sim.”
Ele puxou o ar profundamente e deixou sair num suspiro que me fez arrepiar. Eu teria dito a ele para parar, mas isso o divertiria, então eu não falei nada.
“Eu voarei para aí nessa noite. Como eu posso te contatar?”
“Quanto tempo você vai levar para voar essa distância?”
“Anita, você acha que eu voarei sozinho até aí, como um pássaro iria?”
Eu não gostei do tênue divertimento em sua voz, mas respondi honestamente. “Foi um pensamento.”
Ele gargalhou, e isso levantou os pêlos dos meus braços. “Ah, ma petite, ma petite, você é preciosa.”
Justamente o que eu queria ouvir. “Então como vai chegar aqui?”
“Com meu jato privado.”
Claro, ele tinha um jato privado. “Quando você pode estar aqui?”
“Eu estarei aí o mais cedo que puder, minha flor impaciente.”
“Eu prefiro 'ma petite' do que 'flor'.”
“Como preferir, ma petite.”
“Eu quero ver o Mestre de Branson hoje a noite, antes de amanhecer.”
“Você já fez isso abundantemente claro, e eu irei tentar.”
“Faça mais que tentar.”
“Você está se sentindo culpada a respeito desse garoto, por que?”
“Eu não estou me sentindo culpada.”
“Responsável, então.” Ele disse.
Eu sentei ali, sem ter certeza do que dizer. Ele estava certo. “Eu não posso supor que você minha mente agora, posso?”
“Não, ma petite, é apenas a sua voz e sua impaciência.”
Eu odiava o fato dele me conhecer tão bem. Odiava. “Sim, eu me sinto responsável.”
“Por que?”
“Eu estava no cargo.”
“Você fez tudo que podia para manter ele a salvo?”
“Eu tinha hóstias em cada entrada.”
“Alguém os deixou entrar então?”
“Eles tinham uma porta de cachorro que saia na garagem, e levava pra dentro da casa. Eles não quiseram cortar um buraco em qualquer outra porta.”
“Tinha uma criança vampira entre eles?”
“Não.”
“Então como?”
Eu descrevi a coisa, o vampiro esquelético. “Ele quase que mudava de forma. Ele mudava de volta em segundos. Quando ele mudava de volta, ele podia passar or um humano numa luz escassa. Eu nunca vi nada como isso.”
“Eu apenas vi essa habilidade uma vez.” Ele disse.
“Você sabe quem fez isso, não sabe?”
“Eu estarei aí o mais cedo que eu for capaz, ma petite.”
“Você está soando todo sério de repente, por que?”
Ele deu uma pequena risada, mas essa era seca, como vidro quebrado. Machucava só de ouvir.
“Você me conhece bem demais, ma petite.”
“Apenas responda a pergunta.”
“O garoto que eles levaram parecia mais novo que era?”
“Sim, por que?”
Silêncio foi denso o suficiente para eu ver que não ia ganhar uma resposta.
“Converse comigo, Jean-Claude.”
“Há outros garotos novos sumidos?”
“Não que eu saiba, mas eu também não perguntei.”
“Pergunte.” Ele disse.
“O quão novos?”
“Doze, quatorze, mais velhos se parecerem mais novos.”
“Como Jeff Quinlan”. Eu disse.
“Eu temo que sim.”
“Esse vampiro faz mais do que seqüestrar?”
“O que você quer dizer, ma petite?”
“Assassinato, não apenas morder eles, mas assassinar.”
“Que tipo de assassinato?”
Eu hesitei. Eu não podia discutir coisas da investigação policial com os monstros.
“Eu sei que você não confia em mim, ma petite, mas isso é importante. Me diga sobre essas mortes, por favor.”
Ele não dizia ‘por favor’ diariamente. Eu disse a ele. Não em grandes detalhes, mas o suficiente.
“Eles foram violados?”
“O que você quer dizer, violados?” Eu perguntei.
“Violados, ma petite, violados. Há outras palavras para isso, mas nenhuma delas boa para crianças.”
“Ah,” Eu disse. “Eu não sei se tiveram agressões sexuais. Eles ainda estavam vestidos.”
“Há coisas que você pode fazer sem tirar as roupas, ma petite. Mas o abuso deve ter acontecido antes da morte. Um abuso sistemático por um período de semans oou meses.”
“Eu vou descobrir se eles foram violados.” Uma idéia me ocorreu. “Esse vampiro não faz garotas?”
“’Faz’, quer dizer sexo?”
“Sim.”
“Se ele precisasse de companhia, ele teria escolhido uma garota jovem, mas apenas se ele não conseguisse achar nada mais.”
Eu respirei fundo. Nós estávamos falando de crianças como se elas fossem coisas, objetos. “Não, essa garota parecia quase uma mulher. Ela não aprecia nova.”
“Então, não, ele não escolheria tocá-la.”
“O que quer dizer, escolheria? Qual outra opção ele teria?”
“Seu mestre poderia ter ordenado ele a fazer, e ele obedeceu, se ele temia seu mestre o suficiente.
Se bem que eu não consigo pensar em muitas pessoas que sentiriam medo suficiente para fazer algo que eles consideram repugnante.”
“Você conhece esse vampiro. Quem é ele? Me dê seu nome.”
“Quando eu chegar, ma petite.”
“Apenas me dê o nome.”
“Para você poder dá-lo a polícia?”
“Esse é o trabalho deles.”
“Não, ma petite. Se for quem eu penso que é, não será trabalho para a polícia.”
“Por que não.”
“Muito simples, ele é muito perigoso e muito exótico para ser revelado ao público geral. Se os mortais descobrissem ele, isso poderia nos custar muitas coisas, eles se voltar contra todos nós. Você deve estar ciente da desagradável lei rondando o senado.”
“Estou ciente.”
“Então você entende minha cautela.”
“Talvez, mas se mais pessoas morrerem por conta da sua cautela, isso irá ajudar a lei de Brewster entrar em vigor. Pense nisso.”
“Ah, ma petite, eu estou. Acredite, eu estou. Agora, meu adeus. Eu tenho muito o que fazer.” Ele desligou.
Eu fiquei sentada ali, olhando o telefone. Maldito seja ele. O que ele quis dizer com exótico? O que podia esse novo vampiro fazer que os outros não? Ele podia se encolher o suficiente para passar por uma porta de cachorro. Talvez isso podia deixar Houdini com ciúmes, mas dificilmente era um crime. Mas eu lembrei de seu rosto. Nada humano. Nem mesmo era a cara de um cadáver. Tinha mais de uma coisa junta. Algo diferente. E eu lembrei daqueles segundos que eu perdi, duas vezes. Eu, a grande caçadora de vampiros, não pude ajudar um civil por uma batida de coração. Com vampiros, uma batida era o suficiente.
Visões dessas malditas coisas fariam você falar de demônios, que era o que Quinlan estava fazendo.
Os policiais ignoraram ele, e eu não falei nada da história dele. Quinlan nunca havia conhecido um demônio de verdade, ou ele não cometeria esse engano. Uma vez na presença de demônios, você nunca esquece. Eu prefiro lutar com uma dúzia de vampiros do que com uma presença demoníaca. Eles não ligam merda nenhuma para as suas balas de prata.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 17


Já passavam das duas da madrugada quando voltamos ao cemitério. Os federais tiveram que nos manter lá por pra sempre horas, porque eles não acreditavam que estávamos dizendo a verdade toda. Veja só. Odeio ser acusada de esconder evidências quando eu não estava. Me faz querer mentir só pra eles não ficarem desapontados. Eu acho que Freemont tinha pintado um retrato meu nada caridoso. Que isso me ensinaria a ser mais generosa. Mas parecia ser mesquinho apontar dedo uma pra outra e dizer ‘ela fez’ quando o sangue de Beth St. John ainda estava quente no tapete.
O vento que tinha feito tantas promessas de chuva havia ido embora. Aquelas nuvens densas que haviam escurecido a floresta enquanto estávamos caçando os vampiros, de repente tinham sumido. A lua estava grande, e há dois dias para ficar cheia. Desde que eu comecei a namorar Richard, eu presto mais atenção nos ciclos lunares. Olha só.
A lua navegava o brilhante céu da noite, brilhando como se tivesse sido polida. A luz da lua estava tão forte que causava tênues sombras. Você não precisava de lanterna, mas Raymond Stirling tinha uma. Uma maldita tocha estava em suas mãos como um sol capturado. Eu assisti ele começar a apontar aquilo para Larry e eu. Eu levantei o braço e disse, “Não aponte isso para a gente. Você vai arruinar nossa visão noturna.” Não era muito diplomático, mas eu estava cansada, e estava sendo uma longa noite.
Ele hesitou em movimentos lentos. Eu não precisei olhar seu rosto para saber que ele não tinha gostado. Homens como Raymond dão ordens melhor do que as aceitam. Ele desligou a lanterna. Bom para ele. Ele esperava com Sra. Harrison, Bayard e Beau reunidos em volta dele. Ele era o único com uma lanterna. Eu aposto que seus companheiros não estavam preocupados sobre visão noturna e teriam gostado de ter uma luz.
Larry e eu ainda estávamos com as capas. Eu estava ficando cansada da minha. O que eu realmente queria fazer era voltar ao hotel e dormir.
Mas uma vez que Jean-Claude aterrissasse eu não iria dormir de qualquer forma, então antes trabalhar. E também Stirling era meu único cliente pagante. Bem, sim, eu ganho dinheiro por matar vampiros, se for uma morte legal, mas não é muito dinheiro. Stirling estava financiando essa viagem. Ele merecia o resultado dele, eu acho.
“Nós estamos esperando por um longo tempo, Senhorita Blake.”
“Me desculpe se a morte de uma jovem garota foi inconveniente para você, Sr. Stirling. Devemos subir?”
“Eu não sou insensível a perda de uma pessoa, Senhorita Blake, e estou ressentido que implique que sou.” Ele parou ali na luz da lua, bem reto, bem cheio de ordens. Sr. Harrison e Bayard se moveram um pouco mais para perto, mostrando apoio. Beau apenas ficou parado, parecendo entretido atrás das costas de Stirling. Ele estava usando uma capa preta e touca. Ele parecia um fantasma.
Eu olhei para cima, para o claro e brilhante céu. Olhei para Beau. Ele sorriu o suficiente para seus dentes aparecerem na luz. Eu balancei minha cabeça e deixei pra lá. Talvez ele estava sendo um garoto escoteiro, sempre preparado e tudo isso.
“Certo, qualquer coisa que diga. Vamos acabar logo com isso.” Eu não esperei por eles. Eu apenas passei por eles e encarei acima.
Larry do meu lado disse, “Você está sendo rude.”
Eu olhei para ele.
“Sim, estou.”
“Ele é um cliente pagante, Anita.”
“Olha, eu não preciso de você para me dar bronca, ok?”
“O que há de errado com você?”
Eu parei. “O que nós simplesmente deixamos é o que há de errado comigo. Eu pensei que incomodaria você um pouco, também.”
“Me incomoda, mas eu não tenho que descontar em todo mundo.”
Eu respirei profundamente. Ele estava certo. Droga.
“Ta certo, você fez seu ponto. Eu tentarei ser legal.”
Stirling marchou até nós, o pessoal em volta. “Você vem, Senhorita Blake?” Ele passou por nós, suas costas totalmente retas.
Sra. Harrison tropeçou, e apenas o braço de Bayard em seu ombro a impediu de cair de bunda no chão.
Ela ainda estava usando seus saltos. Talvez era contra o código das secretárias executivas usar tênis.
Beau me seguiu com sua capa preta batendo em volta se suas pernas longas. Fazia um distinto som de slap-slap que era muito irritante.
Ok, talvez tudo estivesse me irritando nesse momento. Eu estava me sentindo decididamente de mau-humor. Jeff Quinlan estava lá fora em algum lugar. Ou ele já estava morto ou já havia sido mordido a essa altura. Não era minha culpa. Eu disse para seu pai por hóstias em cada entrada. Eu iria ter lembrado da porta do cachorro se tivesse a visto, mas eu nunca fui tão longe na casa. Mesmo eu teria pensado que era paranóia guardar a entrada do cachorro. Mas eu teria feito, e Beth St. John estaria viva.
Eu larguei a bola. Eu não poderia trazer Beth. St. John de volta, mas poderia salvar Jeff. E eu iria. Eu iria. Eu não queria vingança do vampiro por matar ele. Por uma vez eu queria chegar a tempo. Por uma vez eu queria salvar alguém e deixar a vingança para outra pessoa.
Jeff estaria sendo violado nesse exato minuto? Aquela coisa que eu vi na sala dos Quinlans faria mais que apenas morder seu pescoço? Deus, eu espero que não. Eu estava confiante que poderia trazer Jeff de volta de uma mordida de vampiro, mas combinado com o estupro feito por um monstro, eu não tinha tanta certeza.
E se eu achasse ele e não houvesse sobrado muito o que salvar? A mente era uma surpreendentemente coisa frágil as vezes.
Eu orei enquanto subíamos a colina. Eu orei e senti uma calma em retorno. Sem visões. Sem anjos cantando. Mas um sentimento de paz fluiu por mim. Eu respirei profundamente e algo pesado e forte e feio em meu coração foi embora. Eu peguei isso como um bom sinal que eu acharia Jeff a tempo.
Mas parte de mim era cética. Deus nem sempre salva alguém. As vezes Ele apenas ajuda a você viver a perda. Eu acho que eu não confio inteiramente em Deus. Eu nunca duvidei Dele, mas Seus motivos estavam muito além de mim.
Pense em um vidro escuro e é isso. Apenas uma vez eu gostaria de ver por essa droga de vidro claramente.
A lua brilhavam no topo da montanha como um fogo prata. O ar estava quase iluminado. A chuva havia ido dar sua benção em qualquer outro lugar. Os céus sabem que nós poderíamos ter usado a chuva, mas pessoalmente eu estava apenas feliz porque eu não tinha que caminhar na terra suja e aguaceiro. Barro teria sido simplesmente perfeito.
“Bom, Senhorita Blake, podemos começar?” Stirling perguntou.
Eu olhei para ele. “Sim.”. Eu puxei o ar e deixei ele sair com as francas coisas que queria dizer. Larry estava certo. Stirling era um saco, mas não era com ele que eu estava brava. Ele era apenas um alvo conveniente.
“Sr. Kirkland e eu iremos andar pelo cemitério. Mas você precisa continuar aqui. Outra pessoa movendo em volta é muito distrativo.” Aí, isso foi diplomático.
“Se iria nos fazer ficar aqui como uma audiência, você poderia ter dito lá embaixo da montanha. E ter nos salvado da caminhada.”
Foi muito pra minha diplomacia. “Você teria gostado de eu dizendo à você para ficar lá embaixo onde você não veria o que nós estávamos fazendo?”
Ele pensou nisso por um minuto. “Não, eu suponho que não teria gostado.”
“Então pra que você está reclamando?”
“Anita,” Larry disse bem suavemente por cima de sua respiração.
Eu ignorei ele.
“Olhe, Sr. Stirling, tem sido uma noite realmente difícil. Eu estou apenas sem gentilezas nesse instante. Por favor, me deixe fazer meu trabalho. O mais rápido que eu tiver isso feito, mais cedo iremos pra casa. Certo?”
Honestamente. Eu estava esperando honestamente que isso desse certo. Isso era sobre tudo que eu tinha deixado.
Ele hesitou por um minuto e assentiu. “Certo, Senhorita Blake. Faça seu trabalho, mas saiba disso. Você tem sido definitivamente desagradável. É melhor você ser espetacular.”
Eu abri minha boca e Larry tocou meu braço. Ele não apertou muito forte, mas foi suficiente. Eu engoli o que ia dizer e andei pra longe de todos eles.
Larry foi trilhando depois de mim. Bravo Larry.
“Qual o seu problema essa noite?” ele perguntou quando estávamos fora do alcance do ouvido de Stirling e Companhia.
“Eu te disse.”
“Não,” ele disse, “isso não é apenas o assassinato dessa noite. Inferno, eu já vi você matar pessoas e ficar muito menos chateada depois. O que há de errado?”
Eu parei de andar e apenas fiquei ali por um minuto. Ele tem me visto matar pessoas e ficar menos chateada. Isso era verdade? Eu pensei nisso por uma batida de coração. Era verdade. E isso era definitivamente triste. Eu sabia o que estava errado. Eu tenho visto tantas pessoas massacradas nos últimos meses. Tanto sangue. Tantos assassinatos. Eu tinha feito alguns deles. Nem todos aprovados pelo estado. Eu também queria estar procurando por Jeff Quinlan. Eu não podia fazer nada até Jean-Claude chegar. Eu realmente não podia. Mas eu sentia que meu trabalho de reanimadora estava interferindo com meu trabalho da polícia. Isso era mau sinal? Ou um bom?
Eu respirei profundamente o ar gelado da montanha. Deixei ele sair lentamente, concentrando em apenas respirar, dentro e fora, dentro e fora. Quando eu me senti mais calma de novo, eu olhei para Larry.
“Eu estou apenas um pouco no limite essa noite, Larry. Eu ficarei bem.”
“Se eu dissesse ‘um pouco no limite’ com uma surpresa em minha voz, você ficaria brava?”
Eu sorri. “Sim, ficaria.”
“Você tem estado num humor mais negro que o usual desde que você falou com Jean-Claude. O que foi?”
Eu olhei para seu rosto sorridente e não queria contar a ele. Ele não era muito mais velho que Jeff Quinlan, quatro anos. Ele ainda podia passar por um aluno de colegial.
“Certo.” Eu disse, e contei a ele.
“Um vampiro pedófilo, isso não é contra as regras?”
“Que regras?”
“A que você só pode ser um tipo de monstro por vez.”
“Isso meio que me pegou fora de guarda também.”
Um estranho olhar passou por seu rosto. “Jesus Cristo, Jeff Quinlan está com essa coisa.”
Ele olhou para mim, todo o horror, toda a dor, ou o quanto ele podia imaginar, passando por seu rosto.
“Nós temos que fazer alguma coisa, Anita. Nós temos que salvar ele.” Ele virou para descer a montanha. Eu agarrei seu braço.
“Nós não podemos fazer nada até Jean-Claude chegar.”
“Mas a gente não pode simplesmente fazer nada.”
“Nós não estamos fazendo nada, nós estamos fazendo nosso trabalho.”
“Mas como nós podemos...”
“Porque nós não podemos fazer mais nada agora.”
Larry olhou para mim por um segundo e então assentiu. “Ok, se você consegue ficar calma, eu também consigo.”
“Bom garoto.”
“Obrigado. Agora me mostre esse seu novo truque que esteve falando. Eu nunca ouvi falar de ninguém que consegue ler os mortos sem levantá-los primeiro.”
Sinceramente, eu não tinha certeza se Larry conseguiria fazer isso. Mas dizer a ele que ele possivelmente não conseguiria fazer isso não ajudaria em um sua confiança. Mágica essa era a palavra certa se ela significasse frequentemente levantamentos e caídas eu sua própria crença em suas habilidades. Eu já vi pessoas muito poderosas completamente inválida por duvidar de si mesmo.
“Eu vou andar pelo cemitério.” Eu tentei pensar em como colocar em palavras. Como você explica algo que nem você entende inteiramente?
Eu sempre tive uma afinidade com os mortos. Mesmo quando era uma pequena criança, eu sempre soube se uma alma tinha saído do corpo. Eu lembro do funeral da minha tia-avó Katerine. Eu fui nomeada depois dela com meu nome do meio. Ela era a tia predileta de meu pai. Nós fomos mais cedo para ver o corpo e ter certeza que estava tudo pronto. Eu senti sua alma imóvel por cima do caixão. Eu olhei para cima esperando ver ela, mas não havia nada para meus olhos verem. Eu nunca vi uma alma. Eu sinto elas, mas nunca vi uma. Eu sei agora que a alma da tia Katerine se segurou por muito tempo.
A maioria das almas vão embora em torno de três dias, algumas vão imediatamente, algumas não. A alma da minha mãe foi embora na hora que o funeral começou. Eu não senti ela lá. Não havia nada além de um caixão fechado e rosas cor-de-rosa em cima caixão, como se o caixão fosse ficar frio.
Foi em casa quando eu senti minha mãe perto. Não sua alma, não realmente, mas algum pedaço dela que não tinha ido imediatamente. Eu ouvia seus passos no corredor de fora do meu quarto como se ela estivesse indo me dar um beijo de boa noite. Ela se moveu pela casa por meses, e eu achava isso confortante. Quando ela finalmente se foi, eu estava pronta para deixá-la ir. Eu nunca contei ao meu pai.
Eu tinha apenas 8 anos, mas até naquele momento eu sabia que ele não podia ouvir ela. Talvez ele ouvisse outras coisas. Eu não sei. Meu pai e eu não conversávamos muito sobre a morte da minha mãe. Fazia ele chorar.
Eu podia sentir fantasmas bem antes deu levantar mortos. O que eu estava prestes a fazer era apenas uma extensão disso, ou talvez uma combinação das duas coisas. Eu não sei. Mas era como tentar explicar que havia uma alma parada em cima do caixão da tia Katerine. Ou você sabia que a alma estava ali ou não. Palavras não cobriam isso.
“Você consegue ver fantasmas?”
“Você quer dizer, agora?”
Eu sorri e balancei minha cabeça. “Não, em geral.”
“Bem, eu sabia que a casa de Calvin não era assombrada, não importa quantas histórias as pessoas contem. Mas havia uma pequena caverna perto da cidade que tinha algo dentro. Algo nada legal.”
“Era um fantasma?”
Ele encolheu os ombros. “Eu nunca tentei descobrir, mas ninguém mais parecia conseguir sentir.”
“Você sabe quando a alma deixa o corpo? Quero dizer, você consegue dizer isso?”
“Claro.” Ele disse como, ‘Todo mundo não consegue?’
Eu tive que sorrir. “Bom o suficiente. Eu vou apenas fazer isso. Eu não sei o que você vai ver. Eu sei que Raymond irá ficar decepcionado porque ele não verá nada, ao menos que ele seja bem mais talentoso do que aparenta ser.”
“O que você vai fazer, Anita? Eles nunca falaram sobre ‘andar pelo cemitério’ no colégio.”
“Não é como um feitiço mágico, algumas palavras ou gestos e irá funcionar. Não é nada como isso.” Eu lutei para por em palavras algo que não tinha vocabulário. “Está mais perto de habilidade psíquica do que mágica. Não é físico. Não é um músculo que movemos, nem mesmo um pensamento. É... Eu apenas faço. Me deixa começar, e se eu conseguir, eu trago para cá ou tento ir andando até você enquanto faço. Ok?”
Ele encolheu os ombros. “Eu acho que sim. Eu ainda não entendo o que diabos você vai fazer, mas ta certo. Eu geralmente nunca sei o que está acontecendo.”
“Mas você sempre descobre.” Eu disse.
Ele sorriu abertamente. “Descubro, né?”
“Pode apostar.”
Eu parei perto do centro do cemitério da terra cru. Não há muito tempo atrás eu ficaria com medo do que iria fazer. Não era realmente assustador fazer isso. Eu estava asssustada com o fato de que eu podia fazer aquilo. Não era uma habilidade muito humana conseguir fazer isso.
Mas então, ultimamente eu estive repensando no que exatamente te faz um humano, e no que faz você ser um dos monstros. Uma vez eu já estive bem certa de mim mesma, e de todo mundo. Hoje, eu não tinha mais tanta certeza. E além do mais, eu estive praticando.
Claro, eu estive praticando em cemitérios vazios onde não havia nada além de mim e do morto. Ta certo, insetos noturnos, mas artrópodes nunca atrapalharam minha concentração. Pessoas sim.
Mesmo com minhas costas viradas, eu podia sentir Larry como uma presença quente atrás de mim. Isso me incomodou. “Pode mover para mais longe?”
“Claro, que tanto?”
Eu balancei minha cabeça. “O mais longe que puder ir e ainda continuar dentro.”
Ele levantou as sobrancelhas. “Você quer que eu volte e espere com o Sr. Stirling?”
“Se você agüentar.”
“Eu agüento. Eu sou melhor com cliente que você.’
Essa era uma afirmação honesta de Deus. “Ótimo. Quando eu te chamar de volta, venha devagar. Eu nunca tentei colocar alguém junto enquanto faço isso.”
“Qualquer coisa que diga.” Ele deu uma risada que era quase nervosa. “Eu não posso esperar para ver isso.”
Eu deixei essa passar, e virei de volta. Eu andei para longe dele. Quando eu olhei para trás, ele estava andando para os outros. Eu espero que Larry não fique decepcionado. Eu ainda não tinha certeza se poderia ao menos sentir alguma coisa ali. Eu virei minhas costas para todos eles. Ver eles aglomerados ali iria me distrair, disso eu tinha certeza.
O topo da montanha tinha sido desnuda. Era como estar no topo do mundo olhando para baixo. A luz da lua banhava tudo em um suave brilho. Era tão claro aqui em cima perto do céu sem nenhuma árvore para impedir que o ar sozinho brilhasse com uma luz difusa. Um gentil vento traçou minha cabeça levantada. Cheirava a verde e fresco, quase como se a chuva de fato, tivesse caído. Eu fechei meus olhos e deixei o vento tocar minha pele, balançar meu cabelo. Quase não havia som além do cantar dos insetos no fundo. Nada além do vento, eu, e os mortos.
Eu não podia dizer a Larry exatamente o que fazer porque eu não tinha certeza completamente. Se fosse um músculo, eu iria move-lo. Se fosse um pensamento, eu iria pensar nele. Se fosse uma palavra mágica, eu diria ela. Não era nenhuma dessas coisas. Era como se minha pele se abrisse. Todos meus nervos terminais nus no vento. Minha pele ficou gelada. Era como se o vento gelado emanasse do meu corpo. Não era realmente vento. Você não podia vê-lo. Você não podia senti-lo, ou nenhuma outra pessoa. Mas estava lá. Era real.
Os dedos gelados do “vento” espalhavam em volta de mim. Com dez a 15 pés de distância. Eu poderia achar os túmulos. Enquanto eu movia, o circulo em volta de mim movia junto, procurando.
Eu levantei meu braço e acenei. Eu não me virei para ver se Larry tinha me visto. Eu fiquei forte dentro do meu circulo privado. Eu estava segurando ele, tentando não procurar os mortos antes que Larry fosse para lá. Eu esperava que ele fosse capaz de sentir o que estava acontecendo.
Parecia lógico no começo que ele iria perceber se visse.
Eu ouvi passos na terra seca. Eles pareciam tormentamente altos, como se eu pudesse ouvir cada grão de terra em seus sapatos.
Ele parou atrás de mim. “Jesus, o que é isso?”
“O que?” Minha voz soava distante e alta ao mesmo tempo.
“Vento, vento gelado.” Ele soava um pouco assustado. Bom. Você sempre tinha que ter um pouco de medo quando lidasse com mágica. É quando você começa a ficar mais destemido que você entra em problemas.
“Chegue mais perto, mas não me toque.” Eu não tinha certeza desse último, mas soava como uma boa idéia. Melhor prevenir.
Ele veio devagar, uma mão para frente como se estivesse sentindo o vento em sua pele. “Jesus, Maria e José. Anita, está vindo de você. O vento está vindo de você.”
“Sim.” Eu disse.
Seus olhos estavam bem abertos. Eles pareciam como a sua voz soava, um pouco assustado.
“Se eu tivesse continuado perto de Stirling, ele não sentiria nada. Nenhum deles iriam.”
Larry balançou a cabeça. “Como eles podem perder isso?” Sua mãos estava perto de meu corpo, quase me tocando mas nem tanto. “Fica mais gelado, ou forte quanto mais perto que eu chego do seu corpo.”
“Interessante.” Eu disse.
“E agora?” Ele perguntou.
“Agora, eu toco os mortos.”
Eu deixei aquilo ir, como soltar uma mão. Os dedos do “vento” tocaram o solo abaixo. Como era sentir ir para baixo da terra sólida e tocar os mortos lá embaixo? Como nada humano. Era como se os dedos invisíveis podiam se fundir com a terra procurando por mortos. Dessa vez a gente não precisava procurar muito longe. A terra estava perturbada, e a morte deitava no topo da terra nua.
Eu nunca tentei isso em outro lugar a não ser um cemitério organizado. Onde cada tumulo, cada corpo, era distinto. O vento tocou Larry como uma pedra num rio. O poder ondeou em volta dele. Ele estava vivo, e isso perturbava a gente. Mas a gente esteve praticando e a gente poderia trabalhar em volta dele.
Eu estava parada em cima dos ossos. Embaixo da terra onde os olhos não podiam enxergar. Eu tentei dar um passo até eles, e então avancei mais. A terra estava cheia de corpos, como passas em um pudim. Não, comendo em volta dele.
Eu fiquei ali parada em cima numa balsa de ossos num mar de terra seca e vermelha. Em todo lugar que eu tocava havia um pedaço de osso de algum corpo. Não havia espaço limpo. Nenhum espaço para respirar. Eu fiquei ali, me segurando, tentando pensar no que estava sentindo.
A costela na esquerda pertencia a um corpo metros longe. O vento aguçou e tocou pedaço por pedaço. Eu poderia ter colocado o esqueleto junto de volta como um gigante quebra cabeça. Era o que meu poder faria se eu decidisse levantar ele.
Eu movi, pisando nos mortos e em todo lugar que eu andava eu coloca ossos juntos aos corpos. Os pedaços estavam separados, mas eu me lembrava.
Larry moveu comigo. Ele se moveu surpreendentemente suave contra o poder, como um nadador deixando as menores ondas par trás dele.
Um fantasma resplandeceu em vida como uma pálida e dançante chama. Eu andei até ele. Ele se levantou como uma cobra agitada, me olhando sem olhos. Havia um tanto de hostilidade que alguns fantasmas de fato, sentiam em volta dos vivos. Inveja. Mas se eu fosse atado por um pedaço esquecido de terra por centenas de anos ou mais, eu seria hostil também.
“O que é isso?” Larry sussurrou.
“O que você vê?” Eu perguntei.
“Eu acho que é um fantasma. Eu nunca tinha visto um se materializar antes.” Ele foi até o fantasma como se fosse tocar ele.
Eu agarrei seu braço antes que ele pudesse alcança-lo. Eu senti seu poder fluir à vida em um golpe de vento que mandou meu cabelo para trás de meu rosto.
O circulo de repente estava maior, como o zoom de uma câmera ficando mais longe. Os mortos acordaram por causa do nosso poder combinado como galhos tocados por fogo. Nosso poder espalhou por eles, e eles nos deram seus segredos.
Pedaços de músculos se juntaram aos ossos, enormes esqueletos, todos os pedaços estavam lá.
Tudo que tínhamos de fazer era chama-los. Mais dois fantasma apareceram do chão como fumaça. Eram muitos fantasmas ativos para esse pequeno e velho cemitério. E eles estavam todos furiosos por serem incomodados. O nível de hostilidade estava fora do habitual.
Combinando com nosso poder que duplicou o circulo, era quadruplicado.
O mais recente fantasma ficou parado como um pilar branco de fogo. Ele era forte, e poderoso. Um fantasma completo que esteve em seu túmulo e não teve enterro há mais de duzentos anos. Eu encarei ele. Larry encarou ele. Ao menos que não tocássemos ele, estávamos a salvo. Inferno, nós estaríamos a salvo mesmo se tocássemos ele. Fantasmas não podem fazer danos físicos, não de verdade. Eles podem te agarrar, mas se você ignorar eles, eles somem. Se você prestar atenção, eles podem ser inconvenientes.
Espantoso, mas um espírito que causa danos reais, não é apenas um fantasma. Demônios, bruxos malvados mortos sim, mas não fantasmas normais.
Olhando para a sombra vacilante, eu não tinha tanta certeza que era um fantasma normal. Eles usualmente vão embora. Eles cansam de assombrar, os que normalmente não materializam, eles te dão uma sacudida, ou então apenas arrepios. Fantasmas não duram para sempre. Esse parecia malditamente sólido. Para um fantasma.
“Pare!” A voz de um homem gritou.
Larry e eu nos viramos para a voz. Magnus Bouvier cambaleou subindo o lado oposto da montanha da onde nós subimos. Seu cabelo caia em seu rosto, escondendo tudo menos os olhos na luz da lua. Seus olhos brilhavam no escuro, refletindo luzes que eu não podia ver.
“Pare!” Ele estava levantando as mãos. Sua camisa de manga longa estava solta de seus jeans. Ele atingiu o circulo de vento e congelou. Ele levantou sua mão como se tentasse toca-lo. Duas pessoas em uma noite que podia sentir o poder. Raro, mas meio que legal. Se Magnus não estivesse fugindo da polícia, nós poderíamos nos sentar e ter uma conversa amigável sobre isso.
“Nós dissemos para ficar longe dessa terra, Sr. Bouvier.” Stirling disse.
Bouvier olhou para ele, virando sua cabeça devagar, como se concentrasse em nada além do poder que sentia.
“Nós já tentamos sermos bons a respeito disso.” Stirling disse. “Nós não vamos mais ser bons. Beau.”
O som de recarregar uma escopeta era muito distinto. Eu me virei para o som, minha arma em mãos. Eu não lembro de pensar nela. Eu estava apenas olhando para a arma de Beau. Ele levantou ela em seus braços, sem mirar para nada. Isso salvou ele. Eu sei que se ele tivesse apontado para nós, eu teria atirado nele.
Eu ainda estava vendo em dobro. Eu podia ver os túmulos atrás de meus olhos onde não há nervo óptico. O cemitério era meu. Eu conhecia os corpos. Eu conhecia os fantasmas. Eu sabia onde todos os pedaços estavam. Eu encarei a arma, vendo Beau e a escopeta, mas dentro da minha cabeça os mortos ainda estavam procurando seus pedaços.
Os fantasmas ainda pareciam reais. O poder havia agitado eles. Eles dançavam e se mexiam de sua própria forma por um tempo. Mas ele sumiram pelo o chão. Havia mais de uma forma de levantar os mortos, mas não permanentemente.
Eu não pude olhar para longe da escopeta para ver o que Bouvier estava fazendo. “Anita, por favor não levante os mortos.” Sua surpreendentemente voz profunda tinha uma nota de clemência.
Eu lutei contra a urgência de olhar para ele. “Por que não, Magnus?”
“Saia da minha terra.” Stirling disse.
“Essa não é sua terra.”
“Saia da minha terra ou você levará um tiro por invadir.”
Beau olhou para meu lado. “Sr. Stirling?” Ele estava sendo bem cuidadoso para manter a escopeta solta e inofensiva em suas mãos.
“Beau, mostre a ele o que queremos dizer com negócios.”
“Sr. Stirling.” Ele disse de novo, com um pouco mais de urgência em sua voz.
“Faça o que eu pago você para fazer.” Stirling disse.
Ele começou a levantar a escopeta até seus ombros, mas devagar, me olhando.
“Não faça isso.” Eu disse. Eu respirei profundamente até meu corpo ficar reto e quieto.
Não havia nada além da arma e o que eu estava mirando.
Beau abaixou sua arma.
Eu respirei e disse. “Coloque no chão, agora.”
“Senhorita Blake, isso não é da sua conta.” Stirling disse.
“Você não vai atirar em alguém por passar por um pedaço de terra enquanto eu assisto.”
Larry estava com sua arma também, agora. Não estava apontada em ninguém em particular, e eu estava grata por isso. Apontar armas tem uma tendência a sair do controle se você não sabe o que está fazendo.
“No chão, Beau, agora. Não vou pedir uma terceira vez.”
Ele deitou a escopeta no chão.
“Eu pago seu salário.”
“Você não me paga o suficiente para ser morto.”
Stirling fez um som exasperado e moveu adiante como se ele fosse pegar a arma ele mesmo.
“Não toque isso, Raymond. Você irá sangrar tão fácil quanto qualquer outra pessoa.”
Ele se virou para mim. “Eu não acredito que você irá segurar uma arma apontada contra mim em minha própria propriedade.”
Eu abaixei meu braço que segurava a arma, só um pouco; o braço ficava tremendo se você ficasse naquela posição por muito tempo.
“Eu não acredito que você deixou Beau vir aqui em cima armado. Você sabia que meu pequeno show ia atrair Bouvier. Você sabia e planejou isso. Seu filho da puta sangue-frio.”
“Sr. Kirkland, você irá deixar ela falar assim comigo? Eu sou um cliente.”
Larry balançou a cabeça. “Eu estou com ela dessa vez, Sr. Stirling. Você fez uma emboscada para esse homem. Para assassiná-lo. Por que?”
“Boa pergunta.” Eu disse. “Por que você está com tanto medo da família Bouvier? Ou é só dele que você está com medo?”
“Eu não estou com medo de ninguém. Vamos, nós vamos deixar você com seu novo amigo.” Ele marchou embora, e os outros o seguiram. Beau meio que hesitou.
“Eu levarei a escopeta depois para você.” Eu disse.
Ele assentiu. “Eu pensei nisso.”
“E é melhor você não estar me esperando com outra arma lá embaixo.”
Ele me olhou por um longo minuto. A nós dois. Ele balançou a cabeça. “Eu irei para casa, para minha esposa.”
“Faça isso, Beau.” Eu disse.
Ele foi embora, a capa preta batendo contra suas pernas. Ele hesitou e então disse, “Eu estou fora a partir de agora. Dinheiro não vale nada se você estiver morto.”
Eu conhecia alguns vários vampiros que iriam argumentar com ele, mas disse, “Estou feliz em ouvir isso.”
“Eu só não quero que atirem em mim.” Ele disse. Ele desceu ladeira abaixo, fora de vista.
Eu fiquei ali com minha Browning apontada. Eu me virei em um círculo lentamente, analisando o topo da montanha. Estávamos sozinhos, nós 3. Então por que eu não queria abaixar minha arma?
Magnus deu um passo acima na montanha e parou. Ele levantou suas mão bonitas em volta do ar mudado pelo poder. Ele trilhou a ponta de seus dedos para baixo, como se fosse água. Eu senti as ondas de seu toque passar pela minha pele, um tremor em minha mágica.
Não, eu não ia guardar minha arma agora.
“O que foi isso?” Larry perguntou. Sua arma ainda estava em sua mão, apontada para o chão.
Bouvier se moveu, seus olhos brilhando para Larry. “Ele não é um necromante, Anita, mas ele é mais do que parece.”
“Nós todos não somos?” Eu disse. “Por que você não quis que eu levantasse os mortos, Magnus?”
Ele olhou para cima. Seus olhos estavam cheio de luzes brilhantes como reflexos em uma piscina, mas os reflexos eram de coisas que não estavam ali.
“Me responda, Magnus.”
“Ou o que?” ele perguntou. “Você vai atirar em mim?”
“Talvez.” Eu disse.
A inclinação fazia ele parecer mais baixo do que era, então eu estava olhando para baixo para ele. “Eu não acreditei que alguém conseguiria levantar mortos sem sacrifício humano. Eu pensei que você pegaria o dinheiro de Stirling, tentaria, falharia e iria embora para casa.” Ele deu um passo a frente, passando suas mãos pelo poder novamente, como se estivesse testando ele. Como se ele não tivesse certeza que pudesse passar por ele. O toque fez Larry tossir.
“Com esse poder você pode levantar alguns deles, talvez o suficiente.” Magnus disse.
“O suficiente pra que?” Eu perguntei.
Ele olhou para mim, como se não tivesse sido a intenção dele ter falado alto. “Vocês não devem levantar os mortos dessa montanha, Anita, Larry. Vocês não devem.”
“Nos dê uma razão para isso.” Eu disse.
Ele sorriu para mim. “Acho que ‘porque eu pedi’ não adiantará.”
Eu balancei minha cabeça. “Dificilmente.”
“Isso seria tão mais fácil se glamor funcionasse em você.” Ele deu mais um passo acima da inclinação. “Claro, se glamor funcionasse em você, nós não estaríamos aqui, estaríamos?”
Se ele não iria responder aquela minha pergunta, eu ia tentar outra. “Por que você fugiu da polícia?”
Ele deu outro passo para mais perto, e dei um para trás. Ele não tinha feito nada muito ameaçador, mas havia algo nele enquanto ele estava parado ali, algo alienígena.
Haviam imagens em seus olhos que me faziam querer olhar para trás, só pra ver o que estava refletindo ali. Eu podia quase ver árvores, água... Era como as coisas que você via fora da córnea de seus olhos, exceto pelas cores.
“Você contou à polícia meu segredo, por que?”
“Eu tive que contar.”
“Você realmente acha que eu fiz aquelas coisas horríveis à aqueles garotos?” Ele deu mais um passo, movendo pelo poder fluindo, mas ele não passou facilmente como Larry havia passado. Magnus era como uma montanha, enorme, forçando o poder a ficar maior em volta dele, como se ele preenchesse o espaço mais magicamente do que os olhos nus pudessem ver.
Eu apontei a Browning, segurando com as duas mãos, para seu peito. “Não, eu não acho.”
“Então por que apontar a arma para mim?”
“Pra que toda essa merda de mágica fey?”
Ele sorriu. “Eu usei muito glamor essa noite. É como força.”
“Você se alimenta de seus clientes.” Eu disse. “Você não faz isso apenas por negócios. Você usa eles, isso é uma merda de uma injustiça.”
Ele deu um gracioso levantar de ombros. “Eu sou o que sou.”
“Como você sabia que as vítimas eram garotos?” Eu perguntei.
Larry se moveu para a esquerda, arma apontada cuidadosamente para o chão.
Eu briguei com ele uma vez por apontar a arma para as pessoas cedo demais.
“A polícia me disse.”
“Mentiroso.”
Ele sorriu gentilmente. “Um deles me tocou. Eu vi tudo.”
“Conveniente.” Eu disse.
Ele deu um passo ao meu alcance.”Nem pense nisso.”
Larry apontou a arma para Magnus. “O que está rolando, Anita?”
“Eu não tenho certeza.”
“Eu não posso permitir que você levante os mortos daqui. Me desculpe.”
“Como você vai nos parar?” Eu perguntei.
Ele me encarou, e eu senti algo puxando contra minha mágica, algo como um grande nadador fora da minha vista, no escuro. Me fez tossir.
“Parado aí, ou eu vou puxar o gatilho.”
“Eu não movi um músculo.” Ele disse suavemente.
“Sem jogos, Magnus, você está malditamente próximo de morrer.”
“O que ele fez?” Larry perguntou. Havia um pequeno tremor em suas duas mãos juntas.
“Depois,” Eu disse. “Enlace suas mãos atrás de sua cabeça, Magnus, devagar, bem devagar.”
“Você vai me prender, como na televisão?”
“Sim.” Eu disse. “Você tem uma chance maior de apenas ir para a cadeia comigo do que com a maioria dos policiais.”
“Eu não acho que vou com você.” Encarando duas armas, e ele ainda soava seguro de si mesmo. Ou ele era estúpido ou sabia de algo que eu não. Eu não acho que ele era estúpido.
“Me diga quando atirar nele.” Larry disse.
“Quando eu atirar nele, você pode atirar também.”
“Ok.” Larry disse.
Magnus olhou de um para o outro de nós dois. “Você tiraria minha vida por uma coisa tão pequena?”
“Em uma batida de coração.” Eu disse. “Agora, enlace suas mãos lentamente no topo de sua cabeça.”
“E se não fizer isso?”
“Eu não blefo, Magnus.”
“Você tem balas de prata nessas armas?”
Eu apenas encarei ele. Eu podia sentir Larry mudar um pouco do meu lado. Você não consegue apontar uma arma por muito tempo sem ficar cansado, ou desconfortável.
“Aposto que elas são de prata. Pratas não são tão eficientes contra Feéris.”
“Ferro gelado funciona melhor.” Eu disse. “Eu lembro.”
“Mesmo balas normais seriam melhores que as de prata. O metal da lua é um amigo para feys.”
“Mãos, agora, ou nós iremos descobrir como a carne de Feéries reagem à balas de prata.”
Ele levantou suas mãos devagar, graciosamente. Suas mãos estavam na altura dos ombros quando ele se jogou para trás, caindo na inclinação. Eu atirei, mas ele continuou rolando para baixo na terra, e de alguma forma, eu não consegui ver ele completamente. Era como se o ar estivesse desfocado em volta dele.
Larry e eu ficamos no topo da inclinação e atiramos abaixo nele, e acho que nenhum de nós dois acertamos ele.
Ele tropeçou abaixo na terra, mais rápido que parecia porque ele estava difícil de ser visto, mesmo com a luz da lua, até que ele desapareceu perto num ponto do meio no lado dele.
“Por favor, me diga que ele não apenas “poof” evaporou.” Larry disse.
“Ele não apenas evaporou.” Eu disse.
”O que ele fez então?”
“Como diabos eu vou saber. Isso não estava escrito em Feéris 301.” Eu balancei minha cabeça. “Vamos dar o fora daqui. Eu não sei o que está havendo, mas seja lá o que for, eu acho que perdemos nosso cliente.”
“Você acha que perdemos nossos quartos no hotel?”
“Eu não sei, Larry. Vamos descobrir.” Eu deixei a trava de segurança da Browning ligada, mas deixei ela em minha mão. Eu teria deixado ela desligada, mas não parecia uma atitude esperta enquanto tropeçávamos montanha abaixo, mesmo na luz da lua.
“Eu acho que você pode guardar sua arma agora, Larry.” Ele não havia ligado a trava.
“Você ainda está com a sua.”
“Mas minha trava ta ligada.”
“Ah.” Ele pareceu um pouco envergonhado, mas clicou a trava de segurança para ligada e a colocou na pistoleira de ombro. “Você acha que eles realmente teriam matado ele?”
“Eu não sei. Talvez. Beau teria atirado nele, mas veja o quão bom isso foi para nós.”
“Por que Stirling quer Magnus morto?”
“Eu não sei.”
“Por que Magnus correu da polícia?”
“Eu não sei.”
“Me deixa nervoso você ficar respondendo minhas perguntas com ‘eu não sei’”.
“A mim também.” Eu disse.
Eu olhei para trás quando só tinhamos em vista o topo da montanha. Os fantasmas mexiam e resplandeciam como chamas de velas, brancas e geladas chamas. Eu sabia de algo que eu não sabia antes, nessa noite. Alguns dos corpos tinham quase 300 anos de idade. Uma centena de anos mais velho do que Stirling havia nos dito. Uma centena de anos fazem muita diferença ao levantar zumbis.
Por que ele mentiu? Com medo que eu recusasse talvez. Talvez. Alguns dos corpos eram restos de índios. Pedaços de jóias, ossos de animais, coisas que não eram européias. Os índios nessa área não enterravam os mortos, ao menos não em sepulturas. E isso não era um aterro. Algo estava acontecendo, e eu não tinha nem uma tênue idéia do que era. Mas eu descobriria. Talvez amanhã, depois de vermos nossos novos quartos de hotéis, devolver o Jeep, alugar um novo carro, e dizer a Bert que não tínhamos mais um cliente. Talvez eu deixe pra Larry contar as novidades para ele.
Pra que servem os aprendizes se eles não podem fazer um pouco do trabalho sujo?
Ok, ok. Eu contarei a Bert eu mesma, mas eu não estava ansiosa para isso.

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 18


Stirling e companhia tinham ido embora enquanto caminhávamos montanha abaixo. Nós dirigimos o Jeep de volta para o hotel. Eu estava totalmente surpresa por ele não ter levado o Jeep com ele e ter nos deixado a pé. Stirling não parecia o tipo de homem que gostava de ter armas apontadas para ele. Mas então, quem gosta?
O quarto de Larry era o primeiro no corredor. Ele hesitou com seu cartão na fechadura. “Você acha que os quartos estão pagos por essa noite, ou devemos fazer a mala?”
“Fazemos a mala.” Eu disse.
Ele assentiu, e colocou o cartão na pequena fechadura. A porta se abriu e ele se foi por ela. Eu fui para a próxima porta e coloquei meu próprio cartão. Havia uma porta de conexão entre os quartos.
Nós não havíamos destrancado ela, mas estava lá. Pessoalmente eu gostava da minha privacidade, mesmo de meus amigos. E especialmente do meu gado trabalhador.
O silêncio do quarto fluiu ao meu redor. Era maravilhoso. Alguns minutos de sossego antes de encarar Bert e dizer a ele que todo dinheiro desceu ralo abaixo.
O quarto era um suíte com uma sala e um quarto separado. Meu apartamento não era muito maior. Havia um bar no lado esquerdo da parede. Ter abstinência era um real plus pra mim. As paredes eram de um suave rosa com delicadas estampas com relevos dourados, o carpete era de um profundo ‘burgundy’*. O sofá de tamanho grande era de um roxo tão escuro que parecia quase preto. Uma adorável poltrona combinava. Duas cadeiras de braço eram feitas em roxo, ‘burgundy’, e branco com estampa floral. Toda a madeira exposta era bem escura e desejavelmente polida. Eu tinha suspeitado que estava em uma suíte de lua de mel, até ver o quarto de Larry. Era quase um espelho do meu, mas feito em tons de verde.
(*desculpa, mas nem no dicionário achei essa.)
Uma mesa de cerejeira parecia genuinamente antiga, mais longe da parede. A porta que conectava ficava do lado mas abria de modo oposto, então você não acertaria acidentalmente a mesa.
Coisas de papelaria estavam na mesa, havia uma segunda linha de telefone no caso de você ter um modem, eu acho. Eu acho que nunca estive num quarto caro assim. Eu duvidei seriamente que Beadle, Beadle, Stirling e Lowenstein não fechariam a conta agora.
Um som me vez virar para trás. A Browning meio que se materializou em minha mão. Eu estava olhando pela arma para Jean-Claude. Ele parou na porta que dava para o quarto. A sua camisa era longa, mangas cheias que ficavam reunidas em três espaços abaixo de seus braços, mangas compridas que só mostravam seu longos e pálidos dedos.
A gola era alta e presa com uma branca amarração que derramava um cordão na frente de seu corpo. Era preta e macia com uma abotoadura prata nele. Botas de cano alto pretas cobriam suas pernas como uma segunda pele.
Seu cabelo era quase tão preto quanto suas roupas, fazendo difícil de dizer onde seus cachos terminavam e as roupas suaves começavam. O broche que eu vi antes no cordão em seu peito era de prata e ônix.
“Então, ma petite, você vai atirar em mim?”
Eu ainda estava parada ali com a arma apontada para ele. Ele não havia movido. Ele estava sendo bem cuidadoso para não fazer nada ameaçador. Seus olhos azuis, azuis, me encararam. Sérios, esperando.
Eu apontei a arma para o chão e deixei minha respiração sair. Eu não tinha percebido que a estava segurando.
“Como diabos você entrou aqui?”
Ele sorriu então, e desencostou do vão da porta.
Ele andou pelo quarto com aqueles maravilhosos movimentos dele. Parte gato, parte dançarino e parte mais alguma coisa. Seja lá o que essa “coisa” fosse, não era humana.
Eu guardei a arma, mas não tinha certeza se queria. Me fazia me sentir melhor ter ela nas mãos. O problema era, uma arma não me ajudaria contra Jean-Claude. Ah, se eu fosse matar ele, iria, mas não era isso que estávamos fazendo ultimamente. Ultimamente nós estávamos meio que namorando. Dá pra acreditar? Eu não tinha certeza se conseguia.
“O camareiro me deixou entrar.” Sua voz era bem suave, entretida, ou com ele mesmo ou comigo, isso era difícil de dizer.
“Por que ele faria isso?”
“Porque eu pedi a ele.” Ele andou em volta de mim como um tubarão cercando sua presa.
Eu não me virei com ele. Eu encarei diretamente para frente e deixei ele me cercar. Iria apenas diverti-lo se eu o seguisse com o olhar. Os cabelos de trás do meu pescoço se arrepiaram. Eu dei um passo adiante e senti suas mãos voltarem. Ele estava quase tocando meu ombro. Eu não queria que ele me tocasse.
“Você usou truques mentais no camareiro?”
“Sim.” Ele disse. Essa única palavra estava cheia de muito mais. Eu virei para ele para poder olhar seu rosto.
Ele estava encarando minhas pernas. Ele levantou seu rosto para o meu, e de alguma forma aquele único olhar rápido tocou meu corpo inteiro. Seus olhos azuis da meia noite estavam mais escuros que o normal. Nós não tínhamos certeza do quanto eu conseguia encontrar seu olhar. Eu estava começando a suspeitar que ser uma necromante tinha mais benefícios que apenas ser boa com zumbis.
“Vermelho lhe cai bem, ma petite.” Sua voz havia crescido suavemente, profundamente. Ele se moveu para mais perto de mim, não me tocando. Ele sabia melhor do que isso, mas de alguma forma seus olhos me mostraram onde suas mãos gostariam de estar. “Eu gostei muito dela.”
Sua voz era suave e quente, e muito mais íntimas que suas palavras.
“Suas pernas são maravilhosas.”
Suas palavras estavam cada vez mais suaves. Um suspiro no escuro que passava pelo meu corpo como uma linha quente. Sua voz sempre era assim, tocável. Ele continuava tendo a melhor voz que eu já ouvi.
“Pára, Jean-Claude. Eu sou muito baixa para ter pernas maravilhosas.”
“Eu não entendo essa obsessão moderna com altura.” Ele correu suas mãos logo acima de minha meia, tão perto que eu quase pude senti-la como uma respiração quente contra minha pele.
“Pára.” Eu disse.
“Parar o que?” Sua voz era totalmente afável, inofensiva. Ceeeerto.
Eu balancei minha cabeça. Pedir pro Jean-Claude não ser um saco era como pedir pra chuva não ser molhada. Pra que tentar?
“Ótimo, flerte o tanto que quiser, mas mantenha em mente que você está aqui para salvar a vida de um jovem garoto. Um jovem garoto que pode estar sendo estuprado enquanto ficamos aqui perdendo tempo.”
Ele suspirou profundamente e andou em volta de mim. Algo deve ter se mostrado em meu rosto porque ele se sentou na cadeira, parando de tentar chegar perto.
“Você tem o hábito, ma petite, de tirar toda a diversão em te seduzir.”
“Iupe.” Eu disse. “Agora, podemos ir direto aos negócios?”
Ele sorriu seu perfeito e amável sorriso. “Eu arranjei um encontro entre o Mestre de Branson e você para a noite.”
“Simples assim?” Eu disse.
“Não era isso que você me pediu para fazer?” Ele perguntou. Sua voz tinha um tom de divertimento novamente.
“Sim. Eu só não estou acostumada em você me dando exatamente o que pedi.”
“Eu te daria qualquer coisa que quisesse, ma petite, se você me deixasse.”
“Eu quero você fora da minha vida. Você não parece querer fazer isso.”
Ele suspirou. “Não, ma petite, eu não quero isso.”
Ele deixou assim. Sem acusações sobre eu preferindo Richard em vez dele. Sem ameaças vagas contra a vida de Richard. Isso era meio que raro.
“Você está aprontando alguma coisa.” Eu disse.
Ele se virou, olhos bem abertos, seus longos dedos contra seu coração. “Moi?”
“Sim, você.” Eu disse.
Eu balancei minha cabeça e deixei pra lá. Ele estava aprontando alguma coisa. Eu conhecia ele bem o suficiente para saber os sinais, mas eu também conhecia ele o suficiente para saber que ele não iria me contar o que era até que estivesse bom e pronto. Ninguém mantinha um segredo como Jean-Clude, e ninguém mais tinham tantos deles. Não havia mentiras em Richard. Jean-Claude vivia e respirava delas.
“Eu tenho de trocar de roupa e fazer as malas antes da gente ir.”
“Mudar sua adorável saia vermelha, por que? Por que eu gostei?”
“Não apenas por isso.” Eu disse. “Embora eu admito que isso é um extra. Eu não posso vestir minha pistoleira de perna com a saia.”
“Eu não irei discutir que ter uma segunda arma irá ajudar nosso show de força amanhã a noite.”
Eu parei e me virei. “O que quer dizer, amanhã a noite?”
Ele levantou suas mãos abertas. “É muito perto do amanhecer, ma petite. Nós não podemos nem dirigir até o lar do Mestre antes do sol nascer.”
“Merda.” Eu disse suavemente e com sentimento.
“Eu fiz minha parte, ma petite. Mas nem mesmo eu posso impedir o sol de nascer.”
Eu me sentei encostando contra a adorável cadeira, segurando ela forte o suficiente para doer. Eu balancei minha cabeça. “Nós estaremos atrasados para salvar ele.”
“Ma petite, ma petite.” Ele se ajoelhou na minha frente, olhando para cima, para mim. “Por que esse garoto te incomoda tanto? Por que a vida dele é tão preciosa para você?”
Eu encarei o rosto perfeito de Jean-Claude, e não tinha uma resposta. “Eu não sei.”
Ele colocou suas mãos em cima das minhas. “Você está se machucando, ma petite.”
Eu tirei minhas mãos da dele, cruzando meus braços contra o estômago. Jean-Claude continuou ajoelhado, uma mão em cada lado de mim. Ele estava inteiramente perto de mim, e eu de repente esta ciente do quão curta minha saia era.
“Eu tenho que fazer as malas.” Eu disse.
“Pra que? Você não gosta do quarto?” Sem se mexer ele parecia ainda mais perto de alguma forma. Eu podia sentir a linha de seu corpo contra minhas pernas, como um calor.
“Mova.” Eu disse.
Ele se moveu para trás, sentando nos calcanhares, me forçando a passar por ele. A ponta da minha saia passou por sua bochecha quando eu levantei. “Você é um puta pé no saco.”
“É bom que tenha notado, ma petite. Agora, por que está deixando esse amável quarto?”
“Um cliente paga pelo quarto, e ele não é mais um cliente.”
“Por que não, ma petite?”
“Eu apontei uma arma para ele.”
Seus olhos ficaram mais abertos, seu rosto numa máscara perfeita de surpresa.
. A máscara caiu e ele começou a me olhar com seus olhos antigos. Olhos que me viam muito, mas não sabiam o que fazer comigo.
“Por que você faria isso?”
“Ele ia atirar em um homem por invadir sua terra.”
“E ele estava invadindo?”
“Tecnicamente, sim.”
Jean-Claude apenas olhou para mim. “Ele não tem o direito de proteger sua própria terra?”
“Não, não se isso significa matar pessoas. Um pedaço de terra não vale pessoas mortas.”
“Proteger nossas terras tem sido uma desculpa válida para matar pessoas desde o começo dos tempos, ma petite. Você mudou as regras ultimamente?”
“Eu não ia ficar parada ali e assistir ele matar um homem por andar por um pedaço de chão. E além dos mais, eu acho que foi uma armadilha.”
“Uma armadilha? Você quer dizer uma trama para matar o homem?”
“Sim.”
“Qual era a sua parte nessa trama?”
“Eu talvez fui a isca. Ele podia sentir meu poder sobre os mortos. Isso chamou ele.”
“Agora, isso é interessante. Qual é o nome deste homem?”
“Me dê o nome do vampiro misterioso primeiro.”
“Xavier.” Ele disse.
“Fácil assim. Por que você não me deu o nome mais cedo?”
“Eu não queria que a polícia tivesse ele.”
“Por que não?”
“Eu explicarei tudo. Agora, o nome do homem que você salvou essa noite.”
Eu o encarei e não queria dar o nome a ele. Eu não gostava do quão interessado ele estava nesse nome. Mas acordo é acordo. “Bouvier, Magnus Bouvier.”
“Eu não conheço o nome.”
“Deveria?”
Ele apenas sorriu para mim. Isso significava nada e tudo.
“Você é um filho da puta irritante.”
“Ah, ma petite, como eu posso resistir a você quando você sussurra tão doces palavras para mim?”
Eu encarei ele, o que fez ele sorrir mais abertamente. Havia apenas um tênue vislumbre de suas presas aparecendo.
Alguém bateu na porta. Provavelmente o gerente me mandando sair. Eu andei até ela. Eu não me incomodei em olhar o olho mágico, então fui pega fora de guarda por quem estava do lado de fora. Era Lionel Bayard.
Ele veio nos despejar pessoalmente?
Eu fiquei parada ali por um segundo, olhando para ele.
Ele falou primeiro, limpando sua garganta nervosamente.
“Senhorita Blake, posso falar com você por um momento?”
Ele estava sendo incrivelmente educado para alguém que ia nos chutar fora. “Eu estou ouvindo, Sr. Bayard.”
“Eu realmente não acho que o corredor seja o lugar para discutirmos isso.”
Eu dei um passo para o lado, dando espaço para ele entrar no quarto. Ele passou por mim, mãos passando contra sua gravata. Seu olhar parou em Jean-Claude, que estava em pé agora. Jean-Claude estava sorrindo para Bayard. Agradável, charmoso.
“Eu não percebi que você tinha companhia, Senhorita Blake. Eu posso voltar depois.”
Eu fechei a porta. “Não, Sr. Bayard, está tudo bem. Eu contei a Jean-Claude sobre nosso desentendimento desta noite.”
“Ah, sim, uhn...” Bayard olhou de um para outro, como se não tivesse certeza do que dizer.
Jean-Claude não apenas se sentou de volta, ele sentou curvando seu corpo nela. Seu movimento era quase como o de um gato. “Anita e eu não escondemos segredos um do outro, Sr...”
“Bayard, Lionel Bayard.” Ele andou até ele e ofereceu sua mão para Jean-Claude.
Jean-Claude levantou sua sobrancelha, mas aceitou a mão.
O aperto de mão pareceu fazer Bayard se sentir melhor. Um gesto normal. Ele não sabia o que Jean-Claude era. Como ele podia olhar para Jean-Claude e pensar que ele era humano como eu. Eu conheci apenas um vampiro que podia passar por humano, e ele não tinha sido humano em geral.
Bayard se virou de volta para mim, arrumando seus óculos, que por acaso, não precisavam de ajuste. Aquele gesto de nervosismo de novo. Algo estava acontecendo.
“O que foi, Bayard?” Eu perguntei. Eu estava encostada contra a parede, braços cruzados contra meu estômago.
“Eu estou aqui para lhe oferecer nossas mais sinceras desculpas por hoje mais cedo.”
Eu apenas olhei para ele. “Você está pedindo desculpas a mim?”
“Sim, Sr. Stirling estava fora do juízo. Se você não tivesse estado lá e nos trazer de volta ao nosso senso, uma grande tragédia teria ocorrido.”
Eu tentei manter meu rosto neutro. Eu queria franzir a testa para ele, ou parecer confuca. “Stirling não está bravo comigo?”
“Pelo contrário, Senhorita Blake. Ele está grato a você.”
Eu não acreditava nisso. “Sério.” Eu disso.
“Ah, sim. De fato, eu fui autorizado a lhe oferecer um bônus.”
“Por que?”
“Para lhe compensar por nos fazer comportar essa noite.”
“Seu comportamento foi bom.” Eu disse.
Ele sorriu modestamente. Seu ato era tão sincero como pérolas faux, mas nem metade realista.
“Quanto é o bônus?”
“Vinte mil.” Ele disse.
Eu continuei contra a parede olhando para ele. “Não.”
Ele piscou. “Como?”
“Eu não quero o bônus.”
“Eu não estou autorizado a aumentar a oferta de 20 mil, mas eu posso falar com o Sr. Stirling. Talvez ele a aumente.”
Eu balancei minha cabeça e desencostei da parede. “Eu não quero mais dinheiro. Eu não quero o bônus.”
“Você não está desistindo de nós, está, Senhorita Blake?” Ele estava piscando tão rápido que eu achei que ele iria passar mal. Eu desistir incomodava ele. Muito.
“Não, eu não estou desistindo. Mas vocês já estão me pagando uma enorme quantia. Não precisa pagar mais.”
“Sr. Stirling está apenas bastante preocupado que ele não tenha te ofendido.”
Eu deixei essa passar. Era tão fácil. “Diga ao Sr. Stirling que eu teria apreciado melhor suas desculpas se ele tivesse as pedido pessoalmente.”
“Sr. Stirling é um homem muito ocupado. Ele teria vindo ele mesmo, mas ele estava cheio de negócios.”
Eu imaginei o quanto Bayard se desculpava pelo grande homem. Eu imaginei quantas dessas desculpas eram por ele ter atirado em alguém.
“Ta certo, você entregou a mensagem. Diga ao Sr. Stirling que não é uma luta de armas que me fará desistir. Eu li o cemitério essa noite. Alguns dos corpos são perto de 300 anos de idade, não 200. 300 anos de idade, Lionel. Esses são zumbis bem velhos.”
“Você consegue levanta-los?” Ele deu um passo para mais perto, mãos movendo por suas mangas. Ele estava muito perto de invadir meu espaço. Eu já tive isso bastante de Jean-Claude.
“Talvez. A questão não é se eu consigo, é se vou, Lionel.”
“O que quer dizer?”
“Você mentiu para mim, Lionel. Você subestimou a idade dos mortos por quase 100 anos.”
“Não de propósito, Senhorita Blake, eu te asseguro isso. Eu meramente repeti o que nosso departamento de pesquisa nos falou. Eu não te enganei deliberadamente.”
”Claro.”
Ele chegou mais perto quase como se queria me tocar. Eu movi para trás, apenas o suficiente. Ele parecia terrivelmente intenso. Ele deixou suas mãos caírem. “Por favor, Senhorita Blake, eu não menti de propósito.”
“O problema, Lionel, é que eu não tenho certeza se consigo levantar zumbis tão velhos sem sacrifício humano. Até eu tenho meus limites.”
“Bom saber.” Jean-Claude disse suavemente.
Eu franzi minha testa pra ele. Ele sorriu.
“Você irá tentar, não irá, Senhorita Blake?”
“Talvez. Eu ainda não me decidi.”
Ele balançou a cabeça. “Nós faremos qualquer coisa para superarmos esse descuido para você, Senhorita Blake. É inteiramente minha culpa por eu não ter checado os resultados do departamento de pesquisa. Tem alguma coisa que eu possa fazer pessoalmente por você?”
“Apenas vá embora. Eu ligarei para seu escritório amanhã para discutir os detalhes. Eu talvez precisarei de alguma extra... parafernália para levantar os zumbis.”
“Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, Senhorita Blake.”
“Certo, eu te ligo.” Eu abri a porta e parei do lado dela. Eu achei que essa dica era o suficiente. E foi. Bayard foi pela porta, quase voltando, se desculpando enquanto ia.
Eu fechei a porta e fiquei parada ali por um minuto.
“Esse pequeno homem está aprontando alguma coisa.” Jean-Claude disse.
Eu me virei e olhei para ele. Ele ainda estava curvado na cadeira, parecendo suspeito.
“Eu não preciso de poderes vampirescos para perceber isso.”
“Nem,” ele disse, “preciso eu.” Ele levantou da cadeira facilmente. Se eu sentasse daquele jeito numa cadeira, eu estaria toda dura.
“Eu vou dizer a Larry que ele pode parar de fazer as malas. Eu não entendo por que a gente ainda está contratado, mas estamos.”
“Mais alguma pessoa pode levantar o cemitério?”
“Não sem sacrifício humano, talvez nem com.” Eu disse.
“Eles precisam de você, ma petite. Pela ansiedade do pequeno homem, eles precisam desses mortos levantados urgentemente.”
“Milhões de dólares estão na aposta.”
“Eu não acho que dinheiro é tudo que está em jogo.” Ele disse.
Eu balancei minha cabeça. “Nem eu.”
Ele veio se juntar a mim na porta. “Que parafernália extra você irá precisas para levantar corpos de trezentos anos, ma petite?”
Eu encolhi os ombros. “Uma grande morte. Eu no começo pensei em usar um casal de cabras.”
Eu abri a porta.
“O que está pensando em usar agora?”
“Um elefante, talvez.” Eu disse.
Nós estávamos do lado de fora do corredor e ele me encarou.
“Eu estou brincando, sério. Além do mais, elefantes são espécies perigosas. Eu estava pensando em talvez, uma vaca.”
Jean-Claude continuou me encarando por um longo momento, seu rosto bem sério.
“Lembre-se, ma petite, que eu posso dizer quando você está mentindo.”
“O que você quer dizer?”
“Você falou sério sobre o elefante.”
Eu franzi a testa para ele. O que eu poderia dizer?
“Ok. Mas só por um minuto. Eu não iria realmente usar um elefante. Eu estou dizendo a verdade.”
“Sim, ma petite, eu sei.”
Eu não quis realmente dizer nada quanto ao elefante. Não realmente. Foi apenas o maior animal que eu pude pensar no momento. E se eu ia tentar levantar um monte de corpos de 300 anos, eu iria precisar de algo grande. E acho que uma vaca não daria conta do recado. Infernos, eu não acho que um rebanho de vacas dariam conta. Eu apenas não tinha pensado numa boa alternativa ainda.
Mas sem elefantes, eu prometo. E além do mais, você consegue imaginar tentar arrancar o pescoço de um elefante? A lógica é de apenas ter alguém para segurar enquanto você mata ele sem pensar. Há uma razão para a maioria dos sacrifícios serem do nosso tamanho, ou menores. Era mais fácil segura-los.
“Nós não podemos apenas deixar Jeff com aquele mostro.” Larry disse. Ele estava parado no meio do seu carpete verde bosque. Jean-Claude estava sentado no braço do sofá verde estampado. Ele parecia entretido, como um gato que havia achado um rato muito interessante.
“Nós não vamos deixar ele.” Eu disse. “Nós apenas não vamos atrás dele essa noite.”
Ele virou a cabeça e apontou um dedo para Jean-Claude. “Por que? Por que ele disse?”
O sorriso de Jean-Claude aumentou. Definitivamente ele estava se divertindo.
“Olhe as horas, Larry. Está quase amanhecendo. Todos os vampiros estarão presos em seus caixões.”
Larry balançou sua cabeça. O olhar em seu rosto lembrava a mim. Teimosia, não querendo aceitar as coisas. “Nós temos de fazer alguma coisa, Anita.”
“Nós não podemos falar com os vampiros durante a luz do dia, Larry. É assim que as coisas são.”
“E o que acontecerá com Jeff hoje, enquanto esperamos pelo sol abaixar?” Sua pele pálida estava quase branca. Suas sardas pareciam como se houvessem sido pintadas de marrom. Seus olhos azuis brilhavam como um vidro nervoso. Eu nunca vi Larry tão furioso. Inferno, eu nunca vi ele bravo.
Eu olhei para Jean-Claude, ele apenas olhou para mim. Eu estava sozinha nisso. Mas eu sempre não estava?
“Xavier vai ter que dormir. Ele não poderá machucar Jeff quando o sol nascer.”
Larry balançou a cabeça. “Nós vamos resgatar ele a tempo?”
Eu queria dizer ‘Claro.’, mas eu não iria mentir.
“Eu não sei. Eu espero que sim.”
Seu suave, rosto Howdy-Doody estava cheio de linhas teimosas. Eu olhei para ele e percebi porque tantas pessoas subestimavam ele. Ele parecia tão inofensivo. Diabos, ele era meio que inofensivo, mas ele estava armado agora, e aprendendo a ser perigoso. E em seu rosto, pela primeira vez, eu vi raiva crescer de propósito. Eu estava planejando deixar ele para trás quando fosse encontrar o Mestre de Branson. Olhando para ele agora, eu não tinha certeza se ele iria aceitar isso. Ele teve sua primeira caça à vampiros essa noite. Eu queria manter ele longe dessas coisas perigosas até agora. Mas isso não iria durar. Eu estava esperando que ele desistisse da idéia de caçar vampiros. Olhando para seus olhos brilhando, eu percebi que era eu quem estava me enganando. Em seu próprio jeito, Larry era tão teimoso quanto eu. Pensamento assustador, esse. Mas por essa noite, ele estava a salvo.
“Você não pode apenas me confortar? Me dizer que acharemos ele?” Larry perguntou.
Eu sorri. “Eu tento não mentir para você se posso evitar.”
“Por uma vez,” Larry disse, “Eu gostaria de ouvir uma mentira.”
“Desculpe.” Eu disse.
Ele puxou a ar profundamente e deixou sair devagar. Sua raiva havia ido embora, simples assim. Larry não sabia o que era segurar sua raiva. Ele não se martirizava com coisas. Uma das grandes diferenças entre nós. Eu nunca perdoava ninguém por nada. Um defeito de caráter tenho certeza, mas diabos, todo mundo tem de ter ao menos um.
Houve uma batida na porta. Larry foi até ela.
Jean-Claude estava de repente perto de mim. Eu não tinha visto ele se mover. Não tinha ouvido suas botas de couro fazer algum barulho no carpete. Nada. Mágica. Meu coração estava de repente na minha garganta.
“Bata seus pés ou qualquer outra coisa quando fizer isso.”
“Fazer o que, ma petite?”
Eu olhei para ele. “Isso não foi um truque mental, foi?”
“Não.” Ele disse. Ela única palavra deslizou pela minha pele como um lenta e sigilosa brisa.
“Vá se danar.” Eu disse suavemente e com sentimento.
Ele sorriu. “Nós já falamos sobre isso, ma petite, você está atrasada.”
Larry fechou a porta. “Tem um cara no corredor dizendo que está com Jean-Claude.”
“Um cara ou um vampiro?” Eu perguntei.
Larry franziu a testa. “Não era um vampiro, mas dizer que era um humano, eu não iria tão longe.”
“Você está esperando companhia?” Eu perguntei.
“Sim, estou.”
“Quem?”
Ele andou até a porta e colocou a mão na maçaneta. “Alguém que eu acredito que você já conheça.”
Ele abriu a porta com um rápido passo para o lado, me deixando ter uma vista clara de Jason parado na porta aberta, sorrindo, relaxado. Ele era exatamente da minha altura, algo que você não via muito em homens. Um reto e loiro cabelo tocando na altura da sua gola. Seus olhos de um inocente azul de um céu de primavera. Da última vez que vi ele, ele tentou me comer. Lobisomens fazem isso as vezes.
Ele estava vestido com um grande suéter preto que media quase na altura da coxa. Ele teve se enrolar as mangas em seu braço. Sua calça era de couro, amarrado do lado da cintura até o meio da panturrilha, onde os laços acabavam nas botas. Os laços estavam soltos o suficiente para ver uma pálida linha de carne dos lados.
“Olá, Anita.”
“Olá, Jason. O que você está fazendo aqui?”
Ele teve a graciosidade de parecer embaraçado. “Eu sou o novo bicho de estimação de Jean-Claude.”
Ele disse essa palavra como esse estivesse tudo certo. Richard não teria dito isso dessa maneira.
“Você não me disse que traria companhia.” Eu disse.
“Nós iremos falar com o Mestre da Cidade. Nós devemos fazer um bom show para isso.”
“Então um lobisomem e o que... eu?”
Ele suspirou. “Sim, ma petite, você resistindo à minhas marcas ou não, a maioria considera você minha serva humana.”
Ele levantou uma mão. “Por favor, Anita, eu sei que você não é minha serva humana no senso técnico. Mas você me ajudou a defender meu território. Você matou para me proteger. Essa é a melhor definição do que um servo humano faz.”
“Então o que? Eu tenho de fingir ser sua serva humana nessa visita?”
“Algo como isso.” Ele disse.
“Esqueça.”
“Anita, eu preciso parecer forte aqui. Branson foi parte do território de Nikolaos. Eu desisti dele porque a população densa apoiava outro grupo. Mas ainda era minha terra, e agora não é. Alguns veriam isso como fraqueza e não como praticidade.”
“Então sem nenhuma marca sua você finalmente vai me ter bancando a serva para você. Seu manipulador filho da puta.”
“Você me chamou até aqui, ma petite.” Um pouco de calor cortou pelas suas palavras. Ele andou de volta para mim. “Eu estou te fazendo um favor, não esqueça isso.”
“Eu acho que você não me deixará esquecer.” Eu disse.
Ele fez um som severo, como se não tivesse palavras para sua raiva. “Por que eu sigo com você? Você me insulta todo momento. Há muitos que dariam suas almas pelo que eu te ofereço.”
Ele ficou parado na minha frente, olhos escuros como safiras, pele branca como mármore.
Sua pele brilhava como se houvesse luz dentro dele. Ele parecia como alguma escultura feita de luz, jóias e pedras.
Ele era impressionante e assustador, mas eu já tinha visto isso antes.
“Corte a merda de poderes vampirescos, Jean-Claude. Está quase amanhecendo, você não tem um caixão para arrastar para algum lugar?”
Ele riu, mas não era agradável, era amargo como o toque de lã de aço. Algo que irritava mais que atraia.
“Nossa bagagem não chegou, não é, meu lobo?”
“Não, mestre.” Jason disse.
“Seu caixão não chegou?” Eu perguntei.
“Ou eu escolhi um restrito compartimento, ou...” Ele deixou as palavras soltas, rosto insípido e agradável.
“Ou o que?” Larry perguntou.
“Ma petite.”
“Você acha que o mestre local pegou seu caixão.” Eu disse.
“Uma punição por entrar em seu território sem observar as etiquetas sociais.” Ele olhou para mim quando disse.
“Eu suponho que seja minha culpa.” Eu disse.
Ele me deu um encolher de ombros exasperado. “Eu poderia ter dito não, ma petite.”
“Pare de ser tão civilizado a respeito disso.”
“Você ficaria feliz se eu estivesse com raiva?” Sua voz era afável quando disse.
“Talvez.” Eu disse. Isso teria feito eu me sentir menos culpada, mas não disse isso em voz alta.
“Vá até o aeroporto e tente achar nossa bagagem se conseguir, Jason. Traga de volta para o quarto de Anita.”
“Espere um minuto. Você não vai ficar no meu quarto.”
“Está quase amanhecendo, ma petite. Eu não tenho escolha. Amanhã nós procuraremos outras acomodações.”
”Você planejou isso.”
Ele deu uma curta e seca risada. “Mesmo meus mais retorcidos pensamentos tem certo juízo, ma petite. Eu não ficaria propositalmente sem caixão tão perto de amanhecer.”
“O que você vai fazer sem seu caixão?” Larry perguntou. Ele parecia ansioso.
Jean-Claude sorriu. “Não tema, Lawrence, tudo que eu preciso é escuridão, ou a carência do sol. O caixão por si mesmo não é absolutamente necessário, apenas mais seguro.”
“Eu nunca conheci um vampiro que não dormisse em um caixão.” Eu disse.
“Se eu estiver subterrâneo em um lugar seguro, eu não preciso do caixão. Sinceramente, uma vez que o amanhecer me acha eu fico tão insensível que posso dormir em uma cama de agulhas e não saberia.”
Eu não tinha certeza se acreditava nele. Ele trabalhava mais duro que os outros para se passar por humano.
“Você verá a verdade de minhas palavras logo, ma petite.”
“É disso que estou com medo.” Eu disse.
“Você pode dormir no sofá se preferir, mas eu estou te dizendo a verdade, que quando o amanhecer chegar eu estarei inofensivo, impotente, se preferir. Eu não poderei te molestar nem se quisesse.”
“E que outro conto de fadas eu tenho que acreditar? Eu já te vi mover depois do amanhecer, escondido da luz, e você estava trabalhando bem.”
“Depois de oito horas ou mais de sono, se ainda for dia eu posso mover por aí, verdade, mas eu duvido que você ficará na cama depois dessas 8 horas. Você tem clientes ou alguma outra coisa, como a investigação de assassinato, alguns negócios irão te ocupar.”
“Se eu te deixar sozinho, quem vai ver se algum criado não vai entrar e abrir as cortinas e fritar você?”
O sorriso aumentou. “Preocupada com meu bem-estar. Eu estou tocado.”
Eu olhei para ele. Ele parecia agradável, entretido, mas era uma máscara. Sua expressão quando ele não queria que você soubesse o que ele estava pensando, mas não queria que você soubesse que ele não queria que você soubesse. “O que você está tramando?”
“Dessa vez, ma petite, nada.”
“Aham, certo.”
“Se eu achar o caixão, eu vou precisar alugar uma caminhonete.” Jason disse.
“Você pode usar nosso Jeep.” Larry disse.
Eu olhei para ele. “Não, ele não pode.”
“Pense nisso como uma conveniência, ma petite. Até Jason alugar uma caminhonete, então talvez eu tenha de passar outro dia em sua cama. Eu sei que você não quer isso.” Havia divertimento em sua voz, e por baixo alguma outra coisa. Talvez fosse amargura.
“Eu dirijo.” Larry disse.
“Não, você não vai.” Eu disse.
“É quase amanhecer, Anita. Eu ficarei bem.”
Eu balancei minha cabeça. “Não.”
“Você não pode me tratar como uma criança para sempre. Eu posso dirigir um Jeep.”
“Eu prometo não comer ele.” Jason disse.
Larry estendeu suas mãos abertas pedindo a chave. “Você tem de confiar em mim alguma hora.”
Eu apenas olhei para ele.
“Eu prometo atirar em qualquer coisa, humana ou monstros, que me ameaçarem no caminho.” Ele fez o sinal de um escoteiro, três dedos para o céu.
“Você pode me tirar da cadeia e explicar que eu estava apenas seguindo ordens.”
Eu suspirei. “Ta certo, droga.” Eu dei a ele as chaves.
Ele sorriu abertamente para mim. “Obrigado.”
Eu balancei minha cabeça. “Apenas se apresse, ok?”
“Qualquer coisa que diga.”
“Apenas vaza daqui e seja cuidadoso.”
Larry se foi com Jason logo atrás dele. Eu encarei a porta depois de fechada, pensando se e deveria ter ido com eles. Conhecendo Larry, ele teria ficado bravo, mas isso era melhor do que ter ele morto.
Inferno, era uma simples missão, ir até o aeroporto e pegar o caixão. O que poderia dar errado faltando menos que uma hora para a escuridão acabar? Merda.
“Você não pode proteger ele, Anita.”
“Eu posso tentar.”
Jean-Claude deu aquele exasperado encolher de ombros que significava qualquer coisa, e nada. “Nós podemos voltar ao nosso quarto, ma petite?”
Eu abri minha boca para dizer que ele podia ficar com Larry, mas eu não disse. Eu não acreditava realmente que ele faria algo com Larry, mas eu tinha certeza que ele não faria comigo.
“Claro.” Eu disse.
Ele pareceu um pouco surpreso, como se esperasse uma argumentação. Mas eu estava sem argumentos essa noite. Ele poderia ter a cama. Eu ficaria com o sofá. O que poderia ser mais inocente? Freiras designadas do inferno, mas além disso...

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 19


Eu pude sentir o amanhecer contra a janela como uma mão gelada quando nós voltamos para o meu quarto. Estava bem próxima. Jean-Claude sorriu para mim.
“A primeira vez que posso dividir um quarto de hotel com você, e não há tempo.” Ele deu um elaborado suspiro. “As coisas nunca funcionam como o planejado com você, ma petite.”
“Talvez isso seja uma dica.” Eu disse.
“Talvez.” Ele olhou para as cortinas fechadas. “Eu tenho que ir, ma petite. Até escurecer.” Ele fechou a porta do quarto com um pouco de pressa. Eu pude sentir a luz da manhã pressionada contra o prédio. Eu reparei pelos anos caçando vampiros que eu sempre estava acordada no nascer e desaparecer do sol.
Tiveram vezes que eu lutei desastre por desastre para ficar viva até que o suave brilhar da luz pudesse aparecer no céu e salvar meus biscoitos*. Pela primeira vez eu me perguntei como seria ver isso como perigo, em vez de uma benção.
(*? Haha Tava assim. Juro.)
Depois dele ter fechado a porta eu percebi que minha mala estava no quarto. Merda. Eu hesitei, e finalmente bati na porta. Sem nenhuma resposta. Eu a abri apenas um pouco, e então mais. Ele não estava ali.
Água corria no banheiro. Uma linha de luz se mostrava por debaixo da porta. O que vampiros faziam em banheiros? Melhor não saber.
Eu peguei minha mala do chão e carreguei para fora antes que a porta do banheiro pudesse abrir. Eu não queria ver ele de novo. Eu não queria ver o que acontecia com ele quando o sol raiasse.
Quando o sol havia aparecido o suficiente para pulsar contra as cortinas fechadas como um pálido limão líquido, eu mudei minha roupa para uma camiseta e jeans. Eu tinha um roupão comigo, mas se eu iria receber Larry e Jason eu queria estar vestindo alguma calça.
Eu liguei para baixo pedindo mais lençóis e travesseiros. Ninguém ficou bravo porque era extremamente cedo, uma estranha hora de precisar de roupa de cama. Eles apenas trouxeram as coisas. Primeira classe. O criado nem mesmo olhou para a porta do quarto fechado.
Eu coloquei o lençol no sofá e encarei ele. Era um bonito sofá, mas não parecia muito confortável. Ah, bem, virtude tem suas punições. Mas claro, talvez não fosse virtude que me mantinha fora do quarto. Se fosse Richard deitado no quarto ao lado, então apenas minha corajosa moral me manteria fora de lá.
Com Jean-Claude... Eu nunca tinha visto ele depois de amanhecer, quando ele estava morto para o mundo. Eu não tinha certeza se queria ver. Eu sabia que eu não queria ficar de conchinha perto dele enquanto o calor deixava seu corpo.
Houve uma batida na porta. Eu hesitei. Provavelmente era Larry, mas então de novo... Eu fui para a porta com a Browning na minha mão. Beau tinha uma escopeta noite passada. Paranóia ou cautela. Difícil de dizer a diferença as vezes.
Eu parei do lado da porta e disse, “Sim?”
“Anita, é a gente.”
Eu apertei a trava de segurança e coloquei o cano dela na frente do meu jeans. Era uma arma muito grande para guardar numa pistoleira, mas para segurar ela temporariamente, aquilo funcionava.
Eu abri a porta.
Larry estava encostado contra o vão da porta, parecendo amarrotado e cansado. Ele tinha um saco de McDonald’s em uma mão, e quatro copos dentro de uma dessas bandejas Styrofoam. Dois deles eram de café e os outros dois eram soda.
Jason tinha uma grande mala de couro embaixo de cada braço, uma mala muito menor estava em sua mão direita, e um segundo saco do McDonald’s na esquerda. Ele não parecia nem um pouco cansado. Uma pessoa matutina, mesmo depois de não dormir nada. Era repugnante.
Seus olhos se apertaram quando ele viu a arma enfiada na minha cintura. Ele percebeu ela, mas não comentou nada. Ponto para ele.
Larry nunca nem piscou para a arma.
“Comida?” Eu perguntei.
“Eu não comi muito noite passada. E além do mais, Jason estava com fome também.” Larry disse.
Ele entrou colocando a bebida e comida no bar. Nenhum de nós bebíamos, era bom usar o bar para alguma coisa.
Jason passou pela porta com as malas e comida, mas não havia esforço nisso. Ele não parecia nem um pouco incomodado tendo que carregar aquilo tudo.
“Exibido.” Eu disse.
Ele deixou as malas no chão. “Isso não está nem perto de uma exibição.” Ele disse.
Eu fechei a porta atrás deles. “Eu suponho que você consegue trazer o caixão com uma só mão.”
“Não, mas não porque é pesado. É apenas longo demais. O balanço não fica certo.”
Ótimo. Um super-lobisomem. Se bem que pelo que eu sabia, todos os licantropos conseguiam carregar muito peso. Talvez Richard conseguia levantar caixões com um braço. Não era um pensamento confortante.
Jason começou a despejar a comida no bar. Larry já estava subindo em um dos bancos do bar. Ele estava colocando açúcar em um dos cafés.
“Você deixou o caixão no corredor?” Eu perguntei. Eu tive que deixar a Browning no bar para poder sentar. Eu tinha apenas uma cintura muito curta para deixar ela na minha calça.
Larry colocou um café fechado na minha frente. “Está desapecido.”
Eu olhei para ele. “Você achou as malas mas não o caixão?”
“Sim.” Jason disse, enquanto ele terminava de dividir a comida em três pilhas. Ele empurrou alguma delas na nossa frente, mas a parte que dava pra um leão estava na frente dele.
“Como você consegue comer isso a essa hora da manhã?”
“Eu estou sempre com fome.” Ele disse. Ele me olhou meio que em expectativa.
Eu deixei passar. Era tão fácil.
“Vamos lá, eu te dei essa de graça.” Ele disse.
“Você não parece particularmente preocupado.” Eu disse.
Ele encolheu os ombros, e se sentou em um dos bancos do bar.
”O que você quer que eu diga? Eu tenho visto merdas estranhas desde que virei um lobisomem. Se eu ficar histérico cada vez que algo dá errado, cada vez que alguém que eu conheço morre, eu estaria totalmente maluco agora.”
“Eu pensei que lutas por dominância no bando, exceto pelos líderes, não eram até a morte.” Eu disse.
“As pessoas esquecem.” Ele disse.
“Eu terei que conversar com Richard quando eu voltar para casa. Ele não mencionou nada disso para mim.”
“Não há nada para mencionar.” Jason disse. “Apenas negócios, como sempre.”
Ótimo. “Ninguém viu quem pegou o caixão?”
Larry respondeu, sua voz lenta, mesmo com a cafeína e açúcar.
Há apenas algumas coisas que você consegue fazer sem cair no sono.
“Ninguém viu ninguém pegando ele. Na verdade, o único cara deixado para cuidar das coisas de noite disse, ‘Eu apenas me virei por um segundo, e não estava lá. Apenas as malas paradas sozinhas.’”
“Merda.” Eu disse.
“Pra que levar o caixão?” Ele perguntou. Ele bebeu quase seu café inteiro. Meus McMexidos de Ovos estava intocados na frente dele. Eles colocaram bolos quentes na minha frente com um pequeno tubo de calda do lado.
“Seu café da manhã está esfriando.” Jason disse.
Ele estava desfrutando aquilo demais. Eu franzi a testa para ele, mas abri meu café. Eu não queria a comida. “Eu acho que o mestre está flexionando um pouco de músculo. O que você acha, Jason?” Eu mantive minha voz casual.
Ele sorriu para mim com a boca cheia de comida, ele respirou e disse, “Eu acho o que Jean-Claude queira que ache.”
Talvez minha voz estava casual demais. Eu deveria realmente desistir de fazer isso, eu apenas não era boa o suficiente nisso.
“Ele te disse para não falar comigo?”
“Não, apenas para ser cuidadoso com o que falar.”
“Ele diz ‘pule’, e você diz ‘que altura?’. É isso?”
“É isso.” Ele mordeu um pedaço de seu mexido de ovo, seu rosto pacífico.
“Isso não incomoda você?”
“Eu não faço as regras, Anita. Eu não sou um Alfa nada.”
“E isso não incomoda você?” Eu perguntei.
Ele encolheu os ombros. “As vezes, mas não tem nada que eu possa fazer a respeito disso. Pra que lutar?”
“Eu não entendo isso.” Larry disse.
“Nem eu.”
“Você não tem que entender.” Ele disse. Ele não podia ter mais que vinte anos, mas o olhar em seu rosto não era jovem. Era o olhar de alguém que tinha visto muito, feito muito, e nem todas as coisas eram boas.
Era o olhar que eu estava com medo de ver no rosto de Larry algum dia. Eles eram quase da mesma idade, o que as pessoas estavam fazendo para dar a Jason olhos tão cansados?
“O que nós fazemos agora?” Larry perguntou.
“Vocês são os experts em vampiros. Eu sou apenas o animal de estimação de Jean-Claude.”
Ele continuava a dizer aquilo como se não o incomodasse. Aquilo me incomodaria muito. Eu balancei a cabeça.
“Eu irei ligar para a polícia, e então dormir um pouco.”
“O que você vai dizer a eles?” Jason perguntou.
“Eu irei dizer a eles a respeito de Xavier.”
“Jean-Claude te disse que podia contar aos policiais?”
Eu olhei para ele. “Eu não pedi permissão.”
“Jean-Claude não iria gostar de você dando o nome aos policiais.”
Eu apenas encarei ele. Ele piscou para mim.
“Não faça isso apenas porque eu disse isso, por favor.”
“Ele te conhece muito bem para alguém que está te vendo pela segunda vez apenas.” Larry disse.
“Terceira vez.” Eu disse. “Duas das três vezes, ele tentou me comer.”
Os olhos de Larry se arregalaram um pouco. “Você ta brincando.”
“É que ela parece tão gostosa.” Jason disse.
“Eu já tive o suficiente de você.” Eu disse.
“O que há de errado? Jean-Claude e Richard provocam você.”
“Eu estou saindo com os dois.” Eu disse. “Eu não estou saindo com você.”
“Talvez você tenha alguma coisa por monstros. Eu posso ser tão assustador quanto o próximo cara.”
Eu encarei ele. “Não.” Eu disse. “Você não pode. É por isso que você não é um alfa. É por isso que você é o bichinho de estimação do Jean-Claude. Porque você não é assustador o suficiente.”
Alguma coisa fluiu em seus pálidos olhos azuis. Algo nervoso e perigoso. Sentado ali com seu garfo em seus mexidos de ovos, e uma Coca na outra, ele estava de repente diferente. Era difícil de colocar em palavras, mas fez levantar os pêlos de trás de minha nuca.
“Calma aí, garoto lobo.” Eu disse. Minha voz era suave, cuidadosa. Eu estava sentada a menos de um pé longe dele. A essa distância ele podia pular fácil em mim.
A Browning estava do lado da minha mão direita, mas eu sabia melhor. Eu poderia pegar a arma, mas eu nunca apontaria para ele a tempo. Eu já tinha visto ele se mover antes, e eu não seria rápida o suficiente. O bocado de sono estava me fazendo acreditar nisso, ou estupidez. A mesma coisa.
Um baixo rosnado saiu dele. Meu pulso bateu um pouco mais rápido.
A arma de Larry estava de repente apontada passando na frente do meu nariz, para o rosto do lobo.
“Não faça isso.” Larry disse. Sua voz era baixa e regular, e muito séria.
Eu desci no banco do bar, pegando a Browning comigo. Eu realmente não queria que a arma de Larry disparasse tão perto do meu rosto.
Eu apontei a minha arma para o peito de Jason, com uma mão, quase casual.
“Nunca mais me ameace de novo.”
Jason me encarou. Sua besta estava oculta logo atrás de seus olhos, como uma mão acenando numa praia.
“Se você começar a ficar peludo, eu não esperarei para descobrir se você está blefando.” Eu disse.
Larry tinha um joelho no banco do bar, a arma ainda apontada boa e pronta. Eu esperava que ele não caísse do banco e acidentalmente atirasse em Jason. Se ele atirasse em Jason, eu queria que fosse de propósito.
Os ombros de Jason relaxaram. Suas mãos desapertaram, deixando o garfo e a bebida no bar. Ele fechou seus olhos e ficou bem quieto por quase um minuto. Larry e eu esperamos, armas ainda apontadas. Os olhos de Larry deram uma olhadela para mim. Eu balancei a cabeça.
Jason abriu seus olhos e deixou sair um profunda, suspirante respiração. Ele parecia normal de novo, toda a tensão drenada embora. Ele sorriu abertamente.
“Eu tive que tentar.”
Eu dei mais um passo para trás, encostando minhas costas na parede. Fora do alcance, eu abaixei minha arma. Larry hesitou, mas me imitou.
“Então você tentou. E agora?”
Ele encolheu os ombros. “Você é dominante para mim.”
“Simples assim.” Eu disse.
“Você ficaria feliz se eu te fizesse lutar comigo?”
Eu balancei minha cabeça.
“Mas eu ajudei ela a se afastar,” Larry disse. “Ela não fez sozinha.”
“Não importa. Você é leal a ela, você arriscaria sua vida por ela. Há mais em ser dominante do que apenas músculos ou armas.”
Larry pareceu confuso. “O que você quer dizer, dominante? Eu sinto como se estivesse perdendo parte da conversa.”
“Por que você está trabalhando tão duro para não parecer humano, Jason?” Eu perguntei.
Ele sorriu e voltou para seu café da manhã.
“Me responda, Jason.”
Ele terminou seus ovos e disse, “Não.”
“O que está acontecendo?” Larry disse.
“Jogos mentais.” Eu disse.
Larry fez um som exasperado. “Alguém me explique por que nós tivemos que apontar uma arma para alguém que supostamente está do nosso lado?”
“Jean-Claude vive me dizendo que Richard não é mais humano do que ele. A pequena amostra de Jason ajudou a enfatizar isso. Não é, garoto lobo?”
Jason comeu o resto da sua comida como se não estivéssemos ali.
“Me responda.” Eu disse.
Ele se virou no banco, colocando seus cotovelos atrás dele, na mesa.
“Eu tenho tantos mestres agora, Anita. Eu não preciso de mais um.”
“Eu tenho tantos monstros me enchendo agora. Não se adicione à lista, Jason.”
“É uma lista curta?” Ele perguntou.
“Fica mais curta a cada dia.” Eu disse.
Ele sorriu e deslizou para fora do banco. “Alguém mais está cansado além de mim?”
Larry e eu encaramos ele. O lobisomem não parecia mais cansado do que nós, meros humanos.
Jason não iria responder minhas perguntas, e elas não eram importantes o suficiente para atirar nele. Xeque*.
(*xadrez).
“Ta certo. Onde você vai dormir?” Eu perguntei.
”Se você confiar em mim para não comer ele, no quarto de Larry.”
“De jeito nenhum.” Eu disse.
“Você quer que eu fique aqui, com você?”
“Eu disse que ele podia ficar no meu quarto no carro.” Larry disse.
“Isso foi antes dele começar com essas merdas de lobisomem.” Eu disse.
Larry encolheu os ombros. “Você tem um Mestre da Cidade na sua cama. Eu acho que posso lidar com um lobisomem.”
Eu achava que não. Mas não queria discutir isso na frente do lobisomem. “Não, Larry.”
Ele estava instantaneamente bravo. “O que eu tenho de fazer para me provar pra você?”
“Continuar vivo.” Eu disse.
“O que isso quer dizer?”
“Você não é um atirador, Larry.”
“Eu ia atirar nele.” Larry apontou para o lobisomem sorridente.
“Eu sei,”
“Porque eu não estava apertando o gatilho com um sorriso no rosto, você não confia que posso cuidar de mim mesmo?”
Eu suspirei. “Larry, por favor. Se Jason virar um animal peludo no meio do dia e matar você, eu não poderia viver comigo mesma.”
”E se ele matar você?” Larry disse.
“Ele não vai.”
“Por que não?” Larry perguntou.
“Porque Jean-Claude mataria ele. Se ele te machucar, eu mataria ele, mas eu não acho que Jean-Claude iria vingar sua morte. Jason tem mais medo de Jean-Claude do que de mim. Não é, Jason?”
Jason se sentou no fim do sofá, em meu lençol. “Ah, sim.”
“Eu não sei por que.” Larry disse. “É você quem mata pro Jean-Claude. Ele parece que nunca mata ninguém por ele mesmo.”
“Larry, de quem você tem mais medo, Jean-Claude ou eu?”
“Você não iria me machucar.” Ele disse.
“Se você tivesse que enfrentar um de nós, quem você iria preferir?”
Larry olhou para mim por um longo tempo. A raiva tinha ido embora, no lugar ficou algo cansado e velho em seus olhos. “Ele.”
“Pelo amor de Deus, por que?” Eu perguntei.
“Eu já te vi matar um monte de pessoas, Anita. Um monte a mais que Jean-Claude. Você não iria me assustar até a morte, você apenas me mataria.”
Minha boca abriu, um pouco. “Se você realmente acredita que eu sou mais perigosa que Jean-Claude, então você não esteve prestando muita atenção.”
“Eu não disse que você é mais perigosa. Eu disse que você me mataria rapidamente.”
“É por isso que eu tenho mais medo de Jean-Claude do que de Anita.” Jason disse.
Larry olhou para ele. “O que quer dizer?”
“Tudo que ela faria era me matar, rapidamente, secamente. Jean-Claude não iria me matar rapidamente, ou facilmente. Ele cuidaria pra que doesse.”
Os dois homens encararam um ao outro. A lógica de cada um soando o mais longe possível. Eu estava com Jason.
“Se você realmente acredita no que está dizendo, Larry, então você não tem visto o suficiente sobre vampiros.”
“Como eu vou ver o suficiente sobre vampiros se você me mantém com braços curtos, Anita?”
Eu estive realmente mantendo ele fora desse tanto? Eu tinha protegido demais ele? Deixado ele ver a minha falta de compaixão mas não a de Jean-Claude?
“E eu irei ao mestre amanhã a noite. Você não vai mais me deixar para trás.”
“Você está certo.” Eu disse. A resposta pareceu surpreender os dois.
“Se você realmente acha que eu mataria alguém mais rápido que Jean-Claude, eu tenho te protegido demais. Você tem que entender o quão perigosos eles são, Larry. Quão mortíferos, ou algum dia eu não estarei perto e você será morto.”
Eu puxei o ar profundamente e deixei ele sair devagar. Meu estômago estava apertado de medo. Medo que Larry fosse morto porque eu mantive ele fora das coisas. Isso era algo que eu não tinha previsto.
“Vamos, Jason.” Larry disse.
Jason se levantou.
“Não. Amanhã você pode ser o fodão com os vampiros, comigo olhando. Até você entender o quão perigosos os monstros são, eu não quero você sozinho com eles.”
Seus olhos estavam zangados e machucados. Eu machuquei sua confiança, sua auto-estima. Mas... o que mais eu podia fazer?
Larry se virou abruptadamente em seus calcanhares e foi embora. Ele não argumentou. Ele não disse tchau. Ele bateu a porta fortemente atrás dele, e eu lutei contra a urgência de seguir ele. O que eu poderia dizer. Eu encostei minha testa contra a porta e sussurrei. “Droga.”
“Eu fico com o sofá?” Jason perguntou.
Eu me virei e encostei contra a porta. Eu ainda estava com a Browning na minha mão, se bem que eu não sabia mais o por que. Eu estava ficando cansada , descuidada. “Não, eu fico com o sofá.”
“Onde você quer que eu fique então?”
“Eu não me importo, apenas não perto de mim.”
Ele correu suas mãos pelo lençol, correndo a roupa de cama entre seus dedos.
“Se você realmente vai dormir aqui, eu irei ficar com a cama.”
“Está ocupada.” Eu disse.
“O quão grande é a cama?”
“King-size, mas que diferença isso faz?”
“Jean-Claude não se importaria se eu dividisse com ele. Ele preferiria você, mas...” Ele encolheu os ombros.
Eu olhei para ele, para seu tranqüilo e agradável rosto.
“É a primeira vez que você vai dividir uma cama com Jean-Claude?”
“Não.” Ele disse.
Isso deveria ter aparecido em meu rosto, porque ele abaixou a gola do suéter o suficiente para mostrar duas marcas de presas. Eu saí da porta e cheguei mais perto. Perto o suficiente para ver que a mordida estava quase curada.
“As vezes ele gosta de um lanche quando acorda.” Jason disse.
“Jesus.” Eu disse.
Jason soltou a gola, e ela escondeu a mordida, como se ela não estivesse ali. Da mesma forma que você esconde a hickey*.
(*Desculpem, mas faço nem idéia que isso, e aparentemente nem os dicionários usdhaishd)
Jason ficou sentado ali parecendo inofensivo. Ele era exatamente da minha altura, e tinha o rosto de um anjo que sabia muitas coisas.
“Richard não deixaria Jean-Claude lanchar dele.” Eu disse.
“Não.” Ele disse.
“Não. Isso é tudo que você tem pra dizer?”
“O que você quer que eu diga, Anita?”
Eu pensei nisso por um segundo. “Eu quero que você fique indignado. Bravo.”
“Pra que?”
Eu balancei minha cabeça.
“Vá pra cama, Jason. Você está me cansando.”
Ele entrou no quarto sem nenhuma palavra. Eu não espiei para ver se ele tinha se mudado para a forma de lobo e se curvado no carpete, ou se ele se arrastou para a cama, do lado do cadáver. Não era da minha conta, ou pelo menos, não era nada que eu queria ver.

 

 

 


CAPÍTULO 20


Eu coloquei a Browning debaixo do travesseiro com a trava de segurança ligada. Em casa, com a arma na pistoleira especial que eu prendia na cabeceira da cama, a trava estaria desligada. Mas pareceria bem idiota se eu acidentalmente atirasse em mim mesma durante a noite ou dia tentando me proteger de lobisomens.
A Firestar eu coloquei embaixo da almofada do sofá, com a trava ligada também. Normalmente ela estaria na minha mala, mas eu estava me sentindo um pouco insegura.
As facas estavam na mala. As coisas não estavam tão perigosas assim para usar a porta-faca na cama. E além do mais, elas não eram muito confortáveis, não para dormir, de qualquer forma.
Eu estava apenas quase dormindo depois de um longo dia quando eu percebi que eu não tinha ligado para o Agente Especial Bradford. Merda. Eu joguei os lençóis de volta e peguei o telefone sem nada além de camiseta e calcinha. Sim, a Browning veio comigo. Não valia droga nenhuma ter uma arma se ela não estivesse com você.
Eu disquei o número e não tive resposta. Acredita? Todo mundo não trabalhava 24 horas por dia? Eu tinha o número de seu beeper. As novidades de Xavier podiam esperar? O nome pelo menos ajudaria eles? O Agente Bradfort tinha dito de forma bem clara que eu não era uma pessoa bem vinda. Primeiro Freemont tinha votado contra mim, depois, os Quinlans estavam ameaçando processar todo mundo, ao menos que eu me afastasse do caso. Eu tinha tido um puta tiro-a-tiro para proteger aquela família, eles não queriam que eu repetisse. Eles parecem pensar que eu tinha feito o filho deles ser morto. Dá pra acreditar?
Eu tinha o número do beeper de Bradford. Ele tinha me dado ordens claras que se eu descobrisse qualquer coisa era para contá-lo, e apenas a ele. Me fez não querer contar merda nenhuma. Mas quem era eu para dizer que o FBI não tinha uma lista de nome de vampiros em algum lugar? Talvez o nome significaria alguma coisa para eles. Talvez isso ajudasse a achar Jeff.
Além do mais, Jean-Claude não havia me dito hoje para não dar o nome deles para os policiais. Eu usei o número do beeper. Eu deixei o número do meu telefone. Agora eu poderia voltar para a cama e deixar sua ligação em retorno me acordar, ou eu poderia sentar na cadeira por alguns minutos e esperar. Eu esperei.
O telefone tocou depois de uns 5 minutos. Eu gosto de homens que retornam seus beeps prontamente. Eu disse, “Alô.” No caso de não ser ele. Era ele.
“Agente Especial Bradford. Esse número estava no meu beeper.” Sua voz estava rouca de dormir.
“É a Anita Blake.”
Um momento de silêncio e então, “Você sabe quantas horas são?”
“Eu ainda não dormi, então sim, eu sei quantas horas são.”
Outro silêncio. “O que você quer, Senhorita Blake?”
Eu puxei uma respiração profundamente e deixei sair devagar. Ficar brava não iria ajudar. “Eu tenho um possível nome para o vampiro que tem matado as crianças.”
“Qual o nome?”
“Xavier.”
“Sobrenome?”
“Vampiros não usam sobrenomes, como uma regra geral.”
“Obrigado pelo nome, Senhorita Blake. Como você o conseguiu?”
Eu pensei nisso por uns segundos. Eu não consegui pensar em uma boa resposta.
“Meio que caiu no meu colo.”
“Por que eu não acredito nisso, senhorita Blake? Eu achei que fui bem claro essa noite. Não é para você se envolver nesse caso de nenhuma forma.”
“Olha, eu não tinha que ligar, mas eu quero que Jeff Quinlan volte a salvo. Eu achei que o FBI poderia usar o nome do vampiro para achá-lo.”
“Eu quero saber como você conseguiu o nome.” Ele disse.
“Um informante.”
“Eu gostaria de falar com esse informante.” Ele disse.
“Não.” Eu disse.
“Você está segurando informações de uma investigação federal, senhorita Blake?”
“Não, Agente Bradford, mas estarei passando dos limites por dividir informações.”
Ele estava quieto de novo. “Está certo, senhorita Blake, você está certa. Obrigado pelo nome. Nós vamos investiga-lo nos computadores.”
“Esse vampiro tem o histórico de machucar garotos pré-adolescentes. Ele é pedófilo.”
“Bom Deus, um vampiro pedófilo.” Ele finalmente soava genuinamente interessado no que eu estava dizendo. “E ele está com o garoto dos Quinlans.”
“É.” Eu disse.
“Eu realmente gostaria de conversar com essa sua fonte.” Ele disse.
“Ele é um pouco tímido com policiais.”
“Eu teria que insistir, Senhorita Blake. Nós reportamos que um jato privado aterrissou noite passada, e tiveram um caixão descarregado. Está registrado em J.C Corporação. Eles parecem ter um monte de vampiros relacionados, St. Louis é a base do negócio. Você sabe alguma coisa sobre isso, senhorita Blake?”
Mentir para o FBI parecia ser uma má idéia, mas eu não tinha certeza com o que ele faria com a verdade. Os Federais estavam investigando um crime de vampiros, e de repente um novo vampiro aparece na cidade. O melhor que fariam com ele era interrogá-lo. O pior... bom, havia um vampiro no Mississippi que foi acidentalmente transferido para uma cela com uma janela. O sol nasceu e... fritou o vampiro.
Um advogado da ACLU pediu as bundas dos policiais, mas isso não trouxe o vampiro de volta. Se bem que o vampiro morto era um dos mais novos. Jean-Claude teria escapado facilmente, mas por escapar da lei usando poderes vampirescos ele ganharia um mandato para sua prisão. Meio que o que estava acontecendo com Magnus.
Além do mais, um vampiro havia matado um policial noite passada. A polícia talvez não seria terrivelmente cuidadosa com qualquer vampiro agora. A polícia era apenas humana, depois de tudo.
“Você ainda está aí, Blake?”
“Estou aqui.”
“Você ao respondeu minha pergunta.”
“Onde o caixão foi entregue?” Eu perguntei.
“Não foi. Ele apenas desapareceu.”
“Então o que você quer de mim?”
“Havia algumas malas com ele. As malas foram pegas um pouco depois por dois jovens homens. A descrição de um deles parecia muito com Larry Kirkland.”
“Isso é tudo?”
”Isso é tudo.”
Nós dois ficamos no telefone esperando o outro dizer alguma coisa.
“Eu poderia mandar alguns agentes até seu quarto de hotel.”
“Não há nenhum caixão em meu quarto de hotel, Agente Bradford.”
“Você tem certeza disso, Blake?”
“Minha mão para Deus.”
“Você sabe quem dirige a J.C Corporação?”
“Não.” Era a verdade. Até Bradford ter me dito sobre isso, eu nunca tinha ouvido falar da J.C Corporação. Seria apenas um palpite educado dizer que Jean-Claude era o dono dela. Ok, eu estava enganando a mim mesma, mas e daí?
“Você sabe onde o caixão foi entregue?” Ele perguntou.
“Não.”
“Você me diria se soubesse?”
“Se isso fosse ajudar a encontrar Jeff Quinlan, pode apostar.”
“Certo, Senhorita Blake, mas sem mais ajudas. Fique longe desse caso. Quando nós acharmos os vampiros nós ligaremos para você, e então você poderá fazer seu trabalho. Você é uma caçadora de vampiros, não uma policial. Tente se lembrar disso.”
”Tudo bem.” Eu disse.
“Bom, agora eu irei voltar a dormir. Eu sugiro que você faça o mesmo. Nós acharemos os vampiros hoje, Blake. E vamos dizer que eu não acredito em tudo que Freemont disse. Nós iremos te ligar para matá-los.”
“Obrigada.”
“Boa noite, Blake.”
“Boa noite, Bradford.”
Nós desligamos. Eu fiquei sentada ali por um minuto, apenas digerindo tudo. Se eles achassem Jean-Claude no meu quarto, o que eles fariam? Eu já tinha visto policias colocarem o corpo do vampiro em coma em uma bolsa, transporta-lo até a estação local e esperar pela noite para interrogar ele. . Eu achei essa idéia ruim, porque o vampiro iria acordar puto da vida. E foi assim. Eu acabei matando ele. Eu sempre me senti mal por essa morte em particular. Foi uma estacada sem declaração. Os policiais locais me convidaram para dar conselhos a eles. Um vez que acharam o vampiro, eles pararam de ouvir meus conselhos. Me lembrava a agora. Aquele vampiro também foi levado para questionamento. Eu estava de repente cansada. Era como se aquela noite inteira me acertasse eu um maçante golpe. O sono se arrastava até mim.
Eu tinha de ir dormir. Eu não poderia ajudar Jeff Quinlan, ou qualquer outra pessoa até que eu tivesse tido algumas horas de sono. Além do mais, talvez os Federais conseguissem achar ele. Coisas estranhas tem acontecido.
Eu deixei o telefone com um despertador na mesa de jantar, e me abracei debaixo dos lençóis. A Browning estava alta debaixo do travesseiros. Mas pelo menos eu não podia sentir a Firestar debaixo das almofadas do sofá.
Eu meio que desejei ter trazido Sigmund, meu pingüim de pelúcia, mas de alguma forma ter Jean-Claude ou Jason descobrindo que eu dormia com um bicho de pelúcia me incomodava quase o mesmo tanto deles tentando me comer. O preço do machismo.

 

 

 

CAPÍTULO 21


Alguém estava batendo na porta. Eu abri meus olhos para o quarto cheio com uma suave e indireta luz do sol. As cortinas ali não eram inteiramente densas como as do quarto. Que era o por que de eu estar do lado de fora e Jean-Claude lá dentro.
Eu lutei para entrar no jeans que deixei largado no chão e gritei, “Estou indo.”
A batida parou, e então soou como se a pessoa tivesse chutado a porta. Era o despertador dos federais? Eu fui até a porta com a Browning na minha mão. De alguma forma eu pensei que o FBI não seria tão rude. Eu parei do lado da porta e perguntei, “Quem é?”
“É a Dorcas Bouvier.” Ela chutou a porta de novo. “Abra essa maldita porta.”
Eu olhei pelo olho mágico. Era Dorcas Bouvier, ou sua gêmea do mal. Ela não tinha uma arma a vista. Eu estava provavelmente a salvo. Eu coloquei a Browning por baixo da camiseta, na cintura da calça. A camiseta era larga e ia até o meio da coxa. Escondia arma e mais.
Eu destranquei a porta e fiquei parada do lado. Dorcas empurrou a porta aberta, deixando ela oscilando atrás dela. Eu fechei e tranquei a porta, encostando contra e observando ela.
Dorcas andou pelo quarto como algum tipo de gato exótico. Seu cabelo castanho, que batia em sua cintura, se movia como uma cortina enquanto ela se movia. Ela finalmente se virou para mim e me encarou com seus olhos mar-verde que eram um espelho dos de seu irmão. A pupila tinha diminuído para um ponto, deixando as íris flutuando e fazendo ela parecer quase cega.
“Onde está ele?”
“Onde está quem?”
Ela olhou para mim e entrou pela porta do quarto. Eu não pude chegar a tempo para a impedir, e eu não iria atirar nela ainda.
Quando eu cheguei atrás dela ela estava dois passos dentro do quarto, costas rígidas, encarando a cama. Valia a pena encarar lá.
Jean-Claude estava deitado de costas com um lençol cor vinho escuro no meio de seu peito. Um ombro e um pálido, pálido braço estavam jogados entre os escuros lençóis. Na pouca luz seus cabelos se mesclavam com o travesseiro e deixavam seu rosto branco e puro.
Jason estava deitado em seu estômago. A única coisa coberta pelo lençol era uma perna, e apenas sua bunda. Se ele estava usando roupas, eu não poderia dizer. Ele se levantou por cima de seu ombro e se virou para nós.
Seu cabelo loiro havia caído em seu rosto, e ele piscou como se estivesse dormindo profundamente. Ele sorriu quando viu Dorcas Bouvier.
“Esse não é Magnus.” Ela disse.
“Não.” Eu disse. “Não é. Você quer conversar lá fora?”
“Não vá por minha causa.” Jason disse. Ele se virou por cima do ombro. O lençol se moveu por seu quadril quando ele se mexeu.
Dorcas Bouvier virou pelos calcanhares e marchou para fora do quarto. Eu fechei a porta com o som da risada de Jason.
Dorcas parecia agitada, embaraçada até. Bom ver isso. Eu estava embaraçada também, mas não sabia o que fazer quanto a isso. Tentar explicar que você não tem nada a ver com situações fora do controle como essa, nunca dá certo. As pessoas sempre irão acreditar no pior de você. Então eu não tentei. Eu apenas fiquei ali parada olhando para ela. Ela não olhava em meus olhos.
Depois de um bom e desconfortável silêncio que fez o calor sumir de seu rosto, ela disse, “Eu não sei o que dizer. Eu achei que meu irmão estava ali. Eu...” Ela finalmente olhou em meus olhos. Ela já estava reganhando uma compostura, a firmeza de seu propósito. Você podia assistir isso se solidificando em seus olhos.
Ela estava ali para mais que expulsar seu irmão para fora de minha cama.
“Por que, dentre todo o mundo, você achou que Magnus estaria aqui?”
“Posso me sentar?”
Eu mencionei a ela que sim. Ela se sentou em uma das cadeiras, coluna bem reta, postura perfeita. Minha madrasta Judith, ficaria orgulhosa. Eu me inclinei no braço do sofá porque não podia me sentar com a Browning na minha calça. Eu não tinha certeza de como ela reagiria ao fato de eu estar armada, então não quis mostrar a arma. Algumas pessoas congelam com os braços levantados. Vai entender.
“Eu sei que Magnus esteve com você noite passada.”
“Comigo?” Eu disse.
“Eu não quis dizer...” O calor subia em seu rosto de novo. “Eu não quis dizer com você. Quero dizer. Eu sei que você viu ele noite passada.”
“Ele te disse isso?”
Ela balançou a cabeça, fazendo seu cabelo deslizar como um forro em seus ombros. Tinha a mesma essência de Magnus.
“Eu vi vocês juntos.”
Eu estudei seu rosto, tentando ler além de seu embaraçamento.
“Você não estava lá noite passada.”
“Onde?” Ela disse.
Eu franzi a testa para ela. “Como você viu a gente?”
“Você admite que viu ele noite passada então.” Ela disse. Sua ansiedade voltou de uma vez.
“O que eu quero saber é como você nos viu juntos.”
Ela respirou profundamente. “Isso é problema meu.”
“Magnus disse que sua irmã era melhor em visões do que ele. Isso é verdade?”
“O que ele não contou a você?” Ela perguntou. Sua voz estava brava de novo. Suas emoções pareciam colidir, girando muito rápido por seu rosto e voz.
“Ele não me contou por que fugiu da polícia.”
Ela olhou para suas mãos, caídas em seu colo.
“Eu não sei porque ele fugiu. Não faz nenhum sentido.” Ela olhou de volta para mim. “Eu sei que ele não matou aquelas crianças.”
”Eu concordo.” Eu disse.
Surpresa se mostrou em seu rosto. “Eu pensei que você havia dito aos policiais que ele tinha feito aquilo.”
Eu balancei minha cabeça. “Não, eu disse a eles que ele poderia ter feito. Eu nunca disse que ele fez.”
“Mas... a detetive tinha tanta certeza. Ela disse que você tinha contado a ela.”
Eu xinguei levemente por baixo de minha respiração. “Detetive Freemont?”
“Sim.”
“Não acredite em tudo que ela te fala, especialmente sobre mim. Ela parece não gostar muito de mim.”
“Se você não falou aquilo para eles, então por que eles tinham tanta certeza que Magnus havia feito aquelas coisas horríveis? Ele não tem razão nenhuma para matar aquelas pessoas.”
Eu encolhi os ombros. “Magnus não está sendo procurado pelas mortes mais. Ninguém te falou isso?”
Ela balançou a cabeça. “Não. Você quer dizer que ele pode voltar para casa agora?”
Eu suspirei. “Não é tão simples. Magnus usou glamor nos policiais para escapar. Isso é um delito da conta dele. Os policiais irão matar ele em um piscar de olhos, senhorita Bouvier. Eles não brincam em serviço quando há mágica envolvida. Não posso dizer que os culpo.”
“Eu vi vocês dois conversando lá fora embaixo do céu.”
“Eu vi ele noite passada.”
“Você contou à polícia?”
“Não.”
Ela me encarou. “Por que não?”
“Magnus provavelmente é culpado de alguma coisa, ou ele não teria corrido, mas ele merece um tratamento melhor do que o que ele está tendo.”
“Sim.” Ela disse. “Ele merece.”
“O que te fez pensar que ele estaria na minha cama?”
Ela olhou para seu colo novamente. “Magnus consegue ser muito persuasivo. Eu não consigo lembrar da última mulher que disse não a ele. Desculpe por ter suposto isso de você.”
Ela parou, deu uma olhada para o quarto, e então de volta para mim. Ela ficou vermelha de novo.
Eu não iria explicar como eu acabei com dois homens na minha cama. Com certeza porque era óbvio pelos lençóis e travesseiro que eu tinha dormido aqui. Com certeza.
“O que você quer de mim, senhorita Bouvier?”
“Eu quero encontrar Magnus antes que ele seja morto. Eu pensei que você poderia me ajudar. Como você poderia entregar Magnus para a polícia? Com certeza você sabe como é ser diferente.”
Eu queria perguntar se era tão aparente, se ela podia ver “necromante” escrito pela minha testa, mas não perguntei. Se a resposta fosse sim, eu não tinha certeza se queria saber.
“Se ele não tivesse fugido, eles poderiam simplesmente ter questionado ele. Eles não tinham o suficiente para prende-lo. Você tem alguma idéia do por que dele ter corrido?”
Ela balançou a cabeça. “Eu tentei pensar em alguma coisa, qualquer coisa, mas não faz nenhum sentido para mim, senhorita Blake. Meu irmão era um pouco imoral, mas ele não é um cara mau.”
Eu não tinha certeza se você podia ser um pouco imoral, mas deixei passar.
“Se ele voltar e for até mim, eu encaminharei ele para a estação policial. Mas além disso, eu não sei o que posso fazer.”
“Eu estive em todos os lugares que pude pensar, mas ele apenas não estava ali. Eu até chequei no monte.”
“No monte?” Eu perguntei.
Ela olhou para mim. “Ele não te contou sobre a criatura?”
Eu pensei em mentir para ver se conseguia pegar alguma informação, mas o olhar em seu rosto me disse que eu arruinaria tudo.
“Ele não mencionou nenhuma criatura.”
“É claro, se ele tivesse te dito, a policia iria até lá com dinamites. Dinamites não matarão ela, mas iria acabar com nosso escudo mágico.”
“Que criatura?” Eu perguntei.
“Há algo que Magnus te contou que você não disse para a polícia?” Dorcas perguntou.
Eu pensei nisso por um minuto. “Não.”
“Ele estava certo em não te contar.”
“Talvez, mas eu estou tentando ajuda-lo agora.”
“Você está com a consciência pesada?” Ela perguntou.
“Talvez.” Eu disse.
Ela me olhou. Suas pupilas estavam restauradas, e ela parecia quase normal. Quase.
“Como eu posso confiar em você?”
“Provavelmente você não pode. Mas eu quero ajudar Magnus. Por favor, fale comigo, senhorita Bouvier.”
“Eu tenho que ter a sua palavra que você não contará aos policiais. Estou sendo séria, senhorita Blake. Se a polícia interferir, eles poderão perder a Coisa e pessoas irão morrer.”
Eu debati mas não conseguir ver nenhuma razão para que a policia precisasse saber sobre isso.
“Ok, eu te dou a minha palavra.”
“Eu posso não ter o jeito de Magnus com glamor, mas um juramento para um fey é algo muito sério, senhorita Blake. Mentir para nós tende a ser uma coisa ruim.”
“Isso é uma ameaça?”
“Pense em um aviso.” O ar moveu entre nós como um calor subindo da estrada. Seus olhos se mexeram como mini remoinhos.
Talvez eu deveria ter mostrado minha arma. “Não me ameace, Dorcas. Eu não estou com humor.”
A mágica pareceu se filtrar embora como água correndo em direção a bater nas pedras.
Você sabia que ainda estava lá, por debaixo da superfície. Mas para alguém que esteve sendo ameaçada por lobisomens e vampiros, ela era pálida em comparação. Magnus parecia ser o mais talentoso da família. Numa escala de assustador, Magnus estava acima dela.
“Apenas para nos entendermos, senhorita Blake. Se você contar à policia e eles soltarem a criatura, as mortes estarão na sua consciência.”
“Ta certo, estou impressionada. Agora me conte sobre isso.”
“Magnus te contou sobre nosso ancestral, Llyn Bouvier?”
“Sim, ele foi o primeiro europeu nessa área. Ele se casou na tribo local. Converteu-se ao cristianismo. E ele também era um fey.”
Ela assentiu. “Ele trouxe outro fey com ele.”
“A esposa?” Eu perguntei.
“Não, ele havia capturado um dos fairies menos inteligentes. Ele o aprisionou em uma caixa construída magicamente. Ele escapou e matou quase a tribo inteira que nós descendemos. Ele finalmente conseguiu conte-lo com a ajuda de um índio shaman, ou sacerdote, mas ele nunca mais conseguiu ter controle sobre ele. A besta que ele fez estava aprisionado nele.”
“Que tipo de fairie ele tinha levado?”
“Ossos Sangrentos não é apenas o nome de nosso bar,” Ela disse. “É um apelido para Cabeça Crua e Ossos Sangrentos.”
Meus olhos se abriram mais.
“Mas isso é um nursery boogle (Então, 'nursery' é berçário, 'boogle' nem eu, nem o dicionário sabemos, mas mesmo sem essa palavra dá pra entender a coisa.). Por que seu ancestral quis capturar um? Eles não tinham nenhum tesouro, ou desejos para dar. Ou estou errada quanto a isso?”
“Não, você está bastante certa. Ossos Sangrentos não tinha riquezas ou mágicas gentis que cediam desejos.”
“Então pra que capturar aquilo?”
“A maioria das crianças nascidas com sangue humano e de fairies não tinham muitas mágicas.”
“É o que a lenda diz,” Eu disse. “Mas Magnus prova que isso está errado.”
“Llyn Bouvier fez meio que um pacto para ele mesmo e seus descendentes. Nós todos teríamos poderes feys, com um preço.”
Ela estava enrolando demais, e eu estava cansada.
“Apenas me diga, senhorita Bouvier. O suspense está ficando irritante.”
“Não te ocorreu que isso pode estar sendo meio embaraçoso para mim de admitir?” Ela perguntou.
“Não, se for esse o caso, me desculpe.”
“Meu ancestral aprisionou Ossos Sangrentos para que ele pudesse sempre ter um pote com seu sangue. Mas a poção deveria ser refeita periodicamente, substituída, ou sua mágica o abandonaria.”
Eu encarei ela. “Como os outros feys aceitaram essa pequena idéia?”
“Ele foi forçado a escapar para a Europa, ou eles teriam o matado. É proibido usar-mos uns aos outros para isso.”
“Eu consigo ver o por que.”
“Seu ato brutal nos deu glamor. Poder. Mas isso ainda está agarrado pelo sangue, Senhorita Blake. Depois de Cabeça Crua e Ossos Sangrentos serem aprisionados, meu ancestral desistiu de sua poção. Ele finalmente tinha visto que era maligno. Até que seu poder diminuiu, suas crianças tiveram o poder de fairies em seu sangue. E então, aqui estamos.” Ela disse.
“Então você tem Cabeça Crua e Ossos Sangrentos escondidos em alguma caixa mágica em algum lugar?” Eu perguntei.
Ela sorriu, e isso fez com que seu rosto parecesse mais jovem e adorável de repente. Eu não tinha como julgar sua idade. Eu não podia ver uma linha em seu rosto.
“Quando a mágica acabou pela primeira vez, Cabeça Crua e Ossos Sangrentos cresceram para sua maior forma. É maior que uma pessoa, quase tão grande como um gigante. E está aprisionado em um monte de terra e mágica.”
“Você disse que isso quase limpou uma tribo inteira?”
Ela assentiu.
Eu suspirei. “Eu tenho que ver onde isso está aprisionado.”
“Você prometeu...”
“Eu prometi não contar para a polícia, mas você simplesmente me diz que há uma criatura quase do tamanho de um gigante capaz de fazer uma destruição em massa, aprisionado ali. Eu tenho que ver se é seguro, que ele não vai quebrar a caixa e começar a matar pessoas.”
“Eu te asseguro, senhorita Blake, nossa família tem cuidado disso por séculos. Nós sabemos o que estamos fazendo.”
“Se eu não posso contar aos policiais, eu tenho que ver por mim mesma.”
Ela se levantou, tentando usar sua altura para me intimidar. Ela não estava nem perto de conseguir. “E você levará a policia lá, não é? Você acha que eu sou tão burra assim?”
“Eu não levarei policiais, senhorita Bouvier, mas eu tenho que ver isso. Se a criatura escapar e eu não tiver avisado os policias, então será minha culpa se ninguém estiver preparado.”
“Você não pode preparar ninguém para Ossos Sangrentos.” Ela disse. “Aquilo é imortal, senhorita Blake, verdadeiramente imortal. Não pode morrer. Você pode cortar fora sua cabeça que não iria morrer. A polícia não pode fazer além de piorar as coisas.”
Ela tinha um ponto. “Eu continuo tendo que ver por mim mesma.”
“Você é uma mulher teimosa.”
“Sim, eu consigo ser um verdadeiro pé no saco, senhorita Bouvier. Não vamos enrolar, apenas me leve para ver a prisão, e se ela for segura eu deixarei você cuidar dela.”
“E se não for segura o suficiente para você?” Ela perguntou.
“Nós contataremos uma bruxa e veremos o que ela recomenda.”
Ela franziu a testa. “Você não iria apenas até a polícia?”
“Se minha casa for roubada, eu ligo para policiais. Se preciso de ajuda com mágica, eu ligo para alguém que consegue fazer mágica.”
“Você é uma mulher estranha, senhorita Blake. Eu não te entendo.”
“Tem muitos que pensam como você.” Eu disse. “Posso ir ver onde Cabeça Crua e Ossos Sangrentos está aprisionado, ou não?”
“Certo, eu te mostrarei.”
“Quando?”
“Sem Magnus me ajudando no bar, não hoje. Vá para o bar por volta das 3 horas amanhã. Eu te levarei lá.”
“Eu tenho um gado trabalhador* que gostaria de levar junto.” Eu disse.
(*haha “coworker”)
“Um desses que estão no seu quarto?”
“Não.”
“Por que você quer levar ele?”
“Porque eu estou treinando ele, e quando que ele vai poder ver mágica fey novamente?”
Ela pareceu pensar nisso por um minuto e então assentiu.
“Certo, você pode levar uma pessoa com você, mas nenhuma outra.”
“Acredite em mim, senhorita Bouvier, um já é muito.”
“Meus amigos me chamam de Dorrie.” Ela disse. Ela levantou uma mão um aperto de mãos.
“Eu sou Anita.” Eu apertei sua mão. Ela tinha um bom e firme aperto para uma mulher. Sexista mas verdade. A maioria das mulheres parecem não saber como apertar mãos.
Ela segurou minha mão por mais tempo que precisava. Quando ela voltou sua mão eu me lembrei da clarividência de Magnus. Dorrie me olhou com olhos bem abertos e ansiosos para mim. Ela segurou sua mão no peito, como se doesse.
“Eu vejo sangue, e dor, e morte. Isso te segue como uma nuvem, Anita Blake.”
Eu assisti o horror filtrando em seus olhos. Horror pelo breve vislumbre que ela teve de mim, minha vida, meu passado. Eu não olhei para longe dela. Se você não tem vergonha, você não precisa desviar o olhar. As vezes eu preferia ter outra linha de trabalho, mas era isso que eu fazia, o que eu era.
O olhar sumiu de seus olhos e ela piscou. “Eu não vou te subestimar, Anita.”
Dorrie pareceu normal de novo, ou mais normal desde que ela veio para cá, o que não era muito. Agora, pela primeira vez, eu olhei para ela e imaginei se eu estava vendo o que realmente estava ali. Ela estaria usando glamor em mim agora, para parecer normal? Para parecer menos poderosa do que ela era?
“Eu irei retornar o favor, Dorrie.”
Ela me deu seu amável sorriso de novo, que fazia ela parecer nova e vulnerável. Ilusão, talvez?
“Até amanhã, então.”
“Até amanhã, eu disse.”
Ela se foi e eu tranquei a porta atrás dela.
Então a família de Magnus eram guardiões de um monstro. Teria isso a ver com a sua fuga? Dorrie não pensou que essa era a razão. Ela deveria saber.
Mas havia um sentimento no quarto de poder, gentilmente movendo na corrente de ar. . Um tênue odor de mágica traçando o ar como perfume, e eu não tinha percebido até ela ter ido embora. Talvez Dorrie era tão boa com glamor quanto Magnus, apenas mais sutil.
Eu realmente poderia confiar em Dorrie Bouvier? Hmmmm.
Por que eu perguntei se Larry podia ir junto? Porque eu sabia que agradaria ele. E poderia também fazer as pazes com ele por eu ter tratado ele tão mal na frente de Jason. Mas estando ali, sentindo o poder de Dorrie Bouvier passando pelo ar como um fantasma, eu não tinha certeza se tinha sido uma boa idéia. Ah, inferno, eu sabia que não tinha sido, mas eu iria e Larry iria também. Ele tinha o direito de ir. Ele tinha até o direito de por em perigo ele mesmo. Eu não podia manter ele a salvo para sempre. Ele teria que aprender a cuidar de si mesmo. Eu odiava, mas sabia que era a verdade.
Eu não estava pronta para soltar a corda dele, mas eu teria que afrouxa-las um pouco. Eu iria dar a Larry a corda do provérbio. Mas eu estava esperando que ele não se enforcasse com

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 22


Eu dormi a maior parte do dia, e quando acordei, eu descobri que ninguém iria me deixar brincar. Todo mundo estava fugindo assustado da ação judicial dos Quinlan, e eu era uma pessoa não bem-vinda eu todo lugar que eu ia. O Agente Bradford me mandou fazer as malas, e ameaçou me prender por obstrução da justiça e obstaculizar uma investigação policial. Isso que é gratidão para você.
O dia foi um fracasso. A única pessoa que iria conversar comigo era Douph. Tudo que ele pode me dizer é que eles não tinham achado nenhum sinal de Jeff Quinlan, ou do corpo de sua irmã. Ninguém havia visto Magnus também. Os policiais estavam questionando pessoas, procurando por pistas, enquanto eu dava voltas desajeitadas, mas nenhum de nós chegou com qualquer coisa útil.
Eu assisti a escuridão cair com um sentimento de alívio, ao menos agora a gente poderia seguir em frente com isso. Larry havia voltado para seu quarto. Eu não perguntei por que. Talvez ele quisesse me dar alguma privacidade com Jean-Claude. Pensamento assustador esse. Pelo menos Larry estava falando comigo. Bom que havia alguém que estava.
Eu abri as cortinas e assisti o vidro ficar negro. Eu escovei meus dentes no quarto de Larry hoje. Meu próprio banheiro estava, de repente, fora dos limites. Eu apenas não queria ser Jason pelado, e certamente não queria ver Jean-Claude. Então, eu peguei emprestado parte do quarto de Larry pelo dia.
Eu ouvi a porta do quarto se abrir mas não me virei. De alguma forma eu sabia quem era.
“Olá, Jean-Claude.”
“Boa noite, ma petite.”
Eu me virei. O quarto estava quase todo escuro. A única luz vinha dos postes lá de fora, e do letreiro brilhando do hotel. Jean-Claude parou nessa suave luz. Sua camisa tinha a gola tão alta que cobria seu pescoço quase inteiramente. Botões madrepérolas fechavam a gola, então seu rosto estava moldado com branco, branco tecido. Deviam haver uns dozes botões resplandecendo na frente de sua camisa. Uma jaqueta até a cintura extremamente preta escondia as mangas da camisa.
Apenas o punho dela era visto, aberto e consistente, cobrindo metade de sua mão.
Ele levantou uma mão para a luz e os punhos foram para trás, para dar à suas mãos uma gama de movimentos. Sua calça preta e justa estava dentro de outro par de botas pretas. Elas vinham até acima de suas pernas, então ele estava coberto em couro, pretas abotoaduras seguravam o suave couro no lugar.
“Você gosta?” Ele perguntou.
“Sim, é ok.”
“Ok?” Havia um pouco de humor essa única palavra.
“Você apenas não pode aceitar o elogio.” Eu disse.
“Minhas desculpas, ma petite. Foi um elogio. Obrigado.”
“Não mencione. Nós podemos ir buscar seu caixão agora?”
Ele deu um passo para fora da luz, então eu não podia ver seu rosto.
“Você faz soar tão simples, ma petite.”
“E não é?”
Silêncio então, tão denso que encheu o quarto. Eu quase o chamei, mas em vez disso andei até o bar e me virei na fenda de luz que estava por cima de lá. A suave branca luz brilhava na escuridão como uma claridade em uma caverna. Eu me sentia melhor com a luz. Mas com minhas costas para onde eu achei que ele estaria, eu não podia sentir Jean-Claude. O quarto parecia vazio. Eu me virei e ali estava ele, sentado em uma das cadeiras. Mesmo quando eu o olhei, não havia senso de movimento. Era como uma animação pausada esperando para alguém liga-la para seguir.
“Eu queria que você não fizesse isso.” Eu disse.
Ele virou sua cabeça e olhou para mim. Seus olhos eram de uma sólida escuridão. A suave luz pegava faíscas azuis deles. “Fazer o que, ma petite?”
Eu balancei minha cabeça. “Nada. O que há de tão complicado nessa noite? Eu sinto que você não está me dizendo tudo.”
Ele levantou em um suave movimento quase como ele se tivesse pulado parte do processo, e de repente, estava em seus pés.
“Está dentro das nossas regras Serephina me desafiar essa noite.”
“Esse é o nome da mestre, Serephina?”
Ele assentiu.
“Você não acha que vou contar à policia?”
“Eu vou leva-la até ela, ma petite. Não haverá tempo para sua impaciência te fazer ser tola.”
Se eu estivesse presa aqui o dia todo sem nada para fazer, mas tivesse o nome, eu iria tentar achar ela por minha própria conta? Sim, eu teria feito isso.
“Certo, vamos.”
Ele deu passos pelo quarto, sorrindo e balançando a cabeça.
“Ma petite, você entende o que significaria ela me desafiar essa noite?”
“Significa que lutaremos então.”
Ele parou seus passos e veio para dentro da luz. Ele deslizou para um dos bancos do bar.
“Não há medo em você, nenhum.”
Eu encolhi os ombros. “Ficar com medo não ajuda. Estar preparado sim. Você está com medo dela?” Eu olhei para ele, tentando ler aquela adorável máscara.
“Eu não temo o poder dela. Eu acredito que somos iguais nisso, mas vamos dizer que sou precavido. Todas as coisas são iguais, mas eu continuo em seu território com apenas um dos meus lobos, minha serva humana e Monsieur Lawrence. Não é espetáculo de força que eu teria escolhido para confrontá-la depois de dois séculos.”
“Por que você não trouxe mais pessoas? Mais lobisomens, de qualquer forma.”
“Se eu tivesse tido tempo, eu negociaria mais companhias, mas com a pressa...” Ele olhou para mim. “Não houve tempo para barganha.”
“Você está em perigo?”
Ele riu, e a risada não era inteiramente agradável.
“Estou eu em perigo, ela pergunta. Quando o Conselho me pediu para dividir minhas terras, eles prometeram colocar no lugar alguém com o poder igual ou menor que o meu. Mas eles não esperariam que eu entrasse em seu território tão despreparado.”
“Quem são eles? Que Conselho?”
Ele colocou sua cabeça para um lado.
“Você realmente tem andado conosco por tanto tempo e nunca ouviu falar do nosso Conselho?”
“Apenas me diga.” Eu disse.
“Nós temos um Conselho, ma petite. Ele existe por um longo tempo. Não é muito como um corpo governador, ou policial, talvez. Antes do seu tribunal ter nos feito cidadãos com direitos, nós tínhamos algumas regras, e apenas uma lei. Tu não deveis chamar atenção para ti mesmo. Essa foi a lei que Tepes esqueceu.”
“Tepes.” Eu disse. “Vlad Tepes? Você quer dizer Dracula?”
Jean-Claude apenas olhou para mim. Seu rosto perfeitamente branco, sem expressão. Ele parecia particularmente como uma adorável estátua, se olhos de estátuas pudessem brilhar como safiras. Eu não podia ler aquela inexpressiva face, não que eu me importasse.
“Eu não acredito em você.”
“Sobre o Conselho, a lei, ou Tepes?”
“A última parte.”
“Ah, eu garanto a você que nós o matamos.”
“Você faz parecer como se você estivesse por lá quando aconteceu. Ele morreu em, o que, no ano 1300?”
“Era 1476, ou era 1477?” Ele fazia um belo show tentando lembrar.
“Você não é tão velho assim.” Eu disse.
“Você tem certeza, ma petite?” Ele virou aquele enervante rosto sem expressão para mim, mesmo seus olhos estavam mortos e vazios. Era como olhar para um boneco bem construído.
“Sim, tenho certeza.”
Ele sorriu e então suspirou. Vida, por falta de uma palavra melhor, voltou ao seu rosto, seu corpo. Era como assistir Pinóquio levantando à vida.
“Merda.”
“Tão bom saber que eu ainda consigo te enervar de tempo em tempo, ma petite.” Eu deixei essa pra lá. Ele sabia exatamente o efeito que tinha em mim.
“Se Serephina é igual a você, então você pode tomar conta dela, e eu atiro em todo o resto.”
“Você sabe que não será assim tão simples.”
“Nunca é.”
Ele me encarou, sorrindo.
“Você realmente acha que ela vai te desafiar?”
“Não, mas eu queria que você soubesse que ela poderia.”
“Tem mais alguma coisa que eu precise saber?”
Ele sorriu abertamente o suficiente para mostrar um pouco de suas presas. Ele parecia maravilhoso na luz. Sua pele estava pálida, mas não tanto. Eu toquei sua mão.
“Você está quente.”
Ele olhou para mim. “Sim, ma petite, o que tem?”
“Você dormiu quase o dia todo. Você deveria estar frio ao toque, até depois de você ter se alimentado.”
Ele apenas olhou para mim com seus drenantes olhos.
“Merda.” Eu disse. Eu fui para o quarto. Ele não me impediu. Ele nem tentou. Isso me fez ficar nervosa. Eu estava meio que correndo quando atingi a porta.
Tudo que eu pude ver era uma pálida linha na cama. Eu acendi a luz do lado da porta. A luz elevada era brilhante e impiedosa.
Jason estava deitado em seu estômago, seu cabelo loiro brilhava contra o travesseiro escuro. Ele estava pelado, exceto pelo calção azul vibrante. Eu andei até a cama, encarando suas costas, tentando ver se ele respirava. Quando eu estava quase na cama eu pude ver sua respiração. Algo apertado em meu peito se aliviou.
Eu tive que me ajoelhar na beira da cama para alcançar ele. Eu toquei seu ombro. Ele se moveu embaixo de minha mão. Eu rolei ele para o lado, e ele não tentou ajudar. Ele estava totalmente passivo. Ele me encarou com pesados olhos. Duas linhas finas vermelhas corriam abaixo em seu pescoço. Não muito sangue, ao menos não esparramou pelos lençóis. Eu não tinha como saber o quanto de sangue ele havia perdido. O quanto Jean-Claude tinha tomado.
Jason sorriu para mim. Era um lento, preguiçoso sorriso.
“Você está bem?”
Suas mãos deslizaram por minha cintura enquanto ele rolava para suas costas.
“Eu vou entender isso como um sim.” Eu tentei me afastar da cama, mas seus braços eram firmes ao meu redor, me abraçando. Ele me puxou contra seu peito. Eu apontei minha Browning no meio disso. Ele poderia ter me parado, mas não tentou.
Eu enfiei a arma contra sua costela. Minha outra mão estava pressionada contra seu peito nu, tentando segurar meu rosto um pouco mais acima do dele. Ele levantou seu rosto em direção ao meu.
“Eu apertarei o gatilho.”
Ele parou seu rosto a centímetros do meu. “Eu irei me curar.”
“Um beijo vale o preço de buraco perfurado no seu lado?”
“Eu não sei.” Ele disse. “Todo mundo parece pensar que sim.”
Seu rosto veio na direção do meu devagar, me dando um tempo bom de decidir.
“Jason, solte ela, agora.” A voz de Jean-Claude encheu o quarto com sussurros como pequenos ecos.
Jason me soltou. Eu deslizei para fora da cama, a arma ainda na minha mão.
“Eu preciso do meu lobo essa noite, Anita. Tente não atirar nele até depois que tivermos visto Serephina.”
“Diga para ele parar de ficar em cima de mim.” Eu disse.
“Ah, eu irei, ma petite, eu irei.”
Jason se deitou contra os travesseiros. Ele levantou um joelho, suas mãos deitadas em seu estômago. Ele parecia relaxado, lascivo, mas seu olhos permaneciam em Jean-Claude.
“Você quase é o perfeito animal de estimação, Jason, mas não me provoque.”
“Você nunca disse que ela estava fora dos limites.”
“Eu estou dizendo agora.” Jean-Claude disse.
Jason se sentou na cama. “Eu serei um perfeito cavalheiro de agora em diante.”
“Sim.” Jean-Claude disse. “Você será.” Ele ficou parado ali no vão da porta, ainda adorável ao olhar, mas perigoso. Você podia sentir encher o quarto, sussurrado em sua voz. “Nos deixe por um momento, ma petite.”
“Nós não temos tempo para isso.” Eu disse.
Jean-Claude olhou para mim. Seus olhos ainda eram de um sólido azul da meia-noite, o branco havia submergido.
“Você está protegendo ele?”
“Eu não quero ele machucado porque ele passou dos limites comigo.”
“Mesmo assim você teria atirado nele.”
Eu encolhi os ombros. “Eu nunca disse que era consiste, apenas séria.”
Jean-Claude riu. A mudança abrupta de humor fez eu e Jason pularmos. Sua risada era rica e densa como chocolate,como se você pudesse separá-la do ar e comê-la.
Eu deu uma olhada para Jason. Ele estava assistindo Jean-Claude do jeito que um cachorro treinado assiste seu mestre, procurando por pistas do que seu mestre iria querer depois.
“Se vista, meu lobo, e você, ma petite, também deve se trocar.”
Eu estava usando jeans preto e uma blusa pólo de um azul royal.
“O que tem de errado com o que estou vestindo?”
“Nós devemos fazer um espetáculo dessa noite, ma petite. Eu não iria pedir se não fosse importante.”
“Eu não irei usar um vestido hoje a noite.”
Ele sorriu. “Claro que não. Apenas alguma coisa um pouco mais elegante. Se seu jovem amigo não tiver nenhuma roupa apropriada, eu acredito que ele e Jason são quase do mesmo tamanho. Tenho certeza que poderemos encontrar alguma coisa.”
“Você terá de falar com Larry sobre isso.”
Jean-Claude olhou para mim por uma batida de coração. “Como desejar, ma petite. Agora, você poderia deixar Jason se vestir? Eu ficarei aqui até você ter escolhido uma roupa mais apropriada.”
Eu queria argumentar. Eu não gostava que me dissessem o que vestir ou não. Mas deixei pra lá. Eu estive em volta de vampiros o suficiente para saber que eles admiravam o espetacular, ou o perigoso. Se Jean-Claude disse que precisaríamos fazer disso um espetáculo, talvez ele estivesse certo. Não me mataria me arrumar um pouco a mais. Talvez eu me recusar nos mataria . Eu apenas não sabia as regras nessa situação. Eu suspeitava que não havia nenhuma.
Eu não tinha feito minhas malas com um encontro com um mestre em mente, então as escolhas eram meio que limitadas. Eu escolhi uma blusa vermelha com a gola alta e laços descendo derramados na frente. Havia até uma pequena bainha em cada manga. Parecia com uma linha entre uma blusa Vitoriana e uma blusa de negócios. Eu pareceria muito conservadora se eu não estivesse gritando à vermelho.
Eu odiava a idéia de usa-la porque Jean-Claude iria gostar dela. Exceto pela cor, parecia como algo que ele usaria.
Eu coloquei de propósito uma jaqueta preta por cima dela. Com duas armas, e ambas facas, e uma cruz em volta de meu pescoço, por dentro da blusa, eu estava pronta para ir.
“Ma petite, podemos sair?”
“Claro.”
Ele abriu a porta e olhou tudo com um olhar.
“Você está esplêndida, ma petite. Eu apreciei a maquiagem.”
“Eu parecia pálida contra o vermelho sem ela.”
“Claro, você tem outros sapatos?”
“Eu tenho só o Nike e salto alto. Eu movo melhor com o Nike.”
“A blusa é mais do que eu esperava, mantenha seus sapatos de corrida. Eles são pretos, pelo menos.”
Jason saiu do quarto. Ele estava usando calça de couro preta, justa o suficiente para eu saber que ele não estava usando mais roupas de baixo. A blusa era vagamente oriental com uma dessas golas altas e um botão preto, o tipo onde a presilha ficava em frente do botão no meio da blusa.
As mangas eram cheias, e a gola era de um suava e brilhante azul que combinava perfeitamente com seus olhos. Era bordada em um amarelo tão escuro que parecia dourado, e a presilha era azul escura. As mangas, a gola e o bordado da blusa eram adornados em preto. Quando Jason se movia, a blusa abria um pouquinho, o suficiente para ter vislumbres de sua barriga nua. Suaves botas pretas iam até acima de seus joelhos.
“Bem, eu sei quem seu alfaiate é.” Eu disse. Eu estava começando a me sentir meio que não vestida.
“Se você puder buscar Monsieur Kirkland. Quando ele estiver pronto, nós podemos ir.”
“Larry talvez não queira trocar de roupa.”
“Então ele não irá trocá-la. Eu não irei forçá-lo.”
Eu olhei para ele, sem ter muita certeza se acreditava nele, mas busquei Larry. Ele concordou de ir para o quarto e ver quais eram suas opções nas malas, mas ele não prometeu mudar.
Ele saiu de lá ainda usando jeans azul escuro e Nikes. Ele havia trocado sua camisa por uma de seda que era de um rico e vibrante azul. Isso fazia seus olhos mais azuis que o normal. Uma jaqueta de couro preta era só um pouco maior nos ombros, escondia sua ombreira. Eu acho que era uma improvisação da grande flanela que ele esteve usando. A gola da blusa estava estendida por cima da jaqueta, então ela moldava seu rosto.
“Você deveria ver algumas das coisas que tem ali.” Larry disse. Ele balançou sua cabeça como se não acreditasse. “Eu não saberia nem como entrar em alguma daquelas coisas.”
“Você está bem.” Eu disse.
“Obrigado.”
“Podemos ir agora?” Eu perguntei.
“Sim, ma petite, nós podemos ir. Estou interessado em rever Serephina depois de dois séculos.”
“Eu sei que essa é uma semana dos velhos tempos para você, mas lembre-se porque estamos aqui.” Eu disse. “Xavier está com Jeff Quinlan. Quem sabe o que ele está fazendo com ele? Eu quero levar ele de volta para sua casa a salvo. É a segunda noite. Nós temos que pega-lo hoje a noite, ou encontrar alguém mais que possa.”
Jean-Claude assentiu. “Então vamos, ma petite. Serephina nos aguarda.”
Ele soou quase ansioso, como se mal esperasse para ver ela. Pela primeira vez eu imaginei se ele e Serephina eram amantes. Eu sabia que Jean-Claude não era virgem. Quero dizer, fala sério. Mas saber que ele teve amores e ele encontrar com uma, são duas coisas diferentes.
Eu percebi de repente que aquilo me incomodava. Ele sorriu para mim, quase como se soubesse o que eu estava pensando. O branco de seus olhos estavam lá de novo. Fazia ele parecer quase humano. Quase.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 23


Jean-Claude andou pelo estacionamento em suas botas e jaqueta parecendo como se alguém devesse estar tirando fotos dele ou pedindo por um autógrafo. O resto de nós seguíamos ele, como se fossemos seus funcionários. O que nós eramos, gostando ou não. Mas para salvar Jeff Quinlan eu lamberia um pouco as botas dele. Até irei bajular ele um pouco se for por uma boa causa.
“Você dirige, ou eu ganho as direções para a casa de Serephina agora?” Eu perguntei.
“Eu te direi onde virar quando chegar a hora.”
“Você acha que eu correrei pros policiais com as direções da casa dela?”
“Não.” Ele disse. Isso foi tudo que ele disse.
Eu franzi a testa para ele, mas todos nós fomos para o Jeep. Adivinhe quem pegou o assento da frente.
Nós seguimos pela rua principal, a Strip. O tráfego estava colapsado. Se o tráfego é ruim, pode levar algumas boas horas para dirigir quatro milhas até terminar a Strip. Jean-Claude me fez virar numa pequena rua. Parecia como uma estrada que nos levaria para outro teatro, mas foi feita para ser uma rua de acesso. Se você conhecesse as pequenas ruas você poderia evitar a maioria do congestionamento.
Você nunca saberia pela rua principal de Brason, mas logo fora de vista, perto da próxima colina, era o real Ozarks. Montanhas, florestas, casa onde turistas viviam. A Strip era toda néon e artificialismo, em 15 minutos nós estávamos rodeados por árvores, numa estrada que se enrolava pela Montanha Ozark.
Escuridão se fechou em volta do Jeep. A única luz era o brilho das estrelas pressionadas contra o preto, e o túnel dos faróis do Jeep.
“Você parece ansioso para ver Serephina, mesmo com o seu caixão sumido.” Eu disse.
Jean-Claude se sentou o mais longe que seu cinto de segurança permitia. Eu insisti que todo mundo deveria usar os cintos, o que divertiu o vampiro. Eu acho que era bobo ter um homem morto com cinto, mas ei, eu estava dirigindo.
“Eu acredito que Serephina ainda pensa em mim como o bem jovem vampiro que ela conheceu há séculos atrás.
Se ela pensasse em mim como um oponente forte, ela teria me confrontado ou aos meus favoritos diretamente. Ela não teria simplesmente roubado meu caixão. Ela está super confiante.”
“Falando como um de seus favoritos,” Larry falou do assento de trás, “você tem certeza que não é você quem está super confiante?”
Jean-Claude olhou para trás, para ele.
“Serephina era séculos antiga quando a conheci. O limite do poder de um vampiro está estabilizado depois de dois ou três séculos. Eu conheço seus limites, Lawrence.”
“Pare de me chamar de Lawrence. Meu nome é Larry.”
Jean-Claude suspirou. “Você treinou ele bem.”
“Ele veio desse jeito.” Eu disse.
“Que pena.”
Jean-Claude fez tudo isso soar como uma reunião familiar hostil, ou era mais que isso? Eu esperava que ele estivesse certo, uma coisa que eu aprendi sobre vampiros é que eles continuam colocando coelhos em suas cartolas. Grandes, com presas, carnívoros coelhos que irão comer seus olhos se você não prestar atenção.
“O que o garoto lobo ali atrás vai fazer?”
“Eu farei o que me disserem.” Jason disse.
“Ótimo.” Eu disse.
Nós seguimos em silêncio. Jean-Claude raramente alimentava pequenas conversas, e eu não estava com humor. Nós todos poderíamos ter uma boa pequena visita, mas lá fora em algum lugar jeff Quinlan havia acordado para uma segunda noite aos cuidados ternos de Xavier. Isso meio que arruinava meu humor.
“O lugar para você virar está logo a frente, na sua direita, ma petite.”
A voz de Jean-Claude me fez pular. Eu tinha me fundido com o silêncio e a escuridão da estrada.
Eu diminui a velocidade do Jeep. Não queria perder o lugar de virar. Uma estrada de cascalho, como mil outras, substituiu a outra. Não havia nada que diferenciasse ela. Nada especial.
A estrada estava cheia de árvores crescendo em cada lado dela e tão perto que parecia um túnel. Os galhos nus das árvores se curvavam em volta de nós, como interligados pedaços de parede. Os faróis deslizavam pelas árvores, pulando quando o Jeep passava por buracos.
Dedos de madeira batiam no teto do Jeep. Era malditamente claustrofóbico.
“Jesus.” Larry disse. Ele havia pressionado seu rosto do vidro escuro o quanto o cinto deixava ele. “Se eu não soubesse que havia uma casa no final dessa estrada, eu voltaria.”
“Essa é a idéia.” Jean-Claude disse. “A maioria dos mais antigos valorizam sua privacidade, como quase todo mundo.”
Os faróis iluminaram um buraco que se estendia por quase toda a estrada. Parecia como se a água da chuva tivesse comido parte da estrada por décadas. Larry voltou a se sentar encostado contra o assento, tenso contra o cinto de segurança.
“Onde essa estrada dá?”
“O Jeep agüenta.” Eu disse.
“Você tem certeza?” Ele disse.
“Bastante.” Eu disse.
Jean-Claude estava encostado em seu assento. Ele parecia totalmente relaxado, quase distante, como se ele estivesse ouvindo uma música que eu não podia ouvir, pensando coisas que eu nunca entenderia.
Jason chegou mais perto, colocando uma mão atrás do meu assento.
“Por que ela não pavimentou a estrada? Ela está aqui quase um ano.”
Eu olhei para Jason. Era interessante descobrir que ele sabia mais sobre os negócios de Jean-Claude do que eu.
“Este é seu fosso.” Jean-Claude disse. “Sua barreira contra curiosos. Muitos acham nossa nova posição difícil de aceitar e continuam se trancando longe.”
Os buracos seguiam acima. Era como dirigir em uma cratera. Milagrosamente, o Jeep seguia em frente, chegando ao outro lado. Se nós estivéssemos em meu carro, a gente teria que andar. A rua subia encurralada, e de repente no lado direito da estrada havia uma abertura. Não parecia ser grande o suficiente para passar com o Jeep, não sem mandar a tintura dele pro inferno. A única coisa que realmente me dizia isso era a luz da lua pulsando contra a escuridão nas árvores. Aquele tanto de luz da lua significava que havia alguma coisa lá. Grama havia crescido no chão que algum dia foi a estrada.
“É isso?” Eu perguntei, apenas para ter certeza.
“Eu acredito que sim.” Jean-Claude disse.
Eu diminui o Jeep perto das árvores e ouvi os galhos batendo contra o carro. Eu esperava que a Companhia de Stirling tivesse comprado o carro e não apenas o alugado. Me livrei das árvores com um ultimo metálico scritch. Um pedaço de terra aberto apareceu na nossa frente, meio prata com a luz da lua. A grama estava cortada pequena como se alguém houvesse feito jardinagem naquela parte e deixado a outra inacabada com o vento.
Havia uma horta abandonada atrás da casa. A terra era em cima de uma gentil inclinação no pé da montanha. Logo em seguida da grama havia a floresta, densa e intocada.
Uma casa estava no meio da gentil elevação. Ela era cinza-prata na luz da lua. Pequenas manchas aqui e ali, como últimos tristes resto das roupas de alguém em um acidente.
Um largo alpendre de pedra agraciava a frente da casa, escondendo a porta e janelas em sombras.
“Desligue as luzes, ma petite.”
E eu olhei para aquele escuro alpendre e não queria desligar as luzes. A luz da lua deveria entrar naquelas sombras.
“Ma petite, as luzes.”
Eu desliguei elas. A luz da lua nos banhou como um ar invisível. O alpendre continuou escuro e continuava como um copo de tinta. Jean-Claude tirou seu cinto e deslizou para fora. Os garotos seguiram seu gesto. Eu fui por último.
Grandes e planas pedras estavam na grama, formando um caminho até o pé dos degraus que levavam ao alpendre. Havia uma grande janela de um lado da porta descascada. O vidro estava quebrado. Alguém havia pregado tábuas de madeira atrás do vidro quebrado para manter fora o ar da noite. A janela menor do outro lado da porta estava intacta, mas tão coberto de sujeira que não dava pra ver nada. As sombras eram viscosas, e pareciam densas o suficiente para tocar. Me lembrava a escuridão da onde a espada vinha. Mas não era tão densa. Eu podia ver por trás dela. Aqui não havia nada além de sombras.
“O que há com as sombras?” Eu perguntei.
“Um truque para os visitantes.” Jean-Claude disse. “Nada demais.”
Ele subiu os degraus sem nem olhar pra trás. Se ele estava preocupado, não parecia. Jason subiu os degraus atrás dele. Larry e eu apenas o seguimos. Era o melhor que podíamos fazer. As sombras eram mais frias que deveriam ser, e Larry arrepiou do meu lado. Mas não havia senso de poder naquilo. Como Jean-Claude havia dito, apenas um truque. A cortina da porta havia sido rasgadas nas dobradiças. Isso deixava o alpendre despedaçado e esquecido. Mesmo com a proteção que o alpendre oferecia, a porta de dentro estava retorcida e levantada, exposta há muito tempo. Espaços estavam em pilhas nas beiradas do alpendre onde o vento havia golpeado elas.
“Você tem certeza que é isso?” Larry perguntou.
“Eu tenho certeza.” Jean-Claude disse.
Eu entendia a pergunta. Se não tivesse sido pelas sombras, eu teria dito que a casa estava deserta.
“As sombras iriam desencorajar qualquer pessoa passando casualmente.” Eu disse.
“Bem, eu não iria vir pedir doces ou travessuras aqui.” Larry disse.
Jean-Claude olhou pra trás, para nós. “Nossos anfitriões estão chegando.”
A velha e quebrada porta se abriu. Eu tinha esperado barulhos de uma casa mal-assombrada como screech, mas ela abriu suavemente. Uma mulher estava parada na frente da porta. O espaço atrás dela era escuro, a silhueta e de seu corpo estava comtra a sala e a noite. Mas mesmo no escuro eu sabia duas coisas: Ela era vampira, e ela não era velha o suficiente para ser Serephina.
A vampira era apenas algumas medidas mais alta que eu. Ela levantou uma vela em uma mão. Os cabelos da minha nuca se levantaram com atenção, uma gota de poder deslizou pelo aposento. A vela resplandeceu em vida, deixando estrelas dançando pela minha visão noturna.
A vampira tinha cabelos castanhos, tão curtos que em cada lado de sua cabeça estava raspado. Brincos pratas brilhavam nas curvas de sua orelha. Um longo brinco balançava da sua orelha esquerda. Era esmaltado em verde na corrente prata.
Ela usava um vestido de couro vermelho que era muito justo no busto, que era como eu soube que ela era uma garota no escuro. A saia do vestido caia em seus tornozelos, mais aberto depois do quadril. Uma roupa de couro formal. Uau.
Ela sorriu abertamente para nós, mostrando as presas.
“Eu sou Ivy.”
Sua voz tinha uma ponta de risada, mas diferente da risada de Jean-Claude, que sempre era vagamente sexual, ou provocante, a dela era cortante como vidro quebrado, feita para machucar, horrorizar, e não tilintar.
“Entrem em nossa moradia, e sejam bem vindos.”
As palavras soavam tão formais, como um enredo ensaiado, ou uma encenação que você não entendia.
“Obrigado, Ivy, por seu mais generoso convite.” Jean-Claude disse. Ele estava de repente segurando a mão dela. Eu não tinha visto ele alcançando ela. Eu não tinha visto ele mover. Era como se eu houvesse perdido parte do filme. Pelo olhar no rosto de Ivy, ela também. Ela parecia brava.
Jean-Claude levantou a mão dela, bem lentamente, levando-a até seus lábios. Ele nunca tirou os olhos dela. Do jeito que você fica no campo de judô, porque se você olhar pra longe eles podem acertar sua bunda.
Uma linha de cera trilhava abaixo da vela branca. Ela estava segurando em sua mão nua, sem nenhum apoio na vela. A cera pingava mais rápido que devia. Ela soltou sua mão a tempo de se salvar, mas ela parou ali e deixou a linha de cera quente descer por sua pele. Apenas um menor vislumbre em seus olhos mostrou que tinha doido. Ela deixou a cera endurecer em sua mão. Uma pequena vermelhidão apareceu na linha onde a cera estava. Ela ignorou.
Nenhuma outra cera derramou da vela. Normalmente quando a vela derrete tão rápido, ela continua. A cera fez uma pequena piscina dourada no topo da vela, como gotas de águas sobre a tensão.
Eu olhei de um vampiro para o outro e balancei minha cabeça. O termo “criancice” significa algo para você? Eu não disse isso em voz alta, de qualquer forma. Por tudo que eu sabia, isso devia ser um tipo de ritual vampiresco antigo.
Embora eu duvidasse disso seriamente.
“Suas companhias não irão entrar?” Ivy deu passo para dentro com um barulho de sua saia de couro, segurando a vela alta, iluminando nosso caminho.
Jean-Claude deu passo para o outro lado da porta, então a gente tinha que andar por entre os dois vampiros para entrar na casa. Eu confiava em Jean-Claude para não fazer nada comigo. Eu até confiava nele para manter Ivy sem fazer nada comigo. Mas eu não gostava do tanto de diversão Jean-Claude aparentava estar tendo. Me fazia nervosa. Eu nunca estive em volta de vampiros que estavam tendo um bom tempo quando as coisas não estavam feias.
Jason andou por entre eles, para dentro da casa. Larry me deu uma olhadela. Eu levantei os ombros e fui pra dentro. Ele me seguiu nos meus calcanhares, confiando que se eu tinha entrado estava tudo bem. Provavelmente tudo estaria bem. Provavelmente.


CAPÍTULO 24


A porta se fechou atrás de nós, e eu não acho que alguém havia fechado ela, não com as mãos, de qualquer forma.
Seguro ou não, aquelas pequenas amostras de poder estavam me dando nos nervos.
O ar no aposento era inteiramente quieto, rançoso. Cheirava a umidade e um pouco de mofo. Você sabia mesmo com olhos fechados que esse lugar havia estado vazio por um longo tempo. Havia um arco aberto na esquerda, que levava à um quarto menor. Eu podia ver a cama, completa com a roupa de cama e travesseiros, tão coberta de poeira que parecia cinza. Em um canto havia um espelho que refletia o quarto deserto.
Não haviam móveis na sala de estar. O chão de madeira estava coberto de poeira. A barra do vestido de Ivy trilhava no chão sujo enquanto ela se movia para a porta na parede mais perto. Uma fina linha de luz aparecia por baixo dela. Mais dourada e densa que eletricidade. Eu estava apostando em mais velas.
A porta se abriu antes de Ivy alcança-la. Um tanto bom de luz nos alcançou, mais brilhante que deveria ser porque nós estávamos muito tempo no escuro. Um vampiro parou na frente da luz. Ele era baixo, esbelto, com um rosto muito jovem para ser maravilhoso, mas era bonito. Ele era tão novo na vida de vampiro que sua pele ainda tinha um bronzeado que ele deve ter pego em uma praia, ou parque, ou qualquer outro lugar que tenha sol.
Ele parecia assustadoramente novo para ser morto. Ele tinha que ter dezoito, qualquer número menor que esse era ilegal, mas ele continuava parecendo muito delicado e semi-terminado. Chave de cadeia para sempre.
“Eu sou Bruce.” Ele parecia vagamente embaraçado. Talvez fossem as roupas. Ele estava vestido em um terno* de um pálido cinza completo com cauda, e a cor carvão cinza descia do outro lado da perna de sua calça.
(*eu acho que era terno, Noelle me salva nos comentários. xD)
Suas luvas eram brancas e combinavam com o que devia ser a camisa. Ele vestia uma seda cinza. Havia um laço apertado no meio que era de um vermelho que combina com o vestido de Ivy.
Eles pareciam como se estivessem indo para um baile.
Dois candelabros enormes estavam em cada lado da porta, enchendo o quarto com uma luz dourada que se movia. O quarto adiante era duas vezes o tamanho da sala de estar, e provavelmente foi a cozinha uma vez. Mas diferente dos quartos da frente, este havia sido redecorado.
Um tapete persa estava espalhado pelo chão. As cores eram tão brilhante que parecia como um vidro pintado. As paredes mais longas eram coberta por quadros. Em uma parede um unicórnio fugia de um cão de caça. A outra pintura era um cena de uma batalha tão acabada com o tempo que partes das figuras haviam desaparecido nos trapos. Brilhantes cortinas de seda cobriam o final da sala, seguradas no meio por pesadas cordas.
Uma porta de abriu do lado, Ivy colocou o vela que ela estava segurando em um lugar vazio do candelabro. Ela se moveu até a frente de Jean-Claude. Ela tinha que levantar sua cabeça um pouco para olhar ele nos olhos.
“Você é lindo.” Ela correu seus dedos pelas beiras de sua jaqueta. “Eu pensei que eles estavam mentindo. Que ninguém podia ser tão bonito.”
Ela começou a desabotoar os botões madrepérolas da camisa dele, começando pelo pescoço e descendo. Jean-Claude moveu a mão dela quando ela alcançou o último botão, antes da blusa desaparecer dentro de sua calça. Ivy pareceu achar isso divertido. Ela parou na ponta dos pés, deixando suas e mãos e braços no peito dele. Sua boca estava se inclinando na direção da dele, querendo beija-lo.
“Você transa tão bem quanto parece? Eles disseram que sim. Mas você é tããão lindo. Ninguém pode ser tão bom de cama assim.”
Jean-Claude deitou seus dedos em cada lado do rosto dela, segurando sua mandíbula. Ele sorriu para ela. O lábios vermelhos dela se curvaram com um sorriso de volta. Ela se pressionou contra ele, deixando todo seu peso contra o corpo dele.
Jean-Claude manteve seu delicado toque no rosto dela como se ela não estivesse se jogando toda para ele.
O sorriso dela começou a desaparecer, sumindo de seu rosto como um sol se pondo na terra. Ela deslizou devagar para baixo, para ficar pé na frente dele. Seu rosto estava branco e vazio no meio das mãos dele.
Bruce, o vampiro, a puxou de volta com um braço. Ivy tropeçou e teria caído se ele não tivesse pegado ela. Ela olhou em volta desconcertada, como se esperasse estar em outro lugar.
Jean-Claude não estava sorrindo agora.
"Faz um muito tempo desde que eu fui a refeição de qualquer um que me quisesse. Muito tempo."
Ivy ficou parada meio em choque nos braços de Bruce. Seu rosto estava coberto de medo. Ela se afastou de Bruce para ficar em pé sozinha. Ela arrumou seu vestido vermelho para ficar no lugar. O medo tinha quase todo sumido de seu rosto, apenas havia uma firmeza permanente em seus olhos.
“Como você fez isso?”
“Séculos de prática, pequena.”
Raiva fez seus olhos mais escuros.
“Você não deveria ser capaz de capturar outro vampiro com seu olhar.”
“Você não é capaz?” Ele perguntou, sua voz cheia de divertimento.
“Não ria de mim!”
Eu tinha alguma simpatia pela sua frustração. Jean-Claude conseguia ser um puta pé no saco quando ele queria.
“Você não foi dita para que nos guiasse a algum lugar, criança? Faça isso, então.”
Ivy ficou parada na frente dele, mãos enroladas em seus punhos. Sua raiva brilhava em seus olhos, e sua íris marrom tomou o lugar do branco até que ela parecesse cega. Seu poder exalou pelo quarto, movendo por minha pele, levantando os pequenos cabelos do meu corpo, como se um dedo houvesse corrido por eles.
Minha mão foi até a Browning. Força do hábito.
“Não, Anita, isso não é necessário.” Jean-Claude disse. “Essa pequena não pode me machucar. Ela mostrou suas presas, mas ao menos que ela deseje morrer neste adorável tapete, é melhor ela se lembrar quem e o que eu sou.”
“Eu sou o Mestre da Cidade!” Sua voz soou como um trovão pela casa, ecoando pelo quarto até que o ar estava tão denso com ecos que era como se eu respirasse suas palavras.
Quando o som morreu, eu estava tremendo. Ivy havia se recomposto. Ela ainda parecia brava, mas seus olhos haviam voltado ao normal.
Bruce havia colocado uma mão em seu ombro, como se ele não tivesse certeza que ela iria ouvir a razão. Ela tirou a mão dele de lá, e se movimentou graciosamente até a porta aberta.
“Nós te levaremos para escada abaixo. Outros te esperam lá.”
Jean-Claude deu um lento e ensaiado aceno, nunca tirando seus olhos dela.
“Depois de você, meu doce. Uma dama deve sempre andar na frente de um cavalheiro, nunca atrás.”
Ela sorriu, de repente divertida consigo mesmo.
“Então a sua dama humana pode andar do meu lado.”
“Eu acho que não.” Eu disse.
Ela virou inocentes olhos marrons para mim.
“Você não é uma dama então?” Ela andou em volta de mim em um exagerado mover de quadris. “Você trouxe a nós alguém que não é uma dama, Jean-Claude?”
Eu o ouvi suspirar. “Anita é uma dama. Ande do lado dela, ma petite, mas cuidadosamente.”
“Do que me importa o que esses babacas pensam de mim?”
“Se você não é uma dama, então você é uma prostituta. Você não vai querer saber o que acontece com prostitutas humanas entre essas paredes.” Ele parecia cansado enquanto disse isso, como se ele já tivesse ido lá, feito aquilo, e não tinha tido um bom tempo.
Ivy sorriu para mim, me dando uma boa dose de seus olhos castanhos. Eu encarei seu olhar e sorri.
Ela franziu a testa. “Você é humana. Você não pode encarar meu olhar, não assim.”
“Supresa.” Eu disse.
“Podemos ir?” Jean-Claude disse.
Ivy franziu a testa novamente, mas foi em direção daquela porta aberta, e desceu um ou dois passos, uma mão em seu vestido para impedir dela tropeçar em seus pés. Ela se virou e olhou de volta para mim.
“Você vem?”
Eu perguntei para Jean-Claude, “O quão cuidadosa eu tenho que ser?”
Larry e Jason vieram ficar do meu lado.
“Se defenda se ela oferecer violência primeiro. Mas não derrame o primeiro sangue, ou dê o primeiro golpe. Defenda, mas não ataque, ma petite. Nós estamos jogando essa noite, ao menos que você as force, as estacas nunca vão tão fundo.”
Eu franzi a testa para ele. “Eu não gosto disso.”
Ele sorriu. “Eu sei, mas jogue conosco, ma petite. Lembre-se do humano que deseja salvar, e controle esse seu maravilhoso temperamento.”
“Então, humana?” Ivy disse. Ela estava me esperando nos degraus. Ela parecia com uma criança impaciente e petulante.
“Estou indo.” Eu disse. Eu não corri para me encontrar com a vampira em espera. Eu andei num passo normal, mesmo que o peso de seu olhar fazia minha pele pinicar. Eu parei na frente da escada e dei uma olhada para baixo. Um ar gelado e úmido se empurrava contra meu rosto. O cheiro era denso, fechado e mofado. Você sabia que não haveria janelas, e em algum lugar água estava comendo as paredes. Um porão, eu odeio porões.
Eu respirei profundamente o fétido ar e andei escadas abaixo. Elas eram as escadas mais largas que eu havia visto em um porão. A madeira parecia nova e crua, como se eles não tivessem tido tempo para limpa-las e lixa-las. Havia espaço o suficiente para nós duas dividirmos os degraus. Mas eu não queria dividir os degraus.
Talvez ela não fosse uma ameaça para Jean-Claude, mas eu não tinha ilusões sobre o que ela poderia fazer comigo.
Ela era um mestre bebê, não totalmente crescida ainda, mas o poder que estava borbulhando pela superfície andava pela minha pele. Eu parei um passo atrás dela, esperando ela descer também.
Ivy sorriu. Ela podia cheirar meu medo.
“Se ambas somos damas, então devemos andar juntas. Vamos, Anita.” Ela me ofereceu sua mão. “Vamos descer juntas.”
Eu não queria ficar tão perto assim dela. Se ela decidisse pular em mim, não haveria tempo para fazer muita coisa. Eu poderia alcançar a arma a tempo, ou talvez não. Me irritava o fato que eu não deveria mostrar a arma primeiro.
E me assustava. Uma das coisas que me mantiveram viva, era atirar primeiro e perguntar depois. Fazendo o contrário não era uma boa maneira de permanecer assim.
“A serva humana de Jean-Claude está com medo de mim?”
Ela ficou ali parada contra a escuridão, sorrindo. O porão era como um grande e preto buraco atrás dela. Mas ela não conseguia sentir marcas de vampiros ou ela saberia que eu não era serva de Jean-Claude. Ela não era tão gostosona quanto ela se achava. Eu espero.
Eu ignorei a mão dela, mas andei dois degraus abaixo. Meu ombros tocou sua pele nua, e eu senti como se minhocas estivessem descendo pelo meu braço. Eu continuei descendo as escadas no escuro adiante, mão esquerda num aperto cego contra a barra. Eu ouvi seus saltos batendo nos degraus para me alcançar. Eu pude sentir sua irritação como um calor subindo em sua pele. Eu ouvi os garotos nos seguindo, mas não olhei para trás para checar.
Nós estávamos jogando de covardes essa noite. Era um dos meus melhores jogos.
Nós descemos a escada juntas, como cavalos em uma carruagem, minha mão esquerda na barra, suas mãos segurando seu vestido. Eu mantive um passo que a fez esforçar para seguir, ao menos que ela pudesse levitar. Ela não podia.
Ela pegou em meu braço direito e me virou para encará-la. Eu não pude pegar minha arma. Porque eu estava usando porta-facas nos braços, eu não podia pegar nem uma faca. Eu fiquei parada lá, face a face com uma vampira brava e não podia alcançar nenhuma arma. Tudo que podia me salvar era ela não me matar.
Confiar minha vida na beneficência de Ivy parecia uma aposta ruim.
Sua raiva trilhava em minha pele. Calor fluía de seu corpo. Eu pude sentir sua mão, quente, mesmo através da jaqueta. Eu não tentei me afastar, coisas que podiam amassar Toyotas não me deixaria ir tão fácil. Seu toque não queimava, porque não era esse tipo de calor, mas era difícil de convencer meu corpo que aquilo não iria doer eventualmente. Anos de avisos, ‘não toque, está quente.’.
O calor subia pela minha pele como se estivesse parada perto de fogo. Se ela não estivesse fazendo aquilo sem querer, eu teria ficado impressionada. Merda, ainda assim era impressionante. Dê a ela alguns séculos e ela será infernamente assustadora , como se ela não estivesse pronta.
Eu ainda podia olhar em seus olhos, profundos e brilhando com sua própria luz. Isso ia servir muito quando ela arrancasse minha garganta fora.
“Se você a machucar, Ivy, nosso trato está acabado.” Jean-Claude deslizou pelas escadas para parar perto de nós. “Você não quer que o trato acabe, Ivy.” Ele correu a ponta de seus dedos pela mandíbula dela.
Eu senti uma sacudida de poder sair dele, para ela, para mim. Eu engasguei, mas ela me largou. Meu braço estava adormecido do lado, como se eu tivesse dormido em cima dele. Eu não conseguiria segurar uma arma. Eu queria perguntar o que diabos ele tinha feito, mas não perguntei. Contanto que eu tenha o uso do meu braço de volta, nós podíamos discutir isso depois.
Bruce se colocou entre nós, encobrindo Ivy como um namorado preocupado. Olhando seu rosto, eu percebi que eu tinha acertado. Eu aposto que foi ela quem fez ele.
Ivy puxou ele de lá tão forte que ele foi cambaleando escada abaixo, perdido na densa escuridão. Tudo nela parecia estar funcionando perfeitamente bem. Eu mal podia sentir a ponta de meus dedos.
Calor vinha para cima de mim como um vento escaldante, e curvando no escuro. Tochas acenderam em vida uma depois da outra na parede com um whoosh e luzes brilhando. Uma grande lâmpada de querosene estava suspensa enchendo a escada de luz. O vidro em volta dela explodiu em um banho de vidro, a chama queimava sozinha no pavio.
“Serephina te fará limpar sua bagunça.” Jean-Claude disse. Ele fez soar como se ela tivesse derramado seu leite.
Ivy desceu o resto da escada requebrando e deslizando.
“Serephina não se importará. Vidro quebrado e chamas tem tantos usos.”
Eu não gostei do jeito que ela fraseou isso.
O porão era preto. Paredes pretas, chão preto, teto preto. Era como estar em uma grande caixa preta. Correntes estavam presas nas paredes, algo que parecia com couro estava em volta dos punhos. Correntes saiam do teto como uma decoração obscena. Haviam ali... aparatos pelo quarto. Eu reconheci alguns deles. Uma roda de tortura, correntes de ferro, mas a maioria das coisas pareciam parafernálias de bondage*.
(*Bondage é “escravidão”, mas aí o contexto é mais pro sadomasoquismo, vocês sabem..hdahsdiuahs Então vou manter bondage.)
Você tinha bastante certeza de qual era o ponto deles, mas não sabia como usar. Haviam sempre mais buracos que eu pudesse imaginar o que fazer com eles, e nada parecia vir com instruções.
Havia um dreno no chão, e uma fina trilha de água corria ali. Mas eu estava apostando que aquilo não era apenas pela água.
Larry desceu os últimos degraus e ficou do meu lado.
“Essas coisas são o que eu penso que são?”
“Sim, são instrumentos de tortura.” Eu apertei minha mão em um punho, e depois de novo. Eu estava começando a senti-la novamente.
“Eu pensei que eles não iriam machucar a gente.” Ele disse.
“Eu acho que é para nos assustar.”
“Está funcionando.” Ele disse.
Eu não gostava tanto da decoração também, mas eu podia sentir minha mão. Eu poderia segurar minha arma se eu precisasse.
Uma porta que eu não tinha visto se abriu na esquerda. Uma porta secreta. Um vampiro veio por ela. Ele tinha que se curvar para passar por ela. Ele descurvado era impossivelmente alto e magro, cadavérico. Ele não tinha se alimentado essa noite, e estava gastando poder em parecer bonito. Sua pele era da cor de um antigo pergaminho e pregado aos ossos de seu rosto como um fino filme cobrindo seu crânio. Seus olhos eram afundados e sombrios em seu rosto, azuis como olhos de um peixe morto. . Suas pálidas mãos eram longas e ossudas, com impossíveis dedos longos, como uma aranha branca saindo da manga de seu casaco preto.
Ele entrou no quarto com a barra de sua capa batendo atrás dele fazendo barulho. Ele estava vestido todo de preto, apenas sua pele e seu cabelo curto e branco em sua cabeça dedava ele. Enquanto ele se movia pelo quarto negro, parecia que sua cabeça e mãos flutuavam sozinhas.
Eu balancei minha cabeça para limpar a imagem. Quando eu olhei de volta, ele parecia um pouco mais normal.
“Ele está usando seus poderes para parecer aterrorizante.” Eu disse.
“Sim, ma petite, ele está.” Havia algo em sua voz que me vez virar e olhar para ele. Seu rosto era a máscara adorável de sempre, mas em seus olhos, por um segundo, eu vi medo.
“O que está acontecendo, Jean-Claude?”
“As regras não mudaram. Não saque as armas. Não dê o primeiro golpe. Eles não podem nos machucar ao menos que quebremos essas regras.”
“Por que você está de repente assustado?”
“Isto não é Serephina.” Ele disse. Sua voz era suave quando disse isso.
“O que isso quer dizer?”
Ele jogou sua cabeça para trás e riu. O som repercutiu pelo quarto, ecoando e aparentemente alegre. Mas eu pude o sentir atrás de minha língua, e era amargo.
“Isso quer dizer, ma petite, qu

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 25


A risada de Jean-Claude desapareceu aos poucos e em pedaços, como se o som estava rebatendo nas paredes.
“Onde está Serephina?” Ele perguntou.
Ivy e Bruce saíram do quarto. Eu não sabia aonde eles estavam indo, mas deveria ser para algum lugar melhor que esse. Quantos quartos de tortura uma casa desse tamanho poderia ter? Não me responda isso.
O vampiro alto olhou para nós com seus olhos de peixe morto. Não havia nenhum sentimento, nada. Era como olhar nos olhos de um cadáver. Sua voz, quando veio, era quase impressionante. Era rica e profunda, ressonante, mas não com poderes vampíricos. Era a voz de um ator, ou um cantor de ópera. Eu assisti ela sair de seus finos lábios e ainda parecia ser um truque, como se a boca devesse se mover mais com as palavras, mas ela não movia.
“Vocês devem passar por mim antes dela ver vocês.”
“Você me surpreendeu, Janos.” Jean-Claude desceu os últimos degraus. Eu acho que iríamos mesmo ficar lá em baixo. Uma pena. “Você é mais poderoso que Serephina. Como você acabou no comando dela?”
“Quando você a ver, você entenderá. Agora venham, todos vocês, se juntem a nós. A noite é uma criança, e eu quero ver vocês todos nus e sangrando antes de amanhecer.”
“Quem é esse cara?” Eu perguntei. Eu podia usar minha mão de novo, tanto quanto minha mente esperta. Jean-Claude parou no último degrau. Jason se moveu, um degrau atrás dele. Larry e eu paramos um pouco atrás disso. Eu acho que nenhum de nós estávamos tão ansiosos para descer.
O vampiro virou seus olhos mortos para mim. “Eu sou Janos.”
“Que bom, mas as regras dizem que você não pode nos fazer sangrar, ou qualquer outra coisa. Ou perdi alguma coisa?”
“Você perdeu muito pouco, ma petite.” Jean-Claude disse.
“Vocês não serão machucados contra a vontade de vocês.” Janos disse. “Vocês todos devem consentir antes que qualquer dano seja oferecido.”
“Então estamos a salvo.” Eu disse.
Ele sorriu, a pele de seu rosto se dobrando como papel. Eu meio que esperei que o osso quebrasse, mas não quebrou.
O sorriso era bem repugnante.
“Veremos.”
Jean-Claude desceu o último degrau, e foi mais pra dentro do quarto. Jason o seguiu, e depois de um momento de hesitação, eu também. Larry me seguiu como um soldado.
“Esse quarto foi idéia sua, Janos.” Jean-Claude disse.
“Eu não faço nada sem o consentimento de minha mestre.”
“Ela não pode ser sua mestre, Janos. Ela não é poderosa o suficiente.”
“Ainda assim, aqui estou eu, Jean-Claude. Aqui estou eu.”
Jean-Claude andou em volta da roda de tortura, passando sua pálida mão por ela.
“Serephina nunca gostou muito de tortura. Ela era muitas coisas, mas não sádica.” Jean-Claude parou na frente de Janos. “Eu acho que você é o mestre daqui e ela é seu cavalo de ataque. Ela é conhecida como mestre, então todos os desafios vem dela. Quando ela morrer, você achará outra marionete.”
“Eu prometo a você, Jean-Claude, ela é minha mestre. Pense nesse quarto como uma recompensa por ser um fiel servo.”
Ele deu uma olhada pelo quarto com um sorriso orgulhoso, como se admirasse tudo aquilo.
“O que você planeja para nós neste seu quarto?”
“Aguarde mais algum momento, meu garoto impaciente, e tudo lhe será revelado.”
Era estranho ter alguém chamando Jean-Claude de “garoto”, como se ele fosse um primo mais novo que ele tinha visto crescer. Será que Janos havia conhecido ele quando ele era um pequeno vampiro? Recém morto?
A voz de uma mulher veio: “Onde você está me levando? Você está me machucando.”
Ivy e Bruce arrastavam uma jovem mulher pela porta. Literalmente a arrastando. Ela deixava suas pernas dobradas, tentando usa-las como um cachorro faz quando agente tenta leva-los ao veterinário. Mas ela tinha apenas duas pernas e um vampiro em cada braço. Ela não estava tendo muita sorte tentando se livrar.
Ela tinha cabelos loiros e lisos, que tocavam no topo de seus ombros. Seus olhos eram grandes e azuis, e a maquiagem que ela começou a noite estava borrada em seus olhos, chorando.
Ivy parecia estar tempo um bom tempo. Bruce tinha os olhos bem abertos.
Ele estava com medo de Janos. Difícil de não ter, eu acho.
A garota olhou para Janos sem palavras, e então gritou. Ivy deu um golpe nela levemente, como você faz com um cachorro latindo. A garota lamentou e inclinou-se em silêncio, encarando o chão, lágrimas novas trilhando suas bochechas.
Havia apenas Janos e dois jovens no quarto conosco. Eu estava apostando que poderíamos lidar com eles. Dois outros vampiros apareceram, mas eles não arrastavam a próxima garota. Ela andava, olhos brilhando de raiva, costas bem retas, mãos nos punhos em seu lado. Ela era baixa, um pouco pesada, mas não era gorda, como se ela fosse um pouco mais alta teria um peso bom. Seu cabelo era indescritívelmente marrom, óculos montavam seus pequenos olhos castanhos, sardas enchiam seu rosto. A personalidade que radiava daquele rosto não tinha descrição. Eu gostei dela na hora.
“Ah, Lisa.” Ela disse. “Levante-se.” Ela soava embaraçada e brava. A garota loira, Lisa, apenas chorou mais.
As duas vampiras que guardavam a segunda garota não eram jovens. Elas eram ambas altas, por volta de seis pés, vestidas em couro preto, uma com cabelos longos e loiros em uma trança que caia em suas costas, a outra com seus cabelos pretos caindo livremente pelo seu rosto. Seus braços eram musculosos e firmes. Elas pareciam como guardas femininas de algum filme ruim de espiões. O poder que irradiava das duas não era um efeito de um filme tipo B. Se movia sigilosamente pelo quarto como uma corrente de água, densa e gelada. Quando a linha de poder passou pelo meu corpo eu prendi minha respiração. O poder andava pelos meus ossos e doía. Larry engasgou do meu lado.
Eu olhei para ele apenas para ter certeza que ele estava engasgando pela mesma razão que eu. Nenhum novo monstro atrás de nós, apenas o poder das duas novas vampiras.
“O que vocês estão fazendo, andando por uma casa com vários vampiros de mais de quinhentos anos?” Eu perguntei.
Todo mundo se virou para mim. As duas vampiras sorriram, nada agradáveis.
Elas olharam para mim como se eu fosse um pedaço de doce e elas imaginavam que tipo de recheio eu tinha. Macio e pegajoso ou duro com uma noz no meio? Eu já tive homens me despindo com o olhar, mas nunca tive alguém tentando imaginar como eu pareceria sem minha pele. Eca.
“Você tem algo para acrescentar?” Janos perguntou.
“Você não pode apenas arrastar duas garotas menores de idade e esperar que não façamos nada.”
“Pelo contrário, Anita, nós esperamos que você faça várias coisas.”
Eu não gostei dele fraseando isso. “O que isso quer dizer?”
“Primeiro, as garotas não são menores de idade, são, garotas?”
A segunda garota apenas olhou para ele. Lisa balançou a cabeça, ainda encarando o chão.
“Diga a ela suas idades.” Jason disse.
Nenhuma das duas responderam. Ivy bateu forte o suficiente para fazer a garota gemer.
“Dezoito. Eu tenho dezoito.” Ela se colapsou no chão soluçando, e os vampiros a largaram, para que ela pudesse cair de vez.
Uma das vampiras disseram, “Sua idade, agora.” Sua voz era como um silencioso trovão, um aviso que a chuva estava chegando.
Os olhos da segunda garota se abriram mais atrás de seus óculos. “Tenho dezenove.” Havia medo agora, por trás de sua raiva.
“Tudo bem, elas tem mais que 18, mas um humano não disposto ainda é um humano não disposto, independente da idade.” Eu disse.
“Você bancará a policial aqui, Anita?” Janos perguntou. Ele parecia divertido.
“Eu apenas não ficarei parada aqui e assistirei vocês machucarem elas.”
“Você tem uma alta opinião de si mesma, Anita. Confiante. Eu gosto disso. Sempre há muito mais diversão em quebrar algo forte. Os fracos caem e choram e lamentam, mas os bravos, eles quase mandam que você os machuquem.”
Ele andou em volta de mim, me alcançando com sua mão de aranha branca. “Você quer que eu a machuque?”
Eu lembrei do aviso de Jean-Claude para não usar armas, mas foda-se, eu estava alcançando a Browning. Jean-Claude estava de repente lá, segurando o braço de Janos.
Janos parecia impressionado. Sinceramente, eu também estava. Eu não tinha visto ele mover, e aparentemente nem Janos. Um truque mental isso.
Eu deixei minha mão relaxar longe da arma, mesmo que eu tivesse bastante certeza que pega-la iria me relaxar mais. Mas o propósito do exercício dessa noite não era me fazer me sentir melhor, era nos manter vivos.
“Nenhum dano a nenhum de nós, esta foi a promessa.” Jean-Claude disse.
Janos livrou seu braço de Jean-Claude com um puxão lento, quase se entretendo, como se gostasse daquilo.
“Uma vez dada a promessa de Serephina, ela a mantém.”
“Então porque essas jovens mulheres estão aqui?”
“Esses dois”- Ele mencionou para Larry e eu- “realmente não ficariam parados e assistiriam danos serem feitos a estranhos?” Ele soou surpreso, mas não feliz sobre isso.
“Infelizmente, sim.” Jean-Claude disse.
“E se eles entrarem em uma briga, você entrará também para protege-la?” Janos perguntou.
“Se eu precisar.”
Janos sorriu, e eu pude ouvir sua pele chiar pelo esforço de segurar seus ossos.
“Esplêndido.”
Eu senti um tremor correr pelas costas de Jean-Claude, como se ele tivesse sido pego fora de guarda. Eu estava totalmente confusa.
“As duas jovens mulheres vieram por vontade própria até nossa casa. Elas sabiam o que nós éramos, e concordaram em nos ajudar a entreter nossos convidados.”
Eu olhei para a segunda garota. “Isso é verdade?”
Uma das vampiras que a guardavam tocou seu ombro, levemente, mas era o suficiente.
“Nós viemos por conta própria, mas a gente não sabia...” A mão da vampira a apertou. O rosto da garota desmoronou em dor, mas ela não fez nenhum som.
“Elas vieram por vontade própria, e ambas tem idades legais.” Janos disse.
“Então o que acontece agora?” Eu perguntei.
“Ivy, acorrente essa aqui.” Ele apontou para uma das correntes presas perto da porta a esquerda enquanto disse. Ivy e Bruce pegaram a garota, a levantaram em seus pés, e a guiaram cambaleante até a parede.
“Suas costas de frente para o quarto, por favor.”
Eu fiquei do lado de Jean-Claude e sussurrei, apesar que eu sabia que todos ouviriam.
“Eu não gosto disso.”
“Nem eu, ma petite.”
“Nós podemos parar isso sem quebrar as regras?”
“Não, ao menos que eles ofereçam danos diretamente a nós, não.”
“O que acontece se quebrarmos esse trato?”
“Eles tentarão nos matar, basicamente.”
Haviam cinco vampiros no quarto, três deles mais velhos que Jean-Claude. Nós iríamos morrer. Merda.
A garota loira soluçava e lutava, enquanto os vampiros prendiam seus braços nas correntes da parede. Ela gritava e tentava se livrar tão violentamente que se não fosse pelo couro que revestia, ela estaria sangrando em seus pulsos.
Uma mulher entrou no quarto pela porta do lado. Ela era alta, mais alta que Jean-Claude. Sua pele era da cor de café com creme. Seu cabelo escuro caia em longas voltas em sua cintura. Ela estava vestida de preto, um macacão de couro preso em seu corpo, que deixava muito pouco para a imaginação. Ela andava firmemente em seus saltos, um andar bem humano. Mas ela não era humana.
“Kissa.” Jean-Claude disse. “Você ainda está com Serephina.” Ele soava supreso.
“Nenhum de nós teve a sua sorte.” Sua voz era densa como mel. Havia o cheiro no ar, e eu não tinha certeza se era seu perfume ou ilusão. Seu rosto estruturado estava sem maquiagem e ela ainda era bonita, mas claro, eu imaginava como ela pareceria se não estivesse nublando minha mente. Porque com certeza, humanos não podiam radiar aquela crua sexualidade que Kissa transmitia como uma nuvem tocável.
“Eu lamento que esteja aqui, Kissa.”
Ela sorriu. “Não tenha pena de mim, Jean-Claude. Serephina te prometeu para mim, antes de Janos quebrar esse seu lindo corpo.”
Seis vampiros, quatro deles mais velhos que Jean-Claude. As apostas não estavam indo ao nosso favor.
“Acorrente a outra garota aqui.” Janos mencionou para um par de algemas do lado da porta a direita.
A garota balançou a cabeça. “Sem chance.”
Ela se recusava a ir, e lutava melhor que a loira.
Ela jogou seu corpo no chão, e usou cada pedaço dele, não para lutar, mas para não ir.
Duas vampiras severamente séculos velhas, poderosas o suficiente para fazer meus dentes doerem e elas tinham que pegar o corpo da garota, cada uma de um lado, e carrega-la até a parede. Ela finalmente começou a gritar, alto, brava, raiva enchia um som depois do outro. A de cabelo escuro a segurou contra a parede e a outra a acorrentou.
“Eu não posso apenas ver isso.” Larry disse. Ele estava parado bem perto de mim, talvez ele não sabia que os vampiros podiam ouvir seus sussurros. De qualquer forma, não importava.
“Nem eu.”
Nós iríamos nos fazer ser mortos, embora tentaríamos levar o tanto que conseguíssemos deles junto. Jean-Claude se virou para nós, como se pudesse sentir o cheiro da gente indo para nossas armas.
“Ma petite, Monsieur Kirkland, não peguem suas armas. Eles estão pisando em legalidades. A mulher veio os ajudar a entreter. Eles não irão matá-las.”
“Você tem certeza disso?” Eu perguntei.
Ele franziu a testa.
“Eu não tenho certeza de mais nada, mas eu acredito que eles irão manter suas palavras. A mulher está assustada e um pouco marcada, mas eles não a machucaram.”
“Isso não é machucar?” Larry perguntou. Ele parecia indignado e eu não podia culpar ele.
Eu o respondi. “Vampiros tem um senso único do que é machucar, não é, Jean-Claude?”
Ele encontrou meu olhar.
“Eu vejo acusações em seus olhos, mas lembre-se disso, ma petite, você me pediu para traze-la aqui. Então não jogue a culpa deste problema em particular em mim.”
“Nosso entretenimento está tão entediante?” Jason perguntou.
“Nós estamos discutindo se mataremos vocês todos agora ou mais tarde.” Eu disse, minha voz bem atestando-um-fato.
Janos deu uma pequena risada.
“Por favor, quebre o acordo, Anita. Eu amaria ter uma desculpa para testar uma das minhas novidades em você. Eu acho que você levaria um bom tempo para ser quebrada. Então de novo, as vezes são os que mais se vangloriam que se quebram primeiro.”
“Eu não me vanglorio, Janos. Eu digo a verdade.”
“Ela acredito no que diz.” Kissa disse.
“Sim, ela tem um inquietante toque de verdade nela.” Janos disse. “Bem saboroso.”
A loira, Lisa, tinha parado de lutar contra as correntes. Ela ficou parada nelas, meio incoerente com o choro. A outra garota, que agora estava acorrentada, ficou bem parada, mas um pequeno tremor começava em seus braços e mãos. Ela apertava suas mãos em punhos, mas não conseguia evitar o tremor.
“As mulheres vieram para uma pequena aventura. Elas com certeza farão seu dinheiro valer a pena.” Jason disse.
As duas vampiras abriram um painel na parede negra. Cada uma pegou um longo rolo de chicote. Nenhuma das garotas podiam ver. Eu estava feliz por isso.
Eu não podia ficar ali e ver aquilo. Eu não podia. Iria matar algo dentro de mim apenas ficar parada e assistir, mesmo se isso me faria ser morta. Pelo menos eu iria morrer lutando, e eu levaria alguns deles comigo.
Melhor que nada.
Mas antes que todos nós cometêssemos suicídio, eu tentaria conversar.
“Se você não está tentando nos fazer quebrar o trato, então o que diabos você quer?”
“O que eu quero?” Janos disse. “O que eu quero? Tantas coisas, Anitas.”
Eu estava começando a odiar o jeito que ele dizia meu nome, meio que entretido, e íntimo, como se fossemos amigos, ou inimigos íntimos.
“O que você quer, Janos?”
“Não deveria ser você negociando por suas pessoas?” Ele perguntou para Jean-Claude.
“Anita sabe fazer isso bem o suficiente sozinha.” Jean-Claude disse.
Janos deu outra pequena risada. “Muito bem. O que nós queremos?”
As vampiras foram até as garotas. Elas levantaram os chicotes então as duas garotas podiam ver eles.
“O que é isso?” A loira perguntou. “O que é isso?” Sua voz era alta e borbulhava com medo.
“É um chicote.” A segunda disse. Firme e forte, sua voz não a traia do jeito que seu corpo fazia, tremendo.
As duas vampiras se afastaram, o suficiente para ter uma boa distância para acertar as garotas, eu acho.
“O que diabos você quer?” Eu perguntei.
“Você está a par com o termo ‘garoto chicoteado’?” Janos perguntou.
“Era a pessoa usada pela realeza para apanhar no lugar do herdeiro real.”
“Muito bem, tão poucas pessoas jovens tem senso de história.”
“O que essa lição se história tem a ver com tudo isso?”
“As garotas são os ‘garotos chicoteados’ desse dois jovens homens.” Janos disse.
As duas vampiras pegaram impulso com os chicotes no chão, e voltaram eles juntas, mas nenhum dos chicotes tocaram as garotas. A segunda garota gritou, um curto e forte som, quando o chicote acertou a parede do lado dela. A loira apenas ficou pressionada contra a parede, soluçando, “Por favor, por favor, por favor,” de novo e de novo em uma voz cortada.
“Não as machuquem.” Larry disse. “Por favor.”
“Você tomará o lugar dela?” Janos perguntou.
Eu finalmente entendi aonde ele estava nos levando.
“Você não pode nos machucar sem nossa cooperação. Seu traiçoeiro filho da puta.”
Ele sorriu. “Me responda, garoto. Você tomará o lugar dela?”
Larry assentiu.
Eu agarrei seu braço. “Não.”
“Tenho certeza que a escolha é dele.” Janos disse.
“Solte meu braço, Anita.” Larry disse.
Eu encarei seus olhos, procurando ver se ele entendia o que ele iria fazer.
“Você não sabe o que um chicote pode fazer com a carne humana. Você não sabe o que está oferecendo.”
“Nós podemos arrumar isso.” Janos disse. As vampiras rasgaram as costas das blusas das garotas com um duro e rápido golpe.
A loira gritou.
“Nós não podemos apenas ver isso.” Larry disse.
Ele estava certo, eu gostando ou não, ele estava certo.
“Eu já vi o que um chicote pode fazer.” Jason disse de repente. “Não machuque elas.”
Eu encarei ele. “Você não me parece ser do tipo auto-sacrifício.”
Ele encolheu os ombros. “Todos nós temos nossos momentos.”
“Fará a escolha ser mais fácil se eu prometer que se seus jovens garotos tomarem o lugar das garotas, nós não iremos aleijá-los?”
“E quanto a matar eles?” Eu disse. “Você pode morrer com o golpe disso.”
“Sem matar, sem aleijar. Nós apenas queremos nossa medida de carne, e um pouco de sangue.”
Algo deve ter se mostrado em nossos rostos, porque ele riu.
“Figurativamente falando, claro. Vocês terão cicatrizes até morrerem, mas não é um grande dano.”
“Isso é ridículo.” Eu disse. “Nós não iremos fazer isso.”
“Se sacarmos as armas, a gente consegue lidar com eles?” Larry perguntou.
Eu olhei pra longe de seus olhos ansiosos. Ele tocou meu braço. “Anita?”
“Nós podemos levar alguns deles conosco.” Eu disse.
“Mas a gente continuaria morto, e uma vez morto, quem ajudaria as garotas?”
Eu balancei minha cabeça. “Tem que ter um jeito melhor.”
Larry olhou para Jean-Claude. “Ele manterá sua palavra? Ele não me matará?”
“A palavra de Janos sempre foi confiável, pelo menos era há alguns séculos atrás.”
“Podemos confiar nele então?” Jason perguntou.
“Não.” Eu disse.
“Sim.” Jean-Claude disse.
Eu encarei ele.
“Eu sei que você preferiria sair atirando, mas você apenas conseguiria ter nós todos mortos. Ou talvez alguns de nós transformados em vampiros.”
Larry tocou meu ombro. Ele me fez olhar para ele. “Está tudo bem.”
“Não está tudo bem.” Eu disse.
“Certo, mas isso é o melhor que podemos fazer nesse momento.”
“Não faça isso.”
“Eu não tenho escolha.” Ele disse. “Além do mais, eu sou um garoto crescido, lembra? Eu posso cuidar de mim mesmo.”
Eu o abracei. Eu não sabia mais o que fazer.
“Eu ficarei bem.” Ele sussurrou.
Eu apenas assenti. Eu não confiava em minha voz, e eu tentava nunca mentir para meus amigos. Ele não ficaria bem. Eu sabia. Ele sabia. Todos nós sabíamos.
Jason andou para longe de nós e mais perto das vampiras.
“Oh, não, meu bom licantropo, nós não te queremos acorrentado em uma parede.”
“Mas você disse...”
“Eu disse que você podia salvar as garotas, mas não como isso. Deixe o humano ficar com o açoite. Tudo que você tem que fazer, é concordar em satisfazer os desejos das minhas duas ajudantes, Bettina e Pallas.”
Jason encarou as duas vampiras. Elas viraram para olhar para nós.
Eu de repente tentei ver elas do ponto de vista de homem de vinte anos. Elas tinham busto, cinturas finas, o rosto de Palla era um pouco de bruxa pro meu gosto, e os olhos de Bettina um pouco pequenos demais, mas isso era eu. Nenhuma delas eram bonitas, nem lindas, elas eram maravilhosas do jeito que mulheres altas e com pernas longas são. Maravilhosas de um bom jeito, se elas fossem humanas.
Jason franziu a testa. “Parece que eu tive um acordo melhor aqui.”
“Faria alguma diferença se eu dissesse que você tem que fazer isso aqui neste quarto, no chão, na frente de todos?” Janos perguntou.
Jason pensou nisso por um minuto. “Se eu disser não, as garotas serão soltas?”
Janos assentiu.
“Então eu concordo com isso.” Ele disse, mas sua voz era suave e incerta. Ser lascivo em particular era uma coisa, ser em público era diferente.
“Venha então, licantropo, vamos começar o show.” Janos fez uma curvatura com suas brancas mãos.
Jason olhou para trás, para Jean-Claude, como se fosse o primeiro dia no colégio e ele estivesse pensando se os desordeiros iriam mesmo machuca-lo. Jean-Claude não o deu nenhum conforto. Seu rosto continuava quieto e ilegível como uma pintura. Ele deu um pequeno assentimento que poderia significar qualquer coisa desde “Ficará tudo bem” ou “Apenas faça.”.
Eu assisti os ombros de Jason levantarem com uma profunda respiração, e ouvi ele soltar ela como um corredor antes da corrida. Por que a maioria das coisas que você faria sem problema, em outras circunstâncias, ficam desastrosas quando você não tem escolha?
“Você nunca esteve com um de nós?” Janos perguntou.
Jason balançou sua cabeça.
Janos colocou sua mão de longos dedos no ombro de Jason. Jason pareceu não gostar disso. Não podia culpa-lo.
“Há muito prazeres que te aguardam, meu jovem licantropo. Coisas que nenhum humano ou homem-animal pode dar a você. Sensações que apenas a morte pode oferecer.”
As duas vampiras haviam ido para o canto mais longe do quarto, num espaço limpo no chão preto.
Os chicotes estavam deitados aos pés das duas garotas, como se fosse um lembrete do que aconteceria se alguns dos dois dessem para trás.
Se Jason queria comer algumas vampiras, tudo bem por mim. Além do mais, ele não era meu para proteger. Mas o sexo não iria durar para sempre. Eu não podia deixar eles terem Larry. Eu não podia ficar vendo ele ser torturado. Eu não podia.
Mas se eu fugisse do quarto, então mesmo se todos nós fugíssemos do porão, mesmo duvidando seriamente disso, nós teríamos cada um dos vampiros atrás das nossas bundas. Haveriam mais, sempre tem mais. Mas o que Jean-Claude tinha dito? Se eles quebrarem o trato primeiro, nós poderíamos pegar as armas. Tinham possibilidades.
A vampira com longos cabelos loiros tinha desabotoado seu sutiã. Ela balançou seu cabelo como uma densa cortina cor amarela. Escondeu o rosto dela por um momento, e ela parecia mais delicada, mais humana. Talvez fosse ilusão. Tanto faz, Jason tocou aquele denso cabelo, passando sua mão por ele, e então deslizou sua mão em volta da cintura dela.
Se ele iria ter que fazer aquilo, parecia que ele teria alguma diversão enquanto isso. Bom saber que alguém estava aproveitando seu trabalho.
A vampira de cabelo escuro veio por trás dele, pressionando sua roupa de couro contra ele. Jason era baixo o suficiente que seu rosto estava no nível dos peitos de ambas. Ele afundou seu rosto nos peitos da loira. Ela soltou a frente de sua roupa de couro, abaixando para que ele pudesse chupar eles.
Eu virei meu rosto. Eu nunca fui muito voyeur*. Eu tinha uma embaraçosa tendência de ficar vermelha.
(*Pessoa que gosta de ver outros fazendo coisas sexuais.)
Ivy e Bruce se moveram da parede para ficarem próximos ao trio. Bruce estava fascinado e embaraçado, mas ele continuava olhando. Não havia embaraçamento no rosto de Ivy. Ela colocou suas costas contra a parede, se movendo por ela, mão passando por ela. Sua boca com batom vermelho estava parcialmente aberta.
Ela deslizou abaixo pela parede, o vestido vermelho agarrando contra suas coxas enquanto ela ficava de quatro. Assistir ela se movendo pela parede levou meu olhar de volta para o entreterimento. A camisa de Jason havia sido tirada. Usando nada além de sua calça de couro e botas pretas, ele combinava com as vampiras. Ele estava de joelhos, suas costas em um arco, então ele estava agarrado contra a morena atrás dele. Ela deslizava suas mãos pelo peito nu dele. Ele virou, dando a ela seus lábios. O beijo era longo e profundo, e mais cheio de examinações que ninguém além de um médico devia fazer.
A loira estava sentada com suas pernas bem abertas na frente deles, desabotoando a calça de Jason. Ela já havia feito algo com a própria calça de couro dela, então ela estava aberta. Ela era loira natural. Por que eu estava surpresa?
Ivy pegou um pouco do cabelo loiro da vampira em suas mãos.
“Ivy.” Janos disse. “Você não foi convidada.”
Ela tirou sua mão da cabeça da vampira, mas não se afastou. Ela estava perto o suficiente da ação e não fazer parte dela. Bruce ainda estava contra a parede, com a boca aberta e um pouco suado, mas não parecia querer chegar mais perto.
Janos estava parado assistindo tudo calmamente. Ele tinha um grande sorriso em seu rosto, e pela primeira vez havia alguma luz em seus olhos mortos. Ele estava aproveitando o momento.
Jean-Claude estava metade encostado, metade sentado contra uma estrutura de metal que servia para prender firmemente um corpo. Ele estava assistindo o show, mas seu rosto continuava ilegível, uma bonita máscara.
Ele me viu olhando para ele, mas não houve nenhuma mudança em seus olhos. Ele estava fechado e solitário como se estivesse em um quarto vazio. Ele não estava respirando, pelo o que pude ver. Ele tinha batimento cardíaco quando se segura daquele jeito firmemente? Ou tudo parava?
Kissa ficou parada em uma porta que não tínhamos visto. Ela tinha seus braços cruzados pelo seu estômago.
Para alguém que queria pular nos ossos de Jean-Claude daquele tanto, ela não parecia apreciar muito o show. Ou talvez ela era a guarda para impedir Larry e eu de sairmos correndo e gritando do quarto.
Larry tinha ido pra tão longe da ação quanto podia. Ele estava pressionado contra a parede, tentando achar alguma coisa para olhar, mas seu olhos continuavam voltando para o outro final do quarto. Era como tentar não ver um acidente de trem. Você não quer ver acontecer, mas se vai acontecer, você não quer olhar para longe também. Quando você teria a chance de ver de novo? Um ménage à trois* feito de duas vampiras e um lobisomem não podia ser muito comum na visão de Larry. Não era comum nem na minha visão.
(*Sexo a três)
As duas garotas continuavam acorrentadas na parede sem poder ver o que estava acontecendo. Provavelmente tudo estava bem.
Um baixo gemido apareceu no outro lado do quarto. Me fez olhar para lá de volta. A calça de Jason havia sido parcialmente abaixada e revelava a maioria da maciez de suas nádegas. Seus braços estavam separados, deixando apenas a parte debaixo de seu corpo tocando a mulher. Seu corpo levantava e abaixava ritmicamente. A vampira loira se retorceu debaixo dele, outro gemido escapou de sua garganta.
Seus peitos saíram de sua roupa preta de couro como se ela os oferecesse para a boca de Jason.
A morena lambia lentamente, com sua língua rosa, a coluna de Jason. Suas costas se convulsionavam com a sensação, ou talvez era outra sensação. O efeito parecia o mesmo.
Eu me virei, mas a imagem estava queimando na minha mente. Eu senti calor subir pelo meu pescoço. Merda.
Os olhos de Larry se abriram mais ainda e eu assisti a cor sumir de seu rosto, até que sua pele era da cor branca de um papel, de surpresa e seus olhos grandes demais para seu rosto.
Eu lutei por um minuto, mas eu me virei para ver, como a esposa de Lot arriscando tudo por um último vislumbre proibido. Jason havia desmoronado, seu rosto perdido no rosto no cabelo da loira.
O rosto dela estava virado para o quarto. Sua pele havia afinado até que você podia ver cada osso de seu rosto. Seus lábios cheios haviam retraído, fazendo seus dentes parecerem maiores. Ela não tinha mais lábios o suficiente para esconder suas presas.
A morena ajoelhou logo atrás deles, seus joelhos entre ambas pernas deles. A loira abaixou suas mãos de seu rosto, e metade daquele lindo rosto virou para o outro lado. Ela correu suas mãos pelos longos cabelos escuros da outra que se agrupou mais.
Ela virou seu rosto para o resto de nós. A pele soltou de seus ossos no lado esquerdo dela e caiu no chão com um denso e molhado barulho.
Eu respirei forte o suficiente para machucar e fui ficar perto de Larry. Ele não estava branco agora, estava verde.
“Minha vez agora.” Uma das vampiras disseram. Meu rosto se virou de volta para a cena no fim do quarto, quase contra minha vontade. Eu não podia olhar lá, mas não conseguia olhar para longe. Jason se levantou em meio que e um movimento de impulso. Ele teve um vislumbre do rosto da loira e seus ombros ficaram tensos, a linha da coluna apertada. Ele saiu de perto dela devagar, ficando de joelhos.
A morena correu seus dedos pelas costas nuas de Jason. Sua carne se soltando, deixando um trilha de gosma verde atrás. Um tremor correu pelo seu corpo que não tinha nada a ver com sexo. Do outro lado do quarto eu podia ver o peito de Jason se levantar cada vez mais rápido, como se estive hiperventilando. Ele continuou encarando reto firmemente, fazendo nenhum movimento para se virar e olhar atrás dele, como se ele olhasse ele iria fugir.
A morena passou seus braços decaídos em volta de seus ombros, encostando seu rosto apodrecido perto do dele, e sussurrou alguma coisa.
Jason lutou para longe delas, se arrastando contra a parede. Seu peito estava coberto em pedaços de carne delas. Seus olhos estavam impossivelmente abertos, mostrando muito branco. Ele parecia não estar conseguindo achar ar.
Um pedaço de alguma coisa densa e pesada deslizou pelo seu pescoço até seu peito. Ele atingiu aquilo como você se livra de uma aranha que está andando pela sua pele. Ele estava pressionado na parede preta, com sua calça quase na coxa.
A loira virou em suas costas e se arrastou até ele, tentando alcançar ele com uma mão que não tinha nada além de ossos com pedaços de carne seca. Ela parecia estar se decompondo no chão. A morena parecia molhada. Ela deitou de volta no chão, e algum fluido negro saía dela formando uma piscina em volta de seu corpo. Ela se desfez da sua própria blusa de couro, e seus peitos eram como sacolas pesadas desses fluidos.
“Eu estou pronta para você.” A morena disse. Sua voz continuava clara e sólida. Nenhuma voz humana sairia daqueles lábios se decompondo.
A loira agarrou os braços de Jason e ele gritou.
Jean-Claude estava sentado ali, assistindo, imóvel.
Eu me descobri andando até eles. Isso surpreendeu até a mim. Eu continuei esperando pelo cheiro que deveria acompanhar aquela carne podre, mas a cada passo o ar estava limpo.
Eu parei atrás de Jean-Claude e disse, “Isso é uma ilusão?”
Ele não olhou para mim. “Não,ma petite, isso não é uma ilusão.”
Eu empurrei o braço dele, e era duro e firme como madeira. Não parecia com carne. “Isso é ilusão?”
“Não, ma petite.” Ele olhou para mim, por fim, e seus olhos eram de um sólido e drenante azul. “Ambas as formas são reais.” Ele se levantou, e mesmo estando do lado dele, eu não podia ver ele respirando.
A morena estava de quatro alcançando Jason com uma mão que caia em pedaços molhados enquanto ela se movia. Jason gritava e se pressionava contra a parede, como se quisesse passar por ela. Ele escondeu seu rosto como uma criança ignorando o monstro debaixo da cama, mas ele não era uma criança, e ele sabia que os monstros eram reais.
“Ajude ele.” Eu sussurrei, e não tinha certeza para quem eu estava falando.
“Eu farei o que puder.” Jean-Claude disse. Eu estava encarando ele quando eu ouvi suas próximas palavras em minha cabeça.
Seus lábios nunca de moveram. “Se eles quebrarem o acordo primeiro, ma petite, então você está livre para massacrar cada um nesse quarto.”
Eu o encarei, mas seu rosto não traia ele em nada. Apenas o eco dele dentro da minha cabeça dizia que eu não estava alucinando. Não havia tempo para brigar pelo fato dele ter invadido minha mente. Depois. Agente podia brigar depois.
“Janos.” Essa única palavra soou pelo quarto até ecoasse nas solas de meus pés como um profundo som de bateria.
Janos se virou para olhar para Jean-Claude, seu rosto esquelético numa expressão agradável. “Você chamou?”
“Eu te desafio.” Elas três palavras eram suaves. Elas eram como notas musicando pelos meus nervos. Se o tom incomodou Janos, você não podia dizer.
“Você não pode prevalecer sobre mim.” Jason disse.
“Isso nós devemos tirar a prova, não é?” Jean-Claude disse.
Janos sorriu até que sua pele estivesse quase rompida.
“Se por algum milagre você for melhor que eu, o que você quer?”
“Passagem segura para meu pessoal.” Eu limpei minha garganta. “E para as duas garotas.”
“E se eu vencer,” Janos disse, “O que eu ganho?”
“O que você quer?”
“Você sabe o que nós queremos.”
“Diga.” Jean-Claude disse.
“Você desiste da sua passagem segura. Nós ganhamos você, para fazermos o que quisermos.”
Jean-Claude deu um pequeno aceno. “Então assim seja.”
Ele apontou para as vampiras apodrecidas.
“Tirem elas de perto do meu lobo.”
Janos sorriu. “Elas não irão machuca-lo, mas se você falhar... Eu o farei um presente para as minhas duas belezas.”
Um baixo som como um grito reprimido veio da garganta de Jason. A mão da morena começou a passar pelo seu estômago, para suas áreas privadas.
Ele gritou e empurrou para longe, mas ao menos que ele apelasse para a violência, ele estava preso. E se a gente quebrasse o acordo primeiro, estaríamos mortos, mas se eles quebrassem o acordo...
Jean-Claude e Janos haviam ido para o meio do quarto. Eles ficaram um espaço separados.
Jean-Claude estava parado com seus pés separados, como se estivesse em posição de luta. Janos estava com seus pés juntos, indiferente, fácil.
“Você perderá tudo, Jean-Claude, o que você está aprontando?”
Jean-Claude apenas balançou sua cabeça.
“O desafio foi oferecido e aceito. O que você está esperando, Janos? Você está com medo de mim a essa altura?”
“Com medo de você? Nunca, Jean-Claude. Nem há séculos atrás, nem agora.”
“Chega de conversa, Janos.” Sua voz era baixa e macia, mas ainda assim era carregada pelo quarto inteiro, e se arrastava pelas paredes negras como sons de gotas de chuva negras e com raiva.
Janos riu, mas o som não tinha nada da qualidade tocável da voz de Jean-Claude.
“Vamos dançar.”
Silêncio caiu abruptadamente no quarto, eu pensei que tinha ficado surda. Então eu percebi que ainda podia ouvir as batidas de meu coração, o sangue correndo em minha cabeça.
Algo se agitando surgiu entre os dois vampiros mestres como um calor subindo em uma rua acimentada no verão. O que se derramou pela minha pele não era calor, era... poder.
Um girante, uma apressada chuva de poder. Eu senti Jean-Claude indo contra os outros vampiros, e eu nunca tinha sentido nada como aquilo. Meu cabelo se balançou com o vento que estava vindo dos dois.
O rosto de Jean-Claude estava fino para baixo, sua branca pele brilhando como se tivesse sido polida. Seus olhos eram chamas azuis que sangravam fogos de safira em cada veia debaixo de sua pele. Seus ossos brilhavam dourados. Sua humanidade estava sumindo, e isso não seria o suficiente. Nós iríamos perder. Ao menos que eles quebrassem o acordo antes.
Kissa ainda estava na porta, ainda aguardando. Seu rosto escuro era impassível. Ela não seria uma ajuda para mim. As duas coisas podres ainda estavam em volta de Jason. Apenas Ivy e Bruce ainda estavam de pé.
Bruce parecia assustado e Ivy parecia excitada. Ela assistia os dois vampiros mestres com lábios semi-partidos, seu lábio debaixo caia de concentração ou excitamento.
Eu conseguia encarar seus olhos, e isso tinha incomodado ela um bocado.
Eu cruzei o quarto atrás de Jean-Claude. Quando eu passei por ele, uma corrente de poder chicoteou para fora e se curvou em volta de mim como um braço. Eu continuei andando e deslizei para longe, mas minha pele tinha se arrepiado onde aquilo havia me tocado. A merda iria para o ventilador ao menos que eu pudesse parar aquilo.
Kissa me assistiu passar por ela com olhos cerrados. Eu ignorei ela. Um vampiro mestre por vez. Eu passei por Bruce e parei na frente de Ivy. Ela continuou encarando além de mim, para os dois mestres, me ignorando.
Eu abri minha boca. Enquanto eu falava, o silêncio acabou e o som voltou aos meus ouvidos com uma palma de repente, como um fino som boom.
“Eu te desafio.”
Ivy piscou para mim, como se eu tivesse aparecido do nada. “O que você disse?”
“Eu te desafio.” Eu disse. Eu mantive meu rosto branco e tentei muito não pensar no que estava fazendo.
Ivy riu. “Você é louca. Eu sou uma vampira mestre. Você não pode me desafiar.”
“Mas eu posso encarar seus olhos.” Eu disse. Eu deixei um pequeno sorriso brincar em meus lábios. Eu tentei manter minha mente vazia, sem pensamentos para me trair, sem medo para eu fugir, mas é claro, uma vez que pensei no medo, lá estava ele se curvando em meu estômago.
Ela riu, alto e tinido como um vidro quebrado. Meio que quase cortava minha pele só de ouvir. O que diabos eu estava fazendo?
O vento bateu em minhas costas, quase me empurrando contra ela. Eu olhei para trás em tempo de ver Jean-Claude cambaleando e uma mancha de sangue saindo de suas mãos. Janos não tinha nem uma gota de suor ainda.
Seja lá o que eu estava fazendo, era melhor fazer rápido.
“Depois que Jean-Claude perder, eu vou pedir para Janos fazer ele me foder. Seu mestre será a comida de todo mundo, e você também.”
Meus olhos se passaram nas coisas apodrecidas engatinhando por Jason. Incentivo o suficiente. Eu me virei de volta para Ivy e encarei seus olhos castanhos.
“Você não fará merda nenhuma. Você não consegue nem mesmo evitar o olhar fixo de um pobre ser humano.”
Ela me encarou. Sua raiva era instantânea, como fogo acendendo no fósforo. Eu assisti o castanho de sua íris se espalhar por seus olhos. Seus olhos eram piscinas brilhantes de luz escura. Meu pulso ameaçou me fazer parar, e a pequena voz em minha cabeça estava gritando ‘Corre, corre.’. Eu fiquei parada ali olhando para ela.
Ela era um vampiro mestre, mas era um jovem. Daqui uns cem anos a partir de agora, ela poderia me comer no café da manhã, mas nesse instante, nessa noite, talvez, apenas talvez, ela não pudesse.
Ela chiou para mim, mostrando suas presas.
“Oh, isso é impressionante.” Eu disse. “Tipo um cachorro mostrando os dentes.”
“Esse cachorro poderia arrancar sua garganta fora.” Sua voz estava ficando baixa e maligna enquanto arrastava por minha coluna, até que eu gastei a maioria do meu esforço em não arrepiar.
Eu não confiava em minha voz para não tremer, então eu falei baixo, e suavemente, e bem claramente. “Tente. Veja até onde você consegue chegar.”
Ela se precipitou por volta de mim, mas eu a vi mover, senti ela chegar para mim, eu me joguei para longe dela, mas ela agarrou meu braço e me levantou acima de meus pés, com seu cotovelo afastado, então ela podia me segurar contra ela tranquilamente. Sua força era inacreditável. Ela poderia ter esmagado meu braço e não poderia ter feito nenhuma maldita coisa sobre isso.
Kissa de repente estava ali. “Coloque ela no chão, agora!”
Ivy me colocou no chão. Ela me jogou pelo quarto. Ar passou por mim, o mundo ficou desfocado tão rapidamente que era como se estivesse cega. O ar parou de vir contra mim, e ao chão eu fui.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 26


Cair não cobre a velocidade e força de ser jogada de pelo menos a dez pés de altura. Eu bati contra a parede e tentei colocar meu braço e minha mão contra ela para ganhar um pouco de tempo antes que minha cabeça batesse também. Eu deslizei pela parede, mantendo em mente que deslizar implica algo lento, e não tinha nada de lento naquilo. Eu acabei na base da parede com uma respiração esmigalhada, piscando para as brilhantes e discordantes imagens que ainda não eram imagens feitas ainda.
A primeira imagem que veio clara era de um rosto podre, com uma mancha de um longo cabelo escuro balançando no couro cabeludo. A língua da vampira rolou atrás de seus dentes quebrados, alguma coisa mais negra e densa que sangue derramou para fora de sua boca.
Eu me levantei de joelhos e descobri braços esqueléticos presos em volta dos meus ombros. A loira seca, com sua boca com suas presas sussurrou em meu ouvido. “Venha brincar.” Alguma coisa dura e rígida empurrou minha orelha. Era a língua dela. Eu me levantei em um salto para longe, mas suas garras me pegaram pela jaqueta. Mãos que deveriam ser fracas pela secura eram como aço.
“Eles quebraram o acordo, ma petite. Eu não consigo segurar ele por muito tempo.”
Eu tive um momento para olhar para cima e ver Jean-Claude em seus joelhos, com ambas as mãos viradas levantadas para Janos. Janos ainda estava em pé, mas ele não fazia nada mais. Eu tinha uns minutos, não muito.
Eu parei de tentar me livrar das duas vampiras. Elas se amontoavam em volta de mim, e na bagunça de braços e pernas e fluidos corporais, eu peguei a Browning. Eu atirei num ponto preto, no peito apodrecido de uma delas.
Ela cambaleou, mas não caiu. Presas entraram na minha costa e eu gritei. Uma arma explodiu pelo quarto, mas não havia tempo para ver. Jason estava de repente ali, tirando a loira de cima de mim. Eu atirei no esqueleto apodrecido da morena. Ela finalmente caiu no chão, no meio de líquidos e pedaços de membros.
Eu me virei de volta para Jean-Claude e vi ele quase caído no chão, uma piscina de sangue na frente dele. Ele tinha um braço ainda levantado para Janos.
Janos fez um pequeno movimento de aceno e sangue voou do corpo de Jean-Claude. Ele caiu no chão e poder vinha em brisa em volta, levantando os cabelos de minha nuca. O mundo de repente estava cheirando a corpos podres.
Eu apontei e apertei o gatilho para aquele longo corpo preto. Janos se virou. Parecia como se fosse em câmera lenta, como se eu tivesse todo o tempo no mundo para o machucar e atirar nele de novo, mas de alguma forma ele estava face a face comigo quando eu apertei o gatilho na segunda vez. A bala acertou ele diretamente no peito. Ele cambaleou mas não caiu.
Eu mirei naquela redonda e esquelética cabeça. Sua mão branca veio e cortou o ar. E impossivelmente, eu senti como se uma garra invisível tivesse cortado meu braço. Eu atirei, mas minha mira estava um pouco ruim.
A bala passou pelo lado de seu rosto.
Ele me acertou de novo e eu vi sangue começar a pingar minhas mãos abaixo. Tática assustadora. Não machucava tanto assim, não realmente como se ele tivesse me machucado me mandando a mão dele de verdade.
Uma segunda arma soou e Janos cambaleou enquanto a bala o acertava no ombro. Larry estava atrás dele, arma na mão.
Minha visão falhou, como se uma neblina estivesse rolando atrás de meus olhos. Eu abaixei minha arma para a grande faixa de seu corpo e puxei o gatilho novamente. Eu ouvi a bala de Larry ir alta e clara na parede atrás de mim.
Um aviso, “Ei!”, me deixou saber que Jason ainda estava ali atrás.
Eu vi Janos ir pela porta, como assistir em câmera lenta com a neblina tão densa que eu mal podia ver direito. Eu atirei mais duas vezes e sabia que tinha acertado ele pelo menos uma. Quando ele estava fora do quarto eu cai de quatro e esperei minha visão voltar. Tinha esperança que ela voltaria.
Pela minha visão arruinada eu vi que Jean-Claude ainda estava deitado sem se mexer em uma piscina de seu próprio sangue.
A pergunta que veio em minha mente era: ele está morto? Uma pergunta idiota sobre um vampiro, mas ainda assim foi meu primeiro pensamento.
Eu olhei para trás de mim e vi Jason destruindo pedaços das duas vampiras pelo chão. Ele estava rasgando os pedaços com suas mãos, quebrando seus ossos e jogando longe um do outro, como se destruindo elas ele podia destruir também as lembranças que elas haviam deixado para ele.
Bruce estava deitado de costas perto da parede. Sangue havia encoberto seu smoking. Eu não podia dizer com certeza, mas ele parecia morto. Ivy e Kissa não estavam em nenhum lugar para ser visto. Larry ainda estava parado no quarto, arma extendida, como se ele ainda não tivesse percebido que Janos tinha ido embora. Ele estava franzindo a testa. Todo mundo estava de pé, todo mundo se movia, exceto Jean-Claude.
Merda.
Eu engatinhei até ele, não confiando em mim para me manter em pé com minha visão tão ruim. Parecia ter levado um bom tempo para alcançá-lo, como se mais além de meus olhos não estivessem funcionando direito.
Minha visão estava quase clara pelo tempo que levei até ele. Eu me ajoelhei naquela densa piscina de sangue e encarei ele. Como você sabe se um vampiro está morto? As vezes eles não tinham pulso, nem batida de coração, nem mesmo respiração.
Merda de novo.
Eu guardei a Browning. Não havia nada aqui, agora, para atirar, e eu precisava de minhas mãos. Minha camiseta estava com sangue e eu olhei para as minhas mãos pela primeira vez. Parecia como se unhas tivessem cortado ambas, um pouco mais fundo que o normal, mas elas iriam se curar. Provavelmente eu não teria nem cicatrizes.
Eu toquei o ombro de Jean-Claude e a carne estava macia, bem humana. Eu virei ele com a barriga para cima. Suas mãos tocaram o chão como se não tivesse ossos, como apenas os mortos fazem.
Algum truque da noite fez seu rosto parecer lindo novamente. O mais humano que eu já tinha visto, exceto pelo fato que ninguém era tão lindo.
Eu chequei o pulso em seu pescoço. Eu segurei meus dedos contra sua pele gelada, e não senti nada. Alguma coisa como lágrimas se juntaram em meus olhos, e minha garganta estava apertada. Mas eu não iria chorar, não ainda. Eu nem tinha certeza se ao menos queria.
Quando é morte, morte, para um vampiro? Há coisas como CPR para os imortais? Inferno, ele respirava alguma parte do tempo. Ele tinha um coração, e ele batia na maioria do tempo. Sem batimentos cardíacos deveria ser um mal sinal.
Eu posicionei sua cabeça, segurei seu nariz fechado, e joguei ar por sua boca. Seu peito se levantou com isso. Eu tentei mais duas respirações, mas ele não respirava sozinho. Eu desabotoei sua camisa e achei o lugar sobre seu osso do peito, e o pressionei, uma, duas, três, quatro, quinze compressões. Duas respirações.
Jason veio até mim e então caiu de joelhos. “Ele se foi?”
“Eu não sei.” Eu o pressionei com tudo que eu tinha, forte o suficiente para quebrar as costelas de um ser humano, mas ele não era humano. Ele estava deitado ali, seu corpo só se movendo quando eu o movia, perdido e sem ossos como apenas um morto pode ser. Seus lábios estavam semi-partidos, seus olhos fechados com o preto de seus densos cílios. Seu cabelo preto ondulado ainda moldando seu rosto pálido.
Eu imaginei Jean-Claude morto. Eu até mesmo pensei em matar ele eu mesma uma ou duas vezes, mas agora que a morte dele era um fato, eu não sabia como me sentir. Não parecia ser justo de alguma forma. Eu trouxe ele aqui. Eu pedi a ele para vir, e ele veio. E agora ele estava morto, bem e verdadeiramente morto. E era parcialmente minha culpa, parcialmente meu feito. Se fosse para eu matar Jean-Claude, eu queria realmente puxar o gatilho e olhar em seus olhos enquanto ele morria. Não como isso.
Eu encarei ele. Eu pensei em não ter mais Jean-Claude. Esse lindo corpo apodrecendo enfim em um tumulo tão ricamente merecido. Eu balancei minha cabeça. Eu não podia deixar isso acontecer, não se eu o pudesse salvar.
Eu sabia apenas uma coisa que todos os mortos respeitavam, queriam. Sangue. Eu tentei respirar vida nele mais de uma vez, com uma diferença.
Eu manchei com meu sangue sua boca primeiro. Meus lábios tocaram o dele, e eu senti o doce e metálico gosto de meu próprio sangue.
Nada.
Larry ajoelhou do meu lado. “Para onde Janos foi?”
Ele não pode ver por trás da neblina, mas eu não tinha tempo para explicar.
“Vigie a porta. Atire em qualquer coisa que passar por ela.”
“Posso deixar as garotas irem?”
“Claro.” Eu tinha esquecido das garotas. Eu tinha esquecido de Jeff Quinlan. Eu havia trocado todos eles por fazer os olhos de Jean-Claude piscarem para mim. Não que uma escolha tivesse sido oferecida para mim, ou um ou outro, mas nesse momento eles eram estranhos. Ele não.
“Mais sangue, talvez.” Jason disse suavemente.
Eu olhei para ele. “Você está oferecendo?”
“Nenhum de nós pode alimentar ele até ele ter toda força de novo sem morrermos, mas eu posso ajudar.” Ele disse.
“Você já alimentou ele essa noite. Você pode doar sangue duas vezes?”
“Eu sou um lobisomem. Eu curo rápido. Além do mais, meu sangue tem mais força que o de um humano.”
Eu realmente olhei para ele. Ele estava coberto em gosma. Uma grande e preta mancha cobria a maioria de sua bochecha. Seus olhos azuis não pareciam de lobo predador, eles pareciam assustados, machucados. Tem coisas que machucam mais do que fisicamente.
Eu respirei profundamente e deslizei uma das minhas facas da tira em meu braço. E a deslizei pelo meu braço esquerdo. A dor era afiada e instantânea. Eu coloquei a ferida contra os lábios de Jean-Claude. Sangue caia dentro de sua boca. Sangue fluía até ela como vinho em uma taça. Saia de fora de sua boca e deslizava até suas bochechas. Eu levantei seu pescoço para fazer ele engolir o sangue.
Como ele iria rir em saber que eu finalmente havia aberto uma veia para ele.
Mais sangue saia de seus lábios imóveis. Droga.
Eu joguei ar novamente por sua boca e senti meu próprio sangue.
Fez o peito dele levantar, respirar em meu sangue. Eu pensei em uma palavra para ele: viva, viva, viva.
Um tremor correu pelo corpo. Sua garganta teve um convulso, tragando. Eu me afastei dele. Ele pegou meu braço enquanto eu movi ele para longe de seu queixo. Seu aperto doía. Eu pude sentir aquela força sobrenatural que poderia quebrar meu osso. Seus olhos ainda estavam fechados, apenas o aperto no meu braço me fazia saber que estávamos progredindo.
Eu coloquei uma mão em seu peito. Ele não estava respirando sozinho ainda. Sem batimento cardíaco. Isso era ruim? Bom? Indiferente? Inferno, eu não sabia.
“Jean-Claude, pode me ouvir? É a Anita.”
Ele levantou em um movimento pequeno e pressionou meu braço sangrando em sua boca. Ele me mordeu e eu engasguei. Ele usou as duas mãos para pressionar meu braço em sua boca e sugar ele. No meio do sexo isso podia ser bom, mas agora apenas doía.
“Droga.” Eu disse.
“O que há de errado?” Larry perguntou.
“Isso dói.” Eu disse.
“Eu pensei que isso deveria ser bom.” A garota loira disse.
Eu balancei minha cabeça. “Não ao menos que você esteja sobre controle hipnótico.”
“O quanto de tempo isso vai levar?” Larry perguntou.
“O tanto de tempo que levar.” Eu disse. “Vigie a porta.”
“Qual delas?”
“Ah, inferno, apenas atire em qualquer coisa que sair por elas.” Eu estava começando a sentir minha cabeça mais leve. O quanto ele tinha tomado?
“Jason, eu estou ficando um pouco tonta aqui.” Eu tentei puxar meu braço dele, mas suas mãos eram como ferros esquecidos na minha pele. “Eu não consigo me soltar dele.”
Jason segurou aquelas pálidas mãos, mas não conseguiu mover elas. “Eu poderia cortar os dedos fora, um de cada vez e você estaria livre, mas...”
“Sim, Jean-Claude ficaria puto.” Tontura estava chegando em ondas, náusea começando a aparecer em meu estomago. Eu tinha que me soltar dele.
“Me solta, Jean-Claude. Me solta, droga!”
Seus olhos ainda estavam fechados, seu rosto inexpressivo.
Ele se alimentava como um bebê com uma única determinação em mente, mas esse bebê estava drenando minha vida fora. Eu podia sentir aquilo indo abaixo em meu braço.
Meus batimentos estavam começando a golpear em meu ouvido, como se eu estivesse correndo, bombeando o sangue mais rápido.
Alimentando ele mais rápido. Me matando mais rápido.
Pontos estavam dançando na frente de meus olhos. A escuridão começando a comer a luz. Eu peguei a Browning.
“O que você está fazendo?” Jason perguntou.
“Ele vai me matar.”
“Ele não sabe o que está fazendo.”
“Eu ainda estarei morta.”
“Alguma coisa se moveu pelo começo da escada.” Larry chamou.
Ótimo. “Jean-Claude, me solte, agora!”
Eu pressionei o cano da arma na impecável pele de sua testa. Escuridão estava comendo minha visão em grandes pedaços que se moviam.
Náusea subiu pela minha garganta.
Eu deitei contra ele e sussurrei. “Por favor, Jean-Claude, me solte. É sua ma petite, me solte.” Eu sentei de novo.
“Vampiros chegando.” Larry disse. “Se apresse.”
Eu olhei para aquele lindo rosto trancado em meu braço, me comendo viva, e apertadamente. Seus olhos se abriram. Eu movi todos meus dedos para impedir dele me apertar mais.
Ele deitou sua cabeça no chão, ainda segurando meu braço, mas não mais se alimentando. Sua boca estava manchada com meu sangue. A arma ainda estava apontada para ele.
“Ah, ma petite, já não fizemos isso antes?”
“A arma,” Eu disse. “Mas não isso.”
Eu puxei meu braço de volta de suas mãos relutantes e me sentei com a Browning em meu colo. Náusea e escuridão voavam dentro da minha cabeça como nuvens sopradas pelo vento.
Eu vi Larry se agachar no pé da escada, arma em mãos. Mas era como estar olhando para um túnel, distante e não importante como deveria ser.
Jason deitou no chão sangrento. Eu pisquei para ele.
“No pescoço dói menos.” Ele disse, como se eu tivesse perguntado. Jean-Claude se virou por cima dele. Jason virou seu pescoço para o lado sem nenhum pedido.
Jean-Claude pressionou sua boca manchada de sangue no grande pulso no pescoço de Jason. Eu vi os músculos de sua boca e maxilar enquanto ele enfiava as presas na sensível pele.
Mesmo sabendo que no pescoço doía menos, eu não teria oferecido. Parecia demais com sexo. No braço pelo menos eu podia fingir que não estávamos fazendo algo intimo.
“Anita!”
Eu me virei de novo para as escadas. Larry estava agachado ali, sozinho, com sua arma. As duas garotas haviam se afastado da porta. A loira estava histérica de novo. Eu não podia realmente culpa-la.
Eu balancei minha cabeça, segurei a Browning num aperto frágil com as duas mãos e apontei ela para a porta. Eu precisava do um braço extra para me levantar. Havia um leve tremor em meus braços que não estavam me ajudando muito para mirar.
Poder fluiu pelo quarto, andando em minha pele. Você quase podia cheirar como um lençol perfumado na noite. Eu imaginei se Jean-Claude e eu tínhamos ganhado esse tipo de poder quando ele se alimentou de mim. Eu não tinha notado.
Alguma coisa branca apareceu no vão da porta. Me levou um segundo para perceber quem era.
Um branco pedaço de pano preso num pedaço de madeira.
“Que merda é essa?” Eu perguntei.
“Um bandeira de trégua, ma petite.”
Eu não olhei para longe da escada, para aquela densa voz banhada em mel. Jean-Claude soava melhor, ou pior, que nunca, cada palavra passando por meu corpo cansado como algo macio. Sua voz estava densa o suficiente para se envolver em volta de cada espaço e dor. Ele podia fazer ela ir embora. Eu apenas sabia disso.
Eu respirei fundo e abaixei a arma para o chão. “Se mantenha longe da minha cabeça, droga.”
“Minhas desculpas, ma petite. Eu posso te saborear em minha boca, sentir seu frenético coração como memória rica. Eu irei diminuir meu entusiasmo, mas com esforço, Anita, com grande esforço.” Ele soava como se eu tivesse deixado ele ter um pouco de sexo e ele queria mais.
Eu encarei ele. Ele estava sentado do lado do corpo semi-nu de Jason.
Jason estava olhando para o teto, olhos semi-partidos como se ele estivesse quase dormindo. Sangue caia de dois novos furos em seu pescoço. Ele não parecia como se tivesse sentido muita dor. Na verdade, ele parecia como se estivesse se sentindo muito bem.
Eu fiquei com a primeira parte da necessidade de Jean-Claude, e Jason ficou com a mais fácil. Sorte dele.
“Podemos conversar?” Uma voz veio da porta, uma masculina. Eu não conseguia localiza-la. Inferno, eu estava tendo problemas em focalizar qualquer coisa, imagina tentar saber de quem era aquela voz sem corpo.
“Anita, o que você quer que eu faça?” Larry perguntou.
“É uma bandeira de trégua.” Eu disse. Minhas palavras pareciam arrastadas, embora elas soavam claras o suficiente. Eu quase me senti bêbada, ou drogada. Era um bêbada ruim, uma tragada perigosa.
Magnus apareceu na escada. Por um momento eu achei que estava vendo coisas. Era apenas, tão inesperado. Ele estava vestido todo de branco, de seu smoking ao seus sapatos. A roupa parecia brilhar contra sua pele mais escura. Seu longo cabelo estava preso atrás com uma branca e perdida fita. Ele estava com a bandeira em uma das mãos. Ele desceu os últimos degraus em um gracioso, quase dançante, movimento. Não era um deslizar de um vampiro, mas era quase.
Larry manteve sua arma apontada para ele. “Fique onde está.” Larry disse. Ele soava um pouco assustado, mas ele quis dizer aquilo. Sua arma estava apontada boa e firme.
“Nós já discutimos o fato de que balas de prata não funcionam em fey.”
“Quem disse que essa arma tem balas de prata?” Larry disse.
Era uma boa mentira. Eu estava orgulhosa dele. Eu estava certamente muito dopada para ter pensado isso.
“Anita?” Magnus olhou por Larry como se ele nem estivesse lá, mas ele não desceu mais os últimos degraus.
“Eu faria o que ele disse, Magnus. Agora, o que você quer?”
Magnus sorriu e afastou seus braços de seu corpo. Para mostrar que ele estava desarmado, eu acho.
Mas eu sabia, e Larry sabia, que armas não eram o que fazia ele ser perigoso.
“Eu não vim para machuca-los. Nós sabemos que Ivy quebrou o trato primeiro. Serephina está oferecendo suas desculpas mais sinceras. Ela pediu que você viesse diretamente para seu gabinete de audiência. Sem mais testes. Nós todos fomos imperdoavelmente rudes com um mestre visitante.”
“A gente acredita nele?” Eu perguntei a ninguém em particular.
“Ele diz a verdade.” Jean-Claude disse.
Ótimo. “Deixe ele passar, Larry.”
“Tem certeza que é uma boa idéia?”
“Não, mas deixe de qualquer forma.”
Larry apontou sua arma para o chão, mas ele não parecia feliz. Magnus desceu os degraus, sorrindo, principalmente para Larry. Ele passou por ele e fez um show dando a ele suas costas. Foi quase o suficiente para que eu desejasse que Larry atirasse nele.
Ele parou alguns pés na frente do resto de nós. Nós todos ainda estávamos no chão,sentados, ou no caso de Jason, deitado. Magnus olhou para baixo, para nós, entretido, ou perturbado.
“O que diabos você está fazendo aqui?” Eu perguntei.
Jean-Claude olhou para mim. “Vocês parecem conhecer um ao outro.”
“Este é Magnus Bouvier.” Eu disse. “O que você está fazendo aqui, com eles?”
Ele afrouxou sua gravata no colarinho e afastou um pouco sua roupa. Eu tinha quase certeza do que ele estava tentando me mostrar, mas eu não poderia ver do chão. Eu não tinha certeza absoluta que poderia levantar sem cair.
“Se você está querendo que eu dê uma olhada, você terá que se abaixar aqui.”
“Com prazer.” Ele se ajoelhou na minha frente, menos de dois pés distante. Ele tinha duas marcas de mordidas curadas em seu pescoço.
“Merda, Magnus. Por que?”
Ele olhou para mim, olhos parando no meu braço sangrento. “Eu ia te perguntar a mesma coisa.”
“Eu doei sangue para salvar a vida dele. Qual a sua desculpa?”
Ele sorriu. “Nada nem metade bondoso quanto isso.” Magnus soltou o laço de seu cabelo e o deixou cair como uma cortina em volta de seus ombros.
Ele olhou para mim com seus olhos azuis turquesas, e engatinhou de quatro em volta de Jean-Claude. Ele se movia como se tivesse músculos em lugares que pessoas não tinham. Era com ver um grande gato se mover. Pessoas simplesmente não se moviam como aquilo.
Ele se ajoelhou na frente de Jean-Claude, tão perto que eles estavam quase se tocando. Ele afastou seu cabelo para o lado e ofereceu seu pescoço.
“Não.” Jean-Claude disse.
“O que está acontecendo?” Larry perguntou.
Era uma boa pergunta. Eu não tinha uma boa resposta. Eu não tinha nem uma ruim.
Magnus tirou seu terno branco e deixou cair no chão. Ele desabotoou o punho em seu braço direito e afastou a manga para trás. Ele ofereceu seu braço para Jean-Claude. A pele era lisa e inquebravel. Jean-Claude pegou a mão dele e a levantou até seus lábios.
Eu quase olhei para longe, mas no final eu continuei olhando. Olhar para longe é mentir pra si mesma. Você finge que não está acontecendo, mas está.
Jean-Claude roçou seus lábios pela pele dele, e então soltou a mão de Magnus.
“A oferta é generosa, mas eu ficaria certamente bêbado se adicionasse seu sangue ao deles.”
“Bêbado?” Eu perguntei. “De que merda você está falando?”
“Ah, ma petite, você tem jeito com as palavras.”
“Cala a boca.”
“Perder uma quantidade de sangue te faz mal-humorada.” Ele disse.
“Foda-se.”
Ele riu, e som era doce. Tinha um sabor que dispensa descrição, como um doce proibido, que não só engordava, mas envenenava. Mas, que jeito de morrer.
Magnus continuou ajoelhado, encarando o vampiro sorridente.
“Você não irá me provar?”
Jean-Claude balançou sua cabeça, como se não confiasse em si mesmo para falar. Seus olhos brilhavam com uma risada reprimida.
“O sangue foi oferecido.” Magnus engatinhou de volta para mim. Seu cabelo havia espalhado em um só lado, então um olho dele estava coberto, brilhando como um jóia por detrás de seu cabelo. Olhos não deveriam ter essa cor. Ele veio até a mim até que nossos rostos estavam centímetros afastados.
“Uma medida de carne, um pouco de sangue.” Ele sussurrou, se aproximando de mim como se fosse me beijar.
Eu fui pra trás, pra longe dele e cambaleei. Eu acabei com minhas costas no chão. Aquilo não foi uma melhora. Magnus continuou vindo até mim, ainda de quatro. Eu pressionei a Browning em seu peito.
“Se afaste ou se arrisque.”
Magnus engatinhou de volta, mas não para muito longe. Eu me sentei, mantendo a arma apontada para ele em uma mão. Ela pesava muito mais que o normal.
“O que foi tudo isso?”
Jean-Claude disse, “Janos falou sobre tomar sangue e carne de nós essa noite. Como desculpas, Serephina nos ofereceu sangue e carne.”
Eu encarei Magnus, que ainda estava de quatro, ainda parecendo feroz e perigosos. Eu abaixei a arma.
“Não, obrigada.”
Magnus sentou no chão, passando suas mãos pelo seu cabelo, tirando ele do rosto.
“Você recusou a oferta de paz de Serephina. Você recusa suas desculpas também?”
“Nos leve até Serephina e você terá feito o que lhe foi pedido.” Jean-Claude disse.
Magnus olhou para mim.
“E quanto a você, Anita? Você ficará satisfeita em eu te levar até Serephina? Você aceita suas desculpas?”
Eu balancei minha cabeça. “Por que eu deveria?”
“Anita não é uma mestre,” Jean-Claude disse. “É minha vingança, meu perdão, que você deveria estar pedindo.”
“Eu estou fazendo o que me disseram.” Ele disse. “Ela desafiou Ivy em um teste de vontades. Ivy perdeu.”
“Eu não joguei ela pelo quarto.” Eu disse.
Jean-Claude franziu a testa. “Ela apelou para força bruta, ma petite. Ela não podia vencer por sua força de vontade ou com ciladas de vampiro contra um ser humano.” Ele pareceu sério de repente. “Ela perdeu... para você.”
“E daí?”
“E daí, ma petite, que você se auto-declarou uma mestre, e confirmou seu posto.”
Eu balancei minha cabeça. “Isso é ridículo, eu não sou uma vampira.”
“Eu não disse que você era uma mestre vampira, ma petite. Eu disse que você era uma mestre.”
“Uma mestre o que? Ser humana?”
Foi a vez dele balançar a cabeça. “Eu não sei, ma petite.” Ele se virou para Magnus. “O que Serephina disse.”
“Serephina disse para levar ela.”
Jean-Claude assentiu e se levantou como se ele estivesse preso a cordas. Ele parecia fresco e novo, mas um pouco coberto de sangue. Como ele ousava parecer tão bem quando eu me sentia como merda?
Ele olhou para baixo, para Jason e eu. Seu estranho bom humor havia retornado. Ele sorriu para mim, e mesmo com sangue borrado em sua boca, ele era lindo. Seus olhos brilhavam com alguma diversão secreta. Ele estava cheio de si mesmo, de um jeito que eu nunca tinha visto antes.
“Eu não sei se minhas companhias estão hábeis para andar. Eles estão se sentindo um pouco drenados.” Ele deu uma risadinha de sua própria piada, colocando sua mão na frente de seus olhos, como se era engraçado demais até mesmo para ele.
“Você está bêbado.” Eu disse.
Ele assentiu. “Eu acredito que sim.”
“Você não pode ficar bêbado com sangue.”
“Eu bebi de dois mortais, mas nenhum deles humano.”
Eu não queria ouvir aquilo. “Do que diabos você está falando?”
“Necromante seguido de um lobisomem. Um drink para deixar qualquer vampiro mareado.”
Ele deu outra risadinha abafada. Jean-Claude nunca dava risadinhas.
Eu ignorei ele, se você fosse possível ignorar um vampiro intoxicado. “Jason, consegue se levantar?”
“Eu acho que sim.” Sua voz era densa, pesada, mas não de sono, era mais como a langor depois de sexo. Talvez eu estivesse feliz que minha mordida tenha doído.
“Larry?”
Larry andou até nós, olhando para Magnus, a arma ainda em sua mão. Ele não parecia feliz.
“A gente pode confiar nele?”
“A gente vai ter que confiar.” Eu disse. “Me ajude a levantar, e vamos dar o fora daqui antes que esse Fangface* comece a ter um bom tempo rindo demais.”
(*Fangface: http://www.cartoon-secrets.com/Photos/Fangface.jpg ou então achei também traduções como Cara de Presa, literalmente, ou Dentuço.)
Jean-Claude estava duplamente cheio de risada. Ele parecia achar “fangface” era escandalosamente engraçado. Deus.
Larry me ajudou a levantar, e depois de uma pequena tontura, eu estava bem. Ele ofereceu uma mão a Jason sem ser pedido. Jason cambaleou em seus pés, mas continuou firme.
“Consegue andar?”
“Se você consegue, eu consigo.” Ele disse.
Um homem depois de meu próprio coração. Eu dei um passo, outro, e estava andando sozinha pelo quarto.
Jason e Larry me seguiram. Jean-Claude cambaleando, ainda rindo suavemente.
Magnus estava no pé da escada, esperando a gente. Ele estava segurando seu terno com um braço. Ele até mesmo tinha achado o laço que estava em seu cabelo.
Jason andou pelos pedaços dos corpos das duas possíveis-antigas amantes e pegou sua camisa no chão. A camisa estava coberta de sujeira em seu peito, mas a gosma ainda estava em seu rosto, e seu cabelo estava duro e quase tão preto quanto sua calça.
Até as costas da roupa de Jean-Claude e seu cabelo estavam cobertos com sangue coagulado. Eu tinha minha própria parcela de sangue e gosma. Coisa boa que eu estava vestida quase toda de preto essa noite, não mostrava tanto a sujeira. A blusa vermelha estava parecendo um pouco ruim para vestir. Larry era o único que não tinha nenhum sangue ou gosma nele. Eu estava esperando que ele mantivesse o bom trabalho.
As duas garotas haviam se escondido por baixo das escadas enquanto discutíamos coisas. Eu aposto que tinha sido idéia da de cabelo castanho se esconder. Lisa parecia muito assustada para pensar, quiçá fazer algo esperto.
Não que eu pudesse culpar ela, mas a histeria não te leva a lugar algum, a não ser à morte.
A garota de cabelo castanho andou até Larry. A loira veio logo atrás, suas mãos presas tão forte na blusa da outra que precisaria de uma cirurgia para remover elas.
“A gente apenas quer ir para casa agora. Podemos?” Sua voz estava um pouco sem ar, mas a maior parte dela sólida. Eu encarei seus olhos castanhos e assenti.
Larry olhou para mim.
“Magnus.” Eu disse.
Ele levantou suas sobrancelhas, ainda esperando na escada como um guia, ou um mordomo pronto para nos encaminhar. “Chamou?”
“Eu quero que essas garotas vão embora agora, em segurança.”
Ele olhou para elas. “Eu não vejo por que não. Serephina nos tem colecionando a maioria para seu beneficio, Anita. Elas já serviram seus propósitos.”
Eu não gostei do jeito que ele disse essa ultima parte. “Em segurança, Magnus, sem mais danos. Estamos claros com o que isso significa?”
Ele sorriu. “Elas andarão para fora da porta e irão para casa. Isso é claro o suficiente para você?”
“Por que ser tão cooperativo de repente?”
“Deixa-las irem será desculpas o suficiente?” Magnus perguntou.
“Sim, se elas forem soltas, sem danos, eu aceitarei as desculpas dela.”
Ele assentiu. “Considere feito.”
“Você não tem que checar com sua mestre antes?”
“Minha mestre sussurra docemente para mim, Anita, e eu obedeço.” Ele sorriu enquanto disse, mas havia uma firmeza em volta de seus olhos, uma flexionada involuntária de suas mãos.
“Você não gosta de ser o cachorro de colo dela.”
“Talvez, mas não posso fazer muita coisa sobre isso.” Ele encarou escadas acima. “Podemos subir?”
Jean-Claude parou na frente da escada. “Você precisa de ajuda, ma petite? Eu tomei uma boa quantidade de seu sangue. Você não se recupera tão rápido quanto meu lobo.”
Sinceramente, as escadas pareciam mais longas visto de baixo do que quando eu estava lá em cima. Mas eu balancei minha cabeça. “Eu consigo.”
“Disso, ma petite, eu não tenho duvidas.” Ele veio para perto de mim, mas não sussurrou, instantaneamente eu o senti em minha mente. “Você está fraca, ma petite. Me deixe ajuda-la.”
“Pára de fazer isso, merda.”
Ele sorriu e suspirou. “Como quiser, ma petite.”
Ele andou escadas acima como se pudesse flutuar, mal tocando elas. Larry e as garotas foram em seguida, nenhuma deles pareciam cansados. Eu me arrastei atrás logo depois deles. Jason estava logo atrás.
Ele parecia com olhos vazios. Pode fazer se sentir bem, mas doar esse tanto de sangue continuava sendo uma dureza, até mesmo para um peludo temporário. Se Jean-Claude tivesse oferecido carregar ele escada acima, ele teria aceitado?
Jason me pegou olhando para ele, mas ele não sorriu, ele apenas olhou de volta. Talvez ele tivesse dito não, também. Nós todos não estávamos sendo nada cooperativos essa noite?

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 27


As cortinas de seda tinham sidas abertas para o lado. Um trono estava do lado mais distante à direita. Não havia outra palavra para aquilo, “cadeira” apenas não cobria aquele ouro, aquela jóia. Almofadas estavam no chão em volta dela, arrumadas como se garotas de um harém devessem estar nelas, ou pelo menos alguns pequenos cachorros mimados. Nada estava sentado nelas. Era como um cenário esperando pelos atores aparecerem.
Uma pequena parede de separação na parede dos fundos havia sido colocada de lado para relevar uma porta. A porta estava sendo mantida aberta por um pedaço triangular de madeira. O ar fresco saía da porta aberta, espalhando cheiro de algo apodrecido. Eu comecei a dizer, “Vamos lá, garotas,” Mas o vento havia mudado.
Golpeou mais forte, mais gelado, e eu sabia que não era apenas o vento aquilo. Minhas costas, o fino músculo nos meus braços e ombros se encolheram com aquilo.
“O que é isso?” Larry perguntou.
“Fantasmas.” Eu disse.
“Fantasmas? O que diabos fantasmas estão fazendo aqui?”
“Serephina pode chamar fantasmas.” Jean-Claude disse. “É uma habilidade única entre nós.”
Kissa apareceu no vão da porta. Seu braço direito solto do seu lado. Sangue pingava pelo seu braço em uma lenta, pesada linha.
“Foi seu trabalho?” Eu perguntei.
Larry assentiu. “Eu atirei nela, mas não pareceu deixar ela muito lenta.”
“Você a machucou.”
Larry abriu mais seus olhos. “Ótimo.” Ele não soou ótimo quando disse. Vampiros mestres feridos ficam mau humorados pra caralho.
“Serephina pediu para irem para fora.” Kissa disse.
Magnus soltou as cortinas, malemolente como um gato. Pareceu como se ele já tivesse feito aquilo antes.
“Você não vem?” Eu perguntei.
“Eu já vi o show.” Ele disse.
Jean-Claude passou pela porta. Jason foi logo atrás dele, mas afastado uns 4 passos como um bom cachorro.
As duas garotas estavam segurando na jaqueta de Larry. Tinha sido ele que desacorrentou as duas. Elas viam ele como o atirador dos caras malvados. Ele era o herói.
E como todos os bons heróis, ele teria sido morto para protegê-las.
Jean-Claude estava de repente do meu lado. “O que há de errado, ma petite?”
“As garotas podem ir pela porta da frente?”
“Por que?”
“Porque seja lá o que for que está lá fora, é grande e mau, e eu quero elas fora disso.”
“O que foi?” Jason perguntou. Ele parou um pouco de lado. Ele estava flexionando suas mãos, fechadas, abertas, fechadas, abertas. Ele parecia mais relaxado à trinta minutos atrás, mas então, não estávamos todos?
Jean-Claude se virou para Kissa. “Aquele está certo?” Ele mencionou para Magnus. “As garotas estão livres para ir?”
“Elas podem ir, como nossa mestre disse.”
Ele se virou para as garotas. “Vão.” Ele disse.
Elas olharam uma para a outra, e então para Larry. “Sozinhas?” A loira disse.
A de cabelo curto, castanho escuro, balançou a cabeça. “Vamos, Lisa, eles nos deixaram ir. Vamos.”
Ela olhou para Larry. “Obrigada.”
“Apenas vá para casa.” Ele disse. “Fiquem seguras.”
Ela assentiu e começou a ir para a porta mais distante com Lisa pregada em seu corpo. Elas passaram pela porta indo para um quarto aberto, e nós assistimos as duas andares para fora. Nada voou para cima delas. Nenhum grito cortou a noite. Quem diria.
“Você está pronta agora, ma petite? Nós devemos pagar pelo nosso respeito.” Ele deu um passo a frente, olhando para mim. Jason já estava do seu lado, com as mãos nervosas e tudo mais.
Eu assenti e dei um passo atrás de Jean-Claude. Larry veio do meu lado como uma segunda sombra. Eu podia sentir o medo dele como um tremor contra minha pele.
Eu entendi por que ele estava assustado. Janos havia machucado Jean-Claude. Janos tinha medo de Serephina, o que quer dizer que ela poderia acabar com Jean-Claude sem uma gota de suor.
Se ela podia acabar com o vampiro que estava do nosso lado, ela não acharia o resto de nós um desafio muito grande. Se eu fosse esperta, eu atiraria nela logo quando a visse. Mas claro, nós estávamos aqui para pedir sua ajuda. Meio que diminuía minhas opções.
O vento gelado brincava com nossos cabelos como se tivesse pequenas mãos. Era quase como se estivesse vivo. Eu nunca senti nenhum vento que me fizesse querer empurrar ele pra longe, como um namorado grudento demais. Mas eu não estava com medo. Eu deveria estar. Não dos fantasmas, mas seja lá o que chamou eles. Mas eu me sentia distante e levemente irreal. Perder sangue faz isso com você.
Nós fomos porta afora e descemos dois pequenos degraus de pedra. Fileiras de pequenas árvores com frutas decoravam a parte de trás da casa. Havia uma parede de escuridão logo a frente da horta. Era uma densa parede de sombras, tão negra que eu não conseguia ver por ela. Os galhos das árvores se moldavam contra a escuridão.
“O que é isso?” Eu perguntei.
“Alguns vampiros conseguem mover sombras e escuridão em volta de nós.” Jean-Claude disse.
“Eu sei. Eu vi isso quando Coltrain foi morto, mas essa é uma parede absurda.”
“É impressionante.” Ele disse. Sua voz era bem vazia, atestando-um-fato. Eu olhei para ele, mas nem mesmo com o brilho da luz da lua eu podia ler seu rosto.
Um brilho de luz branca apareceu atrás da escuridão. Irradiando a frio, uma pálida luz perfurava a escuridão. A luz comia a escuridão como papel queimado, a escuridão diminuindo, vacilando enquanto a luz a consumia. Quando o ultimo pedaço da escuridão tinha sido cortado fora, uma pálida figura parou perto das arvores.
Mesmo com essa distância você não confundiria ela com um humano, mas de qualquer forma, ela não estava tentando passar por um. Uma pálida, branca luminescência pairava sobre sua cabeça, uma nuvem brilhante, o jardim atrás dela parecia um néon sem cor. Figuras vagas saiam daquilo, e então voltavam.
“Isso é o que eu estou pensando que é?” Larry perguntou.
“Fantasmas.” Eu disse.
“Merda.” Ele disse.
“Exatamente meu pensamento.”
Os fantasmas flutuavam pelas árvores. Eles passavam pelos galhos mortos como uma espuma recém desenvolvida, se espumas pudessem se mover daquele jeito e se retorcerem e brilharem.
O vento estranho soprou pelo meu rosto, mandando meu cabelo para trás. Uma longa, fina linha de flosforecentes figuras deram voltas. Os fantasmas vieram em volta de nós, baixos no chão.
“Anita!”
“Apenas ignore eles, Larry. Eles não podem realmente te machucar se você me manter movendo e ignorando eles.”
O primeiro fantasma era longo e magro com uma grande e gritante boca que parecia como um anel de fumaça. Ele me acertou no meio do peito, o choque correu por mim como eletricidade. Os pequenos músculos do meu braço se sacudiram com isso. Larry engasgou.
“O que diabos foi isso?” Jason perguntou.
Eu dei um passo a frente. “Continue andando e ignore eles.”
Eu não quis, mas meu passo me deixou a frente de Jean-Claude. O próxima fantasma bateu pelo meu rosto. Tive um momento de asfixia mas continuei andando e passei por ele.
Jean-Claude tocou meu braço. Eu encarei seu rosto e não tive certeza do que vi. Ele estava definitivamente tentando me dizer alguma coisa. Ele deu passo e ficou na minha frente, ainda me encarando.
Eu assenti, e deixei ele guiar. Não me custava nada.
“Eu não gosto disso.” Larry disse numa voz cantante.
“Nem eu.” Jason disse. Ele estava se debatendo contra um pequena fumaça, como uma neblina domesticada. Quando mais ele debatia, mais sólida ela ficava. Um rosto estava se formando na neblina. Eu andei de volta para Jason e peguei em seu braço. “Ignore.”
O pequeno fantasma passou pelos seus ombros. Ele tinha um grande nariz e dois olhos meio formados.
Os braços de Jason ficaram tensos em minha mão. “Cada vez que você nota eles, você dá poder para eles se manifestarem.” Eu disse. Um fantasma me acertou nas costas. Era como um gelo quebrando no centro do meu corpo. Ele saiu pela frente de meu corpo como uma corda gelada sendo puxada por mim. A sensação era enervante pra caramba, mas não era permanente. Nem mesmo doía de verdade.
O fantasma pulou no peito de Jason e ele deu um grito. Apenas meu aperto em seu braço o manteve de agarrar a coisa.
Cada músculo do corpo de Jason estava nervoso, como um cavalo sendo comido vivo por moscas. Ele se curvou quando o fantasma estava acima dele, olhando para mim com olhos cheios de horror. Era bom saber que ele podia ser assustado. As vampiras pareceram ter roubado um pouco de sua coragem com seus braços apodrecidos. Não podia culpar ele. Eu teria gritado horrores* também.
(*Ela não fala ‘horrores’ mas a intenção é essa, e eu vou traduzir pro mais natural possível sdhsaiudhsa.. Daqui a pouco faço ela falar ‘mara’ hufasiudhas Ta, não.)
Larry pulou quando um fantasma passou por ele, mas isso foi tudo. Seus olhos estavam um pouco abertos a mais que o normal, mas ele sabia onde o perigo estava, e não era nos fantasmas.
Jean-Claude veio para ficar perto de nós.
“O que há de errado, meu lobo?” Havia um tênue tom de advertência, raiva. Seu animal de estimação não estava a par com sua reputação.
“Nós estamos bem.” Eu disse. Eu apertei a mão de Jason, seus olhos ainda estava bem abertos, mas ele assentiu.
“Nós ficaremos bem.”
Jean-Claude andou pelas distantes figuras novamente, seus movimentos graciosos, sem pressa, como se ele não estivesse tão assustado como o resto de nós. Talvez ele não estivesse. Eu guiei Jason junto comigo.
Larry estava atrás de mim. Nós três andamos como humanos normais atrás de Jean-Claude. Nós parecíamos como pequenos bons soldados, exceto pelo fato de que eu estava segurando a mão de um lobisomem. Sua mão estava suada contra minha pele. Eu não podia permitir ter um lobisomem histérico. Minha mão direita ainda estava livre para ir a arma, ou a faca. Nós os machucamos uma vez, se eles não se comportasse, nós poderíamos terminar o trabalho. Ou pelo menos, poderíamos tentar.
Jean-Claude nos guiou pelas árvores com os fantasmas passando pelos galhos como cobras fantasmas. Ele parou alguns passos longe da vampira. Eu quase esperei que ele fizesse alguma reverência, mas ele não fez. “Saudações, Serephina.”
“Saudações, Jean-Claude.”
Ela estava vestida em um simples vestido branco que caída em dobraduras de brilhante tecido até seus pés. Luvas brancas cobriam seus braços quase inteiros. Seu cabelo era cinza com mechas brancas, deixando a frente livre com uma faixa prata e com pérolas. Não era bem uma faixa, provavelmente se chamava diadema ou algo assim. Seu rosto tinham linhas de idade. Ela tinha passado uma delicada maquiagem, mas não o suficiente para esconder o fato que ela era mais velha. Vampiros não tinham idade. Esse era o ponto geral, não era?
“Entraremos?” Ela perguntou.
“Se você quiser.” Ele disse.
Ela deu um pequeno sorriso. “Você deve me acompanhar até dentro, como antigamente.”
“Mas esses não são os dias antigos, Serephina. Nós dois somos mestres agora.”
“Eu tenho muitos mestres me servindo, Jean-Claude.”
“Eu sirvo apenas a mim mesmo.” Ele disse.
Ela encarou ele pelo tempo de algumas batidas de coração e então assentiu.
“Você fez o seu ponto. Agora seja um cavalheiro.”
Jean-Claude deu uma respiração profunda o suficiente que eu pude ouvir o suspiro de seus lábios. Ele ofereceu a ela seu braço, e ela deslizou uma mão coberta pela luva por ele, descansando-a no braço dele.
Os fantasmas flutuavam atrás dela como um grande flutuante trem. Eles roçaram pelo resto de nós, nos dando um frio na espinha, então flutuaram para cima, ficando parados a dez pés do chão.
“Vocês podem andar conosco.” Serephina disse. “Eles não irão machuca-los.”
“Confortador.” Eu disse.
Ela sorriu de novo. Era difícil dizer na luz da luz e brilho dos fantasmas, mas seus olhos eram pálidos, talvez eram cinzas, talvez azuis. Você não precisava ver a cor deles para não gostar do olhar neles.
“Eu tenho estado ansiosa para conhecê-la, necromante.”
“Eu gostaria de poder dizer o mesmo.”
Seu sorriso não aumentou, e não diminuiu, não se moveu em geral. Era como se o rosto dela era um máscara bem construída. Eu levantei meu olhar para os olhos delas, apenas por um momento.
Eles não tentaram me sugar para dentro, mas havia energia neles, profunda e queimante que estava na superfície dela, como um tronco com fogo. Mova-se apenas um pouco errado e as chamas irão descer mais e queimar nós todos.
Eu não pude julgar sua idade, ela estava me impedindo. Eu nunca tinha conhecido ninguém que podia me impedir, me confundir para me fazer acreditar que eles eram mais novos, sim, mas não apenas me olhar e não me deixar fazer isso.
Ela se virou e passou por nós até a porta. Jean-Claude a ajudou a subir os degraus, como se ela precisasse. A distância que a perda de sangue havia causado estava diminuindo, me deixando real, e viva, e querendo permanecer desse jeito. Talvez fosse a mão quente de Jason na minha. O suor em sua palma. A realidade dele.
Eu estava de repente assustada e ela não tinha feito droga nenhuma comigo.
Os fantasmas flutuaram para dentro da casa, alguns se derramando pela porta, outros passando pelas paredes. Vendo eles passando livremente pela madeira, você quase esperava ouvir algum som, tipo plop, mas estava tudo quieto. Os mortos não fazem nenhum barulho.
Os fantasmas saiam do teto como balões cheios de hélio, passando pelas paredes na parte atrás do trono como água. Eles eram translúcidos perto das chamas das velas, como bolhas.
Serephina se sentou no canto de seu trono. Magnus se enroscou nas almofadas nos pés dela. Havia um vislumbre de raiva em seus olhos, estava lá, e sumia. Ele não estava curtindo ser o brinquedo de Serephina. Isso deu a ele um ponto extra no meu livro.
“Venha sentar perto de mim, Jean-Claude.” Serephina disse. Ela mencionou para as almofadas do lado oposto de Magnus. Eles teriam feito um par interessante.
“Não.” Jean-Claude disse. Essa única palavra era aviso o suficiente. Eu tirei a minha mão de Jason, lentamente. Se nós realmente iríamos brigar, eu precisava das duas mãos.
Serephina riu, e com esse som o poder dela se quebrou, se abrindo e se colidiu conosco, pobres humanos.
O poder me rodou como um coice de cavalo. Meu corpo inteiro vibrou com ele. Minha boca estava seca demais para tragar e eu não conseguia respirar o suficiente. Ela não tinha que me tocar para me machucar. Ela podia apenas se sentar em seu trono e jogar poder em mim. Ela podia moer meus ossos em farelos de uma boa e segura distância.
Alguma coisa tocou meu braço. Eu me sacudi e me virei, e senti como se estivesse em câmera lenta. Era difícil focar no rosto de Jean-Claude, mas quando consegui, o poder cortante dela retrocedeu como uma onda do oceano voltando da areia.
Eu puxei profundamente a respiração, tremendo, e depois de novo, a cada respiração eu ficava mais firme.
“Ilusão.” Eu sussurrei. “Uma merda de uma ilusão.”
“Sim, ma petite.” Ele se virou e foi até Larry e Jason, que estavam ali parados enfeitiçados.
Eu olhei de volta para o trono. Os fantasmas haviam formado uma brilhante nuvem em volta dela, era impressionante. Mas não tão impressionante como os olhos dela. Eu tive um grande vislumbre deles que parecia durar para sempre, então eu encarei ela em seu vestido branco o mais firme que pude.
“Você não consegue encontrar meu olhar?”
Eu balancei minha cabeça. “Não.”
“Você realmente pode ser uma necromante tão poderosa, sendo que nem mesmo consegue olhar em meus olhos?”
Eu não estava apenas não olhando em seus olhos. Eu estava toda fora. Eu endureci mas não movi meus olhos. “Você tem apenas por volta de 600 anos.” Eu levantei meus olhos lentamente, milímetro por milímetro acima de seu vestido branco até que pude olhar seu queixo. “Como diabos você ficou tão poderosa com essa quantidade de tempo?”
“Bravo. Olhe em meus olhos e eu lhe responderei.”
Eu balancei minha cabeça. “Eu não quero saber tanto assim.”
Ela deu uma risada baixa, e som era mínimo e obscuro. Ele deslizou pela minha coluna como algo repugnante e meio vivo.
“Ah, Janos, Ivy, tão bom vocês terem se juntado a nós.”
Janos deslizou pela porta com Ivy de seu lado.
Janos parecia mais humano que ele jamais pareceu desde que eu o conheci. Sua pele estava pálida mas fresca. Seu rosto continuava magro, e ele não podia passar completamente por humano, mas ele parecia menos monstruoso. Ele também parecia curado.
“Merda.”
“Algo está errado, necromante?” Serephina perguntou.
“Eu odeio desperdiçar esse tanto de balas.”
Ela deu aquela risada baixa de novo. Fez minha pele parecer estreita. “Janos é muito talentoso.”
Ele passou por nós. Eu podia ver os buracos de bala em sua camisa. Pelo menos eu arruinei uma roupa de seu guarda-roupa. Ivy parecia elegante. Ela teria fugido quando os tiros começaram? Ela tinha deixado Bruce para morrer?
Janos se abaixou com um joelho nas almofadas. Ivy ajoelhou com ele. Eles ficaram ali, cabeça baixa, esperando ela notar eles.
Kissa se moveu para ficar ao lado de Magnus, sangrando, seu braço perto do seu lado. Mas ela olhou dos dois vampiros ajoelhados para Serephina, e de volta de novo. Ela parecia... preocupada. Algo estava acontecendo. Algo desagradável.
Ela os deixou ajoelhados e disse, “Quais negócios trazem você a mim, Jean-Claude?”
“Eu acredito que você tem algo que pertence a mim.” Ele disse.
“Janos.” Ela chamou.
Janos levantou e foi embora pela porta. Ele estava fora de vista por um momento, então voltou trazendo um grande saco de pano que parecia com algo que Papai Noel carregaria. Ele desamarrou a corda que fechava ele e despejou as coisas no chão, na frente de Jean-Claude.
Lascas de madeira, nenhuma delas grandes o suficiente para fazer uma estava, caíram em uma pilha de tamanho médio. A madeira era escura e polida onde não era branco com novos cortes.
“Com meus cumprimentos.” Janos disse. Ele despejou os últimos pedaços de madeira do saco e se ajoelhou novamente.
Jean-Claude encarou as lascas de madeira. “Isso é criancice, Serephina. Algo que eu teria esperado de você há séculos atrás. Agora...” Ele mencionou para os fantasmas, para tudo.
“Como você acabou mandando em Janos? Você temeu ele uma vez.”
“Cuide de seus negócios, Jean-Claude, antes que eu fique impaciente e te desafie eu mesma.”
Ele sorriu e deu uma graciosa reverencia, braços afastados de seu corpo, como um ator. Quando ele se levantou, o sorriso tinha sumido. Seu rosto era como uma linda máscara. “Xavier está em seu território.” Ele disse.
“Você realmente acha que eu iria sentir a presença da sua necromante de estimação e não teria sentido Xavier? Eu sei que ele está aqui. Se ele me desafiar, eu irei lidar com ele. Fale o resto do que queria, ou era isso? Você veio por toda essa distância para me avisar. Que tocante.”
“Eu percebi que você está mais poderosa que Xavier agora.” Jean-Claude disse. “Mas ele está massacrando humanos. Não apenas o ataque ao garoto sumido em sua casa, mas muitas mortes. Ele voltou para acabar com suas vitimas. Ele está chamando atenção a nós todos.”
“Então deixe o Conselho matar ele.”
“Você é a mestre nesse território, Serephina, é sua tarefa policiar aqui.”
“Não seja tão presunçoso de me dizer quais são minhas tarefas. Eu era séculos velha quando você morreu. Você não era nada além de um catamite* para qualquer vampiro que te quisesse. Nosso lindo Jean-Claude.” Ela fez o ‘lindo’ soar como uma coisa ruim.
(*É o parceiro jovem de uma relação entre um jovem e um adulto, ambos do sexo masculino.)
“Eu sei o que eu era, Serephina. Agora eu sou um mestre da cidade e sigo as leis do Conselho. Nós não podemos deixar humanos serem mortos em nosso território. É ruim para os negócios.”
“Deixe Xavier matar centenas. Sempre tem mais.” Ela disse.
“Atitude legal.” Eu disse.
Ela virou sua atenção para mim, e eu desejei não ter dito nada. Seu poder pulsou contra mim, como uma grande batida de coração.
“Como ousa me desaprovar?” Serephina disse. Eu ouvi o sussurro de seu vestido de seda enquanto ela se levantava. Ninguém mais se moveu, e ouvi o vestido dela deslizar pelas almofadas, deslizar pelo chão, enquanto ela chegava mais perto. Eu não queria que ela me tocasse.
Eu olhei para a linha de seu corpo, e vi ela mover sua mão com a luva se mover. Eu engasguei. Sangue pingou da minha mão.
“Merda!” Era um corte mais profundo que o que Janos tinha me feito, e doía mais. Eu olhei em seus olhos, a raiva me fazendo mais corajosa, ou idiota. Seus olhos eram puro branco, como luas capturadas brilhando em seu rosto. Aqueles olhos me chamaram. Eu queria voar até seus pálidos braços, para sentir o toque daqueles suaves lábios, a afiada e doce caricia de seus dentes. Eu queria sentir o corpo dela junto ao meu. Eu queria que ela me abraçasse como minha mãe me abraçava. Ela cuidaria de mim para sempre, e nunca me deixaria, nunca morreria, nunca me desertaria.
Isso me parou. Eu fiquei bem reta. Eu estava no pé das almofadas. As pontas de seu vestido espalhadas no meu pé. Eu poderia levantar minha mão e tocar ela.
Medo pulsou em meu coração, em minha cabeça. Eu podia sentir meu pulso na minha língua.
Ela abriu seu braços. “Venha para mim, criança, e eu sempre estarei com você. Eu te segurarei para sempre.”
Sua voz era tudo que havia de bom, calor, comida, um refugio para todas as coisas que machucavam, todos os desapontamentos. Eu sabia naquele momento que tudo que eu tinha que fazer era dar um passo até os braços dela, e todas as coisas ruins iriam ir embora.
Eu parei lá com minhas mãos em punhos. Minha pele doía de vontade que ela me tocasse, me segurasse. Sangue ainda pingava da minha mão, onde ela tinha me cortado. Eu esfreguei meus dedos no corte, fazendo doer mais. Eu balancei minha cabeça.
“Venha para mim, criança. Eu serei sua mãe para sempre.”
Eu achei minha voz. Soava rouca, chocada, mas saiu. “Tudo morre, vadia. Você não é imortal, nenhum de vocês são.”
Eu senti seu poder vacilar como uma pedra acertando a piscina, e eu movi um passo para trás, e então outro. Me custou tudo que eu tinha para não sair correndo do quarto, e continuar. Correr e correr e correr. Para longe dela.
Eu não corri. Na verdade, eu parei a dois passos dela, olhando em volta.
O pessoal esteve ocupado.
Janos estava perto de Jean-Claude. Eles não estavam tentando nenhum ataque um no outro, mas a ameaça estava ali, clara. Kissa estava de um lado, sangue fazendo uma poça na almofada em seu pé. Havia um olhar em seu rosto que eu não conseguia ler. Era quase divertimento. Ivy estava de pé, me encarando, sorrindo, satisfeita por eu quase ter caído nos braços de Serephina.
Eu não estava satisfeita. Nenhum deles tinham chegado mais perto, nem mesmo Jean-Claude. Eu estava quase muito assustada. Minha pele estava gelada. Eu tinha quebrado o poder dela me segurando, mas era temporário. Ela podia não ser capaz de fazer truques com minha mente, mas eu podia sentir a mente dela roçar a minha. Se ela me quisesse, ela poderia ter a mim. Não seria nada bonito. Sem ilusões, sem truques, apenas maldita força bruta e ela poderia me dominar.
Eu nunca correria para os braços dela, mas ela podia quebrar minha mente. Isso ela podia fazer. Saber isso foi quase calmante. Se não tinha nada que eu podia fazer para prevenir, eu então não deveria me preocupar.
Se preocupe com coisas que você pode controlar, o resto ou se resolverá por si mesmo, ou eles irão te matar. De qualquer jeito, sem mais preocupações.
“Você está quase certa, necromante.” Serephina disse. “Nós todos somos mortais nesse quarto. Vampiros podem viver um longo, longo tempo. Isso nos fazer esquecer que somos mortais. Mas a mortalidade inclui até nós.”
Isso não era um pergunta, e eu concordava com tudo que ela tinha dito, então eu apenas a olhei.
“Janos me disse que você tinha uma aura de poder, necromante. Ele disse que usou isso contra você, como faria com outro vampiro. Eu fiz o mesmo agora, quando cortei sua mão. Eu nunca soube de um humano que poderia ser machucado assim.”
“Eu não sei o que você quer dizer com aura de poder.”
“Isso é o que permite que você escape de minha mágica. Nenhum humano poderia fazer isso, e apenas alguns vampiros.”
“Estou feliz que eu pude fazer alguma coisa para te impressionar.”
“Eu nunca disse que me impressionou, necromante.”
Eu encolhi os ombros. “Certo, talvez você não ligue para os humanos, ou em manter um perfil baixo. Eu não sei sobre seu Conselho, o que eles farão com você por não nos ajudar. Mas eu sei o que eu vou fazer.”
“Sobre o que você está tagarelando, humana?”
“Eu sou a executora de vampiros nesse estado. Xavier e seu bando levaram um jovem garoto. Eu quero ele de volta, vivo. Me ajude a pegar ele de volta vivo, ou eu vou até a corte e pego um mandato de morte para você.”
“Jean-Claude, fale com ela, ou eu vou matar ela.”
“Ela tem o peso da lei humana atrás dela, Serephina.”
"O que leis humanas são para nós?”
“O Conselho disse que é nossa regra seguir as regras dos humanos. Recusar leis humanas é o mesmo que quebrar com as do Conselho.”
“Eu não acredito em você.”
“Você pode saborear a verdade de minhas palavras. Eu nunca podia mentir para você, não em duzentos anos atrás, nem agora.” Sua voz era bem calma, com bastante certeza.
“Quando essa nova lei entrou em efeito?”
“Quando o Conselho viu os benefícios de participar dela. Eles querem o dinheiro, o poder, a liberdade de andar nas ruas em segurança. Eles não querem se esconder mais, Serephina.”
“Você acredita no que diz, isso é verdade.” Ela disse. Ela olhou para baixo, para mim, e o peso de seu olhar, mesmo comigo olhando longe, era como uma mão gigante me esmagando. Eu fiquei firme em meus pés, mas era um esforço. Você deveria cair com tanto poder. Se arrastar por ele. Adorar aquilo.
“Pare, Serephina.” Eu disse. “Truques de mente baratos não irão funcionar, e você sabe disso.” O gelo no meu estômago não estava tão certo disso.
“Você teme a mim, humana. Eu posso sentir atrás da minha língua."
Ah, perfeito. “Sim, você me assusta. Você provavelmente assusta todo mundo nesse quarto. E daí?”
Ela se levantou, cada centímetro de sua altura, de sua marcação. Sua voz de repente estava macia, passando pela minha pele como pêlo. “Eu te mostrarei.”
Ela fez um gesto com sua mão enluvada. Eu fiquei tensa esperando outro corte, mas ele nunca veio. Um grito cortou o ar e me fez virar.
Sangue corria pelo rosto de Ivy. Outro corte apareceu em seu braço desnudo. Mais dois em seu rosto. Longas, cortantes feridas a cada gesto que Serephina fazia.
Ivy se esquivou. “Serephina, por favor!” Ela caiu de joelhos, nas almofadas, uma mão alcançando a mestre vampira. “Serephina, mestre, por favor.”
Serephina andou por volta dela, um movimento por vez. “Se você tivesse segurado seu temperamento, eles todos seriam nossos agora. Eu conhecia seus corações, suas mentes, seus mais profundos medos. Nós teríamos quebrado todos eles. Eles teriam quebrado o acordo e nós poderíamos ter um banquete deles para o nosso contentamento sanguinolento.”
Ela estava quase comigo. Eu queria me mover para trás, para longe dela, mas ela veria isso como um sinal de fraqueza. Seu vestido passou por minha perna, e eu não liguei. Eu não queria que ela me tocasse.
Eu movi para trás e ela pegou meu braço. Eu não tinha nem visto ela se mover.
Eu encarei aquela luva de seda em sua mão como se uma cobra tivesse se curvado por meu braço. Inferno, eu teria preferido a cobra.
“Venha, necromante, me ajude a punir essa vampira má.”
“Não, obrigada.” Eu disse. Minha voz soava tremula. Combinava com o gelo em meu estômago. Ela não tinha feito nada além de me tocar, mas seu toque fazia todo poder mais forte. Se ela tentasse um truque mental agora, eu estaria acabada.
“Ivy teria um grande deleite em sua dor, necromante.”
“Isso é problema dela, não meu.” Eu estava encarando muito firme o vestido de seda de Serephina. Eu tinha um terrível urgência de olhar para cima, de encontrar seus olhos. Eu não acho que era o poder dela, apenas minha própria mórbida compulsão. É difícil ser durona quando você está encarando o corpo de outra pessoa e sendo guiada pela mão como uma criança.
Ivy deitou no chão, meio apoiada em seus braços.
Seu adorável rosto estava cheio de uma bagunça de cortes profundos. Osso apareceu na luz das velas em uma bochecha. Sua mão direita tinha um corte que dava para ver seus músculos de apertando e sangue.
Ivy encarou a mim, e atrás da dor havia uma raiva forte do suficiente como uma luz de um fósforo. A raiva levantava dela como tapas.
Serephina ajoelhou do lado dela, me abaixando com ela. Eu olhei para trás, para Jean-Claude. Janos estava com sua mão de aranha branca no peito dele. Larry silibou com a boca a palavra “arma”. Eu balancei minha cabeça. Ela não tinha me machucado ainda. Não ainda.
Ela sacudiu meu braço forte o suficiente que me fez levantar minha cabeça para ver ela. Nós estávamos olho por olho, de repente, horrivelmente. O que eu vi em seus olhos não era horrível. Seus olhos, que eu teria jurado que havia algo pálido nele, pareciam com um castanho de uma sólida madeira. Eram os olhos da minha mãe.
Eu acho que ela quis que aquilo fosse confortador, ou sedutor. Mas não era. Minha pele estava gelada pelo medo. “Pare.”
“Você não quer que eu pare.” Ela disse.
Eu tentei tirar meu braço de seu aperto. Eu bem que podia tentar mover o sol para uma parte diferente do céu. “Tudo que você pode me oferecer é morte. Minha mãe morta em seus olhos mortos.”
Eu encarei aqueles olhos castanhos que eu nunca pensei em ver a essa altura. Eu gritei para os olhos de minha mãe porque não podia olhar para longe. Serephina não me deixaria, e não podia lutar contra ela nisso, não enquanto ela me tocava.
“Você é um cadáver andante, e tudo mais são apenas mentiras.”
“Eu não estou morta, Anita.” Havia um eco da voz da minha mãe em suas palavras. Ela levantou sua outra mão como se fosse acariciar minha bochecha. Eu tentei fechar meus olhos. Tentei olhar para longe. Eu não podia. Uma estranha paralisia estava tomando conta do meu corpo, como o sentimento que você tem quando está quase adormecida e o peso de seu corpo pesa mais e cada movimento é quase impossível.
Aquela mão veio até mim em câmera lenta, e eu sabia que se ela me tocasse, eu cairia em seus braços. Eu iria me pregar em seu corpo e chorar.
Eu lembrei do rosto da minha mãe, na ultima vez em que a vi. O caixão era de madeira escura, coberto por buquês de rosas cor-de-rosas. Eu sabia que mamãe estava ali, mas eles não me deixavam ver. Ninguém podia ver. Feche o caixão, eles diziam, feche o caixão. Cada adulto em minha vida estava histérico. O quarto estava cheio de gritos, soluços. Meu pai colapsou no chão. Ele estava sem uso para mim. Eu queria minha mãe. O fecho do caixão era de prata. Eu o abri e ouvi um choro atrás de mim. Eu não tinha muito tempo. A tampa era pesada, mas eu empurrei ele para cima e ela se moveu. Eu tive um vislumbre de cetim branco e sombras. Eu levantei meus braços acima da minha cabeça com cada pedaço de força que eu tinha, e tive um vislumbre de algo.
Minha tia Mattie puxou meu braço. A tampa havia se fechado, e ela travou de volta no lugar, me levando para longe. Eu não lutei, eu tinha visto o suficiente. Era como olhar para uma dessas pinturas que você sabe que parece com algo, mas seus olhos não podem ver o sentido. Me levou anos para me fazer sentido o que vi. Mas o que eu vi não era minha mãe. Não podia ser minha linda mãe. Tinha que ser uma casca, algo deixado para trás. Algo para esconder em uma caixa preta e deixar apodrecer.
Eu abri meus olhos e Serephina tinham pálidos olhos cinzas. Eu puxei meu braço de repente de seu aperto mais leve e disse, “Dor ajuda.”
Eu levantei e fui para longe dela, e ela não tentou me impedir. O que era bom, porque eu estava toda tremendo, e não era por causa da vampira. Memórias tinham dentes também.
Ela continuou ajoelhada do lado de Ivy e disse, “Muito impressionante, necromante. Eu te ajudarei a encontrar esse garoto que procura.”
Sua cooperação instantânea era enervante. “Por que?”
“Porque desde que eu tenho meu poder completo, ninguém nunca conseguiu escapar de minhas ilusões duas vezes em uma noite. Nenhum vivo ou morto.”
Ela segurou Ivy por um braço sangrento e a colocou em seu colo para sangrar em seu vestido branco. Ivy engasgou. “Lembre-se disso, jovem vampira mestre. Essa mortal fez o que você não pôde. Ela ficou de pé contra mim e venceu.” Ela a lançou de repente para longe, a mandando pelo chão. “Você não merece meu olhar. Saia.”
Serephina se levantou. O sangue fresco escorreu em seu vestido branco e luvas. “Você nos impressionou. Agora vá, todos vocês.” Ela se virou e andou de volta para seu trono.
Ela não se sentou. Ela ficou em pé, com suas costas para a gente, uma mão no braço da cadeira. Talvez fosse minha imaginação, mas ela parecia cansada. Seus fantasmas flutuaram em seu encontro em uma neblina branca deslizante. Não haviam tantos corpos individuais como antes, era como se os fantasmas tivessem perdido alguma de sua solidez.
“Vão.” Ela disse sem se virar.
A porta de trás se abriu, mas Jean-Claude andou pela porta que nos guiava para a frente. Eu não iria argumentar. Eu apenas queria sair. Eu não ligava merda nenhuma para qual porta ele foi. Nós andamos calmamente até a porta. Eu queria correr. Larry estava perto de mim, e eu podia ver o pulso em seu pescoço pulando com o esforço de não disparar.
Jason alcançou a porta um pouco a frente de nós, mas ele esperou e se virou, mencionando para nós como um porteiro, ou mordomo.
Eu tive um vislumbre de seus olhos, tão abertos, assustados, e sabia o quanto aquele gesto tinha custado a ele.
Nós passamos por ela, ele nos seguiu. Jean-Claude estava atrás. A porta se fechou atrás de nós, e nós saímos. Simples assim.
Mas pela primeira vez eu sabia que podia ir. Eu não tive que perder o controle, ou sinalizar minha saida.
Ela podia ficar impressionada o quanto quisesse, mas ela não precisava ter nos deixado ir. Deixarem a gente ir não era a mesma coisa que ganhar.
Eu nunca mais voltaria a essa casa voluntariamente. Eu nunca ficaria perto dela por vontade própria. Porque eu tinha sido impressionante essa noite, mas não podia manter isso. Mesmo agora eu sabia que ela podia ter a mim. Aquela vampira tinha meu bilhete de entrada. Uma farsa quase me custou minha alma imortal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 28


Jason andou na minha frente no quarto do hotel. Ele foi direto para o banheiro. “Vou tomar um banho.” Isso foi apressado, mas ele estava cheirando a corpos podres. Nós viemos no carro ne volta, com todas as janelas abertas. A maioria das vezes se você está fedendo, não consegue cheirar a ninguém mais. Eu tinha algumas dessas coisas apodrecidas em mim, mas eu ainda podia sentir o fedor de Jason. Alguns cheiros eram únicos demais para realmente saírem.
“Espere.” Larry disse.
Jason se virou, mas não parecia feliz.
“Use meu chuveiro.” Ele levantou a mão antes que eu pudesse dizer alguma coisa. “Falta uma hora até amanhecer. Se você quer todos limpos antes disso, faz sentido usar os dois banheiros.”
“Eu pensei que todos nós dormiríamos nesse quarto hoje.” Eu disse.
“Por que?” Ele disse.
Jean-Claude estava na cadeira parecendo adorável e nada útil. Jason apenas parecia impaciente.
“Segurança em números.” Eu disse.
Larry balançou sua cabeça. “Ta certo, mas eu posso levar o lobisomem para a porta ao lado e deixar ele tomar banho. Ou você não confia em mim nem para isso?” Ele estava ficando bravo de novo.
“Eu confio em você, Larry. Você foi bom essa noite.”
Eu esperava um sorriso. Eu não ganhei um. Ele parecia bem sério. “Eu matei o vampiro Bruce.”
Eu assenti. “Eu pensei que teríamos que matar tudo naquele quarto.”
“Eu também.” Ele sentou em uma das cadeiras. “Eu nunca matei ninguém antes.”
“Era um vampiro. Não é a mesma coisa que matar uma pessoa.”
“É, ta certo. E quantos cadáveres você tem dado ao CPR ultimamente?”
Eu olhei para Jean-Claude que estava sorrindo para mim. Eu encolhi os ombros. “Apenas um. Você pode nos dar uma privacidade aqui?” Eu perguntei.
“Eu ouvirei o que você disser, não importa onde eu fique nesse quarto.” Jean-Claude disse.
“Ilusão é tudo. Cai fora.” Eu disse.
Jean-Claude inclinou sua cabeça um pouco e levou Jason para um canto do quarto, perto das janelas. Eu sabia que ele ouviria tudo, mas pelo menos ele não ia ficar na nossa frente.
“Você não acredita de verdade que ele é um cadáver, não é?” Larry perguntou.
“Você viu o que aconteceu àquelas duas vampiras.” Eu disse. “Elas eram apenas corpos podres, tudo mais eram ilusões.”
“Você acha que ele nunca se pareceu com o que ele é hoje?”
Eu olhei para Jean-Claude por um minuto. “Eu temo que sim.”
“Como você pode namorar ele depois de ver isso?”
Eu balancei minha cabeça. “Eu não sei.”
“Cadáver ou não, você tentou o manter vivo.” Ele reagiu ao olhar em meu rosto. “Vivo, morto, seja lá do que você queira chamar, você tentou preservar. Você ficou assustada quando pensou que ele estivesse realmente morto.”
Eu apenas olhei para ele. “E...?”
“E, eu matei outro ser vivo, ou ser morto-vivo. Inferno, Anita, Bruce era tão recém morto que parecia humano.”
“Provavelmente por isso uma bala em seu peito acabou com ele.”
“Como eu devo me sentir sobre isso?”
“Por ter matado ele, você quer dizer?”
“É.”
“Eles são monstros, Larry. Alguns deles mais bonitos que outros, mas são monstros. Nunca duvide disso.”
“Você pode honestamente me dizer que você acha que Jean-Claude é um monstro.” Era mais uma declaração que uma pergunta.
Eu quase olhei para o monstro em questão, mas não olhei. Eu já tinha olhado para ele o suficiente por uma noite. “Sim, eu acho.”
“Agora, pergunte a ela se ela se acha um monstro.” Jean-Claude se encostou atrás da cadeira, seus braços cruzados no peito.
Larry pareceu meio sobressaltado, mas ele disse, “Anita?”
Eu encolhi os ombros. “As vezes.”
Jean-Claude sorriu. “Viu, Lawrence? Anita acha que todos nós somos monstros.”
“Larry não é.” Eu disse.
“Dê a ele tempo.”
Isso era um pouco perto demais da verdade. “Eu pedi por privacidade, ou você esqueceu?”
“Eu não esqueci nada, ma petite, mas o tempo corre. Meu lobo não é o único que precisa de um banho. Apenas seu jovem amigo ainda está revigorante.”
Eu olhei para Larry. Não havia uma gota de sangue nele. Ele era o único que não tinha lutado com vampiros essa noite. Ele levantou os ombros.
“Desculpe, eu apenas não podia deixar ninguém me sujar essa noite.”
“Sem brincadeiras, Larry.” Eu disse. “Com Serephina, eu acho que você terá outra chance.”
“Infelizmente, é verdade, ma petite.”
“Quanto tempo você consegue ir sem seu caixão?” Eu perguntei.
Ele sorriu. “Preocupada com meu bem estar. Estou tocado.”
“Não vem com merda. Eu abri uma maldita veia para você hoje a noite.”
“Se eu não te agradeci por ter salvado minha vida hoje, ma petite, minhas desculpas.”
Eu olhei para ele. Ela parecia agradável, divertido, mas era uma máscara. Sua expressão quando ele não queria que você soubesse o que ele estava pensando, mas não queria que você soubesse que ele não queria que você soubesse. “Não mencione.”
“Eu lembrarei que você me salvou, ma petite. Você podia ter se livrado de mim. Obrigado.”
Soava sincero o suficiente. “De nada.”
“Eu preciso tirar esse grude de mim.” Jason disse. Ele soava apenas um pouco frenético. Eu estava apostando que ele queria se livrar de mais que apenas a sujeira. Mas memórias não são limpas tão fácil. Uma pena.
“Vão, os dois. Jason pode se limpar no quarto de Larry. É apenas praticidade.”
Larry sorriu abertamente para mim. “Obrigado.”
“Eu quis dizer aquilo quando disse que você foi bom essa noite.”
Eu finalmente ganhei o sorriso que esperava. “Vamos, Jason, água quente e toalhas frescam aguardam.”
Larry segurou a porta para Jason e me deu uma pequena saudação. Jesus.
Sozinha de novo com Jean-Claude. Essa noite nunca ia acabar? “Você não respondeu minha pergunta sobre o caixão.” Eu disse.
“Eu ficarei bem por uma ou duas noites.”
“Como Serephina deixou de ser igual a você em poder e virou o que vimos nessa noite?”
Ele balançou sua cabeça. “Eu realmente não sei, ma petite. Ela me surpreendeu terrivelmente. Ela não precisava ter deixado a gente ir embora essa noite. Contanto que ela não nos machucasse, nos poderíamos ter sido seus convidados por hoje.”
“Você está surpreso por ela ter nos deixado ir?” Eu perguntei.
“Sim.” Ele disse.
Jean-Claude desencostou da cadeira. “Tome seu banho, ma petite. Eu aguardarei os jovens garotos retornarem.”
“Eu pensei que você poderia ir agora, lavar o sangue em seu cabelo.”
Ele colocou uma mão na parte de trás da cadeira. Ele passou os dedos por cima de lá. “Desagradável, mas eu quero tomar um banho de banheira, ma petite. Levará mais tempo que apenas de chuveiro, então você primeiro.”
Eu olhei para ele por um longo momento.
“Se você não se apressar, eu não terei tempo para meu banho antes de amanhecer. Eu odiaria dormir nos seus lençóis limpos, coberto de sangue.”
Eu respirei profundamente e lentamente. “Certo, apenas tenha certeza que se manterá longe do banheiro.”
“Minha palavra de honra que não irei me intrometer por lá.”
“É, certo.” Se bem que, estranhamente, eu acreditei nele. Jean-Claude estava tentando me seduzir faz um longo tempo. Mas ataques diretos não era o estilo dele.
Eu fui tomar meu banho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 29


Ronnie havia me arrastado para uma loja da Victoria’s Secret. Eu tinha apontado que ninguém iria ver minhas roupas de baixo ou meu pijama exceto outra mulher em algum vestiário da academia. Ronnie havia replicado com “Você verá elas.”. A lógica escapou para mim, mas ela me convenceu a levar um roupão.
Era da cor vinho escuro. Brilhava contra minha pele pálida e combinava com alguns dos machucados florescendo em minhas costas. Nada com ser jogada em uma parede para te dar um pouco de cor. A marca de mordida nas minhas costas não era tão profunda. Difícil para as presas entrarem muito naquele ângulo. A marca de presa em meu braço era mais profunda. Haviam dois pequenos buracos secos, quase delicados. Não doía tanto quanto deveria. Talvez vampiros tinham matadores-de-dor em sua saliva, ou talvez eram as presas.
Eu ainda não acreditava que ele tinha enfiado suas presas em mim. Merda.
Eu amarrei o roupão apertado em volta de mim. O pano era pesado o suficiente para ser aconchegante em uma noite de inverno, e tinham punhos de seda, e mais das nas beiradas. Parecia meio vitoriano, um pouco masculino. Eu parecia delicada nele, eu parecia uma boneca vitoriana que não tinha terminado de se vestir ainda. Eu coloquei uma grande camiseta preta por cima do roupão. Eu arruinei parte do efeito, mas eu preferia isso do que usar nada alem de roupão e roupa de baixo para dar olá aos garotos.
Eu peguei a Browning na pistoleira preta pendurada durante meu banho. Eu a carreguei comigo até o quarto, e hesitei. Eu sempre estava armada. Inferno, eu dormia com a arma, mas eu me sentia como se não precisasse da pistoleira.
Eu deixei a Browning de lado e coloquei a Firestar no bolso do roupão. Fazia a roupa abaixar de forma engraçada, mas se algo malvado viesse pela porta eu estaria pronta para ele.
Jean-Claude estava na frente da janela quando eu abri a porta do quarto. Ele tinha aberto as cortinas, e se escorado na ponta da janela encarando a escuridão lá fora.
Ele se virou quando a porta se abriu, mesmo sabendo que ele tinha me ouvido antes disso.
“Ma petite, você está adorável.”
“É o único roupão que eu tenho.” Eu disse.
“Claro.” Ele disse. Seu rosto tinha aquela máscara entretida de novo, dessa vez eu gostaria de saber o que ele estava pensando. Seus olhos azuis meia-noite estavam muito intensos, não parecia combinar com sua expressão despreocupada. Talvez eu não quisesse saber o que ele estava pensando.
“Onde estão Larry e Jason?”
“Eles vieram e saíram.” Ele disse.
“Saíram?”
“Jason teve uma fome repentina, Larry e ele saíram no Jeep.”
Eu apenas olhei para ele. “Há uma coisa chamada serviço de quarto aqui.”
“É muito cedo, ma petite. O menu do serviço de quarto é meio limitado. Jason doou sangue duas vezes para mim essa noite, ele precisa de proteína.” Jean-Claude sorriu. “Era ou eles saiam ou ele comeria Larry. Eu pensei que você preferiria que eles saíssem.”
“Muito engraçado. Você não deveria ter deixado eles irem sozinhos.”
“Nós estamos a salvo de Serephina essa noite, ma petite, e contato que eles fiquem na cidade, a salvo de Xavier.”
“Como você pode ter tanta certeza?” Eu cruzei meus braços no estômago.
Ele encostou suas costas contra a janela e olhou para mim. “Seu Monsieur Kirkland pode se cuidar muito bem essa noite. Eu acho que você se preocupa desnecessariamente com ele.”
“Uma noite de heroísmo não o mantém salvo.” Eu disse.
“Logo amanhecerá, ma petite, até Xavier não pode com a luz do dia. Todos os vampiros estarão escondidos em seus refúgios. Eles não terão tempo para perseguir nosso jovem garoto.”
Eu encarei ele, tentando ler seu rosto agradável. “Eu queria ter tanta certeza quanto você parece ter.”
Ele sorriu então, e desencostou da parede. Ele deslizou sua jaqueta, a tirando e a deixou cair no carpete rosa.
“O que você está fazendo?”
“Tirando minha roupa.”
Eu saí da porta do quarto. “Tire lá.”
Ele começou a desabotoar sua blusa.
“No outro quarto, agora.” Eu disse.
Ele tirou sua blusa branca de sua calça, trabalhando nos últimos botões enquanto andava até mim. A carne de seu peito e estômago tinha mais cor que a camisa. Ele estava coberto de sangue e parecendo humano, parte do sangue era meu. A mancha de sangue seco que havia ensopado sua camisa antes, contrastava com a perfeição pálida de seu corpo.
Eu esperei que ele tentasse me beijar, ou outra coisa, mas ele passou por mim. A parte de trás de sua camisa estava marrom com sangue seco. Ela despregou de sua pele com um som como de algo rasgando. Ele largou a camisa do carpete e andou até o quarto.
Eu fiquei parada ali atrás dele. Haviam cicatrizes brancas em suas costas. Pelo menos eu achei que era isso. Difícil de dizer com todo o sangue. Ele deixou a porta do quarto aberta, e alguns minutos depois eu ouvi água enchendo a banheira.
Eu me sentei em uma das cadeiras. Eu não tinha certeza do que mais eu tinha que fazer.
Água correu por um longo tempo, e então silencio, e então algo se movendo na água. Ele estava na banheira. Ele não tinha fechado a porta do banheiro primeiro. Ótimo.
“Ma petite.” Ele chamou.
Eu fiquei sentada lá por um minuto, sem me mover.
“Ma petite, eu sei que está aí. Eu posso ouvir você respirar.”
Eu andei até a porta do quarto, cuidadosamente não olhando dentro. Eu encostei minhas costas contra a parede e cruzei meus braços. “O que você quer?”
“Parece não haver toalhas limpas aqui.”
“O que eu devo fazer sobre isso?”
“Você poderia ligar para baixo e pedir para algum criado trazer algumas para cá?”
“Eu acho que sim.”
”Obrigado, ma petite.”
Eu fui até o telefone, brava. Ele sabia que não tinham toalhas limpas antes de entrar na banheira. Inferno, eu sabia que não tinham toalhas limpas, mas eu estive muito ocupada ouvindo ele fazer barulhos na água e então não pensei nisso.
Eu estava tão brava comigo mesma quanto com ele. Ele sempre era tormento um filho da puta. Eu deveria me vigiar em volta dele melhor que isso.
Eu estava em um quarto de hotel que parecia com uma suíte nupcial com Jean-Claude todo pelado e ensaboado no quarto do lado. Depois do que eu vi com Jason, não deveria ter esse tanto de tensão sexual no ar, mas tinha. Talvez fosse um hábito, ou talvez Larry estivesse certo. Eu apenas não acreditava que Jean-Claude era um cadáver apodrecido.
Eu pedi mais toalhas.
Eles ficariam felizes em me trazer algumas. Ninguém reclamou sobre as horas. Ninguém questionou. Você sempre pode dizer o quanto está pagando por um quarto de hotel pelo tão pouco que eles reclamam.
Uma camareira me trouxe quatro grandes e macias toalhas. Eu olhei para ela por um minuto inteiro, hesitante. Eu poderia fazer ela levar as toalhas até Jean-Claude.
Ela disse, “Madame?”
Eu peguei as toalhas, agradeci e fechei a porta. Eu apenas não podia deixar uma mulher estranha ver que eu tinha um vampiro pelado na minha banheira. Eu nem tinha certeza se era a parte do vampiro que me deixava com vergonha. Garotas boas não terminam com caras-qualquer-coisa pelados em suas banheiras as quatro e tanto da madrugada. Talvez eu não fosse uma garota boa. Talvez eu nunca fui.
Eu hesitei na porta do quarto. O quarto estava escuro. A única luz vinha do banheiro, espalhando a luz retangular no carpete. Eu apertei as toalhas em meu peito, respirei fundo e entrei no quarto. Eu podia ver a banheira dali, mas felizmente, não inteira. Eu tive um vislumbre de porcelana branca e montículos de bolhas brancas. Apenas ver as bolhas na banheira fez com que meus músculos relaxassem um pouco. Bolhas podem esconder um monte de pecados.
Eu parei na porta do banheiro.
Jean-Claude estava deitado contra o começo a banheira. Seu cabelo preto estava molhado e obviamente já tinha sido limpo. Caindo colado em seus ombros nus. Seus braços estavam deitados contra os lados da banheira, em cima, sua cabeça descansando contra o azulejo escuro da parede.
Uma pálida mão estava suspensa no ar como se estivesse procurando algo, mas ela estava hesitante. Seus olhos estavam fechados, fazendo meias-luas negras contra sua pálida bochecha. Bolhas estavam em volta de seu rosto e no que eu podia ver de seu corpo. Ele parecia quase adormecido.
Seu joelho se levantou pelos montículos de bolhas, um surpreso vislumbre de sua pele molhada e pálida.
Ele virou sua cabeça e abriu seus olhos. O azul meia noite deles pareciam mais escuros. Talvez fosse o jeito que a água fazia seu cabelo parecer mais pesado, negro.
Eu respirei profundamente e disse, “Aqui estão as toalhas.”
“Você pode coloca-las aqui, por favor?” Ele fez um gesto com sua mão meio suspensa no ar.
“Aqui.” Era em cima da pia, o que era perto o suficiente para ele alcançar da banheira. “Eu colocarei elas em cima da pia.”
“Eu derramarei água por todo o chão quando pegar elas aí.” Ele disse. Sua voz era neutra, sem truques vampíricos, quase sem tom em geral.
Ele estava certo, eu estava sendo boba. Ele não iria me agarrar e me violar. Se esse fosse seu plano, ele poderia ter feito há anos atrás.
Eu coloquei as toalhas do lado da banheira, meus olhos cuidadosamente longe de qualquer coisa dentro dela.
“Você deve ter perguntas sobre hoje a noite.” Ele disse.
Eu olhei para ele. A água em seu nu dorso pegava a luz como prata. Espuma estava em seu peito, bem em cima de um mamilo. Eu tinha uma horrível urgência de espantar todas aquelas bolhas. Eu andei para trás até chegar na parede mais distante.
“Não é normal para você oferecer respostas.” Eu disse.
“Eu estou me sentindo generoso esta noite.” Sua voz tinha um tom que as vozes tem quando você está quase dormindo.
“Se você não estivesse nu em uma banheira cheia de bolhas, você ainda ofereceria as respostas?”
Ele sorriu então, uma rápida e familiar expressão. “Talvez não, mas se eu vou responder suas vorazes curiosidades, não é mais divertido desse jeito?”
“Divertido para quem?”
“Para ambos, se ao menos você admitisse.”
Aquilo me fez sorrir, e eu não queria sorrir. Eu não queria estar aproveitando assistir ele todo ensaboado e molhado. Eu queria ter medo dele, e eu tinha, mas eu também queria ele. Queria correr minhas mãos abaixo naquela pele molhada, queria tocar o que estava escondido por baixo daquelas bolhas. Eu não queria ter uma real relação sexual. Eu não conseguia imaginar isso com ele, mas eu queria um pouco de exploração. Eu odiava isso. Ele era um cadáver, com certeza o que vi essa noite me convenceu disso.
“Você está franzindo a testa, ma petite, por que?”
“Eu te perguntei se as duas vampiras eram ilusões e você disse que não. Eu perguntei se eram suas formas reais e você disse sim. As duas formas eram reais, você disse.”
“Isso é verdade.” Ele disse.
“Você é um corpo apodrecido?”
Ele deitou mais profundo na quente, cheia de espumas, água, abaixando as mãos juntos, até que apenas sua cabeça estava de fora. “Isso não é uma das minhas formas.”
“Isso não é uma resposta.”
Ele levantou uma das mãos, pegando as bolhas nelas, como bolas de neve. “Há diferentes habilidades vampíricas, ma petite, você sabe disso.”
“O que isso tem a ver com algo?”
Ele levantou sua outra mão e começou a brincar com as bolhas, passando elas de uma mão para a outra. “Janos e suas duas companheiras eram de um tipo diferente de vampiros que eu sou. Eles são muito raros. Se você nunca me viu como um cadáver apodrecido, eu estarei bem e verdadeiramente morto. Eles podem apodreder e mudar, e isso faz deles muito mais difíceis de matar. O único jeito, com certeza, é com, fogo.”
Voluntariamente está me dando um monte de informações boas, não está?”
Ele abaixou suas mãos na água, se livrando das bolhas que estavam nelas. Ele se sentou um pouco reto, espumas ainda presas em seu corpo. “Talvez eu esteja com medo que você pense que o que aconteceu com Jason, poderá acontecer conosco.”
“Nós nunca iremos testar essa teoria.” Eu disse.
“Você soa tão certa disso.” Ele disse. “Sua luxúria perfuma o ar, e ainda assim você verdadeiramente acredita que nós nunca faremos amor. Como você pode me querer quase tanto quanto eu te quero, e ainda ter certeza que nunca conheceremos o corpo um do outro?”
Eu não tinha certeza se tinha uma resposta para isso. Eu deslizei parede abaixo e sentei com meus joelhos presos juntos ao meu peito. O bolso com a arma fez um barulho contra a parede. Eu movi a arma em uma posição melhor e disse, “Apenas não vamos, Jean-Claude, nunca. Eu apenas não posso.” Uma parte de mim lamentava por isso, mas apenas uma parte.
“Por que, ma petite.”
“Sexo é sobre ter confiança. Eu tenho que confiar totalmente em alguém para ter sexo com ela. Eu não confio em você.”
Ele me encarou com seus olhos azuis, azuis, parecendo todo SCRUMPTIOUS e molhado. “Você quis dizer isso, não é?”
Eu assenti. “Sim, eu quis.”
“Eu não te entendo, ma petite. Eu tento, mas ainda assim não consigo.”
“Você é um belo quebra-cabeça para mim também. Se isso for um conforto.”
“Não é. Se você fosse uma mulher de luxurias casuais, nós poderíamos estar na cama há muito tempo atrás.”
Ele suspirou e se endireitou na banheira, a água batia quase em sua cintura agora. “Mas é claro, se você fosse uma mulher com apetites casuais, eu não acho que eu amaria você.”
“Você gosta de sedução, de desafio.” Eu disse.
“verdade, mas é mais do que isso com você, se você ao menos acreditasse em mim.” Ele se escorou, puxando seus joelhos para seu peito nu, dobrando seus ombros para se abraçar. Cicatrizes brancas goteavam atrás, em seus ombros até desaparecerem na água, não haviam muitas delas, mas o suficiente.
“O que fez as cicatrizes em suas costas? Ao menos que foi feita por algo sagrado, você deveria poder curar elas.”
Ele deitou sua bochecha em seus joelhos e olhou para mim. Ele parecia mais jovem, mais humano, vulnerável de repente. “Não se o dano aconteceu antes de eu ter morrido.”
“Quem fez isso?”
“Eu era o garoto chicoteado de um filho da aristocracia.”
Eu encarei ele. “Você está me dizendo a verdade, não está?”
“Sim.”
“Foi por isso que Janos escolheu chicotes essa noite, para te fazer lembrar da onde você veio?”
“Sim.”
“Você não nasceu na aristocracia?”
“Eu nasci em uma casa com chão sujo, ma petite.”
Eu olhei para ele. “É, ta certo.”
Ele levantou sua cabeça. “Se eu estivesse inventando alguma coisa, ma petite, seria algo mais romântico, mais agradável que ser um francês capataz.”
“Então você era um servo no castelo?”
“Eu era a única companhia constante do filho deles. Quando faziam roupas para ele, eu ganhava também. O tutor dele, era o meu. Seu professor de equitação era o meu. Eu aprendi a lutar com espadas e a dançar, e a como me comportar em uma mesa de jantar. E quando ele fazia algo errado, eu era punido, porque ele era o único filho deles, o único para carregar o nome da família. Pessoas falam de abuso infantil agora.” Ele deitou na banheira, afundando seu corpo na água quente “Eles reclamam de apanhar. Eles não tem idéia do que é um abuso de verdade. Quando eu era um garoto, parentes não se importavam em açoitar crianças que não se comportavam, ou bater neles até que sangrassem. Até a aristocracia batia em seus filhos. Era normal. Mas ele era filho único, a única criança. Então eles deram dinheiro para minha família e ficaram comigo. A senhora do Manor* me escolheu porque meu rosto era agradável. Quando a vampira que me fez me levou embora, ela disse que minha beleza havia chamado ela.”
(*Sistema de terras e organização da economia rural na era medieval.)
“Espere um minuto.”
Ele virou sua cabeça para me dar todo o peso dos seus olhos azuis escuro. Eu trabalhei duro para não olhar para longe.
“Esse corpo e rosto maravilhosos são ilusões vampíricas, certo? Quero dizer, ninguém é tão bonito.”
“Eu te disse uma vez que não é meu poder que te faz me ver dessa forma, não a maioria das vezes, em todo caso.”
“Serephina disse que você era um catamite para qualquer vampiro que te quisesse. O que ela quis dizer?”
“Vampiros matam por comida, mas eles transformam outros por várias razões. Alguns por dinheiro, riqueza, até mesmo por títulos, amor, mas eu fui transformado por luxúria. Quando eu era jovem e fraco, eles me passavam por eles. Um ficava cansado de mim, mas sempre haviam outros.”
Eu encarei ele, horrorizada. “Você está certo. Se você estivesse criando uma história, ela não seria assim.”
“A verdade é tão decepcionante, ou feia. Você não acha, ma petite?”
Eu assenti. “Sim. Serephina era velha. Eu achei que vampiros não deveriam ter idade.”
“Seja qual for a idade que morremos, é a idade que permancemos.”
“Você conhecia Serephina quando você era mais novo?”
“Sim.”
“Você dormiu com ela?”
“Sim.”
“Como você pôde deixar ela encostar em você?”
“Eu fui dado a ela como um presente por um mestre que faria até os novos e melhorados poderes dela parecerem fracos. Eu tinha mínimas escolhas.” Ele me encarou. “Ela sabe o que você quer. O que você mais precisa, o seu mais rico desejo, e ela faz virar verdade, ou parecer verdade. O que ela te ofereceu, ma petite? O que ela poderia ter te oferecido que quase te ganhou essa noite?”
Eu olhei para longe então, eu não queria olhar em seus olhos. “O que ela te ofereceu há anos atrás?”
“Poder.”
Eu olhei para cima por isso. “Poder?”
Ele assentiu. “Poder para escapar de todos eles.”
“Mas você tinha que ter a habilidade de ser um mestre vampiro dentro de você, pra começar. Ninguém pode te dar isso.” Eu disse.
Ele sorriu, mas não era um sorriso feliz. “Eu sei disso agora, mas naquele tempo eu pensei que apenas ela poderia me salvar da eternidade de...” Suas palavras trilharam, e ele mergulhou, deixando apenas algumas curvas de cabelo flutuando na água. Ele levantou com uma respiração alta, piscando por causa da água em seus olhos. A água tinha ficado em seus densos e escuros cílios.
Ele correu suas mãos por seu cabelo molhado, e o colocou em seus ombros.
“Seu cabelo não era tão longo quando eu te conheci.”
“Você parece preferir cabelos compridos em seu homem.”
“Se você está morto, como seu cabelo pode crescer?”
“Essa é uma pergunta para você responder.” Ele disse. Ele passou suas mãos por seu cabelo de novo, apertando as pontas. Ele levantou uma mão para pegar a toalha.
Eu levantei na hora. “Eu te deixarei para se vestir.”
“Jason e Larry já voltaram?” Ele perguntou.
“Não.”
“Então eu não vou me vestir agora.” Ele levantou, colocando a toalha em volta de ele. Eu tive um vislumbre de um lado do seu pálido e nu corpo, água deslizando dele. A toalha se moveu na frente na hora certa.
Eu escapei.

 


CAPÍTULO 30


Eu fiquei na cadeira mais longe do quarto. Mas eu estava olhando para a porta de lá. Droga. Eu queria sair correndo do quarto, mas por que? Não era em Jean-Claude que eu não confiava. Era em mim mesma. Merda.
Eu toquei a arma no bolso do meu roupão. Era suave e duro e tranqüilizador, mas não iria me ajudar agora. De violência eu entendia, sexo me dava mais problemas.
Eu honestamente não queria dormir com ele, mas parte de mim estava esperando outro vislumbre de sua carne nua. Uma longa linha de coxas nuas, talvez. Ou então...
Eu coloquei as palmas das mãos em meus olhos, como se eu pudesse tirar as imagens da minha cabeça apenas pressionando.
“Ma petite?” Sua voz soava mais perto do que do banheiro.
Eu não queria olhar, como minha avó Blake dizia, se faça de cega. Eu senti ele na minha frente. Senti o movimento do ar. Eu abaixei minhas mãos um milímetro por vez. Ele estava ajoelhado na minha frente, uma das densas toalhas brancas em volta de sua cintura.
Eu abaixei minhas mãos até o colo. Gotas de água ainda caiam de sua pele. Ele tinha escovado seu cabelo, mas estava molhado, arrumado para trás, deixando seu rosto plano, mais adornado que o normal. Seus olhos pareciam mais azuis sem o cabelo para marcar eles.
Ele colocou uma mão em cada braço da cadeira e se levantou. Seus lábios roçaram os meus em um suave e breve selinho. Ele se afastou de mim, largando a cadeira.
Eu podia sentir meu coração em minha garganta, e não era por medo.
Jean-Claude tocou minhas mão, levantando elas. Ele as colocou em seus ombros nus. A pele estava quente, macia, molhada. Ele segurou meus pulsos em suas mãos, levemente, bem levemente. Eu poderia me afastar qualquer hora. Ele correu minhas mãos abaixo por seu corpo molhado.
Eu coloquei minhas mãos livres. Ele não disse nada, não fez nada. Ele continuou ajoelhado olhando para mim. Esperando. Eu podia ver o pulso em seu pescoço pulando contra sua pele, e eu queria tocá-lo. Eu deslizei minhas mãos por seus ombros e aproximei meu rosto para o dele.
Ele começou a se mover para me beijar, mas eu deslizei minha mão por sua mandíbula e virei sua cabeça para o lado. Eu toquei meus lábios em seu pescoço e deslizei minha boca abaixo em sua pele, até que eu pude sentir o pulso dele batendo contra minha língua. Ele tinha sabor de sabonete, água e pele limpa.
Eu desci da cadeira até o chão, ajoelhando na frente dele. Ele estava mais alto agora, mas não muito. Eu lambi a água de seu peito, e me permiti fazer algo que queria por meses. Eu corri minha língua por seu mamilo, e ele se estremeceu contra mim.
Eu lambi a água no meio de seu peito e corri minhas mãos por sua cintura, até a curva mais baixa de suas costas.
Ele desamarrou a faixa do meu roupão, e eu não reclamei. Eu deixei suas mãos deslizarem dentro do meu roupão, em volta de minha cintura, com nada além da minha camiseta entre sua carne e a minha. Ele correu suas mãos mais acima, seus polegares brincando pela minha costela. A arma pesava no roupão aberto. Era irritante.
Eu levantei meu rosto para o dele. Seus braços deslizaram atrás das minhas costas, me pressionando contra a longa e molhada linha de seu corpo. A toalha estava perigosamente perto de cair. Seus lábios roçaram nos meus, e então o beijo se tornou algo a mais. Mais forte, quase doloroso, com seus braços trancados atrás de meus ombros. Minhas mãos desceram por sua cintura, em suas costas, roçando o quase caído começo da toalha, e descobri que na verdade a toalha já tinha se soltado. Minhas mãos tocaram o macio começo de suas nádegas.
Apenas a pressão de nossos corpos mantinha a toalha no lugar.
Ele me beijava profundamente e senti algo afiado, doloroso. Eu me afastei de uma vez dele e senti sangue.
Jean-Claude me deixou ir. Ele sentou em seus calcanhares, a toalha solta em seu colo. “Me desculpe, ma petite. Eu me deixei levar.”
Eu toquei minha boca e afastei meu dedo e vi um pouco de sangue nele. “Você me mordeu.”
Ele assentiu. “Eu lamento de verdade.”
“Eu aposto que sim.” Eu disse.
“Não venha com moralismo pra cima de mim, ma petite. Você finalmente admitiu para você mesma, para mim, que sente o chamado de meu corpo.”
Eu me sentei no chão, na frente da cadeira, com meu roupão desamarrado. A camiseta tinha sido levantada até minha cintura. Eu acho que era um pouco tarde demais para protestar a favor de minha inocência.
“Certo, luxuria. Feliz?”
“Quase.” Ele disse, e agora havia algo em seus olhos. Algo escuro e submergido, e mais velho do que deveria ser.
“Eu posso te oferecer meu corpo mortal, e mais, ma petite. Pode ser entre nós dois muito mais do que algo que qualquer amante humano poderia te oferecer.”
“Eu iria perder um pouco de sangue por vez?”
“Isso foi um acidente.” Ele disse.
Eu encarei ele, todo pálido e úmido, ajoelhado no chão com a toalha branca solta em seu colo, deixando ele quase nu.
“Essa foi a primeira vez que eu traí Richard.” Eu disse.
“Você esteve saindo comigo por semanas.” Ele disse.
Eu balancei minha cabeça. “Mas eu não tinha traído ele. Isso é trair.”
“Então você esteve me traindo com Richard?”
Eu não sabia o que dizer para aquilo. “Vá se vestir.”
“Você realmente quer que eu me vista?” Ele perguntou.
Eu olhei para longe. Eu estava envergonhada agora e inconfortável. “Sim, por favor.”
Ele se levantou, a toalha em suas mãos. Eu olhei para o chão e não tive que ver seu rosto para imaginar o sorriso nele.
Ele andou para longe de mim, e não se incomodou em por a toalha em volta dele.
Músculos moviam por sua pele em torno de sua cintura. Ele andou pelado até o banheiro e eu aproveitei a vista.
Eu toquei meu dedo em minha língua. Ainda estava sangrando. Isso é que eu ganho por dar um beijo francês em um vampiro. Até mesmo pensar nisso me fazia nervosa.
“Ma petite?” Ele chamou no outro quarto.
“Sim.”
“Você tem secador de cabelo?”
“Na minha mala. Fique a vontade.”
Graças a Deus, eu tinha levado minha mala pro quarto, do lado da porta do banheiro. Um ponto por ter preguiça. Eu estava evitando outro vislumbre de seu corpo nu.
Agora que meus hormônios tinham quietado, eu estava com vergonha.
Eu ouvi o secador e imaginei se ele estava parado nu, em frente ao espelho do banheiro enquanto secava seu cabelo. Eu estava bastante ciente que tudo que eu tinha que fazer era ir pela porta e descobrir isso sozinha.
Eu me levantei, arrumei minha camiseta, amarrei meu roupão, seguramente no lugar, e me sentei no sofá. Minhas costas estavam para o quarto. Eu não veria mais nada. Eu tirei a Firestar do meu bolso e a deixei na mesa de café na minha frente. A arma estava lá parecendo bem sólida, bem preta, e de alguma forma, acusatória.
O secador parou, e ele me chamou de novo. “Ma petite?”
“O que?”
“Venha conversar comigo até o sol nascer.”
Eu olhei para a janela que ele tinha aberto. O céu lá fora era mais claro que preto, mas não claro ainda, mas também não era puro preto mais. Eu fechei as cortinas e fui para o quarto. Eu deixei a arma na mesa. A Browning estava no quarto, de qualquer forma.
Jean-Claude tinha dobrado a coberta até o pé da cama. Apenas o lençol cor de vinho cobria ele. Ele estava deitado com seu cabelo preto macio e curvado contra o escuro travesseiro.
O lençol estava em sua cintura. “Você pode se juntar a mim, se quiser.”
Eu me encostei contra a parede e balancei a cabeça.
“Eu não estou oferecendo sexo, ma petite, a manhã está muito próxima para isso. Eu estou te oferecendo metade da cama.”
“Eu ficarei com o sofá, mas obrigada de qualquer forma.”
Ele sorriu, uma lenta e conhecida curvada de lábios, sua velha arrogância de volta. Era quase confortante saber que nada tinha mudado realmente. “Não é em mim que você não confia. É em você.”
Eu encolhi os ombros.
Ele levantou o lençol até seu peito, era quase um gesto de proteção. “Está chegando.” Medo estava em sua voz.
“O que está chegando?”
“O sol.”
Eu olhei para as cortinas fechadas contra a parede mais distante. Elas eram duplamente densas, mas uma linha de luz cinza aparecia nelas levemente. “Você ficará bem com isso, sem seu caixão?”
“Contanto que ninguém abra as cortinas.” Ele olhou para mim por um longo momento. “Eu te amo, ma petite, o tanto que eu posso.”
Eu não sabia o que dizer. Dizer que eu tinha luxuria por ele não parecia apropriado. Dizer que eu amava ele seria uma mentira.
A luz ficou mais forte, um pouco de branco contra as cortinas. Seu corpo se abaixou contra a cama. Ele rolou para o lado, uma mão estendida reta e a outra curvando o lençol contra seu peito. Ele encarava a luz crescendo, e eu podia sentir seu medo.
Eu me ajoelhei do lado da cama. Eu quase peguei em sua mão, mas não o fiz. “O que acontece agora?”
“Você quer a verdade, então veja.” Eu esperei que seus olhos se agitassem, sua voz ficasse grogue como se ele estivesse caindo de sono. Mas não aconteceu de se jeito. Ele fechou seus olhos de uma vez. Dor se mostrou em seu rosto. Ele sussurrou. “Dói.”
Seu rosto ficou tranqüilo. Eu já tinha visto pessoas morrerem, assisti a luz sumindo de seus corpos. Sentido suas almas sumirem deles. Isso era o que eu vi. Ele morreu. A luz cresceu contra as cortinas, e quando ela ficou sólida, ele morreu. Sua respiração saiu dele como um longo suspiro.
Eu ajoelhei do lado da cama e encarei ele. Eu conhecia morte quando eu via, e isso era morte. Merda.
Eu coloquei meus braços na cama e deitei minha bochecha neles. Eu assisti ele, esperei que ele respirasse, movesse, qualquer coisa. Mas ele não fez nada. Eu alcancei seu braço esticado.
Meus dedos passaram acima de sua pele, e então toquei ele. A pele ainda era quente, ainda humana, mas ele não se movia. Eu chequei seu punho, e não havia pulso. Nenhum sangue se movia nesse corpo. Ele sabia que estava lá? Ele sentia eu tocando ele? Eu fiquei olhando ele por um tempo que pareceu ser longo. E então isso respondia minha pergunta. Vampiros eram mortos. Seja lá o que animasse eles, era como meu poder, algum tipo de poder necromante. Mas eu conhecia morte quando via. Aquilo dava à necrofilia um bocado de novas possibilidades.
Será que eu tinha apenas imaginado que senti um roce de sua alma deixando seu corpo? Com certeza vampiros não tinham almas, esse era o ponto, mas eu senti algo deixando ele. Se não era uma alma, era o que? Se era uma alma, para onde ela vai durante o dia? Quem vigiava as almas dos vampiros enquanto eles estavam mortos?
Houve uma batida na porta, provavelmente os outro garotos. Eu me levantei, apertei a faixa do roupão. Eu estava fria, e não tinha certeza do por que. Eu fui atender a porta. O corte em minha língua já tinha quase parado de sangrar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

APÍTULO 31


Eu sonhei. No sonho alguém me segurava no colo. Macios braços escuros estavam em volta de mim. Eu olhei para cima, para o rosto sorridente de minha mãe. Ela era a mulher mais bonita do mundo. Eu me apertei contra seu corpo, e o cheiro fresco dela estava lá. Ela sempre cheirou a talco pós banho Hypnotique. Ela se abaixou e me deu um beijo nos lábios. Eu tinha me esquecido no gosto de seu batom, do jeito que ela passava seu dedão em minha boca e ria porque ela tinha deixado um pouco de seu batom vermelho em minha pequena boca.
Seu dedo se afastou de mim com algo mais brilhante que batom. Sangue pingava por ele. Ela cravou sua pele com um alfinete. Estava sangrando. Ela segurou seu dedo para mim e disse, “Beije, Anita, faça tudo ficar melhor.”
Mas havia sangue demais. Corria por sua mão. Eu olhei para seu rosto sorridente e para o sangue descendo como chuva. Eu acordei sentando e abrindo bem os olhos no sofá de veludo, engasgando para respirar. Eu ainda podia sentir seu batom em minha boca, e o cheiro do Hypnotique preso em mim.
Larry se sentou no outro sofá, esfregando seus olhos. “O que há de errado? Nós recebemos nossa ligação para acordar?”
“Não, eu tive um sonho ruim.”
Ele assentiu, espreguiçou e então franziu a testa. “Você está sentindo esse perfume?”
Eu encarei ele. “O que você quer dizer?”
“Perfume, ou talco, ou outra coisa. Consegue sentir?”
Eu respirei fundo e quase me choquei com meu pulso. “Sim. Eu posso sentir.”
Eu me livrei da coberta e joguei o travesseiro pelo quarto.
Larry abaixou suas pernas do sofá. “O que há de errado com você?”
Eu fui até a janela e abri as cortinas. A porta do quarto estava fechada, e Jean-Claude estava seguro lá dentro. Jason estava dormindo lá. Eu parei na luz do sol e deixei o calor me cobrir. Eu me encostei contra o vidro quente, e só então eu percebi que não estava usando nada além da minha camiseta grande e roupas de baixo. Ah, bem. Eu fiquei parada na luz do sol por alguns minutos, esperando meu pulso se acalmar.
“Serephina me mandou um sonho. O cheiro é o perfume da minha mãe.”
Larry veio ficar do meu lado. Ele estava usando um par de shorts de ginásio e uma camiseta verde. Seu cabelo ruivo anelado estava apontado para todas as direções. Seus olhos azuis pareciam vesgos quando ele deu passo para a luz.
“Eu pensei que apenas um vampiro que tem alguma conexão com você, um laço com você, poderia invadir seus sonhos.”
“Isso foi o que pensei.” Eu disse.
“Como eu posso ter sentido o perfume do seu sonho?”
Eu balancei minha cabeça, minha testa contra o vidro. “Eu não sei.”
“Ela te marcou?”
“Eu não sei.”
Ele tocou meu ombros, apertando ele. “Ficará tudo bem.”
Eu dei um passo para longe dele. “Não ficará tudo bem, Larry. Serephina invadiu meu sonho. Ninguém, além de Jean-Claude, tinha feito isso antes.” Eu parei, porque isso não era verdade. Nikolaos tinha feito isso. Mas foi depois dela ter me mordido. Eu balancei minha cabeça. De qualquer jeito, isso era um grande mal sinal.
“O que você vai fazer?”
“Matar ela.”
“Assassinar ela, você quer dizer.”
Se os olhos sérios de Larry não estivessem me encarando, eu teria dito, “Pode apostar.” Mas era difícil contemplar assassinatos quando alguém te encarava como se você tivesse chutado o cachorrinho favorito dele.
“Eu tentarei arranjar um mandato.” Eu disse.
“Se não conseguir?”
“Se for ela ou eu, Larry, então vai ser ela. Ok?”
Larry olhou para mm tristemente. “O que eu fiz ontem a noite foi assassinato. Eu sei disso, mas eu não fui até lá planejando matar alguém.”
“Fique nesse ramo por tempo suficiente e você irá.”
Ele balançou sua cabeça. “Eu não acredito nisso.”
“Acredite no que quiser, mas ainda é a verdade. Essas coisas são perigosas demais para jogarmos de forma justa.”
“Se você realmente acredita nisso, então como você pode namorar o Jean-Claude? Como você pode deixar ele te tocar?”
Eu balancei minha cabeça. “Eu nunca disse que eu era coerente.”
“Você não pode defender a si mesma, pode?”
“Defender do que? De matar a Serephina ou namorar o Jean-Claude?”
“Qualquer um, os dois. Inferno, Anita, se você é um dos caras maus você não pode ser um dos caras bons.”
Eu abri minha boca e a fechei. O que eu poderia dizer? “Eu sou um dos caras bons, Larry. Mas eu não vou ser uma mártir. Se isso significa quebrar as regras, então que seja.”
“Você vai arranjar um mandato?” Seu rosto era bem neutro enquanto perguntou. Ele parecia mais velho de repente. Mesmo com seus cachos laranja bagunçados, ele parecia solene.
Eu estava assistindo Larry ficar mais velho diante dos meus olhos. Não em idade, mas em experiência. A expressão em seus olhos era mais velha do que a de alguns meses atrás. Visto demais, feito demais. Ele ainda tentava ser o Sir. Galahad, mas Galahad tinha Deus do seu lado. Tudo que Larry tinha era eu. Não era o suficiente.
“O único jeito de eu conseguir um mandato de morte é mentindo.” Eu disse.
“Eu sei.” Ele disse.
Eu encarei ele. “Serephina não quebrou nenhuma lei, ainda. Eu não mentirei sobre isso.”
Ele sorriu. “Bom. Quando vamos encontrar Dorcas Bouvier?”
“Às três.”
“Você já descobriu o que você pode sacrificar para levantar os zumbis que Stirling quer?” Ele perguntou.
“Nah.”
Ele olhou para mim. “O que você vai dizer para Stirling?”
Eu balancei minha cabeça. “Eu não sei ainda. Eu queria saber o porquê dele ter ficado tão agitado para matar Bouvier.”
“Ele queria a terra.” Larry disse.
“Stirling e Companhia tem falado família Bouvier, não Magnus Bouvier. Isso significa que ele não é o único dono dela. Então matar Magnus não resolveria os problemas dele.”
“Então por que ele fez aquilo?” Larry disse.
“Exatamente.” Eu disse.
Larry assentiu. “A gente precisa falar com Magnus de novo.”
“De preferência sem ter a Serephina nos arredores.” Eu disse.
“Amém para isso.” Larry disse.
“Eu amaria falar com Magnus, mas antes de abordamos Sr. Bouvier de novo, eu gostaria de achar alguma ungüento contra fairie.”
“Alguma o que?”
“Você não teve nenhuma aula sobre fairies?”
“Era opcional.” Ele disse.
“Ungüento contra fairie te protege contra glamor. Apenas no caso de Magnus estar escondendo alguma coisa desagradável além de Serephina.”
“Nada mais desagradável que isso.” Ele disse.
“Verdade, mas só no caso, ele não poderá usar mágica em nós. Na verdade, não é uma precaução ruim antes de encontrarmos Dorrie. Ela pode não ser tão assustadora quanto Magnus, mas ela brilha, e eu quero estar pronta, mesmo que ela não brilhe para nós.”
“Você acha que Serephina achará Jeff Quinlan?”
“Se alguém pode, vai ser lá. Ela parecia bem confiante que poderia dar conta de Xavier, mas então, Jean-Claude também estava bem confiante que poderia dar conta de Serephina noite passada. Ele estava errado.”
Ele franziu a testa. “Então estamos Serephina é nossa base?”
Parecia errado, colocando dessa forma, mas eu assenti. “Se tiver uma escolha entre um vampiro que obedece a maioria das leis e um que mata crianças, aham, nós estamos do lado dela.”
“Você estava falando de matar ela há um tempinho atrás.”
“Eu posso ficar fora do caminho dela até ela salvar Jeff, e matar Xavier.”
“Por que ela mataria ele?” Larry perguntou.
“Ele está matando pessoas no território dela. Ela pode dizer o que quiser, mas isso é um desafio direto a autoridade dela. Além do mais, eu não acho que Xavier vai desistir de Jeff sem uma briga.”
“O que você acha que aconteceu com ele noite passada?” Larry perguntou.
Eu balancei minha cabeça. “Não vai fazer nenhum bem revirarmos isso, Larry. Nós estamos fazendo tudo que podemos.”
“Nós poderíamos contar para o FBI sobre Serephina.”
“Uma coisa que eu aprendi é que vampiros mestres não falam com policiais. Muitos anos de policiais matando eles em seqüência, ou tentando.”
“Ok.” Ele disse. “Mas nós ainda precisamos achar alguma coisa grande o suficiente para sacrificar, para levantar o cemitério hoje a noite.” Ele disse.
“Eu pensarei nisso.”
“Você realmente não tem idéia do que fazer?” Ele soava surpreso.
“Além de com um sacrifico humano, Larry, eu acho que não consigo levantar cadáveres de trezentos anos. Até eu tenho meus limites.”
Ele sorriu abertamente. “Bom ouvir você admitindo isso.”
Eu tive que sorrir. “Isso será nosso pequeno segredo.”
Ele levantou sua mão, e eu bati nela. Ele e bateu na minha de volta, e eu me senti melhor. Larry tinha um jeito de me fazer sorrir. Amigos farão isso com você.

 

 


CAPÍTULO 32


Dorcas Bouvier estava encostada em um carro no estacionamento. Seu cabelo brilhava na luz do sol, mexendo enquanto ela movia, como água pesada. Em um jeans e uma camiseta verde, ela estava impecável. Larry tentava não encarar ela, mas era um trabalho duro. Larry estava vestindo uma camiseta azul, jeans, Nikes brancos, e uma grande camiseta de flanela quadriculada para esconder sua pistoleira de ombro.
Eu estava com jeans e uma blusa pólo de um azul marinho, Nickes pretos, e uma grande camiseta azul. Eu tive que pegar emprestada de Larry depois de minha jaqueta preta ter sido coberta com meleca de vampiro.
Eu precisava de algo para esconder a Browning. Fazia as pessoas ficarem nervosas sair com a arma nua. Larry e eu parecíamos como se tivéssemos vestido do mesmo armário.
Dorrie desencostou do carro. “Podemos ir?”
“Nós gostaríamos de falar com Magnus.”
“Para então você poder levar ele para o policia?”
Eu balancei minha cabeça. “Para então nós descobrirmos o porquê de Stirling querer tanto matar ele.”
“Eu não sei onde ele está.” Dorcas disse.
Talvez apareceu em meu rosto, porque ela disse, “Eu não sei onde ele está, mas se eu soubesse, eu não te diria. Usar mágica em policiais é um caso de pena de morte. Eu não vou dedar ele.”
“Eu não sou policial.”
Ela olhou para mim, cerrando os olhos. “Você veio para ver Ossos Sangrentos ou pra me questionar sobre meu irmão?”
“Como você sabia que deveria esperar por nós aqui?” Eu perguntei.
“Eu sabia que vocês estariam aqui na hora.” Suas pupilas se moveram, diminuindo até um pequeno ponto, como olhos de um papagaio em êxtase.
“Vamos.” Eu disse.
Ela nos guiou até a parte de trás do restaurante onde tocava o bosque. Um caminho começava na clareira. Era aberto o suficiente apenas para um homem. Mesmo enquanto andávamos em uma fila, os galhos batiam nos meus ombros. As novas folhas roçavam minha bochecha como veludo.
O caminho era profundo e encurvado abaixo nas árvores enraizadas, mas ervas estavam começando a enraizar no chão, como se elas não fossem usadas tanto como antes.
Dorria descia pelo chão desigual com um fácil e balanceado caminhar. Ela era, obviamente, familiar com o caminho, mas era mais que isso. Os galhos das árvores que prendiam em minha camisa não prendiam em seu cabelo. As raízes que tentavam me fazer tropeçar não a faziam diminuir o ritmo.
Nós achamos o ungüento em uma loja de comida saudável. Então os arbustos movendo para ela,e não para nós, era real, não era ilusão. Talvez glamor não era a única coisa para se preocupar. Que era o porque da Browning estar carregada com balas que não eram de parta. Eu tive que sair e comprar algumas para a ocasião especial. Larry estava carregado com elas também, e pela primeira vez, eu desejei que ele tivesse duas armas. Eu ainda tinha a Firstar com as balas de prata, mas Larry estaria sem sorte se um vampiro pulasse na gente. Mas é claro, ainda estávamos em plena luz do dia. Eu estava mais preocupada com fairies do que vampiros nesse minuto. Havia sal em nossos bolsos da camisa, não tanto, mas você não precisava de muito, apenas o suficiente para jogar no fey ou na coisa com magia. Sal interrompia mágica fey. Temporariamente.
Uma brisa veio pelo chão. Cresceu de vento até uma rajada interminável. O ar cheirava a limpo e fresco. Você espera que o começo do tempo cheire assim, como pão fresco, roupa limpa, memórias da infância em uma primavera. Provavelmente cheirava como ozônio e água de pântano. Realidade quase sempre cheirava pior que os sonhos acordados.
Dorrie parou e se virou para a gente. “As árvores depois do caminho são apenas ilusão. Elas não são sólidas.”
“Que árvores?” Larry perguntou. Eu xinguei em silencio. Seria bom manter o ungüento em segredo.
Dorrie deu dois passos em nossa direção. Ela encarou meu rosto pro centímetros de distância, e então fez uma cara de como tivesse visto algo sujo. “Você está usando ungüento.”
Ela soou como se fosse uma coisa muito ruim.
“Magnus tentou nos deslumbrar duas vezes. Não há nada de errado em ser cautelosa.” Eu disse.
“Bem, nossas ilusões não serão importante para você, então.” Ela deu um passo rápido para trás, deixando nós tropeçando depois dela.
O caminho levava até uma clareira que era quase um circulo perfeito. Havia um pequeno monte no meio com uma pedra branca céltica no meio de um monte de vibrantes flores azuis. Cada pedaço do chão estava coberto por Bluebells*. Inglesas Bluebells, densas e frescas, mais azuis que o céu.
(*http://www.freefoto.com/images/12/36/12_36_1---Bluebells_web.jpg)
Flores nunca cresciam nesse país sem ajuda. Elas nunca cresceram em Missouri sem mais água que o normal. Mas estar parada em uma sólida quantidade de azul coberto por árvores, parecia que crescia.
Dorrie parou congelada coberta quase até os joelhos por flores. Ela estava parada com a boca aberta, um olhar de horror em seu adorável rosto.
Magnus Bouvier estava ajoelhado nas flores, no topo do pequeno monte, perto do cruzamento. Sua boca estava brilhando com sangue fresco. Algo moveu em volta dele, na frente dele. Algo que mais se sentia do que via. Se era uma ilusão, o ungüento tomaria conta daquilo. Eu tentei olhar para aquilo, tentando não focar nele. Algumas vezes visão periférica funcionava melhor com mágica do que olhar diretamente.
Pelo canto do meu olho eu pude ver o ar nadando em algo que era quase uma forma. Era maior que um homem.
Magnus se virou e nos viu. Ele se levantou abruptadamente, e o ar nadando sumiu em um piscar, como se nunca tivesse ali. Ele passou a manga de sua blusa em sua boca.
“Dorrie...” Sua voz estava macia e estrangulada.
Dorrie subiu até o monte. Ela gritou, “Blasfêmia!” e deu um tapa nele. Eu pude ouvir o som do tapa cruzando a clareira.
“Ai.” Larry disse. “Por que ela está louca?”
Ela bateu nele de novo, forte o suficiente para o fazer sentar nas flores. “Como você pôde? Como você pode fazer algo tão asqueroso?”
“O que ele fez?” Larry perguntou.
“Ele esteve se alimentando de Cabeça Crua e Ossos Sangrentos, como seu ancestral.” Eu disse.
Dorrie se virou para mim. Ela parecia pálida, horrorizada, como se tivesse pego seu irmão molestando uma criança. “Era proibido se alimentar.” Ela se virou de volta para Magnus. “Você sabia disso!”
“Eu queria o poder, Dorrie. Que mal isso tem?”
“Que mal? Que mal?” Ela pegou uma mão de seu longo cabelo e o colocou de joelhos. Ela expôs a marca de presas em seu pescoço. “É por isso que a criatura pode chamar você. É por isso que um dos Daoine Sidhe, até mesmo um meio gerado como você, é chamado pela morte.” Ela o soltou to abruptadamente que ele caiu em suas mãos e joelhos.
Dorrie se sentou na flores e chorou.
Eu entrei nas flores. Elas se separavam como água, mas elas não se moviam. Elas apenas nunca estavam exatamente onde você pisava.
“Jesus, elas estão se movendo para fora do caminho?” Larry disse.
“Não exatamente.” Magnus disse. Ele desceu o monte para ficar na base. Ele estava usando o smoking branco da noite anterior, ou o que restava dele. A mancha de sangue em sua manga estava bem brilhante contra a brancura.
Nós caminhamos pelas flores, que estavam e não estavam se movendo, para juntar até ele na frente do monte.
Ele colocou seu cabelo atrás das orelhas para seu rosto ficar visível. E não, suas orelhas não eram pontudas. Onde esses rumores começaram?
Ele encontrou meus olhos sem se encolher. Se ele estava envergonhado do que tinha feito, não parecia. Dorrie ainda estava choramingando nas flores como se seu coração tivesse sido partido.
“Então agora você sabe.” Ele disse.
“Você não pode fazer um fairie sangrar, na carne, ou não, sem um ritual mágico. Eu li o feitiço, Magnus. Uma coisa excelente.” Eu disse.
Ele sorriu para isso, e seu sorriso ainda era adorável, mas o sangue nos cantos de sua boca arruinava o efeito. “Eu tive que me unir com a besta. Eu tive que dar a ela um pouco da minha mortalidade em troca de seu sangue.”
“O feitiço não é uma ajuda para ganhar sangue.” Eu disse. “É para ajudar fairies matarem uns ao outros.”
“Se aquilo ganhou algo da sua mortalidade, você ganhou alguma da imortalidade dele?” Larry perguntou. Era uma boa pergunta.
“Sim.” Magnus disse. “Mas não foi por isso que eu fiz isso.”
“Você fez pelo poder, seu filho da puta.” Dorrie disse. Ela desceu o monte, deslizando pelas flores estranhas. “Você apenas tinha o glamor real, a mágica real. Meu Deus, Magnus, você deve estar bebendo o sangue daquilo por anos, desde que você era um adolescente. Foi quando seu poder de repente ficou mais forte. Nós todos pensamos que era a puberdade.”
“Temo que não era, querida irmã.”
Ela cuspiu para ele. “Nossa família foi amaldiçoada, presa a essa terra para sempre por causa do que você tem feito. Ossos Sangrentos conseguiu fugir a última vez que alguém se uniu a ele para beber de suas veias.”
“Aquilo está aprisionado em segurança por dez ano, Dorrie.”
“Como você sabe? Como você sabe que essa coisa nebulosa que você chamou não esteve assustando crianças?”
“Contanto que não machuque nenhuma delas, qual o problema?”
“Espere um minuto.” Larry disse. “Por que aquilo assustaria crianças?”
“Eu te disse, é um bicho papão. Supostamente ele come crianças más.” Eu disse. Eu tive uma idéia, uma terrível idéia. Eu tinha visto um vampiro usar uma espada, mas tinha certeza absoluta do que eu tinha visto? Não. “Quando a coisa fugiu e começou a massacrar a tribo dos índios, ele usou uma arma, ou suas mãos?”
Dorrie olhou para mim. “Eu não sei. Isso importa?”
Larry disse. “Ah meu Deus.”
“Pode importar um bocado.” Eu disse.
“Você não pode estar falando daqueles assassinatos.” Magnus disse. “Ossos Sangrentos não pode se manifestar fisicamente. Eu sei disso.”
“Tem certeza, querido irmão? Você tem certeza absoluta?” A voz de Dorrie era cortante, ela empurrava o desprezo como uma arma.
“Sim, eu tenho certeza.”
“Nós vamos ter que arranjar uma bruxa para olhar isso. Eu não sei o suficiente sobre essas coisas.” Eu disse.
Dorrie assentiu. “Eu entendo. Quanto mais cedo, melhor.”
“Cabeça Crua e Ossos Sangrentos não fizeram essa matança.” Magnus disse.
“Para a sua segurança, Magnus, é melhor que não tenha sido.” Eu disse.
“O que você quer dizer?”
“Cinco pessoas morreram. Cinco pessoas que não fizeram merda nenhuma para merecer isso.”
“Aquilo está aprisionado por uma combinação de poder dos índios, cristão e dos fairies.” Ele disse. “Ele não se livrou disso.”
Eu andei por volta do monte devagar. As flores frescas se moviam e não moviam, era como tentar ver uma delas florescer. Você sabia que elas floresciam, mas você nunca poderia ver o evento na hora.
Eu ignorei as flores e concentrei no monte. Eu não estava tentando sentir mortos, então a luz do dia estava bem. Havia mágica ali, um bocado dela. Eu nunca tinha sentido mágica fairie antes. Havia algo ali que tinha um sabor familiar, e não era o cristianismo. “Algum tipo de mágica de morte foi usada nisso.” Eu disse. Eu andei em volta do monte até que pude ver o rosto de Magnus. “Um pequeno sacrifício humano, talvez?”
“Não exatamente.” Magnus disse.
“Nós nunca usaríamos sacrifício humano.” Dorrie disse.
Talvez ela não iria, mas eu não tinha tanta certeza quanto a Magnus. Eu não disse isso em voz alta. Dorrie já estava chateada o suficiente.
“Se não é sacrifício humano, então o que é?”
“Três colinas estão cheias com nossas mortes. Cada morte era como uma estaca para segurar Ossos Sangrentos.” Magnus disse.
“Como você perdeu o caminho de quais colinas pertenciam a você?”
“Faz quase 300 anos.” Magnus disse. “Não houve nenhuma obra até então. Eu não tinha cem por cento de certeza que a colina era por direito minha. Mas quando rastrearam a morte, eu senti.” Ele se abraçou como se o ar de repente tivesse ficado gelado. “Você não pode levantar os mortos daquele lado da colina. Se você fizer isso, então perderemos Ossos Sangrentos. A mágica é complicada. Sinceramente, eu não tenho certeza se consigo fazer sozinho. E eu não conheço nenhum índio Shaman mais.”
“Você tem feito uma farsa de cada coisa que conseguimos.” Dorrie disse.
“O que Serephina te ofereceu?” Eu perguntei.
Ele olhou para mim, surpreso. “Do que você está falando?”
“Ela oferece a cada um o desejo de seus corações. Qual era o seu, Magnus?”
“Liberdade e poder. Ela disse que acharia outro guardião para Cabeça Crua e Ossos Sangrentos. Ela disse que acharia um jeito para eu manter o poder que peguei dele sem precisar de me unir a ele.”
“E você acreditou nela?”
Ele balançou sua cabeça. “Eu sou a única pessoa da família que tem o poder. Nós somos os guardiões para sempre, para dar a penitencia a quem o roubar, ou o deixar matar.” Ele caiu de joelhos nas flores azuis, azuis, sua cabeça inclinada, cabelo caindo por seu rosto. “Eu nunca serei livre.”
“Você não merece ser livre.” Dorrie disse.
“Por que Serephina te queria tanto?” Eu perguntei.
“Ela tem medo da morte. Ela disse que beber de algo que tenha vida longa, como eu, ajuda a manter a morte distante.”
“Ela é um vampiro.” Larry protestou.
“Mas não imortal.” Eu disse.
Magnus olhou para cima, seus estranhos olhos azuis como água brilhando por seu cabelo sedoso. Talvez fosse o cabelo, ou os olhos, ou estar coberto pelas flores esquisitas que se moviam e não moviam, mas ele não parecia muito humano.
“Ela teme a morte.” Ele disse. “Ela teme você.” Sua voz era baixa e ecoante.
“Ela quase acabou comigo noite passa. Por que ela tem medo de mim?”
“Você trouxe morte por nós ontem a noite.”
“Não pode ter sido a primeira vez.” Eu disse.
“Ela veio até a mim por uma vida longa, pelo meu sangue imortal. Talvez ela vá até você na próxima vez. Talvez em vez de correr da morte, ela irá abraça-la.”
A pele de meus braços deram um tique, mandando arrepio até meu ombro. “Ela te disse isso ontem a noite?”
“Há poder envolvido, machucando seu antigo inimigo Jean-Claude, mas no final, Anita, ela imagina se seu poder fará alguma diferença. Se ela bebesse de você, ela seria imortal? Você será capaz de manter a morte longe dela com seu poder de necromante?”
“Você poderia ter saído da cidade.” Larry disse. Eu não tinha certeza com quem de nós ele estava falando.
Eu balancei minha cabeça. “Vampiros mestres não desistem tão facilmente. Eu direi para Stirling que não levantarei os mortos, Magnus. Ninguém mais além de mim consegue fazer isso, então não será feito.”
“Mas eles não vão devolver as terras.” Magnus disse numa voz estranha. “Se eles simplesmente explodissem a montanha, o resultado seria o mesmo.”
“Isso é verdade, Dorrie?”
Ela assentiu. “Pode ser.”
“O que você quer que eu faça?” Eu perguntei.
Magnus engatinhou pelas flores, olhando para mim por sua brilhante cortina de cabelo. Seus olhos eram ondas verdes e azuis, dando voltas até que me deixasse tonta. Eu olhei para longe.
“Levante alguns dos mortos. Você pode fazer isso?” Ele perguntou.
“Sem nem suar.” Eu disse. “Mas os advogados de todo mundo irão concordar com isso?”
“Eu verei isso.” Ele disse.
“Dorrie?” Eu perguntei.
Ela assentiu. “Eu vou ver com ele.”
Eu encarei Magnus por um momento. “Serephina realmente irá resgatar o garoto?”
“Sim.” Ele disse.
Eu encarei ele. “Então eu te verei hoje a noite.”
“Não, eu estarei bem e verdadeiramente bêbado de novo. Não é infalível, mas ajuda ela a sossegar ela.”
“Certo. Eu levantei seu tanto de mortos. E manterei sua terra salva.”
“Você tem nossa gratidão.” Magnus disse. Ele parecia feroz, espantoso e bonito abaixado nas flores. Sua gratidão serviria para algo se Serephina não o matasse primeiro.
Inferno, se ela não me matasse primeiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 33


Eu liguei para o Agente Especial Bradford mais tarde. Eles não tinham achado Xavier. Eles não tinham achado Jeff. Eles não tinham achado nenhum vampiro que eu precisava matar. E por que diabos eu tinha ligado para ele? Eu não estava no caso, lembra? Eu lembrava. E sim, as duas vítimas jovens tinham sido agredidas sexualmente, mas não no mesmo dia que foram mortas. Eu provavelmente deveria ter trazido Magnus, mas ele era o único que entendia dos feitiços em Ossos Sangrentos. Ele não nos faria nenhum bem se fosse preso. Dorrie conhecia uma bruxa local que ela confiava. Eu achava que talvez Ossos Sangrentos fosse nosso assassino. Eu nunca tinha visto um vampiro se esconder tão completamente de mim como esse que matou Coltrain. Eu adicionei a coisa na minha lista de suspeitos, mas não contei aos policiais. Agora eu estava feliz que não tinha contado. A agressão sexual tinha a assinatura de Xavier totalmente. Além do mais, explicar que um bicho papão da Escócia estava cometendo assassinatos em um segundo plano soava inalcançável até para mim.
O céu estava cheio de nuvens que resplandeciam como jóias. Elas brilhavam e se estendiam pelo céu como um gigante manto que alguma criatura grande tinha cortado com grandes garras. Através dos buracos nas nuvens, o céu se via preto atrás, com algumas estrelas diamantes brilhando o suficiente para completar o resplandecente céu.
Eu parei no topo da colina olhando o céu, respirando o ar de primavera gelado. Larry parou do meu lado, olhando para cima. Seus olhos refletiam a brilhante luz.
“Vamos seguir com isso.” Stirling disse.
Eu me virei e olhei para ele. Para ele, Bayard e Sra., Harrison. Beau tinha vindo com eles, mas eu o fiz esperar na base da montanha. Eu até disse para ele que se ele mostrasse a cara no topo, eu colocaria uma bala nela. Eu não tinha certeza se Stirling tinha acreditado em mim, mas Beau tinha.
“Você não é um apreciador da beleza da natureza, não é, Raymond?”
Mesmo na luz da lua eu consegui ver sua testa franzida.
“Eu quero isso acabado, Srta. Blake. Agora, hoje a noite.”
Estranhamente o suficiente, eu concordava com ele. Isso me fez ficar nervosa. Eu não gostava de Raymond. Me fazia querer argumentar com ele, apesar de eu concordar. Mas eu não argumentei. Ponto para mim.
“Eu terei isso feito essa noite, Raymond, não se desgaste.”
“Por favor, pare de me chamar pelo meu primeiro nome, Srta. Blake.” Ele fez o pedido através de dentes cerrados, mas ele disse ‘por favor’.
“Certo. Eu terei isso terminado essa noite, Sr. Stirling. Ok?”
Ele assentiu. “Obrigado. Agora, vá em frente.”
Eu abri minha boca para dizer algo esperto, mas Larry disse bem suavemente. “Anita.”
Ele estava certo, como de costume. Por mais que pegar no pé de Stirling fosse divertido, eu estava apenas atrasando o inevitável.
Eu estava cansada de Stirling, de Magnus, e de tudo. Era hora de trabalhar e ir para casa. Bem, talvez não diretamente para casa. Eu não iria embora sem Jeff Quinlan, de um jeito ou de outro.
A cabra tinha um alto e questionador lamento. Ela tinha sido presa no meio do cemitério de ossos. Ela era marrom e branca com aqueles estranhos olhos amarelos que elas tinham as vezes. Tinha caídas orelhas brancas e parecia gostar de ter o topo de sua cabeça coçada. Larry havia acariciado ela durante o caminho no Jeep. Sempre uma má idéia. Nunca seja amistoso com os sacrifícios. Fazia ser mais difícil matá-los depois.
Eu não tinha acariciado a cabra. Eu sabia melhor. Ela era a primeira cabra de Larry. Ele iria aprender. Fácil ou difícil, ele iria aprender. Haviam mais duas cabras na parte debaixo da colina. Uma delas era ainda menor e mais fofa que essa.
“Não deveríamos ter os advogados dos Bouvier presentes, Sr. Stirling?” Bayard disse.
“Os Bouvier renunciaram ter seus representantes presentes.” Eu disse.
“Por que eles fariam isso?” Stirling perguntou.
“Eles confiam que eu não mentirei para eles.” Eu disse.
Stirling me olhou por um longo momento.
Eu não podia ver seus olhos claramente, mas eu podia sentir as rodas dentro de sua cabeça se movendo.
“Você irá mentir para eles, não vai?” Ele disse. Sua voz era gelada, repressiva e brava demais para aquecer.
“Eu não minto sobre os mortos, Sr. Stirling. As vezes sobre os vivos, mas nunca sobre os mortos. Além do mais, Bouvier não me ofereceu suborno. Por que eu o ajudaria se ele não jogou dinheiro para mim?”
Larry não me chamou dessa vez. Ele estava olhando para Stirling também. Imaginando o que ele diria, talvez.
“Você fez seu ponto, Srta. Blake. Podemos seguir com isso agora?” Ele soava racional, normal de repente. Toda aquela raiva, toda a desconfiança, tinham ido para outro lugar. Mas não estava em sua voz.
“Tudo bem.” Eu ajoelhei e abri a mochila de ginásio em meu pé. Eu levei meu equipamento de animação. Eu tinha um outro que era equipamento para vampiros. Eu costumava apenas transferir seja lá o que eu quisesse na mochila. Eu comprei uma segunda mochila depois que de aparecer em uma reanimação de zumbi com a mochila errada. E também era ilegal carregar coisas de assassinar vampiros se você não tinha uma ordem de execução junto.
A lei de Brewster talvez mudasse isso, mas até lá... eu tinha duas mochilas. A de zumbis era a minha normal, vermelha, a de vampiros era branca. Mesmo no escuro era fácil de distingui-las. Esse era o plano.
A mochila de zumbis de Larry era de um verde quase virulento com adolescentes Tartarugas Ninjas mutantes nela.
Eu quase tinha medo de perguntar como a mochila de vampiros dele era.
“Me deixe testar meu entendimento aqui.” Larry disse. Minhas palavras ecoaram para mim. Ele se ajoelhou e abaixou o zíper da mochila dele.
“Vá em frente.” Eu disse. Eu tirei meu pote de pomada. Eu conhecia animadores que tinham recipientes especiais para pomadas. Vasilhas, conchas de vidro de com símbolos místicos cravados nos lados. Eu usava um velho pote Mason, que uma vez minha avó Blake guardou seus feijões verdes.
Larry pescou um pote de manteiga de amendoim que ainda estava com a etiqueta. Extra-pastoso. Delícia.
“Nós temos que levantar no mínimo três zumbis, certo?”
“Certo.” Eu disse.
Ele olhou em volta para os ossos dispersos. “Uma tumba em massa é difícil de levantar, certo?”
“Isso não é uma tumba em massa. É um antigo cemitério que foi perturbado. Isso é mais fácil que uma tumba em massa.”
“Por que?” Ele perguntou.
Eu deitei o facão no chão, do lado do pote de pomada. “Por que cada cova tem um ritual realizado que ata o morto em individual na cova, então se você chamar ele, você tem uma chance melhor de conseguir uma resposta individual.”
“Resposta?”
”Ele levantar da morte.”
Ele assentiu. Ele deitou sua malvada curvada faca no chão. Parecia como uma puta cimitar*.
(*http://3.bp.blogspot.com/_IDQKk7xQ6m4/R7Ss3B0sVLI/AAAAAAAABG8/0j5cchFyjt0/s400/cimitarra.bmp).
“Onde você arranjou isso?”
Ele abaixou sua cabeça e eu estava apostando que ele tinha ficado vermelho, eu apenas não podia ver na luz da lua.
“Um cara do colégio.”
“Onde ele arranjou isso?”
Larry olhou para mim, surpresa claramente em seu rosto. “Eu não sei. Tem algo de errado com isso?”
Eu balancei minha cabeça. “Ela só é um pouco sofisticada para cortar cabeça de galinhas e abrir gargantas de algumas cabras.”
“Ela é boa nas minhas mãos.” Ele encolheu os ombros. “Além do mais, ela é legal.” Ele sorriu abertamente para mim.
Eu balancei minha cabeça, mas deixei para lá. Eu realmente precisava de um facão para arrancar cabeças de galinhas? Não, mas uma vaca ocasionalmente, sim.
Por que, você perguntaria, nós não temos uma vaca esta noite? Ninguém venderia uma para Bayard. Ele teve a brilhante idéia de dizer aos fazendeiros o por que queríamos uma. O pessoal temente a Deus venderiam suas vacas para serem comidas, mas não para levantar zumbis. Bastardos preconceituosos.
“O mais novo dos mortos daqui tem 200 anos, certo?” Larry perguntou.
“Certo.” Eu disse.
“Nós vamos levantar no mínimo 3 desses cadáveres em condições boas o suficiente para responder a eles as perguntas.”
“Esse é o plano.” Eu disse.
“Nós conseguimos fazer isso?”
Eu sorri para ele. “Esse é o plano.”
Seus olhos se abriram mais. “Droga, você também não sabe se conseguimos, não é?” Sua voz tinha caído para um sussurro assombrado.
“Nós levantaremos 3 zumbis em cada noite como sempre. Nós apenas estamos fazendo todos sem intervalo.”
“Nós não levantamos zumbis de 200 anos sempre.”
“Verdade, mas a teoria é a mesma.”
“Teoria?” Ele balançou sua cabeça. “Eu sei que estamos em problemas quando você começa a falar sobre teorias. Nós conseguimos fazer isso?”
A resposta sincera era não, mas o que dava ordens mais que qualquer outra coisa, dizendo se você poderia levantar ou não era a confiança. Acreditar que você podia fazer. Então... eu estava tentada a mentir. Mas não menti. Sinceridade entre Larry e mim.
“Eu acho que conseguimos.”
“Mas você não tem certeza.” Ele disse.
“Não.”
“Jesus, Anita.”
“Não vem tagarelar pra mim. Nós podemos fazer isso.”
“Mas você não tem certeza.”
“Eu não tenha certeza se vamos sobreviver ao vôo de volta para casa, mas ainda assim eu entrarei no avião.”
“Isso era para ser confortante?” Ele perguntou.
“É.”
“Não foi.” Ele disse.
“Desculpe, mas isso é o melhor que vai ganhar. Você quer certezas, seja um contador.”
“Eu não sou bom em matemática.”
“Nem eu.”
Ele puxou o ar profundamente e o soltou devagar. “Certo, chefe, como a gente combina poderes?”
Eu disse a ele.
“Genial.” Ele não parecia mais nervoso. Ele parecia ansioso. Larry talvez quisesse ser um executor de vampiros, mas ele era um animador. Não era uma escolha de carreira, era um dom, ou uma maldição. Ninguém poderia te ensinar a levantar mortos, ao menos que tivesse o poder em seu sangue. A genética é uma coisa maravilhosa: olhos castanhos, cabelos anelados, levantar zumbis.
“Qual pomada você quer usar?” Larry perguntou.
“A minha.”
Eu dei a Larry o recipiente da pomada e disse a ele quais ingredientes você não podia brincar, como a natureza do cemitério, mas ali havia espaço para experimentos. Cada animador tinha sua própria receita. Você nunca sabe como a pomada de Larry poderia cheirar. Para compartilhar poder você usa a mesma pomada, então estávamos usando a minha.
Pelo o que eu sabia, nós não tínhamos que usar a mesma pomaada, mas eu apenas compartilhei meu poder três vezes. Duas vezes com o homem que me treinou como animadora. Ambas as vezes usamos a mesma pomada. Eu agi como o foco todas as três vezes. O que significava que eu estava no cargo. Onde eu gostaria de estar, certo?
“Eu posso agir como o foco?” Larry perguntou. “Não dessa vez, mas depois?”
“Se a oportunidade surgir novamente, a gente pode tentar.” Eu disse. A verdade era que eu não sabia se Larry tinha poder para ser o foco.
Esses que podiam eram desconfiados pelo resto, e a maioria não jogava com a gente. Nós iríamos literalmente compartilhar nossos poderes. Um monte de animadores não queriam fazer isso. Havia uma teoria que você podia permanentemente roubar a mágica do outro. Mas eu não comprei essa. Levantar mortos não era como um encanto mágico que alguém poderia levar com eles e te deixar sem. Animação esta construído nas células de nossos corpos. É parte de nós. Você não pode roubar isso.
Eu abri a pomada, e o ar de primavera de repente cheirava como árvores de natal. Eu usei um bocado de romeiras.
A pomada era densa, cerosa e sempre era gelada.
Flecks of glowing graveyard mold looked like ground-up lightning bugs.*
Eu espalhei pomada pela testa de Larry, e abaixo em suas bochechas. Ele tirou sua camiseta da calça e levantou ela para eu passar em cima seu coração. Que era mais difícil que parecia com a pistoleira de ombro, mas ambos estávamos usando um.
(*Se eu traduzir palavra por palavra não vai ter sentido. Então passo essa pra Noelle. xD)
Eu tinha deixado minhas duas facas e arma extra no Jeep.
Eu toquei sua pele e senti seu coração batendo debaixo da minha mão. Eu segurei para Larry o pote Mason. Ele enfiou dois dedos na densa pomada. Ele passou ela pelo meu rosto. Suas mãos eram firmes, rosto inexpressivo com concentração. Olhos totalmente sérios.
Eu desabotoei a blusa pólo e Larry deslizou seus dedos dentro para tocar meu coração. Seus dedos passaram pela corrente do meu crucifixo, o derramando para fora da minha blusa. Eu o coloquei de volta em minha pele. Ele segurou o pote de volta para mim, e eu fechei a tampa firmemente. Isso não deixaria ela secar.
Eu nunca ouvi falar sobre ninguém fazendo exatamente o que nos estávamos prestes a tentar. Não a parte da idade, mas os corpos dispersos. Nós apenas queríamos três, mas não havia três corpos intactos. Mesmo fazendo um de cada vez, era arriscado.
Como levantar apenas alguns dos mortos e nada mais quando eles estavam todos deitados misturados juntos? Eu não tinha nomes para usar. Nenhum túmulo para rodear com poder. Como fazer isso? Era um enigma.
Mas agora nós só tínhamos que fechar o circulo. Um problema de cada vez.
“Tenha certeza que suas mãos estão com pomadas.” Eu disse.
Larry esfregou suas mãos juntas como se estivesse passando loção. “Sim, sim, chefe. O que mais?”
Eu tirei um jarro profundo e prata de minha mochila. Ele brilhava na luz da lua como outro pedaço de céu. Os olhos de Larry aumentaram.
“Não tem que ser de prata. Não tem símbolos místicos nele. Você pode usar um pote de Tupperware, mas a vida de outra criatura viva vai ir nele. Use algo bom para demonstrar algum respeito, mas entenda que não tem que algo de prata, ou desse formato, ou nada do tipo. É apenas um recipiente. Ok?”
Larry assentiu. “Por que não temos as outras cabras aqui em cima? Vai ser trabalhoso subir com elas cada uma de uma vez.”
Eu encolhi os ombros. “Primeiro, elas entram e pânico. Segundo, parecia ser cruel para elas assistirem suas amigas comer poeira, sabendo que elas eram as próximas.”
“Meu professor de zoologia diria que você está humanizando elas.”
“Deixa ele. Eu sei que elas sentem dor, e medo. Isso é o suficiente.”
Larry me olhou por um longo momento. “Você também não gosta de fazer isso.”
“Não. Você quer ajudar a segurar ou dar a ela cenoura?”
“Cenoura?”
Eu tirei as cenouras, completas com frondosos verdes em cima, de minha mochila.
“Era isso que você foi buscar no empório enquanto eu esperava no carro com as cabras?”
”Aham.”
Eu segurei a cenoura no ar. A cabra andou até onde a corda a deixava, até a cenoura. Eu deixei a cabra pegar com a boca a parte verde dela. Eu balancei puxando ela para mais perto. Eu deixei ela pegar um pouco mais de verde. Seu pequeno rabo começou a balançar. Cabra feliz.
Eu dei para Larry o jarro de prata. “Coloque no chão, embaixo da garganta. Quando o sangue começar a vir, pegue o máximo que conseguir.”
Eu tinha o facão atrás das minhas costas, na minha mão direita, a cenoura na esquerda. Eu me senti como uma dentista de criança. Não, nada atrás em minhas costas. Não preste atenção nessa enorme agulha. Exceto que esta agulha era permanente.
A cabra tinha tirado a maioria das folhas da cenoura, e eu esperei enquanto ela levava as folhas pra dentro da boca. Larry ajoelhou do lado dela, o jarro no chão. Eu ofereci o resto da cenoura para a cabra. Eu dei a ela uma prova e puxei para o alto, até que a cabra tinha esticado o pescoço o mais alto que podia, tentando pegar mais da dura cenoura laranja.
Eu coloquei o facão contra sua garganta peluda, não cortando, gentilmente. O pescoço vibrou contra a lamina, esticado pela cenoura. Eu passei a lâmina pelo pescoço.
O facão era afiado e eu tinha prática. Não houve som, apenas o olhos chocado, abertos, e sangue jorrando do pescoço.
Larry pegou o jarro, segurando ele abaixo da ferida. Sangue derramava pelos seus braços até sua blusa azul. A cabra caiu de joelhos. Sangue encheu a jarra, escuro e brilhante, mais preto que vermelho.
“Há pedaços de cenoura no sangue.” Larry disse.
“Está tudo bem.” Eu disse. “Cenoura é inativo.”
A cabeça da cabra caiu devagar até tocar o chão. O jarro estava abaixo de sua garganta, cheio de sangue. Tinha sido praticamente uma morte perfeita. Cabras podiam ser meio que teimosas, mas a vezes, como hoje a noite, tudo funcionava. Mas é claro, ainda não tínhamos terminado.
Eu passei a faca sangrenta contra meu braço esquerdo e o abri. A dor era cortante e imediata. Eu segurei a ferida acima do jarro, deixando as densas gotas se mesclarem com o sangue da cabra.
“Me dê seu braço direito.” Eu disse.
Larry não argumentou. Ele segurou seu braço nu para mim. Eu disse a ele o que iria acontecer, mas mesmo assim era um gesto de confiança dele. Seu rosto se levantou para mim sem nenhum traço de medo. Deus.
Eu cortei seu braço. Ele deu um gemido mas não puxou o braço para longe. “Deixe pingar no jarro.”
Ele segurou seu braço em cima do jarro. Todo o sangue estava vermelho-preto na luz da luz.
Um começo de poder trilhava em minha pele. Meu poder, o poder de Larry, o poder do sacrifício do ritual. Larry olhou para mim com olhos bem abertos.
Eu ajoelhei do lado dele e deitei o facão perto da boca da cabra. Eu levantei meu braço esquerdo para ele. Ele me deu seu direito. Nós juntamos nossas mãos e pressionamos as feridas de nossos braços juntos, deixando o sangue misturar. Larry segurava um lado do jarro cheio de sangue e eu segurava o outro. Sangue pingava nossos braços abaixo em nosso cotovelo até para dentro do jarro, onde o sangue nu estava.
Nós levantamos com as mãos ainda juntas, ainda segurando o jarro. Eu soltei minha mão da dele devagar, e então peguei o jarro dele. Ele seguia meus movimentos como sempre. Ele tinha a habilidade de fechar seus olhos e me imitar.
Eu andei até o começo do circulo que eu tinha na minha mente e coloquei minha mão dentro do jarro. O sangue ainda estava incrivelmente morno, quase quente. Eu agarrei o cabo do facão com minha mão ensangüentada e comecei a usar a lamina para espalhar sangue enquanto eu andava.
Eu podia sentir Larry parado no meio do circulo, enquanto eu andava era como se tivesse uma corda presa entre nós. Enquanto eu andava, essa corda ficava cada vez mais estreita, como um elástico sendo retorcido. O poder crescia a cada passo, cada gota de sangue. A terra estava com fome disso. Eu nunca levantei um morto da terra que havia visto rituais de morte antes. Magnus deveria ter mencionado isso. Talvez ele não soubesse. Caridoso de minha parte pensar isso.
Não importava agora. Havia mágica ali para sangue e morte. Alguma coisa que estava ansiosa para que eu fechasse o circulo. Ansiosa para que eu levantasse os mortos. Faminta.
Eu fiquei parada próxima da onde começamos. Eu estava perto do sangue jorrado, onde fecharia o circulo. A linha de poder entre Larry e mim era tão estreita que doía. O poder em potencial era espantoso, e estimulante. Nós acordamos alguma coisa antiga e inativa por muito tempo. Me fez hesitar. Me fez não querer terminar o circulo. Teimosia e medo. Eu não entendia completamente o que eu estava sentindo. Era a mágica de outra pessoa, feitiço de outra pessoa. Nós disparamos ele, mas eu não sabia o que isso iria fazer. Nós poderíamos levantar nossos mortos, mas seria como andar por uma corda entre o outro feitiço e... algo.
Eu senti o velho Ossos Sangrentos em sua prisão milhas distante. Eu senti ele me olhando, urgente para que eu tomasse o último passo. Eu balancei minha cabeça como se a criatura fey pudesse me ver. Eu apenas não entendia o feitiço bem o suficiente para arriscar.
“O que há de errado?” Larry perguntou. Sua voz parecia estrangulada. Nós estávamos chocados no poder não usual, e ferrados se eu soubesse o que fazer com ele.
Eu peguei um movimento fora do foque de meus olhos. Ivy estava na beirada da montanha. Ela estava usando botas de caminhadas com meias brancas dobradas por cima, short preto folgado e uma blusa colada de um rosa néon, com uma camisa xadrez de flanela por cima. A corrente de seus brincos brilhavam na luz da lua.
Ela havia se arrumado hoje a noite.
Tudo que eu tinha que fazer era derramar aquele ultimo tanto de sangue, e o circulo estaria fechado. E eu poderia segurar esse circulo contra ela, contra eles todos. Nada cruzaria ele que eu não quisesse que cruzasse. Bem, com exceções. Demônios e anjos provavelmente poderiam, mas vampiro não.
Eu senti uma corrente de triunfo da coisa presa na colina. Ele queria que eu fechasse o circulo. Eu lancei o jarro e o facão atrás de mim até o centro do circulo, para longe do outro lado, então o sangue não poderia cair ali. Ivy andou na minha direção em uma velocidade mais rápida que a luz, numa velocidade desfocada. Eu alcancei minha arma, senti deslizar da pistoleira, e ela se colidiu contra mim. O impacto derrubou a Browning da minha mão. Eu acertei o chão com nada em minhas mãos além do ar.
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CAPÍTULO 34


Ivy se afastou mostrando as presas. Larry gritou, “Anita!” Eu ouvi ele pegar a arma, senti a bala atingir o corpo dela. Eu bati em seu ombro, virando seu corpo, mas ela se virou de volta para mim com um sorriso. Ela enfiou dedos em meus ombros e nos rolou, me colocando em cima, com suas mãos ligadas atrás do meu pescoço. Ela apertou até que eu tossisse.
“Eu irei quebrar a coluna dela se você não se livrar desse brinquedo.” Ela disse.
“Ela vai me matar de qualquer forma. Não faça isso.”
“Anita...”
“Agora, ou eu vou matá-la enquanto você assiste.”
“Atire nela!” Mas não seria um tiro claro. Ele tinha que andar até nós e atirar em um ponto cego. Ivy poderia me matar duas vezes até que ele chegasse até nós.
Ivy forçou meu pescoço para baixo. Eu encostei meu braço direito no chão. Ela teria que me quebrar alguma coisa para me fazer abaixar até ela. Se ela quebrasse meu pescoço eu estaria acabada, um braço quebrado apenas iria doer.
Eu ouvi alguma coisa acertar o chão, um opaco, pesado barulho. A arma de Larry. Droga.
Ela pressionou mais forte atrás do meu pescoço. Eu firmei a palma da minha mão no chão forte o suficiente para deixar uma marca.
“Eu posso quebrar esse braço e trazer você para mim. Sua escolha: fácil ou difícil.”
“Difícil.” Eu disse entre dentes cerrados.
Ela pegou meu braço e eu tive uma idéia. Eu me joguei adiante, em cima dela. Isso a pegou fora de guarda. Eu tinha apenas um segundo para tirar a corrente, que estava em volta do meu pescoço, de dentro da minha blusa.
A mão dela correu pelo meu cabelo com namorados, pressionando meu rosto contra sua bochecha, não forte, quase gentil. “Três noite a partir de agora, você será como eu, Anita. Você irá me idolatrar.”
“Eu duvido disso.” A corrente deslizou, o crucifixo caindo na garganta dela. Houve um cegante flash branco, uma luz branca. Uma investida de calor chamuscou meu cabelo.
Ivy gritou e arranhou a cruz, saindo debaixo de mim.
Eu fiquei de quatro com a cruz balançando na minha frente.
As chamas azuis-brancas sumiram porque ela não estava tocando carne vampírica mais, mas ainda brilhava como uma estrela capturada, e Ivy se afastou dela.
Eu não sabia onde minha arma estava, mas o facão brilhava contra a terra escura. Eu envolvi minhas mãos em volta dele e me levantei. Larry estava atrás de mim com sua própria cruz de fora, na frente dele presa pela corrente. A luz branca envolta do azul era quase dolorosamente brilhante.
Ivy gritava, escondendo seus olhos. Tudo que ela tinha que fazer era andar para longe. Mas ela estava paralisada, imóvel na frente das cruzes, e de duas pessoas com fé.
“Arma.” Eu disse para Larry.
“Não consigo achar.”
As duas armas eram pretas mate, então elas não refletiam a luz da noite para não nos fazer ser alvos; agora isso as faziam ficar invisíveis.
Nós avançamos até a vampira. Ela jogou os dois braços em frente seu rosto e gritou, “Nãããão!” Ela se afastou até quase o começo do círculo. Se ela corresse, nós não a caçaríamos, mas ela não correu. Talvez ela não pudesse.
Eu enfiei o facão acima de sua costela. Sangue correu abaixo na faca até minhas mãos. Eu levantei a faca até seu coração. Eu dei um último impulso para cortar. Seus braços caíram de seu rosto devagar. Seus olhos estavam bem abertos, surpresos. Ela encarava abaixo o facão em seu estômago, como se ela não entendesse o que estava acontecendo com ali. A carne de seu pescoço estava negro onde a cruz havia a queimado.
Ela caiu de joelhos e eu fui com ela, mantendo meu aperto no facão. Ela não tinha morrido. Eu não esperava realmente que ela morresse. Eu puxei o facão para fora dela, fazendo mais danos. Ela fez um baixo murmúrio, mas continuou de joelhos. Suas mãos tocaram o sangue fluindo de seu peito e estômago. Ela encarou aquele escuro brilhante como se nunca tivesse visto sangue antes.
O sangue fluindo já estava mais lento, ao menos que eu matasse ela logo, a ferida iria se fechar. Eu me levantei e trouxe o facão de volta com um aperto de duas mãos.
Eu coloquei tudo que eu tinha naquele golpe. A faca passou dentro de seu pescoço, abaixo até sua coluna, acertando o osso.
Ivy olhou para cima, para mim, com sangue correndo seu pescoço abaixo. Eu cambaleei para trás para outro corte, e ela me assistiu, machucada demais para correr agora. Eu tive que lutar para tirar a faca de sua coluna, e ainda assim ela apenas piscou olhando para mim. Se eu não acabasse com ela, ela iria curar até isso.
Eu trouxe o facão para baixo mais uma vez e senti o último osso ceder. A faca saiu pelo outro lado, e sua cabeça deslizou de seus ombros em um jorro de sangue como uma fonte negra.
Aquele sangue negro espirrou pelo circulo e o fechou.
Poder encheu o circulo até que estávamos afogando nele. Larry caiu de joelhos. A luz das cruzes sumiram como estrelas morrendo. A vampira estava morta, e cruzes não poderiam nos ajudar agora.
“O que está acontecendo?”
Eu podia sentir o poder como água em todo canto, chocantemente perto. Eu estava respirando ele, acumulando ele em minha pele.
Eu gritei sem palavras e cai no chão. Eu me senti mergulhada no poder, e no momento que acertei o chão, eu pude sentir o poder abaixo de mim, como um elástico descendo, subindo. Eu estava deitada em cima dos ossos. Eles se moviam como algo se movendo no sono. Eu fiquei de joelhos lentamente, mãos enfiando dentro da terra. Eu toquei um longo, fino osso de um braço, e ele se moveu. Eu fiquei de pé, devagar, muito devagar pelo ar que pressionava, e assisti.
Ossos deslizavam da terra como água, se juntando. A terra subia e balançava debaixo de meus pés como se molas gigantes estivem levantado ela.
Larry estava de pé agora, também. “O que está acontecendo?”
“Algo ruim.” Eu disse.
Eu nunca tinha visto mortos se unindo. Eles sempre vinham para a superfície do túmulo de uma só vez. Eu nunca percebi que era como colocar juntas um macabro quebra-cabeça. Um esqueleto se formou perto de meus pés, e carne começou a fluir por ele, como argila, moldando a si mesmo pelos ossos.
“Anita?”
Eu me virei para Larry. Ele estava apontando para um esqueleto do lado mais longe do circulo. Metade dos ossos estavam do lado de fora do círculo. Carne se arrastava por esse lado dos ossos e se empurrava contra o circulo de sangue. A terra deu uma última subida, e a mágica derramou pelo chão.
Eu ouvi um pop dentro da minha cabeça como uma liberação de pressão. O ar se estendeu, não tão denso e afogador.
Ele se derramou por aquele espaço da colina como um chama invisível, e em todo lugar que ele tocava, a morte formava corpos.
“Pare isso, Anita. Pare.”
“Não consigo.” A mágica de morte no chão havia roubado as rédeas. Tudo que eu podia fazer era ver e sentir o poder se espalhar. Poder o suficiente para administrar para sempre. Poder o suficiente para levantar milhares de mortos.
Eu soube quando Cabeça Crua e Ossos Sangrentos se livrou da prisão. Eu senti o poder pender quando a coisa escapou. E então o poder açoitou de volta em seu pedaço de terra e nos fez cair de joelho. Os mortos saiam da terra como nadadores saindo da água. Quando quase vinte mortos levantaram esperando com olhos vazios, o poder fluiu para fora. Eu o senti procurando mais mortos, mais algo para levantar. Isso eu podia parar.
O fairie tinha ido, sem guias, ele tinha o que queria.
Eu chamei o poder de volta. Eu o trouxe para mim, para fora da terra, como pegar uma cobra pela cauda para tira-la de um buraco.
Eu o lancei para os zumbis. Lancei para eles e disse, “Viva.”
A pele enrugada se preencheu. Os olhos mortos brilharam. A roupa rasgada, se emendou sozinha. Sujeira sumiu de um longo vestido quadriculado. Uma mulher com cabelos meia noite, pele escura, e com os olhos sobressaltados de Magnus olhou para mim. Eles todos olharam para mim. Vinte mortos, todos por volta de 200 anos, e eles poderiam passar por humanos.
“Meu Deus.” Larry sussurrou.
Até eu estava impressionada.
“Muito impressionante, Srta. Blake.” A voz de Stirling estava torcida, como se ele não devesse estar ali.
Ele era uma parte diferente de realidade visto depois dos quase perfeitos zumbis. O fairie estava solto, mas eu tinha feito meu trabalho, o que era bom que tivéssemos feito.
“Quais de vocês são Bouvier?”
Houve um murmúrio de vozes, a maioria deles falando francês. Quase todos deles eram Bouvier. A mulher se apresentou como Anias Bouvier. Ela parecia muito viva.
“Parece que você vai ter que mudar seu hotel.” Eu disse.
“Ah, eu acho que não.” Stirling disse.
Eu me virei e olhei para ele.
Ele tinha uma grande, brilhante arma de prata. Uma nickel-plated 45. Ele segurava ela como se fosse um filme, meio que na frente dele, na altura da cintura. Uma 45 é uma arma grande, você não acerta muito atirando com ela em sua cintura. Ou essa era a teoria. Com ela apontada para nós, eu não estava ansiosa para testar a teoria.
Bayard estava apontando uma Automática 22 vagamente em nossa direção. Não parecia que ele tinha segurado uma arma antes. Talvez ele havia esquecido e deixou a segurança ligada.
Sra. Harrison tinha um nickel-plated 38 apontada firmemente para mim. Ela parou com suas pernas separadas, balanceada em seus ridículos saltos altos. Ela segurava a arma com um aperto de duas mãos como se soubesse o que estava fazendo. Eu olhei seu rosto. Seus olhos com sua densa maquiagem, estavam um pouco abertos demais, mas ela estava firme como uma pedra. Mais firme que Bayrad e melhor posicionada que Stirling. Eu esperava que Stirling pagasse ela bem.
“O que está rolando, Stirling?” Eu perguntei. Minha voz estava regular, mas tinha um indicio de poder nela. Eu ainda estava guiando o poder, poder o suficiente para mandar os zumbis de volta para a terra. Poder o suficiente para fazer um monte de coisas.
Ele sorriu visivelmente no brilhante reflexo da luz. “Você soltou a criatura, agora nós vamos matar você.”
“Por que diabos você se importa se Ossos Sangrentos foi solto?” Eu via as armas e ainda não entendia o por que delas.
“Aquilo veio em meus sonhos, Srta. Blake. Ele me prometeu toda a terra dos Bouvier. Tudo isso.”
“O fey ser solto não te fará ganhar a terra.” Eu disse.
“Fará, com Bouvier morto. A escritura que nos deu esse lado da colina será achada para incluir toda a terra, uma vez que não tenha ninguém para lutar por ela.”
“Mesmo com Magnus morto você não vai ficar com a terra.” Eu disse, mas minha voz não soava com muita certeza.
“Você está falando da irmã?” Stirling disse. “Ela morrerá tão fácil quanto Magnus.”
Meu estômago estava apertado. “As crianças dela?”
“Cabeça Crua e Ossos Sangrentos ama criança mais que todos nós.” Ele disse.
“Seu filho da puta.”
Isso foi Larry. Ele deu um passo a frente, e Sra. Harrison apontou a arma para ele. Eu peguei seu braço com minha mão livre. Eu ainda tinha o facão na outra. Larry parou, e a arma ainda continuou apontada nele. Eu não tinha certeza se isso tinha sido uma melhora.
Tensão passava no braço de Larry. Eu já tinha visto ele bravo, mas nunca como isso. O poder respondeu aquela raiva. Todos os zumbis se viraram para nós em um sussurro de roupas. Seus olhos brilhantes, tão vivos, estavam esperando por nós.
“Movam-se para frente de nós.” Eu sussurrei. Os zumbis começaram a andar em nossa direção. Os que estavam mais pertos se moveram para a nossa frente imediatamente.
Eu perdi a vista do trio de crianças com armas. Aqui estava eu esperando que eles tivessem perdido nós de vista também.
“Mate eles.” Stirling disse, alto, quase gritando.
Eu comecei a me abaixar no chão, ainda segurando o braço de Larry. Ele resistiu. Uma arma explodiu em volta de nós e ele beijou o chão plano.
Com o lado de seu rosto pressionado no chão, ele disse, “E agora?”
Balas estavam acertando os zumbis. Os corpos sacudiam e se moviam. Alguns dos bem vivos rosto encaram abaixo, alarmados pelos buracos que apareciam em seus corpos. Mas não havia dor. O pânico era reflexo.
Alguém estava gritando. Não era nós. “Parem, parem. Nós não podemos fazer isso. Nós não podemos simplesmente matar eles.”
Era Bayard.
“Está tarde para um ataque de consciência.” Sra. Harrison disse.
Devia ter sido a primeira vez que eu tinha ouvido a voz dela. Ela soava eficiente.
“Lionel, ou você está comigo, ou contra mim.”
“Merda.” Eu murmurei. Eu me arrastei em volta, tentando ver o que estava acontecendo. Eu puxei para o lado uma saia ondulada bem a tempo de ver Stirling atirando em Lionel no estômago. A 45 fez um alto boom e quase sacudiu para fora da mão de Stirling sozinha, mas ele a segurou. Por menos que dez passos de distância, você poderia atirar em praticamente qualquer coisa com uma 45.
Bayard caiu de joelhos, olhando para Stirling. Ele estava tentando dizer alguma coisa, mas nenhum som saiu.
Stirling tomou a arma da mão de Bayard e colocou no bolso de sua própria jaqueta. Ele virou suas costas para Bayard e andou pela dura e seca terra.
Sra. Harrison hesitou, mas ela seguiu as ordens do chefe.
Bayard caiu de lado com o escuro fluido saindo dele. Seus óculos refletiam a luz da lua, fazendo ele parecer cego.
Stirling e Sra. Harrison estavam chegando perto de nós. Stirling veio entre os morto com se eles fossem árvores e ele estivesse andando dentro da água. Os mortos não se moveram para ele. Eles ficaram parados como teimosas barreiras de carne. Eu não tinha dito a eles para moverem, então eles não se moveram.
Sra. Harrison tinha parado, tentando forçar seu caminho. Lua da luz brilhava em sua arma enquanto ela usava o ombro de um zumbi para nos ver.
“Mate ela.” Eu sussurrei.
O zumbi que ela estava usando como um poste de espionagem se virou para ela. Ela fez um som exasperado, e o morto chegou mais perto dela.
Larry olhou para mim. “O que você disse a eles?”
Sra. Harrison estava gritando agora. Altos e assustadores chiados. Ela atirava com sua arma de novo e de novo. A arma clicou vazia. Devagar, mãos e bocas ansiosas se fecharam em seu corpo.
“Pare eles.” Larry disse. Ele segurou meu braço. “Pare eles.”
Eu podia sentir as mãos partindo pedaços de carne da Sra. Harrison.
Dentes entrando em seus ombros, partindo aquele delicado pescoço, e eu soube quando o sangue fluiu em suas bocas.
Larry estava ao longo do percurso. “Ah, Deus, pare isso!” Ele estava de joelhos me puxando, implorando.
Stirling não tinha dado nenhum tiro. Onde estava ele?
“Pare.” Eu sussurrei.
Os mortos paralisaram como autômatos, pararam como seu eu tivesse apertado o pause. Sra. Harrisson deslizou até o chão com um monte de gemidos.
Stirling veio de um lado, a grande arma apontada firmemente para nós, num aperto de duas mãos, como se deve segurar. Ele tinha feito seu caminho atrás de nós enquanto os zumbis atacavam a Sra. Harrison. Ela estava quase acima de nós. Custou muitos nervos ficar tão perto assim dos zumbis.
Os dedos de Larry enfiaram em meu braço. “Não, Anita. Por favor, não.” Mesmo encarando o cano da arma, Larry ficava preso em sua moral. Admirável.
“Se você disser uma palavra, Srta. Blake, eu irei te matar.”
Eu apenas olhei para cima, encarando ele. Eu estava tão perto dele que eu poderia esticar meu braço e tocar a calça em suas pernas. A 45 estava apontada bem sólida na minha cabeça. Se ele apertasse o gatilho, eu estava acabada.
“Seja cuidadosa para que os zumbis não ataquem nenhum de nós.”
Eu concordei com ele, mas tudo que eu podia fazer era olhar para cima, para ele. Eu ainda tinha o facão em uma mão. Eu tentei não apertar ele. Não levar nenhuma atenção para ele.
Eu devo ter feito algum movimento traiçoeiro, porque ele disse. “Tire suas mãos da faca, Srta. Blake, devagar.”
Eu não soltei. Eu encarei ele e sua arma.
“Agora, Srta. Blake, ou...” Ele voltou o martelo* da arma com o dedo. Não era necessário, mas era sempre dramático.
(*Não sei se é martelo, traduzi no literal, eu achei que era ‘gatilho’, mas ela sempre usa ‘trigger’ pra isso, então enfim, sei lá, é ‘thumbed’ pra quem quiser dar um help nos comentários.. xD).
Eu larguei o facão.
“Afaste sua mão dele, Srta. Blake.”
Eu movi minha mão para longe. Eu não movi meu corpo para longe dele ou da arma.
Eu queria, mas eu me mantive firme. Alguns passos não iriam fazer a arma ser menos mortal, mas talvez fizesse uma grande diferença se eu tentasse pular nele. Não era minha primeira escolha, mas estávamos meio que sem opções... Eu não iria cair sem uma luta.
“Você pode fazer os zumbis voltarem ao descanso, Sr. Kirkland?”
Larry hesitou. “Eu não sei.”
Bom garoto. Se ele dissesse não, Stirling talvez tivesse matado ele. Se ele dissesse sim, ele teria matado a mim.
Larry soltou meu braço e se moveu um pouco para mais longe de mim. Os olhos de Stirling passaram por ele, e de volta para mim, mas o cano da arma nunca vacilou. Droga.
Larry estava de joelhos, ainda se movendo para longe de mim, forçando Stirling a manter os olhos em nós dois. A 45 moveu um centímetro do centro da minha cabeça, para a direção de Larry. Eu peguei uma respiração e a segurei. Ainda não, ainda não... Se eu tentasse alguma coisa tão cedo, eu seria morta.
Larry investiu em alguma coisa no chão. A 45 balançou em direção a ele.
Eu fiz duas coisas ao mesmo tempo. Eu passei minha mão esquerda por trás da perna de Stirling e puxei, e eu agarrei sua virilha com minha mão direita e o empurrei com tudo que eu tinha. Eu estava fazendo a coisa de forma errada para causar muita dor, mas o fez virar. Ele caiu plano de costas com a arma movendo de volta para mim.
Eu esperava que ele derrubasse a arma, ou ficasse mais lento. Ele não derrubou e não ficou. Então eu tinha apenas meio segundo para decidir, ou tentar arrancar suas partes privadas de seu corpo e causar o tanto de dor que fosse possível, ou pegar a arma. Eu fui pegar a arma, não tentando agarrar ela, mas arrastando minhas mãos em seus braços. Se eu pudesse controlar seus braços, eu controlaria a arma.
A arma bateu no chão. Eu não olhei. Não tinha tempo. Larry era um atirador ou não era. Se ele não fosse, eu tinha que alcançar a arma. Os braços de Stirling estavam no chão, minhas mãos mantinham eles lá, mas eu não tinha muita força.
Ele levantou seus braços do chão, e eu não pude para-lo. Eu firmei meu pé no chão e forcei seus braços em cima de sua cabeça, mas eu tinha começado um jogo de luta agora, e ele devia ter uns 60 quilos a mais que eu.
“Largue a arma.” A voz de Larry apareceu atrás de mim.Eu não podia olhar. Não podia tirar minha atenção da arma. Nós dois ignoramos ele.
“Em vou atirar em você.” Larry disse.
Isso ganhou a atenção de Stirling. Seus olhos foram para Larry, apenas por um momento seu corpo hesitou. Eu mantive meu aperto em seus braços e me joguei nele, em cima de seu corpo. Eu cravei meu joelho em sua virilha, tentando alcançar o chão através dele. Ele deixou escapar um estranho gemido. Os músculos de sua mão se contraíram.
Eu movi minha mão para cima e toquei a arma. Seu aperto ficou mais forte. Ele não iria soltar.
Eu virei do lado dos braços de Stirling e apertei seus braços contra meu quadril. Eu coloquei o braço contra meu corpo, apenas um movimento rápido, e quebrei seu braço no ombro. A mão caiu insensível, e a arma caiu na minha mão.
Eu me arrastei para longe dele, a arma em uma mão.
Larry estava parado perto de nós com a arma apontada para Stirling. Stirling parecia não se importar. Ele estava se mexendo de um lado para o outro pelo chão, tentando apertar os dois machucados ao mesmo tempo.
“Eu tinha uma arma. Você poderia apenas ter se movido para longe dele.” Larry disse.
Eu balancei minha cabeça. Eu confiava em Larry para atirar em Stirling. Eu apenas não confiava em Stirling para não atirar em Larry. “Eu tinha minhas mãos na arma. Seria vergonhoso soltar ela.” Eu disse.
Larry apontou a arma para o chão, mas manteve o bom aperto de duas mãos nela. “É sua, você quer?”
Eu balancei minha cabeça. “Mantenha ela até quando chegarmos no carro.”
Eu olhei para os zumbis. Eles estavam me assistindo com olhos calmos. Havia sangue na boca da mulher de cabelo escuro. Tinha sido os dentes dela que rasgaram o pescoço de Sra. Harrison.
Mr. Harrison estava deitada bem quieta no chão. Desmaiada, no mínimo.
O poder estava começando a desenredar nas extremidades. Se eu fosse mandar todo mundo de volta pra terra, tinha que ser agora.
“Voltem para a terra. Voltem para seus túmulos. Voltem, todos vocês, voltem.”
Os mortos andaram pela terra, movendo entre si como crianças brincando da dança da cadeira. Então um por um se deitaram na terra, e foram tragados por ela como água.
A terra se moveu e se amarrotou em ondas, até que todos eles estivem fora de vista.
Não haviam ossos salientes na terra. Ela era lisa e suave, como se todo o topo da montanha tivesse sido cavado e alisado.
O poder foi cortado, fluindo de volta para o chão, ou seja lá da onde ele veio. Nós tínhamos que voltar para o Jeep e começar a fazer ligações. Havia um agitado fey solto. Nós tínhamos, ao menos, que ter policias na casa dos Bouvier.
Larry se ajoelhou do lado da Sra. Harrison. Ele tocou seu pescoço. “Ela está viva.” Sua mão veio de volta coberta com sangue.
Eu olhei para Stirling. Ele tinha parado de rolar e estava meio que apenas encolhido de lado, seu braço em um ângulo obsceno. O olhar que ele me deu era parte dor e parte ódio. Se ele tivesse uma segunda chance, eu estaria morta.
“Atire nele se ele se mover.” Eu disse.
Larry se levantou e apontou a arma obedientemente para Stirling.
Eu fui checar Bayard. Ele estava deitado de lado, meio amassado em volta da ferida em seu estômago. Havia um grande circulo preto onde seu sangue tinha se embebido em um sedento chão. Eu sabia o que era morte quando via, mas eu ajoelhei no lado mais distante do corpo dele, para manter o olho em Stirling. Não era que eu não confiava em Larry. Eu apenas não confiava em Stirling.
Não havia pulso em seu pescoço. A pele já estava fria no suave vento de primavera. Não tinha sido uma morte instantânea. Lionel Bayard havia morrido enquanto estávamos brigando. Ele morreu sozinho, e ele sabia que estava morrendo, e que ele tinha sido traído.
Era um jeito ruim de morrer.
Eu me levantei e olhei para Stirling. Eu queria matar ele por Bayard, por Magnus, por Dorrie Bouvier, por suas crianças. Por ser um filho da puta sem coração.
Ele era testemunha de eu ter usado zumbis como armas. Usar mágica como uma arma para matar era punido por morte. Auto-defesa não era uma justificativa aceitável.
Eu andei calmamente do outro lado de Stirling até a inconsciente Sra. Harrison e percebi que eu poderia ter cruzado aquele chão e meter uma bala nos dois e dormiria bem.
Jesus Cristo.
Larry olhou para o meu lado, arma ainda firme, mas ele tirou os olhos de Stirling por um segundo. Não era fatal, essa noite, mas eu teria que dar uma bronca nele por isso. “Bayard está morto?”
“Sim.” Eu comecei a voltar para eles, pensando no que eu iria fazer. Eu acho que Larry não iria me deixar atirar neles a sangue frio. Parte de mim estava feliz por isso. Parte de mim não.
Vento soprou contra meu rosto. Havia um som de sussurro nele, como feito por árvores ou roupas. Não havia árvores no topo da montanha. Eu me virei com a grande 45 segurada por minhas duas mãos, e Janos estava ali, no canto da montanha. Encarando aquele rosto esquelético, eu acho que parei de respirar. Ele estava vestido todo de preto, até suas mãos estavam escondidas por luvas pretas. Por um momento louco, parecia que ele era uma caveira flutuante.
“Nós estamos com o garoto.” Ele disse.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 35


As cruzes estavam claras a vista. Elas brilhavam com um suave branco radiante. Nenhuma luz queimava, não ainda. Nós não estávamos em perigo ativo, mas a cruz ficou mais quente, mesmo através da minha blusa. Janos colocou uma mão na frente de seus olhos, do jeito que eu iria proteger meus olhos da luz do sol batendo em um carro. “Por favor, guarde elas para que possamos conversar.”
Ele não tinha pedido pra gente tirar elas. Eu poderia viver com colocar minha cruz dentro da blusa. Ela iria sair de novo depois. Eu coloquei a corrente de volta dentro da blusa com uma mão, mantendo a 45 pronta na outra. Eu percebi então que não sabia se a arma tinha balas de prata. Agora não era a hora de perguntar. De qualquer forma, Stirling provavelmente iria mentir mesmo.
Larry guardou sua própria cruz fora de vista. A brilhante noite estava apenas um pouco mais acentuada.
“Certo, e agora?” Eu perguntei.
Kissa veio atrás dele, Jeff Quinlan na frente dela como um escudo. Seus óculos tinham ido embora, e ele parecia ainda mais novo sem eles. Ela tinha os braços do garoto atrás das costas dele, em um ângulo que poderia ser doloroso com pequeno puxão.
Ele estava vestindo um smoking cor de creme com a faixa na cintura dois tons mais escuros para combinar com a gravata borboleta*.
(*Tipo isso: https://www.vineyardvines.com/images/site1/products/processed/1AS6004CB.660.zoom.a.jpg).
Kissa estava em couro preto. Jeff estava parado na frente dela em um belo contraste.
Eu respirei fundo, meu pulso ameaçando me chocar. O que estava acontecendo?
“Você está bem, Jeff?”
“Eu acho que sim.”
Kissa deu um pequeno puxão.
Ele fez uma careta de dor. “Eu estou bem.” Sua voz estava um pouco mais alta que deveria ser, um pouco assustada.
Eu estendi minha mão para ele. “Venha cá.”
“Ainda não.” Janos disse.
Eu tentei. “O que você quer?”
“Primeiro, largue suas armas.”
“Se não largarmos?” Eu pensei que sabia a resposta, mas eu queria que ele dissesse.
“Kissa irá matar o garoto, e você terá feito tudo isso por nada.”
“Me ajude.” Stirling disse. “Ela é louca. Ela atacou a Sra. Harrison com zumbis. Quando nós tentamos nos defender, ela quase nos matou.”
Isso provavelmente seria o que ele diria no tribunal também. E o júri acreditaria nele. Eles iriam querer acreditar nele. Eu iria ser a grande e má rainha dos zumbis, e ele seria a inocente vítima.
Janos riu, sua pele de papel fino ameaçando rasgar, mas nunca rasgando de fato. “Oh não, Sr. Stirling, eu assisti na escuridão. Eu vi você matar o outro homem.”
Medo passou pelo seu rosto. “Eu não sei o que você quer dizer. Nós atiramos nele por um motivo justo. Ele ficou contra nós.”
“Minha mestre abriu sua mente para Ossos Sangrentos. Ela o deixou sussurrar em seus sonhos sobre a terra, dinheiro e poder. Tudo que você desejava.”
“Serephina mandou Ivy para me matar, ou melhor, para eu matar ela. Então ela tinha certeza que Ossos Sangrentos seria liberto.”
“Sim.” Ele disse. “Serephina disse a ela para se livrar da vergonha de ter perdido para você.”
“Me matando.”
“Sim.”
“E se ela tivesse conseguido?”
“Minha mestre tem confiança em você, Anita. Você é morte vindo entre nós. Uma respiração de mortalidade.”
“Por que ela quer a coisa livre?” Parecia que eu estava perguntando muito isso nesta noite.
“Ela quer provar o sangue imortal.”
“Isso tudo é meio que muito elaborado para uma pequena prova extra de comida.”
Ele deu outro raquítico sorriso aberto. “Você é o que você come, Anita. Pense nisso.”
Eu pensei, e meus olhos se abriram mais. “Ela pensa que bebendo o sangue imortal, ela será verdadeiramente imortal?”
“Muito bem, Anita.”
“Não vai funcionar.” Eu disse.
“Nós veremos.” Ele disse.
“O que você ganha com isso? Eu perguntei.
Ele virou sua esquelética cabeça para um lado, como um pássaro decaído. “Ela é minha mestre, e ela divide suas conquistas.”
“Você quer imortalidade também?”
“Eu quero poder.” Ele disse.
Ótimo. “E não te incomoda que a coisa irá matar crianças? Que aquilo de fato já matou algumas?”
“Nós nos alimentamos, Ossos Sangrentos se alimenta, o que isso importa?”
“E Ossos Sangrentos irá apenas deixar vocês se alimentarem dele?”
“Serephina achou o feitiço que o ancestral de Magnus usou. Ela controla o fairie.”
“Como?”
Ele balançou sua cabeça e sorriu. “Sem mais detalhes, Anita. Largue a arma ou Kissa irá saborear ele diante de seus olhos.”
Kissa correu sua mão pelo cabelo curto de Jeff, um gesto de caricia. Ela puxou sua cabeça para um lado, deixando uma longa linha lisa de pescoço.
“Não!” Jeff tentou se livrar dela, e Kissa puxou seus braços forte o suficiente para ele gemer.
“Eu irei quebrar seu braço, garoto.” Ela grunhiu.
A dor o fez ficar imóvel, mas seus olhos estavam bem abertos e aterrorizados. Ele olhou para mim. Ele não iria pedir, não iria implorar, mas seus olhos faziam isso por ele.
Os lábios de Kissa se afastaram de seus dentes em um chamativo grunhido, presas visíveis.
“Não.” Eu disse, e odiei. Eu larguei a 45 no chão. Larry largou minha arma.
Desarmada duas vezes em uma só noite. Era um recorde até para mim.

 

 

 


CAPÍTULO 36


“Agora o que?” Eu perguntei.
“Serephina nos aguarda na festa. Ela mandou roupas mais apropriadas para você. Você pode se trocar na limusine.” Janos disse.
“Que festa?” Eu perguntei.
“A que nós viemos para te convidar. Ela entregou o convite de Jean-Claude pessoalmente.”
Isso não soava bem. “Eu acho que nós dispensaremos essa festa.”
“Eu acho que não.” Janos disse.
Uma outra vampira deu um passo para fora das árvores. Era a morena que tinha atormentado Jason. Ela se aproximou em um longo vestido preto que cobria ela do pescoço ao calcanhar. Ela deslizou seus braços em volta de Janos, alisando seu pescoço com o nariz, nos dando um vislumbre de sua pálida costa. Apenas uma fina tira de tecido preto cobria sua costa. O vestido movia como se fosse deslizar seu corpo abaixo no último momento, mas de alguma forma ele ficava no lugar. Mágica de fechos da moda. Seu cabelo escuro estava preso em uma trança em um lado de seu rosto. Ela parecia bem para alguém que tinha se rompido em pedaços podres de carne.
Eu não pude manter a surpresa fora de meu rosto.
“Eu achei que ela estava morta.” Larry disse.
“Eu também.”
“Eu nunca teria arriscado Pallas se eu realmente pensasse que seu lobisomem pudesse matar ela.” Janos disse.
Uma segunda figura veio atrás da escura floresta. Um longo cabelo branco moldava um rosto magro, de ossos finos. Seus olhos brilhavam um vermelho-sangue. Eu tinha visto vampiros com olhos brilhantes antes, mas eles sempre brilhavam a cor de suas íris. Ninguém, que algum dia já foi humano, tinha íris vermelhas. Ele usava um notório smoking preto com cauda, completo com uma capa quase a altura do tornozelo.
“Xavier.” Eu disse suavemente.
Larry olhou para mim. “Esse é o vampiro que esteve matando todo mundo?”
Eu assenti.
“Então, o que ele está fazendo aqui?”
“Foi assim que você achou Jeff tão rápido. Vocês estão trabalhando junto com ele.” Eu disse. “Serephina sabe?”
Janos sorriu. “Ela é a mestre de todos, Anita, até dele.” Ele disse a última parte como se isso impressionasse ele.
“Você não terá seu pedaço do fairie por muito tempo se os policiais rastrearem Xavier até você.”
“Xavier estava seguindo ordens. Ele estava na unidade de recrutamento.” Janos parecia gostar de falar essa última parte como se fosse uma piada interna.
“Por que você quis Ellie Quinlan?”
“Xavier gosta de alguns garotos jovens uma vez ou outra. É a sua única fraqueza. Ele arranjou o namorado da garota, e o garoto queria ela com ele para sempre. Hoje a noite ela irá levantar e se alimentar conosco.”
Não se eu pudesse ajudar. “O que você quer, Janos?”
“Eu fui mandado para fazer a sua vida ser mais fácil.” Ele disse.
“É, certo.”
Pallas se descurvou de Janos. Ela se deslizou até Stirling.
Stirling olhou para cima, segurando seu braço quebrado. Devia estar doendo um bocado, mas não havia dor em seu rosto agora, havia medo. Ele encarou a vampira, toda a arrogância tinha ido embora. Ele parecia como uma criança que havia descoberto que a coisa debaixo da cama realmente estava lá.
Um terceiro vampiro saiu das árvores. Era a loira, metade da dupla. Ela parecia bem, como se nunca tivesse se apodrecido diante de nossos olhos. Eu nunca conheci um vampiro que podia parecer tão morto, e não estar.
”Você se lembra de Bettina.” Ele disse.
Bettina estava usando um vestido preto que deixava seus ombros pálidos nus. Uma tira de tecido preto vinha de um ombro até abaixo, fazendo o vestido. Um cinto dourado segurava ele no lugar, apertando sua cintura firmemente. Sua trança amarela estava preso em uma coroa no topo de sua cabeça.
Ela andou até nós, e seu rosto era perfeito. A seca, podre pele, tinha sido um sonho ruim, um pesadelo. Bem que eu queria. Fogo, Jean-Claude tinha dito, fogo era a única certeza. Eu achei que ele tinha dito apenas sobre Janos.
Janos alcançou e pegou Jeff de Kissa. Ele apertou os ombros do garoto com suas duas mãos enluvadas. Seus dedos eram mais longos que deveriam ser, como se ele tivesse junções extras.
Contra o terno branco de Jeff, você podia dizer que o dedo indicador era tão longo quanto o dedo do meio. Outro mito que era verdade, pelo menos para Janos. Aqueles longos e estranhos dedos se apertaram em Larry um pouco.
Os olhos de Jeff estavam tão abertos que parecia ser doloroso.
“O que está acontecendo?” Eu disse.
Kissa estava vestida do mesmo vinil preto que ela estava no quarto de tortura, ainda que não podia ser o mesmo, porque o primeiro Larry tinha feito um buraco de bala nele. Ela parou atrás dele, suas mãos em punhos. Ela ficou bem quieta, como só os mortos podiam, mas havia uma tensão nela, uma precaução. Ela não estava feliz. Sua pele escura estava estranhamente pálida. Ela não tinha se alimentado ainda nessa noite. Eu sempre podia notar... na maioria dos vampiros. Sempre há exceções.
Xavier se moveu em uma sombra naquela velocidade desfocada, passando por Stirling, ficando do lado da ainda inconsciente Sra. Harrison. Larry balançou sua cabeça. “Ele simplesmente apareceu ali, ou eu não vi ele se mover?”
“Ele se moveu.” Eu disse.
Eu esperava que Janos mandasse Kissa se juntar aos outros, mas ele não mandou. Uma figura se arrastou pela extremidade da colina, se arrastando até a vista como se machucasse se mover. Mãos pálidas entraram na terra nua, pálidos braços nus na noite de primavera. A cabeça curvada para o chão, cabelos curtos e escuros escondendo seu rosto. Com um único movimento, o rosto se levantou na luz da lua. Finos lábios sanguinolentos se afastaram das presas. O rosto estava devastado em fome. Eu sabia que os olhos eram castanhos apenas porque eu tinha visto eles abertos sem vida olhando o teto do quarto de Ellie Quinlan.
Não havia nada em seus olhos, mas na profundidade daquela escuridão algo queimava. Não era sanidade. Fome, talvez. Uma emoção animal, nada humana. Talvez depois deles deixarem ela se alimentar pela primeira vez, ela teria tempo para emoções. Agora, tudo tinha se estreitado para uma única necessidade básica.
“Ela é quem eu acho que é?” Larry perguntou.
“Aham.” Eu disse.
Jeff tentou correr até ela. “Ellie!”
Janos sacudiu ele mais apertado em seu peito, uma mão em volta de seus ombros como um abraço. Jeff lutou contra esse braço, tentando correr até sua irmã morta. Eu estava com Janos nessa. Os novos acordados têm a tendência de comer primeiro e perguntar depois. A coisa que uma vez tinha sido Ellie Quinlan, teria com muito gosto arrancado fora a garganta de seu pequeno irmão. Ela teria se banhado em sangue, e minutos, ou dias, ou semanas depois, ela teria percebido o que ela tinha feito. Ela poderia até mesmo se arrepender.
“Vá, Angela, vá para Xavier.” Janos disse.
“Um novo nome não mudará quem ela era.” Eu disse.
Janos olhou para mim. “Ela está há dois anos morta, e seu nome é Angela.”
“O nome dela é Ellie.” Jeff disse. Ele tinha parado de lutar, mas ele olhava sua irmã morta com um horror fresco, como se ele tivesse começado a realmente ver ela.
“Pessoas irão reconhecer ela, Janos.”
“Nós seremos cuidadosos, Anita. Nosso novo anjo* não verá ninguém que nós não desejemos.”
(*Angel é anjo, daí, Angela. Hãn,hãn.. pegaram? aushdauih)
"Bem, isso não é cômodo?” Eu disse.
“Será.” Ele disse. “Uma vez que ela beber seu suprimento.”
“Eu estou impressionado que você tenha levado ela tão longe sem ter alimentado ela primeiro.”
“Eu fiz isso.” A voz de Xavier era surpreendentemente agradável. Era inquietante ouvir aquela voz vindo daquele pálido rosto fantasmagórico.
Eu olhei para ele, cuidadosamente evitando seu olhar. “Impressionante.” Eu disse.
“Andy a trouxe, e eu trouxe Andy. Eu sou o mestre dela.”
Já que Andy não tinha dado as caras por aqui, eu estava apostando que eu tinha matado ele na floresta, com o Xerife St. John. Provavelmente não era um bom momento para trazer isso a tona. “E quem é seu mestre?”
“Serephina, no momento.” Xavier disse.
Eu olhei para Janos. “Vocês ainda não discutiram qual de vocês é o cão chefe, não é?” Eu sorri.
“Você está perdendo tempo, Anita. Nossa mestre te aguarda ansiosamente. Nos deixe acabar com isso. Chame nosso anjo.”
Xavier deixou estendida uma pálida mão. Ellie fez um som baixo em sua garganta, e engatinhou de quatro pela terra suja. O longo vestido preto se emaranhava em suas pernas. Ela o rasgou impacientemente. A roupa se partiu como papel em suas mãos, a saia destroçada em volta de suas pernas nuas. Ela pegou a mão de Xavier como se fosse uma linha de vida. Ela se curvou no braço dele, e apenas sua mão no cabelo dela a manteve afastada de tentar se alimentar dele.
“Não há nenhuma sustância para você vindo dos mortos, Angela.” Janos disse. “Se alimente dos vivos.”
Pallas e Bettina se ajoelharam cada uma de um lado de Stirling. Xavier se abaixou graciosamente ao lado da Sra. Harrison, sua capa preta se espalhando em volta dele como uma piscina de sangue. Ele ainda estava segurando o cabelo de Ellie enquanto se baixava, forçando seu rosto grunhindo a tocar a terra. As mãos delas estavam apertadas nas mãos dele, sons como lamentos vinham de sua garganta. Nada que era humano teria feito sons como aquele.
“Srta. Blake.” Stirling disse. “Você é a lei. Você tem que me proteger.”
“Eu pensei que você iria me ver no tribunal, Raymond. Alguma coisa a respeito de eu ter atacado você e a Sra. Harrison com zumbis.”
“Eu não quis dizer aquilo.” Ele olhou para as vampiras ajoelhadas e então de volta para mim. “Eu não direi nada. Eu não direi para ninguém. Por favor...”
Eu apenas olhei para ele. “Implorando clemência, Raymond?”
“Sim, sim, estou implorando.”
“Como a clemência que você mostrou para Bayard?”
“Por favor.”
Bettina acariciou a bochecha de Stirling. Ele se sacudiu como se queimasse. “Por favor!”
Merda.
“Nós não podemos apenas ver.” Larry disse.
“Você tem outra sugestão?”
“Você nunca dá ninguém aos monstros, por nenhuma razão. É a regra.” Ele disse.
Era minha regra. Eu acreditei nisso uma vez, quando eu tinha certeza de quem eram os monstros.
Ele estava tirando a corrente de dentro da sua camisa.
“Não faça isso, Larry. Não faça com que sejamos mortos por causa de Raymond Stirling.”
Sua cruz deslizou no céu aberto. Ela brilhavam como os olhos de Serephina. Ele apenas olhou para mim. Eu suspirei e peguei minha própria cruz. “Essa é uma má idéia.”
“Eu sei.” Ele disse. “Mas eu não posso apenas assistir.”
Eu encarei seu rosto sério e sabia que era verdade. Ele não poderia apenas assistir. Eu poderia. Eu poderia não aproveitar, mas eu poderia deixar acontecer. Mais que uma pena.
“O que vocês estão fazendo com seus pequenos objetos sagrados?” Janos perguntou.
“Parando isso.” Eu disse.
“Você os queria mortos, Anita.”
”Não assim.” Eu disse.
“Você me permitiria deixar você usar a sua arma e desperdiçar todo esse sangue?”
Ele estava oferecendo me deixar atirar nele. Eu balancei minha cabeça. “Eu não acho mais que essa seja uma opção.”
“Nunca foi uma opção.” Larry disse.
Eu deixei essa passar, não tinha necessidade de desiludir ele. Eu andei até Pallas e Bettina. Larry andou até Ellie e Xavier, segurando sua cruz pendurada na corrente, como se isso fosse fazer ela funcionar melhor. Nada errado com o pequeno gesto dramático, mas eu teria que dar um toque para ele que isso não ajudava realmente. Mas depois.
O brilho da cruz aumentou até que parecia que estávamos usando lâmpadas de 100 watts em nossos pescoços. Eu via o mundo em um circulo preto fora da luz.
Xavier estava de pé encarando Larry, mas os outros tinham ido para longe das presas, acertados pela luz.
“Obrigado, Srta. Blake.” Stirling disse. “Obrigado.” Ele agarrou minha perna com sua mão boa, me adulando. Eu lutei contra a urgência de sacudir ele pra longe.
“Obrigado, Larry. Eu teria te deixado morrer.”
Ele não parecia estar me ouvindo. Ele estava quase chorando de alivio, babando nos meus Nikes.
“Se afaste deles, por favor.” A voz era feminina e densa como mel.
Eu pisquei contra a luz das cruzes e vi Kissa segurando uma arma.
Um revólver que parecia um Magnum, difícil de dizer com toda a luz. Seja lá o que fosse, faria um grande buraco.
“Se mova para longe deles, agora.”
“Eu achei que Serephina não me quisesse morta.”
“Kissa irá atirar no seu jovem amigo.”
Eu parei no meio da respiração e deixei ela sair. “Se você matar ele, eu não irei cooperar com seja lá o que vocês tem em mente nessa noite.”
“Você nos entendeu mal, Anita.” Janos disse. “Minha mestre não precisará de sua cooperação. Tudo que ela quer de você, ela pode pegar a força.”
Eu encarei ele pela luz brilhante. Ele tinha Jeff apertado contra ele, mais emotivo.
“Tirem suas cruzes e joguem elas longe, nas árvores.” Janos disse. Ele correu uma mão enluvada pelos dois lados do rosto de Jeff, dando um beijo em sua bochecha.
“Agora que sabemos que você irá desistir de sua segurança pelos dois jovens garotos, nós temos um refém a mais do que era absolutamente necessário.” Ele colocou suas mãos em cada lado do pescoço de Jeff, apenas segurando, não machucando, não ainda.
“Tirem suas cruzes e joguem na floresta. Eu não irei pedir uma terceira vez.”
Eu encarei ele. Eu não queria me livrar da minha cruz. Eu olhei para Larry. Ele ainda estava olhando para Xavier, sua cruz brilhando bravamente. Merda.
“Kissa, atire no homem.”
“Não.” Eu disse. Eu desabotoei a corrente. “Não atire nele.”
“Não faça isso, Anita.” Larry disse.
“Eu não posso ver eles atirarem em você, não se eu puder evitar.” Eu deixei a corrente na minha mão, a cruz brilhavam com uma chama azul-branca como magnésio queimando. Era uma má idéia jogar ela longe. Realmente uma má idéia.
Eu a joguei na floresta. Ela brilhou como uma estrela caindo e morreu fora de vista no escuro.
“Agora a sua cruz, Larry.” Janos disse.
Larry balançou sua cabeça. “Você terá que atirar em mim.”
“Nós atiraremos no garoto.” Janos disse. “Ou talvez eu irei me alimentar dele enquanto você assiste.”
Ele manteve Jeff contra ele com um braço, enquanto sua outra mão estava presa nos cabelos do garoto, segurando ele imóvel, o pescoço exposto.
Larry olhou para mim. “O que eu faço, Anita?”
“Você tem que decidir dessa vez por você mesmo.” Eu disse.
“Eles realmente irão matar ele, não é?”
“Sim, eles irão.”
Ele xingou por baixo de sua respiração e deixou a cruz cair contra seu peito. Ele desabotoou a corrente e a jogou na floresta com um bocado de força, como se pudesse jogar sua raiva com ela. Quando a luz da cruz dele morreu, nós ficamos parados ali na escuridão. A luz da lua que antes parecia tão brilhante tinha sido substituída pelo escuro.
Minha visão noturna voltou aos poucos. Kissa deu passo para mais perto, a arma ainda apontada para a gente. A primeira vez que eu tinha visto ela, ela exalava sexualidade, poder; agora ela estava dócil, quieta, como se algum de seu poder tivesse sido drenado embora. Ela parecia pálida e lenta. Ela precisava se alimentar.
“Por que eles não deixaram você se alimentar essa noite?” Eu perguntei.
“Nossa mestre não tem cem por cento de certeza da lealdade de Kissa. Isso precisava de um teste, não precisava, minha beleza negra?”
Kiss não respondeu. Ela me encarava com grandes olhos escuros, mas a arma nunca vacilava.
“Se alimentem, crianças, se alimentem.”
Pallas e Bettina andaram até Stirling. Elas me encaravam através dele. Eu encarei de volta. Stirling agarrou minha perna. “Você não pode deixar elas fazerem isso comigo. Por favor, por favor.”
Pallas se ajoelhou. Bettina andou até o lado que eu estava. Ela tirou a mão de Stirling da minha perna. A parte debaixo de suas costas tocaram minhas pernas. Eu dei um passo para trás, e Stirling começou a gritar.
Xavier e Ellie já tinham começado a se alimentar da sortuda inconsciente Srta. Harrison.
Larry olhou para mim, mãos para cima, vazias, impotentes.
Eu não sabia o que dizer.
“Não me toque, não me toque!” Stirling batia em Pallas com sua mão boa, e a vampira a pegou facilmente, a segurando.
“Pelo menos o anestesiem.” Eu disse.
Pallas olhou para mim. “Depois dele ter tentado te matar? Por que dar a ele compaixão?”
“Talvez eu não queira ouvir ele gritar.”
Pallas sorriu. Seus olhos mostraram fogo escuro. “Por você, Anita, qualquer coisa.”
Ela segurou o queixo de Stirling, forçando ele a olhar em seus olhos.
“Srta. Blake, me ajude. Me...” As palavras morreram em sua boca.
Eu assisti tudo deslizar fora de seus olhos, até que eles estivessem vazios, aguardando.
“Venha para mim, Raymond.” Pallas disse. “Venha para mim.”
Stirling se sentou, seu braço bom abraçando a vampira. Ele tentou usar seu braço quebrado, mas ele não estava mais ligado ao ombro.
Bettina mexeu o braço quebrado para frente e para trás, rindo. Stirling nunca reagiu a dor. Ele se aninhou contra Pallas. O olhar em seu rosto era de felicidade, alegria. Ansiedade.
Pallas enfiou suas presas no pescoço dele. Stirling deu um espasmo por um segundo, e então relaxou e começou a fazer suaves barulhos em sua garganta.
Pallas moveu a cabeça de Stirling para um lado, chupando a ferida, mas deixando espaço o suficiente no outro lado, para mais alguém. Bettina enfiou suas presas na carne exposta.
As duas vampiras se alimentaram, cabeças tão juntas que se mesclavam, dourado e preto. E Raymond Stirling fazia felizes barulhos enquanto elas o matavam.
Larry andou para longe, até a beirada da clareira, abraçando seus braços forte contra seu peito. Eu continuei onde estava. Eu assisti. Eu queria Stirling morto. Seria covardia olhar para longe. Além do mais, eu deveria olhar. Eu precisava me lembrar quem os monstros eram. Talvez se eu me forçasse a não olhar para longe, não piscar, eu não iria me esquecer novamente.
Eu encarei o rosto sorridente e ansioso de Stirling, até que seus braços caíram das costas de Pallas, e seus olhos se fecharam. Ele passou mal pela perda de sangue e choque, e as vampiras o abraçaram firme, e se alimentaram. Os olhos dele se abriram, e um som de murmúrio saiu de sua garganta.
Medo transpareceu em seus olhos. Pallas levantou uma mão e acariciou o cabelo de Stirling, um gesto que você usava em crianças assustadas. O medo morreu de seus olhos, e assisti a ultima luz morrer neles. Eu assisti Raymond Stirling morrer, e eu sabia que iria me lembrar do seu último olhar de terror nos meus sonhos por semanas a fio.

 

 

 


CAPÍTULO 37


Houve uma rajada de vento que levantou uma fina linha de poeira. Jean-Claude apareceu como se tivesse se conjurado do ar. Eu nunca fiquei tão feliz em ver ele. Eu não corri para seus braços, mas eu me movi para ficar perto dele. Larry me seguiu. Jean-Claude não era sempre um refugio seguro, mas nesse momento, estava mais do que bom.
Ele estava vestido em uma de suas camisas brancas. Essa tinha tantos cordões na frente, que parecia fofo. Uma curta jaqueta branca pegava apenas na cintura dele. Mais cordões saiam das mangas da jaqueta. Ele usava calças brancas justas com um cinto preto. O cinto combinava com suas botas pretas de veludo.
“Eu não esperava você aqui, Jean-Claude.” Janos disse. Eu não poderia dizer com certeza, mas ele soava surpreso. Bom.
“Serephina entregou seu convite em pessoa, Janos, mas isso não foi o suficiente.”
“Você me surpreende, Jean-Claude.” Ele disse.
“Eu surpreendi Serephina também.” Ele soava terrivelmente calmo. Se ele estava com medo por estar parado em desvantagem numérica no topo da colina, não parecia. Eu amaria saber como ele tinha surpreendido Serephina.
Jason subiu no lado mais distante da colina, na direção do Jeep. Ele estava usando calças pretas de couro que parecia se fundir nele, botas curtas e pretas, e nenhuma camisa. Havia algo que parecia uma coleira prateada de cachorro em volta de seu pescoço, e uma luva preta em cada mão, mas fora isso, ele estava nu da cintura para cima. Eu esperava que tinha sido Jason que escolheu sua própria fantasia para hoje a noite.
O lado direito de seu rosto estava marcado do queixo até a testa como se algo grande tivesse acertado ele.
“Eu vejo que seu animal de estimação se juntou a luta.” Janos disse.
“Ele é meu de todas as formas, Janos. Todos eles são meus.”
Apenas dessa vez eu deixei passar. Se minha escolha fosse pertencer a Jean-Claude ou a Serephina, eu sabia pra quem meu voto seria.
Larry se moveu para tão perto de mim que eu poderia ter pego sua mão. Talvez ele não gostasse de ser incluído na coleção de Jean-Claude.
“Você perdeu aquele ar de humildade que eu achava tão atraente, Jean-Claude. Você recusou o convite de Serephina completamente?”
“Eu irei à festa de Serephina, mas por mim mesmo, com meu pessoal em volta de mim.”
Eu olhei para ele. Ele era louco?
Ele franziu a testa. “Serephina quer você na festa em correntes.”
"Todos nós poderemos viver com minha escolha, Janos.”
“Você está dizendo que você iria desafiar todos nós aqui e agora?” Havia uma ponta de risada em sua voz.
“Eu não irei morrer sozinho, Janos. No final você talvez terá a mim, mas te custará muito.”
“Se você realmente virá por sua própria vontade, então venha.” Janos disse. “Nossa mestre chama, nos deixe responder esse chamado.”
Janos, Bettina e Palla estavam de repente no ar. Não era voar, ou levitação. Eu não tinha palavra para aquilo. Larry sussurrou, “Querido Deus.” A primeira vez que você vê um vampiro voar era uma coisa memorável.
Os outros se espalharam pelas árvores naquele movimento desfocado que os faziam desaparecer quase tão rápido quanto voando. Ellie Quinlan tinha desaparecido com o resto deles. Seu irmão tinha sido carregado por Janos. Até esse momento, eu não sabia que um vampiro podia carregar mais que apenas o peso de seu próprio corpo enquanto “voava”. Aprendendo algo novo cada noite.
Nós achamos nossas armas e descemos a colina. Nossas cruzes estavam bem e verdadeiramente desaparecidas. Até Jean-Claude estava andando, e eu sabia que ele tinha outros meios de transporte. Era considerado grosseria voar quando os outros não podiam?
O Jeep ainda estava onde tínhamos estacionado. A noite ainda estava densa. Faltavam horas para amanhecer, e eu apenas queria ir para casa.
“Eu tomei a liberdade de escolher roupas para você usar hoje à noite.” Jean-Claude disse. “Elas estão no Jeep.”
“Eu tranquei o Jeep.” Eu disse.
Ele apenas sorriu para mim.
Eu suspirei. “Certo.” Quando eu ia abrir a maçaneta, estava destrancada. Roupas estavam dobradas no banco do passageiro.
Elas eram de couro preto. Eu balancei minha cabeça. “Eu acho que não.”
“Suas roupas, ma petite, estão no lado do motorista. Estas são as roupas de Lawrence.”
Larry espiou por cima de meus ombros. “Você deve estar brincando.”
Eu andei em volta do Jeep e achei um limpo jeans preto. O jeans mais justo que eu tinha. Uma blusa sem manga, vermelho sangue, que eu não lembrava ter comprado. Parecia seda. Havia um casaco que abotoava na frente que eu nunca tinha visto. Quando eu fui ver o tamanho ele pegava no meio da panturrilha, e se movia como uma capa de chuva quando eu movia. Eu gostei do casaco. A blusa de seda, eu podia passar sem ela.
“Nada mal.” Eu disse.
“As minhas são.” Larry disse. “Eu nem mesmo sei como entrar nessas calças.”
“Jason, o ajude a vestir.” Jason pegou uma trouxa de couro e as levou até a parte de trás do Jeep. Larry seguiu ele mas não parecia feliz.
“Sem botas?” Eu disse.
Jean-Claude sorriu. “Eu achei que você não iria desistir de seus tênis de corrida.”
“Totalmente certo.”
“Se troque rápido, ma petite, nós temos que chegar até Serephina antes que ela decida matar o garoto apenas por despeito.”
“Xavier deixaria ela matar seu novo brinquedo?”
“Se ela é verdadeiramente a mestre dele, ele não tem escolha. Agora, vista-se, ma petite, depressa.” Eu andei até o lado mais distante do Jeep, mas isso me deixou ao alcance do ouvido e quase vista de Larry.
Eu parei e suspirei. Mas que diabos.
Eu virei minhas costas para Jean-Claude e tirei minha pistoleira de ombro.
“Como vocês se livraram de Serephina?” Eu tirei minha blusa pela cabeça. Eu lutei contra a urgência de olhar para trás. Eu sabia que Jean-Claude estava olhando, para que checar?
“Jason pulou nela no momento crucial. Isso foi distração o suficiente para nós escaparmos, mas foi mais que isso. Eu temo que o quarto esteja uma bagunça.”
Sua voz estava tão afável que eu tive que olhar seu rosto. Eu coloquei a blusa vermelha e me virei. Ele estava mais perto do que eu pensei, quase uma distância tocável.
Ele ficou parado ali com suas roupas brancas, impecável e perfeito.
“Dê alguns passos para trás, por favor. Eu gostaria de um pouco de privacidade.”
Ele sorriu, mas fez o que eu pedi. De primeira.
“Ela te subestimou desse tanto?” Eu perguntei. Eu troquei meus jeans o mais rápido que pude. Eu tentei não pensar nele me olhando. Era tão embaraçoso.
“Eu fui forçado a escapar, ma petite. Janos chamou sua mestre, e ele me venceu. Eu não posso ficar de pé contra ela, não em uma luta justa.”
Eu coloquei a pistoleira de ombro novamente, abotoei o cinto que estava usando através dele. As correias friccionavam a minha pele um pouco sem mangas, mas era melhor que não ter ela. Eu peguei a Firestar que estava debaixo do banco e coloquei a pistoleira interior de calça abaixo na frente do meu jeans. Ficaria visível, mesmo com o casaco. Eu finalmente coloquei na parte mais baixa das minhas costas, se bem que essa não era minha primeira, nem mesmo segunda escolha de lugar. Eu tirei as facas de prata do compartimento enluvado e as prendi na parte de baixo de meus braços. Eu também peguei uma pequena caixa. Tinha duas cruzes extras nela. Vampiros pareciam sempre tira-las de mim.
Jean-Claude assistia isso tudo com interesse. Seus olhos escuros seguiam minhas mãos como se ele estivesse memorizando os movimentos.
Eu coloquei o casaco e andei alguns passos para sentir tudo. Eu tirei ambas as facas apenas para ter certeza que as mangas do casaco não pareciam tão apertadas. Eu saquei ambas as armas e ainda não gostava da Firestar. Eu finalmente mudei a pistoleira da calça para outro lado. Ela cravava nos lados, forte o suficiente para marcar, mas eu podia alcançar em um tempo razoável. Isso era mais importa que conforto hoje a noite. Eu coloquei um pente de balas extra no bolso do casaco. Estavam completos com balas sem ser de prata. Me fazia nervosa ter balas de prata apenas nas armas, mas Cabeça Crua e Ossos Sangrentos iria fazer sua aparição alguma hora dessa noite. Até Magnus poderia estar lá.
Eu queria armamento para tudo que eu conhecia hoje.
Larry saiu de trás do Jeep. Eu mordi minha boca para não rir. Não é que ele estivesse mal, ele apenas parecia tão desconfortável. Ele parecia ter problemas em andar com calças de couro.
“Apenas ande naturalmente.” Jason disse.
“Eu não consigo.” Larry disse. Ele estava com uma blusa de seda sem mangas que era igual o minha, exceto que a dele era azul, não vermelha. Ele estava com botas pretas curtas. A jaqueta preta que ele tinha pego emprestada de Jason noite passada completava o traje.
Eu olhei para as botas.
“Tênis de corrida preto, talvez, ma petite, mas tênis de corrida branco com couro preto? Eu acho que não.”
“Eu me sinto ridículo.” Larry disse. “Como você consegue usar isso o tempo todo?”
“Eu gosto de couro.” Jason disse.
“Nós devemos ir.” Jean-Claude disse. “Anita, se você puder dirigir?”
“Eu pensei que você fosse preferir voar.” Eu disse.
“É importante que cheguemos juntos.” Ele disse.
Larry e eu adicionamos sal em nossos bolsos. Com balas extras em um bolso e sal no outro, meu casaco caia um pouco torto, mas ei, nós não iríamos para um show de moda.
Nós todos entramos no Jeep. Havia um bocado de protestos no banco de trás.
“Essas calças são ainda mais desconfortáveis para sentar.”
“Eu me lembrarei da sua apatia ao couro no futuro, Lawrence.”
“Meu nome é Larry.”
Eu dirigi o Jeep pelo caminho de terra que conduzia para fora da construção.
“Serephina quer ser imortal.”
Eu virei para a estrada principal indo de volta para Branson, mas é claro que daríamos uma paradinha na casa de Serephina no meio do caminho.
Jean-Claude se virou em seu assento para me olhar. “O que está dizendo, ma petite?”
Eu disse a ele. Eu disse sobre Cabeça Crua e Ossos Sangrentos, e o plano se Serephina. “Ela é louca.”
“Não inteiramente, ma petite. Poderá não dar a ela a imortalidade, mas dará um poder inimaginável. A pergunta restante é, como Serephina aumentou seu poder o suficiente para ser um obstáculo para Janos antes de se alimentar de Magnus e Ossos Sangrentos?”
“O que você quer dizer?”
“Janos estava no antigo país. Ele não iria sair de lá voluntariamente. Ele a seguiu. Onde ela conseguiu poder para dominar ele?”
“Talvez Magnus não seja o primeiro fairie que ela se alimenta.” Eu disse.
“Talvez.” Ele disse. “Ou talvez ela achou outro alimento.”
“Qual outro alimento?”
“Essa, ma petite, é a pergunta que eu gostaria muito de poder responder.”
“Pensando em mudar a dieta?” Eu perguntei.
“Poder é sempre tentador, ma petite, mas nesta noite eu estava pensando em coisas mais práticas. Se nós pudermos descobrir sua fonte de poder, nós poderemos ser capazes de desfaze-la.”
“Como?”
Ele balançou sua cabeça. “Eu não sei, mas ao menos que consigamos achar alguns coelhos para tirar da cartola, ma petite, estamos condenados.”
Ele soava extraordinariamente calmo sobre isso. Eu não estava calma. Meu pulso estava batendo tão rápido que eu podia sentir ele na minha garganta e punho. Ouvindo ele correr em minhas orelhas. Condenados: isso não soava bem. E Serephina nos esperando do outro lado, tampouco soava bem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 38


Caminhamos até os degraus de pedra da entrada. Luz da lua e suave escuridão enchiam a entrada. Não havia nenhuma sombra grossa, sobrenatural, nenhuma dica do que havia no seu interior. Era apenas uma casa abandonada, nada de especial. A nervosa agitação no meu estômago não comprava um dos dois (?).
Kissa abriu a porta. Luz de velas se derramado por detrás da sua porta aberta para a sala distante. Nenhuma desculpa de que esta noite a sala vazia era tudo que aconteceria. Suor escorria por seu rosto, ouro caindo na luz quente. Ela ainda estava sendo punida. Gostaria de saber porquê, mas não era o meu maior problema.
Kissa nos conduziu através de porta aberta sem uma palavra. Serephina estava sentada em seu trono no canto da grande sala. Ela estava vestindo um vestido de baile branco como Cinderela, o cabelo dela empillhado em cima de sua cabeça. Diamantes como uma linha de fogo brilhando em seu cabelo enquanto ela comprimentava com a cabeça.
Magnus estava enrolado no seu pé em um smoking branco e cauda. Luvas, um chapéu branco, e um bastão foram colocados ao lado de seus joelhos. Seus longos cabelos castanhos eram a única cor na imagem. Cada mestre vampiro que eu tinha conhecido nunca teve uma dramática apresentação. Janos e suas duas mulheres estavam de preto atrás do trono, como uma cortina viva das trevas. Ellie deitou-se em seu lado nas almofadas, parecendo quase viva. Mesmo em seu rasgado e manchado vestido preto ela parecia satisfeita, como um gato que estava cheio de creme. Os olhos dela cintilavam, lábios enrolado com um sorriso secreto. Ellie, aliás Angela, estava desfrutando ser não morta. Até agora. Kissa andou até eles, e ajoelhou-se do lado longe de Magnus. Seu couro negro misturado com o casaco de Janos. Serephina acariciou o rosto suado de Kissa com um mão com luvas brancas.
Serephina sorriu, e foi lindo até vislumbrar os olhos dela. Eles brilhavam com uma pálida fosforescência. Você poderia pegar uma dica na pupila, mas se afogaria rápido.
Os olhos dela combinavam com seu vestido. Agora que era cor-coordenada.
Jeff e Xavier estavam faltando. Eu não gostei disso. Eu abria a boca para perguntar, e Jean-Claude olhou para mim. Só desta vez, o olhar foi suficiente. Ele era o mestre, eu estava jogando como servo. Tudo bem, desde que ele fizesse as perguntas certas.
"Nós viemos Serephina", disse Jean-Claude. "Dêem-nos o garoto, e vamos te deixar em paz."
Ela riu. "Mas eu não vou te deixar em paz, Jean-Claude." Ela virou suavemente os olhos brilhando para mim. Era como ser analisado por lanternas gêmeas, e tão humanos. "Niña, estou tão feliz de te ver."
Eu parei de respirar por um segundo. Niña: tinha sido o meu apelido da mamãe para mim. Algo alargou-se nos olhos dela, como um vislumbre distante do fogo e, depois, a luz voltou para um luz fresca cintilante. Ela não estava a tentando capturar-me com os olhos dela. Por quê? Porque ela tinha certeza de mim.
Minha pele de repente ficou fria. Era isso. Eu teria dito que era arrogância, mas eu acreditava. Ela ofereceu algo melhor do que sexo, mais completo que poder. Lar. Mentira ou não, era uma boa oferta.
Larry tocou a minha mão. "Você está tremendo."
Eu engoli duro. "Nunca admita que você está assustada em voz alta, Larry; arruina o efeito."
"Desculpe".
Eu caminhei para longe dele, não no sentido aconchegante. Eu olhei para Jean-Claude, uma maneira de perguntar silenciosamente se eu estava prestes a quebrar o protocolo vampiro.
"Ela reconheceu você como um outro mestre. Responda como um". Ele não parecia incomodado com aquilo; eu sim.
"O que você quer, Serephina?" Eu perguntei.
Ela levantou, deslizando pelo chão atapetado. Parecia que aquilo era só saia, sem pernas. Pés simplesmente não se movem assim. Talvez ela estivesse levitando. No entanto ela controlou, ela manteve uma aproximação. Eu queria desesperadamente me afastar. Eu não queria ela perto de mim
Larry moveu um passo para trás de mim. Jason moveu um passo até Jean-Claude do outro lado. Eu era o meu chão. Foi o melhor que pude fazer.
Algo cintilou nos olhos dela, como um relance distante de movimento através de uma franja de árvores. Olhos não fezem isso. Olhei para longe e percebi que eu não lembrava de olhar para os olhos dela. Então, como eu estava afastando o olhar?
Senti ela avançar para mim. A luva da mão dela entrou em vista. Eu fui para trás e olhei pra cima ao mesmo tempo. Eu mal olhei em seu rosto, mas foi o suficiente. Os olhos dela tinham fogo queimando em um longo túnel escuro, como se o interior de sua cabeça caisse em uma distante escuridão impossível, e algumas pequenas criaturas tinham que acendeu um fogo contra as trevas. Eu poderia aquecer minhas mãos com essa chama para sempre.
Eu gritei. Gritei e cobri os olhos com as mãos.
Uma mão tocou meu ombro. I fui para longe e gritei novamente. "Ma petite, estou aqui."
"Então faça alguma coisa", disse.
"Eu estou", disse ele.
"Eu terei esta por um amanhecer." Ela fez sinal para mim. Ela deslizou um passo em direção a Jason. Ela acariciou com sua mão enluvada o seu peito nu. Ele ficou lá e aceitou. Eu não teria deixado que ela tocare em mim sem um desafio.
"Eu vou te dar a Bettina e Pallas. Eles vão ensinar você a desfrutar de carne podre."
Jason encarou em frente, mas os olhos dele se alargaram um pouco. Bettina e Pallas tinham se movido por trás do trono para estar alguns pés atrás de Serephina. Gestos dramáticos são nossos.
"Ou talvez eu vou forçá-lo a mudar para a forma de lobo até que se torne mais natural do que esta casca humana". Ela deslizou um dedo sob o colar em sua garganta. "Eu o acorrentarei em minha parede, e você será meu cão de guarda."
"Chega de tudo isto, Serephina", disse Jean-Claude. "A noite sangra longe. Esses tormentos mesquinhos estão abaixo do seu poder".
"Estou me sentindo mesquinha esta noite, Jean-Claude, e em breve terei o poder de ser tão mesquinha quanto eu me sinto." Ela encarou Larry. "Ele vai juntar-se ao meu rebanho". Ela encarou Jean-Claude fixamente. Eu não percebi que ele era mais alto.
"E você, meu adorável catamount (tipo de gato selvagem), irá servir a todos nós por toda a eternidade."
Jean-Claude olhou fixamente para baixo dela, absolutamente arrogante. "Eu sou o mestre da cidade agora, Serephina. Nós não podemos tortura nós mesmos. Nós não podemos roubar os bens uns dos outros, não importa o quão atraentes eles são."
Levei um segundo para entender que as possessões as quais ele se referia eramos nós.
Serephina sorriu. "Eu vou ter seus negócios, o seu dinheiro, suas terras, e seu povo antes da noite terinar. O Conselho realmente acha que eu estaria contente com migalhas de sua mesa?"
Se ela desafiou-o oficialmente, estávamos todos mortos. Jean-Claude não podia pegá-la, e nem eu poderia . Distração, precisávamos de uma distração. "Você está vestindo diamantes suficiente para comprar o seu próprio negócio, a sua própria casa."
Ela virou os olhos brilhando para mim, e mei que queria ter ficado quieta. "Você acha que eu vivo nesta casa, porque não posso pagar mais?"
"Eu não sei".
Ela deslizou de volta para seu trono e sentou nele, alisando suas saias. "Eu não confio em suas leis humanas. Vou continuar a ser o segredo que temos sido sempre, deixando que outros andem sob o holofote. Eu estarei aqui quando esses modernos pensadores não estiverem mais." Ela cortou de repente, com uma mão.
Jean-Claude se assustou. Sangue voou de seu rosto, respingando sobre a camisa branca e jaqueta manchas carmesim brilhantes. Gotas disso aderiram ao meu cabelo e bochecha.
Ela cortou mais uma vez, e outro corte explodiu do outro lado do rosto, salpicando Jason com o sangue de Jean-Claude.
Jean-Claude permaneceram em seus pés. Ele nunca gritou. Ele não tocou nas feridas. Ele ficou lá por completo ainda, exceto o sangue não houve qualquer movimento dele. Seus olhos estavam afundando em piscinas de safira flutuantes em uma máscara de sangue.
Um musculo descoberto movimentou-se em sua bochecha. Um osso cintilou na mandíbula e bochecha.
Era uma ferida assustadoramente profunda. Mas eu sabia que ele poderia cura-la. Horrível como ela se parecia, era uma tática de susto. Eu continuei a dizer isso ao meu coração disparado. Eu queria ir para uma arma. Para disparar na cadela. Mas eu não podia disparar em todos eles. Eu não tinha certeza se Janos poderia ser fuzilados.
"Eu não tenho que te matar, Jean-Claude. Metal quente em suas feridas, e elas serão permanentes. Seu belo rosto devastado para sempre. Você ainda pode fingir ser mestre da cidade, mas eu governarei. Você será o meu marionete. "
"Diga a palavra, Serephina", disse Jean-Claude. "Diga e acabe com esses jogos." Sua voz era suave, quase normal, uma vez que nunca foi. Sua voz não se alterou com nada, não de dor, ou medo, ou terror.
"Desafio: é que a palavra que você quer ouvir, Jean-Claude?"
"Era isso." Seu poder rastejou sobre a minha pele como fogo fresco. O poder chicoteou para fora de repente, senti ele passando por mim como um gigante punho. Ele bateu em Serephina, dispersando as correntes de ar. Kissa pegou a ponta dele e caiu para trás do trono, quase propensa jogada entre as almofadas.
Serephina atirou a cabeça para trás e riu. O riso morreu em meados de movimento, como se nunca tivesse ido. Seu rosto era uma máscara com olhos de fogo branco. Sua pele pareceu crescer mais pálida, branco até que ela fosse como mármore translúcido. Veias apareceram em sua pele como linhas de chama azul. Seu poder fluiu através do quarto como água subindo, mais e mais profunda até quando ela liberasse tudo seriamos afogados.
"Onde estão os seus fantasmas, Serephina?" Eu perguntei. Eu pensei por um segundo que ela tinha me ignorado, mas aquele rosto mascarado virou devagar, devagar para mim.
"Onde estão os seus fantasmas?"
Mesmo que ela estivesse olhando direto para mim, eu não poderia dizer se ela ouviu. Era como tentar ler o rosto de um animal, não, o rosto de uma estátua. Não havia interior.
"Não é possível controlar Ossos Sangrentos e seus fantasmas, ao mesmo tempo? É isso? Você tem que desistir de um deles?"
Serephina ficou de pé, e eu sabia que ela estava flutuando, subindo em minúsculas correntes de seu próprio poder de pairar acima das almofadas. Ela flutuou lentamente para cima para o teto, e foi impressionante. Eu estava balbucio, tentando ganhar tempo, mas o tempo para quê? Que diabos podemos fazer?
Uma voz ecoou na minha cabeça. "Cruzes, ma petite, não se intimide por minha causa." Eu não argumentei ou hesitei.
A cruz se derramou para fora da minha blusa em uma bola de luz tão brilhante que era doloroso. Minha visão ficou turva e eu olhei para longe, só para encontrar a cruz de Larry atrás de mim em chamas para a vida.
Jean-Claude assutou-se ao meu lado, arqueando para longe, braços cobrindo seu rosto. Serephina gritou e quase caiu no chão. Ela poderia ficar ante uma cruz, mas ela não podia fazer truques em frente a uma. Ela desembarcou em um amontoado de saias de seda. Os outros vampiros protegendo seus rostos, sibilaram.
Magnus levantou das almofadas. Ele andou na ponta dos pés em nossa direção. Jason foi para a frente de Jean-Claude, movendo-se para permanecer na minha frente. Ele olhou com os olhos âmbar para mim, sua besta me encarando sobre o brilho da cruz, e não tinha medo. Por uma batida do coração eu fiquei feliz eu tinha balas de prata só no caso.
Serephina disse: "Não, Magnus, você não."
Magnus hesitou, olhando para Jason. Um fino rosnado rastejou para fora da garganta de Jason. "Eu posso pegá-lo", disse Magnus.
Houve um som vindo da porta aberta para o porão. Algo estava subindo as escadas. Algo pesado. As escadas rangiam em protesto. Uma mão saiu da escuridão, grandes o suficiente para empalmar minha cabeça. As unhas eram longas e sujas, quase como garras. A roupa esfarrapada aderiu-se aos enormes ombros, quadrados. A coisa tinha pelo menos três metros de altura.
Ele teve que se dobrar lateralmente a entrar pela porta, e quando ele entrou, sua cabeça escovava o teto, e você não podia fingir que era humano.
Sua enorme, superdimensionada cabeça não tinha pele. A carne estava crua e aberta como uma ferida. As veias batiam pulsantes e o sangue fluia através delas, mas não sangravam. Ele abriu uma boca cheia de dentes quebrados amarelo e disse, "estou aqui." Foi chocante ouvir as palavras sairem daquela boca, daquele rosto. Sua voz era como o som no fundo de um poço, profunda, ápera, e perdida.
A sala de repente parecia pequena. Cabeça Crua e Ossos Sangrentos poderia esticar um braço e me tocar . Não era bom. Jason tinha se movido um passo para trás para voltar para a gente. Magnus havia se transferido de volta para o lado de Serephina. Ele estava olhando para a criatura com olhos arregalados como o resto de nós. Ele nunca tinha visto isso na carne antes?
"Vinde a mim", disse Serephina. Ela agitou suas mãos para a criatura, e ele se moveu em direção a ela, surpreendentemente gracioso. Tinha um fluído a sua caminhada que estava todo errado. Nada que seja grande e feio deve se mover como mercúrio, mas se movia. Nesse movimento, vi Magnus e Dorrie. Moveu-se como algo lindo.
Serephina embalou sua mão enorme, sujo na sua mão com luvas brancas. Ela empurrou para trás a esfarrapada manga, expondo o pulso grosso, musculoso.
"Pare-a, ma petite."
Eu olhei de relance para Jean-Claude, que ainda estava assustado diante das cruzes de fogo. "O quê?"
"Se ela beber dele, as cruzess não podem trabalhar contra ela."
Eu não discuti com ele, não havia tempo.Eu saquei a Browning e senti Larry sacar a arma dele.
Serephina dobrou-se sobre o pulso do fairie, boca aberta, dentes brilhante.
Eu puxei o gatilho. A bala bateu no lado da cabeça dela. A força a balançou, e sangue gotejou. Ela poderia ser baleada. A vida era boa. Janos atirou-se na frente dela, e foi comotentar acertar o Superman. Eu puxei o gatilho duas vezes, olhando para os olhos mortos no rosto a pouco mais de um metro.
Ele sorriu para mim. Prata balas simplesmente não o pegavam.
Larry tinha andado em torno de Jean-Claude. Ele estava atirando em Pallas e Bettina. Eles continuaram chegando. Kissa ficou no chão. Ellie parecia congelada diante das cruzes.
Ossos Sangrentos ficava ali como se estivesse à espera de ordens, ou não dar uma maldição. Estava olhando fixamente para Magnus como se o reconhecesse. Não era um olhar amigável.
A voz de Serephina veio de trás da proteção do corpo de Janos. "Dê-me seu pulso."
O fairie deu um sorriso imperfeito. "Logo vou ter a liberdade de te matar." Ela olhou para Magnus quando ele disse isso.
Eu não queria algo do tamanho de um pequeno gigante com raiva de mim, mas eu não quero Serephina tendo o seu poder de qualquer forma. Eu atirei em sua cabeça ferida, e eu poderia muito bem ter cuspido nela. O tiro fez-me ganhar uma aparência suja. "Não tenho nenhuma desavença com você", disse o fairie. "Não se torne uma".
Olhando fixamente em sua monstruosa cara, eu concordei. Mas o que eu poderia fazer? "O que vamos fazer?" Larry perguntou. Ele mudou-se para defender quase paralelamente a mim. Bettina e Pallas só tinha parado apenas fora da escala de toque, presas na baía pelas cruzes, não as armas. Jean-Claude tinha se ajoelhado, rosto embalado longe do brilho das cruzes, mas ele não rastejou para longe. Ele permaneceu dentro da protecção do toque de luz.
Balas de prata não machucariam o fey, então... Eu pressionei o botão da Browning e tirei o pente. Eu peguei no meu bolso o pente extra e o deslizei para casa. Eu mirei a coisa do peito, onde eu esperava ser o coração, e atirei.
Ossos Sangrentos gritou. Sangue floresceu em suas roupas esfarrapadas. Eu soube quando ele sentiu a mordida de Serephina em sua carne. Poder girou através do quarto, levantando todos os cabelos no meu corpo. Por um batimento cardíaco eu não podia respirar; havia muita magia no espaço para algo tão simples como respirar.
Serephina subiu lentamente por trás da escuridão da forma de Janos.
Ela levitou ao teto, banhando-se à luz das cruzes, sorrindo. A ferida em sua cabeça estava cicatrizada. Os olhos dela lamberam chamas brancas ao seu redor do rosto, e eu sabia que nós estávamos caminhando para a morte.
Xavier apareceu na porta para o porão. Ele segurava uma espada em suas mãos, mas era a maior, com o corte mais suave do que qualquer espada que eu já tinha visto. Ele encarou Serephina e sorriu.
"Eu alimentei você," Ossos Sangrentos disse. "Liberte-me."
Serephina jogou suas mãos em direção ao céu, acariciando o teto. "Não", ela respirou, "nunca. Beberei você até secar e banhar-me em seu poder."
"Você prometeu," Ossos Sangrentos disse.
Ela olhou fixamente para ele, flutuando, seus olhos de fogo estavam mesmo com a seu rosto ferido. "Eu menti", disse ela.
Xavier chorou: "Não!" Ele tentou se aproximar, mas as luzes o mantiveram fora de alcance.
Eu joguei um punhado de sal sobre Serephina e Ossos Sangrentos. Ela riu para mim. "O que vocês estão fazendo, Niña?"
"Nunca quebre sua palavra a um fey", eu disse. "Ele nega todas os acordos."
Uma espada apareceu nas mãos de Ossos Sangrentos, Apenas parecia que o fey a tinha agarrado no meio do ar. Foi o que eu vi Xavier carregar na casa dos Quinlans. Quantos scimitars (sabre oriental de lâmina larga e recurvada de um só gume) tão longas quanto meu corpo superior existiam? Ele apunhalou Serephina-lo através do tórax, espetando ela no meio do ar como uma borboleta. Aço normal não devia ter tocado nela, mas apoiada pela magia fairie, ele poderia. Ele a pregou na parede, levando a cabo em seu peito. Ele rasgou a espada nela, torcendo-a, causando tantos danos quanto pode.
Ela gritou e deslizado para baixo, deixando um rastro sangrento na parede nua.
Ossos Sangrentos se voltou para o resto de nós. Ele tocou seus dedos no sangramento do peito. "Eu vou te perdoar por esta ferida, porque você me libertou. Quando ele estiver morto, não haverá mais feridas." Ele conduziu a espada em Magnus. O movimento foi tão rápido, parecia que parar de agir.
Ele era tão rápido quanto Xavier. Merda.
Magnus caiu aos seus joelhos, boca aberta com um grito que ele não teve fôlego para fazer. Ossos sangrentos pucou a espada para cima como fez com Serephina, e ele fez-me lembrar das feridas que os meninos tinham.
Se Ossos Sangrentos nos ajudasse a escapar de Serephina e companhia, eu não tinha qualquer problema com isso, mas então o quê? Ela puxou a espada para fora, e Magnus ainda estava vivo, olhando para mim. Ele me alcançou, e eu poderia ter deixado ele morrer. Ossos Sangrentos levantou a lâmina de volta para um último golpe.
Eu saquei a Browning nisso. "Não se mova. Até você matá-lo, você é mortal, e balas podem matar você."
O fairie congelou, olhando para mim. "O que você quer, mortal?"
"Você matou os garotos na mata, não é mesmo?"
Ossso Sangrentos piscou para mim. "Eles eram crianças más."
"Se você sair daqui, vai matar mais crianças más?"
Ossos Sangrentos me olhou, piscou, então disse, "É o que faço. O que eu sou."
Eu atirei antes que eu podusse pensar. Se ele se movesse primeiro, eu estava morta. A bala o atingiu entre os olhos. Ele cambaleou para trás, mas não caiu.
"Ma petite, as cruzes, ou eu não posso te ajudar." A voz de Jean-Claude era um sussurro áspero.
Eu escorreguei a cruz para dentro da minha camisa, um segundo mais tarde Larry seguiu o exemplo. O quarto estava repentinamente escuro, mais frio apenas com a luz das velas. Ossos Sangrentos correu para frente, e era apenas um borrão. Eu disparei e não sabia se eu tinha acertado ou não.
A espada balançou para me atingir, e Jean-Claude repente lá estava pendurada sobre o braço, enviando-o equilíbrio. Larry moveu-se ao meu lado, e nós dois disparamos no peio do fey.
Ele agitou Jean-Claude pra fora, aremessando ele em uma parede. Larry e eu ficamos de pé no nosso chão, ombro a ombro. Eu vi a espada vindo como um borrão de prata, e sabia que eu não podia sair do caminho a tempo.
Xavier estava subitamente diante de mim, a estranha espada bloqueou a lâmina de Ossos Sangrentos. A lâmina de aço parou um centímetro da minha cara. A espada de Xavier foi entalhada onde o aço tinha mordido ela. A estranha espada foi impulsionada para cima através do peito de Ossos Sangrentos. O fairie gritou, cortando Xavier, mas ele estava muito perto para a espada gigante do fairie.
Ossos Sangrentos desabou em seus joelhos. Xavier torceu a espada como se caçando o coração. Ele sacudiu a espada em uma lavagem de sangue coagulado. O fairie desabou sobre o seu estômago, gritando. Ele tentou levantar. Eu pressionou o cano da Browning contra o seu crânio disparando tão rápido quanto eu podia. De ponto em branco para alvo você não precisará objectivo. Larry moveu-se ao meu lado e disparou. Nós esvaziou os pentes nele, e ele ainda estava respirando. Xavier conduzia a espada através das suas costas, fixando-o no chão. Seu peito subiu e desceu, lutando por ar.
Eu troquei a Firestar e mudei seu pente para balas normais. Três disparos mais, e como se uma massa crítica tivesse sido atingida, a cabeça explodiu em uma arremetida de ossos e sangue e umas coisas mais grossas, mais molhadas.
Xavier estava a sua volta quando ele explodiu. Nós ficamos lá cobertos de cérebros sangrentos. Xavier tirou a espada de suas costas. A espada saiu entalhadas, prejudicada pelo contacto com osso. Nós ficamos lá pelo gigante morto, dois de nós isolados em um momento de clara compreensão.
"A espada é de ferro frio, não é?" Eu perguntei.
"Sim", disse ele. As pupilas dos seus olhos estavam escarlate como uma cereja, não a cor do sangue de um albino, mas realmente vermelho. Os seres humanos não têm olhos como esse.
"Você é um fey", eu disse.
"Não seja tola. Os fairies não podem tornar-se vampiros, todos sabem disso."
I olhei para ele, e balancei minha cabeça. "Você acupou-se com a mágica de Magnus. Você fez isso com ele."
"Ele fez isso com ele", disse Xavier.
"Eu o alimentei com minhas vítimas quando eu cansei dos mesmos."
Eu tinha oito tiros deixados na Firestar. Talvez ele viu o pensamento passar por detrás dos meus olhos. "Nem balas de chundo ou prata irão prejudicar-me. Sou a prova contra os dois."
"Onde está Jeff Quinlan?"
"Ele está no porão."
"Pegue-o."
"Eu não penso assim." E de repente houve som novamente, o movimento de novo, para além de nós. Ele me encantou, e coisas ruins foram acontecendo enquanto eu tinha sido capturada.
Jason estava tossindo sangue sobre o tapete. Se ele fosse humano, eu teria dito que ele estava morrendo. Sendo um licantropo, ele podia viver para ver o amanhã. Um dos vampiros tinham machucado ele gravemente. Eu não sabia qual.
Jean-Claude estava deitado sob uma pilha de vampiros feita de Ellie, Kissa, Bettina, e Pallas. Sua voz saiu em um grito de trovão, ecoando através do quarto. Foi impressionante, mas não o suficiente. "Não o faça, ma petite."
Janos estava perto do trono com Larry. As mãos dele foram amarradas atrás de suas costas com uma das cordas que prendia as cortinas. Um pedaço de pano foi posto na boca dele. Janos tinha uma pálida mão de aranha em volta do pescoço de Larry.
Serephina estava apoiada em seu trono, sangue pretovertendo dela. Eu nunca vi ninguém perder tanto sangue tão rapidamente. Seu peito estava rasgado tão grande que tive um vislumbre de um coração batendo freneticamente.
"O que você quer?" Eu perguntei.
"Não, ma petite." Jean-Claude lutava para se deslocar e não podia. "É uma armadilha."
"Diga-me algo que eu não sei."
"Ela quer você, necromante", disse Janos.
Eu deixei isso se dissipar por um minuto. "Porquê?"
"Você roubou o sangue imortal dela. Você tomará o seu lugar."
"Ele não era imortal," eu disse. "Nós provamos isso".
"Era poderoso, necromante, como você é poderosa. Ela vai beber de você e viver."
"O que sobre mim?"
"Você vai viver para sempre, Anita, para sempre."
Eu deixei a parte do "para sempre", eu conhecia melhor.
"Ela irá levá-lo e matá-lo de qualquer maneira", disse Jean-Claude.
Ele provavelmente estava certo, mas o que eu poderia fazer? "Ela deixou as meninas irem."
"Você não sabe disso, ma petite. Viu-as vivas?" Ele tinha um ponto.
"Necromante". A voz de Janos empurrou-me de volta para ele. Serephina estava sustentada no trono ao lado dele. Sangue tinha encharcado o vestido branco, tornando-o negro, emplantrando seu corpo magro.
"Venham, necromante", disse Janos. "Venha agora, ou o homem sofre."
Eu comecei a andar e Jean-Claude gritou: "Não!"
Janos retalhou com uma pálida mão de aranha, logo acima no corpo do Larry. A camisa branca de Larry foi rasgada, e o sangue a encharcava. Ele não podia gritar com a mordaça, mas se Janos não o tivesse pego, ele teria caído.
"Largue todas as suas armas e venha até nós, necromante".
"Ma petite, não faça isso. Eu te imploro."
"Tenho que fazer isso, Jean-Claude. Você sabe disso."
"Ela sabe disso," ele disse.
Eu olhei para ele, lutando sem ajuda contra três vezes o seu peso corporal em vampiros. Deveria ter sido ridículo, mas não foi.
"Ela não quer você só para ela. Ela não me quer para você. Ela irá levá-la para me irritar."
"Eu o convidei para vir jogar desta vez, lembra?" Eu disse. "É a minha festa."
Eu caminhava para Janos. Eu tentei não olhar para trás dele, para não ver para o que mais eu estava caminhando.
"Ma petite, não faça isto. Você é um mestre reconhecido. Ela não pode levá-la pela força. Você deve consentir. Recuse."
Eu só balancei a cabeça e continuei.
"Suas armas primeiro, necromante", disse Janos.
Eu coloquei ambas as armas no chão.
Larry sacudia a cabeça furiosamente. Ele fez pequenos ruídos de protesto. Ele lutou, falhando em seus joelhos. Janos teve que aliviar seu aperto no pescoço dele para evitar estrangula-lo.
"Agora as suas facas", disse Janos.
"Eu não..."
"Não tente mentir para nós aqui e agora."
Ele tinha um ponto. Eu coloquei as facas no chão.
Meu coração estava martelando tão duramente que eu mal podia respirar. Eu parei na frente de Larry. Eu encarei os olhos azuis de Larry. Eu tirei a mordaça, o lenço de seda de alguém.
"Não faça isso. Deus, Anita, não faça isso. Não por mim. Por favor!"
Golpes frescos cortaram sua camisa; mais sangue fluiu. Ele arfou, mas não gritou.
Olhei para cima para Serephina. "Você disse que este golpe só funciona com uma aura de poder."
"Ele tem sua própria aura", disse Janos.
"Deixem-no ir. Deixe-os ir todos, e eu vou fazer isso."
"Não faça isso por mim, ma petite."
"Estou fazendo isso por Larry, não tem custo nenhum para jogar mais por todos"
Janos olhou de relance para Serephina. Ela estava caida para um lado, os olhos semi-fechados. "Vinde a mim, Anita. Deixe-me tocar seu braço, e irei libertar todos eles, a minha palavra, de um mestre para outro."
"Anita, não!" Larry lutou não para fugir, mas para vir atrás de mim.
Janos cortou a mão através do ar, bem como a manga da camisa de Larry voaram com sangue. Larry gritava.
"Pare", eu disse. "Pare com isso." Eu andei em direção a ele. "Não toque nele novamente. Nunca toque nele novamente."
Eu cuspi as últimas palavras em seu rosto, olhando-o nos olhos mortos e não sentindo nada. Uma mão roçou meu braço, e eu empurrei, ofegando. Eu deixei a raiva me guiar nos últimos passos. Assustava-se muito a pensar no que eu estava prestes a fazer.
Serephina tinham perdido uma luva. Foi a sua mão nua que rodeou meu pulso, não muito apertado, não dolorosa no mínimo. Eu olhei fixamente em sua mão em meu braço e não pude falar após a batida de meu próprio coração.
"Liberte ele", disse ela.
Num minuto Janos deixou-o ir, Larry tentou chegar a mim. Janos deu-lhe uma bofetada casual que ele bateu no chão fazendo-o escorregar uns dois metros.
Eu fiquei congelada com a mão no meu braço. Por um momento horrível eu achei que eles o mataram, mas ele lamentou e tentou voltar para cima.
Eu olhei de relance para Larry, e encontrei os olhos de Jean-Claude. Ele esteve atrás de mim há anos, agora aqui estava eu deixando outro mestre vampiro afundar os dentes dela em mim.
Serephina empurrou-me aos meus joelhos, espremendo os ossos do meu braço tão forte que pensei que tinha quebrado ele. A dor me trouxe de encontro aos olhos dela. Eram de um perfeito sólido marrom, tão escuro que estavam quase preto. Aqueles olhos sorriram para mim suavemente.
Eu sentia o cheiro do perfume da minha mãe, seu spray de cabelo, sua pele. Eu sacudi minha cabeça. Era uma mentira. Era tudo uma mentira. Eu não podia respirar. Ela ajoelhou-se sobre mim, e quando o rosto dela entrou em frente ao meu foram os cabelos pretos grossos de minha mãe que cairam contra a minha bochecha.
"Não! Não é real."
"Ela pode ser tão real quanto você quer que seja, Niña". Eu olhei para aqueles olhos, e caí no longo túnel negro de seus olhos. Eu caí para aquela minúscula chama. Eu estendia a mão em direção aquilo. Aqueceria minha carne, confortaria meu coração. Seria tudo, todas as pessoas, tudo para mim.
Distante como um sonho ouvi Jean-Claude gritar meu nome, "Anita!" Mas era tarde demais. Seu fogo aquece-me, fez-me sentir completa. A dor era um pequeno preço a pagar.
O túnel desmoronou preto atrás de mim até que não havia nada, mas a escuridão e a cintilação do olhos de Serephina.

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 39


Eu sonhei. Eu era muito pequena. Pequenas o suficiente para caber completamente no meu colo da minha mãe, só os meus pés presos na ponta de seus joelhos. Quando ela envolveu seus braços em volta de mim eu estava tão segura, tão certa de que nada nunca poderia me machucar enquanto mamãe estivesse aqui. Eu coloquei minha cabeça contra seu peito. Eu podia ouvir a batida do seu coração contra o meu ouvido. Um ritmo forte, certo que martelava mais e mais ruidosamente contra o meu rosto.
O som me acordou. Mas eu não estava acordada. A escuridão era tão completa que era como estar cega. Eu deito nos braços da minha mãe, no escuro. Eu dormia na cama com ela e papai. Seu coração batendo contra o meu ouvido, eo ritmo estava errado. Mamãe tinha um sopro cardíaco. O batimento do seu coração era uma fração de segundo mais lento, uma hesitação, em seguida, duas batidas rápida de recuperação. O coração batendo contra a minha pele era tão regular quanto um relógio.
Eu tentei levantar, fora dela, e bati minha cabeça contra algo duro e firme. Minhas mãos deslizaram sobre o corpo que estava me prendendo. Eu toquei um vestido de cetim com um jóias lisas costuradas nele. Eu continuava ali na absoluta escuridão e tentei rolar para fora dela. Eu deslizei pela curva do braço dela. Seu corpo nu deslizado ao longo de meu ombro nu, sem ossos como os mortos, mas seu coração encheu a escuridão mesmo eu me esforçando para não tocar nela.
Nossos corpos foram moldados um contra o outro. Não era um caixão construído para dois. Suor eclodiu na minha pele em uma corrida. A escuridão era subtamente sufocante, quente. Eu não podia respirar. Tentei rolar por minhas costas. Tentei rolar por ela, e eu não podia. Não havia quarto.
Cada pequeno esforço fez o corpo desossado se mover, o movimento a carne macia, solta. Eu não podia mais sentir o perfume de minha mãe. Eu sentia o cheiro de sangue velho, e o cheiro estragado estranho que eu sentia antes. Vampiros.
Eu gritei e tentei empurrar para cima para conseguir alguma distância, e a tampa moveu-se. Eu apoiei no meu braço, empurrando minhas constras contra o cetim e madeira. A tampa bateu para trás, e de repente eu estava sentada no corpo dela, a parte de cima do meu corpo levantando no meio do empurrão.
A luz turva afiou as linhas em seu rosto. A cuidadosa maquiagem parecia errada, como um cadáver mal preparado. Eu lutei para fora do caixão, quase caindo no chão.
O caixão de Serephina estava depositado no palco do Bar e Restaurante Ossos Sangrentos. Ellie deitada enrolada na base do palco. Eu saltei em torno dela, meio que esperando ela pegar no meu tornozelo, mas ela não se moveu. Nem sequer para respirar. Ela era uma recém-morta, e com o sol até ela estava realmente morta.
Serephina não estava repirando também, mas o seu coração estava batendo, batendo, vivo. Por quê? Para o meu conforto? Por causa do meu jeito? Inferno, eu não sabia. Se eu saisse, eu perguntaria a Jean-Claude. Se ele estivesse vivo. Se ela tivesse mantido a sua palavra.
Janos estava estendido no meio do chão, nas suas costas, mãos dobradas sobre o peito. Bettina e Pallas abraçadas contra ele, uma de cada lado. Um caixão estendido no chão. Eu não tinha nenhuma maneira de saber que horas do dia eram. Eu apostaria que Serephina não tinha que dormir o dia todo. Eu tinha que sair daqui.
"Eu disse a ela que você não iria dormir o dia todo."
A voz sacudiu ao meu redor. Magnus estava por trás do balcão, apoiados os cotovelos sobre a sua superfície lisa. Ele estava cortando uma lima (uma fruta) com uma faca muito afiada. Ele me olhou com seus olhos verdes-azuis. Seu longo cabelo ruivo derramado em torno de seu rosto. Ele ajeitou-se subitamente, esticando suas costas. Ele estava usando uma daquelas camisas com babados* que você aluga para usar com um smoking. A camisa era verde claro e ressaltava o verde em seus olhos.
(* http://www.movietonefrocks.co.uk/assets/images/db_images/db_WHITE_FRILLY_SHIRT2.jpg )
"Você me assustou", eu disse.
Ele saltou sobre o balcão facilmente, aterrisando sobre seus pés leve como um gato. Ele sorriu, e não era um sorriso amigável. "Eu não não pensei que você se assustasse tão fácil."
Eu dei um passo para trás. "Você se recuperou malditamente rápido."
"Eu bebi sangue imortal, o que ajuda". Ele olhou para mim com um calor nos olhos que eu não gostei completamente.
"O que há de errado com você, Magnus?"
Ele arrastou o seu longo cabelo para um lado. Ele puxou a gola da sua camisa até os primeiros dois botões estourarem, girando para o chão. Havia uma nova marca de mordida na suave pele de seu pescoço.
Eu dei mais um passo para trás para a porta. "Então o quê?" Eu corri minha mão sobre o meu pescoço e encontrei a minha própria marca de mordida. "Então, nós temos um par combinando. Então o quê?"
"Ela proibiu-me de beber. Ela disse que você dormiria o dia todo. Que ela desejava mantê-la dormindo o dia todo, mas eu achei que ela tinha subestimado você."
Eu dei um outro passo em direcção à porta.
"Não, Anita."
"Porque não?" Mas eu tinha medo de conhecer a resposta.
"Serephina me disse para mantê-la aqui até que ela acordasse." Ele olhou para mim, e era uma expressão triste, deprimida. "Apenas tenha um lugar. Eu prepararei algo para você comer."
"Não, obrigado."
"Não corra, Anita. Não me faça machucar você."
"Quem está no outro caixão?" Eu perguntei.
A pergunta pareceu surpreendê-lo. Ele deixou cair o seu cabelo para trás sobre o seu pescoço. A camisa ficou aberta sobre o seu peito. Eu não lembro de observar seu peito na última por tanto tempo, ou a forma como seu cabelo varrida sobre seus ombros. A pomada deve ter perdido o efeito. "Pare, Magnus."
"Parar o quê?"
"Glamor não irá funcionar em mim."
"Glamor seria uma alternativa mais agradável", disse ele.
"Quem está no caixão?"
"Xavier e o rapaz."
Eu corri para a porta. Ele estava atrás de mim de repente, incrivelmente rápido, mas eu vi mais rápido. Aconteceu que a maioria deles estava morto.
Eu não tentei abrir a porta. Eu virei em seu corpo, e isso o surpreendeu. Ele caiu em um giro de ombro roll resumido quase perfeito. Eu tentei arremessá-lo três pés pelo chão, tudo o que eu tinha.
Ele ficou atordoado por um segundo. Naquilo eu abrir a porta. A luz do sol da primavera caiu sobre Janos e suas mulheres. O rosto de Janos se torceu longe da luz. Eu não esperei para ver mais. Corri. Os gritos me seguiram para fora na luz solar. Ouvi a porta bater atrás de mim, mas não olhei para trás. Eu alcancei o cascalho do estacionamento correndo com tudo que eu tinha. Eu o ouvi martelando atrás de mim. Eu não ia fugir dele. Esperei até o último segundo, parei de correr, e chutei ele. Ele viu o que estava vindo e mergulhou sob ela, pegando a minha outra perna debaixo de mim, jogando nós dois no chão Eu joguei um punhado de cascalho na cara dele, e ele me bateu no queixo com o seu punho. Existe um momento congelado após um bom tiro na cara. Um momento de choque, paralisia de onde tudo o que podemos fazer é piscar. O rosto de Magnus apareceu sobre mim. Ele não perguntou se eu estava bem; este tinha sido o ponto. Ele me agarrou e me lançou sobre seus ombros. Eu tinha uma bela vista do chão sobre o tempo que eu fui capaz de me mover novamente.
Percorri minhas mãos até suas costas, tentando alavancar o suficiente para impulsionar umas duas mãos em seus ombros. Eu deixei ele apoiar a parte de baixo do meu corpo, mas antes que eu podesse tentar, ele chutou a porta aberta e me jogou no chão, não muito delicadamente. Ele se inclinou contra a porta trancada e ele.
"Você apenas teve que fazer isso da maneira mais difícil, não é mesmo?"
Eu empurrei com os meus pés e me coloquei longe dele, o que me levou para mais perto dos vampiros. Não é uma melhoro. Eu empurrei em direção ao balcãlo. Não podia deixar de ser uma porta traseira. "Eu não sei de outra maneira, Magnus."
Ele tomou uma respiração profunda e se afastou da porta. "Vai ser um longo dia, então."
Coloquei uma mão sobre a madeira lisa do balcão. "Sim", eu disse. A metade da lima cortada e a faca estavam a poucos centímetros de distância. Eu olhei para Magnus, tentando muito dificilmente não olhar para a faca novamente. Para não chamar a atenção para ela. O que não é tão fácil quanto parece.
Seus olhos encararam à faca. Ele sorriu e agitou sua cabeça. "Não faça isso, Anita."
Eu coloquei as minhas mãos sobre o balcão e empurrei a mim mesma sobre ele. Eu o ouvi vindo, mas eu não olhei para trás. Nunca olhe para trás; é sempre algo a ganhar com você. Eu agarrei a faca e rolei sobre o balcão, ao mesmo tempo. O rosto de Magnus apareceu acima do balcão demasiado rápido. Eu não estava pronta. Tudo que eu podia fazer era olhar para cima para ele com a faca agarrada na minha mão. Se ele tivesse sido um pouco mais lento, eu lhe teria esfaqueado na garganta, ou esse tinha sido o plano.
Magnus se abaixou no balcão, olhar para baixo para mim. Seus olhos verde azulado brilharam. Luzes e cores jogado neles, refletindo as coisas que não estavam lá. Ele permaneceu no balcão acima mim, balançando ligeiramente sobre as bolas de seus pés, uma mão no balcão para equilibrar. Seu cabelo caiu para frente, arrastando grossos fios em toda a sua cara. Ele estava vindo todo selvagem para mim, como esteve no monte. Mas desta vez ele não estava tentando ser um dos bons. Eu o esperei saltar sobre mim, mas ele não o fez. Claro, ele não estava lutando comigo, ele estava apenas tentando evitar que eu saisse.
Eu olhei de relance para o que estava sobre o balcão. Licor em garrafas, copos limpos, um balde de gelo, alguns panos limpos, guardanapos. Nada daquilo parecia útil. Merda. Fui lentamente para os meus pés, costas pressionadas na parede, tão longe de Magnus quanto eu podia. Comecei a avançar lentamente meu caminho do balcão em direção a porta. Magnus passou por mim, movendo-se hesitantemente sobre o balcão, tornando o movimento inábil gracioso.
Ele era mais rápido do que eu, mais forte do que eu, mas eu estava armada. A faca era de boa qualidade, feita para cortar alimentos, e não pessoas, mas uma boa faca é uma boa faca. É versátil. Eu me forcei a não apertar muito forte o cabo, relaxar. Eu ia sair desta. Eu o faria. Meus olhos seguiram para o caixão aberto de Serephina. Eu pensei tê-la visto respirar.
Magnus saltou em mim. Seu corpo bateu no meu, e eu conduzi a faca em seu estômago. Ele grunhiu, e seu peso me jogou no chão. Eu conduzio o cabo da faca profundamente. Seu punho fechado sobre minha mão, e ele rolou de cima de mim, tomando a faca com ele.
Eu arrastei-me ao redor da borda da balcão de quatro. Magnus estava lá, puxando-me com força para os meus pés por um braço. O sangue tinha embebido a frente de sua camisa. Ele levantou a faca ensanguentada na frente da minha cara. "Isso dói", disse ele. Ele colocou a ponta da lâmina contra o lado da minha garganta. Parecia que meu pulso estava pulando para encontrar a lâmina. Ele começou a andar de costas, puxando-me com ele.
"Onde estamos indo?" Eu perguntei.
"Você vai ver", disse ele. Eu não gostei que ele não iria me dizer.
Seus pés bateram com força contra o corpo de Ellie. Eu podia vislumbrar o caixão de Serephina atrás dele, e eu rolei meus olhos. É difícil mover a sua cabeça quando uma faca está em sua garganta. Ele puxou meu braço, e eu não fui. Eu me inclinei para trás em meus calcanhares, só um pouco, ciente da faca, mas eu estava com mais medo de Serephina do que de qualquer espada.
"Vamos lá, Anita."
"Não até que você me diga o que estamos fazendo." Falei com muita atenção em torno da faca.
Ellie estendida imóvel, sem ossos, morta aos nossos pés. O sangue de Magnuscaiu sobre seu rosto vazio. Se tivesse sido um dos outros, eles poderiam ter lambido o sangue mesmo em seu sono, mas Ellie estava bem e verdadeiramente morta. Ela era recém-ressuscitada, vazia, esperando sua "personalidade" recuperar-se, se ela nunca fizesse. Eu tinha visto vampiros que nunca recuperaram.
Nunca chegou perto de ser o humano que tinha sido.
"Eu vou colocar você no caixão e trancar até que Serephina acorde."
"Não", eu disse.
Magnus espremeu o meu braço como se seus dedos estivessem procurando o osso. Se ele não quebrasse seria um inferno de uma contusão. Eu não gritei, mas foi um esforço. "Eu posso te machucar, Anita, em todos os tipos de formas. Apenas faça"
"Nada do que você fizer vai me assustar tanto quanto ficar nesse caixão novamente."
Eu pensei nisso. O que significava que a não ser que ele fosse realmente me matar, a faca não funcionava mais. Eu virei minha cabeça na lâmina. Ele foi forçado a desloca-la para longe da minha pele antes de eu dirigi-la para mim.
Eu o encarei a cerca de meio metro, e vi algo em seus olhos que eu não tinha visto antes. Ele estava com medo.
"Ossos Sangrentos morreu porque ele compartilhou sua mortalidade. Você era difícil de matar antes, Magnus? Não imortalidade extraída, é isso?"
"Você é malditamente muito inteligente para seu bem", disse ele suavemente.
Eu sorri. "Mortal como o resto de nós, pobre bebê."
Ele sorriu, um rápido expor de dentes. "Eu ainda posso causar mais danos do que você pode destruir."
"Se você realmente acredita nisso, você não me colocaria no caixão."
Sua mão se moveu em um borrão de velocidade, que foi quase rápido quanto um vampiro. Ele atingiu meu braço, e eu levei alguns segundos para perceber que ele tinha me cortado. Sangue escorreu do corte e gotejou em baixo do meu braço. Ele trocou seu aperto do meu braço para o meu pulso, mais rápido do que eu poderia tirar partido do mesmo.
Eu vi o sangue escorrer do meu braço para o meu cotovelo. Não era muito de um corte, pode até não deixar uma cicatriz, naturalmente, no meu braço esquerdo, quem poderia dizer? "Você não poderia ter cortado o braço direito? Eu não tenho tantas cicatrizes neste”.
Ele fez um rápido talho para baixo e abriu o meu braço direito do meu ombro quase ao meu cotovelo. "Sempre feliz de fazer um favor a uma dama."
O corte doeu e foi mais profundo do que o primeiro. Eu e minha boca grande. O sangue corria do meu braço em uma fina linha carmesim. O sangue no meu braço esquerdo tremeu no meu cotovelo e caiu suavemente na bochecha de Ellie. O sangue deslizou por sua pele, em sua boca. Um formigamento de magia subiu minha coluna. Eu prendi minha respiração. Eu podia sentir. Eu podia sentir o corpo aos nossos pés.
Era plena luz do dia. Eu não deveria ser capaz de levantar nem um zumbi, e muito menos um vampiro. Era impossível, mas eu podia sentir o corpo, sentir a magia. Eu sabia que ele era meu se eu quisesse isso. Eu queria isso.
"O que há de errado?" Magnus sacudiu meu braço, trazendo meus olhos de volta para seu rosto. Eu tinha estado olhando para o vampiro. Eu não pretendia isso, era tão malditamente inesperado.
Eu podia sentir a magia simplesmente fora de alcance, quase lá. Mas como empurrá-la para a borda? Como? Eu sorriu para Magnus. "Você pretende apenas cortar-me até eu entrar no caixão?"
"Eu poderia."
"A única maneira que eu vou para este caixão é morta, Magnus, e Serephina não me quer morta." Eu caminhei para ele e ele começou a se mocer para trás, mas obrigou-se a defender o seu terreno. Nossos corpos estavam quase prensados uns contra os outros. Ótimo. Corri minha mão sob a camisa, junto a sua pele nua.
Magnus arregalou os olhos. "O que você está fazendo?"
Eu sorri, e segui o caminho de sangue fresco para cima da ferida. Eu arrastei a borda da ferida, e ele fez um pequeno som como se tivesse machucado. Eu alisei minha mão livre sobre a sua pele, manchando seu sangue em toda a sua carne como pintura a dedo.
"Você viu a cena do assassinato quando você me tocou e ainda queria fazer sexo comigo, lembra?"
Ele tomou um fôlego, e estremeceu quando ele o deixou sair entre os lábios.
Eu tirei minha mão coberta de sangue de sob sua camisa. Eu segurei isso para ele, deixando ele ver isso. Sua respiração veio um pouco mais rápida.
Eu ajoelhei-me, lentamente, ele não se foi, ele não colocou a faca para baixo, mas ele não me parou. Eu manchei a boca de Ellie com sangue. A magia se alargou, faiscando sob minha pele fria como fogo. Espalhou-se pelo meu braço e para o de Magnus.
"Merda!" Magnus balançou a faca para mim.
Eu bloqueei seu punho com o meu braço e fui pra cima dele, impulsionando em meus joelhos. Ele estava equilibrado em meus ombros, mas ele ainda tinha a faca. Eu o arremessei em cima de Ellie.
Eu estava sobre ele, respiração dura. "Ellie, levante".
Os olhos do vampiro se abriram completamente. Magnus começou a se afastar dela.
"Pegue ele," eu disse.
Ellie envolveu seus braços ao redor da cintura dele e prendeu-o. Ele a esfaqueou com a faca, e ela gritou. Deus me ajude, ela gritou. Zumbis não gritam.
Corri para a porta.
Magnus veio depois de mim, arrastando Ellie atrás dele. Ele estava se movendo mais rápido do que eu pensei que ele iria, mas não suficientemente rápido. Naquilo eu abrir a porta, e uma longa barra de luz solar derramou-se através da porta. Eu estava um passo para fora da porta quando o grito começou. Eu olhei de relance para trás, eu não podia ajudá-lo. Ellie estava pegando fogo. Magnus tentou afrouxar seus braços, gritando. Mas nada segura como os mortos.
Eu corri para fora para o estacionamento.
"Niña, não vá."
A voz parou-me na margem do estacionamento. Eu olhei para trás. Magnus tinha se arrastado para fora da porta e para o cascalho. Ellie estava queimando branco quente. A camisa e os cabelos de Magnus estavam queimando.
Gritei, "Vai para trás, seu filho da puta!" Mas a mesma voz que me manteve presa na beira do estacionamento manteve ele saindo para a luz.
A voz veio novamente. "Volte para a cama, Anita. Você está cansada. Você precisa descansar."
De repente eu estava cansada, tão cansada. Eu sentia cada corte, cada machucado. Ela ia fazer tudo melhorar. Ela iria me tocar com suas mãos frescas e fazer tudo melhor.
Magnus desabou no meio do caminho, gritando. O vampiro estava se fundindo com ele, queimando-o vivo. Jesus.
Ele chegou com uma mão para mim. Ele gritava: "Ajudem-me!" O vampiro estava derretendo em sua carne, consumindo-o.
Corri. Eu corri a voz de Serephina sussurrando em meu ouvido: "Niña, mamãe sente sua falta."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 40


Eu acenei para um carro na estrada. Eu estava coberta em sangue seco, cortada, arranhada, ferida e ainda assim um casal de idosos me pegaram. Quem disse não existem mais bons samaritanos?
Eles queriam me levar para a polícia, eu os deixei.
Os bons policiais deram uma olhada em mim e perguntaram se eu precisava de uma ambulância. Eu disse que não, e perguntei se eles podiam ligar para o Agente Especial Bradford e dizer que foi a Anita Blake.
Eles tentaram me convencer a ir para o hospital, mas não havia tempo. Já estava quase anoitecendo. Nós tínhamos que nos mover antes da escuridão. Eu pedi para o policial enviar dois homens em um carro para ter certeza que ninguém movesse os caixões. Eu disse a eles que talvez houvesse um homem ferido no estacionamento, e se ele ainda estivesse lá, para chamar uma ambulância, mas em nenhuma circunstância entrar naquele lugar.
Todo mundo assentiu e concordou comigo. A maioria dos policiais da área estiveram pela casa de Serephina noite passada e hoje. Os policiais me disseram que Kirkland os levou para o lugar de descanso de Serephina depois que ela me pegou. Me levou um segundo para perceber que Kirkland era Larry. O que quer dizer que Serephina manteve sua palavra e os deixou ir. O alívio de saber, com certeza, que Larry estava vivo, fez meus joelhos ficarem fracos, e eu já estavam cambaleante o suficiente sem isso.
Os policiais acharam mais de uma dezena de corpos enterrados no porão da casa de Serephina. Ela deveria ter enterrado eles na floresta. Pelo o que eu sabia, ela levantava seus fantasmas. Eu não sabia com certeza. Não importava. Tudo que importava era que tínhamos o mandato de execução, e os policiais estavam me ouvindo hoje.
Eles me sentaram em uma sala de interrogação com um copo de café preto, denso o suficiente para andar por cima dele, e com uma manta envolta de mim. Eu estava arrepiando e não podia impedir.
Bradford entrou na sala e sentou no lado oposto de mim. Ele me encarou com olhos que estavam apenas abertos um pouco demais.
“A policia local me disse que você achou o novo lugar de descanso da vampira mestre.”
Eu ri, e a risada saiu errada, quase como um soluço. “Eu não achei o lugar de descanso da Serephina. Foi mais: eu acordei nele.” Eu levei a caneca até minha boca e tive que parar no meio do movimento.
Minhas mãos estavam tremendo tanto que eu estava quase derramando café na mesa. Eu respirei profundamente, lentamente, e concentrei em beber um gole do café. Apenas concentrei em um simples movimento físico. Isso ajudou. Eu bebi um gole do café e me acalmei ao mesmo tempo.
“Você precisa ir para o hospital.” Bradford disse.
“Eu preciso de Serephina morta.”
“Nós temos mandatos para todos eles. Todos os vampiros envolvidos. Como você quer fazer isso?”
“Queimar eles. Bloquear tudo além da porta da frente. Se Magnus estiver lá dentro, ele vai sair.”
“Magnus Bouvier?”
“Aham.” Havia algo no jeito que ele disse o nome dele que eu não gostei.
“Os policias acharam o que sobrou dele no estacionamento. Parecia como se algo tivesse se fundido na metade de seu corpo. Você sabe alguma coisa sobre isso?” Ele olhou para mim atentamente quando perguntou isso.
Eu tomei outro cuidadoso gole de café e olhei em seus olhos sem piscar. O que eu deveria dizer?
“Os vampiros estavam controlando ele. Ele deveria ficar no bar até anoitecer. Talvez eles puniram ele por falhar.”
O que eu tinha feito para Magnus e Ellie era o suficiente para eu ganhar uma sentença de morte. Eu não iria admitir isso para os federais.
“Os vampiros puniram ele?” Ele fez isso uma pergunta.
“Aham.”
Ele me olhou por um longo tempo, e então assentiu e mudou de assunto. “Os vampiros não vão tentar quebrar o bar quando o fogo começar?”
“Luz do sol ou fogo.” Eu disse. “Apenas uma escolha de quão bem terminado você quer que seu vampiro fique.”
Eu terminei meu café.
“Seu protegido, Sr. Kirkland, disse que você foi seqüestrada no cemitério. Essa é sua história também?”
“Acontece que essa é a verdade, Agente Bradford.” Era a verdade até certo ponto.
Omissão é uma coisa maravilhosa.
Ele sorriu e balançou a cabeça. “Você está escondendo mais merda de mim do que me dizendo.”
Eu encarei ele até que seu sorriso diminuísse nos cantos. “A verdade é uma benção contraditória, Agente Bradford, não acha?”
Ele me olhou por um momento, e então assentiu. “Talvez, srta. Blake, talvez.”
Eu liguei para o hotel e ninguém respondeu no quarto de Larry. Eu tentei meu quarto, e achei Larry lá. Houve um momento de silêncio atônito quando ele percebeu que era eu.
“Anita, ah meu Deus, ah meu Deus. Você está bem? Onde você está? Eu vou te buscar.”
“Eu estou na estação policial na cidade. Eu estou bem, mais ou menos. Eu preciso que você traga algumas roupas para eu trocar. As que eu estou estão cheirando a vampiros. Nós vamos atrás de Serephina.”
Outro silêncio. “Quando?”
“Agora, hoje.”
“Eu estarei aí.”
“Larry?”
“Eu levarei as armas e as facas, e cruzes extras.”
“Obrigada.”
“Eu nunca estive tão feliz em ouvir a voz de alguém em toda a minha vida.” Ele disse.
“É.” Eu disse. “Venha logo. Espera, Larry.”
“Você precisa de mais alguma coisa?” Ele disse.
“Jean-Claude e Jason estão bem?”
“Sim. Jason está no hospital, mas ele sobreviverá. Jean-Claude está no quarto, dormindo. Depois que Serephina te mordeu, ela acertou Jean-Claude com algum tipo de poder, energia. Eu senti, e era terrível. Ela acertou ele e foi embora. Os outros foram com ela.”
Todo mundo estava vivo, ou tão vivo quanto começamos. Era mais do que eu esperava.
“Ótimo. Te vejo logo.” Eu desliguei o telefone e tive uma terrível urgência de chorar, mas eu lutei contra isso. Eu estava com medo de que se eu começasse a chorar, eu não iria conseguir parar. Eu não podia ficar histérica ainda.
Eu estava como uma representante, Bradford estava no cargo. Agente Especial Bradley Bradford, sim, Bradley Bradford parecia pensar que eu sabia o que estava fazendo. Nada como ser quase morta para te dar alguma moral. Por uma vez, com insígnia ou sem insígnia, ninguém estava argumentando comigo. Uma mudança refrescante.
Eu não abracei Larry quando ele trouxe minhas roupas, ele me abraçou. Eu o afastei mais cedo que eu queria, porque eu queria cair em seus braços em lágrimas. Queria apenas deixar um par de braços amigáveis me segurar enquanto eu me derretia. Mas depois, depois.
Um grande machucado estava em um lado de seu rosto da mandíbula até a testa. Parecia como se ele tivesse sido acertado por um taco de baseball. Ele tinha sorte que Janos não tinha quebrado sua mandíbula.
Larry tinha me trazido jeans azul, uma blusa pólo vermelha, meias, meus Nikes brancos, uma cruz extra da minha mala, as facas de prata, a Firestar completa com a pistoleira de calça, e a Browning com a pistoleira de ombro. Ele tinha esqueci do sutiã, mas ei, exceto por isso, foi perfeito.
O lugar onde se guardava as facas no meu braço, ficava arranhando os machucados, mas a sensação de estar armada de novo era maravilhosa. Eu não tentei esconder as armas. Os policias sabiam quem eu era, e eu não estava enganando nenhum dos caras maus.
Quase duas horas depois que eu sai do caixão de Serephina, nós paramos na frente do Ossos Sangrentos. Haviam ambulâncias e mais policiais que o necessário.
Policia local, estadual, federal, era um buffet de policiais. Um caminhão de bombeiros de emergência completava a lista de oficiais. Ah, e tinha Larry e eu.
Com Magnus morto, Serephina e companhia estavam sem guarda. Não indefesos. Ah, não. Nada nesse mundo me faria entrar naquele bar voluntariamente.
Mas haviam alternativas.
O caminhão de gasolina parou perto da parte de trás e quebrou uma janela. Eu assisti eles colocarem a mangueira dentro da janela perto da porta dos fundos e ligarem a torneira.
Eu fiquei ali parada no sol quente, uma brisa gelada brincando na minha pele, e sussurrei, “Apodreça no inferno.”
“Você disse algo?” Larry perguntou.
Eu balancei minha cabeça. “Nada importante.”
A mangueira se movia em vida, e o afiado e doce cheiro de gasolina enchia o ar.
Eu a senti acordar. Eu senti seus olhos abertos no escuro.
Eu respirei o doce cheiro de gasolina, senti minhas mãos agarrarem o canto do caixão.
Eu coloquei minhas mãos nos meus olhos. “Ah, Deus.”
Larry tocou meu ombro. “O que foi?”
Eu mantive minhas mãos pressionadas em meu rosto. “Pegue as armas, agora.”
“O que...”
“Faça!” Minhas mãos se abaixaram e eu olhei para ele. Eu olhei aquele rosto familiar e Serephina o viu também.
Ela sussurrou, “Mate ele.”
Eu peguei as facas fora da bainha no meu braço e deixei elas caírem no chão. Eu comecei a ir em direção os policiais. Eu precisava de pessoas armadas em volta de mim, nesse instante.
A voz em minha mente dizia, “Anita, o que você está fazendo com sua mãe? Você não quer me machucar. Nina, ajude a mamãe.”
“Ah, Deus.” Eu corri e quase topei com Bradford.
“Me ajude, Nina. Me ajude!”
Minha mão se fechou na Browning. Eu sacudi minhas mãos em punhos do meu lado. “Bradford, me desarme agora. Por favor.”
Ele me encarou, mas tirou as armas das pistoleiras. “O que está errado, Blake?”
“Algemas, você tem algemas?”
“Sim.”
Eu coloquei minhas mãos na frente dele. “Use elas.” Minha voz soava apertada, minha garganta tão apertada que eu não podia respirar.
Eu senti o perfume Hypnotique, saboreei o batom da minha mãe na minha boca. A algema foi presa no lugar. Eu me afastei dele, encarando a algema em minhas mãos. Eu abri minha boca para falar, “Tire elas” e a fechei.
Eu podia sentir o cabelo da minha mãe fazendo cócegas no meu rosto.
“Eu sinto perfume.” Larry disse.
Eu olhei para ele com olhos bem abertos. Eu não podia falar, não podia mexer. Eu não confiava em mim mesma para fazer nada naquele momento.
“Ah, meu Deus.” Larry disse. “Você vai sentir ela se queimar.”
Eu apenas olhei para ele.
“O que eu posso fazer?”
“Me ajude.” Minha voz estava apertada, saindo em quase um sussurro.
“O que está acontecendo com ela?” Bradford perguntou.
“Serephina está tentando fazer Anita salvar ela.”
“Os vampiros estão acordados lá?” Ele perguntou.
“Sim.” Eu disse.
Serephina estava fora de seu caixão. Sua saia toda rodada roçava a borda da porta que levava à cozinha. Ela não podia chegar mais perto porque havia luz do sol vindo das janelas. A gasolina estava derramando pelo chão em volta dela.
“Anita, ajude a mamãe.”
“É mentira.” Eu disse.
“O que é mentira?” Bradford disse.
Eu balancei minha cabeça.
“Anita, me ajude, você não quer que eu morra. Você não quer que eu morra, não quando você pode me salvar.”
Eu cai de joelhos, minhas mãos algemadas cravando no chão do estacionamento. “Pare a gasolina.”
Larry ajoelhou do meu lado. “Por que?”
Era uma boa pergunta. Serephina tinha uma boa resposta. “Jeff Quinlan está lá. Ele está lá dentro.”
“Merda.” Larry disse. Ele olhou para cima, para Bradford. “Nós não podemos queimar o lugar. Tem uma criança lá.”
“Pare a gasolina.” Bradford disse. Ele andou para longe de nós, até o caminhão, mencionando para que parassem.
E eu senti a corrente de triunfo de Serephina. Era uma mentira. Xavier tinha levado ele noite passada. Não havia nada vivo naquele bar.
Eu apertei o braço de Larry com minhas mãos algemadas. “Larry, é mentira. Ela está mentindo para mim. Me leve pra longe. Me leve de volta para o carro do esquadrão, agora, e queime o lugar.”
Ele me encarou. “Mas se Jeff...”
“Não argumente comigo, apenas faça!” Eu gritei, enterrando meu rosto entre meus braços, tentando ignorar a voz na minha cabeça.
Eu podia sentir o Hypnotique na minha língua. Era demais para mim. Serephina estava assustada.
Larry chamou Bradford de volta e eles me carregaram até o carro. Eu comecei a me forçar contra eles quando eles tentaram me empurrar para dentro, mas eu fiz o meu melhor para não lutar e eles fecharam a porta. Eu estava em uma prisão de metal e vidro. Eu agarrei meus dedos no cabo da porta, na minha frente, cavando até minha pele doer. Mas nem mesmo dor ajudava.
A gasolina estava por todos os lados, molhando tudo. Serephina estava em choque nela.
“Nina, não faça isso. Não machuque sua mamãe. Não me perca de novo.”
Eu comecei a me balançar para frente e para trás, mãos cavando o cabo. Para frente e para trás, para frente e para trás. Vai acabar logo. Vai acabar logo.
Eu senti um toque gentil no meu rosto, uma memória tão real que me fez virar e procurar por alguém.
“Minha morte será real, Anita.”
Alguém acendeu o fogo. As chamas subiram em vida, e eu gritei antes que acertasse ela. Eu golpeei contra o vidro com minhas mãos algemadas e gritei, “Nãããão!”
Calor emanava nela, desmanchando seu vestido como uma flor murchando, e comendo sua pele.
Eu bati minhas mãos contra o vidro até que não pude senti-las mais. Eu tinha que ajuda-la. Eu tinha que ir até ela. Eu cai de costas e chutei o vidro. Eu chutei e chutei, sentindo o choque ir até minhas costas. Eu gritava e chutava o vidro, e ele quebrou. O vidro rachou e caiu.
Ela estava gritando meu nome. “Anita! Anita!”
Eu estava na metade da janela quando alguém tentou me pegar. Eu deixei ele pegar meu braço, mas puxei minhas pernas para fora da janela. Eu tinha que ir pegar ela, nada mais importava. Nada.
Eu cai no chão com alguém segurando meu braço. Eu me levantei um pouco e joguei a pessoa com um golpe no ombro no chão. Eu corri para o fogo. Eu podia sentir o calor agora, ondeando contra minha pele.
Eu podia sentir o calor lá dentro comendo a gente viva.
Alguém veio na minha frente, e eu bati nele com minhas mãos em punhos.
As mãos me soltaram e eu me levantei em um salto, gritando, e alguém me segurou. Ele me derrubou no chão, braços presos em volta da minha cintura, imobilizando meus braços. Eu dei chutes para trás, e acertei seu joelho. Os braços se soltaram um pouco, mas haviam mais braços. Mais mãos. Alguém deitou em cima de mim. Uma mão do tamanho do meu rosto pressionou o lado do meu rosto contra o chão. Mãos mantiveram minhas mãos contra as pedras, o peso de seu corpo inteiro em apenas meus punhos. Alguém estava sentando em minhas pernas.
“Niña! Niña!”
Eu gritei com ela. Eu gritei enquanto eu me chocava no cheiro de cabelo queimado e no cheiro de Hypnotique. Eu vi uma chama vir de um lado e comecei a chorar, “Não, não! Mamãe! Mamãe!”
A chama se firmou e escuridão encheu o mundo. Uma escuridão que cheirava a carne queimada, e tinha gosto de batom e sangue.

 

 

CAPÍTULO 41


Eu passei alguns dias no hospital. Estava com machucados, cortes, alguns pontos, mas principalmente queimaduras de segundo grau nas minhas costas e braços. As queimaduras não eram tão ruins, não deixariam nenhuma cicatriz. Os médicos não conseguiam entender como eu acabei me queimando. Eu não sabia o que explicar, principalmente porque eu não tinha certeza se podia.
Jason tinha quebrado as costelas, tinha uma perfuração no pulmão e outros danos internos. Ele se curou perfeitamente e em um tempo recorde. Haviam benefícios em ser um licantropo.
Jean-Claude se curou. Seu rosto era novamente aquela perfeição que tinha atraído Serephina a ele há tempos atrás.
A companhia de Stirling recomprou a terra de Dorcas Bouvier, e a fez rica. Com Ossos Sangrentos morto, ela podia se livrar da terra. Ela estava livre.
Os Quinlans ainda queriam me processar. Bert tinha advogados que prometeram nos manter longe do tribunal, se bem que eu não tenho certeza de como eles irão fazer isso.
Se eu tivesse andado pela casa pessoalmente, checado cada centímetro eu mesma, talvez... inferno, mesmo eu não teria protegido a porta do cachorro. Talvez eu mereça ser processada.
Eu disse aos Quinlans que Ellie estava morta. Eles tiveram que aceitar a minha palavra como prova, não havia restado nada dela para comprovar o fato. Quando vampiros queimam, eles queimam. Sem arcada dentária, sem nada.
Jeff estava bem e verdadeiramente morto também. Suas duas crianças tinham sido perdidas. Se tinha que ser culpa de alguém, por que não minha?
Eu levantei um vampiro como se fosse um zumbi, o que não é possível. Necromantes supostamente eram capazes de controlar todos os tipos de mortos. Mas isso era uma lenda, não era real. Certo?
Serephina está morta, mas os pesadelos estão vivos. Os pesadelos se misturavam com memórias reais da morte da minha mãe. Eles são uma merda. Pela primeira vez na minha vida, eu estava tendo insônia.
O que fazer com os dois homens na minha vida? Como diabos vou saber?
Nos braços de Richard, respirando o calor de seu corpo, é a coisa mais perto que eu chegava dos braços da minha mãe. Não era o mesmo porque eu sabia que ainda que Richard desse sua vida por mim, mesmo isso não seria o suficiente. Quando eu era criança, eu acreditava que seria. Não existe segurança real. A inocência perdida nunca pode ser recuperada. Mas as vezes com Richard, eu quero acreditar nisso de novo.
Não há nada confortador nos braços de Jean-Claude. Ele não faz nem eu me sentir segura. Ele é como algum prazer proibido que você sabe que eventualmente você vai se arrepender. Eu decidi não esperar. Eu estou me arrependendo agora, mas eu continuo vendo ele.
De alguma forma, Jean-Claude havia cruzado aquela linha que outros vampiros tinham cruzado. Eu não acho mais que ele é um monstro.
Deus tenha piedade da minha alma.

 

 

                                                    Laurell K. Hamilton         

 

 

 

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