Criar um Site Grátis Fantástico
Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


PERFECTLY FLAWED / Dani René
PERFECTLY FLAWED / Dani René

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

Biblio VT

 

 

 

 

A turma diante de mim observa cada movimento meu. Christopher, o meu mentor e chefe, sorri como sempre. O homem que se tornou meu professor sorri com orgulho no rosto. Meu corpo se move e balança, gira e vira. A batida da música move meus pés nos passos sem que minha mente tenha que pensar.
Levantando meu pé, pisando no chão, girando em uma mão, eu faço um locking¹, um popping² e deslizo nas posições. As crianças gritam e berram. Elas estão animadas com o próximo show. Eu também estou.
Faz anos desde que não me machuquei. Meu coração sofreu por quatro longos anos. Tenho vinte anos e tive o meu coração destruído por uma pessoa.
A maioria das garotas segue em frente, encontra outro garoto ou homem para preencher o vazio, mas nunca consegui fazer isso. Porque cada vez que subo em um palco e toda vez que a música passa através de mim, ele está lá.
Um fantasma.
Meu coração se lembra dele. Minha alma o conhece melhor do que eu mesma. Eu queria parar de dançar quando ele foi embora. Ele foi, me deixando com um adeus e uma promessa que nunca cumpriu. Ele nunca veio para casa para me visitar quando o meu irmão, Preston, visitava, e ele nunca cumpriu a única promessa que fez antes de ir. O único menino que eu amei toda a minha vida foi perseguir seus sonhos, e eu não implorei para ele ficar.
A vida era dele. Não tinha controle sobre ele. Quando ele saiu para estudar em Los Angeles, ele não apenas levou o sol do meu céu, ele levou meu coração e alma.
Ouvi meu irmão contando aos meus pais sobre a vida na Cidade dos Anjos. Sobre como ele, Jeremiah e Ryder estavam no caminho certo para fazer sucesso em Hollywood em um filme musical bem conhecido. Mas não muito depois de suas notícias, meu irmão voltou para casa. Quando perguntei o que aconteceu, ele não queria falar sobre isso, encolhendo os ombros como nada. Não perguntei imediatamente, mas quando meus pais falaram sobre isso, Preston disse que as coisas não deram certo para eles, e ele queria voltar para casa para ver sua família. Sabia que era besteira porque se tem uma coisa que eu sei sobre o meu irmão; ele preferia estar em qualquer lugar, menos com a família.
A música termina quando aterrisso com um espacate, no piso de linóleo. Meu peito sobe com respirações irregulares. Estou sorrindo. É verdadeiro, mais que os outros que dei à minha família desde que Ryder foi embora.
Eles não sabiam sobre nós. Não que houvesse algo para contar.
Não, Ryder Kingsley era o meu segredo.
A porta do estúdio se abre e, assim como ímãs, encontram seus pares, meus olhos encontram os dele. Meu sorriso desaparece. Seu olhar fica sério quando ele me vê, mas há uma indiferença nas piscinas que eu costumava ver carinho. E eu não sou mais a garota que o ama, eu sou uma estranha.
— Piper, este é o nosso novo professor, Ryder Kingsley. Vocês estarão trabalhando no show juntos. – o meu professor de dança há três anos informa alegremente e o meu coração que estava batendo descontroladamente no meu peito cai aos meus pés como se fosse um peso de chumbo.
Isso não pode estar acontecendo.
Mas está.
Ryder caminha para frente com um ligeiro mancar, estendendo a mão.
— Prazer em conhecê-la. – ele fala naquele tom rouco e baixo que eu lembro.
— Obrigada.
E foi assim que o garoto por quem me apaixonei voltou como um homem quebrado.

 

 


 

 


Capítulo Um

Piper

É nos momentos que você permite-se sentir alguma coisa, que nada pode impedi-lo. Isso é o que acontece comigo quando eu danço. Desde que eu era pequena, sendo de uma família excessivamente privilegiada, fui enviada para aulas de balé. Minha mãe disse que todas as meninas tinham que fazer isso. Quando fiquei mais velha, eu ganhei curvas, e odiei aqueles malditos trechos de música clássica que tínhamos de dançar.

No dia seguinte à minha saída, eu me vi seguindo Preston para o seu local de encontro secreto. Eu não sabia o que ele e seus amigos faziam lá, mas algo me dizia que ele não estava fazendo nada bom. E eu estava certa. Ele estava bebendo, fumando e eu contaria sobre ele, se achasse que meus pais se importariam.

Quando o Preston me viu se escondendo nas sombras, ele me chamou. Esse foi o momento em que encontrei as duas coisas que amaria pelo resto da minha vida.

Dança de hip hop e Ryder Kingsley.

Eu tinha quatorze anos na época e ele era o melhor amigo do irmão mais velho e proibido, mas tudo que eu podia fazer era pensar nele me beijando. Não era idiota em pensar que um menino - esqueça isso, um homem de dezessete anos, gostaria de ter alguma coisa a ver com uma criança.

Ele era tudo, com aqueles olhos intensos verdes avelã, lábios carnudos cor de rosa que tinham um pequeno piercing de prata no canto inferior de sua boca. Ele tinha cabelos pretos bagunçados e tatuagens enfeitavam seu corpo, braços, peito e costas. Com músculos magros, ele era alto e me ofuscava cada vez que estava perto.

Seu sorriso.

Ele foi o que roubou a minha atenção. Radiante, com pequenas covinhas nas bochechas. Mais tarde soube que ele era de fato o menino que crescera cedo demais. O menino que se tornou o homem que fazia o que ele queria, depois que seu pai o proibiu de fazer algo que ele amava mais do que respirar. Com uma mãe que só podia amá-lo até certo ponto, ele se concentrou na única coisa que fez com que ele me desse aquele sorriso - dança.

Ele era sedutor.

Ele era de tirar o fôlego.

Ele era perfeito.

Mas eu saberia em breve, que ele era falho demais.

Como eu.

Ele era como sempre me vi. O moleque vestido de jeans e Chucks3.

Mas cada vez que os meus pais me tiravam do seu mundo e me empurravam para o deles, meu coração se despedaçava. Meu longo cabelo loiro estava arrumado em um coque perfeito, minhas curvas estavam cobertas com a melhor seda, cetim e renda. Era o sonho da minha mãe enquanto ela brincava de se vestir com a filha para o mundo ver. Ela queria que eu participasse de todos os jantares formais, bailes, e cada outra parte que seus amigos lhe dissessem.

Ela bufava e reclamava quando eu mencionava uma competição de dança. Ela até gritava e berrava porque eu não ia fazer compras nas boutiques mais caras. Todo o tempo que estava crescendo, eu era dividida em duas.

Perfeita no meu mundo de tênis de skatista e calças de moletom.

Com falhas no mundo das aulas de balé e vestidos caros.

Isto é, até que eu tropecei em Ryder.

De alguma forma, fazíamos sentido. Nós não namoramos, não declaramos amor eterno um ao outro, mas nos tornamos amigos. Eu não conseguia explicar por que, ou como, mas ele me viu. Não a boneca encoberta que meus pais queriam exibir para todos os seus amigos. Ele viu a garota que queria dançar e ser vista como mais do que a bailarina polida como seus chamados amigos viam.

Nos tornamos confortáveis, o professor e a aluna. Amigos. E isso foi tudo que Ryder poderia me oferecer, ou eu poderia dar a ele.

Ninguém notou quando nossa amizade se voltou para algo mais. Meu irmão estava muito focado em sua namorada, fumando maconha e bebendo até desmaiar. Mesmo que eu estivesse afim do meu melhor amigo, meu irmão, não se importava. Meus pais estavam muito ocupados em suas próprias vidas para ver o que estava bem na frente deles. Sua menina inocente estava crescendo.

Quando fiz quinze anos, meus pais finalmente aceitaram quem eu queria ser. Não era uma bailarina, mas uma dançarina de rua. No entanto, com cada comentário que minha mãe fez, eu sabia que ela não estava feliz. Eu ainda fui a jantares chiques, mas também fui autorizada a ir ao armazém para dançar.

Passei todos os momentos ao redor do Ryder. Mesmo com meu irmão por perto, Ryder encontrava um jeito de nos esgueirarmos para algum lugar, dizendo-me para encontrá-lo nos fundos, onde não havia olhares curiosos. Quando ele olhou para mim, algo mudou, mudou dentro de mim, e eu estava mais confiante em quem eu era.

E quando falou comigo em sussurros abafados de como um dia ele ia me beijar até que eu não conseguisse respirar, suas palavras estavam gravadas no meu coração. Foi então que eu soube que ele sempre estaria lá.

Os olhos verdes avelã de Ryder eram algo mágicos. Era como se ele estivesse tentando roubar minha respiração com um único olhar. E com aquelas órbitas que pareciam folhas que só começavam a girar em uma tarde de outono, eu sabia que o deixaria pegar o que quisesse.

Isso me lembra do dia em que o vi pela primeira vez. O dia em que minha vida mudou para sempre. Foi o momento em que Ryder Kingsley iria cravar em minha alma e para sempre ser gravado como uma tatuagem na minha pele.


“O que você está fazendo aqui, Pip?” – Preston sorri, caminhando até mim.

Ele está entre dois meninos que parecem da mesma idade que ele. Meu estômago se contorce de ansiedade. Não deveria tê-lo seguido, mas precisava ver aonde ele ia todas as noites. O cigarro que sai dos lábios queima quando a fumaça branca chega ao céu. Os olhos azuis do meu irmão me fixam no local e eu estou paralisada.

“Eu... Hum...”

“Quer brincar com os meninos grandes, irmãzinha?” – ele me provoca. “Jeremiah, Ryder.” – ele sorri para os dois garotos. “Esta é minha irmãzinha.”

“Ei garotinha, eu sou o Jer.” – diz o garoto mais alto sem tatuagens. “Talvez eu possa ensiná-la a saltar.” – Jeremiah ri, movendo seus quadris em um movimento sórdido que pode significar apenas uma coisa. Eu não posso reprimir o arrepio que viaja através de mim.

“Até parece.” – Preston resmunga, em seguida, tira o cigarro da boca. Com dois dedos, ele aperta o objeto, segurando-o para mim.

“Não, isso é nojento.” – digo, de repente parecendo muito mais jovem do que sou.

Todos os três riem de mim, mas é o olhar cruel de Ryder que me causa dor. Meu irmão tem sido malvado comigo toda a minha vida. Isso não é novidade. Mas esses amigos dele nunca passaram pela casa e eu sei por quê. Se meus pais vissem suas tatuagens e piercings, eles teriam um ataque. E sabendo que meu irmão está fumando, sei que, de fato, o meu pai levaria de volta o carro chique que ele comprou quando completou dezoito anos.

“Ryder, tire-a daqui. Eu tenho que treinar.” – Preston se vira e sai de perto de mim, deixando seu amigo com os lindos olhos me observando como um falcão.

“O que ele faz aqui?” – pergunto ao estranho que agora sei que se chama Ryder. Eu não o vi antes porque eu teria me lembrado de alguém tão bonito.

Ele é alto. O colete que ele veste mostra seus músculos e, embora eles não sejam enormes como alguns desses fisiculturistas nojentos, ele parece forte. Viril. A tatuagem em seus braços e ombros me intriga e eu me pego olhando para elas.

“Você não deveria estar aqui.” – ele resmunga, levantando um cigarro que eu não percebi antes aos seus lábios.

Meus olhos estão grudados em seus lábios enquanto eles envolvem a fina haste branca. Suas bochechas estufam enquanto dá uma tragada. A fumaça não sai por um longo tempo, então ele curva os lábios em um O e sopra círculos cinza no ar.

“Eu quero saber o que meu irmão está fazendo aqui.” – digo a ele.

Ele não responde. Em vez disso, passa por mim e vai até uma caminhonete Chevy preta no estacionamento do parque de skate. Ele abre a porta do passageiro e se vira para mim. “Entre, Piper. – diz ele suavemente.

“Como você sabe meu nome?”

“Todo mundo sabe quem você é.” – ele me diz, fechando a porta uma vez que eu entro.

Eu o vejo contornar a frente da caminhonete e sentar ao meu lado. O motor ruge para a vida e logo estamos a caminho. Suas mãos tocam o volante para a música, mas eu não posso tirar os olhos dele enquanto ele nos cruza através do tráfego. Nós não estamos longe de casa. Eu poderia facilmente ter voltado para casa, mas tudo que eu queria fazer era passar um tempo com esse homem que ganhou meu interesse.

“Eu acho que com um irmão como Pres todo mundo me conhece.” – Minha voz abaixa tristemente e olho para fora da janela enquanto avançamos.

“Ei.” – Ryder diz então. – “Levante a cabeça, pequena, as coisas nem sempre são o que parecem.”

O canto de sua boca levanta um pouco, com o movimento fazendo com que sua bochecha abaixe, e lá diante de meus olhos há uma covinha. Seus olhos brilham com o movimento. Erguendo a mão, ele pega uma mecha do meu cabelo dourado e gira em torno de seu dedo.

“Tenha cuidado com os lobos, pequena.” – diz ele, causando um arrepio frio sobre a minha pele. Suavemente, ele enfia os fios atrás da minha orelha. O toque delicado de seus dedos na minha pele deixa arrepios em seu rastro.

É o lobo que deveria ter medo da garota, eu penso comigo mesmo.

“Eu não tenho medo de nada.” – eu expresso minha resposta, mas meu tom é rouco e cheio de nervosismo. Com minhas palavras ele me dá um sorriso e fico deslumbrada. Ele é de outro mundo. O cabelo cor de corvo em sua cabeça está bagunçado. Sua pele bronzeada torna o castanho esverdeado de seus olhos ainda mais marcante. Mas quando seus lábios se separaram em um sorriso, nada poderia ter me preparado para isso.

E em sua caminhonete, na tenra idade de quatorze anos, eu tenho certeza que ele será o primeiro garoto a partir meu coração.


Eu me arrasto da memória do encontro inicial que tive com Ryder e a primeira vez que ele me tocou. Quando senti as borboletas acordarem no meu estômago, era algo que nunca havia experimentado antes na minha vida. Não sabia disso na época, mas foram os menores momentos que havíamos compartilhado que permaneceriam em minha mente quando crescesse e que mais tarde na vida, me levaram ao meu primeiro orgasmo auto-induzido.

Depois daquela primeira vez em que eu tinha dezessete anos, fui fisgada. Eu persegui esse sentimento constantemente. Eu precisava dele, ansiava por ele. Toda vez que eu estava no chuveiro, eu abaixava meus dedos entre as minhas pernas e imaginava Ryder, seu sorriso, seus olhos e a maneira como ele sempre caminhava com confiança pela nossa casa quando ele a visitava.

Naquela noite em sua caminhonete, algo dentro de mim mudou. Quando o Pres chegou em casa, eu perguntei o que ele fez no parque. Quando ele me disse que dançou, eu ri, mas ele me mostrou seus movimentos e fiquei viciada. Implorei e supliquei a ele que me ensinasse, que me deixasse passar tempo ao redor deles, e um dia finalmente cedeu.

Durante meses, passei tempo no parque dos skate com eles dançando. E eu adorei. Depois de um ano vendo Ryder todos os dias, estando perto dele, ficou claro que havia uma certa tensão entre nós. Não fui só eu, porque lembro que ele quase me beijou um dia. Nós estávamos fazendo um giro de mão que eu não conseguia acertar. No momento em que caí, ele estava lá, me levantando. Com nossos corpos pressionados firmemente um contra o outro, me deixando sem fôlego.

Eu estupidamente fechei meus olhos como eles fazem nos filmes, mas o momento se foi quando meu irmão se aproximou de nós, rindo alto. Ele não percebeu o jeito que Ryder e eu estávamos de pé. Ele não teria notado se o seu melhor amigo me tivesse imobilizado e começado a me abraçar. Ryder, no entanto, estava convencido de que éramos apenas amigos. Ele deixou claro quando pedi a ele para me ensinar, me dizendo que ele iria, e seria como um amigo. Nada como ter seu coração adolescente pisoteado antes que tivesse espaço para voar.

Mas algo mudou naquela noite. Eu não sei o que foi. No dia seguinte, Preston anunciou que os três - ele, Jeremiah e Ryder - estavam saindo de suas casas de infância e indo terminar seus estudos na cidade.

E foi quando Ryder me deixou com uma promessa que ele não cumpriu. Demorei um pouco para superar e, mesmo agora, acho que não superei realmente. Eu sei que ainda o amo, porque sempre vou amá-lo.

Abrindo meus olhos, percebo que o sol se foi. Há espessas nuvens cinzentas no céu, pesadas com a promessa de chuva. Talvez até uma tempestade. A casa está quieta. Nunca houve um melhor momento para estar em casa do que quando meus pais decidiam ir em suas férias de um mês.

Eu vejo como fica mais escuro com a tempestade iminente. Eu adoro sentar na varanda dos fundos. Fechando meus olhos, eu respiro fundo algumas vezes. Estou perdida em pensamentos quando um barulho na porta da frente soa, me arrastando do meu consolo e de volta à realidade.

— Pip! – A voz do meu irmão vem de algum lugar da nossa mansão. O lugar é maior que um maldito palácio. — Onde você está?

— Aqui fora. – eu digo para ele. Ele sempre me chama de Pip em vez do meu nome completo, que é Piper. Aos vinte anos, eu não sou mais uma criança, mas às vezes eu penso em Ryder e eu ainda sinto uma sensação de borboletas no meu estômago, o que ainda me faz sentir muito jovem por querer ele.

As pesadas botas de combate de Preston batem atrás de mim e me viro para encontrar meu irmão mais velho em pé na porta.

— O que há, pequena Pip? – Ele ri.

Eu mencionei que meu irmão é um idiota?

— Nada. Por que você está em casa, Preston? – pergunto, me levantando. Quando me viro para encará-lo completamente, percebo que ele não está sozinho. Atrás dele há outros dois idiotas morenos e pensativos. Os melhores amigos do meu irmão. Minha respiração prende na minha garganta quando meus olhos encontram o familiar par verde-avelã que está me encarando com puro veneno.

Preston observa do lado de fora, se juntando a mim no quintal junto com Ryder e Jeremiah. Desde que tinha quatorze anos, eu estava afim do Ryder. Seus olhos me lembravam de folhas na beira do outono, mudando de verde para castanho. A maneira como seu sorriso se inclinou apenas o suficiente para mostrar uma covinha na bochecha esquerda. Os brincos de prata que enfeitam seu lábio e o da sua língua sempre me davam arrepios e eu me perguntava se ele estava perfurado em qualquer outro lugar.

— Estamos aqui para cuidar de você, irmãzinha. – Preston me provoca. Como ele é três anos mais velho que eu, ele sempre deixou claro que eu era um erro. Ele nunca teve tempo para mim quando eu era mais jovem. Ele sempre me deixava com Ryder e desaparecia com uma das muitas garotas que ele tinha ao lado.

— Tenho idade suficiente para cuidar de mim mesma. – respondo, cruzando os braços na frente do meu peito. Meu olhar se lança entre os três, mas são aqueles olhos intensos de Ryder que me fazem estremecer quando percebo que estão presos no meu peito.

Caminho por ele, batendo em seu ombro quando eu passo, mas sua mão voa para agarrar meu braço. — Não seja malcriada. Estou em casa. Lide com isso. – ele me diz. Tudo o que posso fazer é acenar com a cabeça. Uma vez que ele me libera, eu entro na casa e subo as escadas para a segurança do meu quarto. Sem dúvida que esta noite eles farão uma grande festa e eu ficarei presa no meu quarto mais uma vez.

Tirando meu short, eu saio dele e coloco uma calça de moletom cinza. Se há uma coisa que meu irmão fez bem pra mim foi me apresentar a dança. Hip hop, para ser exata. O amor que eu encontrei lá, entre os outros dançarinos, era algo que nunca tive, nem mesmo dos meus pais.

Eu estou correndo para fora da minha porta quando eu bato em algo sólido que atinge minha bunda. Grito quando o meu pulso gira para amortecer a queda. Levantando o meu olhar, eu me deparo com olhar de Ryder Kingsley.

— Cuidado, pequena Pip. – ele resmunga em um tom que é atado com frustração. — Você não deveria estar correndo por aí sem ver onde está indo. Você nunca sabe se o lobo vai estar lá para pegar você. – As últimas palavras trazem um sorriso pecaminoso aos seus lábios e eu sinto meus mamilos endurecerem em resposta. Ele teve esse efeito em mim por muito tempo. Mas desde que ele voltou, ele tem agido como se eu fosse uma merda em seu sapato. Faz anos desde que ele entrou na minha vida e roubou meu coração adolescente.

— Talvez, eu não devesse permitir animais em minha casa. – digo.

De repente, sua mão se solta, me agarra pelo moletom de capuz que estou usando e me levanta. Nossos corpos estão próximos, perto demais para eu pensar direito, ou mesmo respirar.

— Talvez eu goste de estar aqui. Para ver como você está com raiva de mim. – ele me diz, sua cabeça inclinada para o lado enquanto sussurra sombriamente no meu rosto. — Lembre-se do que te disse. Eu fodi tudo. Então pare de me olhar como se eu fosse o seu mundo. O que nós tivemos... está no passado.

Raiva me percorre e levanto o queixo em indignação. — Esse é o problema com você, Ryder, está excessivamente confiante no que você consegue. Você saiu uma vez e sei que você vai sair de novo. Você nunca foi meu mundo. – Minhas palavras o fazem recuar, e sei que o magoei. É o menor movimento, mas vejo. Eu vejo-o. Sempre o vi. — Quando você saiu e quebrou todas as promessas que me fez, você levou todo o respeito que eu tinha para você. – Minha resposta faz com que ele ria.

Seu aperto na minha roupa não cede. Ele se inclina, com seu nariz passando ao longo da minha bochecha. A suavidade do contato e a força de seu domínio fazem com que meu corpo reaja como costuma acontecer quando está por perto e arrepios surgem em cada centímetro da minha pele. — Você deveria estar com medo do grande lobo mau, Butterfly. Ele gosta de morder. – ele diz, depois me solta, empurrando-me para trás até minhas costas baterem na parede.

Emoção surge em seus olhos, então ele vai embora, me deixando com o coração batendo descontroladamente em meu peito. O que aconteceu?

 

 

 

 

 

 

 


Chucks: é o mesmo que o tênis All star.

 

Capítulo Dois

Ryder


Na segurança do banheiro, eu não posso deixar de recordar suas bochechas coradas, a forma como sua respiração acelerou por estar perto de mim. Mas foram as palavras dela que machucaram. Elas realmente me atingiram bem no centro do meu peito, onde o meu coração costumava estar.

Tanto quanto queria me inclinar e beijá-la, sei que ela está fora dos limites. Não porque ela é muito boa para mim, mas porque o irmão dela teria a minha cabeça se soubesse sobre as coisas que quero fazer com ela.

O problema é que vejo como ela me olha. Ainda há aquela sugestão de desejo em seus olhos. Como se eu pudesse salvá-la. Eu não posso nem me salvar, muito menos se preocupar com outra pessoa.

Mas não posso negar que ela ainda faz algo comigo. Ela me faz querer mais. Ser a pessoa que pode oferecer a ela a vida perfeita. Já se passaram quatro anos desde que fui embora e a deixei em pé na estação de ônibus.

Quando eu me virei e fui embora, ela se quebrou. Soube que se quebrou porque quando o ônibus se afastou, vi as lágrimas escorrerem em seu rosto. Eu não era bom para ela e não sou bom para ela agora.

Mas ainda assim, ela me oferece esses cílios trêmulos. Ela segura minha atenção com o balanço suave de seus quadris. Não é perceptível para ninguém, mas para mim é tudo. E ela sabe que é apenas o suficiente para me provocar.

Estar de volta aqui neste buraco de cidade é como estar encharcado em um balde de gelo, mas estar nesta casa é ainda pior porque ela está no final do corredor e posso facilmente entrar em seu quarto com cheiro doce.

É chocante vê-la dançar, vendo o quanto lindamente seu corpo se move. Quando o seu instrutor de dança me levou para a aula há uma semana, a última pessoa que eu esperava era ela, mas não podia me afastar. Quando olhei para aqueles grandes olhos azuis, rezei para que ela seguisse em frente.

Mas ela não seguiu.

Nem eu.

Ainda está lá, a eletricidade no ar. Emoção roubando os momentos que passam entre nós. Mas de jeito nenhum eu vou tocá-la. Minha ficha de rap é longa demais. Adicionado a isso o que aconteceu na cidade, sei que não posso trazer isso para ela.

Eu fiz promessas que não posso cumprir.

Eu dei as memórias dela agora eu tenho que maculá-las.

Ela não pode mais me amar porque sou falho.

No entanto, toda vez que ela olha para mim é como se eu fosse perfeito.

Eu giro o piercing de prata na minha língua perfurando meu lábio inferior, mordendo com força. Tirando meu pau, eu mijo com ela ainda fresca em minha mente e me vejo ficando duro na minha mão. Uma vez que terminei, eu o coloco de volta na minha cueca e fecho o meu jeans. Agora tenho que sair daqui com uma porra semi ereta por causa da Piper.

Lavando as minhas mãos, olho no espelho, os meus olhos estão da cor de um lago escuro. O verde ficou mais escuro, mas o avelã se fundiu fazendo com que parecessem sem fundo.

Como o vidro.

Estilhaçado, quebrado e fragmentado.

Apenas como o homem que eu me tornei.

Mesmo depois da noite que mudou minha vida, Preston ainda diz que não foi minha culpa. Como porra não foi. Eu estava lá. Eu estava atrás da porra do volante. Balançando a cabeça, respiro fundo, esperando afastar minhas memórias daquela noite e todas as noites depois.

Eu perdi tudo. E agora, não sou nada além de uma concha vazia e percebo que preciso admitir o que fiz. Todo dia pago por um erro que me custou não só o meu trabalho, mas a única coisa que encontrei consolo foi dançando. Agora, eu ensino crianças como fazer isso. Com o tempo, encontrei conforto em saber que me afastei de Piper. Ela não precisa dessa merda em sua vida. Ela não precisa de mim.

Volto para a sala de estar onde Jeremiah e Preston estão bebendo duas cervejas geladas. A música alta nos alto-falantes me faz querer dançar. Eu me lembro da primeira vez que vi caras se movendo, girando, fazendo popping, eu sabia que precisava fazer isso. Mas não faço mais isso na frente deles. Eles sabem por quê. E pararam de me incitar a fazer isso.

— Tem refrigerante na geladeira. – Preston me diz, apontando para a cozinha que fica ao lado da sala de estar e eu aceno a cabeça.

— Obrigado, cara. – caminho para o espaço imaculado apenas para encontrar Piper em pé no balcão. Seu corpo está esticado quando ela pega algo no armário de cima, mas ela é muito baixa. Mesmo com ela na ponta dos pés, ela não consegue pegar a tigela.

Apoiando-me no batente da porta, a observo por um momento. Ela bufa de frustração, virando o Converse. Seu olhar pousa em mim, então aqueles belos olhos azuis se arregalam e ela grita de surpresa. — Jesus, o que você está fazendo? – ela engasga. Sua voz ofegante está ligada diretamente ao meu pau.

— Vim pegar uma bebida. – digo a ela, saindo da porta e indo para a geladeira. Eu abro a porta de aço e pego uma lata de Coca-Cola. Eu retiro o anel de prata e trago a lata aos meus lábios, tomando um gole longo e efervescente. Posso sentir seu olhar em mim. Ela sempre assiste do lado de fora.

Piper não é uma daquelas garotas que gosta de ser no centro das atenções.

— Você pode me ajudar? – ela pergunta quando fecho a porta da geladeira e me viro para sair. Sua voz é gentil. O calor se instala em mim por um momento antes que eu me lembre de quem ela é.

Quando me viro para olhar para ela, aqueles olhos, aqueles malditos olhos azuis que parecem olhar diretamente para minha alma negra e fodida me perfuram. Não respondo. Em vez disso, diminuo a distância entre nós. Eu me inclino, prendendo-a entre mim e o gabinete. Eu levanto a tigela com um sorriso no rosto.

Quando a coloco para baixo, meus olhos caem para seus lábios. Sua língua aparece, lambendo o inferior carnudo, e tenho que abafar um gemido. Seus pequenos dentes brancos aparecem, mordendo a carne, e me pergunto se eles vão parecer afiados mordendo meu pau enquanto ela o engole.

— Da próxima vez... – eu digo a ela, trazendo minha boca ao ouvido dela. — ...diga, por favor. – permito que minha respiração se espalhe sobre a pele dela, fazendo com que um leve arrepio percorra seu corpo. É preciso todo o meu controle para não beijá-la ali mesmo.

Recuando, viro-me e deixo-a na cozinha. Quando chego à sala de estar, Preston está ligando para a namorada. A única razão pela qual eu sei é porque ele parece estar prestes a matar alguma coisa. A loira burra que está pulando no seu pau está apenas por perto do dinheiro do meu melhor amigo, então não sei por que ele a mantém por perto.

— Aquela Barbie no telefone? – levanto meu queixo em direção a ele enquanto falo com Jerry.

— Sim, aparentemente ela está chorando ou alguma besteira. Sério, ele precisa resolver essa merda. Estou farto dela mexendo com nosso tempo. Além disso, todo o namoro com uma criança malvada que ela está fazendo por causa de seu pai está ficando muito velho.

— Sim, é verdade. – eu aceno, não estou realmente interessado no que está acontecendo com Preston e sua namorada.

Jeremiah engole o resto de sua cerveja enquanto bebo minha Coca-Cola. Faz dois anos desde que deixei o álcool passar pelos meus lábios. Jurei nunca mais voltar para lá. Assim que toco em uma cerveja, sei que nunca vou me perdoar por minhas ações.

— Você vem ao parque com a gente? Já faz dois anos, cara. – Jeremiah sempre foi um bom sujeito, um amigo que entende e ouve. Considerando que Preston tem sido o idiota de todos nós, mas algo me diz que há muito mais debaixo de seu exterior.

— Não, eu te vejo amanhã. Acho que vou relaxar aqui por um tempo e depois ir para casa.

Ele concorda, mas seus olhos me contam uma história diferente. Ele não está feliz que eu estou desistindo de tudo, mas ele não pode entender o que é a sensação de ser encarado.

Quando as pessoas veem que você é diferente, elas julgam, elas riem e fofocam, e essa é a última coisa que eu quero ou preciso.

Preston cai no sofá em frente a nós, suspirando dramaticamente. — Jesus, eu prometi a mim mesmo que nunca terminaria com alguém por telefone, mas tinha que ser feito. – seus olhos azuis olharam para nós. Ele tem um sorriso satisfeito em seus lábios.

— O que você vai fazer agora? – pergunto, curioso sobre por que ele romperia um relacionamento com a loira que nos seguiu de Los Angeles até o noroeste do Pacífico com seu tempo frio e sombrio só para vê-lo.

— Vou sair hoje à noite para transar. – ele me informa com um sorriso.

Saindo do sofá, eu caminho até a porta do quintal.

— Você está bem, cara?

— Sim, eu estou apenas cansado.

— Você pode ficar no meu quarto, só não se masturbe na minha cama. – ele ri.

Isso me tira uma risada. — Por que não? Achei que você me amava? – provoco, sabendo que a maioria das garotas implorou e suplicou para ele, dizendo exatamente a mesma coisa. Mas Preston é o tipo de cara que vai transar e fugir. Antes de abrirem os olhos na manhã seguinte, ele sai pela porta e vai para casa. Mesmo que tenha havido momentos em que ele teve uma namorada, nenhuma delas ficou por muito tempo.

Nós nos conhecemos há tanto tempo que nada é mais secreto. Desde que tínhamos quinze anos, éramos amigos. Como irmãos. Agora, aos vinte e três anos, não o reconheço mais. Porra, eu nem me reconheço.

— Ah, baby, você sabe disso. – meu melhor amigo responde no tom mais amável. — Ei, venha aqui, Pip. – ele grita para sua irmã, e meu corpo fica rígido. Ouço seus passos leves quando ela entra na sala. — Faça-nos algo para comer. Sanduíches servem. – sua ordem é abrupta e quero dar um soco nele por falar com ela desse jeito.

— Por que você não pode fazer você mesmo? Você mora sozinho há quatro anos, com certeza pode fazer um sanduíche?

— Não seja sarcástica, Pip. Ou você quer que eu diga, por favor?

— Eu vou fazer isso. Preciso pegar outra bebida. – eu digo, me voltando pela a sala. Eu passo por ela, pegando um cheiro de seu perfume que cheira a maçãs. Ele é doce e delicado.

Na cozinha, eu abro a geladeira e pego a manteiga, o queijo e os tomates. Quando a porta se fecha, ela está do outro lado.

— Eu disse que faria. – digo, mas ela não pisca um cílio.

Ela faz para pegar os tomates, que estão escorregando da minha mão. — Eu vou ajudar. – ela se oferece, colocando-os no balcão. Eu a vejo pegando o pão do recipiente e trabalhamos em relativo silêncio fazendo seis sanduíches. Com cuidado, ela corta em metades e eu pego um. Mordendo, noto seu olhar pousar na minha boca, então ela levanta aqueles azuis para encontrar os meus olhos cor de avelã.

— Obrigado. – digo a ela, e ela franze o nariz para mim falando que a comida está na minha boca.

— Isso é nojento. – ela ri, e o som faz com que eu esqueça o quanto deveria afastá-la, e eu sorrio. Dou-lhe a única coisa que sei que ela queria desde que entrei aqui hoje.

Encolho os ombros em resposta, comendo o resto do sanduíche antes de pegar outro. Ela sacode a cabeça e me deixa ir até a geladeira. Uma vez que guarda tudo, ela pega uma Coca da geladeira e coloca ao meu lado no balcão.

— Eu não sei o que aconteceu, mas... – suas palavras abaixam e seu semblante muda por um momento com tristeza em sua expressão. — Espero que você confie em mim o suficiente para me dizer um dia. – Com isso, ela pega os pratos e me deixa perplexo na cozinha.

Lembro-me do dia em que contei a ela um segredo. Confiei nela com algo que nunca havia dito a seu irmão ou a Jeremiah.


"Se você mantiver a perna reta, será capaz de se inclinar para trás e virar." – explico, segurando seus quadris com meus dedos cravando a pele macia e suave.

Ela está vestida com uma calça de moletom baixa e um sutiã esportivo, que por sua vez mostra seu abdômen tonificado. Desde que ela está dançando, passei a maior parte do meu tempo livre ensinando-a.

"Você entendeu?" – pergunto, dando um passo para trás.

"Sim". – sua voz é rouca e eu me pergunto se ela é tão afetada por mim como sou por ela. Eu sei que nada pode acontecer entre nós, mas isso não impede minha mente vagarem por lugares que não deveria.

Eu volto para a cadeira e me sento, levantando o controle, eu volto a música em voz alta. A música começa e Soulja Boy começa a cantar “Kiss Me Thru The Phone” - é a música que ela está implorando para eu ensinar seus movimentos, então faço isso. Já faz quase dois anos desde que ela entrou na minha caminhonete e me vejo fazendo qualquer coisa que ela pede. Mesmo que ela tenha quase dezesseis anos, jovem demais para que eu tenha os pensamentos pervertidos que tenho com ela, não posso deixar de me intoxicar com sua risada, sua excitação e seus brilhantes olhos azuis.

Eu a vejo atravessar o tapete no armazém abandonado em que estamos ensaiando há anos. Ela mergulha, rola e gira. Seu corpo foi feito para isso, para mover, para dançar, para fluir, e cada movimento é como uma droga hipnótica para mim.

Quando ela pousa em suas mãos e suas pernas se abrem em uma divisão de cabeça para baixo, eu estou endurecendo e tenho que desviar meus olhos para longe. Porra. Ela tem apenas quinze anos e tudo que quero fazer é beijá-la, tocá-la e ver como ela gozando nos meus dedos.

"Como foi?" – ela ri, endireitando-se quando pula em mim.

Eu aceno, com a minha mente ainda na sujeira enquanto ela se senta diante de mim no chão, de pernas cruzadas. Às vezes ela parece tão jovem, tão bonita e frágil, e outras vezes, ela é forte e resiliente.

"Você foi feita para isso, Butterfly." – digo a ela, percebendo que disse o apelido.

Ela percebe imediatamente, suas bochechas escurecem quando sorri para mim. Eu vejo isso. Aquelas joias brilhantes que ela me prende. Ela gosta de mim e, por mais errado que seja, eu me delicio com isso. Eu quero os olhos dela em mim o tempo todo.

"O que há de errado?” – ela franze as sobrancelhas com preocupação e eu balanço a cabeça. De alguma forma, ela vê através de mim, percebendo a menor mudança no meu comportamento. - "Diga-me, Ryder." – ela se ajoelha e eu sufoco o gemido que ressoa no meu peito. Ela parece linda ajoelhada entre as minhas pernas.

Por um ano tenho sido bom, eu fui responsável quando trabalhamos juntos. Toques suaves, palavras gentis, e agora, estamos sozinhos e tudo muda quando ela olha para mim por baixo de seus longos cílios dourados. Seu peito arfa quando suas respirações se tornam irregulares.

"Isso... nós devemos ir."

“Não, sei que algo está errado. Os seus pais de novo?” – A pergunta dela me faz pensar em querer beijá-la para fugir o mais longe possível da minha vida. Ela sabe da pressão que eu sinto por meus pais. Eles querem que eu seja o filho perfeito e vá para Harvard estudar direito e seguir os passos do meu pai. Desde que eu escolhi um caminho diferente, eles têm estado comigo constantemente, me forçando a passar um tempo nos escritórios do meu pai para ver o que eu estou perdendo. Tudo o que vi são ternos abafados e que estão fodendo suas secretárias por algum entusiasmo em suas vidas.

"Estou indo embora, Piper." – digo a ela. – “Meu pai me disse que, se eu não fizer o que ele manda, serei deserdado, então me candidatei a estudar em um estúdio de dança em Los Angeles. Eu não posso estar em torno deles mais.”

"Mas... o que eu vou fazer?"

“Sempre estarei aqui por você, mas esta é minha vida. O problema é que fiz algo estúpido quando era mais novo. Bem, algumas coisas estúpidas. Foi muito antes de seu irmão e eu nos tornarmos amigos.” – confesso. Eu me lembro da noite tão distintamente.

Suas mãos estão nos meus joelhos, segurando-me com força. Meu coração se agita contra meu peito, batendo dolorosamente e fazendo a minha respiração sair mais rouca do que pretendo. Ela está tão perto, muito perto.

"Você sabe que pode confiar em mim." – ela me diz, e eu aceno.

"Quando tinha catorze anos..." – Minhas palavras são hesitantes, mas sei que posso contar qualquer coisa. De alguma forma, essa garota encontrou seu caminho para o meu coração. Ela se tornou tudo para mim, o que é errado em muitos níveis, mas eu não posso parar isso. – “Eu quase tive uma overdose por causa da depressão. Eu...”.

"Oh Deus", ela chora, inclinando-se. Ela envolve seus braços em volta do meu pescoço, nossos corpos coram um contra o outro, e de repente ela está no meu colo. Segurando-me como se eu fosse quebrar sem ela. E eu percebo naquele momento, que eu vou. Sem dúvida, vou me quebrar se ela sair da minha vida.

Foi também quando soube que tinha que ir. Se eu precisasse dela tanto, ela poderia sentir o mesmo e eu não posso fazer isso com ela. Seus seios pequenos estão esmagados contra mim e suas pernas sobre as minhas, me envolvendo. Acho que ela nem percebe o que está fazendo sem fazer nada.

"Eu sinto muito, Ryder.” – ela murmura em meu pescoço, com o calor de sua respiração formigando sobre a minha pele, e meu pau endurece espontaneamente. Eu não posso parar isso. Eu não posso fazer isso ir embora e a qualquer momento, ela vai notar. É quando ela se move no meu colo e um suspiro suave sai de seus lábios. – “Ryder?" – ela se afasta, encontrando meu olhar faminto.

"Você precisa sair de cima de mim, Butterfly." – murmuro, usando o apelido que dei a ela. Ela se move em uma pista de dança como se estivesse voando, como uma borboleta linda e delicada.

"Você está...?" – ela sussurra, deixando cair seu olhar entre nós. A calça de moletom que estou usando não esconde a ereção que está se armando e ela ofega mais uma vez.

"Piper." – seu nome é como um aviso em meus lábios. – “Não podemos fazer isso. Amigos, lembra? – fecho os olhos, tentando pensar em outra coisa que não seja a linda garota no meu colo. Eu preciso que ela se mova, ou vou fazer algo estúpido, mas pela minha vida, não posso tirá-la ou movê-la. Não posso fazer nada porque estou paralisado.

“Ryder.” – ela geme o meu nome e eu não consigo me impedir de segurar seus quadris enquanto ela os move no meu colo. Seu calor contra o meu pau espesso.

Minha cabeça cai para frente, apoiando-se em seu ombro enquanto tento controlar minha necessidade. Minha contenção é uma corda fina que está esticada, prestes a arrebentar. – “Jesus." – gemo quando ela se move em mim. Gemidos suaves escapam de seus lábios carnudos.

"Prometa-me que você nunca vai fazer isso de novo." – ela sussurra em meu ouvido enquanto continua o seu cuidado. A música muda e R. Kelly começa a cantar “Cookie” e enquanto o baixo vibra através de nós, Piper se move enquanto seu corpo estremece em cima de mim e eu tenho que morder meu lábio para evitar não entrar meu suor.

Eu observo com admiração enquanto ela treme em meus braços e no meu colo. Ela é linda, como uma flor desabrochando na primavera. Tudo nela é luz, felicidade e inocência. Seus cílios movem ao longo de suas bochechas enquanto seus olhos movem por trás. Quando ela finalmente os abre novamente, eles estão brilhando de excitação.

"Fazer o que de novo?"

"Machucar-se." – ela murmura, com um beicinho em seus lábios carnudos. Ela ainda está em cima do meu colo. Meu pau ainda está duro como pedra, mas ela não parece perturbada.

“Por favor, Butterfly, você precisa sair de cima de mim.” – ouvi a dor na minha voz, não porque eu não quero ela, mas porque eu quero ela muito também .

“Eu... foi... quer dizer...”

"Você não pode, não podemos fazer isso." – digo a ela, notando as lágrimas não derramadas em seus olhos. – “Ei." – acaricio suas bochechas, segurando seu rosto para que ela possa olhar para mim. – “Eu vou estar em apuros se eu tocar em você, então, por favor, menina, não torne isso mais difícil do que já é." – minhas palavras fazem ela rir, dissipando a tensão que pairava pesada entre nós segundos atrás.

"É muito difícil." – diz ela timidamente enquanto se afasta do meu colo, me dando um alívio de seu suave aroma de maçã. Ela desliga o iPod. – “Você sabe, pensei muito sobre isso." – sua confissão me acalma por um momento.

"O que?"

“Suas mãos em mim. Fazendo-me sentir bem.” – Algo sobre a maneira como ela diz isso e o que acabamos de fazer me faz sorrir. Eu queria tocá-la por muito tempo. – “Você me promete uma coisa, Ryder?" – ela pergunta, virando para me encarar novamente.

“Qualquer coisa para você, Butterfly.” – digo a ela, e eu quero dizer isso.

“Um dia, quando eu tiver idade suficiente. Eu quero que você tire.” – sei do que ela está falando, mas eu sou idiota. Principalmente para ouvi-la dizer isso e para me dar as palavras que desejo.

"Tirar o que, menina?" – pergunto com um sorriso e ela joga a toalha no meu rosto. Eu a pego facilmente.

Então o rosto dela fica sério. – “Eu quero que você seja o meu primeiro." – suas palavras me deixam derretido e eu sou tentado a dizer foda-se e fazer isso aqui com ela, mas eu sei que ela merece mais. E se estarei na prisão por fodê-la, não poderei estar aqui para ela quando ela mais precisar de mim e neste momento, eu preciso ser um adulto responsável, mesmo que toda a minha contenção é puxada com força. Então, aceno em resposta a ela. – “Prometa-me, Ry? Você precisa dizer as palavras.

"Eu prometo."

Capítulo Três

Piper


Entrando na sala de aula, acho Christopher encurralando as crianças em linhas de frente para o espelho grande. Este é o meu estágio e, em breve, serei uma professora de dança qualificada. Espero que um dia eu possa ter minha própria escola de dança, onde eu possa ensinar hip hop para o maior número possível de crianças. Minha mãe teria preferido que eu ensinasse balé, mas não sou mais aquela garota. Eu nunca fui, para ser justa.

— Ah, Piper. – Christopher sorri para mim quando entro na aula. — Crianças, sentem-se no seu lugar. Lembre-se de costas retas, cabeça erguida. – ele exige com um amplo sorriso. O homem alto e moreno trabalha aqui a maior parte de sua vida. Com olhos castanhos escuros e um sorriso amigável, ele me deu um abraço de urso no primeiro dia em que comecei. Já faz quase dois anos e nunca estive mais feliz trabalhando e aprendendo com ele.

— Bom dia, Christopher. – dou um sorriso.

Ele se inclina para me dar um abraço e o correspondo facilmente. O homem é carinhoso, tanto que no começo eu pensei que ele estava flertando, mas quando ele conheceu Preston em uma das visitas do meu irmão, percebi que seus olhos eram para o mesmo sexo, e não para mim.

— Estamos trabalhando no show hoje?

Ele concorda. — Sim, o Sr. Kingsley estará aqui em breve. Ele vai observar hoje. Ele gostaria de ver o nível de habilidade das crianças e estará trabalhando na coreografia. – Christopher diz e eu posso entender o porquê. Ryder é o melhor. Pelo menos, pelo que me lembro.

— Ótimo.

— Ele não é tão bonito? – meu mentor diz com um suspiro. Como se ele pudesse sentir que estamos falando sobre ele, Ryder entra na sala.

Seus olhos encontram os meus assim que ele está perto e minhas bochechas esquentam. Ele sempre teve esse efeito em mim. Algo que eu nunca poderia parar e nunca me esconder. Mas ele me disse uma vez, somos apenas amigos, que eu era jovem demais para ele.

— Sr. Kingsley. – Christopher sorri. — Que bom te ver. Eu estava apenas explicando a Piper que você vai estar aqui para observar hoje. Eu acredito que você ficará confortável?

— Sim, estou ansioso para isso. – Ryder aperta a mão de Christopher e tenho certeza que o homem mais velho está prestes a derreter em uma poça no chão.

— Ótimo, vou deixar você para isso. – Assim que eu estou sozinha com Ryder, o ar fica pesado com a tensão.

— Então, você está de volta? – pergunto, preparando o aparelho de som. Os sussurros suaves das crianças são os únicos outros sons na sala ao lado da minha respiração. É tão clara que ela ainda me deixa nervosa.

— Estou de volta por um tempo. Eu estarei indo para Los Angeles assim que terminar aqui para abrir um estúdio. – ele me diz com uma inclinação de queixo confiante.

— Uau. – eu me viro, sabendo que as lágrimas que ardem em meus olhos vão cair se eu continuar olhando para ele. O orgulho pelo que ele conseguiu me deixa emocionada e quero abraçá-lo. Eu quero dizer a ele o quanto eu ainda o amo, mas não posso.

— Sim, então, quais são seus planos para música na apresentação?

Encolhendo os ombros, eu me volto para a turma e bato palmas. — Ok, meus queridos, vamos levantar e começar a se alongar. – digo-lhes para um coro de gritos. Eles amam a aula e é a sua felicidade que me faz sorrir todos os dias que entro nesta sala. — Eu estava pensando em algo divertido, talvez uma espécie de música pop.

— Eu vou assistir o seu aquecimento e depois vamos falar sobre a música. – Ryder me informa, sentando-se no banco ao lado do aparelho de som. — Que tal você mostrar-lhes o nosso aquecimento? – ele sugere, dificultando a minha respiração.

— Você se lembra dele?

Ele olha para mim por um momento. A frieza em seu olhar me diz que ele não se lembra pelas mesmas razões que eu. Não, somos apenas amigos. Mas a maneira que Ryder está olhando para mim agora, não acho que somos mais amigos. O que dói é que eu não sei porque.

— Piper, essa não é hora de correr pela estrada da memória. – ele diz.

Seguindo em direção a ele, com raiva queimando através de mim, eu me inclino, então meu rosto está nivelado com o dele. — Se você vai estar na minha sala de aula, eu sugiro que você deixe sua idiotice do lado de fora. Estamos entendidos?

Seu olhar arde com a minha resposta. O desejo brilha brevemente, então, volta à inferença que é a nova expressão de Ryder. — Vamos começar a aula. – ele diz, cruzando as mãos sobre o peito, fixando-me com um olhar severo.

Girando no meu tênis, eu me volto para a turma que consiste de cinco garotos e sete garotas. Eles são todos tão apaixonados por dança e amam quando experimentamos. Tentando ignorar Ryder olhando para mim do canto da sala, começo a aula, dando-lhes os novos passos que estamos aprendendo esta semana.

Eu pressiono o botão no controle remoto e a música ecoa através dos alto-falantes. Eu quero olhar para Ryder, para ver sua expressão, mas a raiva em sua indiferença me mantém refém. Eu não quero mais jogar este jogo com ele.

Foi ele quem foi embora, fui eu que esperei e ele age como se eu tivesse machucado ele. Mas sou eu quem está sofrendo. Eu tenho estado por quatro longos anos e ele não se importa. Quando ele saiu para ir a Los Angeles, passei o meu tempo concentrada em dançar. Eu escolhi ensiná-lo em vez de estar no palco, porque é onde eu posso orientar aqueles que se sentem como eu quando era mais jovem. Sozinha, frustrada por ter que lutar pela perfeição em um mundo que eu simplesmente não era.

— Ok, isso é perfeito. – eu digo a eles com um sorriso, observando-os contar enquanto eles se movem em sincronia com a música. Demorou um pouco para que eles trabalhassem como um com estes passos, mas a prática os fez dominar os movimentos em pouco tempo. — Agora, quero que todos vocês conheçam nosso novo instrutor. Ele vai nos ajudar com a apresentação que está chegando. – digo com entusiasmo.

— Viva! Ele é um dançarino famoso? – Brianna, uma das minhas meninas, pergunta.

— Ele é super famoso, e você sabe o que? – eu digo a ela. — Foi ele quem me ensinou a dançar. Ele me fez amar tudo sobre isso.

A turma vai à loucura com gritos e cada um deles pula como se eu tivesse acabado de dizer que eles ganharam um ano de doces.

— Você não deveria mentir para eles. – Ryder sussurra em meu ouvido, fazendo-me voltar minha atenção para ele. Seus olhos são verdes escuros hoje. A cor avelã desapareceu e só há frustração evidente nas órbitas familiares.

— Eu não menti. Não é sobre dançar e não sobre amor. Você me fez cair, você simplesmente não estava lá para me pegar. – sem esperar por sua resposta, eu me afastei dele e virei para as crianças, batendo palmas. — Ok, todo mundo diz olá para Ryder.

Mesmo que esteja furioso comigo, ele sorri para eles, respondendo a perguntas e contando sobre seu tempo em Los Angeles, ensinando em uma das escolas de lá. Ele diz a eles coisas que nunca se incomodou em mencionar para mim.

E meu coração se parte um pouco mais para o garoto que voltou um homem quebrado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Capítulo Quatro

Ryder


Eu nunca deveria ter voltado. Demorou toda a minha restrição para não beijá-la hoje. Mas minha raiva com a maneira como ela olha para mim é o suficiente para fazer Piper entender que não sou mais o garoto que se afastou. Posso sentir sua dor quando digo minhas respostas para ela.

Ela sempre foi empática, sentindo minha dor e agonia, mas desta vez trocamos de papéis e eu odiava cada momento. Não quero machucá-la, eu não quero que ela quebre ainda mais do que quebrou no dia que eu fui embora.

Empurrando a porta do meu apartamento, eu entrei para encontrar Jeremiah e Preston já sentados no meu sofá, ambos segurando controles PlayStation como se suas vidas dependessem disso. Os alto-falantes gritam e eu reconheço o som dos carros correndo.

— Porra. – Preston murmura. — Porra, Jeremiah, pare de ser um idiota. – ele oscila em direção ao nosso melhor amigo e eu não posso deixar de rir. Conheço os dois quase toda a minha vida e não poderia ter pedido melhores amigos. Mesmo que tivéssemos nos fodido em ocasiões no passado, nós ainda ficamos um ao lado do outro.

— Pres, por que você não tira o seu rabo do meu caminho. – Jer ri, e um barulho alto passa pelos alto-falantes. Tem sido um longo tempo desde que esse som me enviaria em espiral.

— Vocês dois estão fodendo o meu recorde? – pergunto, sentando minha bunda na poltrona, longe do sofá onde ambos os caras estão praticamente empurrando um ao outro nas almofadas.

— Jeremiah está sendo um maricas, como de costume. – Uma coisa sobre o irmão de Piper é que ele adora xingar. Se ele pudesse ter um diploma nisso, ele teria.

— Sim, claro, Pres. – Jer anuncia. — E o único perdedor, sou eu?

— Foda-se. – Preston diz, pressionando os botões como se bater mais forte fizesse diferença no jogo.

Balançando a cabeça, levanto-me e vou para a cozinha. — Vocês encheram minha maldita geladeira com cerveja? – O silêncio responde a minha pergunta e não posso ajudar a frustração fluindo através de mim.

— Há refrigerante na gaveta de baixo. – Jeremiah finalmente responde, e eu encontro uma pilha de latas em um canto. — Você pode me pegar uma bebida, por favor, mano?

— Sim. – eu instintivamente levo duas latas, junto com o meu refrigerante, para a sala de estar para encontrar meus amigos sentados de novo, o jogo pausado e os dois olhos em mim. — O quê?

— Como foi a escola? – Preston pergunta, abrindo a lata. Eu sei o que ele quer dizer, como foi com a Piper, mas ele não expressa a questão.

— Tudo bem. As crianças são muito boas por serem de dez anos de idade. – eu os vejo me observando e espero por isso. Preston e Jeremiah sabem sobre a paixão de Piper por mim, e ambos também sabem que eu tenho uma chama proibida por ela há anos. Só que Preston nunca me deu sua bênção para voltar e estar com sua irmã. Não que eu mereça isso, porque tudo que toco se transforma em cinzas. E Piper é muito preciosa para eu queimar com meus pecados.

— E a sua loirinha? – Jeremiah aproveita a oportunidade para me perguntar com seus olhos me queimando com perguntas não formuladas.

— Ela está bem. Fazendo um ótimo trabalho com a turma.

— Não me enrole, Ryder. – Preston sorri, tomando sua cerveja. — Sei que você tem tesão por minha irmã. Todo mundo sabe disso. Então não sente aí e me diga que foi como qualquer outro dia.

— Ele foi. Eu já te disse, Pres, que não voltei aqui para começar um relacionamento fodido.

— Você não disse a ela, não é? – ele balança a cabeça, com a culpa corroendo-me porque ele está certo. Eu deveria ter dito a ela no momento em que voltei, mas sou muito fodido para confessar o que fiz.

— Por que eu contaria a ela?

Ele olha para mim, com a raiva fervendo logo abaixo daqueles olhos azul-esverdeados que são uma mistura minha e da Piper, uma mistura estranha, mas eles são únicos em Preston.

— O quê? – eu tomo um gole do meu refrigerante, ignorando seu olhar penetrante.

— Só me perguntando por que você está com tanto medo de contar a ela. Piper não vai te julgar pelo que aconteceu. No mínino, ela deveria me culpar. – ele está certo, mas isso não significa nada para mim agora.

— Jogue o maldito jogo, imbecil. – inclino a minha lata para a televisão.

— Preston está certo, cara. – Jeremiah diz. — Ela é uma menina doce, ela ama você e não há nada que vai fazê-la mudar sua mente ou seu coração nesse assunto.

— Porra, Jer. Não fale sobre minha irmã estar apaixonada. – Preston agindo como um irmão mais velho é estranho, o que só faz Jeremiah e eu rirmos.

— Eu estou falando sério, Ry. – ele me diz, com os olhos castanhos escuros fixos nos meus verdes.

— Não importa. – digo a ambos. — Ela está fora do meu alcance.

— Muito certo, ela está. – Preston acena, e eu não posso deixar de jogar uma almofada em sua cabeça em frustração.

— Foda-se, Pres.

— Você gostaria. – ele responde, tomando um longo gole de sua bebida. Voltando sua atenção para mim, sua expressão fica séria antes de continuar. — Você precisa dizer a ela.

— Sim, eu sei. – minha resposta é sóbria de muitas maneiras, porque sei que preciso ser claro. Ela tem que saber o que eu fiz, o que passei, e eu preciso dizer a ela porque nunca voltei para o aniversário de dezoito anos dela. Quebrei uma promessa e a essa culpa vai pesar para sempre.

 

 

 

 

 

 


Capítulo Cinco

Piper


Não existe um momento no tempo que não me faça me lembrar de Ryder. Quando fiz dezesseis anos, como ele disse, ele me trouxe um presente. Um que, até hoje, guardo comigo o tempo todo. Quando passávamos tempo juntos, dançando e ensaiando movimentos, ele costumava me chamar de Butterfly e às vezes me sentia como se fosse.

Uma menina desajeitada, uma adolescente que não pertencia à multidão em que seus pais a forçaram. Eu era um moleque, mas mesmo assim, ele me viu. Olhando no espelho, eu passo meu brilho sobre os dois lábios, fazendo-os brilhar.

Meu aniversário de dezoito anos já passou há muito tempo e sua promessa é a mesma, e agora que tenho quase vinte e um anos, sei que o que fizemos naquele dia será apenas uma lembrança perdida.

O dia em que pedi a Ryder que tirasse minha virgindade isso passou pela minha cabeça. Eu tinha quase dezesseis anos e foi logo antes dele ir. Ele me prometeu que na noite do meu aniversário de dezoito anos ele estaria lá e faria isso. E, tanto quanto alguns das minhas amigas já tinham dado a elas, eu sabia que a minha já era dele. Eu sabia desde o primeiro dia que o vi.

Só que ele não voltou para o meu aniversário. Ele não manteve essa promessa. E agora, ele está de volta, está com raiva, e o garoto que amei é um homem calejado que parece ter esquecido o que sentia por mim.

A calça de moletom azul folgada que estou usando está pendurada em meus quadris, e o sutiã esportivo combinando segura meus seios perfeitamente. Eu sou pequena para uma menina de vinte anos, mas tenho orgulho do meu corpo. Meus tênis brancos de skatista adornam meus pés e estou pronta para vê-lo.

Em breve, estarei indo para Los Angeles para dançar. Eu tenho contado os dias. Três longas semanas para ir. Mas antes que eu possa sair deste lugar, preciso consertar o que está quebrado entre nós. Mesmo que ele não me queira mais, eu preciso fazer minha parte.

Quando eu ouvi Preston e Jeremiah dizendo que eles estavam indo a boates, Ryder disse que ia ficar por aqui e depois sair. Sabia onde ele iria. É o único lugar que ele adorava passar o tempo. O armazém onde ensaiamos noite e dia.

Meu longo cabelo loiro está amarrado em um coque bagunçado em cima da minha cabeça e as finas mechas que pendem, emoldurando meu rosto, giram em ondas suaves. Ryder me disse uma vez que eu parecia com Cachinhos Dourados. E eu respondi brincando que ele, meu irmão e Jer eram os três ursos, cuidando de mim. Tanto quanto um babaca como meu irmão é, eu sei que se alguma coisa acontecer comigo, ele estará lá.

Pegando o meu celular, eu o coloco no bolso da minha calça larga e saio pela porta. A casa está tranquila, estéril de vida. Assim como esta cidade. Mesmo que papai quisesse uma carreira corporativa, foi minha mãe que ganhou e, como ele é dono de metade dos restaurantes do país, eles podem viver da renda e nunca ver seus filhos. Eu acho que eles planejaram dessa maneira. Sem responsabilidades. Sem preocupações.

Subo na minha bicicleta e vou até os grandes portões da nossa propriedade. O segurança que senta no escritório o dia todo sorri e eu dou um aceno com a cabeça. As ruas são tranquilas a esta hora da noite e não posso deixar de sorrir como está pacífica. Por mais que eu adoraria ver Los Angeles, algo sobre este lugar sempre me segura de volta.

Uma pequena cidade no meio do noroeste do Pacífico, onde o sol quase não brilha e as sombrias nuvens cinzentas pairam pesadas durante a maior parte do ano. Há tantas coisas na vida que parecem tristes desde que ele partiu - escola, minha família ou, melhor ainda, meus pais e esta casa. As únicas coisas que não mudaram para mim são as danças e Ryder - as duas coisas que eu amei quase toda a minha vida.

A maioria das garotas da minha idade está comemorando, dirigindo-se a Portland para se embriagar e usar drogas. Eu sei porque já ouvi as histórias. A única amiga que fiz na escola, Sienna, foi a única pessoa que entendeu minha necessidade de ser uma pessoa caseira. Mas ela pegou sua mochila e foi para Nova York. Eu não a vejo há mais de um ano, e nós só conversamos algumas vezes via e-mail. Desde que esteve lá, ela mudou um pouco, tornou-se mais uma foliona do que jamais poderia ser.

Eu sou a boa menina. Aquela que passa as noites em seu quarto estudando. Concentrando-se em coisas que não incluem sair e ficar gloriosamente bêbada. Consegui me manter saudável e livre de qualquer coisa.

A brisa fresca envia um arrepio através de mim e eu percebo que eu deveria ter pegado uma carona com o Preston. Mas eu não queria que ele soubesse onde estou indo.

Quando chego ao armazém, noto que sua caminhonete estacionou na porta. Sorrindo, sinto meu rosto corar apesar da brisa fresca. Travo minha bicicleta no corrimão dos degraus que me levam até a seção principal do grande edifício. Puxando meu capuz sobre minha cabeça, eu o seguro na minha mão antes de entrar no grande espaço.

Antes de abrir a porta, ouço a música alta no espaço. É alto, o baixo está vibrando tudo na vizinhança e eu me pergunto por que ele está tão alto assim.

O prédio está abandonado. Frio. Estéril.

Desde o dia em que ele foi embora, eu pensei sobre esse lugar a cada minuto a cada dia. Depois do que aconteceu entre Ryder e eu neste lugar, nunca consegui voltar sem ele aqui. Pode parecer estúpido, mas estar aqui sem ele não parecia certo.

Nunca houve um momento mais comovente para ele voltar e para eu me encontrar aqui com ele. Este era o lugar onde eu tinha estado no colo de Ryder. Ele não me tocou, não se mexeu. Fui eu quem quebrou nosso código de confiança como amigos e permiti que o meu corpo e meus sentimentos assumissem o controle.

Mas também foi o lugar que ele prometeu ser meu, de ser o meu primeiro. E parte de mim está com medo dele ir novamente. Vê-lo ir embora é algo que chamou minha atenção desde que o vi em minha casa mais cedo.

Quando entro no armazém, ouço a música vibrando pelas colunas de aço. Ele ecoa pelo vasto lugar - baixo, bateria e um rapper. Obsceno, sexy e tão inebriante. Meu corpo quer se mover. Ele me implora, suplica para seguir a batida, mas eu não faço. Fecho meus olhos e me deleito por um breve momento antes de me aproximar.

Sabia que ele estaria aqui. Não importa quantos anos passamos separados, ainda o conheço melhor do que ninguém. Melhor que Preston ou Jeremiah. Quando ele entrou na varanda mais cedo, eu sabia que não podia evitá-lo. Meu coração bate na batida do baixo. Lembra os movimentos, os giros, os poppings e todos os outros passos que fiz com as mãos me guiando.

A música muda e eu a reconheço imediatamente. Cookie, de R. Kelly, ecoa pelos alto-falantes. Seu estrondo profundo soa incrível vindo dos dois realmente estivessem conectados atrás do homem se movendo nos feixes de luz que chegam através das janelas quebradas.

A música é uma que nós dançamos antes. A batida passa através de mim. Sinto cada segundo do baixo. Lembro-me do dia claramente, envolvendo Ryder como se ele fosse uma maldita cadeira. Suas mãos nos meus quadris me agarraram com tanta força que tive hematomas por dias. Foi um dos momentos mais intensos e sensuais da minha jovem vida. As letras são indecentes, impróprias e não posso deixar de corar.

Quando chego à área aberta onde costumávamos ensaiar, os meus olhos estão colados à sua forma girando, caindo e fazendo locking. Seus quadris se movem sensualmente enquanto se perde na música. Aqueles belos olhos verdes avelã estão fechados, inteiramente com a música.

Popping e rolar. Um. Dois.

Fluxo. Três. Quatro.

Pulo. Cinco. Seis.

Girar. Sete. Oito.

Seu corpo está brilhando de suor e não posso deixar de lamber meus lábios. Eu queria beijá-lo por anos e só tenho uma chance. Ele me deu dois beijos rápidos e roubados quando eu era mais nova - apenas uma amostra da doçura que eu ansiava antes que ele saísse e me deixasse com meu irmão. Calças de moletom pretas moldam seus quadris. Eles caem baixo o suficiente para eu ver seus músculos da linha V. Ele não está vestindo uma camiseta e seu torso bronzeado e tonificado inflama um desejo tão profundo dentro de mim que não consigo recuperar o fôlego.

As tatuagens que enfeitam seus braços parecem estar vivas com a batida. Um grande apanhador de sonhos está em suas costelas, e eu me pergunto se doeu. Seu corpo ainda é perfeição absoluta. Assim como foi quando eu vi pela primeira vez sem uma camisa.

Ele está usando boné de beisebol. Ele está baixo, escondendo seus olhos brilhantes. Eu noto os tênis pretos e prateados que cobrem seus pés. Sei que custam uma pequena fortuna. Element x Etnies Jameson Vulc4. Toda criança lá fora que dança quer um par desses.

Deveria dizer a ele que eu estou aqui, mas não digo. Em vez disso, assisto com admiração enquanto ele se move. Sempre houve algo mágico sobre a maneira como o corpo dele fluía com a batida. Talvez seja por isso que eu estava tão apaixonada por ele.

Ele está perdido na música e no ritmo. Um pequeno sorriso toca nos meus lábios. Ele levanta o canto da minha boca até que eu sorria como uma idiota. Meu coração bate contra o meu peito ao vê-lo quando ele para. Seu corpo rígido pela tensão, suas pernas estendidas no ar, e seus braços tensos enquanto ele se segura de cabeça para baixo. Ele levanta a cabeça infinitamente como se pudesse me sentir, e foi quando ele me vê.

Ele me prende com um olhar tão feroz, tão condenável que tenho certeza que me mandará direto para o inferno. A música nos envolve como uma entidade, uma força que vive e respira, magnetizando-nos. E nesse momento, eu decido que preciso me mover. Meu corpo facilmente pega os passos que estão enraizados no meu próprio ser enquanto deslizo em direção a ele. Eu giro, caio de joelhos, e em seguida, rolo no chão, mantendo-o à vista cada vez que faço um 360 graus. Ele, por sua vez, corresponde caindo de peito, rolando na minha direção.

Nós nos movemos em sincronia quando me levanto, girando em torno dele. Suas mãos encontram meus quadris. Elas se seguram em mim, me levantando no ar enquanto ele gira meus braços e pernas esticados como se eu estivesse voando. Ele me deixa cair, deslizando meu corpo por seu torso nu e suado. Seu cheiro é inebriante, lembrando-me de canela e tempero.

A música atinge o auge. Eu estou suando. Então, ele também. Isso é sensual. Sexual. Perigoso.

Nós nos movemos juntos como amantes.

Familiar, ainda distante.

Nós dançamos. Nós ofegamos. Nós queimamos.

Silêncio.

Nós dois estamos respirando com dificuldade.

Meu peito está contra o dele. Suas mãos ainda seguram os meus quadris. Não me movo. Não posso porque ele está perto, perto demais. Nossos olhares se encontram. Meu coração bate nos meus ouvidos. Estou quase ensurdecida pela vibração, mas a respiração dele - aquele som suave e calmante - é a única coisa que posso ouvir.

— Que porra você está fazendo aqui, Piper? – sua voz é rouca enquanto diz o meu nome em sua língua como se ele estivesse me acariciando. E gostaria que ele estivesse. Tudo que sempre quis foi sentir seus lábios nos meus. Era um sonho adolescente ter sua paixão te beijando.

— Eu... – Minha voz é rouca quando respondo. Limpando a garganta, tento de novo. — Precisava ver você. – digo a ele. Seus olhos, aquelas órbitas verdes e avelã, brilham com uma mistura de emoções que não posso identificar porque se movem tão rápido quanto ele na batalha. Quando ele está dançando contra outra pessoa, ele é como um maldito soldado.

— Você não deveria estar aqui. Se ele souber que você estava aqui... – ele não precisa terminar a frase porque sei que estarei em um mundo de mágoa se meu irmão descobrir que estou atualmente envolvida nos braços de Ryder. Mas não sou mais a garotinha com uma queda pelo melhor amigo do meu irmão mais velho.

Estou destinada a ser uma adulta agora, velha o suficiente para saber o que é certo e o errado. Ele tem vinte e três anos e deveria saber melhor. Nós já passamos por tudo isso antes.

— Você está me dizendo para ir? – pergunto. Minha cabeça inclina para o lado em questão. A eletricidade chia entre nós, crepitando do topo da minha cabeça até as pontas dos dedos dos pés. Ele olha para mim por um momento mais antes de seus lábios se abrirem em um sorriso.

— Estou lhe dizendo que é errado você estar aqui, Butterfly. – ele sorri, me chamando pelo apelido que eu ainda amava todos esses anos. Estou ciente de que seu corpo ainda está pressionado contra o meu. Meu coração ainda está batendo no meu peito.

— Você foi embora, Ryder. Você fez uma promessa naquele dia. – As palavras são um sussurro, mas ele me ouve. Ele não pode não me ouvir. Quando ele se inclina, minha respiração prende na minha garganta. Seus lábios cobrem minha orelha, passando os dentes sobre o lóbulo carnudo, enquanto ele chupa em sua boca.

— Você ainda tem um gosto tão doce, Linda. – ele diz a palavra linda como se ela fosse o meu nome. Um leve movimento e sua boca encontra meu pescoço. O ponto logo atrás da minha orelha formiga quando ele pressiona um beijo suave nela. — É hora de você ir. Você não deveria ter vindo aqui. – ele me diz mais uma vez, lembrando-me que foi ele quem foi embora, deixando-me viver com o coração partido. Estar presa nesse limbo de não saber se ele voltaria. Não por causa de sua promessa, mas porque nos dois anos que passamos juntos, ele se tornou mais do que o melhor amigo do meu irmão. Ele se tornou meu primeiro amor.

Ele foi embora quando tudo o que fiz foi pedir-lhe para ficar, mas eu era uma adolescente ingênua. Ao longo dos anos, ele ter ido embora me deu força, mas ao vê-lo hoje, a agonia que é tão clara em seus olhos me deixa curiosa sobre o que aconteceu na cidade.

— Você não sentiu a minha falta, Ryder? – Estou assumindo meus direitos. Quando ele olha para mim agora, não há mais aquele garoto que eu conhecia quando tinha quatorze anos. Não. Em seu lugar está um homem com uma alma danificada. Mas, novamente, eu não sou mais a garotinha que teve o seu primeiro orgasmo no colo dele. Eu cresci, estou diferente, mudei mais do que ele poderia imaginar.

Quando olho para ele agora, vejo o quanto ele mudou. Ele é mais áspero, mais frio, mais rígido. Ele não responde por tanto tempo, que eu me pergunto se ele me ouviu, ou se ele vai me dar uma resposta. Meu coração dói. Dói fisicamente no meu peito para ver o quanto a felicidade de seu tempo comigo se dissipou, e em seu lugar está alguém que não reconheço mais.

— Piper, sentir sua falta é o que... é o que venho fazendo há quatro anos. Não. É o que tenho feito desde a primeira vez que vi você. – ele me diz. Recuando, ele finalmente me solta de seu aperto como um torno. Ele se vira, olhando para a vista da cidade abaixo de nós, em vez de encontrar o meu olhar.

— O que você quer dizer? – eu quero ir até ele, mas há muitas coisas que precisamos falar antes que as coisas voltem ao normal, se é que alguma vez voltará. Ele está ausente há quatro anos. Talvez nesse tempo ele tenha encontrado alguém novo. Outra garota que ele ama. O pensamento tira a respiração dos meus pulmões e as lágrimas ardem nos meus olhos. Por mais que eu acho que eu cresci, no fundo eu sei que em torno de Ryder, eu sempre vou ser uma adolescente.

A percepção me deixa imóvel e eu deixo cair a cabeça. Eu nunca deveria ter vindo aqui. Não há nenhum ponto em implorar alguém para te amar porque isso é algo que deve vir naturalmente. Certamente, se ele sentisse o mesmo, ele não estaria me afastando.

— É melhor eu ir, está ficando escuro. – eu digo a ele, me afastando de seu corpo rígido. A tensão no espaço é suficiente para me sufocar. Apesar de estarmos em um armazém triplo do tamanho de nossas casas, parece que estou em uma caixa de fósforos.

— Não! – ele diz, atrasando a minha fuga com uma palavra. Eu dei um rápido olhar por cima do meu ombro, permitindo que a esperança se agitasse no meu peito como as asas de uma borboleta.

— Eu não posso ter você de volta na minha vida. – ele me diz. Suas costas ainda estão voltadas para mim e seus ombros estão tensos, suas mãos estão em punhos ao lado do corpo.

— Você já me amou? – pergunto sem rodeios.

A honestidade era nossa promessa um para o outro. Mentiras só atrapalharam, então Ryder e eu fizemos um pacto quando começamos a dançar juntos. Quando ele se tornou meu professor, treinador, e quando ele me fez apaixonar por ele. Nós juramos sempre contar um ao outro a verdade. E quando ele foi embora para a ter a oportunidade de estudar em um dos melhores estúdios de dança da cidade, deixei-o ir porque quando você ama alguém, você não o detém. Você os envia no caminho com a coragem de fazer isso. Não que ele precisasse disso. Ryder Kingsley tem sido uma rocha ao longo de todos os anos que ele lutou contra a depressão. Eu sou a única que sabe o quanto ruim as coisas realmente são para ele.

Encontramos nosso único refúgio na dança. Ele me ensinou como usar o meu corpo para se mover ao ritmo e eu ensinei a ele como deixar ir a dor em sua mente. Ryder abaixa a cabeça por um momento. Um suspiro é o único som dele.

— Sim. – Uma palavra, brutalmente honesta. O amor da minha vida. E o único homem que me quebrou. Quando ele foi embora, não consegui ficar com mais ninguém. Ele era meu e eu não estava seguindo em frente. Sienna disse que eu era idiota por esperar por um homem que claramente seguiu em frente, mas no fundo, eu sabia que Ryder não era como meu irmão. De alguma forma, eu sabia que ele não iria apenas sair e encontrar uma garota para dormir. — Você deveria ir, Piper. – ele murmura. Meu nome nos lábios dele soa estranho. Eu sei que ele está sério quando ele o usa.

— Eu não quero. Você fez uma promessa para mim, Ryder. Você vai ficar com isso?

Ele vira, de frente para mim mais uma vez. Olhos cor de avelã me prendem com calor, fome e desejo. Seu corpo brilha na luz fraca. O sol poente nos banha em um brilho laranja que faz parecer que ele está pegando fogo.

Ryder Kingsley.

Minha tentação em calças de moletom pretas e sapatos de skatista. Olhando para ele agora, você nunca imaginaria que ele já foi um garoto de quatorze anos querendo acabar com sua vida.

— Se você ficar, eu vou te foder. – ele me diz, mas não se aproxima. — E eu não sei se eu posso ser gentil agora. Porque tudo que quero fazer é roubar sua doce virgindade. Essa mesma inocência que você me pediu para tirar todos esses anos atrás, Butterfly. – diz ele. — Você merece mais do que eu te quebrando rudemente em um armazém. – Sua boca se inclina apenas, fazendo com que suas covinhas normalmente escondidas apareçam em cada bochecha. O homem é mortal, não só na pista de dança, mas com esse sorriso mexe com o meu estômago.

— Você sempre teve uma boca suja. – eu replico com um próprio sorriso.

Não há nada ao nosso redor por milhas. A floresta fica à esquerda, e à direita fica a estrada principal que me trouxe até aqui, o que só nos leva de volta à cidade. Estamos de volta ao único lugar que nos deu tudo. Eu nunca entendi como algo tão bonito pode vir de algo tão feio.

— Você ama minha boca suja. – Ryder confirma. — Venha, eu vou levá-la para fora. – ele pega a camiseta que está no alto-falante, e eu faço o meu movimento. Seguindo em sua direção, paro a poucos centímetros de onde ele está agora esticado até a altura total. — Butterfly. – diz ele, com um aviso em seu tom. Esse mesmo aviso que me deu todos esses anos atrás.

— Senti sua falta. – digo-lhe honestamente, com os meus olhos olhando para ele. Não há mais nada que eu queira do que seus lábios nos meus. Só uma vez. Mesmo que seja apenas um beijo para o resto da minha vida, tenho certeza que poderia sobreviver.

Seu olhar cai para o meu peito e ele rouba minha respiração com o calor em seus olhos verdes avelã. Sei o que ele está olhando no momento em que ele alcança e tira do meu corpo.

— Você guardou. – Suas palavras são sussurradas em reverência.

O pequeno pingente de borboleta de ouro que eu usei todos os dias nos últimos quatro anos nunca deixou minha visão. Eu segurei em noites solitárias, e eu tive isso pendurado no meu pescoço a cada dia que ele se foi. E agora que ele está aqui de novo, eu usei para ele.

— Foi o melhor presente de aniversário que eu já ganhei. Dezesseis anos, lembra?

Ele acena com as minhas palavras, depois se afasta como se estivesse com raiva, mas a tensão que irradia dele me diz que há mais na reação dele do que eu penso.

— Ryder...

Ele olha para mim então, com a camiseta ainda em sua mão quando eu a alcanço e a coloco de volta onde estava. Encontrando a coragem, puxo a regata que estou usando. Uma vez no chão, meu sutiã esportivo preto é a única coisa que estou usando, além da calça de moletom que tem uma calcinha combinando com o sutiã por baixo.

— Jesus, Piper. – Ryder passa os dedos pelos cabelos curtos. — Eu não posso fazer isso agora. – ele está em guerra consigo mesmo. A protuberância em seu suor me conta uma história, enquanto sua boca expressa outra. Há tensão nos músculos dele e nos braços dele.

Eu dou mais um passo e levanto a minha mão, colocando-a em seu peito nu, arrastando as pontas dos meus dedos sobre a pele bronzeada e suave, ao longo das linhas da tinta que adorna sua pele. O lobo que está no pescoço dele aparece, uivando para alguma coisa, e eu me pergunto se é a dor que o Ryder passou. O significado dessa obra de arte é de tirar o fôlego.

— Não posso parar se você continuar me tocando. – ele avisa. Seus olhos ardem através de mim. Todas aquelas noites em minha cama pensando sobre ele, sobre como ele se pareceria em cima de mim, seu corpo entre as minhas coxas. Eu fantasiava sobre ele mais vezes do que posso contar.

— E se eu não quiser que você pare? – pergunto. Minha cabeça inclina para o lado, observando-o por um indício de recusa. Mas ele não oferece isso. Ele não se move.

— Nós não podemos fazer isso aqui, eu não posso... Nós não podemos... Porra. – ele sussurra. Virando, ele se afasta de mim. Minha mão cai ao meu lado e meu coração dói no meu peito.

— Nós não temos que fazer nada, Ryder. Eu só quero saber o que está acontecendo com você. Você está sempre mudando de opinião.

— Ouça-me, Piper. – ele se vira com os seus olhos dando um olhar de aviso por cima do ombro. — Eu não sou o garoto que foi embora. Eu mudei.

— E eu não sou a garota que você deixou, Ryder. Todos nós crescemos e mudamos, mas...

— Não há mas, Butterfly! – ele grita sua resposta, fazendo-me afastar em estado de choque. Ele nunca foi tão inflexível ou tão duro comigo. Mas isso aqui é algo que o novo Ryder se tornou. Um homem frio e duro que já não reconheço, mas infelizmente ainda amo.


Capítulo Seis

Ryder


— Por que você está me afastando? – Sua pergunta é dolorosa, crua e emocional, e isso rasga o meu coração mais do que eu gostaria de mostrar a ela. Eu não sou certo para ela. Eu sou um homem quebrado que não tem o direito de reivindicá-la.

Eu não posso encará-la. Meu corpo vibra com raiva, necessidade e desejo de beijá-la até que ela não possa respirar. Para roubar toda a sua inocência e saborear cada sabor do seu coração e alma. Balançando a cabeça, vou até a janela quebrada e olho para a floresta que fica atrás do armazém.

Toda a minha vida, eu queria algo de bom, algo que era meu. Isso não me foi dado pelos meus pais e não foi oferecido por amigos. Mas principalmente, eu precisava entender algo que me mantinha firme e uma coisa que está aqui, e eu não aguento. Minhas escolhas na vida garantiram que eu não pudesse ter uma garota como a Piper.

— Você precisa ir embora, Piper. – eu digo a ela mais uma vez, mas ela é teimosa. Ela não vai se afastar disso até eu machucá-la. Isso é a última coisa que quero fazer. Ver as lágrimas nos olhos dela não é o que eu quero, mas não tenho escolha. Ela precisa de alguém que possa dar-lhe uma vida feliz, não alguém como eu.

— Ouça-me, Ryder. O que quer que aconteceu...

— Jesus, Piper! – eu digo, me virando. — Basta fazer algo que peço para você fazer! – Minha voz explode no vasto espaço. Isso vibra no meu peito. Minha garganta está cheia de emoção, com a agonia de dizer a ela para me deixar. Seu olhar gentil fica tão triste, que sinto isso rasgar meu coração do meu peito.

— Você sabe uma coisa, Ryder? – ela retruca com veemência, indo em minha direção com raiva aparecendo em seus lindos olhos. Sua unha pintada de rosa empurra meu peito enquanto ela me cutuca com o dedo indicador, e eu a deixo. Eu quero que ela me machuque. — Eu nunca te vi como um idiota, mas você é como meu irmão.

Suas palavras doem porque eu sempre quis ser melhor que Preston no sentido de como ele a trata. Mas agora, ela está exatamente certa. Eu sou um idiota.

— Por que você voltou, Ryder? – ela me provoca ainda mais. — Pra foder comigo? Para mexer com a minha cabeça e partir o meu coração? Bem, eu vou te dizer uma coisa. – Seus olhos se enchem de lágrimas. Elas estão prontas para cair. Um piscar e elas estão escorrendo pelo rosto, causando rastros de tristeza em suas bochechas rosadas. — Você já quebrou meu coração, uma e outra vez, e eu? Eu sou a idiota que deixa você fazer isso. Sem mais.

O veneno em suas palavras me irrita. Nunca a ouvi xingar. Nunca. E agora ela está cuspindo as palavras como se isso não significasse nada. Seu corpo treme visivelmente e percebo que está congelando. Sua pele está marcada de arrepios.

— Eu não quis dizer...

— Foda-se, Ryder! – ela me interrompe, se virando.

Eu a vejo agarrar seu top, encolher os ombros e sair da minha vida, deixando-me com nada mais do que um peito dolorido. Suspirando, corro na direção dela, na esperança de pegá-la antes que ela possa subir em sua bicicleta. Eu sei que é o jeito que ela teria chegado aqui. Ela sempre amou essa coisa velha.

Assim que chego à porta, saio para encontrá-la lutando para destrancar a corrente. Ela vestiu o seu moletom, escondendo suas curvas do meu olhar. Eu pego as escadas timidamente, não querendo deixá-la ainda mais furiosa do que ela já está.

— Podemos começar de novo? – peço gentilmente. Preciso levá-la para casa em segurança, depois vou embora e não olho para trás. Eu vou voltar para Los Angeles e ela pode estar livre de mim.

— Por quê? – Suas mãos em seus quadris a fazem parecer cautelosa, como deveria estar. — Diga-me, Ryder. Qual é o ponto de eu te dar uma chance de fazer as pazes comigo? Só para você me rasgar em pedaços novamente? – Sua pergunta está entre nós e eu quero arrancá-la do céu e pisá-la no chão.

— Só me deixe te levar para casa pelo menos? Está frio. Você vai ficar doente. – eu digo a ela, esperando fazê-la ver que estou certo. Ela está em silêncio, seus lábios fazendo beicinho daquele jeito doce e sexy que me faz querer reivindicá-los. Devorar sua boca, provando-a.

— Tudo bem. – ela finalmente cede e eu aceno.

— Deixe-me pegar minhas chaves e podemos ir. – digo a ela, mas ela não responde. Em vez disso, ela tira o celular do bolso e digita uma mensagem para alguém. O ciúme aparece em minha mente e me pergunto se há outra pessoa em sua vida. Não. Não pode haver. Ela me queria. Ela veio aqui por mim, então não pode haver outro cara.

Virando, eu vou para dentro. Meu celular e as teclas estão ao lado do aparelho de som. Depois que tudo está desligado, volto para fora e destranco sua bicicleta do corrimão. Assim que eu me certifico de que está no banco de trás do meu SUV, abro a porta do passageiro para ela. Antes de se sentar no banco, ela me fixa com um olhar zangado, mas não diz nada.

No banco do motorista, roubo um olhar em sua direção, imaginando o que está acontecendo em sua linda cabecinha. Suas bochechas já não estão molhadas e eu estou grato que ela parou de chorar. Ligando o carro, saio para a rua escura. Serão quinze minutos para voltar para a casa dela. Alcançando o rádio, ligo-o e nos deparamos com a voz melódica de Jay Sean cantando “Cry”.

Toda letra que ele canta parece que ele está dando uma facada na Piper e em mim. Uma suave fungada vem da minha esquerda, e eu olho para ver suas bochechas brilhantes na luz fraca quase inexistente da lua acima de nós. Paro o carro, estaciono e desligo o motor.

— Piper...

— Apenas me leve para casa, Ryder. – ela diz suavemente, com sua voz cheia de emoção. — Eu não posso fazer isso. – Suas palavras são dolorosas, e eu sei que fiz isso. Eu a machuquei e tenho que viver com isso.

— Sinto muito. – digo, a ela então.

Ela vira a cabeça, encontrando o meu olhar culpado com o seu choroso. — Por que você voltou?

— Eu não sei. – eu minto. Eu posso dizer com segurança que não foi a pressão de Jeremiah e Preston. Mas sei que queria me sentir normal de novo, e a única maneira de fazer isso era vê-la novamente. E agora que vi, isso foi um erro. Estar perto dela só confirma que não sou normal. Eu nunca serei novamente e eu deveria parar de tentar.

— Você nunca foi um bom mentiroso. – diz ela, olhando através da minha fachada e vendo a escuridão, segredos e culpa que se pesam como um peso de chumbo no meu peito.

— Não, eu não sou. Mas a sua escolha em caras é algo que você precisa rever. – eu brinco, esperando aliviar o clima. Porque, por mais que queira que ela seja feliz com outra pessoa, ainda sinto falta do sorriso dela. Eu quero que ela se lembre de mim em tempos mais felizes.

— Ryder, eu sou provavelmente muito jovem, talvez eu não tenha experiência de vida suficiente, mas... – Suas palavras baixam, com seus dedos torcendo o tecido de sua regata. Quando ela encontra meu olhar mais uma vez, ela sorri. — Eu sempre vou querer você. – ela confessa.

As palavras fazem meu peito apertar dolorosamente. Eu a quero tanto quanto quis anos atrás, mas não sou a mesma pessoa que era naquela época.

— Sinto muito. – ela murmura baixinho.

— Nunca se desculpe por ser honesta. – eu aconselho a ela. — Olhe para mim. – Quando ela vira a cabeça para mim, eu coloco suas bochechas em minhas mãos, deleitando-me com a pele sedosa abaixo da ponta dos meus dedos. — Eu estraguei tudo, Piper. Eu não sou a mesma pessoa que eu era há quatro anos. – isso é o máximo que posso dar a ela porque a verdade é algo que nunca poderei dar.

— Então por que você não confia em mim o suficiente para me dizer o que aconteceu? – Seus grandes olhos me imploram e eu posso ver o desespero em sua expressão. Ela precisa de mim tanto quanto eu preciso dela, mas eu não sei como ser aquele menino que se apaixonou.

— Não é que não confie em você. – suspiro, sentando-me no banco de couro. Eu olho para a rua escura e me pergunto onde diabos estou indo. Minha vida mudou drasticamente por causa do que eu fiz, e meus sonhos não são mais viáveis.

— Então, é o que? – ela pergunta.

Eu não posso responder, então eu não respondo. Nós nos sentamos em silêncio, olhando pela janela a escuridão que nos envolve em sua fria incerteza.

Chego para frente, virando a chave para ligar o motor. Um ronronar suave. Nada mais pode ser dito. Não posso oferecer a ela o que ela precisa. Se ela soubesse o que eu fiz, Piper nunca mais me veria da mesma forma. Eu a levo para casa com o coração pesado. A agonia me agarra dolorosamente. Parece que o tempo parou neste momento.

Ela sai do carro sem dizer nada. Eu a vejo caminhar até a porta. Ela deixou sua bicicleta na parte de trás do carro e me pergunto se fez isso para que ela possa me ver novamente. Talvez para me pedir para voltar e trazê-la para ela. Uma vez que ela está dentro da casa, eu saio e abro a porta traseira.

Tirando sua bicicleta do carro, eu coloquei na entrada onde ela vai ver. É um adeus. É uma despedida para a pessoa que eu queria estar. Suspirando, eu entro no em meu carro e volto para a casa que eu cresci.

Estar em casa tem muitas desvantagens. Estar na casa dos meus pais, é como estar na prisão. Todo esse tempo eu corri e fugi. Agora não há outro lugar para ir. Estou preso aqui porque não posso encarar a realidade. Eu não posso ficar bem.

— Ryder. – o tom severo do meu pai vem de trás de mim. Seu rosto está sério e sua postura também. O advogado que faz milhões por dia, que não se importa se sua família está desmoronando, desde que ele possa jogar golfe com seus amigos. O homem que trai a minha mãe todos os dias que ele entra em seu escritório. A única pessoa que eu odeio mais do que eu mesmo. Henry Kingsley.

— Papai. – eu respondo sem um sorriso. Nós não estamos em bons termos. Nós nunca estivemos. Quando ele não diz mais nada, subo as escadas. Assim que chego ao patamar, é quando ele decide fazer um comentário sarcástico do meu jeito.

— Eu acredito que você vai deixar a garotinha em paz. Ela é muito jovem para você. – ele se vira e me deixa olhando para o espaço vazio que ele acabou de desocupar. Idiota. Minha amizade com a Piper aconteceu facilmente, mas ele foi o único que percebeu o quão próximos chegamos ao longo dos anos.

Talvez seja por isso que ele não se importou quando eu disse que estava indo embora. Talvez, ele quisesse que eu fosse embora, então eu não faria algo estúpido com ela. Só que eu fiz. Eu permiti que ela se apegasse, mas acima de tudo, eu me apaixonei por ela.

Meu quarto fica do lado oposto da casa para todos os outros e sou grato por isso quando fecho a porta e exalo. Eu deveria ter ido ao apartamento que aluguei quando cheguei, mas preciso estar mais perto dela. Algumas portas está a casa que estava fora dos limites para mim, quando eu sei que Piper estará dormindo em seu quarto enquanto eu sento na minha varanda pensando nela enquanto eu fumo meus cigarros.

Vê-la hoje com aquelas calças de moletom baixas e regata não fez nada para acalmar o desejo que tenho de transar com ela. Ela me pediu para tirar a sua virgindade. Ela queria alguém em quem pudesse confiar, mas no fundo, me pergunto se isso era uma boa ideia.

Poderia ter feito isso. Bem ali no armazém, eu poderia tê-la levantado contra mim, conduzido o meu pau nela, e depois me afastado. Ou poderia simplesmente ir embora agora e deixá-la perdê-lo para alguém que vai machucá-la pior do que eu jamais poderia. Ambas as opções me fazem um idiota.

Deitando na cama, coloco as duas mãos sob a cabeça e observo o teto. Os padrões que vi desde que tinha dez anos rodam acima de mim. Eu quero que eles tirem a minha mente dela, mas nada vai acontecer. Nada acontece.

Meu celular vibra e eu o levanto para encontrar seu nome em grandes letras pretas olhando para mim. Não penso duas vezes em desbloquear a tela e tocar na mensagem.


Olá, aqui é o Piper. Você pode me chamar de Butterfly. Até agora apenas uma pessoa chama.


Eu não posso evitar o sorriso no rosto com a mensagem dela. É uma versão espelhada da primeira mensagem de texto que eu já enviei a ela.


Oi, aqui é Ryder, mas você pode me chamar de babaca. A maioria das garotas chama.


Eu digitei e respondi minha resposta.


Diga-me, Butterfly, o que você está fazendo agora?


Os três pontos movem enquanto ela digita sua resposta e eu me vejo interessado nisso. Não sei por que ela está fazendo isso, mas parece aliviar a tensão entre nós.


Deitada na minha cama, imaginando se alguém está pensando em mim.

E se ele estiver pensando em você?

Então, talvez ele devesse parar de agir como um idiota e me ligar.


Eu ri da sua resposta atrevida. Tocando no nome dela, coloquei o celular no ouvido e escutei. Ele toca três vezes antes de finalmente atender.

— Oi, imbecil. – diz ela, mas o sorriso em sua voz é evidente.

— Butterfly. – murmuro. — Você é tão má para mim. – Minhas palavras são uma confissão honesta e crua.

Ela está em silêncio, então eu a ouço suspirar. — E você é perfeito para mim. – Suas palavras suavemente faladas só servem para me fazer querer mais dela. De precisar dela aqui em meus braços, onde ela sempre deveria estar.

— Eu sou falho, menina. Estou quebrado.

— Então nós podemos ser perfeitamente falhos juntos. – diz ela em um tom esperançoso e eu me pergunto se ela poderia estar certa. — Eu nunca quis mais ninguém, Ryder. Foi você, sempre será só você. Há um pequeno lampejo de esperança no meu peito. Com cada palavra que pronuncia, inflama uma chama que floresce em um incêndio.

— Não posso te dar o que você quer. – digo a ela, na esperança de manter a dor da minha voz. Fecho os olhos, imaginando o que ela está fazendo. Se ela está sentada no banco da janela ou se está na cama. É tarde, e ela deveria estar dormindo, mas a parte egoísta de mim não quer deixá-la ir.

— E se você puder? A menos que eu não signifique nada para você. – Sua voz soa baixa e o ronco áspero do meu peito deve dizer a ela que estou irritada com o que ela acabou de dizer. Ela não tem o direito de pensar isso sobre si mesma.

— Você significa tudo para mim, Piper. Mas, como dizem, se você ama alguma coisa, deixe ir...

— E se voltar, você saberá. Você voltou, Ryder. – eu posso ouvir a urgência em sua voz. Seu pedido. Ela está implorando e eu não posso negar que quero estar com ela. Para dar a ela tudo o que está pedindo.

— Boa noite, Butterfly. Nós conversaremos em breve.

Antes que ela possa responder, eu desligo. Levantando-me da cama, eu desço as escadas para a cozinha que ainda parece como se a minha mãe acabasse de sair, deixando-a impecável. Ela era a única pessoa que gostava de ser uma família. Meu pai nunca me quis. Pelo menos, parecia que ele não quis toda a minha vida.

— Ryder. – A voz do meu pai vem da porta. — Você deve ficar longe da casa dos Beaufort. Eu sei que você e Preston são amigos, mas a garota está fora dos limites. Você me entende? – Meu pai costumava ser um homem bonito, com aqueles olhos verdes, cabelos escuros e suas feições esculpidas. Minha mãe costumava a falar sobre como muitas mulheres queriam ele.

Mas agora ele parece envelhecido. Não porque ele é mais velho, mas porque parece que a própria vida tem tomado seu pedágio sobre ele.

— Papai, eu tenho vinte e três anos. Não há nada de errado comigo se passar o tempo com a Piper. Ela é adulta agora, e eu também. – eu sempre mantive o meu relacionamento com a Piper platônico. Mesmo quando eu notei que estava apaixonado por ela, lutei contra meus sentimentos e deixei claro para ela que éramos apenas amigos. Eu me lembro do dia em que eu disse a ela. Eu podia ver as lágrimas que ela piscou, encolhendo os ombros como se não a afetasse, mas eu sabia que sim.

— Estou cuidando de você. Eu sei que você pode não pensar assim, Ryder. – diz ele, caminhando até mim. Ele coloca a mão no meu ombro, apertando-a e sei que esse é o sinal de afeição do meu pai. — Só não quero que você se machuque.

— Por que eu iria me machucar? – Minha pergunta ainda o deixa por um longo tempo. O olhar em seus olhos me diz que há algo que ele está segurando. Um segredo.

— Eu cometi muitos erros na minha vida, Ryder. E, por mais que eu saiba que é parte da vida aprender com esses erros, não quero que você caia na mesma armadilha que eu caí.

Minhas sobrancelhas franzem em confusão. — O que você quer dizer?

— Só por favor, tenha cuidado. – diz ele, e meu coração bate em minhas costelas. Algo está errado e ele não quer me dizer o que é.

— Eu sou sempre cuidadoso, pai, mas você está me preocupando. – Desta vez, eu o puxo para um abraço, e é a primeira vez em quase dez anos que o meu pai me abraça, batendo nas minhas costas em um abraço de homem.

— Não posso sempre estar aqui, e eu não tenho sido o melhor pai, mas eu amo você, filho. – ele olha para mim por um longo tempo e sei que ele quer dizer isso. Posso ver isso em seus olhos. Ficamos distantes desde que a minha mãe foi embora, mas agora, parece que ele finalmente está me aceitando.

— Eu vou ficar no apartamento alugado no centro enquanto estou aqui. Eu só queria pegar algumas coisas do meu quarto hoje à noite.

— Eu entendo. – ele balança a cabeça. — Só sei que a casa está sempre aqui para você. A porta sempre estará aberta se você precisar voltar para casa.

— Obrigado, pai.

Ele me deixa na cozinha para pensar sobre o que aconteceu. Ele está claramente escondendo alguma coisa de mim, isso eu sei, mas não posso deixar de sorrir para mim mesmo na demonstração de afeto do homem que sempre esteve frio e distante em relação a mim.

Pegando um refrigerante, eu volto para o meu quarto para pegar algumas coisas que eu quero. Amanhã estarei por minha conta e, embora minha casa de infância ainda esteja aqui, é hora de seguir em frente.

 

 

 

 

 


Capítulo Sete

Piper


Eu não o vejo em dois dias.

Após a ligação, eu ouvi Preston falando ao telefone sobre Ryder voltando para a cidade. Não sei se ele disse isso porque sabia que eu estava bisbilhotando ou se seu melhor amigo realmente se foi. Eu fui ao armazém, mas estava vazio.

Meu coração dói ao pensar nele apenas saindo da minha vida novamente. Mesmo que não sejamos um casal, ainda tenho sentimentos por ele. Desejá-los não funcionou, e minha tentativa de seguir em frente foi frívola na melhor das hipóteses. Cada vez que um cara me convida para um encontro, eu o comparo injustamente com Ryder. Eu me lembro do dia em que ele foi embora. Quando ele foi e eu soube com certeza que ele não voltaria.


O sol está escondido atrás de grossas nuvens cinzentas. É o último dia e não sei como dizer adeus. Ryder sai junto com Preston e Jeremiah, e algo me diz que ele não voltará. Sim, promessas foram feitas, mas tenho a sensação de que ele ficará mais feliz sem mim. Ele vai esquecer a menina com uma queda por ele.

Não o culpo. Ele é mais velho, mais maduro do que eu. Pelo menos é assim que vejo. Quando ele sair para clubes em Los Angeles, vai ter centenas de garotas caindo sobre ele. Afasto o pensamento da minha cabeça, esperando com tudo o que tenho que ele vai me dizer que decidiu ficar. Chame isso de pensamento positivo ou o que for.

Colocando o moletom de capuz, coloco meus pés em meus tênis e saio pela porta. Vou encontrá-lo no armazém e vamos caminhar juntos até a rodoviária. Desde que o Preston saiu mais cedo, e o Sr. Kingsley pegou as chaves do carro de Ryder, ele está tendo que pegar o ônibus.

Eu sei que meu irmão teria voltado e o pegado, mas há uma coisa sobre Ryder - ele é orgulhoso demais para pedir ajuda. Não é muito longe para pedalar, e levo a minha bicicleta para o lugar que se tornou uma segunda casa para mim nos últimos dois anos. Eu precisava de Ryder quando não achava que precisava de ninguém, e agora ele está indo.

Momentos depois, eu coloco a minha bicicleta ao lado da porta e entro no grande espaço aberto. Encontrando Ryder dançando na penumbra do armazém, o observo por um momento, e não posso deixar de sorrir.

Eu me aproximo. Meus olhos estão colados ao corpo dele movendo-se como se fosse fluido com a música. É lento, e vê-lo dando uma volta em um pé é estranho. Ele está fazendo piruetas, mas está vestido como um bad boy com tatuagem adornando cada centímetro de pele nua.

Fecho meus olhos e escuto a letra como se ele estivesse tentando me dizer algo com a música. “Feels Like Home” de Chantal Kreviazuk é linda e sincera. Meu coração dói no meu peito ao pensar nele indo hoje e eu preciso piscar de volta as lágrimas.

Assim que a música para, ele para também. Os olhos de Ryder encontram os meus e estamos conectados. É como se ele pudesse sempre sentir onde eu estou, e não importa o quanto lotado seja o lugar, ou onde eu esteja. Ele vai me encontrar.

"Você está adiantada." – diz ele, aproximando-se de mim, puxando-me para um abraço. O calor que ele sempre irradia me protege de tal maneira que me vejo rasgando de novo.

"Estou atrasada. É melhor irmos.” – Minhas palavras são murmuradas em sua camiseta, mas sei que ele me ouviu porque ele se afasta.

Segurando o meu rosto com as mãos, ele me segura firme, inclinando-se para que fiquemos olhos nos olhos. "Não chore." – ele pede. “Eu não gosto de ver você triste, Piper. Eu tenho que fazer isso.”

"Eu sei." – digo a ele, enxugando as minhas bochechas molhadas. Levantando meu queixo em desafio, dou um sorriso triste. "Eu tenho permissão para sentir sua falta."

Ele acena com a cabeça, como se isso fosse minha desculpa quando ele sabe que é muito mais. Então, estamos nos movendo pelo armazém, pegando as coisas dele. Nós damos um passeio até a estrada principal onde a estação é, apenas fora da cidade.

"Você sabe; voltarei antes que você perceba. Você provavelmente estará namorando um idiota.” – ele me diz rindo, ganhando um soco no ombro. "Estou falando sério, Butterfly." – ele diz meu apelido, fazendo meu corpo tremer.

Só então, um ônibus para no terminal e estamos na pressa de uma multidão de pessoas indo para uma vida melhor enquanto estou presa aqui com pais que não me amam.

"Prometa-me, Ryder." – eu imploro. "Diga-me que você vai voltar para mim."

Ele sorri, com as suas covinhas aparecendo, e não consigo impedir minha mente de tirar fotos mentais dele. Preciso me lembrar dele assim, feliz, sorridente, como um homem prestes a embarcar na aventura de sua vida.

"Eu voltarei para você, Piper, eu sempre voltarei para casa e para você." – As emoções que aparecem em seus olhos cor de avelã roubam a minha respiração, param meu coração e me deixam rígida. Eu pisco, as lágrimas fluem, e eu sei que nunca vou parar de chorar, não até ele voltar.

"Eu te amo." – eu nunca disse essas palavras para ninguém antes. Nunca. Mas parece que é o momento certo para finalmente dizer a ele. Ele sabe. Eu sei que ele sabe.

"E eu também te amo, menina." – ele me diz, inclinando-se para beijar meus lábios. E então, ele se foi, deixando-me com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu percebo que ele não hesitou em me dizer que ele me ama.


Pegando o meu celular, eu pressiono o meu polegar no leitor para desbloqueá-lo e abrir as minhas mensagens. A última dele é de dois dias atrás. Pouco antes dele me ligar. Depois, silêncio. Eu me levanto da cama e caminho para a cozinha. O café já está preparado e o lugar cheira como uma cafeteria na estrada.

— Pip. – meu irmão chama atrás de mim. Quando me viro, encontro-o encostado no batente da porta, olhando para mim. — O que você está fazendo hoje? – ele pergunta, entrando no lugar imaculado. Meus pais garantem que a casa esteja sempre brilhando e sem manchas. Bem... o que quero dizer é que eles têm pessoal que faz isso por eles.

— Tenho aulas hoje, Preston. Você sabe disso. – eu digo a ele, cruzando os braços na frente do meu peito, irritada que ele não se lembra de qualquer coisa que eu fale com ele.

— Não seja malcriada, Pip. Preciso da sua ajuda com uma coisa. – ele diz, pegando uma caneca, que coloca ao lado da cafeteira.

Meu olhar o segue enquanto ele o enche com líquido escuro, depois toma um longo gole antes de olhar para mim novamente. — O que é, Preston? – suspiro, pensando que ele está prestes a me pedir para chamar uma de suas namoradas para dar um fora. Ele já fez isso antes, e mesmo que eu achasse que ele era um idiota, eu fiz isso por ele, porque ele é meu irmão.

— Estou preocupado com Ryder. – diz ele, fazendo com que meu coração bata contra o meu peito. Quando encontro aqueles olhos azuis familiares que são uma mistura minha com uma pitada de verde como a de Ryder, vejo uma emoção real cintilando neles. Seus olhos mantém algo que eu nunca vi no rosto do meu irmão mais velho antes - preocupação.

— Você está preocupado com ele? – eu rio, me virando para pegar uma caneca e enchê-la com café. — Essa é a primeira vez. Quem é você e o que você fez com o meu irmão idiota? – eu pergunto.

— Olha, eu sei que tenho sido um chato na maior parte de sua vida, mas... ele é meu melhor amigo. – Desta vez, quando eu olho para Preston, eu vejo isso. Ele está escondendo um segredo. Seus olhos se movem entre mim e a caneca.

— Diga-me o que você está escondendo. – eu exijo, mas a minha voz é quase inaudível. Ele fica em silêncio por um longo tempo e me pergunto se ele me ouviu, mas depois suspira. Recostando-se na pia da cozinha, ele me observa por um longo tempo. — Por favor, Preston. Se alguma coisa...

— Não é a minha história para contar, Pip. – ele finalmente responde, interrompendo o meu questionamento. — Isso é o Ryder que deve lhe dizer. Se ele quiser. Eu sei que você tem uma coisa por ele.

— O que? – eu suspiro, engolindo o choque que sei que está claro no meu rosto.

Ele encolhe os ombros e sorri. — Vamos lá, irmã... Você acha que eu sou cego? Toda vez que ele entra na sala, suas bochechas queimam em um vermelho brilhante. Seus olhos o seguem como um cachorrinho perdido.

— Não seja ridículo...

— Você está dizendo que estou mentindo? – Desta vez, meu irmão parece estar muito satisfeito com sua avaliação.

Abro minha boca para responder, mas não posso. Estaria mentindo para o meu irmão e tão idiota quanto ele é, eu não posso trazer mentiras para o nosso relacionamento já volátil.

— Foi o que pensei. – ele balança a cabeça. — Eu não me importo com sua paixão, ou com a dele, desde que ele não te machuque. Ou então, eu vou ter que matá-lo. – É a primeira vez que meu irmão mostra alguma preocupação por mim. Pelo meu bem estar.

— O que mudou entre nós, Pres?

— Nada. Já passei por coisas enquanto estava na cidade. Eu tenho fodido muito e por causa disso, meu melhor amigo está com raiva de mim. Ele pode não mostrar, mas é minha culpa que a vida dele agora está tão fodida quanto a minha. — A agonia que escorre de suas palavras é o suficiente para me perseguir em sua direção. Colocando uma mão em seu ombro, eu dou um aperto, o que faz com que ele olhe para mim.

— O que aconteceu? – pergunto novamente, sabendo que ele não vai falar a verdade, ou a história, porque tenho certeza de que Ryder é quem precisa me dizer.

— Eu te disse, Pip. Não é minha história para contar. Ryder é o único que você precisa ouvir sobre isso. Ele te ama, você sabe? – Desta vez, Preston olha para mim com a sua expressão séria. Não há vislumbre de mentira ou brincadeira.

Ryder me ama?

Mais uma vez, meu coração bate, batendo uma melodia contra minhas costelas. — Ele não ama. Sou apenas a irmã mais nova de seu melhor amigo.

— Eu o vi tentando namorar outras mulheres quando estávamos na cidade, mas ninguém o fez sorrir do jeito que você costumava fazer.

— Costumava. – digo a ele. — Essas são as palavras operacionais que descrevem eu e Ryder.

— Você ficaria tão surpresa ao saber que ele ainda tem uma chama por você. Confie em mim, só desta vez, Pip. – Meu irmão sorri com seus olhos se enrugando nos cantos. Não há nada que possa me preparar para o que meu irmão faz a seguir. Seus braços me envolvem, me puxando para um abraço feroz. — Dê a ele uma chance para se explicar. Não o exclua ainda. – ele me diz. — E não desista dele. Ele pode ter cometido um erro, mas eu também. Ele já pagou muito tempo pelo dele.

— O que aconteceu com você, Preston? Você está me assustando com esse absurdo enigmático. – Desta vez, as minhas palavras me deram uma risada. Meu irmão, todos os dois metros dele, é o sonho de toda garota. Com seus cabelos loiros, olhos verdes azulados e aquelas covinhas em cada lado, ele sabe como usar seus encantos para conseguir o que quiser.

— Há muita coisa que aconteceu entre Ryder e eu pelo que me sinto responsável. Embora... – ele diz, colocando sua caneca para baixo para enchê-la. — este não sou eu fodendo com você, irmãzinha, sou eu quem quer o que é melhor para ele.

— E você acha que sou eu? – Desta vez eu pareço incrédula porque não posso acreditar que meu irmão se sentia assim. Não que ele tenha feito muito por mim no passado. Mas este é um novo lado dele que eu nunca vi.

— Olha, Pip. – ele se vira para mim, tomando a sua bebida antes de continuar. — Tudo o que estou dizendo é, que dê a ele uma chance para se explicar. Ele está... volátil agora. E ele precisa de alguém para apoiá-lo.

Cruzando meus braços na frente do meu peito, eu o vejo cautelosamente. — Tudo bem, vou falar com ele, mas isso... – aponto entre nós. — Não muda nada que aconteceu entre nós, certo.

— Você já tem idade suficiente para saber que as pessoas cometem erros. – Sua resposta é confiante. — Aos vinte anos você já é praticamente uma adulta.

Com isso eu rio. — Bem, mamãe e papai não concordariam. – digo-lhe amargamente. Eu sei que eles estarão em casa a partir da viagem de negócios amanhã e eu ainda tenho que abordar o assunto de me mudar para a cidade.

— Deixe-me lidar com eles e você lida com o meu melhor amigo. – Preston move as sobrancelhas e ri quando eu golpeio seu ombro.

— Não seja nojento, Pres. – resmungo e franzo o meu nariz mais envergonhada do que qualquer outra coisa. Minhas bochechas coram quando ele me dá uma piscada.

Ele me deixa na cozinha remoendo o que ele me disse. Se algo aconteceu com Ryder e ele está se escondendo atrás de algum muro que ele construiu, não será bom quando ele finalmente quebrar. Isso é uma coisa sobre ele. Ele manteve sua dor e deu uma máscara durante o tempo que eu conheço ele.

A cada momento que passamos juntos, ele descongelou, mas só para mim. Talvez meu irmão esteja certo. Talvez, eu seja a única que possa passar pelo Ryder. Encho minha caneca com café e volto para o meu quarto.

Encontrando o meu celular, desbloqueio a tela e desço até o número que me provocou durante meses, anos, e finalmente toco na tela. Depois de conversar com ele há poucos dias, sinto-me menos nervosa quando ouço o toque do outro lado. Eu me lembro de ser uma adolescente apaixonada pelo melhor amigo do meu irmão.

Mesmo que ele não fosse permitido em nossa casa, não muito tempo depois, antes de todos irem para a faculdade, eu sempre encontrava um jeito de estar perto dele, mesmo que eu não dissesse uma palavra. Eu estava em sua órbita e isso é tudo o que importava para mim. Meus pais odiavam sua aparência, ele não se encaixava em seu mundo perfeitamente estruturado. Mas Preston nunca foi um para seguir as regras. E Ryder se tornou um do trio junto com Jeremiah. Os três rapazes passavam todo o tempo juntos.

Quando o correio de voz atende a minha ligação, deixo meu celular na cama e vou para o meu guarda-roupa. Tirando um short jeans e uma blusa, eu rapidamente os coloco. Felizmente meu banho matinal me deixou pronta para sair pela porta. Se Ryder está deprimido, se algo está incomodando, então eu preciso chegar até ele.

Uma vez que enfiei os pés no meu tênis, deixo meu café esquecido na mesa de cabeceira e saio correndo pela porta com o meu celular no bolso e as chaves na mão. Facilmente sento no banco do motorista do pequeno Mini Cooper que meu pai insistiu em me comprar quando peguei minha carteira de motorista e fui para o armazém.

Não há necessidade de duvidar de mim mesma. Eu sei que ele estará lá. E depois da nossa reunião, dois dias atrás, no mesmo lugar, é exatamente onde vou encontrá-lo.

A viagem dura apenas dez minutos, mas, durante esse tempo, duvido da minha escolha de vir aqui e vê-lo. Eu tento me convencer a pressionar Ryder para me dar a verdade, para explicar o que aconteceu com ele, mas quando paro no armazém e vejo o seu carro estacionado perto da entrada, meu coração vibra descontroladamente como a batida de uma música no meu peito. Uma melodia que só Ryder sabe. E eu sei que ele precisa de mim agora, assim como precisei dele toda a minha vida.

Ele foi embora.

É a minha escolha voltar.

 

 

 

 

 

Capítulo Oito

Ryder


Consolo.

Música.

Paixão.

Três coisas que me mantiveram. Mesmo depois de todo esse tempo, ainda encontro minha felicidade nas batidas de uma música. Mesmo que eu esteja quebrado, eu ainda tenho uma coisa que me permite lembrar quem eu sou.

Minha vida não foi fácil. Sim, eu cresci rico, com amigos no mesmo círculo, festas caras todo fim de semana, mas essas coisas nunca me fizeram feliz.

Seu rosto passa pela minha mente. Como sempre, eu gemo a minha frustração enquanto ouço a batida, criando os movimentos como eu faço.

Ela tem sido uma parte de mim por muito tempo. A jovem que não se encaixava, ao lado do menino que sempre se destacava. Quando saía com Preston e Jeremiah, as pessoas olhavam. Com minhas tatuagens, meus piercings, eles achavam que eu era um problema.

Se eles soubessem.

E mesmo assim, quando eu era considerado o bad boy da cidade, ela me via. Seus olhos grandes e inocentes viam através de mim, notando as minhas pequenas partes que eu escondi atrás de um exterior sério. Foi Piper quem me deu algo para viver. Ela me fez amar quando eu acreditava que era incapaz de amar. Mas eu não podia fazer muito sobre os meus sentimentos por ela, porque ela era muito jovem.


Ela está na piscina. Estou deitado na espreguiçadeira ao lado do irmão dela. Meus olhos estão colados nela atrás dos meus óculos escuros. Felizmente, Preston não me notou olhando sua irmã. Vestida com o biquíni mais conhecido pelo homem, ela percorre a água azul-clara e sai da piscina.

Água escorre por sua pele dourada. O tecido rosa apertado envolve as suas nádegas. Pequenos triângulos cobrem o que eu quero ver, o que minha boca saliva para devorar. Mas eu afasto isso quando sinto meu saco rígido de desejo.

O cabelo dela, da cor de seda dourada, esticado na curva da parte inferior das costas, logo acima da linha de cintura do biquíni. Longas pernas ágeis - pelo seu amor pela dança - provocam-me.

"Cara." – Preston disse meu lado, me sacudindo de onde eu estava olhando Piper.

"O que?"

Ele se senta, me entregando seu celular. "Aquelas duas garotas nos convidaram para sua festa em casa neste fim de semana." – ele se vangloria, mas eu não me importo. Elas não me interessam, mas não posso dizer isso a ele, então eu aceno. – “Você vem?"

"Sim, eu estarei lá."

Ele ri. Segurando o dispositivo, ele se levanta e o pressiona contra o ouvido. – “Oi, baby.”

Eu olho para Piper. Ela está seca, mas o seu cabelo ainda está escorrendo pelas costas. Com um rápido olhar para Preston, eu rapidamente caminho até ela. – “Você está treinando?" – pergunto quando eu a alcanço quando ela entra na casa da piscina. Sua bunda se move enquanto anda. Seus quadris se movem hipnoticamente e eu estou em transe.

"Sim, mas machuquei meu tornozelo." – ela faz beicinho e é preciso todo o meu controle para não imaginar o que sua boca poderia fazer comigo.

"Quer que eu dê uma olhada?" – eu me ofereço, encontrando seu olhar inquisitivo.

"Ok." – Desta vez, ela cora. A cor rosada fica bem em suas bochechas. Ela se senta na poltrona, levantando o pé e colocando-o no meu joelho enquanto me agacho diante dela. Meu olhar cai imediatamente para a junção entre suas coxas e o meu pau pulsa. Porra.

Desviando os meus olhos, eu me concentro em seu tornozelo. Meus dedos circulam na articulação, fazendo com que gemidos suaves escapem de seus lábios, e eu fico duro. Muito duro. Esta não foi uma boa ideia. Empurrando sua perna para longe, eu fico sério "Tenho que ir", e caminho para fora da pequena sala de estar, deixando um buraco nas minhas costas com seus grandes olhos azuis.


A lembrança daquele dia paira sobre mim como uma nuvem de tempestade. Lembrando-me do que eu tinha, o quanto esse dia me mudou porque foi o momento em que eu sabia que estava apaixonado por ela. Ela me seguiu para fora da casa da piscina e me disse que gostava de mim.


“Ryder". – Sua voz me impede a meio-passo. – “Eu.. quero dizer... você pode voltar lá.” – ela tropeça sobre suas palavras, mas eu não posso encará-la porque ela vai ver a protuberância no meu short. Não tenho certeza onde está o irmão dela, mas tenho certeza de que não está feliz por ele não estar aqui.

"Não sabe do que está falando" – respondo friamente.

"Olhe para mim." – ela exige desta vez. Menina mal-humorada. Eu dou a ela o que ela quer. Eu me volto para ela. – “Eu gosto de você, Ryder. Está claro. Não está?”

"Você não deveria."

"Bem, porra, não é como se eu tivesse uma escolha."

"Cuidado com a boca." – eu fico contrariado, tentando imaginar o quanto sexy seria ouvi-la dizer porra e ouvi-la gemer o meu nome.

"Por que você não me olha?" – Sua réplica é dita e eu agarro seu queixo entre o polegar e o indicador, puxando-a para mais perto apenas com o simples toque. Eu me inclino - rezando para todos os deuses que o irmão dela não esteja lá fora - e pressiono minha boca na dela.

Seus lábios macios se rendem aos meus com facilidade. Sua língua - hesitante e tímida – se move, saboreando a minha, e não posso deixar de gemer com a sensação. Ela gentilmente chupa minha língua em sua boca. O calor dela, o doce sabor de sua inocência é o suficiente para deixar um homem sensato louco.

É o suficiente para me deixar viciada, e temo que, mesmo que me afaste agora, mesmo que nunca a tenha beijado, eu fui fisgado por muito mais tempo do que gostaria de admitir.

Eu me afasto, deixando-a respirando pesadamente e corro para a casa. No banheiro, fecho a porta e abro a torneira, jogando água fria no rosto para evitar voltar lá e levá-la para o mundo. Para reivindicar uma menina bonita que está fodendo com a minha cabeça.


A música que sai do alto-falante me leva através dos movimentos. Tento tirar Piper da minha mente e me concentrar na dança. Tudo é fluido. Meu corpo se curva e salta com a coreografia que estou planejando para as crianças. Há uma competição de dança chegando em três semanas, e eu preciso que eles pratiquem todos os dias. Esta é a chance de encontrar consolo em algo que sempre me ofereceu felicidade. Para encontrar paixão por algo que um dia será algo que poderia levá-los à escola de dança.

A escola sempre foi importante para mim, e ser capaz de ajudar os outros a seguirem seus sonhos é algo que eu quero fazer. Não ser capaz de seguir o meu por mais tempo ainda deixa um gosto amargo na minha boca, mas eu o engulo enquanto penso em seu futuro brilhante.

Meu corpo dói.

Tudo dói quando o suor escorre pelas minhas costas. Eu tenho praticado por dois dias seguidos. Mas se eu for completamente honesto comigo mesmo, tenho evitado a Piper. Depois da nossa conversa na outra noite, senti-me querendo-a novamente, mais do que deveria me permitir, e isso por si só é perigoso.

Pego o maço de cigarros no alto-falante e tiro um. Sacudindo a tampa do meu Zippo4, acendo a haste branca. A fumaça enche meus pulmões e eu trago, a calma e a nicotina me oferece uma serenidade que o álcool não pode mais fazer.

Cada centímetro de mim queima. Há tensão em meus músculos da dor que eu vivo diariamente. Tanto físico como emocional. Eu nunca deveria ter voltado. Vendo Piper novamente fez algo para mim. É o mesmo que sempre tive com ela. Quanto mais eu vejo, toco, saboreio, mais eu quero e preciso.

Sua luz sempre iluminou meu escuro. Ela era perfeita para todas as minhas falhas e mesmo agora, crescida, ela ainda é tudo que eu preciso, mas também tudo que eu não posso ter.

— Você está aqui. – Sua voz vem de trás de mim, me atingindo ainda. Eu me viro para encontrar Piper olhando para mim.

 

Zippo: é uma marca de isqueiro.
Capítulo Nove

Piper


— Estou. – ele responde. Há um brilho de suor em sua parte superior do corpo. Seus músculos são magros, mas são picos e vales de pele bronzeada e lisa. A calça de moletom que ele está usando está pendurada na cintura fina. A linha suave dos músculos em V aponta em direção a sua virilha.

Um fino punhado de pelo fica logo abaixo do umbigo, junto com uma tatuagem. A fonte do script segue da esquerda para a direita com as palavras Perfectly Flawed5 em tinta escura. Não consigo afastar os olhos do garoto que reconheço e que se transformou em homem ao longo dos anos.

— O que você está fazendo aqui? – ele pergunta, enxugando o peito enquanto me olha com um olhar penetrante. Eu abro minha boca, mas não consigo encontrar as palavras. Ele está destinado a me ajudar com a competição de dança, mas tudo que quero fazer é pular em seus braços. O trabalho não significa nada neste momento. — Butterfly?

— Eu... – Limpando a minha garganta, tento novamente. — Eu precisava falar com você sobre a coreografia.

Ele acena, jogando a toalha sobre um ombro nu. Há uma ligeira mancada quando ele se aproxima de mim e não perco o vacilo em seu belo rosto. — O que há de errado?

— Nada. – ele acredita. — Estarei na escola em uma hora. Eu precisava de algum tempo sozinha. Prepare as crianças para a aula e eu assumo a partir daí.

— Ryder, você não pode simplesmente caminhar em...

— Você quer minha ajuda ou não? – Seu tom é áspero e irregular, mas há raiva que pinga de cada palavra.

— O que aconteceu com você? – eu balancei minha cabeça enquanto eu expressava as palavras.

— Eu cresci, Piper. Não sou mais o garoto que você tinha uma queda. – ele diz em um tom que não reconheço. Ele está certo, ele não é o garoto que eu lembro. Ele está longe disso. Neste momento, ele é um homem muito zangado e há fantasmas em seus olhos. Culpa, talvez.

— Eu posso ver que você se transformou em um idiota. Você sabe, Ryder, com toda essa bravata que você costumava carregar, eu não vejo nada disso agora. O que aconteceu? Alguma garota partiu seu coração em Los Angeles? Hum? – eu não posso evitar. Estou cutucando um urso adormecido e sei que só vou ser mordida.

— Saia! – A ordem que ele cospe em mim é alta no espaço como uma sirene de nevoeiro, e quando eu encontro aqueles olhos nos quais costumava me perder, eu não reconheço mais a pessoa antes de mim. O garoto por quem eu me apaixonei se foi, e ele foi substituído por uma concha do homem que ele foi uma vez.

— Foda-se, Ryder Kingsley! – Minhas palavras parecem chocá-lo, como se eu tivesse batido nele. — Você é um idiota patético. O que quer que tenha acontecido com você não lhe dá o direito de falar comigo desse jeito.

Eu me viro e não me incomodo em parar quando me chama. Meu nome em seus lábios aperta o meu coração, e a corda que sempre esteve lá ameaça me puxar de volta. Isso me faz querer virar e correr de volta para ele, mas eu não corro.

Em vez disso, vou até a porta e o deixo no armazém esquecido por Deus.

É só quando eu sento no banco do motorista do meu carro que pisco, permitindo que as lágrimas caiam. Faz muito tempo desde que chorei, realmente chorei. Meu corpo se convulsiona com soluços silenciosos enquanto eu tento puxar o ar entre a tristeza que me domina.

O barulho da minha porta tem o meu olhar para encontrar Ryder em pé no meu carro. A culpa estampada em sua expressão é clara. Há algo em seus olhos, escondido no mundo, mas apenas visível para mim, pura agonia.

— Saia do carro. – Sua voz é baixa e exigente. Mas estou muito zangada com ele só para permitir que ele fale comigo desse jeito.

— Deixe-me em paz, Ryder. Não posso fazer isso com você. – Mesmo que eu tenha vinte anos, ele ainda me faz sentir como a adolescente boba que se apaixonou por toda sua vida. É estúpido. Eu não deveria deixá-lo chegar até mim, mas eu não posso impedir meu coração de bater quando ele chega no carro, com a sua mão forte segurando meu braço e me puxando do banco.

— Eu disse, saia do carro. – ele diz, empurrando a porta e me pressionando contra o veículo. — Eu tenho tanta escuridão que parece como me seguisse por aí como uma maldita tempestade, Piper. – Suas palavras acariciam minha pele, com suas mãos segurando meus quadris no lugar. Seu corpo está quente contra o meu, me segurando no lugar.

Eu levanto o meu olhar para encontrar o seu para ver o que ele está escondendo, mas tanto quanto eu imploro com um simples olhar, não encontro as respostas e ele não as dá. Ele sempre foi fechado. Mesmo que meu irmão o embebedasse e o levasse para festas, eu conhecia o verdadeiro Ryder. Aquele que se escondia nas sombras porque ele era visto como uma criança sem futuro.

— Eu não posso te arrastar para a minha existência fodida. – ele finalmente me diz. Permitindo que sua dor pingasse de cada palavra, ele esmagou meu coração com apenas aquela frase sozinha.

— Eu estive em sua existência fodida por muito mais tempo do que você acredita, Ryder. Eu não posso me impedir de te amar. – Minha confissão não deveria ser um problema. Não deveria tê-lo olhando para mim em estado de choque.

— Como você pode me amar, Piper?

— Eu apenas nunca parei. – eu o informo. E é quando eu os vejo, os muros que ele construiu ao longo dos anos que esteve fora. Eles estão desmoronando, e quando ele olha para mim de novo, vejo a agonia que está brilhando tão descaradamente em seus olhos.

— Eu não sou mais o mesmo garoto, não mais. Eu não sou nem mesmo um homem.

 

 

 

 

 

 

 


Perfectly Flawed: Perfeitamente falho ou defeituoso.

 

Capítulo Dez

Ryder


Ela olha para mim, com os seus grandes olhos arregalados de confusão. Há muita tensão entre nós, isso é sufocante e acho difícil respirar. Espero que ela me bata, faça alguma coisa, mas ela apenas alcança meu rosto. Sua mão macia toca minha bochecha.

— O que quebrou você? – ela finalmente pergunta.

Nossos olhos fixam um no outro e eu não sei como dizer a ela, como para confessar o quanto eu estraguei tudo.

— A vida.

— Isso é uma mentira porque quando você saiu você estava...

— Eu era um garoto que achava que era dono do mundo, Piper. – digo a ela com o máximo de verdade que posso reunir. Afastando-me dela, já sinto falta do calor do seu toque. — Era teimoso, despreocupado, e pensei que todo mundo me devia algo por causa de onde eu vim.

— Isso não era quem você era. – ela argumenta.

— Você só pensava que isso, porque estava apaixonada por mim. – eu hesito, virando para encontrar seu olhar caloroso.

— Foda-se, Ryder. Pensei isso que porque eu conhecia o seu eu verdadeiro. Vi debaixo daquela maldita fachada de imbecil que você mostrava para todos. – Piper dá um passo em minha direção. Seus olhos ardem através de mim, implorando e implorando por respostas que não posso lhe dar. É nesse momento que sei que a amo. Eu sempre vou amá-la, mas não tenho como lhe dar o que ela precisa. O que ela merece.

— É hora de você ir. Eu vou estar na aula amanhã para passar a coreografia.

Ela não responde dessa vez. Não entendo a voz dela quando preciso. Bem ali, nesses poucos segundos ela acena e se afasta de mim, eu sinto, o aperto que ela tem no meu coração e na minha alma. Piper entra no carro sem dizer uma palavra. Isso tira a respiração de mim, e a dor que vivi ao longo dos anos que estava longe não é nada comparado a ver a mulher que eu amo dirigir para longe de mim.

Eu finalmente estraguei tudo na minha vida. Não só minha carreira de dançarino, mas a única pessoa que já me viu por quem eu realmente sou, apenas um garotinho quebrado precisando de amor.

Suspirando, eu passo meus dedos pelo meu cabelo e puxo com força os fios. Um pouco de dor me faz gritar em resposta. Por que sempre faço isso? Bagunço tudo o que eu quero.

— Cara. – a voz de Preston vem de trás de mim. Eu me viro para encontrá-lo andando em minha direção. A sua silhueta está sombreada pelo armazém mal iluminado. — Aquela era a minha irmã no dela carro chorando?

— Sim. – digo a ele honestamente. Eu não posso mentir para o meu melhor amigo. Por mais que ele seja um babaca no melhor dos tempos, ele também esteve lá por toda a minha vida. Ele me deu uma chance.

— Você disse a ela?

— Não. – murmuro, rangendo os dentes quase dolorosamente. Não há nada que eu possa fazer agora porque ele não vai parar até que eu finalmente tenha dito a verdade.

— Por quê?

— Porque ela merece melhor do que eu. – digo a ele, encontrando seu olhar incrédulo. — Não posso ser o homem para ela.

— Como você descobriu isso, idiota?

— Você sabe como. – eu caminho para o armazém sem olhar para ele. Os passos silenciosos de seus sapatos estão atrás de mim enquanto ele segue e eu sei que estou em uma conversa com meu melhor amigo.

— Ela ama você, Ryder. Ela não vai se afastar por causa de seus erros do passado. – ele me diz sinceramente. — Olha, eu nunca quis você com ela quando estávamos na escola porque você era um idiota. – ele ri da minha expressão. — Mas ela é adulta agora e você é mais responsável do que nunca. Eu sei que você a ama. Eu não sou cego.

Sentando na mesa atrás de mim, vejo meu melhor amigo me encarando. Estamos em um impasse e sei que vou perder. Preston é tão teimoso quanto eu costumava ser, mas, novamente, eu ainda sou tão teimoso quanto sempre fui. Só agora, eu sei que não sou digno do amor que Piper me deu e continua a me dar.

— Ela não vai desistir.

— Teimosia corre na família. – eu replico, fazendo-o rir e balançar a cabeça. Seus olhos ardem em mim com um aviso que não posso ignorar. Eu sei que tenho que dizer a ela, mas isso me assusta.

— Sim, e como você sabe, minha irmã é persistente. – Preston se aproxima mais de mim então. Ele segura o meu ombro, dando um aperto. — Não a machuque, Ryder. Não a machuque.

Ele me deixa então, com aquele aviso. Não preciso de outro, e certamente não preciso saber o que ele fará comigo se eu a fizer chorar.

É hora de engolir meu orgulho e ficar bem. Eu sei que é. Eu me viro para o aparelho de som e encontro nossa música. A música da minha garota - "Good for You" da Selena Gomez. A batida me leva e eu me movo pelo espaço como costumava fazer.

Ignorando a maneira como meu corpo não faz as coisas que costumava fazer, eu fluo na coreografia, apoiei em minhas mãos, girando ao redor, com os meus olhos fechados em concentração quando me lembro de seu sorriso, seu gosto e o seu beijo. Aquelas mãos suaves e delicadas que parecem me tocar de um jeito que era ao mesmo tempo íntimo e erótico. Isso faz meu corpo ganhar vida, só por ela. Nenhuma outra garota poderia chegar perto de Piper. Ninguém mais poderia me fazer sentir como um homem que era amado e apreciado, mesmo que eu nunca fosse digno dela.

Os movimentos são fáceis o suficiente para as crianças pegarem, e isso me permite praticar com eles sem mostrar a ninguém o quão quebrado realmente estou. Assim que a música termina, eu me levanto e coloco meu pé no chão de concreto frio.

— É hora de você saber quem você ama, Butterfly. – digo para o silêncio que me rodeia. — É hora de você ver quem eu me tornei.

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo Onze

Piper


Minhas pernas doem das horas gastas no chão hoje. A batida da música vibra através de mim enquanto assisto a coreografia que Ryder criou para eles. A música em si é uma das minhas favoritas, e eu me pergunto se ele escolheu por causa disso.

Todos os anos que eu o conheço, ele sempre foi atencioso e agora, enquanto o assisto e ajudo uma das garotinhas a dar seus passos, meu coração se enche de orgulho pelo homem diante de mim. Nas últimas semanas, ele me deu um golpe com suas idas e vindas, mas aqui, neste exato momento, ele é meu Ryder. O menino que eu me apaixonei.

As crianças estão muito animadas. Ver Ryder com elas me faz sorrir. Faz tanto tempo desde que eu o vi rir, que quando ele se inclina e sussurra algo no ouvido de uma menininha e ela começa a rir, isso aquece meu coração.

Depois que o deixei ontem à noite, fui para casa chorar. Não faço isso há anos, desde o dia em que ele foi embora. Mas hoje há algo sobre ele que parece ter mudado. Como se houvesse mais do antigo Ryder dentro de seus olhos.

Eu aproveito o momento. Apenas olhando para ele. Vendo o garoto que foi embora há tantos anos e partiu meu coração, eu sorrio porque, apesar de doer, ele está de volta. E se isso for a última coisa que faço, vou fazê-lo ver que ele é digno de ter felicidade em sua vida, mesmo que ele não me escolha.

Sempre tive medo. Medo de que ele voltaria para casa com outra garota ao seu lado, alguém mais inteligente que eu, mais bonita, ou apenas alguém que não fosse eu. Mas ele não voltou, e isso me dá esperança de que talvez o meu amor por ele fosse forte o suficiente para trazê-lo para casa e para mim.

Não há mais pistas sobre o que ele sente por mim. Sim, quando eu era muito jovem, ele se importava comigo. Mas isso foi há muito tempo atrás. Agora eu posso ser apenas a irmã mais nova de seu melhor amigo, mas quando o olhar de Ryder cai sobre mim, tenho certeza que há muito mais do que isso.

Mais emoção.

Mais segredos escondidos nessas profundezas.

E, acima de tudo, posso ver que ele ainda se importa.

— É isso por hoje, pequenos. – ele sorri, recebendo um alto Ahhhhh em resposta. Ele é natural com eles e eles o amam. Por mais que ele tenha ensinado e dançado com eles, percebo a maneira como ele acalmou seus movimentos. Pelo que eu me lembrava, Ryder sempre foi o único a ir ao mar, se divertindo com a música, isso era muito diferente. E eu notei isso no armazém também.

Ele vem até mim assim que estamos sozinhos, sentando no pequeno banco oposto a mim. Sua parte superior é cortada sob os braços, mostrando seu torso cortado e tonificado. A pele dourada me cumprimenta enquanto ele se move e eu não posso deixar de absorver os padrões e desenhos coloridos em seus braços.

Sua tatuagem sempre foi minha fraqueza. Os piercings em seus mamilos eram sempre intrigantes, porque desde que os vi, eu queria apertar minha língua sobre eles para ver o quão sensível cada um deles era.

— Você está bem? – Sua voz interrompe os pensamentos indecentes, fazendo-me corar. O calor nas minhas bochechas dá o meu embaraço.

— Sim, você ficou bem com eles. – digo a ele, encontrando seu olhar, tentando descobrir aonde vai quando estamos sozinhos.

A tensão em seus ombros me diz que algo está chegando. E eu não tenho certeza se estou pronta para isso ainda. Eu não acho que vou estar preparada.

— Você está indo embora depois disso? – pergunto, querendo tirá-lo antes que ele me diga adeus, antes que leve meu coração e o quebre novamente.

Ryder olha para mim por um momento antes de desviar o olhar. Ele não responde, e o silêncio é pesado no espaço depois de todo o barulho e riso de alguns momentos atrás. A música não está mais tocando, e tudo que eu posso ouvir são suas respirações profundas.

— Olha, você não precisa ficar. Eu apenas...

— Há algo que eu preciso te dizer e para mostrar a você. – ele finalmente diz, virando seu olhar escuro para o meu. Eles se movem da esquerda para a direita, como se ele estivesse tentando ver em meu coração, procurando por minha alma que está enterrada tão profundamente nos escombros do nosso passado. Toda a dor que ele me deixou ainda está lá, um local de destruição onde meu amor por ele ainda luta todos os dias.

— Então me mostre, Ryder. Me mostre algo. – finalmente imploro. Toda a minha vida eu fui teimosa, me fechando para a emoção, mas Ryder foi o único que conseguiu romper meus altos muros na adolescência, encontrar meu coração jovem e inocente, e preenchê-lo com o primeiro amor que eu já conheci. Mas ele também levou esse amor e foi embora.

Ele se move na cadeira. Inclinando-se para mais perto, ele murmura: — Venha para o meu apartamento.

— O que?

— O que eu tenho para te dizer e te mostrar, eu prefiro fazer isso em particular. Não é fácil para mim falar sobre isso. – A angústia em seu rosto e em sua expressão, me diz que isso não é uma transa. Há algo obscuro em seus olhos, e o meu coração dói com o que estou prestes a saber sobre o primeiro garoto que amei e o único garoto que eu amarei.

 

 

 

 

 

 

 

 


Capítulo Doze

Ryder


Ela balança a cabeça. — Ok. – e o meu coração deixa de bater por um momento. Preciso me acalmar. Chegou a hora e preciso ser homem. Ser macho como Preston diria.

— Eu dirijo. – digo a ela, levantando-se da cadeira, não dando a ela uma chance de responder. Minhas chaves tinem na minha mão enquanto eu pego sua mochila.

— Só preciso desligar as luzes e fechar tudo. – sua voz treme. Eu noto isso imediatamente. Ela está nervosa. Eu também estou.

— OK.

Uma vez que estamos no carro, ela olha para mim por um momento antes de sorrir. — Você realmente ficou bem com as crianças.

— Eles são bons.

Ligo o som, passando as músicas antes de encontrar a que eu quero e saio pela rua. Eu posso sentir seus olhos em mim, queimando através de mim com perguntas que não posso responder ainda. Faz muito tempo desde que fiz isso, confessei o que sou para alguém. Mas, novamente, a última vez que fiz, foi apenas para Preston. Não havia mais nada que ele pudesse dizer porque ele estava lá, ele sabia antes de eu lhe contar.

Ansiedade me invade, corroendo a força que venho reunindo para contar a Piper. Parece que nunca chegaremos na minha casa enquanto eu atravesso o trânsito do começo da noite.

— Então. – ela começa quando nos aproximamos de um sinal vermelho. — Você já pensou em mim quando estava fora?

Sua pergunta aperta meu coração. Meu peito aperta dolorosamente quando percebo que a única vez que não pensei nela foi quando entrei no carro naquela noite e fiquei com o braço sobre os ombros de um estranho. Durou uns bons dez minutos. Esses momentos se repetem em minha mente, e eu me arrependo de cada segundo disso.

— Piper...

— Não, você sabe o que, não me diga. Eu só não sei. Eu me sinto como a adolescente estúpida que acreditou em suas promessas.

Eu me afasto do farol, segurando o volante porque quero gritar com ela. Eu quero dizer a ela que a amo. Para dizer a ela que a cada momento que eu estava fora, ela era a única pessoa que eu queria e precisava. Para explicar que o meu amor por ela nunca diminuiu e nunca vacilou.

Para dizer a ela que, embora eu tenha fodido outra garota antes de conhecê-la, ela é a única que sempre eu vou querer, agora e para sempre. Mas antes que possa dizer a ela e confessar meus sentimentos, preciso que ela me veja.

— Você não é estúpida, Piper.

— Eu não sou? – ela pergunta baixinho, sua voz tão baixa, tão triste que tira a respiração dos meus pulmões. Eu fiz isso. Eu a fiz se sentir tão cautelosa porque levei todo o amor que ela me deu e eu não lhe dei nada em troca.

— Não. – digo, dando um olhar rápido e furioso em sua direção. — Porra, Piper, pode parar com isso até chegarmos na minha casa porque eu não posso me concentrar na rua quando você está falando besteira.

— Você está com raiva, mas não de mim. – ela observa e ela está certa. Eu estou com raiva de mim mesmo por tê-la magoado todos esses anos atrás, quando eu deveria ter feito coisas para ela, mas ela era muito jovem. Muito jovem e inocente para mim. Mas o que torna isso tão diferente agora?

— Estou com raiva, porque fodi com você. – digo a ela, com o meu olhar colado na rua, porque não posso encontrar esses olhos inquisitivos.

A música muda e "Echo" do Jason Walker começa e eu sei que esta não é o tipo de música que preciso agora. Que nós precisamos agora. Eu me aproximo para mudá-la, mas sua mão delicada está na minha em um instante.

— Deixe-a.

— Piper...

— Escute, Ryder. – ela implora e eu não posso negar nada a ela, então eu deixo. Quando chego ao complexo de apartamentos, a música termina e eu estaciono na minha vaga designada. Não se movendo, eu olho para fora da janela, esperando que ela diga alguma coisa, mas ela se senta ao meu lado em silêncio.

Abro a porta e dou a volta, abrindo sua porta. Eu lhe dou a minha mão, que ela pega. Eu a levo para dentro do prédio, para o elevador, ainda segurando a mão dela como se ela fosse uma tábua de salvação e estou preso em uma tempestade furiosa.

O barulho me assusta e as portas se abrem, entrando no corredor, viro à esquerda em direção à porta. Destrancando a porta rapidamente, eu solto a mão de Piper, sentindo a perda dela no momento em que o contato se foi.

— Sinta-se em casa. – digo a ela, seguindo atrás da minha doce menina. Porque é isso que ela é. Minha. Ela sempre foi minha. Desde o momento que eu coloquei meus olhos nela, eu sabia que não havia outra mulher para mim.

 

 

Capítulo Treze

Piper


Eu me sento no sofá que parece ter visto dias melhores, mas é confortável. As almofadas são de um tom púrpura profundo, lembrando-me do primeiro par de tênis que ganhei dos meus amigos quando comecei a dançar. As solas brilhavam no escuro e parecia incrível quando caía em minhas mãos e giraria meus pés no ar. Ryder os amava, então eu também.

— Saia da sua linda cabecinha, Butterfly. – diz ele, com sua voz rouca e pesada pela emoção. Seus olhos - o verde profundo mais proeminente neste momento que o avelã - fazem com que pareçam uma floresta escura.

— Eu estou aqui. – sorrio para ele, observando-o se mover pelo lugar e entrar no que eu acho que é a cozinha.

— Você quer uma bebida? – ele pergunta do outro cômodo.

Eu saio do sofá e o sigo até uma cozinha espaçosa, que está vazia, exceto pela bancada de café da manhã que separa a área de alimentação do espaço de trabalho.

— O que você tem? – pergunto, parando atrás dele, com o calor de seu corpo tão perto que eu quero derreter com isso e nele.

— Coca-Cola, Pepsi, água ou suco de laranja. – ele levanta a caixa para o nariz, dando uma cheirada. Ele franze o nariz, fazendo-me rir. — Ok, eu não tenho suco de laranja.

— Coca-cola está bem. – digo a ele.

Ryder pega um copo, abre a lata e enche o copo com o líquido escuro e espumoso. Ele se serve também e voltamos para a sala de estar.

Uma vez que estou no sofá, ele se senta à minha direita e a despreocupação anterior desaparece. Neste momento, atingimos a tensão novamente e não sei o que está por vir. Tudo o que posso dizer é que é algo terrível.

— Eu passei tanto tempo me perguntando como eu te diria o que eu fiz, que agora que finalmente estamos aqui não tenho uma palavra traçada. Não planejei as palavras, então terá que me aguentar. Eu não falo sobre isso há muito tempo.

— Ryder, sou eu com quem você está falando. Eu nunca vou julgar você por ser jovem e estúpido. – sorrio, esperando que isso me dê o habitual sorriso com covinhas dele, mas isso não acontece. Em vez disso, seus olhos encontram os meus e sei que não haverá sorrisos hoje à noite.

— Eu sei, Piper, eu sei. – ele suspira. Inclinando-se para frente, ele coloca os cotovelos nas coxas e depois encontra o meu olhar. — Estava comemorando uma noite. Seu irmão queria dirigir, mas eu não quis desde que ele estava bebendo mais do que eu. Ele estava sendo teimoso, então peguei as chaves dele e... – sua voz fica mais baixa, e eu me encontro colada a cada palavra dele. — Eu acabei de falar com meu pai naquele dia. Ele me disse que estava me deserdando completamente, então eu tomei algumas cervejas durante o dia. Naquela noite, eu bebia uma na festa e planejava ficar perdido.

— Por que seu pai deserdaria você?

— Ele não ficou feliz comigo por algum motivo. Ele não precisava explicar. Era exatamente como nosso relacionamento funcionava. Ele ficou desapontado comigo e eu não dei a mínima. Eu tenho bebido muito ao longo dessas poucas semanas, mais do que o habitual.

A culpa que escorre de cada palavra dele tem meu corpo tremendo, e tenho a sensação de que ele vai me quebrar com sua confissão.

— Peguei o volante naquela noite depois de ter bebido algumas demais. Havia uma garota ao meu lado. Seu irmão e a namorada dele estavam no banco de trás.

Eu tento engolir o nó na garganta, com o que ele está me dizendo, para o fato de que o ciúme surgiu. Ele estava com outra garota. Ele estava festejando e se embebedando. Ele estava curtindo sua vida.

— Pare. – seu comando me faz voltar minha atenção para ele. Seus olhos estão sérios. — Ela era uma garota que dei uma carona, nada mais.

— Eu não...

— Piper, eu conheço você. Posso ver as engrenagens girando em sua cabeça.

Deixando para lá, levanto minha bebida e engulo o resto da minha Coca-Cola. Ele não fala até que eu coloque o copo na mesa.

— Eu não vi o outro idiota vindo em minha direção. – As palavras parecem surreais, como se me dissesse e eu estivesse do outro lado de uma janela grossa. Abafando. Tapando os meus ouvidos e me ensurdecendo com as próximas palavras. — Eu desviei, mas já era tarde demais. O carro virou. Não sei quantas vezes. Ninguém morreu, felizmente, mas...

— Ryder...

Ele não diz nada. Em vez disso, ele se levanta e vejo enquanto ele se move, em câmera lenta. O barulho do zíper do seu moletom de capuz é tão alto que eu quero me afastar do barulho. Seus dedos habilmente desamarram a tira da sua calça de moletom. Então, ele empurra o tecido cinza pelas coxas musculosas.

— Este é o homem que você diz que quer amar. – ele me diz com tristeza quando dou uma olhada confusa na parte mecânica de Ryder, onde metade de sua perna esquerda costumava estar. Do joelho para baixo, não há nada além de plástico e metal. Ou outra coisa. Eu nem sei.

Abro a minha boca para responder. Para dizer a ele que o amo. Mas eu não posso. Nenhuma palavra se forma na minha língua, mas todas elas se assemelham a um veneno, venenosas em seu ataque ao meu sistema. Em minha mente.

— Eu estraguei tudo naquela noite. Eu magoo as pessoas por causa da minha própria estupidez, Piper. Isso não é alguém que você quer em sua vida. Eu não sou nem homem para te dar uma vida.

Ele cobre a si mesmo, puxando a calça de moletom para cima, ele me deixa na sala de estar. Estou olhando para o nada porque ele não está mais parado no lugar onde desocupou, onde os meus olhos estão colados. Lágrimas escorrem no meu queixo, meu corpo explode em soluços. Não porque ele não é o homem que eu quero, mas porque ele é muito mais.

Ele é perfeitamente falho.

 

 

 

 

 


Capítulo Quatorze

Ryder


Eu fui embora. Eu a deixei na minha sala de estar depois de mostrar a ela o que eu tenho vivido por dois longos anos. A razão pela qual não posso estar com ela. Não porque acho que ela não pode me amar do jeito que eu sou, mas porque eu não posso me amar do jeito que eu sou.

Não ouço movimento no outro cômodo. Ela ainda está em choque ou tão enojada comigo, que ela não pode me olhar na cara. Esfregando minhas mãos no meu rosto, sinto a frustração se esvaindo através de mim, fluindo em cada parte de mim. Sei que tinha que fazer isso, dizer a verdade, mas nada poderia ter me preparado para o jeito que ela me olhava tão silenciosamente.

Piper sempre foi agressiva, atrevida. Vê-la ainda em silêncio é algo novo que tem minha ansiedade batendo forte, me atingindo. Minha cabeça ainda está em minhas mãos quando uma batida hesitante na porta chama minha atenção para a entrada do meu quarto.

— Ei. – ela sorri. Sua doçura é o que eu sempre desejei. A gentileza que ela possui é tão diferente da minha indiferença. Sua luz da minha escuridão.

— Ei.

— Podemos conversar? – ela entra mais no quarto e seu perfume flutua ao meu redor. O cheiro doce de maçãs lembra de sobremesa. De doçura e felicidade. Como se fosse sua própria fragrância e ninguém mais possa usá-la, porque nenhuma outra mulher que eu tenha estado perto cheirou como Piper.

— Sim, claro.

Eu não sei o que ela vai dizer ou fazer, mas ela se senta ao meu lado no colchão, sem me tocar, mas perto o suficiente para eu sentir seu calor. É como se houvesse uma corrente elétrica viajando através de mim com sua proximidade. É sempre assim com ela. Como se eu precisasse tocá-la. Que se eu não fizesse isso, eu não seria capaz de respirar.

— Fiquei chocada lá. – ela começa, apontando para a sala de estar com a mão pequena e delicada. — Sinto muito que você tenha passado por isso sozinho.

— Eu não estava...

— Deixe-me terminar. – seus olhos brilham, encontrando os meus em um impasse.

Levantando minha mão, eu gesticulo para ela continuar. Isso é outra coisa sobre ela. Ela é teimosa. Ela não vai me ouvir se eu tentar impedi-la agora. Uma vez que ela tem algo em mente, a garota é implacável. Eu aprendi isso há muito tempo e é apenas uma das coisas que eu amo nela.

— Eu gostaria de ter estado lá com você. Eu sei que é estúpido, mas gostaria de ter sido a pessoa ao seu lado no carro, porque eu teria ficado ao seu lado enquanto você se curava, Ryder. – ela diz meu nome com tanto amor que me atinge com força no peito tornando difícil respirar. — Eu te amo. Você pode achar que não é digno de mim ou o que diabos você pensa, mas está errado.

— Piper, eu...

Ela se levanta, com as mãos nos quadris enquanto me olha em silêncio. — Ryder, eu nunca tive uma escolha em meus sentimentos por você. A partir do momento em que nos encontramos, houve algo entre nós. Com certeza, eu era muito jovem, mas sabia que amaria você. – ela parece tão certa, tão confiante no que sentia.

— Você era muito jovem, Piper. Eu beijei você e não devia... – digo a ela. — Eu devia ter sido responsável, mas todas as vezes que olhei para você, em sua boca, seus olhos, tudo em você, eu sabia que nunca poderia ser o homem que lhe daria o que você queria.

— O que eu quero? – ela cruza os braços sobre o peito, com o seu olhar ardendo descontroladamente em um desafio. Ela está me atraindo para ver o que vou dizer e, de alguma forma, acho que todas as respostas que surgirem serão erradas.

— Você quer um para sempre. Você merece um para sempre.

— Por que você não me deixa decidir o que eu quero? – Desta vez, ela coloca as mãos no meu peito, empurrando-me para trás na cama. Ela rasteja sobre mim, com suas coxas uma de cada lado dos meus quadris, e mais uma vez, seu calor está bem na minha virilha, tornando difícil pensar direito. — Eu esperei por você, Ryder. Durante quatro longos anos, eu esperei. E agora... – ela diz, inclinando-se para morder meu pescoço, com seus lábios chupando a pele em sua boca quente, fazendo um gemido ressoar no fundo da minha garganta. — Agora tudo o que eu quero é isso. – ela sussurra, movendo os quadris na minha crescente ereção.

— Piper...

— Você fez uma promessa para mim, Ryder. – ela geme, beijando meu pescoço, arrastando seu caminho sobre a nuca até o meu queixo quando ela chega à minha boca.

Nossos lábios estão a centímetros de distância, se levantar a cabeça, vou beijá-la. Sigo as regras que eu estabeleci para mim mesmo? Ou reivindico a garota que sempre me pertenceu?

 

Capítulo Quinze


Piper


— Você nunca foi bom em mentir, em auto-controle, ou olhando para mim e não me querendo. – digo a ele. A honestidade é crua em minhas palavras. O calor de sua respiração me afeta, me deixando mais necessitada do que jamais senti. Não há como negar que sempre fomos como imãs. Nós precisamos um do outro para sermos completos. Duas metades da mesma alma, e mesmo que nossos corações tenham sido quebrados, essas peças sempre se encaixam perfeitamente. Minha tristeza e dor por nunca ser boa o suficiente para minha mãe, e a dor de Ryder de ser julgado injustamente por toda a sua vida.

— Piper. – ele diz meu nome, pegando meu longo cabelo loiro e puxando o rabo de cavalo para trás, expondo meu pescoço para ele. — Você é uma tentação. – ele diz entre os dentes, com os seus lábios franzidos sobre a pele sensível que agora está pontilhada com arrepios de seu hálito quente.

Não posso deixar de sorrir para sua confissão. — Não fui sempre?

— Desde o momento que coloquei meus olhos em você, Butterfly. – ele murmura antes de seus lábios encontrarem os meus. Não é forte, nem de perto o que eu pensei que seria. Não. Isso é Ryder sendo gentil, e o beijo em si me queima.

Ele me puxa para mais perto. Sua língua sai, lambendo meus lábios, me fazendo gemer. Meus quadris se movem quando me pressiono mais perto dele, precisando dele mais perto, tão impossivelmente perto que é como se ele fosse uma parte de mim. E ele é. Sempre foi.

Sua outra mão aperta meu quadril, os dedos cravando no meu corpo e me segurando ainda. Quando ele se afasta, seu olhar encontra o meu, queimando através de mim.

— Não podemos fazer isso agora. – ele me diz com sinceridade.

— Por quê?

— Eu... precisamos de tempo.

Suspirando, eu me afasto dele, mas ele me segura firme. — Se você não me quer, então...

— Não é isso, Piper. – A frustração é evidente em sua voz, rouca e pesada de emoção. — Acabei de mostrar a você o que fiz, quem eu sou.

— Eu sei. – eu o alcanço, colocando minhas mãos em ambos os lados do seu rosto. A barba por fazer faz cócegas em minhas palmas, com o calor dele me aquecendo, me mantendo acesa como um fogo furioso através da floresta. — Mas você também me deu muito mais. – digo a ele. — Você me deu seu medo, sua dor e sua culpa.

— Nunca quis que você tivesse essas coisas. Eu só queria amor e felicidade para você. – ele tenta desviar o olhar, mas eu o seguro perto, mantendo os olhos nos meus. Eu quero que ele veja meu amor, o amor que tenho por ele toda a minha vida. Desde o momento em que conheci Ryder, eu sabia, e sempre soube que não importa o que tente ficar entre nós, vamos enfrentar a tempestade.

— Eu tenho amor e mais felicidade do que você possa imaginar, e tenho isso porque tenho você aqui. – ele olha para mim por um momento como se ele não pudesse entender o que estou dizendo. É como se cada palavra não fizesse sentido para ele.

Seu suspiro é baixo. Seu peito sobe e desce. É então que eu me inclino, enterrando meu rosto em seu pescoço, inalando o cheiro de Ryder. Masculino com um toque de menta e Coca Cola. De repente, ele me puxa, me levanta contra ele e me coloca no colchão.

— Fique.

Vejo quando ele tira os sapatos. Os movimentos são bruscos e me pergunto se dói. Meus olhos estão colados a ele e no momento em que finalmente tira a calça que ele está usando, eu me encontro mais uma vez com o fato de que está faltando uma perna em Ryder. — Eu não quero que você veja isso. – ele me diz de costas para mim. — Que me veja quebrado. – Há tanta tristeza em seu tom que faz meu coração doer, fisicamente dói no meu peito.

— Estamos todos um pouco quebrados, Ryder. Cada pessoa tem uma parte de si mesmo em falta. Só porque a sua é física não significa que você é diferente de alguém que sofreu ou está sofrendo mentalmente ou emocionalmente.

Ele se vira para mim então. — Quando você cresceu, menina?

— Quando você não estava aqui. – murmuro, mas não digo em machucá-lo, ou para fazê-lo se sentir culpado por ir embora. Eu preciso que ele saiba que não sou mais a garotinha de quando ele foi embora à quatro anos atrás.

Ryder se senta no lado da cama. Então, observo com admiração quando ele coloca sua perna protética contra a mesa de cabeceira. Isso me atinge de uma vez, ele viveu com isso por dois anos. Todos esses meses ele estava sozinho, sofrendo, aceitando o acidente e o que ele fez.

— Eu entendo porque você estava com raiva.

Ele não se vira para mim quando falo, mas sei que pode sentir cada palavra. Nós sempre tivemos uma ligação poderosa. Não percebi até que ele foi embora, e me senti como se uma parte de mim estivesse faltando.

— Eu não estou dizendo que é a mesma coisa, mas depois que você foi para a cidade, parecia que eu tinha uma parte de mim faltando. Eu não poderia funcionar normalmente, por um longo tempo. E levou meses antes de eu encontrar meu amor pela leitura e de dançar de novo. Eu até comecei o balé de novo só para agradar minha mãe. – confesso em um tom rouco que pinga tristeza e dor.

Ele balança as pernas na cama e me puxa para seus braços sem responder. A parte dele que não está mais lá, não me assusta. Isso não me enoja. Isso só me faz querer segurá-lo ainda mais perto.

Nossos corpos pressionam juntos. Eu posso sentir sua ereção contra mim, mas não digo nada sobre ela, porque este momento não é sobre isso. Não é sobre outra coisa senão a cura de Ryder, sobre deixar ir anos de dor e arrependimento, de culpa e fardo. E permito que ele me abrace.

Ele aninha sua cabeça no meu cabelo que está espalhado em seu travesseiro. O silêncio paira em torno de nós, denso e ameaçador. Parece que há uma tempestade se formando à distância - com as nuvens escuras e ameaçadoras - e tenho a sensação de que algo está prestes a se libertar.

E então, eu sinto isso.

Eu o sinto.

Ryder está chorando.

E tudo que posso fazer é abraçá-lo.

 

 

 

Capítulo Dezesseis

Ryder


Seu corpo é quente. Calmante. E quando a dor emocional me agarra, eu deixo tudo ir enquanto eu inalo o cheiro dela. Sua fragrância. Piper é a única coisa que eu já precisei na minha vida. Ela trouxe felicidade onde havia tristeza, trouxe luz quando eu estava encharcado na escuridão, e ela me encheu de amor quando eu só odiava.

Sua mão percorre suavemente o caminho para cima e para baixo nas minhas costas. Seu corpo embrulhado contra o meu está exatamente onde quero que ela esteja. Ela não fala. Ela me permite chorar. Pela primeira vez em dois longos anos, eu deixei que a raiva e a culpa reprimidas se libertassem de mim e eu chorei.

As lágrimas queimam pelas minhas bochechas. Honestidade e dor escorrem dos meus olhos enquanto me agarro à única mulher que já me amou. E o amor que ela oferece não é condicional. Não importa quem eu sou, como eu me pareço. Ela estará aqui.

— Houve vezes ao longo dos quatro anos que me perguntei sobre você. Imaginei você em uma vida tão perfeita, cheia de dança e música, com amor e beleza. – sussurra Piper. — Toda vez que vi você em minha mente, sorria. Saber que você estava feliz era o suficiente para mim.

— Nunca poderia ser feliz sem você. – levanto minha cabeça, permitindo que meus olhos encontrem os grandes azuis de Piper. — Você é tudo para mim, Butterfly. Mesmo quando estava fora eu ainda estava bem aqui. – digo a ela, colocando meu dedo indicador no peito dela, onde o coração dela está batendo descontroladamente contra o meu toque.

— E eu estava aqui. – ela me diz, imitando meu movimento, colocando os dedos no meu peito. Sua perna se move, entrelaçando-se com a minha. É estranho ter uma mulher na cama comigo. Sabendo que estou perdendo metade do meu membro é difícil, mas compartilhar isso com alguém é ainda mais. — Você vai me contar sobre o seu passado? –ela pergunta então.

— E quanto ao meu passado? – Tenho a sensação de que sei o que ela quer dizer, mas não sei se posso contar a ela sobre o momento da minha vida, no momento em que descobri que meu pai era um bastardo traidor. Eu não sabia toda a verdade, mas o ouvi e a minha mãe brigando. Ele estava com outra pessoa e ela descobriu de alguma forma.

— Por que você... quero dizer, por que... – A voz de Piper é um murmúrio rouco, e eu sei o que ela está perguntando.

— Por um longo tempo, me senti sozinho. Como filho único, eu não passava de uma inconveniência para dois pais que não queriam realmente um filho. – eu a alcanço, acariciando sua bochecha enquanto ela me observa com aquelas inquisitivas esferas azuis. — Eles sempre me disseram que eu fui um acidente. Depois de todos aqueles anos ouvindo isso, achei que eles estariam melhor sem mim por perto.

O silêncio paira em torno de nós, o quarto silencia com o seu pensamento. Ela balança a cabeça lentamente e depois fala. — Entendi. Houve momentos em que eu pensava isso da minha própria família. – Piper me diz algo que ela nunca mencionou antes. — Mas então, eu te encontrei. Eu encontrei a dança.

O meu olhar a penetra da mesma forma que as suas palavras me apunhalam. — O quê?

Ela sorri. — Eu acho que você me salvou.

Nós não nos movemos. Nós não podemos. Não há mais nada a dizer, porque já dissemos tudo antes, não com palavras, mas com ações.

— Eu quero dançar com você. – diz Piper de repente.

— O que?

— Como fizemos no armazém. – Minha garota é inflexível e sei que não há como dissuadi-la. Em vez de dizer não, eu quero dar a ela tudo o que ela quer.

Concordo. — Foi divertido, mas não acho que posso mais ser seu par. – digo a ela, notando a tristeza em minha voz. Eu não escondo, não mais porque ela me vê. Ela sabe quem eu sou agora, e ela não fugiu, ficou e eu me sinto como um homem que ganhou na loteria.

— Você não precisa me acompanhar, Ryder, você precisa apenas ficar comigo.

— Não sei mais como fazer isso. – Minha honestidade arde a minha garganta. Eu engulo o nó na garganta, tentando encontrar minha voz mais uma vez. — Eu preciso de você, Piper.

— Estou bem aqui. – ela sorri, inclinando sua testa contra a minha, e em seguida, lentamente, se aconchega na curva do meu pescoço e logo, eu estou abraçando ela, com os meus braços em volta de sua pequena estrutura. Suas pernas nas minhas, contra a minha parte que está quebrada, e sua pele macia e sedosa toca a parte de mim onde eles pegaram minha perna. A sensação é estranha, sentindo alguém tão próximo e tão íntimo.

Eu não posso falar. Meus olhos ardem enquanto a emoção agarra meu peito e a respiração é difícil enquanto tento descobrir como vou manter essa mulher que merece muito mais do que posso dar a ela. Mesmo que ela tenha dito que me quer, ainda há uma sugestão de dúvida em minha mente.

— Ryder. – A voz de Piper me tira dos meus pensamentos. Quando eu encontro seus grandes olhos azuis, ela está olhando para mim com um sorriso suave em seus lábios. — Você está me cutucando. – Desta vez, há uma risada que escapa de seus lábios e percebo que estou duro.

— Porra, me desculpe. – eu tento me afastar, mas ela me segura.

— Tudo bem. Você estava apenas... quero dizer que você estava... – diz ela, apontando com as mãos. — Cutucando meu estômago.

Uma risada escapa dos meus lábios, uma verdadeira, uma risada honesta, e eu não posso pará-la.

Felicidade não é um lugar.

Não é um sentimento. É uma pessoa.

É a Piper.

Ela é meu lugar feliz, meu santuário e nada vai mudar isso.

— Seu irmão me disse para não te machucar. – digo a ela.

— Ele disse? – ela parece surpresa com a minha confissão, o que me faz virar o meu olhar para ela. Suas sobrancelhas franzem e ela parece uma duende com uma carranca.

— Ele sabe o que sinto por você.

— Preston realmente tem agido muito estranho ultimamente. – sua observação é verdadeira. Seu irmão tem sido diferente desde que voltamos e me pergunto o que poderia ser. Ele sempre foi um idiota, e mesmo que ele ainda seja, até certo ponto, ele me permitindo falar com Piper foi um choque para mim.

Nunca teria imaginado que ele aprovaria seu melhor amigo com sua irmãzinha. Mas Preston me viu no meu pior. Ele sobreviveu ao acidente que causei e, embora eu quase o tenha matado, ele ainda é meu melhor amigo.

— Você está pensando sobre isso?

Olho para Piper, sua pergunta atraí a minha atenção e me arrastando a partir das imagens de corrida que filtro através minha mente todos os dias.

— Sim. – respondo a ela honestamente porque é o que eu posso dar a ela. Minha honestidade. Minha verdade.

— Você sabe, viver no passado é apenas uma desculpa por tanto tempo, Ryder. – seu sorriso desaparece e sei que estou com problemas agora. — Logo você terá que olhar para frente e quando o fizer, vai se arrepender de perder tantas coisas boas porque estava preso no passado.

— Você ainda é tão mal-humorada como sempre foi. – digo a ela, chegando até curva seu rosto em minhas mãos. Puxando-a para mais perto, eu planto um beijo casto em seus lábios carnudos. Eles são macios e têm gosto de coca-cola e cerejas.

— Podemos mentir aqui para sempre? – Piper sussurra contra a minha boca. Suas suaves respirações sopram no meu rosto enquanto ela fala e quero puxá-la para mais perto, para deleitar-me com seu perfume e doçura. Eu quero estar dentro dela e nunca sair.

— Podemos. Mas acho que o mundo lá fora ficaria com raiva. – digo a ela.

— Por quê? – suas sobrancelhas franzem. Seus olhos irradia confusão quando ela me observa e levo um momento antes de responder, porque tudo o que ela faz me deixa sem palavras.

— Porque eu teria roubado o sol do céu.

— Ok, piegas. – ela ri, golpeando meu peito de brincadeira, e eu envolvo meus braços em volta dela e me aconchego no edredom macio com ela deitada ao meu lado.

— Isso é bom. – eu pressiono um beijo em seus cabelos, os fios de seda fazem cócegas em meus lábios, mas eu quero muito mais dela. Em breve. Não essa noite. Este momento é muito inocente para se transformar em algo mais. Ele é como voltar para casa.

Nunca pensei que me sentiria assim sobre este lugar, mas com ela na minha cama, ao meu lado, parece que o mundo está certo. Como se eu sempre quisesse voltar para casa. E para ela.

 

 

 

 

 

Capítulo Dezessete

Piper


Acordei assustada por uma porta batendo contra a parede. Quando meu olhar se abre, vejo Jeremiah parado no limiar do quarto olhando para Ryder e eu na cama, enrolados um no outro como velhos amantes.

— Bem, bom dia para vocês dois. – ele sorri, em parte em choque, e o resto está em camaradagem com Ryder, cujos braços ainda estão firmemente em volta de mim. — Seu irmão sabe que você está aqui? – ele pergunta, encontrando meu olhar.

— Não, mas eu sou uma adulta e posso estar onde quiser. – Minha confiança vacila quando o Preston entra no quarto atrás de seu melhor amigo.

— Pip. – ele balança a cabeça, e em seguida, caminha em direção à mesa, sentando-se em cima. — Ryder. – ele começa, fazendo com que meu coração bata descontroladamente no meu peito. Eu sei que ele me disse para ir atrás de Ryder, depois do meu coração, mas nos ver na cama poderia fazê-lo mudar de ideia. — Só lembre de uma coisa, você a machuca, eu vou te machucar. E você não vai gostar disso.

— Foda-se. Vocês dois saiam do meu quarto. – Nisso, Ryder arremessa um travesseiro em Preston, que atinge facilmente. Eu rio com a exibição de testosterona no quarto.

— Nós vamos esperar na sala de estar. – Jeremiah nos informa quando ele sai, junto com meu irmão, que segue logo atrás.

Gemendo, eu me levanto, balançando minhas pernas sobre a borda da cama. — É melhor eu ir.

— Como foder você. Eles vão ir em breve. Espere aqui. – Ryder se move rapidamente, colocando a prótese, e fica de pé em segundos e na sala de estar. Suas vozes profundas atravessam a porta aberta. — Podemos ficar um pouco sozinhos? Eu disse a ela ontem à noite.

— Como eu disse, não estou com raiva, mas não quebre o coração dela, cara. – O aviso do meu irmão para Ryder me faz sorrir. Na infância, nunca tínhamos sido próximos, mas acho que algumas coisas mudam.

— Você sabe que não vou. Agora tire sua bunda daqui. Eu preciso passar um tempo com a minha dama. – O tom rouco de Ryder vem alto e claro, fazendo-me rir de suas palavras.

— Cara, você está é apaixonado. – Jeremiah ri.

Eu ouço a porta se fechando, e então, tenho certeza de que estamos sozinhos. Eu não saio do quarto dele. Estou sentada na cama quando ele finalmente volta para o espaço carregando duas grandes canecas de café quente.

— Creme extra para você, pequena dama. – ele me diz com um sorriso que faz meu coração pular algumas batidas extras. Ryder é bonito, de um jeito áspero e robusto. E essa foi a razão pela qual eu me apaixonei por ele quando nem sabia o que era amor. Ele não era falso. Ele era real e honesto. Nada do que ele disse tinha aquele tom condescendente que alguns dos garotos da escola costumavam ter. Ele me tratou como um igual.

— Obrigada.

— Eu teria trazido o café da manhã na cama, mas Jer e Preston nos interromperam. – ele me diz, com um sorriso nos lábios que é quase tímido. Incomum para Ryder.

— Sabe, você não tem que me mimar. – digo a ele, caminhando mais perto de onde ele está sentado na beira do colchão. — E eu não vou a lugar nenhum, então talvez, possamos passar o dia na cama, conversando.

— Butterfly, se passarmos o dia na cama, não haverá conversa, a menos que você esteja gritando meu nome várias vezes por horas.

Uma risadinha escapa dos meus lábios. Eu não ri genuinamente por tanto tempo. Parece estranho para mim. Ele me puxa para mais perto e eu deixo. Eu precisava disso, e simplesmente não percebi o quanto eu precisava dele. Seus braços são como um alicerce e o meu coração está claramente balançando na borda.

Quando Ryder foi embora, prometi a mim mesma não me apaixonar de novo. Eu também prometi que, se ele voltasse, eu não o deixaria me arrastar para sua órbita, mas não havia como vencer essa guerra. Eu não poderia lutar contra a atração gravitacional que tenho em relação a ele, mas não há outro lugar que eu preferiria estar.

— Eu quero fazer o café da manhã. – ele diz, pressionando um beijo na minha testa como ele costumava quando eu era adolescente. — Você ainda gosta de panquecas de chocolate?

— Isso é mesmo uma pergunta?

Ryder se levanta, me puxando para fora da cama e em seu abraço. Eu inclino minha cabeça para encontrar seu olhar. — Se você for insolente novamente eu posso ter que colocá-la sobre os meus joelhos e dar uma palmada. – Sua ameaça transforma minhas entranhas em gosma, e as borboletas que ele sempre parecia despertar dentro de mim ganharam vida.

— Isso é uma promessa? – provoco, fazendo-o bater na minha bunda. — Ai!

— É uma promessa, Butterfly. – ele sorri. — Vamos fazer algo para comer. – entrelaçando os dedos nos meus, ele me leva para a cozinha moderna, que parece que não foi usada. Mas, novamente, este é Ryder e tenho certeza de que ele nunca cozinhou antes.

Ele tira tigelas, farinha, ovos, sal e um pouco de fermento, juntamente com dois pequenos pacotes de chocolate e leite. Eu vejo como Ryder se move em torno da cozinha, com a minha caneca de café na minha frente. Não há mais nada que eu precise do que estar aqui com ele. Eu sei disso. Eu acho que sempre soube disso.

— Você parece ter os ingredientes certos para panquecas. – eu observo quando ele coloca tudo no balcão.

— É o meu ritual. Eu as faço porque me lembram de você. – ele me diz, não encontrando meu olhar questionador. Ele se move pela cozinha e eu permito que ele misture o que ele precisa antes de eu expressar as palavras que estão na minha língua desde a noite passada.

— Então, quanto tempo durou sua reabilitação? – sussurro, sem saber como começar todas as perguntas que eu tenho passando em minha mente. Há uma barragem delas e eu sinto que pedir a muitos pode dar a Ryder a oportunidade de voltar para a escuridão que ainda pisca em seus olhos.

— Demorou meses, mais de um ano para finalmente aceitá-la. Ainda há momentos em que não acredito. – ele me diz com tristeza. Sua voz é baixa, rouca de emoção quando ele me informa sobre seu passado. O que eu não estava lá.

— Por que não voltou para casa? – estou genuinamente curiosa.

Ryder interrompe todo movimento. Lentamente, ele se vira para mim. A expressão em seu rosto é pura agonia e eu tenho medo de ter estragado nossa felicidade.

— Honestamente? – ele pergunta e eu aceno, com o meu coração batendo descontroladamente na minha garganta, tornando difícil engolir. — Eu não queria que você me visse assim, tão quebrado.

— Você não está quebrado, você nunca foi. – digo a ele, levantando-me e contornando o balcão. — Mesmo quando você me contou sobre o seu passado, sobre o que você fez... – eu permito que minhas palavras sejam filtradas para o silêncio que nos rodeia. Pela primeira vez em muito tempo, não há música. Há apenas o ritmo dos nossos corações.

— Piper, você só viu as partes de mim que você queria. O bad boy que você tinha uma queda, ele era o que você queria. – ele me diz. Ele tem tanta certeza de si mesmo.

— Não, Ryder, isso não é tudo que eu vi. No fundo, eu vi aquelas partes escuras de você, aquele lado que você esconde de todo mundo. Esse é o Ryder por quem me apaixonei. Todas aquelas partes assustadas e solitárias, junto com as partes bonitas e sarcásticas. Não me faça soar como uma criança estúpida que tem uma paixão. – Minha frustração é evidente em minhas palavras, e Ryder as ouve.

Colocando meu rosto em suas mãos, ele me puxa para mais perto, então sua respiração é minha. — Eu não quis dizer isso assim. Eu só quis dizer... - ele suspira suavemente. E em seguida, dá um sorriso irônico. — Quando você ama alguém, você coloca em um pedestal.

— Foi isso que você fez comigo?

 

 

 

Capítulo Dezoito

Ryder


Sua pergunta me deixa imóvel por um momento. Não importa como eu quero negar, não posso. Sim, eu coloquei Piper em um pedestal, mas é lá que ela pertence.

— Não me olhe assim. – ela brinca, colocando as mãos nos quadris. — Eu não sou santa.

— É? – respondo, com minha sobrancelha levantando em questão. — Diga-me, pequena borboleta, que coisas desagradáveis você tem feito? – eu me inclino, passando meus lábios sobre a curva de sua orelha, permitindo a minha respiração quente extrair um gemido suave dela. — Você estava sozinha em sua cama, sonhando com o lobo mau? Ele subiu pela janela e devorou você?

Nossas brincadeiras sempre foram nossas preliminares. As idas e vindas que lançamos um contra o outro é a minha fraqueza, porque é preciso todo o meu controle para não curvá-la sobre a bancada e lambê-la de seus calcanhares até o pequeno traseiro dela.

— Você não joga limpo, de jeito nenhum, Ryder. – ela faz beicinho. Seus lábios rosados me fazem lamber o meu próprio lábio. Inclinando-me, eu dou um beijo suave em sua boca e outro e outro. Com cada momento de contato entre nós, o calor arde através de mim. Devemos ir à escola para passar a coreografia, mas eu conheço um lugar melhor para levá-la.

— Estou levando você para o armazém.

Ela se afasta com os seus olhos procurando os meus. — Para dançar?

Faz tanto tempo desde que fizemos uma coreografia juntos e desde que me deixei sentir a música. Eu concordo. — Sim. Nós vamos dançar.

— Faremos isso com uma música da minha escolha? Você sempre prometeu me ensinar algo que não é convencional. – A esperança em seus olhos me faz refém, agarrando-me com tanta força que não consigo respirar. Desde que nos conhecemos e ela caiu no meu mundo, eu prometi a ela uma coreografia. Uma que eu esqueci há muito tempo.

— Não tenho certeza se posso. – É uma resposta honesta.

Ela acena com a cabeça. — Eu entendo isso.

— Mas por você eu vou tentar.

Lágrimas aparecem em seus olhos, fazendo-as brilhar como duas grandes órbitas de vidro transparentes.

— Eu sempre vou tentar por você.

Ela se inclina na ponta dos pés, pressionando a boca fechada na minha. O calor do beijo dela insulta minha contenção.

— Agora me faça panquecas. – ela ri quando se afasta, se sentando no banquinho. Balançando a cabeça com uma risada, eu pego a tigela e começo a misturar os ingredientes enquanto ela me conta sobre o que ela está ensinando as crianças.


.....................................................................................

Quando chegamos ao armazém, ele está vazio, e é por isso que eu adoro vir aqui. O silêncio que me cumprimenta a cada vez é calmo, especialmente quando precisei pensar e me afastar do barulho da minha casa de infância. Este edifício era meu santuário.

Eu ainda não consigo acreditar que Piper se lembra do dia em que falei sobre o que fiz. Minha fraqueza era evidente naquele dia. Eu odiava a minha vida, meus pais não entendiam quem eu era, mas, novamente, qual adolescente acredita que seus pais estão lá como apoio e não como um obstáculo.

Empurrando a grande porta de metal, ela range ruidosamente em protesto. Eu permito que Piper entre primeiro. Ela queria parar em casa para se trocar antes de vir aqui. Ver ela naquela calça de moletom cinza baixas, o brilhante sutiã esportivo roxo e a regata azul com grandes partes rasgadas na frente e nas costas - que parecem ter visto dias melhores - me fazem recordar as vezes que eu tive que engolir meu desejo por ela.

Na época, ela era muito jovem. Eu teria ido para a cadeia. Mas agora, todas as apostas estão canceladas. Ela tem vinte anos, idade suficiente para tomar suas próprias decisões, e adulta o suficiente para eu encará-la e imaginá-la nua.

— Você vai ficar aí o dia todo olhando para mim? – ela brinca, puxando seu iPod, colocando-o na estação de encaixe.

— Apenas apreciando a vista, Butterfly. – digo a ela, aproximando-me mais do espaço em que havíamos feito uma pista de dança tantas vezes antes.

Antes que eu tenha tempo para pensar, a música em questão aparece, e eu a reconheço imediatamente. Essa música. Foi lançada há um ano, antes que eu decidisse voltar à sua vida. Quando eu ouvi pela primeira vez, pensei em trabalhar em uma coreografia para ela.

E isso é certamente não convencional. Mesmo que não seja a sua música do hip hop comum, a batida está lá, e posso conseguir uma contagem dos oito passos.

Shape of you do Ed Sheeran sempre me fez pensar nela. Não importa onde estivesse, o que eu estava fazendo, eu tinha que parar e me lembrar dela.

Cada vez que eu ouvi desde então, tem sido um tiro no coração, ameaçando me matar.

— Esta é a música que você queria? – pergunto, me aproximando dela quando ela se vira para mim.

Ela sorri, encolhendo os ombros antes de responder. — Sim, você está pronto para isso, meu velho?

— Não me provoque, Piper, você sabe que eu vou colocar você sobre o meu joelho. – eu avisei antes de tirar o moletom de capuz que eu estou usando, jogando-o na cadeira ao lado do aparelho de som.

— Você tem uma ideia de passos, espertinho? – ela pergunta, levantando sua sobrancelha dourada para mim.

— Venha aqui, Butterfly que logo vai ter uma bunda dolorida. – eu puxo-a para a pista de dança, colocando-a na minha frente, meu corpo envolvendo o dela enquanto eu agarro seus quadris e a seguro firme. Eu espero os últimos acordes antes que a música seja repetida.

Sua respiração acelera, mas eu a aperto firmemente.

— Lembre-se de sua dança de aniversário de quinze anos. – eu sussurro em seu ouvido e ela balança a cabeça. — Boa garota, mesma contagem, mesmos passos. – E a solto e ela cai na queda, girando de joelhos para me encarar, pegando minha mão enquanto a puxo do chão.

O corpo esguio contra o meu tem todos os nervos do meu corpo elétricos. Alcançando seus quadris, eu a levanto no ar, girando quando a batida diminui. Suas costas arqueiam como ensinei a ela, suas mãos no ar e com suas pernas altas. Ela parece um lindo cisne em minhas mãos.

— Agora solte. – Meu pedido vem rapidamente e eu permito que ela escorregue pela minha frente, com seus seios esmagados contra o meu peito. Cada centímetro meu responde, necessitado por ela.

Aceito isso, concentro-me na dança e ajoelho-me antes de me inclinar para frente, e ela dá o sinal com facilidade. Seu corpo mergulha e ela desliza suas costas sobre as minhas em um movimento fluido enquanto nos perdemos no ritmo.

Quando atinge o auge, me sinto vivo novamente. Eu não tive essa emoção pairando através de mim em anos, e agora, pela primeira vez desde que fui embora e a deixei chorando na estação de ônibus vazia enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas rosadas, eu estou feliz. Estou em êxtase e é tudo porque estou em casa.

Eu estou com o Piper.

A música chega ao fim, e percebo quando o silêncio nos atinge mais uma vez, que estou segurando-a em meus braços e a beijo. Meus lábios moldam aos dela. Sua língua tentativamente se lança para encontrar a minha.

Um gemido abafado e suave é o único som que ela faz porque engulo todos os seus gemidos. Eu me delicio com eles. Eu bebo-os como se fossem meu sustento e sei que não há como abandoná-la de novo.

 

 

 


Capítulo Dezenove

Piper


Eu estou em silêncio na casa. Desde que dançamos ontem, e hoje, tem sido como nos velhos tempos. E agora, com Ryder no meu antigo quarto, ainda parece que estou escondendo ele. Embora ele tenha estado nesta casa tantas vezes antes, desta vez parece diferente.

Não sou mais uma garota de quinze anos que está apaixonada pelo melhor amigo de seu irmão. Sou uma adulta que tem um namorado. Ele é meu namorado? Eu não sei. Eu não perguntei. Talvez seja cedo demais para assumir isso. Mas eu quero. Eu quero assumir que tudo entre Ryder e eu é real, que não é um sonho e ele não vai desaparecer se eu piscar.

Eu tirei o suéter, certificando-me de que está quente o suficiente para nossos planos hoje à noite. Ryder disse que quer me levar para o drive-in. Nossa pequena cidade é conhecida pelo único drive-in funcionando, então ele propôs uma noite romântica assistindo o que está passando enquanto comemos cachorros-quentes e bebemos litros de Coca-Cola.

O formigamento no meu estômago não parou desde que adormeci em sua cama. Está lá, mesmo que apenas um pouco. Não o ignoro, porque é esse sentimento que me manteve por quatro anos enquanto ele estava fora.

Volto para o meu quarto com banheiro anexo para encontrar Ryder descansando na minha poltrona. O grande monolugar ornamentado fica bem na janela, com vista para os nossos vastos jardins. Eu me pergunto se ele sabe que eu costumava sentar lá vendo ele e Preston jogando bola no quintal. Ou se ele sabe que eu costumava sentar lá apenas para ver como ele se deitava ao sol, curtindo sua pele já dourada enquanto meu irmão entretinha todas as garotas que ele trouxe para casa.

— Você está bem aí, menina? – Ryder pergunta, colocando uma revista que ele estava folheando na mesinha.

— Estou. Eu pareço bem? – eu me aproximo dele, me aproximando com minhas meias roxas brilhantes. Seus olhos castanhos me rastreiam da cabeça aos pés e de volta, mas ele não responde. — O que? – finalmente pergunto enquanto ele me observa atentamente.

— Apenas olhando para minha linda garota.

Minhas bochechas coram com um rubor quando ele se levanta e diminui a distância entre nós. Meus braços instintivamente envolvem seu pescoço e ele se inclina para me beijar.

— O que ele está fazendo aqui? – O estrondo profundo do tom lívido do meu pai estremece através de mim como um trovão entrando. Uma tempestade está ameaçando e eu sei que todos nós seremos pegos nela.

— Papai...

— Sem papai, eu... – ele grita. — Saia do quarto da minha filha, agora mesmo. – já vi o meu pai com raiva antes, mas isso é ridículo. Nós não estávamos nem fazendo nada.

— Pai, tenho vinte anos. – digo a ele, esperando que ele se acalme, mas meu pai não vê nada além do bad boy da minha juventude no meu quarto.

— Eu te vejo mais tarde. – Ryder confirma, com a tristeza tão clara em seus profundos olhos cor de avelã que brilham com culpa. Ele se vira e me deixa com meu pai.

— Não! – eu corro do quarto, só para ter meu pai pegando meu bíceps, apertando-o quase dolorosamente. — Deixe-me ir.

— Você é minha filha, Piper. Está sob o meu teto você vive de acordo com minhas regras. Esta é a minha casa e eu não quero que você me desrespeite. – eu me liberto do seu aperto e desço as escadas para encontrar Ryder na porta da frente.

— Por favor, não vá. – imploro, com meu coração se despedaçando, em fragmentos minúsculos.

— Eu vou te ver em breve. Ele não vai me ouvir, ou você. – Ryder me diz o que eu já sei.

Meu pai pode ser um tirano. Ryder gentilmente me puxa para um abraço. Seus lábios pressionam contra o topo da minha cabeça em um beijo calmante, mas nada pode me impedir de chorar. Não agora.

— Eu quero ir com você. – digo a ele, segurando sua camiseta, segurando-o tão apertado. Estou com medo, que se eu deixá-lo ir, ele vai desaparecer como ele fez tantos anos atrás.

— Você ainda está na minha casa? – O rugido venenoso do meu pai vem de trás de mim. Seu aperto na camisa de Ryder o puxa para longe de mim e eu estou logo tropeçando para trás.

— Richard. – A voz da minha mãe me fez virar ao redor para vê-la vindo da cozinha com uma xícara de chá. — O que diabos você está fazendo?

— Minha filha não estará junto com um homem que não pode oferecer nada a ela. Ele já estragou a vida do nosso filho. Preston foi expulso da faculdade por causa de Ryder Kingsley. Olhe para ele. – meu pai zomba, puxando a camisa de Ryder. — Ele causou um acidente bêbado e perdeu a perna. Você acha que eu vou permitir que minha filha se aproxime dos gostos dele?

— Eu sou adulta. Se eu quiser ficar com Ryder, ficarei com ele.

— Senhor, com o maior respeito...

— Respeito? – A risada com a qual meu pai responde está lívida e irritada. Ele se vira para mim de repente, apontando para a escada. — Vá para o seu quarto. – Tem sido um tempo desde que falou comigo como uma criança, como se eu estivesse decepcionando ele, mas o tom de sua voz é o suficiente para ter o meu corpo vibrando de frustração e raiva.

Sem responder, corro pelas escadas com um rápido olhar para Ryder. Seus olhos encontram os meus e eu tento dizer a ele para me esperar com um olhar. Uma vez no meu quarto, puxo uma mala pequena do meu armário.

Já me decidi. Eu preciso sair da casa do meu pai. Eu nunca vou ser feliz com o jeito que ele quer governar a minha vida, e isso é culpa dele. Não é minha. Encho-a de roupas, roupas íntimas e minha escova de dente na mala, dou uma rápida olhada ao redor, certificando-me de que não perdi nada vital. Enfiando meus pés em meus tênis, eu caminho de volta para baixo a tempo de ver Ryder saindo pela porta.

Eu fujo do meu pai. Mas assim que eu saio pela porta, ele ruge para mim. Seu olhar aquecido queima nas minhas costas. Não quero olhar para ele, mas não posso deixar de encarar o homem que cresci temendo.

— Onde diabos você está indo? – Sua voz troveja enquanto ele se aproxima do carro de Ryder.

— Você disse que não posso estar com Ryder enquanto eu estiver sob o seu teto. Bem, estou me certificando de que não estou mais sob o seu teto. – digo a ele, seguindo o homem que amo quando ele abre a porta do passageiro, permitindo que eu sente no banco.

— Volte aqui, Piper! Se você sair, perderá tudo, e quero dizer todos os benefícios que você se acostumou. – Sua advertência é clara. Eu vou ser deserdada da família.

— Piper, querida.

Eu me volto para minha mãe. — Sinto muito, mãe, está feito. – eu sento no banco do passageiro e olho para frente. Eu não preciso ver a decepção nos olhos do meu pai.

— Você tem certeza disso? – O olhar de Ryder está focado em mim. Suas linhas de expressão e vinco na testa e estou impressionada com o quanto eu não quero isso. Quanto eu não me importo mais com as exigências dos meus pais. Toda a minha vida eu fui um peão em suas vidas, certificando-me que eu era a princesa perfeita. Mas eu não sou isso, nem de longe.

Eu sorrio, aceno e então sussurro. — Eu nunca estive mais segura sobre qualquer coisa na minha vida.

O sorriso de Ryder sempre foi minha fraqueza. E agora mesmo, ele me presenteia. O sorriso que faz meu coração bater descontroladamente no meu peito é estampado em seu rosto, mas em seus olhos, eu vejo a tristeza que é chegado a isso.

— Eu teria que escolher em algum momento, meu pai sempre teria me dado um ultimato. – digo a Ryder. — E não há mais uma escolha nisso. Você segura meu coração. Você sempre segurará.

Minha confissão faz com que ele acene com a cabeça e ligue o carro. Enquanto seguimos nosso caminho, sei que tomei a melhor decisão para mim. Eu não estou mais preocupada com o que os outros pensam. Ryder é meu e eu sempre serei dele.

 

 

 


Capítulo Vinte

Ryder


Assim que chegamos em meu apartamento, saio do carro e caminho até a porta de Piper. Ela fica em silêncio, chocada, talvez porque quando eu lhe dou minha mão, ela não se move.

— Garotinha. – chamo ela, inclinando-se para a minha boca estar em seu ouvido. — Estou aqui, deixe-me cuidar de você, por favor?

Ela finalmente se vira para mim, com os seus olhos arregalados, brilhando de lágrimas. — Ele não me ama. – sua voz é baixa, quebrada e aperta meu coração. Eu queria que ela aqui por tanto tempo, mas eu não queria que fosse assim.

— Eu não queria ficar entre você e sua família. – digo a ela quando ela sai do carro. Seus braços me envolvem, me segurando como se eu fosse a única coisa que ela precisava respirar. Seu rosto está encolhido no meu peito e não consigo parar de abraçá-la quando finalmente chora.

Seu corpo treme quando a umidade de suas lágrimas penetra na minha camiseta.

— Sinto muito, menina. – digo a ela, pressionando meus lábios no topo de sua cabeça.

— Não é sua culpa, Ryder. Por favor, não se culpe. – ela murmura no tecido, com seus dedos delicados apertando-o, me puxando para mais perto, como se ela quisesse subir em minhas roupas.

— Eu não posso, Butterfly. Se eu não estivesse lá, ele nunca teria ficado zangado e te deserdado.

Ela se afasta então para encontrar meus olhos. — Ele odeia todo mundo que não vive de acordo com seus padrões. Não há nada de errado com você ou conosco juntos. Até mesmo Preston está feliz por nós. – ela está certa. Seu pai sempre teve uma mentalidade limitada quando se tratava de mim, ou de qualquer outra pessoa que não se encaixasse em sua ideia rígida de quem seus filhos deveriam ter como amigos.

— Vamos entrar. Podemos fazer algo para comer e você pode relaxar. – eu a puxo, levando tudo até o elevador. A subida é feita na quietude de nossas respirações. Eu a levo para o meu apartamento de novo e ela se senta no sofá, dobrando as pernas sob a bunda dela. Parece tão confortável; como se sempre quisesse estar aqui. No meu espaço.

Deixando-a, levo a pequena mala para o quarto, deixando-a cair na cama. Quando entro na sala, ela está deitada encolhida no canto do sofá. Seu corpo é tão pequeno com as pernas encolhidas e os braços em volta das panturrilhas.

— Você quer algo para beber? Ou comer?

Seus olhos encontram os meus com a minha pergunta. — Suco?

Assentindo, eu vou para a cozinha com o coração pesado que ela saiu de sua casa de infância por minha causa. Mesmo que ela diga que não é minha culpa, não posso deixar de sentir a culpa do que ela tinha que fazer.

— Não é sua culpa. – sua voz vem de trás de mim e eu percebo que tenho olhado pela janela, perdido em pensamentos sobre como recuperá-la nas boas graças de seu pai.

— Ela é. Você pode não pensar assim, mas você praticamente foi deserdada por minha causa. Eu estrago tudo que toco e, mais uma vez, isso não é diferente.

— Você sempre faz isso. – ela observa. — Você se culpa pelo que os outros fazem, e isso não é justo com você.

Balançando a cabeça, coloco o copo de suco no balcão. — Aqui está o seu suco. – eu passo por ela para fora da cozinha e para a sala de estar. Seus passos suaves se movem atrás de mim e sei que ela está prestes a perder seu controle comigo.

— Você gosta disso, Ryder?

Virando-me para encará-la, inclino a cabeça para o lado. — O que, Piper?

— Levar a culpa. Parece que você fez isso toda a sua vida e mesmo agora, quando preciso que você acredite em mim, você está convencido de que é por causa de você que eu fui embora. Eu teria feito isso de qualquer maneira, principalmente porque eu sou uma adulta. – ela diz com raiva e eu não posso deixar de concordar. A chama dela é a primeira coisa pela qual me apaixonei e é a única coisa que sempre amei nela. — Meu pai não pode mais governar minha vida. Acabou.

Sentado no sofá, dou tapinhas na almofada ao meu lado, mas ela balança a cabeça. Eu só a quero perto, para inalar sua doçura. — Eu entendo isso. – eu respondo. — É só...

— Não, Ryder, não há desculpas para o que ele fez ou disse para você, e ele não pode me dizer quem eu tenho permissão para ter em minha vida. – Piper finalmente se aproxima de mim, e em seguida, senta no meu colo, com as suas pernas de cada lado do meu corpo. O calor dela na minha virilha está tornando difícil para mim me concentrar no que eu queria dizer.

— Você não joga limpo, Butterfly. – digo a ela, devolvendo-lhe as palavras. Ela sorri então, sabendo o que quero dizer, então move seus quadris, pressionando seu núcleo contra mim. — Jesus, Piper. – eu grito, com meus dentes apertando enquanto tento segurar minha contenção.

— Eu aprendi com os melhores. – ela sorri para mim. Os dedos dela percorrem meu pescoço, envolvendo meu rosto enquanto ela se inclina mais perto, com os seus lábios cobrindo os meus. — Eu quero isso, Ryder, eu quero você.

— Piper, se fizermos isso...

— Nós faremos. – ela me diz. — Por favor. – Seu pedido é o suficiente para ter o último fio de controle que eu estive segurando com um estalo alto.

— Eu amo quando você me implora, menina. – murmuro. Minhas mãos encontram sua bunda enquanto eu a aperto e a levanto quando me levanto. Suas pernas envolvem meus quadris e seus braços em volta do meu pescoço. — Faça de novo. – eu peço, caminhando para o quarto e colocando-a na cama.

— Por favor, Ryder, eu preciso de você.

Alcançando a minha camiseta, eu a tiro. — Strip para mim. – O pedido é sexy, pingando de luxúria para a mulher que segurou meu coração durante a maior parte da minha vida.

Ela sorri, tirando o moletom de capuz, me dando um vislumbre de sua regata apertada. Então, provocativamente, ela puxa sua regata, puxando o tecido lentamente, e eu sei que ela está tentando me insultar. Uma vez que está no colchão ao lado dela, eu pego o sutiã cor-de-rosa que contém aqueles peitinhos incríveis dela.

— Você é linda. Perfeita. – digo a ela. É verdade. Ela é tudo que eu poderia querer ou precisar. E agora, finalmente vou tê-la. — Tire essa calça de moletom.

Ela empurra o tecido em suas pernas finas, mostrando a calcinha combinando que escondem o que estou morrendo de vontade de ver. Eu a vejo subir na cama, com as pernas cruzando o tornozelo, me dando um vislumbre de sua boceta coberta de tecido.

— Sua vez. – ela sorri, arrastando os olhos sobre o meu peito e até o cós da minha calça. Levantando uma sobrancelha, eu a empurro, sem quebrar o contato visual com ela. Uma vez que estou apenas de cueca, fico ali por um momento, dando a ela uma chance de me impedir.

— É isso, menina. – eu confirmo, encostado na beira da cama. Minhas mãos apertam suas pernas, puxando-a para mim. Ela se aproxima. Seus lábios estão nos meus, beijando, lambendo e mordendo-me.

Como a atrevida que ela é, sua boca viaja para o meu pescoço, encontrando meu ombro. O calor de sua respiração é o suficiente para me fazer gozar em minha boxers.

Se afastando dela, eu sorrio antes de lhe dar outra ordem. — Eu quero você fora dessa calcinha. Mostre-me o que é meu. – digo a ela.

O canto da boca dela se curva em um sorriso. Eu obsevo a garotinha puxar sua calcinha rosa por suas pernas ágeis, e então, me encontro com a boceta brilhante que faz minha boca encher de água.

— Porra.

— O quê? – ela pergunta, sentando-se, tentando fechar as pernas, mas eu sou mais rápido. Eu agarro suas coxas, empurrando-as mais abertas.

— Você é perfeita. – Inclinando-me, acaricio meu nariz ao longo de sua coxa, primeiro à esquerda, depois à direita. Seu cheiro é como madressilva, e minha língua passa sobre a pele macia perto de sua linda boceta.

— Ryder. – ela geme com a minha língua passando sobre ela e eu faço isso de novo. — Por favor, faça isso. – Sua declaração está me partindo em dois e eu não posso mais parar. Minha boca encontra seu núcleo, minha língua mergulha nela, entre seus lábios suaves, e eu a bebo como um bom vinho. Ela é tudo que eu imaginei e mais.

Suas mãos seguram o meu cabelo, puxando os fios enquanto lambo e colo em seu corpo. O tremor que viaja através dela é pura e absoluta perfeição.

— Ah, Deus. – ela geme alto, e desejo que toda a maldita cidade possa ouvi-la porque este sou eu reivindicando a mulher que amo. Abaixando o meu dedo indicador, eu enfio dentro dela, sentindo-a apertar e pulsar ao redor do único dedo. Ela é apertada, tão apertada.

— Você vai gozar em todo o meu dedo, Butterfly. – sussurro, permitindo minha respiração quente soprar no seu núcleo aquecido. Ela está encharcada e eu colo nela como um homem faminto, faminto por mais sustento.

Ela é doce, almiscarada e eu me sinto bêbada por ela. O melhor tipo de droga que eu poderia ter. A doçura da minha garota. Meu dedo encontra resistência e percebo que ela realmente esperou por mim. Eu me afasto. Olhando para o corpo dela e meus olhos encontram os dela.

— Ryder, por favor, por favor. – Seus pedidos caem em minha direção, caindo como gotas de chuva e dou a ela. Eu mordo suavemente seu clitóris, fazendo-a gemer e chorar, sons que só fazem meu pau ainda mais duro. Eu sorrio quando solto sua dura protuberância e coloco minha língua em sua vagina, e ela grita meu nome uma e outra vez. Eu não paro. Minha boca continua a devorá-la até que ela cai no colchão velho e gemendo de maneira incoerente.

Sua essência está em cima de mim. Cobrindo a minha língua com a umidade mais doce que eu já provei, e é tudo minha.

— Você está pronta para mim, menina?

Ela olha para cima e balança a cabeça lentamente, com um pequeno sorriso no rosto. — Estou pronta há muito tempo, Ryder Kingsley. Eu esperei por você, então é melhor você fazer isso valer a pena. – Sua indecência, inocência e pureza brilham como um farol.

— Você realmente esperou. – murmuro, ainda em estado de choque. A maioria das mulheres de sua idade passa seus anos saindo para festejar, fazendo sexo com os seus namorados do ensino médio e da faculdade, e Piper ainda está bem aqui pura. Ainda é virgem para mim.

— Eu te disse, Ryder, nunca houve mais ninguém para mim. – Suas palavras são confiantes e tão seguras de si mesma. — Eu teria esperado para sempre.

Meu coração sofre com sua confissão. O fato dela saber como se sentia e não havia como dissuadi-la a seguir em frente.

— Então é melhor eu fazer você nunca se arrepender da sua decisão. – eu sorrio para ela. Minhas mãos percorrem suas pernas, revelando sua pele macia. — Porque, uma vez que eu faça isso, uma vez que eu reivindicar você, não há como voltar atrás. Você é minha.

— Eu sempre fui sua.

— Eu sei. E eu sempre serei seu.

É uma promessa. Um voto. E eu sei que é a verdade sincera de Deus.

 

 

 

 


Capítulo Vinte e Um

Piper


Ryder se afasta de mim por um momento, subindo a toda a altura. Eu observo com admiração quando ele empurra sua cueca boxer para baixo. Ele está nu. Exposto para mim. Na penumbra, seu corpo é uma estátua esculpida em mármore colorido. Seu pênis, duro e grosso, se projeta entre os quadris. Suas coxas são musculosas, tensas, e a parte dele que não é mais carne e osso é perfeita.

Meus olhos se voltam para ele, para encontrá-lo olhando para mim. — Você é tudo que eu sempre quis, Ryder. – digo a ele. Suas mãos encontram minhas coxas, me puxando para mais perto da beira da cama. Ele agarra seu eixo, acariciando-o lentamente enquanto seu olhar penetra em mim, através de mim, até a minha alma.

— E você, minha doce borboleta, é tudo que eu nunca deveria ter desejado. – diz ele, colocando a ponta do seu pênis contra a minha abertura. O metal que perfura a parte inferior brilha quando a luz atinge. Deslizando para cima e para baixo no meu núcleo, ele me provoca, certificando-se de que o piercing de prata deslize sobre o meu clitóris, e eu envolvo minhas pernas ao redor dele, puxando-o para mais perto.

— Por favor, apenas faça isso, Ryder. – eu imploro. Eu não aguento mais. Eu quero sentir ele dentro de mim.

Ele não responde, apenas as polegadas em mim, e eu sinto vontade de gritar por mais. Meu corpo se abre em torno dele. A pressão faz com que eu choramingue, mas continuo me agarrando a ele. Sei que se ele achar que está me machucando ele vai parar, então eu o alcanço, segurando sua mão enquanto a outra guia seu pênis dentro de mim.

Os movimentos são tortuosos. Eu não posso parar a dor lancinante que passa através de mim quando ele cutuca a barreira.

— Ryder, foda-me. – grito por entre os dentes, com frustração e agonia pingando em cada palavra. — Apenas me foda.

E ele faz. Ele se empurra em mim, e em seguida, chegando ao fundo de mim, fazendo com que meu corpo estremeça e minhas costas levantem do colchão. Eu me sinto cheia, preenchida até a borda, e estou prestes a explodir. Ele finalmente fez isso. Eu sou dele. Ryder me reivindicou e não há como voltar agora.

Seus quadris apoiam contra as minhas coxas quando ele levanta minhas pernas em seus ombros. Ele aperta o dedo no meu clitóris, circulando lentamente, gentilmente, mas não se move. Ele está enterrado dentro de mim e eu não sou nada além de uma confusão trêmula.

— Você está bem? – ele pergunta, com suas sobrancelhas franzidas em preocupação, mas eu aceno. Ele continua o seu ataque no meu clitóris endurecido, fazendo-o vibrar e me concentro nisso. A sensação escorrendo por mim. Não tenho certeza por que ele não está se movendo, mas eu quero que ele pare.

— Sim, eu preciso que você se mova. – digo a ele, com as lágrimas ardendo nos cantos dos meus olhos enquanto ele lentamente se afasta, e em seguida, mergulha de volta em mim. Ele continua o movimento, seu peito retumbando e seus olhos se fechando enquanto o prazer irradia dele. A dor está picando, mas os seus dedos me provocam. Minhas próprias mãos puxam o sutiã que estou usando e acho meus mamilos tão duros quanto pedrinhas.

Quando eu abro meus olhos, Ryder está olhando para mim com um olhar faminto que me diz que gosta de me ver fazendo isso. E eu faço isso para provocá-lo. Apertando meus mamilos sensíveis, eu torço-os, fazendo-os apertar e atingir o auge.

— Porra, Piper. – ele murmura. — Você é boa demais. Você é tão apertada. – ele sussurra inclinando a cabeça para o teto. Seus olhos se fecham por um momento como se ele estivesse se divertindo com o sentimento enquanto continua a me foder. Mas isso não é foda. A maneira como está se movendo tão lentamente, suas mãos massageando minhas pernas e o seu corpo conectado ao meu, isso é algo muito mais emocional.

Ele se move devagar e meu corpo começa a se abrir ainda mais para ele. A dor está gradualmente desaparecendo ao longo da costa, e eu tenho mais desejos do que nunca. Há uma gentileza em como o metal dentro de mim, preso ao seu pênis, provoca meu corpo, fazendo-me tremer de necessidade. Eu abaixei minha mão entre minhas coxas para encontrar seus dedos, e nós dois provocamos meu clitóris, fazendo-me gemer quando o prazer agora dispara através de mim. O movimento faz minha cabeça girar.

Quando ele finalmente abre os olhos, olha entre nós e sorri. — Você é minha, menina. Eu vou fazer você gozar no meu pau. – ele me diz. Eu olho para baixo, vendo nada, mas a base de seu eixo, e eu sei que ele está me quebrando mais uma vez, só que desta vez, eu quero isso.

Ele se move mais rápido, inclinando-se agora, permitindo que minhas pernas caiam de seus ombros, e meus pés estão na cama. Seu corpo me envolve. Seus dedos ainda me provocam, ainda fazendo meu corpo tremer.

— Eu sempre fui sua. – eu confirmo, envolvendo meus braços em volta do seu pescoço.

Ryder me levanta da cama, nos levando até a parede, pressionando minhas costas com a porta de madeira fria. — Agora, vou fazer você gritar. – ele promete. Seus quadris movem e eu vejo estrelas. Seu pau atinge o ponto dentro de mim que eu nunca soube que existia enquanto ele continua a se dirigir em mim. Mais rápido, mais forte, com mais força do que eu poderia imaginar.

Nossos corpos estão escorregadios de suor, mas eu me seguro. Meus olhos reviram quando sua boca encontra meu pescoço, seus lábios sugando a carne sensível, mordendo com força, fazendo-me gritar.

— Quero que você goze no meu pau, Butterfly. – ele me diz, com a sua boca no meu ouvido, sua respiração quente e suas palavras carentes.

Ele move seus quadris e mais uma vez ele atinge aquele ponto. De novo e de novo. Meus dedos se enroscam quando o prazer passa por mim. Minha cabeça cai para trás e ele aproveita a oportunidade para capturar meu mamilo em sua boca e chupá-lo através do meu sutiã, que percebo que não removi. O tecido absorve com sua sucção contínua e eu não posso segurar o grito que escapa dos meus lábios. Mas, eu não chamo Deus, eu chamo por Ryder.

Minhas unhas arranham seus ombros e costas enquanto meu orgasmo me atinge, e então, eu o sinto engrossar e pulsar, e sei que ele acabou de me encher.

— Porra.

— Sim.

Não tenho certeza de qual de nós diz qual, mas tudo em que posso pensar é o prazer que está formigando da minha cabeça aos pés. Minha respiração é rápida, com o meu peito subindo e descendo, e tudo que eu quero é fazer isso de novo.

— Você está bem? – ele me pergunta quando abro meus olhos, mas eu aceno. Eu nunca imaginei um prazer tão profundo, tão consumidor, mas ele fez tudo que eu precisei e eu me deixei sentir. Sim, a dor estava queimando, mas o prazer era abrasador.

— Eu nunca estive melhor. – digo a ele. Alcançando seu rosto, eu o seguro firme. — Quando podemos fazer isso de novo? – eu sorrio, dando um beijo em seus lábios.

Ele se vira e nos leva até a cama.

— Dê-me tempo, mulher. – ele me diz rudemente, fazendo com que uma risada escape dos meus lábios. Colocando-me no colchão como se eu fosse feita de vidro, ele desliza para fora de mim, fazendo-me estremecer com o vazio que agora sinto. — Eu machuquei você?

— Não, eu simplesmente não gosto de não estar conectada a você.

Seus olhos ardem nos meus. Seus dedos encontram o batimento cardíaco no meu peito e ele pressiona suavemente. — É aqui que estamos conectados, sempre.

— Ryder. – Minha voz é tímida e assustada. — Prometa-me que é isso. – Minhas palavras fazem com que ele franza a testa. — Quero dizer... você não vai ir embora de novo. Certo?

— Eu nunca vou sair de novo. – ele sorri, me dando outro beijo antes de me deixar na cama e caminhar para o banheiro. Quando ele retorna, ele está carregando um pano macio e úmido, que ele usa gentilmente a toalha entre minhas coxas. Uma vez que ambos estamos sentados na cama, ele me puxa para mais perto, me segurando como se sua vida dependesse disso, e por um breve segundo, eu me pergunto se isso está acontecendo.

 


Capítulo Vinte e Dois

Ryder


Estou sentado na sala de aula três dias depois de sentir o pulso de Piper ao meu redor e é a única coisa em que consigo pensar. Quando finalmente demos o passo final em nosso relacionamento, eu sabia o que precisava fazer. Mais tarde hoje, vou sair com Preston e comprar um anel. Por mais que queira pedir a permissão do pai dela em casamento, sei que ele vai me recusar a todo momento, então a próxima melhor pessoa para eu ir seria meu melhor amigo.

Piper ainda é jovem, e eu não vou roubá-la de sua família, mas quero reivindicá-la para sempre. Eu a amo e a afastar por tanto tempo foi meu erro. Eu perdi anos, que nunca voltarão, mas ela me aceitou no meu pior, e eu sei que ela vai me amar para sempre.

Seus olhos encontram os meus do outro lado da sala e eu ofereço-lhe um sorriso. Ela é tão boa com essas crianças, e não posso deixar de pensar se alguma vez teremos algumas delas. Uma ou duas. Talvez mais.

Ela ficaria tão bonita grávida, inchada e brilhante enquanto carrega nossos filhos.

— Você está bem aí, Sr. Kingsley? – Sua voz suave me impede das visões em minha mente.

— Estou. – digo a ela, me levantando, puxando-a para mais perto. — Estava pensando em jantar em casa e amar você.

— Podemos pedir. – ela me diz inocentemente.

— Eu não estava falando sobre comida. – sussurro em seu ouvido, fazendo-a tremer em antecipação do que está por vir.

— Comporte-se. – Piper me adverte, golpeando o meu braço e me deixando no aparelho de som para tratar da música. Ela sorri para os alunos, todos olhando para ela como se fosse um anjo. Ela é. A maneira como ela se move pela sala, com a luz nos pés, fluida na maneira como seu corpo mergulha e rola, mostrando às crianças como contar as batidas, pular sobre as mãos de uma postura baixa é hipnotizante.

Meu celular vibra e tira minha atenção para longe da mulher bonita para uma mensagem que para meu coração. Eu não acho que eu poderia fugir do meu passado, eu nem achei que poderia esquecer o que tinha feito, mas parece que isso me pegou e quando eu olho para Piper mais uma vez, sei que tenho que sair antes que ela termine sua coreografia. Não posso explicar o que está acontecendo, mas preciso consertar isso antes que chegue perto da minha garota perfeita.


.....................................................................

— Você fez o que? – A voz de Preston está nítida, com a raiva encharcando cada palavra que diz na minha direção. Eu não tive escolha. Ele sabe disso tão bem quanto eu.

— Cara, você sabe que seu pai tem um dedo nisso. Ele me odeia. – digo a ele. Eu me encontrei com o silêncio. Ele sabe a verdade. Ninguém mais me faria fazer as malas e voltar para Los Angeles mais rápido que o próprio Beaufort.

— Vou descobrir. – ele me informa. — Enquanto isso, apenas mande uma mensagem para Piper e diga a ela que você de fato não fodeu e quebrou seu coração novamente.

— Eu vou, assim que eu voltar para o nosso apartamento. – eu desligo antes que ele possa me dar outra bronca e dar a volta para o prédio em que vivíamos enquanto estávamos em Los Angeles. O grande local de três quartos tinha sido nossa casa por quatro anos, e quando saímos, um dos caras com quem vivíamos se ofereceu para tirá-lo de nossas mãos com o acordo de que, se alguma vez estivéssemos de volta à cidade, nós teríamos um lugar para dormir.

Meu celular toca novamente, e eu sei que é a Piper. Eu não tenho que olhar para a tela para ver o nome dela, me acusando de fazer o que prometi não fazer. Eu estraguei novamente e, desta vez, eu duvido que ela vai perdoar-me.

Uma vez que estaciono em um estacionamento, saio do carro e vou até o elevador. O apartamento do segundo andar era o acesso mais fácil para mim, e os dois decidiram que ficariam felizes em compartilhar comigo quando nos mudássemos para cá.

Quando chego à porta, a destranco e a abro. A sala me cumprimenta quando entro, junto com o silêncio, informando que Logan não está aqui. Fechando a porta, tiro o meu casaco e pego o meu celular no bolso. Como eu pensava, o nome do Piper está abrindo um buraco na tela.

Suspirando, eu pressiono para atender a ligação e aperto o aparelho no ouvido. No segundo toque ela responde.

— Onde você está? Você está bem? Preston disse que você tinha que ir. – ela me diz sem fôlego, e a vejo correndo pelo meu apartamento procurando por mim. Sua respiração é alta sobre a linha e tenho certeza que ela está em pânico.

— Eu precisava fazer alguma coisa aqui, assinar alguns documentos. – A mentira parece veneno na minha língua, mas não posso dizer por que estou realmente aqui. Se ela souber, nunca perdoará o pai. Por mais que eu não goste dele, quero que ela tenha um relacionamento com ele um dia. Se eu puder fazer a acusação cair sem me preocupar, então ficaremos bem.

— Por que você não me contou? – ela pergunta, com a ferida evidente em sua voz, e isso parte meu coração em dois. — Eu poderia ter ido com você.

— Não, é algo que eu preciso fazer sozinho, Piper. Por favor, deixe-me fazer isso. Você pode esperar por mim? – Desta vez, eu sou o único implorando. Estou implorando para que ela me dê tempo, espere por mim como ela esperou antes. E ela fez. Ela esperou quatro anos para eu voltar e reivindicá-la como se ela sempre quisesse ser minha. Eu não sei quanto tempo isso vai levar, ou o quanto ela será capaz de me oferecer, mas espero por sua resposta, com o meu coração batendo violentamente no meu peito, fazendo minhas costelas doerem.

Há uma agonia angustiante em amar alguém e deixá-lo. Pode machucar, pode doer, mas é quando você perde aquele alguém, quando ele não pode mais lhe dar outra chance, é quando ele te mata.

Da mesma forma que as palavras da boca do meu médico quebraram o meu coração e mente quando ele me disse que eu nunca mais teria minhas duas pernas novamente, esse tormento de não saber como consertar o que fiz está me assombrando. E o pai de Piper sabe disso.

— Ryder, você sabe que eu vou esperar para sempre por você. – ela finalmente me diz. — Eu só preciso que você faça algo por mim.

— Qualquer coisa...

— Não me diga que você fará uma coisa e depois fará outra. Não prometa não partir o meu coração, e em seguida, estilhaçar todo o maldito chão.

Sua raiva está garantida. Eu estraguei. Eu prometi a ela que nunca iria, mas desta vez não tive escolha. Isso foi forçado sobre mim.

— Da próxima vez que eu olhar nos seus olhos, farei uma promessa, Piper, e será por toda a vida.

Eu desligo, deixando-a para refletir sobre minhas palavras enquanto entro no pequeno escritório que montamos enquanto estava me recuperando. Todos os documentos que foram assinados estão lá, e sei que se eu limpar meu nome, encontrarei o que preciso aqui.

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo Vinte e Três

Piper


Frustração é algo com que vivi a vida toda. De pais que nunca me entenderam, a um irmão que agia como se me odiasse. E agora, eu estou apaixonada por um homem que prefere ficar longe de mim que me dizer o que diabos está acontecendo.

— Piper. – A voz profunda do meu pai me assusta. Virando ao redor, eu o encontro em pé na porta da sala de aula. Sua grande estrutura aparece no pequeno espaço, fazendo-o parecer ainda mais assustador do que já é.

— O que você está fazendo aqui? – pergunto. Eu não o vejo desde que ele me disse para nunca mais voltar. Eu escolhi Ryder, e meu pai ficou lívido, mas vê-lo aqui me faz imaginar qual é o seu plano de jogo.

Meu pai é um daqueles homens que sempre tem algo na manga. Como advogado, ele tem que ter. Faz parte do trabalho dele. Mas não sou o seu trabalho, eu sou sua filha, e eu gostaria que ele me tratasse assim.

— Senti sua falta, Piper. – ele me diz, caminhando no espaço. —Além disso, eu preciso te mostrar uma coisa. – ele me entrega uma pasta que eu não notei quando ele entrou.

— O que é isso? – Pegando, eu abro para encontrar o que parece ser um relatório policial. Na frente o nome de Ryder e no centro a pessoa que estava dirigindo na noite do acidente que ele me disse.

— Seu namorado. – meu pai cospe a palavra para mim. — Ele é responsável por quase matar seu irmão.

Eu abro minha boca para falar, mas as palavras me evitam naquele momento. Raiva transformando meu sangue em brasa, mas é uma voz atrás dele que me deixa imóvel.

— Não, ele não foi.

Nós dois nos voltamos para a porta onde Preston está de pé. Ele olha entre nós e então se aproxima mais. Meu coração dói naquele momento quando percebo que o meu irmão teve algo a ver com o acidente de Ryder.

— Ryder não estava bêbado naquela noite. – Suas palavras soam como um eco, e eu balancei minha cabeça para afastá-lo. — Ele tomou duas cervejas a noite toda, nada mais. Ele não estava bêbado. – Preston diz, baixando o olhar para o chão. — Fui eu quem estava bêbado. Ele pegou as chaves do carro quando disse que queria levar as duas meninas para casa.

— Isso é ridículo. – meu pai diz. — Vocês dois querem proteger um delinquente como um menino.

Meu irmão levanta a cabeça, encontrando o olhar zangado de meu pai morto. — Você acha que ele é um delinquente? – A risada que ronca no peito de Preston é incrédula. — Você já olhou para o seu próprio filho, velho? – ele avança e meu corpo fica rígido. Medo passa por mim e tenho certeza de que haverá uma briga.

— Preston, deixe-o pensar o que ele...

— Não, Piper, é hora do velho papai me ouvir e ouvir a verdade que ele tem ignorado há tanto tempo. – Meu irmão olha para mim. Com um aceno de cabeça, ele volta sua atenção para nosso pai, que está positivamente vibrando de raiva. — Eu sou o único que entrou no banco do motorista e obriguei o meu melhor amigo a praticamente me bater para me sentar atrás. Fui eu que o deixei entrar no carro e dirigir naquela noite.

A tristeza e a culpa que escorrem das palavras do meu irmão fazem meu peito doer. Meu coração bate em minhas costelas, e eu tenho que engolir a raiva e a fúria que ameaçam me puxar para baixo.

— Eu sou o único que causou o acidente, porque eu estava jogando um jogo estúpido, fechando seus olhos, rindo que ele não podia ver onde ele estava indo. – A confissão paira no ar em torno de nós, pesada, encharcada na culpa do meu irmão e na raiva do meu pai.

Eu quero dar um tapa no meu irmão. Eu quero dar um soco nele, bater nele, eu quero chorar e gritar com ele, mas não faço isso, porque quando olho para ele de novo, eu digo a ele com um olhar o quanto odeio ele.

Sua expressão está cheia de tristeza, mas eu não me importo. Eu não o quero mais na minha vida. Ele é responsável por Ryder ser tão quebrado como ele está, e não quero dizer fisicamente, quero dizer mentalmente e emocionalmente.

— Saia, pai. Eu preciso que você saia e nunca mais chegue perto de mim ou do Ryder. Preston, preciso de tempo para descobrir isso. Não sei como me sentir agora, além de irritada e confusa.

— Piper...

— Não, pai. – digo com frustração. — Eu terminei com essa raiva que você tem em relação a Ryder por nada. Ele é um bom homem. Ele tem uma boa cabeça nos ombros. Ele tem planos para o futuro e tudo o que você pode ver é o fato de ele ter tatuagens e piercings. Eu terminei com isso. Eu preciso que vocês dois saiam.

Um resmungo do meu pai é tudo que ganho, mas sei o que isso significa. Ele estará de volta e mesmo que eu tenha dito a ele que não o quero perto de mim novamente, ele fará algo estúpido para me reconquistar, só que desta vez, não há como me recompensar.

Meu irmão dá um passo à frente, mas eu estendo a mão para detê-lo. — Apenas vá. Eu te ligo mais tarde. – ele balança a cabeça, pressiona a mão na minha e se vira para me deixar na sala de aula.

 

 

 

 

 

 

 


Capítulo Vinte e Quatro

Ryder


Uma batida na porta do apartamento me arrasta da papelada na minha frente. As meninas que Preston e eu tínhamos no carro naquela noite eram irmãs. O pai delas decidiu trazer o que aconteceu no passado de volta para nossas vidas, processando-me, só eu sei que é porque o Sr. Beaufort falou com ele. Como advogado, ele deve ter conseguido arranjar alguns termos e condições caras para fazer o homem fazer isso.

Nós pagamos. Posso ter pago mais do que os outros, mas isso não importa. Fui eu quem dirigiu naquela noite. Não importa o que aconteceu com Preston. Foi minhas mãos no volante.

Outra batida me diz que quem quer que seja não vai embora e eu me pergunto se Preston decidiu vir até aqui. Levantando do meu lugar, eu caminho até a porta da frente. Quando eu a abro, não é meu melhor amigo, mas sua irmã do outro lado.

— O que você está fazendo aqui, Piper?

— Eu precisava ver você, e preciso que você me escute. – ela me diz, levantando o queixo em desafio, e não posso deixar de dar um passo para trás e deixá-la entrar no apartamento.

Fechando a porta, me viro para vê-la se sentar no sofá. Quando eu me junto a ela, ela se vira para mim, encontrando meu olhar.

— Preston confessou o que aconteceu naquela noite. – ela me diz em um sussurro, seus dedos girando o tecido de seu moletom de capuz. — Por que não me contou, Ryder?

Ela está certa, eu deveria, mas eu me acostumei a contar a minha história, não a de Preston, que foi apenas uma coisa que eu disse. Foi assim que contei a todos o que aconteceu.

— Ryder, veja... – diz ela, colocando uma mão na minha coxa, seu polegar circulando a parte de mim que não é mais carne e osso, mas de plástico e metal. E por mais que seja uma sensação estranha não sentir o toque dela, não é, porque não importa onde Piper esteja ou o que ela esteja fazendo, eu sempre a sentirei. Ela sempre será uma parte de mim.

— Eu não te disse porque não queria que você odiasse Preston. – viro meu olhar para a janela, olhando para o céu azul sem nuvens e isso me lembra dos olhos da minha menina em um dia de verão.

— Eu não odeio mais o Preston. Na infância eu odiei, ele nunca foi legal comigo. Ele não era o irmão que cuidava de mim. Mas agora, com tudo o que aconteceu, estou apenas lívida que ele permitiu que você assumisse a culpa por isso, e estou com raiva de você por não ter me contado antes. Se fizermos isso, Ryder, preciso de honestidade.

Suas palavras chamam a minha atenção. Há uma honestidade em seus olhos que aperta o meu peito dolorosamente. Ela ainda me quer? Balançando a cabeça, suspiro, sabendo que está certa, mas não entendo como ela ainda pode me querer depois de tudo o que aconteceu.

— Eu não lhe contei porque sabia que você odiaria seu irmão. Ele é sua família, Piper, seu sangue, e eu não sou ninguém para você.

— Isso é besteira, Ryder. – ela diz com raiva. Então, de repente, ela está no meu colo, me abraçando como sempre faz. — Olhe para mim, olhe nos meus olhos e me diga que você não é ninguém para mim. – ela pede. Suas mãos delicadas no meu rosto me seguram firme, então não posso me afastar.

— Eu não posso. Você sabe que não posso te dizer isso porque você sabe que eu te amo, e eu sei que você me ama. – digo a ela, segurando em seus quadris, meus dedos cravando na pele macia e sedosa que eu sei que está escondida sob suas roupas.

— Então, não se atreva a me dizer que não somos nada um para o outro. – ela insiste. — Estou com raiva, Ryder, e tão zangada com Preston. – Desta vez, ela se encolhe no meu colo, seus braços em volta de mim enquanto ela acaricia sua cabeça sob o meu queixo. O cheiro de madressilva do cabelo dela me faz respirar profundamente.

— Seu pai...

— Eu sei o que ele fez, é por isso que estou aqui. – ela murmura na minha camisa. – Mas eu não quero falar sobre ele agora. – Suas palavras são abafadas pelo tecido da minha camiseta, mas eu a ouço. — Eu quero falar sobre você e eu.

Eu respiro, segurando-a antes de questioná-la: — Você e eu?

— Você disse alguma coisa no telefone ontem à noite. Você me disse que a próxima promessa que me faria seria para sempre. – ela me lembra das palavras que pronunciei. — O que você quis dizer?

Seus grandes olhos azuis brilham com tanta curiosidade quanto um gatinho quando recebe um brinquedo. Permito que meu olhar memorize cada centímetro de seu rosto, dos fios dourados de seus cabelos que caem sobre suas bochechas até o nariz que rala toda vez que ela fica frustrada comigo, até aqueles lábios rosados que me fazem gemer de vontade.

— Eu quis dizer, Piper... quis dizer que te amo. Eu sempre amei. – Minha voz é rouca quando olho em seus olhos. — Não é segredo. Eu nunca soube que poderia me importar tanto com alguém. Quis o que era melhor para você e não me importava com o que acontecia comigo.

Minha garganta parece que há um peso de chumbo preso nela.

— Quando me machuquei, tudo que eu queria era ficar longe de você porque sabia que merecia mais, você merecia o melhor. – ela abre a boca para falar, mas coloco um dedo em seus lábios para mantê-la quieta. — Queria ir embora porque seria melhor, na minha cabeça. Mas percebo que não é melhor porque nos completamos, Piper. E o que eu quis dizer quando disse que a noite passada é que eu quero você. Para sempre.

Não é assim que eu queria pedir ela em casamento.

Não é romântico.

Eu não tenho anel.

Tudo que tenho são minhas palavras.

— Você está me pedindo para casar com você, Ryder Kingsley?

 

 

 

 

 

 

Capítulo Vinte e Cinco

Piper


Ele sorri. Aquele sorriso. O piercing em seu lábio brilha na luz que entra pela janela. Ele atinge o metal da maneira certa, fazendo com que o piercing pareça uma joia. Brilhante e nova.

— Talvez. – ele responde com os olhos brilhando maliciosamente. — Eu queria tornar isso mais romântico, você sabe, pedir a permissão de Preston e tudo aquilo. – suas palavras me fazem rir, o som ecoa pelo lugar, e eu não posso deixar de me aproximar dele.

— Você não precisa pedir permissão a ninguém, Ryder. Você só precisa de mim para dizer sim. – digo a ele, dando um beijo em seu pescoço, chupando a pele em minha boca, fazendo um som roncar em seu peito.

— Menina. – ele me adverte. — Se você continuar assim, vou ter que levar você para o quarto.

— Hummm, e o que vai acontecer se você me levar para o quarto? - pergunto, movendo meus lábios mais alto, encontrando o piercing em sua orelha, puxando-o gentilmente com meus dentes.

— Porra. – Ryder geme quando movo meus quadris enquanto passo minha língua sobre a curva de sua orelha. — Vou foder você, Butterfly. – É outro aviso. Um que me faz formigar entre as minhas pernas, e eu não posso evitar um gemido suave que escapa dos meus lábios.

— Então é melhor você me mostrar, Ryder.

Rapidamente, ele me levanta enquanto se levanta do sofá e nós estamos indo por um longo corredor em direção a uma porta que está entreaberta. Entrar no espaço é como entrar no quarto de Ryder em casa. Com cortinas e um tapete preto, junto com lençóis de cama de cor carvão, é de fato cheio de escuridão, mas isso me faz sentir segura.

— Fique aqui. – ele me diz, me colocando na beira do colchão, deixando-me em seu quarto. Ouço-o caminhar de volta pelo corredor, e em seguida, o som de vidro, ou pelo menos, eu acho que é, caminha em direção a mim. Quando Ryder retorna, ele está carregando um copo, uma lata de refrigerante e um pouco de gelo.

— O que é isso? – pergunto, observando-o colocar os itens na mesa de cabeceira. Ele não responde, apenas abre a lata e toma um longo gole.

— Agora, pequena dama. – O canto de sua boca começa com um sorriso pecaminoso. — É hora de eu te devorar. – O olhar em seu rosto é positivamente voraz. — Quero que você tire essa bela parte para mim. – sua voz rouca pede, e meus dedos têm vontade própria, obedecendo-o. Quando estou com meu sutiã, seu olhar escurece.

— Qualquer outra coisa que você gostaria que eu me livrasse, Sr. Kingsley? – eu provoco de brincadeira.

— Tudo, menina. Eu quero você na minha cama, nua, aberta para que eu possa ver como você é linda sem nada que atrapalhe a minha visão. – Ryder dá um passo para trás, me observando atentamente enquanto tiro meus tênis, então lentamente empurro o jeans que estou usando para o chão. Minhas meias cor de rosa brilhantes batem no tapete, e então é só eu na minha calcinha branca e sutiã combinando.

— Você sabe... – digo a ele, levantando do colchão. — Acho injusto que eu tenho que tirar a roupa e você está de pé aí com sua camiseta e calça de moletom.

Outro sorriso de lobo inclina os lábios. Ele pega o tecido de sua camiseta e puxa-o de seu corpo alto e magro. O peito dele, até o torso, é tonificado, esculpido por depressões e picos que estou morrendo de vontade de provocar com a língua.

Há um rastro escuro de pelo abaixo de seu umbigo que desce abaixo do cós de sua cueca. Tatuagens o enfeitam. Lindos padrões intrincados de preto e colorido, por toda a sua pele macia e bronzeada. Quando encontro seu olhar faminto, dou um sorriso disfarçado. Eu nunca flertei antes, nunca estive na frente de um garoto, corrija isso, um homem, de cueca. Mas a maneira como Ryder olha para mim faz tudo ao sul do meu umbigo formigar.

Ele silenciosamente tira suas calças e logo estamos nivelados no campo de jogo. Ele em cuecas pretas apertadas, e eu de branco. Um contraste. Mas juntos, combinamos perfeitamente.

Alcançando as costas, eu abro meu sutiã e permito que ele caia aos meus pés. O olhar caloroso de Ryder passa por mim, até o meu peito, e então ele encontra o meu olhar .

— Você é muito perfeita para mim. – Suas palavras são calorosas, carinhosas, e eu quero refutá-lo, mas ele balança a cabeça. — Mas, cheguei à conclusão de que a perfeição é toda minha. – ele avança, apertando meus quadris, me puxando para mais perto. — E eu nunca vou te deixar passar novamente.

Ele se inclina. Seus lábios encontram os meus, quentes e exigentes, e permito que ele controle o beijo. Sua língua delicadamente passa em minha boca, saboreando, lambendo, como se estivesse me saboreando a cada movimento.

Seus dedos cravam em meus quadris, provocando um gemido meu, que ele engole no beijo. Meus braços envolvem seu pescoço, puxando-o para mais perto. Suas mãos encontram a minha bunda, levantando-me contra ele quando se senta no colchão.

— Quero transar com você. – ele me diz. — Mas, tenho uma ideia melhor.

— É?

Ele balança a cabeça, caminhando até a cama e encostando-se na cabeceira. Ainda estou sentada em seu colo quando ele alcança entre nós com uma mão, empurrando minha calcinha para o lado. Seus dedos encontram minha entrada.

— Você está tão molhada, Butterfly. – ele geme enquanto circula meu clitóris, seu dedo indicador mergulhando em mim, me provocando enquanto o dedo me fode. Ele desliza para dentro de mim com tanta facilidade e desliza de volta, uma e outra vez. Meus quadris se movem contra ele, fazendo-o mais duro abaixo de mim.

— Por favor, Ryder. – meu apelo não é atendido enquanto ele continua suas doses no meu corpo. O brilho nos olhos dele é puro diabólico quando me provoca, seu polegar pressiona o meu clitóris, provocando o cerne endurecido, e então ele tira seus dedos do meu núcleo e seu pau está lá, pronto, duro, e desliza suavemente para dentro de mim.

Leva um momento para eu me acostumar à sua espessura, o metal de seu piercing esfregando contra as minhas paredes internas, fazendo meus dedos se dobrarem de prazer através de mim. Eu nunca estive tão excitada, tão carente. A boca de Ryder encontra meu mamilo, chupando o bico e passando os dentes.

Sinto como se meu corpo estivesse eletrizado, cada nervo faiscando, cada sinapse acendendo, e eu estou chorando enquanto ele continua a se dirigir em mim. Mais rápido, mais forte. Seu corpo rígido e o meu puramente como fantoche em suas mãos.

— Essa é minha garotinha. – ele murmura, com sua voz encharcada de desejo e o meu corpo seu instrumento enquanto me toca como um maestro em uma orquestra. Não há batidas rápidas, apenas melodias suaves e amorosas, e grito quando seus dedos apertam meu clitóris, seu pau batendo naquele ponto dentro de mim, e vejo estrelas explodindo atrás das minhas pálpebras.

— Ryder.

— Tão perfeita.

 

 

 

 

 

 


Capítulo Vinte e Seis

Ryder


A cela está fria. Felizmente, estou sozinho, mas não é isso que me preocupa. Estou mais preocupado com a minha garota. Eu sei que Piper provavelmente está ficando louca agora. Não sei o que está acontecendo, ou porque me prenderam esta manhã, mas tenho certeza de que tem algo a ver com o pai dela.

Deitado de costas, descanso meu braço em meus olhos, bloqueando qualquer luz que saia pelas barras da minha pequena cela. Não consigo pensar em Piper voltando para o apartamento depois de tomar um café e não me encontrar. Eu não posso imaginar o que ela provavelmente está sentindo agora. Dei-lhe um pequeno anel de compromisso, e então eles me levaram.

Fecho os olhos e me lembro do dia em que acordei com um membro perdido. O dia em que pensei que minha vida terminara. Eu nunca estive mais assustado, mais irritado e mais angustiado.


“Sr. Kingsley.” – O homem de jaleco branco e camisa azul sorri para mim. Um médico. Minha mente repete os eventos que me trouxeram aqui. Estupidez e imprudência.

"Sim." – falo uma resposta.

O homem sorri mais. – “Vocês foram todos muito sortudos." – ele me diz, mas a agulha que está presa no meu braço bombeia líquido para dentro de mim e eu sei que é algum tipo de analgésico.

“Onde está Preston?”

"Sr. Beaufort e as duas senhoritas estão bem. Eles estão sendo mantidos para observação, mas devem ser libertados em breve. Sr. Kingsley, há algo que eu precisava falar com você.” – Sua expressão muda de sorridente para séria e meu peito dói de medo.

"Algo aconteceu?" – pergunto, com minha voz embargada e minha garganta ardendo.

"Nós tentamos tudo o que podíamos, mas sua perna, Sr. Kingsley, infelizmente nós tivemos que..."

"O que?!" – Minha voz aumenta ao meu redor, fazendo-me estremecer em agonia. Meus olhos vão em direção à cama e eu vejo, onde ambas as minhas pernas devem estar, há apenas uma sob o lençol. Minha perna direita, ou o que resta dela, é escondida pelas cobertas brancas, mas termina a meio caminho para baixo.

Lágrimas ardem nos meus olhos. Mesmo que eu esteja altamente medicado, e não posso sentir a dor, é uma agonia fantasma que se instala e os monitores no meu peito estão soando descontroladamente.

"Eu preciso que você se acalme, Sr. Kin..."

"Acalmar-me? Acalmar-me?” – grito, tentando puxar o soro do meu braço, e a porta se abre quando dois homens musculosos entram e me seguram. – “Me deixem ir. Não me toquem, porra!”

O médico tira uma agulha e continua empurrando-a para dentro do fio, onde o soro está administrando lentamente meus analgésicos e, assim que a seringa está vazia, sinto-me cansado.

Meus olhos se abrem e fecham. E a última coisa que vejo quando meus olhos se fecham, são os lindos olhos azuis de Piper, longos cabelos dourados e seu doce sorriso.


Abrindo meus olhos, eu saio da cama e vou em direção às barras. O lugar está ocupado, barulhento, mas minha mente está inundada de lembranças da minha garota. Imagens dela me mantêm são. Eu não posso ligar para ninguém. Não tem ninguém aqui para me ajudar. Estou prestes a me deitar novamente quando um homem de terno sob medida vem até minha cela.

— Sr. Kingsley. – o homem bem vestido diz. — Seu pai pagou a fiança. Você vai sair daqui a pouco. Estamos lidando com o caso que o Sr. Beaufort abriu contra você.

— Eu não entendo. Que caso? – A minha pergunta faz com que ele suspire, e me pergunto se isso é algum tipo de brincadeira doentia do pai da Piper.

O homem olha para mim por um momento antes de responder. — Ele afirmou que você sequestrou a filha dele. Nós a encontramos em seu apartamento cerca de uma hora atrás, e ela confirmou a falsa acusação de do pai. Essa é a razão pela qual você foi solto sob fiança.

— Eu sei que ele está com raiva porque ela escolheu morar comigo e sair de casa, mas isso é ridículo. – digo a ele com raiva. A frustração me prende em suas garras ferozes que esse idiota está até tentando começar essa merda. Quando os policiais chegaram cedo esta manhã, Piper saiu para comprar café. Encontrei o bilhete dela me dizendo que ela estaria de volta. Não posso imaginar o pânico que deve ter sentido ao voltar e não me encontrar.

O homem acena com a minha explicação. — Tivemos tudo confirmado quando a Senhorita Beaufort se apresentou esta manhã. O problema é que ele agora está pedindo uma ordem de restrição contra você.

— E ele pode fazer isso? Não machuquei ninguém. Sua filha está segura comigo, você a viu. Ela escolheu estar comigo em vez de ir para casa com ele.

Ele concorda com a cabeça. — É por isso que seu pai contestou isso. Você estará em casa em algumas horas e o pedido será negado. Não se preocupe. Seu pai tem fé em você. – Suas palavras ainda me param um momento. Mesmo que tenhamos um só coração, eu sinto que meu pai ter uma grama de fé em mim é um presente em si. Algo que eu nunca tive antes.

— Obrigado.

Fui deixado sozinho de novo, e tenho um momento para reunir meus pensamentos sobre o Sr. Beaufort e sua fúria contra mim. Não faz sentido. Como é que, de todos os amigos de Preston, sou aquele que ele odeia tanto? Eu nunca fiz nada para ele ou sua família, então não faz nenhum sentido.

— Ryder. – A voz da minha garota é como uma canção angelical quando ela aparece do lado de fora da cela. — Oh meu Deus, você está bem. – ela chora, angustiada.

— O que você está fazendo aqui, Piper?

— Eu precisava ver se você está bem. Meu pai perdeu a cabeça. – ela me diz. — Eu não sei o que ele está tentando fazer, mas isso não vai me fazer correr para casa e dizer a ele que o amo. Não acredito que ele tenha te colocado aqui.

Posso dizer que ela está lívida. Sua voz aumenta com cada palavra e seu corpo está positivamente vibrando com raiva.

— Sairei em algumas horas. O advogado do meu pai disse que contestou as alegações. Eu ficarei bem, menina. Não quero você em um lugar como este.

— Eu não quero você em um lugar como este.

Sei que quando Piper é inflexível sobre algo, nada pode influenciar sua decisão, e isso não é diferente. Ela vai lutar com unhas e dentes se eu pedir a ela para sair, então não peço. Em vez disso, aproveito o tempo que ela está comigo, mesmo que este lugar seja um buraco.


...............................................................

Isso levou apenas uma hora e eu fui libertado. Eu não tenho certeza do que teria feito se meu pai não tivesse entrado. Sou muito orgulhoso para ligar para ele, e eu sei que Piper não teria tido influência com o pai dela. O homem me odeia. Não é segredo.

Fomos direto para o apartamento. A primeira coisa que eu precisava era de um banho. Não há nada que possa comparar a ser trancado dentro de uma cela de prisão. Na noite do acidente, eu só tinha duas cervejas, então quando eles testaram meu limite de álcool no sangue eu estava sob a permissão legal, então não havia nenhuma dúvida sobre quem estava realmente mais bêbado. O carro que batemos tinha dois adolescentes que tinham bebido tanto que estavam perto de nos envenenar com o álcool quando chegaram perto de nós.

Mesmo que não fosse totalmente culpa deles, eu sabia que, se estivessem sóbrios, eles teriam nos visto, ou mesmo sido capazes de desviar do caminho. E é por isso que eu não bebo mais. Álcool, drogas, qualquer coisa que possa mudar sua mentalidade e inibições não é algo que eu precise na minha vida.

Mesmo que Preston e Jeremiah tenham uma cerveja importada, ambos terminaram com seus dias de festas mais jovens, pelos quais sou grato. Eu pareço muito mais velho do que sou. Quase vinte e quatro e eu poderia passar como um homem de meia-idade.


"Não posso andar, Preston" – digo com raiva. Estou faminto. Eu odeio o mundo e tê-lo ao meu lado depois que o que ele fez não ajuda no meu humor. Eu não posso perdoá-lo. Não agora. Talvez nunca. Mesmo que ambos tenhamos participado do que aconteceu, sou eu quem perdeu tudo.

“Olha, eu sei que você me odeia. Eu me odeio.” – ele continua. Não há necessidade dele me dizer isso. Nós dois sabemos que minha vida acabou. Eu nunca poderei dançar novamente. Eu nunca vou poder ir a Piper e contar a ela todas as coisas que quero dar a ela porque não posso.

Sim, existe a opção de uma prótese. Eu provavelmente serei capaz de andar de novo, mas meu amor, a única coisa que me deu consolo - além da garota que eu amo - se foi. O sonho do porque eu vim aqui não está mais ao meu alcance.

Eu olho para a parte que falta em mim. Onde meu pé deveria estar, não há nada. Sou metade da porra de um homem. Raiva surge através de mim junto com a dor. Agonizando a porra da dor.

“Preston, saia da minha frente.”

“Talvez se Piper...”

“Eu disse fique para longe de mim. Você não acha que já fez o suficiente?” – Nossos olhos se encontram em um impasse, raiva de mim, culpa dele. Bom, ele deveria se sentir culpado. Ele deveria se odiar tanto quanto eu me odeio. Balançando a cabeça, eu empurro a cadeira para longe dele e do quarto, batendo a porta atrás de mim.

Está feito.

Tudo feito.


— Ryder. – A voz de Piper me tira dos pensamentos errantes. Ela entra no meu quarto vestindo uma camiseta que fica abaixo de sua bunda. — Fiz café para você. – ela diz inocentemente, depois o coloca no chão, e noto que ela está usando uma minúscula calcinha com um acabamento de renda rosa que me deixa mais duro do que um poste de aço.

— Que porra você está vestindo?

Ela gira em seu pé descalço, seus grandes olhos azuis encontram os meus. — Sua camiseta. – ela encolhe os ombros despreocupadamente. — Por quê?

— Você acabou de sair de lá, onde Logan está, vestida assim? – A raiva e o ciúme levantam as suas cabeças feias enquanto eu a vejo me observar.

Ela sorri. — Gosto quando você está com ciúme e resmungando. – sua mão delicada acena em minha direção como se fosse uma piada de merda.

— Piper...

— Acalme-se. Logan saiu há uma hora. Ele disse que tinha trabalho a fazer. Ele é estranho, você sabe.

— Sim, eu sei. Mas não quero você andando lá fora assim. – eu me aproximo mais dela, pegando suas mãos e puxando-a para mais perto de mim. — E eu resmungo porque você é minha.

— Acho que é sexy. – ela sorri, passando os dedos sobre o meu peito nu. — Ah, seu advogado ligou e disse que tudo foi resolvido. Meu pai, no entanto, tem me ligado sem parar. Ele deixou uma mensagem de voz para me dizer que quer conversar comigo amanhã à noite.

— Você deveria ir. – digo a ela. – Afinal de contas, ele é seu pai e, como meu pai me deu um ramo de oliveira, talvez o seu perceba que não vou a lugar nenhum. Eu aprendi que o perdão é mais fácil de viver do que com a raiva.

— Quando você ficou tão filosófico?

— Quando quase morri e te perdi para sempre. – Minha honestidade faz suas sobrancelhas franzirem e seu nariz enrugar.

— Não gosto de ouvir você falando assim. Diga-me uma coisa legal.

— Eu amo você, Piper Beaufort. Eu sempre amarei você.

— Eu acho que vai. – ela ri. — E eu te amo, Ryder Kingsley, e mal posso esperar para ser sua esposa.

— E ter os doze filhos que eu quero? – eu rio, puxando-a ainda mais perto.

— Doze? – sua boca se abre em estado de choque. — De jeito nenhum, Senhor. Dois, no máximo.

Inclinando-me, eu beijo seus lábios carnudos. — Um dia, vou me divertir vendo seu corpo mudar, e mal posso esperar para ver você grávida do meu bebê. Mas nós seremos responsáveis e esperaremos. Eu quero te dar tudo, Piper. Uma carreira, uma família e eu quero realizar todos os sonhos que você realizará.

— Você já me deu o que eu queria desde o momento em que você sorriu para mim. – ela me diz com outro beijo nos lábios. — Você.

— Bom, não há mais nada que eu queira.

— Ryder. – diz ela, como se ela estivesse prestes a perguntar algo que eu prefiro não contar a ela. Mas ela está comigo para a vida, então qualquer coisa que Piper quer saber, vou confessar. — Você realmente odiou meu irmão pelo acidente?

— Houve um tempo a muito tempo em que não falei com Preston. Eu me afastei de todo mundo. Eu acho que, no fundo, eu nunca quis admitir que precisava das pessoas em minha vida. – Suspirando, eu alcanço seu rosto, colocando a pele macia sob a minha mão. Eu permito que a ponta do meu polegar acaricie suavemente um círculo em sua bochecha.

— Você precisa de pessoas em sua vida. Eu, Preston, embora ele possa ser um idiota, e Jeremiah, todos nós amamos você. E seu pai. Ele estava lá quando você precisava dele.

— Eu sei. Na época eu não via dessa maneira. Eu perdi uma parte de mim mesmo, fisicamente, mas também perdi meu sonho. Nós éramos jovens fazendo coisas estúpidas. Não tenho certeza se o acidente teria acontecido se Pres não fizesse o que ele fez, mas eu vejo dessa maneira - passei três anos com raiva. Porra, se eu for realmente honesto, passei a minha vida com raiva de alguém, do meu pai, minha mãe e de mim mesmo.

— Como você o perdoou?

— Cerca de seis meses antes de chegarmos em casa, ele fez algo estúpido. Havia uma garota que ele estava vendo. Ela era uma má ideia, mas seu irmão a queria. Jer e eu tentamos avisá-lo, mas Preston é um idiota teimoso.

— Claro ele é. – ela concorda com um sorriso.

— Esta garota teve problemas com algum traficante de drogas em Los Angeles. Ela estava fora do controle uma noite e Preston foi confrontar o filho da puta. Nem preciso dizer que seu irmão esteve no hospital por algumas semanas. Mas... Lembro-me do momento em que eu sabia que perdoá-lo seria mais fácil para mim do que segurar minha raiva. — Quando o vi deitado naquela cama de hospital, soube que, se algo tivesse acontecido com ele, estaria perdido. Ele estava lá para mim quando eu quase morri, duas vezes na minha vida. E eu precisava dele.

— Estou feliz que vocês ainda são amigos. – ela beija minha bochecha e me abraça. Seus braços esbeltos envolvem o meu pescoço enquanto ela toca no meu pescoço. Fechando meus olhos, eu me deixei aproveitar seu calor.


Capítulo Vinte e Sete

Piper


Naquela manhã, quando eu acordei, recebi cinco ligações não atendidas da minha mãe. Meu pai insistiu em uma mensagem de voz, de que eu fosse falar com eles. Para resolver as coisas, ele disse. Algo em seu tom me disse que havia mais drama vindo em minha direção. Eu sei que ele não aprova o Ryder, e isso não é mais problema meu, esse é o julgamento do meu pai. Ele não precisa gostar do Ryder. Ele nem precisa tolerar, porque fiz a minha escolha e não vou hesitar.

A casa é formidável a partir do exterior. O tijolo aberto permite que você veja a beleza, a aparência externa que minha família sempre foi. Nada do lado de dentro combina com o quanto bonito é do lado de fora. Assim como minha família, eu acho.

Empurrando a pesada porta da frente, eu caminho para dentro, com o clique ressoando alto nos meus ouvidos como um aviso. Estou dentro da mansão de Beaufort e me sinto menos em casa do que quando estou no pequeno apartamento de Ryder. Quando entro na sala de estar, encontro meus pais sentados lado a lado. As mãos da minha mãe estão entrelaçadas uma na outra e eu sei que ela está nervosa. Seu rosto me diz tudo.

— Você queria me ver. – eu digo antes de me sentar em frente a eles. Esta foi a ideia do meu pai, mas será a última vez que ele me vê. Depois do que aconteceu com Ryder, eu não quero mais nada com eles ou com suas regras.

— Piper, o que eu fiz...

— Foi errado e imperdoável. – digo a ele. — Pai, você não pode usar sua influência para governar a vida de todos os outros. Você me perdeu e perdeu o Preston. Você não vê o que está fazendo? – Lágrimas ardem nos meus olhos quando olho para ele, vendo como ele foi rígido ao longo dos anos. Eu sei que os pais estão prontos para manter seus filhos seguros, mas ele se tornou um tirano e eu não estou mais permitindo que ele me controle como um robô.

— Eu sou seu pai e essa pobre desculpa de um menino não é bom para você. – sua insistência sobre Ryder é frustrante. Ele simplesmente não vê o que está certo na frente dele. — Você e seu irmão logo verá que ele vai trazê-los para baixo.

— Por quê? O que ele já fez com você para fazer você odiá-lo tanto? – pergunto, minha voz aumentando a cada palavra.

— Não é da sua conta saber o que seus pais escolhem para você. – ele disse, com seu rosto ficando vermelho, e eu me pergunto se a veia em sua testa vai estourar.

— O que vocês escolhem para mim? – solto uma risada sem graça e me levanto. — Esta reunião acabou. Será a última que você conseguiu.

— Piper, por favor. – minha mãe finalmente abre a boca. Depois de anos deixando o meu querido pai caminhar pela casa e comandar nossas vidas, eu me viro para ela, esperando que ela finalmente diga algo que eu quero ouvir. — Eu cometi um erro a muito tempo atrás.

Meu coração bate no meu peito com suas palavras. Respiro fundo, esperando, com meus dedos formigando com a ansiedade pelo que ela está prestes a me dizer. Por favor, não diga o que eu acho que você vai dizer, mãe. Não se atreva. Não faça Por favor. Não. Não. Não.

— Eu tive... eu tive... um caso. – ela finalmente se depara com sua confissão.

— O que? Você está tentando me dizer...? – Minhas palavras saem baixas, pesadas e carregadas de confusão. Com medo de que ela está prestes a me dizer algo ruim, algo que está prestes a derrubar meu mundo em seu eixo.

— Preston é seu meio-irmão. – ela murmura. — Ele e o Ryder compartilham o mesmo pai.

Minha boca se abre, mas as palavras que quero dizer não saem. Meu corpo está tremendo com a notícia de que sou apenas a meia-irmã de Preston. Mas mais do que isso, o alívio se instala no meu estômago que Ryder não está relacionado a mim de forma alguma.

— Você traiu o papai? – eu grito, com a confusão se instalando fortemente em meu íntimo com o pensamento de meus pais sendo diferentes do casal completamente apaixonado que eles demonstram.

— Trai. Eu cometi um erro e pago por isso todos os dias, Piper. – ela sussurra, com a vergonha tão clara em seu rosto. — Eu era jovem e impressionável.

— É assim que esses homens Kingsley atacam. – meu pai murmura com ódio.

Balançando a cabeça, aproximo-me de ambos, de minha mãe que agora está chorando quando olho para ela. — Não. Isso é ridículo que você pode colocar os erros do Sr. Kingsley no Ryder. Ele não é o cara mau aqui. – eu aponto para minha mãe, sentindo-me tão irritada quanto meu pai parece. — Isso está em você. – digo a ela. — Vocês dois, não cheguem perto de mim ou Ryder, ou mesmo Preston novamente.

Virando, vou para a porta, mas a mão forte do meu pai agarra meu braço, me puxando.

— Ouça-me e ouça bem. – ele grita. — Se você sair por aquela porta, não há como voltar. Perdoei sua mãe anos atrás pelo que ela fez, mas não vou deixar minha filha bagunçar sua vida por causa de um Kingsley.

Meu coração se parti. Meu peito dói, mas minha mente está em ordem. Eu já vi meu pai com raiva tantas vezes antes. Seu temperamento sempre foi algo que nós, como crianças, temos sido cautelosos, mas isso está além de qualquer coisa, e eu não me importo mais.

— Então, nunca mais vou ver você. – Minha resposta provoca um gemido da minha mãe, e isso torna o rosto do meu pai roxo de raiva. — Isso não é por Preston ou por mim. Não precisamos mais responder aos seus caminhos tirânicos. Agora, solte o meu braço porque você está me machucando.

Afastando-me dele, eu me viro e caminho para a porta mais uma vez. O pedido emocional de minha mãe ecoa atrás de mim, mas não me importo. Quando chego ao carro, sento no banco do motorista e suspiro, percebendo o que acabei de fazer.

Tudo desaba em volta de mim e não consigo parar as lágrimas.

Raiva, frustração, felicidade e tristeza me percorrem como uma melodia que retrocede alto enquanto vibra através de mim.

Minha família está dividida por causa de mentiras e segredos.

Ligando o motor, eu pisco as gotas salgadas de emoção e respiro fundo antes de voltar para o apartamento.

Para meu lar.

Para o Ryder.


Capítulo Vinte e Oito

Ryder


Seu irmão. Bem, meio irmão. Essa coisa é estranha. Como aquelas malditas novelas que minha mãe costumava se viciar. Eu ainda estou tentando envolver minha cabeça quando Piper entra na sala de estar.

— Preston está vindo para o jantar. – ela me informa, movendo sua pequena bunda no meu colo. — Ele ainda está tentando entrar em acordo com as novidades também.

— Durante anos, acreditei que o meu pai era um idiota, e isso só prova que ele era. Mas isso não faz sentido. Por que a sua mãe? Quero dizer, nossos pais nunca se viram pessoalmente. – Balançando a cabeça, alcanço a Piper, puxando-a para mais perto do meu peito. — Sempre quis um irmão, e Preston foi por tanto tempo que descobrir que estamos relacionados é ótimo. Acho que eu estou decepcionado com o meu pai. Você sabe?

— Eu sei. Minha mãe sempre tentava insistir sobre eu ser perfeita e ter certeza que eu tinha todas as roupas certas, dizer todas as coisas certas, mas ela era a única que tinha se sujado.

— Você está pronta para a apresentação amanhã? – pergunto a ela, mudando de assunto antes que o passado tire o fato de que ela terá sua primeira apresentação como professora amanhã.

Ela acena com a cabeça. — As crianças estão. Eu não sei se estou.

— O que você quer dizer? Você fez um trabalho incrível com eles. – E ela fez. Eu não estive lá em todas as aulas, mas sei que Piper teria se assegurado de que todos estivessem prontos para sua grande estreia.

— Eu só queria estar lá no palco com eles, apenas uma vez, sabe?

— Então faça isso. – eu imploro a ela. — Eu te amo, menina, e você deveria estar lá em cima.

Ela olha para mim com carinho e felicidade naqueles grandes olhos azuis. Meus lábios encontram os dela, e eu não consigo parar de puxá-la ainda mais perto. Cada vez que estamos juntos parece que é novo, excitante, e sei que a amo de todo o coração. Eu quero que ela vá até lá e dance, para aproveitar a liberdade que a música nos oferece.

— Gostaria que você estivesse lá em cima comigo. – ela murmura em minha boca.

Deveria estar ao lado dela, mas eu não posso. Não há como eu conseguir entrar em um palco, não com minha perna. Levou anos para eu criar coragem para ensinar dança, até me levantar e dançar para mim mesmo. Ter pessoas me observando não é algo que eu queira fazer.

A campainha soa no corredor e Piper está em pé e indo nessa direção. Sigo atrás, sabendo que eu estou prestes a ver o Preston novamente. Desde a confissão, ele tem estado distante e agora eu posso encontrar meu meio-irmão, oficialmente.

— Oi, Pip. – eu o ouvi cumprimentar sua irmã. Eu entro na sala de estar e encontro seu olhar quando ele se vira. — Irmão. – ele sorri. —Não acho que era tão oficial como é agora, mas uma vez que estamos relacionados, mais ou menos.

— Acho que nós sempre fomos irmãos, apenas não pelo sangue. – digo a ele, puxando-o para um abraço. — Piper fez o jantar. – aponto para a mesa na sala de jantar. Está posta para três e eu sei que a minha menina se esforçou. Este apartamento estará em breve para história quando Piper e eu nos mudarmos para Los Angeles, e vou sentir falta deste lugar.

— Obrigado, Pip. – ele puxa-a em seus braços e pressiona um beijo no topo de sua cabeça. — Sempre soube que você seria boa para meu melhor amigo. – Ouço-o sussurrar para ela e eu sorrio. Ele disse, é verdade. Mesmo antes do acidente, quando ele encontrou uma foto dela no meu celular e eu finalmente admiti meus sentimentos por sua irmã, ele me deu um soco e me disse para não machucá-la.

Levou tempo para eu chegar a um acordo com as pessoas sabendo do meu amor pela beleza loira. Todo o tempo que eu a conhecia ela estava fora dos limites, ela era muito jovem e eu não ia fazer nada para comprometer a minha vida e a dela, então permanecemos amigos por dois longos anos.

— Vamos comer. – Piper anuncia animadamente, seus pés descalços batendo no chão de azulejos enquanto se dirige para a cozinha. Quando ela volta carregando duas tigelas cheias de saladas diferentes, nós a seguimos até a mesa e nos sentamos. — Bebidas?

— Vou tomar a limonada que você fez ontem à noite. – respondo.

— O mesmo para mim. – Preston olha para mim com um sorriso. — Eu parei, cara. Está na hora de todos seguirmos um caminho mais saudável.

— Quem é você e o que você fez com o meu melhor amigo?

Ele ri. — Ele é seu irmão agora também, então é melhor você se acostumar com isso.

— Eu não faria de outra maneira. – digo a ele.


.....................................................................

Com Piper na escola se preparando para a apresentação, eu decidi ficar para trás no apartamento para arrumar minhas coisas. Eu queria ficar aqui mais tempo, mas não há um edifício que acaba de ser colocado à venda e se eu não sair para dar uma oferta, eu pode perdê-lo.

Amanhã de manhã, vamos voltar para LA por uma semana antes que Piper volte para casa para terminar seus estudos. Dois meses e ela estará morando comigo na Cidade dos Anjos. O único lugar que eu perdi minha juventude, mas também é o lugar que eu pretendo construir um para sempre.

Checando a hora, percebo que tenho que sair logo e ir até a escola para assistir a aula de Piper. Estou animado e nervoso. Eu quero estar lá em cima, com ela, mas sei que não vou conseguir passar por isso.

Pegando as minhas chaves, eu saio pela porta e estou a caminho momentos depois. Quando a escola aparece, noto todos os carros estacionados na calçada. Um que está faltando é o do pai dela. Eu não posso acreditar que ele ainda guarda rancor.

Quando entro no corredor, eu percebo quantas pessoas estão realmente aqui.

— Ryder. – eu estou surpreso ao ouvir a voz do meu pai chamar por mim. — Sente-se comigo.

E eu sento. Sentando ao lado dele, noto que ele não está em seu terno, mas de calças jeans desbotadas e uma camisa branca.

— Não sabia que você estaria aqui. – digo a ele enquanto montam o palco.

— Sua garota é uma coisa, Ryder. – sua voz está cheia de orgulho. — Ela me enviou um convite e me disse que você poderia precisar de alguém para se sentar. Ela também me contou sobre o que aconteceu com seus pais. Eles confessaram. Sei que você pode estar com raiva de mim. – diz ele, virando-se para mim. — Mas depois que sua mãe foi embora, eu estava perdido, estupidamente. E cometi um erro. – O arrependimento em seus olhos é palpável, e percebo que nós todos cometemos erros. Fiz a minha parte deles, mas é melhor viver o perdão do que a raiva.

— Obrigado por estar aqui.

Isso é tudo que posso oferecer a ele por agora. Mas ele concorda e nos acomodamos para o show.

 

 

 

 

 

 

 

Epílogo

Piper


Dois anos depois...

— Você vai terminar hoje?

Ele suspira com a frase, e sei que já perguntei isso cem vezes antes, mas estou animada para ver no que ele está trabalhando. Ryder me disse que não posso me tornar sua esposa até estarmos ambos prontos, e eu estou. Mas esperamos até que nosso estúdio esteja concretizado e se torne um dos estúdios de dança de maior sucesso em Los Angeles.

— Ryder, me ignorar, não vai me fazer ir embora. – sei que pareço uma idiota, mas não posso evitar minha animação.

— Garotinha. – ele resmunga com a frase, o que faz coisas engraçadas para minha barriga e envia um formigamento de eletricidade entre as minhas pernas. — Estarei em casa em uma hora, e se você não estiver nua em nossa cama, eu vou arrancar essas roupas com meus dentes.

— Sexo nem sempre é a resposta, Ryder. – retruco de brincadeira, ganhando outro gemido de tirar a calcinha. Estou prestes a continuar meu argumento quando, de repente, a porta se abre e ele entra com um buquê de rosas vermelhas brilhantes.

— O que você está fazendo aqui?

— Você não está nua.

— Isso não foi uma hora. – respondo, sabendo que vou ganhar uma noite dele me mantendo no limite enquanto ele lambe e beija cada centímetro do meu corpo.

— Borboleta. – diz ele. O tom de aviso em sua voz me diz que eu deveria ir para o quarto, mas as rosas que ele me dá me chamam a atenção. Há uma dúzia de lindos botões e eles têm um cheiro incrível. — Queria lhe desejar feliz aniversário, então comprei algumas flores. Ouvi que mulheres gostam dessas coisas.

Revirando os olhos, prendo-o com um brilho. — Não é uma coisa, e sim, as mulheres gostam disso, mas sua noiva adora, e ela te ama muito.

— Sei que ela me ama. – ele diz. Suas mãos apertam meus quadris e me levantam. As flores encontram um lugar na bancada e eu sou levada para o quarto. — E estou prestes a mostrar a ela o quanto eu a amo.

— Você não pode agora. – eu o informo com um beicinho.

— Por que diabos não?

— Preston e Jeremiah estão vindo para jantar com seus encontros.

Nessa notícia, ele geme de frustração, e eu sei porque, porque eu posso sentir sua ereção no meu núcleo, pronto para deslizar para dentro de mim, mas não temos tempo.

— Você sabe, menina... – O olhar de Ryder se concentra no meu, e eu respiro fundo. Há muito mais emoção na maneira como ele olha para mim do que nunca. Ele sempre roubou meu fôlego, sempre foi a batida do meu coração, mas bem aqui, neste momento, eu sei que ele será meu para sempre. — Você é a mulher que foi feita para mim.

— E você, Sr. Kingsley. – eu murmuro quando ele pressiona seu pau contra o meu corpo. — É o único homem que eu nasci para amar.

Eu coloco seu rosto em minhas mãos, puxando-o para mais perto até nossos lábios se tocarem. É um beijo gentil, nada faminto. É uma música clássica tocando alto e clara, ao invés do baixo ritmado de uma música de hip-hop. Mas mesmo que ele mude a música em mim todos os dias, Ryder é o único homem que sabe como fazer meu coração dançar descontroladamente e sem restrições.

— Eu te amo mais do que uma canção de amor. – ele sussurra.

— Bem, você logo vai precisar amar dois de nós, ao invés de apenas um.

Ele se cala por um momento, não entendendo direito o que quero dizer. A percepção se espalha por sua expressão e seus olhos se enchem de lágrimas brilhantes.

— Você quer dizer o que acho que você quer dizer? – sua voz é rouca quando ele me pergunta.

— Sim, nós vamos ser pais.

Com isso, ele me faz girar e estou tonta de felicidade e com um coração cheio de mais de amor do que jamais imaginei ser possível.

— Eu te amo muito, minha perfeita prestes a ser minha esposa. – seu rosnado rouco me faz tremer.

— E eu te amo muito, meu falho, mas perfeito prestes a ser meu marido. – digo a ele, beijando-o totalmente na boca. Sua língua entrelaça com a minha assim como nossos corpos fazem.

Com falhas, mas perfeitos em nossas imperfeições.

 

 

                                                                  Dani René

 

 

              Voltar à “Página do Autor"

 

 

 

 

      

 

 

O melhor da literatura para todos os gostos e idades