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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


PRAZERES PERIGOSOS / Lora Leigh
PRAZERES PERIGOSOS / Lora Leigh

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

PRAZERES PERIGOSOS  

 

 

Ela deveria estar envergonhada. Pelo menos, deveria estar completamente indignada, tão totalmente envergonhada de si mesma que não podia afastar o olhar, e fugindo com medo de sua virgindade em vias de extinção.

Não deveria estar ali de pé, com os olhos muito abertos, seus sentidos tão aturdidos que não podia obrigar-se a mover, enquanto olhava seu meio irmão, seu meio irmão no ato do que parecia ser uma posição sexual muito complicada.

Um ménage.

Sabia como se chamava. Sabia o que implicava. Entretanto, Paige tinha que admitir que não esperava ver o objeto de suas próprias fantasias envolto em um.

Reconheceu o terceiro, um primo da família Mustafa, Tariq ― Entretanto, toda sua atenção se centrou em Abram Mustafa, enquanto deitava de costas sobre a cama, a mulher que estava fodendo estendida sobre ele, com as coxas escarranchadas sobre seu quadril, à cabeça arremessada para trás descansando contra o ombro do outro homem atrás dela.

A penetração dupla, obviamente, era muito prazerosa para ela. Estava gemendo, gritando.

Paige se atreveu a permitir que seu olhar deslizasse para baixo uma vez mais, onde podia vislumbrar as ereções brilhantes, grossas dos dois homens que penetravam sua amante. Engoliu com força, com o coração acelerado, sobrecarregando seus sentidos com a vista, os sons, as puras implicações do que estava vendo.

O erotismo total do ato tirou o fôlego de seu corpo, e ela ainda estava tratando de recuperá-lo, inclusive enquanto lutava para encontrar a força para olhar para outro lado.

Ela não podia.

E não podia decidir o que queria ver mais, se o rosto de Abraham, retorcido em uma careta de prazer sublime, ou a visão de seu pênis, brilhante e polido com a excitação de sua amante enquanto empurrava profundamente a pesada longitude com golpes duros e cruéis.

A vagina de Paige apertou, suas coxas se esticaram. Queria gemer pelas sensações que de repente se construíam em seu corpo. Podia sentir seus próprios sucos brotando entre as coxas, dilatando sua vagina cheia de espasmos. Seus seios estavam inchados, seus mamilos duros e doloridos, sua carne sensível e suas nádegas apertadas à vista do pênis cheio de sangue trabalhando no traseiro da mulher.

Nunca pensou em permitir que um homem a tomasse ali ― Ouviu falar dos trios. Havia rumores de uma seita de homens em Alexandria e seu vizinho, Squire Point, que compartilhavam suas amantes, a suas esposas e inclusive ouviu rumores de que seu meio irmão, Khalid, que ela considerava seu irmão, estava envolto com esta seita. Entretanto, nunca acreditou até agora.

Não, Abraham não era seu irmão, o homem que estava compartilhando a amante que possuía não era seu irmão. Entretanto, ela também ouviu que Khalid e Abram compartilharam frequentemente suas mulheres depois da morte da primeira esposa de Abram, Lessa.

Abram e Khalid compartilharam Lessa? Ninguém parecia saber ao certo. Agora, Paige acreditava que sim.

Abram compartilhava suas amantes.

E fazia muito bem.

Enquanto o olhava, com os dedos curvados ao redor do seio da mulher, levantando quando agachou a cabeça até a ponta endurecida, tensionada de seu mamilo.

Foi a um lado com o nariz uma mecha de cabelo comprido, loiro e rico antes que sua língua se aproximasse e se enroscasse ao redor da ponta dura e logo o cobriu com sua boca.

—OH, Deus. Abram. Sim, foda-me. Foda-me duro — A mulher levou às costas uma mão para segurar o quadril do homem atrás enquanto clamava por mais.

As bochechas de Abram acariciaram enquanto chupava seu mamilo, suas mãos apoderaram-se de seus quadris, seus quadris se moviam mais duro, mais rápido, empurrando dentro com duros e controlados movimentos quando começou a fazer o que pediu a moça. Fode-la mais, para tomá-la mais profundo.

Ela poderia ter imaginado muito mais a dizer que gritar se fosse quem estivesse intercalada entre os dois homens.

Se estivesse com Abram. Se fosse a causadora desse olhar nele, desse prazer intenso e completo.

Paige faria algo. Daria tudo o que pedisse para ver esse olhar em seu rosto por ela.

Mordendo o lábio, teve que lutar para conter um grito quando ouviu o quebrado gemido masculino que saiu de seus lábios enquanto deixava o peito da mulher.

Aproximando sua cabeça para ela, sussurrou algo ao ouvido, algo que a fez gritar seu nome, seu corpo tremeu, um grito selvagem escapou de seus lábios enquanto parecia esticar ao ponto de que Paige se perguntou se iria quebrar.

Sua cabeça foi para trás quando os dois homens empurraram dentro mais forte, mais rápido. Ela soube imediatamente que começaram a encontrar sua liberação.

Ou pelo menos, o instante em que Abram encontrou a sua.

Inclinou a cabeça para trás sobre o travesseiro, seus lábios apertados, seu rosto retorcendo em linhas de prazer e dor quando arqueou mais profundo nela.

Paige quase teve um orgasmo. Nos anos que foi descobrindo seu próprio corpo, nunca conheceu nada tão erótico, tão sensual como ver Abram, imaginar que ele a estava tocando, a enchendo com seu prazer.

Suas coxas estavam apertadas, os dedos fechados em punhos, e não pôde refrear a necessidade de gritar com fúria feminina por não ser ela quem recebia o prazer que Abram estava dando.

E se não saia dali, não haveria maneira de ocultar sua presença.

Deu um passo atrás com os joelhos tremendo e quando sua cabeça voltou de repente, seus olhos negros se abriram.

Como se ele soubesse, ou de algum jeito sentisse sua presença, seu olhar centrou nela. Enquanto deslizava fora do quarto viu seus olhos estreitar enquanto sua expressão se voltava uma vez mais sensual.

Uma primitiva parte feminina de sua psique despertou em sua cabeça, uma parte que antes esteve oculta sem dar conta, uma parte dela que de repente percebeu de que esse olhar foi para ela, e só para ela.

Correndo para seu quarto Paige fechou a porta, sua mão pressionando a madeira enquanto tomou várias inspirações, duras e profundas.

—Abram. —Fechou os olhos com seu nome escapando de seus lábios, no que reconheceu como um momento de pura agonia sensual.

Ia ter que mudar sua roupa intima. Podia sentir seus sucos empapando a fina seda que usava debaixo de suas calças jeans. Seu clitóris estava inchado, demandando atenção e o aperto de suas coxas não fazia nada para ajudar à dor pulsando concentrada ali.

Paige se sentiu tentada a utilizar o brinquedo que uma de suas melhores amigas lhe deu.

Talvez ajudasse à dor sensual que a alagava, mas ela esteve guardando o último véu de inocência.

Para Abram.

Suas mãos deslizaram por debaixo de sua ampla blusa de seda branca para encontrar as pontas de seus mamilos duros por debaixo do fino tecido de renda de seu sutiã.

O toque de seus próprios dedos fez escapar um ofego de seus lábios. O prazer era incrível, mas ela sabia não tão intenso como o prazer que Abram daria.

Acariciou o montículo e deixou que seu polegar deslizasse contra o extremo sensível.

Doía. Tão desesperada estava por seu toque.

Fechou os olhos quando um gemido suave escapou.

Em questão de segundos tirou os jeans e a calcinha deslizou sobre suas pernas. Deitou na cama que tinha no apartamento de Abram. Suas unhas rastelaram através dos cachos de seda entre suas coxas enquanto abria mais as pernas e lutava por fingir que era Abram. Pretendendo que era ela quem deitava na cama com ele e Tariq, com era seu corpo aceitando tal prazer.

Não a tocaria com suavidade. Ela tinha a sensação de que não a tocaria ligeiramente. Cada contato seria firme, decidido, dominante. Estaria à borda da dor erótica e o prazer angustiante.

Ele controlaria seu corpo.

Seus dedos voltaram para seu seio, às unhas raspando os mamilos antes de agarrá-los e roda-los eroticamente. Sua cabeça sacudiu na cama.

Não era suficiente.

Necessitava mais.

Separando as dobras de sua xoxota, passou os dedos juntando seus sucos, moveu para cima, rodeando seu clitóris e um rastro de prazer correu em todo o molho de nervos.

E ainda assim, não foi suficiente.

Desesperada, entrecortados e afogados gemidos retiveram em sua garganta, um som quase inaudível enquanto acariciava sua pele, deslizando para baixo, rodeando a entrada e entrando levemente dentro.

E uma vez mais, não foi suficiente.

A necessidade foi crescendo com cada visita que Abram fez a Virginia, e agora, ela nunca seria capaz de esquecer a visão dele compartilhando sua amante, ou o prazer que contraiu o rosto, tanto como o seu.

Ela o queria.

Queria o erotismo extremo que presenciou entre Abram, sua amante, e seu primo. Queria Abram tanto que sentiu como se estivesse queimando por dentro. A transpiração cobriu seu corpo, parecia como se chamas lambessem sobre sua carne. A vagina apertada, derramando seus sucos nos dedos enquanto introduzia dois juntos, indiferente ao véu de sua virgindade quando os colocou contra a entrada apertada.

O som de madeira contra madeira foi o suficientemente forte para a fazer tirar os dedos de seu corpo e dar um salto reflito em posição vertical em estado de choque.

Com os olhos muito abertos olhava através do quarto à visão de pura indignação masculina, seus olhos negros em chamas, o cabelo alvoroçado e sensualmente despenteado caindo por seu rosto e ombros como a meia-noite.

Ele se moveu pelo quarto, espreitando, como um depredador, as calças brancas soltas que usava abaixo em seus quadris, seu pênis que sobressaía por debaixo dele, grosso e comprido, enquanto se movia para a cama.

Paige devolveu o olhar, sua respiração agitada, a forte necessidade premente e os dedos da fome batendo em sua vagina com a intensidade de uma adaga.

A mandíbula de Abraham estava apertada quando parou ao lado da cama.

Seus punhos fecharam e abriram.

—Se deite — Sua voz era como o grunhido de um animal.

—Vai para o inferno — tratou de gritar, mas sua voz debilitou. A ira, a dor e o desespero se mesclaram para criar um som entre uma petição e uma demanda rouca e quebrada.

—Logo voltarei — disparou ele a sua vez, sua voz aguda. —Mas neste momento, entretanto, vou tocar o paraíso, não importa a maldição que caia sobre minha alma pela transgressão.

E antes que pudesse mover protestar ou queixar, ele a agarrou pelas pernas, puxou para baixo ao longo da cama e em um sopro, foi estirando seu corpo comprido e potente entre as pernas.

Não havia tempo para discutir, protestar ou afastá-lo. Não houve vontade de rechaçar qualquer toque, qualquer prazer que desse.

Seus braços enrolaram ao redor de suas pernas, as separando quando desceu a cabeça e a boca se afundou em sua boceta.

—Abram — Impressionantes, incertas, duras ondas de excitação começaram a queimá-la e verter sobre ela e o prazer golpeou com rajadas de fogo através de seu sistema.

—Merda, sim — sussurrou ele contra as dobras sensíveis.

—OH Deus, sim! Chupe-me! — As palavras foram arrancadas de seus lábios. — Abram, Abram, por favor, me faça gozar! Só me faça gozar!

Seus lábios rodearam seus clitóris, chupando o calor líquido em sua boca com uma firme, quase forte pressão que sobrecarregava os sentidos.

Com os joelhos dobrados, levantou os calcanhares cravando no colchão enquanto ondas de ardentes sensações começaram a quebrar através dela. Era um prazer a borda da dor, fluindo através de seu corpo com uma força e uma velocidade que não dava nenhuma esperança para seu coração.

Abram não o fez fácil. Ele não era suave e sedutor. Não estava tentando nem sendo tenro. Estava quase zangado, com uma fome incontrolável que imprimiu no ato um erotismo que lutou por respirar. Estalou a língua no pequeno casulo, sua boca o sugou, um calor úmido e prazer cheio de impacto provocaram um forte lacrimejo através da gema ultrassensível até que a atravessou com uma explosão de tal prazer enlevado que Paige estava segura que de algum jeito, estava perdida.

Uma parte dela já não era só dela. Uma parte dela pertencia agora a Abram, e isso não seria uma boa coisa, porque essa parte agora nunca se contentaria com o toque de outro homem.

À medida que retornou a terra, suas pestanas se abriram lentamente, com cautela, enquanto o sentia arrastar da cama.

Ainda estava duro, seu pênis lutava contra o tecido de suas calças, a ponta úmida, a crista claramente definida.

Sua expressão estava acesa, com ira, luxúria, não estava do todo segura.

—Se afaste de mim — Ele aproximou-se e colocou as mãos a cada lado de seus ombros enquanto seu rosto ficava a poucos centímetros do dela, a fúria pura iluminava seu olhar inconfundível agora.

Paige estremeceu, ficou sem fôlego.

—Abram — sussurrou seu nome. —Não era minha intenção…

—Se afaste de uma puta vez de mim — grunhiu— Não me importa se não era sua intenção. Não me importa que queime com a mesma fome de merda que me corrói as vísceras a pedaços, se afaste de uma puta vez de mim, Paige. Se importar-se com seu irmão, se tiver um pouco de afeto por mim, então rogo que nunca tente isto de novo.

Havia tanta fúria, tanta raiva em seu rosto que Paige só podia olhá-lo com desconcerto.

Não tinha medo. Sabia no mais profundo de sua alma que Abram nunca a faria mal. Ele nunca levantaria a mão em ameaça. Mas havia algo em seu olhar que advertiu que tomasse cuidado, que havia coisas muito piores às que temer que sua ira.

Mas também escutou sentido e vendo a fome no olhar que assegurava que ele não esteve mentindo a respeito de queimar do mesmo modo que ela. Ele a queria. Estava sofrendo por ela.

—As outras mulheres fazem que a necessidade seja menos forte? —Murmurou dolorosamente. —me diga, Abram. Ter outra amante faz a fome mais fácil?

Seria mais fácil para ela? Pararia as fantasias e a necessidade desapareceria? Poderia encontrar um amante, ajudar que parasse cada impulso de fome que brincou com ela em cada oportunidade?

—Não faça. —Não houve diminuição da ira, ou da determinação de ferro em sua expressão. Mas o que trocou foi à adição de um conhecimento doloroso que atravessou sua expressão.

Ele sabia exatamente o que estava perguntando. Igual a ele sabia exatamente por que o perguntou.

—Me responda — obrigou-se a retroceder contra o risco de a tocar quando Paige se aproximou de joelhos na cama para olhá-lo com raiva agora. — Foder essas outras mulheres faz que seja mais fácil suportar a dor? Fará a aquisição de um amante, em lugar de guardar minha virgindade para alguém que não a quer, que seja mais fácil de aguentar?

Por um segundo, só por um segundo, a comoção brilhou em seus olhos.

—Uma virgem? —Parecia afogar com as palavras antes de dar a sua cabeça uma sacudida forte e afastar dela. —Guarde sua virgindade para alguém que a mereça. —O auto desgosto competiu com a irritação em sua expressão, endireitou e a olhou flexionando a mandíbula, o músculo esticado com fúria, era óbvio que lutava por não dizer o que pensava.

—Tem toda a razão — disse ela, com um nó na garganta e o conhecimento de que era algo que ele queria, mas não tinha nenhuma intenção de aceitar.

Ela podia querê-lo até que o inferno congelasse. Podia sofrer, podia necessitar. E neste momento poderia inclusive odiá-lo. Porque não importa quanto o necessitava, ou o muito que ele a necessitava, e ela pôde ver em seus olhos, ele se afastaria, sem importar o que ela dissesse. Sem importar o que sentia.

—Tenho razão a respeito do que? —Parecia morder as palavras.

—Tem razão, não a merece — disse ela com amargura enquanto saía da cama, procurando a calcinha e a roupa e vestia a toda pressa. —Você não tem que dizer a Khalid que eu estava aqui― Só se preocupará.

—Veio ver Khalid? — perguntou, com os braços cruzados sobre o peito quando seu olhar posou em seu rosto.

—Na realidade sim. —Fechando a calça jeans, empurrou seus pés nas sandálias antes de levantar a cabeça e devolver o olhar, negando-se a sentir vergonha ou desconforto. —vim, porque não me disse que estava aqui, e eu só queria o ver. — A dor no peito era insuportável enquanto a emoção obstruía a garganta — Como tão louco é isso?

—Louco? —falou, com uma expressão de pedra.

Ela assentiu em resposta.

—Exatamente. Assim vou voltar para casa e empacotar. Estamos voltando para a Grécia esta noite — o arrependimento a encheu quando sua expressão nem sequer mudou. Nenhum lamento, nada. — Acredito que não vou permanecer na Virginia este ano, depois de tudo. —Deixou seu olhar vagar sobre ele mortalmente. — Não há nenhuma razão para ficar.

Teve que sair dali antes que perdesse o controle sobre as lágrimas que apertavam sua garganta e ameaçavam enchendo seus olhos. Voltando sobre seus calcanhares rapidamente, abriu a porta antes de sair correndo do quarto e se dirigir à porta e ao corredor que conduziam ao elevador e descer, de novo à segurança que o lar de seus pais representava.

Seu corpo ainda vibrava de prazer.

Seu clitóris estava tão sensível e inchado que cada passo era uma agonia pela sensação quando esfregava contra a seda de sua calcinha.

Um ano mais. Deveria manter-se afastada da Virginia, de seu irmão, e de seu sonho de trabalhar nos Estados Unidos por um ano mais. E rezar para que fosse tempo suficiente para se desfazer das emoções e das complicações físicas que Abram Mustafa causava dentro dela.

Porque se não fazia, então ele bem podia terminar quebrando seu coração.

 

Abram a viu ir.

Olhando da janela do quarto que Khalid deu a Paige para suas visitas, viu como ela apareceu na calçada, sua ampla blusa de seda branca grudada contra seu corpo magro quando a brisa açoitou ao seu redor.

O cabelo vermelho fogo, revolvendo, como ardentes fios de seda flutuando ao redor de seu rosto, acrescentando um toque de cor à embotada realidade que existia a seu redor.

E com cada passo que ela dava, ele podia sentir a amargura que crescia dentro de si enquanto pressionava sua palma no batente da alta janela e enterrava o louco impulso de segui-la. Se fizesse a arrastaria de novo à cama e a fodería até que não existissem nada mais que eles.

Mas a realidade voltaria. Não podia atrasá-la suficiente para saciar com sua necessidade dela, ou para garantir sua segurança.

Quanto mais ia perder? Quanto mais pode um homem suportar ver quebrado em sua vida antes que finalmente, ele deixe de existir?

Paige era sua última debilidade, disse, respondendo à pergunta por si mesmo. Ela era tão brilhante como o sol que se levantava no deserto, esquentando os que existiam a seu redor, convertendo-se na essência mesma de suas vidas se davam a oportunidade. Permitir a sua vida quebra-la seria um pecado muito maior que qualquer outro que pudesse ter cometido até agora.

Permitir que sua sexualidade a destruir-se… tanto a sua inocência como a seus sonhos… seria um golpe assassino. Porque a necessidade que sentia crescer em seu interior de vê-la debaixo de um terceiro, um em quem Abram sabia poderia confiar para protegê-la, agradá-la, aliviá-la se ele alguma vez não estivesse… seria destruir os sonhos românticos que sabia que Paige tinha.

Como poderia uma mulher aceitar que ele queria ver outro homem fode-la com a mesma fome que ele sentia por tê-la debaixo de si mesmo? Como poderia uma virgem aceitar os desejos com os que ele fantasiava?

De vê-la debaixo de Tariq, vendo como seu pênis enterrava no doce, apertado agarre por sua vagina. De estar dentro ele mesmo, enchendo sua pequena boceta, experimentando as ondas de resposta de seus músculos muito apertados quando Tariq enchesse o traseiro com seu pênis.

Todo seu corpo tremeu com o pensamento. De sentir o batimento do coração de sua vagina e a flexão e a sucção de seu pênis até que não pudesse conter sua resposta por mais tempo. Até que chegasse com jorros viciosos, batendo com sua semente, que daria origem a um prazer tão profundo, tão demandante que não poderia ser esquecido. E ele não queria nada com nenhuma mulher, especialmente com Paige, que não pudesse ser esquecido.

Ela poderia ter estado excitada, podia ser curiosa, mas não tivesse podido vê-la ansiando esse prazer como ele ansiava dar se não tivesse ido tão longe como fez.

Também estava o conhecimento de que a sexualidade escura que era uma parte dele não aceitaria nada menos. Era sua própria tortura pessoal, uma necessidade que se conduzia como um vício que não podia chutar.

Como podia dizer, explicar, que ao ver seu prazer, ao olhar enquanto deslizava a esse reino de sensualidade que ele só viu encontrar uma mulher quando era afligida por dois amantes, era mais do que podia negar a si mesmo. Era mais do que podia negar a sua amante.

Que sempre que houvesse um terceiro, um tão forte, tão decidido a protegê-la como estava ele, então, o que aconteceu a Lessa não teria tantas oportunidades de acontecer a ela.

Foi o engano que ele e Khalid cometeram com Lessa. Abram lutou contra esse lado dele, temendo que Lessa aceitasse tocar seu irmão só porque ela sabia que era o que Abram desejava. Negou a Khalid os privilégios que teria dado a um terceiro, assim como as responsabilidades de um. Não disse a Khalid que estaria fora da província o dia que seu irmão foi pego despreparado, machucado e dado por morto, antes que Ayid e Amam fossem por Lessa.

Mas, como Khalid advertiu o dia em que percebeu em que Abram viu Paige como uma mulher, ela merecia mais. Merecia a um homem que conhecesse o amor possessivo, que o entendesse. Mas ainda mais importante, um homem que não trouxesse consigo a sombra da morte.

—Foi?

Tariq entrou no quarto atrás dele, sua voz sombria enquanto expôs a pergunta.

Ele também a viu de pé na porta, seus olhos, a vermelhidão de seu rosto, esse olhar de afogamento sensual encher sua expressão no momento em que derramou sua liberação no corpo da outra mulher.

Nessa expressão, viu o conhecimento de que não importava a mulher com quem estavam não importava como o combatesse, como se esforçasse por negá-lo, cada vez que punha um pé nos EUA só havia um rosto que procurava. Só havia um olhar que evitava com tudo o que tinha dentro dele.

—Foi — afirmou, perguntando se havia efetivamente oculto o pesar que se apoderou dele.

—Estava zangada? —Sondou Tariq.

Abram fez um rápido movimento com sua cabeça.

—Surpreendentemente, não.

Não, ela não esteve zangada. Esteve desiludida. Esteve amargurada. Esteve consciente de que seus sonhos de menina nunca se realizariam, por muito que lutasse para levá-los ao final.

Eles morreram. Dolorosamente. Lastimosamente. Foram jogados no chão, debaixo de indiferentes pés e os deixaram murchar em um mundo que não sabia dar verdadeiro calor.

E ele não fez mais que contribuir ao frio que enchia seu olhar agora, a desilusão.

Era uma mulher em busca dos sonhos que enchiam sua alma, e ele não podia ser o homem para cumprir esses sonhos, sem importar seus próprios desejos.

—E nossa companheira? — voltou-se para Tariq, vendo o atento olhar na expressão de seu primo.

Tariq esteve observando muito de perto nos últimos tempos cada vez que se encontravam na Virginia, sobre tudo quando Paige estava presente. Como se estivesse procurando algo, alguma afirmação de uma suspeita.

Abram negou a cair na pergunta do olhar de seu terceiro. Ambos a desejavam, e, entretanto, negava a atuar sobre esse desejo, ou no caso de Abram, sobre essa fome.

—Está tomando banho — Tariq encolheu os ombros por debaixo da camisa de algodão que usava. —Parece descontente por sua falta de atenção agora que alcançou seu prazer.

Agora que alcançou seu prazer? Seu pênis estava tão duro como o esteve no momento em que desceu do avião de merda. E ainda estava tão duro como no momento em que entrou no quarto de Paige para vê-la empurrar seus dedos dentro das profundidades quentes de sua boceta.

Nunca imaginou que era virgem. Nunca imaginou, e agora, não tinha ideia de como podia obrigar-se a esquecê-lo.

—Cuida de sua casa, Tariq — ordenou Abram. — vou esperar que volte antes de sair e falar com o Diretor Jennings e o senador Mathews. Eu gostaria de dar a informação que obtivemos sobre Ayid e Amam rapidamente, antes que Azir se dê conta de que deixamos a Arábia por completo.

Seus irmãos, Ayid e Amam. Jovens meios-irmãos. Gêmeos que compartilhavam uma feroz raiva e crueldade intelectual que nunca deixava de surpreendê-lo. E Azir, seu pai― Como era possível que alguma vez acreditasse que seu pai poderia ter o mínimo ápice de bondade dentro de sua alma enegrecida? Agora, seis meses depois da morte da esposa com a que Azir o obrigou a casar, e o filho que ela levou, a Abram resultava quase impossível não matar ao velho bastardo. Sobretudo depois de saber exatamente como estava comprometido seu pai, para assegurar de que não havia outros herdeiros de Abraham antes de fazer trinta e seis anos.

Se houvesse outros herdeiros, então a morte de Abram não daria problemas a que Azir cedesse a província ao controle dos filhos que ele preferia. Os filhos que compartilhavam sua visão deformada do futuro do mundo.

Essa visão viu a morte da primeira esposa de Abram, quando ele não tinha mais de vinte anos. Viu a morte de sua segunda esposa e seu filho por nascer, dois anos depois. E destruiria a qualquer outra mulher que Abram quisesse.

Assim como Ayid e Amam veriam morrer qualquer mulher que Khalid pudesse amar, que não fosse sua irmã, Paige.

Estavam malditos. Os filhos mais velhos de Azir usavam o ódio e os frutos da maldade que surgiam não só de Azir, mas também de seus filhos menores.

Quando Paige entrou na parte posterior do carro no que veio à cidade e o motorista fechou a porta atrás dela solícito, Abram se voltou e se encontrou com o olhar de Tariq.

—Foi. —Não teve intenção de que as palavras saíssem de seus lábios, ou o pensamento para atormentá-lo como o fez.

Vendo ir, vendo a inocência, à vontade e a fome por viver e por ele, desaparecerem, se deu conta do fato de que ela podia ser afastada para sempre se não era muito, muito cuidadoso.

Os lábios de Tariq se torceram com diversão, a amargura e a consciência de que não era um atormentado Abram parte dos pensamentos atuais do outro homem.

—Não será por muito tempo — assegurou Tariq ― Se essa marcar em seu ombro é uma indicação, deu uma ideia do que é a fome. Tenho a sensação, Abram que a senhorita Galbraithe voltará antes do que pensa.

Marca?

Seu olhar foi ao seu ombro antes de se aproximar do espelho em cima da cômoda junto a ele.

Ali, no ombro, como Tariq declarou, havia uma dentada de amor que marcava sua carne mais profundamente do que tivesse imaginado que poderia dar sem seu conhecimento.

Que o marcava muito mais profundamente que só a carne.

Obrigou-se a se afastar.

Obrigou–se a sair de seu quarto.

Obrigou a esquecer desses momentos, preciosos quando seus lábios acariciaram a suave carne que encontrou, quando sua língua provou o êxtase puro e ardente.

Um sabor que permaneceria em seus sentidos para sempre.

E um pesar que sabia que nunca evadiria.

Ele não esperava isto, pensava, o pegou despreparado no dia em que chegou para ajudar ela e a sua família a celebrar seu aniversário número dezoito. Quando ele a viu com esse vestido de alças simples na ensolarada ilha grega, onde ela e sua família viveram uma parte do ano. Com a parte superior de seus seios aparecendo por cima do decote do vestido, as alças pequenas estiradas nos ombros magros e elegantes, e o ouro avermelhado de seu cabelo pendurando até a metade das costas.

—Abram — sussurrou seu nome com um suspiro entrecortado. —Senti sua falta.

As estrelas brilharam no verde esmeralda de seus olhos. Seu rosto avermelhou por debaixo da tenra e bronzeada pele mediterrânea. Sua pele não era tão escura como a de seu pai, mas tampouco era tão clara como a de sua mãe. Quando se combinava com as chamas de seda de seu cabelo, a combinação era suficiente para aturdir a qualquer homem.

Foi esse dia que viu a mulher que era. Foi esse dia que seu pênis cresceu, chegando a estar tão cheio de sangue, tão quente e apertado que tortuosamente jurou que esteve à borda do enjoo.

Quase sorriu diante desse pensamento.

Quase. Porque ele sabia o destino que esperava.

Sabia o inferno que ele voltaria a visitá-la e esta vez não haveria escapamento.

Não podia tê-la, não podia permitir sua necessidade de corrompê-la, ou seu legado de pô-la em perigo.

E não podia evitar que sua fome por ela se convertesse em raiva…

 

Oito Anos Depois

Ele estava em casa. Finalmente.

Paige Galbraithe se moveu da cadeira localizada ao lado das portas do balcão de seu quarto e olhou as luzes que resplandeceram sobre a grama.

A limusine se movia com uma lentidão quase sigilosa com o passar do curvo caminho envolto de carvalhos. As luzes varreram sobre os jardins como se fosse à lanterna de um ladrão de casas quando o carro se aproximou da garagem. O brilhante resplendor desapareceu dentro da mansão de três andares que Khalid possuía no coração da exclusiva zona da Alexandria, Virginia, conhecida como Squire Point.

Depois de dez dias de reclusão na casa de seu irmão, o rato finalmente apareceu. Já era hora. Ela estava bem aborrecida de ter que esperar impacientemente na luxuosa comodidade da casa de seu irmão em lugar de seu apartamento.

Pegando a bata de seda que deixou sobre o respaldar da cadeira, fazendo combinação com o vestido de noite violeta escuro que colocou, Paige a pôs rapidamente, cobrindo-a até os tornozelos. A irritação e a determinação fazendo-a mover-se a tropicões.

Dez dias. Esperou dez dias para enfrentá-lo.

Ele não atendeu seu telefone celular… sua prometida, Marty, serviu de intermediária… mas ainda assim, seu irmão não falou com ela. Marty assegurava todos os dias que conseguiria rasgar a pele em pessoa, e cada dia, ele não apareceu.

―Relaxe um pouco, Paige…

―Khalid ligará logo…

―Terá as explicações quando Khalid chegue…

Até seus pais se negaram a dizer o que ela precisava saber o que ela exigia cada vez que ligavam para ver como estava.

Estava farta disso. Tinha vinte e cinco anos, não era uma adolescente. Era a irmã de Khalid, não alguma condenada prisioneira que ele pudesse controlar. Era fácil de tratar, e se considerava a si mesmo uma pessoa muito pormenorizada. Mas sua paciência começou a se esgotar uma semana atrás.

Envolvendo a bata furiosamente enquanto dava meia volta, Paige cruzou o quarto e abriu a porta antes de entrar no vestíbulo. Movendo-se pelas escadas, parou e esperou, escutando atentamente.

Não estava disposta a deixá-lo pensar que estava ainda acordada e esperando. Ele estava entrando silenciosamente na casa depois de ter se assegurado que ela estaria dormindo, para fazer algo que necessitasse, então iria igualmente silencioso antes que ela despertasse.

Maldito covarde.

Abdul, ou Abbie como ela o chamava, seu criado saudita, era sempre abjetamente apologético sobre que não quis despertá-la antes que Khalid se fosse, como se ela pedisse. Ele tinha um milhão de desculpas, mas ela sabia a verdade. Khalid era seu chefe, e Khalid não estava disposto a enfrentá-la até que ela simplesmente não deixasse escolha.

Estavam confabulados… Abbie, Marty, a equipe de segurança de Khalid, e inclusive Khalid mesmo… para mantê-la no lugar e completamente às escuras no referente ao motivo pelo qual repentinamente estava sendo presa no que seu irmão chamava “custódia preventiva”― Inclusive o serviço policial dos EUA não era tão condenadamente diligente.

Até seus pais estavam recusando-se a ajudá-la. O medo de sua mãe por sua única filha, seu “bebê” como a chamava, fazia que Marilyn Galbraithe estivesse de acordo com algo que seu filho tramasse esta vez.

E esse filho nem sequer deu a sua irmã a cortesia de confrontá-la dar uma ideia de quanto tempo isto levaria, se houvesse um final à vista, ou os detalhes que implicavam o perigo ao que estava enfrentando.

Ela tinha uma ideia bastante boa. Depois de tudo, era bem consciente do fato de que seu irmão, Ayid, havia finalmente jogado sua mão final e tratado de assassinar Khalid e sua prometida, Marty, menos de um mês atrás. Da mesma maneira que o gêmeo de Ayid, Amam, foi atrás de Abram em DC quando ele esperava em um hotel para encontrar com o Diretor do FBI, Zack Jennings, e o Diretor de Segurança Nacional, com a intenção de proclamar sua cidadania aos Estados Unidos apoiado no fato de que sua mãe era uma cidadã americana.

Em lugar disso, Khalid matou Ayid, e Abram matou seu irmão menor Amam. Entretanto, para manter a deserção de Abram aos EUA em segredo, Khalid assumiu a culpa de ambas as mortes.

Ela suspeitava que esse fosse o motivo de que estivesse isolada na monstruosa mansão que seu irmão agora possuía. A mansão que o mesmo pai, Azir Mustafa, comprou para ele.

Mas queria ouvir dele, entretanto. Queria saber exatamente por que Azir Mustafa pensava que ameaçando ia obter algo dele. E queria saber por que diabos Khalid pensava que destruindo a vida que ela estava construindo para si mesmo ia ajudar.

Sentiu-se confinada por seus superprotetores pais durante muitos anos. Sua mãe esteve tão aterrorizada de que Paige pudesse ser sequestrada ou tomada, que desaparecesse como uma vez ocorreu a ela, que manteve Paige sempre à vista.

Guarda-costas. Colégios particulares com segurança reforçada. Tutores privados. Esteve tão superprotegida que se sentiu asfixiada quase até a morte.

Escapar tomou cada grama de força que ela tinha, porque amava seus pais. Porque inclusive em suas tentativas para assegurar sua segurança, sempre foi consciente de quanto a amavam. Tal como foi dos pesadelos que eles padeciam pelo atormentado acontecido cheio de horror devido ao sequestro de sua mãe, a seu casamento forçado e às violações às mãos de um monstro. Esse monstro foi o pai de seu meio irmão e o pai do homem que ela não podia tirar de sua cabeça nem de suas fantasias.

―Mantenha-se longe de mim. ―Seus olhos resplandecendo com fúria negra e nada da satisfação sexual que deveria ter sentido depois de derramar só momentos antes dentro da amante que compartilhou com seu primo, Tariq ― Só momentos antes que fosse até ela. ― Pelo bem dos dois, Paige, se afaste de uma puta vez de mim!

Isso aconteceu oito anos atrás. Oito anos desde que ele enterrou seus lábios e língua entre suas coxas e a jogou dentro de um êxtase que ela ainda não voltou a sentir. Nem antes, nem após. Oito anos desde que a fodeu com sua língua, quando nem sequer nunca a beijou.

Nestes anos procurou um amante, terminou a universidade, e começou uma carreira da que gostava. Mas ainda, havia uma pena que permanecia dentro dela como uma opressão. A pena que vinha muitos: “que teria sido se…”.

Saindo de seu quarto para as escadas, esperou. Dando um passo para trás dos degraus, só o suficiente para que ele não pudesse vê-la, Paige apareceu dentro das sombras abaixo quando ele se dirigiu por volta do segundo andar, girou, e alguns segundos mais tarde, escutou a porta de seu quarto fechar.

Seus lábios apertaram em um tenso sorriso.

Dez dias. Dez dias era muito tempo e ela estava malditamente cansada de esperar, de ser paciente e lutar para entender por que seus pais e seu irmão tinham que viver temendo o dia em que Azir Mustafa, ou um dos membros de sua família, fosse atrás dela.

Movendo silenciosamente, velozmente, fez seu caminho até o segundo andar e até a porta da suíte principal.

Nenhuma luz brilhando por debaixo da porta, mas isso não queria dizer nada. Viu Khalid estar entre a escuridão como se tivesse nascido para isso.

Seu irmão e Abram, se movia da mesma maneira, também.

Sacudiu esse pensamento. Não ia pensar em Abram esta noite. Não ia permitir que o resto de sua noite fosse tão agitado como foram seus dias devido às fantasias e às lembranças desses momentos roubados em seu quarto, tantos anos atrás.

Essa era a razão pela que se recusava a divertir-se e relaxar enquanto estava aqui― Era a razão pela que empurrava a si mesma até o ponto do esgotamento cada noite depois do trabalho. Para manter baixas as chamas da excitação e que não seguissem se fortalecendo.

Pensar em Abram sempre foi um engano. E desejá-lo demonstrou uma completa falta de juízo e não tinha nada que ver com o motivo de que estivesse aqui ou de que estivesse preparada para esfolar vivo o seu irmão.

O pior que podia fazer neste momento era deixar que os pensamentos sobre Abram interferissem em sua determinação de conseguir as respostas que necessitava, e de encontrar a maneira de equilibrar os medos de sua família contra sua própria determinação de ter uma vida.

Ela necessitava uma vida. Sem isso, em tudo o que podia pensar sonhar e lembrar, era em Abram e na sensação de seus lábios chupando duro e apropriadamente sobre seu clitóris enquanto sua língua…

Sacudiu o pensamento outra vez.

Agarrando o trinco, testou lenta e silenciosamente. Não estava trancado. Ele não estava ocupado com sua prometida, nem tendo sexo selvagem com ela. Obviamente estava sozinho, porque não podia ouvi-lo falando e Marty não se movia tão discretamente na escuridão como fazia Khalid― Além disso, a porta de seu quarto sempre estava fechada quando eles estavam juntos.

Empurrando a porta para frente às escondidas, ficou quase nas pontas dos pés quando começou a entrar no quarto. Estava escuro, as sombras se estendiam através das estreitas fendas entre as cortinas, projetando o mais leve indício da luz da lua. A determinação a fez apertar os dentes um segundo antes que a porta fosse tirada de um puxão de sua mão, uma mão envolveu ao redor de seu pulso, e no segundo seguinte se encontrou esmagada contra a parede enquanto a porta se fechava de repente.

Lutar ou fugir.

Fugir não era possível, e durante o mais breve segundo, ela não teve ideia da identidade de quem estava atrás do duro corpo masculino pressionando contra a parede. Calosa e áspera, uma grande mão cobriu os lábios, amortecendo seu grito quando ela tentou bater para cima com seu joelho, quase, mas não realmente conseguindo conectar e puxar um golpe nas bolas de seu assaltante diretamente até a garganta.

Em lugar disso, encontrou com seu joelho bloqueado por uma dura, extremamente musculosa coxa, quando esta entrou pelas dela, pressionando na juntura e levantando-a nas pontas dos pés ― Ao mesmo tempo sentiu a cabeça de seu assaltante inclinar, fortes dentes beliscando o ouvido e tirando um emocionado ofego de sua garganta.

―Olá a você também, gatinha.

Ela congelou.

Passou muito tempo desde que ouviu sua voz. O profundo e escuro tom estrangeiro se envolveu ao redor de seus sentidos e enviou uma pesada e acalorada letargia estabelecendo dentro das profundidades de seu sexo.

As lembranças a alagaram.

Suas mãos, calosas e fortes, tão escuras contra suas coxas ao igual o seu negro cabelo, como seda rugosa caindo sobre sua pele enquanto seus lábios se moviam sobre seus clitóris. Rodearam, chupado, acendendo o fogo até que explodiu através de seu sistema em um êxtase que ela desejava reviver a cada segundo de sua vida.

Abram.

Debaixo da palma de sua mão, ela abriu os lábios para tomar uma profunda e pesada respiração enquanto seu corpo começava a suavizar, para se adaptar à forma dos contornos mais duros e mais fortes de seu corpo masculino.

Não deveria estar fazendo isto. Ele a evitou durante anos, deslizando dentro e para fora da casa de Khalid e de sua vida, e ela o viu só brevemente, e sempre em companhia de outros.

Sem vontade seus quadris relaxaram o montículo de seu sexo pressionando contra a dura parte superior da perna masculina que meteu entre suas coxas, enquanto sentia seus seios endurecerem, seus mamilos tão sensíveis que realmente doíam.

O prazer escorregava através de seu sistema quando sua língua apareceu de seus lábios, tocando a palma. Ligeiramente salgado, masculino, o sabor dele explodiu contra sua língua enquanto ele se sacudia para trás igual de repentinamente.

Levantando o olhar para as escuras sombras de seu rosto, viu o brilho de seu olhar, sentindo o calor de seu corpo, e Paige encontrou a si mesma, provavelmente pela primeira vez em sua vida, incapaz de falar. Não podia encontrar as palavras, não podia lutar contra as emoções ou contra o nó em sua garganta quando devolveu o olhar.

A necessidade de seu toque era um desejo que ela não podia resistir. Não podia negá-lo. Era como uma droga e passou muito tempo sem uma dose.

Seus lábios se abriram, mas nenhuma palavra saiu. Ela não podia as deixar sair, porque estava terrivelmente assustada de que essas palavras fosse uma súplica. Que rogasse por coisas que não estava segura de como pedir a este homem. Coisas que ela sabia que provavelmente era melhor não dizer.

Seu corpo seguro como o inferno que sabia como pedir, entretanto. Estava pasmada, ruborizada e teve que esforçar para evitar que seus quadris se esfregassem contra a dura carne que pressionava sobre o montículo de seu sexo.

E ele sabia. Sua perna estava tensa, mas cada vez que seus quadris se moviam contra o firme músculo, ela estava segura que ele se apertava mais contra ela.

E não a estava deixando ir. Em todo caso, estava segurando com mais força, possivelmente, se ela não estava errada, sua perna pressionava mais firmemente contra as dobras repentinamente quentes e inchadas entre suas coxas. E OH, sim, isso parecia condenadamente bom. Essa quente e lenta esfregação contra ela, acariciando seus clitóris, enviando estalos de incrível sensação avançando por ela.

Ela soube através dos anos que isto ocorreria. À primeira oportunidade. No momento em que a tocasse, no segundo mero em que se encontraram longe de olhares curiosos. Soube que isto ocorreria. Que a necessidade e a fome sairiam furiosamente de controle.

―Por quê? ― chiando, débil, sua voz não era absolutamente como deveria ser. Não parecia determinada ou segura como usualmente fazia. E certo como o inferno que não parecia independente e forte.

Engolindo duro, tentou outra vez.

―Por que está aqui? Onde está Khalid?

Ela apertou os dedos contra o agarre que ele tinha em seus pulsos, embora encontrasse a si mesma parando repentinamente de realmente lutar contra sua pegada. Depois de tudo, se protestasse muito alto, ou lutasse muito duro, ele na verdade poderia deixá-la ir.

―Khalid e Marty estão com os pais dela. ― Profundo e escuro, estava segura de na verdade ter tremido quando ele falou. ― Estão ultimando os planos para sua segurança.

Sua segurança? Neste momento, de tudo o que precisava se proteger era do calor vermelho vivo contra o qual estava necessitada.

―Ele deveria estar aqui ― OH, homem, ela estava morrendo aqui― Podia sentir seu sangue correndo, sua carne esquentar, seu clitóris pulsar mais duro em demanda com cada segundo.

Quanto mais tempo ficava ali debaixo, mais o desejava. Mais desejava as sensações e o prazer que só saboreou oito anos atrás.

―Deveria? ―Seus dedos se apertaram então se relaxaram contra seu quadril um segundo antes que sua palma a acariciasse, deslocando, movendo-a contra sua coxa. ― Penso que neste momento, é uma muito boa coisa que ele não esteja aqui― O que acha?

Um brilho de fogo cruzou velozmente através de sua boceta, contraindo os apertados músculos e quase roubando o fôlego. O prazer se estendeu por seu corpo, mas era um prazer lamentável, doloroso, necessitando um tipo de prazer com sensações muito mais poderosas, que debilitasse os joelhos e a fizesse respirar com dificuldade.

―Ele me sequestrou, ―ela exalou bruscamente―― vou chutar o seu traseiro.

―Adiante, ―murmurou. ― Quando chegar. Até então, acredito que poderia ser hora de descobrir se seus lábios são tão suaves e doces como parecem. Se de algum jeito forem tão doces como essa quente, deliciosa e pequena boceta do que não posso esquecer seu sabor.

Seu corpo inteiro se apertou de excitação diante da declaração.

Então ele baixou a cabeça.

Paige sentiu que suas pestanas desciam os lábios permanecendo aberto, o fôlego entrecortado quando os lábios masculinos roçaram o contorno de seu rosto, enviando uma rajada de delicioso prazer banhando outra vez.

―Está tratando de me distrair, ―acusou bruscamente ― Não vou permitir fazê-lo. Khalid me deve explicações, Abram.

Ele as devia. Ela devia a si mesmo. Não podia permitir fazer isto porque uma vez que ele se fosse, não ficaria nada dela.

―Está protegendo-a, ―falou, apesar de que sua voz soou mais áspera, mais tensa quando os lábios se moveram a seu ouvido, seu fôlego acariciando através da concha enquanto falava. ― Está correndo perigo, Paige, deveria ter suposto isso a esta altura.

Perigo de gritar de necessidade. De suplicar por seu toque. De choramingar pela dolorosa fome que não podia controlar.

―Suposto o que? ―Realmente esperava que ele não dissesse que ela era capaz de pensar neste momento, porque isso não ia ocorrer. Mas não podia imaginar uma só razão pela qual poderia estar correndo perigo.

A menos que estivesse em perigo de morrer de excitação. Neste momento, essa era definitivamente uma consideração. Em todos seus anos de adulta nunca se sentiu desta maneira com outro homem, não esteve tão doída, nem perdeu seu fôlego, nem se sentiu prender fogo como fazia agora. E nunca esteve tão segura de que poderia perder a si mesmo em outra pessoa.

―Porque está correndo perigo. ―Havia um toque de diversão em sua voz agora, o conhecimento disso enrolou através dela com a mesma força que a fome a superou momentos antes.

Diversão era a última coisa que ela poderia sentir enquanto o abraçava, enquanto o entusiasmo por tocá-lo, por que ele a tocasse, fascinava-a.

Apertando os dentes ela se esticou, tentando liberar-se, pôr só um fôlego entre seus corpos enquanto tentava encontrar seu controle em alguma parte do matagal doloroso de desejo e necessidade que estava passando contra ela.

Não era simplesmente sua sorte estar tão excitada por um homem quando a excitação dele, suas próprias necessidades, estava tão obviamente distante tal como estiveram antes? Era a história de sua vida no concernente a Abram. Do momento em que se precaveu que queria esses malvados e sexy lábios sobre ela, ele não esteve mais que furioso ou divertido com ela.

―Em perigo de matar Khalid, talvez, ― disse rapidamente ― Seria tão amável em deixar-me ir agora? Solte-me, Abram. Não estou de humor para seus jogos.

Ele esfregou a bochecha contra seu cabelo como se estivesse considerando sua petição por um longo momento.

―Talvez, eu gosto de muito como está, ―ele finalmente manifestou. ― Eu gosto de como se sente contra mim, Paige Eleanora Galbraithe. Sabe como a lembrança desses muito poucos momentos roubados me atormentaram?

―E talvez eu pense que agora tenho melhor critério, ― ela sussurrou roucamente ― Deixa de jogar comigo.

―Ahh, Paige, amor, isto vai muito além de um jogo. Esta é a razão pela que briguei contra seu toque. Porque posso sentir meu controle ir diretamente ao inferno só pelo simples ato de segurá-la contra mim. Como posso convencer de quanto desfruto da sensação de tê-la contra mim?

Como parecia ela contra ele? Ou o fato de que pelo mais ínfimo dos momentos, ela foi incapaz de dizer como ele estava sendo idiota?

No momento, ele não estava com seu normal estado zombador, mas ela podia sentir a essa besta pronta para surgir. E uma vez que o fizesse, suas confrontações poderiam voltar a ser brutais. A brincadeira dele, a dela mais potente. Eram conhecidos por atacar um ao outro durante horas, como crianças pequenas aguilhoando o outro para ganhar o domínio.

―Posso dizer, ―disse ela, que está voz morta da risada, ― Abram. Deixe-me ir.

Ele segurou apertado sobre seus pulsos por um segundo quando ela sentiu a tensão endurecendo ainda mais o corpo. Contra a parte baixa de seu estômago, seu pênis parecia mais duro, mais quente, seu corpo mais insistente quando começou a aproximar-se, cobrindo como uma sensual e musculosa besta.

―Não de você ―Sua voz era repentinamente mais baixa, sentiu seu próprio coração correndo em seu peito quando ele a aproximou mais contra ele com a mão que tinha em seu quadril. ― De mim mesmo, gatinha. Porque sem importar toda tentativa de me afastar de você, não quero nada mais que me afundar dentro de você.

Ao segundo que as palavras passaram por seus lábios, estes estavam cobrindo os dela. O corpo masculino deslocou sua mão livre empurrando mais acima sobre sua coxa, enquanto se movia contra as inchadas dobras e seu vestido se enrolava ao redor de sua perna. A seda de sua calcinha saturada com seus sucos quando ela se esforçou por aproximar mais a ele. Seu clitóris ardia com uma intensidade fogosa. Sua vagina se contraía, apertava, os músculos doloridos pelo desespero de ser cheios e cada célula de seu corpo crepitando pela necessidade de ser tocada.

O prazer se incrementou rápido e potentemente dentro dela. O coração correndo a toda velocidade e o sangue pulsando através de seu sistema enquanto abria os lábios e deixava cair à cabeça para trás, quando ele a possuiu com seu beijo.

Cada pensamento de protesto saiu disparado pela janela. As irritações, os conflitos e os enfrentamentos do passado se foram. Com os pulsos assegurados contra a parede, a coxa masculina pressionando entre as dela, e seus lábios e língua acariciando e possuindo cada pulsação de sensualidade, ele a estava afogando. Paige podia sentir a si mesmo debilitar dentro da promessa do rememorado êxtase.

O domínio formava redemoinhos saindo dele. Era uma onda de calor rendendo ao redor dela e afundando em sua carne enquanto seus lábios esfregavam e acariciavam os seus. Sua língua lambia a sua, mergulhando, saboreando e acariciando até que Paige se encontrou arqueando para ele, gemendo por mais.

O único lugar em que suas mãos a tocavam era em seus pulsos, e outra vez em seu quadril. O resto de seu corpo a acariciava, entretanto. Seu duro peito contra seus seios, sua coxa pressionada entre as dela.

Cada flexão da perna esfregava o duro músculo contra sua boceta e seu clitóris, enviando um incrível prazer correndo através de cada terminação nervosa, ela em troca se arqueava para estar mais perto.

Precisava estar mais perto dele.

A necessidade do calor, do prazer estava avançando através dela como um tornado. Estava morrendo por mais dele. Por voltar a saboreá-lo. Seu beijo foi como um afrodisíaco, picante e aditivo, quando seus lábios se inclinaram sobre os seus e a beijou com uma fome tão pura e sensual que ela não poderia ter sonhado que existisse.

A restrição em seus pulsos deveria a colocar nervosa. Nenhum homem jamais a tinha restringido. Nunca permitiu até agora.

Até Abram.

Até a sensação dele contra ela, até que suas mãos a restringiram e seu beijo fez que gostasse.

Mas isso não significava que ela fosse aceitar facilmente. Inclusive em meio dos incríveis explosões de prazer. Em um primitivo e primário nível, Paige podia sentir a batalha que poderia morar entre eles. A que esteve moldando durante anos agora.

Quanto dominante ele poderia ser.

Quanto submissa ela nunca se permitiria ser.

Mordeu a língua quando ele voltou a lamber sobre a dela, provocando que sua cabeça fosse para trás e seu olhar se estreitasse na escuridão.

―Está jogando com fogo. ―Havia um grunhido em sua voz que enviou um calafrio correndo para cima de sua coluna vertebral.

―E com o que está jogando você? ―Era tudo o que ela podia fazer para conter os pequenos tremores de sua voz, de seus dedos enquanto ele os mantinha por cima de sua cabeça. ― Eu não comecei isto, Abram, você fez.

―Começou isto faz oito anos, Paige, ―disse com voz cavernosa. ― Oito anos e o sabor da mais doce boceta que toquei com minha língua alguma vez. Atormenta. E agora, não fica mais opção que sua irritação por nossa tentativa para assegurar sua segurança.

―Acredita que você e Khalid simplesmente podem me sequestrar e chegar tão longe como o inferno com isso? Ou que pode me beijar malditamente bem para compensar isso?

Teve que se esforçar para não permitir que um tremor de prazer atravessasse seu corpo quando os dedos dele se moveram sobre seu quadril antes de avançar lentamente mais perto de sua coxa. Para onde a seda de seu vestido correu de sua carne no lugar em que seu joelho estava, levantando para abraçar a coxa de Abram, para esfregar ela mesma contra ele.

Teve que lutar por manter seus sentidos, para controlar a necessidade de afundar outra vez em seu beijo, de deixá-lo afundar dentro do dela, de qualquer forma que ela pudesse o convencer de fazer.

Mas conhecia este homem. Dominante. Poderoso. Uma força a ser tida em conta em um mundo tão diferente do dela que bem poderia ser de um planeta alienígena.

―Sequestrada você? Por mim? ―O assombro enchia sua voz, e possivelmente só um indício de cólera. ― Se a sequestrasse, gatinha, saberia bem, ― ele finalmente brincou, e sua irritação foi facilmente evidente justo quando seu acento se voltou mais pronunciado.

Felizmente, seus dedos relaxaram. Ele deu um passo atrás lentamente antes de estirar para um lado e acender as luzes enquanto a soltava.

Por um segundo, ela piscou. Seus olhos se fecharam bruscamente e quando voltou a abri-los um instante depois, ele estava na metade do caminho do quarto e se dirigindo para o bar.

Por uma bebida. Esteve tentada em unir-se a ele.

Movia-se como um depredador.

Paige observava enquanto ele caminhava majestosamente, quase de forma preguiçosa, através do tapete para o bar ao outro lado do quarto.

Sem voltar, serviu um uísque, pela aparência disso, e se não estava equivocada, era o mais fino de Khalid.

Sua cabeça se inclinou para trás enquanto tomava um longo trago. Seu grosso e pesado cabelo negro caía quase até seus ombros, as mechas negro-azuladas sedosas e brilhando sob a vívida luz do teto.

―Saia daqui antes que insulte Khalid fodendo-a em sua cama, ―estalou.

―Falando sobre uma mudança de humor. ―Ela revirou os olhos quando disparou um inclinado olhar furioso sorrateiramente.

―Nem de perto o suficiente de uma mudança para impedir foder à irmã de meu irmão.

Paige piscou para ele.

―Maldição, isso soou quase depravado, Abram. Você gostaria de dizer com outras palavras?

Ele deu a volta. Graça masculina e força depredadora. E palpitante e ardente luxúria masculina.

Ela poderia sentir sua vagina alagar, saturando sua calcinha ainda mais e sensibilizando seu clitóris ao ponto da necessidade dolorosa.

Só vê-lo era suficiente para fazê-la doer, para fazê-la desejar com uma força e um poder que debilitava os joelhos.

Ele era alto, largo, e musculoso. Não havia um grama de gordura em seu um metro e noventa, nem debaixo da excepcionalmente suave camisa branca nem das gastas calças jeans.

Terminando o uísque, apoiou a taça sobre o balcão atrás dele, seu olhar nunca deixando o dela. Paige podia sentir esse olhar através de cada centímetro de seu corpo. Sensibilizado e ansiando seu toque, sua pele parecia muito tensa e contraída enquanto tentava acalmar a rápida ascensão e descida de seus seios.

―Dizer com outras palavras não é a única coisa que eu gostaria de fazer, ou que posso tratar de fazer. ―Pesada advertência em sua voz foi seguida por um olhar de pálpebras cansadas ao longo de todo seu corpo.

Inferno, ela bem poderia ter estado nua. Infelizmente, havia uma parte dela que desejava estar nua.

Paige não tinha que baixar o olhar para ver que seus mamilos estavam tratando de escavar seu caminho através da seda de seu vestido.

Não se incomodou em empurrar a bata sobre as torcidas curvas nem inclusive fingir uma vergonha que não sentia. E não era a primeira vez que se viu obrigada a encarar Abram como uma mulher independente em vez da menina submissa que ele frequentemente esperava que ela representasse.

Infelizmente, ele já poucas vezes se surpreendia por ela.

―E o que faz agora qualquer diferença dos anos anteriores? Houve um tempo quando teria dado boas vindas a seu toque, Abram, mas agora não posso evitar que me resulte suspeito. Que diabos está acontecendo?

―além de sua determinação por obter essas palmadas que venho prometendo? ―Ele falou como se estivesse fazendo a sério.

―Promessas, promessas. Meu traseiro deixou de sentir o formigamento de antecipação faz anos. ― subtraiu importância ao comentário com um gesto de sua mão.― Isso não muda o fato de que a menos que diga aos pistoleiros a salário de Khalid que estão ali fora que saiam de minha vista e me deixem ir para casa, vou levantar processos contra cada um de vocês. Isso não gostaria seu papai, Abram. O último que ouvi é que o velho Azir estava realmente de saco cheio porque você estava negando a voltar a se casar em altares de um menino.

Seu traseiro deixou de sentir o formigamento de antecipação? Abram esteve perto de gozar em suas condenadas calças jeans com esse comentário. Seu pênis endureceu como ferro puro, a cabeça palpitava, e se não havia pré-sêmen em seu jeans, então ele não estava duro como ferro.

Paige observou seus olhos negros flamejarem com luxúria renovada. Uma perfeitamente arqueada e masculina sobrancelha negra se elevou preguiçosamente.

―Não funcionam os telefones da casa? ―Sorriu zombeteiramente enquanto ignorava seu último comentário.

Seus lábios se aplanaram.

―Estou tratando de ser agradável a respeito disto, Abram. Não me faça chamar as autoridades.

Ele ondeou sua mão para o telefone sobre um escritório próximo em convite.

―Não a sequestrei Paige. Daniel Conover e sua equipe de segurança fizeram isso, sob as ordens de seu irmão e com a aprovação do Diretor do FBI, Zachary Jennings. Você gostaria de chamar as autoridades agora, gatinha?

Devolveu o olhar com irritação.

―Deixa de me chamar isso… E provavelmente seria tão bom chamar os policiais agora como seria chamar Khalid, ― ela estalou. ― me tire daqui, Abram.

Estava desesperada. Se tivesse que permanecer presa inclusive um dia mais, ia ficar louca. Não havia nada para fazer aqui ― Nenhuma forma de enfocar sua energia ou de deixar de fantasiar com este homem que parecia ter a intenção de rondar através de sua mente todas as horas do dia e da noite.

Se não encontrava a maneira de retornar para casa, de retornar a seu trabalho… sabendo agora que Abram era o único deslizando dentro da casa de noite… então poderia terminar cometendo o engano maior de sua vida… rogando que a levar-se a sua cama e terminasse com o que começou oito anos atrás.

―Me leve para casa. ―Cruzou os braços sobre seu peito e devolveu o olhar firmemente.

―Não posso fazer isso. ―Ele negou com a cabeça, sua expressão repentinamente sombria.

― relaxe, Paige. Desfruta de umas agradáveis férias por algumas semanas mais…

―Semanas! ―Seus olhos se aumentaram quando a assombrada incredulidade a atravessou e o rechaço instantaneamente se instalou em sua mente―― Maldição, não! ―Suas mãos foram a seus quadris enquanto o enfrentava furiosamente agora. ― Tenho um trabalho, Abram. Tenho uma vida…

―Não vai daqui ―Seu tom era repentinamente ameaçador, sua expressão endurecendo como se ele soubesse o perigo que ela confrontaria, fosse qual fosse.

Ela estava condenadamente contente de que alguém soubesse o que estava passando, porque ela seguro que não sabia.

―Que diabos quer dizer com isso?

Pôde sentir uma premonição de perigo então, inclusive mais forte da que sentiram nos passados dez dias.

Khalid não a sequestraria sem uma razão. Uma parte dela sabia o que estivesse ocorrendo era mais que simplesmente uma suspeita de perigo. Era mais que uma ameaça contra Khalid e Abram.

Abram se moveu para ela lentamente, sua expressão transmitindo frustração e irritação, antes de lentamente suavizar a uma gelada calma que enviou um calafrio de temor subindo por suas costas.

―Por que não posso ir, Abram? ―sussurrou enquanto combatia a borda de medo ameaçando difundindo através dela agora. Sabia que seu irmão esteve tendo alguns problemas com os dois meios irmãos menores dele e de Abram, mas certamente esses problemas não se estenderam até ser uma ameaça para ela? Além disso, não estavam mortos agora?

―Porque seu nome foi encontrado entre os escrito de certo terrorista, Paige. Até que averiguemos o motivo… ―Sua voz baixou, sua expressão se voltou pesada, sensual, e cheia de desejo. ― Até que saibamos com toda segurança, é muito preciosa para arriscá-la.

Algo resplandeceu em seus olhos, algo escuro e perigoso enquanto levantava a mão, os dedos deslizando debaixo do ombro de sua bata, as calosas e quentes gemas de seus dedos acariciando debaixo do sedoso material.

―Abram ― Muito preciosa para arriscá-la? Disse como se dissesse a sério, como se ela fosse realmente preciosa para ele.

E não podia se permitir acreditar nisso. Ela e Abram tiveram muitos enfrentamentos através dos anos para alguma vez acreditar que ela era algo mais que um estorvo, e por momentos, possivelmente, um desejo.

Enfocando a atenção na intimidade do toque, no prazer, era algo que ela ansiosamente aceitava agora enquanto lutava por se distrair da informação que ele acabava de dar. O conhecimento de que um terrorista estivesse de algum jeito enfocado nela.

A pergunta de por que fazia estragos na parte posterior de sua mente enquanto ela deliberadamente se obrigava a enfocar a atenção no desejo em lugar disso.

Não acreditava que queria saber por que. Ainda não. Não até que pudesse acalmar o horrível pressentimento e o medo que ameaçava afligindo-a.

Através dos anos, ela o deixou bravo, irritado, e deliberadamente provocado. Piscava um olho quando ele estava taciturno, jogava beijos quando estava zangado, e isso foi justo quando ela era pouco mais que uma menina e ele um homem de mundo de dezoito anos diante de seus olhos. E agora, ele era o homem que ela não podia tirar de seus sonhos nem de suas fantasias.

Paige estava parada imóvel e silenciosa enquanto os dedos de Abram a acariciavam do ombro até o pescoço, acariciando sua carne como se desfrutasse de sua sensação. Seu olhar estava travado com o seu, seus olhos sombrios e intensos, e um brilho de fome exaltada os enchia quando ele empurrou os dedos dentro de seu cabelo.

Acariciou a parte traseira da cabeça, segurando-a no lugar, enquanto descia a cabeça lentamente. Paige sentiu seus lábios abrirem, seu coração batendo mais duro contra seu peito até que acelerou fora de controle.

―Me deixe saborear outra vez Paige, ―sussurrou os lábios quase tocando os seus ― A vejo cravando os olhos sobre mim com tanta inocência, e com tanto desejo. Tudo o que a salvou estes anos passados foi à firmeza de Khalid em nos manter separados. ―Seus lábios tocaram os dela. ― Khalid não está aqui agora para salvá-la, preciosa.

Paige sentiu que seus lábios se separavam impotentemente.

―Ele não esteve ali faz oito anos, ― sussurrou. ― E tomou outra mulher em meu lugar.

―E ainda, tudo o que lembro desse dia, é como molhada e doce estava ― ele respondeu sensualmente ― Ainda é tão doce? ―Os lábios roçaram os dela. ― Segue estando tão molhada?

Ela deveria estar questionando-o. Deveria estar indignada. Deveria estar assustada e tentando encontrar uma forma de permanecer segura sem ser uma prisioneira na casa de seu irmão e no momento nos braços de Abram.

Em lugar de questioná-lo, entretanto, seus lábios se abriram para ele, um tremente gemido escapou quando ele a empurrou contra ele firmemente e aprofundou a íntima posse. Era um beijo ao que faltava de dominar momentos antes, assim como também a demanda. Este beijo seduzia, adulava. Seus lábios e língua esfregavam contra os dela, saboreando e em questão de segundos suas mãos estavam obstinadas aos ombros dele, as unhas cravadas em sua carne enquanto lutava por se aproximar mais a ele.

Este era o lado de Abram que nunca a deixou ver. Este lado suave e sedutor. O perigoso erotismo que existia justo debaixo da superfície e agora estava fluindo livre enquanto seus lábios, língua, e mãos começavam a avivar as abrasadoras chamas de necessidade através de seu corpo inteiro.

Deslizou as mãos sobre seus ombros, brandamente baixando as mangas de sua bata por seus braços até que a seda ficou apanhada em seus cotovelos.

Seus lábios se deslizaram sobre os dela, sua língua aparecendo para saborear a sensível pele de seu pescoço, enviando calafrios correndo por seu corpo. Paige ofegou para respirar, um baixo gemido livrando de seus lábios. Estava segura que havia uma corrente elétrica debaixo de sua pele, avivando pelo toque de seus lábios enquanto acariciavam e beijavam um caminho até seu ombro.

As calosas pontas de seus dedos se moveram à magra alça de seu vestido, baixando sobre a curva de seu ombro enquanto os lábios continuavam brincando, e derretendo sua resistência como manteiga. Se tivesse havido alguma resistência, o que Paige estava segura que nem sequer poderia ter tentado fingi-la.

O quis durante muitíssimo tempo, desejado por muitos anos para inclusive considerar rechaçar este toque.

Nunca sentiu o toque de um homem arder através dela como o de Abram fazia agora. Nunca conheceu um abandono para semelhante prazer, nem doeu até o mesmo núcleo de seu corpo como fazia agora.

―Abram. ― O gemido sussurrado pareceu desprender quando sentiu o vestido deslizar por seus braços, logo além da torcida e pesada carne de seus seios ― Faz que minha cabeça dê voltas.

A seda raspou sobre seus tenros picos, a sensação surgindo através dela com uma malvada rajada de eufórico prazer enquanto permitia que as palavras se livrassem de seus lábios. Ela sabia melhor. Deveria parar, deveria conter uma parte de si mesmo. Não tinha forças para fazer isso, entretanto.

Seus mamilos formaram picos e se endureceram, elevando e caindo irregularmente com seus pesados fôlegos quando Abram desceu a vista para eles. Paige jurava que podia sentir o mesmo ar acariciando, as invisíveis correntes tocando como uma carícia fantasmal.

―Que bonito. ―A escura e acentuada carícia de sua voz contra seus sentidos a fez arquear para aproximar dele, para senti-lo tocando seus seios de algum modo, de qualquer forma, para aliviar a dor irradiando através de sua carne.

Fantasiou com isto. Sonhou com isto.

―O que quer pequena gatinha? ―A mão se moveu os dedos movendo sobre a curva de seu peito enquanto ela separava os lábios para tomar ar ― Que toque deseja contra esta carne tão bonita?

OH Deus, como se supunha que tinha que lutar com isto? Para dirigir as sensações que estavam rasgando, e o prazer que impossibilitava considerar qualquer outra coisa que não fosse à culminação da fome enfurecendo através dele.

Paige levantou o olhar para ele, um olhar de pálpebras cansadas enquanto uma sensação de sensual valentia a superava.

Aplanou a mão entre eles, subindo por seu próprio estômago até o montículo de seu peito. Acariciando-o, ela o levantou para ele em convite enquanto o olhar de Abram flamejada com uma fome entristecedora. Ele separou os lábios, sua língua tocando a ponta da carne torturada.

―Filho da puta!

Surpresa. Horror.

A cabeça de Paige se sacudiu a um lado quando foi levantada por Abram rapidamente, voltando inclusive enquanto ele rapidamente acomodava as alças do vestido e sua bata outra vez sobre seus ombros para cobrir seus seios nus.

Khalid.

Seu irmão estava parado na porta, seus olhos negros quase saídos pela surpresa, sua expressão, pelo mais breve momento tranquila e completamente assombrada, antes que se transformasse em fúria absoluta.

Deus, ele havia aparecido no momento mais inoportuno e a apanhava fazendo a única coisa que proibiu que fizesse anos atrás.

“Não se enrede com Abram”, ordenou. Para não causar esse problema com o único irmão que aceitava o único amigo verdadeiro que alguma vez conheceu. Porque os faria inimigos se Abram a levasse a sua cama.

E o que fez ela? O que tentou fazer durante anos? Encontrar-se nos braços de Abram, com seus lábios e mãos acariciando-a. Encontrar em sua cama, movendo sobre ela, dentro dela.

Demônios, Khalid estava de saco cheio!

Lentamente, Abram retrocedeu.

Ela girou a cabeça e ficou olhando-o fixamente quando ele posou sua vista nela, seus olhos negros, mais escuros, mais intensos que os de Khalid, eram enigmáticos enquanto Abram acomodava sua túnica sobre seus seios, então começou a distanciar a si mesmo completamente.

—Vê, — disse brandamente, seu tom repentino e notavelmente tenro. ― Não precisava estar aqui para isto.

— Paige, que diabos acontece? —O tom de Khalid era friamente furioso e cortou o sussurro de Abram apesar de sua gentil ordem.

Paige revirou os olhos, deu um passo atrás, e terminou de arrumar sua roupa quando se voltou para seu irmão. Ela não podia permitir olhar a Abram, não podia permitir o luxo de mostrar qualquer debilidade agora.

Os irmãos eram como animais selvagens. Mostrar um primeiro indício de debilidade e eles poderiam ser desumanos. Quase como quando um animal fareja o aroma do sangue.

—Supera, - disse ela despreocupadamente quando olhou atrás e observou como Marty tentava conter um sorriso. A prometida de Khalid não estava mais que tranquila e até divertida com todos eles. —O que ocorreu Marty? Os extraterrestres sequestraram meu irmão agradável outra vez e deixaram ao idiota em seu lugar?

O “irmão agradável” fazia referência a seu em geral bom humor das semanas passadas desde que ele e Marty se aceitaram. Ela esperou que durasse um pouco mais.

—O “irmão agradável”, como você me chama, estava excepcionalmente bem até que entrei aqui dentro, — soltou, cruzando os braços sobre seu peito em uma atitude clássica e arrogante.

Quantas vezes viu essa atitude nos últimos dez anos? Possivelmente cada vez que Khalid a apanhava olhando muito a Abram.

Paige deslizou o olhar entre os dois homens.

Era incrivelmente fácil dizer que eram parentes, dizer que eram irmãos na verdade. Poderia ter jurado que eram gêmeos em vez de meios irmãos. Mas ela sabia bem. Abram era cinco minutos mais velho que Khalid, e sua mãe tinha um delicado cabelo loiro em vez do cabelo vermelho vibrante da mãe de Khalid e Paige. O pai de Khalid e Abram, Azir Mustafa preferia esposas americanas. Mulheres americanas sequestradas e aterradas.

Entretanto, Abram não era irmão dela. Não era sequer seu meio irmão. Mas Khalid se recusava a ver a diferença.

—Nenhum me respondeu. —Khalid ficou olhando entre eles, suas fossas nasais flamejando de irritação.

—Pensei que era bem óbvio, — Paige respondeu brincando ― Não é exatamente virgem, Khalid, assim a menos que essa pergunta fosse simplesmente um exercício de sua arrogância, então está muito informado do que estava ocorrendo exatamente.

— Foi um engano, — disse Abram então. A surpresa da declaração rasgando através de sua consciência.

Paige deu meia volta para cravar seus olhos nele com incredulidade.

—O que disse?

— Foi um engano, — ele repetiu ao voltar-se para Khalid ― Não ocorrerá de novo.

Ela só podia olhá-lo. A incredulidade guerreava com um sentido de traição quando ele se voltou para ela, sua expressão fria e composta, nenhum indício da fome, ou a necessidade que mostrou só uns momentos antes.

—Um engano? — sussurrou, sentindo sua garganta fechar quando sentiu a ambos, Marty e Khalid, olhando-a.

Que vergonha. Eles presenciarem tal rechaço. Como de impossivelmente estúpida era ela para não ter se dado conta do que estava ocorrendo exatamente. Ele não permaneceu longe dela e se assegurou de que não estivessem nunca sós durante os últimos anos, sem uma razão.

—Um lamentável, — ele respondeu. ― Desculpo-me diante de você também, Paige…

—Economizando isso sacudindo sua mão em gesto depreciativo, deu meia volta e se apressou para a porta. Uma vez alcançada à porta, voltou, seu olhar encontrou a de Khalid e a cólera queimou brilhante e quente dentro dela. ― Se não o ver na manhã, então melhor dizer a seus pistoleiros contratados que cuidem de suas próprias costas porque já não ficarei mais aqui― E melhor que tenha um método alternativo de segurança porque não sou uma menina para ser guardada sob chave. Nem sou tampouco uma maldita estúpida para não compreender que diabos está ocorrendo se ao menos explicassem a situação.

Não o deu tempo para falar. Não queria ouvir suas condenadas explicações no momento e sem dúvida alguma tampouco queria ver a piedade em seus olhos nem nos de Marty― Queria mandá-los ao inferno todos eles.

Ela foi um engano. Um lamentável.

Seus dentes se apertaram furiosamente com força quando a humilhação a percorreu.

Ele poderia se desculpar até que o inferno se congelasse, mas não mudaria o fato de que a desejava. Desejou quase com a mesma fome destrutiva que queimava em seu interior cada vez que ele estava por ali.

Não queria admiti-lo? Queria ignorá-lo?

Isso estava condenadamente muito bem, porque não terminou. Viu seu olhar fixo. Viu o que ele quis esconder atrás essa máscara enganosamente calma e desapaixonada.

Viu a fome ardendo tão quente, tão intensa que possivelmente fosse tão profundo como a dela. Sentiu-o. Saboreou em seu beijo. Ele queria devorá-la.

Sabia que negá-lo simplesmente não funcionaria. Quando tivesse acabado de negá-lo, quando tivesse acabado de fingir que não a queria para manter os pequenos instintos protetores de Khalid em calma, então teria que ser condenadamente cuidadoso.

Ela poderia demonstrar exatamente como parecia o rechaço.

 

Ao fechar devagar a porta atrás dela, Abram quase se sobressaltou. O silêncio quase total dessa ação falava por si mesmo. Se tivesse dado uma portada, não teria sido tão efetivo.

Entretanto, foi à dor que viu em seus olhos, esse sentido de traição que mostrou exatamente que tão profundamente a feriu.

Ela não entendia.

Tocá-la foi o pior engano que pôde ter cometido, porque demonstrou que era uma debilidade que ele não podia permitir-se.

E responder a ela oito anos antes, quando seus lábios se enterraram entre suas coxas, foi o pior engano que ele pôde ter cometido.

Ainda agora, Abram não podia tirar o sabor dela de sua mente. Não podia tirar sua honesta e desinibida resposta a ele, de seu sistema.

Seus olhos estiveram cheios desse desejo. A larga massa de seu cabelo vermelho como o fogo caindo em cascata ao redor dela. Sua carne pálida ruborizada por sua necessidade, e esses perfeitos seios. Esses montículos doces e firmes se elevaram à altura de sua boca, o rosa inocentemente pálido de seus mamilos apertados, duros e receptivos a seu toque.

Tomá-la seria como colocar-se em cheio no fogo. Ele o podia ver, podia sentir.

Duro como o ferro e pulsando de fúria diante de sua negativa de tomá-la, seu pênis se inchou com uma dolorosa presteza, suas bolas estavam tensas e doloridas. Não podia lembrar ter sofrido alguma vez com tal desespero pelo toque de uma mulher, ou ter necessitado tocá-la como precisava tocar Paige.

—Perdeu seu maldito julgamento, Abram? —Khalid falou com voz áspera atrás dele, com fúria.

—Evidentemente, — Abram girou para ele, cuidando de manter sua expressão composta, sem emoção. ― Não serei tratado como um menino, Khalid― soube por anos o desejo que arde entre nós. Só deveria ter estado surpreso de que demorei tanto em arriscar o controle.

Inalou lentamente, estabilizando. Paige não arriscou seu controle, ela o destruiu.

Assim, ele tampouco podia culpar a seu irmão por sua irritação. Paige era a irmã pequena de Khalid― Uma menina apreciada que nenhum em sua família podia ver que se converteu em uma mulher fazia muitos anos.

—Isto é ridículo, — Khalid estalou. ― Tem muitas mulheres, Abram. Mantenha-se afastado de Paige.

Abram percorreu com o olhar Marty e deixou que um sorriso sombrio tocasse seus lábios. Ele bem recordava os anos que Khalid foi torturado e foi tentado por esta mulher. As noites que seu irmão passou simplesmente falando da pequena e suscetível agente rastreadora do FBI.

— Marty e eu somos um assunto inteiramente diferente, — Khalid grunhiu quando seguiu o olhar de seu irmão. ― Marty não está relacionada comigo por sangue.

Diante disso, Abram simplesmente teve que rir.

—E que sangue compartilho eu com Paige, Khalid? —questionou ― Ela é filha de sua mãe, enquanto eu sou filho de seu pai― Onde acha que compartilhamos sangue?

Khalid podia ser assombrosamente teimoso, e podia tratar de arrumar a realidade para o satisfazer em vez de arrumar a si mesmo para satisfazer a realidade. Era um enguiço dele, e um que Abram aprendeu a ignorar através dos anos. Porque não importava quanto Khalid tentasse, ainda teria que forçar os ventos do destino para voltá-los a seu favor.

—Ambos precisam deixar de discutir sobre isto. Seu ouvinte principal saiu, assim não têm a ninguém para impressionar com essa postura, — Marty disparou a ambos um olhar enojado. Ela era definitivamente uma mulher que acreditava em falar com franqueza.

E estava certa. De certa maneira, estiveram atuando para impressionar durante anos. Mas como Abram se precavia agora, Paige poucas vezes ficava a escutar as discussões ou punha pouca atenção às correntes de tensão que havia entre ele e Khalid cada vez que ela estava por aí.

Paige se cansou do jogo, embora ele e Khalid ainda o jogassem. Isso deu a Abram algo no que enfocar em vez de fazê-lo em seu desejo por Paige durante essas poucas vezes quando já não podia evitar.

Abram suspirou cansadamente.

—Não vim aqui perder o controle com Paige, ou discutir com você, — disse a seu irmão. ― Estou retornando em poucas horas para a Arábia.

A sacudida foi evidente. O olhar fixo de Marty se ampliou e a expressão de Khalid repentinamente se voltou gelada. Ele compreendeu a rápida cólera, a incredulidade. Eles planejaram sua volta para Arábia Saudita por anos. Ter Abram voltando de última hora por assim dizer, era pouco mais que um insulto.

—Acaba de chegar, — Khalid finalmente indicou ― Não está dando a imigração tempo suficiente para examinar os registros de nascimento de sua mãe nem do teu. Dê tempo.

Abram sacudiu rapidamente a cabeça.

—Há algo que devo fazer primeiro, Khalid.

Ele tinha sabido que seu irmão nunca compreenderia este movimento que estava sendo forçado a fazer.

—E que diabos poderia ser mais importante que sua vida? — grunhiu Khalid repentinamente, a fúria rachando depois do gelo. ― Azir Mustafa nunca o deixará viver agora. Maldição, Abram, acabamos de matar dois de seus filhos. Os pequenos bastardos de negro coração por quem ele arriscou tudo para proteger através dos anos.

—Abram, meu pai tem a certeza de que sua cidadania será aceita em uns dias —, indicou Marty ao lado de seu prometido. ― Não há problema com isso. Mas se retornar, não há nada que ele possa fazer.

Ele negou com a cabeça rapidamente.

—Tenho que retornar.

— Por que, maldição? —Khalid gritou furiosamente quando a ira iluminou seu negro olhar outra vez.

—Porque a foto de Paige estava em posse de um terrorista morto conhecido por ser uma parte da célula de Ayid e Amam, faz apenas umas horas, ele tratou de abordar um avião na Jordânia. Suas suspeitas eram corretas. Ela está correndo perigo. E estou retornando para casa para detê-lo, de uma maneira ou outra Khalid― Já perdi duas esposas por esses bastardos. Não perderei minha alma por seus fantasmas.

Paige. Sua alma. Ele perdeu sua juventude e seu coração quando sua primeira esposa, Lessa foi assassinada. Sua segunda esposa foi imposta à força, e perdê-la junto com seu filho fez perder o último pedacinho de esperança dentro dele. Suas mortes quase o mataram. O pensamento dessa vida inocente, ainda não nascida, tomada tão cruelmente, quase o fez perder sua prudência.

Essa criança foi sua filha. A filha que ele pensou em segredo tirar da Arábia Saudita depois de seu nascimento e enviar aos pais de seu irmão. Pavlos e Marilyn Galbraithe a teriam criado e teriam protegido como a sua própria preciosa filha.

Mas Paige, Deus o ajudasse, não haveria forma que ele sobrevivesse a sua morte. Destroçaria. Por alguma razão ela começou a representar algo selvagem e inocente dentro dele oito anos atrás. Quando o futuro pareceu ser nada exceto furiosa dor, foi sempre a imagem dela o que trazia consolo. Sua risada, o doce calor que queimava em seus olhos esmeraldas.

E por como se via a expressão de Khalid, de incredulidade completa e horror, assegurava a Abram que destroçaria a ele também. Ambos elaboram planos secretos, tramaram, e dirigiram as coisas contra Azir Mustafa desde o dia em que a pequena beleza ruiva nasceu. O nascimento da filha de sua esposa que se viu obrigada a escapar, provocou em Azir uma fúria tal, que o fez bramar como um demônio através da fortaleza Mustafa.

Esse dia, dois serventes morreram, e um terceiro escapou ao deserto por medo. A loucura que começou a infectar Azir só cresceu desde esse dia, como se fosse certo tipo de detonador que era incapaz de combater.

—Ia envia-la para casa amanhã―, Khalid finalmente disse, sua voz era áspera, baixa. ― Deus me ajude, Abram. Ia dar permissão para sair quando o primo de Abdul foi incapaz de descobrir nenhuma outra coisa.

Abdul, o criado do Khalid, tinha vários primos que trabalhavam dentro do castelo e arrumavam para enviar informação cada vez que as ouviam. As ameaças contra Paige, na desforra pelo assassinato de Ayid e Amam Mustafa, por parte de Khalid começaram no momento em que Azir se inteirou de suas mortes.

Ele conhecia a debilidade de Khalid, tal como conhecia a de seus outros filhos. Em certa forma, Azir percebeu anos antes que Abram desenvolveu uma debilidade pela irmã menor de Khalid― Um lugar dentro de seu coração que ele acreditou estava escondido do olhar mais ardiloso.

—Não pode deixá-la ir ― Ele a sequestraria e a encerraria em alguma parte se Khalid se atrevesse a dar a Paige permissão para ir ― lutei por me manter longe dela, Khalid, como me pediu. Mas se a deixa retornar a sua casa, então todas as apostas estarão perdidas.

Ele não esperou para discutir. Deu a volta e partiu. Seu controle era muito instável, tinha muito medo por ela, tão seguro de que se ela estivesse desprotegida por inclusive um segundo, então seu pai, Azir o Hamid Mustafa, tomaria sua vingança da pior forma.

A Abram agora não ficava outra coisa mais que retornar. Ninguém sabia ainda que ele deixou a Arábia para desertar de sua terra natal e rechaçar um legado tão manchado de sangue, morte, e pesadelos. Azir Mustafa se converteu em um látego do que inclusive o governo saudita procurava liberar. Infelizmente, até que Azir revelasse o sangue em suas mãos, não havia nada que pudessem fazer para entrar e parar o sofrimento que ele criou.

Abram perdeu as esperanças a respeito de salvar seu pai fazia tempo. O dia que encontrou sua mulher em uma choça desértica, sangrando e torturada, seu rosto se congelou em uma expressão de tal abjeto horror e dor que o fez cair de joelhos. Ele conhecia os violadores, o flagelo desumano que tomaram sua vida foram os meios irmãos que ele os ensinou a montar a cavalo quando eram crianças. Os mesmos que foram meninos doces, cheios de risada antes que Azir os levasse a sua asa particular do castelo para criá-los ele mesmo.

A partir desse dia, a mudança foi entristecedora. Como se Azir soubesse coisas a fazer para tirar à luz a crueldade e a falta de sentimentos que existia dentro deles.

Entrando na garagem, Abram se aproximou de uma pernada à limusine quando Tariq, seu primo e conspirador, deu um passo de entre as sombras para abrir a porta.

—É hora de ir, Tariq, — manifestou ao entrar na parte traseira da limusine ― Ele se assegurará de que ela esteja protegida.

—Azir ligou ao embaixador saudita várias vezes e exige que busquem na casa de Khalid imediatamente ― A repugnância enchia a voz do homem ― Contatei depois de que o embaixador me ligasse pouco depois de que entrou na casa. Assegurei que está aqui para investigar as razões das mortes de seus irmãos e que estará retornando logo. Entretanto, ele está seguro de que está aqui para ajudar Khalid a livrar-se da justiça.

Tariq não deu uma oportunidade a Abram para fazer comentários. Fechou de repente a porta com uma violência latente, logo rodeou a limusine até a porta do lado do condutor.

Abram observou quando deslizou atrás do volante os escuros olhos marrom tabaco de Tariq o olharam pelo espelho.

—E acreditou? —Abram não tinha dúvidas de que Azir fazia. Em sua mente, não importava o que ele fizesse ou a quem ele matasse, Abram não teria forças para se afastar da terra deserta, alagada de sangre em que nasceu.

Infelizmente para Azir Mustafa, seu filho compartilhava poucas de suas crenças e nada de seu amor pela terra que destruiu a tantos dos que amava. Abram foi excessivamente consciente de que ele era a última esperança para que esses que ele amava tivessem a possibilidade de se livrar da crueldade de Azir. Mas só Abram se lembrava de nunca mostrar sua debilidade, nunca dar a conhecer que importava alguém ou algo fora da fortaleza Mustafa. Mostrar afeto garantia assegurar, se não suas mortes, ao menos o risco sempre presente dela.

—Poderíamos dizer que estava um pouquinho mais que irado? —Tariq disse com desalentadora calma.

Irado? Azir Mustafa estava desenquadrado. O fato de que permitisse o companheiro terrorista de seu filho menor se estabelecer na fortaleza Mustafa o provava.

Jafar Mustafa, filho do irmão menor de Azir, e primo tanto de Abram como de Tariq, foi surpreendentemente um dos comandantes dentro da célula terrorista que Ayid e Amam capitaneou.

O desgosto de Abram ao inteirar que Jafar era tão corrupto como Ayid e Amam foram, foi mais profundo do que esperou. Em uma época, ele teve muitas esperanças sobre o Jafar. Abram lutou para que fossem à universidade na América, para que trabalhasse com as companhias petroleiras em vez de unir-se à loucura que Azir estava engendrando.

Azir Mustafa não se livrou disso. De fato, ele ajudou a exacerbar a loucura dentro de seus filhos, e agora, não podia aceitar que estivessem mortos. Não podia aceitar que Abram, seu filho mais velhos e herdeiro pudesse ter desertado como Jafar informou, ou que Khalid, o filho ao que deu permissão para matar, sobreviveu.

Sua prudência parecia estar mais questionada dia a dia, mas o único que o velho bastardo não esqueceu era que em menos de um mês, Abram alcançaria os trinta e seis anos de idade. Nesse dia então o rei saudita enviaria a seu emissário ao castelo Mustafa e tomaria o voto de Abram para guiar às pessoas e a terra à prosperidade.

Azir, em sua determinação por proteger a seus filhos menores, obteve que a casa reinasse totalmente todos os recursos e a ajuda para as terras fronteiriças até que seu herdeiro legal tivesse trinta e seis anos. Esses recursos foram vertidos por um funil nos cofres dos terroristas contra quem eles estavam brigando.

O castigo do rei chegou como um raio de esperança para Azir. Se Abram proclamasse proteger e preservar às pessoas conforme seu direito tanto como dar sua palavra de lealdade para o trono em seu aniversário de trinta e seis, então o dinheiro fluiria para as terras da Mustafa outra vez.

Em toda sua enlouquecida determinação Azir pensou que então poderia ver os sonhos de seus filhos mortos completados uma vez que isso fosse obtido.

Era um voto que Abram não podia fazer. Mas até que ele não descobrisse por que era Paige um alvo e o que tanto penetraram os terroristas na cidade que ele uma vez chamou de casa, não tinha outra opção que retornar.

O fato de que seu primo Jafar fosse se mudar à fortaleza nos dias passados para consolar Azir, preocupava Abram em grande medida.

Jafar, até agora, conseguiu enganar Abram. Foi à universidade na América, tirava férias com os ricos e notáveis em seus lugares preferidos, inclusive, uma vez fazia anos falou com Abram a respeito da deserção de si mesmo. O mesmo homem que pirou a Arábia Saudita três anos antes, desapareceu da cena pública, e os rumores diziam que se uniu a uma das organizações terroristas que protestavam contra a ocidentalização do Médio Oriente.

A crença de Jafar de que os males do Oriente Médio provinham da América foi algo que Abram não esperou.

—Me comuniquei com vários contatos e eles reportaram que Jafar levou mais de seus homens ao castelo, — Abram começou. ― O terrorista que morreu supostamente na Jordânia foi visto na fortaleza duas noites antes. Saiu através da fronteira, encontrou com Jafar, e recolheu um arquivo de Azir. Ali estaria o nome do objetivo que ele escolheu para receber o castigo pela morte de seus filhos.

Ele teve que dar credito a Jafar. Por muito, ele era muitíssimo mais inteligente do que Ayid e Amam foram. Não fazia nada por correio eletrônico e poucas vezes utilizava o mesmo mensageiro duas vezes para enviar informe ou ordens aos soldados. Não havia maneira de reunir as provas necessárias para prender, e nenhuma forma de tirar claro algo que planejassem fazer.

E isso era pelo que Abram estava retornando. Para proteger Paige. Proteger o último pedacinho de inocência em sua vida, a mulher que não podia tirar de suas fantasias.

—Contata com Anwar, — Abram ordenou. ― informe nossa hora de entrada na área de aterrissagem e diga que esteja preparado para me dar um relatório oral completo.

Nada era posto por escrito. Como Jafar, Abram conhecia o perigo de deixar alguma vez uma prova.

Retornar o estava matando, mas sabia que se não fazia, Azir iria contra Paige, assegurando que Abram padecesse isso. E se não fosse Azir, então seriam os terroristas a quem ele deu sua lealdade. Antes que saísse, Abram soube que teria que memorizar o rosto de cada ameaça que poderia retornar para rondá-lo, a Paige, ou Khalid.

A predição que Khalid fazia quando não tinha mais que dezoito anos, parecia estar se realizando.

Khalid profetizou que Azir forçaria a seu filho maior, seu herdeiro, a matar para livrar das terras Mustafa. Khalid olhou perdidamente para o sol do quente deserto quando ele e Abram estavam retornando de uma caçada e disse as palavras proféticas.

Abram finalmente estava se dando conta simplesmente de como esteve certo seu irmão. E Deus o ajudasse se fizessem mal a Paige ele também perderia o que ficava de sua própria prudência.

Não a tocou até esta noite, mais que só em suas fantasias, em seus sonhos, ali, ele a tocava todas as noites. Tocava-a, e observava como seu terceiro a tocava. Possuía, e observava como seu terceiro a possuía.

Escutava seus gritos de prazer, observava seus olhos esmeraldas obscurecer no êxtase, e a ouvia rogar por sua liberação. E despertava com seu pênis tão dolorosamente duro, a necessidade de possuí-la tão forte, que nenhuma masturbação podia aliviar a fome.

— Abram, Está certo disto? —Tariq perguntou quando conduziu a limusine pelo atalho de Khalid e se dirigia para o aeroporto particular. ― Não é muito tarde para mudar de ideia. Retorna, convence Khalid a deixa-lo proteger Paige. Se Azir e Jafar não querem nos dar paz, então os mataremos nós mesmos.

Como plano, era simples, perfeito, e completaria a marca escura pulverizando através de sua alma.

—E sempre saberemos que fomos nós os que o mataram, — Abram recordou ― Seu assassinato desataria segredos que ambos preferiríamos que não fossem nunca conhecidos, Tariq ― Retornamos e nos inteiramos de seus planos contra o trono e Paige, entregamos ao emissário antes que chegue ao domínio Mustafa, e deixamos ao governo encarregar-se dele ali.

—As terras serão repossuídas pelo governo. Azir, ou será decapitado por traição ou estará em um manicômio até sua morte. De uma ou outra maneira, nossos segredos permanecerão secretos, e teremos uma oportunidade muito melhor de segurança quando retornarmos.

—Isso ou certamente a morte, — Tariq indicou apertadamente ― As terras Mustafa estão empapadas com tanto sangue como suas mãos. Estão saturadas disso. O nome é sinônimo de nada mais que morte, avareza, e tal crueldade contra nossas mulheres que nenhum de nós conhece algo exceto a vergonha desde dia em que nossas mães se suicidaram ― Não sei como nos refreamos de matar a esse velho bastardo antes de agora.

—Porque sempre soubemos que teríamos só uma oportunidade de ser felizes, Tariq ― Não o deixarei ganhar me tirando isso. — Abram ficou olhando para fora das janelas obscurecidas da limusine o leve começo do amanhecer filtrando pouco a pouco.

Assim era como parecia. A esperança estava ali, movendo-se gradualmente para as sombras quando percebeu de que teria que retornar a vigiar pela segurança de Paige. Ela era dele. Desde a morte de sua primeira esposa fazia tanto tempo, Abram teve muito pouca esperança. Não podia voltar às costas, não poderia deixar que Azir a colocasse em risco.

—Ficaram poucos de nossos homens, - Tariq recordou. ― Só aqueles que ainda não puderam cruzar a fronteira. Consegui contatar quatro e tentarão encontrar os outros.

—Teremos que nos engenhar, Abram percorreu com o olhar o espelho e se encontrou com o olhar fixo de Tariq outra vez ― Não temos outra escolha, Tariq― Teremos que nos organizar, e teremos que ter êxito.

Porque a derrota não significava só sua morte, a não ser a de Khalid, a de Marty, e de Paige. Ele mataria Azir por si mesmo antes de permitir que isso ocorresse.

 

Três Dias Mais Tarde

―Paige, é mais que bem-vinda para ir à festa conosco esta noite, ―Marty disse quando parou na porta da suíte de Paige, resplandecente em seu vestido de noite cor âmbar e suas joias de topázio.

O cabelo loiro comprido até os ombros estava preso na parte superior de sua cabeça com mechas astutamente arrumadas caindo dos pentes cor de topázio. Dava uma desordem encantadora ao efeito.

Paige deixou a um lado seu livro antes de desenroscar da cadeira e enfrentar à prometida de seu irmão. Ainda estava assombrada de que seu escuro e cínico irmão arrumou para capturar o coração de Marty― Esperava que a mulher o ajudasse a relaxar só um pouquinho. Até agora, entretanto, isso não estava acontecendo pelo que ela podia ver.

―Não estou realmente de humor para uma festa, nem sequer para uma de Tally ―sorriu abertamente.

Tally Conover era conhecida como uma anfitriã de primeira categoria e parecia desfrutar disso. O fato de que Tally encontrava a paciência para isso obtinha a assombrar todos seus amigos.

―Tally organiza uma condenada boa festa, ―Marty recordou. ― Também de algum jeito conseguiu que Anger Thornton prometa estar ali― Quero ver se ele na realidade vem.

Anger Thornton, o Presidente de Propriedades e Investimentos Thornton poucas vezes ia a festas que não sejam as suas próprias. E inclusive nessas, ele era conhecido por estar ausente.

―Isso é quase tentador, ―Paige esteve de acordo. ― Mas acredito que terminarei meu livro em seu lugar.

Ir à festa significava ser amável com Khalid― Não acreditava que pudesse fazê-lo no momento. Viveu em um estado de guerra durante os três dias passados, e Paige não via que isso fosse mudar logo.

―Terminar o livro ou continuar ignorando Khalid? ―Marty finalmente perguntou.

Paige devolveu o olhar. Seus lábios franzidos e os dentes apertados por um segundo de irritação.

―É melhor que Khalid e eu nos relacionemos o mínimo possível, Marty ― finalmente manifestou.

A outra mulher sacudiu a cabeça, as mechas de seu sedoso cabelo roçando o rosto quando ela riu ligeiramente.

―Vocês dois são simplesmente muito parecidos, ―acusou. ― E pelo que eu entendo, Abram Mustafa é igual de mau. Khalid, Abram e seus primos, Tariq e Jafar estão cortados pela mesma tesoura, confia em mim.

Paige revirou os olhos. Ela conhecia os quatro homens. Eram tão parecidos que poderiam ter sido irmãos em lugar de primos. Inferno, eles provavelmente poderiam ser clones… às vezes eram tão igualmente arrogantes e presunçosos.

―Os quatro por igual são um grão no traseiro, ―indicou Paige.

―É o que escutei ― Marty assentiu com a cabeça. ― Mas há ainda outros homens bastante interessantes no mundo. Abram não é o único ali fora, Paige.

Paige arrastou as pernas para cima, dobrando os joelhos, seus pés pressionando nas almofadas enquanto envolvia os braços ao redor de seus joelhos.

―Há muitos homens interessantes no mundo, e se estivesse interessada sexualmente neles estaria ali fora procurando.

Marty olhou atrás dela, assegurando de que ninguém estivesse o suficientemente perto para ouvir o que estava dizendo. Mais provavelmente assegurando que Khalid não estivesse ali ― Apesar de que esta conversa não era de sua incumbência, ainda, ambas eram conscientes de que ele a faria de sua incumbência.

―Ele não é racional e sabe, ― Paige informou à irritação que estava sentindo impossível de seguir oculta. ― Sabe que ele esteve exortado cada vez que me viu desde que Abram esteve aqui? Falando como se eu fosse uma menina e não soubesse tomar minhas próprias decisões. Isso é malditamente insultante.

Marty fez uma careta, enquanto sua mão esfregava a têmpora. Sua expressão era divertidamente compassiva e isso só exacerbou a irritação que Paige não podia combater nem esconder mais.

―Está preocupado, Paige, ―finalmente manifestou brandamente ― Está apavorado de que possivelmente você não seja completamente consciente de no que está colocando sexualmente com Abram. Além disso, é sua irmã, sua irmã menor, e Abram é seu irmão. A dinâmica disso o está deixando louco.

―A dinâmica sempre está transtornando o julgamento de Khalid ― Paige descartou com um gesto a explicação. Inclusive não se incomodou em esconder o fato de que não havia uma oportunidade no inferno de que ela vá renunciar por isso. ― Estou assombrada de que a dinâmica de estar apaixonado não o faça estar arrancando o cabelo. Ou induzindo a arrancar o teu.

―Isso foi um pouco delicado. ―Marty riu seus olhos cinza cintilando com pura felicidade ― Mas não muda o fato de que ele tem motivos para se preocupar neste momento. Tenha um pouco de paciência com ele.

―tive paciência com ele toda minha vida, ― Paige reclamou. ― Deu-se conta que já me exortou duas vezes hoje? Está me tratando como se eu não estivesse atenta ao fato de que Abram e Khalid compartilham a inclinação de ter a um terceiro em suas relações sexuais. Ou como se não soubesse condenadamente bem que Abram Mustafa pode ser um completo idiota dominante.

Houve um olhar de genuína surpresa no rosto de Marty antes que uma absoluta diversão enchesse seus olhos e uma afogada risada gutural saísse de seus lábios.

―Me surpreende Paige, ― admitiu. ― E aqui eu pensando que era uma pequena doce inocente que não notou os sinais nem compreendia os rumores que ouvia deles.

―O que tem que ver a inocência com isso? ―Paige levantou da cadeira e começou a passear de um lado a outro do quarto. ― Isso me excluiria de compreender o que é um trio ou como funciona? Vamos, Marty, recorda que Courtney Sinclair é uma de minha melhores amigas. Soube o que era um trio quando ela me ligou chorando porque o inesgotável Ian Sinclair tinha sexo com suas criadas e as chamava por seu nome. Sabe que ela o espiava quando ele visitava a casa de seus pais?

Marty não estava passando por um momento fácil para conter sua risada. Courtney Sinclair e seu marido Ian tinham uma dessas relações fogosas e maravilhosas que a maioria das mulheres sonhava ter.

―Vamos, Paige, tem que admitir que com tudo o que ocorreu, Khalid tem direito a se preocupar. Abram é dez anos mais velho que você, e ainda por cima, frequentemente tem a um terceiro até onde eu sei ― Mas além, Khalid não quer que quebrem seu coração, ele também ajudou cria-la. Aceitar que tem relações sexuais é provavelmente algo que ele nunca vai fazer.

―Ele precisa se preocupar com alguma outra coisa além de se eu tiver a intenção de foder com seu irmão e de quebra com seu primo integrando o grupo.

Marty riu a gargalhadas. Paige estava a ponto de se unir a ela, mas Khalid escolheu esse momento para entrar no quarto.

A risada parou de repente abruptamente.

Sua expressão era escura e muito zangada, seu fixo olhar negro cintilando de ira.

―Tem inclusive uma ideia do que a um homem como Abram pode gostar? ―ele grunhiu. ― Acha que ele vai ser todo um cavalheiro? Ou que vai ser doce e perguntar amavelmente para fazer amor enquanto seu terceiro acaricia docemente e sussurra palavras de amor em seu ouvido?

―Não use esse tom comigo, Khalid, ― advertiu serenamente ― Não o convidei a esta conversa, assim se você não gosta, pode ir e guardar sua opinião para você mesmo.

Marty girou para ele, sua expressão preocupada agora.

―Khalid, só estávamos brincando, querido. Vocês dois desfrutam de muito em aguilhoar um ao outro.

―Eu não estava brincando, ―Paige informou a ambos enquanto cruzou os braços sobre seus seios e olhava com fúria a seu irmão. ― A única razão pela que não estou tratando de me colocar em sua cama agora mesmo é porque ele não está aqui.

Os lábios de Khalid se afinaram.

―Estarei condenado se for discutir com você sobre isto.

―É obvio que não fará, ― Paige concordou zombando ― É muito mais fácil ter um pequeno bate-papo homem-a-homem com Abram. ― Ela deixou que seus olhos se aumentassem ― OH, mas espera, isso não funcionou muito bem tampouco, verdade? Na primeira oportunidade que teve, ignorou também.

Ela poderia sentir os anos de raiva levantando em seu interior agora. Durante o tempo que podia lembrar que seus pais deixaram que Khalid se encarregasse de sua segurança, e de todas as escolhas que tinham que ver com sua vida.

Khalid escolheu as escolas que frequentou os guarda-costas que teve quando menina, seu primeiro espantoso carro, e apoiou a negativa de seu pai para deixá-la sair em um encontro com seu primeiro namorado.

―Ela já não é uma menina, Khalid, ―Marty recordou brandamente. Mas Paige conhecia seu irmão, e ele não estava disposto a escutar a ninguém mais que a si mesmo. A ela simplesmente estava terminando a paciência.

―Inclusive se importa quanto me machuca ou me humilha ao estar intervindo e jogando de dono e tem que investigar tudo o que acontece em minha vida? Perdi meu emprego hoje, Khalid, porque não apareci em duas semanas. Agora, posso perder meu carro ou viver à custa do seu dinheiro ou de meus pais. Tenho vinte e cinco anos, não dezoito, e desfruto de cuidar de mim mesma, ― gritou furiosamente.

―E eu desfruto de despertar cada manhã sabendo que está viva e segura, ―ele estalou, seu tom profundo com ira. ― Tem alguma ideia do perigo no que está neste momento, ou do homem ao que está tentando para colocar em sua cama? Ambas as coisas estão entrelaçadas, Paige. Estando com Abram se torna o centro da atenção de Azir, se é que já não está ali ― E sei, além de qualquer sombra de dúvida, que aconteça o que acontecer, Abram quebrará seu coração. Ele não será um amante fácil, Paige, nem compreenderá sua independência e sua determinação para fazer o que desejar.

―E nada disto é uma escolha que você possa fazer. ― Ela deixou cair os braços a seus lados e o enfrentou sem a raiva que sabia deveria estar sentindo.

Estava cansada de discutir com ele. Cansada dos sermões e cansada de tentar obrigá-lo a tratá-la como uma adulta em lugar de uma menina.

―Paige, escolheria entre Abram e eu? ―Finalmente perguntou cruelmente.

―Khalid! ―Marty ofegou enquanto girava para ele furiosamente ― Isso é baixo, inclusive para você.

Mas Paige não estava surpreendida no mínimo de que tenha tentado essa chantagem emocional. Era uma reminiscência de seus anos de infância quando ele usou suas emoções para conseguir o que queria cada vez que ela tratava de desafiá-lo.

―Você realmente me perderia por isso? ―perguntou em troca. ― Porque isso é o que ocorrerá se segue se colocando entre Abram e eu. Seja porque ele me queira ou não, ou que eu o queira, não deveria estar sujeito a suas exigências de que nos mantenhamos longe um do outro. Porque honestamente, Khalid, houve momentos em que só em fazer o que você não queria que eu fizesse se tornava muito mais atrativo. Quer na realidade que ocorra isso nesta situação?

―Assim simplesmente devo permanecer a um lado e a observar quebrar seu coração quando ele se converta no homem que é e tente te subjugar como ambos sabemos que fará? Ele pode ter ideias diferentes sobre a sexualidade e os direitos da mulher à primeira vista, Paige, mas pode confiar em mim quando digo que só em sua sexualidade será mais tolerante. Ainda é um produto da cultura dentro da qual se criou.

Paige só pôde devolver o olhar com incredulidade.

―Que pouco conhece seu irmão, ou a sua irmã de fato, ― disse ela, piedade e cólera convergindo juntos ― Ele bate em suas mulheres, Khalid? Prende, ou exige que não tenham uma vida além dele? Tem seis esposas e doze filhos dos que eu não sei?

O cenho franzido de Khalid se fez mais profundo.

―Sabe que ele nunca faria essas coisas.

―Então sua única objeção é que está preocupado de que Abram possa tentar reprimir minha independência?

―Se esqueceria do significado da palavra independência, ―disse.

―Esqueceu Leyla e a independência que você a ensinou? ―Leyla era uma das seis jovens que Khalid criou depois de que seu pai as enviasse quando ele era adolescente. Eram jovens que Azir comprou e então as deu a seu filho para que começasse seu próprio pequeno harém.

Leyla estava comprometida com um jovem que chegou a América com seus pais da Arábia Saudita.

―O prometido de Leyla é muito menor que Abram, ―ele estalou. ― Não compreende isso, Paige? Abram é um homem crescido que passou muito tempo de sua vida no Meio Oriente. Um homem que nunca…

―Deixa de me exortar, ― exigiu bruscamente, em sua cabeça virtualmente ressonando a lista de objeções que esteve repetindo mais cedo. ― Diz que Abram trataria de me fazer viver de acordo a suas regras? E que diabos acredita que está fazendo você? Está tratando de me obrigar a fazer o que quer, que eu o queira ou não.

E isto estava começando a encher o saco. Tentou evitar este enfrentamento nos dias passados. Várias vezes simplesmente se foram para o quarto só para tê-lo seguindo-a e continuando o argumento.

―Paige, estou tratando de protegê-la, ― grunhiu. Sua frustração era facilmente visível, mas ela não podia se obrigar a sentir lástima por ele, ou inclusive a sugerir que estava de acordo em discrepar.

―Vá a sua festa, Khalid― Estou aborrecida de seus sermões e já tive suficiente de sua atitude crítica. Agora saia do meu quarto.

Não esperou que ele saísse ― Paige deu meia volta e entrou no banheiro, dando uma portada atrás dela.

Então, as lágrimas que conteve encheram seus olhos e começaram a cair por suas bochechas. Não soluçou. Guardou silêncio, pressionando as mãos sobre seus lábios e tentando parar as lágrimas como fez tantas vezes no passado.

Amava seu irmão. Khalid sempre foi um suporte principal em sua vida, embora a tivesse frustrado como o inferno. Ele se divertiu com os nervos de seu pai quando ela montou sua bicicleta sem rodas, e riu dos medos de sua mãe quando Paige conseguiu sua licença para dirigir.

Sempre atuou condenadamente estranho a respeito de Abram, entretanto, apesar de que Abram esteve casado quando Paige o conheceu a ele e a sua esposa, Lessa.

Paige se sentiu atraída por Abram do primeiro momento. Esteve fascinada por esse homem quando o via tão similar a seu irmão, que seu irmão chamava irmão, mas que não era seu irmão. Só tinha nove anos quando o conheceu, e ele tinha tido dezenove e já estava casado.

A relação entre ele e seu irmão no princípio a confundiu como o inferno. Depois de tudo, Khalid era seu irmão, assim por que não era Abram?

Essa confusão divertiu seus pais e à esposa de Abram, Lessa, mas Khalid não pareceu nem de perto tão divertido por isso.

Paige gostava da mulher de Abram, Lessa, desfrutava de sua risada e de sua maneira tranquila as poucas vezes que foi capaz de passar algum tempo com ela. Lessa foi assassinada vários anos depois que Paige a conheceu, e o coração de Paige quebrou-se por Abram.

Amou sua mulher, não havia duvida sobre isso. Nos seguintes anos, ele foi habitual em sua vida. Viu-o quando sua família passava suas férias no Cairo, e se unia a Khalid na Grécia quando retornava para o aniversário de sua mãe.

Tinha dezoito anos quando as coisas mudaram repentinamente, quando ele a olhou pela primeira vez e não viu uma menina. Quando seu olhar se dirigiu a seus seios, encerrados no vestido de ornamento sem alças que colocou.

Dançou com ela, sua mão percorrendo para baixo por suas costas e apertando-a mais perto do que qualquer dos homens mais jovens com os que ela dançou, fez.

Seu coração se desbocou tão forte que pensou que sairia do peito. Cuidou-a sombria e intensamente, capturando seus olhos de uma forma que tivesse jurado que enviava alguma mensagem nas profundidades dos seus.

Havia sentido sua ereção contra seu quadril, dura e grossa, uma prova de que estava a vendo como uma mulher, e que não estava sozinha no surgimento de sensações através dela.

Foi a primeira vez que molhou sua roupa intima. A primeira vez que seu clitóris se pôs tão cheio e sensitivo que só necessitou uns segundos para chegar quando se masturbou em sua cama mais tarde essa noite.

Desde essa noite, não o pode tirar o de sua mente ou de suas fantasias. Ela inclusive não tentou resguardar de que roubasse seu coração à medida que os anos foram passando.

Khalid estava igualmente decidido a acautelar algo entre eles. Inclusive durante esses primeiros anos quando Paige esteve decidida a ir à universidade e conseguir seu título antes de deixar a qualquer relação ir muito longe, ainda Khalid começou arrumar as visitas de Abram para a resguardar de vê-lo.

Nem sempre sortiu efeito.

E nada conteve alguma vez a necessidade que só aumentava cada ano e com cada momento a seu lado. E com cada reconhecimento de que seu irmão estava disposto a aliená-la em vez de deixá-la ver Abram.

Sorvendo o nariz quedamente, passou um lenço sobre as lágrimas e tratou de as conter. Se ficasse aqui, então iria terminar dizendo coisas não se poderiam recuperar.

Não queria isso. Não queria perder seu irmão. Isso deixava uma só opção. Ir-se da casa, ao menos até que pudessem aprender a acordar ou discordar no que concernia a Abram.

Passaram-se quase duas semanas desde que a equipe de segurança de Khalid virtualmente a sequestrou e a trouxe para a mansão.

Hoje perdeu seu emprego. Suas economias não eram os suficientes para manter o aluguel e os serviços, junto com seu pagamento do carro, por mais que alguns meses. Teria que encontrar um trabalho, e não havia dúvida de que teria que pedir a seus pais dinheiro ou tomar emprestado de seu fundo fiduciário. Um fundo que ela quis guardar para um momento em que realmente o necessitasse.

Conseguir outro trabalho não ia ser fácil. A agencia publicitária para a qual trabalhou já informou que não daria referências.

Sua vida inteira mudou por isso e ainda por cima, estava perdendo Khalid porque não podia tirar seu irmão de sua mente, ou de suas fantasias.

Ela não compartilhava sangue com Abram. Ele não estava aparentado com ela. Ele era o homem que fazia que seu pulso acelerasse e que seu ventre se estremecesse violentamente, e que sua vagina pulsasse de necessidade.

Não era uma virgem, apesar das crenças óbvias de Khalid e Marty ― Teve alguns amantes, dois para ser exata, em suas tentativas para esquecer ao que a fascinava como nada ou ninguém alguma vez pôde.

E para estar com o homem que queria mais que nenhum, ia perder o irmão que sempre adorou, apesar de sua atitude autocrática.

Esse conhecimento tinha seu coração contraindo de pena outra vez, quando novas lágrimas caíram de seus olhos antes que pudesse enxugar.

—Paige? —Um golpe suave na porta seguiu a suave voz de Marty.

Um segundo mais tarde a porta do banheiro se abriu e a outra mulher entrou. Paige rapidamente secou o rosto.

—OH, Paige. —A compaixão encheu a voz de Marty quando Paige apressadamente umedeceu um pano com água fria para lavar o rosto.― Não teve a intenção de a machucar assim, —ela suspirou.

—Estou bem. —Rouca pelas lágrimas, sua voz soou como o inferno.― Vá a sua festa, Marty, e leva seu prometido com você. Se Deus quiser, e se ele estiver fora de minha vista por algum momento, posso encontrar a maneira de lembrar o irmão que estava acostumado a ser, em vez do bastardo em que se está convertendo.

—Está muito preocupado, Paige, — Marty sussurrou. ― Fica caminhando de cima abaixo, dia e noite, tentando protegê-la e preocupando de que Abram não volte. Não é um homem que possa recostar-se e permitir que aqueles a quem amem, briguem a batalha que Abram está brigando, a sós. Mas não pode se unir a ele, não pode protegê-la se não estar aqui, e está aterrorizado de que Azir vá atrás de sua mãe também. Tem que ficar enquanto Abram está correndo perigo, e às vezes sente como que está combatendo fantasmas ao tentar proteger você.

—Acredita que não me dou conta do estresse em que se encontra? —Sua respiração se freou quando as lágrimas ameaçaram outra vez ― Simplesmente se vá à condenada festa, Marty― Estarei bem se só posso me afastar dele por algum momento.

Só o suficiente para chamar um táxi e ir para casa por algumas horas.

Precisava ir para casa simplesmente por um pouco de tempo. A comodidade de seu lar, o calor tranquilizador de sua chaminé.

Era uma chaminé elétrica, mas era dela. Dava calor e se via o suficientemente próxima a uma real. Como seu vibrador. Fazia o trabalho, embora não tivesse as qualidades ou o calor da coisa real.

Ela o necessitava. Precisava sair dali simplesmente por um pouco de tempo.

—Uma vez que ele pense a respeito disso, dará conta do que faz, — Marty declarou. ― Sabe como é ele. Fica superprotetor e termina nos desgostando muito. Mas ainda nos ama. Inclusive morreria por nós, Paige, e saber que está a machucando o está matando. Só não sabe como arrumá-lo.

—Já sei, - gritou com frustração. ― Simplesmente me deem um pouco de tempo, Marty― Estou tratando de me ajustar. Juro que estou.

Marty exalou pesadamente. Paige deu a volta e tomou o frio pano para lavar seu rosto.

—Então bem, - disse lentamente. Um segundo mais tarde Paige ouviu a porta atrás dela.

Marty saiu, e inclusive não houve um abraço acolhedor antes que se fosse. Deus, tudo isto não prestava. Poderia ter sido útil um abraço hoje.

Paige negou com a cabeça antes de voltar e lançar a toalha a pia. Talvez fosse justamente o momento de aceitar que não era a mulher ou a adulta que aqueles a quem amava realmente queriam.

Sua mãe estava brava porque estava trabalhando, seu pai desiludido porque se recusava a encabeçar as obras de caridade que suas companhias apadrinhavam. Seu irmão discordava dos homens que elegia como amantes, e seus amantes enchiam o saco porque ela queria ser independente e ainda viver com eles.

Era uma situação onde ninguém saía ganhando.

Talvez fosse hora de deixar de rogar silenciosamente que a aceitem. Precisava encontrar a maneira de viver e de deixar de sofrer assim. Khalid ameaçou também repudiando a seu irmão, ou a ela. Qualquer poderia simplesmente quebrar seu coração.

Voltando para o quarto, tirou seu confortável moletom e a camiseta e colocou calças jeans e um suéter. Quentes meias três quartos e sapatilhas de lona. Enquanto amarrava as sapatilhas de correr de couro, as luzes da limusine iluminaram na escuridão, vamos, para fora da janela de seu quarto.

Khalid e Marty se foram a sua festa. Estavam saindo e a estavam deixando sozinha. Tal como ela pediu.

Pegando seu celular chamou um táxi, então pegou sua carteira e fez seu caminho muito quedamente para o primeiro andar para esperar o transporte, esperando evitar que alguém o mandasse de volta.

Não teve que esperar por muito tempo. O interfone do portão principal produziu um som metálico na parede ao mesmo tempo da porta. Dando um passo, Paige aceitou a chamada.

—Táxi “Cabs Plus” - anunciou a voz no outro extremo.

—Venha até a casa, - Paige pressionou o ferrolho de segurança e antes que o táxi tivesse passado os portões abertos, Daniel Conover vinha caminhando pelo vestíbulo da asa posterior da casa.

—Pode me seguir ou pode esperar minha volta. É sua escolha, — informou quando ele se apoiou contra a parede em frente, sua cabeça morena inclinando a um lado enquanto a olhava curiosamente.

—Sabe que não posso dar permissão para sair, — manifestou.

—Mas o fará, — disse ― De outra maneira, chamarei as autoridades. Levantarei acusações por sequestro e privação ilegal da liberdade.

Não falava a sério e pressentia que ele sabia. Mas ele não estava seguro e isso era o que importava.

—Estarei justo atrás de você, — finalmente suspirou. Flexionou seus ombros largos debaixo da camisa de algodão que usava e se separou da parede. Colocou seus polegares nos bolsos de trás de suas gastas calças jeans bastante rodeadas, e dirigiu um pequeno sorriso curioso. ― É tão teimosa como seu irmão, sabe?

—É o que todo mundo diz, - sorveu pelo nariz ― É gracioso, ele sempre parece sair ganhando, entretanto.

Paige o seguiu depois que abrisse a porta. Caminhou para o táxi.

Só algumas horas, ela se prometeu a si mesma. Não ia preocupar a sua família desnecessariamente. Não ia arriscar sua vida ou a de seu guarda-costas. Mas precisava se recuperar fora dessa casa muito grande, muito vazia em que estava usualmente sozinha.

E necessitava espaço para relaxar e aceitar a segurança de seu irmão, a oferta de seu pai para pagar as contas enquanto a situação estava sendo resolvida, e decidir o que era o mais importante.

Seguir seu coração ou obedecer ao irmão que perderia se não se afastava de Abram. Tinha a sensação de que essa decisão ia ser impossível de tomar.

 

Seu apartamento era simples, uma cozinha e sala de estar, um quarto e um banheiro com banheira grande. Banheira que foi a vantagem do lugar para ela. A chaminé elétrica assentada diante do fofo sofá era o ponto focal da sala.

A cozinha era pequena, mas o suficientemente espaçosa para cozinhar e entreter uns poucos amigos.

E era dela. Ela pagava as contas, enchia os armários, e vivia cômoda com o salário que ganhava na empresa de publicidade que foi trabalhar depois de formar-se na universidade.

Os chãos eram de madeira dura e brilhante, ao redor dos tapetes da grande área debaixo da mesa da pequena cozinha e a mesinha de café no sala.

Entretanto, não tinha televisão. Para o entretenimento utilizava o computador portátil que deixou na casa de seu irmão. Esteve tão ocupada no último ano que não teve tempo de ver televisão ou de desfrutar de filmes como fazia antes.

Sentiu saudade de sua casa enquanto estava com Khalid ― A casa de seu irmão era muito grande, muito privada talvez. As suítes eram autônomas, exceto para comer, e o pessoal da casa sempre estava mais que feliz de preparar uma comida e levá-la a seu quarto.

Estava perdida ali, e sozinha. No princípio, foi sequestrada ali sozinha, e logo com a volta de Khalid foi um discurso e um sermão atrás de outro até que esteve a ponto de ficar louca.

Quando pôs sua bolsa sobre a pequena mesa ao outro lado da porta, seu celular soou outra vez. O tom era uma série de pires estridentes. Lembrava o costume de seu irmão, de exigir que atendesse ao telefone rapidamente.

Ignorou.

Passando os dedos pelo cabelo enquanto caminhava pelo apartamento, comprovando cada cômodo, pegou um travesseiro na cama e logo se mudou de novo para a sala, onde ligou a chaminé elétrica e desabou sobre os grandes travesseiros em frente a ela.

Sentia-se esgotada.

Sempre que brigava com Khalid a fazia sentir como se tivesse corrido uma maratona. Minava sua energia e a fazia questionar sua própria lógica.

No final do dia, o que resultava não era se foi lógico ou não, mas sim sua vida se ficava miserável nessa casa grande, sem poder visitar seus amigos, incapaz de se sentir segura em sua própria casa porque o pai de Khalid era um louco filho da puta.

Sequestrou sua mãe quando tinha dezessete anos, obrigou-a a casar com ele e imediatamente a violou e a obrigou a conceber.

Foi presa em um harém, obrigada há passar seus dias com um só objetivo: prazer.

Sua mãe viveu no inferno enquanto esteve presa na fortaleza Mustafa, e só um golpe de sorte a permitiu escapar.

Pavlos Galbraithe, seu então namorado e agora pai de Paige, inteirou-se da reunião entre Marilyn e Mustafa Azir enquanto Marilyn esteve visitando seus familiares no Cairo, Egito. Mustafa, disse, foi insistente em se encontrar com Marilyn ― Foi enfeitiçado por seu sedoso cabelo cor vermelho fogo e brilhantes olhos verdes esmeralda.

A fez sentir-se tão incômoda com seus olhares e sua desaprovação cada vez que falava que se desculpou e retornou a seu quarto. Só para que seu primo, bravo e preocupado pela atitude de Mustafa, convencesse de que retornasse porque ele se estava se pondo furioso.

No dia seguinte, Marilyn desapareceu.

Mas ainda assim, Pavlos e seu futuro cunhado, Henry Girard, não tiveram a oportunidade de conseguir entrar na fortaleza e resgatar Marilyn, se ela não encontrasse seu próprio caminho através de uma porta secreta na muralha exterior. Um muro que rodeava os jardins privados do harém de Mustafa.

A mãe de Paige, em essência, resgatou a si mesmo e seu filho recém-nascido, Khalid Mustafa. O bebê que Azir a obrigou a conceber, mas ao que ela teria que adorar.

Pavlos e Henry estiveram fora da muralha, em busca da mesma porta secreta que conforme ouviram, levava ao harém. Eles estiveram ali, como pegos às pedras, até que uma figura magra e escura deslizou por ela.

Como sua mãe arrumou para sobreviver esse tempo ali, Paige nunca entendeu. Ela sabia que Marilyn odiava Azir Mustafa com uma violência que poderia explodir em fúria quando mencionava seu nome.

Mas ela amava o filho que a impôs. Khalid foi sua salvação, afirmava. Se não fosse por seu bebê e saber no que Azir o converteria, então não teria tido a força para seguir procurando uma saída.

Para o crédito de Pavlos, ele suportou Khalid― Paige foi sempre consciente do fato de que havia uma tensão subjacente entre seu irmão e seu pai, mas a trégua era algo que esteve sempre.

Criou Khalid, cuidou dele e o educou.

Quando Khalid retornou a Arábia Saudita depois de sua graduação para a estadia acertada com seu pai, Pavlos se enfureceu. Negociou anos antes entre Marilyn e o embaixador saudita que foi enviado para negociar o que se converteu em um incidente internacional, depois que Mustafa tratou de sequestrar Khalid ― Mas Paige sabia seu pai tinha tratado com um agente da CIA na zona para vigiar e velar por Khalid para que retornasse sem nenhum dano.

 

Olhando as chamas da chaminé elétrica, Paige admitiu que Khalid fosse tão duro por uma razão. Sabia dos perigos, entendia o monstro que nunca parecia parar em tentar caçá-lo, e se preocupava constantemente que Azir se voltasse contra sua família.

O homem estava louco.

Mas Abram não era assim.

Khalid conhecia Abram, ela entendia isso assim como entendia os temores de Khalid, no que dizia respeito a seu coração quebrado. Deus sabia, não queria fazer frente a essa dor, a menos que simplesmente não tivesse outra opção. Entretanto, o risco era um que estava disposta a tomar. Ela simplesmente não acreditava que Abram fosse prendê-la em um harém e a bater cada vez que tratasse de escapar.

Movendo a cabeça diante desse pensamento, ficou de pé― Retornou ao quarto para empacotar algumas coisas para levar com ela a casa de Khalid.

Só tinha alguns coisas lá ― A forma em que foi arrebatada de seu trabalho e levada a casa de seu irmão não deu tempo de fazer as malas.

Gostava de sua própria roupa, muito obrigado. E as poucas coisas que Marty e Khalid pegaram para ela não foram suficientes, nem eram suas favoritas.

Parecia que ia estar ali por um tempo, assim tirou o conjunto completo de bagagem de couro que seus pais comprou e o encheu das coisas que necessitava.

Sua bolsa continha xampus, condicionadores, maquiagem e artigos femininos. Vários sabonetes que seu pai lhe enviava, criados com uma fragrância desenhada especialmente para ela.

A roupa foi mais difícil de escolher. Só tinha duas sacolas grandes e uma sacola de roupa intima. Empacotou e fechou o zíper, logo as levou a porta antes de caminhar pelo pequeno apartamento uma vez mais.

Suspirou cansadamente enquanto permanecia de pé junto à janela, olhando para o parque através da escura rua. Durante o dia, cobrava vida com o som da risada das crianças. De noite, de vez em quando, viu os apaixonados caminhar de mãos dadas.

Maldição esperava voltar logo para casa.

Voltando para a cozinha, estava procurando sua bolsa para ligar para Daniel quando um golpe na porta a fez sorrir. Era óbvio que ele estava ficando impaciente.

Um amigo de Khalid impaciente? Imagine.

Foi até a porta, tirou o ferrolho e abriu a porta.

Seus olhos se abriram.

Seus lábios separaram para gritar.

Um segundo depois, o mundo se voltou negro a seu redor.

 

Duas Horas Mais Tarde

Khalid estava dentro da sala de estar do apartamento de Paige e olhou a seu redor, com uma sensação no peito como se deixassem uma ferida aberta.

Estava limpo, e como era sua irmã, estava escasso de cenário. Ela afirmava que não desenvolveu seu estilo ainda. A chaminé elétrica seguia acesa, e tudo parecia perfeitamente organizado.

—A maioria de sua roupa e artigos de penteadeira estão desaparecidos, - disse Daniel Conover entrando na sala, sua expressão era apreensiva, seus olhos azuis ardendo de raiva. ― Suas sacolas não estão no armário.

Khalid colocou as mãos no casaco de lã que usava, com o olhar de volta para onde sua amante sentava em uma cômoda poltrona, com as mãos tampando o rosto.

Já não chorava, embora soubesse que estava alterada. Marty não chorava frequentemente, graças a Deus. Mas no momento, desejava que fizesse porque ele não podia.

—Puderam seus homens empacotar as malas? —perguntou Daniel.

Khalid negou com a cabeça. Os homens de Azir não teriam tomado o tempo.

—Ela deve ter feito. —Marty levantou a cabeça. ― queixava-se que não tinha nada de sua roupa favorita ou sua maquiagem. Poderia ter feito antes que chegassem.

—Se as sacolas estiveram ali, e se eles eram simpatizantes de Abram, ou de mim, então teriam recolhido a bagagem, — Khalid respondeu.

—Isso não soa como terroristas, — comentou Daniel.

—Muitos dos novos recrutas são homens jovens que cresceram dentro da jurisdição Mustafa, - suspirou Khalid ― Eles me conhecem, conhecem Abram. Pegariam sua bagagem junto com ela, se houvesse mais de uma. São conscientes de que isto é algo pelo que Abram ficará furioso e é possível que queiram reunir indulgência ao proporcionar a roupa.

Queria gritar de raiva, de dor. Não podia acreditar que permitiu que sua irmã fosse tomada por esse monstro, e não havia dúvida de que foi Azir quem a pegou.

Sabiam que Azir Mustafa tinha seus homens na zona, vários dos quais estavam alinhados com a célula terrorista que Ayid e Amam comandaram.

—Isto é minha culpa, - sussurrou enquanto olhava ao redor do apartamento uma vez mais, consciente de que Marty levantou rapidamente e se aproximou dele.

—Khalid, isto não é sua culpa mais do que é de Paige, — protestou ela. ― Só pôde mantê-la confinada durante um tempo. Que durou mais que o que qualquer de nós pensou que seria. Ele esteve esperando, sem importar as circunstâncias.

Envolveu os braços ao redor dela, com a necessidade de consolá-la como uma besta furiosa dentro dele.

Falhou com sua irmã.

—Quando minha mãe a trouxe para casa do hospital, fiquei olhando esse pequeno e feio rosto vermelho e jurei protegê-la, — uma adaga estava atravessada em sua alma. ― Jurei que ela não conheceria o que minha mãe conheceu. Que não enfrentaria o inferno se eu vivia e respirava. E agora, ele a tem.

—Então Abram a tirará, — ela se separou o suficiente para olhá-lo —, Khalid, não importa o que acha sobre seu irmão, ele protegerá Paige. Sabe que o fará.

—O que eu acredito de meu irmão, — suspirou quando encontrou com seu olhar― é que Abram é um homem bom, Marty ― Mas inclusive os homens bons têm seus defeitos. E sua fascinação por Paige me incomoda. Sei que vai lutar contra Azir até que o inferno se congele, e que deixará aquela terra sem olhar para trás, mas segue sendo um produto do deserto e de como foi criado.

—Khalid, já sabe que Abram nunca faria nada que machucasse Paige.

Ele negou com a cabeça.

—Mas vai terminar prejudicando-a igual. Se puder chegar a ela antes que Azir a mate.

E esse era seu pesadelo.

A inimizade entre Khalid e seu pai se encontrava em um ponto de ruptura. Khalid falou a um dos príncipes reinantes e ao embaixador da Arábia Saudita sobre a prudência de Azir e do ataque de Ayid e Amam contra ele. E sabia que era um assunto que estava sendo investigado. Azir sabia também. Ele tinha seus próprios espiões dentro da monarquia, e suas próprias formas de obter informação.

Graças a Deus, Abram não desertou oficialmente depois que Ayid e Amam foram assassinados. Se tivesse feito, não haveria ninguém ali para proteger Paige.

—Passaram perto de duas horas desde que encontrei a porta aberta e Paige desaparecida, — declarou Daniel. ― Temos todos os aeroportos cobertos e estamos revistando todos os aviões particulares em terra. Há agentes nas saídas para a pista de aterrissagem particular.

Khalid negou com a cabeça.

—Eles terão estado no ar aos trinta minutos ou menos quando a levaram. Foi, Daniel. E por sua culpa.

Olhou de novo a Marty, a miséria arrastando através de seu corpo, como garras afiadas, a culpa atravessou seu coração.

—Preciso contatar Abram, — suspirou. ― Só posso fazer de casa. O contato que estabelecemos por satélite só pode ser feito de um lugar e só em certos momentos do dia. — Olhou seu relógio quando Marty se moveu de novo. Capturando sua mão, olhou a seu redor uma vez mais ― vão se passar algumas horas antes que possa enviar a mensagem a Abram. Até então, ainda posso me pôr em contato com alguns contatos que tenho na Arábia e ver o que se pode fazer.

—Alguém tem que dizer a sua mãe e a Pavlos, — Marty recordou brandamente ― Estão voando a DC esta noite. Temos que estar ali quando chegarem.

Sua mãe esteve preocupada. Esteve segura de que Azir não podia esperar muito mais tempo para tratar de tomar Paige, e teve razão.

Deus, isto ia mata-la.

Frágil, suave, sua delicada mãe não poderia sobreviver se sua filha nunca retornasse para casa com ela.

Exalou pesadamente.

—Vamos encontrá-los, —disse-— depois de enviar uma mensagem a Abram. Voltemos para casa agora. —voltou-se para Daniel. ― Fecha o apartamento. Verifica com seus vizinhos e vê se algum escutou algo. Pode que não sejamos capazes de pegá-los, mas espero que possamos localizar quem os ajudou. Não poderiam obter sem ajuda.

Daniel assentiu com a cabeça, logo parou.

—Sinto muito, Khalid, — disse em voz baixa. ― Isto se passou sob minha guarda, e não deveria ter acontecido. Assumo toda a responsabilidade por isso.

—Como disse Marty, teriam encontrado uma oportunidade com o tempo, — afirmou, embora uma parte dele culpasse ao investigador / consultor de segurança. Era seu trabalho protegê-la e assegurar que não estivessem abertas as brechas em sua segurança.

Era uma situação sem saída. Cedo ou tarde, teria acontecido, Khalid sabia. Todo mundo tinha que piscar alguma vez.

Da mão com Marty, Khalid deu a volta e se dirigiu para a porta. Estava quase ali quando algo chamou sua atenção. Um brilho de ouro no chão.

Parou e inclinou para pegar o delicado aro com suas frágeis correntes pendurando junto às diminutas plumas de ouro.

Os brincos que Abram deu em seu vigésimo primeiro aniversário.

Fez uma careta diante da ideia.

Lutou para mantê-los separados durante anos, ainda sabendo que estava acontecendo algo importante, e que chegaria o dia em que nada poderia detê-los.

Não era que acreditasse que Abram a faria mal, ou inclusive que não seria bom para ela. Tratava-se simplesmente de que Khalid conhecia seu irmão, e sabia que, depois da morte de suas duas primeiras esposas, qualquer amante que tivesse, teria que sofrer a posse ultra protetora de Abram.

Sua independência iria ao inferno junto com seu coração. Abram não seria capaz de controlar a si mesmo, e toda essa escura e torturada fome dentro dele se converteria em uma fera faminta em face a determinação de Paige.

E aí era onde Paige lutaria.

Não havia fome o suficientemente forte, não havia suficiente amor vital nem havia nenhuma mulher com suficiente paciência e compreensão para não opor-se a um homem decidido a prendê-la longe do mundo.

Khalid sempre temeu que isso fosse exatamente o que Abram tentaria fazer com a ardente independência que era uma parte tão importante de Paige.

E não haveria absolutamente nada que pudesse fazer para salvá-la disso.

 

Estava fodida.

Esse foi o primeiro pensamento que passou pela mente quando os olhos de Paige piscaram e se encontrou em um quarto pouco familiar.

Se pensasse que sua suíte na casa de seu irmão era muito cara e opulenta, então não era nada comparada com onde se encontrava agora.

O quarto era enorme, pelo menos quatro metros de altura com vários ventiladores motorizados girando preguiçosamente no teto e criando a menor das brisas.

Estava deitada sobre uma enorme cama, sua comodidade muito diferente de algo que conheceu antes. Debaixo de seu corpo nu podia sentir a excelente qualidade e a estupenda perfeição dos lençóis de seda.

Sobre seu corpo havia mais seda, o lençol contra sua pele parecia vaporoso e fresco enquanto que a ultrafina caxemira que a cobria na parte superior adicionava um pouco de calor.

Olhando ao redor, viu estofos de veludo nas cadeiras ao lado de uma chaminé, e o que tinha a aparência de ser uma espreguiçadeira coberta em seda, estava localizada a um lado do quarto. Havia grandes almofadões colocados diante da fogueira da chaminé de diferentes tamanhos e de distintos materiais caros.

As janelas eram altas e arqueadas com venezianas de madeira fechadas contra a luz do sol. As frestas nas venezianas deixavam que os frágeis e quentes raios entrassem e perfurassem a luz tênue.

Brancas muralhas de pedra se entreviam desde atrás de várias tapeçarias enormes, recordando os antigos castelos que visitou na Inglaterra.

O chão de pedra estava cortado aqui e lá com tapeçarias combinado, e diante da chaminé se estendia o que tinha a aparência de ser um grosso tapete de caxemira.

Tragando com força, Paige sentiu a gomosa e pegajosa sensação em sua boca. Perguntou-se quanto tempo esteve inconsciente enquanto lutava por manter sua histeria sob controle.

Se não se concentrava em algo diferente, então não o obteria. Derrubou-se em um montão de puro medo histérico.

Porque sabia exatamente onde estava. Ouviu sua mãe descrever este quarto tantas vezes que estava gravado a fogo em seu cérebro.

Era o quarto onde viveu durante sua estadia quando não estava presa no quarto de Azir. Ela comeu neste quarto, chorou neste quarto, e tramou sua escapada deste quarto.

Estava na fortaleza Mustafa na fronteira entre a Arábia saudita e Iraque. Um estreito de terra afastado, onde nem sequer se achava petróleo.

Em consequência, nada vivia aqui, como ela escutou Abram e Khalid dizer, exceto as pessoas que nasceram aqui, trabalharam aqui, e tinham dificuldades para viver neste lugar.

A fortaleza foi construída séculos atrás, o castelo era uma mescla da influência do Oriente Médio e inglês muito antes dos Cavalheiros Templários e das guerras santas.

Ela viu fotos dele. Khalid e sua mãe haviam ensamblado uma espécie de mapa do castelo e das zonas periféricas de seu redor.

Havia formas de escapar, Paige só tinha que encontrá-las.

O terror estava se arrastando através dela agora. Não acreditou que Azir Mustafa tomaria represálias contra Khalid ― Ele ameaçou antes. Quantas vezes Paige esteve presa dentro de paredes protetoras porque Khalid e Azir estavam se enfrentando outra vez, ou porque Azir estava em um de seus momentos de fúria demente, ameaçado sequestrando à mãe de Paige e a trazer de volta onde ele acreditava que era seu lugar?

Passaram-se muitas vezes para contar. E ele nunca fez antes. Evidentemente cansou de simplesmente ameaçar.

Realmente conseguiu sequestrá-la, e evidentemente Abram não tinha nem ideia. Se ele soubesse, teria estado ali quando ela despertou, disse a si mesmo. Não a teria deixado confrontar isto sozinha.

Agora ele a tinha. Um monstro.

Seu peito oprimiu, sua garganta quase fechada pelo medo e as lágrimas que lutava por conter. Não ia permitir que a visse chorar. Era um sinal de debilidade, e como qualquer chacal, ela não podia deixar que Azir Mustafa visse sua debilidade. Ou seu medo.

Puxou o lençol e o envolveu mais perto de sua nudez quando o medo começou a estremecer seu corpo, o fôlego de Paige se entrecortou enquanto reprimia seus gritos.

Era mais forte que isto, reconfortou a si mesma. Azir Mustafa esperaria medo. E ele poderia tê-la agora, mas não uma vez que Abram a encontrasse, ou se desse conta de que ela estava ali, que seria logo que Khalid o avisasse. Se não já fez.

Não. Suas mãos se apertaram no lençol e puxaram convulsivamente. Se Khalid tivesse contatado Abram então ele já estaria aqui― Estaria assegurando que tudo ia estar bem. Estaria encontrando uma forma de levá-la para casa. E ele realmente precisava encontrá-la. Em algum momento antes que seu coração explodisse de terror.

Estava nua, em uma cama. Cortou a respiração, o ofego escapou de seus lábios quando começou a comprovar seu corpo, a sensação entre suas coxas. O desespero era uma mancha oleosa através de sua mente enquanto analisava seu corpo, rezando a Deus para não ter sido violada, porque sabia que Azir Mustafa não estava por cima de drogar a uma mulher para violá-la.

Não havia sinais disso, mas o fato de estar nua, de que alguém a despiu para deixar descoberto sua pele enquanto ela estava inconsciente era uma violação também. A fazia sentir necessitada e fora de controle, e isso a aterrava.

Sempre se compadeceu pelo que sua mãe teve que passar com Azir. Odiou o bastardo por isso. Mas agora, entendia muito melhor exatamente como se sentiu sua mãe, e estava assustada.

Deveria ter escutado Khalid e não deveria ter saído da casa. Se só ficasse no lugar, isto não teria ocorrido. Ao menos não ainda. Não desta maneira.

Cada vez que ela alguma vez recusou a escutá-lo, pagou por isso. Era por isso que não lutou contra ele tão duro como teria podido a primeira vez quando a levou para casa de Daniel Conover. Porque sabia que Khalid não o teria feito sem uma boa razão.

Levantando da cama se moveu ao redor do quarto, procurando as roupas que tiraram. Suas calças jeans e sua camisa, sua roupa intima. Seus sapatos. OH Deus, ela de verdade necessitava seus sapatos. Como se supunha que ia escapar sem suas sapatilhas?

Não podia suportar estar nua como estava. Parecia muito exposta, apesar do lençol que envolveu ao seu redor. O material nem sequer começava a protegê-la. Não da forma em que a roupa o teria feito.

Ela não podia suportar se sentir assim de impotente. Isto era o que Khalid não compreendia, e o que ela nunca poderia dizer. Só esteve assim necessitada uma vez antes em sua vida e as lembranças disso enviavam ondas de terror correndo por ela outra vez.

Tentou afastar as lembranças. Tratar com as lembranças dessa noite agora mesmo despedaçava esse pequeno controle que mantinha sobre a histeria que borbulhava em seu interior.

Tinha que esclarecer a cabeça. Tinha que ser capaz de pensar e encontrar uma saída disto.

Tinha que encontrar uma saída. Encontrou a forma a última vez que esteve assim de necessitada e escapou. Tinha que fazer novamente. Não acreditava que sua prudência pudesse sobreviver de outra maneira.

A porta estava travada. As venezianas estavam travadas. Sua mãe não mencionou portas ocultas ou corredores neste quarto.

Não podia encontrar suas roupas. Não havia penteadeiras e os quatro armários no quarto só continham roupa de cama. Não havia objetos de vestir.

Sentia a respiração contida em seus pulmões. Seu coração estava saindo de controle e o pânico estava começar a embargá-la.

Ficaria louca neste lugar.

 

Abram recostou-se no confortável couro da modificada Land Rover enquanto Tariq conduzia pelo complexo da fortaleza. Seu olhar se estreitou sobre os homens e mulheres pululando nos pátios exteriores.

As mulheres estavam cobertas de pés a cabeça pelo burca regulamentar, enquanto que os homens estavam vestidos com uniformes militares ou calças e camisas de combate.

A fachada da jurisdição da Mustafa estava mudando e ele não pode detê-la durante os anos quando o fato de detê-la seria importante para ele. Tudo o que fez agora parecia lamentável.

Uma vez, esta terra foi prolífera, embora não por petróleo então pelas pequenas minas nos subúrbios onde o prezado mineral era extraído e se vendia ao governo. Isso era um ingresso mínimo, mas acrescentado aos recursos que a monarquia uma vez enviou, as terras e as minas foram suficientes para conservar as pequenas fazendas que extraíam água preciosa dos poços profundos e a semeia de cultivo.

A jurisdição manteve uma pequena parte mais próspera da área de comércio devido a esses cultivos e ao mineral. Algo que já não possuía devido à avareza de Azir e a suas inclinações assassinas.

―Olha quem apareceu. ―Tariq assentiu com a cabeça para o castelo da fortaleza onde uma figura solitária estava parada no alto dos degraus de pedra contra o muro de pedra.

As altas portas duplas estavam atrás, enfatizando a magra e musculosa figura, seu escuro cabelo penteado para trás de um magro rosto árabe.

O homem que foi lentamente ultrapassando a fortaleza Mustafa ainda antes das mortes de Ayid e Amam Mustafa. Sem importar como Abram lutou através dos anos, ainda, Jafar Mustafa… junto com o Ayid e Amam… facilitaram a estável introdução de homens que Abram estava certo que não eram mais que soldados para a célula terrorista que Ayid e Amam comandaram. Uma célula que rumores diziam que agora Jafar estava dirigindo.

Primo irmão tanto de Abram como de Tariq, Jafar era o filho do mais jovem dos três irmãos Mustafa que herdaram diferentes seções da fortaleza de seu pai.

Até que os dois irmãos mais jovens morreram sob circunstâncias altamente suspeitas. Abram sempre suspeitou que Azir assassinou seus irmãos, mas nunca pode prová-lo.

―Não pode querer nada bom, ―Abram assegurou enquanto Tariq parava a Land Rover diante do castelo. Saindo do veículo Abram deixou que Tariq se movesse atrás dele e cobrisse as costas. Subiram os degraus e avançaram para a entrada onde Jafar os esperava.

A escura arrogância na expressão do outro homem era uma voz de alerta. Abram podia sentir a tensão emanando dele, a animosidade que esteve crescendo entre eles mesclando para criar uma atmosfera pesada, apenas amigável.

A cínica diversão nos estranhos olhos verdes de Jafar era uma pista para o fato de que ele não ia gostar de algo que o outro homem tivesse a dizer. Felizmente, havia ao menos um ápice de informação em algo que Jafar dissesse. Ele desfrutava dos jogos que jogava e do fato que Abram não pudesse fazer uma condenada coisa para parar a constante infiltração dos terroristas que entravam.

Como Abram e Tariq, a mãe de Jafar foi americana. Mas a diferença deles, Jafar na verdade herdou algo dos traços de sua mãe. Seu cabelo era de uma profunda cor castanha escura, em lugar de negro, e o verde-azulado de seus olhos era condenadamente chocante em uma terra onde a maior parte tinha olhos escuros.

Os homens Mustafa pareciam ter um apego particular pelas mulheres de cabelos claros ou ruivos. A mãe de Jafar foi uma loira escandinava e como Abram e Tariq, ele herdou sua altura de seus antepassados.

Era um traço que seus filhos pareciam compartilhar também, pensou Abram.

―Que diabos quer Jafar? ―grunhiu quando chegou ao final das escadas de pedra e enfrentou seu primo.

Jafar riu entre dentes, a diversão no som igualando a de seus olhos enquanto seu olhar piscava entre Abram e Tariq.

―Talvez só queira desejar umas boa tarde, primo. Depois de tudo, passou um tempo desde que fiz uma visita. Não me diga que não sentiu saudades.

―Não senti saudades, ―Abram assegurou com um zombador levantamento de seu lábio. ― É isso tudo o que queria?

O sorriso zombador nos lábios de Jafar assegurava outra coisa.

Era uma lástima que parecessem estar gravitado em extremos opostos de suas próprias crenças houve um tempo quando ele e Jafar foram próximos. Quando ambos falaram dos sonhos de um futuro muito diferente dos que abraçou.

Abram aguardou por um longo e tenso momento que Jafar revelasse por que estava esperando, mas quando não fez a paciência de Abram começou a dissolver.

―Vai ao inferno, Jafar, ― grunhiu. ― me deixe saber quando estiver fazendo algo mais que me foder.

Os olhos de Jafar estreitaram diante da deliberada vulgaridade. Ele e seu primo se enfrentaram em mais de uma batalha durante os anos anteriores pela linguagem de Abram ou a deliberada falta de respeito de Jafar. Muitas vezes seus desacordos quase se tornaram violentos e quase terminaram com um murro.

―Me diga, Abram, acha que sua amizade com o filho de um príncipe o salvará para sempre? Ou o fato de que os recursos não pagos às terras da Mustafa só podem retornar a sua herança assegurando sua própria segurança de quem suspeita de suas depravações?

Suas depravações. Que condenada piada. Ele desfrutava de um bom uísque, uma bela mulher, e em ocasiões era propenso a desfrutar de observar a sua amante se converter em um festim sensual disposto não só para ele, mas também para um terceiro também.

Essas eram suas depravações.

―As amizades poucas vezes perduram quando as necessita, Jafar. Acredito que ambos somos conscientes disso. ―Voltou o olhar atrás para seu primo zombando.

Os lábios de Jafar se afinaram.

―Não sabia nada dos crimes de Lessa, nem soube dos planos para castigá-la. ― Não era a primeira vez que ele negava esse conhecimento, e não seria a última que Abram o acusaria disso. Porque ele sabia que seu primo teve que ao menos suspeitar.

―Não obstante, jurei nunca mais ter que depender desses que chama amigos para me ajudar, ― Abram informou. ― Esse é um privilégio que só um idiota pode esperar.

Era melhor que Jafar acreditasse até a medula que Abram não esperava nenhuma ajuda de ninguém se os policiais religiosos decidissem realmente tomar medidas contra ele por suas suspeitadas depravações, especialmente o filho de um príncipe. O contato do governo encarregado da investigação dos terroristas atuando nas terras de Mustafa e canalizando sua atenção sobre Paige Galbraithe.

Até que soubesse os planos de Azir para ela, não poderia descansar. E até agora, não pode se inteirar de nada exceto que Azir definitivamente estava planejando algo.

Abram os derrubaria para mantê-la segura. Jafar, Azir, o filho de um príncipe, veria todos caídos na terra se isso era o que se necessitava para evitar que a maldade que infectava a seu pai a tocasse.

―Estou ocupado Jafar, ―finalmente manifestou. Lutou para reprimir sua cólera quando ele se moveu para passar a seu primo outra vez.

― Abram ―Jafar o parou outra vez quando se moveu para entrar no castelo.

―O que quer Jafar? ―perguntou impacientemente, seus dentes apertados pela cólera que parecia não poder evitar que crescesse através dele.

―Lembra quando tínhamos dezesseis anos e apanhei você e esse teu amigo estudante americano no apartamento da puta?

Os lábios de Abram se aplanaram.

―Ela não era puta, Jafar.

Estiveram na América visitando os primos que viviam em DC Abram se encontrou com amigos de Khalid e de ali, fazia todo o possível por desfrutar do tempo ali em vez de se envolver com uma família que escaparam há anos.

―Estava tomando dois homens ao mesmo tempo dentro de seu corpo, ―Jafar recordou zombando― Em qualquer cultura, chamariam p que estabelecemos puta.

―Só nesta, ―Abram grunhiu. ― Agora me diga o que quer.

―Me responda primeiro, ―disse Jafar ― Lembra?

―Lembro, ―Abram estalou.― Agora o que tem a ver isso com algo?

Os lábios de Jafar afinaram.

― O adverti sobre trazer os desejos da América para sua casa, ―Jafar recordou.― E os trouxe não só a sua casa, mas também a sua mulher.

―Não me faça mata-lo, Jafar. ―Inclusive agora, mais de dez anos depois, a lembrança do que ocorreu a Lessa tinha o poder de enfurecê-lo.

―Não me faça ter que envolver aos policiais religiosos, Abram, ―Jafar advertiu em troca. ― Mantenha suas depravações sob controle. Na batalha em que estamos envoltos, eu prefiro ganhar limpamente.

―Não há batalha, ―Abram assegurou seriamente, e no que a ele concernia, não havia. Nunca houve uma.

Uma vez que Abram obtivesse seus objetivos, então iria. Se ele não pudesse encontrar uma forma de preservar Paige de seu pai antes que o emissário do rei chegasse, então simplesmente tomaria e desapareceria até que o bastardo morresse.

―Sempre há uma batalha entre nós, Abram, ―Jafar respondeu. ― E estou impaciente. Posso me recusar e esperar até que a batalha entre você e seu pai tenha terminado antes de começar a lutar por meu próprio triunfo.

Os lábios de Abram se afinaram quando voltou o olhar atrás para seu primo, tratando de entender simplesmente sobre que diabo estava falando.

―Não há batalha entre nós, Jafar, ―disse outra vez.

Jafar riu entre dentes.

―Diga essa mentira ao presente que seu pai adquiriu como presente adiantado de aniversário, meu amigo. Então me diga como vai sobreviver aos meios que ele adquiriu para ganhar esta guerra que há entre vocês. E digo outra vez, recorda bem a advertência que dei quando tínhamos dezesseis anos, porque não posso dar uma razoável advertência a tempo para o salvar das consequências de seus próprios pecados.

Abram sentiu gelo correr para cima de sua coluna vertebral pelas palavras de Jafar enquanto o outro homem devolvia um sorriso zombador.

Não era possível. Deus o ajudasse, fez tudo o que foi possível, usou a cada contato que tinha para assegurar ser advertido antes que ocorresse, não depois.

A fúria começou a ferver na parte traseira de sua cabeça, afetando completamente seus sentidos quando olhou fixamente os olhos de Jafar e leu a verdade ali.

A tensão radiou através de seu corpo. Seus músculos começaram a apertar como preparando para uma briga, seus punhos apertados com fúria. Uma dura e crepitante advertência começou na base de seu cérebro quando o vermelho na borda de sua visão começou a obscurecer e abrir passo.

Uma fúria assassina e devoradora o alagou.

―O que fez? ―grunhiu em resposta a seu primo.

O olhar de Jafar emitiu o que pôde ter sido um momentâneo arrependimento antes que o ódio enchesse as órbitas verdes pálido outra vez.

―O que sempre faz, ―Jafar respondeu. ― tramou sua destruição. Entretanto, esta vez bem poderia ser a última.

 

Ela não podia acreditar isto.

Não havia um só objeto de vestir em nenhum dos quatro armários localizados no quarto. Havia lençóis, colchas, inclusive travesseiros. Mas não havia nenhuma só camisa, nem calças, nem sequer algumas meias três quartos… Não teriam estado às meias três quartos fora do condenado problema?

Isto era completamente ridículo. O mínimo que poderiam ter feito era deixar algo para usar.

Retorcendo o lençol de seda entre seus seios, apoiou as mãos em seus quadris e olhou ao redor do escuro quarto não pintado pelo sol com o cenho franzido e os olhos entrecerrados.

Sua mãe nunca falou muito na realidade a respeito deste quarto, além de que pertenceu à primeira esposa de Azir, a mãe de Abram, Shahla, como Azir a chamou. Seu nome real, como disse Marilyn, foi Anna Bailey ― Esteve de férias na Arábia Saudita com sua família. Seu pai era um executivo de uma das companhias petroleiras.

A mãe de Paige contatou à família da Anna Bailey logo que pode, mas pareceram relutantes a acreditar, ou fazer algo para resgatar sua filha.

Pavlos fazia averiguações sobre a mulher com quem ainda pretendia casar, e se inteirou que quando Anna foi sequestrada, seu pai recebeu um importante depósito em sua conta para cobrir excessos de dívidas de jogos.

Marilyn sempre suspeitou que a família da Anna a vendeu, ou que possivelmente aceitou o pagamento para que deixassem de procurar sua filha e não acusassem ao governo saudita de tampar seu desaparecimento.

Tanto Anna Bailey como a turista francesa Marilyn Girard teriam passado no esquecimento se não fossem pela determinação de Pavlos Galbraithe para encontrar sua prometida, e a obstinação de Marilyn em não renunciar a seus planos para escapar.

Mas, quando Pavlos encontrou a uma equipe disposta a penetrar a fortaleza e resgatar Anna e seu filho, Azir a matou. De acordo com que Abdul disse nesse momento, Azir a estrangulou até matá-la em seu quarto, diante de seu filho de três anos, depois de arrastar a ambos de volta de uma tentativa de fuga.

Abdul relatou a seus pais e a Khalid como o pequeno Abram gritou e mesmo assim, brigado para se liberar dos corrimões de madeira onde esteve colocado. No momento em que sua mãe caiu ao chão, sem vida, ele deixou de gritar, prendeu os olhos nela, então lentamente se sentou em sua cama,levantou a vista para seu pai, e simplesmente devolveu o olhar.

Agora, mais de trinta anos depois, Abram ainda estava tratando de se interpor entre seu pai e uma mulher que Azir estava tratando de matar.

 

Onde diabos estava ele agora? Ela poderia usá-lo um pouquinho para resgatar a si mesma.

Tinha que estar aqui em algum lugar. Não tinha nenhuma dúvida de que esta era a fortaleza de Mustafa na fronteira com o Iraque. Ela não foi sequestrada e vendida, simplesmente foi sequestrada por um louco. Não era justo o que faltava para completar sua semana?

Girando, voltou na metade do quarto onde esteve, parando o olhar a seu redor outra vez, tratando de encontrar algo que ao menos a fizer-se sentir como se estivesse tentado escapar.

Quando se moveu por volta de um dos armários outra vez, a longa porta de madeira pesada se abriu de repente, deixando entrar uma brisa. Olhou à aparição que entrou como uma visão de pesadelo aterrador.

A sensação de que isto não podia estar ocorrendo quase a afligindo. Tinha que ser um sonho.

Azir Mustafa entrou rapidamente no quarto, seus olhos negros fixos nela, seu escuro rosto bronzeado pelo deserto cansado e enrugado com linhas de ressentimento. O comprido e branco thob, solto e comprido até os tornozelos, o objeto que os generais usavam no Meio Oriente parecia ondular ao redor de seu largo corpo com sobrepeso. O ghutra, ou keffiyeh , o enorme quadrado branco de tecido assegurado ao redor de sua cabeça por um cordão negro, deslocado atrás dele só para reverter à direção e formar redemoinhos a seu redor quando fez uma abrupta parada. Voltou o olhar para ela como hipnotizado.

Seus olhos pareciam estar deslumbrados e úmidos. Sua expressão cheia de uma profunda esperança enquanto a observava atentamente, como se temesse que ela pudesse desaparecer de um momento a outro.

Levantou uma tremente mão como se fosse tocá-la a mais de três metros de distância, antes de deixá-la cair fracamente outra vez a seu lado.

―Marilyn, ― sussurrou, seus lábios tremendo quando deu um passo à frente, a confusão e a visão afrouxando sua expressão. ― Manteve-se tão jovem, Marilyn― E eu envelheci tanto. Que ardil é este que volta para mim igual como foi?

Paige aferrou o lençol entre seus seios e deu um passo atrás, seus olhos estreitando diante da prova da debilitação da prudência de Azir. Ele pensava que ela era sua mãe.

―Não sou Marilyn ― Paige informou cautelosamente. Ela não se parecia tanto a sua mãe.

― Marilyn, ―sussurrou outra vez ― Minha preciosa Marilyn ― por que se foi? Por que levou meus filhos? ―Com dor, amargura e cheio de confusão como um garotinho, observava com lágrimas em seus olhos ― Não a amei por cima de todas as demais? Não sussurrei meu amor cada vez que a sustentei?

Paige inalou profundamente. Sua mãe disse que Azir estava louco, inclusive quando era mais jovem. Paige sempre foi da opinião que não era loucura, a não ser arrogância criminal. Agora, perguntava-se se sua mãe não esteve certa todo o tempo. Era óbvio que o homem tinha alguns sérios problemas de delírio.

Desenquadrada convicção que enchia o rosto de Azir quando a olhava não era no mínimo nem um pouquinho cômoda. Realmente acreditava que de algum jeito, Marilyn voltou para ele.

Paige deu outro passo atrás quando Azir se aproximou a mesma distância. Sentia-se como um camundongo sendo perseguida por um enorme gato, e não tinha um oco onde esconder.

―Vêem a mim, Marilyn ― Sua expressão esticou com fúria quando ela continuou afastando-se. ― Não ponha a prova minha cólera, querida. Sabe que sairá perdendo e eu terei remorsos pela necessidade de castigá-la. É minha mulher. Não pode me rechaçar.

Ele na realidade pensava que ela ia o deixar tocá-la? Estava jogando um jogo, então estava fazendo um condenado bom trabalho. E se não o estava fazendo, então estava bastante mais louco que o que qualquer um suspeitava e ela estava um inferno mais fodida do que supôs.

―Há um engano, ―manifestou com cautela. ― Não sou Marilyn― Sou sua filha, Paige.

Azir parou e franziu o cenho, seu corpo preparado para saltar sobre ela. Retrocedeu, seus olhos estreitando sobre ela antes que puro ódio furioso se evidenciasse em seu olhar durante um rápido segundo. No segundo seguinte, seus olhos se esclareceram e olhou ao redor do quarto como se perguntando como era que se encontrava ali.

Voltou-se para ela lentamente.

―Paige Galbraithe, ―murmurou, sua voz chiava como o som de um pesadelo em sua mente ― A filha de minha desleal e adúltera esposa e do filho da puta que a separou de mim. Uma asquerosa filha bastarda. Deveria ter sido apedrejada até a morte ao nascer.

Enquanto falava, sua voz se tornava mais alta, mais dura e mais furiosa até que o tom enfurecido soava irritante e cheio da pura loucura que Paige duvidou que ele sofresse.

OH, ele estava completamente louco. Não tinha nenhuma dúvida agora que estava louco ao termo.

―Minha mãe não estará contente se você me matar, Azir, ―disse com uma mofa sutil e impertinente, como se realmente importasse um caralho. ― Ela nunca gozaria em vim visitá-lo antes que você morresse.

―Brinca comigo, ― disse com voz áspera. ― Não se preocupe, posso fazer quando me desejar muito. É um assunto fácil de solucionar. Os pecados da mãe se convertem na responsabilidade da filha.

Não podia acreditar isto. Era um pesadelo. Ele estava além da loucura.

―Não cometi pecados. ―Seus dedos se apertados no lençol quando o olhar dele piscou sobre seus seios e logo depois de retorno a seus olhos. De verdade parecia suja por esse olhar.

―Sua mãe o fez, isso é suficiente. ―Sorriu quase de maneira agradável, lunaticamente ― Poderia a arrastar ao pátio e as pedras danificariam seu débil corpo em questão de minutos. Poderia tomar esse rosto tão bonito, tão parecido ao de sua mãe, e poderia machucá-lo. ― Levantou a mão, estalando os dedos em um punho para dar ênfase.

Ela podia ver a fúria em seus olhos e em seu rosto. Estava avermelhado com ela, seu olhar ficando demente com ela. Havia uma necessidade faiscante em seus olhos de machucá-la, de destruí-la. Olhava e via a mãe, não à filha. Mas também via o que ele denominava os pecados de sua mãe. Inferno, ela não ia ganhar aqui.

Estranho, seu horóscopo não mencionou que devia tomar cuidado com sequestradores loucos ou xeques desérticos dementes esta semana.

Se Abram não aparecia, realmente rápido, então ia estar em um inferno de mais problemas do que pudesse sair por si mesmo. Talvez. Era um pouco difícil encontrar opções que implicassem estar vestida com nada mais que um lençol muito caro e muito suave.

Aparentemente Azir pensava que poderia castigar a filha porque a mãe escapou dele. E ela não duvidava que ele tivesse todas as intenções de fazer justamente isso.

Marilyn Girard escapou e levou seu filhinho de três meses de vida, se casou com outro homem e teve uma menina com ele também. Paige era essa menina, e quando ele a olhava, ela se dava conta de que facilmente poderia lhe tirar a vida agora mesmo e nunca lamentá-lo. Poderia alegremente jogá-la a alguém para que a lapidasse, e não sentiria nada mais que um jovial regozijo por cada duro golpe que caísse sobre seu corpo.

OH Deus, onde estava Abram?

―Tem seus olhos, ―disse Azir a mente se aplacava outra vez, sua cabeça inclinando a um lado para voltar o olhar a ela com um estranho sorriso zombador ― Olhos que fascinam a um homem e o enchem de desejo de não fazer outra coisa mais do que a possuir.

―Poderia ter uma indigestão. Confie em mim, me possuir é uma muito má ideia. Poderia ser considerado realmente irritante conforme me disseram, ― sugeriu descaradamente, indubitavelmente ia morrer de um momento a outro, mas estaria condenada se sucumbisse sem uma briga.

Não daria a este velho e cruel monstro a satisfação de vê-la chorar, ou de rogar. A menos que doesse muito. Ela poderia implorar então, pensou irracionalmente. Algo era possível.

O sorriso de tubarão que curvou seus lábios estava cheio de uma pura e cruel intimidação ao mesmo tempo em que sua expressão se tornava zombadora e ameaçadora.

―Fale com essa falta de respeito outra vez e cortarei sua língua antes que tenha a possibilidade de pedir a meu filho que te ajude, ― advertiu sua monstruosa voz chiando com selvagem antecipação. ― Assegurarei que ele não tolere a falta de respeito da filha como eu fiz com a mãe.

Muito bem, não mais faltas de respeito. Gostava da língua em sua boca, muito obrigado.

Devolveu o olhar em silêncio, segura de que ali tinha que existir alguma debilidade que ela pudesse explorar para ao menos sobreviver até encontrar a maneira de escapar.

Escapar era muito melhor que permanecer aqui e esperar que a estrangulasse até matá-la como fez com a mãe de Abram.

―Conhece meu filho, verdade, querida? Aos meus dois filhos, na realidade. Um é seu irmão, e o que seria o outro para você, pergunto? ―riu entre dentes insidiosamente ― É puta como sua mãe? Deita e abre as pernas para qualquer cão que fode entre eles tanto como para os amigos que ele traria? Deita entre dois tão facilmente como faria com um?

A vulgaridade do insulto a fez estreitar os olhos enquanto a fúria começava a levantar e a apertar com pura raiva. Mordeu a língua até que pensou que poderia cortá-la com os dentes tão facilmente como com a faca com o que ele a ameaçou fatiando.

Realmente não queria ficar muda, e não tinha nenhuma dúvida de que ele estava sendo fodidamente sério com a ameaça, mas, maldição, era sua mãe.

―E seu irmão, ―zombou ― Suas perversões infectaram meu herdeiro e a minha casa até que Abram cedeu à virtuosa esposa com quem se casou. Ela abriu as pernas para eles dois juntos e falando de tal imundície que profanou o leito matrimonial que o deu.

Khalid era seu irmão. A exasperava regularmente, mas morreria por ele. Se Azir continuava com isto, ela ficaria muda com toda segurança.

Deu um passo atrás cautelosamente quando ele deu outro passo para frente, os punhos apertando e afrouxando espasmodicamente enquanto ela tomava uma profunda respiração.

―Azir, esta não é uma boa ideia. ―Estava esbanjando sua saliva e ela sabia. ― Vamos, conheço muitos de seus sobrinhos e sobrinhas. Várias das bisnetas de seu rei são amigas minhas. Os protestos já foram apresentados diante de seu governo por isso, conhece meus pais e se Abram inteirar-se que você me machucou, não estará contente, e você sabe que Khalid se voltará louco contra você.

Pôde ver o ódio no rosto de Azir quando mencionou o nome de seu filho. Khalid matou seus dois filhos, mas só para proteger a si mesmo tanto como Marty quando eles entraram em sua casa.

Paige o observava com cautela enquanto tentava manobrar para se aproximar da porta, só para ter bloqueada sua tentativa de deslizar ao redor de uma espreguiçadeira e correr para a saída.

Ele sorriu com antecipação.

―Se você morrer, então ele não correrá o risco de zangar a Deus, nem a represália da Matawa por suas perversões com você, ― murmurou. ― Foi vista, abrindo suas coxas, dizendo baixezas e rogando por mais.

Ela ruborizou, não por calor ou por vergonha, mas sim por raiva. Talvez, se chamasse Abram a gritos, ouviria? Mas se ele estivesse tão perto, teria estado aqui.

―Me diga, Paige, como estão meu traiçoeiro filho bastardo e sua puta por estes dias? ―Seus lábios se curvaram com repugnância. ― Estive realmente assombrado de que seu irmão Abram não estivesse presente na cama com ele e sua pequena Jezabel, em vez desse ineficaz agente do FBI que estava fodendo em seu lugar.

Como em nome de Deus fazia Azir para saber destas coisas?

Shane Conner, o agente do FBI, era o terceiro do Khalid, essa era a verdade. Ele também estava trabalhando na empresa de segurança de Daniel Conover para melhorar a segurança eletrônica na propriedade de Khalid.

Mas os homens de Azir não conseguiram a sequestrar da propriedade de Khalid.

OH sim, era certo, era muito fodidamente estúpida para permanecer ali― Os homens de Azir a apanharam em sua própria casa.

Azir sabia coisas que estavam ocorrendo nessa casa que ninguém deveria saber. O fato de Shane Connor como o terceiro de Khalid não era um fato conhecido, inclusive entre os poucos amigos que Paige sabia que tinham, com quem compartilhava esse pequeno gosto sexual.

―Não me está respondendo. ―A maldade brilhou no rosto de Azir ― Não ensinou sua mãe a respeitar os mais velhos, pequena cadela? Ou só te ensinou a ser tão puta como ela?

―Minha mãe não é uma puta! ― As palavras saíram de seus lábios como se tivessem mente própria.

Ele poderia cortar sua língua neste ponto. Ela não ia continuar escutando sua mãe ser chamada dessa maneira.

―Não pedi sua opinião a respeito de se ela é ou não a puta que ambos sabemos que é― Perguntei como estão esse bastardo de seu irmão e sua Jezabel. Uma pergunta bastante simples acredito, ou é muito estúpida para compreender inclusive isso?

―Sinto muito, não conheço nenhum irmão bastardo nem a ninguém chamada Jezabel. ―Breve. Direta. Tinha que lutar contra a necessidade de dizer ao sujo filho da puta exatamente onde ele poderia ir.

Seus lábios se retorceram com satisfação.

―Castiga-la será um prazer.

―Não tenho dúvidas de que encontrará nisso um ponto de interesse em sua velha e desperdiçada vida, ―murmurou. ― Assim por que não me diz o motivo de que esteja aqui em lugar de me ameaçar todo o dia?

Grunhiu no que ela considerou uma ordem muita clara.

―E o que houve do menos que encantador Sr.Connor? Ainda segue fodendo o traseiro do lixo de Khalid ou já terminou com sua depravação e a de Khalid, e na verdade tomar Khalid como animais que ambos são? ―Azir a observava como um lobo faminto.

Paige podia sentir um calafrio de temor correr para cima de sua coluna vertebral enquanto sua pele se arrepiava pelo desagrado diante do interesse luxurioso em seu olhar. Cada vez que ele mencionava Khalid e Shane compartilhando Marty, ou qualquer referência a suas atividades sexuais, a fome brilhava em seu rosto.

Ela sacudiu a cabeça cautelosamente.

―Você deve estar confundindo Shane Connor que eu conheço com alguém mais, nem o que diz de Khalid e Marty que conheço. Está seguro de que não esteve fumando em seu narguilé muito frequentemente?

Azir bufou sarcasticamente, seus lábios curvando com repugnância.

―Deveria tê-lo matado e à puta de sua mãe quando tive a oportunidade. Quando me precavi de que ela era tão desleal como o vento.

―Todas as mulheres são simplesmente putas para você, verdade, Azir? ―O bom sentido comum estava ultrapassado pelos contínuos insultos a sua tenra e compassiva mãe.

Apesar do tempo que ela esteve presa neste quarto, violada cada noite e obrigada a conceber o filho de seu violador, ainda, ela adorou seu filho e o encheu de amor, da mesma maneira que fez com sua filha.

―Sua mãe é uma puta, ―ele grunhiu. ― compartilha a si mesmo como seu filho compartilha a mórbida carne de suas mulheres. Ela aceita a mente de meu filho e sua alma e o converteu em um animal depravado.

―Depois de que você a sequestrou e a violou, e a obrigou a casar com você, eu diria que você é o monstro e o animal, não minha mãe nem meu irmão, ―Paige respondeu mordazmente. Virtualmente podia sentir a faca contra sua língua agora.

―Seu pai roubou o que era meu. Ele é o sequestrador e o criminoso. De minha própria casa, ele arrancou minha mulher de meus braços e a pôs contra mim. ― Estava furioso, seus braços se elevaram, os dedos curvando em punhos quando os levou contra seu peito como suplicando. ― Não compreende o que me fizeram? E a meu filho? Destruíram-nos.

―Ela estava escapando para salvar sua vida quando meu tio e meu pai a encontraram, ―argumentou desesperadamente ― arriscou-se a morrer para livrar-se de você, Azir. Ninguém teve que a arrancar a de seus braços porque ela fez por si mesma. Arriscou sua vida e a de seu bebê para se afastar de você, Mustafa!

Rancor.

Era como uma enfermidade.

Preponderava sobre o terror justo o suficiente para impedir que fechasse a boca e ser prudente. Seu temperamento estava tirando o melhor dela. Era sua maldição. Ela era uma pessoa agradável, realmente era, até que algum ignorante decidisse forçar essa estupidez em seu rosto, então ela simplesmente não podia se conter.

―Ela me pertence! ―gritou, seus olhos aumentando, voltando desenquadrado quando se precipitou para frente antes que ela pudesse escapar dele.

Apanhou-a com a guarda baixa quando lhe deu um golpe com o dorso da mão, com o que ela estava segura tinha que ser toda a força que possuía. Suficiente força para fazê-la sentir como se o golpe tivesse desintegrado cada osso de sua cabeça.

As luzes explodiram diante de seus olhos quando sentiu a si mesmo voar através do quarto para parar contra do chão de pedra. Sua cabeça estava retumbando com milhares de luzes, seu olhar desfocado enquanto perdia o fôlego. Sentiu desfalecer pelo sabor acobreado de seu sangue.

O sabor encheu sua boca, e em uma distante parte de sua mente cheia de horror Paige percebeu de que esta era a primeira vez em sua vida que a bateram.

―É uma pequena rameira desdenhosa, igual foi sua mãe. Mas ela aprendeu qual era seu lugar, e você aprenderá qual é o teu. Ou morrerá como deveria tê-la matado.

Abateu-se sobre ela, enfurecido como um maníaco.

―Ela escapou de você entretanto, verdade? ―Ela soprou enquanto lutava por respirar através da dor, os braços agitando quando tentou reforçá-los debaixo dele ― Ela o odeia, Azir. Odeia tanto que o mataria ela mesma se pudesse.

Ia morrer, então estaria condenada se não infligisse justo a mesma quantidade de insultos como pudesse arrancar de sua mente ressonante e aturdida pela dor.

―Poderia destroçá-la! ―soava como um animal selvagem enquanto ela tentava enfocá-lo. ― Deveria demonstrar quão facilmente é destroçar a uma pequena puta como você ― Poderia a fazer implorar para morrer. Implorar para chamar sua mãe de puta em seu rosto simplesmente para fazer que a dor cesse.

―Mataria antes primeiro, ―grunhiu em resposta. Tentou afirmar-se contra o chão, seu braço perdendo força e rendendo, deixando-a cair contra o chão outra vez.

Um segundo mais tarde cruéis dedos estavam curvados dentro de seu cabelo, a arrastando sobre seus joelhos enquanto ela gritava.

Suas lutas eram débeis e ineficazes. Não conseguiu recuperar-se desse golpe ainda nem da agonizante dor que ainda perturbava seus sentidos, e a força ia retornando lentamente, disse a si mesma.

Pôde sentir o lençol atado entre seus seios escorregar. Repentinamente, o conhecimento de que estaria nua diante dele pareceu tão espantoso como ser violada por ele. Alguém já a despiu, essa violação era suficiente. Ela estava seguro como o inferno que não tinha intenção de permitir vê-la outra vez, enquanto estivesse consciente.

Lutou para aferrar-se ao lençol e sustentá-lo contra ela, quando Azir, agarrando os braços, deu um puxão para colocá-la de pé e começou a sacudi-la brutalmente. Sua cabeça se agitava perigosamente sobre seus ombros enquanto tentava cravar as unhas nos braços, mas estava débil e enjoada.

―Treinei a essa cadela da mesma maneira que treinarei você.

Com a última palavra ela sentiu a força intensificar nos braços dele e um segundo depois a jogou longe. Violentamente.

Não ia ser capaz de evitar a queda.

Paige preparou a si mesmo quando perdeu o lençol. Isto ia doer realmente e não havia forma de detê-lo.

Maldição ia ficar nua diante de Azir Mustafa.

Um soluço escapou de sua garganta quando se sentiu voar. O medo impactou em cada nervo de seu corpo um segundo antes que seu voo abruptamente terminasse.

Fortes mãos a apanharam, empurrando-a contra um duro e quente corpo enquanto o lençol era simultaneamente envolto ao redor de sua nudez.

Abram!

Curvou os dedos contra seu braço, sentindo a suavidade do algodão sobre sua pele enquanto a sustentava contra ele, o calor de seu corpo envolvendo-a.

Ele estava aqui ― Finalmente. Em efeito, não a abandonou. Poderia controlar Azir? Quanto tempo tomaria conseguir uma blusa e jeans? Uma calcinha seria agradável. Não gostava de andar por aí sem sua roupa intima.

Fragmentados pensamentos continuaram passando por sua mente enquanto seus sentidos giravam impetuosamente.

―Está bem, preciosa? ―Segurava-a contra ele, sua cabeça inclinada para sussurrar brandamente no ouvido, sua voz rouca pela fúria e o pesar quando ela tentou levantar a cabeça, a que parecia como se estivesse balançando sobre seus ombros.

Uma histérica diversão ameaçava escapando a gargalhadas enquanto tentava manter a cabeça reta.

―Faz que o quarto deixe de girar, Abram, ―piscou ao olhá-lo. ― Isto é uma merda.

―Está bem, bebê ― Sua voz era um murmúrio tenro. ― Prometo isso, tudo vai estar bem. Quero que vá com Tariq por agora, entretanto. Ele cuidará de você até que eu tenha terminado aqui ― Fará isso, Paige? Vá com Tariq, doçura.

―Não! Quero ir para casa. ― Seus dedos se curvaram exigentemente na larga camisa de algodão parecida com uma túnica que levava posta, enquanto se esforçava para que seus olhos se enfocassem, lutando por encontrar embora seja o pouquinho de força que ficavam a suas pernas ― Chama Khalid ou Papai― Virão por mim. ―Não estava disposta a permanecer aqui um momento mais do que já o fez. ― Isto é uma loucura. Tire-me daqui.

Sua visão finalmente clareou, a vertiginosa confusão lentamente evaporando para enfocar sobre a atormentada e torturada expressão em seu rosto.

Os negros olhos brilharam com fúria selvagem quando seu rosto pareceu mudar de pedra a linhas de brutal desencanto.

―Vá com Tariq, primeiro, Paige.―Agarrou-a pelos braços e a afastou dele antes de movê-la na direção de Tariq.

―Não. Não o deixarei sozinho com ele. ―Levantou a vista para olhá-lo, vendo a dor em seus olhos e a tristeza em seu rosto, e soube que ele tinha que estar desconsolado de fúria. Não podia deixá-lo só com este louco. ― E se for contagioso?

Seu olhar voltou para o dela, um sutil brilho de confusão brilhando nas perigosas profundidades escuras como a noite.

―O que é contagioso, gatinha?

―Sua loucura, ― sussurrou em resposta, imediatamente dando conta da ridícula sugestão, mas a necessidade de aliviar a situação era impossível de combater. Assim era ela. Tomava com seriedade e poderia terminar compartilhando o destino de Abram ela mesma. Azir Mustafa poderia voltar louco a um santo, supôs. E pobre Abram, estava vivendo com o velho parasita.

Ele tinha que se aborrecer com isto. Este lugar, este quarto, Abram não era assim. A forma em que estava vestido, a expressão em seu rosto, não era o homem que ela conhecia. Ele nunca viria com bons olhos que se maltratasse a uma mulher, ou que a sequestrasse.

Era tão arrogante como o mesmo vento, como o mesmo deserto onde cresceu, mas não era o monstro cruel que seu pai obviamente era.

―Estou seguro de que não é contagioso, ― declarou― Mas vá com Tariq por agora. Encarregarei-me de tudo e irei para você logo.

―Roga a uma puta para que faça o que diz? ―Azir estalou atrás dela. ― Que baixo tem caído, meu filho.

Paige se recusou a voltar o olhar para ele, em seu lugar continuou levantando a vista para Abram, desejando que saísse com ela, negando-se a deixá-lo arriscar a si mesmo na companhia demente de seu pai.

―Agora, ―sua voz era quase silenciosa, mas não havia nenhuma dúvida da poderosa ordem que a enchia. ― Vai com Tariq.

Tariq Mustafa. Ela o conhecia. Algumas vezes ele foi a América com Abram e visitou Khalid e a sua família. Ele sorriu. “Quase” paquerou uma vez ou duas, mas a desaprovação de Abram e de Khalid foi claramente visível.

Esta vez, entretanto, sua expressão era dura e fria, como se não tivesse ideia de quem era ela. Não houve nem sequer uma fresta de reconhecimento quando a afastou de Abram.

Ela aplanou os lábios, incapaz de esconder seu desagrado. Ele não tinha o direito de se atrasar aqui quando precisavam fazer planos. Quando precisavam a tirar da Arábia Saudita.

―Vamos. ―Tariq não estava paquerando com ela esta vez enquanto obrigava a suas pernas a ter forças para caminhar para a porta. Atuava como se não a conhecesse, como se nunca a tivesse visto. E ela averiguaria o motivo no momento em que Abram se encontrasse com eles.

 

Abram observava enquanto Tariq tirava Paige do quarto, dirigindo ao redor das portas e levando para cima pelo corredor até a suíte dele. Os escuros olhos verde-esmeralda se voltaram atrás para ele, desafio e fúria brilhando em seu olhar antes que ela desaparecesse.

Voltou-se para Azir, embora Deus soubesse que não queria fazê-lo. Podia sentir a raiva assassina crescendo em seu interior, ameaçando o controle que tomou tantos anos cultivar.

Por um momento se perguntou se ela pudesse estar certa, se o legado de sangue, morte, e loucura de Mustafa não era na verdade um contágio que infectava a uma geração atrás de outra.

Cravando os olhos em seu pai, não sentiu nada mais que o grande rancor que estava em perigo de deixar escapar das profundidades de sua alma.

Olhou seu pai, não viu nada mais que a dilaceradora e agonizante dor que sua primeira esposa havia sentido quando morreu o medo de sua segunda esposa quando morreu grávida, e seu próprio medo quando se inteirou que a vida de Paige estava correndo perigo.

―É a viva imagem de sua mãe, verdade? ―Azir declarou com calma, como se ele não tivesse terminado de jogar essa visão através do quarto com a força suficiente para matá-la se sua cabeça batesse no chão ao cair.

O tranquilo e quase racional tom de sua voz só incitava a fúria gelada que fervia dentro de Abram.

―Por que está aqui? ―só podia com muita dificuldade se esforçar para aparentar calma em sua voz.

Azir sorriu. Uma zombadora e triunfante curva de seus lábios quando devolveu o olhar a Abram.

―Ela é minha garantia, meu filho, e o presente que queria obsequiar para seu aniversário. Diga, acha que sua mãe está preocupada? Certamente possivelmente sabendo quem tomou a sua filha e imaginando muitas maneiras em que poderia fazê-la sofrer pelos crimes de sua mãe?

O prazer que Azir claramente sentia ao pensar que a dor que só uma mãe poderia sentir encheria Marilyn Galbraithe, dava náuseas a Abram.

―A levarei de retorno a sua casa… ― começou.

―Então ela morrerá ― A voz de Azir se endureceu, voltando séria e tinta de ira. ― No momento em que deixe as paredes da fortaleza com ela, os guardas a trarão de volta e a farei pagar os crimes de sua mãe. Ela não é virgem. Foi revisada em busca dessa inocência enquanto deitava inconsciente. Convencer a Matawa para ordená-la a pagar não será difícil.

Abram devolveu o olhar a seu pai com comoção e incredulidade. Certamente Azir não podia estar tão louco. Decidir semelhante procedimento só induzia a que a família real se visse obrigada a tomar medidas contra eles.

―Não faça isto, ― grunhiu, seus punhos apertados, a adrenalina surgindo por seu organismo e exigindo sangue. O sangue de Azir. E ele estaria bem dentro de seus direitos de derramá-lo. Simplesmente deveria fazê-lo. Quanto melhor estaria o mundo sem a presença de Azir Mustafa. ― Ela não fez nada para merecer isto.

―Mas sua mãe sim, ―Azir respondeu, seu tom chiando esfregando contra as terminações nervosas de Abram ― Declarou adultério contra ele em seu falso casamento com outro homem. Roubou meu filho e encheu sua cabeça contra mim, inclusive enquanto ela e seus tribunais americanos me despojaram do direito de que me seja devolvido.

A expressão de Azir se retorceu com fúria fanática.

―Minha preciosa Marilyn― Pôs Khalid contra mim, e por culpa dele, você voltou-se contra mim. A culpo pelas atrocidades que Khalid declarou contra Deus com sua depravação sexual e a culpo pelas mortes de seus irmãos. E sua filha agora pagará o preço. ―Estava gritando. Voltando o olhar para trás a Abram, a fúria infectando não só sua prudência, mas também o controle sobre si mesmo.

―Não eram meus irmãos! ―No que a Abram concernia, isto era a gota que enchia o copo no referente à Azir. Ele nunca mais consideraria uma relação consanguínea com Azir nem bastardos que estiveram perto de matá-los ― Os mesmos dois homens que forjaram a situação em que Abram agora se encontrava. ― Se ainda estivessem vivos quando eu reclame a jurisdição do emissário do Rei, então teria ordenado suas mortes por mim mesmo.

O olhar de Azir se voltou para ele, sua expressão voltando-se furiosa, seu rosto vermelho de ira. O velho bastardo nunca foi racional no que a Ayid e a Amam concernia não mais que racional foi com respeito à Marilyn― Nem racional nem cordato.

―Você e Khalid foram responsáveis pelas mortes de suas esposas e ainda os culparia por suas vinganças? ―Azir perguntou incredulamente, como se ele mesmo não teve nada que ver com suas vocações ou suas iras ― Perderam o que mais apreciavam. Mulheres castas e fiéis e se lamenta por uma puta disposta a compartilhar seu corpo entre você e Khalid como se não fosse nada mais que uma cadela no cio? Deveria o ter acusado com a Matawa no momento que descobri sua perversão em lugar de acreditar que aprenderia a lição com a morte de sua mulher.

Abram sentia os arranhões de gelo negro contra os que continuamente lutava quando começavam a construir, a afligir. O escuro coração em seu interior congelando, exterminando a honra e a moralidade. Cravou os olhos de Azir e tudo o que podia ver era o sangue do bastardo no chão, derramando, manchando a pedra e terminando com seus pecados para sempre.

Que fácil seria matá-lo, pensou Abram sem nem sequer um indício de culpa. Mas matá-lo agora só causaria mais problemas que soluções.

Era consciente que Azir o observava nervosamente agora. Abram só podia ficar olhando, todo seu ser centrado em não matar a maldade do velho bastardo.

Não podia confiar em si mesmo para falar nem para mover. Não ainda. Não até que pudesse afastar a imagem de suas mãos envolvendo ao redor da garganta de Azir, sua expressão torcida e fanática lentamente voltando-se azul.

―Me perdoe, Abram.―Azir de repente disse com nervosismo como se percebeu como perto da morte estava.― Isso nunca foi uma opção. Nunca a entregaria às autoridades.

Muito pouco. E ele teria preferido só ter podido manter Lessa segura anos atrás.

―Em três semanas o emissário do rei chegará para tomar seu voto para fiscalizar as terras e retornar a nossa família os pagamentos que eles congelaram faz tantos anos. Antes desse dia, o deixarei levar a cama à filha de minha esposa infiel. Sua filha bastarda é meu presente para você até esse dia. Falei com Tariq e dei permissão, mais ainda, ordenei que ajudasse de qualquer forma que o deseje para desfrutar de seu corpo corrupto. Uma vez que tenha dado ao emissário seu voto, poderá a escoltar de retorno a sua mãe, ou se o deseja, pode ficar com ela como primeira adição para seu próprio harém.

Para seu harém?

Abram podia sentir seu estômago retorcendo com repugnância. Em que fantasia demente seu pai acreditou alguma vez que ele realmente daria esse voto e ficaria aqui para permitir que o legado de Ayid e Amam continuasse crescendo?

―Não me traia outra vez, Abram.―A voz de Azir saiu rouca quando falou.― Traia seu rei se acha que deve e se una a seu irmão e a sua puta quando estiver feito. A conta será guardada até que seu voto seja dado. Será minha, ou o que ocorreu a sua preciosa Lessa parecerá uma bênção comparado com o inferno que a irmã bastarda de Khalid conhecerá― Rogo, não me ponha à prova nisto.

Se ele tinha que permanecer parado aqui outro momento e seguir escutando, então poderia perder a última segurança sobre seu temperamento assassino.

Voltando-se, Abram caminhou discretamente pelo quarto que a mãe de Khalid uma vez compartilhou com sua própria mãe durante pouco tempo. Sua própria suíte estava em cima deste com uma entrada privada para as salas asseguradas que uma vez compreenderam o harém de Azir.

Abram subiu as escadas com um passo deliberadamente tranquilo. Seus punhos apertando e afrouxando a seus lados enquanto apertava os dentes até que realmente sentiu que doía a mandíbula com um profundo ardor pelo estresse da pressão.

Precisava recuperar o controle. Precisava acalmar a rajada de adrenalina e descender da negra fúria gelada que o afligiu enquanto estava com Azir.

Tinha que fazê-lo antes que chegasse a sua suíte, antes que visse Paige.

Porque havia outro rosto da fúria negra.

Havia consequências para derreter essa fúria gelada.

E se ele não conseguia controlá-la, então seria Paige que sentiria toda a potência de sua força.

 

O outro rosto da fúria negra.

Abram se viu obrigado a aprender a conter essa fúria assassina e fulminante no dia que encontrou a sua mãe golpeada até a morte, e soube que foram os punhos de Azir os que a mataram.

Recordou senti-la. Gelada, como se metesse seu corpo inteiro dentro de uma piscina de gelo e se obrigou a permanecer ali, em lugar de tratar de encontrar o homem que chamava pai para cravar a faca que cravou a sua mãe, diretamente dentro de seu negro coração.

Quantas vezes através dos anos desejou ter feito exatamente isso?

Teria tomado sua revanche. Seria severamente castigado, talvez inclusive se suicidasse. Mas se tivesse se ocupado desse castigo então tantas outras vidas poderiam ter sido salvas.

As terras Mustafa teriam sido salvas por Abram como o herdeiro legal de Azir, Ayid e Amam teriam sido enviados para ser educados por tias e tios que não teriam mimado seus hábitos criminais, nem arriscado as suas próprias famílias sendo cúmplices de suas inclinações terroristas.

Essa piscina gelada o envolveu, deixando ver mais à frente da feroz e brutal dor e fazendo-o pensar na lógica de suas ações.

O castigo para Azir seria tão cabal, tão perfeito, se só ele pudesse levá-lo ao final. Abram se liberaria das terras e as terras mesmas retornariam à monarquia para serem devolvidas ao controle das tribos.

Mas permitir a Azir viver se voltou mais duro cada dia. E hoje. Parou quando chegou à parte superior das escadas e desceu o olhar ao punho que seus dedos ainda estavam formando.

Hoje, quase cedeu ao impulso.

Hoje, quase se converteria em um assassino e Deus sabia que isso não era o que ele queria. Não agora, não estando tão perto da liberdade. Porque se ele matava Azir, à monarquia não restaria outra opção mais que castigá-lo. Jafar e seus homens, supostos membros da família Mustafa, avidamente se adiantariam e exigiriam seu castigo.

Porque Abram conspirou e trabalhou contra Jafar e Azir, e embora Khalid fosse responsável pelas mortes de Ayid e Amam, havia quem suspeitaria que Abram matou Amam.

E estariam certos. Felizmente, muito poucos conheciam a verdade, mas se os conspiradores de seu meio irmão tivessem a possibilidade de interpor em seu caminho, ansiosamente tomariam.

Não tinha a menor duvida de que se acabava o tempo. Teria que encontrar uma forma de tirar tanto Paige como Tariq da Arábia Saudita e ir para América e tentar a sorte ali.

Não sabia que diabos acreditava Azir que poderia conseguir sequestrando Paige e a dando de presente ou ordenando a Tariq que cedesse a qualquer forma que Abram quisesse para deitar com ela. De uma coisa estava condenadamente certo, não tinha nada que ver com um coração bondoso.

Mais provavelmente, no momento em que desse seu voto ao emissário, Jafar e Azir teriam às autoridades esperando para prender a ele, Paige, e Tariq devido à falta de ética sexual. E esse era um delito fulminante.

Tirando o keffiyeh da cabeça e fazendo um bolo dentro de sua mão, respirou profundo e avançou lentamente para a porta certamente bloqueada de seu quarto.

A segurança eletrônica era a única defesa que possuía na fortaleza agora. Ficava menos que meia dúzia dos homens que uma vez foram leais a ele e a Tariq― Esses homens não podiam ser identificados nem darem um passo à frente publicamente se algo acontecia, para preservar as suas próprias famílias.

Não podia confiar nos guardas, e não podia confiar nos homens com os quais cresceu, nem com os que foi à universidade, que retornaram às terras da Mustafa depois de tudo.

Toda sua vida aqui se concentrava em Khalid, Tariq, e Paige em quem podia confiar que o aceitassem como era. E dois deles, Tariq e Paige, estavam esperando agora.

Estava aproximando-se da porta, aproximando-se da mulher pela qual ardia de desejo com uma força irracional.

Estirando a mão para a porta da suíte, ingressou o código da segurança do bloqueio, esperou o clique que indicava que o ferrolho se abriu, então entrou.

A outro rosto da fúria negra.

No mesmo segundo fechou a porta chutando.

A fúria negra estava crepitando e queimando em seu interior, o calor açoitando através de seu corpo com fogosa e abrasadora luxúria chiando através da escura capa protetora sem emoções.

Em um só e segundo cego a adrenalina mudou. O assassinato não era uma opção, mas o sexo sim.

Não podia espremer a vida do corrupto corpo de Azir, mas podia deixar que a apertada e quente pequena boceta de Paige espremesse a liberação de seu pênis.

Paige estava ali.

Exuberante.

Exótica.

Sensual.

Com o lençol ainda como única vestimenta, estava encolhida no canto do sofá enquanto Tariq estava sentado na cadeira frente a ela. Ele se inclinou para frente, sua conduta completamente protetora.

Os compridos e sedosos cachos vemelhos-dourados caíam em cascata ao redor do lado arroxeado de seu rosto. A machucada e obscurecida carne quase o fez dar a volta e completar o ato homicida, imaginando Azir ofegando por ar enquanto seus olhos começavam a ficar frágeis pela morte.

Os olhos verde-esmeralda devolveram o olhar com desafio, e como sempre, com desejo. Nesse instante, assim de rápido, seu pênis ficou brutalmente duro, a necessidade de foder trovejando por seu corpo com uma força que estava perto de dobrar a que esteve impulsionando a matar.

Estas eram as repercussões. O outro rosto da brutal fúria banhada em gelo e esta entristecedora e desesperada necessidade de empurrar cada limite sexual. Para fazer que seu amante tocasse esse ponto entre o prazer e a dor. Para fode-la até que nenhum deles pudesse se mover. E uma vez que seu terceiro tivesse tomado fôlego, começar de novo.

E ali estava Paige. O objeto de cada fantasia sexual que teve desde que ela fez dezoito anos. A única mulher que sabia que nunca deveria tocar.

Ia tocá-la.

Ia tocá-la de forma que a sacudiria que fariam derramar seus doces e quentes sucos das inchadas dobras de sua vagina.

―Abram? ―Tariq ficou precavidamente de pé ― A situação está resolvida?

Paige será enviada a casa? Abram podia ver a pergunta no olhar do outro homem. A inquietação e a preocupação. OH sim, ambos sabiam o que Azir estava fazendo, e tinham que encontrar uma forma de detê-lo.

―Posso necessitar um terceiro, ― Abram respondeu, seu olhar fixo em Paige quando ela abriu os olhos surpreendida.

Ela sabia o que ele quis dizer, e sabia exatamente o que ele ia necessitar.

Não protestou, entretanto, e não discutiu, simplesmente devolveu o olhar, com os olhos muito abertos e silenciosos.

E famintos.

OH, inferno sim, ele vislumbrava a necessidade sensual e sexual que obscurecia seus olhos e ruborizava seu rosto e seus seios.

Estiveram evitando isto desde o dia que ela fez dezoito anos. Ele permaneceu tão longe dela como foi possível em vez de introduzi-la em uma fome e uma paixão para a que ele temia que ela não estivesse preparada. E agora, simplesmente não havia forma de salvá-la disso.

―Vai, ―ordenou a Tariq, seu tom gutural.

Foi uma ordem que Tariq estava esperando. Abram ia necessitar a um terceiro, mas esta primeira vez, este primeiro contato, era todo dele. Ele compartilhava suas amantes, mas ainda assim, era um bastardo possessivo. Garantia seus afetos assim como também suas excitações antes que alguma vez colocasse seu terceiro na cama.

Ficou esperando, escutando como Tariq dava pernadas através do quarto, abria a porta, e saía.

Não ia mais longe que a seu próprio quarto através do corredor de pedra em caso que fosse necessitado.

Os dedos de Paige se apertaram no lençol como se temesse que ele fosse sacudi-la.

―Abram? ―perguntou quando ele não disse nada.

Ficou lentamente de pé o enfrentando, não só com um princípio de cautela, mas também com uma labareda de necessidade que rivalizava com a sua própria.

Deus o ajudasse, ele não quis que isto acontecesse. Não aqui, e definitivamente não agora.

―Você e Khalid compartilharam Lessa, verdade? ―perguntou quando ele não disse nada durante um longo momento.

―Compartilhamos Lessa, ―admitiu. ― E esse é um assunto que não precisamos discutir esta noite, Paige. Esta noite, só somos nós.

E ele acreditava que essa explicação era tudo o que ela tinha que ouvir? Deixou a seus lábios curvar em um sorriso zombador e desafiante.

―Pediu a Tariq que fosse seu terceiro, Abram. Não sou uma menina, não sou absolutamente ignorante sobre o estilo de sua vida sexual. Não pense que só vai jogar algo assim e não vamos discutir.

Ele fez uma careta com força.

―Este não é o melhor momento para discutir nada, Paige, ― disse ― E posso me dar conta que não está se negando. ― Suas sobrancelhas se arquearam ― Acha que não sou muito consciente do fato de que se não estaria morrendo por isso então me colocaria em meu lugar tão rápido como faríamos girar nossas cabeças?

Ao menos ele conhecia algumas de suas incrivelmente talentosas habilidades.

Devolveu o olhar prevenidamente, entretanto. Abram nunca poderia ser pontuado de ser previsível.

―Não estou preparado para deixar que ninguém a toque mais que eu, ― informou ― antes que haja alguém além de você e eu, discutiremos, prometo isso. Mas agora não é o momento para fazer. Agora é o momento de tirar esse condenado lençol. Faz.

Ele estava sendo tão completamente arrogante para seu próprio bem, e se ela ia inclusive ter a mais remota relação com ele então teria que estabelecer seus próprios limites rapidamente.

―O que disse?

Ouviu, entretanto. A surpresa enchia sua voz. Seus olhos se aumentaram outra vez, mas sua resposta ruborizou o rosto e os mamilos se voltaram escassamente apreciáveis debaixo do lençol que cobria o peito.

―Deixa cair o lençol, Paige, ―grunhiu, dando um passo mais perto dela, incapaz de manter alguma distância entre eles.

Ele esperava uma briga. Pensou que ela amaldiçoaria. Estava certo que ela se enfureceria.

Quem não esperava?

―Vai à merda, ―ela falou. ― por que não prova me pondo em um avião para ir primeiro para casa? Então discutiremos o assunto. ―Um grácil ombro encolheu enquanto o olhava desafiante.

Soube que ela não seria fácil. Mas isso estava muito bem. Porque a ele seguro como o inferno que nunca importavam muito as coisas fáceis.

―Então suponho que simplesmente terei que tirá-la por mim mesmo.

Paige viu a batalha enfurecendo dentro das intensas profundidades negras de seu olhar. A tensa expressão de seu rosto era primitiva e sensual. Seus lábios tinham uma curva mais sexual, erótica. Repentinamente pareceu um deus sexual preparado para seduzir e encantar.

Uma aura sensual e escura pareceu repentinamente rodeá-los, fluindo através de seus sentidos e sensibilizando-a, preparando-a para seu toque.

Ela nunca sentiu nada como isto antes. Esteve saindo em encontros durante anos. Saiu com alguns dos mais arrogantes e autoritários homens do mundo, mas Abram sempre os opacou a todos eles.

Apertou as mãos sobre o material do sedoso lençol entre seus seios. Ele desceu o olhar a seus dedos quando agarrou os extremos fechados na frente de sua bata tipo túnica e puxou eles, separando-os para deslizá-la facilmente por seus poderosos ombros.

A escura pele endurecida se estirou ao longo de seus poderosos músculos.

Tirou as botas de uma patada enquanto se estirava para alcançá-la, então permaneceu ali, simplesmente baixando a vista sobre ela por um longo momento acalorado.

Ela esperava sedução. Talvez um pouquinho de provocação. Deveria imaginar que estava enganada.

Não esperava que isto acontecesse. Antes que se desse conta de suas intenções ele a empurrou contra ele, levantando-a, seus lábios começando a baixar sobre os seus com surpreendente ternura. As seguras e determinadas lambidas da língua na comissura de seus lábios a assombraram e ela os separou. Uma rápida inalação, um profundo prazer, e ele estava dentro.

Inclinou os lábios sobre os dela, inclinando a cabeça quando um gemido se livrou de sua garganta e Paige soube que estava no extremo perdedor da determinação esta vez.

Mas este era Abram. Ela não podia dizer não a ele, não tinha nem ideia de como fazer.

Quando seus lábios e sua língua a acariciaram e persuadiram, ela o sentiu a segurando contra ele, seus pés abandonaram o chão quando ele se moveu para a enorme cama coberta em seda no outro extremo do quarto.

Teve que se esforçar para abrir os olhos quando a colocou de costas sobre a cama, as mãos apanharam os pulsos para pô-los em cima de sua cabeça. Segurando seus pulsos contra o colchão, com o joelho empurrou entre suas coxas, separando-os, o suave algodão das calças soltas acariciando a pele nua da parte interior de suas pernas enquanto descia o olhar sobre ela com uma faminta demanda. O joelho pressionou para cima contra sua boceta, roçando e moendo contra seus clitóris.

Os fortes e pesados músculos eram quentes quando ela se segurou dos lados de sua perna e arqueou para ele. Cada golpe contra o inchado broto a punha mais débil, fazendo desejar mergulhar dentro do prazer e nunca voltar para a realidade.

Sentiu seu coração palpitando. O sangue trovejando através de suas veias, pulsando em seu clitóris enquanto lutava contra a pegada que tinha sobre ela.

Ele baixou a cabeça outra vez, seus lábios cuidadosos em caso de que os seus estivessem feridos. Felizmente, Azir bateu o lado de seu rosto, não em seus lábios.

Não lhe deu uma oportunidade para protestar nem para tomar o fôlego suficiente para dizer que não, e assegurou que ela fosse indiscutivelmente incapaz de rechaçá-lo.

Ela queria protestar?

Queria rechaçá-lo?

Como se supunha que poderia saber? Não daria uma oportunidade para falar ou para pensar. Mas a deixava sentir.

Paige gemeu, o som pareceu arrancado das profundidades de sua alma quando seus lábios roçaram contra os dela, possuindo. Lambidas e beliscões, e a língua bombeou dentro de sua boca, acariciando contra a sua e combatendo com ela enquanto ela se esforçava para se aproximar mais e tomar o controle do suntuoso prazer.

O prazer. Sempre quis o prazer de seu toque, o delicioso êxtase de seu beijo. Sentia que puras chamas vermelho vivo estavam lambendo sobre sua sensível pele e sobre as delicadas pontas de seus apertados e duros mamilos.

Seu clitóris estava inchado e palpitante. Queria esfregar contra o poder de sua forte coxa, para aliviar a agonia de necessidade que golpeava o molho de nervos.

Seu beijo era como uma droga. Era aditivo. Ela queria mais e ele não estava dando.

Paige lutou contra o agarre em seus pulsos. Arqueando mais perto dos duros quadris localizados entre as suas pernas, gritou dentro de seu beijo quando a grossa e maciça longitude de seu pênis pressionou dentro das dobras de sua boceta.

―OH Deus, sim. Abram, sim, por favor. ―Arrancando a boca da dele, ofegou em busca de ar, sua cabeça arqueando para trás quando esfregou seu clitóris contra a dura cabeça pressionando sobre ele.

Estava tão duro e quente.

Sua boceta umedeceu excessivamente, os sucos derramando ao longo dos apertados músculos de sua vagina e esparramando sobre o magro algodão que cobria seus pênis enquanto seus quadris rodavam contra os seus.

Curvando os dedos pelo prazer enquanto ele continuava restringindo seus pulsos, Paige levantou uma perna, o joelho dobrando para mover mais perto e apanhar os quadris quando ele esfregou contra ela outra vez.

Suas coxas estavam apertadas e tensas. A fome pelo iminente orgasmo estava construindo-se dentro dela como uma conflagração enfurecida que não podia controlar.

E não queria controlá-la. Queria que isto seguir-se saindo de controle, que seguir-se queimando através dela, deixando cada centímetro de seu corpo tão sensível que cada toque fosse um êxtase.

Obrigando-se a abrir os olhos, olhou quando sua mão livre acariciou para cima de seu lado para acariciar a curva de seu inchado peito. O toque da palma calosa de sua mão fez que seu mamilo sentisse formigamentos quase dolorosamente até que a ponta do polegar o acariciou.

―OH sim, ―ela gemeu quando a sensação se foi diretamente a seu útero onde apertou e enviou uma onda de êxtase elétrico correndo através de sua boceta.

Cada golpe da áspera carne contra o apertado broto de seu mamilo era uma agonia de prazer. Brilhantes raios de fogosa sensação zumbiram e fortaleceram até que esteve arqueando mais perto dele, o pensamento de seus lábios e língua rodeando o pico a deixando louca de sensação.

―Abram.―Podia ouvir a débil súplica em sua voz agora, mas não tinha ideia de como pedir o que necessitava. Como implorar.

―Deveria parar, amor? ―Ele sussurrou docemente enquanto descia a cabeça a seu ombro e a língua lambia sobre ele. Seus quadris se sacudiram dentro, a fricção contra seu clitóris fazendo gemer com maior êxtase.

―Não. Não, não pare, ― ofegou.

―Seu sabor é como o vinho mais fino. ―O som de sua voz, gutural e rouca enquanto os lábios avançavam por seu pescoço e sua mandíbula a fez estremecer de prazer.

As sensações eram tão veementes que ela se perguntava se na verdade obteria o orgasmo antes que ele inclusive empurrasse o pênis em seu interior.

Ele moveu a cabeça de sua mandíbula, descendo por seu pescoço outra vez, até a suave e sensível pele por cima de seus seios. Ela estava morrendo pelo toque dos lábios sobre seus mamilos e ele a estava matando enquanto continuava sem proporcionar essa carícia.

―Abram, por favor, ―implorou, sua voz estridente.

―Por favor, preciosa, ―ele sussurrou em um escuro tom de veludo negro. ― Por favor me deixe te tocar. Só por este momento. ―Não houve súplica em seu tom apesar das palavras.

Não havia nada mais que pura e exigente demanda.

Uma mão ainda segurava seus pulsos, os dedos envoltos ao redor para mantê-los no lugar. Os lábios levantaram da parte superior de seu peito, os olhos negros flamejando com fome cheia de febre enquanto descia o olhar para ela.

A expressão em seu rosto a fez arquear os quadris involuntariamente, desesperada por mais agora.

Não podia conseguir suficiente dele. Cada toque provocava que sua carne formigasse, ansiando por mais.

Os compridos e fornidos dedos acariciaram seu peito levantando, o olhar fixo no seu enquanto descia a cabeça e separava os lábios, a língua apareceu para curvar ao redor de seu mamilo quando seus lábios se chocaram contra a ruborizada e torcida carne.

―Sim, ―ela vaiou bruscamente enquanto observava, fascinada por seus lábios fechando sobre a ponta e a sensação de sua boca repentinamente atraindo, a língua esfregava e acariciava sobre a ponta cheia de nervos ― Isso é tão bom.―arqueou outra vez, suas costas encurvada quando pressionou sua boceta contra o pesado calor de seu pênis ― É tão bom dentro de sua boca, Abram.Tão quente.

Temia que fosse gozar só por isso e nem sequer importava. Só queria gozar. Queria que a explosão rasgasse através de seus sentidos e a jogasse dentro de um prazer que sabia que ia deixá-la dolorida por mais.

A sensação estava disparando para seus clitóris, para sua boceta. Seu útero se apertou duro e premente, ondeando pelo êxtase aproximando enquanto ela gemia e lutava desesperadamente por aproximar mais a ele.

Os quentes e densos sucos de sua excitação estavam saturando sua boceta agora, assim como também o algodão que cobria a perna que pressionava contra ela.

Liberou um grito quando os dentes pressionaram contra o duro mamilo, sensibilizando inclusive mais. Ele os rastelou contra ele, então o sugou novamente, chupando dentro, e lambendo sobre ele.

As diferentes sensações estavam matando-a de prazer.

―O que me está fazendo? ―ofegou. ― OH Deus, Abram, é tão bom.Tão bom.

Levantou a cabeça para deixar que seus lábios suavizassem sobre o mamilo.

―Estou te dando prazer, bebê, ―grunhiu. ― E da maneira em que sonhei dar isso.

Paige afundou a cabeça mais profundamente no travesseiro enquanto se elevava, tentando aproximar-se mais.

―Não posso pensar, ―gritou. ― Me deixe pensar.

Queria gritar, mas não podia. Não podia tomar o suficiente oxigênio para liberar o som.

Enquanto lutava por respirar, por encontrar a maneira de pensar, para considerar o que estava fazendo. Sentiu que a mão se movia da curva de seu peito, os dedos acariciando, esfregando, dirigindo-se lentamente para baixo de seu torso na parte baixa do estômago, então roçando a suave expansão de cachos no alto de seu sexo.

Curvou os dedos contra sua mão quando os dedos dele deslizaram através da escorregadia e saturada fenda de sua boceta. Separou as dobras inchadas, as ásperas pontas friccionando e acariciando até que encontraram seus impaciente clitóris, arrancando outro grito de seus lábios.

Ela amava isto. Cada toque. Era incrível.

Eram como pequenas labaredas relampagueantes penetrando seu clitóris cada vez que acariciava a seu redor, provocando que as chamas acariciassem sua boceta.

Seus quadris se sacudiram, aproximando-se, sentindo os dedos rastelar contra a entrada de sua saturada vagina. Pôde sentir seus sucos, densos e quentes quando recobriram as dobras e logo seus dedos.

A necessidade de mais, de ter a seus dedos a enchendo, estava voltando-a louca.

―O que quer Paige? ―grunhiu, sua voz rouca. ― me diga, bebê, e darei isso.

―Sabe o que quero, ―ela protestou fracamente.

Não podia pensar. Não podia dar sentido aos impulsos que surgiam através de seu sistema.

―Me deixe ouvi-lo, ―exigiu rudemente ― me diga o que quer. Como deveria te tocar?

Ela sacudiu a cabeça, imperativamente. Muitas fantasias. Queria tanto, necessitava tanto. Como se supunha que ia decidir por um só toque?

―Que doce e suave se sente sua boceta, Paige. ―Os lábios se aproximaram de seus mamilos outra vez ― Adoro a sensação contra meus dedos, mas quero senti-lo contra minha língua. A forma em que se sentem seus sucos, o puxão de sua vagina enquanto fodo com minha língua dentro de você― A sensação de você gozando em minha língua…

―OH Deus! ―Ela estava tão perto.

Estava quase deslizando sobre a bordada consumação. Estava tão perto, tão sensibilizada.

Queria sentir a língua como sentia os dedos agora. Lambendo, acariciando além da razão.

―Me deixe tocá-lo. ―Ela exalou bruscamente ― Me solte, Abram.

―Ainda não. ― Os dentes rastelaram contra um mamilo. ― Simplesmente toma o prazer, Paige. Só por um minuto, querida.

Isto era muito destrutivo. Estando eficazmente limitada e restringida, e sendo tocada com resultados devastadores.

―Quero tocá-lo também, ―ela exigiu grosseiramente.

Seus dedos esperaram na entrada de seu sexo, dois largos e fortes dedos rodeando a apertada abertura enquanto ela se aquietava. Levantou a vista a ele e lutou por respirar quando começou a empurrar dentro das rodeadas profundidades de sua boceta.

Seus quadris empurraram para cima. A sensação de seus dedos estirando-a, empurrando em seu interior, a teria feito gritar com violento prazer se ela só pudesse ter respirado.

Enquanto os dedos atormentavam a sua boceta, empurrando dentro, avivando um erótico e explosivo calor através dele, Abram moveu os lábios a seu outro peito, encontrou o apertado bico de seu mamilo, e o sugou.

As sensações alternavam os brilhos de elétrico prazer surgindo de seu mamilo e dirigindo-se para seu clitóris com cada assalto de sua boca, desde sua boceta ao resto de seu corpo com cada impulso dos dois em seu interior.

―Lambe, ―ela gemeu, necessitando essa carícia particular sobre seu mamilo.― Lambe, Abram, só um momento.

Queria gozar. Precisava gozar agora.

Seus quadris se arquearam e giraram, trabalhando a sua boceta contra seus ambiciosos dedos mais rápido, gritos desesperados surgiam de seus lábios.

A língua lambeu sobre seu mamilo, esfregando.

―Não pare, ―ela gemeu, sua cabeça afundada atrás enquanto seus quadris empurravam contra os dedos que estavam fodendo-a.

―Você gosta disto, preciosa? Você gosta de meus dedos fodendo-a em seu interior? Enchendo sua apertada pequena boceta? ―Ele levantou a cabeça, seus lábios escovando o pico enquanto os dedos estiravam e queimavam sua carne.

Com poderosos e controlados impulsos seus dedos aprofundaram dentro dela, acariciando contra terminações nervosas nunca tocadas, que nunca receberam prazer antes, e alvoroçando os sentidos. Os dedos faziam movimentos de tesouras, estirando-a, trabalhando em seu interior. A sensação cega e elementar rasgou através de cada terminação nervosa quase enviando dentro de uma sobrecarga sensorial.

―Mais… ―ela proferiu.

―Mais o que, Paige? ―sussurrou contra seus lábios enquanto ela tentava levantar as pálpebras para olhar dentro das quentes profundidades de seus olhos.

―Seus dedos, ―ofegou. ― Foda--me mais duro, Abram. ―arqueou, o cego prazer queimando-a enquanto lutava por encontrar a liberação. ― Por favor. Por favor, me deixe gozar.

Estava tão perto. A necessidade de gozar estava vociferando através dela agora. Seus quadris se sacudiam com força, moendo com cada impulso, suas coxas apertadas nas poderosas pernas que a seguravam aberta enquanto os dedos a torturavam.

Tão perto.

Ofegava, seu fôlego entrecortado. Os suspiros saíam de seus lábios, e logo um surpreendente e agonizante grito quando ele foi para trás.

Repentinamente seus pulsos estavam livres e antes que ela pudesse fazer algo mais que gritar seu nome, ele tinha os ombros entre suas coxas, a boca sobre sua boceta.

A língua lambeu através das sensíveis dobras, a ponta tamborilando e explorando seu clitóris ela ofegava, arqueava, e sentia as chamas avivar dentro de sua torturada boceta.

Se não gozava ia morrer pela necessidade.

Quando os lábios se moveram sobre seu clitóris e o rodearam, seus dedos deslizaram dentro de sua entrada outra vez, indagando, esfregando, os dois atormentadores dedos trabalhando dentro da escorregadia malha saturada de sucos.

Uma neblina de cega luxúria enchia a cabeça de Abram quando os dedos trabalharam dentro da aveludada malha enquanto este se imprensava com força ao redor deles.

 

As ondas invadiram sobre seus dedos quando os músculos se apertaram e se contraíram ao redor de sua carne.

―Abram. ―Ela gemeu seu nome, a necessidade em sua voz levando a cega neblina de luxúria mais alto e rasgando o controle do que ele estava brigando tanto para segurar ― É tão bom.Seus dedos… ― Levantou os quadris, flexionando com cada impulso que ele repartia dentro da carne que o apertava.

Maldição, ela era quente. Sua boceta segurava e sugava seus dedos, e ele imaginava seu pênis dentro da rodeada carne, apertando-a como um punho.

―Foda-me, ―sussurrou, o desespero enchendo sua voz ― Por favor, Abram, foda-me. Faça-me gozar.

Por um segundo, só por alguns frágeis segundos, ele perdeu o agarre sobre seu controle.

Chupou seu clitóris com mais força dentro da boca, a língua trabalhando-o, lambendo-o enquanto os dedos começavam a empurrar mais profundo, mais duro, sentindo-a apertar, e um segundo mais tarde, sentindo-a explodir.

Foi à sensação mais incrível para ele.

Nunca ao dar prazer a uma mulher derramou dentro dos lençóis simplesmente pelo prazer de sua amante, mas quando a boceta de Paige apertou seus dedos com uma força que o fez grunhir diante do pensamento de que estivesse envolvendo seu pênis, não pôde se conter.

Quando ela gozou, sua carne ondeando e apertando, ele deixou que seus dedos acariciassem um diminuto ponto profundo e alto dentro de sua boceta, prolongando seu clímax e os estremecimentos de liberação.

Com cada duro puxão de seu corpo, ele a deixava aliviar. Lentamente, porque queria desfrutar disto. Afastando, porque o pensamento de deixá-la ir era repentinamente bom.

Os olhos de Paige estavam abertos, com o olhar perdido, deslumbrados. De tudo o que ela era consciente, tudo o que ela podia processar eram os duros e brilhantes brilhos de luz, e o prazer ondeando através dele. Queimava, explodia emitindo pontos de êxtase que a faziam apertar até o ponto de ruptura.

Podia sentir cada terminação nervosa de seu corpo crepitando, queimando no êxtase.

Ofegava, brigando por tomar oxigênio dentro de seus pulmões enquanto gemidos guturais e eufóricos se livravam de sua garganta.

Ela nunca soube que pudesse fazer esses sons. Nunca conheceu semelhante prazer, nem que o prazer pudesse ser tão destrutivo e ainda assim tão cheio de satisfação.

 

À medida que a última onda de pulsações de liberação amainava através de seu corpo, ela piscou, sentindo que ele afrouxava os dedos que a aferravam enquanto subia por seu corpo, o peito ascendendo agitado e rapidamente por sua respiração acelerada, o suor brilhando sobre sua pele.

Ele aparentava ter um olhar quase saciado, seu rosto ruborizado. Tinha uma dominante e possessiva expressão que a fez aquietar ao observá-lo com cautela.

―Enquanto esteja aqui, até que possa a levar para casa, até que possa assegurar sua segurança ficará dentro desta suíte. Dormirá em minha cama e me pertencerá.

Inferno santo, e aqui ela pensando que ela já fazia.

Mas manteve seus lábios sabiamente fechados e simplesmente devolveu o olhar de maneira desafiante, embora na realidade não sentisse semelhante desafio.

E sua recompensa?

O olhar dele flamejou com luxúria outra vez.

Sua expressão tensa por esta.

E se não errava, seu pênis estava mais duro e mais grosso debaixo do úmido algodão das calças soltas que ele ainda usava.

 

―Está tomando anticoncepcionais? ―Abram perguntou quando Paige colocou o longo e abrigado thob cinza que entregou momentos antes.

O objeto solto parecido com um vestido caía ao redor dela sem forma, mas a cobria, e era abrigada.

―Paige. ―Repetiu seu nome, obviamente esperando a resposta.

Levantando a cabeça, olhando em resposta, ainda assombrada de que, menos de uma hora atrás, ela chegou ao clímax em seus braços como se tivesse explodido de dentro para fora, e ele ainda não teve sexo com ela cabalmente.

―Estou protegida, ―respondeu ― Sou a que pode ficar grávida, assim sou a que toma cuidados para que isso não ocorra.

―Precisarei conseguir o que toma rapidamente, ―disse ― me dê o nome e a dose para que possa pedir a Tariq que o consiga.

Devolveu o olhar implacavelmente.

―Parece como se vá ficar presa aqui indefinidamente, Abram.

Ele avançou lentamente para o outro lado do quarto, sua expressão absorta enquanto a observava, sério.

―Pode tomar um tempo, ―finalmente disse ― E não quero correr riscos.

―Não vou ficar aqui um tempo. ―Um cenho franzido apareceu entre suas sobrancelhas ― Liga para alguém. Khalid ou meu pai, qualquer um deles pode ter um transporte aqui para me levar em questão de horas.

―E Azir a matará no momento em que se inteire que um transporte está vindo nesta direção.

Paige o olhou abatida. Ela não podia arriscar a ficar aqui ― Deus, por que saiu da casa de Khalid?

―Me diga o que preciso saber Paige, então lutaremos pelo resto mais tarde.

Os lábios dela se afinaram. Conhecia essa expressão em seu rosto. A dura expressão de olhos inflexíveis que asseguravam que ele quis dizer exatamente o que disse.

Se ela queria discutir sobre ir para casa, então diria exatamente o que ele queria saber.

 

Uma vez estivesse em casa, se ele decidisse continuar o que for que começaram aqui, então teria que reconsiderar estas teimosas táticas delas.

―Só tomo a medicação uma vez a cada três meses, ―finalmente disse, embora detestou a necessidade de fazer. ― Minha última dose foi pouco antes que os comandados de seu pai me sequestrasse.

Cruzando os braços sobre seus seios, andou dando passos completos para o sofá localizado diante do fogão e se deixou cair sobre as almofadas assombrosamente confortáveis. Essa comodidade não compensava o fato de que o Abram que estava enfrentando agora mesmo era pouco mais que um estranho para ela.

―Agora, quando vou para casa? ―perguntou.

―Quando for conveniente a enviar para casa. ― Ele encolheu os ombros como se não tivesse importância, como se ela estivesse ali para uma visita amigável em lugar de ter sido levada a força.

―Quando é conveniente? ―perguntou cuidadosamente ― E quando pensa que poderia ser conveniente ocupar-se deste pequeno assunto?

―Uma vez que tenha aplacado minha fome por você? ― Ele inclinou a cabeça a um lado enquanto respondia com uma pergunta em vez de deixar saber exatamente o que estava acontecendo.

Este não era o Abram que ela conhecia. É obvio, sempre existia a possibilidade de que ela não o tivesse conhecido tão bem como pensava.

―Essa não é uma resposta satisfatória, Abram.

Seus olhos eram frios e duros. Ela odiava esse olhar, tão impassível e impávido tão similar ao de Khalid ― Um olhar que foi aperfeiçoado na infernal existência onde lutaram por sobreviver, aqui, neste deserto estrangeiro.

―É a única resposta que tenho para você neste momento. Mas obterei algumas respostas de você― Como conseguiram sequestra-la os homens de Azir?

Paige cruzou os braços sobre seus seios enquanto se reclinava no sofá e afastava a vista dele.

―Fui para casa, ―finalmente respondeu, sabendo que era o momento equivocado para ficar obstinada.

A expressão dele se voltou mais tensa, esta vez com ira.

―Khalid e Marty estão seguros?

Assentiu com a cabeça bruscamente.

―Estavam em casa dos Conover. Na festa de Tally.

Ele fechou os olhos pela frustração antes de esfregar a mão sobre seu rosto e dar com sua cabeça uma breve e brusca sacudida. Quando a olhou outra vez, não se incomodou em esconder a fúria fervendo em seu interior.

―Tinha ordens de permanecer segura, ― grunhiu quando a irritação aumentou. ― O que aconteceu, Paige? Não tente me dizer que Khalid tentou te jogar na rua, tampouco.

Paige quis rir do comentário, mas a expressão em seu rosto não convidava exatamente à diversão.

Em lugar disso, deixou cair os braços, as mãos apertando os punhos nas almofadas do sofá enquanto se inclinava para frente, sua própria fúria alagando.

―Dar-se conta que perdi meu emprego por toda esta confusão? ―respondeu bruscamente. Uma mão levantada para ondeá-la abrangendo seu quarto, enfatizando a situação. ― Não trabalhei durante duas semanas, tenho contas que pagar e responsabilidades que cumprir. Acha que estava cumprindo com essas responsabilidades jogando cachorrinho acovardado na casa de meu irmão? Acha que meu caseiro simplesmente e muito amavelmente vai esperar para cobrar meu aluguel?

―Desde quando seus pais negam o acesso a seu fundo fiduciário, Paige? ―Seu tom era horrivelmente inflexível e inclemente.

Foi sua própria culpa que ela tenha sido sequestrada e sabia. Não estava tratando de afirmar o contrário. Mas ele a fazia sentir como se tivesse cinco centímetros de alto e fora a responsável pela queda do mundo moderno com esse olhar e esse tom de voz.

―Não disse que tenha sido a ideia mais inteligente que alguma vez tive, ―exclamou furiosamente ― Mas pelo amor de Deus, Abram, passaram duas semanas. Khalid e eu íamos pela garganta do outro e começávamos a ir por sangue. Só queria ir para casa o tempo suficiente para pensar como dirigir ele e a sua insistência em tomar as rédeas de minha vida.

―E isso fez que estivesse melhor? ―grunhiu com irritação de uma vez que disparava um olhar de completa frustração masculina. ― Estava sendo protegida e insistiu em abandonar essa segurança. Agora pode te estabelecer aqui dentro pelas seguintes três semanas e cruzar os braços até que possa a enviar para casa.

Devolveu o olhar obstinada.

―Abram, não posso ficar aqui por três semanas, ―sussurrou. ― Tenho que ir para casa.

―Khalid se encarregará de suas contas e de qualquer problema que surja, e estou seguro que ele terá uma agradável pequena discussão com o dono da companhia onde trabalha, de maneira que poderá retornar. Não fica outra opção mais que cooperar aqui, Paige. Tratar de me fazer me sentir culpado por sua situação não fará nenhum bem.

―Poderia me enviar para casa, ― ela respondeu zangada.

―Se pudesse a enviar para casa a teria em um transporte agora mesmo, ― estalou em resposta enquanto a fúria se evidenciava em seu rosto. ― Infelizmente, isso não é possível no momento, me acredite.

Seus lábios se afinaram quando devolveu o olhar.

―Então me deixa ligar para papai― Ele virá me buscar.

―OH, essa é uma boa ideia. ―Seu sorriso foi tenso e rígido. ― Chamemos Pavlos Galbraithe e façamos que obtenha antagonizar Azir ainda mais. ―Seu latido de risada estava cheio de sarcasmo. ― Posso ver isso funcionando perfeitamente.

Bom, pode ser que esse não fosse o curso de ação mais sábio, mas permanecer aqui durante três semanas não era aceitável tampouco, não quando o velho Mustafa estava revoando pelo lugar tratando de encontrar a sua pequena Marilyn perdida.

Esse pensamento era repugnante.

Produzia náuseas e só Deus sabia como sua mãe estava se sentindo neste momento.

Rastelando os dedos através de seu cabelo, voltou a olhar Abram com frustração, perguntando-se onde foi o amante quente e faminto de antes.

Com esse pensamento chegou outro. Por que, uma vez que gozou até pensar que ia morrer, ele não a tomou completamente e procurou sua própria liberação?

―Tenho sua aceitação para se comportar? ―perguntou.

―Aceito seguir as regras que conheço. ―Ela encolheu os ombros ― Mas acredito que sabe que isto vai ser uma merda.

―Merda ou não, assim são as coisas, ―informou, sua voz tão dura como o ônix negro de seu olhar ― E a merda tem que terminar, não parece?

Teve que afastar a vista dele.

Não podia imaginar como ele sobreviveu dentro deste mundo. Era um homem que desfrutava dos sabores, das texturas, dos toques, e da risada. Ela não podia imaginar que houvesse muitas oportunidades dessas coisas existindo nos frios limites de pedra desta fortaleza.

Cruzando os braços, os esfregou, tentando atrair um pouco de calor de volta a seu corpo quando um calafrio a atravessou.

―por que ele fez isto? ―Ela finalmente questionou, perguntando-se por que seu pai tomaria uma vingança até este extremo.

―Para castigar ao Khalid por matar Ayid e Amam, sem importar que o tenham merecido.

―A pena e a culpa cintilaram em seu olhar ― Para castigar a sua mãe por escapar e para tentar encontrar algo ou a alguém que ele acredita que é minha debilidade.

―E é obvio, eu não sou sua debilidade, não é assim, Abram? ―O tom da voz dele, seu olhar distante quando falou, enviou uma descarga de dolorosa necessidade rasgando em seu peito.

―Não posso me permitir uma debilidade. ―suspirou. ― Infelizmente, você pode ser usada como uma simplesmente porque sua presença aqui será mais que uma tentação a que eu possa resistir. Demos conta disso faz um momento, verdade? ―Fez um gesto com a cabeça para a cama desordenada onde ela esteve ofegando por ar enquanto gozava violentamente em seus braços.

Um rubor cobriu seu rosto e disparou um olhar cheio de ressentimento.

―Não é como te tentasse muito, ―ela respondeu.― Você ainda não há… ―ficou sem palavras, ruborizando intensamente. Foi muito mais duro dizer quando notou a distância que ele tinha posto entre eles.

Suas sobrancelhas se arquearam.

―Ainda não a fodi? ―murmurou.

Sua boceta simplesmente tinha que responder. Tinha que apertar e ondear, e derramar seus sucos, outra vez, para saturar as nuas dobras cheias.

Necessitava calcinha antes que a umidade começasse a deslizar para baixo de suas coxas. Mas a este passo, terminaria usando todas as que tinham em questão de horas.

Voltou a olhá-lo, entretanto, sustentando o olhar apesar da resposta que a transbordava e a fúria que começava a construir.

―Vou resolver isso, ― declarou― Primeiro quis me assegurar de que estava protegida, e em segundo lugar… ―Seus lábios se retorceram com pesar― Posso não tê-la tomado, Paige, mas me pôs tão fodidamente quente que me derramei em minhas calças. Prometo que não ocorrerá outra vez. ―Seu olhar piscava sobre ela, quente agora, excitado. ― A próxima vez, derramarei nessa doce boceta apertada, ou enterrado no apertado agarre de seu traseiro. De uma ou outra maneira, prometo que não terá dúvidas do fato de que definitivamente a tomei.

―Não acredito. ―Ela teve que tomar uma dificultosa e profunda baforada de ar, para liberar essas palavras de seus lábios, porque verdadeiramente era difícil negar o que seu corpo desejava tanto.

Uma só sobrancelha negra se arqueou com uma arrogância que fez chiar os dentes.

―Não enquanto estejamos aqui, e não enquanto siga atuando como meu carcereiro em lugar de meu amante, ―disse seriamente, os nervos vibrando em sua voz enquanto lutava por a manter firme e forte.

O sorriso que dirigiu era triunfante e dominante.

―Já veremos. ―Ele levantou a mão quando seus lábios se entreabriram para descarregar uma resposta. ― antes que nos metamos nesta discussão, Tariq estará trazendo nosso jantar de um momento a outro e sei que seu apetite se vê afetado quando está zangada. Desfrutemos de nossa comida, Paige, depois pode me dizer de que maneira vais resistir a meu toque quando for dormir comigo todas as noites. ―inclinou-se para frente então, sua expressão já não tão distante a não ser recarregada de desejo sensual. ― me diga, Paige, como vai resistir quando estiver deitada não só comigo, mas com Tariq também? E a única coisa que posso prometer enquanto esteja aqui é dar todo o prazer que possa receber nessa cama. Mais prazer que alguma vez pudesse imaginar.

Abram a olhava à cara, nos olhos. Sem importar a fúria que pudesse aguilhoar Paige, eram seus olhos os que sempre demonstravam a verdade de suas emoções. O medo que os encheu quando ele se obrigou a permanecer distante, para explicar a situação a ela, oprimiu o peito até que ele se perguntou se poderia seguir respirando.

Mas no minuto que ele deixou sua fome saltar à vista, a única emoção, a única resposta que pôde dar, esse medo foi diminuindo para igualar-se a uma necessidade feminina que resplandeceu em seus olhos esmeraldas.

Sensual e quente era uma mulher disposta a explorar sua fome, ainda mais, ela estaria disposta a explorar a dele.

E antes que Tariq chegasse com a comida que ele preparou, a queria preparada e pronta para os desejos que passavam através dele. Conhecendo a situação, sabendo de onde o prazer poderia chegar mais tarde a manteria desequilibrada e com sorte, muito envolta para tratar de escapar antes que ele e Tariq tivessem um plano no lugar.

Até então, tinha que estar seguro que a linha que ele se via obrigado a cruzar não mudasse. Tinha que se assegurar não terminar abatido, machucado e perdido, outra vez.

Esteve ali uma vez. Esteve no precipício onde não importava nada mais que o sangue de seus inimigos e o futuro era uma visão que não queria confrontar. Já perdeu a uma mulher cuja vida significava mais para ele que a de qualquer de seus irmãos, seus compatriotas, e os homens e mulheres que morreram, e morriam pelo futuro com o que sonhavam.

Não podia deixar que acontecesse outra vez, porque não poderia controlar a si mesmo para retroceder novamente.

Azir soube uma vez que Paige estivesse aqui, ela se converteria em sua principal prioridade. Algumas vezes, pensou Abram, o velho bastardo o conhecia melhor que se conhecia a si mesmo.

Azir suspeitava dos planos de Abram para desertar, mas não sabia o plano que ele e Tariq estavam urdindo para escapar com as informações que reuniram após a chegada de Jafar à fortaleza.

Como se a presença de seu primo fosse tudo o que necessitaram, as baratas estavam saindo da escuridão. Os militantes suspeitos e as organizações terroristas perambulavam pelas ruas e debatiam publicamente em grupinhos o que só deveria discutir a portas fechadas e em bunkers seguros.

Mas havia mais, Azir estava mais valente, mais crédulo e mais seguro agora em adquirir os recursos que estiveram congelados durante mais de vinte anos.

Enquanto o jantar estava finalizando e Tariq limpava os restos dos pratos e preparava café atrás de um biombo na pequena cozinha que Abram instalou, ele se reclinou em sua cadeira e observou como Paige perambulava para o fogo.

Estava nervosa. Não assustada, e definitivamente não realmente precavida, mas estava nervosa, seus sentidos alvoroçados e a adrenalina correndo através de seu corpo.

Estava tratando de ignorá-los a ambos e de ignorar a declaração que ele fez mais cedo.

Ele quase sorriu ao considerar a noite que tinha pela frente. Não tinha intenções de tomá-la ainda, ainda não. Havia alguns assuntos que tinham que ser atendidos primeiro, e precauções a estabelecer para garantir sua segurança antes que ele e Tariq tomassem juntos.

A fome por isso estava começando a construir dentro dele, entretanto, e podia vê-la crescer em Tariq― Eles compartilharam suficientes mulheres, seduziram o suficiente para conhecer as respostas do outro tão bem como as de suas mulheres.

―Azir e Jafar fizeram planos para dar um passeio pela manhã, ―disse Tariq quando levou o café à mesa. ― Acreditam que você e eu estaremos muito distraídos para saber que saíram. ―Tariq fez um movimento com a cabeça para Paige.

―Sabe aonde vão? ―Abram levantou a xícara a seus lábios enquanto murmurava a pergunta.

Tariq fez uma rápida sacudida com sua cabeça.

―O equipamento no quarto de Jafar é tão bom como o nosso, e não estava o suficientemente perto da porta para ouvir tudo o que estavam dizendo.

―Sabe a quem contatar. ―Abram deixou cair sua voz quando falou. O quarto estava equipado com distorcedores de detecção de áudio, mas não gostava de correr riscos ― Se houver uma forma de segui-los, então pode encontrá-la.

Abram franziu o cenho pensativamente. Azir e Jafar foram inimigos encarniçados até meses antes que Ayid e Amam tentassem assassinar Khalid e Abram. Agora, menos de três meses depois das mortes de seus filhos menores, Azir estava conspirando com seu sobrinho. O sobrinho cujo pai Azir assassinou mais de vinte anos atrás.

―Definitivamente a sequestrou simplesmente para distraí-lo, ― Tariq declarou assentindo com a cabeça para Paige ― Se estamos tratando de protegê-la então não estaremos atrás dele. E sabe que você nunca a deixaria sozinha aqui.

―Não confiaria sua segurança a só um de nós tampouco, ―disse com tranquilidade ― Não tão perto.

Estava preso. Era uma equipe, e estiveram trabalhando eficazmente ombro a ombro por vários anos. Mas agora, com Paige aqui, seria impossível para Abram estar seguro que qualquer um deles pudesse protegê-la unicamente, se Azir conspirava contra eles.

Se sua crueldade se estendia até ter Paige tomada e circuncidada como Ayid fez à esposa de seu criado circuncidada vários anos antes. Ou se as autoridades chegavam a prendê-la… ou aos três… por depravação ou por atos sexuais indecentes.

Azir não estava por cima disso tampouco, nem de nenhuma outra quantidade de atos extremos para evitar que Abram se vá da Arábia Saudita.

―Ele não sabe que temos ajuda. Ao menos para segui-lo, ―Tariq murmurou enquanto se inclinava mais perto.

Olhos no céu eram o que tinham. Um pouco de ajuda dos amistosos agentes da CIA das imediações. No caso de uma emergência extrema, esses agentes poderiam tirá-los da fortaleza mediante uma operação especial, mas não seria fácil. Comprometeria posições e coberturas, e isso era algo que ninguém queria fazer a menos que simplesmente não tivessem outra opção.

Se Azir fazia algum movimento que comprometesse a segurança de Paige, ou sua vida, então ele os mandaria chamar, e era assim de simples.

Tinha-se tempo.

Abram a olhou outra vez, o fogoso vermelho-dourado de seu cabelo derramando ao redor de seus ombros a relaxada posição de seu corpo indicava que ela estava pelo menos adormecida.

À medida que o dia passou, Paige foi se esgotando. A droga que usaram nela, o enfrentamento e abuso infligidos por Azir, e o estresse do dia terminaram por esgotá-la completamente.

―Azir cronometrou isto pessoalmente, ―indicou Tariq enquanto seguia o olhar de Abram ― É a arma perfeita para golpear contra você― Como soube?

Tariq observava Abram, vendo a expressão normalmente endurecida suavizando quase imperceptivelmente. Pela primeira vez em muitos anos, estava observando que uma mulher afetava Abram, e isso o assustava como o inferno. Porque agora simplesmente não era momento para isto.

―Quem diabos sabe como averiguou. ―Abram soltou bruscamente ― Mas fez, e agora temos que nos ocupar disto.

―Tem um plano? ―Tariq perguntou, indicando com a cabeça para Paige enquanto ela afundava mais a cabeça na almofada atrás dele.

―Mantê-la segura e viva, ―indicou Abram com rudeza enquanto se voltava para seu café e o tomava. Sua expressão permanecia grosseiramente intensa. ― Permanecer um passo diante de Azir no que a ela concerne e nos assegurar que ele não consiga saltar sobre nós. Até que possamos tirá-la sem comprometer nossos contatos, não temos outra opção.

―E se não podermos? ―Tariq tinha a sensação de que já conhecia a resposta a essa pergunta.

―Se não podermos então que seja o que Deus queira. ―O olhar que Abram dirigiu era mais que selvagem agora, era primitivo, assassino.

Tariq não controlou uma careta de desagrado quando contemplou de novo a pura fúria negra gelada. E não podia culpar Abram. Ele perdeu muito durante os anos passados, observou muitas esperanças e sonhos caírem a seus pés e enterrou a muitos amigos, assim como também a duas esposas, uma das quais pertenceu tanto como qualquer outro jovem pudesse admitir.

Abram já não era um jovem, entretanto. Era um adulto na flor da vida, e o coração que possuía era o de um homem, com todas suas cicatrizes e desejos.

Era um que Tariq compreendia, porque ele também possuía esse coração.

Olhando a jovem que Azir ordenou que ajudasse Abram a dar-lhe prazer, perguntou-se se compartilhar a uma mulher com outro homem sempre o tentaria. Chegaria o dia em que ele iria ansiar ter a sua própria mulher, sua própria vida? Ou sua própria alma cheia de cicatrizes se recusaria a ter a suficiente confiança no mundo para amar outra vez?

―Quando ela fez dezoito anos me perguntou se alguma vez amaria outra vez. ― Abram atraiu sua atenção de volta.

O olhar no rosto de seu primo era distante, mas seus olhos estavam vivos com as lembranças da dor que sofreu.

―Aleya acabava de morrer com nosso menino. ―Sacudiu a cabeça com um movimento rápido e brusco. ― Eu disse que só se o inferno se congelasse.

Mas Abram amava a garota que agora estava adormecida em seu quarto, pensou Tariq ― Ele não o admitiria, não ainda, mas estava ali, em seus olhos.

―E o que diria agora? ―Tariq perguntou, repentinamente desejando ter podido deslizar um pouco do fino uísque do Khalid dentro da fortaleza.

Se alguma vez um homem necessitou uma bebida, era agora.

Abram terminou seu café e ficou de pé antes de responder.

―Diria que não me atreveria a tentar ao destino uma terceira vez, sussurrou, sua voz tão torturada como Tariq sabia que estava sua alma. ― Não acredito que pudesse sobreviver outra vez.

Abram se moveu para ao sofá então, levantou sua deliciosa amante em seus braços, e a levou a enorme cama feita sob medida no outro extremo do quarto. Esta estava convenientemente situada perto da porta encoberta que conduzia ao harém abaixo e a uma caverna subterrânea na base das montanhas mais afastadas.

Um túnel que ambos rezavam para que ninguém mais tivesse descoberto nos anos desde que Abram fez. Suspeitavam que não, de outra maneira Azir o teria feito destruir como os outros que foram descobertos.

Seu harém uma vez foi sagrado para ele. Até que perdeu os recursos que o governo uma vez pagou e já não dispunha do ouro ou do efetivo americano para pagar pelos sequestros das mulheres americanas que ocasionalmente leiloavam nos mercados de escravos.

―Fique Tariq, ― Abram disse enquanto colocava sua carga sobre a grande cama antes de se despir e deitar a seu lado.

Os lençóis de seda e a magra manta de caxemira foram empurrados sobre eles quando Paige deu a volta e se aconchegou dentro do calor do peito de Abram.

Semelhante confiança pensou Tariq enquanto apagava as luzes, programava a segurança secundária, e se dirigia à cama.

Despindo-se também, engatinhou dentro por debaixo das mantas, ficou de barriga para baixo, e se acomodou na comodidade da cama.

Estava excitado, não havia dúvida. O mero pensamento do que ia passar com a mulher que sempre despertou tanta curiosidade era suficiente para deixá-lo mais duro que o inferno.

Mas, igual a Abram, ele estava malditamente preocupado.

Azir bateu duro e rápido e agora se estava movendo em formas que nem Tariq nem Abram podiam antecipar.

Se ele continuava nesta linha, então eles facilmente poderiam terminar no extremo perdedor da guerra em que agora estavam envoltos. Uma guerra centrada ao redor de uma deliciosa mulher, de cabelo vermelho-dourado e olhos verdes, contra a que Tariq sabia que teria que proteger seu coração.

 

Paige estava parada diante das altas janelas do quarto e olhava através da greta das venezianas semiabertas para onde Jafar e Azir estavam de pé do outro lado da parede da fortaleza, apenas visíveis.

Os dois homens tinham as cabeças juntas enquanto olhavam através do campo como se estivessem procurando algo, o detector de objetos metálicos que Jafar usava era tão obscuro que a princípio foi difícil decifrar exatamente o que era.

Seus thobs escuros, folgados, compridos até os tornozelos, de mangas largas, sem adornos e retos, ondeavam ao redor de suas pernas pelo vento que soprava das montanhas. Em suas cabeças, o ghutra, um grande quadrado de tecido de algodão, de cor escura como o thob, estava envolto ao redor de seus rostos para resguardá-los do vento frio e assegurado com um grosso cordão duplo de cor negra.

Azir parecia cair frequentemente, e nas duas horas que ela os observou examinando a ribeira natural que dividia a terra ao longo da fortaleza, viu o velho quase perder o equilíbrio mais de uma vez.

Jafar o mantinha perto dele, o segurando cada vez que tropeçava e permanecendo perto cada vez que o louco velho idiota parecia desviar do que seja que estivessem fazendo.

Estavam procurando algo até onde ela podia dizer, e evidentemente tendo pouco êxito em encontrá-lo.

―O que estão procurando? ―perguntou a Tariq que estava trabalhando com uma peça de eletrônica na pequena mesa mais afastada no quarto.

Um som resmungado parecido a um grunhido masculino se encontrou com sua pergunta.

―Azir passou anos tratando de encontrar todos os túneis escondidos que entram e saem do castelo, ―disse ― Cada vez que encontra um o dinamita ou dar um jeito de obstruí-lo.

Ela voltou a olhar aos homens com o cenho franzido. Por que se preocupavam com túneis escondidos?

―Para evitar que Abram escape, ―murmurou quase para si mesma.

―Absolutamente, ―Tariq concordou. ― Azir está determinado a mantê-lo aqui até que o rei libere os recursos que congelou faz vinte anos. Se Azir consegue recuperá-los, então o governo tem que proporcionar o dinheiro, de qualquer maneira, durante os seguintes dez anos ou arriscar a quebrar um trato com várias das tribos que foram uma parte do pacto original. Chegarão a qualquer extremo para evitar acontecer isso, e Azir sabe.

Avareza. Poder. Era isso a que tudo se reduzia, de uma ou outra forma. Azir estava desejoso disso, da mesma maneira em que estiveram seus filhos. Aqueles que não estavam sedentos por isso tentavam as vias pacíficas a todo custo, e mantinham suas demandas claramente expostas.

Azir não queria nada mais que conseguir os recursos para qualquer regime fanático que estivesse sustentando, e não importava nada o quanto custaria para conseguir. Nem sequer o herdeiro que parecia ser sua última esperança para uma confortável vida em sua velhice.

Ela continuou olhando para fora pela janela, observando quando eles começaram a rastrear o chão com o detector de objetos metálicos outra vez.

―Como os ajuda um detector de metais a encontrar túneis subterrâneos? ―perguntou sem voltar.

―Não é exatamente um detector de metais, ―respondeu ele ― Isso está especialmente modificado para detectar ocos debaixo da terra, cavidades que indicariam uma caverna, um buraco, ou um túnel.

―Há um túnel onde ele está olhando? ―Ela voltou o olhar atrás, mas em lugar de procurar seus olhos, seu olhar moveu-se sobre as nuas costas outra vez.

―Não que saibamos, ―disse com uma rápida sacudida de sua cabeça. ― Abram e eu procuramos por toda parte túneis que ainda não foram achados. Até agora, não encontramos nada.

Ela se voltou para a cena abaixo para ver Jafar gesticular enojadamente para Azir com o cenho franzido. Nunca teria acreditado que ele fosse tão embusteiro como aparentava ser, ou que poderia ter sido um risco para ela. Dar-se conta que ele ajudou a conspirar para sequestrá-la foi um golpe decepcionante.

Teve um montão de surpresas nos últimos quatro dias, entretanto, coisas que verdadeiramente nunca esperou. Conheceu os primos de Khalid a maior parte de sua vida. De uma forma ou outra foi apresentada sob diferentes circunstâncias fora do regime saudita. Até possivelmente cinco ou seis anos antes, seus primos sauditas foram clientes habituais de muitos dos lugares de ferias que seus pais visitaram, seja por negócios ou por prazer.

Logo, as posições que tiveram dentro do governo saudita foram dissolvidas, Paige se informou.

Por causa de Ayid e Amam, Khalid disse. Uma vez que o rei recebesse provas de que eles estavam ainda envoltos com atividades terroristas, todos os homens que trabalhavam no governo de Riyadh receberam instruções de retornar a sua própria província. Ayid e Amam destruíram a confiança do regime para toda a família.

Jafar e Tariq na verdade tiveram posições muito lucrativas dentro de importações e exportações, permitindo-os viajar pelo mundo. Vários dos membros da família de Jafar estavam ainda na universidade que iam aos EUA com vistos de estudantes que ele arrumou quando ainda eram muito jovens.

Mas Tariq e Jafar estavam aqui agora, em vez de em um avião representando a seu país financeiramente.

Voltando-se olhou Tariq outra vez, o olhar desviando para seus tensos ombros nus. Estava vestido com apenas calças soltas compridas até os tornozelos que ele e Abram usavam debaixo de seus thobs.

Quando eles entravam no quarto, a primeira coisa que faziam era tirá-los. Viu Abram colocar um muito gasto e descolorido jeans carinhosamente à noite antes como um homem puxando sua amante favorita. Estava certa que ele revoou as pestanas pelo prazer durante um segundo.

Os ombros nus de Tariq eram a única parte de suas costas que era tensa, entretanto. A diferença da descrição que fez sua mãe de Azir, com a pele de seu corpo coberta de pelos, Tariq na realidade tinha muito pouco pelo igual a Abram.

Mas suas costas estavam entrecruzadas com o que tinham que ser centenas de cicatrizes muito finas e magras que iam desde suas omoplatas até abaixo da cintura de elástico das calças.

―O que está fazendo? ―Ela esclareceu a garganta ansiosamente enquanto se movia em direção a ele.

Ele esteve dedicando a essa peça de equipamento durante dois dias.

―Alguém encontrou um dos rastreadores de GPS que estive utilizando na Land Rovers e arrumou para distorcer o sinal, ― murmurou enquanto seguia concentrado dentro do painel de controle eletrônico. ― Estou tratando de modificar o dispositivo em vez de tratar de recuperar o rastreador. Posso conseguir que mude o sinal em forma remota, então os terei outra vez.

―A quem está tentando rastrear? ―Dirigiu o olhar para baixo ao intrincado painel de diminutos cabos, fios, e transmissores eletrônicos com o cenho franzido.

Ele a olhou por cima de seu ombro, seus olhos da cor do chocolate com leite sem diversão ao disparar um olhar de masculina apreciação.

―Os novos sabões que trouxe Abram cheiram bem em você.

Estava muito perto dele. Não tocando, mas o suficientemente perto para que ele não tivesse problemas em cheirar o muito suave perfume a rosas e sândalo.

Deu um passo atrás, uma sensação nervosa a invadindo quando ele continuou olhando por vários segundos antes de voltar-se para o dispositivo eletrônico.

Não era mais que outra variação do mesmo assunto que jogou nos últimos dois dias que Abram não esteve presente. As olhadas de interesse, o aviso silencioso de que Abram já pediu que fosse seu terceiro e que ele compartilhava essa enorme cama com eles cada noite.

As duas últimas noites ela foi dormir com os braços de Abram rodeando-a, só para despertar sustentada por Tariq― Isso estava criando uma intimidade da qual parecia não poder escapar.

Reprimindo um suspiro de frustração, voltou-se para ele, seus lábios abrindo para comentar sobre a ausência de Abram quando um forte e imperativo golpe soou sobre a grossa madeira pesada da porta.

Paige se sobressaltou quase violentamente, seu coração deu um salto para sua garganta de uma vez que seu olhar voava para onde Tariq rapidamente estava cobrindo o dispositivo no que esteve trabalhando com um pedaço de tecido e levantava da cadeira.

Assinalou a porta que conectava com sua suíte e se movia para ali rapidamente.

Estava indo?

―Aonde vai? ― Ela vaiou.

―Estarei escutando, ― declarou rapidamente, sua voz tão baixa que era quase silenciosa. ― Veja quem é, e não faça saber que estou aqui.

Entregou o cachecol que Abram deixou em caso de que Azir se apresentasse, para que usasse sobre sua cabeça e ao redor de seu pescoço como um hijab .

A batida soou outra vez, mais forte, e esta vez, mais impaciente.

―Quem é? ―Ela gritou enquanto rapidamente segurava o cachecol ao redor de sua cabeça como Abram ensinou.

―Sou Jafar, Paige. Tenho alguém aqui que deseja te ver. ―Sua voz soava baixa através da porta.

Maldição, onde diabos estava Abram?

―Abram não está aqui, Jafar, ―manifestou entre a união da porta e o marco. ― Disse que não abrisse a porta a ninguém.

Ouviu a risada de Jafar através da pesada madeira.

―Ponha o cachecol e simplesmente abre a porta. Não tenho intenções de entrar no quarto.

Olhou para onde Tariq observava do portal de sua suíte. Ele assentiu com a cabeça quando dirigiu um olhar desesperado e silenciosamente articulou “O que faço?”.

Ele fez uma careta tensa antes de assentir com a cabeça outra vez e desaparecer dentro do outro quarto.

Liberando os ferrolhos, ela abriu a porta alguns centímetros e olhou Jafar e à figura vestida integralmente de negro, seu rosto e corpo coberto da forma em que só se usa, pelo geral, nas mais estritas áreas.

Atrás da malha do burca , os olhos femininos devolveram o olhar, embora a forma e a cor fossem impossíveis de distinguir.

Atrás da figura muito menor, estava parado Jafar, com seus estranhos, quase translúcidos olhos verdes pálido, observando com conhecimento e zombadora diversão.

O antagonismo aumentou dentro dela no primeiro olhar dirigido a ele e isso era tudo o que podia fazer para manter seus lábios fechados.

―Esse é um olhar zangado. ―Ele expressou com um sorriso, uma sobrancelha arqueando em um movimento tão arrogante que por um segundo, recordou ao Abram.

―Deixa de tentar zangá-la irmão, ―a voz feminina o repreendeu com uma surpreendente mordacidade.

O olhar de Paige se sacudiu de retorno à figura coberta de negro, lutando por olhar atrás da malha que cobria os olhos.

―Chalah? ―Ela sussurrou insegura, esperançada, embora a apreensão estivesse florescendo em seu interior.

―Você disse que ela se lembraria de mim. ―A suave risada transpassou o escuro envoltório. ― me deixe entrar, Paige, assim posso me desfazer do grandalhão de meu irmão, se não se importar.

Os olhos de Paige se sacudiram para Jafar outra vez. Que cruel era ao trazer a irmã que uma vez foi sua amiga para traí-la.

Deu um passo atrás lentamente, deixando que a porta se abrisse enquanto mantinha um olho cauteloso sobre Jafar. Confiava inclusive menos nele agora. Era incrivelmente óbvio que estava tratando de usar à irmã que ele uma vez pareceu adorar.

As mentiras do passado estavam acumulando contra sua cabeça, e ela esperava que o peso delas o afundasse. Rapidamente.

―Já era hora. ―Chalah quase saltou dentro do quarto quando Paige fechou a porta no risonho rosto de Jafar.

―Pensei que ainda estava na universidade, ―Paige indicou enquanto travava o cadeado da porta, suas sobrancelhas se elevaram quando a burca caiu.

Era Chalah― Com sapatos brancos, suas longas pernas só o suficientemente escuras para dar um perpétuo aspecto de cor bronzeada. Bermuda jeans e uma rodeada camisa que moldava seus seios cheios e enfatizava sua pequena cintura.

―Quase a cobriu toda hoje, não Chalah? ―disse pronunciando lentamente.

Chalah revirou os olhos.

―Ouvi que a Matawa abandonou este condenado lugar quase ao mesmo tempo em que o dinheiro desapareceu, ―ela bufou.

A Matawa, ou os policiais religiosos, eram o terror de qualquer mulher o suficientemente desafortunada para chamar sua atenção.

―Como diabos conseguiu colocar seu traseiro nesta situação? ―Chalah colocou as mãos sobre seus quadris enquanto devolvia o olhar a Paige.

O longo cabelo negro estava confinado em uma grossa tranca pesada. Os exóticos olhos cor mel, com longas pestanas, faiscavam enquanto seus lábios se franziam com irritação.

 

―Uma discussão com Khalid ― Paige admitiu uma verdade que nem sequer disse a Abram.

―Imagino que foi por culpa desse idiota, ―Chalah respondeu enquanto cruzava os braços sobre seus seios e inclinava a cabeça curiosamente ― me deixe adivinhar, não aceitou muito bem a pegar nesse abraço apertado e quente com Abram? Disse que era incesto? ―Ela ondeou suas sobrancelhas sugerindo algo.

Paige devolveu o olhar surpreendido tirando o cachecol da cabeça e pendurando do respaldar do sofá.

―Como soube isso? ―perguntou suspicazmente.

Sabia que nem Khalid nem Marty teriam falado do incidente. Fazer isso colocaria em perigo Abram e ameaçaria ainda mais Paige.

Chalah deu a volta, olhando ao redor do quarto antes de dirigir a Paige um olhar travesso sorrateiramente.

―Onde está Abram? ―perguntou.

Paige encolheu os ombros.

―Foi quando despertei esta manhã― Agora, me diga como soube que Abram esteve na casa de Khalid essa noite.

Chalah disparou um escuro olhar enquanto passeava ao redor do quarto como se estivesse procurando algo. Quando se dirigiu outra vez para Paige sacudiu a cabeça, sua expressão pensativa.

―Porque Khalid ou tem a um dos espiões de Azir ou de Jafar, ou um empregado muito fofoqueiro em suas lista de nomes. ― Chalah manteve a voz baixa. ― E se atreva a contar a alguém que disse isso, inclusive a Abram, então eu posso não sobreviver o suficiente para retornar aos EUA e terminar minha carreira.

Paige fechou os olhos por um segundo antes de dar a volta, sua mão se movendo para esfregar um lado da cabeça com cansaço. Sua têmpora pulsava pelo estresse.

―É Abdul? ―perguntou enquanto girava, sabendo que destroçaria Khalid e o coração de Marty se ele fosse o criado que estava o traindo.

―Que tão simples seria isso? ―Chalah revirou os olhos expressivamente ― Mas, não temos tanta sorte. Temo que tudo o que sei com segurança é que é uma mulher. Uma muito rancorosa que pode estar dentro da casa ou entre os empregados da equipe de segurança de Conover. Ela esteve passando informação ao comandante da célula terrorista que Ayid e Amam encabeçaram já há algum tempo.

―Pensei que Jafar comandava a esses homens, ―disse Paige enquanto observava à outra garota suspicazmente e se perguntava que diabos estava se passando.

Chalah sacudiu brevemente a cabeça e a pena retorceu sua expressão.

―Não, Paige, ―sussurrou, sua voz apenas audível agora. ― Jafar tomou o lugar de Ayid e Amam como um mero líder, mas não foi nunca o comandante. Inclusive Jafar não sabe quem é o comandante, e ele gosta de desfrutar da vida, portanto não pergunta.

A dor cintilou nos olhos de Chalah diante da admissão de que seu irmão realmente era uma parte da célula.

―Jafar sabe algo a respeito dele? ―Paige perguntou.

Chalah fez uma careta, a pena brilhando em seus olhos.

―Jafar se nega a discutir sobre isso comigo, ― suspirou. ― depois da morte de Anwar esteve tão consumido pela vingança no princípio que tratar algo com ele era impossível. Encontra-lo assassinado, e acreditar que Azir esteve atrás disso, carcomeu.

Anwar foi o irmão mais velho de Jafar por vários anos. Um irmão carnal que foi dado a Jafar como um menino. Também foi o herdeiro da terceira parte da jurisdição Mustafa e esteve demandando o regime para readquirir a propriedade com um voto que seria executado como a família da Mustafa prometeu fazê-lo séculos atrás.

Paige sabia que tanto Khalid como Abram ainda estavam seguros que Azir e seus filhos, Ayid e Amam, apoiaram sua morte.

Chalah se moveu por volta da mesa e se apoiou contra ela enquanto Paige a observou tranquilamente durante vários minutos.

―Por que está me dizendo isto? ―Paige perguntou com cautela. ― Jafar não estaria chateado?

A expressão de Chalah ficou séria.

―Se soubesse, então estaria muito bravo, e se Azir alguma vez se inteirasse que disse algo, então muito provavelmente me apedrejaria, ―revelou bruscamente ― Mas não acredito ter que me preocupar que o diga a alguém mais que ao Abram, verdade?

―Então Azir soube todo o tempo que Abram e Khalid não estavam inimizados, ―sussurrou, seu estômago revolvendo nauseabundamente.

―Não sei quanto tempo faz que sabe, mas Jafar o soube durante vários anos. Igual sabia que Abram e Tariq compartilhavam uma amante cada vez que foram para os EUA. ―O olhar de Chalah era curioso agora. ― Foi você?

Paige esteve perto de engasgar com sua própria risada zombadora.

―Khalid teve um manha de criança quando apanhou Abram me beijando. Realmente pensa que pude ter algo mais que isso?

―Conhecendo Khalid? ―As sobrancelhas de Chalah se levantaram ― É bem duvidoso.

E Chalah conhecia Khalid― Não tão bem como Paige, e certamente não como uma amante, mas uma das jovens de Azir foi comprada para o harém pessoal de Khalid anos atrás e ia à mesma universidade que Chalah, e as duas garotas eram amigas frequentemente.

Chalah era considerada uma amiga, assim como também uma prima para Khalid, e ele deixou em claro mais de uma vez que se ela alguma vez necessitasse algo, então ele não teria nenhum problema em ajudá-la.

Observando Chalah de perto agora, Paige ainda custava muito acreditar que a outra garota estivesse aqui, e que parecesse estar disposta a ajudar.

―Por que está me dizendo isto, Chalah? ―Paige perguntou com cansaço, não se incomodando em esconder sua suspeita agora. ― Segundo suas próprias palavras, o irmão que consentiu toda sua vida poderia deixar que fosse apedrejada, ou assassinada por me dar esta informação. Por que se arriscaria a isso?

―Porque você faria por mim, ― Chalah disse brandamente, seus olhos cor mel cheios de dor. ― E Khalid faria por mim. Mas ainda mais importante, por Jafar. Porque se algo ocorre a você ou a Abram, e Jafar chega a dar conta do engano que está se colocando, isso o matará ― O proteger de si mesmo é a única forma em que posso ajudá-lo neste ponto.

―Inclusive se tiver que enfrentar o fato de ser assassinada por seu irmão? Por seu tio?

Chalah suspirou pesadamente.

―Não há assassinatos aqui, Paige, não às pessoas desta terra. E não a Jafar ou Azir. A traição não é tolerada, especialmente por uma mulher, e Jafar e Azir o veriam como uma traição imperdoável.

―E arriscaria isso por mim, por Abram, e por Khalid? ―Paige perguntou outra vez ― Estou achando difícil acreditar.

Chalah não estava mentindo. Ela conhecia muitas verdades e compreendia a situação muito claramente. Mas realmente estava tratando de ajudar, ou de algum jeito queria fazer cair Abram dentro de uma armadilha?

―De verdade? ―disse Chalah arrastando as palavras enquanto cruzava um tornozelo sobre o outro e inclinava a cabeça a um lado. ― por que se não retornaria a estas desérticas terras calcinadas pelo sol mais que para tentar ajudar a seu teimoso traseiro? Realmente esqueceu que quanto odeio este lugar, Paige?

Paige negou com a cabeça de uma vez que mantinha um cauteloso olho sobre a outra mulher.

―Fomos amigas durante muito tempo, Chalah ― Ela suspirou. ― Mas Jafar é seu irmão, e sei que o ama.

―E o amo. ― Chalah assentiu com a cabeça taxativamente ― Mas Jafar está errado, Paige, e eu não poderia seguir vivendo se ocorresse algo a você por culpa dele. E me sinto culpado, ―sussurrou com abatimento. ― Sabia que se trazia algo entre as mãos quando me chamou para me perguntar se sabia por que você não estava em seu apartamento e se escutei onde estava ficando. Deveria ter ligado então. Deveria ter advertido que ele a estava procurando.

Mas realmente teria mudado as coisas? Teria tomado a situação inclusive menos seriamente do que já o fez simplesmente porque pensou que poderia confiar em Jafar?

Paige levantou a mão para esfregar a têmpora outra vez enquanto observava Chalah pensativamente. Tudo o que sabia da outra garota dizia que Chalah estava sendo honesta. Que estava simplesmente tratando de ajudar.

―Não tenho que estar de acordo com meu irmão para amá-lo, Paige, ― disse com tristeza. ― E amá-lo não significa que tenha que permitir sair com a sua com o que está fazendo a você e a Abram.

―E como pensa que pode ajudar? ―Paige suspirou enquanto caminhava até a mesa e se sentava com cansaço. ― Nenhum de nós tem suficiente poder aqui para nos proteger, e muito menos a nossos irmãos. E sabe isso tão bem como eu. Deveria ir para casa e permanecer a salvo. Se algo te ocorresse, só vai fazer que Abram sinta que foi por sua culpa. Já tem bastante em sua consciência.

―E pensa que Jafar não terá bastante em sua consciência quando se dê conta do engano que cometeu? ―Chalah vaiou em resposta, seus expressivos olhos ardendo de fúria. ― Vim aqui para ajudar, Paige. Para ajudar meu irmão e o teu, assim como também a Abram. Preciso saber o que fazer.

Os olhos de Paige aumentaram pela surpresa.

― E acha que eu saberia que diabos pode fazer? ―sussurrou ferozmente ― Pelo amor de Deus, Chalah, não saio destes quartos desde o dia em que cheguei aqui ― Não tenho ideia de que diabos está acontecendo nem de como ajudar ninguém. Inclusive não vejo Abram até depois do anoitecer, e quando o vejo, está exausto. Assim por que não me diz você o que eu tenho que fazer?

Chalah devolveu o olhar com consternação. Então sua mandíbula esticou e deu passos até o extremo do sofá antes de voltar-se com frustração.

―Tem que haver algo, Paige.

Paige sacudiu rapidamente a cabeça enquanto mantinha sua voz baixa.

―Vai para casa. Volta para a universidade. Se Abram tiver que preocupar-se em protegê-la tanto como a mim, então só vai distrair sua atenção ainda mais. Ele não pode se permitir isso agora mesmo.

E ela não podia permiti-lo. Perder Abram a mataria, especialmente se o perdesse por causa de seu afeto, de sua relação… ou o que infernos fosse… para ela.

Ele retornou a Arábia Saudita em vez de desertar como planejou depois das mortes de seus irmãos.

Viu-se obrigado a retornar como um favor pessoal ao embaixador saudita para fotografar os terroristas suspeitos. Quando conseguiu retornar aos EUA, teve que voltar outra vez devido à ameaça sobre ela.

Parecia não poder escapar do legado sangrento que seu pai estava criando aqui, nem da ameaça de morte como consequência do prazer que encontrava ao compartilhar sua amante sexualmente.

―Jafar não costumava ser assim. ―Chalah suspirou com pesar e seus lábios tremeram pela dolorosa emoção que estava sentindo. ― Queria ser americano. Queria ter a liberdade para fazer o que desejava como tinha Khalid, como sabia que fazia Abram.

―Sabia que Abram queria desertar nos EUA? ―Paige perguntou.

―Paige. ―Chalah a olhou aturdida. ― Abram, Tariq, Jafar, e vários outros primos planejaram desertar juntos. Esse foi seu plano desde que a primeira esposa de Abram, Lessa, foi assassinada por Ayid e Amam. Jafar sempre conheceu seus planos, porque os fizeram juntos.

―E Jafar sabia exatamente como bloquear cada manobra que Abram fizesse. ― suspirou.

―Mas Abram sabe do que Jafar é consciente, ―Chalah assinalou. ― É uma espécie de batalha entre eles. ― A outra garota franziu o cenho com confusão. ― E não posso entender o que começou ou por que estão em desacordo.

Era o mesmo problema que tinha Paige, tentar entender o que mudou Jafar da última vez que o viu. Estiveram de férias com seus pais na Grécia, uns três ou possivelmente quatro anos atrás.

Quando a observou, a expressão de Chalah se voltou sombria.

―Jafar foi um bom homem uma vez, verdade, Paige? ―sussurrou, a pena brilhando em seus olhos só por um momento.

Paige afastou o olhar por um segundo se perguntando se deveria mentir, se deveria dizer a Chalah como parecia ela em relação aos bons homens.

―Os homens são o que são, ― finalmente disse brandamente ― Nascem com uma parte boa e outra parte má, exatamente igual a qualquer outra pessoa, Chalah ― Mas o mal está sempre ali, e para a maioria dos homens, o bom está sempre ali também.

―Para a maioria dos homens? ―Chalah perguntou com amargura. Paige podia ver a necessidade em seus olhos de uma afirmação de que havia uma oportunidade de que seu irmão não fosse em sua maior parte, ou ainda pior, completamente mau.

―Às vezes, alguns homens são sempre maus, ―disse brandamente ― E logo, estão esses bons homens, esses homens realmente muito bons, Chalah, que simplesmente desejam que todo mundo pensem que são maus por alguma razão.

―E logo, ―Chalah sussurrou, as lágrimas enchendo seus olhos ― Estão esses homens realmente maus que na realidade são bons fazendo que algumas pessoas achem que são bons.

Paige baixou o olhar e cruzou os braços para reprimir a dor que sentia pela outra garota, para refrear sua necessidade de consolá-la.

Não se decidiu ainda, Chalah era a mesma jovem que conheceu? A futura pediatra com um adorável e tenro coração, ou era uma dessas pessoas que todo mundo pensava que era boa, mas que por algum motivo, conhecia a maldade de seu interior?

Levantou a vista quando Chalah suspirou bruscamente.

―Vai para casa, Chalah, ―disse brandamente ― Se de verdade quer ajudar Abram, se quiser realmente ajudar Jafar, então vai para casa.

―Porque não confia em mim, e se você não confia em mim, então tampouco fará Abram, ―Chalah especulou.

―Não tem nada que ver com a confiança, Chalah, e tudo com o fato de que pelo que posso ver, você sabe mais que eu a respeito de toda esta situação. E acredito que sabe que se fala com Abram, ele vai dizer o mesmo que eu. Vai para casa.

As lágrimas brilharam em seus olhos.

―São minha família, Paige. É tudo o que ficou.

Que diabos poderia dizer? Sabia exatamente como ela se sentia. Depois da morte de seu tio quando ainda era uma adolescente, só ficavam seus pais e Khalid, e sempre esteve a par da cruz que Azir Mustafa mantinha com a família. Sempre foi consciente de que em qualquer momento, ela também poderia morrer ou ficar sozinha.

Quando seus lábios se separaram para tratar de reconfortar à outra garota, o som de um forte golpe sobre a porta atravessou o quarto, fazendo sobressaltar a ambas, e os olhos de Chalah brilharam de medo.

Um medo muito mais poderoso que o que deveria sentir.

―Chalah, é hora de ir. ― A voz de Jafar estava muito mais fria que o que esteve antes.

Paige percorreu com o olhar à garota, e observou furiosa como uma lágrima escapava da comissura de um olho. Lentamente, levantou a mão ao medalhão do colar que colocou, o desembrulhou, e mostrou a Paige o dispositivo que estava grudado na parte de trás.

Ela viu suficientes programas de televisão e lido muitos novelas românicas de aventuras para saber exatamente o que era. Um dispositivo eletrônico de escuta. E Chalah esperou até o último minuto para mostrar.

Paige se endireitou lentamente, os braços caindo a seus lados enquanto disparava a Chalah um olhar de prometida retribuição. De algum jeito, de qualquer forma, devolveria isto.

Vai para casa! Articulou. Agora!

Porque se alguma vez veria a garota outra vez então se asseguraria que Chalah soubesse exatamente como completamente destruída estava sua amizade.

Envolvendo o cachecol ao redor de sua cabeça e pescoço, e pregando ao redor de seu rosto até que só seus olhos se vissem, virou-se com uma fúria nervosa até a porta e a abriu.

Chalah não conseguiu envolver a burca outra vez e assegurar a malha sobre seus olhos quando Paige se encontrou enfrentando o monstro duro-como-uma­pedra, de olhos-pálidos que a observava com olhos calculadores.

Não se atreveu a falar. Havia regras e castigos, consequências e perigos para pronunciar inclusive um do mal que estavam atravessando o cérebro agora.

O ódio brotou em seu interior, mordazmente quente e queimando de seu interior.

O que esperou obter Jafar utilizando sua irmã desta maneira?

Deu um passo para trás e girou lentamente para olhar Chalah.

―Adeus, ―disse com um olhar fulminante. Um tom de firmeza claramente ecoou quando se negou a dizer nada mais.

Não poria em perigo à garota, mas se Chalah se atrevia a retornar, então as regras mudariam.

―Adeus, Paige, ― Chalah disse brandamente, com tristeza. Antes que Paige pudesse evitar, a outra garota envolveu os braços ao seu redor em um abraço premente e desesperado. Sussurrou ― Juro, sou boa.

Paige deu um passo atrás com lentidão, deliberadamente afastando-a enquanto seu olhar se movia para Jafar outra vez. Ele forçou Chalah, não havia dúvidas, mas ela igualmente traiu Paige, Abram, e Tariq― Deveria mostrar o dispositivo antes de sequer começar a falar.

― Diga a Abram quando voltar que não seria aconselhável sair mais pelas noites, nem para ele, nem para Tariq, ― advertiu ele imparcialmente, seus pálidos olhos verdes como o cristal, frios e desapaixonados quando seu olhar piscou sobre ela. ― Não, Srta. Galbraithe, para você.

Estirou além dela, agarrou a parte superior do braço de Chalah, e quase a tirou puxada pelo quarto.

Não conseguiu o que queria, e agora sua irmã pagaria por isso, e Chalah sabia.

Sua cabeça estava baixa, os ombros estremecendo quando os silenciosos soluços a sacudiram debaixo do completo envoltório.

Paige rezava para que a surra que sabia Chalah receberia por fracassar fosse o único castigo que teria antes de Jafar a permitir retornar a América, e voltar para a universidade.

Chalah tinha um sonho, ser uma pediatra na América. Mas Paige duvidava que Jafar permitisse conservá-lo por muito tempo.

Arrastando a sua irmã atrás dele, Jafar deu a volta e se afastou com grandes passos, as pernadas de suas longas pernas faziam que Chalah lutasse por manter-se junto a ele quando se dirigiram para dobrar o corredor e desapareceram de sua vista.

Paige fechou e bloqueou a porta cuidadosamente antes de se apoiar contra ela e deixar que um silencioso soluço escapasse de seu próprio corpo. Que perto esteve de confiar na outra garota e tratar de aliviar a dor que sentiu nela. Que perto esteve de destruir a si mesmo, Tariq, e o pior de tudo, Abram.

―O dispositivo de escuta não funcionou, Paige.

Sobressaltando, deu a volta para ver Tariq parado atrás dela, sua expressão contraída pela ira e sua própria dor.

―Detectei no segundo que ela e Jafar bateram na porta. ―Levantou o dispositivo no que esteve trabalhando. ― Arrumei.

Ela girou e enxugou as lágrimas.

―Isso só o detecta, ―sussurrou dolorosamente.

Ele sacudiu a cabeça.

―Acendi um dispositivo debaixo da mesa antes de ir que altera o sinal de áudio, seja analógico ou digital. Não o desativei até que vi que não iria trair Abram. Então, usei os controles em minha suíte para permitir suficiente saída para quem quer que estivesse escutando para assegurar que você não diria uma merda, embora soubesse. Possivelmente, Jafar a enviará para casa agora.

Ele se moveu mais perto quando mais lágrimas caíram por seu rosto, enquanto ela continha a dor que rasgava através dela e a desilusão que destroçava seu coração.

―Odeio este lugar, ―cuspiu ela de repente, embora os soluços, tão tranquilos agora, voltavam sua voz áspera até chiar ― OH Deus, Tariq, odeio este lugar.

Ele deu um passo mais perto, sua expressão repentinamente cansada, e simplesmente tão desiludida como ela parecia.

―E não está sozinha, ―sussurrou enquanto empurrava uma pesada mecha de cabelo atrás de sua orelha, às pontas de seus dedos acariciando o lóbulo brandamente durante um frágil segundo antes que se afastassem ― Confia em mim, Paige, nisto, nunca estará sozinha.

 

Um dia de tratar com a paranoia de Azir e Jafar enquanto procurava infrutiferamente o único contato que podia arrumar a saída da Arábia Saudita deixou Abram com menos que um agradável estado de ânimo quando retornou a sua quarto essa noite.

Por alguma razão, e ele estava começando a suspeitar essas razões, Jafar convenceu Azir que Abram precisava dirigir pessoalmente a perfuração de um poço de água nos subúrbios da fortaleza.

Essa água abastecia a uma dúzia de famílias ou mais, que viviam para fora dos muros da fortaleza e que proviam à jurisdição de Mustafa com os poucos vegetais e animais usados para suas refeições.

Os problemas com as linhas, tubos, e geradores levaram a mais de um trabalhador a baixar os braços em sinal de rendição diante dos problemas aparentemente intermináveis e os atrasos.

Duas dessas fazendas do povoado criavam coelhos e cordeiros e vendiam a lã e poucas quantidades de carne a outras jurisdições também. Necessitavam essa água, mas parecia que algo ou alguém deliberadamente poluiu o equipamento para acabar o bombeamento da mesma.

Havia alguns ganhos locais que Abram pode prover à província, sabendo que uma vez ele se fosse os poucos benefícios que o regime provia se reduziriam drasticamente.

Para aumentar os problemas, Abram se informou que vários dos homens espiaram Azir e Jafar comprovar o chão e a parede da fortaleza atrás de sua suíte e de Tariq em busca de túneis e saídas.

Azir esteve procurando esses túneis desde antes que a mãe de Khalid escapou. E nenhum túnel tinha um papel importante em sua habilidade para escapar da fortaleza.

O que mais preocupava Abram era o fato de que Azir estivesse certo que o túnel estava ali ― Não havia bosquejos nem anteprojetos que ficassem que o revelassem ou que fizessem que alguém suspeitasse de qualquer orifício além dos que já preencheram.

Entrando na suíte silenciosamente muito depois do anoitecer, encontrou Paige no sofá tirando uma sesta, e Tariq na pequena mesa da sala de jantar ainda arrumando a peça eletrônica em que esteve trabalhando durante mais de uma semana.

Fechando a porta silenciosamente, observou como Tariq sustentou em alto um dedo para fazê-lo calar, ficou de pé, e indicou com a mão Abram para que fosse à suíte contigua.

Franzindo o cenho, Abram o seguiu, perguntando-se que diabos poderia ter ocorrido aqui na suíte hoje para provocar o olhar de fúria que brilhada em seus olhos.

Sem dúvida, algo que tinha que ver com Jafar ou com Azir. Os dois homens estavam começando a irritá-lo tirando-o do gonzo, ainda mais que o habitual.

Fechando a porta da sala de estar atrás deles, Tariq se voltou para ele, seus lábios apertados enquanto seus olhos escuros brilhavam com silenciosa e ardente fúria.

―Jafar trouxe Chalah hoje aqui para usá-la simplesmente como fonte de informação, ―disse ― Claramente levando um diminuto dispositivo de escuta grudado ao medalhão que fodidamente dei de presente quando fez dezesseis anos.

Essa era a razão da fúria. Tariq sempre gostou de sua pequena prima. Esse medalhão tinha um significado especial para ele, e que ela o utilizasse contra ele ou Abram fazia pior a traição.

Chalah Mustafa, a meia irmã de Jafar. Era a prima irmã de Abram, e teria sido a de Tariq se não fosse pelo fato de que o pai de Tariq não foi Hussein Mustafa como todo mundo assumia. Esse pedacinho de informação era algo que inclusive Azir desconhecia. Havia muitos meios-irmãos, meias-irmãs, meios-primos, e meias-familias desfilando como Mustafas por estes dias, entretanto. Havia vezes que a dinâmica disso o deixava pasmado e ele não era um homem estúpido.

Abram escutou silenciosamente a conversa que Tariq gravou. Sua mente dando voltas com suspeitas e possibilidades à medida que Chalah tratava de conseguir os detalhes de sua relação com Paige, assim como também qualquer plano que poderiam ter para ir. Mostrou o dispositivo de gravação a Paige antes de ir, entretanto, o que significava que não foi ali voluntariamente.

Foi forçada.

De algum jeito, Azir e seu irmão encontraram a forma de fazer que tentasse trair a quem ela considerava sua família, igual à Paige, quem sempre foi uma amiga.

Abram não ia guardar rancor, mas nunca ia poder confiar nela outra vez. Se tivesse revelado o dispositivo antes que a conversa começasse, então se sentiria diferente.

―Qual foi sua impressão? ―perguntou a Tariq enquanto esfregava a parte traseira do pescoço com irritação quando a gravação terminou. ― Foi forçada por Jafar, por Azir, ou por ambos?

Tariq fez uma careta com fúria, seus escuros olhos marrons ardendo por sua ira e possivelmente inclusive um indício de traição. Sempre se importou com Chalah, sempre a cuidou cada vez que retornava à província. Fazer algo assim, sem advertir, o teria golpeado em uma das poucas áreas vulneráveis que ele tinha.

―Inferno, Abram, conhece ambos, sua hipótese é tão boa como a minha. Além disso, conhece essa pequena demônio tanto como eu. ―Grunhiu enquanto cruzava os braços sobre seu peito e apertava a mandíbula em uma tentativa de se controlar ― Digamos que parecia sincera sua oferta para ajudar assim como também sua preocupação. O suficiente para ter enganado Paige até que mostrou esse dispositivo. ― O desgosto enchia sua voz ― Teria convencido Paige. ―Empurrou os dedos através de grosso cabelo castanho escuro. ― Tentou. Maldição, eu teria acreditado se não soubesse que estava ocultando um microfone.

Sim, era condenadamente duro perder a confiança em alguém que conheceu toda sua vida, protegido, e cuidado.

―Vai retornar? ―perguntou exalando profundamente.

Jafar não estaria satisfeito com a informação que ouviu, a pouca que Tariq permitiu que transpassasse o bloqueador. Teria que fazer outra tentativa.

Ele não necessitava isto. Eles não o necessitavam. Chalah era tão selvagem como o vento, igual a imprevisível, mas nunca foi um perigo até agora.

Esse perigo era forçado. Ela não o fez voluntariamente, mas ainda assim, fez antes de advertir. Isso era quebrar um trato no domínio da confiança.

―Se retornar, Jafar a escoltará, e para ser honesto, não posso assegurar que Paige terá o suficiente autocontrole para não confrontar Jafar. Lembra, ela não o conhece desta maneira, no entorno no que cresceu. Se brigar, ele poderia a prender e enviá-la a Matawa da província vizinha. Que é o que estou começando a temer que têm a intenção de fazer conosco no momento em que dê seu voto ao emissário do rei.

Não era nada mais que o que Abram suspeitava por si mesmo.

Inferno, ele não o suspeitava, sabia. Era uma das razões pelas que sabia tinha que conseguir sair como o inferno dali antes que o emissário aparecesse.

―Maldição, no mínimo, poderia castigá-la ele mesmo, ou poderia fazê-lo Azir, ―Tariq cuspiu quando continuou. ― De qualquer maneira, terminaria com um derramamento de sangue.

Se qualquer um deles se atrevesse a tocar em Paige, então o derramamento de sangue seria a menor de suas preocupações.

Tinha que encontrar seu contato, e essa não era uma tarefa fácil quando se combinava com a necessidade de dormir e de deixar Tariq ali com ela enquanto lutava contra o vínculo que sabia que ia chegar quando a tomasse.

E essa era a razão contundente do motivo que fora ele mesmo quem ia à busca do contato em lugar de Tariq ― Esse vínculo que ele podia sentir crescendo noite após noite quando deitava junto a seu corpo nu enquanto ela dormia. Sem mover e sem falar, Paige estava invadindo uma parte dele que sempre conseguiu resguardar dela antes.

Era como o relâmpago, e não havia nada que ele pudesse fazer para refreá-la, nada que pudesse fazer para impedir de arder dentro de sua alma se desse a oportunidade.

Por sua parte, ela estava queimando através de seu controle e incitando uma fome em seu interior diferente de algo que alguma outra mulher pôde tocar.

Estava tão fodidamente duro e quente que estava agonizando. Os últimos três dias e noites foram um inferno.

Nem bem ela ficava adormecida, ele tirava seu traseiro para fora da cama fazendo todo o possível para encontrar a forma de sair de uma situação impossível. Quando estava muito cansado, quando já não podia seguir sem dormir por mais tempo, só então enviava Tariq― E então, ele ficava com ela, dormindo a seu lado, a sentindo contra ele, suas delicadas pernas entrelaçadas com as suas enquanto deitavam juntos.

O que deveria levar ao final rapidamente se ele e Tariq trabalhassem juntos, estava tomando o dobro de tempo e voltando-se o dobro de perigoso. E muito do perigo derivava do fato de que ele não podia manter sua mente separada o suficiente para assegurar que não estava cometendo enganos.

Em tudo o que podia pensar era em foder Paige até que tivesse que tampar sua boca para amortecer seus gritos de prazer. Ou em segurá-la, controlando os movimentos de seu corpo enquanto observava Tariq tomá-la. Observar seu pênis deslizar lenta e brandamente por sua sensível e apertado boceta, ou melhor ainda…

Todo seu corpo se esticou com uma fome brutal e implacável.

Ou observar Tariq estirando a estreita e pequena entrada de seu traseiro, empurrando em seu interior com a grossa envergadura de seu pênis enquanto ela tentava gritar pelo prazer que sabia como distinguir da dor. Um prazer que envolvia a cada sentido e não permitia enfocar a atenção em nada mais que na submissão do ato, na sensação do pênis de um homem pulsando dentro de seu corpo enquanto a penetrava com o conhecimento de que estava sendo tomada. Que confiassem um no outro com a mesma profundidade.

A visão disso foi incrível no passado, Abram sabia. Compartilhar uma mulher com outro homem permitia ser capaz de experimentar o prazer de sua amante como não poderia fazer de nenhuma outra maneira.

Poder observá-la ser tomada. Ver o primitivo e possessivo aperto de sua carne ao ser estirada tomando o invasor bombeamento dentro dela.

A necessidade por isso estava crescendo. A fome disso estava destroçando inclusive enquanto o combatia, para atrasá-lo até que pudesse tirá-la da Arábia Saudita.

Agora, Jafar pensava que poderia jogar com a vida de Abram ainda mais, com sua felicidade, envolvendo sua irmã e reunindo provas de que ele e Tariq estavam envoltos em depravações sexuais?

Se Jafar e Azir levavam suas suspeitas a Matawa, os policiais religiosos, com a prova do áudio da admissão de Paige, então nem sequer o rei seria capaz de salvá-los. E então, Abram teria que matar tanto Azir como Jafar.

Olhou ao redor da suíte de Tariq, consciente do outro homem observando atentamente. Lutou por refrear a fúria que estava voltando-se mais dura de controlar com cada dia sucessivo.

―Espero que Jafar a traga de volta Abram, ―Tariq revelou.― Obviamente não tem nenhum problema em utilizá-la de qualquer forma que possa.

―Se trouxer de volta Chalah amanhã, então nos ocuparemos disso. Não podemos deixar que veja nenhum de nós no quarto com Paige, entretanto, e para as aparências ambos estamos ficando em sua suíte. Amanhã, será consciente de que nos dois estamos ali se aparecer na porta outra vez.

Tariq esticou, seus olhos entrecerrados pela declaração e o conhecimento de que Abram chegou a seu limite. Estava em sua voz, na tensão construindo em seu interior.

Conhecia-se fazia muito tempo possivelmente, compartilharam muitas amantes no passado. Conheciam os sinais que o outro mostrava, e podiam medir o interesse assim como também esse ponto que já não podia ser ignorado.

Não estava escondendo bem tampouco, Abram sabia. A fome por ela estava fazendo pedaços por dentro enquanto tentava dar a Paige e a Tariq o espaço que ele sentia que necessitavam para que Paige tenha mais intimidade com o homem escolhido como seu terceiro. Com a esperança, embora uma parte dele estivesse aterrorizada, que encontrasse em Tariq qualquer emoção que ela estivesse procurando em Abram.

Ele poderia dirigi-lo?

Poderia dirigi-lo se ela não fazia?

Deus o ajudasse, ela era sua maior debilidade e ele parecia não poder encontrar a maneira de proteger a si mesmo em caso que ocorresse o impensável.

―Ela está preparada? ―finalmente perguntou a Tariq quando nada mais se disse.

A surpresa encheu os olhos de Tariq.

―Preparada de que maneira?

Certamente seu primo não podia estar surpreso pela pergunta, nem podia ignorar o motivo pelo que Abram os esteve deixando juntos aqui, nus, na cama, cada manhã.

―Para você? ―Abram fez uma pausa, suas sobrancelhas arqueando-se sarcasticamente ― Para ambos? Por que acha que me tenho quebrado o traseiro as últimas noites fazendo o trabalho de dois homens? Para que possa se pôr ao dia com seu restaurador sonho noturno, Príncipe Mustafa?

Deixou-os sozinhos por uma razão. Para deixar Paige habituar-se ao homem que será seu amante também. Ele seguro como o inferno que não os teria deixado sozinhos por sua saúde mental, porque saber isso quase corroeu o último de seu controle.

Tariq grunhiu com irritação diante do comentário.

―O que queria que fizesse, Abram? ―Os braços de Tariq cruzaram sobre seu peito quando inclinou sua cabeça e devolveu um cínico olhar zombador ― Ela para na janela e observa. Espera como uma esposa recém casada espera a seu marido. Queria que tratasse de seduzi-la quando ela claramente não mostra interesse? ―Soltou uma amarga e afetada risada.― Pareço tolo? Não há nenhum desejo nela até que te vê― Só então começa a arder.

Os dentes de Abram se apertaram. Isto não era o que esperou apesar dos sentimentos ambivalentes que tinha para Tariq seduzindo não só a seu corpo, mas também a seu coração.

―Não estive exatamente permanecendo para fora da fortaleza cruzando os braços, ―Abram grunhiu desdenhosamente.

―Por que não saio eu e encontro a nosso contato esta noite assim você pode seduzir a sua mulher, ― propôs Tariq, claramente bravo. ― Não cometa o engano no que o estou vendo cair, meu amigo. Porque ela não é uma mulher que vá perdoar por isso.

Era o tipo de mulher cuja lembrança de seu beijo e de seu toque o atormentariam por uma vida.

―Não sei do que está falando, Tariq, ―Abram grunhiu.

Uma risada afogada se encontrou com seu protesto quando devolveu um olhar conhecedor.

―Sim, sabe, ―Tariq disse ― Sabe que ainda não a tomou porque tem medo de que quando fizer ela se converta em uma parte de seu coração. Se isso ocorrer, então que defesa terá se Azir e Jafar ganham neste jogo como Ayid e Amam sempre ganharam os outros? Especialmente com Lessa. Tem medo de não sobreviver se a perde.

―Não estaremos aqui o tempo suficiente para permitir que ocorra isso, ―Abram afirmou com ferocidade ― E não a tomei ainda porque queria que ela tivesse a oportunidade de aclimar-se a ambos. Esta não é uma vida a que esteja acostumada, nem é uma para a que sua inocência a preparou.

Era tecnicamente a verdade, Abram se disse a si mesmo furiosamente.

―De verdade acha que seus sentimentos são transferíveis? ―Tariq grunhiu sarcasticamente ― Me aceitará como um terceiro, Abram, mas isso é tudo o que eu alguma vez serei para ela. Se mudar isso, perderá. E não acredito que seja isso o que na realidade quer.

Mas seu coração, o conhecimento, a aceitação de seus sentimentos, era algo que ele poderia confrontar?

Abram quase sentiu a suas mãos tremer ao pensar nisso.

―Quer um terceiro, Abram, ou quer ser o terceiro?

Abram entrecerrou os olhos, contendo a fúria.

A pergunta provocou uma onda de energia, de poderosa adrenalina correndo através dele. Nunca em sua vida se permitiu jogar de terceiro. Não ia começar agora.

―Não sou o terceiro, ―grunhiu com uma amostra de dominação.

Tariq riu entre dentes com a exclamação.

―Então deveria seduzir seu amor, Abram. Prepará-la você mesmo para o terceiro que escolher. De outro modo pode se encontrar perdendo a oportunidade de criar esse vínculo que assegurará seu coração ao teu, em vez de deixá-la a deriva e selvagem em busca de um lar.

Assegurar seu coração ao dele? Abram esfregou atrás de seu pescoço, os dentes apertados ao pensar em tudo o que poderia sair mal em sua tentativa para os tirar da fortaleza e resgatá-la a tempo.

O transporte não poderia esperá-los por muito tempo. A atividade terrorista na área fazia que a operação de resgate em si mesmo fosse altamente perigosa.

―Se não arrisca não ganha, meu amigo. ―Tariq sorriu quando Abram disparou um olhar severo.

O risco era o suficientemente alto para assustá-lo até a merda se permitisse pensar nisso.

―Vocês dois terminaram de confabular ai dentro, já? ―A voz de Paige chegou através da porta de conexão. ― Ou necessitam alguns minutos mais?

Imediatamente a excitação se transformou em completa e ardente luxúria. Estendendo por seu corpo como uma onda gigantesca e enviando agulhas de energia elétrica crepitando através de seu cérebro.

Seduzir sua mulher? Deus o ajudasse, teria sorte se encontrasse o controle para se despir primeiro. Quanto mais fácil seria empurrar o thob até a cintura, descer a calça a seus quadris, e tomá-la com toda a impaciência e a necessidade impulsiva que o estava torturando.

Se manteve longe dela por três dias, lutou como o inferno para encontrar ao agente da CIA capaz de localizar e organizar a equipe de resgate. Tinha que conseguir tirá-la da Arábia Saudita a todo custo.

―Veja se pode localizar a nosso contato esta noite então, ―ordenou.― Quero tirá-la ASAP Tariq― Se tiver que esperar muito mais tempo, vou contatar Khalid ― diga a nossos mútuos amigos que passam a informação que em doze horas vou contatar o leão do deserto.

O apelido de Khalid entre as tribos nas áreas desérticas afastadas do centro estava consolidado. Ele era conhecido como um inimigo selvagem e um aliado feroz.

Tariq assentiu com a cabeça rapidamente, sua expressão mais tranquila, toda a frustração, a excitação, e qualquer indício de ira apaziguando.

―Enquanto esteja fora, veja a saída do túnel também e assegure que ninguém tenha encontrado a caverna aonde a conduz. Se Azir e Jafar ainda estão procurando, podem ter sorte. E se tiverem, então todos nós estamos fodidos.

Abram observou como a porta no outro extremo do quarto abriu para revelar Paige.

Sua expressão era serenamente cortês, seu olhar esmeralda direto e revelando pouco de suas emoções.

―Acreditam, vocês dois, que poderiam seguir jogando mais tarde? ―perguntou apoiando a mão em seu quadril e inclinando contra o marco da porta.

Abram estreitou o olhar sobre ela lentamente. Ela sabia como afetaria esse desdobramento de dominação dirigido a ele.

Seu pênis, já duro como o ferro e completamente engolido, pareceu inchar ainda mais e endurecer dolorosamente.

Permaneceu longe dela tanto como foi possível. Agora, não salvaria nenhum deles da fome que arrasava através dele.

―É obvio que podemos preciosa, ―quase gemeu enquanto seu olhar se arrastava sobre o thob e imaginava a atrativa perfeição de seu corpo debaixo. ― Se está te oferecendo para brincar de outra forma, então é obvio que estou disponível.

Suas fossas nasais se abriram pela irritação.

―É obvio que estaria disponível para sua ideia de diversão, ― ela gozou. Se ele não errava pôde ter existido um brilho de dor em seus olhos.

―Esta noite, preciosa, estou a sua disposição de qualquer forma que possa me desejar.

―Estendeu os braços a seus lados, uma parte dele encolhendo porque ela se sentisse ferida por algo depois do que já sofreu. Por isso sofreu pela culpa de ter sido incapaz de refrear seu interesse nela o suficiente para ao menos mantê-la segura.

Voltando-se, assentiu com a cabeça a Tariq para que começasse o trabalho que lhe foi dado, antes de se mover para a entrada do outro quarto e para a mulher que obcecava seus pensamentos e desejos.

Enquanto a escoltava de retorno a sua suíte era consciente de Tariq fechando a porta entre eles e permitindo privacidade enquanto se preparava para sair.

―Agora, que atividades prazerosas dentro dos limites que posso oferecer?

Como desejava ele que estivesse no EUA em lugar daqui - Ela poderia se vestir com a sexy e provocadora roupa que a viu usar antes e ele poderia levá-la a seu restaurante favorito ou possivelmente a um jantar iluminado pelas estrelas em um dos Yates exclusivos para jantar.

Poderia levá-la a dançar ou assistir a uma peça de teatro.

―Dentro dos limites do que pode me oferecer. ―Sacudiu a cabeça pelo comentário. ― O que não é muito, verdade?

Estava de costas a ele, escondendo sua expressão, mas a melancólica dor em seu tom era inconfundível.

―Não é muito, ― concordou. ― Mas com sorte, isto terminará logo. Iremos então, Paige. A levarei a um lugar onde todo mundo verá a beleza que levo pelo meu braço.

Uns poucos dias mais no máximo. Logo que ele ou Tariq pudessem localizar ao agente da CIA que trabalhava na área.

―Tariq disse que Chalah esteve aqui hoje? ―Ela se voltou quando chegou ao fogão.

―Sim, disse isso, ―resmungou com desgosto. ― Terei que mandá-lo falar com ela se não foi ainda. Tem que ir como o inferno daqui enquanto ainda possa.

―Estive perto de nos trair a todos nós, Abram, ―sussurrou, sua expressão refletindo o medo que ele sabia que estava crescendo em seu interior.

―Mas não fez, ―disse ― E se o tivesse feito, Paige, ninguém poderia a culpar. Todos confiam nela. Inclusive nunca suspeitei que Jafar chegasse a tais extremos para obter o que for que esteja procurando.

―Confiava nela? ―perguntou brandamente.

Paige observou sua expressão atentamente, uma parte dela nem sequer estava segura se ela realmente acreditou em Chalah ainda antes que visse o dispositivo de áudio.

―Não confio em ninguém com sua segurança nem com sua vida, Paige, ―disse, sua expressão cismada e intensa. ― houveram momentos nos dias passados em que inclusive questionei minha confiança em Tariq.

Moveu-se para ela, seu corpo muito maior diminuindo quando parou diante.

O fôlego dela esteve perto de parar quando ele estendeu a mão, seus dedos apanhando um cacho que caiu por seu ombro.

Era a única maneira em que a estava tocando, sua figura esfregando os suaves fios lentamente.

―Desejo-a Paige, ―manifestou brandamente, provocando que sua pressão arterial aumentasse vertiginosamente, saindo em tom grave com o sombrio calor em sua voz e em seu rosto.

―Poderia estar me enganando, ―ela sussurrou. ― Nem sequer estiveste aqui, Abram.

Não gostou de admitir que tivesse medo enquanto ele esteve fora. Que uma parte sua esteve segura de que Azir chegaria no momento em que Abram se fosse ― Que encontraria a maneira de machucá-la, ou possivelmente matá-la.

Sabia que ele poderia fazê-lo, encontraria um grande prazer nisso. Viu em seu rosto e em seus olhos, o dia que a bateram no quarto.

―Tentei tira-la primeiro, Paige, ―suspirou enquanto colocava as mechas de cabelos cuidadosamente contra seu peito antes de acariciar com o dorso de seus dedos ao longo da curva de seu peito.

―Mas não acredito que possa esperar muito mais para te ter. Não acredito que possa dormir a seu lado uma noite mais sem a tocar, sem saboreá-la.

Engolindo com força ela lutava para recuperar o fôlego.

―Engano-me as últimas três noites. ―Um cenho franzido saltou entre suas sobrancelhas pela necessidade, sua voz cheia de fome sexual ― O que mudou?

Ele retorceu os lábios com uma borda de diversão.

―Minha suposta tentativa, como disse, de fazer que se sinta cômoda neste lugar onde foi forçada.

Ela negou com a cabeça.

―Não acredito, Abram. Sabe o que penso?

A expressão dele lentamente se esticou em uma de dominante luxúria masculina.

―O que pensa? ―disse pronunciando lentamente.

―Penso que não tem intenções de ser meu amante, Abram. No melhor dos casos, tem a intenção de não fazer mais que fode-me enquanto estejamos aqui― E só se simplesmente não pode resistir mais.

E exatamente quanta razão tinha?

Ela observou seus olhos se estreitarem e brilhar intencionadamente em seu escuro rosto. Ele sabia que ela estava correta. Ela sabia que tinha razão.

―Não empurre isto, Paige.

O tom de sua voz e o olhar em seus olhos se combinou com a ordem para enviar um raio de agonia rasgando através dela.

―Só dormi entre vocês dois, nua, como uma amante, sem uma verdadeira intenção de me foder? ―Uma zombadora diversão e um amargo conhecimento a encheram ― me diga, Abram, ordenou a Tariq que não me fodesse também?

Seus olhos se estreitaram ainda mais.

―Eu não dou ordens a Tariq― Como meu terceiro, essa escolha ficou entre vocês dois.

A comoção a fez tomar fôlego profundamente.

―Teria o deixado me tomar sem você? ―A confusão a afligia.

Paige conhecia o suficiente sobre o estilo de vida do qual Khalid e seus amigos formavam parte, e assumiu que Abram compartilhava as mesmas regras. As que não permitiam que o terceiro, a menos que fosse uma relação previamente acordada, alguma vez tivesse intimidade com a mulher do amante primário sem sua presença.

―Essa teria sido sua escolha. ―Sua expressão era grosseiramente tensa agora.

―Minha escolha? ―sacudiu a cabeça diante de seu comentário. ― Abram, acha que não sei dentro de que mundo vive quando está na Europa ou na América? Que não conheço o agrupamento que você e Khalid formam parte, e as regras às que eles se apegam para os acordos de seus privados gostos sexuais?

Seu olhar se obscureceu pela suspeita.

―O que sabe a respeito disso, Paige?

―Parece como se fosse um escuro segredo o fato de que muitos de seus amigos e conhecidos compartilham a suas esposas como quem compartilha seus gostos. ― devolveu o olhar desgostada. ― Acha, Abram, verdadeiramente, que ninguém mais que os que fazem isso sabem? Pensa que os amigos, os irmãos, e OH sim… ― seus olhos se ampliaram com um falso assombro― as irmãs, não são conscientes disso? Acha que sou estúpida?

―Nunca imaginei que fosse estúpida. ― Sua voz estava mais rouca agora, contendo essa escura e negra aspereza de veludo que quase hipnotizava seus sentidos.

Teria hipnotizado seus sentidos a não ser pela fúria que ardia em seu interior.

―Então o que imaginou? ―Ela estalou. ― O que o faz pensar que não sou o suficientemente preparada para ver o que acontece a meu redor?

―Nunca imaginei semelhante coisa, Paige. ―A frustração enchia sua voz quando a olhou. ― Simplesmente não imagino que esteja dentro de meu direito poder limitar seu contato com um homem que trouxe para a cama com você.

Não limitar seu contato? Tariq era seu terceiro. A só ideia disto implicava, como mínimo, um sentido de posse no que se refere a uma amante, se não a uma mulher por quem sentia algo mais profundo.

Mas evidentemente, essa não era a forma de vê-la para ele.

A dor desse conhecimento, de dar-se conta que o que fosse que estivesse ocorrendo entre eles era só físico, sem envolver as emoções a atravessou como uma chama ardente, queimando até o coração.

―Vai à merda! ―respondeu entre dentes enquanto a fúria a embargava junto com o conhecimento de que ele não estava demonstrando nenhuma posessividade, nenhum predomínio absolutamente com respeito a seu corpo nem a seu coração. Aplaudiu as mãos quando se elevaram para ele, o desgosto e as emoções encontradas lançando uma incrível dor através de seus sentidos.

―Não me toque. Não me fale e de maneira nenhuma e se acha que alguma vez vai dormir comigo outra vez, ―gritou ― Não há uma oportunidade em inferno de que deseje agora.

Estava morrendo por ele. Estava dolorida por ele. Queria gritar pelo conhecimento de que o que ela pensava que foi um desejo mútuo, na realidade foi algo muito mais diferente. Talvez tão diferente que significava que ele não a quis nunca.

―Como o inferno que não o fará, ―ele grunhiu.

―Estou condenadamente certa que não, ― gritou dolorosamente ― Simplesmente vai à merda e se afaste como o inferno de mim, Abram. Maldição. Maldição!

Ela não estava chorando. Não havia lágrimas. A dor se voltou muito mais profundo, e machucava muito para as lágrimas, mas―… em lugar de se afastar dela, em lugar de deixá-la em paz, Abram a sacudiu para ele e a imobilizou no lugar contra seu peito.

―Beijar o traseiro? ―grunhiu. ― Farei isso e mais.

 

Deus, o que o fazia. Pensava que ele não tinha nenhuma intenção de falar com ela? Que poderia dormir a seu lado muito mais tempo sem perder a cabeça?

Não era fodê-la o que tinha intenções de fazer. Era amá-la. E podia ver em seus olhos que ela não esteve falando meramente de sexo. Disse foder, se referiu ao sexo, mas quis dizer muito mais.

Seu coração estava envolto e ela tinha a intenção de envolver o dele também.

Sustentando-a contra ele colocou os dedos em seu cabelo, puxando a cabeça para trás, e enquanto lutava contra a dor que sentia diante da ideia de não amá-la, seus lábios cobriram os dela.

Doce calor, ardente ira feminina e paixão se transbordavam de seus lábios. Ela curvou os dedos em punhos e os pressionou em seus ombros, parando justo um momento antes do verdadeiro rechaço. Ela não estava o negando, mas a ameaça estava ali.

Se lhe desse a oportunidade de considerar a verdadeira realidade do que ele poderia muito bem pretender, ela estaria gritando seu rechaço aos quatro ventos, e ele não seria capaz de culpá-la. Inferno estaria de acordo com ela.

Não tinha intenção de dar uma oportunidade.

Enquanto seus lábios cobriam os dela, sua língua roçava a comissura. Considerou por menos de um segundo a sedução que pensou efetivamente cada noite que dormiu com ela, com seu corpo nu aconchegado contra o dele.

Decidiu não fazer.

O domínio aumentou em seu interior. A necessidade, a fome por sua submissão sexual se precipitou através dele como um maremoto de proporções épicas.

A necessidade golpeou em seu cérebro. O controle se desintegrou. Só ficava o instinto. O instinto de um animal primitivo, completamente determinado a possuir a sua mulher em todos os níveis físicos que pudessem existir.

Puxou as mechas de cabelos enredados em seus dedos. Só a pressão suficiente para arrancar um gemido de seus lábios e fazê-la arquear contra ele.

Esta era sua forma de aceitá-lo e de aceitar o que tinha que saber que sairia dele.

Não era seu amante, e o simples nunca foi uma parte dele.

Deslizando uma mão de suas costas até as nádegas, curvou os dedos ao redor de seus firmes globos e a levantou separando do chão seus pequenos pés, girou, e quase tropeçou com a grande cama no outro extremo do quarto.

Parou só o suficiente para tirar o espantoso throb de seu corpo. Se nunca voltava a ver outra esses horríveis objetos envolvendo a perfeição de seu corpo, igualmente seria muito cedo.

―Se deite, ― grunhiu enquanto tirava sua própria roupa. A solta túnica e calças saíram, junto com a inclusive mais solta roupa intima branca e as botas de montanha feitas sob medida que usava.

Ela não se moveu para obedecer, em lugar disso devolveu um olhar desafiante, seus seios subindo e descendo rapidamente, apertados e duros pequenos mamilos o atraindo.

―Deite-se você. ― Ofegante, o calor enchia sua voz junto com o desafio. Seu som provocou que a cabeça de seu pênis palpitasse imperativamente.

Esteve a ponto de permitir que um sorriso puxasse de seus lábios.

―Acredita que funciona dessa maneira?, ― perguntou com voz sedosa. ― OH Paige, preciosa, isto não funciona assim. ― Ela estava empurrando, desafiando e esperando evadir toda sua responsabilidade.

Tinha sabor de inocência. Seus lábios se moviam debaixo dos seus com apenas um vislumbre de vacilação, como se não tivesse beijado durante muito tempo. Como se nunca fosse beijada por um homem com a intenção de se afogar completamente em sua fome mais profunda.

Uma fome que ele teria, sem importar até onde tivesse que chegar. Sacudindo contra ele até que seu pênis pressionasse firmemente dentro da carne de seu útero.

O calor de seu corpo chamuscando a sensível cabeça de seu pênis, extraindo um impulso de líquido pré seminal da torcida cabeça.

Afundando a língua além de seus lábios para possuir o doce néctar de sua fome.

Não era submissão o que dava. Quando sua língua pressionou contra a comissura de seus lábios, estes se apertaram, e ao empurrar para frente para atravessar a resistência que ele encontrou, ela fechou os dentes sobre ele.

Seus punhos afrouxaram, suas unhas arranhavam contra seus ombros como uma pequena gatinha desfrutando no prazer.

Tirando a mão de seu cabelo agarrou a mandíbula em seu lugar, seu polegar e dois dedos pressionando na parte traseira de sua mandíbula para obrigá-la a que seus dentes e lábios abrissem.

Um quebrado pequeno gemido abandonou sua garganta quando a língua forçou a entrada para acariciar contra a sua e saborear sua necessidade. Esta estava ali, a fome e o calor encontrando os seus próprios e explodindo fora de controle.

Cravou as unhas em sua carne quando ele a arqueou mais perto dele. A demanda em seu pênis estava palpitando através de seu corpo, trovejando através de seu fluxo sanguíneo.

Maldição. Quase fazia tremer os joelhos nada mais que com seu beijo. Nada mais que com seu quente corpo arqueando, o estômago acariciando contra seu pênis.

Bombeando a língua dentro de sua boca ele quase gemeu quando ela a sugou, os famintos e doces sonhos de sua boca quente faziam que seu pênis se sacudisse e pulsasse da engrossada crista com o passar do grosso eixo pesado.

Queria sua boca ali ― Queria descer o olhar sobre ela, observá-la tomá-lo, observá-la chupá-lo, observar como sua quente pequena língua lambia a seu redor.

Moveu a cabeça para trás, o fôlego chiando em seu peito quando observou seus olhos lentamente abrir.

O prazer refletido no brilhantismo de seus olhos esmeraldas, ruborizados traços de seu rosto. Sua língua apareceu para bater as asas contra seus próprios lábios, a visão disso fazendo apertar as bolas de desejo.

―Chupe meu pênis. ― A demanda a fez ruborizar ainda mais profundamente e a luxúria se intensificou em seu olhar.

Roçou as mãos para cima de seus ombros, pressionando contra eles para baixá-la sobre seus joelhos, a demanda imperativa, a necessidade arranhando em sua coluna vertebral.

Não é que ela fizesse o que ele esperava. Não ficou imediatamente de joelhos. Não sugou seu pênis dentro do ardente calor de sua boca.

Em lugar disso…

Ela o destruiu.

Pôs a um lado suas frágeis ilusões de cinismo.

Usou essa delicada ferida crescendo dentro de sua alma.

Destroçou-o.

Então lambeu, a doce lambida descendo por seu corpo começou a refazê-lo.

Paige apenas podia respirar.

O calor atravessou o peito furiosamente, nervos e desejo, medo e excitação fazendo que seu corpo inteiro tremesse.

Quando ele pressionou as mãos contra seus ombros, ela moveu os lábios sobre seus ombros, à língua saboreando o salgado e masculino sabor de sua carne.

Moveu as mãos descendo por seus lados quando ele a acariciou descendo por seus braços, e para cima, ao longo de suas costas. Baixando a cabeça, fortes dentes morderam o lóbulo da orelha em represália.

Então ela se desforrou. Seus dentes rasparam sobre seu ombro e o mordeu duro, logo desceu aos fortes músculos de seu peito, e ao masculino ponto de um bico do peito.

Abram sacudiu, grunhindo pela surpresa e o prazer quando a pequena quente língua rastelou sobre seu mamilo, e enviou calor derramando por seus sentidos.

Maldição, o fazia desejar coisas, querer coisas dela que estava seguro não eram boas para a saúde emocional de nenhum deles.

―Meu equilíbrio emocional não é inesgotável, ― ele gemeu quando sua língua lambeu e baixou relaxadamente por seu peito até os tensos e apertados músculos de seu estômago.

Quanto mais se aproximava, mais duro pulsava seu pênis e se inchava. A carne estava tensa, tão dura que era doloroso, tão malditamente sensível que estava seguro que podia sentir o ar a seu redor.

As unhas rasparam descendo por seus abdominais até suas coxas quando ela beijou, lambeu, e mordiscou enquanto descia até ficar a só centímetros da pesada cabeça torcida.

E ele estava seguro como o inferno que estava esmerando-se em a mover mais abaixo e mais rápido.

Maldito seja se não estava preparado para explodir fodidamente pela necessidade que o estava rasgando.

Magros e agraciados dedos se curvaram ao redor do lado do eixo, mas não havia nenhuma possibilidade de que pudessem rodeá-lo completamente. Mas ela o estava tocando, e esses carnudos lábios estavam aproximando-se por segundos.

Enterrou os dedos em seu cabelo outra vez, apertando-os, e fez uma careta quando sentiu o quente fôlego contra a engolida e palpitante cabeça de seu pênis.

Observava com o olhar fixo sobre suas ruborizadas facções, seus olhos fechados, e sua pequena língua rosada quando repentinamente lambeu sobre a cabeça profundamente ruborizada.

Lambia e saboreava, cada carícia de sua língua era como uma chicotada de doloroso êxtase. Uma vez que os lábios rodeassem seu pênis e a sugassem dentro, ele não duraria nem uns poucos segundos.

Então seus lábios estavam ali, lentamente, tão fodidamente lento, envolvendo a cabeça de seu pênis e chupando para dentro das apertadas e quentes profundidades de sua boca.

Ele observava. Observava como os lábios se fechavam sobre ele, como a língua começava a lamber e esfregar contra a parte inferior de seu pênis enquanto seus dedos puxavam em seu cabelo, tironeando e soltando quando ela gemia contra a excessivamente sensitiva crista de seu pênis.

Manter seu controle era um inferno, não liberar a pesada tensão que invadia suas bolas estava se voltando a mais eufórica tortura que ele alguma vez conheceu em sua vida.

Sua língua era relâmpago e êxtase, seus dedos sedoso calor quando ela começou a acariciar sobre o pesado eixo, seus gemidos vibrando ao longo da nervosa crista enquanto ele começava a empurrar lenta e brandamente, fodendo esses doces e bonitos lábios como só fantasiou durante tantos anos.

E não ia sobreviver a isto muito mais. A premente sucção de sua boca, a sua língua açoitando.

Suas mãos se apertaram.

Podia sentir o suor que descia por sua têmpora quando seu controle começou a desgastar até o ponto em que podia sentir suas bolas apertar violentamente.

Ia gozar.

Maldito seja o controle. Não poderia manter a calma aqui ― Não ia durar e queria estar enterrado dentro dela primeiro. Tinha que afundar em seu interior antes que perdesse a cabeça como aconteceu a primeira vez que teve seu corpo nu debaixo dele.

―Suficiente, ― grunhiu.

Ela não parou.

Suas pálpebras se levantaram. Seus olhos frágeis por tomá-lo profundamente e ela gemeu outra vez.

―Vou gozar nessa doce tua boca. ― Exalou bruscamente, sua voz rouca. ― É isso o que quer, preciosa? Meu sêmen enchendo sua quente pequena boca?

Ela ruborizou mais profundamente. Chupou seu pênis com mais força e o deixou pendurando em uma tortura de iminente felicidade.

―Tão bonita, preciosa, ― disse em voz baixa, observando seus lábios inchados arrastar sobre a pesada largura de seu pênis.

Sua boca encerrou a cheia crista, trabalhando a seu redor e esfregando a excessivamente sensitiva parte inferior com sua pequena língua quente.

Estava o destruindo.

Ele não podia conter.

Não queria deixá-la ir.

Queria estar dentro dela. A completa longitude de seu pênis recoberto pelo atrativo calor de sua boceta.

Moveu os quadris, empurrando, movendo contra a torcida beleza de seus lábios.

As mãos aferraram a cabeça e obrigou a si mesmo a retroceder. Para arrastar a dolorosamente cheia longitude de seu pênis fora do prazer de sua boca.

Brilhando, úmida por sua boca e tão condenadamente dura que estava morrendo. Então a elevou de seus joelhos e a colocou de costas brandamente sobre a cama.

E ela o surpreendeu. O fez apaziguar, a boca cheia de água, cada terminação nervosa de seu corpo ardendo pela fogosa resposta.

Ela se deitou contra os travesseiros, as magras pernas separadas enquanto seus dedos se deslizaram dentro do úmido calor de sua saturada boceta.

As magras pontas dos dedos se moviam através das úmidas dobras enquanto acariciava e rodeava o inchado broto de seus clitóris.

Aturdida e fascinada, devolveu o olhar, acariciando sua boceta e sussurrando um gemido hesitante.

Ele se moveu. Rápido e firmemente, segurou o pulso e arrancou os dedos da carne da qual ele ia apropriar-se. Cada beijo, cada toque, cada doce erótico gemido.

―Estava tão bom, ―ela sussurrou roucamente, curvando os dedos ao redor de sua mão. ― Não sente curiosidade a respeito de como me agrado? Como imagino e sussurro seu nome quando gozo?

Ver isso o faria gozar no ar sozinho, e não é o que ia acontecer.

Tomando o outro pulso, colocou ambos sobre o travesseiro por cima de sua cabeça com um olhar determinado.

―As deixe aí, ―advertiu ― Não as mova.

Sua pequena quente língua serpenteou sobre seus lábios quando ele colocou o joelho entre suas coxas enquanto se movia sobre ela.

Não teve a intenção de beijar os lábios, tentou ir diretamente a sua boceta para lamber a doce e quente excitação derramando dela.

Mas esses doces lábios o atraíram, arrastando.

A língua bombeou dentro de sua boca, acariciando e devorando enquanto a cobria, separando as coxas para criar o mais doce abraço que ele alguma vez conheceu.

Ela levantou as pernas, dobrando os joelhos enquanto os pés se pressionavam contra o colchão, os joelhos aferrando as coxas.

Grosso e pesado, seu pênis deslizou contra as escorregadias dobras molhadas de sua boceta. Engolida, dolorida pela fome que o estava rasgando.

Seus lábios se separaram dos dela, descendo pela seda de seu pescoço até a elevação de seus firmes e sedutores seios e os duros mamilos apertados.

Tinha que saborear seus mamilos. Uma guloseima rosada, dura e doce como o inferno. Curvou a língua ao redor de um e deixou que seu desejo fizesse o seu.

Paige estava afogando-se. Podia sentir a si mesmo afundando em um prazer tão incrível que não podia encontrar as forças para inclusive tentar resistir nem sequer a um segundo dele.

Advertiu que mantivera as mãos no travesseiro, mas tinha que tocá-lo, tinha que segurar-se a ele.

Sua cabeça dava voltas como uma rotação, o prazer açoitando através de seu sistema como um fogo ardendo fora de controle.

Cravou os dedos em seu cabelo quando seus lábios arrastaram a sensibilizada carne dentro de sua boca.

Chupando, girando, sua língua lambendo, seus dentes raspando. Chamas de sensação açoitaram e se deslocaram por todo seu corpo. Arqueando, ela estava desesperada por aproximar-se mais.

Queria segurar-se a ele para sempre. Só queria permanecer aqui em seus braços.

―Esperei, ― ela sussurrou, enjoada por muito prazer ― esperei tanto tempo, Abram.

Tantos anos e tantos sonhos por seu toque.

―Deus, Paige, doçura. ―Levantando a cabeça desceu o olhar sobre ela, às pernas pressionando as dela para abrir mais, os joelhos afundados na cama, a cabeça de seu pênis situando dentro dos acetinadas suaves dobras de sua boceta.

A apertada entrada se alagando ao redor da ponta de seu pênis quando pressionou para frente, seus olhos bloqueados com o entorpecido calor e começou a introduzir a dura carne dentro do quente agarre de sua boceta.

Paige estava presa pela meia-noite em seus olhos. Estava presa pelo prazer-dor que perfurava e estirava seu sexo.

Suas coxas tremeram, suas costas se arquearam, o pescoço estirado para trás enquanto as unhas se cravavam em seus ombros, os joelhos levantados, apanhando os quadris e abrindo a si mesmo para ele.

―Assim, bebê, ―ele grunhiu, os dedos apertando os quadris, seu olhar ainda fechado com o dela.― se segure a mim, bebê, ― gemeu quando ela observou a sua expressão esticar, e seus olhos arder.

Esse calor estava ardendo através dela. Como chamas lambendo sobre sua pele, rasgando através de seus sentidos. A grossa largura de seu pênis pressionava dentro, estirando e enviando uma dolorosa e desesperada necessidade quebrando através quando se arqueava, corcoveando contra ele, lutando por levá-lo mais profundo.

Os dedos se apertaram em seus quadris, os quadris masculinos mantinham um ritmo estável e veemente. Ele não se apressava, não ia mais lento. Conservava o olhar sobre ela e continuava trabalhando mais profundamente dentro de carne desacostumada.

Ela sacudia a cabeça sobre os travesseiros, enterrando neles, e com desesperados gemidos implorava por mais. Queria chiar, queria gritar por mais, mas OH Deus, não podia respirar.

―Por favor, ―ofegou, as unhas enterrando em seus ombros, aferrando quando os músculos de sua vagina ondearam e chuparam com prementes e fortes espasmos contra a cabeça de seu pênis alojada em seu interior. Trabalhando contra os resistentes músculos, a pesada carne pulsava, queimando dentro.

Necessitava mais.

―Abram, por favor, ―gemeu. ― OH Deus! Foda-me. Por favor, Abram.

Seus quadris sacudiram, enterrando mais profundamente.

Paige levantou os joelhos, envolvendo as pernas ao redor de seus quadris enquanto empurrava com sua boceta para cima, ofegando de prazer.

―Ali vai, preciosa, ―ele grunhiu. ― Fode essa doce boceta contra mim. Dê isso bebê ― Trabalha sobre meu pênis.

Os lábios se moveram a seu pescoço, dentadas e beijos, carícias de sua língua lambendo sobre ela quando começou a mover-se mais profundamente em seu interior.

Ao fim.

―Sim, ―ela sussurrou, seu prazer ecoando sob o grito que saiu de seus lábios ― Mais profundo, Abram.

Ela se levantou mais perto, as pernas apertando ao redor de seus quadris.

―Foda-me mais profundo.

Sacudiu os quadris contra as seus, levando a seu pênis mais profundo e mais duro dentro dela.

Ela estava sacudindo, estremecendo contra ele, mas ele estava estremecendo também. Ela podia senti-lo. Tinha o rosto enterrado em seu pescoço, os lábios movendo contra a sensível pele, os quadris movendo com mais força agora, empurrando seu pênis mais profundamente em seu interior.

O prazer começou a açoitá-la. Sensação sobre sensação enquanto se retorcia debaixo dele, com as pernas apertando ao redor de seus quadris, os braços rodeando o pescoço.

―Tome, Paige. ―Mordiscou os ombros ― Toma tudo de mim, preciosa.

Ela não teve muito mais que um segundo de advertência. Não tomou uma trêmula respiração quando os quadris dele corcovearam, ganhando força, e então com um só golpe enterrou toda a longitude em seu interior.

A grossa largura de seu pênis forçou seu caminho dentro dela. Cada duro centímetro acariciando ainda mais suas profundidades. O prazer e a dor se converteram em fogo vertiginoso quando ele começou a mover. Não parou, não lhe deu uma oportunidade para recuperar o fôlego ou para preparar-se para as sensações que rasgaram seu corpo, arrojando dentro de uma voragem de puro êxtase. Ela queria gritar que isto era bom, mas não podia gritar. O instinto mantinha o desespero preso no interior, silencioso, ou quase silencioso.

Teve que morder os lábios. Mordeu o ombro.

―Ah, Merda! ―Os dentes em seu ombro provocaram algo. Uma reação. Liberando uma criatura primitiva e sensual que ela nunca poderia ter esperado. Um selvagem primitivo e erótico amante que capturou seus sentidos.

Seus quadris se retorceram e avançaram, empalando dentro dela e fodendo-a com impulsores e enérgicos impulsos. Cada roce de seu pênis atravessando a sua boceta, empurrando até um limite que ela não soube que existisse. Empurrando para um êxtase tão fogoso que estava perdida dentro dele, suplicando por mais, morrendo com cada golpe.

Cada duro impulso separando e afundando, estirando e queimando. Mordeu o ombro mais duro, combatendo os gritos que brotavam em seu interior, lutando para contê-los.

―Não, ―gemeu. ― Não. Por favor, Abram. Não… ―sacudiu a cabeça. ― Quero gritar, ― choramingou. Ele grunhiu. Seus lábios cobriram os dela, a língua explorando o interior. Ele apanhou o som. Empurrou mais duro, seu pênis acariciando mais profundo, fodendo-a, possuindo-a, apropriando-se dela como nunca fez antes.

Nesse segundo ela sentiu as sensações precipitar, emergir. Os silenciosos gritos estavam ricocheteando através de sua cabeça e de sua alma.

Estava gozando com força. Não sabia se ia poder sobreviver. Explodindo ao redor da grossa cunha de seu pênis quando este começou a palpitar violentamente. Ele gemeu dentro do beijo e começou a gozar em seu interior. Quentes e profundos jorros de seu sêmen pulsando e alagando a ondulante carne de sua boceta.

Grunhindo dentro do beijo que refreava seus gritos, seus braços sustentando-a contra ele, possessivamente, desesperadamente.

E pela primeira vez em sua vida ela estava segura aonde pertencia.

Pela primeira vez em sua vida, ele soube o que significava pertencer.

E isso os aterrorizou a ambos.

 

―Se mova! É hora de ir! ―Abram sussurrou em seu ouvido, uma apreciação de perigo enchendo sua voz e despertando-a com uma onda de temor misturado com adrenalina.

Os olhos de Paige se abriram, levantando a vista confusa para ele, sua mão cobriu os lábios para tampar qualquer som que ela pudesse fazer, ocasionado pelo medo ou pela surpresa.

Contemplando, observou as geladas feições de seu rosto, a fúria fria e assassina brilhando em seus olhos negros, e soube que algo, de algum jeito, acabava de ir ao inferno.

―A roupa. ―Levantou a mão e com a outra entregou a roupa para ela. ― Sapatos. ― Pareciam botas de montanha e foram empurradas em sua outra mão. ― Se apresse.

Apanhando o pulso enquanto afastava as mantas, expôs a calor de sua pele nua ao ar frio de fora do cobertor e a empurrou a tirando da cama.

Ficando de pé, surpreendeu-se ao encontrar suaves calças de lã, uma abrigada túnica pequena, meias três quartos, e definitivamente botas de montanha. Vestiu rapidamente, seu olhar fixo tentando perceber através da escuridão enquanto distinguia a sombra de Abram movendo perto dela, vestindo-se também.

―A equipe estará no lugar, ― Tariq assobiou através da escuridão. ― Há cavalos esperando nas cavernas, mas não vamos brincar com o tempo. Azir está com Matawa agora, e estão ansiosos por entrar aqui.

A Matawa, temidos policiais religiosos que aplicam as estritas leis islâmicas em todos os assuntos, do cortejo, à vestimenta e às relações conjugais.

―Por que estão aqui? ―Empurrou as meias três quartos sobre ela tentando reprimir o medo de sua voz enquanto apressadamente terminava de se vestir.

―Por nós, ―Tariq grunhiu em um sibilante sussurro. ― Azir os mandou a chamar. Pararão você, a mim, e Abram até que dê seu voto ao emissário, e uma vez que o emissário tenha terminado se assegurarão que Abram seja castigado pelos crimes de depravação sexual e tentativa de abdicar a um voto dado à monarquia, o que se considera uma traição. Até então, você estará encerrada nas celas debaixo do castelo até que o voto seja efetivo para que tenha tempo de contemplar seus pecados antes que seja apedrejada até a morte. ―A repugnância soava em sua voz enquanto ela amarrava as botas e logo ficava de pé.

―Toma. ―Jaqueta, luvas, e um chapéu. ― A temperatura tem caído significativamente. Temos que nos apressar, estarão aqui dentro de uns minutos.

Houve um som de pedra raspando contra pedra, e segundos mais tarde Abram apanhou a mão e a apressou dentro de uma escuridão até mais entristecedora que a do quarto no que estiveram.

Quando ele e Tariq lutaram contra algo na porta para impedir a entrada ao lugar seguro, o clique do ferrolho voltou a travar, congelaram diante do som do pesado golpe contra a porta do quarto.

―Abre esta porta. Abram el Hamid Mustafa. Tariq bin Sai’d Mustafa. Paige Eleanora Galbraithe, a partir deste momento vocês foram acusados pelos crimes de separação sexual e conspiração e traição contra o império da Arábia Saudita.

Paige estendeu a mão, seus dedos se apertaram no braço de Abram diante do som do tom duro e cruel, e as acusações que estavam sendo levantadas contra eles.

As vozes se voltaram mais baixas, as palavras amortecidas pela madeira e as barreiras de pedra, não chegando a seus ouvidos enquanto a adrenalina começou a surgir por ela.

Por que eles estavam justo agora ali?

Apertou os dedos com mais força em seu braço, a necessidade de correr afligindo agora. Cada uma dessas acusações eram castigadas apedrejando uma mulher, mas só a acusação de traição significava tal castigo para Abram e Tariq.

Ela podia sentir contra ela, a tensão em seu corpo acumulando quando desenredou o braço de seu agarre só para envolvê-lo ao redor de seus ombros e empurrá-la contra ele.

O golpe repetiu.

―Três. ―Abram começou a contar regressivamente ― Dois. ― Quando falou a voltou para a parte posterior do que era uma caverna ou quarto dentro de que estavam escondidos.

Um segundo mais tarde os sons fortes e estridentes de uma pesada banda metálica começaram a chiar através do quarto.

Paige sobressaltou-se, não conseguindo conter um grito de surpresa diante do ruído gritão. No mesmo segundo, os braços de Abram se apertaram a seu redor e estavam apressando desenfreadamente dentro de uma escuridão não iluminada pela lanterna que Tariq sustentava diante dele.

―Que diabos aconteceu? ―Abram grunhiu quando começaram a correr atravessando o corredor de pedra que ela estava segura que teria que seguir correndo indefinidamente.

―Não sei que caralho aconteceu, ― Tariq sussurrou em resposta. ― Estava com nosso contato arrumando o resgate quando ele recebeu a ligação informando que a Matawa estava se dirigindo à fortaleza para prender a nós três, e que Jafar não podia ser encontrado. Azir os contatou, de acordo com nosso contato, Yassir, descobriu e se apressou a voltar para a entrada da caverna. Por isso nos dizia enquanto corrêssemos pelas cavernas, Azir os chamou e informou as acusações. Ele também tem uma ordem de “arresto imediato” contra Khalid, a mãe de Paige, e seu pai se entrarem na Arábia Saudita. Tudo isto é uma fodida confusão, e ainda não averiguei como fez Azir.

Azir, o pai de Abram. Encontrou outra forma de trair seu filho.

―Ele tem pouca influência com a Matawa, ― Abram grunhiu. ― Poderá manter a ordem em vigor só até que as autoridades em Riyadh se inteirem e a exponham diante do rei― Mas até então, eles podem fazer exatamente isso, matar imediatamente.

Ele nem sequer soava ofegante ou cansado e Paige sabia que suas pernas já se renderam.

Tentou inalar o ar suficiente dentro de seus pulmões para evitar paralisar, seu coração palpitava rápido e feroz enquanto Abram quase a levava a uma corrida mortal.

―Completou os detalhes do resgate? ―A voz de Abram estava exânime, toda emoção arrasada dela agora.

―O resgate estava quase terminado quando entrou a ligação. Yassir conseguiu ligar para o resgate de emergência nesse momento, ―Tariq o informou. ― Temos três horas para chegar ao ponto de recolhimento nas montanhas. Se não estivermos ali, então se vão sem nós. Falei com o comandante dos soldados montados eu mesmo e tem a intenção de assegurar condenadamente bem que nada estorve a informação que tem entre mãos, mas não está disposto a observar seus homens morrer para conseguir. Conseguiu os arquivos?

Qualquer deles levaram tempo para conseguir algo mais?

―Em minhas costas, ―Abram cuspiu. ― Minha mochila contém tudo o que reunimos o ano passado. Não se preocupe a equipe de resgate não irá sem nós, Tariq― Necessitam isto condenadamente muito e sabem.

Ele se assegurou de não converter-se em uma vítima da política ou da indiferença nos planos que organizou para que Tariq e ele, e agora Paige também, pudessem ser tirados da Arábia Saudita.

―Jafar levou Chalah à pista de aterrissagem do deserto onde um Learjet privado fez uma rápida parada e a pegou antes de partir outra vez, mais cedo esta tarde. É aí onde suspeitamos que ele esteja, retornando da pista de aterrissagem, ―Tariq informou, enquanto Paige estava segura que o túnel não tinha fim.

―Ao menos ela se foi daqui, ― Abram mordeu as palavras bruscamente ― Ter meus amigos em perigo nesta guerra que Azir esteve empreendendo contra nós está conseguindo que o mate.

E ela pôde ouvir a certeza na voz de Abram de que ele seria o único em matar seu pai.

―O que eu gostaria de saber é por que diabos Jafar estava tão malditamente decidido a tirar-lhe daqui esta noite, ―Tariq questionou, sua voz dura.

―Por que não a manteve aqui, como Azir o esteve empurrando a fazer? ―Abram perguntou em troca. ― Só Deus sabe o que qualquer deles tem planejado.

―Há cavalos esperando na caverna, e deveríamos chegar ao lugar de resgate bem a tempo se formos condenadamente afortunados, ―Tariq indicou quando rodearam ainda outra curva no túnel.

―Há alguma forma de que possam encontrar a porta encoberta no quarto de Abram? ―Paige sussurrou quando o medo apertou o estômago e fez tremer a voz ao pensar em ser perseguida.

―Azir procurou nesse quarto e em cada outra sala do castelo as portas aos túneis que já fechou. Ainda não encontrou alguns deles. Muitos dos túneis se desviam em muitas diferentes direções com as que se chega a salas mais estrategicamente localizadas e às que se acessa por mais de uma escondida porta de pedra e túnel, como um condenado labirinto subterrâneo sem mapa, ―disse Abram ― Este corredor particular evacua dentro de uma velha mina. Facilmente tem milênios de antiguidade e a saída não é nada mais que uma estreita greta em uma parede rodeada por cantos rodados e caídos. Se pudesse ser encontrada, Azir já o teria feito a esta altura.

Não diminuíram o ritmo. Ambos os homens mantinham um passo constante que nunca diminuía, um que Paige não poderia ter uma esperança de seguir se não fosse pelo braço de Abram envolto ao redor de sua cintura.

Ainda assim, ela estava ofegante, cansada, e lutava para manter o ritmo só o suficiente para evitar que ele tenha que diminuir seu passo. Parecia necessitada, débil, e incapaz de lutar o suficiente como para inclusive participar de sua própria fuga.

―por que Azir o denunciou com Matawa? ― Ela ofegava enquanto lutava para ajudar Abram a mantê-la sobre seus pés ― Qual era o ponto?

―Inferno se sei, ―Abram grunhiu. ― Faltavam ao menos duas semanas antes da suposta chegada do emissário e Azir tem que me ter ali para dar esse voto, não sob arresto, esperando a morte, ou morto. Isso não serve para nada.

―Prenderiam Paige e a mim até que você desse o voto, então ordenaria nossas mortes uma vez que o faça, ―Tariq indicou, sua voz exaltada e dura enquanto indicava o caminho através do corredor ― Não se arriscará a permitir nem um só aliado se pode te manter aqui.

―Paige é uma cidadã americana cuja família é mais que consciente de onde está, ―Abram grunhiu. ― Sabe que não pode escapar disso, como sabe que eu encontraria a maneira de contatar com o consulado americano, os escritórios reais sauditas, e qualquer jornalista que esteja disposto a escutar. ―E os acidentes ocorrem em prisões todo o tempo, especialmente nas celas de detenção que tem a Matawa. Quando eles a liberassem, Abram, sabe o estado no que ela estaria.

Paige não gostaria de imaginar o estado no que ela estaria. Ouviu o suficiente a respeito das prisões sauditas de Khalid ao relatar os horrores que seus amigos sofreram quando eram presos pela Matawa.

―Não parece como a minha ideia de uma atividade de férias patrocinadas, ―ela sussurrou, sua voz tremendo quando acreditou sentir uma brisa e detectar uma rajada de ar fresco adiante.

―Sim, bem, precisa falar com seu agente de viagens a respeito disso, bebê, ―Abram assegurou sobriamente.

―Talvez exija um reembolso, ―ela sussurrou.

Sim, isso era definitivamente ar fresco.

Graças a Deus. Não soube se ia poder aguentar muito mais tempo neste corredor fechado com seu escuro e insalubre ar e a sensação de fechamento obrigado.

A estreita greta de abertura na parede da caverna os levou primeiro em cima de um grupo de rochas superficiais que chegava até o rochoso teto sobre suas cabeças.

Como se fosse jogada ao azar contra a parede e ricocheteado no chão a seu redor. Ainda a segurando pelo pulso, Abram a arrastou através do transitivo labirinto de pedra até o quarto principal da grande caverna.

O relincho de um cavalo a fez voltar os olhos para a saída e ao grupo de homens e cavalos que os esperavam.

Três dos cavaleiros instantaneamente saltaram de seus cavalos, sustentando as rédeas amplamente enquanto um cavaleiro maior desmontava e as agitava para os cavalos.

―Meu sobrinho enviou a mensagem que os guardas de Azir e a Matawa estão se preparando para deixar o castelo. ― O cavaleiro se moveu rapidamente para Abram, entregando um rifle e uma pistola embainhada em um cinto de couro.

Envolvendo o cinturão ao redor de seu pescoço e debaixo de seu braço, Abram agarrou o rifle e o atou sobre o cavanhaque da cadeira de montar antes de dar a volta e rapidamente tomar Paige por seus quadris para ajudá-la a subir no cavalo que estava a seu lado.

―Suspeitam que tenhamos tomado alguma direção? ―Abram perguntou em seguida enquanto Paige tomava as rédeas que entregou rapidamente.

―Para as montanhas. ―O cavaleiro cuspiu no chão depois de falar ― Cavalguem rápido e ganhem ali, mas ainda podem conseguir chegar antes do resgate.

Ele era americano. O som do acento do Texas a assombrou.

―Boa sorte, ― gritou quando Abram chutou seus calcanhares nos lados do cavalo e eles bateram da caverna na fresca e clara noite prévia ao amanhecer.

O estrondo das patas dos cavalos fazia eco ao redor dela, amortecendo por completo o som do coração enlouquecendo em seu peito.

Abram tomou à dianteira e Tariq montou na retaguarda, mantendo Paige entre eles. Se não fosse por ela não teriam que correr desta maneira e a Matawa não os estaria perseguindo com semelhantes acusações.

É obvio se Azir não a sequestrasse, nada disto teria ocorrido tampouco.

―Yassir tem a seus homens rastreando aos principais caçadores de Azir. ― Tariq se comunicou com os auriculares de comunicação que usava ― Ele nos avisará se eles se dirigem para nosso caminho.

―Ele os guiará a nosso caminho, ―Abram assegurou. ― Há só uns poucos lugares que podem utilizar para o resgate e eles não vão se afastar dali.

Podiam rezar e se esforçar por conseguir chegar primeiro, mas além de ser algo que estava fora de seu controle a aterrava.

A falta de controle tanto de suas emoções como das respostas a Abram quando chegasse a sua segurança, era aterradora. Ela foi uma mulher independente com um trabalho, um futuro, e a habilidade de tomar suas próprias decisões. Arriscar-se a morrer era uma ideia de pesadelo para ela.

Só quando a furiosa corrida através da noite terminasse, ela ia estar segura.

―Estão tomando este caminho, Abram, ―Tariq anunciou quando se aproximaram da base das montanhas que se levantavam diante deles ― Yassir recebeu a confirmação de seu espião entre os guardas de Azir. O comandante da Matawa recebeu uma chamada e eles mudaram que direção.

Abram repentinamente virou para o lado mais escurecido da borda do caminho, suas maldições ferroando na noite.

―Têm vigilantes. ―Tariq estalou. ― Possivelmente franco-atiradores.

―Azir não tem nenhum franco-atirador e duvido que a Matawa tenha. Mas Jafar os teria.

―Daria a ordem de fogo? ―A voz de Paige tremeu, nem tanto pelo medo esta vez, mas sim pela fúria.

Se sobrevivesse a isto então mataria Jafar por si mesma.

―Não sei ― Estavam obrigado a frear os cavalos a um trote duro em lugar de um galope.

―Tomaremos na próxima curva o caminho mais comprido para subir às montanhas, ―Abram disse ― E isto, meninos e garotas, é a merda que têm estas montanhas. Não temos pistas dos giros da montanha.

―Não as necessitaríamos se não tivéssemos que tratar com os idiotas de nossa família, ―Tariq grunhiu.

―Sorte a nossa, não? ―Abram acenou enquanto girava a seu cavalo para outro atalho.

―Não o chamaria sorte. ―Paige disse de repente, um mórbido sentido de humor negro a afligindo. ― Acredito que conseguiram cair mal aos olhos de Deus esta semana, meninos.

O silêncio se encontrou com sua observação um segundo antes que Tariq lançasse uma zombadora gargalhada seguido por Abram.

―Conseguimos cair mal a alguém todo o tempo, ―Abram esteve de acordo. ― Simplesmente acontece.

Foi uma breve sensação de alívio na tensão que crescia pela batalha para simplesmente permanecer vivos. Moveram-se mais à frente subindo pelo lado da montanha ao longo de uma curva que colocava os dentados e afiados picos dos enormes cantos rodados entre eles e sua posição prévia.

Abram estava tratando de bloquear qualquer mira de um rifle de franco-atirador, pensou Paige.

―Jafar os reuniu, ―anunciou Tariq, sua voz repentinamente grossa. ― Está avançando por um atalho que nos alcançará antes que a Matawa e os soldados de Azir. Está cavalgando com uma dúzia de homens.

Abram acelerou o passo a pesar do perigo para os cavalos e para eles.

―A ETA do resgate está esperando, ―Tariq assegurou. ― Estaremos chegando com o justo tempo.

―Não quis indevidamente ficar sem margem suficiente, ― grunhiu Abram.

Maldição, isto estava indo rumo ao desastre, pensou, justo como Azir planejou. Isto foi o que ele planejou todo o tempo. Não necessariamente a fuga de Abram, a não ser definitivamente assegurar que tanto Tariq como Paige fossem conscientes que Azir sustentava seus destinos na palma de sua mão.

Primeiro se suicidaria, Abram decidiu. E estaria condenado se ia deixar esta terra a Jafar para que se apoderasse com seus terroristas. Tinha recursos e parecia forçado a fazer esse voto. Azir e Jafar averiguariam simplesmente até onde ele estava disposto a ir para assegurar que os que estivessem destruiriam Paige e Tariq se não saíssem daqui vivos esta noite.

―Yassir estabeleceu contato com a equipe de resgate, ― Tariq informou. ― Seu ETA está a tempo e estão ingressando na área. Estão vindo em sentido oposto da Matawa, mas os homens de Jafar os verão imediatamente.

― Diga que proceda, luzes negras, o sensor de noite ativado, ― Abram ordenou. ― Somos a equipe menor na montanha e estamos começando a nos pôr nervosos.

Tariq transmitiu a informação enquanto Abram voltava o olhar Paige, seu rosto tão pálido que era facilmente visível na escuridão.

―Conseguiremos, ―declarou, inclusive enquanto rezava para poder manter essa promessa.

―Estamos entrando no claro, ―indicou Tariq ― Yassir perdeu de vista Jafar e seus homens.

―Estão perto então, verdade? ―Paige especulou, seu olhar rastreando a escuridão quando os primeiros e débeis raios do amanhecer começavam a aparecer.

―Tenho a sensação de que estiveram perto desde o começo, ―Abram declarou enquanto observava as sombras atentamente.

O amanhecer não estava longe. A equipe de resgate deveria chegar a minutos da crescente concorrência, revelando a presença.

―Dez minutos, ―indicou Tariq tranquilamente―― Já quase estamos fora de perigo.

―Com o quase não se chega a nenhuma parte. Não é isso o que se diz na América? ―Jafar saiu das sombras enquanto Abram levava seu cavalo a fazer uma lenta parada.

―Pare Jafar, ―Abram advertiu. ― Olha desta maneira, comigo ausente, pode controlar a jurisdição.

Jafar enganchou os dedos no cinto de couro que colocou sobre sua túnica e observou Abram cuidadosamente.

―Ah sim, um plano perfeito salvo pelo fato de que dentro de duas semanas a jurisdição transborda o regime se você for incapaz, ou relutante, a aceitar controlá-la. E não pode nomear a um sucessor por no mínimo dez anos no caso de que tenha filhos.

Abram apoiou os braços no extremo da cela e olhou seu primo.

―Está certo, ―esteve de acordo. ― Mas possivelmente poderia assegurar que fizesse o voto pelo menos, se você e Azir não mentissem a Matawa dentro disto.

Jafar fez uma careta.

―Essa não foi uma decisão que eu tomei a não ser uma que Azir decidiu precipitadamente quando se inteirou que Pavlos e Marilyn Galbraithe estavam se preparando para viajar a embaixada americana em Riyadh e protestar pelo sequestro de sua única filha, Paige Galbraithe. E eu acredito que nosso muito mesmo rei esteve o ameaçado contra as repercussões de Azir apesar dos protestos da Matawa por sua depravação sexual.

Abram desmontou lentamente, o conhecimento de que não poderiam escapar a menos que ele conseguisse dissipar Jafar priorizava em sua mente.

Queria deixar a Arábia Saudita sem derramar sangue. Especialmente não quis derramar sangue de Jafar.

Não parecia como que ele fosse poder ser capaz de evitá-lo.

Voltou a olhar aos homens se materializando atrás de seu líder.

―Quis saber se era capaz de ganhar durante anos, Jafar, ―disse.

―Assim é ―Jafar assentiu com a cabeça com um sorriso feliz. ― E sempre me negou essa oportunidade.

―Deixa-os ir. ― Abram assentiu com a cabeça para Paige e Tariq, ignorando seus repentinos protestos ― E lhe darei a oportunidade.

―O que vai fazer, Abram? ―Paige sussurrou desesperadamente ― Não pode fazer isto.

Ele manteve o olhar sobre o pensativo rosto de Jafar.

―Onde está o benefício? ― Disse Jafar arrastando as palavras ― Sua fuga, simplesmente pelo prazer da briga? Isto me trará uma pequena comodidade quando a terra de meu pai seja tomada pelo rei e nós recebemos instruções de ir.

Abram assentiu com a cabeça lentamente.

―Vejo seu ponto. Façamos que valha a pena tanto nosso tempo como nosso sangue, então. Deixa que Paige e Tariq sigam seu caminho. Pode me bater até que não possa permanecer parado então ficarei, darei o voto, e darei os dez anos para assegurar suas posses.

As sobrancelhas de Jafar levantaram com surpresa.

―E se você pode me bater até o ponto em que eu não possa me levantar?

―Então você assegurar minha fuga quando a equipe de resgate chegue. Inclusive contra Azir e a Matawa.

Um sorriso tocou os lábios de Jafar.

―Abram, por favor, ―Paige sussurrou atrás dele ― Por favor, não faça isto.

―Sua mulher não tem fé em suas habilidades para ganhar? ―Jafar riu.

―Não tenho fé em suas habilidades para não fazer armadilha! ―Paige disparou em resposta.

Abram escoiceou pela selvageria em sua voz quando ela falou, e pelo insulto que dirigiu a Jafar.

―Estranhamente, eu tampouco. ―Jafar riu quando voltou a olhar a Abram ― Está disposto a arriscar?

 

Abram não podia dizer que ele alguma vez sentiu a dor ou o medo de outra pessoa até agora. Sua pele picava com uma profunda e pesada sensação quando sentiu a pegada de Paige apertar. Sua respiração estava mais acelerada que antes, a fúria que sentiu construindo dentro dela estava crescendo.

Se tivesse tido uma arma de fogo Abram temia que meteria uma bala na cabeça de Jafar no momento em que apareceu. O ódio para ele estava se voltando absoluto.

―Temos um trato, então? ―Jafar riu embargado ― Há algumas regra?

―Mantenha-se interessante, ―Abram sugeriu, quase esperando com antecipação a briga por chegar ― Punhos, cotovelos, ou joelhos somente. Igual a quando éramos crianças.

Não brigou desde que alcançaram a idade adulta. As batalhas que confrontavam em suas vidas teriam feito a suas questões domésticas parecerem insignificantes em contraste.

Jafar deu um passo adiante, seus polegares enganchando nos laços do cinto ao redor de seus magros quadris quando Abram tirou o casaco que colocou. Antes de deixar a fortaleza se vestiu com calças jeans, uma camiseta térmica, um casaco de jeans, e as botas de excursionismo de couro. Não estava justamente preparado para o frio da noite desértica, nem marginalmente protegido, além disso.

As roupas que usava eram cômodas, simples e folgadas.

Jafar parou e olhou a roupa quase com pesar antes de dar um pequeno suspiro e estirar os ombros.

―Abram, está louco, ―assobiou Tariq ― Sempre ganhava em nossos traseiros quando fomos crianças.

―Já não somos crianças. ―Abram dirigiu um premente e antipático sorriso quando se afastou de um primo para enfrentar ao outro. ― E tenho uma razão para ganhar.

Não houve posturas nem preliminares. Foram direto ao outro, punhos voando, grunhidos desprendendo de seus lábios e pura testosterona masculina avivando cada golpe.

Esteve necessitando isto. Uma oportunidade para fazer retornar algum fodido sentido comum dentro da cabeça de seu primo desde o dia em que percebeu de que Jafar estava lutando junto a Ayid e Amam.

―Merda! ―grunhiu quando Jafar conseguiu dar um duro murro a sua mandíbula.

―Que vergonha, primo, essa linguagem, ―Jafar o arreganhou enquanto saltava para trás para evitar o golpe de resposta de Abram ― Como disse, semelhante desacato de decência só levará a um triste final.

―Isso ou minha condenada família, ―Abram replicou com um aberto sorriso premente ― me diga Jafar, quando deixou de sonhar com a liberdade e começou a sonhar controlando vidas em seu lugar?

Jafar parou, seus olhos estreitando pela afronta. Suas fossas nasais se alargaram quando algo similar a uma fúria demente pareceu resplandecer no estranho verde-azulado de seus olhos. Essa fúria era a distração que Abram estava esperando.

Aproveitou a vantagem e estampou seu punho contra a mandíbula de Jafar seguido de um contundente rápido golpe do joelho contra sua virilha.

Os olhos de Jafar ampliaram pela agonia enquanto inalava profundamente. Um forte som de chiado saiu expelido de seus pulmões enquanto Abram o apanhava dos ombros e colocava o joelho de um golpe no diafragma de seu primo. Ao que seguiu rapidamente um duro muito direito em seu rosto, estampando um murro em sua mandíbula, jogando para trás para ser apanhado por um de seus homens. O barbudo combatente mais velho esboçou um infame sorriso e jogou seu comandante outra vez à briga.

Abram não tinha o tempo nem a habilidade para estender esta pequena batalha. Podia ouvir o sob zumbido do helicóptero movendo-se sigilosamente, muito mais perto do que ele antecipou. Em minutos a equipe de resgate estaria no lugar e preparado para recolhê-los.

Não podia afrouxar. Conseguiu tomar vantagem, algo que nunca conseguiu de criança e assumiu que nunca o obteria de adulto. Com os punhos, os pés, e outra joelhada tanto na virilha como no estômago, Abram fez cair seu primo no piso com um selvagem grunhido de triunfo.

―Ganhei, ― disse asperamente, sua voz soando agitada e rouca quando desceu o olhar sobre Jafar ― Esta vez é mais importante que o orgulho de meu pai.

Jafar o olhou, sua respiração rápida e esforçada, seu rosto ensanguentado, seu estranho olhar cor verde insolitamente divertido a pesar da dor que o enchia.

―Tome cuidado, primo ―Jafar advertiu, sua voz baixa. ― Permitir que uma mulher seja semelhante debilidade…

Algo cintilou nos olhos de Jafar, um pouco encarniçado e cheio de fúria selvagem enquanto cuspia cada palavra.

―Tome cuidado, Jafar. Sem isso, converter-se no monstro que está começando há enfrentar cada dia no espelho, ―disse Abram antes de dar a volta e mover-se para onde Paige e Tariq esperavam.

Não houve um segundo de advertência. Os olhos de Tariq aumentaram, Paige gritou de terror, e a sensação do frio aço contra seu pescoço parou seus passos.

Abram congelou, o lamento por seu primo brotando em seu peito tanto como por si mesmo.

―Estava acostumado a ser um homem de palavra, primo. ―E infelizmente, de todas as coisas que Abram esperou que Jafar recordasse, foi à honra de sua palavra.

―Estava acostumado a ser muitas coisas, primo, ―Jafar disse brandamente ― Muitas duras lições me ensinaram o quanto equivocado estava. ―A folha raspou contra a jugular de Abram quando ele deixou que seu olhar se encontrasse com o de Paige.

O terror enchia as profundidades esmeraldas enquanto suas lágrimas derramavam sobre suas bochechas. Tariq estava atrás dela, a segurando para impedir de cruzar a distância.

Ela teria se deslocado para ele, deu-se conta com desconcerto. Inclusive sabendo que não havia nada que pudesse fazer, e que havia uma alta possibilidade que pudesse ser machucada, ainda assim, teria se deslocado para ele.

―Jafar, por favor, não faça isto, ―ela gritou horrorizada. Abram sentiu a faca começar a arranhar sua carne.

―Não vou voltar, ―Abram advertiu brandamente, conhecendo o jogo que seu primo estava jogando. ― Não posso voltar, Jafar. Sabe.

―Volta ou morre, ―Jafar grunhiu. ― Não podemos permitir que vá neste momento, Abram. Sabe isso.

―Não tem alternativa. Aceita, ―Abram respondeu tranquilamente ― Eu não retornarei, Jafar, e não darei esse voto. Você e Azir perderam este jogo.

―Talvez ponha a faca na garganta de sua amante, ― Jafar sugeriu zombando ― Então faria o que necessito que faça?

Abram quase fica sem fôlego pela forma em que o outro homem expressou suas palavras.

Quase.

―Teria que me matar primeiro, ―advertiu ― Não o permitirei tocá-la enquanto viva.

―Fácil de fazer. ― Seu braço esticou e a folha pressionou mais duro.

―Deve-lhe isso, Jafar, ― Paige gritou furiosamente, sua voz crua e rouca enquanto Tariq parecia obrigado a detê-la.

Ela lutou contra seu agarre, sua expressão retorcendo com ferocidade.

―Maldição, Jafar, deve-me isso, ― ela gritou outra vez. Abram sentiu um choro de sangue em seu pescoço e ainda assim igualmente ficou parado em silêncio, com muita curiosidade pelo caminho em que seu primo tomaria para tentar de quebrar seu agarre neste momento.

Jafar parou.

―Deve-me isso, ― Paige repetiu enquanto as lágrimas desciam por seu rosto. ― Ainda me deve isso.

E exatamente que diabos Jafar deveria a ela?

―É uma mulher linda, ―suspirou Jafar, segurando contra ele o lado da cabeça de Abram intensificando ― E sim, devo muito a ela. Sem ela, possivelmente estaria morto.

Surpreso, Abram perguntou que diabos estiveram passando através dos anos que ele ignorava.

―E assim é como paga suas dívidas? ―Abram perguntou. ― Com sangue?

Atrás dele, sentiu Jafar tomar ar lentamente, profundamente, como preparando a si mesmo. Quando seu corpo apertou, Abram esticou também, cobrindo sua própria expectativa com a de Jafar.

―Sinto muito, primo, ―disse Jafar ― Mas não posso permitir sua fuga nem a deles.

Quando as palavras saíram de sua boca a vista das sinuosas linhas vermelhas do laser dos rifles atravessaram a noite, apontando a Jafar e a cada um de seus homens enquanto policiais com cordas negras e armados deslizavam silenciosamente dentro de suas posições.

Rodearam a equipe de homens de Jafar e Abram deixou que seu olhar se movesse a Paige outra vez.

Algo dentro dele se oprimia cada vez que deixava que seus olhos se encontrassem com a pena nos dela e o conhecimento do medo que invadiu seu rosto quando Jafar manteve essa faca contra sua própria garganta.

―Libera-o, Jafar, ―a voz de comando do policial com máscara negra estava mais perto dele quando ordenou.

―Não posso fazer isso. ―Desinteressada diversão na voz de Jafar era tão estranha como a tensão em seu corpo.

―Não nos obrigue a começar a disparar a seus homens, ― advertiu quando Jafar negou-se a mover ― Faremos.

―Nos chamamos mártires por uma razão. ― Jafar brincou embora a faca nunca se movesse.

Não ia mover. Que fodido jogo estava levando ao final seu primo? Se Jafar ia cortar sua garganta, já o teria feito.

Abram encontrou um pouco muito fácil cravar o cotovelo no diafragma de seu primo enquanto segurava o pulso que segurava à faca ao mesmo tempo.

Empurrando o braço de Jafar a um lado enquanto segurava o pulso, Abram se soltou, retorcendo o pulso quando ele se moveu e seu primo de joelhos.

Abram o liberou. Ele saltou para trás à segurança atrás dos policiais que agora estavam rodeando a equipe de soldados terroristas.

―Deixem cair suas armas e iremos tão silenciosamente como chegamos, ― ordenou o comandante ― De outra maneira, mataremos, se tivermos que fazê-lo.

As armas dos terroristas foram lançadas descuidadamente ao chão enquanto Abram se movia rapidamente para Paige. Foram recolhidas e confiscadas para assegurar uma fuga segura, mas Abram tinha outras coisas das que ocupar além de observar a derrota dos soldados. Tinha que chegar a Paige. Tinha que aliviar seu medo e suas lágrimas antes que ela quebrasse seu coração com elas. Os braços dela voaram ao redor de seu pescoço enquanto gritava seu nome. O som quebrado de sua voz e o estremecimento de seu corpo fez que todos seus instintos protetores chiassem.

―Temos que ir, ―sussurrou no ouvido quando os policiais se moveram para ajudar Tariq a entrar no arnês que o levantaria até o helicóptero que sobrevoava.

Afastando-se dela, tomou o arnês do policial que esperava e a ajudou a entrar nele antes de atar o seu e fechar à corda.

Bem a tempo.

Quando estavam sendo elevados no céu escurecido, as luzes dos veículos de Matawa começaram a atravessar as sinuosas rotas que eventualmente conduziam até sua localização.

Uma vez que Matawa chegasse, não haveria escapatória sem derramamento de sangue.

Em questão de segundos as cordas foram devoradas dentro do helicóptero, os policiais subiram dentro, amarraram seus passageiros e então a si mesmos, antes que o helicóptero saísse disparado pelo céu.

―Capitão Mustafa, estaremos aterrissando em uma base aérea escondida e transportando em um avião diretamente a DC. ― O comandante Ramsey tirou de um puxão a máscara de seu rosto enquanto fazia o anúncio.

David “Race” Ramsey se reclinou contra o marco da base do helicóptero Falcão Negro enquanto cravava os olhos sobre eles.

―Obrigado por chegar a tempo, Comandante Ramsey ―Tariq sorriu. ― Parecia como que poderiam estar atrasando por um minuto ou dois ali.

Race dirigiu uma pequena risada afogada enquanto seus olhos azuis brilhavam com diversão.

―O General Jack Walters estará esperando-os em DC para interrogá-lo, Capitão Mustafa, e a Srta. Galbraithe. ―Ramsey sorriu abertamente a Tariq ― Um de vocês vai ter que subir de fila logo, antes que as coisas fiquem confusas.

―Sim, Senhor, ―Abram respondeu, só escutando pela metade quando sentiu Paige esticar contra ele.

―Capitão Mustafa? ―Ela sussurrou.

―Um formalismo, nada mais, ―respondeu em voz baixa, rogando que ninguém o explicasse antes que ele tivesse a possibilidade de fazê-lo por si mesmo.

Os lábios de Ramsey fizeram uma careta, obviamente captando a menos honesta resposta.

Era outra das mentiras que dizia. Uma de tantas, e Deus sabia que ela não merecia a falta de honradez.

―Seu irmão e pais estão sendo notificados de seu resgate, ― Ramsey assegurou a ela antes de assentir com a cabeça a Abram ― É bom o ter de volta, senhor.

―É bom ter retornado, Comandante. ―Abram assentiu. Passou um tempo desde que ele teve de considerar a patente que ganhou enquanto havia trabalhando encoberto no lugar no que deveria ter podido chamar lar.

Abram girou a cabeça e ficou olhando por um segundo a obscurecida terra curtida pelo sol debaixo deles.

Não havia lamentos.

Enquanto observava sua terra natal afastar-se dele não podia sentir nada pelos anos que passou ali, salvo dor.

Lessa estava sepultada ali, igual à segunda esposa que ele não conheceu, junto com seu menino não nascido.

Estava deixando atrás a sua juventude, mas não serviu de muito enquanto a teve. Ao igual à terra em que nasceu se recusou a protegê-lo.

―Estamos indo para casa, ― Paige sussurrou contra seu peito. Em sua voz podia ouvir a pergunta subjacente.

Quando sua cabeça se inclinou para trás para olhá-lo, viu a silenciosa pergunta nas profundidades esmeraldas.

Era uma pergunta que ele não estava preparado para enfrentar.

―Recuperará sua vida agora, ―declarou enquanto deliberadamente se movia no assento a seu lado. Enquanto a segurava, não podia pensar, não podia sentir nada mais que sua necessidade por ela.

―Sim, ―ela anunciou brandamente.

―Seu trabalho. ―moveu-a em frente para ajudá-la a tirar o cinto.

Ela pestanejou, contendo o fôlego quando ele observou o conhecimento penetrando em seu olhar.

Ela assentiu com a cabeça vacilante.

―Meu trabalho. ― Falou, apesar de que isso não era certo, ele recordou. Ela não tinha trabalho, por culpa dele, de Jafar e de Azir. Perdeu-o, mas talvez pudesse ser recontratada ou encontrar algum outro trabalho, disse a si mesmo. Outro trabalho, outro apartamento se tivesse que fazer, e no pior dos casos, podia encontrar mais amigos. Mas ela só podia morrer uma vez.

―Por favor não faça. ―Seus dedos tamparam seus lábios quando estes se abriram outra vez, o medo pelo que ele poderia dizer quase tão poderoso como o medo por sua vida o foi. ― Se for desaparecer de minha vida então simplesmente faz, sim? Não quero saber.

Seus lábios tremeram e isso quebrou seu coração. Mas quando ele assentiu com a cabeça lentamente e não disse nada mais, isso quebrou pior o coração dela. Ele observou a dor alagando seus olhos, observou-o reduzir a cor de seu rosto. Simplesmente não havia promessas que fazer.

Ela apertou as mãos com força sobre seu colo e olhou esquivamente sobre o ombro dele. Como se já tivesse terminado com ele.

E Deus o ajude, ele não podia culpá-la.

 

Transporte Militar

Voo A Washington, DC

Estados Unidos da America

Ela estava dormindo. Os suaves lábios estavam separados, inocentemente desmentindo as escuras sombras debaixo de seus olhos e os rastros de lágrimas sobre suas suaves e pálidas bochechas.

Tariq simplesmente não podia acreditar a estupidez de seu primo. Como se ele e cada homem das forças armadas do helicóptero não tivessem visto a forma amável embora destrutiva em que Abram a rechaçou.

Sentando na área estabelecida para usar como assentos de passageiros, observou-a dormir e se perguntou o que estava pensando Abram ao afastar-se dela.

―Direi que é um bastardo mais estúpido do que pensei, ― comentou brandamente, sua voz só o suficientemente alta como assegurar que Abram o ouvisse.

Olhou seu primo, preso no olhar que Abram disparou à adormecida formosura também.

Não havia uma oportunidade no inferno de que Abram não lamentasse o pensamento de afastar-se dela.

―Tenho suficientes fantasmas perseguindo-me. ― Abram suspirou. ― Não posso somar mais, Tariq― Não tenho as promessas que ela necessita.

―Ela é uma mulher, não um fantasma, ―Tariq objetou com uma borda de desgosto. ― E não a ouvi pedindo nenhuma condenada coisa.

Inferno, falar com Abram era como falar com uma parede, com a exceção de que a parede provavelmente era mais receptiva em ocasiões.

―vamos deixar assim, ―Abram sugeriu, seu tom mordaz enquanto se inclinava mais perto para ouvir sobre os sons dos motores do avião.

Tariq ficou sentado silenciosamente por um longo momento. Precisava esclarecer isto, rapidamente, antes que seu primo cometesse o engano mais estúpido de sua vida.

―Bom, se vai se afastar então não pode ter problemas se trato de ganhar seu coração, verdade?

O olhar de Abram se voltou sobre ele com prometida violência.

―Fique condenadamente longe dela.

Tariq voltou a vista para ele, seus olhares se encontraram em uma batalha de vontade que não estavam acostumados.

―Me diga, Abram, pensa que todos os homens aos que dá ordens vão obedecer? Acha que Jafar considera que esta batalha está terminada de algum modo? Que isso é tudo? ― Suas sobrancelhas se elevaram enquanto se reclinava dentro das pesadas correntes que entrelaçavam a pesada carga contra o assento. Cruzou os braços sobre seu peito. ― OH, sim, tenho algo melhor, ―sugeriu. ― Quando termine de fode-la completamente, quando der-se conta de como a fodeu, e convença você mesmo que pode arrumar-se, de verdade acha que ela vai estar sentada só em casa simplesmente o esperando?

Tariq não tinha nenhuma dúvida de que era isso exatamente o que Abram pensava. Sua arrogância só podia ser superada pela de Khalid ou a de Jafar.

―Fique como o inferno longe dela, ― Abram repetiu. ― É por minha culpa que esteve em perigo esta vez. Se a próxima vez for por sua culpa, então terei que chutar o traseiro de alguém para me sentir melhor. Posso assegurar que esse traseiro vai ser o teu.

Embora não sirva de nada, seu primo podia ser previsível no que se referia a Paige. Era incrivelmente teimoso às vezes, e Paige era uma das coisas sobre as que podia ser incrivelmente teimoso, mas era previsível.

Tariq assentiu lentamente com a cabeça antes de deslizar seu olhar a um lado para apanhar o olhar de Abram, quente e cheio de desejo quando a olhou.

―Não cometa o engano de me pedir que seja seu terceiro outra vez, ―Tariq advertiu, consciente do olhar de surpresa que Abram disparou.

―Chantagem? ―As sobrancelhas de Abram se arquearam quando devolveu um olhar.

―Chama como quiser, primo. ―Tariq encolheu os ombros ― Penso que me aconteceu o mesmo que a Paige. Estou simplesmente farto e fodidamente cansado de que esteja nos chateando como o inferno. E tome cuidado, eu poderia simplesmente decidir tomar esse traseiro provocador para conseguir à garota. Não parecia absolutamente nada mal quando estava batendo em Jafar.

Se o olhar de Abram tivesse sido uma bala, teria perfurado seu coração, fazendo explodir, então provavelmente encontraria outras partes importantes de seu corpo com que tratar.

―Faria com que bater no traseiro de Jafar se visse como os tapinhas de uma mãe carinhosa, ― Abram respondeu, seu tom ficando duro e furioso.― Não me empurre nisto, Tariq.

Antes que Tariq pudesse discutir ou devolver o golpe Abram estava desafiando a fazê-lo, seu primo ficou de pé― mudou rapidamente à frente do avião onde podia sentar a sós.

E Paige continuava dormindo. Talvez.

O olhar de Tariq estreitou sobre suas pestanas. Poderia ter jurado que viu uma fresta de seu olhar debaixo delas. Inferno se soubesse que estava acordada teria assegurado de fazer isto um pouquinho mais entretido para ela.

Havia vezes em que a vida de um terceiro poderia ser definitivamente uma dor no traseiro.

Abram olhou à mulher que deveria ser sua amante, seu olhar entrecerrado, a fome batendo. A adrenalina produzida pela briga com Jafar ainda trovejava dentro dele, a necessidade ainda arrasava e palpitava através de seu corpo.

O final dessa briga o deixou questionando sobre seu primo de forma que não o fez antes. Nunca viu Jafar quebrar sua palavra em um trato. O que o levou a fazer isso esta vez? E por que esteve tão interessado em reter não só Abram, mas Paige também?

A briga foi tanto pela posse de Paige como se tratou da posse das terras Mustafa, Abram decidiu. Uma posse que a família Mustafa agora perderia para sempre. Tal como qualquer pouquinho de controle sobre Paige que esteve tendo também.

O emissário chegaria qualquer dia para encontrar que Abram já não estava disposto a assumir o controle de tutela da fortaleza. Um acordo que existiu por mais de três séculos agora acabaria, e pelo que Abram supunha a monarquia não estaria mais que agradecida. Era um acordo que sabia que se arrependeram quase desde o começo. Desde o dia em que tratou com o primeiro Mustafa traiçoeiro.

Houve alguns através dos anos que sonharam com a paz em vez da guerra, mas não foi a maioria.

Fechou os olhos, incapaz de ver em Paige o conhecimento de que quando o transporte aterrissasse, ele teria que deixá-la ir. Isso ou arriscar sua saúde mental quando tivesse que enfrentar à culpa de perdê-la.

Até Khalid, nenhum filho de Mustafa encontrou nunca a felicidade no amor. E a felicidade de Khalid não estava assegurada ainda. Enquanto Azir vivesse, não poderia haver garantias, nem poderia haver segurança. E se estava dando-se conta de que Khalid era um homem muito mais valente que ele.

Seu irmão encontrou a capacidade de amar, a capacidade de rir e sonhar de novo. Abram não encontrou ainda a coragem para considerar esse passo. E percebeu a noite anterior que estar com Paige tomaria mais dele que só seu pênis.

Isso era tudo o que tinha para dar. Sexo, calor, o prazer de dois homens de uma vez.

Esse era um prazer que não deu a Paige, embora tivesse a intenção. Uma vez mais Azir obteve magnificamente foder as coisas para ele.

Olhou de novo, recordando o prazer e as sensações abrasando de dentro para fora.

Como era rodeada, doce e quente. O sabor dela em sua língua, o delicioso almíscar explodindo contra suas papilas gustativas o embriagando. E recordou a necessidade… a necessidade de observar seu rosto, de ouvir seus gritos de prazer quando ele e Tariq possuíssem seu corpo perfeito.

Como fantasiou com isso. Como desejou isso os últimos anos. Tomá-la como a doce e sensível amante que ele sabia podia ser e dar cada segundo possível de excitação sensual e sexual que ele e Tariq pudessem ser capazes.

Um prazer que nenhum deles poderia conhecer, apesar do furioso calor de seu pênis, palpitante, irrebatível, dolorido. Seus testículos apertaram mais na base de seu pênis diante do só o pensamento de fode-la de novo. De observar Tariq tocando-a, saboreando-a, de observar seu rosto, ver seu prazer, captar todos os matizes de uma mulher consumida pelo êxtase que estava recebendo, enquanto outro a fodia.

Teve-a para ele mesmo. Teria que se conformar. Não podia arriscá-la mais. Não podia arriscar mais.

Porque perdê-la o mataria.

 

Parecia estranho estar em casa. Atravessar a porta de seu apartamento e sentir os familiares aromas a invadindo, salvo por achar que a aura de paz e segurança estava estranhamente ausente.

Foi sequestrada de sua própria casa e tirada do país que considerava seu lar. Inconsciente, ela foi incapaz de lutar contra algo que ocorreu. Incapaz de lutar para sobreviver.

O aroma de bolo de maçã que emanava dos óleos aromáticos da mescla de flores secas sobre um extremo de sua mesa, tentou seu sentido de olfato. O perfume da cera para móveis, leve depois de quase uma semana desde que sua empregada doméstica esteve ali, incrementava ainda mais a sensação de limpeza da que ela desfrutou uma vez.

A miríade de aromas a rosa, jasmim, e baunilha das velas apagadas ao redor do quarto asseguraram que estava no único lugar onde acreditou estar segura desde que se mudou da casa de seus pais.

A bagagem que empacotou a noite de seu sequestro estava na pequena sala de estar depois de ser encontrada abandonada no aeroporto. Os que seus sequestradores não previram foram às etiquetas de identificação dentro de cada bolsa.

Teria que ocupar-se de desempacotar tudo isso agora, assim como também tentar recuperar seu trabalho e pôr em ordem sua vida. E no momento todo isso parecia uma tarefa infranqueável.

―Eu não gosto disto, ― seu pai se queixou, seu acento grego ainda presente ainda depois de tantos anos vivendo nos Estados Unidos.

―Shhhsh, ―sua mãe advertiu.

―Não me calarei, ―seu pai informou com a sentenciosa fúria de um marido.

Paige quis sorrir e declarar que seu pai estava paranoico, mas tinha muito medo de poder estar certo.

―Pavlos, não a incomode agora, ―Marilyn Galbraithe o repreendeu. Disparando uma premente expressão com ira e necessidade de vingança.

―Quando deveria chatea-la, então, querida? ―perguntou ― Possivelmente depois de que seja sequestrada outra vez? Ou deveria esperar que enterre meus filhos e desejar ter feito mais para protegê-los?

Deu a Khalid o mesmo sermão mais cedo. Para dar crédito, ele sempre reclamou Khalid como seu próprio filho apesar do acordo que Khalid levaria o sobrenome de seu pai natural. O acordo também manifestava que Khalid receberia visitas periódicas de um membro da família Mustafa que o poria a par sobre seu pai até que cumprisse os dezoito anos. Naquele tempo, Khalid esteve obrigado a retornar para terra que seu pai manchou com tanto sangue.

Não é que o membro “familiar” aparecesse frequentemente. Pavlos Galbraithe sempre foi muito generoso em seus deveres como anfitrião e havia provido um carro, um motorista, e dinheiro na maioria de restaurantes, clubes, e cassinos.

Durante quase quinze anos funcionou.

―Nossos filhos serão protegidos com tudo o que possamos prover, ― Marilyn fez a exigência. Já fez a mesma declaração mais cedo. ― Até então só podemos rezar pela morte rápida de Azir.

Tanto o marido como a filha a olharam surpreendidos.

―O que, não posso desejar que o bastardo esteja morto e enterrado? ―perguntou severamente, seu tom expondo o medo com o que esteve vivendo durante tantos anos.

―Só é estranho a escutar dizer isso mamãe, ― disse Paige antes que seu mais categórico pai pudesse fazer.

―Seu pai está muito acostumado a me escutar desejar que esse filho da puta morresse, ― sua mãe manifestou enquanto seu rosto enchia pelo ódio. ― Se pudesse matá-lo por mim mesma já o teria feito.

Depois de conhecê-lo, Paige não podia dizer que culpasse sua mãe no mínimo. Ainda, ela esperava que a oportunidade se apresentasse por si mesmo enquanto esteve na Arábia Saudita. Por Abram, por Khalid, e por sua mãe, Paige pensava que ela o teria matado com a mesma facilidade.

―Marilyn, chama e assegure que Khalid, Marty, Abram, e Tariq conseguiram chegar à casa de Khalid esta noite. Não descansará até que faça isso.

Seu pai colocou as mãos nos bolsos da calça e sua mãe assentiu rapidamente com a cabeça enquanto tirava o telefone celular de sua carteira.

Seu pai continuou observando Paige fixamente. Esse olhar a deixou nervosa em todo o tempo que ela pudesse lembrar. Era um olhar que lhe assegurava e seu pai percebeu algo que ela não queria que ele soubesse.

Aproximando-se dos sessenta, seu olhar ainda feroz como de uma águia, seu corpo ainda poderoso, e sua mente ainda aguda, ele era um imponente homem de negócios, um homem que ninguém queria ter como inimigo.

―Permitiu que Azir vivesse todos estes anos, ― disse Paige brandamente enquanto se encontrava diretamente com seu olhar ― por quê?

Ele inclinou a cabeça a um lado pensativamente por um longo momento antes de responder.

―Porque sua mãe conheceu suficiente dor. Se ela acreditasse por um momento que o matei, então estaria segura de que minha alma estava condenada e que não nos reuniríamos no Céu como ela sempre aludiu. Além disso, se ele morresse, eu seria o primeiro suspeito disso.

Paige olhou através do quarto a sua mãe entrando em quarto.

―Ela aproveitará esta oportunidade para revistar suas gavetas, armários, e assim sucessivamente para ver como está dirigindo com qualquer vida íntima ou a falta da mesma, ―ele comentou.

―Tagarelando outra vez sobre mamãe, Papai? ― perguntou sorrindo enquanto os traços do rosto masculino se aliviavam em um sorriso aberto.

―Ela não dirá nada a você, mas comigo se queixará dos netos que não tem e do genro que deveria ter. Então outra vez fará suas listas dos filhos de seus amigos para lhe apresentar. E ficará olhando para a noite quando acha que durmo. E temerá que mentiu-nos como ela fez com seus pais quando assegurou que Khalid não era o filho do sequestrador que a violou. E então chorará certa de que mentiu e que Azir te violou.

Ela podia ouvir a pergunta em sua voz, o medo.

―Azir me golpeou, ― confiou, sabendo que seu pai tinha um segundo sentido no referente às mentiras delas e de Khalid― Não mentiria sobre Azir.

―Te pegou duro?

Descreveu o abuso, então fez uma pausa e observou o rosto de seu pai com atenção quando continuou.

―Abram entrou e parou Azir. Fez que Tariq me levasse a sua suíte e nunca voltei a ver Azir depois disso.

O grosso cabelo grisalho foi empurrado para trás de seu escuro rosto enquanto os olhos cinza-esverdeados continham um indício de desconfiança.

―Juro, papai, ―declarou ― Se Abram não estava comigo, então estava Tariq ― Estive completamente protegida.

Seu pai assentiu lentamente com a cabeça, então tomou uma profunda respiração.

―Tariq e Abram frequentemente compartilham seus amantes como faz Khalid, ― disse ele sobriamente ― Eles a seduziram, filha?

Viu a preocupação e a angústia em seu rosto quando o seu se ruborizou pela vergonha. O sexo não era um assunto que ela discutisse tão abertamente, especialmente não com seu papai.

―Não o fizeram, ― revelou brandamente ― Mas é tão mau se desejava que o fizessem?

Viu a surpresa, e também o desconforto no rosto de seu pai quando ele esclareceu a garganta.

―Já vejo. ―Sua voz era baixa em caso de que sua mãe entrasse no quarto, ela assumiu.

―Pensa que sou má, papai? ―Ela amava seus pais. O último que queria era envergonhá-los ou dar algum motivo para que sintam lástima por seu desejo por Abram.

―Paige, o que a poderia fazer inclusive imaginar que é ruim simplesmente porque é uma mulher e quer o que seu amante deseja? ―Sacudiu com força a cabeça e esboçou um sorriso vacilante ― Possivelmente isso não resulta como gostaria, mas nunca acreditaria errado porque seja uma mulher.

―Nem porque esteja apaixonada por Abram Mustafa? ―perguntou.

Ela não pôde escondê-lo, e seu pai não era um homem que mentiria.

O cinza-esverdeado de seus olhos brilhou com preocupação. Sua expressão tirante com o que ela sabia que era desaprovação e medo.

―Isso é um pouco surpreendente, ―ele admitiu enquanto rastelava os dedos através de seu cabelo com um suspiro profundo. ― E Abram sente o mesmo por você, Paige?

―Não, ―admitiu dolorosamente ― Abram não está apaixonado por mim, papai― E não quer me ver outra vez porque tem medo do perigo que traria para minha vida. Para ele, acabou.

―Ah, minha pequena princesa, ― sussurrou, seus braços abrindo para ela. Paige teve que engolir com força para refrear as lágrimas.

Correu para ele. Deixou colocá-la em seu abraço. Seus braços a rodearam, aconchegada contra seu peito enquanto ela lutava para conter suas lágrimas.

―Ele é um idiota e um covarde por afastar-se de uma mulher cujo coração é tão valente e tão intrépido como o seu. ― Beijou-a na parte superior da cabeça brandamente ― Possivelmente, Paige, ele já não sabe como amar.

Foi salva de responder quando a porta de seu quarto abriu e sua mãe entrou.

Paige soube instantaneamente que algo estava errado, igual ao fez seu pai.

―Marilyn ― Pavlos moveu-se para ela. Paige o seguiu, seu coração repentinamente saltando a sua garganta.

Sua mãe estava emocionada e pálida, seus lábios macilentos.

―Marilyn? ―Pavlos a agarrou pelos braços, baixando o olhar sobre ela com preocupação. ― Amor, o que ocorreu?

Marilyn engoliu com força enquanto levantava a vista para seu marido com medo.

―Encontrar Khalid foi impossível. Finalmente consegui que Abram atendesse seu telefone. ― Sua voz voltou-se forçada, e uma lágrima desprendeu de seus olhos quando inalou profundamente ― OH Deus, Pavlos, machucaram Khalid― Dispararam-lhe e ninguém sabe como está.

 

Isto era suficientemente mau. Paige correu ao hospital com seus pais para encontra Marty, suas roupas manchadas com o sangue de Khalid, seus olhos obscurecidos pelo medo quando se sentou com sua mãe, rodeada pelos homens.

Um desses homens era o diretor do FBI e foi uma vez o chefe de Khalid.

Com ela estavam Abram e Tariq― Pareciam tão exaustos como parecia ela.

―Marilyn, Pavlos. ― Zach Jennnings, o diretor do FBI ficou de pé para saudar seus pais.

―O que acontece aqui, Zach? ― Pavlos perguntou tranquilamente.

―Khalid, Abram, Tariq, Marty e eu estávamos saindo para o Ministério de Justiça depois de que Abram e Tariq foram interrogados. Abram assinou os papéis proclamando sua cidadania americana durante os passados vinte anos e sua inelegibilidade e relutância para aceitar a tutela das terras Mustafa.

Paige voltou e cravou os olhos sobre Abram surpreendida.

―O que está querendo dizer? ―sussurrou.

A expressão de Abram era séria e premente.

―Quer dizer que Abram entregou os papéis que sua mãe preencheu antes de sua morte e deixou a boa cobrança para ele. Quando teve doze anos, ele cobiçou a América. Girou esses papéis a si mesmo e seus parentes sauditas declararam sob juramento sua validez, ―Tariq respondeu. ― Foi um cidadão dos Estados Unidos desde que teve doze anos, e aos dezoito se incorporou à Armada. Foi secretamente treinado e enviado de retorno à jurisdição de Mustafa junto com Khalid, para espiar seu pai e os terroristas que chegavam.

Abram ficou em silêncio, seu negro olhar sustentando o de Paige enquanto Tariq falava.

Ela recordou brincar com ele anos atrás a respeito da necessidade de casar com uma americana para poder deixar a Arábia saudita para sempre. E sua resposta foi, “ A América nunca permitiria que o filho de um terrorista reclamasse a cidadania”― Ela repetiu suas palavras brandamente enquanto o olhar dele ardia com fúria gelada.

―Deveria ter me dito que isso não se aplicava para você.

―Teria servido a meu propósito, ―ele disse ― Não vê, Azir se assegurará que nem Khalid nem eu nunca desfrutemos da paz que estivemos procurando.

―Ainda mais do que acha. ― Zach Jennings deu um passo para eles ― Há provas litográficas de que Azir, Jafar, e uma equipe de soldados de Jafar entraram no país. Sinto muito, Srta. Galbraithe, ― disse simplesmente ― vai ter que retornar à custódia preventiva até que sejam encontrados.

Evidentemente sabia muito pouco sobre o homem que amava, assim como também sobre seu irmão. Enquanto esperavam que Khalid saísse da cirurgia, seu pai e Zach Jennings responderam a suas perguntas enquanto sua mãe intervinha com o que sabia.

As terras Mustafa estavam controladas de maneira diferente a qualquer outra da região. Devido uma disputa fronteiriça entre gerações anteriores com o Iraque, o rei iraquiano naquele tempo negociou um acordo que enquanto a família Mustafa controlasse a terra, então esta permaneceria dentro da fronteira saudita. O regime saudita não podia retornar a terra a alguma outra família simplesmente por uma reclamação relacionada com a família Mustafa, nem podia deixar que a terra inclusa fosse minada ou de algum jeito proveitosa para a monarquia a menos que um homem Mustafa a protegesse.

Dizia-se que o rei iraquiano naquele tempo tinha um filho que usava o nome de outro homem. O casamento arrumado entre seu filho, um Mustafa, e a filha de um xeque que controlava a terra para o regime saudita incitou este particular acordo.

Cada geração, à idade de trinta e seis anos o herdeiro maior daria seu voto ao rei saudita e a seu emissário para proteger a terra e assegurar que suas fronteiras permanecesse sendo parte da Arábia Saudita. O herdeiro devia declarar conceber filhos para protegê-la e assegurar que ninguém nunca use a província para ameaçar o regime.

Só em caso do herdeiro não ter filhos para dar o voto, a terra retornaria inteiramente ao trono para que o rei dite que família ou tribo a controlaria.

Abram era o único herdeiro Mustafa para ter herdeiros legais. Ele voluntariamente poderia abdicar a tutela sem repercussões salvo aquelas que seu pai agora estava promulgando contra ele e Khalid em vingança pelas mortes de Ayid e Amam, os dois filhos menores de Azir Mustafa que morreram pelas mãos de Abram e Khalid.

―Nunca se dará por vencido, ―Paige sussurrou. Olhou através do quarto para onde Abram e Tariq estavam parados apoiando contra a parede discutindo discretamente o estado do Khalid.

Como se ele não pudesse suportar tê-la perto, moveu-se para se afastar, pondo todo o comprimento da sala de espera do hospital particular entre eles.

―Sabem que Jafar esteve por trás disso com toda segurança? ―Ela perguntou.

Ela queria encontrar a maneira de negá-lo apesar de que não havia forma de desculpar suas ações.

O olhar de Abram repentinamente a atravessou como um laser como se ouvisse a pergunta.

―Paige, querida, Jafar não é o amigo que conheceu então. ―Sua mãe apoiou a mão confortantemente contra o braço de Paige.

―Como sabemos isso a menos que saibamos com toda certeza que ele deu a ordem para matar Khalid, Abram e Tariq?

―Khalid, Abram, Tariq, Marty, e você, ― Zach indicou brandamente ― A informação e os documentos que recebemos afirmam que Jafar não está disposto a permitir nenhuma oportunidade de que um herdeiro seja concebido ou nascido e mais adiante possa colocar em riscos a ele, ou o controle de sua família sobre a terra.

Paige levantou o olhar a Abram outra vez. Deus necessitava-o. Sentia como se perdesse seu equilíbrio por completo, e nada disto tinha nenhum sentido.

Jafar lhe devia mais que isto. Houve um tempo quando Chalah esteve confusa, tão em confrontação com seu irmão e sua família que esteve a ponto de tomar uma decisão muito insensata. Diante do pedido de Jafar, diante de sua súplica na realidade, Paige voltou a América vindo da Espanha. Permitindo que Chalah ficasse para viver com ela, e animou a jovem a ir à universidade em vez de voltar à jurisdição de Mustafa e honrar um contrato matrimonial que Azir arrumou para ela com um xeque muito mais velho em outra parte da Arábia Saudita. O medo por seu irmão a guiou, mas Paige a convenceu de como Jafar estava contra seu casamento com um homem tão velho. Ele também objetou que se ela se casava tão rapidamente, teria escolhido ir da Arábia Saudita por si mesmo.

Ele jurou que devia isso e que se ela necessitava algo só tinha que pedir e concederia algo.

E ainda assim, ele quase matou Abram na Arábia Saudita e agora? OH Deus, agora ela podia perder ao único irmão que tinha. O único de quem ela podia depender em quem podia confiar para guardar seus segredos. Corria o risco de perdê-lo da mesma maneira que o homem que amava.

―Paige, irá com sua mãe e comigo para casa de campo na Grécia.

Paige estava negando com a cabeça quando seu pai falou. Não tinha desejos de ir à Grécia nem de deixar a Virginia.

―A necessitamos aqui, Sr.Galbraithe, ―Zach advertiu.― Necessitamos a todos no mesmo lugar para assegurar sua segurança. Nós gostaríamos que Paige voltasse à casa de seu irmão junto com Abram, Marty, Tariq, e Khalid, quando o derem alta.

Outro confinamento.

―Por que fazer isso? ―ela sussurrou. ― Está terminado.

―Não, Paige, não está ―Abram deu um passo para ela, a fúria e a pena enchendo seus olhos ― Não estará terminado até que um de nós morra. Estarei condenado se permitirei sair com a sua ao tratar de matar Khalid porque foi incapaz de me obrigar a fazer sua vontade.

―E se não foi Jafar o que deu essa ordem? ―A voz de Chalah pareceu ecoar ao redor da sala.

Paige deu meia volta para olhar à outra garota. Sua mandíbula se apertou ao ver a irmã de Jafar, aqui neste momento, quando Paige parecia tão ambivalente com respeito à última vez que a viu.

Cruzando os braços, Paige a olhou furiosamente.

―Tem algum microfone oculto? Chalah desfruta deixando que seu irmão escute às escondidas suas conversas. O seguinte será terminar com suas noites de garotas. ―Seus olhos se abriram com zombadora surpresa. ― Onde terminarão as perversões?

Chalah passou as mãos nervosamente pelos lados dos muito gastos jeans descoloridos que usava.

As bainhas desfiadas, os buracos nos joelhos, e a ligeireza quase transparente do material sugeriam que os jeans estava simplesmente pronto para ser descartado, igual à jaqueta jeans que usava sobre uma camiseta descolorida.

―Você disse que sentia Paige, ― sussurrou, seus olhos se enchendo de lágrimas e fazendo que Paige se sentisse como a merda.

Ela estava sendo uma cadela, e odiava a si mesmo por isso.

Passando os dedos através do cabelo, Paige ignorou tanto as tentativas de Abram como os de seu pai para reconfortá-la.

―Jafar me ligou, ―disse Chalah, sua voz baixa. ― Está furioso. Jura sobre a tumba de seu pai que ele não ordenou nem incitou este ataque sobre Khalid.

―Ligou ou foi a ver? ―Abram perguntou friamente.

Voltando-se, Paige observou a confusão que encheu o rosto de Chalah.

―Ligou, ―sussurrou. ― Da jurisdição de Mustafa. ―Nesse momento Zach se aproximou dela.

―Srta. Mustafa, seu irmão está nos Estados Unidos hoje. Chegou a Virginia horas depois da chegada de Paige, Abram, e Tariq― E todos os relatórios que temos confirmam que ele deu a ordem, apesar dos protestos de Azir, de matar Khalid, Abram, Tariq e Paige. E tendo em conta todo o acontecido, acredito que precisaremos assegurar sua segurança também.

Paige voltou o olhar para o diretor do FBI surpreendida. Não podia estar falando sério?

 

Mas é obvio que sim fazia.

Virando para Chalah viu a aturdida comoção em seus olhos, e a traição. Jafar não disse onde estava, nem tratou de protegê-la. Ela era uma atriz incrível. Mas realmente não estava atuando, pensou Paige. Chalah não tinha paciência para este tipo de jogos.

―Jafar não me machucaria, ― sussurrou enquanto voltava-se para Paige, seus olhos grandes, escuros e cheios de medo agora.

OH sim, ela sabia exatamente como parecia o medo. Era amiga dele agora. A este passado o medo logo seria uma parte de sua personalidade. Ela não saberia como viver sem ele.

―Paige. ―Os lábios de Chalah tremeram quando ninguém respondeu sua reclamação de que Jafar nunca a machucaria. ― diga-os. Diga que ele não me machucaria.

Paige só pôde sacudir a cabeça.

―É o mesmo homem que pôs sua faca contra o pescoço de Abram depois de que perdeu a briga que garantiria se podíamos ir ou seríamos obrigados a ficar, ―Paige sussurrou. ― Sinto muito, Chalah ― Ele é capaz de algo.

―Não, ― a negativa de Chalah foi fraca, entretanto.

―Não é o irmão que conheceu e não é o amigo que uma vez reclamei Chalah ― Assim não, acredito que ele a protegeria. E pode utilizá-la contra Khalid e Abram, faria em um batimento do coração. Pensa nisso. Lembra. Porque se o ajuda outra vez então nosso sangue bem poderia estar em suas mãos. ― E se Chalah fizesse esse engano, Paige declarou a si mesma, ela se asseguraria de que a outra garota pagasse por isso.

Sem importar o custo para si mesmo.

 

Ela estava de volta onde tudo começou, mas esta vez, Khalid não ia aparecer para surpreendê-la. Não ia bater na porta às três da manhã só para lançar outro sermão a respeito das muitas e variadas razões pelas que era muito pouco prudente deitar com seu irmão. Seu irmão e o primo de seu irmão.

Esses sermões a espreitavam enquanto deitava na cama. Ficou com o olhar fixo no teto do escurecido quarto, os numerosos argumentos de seu irmão ecoando em sua cabeça. Recordava a fúria que enchia seus olhos, seu conhecimento de que sem importar o muito que advertisse, ela ainda desejava Abram. Estava fascinada com ele. Necessitava-o como nunca necessitou nada mais em sua vida.

E por culpa de sua necessidade de Abram, induziu Khalid a preocupar-se mais por sua segurança que pela sua própria. Se Azir Mustafa e Jafar não tivessem suspeitado que ela fosse à debilidade de Abram, algo que ele queria, então nenhum deles teria feito uma tentativa de sequestrá-la. E Khalid poderia se concentrar em sua própria segurança.

Apesar dos protestos de Chalah de que Jafar nunca chegaria a esse extremo, Paige não podia evitar lembrar essa faca na garganta de Abram, bastante afiada, pressionando o suficiente para tirar sangre. E não podia evitar acreditar que o irmão de Chalah realmente o matasse se o punha a prova.

E Jafar definitivamente estava sendo colocada à prova com a data de visita do emissário se aproximando e a papelada sobre a deserção que Abram e Tariq completaram preparada para entregar ao embaixador dos Estados Unidos na Arábia Saudita. E este era o preço que Abram e Khalid pagariam por sua determinação de quebrar o legado Mustafa.

Ela podia perder seu irmão assim como também o homem por quem seu corpo ardia e seu coração desejava.

Voltando-se, olhou para as portas do balcão e piscou para conter as lágrimas que ameaçavam enchendo seus olhos.

Sentia saudade. Estava tão acostumada a dormir, aconchegada entre ele e Tariq, que as três noites anteriores, verdadeiramente não dormiu absolutamente.

Enquanto um suspiro cansado saía de seus lábios seu olhar sacudiu para a porta do quarto. Esta se abriu lentamente, deslizando para dentro um segundo antes que Abram entrasse no quarto. Uma escura sombra contra a luz da lua que se expandia pela janela através do quarto, moveu-se lentamente para ela.

Não fechou a porta. Não havia necessidade. Seu coração acelerou ao ver Tariq entrando atrás dele, fechando e bloqueando a porta com um deliberado e audível clique.

Seus olhos se encontraram com o escuro brilho dos de Abram quando ele parou ao lado da cama. Ela lentamente sentou o alto colchão deixando a cabeça justo à altura acima de seu quadril.

Engoliu com força, lutando por respirar ao notar a pesada protuberância debaixo dos jeans. Teve que fazer um esforço para levantar o olhar, para levantar a vista para ele, em lugar de rogar que a fodesse imediatamente.

―Necessito-a Paige. ―Só disse isso uma vez antes. Esse frio e sombrio inverno quando ele e Khalid retornaram da Arábia Saudita depois da morte de sua segunda esposa grávida.

―Sempre estive aqui para você ― Você disse isso. ―Ela tinha dezoito anos e se apaixonou tão loucamente por ele que foi tudo o que pôde fazer para não tremer em sua presença.

Ele esteve bêbado, atormentado pela pena e foi vê-la inclusive sabendo que enfrentaria à fúria de Khalid se alguma vez se inteirasse.

Ela mudou o olhar a Tariq― Abram não levou a um terceiro com ele então, mas fez agora.

―Não importa o que necessite?

O coração de Paige tropeçou em seu peito diante da pergunta.

―Não importa o que precise.

Ele moveu os dedos ao botão metálico de seu jeans enquanto tirava os sapatos com as pontas dos pés, seu olhar nunca abandonou o dela.

―De qualquer forma que necessite?

As coxas apertaram quando olhou Tariq, sentindo seus olhos observando, indagando na escuridão.

―De qualquer forma que precise, ―ela sussurrou.

Quando ela terminou essa afirmação Abram e Tariq estavam se despindo. Não havia nada apressado ou precipitado em seus movimentos. Tiraram a roupa com uma sensação de antecipação, mas com paciência. Uma paciência que fazia Paige se perguntar se ela sobreviveria a isto.

Sentiu seu mundo estreitar entre os dois homens, entre a fome que podia sentir a afligindo e à necessidade que vislumbrou no rosto de Abram.

Lentamente, observou como a mão dele rodeava a base de seu pênis, segurando firme e constantemente enquanto dava um passo mais perto dela, enredando os dedos no cabelo.

Levantando o olhar para ele, sentiu a larga crista do pênis contra seus lábios, a quente e palpitante carne atraindo sua língua para saborear o calor e a dureza. O salgado sabor masculino explodiu contra seus sentidos, embriagando.

―Boa garota, ―sussurrou quando a cabeça do pênis pressionou entre seus lábios ― chupe o pênis, bebê― me mostre Paige. Mostre quanto me deseja.

Quanto o desejava? Sentia como se o tivesse desejado toda sua vida, como se o tivesse necessitado toda sua vida.

Ela separou os lábios, um gemido saiu deles quando o pênis lentamente se afundou dentro de sua boca.

Era tão erótico. A sensação da mais forte e ainda assim mais vulnerável parte dele segura fortalecida dentro de sua boca enquanto a sugava para dentro. Sua língua lambeu por cima e ao redor da cabeça quando ouviu um baixo e resmungado grunhido trovejar em seu peito.

―Preciso ver, doçura. Vamos acender uma vela. ―Seu tom era rouco, sexualmente rouco.

―Só um pouquinho. ―Assegurou quando ela se esticou seu sonhador olhar elevando para ele enquanto os bonitos lábios se estiravam ao redor de seu pênis ― Só preciso ver quando Tariq te toque bebê.

 

Quando Tariq a toque? Paige sabia que isso ia ocorrer, mas igualmente ficou sem fôlego, igualmente sentiu a adrenalina disparar por ela, saindo de seu controle.

Sentada sobre a cama, suas pernas dobradas para um lado, sentiu que fortes e grandes mãos masculinas lentamente a arrastavam. Enquanto os dois homens trabalhavam em perfeito uníssono até que Abram ficou ajoelhado na cama sobre ela, que estava deitada de costas com o pênis entre seus lábios enquanto sentia Tariq começar a tocá-la.

Não houve uma sensação de desconforto, nenhuma sensação de abafado nem de vergonha. Sempre soube o que significava estar com Abram, e sempre esperou com antecipação.

―Que linda é, ― grunhiu ele, sua expressão premente com luxúria quando ela sentiu os lábios de Tariq em seu quadril, beijando-a brandamente um segundo antes de lamber a área, saboreando como se ardesse de desejos por ela.

―Sonhei com isto, Paige. Sonhei observando Tariq te tocar te dar prazer. ―Seu pênis sacudiu entre seus lábios quando ele falou. ― Observá-lo te tocando. ―Suas palavras se voltaram inclusive mais ásperas, a necessidade nelas avivando seu próprio desejo sensual.

―toque o estômago. ―Ordenou com um sussurro a Tariq ― A carne ali é sensível, e produz um grande prazer. ―Seu acento mais marcado e voltando-se mais profundo.

Um segundo mais tarde as pestanas de Paige revoavam de prazer. Ela não percebeu realmente o sensível que sua carne era ali.

As pontas dos dedos acariciaram sobre seu estômago, calosas e firmes. Esquentaram e excitaram as terminações nervosas debaixo da pele.

―Uma pele tão acetinada, ― sussurrou Abram. Um segundo mais tarde sentiu a lambida da língua de Tariq, seus dentes raspando.

―Tariq falou frequentemente sobre este momento, ―Abram disse ― Quando as noites eram longas e escuras.

Enquanto Abram falava lentamente se reclinava para trás, obrigando-a a liberar a sensação e o sabor de seu desejo.

Tomou as mãos e as arrastou por cima de sua cabeça, as segurando no lugar enquanto a mão de Tariq subiu por seu lado até que esteve curvando ao redor do firme e dolorido montículo de seu peito.

O polegar acariciou sobre o mamilo, sua calosa gema enviando agudos e quentes raios de estático prazer a seu útero, apertando a vagina.

Levantando a vista a Abram, sentiu obscurecer sua visão quando os lábios de Tariq rodearam o sensível broto. Os dedos acariciaram a parte inferior de seu peito, levantando, acariciando as terminações nervosas com fogosa receptividade.

Sentia como se seu corpo estivesse afligido pela sensação. Um incrível e luxurioso prazer surgiu através dela em uma onda de enriquecedor e acalorado êxtase.

Quando os lábios de Tariq cobriram seu mamilo, Abram soltou seus pulsos depois de pressionar cuidadosamente contra o colchão.

Esforçando-se ela o olhou, seus lábios separando para aspirar um fôlego entrecortado.

―A lembrança do sabor de sua doce boceta está me voltando louco, ―grunhiu enquanto se ajoelhava na cama, uma mão acariciando seu pênis quando baixou o olhar sobre ela.

As coxas dele esticavam e apertavam com cada roce de seus dedos na base. A cabeça brilhava com líquido pré seminal quando seu olhar piscou para onde Tariq estava lentamente impulsionando suas sensações com o assalto da boca ao redor de seu tenro mamilo.

Sua língua açoitava e seus dentes apertavam contra a ponta cheia de nervos.

―Quero observar Tariq comer essa doce boceta. ―Ele estendeu a mão, seus dedos acariciando para baixo por um lado de seu rosto.

―Abram. ―Não podia pensar. Tudo o que podia tentar fazer era se obrigar a respirar através do prazer e o pensamento do toque de Tariq ficando inclusive mais íntimo.

―Quero observar sua língua separar os bonitos lábios de sua boceta, observá-lo lamber e acariciar sua escorregadia boceta.

Quando ele falou, Tariq tirou os lábios de seu mamilo e a olhou.

―É isso o que quer amor? ―Quando falou os dedos de Abram passaram sobre seu clitóris.

Um baixo e desesperado gemido escapou diante do toque. Seu clitóris pareceu inchar ainda mais. Doía com um prazer e uma dor que ela encontrava agonizante e eufórico.

―Paige, me responda, amor. ―Tariq se inclinou mais perto, seus lábios baixando aos dela quando sentiu que os dedos de Abram separavam as suculentas dobras entre suas coxas ― me diga, ―perguntou contra seus lábios ― Quer que eu coma sua boceta Paige?

O repentino e furioso impulso de dois largos dedos masculinos dentro das apertadas e escorregadias profundidades de sua vagina a fez sacudir os quadris, abrir os olhos, e que um chiado se rasgasse de seus lábios quando se encontraram com os de Tariq em um primeiro e úmido beijo desesperado.

Entre suas coxas os dedos de Abram trabalhavam dentro de sua boceta. Estirando as apertadas profundidades, fodendo mais à frente a ultrassensível e tenra malha, logo arqueando os dedos para uma muito tenra carícia de incrível prazer na carne interior localizada atrás de seus clitóris. A língua de Tariq empurrou além de seus lábios para encontrar com sua língua e entrelaçar com ela eroticamente.

Fiel aos enérgicos e poderosos impulsos em seu interior, Paige lutou por proteger seus sentidos e perdeu.

Havia muito prazer, quando a cabeça de Tariq se inclinou, moveu os lábios avançando por sua mandíbula até seu pescoço, ela abriu os olhos para encontrar Abram.

―Que sensual é, gatinha, ―ele grunhiu, seus dedos empurrando mais profundo outra vez quando os lábios de Tariq avançaram por seu pescoço para seu ombro, mordendo ali eroticamente.

―Me responda, ou nos paramos.

Os dedos de Abram pararam dentro dela. Ainda estirando enquanto seus sucos se reuniam ao redor deles, seus dedos era um prazer destrutivo inclusive enquanto não faziam mais que possuí-la.

―Não pare, ― implorou desesperadamente, seus quadris lutando com seus dedos ― Foda-me.

―Me responda, ―Tariq grunhiu. Ambos os homens desceram a vista a ela, suas expressões assegurando que não a deixariam ignorar a pergunta por mais tempo.

―É isto o que quer? ―Tariq repetiu. ― Meus lábios e língua alimentando dos sucos de sua boceta? ― Pegou os dedos e os levou a sua pesada ereção. ― Meu pênis afundando ali dentro?

―Sim! ―Curvou os dedos ao redor de seu pênis, tocando brandamente e acariciado a acetinada seda sobre puro ferro quente enquanto sua boceta apertava ao redor dos dedos de Abram.

―Quero primeiro. ―Apertou os dedos sobre seu pênis―― me deixe saborear, Tariq― ―Levantou a cabeça quando ele emitiu um rude gemido.

Movendo-se sobre seus joelhos, ele se ajoelhou ao lado dela, inclinando mais perto, e empurrando o pênis dentro de sua boca.

Era incrível. Os pequenos e delicados dedos agarrando e acariciando sua longitude enquanto a outra mão acariciava e acariciava suas bolas.

Tariq sentia as urgentes chamas de prazer rasgando através de seu sistema.

De todas as mulheres que ele compartilhou com Abram, de todas as mulheres que seduziram juntos, Paige era a única com quem sonhou, a única com quem fantasiou sobre quase tudo. E agora sabia por que. Enquanto observava a cabeça de seu pênis afundar dentro de seus lábios, estirando-os, deu conta de que o incrível prazer só estava começando.

Se não se movia, se não tentava liberar-se dela, ia gozar. Ia encher sua quente pequena boca com uma quantidade de sêmen como nunca derramou dentro da boca de nenhuma outra mulher.

―Suficiente. ―Saiu dela, indo para trás enquanto Abram arrancava seus dedos dela.

Movendo-se entre suas coxas, suas mãos mantendo-a imóvel enquanto sua cabeça descia até a torcida carne de sua boceta.

Abram observava. Estendido ao lado dela acariciou sua carne escorregadia pelo suor, sustentando-a contra ele, e observando seu primo separar as suntuosas escorregadias dobras com sua língua faminta.

Paige ficou rígida debaixo da sensação da língua de Tariq quando açoitou contra as dobras de sua boceta. Não estavam pedindo que desse prazer, embora ela fizesse gostosamente. Em lugar disso, eles estavam completa e absolutamente enfocados em seu prazer.

As mãos de Abram acariciavam de seus seios até a parte baixa de seu estômago, sua cabeça baixou para deixar que seus lábios acariciassem e sua língua saboreasse a curva de seu peito.

As mãos de Tariq empurravam debaixo da curva de seu traseiro, levantando-a mais perto. Inclinando os quadris para permitir que sua língua se movesse mais abaixo, para serpentear contra a abertura de sua boceta, provocando e sensibilizando enquanto ela enterrava a mão no cabelo de Abram, apertando-o quando Tariq tamborilou com sua língua justo dentro da flexível e apertada entrada. O grunhido que ele liberou contra sua carne fez conter o fôlego com um vacilante gemido.

A cabeça de Abram levantou outra vez, os lábios movendo a seu ouvido.

―Está provocando, amor?

―OH Deus, Abram, está me matando. ― Ela tentava empurrar contra sua língua, para obrigá-lo a ir mais profundamente dentro dela ― me deixe gozar, ―implorou, sentindo o desespero que sabia que eles escutavam em sua voz ― Por favor, Abram, necessito…Um surpreso gemido de intenso prazer liberou de seus lábios quando sentiu Tariq mover os dedos através da fenda de seu traseiro para provocar e pressionar firmemente na diminuta e escondida entrada localizada ali.

―Abram, ―ofegou, seu olhar encontrando o seu enquanto levantava a cabeça, seus olhos fogo negro quando apanhou seu olhar.

―Relaxe, amor, ―disse brandamente arrastando as palavras. Os dedos de Tariq retirando quando sua língua pressionava para frente ― Só relaxe para nós. Pararemos cada vez que necessite que façamos, ―disse ― Tudo que você queira bebê.

―Mais, ―ela gemeu entrecortadamente quando as sensações dos dedos de Tariq retornaram à apertada abertura. Frio, escorregadio pelo lubrificante, começou a empurrar o dedo dentro enquanto Abram descia a mão para pegar por abaixo um joelho, e levantá-la.

Um erótico estremecimento correu através de seu corpo e suas pálpebras se agitaram sobre seus olhos aturdidos.

Sentiu o dedo de Tariq afundar lentamente nas profundidades carregadas de nervos de seu traseiro.

Os dedos de Paige se apertaram com força nos ombros de Abram, aferrando-se a ele, sustentando o olhar enquanto a língua de Tariq comia decadentemente a sua boceta ao mesmo tempo que seus dedos lubrificavam, estiravam, e preparavam a entrada de seu traseiro lentamente acrescentado a largura de mais um dedo.

Abram sustentava o joelho atrás, seu olhar nunca afastando do dela, sustentando constantemente, mantendo seus sentidos enfocados quando ela sabia que quebraria em mil pedaços de outra maneira.

Quebrados e desesperados gemidos se livravam de seus lábios enquanto lutava pela liberação, sentindo essa borda de inconsciência justo fora do alcance a tentava com o êxtase por chegar.

―Abram, ―ofegou seu nome quando sentiu Tariq estirando-a ainda mais ― Por favor, por favor me faça gozar.

Débil, suplicante, a rouquidão de sua própria voz a horrorizou.

―Está pronta para nós então? ―Uma careta se apertou em seu rosto. Paige sentiu a suas pálpebras revoar fechando outra vez antes de esforçar-se para abri-las.

Pronta para os dois?

Sabia o que ele quis dizer, da mesma maneira que sempre soube o que aconteceria uma vez se convertesse em seu amante.

Aceitar não só Abram e a sua posse, mas também Tariq, ou a quem fosse seu terceiro, também.

―Sim, ―ela sussurrou desesperadamente enquanto seus lábios continuavam encrespando em contra do lento e suave impulso de prazer/dor forçando a entrada de seu traseiro. ― OH Deus, Abram, ―gemeu. ― Por favor.

Se não gozava logo nunca sobreviveria às sensações que cresciam em seu interior.

O prazer/dor e a ardente erótica fome atacavam cada receptor sensitivo de seu corpo e de sua mente. Não podia suportar estar sem seus toques. Se eles parecem, se não continuassem empurrando para esse precipício que esperava adiante, então ela não sobreviveria ao abandono.

Se não continuasse a erótica viagem que empreendeu caminho a um orgasmo, então perderia o julgamento em sua busca.

―Vamos, amor, ―Abram sussurrou apesar de seu grito de desespero quando os dedos de Tariq e sua torturante língua a abandonaram.

Enquanto Tariq se retirava, encontrou-se sendo levantada, dada a volta, e depositada dentro dos braços de Abram enquanto ele se reclinava sobre a cama.

Tariq guiou as pernas a ambos os lados dos quadris de Abram enquanto este agarrava a base de seu pênis, sustentando firme. Paige inclinou a cabeça para trás com um baixo e desesperado gemido rasgando quando a larga crista separou os inchados e sensíveis lábios. Sentiu-o empurrar para dentro até o punho, enchendo-a, estirando-a até o ponto em que o prazer e a dor se combinavam para criar um inferno de calor e fome que roubou a mente.

Quando a penetrou completamente suas mãos aferraram os quadris, mantendo-a quieta enquanto sentia a palma de Tariq entre suas omoplatas pressionando-a contra o peito de Abram.

Baixando o olhar a Abram com repentina vacilação, foi consciente de Tariq parando atrás dela.

―Inclusive melhor. ―Abram liberou um quadril para levantar a mão e enredá-la em seu cabelo atrás de seu ombro, antes de roçar os nódulos contra sua bochecha. ― Encarregaremos de tudo, bebê― Tudo o que você tem que fazer é sentir. Só nos deixe te amar.

Deixá-lo amá-la.

Sonhou com isso, desejou durante muitos anos.

Paige se tranquilizou, seu corpo relaxando outra vez enquanto deixava pressionar contra o peito de Abram. Seus mamilos enterrados contra o calor e a dureza dos largos músculos enquanto movia as mãos a seus ombros, os dedos apertando com força.

As mãos de Abram se moveram à parte de atrás de sua cabeça, os dedos enredando nas mechas enquanto girava a cabeça para ele, seus lábios apanhando os dela em um beijo duro e faminto.

Sua língua pressionou entre seus lábios enquanto atrás dela, Tariq se movia mais perto, a escorregadia e grossa cabeça de seu pênis deslizando ao longo da linha de seu traseiro para encontrar o sensível e apertado buraco de sua entrada.

―Sustente-se contra Abram, amor, ―Tariq sussurrou por atrás, os lábios em seu ombro quando ela sentiu a constante e quente pressão de seu pênis começando a separar o apertado e flexível pequeno buraco.

O beijo de Abram foi mais profundo, seu gemido, um escuro e masculino grunhido quando Tariq começou a empalar a até agora virgem entrada de seu corpo.

A excitação sexual era uma tormenta de fogo de necessidade propagando com fúria através de seu corpo enquanto gritava dentro do beijo de Abram. Era prazer e dor sacudindo seus sentidos enquanto sentia a lenta e constante penetração do pênis de Tariq entrando em seu traseiro.

Cada centímetro que se afundava dentro das profundidades de seu traseiro a fazia mais consciente da grossa e pesada intrusão dentro de sua boceta e do desespero dentro de seu corpo pela liberação.

Sua vagina apertava a ereção enchendo-a enquanto sentia Tariq empurrando mais profundo. Suas unhas cravaram nos ombros de Abram, quando ele liberou seus lábios.

Paige ofegava, seu corpo sacudindo, fortes estremecimentos corria através dela ao sentir Tariq pressionar todo o caminho em sua entrada traseira. Apertou ao redor das duplas intrusões, estremecendo de prazer, com agonia, e êxtase enquanto eles começavam a se moverem.

Não soube que a dor pudesse ser aditiva quando se mesclava com as eufóricas ondas de erótica resposta quando surgiram através dela. Não soube que pudesse perder completamente o sentido quando Tariq ficou sobre ela, o peito largo contra seus ombros quando os dois homens começaram a mover-se em seu interior.

―Abram! ―Débil, ofegante, gritou seu nome quando sentiu seu último agarre sobre a realidade começar a esfumar ― OH Deus, me segura. Por favor, me segura.

Ia voar em pedaços, podia sentir. Ia perder a si mesma e a sua mente junto com seus sentidos.

―Tenho-a amor. ―Sua voz era um grunhido grave e primitivo. ― Tariq e eu a temos.

Eles estavam se movendo, empurrando em seu interior, enchendo e estirando sua boceta e seu traseiro, empossando-se de ambos com cada intensificado golpe enquanto Paige sentia seu corpo vibrar e esticar. O prazer estava construindo dentro dela, queimando, as sensuais chamas ficando mais altas até que sentiu a conflagração detonar em seu interior.

Violento, feroz, seu orgasmo começou a rasgar através de seus sentidos, arrancando um violento e quebrado grito de sua garganta.

Sua boceta fechou, ordenhando o pênis de Abram quando os músculos rodeando o pênis de Tariq começaram a contrair em resposta.

Contra sua liberação estremecia todo o corpo, ela sentiu sensações que nunca poderia ter esperado sentir com semelhante profundidade.

Debaixo dela, Abram esticou, seus quadris se arquearam empurrando dentro seu pênis pareceu inchar mais grosso e mais duro. A carne pesada sacudiu, palpitando com força e intensamente e Tariq o imitou um segundo mais tarde. No momento em que seu orgasmo alcançou sua altura mais fogosa ambos os homens soltaram um duro e murmurado grunhido e a sensação de suas liberações derramando em seu interior encheu os sentidos.

Estava rodeada por eles. Cercada por eles, por dentro e por fora. Protegida, sustentada, quente, e consumida. Estava exatamente onde desejou estar. Completando Abram.

 

Tariq observava as agulhas do velho relógio ao lado da cama enquanto faziam tic-tac. Perguntava se deveria ficar ou retornar a sua própria cama.

Normalmente, ele já teria retornado ao outro quarto, mas normalmente as circunstâncias eram completamente diferentes.

Não havia nenhum dos guarda-costas de Azir parados no corredor para tomar nota do momento de sua partida, nem estavam no castelo ou na jurisdição de Mustafa onde Azir ou seus capangas terroristas pudessem surpreendê-los e arrastar Tariq a uma sentença de morte.

Pelo crime de indecência sexual. Indecência sexual.

Girando a cabeça olhou o casal que compartilhava a cama com ele e se perguntou se Abram já aceitou o fato de que estava apaixonado por Paige. Que esteve apaixonado por ela sempre.

Tariq soube, e suspeitava que Khalid soubesse também. Essa era provavelmente em parte a razão pela que Khalid foi tão diligente em mantê-los separados.

Khalid ficaria uma fera quando saísse do hospital para inteirar que era muito tarde para separar seu irmão de sua irmã.

Quase riu diante do pensamento. Pobre Khalid ― Não seria fácil para ele alguma vez ter que apresentá-los como um casal. “Apresento meu irmão e irmã que estão, de fato, casados”.

Ah, sim, falando de um assunto de conversa para qualquer reunião social. Esse assunto definitivamente seria o único.

―Ainda está acordado. ―A voz de Abram era só apenas audível. ― Deveria estar dormindo.

Não era como se algum deles tivesse dormido muito desde sua fuga da Arábia Saudita.

―Estou bem acordado, ―Tariq respondeu.

O silêncio se encontrou com a observação por um longo momento antes que Abram dissesse, ―Isso é incomum em você.

E era. Normalmente, Abram era o insone. Ele era conhecido por passear, ficar olhando o teto, ou por encontrar formas para simplesmente manter-se ocupado quando precisava resolver um problema. Desvelar não era algo que Tariq fizesse bem. E não era algo do que ele gostasse.

―Parece para mim como que ambos estão revelados, ― Paige observou, sua voz adormecida enquanto se movia para acomodar em sua posição, apoiada sobre o peito de Abram.

Tariq parecia quase ciumento do aspecto natural e cômodo dos dois. É possível que tirem faíscas para fora da cama de uma maneira completamente diferente, mas sempre houve uma conexão entre eles.

A mão de Abram acariciou para baixo as costas e subiu, quase inconscientemente, Tariq pensou. Pela necessidade de uma conexão. Pela necessidade de tocar à mulher que silenciosamente estava reclamando.

―Deveríamos ligar para Marty e saber sobre Khalid? ―Paige perguntou, seu tom mais sereno, atenuado ao pensar em seu irmão.

―Se for o que quer embora Marty provavelmente esteja descansando agora, ― Abram indicou. ― Confio em que ela vai ligar se houver algum problema amor, ―manifestou brandamente.

Sim, pensou Tariq, definitivamente havia uma razão para sentir ciúmes. Perguntou como seria compartilhar com alguém as decisões diárias da vida que eram propensas a acontecer.

Incorporando-se na cama, com um pé no chão e o outro apoiado sobre a cama, ficou olhando para as portas do balcão com um cenho em seu rosto.

Abram tinha razão, a insônia não era uma parte de sua psique, assim que qual era o condenado problema?

―Tariq? ―Paige se incorporou lentamente―― O que acontece?

Ele se moveu para negar com a cabeça outra vez, só para fazer que o movimento fosse interrompido pela serena vibração de seu telefone sobre a mesinha ao lado da cama.

Sua mão o pegou por um puxão, volteando o telefone e abrindo enquanto o levava ao ouvido.

―Tariq, ―respondeu.

―Abram está com você? ―A voz masculina perguntou.

―Está aqui, ―respondeu Tariq.

―Necessitamos que fique no viva voz, rapidamente, ―Daniel Conover ordenou, seu tom duro como o aço apesar do volume baixo.

Tariq baixou o telefone e rapidamente pressionou o botão do viva voz.

―Aqui estamos, ―Tariq indicou em voz baixa.

―Temos um problema, ―disse Daniel ― tivemos dois ataques no portão nos últimos dez minutos sem nenhum sinal do intruso que o fez. Assegurem de estar atentos. E pelo amor de Deus, permaneçam em seus quartos. Se tiverem que sair, me contatem primeiro. Tenho um agente indo ao quarto de Paige.

―A Srta. Galbraithe está aqui, ―Tariq informou serenamente, duvidoso do direito do agente de segurança para chamá-la por seu nome de batismo.

Um momento de silêncio.

―Muito bem. Fiquem no lugar, ligaremos logo.

Enquanto ele falava, tanto Tariq como Abram estavam movendo-se pelo quarto, rapidamente sacudindo as pesadas cortinas sobre as janelas enquanto Paige estava parada na escuridão do banheiro anexo, vestindo-se apressadamente com seu jeans, camiseta, roupa intima, e botas que Abram aconselhou que tivesse à mão, no caso de precisar fugir.

―Se assegure de permanecer em contato, ―Tariq ordenou quando ele e Abram começaram a vestir-se também.

Desligando a ligação, Tariq colocou seu jeans muito gasto, antes de colocar os pés dentro das botas e as amarrar rapidamente.

Abram terminou segundos antes que ele e estava abrindo a porta do armário onde colocaram suas armas mais cedo esse dia. Eles sabiam, ou ao menos Abram soube, exatamente onde passariam suas noites, e guardaram as armas ali no caso de precisar.

―Por que não deixará ir? ―Paige estava parada na porta do banheiro, com insegurança no rosto sobre o que parecia estar ocorrendo, especialmente quando Abram caminhou a grandes passos para ela e pressionou a Glock em sua mão.

―Orgulho. Ira. ―A voz de Abram era dura, mas Paige o conheceu por muitos anos e reconheceu esse indício de dor em seu tom.

Ela não podia imaginar seu pai alguma vez sendo menos que amável ou carinhoso com ela, ou firme, mas sempre afetuoso com Khalid― Não poderia suportar se ele fosse algo menos que isso.

―Orgulho e ira não são uma boa razão, ― ela disse na escuridão, mantendo sua voz baixa.

―O imbecil está louco, então. ―Abram cuspiu o comentário.

Apesar de toda a suavidade de seu tom, a violência que enchia sua voz a fez sobressaltar. Foi ver Abram tirando de um puxão a arma da capa debaixo de seu braço e secou a boca por medo. Violência e fúria contida era tudo o que refletia essa ação premente e dura.

―Abram? ―Ela deu um passo fora do banheiro quando toda a casa pareceu agitar e uma explosão explodiu através da noite.

Paige tropeçou contra o marco da porta quando o quarto pareceu sacudir e rodou debaixo de seus pés. Um grito foi logo sufocado, seu coração correndo velozmente pelo medo quando as luzes cintilaram fora e o som de vozes elevadas pelo alarme chegava do andar de baixo.

―Não foi na casa, foi fora. ―Abram estava a seu lado, sua mão agarrando a dela empurrando-a para a porta. ― Foi também condenadamente perto, entretanto.

―Temos que chegar a Chalah ―Ela ofegou enquanto Tariq abria de um puxão a porta com uma mão. Ele usava um poderoso rifle automático na outra.

Ela considerou completamente injusto que suas armas fossem maiores que a sua.

―Ela é provavelmente a razão pela que nos encontraram tão condenadamente rápido, ― Tariq gritou em resposta.

Não ficava nada dos amantes que a sustentaram tão brandamente, que a tocaram tão ardentemente mais cedo. Estes eram endurecidos guerreiros, e apesar de que ela se deu conta da necessidade, não apreciava a mudança de atitude nessa direção.

―Tariq ―A voz de Abram era de advertência quando entraram no escuro corredor.

Tariq girou à esquerda, ignorando Abram e se dirigindo para a escada que dobrava para descer ao primeiro andar. A direção oposta ao quarto onde Chalah estava.

Sem uma palavra Paige girou à direita, exalando um suspiro de alívio quando sentiu Abram seguindo-a de perto enquanto se dirigia rapidamente ao quarto de Chalah.

Tariq amaldiçoou furiosamente atrás deles.

Ao chegar à porta, Abram deu um forte golpe rápido antes de a abrir de um empurrão.

Escuro, silencioso, o quarto parecia estar deserto quando Tariq empurrou Abram para entrar. Paige captou o olhar contrariado que Tariq disparou.

Outra explosão sacudiu a casa, esta vez mais perto, o brilho de luz brilhou branco no exterior das altas e largas janelas. Paige não conseguiu reter o grito, ou ao menos pensou que o fez. Deve ter divulgado como um pequeno chiado assustado que pareceu flutuar através do quarto.

Estava segura de ter ouvido Tariq amaldiçoando outra vez. Com grandes pernadas passou além dela abrindo de um empurrão a porta do armário e um batimento do coração mais tarde tirava uma Chalah aterrada do reduzido espaço fechado.

―Vamos! ―ordenou Abram enquanto se moviam rapidamente com o passar do corredor ― Tariq, ligou para Conover?

―Nada, ―Tariq respondeu desde atrás dele ― E ele deveria ter avisado pelo rádio.

―Conseguiram adiantar ele e seus homens uma vez antes quando Ayid e Amam estavam perseguindo Kahlid e Abram, ―indicou Paige ― Poderiam ter conseguido ultrapassá-los outra vez.

Eles eram Jafar e seus homens.

Jafar.

Paige voltou o olhar ao rosto pálido e manchado pelas lágrimas de Chalah― O pai de Abram, e o irmão de Chalah― Que horrível devia ser confrontar a realidade de seus ódios.

―Tariq, leva Paige e Chalah…

―OH, maldição, não, ―Paige protestou. ― Não vai a nenhuma parte sem mim.

―Nenhuma mulher nos dá ordens, ―Tariq grunhiu quando se aproximou dos degraus ― A próxima coisa que sei é que estaremos ensinando as crianças.

Paige tinha toda a intenção de dizer exatamente o que pensava ela sobre esse comentário quando ouviam a primeira e aguda detonação de uma arma.

Tariq e Abram se moveram rapidamente, empurrando Paige e Chalah contra a parede. O som das ordens gritadas de abaixo acelerou o coração de Paige aterradoramente. Sentiu um conhecimento até a medula de que Abram não poderia conseguir se esconder por muito tempo.

―O quarto seguro, ― disse Abram, voltando-se para Tariq ― Há um em cada andar. Ativando envia um alarme aos policiais, bombeiros e à equipe de resgate, independente das linhas telefônicas.

―Por que não pode usar as linhas telefônicas? ―Paige sussurrou.

―Comprovei, ―Tariq indicou. ― Estão fora de serviço e os telefones celulares estão bloqueados. O quarto seguro envia uma chamada à polícia através do cabo de Internet que está oculto clandestinamente. Se cortarem as linhas ali, envia uma chamada igualmente.

Os telefones estavam fora de serviço. Paige se inteirou depois do último ataque a Khalid que houve um sistema de segurança especial instalado que usava o respaldo da conexão a Internet de apoio.

Assim por que não receberam uma resposta ainda?

―Abram, é Daniel Conover. ―O som da voz do agente de segurança retumbou subindo as escadas.

―Conover, ― Abram respondeu enquanto colocava a seu corpo cuidadosamente diante de Paige.

Tariq fazia o mesmo, parando diante de Chalah protetoramente.

―O que está acontecendo?

―Muito, Abram, ―Daniel respondeu. ― Mas não o suficiente para dar a um homem uma sensação de satisfação.

O código seguro chegou com uma borda de diversão.

Abram relaxou marginalmente.

―Estou subindo, Abram, ―Daniel anunciou.

Segundos mais tarde ele caminhava com grandes passos na parte superior das escadas, vestido de negro e parecendo quase tão perigoso como Abram e Tariq.

―A polícia estará aqui de um momento a outro, ―Daniel indicou quando se deteve na parte superior das escadas, seus olhos azuis brilhando como gemas endurecidas ― Apanhamos um homem armado com um lança-foguetes montado no ombro e alguns foguetes caseiros. O temos sob custódia mas não está falando. Veremos o que pode fazer a polícia com ele em poucos minutos.

O som de sirenes uivando ao longe fez que Abram voltasse o olhar à janela do extremo mais afastado do corredor.

O brilho das luzes azuis e vermelhas brilhava à distância à medida que as sirenes se aproximavam.

Merda.

Abram olhou pela janela, consciente de Paige atrás dele, a mão movendo-se para segurar-se a seus bíceps enquanto sussurrava seu nome.

―Poderia fazê-lo falar, ―manifestou rapidamente―― Azir o enviou. Poderia forçá-lo a dizer.

―Sim, bem, essa merda parece estar contra as leis aqui na Virginia, ―Daniel grunhiu. ― me dê uma oportunidade para ajudar a carregar nosso prisioneiro e então falaremos.

A respeito do que?

Abram não expressou em voz alta o pensamento. No que a ele concernia, não havia nada mais que falar a respeito de se ele ia simplesmente enviar o homem que seus agentes capturaram a estação policial.

―Podemos falar pela manhã, ―Abram grunhiu enquanto dava a volta, pegando o cotovelo de Paige e girando de costas ao quarto. ― Tenho outras coisas para fazer esta noite.

Estava de saco cheio, apesar de que sabia que não era culpa de ninguém que sua necessidade de chutar o traseiro de Jafar e disparar a seu próprio pai estivesse elucidando através dele.

A fúria estava crescendo, e era uma fúria que sabia que só estava começando a supurar em seu interior.

―Abram pararemos, ―Daniel assegurou quando Abram girou afastando dele.

―Faremos, Daniel? ―grunhiu. ― Meu irmão está no hospital à borda da morte, minha amante deve viver com medo de ser assassinada porque é minha debilidade, e meu primo, o único disposto a me olhar as costas sempre ganhou o ódio de Azir. Tal como fiz faz muito tempo. Possivelmente é hora de dar-me conta de que não há nada que possamos fazer nesta briga. Se eu não insistisse em estar aqui, onde estou a salvo para dar rédea solta a meus desejos, então nem Tariq nem Paige estariam enfrentando o perigo que agora os cerca.

Não deu a Daniel uma oportunidade de responder.

Dando meia volta retomou o caminho de volta ao quarto, os dedos curvados ao redor da parte superior do braço de Paige antes de arrastá-la para dentro.

―Abram o verei mais tarde durante o dia, ―Tariq indicou quando Abram parou justo dentro do quarto.

Deu volta e devolveu o olhar a seu primo, onde a jovem observava tudo silenciosamente, seus olhos escuros brilhando pelas lágrimas e a dor.

―Deixa Chalah só de noite, Tariq, ―disse brandamente―― Jafar saberia onde nos estávamos ficando sem a ajuda de sua irmã.

Tariq inclinou a cabeça concordando, mas Abram viu algo em seu olhar, em sua expressão, que advertia que nisto, Tariq teria que cortar sua própria garganta antes de dar-se conta da verdade.

Abram fechou a porta, travando com a fechadura, então se voltou para Paige.

Pálida e cansada, e ainda com uma força que ele sempre soube que ela possuía. A força para olhar à adversidade cara à cara sem perder seu espírito nem sua coragem.

Deus, ela era o epítome da paixão e a força feminina. Uma mulher diferente de qualquer outra que ele tenha conhecido antes.

Queria protegê-la. Queria colocá-la em sua cama e nunca deixá-la ir. Ao mesmo tempo, queria parar diante do mundo com ela e proclamá-la como própria. Cada vez que a tentação aumentava dentro dele, entretanto, as lembranças do Lessa estavam ali para persegui-lo.

―Sinto muito. ―E ele fazia, claramente do fundo de sua alma lamentava completamente o fato de que Paige tenha sido arrastada dentro deste inferno.

Cansada, preocupada, e assustada, ela deu uma rápida e breve sacudida com sua cabeça.

―Não há razão para que lamente, Abram. ― Ela suspirou. ― Isto começou desde o dia em que minha mãe escapou de Azir, e ambos sabemos. ―Sabiam? Ou ele orquestrou isto com seu desejo por ela? Com um olhar, ou uma palavra dita no momento equivocado a Azir, ou possivelmente uma borda de fome não tão claramente escondida como ele esperou cada vez que a via em público.

Ele sacudiu a cabeça.

―Sabe que é assim, ―ela sussurrou com amargura. ― Ele não pôde quebrar minha mãe, e você se recusou a permitir-lhe me quebrar enquanto estivemos na Arábia Saudita. Sabia quando escapamos, da mesma maneira que soube anos antes, que ele me raptar-se ia ocorrer logo. Azir não o faria de nenhuma outra maneira.

E possivelmente ela estava certa.

Movendo-se para ela, não pôde evitar envolver os braços ao seu redor e segurá-la apertadamente enquanto fechava os olhos e sussurrava uma oração para que Deus a protegesse. Que ele a protegesse, e que de algum jeito, em certa forma, houvesse uma oportunidade para a felicidade com a que ele sempre sonhou.

Uma oportunidade que incluía sustentar Paige em seus braços para sempre.

Pressionando seus dedos debaixo de seu queixo, levantou a cabeça, observando como suas pestanas revoavam e esses incríveis olhos verdes devolviam o olhar. Olhos esmeraldas. Olhos de gata. E ela era igual de feroz, de independente, e de valente como qualquer gato que alguma vez tenha visto.

Havia tanto que ele queria dizer. Tanto em seu interior. Como encontraria a coragem para dizer quanto pertencia a ela?

Sentindo suas mãos tão suaves, tão delicadas enquanto se moviam à nuca de seu pescoço, teve que apertar os dentes contra a excitação que repentinamente cobrou vida outra vez.

Nunca teria suficiente dela. Isso simplesmente não era possível.

―Amo você Abram. ―Ela disse às palavras que ele podia sentir batendo em seu coração.

―Assombra-me gatinha, ―disse, sentindo o assombro crescer em seu interior ― Como pode saber sempre como atenuar o inferno em que me vi forçado a navegar enquanto briguei por conseguir este lugar em minha vida? Nunca poderia expressar como aliviou as feridas das que pensei que minha alma nunca se curaria.

―E por que o assombro? ―Esse pequeno misterioso sorriso jogava em seus lábios ― Sempre soube que te amo, Abram, não finja que não.

Sabia? Sempre houve esse conhecimento que aliviou suas noites, no princípio porque viu a inocência e a aceitação infantil que lhe deu pouco depois da morte de Lessa, e mais tarde, depois da morte de sua segunda esposa, houve muito mais.

―Sabe como a amei? ―As palavras pareceram rasgar sua alma. ― Sabe, Paige, como procurei ver-te cada vez que visitei Khalid? Como vivi para gozar de cada visita aqui? ―Sua mão acariciou a bochecha. ― Como vivi para você?

Viveu para ela durante anos, e ele sabia. Não havia uma parte de sua alma que não fosse consciente do fato de que por muito tempo, ela o seguiu através de cada segundo de seu dia, cada segundo das longas e escuras noites que pareciam encher de sangue e de morte.

 

E agora, havia uma esperança. A esperança de que quando o sol se levantasse ali poderia estar sua risada, seu tenro toque, sua amorosa luz brilhando unicamente para ele.

―Vamos conseguir, Abram, ― declarou, e pela primeira vez em sua vida ele sentiu o conhecimento de que não tinha nenhuma outra opção mais que sobreviver.

Só tinha um trabalho que terminar antes que essa segurança estivesse garantida.

A morte de Azir Mustafa.

 

O abatimento que avançou lentamente sobre eles encontrou Paige dormindo nos braços de seu amante, o cansaço excessivo arrastando-se profundamente nesse poço de sonolência que obliterava os sentidos e atenuava inclusive até ao instinto.

Esse instinto estava muito aperfeiçoado inclusive para dormir com Abram, entretanto. Ao menos, não neste momento, não hoje. E só Deus sabia se ele teria outro dia para aliviar a si mesmo dentro de um sono tão pacífico.

Abriu os olhos lentamente.

Não pestanejou. Não fingiu dormir. Não escondeu o conhecimento de que ele era agudamente consciente da companhia que estavam tendo.

Maldição sabia que deveria ter interrogado o único terrorista que capturaram ontem à noite. Deveria ter tirado a verdade a golpes do bastardo assassino.

 

Teve que se esforçar para reprimir a urgência de sua pegada sobre Paige. Para tomar esse último momento e tratar de arrastá-la debaixo de sua carne, para protegê-la para sempre.

Não existia a oportunidade, nem nenhuma possibilidade de fazer semelhante coisa, entretanto. Ela estava vulnerável, e ele dormiu muito profundamente, seus instintos não suficientemente afiados para o sentir deslizando dentro do quarto. Não despertou até que sentiu a seu primo descendo o olhar sobre ele com irritável diversão.

Jafar agitou a arma para ele, uma indicação de que devia levantar da cama.

Abram permitiu acariciar às grossas e pesadas mechas do cabelo esparso sobre seu peito enquanto a cabeça deitava sobre seu ombro. Obrigando-se a afastar-se, seu olhar rastreando os três homens que estavam parados ao lado da cama, assegurando que o lençol a cobrisse enquanto a afastava de sua própria nudez.

O olhar de Azir estreitou diante da nudez de seu filho enquanto uma careta de desgosto retorcia suas feições. O outro homem que estava com eles estava impávido, seus olhos marrons como pedacinhos de gelo enlodados, suas cruéis feições cheias de cicatrizes nunca mudaram a expressão.

O tenente que Abram vislumbrou durante meses na fortaleza de Mustafa, que nunca falou muito e nunca socializou. Sempre conseguiu manter-se distante, como muitos dos terroristas uma vez fizeram.

Até que mais de seus compatriotas chegaram depois das mortes de Ayid e Amam. Muitos deles agora se moviam em grupos, socializando entre eles, e começaram lentamente a arrastar às pessoas da jurisdição de Mustafa dentro de seu agrupamento.

 

Inferno Abram se precaveu, ele era um dos homens que não puderam identificar absolutamente. Ele e Tariq inclusive não puderam conseguir suas impressões digitais como tinham da maioria dos terroristas suspeitos.

O olhar do outro homem estava atento sobre ele enquanto Abram pegava sua calça do chão e a subia por suas pernas, sentindo a pequena pistola Beretta que colocou no bolso de noite.

Seus dedos estavam ávidos de colocar dentro do bolso e tirá-la. Mas o assunto militar que Jafar e seu tenente estavam realizando ainda estava enfocado exclusivamente sobre Paige em vez de sobre Abram.

Abram deixou que seu olhar deslizasse a seu pai, Azir. O velho estava olhando Paige com tal brilho de fome enlouquecida que repentinamente, Abram compreendeu exatamente como Azir pôde dar-se conta da atração de seu filho por ela.

Azir desenvolveu uma fixação por Paige que Abram não percebeu.

Como diabos conseguiu deixar isso escapar?

Quando ele se afastou da cama, um pequeno e solitário suspiro saiu dela. Moveu-se debaixo do magro lençol como procurando seu calor.

Tentando manter o movimento lento e inofensivo, levantou o edredom que estava agrupado em seus joelhos, até seus ombros.

Azir se moveu muito mais rapidamente que Abram pôde ter esperado.

Antes que ele pudesse antagonizar a manobra, Azir, com toda sua gordura e normal parcimônia, conseguiu atacar com a rapidez de uma cobra e tirar o edredom de seu agarre.

Abram voltou o olhar para trás a ele através da tênue luz do quarto, o ódio e a fúria assassina crescendo em seu interior.

―Sobre meu cadáver… ― conservou sua voz apenas audível, mas inclusive ele ouviu a promessa ressonando nela. ― O matarei com minhas próprias mãos. Escute-me, velho, porque juro diante de Deus, que pagará pelo que tem feito nesta vida muito antes que encontre com Alá.

Os olhos de Azir estreitaram, mas Abram viu o brilho de medo nas profundidades durante o mais breve segundo.

―Nos movamos, ― Jafar ordenou. ― Estamos saindo para casa, e você voltará conosco. Garanto Abram que ninguém nos parará― Demonstramos que podemos transpassar as defesas de Khalid, e que podemos chegar a sua mulher. Não cometa o engano de acreditar que pode escapar outra vez sem consequências.

―Por isso disparou em Khalid em lugar de a mim.― Ele sorriu com tristeza.― Como mudou, Jafar.

Os olhos do Jafar se estreitaram.

―Não Abram, não mudei absolutamente, prometo isso. ―Zombador, condescendente. Seu primo estava realmente tratando de convencer de que ele alguma vez sonhou com as liberdades das que ambos gozaram quando foram à universidade nos Estados Unidos, ou da que os dois não tiveram, de uma vez, desfrutar de ser um membro no Clube de Sinclair?

―Posso me vestir? ―perguntou sarcasticamente.

―Claro que sim. ―Jafar encolheu os ombros ― Se vista bem, primo. Sua volta à fortaleza será notável, e preferiríamos que tivesse a aparência de ser voluntário.

Abram se vestiu sem se apressar, apesar de que não se movia com deliberada lentidão tampouco. Mas necessitava tempo, necessitava um momento para pensar.

Havia uma mensagem nas palavras de Jafar, podia sentir. Uma vez conheceu este primo tão bem como conhecia Tariq― Ao menos, pensou que fazia.

Vieram para universidade na América juntos, compartilharam amantes, embebedaram-se de jovens, e em sua maturidade se converteram em amigos.

Ambos se uniram ao Clube de Sinclair ao mesmo tempo, unindo-se a Tariq na conspiração para mentir e enganar para cobrir os recursos empregados para suas cotas de sócios.

Jafar ainda era membro?

―Deixa de demorar. ―A ordem chegou do tenente em lugar de Jafar.

Abram quase congelou por um segundo, seu olhar deslizou ao outro homem. Abotoou a camisa mecanicamente, o conhecimento repercutindo através de sua mente. Começou a associar as respostas que enviavam através dos anos quando tratou de identificar o comandante dos terroristas que entraram na jurisdição de Mustafa.

Quando Jafar desapareceu vários anos antes, supostamente mudando às montanhas para ajudar um dos velhos amigos de seu pai, Abram não suspeitou nada. Nunca considerou, nem sequer por um momento, que seu primo esteve no Iraque trabalhando para atacar o rei a quem ele uma vez prometeu solenemente sua lealdade.

Abram acreditou que Jafar era o comandante que estiveram procurando, mas essa resposta não parecia correta. Ayid e Amam odiaram Jafar quase tanto como odiaram Khalid e Abram.

Este era o motivo de que não pareceu correto. Porque Jafar não era o comandante que ele procurou. Era este homem. Que o olhava com os olhos fixos e ermos. Sem emoção. Sem nenhum outro sentimento mais que a maldade que o enchia.

Voltou-se para Jafar, à advertência nos olhos do outro homem repentinamente o atravessou como um raio.

A advertência foi como um calafrio de morte correndo sobre ele.

Ele conhecia seu primo.

Conhecia.

E sabia como trabalhava.

Como diabos conseguiu esquecer através dos anos?

Arruinou tudo, Abram o admitia. Arruinou tudo tão condenadamente mal quando imediatamente assumiu que Jafar era exatamente o que ele afirmou ser quando retornou, depois das mortes de Ayid e Amam.

Deveria ter pensado melhor.

―Vamos. ―Jafar sacudiu a cabeça para a porta enquanto Abram terminava de amarrar as botas.

―Peguemos à garota. ―Azir não se moveu. ― Ela vem conosco.

―Não.

Todos voltaram o olhar atrás para Abram quando a palavra saiu dele, soando afiada, cheia de determinação fúria e intenção assassina.

―Ela vem. ―O sorriso de Azir era frio e calculado. ― Terei também ela.

―O inferno que o fará, ― Abram grunhiu.

―Vamos agora. ―O outro homem se moveu entre Azir e a cama, a ordem em seu tom era inconfundível agora. ― A garota é uma responsabilidade agora. Voltaremos por ela se devemos fazer. ―A última frase que foi pronunciada, esteve dirigida para ser audível só por Azir, mas Abram sempre teve uns ouvidos condenadamente sagazes. O instinto desenvolvido através dos anos enquanto se movia clandestinamente através da fortaleza do castelo.

―Quer Paige por sua cooperação? ―Abram perguntou então. ― É por isso que aceitou as mortes de seus filhos tão facilmente, Azir? Porque acha que teria à filha de Marilyn?

―Ela foi criada para mim. ―Azir cuspiu quase reverentemente ― Nasceu para estar comigo. ―voltou-se para Abram ― E você acha que poderia roubar isso como roubaram sua mãe.

Estava inclusive mais louco do que Abram acreditou.

―Temos que ir, ― Jafar assobiou. ― O amanhecer está muito perto e não há forma de que possamos nos adiantar aos agentes de segurança se não nos movemos.

―Azir. ―A voz do tenente esta cheia de uma perigosa advertência. ― Agora.

―Não sem ela, ―Azir se recusou, seu tom irritante.

―Terão que matar a ambos então. Esta noite, ―Abram advertiu a todos eles ― Se tentam tomá-la, então não darei dois passos fora desta casa com vocês. Preferiria vê-la morta a vê-la sofrer debaixo de suas mãos.

Seria uma horrível escolha para fazer. Uma escolha que Abram sabia que ele não poderia fazer. Não era possível.

―Não temos tempo para isto. ―A voz de Jafar era imperativa agora, como se estivesse perdendo a paciência tanto como a coragem.

Outra peça do quebra-cabeça que encaixava. Jafar nunca perdia a paciência.

Tudo isto era uma jogada.

Seu olhar deslizou para seu primo. Jafar estava como apontando seu rifle mais para Azir e o tenente que para Paige. As costas do tenente davam para a cama, e Azir não tinha armas absolutamente.

Azir se voltou para o Abram furiosamente―― Sangraria por ela. Morreria por ela. Nunca teria forças para tirar a vida.

―A mataria antes de permitir que você a tome, ― Abram disse.― Porque sua morte em suas mãos seria muito pior.

A expressão de Azir retorceu furiosamente.

―Ela se resignaria a seu destino.

―Como fez sua mãe? ― Abram burlou-se em resposta, deixando em liberdade seu ódio e sua fúria enquanto lutava por conservar sua voz baixa. ― Como fez minha mãe? Pensou que não lembraria como matou minha mãe diante de meus olhos, velho bastardo? ― grunhiu. ― Que não teria sempre a imagem gravada de suas mãos ao redor de seu pescoço, tirando a vida de seu corpo?

Azir piscou voltando-se para ele enquanto obviamente lutava por lembrar o acontecimento.

―Vamos agora, ― o tenente, não, o comandante disse ― Agora, Azir. Não podemos levar a garota conosco.

Cada homem na propriedade foi contratado para dar sua vida por evitar que Paige seja tomada. Nunca permitiriam ninguém, especialmente Azir, escapar com ela.

―Sim, Azir. Vamos, ― Abram vaiou em resposta. ― Porque morrerei antes que ela deixe esta propriedade. Do que servia ela se o rei tomar a província porque eu estou malditamente morto para dar meu voto? Não terá uma choça onde confiná-la, e muito menos uma fortaleza bem assegurada.

Os olhos negros de Azir resplandeceram de fúria. Fúria demência.

Abram esticou. Se ele uma vez conheceu Jafar, então conhecia Azir inclusive melhor, assim como também a sua loucura. Ele não ia a nenhuma parte sem Paige. O que significava que ele não ia a nenhuma parte salvo ao inferno. E Abram jurou a si mesmo que ele mandaria Azir ao inferno.

Quando Azir se moveu para agarrar o lençol e sacudir de seu corpo, Abram se moveu.

Não saltou por Azir. Rezou como o inferno para que seu primo assumisse o comando com o Azir. Abram saltou para o comandante inclusive enquanto era consciente de que Paige estava acordada e movendo-se.

Seus gritos quebraram a noite quando começou a chamar os guardas, saltando da cama, com o lençol envolto ao redor de seu corpo enquanto se movia com a ágil e rápida graça que sempre demonstrou.

E Jafar controlou Azir.

O rifle em sua cabeça, sua expressão fria quando Abram derrubou o comandante no chão enquanto tirava a arma e a jogava através do quarto.

Um punho impactou contra sua mandíbula quando se moveu para trás para dar seu próprio golpe.

O homem tinha um punho como de maldito mármore.

Maldição era um touro enfurecido.

Agachando a cabeça, o outro homem bateu duramente no abdômen de Abram, jogando-o contra a parede. Abram envolveu os braços ao redor dos ombros do terrorista, levantou seus punhos, e os enterrou nos pulmões do homem.

Isso não pareceu turvá-lo.

Um punho rangeu dentro das costelas de Abram, tirando um grunhido de dor. Abram conseguiu descer um braço entre seus corpos, foi para trás, e deu um contundente golpe no diafragma.

Isso ao menos conseguiu uma reação e uma diminuição da pressão que mantinha Abram apertado contra a parede e a sua mão longe de poder alcançar a arma cujo punho aparecia do bolso.

A penumbra do quarto a manteve escondida, mas agora, ele estava livre.

Abram envolveu a mão ao redor da arma, tirando de um puxão. Em um batimento do coração, nivelo-a contra a cabeça do terrorista.

―Tenente, ―brincou ― Quer conhecer suas virgens hoje?

Enlodados olhos marrons se estreitaram sobre ele.

―Comandante? ―Abram perguntou brincando ― Ou os terroristas estão usando intervalos este mês?

―Somos soldados de Alá, ― o comandante chiou. ― O que saberia um demônio como você sobre isso?

―Que você está louco, ―Abram o acusou friamente ― E este jogo terminou. Divirta-se quando a equipe de interrogatório do FBI se encarregar de vocês. Estou certo de que gostarão se suas companhias e de Azir durante um tempo antes que inclusive cheguem a ver a parte interior de uma sala de tribunal. Se é que alguma vez verão uma.

Eles simplesmente desapareceriam, Abram se encarregaria disso.

―Paige, abre a porta, ―Abram ordenou quando ouviu o som de gritos, amortecidos pela porta, subindo pelas escadas.

Paige se moveu rapidamente, uma vez mais vestida com nada mais que um lençol.

Maldição ficava bem isso também.

Ele manteve o olhar sobre o terrorista, entretanto, quando o outro homem esticou.

―Não! ―gritou Azir com fúria quando Paige se apressou ao passar a seu lado, afastando-se muito para poder alcançá-la. ― Marilyn.

E todo o inferno desatou.

Azir saltou para ela, e o som da arma que Jafar segurava explodiu através da noite.

A porta se abriu estrelando. Os agentes de segurança se apressaram a entrar e a arma que Jafar segurava foi tirada de seu agarre. Seu olhar comovido moveu-se para Azir.

Jafar parecia como se ele mesmo tivesse recebido um disparo.

A agonia enchia seu olhar quando Azir baixou a vista à ferida aberta em seu peito. Caiu sobre seus joelhos e então desabou no chão.

Ao mesmo tempo, o comandante batia na arma segura por Abram, enquanto este reagia para se defender.

Deveria ter evitado o esforço. Quando sua arma voou através do quarto, três agentes estavam sobre o comandante, lutando com ele até que conseguiram imobilizá-lo no chão.

Abram saltou para Paige, empurrando-a rapidamente a seus braços e movendo-a ao outro lado do quarto enquanto os agentes restringiam e algemavam o comandante.

Levantando-o com força do chão, seu rosto ensanguentado agora, uma vez contendo ódio, desprezo, e fúria emanando a jorros, quando voltou o olhar atrás para Abram.

―Isto não está terminado, ―grunhiu. ― Nunca terminará― Morrerá, e sua puta morrerá.

Abram sorriu friamente, mas antes que ele pudesse dizer algo, Jafar lentamente deu um passo adiante.

―antes que seus homens alguma vez se inteirem do que ocorreu, terei o controle deles. Morreu em uma tentativa fracassada, junto com Azir, de levar ao final seu plano sem respaldo de castigar Abram por sua deserção do islamismo, e por roubar à mulher que ele escolheu como sua esposa.

O comandante sacudiu o olhar atrás para ele com assombrada consternação.

―Traiu-o primo.

Jafar sorriu, uma gelada satisfação enchia seu olhar.

―Como você traiu o islamismo por você mesmo, primo. ―Seu olhar piscou para o Abram ― Não o reconhece, Abram?

Abram deu uma rápida sacudida com sua cabeça.

―Conheceu uma vez, nosso primo, Mohammid Mustafa, filho de Hamid Mustafa, e seu assassino. Ele conspirou com seu pai vinte e cinco anos atrás para matar meu pai assim como o seu próprio, e para roubar da jurisdição de Mustafa a riqueza que o rei outorgou devido a suas loucuras.

Em lugar disso, o rei se inteirou dos assassinatos, em vez dos acidentes que eles fizeram aparentar. Essa foi à razão pela que a província perdeu sua riqueza.

―Você foi ver o rei, ― Abram murmurou.

Jafar inclinou sua cabeça lentamente.

―E agora, retornarei como seu líder e seu comandante. ― Seu sorriso era tão cruelmente zombador que Abram sentiu Paige se sobressaltar ― Desfruta de sua felicidade, Abram. ― Jafar finalmente suspirou enquanto se voltava para Paige, sua expressão enternecida. ― recompensei minha dívida, pequena?

―Com veemência Jafar, ―ela sussurrou.

Ele voltou a cabeça, observando enquanto Mohammid era tirado do quarto antes de voltar-se para eles.

―Porei-me outra vez em dívida com você então, ―suspirou. ― Cuida de minha irmã― Não a permita nunca retornar a Arábia Saudita, sem importar as mensagens que eu envie. ―Então suas feições se contraíram dolorosamente― Convence-a. ―Seu olhar se voltou para Abram ― Convence-a de minha consagração aos planos que Ayid e Amam plantaram. Há espiões que estão perto dela, e que ainda não identifiquei― Até que faça… ―Seus lábios se aplanaram.

―Até então, ela acreditará que você é o que parece, ―Abram declarou. ― E juro, Jafar, que ela estará protegida à medida de minha capacidade.

Jafar assentiu com a cabeça agudamente.

―Não houve outros conosco esta noite, ―ele finalmente declarou serenamente ― Viemos sozinhos, salvo pelos três que distraíram seus guardas. Permita ao que capturaram ficar em liberdade, se não se importar. ―Dirigiu um sorriso melancólico. ― Se encontrar com ele como ele pediu, saberia que estávamos aqui também.

―Terei melhor critério à próxima vez. ― Abram assentiu com a cabeça enquanto Jafar se movia para a porta.

Quando seu primo saiu do quarto, Abram se voltou para sua amante, à mulher pela que sabia que teria morrido. Facilmente. Nada o teria convencido permitir a Azir levá-la tanto como respirar seu ar.

―acabou, ―ela sussurrou.

―Não, isto só começou. ―Ele suspirou com lamento enquanto seus braços se envolviam ao redor dela. ― Mas o perigo para você terminou. O perigo para nós se foi ― Então fez uma careta. ― Khalid.

Ela mordeu os lábios, então sorriu abertamente.

―Estará de saco cheio.

―Matará a mim.

―O permitirá viver, só que poderá não ser agradável durante algum tempo. ―Ela riu brandamente.

―E você, minha pequena gatinha, valerá cada machucado. ― Seus lábios baixaram aos dela.

Tinha que saboreá-la.

Tinha que segurá-la, convencer a si mesmo de que ela estava viva e ilesa.

Convencer a si mesmo de que era dele.

Justo como sempre foi.

 

Khalid olhou sua irmã com confusão, certo de que devia ter tomado muitas pílulas para a dor. Entretanto, honestamente, não podia lembrar ter tomado uma só apesar da insistência do doutor e de Marty para que fizesse.

Algo estava errado, entretanto, porque não era possível que ele a tenha ouviu corretamente.

―Me perdoe, doçura, mas acredito que não ouvi bem, ― disse com um ar de diversão.

Era uma jovialidade forçada. Algo em suas tripas assegurava que não ouviu mal no mínimo. Ela disse exatamente o que ele pensava que disse, e quis dizer cada palavra disso.

Merda.

Isto não podia estar ocorrendo. Simplesmente não podia ser real.

Estava tendo um pesadelo. Era isso, reconfortou a si mesmo. Era um pesadelo. Não podia ser nada mais.

Sua irmã olhou atrás, dirigindo o olhar a sua prometida que estava parada atrás dele. E esse olhar estava falando.

Ele queria esfregar o peito, mas maldição se queria fazê-la sentir-se culpada. Ela não entenderia que era seu coração preocupado que doía o coração de um irmão que a protegeu, se preocupou, e a cuidou. Ainda a recordava como a diminuta, de cara tinta, miúda criatura que foi colocada em seus braços quando ele não tinha nada mais que dez anos.

Esse olhar, trocado com Marty, estava falando, e o assegurou que isto não era um pesadelo.

―Deus, ―resmungou. É meu aniversário, me dê uma pausa.

Era seu aniversário e era o aniversário de seu irmão Abram. Abram e Paige se asseguraram que ele nunca esquecesse este dia nem seu significado.

Paige sorriu então.

―Esperado. ―Inclinando para frente, seus braços dobrados em cima de seus joelhos, as ondas de seu fogoso cabelo caíram em cascata ao redor de seu rosto, dando uma aparência de juventude e inocência.

Ela poderia ter tido quinze anos outra vez.

―É muito jovem. ―suspirou ele― Olho para você Paige, e não vejo uma mulher. ―Ele era consciente da suavidade de sua voz, da melancolia nesta. Era consciente da pena devoradora porque sua pequena Ellie Paige, um nome que ele não usou durante muitos anos, cresceu.

Paige Eleanora. Marilyn deu a Pavlos a opção de escolher o nome, e Pavlos compartilhou essa pesada responsabilidade com seu enteado.

Ele repartiu algo que ia muito mais profundo, entretanto. Uma aceitação, uma silenciosa e entristecedora constatação de que Khalid, o menino que ouviu muito, viu muito nos tribunais internacionais sobre o inferno que seu pai desconhecido fez passar a sua muita pequena, e muito amável mãe, era de fato uma parte da família, e tão amado como esse bebê diminuto e suscetível.

E Khalid escolheu Eleanora. Porque o nome soava tão delicado para ele como o bebê pareceu.

―O que vê então? ―Ela franziu o cenho ferozmente. ― Está me confundindo, Khalid ― como sempre.

Ele exalou pesarosamente.

―Porque nunca disse, estou certo, que para mim, nunca cresceu depois dessa delicada inocência dos quinze anos.

―Seu aniversário, ―disse ela brandamente, e ele viu a lembrança no suave sorriso que curvava seus lábios―― Tinha vinte e cinco anos. Acabava de sair do hospital. ―Seus olhos expressivos brilharam com a dor da lembrança.

Era uma dor que Abram conhecia também.

Khalid se recusou a olhar seu irmão, muito assustado de que veria nos olhos de Abram exatamente o que ele temia. Que Abram nunca poderia deixar que a lembrança de seu primeiro amor se afaste o suficiente para dar a Paige seu coração.

―Estava ali quando despertei, ―disse brandamente ― Foi como um anjo descendo o olhar sobre mim.

―Você disse que nunca poderia me deixar outra vez, ―ela disse brandamente― Porque se você fosse não haveria ninguém para me proteger de todos os grandes lobos maus que estavam tratando de me tocar onde não deveriam.

―Aterrou-me, ―ele admitiu com um sorriso. ― Você foi uma menina e os homens adultos estavam tratando de tocá-la. Fez-me querer viver outra vez, Paige. Fez-me ter que viver outra vez, para que nada nem ninguém neste mundo alguma vez pudessem fazer mal de maneira nenhuma. Obrigou-me a viver, Paige, quando tudo o que queria fazer era morrer pela culpa que sentia.

Não ficou outra opção que voltar a cabeça e olhar seu irmão, então. Era uma parte de suas vidas que compartilharam. Lessa foi à esposa que compartilharam. Foi à esposa de Abram, e morreu por causa de seus escuros desejos.

Não foi essa sensação de agonia o que viu no rosto de Abram, entretanto. Havia um tenro sorriso de lembrança, a dor do conhecimento que ela sofreu por causa deles, mas, quando olhou dentro dos olhos negros de seu irmão, Khalid não viu o amor e a lacerante agonia que viu tantos anos antes.

―Fomos jovens brigando contra agentes secretos, ―Abram disse brandamente então. ― E Lessa era nossa aliada, nossa corte, e nosso conspiradora. Ela morreu por nós, e nunca poderia esquecer seu sacrifício, ou o fato de que eu teria morrido por ela. Mas ela foi o amor de um jovem. Já não sou esse jovem, irmão. Sou um adulto, e conheço a mulher que amo.

Abram olhou Paige então, e Khalid o viu.

Sua garganta apertou. Seu peito pareceu afrouxar marginalmente até que a única dor que sentia era a do buraco que ficou no peito pela bala que quase o matou.

Azir nunca teria se dado por vencido. Eventualmente, ele assassinaria tanto Abram como Khalid― E teria matado Paige, depois de tê-la violado, castigado pelos pecados que ele acreditava que sua mãe cometeu e pelo imperdoável pecado de se parecer tanto à única mulher que escapou dele.

―Khalid, se alegre por mim, ― Paige sussurrou com todo o amor ele sabia que ela continha em seu coração, a pesar do fato de que ele nasceu do horror que sua mãe sofreu.

Ele nunca perdoou a si mesmo por isso.

Pavlos o perdoou, e deu o inesquecível presente de outorgar um nome para o menino criado por seu amor por Marilyn Girard Galbraithe. E Paige demonstrou seu amor obrigando-o a viver, e obrigando a que ele nunca se esquecesse de que tinha que protegê-la.

―Não a machuque. ― esclareceu a voz quando a emoção ameaçou afligindo. ― É minha irmã, Abram. Você é meu irmão, mas quebra seu coração, tanto como ferir seus sentimentos e causar que uma lágrima caia, e prometo, brigaremos.

No momento, seria uma briga que Abram ganharia, pensou com um pouco de brincadeira mal-humorada. Maldição estava tão fraco como um gatinho.

Mas quando levantou a vista a sua prometida, sentiu seu pênis começar a endurecer, e seu sangue começar a trovejar através de suas veias e assombrou-se outra vez por sua atração e seu amor por ela.

Inferno, seu pênis esteve duro no momento em que recuperou a consciência, uma vez que começou a não querer a medicação para a dor que estiveram tratando de subministrar.

Levantou a mão para onde estava apoiada a dela sobre seu ombro, agarrou-a brandamente, e levou os dedos a seus lábios.

Como poderia alguma vez explicar a diferença que ela fazia em sua vida?

Não poderia ser capaz de explicar, mas poderia demonstrar. Outra vez.

A dirigiu um perverso sorriso, recordando a volta para casa, o conhecimento de que só foi ontem à noite quando a convenceu de que se sentasse sobre sua faminta boca e o permitisse dar prazer com seus lábios e língua.

E a teria outra vez logo.

―OH, meu Deus. Irei. Khalid, isso é tão vulgar. ―Paige estava rindo enquanto se levantava. Arrastou um rápido e suave abraço ao redor de seus ombros e o beijou na bochecha.

Quando ela se moveu para trás, Abram deu um passo para ele, sua larga mão apertando o ombro carinhosamente.

―Obrigado, irmão, ―disse brandamente, sobriamente ― Pelo maior presente que um irmão pode dar ao outro.

―E isso é? ―Khalid grunhiu.

―A tenra inocência, e a segurança da mulher que roubou minha alma.

O agarre por Abram apertou, então estava saindo do quarto, sua mão estava em baixo sobre os quadris cobertos de jeans de Paige, enquanto a porta se fechava atrás deles.

―Ela ainda é uma menina, ―sussurrou em um suspiro.

Marty baixou a cabeça, seus lábios pressionando os dele.

―É uma mulher, Khalid.

―É minha irmã― Uma menina, ―ele grunhiu.

―É uma mulher, e um dia, ela pode ter seu próprio filho.

Ele fez uma careta.

―Não vou para lá.

―Se se apressarem, então seu filho teria justo a idade correta para brincar com o nosso.

E ele congelou.

Brincar com o deles?

Engoliu com força.

―Quer um bebê?

Sentia calor. Frio. Seu estômago apertado. Uma onda de adrenalina correndo a toda velocidade através de seu sistema.

―Muito tarde para querer, Khalid, ― ela sussurrou. ― Estamos esperando um filho.

Ele lembrou. Esse vírus que ela teve os antibióticos, sua própria impaciência uma noite, e a declaração risonha dela de que ele poderia converter-se em papai.

Papai.

Começou a suar de terror.

Ou era de completa e incrível felicidade?

Segurando-a pela mão, arrastou-a ao redor para ele, observando como ela curvava os braços ao redor de seu pescoço, seu sorriso mais suave que antes, seu olhar tão amoroso que esquentava até as meras esquinas de sua alma.

Ele amava.

E era amado.

Marty deu o maior presente de sua vida quando se apaixonou por ele. Ele poderia verdadeiramente invejar Abram ou Paige por outorgar o mesmo presente?

Quando arrastou Marty a seu coração, soube que simplesmente isso não era possível.

 

Paige ofegou quando seus jeans desceram por suas pernas, e um segundo mais tarde os botões de sua camisa eram arrancados de suas casas.

Abram parecia estar em todos os lados de uma vez, suas mãos e seus dedos, seus lábios e sua língua trabalhando uma magia contra sua carne que ela não tinha nenhuma esperança de resistir.

Ele arrancou suas próprias roupas no momento em que entraram no apartamento de cobertura que ele parecia possuir no coração da cidade. Sem móveis salvo pela cama que ele fez que entregassem essa manhã.

Já fizeram uso dela uma vez essa manhã, e agora, estava empurrando-a outra vez, seu pênis grosso e duro, imperioso, enquanto ela sentia sua própria excitação ardendo fora de controle, enfurecendo-se justo debaixo de sua pele, exigindo seu toque.

Envolveu os braços ao redor de seus ombros, passando as unhas quando ele transpassou a língua além de seus lábios, enredando com a dela, e saboreando, enquanto ela o saboreava.

As mãos de Abram nunca ficaram quietas. Tocando seus seios, roçando contra seus mamilos, suavizando as costas e logo as nádegas onde apertou as curvas ligeiramente, as separando, a recordando o delicioso prazer de ter Tariq atrás dela, invadindo-a, enquanto Abram fodia a boceta com se desesperadas e eufóricas investidas.

Sua boceta se apertou mais forte, um gemido saiu sussurrado de seus lábios diante da lembrança de êxtase de tomar seu amante ao mesmo tempo que seu primo.

A atrevida e escura fome estava voltando-se aditiva para ela como o era para ele. Estava voltando-se uma fome que rugia a cabeça e a deixava com a calcinha empapada por seus sucos enquanto sua vagina ardia de necessidade.

Como na realidade ardia de desejo cada condenada vez que ele a tocava. Ela não podia se conter. Escorregadia e quente, sua vagina ondulada com o desejo do erótico toque que só Abram podia dar.

―Doce Paige, que tolo fui, ―sussurrou enquanto os lábios desciam por seu pescoço, beijando, tocando, amando de uma vez que ela choramingava pela luxúria que não podia, nem sequer tentava negar.

―Por quê? ―Seu pescoço se arqueou quando as labaredas de sensação começaram a viajar desde cada ponto que seus lábios tocavam, sua língua lambia, seus fortes dentes rastelavam.

Com as pontas dos dedos, ele acariciou a curva de seu peito, recusando-se a tocar seu apertado mamilo quando continuou lento, oh, tão lentamente, seu curso para baixo.

―Por sempre ter negado o que me dava com seu amor. ― Levantou a cabeça, seus escuros olhos um mar interminável de emoção enquanto Paige sentia a seu coração inchando, aceitando, e dando em troca.

―Não era o momento, ―ela sussurrou, tocando o peito com a mão, seu coração.

Podia senti-lo palpitando debaixo de sua palma, podia sentir a adrenalina e a fome que desencadeou com fúria na dura largura fogosa do pênis contra sua coxa.

―Poderia ter feito que fosse o momento. ―O pesar em seu olhar, na carícia dos dedos contra sua mandíbula, no incrível prazer de cada toque dava.

―Mas teria sido assim doce? ― sorriu em resposta, sabendo em seu coração que este era o momento, e que devido a que esperaram, poderiam perdurar ― Eu teria sido o suficiente amadurecida para compreender seu amor, Abram? ―Ela sussurrou. ― Ou seus desejos? Tinha a confiança de uma adolescente, e sabe como é débil.

Ele baixou a cabeça, sua testa pressionando contra a dela.

―Sinto-me um jovem para sempre, ― ele disse tristemente.

―Um jovem com sentido da justiça e a crença em seus ideais, ―ela emendou.

Seus lábios tocaram os dela outra vez, roçaram então se reacomodaram e voltaram mais duros, mais dominantes, mais imperativos.

Ela o amava assim. Faminto e imperativo, determinado a tê-la, enquanto ela começava a arquear contra ele, sentindo os fios do prazer apertar em seu interior ao seu redor, balançando através dela enquanto ele se movia entre suas coxas, pressionando o pênis contra o escorregadio úmido calor derramando de sua boceta antes de pressionar dentro.

Paige se arqueou e gritou quando ele sacudiu sua cabeça para trás, o prazer franzindo sua expressão quando ela sentiu que os lentos e superficiais impulsos começavam a golpear dentro dela, a esforçar através dos apertados músculos, estirando, enviando o prazer correndo por ela, o êxtase construindo através dela.

Nada nunca foi tão incrível como o toque de Abram. Era como um relâmpago rasgando através de sua carne. Como existir em um lugar de puro calor, um lugar onde nada tinha importância, nada existia, e não havia mais prazer que Abram.

Com um último duro empurre de seus quadris se enterrou dentro dela por completo, um forte gemido saiu de seus lábios quando ela rebolou debaixo e gritou seu nome desesperadamente.

Levantando as pernas, as envolvendo ao redor de seus quadris, ela só podia se aferrar para rodeá-lo. Cada impulso abria e rastelava contra sua tenra carne e nuas terminações nervosas. Cada respiração era um gemido, um grito. Cada toque viajava através dela, destroçando seu controle sobre si mesmo, sobre seu corpo, e sobre seu coração.

Tudo pertencia a Abram.

Encontrando-se com cada impulso, seus quadris levantando, as labaredas de prazer começaram a colidir e a ondular dentro de seu útero e a apertar seu corpo até que ela perdeu seu fôlego, perdeu seu sentido.

O orgasmo explodiu com tal incrível força que cravou as unhas na carne de seus ombros, suas pernas se estremeciam ao redor dos quadris masculinos, seus lábios separando para um gemido ofegante.

Parecia não ter fim. Ondulava e rastelava através dela quando o sentiu penetrá-la profunda e duramente uma última vez, então os quentes jorros de seu sêmen enchendo-a.

Seus braços se envolveram ao redor dela, pressionando debaixo de seu corpo, sua palma cobrindo os ombros enquanto sussurrava seu nome, sua voz gutural e rouca. Cheia de amor.

―Amor, ― ele sussurrou em seu ouvido. ― Meu mais doce amor. Meu coração.

Sem ela, sabia que ele não poderia sobreviver. Ela o sustentava. Cada parte dele. Cada pulsar de seu coração, cada sonho de sua alma. Sustentando-a contra ele, Abram fez algo que nunca fez. Fez a única coisa pela que sentiu culpa por não ter feito com sua primeira esposa, e ela soube.

Deu a Paige a última parte de si mesmo.

A parte de um homem que se converte em mais que um amante, em mais que um companheiro do coração.

Deu esse primitivo e possessivo coração que a maioria dos homens não revelava.

Deu seu ser e sentiu o momento em que ela se entregou a ele.

E se converteram em mais que só um.

Em meio de um prazer que poderia tê-los destruídos, que poderia ter arrancado suas vidas, encontraram algo que agora sabiam que sempre os salvaria. Um ao outro.

 

                                                                                Lora Leigh  

 

                      

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