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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


RAINHA DA TEMPESTADE / Richelle Mead
RAINHA DA TEMPESTADE / Richelle Mead

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Triste fato: muitos garotos sabem como usar facas e armas.
Eu fui um deles, mas ao invés de entrar numa vida de crimes, eu treinei para ser uma mercenária shaman. Isso significa que enquanto meus amigos estavam em bailes e jogos de futebol, eu estive banindo espíritos e lutando com monstros junto com meu padrasto. Do lado bom, eu cresci sem temer agressores ou qualquer tipo de assaltante. Do lado ruim, uma adolescente assim realmente acaba com seu desenvolvimento social.
Isso significou que eu nunca realmente estive com outros garotos. Eu tinha alguns amigos, mas comparado ao mundo deles, o meu foi um terror absoluto e um terror mortal. Seus dramas e preocupações pareceram ínfimos perto das minhas, e eu nunca pode realmente me relacionar. Como adulta agora, eu ainda não conseguia me conectar com garotos porque eu não tinha experiências partilhadas para dividir.
O que fazia o meu trabalho hoje muito mais difícil.

 


 


"Vá em frente, Polly," disse a mãe da garota, sorrindo com lábios super
volumosos. Muito colágeno, eu suspeito. "Conte a ela sobre o fantasma."
Polly Hall tinha 13 anos mas usava maquiagem o bastante para rivalizar com
uma vadia de 40 anos. Ela estava sentada preguiçosamente no sofá da casa
perfeitamente decorada da família dela, mascando chiclete, olhando para toda
parte menos nós. Eu suspeito que eles tem menos a ver com as influencias
sobrenaturais e mais a ver com ter uma mãe que a nomeou de Polly e deixa ela
usar fio dental. Era um infeliz efeito colateral da jeans de cintura baixa deu
poder ver o fio dental.
Depois de um minuto de silencio, a Sra. Hall suspirou alto. "Polly, querida, já
conversamos sobre isso. Se você não vai nos ajudar, não podemos ajudar você."
Sorrindo, eu me ajoelhei na frente do sofá para poder olhar nos olhos da garota.
"está tudo bem," eu disse a ela, esperando soar sincera e não como se fosse um
especial depois da aula. "Eu vou acreditar no que quer que você me diga. Vamos
cuidar disso."
Polly suspirou tão alto quanto sua mãe havia feito um momento atrás e ainda se
recusava a olhar para mim. Ela me lembrava da minha instável meia irmã
adolescente que atualmente estava desaparecida e queria conquistar o mundo.
"Mãe," ela disse, "posso ir para o meu quarto agora?"
"Não até você conversar com essa moça gentil." Olhando de volta para mim,
Sra. Hall explicou. "Ouvimos estranhos barulhos a noite toda: batidas,
quebraduras, pancadas. As coisas caem sem motivo algum. Eu até..." ela
hesitou. "Eu vi coisas voando pelo quarto. Mas é sempre quando Polly está por
perto. Quem quer que seja esse fantasma, ele parece gostar dela... ou estar
obcecado com ela."
Eu voltei minha atenção de volta a Polly, de novo absorvendo o humor triste a
uma pequena frustração. "Você tem muita coisa na cabeça, Polly?" eu perguntei
gentilmente. "Problemas na escola ou algo assim? Problemas por aqui?"
Os olhos azuis dela brilham para mim brevemente.
"E quanto a problemas elétricos?" Isso eu dirijo a mãe dela. "As coisas tendo
curto circuito?Som ou eletrodomésticos não estão funcionando direito?"
Sra. Hall piscou. "Como sabe disso?"
Eu levantei e estico os calafrios fora do meu corpo. Eu lutei com um fantasma
ontem a noite, e ele não foi gentil.
"Vocês não tem um fantasma. Vocês tem um poltergeist."
As duas me olharam.
"Isso não é um fantasma?" perguntou a Sra. Hall.
"Na verdade não. É uma manifestação de poderes telecineticos, geralmente
trazidos por raiva ou outra emoção forte durante a adolescência." Eu me evadi
do modo especial depois da aula, só para entrar no modo de infomercial.
"Eu... espere. Você está dizendo que Polly está causando isso?"
"Não conscientemente, mas sim. Em casos assim, o sujeito ­ Polly ­ o faz sem
perceber, expressando suas emoções de um jeito físico. Ela provavelmente não
vai permanecer telecinetica. Vai sumir conforme ela for envelhecendo e se
acalmar um pouco."
A mãe dela ainda parecia cética. "Com certeza parece um fantasma."
Eu dei nos ombros. "Confie em mim. Eu já vi isso muitas vezes."
"Então... não tem nada que você possa fazer? Nada que nós possamos fazer?"
"Terapia," eu sugeri. "Talvez trazer um psíquico."
Eu dei a Sra. Hall informações sobre um psíquico que eu confiava. Pegando meu
pagamento, eu simplesmente cobrei pela visita em casa. Quando cheguei o
dinheiro que ela me deu - eu nunca aceito cheques ­ eu juntei as coisas e
comecei a me dirigir a porta da sala.
"Sinto muito por não poder ser mais útil."
"Não, eu quero dizer, eu suponho que isso tenha ajudado. É só tão estranho."
Ela olhou para filha com perplexidade. "Tem certeza que não é um fantasma?"
"Absoluta. Tem sintomas clas-"
Uma força invisível bateu em mim, me empurrando pelo corredor. Eu uivei,
balancei a mão para manter o equilíbrio, e atirei adagas (no sentido figurado)
para aquela vadiazinha da Polly. Com os olhos bem abertos, ela parecia tão
surpresa quanto me sentia.
"Polly!" exclamou a Sra. Hall. "Você está de castigo, mocinha. Nada de telefone,
nada de MSN, nada..."
A boca dela se abriu quando ela olhou para algo do outro lado da sala. "O que é
aquilo?"
Eu segui o olhar dela até uma forma grande e azul pálido que se materializou
diante de nós.
"Um, bem," eu disse, "isso é um fantasma."
Ele veio em minha direção, a boca aberta em um terrível berro. Eu gritei para as
outras se abaixarem e tirei o athame de lamina de prata do meu cinto. Uma faca
pode parecer inútil contra espíritos, mas eles precisam tomar uma forma mais
substancial para causar algum dano real. Uma vez sólidos, eles ficam suscetíveis
a prata.
Esse espírito tinha uma forma feminina ­ uma forma feminina muito jovem, na
verdade. Um cabelo longo e palido descia por ela como uma capa, e seus olhos
eram largos e vazios. Fosse a falta de experiência ou simplesmente um traço
dela, o ataque dela se provou difícil e descoordenado. Mesmo enquanto ela
gritava ao sentir o primeiro toque do athame, eu tinha minha varinha na outra
mão.
Agora me recuperando, eu podia fazer um banimento como esse dormindo.
Falando palavras usuais, eu busquei na minha força interna e mandei meu
próprio espírito além dos limites desse mundo. Tocando os portões do
Submundo, eu prendi o espírito feminino e a mandei para lá. Monstros e gentry
eu tendia a mandar de volta para o Outro mundo, o limbo que eles viviam. Um
fantasma como esse precisava seguir em frente para a terra dos mortos. Ela
desapareceu.
Sra. Hall e Polly me encararam. De repente, mostrando emoções pela primeira
vez, a garota levantou e me encarou.
"Você acabou de matar minha melhor amiga!"
Eu abri minha boca para responder e decidi que nada que eu tinha pra dizer
seria adequado.
"Meus Deus, do que você está falando?" exclamou a mãe dela.
O rosto de Polly se contorceu de raiva, os olhos dela brilhantes de lágrimas.
"Trixie. Ela era minha melhor amiga. A gente se contava tudo."
"Trixie?" Sra. Hall e eu perguntamos juntas.
"Não acredito que você fez isso. Ela era tão legal," A voz de Polly se tornou um
pouco desejosa. "Eu só queria que a gente tivesse ido as compras juntas, mas
ela não podia sair da casa. Então eu tinha que trazer Vogue e Gamour para ela."
Eu virei para a Sra. Hall. "Meu conselho original ainda permanece. Terapia.
Muita terapia."
Eu fui para casa depois disso, me perguntando pela centésima vezes porque eu
escolhi essa profissão mercenária de shaman. Certamente haviam outros
trabalhos que davam muito menos trabalho do que interagir com seres
sobrenaturais malignos. Contabilidade. Publicidade. Direito. Bem, talvez não
essa ultima.
Cerca de uma hora depois, eu cheguei em casa e fui imediatamente atacada por
dois cachorros de porte médio quando entrei pela porta. Eles são vira-latas, um
totalmente preto e um branco. O nome deles são Yin e Yang, mas eu nunca
conseguia lembrar quem era quem.
"Se afastem," eu avisei enquanto eles me cheiravam, seus rabos abanando
freneticamente. O branco tentou lamber minha mão. Eu passei por eles, entrei
na minha cozinha e quase tropecei num gato espalhado no chão da cozinha.
Reclamando, eu coloquei minha bolsa na mesa da cozinha.
"Tim? Você está aqui?
Meu companheiro de casa, Tim Warkoski, enfiou a cabeça na cozinha. Ele
estava usando uma camiseta com desenhos de nativo americanos que dizia
Segurança Interna: Lutando contra o terrorismo desde 1492. Eu apreciava a
esperteza da frase, mas ela perdeu algo já que Tim não era um nativo
americano. Ele meramente bancava um na TV, ou melhor, ele bancava um nos
bares locais no circulo de turistas, usando sua pele bronzeada e cabelo preto
para iludir sua herança polaca. Ele tinha se metido em problemas com muitas
tribos locais.
Com um saco de lixo numa mão e uma caixa de gato na outra, ele me deu um
olhar negro. "Você sabe quantas caixas de areia fudidas eu tive que trocar
hoje?"
Eu servi um copo de leite e sentei na mesa. "Kiyo diz que precisamos de uma
caixa para cada gato e uma extra."
"Yeah, eu sei contar, Eugenie. São 6 caixas. Seis caixas em uma casa com 150
metros quadrados. Você acha que seu namorado vai aparecer e me ajudar com
isso?"
Eu me mexi desconfortável. Era uma boa pergunta. Depois de 3 meses
namorando entre Tucson e Phoenix, meu namorado Kiyo decidiu assumir um
trabalho aqui para poupar uma hora e meia de viagem. Tivemos uma longa
conversa e decidimos que estavamos prontos para que ele se mudasse pra
minha casa. Infelizmente, com Kiyo veio seu jardim zologico: cinco gatos e dois
cachorros. É um dos problemas de namorar um veterinário. Ele não podia se
impedir de adotar todos os animais que encontrava. Eu não conseguia lembrar o
nome dos gatos tanto quanto o dos cachorros. Quatro deles foram nomeados
pelos Cavaleiros do Apocalipse, e tudo que podia lembrar era que Fome
ironicamente pesava 13 quilos.
Outro problema é que Kiyo é uma raposa ­ tanto literalmente quanto
figurativamente. A mãe dele era uma Kitsune, um tipo de espírito de raposa
japonês. Ele herdou os traços dela, incluindo incrível força e velocidade, assim
como a habilidade de se transformar numa raposa de verdade. Como resultado,
ele frequentemente tinha "o chamado selvagem," fazendo ele querer por forma
animal.
Já que agora ele tava entre trabalhos agora, ele partiu para uma viagem
selvagem. Eu aceitei isso, mas depois de uma semana sem ver ele, estou
começando a me preocupar.
"Ele volta logo," eu disse vagamente, sem encontrar os olhos de Tim. "Além do
mais, você pode parar de fazer essas tarefas se quiser começar a pagar o
aluguel." Esse foi nosso trato. Alojamento de graça em troca de comida e
tarefas domesticas.
Ele não ficou dissuadido. "Sua escolha por homens é questionável. Você sabe
disso, certo?"
Eu não queria ponderar isso demais. Eu abandonei ele e fui para meu quarto,
buscando o conforto de um quebra-cabeça com uma foto de Zurique. Eu sentei
na minha escrivaninha, assim como estava sentado um dos gatos. Eu acho que
era o Sr. Whisker e não um apocalíptico. Eu o tirei de cima do quebra cabeça.
Ele levou metade do quebra cabeça com ele.
"Gato fudido," eu murmurei.
Amor, eu decidi, era uma coisa difícil. Muito ciente do meu mau humor, eu
sabia que parte da minha ansiedade por Kiyo vinha do fato que ele também
estava passando sua folga no Outro mundo, passando um tempo a ex-namorada
que também era uma devastadoramente linda rainha fada. Fadas, sidhe, os
brilhantes... seja como for que você queira chamar eles, eles são altos,
governantes de vida longo do Outro Mundo. A maior parte dos shamans e eu
nos referimos a eles como gentry, um termo antiquado.Maiwenn, a ex de Kiyo,
estava grávida de quase 9 meses, e embora eles tenham terminado, ele ainda
era parte da vida dela.
Eu suspirei. Tim podia ter razão sobre meu gosto questionável em relação aos
homens.
A noite passou. Eu terminei o quebra cabeça enquanto ouvia Def Leppard, me
fazendo sentir melhor. Eu estava desligando a música quando ouvi Tim gritar,
"Yo, Eug. Kujo está aqui."
Sem fôlego, eu corri até a porta do meu quarto e a abri. Uma raposa vermelha
do tamanho de um lobo andava pelo corredor em minha direção. Alivio passou
por mim, e eu senti meu coração voou enquanto eu o deixava entrar e
observava ele andar em círculos.
"Já era hora," eu disse.
Ele usava um casaco laranja avermelhado e um rabo com ponta branca. Os
olhos dele eram dourados e as vezes tinham um brilho muito humano. Eu não vi
nada disso hoje a noite. Uma ciência puramente animal olhava para mim, e eu
percebi que fazia um tempo desde que ele não se transformava em humano. Ele
tinha a habilidade de se transformar numa raposa de todos os tamanhos, desde
pequena, tamanho normal até a poderosa forma diante de mim. Quando ele
passava um tempo nessa forma maior, virar humano de novo levava um esforço
e tempo.
Ainda sim, esperando que ele se transformasse logo, eu coloquei outro quebra
cabeça na minha mesa e trabalhei enquanto esperava. Duas horas mais tarde,
nada tinha mudado. Ele se deitou num canto, envolvendo seu corpo em uma
bola. Os olhos dele continuavam a me observar. Exausta, eu desisti e coloquei
uma camisola vermelha. Desligando as luzes, eu finalmente cai na cama,
adormecendo instantaneamente para variar.
Enquanto eu dormir, eu sonhei com o Outro mundo, as partes dele que tinham
uma semelhança particular com Tucson e o Deserto Sonora ao nosso redor. Só
que, a versão do Outro mundo era melhor. Uma Tucson quase divina,
esquentada por um brilhante sol e cheia de cactos florescidos. Esse era um
sonho comum para mim, um que geralmente me deixava desejando aquela
terra na manhã. Eu sempre tentei ao máximo ignorar o impulso.
Algumas horas depois, eu acordei. Um corpo quente e musculoso estava na
cama comigo, se pressionando contra minhas costas. Braços fortes ao redor da
minha cintura, e o cheiro de Kiyo, negro e almiscarado, passaram por mim. Um
sentimento liquido queimou dentro de mim com o toque dele. Rudemente, ele
me virou em direção a ele. Os lábios dele me consumiram em um esmagador
beijo, cheio de intensidade e necessidade.
"Eugenie," ele rosnou, quando ele parou tempo o bastante para remover seus
lábios ­ só um pouco ­ dos meus. "Eu senti sua falta. Oh Deus, senti sua falta.
Eu preciso de você."
Ele me beijou de novo, conduzindo aquela necessidade enquanto as mãos dele
passavam por meu corpo. Minhas próprias mãos deslizaram pela perfeição
suave da pele nua dele, acordando meu desejo. Não havia gentileza entre nós
hoje a noite, só uma paixão feral enquanto ele ia pra cima de mim, seu corpo se
empurrando no meu com uma necessidade abastecida tanto por instinto animal
quanto por amor. Ele não tinha, eu percebi, recuperado totalmente seus
sentidos humanos, não importava a forma dele.
Quando acordei de manhã, minha cama estava vazia. Do outro lado do quarto,
Kiyo colocou uma jeans, encontrando meus olhos como se ele tivesse um sexto
sentido de que eu estava acordada. Eu rolei para o meu lado, os lençóis se
colando contra minha pele nua. Observando ele com uma satisfação preguiçosa,
eu admirei o corpo dele e as feições sexys que foram dadas a ele para herança
japonesa e hispânica. O corpo bronzeado dele e seu cabelo preto destacam em
contraste a pele brilhante e cabelo vermelho que meus ancestrais europeus
tinham me dado.
"Você está saindo?" eu perguntei. Meu coração, tendo se erguido com a
presença dele ontem a noite, de repente se afundou.
"Preciso voltar," ele disse, ajeitando a camisa verde escuro. Ele passou a mão
pelo seu cabelo. "Você sabe que preciso."
"Yeah," eu disse, minha voz mais afiada do que eu pretendia. "É claro que você
tem que ir."
Os olhos dele se estreitaram. "Por favor não comece com isso," ele disse quieto.
"Eu preciso fazer isso."
"Desculpe. De alguma forma eu não consigo entender toda essa excitação por
outra mulher ter seu filho."
Ali estava. O problema que estava entre nós.
Ele sentou ao meu lado na cama, os olhos escuros sério e nivelados. "Bem,
estou excitado. Eu gosto de pensar que você pode me apoiar nisso e ficar feliz
por mim."
Perturbada, desviei o olhar. "Estou feliz por você. Eu quero que você seja feliz...
é só que, você sabe, é difícil."
"Eu sei." Ele se abaixou, deslizando sua mão pelas minhas costas, passando seus
dedos pelo meu cabelo.
"Você passou mais tempo com ela na ultima semana do que comigo."
"É uma necessidade. Já está quase na hora."
"Eu sei," eu repeti. Eu sabia que meu ciúmes era descabido. Até de dar pena. Eu
queria dividir a felicidade dele em ter um filho, mas algo me impedia.
"Eugenie, eu te amo. É simples assim. É tudo o que há."
"Você a ama também."
"Sim, mas não da forma como te amo."
Ele me beijou com uma gentileza muito diferente da dureza de ontem a noite.
Eu derreti contra ele. O beijo ficou mais forte, se enchendo de ardor. Com
grande relutância, ele finalmente se afastou. Eu podia ver o desejo nos olhos
dele. Ele queria transar de novo. Isso diz algo sobre meus encantos, eu suponho.
A inclinação responsável dele venceu, ele se ajeitou e levantou. Eu fiquei onde
estava.
"Te vejo lá?" ele perguntou, a voz rasa e neutra.
Eu suspirei. "Sim, estarei lá."
Ele sorriu. "Obrigada. Significa muito para mim."
Eu acenei.
Ele foi para a porta e olhou para mim. "Te amo." O calor na voz dele me disse
que ele realmente falou sério. Eu sorri em resposta.
"Também te amo."
Ele partiu, e eu apertei os lençóis com mais força contra mim e não fiz nenhum
movimento para levantar. Infelizmente, eu não podia ficar o dia todo na cama.
Outras cosias ­ como minha promessa a Kiyo ­ exigiam minha atenção hoje.
Havia uma viagem para o Outro mundo que eu ia fazer, uma que ia me levar a
um reino que eu relutantemente herdei. Você vê, Maiwenn não é a única rainha
do Outro mundo na vida de Kiyo.
Ainda sim, surpreendentemente, esse não era o meu verdadeiro problema hoje.
Isso era fácil comparado ao que estava reservado para mim.
Eu tinha que ir ao chá de bebê de uma gentry.

DOIS

Passar para o Outro Mundo é mais fácil para mim do que para a maioria das
pessoas, mas ainda requer um pouco de trabalho. Uma vez que eu já tinha
empacotado tudo que eu precisava, dirigi até o Parque Nacional Saguaro e
caminhei até um canto remoto de lá. Aqui, duas trilhas muito fracas se cruzam
formando uma encruzilhada ­ uma marca comum para os portões do Outro
Mundo. Este e o mundo que os humanos vivem ficam muito próximos e
determinados pontos entre os dois as passagens são mais finas. Claro que,
mesmo em um lugar com uma linha tênue como este não é sempre o suficiente
para algumas pessoas fazerem a passagem em seus próprios corpos. Elas
acabam indo em espírito ou em formas elementais. Mas eu? Eu carrego o
sangue de humanos e gentry. Eu posso viajar para os dois mundos com
facilidade, acho que minha herança gentry ainda me irrita. Isso foi uma
descoberta recente, uma que eu tive problemas para aceitar.
Na encruzilhada, eu fechei meus olhos, escorreguei para um transe muito
semelhante ao que eu usei para banir o espírito ontem. Uma tatuagem de
serpente esverdeada enrolada no meu braço era em tributo à Hecate, a Deusa
que guarda a transição e a magia boa e digna. Invocando ela, baseando em seu
poder, eu estiquei meu corpo para além deste mundo. Um momento depois eu
estava no Outro Mundo. Em um castelo. Um castelo que pertencia a mim. Eu
me recuperei rápido já que os efeitos colaterais do cruzamento quase não me
incomodavam mais. O quarto em que eu me encontrava era uma pequena sala
de estar, escassamente mobiliada. No centro havia um peso de papel no
formato de um coelho branco de resina com pequenas flores azuis. Era bobo,
mas naquele coelho estava embutida minha essência, o que significa que
quando eu cruzar do Parque Nacional Saguaro ­ ou de qualquer outro lugar ­
meu corpo pode viajar para este ponto do que para qualquer outro lugar
remoto.
Escutei passos do lado de fora, no corredor com o chão de pedra. Um momento
depois, uma jovem mulher com olhos brilhantes e cabelos loiros e longos espiou
para dentro da sala. Em sua face abriu-se um grande sorriso quando ela me viu.
"Sua majestade," ela respirou, encantada. Virando-se ela gritou no corredor. "A
Rainha! A Rainha está aqui!"
Eu estremeci. Cara, eu gostaria de vir aqui sem todo esse alvoroço. Já é ruim o
suficiente ter que vir até aqui. Sua proclamação fez Nia correr até mim,
apertando minhas mãos. Ela era uma das minhas serventes. Eu acho que você
pode dizer que ela é minha lady-em-espera já que ela era a responsável pela
minha aparência na maioria das vezes.
"Está tudo pronto para ir para Terra Willow," ela me disse.
"Eu escolhi um vestido incrível para você."
Eu acenei com a cabeça, alcançando minha mochila que eu quase sempre
carregava comigo. A moda gentry favorecia o uso de muito brocado e outras
elaborações. Eu não estava a fim de nada disso hoje. "Eu trouxe o meu próprio
vestido."
Ela olhou para o vestido que eu trouxe e então olhou para mim com as
sobrancelhas levantadas. "Vossa majestade está brincando, certo?" Aqueles
olhos azuis implorando. "Certo?"
Eu estava salva de dar uma explicação quando outros entraram na sala. Ainda
olhando melancolicamente para o vestido, Nia retirou-se para que minha
equipe sênior pudesse falar comigo. Yeah. Equipe sênior de fada. Três meses
não foi suficiente para eu me acostumar com isso.
Uma mulher muito amável, alta, com brilhantes tranças pretas entrou, seus
movimentos eram atléticos e graciosos. Seu nome era Shaya e eu dependo dela
mais do que de qualquer outra pessoa por aqui. Ela é minha regente, cuida de
todo o trabalho sujo que eu não quero ter que lidar, eu era grata e muito
sortuda de tê-la.
Com ela estava Rurik, o capitão da minha guarda. Ter uma guarda é uma coisa
que leva algum tempo para se acostumar ­ já que eles sempre querem me
seguir onde quer que eu vá. Rurik e eu tivemos um começo ruim,
provavelmente porque ele tentou me estuprar na primeira vez que nos
encontramos. Atlético e cabelos loiros, ele provou ser um servo capaz, muitas
vezes eu o encontrei brincando com as mulheres que trabalhavam aqui. Eu o
avisei, com uma voz muito agradável, que eu o cortaria fora se eu viesse a
descobrir que alguma mulher não teria consentido seu avanço.
Algumas outras pessoas entraram, oficiais que eu havia herdado com o castelo
quando eu matei o rei anterior. Eu não podia lembrar metade dos nomes.
"Bem Vinda de volta," Shaya disse sorrindo. Ela não tinha o arrebatamento de
Nia, mas ainda assim parecia contente em me ver.
"Sua Majestade," os outros entoaram curvando-se. Eles aguardaram eu me
sentar para em seguida me acompanhar.
"Nia disse que estamos prontos pra partir?" Eu perguntei incapaz de esconder
meu desanimo com a viagem.
"Sim." Shaya me disse. "Estamos apenas aguardando seu comando. Em um
ritmo rápido, devemos fazê-la em três horas."
Eu rosnei."Três horas. Você sabe o quanto isso é doido? Eu poderia fazer na
metade do tempo dirigindo para um portal no meu próprio mundo e
atravessado mais próximo."
Ela me olhou com indulgência, já tendo ouvido este argumento antes. "Você
não pode aparecer na corte da Rainha Maiwenn sem sua comitiva."
Rurik, preguiçosamente espalhado em uma cadeira, piscou-me um sorriso. "Isso
é parte de sua imagem, sua majestade."
Eu cerrei meus olhos. "Certo. Tanto faz. Alguma notícia de Jasmine?"
Seu sorriso desapareceu. "Não. Nós ainda estamos explorando cada pedaço que
cruzam os reinos, mas não encontramos nada."
"Incrível. Vocês podem dar vida as árvores, trazer as pedras à vida e as elevarem
da terra, mas vocês não podem encontrar uma adolescente mimada."
"Nós vamos encontrar sua irmã." Rurik disse severamente. Acho que ele
assumiu esta missão como um assunto de orgulho pessoal. "Pode levar um
tempo, mas nós a encontraremos."
Eu acenei com a cabeça porque não havia nada mais a ser feito. A espera estava
me enfurecendo. Cada momento que passa significa que Jasmine, uma mera
garota de 15 anos, teve outra chance de ficar grávida e dar a luz a um herdeiro
profetizado que supostamente vai conquistar o mundo humano. Eu estava
sujeita a mesma profecia, mas sou esperta o suficiente para usar
anticoncepcionais.
"Mais alguma coisa? Aliás, como as coisas estão indo?"
Shaya mudou sua expressão para neutro. "Estamos administrando, sua
majestade."
Ela manteve sua voz neutra assim como sua expressão, mas eu podia ver
expressões desaprovadoras nos outros rostos. Eles não gostavam da maneira
que eu negligenciava minhas obrigações por aqui. Eu suspeito que Shaya
também desaprove, mas não a impede de me poupar dos detalhes dos assuntos
do dia-a-dia da Terra Thorn. Ela sabe que eu não quero ouvir, não importa que
eu pergunte, ela não me fala.
Percebi então o quão opressivo o calor estava aqui. Todos estavam suando.
"Meu Deus, está quente," eu disse.
Todos olharam para mim e imediatamente eu me senti estúpida. O que eu
esperava? Quando eu conquistei o reino, eu o moldei a minha vontade,
transformando-o em minha idéia de perfeição: o Deserto de Sonora. O castelo
não mudou, permaneceu em seu estado constante: blocos de pedras grossas.
Pedra negra. Pedra absorve muito calor e tem pouca ventilação. É o tipo de
lugar construído para o frio, pântano enevoado. A terra era mais fria e verde
sob seu último governante, Aeson. Aeson e eu tivemos vários atritos porque ele
estava tentando engravidar Jasmine e queria me carregar também, na
esperança de ser o pai do príncipe que iria conquistar o mundo. E mais, Aeson
era um completo imbecil. Eu o matei em uma batalha e quando um governante
morre, a terra procura alguém mais poderoso. Esse alguém tinha sido eu. Eu
reivindiquei a terra sem imaginar o que eu estava fazendo, e foi quando eu a
transformei em um espelho de Tucson.
Ocorreu-me o quão horrível deve ser viver aqui. Os gentry têm carência da
maioria da tecnologia do meu mundo. Sem ar condicionado central. Sem
ventilador elétrico. Esse lugar assa as pessoas vivas, particularmente se
compararmos com o que eles eram acostumados antes de eu me juntar a eles.
Sentindo-me mal por eles, eu procurei pelo ar a minha volta com minha mente.
Por um momento não tinha nada, então eu senti a umidade das partículas
suspensas no ar. Não havia muita, mas estava lá. Espalhando para além da sala,
eu puxei mais umidade, sem dúvida transformando os quartos e salas próximos
em fornos. Aqui, todavia, a temperatura caiu e aumentou um pouco a umidade.
A emoção correu ligeira em mim, como freqüentemente acontecia quando eu
usava magia gentry.
Timidamente eu tentei mover o ar para formar algum tipo de brisa. Nada. Eu
tinha conseguido essa façanha apenas uma vez e não conseguia repeti-la.
Percebendo o que eu estava fazendo, Sahaya me deu um sorriso torto.
"Obrigada, sua majestade."
Eu sorri de volta e parei. Todos eles seguiram apressadamente e eu acenei para
eles. "Podem esperar aqui se quiserem. Deve continuar fresco por mais algum
tempo. Eu vou fazer minha... coisa. Então poderemos partir."
Saí do castelo para um de seus pátios, um terraço amplo que eu amava.
Saguaros e floração de peras espinhosas alinhavam-se ali. Smokethorns com
flores roxas, a árvore que tinha dado nome a esta terra, fiquei parada, sentindo
o ar com doçura. Alguns colibris lançavam-se aqui e ali como brilhantes, voando
como pedras preciosas.
Sentei em um dos degraus que levavam ao jardim superior e fechei meus olhos.
Esse era o porquê eu precisava voltar. Se fosse por mim, eu nunca haveria
retornado. Mas uma vez que a Terra Thorn estava ligada a mim, era minha.
Dependia de mim para sobreviver. Eu não compreendia totalmente a conexão,
mas era inquebrável. Esta era a razão de eu ter sonhado com este lugar. Não
havia como escapar.
O Sol batia em mim, sempre para me lembrar que no final respondemos à
natureza. Meu corpo relaxou e logo a vida da Terra espalhou-se em mim.
Sempre me assustava no início, mas então eu me adaptava rápido, como se
fosse a coisa mais natural do mundo. A Terra sou eu e eu sou a Terra. Nós
somos um, nenhuma de nós está completa sem a outra.
Quando me dei por mim, acho mais de uma hora tinha se passado. Levantei-me
saindo do transe. Eu tinha me tirado daquela união com a Terra, mas eu sabia
que ainda estava comigo. Era mais forte do que ter feito apenas a conexão. Eu
tinha completado minha obrigação.
Rapidamente minha comissão juntou-se a mim. Cavalgar era uma habilidade
que aprendi perfeitamente rápido já que era como se viajava por aqui. Não
havia carros nem aviões.
Shaya, Rurik e Nia estavam comigo, assim como uma dezena de guardas. Os
guardas cavalgavam calmamente, olhar alerta e vigilantes enquanto nos
rodeavam. Ocasionalmente Rurik vociferava alguma ordem para eles, mas a
maior parte do tempo ele fazia brincadeiras com Shaya e flertava com Nia. Eu
não era muito boa em conversas casuais e maioria do tempo só escutava, mas
entretida com eles do que eu gostaria de admitir.
Era fim da manhã, e o Sol nos demonstrou falta de piedade enquanto
viajávamos. Eu estava melhor do que os outros, vestindo shorts e óculos de sol.
As outras mulheres pelo menos vestiam vestidos leves, mas os homens vestiam
armaduras de couro e sofriam consideravelmente. Nenhum deles reclamou,
nem mesmo Rurik, mas suor escorria em seus rostos.
Então foi com algum alívio que atingimos nosso primeiro deslocamento pela
Terra. Isso era uma excentricidade do Outro Mundo que se moldava sozinha.
Viajar era desorientador. Se andar em linha reta através do meu reino, era
completamente possível atravessar outros reinos e o meu novamente sem sair
do nosso percurso.
Nós atravessamos a Terra Oak e logo era como se a Terra Thorn nunca tivesse
existido. Você não a podia ver atrás de nós. Um dos guardas quebrou sua rígida
conduta para emitir sua pequena satisfação o que fez todos rirem. Uma brisa
fresca, quase fria nos atingiu. Um outono tardio instalava-se na Terra Oak, como
se as árvores tivessem sido atiradas ao fogo com cores brilhantes. Era
maravilhoso ­ e muito mais confortável ­ eu secretamente esperava que
passássemos rápido. Eu tinha muitas memórias perturbadoras deste lugar.
Logo nós atravessamos para a Terra Thorn novamente, penetrando naquele
calor imperdoável. Eu me senti viajando em círculos, mas os outros me
asseguraram que nós estávamos na direção correta. Aquela tarefa foi breve e
nossa próxima mudança nos levou à Terra Rowan. O verão tardio imperava
aqui, mas era mais uma temperatura de verão do que em meu próprio reino.
Cerejeiras enchiam a paisagem. A última vez que as vi, flores rosas enchiam
cada centímetro dos galhos. Agora, olhando de perto, eu pedia ver frutas
vermelhas pesando em seus galhos e as trazendo para baixo.
E foi quando wights* atacaram.
*não achei tradução melhor do que criaturas, então achei melhor manter a
palavra em inglês.
Wights são habitantes do Outro Mundo, e como não são exatamente espíritos,
eles têm a habilidade de ficarem invisíveis. Então, a vigilância da minha guarda
não tinha sido tão boa. Eu contei sete enquanto eles arremetiam rapidamente
do pomar. Eles vestiam roupas cinza e tinham faces longas e pálidas. Para a
maioria das pessoas eles se pareciam com humanos e gentry. Luz emanava em
volta deles enquanto eles faziam chover flechas de poder sob nós. Wights eram
mais ligados à mágica do que os gentry e armas convencionais tinham menos
efeitos neles. Você tinha que os derrubar com mágica. Infelizmente, a mágica de
tempestade que eu havia herdado da habilidade do meu pai, ainda não estava
forte o suficiente para lidar com ataques pesados. E nem a mágica dos meus
guardas. Os manejos de mágica especial deixavam os soldados de fora, eu
aprendi que a maioria dos guerreiros era fraca em magia; era por isso que
tinham escolhido uma profissão mais física.
Eu suspeitava que as balas de prata na minha Glock* talvez machucassem os
wights. Eu só tinha um problema. Meus guardas tinham se fechado em volta de
mim e Nia ­ a única civil aqui. Atirar poderia matar qualquer um deles.
*um tipo de arma de fogo
"Deixem-me sair!" eu gritei. "Deixem-me lutar!"
Os guardas me ignoraram, na verdade, redobraram seus gritos de "A rainha!
Protejam a rainha!"
Jurando que eu poderia administrar isso dei um tiro que atingiu o peito de um
wights. Não o matou, mas claramente causou danos severos. Perto dali, uma
cerejeira arrancou-se da terra. Cheia de magia e conseqüentemente
potencialmente letal, atacou o wight ferido. Isso foi trabalho da Shaya. Ela tinha
sido guerreira antes da minha administração ser estabelecida.
Enquanto lutávamos, eu logo deduzi o objetivo do ataque. Os wights queriam a
mim ­ não para me matar, mas para um outro... propósito mais amoroso. Eles
não pareciam ter um ataque muito organizado, apenas golpear e ver quem
conseguiria me pegar. Não importando que fosse me ter.
Isso me enjoava, e uma velha sensação familiar de medo cresceu em mim. Eu
podia lidar com concussões, ossos quebrados e outros efeitos colaterais da
minha vocação. Estupro não era algo que eu podia competir. Isso tinha virado
um perigo diário, desde que aprendi sobre minha meia-herança gentry. Meu
pai, honorificamente apelidado de Rei Storm*, tinha sido um chefe militar tirano
­ um dos mais poderosos usuários de magia que o Outro Mundo já tinha visto.
Ele tinha a pretensão de cruzar para o mundo dos humanos e conquistá-lo. Ele
chegou bem perto, até meu padrasto, Roland, o ter derrotado. Infelizmente
uma profecia surgiu no rastro do Rei Storn, uma profecia que dizia que o filho
de sua filha iria terminar seu trabalho. Era por isso que eu era uma mercadoria
tão quente para os machos do Outro Mundo que acreditavam na visão do Rei
Storm. Era por isso também que Jasmine queria engravidar.
* Storm em inglês quer dizer tempestade, mas como no primeiro livro não foi
traduzido o nome dele, eu o mantive assim.
Desistindo da arma, eu peguei minha varinha cravejada de jóia e comecei a
simplesmente expulsar os wights para o Submundo. Morte instantânea. Eu fazia
minhas coisas e os guardas faziam as deles, de repente chegamos a um ponto
onde a calma cresceu. Os wights estavam mortos ou tinham sumido.
Todos na minha comissão olharam para saber se eu estava bem, o que eu achei
ridículo já que dois guardas estavam caídos no chão, e parte deles estava
sangrando.
"Esqueçam-me," eu vociferei. "Chequem os outros!"
Para meu alívio, ninguém havia morrido. Os gentry eram difíceis de se matar em
seu próprio mundo. Eles eram resistentes e viviam muito tempo. Um dos
guardas tinha poder de cura e nós passamos um tempo considerável
remendando o grupo. Quando finalmente partimos, Shaya olhou para a posição
do sol e franziu o rosto. "Nós vamos nos atrasar."
Eu pensei em Kiyo. Então pensei em Maiwenn, a quem sempre parece como
uma deusa dourada, mesmo com sua barriga prestes a estourar com o filho ou
filha de Kiyo. Chegar atrasada na sua festa de elite para bebê, infringindo a
etiqueta sob seu olhar frio... Bem, de repente eu queria cavalgar como eu nunca
tinha cavalgado antes.
Infelizmente, nossos feridos não podiam fazer isso. Frustrada, finalmente nós
nos dividimos e aqueles que estavam ilesos cavalgaram em um ritmo acelerado,
esperando reduzir nosso tempo. Em pouco tempo nós cruzamos a Terra Willow
e entramos em uma temperatura congelante. Estava saindo do inverno, e a
primavera estava descongelando, no entanto o frio provou ser um choque.
Marchamos para baixo na estrada decididos a chegar lá. E finalmente o fizemos.
Mas ainda estávamos atrasados.
Os funcionários do castelo da Maiwenn olharam para nosso estado sujo e
mostraram-me um quarto onde poderia me limpar e ficar pronta. Nia
praticamente teve um acesso de raiva como Shaya e eu rapidamente nos
lavamos e colocamos nossas roupas limpas. Os dons mágicos de Nia davam-lhe
o poder de decorar e arrumar o cabelo dos outros. Um tipo de mágica estética.
Eu quase nunca usava seus serviços e isso a matava. Eu a podia ver ansiando por
fazer algo elaborado com meu cabelo, mas eu balancei a cabeça.
"Não temos tempo. Faça rápido. Deixe-o solto."
Obediente ­ mas desaprovando ­ ela usou a mágica e escovou-os para deixá-los
brilhantes, como seda, puxando um pouco para cima em uma fivela de cabelo e
roubou um par de pequenas margaridas de um vaso para prender na fivela.
Com sua mágica, eu sabia que ficaria perfeito por horas. Eu joguei um pouco de
perfume de violeta, esperando que cobrisse qualquer traço de suor que havia
restado. Com isso, nós estávamos fora.
Quando Shaya e eu nos aproximamos do salão, era óbvio que fomos as últimas
a chegar. O lugar estava cheio. Eu suspirei alto.
"Está tudo bem," Shaya murmurou. "Você é rainha. Espera-se que você seja
excêntrica. Não pareça envergonhada."
"É possível," eu perguntei "que nós entremos sem ninguém notar?"
Antes que ela pudesse responder, um arauto que estava na porta anunciou em
uma voz feita para atravessar multidões: "Sua Majestade Real, Rainha Eugenie
Markham, chamada Odile Dark Swan, Filha de Tirigan o Rei Storm, Protetora da
Terra Thorn, Adorada Deusa da Lua Tripla*."
Dezenas de cabeças viraram-se para nós.
Eu suspirei novamente e respondi minha própria pergunta. "Aparentemente
não."
*não achei tradução melhor.... no original Triple Moon Goddness

TRÊS

Assim que parei de hiperventilar por causa da atenção em cima de mim, eu
imediatamente percebi que Nia tinha razão sobre o vestido.
Como sempre, os gentry estavam vestidos como se estivéssemos numa feira
renascentista que seria ecstasy. Cetim, veludo, seda. Até mesmo um pouco de
couro. Muitas jóias, muita pele. O brilho deslumbrava os olhos, as cores
brilhantes ricas e vividas.
Eu usava um vestido que era pra ter um visual vintage. Feito de renda escura
com várias flores amarelas espalhadas, tem uma cintura fina e uma saia que vai
até meus joelhos. As tiras se amarram atrás do meu pescoço, e a maior parte
das minhas costas esta nua, para mostrar melhor minhas tatuagem: o rosto de
uma mulher com uma lua cheia no meu pescoço e uma linha de violetas na
minha lomba. A cor do vestido parece com a luz almiscarada do meu cabelo.
Infelizmente, enquanto o visual pobre-chique de camponês pode ser caro e ser
muito vogue no mundo humano, se vestir como um camponês em um lugar que
parece um filme medieval épico te faz parecer como, bem, um camponês.
"Oh meu Deus," eu assoviei para Shaya enquanto andávamos pelo cômodo. "Eu
pareço completamente deslocada."
"Fique quieta," ela respondeu, em uma rara demonstração de consternação que
ela provavelmente sempre escondeu perto de mim. "Você é a rainha da Terra
Thorn. Você destruiu um dos reis brilhantes mais poderosos. Você tem o direito
de se vestir como quiser, então aja de acordo."
Eu engoli minha resposta e esperei que esperei que ela e sua atitude estivessem
certas. Como foi, eu tive que resistir a vontade de segurar na mão dela como se
e fosse criança. A minha incapacidade social me fazia achar dolorosa esse tipo
de atenção. Shaya tinha prometido ficar ao meu lado e assegurar minha
etiqueta, embora isso tenha aliviado meus medos apenas um pouco. Com uma
grande força de vontade, eu tentei seguir o conselho dela e parecer arrogante e
despreocupada com minha aparência.
"Você deve ir até Maiwenn primeiro," ela murmurou, "e então a maioria deles
vai vir até você para se apresentar. Você tem sido uma grande fonte de
curiosidade, e essa é sua primeira aparição publica desde que tomou a coroa."
"Entendi. Maiwenn primeiro."
A rainha Willow parecia estar cercada por uma multidão de pessoas. Fomos
em direção a elas. No caminho, eu recebi acenos de reconhecimento,
reverencias e saudações. O cômodo tinha vários monarcas, meus colegas, mas
cada nobre tinha um rank menor que o meu. Alguns pelos quais passaram
ofereceram cumprimentos. Eu suspeito que devo ter conhecido eles no baile da
primavera passada. A maioria me deu educados murmúrios de "Vossa
majestade."
Alcançamos o circulo de admiradores de Maiwenn. Eu pretendia passar por
onde desse, mas as pessoas se separaram para passarmos, logo dando uma
visão de primeira fila para Shaya e eu.
Maiwenn estava sentada num trono entalhado de madeira, seu designs
destacado aqui e ali com outro. Ela mesma tinha uma pele bronzeada e lustrosa
e um cabelo cumprido que parecia luz do sol derramada. Um vestido de veludo
­ da mesma cor dos olhos dela ­ mostravam suas as curvas maternais. Ainda
sim, o maior ornamento dela, em minha opinião, era a figura de Kiyo parado ali
perto, uma mão nas costas da cadeira dela. Ele usava roupas gentry hoje a
noite, mangas pretas simples e uma túnica longa e branca de veludo que ele
provavelmente usava entre os humanos sem levantar suspeitas. Os olhos dele,
quentes e escuros, encontraram os meus brevemente antes de voltar para a
pessoa conversando com Maiwenn. Calor cresceu entre eu e ele naquele
momento, e eletricidade passou por meu corpo enquanto eu lembrava de
ontem a noite.
"-os melhor desejos para você e seu filho, vossa magestade," o homem estava
dizendo. "Essa realmente é uma ocasião para celebrar, e oras para os deuses
por boa fortuna e saúde."
Eu ponderei as palavras dele, lembrando de Kiyo me dizendo que isso era
menos que um chá de bebê e mais uma cerimônia de sorte. Os gentry não
concebem muito frequentemente, e eles não carregam filhos facilmente.
A mortalidade infantil é alta. Dizia as velhas superstições que dizem que festas
assim, com tantos desejos de boa sorte, embutiria a criança com sorte e
asseguraria prosperidade.
O homem terminou seu discurso e gesticulou para que um servo trouxesse seu
presente. O servo entregou um pequeno baú dourado, do tamanho de uma
caixa de sapato, que seu mestre abriu com alegoria.Alguns oohs saíram
daqueles reunidos, e eu ergui minha cabeça para ver o que havia dentro. Um
brilho de vermelho encontrou meus olhos.
"Esse é meu presente para seu filho ou filha: os melhores rubis da minha terra,
polido e cortado perfeitamente."
Eu pisquei e olhei ao redor, me perguntando se eu era a única a achar aquele
presente ridículo. O que diabos uma criança vai fazer com rubis? Se engasgar
com eles? Essas coisas definitivamente precisam de um aviso de Inadequado
Para Crianças Menores de 3 anos. Ninguém mais compartilhava minha visão, e o
grupo parecia estar de acordo sobre o valor do presente. Kiyo, no entanto,
pegou meu olhar, e eu vi o mais fraco sorriso passar no rosto dele enquanto ele
adivinhava o que eu estava pensando.
O homem partiu, e todos os olhos se viraram para mim. Não tínhamos chego
primeiro, mas aparentemente meu rank me dava direito de ir na frente.
Seguindo as instruções de Shaya, eu dei um passo para frente e beijei Maiwenn
na bochecha. Ela beijou a minha em resposta.
"Eugenie, estou tão feliz em ver você de novo."
Ela parecia feliz. Eu não sei se era falso ou não, mas ela era uma daquelas
pessoas que sempre podem parecer felizes e te fazer pensar que ela realmente
se importa com você. Eu suspeito que a maior parte da bondade dela seja
sincera, mas ela tinha que ter a mesma inquietação perto de mim quanto em
tinha com ela, devido a nossa respectiva relação com Kiyo.
Olhando para o olhar negro dele e o dourado dela, eu de repente tive uma
vivida imagem deles na cama juntos. Eu me perguntei se ele tinha sido tão
selvagem com ela quanto comigo. Eu me perguntei se ela gostou.
Tirando a imagem da minha cabeça, eu tentei dar um sorriso. "Obrigada por me
convidar. Desculpe o atraso."
Ela acenou uma mão dispensando as desculpas. "Você nem tinha que vir. Estou
feliz você estar aqui."
Eu não tinha nenhum discurso elegante, então mantive minhas palavras
simples. "Estou... muito feliz por você. Espero que as coisas vão bem com você e
o bebê."
Eu olhei para Shaya, que estava segurando minha mochila. Ela me entregou, e
eu notei que o número de observadores tinha aumentado, olhos curiosos para
ver o que uma rainha meio humana daria. O triangulo amoroso com Kiyo não
era segredo; a fofoca gentry se espalhava pelo Outro mundo mais rápido do que
qualquer tablóide humano podia acompanhar.
Pegando um urso de pelúcia, eu entreguei para ela. Ela o olhou, olhos surpresos
enquanto as mãos dela passavam pelo suave pelo. Eu paguei muito dinheiro por
ele. Era de algum tipo de marca famosa que me falaram servir as mães de classe
alta.
"É, um, um brinquedo," eu expliquei, imediatamente me sentindo idiota. Os
gentry não eram tecnologicamente avançados, mas até eles podiam entender
isso.
"É adorável," ela disse, tocando as costuras. "Não podemos alcançar esse tipo
de trabalho manual. Obrigado."
"Oh, e bem...eu honestamente não sabia o que mais eu podia dar ao bebê que
ele já não tenha. Então, ao invés disso, eu fiz uma doação no nome dele para
uma instituição de caridade infantil. Ou melhor, assim que eu souber seu nome,
eu vou finalizar a doação."
Esquecendo o urso, ela olhou para mim, claramente perplexa. "Eu não
entendo."
Aqueles reunidos aparentemente também não entendiam, a julgar pelas
expressões curiosas.
"Eu, um, bem, dei dinheiro para um grupo que ajuda crianças doentes. Eles vão
usar esse dinheiro para cuidar deles, e vai ser..." eu procurei por alguma palavra
conhecida por gentry. "... vai ser feito em homenagem ao seu bebê."
Um supremo olhar de deleito passou pelo lindo rosto dela, e eu sabia sem
duvidas que ela não estava fingindo. Ela entendeu, e ela gostou do presente.
"É muito generoso," Kiyo explicou para ela. A mensagem ardente nos olhos dele
me deram a indicação de que ele tinha algumas idéias de como expressar sua
gratidão pelo presente.
Ela colocou os braços ao redor do urso de pelúcia, segurando ele contra seu
peito enquanto os olhos dela o olhavam pensativos. "Atos de tal gentileza...
feito no nome do meu bebê..." ela volta aquela felicidade para mim. "Atos assim
não podem evitar a não ser gerar boa vontade dos deuses. Obrigada, Eugenie."
Um murmuro de sussurros consideráveis passou atrás de nós. Ela e eu trocamos
mais algumas palavras, e então dei espaço para o próximo convidado.
"Isso foi bom?" eu perguntei para Shaya enquanto nos afastávamos.
"Extremamente." Uma nota amarga estava em sua voz. "Eu duvidei do seu
presente, mas agora acho que você entende esse costume melhor do que nós."
Ela passou para um tom mais baixo. "Ah, essa é Katrice, a rainha de Rowan,
vindo em nossa direção."
Eu olhei com interesse, tendo passado pela Terra Rowan tantas vezes durante
minha jornada no Outro mundo. Katrice parecia ter mais ou menos 50 anos
humanos, o que significa que ela ter alguns séculos. Só uma mecha grisalha
passava no seu cabelo preto, e os olhos escuros dela brilhavam com um afiado
intelecto. Um vestido de cetim vermelho e branco cobria seu corpo.
"Oh, oh, oh! Essa é ela finalmente! A rainha Thron. Minha querida criança, você
esteve muito ausente de nossas reuniões." Ela colocou seus braços ao meu
redor e beijou minha bochecha. Era um pouco mais molhado que o beijo de
Maiwenn. Um pouco sobrepujada com a presença dela, eu respondi o gesto. Ela
tinha cheiro de rosas.
"É... é um prazer conhecer você."
"Você é tão adorável! Olhe para ela, Marlin. Ela não é adorável?"
Ela agarrou o braço de um homem que parecia ter duas vezes a idade dela, o
cabelo grisalho dele mal cobrindo sua cabeça. Os olhos dele indicaram que ele
não estava na festa no momento.
"O que?" ele perguntou.
Katrice ergueu sua voz. "Adorável. Ela não é ADORÁVEL?"
"Adorável," ele murmurou, olhando a minha esquerda.
"Duque Marlin, o consorte da rainha," Shaya sussurrou.
"Olhe para você, olhe para você!" Katrice continuou, ainda borbulhando.
"Como uma coisinha como você pode ter matado Aeson? Hmm? O velho Tirigan
Rei Strom ficaria tão orgulhoso."
Eu pulei surpresa, me afastando com a referencia tanto de mim matando Aeson
quanto o nome do meu pai. Sem notar minha reação, ela gesticulou
freneticamente para um jovem passando por perto. Ele tinha uma aparência
magra e cabelos escuros presos num rabo de cavalo. Ele também usava
vermelho e branco, e eu lembrei de uma vez ter visto a bandeira da Terra
Rowan, uma arvore rowan¹ delimitada por vermelho e branco. Aparentemente,
eles eram um grupo patriótico.
"Querido, querido! Venha conhecer a rainha Thorn." Sorrindo, ele correu para o
lado dela e me deu uma aceno cortejador. "Esse é meu filho, Leith. Leith, rainha
Eugenie."
Ele pegou minha mão e a beijou muito propriamente, como era o costume. "Um
prazer, vossa majestade."
"Igualmente."
Eu o estudei, curiosa por ver um príncipe gentry. Com todos os problemas de
reprodução gentry, nenhum dos outros monarcas que conheci ­ fora Maiwenn
­ tinha filhos. Eles tendem a ser governantes solitários.
Ele parecia tão gentil e amigável ­ e como se ele não estivesse fazendo planos
para entrar nas minhas calças ­ que eu queria conversar, mas eu nunca fui
muito boa em iniciar esse tipo de coisa. Katrice tirou o dilema das minhas mãos.
"Ela não é linda, Leith? Eu estava dizendo o quanto me custa acreditar que ela
matou Aeson. Da para acreditar nisso? O que foi que ouvi, minha querida? Que
você o afogou?"
Eu limpei a garganta desconfortavelmente. "Um, não, não exatamente. Eu meio
que convoquei toda a água para fora do corpo dele e o explodi."
"Oh!" ela bateu as mãos juntas como se tivesse sido a coisa mais maravilhosa
que ela já tinha ouvido. "Oh! Oh! Isso não é fascinante? E tão inteligente!"
Aparentemente notando meu desconforto, Leith disse apresadamente, "Mãe,
tenho certeza que a rainha Thorn prefere discutir assuntos mais agradáveis.
Esse dificilmente é o lugar para falar sobre morte."
Eu dei a ele um sorriso agradecido. Nós de fato fomos para tópicos mais
mundanos, e eu descobri que ele conseguia conversar com muito mais
eficiência do que sua mãe. "Eu vi sua expressão por causa dos rubis," ele
provocou. "Você não acha que o bebê vai gostar?"
Eu fiz uma cara. "Talvez se eles puderem decorar um berço com eles. Ou talvez
fazer um móbile. Esse tipo de presente é normal?"
"Temo que sim," ele disse, ainda sorrindo. "Como te ouvi dizer, não tem muita
coisa que o bebê não vai ganhar de Maiwenn. A maior parte dos nobres está
mais interessada em fazer a rainha feliz, não o bebê ­ por isso dos presentes
inúteis."
"Ora, Leith," disse a mãe dele. "Isso é ridículo. Tenho certeza que o filho de
Maiwenn ira absolutamente adorar as louças de cristal que compramos."
Quando eu finalmente me afastei, Leith beijou minha mão de novo e falou
numa voz baixa demais para Katrice ouvir.
"Desculpe por ela. Ela nem sempre pensa antes de falar."
Eu ri. "Está tudo bem," eu murmurei em resposta. "Ela é uma rainha. Esse é o
trabalho dela."
Mais alto e apropriadamente, ele disse, "eu espero que vocês venham nos
visitar. Mamãe anda morrendo para te receber na nossa corte."
"Claro," eu concordei. "Um dia desses." Eu tentei retribuir a educação."Você
deveria vir nos visitar também. Não estou por perto sempre, mas você é bem
vindo."
Ele se alegrou, assim como Katrice que ficou em silencio para variar. "Obrigada,
vossa majestade. Eu adoraria. Ouvi coisas incríveis sobre sua terra. Eles dizem
que ela é muito feroz. Feroz, mas linda."
Shaya riu suavemente enquanto partíamos. "Oh, você não sabe o que fez."
Eu a encarei. "Como assim? Eu acho que eu lidei com tudo muito bem,
considerando a conversa sem fim daquela mulher."
"Não deixe a superfície dela te enganar. Ela é mais sagaz do que você imagina. E
poderosa. Infelizmente, o filho dela não é."
"Leith? Como assim? Magicamente?"
Ela acenou. "A mágica dele é quase inexistente. Ele não será capaz de herdar o
reino dela."
"Whoa..." Considerando o quanto os gentry vivem, eu nunca pensei muito sobre
problemas de herança. "Mas ele parece bem competente. Muito inteligente."
"Ele é. Extremamente. Ele é um tipo de inventor. Ele criou coisas que
revolucionaram o reino dele ­ e os outros, devagar. Ele recentemente criou
ferramenta para imprimir textos em livros do jeito que seu povo faz. Vai poupar
uma fortuna em escrivão."
"Como uma prensa?Wow." Quem diria? Leith era como a versão fada do
Gutenberg. Legal. Talvez o Outro mundo estivesse no seu caminho para
revolução industrial. "E isso não conta para nada para reinar?"
"Não." Shaya não parecia simpática. Força mágica é uma das grandes medidas
no mundo gentry, e é por isso que meu pai bastardo tinha uma posição tão alta.
Aqueles que acreditam que eu vou me comprar a ele algum dia me tratam de
forma similar. "Apenas ingenuidade não é o bastante para herdar um trono ou
ligar a terra. No entanto, as chances dele podem aumentar se ele tiver um
consorte poderoso."
Eu de repente tropecei nos meus próprios pés quando entendi o que ela queria
dizer. " O que, como assim?"
"Pela estimativa deles, você é uma boa combinação. Poderosa, já governando
um reino. Seu sangue humano e capacidade de conceber te faz extremamente
atraente, e o seu papel na profecia duplica isso."
"Jesus. Vocês são malucos."
Ela parecia estar gostando do meu horror. "Como eu disse, Katrice é sagaz. Ela
não estava mentindo quando disse que queria te conhecer. Ela provavelmente
planejou isso por um tempo. Você convidar Leith para visitar cumpri os sonhos
dela. Só espere, ele vai vir logo."
"Como é que vocês não o conceito de `apenas amigos' por aqui? Porque todo
cara que eu conheço é um parceiro em potencial? Leith foi gentil e fofo, mas eu
quero dizer... qual é."
Eu suponho que não deveria ter ficado tão surpresa. Os gentry tem um
comportamento sexual muito mais solto que os humanos ­ e alguns casais nos
cantos estavam demonstrando ­ então eles provavelmente tratam tudo como
uma possibilidade de um encontro romântico.
Considerando os pesos menos que românticos pela minha afeição mais cedo, eu
deveria ficar mais agradecida por Leith ter sido mais civilizado no cortejo. Ainda
sim, eu acho tudo muito enfadonho.
Shaya me apresentou para vários outros obras aquela tarde. A maior parte se
misturou. Eu simplesmente sorri e acenei muito, fantasiando sobre estar em
casa na cama com Kiyo. Perto do fim da festa, uma pessoa chamou minha
atenção.
A primeira coisa interessante era o quão escura era a pele dele ­ uma raridade
nos quase sempre caucasianos gentry nessa parte do Outro mundo. Seus
cabelos pretos pendurados em volta do seu rosto uma chuva de tranças
minúsculas, perfeitamente ao redor da capa de cetim Borgonha em torno dele.
Ele curvou-se sobre a minha mão, varrendo o manto de distância com um
floreio.
"Vossa majestade," ele disse com um fraco sotaque francês. "É uma honra e um
privilegio. As histórias sobre sua beleza não te fazem justiça. Eu sou Girard de la
Colline."
Eu aceitei o beijo dele na minha mão com surpresa. "Você deve ser de muito
longe."
O Outro mundo espelha o meu na questão geográfica. Os residentes aqui, perto
do Arizona, falam variações de inglês. Eu me pergunto ocasionalmente se os
que reinavam agora tinham suplantada a versão nativo americano dos gentry.
"Tal jornada vale a pena para estar em sua presença, mas alguma hora, se você
quiser, eu ficaria honrado para te dizer histórias da minha terra natal. É linda o
bastante para fazer o homem chorar, embora tenham me dado a entender que
a terrível beleza do próprio reino pode fazer o homem chorar também ­ por
razões diferentes."
Eu ri. "Eu suponho que sim. Aqueles que a respeitam podem sobreviver: aqueles
que não... bem, não."
"Soa como uma rainha." Ele inclinou a cabeça."Eu tenho um talento com metal,
se algum dia você precisar que algo seja forjado. Eu vivo na Terra Rowan mas
ficaria feliz em aceitar um pedido se você precisar de algo."
Eu agradeci ele pela oferta e disse que ia pensar. Quando eu o deixei, eu virei
para Shaya. "Eu gosto dele. Mas me deixe adivinhar ­ ele quer namorar e seu o
pai do meu filho também?"
"Oh, ele não se oporia, mas esse não é o objetivo dele. Ele realmente é um
excelente artesão ­ ele até tem um pouco de sangue humano em seus
ancestrais, o que permite que ele toque o ferro. Mas um homem como ele...
bem, ele é um bajulador. Ele anda em torno da nobreza e tenta para encontrar
as conexões que podem ajudá-lo a governar um reino próprio um dia."
"O que, minha querida Shaya, é um jeito muito gentil de dizer que ele é um
conversador que vai fazer tudo para atingir seus próprios objetivos. Mas eu vou
concordar com você em relação aos talentos artísticos. Ora, deveríamos ter
pedido a ele para fazer para a Rainha Thorn uma coroa apropriada para
solidificar o titulo dela."
A voz suave e lacônica cortou em dois meu coração, e eu congelei. Virando
devagar, eu encontrei Eu encontrei um par olhos verdes com longos cílios,
salpicado com ouro e avelã, tudo emoldurado por uma varredura de cabelos
longos cor de fogo que rivalizavam com as árvores do outono no seu reino.
Dorian, o rei da Terra Oak.
"Vossa majestade," exclamou Shaya feliz, dando a ele uma baixa reverencia.
"Como está? Como está seu reino?"
Dorian sorriu levemente acariciou seu queixo. "Você teme que minha casa caia
aos pedaços sem você? Eu confesso, as coisas acontecem um pouco menos
suavemente do que antes, mas agüentamos o que precisamos. Não tenho
duvidas que sua nova mestra tem muito mais necessidade dos seus serviços do
que eu, então devo sofrer pelo bem dela."
Ele me deu um olhar penetrante. Eu não disse nada. Shaya olhou entre nós, seu
semblante feliz se tornando nervoso. "Se vocês me dão licença, vossas
majestades, eu vou encontrar algum refresco. Eu volto logo."
Eu sinceramente duvidava disso, mas ela partiu rápido demais para mim
protestar. Eu queria seguir ela mas agora eu estava presa.
Um pouco do seu exibicionismo diminuiu, mas o humor e diversão preguiçoso
que constantemente camuflava Dorin permaneceu. Ele sempre se comporta
como se estivesse num palco, tanto em seu maneirismos e seu melodramático -
e muitas vezes irônicos ­ comentários. Eu suponho que como rei ele meio que
sempre esteve num palco durante sua vida.
"Bem, Eugenie, aqui estamos nós." Dorian descuidadosamente alisou o veludo
preto de seu roupão. Ouro e padrões vermelhos dançavam ao redor da bainha.
"Você é uma visão sublime de beleza, como sempre ".
"Oh qual é," eu exclamei. "De você não, entre todas as pessoas. Eu sou a pessoa
mais presunçosamente vestida neste salão. "
"Não. Eu vi uma copeira vestida quase tão mal. Uma coroa realmente seria uma
ótima ferramenta para estabelecer onde você está. Mas, tirando isso, o seu
vestido é realmente lindo e bem-feito, mesmo que simples. Espere e veja: você
vai ver mulheres vestindo cópias dele em breve. O fato de que você ainda pode
atrair olhares enquanto está vestindo ele é a prova da sua beleza e presença.
Você alcançou o que a maioria destas mulheres falsas não consegue, não
importa quantas camadas de pesados tecidos ricos as cobrem."
Fiz um gesto em direção a sua túnica. "Você está coberto de uma certa
quantidade de tecido pesado e rico ".
As bordas dos lábios dele se enrolaram. "Se eles te incomodam, eu posso
remover o maior número dessas camadas se você quiser."
Revirei os olhos, mas o estrago estava feito. Com essas palavras, eu mais uma
vez vi o seu
corpo nu, liso e perfeito na luz da lua, pairando sobre o meu enquanto eu estava
deitada ligada a cama dele. Tinha sido uma noite, uma noite só, mas foi uma
noite que eu tive pouca sorte em esquecer nos últimos três meses. Ver Dorian
remexeu tudo de novo, me enchendo com
confusão sobre a forma como o meu corpo tinha respondido a tal dominação.
Muito antes daquela noite, Dorian tinha sido um dos meus primeiros aliados no
Outro mundo. Ele tinha apoiado o Rei Storm - e teria adorado me engravidar -
mas manteve-se firme
contra qualquer noção de estupro. Ele me queria por minha própria vontade.
No final, ele me ajudou a derrotar Aeson e me mostrou os fundamentos para
usar magia.
"Você deu algo a Maiwenn?" Eu perguntei abruptamente, nos dirigindo para
outro lugar.
Ele me examinou por um momento antes de responder. "Sim, claro. O que foi?
Ah. Sim.
Lindos panos que eu tenho certeza que ela pode fazer ... algo ... encantador.
Meu mordomo
escolheu. Um presente insignificante comparado ao seu, pelo que ouvi. "Seus
olhos passaram pelo salão onde Maiwenn e Kiyo riam com uma mulher que eu
não conhecia.
"Olhe para eles. O filho deles vai ser algo de se ver, você não acha? Eles dão um
casal muito
impressionante. Eu deveria ter trazido um pintor para fazer um retrato de
família, quando o bebê chegar. Algo que todos podem guarda nos próximos
anos."
Eu enrijece. "É por isso que você queria falar comigo, hun? Você não mudou,
Dorian, e eu não vou ficar aqui e brincar se você está só vai tentar me provocar.
Eu não queria falar com você de mesmo. "
Dorian deu um longo e sofrido suspiro. "Você sempre pensa tão pouco de mim,
Eugenie. Eu queria falar com você porque eu queria saber como você está. Eu
tenho saudades. O que você acha de ser rainha? Sua terra não pereceu ... ainda
... por isso estou pensando que esse é um bom sinal ".
Ainda irritada pelo comentário em relação a Kiyo, eu o encarei com raiva. "Eu
nem queria ser uma rainha. É culpa sua que eu tenha chegado a isto. Se você
não tivesse me enganada para reivindicar a terra, eu estaria em Tucson agora e
longe de tudo isso." A dor do que ele tinha feito, me ligando a Terra Thorn,
ainda coçava dentro de mim. Eu não tinha certeza se eu jamais poderia perdoálo
por isso.
"Não é verdade. Você ainda estaria aqui, lastimando enquanto o seu amante
recebe presentes para seu filho, assim como você está agora. E homens como o
jovem príncipe Rowan ainda iriam te cortejar porque enquanto outros títulos
vêm e vão, você sempre será filha do Rei Storm. "
"Eu realmente não quero ser isso também."
Ele estendeu as mãos para fora, com as palmas para cima, em um gesto de
desamparo. "Isso eu não posso mudar. Tudo que eu posso fazer com isso é
ajudar a desenvolver os poderes que você herdou, mas você já recusou minha
ajuda nisso. "
Desviei o olhar. "Eu não preciso de sua ajuda." Além do que rancor contra ele,
eu
não podia evitar a sensação de que mais de sua "ajuda" teria como resultado eu
ir para cama dele de novo.
Ele deu um passo em minha direção. "Você tem ensinado a si mesmo?"
Eu não respondi.
"Você tem, não é? Ou tentando, pelo menos. Estranho, considerando que eu
lembro distintamente de você dizendo que estava satisfeita com o nível de
magia que você chegou através do meu treinamento."
Ele sorriu. "Como é que está indo? Talvez você queira minha ajuda novamente?
"
Eu empurrei minha cabeça em direção a ele. Muito coisa nessa festa já tinha me
deixado para baixo, e sua língua de cobra estava no ponto que ameaçou me
quebrar. "Não. Eu não preciso de sua ajuda. Eu não preciso de ajuda de
ninguém, ok? Estou feliz com o que eu estou ensinando a mim mesma. Se eu
avançar, tudo bem. Se não, tudo bem. Não importa para mim."
Ele riu, um som suave e mortal que derramou sobre mim como mel. "EugEnie,
Eugenie.
Você pode mentir para outras pessoas, você pode mentir para seu kitsune, e
você pode até mentir para si mesma. Mas não minta para mim. Eu fui o
primeiro que lhe ensinou a controlar a sua magia. Eu vi como você a deseja,
como você brilha com a onda desse poder. Eu sei como te faz você se sentir,
porque eu sento também. Eu posso ver nos seus encantadores olhos violeta o
quão apaixonadamente você quer sentir mais dessa magia. Ela te consome. "
"Como sempre," eu disse em voz baixa que correspondia a dele, "você está
imaginando mais do que é realmente existe."
"E você, como sempre, está negando o que está lá, para não mencionar sua
própria natureza. Você é o que você é, Eugenie, e quanto mais cedo você aceitar
isso, mais cedo você pode começar a fazer grandes coisas."
"Essa conversa está terminada," Eu surtei, me afastando.
A mão de Dorian se fechou ao redor do meu pulso, e ele me puxou para ele com
uma inesperada rudeza. Eu não acho que ele quis ser tão duro. Eu soltei um
pequeno arfar enquanto aqueles dedos se apertavam contra a minha pele. Eu
não estava presa por nenhum fio de imaginação, mas por meio momento, eu
podia acreditar que estava. O doloroso aperto no meu pulso enviou ondas de
calor pelo meu corpo, e o aroma de canela pairou ao meu redor,por estar tão
perto dele. Minha respiração ficou mais pesada, e eu quis que ela
desacelerasse.
Ele não esperava essa reação. Seus olhos se alargaram um pouco mostrando
uma
rara expressão de surpresa. Inclinando o seu rosto em minha direção, o seu
polegar acariciou a pele do meu braço, enquanto o resto dos seus dedos
continuaram a me segurar.
"Como nos velhos tempos, hein? Parece que você não perdeu completamente o
seu gosto por ficar presa. Ainda sim, como tudo mais, eu tenho certeza que
você nega a si mesma isso também."
"Você acha?" Eu perguntei maldosamente. "Você deve tentar foder com Kiyo.
Muitas amarras nisso."
Divertimento iluminou o rosto dele, contrastando com o negros em seus olhos.
"Já que eu estou presumindo você não quis dizer que você finalmente comprou
uma coleira para ele, deixe-me dizer simplesmente que existe uma grande
diferença entre permitir que um animal te domine e você se permitir ser
dominada. Um deles é comum. O outro é o arte. É planejado. Até mesmo
trabalhado. Só poderá ser feito por um mestre."As palavras dele saíram tão
próxima de conversação,que poderíamos muito bem estar discutindo o tempo.
"Portanto, eu estive planejando o que eu gostaria de fazer da próxima vez que
fizermos amor. Eu acho que quero te deitar de barriga para baixo, com as mãos
presas a frente da cama. Vamos ter que mudar seus quadris um pouco para
cima, te colocar de joelhos só um pouco, mas fora isso você vai ficar prostrada,
quase como se você estivesse se curvando em uma reverência humilde
enquanto eu me ajoelho atrás de você e te possuo. "Ele fez uma pausa. "A não
ser que você tenha outras sugestões?"
Eu me soltei do aperto dele e me afastei, surpresa por descobrir que eu estava
tremendo.
Este era Dorian. O mesmo perigoso, presunçoso, e maquiavélico Dorian que eu
conheci
meses atrás, não importa a doçura e o encanto que saiam dele. Ele não tinha o
direito de
falar assim comigo, não depois que eu agüentei o seu truque com a Terra Thorn,
não
depois que eu disse a ele que queria ficar com Kiyo.
E, no entanto, ele uma vez foi meu amigo e meu professor e meu aliado na
batalha ... e meu amante.
E enquanto eu ficava parada ali olhando para ele, eu podia imaginar tudo o que
ele tinha descrito. Eu poderia podia sentir. E, Deus me ajude, eu queria. Meu
corpo todo vibrou com a excitação que suas palavras trouxeram.
"Eu tenho que ir", eu disse. Foi preciso duas tentativas para a minha boca seca
colocar as palavras para fora. "Eu tenho que encontrar Shaya."
Ele inclinou a cabeça educadamente. "Claro."
Eu me virei e me afastei, mas não antes de ouvi-lo me chamar.
"Eugenie? Não se esqueça, se você mudar de idéia, minha oferta continua de
pé. Para todas as coisas."
Mordi o lábio para não responder e estava tão concentrada em manter o
controle que quase dei um encontrão em uma mulher que vinha na mesma
direção que eu vim. Ela era linda, com cabelos vermelhos que se destacaram
como chamas brilhantes contra sua pele clara. Ela usava um vestido com
mangas que combinavam o céu celeste de seus olhos e longos cílios e me
lembrava um pouco do vestido da Cinderela. Claro, a Disney nunca teria
permitido tanto decote. A mulher foi graciosamente para o lado, evitando uma
colisão por pouco. E então, a para meu choque total e completo, ela se
aproximou Dorian e se envolveu em torno dele, pressionando os lábios em sua
bochecha.
"Ah, ai está você," ela disse alegremente. Ele devolveu o beijo ­só que, bem, foi
nos lábios dela.
E durou um tempo. Com língua.
Fiquei ali, congelada, me fazendo ignorar eles e me manter em movimento. No
entanto, eu não podia. Dorian, me vendo ainda está ali, deu um de seus maiores
sorrisos. "Rainha Eugenie, um momento. Você já conheceu minha encantadora
amiga?"
Esse, é claro, é um dos hábitos mais irritantes de Dorian. Ele sabe perfeitamente
bem que eu
nunca a conheci, mas ele gosta de bancar o inocente.
"Não", eu disse dura, cruzando os braços sobre meu peito.
"Rainha Eugenie, gostaria de apresentar Ysabel, um dos meus súditos na Terra
Oak. Ela tem passado algum tempo ... no castelo."Entendi o significado do
subtexto que queria dizer que o tempo era especificamente gasto na cama dele.
Ysabel curvou-se, me dizendo um educado "Vossa majestade." No entanto,
quando ela se levantou, eu vi que o olhar nos olhos dela não era nada educado.
Havia uma hostilidade distinto ali, e era direcionada a mim. Fiquei um pouco
surpresa até que eu percebi o que era. Ciúme. Esta mulher tinha uma insana e
inflexível inveja de mim. Ela se apertou mais próximo de Dorian, quase
possessivamente, com as mãos dela vagando sobre o corpo dele de uma forma
que era tão banal entre a espécies deles.
"Muito prazer", respondi. Me virei para sair novamente, não tendo nenhum
desejo de ver Ysabel apalpar Dorian. Se ela queria me deixar com ciúmes, ela
estava perdendo seu tempo.
Dorian e eu estávamos acabado. Não havia mais nada entre nós, nem haveria de
novo.
"A ultima amante de Dorian," Shaya explicou mais tarde.
"Yeah, eu meio que percebi."
"Meu entendimento é que ele passou um tempo incrivelmente longo, sem uma
consorte
desde que... "Ela não terminou. Ela estava se referindo a quando Dorian e eu
estivemos envolvidos.
"Quanto tempo é muito tempo?" Eu perguntei.
"Mmm ... 2 semanas."
"Duas semanas depois que terminamos? Isso é muito tempo?"
"Para o rei Dorian? Sim. Creio que ela é a quarta, desde então, mas ela tem uma
distinta
semelhança com todas as outros."Shaya olhou para mim significativamente.
"Então?" Eu perguntei, não entendendo.
"Sempre de pele clara. Ruivas. Olhos violeta são mais difíceis de encontrar,
então ele se
contentou com azul. "
Levei alguns momentos para entender. "Espere. Você está dizendo que Dorian
anda tomando amantes que se parecem comigo?"
"Pode ser apenas uma coincidência", ela disse diplomaticamente.
"Jesus Cristo", eu disse, de repente apavorada. Eu realmente tinha feito uma
impressão tão grande nele?
Shaya fez uma pausa, pensativa. "Eu não acho que Ysabel gosta muito de você."
"Eu meio que imaginei isso também. Ela estava tentando me fazer ciúmes.
"Então, no caso de haver qualquer dúvida, eu acrescentei: "Mas eu não estou."
"Como você disser", respondeu Shaya, voz e rosto perfeitamente agradáveis.
Eu não saiba dizer se ela acreditou em mim ou não, mas isso não importa. Eu
sabia a verdade. Eu realmente não estava com ciúmes de Ysabel e Dorian.
Bem, não muito, pelo menos.
¹http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/26/Rowan_tree_20081002
b.jpg

QUATRO

Nós partimos assim que a etiqueta permitiu. Eu tentei usar o argumento de
Shaya sobre as rainhas excêntricas fazerem o que quiserem, mas não funcionou
com ela. Ela disse que deveríamos ficar um tempo determinado se não
pareceria que eu estava intimidada pela Maiwenn. Então ficamos presas por ali
um pouco mais do que eu gostaria antes de fazermos as despedidas para os
outros. Kiyo estava ocupado com um grupo de simpatizantes, mas ele olhou
para minha partida e sorriu. Ele murmurou a palavra logo.
Meu grupo cavalgou de volta com o humor suave. A urgência tinha acabado,
acho que minha atitude triste jogou uma nuvem sob todo mundo. Ver Maiwen e
Kiyo tinha me incomodado mais do que eu gostaria de admitir, e Dorian... bem,
esta é uma outra história. Por enquanto, eu não queria nada mais do que
atravessar para meu próprio mundo, colocar meu pijama e assistir inutilidade na
TV. Possivelmente enquanto eu como sorvete.
Enquanto nossa jornada prosseguia, sorvete parecia mais e mais apelativo uma
vez que tínhamos chegado à Terra Thorn. O Sol estava se pondo, mas o calor
ainda irradiava da areia e das pedras. Não iria se dissipar por algumas horas e
mesmo a meia noite a temperatura provavelmente não cairia abaixo de 21°C. Eu
tinha colocado novamente meu shorts e meu óculos de sol antes de sair do
Castelo da Maiwenn, então novamente, o calor não me incomodava tanto
quanto aos outros. Dorian tinha alegado que meu vestido de verão ia virar
tendência de moda; eu me perguntei se com o shorts seria assim também.
"Há uma aldeia à frente," Rurik murmurou.
Eu saí de meus devaneios e segui seu gesto. Certo o bastante, um pequeno
aglomerado de construções escureceu o horizonte. Assim como meu castelo,
era algo construído mais para uma paisagem medieval britânica do que para o
deserto. Considerando o quão pouco eu visitava meu reino, esta era a primeira
colônia que eu via fora do castelo. Irritou-me um pouco, meu desconforto
cresceu quando eu vi que nossa estrada atravessava a cidade. Merda de
reviravoltas do Outro Mundo. Esta vila não estava aqui na nossa viagem
anterior. E por esta razão, eu sabia melhor do que sugeria que nós iríamos para
ela. Do modo que este mundo trabalhava, um ligeiro desvio poderia nos jogar
na Terra Rowan ou acrescentar horas em nossa viagem. Segurando-me, apertei
minhas mãos na rédea, decidida que este lugar parecia pequeno e não iria levar
muito tempo para cobri-lo.
Quando chegamos à periferia, eu descobri algo que me fez perder a certeza. A
estrada estava cheia de pessoas. Era como se todos na cidade tivessem saído
para nos ver passar. Eles estavam em ambos os lados, olhando para minha
comissão e olhando de novo para o povo na estrada, eles pareciam figurantes
de algum filme medieval. Exceto que devia ser um filme com orçamento baixo.
As roupas das pessoas estavam esfarrapadas e sujas seus rostos magros. Todos
pareciam muito magros, mesmo as crianças e os bebes nos braços dos pais.
Meu mal estar crescia a medida que penetrávamos no coração da vila. Eu odeio
multidão e olhos sob mim. Tinha algo desconfortável sobre este grupo em
particular. A expressão deles eram completamente vazia ou... bem,
aterrorizada. Tudo estava num silêncio de morte.
"Do o que eles têm medo?" eu sussurrei para Rurik.
Ele me deu um olhar divertido. "De você, é claro."
"De mim?" eu chiei. Olhando para meu traje, eu tentei imaginar o quão eu
parecia deslocada aqui. Foi minha estranheza que os assustou?
"Você é a rainha deles. Todos sabem como você derrotou Aeson ­ e este não foi
um conto particularmente reconfortante. Da mesma maneira, o legado de
terror do Rei Storm ainda vive depois de todos estes anos. Você herdou isso."
"Então o que? Eles me vêem como algum tipo de tirana?"
Ele encolheu. "Você é a rainha deles," ele repetiu, como se isso explicasse tudo.
Eu nunca quis ser rainha. Certamente eu não queria ser vista como algum tipo
de rainha opressora. Eu não queria estes olhares contra mim, todos estes olhos
pareciam cheios de apatia, julgamento e algum tipo de derrota. Eu suspirei em
alívio quando aparentemente tínhamos chego à metade do caminho. De
repente, um homem parou a nossa frente, nos levando a um impasse. Ele era
um gentry mais velho, alto e grisalho. Ele era magro e um pouco melhor vestido
que os demais, embora houvesse um ar de dignidade e autoridade que o fez se
destacar. Quando ele viu que tinha nossa atenção, ele curvou-se tão baixo, que
sua face ficou perto de tocar a estrada empoeirada.
"A Eugenie, grande rainha da Terra Thorn, eu ofereço a saudação do seu mais
humilde servo, Davros."
Ao menos acho que é isso que ele disse. Ele estava tão próximo ao chão que
suas palavras saíram abafadas. Eu olhei desconfortável para meu grupo, incerta
de como agir. Todos guardaram silêncio e olharam pra mim em espectativa. Oh,
claro. Eles estavam cheios de conselhos no castelo de Maiwenn, mas e quando
se têm camponeses rastejando na estrada? Aparentemente eu tinha que
resolver isso sozinha.
"Por favor, hum, levante-se," eu finalmente disse. "Hum, Davros."
Ele levantou-se cruzando suas mãos a sua frente, parecendo totalmente
confuso por eu ter usado seu nome.
"Obrigada, sua majestade. Eu sou o prefeito desta vila. Palavras não podem
expressar a honra que sentimos em tê-la conosco."
Considerando o que Rurik tinha dito sobre a minha reputação por aqui, eu não
estava certa se acreditava nas palavras de Davros. Eu forcei um sorriso.
"Obrigada. Nós estamos apenas de passagem para retornar ao castelo."
Davros estendeu seus braços. "Espero então, que você considere descansar e
ter um breve refresco em minha casa."
"Oh, bem, isso é muito gentil, mas..."
Shaya fez um som alto limpando a garganta. Eu olhei para ela. Ela me deu um
olhar que não deixava dúvidas no que ela queria que eu fizesse. Fazendo uma
careta, eu olhei para o pobre bajulador, Davros. Droga. Eu não queria nada mais
que dar o fora do Outro Mundo agora. Eu não queria parar para tomar um chá.
Minha expressão deve ter parecido assustadora porque Davros empalideceu e
baixou a cabeça humildemente.
Eu suspirei. "Nós adoraríamos."
Prefeito ou não, Davros não tinha uma casa muito grande. Apenas Shaya, Ruirik
e eu nos juntamos a ele dentro da casa, enquanto o resto da comitiva ficou ao
ar livre. Da vila, Dravos, tinha convidado alguns outros oficiais importantes,
assim como sua esposa e dois filhos crescidos. Nós nos sentamos em volta de
uma mesa de carvalho enquanto sua esposa nos serviu vinho vermelho e
alguma coisa que me lembrou baklava*. Eu beberiquei apenas um pouco do
vinho, não querendo arriscar uma desidratação neste calor.
*baklava é um pastel elaborado com uma pasta de nozes trituradas, envolvida
num folheado e banhada em xarope ou mel, existindo variedades que
incorporam pistaches, avelãs e/ou sementes de sésamo, papoula ou outros
grãos.
Eu não era muito melhor em conversar aqui do que no castelo de Maiwenn,
mas felizmente, não havia nada que eu precisasse fazer. Davros e seus
companheiros mantinham a conversa rolando, a maior parte da conversa era
sobre como eles estavam felizes de eu ter vindo, a honra que era me conhecer,
como eles esperavam que eu os chamasse se eu precisasse de qualquer coisa,
etc., etc.
Por isso fui pega de surpresa quando de repente a esposa do Davros me
perguntou, "Mas se você pudesse vossa majestade, por favor, nos dizer o que
nós fizemos para desagradar você. Nós faremos qualquer coisa para consertar e
ganhar sua proteção mais uma vez. Qualquer coisa."
Eu quase engasguei com o bolo de mel. "O que você quer dizer com...
desagradar-me?"
Os aldeões trocaram olhares. "Bem..." Davros disse finalmemte. "Deve ter algo.
Você colocou uma praga sobre a terra, nos despindo de nossa água e comida.
Certamente nós fizemos algo para justificar sua mais justa cólera."
"Você apenas precisa nos deixar saber o que é," sibilou mais alguém. "Nós
faremos qualquer coisa para que retire esta maldição de nós."
Isso foi a coisa mais surpreendente que me aconteceu durante todo o dia ­ o
que queria dizer alguma coisa. Eu olhei para Shaya e Rurik procurando por
ajuda, sem uma pista de como responder isso. Por um momento eu achei que
eles iriam deixar eu me virar sozinha novamente, até que Shaya finalmente
falou.
"Os habitantes construíram suas vidas ao molde da terra quando Aeson a
governava, quando era a Terra Alder. Quando ela passou a ser sua, o estilo de
vida antigo não funcionou mais. A colheita deles não cresce neste clima. Os
poços secaram."
Eu a encarei surpresa. Nunca, nunca, isso havia passado pela minha cabeça ­
mas então, não é como se eu tivesse passado todo o tempo pensando na Terra
Thorn. A maioria da minha energia tinha sido gasta pensando em como a evitála.
Estudando Shaya cuidadosamente eu me perguntei há quanto tempo ela
sabia disso. Eu duvidada que muito do que se passava aqui ela não soubesse.
Dos olhares que Rurik evitava, demonstrava que ele também conhecia este
problema. Os dois sabiam o quanto eu iria ficar chateada quando tivesse que
lidar com qualquer tipo de problema relacionado à realeza. Então os dois me
pouparam dos detalhes enquanto este povo sofria.
Eu me virei para Davros. "Não é um tipo de... é, eu não sei, é só o jeito que a
Terra é. O jeito que eu quis que ela fosse."
Olhares surpresos se viraram para mim e eu pude apenas imaginar o quão
grotesco eu pareci. Quando Aeson governou, esta Terra era verde e viçosa,
cheia de florestas e terras férteis. Quem na mente deles poderia transformá-la
em um deserto? Davros confirmou meus pensamentos.
"Mas esta terra... é impossível sobreviver nesta terra," ele disse.
"Não da onde eu venho," eu disse a ele. "Esta é como a terra em que eu cresci.
As pessoas vivem e prosperam lá." As pessoas também têm maneiras modernas
de obter água e fazer compras para qualquer outra coisa que elas precisem. E
isso sem levar em conta o ar condicionado.
"Como?" ele me perguntou.
Eu não sabia como responder prontamente. Eu não compreendia realmente os
detalhes íntimos da infra estrutura do meu mundo. Eu abria uma torneira e a
água saía. Eu ia ao mercado e comprava leite e Pop-Tarts. Desesperadamente,
eu torturei meu cérebro e tentei encontrar as lições de história do Arizona que
tive na escola primária.
"Irrigação," eu disse com a voz falhando. "Abóbora, eu acho. E, um, milho." Os
nativos cultivavam milho? Ou eu estava confusa pelo esteriótipos? Merda. Eu
sou tão ignorante. A única coisa que eu tinha certeza era que o Pop-Tarts não
era cultivado nativamente no Arizona. Os olhares que eles me deram me
disseram que eu não estava ajudando em nada a situação.
Eu olhei para Shaya e Rurik, mas desta vez, não obtive ajuda. Todo o peso do
que eu tinha feito começou a afundar. Talvez eu não tenha querido esta terra.
Talvez eu não tenha intencionalmente a transformado em um espelho de uma
Tucson selvagem. O ponto era: está feito. A Terra Thorn era o que era, e vendo
estes esfarrapados e famintos, eu compreendi que era tudo minha culpa.
Eu apenas não tinha uma pista de como consertar isso. Tinham muitos produtos
da inovação moderna. Nada que eu pudesse fazer.
Corta essa. Tem uma coisa que eu posso fazer.
Abruptamente eu me levantei da mesa, pegando todos de surpresa. Como o
costume mandava, todos apressadamente se mexeram e levantaram também.
Sem me explicar, eu me dirigi para fora, de volta à aldeia. Atrás de mim eu podia
ouvir Davros balbuciando alguma coisa, aparentemente achando que eles
haviam me ofendido. Provavelmente eles achavam que eu ia mandar cair raios
do céu.
Do jeito que as coisas estavam. Talvez não fosse uma má idéia ­ se eu
realmente tivesse o poder. Com certeza estas pessoas usariam a chuva. Mas
uma tempestade de água não ajeitaria as coisas, e dificilmente eu conseguiria
fazer isso dia após dia. Em vez disso, eu caminhei até o meio da rua e parei.
Meus guardas se endireitaram aguardando minhas ordens e os outros
moradores pararam para ver o que estava acontecendo. Aqueles que tinham se
aglomerado com Davros logo saíram da casa e se juntaram aos demais.
Eu fechei meus olhos, me abrindo para o mundo a minha volta. Eu senti a
fragrância limpa e fresca do deserto e a brisa fraca soprando através dela. O Sol
aquece minha pele. Então eu empurrei mais, chegando àquela magia que estava
ligada a mim instintivamente. Eu senti uma minúscula gota de vapor no ar, mas
não era isso que eu queria. Eu tive que ir mais fundo. Eu direcionei meus
sentidos mágicos para o chão, procurando água através da aldeia. Nada. Eu me
lembrei do que a Shaya tinha dito sobre os poços deles terem sacado, isso
queria dizer que a superfície não ia me render nada. Isso queria dizer que eu
teria que ir mais fundo ainda.
Lá. Na direção onde nós tínhamos entrado na cidade. Eu senti um golpe. Eu abri
meus olhos e caminhei em direção a ela, a água me chamando. Eu estava
vagamente ciente da multidão me seguindo, mas não prestei atenção neles.
Apenas a água era meu objetivo. Quando eu cheguei ao local, eu me descobri
nos limites da cidade. Uma árvore* cresceu nas proximidades o que deveria ter
servido de dica. Ela tinha raízes profundas que penetrou na terra em busca de
umidade.
* Mesquite Tree:
http://www.desertusa.com/mag06/may/images/No1mesquite-tree.jpg.
Assim como ela, eu enviei meus poderes para o solo, tentando chamar a água
para cima. Tinha muita sujeira entre eu e ela, eu me dei conta de que eu na
poderia fazer nada de bom ao trazer esta água para cima neste momento. Eu
me virei e encontrei Davros bem atrás de mim, com o rosto ansioso. Eu apontei
para o chão.
"Vocês precisam cavar aqui. Agora. Tem água aqui."
Ele me encarou com a boca aberta. Um momento depois, ele se recompôs e
virou para os que estavam mais próximos dele. "Vocês ouviram a Rainha! Vão
buscar as pás imediatamente. E encontrem alguém que possa trabalhar com a
terra."
Mágica de terra. Boa idéia. Gentry não tem escavadora ou brocas, mas eles têm
pessoas que podem lidar com enormes pilhas de sujeira, o que é muito amável
para este tipo de coisa. Dorian ­ quem era provavelmente o mais forte usuário
de terra do Outro Mundo ­ podia causar terremotos e demolir construções.
Em minutos, tinha um grupo já montado. Eu tentei pegar uma pá e ajudar, mas
isso teria causado um ataque cardíaco em Shaya e Davros. Rainhas não fazem
este tipo de trabalho. Em vez disso, eu me afastei, assistindo os outros aldeões
usarem a mágica e fazerem o trabalho manual para cavar onde eu havia
indicado. Quando o buraco ficou muito fundo para as pás, os dois moradores
usuários da magia de terra assumiram. Mesmo trabalhando em conjunto, eles
não chegavam nem perto do Dorian em força, mas eles definitivamente
aceleraram o processo, removendo montes de poeira ao longo das laterais.
Finalmente, eu ouvi uma grande exclamação. Todos, inclusive eu, fomos para a
beira do buraco e olhamos para baixo. Estava muito profundo, mas uma água
turva estava chegando vagarosamente à superfície.
Eu olhei para Davros. "Vocês podem melhorar isso?" Eu esperava que sim
porque eu não fazia a menor idéia de como fazer isso. Eu achava que envolvia
pedras e balde, mas talvez fosse apenas uma imagem de um ingênuo conto de
fadas que eu tinha na cabeça.
Ele balançou sua cabeça ansiosamente. "Sim, sim, sua majestade. Obrigada, sua
majestade."
Depois disso, era quase impossível partir. Eu fui considerada como uma
milagreira. Eu não era mais uma rainha tirana. Eu era a salvadora deles, a
maravilhosa e generosa monarca que trouxe vida a terra deles. Eu recusei seus
argumentos para ficar e comemorar, mas eu disse a eles que voltaria com
outras idéias para salvar a cidade. Confesso que não tinha idéia do que isso
implicaria, mas mencionar este detalhe insignificante iria acabar com o humor
de todos.
Quando finalmente estávamos montados em nossos cavalos e prontos para
partir, de repente eu senti um puxão no meu sapato. Surpresa eu olhei para
baixo e vi um homem de meia idade me encarando. Uma mulher com idade
similar estava parada ao lado dele.
"Como ousa tocar a rainha!" engasgou Davros. Pela sua expressão, parecia que
ele temia seriamente que eu demolisse a cidade.
Eu fiz um gesto para ele se afastar. "Está tudo bem."
O homem que puxou minha perna me olhou suplicante. "Por favor, sua
majestade. Minha esposa e eu temos um benefício para pedir a você!"
"É um favor ou um pedido," disse Rurik prestativamente.
"Eu sei o que benefício quer dizer," eu vociferei. Eu olhei de volta para o casal,
relutante a fazer qualquer promessa ainda. "O que é?"
O homem passou os braços em volta da mulher. "Nós temos ouvido do que
você é uma grande guerreira e grande usuária de mágica."
"E claramente bondosa e compassiva," acrescentou sua esposa.
"E?" eu perguntei.
"E muito bonita e..."
"Não," eu exclamei. "Eu quero dizer, qual é seu pedido?"
"Nossa filha foi tomada," disse a mulher, seus olhos se enchendo de lágrimas.
"Nós imploramos para que nos ajude a trazê-la de volta."
"Whoa. Isso está um pouco além do meu alcance," eu disse a eles. "Quando
você diz tomada, você quer dizer, raptada?"
Os dois confirmaram com um gesto de cabeça, e eu tive uma estranha sensação
de déjà vu. A primeira vez que eu deslizei para a confusão deste Outro Mundo
foi quando fui contratada por um humano para encontrar uma garota
desaparecida. A garota revelou-se ser Jasmine, eu não tinha noção naquela
época que ela era metade gentry, muito menos minha irmã. Será meu destino
ocupar-me com garotas desaparecidas?
Davros alguns passos atrás, parecia chateado e envergonhado. "Sua majestade,
por favor, ignore eles por perturbar você com algo tão insignificante. A filha
deles não foi tomada por ninguém. Ela fugiu para Highmore com seu namorado
de uma vila vizinha."
Eu olhei para Shaya e Rurik. "O que é Highmore?"
"Sério?" Rurik perguntou secamente. "Eu pensei que você já sabia tudo."
Eu olhei para ele.
"É uma cidade," Shaya disse. "A maior neste reino."
"Espera, o quê? Eu tenho cidades? Eu perguntei sentindo meus olhos se
arregalarem. O casal preocupado interrompeu minha nova descoberta.
"Davros está errado," a mulher disse. "Nossa filha não fugiu. Ela foi tomada
pelos bandidos que vivem nos desfiladeiros."
"Todos sabem que eles estão lá," acrescentou o homem. Ele olhou para Davros.
"Eles e suas bestas. Nem mesmo você pode negar a existência deles. Eles estão
lá há anos e ela não é a primeira garota a desaparecer."
Eu me virei para Davros. "Isso é verdade?"
Ele se mexeu desconfortável sob meu olhar. "Bem, sim, sua majestade, mas
aqueles bandidos não são nada que você precise se preocupar, assim como o
Rei Aeson não se preocupava."
"Espere. Aeson sabia que havia bandidos atrás de seus súditos e não fez nada?"
"Tais preocupações mesquinhas estavam abaixo dele," disse Davros. Para minha
surpresa ele parecia acreditar naquilo.
"Eu não sei," eu disse devagar. "Se um monarca não cuida de uma coisa dessas,
eu não sei o que eles deveriam fazer."
Sinceramente eu não queria lidar com isso mais do que eu queria qualquer
outra responsabilidade da Terra Thorn. Mas à menção ao Aeson tinha agitado
meu sangue. Aeson tinha sido um idiota egoísta, e me tirava do sério saber que
ele tinha deixado estas pessoas defenderem-se sozinhas. A única coisa que eu
menos queria era ser uma governante como ele.
Além disso, a mesma fúria que o rapto de Jasmine tinha mexido em mim
deflagrou. Talvez fosse por causa da minha própria experiência de ser sempre
perseguida por homens violentos, eu odiava imaginar qualquer garota sendo
estuprada ou raptada. Não importa se são gentry ou humanas. O princípio é o
mesmo. Bandidos e ladrões tirando vantagens de garotas jovens e de atacar os
mais fracos, deve ser interrompido.
"Eu vou mandar pessoas para cuidar destes bandidos," eu disse finalmente.
Atrás de mim, Rurik fez um som estranho. "Mas não posso fazer qualquer
garantia sobre sua filha."
O casal tinha a face iluminada e caíram ao chão em gratidão. "Obrigada, sua
majestade!" a mulher chorou.
Seu marido gritou. "Sinceramente você é generosa, magnânima e..."
"Yeah, okay, não há necessidade disso," eu disse apressadamente. "Ou de se
ajoelhar. Vocês vão acabar imundos."
Nós tínhamos começado a cavalgar quando Shaya apareceu do meu lado. "Você
fez muitas promessas hoje."
Eu pensei sobre isso. Ela estava certa. Eu tinha prometido ajudá-los a conseguir
comida, reconstruir sua infra estrutura e livrá-los daqueles que os estavam
atacando. "Yeah. Eu acho que eu fiz."
Ela me deu um olhar estupefato. "E como você vai resolver tudo isso?"
Eu olhei a nossa volta, em nenhum daqueles rostos que nos observava sair da
cidade tinha medo ou vazio. Eles estavam gratos e adoradores. Eu suspirei.
"Essa é uma excelente pergunta" eu disse a ela.

CINCO

Eu pretendia completamente cumprir minhas promessas, e em Tucson no dia
seguinte, comecei a juntar uma variedade de coisas que eu espero ajudar a
situação da Terra Thorn. Eu admito, elas são meio toscas, mas eu imagino que
tenha que começar em algum lutar e fiquei orgulhosa das minhas tentativas
quando terminei.
Eu estava sentada na frente da TV com um jantar aquela noite quando Kiyo
entrou, em seu jaleco branco de veterinário. Naturalmente, todos os animas
ergueram suas cabeças ou foram até ele para saudá-lo. Se eu não estivesse com
um prato de ravióli no meu colo, eu teria pulado e corrido para seus braços. Ao
invés disso, eu dei a ele um deslumbrante sorriso, um que ficou ainda maior
quando eu vi que ele carregava um buque de flores.
"Eu teria chego mais cedo," ele disse, colocando o jaleco na cadeira. "Mas tive
um turno da tarde."
"Hey, estou apenas feliz de te ver. Eu achei que você ainda estaria ocupada com
as coisas para o bebê."
"Nope." Ele sentou na cadeira do lado oposto ao meu e colocou o buque na
mesa. "Você foi incrível lá, sabia."
"Se por incrível, você quer dizer estranhamente vestida e conduzindo príncipes
gentry ­ então sim. Sim, eu fui. Pra que são esses?" Eu gesticulei com meu garfo
em direção as flores ­ um arranjo de coloridas margaridas.
"Eu preciso de um motivo? Fora você ser incrível?"
Eu engoli o pedaço de ravióli que eu estava mastigando. "É claro que existe uma
razão. Sempre tem uma razão. Conversamos sobre isso antes."
Ele me deu um sorriso preguiçoso e perigoso, escorando a cabeça eu seu
cotovelo enquanto os olhos escuros dele me avaliavam. "Certo. Praticas
padrões de cortejo e acasalamento. Presentes dados por um sugestão
sutil.'Aqui, pegue esses órgãos sexuais de uma planta.' Dica, dica." Era uma
velha piada entre nós.
"Felizmente, em seu caso, você não precisa ser sutil. Eu já sei que você quer
sexo."
"Verdade, mas eu queria esclarecer qualquer duvida. Além do mais, você tem
sido tão incrível ultimamente...eu não sei. Eu só queria fazer algo legal. Achei
que poderíamos nos divertir hoje a noite ­ embora, você esteja estragando
meus sonho de ir levar você jantar com a forma como está inalando esse
ravióli."
"Desculpe," eu disse de boca cheia. "Tenho um trabalho hoje a noite, então tive
que comer cedo."
As sobrancelhas dele se ergueram. "Que tipo de trato é esse? Eu saio do
trabalho para levar você dar uma volta, e você tem que trabalhar? Porque você
não a Lara marcar trabalhos diurnos?"
"Porque eu estive ocupada hoje com assuntos da Terra Thorn."
Kiyo me deu um olhar desconfiado.
"Hey, não me julgue," eu avisei. "Eu não estava lá. Mas descobri recentemente
que as pessoas estão morrendo de fome e sem água."
"Yeah. Eu ouvi isso."
Agora foi a minha vez de dar um olhar incrédulo. "Você sabia e não me disse?"
"Não venha pra cima de mim! Eu achei que você tinha pessoas lidando com isso.
E essas pessoas provavelmente tem outras pessoas."
"Yeah, bem, todas essas pessoas estão tendo problemas. Na verdade, tenho que
voltar amanha para ajudar a lidar com alguns bandoleiros."
"Você disse `bandoleiros'? Isso é muito..eu não sei. Muito 1683."
"Bem, o que quer que sejam, eles são um saco e possivelmente estão
seqüestrando garotas." Eu dei a ele um rápido resumo. "Você quer ir comigo e
ajudar?"
Ele balançou a cabeça tristemente. "Sabe, vim aqui esperando passar um tempo
com você. Ao invés disso, eu descubro que você tem um trabalho hoje a noite e
vai bancar a xerife amanha."
"Ajudaria se eu usasse uma roupa de vaqueira?"
"Pode." Ele veio sentar ao meu lado e me beijou na bochecha."E sim, eu vou
amanha. Eu até vou hoje a noite, se você quiser companhia."
"Você vê? Estamos passando tempo de qualidade juntos."
"Eu só espero que tenha um tempo de qualidade na cama mais tarde para
ajudar a compensar por tudo."
"Bem," eu disse arrogantemente, colocando meu prato na mesa, "isso depende
de você, huh? Eu não tenho duvidas sobre minha qualidade."
Ele colocou uma mão na minha coxa e passou os lábios contra meu pescoço.
"Oh, Eugenie. Não abuse da sorte," ele rosnou,"ou você vai se atrasar pro
trabalho."
Eu sorri e respondi com um longo e profundo beijo que provavelmente teria se
transformado em algo mais se meu compromisso não estivesse tão próximo.
Isso, e também ouvimos Tim entrando pela porta de trás. Ele nunca levava
muito bem quando encontrava Kiyo e eu numa posição comprometedora.
Nós dois dirigimos até perto da universidade, em um bairro residencial quieto
que estava dividido igualmente entre uma única família de residentes e casas
lotadas divididas por estudantes. Enquanto estacionávamos na frente de uma
casa estreita de dois andares, que precisava de uma nova pintura, Kiyo franziu.
"Esse microônibus parece muito familiar," ele disse, olhando a entrada de
carros.
"Verdade?" eu perguntei inocentemente.
Saimos do carro e nos aproximamos da casa. Quando passamos pelo
microônibus, Kiyo pausou para olhar para alguns adesivos. Questione
Autoridade e Roswell ou Fracasso! eram apenas alguns. Ele me deu um olhar
afiado e acusatório.
"Eugenie, Wil Delaney se mudou?"
"Nãooo," eu disse devagar. "Mas esse é um amigo dele."
Kiyo rosnou. "Se eu soubesse disso, teria ficado em casa. Aquele cara é maluco.
E espere ­ você acabou de dizer que ele tem um amigo?"
"Um amigo com um problema legitimo. E você sempre pode esperar no carro."
Kiyo não disse nada, meramente se preparando enquanto nos aproximávamos
da porta. Wil Delaney era um ex-cliente meu. Ele é alguém que acredita em
teorias da conspiração que quase nunca deixa sua casa e cuja única rende
depende de um blog que ele administra e que promove as idéias dele sobre o
governo, aliens, controle mental, manipulação genética, e um conjunto de
coisas malucas. Ele é possivelmente a pessoa mais paranóica que eu já conheci.
Ele também é o meio irmão de Jasmine. Foi como nos conhecemos. Foi ele que
me contratou para encontrar ela no Outro mundo, muito antes deu saber algo
sobre o Rei Storm e a profecia. Aparentemente, a mãe de Wil e Jasmine não foi
muito virtuosa e tirou o Sr. Delaney muito ­ até mesmo com os gentry.
Cerca de uma dúzia de fechaduras se abriram antes de entrarmos na casa, o que
era quase tantas quando Wil tinha em sua casa. A pessoa que nos
cumprimentou era uma mulher, uma bem jovem. Ela era baixa com bochechas
rechonchudas, cabelo castanho, e óculos rosas estilo olho-de-gato. "Essa é ela?"
ela perguntou.
Um momento depois, Wil olhou para a porta. Ele parecia o mesmo da ultima
vez: cabelo loiro pálido que precisa ser cortado, óculos, e uma pele que nunca
viu o sol. "Yup."
"Quem é o cara?" perguntou suspeitosamente a mulher.
"O namorado dela. Ele é legal.Cairo."
"Kiyo," eu corrigi. Eu estendi minha mão para ela. "Você deve ser Trisha."
"Eu prefiro ser chamada de Ladyxmara72," ela disse. "Porque realmente, somos
todos rostos anônimos nessa sociedade, até onde se preocupa o governo. Além
do mais, Ladyxmara72 é um dos meus personagens do World of Warchaft¹.
Irônico que numa sociedade virtual daquelas pode ser mais honesta e igualitária
do que a nossa. Ou talvez..." Ela pausou dramaticamente."Não seja tão irônico."
¹Jogo de RPG.
Wil a encarou a adorando. Ao meu lado, Kiyo fez algum tipo de barulho
estrangulado. Eles nos levaram para dentro da casa que era quase tão escura
quanto Wil mantinha a dele. Eu adivinhei que Trisha ­ eu me recuso a chamar
ela de Lady-tanto faz ­ tem as mesmas preocupações com irradiação que ele. O
lugar dela é mais arrumado, e tinha toques mais femininos, como moveis que
combinam e algumas velas. As velas pareciam ser feitas em casa, sem duvidas
para que não envenenassem o ar com cheiros artificiais ou serem marcadas
para que o governo possa gravar as conversas de Trisha.
"Então," disse Trisha enquanto entravamos na sala. Um episodio de Arquivo-X
estava pausado na TV. "Você está aqui para cuidar do problema alien."
"Estou aqui para ­ o que você disse?" eu olhei entre Wil e ela.
"Aliens," ela disse. "Minha casa está infestada deles."
Eu olhei ao redor, meio esperando ver um E.T parado na namoradeira. Tudo
estava vazio e parado. "Eu não entendo. Wil não te disse o que eu faço?"
"Não temos certeza que são aliens," ele disse apressadamente. "Mas tem algo
aqui."
"É claro que são!" ela exclamou. Ele se acovardou um pouco sob o olhar dela.
"Eu vi eles olhando pela janela ­ como naquele documentário."
Imediatamente, o desgosto dele se tornou ultraje."A, qual é! Você sabe que isso
é um trote. A evidencia é decisiva."
"O diabo que é! De jeito nenhum alguém pode fingir aquele tipo de ­ "
"Um, hey, gente?"Eu disse. "Não podemos simplesmente cuidar disso? Me diga
mais sobre o ali ­ tanto faz. Os dois viram?"
Eles acenaram. "São baixos com olhos grandes," Trisha disse triunfante.
"Mas usam palitos de um tecido leve," acrescentou Wil. "E eles fazem tarefas a
noite."
"Não soa tão ruim pra mim," murmurou Kiyo. "Porque se livrar deles?"
"Kobolds," eu disse depois de um momento."Você tem kobolds."
"Não existe um planeta conhecido por esse nome," discutiu Trisha.
Eu suspirei. "Só me leve para o seu porão."
Trisha nos guiou pela casa, e Wil andou ao meu lado. "Ela não é incrível?" eu
juro que ele estava prestes a desmaiar.
"Sua primeira namorada?" eu perguntei.
"Como você soube?"
"Instinto." Fazer Wil conversar era sempre perigoso, mas já que ele nunca sai de
casa ou tem muita interação social, eu tinha que fazer a proxima pergunta.
"Como se conheceram?"
"Num fórum. Estamos os dois num tópico e ficávamos discutindo se havia uma
conexão governamental com a overdose de Marilyn Monroe e Heath Ledger, e
então nós ­"
"Ok," eu disse, fazendo careta. "Isso é o bastante. Verdade."
Alcançamos a porta do porão, e Trisha começou a descer. "Não," eu avisei.
"Vocês precisam ficar aqui." Eu dei a Wil um olhar firme. "Não deixe ela descer
até terminarmos. Você, entre todas as pessoas, sabe que não estou brincando."
Wil ficou ainda mais branco ­ se é que isso era possível ­ e deu um aceno
apressado. Wil tinha viajado comigo ao Outro mundo e entendia
completamente o perfil do meu trabalho. Eu podia ouvir Trisha discutindo com
ele enquanto Kiyo e eu descíamos as escadas, e ainda sim, de alguma forma, Wil
conseguiu fazer seu trabalho e manter ela longe.
"Nunca pensei que fosse possível," disse Kiyo, assim que ficamos longe do
alcance pra ouvirem. "Ele encontrou e se apaixonou por alguém exatamente
como ele. Eu suponho que realmente existe alguém para todo mundo."
"Ela é um pouco mais assertiva do que ele, eu acho."
"Ótimo. Ele precisa."
"No lado bom, isso vai ser fácil. Kobolds não são um problema."
Kiyo acenou em concordância, mas enrugou o nariz quando chegamos na beira
dos degraus. "Mas eles são fedidos."
O porão não estava terminada e tinha a desordem habitual encontrado em
lugares como esse. Muitos esconderijos para kobolds. Eu puxei uma corrente
pendurada, e uma lâmpada nua ofereceu uma iluminação fraca. Pegando minha
varinha, eu estendi o braço e varri o porão todo.
"Pela terra e o fogo que você serve, eu te ordeno a revelar-se."
Magia shaman vibrou em mim, através da varinha e pedras preciosas, e para o
aposento. Um
momento depois, três formas materializaram. Tinham cerca de 90 cm de altura,
machos, e dificilmente se assemelhavam aos aliens-de-olhos-amarelos
populares na cultura moderna.
Esses caras eram murchos, com cabelo loiro desigual. O comentário de Wil
sobre os casacos de caxemira não era totalmente preciso também.
Um usava uma manta escocesa.
"Por que você nos chamou?" O que usava a manta exigiu em voz estridente.
"Nós não fizemos nada para você. Nós não fizemos nada para ninguém."
"Vocês não podem ficar aqui," eu disse. "Não nesta casa. Não é de vocês. Este
mundo não é
de vocês "Eu era um defensora da propriedade privada do mundo.
"Estamos ajudando", argumentou um. "Você sabe como essas pessoas são
bagunçadas? Livros e papeis por toda parte."
Se a casa Trisha se assemelhava a de Wil antes dos kobolds chegarem, eu podia
imaginar.
Kobolds são meio como duendes, originários dos países nórdicos e raramente
fazem
maldades sem serem provocados. Minha esperança era de que eles poderiam
simplesmente ser convencidos a ir embora.
"Isso é muito legal e tudo mais, mas eu falei sério: vocês não podem ficar aqui.
Eu tenho que mandar vocês de volta para o Outro mundo. Dificultem as coisas,
e eu mando para o Submundo ".
O de manta fez careta."Você é tão cruel como eles dizem, Eugenie Rainha
Thorn. Nós não fizemos nada para merecer isso."
Tentei não fazer uma careta em resposta. Antes de aprender sobre o meu
sangue gentry, eu muitas vezes conduzia os trabalhos xamânicos sob o
pseudônimo de Odile Swan Dark. Era como os habitantes do Outro mundo me
conheciam e temiam. Eu não estava feliz por saber que parte da minha
identidade não era mais um segredo.
"Gente, eu não estou brincando. Vocês sabem quem eu sou. Vocês sabem o que
eu posso fazer, então parem de desperdiçar tempo."Varinha ainda em punho,
comecei a canalizar uma abertura para o Outro mundo.
"Vocês não pode derrubar um de nós, muito menos nós dois."
"Não", concordou o outro. "Mas ele pode."
"Ele-ahh!"
Mãos peludas me pegaram por trás apenas alguns segundos depois de Kiyo
exclamar,"Eugenie!"
Kiyo normalmente está em estado de alerta, mas tinha sido tão arrogante
quanto eu sobre como lidar com os kobolds. Sua atenção estava neles, e ele não
percebeu a ameaça que espreitava no porão. Bem, isso não era inteiramente
verdade. Kiyo tinha sentido essa criatura, se o odor que emanava de suas mãos
e braços era qualquer indicação. Ele só não tinha feito a conexão.
Eu ainda não tinha dado uma boa olhada no meu captor-peludo, já que eu ainda
estava lutando para me libertar de seu aperto. Kiyo estava em cima dele em um
flash, sem precisar de nenhuma arma fora a sua própria força bruta.Suas mãos
se fecharam em torno dos braços da criatura, e ele conseguiu puxar elas o
suficiente para que eu deslizasse para fora de seu aperto. Uma vez livre, fui
capaz de dar uma boa olhada. Era um ...
Huh.
Eu tinha certeza. Era peludo, marrom, e alto, com orelhas arredondadas como
um rato ou um urso e cascos como um cervo e uma variedade de outras partes
de animais aleatórios. A coisa deu um rugido estrangulado de desagrado, e eu
me preparei para ele se voltar contra mim. Normalmente, era assim que
funcionava. Criaturas que vinham atrás de mim normalmente tinham
geralmente um dos dois objetivos: ou me estuprar ali ou me matar para me
impedir de cumprir a profecia.
Mas Zé Colméia o Urso, ou o que quer que fosse, estava indo atrás de Kiyo, me
ignorando enquanto os kobolds assistiam alegremente. Kiyo acertou com força
a criatura no peito, e eu observei uma fraca ondulação de luz se propagando
através dele que sumiu rapidamente. Zé Colméia depois deu um soco que
acertou Kiyo com força no rosto e o mandou para a parede.
Foi duro, também, - aquele soco tinha sido destinado a matar. Os reflexos de
Kiyo eram rápidos demais, e ele segurou antes de seu crânio ser esmagado
contra o concreto sólido.
Eu pulei na luta então, pegando minha Glock. Eu a tinha carregado com balas de
prata e mais cedo e fiquei feliz por ter feito isso. Eu dei alguns tiros no monstro.
Cada vez, eu vi a sua forma
ondular, mas ele ainda não veio atrás de mim. Ele estava muito distraído
querendo matar Kiyo. Os dois lutaram ainda mais, e eu continuei atirando,
sabendo que ele tinha que estar enfraquecendo. Mesmo assim, um golpe de
sorte acertou Kiyo derrubando e o fazendo cair de costas. Os kobolds
aplaudiram quando ele permaneceu imóvel.
Eu, eu gritava de raiva, segurando minha varinha na minha mão e encarando o
monstro peludo a frente. Ele não tentou me atacar com golpes mortais mas
simplesmente continuou tentando me segurar enquanto eu continuava a atirar
e comecei a dizer as palavras para banimento. De repente, Kiyo estava de pé
novamente, se colocando entre nós.
"Fique longe dela!" Ele rosnou. Eu vi todos os músculos do seu corpo tensos e
tive o pressentimento que ele estava prestes a mudar de forma.
Zé Colméia parecia irritado e se voltou ao modo de ataque total. "Saia do
caminho", eu
disse. "Eu peguei ele."
"Eu não vou deixar ele colocar a mão em você", retrucou Kiyo, olhos fixos no
seu inimigo. Um flash de dourado brilhava nos olhos Kiyo. Dourado como uma
raposa.
"Ele não está tentando matar ou me estuprar", argumentei, enquanto Kiyo
evitou outro golpe esmagador. "Ele quer me subjugar ­ você ele quer matar."
Mas Kiyo estava determinado a me proteger, e eu finalmente decidi que ele
ficaria mais seguro se me apressasse e acabasse o banimento, ao invés de tentar
protegê-lo. Firmemente canalizando meu poder através da varinha, eu
novamente comecei a abrir o portão para o Outro mundo. Enquanto eu fazia,
no entanto, eu fiquei pensando sobre aquelas ondulações que eu vi quando eu
tinha atacado a besta, como se ele não pudesse permanecer junto. Uma idéia
me ocorreu, e ao invés de direcionar a magia para rasgar o tecido deste mundo,
eu direcionei em direção ao Zé Colméia - ou melhor dizendo, para a magia do
Outro mundo que mantinha o Zé Colméia unido. Kiyo saltou longe da luta,
percebendo o que eu estava fazendo.
Certa o bastante.Uma teia de luz de repente cobriu o monstro, fragmentando a
sua forma.
Com a varinha, eu destruí os laços mágicos e, de repente - ele explodiu.
Mas não como Aeson tinha explodido. Era mais como ele tivesse caído aos
pedaços. Foi-se a grande e desmedido, forma peluda. Em vez disso, no chão
terreno havia um enxame de criaturas da floresta: ratos, coelhos, um veado e
um casal de patos. Os ratos e coelhos imediatamente corram para qualquer
canto e rachaduras que podiam encontrar. Os patos pareciam confuso. O veado
correu escada acima.
Com a magia banimento já iniciada, foi fácil completar a abertura para o Outro
mundo
e enviar os kobolds por ela. Pouco antes deles desapareceram, Kiyo inclinou-se
em direção a eles - mantendo-os fora do caminho da magia - e deu a eles uma
expressão escura e irritada.
O sangue no rosto dele por causa da luta só acrescentou à sua aparência
temível.
"Diga a quem mandou vocês aqui para deixar seu ela em paz, ou eu mesmo vou
atrás dele e vou rasgar ele membro por membro. E eu vou fazer o mesmo com
vocês, enquanto eu estou nele. Nenhum de vocês vai colocar as mãos nela novo
", ele rosnou.
Os rostos dos kobolds refletia medo verdadeiro enquanto eles desapareciam
deste mundo. Silêncio caiu, além do calmo e confuso grasnar dos patos que
ainda não sabiam o que fazer com eles mesmos.
"Bem," eu suspirei. "Esse foi um dos esquemas mais enrolados que eu já vi."
Estupradores
geralmente tentam me distrair com um banimento aparentemente normal e,
em seguida apareciam inesperadamente. Esta pessoa tinha enviado os kobolds
para me atrair para fora e então conglomeração da floresta para realmente me
dominar e me trazer de volta como prêmio de guerra.
Kiyo, como um obstáculo a esse plano, tinha de ser eliminado primeiro. Peguei
em sua camisa rasgada e ensangüentada. "Você está bem?"
"Ótimo, ótimo", disse ele, enxugando o rosto. "É superficial. Que diabos foi
isso?"
"Algum monstro que gentry uniu com magia.Ligou todos aqueles animais em
uma forma mais forte e ordenou que viesse atrás de mim."
"Será que vai voltar se unir?"
"Não. Eu quebrei o laço, e todos estão se espalhando de qualquer maneira."
"Hmm, Eugenie?" A voz de Wil de repente desceu pelas escadas. "Está tudo
bem aí embaixo?Um cervo acabou de passar correndo pela sala...."
Kiyo e eu decidimos mais tarde que era uma coisa boa Zé Colméia ter se
dissolvido como ele tinha. Caso contrário, se eles tivessem visto a sua forma
total, Trisha e Wil teriam tido o suficiente de material sobre o Pé grande para
discutir nos seus fóruns para durar até o próximo século. Só Deus sabia que tipo
de tópicos e rumores este evento só iria começar.
Trisha me pagou em dinheiro assim que tiramos o cervo para fora da casa, e eu
disse que ela por conta própria para os outros animais no porão. Quando
estávamos saindo, Wil brevemente me pegou sozinha, sua expressão pateta e
paranóica substituída por uma muito mais sombria. "Você já encontrou
Jasmine?" ele perguntou com uma voz muito suave.
Eu mordi meu lábio. Não importa o quão absurdo eu achasse que Wil era,
sempre que eu vejo o quanto o desaparecimento de Jasmine pesa pra ele,
quebrava meu coração. Eu nunca contei a verdade da herança dela. A única
informação que eu tinha dado a ele é que ela tinha fugido e não tinha sido
seqüestrada. Eu pensei que ele ia se confortar sabendo que ela não estava presa
contra sua vontade, mas o magoou pensar que ela não queria estar com ele. Ele
realmente amava sua irmã, não importa o quanto ela desprezava o mundo
humano. Era realmente muito triste.
"Não, me desculpe. Eu realmente sinto."
Seu rosto caiu ainda mais, e ele deu um aceno fraco de cabeça. "Yeah. Imaginei.
Mas eu sei que você vai continuar procurando. E você vai me avisar se
encontrála?"
Eu tentei dar a ele um sorriso tranqüilizador. "Claro."
A verdade é que eu não sabia se eu lhe diria. Tudo dependia do estado que eu
encontrar ela. Se eu encontrar grávida e empenhada em conquistar o mundo...
bem, eu não tinha certeza absoluta do que eu faria então, mas uma coisa que
eu tinha certeza era que de jeito nenhum eu ia deixar ela retornar para este
mundo.

SEIS

Kiyo sempre se curava rápido e quando chegamos em casa a noite, ele estava
em ótimas condições de demonstrar quem podia ter a melhor qualidade de
performance na cama. Conseqüentemente ele acordou com um humor muito
alegre no dia seguinte, embora ele ainda não pudesse deixar de reclamar um
pouco sobre eu ser seguida novamente. Embora eu soubesse que era tudo
impaciência. Ele gostava de saber que eu estava segura, eu senti algo quente
crescendo em mim.
"Você me enganou ontem," ele comentou uma vez que tínhamos atravessado
para o Outro Mundo naquela manhã. Eu tinha esperanças que esses bandidos
fossem mais fácil de despachar do que os kobolds, híbrido de pequenos animais
não natural. "Depois daquilo que você fez na cama noite passada..." Ele
suspirou alegremente com a memória de um feito particularmente hábil que
minha boca tinha realizado ontem a noite. "Bom, você sabe que eu concordo
com o que você quiser agora."
"Vamos!" eu disse ainda me sentindo um pouco orgulhosa. "Não tem nada a ver
com isso. Você não quer ver justiça sendo feita para aqueles que se atrevem a
atormentar meus súditos?"
"Cuidado. As pessoas podem achar que você está agindo como uma rainha de
verdade."
Olhei para meu jeans rasgado e minha blusa Poison*. "Bem, não vamos nos
deixar levar. Talvez ajudasse se eu tivesse uma coroa como Dorian disse."
*tipo de camisetas com estampas de bandas de rock, caveiras...
Para meu espanto, a expressão de Kiyo mudou rapidamente. "Não. Essa é a
última coisa que você deveria fazer."
Eu olhei em surpresa. "Por que não? Muito Miss America?"
"Vai fazer você parecer mais... oficial."
Eu fiz um gesto mostrando à minha volta para a tapeçaria do quarto do castelo
em que nós tínhamos aparecido. "Nós estamos em uma merda de castelo, Kiyo.
Eu não posso ver como ser mais oficial."
"Você não entende. Quero dizer, você é a rainha, yeah, e todos sabem disso...
mas muitos a vêem como uma guerreira reserva. Como uma regente. Usar uma
coroa... começar a aparecer diante das pessoas assim, eu não sei. Isso a faz
legítima. Faz ser real. Vai ser mais difícil você sair disso do que já está."
Eu pensei nas muitas vezes que eu desejei que eu não estivesse ligada a esta
Terra e quantas vezes eu tentei evitar isso ­ ainda assim eu continuo voltando.
"Eu não acho que possa ficar mais difícil."
Nós encontramos Shaya antes de sair para nosso ataque surpresa. Eu trouxe
algumas coisas que eu esperava que pudessem ajudar a Terra Thorn com a fome
e a aridez. Quando eu dei o primeiro para ela, ela apenas observou em silêncio
por alguns minutos.
"Sua majestade... o que é isso?"
"É uma esteirinha* para crianças que eu peguei no restaurante Joe's Tex-Mex."
Junto com o menu infantil do Joe, a esteirinha também tinha o mapa do Arizona
onde as crianças podiam pintar enquanto esperavam chegar sua comida. Eu
apontei para os símbolos variados no mapa. "Olhe, isso mostra os recursos
naturais do Arizona. Os produtos que crescem e os que podem ser encontrados
lá. Algodão. Cobre."
*Sabe aquele papelzinho que vai em cima da bandeja das lanchonetes (Mc
Donald's, Burger King, etc.)que tem joguinhos, propaganda... Não achei
tradução melhor.
"O que é isso?" ela perguntou, apontando para algo que parecia um copo
d'água.
Eu franzi a testa. Certamente não era água, com a mais absoluta certeza não.
"Eu acho que é algum tipo de produto cítrico. Laranja. Toranja.*" Eu encolhi.
"Acredito que você pode cultivá-lo mesmo neste clima. E este é o ponto. Esta
terra é um espelho de Tucson, então as coisas devem ser iguais por aqui. Deve
ter depósitos de cobre que vocês podem encontrar. Isso é valioso no comércio,
certo?" Cobre era um dos pouco metais que os gentry podiam lidar. Ferro
estava fora de cogitação, sendo o precursor da tecnologia. Era disso que era
feito a maioria das minhas armas letais.
* A toronja ou toranja ou grapefruit (Citrus x paradisi) é um citrino híbrido,
resultante do cruzamento do pomelo (Citrus maxima) com a laranja (Citrus x
sinensis). Este fruto também é conhecido pelos nomes de pomelo, jamboa,
laranja-melancia, pamplemussa, laranja vermelha, laranja-romã entre
outras
denominações.
"E o resto deve crescer aqui, se você achar as sementes. Alguém deve te-las em
algum lugar, mesmo neste mundo."
"Eles ainda precisam de água," ela assinalou.
"Certo. É para isso que serve isso." Eu dei para ela meu próximo prêmio: um
livro. "É a história da engenharia dos poços e aquedutos da Europa medieval.
Isso deve ajudar a mover a água por aí." Ela ainda parecia atordoada, então eu
tentei pensar em algo reconfortante. "Eu também vou ajudar achar outras
fontes de água." Então eu entreguei outro livro sobre arquitetura sudoeste,
casas de adobe e estuque*. Ela pegou os livros e foliou, vendo os capítulos
espessos e diagramas.
*adobe é um pequeno bloco semelhante ao tijolo, feito de argila crua seco ao
sol; também é feito misturado com palha, capim, para se tornar mais resistente
e até mais leve. Estuque é uma massa preparada com gesso, água e cola.
"Eu não acho que sou a melhor pessoa para fazer isso. Eu não tenho mente para
isso."
"Talvez não. Mas eu tenho certeza que você pode delegar para alguém que
possa." Eu acariciei seu braço a encorajando. A verdade era que eu estava
perplexa com os livros tanto quanto ela. Eu podia juntar as peças de um quebra
cabeças em tempo recorde. Mas ler diagramas da engenharia? Nem tanto.
"Apenas tenha cuidado com eles, são da biblioteca."
Eu tinha que ir e me senti um pouco mal ao deixá-la. Apesar da sua confusão
agora, eu sabia que ela iria encontrar pessoas e maneiras de implementar isso.
Ela era muito competente. Talvez eu devesse dar uma mão nisso, mas hey, eu
tinha sido a única quem teve que engolir a porcaria da comida do Joe Tex-Mex
para conseguir a esteirinha. Isso tinha que contar para alguma coisa.
Se fosse do meu jeito, eu teria pegado o Kiyo e ido caçar estes bandidos nós
mesmos. Eu tinha que imaginar que eles eram apenas ralé e não iam ser
obstáculo para nós. Kiyo tinha a força perfeita de um lutador, a noite passada
tinha provado isso, e entre minhas armas e mágica, eu me igualava a ele. Rurik
tinha recusado este plano de qualquer maneira, insistindo que ele e quase duas
dezenas de guarda nos acompanhassem. Eu não acredito que isso nos dava um
caminho de invisibilidade, mas ele me disse que nós desmontaríamos do cavalo
e iríamos a pé quando chegássemos próximos aos desfiladeiros que os bandidos
viviam.
Antes de partir, eu decidi que deveríamos incluir mais uma pessoa na nossa
comissão. Eu parei em um canto escuro, longe das luzes das velas na sala e tirei
minha varinha. Imediatamente, os guardas se afastaram de mim. Eles sabiam o
que eu estava fazendo e não gostavam. Quando algo mágico faz com que os
gentry fiquem receosos você sabe que é ruim.
Eu proferi as palavras de convocação e senti a magia passar por mim. Não era a
mágica da tempestade que eu herdei, de manejar água e ar. Esta era uma
mágica humana que eu aprendi, uma forma de chegar aos mundos que estão
além. A temperatura no quarto caiu, um súbito choque se compararmos com o
calor seco em que estávamos. Então o frio aumentou e Volusian estava diante
de mim.
Volusian era meu escravo, por falta de uma palavra melhor. Ele era uma alma
amaldiçoada, determinado a viver sem descanso o resto da eternidade pelas
atrocidades que ele cometeu em vida. Eu tinha encontrado uma maneira de
ligá-lo a mim, forçando ele a me servir. Volusian não estava muito feliz com isso
e freqüentemente gostava de me lembrar como ele me destruiria se ele
conseguisse se livrar. Depois de ouvir coisas assim de novo e de novo, ela quase
parecia familiar, tipo como uma música pop que quando é ouvido o bastante e
conquista seu coração.. Enquanto os espíritos do Outro Mundo muitas vezes
tinham formas imateriais no Mundo dos Humanos, a forma que o Volusian tinha
agora era exatamente a mesma se eu o tivesse invocado em casa: uma criatura
baixa, implicante com pele negra, orelhas pontudas e olhos vermelhos.
"Minha mestra chamou," ele disse em uma voz monótona. "E eu respondi.
Lamentavelmente."
"Oh, Volusian," eu disse alegremente. "É sempre um prazer ter você por perto.
Você é como um raio de Sol em um dia triste."
Volusian meramente olhou fixamente.
Eu me virei para os outros, esperando soar majestosa e autoritária. "Certo.
Vamos chutar alguns fora da lei para fora da cidade."
Eu ainda não estava acostumada a ter uma comitiva de guardas. A maior parte
da minha vida tinha sido solitária, muito tempo gasto lutando sozinha... Bem, eu
não sabia muito bem o que fazer com tanta gente atrás de mim. Assim que
saímos em direção ao nosso destino, eu descobri que seria muito mais fácil lidar
com os guardas se eu focasse no Kiyo e fingisse que estávamos sozinhos.
"Eu não acredito que você deu a Shaya uma esteirinha e agora espera que ela
revolucione completamente a infra estrutura do local," ele notou.
"O que mais eu deveria fazer?" Eu perguntei. "Você fica apenas reclamando
sobre eu estar tão envolvida com este lugar. Trazer uma esteirinha é o que
posso fazer para estar menos envolvida ­ a não ser que você esteja dizendo que
eu deveria ter uma função mais efetiva agora?"
"Não," ele respondeu rapidamente, a face escurecendo um pouco. "Acredite em
mim, se tivesse uma maneira fácil de você desistir deste lugar, eu obrigaria você
a fazê-lo."
Eu o cortei com um olhar. "Você me obrigaria, huh?"
"Encorajaria," ele alterou. "Infelizmente, isso é um ponto discutível. A única
maneira de perder um reino é se seu poder diminuir ou... bem, se você for
assassinada."
"Tenho certeza que o Volusian iria amar ajudar com isso."
Meu escravo andava próximo a mim, sem precisar de cavalo para mover-se
rápido. Ao ouvir seu nome ele disse, "Eu poderia realizar esta façanha com
grande alívio e muito sofrimento para sua parte, mestra."
"Você não pode comprar este tipo de lealdade," Kiyo disse solenemente. "E não
é necessária uma coroa."
Kiyo resmungou sem compromisso. Havia muita tensão entre ele e Dorian, mas
em uma coisa os dois concordavam: Volusian era problema. Os dois haviam me
encorajado a me livrar dele. Eu não tinha o poder para um banimento completo
para o Submundo, mas isso poderia ser resolvido com outro usuário de mágica.
Ainda assim, perigoso ou não, eu continuava a ter seus serviços.
"Você ainda vai ficar por aqui quando acabarmos com isso?" Eu perguntei. Era
minha maneira sutil de perguntar se Kiyo ia ver Maiween.
Seus olhos negros fixos a frente na estrada, pensativo. "Não. Eu espero voltar a
Tucson e ver se uma gatinha que eu conheço quer sair comigo. Ouvi dizer que
ela é exigente. Ela continua a me evitar cada vez que eu tento planejar alguma
coisa romântica."
"Yeah, bem, talvez se você aparecer com um bom roteiro, você poderia fisgála."
"Eu estava pensando em um jantar no Joe."
Eu fiz uma careta. "Se este é o caso, talvez seja melhor você se preparar para
rejeição."
"Red Pepper Bistrô?"
"Okay. Agora está esquentando."
"Seguido de uma massagem na sauna."
"Isso também seria ótimo."
"E então coisas indecentes na sauna."
"Eu espero que você esteja dizendo que você fará coisas indecentes ­ porque eu
fiz mais que minha quota noite passada."
Kiyo olhou para mim com um sorriso malicioso. "Quem disse que estou falando
de você?"
Eu teria dado um soco nele se estivesse ao meu alcance. Em vez disso, eu sorri
de volta, com meu humor leve e feliz. Gracejar com ele assim era como nos
velhos tempos, antes de Maiwenn e essa coisa de bebê ser um compromisso. Eu
me senti como sua namorada novamente. E apesar de só ter tido relações
sexuais noite passada, eu não podia negar a verdade. Pensar sobre fazer sexo
com ele na sauna estava fazendo coisas inconfortáveis ­ prazerosamente
inconfortáveis ­ em meu corpo, particularmente com as minhas pernas abertas
como estavam. Nossos olhares se encontraram e eu senti uma resposta em seus
olhos. Eu me lembrei da ferocidade que ele se jogou a minha frente noite
passada e pode perfeitamente usar aquela mesma ferocidade transformada em
paixão na cama. As linhas e músculos de seu corpo de repente me pareceram
muito forte e eu pude imaginar suas mãos em mim...
Rurik trotou para meu lado e interrompeu meus pensamentos pornográficos.
"Nós precisamos ir a pé agora. Estamos chegando perto."
Nós paramos nos limites de um `bosque' composto de cactos saguaro e árvores
scraggly. Eles se espalharam a nossa frente, para algumas subidas íngremes na
terra que tinham se transformado em falésias de terra vermelha cravejado de
pedras. Enquanto amarrava o cavalo, Kiyo decidiu ir à frente para sondar em sua
forma de raposa.
"Se você não puder mudar de volta, isso vai interferir seriamente no nosso
encontro," eu disse a ele.
Ele correu uma mão no meu braço nu, fazendo cada parte do meu corpo
formigar. "Nah, nada vai interferir nisso. Eu vou à forma de uma raposa
pequena ­ eles nunca vão me ver."
Lentamente ele se transformou, sua grande forma musculosa foi ficando menor,
então se alongou na forma de uma raposa vermelha do tamanho de um
cachorro médio. Ele roçou em minha perna e desapareceu na vegetação a
frente. Eu o vi ir. Uma parte de mim sempre se preocupa com aqueles que amo,
mas sobretudo, eu confiava no Kiyo quando havia situações perigosas.
O resto de nós pulverizou o calor do meio dia, nos refrescando com água. Por
volta de vinte minutos depois o Kiyo voltou. A cada passo que se aproximava,
ele se transformava de um bichinho peludo no homem que eu amava. Não que
eu não o amasse como uma raposa também.
"Eles estão logo ali, bem como pensamos," Kiyo disse. Tinha um tipo de galope
enquanto ele andava, um resquício da forma de raposa. Era uma graça e sexy ao
mesmo tempo.
"Parece que eles vão ficar acampados e descansar o resto do dia."
"Algum olheiro?" Rurik perguntou.
Kiyo sorriu. "Não mais."
Eu rolei meus olhos. "Você viu alguma garota?"
Seu sorriso desapareceu. "Não. Apenas os bandidos. Eles têm menos pessoas
que nós."
"Bom, isso é bom," eu disse franzindo a testa. Nenhuma garota. O que isso
significa? O casal da aldeia estava errado? Talvez a filha deles tenha realmente
fugido com o namorado. Ainda assim, se este grupo estava assediando, se livrar
deles seria certamente um bom negócio.
Kiyo e Rurik tramaram uma estratégia para esgueirar-se para o acampamento e
nosso grupo zarpou, planejando como chegar aos bandidos. Sem olheiros, a
gangue não tinha ninguém para alertá-los sobre nossa aproximação eles
pareciam totalmente inconscientes quando tivemos a primeira vista deles.
Eles eram na maioria homens, com poucas mulheres. As mulheres claramente
não eram garotas capturadas. Elas eram mais velhas e endurecidas pela vida
difícil. Na verdade, todo o grupo parecia estar vivendo uma época difícil. Alguma
coisa sobre aquela resistência me dizia que eles lutariam com unhas e dentes.
Baseada na discussão anterior, eu achava que todo o grupo poderia apenas
descer de uma vez. Em vez disso, um dos meus guardas de repente parou e
gritou, "Rendam-se em nome da rainha!"
Meu Deus, eu pensei. Ele não disse isso.
Não havia tempo para ponderar isso enquanto minha comitiva atacava.
"Lembre-se" Eu assobiei para Volusian. "Domine. Não mate."
Ele não pareceu ficar feliz com isso. Claro, ele nunca parecia feliz. O resto da
minha guarda tinha ordens para evitar matar se eles pudessem, mas não hesitar
se fosse a vida deles ou dos bandidos.
Eu queria prisioneiros que eu pudesse questionar mais tarde e não gostava da
idéia de promover minha imagem de tirana se eu pudesse evitar.
Assim como eu esperava, os bandidos lutaram de volta. Sem rendição aqui. Eles
tinham as armas gentry convencionais assim como mágica fraca para luta. Ficou
claro no começo que seria mais difícil conseguir prisioneiros do que matar.
Matar era rápido. Derrubar alguém e amarrá-los é mais complicado. Te deixa
exposto a ataques de outros. Não obstante, eu vi meus guardas habilmente atar
dois dos bandidos imediatamente. Um par de outros bandidos foi morto logo
após, mas eles tinham facas nas gargantas de meus homens e não nos deixou
alternativa. Kiyo e eu trabalhávamos juntos para amarrar um homem com um
chicote quando de repente eu senti surgir uma mágica no ar.
Eu parei o que estava fazendo. Não era mágica gentry. Na verdade nenhum dos
outros notaram de imediato. Como uma shaman, eu tinha desenvolvido
sensibilidade para criaturas e poderes do outro mundo. Este poder fez minha
pele formigar e ficar com uma sensação de óleo pegajoso. Isso não era do
Mundo Humano e nem do Outro Mundo. Havia criaturas do Submundo aqui.
"Demônios" eu disse, enquanto eles se materializavam dentro do campo. "Tem
demônios aqui, merda"

SETE

Havia cinco deles, para ser mais precisa cada um com 2,15m de altura. A sua
pele me lembrava a de uma salamandra*, lisa com uma aparência ligeiramente
úmida. Era malhada de vermelho e preto, como mármore. Eles tinham dentes
como o tigre dente de sabre**, e chamas brilhavam nas covas de seus olhos.
* Foto:
http://www.infoescola.com/files/2009/08/865bSalamandra_salamandra_terres
tris_4.jpg
** Foto: http://www.avph.com.br/jpg/smilodon.jpg
"Demônios de fogo," eu alterei. Não que o tipo importasse muito. Eu já tinha
lutado com criaturas do Submundo, mas demônios completos? Estes eram
maus. O tipo era irrelevante. Estes caras fazem a luta da noite passada com
Rocky Racoon* parecer um aquecimento.
*Referência a uma música dos Beatles onde tem um Homem Guaxinim.
Imediatamente os bandidos que não estavam ativamente engajados conosco
começaram a se retirar para trás dos demônios. Aqueles que estavam lutando
conosco, tentaram escapar, pois sabiam que os demônios os iriam cobrir. Um de
meus homens bravamente desafiou o demônio. O demônio juntou suas mãos e
uma enorme esfera de fogo apareceu. Então o demônio a lançou contra o cara,
instantaneamente o transformando em uma tocha viva gritante.
"Merda!" eu gritei.
Sem ao menos pensar, eu puxei toda a umidade do ar e arremessei contra o
guarda. Água se materializou ao seu redor, encharcando-o com uma onda. Eu
deixei o resto do ar opressivamente seco, e algumas árvores murcharam e
colapsaram. Eu suguei sua água para fazer outra onda. Não obstante, as
chamas desapareceram, e o cara caiu molhado, em brasa, inconsciente. Ao
menos eu espero que esteja inconsciente e não morto.
Meus guardas atacaram em grupos e foram um pouco melhor desta maneira,
hábeis a distrair a atenção do demônio. Volusian também lutou bem, mas
começou a aparentar rapidamente que isso não terminaria bem para nós.
Escolhendo um demônio que estava lutando melhor, eu peguei minha varinha e
foquei minha energia. Eu mandei minha vontade para o demônio, me agarrando
a ele com minha mente eu deixei meus sentidos se ampliarem para além de
mim e deste mundo. A minha tatuagem branca e preta de borboleta em meu
braço começou a queimar. É o símbolo de Persephone, deusa do Submundo e
eu usei este poder para abrir os portões de seu domínio.
Descendo a ladeira, o demônio repentinamente olhou em minha direção,
sentindo a quebra de ligação perto dele. Ele era poderoso, e banir ele deste
mundo estava tirando mais de meu poder e força do que eu esperava.
Ignorando o ataque dos guardas, ele arremessou uma bola de fogo enorme
contra mim. Imediatamente eu mudei minha conexão do Submundo e puxei o
máximo de água que pude para mim. Tirando meus companheiros ­ a quem
cuidadosamente eu evitei ­ apenas a vegetação provou-se ser uma fonte rápida
de água. Plantas e Cactos dobraram-se e morreram em um amplo arco ao nosso
redor, mas foi o que precisei. Uma parede de água apareceu na minha frente,
bloqueando a bola de fogo.
"Maldição, Eugenie," Kiyo chorou. "Você não pode continuar a fazer isso."
"Eu posso bani-los," eu disse. "Apenas os distraia."
Kiyo fez uma careta e se transformou naquela forma de `super raposa', um
animal enorme de primordial força e poder, o ancestral do Outro Mundo de
todas as raposas. Ele pulou no demônio que tinha me atacado, e mais uma vez
eu tentei fazer minha ligação. Volusian se juntou a ele. Entre os dois e os
guardas, o demônio não podia me bloquear desta vez. Proferindo as palavras de
banimento, eu o empurrei deste mundo para o próximo, com o cuidado para
ficar longe da sucção durante o processo. O demônio explodiu em faíscas,
rapidamente esmaeceu e desapareceu.
Eu quase caí. O esforço para fazer aquilo foi excruciante, eu tinha quase certeza
que não conseguiria fazer novamente. Nós tínhamos que sair daqui e rezar para
que os demônios não nos sigam.
"Rurik," eu gritei, esperando que o grande guerreiro pudesse me ouvir. "Nós
precisamos nos retirar!"
Ele me deu um aceno rápido, com os olhos no demônio que ele estava
atacando. Entre mágicas e espadas, seu grupo estava fazendo um bom trabalho
lutando, mas a batalha estava longe de terminar. Ele vociferou algumas ordens.
Meu grupo começou a se afastar, lutando enquanto nos retirávamos. Para meu
alívio, dois homens pegaram o cara que mais cedo tinha sido queimado e
ajudaram a trazê-lo. Kiyo e Volusian ficaram para cobrir nossa retirada, e eu
tentei novamente banir o demônio. Sem sorte. Então, contando com uma
antiga companheira, eu peguei minha Glock e comecei a atirar balas de prata.
Elas ajudaram, enfraquecendo alguns demônios e permitiu nossa escapada.
Quando chegamos a certo ponto, eu vi que eles não nos seguiam mais. Eles
estavam ao redor do campo, como eu suspeitava. Demônios como aqueles
eram convocados e tinham que ficar próximos àquele que os convocou.
Nós finalmente chegamos à clareira e voltamos aos nossos cavalos. Não muito
depois disso, Kiyo ­ ainda como uma raposa ­ e Volusian se juntaram a nós. Eu
olhei para Kiyo com um suspiro, aliviada que ele estava bem e frustrada porque
demoraria um pouco até que ele pudesse voltar a forma humana novamente.
Eu queria discutir isso com ele. Em vez disso, eu me virei para Rurik enquanto
voltávamos.
"Que diabos era aquilo?"
"Demônios de fogo," ele respondeu.
"Eu sei disso! O que eles estão fazendo aqui?"
"Eles foram convocados." Ele encolheu. "O que é inesperado para miseráveis
como aqueles. Alguém que possa lidar com este tipo de mágica não precisa ter
este tipo de vida."
Minha carga de adrenalina tinha diminuído fazendo meu coração bater mais
devagar, me permitindo dar uma boa olhada em nosso grupo agora. Tínhamos
conseguido dois prisioneiros ­ alguns dos outros tinham sido libertados por seus
amigos durante o caos com os demônios ­ o que quer dizer que poderíamos
fazer um interrogatório mais tarde. Por agora, eles não eram minha principal
preocupação. Os guardas eram. Muitos deles estavam queimados e feridos,
acredito que ninguém estava pior do que o cara que eu salvei. Alguns dos
feridos conseguiam cavalgar sozinhos; outros precisavam de ajuda.
"Eles precisam de curadores," eu disse ansiosamente para Rurik. Ele foi
queimado e cortado, mas saiu ileso na maior parte. Tínhamos demorado quase
uma hora para chegar onde tínhamos deixado os cavalos, eu não queria que os
feridos esperassem por todo esse tempo.
Rurik não respondeu imediatamente. Ele me aborrecia e não era socialmente
agradável como poderia ser, mas ele sabia questões militares e era um bom
estrategista. Afinal ele disse "Se desviarmos para oeste, podemos estar em
Westoria em quinze minutos."
"Westoria?"
"A vila onde passamos ontem."
"Como isso é..." eu não terminei a pergunta. Eu nunca entenderia como o Outro
Mundo se moldava sozinho, como ontem Westoria estava a uma hora e meia do
castelo e agora está bem ali na esquina. Eu ainda não entendia como todo
menos eu sabia em que direção ir.
Rurik me assegurou que eles tinham curadores na aldeia, então eu segui sua
sugestão. Assim que nós viramos, nós nos vimos na Terra Rowan. Dez minutos
depois, tínhamos voltado a Terra Thorn, e mais cinco estávamos em Westoria.
"Cacete, é inacreditável" eu murmurei. Eu realmente nunca vou entender o
layout desta terra. Apenas o Kiyo (raposa) estava perto o suficiente para ouvir
minha blasfêmia, e eu não sabia se ele tinha entendido ou não.
Nossa aproximação foi notada como antes e eu parei antes de entrar na aldeia
para dizer as palavras que ordenavam Volusian ir por agora. Eu não queria
amedrontar os moradores mais do que eu já tinha feito. Claro que quando nós
saímos da última vez, o terror deles tinha sido substituído por esperança e fé.
Hoje, uma vez que contarmos nossa história, aquele otimismo transformou em
desapontamento e medo de um tipo diferente ­ medo que sua rainha não os
pudesse defender. Se eles não puderem procurar por proteção em sua nova
monarca maravilhosa, que esperanças eles tem? Eu tentei ignorar estes rostos
desiludidos o melhor que pude. Por outro lado, pensando novamente, aqueles
demônios de fogo dificilmente é uma ocorrência diária para um rei ou rainha. Eu
duvido que Dorian ou Maiwenn tivessem feito melhor.
Eu dirigi minha atenção para aqueles que tinham lutado e se ferido por isso. O
homem queimado ainda estava vivo, mas muito mal. Davros, o prefeito, me
assegurou que eles tinham um curador que poderia trazer o guarda de volta a
uma condição estável. A cura levaria um tempo, então aceitei o convite de
Dravos para sentar e tomar um refresco em sua casa novamente. Eles já tinham
arrumado o poço onde eu tinha indicado uma fonte de água e ele me pareceu
satisfeito em me oferecer água.
"Não tinha nenhuma garota lá," eu disse a ele. Eu me sentei numa cadeira
simples de madeira. Kiyo deitou no chão aos meus pés, seu corpo peludo
pressionando minhas pernas.
Davros bufou. "Claro que não, sua majestade. Eu disse que aquela garota fugiu.
É mais fácil para seus pais acreditarem em outra coisa. Certamente nós
apreciamos seu, uh, esforço para nos limpar daqueles vilões."
Eu fiz uma careta. "Yeah, bem, os demônios de fogo foram meio inesperados."
"Houve rumores há algum tempo, sua majestade, que havia alguns usuários de
fogo muito fortes junto com eles. Isso é parte do porque seus assaltos são
problemáticos."
Eu arregalei meus olhos. "Oh? Talvez esta informação fosse útil mais cedo."
Ele encolheu ao tom da minha voz. "Perdoe-me, sua majestade. Nenhum de nós
podia imaginar que eles fossem tão poderosos."
Eu o questionei mais sobre onde os bandidos poderiam ir agora e se ele havia
ouvido mais sobre o usuário de magia deles. Se nós nos encontrássemos com
estes caras de novo, eu não gostaria de mais nenhum tipo de surpresa. Nós
conversamos até Rurik vir me buscar e me dizer que a maioria dos feridos
estava em condições de seguir viagem, mas os mais machucados ficariam para
trás para mais cura.
Não havia mais motivo para ficar depois disso, então nós voltamos ao castelo.
A volta não foi muito diferente da nossa última ida à Westoria. Havia um humor
escuro sobre o grupo e eu provavelmente era a pior. Nós saímos contando com
uma vitória fácil e tivemos mais ou menos nossos traseiros chutados.
Era tarde quando finalmente chegamos, o sol estava se pondo e esfriando o
clima para confortáveis 26,5°C. O tempo em Tucson tende a correr um pouco
mais rápido que aqui, o que significa que já está noite ao voltar para casa. Muito
para o encontro com Kiyo. Isso me deixou ainda mais triste, e eu saí para um
trecho no jardim ­ o que eu quero dizer rochas e cactos ­ que se estendia atrás
do castelo. Acomodei-me em um pedaço de grama que Shaya meticulosamente
estava tentando fazer crescer. Como uma pessoa que controla e intervém na
vida de plantas, eu acredito que esta paisagem árida a mata às vezes.
Eu estava sentada e ruminando quando mais ou menos uma hora depois Kiyo se
juntou a mim. Sua forma de raposa tinha finalmente ido. "Não seja tão severa,"
ele disse, colocando um braço ao meu redor e adivinhando o que me
preocupava. "Não há nada diferente que você pudesse fazer."
"Eu imagino. Eu apenas me sinto mal. Tipo, eu ainda não quero este lugar. De
modo nenhum. Mas aqui está ele e eu me sinto horrível e culpada porque
mesmo se eu tentar, eu não posso fazer nada por isso. Eu tento não pensar em
Shaya, e então eu falhei com a parte de lutar ­ uma coisa que eu faço
geralmente. Argh." Eu enterrei meu rosto em minhas mãos. "Isso é tão confuso.
Eu nunca queria ter que lidar com isso."
Kiyo me puxou para perto, e eu descansei minha cabeça em seu peito. "Está
tudo bem," ele disse. "Nós vamos passar por isso."
"Nós? Você já tem muito com que se preocupar." Eu estava com um humor
sombrio onde tudo parece não ajudar. Como ele podia ter tempo para mim com
um bebê a caminho?
"Nós," ele disse firmemente. "E por mais que eu odeie dizer isso... só de você
estar aqui já ajuda a terra."
"Como?"
"Está atado a sua vida certo? Você a afeta, você a fortalece apenas com sua
presença. É por isso que a sua meditação a acalma."
"Talvez. Mas eu tenho meditado por meses, e ainda há seca e fome."
"Você ainda está ajudando, sabendo disso ou não. Seus pensamentos, humor...
está tudo conectado."
"Maravilha. Esta noite vai ser ótima então," eu murmurei.
Na luz do luar, eu o vi fazer um gesto a nossa volta. O céu estava limpo e não
havia brisa. Havia uma sensação de ar seco e inerte. Parecia doente. Como se
você pudesse sentir a energia sendo extraída de tudo.
Eu suspirei e deitei no chão. "Se eu ficar esta noite, vai ajudar?"
"Provavelmente." Ele deitou ao meu lado. "Sem ir ao Bistrô Red Pepper então."
"Yeah. E eu ainda estou considerando o Burrito Especial de Salmonella deles. Eu
acho que sempre há um amanhã."
"Mmm, bem..."
Eu me virei para ele. "Oh, eu não gostei disso."
"Eu prometi a Maiwenn..." Ele não pode terminar.
"Está tudo bem. Eu entendo." Eu entendo. Eu apenas não gosto. Nós vamos ter
alguma semelhança com um namoro normal?
"Oh, Eugenie." Kiyo envolveu-se contra mim e tirou o cabelo do meu rosto.
"Você é a única. Você sabe disso, certo? A única que eu quero neste mundo."
Ele pausou. "Ou em qualquer outro mundo."
Eu ri, mas minha risada foi sufocada quando ele pressionou seus lábios contra
os meus. Quase nunca havia um aquecimento com a paixão de Kiyo. Ele sempre
vinha faminto e com fome, e para minha surpresa, eu sempre respondia
imediatamente com a mesma intensidade. Eu abri minha boca para a dele,
sentindo o impulso da sua língua e seus dentes roçando contra meus lábios.
Ele deslizou a mão até minha camiseta, apertando meu seio contra a fina renda
do sutiã. Sua outra mão deslizou pelo meu quadril até minha bunda, me
empurrando para mais perto dele, assim nós estávamos com os quadris
próximos enquanto nos deitávamos de lado. Minhas próprias mãos
entrelaçadas em seu cabelo, mantendo sua face próxima enquanto nos
beijávamos. Então, a impaciência cresceu, eu cheguei até o fim da sua camisa e
a puxei sobre sua cabeça. Eu quebrei nosso beijo momentaneamente, mas valeu
a pena ter sua pele do peito maravilhosa e quente exposta. Eu corri meus dedos
por ela, esperando para beijar cada parte, mas ele tinha outras idéias e tirou
minha camiseta em resposta. Eu a vi cair em uma opuntia* quando a jogou para
longe.
* Opuntia é um gênero botânico da família cactaceae. Todas as suas espécies
são originárias do Continente Americano, onde são encontradas desde a
Patagônia até os Estados Unidos da América. Foto:
http://weightlossexerciseplan.com/images/opuntia.jpg
Suas mãos moveram-se rapidamente para meu jeans, eu deitei de costas,
esticando minhas pernas enquanto ele a puxava junto com minha calcinha em
apenas um movimento. Fiquei grata à grama nas minhas costas que Shaya fez
crescer. Cascalho e areia teriam sido mais duros na minha pele.
No entanto, foi ele quem eu puxei para baixo, o forçando a manter suas costas
no chão. Montada nele com as pernas abertas e ainda usando meu sutiã de
renda, eu desatei seu cinto e abaixei seus jeans e cueca até os joelhos, o
suficiente para expor o que eu precisava. Inclinei-me sobre ele, pressionando
nossas peles nuas para mais próximo, esfregando meus quadris
provocativamente sem o deixar dentro de mim. Eu o beijei e enquanto o fazia,
suas mãos atingiram meu sutiã com a intenção de desatar e remover minha
última peça de roupa, me deixando completamente nua. Naquele calor
implacável, eu quase não notei.
Ele estava duro embaixo de mim eu continuei mexendo meus quadris,
insultando e o provocando ainda mais enquanto eu ficava mais úmida. A luxuria
em seus olhos queimou em mim, atado com os restos do animal que ele tinha
sido mais cedo. Suas mãos ainda estavam por todo meu seio, os acariciando e
apertando. Cada toque mandava ondas de choque para meu corpo.
Ocasionalmente, ele me puxava para frente para que pudesse colocar um seio
em sua boca, sugando e acariciando o mamilo com a língua.
Eu movi uma de minhas mãos para baixo entre minhas coxas e comecei a me
tocar, querendo chegar ao clímax antes que ele me tivesse ­ e eu sabia que ele
faria logo. Eu podia ver o desejo e a impaciência nele. Arrastar o sexo não
estava em sua natureza. Eu prefiro muito mais quando um homem toca meu
clitóris ­ não há nada igual no mundo ­ mas eu tinha um pressentimento que eu
tinha que literalmente colocar a mão na massa pela maneira que ele parecia
esta noite. Além disso, eu conhecia meu corpo bem o bastante para saber que
eu poderia me satisfazer rapidamente.
Não rápida o bastante. As mãos de Kiyo agarraram meus quadris, sentando-me
um pouco para em seguida puxar meu corpo para baixo brutamente. Eu tive
minha mão tirada do caminho enquanto ele empurrou para dentro de mim,
penetrando com uma força que eu não esperava já que eu estava por cima. Eu
tentei tirar fora, mas seu aperto em mim era firme enquanto ele começou a
empurrar seus quadris para cima.
"Muito cedo," eu disse, mesmo meu corpo festejando com a sensação dele
dentro de mim.
"Nunca é muito cedo," ele rosnou de volta.
Eu consegui deslocar-me para longe e ele escapuliu para fora de mim. Eu sorri
triunfante, amando como eu poderia prolongar isso e atormentá-lo. Sua ereção
estava mais dura e maior depois de ter estado dentro de mim, molhado e
escorregadio do meu corpo quando minha mão o agarrou forte e começou a
acariciá-lo para frente e para trás. Ele gemeu, arcando seu corpo para cima para
reclamar o que eu havia tirado dele.
Ele agarrou-me novamente, desta vez me deitando de costas de modo que
agora eu tenho que lutar contra toda sua força. "Você é tão sexy," ele arfou,
baixando seu corpo ao meu. O terreno acidentado arranhou minha pele.
"Durante todo o dia, eu só pensava em trepar com você."
Ele empurrou para dentro de mim novamente, e eu chorei tão alto, que
imaginei que se alguém do castelo pudesse me ouvir viria correndo. Se isso
acontecesse, provavelmente não seria uma grande coisa para eles. Sem nada
para segurá-lo, Kiyo me deu toda sua força, pulsando para dentro de mim e indo
mais profundo a cada impulso. Eu ainda estava em chamas e úmida onde eu
tinha me tocado e a cada golpe, ele conseguia aumentar aquele prazer, me
deixando cada vez mais selvagem.
Os músculos do seu corpo eram fortes e rígidos, trabalhando sem descanso
enquanto ele se movia furiosamente, seus olhos queimando nos meus
enquanto ele me tomava profundamente e vigorosamente, deixando que o
animal dentro dele fizesse o que ele queria. Eu chorei alto novamente,
exultante com a dureza misturada com o êxtase que eu senti crescer mais
próximo ao orgasmo. Eu podia ver suas mandíbulas cerradas e a tensão dentro
dele enquanto ele tentava se segurar.
"Deus, eu quero..." ele conseguiu dizer através de sua respiração difícil. "Eu
quero muito gozar em você..." Ele estava esperando, tentando se segurar para
que eu gozasse primeiro.
Eu apertei minhas mãos nas suas costas, cravando minhas unhas em sua pele.
"Faça," eu assoviei. "Goze em mim. Agora... deixe-me sentir..."
Era tudo que ele precisava para fazê-lo. Sua boca abriu em algo que era
metadegemido
e metade-rugido. Ele ainda continuava a se mover para dentro e para
fora de mim, mas seus movimentos eram mais lentos, mais pontuados
enquanto ele vinha e seu corpo encontrava o relaxamento. Ao final, ele
estremeceu e tirou de mim, apenas para cair em cima de mim. Eu enrolei meus
braços em volta dele. Mesmo sem um orgasmo, meu corpo sentiu-se renovado
e vivo, queimando com prazer pela intensidade do que nós tínhamos feito com
nossos corpos.
Ele descansou sua cabeça em meu peito e eu continuei o abraçando, nenhum
de nós disse uma palavra.
Em algum momento, eu caí no sono daquele jeito, apenas para ser acordada
uma hora depois. Levei um momento para descobrir o que tinha acontecido até
eu sentir uma gota cair no meu rosto. E outra. E outra. Eu me contorci e sentei,
limpando a água dos meus olhos.
"O que há de errado?" Kiyo murmurou sonolento, mexendo-se ligeiramente.
Eu olhei para o céu, dispersa com as estrelas e nuvens muito necessárias.
"Está chovendo."

OITO

Kiyo tinha saído na manhã seguinte assim como eu suspeitava que ele fizesse.
Nós tropeçamos para dentro do meu quarto pouco usado, assim que começou a
chover; o seu lado da cama estava frio o que me dizia que ele tinha saído algum
tempo atrás. Eu suspirei, tentando não deixar que o conhecimento dele estar
com Maiwenn me derrubasse, e me dirigindo para fora fui ver o que estava
acontecendo nos domínios da Rainha Eugenie.
A primeira coisa que percebi foi que todos estavam muito excitados com a
chuva que tinha caído. Nós tínhamos voltado às condições ensolaradas normais
nesta manhã, mas a chuva de ontem a noite tinha trazido vida a terra. Os cactos
floresceram. As árvores pareciam mais fortes. E enquanto não há sinais
ostensivos de excesso de água, eu a podia sentir no solo e sutilmente no ar.
Fazer sexo causava isso? Talvez sim. Talvez não. Indiferentemente, eu estava
feliz com minha ótima façanha. Eu fiz um movimento para sair quando Rurik me
parou.
"Você não quer interrogar os prisioneiros?"
Eu parei. Eu queria mesmo era ir pra casa, tomar banho e colocar roupas limpas.
"Você não pode fazer isso?" Eu perguntei.
Ele franziu a testa. "Bem, certamente, mas..."
Mas este era meu trabalho. Essa foi a mensagem não dita. Eu suspeito que
Aeson nunca tenha feito uma coisa dessas. Ele teria deixado para os assassinos.
Eu sabia que se delegasse para o Rurik ele faria sem reclamar (muito). Tinha alo
em seus olhos, que me dizia que ele esperava muito mais do que uma monarca
comum. Eu nunca esperei ganhar tal expectativa dele ­ ou me sentir
desconfortável com isso. Rurik tinha me enchido o saco no passado, mas
subitamente, eu não queria desapontá-lo.
"Okay. Vamos fazer isso." Eu disse.
Eu já tinha interrogado muitos monstros, gentry e até humanos. Mas tinha algo
estranho sobre interrogar prisioneiros. Era estranho o suficiente saber que eu
tinha realmente um calabouço no castelo. Tinha até mesmo algemas nas
paredes, mas graças a Deus, nossos dois prisioneiros não estavam presos. Eles
eram um homem e uma mulher, os dois um tanto ásperos e sombrios. Ele
parecia ter minha idade; ela parecia mais velha.
Eu entrei na cela com barras de bronze, Rurik e outro guarda logo atrás de mim.
Eu cruzei meus braços sobre o peito e engoli minhas dúvidas. Eu era Eugenie
Markham, uma temida shaman e matadora de meliantes do Outro Mundo. Este
não era diferente dos meus outros trabalhos.
"Okay," eu disse para os prisioneiros em uma voz áspera. "Nós podemos fazer
isso da maneira fácil ou difícil. Respondam minhas perguntas e isso será mais
rápido e suave para todos nós."
A mulher olhou para mim. "Nós não respondemos a você."
"Isso é uma coisa engraçada," eu disse. "Você responde. Você está na minha
terra. Você está sob minha lei, minha jurisdição."
Ela cuspiu no chão. "Você é uma usurpadora. Você roubou a terra de Aeson."
Considerando a maneira de como o poder sempre muda no Outro Mundo, eu
achei aquilo simplesmente ridículo. "Todos são usurpadores aqui. E no caso de
você ainda não ter ouvido, eu não roubei a terra dele, tanto que o explodi."
Sua face permaneceu rígida, mas eu vi uma pequena centelha de medo na face
do cara. Eu me virei para ele. "E você? Você vai ser razoável? Você vai dizer-me
onde estão as garotas raptadas?"
Ele olhou nervosamente para sua companheira. Ela lhe lançou um olhar duro,
sua mensagem facilmente interpretada: Não fale.
Eu suspirei. Eu não queria recorrer à tortura. Ser uma governante toda poderosa
ou não, isso era uma coisa feita, eu não queria sujar minhas mãos com isso. Eu
tinha a sensação que meu athame de ferro em suas gargantas iria ser um longo
caminho para fazê-los falar. Em vez disso eu optei por outra solução.
Pegando minha varinha, eu me afastei dos outros e disse as palavras para trazer
Volusian. O frio momentâneo desceu sobre nós e então o espírito estava diante
de mim.
Rurik e o guarda estavam se acostumando a isso, mas os prisioneiros
engasgaram.
"Volusian, eu tenho uma tarefa para você," eu disse.
"Como minha mestra mandar."
Eu indiquei os prisioneiros. "Eu preciso que trabalhe neles. Faça-os falar." Os
olhos de Volusian aumentaram ligeiramente, ficando o mais próximo de um
olhar feliz que ele jamais tinha tido.
"Mas você não pode matá-los ou machucá-los demais." Eu adicionei duramente.
A pseudo-felicidade desapareceu.
"Comece com o cara," eu disse.
Volusian atravessou a cela e estava apenas levantando sua mão quando o cara
gritou. "Tudo bem! Tudo bem! Eu vou falar," ele chorou.
"Pare Volusian."
O espírito afastou-se, sua expressão sombria cresceu.
"Eu não sei nada sobre garotas desaparecidas," o homem disse. "Nós não
estamos pegando-as."
"Vocês estão atacando as pessoas," eu apontei. "E as garotas estão
desaparecendo perto da base de operação de vocês. Parece-me um pouco
suspeito."
Ele chacoalhou a cabeça freneticamente, olhando cautelosamente para
Volusian. "Não, não somos nós."
"Você ouviu sobre os desaparecimentos?"
"Sim. Mas não somos nós." Suas palavras eram inflexíveis.
"Yeah, bem, eu acho difícil acreditar que todas estão fugindo. Se não são vocês
então quem é?"
"Você é uma tola," a mulher vociferou. "O que nós faríamos com um grupo de
garotas?"
"Para fazer a mesma coisa que os homens geralmente fazem com garotas," Eu
respondi.
"Nós mal podemos alimentar nosso próprio pessoal! Por que iríamos querer
mais bocas para alimentar?"
Essa era uma boa pergunta. "Bem, vocês ainda não me deram uma explicação
de verdade."
"Nós ouvimos que um monstro está fazendo isso," o homem exclamou.
"Um monstro," eu repeti baixo. Eu olhei para Rurik que simplesmente deu de
ombros. Eu me voltei para os prisioneiros. "Algum detalhe deste monstro?"
Sem respostas. Isso era estranho, particularmente considerando como uma
parte de mim ainda considera a maioria dos gentry desonestos, mas eu
acreditava neles sobre não pegar as meninas. Eu acho que a explicação do
monstro era mentira, mas talvez eles tenham honestamente acreditado que era
verdade. Volusian deu um passo à frente sem minha ordem, e o cara falou
roucamente.
"O monstro vive em nossa terra. Na Terra Ald ­ Thorn, é isso."
"Como você sabe disso?" eu perguntei.
"Porque apenas as garotas da Terra Thorn têm desaparecido," a mulher disse.
"Westoria faz divisa com a Terra Rowan e duas das suas aldeias são próximas.
Skye e Ley. Mas eles não têm ninguém desaparecido."
"Parece que vocês sabem muito sobre isso para não estarem envolvidos."
"Nós não precisamos estar envolvidos. Nós assaltamos os dois lados da fronteira
­ as notícias correm."
Ela disse sobre seus assaltos como uma questão de orgulho e eu tentei não rolar
meus olhos.
"Okay. Vamos deixar um pouco as garotas de lado. De onde vieram os
Demônios de Fogo?"
Nenhuma resposta.
Eu suspirei novamente. "Volusian."
Volusian rapidamente se moveu para frente e colocou suas mãos em volta da
garganta do cara. Muitos espíritos tinham pouca matéria, mas com seu poder,
Volusian era tão sólido quanto qualquer um de nós, seu toque era frio e mortal.
O homem gritou e dobrou-se para o chão.
"Pare! Pare!"a mulher gritou. "Eu vou te dizer."
Eu parei Volusian e olhei para ela esperando. O homem manteve-se no chão,
esfregando sua garganta e gemendo. A pele no seu pescoço tinha marcas
vermelhas. A mulher pareceu mais irritada do que nunca.
"É nosso líder quem os convoca. Cowan."
"Você acha que eu vou acreditar que algum vagabundo tem este tipo de
poder?" Eu perguntei. "Por que ele não está trabalhando para um nobre?"
"Ele era um nobre, um dos assessores de Aeson. Ele prefere a vida dura a
trabalhar para alguém como você."
"Aeson tinha um nobre chamado Cowan," Rurik disse. "Sua história não é
impossível."
De repente me senti cansada. Essas não eram nenhuma das respostas que eu
queria. Nenhuma pista das garotas, e agora um nobre rude que podia invocar
demônios. "Okay," eu disse. "Por enquanto, isso é tudo que preciso."
"O que você vai fazer conosco?" a mulher exigiu.
"Outra excelente pergunta," eu murmurei.
"Aeson os mataria," Rurik disse.
"E você sabe que não sou Aeson."
Poderia libertá-los sem fazer nada? Muito do que eles fizeram tinha sido por
fome e desespero, não que justifique roubar e possivelmente matar e
seqüestrar. Eu os libertei da culpa, eu duvido que eles tenham aprendido a lição
e se tornariam cidadãos exemplares. Certamente eu não os mataria. Eu não
queria ao menos os deixar presos na cela por muito tempo.
O guarda que acompanhava Rurik limpou sua garganta. "Sua majestade, você
poderia sentenciá-los ao trabalho."
"Trabalho?"
"Existem outros como eles, outros criminosos, que servem com trabalho por um
tempo como punição para suas ações."
"Como cavar nosso aque... que seja" Rurik disse.
Isso não me pareceu ruim. E hey, na verdade era útil. Eu dei ordens e me
assegurei que os dois prisioneiros fossem transportados para seu local de
trabalho. A coisa toda me pareceu um pouco estranha. Aqui eu era a juíza, o
júri, e ­ se eu quisesse ­ a executora. Ninguém argumenta contra minha
decisão. Ninguém questionou o tempo que eu dei ­ seis meses. Contudo, Rurik
arqueou uma sobrancelha o que me fez pensar que ele os sentenciaria pela vida
toda.
"Okay," eu disse quando nós saímos dos níveis mais baixos do castelo e eu tinha
mandado Volusian embora. "Agora eu vou embora."
De repente a Shaya virou a esquina. "Aí está você," ela disse ansiosamente. "Eu
estava procurando por você."
"Estou de saída."
Seu rosto ficou confuso. "Mas o Príncipe Leith está aqui para vê-la."
"Quem... oh." A imagem voltou-me a mente. O cara relativamente bonito da
festa. O filho da Rainha Rowan e que não tinha sido de todo chato. "Por que ele
está aqui?"
"Depois da sua última visita, eu despachei aqueles que tinham afinidade com
metal para procurarem por cobre. Eles acharam muito disso ­ acho que tem
sido difícil para extrair ­ e eu mandei mensagens para outros reinos que em
breve poderemos negociar este material. Leith está aqui para negociar em
nome de sua mãe.
"Cara," eu disse. "Vocês se mexem rápido."
Seu olhar tornou-se torto. "Bem, sim, mas também tem o fato de você o ter
convidado para visitá-la qualquer dia. Ele está aproveitando sua oferta. Na
verdade, eu suspeito que lhe ver é mais importante do que negociar."
"Ótimo. Porque eu não sou muito boa em negociações." Eu nunca usava um
relógio e tinha deixado meu celular em Tucson. Eu não tinha idéia de que horas
eram só sabia que eu estava gastando mais e mais tempo no Outro Mundo. Ver
Leith só vai me atrasar ainda mais. "Eu vou vê-lo. Mas vai ser rápido."
Shaya pareceu aliviada. Eu acho que ela estava preocupada que eu pudesse
fugir, o que era uma ótima coisa a temer. Enquanto caminhávamos para o
aposento onde Leith estava, ela me deu um olhar curioso.
"Talvez você devesse... se trocar e limpar primeiro?"
Eu olhei para minhas roupas. Elas estavam terrivelmente amassadas e eu não
duvidava que tinha grama no meu cabelo da noite passada.
"Não," eu disse. "Quanto menos atrativa ele me achar, melhor."
Infelizmente isso se mostrou impossível. Quando entramos na sala, Leith
levantou-se, sua face encheu-se de alegria. "Sua majestade! É maravilhoso vê-la
novamente." Ele fez uma meia reverência e beijou minha mão. "Você está
maravilhosa." Ele parecia por dentro do figurino grunge. "Eu espero que você
não se importe em eu ter vindo assim. Quando minha mãe soube das notícias,
ela quis ter certeza, o mais breve possível, que poderíamos estar nessa."
"Claro," eu disse pegando minha mão de volta. "Sem problema."
A sala era um gabinete confortável que ainda tinha os sinais do gosto de Aeson
na decoração. Tapeçarias, muito veludo e cores escuras. Todos esperavam que
eu sentasse em um sofá de pelúcia para em seguida seguir meu exemplo. Eu fiz
um ponto meio que me alastrando na minha.
Não teria sido fora da etiqueta gentry se Leith viesse a se aconchegar ao meu
lado. Do jeito que era, ele ainda estava sorrindo para mim e parecia um bocado
por fora quando Shaya foi direto ao assunto.
"Então sua alteza. Nós gostaríamos de negociar nosso cobre por seu trigo."
Assim que eles começaram a conversar, eu repentinamente tive um flashback
de um terrível jogo de tabuleiro que minha mãe me fazia jogar, Pit*. Eu deixei
minha mente vagar enquanto os dois acertavam os detalhes mais sutis de uma
negociação que eu não compreendo inteiramente. Meus pensamentos me
levaram a alguns trabalhos que eu tinha a fazer, o mistério dos demônios e das
garotas desaparecidas, e é claro, ao Kiyo. Sempre ao Kiyo.
* um tipo de jogo de cartas: quando a negociação começa, os jogadores
oferecem jogos de cartas uns aos outros na esperança de concluir um jogo para
si. Se você for bem sucedido, você ganha pontos. Se você não for bem sucedido,
então você pode perder pontos por ter um cartão particularmente ruim em sua
posse, no final da negociação.
Leith e Shaya finalizaram a negociação rapidamente. Pela expressão feliz de sua
face, eu concluí que nossa equipe tinha saído na frente. Em uma educada
reverência em minha direção, Shaya levantou-se, segurando alguns papéis junto
a seu peito. "Se você me der licença, eu vou redigir e formalizar isso para que o
príncipe assine antes de partir."
Eu entendi isso como uma deixa para entretê-lo, mas nada vinha a minha
mente. Eu não podia conversar com ele sobre reality shows da TV ou política
americana. Finalmente eu disse. "Obrigada pela sua ajuda. Quero dizer, com a
negociação e tudo."
Ele sorriu. "Nós estamos ganhando tanto quanto você. Talvez mais."
"Shaya não parecia pensar assim," falei sem pensar.
Isso o fez rir. "Ela é uma ótima negociadora. Você tem muita sorte de tê-la." Ele
se inclinou. "Especialmente desde que eu acredito que esta não é realmente
sua... bem, vamos apenas dizer que não seja um dos seus passatempos
normais."
Sua franqueza me pegou de surpresa. Eu esperava que ele fosse fascinado e
tolo, como a maioria dos caras por aqui que querem me pegar. A expressão de
Leith agora não era lasciva ou adoradora, apenas simpática e conhecedora.
"Não, realmente não é. Isso é meio que uma grande mudança na minha vida."
"E mesmo assim, você sabia o que estava fazendo quando derrotou Aeson."
Eu hesitei. Shaya e Rurik tinham insinuado em várias ocasiões que eu ainda não
tinha elaborado a totalidade inesperada ­ e indesejada ­ da natureza da minha
realeza. Mesmo que eu não tivesse lutado com Aeson na intenção específica de
substituí-lo, o negócio é que eu estava presa nisso agora. Ser vista como fraca e
chorona com outras pessoas de fora do meu círculo poderia me criar
problemas.
"Bem, yeah," eu disse de modo vivo. "Nós apenas não previmos tantos
problemas quando a terra mudou."
"Mas seu mundo é assim?"
"A parte que eu vivo é. Mas nós tivemos um longo período para nos
acostumarmos e descobrirmos maneiras de sobreviver e obter água. Eu dei
livros sobre como construir algumas dessas coisas para Shaya, então espero que
ela encontre alguém para fazê-lo."
Ele franziu a testa. "Será que eu posso dar uma olhada? Talvez eu possa ajudar."
Por um momento, eu me perguntei se esta era sua nova tática para puxar meu
saco ­ até eu me lembrar que a Shaya tinha dito que ele tinha uma mente
brilhante para tecnologia, na medida em que um gentry poderia ter. Se ele
pudesse entender os diagramas e os outros enfeites, talvez valesse a pena ficar
mais próxima a ele.
"Claro," eu disse. "Nós certamente podemos fazer isso."
Ele sorriu novamente e a maneira como seu rosto iluminou, eu podia
reconhecer que ele era bem bonitinho. Não como Kiyo, claro. Ou mesmo... bem,
como Dorian. Mas ele era uma gracinha.
"Eu mandarei para você o mais breve possível. Se houver qualquer outra coisa
que eu possa fazer para tornar isso mais fácil para você, eu farei." Havia um
olhar extasiado em seu rosto. Yeah, definitivamente ele tinha uma queda por
mim, mas não me irritava da mesma maneira como os outros pretendentes
detestáveis.
Então um estranho pensamento me ocorreu.
"Leith... tem algo que talvez você possa me ajudar. Você ouviu falar sobre
garotas desaparecidas na Terra Rowan? Próximos às fronteiras com a minha
terra?"
Seu olhar mostrou que esta era a última pergunta que ele esperava de mim.
"Eu... perdão?"
"Garotas estão desaparecendo nas minhas terras, próximo a margem com as
suas terras." Quais eram aqueles nomes? "Skye e Ley. Mas as pessoas estão
falando que nada acontece com as suas garotas. Você sabe alguma coisa sobre
isso?"
Ele chacoalhou a cabeça, completamente confuso. "Não... Eu temo que eu não
saiba muito sobre a vida daquelas pessoas."
As palavras de Leith não eram de qualquer maneira em desprezo, mas havia
uma implicação nelas que aldeões e camponeses não eram pessoas a que ele se
associava. Isso me lembrava o comentário de Rurik que Aeson nunca se
incomodaria em investigar bandidos e garotas desaparecidas ao menos que isso
afetasse ele diretamente. Leith não era tão idiota quanto Aeson, mas ele e sua
mãe eram tão intocáveis quanto qualquer outro nobre. Acho que um pouco do
desapontamento deve ter transparecido em meu rosto porque ele
repentinamente ficou ansioso para me fazer sentir melhor.
"Mas eu juro, eu vou dar uma olhada nisso quando eu voltar. Eu vou perguntar
para Mamãe, e nós vamos mandar mensageiros para informar. Eu vou descobrir
qualquer coisa que eu possa para você."
Eu sorri com seu entusiasmo. "Obrigada, Leith. É realmente ótimo você ajudar."
"Ajudar uma linda rainha não é incômodo nenhum. Aliás, você já pensou em ter
uma coroa?"
Nós conversamos um pouco mais e eu descobri que ele era realmente um cara
legal, com momentos de humor e inteligência. Não era o suficiente para que eu
pulasse na cama com ele, mas eu gostei de encontrar outra pessoa que me
conectasse com o Outro Mundo. Shaya retornou afinal com sua papelada ­
impressos a mão em pergaminhos, é claro ­ e enquanto Leith assinava, nós
entregamos os livros de engenharia para ele. Seus olhos se arregalaram em
felicidade, e eu juro, ele provavelmente teria sentado e começado a ler ali
mesmo no chão. Em vez disso, ele pegou a deixa que eu tinha outras coisas a
fazer e após muitas despedidas e beijos, ele pegou seu caminho.
"Você deu a ele outro convite aberto," Shaya pontuou.
"Yeah, eu sei. Mas ele é indefeso. Eu gusto dele."
"Nenhum deles são indefesos, sua majestade." Eu não pude dizer se isso era
uma brincadeira ou não.
"Bem, o aborrecimento vai valer a pena se ele resolver nosso problema de água
e ajudar com as garotas."
"Garotas?"
Eu rapidamente recapitulei para ela o interrogatório com os prisioneiros. Sua
face ficou pensativa enquanto ela absorvia minhas palavras.
"Skye e Ley..."
"Você conhece estas cidades?"
Ela fez um aceno com a cabeça. "Estas e Westoria estão próximos a um portal.
Uma encruzilhada."
"O que, para meu mundo?" Ela confirmou com a cabeça novamente. "Huh. Eu
me pergunto se é apenas coincidência. Eu me pergunto... Eu me pergunto se
seria possível..." Uma de minhas idéias malucas me ocorreu. "Você acha que
aquelas garotas podem estar fugindo e indo para meu mundo?"
"Eu não sei. Os brilhantes às vezes cruzam a passagem. Isso não seria a primeira
vez."
"Yaeh, eu sei. Para causar problemas. Ou roubar mulheres." Tive que lutar para
não fazer uma carranca ao dizer este último. Minha própria mãe tinha sido uma
dessas mulheres, raptada e forçada a ser amante do meu pai. "Você acha que
essas garotas estão seqüestrando caras para que elas possam ter filhos?" A
habilidade de engravidar facilmente é o motivo para seqüestro de humanos.
Geralmente, é gentry homem pegando mulher humana.
Shaya deu um sorriso irônico. "Eu tenho dúvidas se seria assim. Mulheres
podem ter atravessado para lá, passado um tempo no seu mundo, e voltarem
grávidas. Elas não precisam trazer os homens para cá."
Bom argumento. Bom, isso era certamente uma revelação estranha. Eu tinha
que esperar e ver o que Leith iria conseguir, mas eu suponho que se essas
garotas estão realmente sendo seqüestradas... Bem, teria algo mais para eu
fazer. Confesso que eu sempre lutei veementemente contra os gentry entrarem
furtivamente no mundo humano, mas eu não tenho certeza do que é certo ou
errado nesta situação.
"Acho que seria mais fácil lidar com isso do que um monstro as raptando. Ainda
resta aquele estúpido problema com os demônios." Eu suspirei. "Bem, um
problema de cada vez, eu acho."
"Você está indo agora?"
"Sim. Finalmente. Obrigada pela ajuda hoje."
"Claro," ela disse. Ela soou como se ela quisesse realmente dizer aquilo. Sua
expressão satisfeita ficou momentaneamente hesitante. "Contudo... há algo que
você deveria saber. Outra pessoa respondeu imediatamente a nossa oferta de
negociação."
"Isso é uma boa notícia."
"Foi o Dorian."
"Oh." Claro que Dorian responderia. Como ele poderia deixar passar uma
oportunidade de me deixar em suas mãos? "Eu acho que você pode lidar com
isso, certo?"
"Bem, é um pouco mais complicado. Ele requisitou especificamente que você
fale com ele. Em sua casa."
"O que?" eu disse espantada. "Ele... ele não pode fazer isso."
Aquele sorriso torto voltou ao seu rosto. "Ele é um rei. Ele pode fazer qualquer
coisa que desejar."
"Yeah, mas Leith veio aqui! Dorian quer que eu vá apenas para que ele possa
me insultar." E sem dúvida para ostentar Ysabel na minha frente.
"O reino de Leith precisa mais de cobre do que o de Dorian. Eu suspeito que
Dorian esteja fazendo isso como um favor pessoal a você."
"Não é exatamente assim que eu colocaria."
Ela chacoalhou a cabeça, o divertimento em conflito com a exasperação. "Eu sei
que há tensão entre vocês, mas eu acredito que se você pudesse ser legal com
Dorian, talvez ele pudesse fazer um acordo bem generoso. Um que poderia nos
ajudar imensamente."
Um acordo generoso. A Terra Oak está florescendo. Eu não duvido que eles
tenham todos os tipos de alimentos e outros itens que poderíamos usar. Eu
pensei naquelas pobres pessoas em Westoria e mesmo em meus prisioneiros
que disseram que tinham tantas bocas para alimentar. Eu suspirei.
"Está bem, eu vou falar com ele. E vou até ser legal." Eu comecei a me virar,
precisando mais do que nunca voltar para minha própria casa. Então olhei para
atrás. "Mas Shaya? Apenas para nos assegurar, talvez você devesse continuar a
procurar por mais parceiros para negociar."

NOVE

Voltar pra casa foi ótimo. Eu estava exausta mental e fisicamente e nem me
importei com o ataque dos cachorros e gatos para me saudar. Tim estava na
cozinha misturando algum tipo de massa. Ele também usava um cocar nativo
americano que descia até as costas dele.
"Isso não é uma coisa Sioux?" Eu perguntei. "Er, Lakota?"
"Eu fico me metendo em apuros quando eu finjo ser de uma das tribos locais,"
ele explicou. "Então, achei que se alegasse ser de fora da cidade, ninguém pode
forçar para saber mais detalhes. Além disso, você não pode julgar as aparências.
Você dormiu na chuva ou algo assim?"
Ironicamente, eu dormi, mas eu não estava prestes a dizer a ele isso. "Tem sido
um longo dia. Dias. Tanto faz."
"Lara ligou umas oitenta vezes. Ela tem atitude,sabe."
"É por isso que ela faz grana", eu disse com um bocejo. "Estou indo tirar um
cochilo.
Me acorde se ela ligar."
"Você vai ver minha apresentação hoje a noite?", Ele perguntou enquanto me
dirigia para o corredor.
Eu congelei. " Oh,um, nossa. Eu tenho planos ... "
"Você não tem!"
"Eu tenho."Eu virei. "Eu estou indo ver minha mãe."
"A leitura é tarde", disse ele. "Não começa até as nove. Você terá terminado até
lá."
Eu tinha muito aceitado o show falso índio de Tim, mas aceitá-lo e testemunhar
ele ­ com exceção de quando ele está com a roupa completa na minha cozinha
­ são duas coisas totalmente diferentes.
"Eu estive escrevendo um material novo", acrescentou ele, quando viu que não
estava fazendo muito progresso.
"Eu não tenho certeza que é um ponto para me convencer."
Ele ergueu a tigela com a mistura de bolo. "Vou fazê-los com as nozes."
Suspirei e voltei para meu quarto. "Você não joga justamente."
Ele gritou com alegria. "Você vai adorar, Eug. Eu prometo."
Adormeci facilmente e acordei com duas agradáveis surpresas. Uma delas era o
cheiro de brownies recém assados flutuando no ar. O outro era Kiyo sentado em
uma cadeira no meu quarto, comendo um dos brownies mencionados. Com a
maneira que ele tem entrado e saído recentemente, eu nunca realmente sabia
quando esperar por ele.
"Surpresa agradável," eu disse, me sentando.
"Igualmente", disse ele, olhando as minhas pernas nuas. Eu tinha ido dormir
com uma camiseta.
"Algo novo no Outro mundo?"
"Não muito. Maiwenn está ficando nervosa com o parto, mas eu meio que sabia
que isso iria acontecer."
"Ela tem bons curandeiros," disse eu, querendo tranqüilizá-lo, apesar de todos
os sentimentos perturbadores que Maiwenn gerava em mim. Percebi então que
ele usava o seu jaleco branco.
"Você vai trabalhar?"
"Acabo de voltar." Merda. Era mais tarde do que eu percebi se ele teve tempo
de ficar com Maiwenn e ir trabalhar.
"Você quer ir ver os meus pais comigo?"
Kiyo fez uma careta. "Roland me odeia."
"Odiar é uma palavra forte."
Mas não era totalmente imprecisa. Roland, meu padrasto shaman, não fez
segredo do fato de que ele não gostava de eu gastar tanto tempo quanto eu
gastava no Outro mundo. Trazer para casa um namorado do Outro mundo não
tinha ganho a sua aprovação também, embora Kiyo fosse meio-humano como
eu. Ainda assim, Roland sempre foi mais ou menos educado. Minha mãe, que
não sabe sobre a herança de Kiyo, não podia babar sobre ele o bastante. Eu
acho que ela quase desistiu de mim namorar alguém, por isso eu pegar um
veterinário foi um belo golpe até onde ela sabe. Ela é uma cozinheira fantástica
e por isso, mesmo que Roland o deixe inquieto, Kiyo ainda concordou em ir.
"Tem certeza de que comeu o suficiente?" ela perguntou depois que
terminamos o jantar com eles mais tarde naquela noite. Ela funciona sob o
pressuposto de que eu estava à beira da desnutrição e que Kiyo é incapaz de
alimentar a si mesmo se alguém não cozinhar para ele. Na verdade, Kiyo era um
cozinheiro muito melhor do que eu.
"Estava ótimo," ele garantiu a ela. "Acredite em mim, eu comi mais do que
suficiente."
"Bem, não tenha medo de voltar para mais. Ou levar para casa as sobras."
" Nossa , mãe. Ele repetiu três vezes. Você quer engorda-lo para poder matar?
"Eu perguntei.
"Existem destinos piores", ponderou Kiyo bem-humorado.
Minha mãe sorriu. Eu pensei que ela estava excepcionalmente bonita, mas
talvez eu fosse apenas parcial. As pessoas dizem que temos uma aparência
semelhante, e nós tínhamos mesmo pelo menos em relação a estrutural
corporal e facial. É na coloração que somos diferentes. Os olhos dela são
simplesmente azuis, e seu cabelo escuro estava ficando grisalho. Meu cabelo
ruivo e o olhos azul-violeta são o legado do Rei Storm.
Depois do jantar, eu "roubei" Roland afastado para conversar e deixei Kito para
entreter minha mãe. Ela sabia o que era que nós fizemos, mas depois de suas
próprias experiências no Outro mundo, ela preferia evitar nossas discussões
xamânicas.
"Ainda com ele, hein?" perguntou Roland, relaxando para trás em uma
poltrona.
"Ele é legal, e você sabe disso. Ele é o mesmo que eu."
Roland coçou a cabeça, pensativo. Seu cabelo tinha ficado grisalho, e ele parecia
ter
novas rugas a cada ano. Ele ainda era capaz de enfrentar a maioria dos inimigos
do Outro mundo (mesmo que ele tenha se aposentado), e as cruzes, espirais,
peixes e outras tatuagens cristãs em seus braços poderiam invocar o mesmo
poder que a minhas tatuagens de deusa podiam.
"Ele é como você", ele concordou. "Ele não é totalmente do Outro mundo - mas
ele está amarrado a ele. Ele passou mais tempo da vida dele lá do que você,
deixou se tornar mais parte dele. E você estar com alguém assim significa que
você vai estar muito mais ligada também. Com tudo o que está acontecendo por
lá, é realmente melhor se você ficar longe. "
"Tudo", é claro, se refere a profecia sobre eu dar a luz ao salvador do Outro
mundo.
Embora eu normalmente converse muito sobre assuntos negócio xamânicos
com Roland, eu tinha esquecido de mencionar algumas de minhas atividades
recentes - digamos, como inadvertidamente ter conquistado um reino e me
tornando uma rainha. Me chame de louca, mas eu tinha que pensar que nosso
relacionamento seria melhor se ele permaneceu na ignorância sobre esse
assunto.
"Bem, eu estive envolvida com algo lá. E não me de esse olhar,"eu avisei, vendo
ele franzir. "Eu estou ajudando algumas pessoas que precisam, e é muito tarde
para trás. Mas no outro dia, eu vi demônios de fogo."
Isso chamou sua atenção. "Você quer dizer no Outro mundo, certo?"
"Deus, sim." Demônios em nosso mundo seria algo muito horrível. "Havia cinco
deles."
Ele deixou escapar um assobio baixo. "Isso é importante até mesmo para eles. É
necessário um poderoso invocador para fazer isso."
"Eu estava com, uh, alguns outros, e eles conseguiram fazer alguns danos, mas
para a maior
parte, fomos inúteis. Eu bani um, e isso praticamente me deixou sem forçar."
"Sim, pode ser feito, mas não é fácil. Você poderia fazer isso com um alguns
outros xamãs,
mas por conta própria..." Ele balançou a cabeça. "Eu realmente não gosto de
você se envolver com isso ".
"Eu sei, eu sei, mas como eu disse, é tarde demais. Você sabe como se livrar
deles? Além de juntar um grupo de xamãs? "
"A maneira mais fácil - e eu uso esse termo vagamente - seria encontrar um
gentry que possa convocar demônios d´água. Coloque-os com os demônios de
fogo, e todos eles se viram um contra os outros. "
"De alguma forma eu não estou otimista sobre encontrar alguém assim." No
entanto, mesmo enquanto eu falava isso, eu me perguntei se eu poderia fazer
isso.Até onde eu sabia, isso não fazia parte da minha magia de tempestade. Eu
poderia convocar água e uma vez tinha controlado o ar, dobrando essas forças a
minha vontade. Convocar criaturas elementais estava fora do meu alcance. O
Rei Storm supostamente era capaz de fazer isso.
Jasmine tinha comandado criaturas da água também, embora eu não saiba se
isso inclui demônios. Me irritava o fato deu não poder fazer o que o resto da
minha família podia.
"Verdade", Roland concordou. "Nesse caso, a força bruta pode ser o único
caminho a percorrer. Deixe-os reunir suas próprias forças para se livrar dos
demônios. Não é problema seu. É responsabilidade dos gentry e de seus
líderes."
"Certo," disse eu, inquieta. "Bem, vamos ver o que acontece." O olhar ele me
mostrou que
ele não acreditou que eu ia deixar isso pra lá.Também disse que ele sabia não
havia nada que ele pudesse dizer para me convencer. "Eu tenho outra pergunta.
Já ouviu falar das cidades do Outro mundo chamadas Ley e Skye? "Xãmans
geralmente evitam cruzar para aquele mundo, mas Roland havia estado lá
muitas vezes e sabia muito sobre a terra.
"Ley soa familiar ... é na Terra Alder, não é? Ou é Rowan? "Além de não saber
sobre o meu status de rainha, Roland também não sabia que tinha havido uma
completa mudança na Terra Alder.
"Rowan," eu disse. "Mas muito perto de, hum, Alder. Existe supostamente um
cruzamento perto de lá. Você sabe onde ele sai?"
"Não ... nenhum lugar por aqui, tenho certeza."
"Algum jeito que você descobrir?"
"Isso está ligado aos demônios?"
Hesitei um momento e então optei pela verdade. "Não, é outra coisa. Uma coisa
diferente que estou ajudando."
"Eugenie!" Roland raramente perdia a calma, mas eu podia ver a raiva em seus
olhos agora. "O que você está fazendo? Você não pode fazer isso. Você não
pode se envolver nos negócios deles. Seu trabalho é proteger este mundo,
manter eles e os outros monstros e fantasmas fora daqui."
"Eles não são de todo ruim," eu disse, surpresa conforme as palavras saíam da
minha boca.
"Eu preciso te lembrar sobre o rapto da sua mãe e as tentativas de estupro a
você?"
Ouvir ele dizer aquelas palavras doeu, mas eu mantive a compostura."Estou
lidando com isso. Não é um problema."
"Sempre vai ser um problema," ele argumentou. "E eu não vou te ajudar a
continuar a se meter em mais problemas com eles."
"O que, você está ameaçando me cortar de informações?" Exclamei.
"Talvez. Se vai te manter segura."
"Bem, não vai. A única coisa que você vai fazer é me colocar em mais perigo se
eu continuar indo lá desinformada!"
Seus olhos se estreitaram. "Então agora você está me ameaçando?"
"O que está acontecendo?"
Minha mãe enfiou a cabeça na entrada do escritório, preocupação no seu rosto.
"Está tudo
ok? Eu pensei ter ouvido gritos."
Eu m levantei. "Roland é está tendo problemas em escutar, então eu estava
ajudando ele."
Eu a segui de volta para a outra sala, onde Kiyo me olhava curioso. Mesmo na
forma humana, ele tem a audição de uma raposa, e eu não teria achado
surpreendente se ele tivesse ouvido a
discussão toda.
"Nós temos que ir," eu disse. "Nós vamos ouvir Tim recitar poesia."
As sobrancelhas levantadas de Kiyo era seu único sinal de surpresa em relação
aos nossos planos. Eu tinha esquecido de contar a ele porque eu tinha certeza
que ele nunca teria deixado a casa comigo. Ele sorriu educadamente para a
minha mãe. "Obrigado pelo jantar. Estava ótimo."
Minha mãe ficou triste por nos ver ir. "Bem, você deveria voltar na próxima
semana. Eu vou fazer lasanha. E torta de cereja."
Eu beijei a bochecha dela. "Você não tem que nos subornar para a gente vir."
"Não, mas não custa."
Brava ou não, eu dei um abraço em Roland também. Naquele breve momento,
ele sussurrou no meu ouvido: "Vou falar com Bill."
Ele parecia cansado e derrotado, e eu o abracei mais perto. "Obrigado." Bill era
um
amigo xamã que vivia em Flagstaff.
Depois que finalmente fomos capazes de sair, Kiyo não perdeu tempo em
chegar ao ponto.
"Problemas em casa?"
"Como se você não soubesse," eu disse.
"Te disse que ele me odeia."
"Acho que ele odeia mais eu fazer todas essas viagens para o Outro mundo."
"Mas ele ainda acha que eu sou uma má influência."
"Você é uma má influência."
Nós dirigimos em silêncio por alguns instantes. Então Kiyo percebeu que eu não
estava indo em direção a minha casa. Nós estávamos indo para o centro. "Não",
ele gemeu. "Nós não estamos indo realmente ouvir Tim, estamos? Eu pensei
que era apenas uma desculpa para ir embora."
Eu balancei minha cabeça. "Desculpe. Eu prometi."
Kiyo suspirou, mas agüentou como homem.
Fomos a um dos locais regulares de Tim, um lugar chamado Fox Den¹. Pensei
Kiyo
ia achar isso engraçado, mas ele não achou. Quando entramos, havia uma
menina no
palco recitando poesia sobre a aridez da existência e da sujeira nas rodovias.
Kiyo olhou ao redor, absorvendo os clientes e as mesas ­ e então percebeu que
estávamos numa cafeteria e não num bar.
"Eles não servem álcool aqui? De jeito nenhum eu posso fazer isso sem o licor."
"Oh, apenas fique quieto," eu disse, tentando esconder meu sorriso.
Encontramos uma mesa redonda pequena no meio do café lotado, e eu o deixei
lá enquanto eu fui pegar chocolate quente. Eu teria amado café, mas já tinha
problemas o suficiente para dormir, sem ter que lidar com cafeína a essa hora
da noite. Quando voltei, vi que três visitantes tinham colocado cadeiras em
nossa mesa.
"Ei, rapazes", disse eu.
"Bom ver você de novo, Eugenie."
A que falou se chamava Barbara. Ela era uma mulher idosa, pertencente a Tribo
Pascua Yaqui. Suas crenças religiosas, apesar de ter algumas semelhanças com a
orientação-da-natureza de tribos vizinhas, tinha assimilado um monte de
influências cristãs ao longo dos anos. De fato, ela usava uma cruz no pescoço,
mas também ainda era considerada por muitos como um tipo de mulher santa.
Ela não tinha nenhum problema comigo me chamando de xamã, como os
outros de algumas Tribos indígenas, por vezes, tinham. Seus netos, Felix e Dan,
estavam com ela esta noite, e eles não têm um problema comigo também. Tim,
no entanto, é uma história diferente. "Por favor, me diga que o seu
companheiro de quarto imbecil não vai se apresentar esta noite," disse Felix.
"Olha a linguagem," disse Barbara de uma forma muito avó.
Me mexi desconfortável. "Bem ... ele poderia subir ali em cima hoje à noite..."
"Jesus Cristo", disse Dan, mastigando um aperitivo. Ele olhou se desculpando
para Barbara
antes de se virar para mim. "Dissemos a ele uma centena de vezes para não
fazer isso."
"Vamos, rapazes. Não comecem algo de novo ­ levou uma eternidade para
aquele ultimo olho roxo desaparecer," eu lembrei ele.
Felix balançou a cabeça. "Olha, nos imitar não seria tão ruim ­ e é ruim ­ se a
poesia dele não fosse uma merda tão grande."
"Felix!" alertou Barbara.
Ele ficou envergonhado. "Desculpe, vovó, Mas você sabe que estou certo."
"É a única coisa que ele sabe fazer," eu disse dando uma desculpa esfarrapada.
"Além disso, ele vai dar uma de Lakota hoje a noite - se isso ajuda."
"Eu não acho que isso vai melhorar a poesia", observou Kiyo, se esticando para
trás na cadeira.
"Concordo", disse Felix. "A bizarrice da poesia dele transcende todas as
culturas." Ele olhou presunçosamente para sua avó, feliz por não ter xingado
desta vez.
Ela virou para mim, ignorando-o. "Como vão os negócio?"
"Bem, eu disse. "Estranhos".
Enquanto ela não tinha problemas comigo ser um xamã, ela, no entanto, as
vezes se incomodava pelo pensamento de mim lutando contra criaturas do
Outros mundo. Ela parecia indecisa sobre se eles eram santos ou não, embora
ela tinha visto seu quinhão de seres malignos e sabia que o que eu fazia as vezes
era necessário. Ela estava prestes a perguntar mais quando Tim de repente
entrou no palco. Ele usava o cocar de penas, sem camisa e calças de couro.
"Oh Deus. Não," gemeu Felix.
Tim ergueu as mãos para silenciar os aplausos dispersos. "Obrigado, amigos",
ele disse em uma profunda voz plana. "O Grande Espírito da boas vindas a você
e a sua união no nosso círculo sagrado hoje à noite. "
"Eu não estou mesmo brincando," disse Dan. "Estou pertinho de andar até lá e
arrastá-lo
para fora."
"Por favor", eu assobiei. "Não esta noite."
"Para o meu primeiro poema," continuou Tim,"eu gostaria de ler algo que fiquei
inspirado em escrever enquanto sentado fora, e considerando a forma como o
bater de asas de uma borboleta são como a batida de nossos corações neste
mundo transitório." Esticando suas ele recitou.
"Irmã borboleta ao vento
Asas tão amarelas
Vamos voar com você para o céu tão azul
Nossas almas subindo nas nuvens tão brancas
À medida que olhamos para baixo para quem sonha voar
Mas tem medo demais
E devem ficar ligados a terra
Assim como o irmão besouro tão marrom."
"Eu vou ajudar Dan", disse Kiyo enquanto a audiência aplaudia. "Eu vou ajudá-lo
a arrastar Tim para fora."
"Sério?" disse Dan, animado.
"Não", disse Barbara e eu em uníssono.
O próximo poema de Tim era sobre uma mulher mitológica chamada Oniata,
uma menina de beleza divina e juventude que vieio para a Terra e os fazia os
homens de toda parte lutar por ela. A história era interessante, mas como todos
os poemas dele, os versos eram muito ruins e cheios de horríveis metáforas.
"Essa é uma história real", eu desafiei os meus companheiros. "Eu ouvi isso
antes."
"Sim, mas não é Lakota," disse Felix. "Eu acho que é Iroquois ou algo assim."
"Honestamente, eu não acho que importa neste momento," disse Dan,
parecendo cansado. "Além do mais, todo mundo tem alguma história sobre
uma mulher incrivelmente bonita."
Kiyo ligou sua mão com a minha e murmurou, "E, felizmente, eu tenho a minha
própria."
"Homem astuto", eu disse em resposta. "Astuto como uma raposa."
Quando a leitura de poesia terminou, Tim vendeu a seus livros auto-publicados
de poesia. Eu acho que essa é a parte mais notável de todas - ele sempre vendia
um monte. E as mulheres ... as mulheres o amavam. Várias já estavam se
aproximando dele, sem dúvida, querendo sair mais tarde. Observando uma
mulher, Dan declarou que ele estava ia largar o seu emprego como um técnico
de informática e começar a fazer shows como Tim, fazendo todos nós rir.
"Diga o que você quiser," eu disse a Kiyo, observando Tim e seus admiradores.
"Isso tudo significa Tim provavelmente não vai pra casa esta noite."
"O que exatamente você quer dizer?"
"Que a sauna é toda nossa."
Não que mais alguém pudesse realmente caber nela. Minha sauna não era tão
grande, o que significa que quando Kiyo e eu chegamos em casa, teríamos que
ficar bem perto um do outro. Nenhum de nós realmente se importou.
Nós tiramos nossas roupas no corredor, e ele me puxou para ele, passando as
mãos sobre minha cintura e seus lábios passando pelo meu pescoço. "Você me
deve muito por me fazer suportar poesia", disse ele rosnando em minha orelha.
"Tanto faz. Isso foi praticamente preliminares. Você está dizendo que o poema
de Tim sobre o Pica pau enfiando o bico na árvore não te excitou? Você sabe
que foi um metáfora total."
A única resposta de Kiyo foi um beijo asfixiante que acabou com qualquer outro
comentário espirituoso que eu podia ter feito, seus lábios quentes e duros
enquanto a sua língua procurava a minha. Sem quebrar o beijo, nós de alguma
maneira conseguimos abrir a porta da sauna e tropeçar para dentro.
Imediatamente, calor e vapor nos rodearam. Todo mundo sempre elogiou o
calor do Arizona por ser seco, mas eu amo umidade e a maneira como ela
envolve meu corpo.
Eu também adoro o modo como a umidade umedece os cabelos escuros de
Kiyo, fazendo ele se enrolar ainda mais contra seu pescoço. Ainda segurando
aquele beijo,ele me apertou contra a parede de madeira da sauna, suas mãos
segurando meus quadris. Em pouco tempo, o calor nos fez deixou escorregadios
e suados. Eu passei meus dedos em seu cabelo e em seguida passei eles por
seus braços e peito. O óleo e suor fizeram as minhas mãos deslizam sem esforço
em sua pele. Fiz uma pausa fazer círculos em torno de seus mamilos,
aumentando lentamente a pressão e espremendo eles da maneira que ele
muitas vezes fazia com os meus.
Ele deu um pequeno grunhido de surpresa e prazer e, em seguida, moveu os
lábios para o meu pescoço. Eu virei a cabeça para trás, dando a ele maior
acesso. Seus beijos eram duros, como se ele estivesse tentando me consumir
com apenas com sua boca, e houve até mesmo alguns dentes envolvidos. Com
minha pele sendo tão sensível, na verdade ele me deixava ocasionalmente com
um chupão após o sexo. Isso sempre me fazia sentir como se eu tivesse
dezesseis anos e tola no dia seguinte, mas no momento? Parecia valer
totalmente a pena.
Seus lábios se moveram do meu pescoço para o meu ombro, enquanto suas
mãos deslizavam para acima. de meus quadris para meus seios, novamente se
movendo facilmente com todo o suor e umidade. Ele os esfregou e os segurou,
seus dedos deslizando para trás e para frente contra a minha pele molhada e,
ocasionalmente parando para acariciar meus mamilos de uma forma que
enviava ondas de necessidade por o meu corpo inteiro. Ficando impaciente por
causa de meu próprio desejo, eu deslizei minhas mãos no estômago dele, até a
ereção pressionada contra mim. Eu o peguei e comecei a levá-lo para dentro de
mim.
Inesperadamente, ele me virou, ainda me mantendo pressionada contra a
parede. Eu pressionei minhas mãos contra ela para apoio, enquanto os dedos
fortes dele esfregavam minhas costas, massageando os músculos que sempre
pareciam tão doloridos. Eu ofeguei, achando a massagem quase tão excitante
quanto o resto. No entanto era fugaz. Suas mãos logo se moveram para meus
quadris novamente, me virando levemente para que eu ficasse curvada, ao
invés de pressionada reta contra a parede. Um momento mais tarde, ele
empurrou contra o meu corpo e eu senti ele entrar em mim. Meu próprio
molhamento fez o
impulso ser quase tão fácil quanto nossas mãos passando na pele um do outro.
Gritei por causa da sensação dele me enchendo, empurrando cada vez mais
forte dentro de mim. Eu descansei minha bochecha contra a parede da sauna,
me preparando e permitindo que ele me tomasse mais profundamente.
Ele agarrou meus peitos enquanto ele continuava a entrar e sair de mim, e eu
gemi enquanto o toque dele enviava ondas de choque através da minha pele.
Eu estava sobrecarregada com a sensações enquanto ele parecia assumir o
controle de todas as partes do meu corpo, tanto dentro como fora. Suas
estocadas ficaram mais urgentes e ferozes; o aperto dele em meus seios se
tornaram mais exigentes. Ter ele dentro de mim construiu um calor entre
minhas coxas que irradiava pelo resto do meu corpo, rivalizando com o calor do
ar em torno de nós. Aquela onda cresceu e cresceu a níveis insuportáveis, até
que finalmente o orgasmo explodiu dentro de mim, fazendo as minhas pernas
ficarem fracas e quase cedendo debaixo de mim. Cada parte de mim formigava
e queimava, e a sensação dele ainda enfiando dentro do meu corpo era quase
demais para os meus sentidos sobrecarregados. No entanto, mesmo enquanto
eu pensava que eu não poderia mais suportar, eu ainda sentia aquele intenso
prazer crescendo dentro de mim mais uma vez e sabia que seria necessário só
um pouco mais disso para eu gozar mais uma vez.
Então, as mãos Kiyo se moveram de volta para meus quadris, se apoiando para
que ele pudesse empurrar ainda mais forte. Com toda aquela força, foi uma luta
continuar curvada e não simplesmente ficar reta contra a parede. Então eu senti
o corpo dele ficar tenso e sabia que ele estava prestes a gozar. Ele fez um som
gutural, animal, suas estocadas ficando longas e profundas enquanto ele gozava
e deixava seu orgasmo explodir dentro de mim. Ele apertou o rosto contra o
meu ombro, seus movimentos gradualmente diminuindo enquanto o seu
próprio corpo se saciava.
Quando ele terminou, ele deslizou as mãos de meus quadris para meus ombros,
me girando e me puxando em direção a ele. Nós colocaremos nossos braços em
torno um do outro, ofegando enquanto nos inclinavamos contra a parede. Ele
não disse nada, mas beijou minha bochecha gentilmente. Eu sorri, me
aproximando mais dele e me afogando no cheiro do seu suor e pele.
"Valeu a pena suportar a leitura de poesia?" Eu perguntei.
"Sim", ele disse. "Definitivamente".
O telefone me acordou na manhã seguinte. Kiyo cochilava nu ao meu lado na
cama, e eu tive que praticamente rastejar sobre ele para alcançar o meu celular.
Era Roland.
"Eu descobri sobre sua passagem. Ela cruza em uma cidade no Texas chamada
Yellow River."
"Texas, hein?" Isso é inesperado.
"Yep. E já tem dois xamãs que vivem lá para ficar de olho."
"Dois?" Não existe realmente muitos em nossa profissão. Somos bem
espalhados, então mais
de um em uma região (com exceção de uma equipe pai-e-filha como Roland e
eu) era surpreendente.
"Aparentemente é um portão grande. Não é preciso muito poder ou esforço
para atravessar por ele, por isso é preciso muita atenção."
Interessante. Passagens variam em acessibilidade. A maioria exige mais
potência do que a média humana ou até mesmo os gentry podem usar,
felizmente. Em certos dias do ano-como Beltane ou Samhain - as áreas entre os
nossos mundos ficam mais finas, facilitando mais o cruzamento. Esses são
tempos perigosos que mantiveram Roland e eu ocupados. Um portal que era
utilizável o resto do ano é ainda mais perigoso.
Mas, se fosse de fácil acesso, então não seria muito difícil para aquelas meninas
cruzarem e
procurarem humanos para serem o pai de seus filhos. Toda a ideia fez eu me
contorcer. Uma
geração de metade-texanos, metade-filhos de gentry. Deus nos ajude.
"Eugenie", perguntou Roland cautelosamente. "O que você está pensando?"
"Eu estou pensando que eu preciso dos nomes dos xamãs."
Ele ainda parecia preocupada com o meu envolvimento, mas eu acho que ele se
sentiu melhor sobre mim entrar em contato com outros - especialmente outros
que eram humanos. Ele me forçou um pouco para saber o que estava
acontecendo, mas eu ainda me recusei a falar sobre o assunto. Depois de
muitos obrigados da minha parte pela informação, nós finalmente desligamos.
Kiyo tinha saído da cama durante a ligação e estava no chuveiro. Enquanto eu
esperava por ele, eu me perguntei como eu deveria proceder.
Presumivelmente, eu deveria contactar esses xamãs e ver se eles notaram uma
recente fluxo maior de meninas gentry. Se eu pudesse confirmar isso, ia acalmar
minhas preocupações em relação aos bandidos (ou monstros) seqüestrando
elas, mesmo que ainda me deixasse com o dilema moral sobre seu deveria
chutar aquelas garotas de volta para seu próprio mundo.
A queda na temperatura e uma sensação de formigamento em minha pele
sinalizaram a chegada repentina Volusian. Ele materializou no canto mais escuro
do meu quarto, com a expressão sombria e malévola de sempre.
"Bem, isso é uma gentileza", disse eu. "Eu amo ver o seu rosto alegre pela
manhã. O que aconteceu? "Quando eu deixei o Outro mundo da última vez, eu
tinha deixado Volusian sobre ordens expressas de me trazer qualquer
mensagem. Brincadeiras a parte, eu não estava muito feliz por vê-lo porque eu
sabia que isso significava que havia algo pra mim lidar.
"O imbecil que comanda os guardas da minha mestra solicitou a sua presença,"
disse Volusian.
"Você quer dizer Rurik?"
"Sim, a não ser que minha mestra tenha nomeado outro imbecil para comandar
seus guardas."
" Ele disse por quê?" Se fosse sobre negociações comerciais, teria sido Shaya a
me chamar.
"Ele deseja te dizer que uma das meninas desaparecidas retornou."
"O que?"
Saltei da cama às pressas e jogou em pus algumas roupas. Kiyo voltou para o
quarto, incrivelmente sexy com o cabelo molhado, e me deu um olhar
surpreendido. "O que foi?"
"Recebi uma pista sobre uma das meninas. Você quer vir comigo?"
Ele balançou a cabeça. Ele ergueu seu jaleco branco. "Não posso. Eu tenho que
trabalhar."
Fiquei decepcionada. Eu teria gostado de tê-lo comigo, mas aquela parte
insignificante dentro de mim se sentia melhor sobre ele ir trabalhar ao invés de
ficar com Maiwenn novamente. Então, nós nos despedimos, se despedindo
com um beijo longo - um beijo realmente muito longo. Quando finalmente nos
arrastamos longe um do outro, Volusian parecia como se ele não se importaria
em ser varrido da existência.
Mandei ele na frente e então fiz a travessia pouco tempo depois. Nia, como de
costume, ficou imensamente feliz, mas eu tive que educadamente dispensar
ela na minha ânsia de encontrar Rurik. Ele estava sentado com Shaya na sala
adjacente ao quarto dela, absorto numa conversa. Ambos levantaram quando
me viram.
"Vossa majestade", entoou Shaya educadamente.
"Onde ela está?" Exclamei. "A garota. Eu quero falar com ela e resolver isso."
Rurik fez uma careta. "Ah. Quanto a isso."
"Qual problema? Volusian disse que você a encontrou."
"Bem, nós encontramos, de certa forma. Era a garota de Westoria ­ aquela
cujos pais falaram com você. Ela apareceu na noite passada na aldeia, histérica e
falando sobre como ela escapou e como foi horrível."
"Havia mesmo um monstro?" Eu disse, surpresa. "Ou ela escapou dos
bandidos?" Eu ainda não tinha descartado o envolvimento deles.
Ele balançou a cabeça. "Ninguém sabe. Ela não fazia qualquer sentido, e
principalmente, os pais dela queriam para acalmá-la. Enquanto isso, eles
mandaram notícias para nós, porque eles sabiam que você queria falar com ela,
e ... bem, foi quando o problema começou."
"Como se o resto disso já não fosse problema?"
"Quando a menina soube que você estava vindo, ela se tornou ainda mais
histérica."
"Mais histérica por causa de mim do que de um monstro ou algo assim?"
Rurik deu nos ombros. "Como nós aprendemos, sua reputação é um pouco...
alarmante para alguns..."
"MeuDeus. Será que ela não ouvir sobre eu ter tido minha bunda chutada por
demônios fogo?" Eu suspirei. "O que aconteceu?"
"Ela fugiu. De verdade dessa vez."
Eu gemia e me afundei para trás em uma cadeira.
"Enviamos uma equipe de busca, logo que ouvimos," ele acrescentou um pouco
esperançoso.
"Bem, isso é alguma coisa, eu acho. É uma menina ... ela não pode ser tão difícil
de achar, certo? "
Rurik e Shaya trocaram olhares duvidosos. Eu gemi novamente. Com a forma
como a terra é
por aqui, era provável que se alguém quisesse desaparecer, ele poderia. Eu
mandei grupos procurarei por Jasmine durante os últimos três meses e eles não
encontraram nenhuma pista sobre seu paradeiro.
"Precisamos começar a colocar rostos em caixas de leite", eu murmurei.
"Como é?" perguntou Shaya.
"Deixa pra lá. Tem mais alguma coisa que eu devo saber? Alguma notícia de
Leith? "Eu achei que deveria ir fazer a minha meditação e conexão com a terra
e então voltar para Tucson.
"Nada ainda", disse Shaya. "No entanto ... ficamos sabendo de Dorian./'
Certo. Outro dos meus problemas. Ela parecia um pouco nervosa em continuar.
"Ele mandou uma mensagem perguntando por que você não o contatou ainda
sobre o tratado. E ..."
Revirei os olhos. "Vá em frente. Eu espero o pior."
Ela parecia envergonhada. "Ele disse que, se você não pode se incomodar de vir
numa hora apropriada, ele vai retirar sua oferta."
"Isso pode não ser horrível", eu apontei "Quero dizer, você já disse a outras
pessoas, certo? Temos outros reinos querendo comprar o cobre, não é?"
Seu olhar de desconforto aumentou. "Bem, não tantos."
"Quantos não é tanta gente?"
"Além da Terra Rowan? Nenhum."
"Filho da puta." Honestamente? Eu não duvido que Dorian tenha influenciado
os outros para não fazer tratos comigo apenas para que ele pudesse jogar estes
jogos. Eu me firmei e encontrei o olhar de Shaya.
"Eu não suponho que ele tenha especificado o que é `uma hora apropriada'
especificou? " tempo oportuno "é?"
"Ele na verdade disse," disse Shaya. Rurik estava sorrindo, o que eu tomei como
um mau sinal. "Hoje".
________
¹N/T: Toca da raposa

DEZ
Eu fui ver Dorian com um pressentimento, que ficava pior pelo fato de eu estar
usando uma saia com uma fenda que ia até meu quadril. Shaya e Nia gostariam
que eu o fosse ver com um vestido, argumentando que convinha à minha
posição e rira mostrar-me amável ao Dorian. Eu disse que eu não seria capaz de
cavalgar em um vestido, e esta coisa de fenda foi a solução que elas acharam. E
como sempre, eu tinha um punhado de guardas a reboque. A presença
constante deles ainda me fazia sentir como uma criança. Neste caso, uma
criança safada.
Ainda com a geografia bizarra do Outro Mundo, passamos por outra vila. Minha
visita foi breve, tempo suficiente para que me mostrassem como eles estavam
fazendo. A situação deles não era muito diferente de Westoria, mas eles tinham
uma mulher que estava muito bem adaptada a encontrar fontes de água. Sua
técnica, a maneira que ela tecia sua mágica, era mais hábil que a minha, mas
acredito que ela não tinha minha força. Após a observar, eu imitei o que ela
estava fazendo e consegui encontrar um ponto para cavarem. O vestido me
impedia de ir pegar uma pá e cavar com eles, mas isso não importava. Deixei a
cidade sendo considerada uma salvadora, mais uma vez.
Chegar a Dorian levou menos tempo do que chegar a Maiwenn. Ao contrário
daquela viagem, muito da nossa viagem hoje se passou em minhas terras, sem
nenhum descanso em um dos reinos com clima mais temperado. O calor descia
sobre nós, e eu suei profusamente no meu vestido de seda violeta. Eu teria
dado qualquer coisa por uma brisa, qualquer coisa para mexer aquele ar
estagnado. Na minha Tucson ventava freqüentemente, eu ainda não entendia
porque na versão do Outro Mundo não.
Meu pai tinha sido capaz de controlar todas as coisas relacionadas a uma
tempestade: água, ar, partículas elétricas, etc. Até agora, eu só tinha água, mas
de vez em quando eu podia sentir o ar da mesma maneira que eu podia tocar e
controlar a água.
Chegando agora, eu tinha o mesmo sentimento: eu podia sentir o ar. Ele
cantarolava para mim. Me chamava. Mas quando eu o chamei de volta, nada
aconteceu. Tentei de novo e de novo, tentando a mesma técnica que eu usava
com a água, estimulando a se agitar e me refrescar. Nada. Eu finalmente desisti
quando o castelo de Dorian ficou a vista. Era de pedra como o meu e de alguma
maneira conseguia ser ao mesmo tempo imponente e gracioso.
Onde uma vez eu tinha sido saudada com hostilidade e suspeita, agora eu era
bem vinda com respeito e um pouco de bajulação. E, yeah, com alguma
prudência também. Meus guardas foram levados, e os empregados de Dorian
caíram em mim, me oferecendo qualquer refresco que eu desejasse. Eu recusei.
Eu queria simplesmente acabar com essa coisa de negociação.
Um empregado me levou para um aposento luxuosamente decorado e
anunciou títulos e tudo mais. Dorian estava sentado lá, casual em uma camisa
de manga longa de cor creme, debruçado sobre um tabuleiro de xadrez.
Um homem velho com uma barba que ia até o chão estava sentado a sua
frente. Os olhos verdes-dourado de Dorian ergueram-se ao meu nome, e ele
abriu-se em um sorriso deslumbrante. Honestamente. O homem era muito
bonito as vezes, e ele sabia disso. Um momento depois, Dorian voltou um olhar
desaprovador para seu parceiro de xadrez.
"Pelos deuses, Kasper. Você não tem maneiras? A Rainha Thorn está aqui.
Mostre algum respeito antes que eu tenha que te açoitar."
Eu comecei protestar enquanto o velho homem levantava. A postura arqueada
que ele tinha na cadeira parecia ser permanente, e levou uma eternidade para
que ele se levantasse realmente. Ele conseguiu algo como um arco ­ de
verdade, era difícil dizer a diferença entre aquilo e sua postura normal ­ e me
deu um grave "Sua majestade."
E enquanto o velho homem voltava para o tabuleiro, Dorian inclinou-se e
moveu algumas peças ao redor.
Eu abri minha boca, mais em choque do que para fazer qualquer tipo de
protesto. Dorian ergueu um dedo em direção aos seus lábios em uma menção a
me fazer ficar quieta. Eu engoli meus comentários e sorri para Kasper.
"Obrigada. Por favor, sente-se novamente."
"E você, minha querida," Dorian disse. "Junte-se a nós."
O empregado que tinha me acompanhado até aqui, rapidamente puxou uma
cadeira almofadada de veludo para a mesa de xadrez. Eu o agradeci e sentei,
cruzando minhas pernas habitualmente, e apressadamente as descruzei. Dorian
viu a perna, claro. Ele sempre via tudo. Os olhos de Kasper, debaixo de suas
sobrancelhas grossas e cinzas, estavam fixos no tabuleiro. Ele fez uma jogada,
capturando uma das peças de Dorian. Dorian franziu sua testa rapidamente,
então colocou um sorriso enquanto se virava para mim.
"Você está radiante como sempre," ele disse. "Esse vestido é particularmente
amável. Kasper, olhe para ela. Você consegue ver como a tonalidade combina
com seus olhos?"
Kasper pareceu querer estudar o tabuleiro, mas olhou para mim obediente e
deu um rápido aceno com a cabeça. "Sim, sua majestade. Muito apropriado."
Rapidamente Dorian trocou algumas peças e então colocou um olhar profundo
de ponderação quando Kasper olhou de volta.
Com um suspiro, Dorian moveu seu bispo. "Não é meu melhor jogador, mas
terá que servir." Ele apreendeu uma das peças de Kasper.
O movimento pegou Kasper claramente de surpresa, não tão surpreendente
considerando que as peças não estavam onde eles a tinha visto da última vez
que olhou. Ele estudou o tabuleiro por quase um minuto e então moveu o
cavalo, acho que não vi lucro na captura.
"Eugenie, parece que você esteve encalhada no deserto." Dorian meditou. "Mas
então, eu acredito que é este o caso, não é? Uma vergonha, todas aquelas
cidades sofrendo e famintas, cidades como Songwood."
O velho homem olhou para cima com um olhar penetrante, olhos bem abertos
enquanto me encarava. "Songwood?"
"Songwood? Eu perguntei em igual confusão. Dorian dissimuladamente moveu
mais peças.
"Eu nasci em Songwood," Kasper disse. "As pessoas estão famintas lá?"
"Oh, espere," Dorian disse. "Songwood é na Terra Willow, né? Desculpe pelo
susto. Eu pensei que fizesse parte do reino de Aeson. Tenho certeza que
Songwood está perfeitamente bem." Ele estudou o tabuleiro e moveu
habilmente sua rainha. "Chequemate."
Kasper engasgou. "Isso não é..." seu olhar percorreu o tabuleiro, sem dúvida
procurando por qualquer possibilidade de conter o movimento de Dorian.
"Você não pode lutar contra a rainha," Dorian disse sem hesitar. "Uma vez que
ela decide pegar o rei, você pode se dar e aproveitar." Eu rolei meus olhos.
Kasper suspirou.
"Excelente jogo, sua majestade."
Dorian deu um afago reconfortante enquanto o velho homem se levantava.
"Não leve tão a sério. Você jogou muito bem. Descuidado aqui e ali, mas quem
sabe? Há sempre uma próxima vez."
Kasper me deu outro arco mirrado e então nos deixou sozinhos. Eu dei a Dorian
um olhar de censura.
"Você é um homem mau. Você deveria se envergonhar."
"Dificilmente," ele disse. "Aquele homem é o campeão dos sete reinos. Um
pouco de humildade vai lhe fazer bem. E falando em humildade, devemos falar
de negócios?"
Ele levantou-se e estendeu uma mão para mim. Eu não a peguei e
simplesmente o segui enquanto ele andava para o outro lado da sala. Ele
afundou-se em um sofá de cetim marfim enquanto eu escolhi um de veludo da
mesma cor do meu vestido. Senti-me a deriva em um oceano de roxo. Dorian
tinha uma pilha de pergaminhos numa mesa próxima.
"Aí está você. Apenas assine e nós podemos tirar isso do caminho."
Eu folhei os papéis, abismada. Eu não entendia a maior parte disso. Estavam
detalhados montantes e transferências de mercadorias de todos os tipos, lista
da taxas de juros e o estabelecimento de uma espécie de cronograma. Eu dei a
Dorian um olhar incrédulo.
"O que aconteceu com negociar?"
Ele colocou dois copos de vinho branco de uma jarra que estava numa mesa ao
seu lado.
"Oh, vamos lá. Você não quer realmente fazer isso. Eu não quero fazer isso.
Então por que perder tempo? Eu te asseguro que os termos são muito, muito
generosos. Provavelmente mais generosos do que você merece, considerando a
maneira com que você brinca com meus sentimentos. Seu povo estará
ganhando uma boa quantidade de mercadorias na fé de um cobre que ainda
não se materializou."
"Então por que você me fez vir até aqui?"
"Você tem que perguntar?"
"Não" eu resmunguei, assinando meu nome com uma pena. Uma pena
Honestamente. "Você é um homem mau."
"Eu tento. Vinho?" Ele fez um gesto para o copo que colocou para mim.
Eu sacudi minha cabeça. "Não quero que você saia correndo. Então, eu suponho
que eu sentar aqui faça parte do preço que tenho que pagar pela comida do
meu reino. O que você quer que eu faça agora?"
Seus olhos prenderam o meu por cima do seu copo de vinho. "Eu poderia fazer
uma lista de coisas mais longa do que aquele contrato."
Yeah. Eu mereci aquilo. "Okay, então. Do que você gostaria de falar?"
"Você," ele disse. "E o porquê de você nunca vir me ver."
"Você sabe por quê. Porque você me usou e me prendeu aquele reino."
"Com certeza você guarda rancor. É uma peculiaridade humana?"
"Peculiaridade da Eugenie."
Ele sorriu. "Claro. Você sabe, Rurik tentou te estuprar, mesmo assim você o
recebe de braços abertos."
"Não é exatamente assim que eu colocaria as coisas."
"Você sabe o que quero dizer. Como você pode perdoá-lo e não a mim?"
Eu olhei para baixo, para meu colo e brinquei com o tecido do meu vestido. Eu
não tinha uma boa resposta para isso. Rurik tinha sido realmente um completo
idiota quando nos conhecemos, ainda assim agora eu o tenho normalmente
entre minha criadagem. Por que eu tinha tanta animosidade por Dorian? Porque
as coisas não começaram hostis entre nós, eu acho. Certamente, não confiei
nele inicialmente, mas ele nunca me causou nenhum mal real.
Eu tinha começado a gostar dele ­ mesmo a importar-me com ele ­ o que me
machucou ainda mais. Foi Dorian quem me guiou a reivindicar a Terra Thorn
depois que matamos Aeson em uma batalha bem horrível. Eu apenas segui as
sugestões de Dorian, sem ter qualquer pista do que eu estava fazendo até que
fosse tarde demais. Uma vez que eu percebi no que estava presa, eu tenho
sentido que cada interação com o Dorian é um grande passo. Parece que o seu
jogo tinha sido o tempo todo para destituir Aeson e me dar aquela terra para
que Dorian possa eventualmente controlá-la. É por isso que estou ressentida
com ele.
Você tem certeza que é isso? Uma voz dentro de mim quis saber. Não, deve ter
mais. Até eu poderia admitir isso para mim mesma. A verdade é que eu
desenvolvi uma ligação física e emocional por Dorian, e eu não as quero. Eu não
quero estar ligada a alguém como ele, alguém com puro sangue gentry ­ e tem
a tendência irritante de me fazer perder o controle. Fechar-me com paredes de
animosidade entre nós era uma maneira de me proteger.
"No que você está pensando?" Dorian perguntou, me poupando de sua outra
pergunta.
"Eu estava me perguntando se eu assinei cegamente meu nome por favores
sexuais naquele contrato."
"Droga," ele disse. "Eu gostaria de ter considerado isso." Pelo tom de sua voz,
acho que ele quis realmente dizer isso. "Oh, bem. Talvez na próxima vez desde
que eu tenho certeza que esta será a primeira de muitas negociações entre
nossos reinos."
"Espero que não."
Por um momento ele quase pareceu magoado. "É tão doloroso vir aqui?"
Eu me senti mal. "Não, me desculpe. Eu não quis dizer isso. Eu quis dizer... Eu
espero que eu não precise de mais ajuda. Eu espero que as coisas funcionem
sozinhas na Terra Thorn."
Seu sorriso fácil voltou enquanto ele terminava seu vinho. Ele alcançou meu
copo intocado. "Bem, de acordo com os rumores, coisas estão se consertando,
graças à benevolente Rainha Thorn. Porque, eu ouvi outro dia que você esteve
cavando valas e alimentando órfãos. É maravilhoso que você tenha tempo para
isso, que com seu trabalho hipócrita de batalha com seus próprios assuntos no
mundo humano."
"Meus assuntos não cruzam para o mundo humano," eu disse arrogantemente.
Claro, a ironia era que talvez não fosse verdade, não se a evidencia em torno
das garotas não tinha nenhuma indicação. "E eu nunca fiz nenhuma destas
outras coisas. Eu só encontrei água."
Ele exclamou, tsk tsk, olhos brilhando de satisfação. "Sim, o que é cem vezes
mais do que a maioria dos monarcas fazem. Você esteve com seu povo, talvez
não trabalhando ao lado deles, mas perto o suficiente. Eles acreditam que você
é algum tipo de messias. Eu acredito que isso é um bom precedente para seu
filho, hmm?"
Eu fiz uma careta. "Nem vá por este lado. E de qualquer forma, eu não vou ser
um messias. Eu só estou tentando ajudar."
"Pelos deuses," ele disse, acabando com o copo em um gole. "O que é
assustador é que você está levando a sério. Você estava ajudando-os antes de
chegar aqui hoje?"
"Er, bem, um pouco. Nós paramos em uma vila e ajudamos a encontrar água."
"Eu sabia. Quando você usa sua mágica, fica uma espécie de espiral pós brilho
em você. Isso é muito... conveniente."
Alguma coisa na maneira que ele falava e olhava para mim fazia com que eu
quisesse cruzar meus braços e pernas protetoramente ­ até que eu me lembrei
que cruzar minhas pernas não me ajudaria. Maldito vestido.
"Atrevo-me a dizer que o seu controle de água está se tornando muito útil," ele
adicionou. "É uma pena que você não continue suas lições disso."
"Eu não preciso mais de ajuda. Eu tenho praticado sozinha ­ Tenho ficado mais
forte."
"Hmm, eu vejo. E o resto dos seus poderes herdados? Você tem praticado com,
digamos, ar?"
Por meio segundo, eu pensei que ele estava me espionando. Não, não era seu
estilo. Ele tinha adivinhado que eu poderia tentar a magia do ar por que... Bem,
ele me conhecia. E porque ele era Dorian e era astuto com estas coisas. "Na
realidade, eu tenho," eu disse arrogantemente. Aqui. Pegue esta.
Seus lábios contrairam. "Entendo. E você tem tido sucesso?"
Não fui rápida o suficiente com minha resposta. Ele riu e moveu-se para se
sentar ao meu lado. Eu tentei fugir, mas não tinha espaço suficiente.
"Eugenie, Eugenie. Quando você vai parar de lutar contra isso ­ de lutar contra
mim? Você vai apenas criar mais problema pelo caminho se você não aprender
a aproveitar plenamente suas habilidades."
"Certo," eu disse, tentando não notar o aroma de mação e canela que estavam
sempre ao seu redor. Por que eu não podia sacudir esta atração quando eu o
achava tão irritante metade do tempo? "É para meu benefício, certo? Não por
causa do seu desejo de governar o Outro Mundo e ver a profecia cumprida?"
"É claro que é por estas razões," ele zombou. Uma coisa que você tem que amar
no Dorian é sua honestidade inabalável. "Mas isso não significa que você não
possa se beneficiar também. Você não acha que seria útil controlar o ar? Você
não acha que iria te ajudar a socorrer aquelas pobres almas sofredoras que
estão sob seu controle?
"Droga, Não os envolva."
"Eles já estão envolvidos. Aprenda a controlar tempestades e eles nunca mais
vão ter uma seca."
Sua voz era baixa, cheia de promessa e tentação. Eu pensei sobre tudo que eu
tinha visto, os campos ficando estéreis e os rostos famintos. Eu chacoalhei a
cabeça. "Eu não vou deixar você me ensinar novamente."
"E se eu te der outro professor?"
"O que?" eu mudei para que olhássemos olho no olho. "O que você quer dizer?"
"Exatamente o que pareceu. Por mais difícil que seja acreditar, eu não sou o
único que sabe como usar mágica por aqui. Verdade que eu sou o mais
incrivelmente atraente e fascinantemente inteligente, mas se você é totalmente
contra minha ajuda, há outros de que você pode se beneficiar."
Eu me virei e olhei através da sala. Trabalhar junto com a mulher que encontra
água hoje foi certamente útil. Na verdade ela foi a primeira gentry que eu
encontrei que tinha algum tipo de mágica compatível com a minha para poder
me ensinar alguma coisa. A mágica de Dorian era completamente diferente da
minha, mas ele era habilidoso o suficiente para me transmitir os princípios
básicos. Mas e se eu tivesse outra pessoa para ser meu tutor? Alguém mais em
sincronia com meus poderes ­ que não tivesse sempre querendo me levar para
cama?
Não. Castigando-me instantaneamente ao me levantar. Mágica é perigosa. Faz
com que você deseje por mais, e quanto mais eu uso, mais eu abraço meu lado
gentry e perco minha humanidade. Kiyo tinha me avisado sobre isso várias
vezes, e eu nem queria pensar no que Roland iria dizer. Mas ainda...
"Na verdade você tem alguém em mente?" eu perguntei, virando-me para
Dorian.
Ele confirmou com a cabeça. "Ela não é um encaixe perfeito para suas
competências ­ honestamente ninguém é ­ mas ela é próxima e uma excelente
instrutora."
Ela. Isso era promissor. Ninguém que queira fazer um filho em mim.
Ele mediu minha hesitação. "Eugenie, por que resistir a isso? É obvio que você
quer aprender mais, não importa o quão orgulhosa você finge ser sobre sujar
suas mãos com as coisas dos brilhantes. Pare de alcovitar e aceite isso como um
presente."
"O que eu tenho que fazer em retorno por este presente?" Eu perguntei
prudentemente.
"Nada exceto aprender. Se você levar meu tutor com você de volta a Terra
Thorn, eu quero apenas que você prometa dar a ela uma chance"
"Só isso?"
"Sim. Você já sabe dos meus outros motivos para fazer isso, então não há
trapaças aqui. O resto é com você."
Verdade. Ele tem sido aberto sobre seus desígnios maiores e sua megalomania.
"Okay..." Kiyo vai pirar. "Eu vou dar a ela uma chance."
"Você promete?"
"Eu prometo."
De alguma maneira toda vez que eu concordava com Dorian, sempre sentia que
eu estava assinando por minha alma.
"Excelente," ele disse. "Nós ainda vamos fazer de você uma rainha toda
poderosa." Ele moveu sua mão e alisou uma parte do tecido do meu vestido
que estava enrugada perto da fenda. Na verdade seu movimento cobriu mais
minha perna com o vestido, acredito que envolveu mais seus dedos roçando
contra minha pele. Por um perigoso instante, eu desejei que ele movesse seus
dedos para baixo do vestido. Em vez disso, ele simplesmente deixou sua mão
sobre minha coxa.
"Dorian," eu disse em advertência.
"Hmm?"
Eu olhei severamente para baixo.
Ele seguiu meu olhar. "Oh, olhe para isso. Parece tão natural que eu nem notei,"
ele disse alegremente, tirando sua mão culpada. Eu quase me senti...
Desapontada. "Deixe-me trazer sua nova professora já que eu acho que você
não está atraída para ficar para jantar."
"Você acha certo. Realmente você é fascinantemente inteligente," eu disse
ironicamente.
Ele levantou-se e me deu um rápido sorriso. "E deslumbrantemente atraente?"
"Apenas vá buscá-la."
Ele deixou a sala, e eu o segui com o olhar enquanto ele estava a caminho, seu
modo de andar e a maneira que a luz do sol que atravessa a janela deixa seu
cabelo com toda tonalidade de vermelho, laranja e dourado. Dorian é encrenca.
Sim, eu acho que eu realmente fiz um trato com o diabo.
Particularmente quando eu vi quem era sua instrutora. "Ela?" eu exclamei. Eu
pulei da cadeira. Dorian tinha acabado de entrar na sala, e ao seu lado estava
Ysabel ­ a prostituta clone da Eugenie que estava na festa. Seus olhos azuis
abriram-se quando ela me viu. Aparentemente eu não fui a única pega de
surpresa.
"O que é isso?" ela quis saber. "Você disse que queria que eu instruísse
alguém."
"Eu quero," ele disse calmamente. "Você vai fazer suas malas e voltar com a
Rainha Thorn. Você vai ensiná-la como usar sua mágica para sua melhor
habilidade."
"Não," ela disse friamente. "Eu não vou."
Seu comportamento agradável se foi. "Sim, você vai. Isso não é um pedido.
Você é minha súdita, portanto segue minhas ordens. E eu estou mandando você
ir com ela. Ao menos que você esteja me desafiando?"
Eu não podia ajudar em nada. Eu via este lado rígido de Dorian algumas vezes, e
sempre me deixava nervosa. Era uma mudança brusca de sua maneira lacônia
de ser, que sempre fazia gracejos e tentava me fazer sentir melhor... E eu
achava essa mudança um pouco assustadora.
"Dorian," eu disse desconfortavelmente. "Não a obrigue fazer uma coisa que ela
não quer."
Ela me encarou. "Não preciso de sua ajuda aqui."
"O que ela quer é irrelevante," Dorian disse. Eu fiquei um pouco surpresa em
como ele era capaz de casualmente ordená-la e objetivá-la. Eu suponho que,
com quem quer que ele esteja dormindo em qualquer momento, seria alguém
por quem ele teria sentimentos. Quem sabe? Talvez ele se importe muito com
ela, mas ainda é capaz de tratá-la como uma súdita. Ou talvez ele se importe
mais comigo.
"Yeah, bem, eu não a quero," eu respondi.
"Também é irrelevante," ele replicou seus olhos fixos em Ysabel. "Você
prometeu dar a sua professora uma chance justa ­ ao menos que você vá ser
humana e voltar na sua palavra?"
"Isso não é exatamente o que eu esperava!"
"Isso não importa. Você vai manter sua promessa ou não. E você," ele disse para
Ysabel, "vai ser obediente ou não."
Os olhos de Ysabel flamejavam de raiva, e sua respiração era pesada. Eu tinha a
impressão que ela queria irromper em milhões de palavras, mas ela fechou seus
lábios fazendo com que elas fisicamente não saíssem. A final, ela engoliu e
respirou profundamente. Quando ela falou, suas palavras foram para Dorian,
mas seu olhar estava em mim. Eu nunca tinha visto tanta malevolência como
aquela ­ não, espere. Não é inteiramente verdade. Seu olhar era muito parecido
como o que Volusian freqüentemente me dá. "Claro, eu vou obedecer, sua
majestade. Com grande prazer."

ONZE

Junto com Ysabel, Dorian me mandou de volta com alguns suprimentos de
comida em crédito. Eu quase tinha pensado que ele estava tentando suavizar o
golpe de ter me deixado presa a ela, exceto que Dorian era do tipo que
realmente apreciava a idéia de nós termos uma viagem desconfortável. Ele iria
se divertir sabendo o quão irritada eu estava e provavelmente lamentando que
ele não estaria aqui para testemunhar nossa interação. Não obstante, eu
suavizei o desconforto da cavalgada sendo a cabeça do grupo, deixando Ysabel
durante todo o caminho para trás dos meus guardas e dos empregados de
Dorian.
Shaya estava compreensivelmente surpresa quando chegamos. Eu a deixei
distribuir a comida e lidar com Ysabel. "Coloque-a em algum lugar. Qualquer
lugar," eu disse "Não me importa onde."
"Mas por que... Por que ela está aqui? Essa é a amante do Dorian."
"Oh, sim," eu disse, olhando como a carrancuda Ysabel parou ao lado do resto
da comitiva que se espalhava pelo meu castelo. Eu fiquei meio ofendida pelo
olhar de escárnio que ela deu para minha residência, sem contar o fato que eu
sabia a confusão que era se comparado com o dos outros monarcas. "Acredite
em mim, eu sei que ela é."
Shaya parecia amolecida e distraída o suficiente com os presentes de Dorian
que eu era capaz de escapar sem argumentar muito. Eu cruzei de volta para o
meu mundo, nem me incomodando em trocar de roupas antes de sair. Quando
finalmente voltei para minha casa, eu tive a adorável surpresa de encontrar Kiyo
deitado no sofá. Três gatos dormiam no encosto do sofá enquanto um
descansava no braço. O quinto estava deitado esparramado acima da barriga de
Kiyo.
"Este," ele disse, "é um ótimo vestido. Cheira a cavalo, acredito."
Baixei meu olhar para meu vestido de seda roxo, que estava mantendo-se
notavelmente bem considerando toda a poeira e suor a que ele tinha sido
exposto hoje. "Era parte de um encontro diplomático."
"Dorian, huh?"
"Qual foi sua primeira pista?"
"A fenda."
Eu atravessei a sala de estar, em direção ao corredor que levava ao outro lado
da casa. "Estou indo para o banho. Você gostaria de ir ao Texas comigo depois?"
Kiyo esticou-se, espantando alguns gatos. "É algum novo restaurante? Ou você
quis dizer o estado?"
"Estado. Tenho que ir conversar com aqueles dois shamans que o Roland me
falou." Eu olhei para o relógio. "Nós provavelmente teremos que passar a noite
lá."
Ele considerou. "Se pudermos estar de volta ao meio dia amanhã, eu irei."
Eu assegurei a ele que nós poderíamos e então deixei a sujeira do dia no banho.
Miraculosamente ­ e um pouco desapontador ­ Kiyo não veio me assediar
enquanto eu me limpava. Ele tinha a tendência a aparecer enquanto eu me
banhava para oferecer `ajuda' para me limpar.
Consciente do nosso tempo, ele me deixou, e meia hora depois, nós estávamos
prontos para cair na estrada.
Yellow River era na fronteira do Texas, fazendo com que a viagem fosse de 4
horas se nós dirigíssemos um pouco além do limite de velocidade. Kiyo gostava
de dirigir ­ acho que algum instinto macho ­ então eu o deixei. Nós mantivemos
tópicos casuais, o que me permitiu vagar para os assuntos do Outro Mundo que
estavam em minhas mãos.
Todo o estresse de correr e cuidar de um reino ainda pesava sobre mim, mas eu
podia me confortar fazendo tudo o que podia enquanto Shaya cuidava do resto.
Este era seu trabalho. Nós duas sabíamos disso, e ela realizava suas tarefas
excelentemente. Eu precisava parar de me estressar por isso. As garotas
desaparecidas... Bem, estas eram meu problema. A final, eu as tinha feito meu
problema. Eu esperava que o encontro com estes shamans pudesse acender
uma luz nesta situação, então até que eu os veja, não havia porque ficar me
preocupando com isso também.
Ysabel... Sim, bem, isso era uma coisa para me preocupar. Eu deixei uma víbora
no meu lar e peguei isso como desculpa para minha relutância em passar a
noite no meu castelo o que provavelmente me salvou de ser sufocada durante
meu sono. Se fosse do meu jeito, eu a teria empacotado e mandado de volta
direto para Terra Oak. Minha promessa estúpida me prendeu. Talvez ela tenha
algo útil para me ensinar, mas eu não tinha nenhuma evidência que ela tentaria
ser prestativa. Ela provavelmente apenas daria um olhar penetrante o tempo
todo, paranóica sem dúvida achando que eu queria morar em Dorian...
Dorian.
Eu suspirei. Ele era problema, um que eu pensava que tinha ido embora, mas
não tinha. Eu precisava dele, e nós dois sabíamos disso. Contanto que eu fiz, ele
iria usar isso como influência para continuar a me ver e a me sacanear. Na maior
parte do tempo isso me irritava. Eu odeio fazer parte destes jogos. Ainda assim,
ao mesmo tempo, sempre tinha algo irresistível sobre Dorian, algo que me fazia
rir, apesar da irritação muitas vezes causada.
E, yeah... Eu odiava ter que admitir, mas não importa o quanto eu amo o Kiyo, e
não importa o quanto eu lavo minhas mãos de um romance entre mim e Dorian,
ainda havia uma parte de mim que provavelmente estaria sempre atraída por
ele. Nossa noite juntos ainda assombrava meus sonhos. Suas mãos em mim,
hoje mais cedo, acordaram muitos sentimentos, e eu não podia ajudar, mas
imaginar novamente o quanto seria fácil para ele deslizar sua mão para cima na
minha perna...
"Eugenie?"
"Hu?" a voz de Kiyo tirou-me de meus pensamentos indecentes.
"No que você está pensando? Você está com uma cara estranha."
"Oh, bem, eu..." eu estava totalmente surpresa quando as palavras seguintes
escapuliram da minha boca. "Como é que nunca tivemos preliminares antes?"
Kiyo estava segurando o volante quando momentaneamente falhou, e eu achei
que nós iríamos sair da estrada. Rapidamente ele recuperou o controle. "Do que
você está falando? Claro que tivemos preliminares. Lembra-se do que eu fiz com
o mel semana passada?"
"Sim, eu acho. Mas isso é mais uma exceção do que regra. Nós sempre meio
que vamos direto ao assunto."
"Você nunca pareceu se importar."
Ele tinha um ponto. "Não... Quero dizer, sempre é bom. Apenas seria legal se...
Eu não sei. Que você expandisse seus horizontes."
"Eu estou bem com isso," ele disse depois de pensar por algum momento.
"Estou pronto pra qualquer coisa. É apenas meus... bem, instintos, eu acho, que
tendem a me direcionar para a atração principal."
Eu sabia o que ele queria dizer. O problema em passar parte da sua vida como
um animal era que você pegava alguns de seus traços. As raposas na vida
selvagem não dedicam muito tempo às preliminares.
"Eu não me importo realmente. Só estou querendo dizer que eu gostaria de dar
uma chacoalhada nisso."
Ele ficou em silêncio por um tempo. Finalmente ele perguntou, "Isso tem
alguma coisa a ver com o Dorian?"
"Por que você diz isso?" eu perguntei brandamente.
"Eu não sei. Mais instinto." Seus olhos negros se estreitaram enquanto focavam
a estrada. "Sabe, não sou idiota. Eu sei que você dormiu com ele."
Eu sacudi minha cabeça em surpresa, incapaz de tentar qualquer tipo de
negação. Tecnicamente eu nunca tinha mentido para o Kiyo, sobre o que tinha
acontecido com Dorian, mas vendo como nós tínhamos brigado na época, eu
nunca senti necessidade de entrar em detalhes.
"Como você sabe..." Eu não consegui terminar a pergunta.
Kiyo me deu um sorriso triste. "Dorian costumava te olhar como um homem
faminto por carne. Agora ele a olha como se quisesse a segunda vez."
Eu não disse nada. Nenhuma resposta me vinha à mente.
"Tudo bem," Kiyo continuou quase amavelmente. "Sei que aconteceu quando
estávamos separados. O que passou, passou ­ contanto que não perturbe nosso
presente."
Isso foi bastante generoso da parte dele e eu me senti ao mesmo tempo grata e
culpada. "Isso é passado." Eu concordei. "Não tem mais nada a ver."
O primeiro shaman que Roland nos mandou era um cara chamado Art. Como
Roland e eu, Art mora em seu próprio pedaço de subúrbio, numa grande casa
que dificilmente aparenta pertencer a alguém que bani espíritos e gentry. As
laterais eram pintadas de um amarelo sol e o jardim ­ que tinha sinais de
cuidados diários ­ era rodeado por uma cerca branca. Eu podia ouvir crianças
brincando no final da rua.
Na verdade, Art estava em seu jardim capinando as camas de flores enquanto a
luz da tarde tornava-se laranja. Eu chutei sua idade por volta dos trinta anos.
Uma tatuagem de cobra vermelha enrolava-se em um de seus braços enquanto
tinha um corvo estilizado no outro. Sem dúvidas havia outras debaixo de sua
camisa. Ele olhou para cima e sorriu quando paramos ao seu lado na calçada de
sua casa.
"Você deve ser Eugenie," ele disse ao levantar-se. Ele sacudiu a poeira de suas
luvas e olhou desculpando-se "Eu apertaria sua mão, mas..."
Eu sorri de volta. "Sem problemas. Este é Kiyo."
Os dois homens trocaram acenos de saudação, e Art nos conduziu para a lateral
da casa. "Roland disse que você gostaria de conversar, certo? O que acha de
sentarmos lá trás? Deixe-me limpar e vou trazer algo para nós bebermos."
Kiyo e eu seguimos suas direções e nos encontramos sentando em uma linda
mesa de jardim com guarda sol, em um jardim no quintal mais luxuoso que o da
frente. Acredito que o clima de Yellow River era um pouco mais úmido, mas não
estava muito longe do de Tucson, então eu podia imaginar o quanto de água e
trabalho davam manter esta vegetação. Um pensamento engraçado me veio à
mente, e eu não pude deixar de rir.
"O que?" Kiyo perguntou. Ele estava vendo um beija flor dançar em volta de
uma flor vermelha de um arbusto que ladeava a casa.
"Eu estava pensando que precisava que Art viesse fazer o paisagismo da Terra
Thorn."
"Eu acho que isso pode acabar com seu disfarce."
"Provavelmente. Eu nem sei se ele atravessa muitas vezes."
"Se ele atravessa, será apenas questão de tempo para antes que ele descubra e
conte para Roland. Na verdade, é apenas questão de tempo que qualquer um
faça isso."
Eu fiz uma careta. Roland conhecia muitos shamans por todo país. "Yeah, eu
sei."
Art saiu para o pátio de trás, as luvas tinham-se ido e aparecido uma nova
camisa. Ele trouxe uma pequena caixa térmica, cuidadosamente fechando a
porta de vidro e a tela ao passar. As cortinas penduradas do outro lado do pátio
eram aquarelas de azul e roxo atados com fios de prata que eu invejava depois
que as minhas tinham sido arrancadas por uma tempestade que eu
inadvertidamente causei. Entre essa decoração excelente e o jardim eu estava
me sentindo uma dona de casa imperfeita.
Ele abriu a caixa térmica. "Eu não sabia o que vocês queriam, então trouxe
algumas opções."
A caixa térmica revelou um sortimento de refrigerante e cerveja. Kiyo optou
pelo segundo e eu fiquei com o primeiro. A tarde quente de verão tinha esfriado
a uma temperatura agradável, e as sombras feitas pelas árvores também
ajudavam. Acho que a lembrança da jornada quente até Dorian ainda estava
comigo e eu bebi minha coca-cola agradecidamente.
"Este é um ótimo jardim," eu disse. "Eu gostaria de ter paciência. O meu é mais
como um jardim de pedras."
Art sorriu, enrugando as linhas em volta de seus olhos. Eles eram azul celeste
que se destacavam contra sua pele bronzeada pelo sol. "Mas isso é moda por lá,
não é?"
"Yeah, mais ou menos. Mas há uma linha tênue entre um arranjo elegante de
areia e pedras, e, bem... apenas uma pilha de areia e pedras."
Ele riu novamente. "Eu tenho certeza que você tem coisas melhores a fazer.
Roland disse-me que você tem estado ocupada desde que ele se aposentou."
"Aposentado é um termo duvidoso. É duro para ele ficar parado, sabendo que
estou por aí fazendo o trabalho sozinha."
"Eu ouvi que você tem algumas perguntas de negócios para me fazer?"
Direto ao ponto. Gostei disso. "Você tem uma grande encruzilhada aqui."
"Eu tenho," ele concordou. "Me mantém ocupado."
"Você tem muitos gentry cruzando para cá?"
Ele tomou um longo gole de sua cerveja e considerou. "Bem, sempre há gentry
cruzando."
"Tem tido um montante diferente ultimamente? Garotas em particular?"
Seus olhos abriram-se em surpresa. "Não que eu tenha notado. Por que você
pergunta?"
"Seguindo um trabalho," eu disse vagamente.
"As mulheres cruzam o tempo todo, claro," ele meditou. "Mas os homens são
maioria. Ver uma onda delas seria notável. Ultimamente tenho gasto a maior
parte do tempo com exorcismos."
Eu concordei com a cabeça. Até os gentry e as criaturas do Outro Mundo decidir
querer ser pai do meu filho, espíritos formavam o grosso dos meus negócios
também. Este é um trabalho normal para um shaman.
"Desculpe se não posso ser de mais ajuda," Art acrescentou gentilmente. Eu
devo ter parecida desapontada. "Acredito que você deveria checar com
Abigail."
"Ela é a outra aqui, certo?"
"Yup. Às vezes trabalhamos juntos. Talvez ela tenha percebido algo que eu não
notei."
Eu agradeci Art pela informação, e nós passamos as horas seguintes falando
sobre várias coisas. Art perguntou sobre a vida de Kiyo. Roland podia sentir a
natureza do Outro Mundo de Kiyo, mas o estilo politicamente brando de Art me
fez suspeitar que ele não tivesse este talento. Art também quis saber sobre
meus trabalhos, sem dúvida, curioso quanto meu interesse nas garotas gentry.
Eu mantive minhas respostas vagas, sem chegar perto do fato de eu estar
protegendo meus vassalos.
Depois de fazer nossas despedidas, nós fomos para o segundo endereço que
Roland me passou. Abigail morava em um apartamento no centro de Yellow
River, muito diferente da localização do lar de Art. O centro da cidade era mais
próspero do que eu esperava.
Yellow River era uma cidade pequena e no fim do dia, mais ainda havia uma
variedade de lojas interessantes e restaurantes. O apartamento de Abigail era
em cima de uma loja de antiguidades, e nós escalamos dois lances de escadas
frágeis para chegar a ela. A misteriosa natureza empoeirada de tudo era muito
mais parecida com o a imagem estereotipada do shaman.
De fato quando ela atendeu a porta, suspeito que ela tinha a aparência que
muitas pessoas acham que um shaman deve ter. Era uma mulher mais velha,
cabelos longos e grisalhos domados em uma longa traça que lhe caía as costas.
Sua blusa solta de camponesa era padronizada com flores lilás e amarelo e
contas de cristal estavam penduradas em seu pescoço. Ela deu um sorriso beato
quando nos viu.
"Eugenie! Tão bom te conhecer finalmente."
Ela nos conduziu para dentro e eu apresentei Kiyo. O apartamento era
lindamente construído e mais agradável do que seu exterior sugeria ­ mas cheio
de velas e estátuas de várias formas. Fez-me sentir melhor depois da casa
imaculada de Art. O apartamento também estava cheio de gatos.
Eu contei pelo menos sete e todos olharam para Kiyo quando ele entrou.
Quatro deles vieram se esfregar contra suas pernas.
"Certamente você tem jeito com animais," Abigail notou.
"Eu sou veterinário," ele explicou, dando a ela um sorriso vencedor que tendia a
fazer as mulheres caírem de joelhos.
Assim como Art, Abigail nos fez sentar e nos forçou a beber, desta vez em forma
de chá de ervas. Nós começamos com uma pequena conversa habitual. Abigail
era uma grande fã de Roland e não podia dizer coisas boas o suficiente sobre o
trabalho que ele fez. Eu não podia conter um sentimento de orgulho de
enteada. Quando finalmente chegamos ao tópico das garotas gentry, Abigail
não tinha muito mais a oferecer que Art.
"A maioria do meu trabalho é na verdade mais na linha de cura e recuperação
de espíritos." Ela explicou. Recuperação de espírito era por si só um tipo de
cura, a maioria feita quando alguma entidade aflige um ser humano em uma
espécie de possessão. Eu já tinha feio algumas vezes, mas não era uma
especialista.
"Eu não sou muito de expulsar. Essa é a especialidade do Art, mas o cruzamento
é tão grande que às vezes tem mais do que ele pode lidar. Então, eu o ajudo de
vez em quando."
"Mas você notou uma onda de garotas gentry?"
Abigail chacoalhou sua cabeça, fazendo os cristais baterem em um click juntos.
"Não, mas como eu disse, eu não estou lá fora no campo o suficiente para dizer
com certeza. E geralmente os gentry são tão difíceis de expulsar... Art toma
conta destes sozinho e me chama para as entidades que é mais difícil para ele
banir." Ela me deu um sorriso triste. "Nenhum de nós é tão forte quanto você e
Roland."
Eu brinquei com meu saquinho de chá, me perguntando como analisar esta
nova informação. Minha teoria sobre as garotas gentry se esgueirando para cá
era um fracasso total? Eu geralmente acabo expulsando os gentry porque eles
causaram algum problema que os colocaram no meu radar. Garotas gentry se
esgueirando entre humanos não é necessariamente um atrativo de muita
atenção.
Nós agradecemos Abigail quando terminamos nosso chá e fomos para nosso
hotel. Eu reservei um hotel que era no limite da cidade. Enquanto nós
andávamos para onde estacionamos meu carro na rua, Kiyo disse que queria ir
até um posto de gasolina na esquina para abastecer encher os pneus. Eu disse a
ele que caminharia até lá e o encontraria. Eu queria ver algumas lojas antes que
anoitecesse.
Fuçar em algumas lojas me deu a chance de esquecer um pouco sobre as
garotas gentry e do desapontamento de hoje. A maioria das lojas era o que se
esperava para uma cidade pequena. Antiguidades. Roupas Vintage. Artesanato.
Uma delas, porém, era uma sexshop, e eu não me contive ao erguer uma
sobrancelha para isso. Era uma surpresa nesta cidade. Igualmente
surpreendente foi eu ter entrado e comprado alguma coisa.
Pouco depois eu encontrei Kiyo no posto de gasolina. "Sem muitas
informações,"
"Yeah. Eu quero verificar as encruzilhadas pela manhã antes de partirmos." Esta
era a principal razão de eu ter escolhido vir pessoalmente a Yellow River, em vez
de simplesmente ligar e fazer as perguntas. "Se isso não der em nada, nós
deveríamos desistir desta teoria."
Kiyo sacudiu a cabeça, um pequeno sorriso curvou seus lábios adoráveis. "Não
sei o que pensar de você às vezes. Você é tão aborrecida com esta coisa de
rainha, e ainda assim, aqui está você se encrencando por estas garotas." Nós
chegamos ao hotel e encontramos uma vaga no estacionamento. Ele desligou o
carro.
"E deixe-me adivinhar. Você quer que eu fique longe de tudo isso?"
"Somente na medida para te manter segura. Mas na real? Você está sendo
ótima."
O olhar que ele me deu mostrou-me o quanto ótimo ele achava que eu estava
sendo ­ e o quanto ótima ele achava que eu era. Havia admiração em seus
olhos, sublinhado com algo quente, maravilhoso e perigoso. Talvez eu tenha
feito piadas sobre seus instintos animal, mas quando estava canalizado para
sexo e paixão... bem, não havia nada para rir. Todo meu corpo esquentou sob
seu olhar, cada nervo ganhou vida.
"Vamos para dentro," eu disse baixinho.
"Yeah," ele concordou. "Não há outro lugar onde quero estar."
Suas mãos estavam em mim logo que nós atravessamos à porta do quarto, me
lembrando a primeira noite que passamos juntos. Ele me empurrou para a
cama, arrancando minhas roupas e da maneira como ele fez, eu queria me
esparramar ali mesmo e deixar ele me tomar ­ mas ainda tive um pouco de
cabeça para esquivar-me.
"Você quis dizer o que disse mais cedo?" eu perguntei com a respiração pesada.
Seus olhos escuros eram famintos e impacientes. "Se isso tirar o resto de sua
roupa agora, então sim, eu mantenho o que quer que eu tenha dito antes."
"Sobre expandir seus horizontes?"
Isso o fez dar uma pausa. "O que você tem em mente?"
Eu escapuli dele ­ pouca coisa ­ peguei minha bolsa e a compra que eu tinha
escondido nela: a sacola da loja sexshop. Eu tirei um par de algemas.
"Você está falando sério?" Kiyo perguntou sem soar em oposição a isso e mais
com curiosidade.
"A cabeceira tem um lugar ótimo para prender seus punhos." Eu podia sonhar
com Dorian me restringindo, mas agora, era o pensamento de eu ser a captora
de Kiyo que me provocava.
"Eu?" Era surpresa para ele também. Ele hesitou apenas por um momento.
Havia desejo e luxúria irradiando dele, talvez ele preferisse apenas pular dentro
e me ter do mesmo modo de sempre, o ponto era que ele me queria. Ponto
final. De uma maneira ou de outra. "Okay."
Ele tirou o resto de suas roupas e deitou de costas contra a colcha da cama,
mãos esticadas para cima. Eu parei para admirar seu corpo, cheio de força e
poder. Depois de tirar minhas próprias roupas, eu inclinei-me sobre ele e prendi
um pulso na cabeceira. Eu o ouvi segurar a respiração quando meus seios
estavam apenas alguns centímetros de sua face. Imediatamente sua outra mão
foi para meu quadril e desceu ao longo do meu corpo. Eu a afastei para longe.
"Não é permitido," eu avisei. "Você não manda aqui."
Ele me deu um sorriso atrevido. Ser atado não era de sua natureza, mas ele
sentia-se mais ousado com apenas uma mão atada. Ele ainda era capaz de se
sentir no controle.
"Eu ainda tenho a outra mão e os dois pés." Ele salientou.
Eu sorri docemente e voltei para a sacola. Terei de lá mais três pares de
algemas.
Seu sorriso transformou-se em espanto.
"Não se preocupe. Eu dou um jeito nisso."
Eu me certifiquei que suas mãos e pés estavam trancados no lugar, deixando-o
à mercê da minha vontade e me assegurando que ele não faria nada que eu não
quisesse. E enquanto eu baixei minha cintura próxima ao seu rosto, espalhando
minhas coxas de modo que o calor de sua boca e língua não tinha escolha a não
ser lamber e chupar por quanto tempo eu quisesse, eu senti uma orgulhosa
satisfação em saber que certamente eu seria a primeira a gozar esta noite.

DOZE

Kiyo deu o fora assim que chegamos a Tucson, dizendo que tinha que ir
trabalhar. Ele também disse que eu não deveria esperar ele até tarde esta noite,
pois tinha prometido a Maiwenn que iria visitá-la. Normalmente, isso teria
deixado meu humor cair ­ e não vou mentir, eu não estava mais excitada que
antes ­ mas depois da noite passada, eu me sentia superior e confiante na
minha posição com ele no momento. De alguma maneira, eu duvido que ele
olhe para Maiween com a mesma admiração que ele olhava para mim depois de
eu o ter levado a exaustão ontem à noite. Se as encruzilhadas em Yellow River ­
que nós tínhamos visto antes de sair da cidade ­ tivessem rendido algumas
respostas esta manhã, eu poderia considerar esta viagem como um sucesso
retumbante.
"Legal da sua parte passar algum tempo por aqui," Tim me disse quando eu saí
do banho. Como sempre, parecia que ele estava cozinhando algo.
"O que é isso?" eu perguntei, vendo-o abrir uma massa.
"Rolinhos de canela," ele respondeu. "É a segunda fornada que tenho que fazer,
graças a alguém que invadiu a cozinha enquanto eles esfriavam" Ele olhou em
direção a um dos cachorros ­ Yang eu acho ­ deixado sob a mesa. Yang parecia
extremamente contente consigo mesmo.
"Desculpe," eu disse, mesmo achando que a culpa não era minha.
Tim terminou de enrolar a massa e polvilhou a superfície com uma mistura de
canela e açúcar mascavo. "E não pense que você vai mudar de assunto sobre
nunca estar por aqui."
Eu achei uma coca na geladeira e sentei, um pouco irritada com a bronca. "Bem,
desculpe se você sente falta da minha companhia, mas eu não vejo como isso
realmente importa. Nosso acordo é você viver aqui sem pagar aluguel em troca
de cozinhar e limpar. Se eu não estou aqui significa que você tem menos
trabalho. Além disso, eu tive coisas a fazer."
Ele fez uma carranca. "Yeah, eu suponho. Mas fazer suas `coisas' envolve seu
trabalho ­ aquele que paga a hipoteca? Sua secretária ligou noite passada e
disse que você perdeu um compromisso. E você sabe, lidar com ela não faz
parte do meu acordo de aluguel."
Apesar de nunca terem se conhecido, Tim e minha recepcionista, Lara, tinham
uma relação antagonista pelo telefone. Eu não tinha tempo para o drama deles
hoje. A outra novidade era muito alarmante. "Eu fiz o que?"
Eu peguei meu telefone, o que também era minha agenda. Além de duas
chamadas perdidas de Lara, eu vi que tinha perdido um compromisso de
banimento noite passada. Eu tinha ficado tão obsessiva com a questão de
Yellow River que eu tinha me esquecido totalmente.
"Merda," eu murmurei enquanto discava o número da Lara. Por mais submersa
que estivesse no caso das garotas desaparecidas ­ Tim tinha um ponto ­ meu
trabalho humano paga as contas. Não o gentry.
"O que aconteceu?" Lara quis saber assim que atendeu ao telefone. Sem olá.
"Eu fiquei distraída com outra coisa," eu disse. "Eu sinto muito. Você acha que
podemos remarcar? Dar a eles um desconto ou algo assim?"
"Provavelmente," ela admitiu. "Quero dizer, não que eles tenham muitas outras
opções para mandar o fantasma embora. Enquanto isso, eu tenho outros
clientes."
Eu hesitei. Normalmente não penso duas vezes antes de aceitar tantos
trabalhos quanto eu conseguir. Era bom para minha conta bancária e um bom
negócio para o mundo. Com tanta coisa do Outro Mundo me preocupando,
entretanto, eu não podia perder tempo agora ­ ou possivelmente iria perder
outro compromisso.
"Remarque o que eu perdi e agende apenas um dos outros clientes. Diga ao
restante que os colocaremos na lista de espera."
Lara ficou em silêncio por alguns segundos. "Você está falando sério?"
"Temo que sim."
Ela suspirou. "Okay. Eu acho que você ainda pode pagar meu salário, certo?"
"Sim," eu ri. "Eu ainda não fui à falência."
"Okay então." Ela soou moderadamente pacificada. "Mas para constar, seu
colega de quarto precisa aprender algumas maneiras. Ele foi um completo idiota
quando eu liguei ontem à noite."
Antes de desligarmos, Lara certificou-se de me lembrar sobre os dois trabalhos
que eu tinha mais tarde. Ela não saiu do telefone enquanto eu não repeti os
lugares e horários para ela. Eu estava tão impaciente para cuidar deles quanto
ela, um tipo de retribuição mental pelo que eu perdi noite passada. Eu nunca
tinha esquecido um trabalho antes. Minha carreira podia ser incomum, mas
mesmo assim eu me considerava uma profissional e não queria começar a ter
péssimos hábitos como resultado de todo esse negócio de Rainha Thorn.
E ainda assim... Logo que eu terminar esses trabalhos, tenho que me mandar de
volta para o Outro Mundo. Eu planejo apenas fazer uma rápida visita. Eu apenas
preciso chegar o progresso da Shaya e descobrir se a garota que fugiu foi
localizada. Interrogá-la tornaria toda esta busca e resgate mais fácil e me
deixaria com minha vida humana.
De qualquer maneira, as notícias não eram boas.
"Nenhum sinal," Rurik disse, uma vez que eu o cacei pelo castelo. Eu o tinha
encontrado em uma posição comprometedora com uma das cozinheiras. "Nós
temos pessoas procurando na área, mas não tiveram nenhuma sorte. De
qualquer maneira nós encontramos o novo local que os bandidos estão. Quer
que vá atrás deles?"
Eu hesitei. Eu queria mandá-los de volta, tanto para tirar um pouco de pressão
das aldeias como para ver se eles sabiam alguma coisa sobre as garotas que os
meus prisioneiros não sabiam. No fim eu chacoalhei minha cabeça. Se eles ainda
tivessem com o convocador daqueles demônios de fogo, eu não queria ir atrás
deles até que nós tivéssemos um show de força esmagadora.
"Não. Não ainda. Apenas mantenha procurando pela fugitiva." Eu dei a ele um
olhar de soslaio para a cozinha, onde a mulher cuja saia ele acabara de ter em
mãos tinha desaparecido. "Você sabe, se isso não for muito inconveniente."
Pelo menos as notícias de Shaya eram boas. Os suprimentos que o Dorian tinha
mandado para casa comigo tinham sido transferidos para fora, e
aparentemente Leith tinha entrado em contato com ela para dizer que depois
de ter visto o livro de irrigação, ele tinha algumas idéias para nós.
Naturalmente, ele queria encontrar-me novamente. Eu suspeito que haja outros
motivos Escondido, mas era algo que eu aturaria feliz para manter a comida
vindo. Afinal eu sentia que as intenções de Leith eram mais fáceis de entender
do que as do Dorian ­ e era por isso que eu era muito mais propensa a ceder no
meio do caminho. Eu mandei uma mensagem de volta para o jovem príncipe,
dizendo que eu amaria encontrá-lo. Num impulso, eu também perguntei se ele
tinha alguém que talvez fosse capaz de convocar demônios de água.
"Bem? Nós acabar logo com isso ou não?"
Virei-me, surpresa ao ver Ysabel parada no corredor, com as mãos na cintura.
Eu estava saindo para o jardim para fazer um pouco de meditação com a terra
antes de voltar para casa. O calor estava sufocante como sempre e a maioria
das mulheres por aqui estavam com roupas leves, vestidos de gaze, muitos
eram curtos ou sem mangas ­ não muito diferente do vestido que eu tinha
usado na festa de Maiwenn. Ysabel não tinha feito nenhuma concessão e ainda
estava com um vestido de veludo verde, completo, com mangas compridas em
forma de sino. A cor parecia deslumbrante com seu cabelo, mas eu sabia que
ela estava extremamente infeliz.
"Acabar logo com o que?"
Ela ergueu as mãos em exasperação. "Este... tutorial. Ou o que quer que seja
que meu senhor me mandou aqui para fazer."
Oh, certo. Eu não tinha exatamente esquecido de Ysabel. Eu apenas meio que
tentei fingir que ela não existia, em uma frágil (e fútil) esperança de que ela
poderia simplesmente desaparecer. Nenhuma sorte com isso. "Desculpe," eu
disse, retornando seu olhar duro. "Na verdade não tenho tempo."
"Você prometeu a Dorian," Ysabel avisou. "E até que você faça isso, eu não
posso deixar este lugar peloamordosdeuses. Eu quero ir para casa."
Eu encolhi e me virei. "Nem sempre temos o que queremos. Mais ou menos
igual aquela música. Deus sabe que não tenho."
Eu mal tinha dado um passo quando uma enorme rajada de vento se atirou
contra minhas costas, chicoteando meus cabelos para frente e farfalhando as
tapeçarias na parede. Imediatamente eu cheguei a um impasse e olhei de volta
para ela. Sua expressão era presunçosa e hostil.
"Qual o problema? Medo que você não possa lidar comigo?"
Encantador. A velha tática da sedução. Ela esperava conseguir o que queria
mexendo com meu orgulho. Era como o truque falho no livro... Exceto, bem,
estava meio que funcionando. Okay, era mais do que apenas meu orgulho aqui.
Eu estava sucumbindo à tentação. Com quase nenhum esforço, Ysabel esteve
perto de me derrubar. Era mais do que eu podia fazer ­ muito mais ­ e seu
poder não era de próximo do meu. Se eu tivesse aquele tipo de domínio, eu
podia criar furacões e derrubar construções. Estar na posse completa de minha
mágica poderia me fazer uma deusa.
Isso não deveria importar. Eu não deveria querer isso... Mas alguma parte
secreta de mim queria. Bem, não a parte boa. Mas certamente o resto. Poderes
como aqueles poderiam ajudar meu povo, eu tentei me convencer.
"Okay, vamos acabar com isso então." Eu agi como se minha única preocupação
fosse me livrar dela ­ não que não fosse um enorme fator de motivação.
Eu estava descobrindo que este castelo era cheio de quartos ­ muitos pareciam
não ter uso. Muitos dos empregados e guardas tinham seus próprios
alojamentos, deixando uma tonelada de quartos desocupados se encherem de
pó. Eu tinha necessitado apenas da minha sala de reunião e o gabinete quando
eu estava lá e o restante até então permaneciam inutilizados.
Aparentemente o gabinete estava sendo limpo, então em um impulso, eu levei
Ysabel para um dos quartos abandonados. Havia nela uma lareira de pedra que
não teria uso tão cedo, mas os móveis de brocado listrado não estavam cheios
de poeira. Eu abaixei-me em uma cadeira com babados, cruzando os braços em
uma postura defensiva.
"Okay. Faça isso rápido."
Ysabel examinou cuidadosamente seu sofá antes de flexionar-se para baixo
espalhando sua saia volumosa a sua volta. Ela cruzou as mãos em seu colo, e se
não fosse pela expressão em seu rosto que dizia que ela queria me dividir ao
meio, eu diria que ela parecia doce e como uma lady.
"Dorian me disse para lhe ensinar a aperfeiçoar seu poder com o ar."
"É mais ou menos isso."
Ela me lançou um olhar crítico. "Antes de começarmos, eu gostaria de deixar
bem claro que eu não estou fazendo isso por minha escolha."
"Verdade? Eu não tinha notado."
Seus lábios curvaram-se em escárnio ao meu sarcasmo. "Eu não sei o que
Dorian vê em você. Você se acha tão esperta e espirituosa quando na verdade,
você é apenas uma rude simples humana."
"Meia humana." Eu corrigi. "E simples ou não, seu namorado ­ como todos os
outros caras por aqui ­ desistiriam de seu braço direito para me ter em suas
camas." Eu não deveria realmente a ter provocado daquela maneira. Não que
signifique que iria fazer com que toda a lição de mágica provavelmente seria
ainda mais insuportável.
"Acredite em mim, não é propriamente pelo seu charme. É apenas pela profecia
e pela sua capacidade de reprodução alegada, e uma vez que isso seguir seu
curso, bem..." Ela alisou seriamente as dobras de sua saia, não que houvesse
alguma. "É apenas por seu filho que qualquer um demonstra interesse, não em
você."
"Desculpe-me desapontá-la, mas aqui não haverá uma criança." Não enquanto
meu médico continuar a me prescrever anticoncepcionais.
Ysabel olhou para cima, sua face cheia de ceticismo. "Oh? Então por que você
está com o... kitsune?"
Ela disse kitsune como se fosse uma palavra suja. Dorian fazia freqüentemente
também, achava que ele o fazia para me irritar. Eu acredito que Ysabel
realmente olha para Kiyo como se ela fosse superior. "Se você é uma rainha
realmente..." Ela também parecia cética sobre isso. "... então por que se
rebaixar tendo-o como acompanhante? A única razão que você deveria ter para
isso era ter esperanças que ele fizesse uma criança em você, assim como ele fez
em Maiwenn. Claramente ele provou sua virilidade... o que pode ser uma
preocupação em particular para você, mas talvez isso seja uma mentira para
esconder o fato de que você não pode.
"O que? Isso é insano!"
"Considerando que eu..." Ela correu suas mãos orgulhosamente ao longo das
laterais de seus quadris. "... já dei a luz a duas crianças."
Whoa. Isso era chocante ­ e um ponto de orgulho para ela, sem dúvidas,
considerando que a fertilidade para os gentry é um problema. "De quem?" Por
alguma razão, o fato de pensar que eram de Dorian me incomodou.
"Do meu marido. Ele morreu anos atrás em uma batalha." Ela enrugou a testa
levemente, o primeiro sinal de emoção agradável que eu já tinha visto nela. Em
um flash, sua expressão de vagabunda retornou. "Eles moram com meus pais
agora, são saudáveis e fortes. Meu senhor Dorian sabe que indiscutivelmente
posso ter mais. É por isso que ele a deixou de lado por mim, forçando você a
voltar para o kitsune para suas chances fugaz de prole."
"Isso não é o que Dorian e eu ­ esqueça. Olhe, pela última vez, não estou com
Kiyo para engravidar, okay? Estou com ele porque o amo."
Ela bufou. "Acho isso improvável. Se quisesse apenas um amante por prazer,
você deveria escolher meu senhor. Não há outro homem com suas habilidades
na cama. Quando ele ata minhas mãos com cordas ou pinta em minha carne, eu
não acho que exista prazer melhor que-"
"Whoa, pare," eu disse, erguendo minhas mãos. Essa conversa estava me
irritando até o último nervo. "Eu não quero ouvir nenhum detalhe de sua vida
sexual com Dorian, okay? Isso não faz parte do acordo. Não faz parte de nada.
Eu não quero ­ espere. Você disse algo sobre pintar?"
Um sorriso tímido iluminou suas feições. "Meu senhor é um grande apreciador
de arte. Freqüentemente, antes de fazermos amor, deito-me nua antes dele e
deixo que use meu corpo como uma tela. Ele passa horas adornando minha
carne com cores e desenhos, geralmente usando um pincel como meio de me
dar prazer e -"
"Okay, okay. Sinto muito em ter perguntado."
Enquanto as palavras saiam de meus lábios, porém, me chocou que eu podia
visualizar o que ela estava descrevendo perfeitamente. As lições mágicas de
Dorian freqüentemente tinham envolvido me amarrar ­ uma necessidade que
eu não estava cem por cento convencida ­ ele gastava um bom tempo
trançando os fios de seda que me envolviam. Ele arranjava-os em interessantes
formas e formações de cores, consumido pelo processo em si. De alguma
maneira, eu o imaginei fazendo o mesmo com a pintura. Eu podia ver seu rosto
perdido em pensamentos enquanto pintava flores ou sol ou qualquer outra
coisa, suas mãos hábeis e sensuais levando seu tempo enquanto elas tocavam
levemente meu corpo.
Não, não o meu corpo. O de Ysabel. Eu não fazia parte disso.
"Vamos acabar logo com isso," eu disse rispidamente, esperando que ela não
adivinhasse meus pensamentos. "E então nós duas poderemos ir para casa."
"Muito bem. Então, você precisa da minha ajuda porque é fraca."
"Isso não é inteiramente verdade." Jesus Cristo. Ia ser sempre assim, não é? "Eu
tenho muito poder. Eu sei como controlar e usar o poder mágico com a água ­
no entanto acredito que poderia melhorar. Todos acreditam que eu devo ter
herdado a mágica do vento também, mas até agora... bem, eu fui capaz de usálo
apenas uma vez.
"Você pode ser simplesmente deficiente." Ela disse levemente. Seus olhos
voltaram-se para meu peito. "Assim como em outras coisas. Mas veremos."
E meio que continuou assim por um tempo. Todas as outras falas dela foram
com uma farpa. Ainda assim, muito do que ela me explicou pareceu familiar ao
que Dorian tinha dito, o que ao menos me deu confiança para saber que ela não
estava tentando me sacanear. Em particular ela continuava tentando descrever
como eu poderia chegar a sentir os diferentes tipo de ar ­ assim como Dorian
freqüentemente me encorajava a fazer com a água. Infelizmente, isso tinha
levado um longo tempo para funcionar com a água, e me senti um pouco
pessimista ao ver a história se repetindo.
"Há diferentes tipos," ela continuava a dizer. "Não tente senti-los ao mesmo
tempo. Foque pequeno."
"O que você quer dizer com diferentes tipos de ar?" Até esse ponto meia hora já
tinha se passado e eu estava ficando cansada e ansiando por Tucson. "Ar é ar,"
eu argumentei.
"Fala como uma selvagem," ela observou. "Aliás, nós deveríamos terminar isso
e dizer para meu senhor que nós cumprimos a promessa de tentar."
Eu cerrei meus dentes. "Apenas explique isso mais uma vez."
Ela encolheu. "Há diferentes tipos de ar."
Quando ela não ofereceu mais, eu comecei a concordar com ela. Seria melhor
abandonar isso afinal. Pouco tempo depois, no entanto, ela elaborou melhor.
"Há diferentes tipos de ar ao redor das plantas. O ar é diferente quando
expiramos. O ar é diferente quando o tempo está nebuloso. Não que você
entenda isso em neste lugar miserável."
Meus olhos abriram-se. "Gás. Moléculas. É isso que você quer dizer."
Agora era a vez dela de ter uma expressão confusa.
"Os diferentes tipos de ar," eu continuei entusiasmada apesar de mim. "Você
está dizendo que a mágica depende de sentir cada tipo... oxigênio, hidrogênio,
dióxido de carbono..." Eu estava falando em uma linguagem estrangeira. Ysabel
pareceu mais confusa que nunca, mas a este ponto, eu estava voando longe
dela. Isso fazia sentido. Todo o método de ensino do Dorian tinha sido baseado
em passo a passo. Tinha começado comigo sentindo um balde de água e
culminou em eu usar a água do corpo de Aeson para parti-lo ao meio. Começar
a nível molecular parecia desanimador, mas o lado humano em mim agarrou-se
à ciência.
E enquanto estava sentada lá, comecei a expandir minha mente para fora, assim
como eu fazia para me preparar para usar a mágica com a água. O ar tinha
sempre permanecido em branco e intocável, quando eu comecei a
simplesmente focar em uma mínima parte disso, começou a ficar mais
maleável. Pensei em Ysabel respirando ­ oxigênio para dentro e dióxido de
carbono para fora. O mundo desacelerou para uma batida do coração, uma
respiração por vez...
Não tenho certeza de quanto tempo fiquei sentada daquele jeito. Perdi a noção
de onde estava ou mesmo se ela tinha dito algo para mim. Apenas sua
respiração importava. Afinal, eu pude sentir as diferenças, as mudanças do ar
que entrava e saía. Enquanto ela exalava minha mente pegou o ar. Meu
controle foi impreciso; eu não tinha um alvo real. O ar roçou em seu ombro
mexendo seus cabelos.
"Você... você o tocou," ela disse a contra gosto, claramente surpresa.
Eu estava viva e queimando com energia agora, muito consumida pelo o que eu
estava fazendo para respondê-la. Usar mágica sempre deixava meus sentidos
em chamas, fazendo o mundo parecer mais vibrante e real.
Eu queria fazer o truque novamente, mas decidi ver se eu poderia trabalhar de
maneira contrária e exercer controle sobre um diferente tipo de ar, eu fiz ­ bem
na hora que ela ia inspirar.
Ysabel começou a tossir, suas mãos foram para sua garganta enquanto ela
tentava respirar. Sugar o oxigênio para longe significa, bem, que ela não poderia
inspirá-lo. Eu paralisei surpresa com a óbvia mas não completamente
conseqüência irracional ­ tanto que eu não podia parar. Eu estava muito...
Atordoada. Eu estava controlando o ar. A mágica queimou através de mim, e
seu oxigênio continuava flutuando para longe. Isso obedecia meus comandos e
eu não tive o raciocínio coerente para cortá-lo.
Após vários segundos que pareceram anos, a percepção do que eu estava
fazendo de repente penetrou no meu bom senso mais elevado. Eu finalmente
terminei a mágica, deixando meu aperto no seu oxigênio diminuir. Mas então,
Ysabel tinha caído de joelhos no desespero para conseguir ar ­ e provavelmente
porque ela estava começando a perder a consciência. Afinal, livre da mágica, ela
respirou profundamente, face pálida e aterrorizada. Poucos momentos depois
quando ela se recuperou, olhou para mim acusadoramente.
"Você ­ você tentou me sufocar!"
"Não!" eu exclamei, horrorizada. "Eu... eu não o fiz. Desculpe-me. Eu não estava
pensando. Estava apenas tentando controlar o ar..."
Ela levantou-se e onde sua face estava pálida, agora estava vermelha de raiva.
Ela estava tremendo. "Você enganou Dorian. Você já sabe como usar este tipo
de mágica. Tudo isso é parte de alguma conspiração."
"Não, não," eu disse ficando em pé também. "Eu nunca usei isso antes ­ exceto
uma vez e apenas por alguns segundos."
"Eu não acredito em você. O que você acabou de fazer... você não poderia ter
feito isso se fosse a inexperiente que fingia ser!"
O que eu tinha feito ­ afora o fato que eu poderia ter a matado ­ não parecia
grande coisa para mim. Eu tinha sentido o ar e o movido. Não era nem de longe
um furacão e tinha me tomado muita concentração ­ tanto que eu não
acreditava que poderia repeti-lo tão cedo. Eu dificilmente tinha o controle do
vento sem esforço assim como ela.
"Desculpe-me... realmente peço desculpas. Eu não quis machucar você. Foi um
acidente."
A única resposta de Ysabel foi uma carranca antes de sair da sala. E quando
passou por mim, pensei ter visto medo e lágrimas em seus olhos. Apesar de sua
bravura, eu percebi que muito de sua raiva na verdade era terror. Ela estava na
casa de alguém que ela a via como rival, alguém com reputação de guerreira e
tirana ­ e alguém que tinha acabado de tentar matá-la. Ela estava presa aqui
pelas ordens de Dorian.
"Uma façanha aterrorizante, sua majestade." Uma voz perto da porta disse.
Dei alguns passos para trás e vi Shaya parada do lado de fora no corredor, seu
lindo rosto severo.
"Foi um acidente." Eu disse surpresa com o tremor de minha voz. "Eu não gosto
dela, mas não quero machucá-la"
"Eu sei." A expressão de Shaya tornou-se gentil e triste. "Mas seu medo não é
infundado. Você aprendeu muito rápido e bem."
"Foi fácil! É o mesmo que mover a água por aí ou qualquer tipo de ar."
"Pelo que sei, roubar o ar de alguém ­ negar seu ar ­ é mais difícil do que
simplesmente criar brisas. Você está lutando contra a própria vida. Aqueles que
sufocam os outros desta maneira geralmente tem grande força e vigor. Para
você ser capaz de já fazer isso... bem, é uma prova de seu poder ­ e isso é tão
assustador como o fato em si."
O impacto das palavras me atingiu. "Espere... existem pessoas que fazem isso
de propósito? Roubar o ar de alguém para que ele não possa respirar?"
Ela encolheu. "Bem, para os que têm esta habilidade, sufocar é uma arma
eficaz."
"Isso é doente... é uma forma desumana de morrer."
"Eu concordo. Mas a maioria das pessoas não tem este poder, então isso não é
problema. Entre aqueles que têm o poder, a maioria nunca considerou fazer
isso para alguém, inimigo ou não."
Eu gemi. "Bem, se isso é verdade, então ela tem que entender que eu também
não faria isso de propósito com ela. Ela tem que acreditar que foi um acidente."
"Não acho que você terá muita sorte com isso."
"Por que não?"
"Porque enquanto muitos consideram tal tortura extraordinariamente cruel,
tem uma pessoa que gostava em negar o ar das pessoas ­ alguém que
freqüentemente usava isso como forma de execução e entretenimento" O olhar
de Shaya era significativo. "Rei Tirigan Storm."

TREZE

Ysabel não podia ser persuadida a sair de seu quarto, não importa o quão duro
eu tentasse. Eu até mesmo mandei Shaya fazer isso, vendo que ela era um
pouco mais apresentável que eu. Sem sorte. Ysabel manteve-se firmemente
enraizada só ficava repetindo e repetindo sobre como ela ia contar ao seu
senhor sobre mim e escapar deste lugar maldito.
A noite avançava e eu não conseguia me arrastar de volta para Tucson. Meus
sentimentos estavam tumultuados. Eu nunca achei que me sentiria culpada por
alguma coisa a respeito de Ysabel, mas aqui estava eu. E quanto mais o tempo
passava, eu não me sentia mal por ter inadvertidamente sufocado-a. Assim que
eu percebi o que tinha feito, soube que tinha que parar com a prática deste tipo
de mágica imediatamente. O Rei Storm tinha usado-a para matar seus inimigos
de maneiras horríveis. Kiyo tinha me avisado que aprofundar cada vez mais nos
meus poderes poderia me deixar em um caminho sem volta.
E mesmo assim... Esse era o problema. Eu sabia que tinha que parar... Mas eu
não queria. Claro que eu não queria aprender mágica para matar. Mas depois
de ter tocado aquele poder... Eu não podia parar de pensar naquilo. Eu deixei
minha mente rodar, analisando o ar a minha volta e o quão fácil seria
manipulálo.
O que aparentemente tinha começado com uma pequena lição de Ysabel
rapidamente estava se transformando em grandes implicações enquanto eu
aprendia mais sobre as formas do ar e como elas funcionavam. Era como se eu
nem precisasse de uma professora. Minha própria natureza junto com a mágica
estavam criando suas próprias lições.
Meus pensamentos foram interrompidos quando uma carta chegou ao
equivalente do Pony Express* do outro mundo. Era do Leith. Como eu
suspeitava, ele devorou os livros de engenharia. Eu não esperava que ele já
tivesse desenvolvido um plano sobre como implementar algum sistema de
irrigação e iria acompanhar alguns trabalhadores à Westoria pela manhã para
começar os trabalhos ­ a menos que eu tivesse alguma objeção, claro. Se eu
não tivesse, então ele ficaria honrado se eu pudesse ir encontrá-los.
* O Pony Express é o nome pelo qual ficou conhecido um histórico correio
expresso colocado em funcionamento em 1860, que levava correspondências a
cavalo cruzando territórios selvagens dos Estados Unidos da América. A rota
ligava as cidades de St. Joseph (Missouri) e Sacramento (Califórnia).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pony_Express
Ele também incluiu em sua carta que tinha investigado as cidades próximas à
encruzilhada de Yellow River. Nenhum deles tinha relato de garotas
desaparecidas. Correspondia, eu acho. Eu também tinha bastante má sorte para
ser a única monarca com garotas fugitivas ­ ou possivelmente tinha um inimigo
que especificamente me tinha como alvo. Considerando o número de gentry
que se ressentia com minha administração, esta última possibilidade não me
surpreendia.
Indiferente, eu decidi que eu teria que ver Leith amanhã. Mesmo que fosse
apenas uma tentativa elaborada de me cortejar, ele ainda estava tento uma
enorme quantidade de problemas com isso. E mais, eu esperava que se
passasse a noite aqui, Ysabel poderia finalmente sair de seu quarto.
Então eu fiquei. Dando-me a chance de meditar com a terra. Enquanto não
notei nenhuma diferença ostensiva pela manhã, havia uma sensação estranha,
imaterial... Parecia mais saudável. Como sempre, eu não podia dizer
exatamente o porquê. Talvez o mais preocupante de tudo fosse descobrir que
ficar mais uma noite não era uma provação angustiante como costumava ser.
Estava me preparando para sair e encontrar Leith quando um guarda anunciou
que um cavaleiro estava chegando. Perguntei-me se era um mensageiro ­ ou
mesmo o Leith. Em vez disso, era alguém bem inesperado.
Dorian.
Os serventes do castelo se curvaram para dar as boas vindas ao Rei Oak e ele
escorregou para dentro se achando no maior direito. O que, eu acho, ele tinha.
Não obstante, eu não tinha tempo para suas excentricidades hoje e o
cumprimentei com as mãos na cintura.
"Hoje não Dorian. Eu tenho coisas a fazer."
"Assim como eu," ele disse. Ele tinha aquele típico tom lacônico em sua voz,
mas tinha um olhar um pouco sério ­ e impaciente. Não era uma expressão que
eu via freqüentemente. "Eu vim ver minha serva. Eu sabia que você não a
receberia de braços abertos, mas honestamente, minha querida, sua tentativa
de assassinato chocou até mesmo eu ­ o que não é pouca coisa."
Minha mandíbula caiu em direção ao chão, por causa de sua suposição, e do
fato dela de algum jeito ter mandado uma mensagem para ele. "O qu-? Dorian,
isso não é verdade! Foi um acidente. Eu não percebi o que estava fazendo."
"Posso vê-la?" ele perguntou, sem reconhecer meu apelo.
Dificilmente eu poderia negar isso a ele, ele apressou-se para o quarto dela sem
outra palavra. Ela o admitiu ­ sem surpresas aí ­ e eu me encontrei andando o
tempo todo que eles estiveram juntos. Deve ter sido ruim o suficiente para que
Ysabel achasse que eu era capaz de atacá-la. Mas de alguma maneira... A idéia
de o Dorian pensar mal de mim? Bem, isso me deixou mais surpresa. Eu não
deveria me importar com o que ele pensa ­ Deus sabe que eu mais fico brava
com ele do que em paz. Ainda assim, eu percebi que bem lá no fundo eu queria
que ele pensasse bem de mim. Senti-me enjoada com a possibilidade de ter
perdido isso.
Quando ele saiu, seu rosto ainda era sério. "Eu acredito que a convenci que sua
intenção não era assassina."
Inclinei-me em alívio ­ acredito que mais por, aparentemente, ele ter
acreditado em mim. "Obrigada."
"A questão agora é: você quer que ela fique?"
"Ela ficaria?" eu perguntei surpresa.
"Ela me obedece," ele disse simplesmente. "Ela ficará e continuará ensinando a
você se eu disser para ela fazer isso."
"Não quero que ela fique contra sua vontade..."
"Eu a assegurei quanto a sua segurança. Ela não está ­ com muito ­ medo de
você. Então isso não é mais problema. A questão é se você quer que ela
continue com seus ensinamentos."
"Não posso ­ não depois..." Eu parei, percebendo que eu não tinha certeza das
palavras que deixavam meus lábios. Eu não queria ser como o Rei Storm. Eu não
queria ter uma afinidade natural para aprender maneiras de matar as pessoas.
Ainda assim... Eu não podia parar de pensar sobre como me senti empunhando
aquele poder. Controlar água tinha me dado uma agitação, o ar tinha dobrado
isso.
Os olhos dourado-verde de Dorian me assistiam cuidadosamente. "Eu vejo," ele
disse. "Então vou dizer a ela que ela irá ficar um pouco mais."
Comecei a protestar, mas não pude. Ele voltou para ela, ficou mais alguns
minutos e então juntou-se a mim no meu gabinete onde eu tinha recomeçado a
andar.
"Bem, então," ele disse vivamente, "é isso." O conjunto desagradável de seu
rosto tinha ido e me encontrei grata ao ver seu semblante habitual retornar. "Eu
notei que você está de saída. Indo libertar os humanos de seus súditos?"
"Indo libertar meus súditos de mim."
Eu expliquei meu trabalho a fazer, e sua feição iluminou-se com interesse. "Que
conveniente estarmos viajando na mesma direção. Ao menos que você queira
que eu a espere aqui até você retornar?"
Não, a última coisa que eu queria era encorajar Dorian se sentir em casa no meu
castelo. Então, de contra gosto admiti que ele pudesse ir comigo, parcialmente
porque ainda me sentia culpada e grata por sua intervenção no acidente com
Ysabel. O lado bom de ele estar comigo foi que Rurik decidiu que não precisava
de toda comitiva para esta viagem. Apenas ele nos acompanhou, e eu
perguntei-me futilmente como Dorian conseguia ir aonde quisesse sem uma
comitiva. Eu não gostava de pensar que ele era um governante mais autoritário
que eu.
"Não me venha com sermão sobre essa coisa com o ar," eu avisei. "Eu não
quero aquela lenga-lenga sobre como estou abraçando minha herança e me
aproximando do meu destino."
Dorian sorriu olhos na estrada a nossa frente. "Não preciso lhe dizer coisas que
você já sabe."
"Claro... eu suponho que se eu tivesse um controle melhor sob minha mágica,
eu seria capaz de dar o fora naqueles malditos demônios de fogo."
"Você percebe? Eu disse que eu não preciso dizer nada. Você está encontrando
maneiras de racionalizar o uso de sua magia sozinha."
"Hey, isso é uma ameaça séria. Você não pode dizer que estaria tão
despreocupado se tivesse demônios soltos em seu reino." Eu franzi minha testa.
"Ou poderia? Eu tenho a impressão que muitos governantes não dão a mínima
para este tipo de coisa."
Os olhos de Dorian tinham um brilho sério novamente, apesar do pequeno
sorriso em seu rosto. "Aeson não se incomodava. Não generalize isso para todos
nós. Você sabe bem. Se eu tivesse demônios na minha terra, eu mesmo lideraria
um grupo para eliminá-los."
Perguntei-me se Dorian poderia. Meu potencial de poder talvez fosse tão
grande quanto o dele, mas no momento, seu controle e habilidade o faziam
uma força mais perigosa do que eu. Um governante no Outro Mundo tem que
ser poderoso, ou então a terra não o aceita. Foi maravilhoso eu ter sido digna.
"Você quer que eu a ajude?" ele perguntou quando mantive silencio. "Vou com
você na próxima vez que for atacar."
"O que isso me custaria?" eu perguntei com um rolar de olhos.
"Por que você acha que tudo que faço tem um motivo oculto? Não é suficiente
que eu queira te ajudar?"
"Eu não sei," eu disse, não gostando da maneira de como suas palavras me
fizeram sentir mal. Eu estava atribuindo a ele mais motivos insidiosos do que ele
merecia? "Não confio em ninguém por aqui." Westoria estava aparecendo à
distância. "Eu não confio nem mesmo na generosidade engenheira de Leith. Ele
não está fazendo isso por causa do comércio."
Os olhos de Dorian levantaram-se para a aproximação da aldeia. "Nisso," ele
disse, "nós dois concordamos. Não importa o quanto você se bata contra
aqueles demônios, você tem força mais que suficiente para atar a terra a você."
Eu odiava sua estranha habilidade de adivinhar meus pensamentos. "Quando
Katrice morrer, a Terra Rowan quer passar na íntegra para alguém que tenha
poder para controlá-la, ou vai dividir-se e se incorporar a outros reinos."
"Shaya disse a mesma coisa ­ Leith acredita que estando ligado a mim poderia
ajudar a mantê-la na família." Eu sacudi a cabeça. "Uma terra já é ruim o
suficiente. Não tenho o poder para controlar duas."
"Você ficaria surpresa," ele disse sinistramente.
Nossa chegada foi recebida com a mesma admiração e reverência que eu tive
antes do incidente com o demônio. Aparentemente a remessa de comida de
ontem e a presença de Leith hoje tinham restabelecido minha reputação
maravilhosa. Dorian parecia ter efeito também. Enquanto desmontávamos e
caminhávamos em direção a aldeia, os olhos dos moradores seguiam nos dois,
cheios de admiração e maravilha. Olhando para Dorian eu podia entender seus
sentimentos. Ele caminhou através da cidade poeirenta assim como ele tinha
feito em meu castelo, confiante e majestoso, mesmo após uma cavalgada
quente e suada. Ele parecia como, bem, um rei, nem mesmo eu pude deixar de
admirar sua boa aparência. Ao seu lado, eu me sentia careta e insignificante.
Então tentei deixar de lado meus pensamentos sombrios e imaginei como nós
deveríamos parecer para estas pessoas, os dois altos e ruivos. Nós ficávamos
bem juntos, eu sei. Eu estava de jeans, mas tinha me limpado esta manhã e meu
cabelo estava baixo. Pelo canto do olho eu podia ver onde o sol acendia-se,
dando um tom de vermelho e dourado que complementava o vermelho
verdadeiro de Dorian. Minha blusa regata era azul, uma ótima cor para mim, e
eu estava com minha jóia de pedra preciosa. No entanto o mais importante, nós
carregávamos os títulos de rei e rainha, e para estas pessoas, eu percebi que
nós provavelmente éramos o equivalente a um casal de Hollywood no tapete
vermelho.
"Sua majestade! Estou tão feliz que você pode-" Leith vinha correndo para nós e
ficou totalmente paralisado quando viu Dorian. Depois de alguns momentos
atordoado, ele fez uma reverência elegante para o Rei Oak "Sua majestade.
Também é um prazer."
Eu podia dizer que Dorian estava satisfeito em ter arruinado os planos de Leith
para um interlúdio romântico.
"Bem, eu odiei ter que me separar de Eugenie esta manhã, então pensei em vir
e ver as novidades."
Tive que me conter para não dar uma cotovelada nele. Suas palavras
implicavam que nós tínhamos acordados juntos. Nosso antigo relacionamento
não era segredo, e Dorian tinha lançado estas palavras tão alto que alguns dos
moradores ao redor puderam ouvir. Sem dúvida isso estaria por todo Outro
Mundo até a noite. Leith pareceu ainda mais desanimado que antes e eu tentei
amenizar as coisas.
"Por que você não nos mostra seu projeto?" eu perguntei a ele. "Eu não acho
que posso agradecer o suficiente pelo que você tem feito."
Leith iluminou-se e avidamente nos levou a frente. Enquanto caminhamos,
Dorian murmurou no meu ouvido, "Acredite em mim, ele tem mais que certeza
que você poderia agradecê-lo suficientemente."
"Como você pode alegar fazer coisas para mim sem motivos ocultos, mas
ninguém mais pode?" eu joguei de volta.
Dorian apenas sorriu enquanto Leith dirigia-se para os limites da aldeia e
mostrou para nós sua obra. Neste ponto havia pouco para ver do seu sistema de
irrigação. A maioria das pessoas estava escavando e construindo a fundação.
Leith fez o melhor para explicar no que aquilo iria se desenvolver e até nos
mostrou os desenhos técnicos ­ curiosamente escrito em pergaminho. Eu o
segui um pouco, mas podia dizer que eram rabiscos para Dorian, apesar do seu
sorriso confiante e gentil.
Zeloso ou não, o príncipe da Terra Rowan não fazia trabalhos manuais, e uma
vez que o passeio tinha acabado ele sentou-se comigo e Dorian na casa do
prefeito. Davros parecia muito feliz em continuar a me oferecer sua casa como
ponto de encontro e rapidamente nos serviu vinho antes de deixar seus ilustres
convidados discutirem o que quer que a realeza tenha para conversar.
"Isso é apenas o começo do que podemos fazer," Leith disse, se posicionando
para que o Dorian não ficasse na sua linha de visão. "Eu adoraria vir visitar e
discutir mais maneiras de trabalhar nisso. Eu tenho algumas idéias sobre como
construir prédios que reflitam melhor a luz. Você já pensou em redesenhar seu
castelo?"
"Uau!" eu disse. "Não. Isso seria um grande feito."
"Não tão grande quanto você pensa. Não com a ajuda certa."
Eu sacudi minha cabeça com um sorriso. "Vamos apenas nos focar nas pessoas
primeiro."
Leith sorriu de volta. "Claro. Mas algum dia vou aparecer para te mostrar
algumas idéias de palácios ­ apenas para o caso de você mudar de idéia. Ou,
melhor ainda, você deveria vir nos visitar. Mamãe adoraria mostrar-lhe a
hospitalidade da Terra Rowan."
"Ou melhor ainda, você deveria dar uma festa a Rainha Thorn," Dorian disse,
inexpressivo. "Tenho certeza que ela iria amar."
Desta vez eu dei uma cotovelada em Dorian. Leith não notou. Dorian sabia
perfeitamente bem que eu temia os eventos sociais do Outro Mundo ­
particularmente quando o foco era eu.
"Realmente," eu comecei. "Isso não é-"
"Claro!" Leith disse. "Nós não temos um grande baile há tempos. Poderíamos
convidar centenas de pessoas..."
Eu decidi que aquela cotovelada não tinha sido forte o suficiente. Foi com
grande esforço que eu não chutei realmente o Dorian. Ele colocou um cotovelo
sobre a mesa, descansando seu queixo em sua mão, parecendo bem entretido.
"Você teria que superar a festa de Maiwenn, para realmente mostrar honra à
Eugenie," Dorian disse.
"Isso vai ser difícil de fazer. Claro, que Maiwenn tem a vantagem injusta do
brilho maternal com ela, eh? Eugenie estava contando como toda essa conversa
sobre bebê está acendendo seus próprios anseios."
Eu engasguei com meu vinho.
"Eu também amo crianças," Leith me disse. "Mal posso esperar para ter alguma
­ uma vez que encontrar a mulher certa."
Fui poupada de mais disso quando um dos trabalhadores de Leith entrou
ansioso sobre algum contratempo. Leith pareceu devastado ao pensar em me
abandonar ­ e também em eu estar testemunhando uma falha no seu grande
plano. "Desculpe-me," ele disse. "Odeio ter que te deixar. Tenho certeza que
isso vai levar só uns instantes."
"Na verdade," eu disse me levantando. "Nós provavelmente deveríamos ir
andando também."
"Você deve?" ele perguntou seu rosto caindo ainda mais.
"Tenho certeza que o verei em breve."
"Sim," Dorian concordou. "Você deveria começar a organizar aquele baile. Ou
talvez eu devesse fazer um para ela..."
Leith mordeu a isca. "Não, não. Eu ficaria mais que honrado em fazer." Ele fez
uma reverência para mim e eu o deixei beijar minha mão. "Terei notícias para
você me breve, eu prometo."
Sorri e expressei minha gratidão e permiti que beijasse minha mão novamente
quando ele insistiu.
Assim que ele se foi me virei para Dorian. "Você está tentando me jogar nos
braços dele ou o quê?"
"Ironicamente, fazer um causa o outro." Ele se esticou e abafou um bocejo.
"Você estava dizendo a verdade? Você está pronta para partir?"
"Yeah, eu acho que..."
Davros enfiou sua cabeça na sala, usando seu habitual olhar de desculpas. Seus
olhos moviam-se nervosamente de Dorian para mim. "Sinto muito incomodála...
Eu sei que você deve estar ocupada e..."
"O que é?"
"Ela foi encontrada, sua majestade. A garota desaparecida? Seus pais a
encontraram ontem à noite, mas estão com medo de lhe dizer... ela parece tão
perturbada. Eu descobri sozinho. Eu disse a eles que você gostaria de saber-"
"Claro que sim." Eu já estava me movendo em direção à porta, Dorian rápido
em meus calcanhares. "Onde eles estão?"
Ainda balançando a cabeça em obediência, Davros rapidamente nos levou a
uma pequena casa no lado oposto à construção de Leith. Ele bateu
impacientemente na porta. "Abra! A rainha está aqui."
Quase um minuto se passou antes da porta abrir. A mulher que tinha me
abordado na minha primeira visita olhou para fora com os olhos arregalados.
"Sua majestade," ela disse humildemente. Ela pareceu não reconhecer Dorian.
"Nós ­ nós não sabíamos que você estava aqui."
"Eu quero vê-la" eu disse impacientemente. "Deixe-me falar com ela."
A mulher hesitou aparentemente com medo de mim, mas também com medo
de outra coisa. Davros não se intimidou. "Esta é a Rainha Thorn! Deixe-a
entrar."
Engolindo em seco, a mulher deu um passo para o lado. Vi-me em uma
pequena, mas limpa cabana, vagamente iluminada graças às cortinas puxadas,
acredito que todas as janelas estavam abertas para permitir uma brisa. O
marido da mulher nos encontrou enquanto entrávamos na cozinha, seu rosto
pálido e temeroso.
"Sua majestade... perdoai-nos. Estávamos com medo de lhe contar. Estávamos
com medo que ela fugisse novamente."
"Não vou machucá-la. Quero apenas conversar com ela." Era um bocado
deprimente, entre Ysabel e esta família, sabendo que todos estavam
apavorados comigo. Ironicamente, antes de eu saber da minha herança gentry,
eu tinha orgulho no medo que infligia nos habitantes do Outro Mundo. "Por
favor, me leve até ela."
Senti a mão de Dorian no meu ombro e seu hálito quente contra meu ouvido
quando ele sussurrou, "Você não precisa dizer por favor."
Com uma rápida troca de olhares o casal nos levou para o fundo do chalé, para
um quarto minúsculo. Ele também foi escurecido, e eu podia ver a forma de
uma garota magra deitada na cama. Havia uma toalhinha em sua testa que caiu
quando ela sentou-se à nossa aproximação. Ela alinhou-se contra a parede.
"Quem é esta? Eu disse que não queria ver ninguém..."
"Está tudo bem Moria," sua mãe disse. "Esta é a rainha. Ela veio conversar com
você. Ela não vai machucá-la."
A garota murchou ainda mais, o cabelo loiro cobrindo metade de seu rosto.
"Não, não... ela vem com os outros, vem com seu sangue humano para nos
restringir e nos matar e-"
"Moria," eu disse gentilmente, segurando minhas mãos, como se fosse sob uma
bandeira branca. "Ela está certa. Eu não vou machucá-la. Eu quero apenas
conversar com você. Não vai demorar."
"Todos dizem isso," Moria disse, seus olhos cheios de lágrimas. "Todos dizem
que não vão machucá-la... todos os humanos... você não é diferente... todos
dizem que não vão..." Ela mergulhou em um murmúrio muito baixo para eu
ouvir, suas mãos agarrando o cobertor.
"Eu acho" Dorian me disse, "que esta experiência a deixou... ah, um pouco
mexida. Eu duvido que você vá conseguir algo útil dela. Há um curador na corte
de Maiwenn que é particularmente bom em doentes da cabeça. Você deveria
mandá-la para ela."
Eu tinha um pressentimento que ele estava certo, mas tive que fazer mais uma
tentativa. "Eu apenas quero saber onde você esteve. Quem a pegou. Quero ter
certeza que isso não vá acontecer novamente. Diga-me quem foi e vou pará-lo."
"Não," ela ofegava. "Você é igual.. igual a ele... o Homem Cobra Vermelha."
"Cobra Vermelha..." Eu ainda tinha dos demônios na cabeça, e a imagem
daqueles com a pele manchada em preto e vermelho me veio à mente. Eles se
pareciam com cobra? "Moria, você foi pega pelos demônios? Ou algum tipo
de..." inferno, no Outro Mundo, qualquer monstro que você possa imaginar
existia, como o Smokey tinha nos mostrado. "... um monstro cobra?"
Ela chacoalhou a cabeça freneticamente. "Nossa própria espécie não nos fere. É
apenas a sua... vocês são todos iguais... com sangue humano... as mesmas
marcas..." Seus olhos deixaram minha face e abaixaram.
Por um momento desorientador, pensei que ela olhava para meu peito até eu
perceber que seu olhar estava no meu braço. Moria fechou os olhos apertados.
"Todos iguais..."
Eu endureci. "Ele... você está dizendo que a pessoa que a pegou tem uma
tatuagem com esta no meu braço?"
"O Homem Cobra Vermelha," ela sussurrou ainda se recusando a abrir os olhos.
"Ele a baniu? Ele a forçou para este mundo? Ou você voltou por conta própria?"
"Ferro... ferro por toda parte..."
Fixei olhando o nada por alguns segundos. "Terminei," eu disse, virando-me
para seus pais. "Ela pode descansar agora."
Deixei a casa tão rapidamente quanto entrei, Dorian acompanhando meu ritmo.
"O que está acontecendo? Aquilo significou algo para você."
Eu acenei com a cabeça, caminhando para onde Rurik estava com nossos
cavalos. "Eu acho que sei quem a pegou ­ e talvez os outros. Não foram os
bandidos ou monstros. Foi um humano."
"Como você sabe disso?"
"Por causa da tatuagem." O Homem Cobra Vermelha. Eu tinha visto uma
tatuagem de cobra vermelha outro dia ­ no Art. Ele tinha uma dessas em um
braço e um corvo no outro. "É outro shaman, um que mora bem próximo às
encruzilhadas daqui que se abre para meu mundo."
Ele também era o shaman que tinha dito na minha cara que não sabia nada
sobre as garotas gentry. Eu cheguei à parada de cavalos e distraidamente
acariciei o lado do meu. Ela (a égua) olhou de volta para mim e cheirou-me.
"Mas por quê? Por que ele pegaria uma garota gentry? Ou mais de uma? Seu
trabalho é tirá-las do nosso mundo. Eu posso vê-lo banindo eles para fora do
mundo humano... Isso talvez a tenha traumatizado, mas não parece que foi isso
que aconteceu. Ela desapareceu deste mundo. Ela fez parecer como se não
quisesse estar no mundo humano."
Dorian bufou. "Eugenie, onde em sua aborrecida existência você pegou esta
ingenuidade? Se um humano pega uma de nossas garotas, é pela mesma razão
que pegamos uma deles. Pela mesma razão que qualquer homem raptaria uma
mulher."
Eu empalideci com suas insinuações. "Mas mais de uma?"
"Ele não seria o primeiro homem a preferir ­ ah, como devemos dizer isso?
Variedade."
Eu não podia visualizar isso de Art, não o Art que alegremente cuida do seu
jardim e nos oferece cerveja e refrigerante. Ele conhece Roland há anos. Eles
trabalharam juntos. Art era um raptor e estuprador de verdade? Ou a garota
está apenas traumatizada por ter sido banida? Isso poderia ser uma experiência
bem horrível.
Fiz uma careta, sentindo uma forte torção no meu estômago. Eu já tinha ficado
muito próxima de ser estuprada para lidar com esta situação hipotética
facilmente. Moria era uma vítima? Havia outras garotas como ela lá fora? Talvez
não tivesse sido realmente o Art... mesmo assim, suas palavras tinham
implicações obscuras. O sangue humano. Uma marca igual a minha. O Homem
Cobra Vermelha. As encruzilhadas para Yellow River. Ele tinha que estar
envolvido; eu só não sabia como.
Eu dei na égua um último tapinha e montei. "Tenho que chegar em casa," eu
disse, me virando para Dorian e Rurik. Havia algum engano aqui, alguma
confusão. Art não estava envolvido nisso. Ele não podia estar, pelo menos não
da maneira que Dorian tinha sugerido. "Tenho que falar com uma pessoa.
Imediatamente."
Esperei por uma piada do Dorian, mas nenhuma veio enquanto ele montava seu
próprio cavalo. "Então vamos por caminhos diferentes. Tenha cuidado,
Eugenie." Por alguma razão, franqueza e preocupação vindo de Dorian eram
mais desconcertantes que seus gracejos habituais.
"Se eu estiver certa sobre isso, então é um assunto humano. Deverá ser moleza
comparado ao que eu lido por aqui."
Dorian sacudiu a cabeça. "Tenho que discordar. Prefiro demônios e espíritos
inquietos qualquer dia do que mentiras humanas. Mas se você precisar de
ajuda, estou aqui. É só pedir."
Novamente, deveria ter uma piada ali. Eu olhei para longe, confusa pela
maneira que ele me olhava. "Obrigada. Espero que isso seja um assunto
simples." Como exatamente? Isso eu não sei. Eu não tinha certeza que
polimento com Art iria realmente conseguir alguma coisa. ­ se realmente ele
tivesse culpa nisso. "Vejo você depois, Dorian."
Ele acenou com a cabeça como meio de despedida. Então: "E é claro, minha
querida, você pode matar quantos humanos quiser, mas, por favor, tente não
machucar mais meus vassalos. Se você puder." Aí estava afinal. A piada.
"Anotado," eu disse. Tentei dar um olhar bravo, mas tinha um sorriso em meu
rosto quando o fiz.
Impus um ritmo rápido a voltar para meu castelo e para o portal que me levaria
de volta para meu próprio mundo. Cruzar perto de Yellow River teria sido mais
rápido, mas eu precisava ir para minha casa em Tucson e me preparar antes de
enfrentar Art. Rurik seguiu meu ritmo facilmente e misericordiosamente ficou
em silêncio. Ele olhou para mim e Dorian juntos da maneira que uma criança vê
seus pais divorciados, mas na esperança que papai e mamãe façam as pazes
algum dia.
Meus pensamentos rodopiantes fizeram a viagem ser rápida ­ assim como a
rota rápida da terra hoje- e nós fomos recebidos com comoção quando
chegamos nas redondezas do castelo. Um grupo de guardas veio rasgando para
nós, e meu coração ficou apreendido. O que agora? Um cerco? Demônios?
Kiyo?
No entanto, ao se aproximarem, eu podia ver que os guardas pareciam quase...
entusiasmados.
"Sua majestade! Meu senhor! Nós a encontramos."
Rurik e eu paramos nossos cavalos e descemos. Senti minhas pernas gritarem e
sabia que eu estaria ferida depois. Eu não tinha praticado tanto cavalgada que
eu podia cavalgar daquele jeito sem sofrer conseqüências. Eu ignorei a dor e me
voltei para os guardas.
"Quem?" eu exigi.
"Nós a pegamos. A garota. A garota fugitiva de Westoria," o guarda disse,
claramente satisfeito com seu sucesso. Rurik e eu trocamos olhares perplexos.
"Isso é impossível. Nós já a vimos."
O guarda encolheu. "Nós a encontramos próximo às estepes, no limite da Terra
Rowan. Ela bate com a descrição e claramente teve medo de nós. Ela tentou
fugir."
"Me leve a ela," eu disse impotente. Será que meus guardas tinham achado
outra das garotas raptadas? Isso certamente providenciaria mais informações.
Ele nos levou para dentro de uma pequena sala usada, explicando que eles não
a quiseram colocar no calabouço ­ apesar do seu medo e desejo de fugir terem
requerido um guarda. Sua expressão ficou desconfortável.
"Nós, um, também tivemos que atá-la com ferro. Ela fica tentando fazer mágica.
Eles ainda não foram capazes de pará-la completamente."
Um guarda como este nunca podia mexer com algemas de ferro sem causar a si
próprio dor intensa. Às vezes, acho que os prisioneiros poderiam ser atados em
algemas de bronze com um pouco de ferro misturado a elas. É necessário
tratamento delicado para os captores, mas útil o suficiente para deter a magia
do prisioneiro.
Nós entramos na sala, e o homem na função deu um passo para o lado para
deixar-nos entrar. Lá, do outro lado da sala, uma mulher delgada estava de
costas para nós. Longos cabelos loiros caiam em cascata em suas costas e eu
tive uma sensação estranha e desorientadora por um momento enquanto meu
cérebro agarrou-se a possibilidade da Moria de alguma maneira ter chegado
aqui antes de nós. Então, a garota lentamente se virou, as tochas começaram a
revelar reflexos de vermelho em seu cabelo dourado que a pequena Moria não
tinha. Eu percebi o que estava acontecendo antes de eu ver completamente o
rosto da minha prisioneira.
"Você só pode estar brincando comigo," eu disse.
Era Jasmine.

QUATORZE

"Você!"
Mesmo com as mãos delas atadas, Jasmine não hesitou em me atacar. Ela veio
correndo pelo aposento, o rosto cheio de furia. Não tenho certeza se ela
pretendia me chutar ou simplesmente se jogar em cima de mim, mas ela nem
sequer chegou perto. Meus quardas estavam em cima dela num segundo, a
segurando. Mágica começou a passar ao redor dela, mas algum dos guardas
contra atacou com alguma mágica anuladora. As algemas de ferro dela
dificultavam o uso de mágica, mas a parte humana nela, lhe dava grande
resistencia. Eu virei olhando para todas incrédula.
"Essa não é a garota desaparecida. Essa é minha irmã! Como não sabiam disso?
Ela era a amante de Aeson!"
Foi Rurik que respondeu. "Muitos guardas mudaram desde a época de Aeson.
Muitos vieram para cá como um presente do Rei Dorian." Era verdade. Dorian
havia avisa que embora eu tenha ganhado a Terra Land de forma justa, muitos
daqueles que serviam Aeson teriam dificuldades em deixar de lado essa
lealdade. Rurik tinha consequentemente mudado os servos e os guardas, se
livrando daqueles que ele não considerava de confiança.
"Ainda sim," eu disse. "Alguém deveria saber. Onde diabos está Shaya?"
"Ela está longe, fazendo algumas tarefas administrativas," disse o guarda que
tinha ficado tão excitado inicialmente. Agora ele parecia profundamente
embaraçado e chateado.
Jasmime, enquanto isso, não tinha parado de lutar para se soltar dos guardas.
Sem sua mágia, ela não era ameaça e pareceu perceber o quão fútil era agora.
Ela tinha uma altura normal para uma garota de sua idade, mas seu corpo era
magro, e ela sempre parecia um pouco magra demais.Talvez isso seja de família.
Os olhos dela eram grandes e de um azul-acinzentado, remanescente das
nuvens de tempestade.
"Você não pode me segurar aqui, Eugenie!" ela gritou. "Eu vou me soltar e
matar você. Então serei eu a carregar o herdeiro de nosso pai!"
"Jesus Cristo," eu murmurei. "A música permanece a mesma."
Para ser honesta, eu estava meio surpresa de Jasmine já não estar grávida e
tomei como um sinal positivo ela ainda estar se referindo a isso como um
evento futuro. A profecia que estava sobre nós duas dizia que o filha da filha do
Rei Strorm seria quem iria liderar a batalha para conquistar a humanidade. Não
tinha especificado qual filha, e aparentemente, Jasmine ainda estava
infernalmente inclinada a ser ela.
"Vai acontecer," Jasmine continuou. "Você não pode impedir."
"Você perdeu a cabeça?" Eu exigi. "Você tem 15 anos! Você não tem nem que
sequer falar sobre ficar grávida, muito menos conquistar todo o mundo
humano. Você foi criada lá, pelo amor de Deus. Você sabe o quanto Wil sente
sua falta?"
"Eu odeio ele," ela disse. Com o olhar de raiva dela, eu esperava ouvir uma
trovoada em algum lugar. "Eu odeio todos eles. Até ele. Eu nunca pertencia lá.
Esse é meu mundo."
"Não se eu fizer suas malas e te enviar para um internato católico em algum
lugar," eu brinquei, achando a ideia divertida.
"Eles nunca vão ser capazes de me manter lá."
"Eu estava brincando. Nossa, o sarcasmo não é de família?"
"Você nunca será capaz de me segurar também. Seus homens tiveram sorte,
sabe. Estive me esquivando deles por semanas, cada vez que eles achavam que
tinham me pego."
Eu virei os olhos por causa da atitude metida dela, secretamente me
perguntando o que diabos eu ia fazer com ela agora. Eu passei todo esse tempo
caçando ela e tinha quase me acostumado com a ideia de uqe ela tinha sumido
de vez. Agora que eu a tinha, eu estava um pouco perdida. Nunca teria
adivinhado que meus guardas iriam dar de cara com ela enquanto procuravam
Moria. Na nevoa das minhas indagações, as palavras de Jasmine de repente
repassaram na minha cabeça.
"Meus homens nunca te encontraram antes," eu disse. "Acredite em mim,
estivemos procurando."
Jasmine me encarou como se eu estivesse louca, o que era alguma coisa,
considerando que era ela que precisava de remedios. "Eles quase me pegaram
semana passada. Talvez eles simplesmente estivessem muito embaraçados
sobre como eu quase afoguei eles para te contar."
Eu dei um olhar questionador para Rurik, que balançou a cabeça. Eu virei de
volta para ela. "Não eram meus homens." Um pensamento estranho de repente
me ocorreu."Eles eram humanos?"
"Não, é claro que não."
"Tem certeza?"
Jasmine me olhou com olhos estreitos. "Eu sei a diferença entre humanos e os
brilhantes. É você que está em negação, tentando agir como se fosse
todahumana."
Eu duvidava que ela falasse isso se ela tivesse ideia do que eu estive contendo
por aqui ultimamente. Deixando a atitude adolescente ofensiva dela, eu estava
pensando de novo sobre o que ela havia dito.
Ela falou de quase ser pega... por quem? Eu pensei sobre o encontro com Moria
e sobre a conversa sobre o Homem da Cobra Vermelha. Dava um grande salto
sobre Art ser responsável pelo seqüestro dela e das outras.
De novo, eu diminui a velocidade da minha mente que corria para pensar em
outras opções. Era possível que a cobra vermelha de Moria fosse algo
inteiramente diferente. Ou, talvez ela tivesse encontrado ele aqui. Como todos
os shamans, ele provavelmente cruzava para cá de vez enquando. Talvez ela
tivesse visto a tatuagem nessa ocasião. Ou, talvez, o mais provável, era minha
primeira noção de que Art tinha simplesmente banido ela pra cá. Tudo isso
parecia mais plausível. Ainda sim, isso era o bastante para causar tal horror em
Moria? Essa era a pergunta repetida, sem resposta.
E agora aqui estava Jasmine, também falando sobre seqüestro. Parecia
coincidência de que isso tenha acontecido enquanto outras garotas jovens
estavam desaparecendo.
"Eles eram bandidos?" Eu perguntei a Jasmine. "Tipo ... tipos meio duros e
sujos?"
"Eles eram guardas ou algum outro tipo de lutador", disse ela. "Pare de tentar
agir como se você não tivesse nada a ver com isso. Eu sei a diferença entre um
bando de mendigos nojentos e soldados treinados."
"Yeah, yeah, você é um gênio," eu murmurei.
"Isso não é difícil, comparado a você."
"Oh, veja só. Sarcasmo está nos genes." Quando eu era mais jovem, eu odiava
ser filha única e tinha desejado por filhos. Eu nunca, em meus sonhos mais
selvagens, imaginei que era com isso que eu ia acabar."Como aqueles caras
pareciam? Eles estavam uniformizados?" Os uniformes dos meus homens
descombinava. Eles tinham uma armadura de couro, mas os recrutas de Dorian
usavam verde em sua armadura enquanto os meus usavam azul, pelas sobras
de Aeson. Alguns, simplesmente usavam as cores que eles queriam.
"Não vou te dizer mais nada," ela disse. "Agora me solte!"
Havia quase um lamento no comendo dela, fazendo ela parecer como se tivesse
bem a sua idade ao invés de alguém que literalmente pretendia dominar o
mundo. É claro, de jeito nenhum eu ia sair desse lugar, não quando ela
claramente estava disposta a abrir as pernas ara qualquer um que poderia
ajudar a cumprir os planos do nosso pai.
Então, olhando para seu rosto jovem, um novo pensamento me ocorreu. Eu
estava sempre tão preocupada com ela querendo engravidar que eu nunca
prestei muita atenção dela enfrentar os mesmos riscos que eu. Meu status de
rainha me deu algum alivio, mas havia ainda muitos caras do Outro mundo que
ainda queriam me estuprar. Jasmine tinha que estar enfrentando a mesma
coisa, o alvo de qualquer um que queria ser o pai do herdeiro do rei Storm.
Esses soldados de quem ela falava podiam não ter nenhuma conexão com os
seqüestradores de Moria ­ se é que ela tinha sido seqüestrada. Porra. Tudo isso
estava machucando meu cérebro. Eu precisava falar com Roland e Art antes de
pular para qualquer conclusão.
Enquanto isso, esse era um bom motivo para manter Jasmine trancafiada.
"Desculpe," eu disse a ela. "Você não vai a lugar algum. Você vai ter sorte se eu
não der uma de Depo-Provera¹ e encher sua cela de propagandas sobre
abstinência."
"Cela? Você não vai me trancafiar numa cela." Os lábios dela estavam
projetados para fora em um bico. De novo, ela parecia tanto com uma
adolescente normal que eu quase ri. Ela parecia mais como uma garota que
ficaria de castigo do que uma aspirante a uma rainha fada toda-poderosa.
Quando eu não respondi, o impacto pareceu realmente atingir ela.
"Você não pode... você não pode fazer isso! Você sabe quem eu sou? Sou uma
princesa. Sou a filha do rei Storm! Meu filho vai reinar os mundos."
Eu balancei a cabeça. "Não, você é uma pirralha egoísta que precisa seriamente
de disciplina e aconselhamento."
"Você não pode fazer isso!"
"Eu posso... ou você esqueceu quem eu sou? Sou a irmã mais velha que reina
um reino e que não vai te deixar cumprir a profecia."
"Você não pode me trancafiar para sempre," ela avisou.
"Ela tem razão," uma voz atrás de mim disse.
Eu virei e vi Ysabel parada perto da porta. Ela não parecia mais estar apavorada
comigo, mas ela não tinha mais aquela arrogância convencida. Ela parecia fria e
distante.
"Você não pode trancafiar ela para sempre," continuou Ysabel. "Você deveria
matar ela."
"O que?" Tanto Jasmine e eu falamos ao mesmo tempo. Ysabel parecia
perfeitamente blasé com tudo.
"Ela é sua maior rival para carregar o neto do rei Storm. Enquanto ela viver, ela
sempre será um obstáculo. A única maneira para você ser livre e reter seu poder
e se ela se for."
Eu comecei a protestar que eu não queria vencer Jasmine na profecia. Então, eu
percebi que essa parte não importava. Era o próprio desejo de Jasmine de
engravidar que era o problema, e Ysabel, até certa extensão, tinha razão.
Enquanto Jasmine estivesse por perto, eu não teria paz.
Eu balancei a cabeça. "Não vou matar minha própria irmã. Mas vou prender ela
duplamente. Alguém consiga outro par de algemas de ferro."
Eu vi alguns guardas recuarem. Mesmo com o pouco ferro que as algemas
tinham, ainda era mais do que a maioria dos gentry podia líder
confortavelmente. Dobrar as algemas ia adormecer a mágica dela ainda mais,
mas aquele sangue humano ainda seria um problema.
"Eu quero a cela dela guardada a todo tempo," eu disse a Rurik. "Com mais de
você normalmente colocaria. E certifique-se que você tenha guardas que podem
usar magia."
Alguém tinha retornado com o segundo conjunto de algemas então, fazendo
Jasmine iniciar uma nova rodada de gritos e protestos.
Rurik me deu um aceno de cabeça e depois disse em voz baixa: "Se eu puder
falar com vossa majestade em particular?"
Eu arqueei as sobrancelhas. Rurik sempre me obedeceu, mas raramente se
incomodava com formalidades ou respeito, o que não me incomoda. Em
público, porém, ele sempre usava meus títulos, e eu me perguntei o que
passava em sua mente. Nós saímos da sala, passado por uma desaprovadora
Ysabel, e paramos no corredor.
"Manter a menina trancada e sob guarda pode não ser a melhor idéia", ele
disse.
Eu gemi. "Não me diga que você também acha que eu deveria matá-la."
Ele deu de ombros. "Dorian iria te dizer para fazer isso. Mas se você insistir em
mantê-la aqui, então, chame seu demônio para ficar de guarda."
Por um momento, pensei nos demônios de fogo. Então, percebi que ele estava
usando um termo mais generalizado. "Você se refere a Volusian?"
"Eu não estou dizendo que eles fariam isso ..." Rurik hesitou. "Mas eu não estou
dizendo que eles não faria também. Muitos daqueles guardas podem ficar
tentados pela idéia de ser pai do herdeiro, e se ela oferecer ... "
"Meu Deus. Ela tem quinze anos. "
"Velha o bastante. Não impediu Aeson, e se ela convencer um dos guardas, a
idade
dela não importa. Estou supondo que o seu, uh, amigo não seria tão facilmente
seduzidos. "
Volusian influenciado por sexo? Dificilmente. Especialmente se ele estava sob o
meu comando.
"Tudo bem. Vou convocá-lo." Volusian também podia parar qualquer magia que
ela pudesse fazer.
"Você também deveria considerar encontrar um mestre de poções para criar
uma tintura de beladona."
"Um quê?"
"É uma bebida que irá inibir ela de usar a sua magia."
"Beladona não é venenosa?"
"Não para brilhantes. Não se misturada com os ingredientes certos. Com o
sangue humano dela, vai, ah, deixá-la um pouco ... desorientada. Mas não vai
matá-la. "
"Eu não vou mantê-la em um estupor drogado." Comecei a retornar para a sala
e então parei para dar um olhar astuto a Rurik. "Por que me avisar? Me lembro
de uma época em que você queria ser o pai do herdeiro. Por que não ter sua
vez? "
"Com ela?" Rurik bufou. "Eu ainda não hesitaria em gerar o neto do Rei Storm ­
mas
não é ela. A mãe do herdeiro deve ser uma guerreira e, infelizmente, só sobre
você."
"Você nunca vai chegar perto da minha cama, Rurik."
"Sim, eu já deduzi isso. Mas eu ainda apoiaria o neto do rei Storm e ficaria quase
tão feliz por meu senhor o Rei Oak se ele fosse o pai."
"Dorian? Essa é a única outra alternativa, até onde você se preocupa? "
A expressão de Rurik parecia se perguntar se poderia haver alguma duvida.
"Quem mais?"
Eu balancei a cabeça e o deixei, indo ordenar a prisão da minha irmã.
Antes de colocar Volusian em guarda permanente, eu tinha uma breve missão
para ele. Ele não estava muito feliz com isso, não que isso tenha vindo como
nenhuma surpresa real.
"Minha senhora, como de costume, tem a intenção de aprofundar o meu
tormento eterno."
"Eu realmente não vejo como ver uma adolescente seja tão ruim ­ para você, de
qualquer forma. Vai ser muito mais difícil para ela. "
"Eu sou um ser de considerável poder. Eu não posso morrer. Se você insiste em
me escravizar, você deve usar minhas habilidades para fazer as nações caírem
de joelhos." Os olhos vermelhos de Volusian se estreitaram um pouco. "Em vez
disso, minha mestra me despacha para supervisionar crianças e entregar cartas
de amor."
"Não é uma carta de amor! Basta perguntar a ele, ok? "
Volusian piscou uma vez e depois desapareceu.
Embora ele não pudesse, exatamente, se teletransportar, ele pode viajar mais
rápido do que humanos ou gentry.
Depois da captura de Jasmine e Moria implicando Art, eu não queria nada mais
do que sentar com Kiyo. Eu precisava conversar sobre isso. Eu não estava
acostumada a esse tipo de turbulência e indecisão na minha vida. Eu ansiava
pelos dias em meu trabalho tinha sido simplesmente sair, encontrar o monstro,
e se livrar dele. Tinha sido muito mais fácil do que este tipo de deliberação.
Kiyo, que eu saiba, estava com Maiwenn, e eu enviei Volusian para ver se Kiyo
viria até mim mais tarde.Era o mais próximo que eu podia chegar de fazer uma
chamada telefônica no Outro mundo - mas ainda longe disso, já que levou cerca
de 20 minutos para voltar para mim.
"Viu?" Eu disse quando ele apareceu no meu quarto. "Isso não foi tão ruim."
"O kitsune diz que ele virá até você em duas horas", disse Volusian, em sua voz
plana, sem se
dignar a reconhecer o meu comentário.
Duas horas. Bem, era melhor que nada. Suspirei. "Ok. Obrigado."
Volusian simplesmente encarou. Minha gratidão não significava nada para ele.
"Tudo bem. Vá cuidar de Jasmine então. Não deixe ela escapar, e pelo amor de
Deus, não deixe ela engravidar. "
"Por quanto tempo?"
"Até eu dizer ao contrário," eu surtei.
A malícia irradiava de Volusian, mas o meu domínio sobre ele não iria deixar ele
me desobedecer. Tarefa humilhante ou não, ele não tinha escolha. Ele
desapareceu.
Uma vez sozinha, deitei na minha cama, esperando que duas horas passassem
rapidamente. Como tudo mais entre a realeza gentry, a cama que eu herdei era
fofa e luxuosa, com um colchão grosso. As capas tinham muitos bordados e
quase nunca era necessária nesse tempo ­ mas era ótimo deitar nelas. O sol não
estava se pondo ainda, mas a luz estava diminuindo, lançando longas sombras
nas paredes de pedra do quarto. Eu precisava acender as tochas em breve.
Uma batida na porta me obrigou a me levantar. "Sim?"
Era Nia. Ela me deu uma mesura educada. "Vossa majestade, você tem um
convidado."
Por um momento glorioso, eu pensei que era Kiyo. Então: não. Era muito cedo.
E Nia
não teria anunciado ele. Todo mundo por aqui sabia o suficiente para deixá-lo
entrar sozinho.
"Quem?"
"Principe Leith da Terra Rowan."
"Leith?" Eu disse, certa de que havia ouvido errado. "Eu acabei de ver ele, tipo,
seis horas atrás."
Nia balançou a cabeça, desanimada. "Ele está aqui, isso é tudo que eu sei".
Eu balancei minhas pernas sobre a borda da cama e levantei, deslizando meus
pés com meia nas botas de couro. Leith? O que ele estava fazendo aqui? Um
flash de pânico passou por mim. Algo tinha dado errado em Westoria? Se sim,
minha própria gente não teria me dito?
Eles haviam o levado à minha sala, onde ele estava sentado à beira de uma das
cadeiras revestidas de cetim.
Ele se levantou quando me aproximei, correndo para pegar minhas mãos nas
suas. Ele se inclinou e as beijou.
"Vossa majestade. Obrigado por me ver assim de forma inesperada. Eu tenho
certeza que estou interrompendo todo tipo de coisas importantes."
"Nem tanto," eu disse, retirando as minhas mãos. "E você deve realmente só
me chamar
de Eugenie agora. O que foi? Algum problema? "Por aqui, quem sabia o que
podia dar errado? Fome, inundações, gafanhotos ...
"Um problema com-Oh, não. Tudo em Westoria está bem. Fizemos progressos
surpreendentes
hoje."
Eu relaxei. "Bom. Eu estava preocupada."
Leith balançou a cabeça, ansioso para me tranquilizar. "Não, não existem
problemas. Eu apenas ... bem, eu sei que isso é estranho, mas eu tinha que vir
te ver. Ou seja, eu tinha que te perguntar uma coisa. Mas me sinto como um
idiota."
Eu franzi. "Você pode me perguntar qualquer coisa. O que está acontecendo?
Você está bem?"
"Oh, sim." Sua constrangimento cresceu. "Mas depois de hoje ... Eu só tinha que
ouvir algo de você."
"Ok, pergunte."
"Você está envolvida com o Rei Oak?"
"Envolvida com ... o quê, você quer dizer romanticamente? Com Dorian? Não! "
O rosto de Leith brilhou como o sol. "Você fala sério? Quando eu vi vocês juntos
hoje. A forma
que ele falou ... e o jeito que vocês interagiram... bem, eu pensei que os
rumores certamente eram verdade."
"Que boatos?" Eu perguntei cautelosamente.
"Que vocês ainda eram amantes."
"Onde você está ouvindo esses boatos?"
"Praticamente em todos os lugares."
"Bem, a resposta é não. Absolutamente não. "
"Sério?"
"Sério."
Leith exalou com um alívio palpável. Ele buscou minha mão e eu dei um passo
para trás, colocando uma distancia entre nós. O êxtase em seu rosto me deixou
inquieta. "Então, ainda há uma chance."
"Uma chance para quê?" Eu perguntei.
"Você e eu."
"Você e -oh, Leith, não." Era exatamente como todo mundo tinha dito. "Eu
gosto de você - você é realmente ótimo - mas não vai haver nada acontecendo
entre você e eu. "
"Mas ..." Ele foi para a frente novamente, e de novo, eu me afastei. "Mas você
continua querendo me ver e me pediu para ser parte de seu reino. Eu só
assumi... "
"Não, não ... Leith, eu já estou envolvida com alguém... você já sabe, Kiyo? O
kitsune?
Estamos juntos. "
Ele franziu a testa e ainda estava muito perto do meu espaço pessoal. "Eu não
achei que fosse um romance sério. Eu pensei que ele era apenas um ... "
"Caso?" eu sugeri.
"Sim. Eu quero dizer, alguém como você não poderia tomar ele como um
verdadeiro consorte."
Eu suspirei. "Porque todo mundo diz isso? Eu amo Kiyo. Estamos juntos. Vamos
ficar juntos por um tempo bem longo."
A alegria de Leith foi rapidamente substituída por incomodo. "Mas... eu quero
dizer, com minha "bagagem" e com a forma como nos damos, somos uma
combinação perfeita. Admita: você fica feliz por me ver."
"É claro que sim. Mas é porque e quero ser sua amiga, não te encorajar
romanticamente. Eu gosto de você ­ gosto de ficar com você. Mas é só isso.
Desculpe. Desculpe se eu te deixei pensar o contrario."
"Tem que ser mais do que amizade. Eu sei que é para mim." Ele suspirou. "Eu
nunca fui capaz de conversar tão facilmente com alguém. Parece natural."
"É porque vocês sempre deixam tudo tão...exagerado. Tem provavelmente uma
dúzia de garotas que você poderia sentar e ter uma ótima conversa se você se
livrasse da formalidade."
"Não." A dor no rosto dele estava me matando. "É algo sobre você. Eu não
posso impedir. Estou me apaixonando mais por você a cada dia."
"Você mal me conhece! Você não pode me amar."
"Eu amo," ele disse baixo, e um pouco daquela paixão brilhante retornou.
"Desde o momento que te vi.Mamãe disse que você é um par aceitável
politicamente, mas mesmo que isso não fosse verdade, eu ainda amaria você.
Eu nunca conheci ninguém como você, Eugenie. Tão corajosa e tão linda... eu
quero estar com você mesmo que não reinemos um reino juntos."
"Leith," eu disse, tentando muito deixar minha voz firme. Que merda. Porque
ele não podia ser um idiota irritante como a maior parte dos meus prováveis
pretendentes? Porque ele tinha que ser legal? Com grande esforço, eu tentei
dispensar ele de forma mais fácil ao invés do meu jeito duro.
"Eu falei sério: eu gosto de você. Mas é só isso. Eu valorizo sua ajuda e sua
amizade, mas não vou deixar Kiyo."
"Mas eu amo você." Era fraco e triste.
Eu balancei a cabeça."Sinto muito."
O rosto dele caiu, e ele virou para longe, envolvido em desespero. Ele começou
a andar em direção a porta, e então bruscamente virou, os olhos mais uma vez
iluminados. "Se as coisas terminarem entre você e o kitsune... então serei o
próximo na fila, certo?"
"Próximo da fila? Er, bem..." Porque eu não podia simplesmente mentir e dizer
sim? Ou porque não usar a fala tosca do "Eu não quero estragar nossa amizade?
"Acho que não, Leith. Eu só não acho que poderia me sentir assim em relação a
você."
Leith me encarou os olhos bem abertos por vários momentos, e então
finalmente, as feições dele endureceram. "Entendo. Desculpe por ter tomado
seu tempo, vossa majestade. Seus trabalhadores em Westoria entenderam
minha tarefa e não precisam mais de minha ajuda." Ele deu uma pequena e
educada reverencia e então saiu pela porta.
"Leith..." eu dei alguns passos para frente, meu estomago afundando. Eu me
sentia horrível. Eu sabia que ele tinha uma queda por mim, mas não achei que
fosse mais do que as atrações do Outro mundo que eu havia experimentado. O
rosto dele tinha quebrado meu coração. Eu não queria magoa ele,
particularmente depois de tudo que ele fez por mim.
Deprimida, eu voltei para meu quarto e pedi um vinho. Chegou numa bandeja
incrustada de jóias, completa com uma taça de ouro pesada. Tem que amar o
serviço de quarto dos gentry.
Eu recusei qualquer pedido para ver alguém até Kiyo chegar. Eu sentei no chão,
inclinada contra a cama e me perguntei o quanto do vinho eu podia tomar antes
dele chegar.
Para minha surpresa, foi todo.
Eu não tinha relógio ali, mas tinha certeza que mais de duas horas haviam
passado. Eu bebi taça após taça, pensando em Jasmine, Leith, e Art ­ e
encontrando nenhuma resposta para nenhum deles. Eu estava encarando o
fundo da jarra vazia, ponderando o tempo, quando ouvi uma batida na minha
porta. Finalmente!
Eu levantei e senti o mundo oscilar ao meu redor. Eu agarrei a porta para
suporte. "Kiyo?" mas não era ele. Era Shaya.
Como Rurik, ela deixou de lado muitas formalidades e não se incomodou com
cortesia. O rosto dela estava perturbado, e eu vi seus olhos inteligentes me
avaliares e minha bebedeira em uma questão de segundos. "Desculpe te
incomodar... mas uma mensagem acabou de chegar da Terra Willow."
A raiva que eu estava sentindo contra o atraso de Kiyo virou nada. "Oh meu
Deus. Ele está bem?"
Shaya hesitou e então deu um aceno duro. "Até onde sei, ele está bem. É com a
rainha Maiwenn que todos estão preocupados... ela entrou em trabalho de
parto."
¹Depo-Provera é produto de contracepção que é injetado a cada 3 meses. É um
nome comercial para depot formulation do acetato de medroxiprogesterona
produzido pela Pfizer Inc.

QUINZE

Eu fiquei parada ali por vários segundos, encarando Shaya mas sem realmente
ver ela.
"Obrigado," eu disse finalmente, minha voz soando seca e não natural até para
mim.
Ela hesitou, os olhos preocupados. "Tem algo... tem alguma coisa que posso
fazer por você?"
Mais vinho, eu pensei. Mas eu balancei a cabeça. Vinho de repente não parecia
ser forte o bastante. Eu queria ir para casa abrir o armário de bebidas, e
procurar consolo em minha própria casa e cama, e não nessa fortaleza da época
das Trevas. Mas o vinho ia dificultar a transição entre os dois mundos. Não seria
impossível mas dificilmente seria tão tranqüilo como sempre. Não, parecia que
eu ia ficar presa aqui por um tempo.
"Eu preciso ver Volusian," eu disse.
Ela deu espaço para mim, e embora eu não tenha pedido para ela, ela me
seguiu enquanto eu descia, até as masmorras. Ela parecia mais escura e
assustadora do que da
última vez, mas talvez fosse o vinho.A cela de Jasmine era fácil de ver porque
quatro
guardas estavam de pé no corredor. Eu a alcancei, e através das grades, vi
Volusian
de pé no canto, perfeitamente imóvel, com os braços cruzados sobre o peito.
Jasmine estava sentada o mais longe possível dele, seu rosto igualmente com
medo e sombrio.
"O que você quer agora?" ela surtou. Eu nem sequer olhei para ela.
"Volusian,"eu disse, "Eu tenho uma tarefa para você. Eu vou cuidar de Jasmine
enquanto você estiver fora. "
Volusian andou para a frente, passando pelas grades e vindo para ficar na minha
frente.
"Sem dúvida, minha senhora tem uma tarefa mais urgente."
"Moderadamente. Eu quero que você volte para Tucson e me traga a garrafa de
tequila eu me mantenho em meu armário de bebidas. E não assuste Tim."
Volusian permaneceu imóvel naquele jeito dele. "Minha mestra fica cada vez
mais criativa com as formas de me atormentar."
"Eu pensei que você ia gostar."
"Somente na parte em que ele me inspira a meios igualmente criativos para te
fazer em pedaços quando me libertar desse laço e finalmente te destruir."
"Você vê? Existe algo bom em tudo. Agora vá de uma vez."
Volusian desapareceu. Com ele sumido, Jasmine ficou mais ousadas. Ela correu
para a frente da cela, segurando as barras de bronze da melhor maneira que ela
pode com as mãos atadas. "Quando você vai me soltar?"
Eu sentei contra a parede do corredor, em frente dela. Me perguntei se ela ia
tentar algum dos truques de mágica dela comigo por perto"Quando você vai
parar de perguntar?"
"Você é uma verdadeira vadia, você sabia?"
"Olha, menininha," eu rosnei. "Você não quer se meter comigo esta noite. Não
estou de bom humor."
Jasmine foi implacável. "Eu não posso acreditar que você está me mantendo
aqui com aquela... aquela coisa! Isso é cruel e sádico."
"Wow, sádico é meio que uma palavra grande. Eu não achei que você tivesse
ficado na escola o tempo suficiente para saber que tipo de vocabulário."
O olhar de raiva dela piorou. "Quando eu sair, eu vou matar você."
"Então, você e 'aquela coisa' devem se dar bem, já que ele passa metade do
tempo dele tramando a minha morte horrível também. "
Ela balançou a cabeça para baixo para as mãos atadas. "Eu mal posso me
alimentar, sabe."
"Mal não é a mesma que não pode." Mas eu me senti um pouco mal com isso.
Eu ia manter ela algemada para sempre? No entanto, como eu deixaria? Talvez
eu devesse investigar aquela poção que Rurik tinha me faldo. Não ... isso
também não era certo. Eu suspirei, e passei a próxima meia hora ouvindo ela
alternar entre insultos e choramingos. No entanto, era melhor do que pensar
sobre Kiyo. Enquanto isso, eu estava ficando sóbria, então, quando Volusion
finalmente apareceu e me entregou uma garrafa de Jose Cuervo, eu dei um
agradecimento silencioso por ter comprado uma garrafa extra-grande,
"Obrigado," eu disse, me levantando. Eu apontei para a cela de Jasmine. "Agora
- de volta ao dever de guarda."
Vire, sem uma segunda olhada,os gritos de revolta de Jasmine ecoando atrás de
mim.
Shaya, que tinha esperado em silêncio o tempo todo, seguiu meus passos e
caminhou para o andar de cima.
"Tem certeza que não há nada que eu possa fazer por você?"
Eu olhei a garrafa. "Veja se você consegue encontrar alguns copos pouco deste
tamanho." Eu mantive meus dedos abertos para medir uma dose. "E traga o
suficiente para ... eu não sei. Você, Rurik ... diabos, qualquer um que queira ficar
bêbado comigo. Até Ysabel. "Eu estava me sentindo magnânima hoje à noite.
Ou, bem, pelo menos em um humor de miséria-adora-companhia.
O rosto de Shaya pareceu mais perturbado do que nunca, mas eu dei pouco
interesse enquanto eu andava para fora até um pequeno pátio circular no
centro do castelo. Isso parecia ser uma fixação na maioria dos lares gentry.
Dorian tinha alguns. Me falaram que ele havia sido verde na época de Aeson,
cheio de lírios e lilases. Agora, era areia e cascalho, alinhado com cactos,
algaroba, e até mesmo algumas das árvores com espinho que tinham dado a
terra o seu nome. Pelo menos a algaroba perfumava o ar, e eu decidi uma
vantagem do Outromundo é que essas árvores pareciam estar sempre floridas.
Eu sentei com as pernas cruzadas, no meio do jardim, notando que alguém
tinha começado a colocartelhas de pedra nele para criar uma espécie de pátio.
Ele não tinha estado aqui na ultima vez, e eu me perguntei se era Shaya que
estava fazendo isso, assim como as manchas de grama, que ela continuava a
tentar fazer crescer por aqui. Sem esperar os copos, eu abri a tequila e dei um
longo gole, o liquido forte queimou na minha garganta.
Shaya voltou logo, seguida por Rurik. Seu rosto era estranhamente sério. Após
um
breve momento de olhares trocados, eles se juntaram a mim no chão. Shaya
soltou alguns copos pequenas de prata. Não eram bem assim copos para dose,
mas iam servir. Peguei a garrafa e enchi três deles até a borda.
"Para a Rainha Willow e seu filho," eu disse, segurando meu copo no ar. Tomei
tudo em um gole. "Merda. Eu queria ter um pouco de sal e limão."
Shaya e Rurik trocaram olhares, mais uma vez - eles realmente achavam que eu
não notava? - e então me imitaram tomando a tequila. Rurik tomou o seu copo
estoicamente, mas Shaya engasgou com o dela.
"O que ... o que é isso?," ela perguntou, assim que foi capaz de falar.
"O licor favorito de Deus. Eu deveria ter feito Volusian passar no mercado e
comprar um mix margarita, enquanto ele estava fora." Fiz uma pausa, rindo do
pensamento. Servi outra dose.
"É feita a partir de um tipo de cacto, sabe."
Shaya olhos de soslaio a garrafa. "É mesmo?"
"Yup. Huh. Me pergunto se podiamos fabricar essa coisa. Eu vi agave por ai. Eu
aposto que podíamos fazer altos negócios com ela."
"Eu não tenho tanta certeza," ela disse.
Rurik estava servindo outro copo. "Eu não sei. Ele pode agradar alguns."
"Ah, Rurik. Eu sabia que eram almas gêmeas." Ergui meu copo vazio, estudando
a
meia-lua luz que brilhava sobre ele. Minha cabeça estava recobrando aquele
zumbido agradável de novo. "Você acha que Maiwenn vai ter um menino ou
menina?"
"Não sei," disse Shaya após vários momentos de silêncio. "Há aqueles que
podem
magicamente determinar essas coisas. Mas eu não soube que a rainha Willow
tenha feito isso."
"Provavelmente não". Kiyo teria me disse. Ou será que ele teria? Talvez ele teria
guardado essa notícia, mantendo como um segredo especial entre ele e
Maiwenn. Servi outra dose, mas não bebi. Ficar totalmente bêbada era uma
coisa; enjoada era outra. "No meu mundo, eles teriam descoberto o sexo a
muito tempo. Eles também seriam capazes de dizer várias coisas ­ o tamanho,
se tem alguma doença, e até se são gêmeos ou trigêmeos. Tem uma máquina
que nós temos. Você passa uma pá sobre o estômago da mãe, e então você
pode ver o bebê na tela. Ou, às vezes, até mais cedo, eles podem colocar uma
agulha e tirar líquido amniótico para descobrir as mesmas coisas."
Rurik e Shaya estavam me olhando de olhos arregalados. Era uma expressão
comum entre os habitantes do Outromundo sempre que eu começava a falar
sobre a tecnologia humana.
"Às vezes me pergunto se há algum mistério ou maravilha restando em seu
mundo."
Olhei e vi a silhueta de Ysabel na porta para o castelo.
"Ah, com certeza.Muito. "Fiz um gesto chamando-a. "Venha tomar uma bebida.
Tenho certeza que estou muito bêbada para matar alguém hoje à noite. "
Ysabel hesitou alguns segundos e então lentamente se aproximou, sentando-se
perto de Rurik e Shaya, o mais longe de mim que ela poderia, respeitosamente,
ir. Ela fez uma careta ligeira para as telhas enquanto ela colocava suas saias
esvoaçantes de seda por baixo dela. Sem dúvida, estar no chão ia contra a
natureza fastidiosa dela. Rurik alegremente entregou serviu uma dose de
tequila. Ela cheirou, e sua carranca retornou.
Minha mente ainda estava em bebês. "Parece que sonografia seria útil para
vocês. Quer dizer, com o problema que vocês tem em ter filhos."
Havia uma boa chance, eu sabia, que Maiwenn nem sobrevivesse ao parto. Ou
que seu filho não sobrevivesse. Era comum entre os gentry, meio como se fosse
o custo para a suas vidas longas e saudáveis. Eu não sabia como me sentir sobre
isso. Eu não desejava a morte de nenhum deles... e ainda sim, o quão simples as
coisas seriam se não tivesse Maiwenn e nenhum bebê?
Mesmo agora, eu podia imaginar Kiyo ao lado dela, segurando sua mão. Seu
rosto bonito teria linhas de preocupação enquanto ele falava palavras de
encorajamento. Certamente, com o seu sangue humano, esse bebê seria
saudável e forte. E Maiwenn era uma curandeira .... isso seria útil para si
mesma? Tudo iria bem, eu tinha certeza, e eles, sem dúvida teriam um bebê
bonito, um que iria criar uma ligação entre eles para sempre, uma ligação que
eu nunca poderia fazer parte...
Eu bebi minha próxima dose e percebi que Ysabel tinha tomado corajosamente
a dela. "Bom trabalho," eu disse. "Você quer outra?"
Ela balançou a cabeça. "Eu não considero feminino se afogar-se em excesso,
perdendo controle de inibições e todo o senso de decoro."
"Claro que não", eu disse.
"Eu acredito," ela acrescentou "que a rainha Willow compartilha do meu ponto
de vista."
Eu sorri, girando meu copo no chão, assistindo enquanto ele virava em circulos
cada vez menores antes de parar. Com o bebê de Maiwenn consumindo meus
pensamentos, as provocações de Ysabel esta noite pareciam insignificantes.
Continuamos por um tempo, Rurik me acompanhando nas doses, e Shaya
apenas ocasionalmente bebendo. Ysabel parecia ter perdido o seu medo de
mim e continuou seus
comentários espinhosos. Acho que saber que eu estava em um estado mais
frágil por causa do parto de Maiwenn tinha encorajado ela. Na verdade, ela
estava no meio de alguma anedota
sobre como Kiyo e Maiwenn tinham se envolvido quando suas palavras foram
interrompidas,
e suas feições se iluminaram com surpresa.
"Meu senhor!" Ela chorou, levantando assim que um dos meus servos começou
a anunciar, "Sua majestade real, o Rei Dorian, da Casa de Arkady, invocador da
terra - "
Dorian dava passos largos no pátio, sem esperar por seus títulos terminarem.
Ysabel caiu
de joelhos diante dele, o rosto radiante. "Meu senhor!"
Ele lhe deu um breve aceno de reconhecimento e, em seguida, passou ela vindo
na minha direção. Eu acho que ninguém além de mim viu a devastação que
encheu o rosto dela enquanto ele passava.
Shaya e Rurik começaram a se levantar por cortesia, mas Dorian rapidamente
fez eles se sentarem. Tirando sua capa ­ que parecia ser azul marinho na luz da
lua ­ ele a esticou no chão e sentou ao meu lado.
"Bem, bem, uma festa, e ninguém me convidou."
"Foi meio de improviso," eu disse, me esticando para servir pra ele uma dose.
Minha mão tremia enquanto eu segurava a garrafa.
Dorian pegou de mim e terminou de servir. Ele me olhou com cuidado. "E, no
entanto, parece
estar acontecendo há algum tempo."
"Sim. Estamos brindando o nascimento do próximo rei ou a rainha da terra
Willow."
"Foi o que ouvi, que é porque eu vim para ver como a notícia foi recebida aqui".
Dorian tomou a tequila.As sobrancelhas dele se ergueram em surpresa com o
gosto, mas não o impediu de serviu outra dose. "E não presuma que a criança
vai herdar. Tudo depende de força e poder ".
As palavras dele me lembraram vagamente dos próprios problemas de Leith
com a herança, o que depois me lembrou da declaração de amor de Leith. Ugh.
Eu provavelmente matarei qualquer chance de conseguir ajuda. Bem, essa era
uma preocupação para outro dia. "Como você chegou aqui tão rápido?"
Perguntei a Dorian.
"Não tão rápido. Soube horas atrás."
Horas atrás. Dorian tinha descoberto antes de mim. Provavelmente, todos
tinham. Quem eu era, afinal de contas? Certamente ninguém que estava ligada
a este nascimento. Eu era apenas mais um monarca que era esperado enviar
jóias ou tapeçarias quando o bebê nascesse. Servi outra dose, mas Shaya a
pegou.
"Posso tomar outra?" Ela não era fã dessa coisa, mas eu tinha o pressentimento
que ela queria me impedir de beber mais. Oh, bem. Parecia ter mais uma dose
na garrafa ­ embora Dorian tivesse sido mais rápido que eu nessa também.
"Você vai ficar enjoada," Eu avisei, pegando a garrafa. Apenas algumas gotas
foram derramadas no meu copo.
"Eu vou me arriscar. Esta é uma substancia fascinante."
"Ela vem de cactos", eu disse amavelmente, esperando que poder dissuadi-lo
daquela última dose. Não funcionou.
"Intrigante," ele disse após tomar. "Você deveria tentar produzi-lo aqui. Tenho
certeza de que várias pessoas iriam negociar por isso."
Eu não tinha certeza por causa da quase escuridão, mas parecia que Shaya tinha
revirado os olhos. Parte de mim se ressentia da presença de Dorian, apesar de
eu ter que admitir que ele fez um bom trabalho em manter o assunto longe
Maiwenn e Kiyo. Isso não me impediu de pensar neles, é claro, mas eu não pude
deixar de sorrir enquanto ele entretia os outros. Se
era parte de ser um rei ou apenas algo inerente a Dorian, ele tinha uma forte
carisma sobre ele que poderia fazer todos rir e ficar fascinados. Com minha
capacidade social, as habilidades dele eram algo que eu admirava ­ e
ocasionalmente invejava.
Porém, à medida que a noite avançava, eu podia sentir os efeitos da tequila
diminuindo um pouco. Isso não era para dizer que eu ainda não estava bêbada
como o inferno, eu tomei metade da garrafa. Mas, eu queria ir para a cama
enquanto eu ainda estava naquela delirante neblina. Isso não me impediu de
sentir por Kiyo, mas eu tinha que imaginar estar sóbria seria pior.
Todos se levantaram quando eu levantei, e eu senti minhas pernas lutarem por
equilíbrio. "Me deixe te ajudar," disse Shaya, indo na minha direção. Dorian
interferiu antes dela conseguir ajudar.
"Não, não. Permitam-me guiar a rainha Thorn para o seu quarto. Eu gostaria de
algumas palavras. "O rosto de Ysabel escureceu com isso, e ele lhe deu um olhar
severo. "Ah, pára com isso. Eu vou até você em breve ­ desde que Eugenie me
permita permanecer durante a noite em seu castelo."
"Claro, claro", eu disse. "Vá entrando. Se faça em casa.Escolha cortinas."
Ele estendeu o braço para mim, e eu decidi que a indignidade de Dorian me
guiar era menor
do que cair na frente dos meus servos. Os olhos de Ysabel nos seguiram
furiosos, e eu não podia culpar ela. Se meu namorado estivesse levando uma
mulher bêbada para seu quarto, eu estaria fula também.
"Foi muito arrogante de você pensar que eu precisava do seu apoio moral," eu
disse a ele assim que ficamos fora do alcance da audição dos outros.
"Certo. Você só precisa do apoio moral de uma garrafa ," ele provocou. "Seja
honesta,Eugenie.
Seu amante ao lado de uma ex-amante, esperando ansiosamente o nascimento
de seu filho.Eu estaria aflito também. "
"Nada angústia você"," eu resmunguei. Chegamos no meu quarto, e ele me
seguiu sem convite.
"Muitas coisas para fazer," ele disse. Ele franziu a testa, ligeiramente, e me
ocorreu que ele não estava muito sóbrio.
Eu soltei o braço dele e andei até o espelho que estava no lado do quarto,
emoldurado em ouro. Eu prendi meu cabelo mais cedo e agora o soltei, me
perguntando se eu ia me incomodar em chamar Nia para pegar uma camisola
ou ia apenas dormir com minhas roupas. Parada ali, eu encarei meu corpo,
pensando na alegação da minha mãe de que eu era magra demais. Eu sempre
respondi dizendo que eu era atlética. Passando minhas mãos pelo meu
estômago até meus quadris, estudei minha figura. Seja como for que você
queria chamar, era magro.
"Eu não posso nunca fazer isso por ele," eu disse em voz baixa. "Eu nunca posso
lhe dar um bebê como ela pode."
Dorian andou e parou atrás de mim, encontrando meus olhos no espelho. "Você
quer?"
"Eu não sei. Filhos nunca estiveram no meu radar ... sempre foi o tipo de coisa
de "talvez algum dia." Mas agora ... sabendo que não posso..." Meus quadris e
estômago, de repente pareciam tão doentiamente magros como minha mãe
sempre havia dito. Eles permaneceriam intocadas e inférteis, nunca preenchidos
com o tipo de vida que os de Maiwenn tinham. Eu nunca iria compartilhar isso
com Kiyo.
Eu hesitei enquanto Dorian chegava por trás e colocava as mãos sobre a parte
mais estreita da minha cintura. Ele apoiou a cabeça no meu ombro, e eu estava
muito cansada para afastar ele.
"Você fala como alguém que foi condenado com a infertilidade, ou como se
você tivesse passado do seu tempo."
"É como se fosse."
"Isso não é verdade. Você é jovem. Você irradiar saúde e fertilidade. Você
poderia ter uma dúzia de filhos."
Eu balancei a cabeça lentamente. "Eu não posso," eu disse com tristeza. "Eu não
vou. Você sabe que eu não vou, não importa o quanto você e toda criatura do
Outromundo queira."
"Talvez você tenha uma filha."
"Eu não posso correr esse risco." Eu sabia que nunca iria confiar nele sóbria. "E
se Kiyo
decidir que ele não quer isso ­ estar com alguém que vai sempre estar sem
filhos? E se ele quiser mais filhos? Talvez esse bebê... talvez ele volte para
Miawenn. Talvez.. talvez ele me deixe..." Eu podia sentir lágrimas se formando
em meus olhos e eu me odiei pela fraqueza.
Dorian apertou minha cintura ainda mais. "Ele é um tolo. E você será uma tola
por lamentar por ele se ele o fizer. Você é mais do que um vaso para ter filhos."
"Não do jeito que todo mundo fala. Não é o jeito que você fala."
Para meu choque, Dorian me virou. Ainda me segurando, ele pressionou sua
testa na minha para que apenas centímetros estivessem entre nós. Eu podia
sentir o cheiro da tequila no hálito dele, sem duvidas espelhando o meu.
"Eugenie, você é uma mulher sem igual, e não importa o quanto você me irrite e
não importa o quanto eu tento te tirar da minha cabeça ­ acredite em mim, os
dois acontecem regularmente ­ eu não consigo ficar longe de você. Mesmo que
você fosse estéril, eu te aceitaria como minha consorte em um instante e
passaria o resto da minha vida com você ­ sem filhos, desde que isso signifique
que você ficará ao meu lado. Eu alegremente te traria a minha cama com
nenhum outro pensamento do que me alegrar com seu corpo. Seria o
bastante."
Eu engoli. "Mas você está com ... Quer dizer, e quanto a... e quanto Ysabel? Ela
pode ter
filhos... "
"Ysabel," ele disse com desdém, "não é nada. Uma pálida imitação de você ­ e
nem é uma boa nisso."
Isso foi duro da parte dele, mas me encheu com algo quente e amado e
especial. Eu percebi que não importava o falatório, a tensão sexual, e muitos
esquemas, Dorian realmente
era meu amigo. Eu também percebi que eu queria tanto que ele me beijasse,
esmagasse seu corpor contra o meu e passasse suas mãos pela minha pele nua.
Eu queria transar com ele contra a parade, na cama, no chão... honestamente
não importava, desde que nossos corpos estivessem juntos, e eu pudesse sentir
ele em mim...
Whoa. Eu me afastei, meu coração acelerado, mal conseguindo me impedir de
fazer algo que eu iria me arrepender. Decidir que ele era meu amigo, era uma
coisa; pular na cama com ele era outra. Eu sabia que era a tequila e minha
preocupação com Kiyo fazendo isso. Eu não queria estar com Dorian de novo;
eu não poderia. Mesmo que ele alegasse que seria por amor e prazer, eu sabia
que nunca seria tão simples. Sempre haveriam a política e esquemas....
E então, eu fiz a coisa mais nada sexy que eu consegui, eu convoquei Volusian.
A presença gelada e negra do meu servo pegou Dorian de surpresa, e ele deu
um passo para trás. Era o equivalente, no Outromundo, a um banho frio. Os
olhos de Volusian brilharam nele e então viraram para mim.
"Minha mestra requer mais intoxicações," ele disse.
"Não." Meu apego mágico a ele tremeu levemente. Não era nem de longe o
bastante para mim perder o controle, mas o álcool mexeu com meu poder um
pouco. "Eu quero que você vá para a terra Willow e veja se tem novidades."
"Mais tarefas românticas."
"Só vá," eu surtei, tentando soar o mais dura e mandona que consegui.
Assim que Volusian se foi, Dorian caminhou com raiva até mim, todos os traços
de sensualidade desapareceram.
"Isso foi idiota, Eugenie. Você não deveria ter convocado ele depois de beber
tanto."
Eu me afastei dele. "Eu preciso descobrir o que está acontecendo."
"Você precisa banir ele. Algum dia, você vai se arrepender de ficar com ele."
"Ele é útil," eu protestei. "Eu não preciso de sermões. Você deveria ir até Ysabel
agora. Eu não preciso de mais declarações de amor hoje."
"Oh?" O tom leve dele retornou. "Teve algumas dessas hoje?"
"Leith," eu admiti. "Ele passou aqui hoje a noite para proferir sua enorme
devoção e ver se ele tinha alguma chance comigo."
Os olhos verdes de Dorian me observaram com cuidado. "E?"
"E, é claro que não. Eu tive que dizer a ele não algumas vezes antes dele
entender."
Dorian não se incomodou em esconder sua satisfação. "Você quebrou o coração
do pobre garoto. E da mãe dele, sem duvidas. Não haverá baile agora. Você
gostaria que eu desse um ao invés deles?"
"Não." Minha tristeza estava se tornando irritabilidade. "Eu quero que você vá
embora. Vá até Ysabel e pinte ela ou a amarre ou o que quer que seja que vocês
fazem juntos. Eu estou cansada e quero ir dormir. Sozinha."
Para minha surpresa, Dorian não protestou. Muito. "Como quiser. Se precisar de
mim, sabe onde estarei."
"Seria necessário muito da minha parte para te interromper," eu disse
secamente.
Dorian me deu um dos sorrisos sábios e tolos dele, e me deixou sem nenhuma
outra palavra. A ideia dele indo até a cama de Ysabel me perturbou mais do que
eu gostaria. Ele tinha saído a apenas alguns minutos quando Volusian retornou.
"Bem?" eu perguntei. Meu estomago estava revirado. Eu não sabia o que queria
ouvir. Se fosse da natureza de Volusian sorrir, eu juro, ele teria sorrido. "Os
servos da terra Willow reportam com alegria que sua rainha deu a luz a uma
filha. Todos estão saudáveis e bem."
Meu corpo ficou perfeitamente parado, e por um momento, eu não vi nada no
quarto a não ser aqueles olhos vermelhos brilhantes. Finalmente, eu voltei a
mim. "Obrigado, Volusian."
"Minha mestra precisa saber algo mais dessa alegre ocasião?" Havia um desdém
na voz dele.
"Não. Volte para Jasmine. Agora."
Ele obedeceu, me deixando sozinha. Eu sentei na cama por vários minutos,
pensando em tudo e nada. Eu me sentia atordoada. Eu sentia todos os
movimentos do mundo. E quando eu de repente usei o ar do quarto e o usei
para jogar um vaso contra a parede, eu não sabia dizer se era por causa de
Dorian ou Kiyo.

DEZESSEIS

Eu me revirei aquela noite, surpresa por não cair no coma induzido por alço que
eu meio que tinha esperado. Eu finalmente acordei no nascer do sol e decidi
partir antes de pessoas demais notarem. Só alguns servos estavam de pé e por
perto, pelo qual fiquei grata. Eu não queria ver o olhar de preocupação de Shaya
ou ouvir Dorian e Ysabel flertar no café da manha. Eu não queria pensar sobre o
que os dois tinham feito a noite passada ­ ou o porque me incomodava tanto.
Eu era amiga de Dorian. Isso era o bastante.
Antes de partir, eu enfiei a cabeça na prisão no andar de baixo. Os guardas do
turno da noite aidna estavam acordados e alertas, e Volusian manteve sua
observação sem emoções no canto da cela. Jasmine estava curvada numa bala,
dormindo, embora eu pudesse ver lágrimas secas nas bochechas dela.
Com a guarda baixa dormindo, ela parecia muito jovem.
Eu voltei para Tucson, carregando uma das piores ressacas da minha vida.
Apesar do fato de ser tarde da manhã ali, minha casa estava tão quieta como o
castelo tinha sido. Considerando o jeito que os gatos e cachorros me
observavam com expectativa, eu tinha que assumir que Tim não tinha levantado
para alimentar eles ainda. Eu soltei os cachorros no quintal e disse aos gatos
que eles iam ter que esperar. Quanto a mim, eu tomei dois copos de água e
meio frasco de aspirina, antes de cair no meu quarto. Minha própria cama
providenciou o conforto que a do castelo não conseguiu, e eu dormi pesado por
duas horas.
Eu me senti muito melhor quando levantei, e um banho melhorou as coisas
ainda mais. O cheiro de torrado me acordou, e meu atormentado estomago deu
boas vidas a ideia de comida. Eu fui para a cozinha dizer a Tim me servir um
pedaço e descobri que ele não estava sozinho. Uma garota nos seus vinte anos
estava sentada na mesa, rindo e usando a camiseta de Segurança Nacional dele.
Tim estava no fogão com a torrando, com o peito nu em calças esportivas e
vários colares.
"Oh, oi," gritou a garota.
"Eug! O que você ­ er, saudações da manha, Irmã Eugenie." Tim ergueu sua
palma.
"Eu não sabia que você estava em casa."
Eu virei os olhos, sem ter paciência pra rotina dele esta manha. Eu me servi uma
xícara de café. "Eu espero que você tenha comprado xarope de borbo."
Ele me deu um prato de torrada, saída do fogão. Eu acho que era para a amiga
dele, mas ele sabia melhor. Eu encontrei o xarope na geladeira, empapei na
torrada, e então fui para a sala sem dizer outra palavra para eles. Alguns
minutos depois, Tim entrou, parecendo envergonhado.
"Você sabe que não pode trazer elas para casa," eu disse.
"Yeah, eu sei. Eu só... bem, eu não achei que você estaria em casa com o jeito
que as coisas tem estado ultimamente."
"Não é irracional," eu concedi. "Mas isso não muda as regras. Você fica na casa
delas."
Ele acenou. "Ela pelo menos pode terminar o café antes deu expulsar ela?"
Eu mastiguei minha comida, pensando sobre o que tinha que fazer hoje. Eu
engoli e suspirei.
"Você pode deixar ela ficar a manhã toda. Vou sair logo mesmo... eu
provavelmente estarei fora pela maior parte do dia."
Tim se iluminou com prazer inesperado."Mesmo? Oh, querida. Obrigado, Eug.
Você é a melhor ­ "
Eu entreguei a ele meu prato vazio. "Só me traga mais, e considero que estamos
empatados."
Desde que disse a Lara para manter meus horários abertos, eu agora tinha dias
sem planos ­ o que se provou terrivelmente convincente hoje. Eu ia dirigir até o
Yellow River de novo para conversar com Abigail e Art e tentar fazer algum
sentido nesse negocio de cobra vermelha. Haviam muitas perguntas e peças
que não encaixavam envolvendo tudo, e eu precisava começar a encaixar
algumas peças para poder continuar com minha vida.
O lado ruim de dirigir assim é que me dava muito tempo para pensar. Muito e
muito temp. Era um dia claro, e não haviam cidades grandes no caminho. Era
apenas eu, minha mente, e a estrada aberta. Eu fiquei pensando sobre como
Kiyo e eu tínhamos dirigido por esse caminho da ultima vez juntos, e o sexo que
tinha acontecido no hotel. Eu pensei nele e Maiwenn agora, celebrando o
nascimento de sua filha. Eu pensei sobre meu surto com Dorin e meus medos
de que Kiyo não me quisesse mais.
Eu trouxe meu celular comigo e ele estava no banco do passageiro, no volume
alto. Eu não queria perder uma ligação de Kiyo... porque certamente ele ligaria
para me contar sobre sua filha logo, certo? Se eu não sabia de nada, significa
que ele ainda estava no Outromundo, o que ­ como eu posso imaginar ­ não
tinha uma grande cobertura de celular.
Visitamos Art da ultima vez, mas quando sai da estrada, eu descobri que eu
estava mais perto de Abigail. Então, eu dirigi pela modesta cidade de Yellow
River ­ passando por uma loja de brinquedos sexuais ­ e estacionei do lado de
fora do prédio dela. Era de tarde agora, e as pessoas estavam na rua, com o
turismo em particular enfiando suas cabeças na loja de antiguidades embaixo
do apartamente de Abigail. Eu encontrei a pequena porta perto da entrada da
loja e subi, me perguntando se seria atropelada por gatos.
Mas não fui ­ em grande parte por que eu nunca cheguei no apartamento. Eu
bati várias vezes e chamei o nome de Abigail. Quando isso não funcionou, eu
disquei o número que Roland tinha me dado. Entrou na caixa mensagem e nada
mais.
"E lá se foi isso,"eu murmurei. Talvez fosse bom também. Art era quem tinha a
maior parte da minha atenção mesmo, com a tatuagem dele e tudo mais. Era
ele que precisava ser questionado.
Então, eu troquei a cidade pelo subúrbio, e em plena luz do dia eu pude
realmente absorver o quão fofa era a vizinhança de Art. As casas eram grandes
e novas como as dele, e os vizinhos dele pareciam amar seus gramados tanto
quanto. Eu não vi Art do lado de fora, mas uma grande SUV vermelha na
garagem dizia que ele estava por perto.
Eu bati duas vezes na porta, e por um momento, eu pensei que ele também
tinha saído. Quando eu estava quase tocando a campainha, ele finalmente abriu
a porta. O cabelo dele estava úmido, como se ele tivesse acabado de sair do
banho, e ele segurava uma tesoura com uma mão.
"Eugenie!" O rosto dele se abriu num sorriso. "Isso é uma surpresa." O sorriso
caiu momentaneamente.
"Está tudo bem? Roland...?"
"Bem, bem," eu assegurei a ele. "Eu só quero te fazer mais algumas perguntas."
"Você dirigiu tanto para isso,' ele brincou, saindo e fechando a porta atrás dele.
As pessoas acham mais facil mentir no telephone, mas eu dificilmente poderia
dizer isso a ele. "Eu tinha o tempo e pensei que ia simplificar as coisas."
"Claro. Fico feliz com sua companhia... desde que você não se importe de andar
comigo enquanto eu trabalho um pouco?" Ele acenou com a tesoura como uma
forma de explicação.
"Sem problemas."
Ele me ofereceu algo para beber primeiro, mas eu ainda estava segurando o
café que comprei no posto de gasolina e recusei. Eu sentei no degrau da frente
enqaunto ele começava a cortar alguns arbustos da frente da casa. Eles eram
grossos e cheios de folhas, cheiros de flores amarelas. Elas pareciam querer
consumir a casa, e eu me lembrei do castelo da Bela Adormecida, e os espinhos
que o cercavam. Ele não cortou toda a altura, ele na maior parte só parecia
estar preocupado em fazer elas parecerem legais.
"Eu passei na Abigail no caminho para cá, mas ela não estava em casa."
"Eu acho que ela está em El Paso por alguns dias," Art disse. Os músculos no
braço dele se encheram, erguendo a manga da camiseta dele e mostrando a
cobra vermelha. "A irmã dela vive lá. Elas são próximas, o que é bom, mas tenho
certeza que poderia ter aproveitado a ajuda dela para um banimento que fiz
outro dia. Você deveria ter passado aqui. Era uma garota gentry, na verdade ­
você está procurando por elas, certo?"
"Sim," eu disse, surpresa. "Eu assumo que você conseguiu enviar ela de volta
sozinho?"
"Yeah. Ela não era tão durona. Estava mais assustada do que qualquer outra
coisa."
Eu tomei meu café, tentando fazer sentido nessa nova noticia. Eu posso muito
bem ter me precipitado sobre o papel de Art em seqüestro. Talvez Moria
simplesmente tivesse sido banida daqui. "Seu trabalho alguma vez te leva para
o Outro mundo?" Eu perguntei.
Ele deu uma risada áspera. "Não se eu puder evitar. Essas transições são uma
droga, mesmo com as passagens. Eu não vou lá em... eu não sei. Anos."
"Huh," eu disse.
Art parou de cortar, me dando um olhar perplexo. "Porque a pergunta?'
"Eu ouvi histórias ­ isto é, rumores gentry ­ sobre algum humano lá que parece
como você."
"Como eu?" A confusão dele cresceu. "Isso é um pouco estranho."
"Era um humano com uma tatuagem vermelha de uma cobra." Eu não quis soar
acusatória, mas um pouco saiu da minha língua.
"Porque diabos eu ia mentir sobre cruzar até lá?" ele perguntou. Ele não estava
com raiva, exatamente, mas um pouco daquele humor amigável tinha esfriado
um pouco.
"Whoa, hey. Eu não disse que você cruzou." Eu tentei não soar muito defensiva.
"É só estranho ter havido avistamentos de alguém que parece com você perto
da encruzilhada que sai perto de você."
"O gentry que eu bani provavelmente está confuso e pensando que eu estava
no Outromundo quando eu o expulsei deste... honestamente, é difícil entender
como qualquer um deles pensa. E você sabe o quão desorientador um
banimento pode ser."
"Yeah, eu sei. Eu só estou dizendo que a história que eu ouvi é estranha." Art
disse que ele expulsou uma garota, mas Moria certamente soava como se ela
tivesse fugido.
Se eu achei que a atitude dele tinha esfriado antes, agora ela era gelada. "Eu
acho igualmente estranho que um shamam é amigo o bastante com os gentry
para ouvir a história deles ­ e estar preocupado com eles. Porque te interessa se
humanos estão lá, afinal de contas?"
"Porque esses humanos podem estar ferindo gentry."
"E?"
"E não é certo."
Ele bufou e continuou a cortar. "Eles são gentry, Eugenie. Não são como nós. E
pelo que ouvi, você também não é tão gentil com eles."
"Quando eles estão nesse mundo, yeah."
"Qualquer mundo, Eugenie. Eles literalmente não são humanos. Porque você se
importa tanto?"
"Não é da sua conta." A dureza das palavras saíram antes deu poder impedir.
Art pausou de novo e dessa vez ele virou para me encarar.
"E não é da sua conta onde eu vou ou o que eu faço ­ em qualquer mundo."
Meu coração disparou. "O que, você está dizendo que é você? Que você esteve
no Outromundo recentemente?"
"Eu estou dizendo que acabei com essa discussão. Você não é bem vinda aqui se
você vai ficar dizendo acusações ridículas ­ acusações que nem mesmo
importam."
"Importa para eles."
"Eu acho que você está fazendo as perguntas erradas aqui. Você precisa
examinar seus motivos e descobrir porque está tão ansiosa para defender
aqueles que não se importam conosco ­ e porque você está começando brigas
com sua própria gente."
Eu levantei, tomando cuidado com o café. "Eu não estou começando uma
briga."
"Então saia daqui antes que comece uma."
Ficamos parados ali, presos em antagonismo, e eu me perguntei se haver uma
briga. Eu estava armada, e ele não, embora ele fosse maior e tivesse mais
másculos. Não, isso era idiota. Porque ele iria brigar? Ele não tinha confessado
nada, só ficado hostil com o que ele lia como eu acusando ele de coisas que ele
não considerava crime. Isso não o tornava culpado ­ mas não o tornava
inocente também. Algo simplesmente não parecia certo aqui.
"Tudo bem,." Eu disse, me afastando. "Eu não queria chatear você. Só estou
tentnado descobrir as coisas e me certificar que ninguém esteja sendo
injustiçado."
Ele sorriu, mas era o sorriso fácil com que ele tinha me cumprimentado. "O que
em nome de Deus você faria se alguém estivesse sendo? Qual é, Eugenie. Não
vá alem da conta com seu senso de obrigação ­ ou importância. Não existe uma
policia shaman. Você não tem nenhuma jurisdição ou direito de ditar o que eu
ou qualquer outra pessoa por aqui ­ ou em qualquer lugar ­ faz."
"Anotado," eu disse, indo em direção ao meu carro. Eu tinha medo de que se eu
ficasse, eu ia dizer algo que ia me arrepender. Independente dele ter um papel
em tudo isso, eu não gostava do jeito duro que ele tratava gentry ­
particularmente já que uma vez eu tive um atitude similar a essa. "Eu vou
mandar lembranças suas ao Roland."
"Se certifique de mandar," disse Art. "E talvez você devesse ter uma conversa
com ele sobre algumas dessas idéias enquanto você manda. Roland sabe o que
é certo."
Eu mordi meu lábio e entrei no carro sem nenhum outro comentário. Então.
Nenhum resposta verdadeira por aqui, mas algo parecia errado com Art. Ele
estava com a guarda muito alta e foi muito hostil, e apesar de alegar não ir ao
Outromundo recentemente, o resto dos comentários dele vez parecer plausível
ele estar mentindo.
Ainda sim, eu percebi que o que me incomodava tanto quanto reserva dele era
sua atitude em relação aos gentry. Roland era similar, embora não tão duro, e
ele me avisou várias vezes. Kiyo também queria me manter fora dos assuntos
gentry ­ o tanto quanto eu podia ­ o que era hipócrita, considerando o
envolvimento dele. Eu estava ligada, quer ele gostasse ou não, e eu tinha que
aceitar que meu modo de ver os gentry tinha mudado. Eles eram estranhos, e
eu nem sempre aprovava eles, mas no coração deles, eu sabia que eles eram
um povo não muito diferente de mim, cheio dos mesmos sentimentos e
esperanças. Eu não conseguia entender como Art ou qualquer outro podia
pensar que aquelas garotas desaparecendo não era importante ­ mesmo que
elas fossem gentry.
Me ocorreu enquanto eu ia embora que Art não tinha me convidado para entrar
dessa vez. Coincidência? O meticuloso jardim dele certamente sugeria que ele
passava tanto tempo do lado de fora como dentro.E ainda sim... eu poderia ter
encontrado mais evidencias lá dentro que iam dar mais luz sobre as atividades
dele? Merda. Por enquanto não havia nada a ser feito, não com Art ainda por ai
e com suspeitas de mim.
Enquanto eu dirigia de volta para a cidade em direção a estrada, um plano B
apareceu na minha cabeça. O que Art tinha dito? Que Abigail estava fora da
cidade por alguns dias? Como se ainda, eu não tivesse evidencias que sugeriam
que ela estava envolvida com esse mistério do Outromundo, mas ela estava
associada a Art. Talvez houvesse algo na casa dela. Então, eu estacionei do lado
de fora do apartamento dela mais uma vez e passei pela loja de antiguidades.
Meu athame, varinha, e arma eram minhas ferramentas de troca usuais, mas eu
carregava alguns quartzo para leitura de energia que eu não tinha utilizado
antes. Eu também tinha um kit para arrombar fechaduras que eu mantinha na
bolsa. Demônios, trolls, e outras criaturas da mesma laia tentam se trancar
longe de mim. Se a fechadura de Abigail não era de top de linha, eu deveria ser
capaz de entrar.
Ela não era, e julgando pela falta de bipe, também não havia nenhum alarme. O
mais perto que ela tinha era uma horda de gatos. Eles me cercaram em uma
massa peluda, menos hostil do que famintos. Eu me perguntei sobre quem
alimentava eles enquanto ela não estava. Agitada, resolvi fazer uma busca
rapida, para que quem estivesse encarregado de alimenta-los não aparecesse
do nada. A busca não foi fácil já que o lugar era um amontuado de livros,
incenso, e velas. Minha tarefa foi ainda mais difícil pelo fato de que eu não tinha
ideia do que eu estava procurando. Eu ergui e movi as coisas da melhor forma
que pude, esperando que o lugar não parecesse remexido. Apesar da bagunça,
eu de novo fui atingida por quão bom era o apartamento, como ele tinha sido
restaurado de forma cara. O chão era de madeira de lei de verdade ­ nenhum
laminado ­ e todo o gesso e rodapé era elaborado e lindo. Esse lugar não podia
ser barato, e parecia uma pena deixar os hábitos de amontuar as coisas dela
esconder o melhor dele. Não que eu puidesse falar. Eu conclui minha busca com
uma rapida olhada no quarto. Ele era menos bagunçado e portanto tinha menos
coisas para buscar. Seu edredon era uma colcha de retalhos de sedas coloridas,
e seu armário estava cheio de lenços e vestidos. Um porta jóias estava na
penteadeira dele mostrando uma enorme coleção de colares e anéis, e do lado
dele estava ­ Deus me ajude ­ um par de algemas. Eu quase ri, tentando
imaginar a New Age Abigail fazendo algo tarado. Talvez eu não tenha sido a
única a visitar a sex-shop. É claro, enquanto as minhas algemas eram baratas e
leves, essas eram feitas de aço industrial, como a que policiais usam. Se ela
gostava de cosias taradas, então era bem pesado.
Eu voltei para Tucson depois disso, chegando cedo da tarde. Meu senso de
piloto automático para saber direções começou a me levar para cassa, e então,
no ultimo momento, liguei para Tim.
"Kiyo ligou ou passou por ai?"
"Nope. Mas um dos gatos dele vomitou no chão da sala."
"Isso não é bem a mesma coisa."
Nós desligamos, e eu cheguei meu celular pela centésima vez. Nope. Nenhuma
ligação perdida também. Com um suspiro, eu virei em direção ao Parque
Nacional Saguaro e seu fácil acesso as encruzilhadas. Se Kiyo não podia emergir
do Outromundo e vir para esse, então talvez ele tivesse mandando uma
mensagem para a terra Thron. Eu me sentia idiota e desesperada, como uma
garota esperando por uma ligação. Mas o que mais eu podia fazer?
Infelizmente, as noticias do Outromundo também não eram melhores.
"Não, vossa majestade," disse Nia. A voz dela era ansiosa e apologética, como
se ela própria fosse a culpada. "Não houve noticias."
Eu agradeci ela e achei que já que eu tinha me dado ao trabalho de vir aqui, eu
deveria encontrar Shaya e conseguir algum tipo de update. Quando eu estava
procurando, no entanto, foi o visitante mais inexperado que eu encontrei ao
invés dela: Girard, o cortesão de pele escura e ferreiro da festa Maiwenn.
"Vossa majestade," ele disse com uma reverencia, mais exibicionista do que
nunca. "Eu estava esperando te ver antes de ter que partir.'
"Antes de ter que... o que você está fazendo aqui?" eu perguntei, mas perplexa
do que desagradada pela presença dele.
"Eu vim te trazer isso."
Como um coelho produzido magicamente debaixo de uma capa, Girard pegou
um lindo colar. A corrente era feita de requintadas ligações que ondulavam
como água, e uma safira em forma de pérola estava pendurado nele.
"Oh meu Deus," eu arfei, absorvendo o colar. "Isso é incrível. Você fez isso?"
"Sim, vossa majestade." A voz dele era modesta, mas ele estava claramente feliz
com minha consideração.
"De quem é?"
Lembrando os comentários que tínhamos feito sobre aspirações políticas, eu
meio que esperava que fosse um presente dele. Então, de repente e com
esperança, eu me perguntei se Kiyo tinha envido ele como um sinal de afeição já
que ele tinha passado tanto tempo longe de mim. Eu não acharia estranho que
fosse de Dorian também, mas ele mesmo teria me dado.
"É do príncipe Leith da terra Rowan."
É claro. Eu deveria saber. Leith aceitar seu destino ontem a noite era bom
demais pra ser verdade.
"Sua alteza acrescenta que ele também gostaria de fazer uma coroa para
combinar se você quiser. Ele manda com lembranças de amor e devoção."
"Tenho certeza que ele manda." Eu suspirei e devolvi o colar. "Bem,eu temo
que uma coroa definitivamente está fora de cogitação. Na verdade... realmente
sinto muito, Girard, mas eu nem posso ficar com isso. Odeio que seu trabalho
seja desperdiçado.'
Ele pegou o colar e colocou em um dos seus muitos bolsos. "Não há problema
algum.Eu entendo como vão os casos românticos ­ ou melhor, como eles não
vão. Vossa majestade vai ficar triste, mas eu gostei da chance de trabalhar com
algo novo para variar, então valeu a pena, mesmo que você não o graceje com
seu pescoço."
Eu lembrei como ele vivia na corte de Katrice. "No que você geralmente
trabalha?"
Ele fez uma cara. "Vossa magestade a rainha Katrice é parcial com os animais e
coleciona figurinos, jóias... qualquer coisa que tenha relação com eles. Semana
passada, eu fiz um cristal de esquilo. Era adorável, é claro, más é o quinto
esquilo que faço esse ano."
Eu não consegui me impedir de rir. "Bem, então eu suponho que fique feliz por
isso então. Talvez..." Uma ideia de repente me ocorreu. "Talvez eu possa te dar
outro projeto diferente da exibição de animas dela. Você tem tempo?"
Girard deu uma reverencia. "É claro."
"Eu ouvi falar que, numa certa extensão, você consegue trabalhar com ferro. O
que eu preciso é isso..." Eu descrevi meu problema com Jasmine e como eu
precisava de algemas mais flexíveis que contenham o máximo de ferro que ele
pudesse superar. Teoricamente, eu poderia trazer algemas humanas, mas eu
queria uma especial para mobilidade porque eu precisava de bronze ou cobre
nelas para que meus guardas pudessem tocar nelas se fosse necessário.
Girard ouviu pensativamente, acenando enquanto eu falava. "Sim, é claro que
posso fazer isso. Eu posso entrega-las amanha."
"Whoa, eu não esperava ­ "
Ele jogou sua cabeça para trás e riu. "Vossa majestade, você esquece que não
forjamos nosso metal como os humanos fazem. Eu ordeno que o metal se curte,
e ele o faz. O resto é habilidade e paciência."
Eu suponho que ele tenha razão. Eu agradeci ele profusamente, dizendo a ele
que Shaya ia ver o preço com ele mais tarde. Assim que ele saiu, eu fui procurar
Shaya, ainda precisando de um relatório.
Antes deu poder, eu fui interceptada de novo ­ dessa vez por Ysabel. Ela estava
sozinha, o que eu tomei como a significar que Dorian tinha retornado a Terra
Oak. Isso pelo menos era algo. Eu não queria ele acampando por aqui ­
particularmente depois da minha fraqueza cheia de lágrimas de ontem a noite.
Ela parou na minha frente, os braços cruzados. Qualquer medo que ela tinha de
mim devido a nossa ultima lição tinha desaparecido completamente. Talvez a
visita de Dorian tinha reassegurado ela. Ou talvez ela tenha descoberto que tem
pouco a temer de alguém que passou a metade da noite passando chorando e
afogando as magoas.
"Meu senhor diz que eu ainda não posso partir até que tenhamos trabalhado
juntas pelo menos mais uma vez."
"Que pena," eu disse, e comecei a passar por ela. "Eu tenho que encontrar
Shaya."
Ela bloqueou meu caminho de novo. Era um déjà vu da ultima vez que ela me
confrontou sobre isso.
"Shaya agora não está. Quanto mais cedo acabarmos com isso, o melhor. Eu sei
que você não tem mais nada para fazer com seu tempo agora. Você está
simplesmente esperando pelo seu kitsune te jogar algum tipo de osso."
Muito bem, ela me irritou, em grande parte porque ela tinha razão. "Isso não é
verdade. Eu tenho várias coisas pra fazer. Além do mais, eu não sei se ainda
preciso da sua ajuda. Eu acho que nesse ponto vou praticar por conta própria."
Com minha mente, eu busquei, sentindo os diferentes tipos de ar ao nosso
redor. Eu fiquei bem longe dela mas juntei vários grupos de ar. Agora que eu
entendi a natureza individual deles, não era tão difícil combinar eles em largas
rajadas de vento. Eu explodi o ar pelo corredor, criando uma rajada de vento
que rivalizava com a que ela presunçosamente criou no primeiro dia.
A expressão dela mostrou desdém, mas eu juro, havia medo nos olhos dela de
novo. Eu lembrei do que Shaya tinha dito, que eu estava aprendendo rápido
demais e bem demais.
"Isso é...aceitavel," Ysabel finalmente disse. "Mas foi desajeitado. E você ainda
não consegue combinar com água para realmente controlar o tempo."
Ela tinha razão nisso, mas eu sentia que tinha entendimento o bastante dos dois
para continuar a praticar. "Ela vai vir com o tempo. Vou ficar bem por conta
própria."
"Meu senhor disse mais uma vez..." aquela expressão desdenhosa sumiu agora,
substituída por incerteza. "Tem mais uma coisa...algo...bem, você nem chegou
perto ainda."
"Eu herdei a mágica da tempestade. Água e ar. O que mais tem?"
"Me siga, e eu te mostro ­ se você puder aguentar." Ali estava, a velha atitude.
Era quase reconfortante.
Ela me levou de volta para o jardim que estivemos ontem a noite. Um servo que
eu vi perto do castelo estava colocando mais tijolos meticulosamente no chão,
expandindo o pátio. Ficamos longe dele, e Ysabel continuou a manter seus
braços cruzados em cima do peito, a postura ainda rígida e defensiva.
"Vou ficar feliz quando isso acabar e eu puder voltar a terra Oak. É obvio que
meu senhor sente minha falta." Os olhos dela brilharam travessamente.
"Fizemos amor ontem a noite com uma paixão que nunca vi antes. Me deixou
gritando e doendo de ecstasy."
Eu virei os olhos e me impedir de dizer, Yeah, porque ele estava pensando em
mim.
"Vamos só acabar com isso para que você possa partir e conseguir todo o grito e
dor que você quiser. O que mais eu preciso saber?'
"Tem mais uma coisa no ar," ela disse. Ela mordeu o lábio pensando, tentando
articular o significado. "Eu posso sentir, mas sou incapaz de tocar.
Provavelmente você também não pode."
"Você pode ser um pouco mais especifica?"
"Está sempre lá... é como se os pedaços do ar fossem... cheios de
espinho.Afiados ao toque. Mas antes de uma tempestade tem mais deles."
Eu idiotamente encarei por um momento, e então a parte humana de mim se
concentrou.
"Raios... você está falando sobre fazer raios," eu disse. Qual era o termo
cientifico? "Essas são partículas carregadas."
O termo não significava nada para ela, mas ela acenou quando eu mencionei
raios. Ansiedade se apoderou de mim, e eu imediatamente senti tudo ao meu
redor. Sentindo todas as molecas de ar era fácil agora. As únicas duas que eu
podia nomear era oxigênio e dióxido de carbono. Todas as outras tinham um
sentimento único, mas eu não sabia dizer se elas eram nitrogênio ou hidrogênio
ou o que. Depois de alguns minutos tateando com minha mente, eu balancei a
cabeça.
"Eu não sinto nada assim."
Ysabel pareceu ficar contente com isso. "Como eu disse, você provavelmente
não é forte o bastante."
"É um dia claro," eu apontei. "Provavelmente não tem nenhuma por perto."
"Não, elas estão sempre ali. Não tem muitas hoje, mas eu posso sentir elas."
Eu pressionei meus lábios em uma linha dura, tentando de novo. Era como
antigamente com Dorian: uma espera interminável, só que ele teria me
amarrado. Ysabel provavelmente teria me amarrado também se eu deixasse,
para usar a chance e cortar minha garganta.
Ar,ar,ar. Cada particular é única, ainda sim nenhuma era afiada ou espinhosa
como ela tinha descrito. Distante, eu lembrei da vez que eu convoquei uma
tempestade. Eu tinha sido pega por um gentry elementar, prestes a ser
estuprada enquanto minha mãe estava ferida. No meu desespero maluco e
pânico, eu convoquei uma tempestade que quase destruiu minha casa. Mas eu
tinha pouca lembrança de como eu tinha feito isso. A coisa toda era um borrão,
como algum tipo de sonho que ­
Todos os cabelos do meu braço de repente se ergueram. Ali. Ali, misturado com
o ar acima de nós havia algo... bem, para ser franco, elétrico. Ele era espinhoso,
como ela havia descrito. Eu o busquei, tentando controlar ele como eu tinha
feito com as outras particular, mas era escorregadio. Era como se óleo corresse
por meus dedos, e eu entendi agora porque ela não conseguia. Era um
fenômeno bem diferente. Me firmando, eu tentei de novo, e por um segundo,
eu os atrai em um nó. O cheiro de ozônio encheu o ar, e então eu perdi meu
aperto. Nenhum flash de luz, nenhum trovão.
Mas o rosto de Ysabel estava horrorizado. "Você...você conseguiu. Você não
deveria ser capaz de..."
"Eu não fiz nada."
"Você não deveria ser capaz de fazer isso...ainda não... eu nem consigo tocar
eles."
Muito rápido e muito fácil. Como meu pai.
"Eu não estou nem perto de chegar lá ainda." Eu esperava soar
tranqüilizadora."Isso vai ser mais difícil." Eu não sabia dizer como eu saiba; era
só algo que eu sentia. Empunhar o ar, criar vento... isso viria com a pratica.
Raios era algo diferente. Mas quando eu o fiz... eu de repente tremi e fiquei
surpresa com a exultação que passou por mim. Se eu pudesse aprender a criar e
controlar raios... Jesus Cristo. Esse tipo de poder era imaginável. Era uma grande
parte do que fez o rei Storm tão temido. Ser capaz de fazer isso seria
inacreditável. Incrivel. Extraordinário. Ser como um deus...
Eu sai desses pensamentos, horrorizada com que estive pensando ­ de novo.
Em falar em megalomania. Eu não era nenhum deus. Desejar esse tipo de poder
era errado; todo mundo dizia. Bem, aqueles do mundo humano pelo menos.
Ainda sim, se eu pudesse convocar raios, eu podia destruir uma boa
quantidades daqueles demônios fodidos. Certamente esse era um bom uso do
meu poder. Infelizmente, o que eu disse a Ysabel era verdade. Ia levar um
tempo, e a´te eu desenvolver algum outro incrível tipo de arma, aqueles depois
iam continuar a voltar e ­
Eu congelei, de repente esquecendo sobre o poder fenomenal que eu tinha
acabado de tocar. Eu tinha uma arma bem na minha frente, algo que podia se
livrar daqueles demônios de uma vez por todas.Infelizmente, não era fácil de
usar.
"Filho da mãe," eu disse. "Jasmine."

DEZESSETE
Jasmine quase pulou 10 metros no ar quando eu vim passando pelo corredor
que levava até a cela dela.
"Você!" eu exclamei. "Você invoca demônios de água."
Ela arregalou os olhos, sem ter o que dizer, pra variar. Parecia que eu tinha
interrompido ela fazendo...bem, nada. Em um ataque de culpa, eu mandei
alguns livros para ela passar o tempo, mas o relatório dos guardas dizia que ela
fizia pouco com eles. Bem, isso e tentar persoadir eles a deixar ela sair. Eu acho
que ela achou que ia lidar com Volusian depois de fazer um dos guardas ceder.
Se recuperando um momento depois, ela adotou uma careta como a de Ysabel.
Considerando o ódio mutuo delas por mim, talvez eu devesse ter mandado ela
aqui para entreter Jasmine.
"Talvez," disse Jasmine. "Porque? Com medo que eu os utilize para escapar?"
"Não," eu disse. "Mas eu preciso me livrar de alguns demônios de fogo."
Roland tinha me dito que o melhor jeito de derrotar os demônios seria
convocando seus opostos. Eu havia deixado a ideia de lado, sabendo que estava
além da minha capacidade. E ao mesmo tempo, eu considerei a possibilidade de
que Jasmine pudesse fazer isso...embora tivesse parecido inútil considerando
que eu não fazia ideia do paradeiro dela ou qualquer motivo que para ela nos
ajudar.
Mas agora? Bem, as coisas eram diferentes.
A atitude de Art tinha me deixado sentindo impotente e ineficaz. Agora, eu de
repente sentia como se eu tivesse os meios para tomar o controle e acertar
algumas coisas erradas nesse reino.
"E?" Jasmine perguntou, sem parecer o mínimo assustada. "Isso não tem nada a
ver comigo."
"Não é verdade. Você vai me ajudar. Vamos enfrentar eles e seu mestre, e você
vai invocar criaturas da água para derrubar aqueles demônios."
A expressão de Jasmine era quase cômica de descrença. "Porque eu te
ajudaria?"
Eu tentei sem o policial bonzinho primeiro. "Porque é o certo a se fazer. Eles
estão machucando pessoas inocentes."
"E? Como eu disse, isso não me afeta."
"Falou como a criança egoísta que você é." Ela corou. Considerando a obssessão
dela em ter um bebê e reinar sobre os dois mundos, ela não gostava de ter sua
idade ou capacidade gozada.
"Eu pensei que você queria ser rainha dessa terra."
Ela me olhou com raiva. "Sim.E eu teria sido se você não a tivesse roubado!"
"Porque? Porque ser rainha se você não tem intenção de fazer alguma coisa?
Você só quer usar uma coroa e ver as pessoas fazerem reverencia?"
Ela não reconheceu o que eu disse e ao invés disso respondeu dura, "não vou
ajudar você."
Eu dei um passo em direção as barras da cela, sorrindo docemente, embora eu
estivesse pra entrar no modo policial malvado. "Oh, você vai. Goste ou não."
"O que, você vai me forçar ou algo assim?"
Em uma questão de segundos, eu tinha minha Glock sacada e apontada direito
para ela. Ela ficou pálida e se afastou até a parede, parecendo como se quisesse
derreter. Atrás de mim, eu ouvi uma leve confusão entre os guardas. Armas
eram uma arma humana, feita de aço e ligas e outras substancias que eram
anátemas para os gentry. Elas são igualmente mortais para os humanos ­ ou, no
caso de Jasmine, meio humanos.
"Você está louca," ela disse.
Eu dei nos ombros. "Eu tenho um trabalho para fazer, e você é a chave pra ele
ser feito. Você pode colaborar, e talvez melhorar o lugar onde está vivendo.
Ficar com um quarto ao invés de uma cela."
Eu podia ver os pensamentos e esquemas girando atrás dos olhos dela. Jasmine
era jovem, inexperiente, e egoísta...mas ela não era idiota. Eu tinha que pensar
em algo que também fosse uma moeda de troca.
"E se eu não fizer, você vai atirar em mim?"
"Bem, todo mundo diz que eu deveria te matar mesmo."
Minha voz estava calma, meu rosto duro. Eu não sabia se ela acreditaria ou não
em mim. Diabos, eu não sabia se eu acreditava em mim mesma. Ela sabia que
eu tinha pouco amor por ela depois de tudo que ela fez, e uma longa reputação
como uma lutadora implacável e ­ como muitos gentry dizem ­ assassina.
Jasmine engoliu. Ela estava tentando parecer calma também, mas os olhos dela
a traiam.
"Como você sabe que eu não vou convocar eles e fazer eles se voltarem contra
você assim que minhas algemas estiverem soltas? Você sabe que eu não posso
usar elas e ainda ter esse tipo de poder."
Eu soltei a trava da arma, que ainda estava apontada para ela. "Porque eu vou
ter isso atrás da sua cabeça o tempo todo."
Um longo silencio caiu. Volusian estava tão parado que eu quase esqueci que
ele estava ali.
Finalmente, Jasmine disse, "eu te odeio."
"Então...isso é um sim?"
Eu tomei o silencio dela como uma confirmação e guardei a arma, colocando a
trava de volta e me sentindo um pouco surpresa com a batida forte do meu
próprio coração. Eu realmente tinha acabado de apontar uma arma para uma
garota de 15 anos? Roland e Kiyo ambos acreditavam que lidar com magia
poderia mudar o tipo de pessoa que você é. Mexer com raios e ar me
transformavam em alguém que podia facilmente ameaçar outros para conseguir
o que eu queria? Não, eu decidi. Isso não tinha nada a ver com magia. Isso era
uma necessidade. Eu precisava derrotar aqueles demônios de fogo, e essa era a
forma de fazer isso.
"Eugenie?"
Uma voz suave me tirou das minhas emoções exageradas. "Kiyo!"
Ele estava parado no corredor, e eu me perguntei o quanto ele tinha ouvido.
Não importava. Eu estava insanamente feliz por ver ele. O pesar no meu
coração diminuiu, e se não houvesse tantas testemunhas, eu teria corrido para
os braços dele. Ele estava incrível, vestido de forma humana: jeans, e uma
camiseta cinza que se ajustava nos músculos dele perfeitamente. O cabelo preto
sedoso ia até seu queixo, e a pele dele parecia como caramelo.
Mas os seus olhos... os olhos eram duros.
Eu dei a Jasmine um olhar de advertência. "Conversamos mais tarde."
"Foda-se, Eugenie," ela respondeu.
Eu peguei a mão de Kiyo e andei de volta ao andar de cima com ele. Ver ele,
liberou toda aquela tensão nervosa que tinha se construído desde ontem a
noite. Eu estive tão cansada, tão preocupada e com medo. Agora, era como se o
mundo estivesse certo de novo. As noticias sobre o bebê foram difíceis para
mim, mas eu ainda queria dar os parabéns pra ele. As palavras estavam nos
meus lábios assim que ficamos sozinhos, mas ele falou primeiro.
"Mesmo, Eugenie? É a isso que chegamos?"
Minha cabeça ainda estava feliz por ver ele. "Como assim?"
Ele apontou em direção a porta do calabouço, a qual tínhamos acabado de
passar. "Aquilo! Eu nunca esperei encontrar você com uma arma apontada para
a cabeça de uma adolescente."
"Não estava exatamente na cabeça dela," eu disse. "E ela pode nos ajudar a nos
livrar dos demônios. Mesmo que ela não consiga invocar verdadeiros demônios
de água, nós dois sabemos que ela pode chamar criaturas de água." Kiyo e eu
tinhamos lutado com algumas dessas criaturas ­ incluindo uma que tinha nos
pego em uma posição comprometedora no carro dele e quase nos matado.
"Eles podem nos dar uma vantagem."
"E se ela não fizer isso, você realmente vai matar ela?"
Eu suspirei e parei de andar, me inclinando contra uma parede coberta por
tapeçaria para poder olhar para ele. "Você realmente acha que eu faria isso?"
"Ela parecia pensar que você faria, e para dizer a verdade, eu meio que achei
também. Eu não acho que você sabe o quão assustadora você pode ser." Ele
estava parado na minha frente, pouca distancia entre nós, e havia uma estranha
mistura de química sexual e antagonismo no ar. "Tem algo estranho em você...
você tem praticado mágica?"
Eu não respondi imediatamente, o que era tão bom quanto uma admissão de
culpa. O olhar que ele me deu era quase tão horrorizado do que quando ele
pensou que eu ia atirar em Jasmine.
"Um pouco."
"Um pouco!Eugenie," ele assoviou, se inclinando mais pra perto. "Não tem meio
termo com essa coisa. Você continua a fazer isso, e você vai cair cada vez mais
na toca do coelho."
Eu ri e joguei meus braços para cima, gesticulando para o castelo. "Eu cai no
País das Maravilhas a muito tempo atrás."
"Você sabe o que quero dizer. Eu pensei que você não ia fazer mais isso. Eu
pensei que tínhamos combinado que isso é ruim."
"Você concordou," eu corrigi, sentindo meu próprio temperamento começar a
esquentar. "Eu tive a chance de aprender mais, e eu decidi aceitar. E como eu
disse, foi só um pouco."
"Aprender com quem?" ele perguntou desconfiado.
"Uma mulher do reino de Dorian. Ela tem alguma habilidade em controlar o ar e
tem me mostrado como usar. Eu posso estar prestes a chamar os raios
também." Na frente no olhar furioso dele, havia um instinto de ficar
envergonhada...e ainda sim, eu me senti meio orgulhosa pelo que eu tinha
conseguido.
"É claro. Dorian. De alguma forma, não estou surpreso."
"Hey, Dorian está sendo bem legal ultimamente." Minha defesa ao rei gentry
me surpreendeu ­ assim como a verdade das palavras. Com tanto caos
recentemente, eu achava a presença de Dorian quase reconfortante.
Kiyo virou os olhos. "Sim, e tenho certeza que ele adoraria ser ainda mais legal.
Olha, você começar a colocar todos esses elementos mágicos juntos, e você vai
ter muito poder nas suas mãos. Você vai ser como ­ "
"Não diga como o rei Storm!" eu gritei. "Eu queria que todos parassem de achar
que isso é inevitável. Muitos gentry usam magia sem se tornar deuses da guerra
tiranos. Me dê algum crédito."
"Só estou preocupado com você," ele rosnou.
"E você sabe com o que estou preocupada? Estou preocupada com as pessoas
daqui passando fome, com as pessoas não conseguindo água o bastante. Estou
preocupada com bandidos e demônios espreitando os inocentes. Estou
preocupada com garotas desaparecendo e a possibilidade de estarem sendo
seqüestradas por aqueles que não enfrentam nenhuma resposabilidade. E além
de tudo isso, preocupada em tentar viver minha vida humana e manter todos os
merdas dos caros do Outromundo fora das minhas calças. Então não venha aqui
me dar ordens. Você nunca está por perto. Você não faz ideia do que estou
passando!"
Eu estava gritando, e era de se admirar que nenhum servo tivesse vindo ver
qual era o problema. Minha respiração estava pesada, e eu fechei as mãos em
punho sem sequer perceber, por causa da minha raiva.
"Porque você está aqui, afinal de contas?" eu exigi saber.
Os olhos escuros de Kiyo eram difíceis de ler, mas eu podia ver que um pouco
da fúria dele tinha esfriado. Eu não tinha certeza se ele estava reconsiderando
suas acusações ou simplesmente havia decidido que não valia a pena discutir.
"Eu vim ver se você quer visitar o bebê."
"Oh."
Por qualquer que fosse a razão, era como se um balde de água fria tivesse sido
jogado na minha raiva. Eu suspirei.
"Kiyo... sinto muito. Eu não deveria ter gritado com você ­ "
Ele passou a mão através do seu cabelo escuro. "E eu não deveria ter brigado
com você." Um leve sorriso apareceu nos lábios dele. "Bem, pelo menos não
dessa forma. Mas você tem razão ­ eu não estive por perto. Você está passando
por muita coisa que eu perdi, e eu não sei tudo o que está acontecendo. Eu
quero dizer, isso não muda o que eu sinto em relação a Jasmine a magia ­ "
Eu ergui a mão. "Chega. Podemos brigar por causa disso depois. Me conte sobre
o bebê."
E bem assim, o rosto de Kiyo se transformou completamente. Alegre e adoração
de tamanha pureza encheram as feições dele, que era impressionante de se ver.
Eu dificilmente vi ele parecer assim ­ não, risque isso. Eu acho que nunca vi ele
parecer assim.
"Oh, Eugenie. Ela é tão linda. Tão perfeita. Eu nunca... ela é como nada que eu
já tenha imaginado."
Algo afundou no meu estomago, algo frio e pesado. Eu quase desejei que ele
estivesse com raiva de novo, para que minha própria fúria pudesse retornar.
Raiva era melhor do que tristeza.
Forçando um sorriso, eu peguei a mão dele. "Estou tão feliz por você," eu disse.
"Eu adoraria vê-la. Qual o nome dela?"
"Luisa."
Ele disse o nome como se fosse uma reza, como uma palavra mágica que podia
consertar todos os problemas do mundo. Eu ouvi ele dizer meu nome assim
também, geralmente quando estavamos transando. Obviamente, a atitude dele
em relação a nós duras era um pouco diferente, mas a intensidade do amor dele
era similar.
"É um nome bonito," eu disse, ainda tentando sorrir. Um momento de
inquietude caiu. "Pronto para ir?"
Eu estava ficando melhor em convencer Rurik a me deixar sair sem escolta, e
Kiyo e eu fomos capazes de chegar em um bom tempo na terra Willow. Eu
montei um cavalo, e ele correu ao meu lado na sua forma de raposa, capaz de
facilmente seguir meu ritmo. Embora essa não fosse uma visita estatal oficial,
eu coloquei um vestido gentry em reconhecimento do meu status de rainha. Ele
era simples, azul pálido com mangas e de um material leve. Eu meio que me
sentia como Jane Austen. A pior parte era que já que eu me recusei a montar de
lado ou qualquer coisa ridícula como isso, a saia subia nas minhas pernas. Com
apenas Kiyo para me ver, não importou tanto, e ele certamente não se
incomodou.
No caminho, passamos por outro vilarejo do meu reino, um que eu ainda não
tinha visitado. Eu reconheci ele por causa das descrições de Shaya. Eu tinha
certeza que era um dos vilarejos com minério de cobre. Perto de sua periferia,
eu podia ver as pessoas trabalhando e cavando. Eu fiz uma nota mental de parar
aqui no caminho de volta ­ se o Outromundo não decidisse me mandar por
outra rota.
A forma de raposa de Kiyo significava que não conversamos. A primavera estava
rapidamente progredindo na terra Willow quando chegamos. Na verdade, tinha
vindo tão mais rápido do que eu teria esperado, baseado na minha ultima visita.
Não havia neve, e brotos estavam aparecendo nas arvores. O ar era quente e
perfeito para um piquinique, com açafrão, narcisos e outras flores brotando em
amontoados coloridos. Eu fiquei surrpesa com a mudança até que lembrei como
os reinos do Outromundo estavam ligados a seus monarcas. Eu podia colocar
minha energia na terra e ela se curava. Dorian mantinha a terra Oak em um
estado perpetuo de outono porque trazia memórias da juventude dele, o que o
fazia se sentir bem e forte. Se Maiwenn tinha acabado de dar a luz, a terra dela
iria refletir o florescimento de uma nova vida?
Kiyo voltou a forma humana enquanto nos aproximávamos do portão principal
do castelo. Aqueles que o guardavam me deram um olhar curioso mas deram
boas vindas a ele com alegria e genuína afeição. De fato, a energia de felicidade
era palpável enquanto andávamos pelos corredores. Todos perto de Maiwenn
agiam como se estivesse dando uma festa. Sorrisos brilhavam no rosto de
todos.
Kiyo não precisou de nenhuma escolta ou guia enquanto ele nos levava
rapidamente pelos corredores, subindo alguns degraus de escada, até o quarto
de Maiwenn. Assim que entramos, eu decidi que eu podia precisar conversar
com Shaya sobre uma nova decoração. O quarto que eu tinha herdado de Aeson
era de um deus da guerra mediaval, com móveis duros, poucas janelas, e tudo ­
desde as pedras grossas das paredes até a cama ­ de uma cor escura. O quarto
de Maiwenn era leve e arejado, cheio de janelas e com vários móveis delicados
de madeira. Os lençóis na cama dela eram de seda da cor lavanda, e um
material transparente estava pendurado pelo dossel. Parecia um quarto
perfeito para uma princesa fada ­ er, rainha.
"Eugenie," ela disse, sorrindo. Ela estava sentada na cama com travesseiros
amontoados atrás dela. "Eu estava esperando que você viesse."
Estava? Eu me perguntei. Um dia depois de ter um bebê, ela parecia tão linda
como sempre, os cabelos douras dela caindo em cascata por cima de uma
camisola rosa. Um delicada coroa de perolas, mesmo na cama, adornava aquele
cabelo luxuoso, e eu de novo pensei sobre minha suposta necessidade de uma
coroa.
Kiyo alegava que iria mandar a mensagem errada, mas eu de repente queria
uma. Um pequeno pacote estava nos braços de Maiwenn, mas na maior parte
tudo que eu podia ver de Luisa era um chapeuzinho de renda e um pouco de
cabelo preto.
Eu sorri em resposta e me aproximei de leva. Eu tinha tratado essa visita muito
casualmente? Eu deveria ter me vestido ainda mais do que eu tinha, e deveria
ter trazido ouro e incenso?
"Parabéns. Você deve estar feliz."
O sorriso de Maiwenn se tornou ainda mais radiante. Ela encontrou os olhos de
Kiyo, e algo passou entre eles ­ não romântico, exatamente, mas uma emoção
fote da qual eu não tinha conhecimento. Maiwenn alegremente ergueu o
cobertor, e ele a pegou dela com igual gentileza.
"Vê?" ele disse, parando ao meu lado. "Ela não é linda?"
Linda não era bem a palavra que eu usaria, embora Luisa fosse bem fofa ­ o que
era um alivio. Eu conheci pessoas com bebês feios, e nessas situações, você
quase sempre tem que mentir e dizer que o bebê era fofo. Agora não era
necessário mentiras. Luisa era adorável ­ o que não era surpresa considerando
seus pais ­ e de fato, era obvio os genes de quem ela tinha herdado. Com o
cabelo preto dela e pele bronzeada, Luisa era claramente a filha de seu pai.
"Aqui," ele disse, entregando ela para mim, antes que eu pudesse impedir ele.
Eu nunca tinha segurado um bebê antes, e eu a peguei sem jeito, um braço
dando apoio a seu corpo e o outro a sua cabeça. Ela era quente, quase
redonda com todos aqueles cobertores, e se mexeu levemente enquanto
dormia. Tudo nela era pequeno ­ nariz pequeno, dedos pequenos, cílios
pequenos. Um estranho sentimento cresceu na minha garganta, e eu lembrei da
minha conversa com Dorian. Meus quadris para sempre permaneceriam
magros. Meu corpo nunca criaria nada assim. Quando Luisa brevemente abriu
seus olhos para me olhar ­ eles eram azul escuro, sem duvida se tornariam
marrom ­ eu a entreguei de volta a seu pai.
Kiyo a pegou feliz, ainda com aquele olhar de assombro no rosto, e sentou na
beirada da cama. Ele devolveu Luisa para os braços de Maiwenn, e embora não
houvesse mais toque do que tal ação necessitava, eu de novo tive um senso de
conexão entre eles todos. Um laço tangível que manteria eles juntos para
sempre.
Eu queria partir depois disso. Eu queria sair correndo desse lugar e nunca voltar.
Mas, eu tinha que ficar porque Kiyo queria que eu fosse parte disso e porque
era a coisa educada a se fazer por Maiwenn. Então mantive aquele sorriso
congelado no meu rosto e fiz uma conversa fiada que eu mal ouvi, como se
Luisa iria herdar alguma habilidade kitsune e quando Maiwenn deveria fazer a
celebração do nascimento dela.
Finalmente, Kiyo disse que tinha nós tínhamos que ir, e eu percebi que ele só
fez isso por mim. Se dependesse dele, ele teria ficado a noite toda. Eu dei meus
parabéns a Maiwenn de novo e assegurei ela sobre minha felicidade e da fofura
do bebê e várias outras coisas que eu sabia que uma mãe gostaria de ouvir. Kiyo
também sorria muito, mas assim que saímos do quarto, o sorriso sumiu.
"Foi realmente tão horrível?" ele perguntou.
Eu me fiz de boba. "Do que você está falando? Eu falei algo errado?"
"Não, Eugenie. Você foi perfeita. Tudo foi perfeito. Eu acho que Maiwenn não
notou nada ­ mas também, ela está bem distraída." Ele suspirou. "Mas eu tenho
conheço. Eu posso ver que você está chateada. Você ainda está tão preocupada
com Maiwenn e eu voltarmos?"
Maiwenn e ele? Como eu poderia explicar a ele que o que eu sentia estava além
de uma simples inveja? Não era apenas que eu temesse que o nascimento desse
bebê fosse fazer eles voltarem ­ e esse era um medo legitimo meu ­ mas o
nascimento de Luisa me impactou em muitas outras formas também. Eu pensei
em Kiyo e o quanto eu o amava e queria um relacionamento tão forte quanto
pudéssemos ter ­ mas não importava o que iria acontecer conosco, nunca
teríamos uma família assim. Eu me preocupei de novo, de que ele pudesse me
deixar de lado por minha inadequação. E embora eu ainda estivesse longe de
ser louca por bebês ou de ouvir meu relógio biológico, o quão horrível seria,
algum dia, quando eu quisesse um bebê e não pudesse ter um? Ou e se ­ Deus
me ajude ­ eu tivesse um bebê por acidente? Eu nunca poderia amar ele, não
com a profecia sobre a minha cabeça...
"É complicado," eu disse, percebendo que Kiyo ainda esperava uma resposta.
"Eugenie," ele disse cansado. "Eu amo você. Eu te amo tanto. Isso não vai
mudar isso. Maiwenn e eu não somos mais amantes. Eu sempre vou me
importar com ela, e vamos trabalhar juntos para nos certificar que Luisa seja
criada com todo o amor e atenção que ela precisa. Mas você é a mulher que eu
amo, a mulher que eu quero que seja minha parceira, e com quem eu quero
ficar para sempre."
As palavras dele eram doces, e elas esquentaram parte de mim. Mas ele ainda
não entendia tudo, não entendia as emoções que esse nascimento tinha trazido
a mim. Ultimamente com Kiyo era acertar ou errar. Alguns dias, eu sentia como
se ele me conhecesse melhor do que eu me conhecia. Outros, quando se
tratava de bebês ­ ou magia ou governar um reino ­ era como se ele não me
entendesse nem um pouco.
"Eu sei," eu disse, colocando minha mão na dele. Eu certamente não ia brigar ou
discutir isso no meio do castelo de Maiwenn. "Olha, está tudo bem. Falamos
sobre isso depois. Agora...bem, eu sei que você não quer realmente ir."
Ele balançou a cabeça. "Não, não. Eu vou com você ­ "
"Kiyo," eu disse, incapaz de impedir um pequeno sorriso. "Eu te conheço. Eu vi
seu rosto lá. Você quer ficar mais com Luisa. E você deveria. Fique um pouco, e
eu vou voltar sozinha."
"Eugenie.." Mas eu sabia que eu tinha razão.
"Está tudo bem. E eu vou ficar bem. Eu sou a grande e malvada rainha Thron,
lembra-se? Além do mais, eu quero visitar aquele vilarejo por qual passamos."
Ele ficou em silencio por vários segundos. "Onde você vai estar amanha? Eu
quero encontrar você."
"Não tenho certeza. De manhã preciso voltar para Tucson por causa de um
trabalho ­ e conversar com Roland ­ mas depois disso..." Tanta coisa estava
acontecendo ultimamente que eu estava sempre resolvendo um problema atrás
do outro. Eu não tive a chance de falar com Roland sobre Art e a conexão com o
Yellow River, nem Kiyo sabia sobre os recentes desenvolvimentos sobre isso.
Antes deu poder começar a explicar, Kiyo foi para uma direção inesperada.
"Você quer ir caçar demônios de fogo?"
Eu olhei ele surpresa. "Verdade?"
"Bem, se você tem Jasmine e seus truques novos, você tem mais chance para
lutar, então acho que melhor você montar um grupo e me trazer junto. Você
esteve esperando para se livrar deles, certo?"
Paramos no corredor, e o cenário era assustadoramente parecido como quando
estivemos no meu castelo mais cedo. Agora não havia ecos de gritaria, e eu
fiquei agradecida. "Obrigado," eu disse, me inclinando na direção dele. Eu dei
um leve beijo nos lábios dele ­ ou pelo menos, tentei que fosse leve. As mãos
dele se esticaram e agarram meu ombro, me trazendo mais perto e
intensificando o beijo.
Eu me afastei, me perguntando o quão estranho seria se um servo visse o pai do
filho da rainha dele se pegando com outra pessoa. É claro, entre os gentrym
esse tipo de coisa é bem típico.
"Vá," eu disse, dando um passo para trás antes de ficar tentada a beijar ele de
novo. "Vá ver sua linda filha. Conversamos amanhã."
"Obrigado, Eugenie."O rosto dele se dividiu num daqueles incríveis sorrisos."E
obrigado por...eu não sei. Você me entende. Eu acho que mais ninguém
entende."
Eu sorri em resposta e então vi ele se afastar. Alguns momentos depois, eu me
virei também. Enquanto eu saia para fora no ar da primavera, eu me perguntei
se alguém realmente me entendia.

DEZOITO

O vilarejo que eu passei mais cedo se chamava Marmant, e eu tive que
conseguir instruções dos guardas de Maiwenn para me certificar que eu não
tinha, acidentalmente, pego algum caminho diferente tentando voltar para
casa. Eu fui lá com sentimentos angustiantes, ainda repassando os eventos com
Kiyo e tentando decidir se nossos argumentos de hoje se qualificavam como
uma briga de verdade. Eu me acalmei um pouco pegando e manipulando o ar,
criando ventanias e redemoinhos tentando ver o tamanho da explosão que eu
podia criar. Em certo ponto, eu fiz uma árvore se curvar um monte, mas fiquei
cansada. Eu tinha que praticar mais para suportar a verdade força dos ventos, e
raios ainda estavam fora do meu alcance.
As pessoas de Marmant me saudaram com a mesma mistura de medo e
admiração que eu passei a esperar. Várias mudanças estavam acontecendo na
terra, então eles estavam agradecidos e finalmente se permitiam a ser
otimistas. Ainda sim, minha reputação feroz sempre estava por perto, então
eles falavam com cuidado, com medo de enfurecer um perigoso monarca que
forçou essa terra perigosa neles.
"Como está tudo?" eu perguntei, esperando parecer preocupada e não
ameaçadora. Ao invés de um prefeito, essa cidade tinha um conselho de cinco
que tomavam as decisões, e eles me convidaram para um encontro privado.
Eles eram homens e mulheres de aparência normal ­ ainda com aquela
sensação de camponeses tão comum no Outromundo ­ mas havia um ar de
competência ao redor deles. "Vocês tem água e comida agora?"
"Sim, vossa majestade," disse uma mulher de meia idade que parecia ser a
representante do grupo. "Obrigada, vossa majestade."
"Bom. Desculpe por ter sido tão difícil para vocês. As coisas devem melhorar
agora." Houve um breve silencio no grupo, um significado pesado e não falado.
Eu olhei de rosto em rosto.
"O que?"
"Não queremos perturbar você vossa majestade..."
"Perturbe sempre. É para isso que estou aqui."
Isso conseguiu outra rodada de olhares trocados. Ainda aparentemente era um
conceito estranho para essa gente.
"Bem," começou a mulher, "perto dos limites da cidade, tem havido alguns
ataques."
"De que tipo?"
"Bandidos, vossa majestade."
"Filho da mãe," eu disse. Sabemos que o grupo havia se mudado, mas eles
tinham estado quietos até agora, me permitindo esperar eu poderia aceitar a
oferta de Kiyo e lidar com eles antes deles causarem mais problemas.
"Na verdade temos muitos lutares e usuários de mágica," ela disse com algum
orgulho. "Mas não conseguimos lutar contra os monstros."
"Você se refere aos demônios."
Ela deu um aceno nervoso.
"Filho da mãe," eu disse de novo. Eu precisava lidar com isso, e nesse ponto, eu
realmente estava disposta a ser uma bastarda e apontar uma arma na cabeça
de Jasmine. "Não se preocupe. Eles vão cuidar disso logo. Muito em breve."
"Mais alguma coisa que eu devo saber?"
Dessa vez, foi um homem que falou. "Não queremos perturbar você..."
Eu rosnei. "Só me diga o que é."
"Ouvimos que vossa majestade esteve procurando garotas desaparecidas."
Eu me ajeitei. "Sim. O que tem isso?"
"Uma das nossas desapareceu 2 dias atrás. A filha do meu vizinho, Markelle."
Um sorriso pequeno e cuidadoso apareceu nos lábios dele. "Ela é selvagem,
sempre indo onde não deveria. Mas ela ainda não voltou... e ela sempre
volta..."
Eu senti meus punhos se fechando e me forcei a relaxar eles. Eu não precisava
assustar essas pessoas ainda mais. "Fora os bandidos, vocês viram alguém por
ai? Humanos, talvez?"
Ele parecia ainda mais temeroso em discutir o assunto. "Vemos humanos as
vezes, vossa majestade." Eu acho que ele pensou que mencionar minha própria
gente iria me irritar. "Não é incomum. É comum ter humanos que...ah, caçando
alguns dos habitantes desse mundo." Shamans como eu, ele quis dizer.
"Normalmente, eles nos deixam em paz depois que encontram sua presa."
Eu pensei em Jasmine. "Algum soldado ou guerreiro dos gent ­ dos brilhantes?"
"Ocasionalmente. Eu presumo que eles sejam desertores do rei Aeson." Não é
uma má teoria, na verdade."Mas não vemos nenhum deles regularmente. Não
tem ninguém em particular que fique voltando."
Eu me inclinei para frente, uma parte de mim sentindo como se tudo estivesse
prestes a despencar. "Mas tem um humano que você continua a ver, não tem?
Especialmente desde que as garotas começaram a desaparecer?"
Ele acenou.
Ali estava. Tudo estava ali. "Um homem, certo? Um homem com uma tatuagem
de cobra vermelha?"
"Não, vossa majestade."
"Eu ­ o que?" eu congelei por um momento. "Então quem?"
"Uma mulher, vossa majestade. Uma mulher com cabelo grisalho que ela usa
numa longa trança."
Eu o encarei por alguns segundos, e então eu ri. Isso pareceu assustar eles mais
do que se eu tivesse tido uma explosão de raiva.
"Abigail," eu disse finalmente, mais para mim mesma do que para eles.
"Vossa majestade?"
Eu os dispensei. "Deixa para lá."
Abigail. A fudida da Abigail e Art. Trabalhando juntos para... o que? Sequestrar
garotas gentry? Mas porque? Eu brinquei com a ideia de Art como algum tipo
de estuprador doentio, mas onde Abigail se encaixava nisso? Certamente isso
não teria nenhum interesse para ela. Com um suspiro, eu empurrei as questões
para uma pequena caixa na minha mente, precisando resolver isso e voltar para
o mundo humano. Eu precisava conversar com Roland.
"Mais alguma coisa que eu precise saber? Vocês tem cobre por perto, certo?"
Encontrar agua e comida era naturalmente essencial, mas era o cobre que ia
realemnte mudar as coisas da terra Thron. Era o que todos os tratados e
acordos eram baseados.
"Como está indo a extração?"
"Devagar até hoje, vossa majestade," a mulher admitiu. "Nossos usuários de
mágica tem habilidade em muitas coisas, mas temos poucos que podem
trabalhar com metal. Muito do nosso trabalho tem sido manual. "
Eu franzi. "Porque as coisas mudaram hoje?"
"Ora," ela disse surpresa, "porque você mandou o rei Oak até nós."
"O Oak ­ espere. Você se refere a Dorian?" eu exclamei. "Ele não está aqui
agora, está?"
Todos eles estavam claramente surpresos com minha surpresa. "Sim, vossa
majestade," disse o cara que tinha falado mais cedo. "Ele está com os
trabalhadores agora. Eu pensei que você sabia."
Eu levantei, ainda chocada. "Eu preciso vê-lo. Com licença."
Todos eles murmuram um educado adeus e quase derrubaram um ao outro
com as reverencias. Eu não fiquei para responder a formalidade. Ao invés disso,
eu voltei para o sol brilhante, caminhando levemente para onde eu tinha visto
os trabalhadores no lado mais distante do vilarejo.
A principio, eu não vi qualquer indicação de Dorian.Homens e algums mulheres
estavam cavando diligentemente, suor escorrendo por seus rostos.
Então, de repente, eu ouvi um leve murmúrio, e o chão tremeu. Enormes
pedaços de rocha se ergueram da terra, alguns brilhando na luz do sol. Elas se
ergueram num amontoado e então foram para um lado, gentilmente indo
descansar numa pilha de pedras similares. Virando, eu olhei para o lado oposto
a área e finalmente encontrei Dorian, suas mãos se movendo no ar enquanto
ele guiava o minério. As roupas dele eram simples hoje, mas aquele cabelo ruivo
e ondulado, a luz do sol, parecia fogo liquido.
O rosto dele estava cheio de concentração enquanto ele observava as pedras,
mas assim que elas pararam, ele sorriu e caminhou para frente. "Minha senhora
rainha Thron, que deleite."
Eu deixei ele beijar minha mão pelo bem das aparências ­ sério, porque os
gentry gostam tanto disso? ­ então levei ele para longe dos ouvidos dos outros.
"O que diabos você está fazendo aqui?" eu exclamei.
"Ora, pegando meu cobre."
"Não é isso que eu quis dizer!" Ele deu de ombros e limpou o suor da
sobrancelha.Fora a expressão de diabo-pode-se-importar dele, era claro que ele
estava cansado. Eu peguei o braço dele e o guiei de volta a cidade. "Anda, vou
pegar algo pra você beber antes de você ficar desidratado. E comece a explicar."
"Eu ouvi que haviam algumas dificuldades com seu cobre, e decidi vir ajudar, já
que me beneficia também. Minha espada precisa ser substituída, sabe ­ e essa
não é uma metáfora. A metafórica está muito bem. Além do mais, você não
acha, honestamente, que eu posso deixar você ter toda a gloria de ser o
monarca mais útil por aqui, acha? Você está nos fazendo parecer mal."
"Dorian," eu rosnei. Porque realmente não havia outra resposta."
Se as pessoas estavam caindo por cima de mim quando eu cheguei, nos dois
juntos criou criou uma bela agitação. De novo, eu me lembrei de algum tipo de
casal celebridade. Voltamos para o conselho, e nesse ponto usei minha
autoridade de rainha para conseguir um pouco de privacidade e alguns
refrescos. Eu fiquei um pouco surpresa por ver o quão rápido minhas ordens
foram obedecidas.
Assim que ficamos sozinhas e Dorian estava numa cadeira, eu realmente dei
uma boa olhada para ver o quão exausto ele estava. "A quanto tempo você está
fazendo isso?" eu perguntei, servindo para ele água da jarra.
"A maior parte do dia. E eu aceito vinho, minha querida." Ele acenou em direção
a outra jarra. "Vai te desidratar ainda mais," eu disse, entregando o copo de
água. Ele fez uma cara feia, mas bebeu com vontade. Eu observei ele, ainda
perplexa. "Mas porque? Você não precisa tanto assim do cobre."
"Talvez não. Mas você precisa." Ele terminou a água, e eu dei a ele mais.
"Obrigado. Servido por uma rainha ­ realmente o sonho de qualquer homem."
Eu peguei uma cadeira para mim. "Você não precisava fazer isso," eu protestei.
"Você praticamente se matou."
"Dificilmente. Dê a mim e a minha histamina alguma crédito."
"Eu ainda não entendo."
Ele terminou esse copo também e então me deu um olhar que era tanto
exasperado quanto divertido.
"Eugenie, porque você continua tendo tantas dificuldades em acreditar que eu
faço coisas pra você?"
Havia uma seriedade na voz dele, e eu percebi que continuamos a ter essa
conversa de novo e de novo. De todas as pessoas na minha vida ultimamente,
parecia que ele era o único confiável. "Eu não se porque. Desculpe. Eu só não
encontrei pessoas que dão algo por nada. Significando que você não vai me
levar para sua cama."
"Bem," ele disse alegre, "ninguém sabe isso com certeza, mas mesmo que não?
Não importa. Você precisa. Te faz feliz. Fim da história."
Eu desviei o olhar. Dorian realmente era meu amigo. "Obrigado. Realmente me
faz feliz. Uma coisa a menos no mar de problemas de hoje."
Ele me entregou o copo. "Me sirva vinho dessa vez, e me diga quais são os
problemas. Você pode até sentar no meu colo."
"Não, obrigado," eu disse, mas eu servi pra ele o vinho.
"Eu vi você e o kitsune passar mais cedo, na verdade. Isso é parte dos seus
problemas?" Ele respondeu sua própria pergunta. "Sim, sim. É claro que é."
Eu fiquei um pouco surpresa por me ouvir ponderar meus pensamentos com ele
de novo. Eu nem tinha a desculpa de estar bêbada dessa vez. "Eu vi o bebê
hoje."
"Fofo?"
"Muito. E me fez sentir... eu não sei. Kiyo acha que estou com ciúmes, mas é
mais que isso. Eu só não consigo explicar."
"Meio que questionando sua própria vida e as escolhas ­ ou falta delas ­ diante
de você?" Eu olhei para cima, assustada, e encontrei os olhos dele. Eles estavam
estranhamente sérios. "Sim, exatamente."
Dorian permaneceu em silencio, e eu me encontrei tagarelando mais uma vez.
"Ele está com dificuldades de entender as coisas ultimamente ­ a mágica, as
garotas, os demônios... ele não gosta que eu passe tanto tempo aqui. Roland
também não." Eu não consegui me impedir de sorrir. "Diabos, nem eu. Mas... eu
preciso. Eu preciso acertar as coisas por aqui."
"Eu sei que você precisa," ele disse, o rosto sério.
"Dorian... o que iria acontecer se eu conseguisse uma coroa?"
Isso fez ele sorrir um pouco. "Ia fazer você parecer ainda mais linda."
"Não, sério. Kiyo diz que isso é uma má ideia. Que ia fazer isso mais real."
"Já é tão real quanto pode ser, minha querida."
"Foi o que eu disse para ele! Mas eu não entendo o porque. Você nunca usa
uma coroa."
"Não sempre. Mas tenho uma, e eu fui coroado e todas as pessoas juraram
lealdade para mim. É a isso que uma coroa iria levar. Você quer uma para
ornamento? Claro, é fácil. Mas coloque uma e ande entre seu povo ­
especialmente numa cidade como Highmore ­ e diga, "Essa é quem eu sou, sou
sua rainha..."bem, é isso que o kitsune teme. Você já é uma rainha. Nenhuma
coroa pode afetar isso. Mas você aceitar uma e declarar sua autoridade de que
vocÊ realmente acredita que é uma rainha. E até onde Kiyo se importa, é ai que
está o perigo."
"Wow," eu disse, quase tão surpresa por ter tal explicação vinda dela quanto
pelo próprio conteúdo dela. "Você tem medo?"
Ele bufou. "Dificilmente. Eu não preciso de uma coroa para saber que você é
uma rainha. Isso irradia de você. Mas eu gostaria que você soubesse que é uma
rainha."
Se lidar com toda a merda que eu tinha no meu prato não me fazia pensar que
eu era uma rainha, então eu realmente não sabia o que iria. Eu deixei o assunto
da coroa para lá e recapitulei minhas ultimas informações sobre os bandidos e
Abigail. "Eu não consigo descobrir o papel dela aqui. Você mencionou antes que
os motivos de Art seriam...uh, compreensivos. Mas porque ela? A não ser que
ela seja amiga o bastante para ajudar ele a conseguir alguma ação com gentry."
Dorian ainda estava no modo pensativo. Ele serviu outra taça de vinho e me
entregou uma que eu bebi moderadamente. "Me deixe te perguntar isso.
Porque os homens dos brilhantes sempre seqüestram suas mulheres?"
"Fácil," eu respondi. "Porque somos mais férteis. Vocês podem fazer sexo em
público, mas geralmente não resulta em nada. Um cara que quer ter filhos terá
mais sorte com uma humana."
Dorian acenou. Eu tinha o pressentimento que ele já tinha feito alguma lógica e
estava encorajando para que eu descobrisse sozinha. "E quanto aos humanos?
Você espera por filhos toda vez que faz amor?"
Eu ri, pensando no meu estoque de camisinhas e pílulas anticoncepcionais.
"Dificilmente. Já temos muitos problemas para não engravidas. Para nós é fácil."
Ele se inclinou na minha direção, os olhos verdes perspicazes. "Então pense
nisso. Você entende porque nós iríamos querer humanos. Porque humanos
iriam nos querer?"
Eu o estudei, tentando entender o que ele já sabia. Alguns momentos mais
tarde, eu entendi. "Porque vocês preenchem as necessidades opostas. Um
humano poderia transar com uma garota gentry sem ter que se preocupar em
engravidar ela. Ou em pegar uma doença."
Gentry eram mais saudáveis que nós nisso. O que parecia vir junto com eles
terem uma vida tão long ­
"Oh Deus. Isso é parte disso." Quanto mais eu seguia a lógica, mas claro se
tornava. "Vocês vivem mais. As garotas gentry ficam jovens e lindas por um
longo tempo..."
O horror estava se estabelecendo. Até aquele momento, eu tinha pensando que
haviam poucos crimes sexuais piores do que um cara gentry constantemente
tentando me estuprar para me engravidar. Por mais chocante que parecesse, eu
estava errada. Se isso fosse verdade... se essa ideia que Dorian estava sugerindo
fosse verdade... bem. Isso era pior. As garotas gentry estavam sendo levadas
porque elas eram os parceiros sexuais idéias: jovens, resiste a doenças, difíceis
de engravidar ­ mesmo com um humano. Eu quase ri. Era como se o poema de
Tim sobre a empregada que veio do outro mundo, cuja beleza e juventude era
tão grande que os homens mortais tinham desejado ela.
A pergunta era, como as garotas gentry se sentiam sobre esse papel? Muitas
garotas querendo engravidar poderiam sinceramente gostar de um amante
humano ­ literal e figurativamente falando. Mas o estado de trauma de Moria
sugeria que o rolo dela com Art não tinha sido bem vindo...
Eu levantei e esfreguei os olhos. "Oh Deus," eu repeti. "As coisas...todas as
coisas..."
"O que?" perguntou Dorian, compreensivelmente confuso.
Largando minhas mãos, eu olhei para ele. "Aqueles shamans, Abigail e Art. Eles
vivem bem. Eles tem mais posses... coisas melhores do que deveriam pelo
trabalho que tem." A casa gigante de Art em uma vizinhança de classa alta. A
brilhante SUV. A luxuoso ­ embora bagunçado ­ apartamento de Abigail. A
extensa coleção de jóias dela. "Eu não sei como, mas eles estão fazendo
dinheiro disso. Daquelas garotas." Eu bati contra a porta. "E eu não sei o que
fazer sobre isso."
Dorian levantou e veio parar ao meu lado. "Você para eles."
Eu balancei a cabeça. "Não é tão simples. Art tem razão ­ não existe um
conselho de shaman. Eu não posso me reportar a ninguém, certamente não as
autoridades humanos. Não existe responsabilidade, nenhuma lei que se aplique
aqui."
"Eles estão quebrando suas leias," ele disse, se inclinando em minha direção.
"Portanto você tem todo direito de impedir eles. Trate eles como você trataria
qualquer criminosso em nossa terra. Mate eles."
"Eu não posso!" eu exclamei. "Eu tenho que pegar eles aqui, e até agora eu não
fui capaz. E eu certamente não vou ao Texas para matar eles lá."
"Porque não? Se um assassino no meu reino matasse alguém no seu, eu não
faria nada se você viesse matar ele."
"É diferente. Eles são..."
"Humanos?"
Eu odiava admitir, mas sim, era isso. Eu tinha perseguido monstros do
Outromundo do meu mundo até esse e nunca hesitei em matar ou banir eles
diretamente para o Submundo. Mas de alguma forma, a ideia de
intencionalmente rastrear humanos e matar eles...
Eu não precisava dar voz a resposta para Dorian entender. Exasperação
apareceu em todo rosto dele, dessa vez misturado com... raiva.
"Merda, Eugenie. Você acabou de me dizer que tem que acertar as coisas! O
que vai ser? Ou só depende do quão fácil é? De qual é seu humor? De quem
você gosta mais naquele dia?"
"Não é tão fácil!" eu exclamei. "Você não entende. Você não pode entender.
Estou presa entre dois mundos aqui, com duas lealdades. Eu passei minha vida
toda sendo humana ­ fazendo parte daquele mundo. Você não pode esperar
que eu jogue tudo fora e traia minha própria gente."
Ele abriu sua boca para responder e foi interrompido por um fraco trovão.
Quaisquer que fossem as palavras que ele ia dizer desapareceram, e ele riu.
"Você ouviu isso? É você, Eugenie. Sua raiva."
Eu balancei minha cabeça. "Eu não posso controlar trovões e raios ainda."
"Controlar não. Mas você pode convocar eles inconscientemente. Você acha
que tem qualquer coisa nessa terra que não está ligada a você?" Ele gesticulo ao
redor. "Todas essas pessoas aqui... todas as pessoas nesse vilarejo olham para
você com adoração... eles são sua gente também. É isso que eu quis dizer
quando eu disse que você é a única que não parece perceber que você é uma
rainha! Todas aquelas pessoas estão dependendo de você para protege-los e
fazer o que é certo. Se você não puder fazer isso, então é melhor você se afastar
e fazer o que o kitsune e o seu padrasto querem que você faça."
"Dorian, eu não posso matar a sangue frio!"
Ele me agarrou pelos braços, a voz calma mais cheia de raiva. "Você ode fazer o
que quer que seja que você tenha que fazer! Você é uma rainha. Esqueça sobre
o neto do rei Storm. AAgora, você é a herdeira dele. Você está prestes a se
tornar um dos governantes mais poderosos desse mundo, o que significa que
você não tem o luxo de ter escrúpulos. Você pode reinar com amor, mas você
tem que reinar com dureza também. Você vai para a história, Eugenie, como
uma das maiores monarcas que já vimos. E vai começar com isso ­ esse errado
que você vai consertar. Se você não puder fazer isso, você não pode impedir
aqueles que estão ferindo seu povo, então é melhor terminar tudo. Ir lá para
fora e dizer aquelas pessoa que você não pode fazer nada por eles, que você
não pode alimentar ou proteger eles porque eles não são sua gente e não são
dignos de sujar suas mãos de sangue por eles!"
Ele estava gritando agora, respirando com dificuldae. Eu o encarei, olhos
arregalados, cheios com um pouco daquele medo que eu sempre tinha quando
o temperamento dele aumentava. Momentos como esse me lembravam o quão
poderoso Dorian era física e magicamente. A aparecia preguiçosa dele era
enganosa; eu o vi lutar. Entre isso e o poder que ele exercia, eu esperava que
nunca chegasse o dia que nós realmente nos odiássemos. Do lado de fora, eu
ouvi um trovão de novo. Eu levei vários segundos para reunir uma resposta, e
quando eu falei, minha voz era muito pequena.
"Eu não posso," eu disse. "Eu não posso dizer isso a eles."
"Eu sei que você não pode," ele sussurrou.
E então, ainda me segurando, ele se abaixou e me beijou. Mais surpreendente,
eu o beijei de volta. Parecia que todas as emoções que tinham me consumido
recentemente ­ toda a raiva e confusão ­ estavam reunidas naquele beijo.
Meus dentes morderam os lábios dele, e quando ele me empurrou contra a
parede, eu dei boas vindas a breve dor. Nossas mãos estavam em cima um do
outro enquanto nos beijávamos, as minhas esfregando a extensão do corpo
dele enquanto ele mais agressivo esfregava o vestido que eu mais cedo tinha
me arrependido de usar. Em questão de segundos, ele estava acima do meu
quadril, deixando minhas pernas nuas. Com uma mão ainda erguendo a saia
dele, a outra empurrava minhas coxas, deslizando por debaixo da tanga que eu
havia colocado hoje de manha na esperança de ficar intima com Kiyo.
Aqueles dedos deslizaram para dentro de mim, acariciando minha umidade que
eu não tinha pensando que viria tão rápido. Minha pequena exclamação foi
abafada pelo beijo esmagador dele enquanto ele alternava entre enfiar seus
dedos dentro de mim e tirar para provocar e dançar com meu clitóris. Ele
preferiu esse ultimo, circulando e acariciando enquanto o calor crescia entre
minhas pernas e fazendo todos os meus músculos se tensionarem. Então, a
queimação de sensações explodiu, e eu gozei com outro choro que aquele beijo
sufocou, um choro que desapareceu num gemido enquanto meu corpo tremia e
tinha espasmos devido as ondas de calor e eletricidade que ainda me
penetravam vindas do toque dele. Mas meu orgasmo não criou nenhuma pausa
na ação. A mão que tinha acabado de me trazer tanto prazer se moveu das
minhas pernas para as calças dele e começou a desabotoar elas. A boca dele
finalmente soltou a minha, se movendo para meu pescoço, o beijo dele quente
e poderoso. Ele baixou as calças, e eu senti ele contra mim, duro e pronto
enquanto ele pressionava seus quadris em mim. Minhas mãos estavam no
cabelo dele enquanto eu colocava minha cabeça para trás para receber o beijo
dele, mas as mãos dele, sempre ocupadas, estavam tirando minha calcinha. A
realidade do que estava acontecendo me penetrou.
"Espere..." eu murmurei, perdida enquanto a boca dele mordia minha pele.
"Não, nçao podemos...eu não posso..."
"Você pode," ele disse em meu ouvido. "Me permita... me permita fazer isso.
Me deixe me enterrar em você. Deixe eu abrir suas pernas e te tomar como fiz
antes. Somos deuses nesse mundo, Eugenie, com nenhum outro amante somos
iguais. Nenhum outro que seja digno dessa junção." A tira de couro estava no
chão agora, e eu podia sentir a ereção dele pressionada contra minha pele, tão,
tão perto de deslizar para dentro e fazer todas as coisas que ele tinha
prometido. Ele descansou suas mãos debaixo da minha coxa e me levantou
contra a parede para que minhas pernas ficassem ao redor dos quadris dele.
"Dorian..." eu arfei. "Estou com Kiyo..."
"E daí? Você é uma rainha. Você acha que não pode ter tantos amantes quanto
quiser?"
"É... é errado. Não podemos..."
"Podemos," ele disse, a voz baixa e cheia de promessas. "E quando fizermos,
essa terra vai renascer..."
Depois, eu nunca tive certeza absoluta se eu permitiria que ele fizesse. Eu gosto
de pensar que eu teria impedido ele. Eu estava apaixonada por Kiyo, afinal de
contas, e era fiel a ele. Certamente eu teria dito não e empurrado Dorian para o
longe. Eu não estava apaixonada por ele... estava? Naqueles momentos antes
de nos beijarmos, eu senti como se ele realmente me entendia e as coisas na
minha cabeça. Eu acho que provavelmente amei ele desde a primeira vez que
nos encontramos; eu certamente nunca perdi a atração. Ainda sim, isso não
fazia trair Kiyo certo.
Qualquer que fosse a decisão que eu teria feito foi tirada de mim quando houve
uma batida na porta.
Eu me afastei de Dorian e apressadamente baixei minha saia. Ele se virou mais
casualmente para colocar as calças de volta, sem ter nenhuma pressa. A porta
abriu, e a chefe do conselho enfiou sua cabeça para dentro. Mesmo com Dorian
de costas para ela enquanto ele se vestia, tinha que ser obvio que estava
acontecendo ­ particularmente já que minha calcinha estava no chão. Se ela
achou chocante, no entanto, ela não mostrou, e eu me lembrei o quão livres os
gentry eram em público.
"Vossas majestades," ela disse educadamente, "tem uma tempestade vindo, e
os trabalhadores estão se perguntando o que o rei Oak quer fazer."
Dorian, decente mais uma vez, virou e deu um sorriso lacônico e encantador.
"Uma tempestade? É mesmo? Que inesperado. Bem, diga a eles para trazer o
máximo de minérips que eles conseguirem guardar antes da chuva e cubra o
resto. Eu vou checar num segundo já que eu tenho o pressentimento que a
Rainha Thorn está prestes a partir com pressa."
A mulher deu uma rapida reverencia e fechou a porta mais uma vez. "Você tem
razão," eu disse, colocando minha calcinha de volta. "Estou partindo."
"Sim," ele concordou, ainda sorrindo. "Porque essa é sua atitude normal
quando algo acontece que você não sabe o que fazer."
"Aí é que está," eu rosnei. "Nada aconteceu aqui, ok? Nada disso."
As sobrancelhas dele se ergueram. "É mesmo? Porque eu podia jurar que algo
acontecendo quando minha mão foi para entre suas ­ "
"Não!" Eu teria me aproximado dele com os punhos cerrados para aumentar
minha ameaça mas eu tinha medo do que teria acontecido se eu ficasse
próxima dele de novo. "Isso não aconteceu. Isso foi raiva e confusão e eu num
lugar fraco, ok? Eu aprecio o que você fez aqui com o cobre ­ verdade. E pelo
conselho sobre as garotas. Mas é só isso."
Eu virei, sem querer olhar para aqueles olhos verdes ou ver aquele sorriso mais
uma vez. Eu não queria admirar que amar dois homens era como o resto da
minha vida, dividida entre dois mundos. Eu precisava sair daqui e voltar para
casa ­ embora eu não tivesse certeza sobre qual casa eu me referia. Dorian não
tentou me impedir, mas a voz dele correu atrás de mim enquanto eu corria para
fora e a chuva começava a cair.
"Não esqueça o que eu disse, Eugenie. Coroa ou não, você é uma rainha, então
não tenha medo de fazer o que quiser. Amor e crueldade. Essas são as chaves."

DEZENOVE

Eu voltei para meu castelo em choque ­ e num aguaceiro. Meu controle da água
me permitiu fazer a chuva cair longe de mim, mas depois de um tempo, eu não
senti vontade de desperdiçar esforço mental nisso. Foi meio bom depois de um
dia tão quente, e além do mais, eu tinha algumas outras coisas na cabeça.
Como, se ia chover toda vez que eu ficava excitada. Isso não era legal. Eu acho
que podia lidar com isso desde que chovesse outras vezes também. Eu não
queria que a conexão fosse tão obvia. Hey, está chovendo! A rainha deve ter
transado. Ooh... isso é granizo? Deve ter sido uma merda pervertida hoje...
Eu também estava debatendo um cara enfiar sua mão na sua saia e te tocar era
tecnicamente traição ou não.
Ok, eu suponho que não exista um "tecnicamente" nisso. Eu estava presa no
estereótipos dos gêneros. Se eu tivesse excita ele ­ digamos, tipo, descendo até
ele ­ não haveria duvidas sobre infidelidade. Então, isso não era diferente.
Porra. Como tinha acontecido? Num minuto estávamos discutindo... e no
próximo? A central da pegação. Havia tido emoção e magia, e tudo tinha
acontecido rápido demais. Essa era a razão? Ou só minha própria fraqueza? E
naquela hora, eu também não consegui me impedir de pensar que uma mágica
forte poderia resolver alguns dos meus problemas.
Com exceção, é claro, do problema sobre se eu deveria ou não contar a Kiyo o
que tinha acontecido entre Dorian e eu...
"Vossa majestade!"
Nia ficou maluca quando viu meu estado deplorável. Ela tinha centenas de
remédios para mim, mas tudo o que eu queria era uma simples toalha e a jeans
e a camiseta com a qual eu tinha chego mais cedo. Esperar para os servos fazer
um banho quente por aqui levava muito tempo e esforço; eu poderia voltar
para Tucson e para meu próprio chuveiro e saúda muito mais facilmente. E
depois de ainda estar enervada por Dorian, eu estava particularmente ansiosa
para voltar para o que eu via como seguro. Embora ultimamente, eu estivesse
começando a pensar que nenhum lugar parecia mais seguro.
Antes de partir, eu troquei um breve update com Rurik e Shaya. Eu disse a Rurik
que tínhamos um encontro marcado para caçar demônios, e que Jasmine iria de
fato conosco. Os sentimentos dele em relação a isso foram uma mistura. Ele
sabia que o poder dela era útil, mas secretamente ­ ou, bem, não tão
secretamente ­ ele era parte do time que achava que eu deveria matar ela. Ele
pareceu um pouco seguro em relação a ela, finalmente, porque Girard tinha
trazido as algemas feitas por encomenda que ele tinha prometido. Elas deram
uma maior mobilidade para ela mas limitaram sua magia ainda mais. A julgar
pelo desanimo de Jasmine, Rurik sentia que eles tinham tido sucesso.
Bem, isso era alguma coisa, eu suponho. E pelo olhar no rosto de Shaya, a ajuda
de Dorian com o minero era uma coisa boa também ­ mesmo que viesse com
compromissos ligados a isso.
"Isso foi muito gentil do meu senhor," ela disse. Tanto Shaya quanto Rurik
geralmente usavam o honorifico "meu senhor" quando discutiam sobre Dorian,
como se ele ainda fosse o mestre deles. Eu considerava a antiga lealdade deles
cativante, mas me perguntava se eles alguma vez sentiram que eles realmente
trabalhavam para mim. "Está acelerando demais as coisas. Você não pode
imaginar o quão rapido as coisas vão proceder assim que o minério tenha sido
processado." Ela sorriu, os olhos brilhando enquanto todo tipo de plano e
organizações passavam pela cabeça dela. "Você deve ter ficado muito satisfeita
pelo que o meu senhor fez por você."
Bem, "satisfeita" era um jeito de olhar, eu suponho.
Oh, e eu estava feliz sobre extrair o minério também.
Um estranho sentimento passou por mim, o mesmo que eu tinha cada vez que
Dorian fazia algo gentil por mim ­ deixando de lado a gratificação sexual. Eu não
fazia mais ideia de qual era o papel dele na minha, fora que ele estava me
ajudando muito. A julgar pelo rosto de Shaya, esse era um grande favor que ele
tinha feito por mim. E uma ideia de recompensa-lo veio a minha mente.
"Shaya...Girard ainda está aqui?"
Ela acenou. "Eu dei a ele um quarto para passar a noite, para que ele não
tivesse que viajar com chuva. Tudo bem?"
"Yeah, yeah. Eu só quero conversar com ele por um segundo."
Ela me levou até o quarto dele, e como antes, ele ficou super raiante e super
ansioso por me ver. Ver ele me lembrou de Leith, o que me deu uma pequena
dor de arrependimento. Eu ainda me sentia mal sobre o que tinha acontecido
com o príncipe de Rowan, mas não havia nada a ser feito sobre isso. Eu não
podia retornar os sentimentos dele. Girard, felizmente, era um assunto
diferente. Ele queria prestigio e posição para seus talentos, e fiquei mais que
disposta de dar isso depois de explicar para ele o projeto que eu queria que
fosse feito.
"Sim, vossa majestade. Eu certamente posso fazer isso.Ora, posso começar
agora mesmo."
Sem duvidas ele estava feliz por trabalhar em algo que não era relacionado a
coleção de animais da floresta de Katrice. Eu deixei ele fazendo isso, louvando o
quanto isso significava para mim. Girard era um cara legal, apesar de sua
ambição, e eu decidi que eu prefiro me cercar com esse tipo que quer
promoções no trabalho do que com aqueles que queriam ir para minha cama.
Eu voltei para Tucson finalmente, agradecida por encontrar minha casa quieta.
Tim estava fora, mas ele me deixou macarrão com queijo ­ do tipo feito em
casa, com migalhas de pão por cima ­ e um bilhete:
A secretaria vadia ligou e quer se certificar que você não esqueça seu
trabalho
amanha.
Eu não tinha esquecido o trabalho de amanha, mas o lembrete era bom com o
tanto que estive fazendo ultimamente. Um dos gatos se esfregou contra minha
perna enquanto eu esquenta meu jantar, e eu distriadamente cocei ela na
cabeça, desejando que fosse a raposa Kiyo que estivesse circulando meu
tornozelo. Eu não gostei do jeito que ele e eu tínhamos deixado as coisas,
mesmo que tenha sido ostensivamente amigável. Ainda havia tensão entre nós,
e eu não conseguia ignorar o sentimento de que ele não estava me entendo
ultimamente...e que Dorian estava.
Argh. Dorian.
Enquanto eu jogava minhas roupas no chão do banheiro ­ incluindo a maldita
tanga ­ eu não consegui me impedir de pensar nele de novo. Pare, Eugenie.
Você está obsecada. Certamente...certamente eu teria dito não se não
tivéssemos sido interrompidos mais cedo, né?"
Né?
E Kiyo, Kiyo... o que eu dizer a Kiyo? Só porque estavamos tendo discussões no
nosso relacionamento, não significa que eu tinha licença para fazer o que eu
tinha feito hoje. Eu não tinha respeito por mentiras ou nenhuma outra
desonestidade. Eu não gostava desse comportamento nos outros. Eu não
gostava em mim mesma.
Mas depois de ficar embaixo de uma água escaldante por 20 minutos, nenhuma
resposta sobre qualquer coisa veio a minha mente. Eu finalmente emergi,
minha pele suficientemente limpa e rosa, e eu me sequei. Depois disso, eu
coloquei meu pijama: shorts azul e cinza e uma blusinha branca de algodão.
Podia estar chovendo na terra Thron, mas aqui estava quente e seco. A noite
esfriou o ar de alguma forma, e eu abri todas as janelas para arejar a casa.
Enquanto uma leve brisa soprava, foi preciso tudo de mim para não começar a
mexer com o ar. Eu podia sentir cada partícula, e a ideia de as controlar mandou
calafrios através de mim. Não, eu disse a mim mesma. Eu tinha acabado por
hoje. Eu precisava ter uma regra sobre nada-de-mágica-em-Tucson, eu decidi.
Estabelecendo que magia e homens eram um assunto que eu não ia resolver
hoje a noite, eu fui trabalhar em outro. Ainda não eram 10 horas, o que significa
que Roland estaria acordado. Me espalhando no sofá na frente da porta arejada
para o pátio, eu disquei o número dele no meu telefone.
"Eugenie," ele disse com deleite. "Estivemos nos perguntando o que aconteceu
com você. Você não retornou ligações. Sua mãe estava preocupada, mas eu
disse a ela que você provavelmente estava ocupada."
Eu sorri. Era bom ter Roland em minha vida, alguém que entendia os altos e
baixos desse trabalho. "Eu estive. Realmente ocupada." Eu quase contei a ele
sobre a enorme quantidade de trabalho que eu fiz Lara recusar para mim, mas
me impedi no último minuto. Se ele soubesse que eu não estava mantendo
minha palavra, só iria ligar um alarme por ele e o assunto com perguntas que eu
não estava pronta para responder.
"Você conversou com Art e Abigail?" ele perguntou.
"Yeah," eu disse, "e é por isso que estou te ligando. Eu acho...bem, eu acho que
eles estão traficando garotas gentry, ou algo assim."
Houve vários momentos de silencio.
"Traficando? O que, exatamente, isso significa?"
"Significa que eu acho que eles estão seqüestrando garotas e...eu não sei. Ou
fazendo elas se prostituir ou vendendo elas ou algo igualmente nojento. É como
um mercado de de sexo de fadas." Um dos gatos, uma chita, veio e se fez
confortável no meu estomago.
"Eugenie...eu conheço Art a quase 10 anos. Eu conheço Abigail a mais tempo. O
que você está dizendo é um absurdo. Você tem que estar conseguindo
informações ruins."
"Ambos foram vistos no Outromundo, perto de onde o portão se abre!Eu até
falei com uma das garotas que identificou Art! Ela estava totalmente
traumatizada, Roland. E tanto Art como Abigail vivem melhor do que deveria..."
"Isso não é evidencia," ele disse. "Eles provavelmente só estão bem de
negócios."
"Em uma cidade daquele tamanho? Mesmo com um portão daqueles, eles não
podem ter trabalho o bastante para pagar as coisas que eles tem. Você e eu
temos muito mais trabalho do que eles, e não vivemos tão bem."
"É um ponto discutível. Toda essa coisa é rebuscada , e sua evidencia é pouca.
Eu quero dizer, você viu garotas gentry na casa dele?"
"Não," eu admiti. "Em grande parte porque ele nunca me deixa entrar. O que
também é suspeito."
"Não, Eugenie, realmente não é." Roland soava cansado. "Olha, parece que
você tem evidencias gentry circunstancias. E você sabe como eles são."
"Eu sei que o povo deles está sendo levado contra sua vontade e possivelmente
coisas horríveis estão sendo feitas com eles."
"Palavra chave: o povo deles."
"Você está dizendo que está tudo que aquelas garotas sejam vendidas num
comercio de sexo? Depois do que aconteceu com mamãe?"
"Como você pode me perguntar isso?" ele exclamou. "Mas isso não é a mesma
coisa. Não somos a polícia que trabalha para os dois mundos. Protegemos
humanos. Deve ter alguém lá cujo trabalho é proteger eles."
Tem, eu pensei. Eu.
"Você pode pelo menos falar com Art?" eu perguntei.
"E o que? Perguntar a ele se ele está seqüestrando garotas gentry?"
"Bem... talvez você pudesse colocar de forma mais delicada." Eu dei um gritinho
de dor quando o gato pulou para longe de mim e voltou para o sofá. O pelo dela
se ergueu, e ela torceu o rabo agitada. Não era surpreendente. Ambos os
cachorros entraram no cômodo.
"Eu não posso perguntar isso a ele," disse Roland. "E se ele falasse sim? Então o
que você vai fazer?"
As palavras de Dorian voltaram para mim. Matar eles.
"Olha, eu não sei ainda, mas eu só preciso descobrir se ­ "
Eu ouvi um baixo rosnado de um dos cachorros e estava prestes a gritar com
eles para pararem. Os gatos e cachorros normalmente não brigavam, mas de
vez enquando, havia uma rixa. Mas eu não conseguia ver os cachorros, e a
atenção da chita parecia estar na tela da porta, e não no chão. Eu sentei e vi os
cachorros sentados na frente da porta, encarando a noite também.
"Eugenie? Você ainda está aí?"
"Yeah, espere um segundo."
Segurando o telefone com o ombro, eu levantei e instintivamente fui buscar
minhas armas, que estavam na mesa de centro. Eu enfiei minha varinha e meu
athame de prata no elástico dos meus shorts e peguei a arma e o athame de
ferro com minhas mãos. Um dos cachorros rosnou de novo, e eu devagar me
aproximei da porta.
"Eugenie? O que está acontecendo?" A voz de Roland parecia preocupada
agora.
"Eu vou ter que te ligar de volta."
Eu consegui desligar e soltar ele no chão sem perder o athame. Lá fora, a noite
estava quieta, os únicos barulhos vinham do vento das arvores e o som fraco do
transito do lado mais distante da minha vizinhança quieta. Eu fechei meus olhos
por um momento, tentando buscar qualquer coisa que não parecesse certo
neste mundo. Alguns shamans tinham essa habilidade, mas não muitos. Quanto
mais tempo eu passava no Outromundo entre os gentry, mais desenvolvidos
meus sentidos se tornavam.
Finalmente, eu peguei. O senso de algo do Outromundo. Os animais, Deus os
ama, tinham notado antes. O que quer que fosse esse viajante, ele estava se
mantendo na parte mais longe da propriedade. Ele aparentemente estava a
espreita a um tempo, o que parecia estranho.
"Ah," eu percebi com um suave risada. "Impedido pelas proteções, huh, seu
filho da mãe?" Eu fiz uma bruxa colocar linhas de proteção e feitiços ao redor da
casa quando os ataques a mim começaram. Era meio que um sistema de
segurança mágico. Iria manter fora tudo, mas definitivamente diminuía muito
das minhas perturbações.
Eu podia simplesmente ter ignorado o que quer que fosse que estava lá fora,
mas a ideia de criaturas do Outromundo soltas na minha vizinhança não parecia
certa para mim. Abrindo a porta, eu sai para fora, cada nervo do meu corpo em
alerta máximo. Eu andei pelo perimento do meu quintal, me mantendo dentro
das proteções. Minha casa dava num beco sem saída, de costas a uma pequena
abertura, de pouca terra antes de dar lugar ao bairro do lado. Eu duvidava que o
que quer que isso fosse estivesse na frente da casa, onde estaria visível para os
vizinhos.
Ah, não ­ não é isso. São eles. Eu podia sentir mais de um. Caminhando com a
ponta dos pés para espiar por cima da cerca, eu quase não vi os olhos dele na
primeira varredura. Um Elemental de pedra ­ isso é, um dos gentry que não
tinha força para viajar para meu mundo em sua forma completa. Ele era um
bloco e difícil de olhar, se corpo de pedra malhado em preto e branco. Eu só tive
um segundo para avaliar antes dele se carregar. O peso e força dele quebrou a
cerca de madeira, e então ­ ele atingiu a proteção. Foi como se uma parede
invisível o afastasse. A desorientação dele me deu o que eu precisava. Eu soltei
a arma e peguei minha varinha. Balas de prata não eram tão eficientes contra os
gentry como as de aço mesmo, e eu certamente não ia disparar tiros e
possivelmente fazer a policia ser chamada, se eu podia evitar. Eu canalizei
minha vontade na varinha, abrindo um caminho para o Outromundo. Minha
tatuagem de cobra queimou no meu braço enquanto eu convocava o poder de
Hecate. Eu recitei o encanto para terminar o ritual. O Elemental sentiu a mágica
do banimento se apoderando dele mas não pode lutar. Ele estava fraco demais.
Em um momento, ele dissolveu desse mundo, enviado de volta para o seu
próprio, deixando uma pilha de escombros pra trás.
Outra forma apareceu onde ele tinha estado, e eu vi a luz fraca de água. Outro
gentry que não foi capaz de cruzar com seu verdadeiro corpo. Ele apareceu
como um Elemental de água, um corpo em forma de homem liquido que
pingava e fazia barulho a cada passo. Idiota, idiota, eu pensei. Quem quer que
ele fosse, ele deveria saber melhor. Eu não precisava de uma varinha para isso.
Minha própria mágica ia destruir ele ­
Uma mão de repente me empurrou para trás, e eu senti uma faca na minha
garganta. A mão que a segurava era solida e de carne, mas brilhava com magia.
Um gentry poderoso então. Um com poder o bastante para cruzar minha
proteção e vir para cá com seu corpo. Sem hesitar, eu chutei para trás,
desviando do aperto dele com habilidade o bastante para a lamina só me
arranhar. Eu virei para encarar ele, feliz por ter segurado o athame de ferro. Ele
não era ninguém que eu conhecesse, jovem e bonito, mesmo com a cicatriz em
sua bochecha. Ele era musculoso devido a suas atividades físicas, e a armadura
de couro que ele usava por cima de sua túnica vermelha sugeria que ele era um
possível militar ou guardião no Outromundo.
Em um estranho flash, as palavras de Jasmine voltaram para mim. Eu sei a
diferença entre um bando de mendigos nojentos e soldados treinados.
Uma coincidência, eu decidi. Qualquer gentry com coragem o bastante para vir
me procurar no meu mundo provavelmente seria um bom lutador. Nós
circulamos um ao outro, e havia um pequeno sorriso no rosto dele enquanto ele
esperava por uma abertura. Eu não estava com medo. Combate mano-a-mano
eu podia lidar, e eu a muito tempo tinha desenvolvido a habilidade de banir
enquanto lutava. Era difícil mas não impossível. É claro, enquanto ele se lançava
e abaixava, eu percebi que não precisava fazer nada complicado.
Quase como inalando o ar, eu suguei o ar ao nosso redor, criando um mini
furacão que chupou poeira e areia de dentro da proteção. Eu a explodi em cima
dele. Ele gritou enquanto a areia cegava seus olhos e imediatamente começou a
esfregar eles ­ o que não ajudaria em nada. Eu estava para começar a banir ele
quando eu ouvi o fraco som de um encanto e um formigamento de magia
shamanica. Surpresa, eu virei para encontrar a fonte e ao invés disso vi o
Elemental de água passar pela abertura, que o amigo dele tinha feito, na cerca.
Alguem tinha quebrado as proteções.
Eu segurei meu athame de ferro para bloquear ele, embora eu soubesse que só
me daria alguns segundos. Isso era tudo que eu precisava enquanto eu comecei
a trabalhar com a magia da água que iria destruir ele. Um golpe nas minhas
costas de repente me empurrou para frente, direto para ele. Apesar de ser feito
de água, ele era solido, e as mãos dele instantaneamente me agarraram. Eu
virei minha cabeça para trás, e vi que o outro gentry tinha se recuperado o
bastante para vir para frente, embora eu pudesse ver lágrimas no rosto dele
devia a areia que feriu os olhos dele.
Eu tentei me soltar do aperto do Elemental mas não consegui me comparar a
força física dele. De novo, eu invoquei a magia da água e ouvi ele gemer de dor
enquanto a substancia dele começava a se desfazer. Então, o outro gentry
estava em cima de mim, me socando de novo, e quebrando minha
concentração. Ele começou a se aproximar de mim mais uma vez com a lamina
de cobre, e então ouvi um choro de dor dele enquanto ele era tirado de perto
de mim.
Eu não olhei para trás para ver o que tinha acontecido, mas ao invés disso
completei a magia da água no Elemental. Ele explodiu em uma chuva que me
encharcou ­ ótimo, duas vezes num dia ­ e eu imediatamente virei para ver o
que mais tinha acontecido. O outro gentry estava distraído, afastando outra
pessoa: Roland.
O athame do próprio Roland estava na mão esquerda dele, e ele estava
simplesmente confiando na força de seu punho ­ que era considerável ­ para
socar o gentry no rosto. Mas o gentry era forte, e acertou alguns bons golpes
em Roland. Ver meu padrasto receber aqueles golpes meio que me enfureceu.
Ao invés de começar a banir, eu chamei o ar de novo, sugando ele ao redor do
gentry como eu tinha feito com Ysabel. Com os olhos arregalados, ele derrubou
a laminha, a mão dele indo para sua garganta em um gesto instintivo para
tentar respirar. Mas não havia nada para ele respirar. Eu saltei nele, derrubando
ele no chão e dando um golpe solido em seu rosto, para devolver o que ele
tinha dado em Roland.
Ao nosso redor, eu senti o formigamento de um banimento. Roland estava
abrindo um buraco para o Outromudno. Ele falou as palavras e então disse,
"Eugenie, se afaste!"
Eu me afastei, indo para trás para não ser sugada com aquele gentry que
sufocava. Poder crepitou ao redor dele, e um momento depois, ele
desapareceu, enviado de volta a seu próprio mundo.
Silencio caiu. Eu estava sentando no chão que não havia virado lama,
encharcada com meu coração batendo forte. Roland andou até mim e extendeu
sua mão para me ajudar a levantar. "O que você está fazendo aqui?" eu
perguntei.
Ele bufou. "Você não pode terminar uma ligação daquele jeito e não esperar
que eu apareça."
"Verdade," eu disse. Eu estava fraca e tonta por causa do combate e da magia, e
minhas pernas nuas estavam arranhadas por causa da luta. Eu precisava de
sabão e antiseptico. "Obrigado."
Roland deu nos ombros, sem precisar do meu agradecimento. Mesmo na fraca
luz, eu podia ver o olhar de raiva dele. "O que diabos você achou que estava
fazendo?"
Já que eu fiz várias coisas, eu não tinha certeza ao que ele se referia.
"Como assim?"
"Aquilo." Ele apontou para o ponto onde eu tinhamos banido o gentry. "Você
estava...você estava usando magia para sufocar ele!"
"Eu estava mantendo ele subjugado enquanto você o bania," eu rosnei,
indisposta a admitir que eu mesma estava meio assustada. Tudo tinha
acontecido tão rapido. Meu único impulso foi de incapacitar o gentry. Os meios
de fazer isso, meio que só aconteceram. Percebendo o que eu tinha feito ­ de
novo ­ me deu uma sensação de enjôo. Eu jurei que nunca mais faria isso.
"Prendendo ele enquanto o athame teria funcionado!Onde diabos você
aprendeu a fazer algo assim?"
"Eu peguei algumas coisas aqui e ali."
O rosto de Roland era uma mascara de fúria. "Você não tem que ficar usando
esse tipo de magia, Eugenie. Não tem."
Minha própria raiva estava crescendo. "Caso você tenha esquecido, essa magia
está no meu sangue."
"Não," ele disse suavemente. "Eu não esqueci. E é por isso que é tão importante
que você não a use. O que mais você pode fazer? A quanto tempo você tem
usado esse tipo de poder?"
"Não é importante. Eu posso fazer algumas coisas ­ coisas que me mantiveram
viva quando filhos da mãe como esse vieram tentar me estuprar ­ e não é um
problema. Eu posso controlar."
"Você precisa parar com isso. Você precisa ficar longe dos gentry. Você está se
envolvendo demais no mundo deles, com a mágica deles..."
"É parte de quem eu sou. Você não pode mudar isso. E se você não queria que
eu tomasse decisões drásticas, então porque você quebrou a proteção?"
Roland franziu. "Eu não quebrei. Eu achei que o gentry tinha feito isso."
"Não, ele a cruzou, mas os companheiros dele estavam presos do lado de fora ­
por um tempo, pelo menos. Então eu ouvi alguém desfazendo elas. Foi nosso
tipo de magia. Eu pensei que tinha sido você."
"Porque diabos eu faria isso?"
"Então algum outro shaman fez." O tom acusatório em minha voz, deu
nenhuma necessidade para explicar.
"Pare com isso. Art e Abigail não estão fazendo o que você acha. Eles
certamente não quebrariam as proteções para que os gentry pudessem te
atacar. Você acha que eles estão na sua vizinhaça agora? Um dos gentry deve
ter feito isso. Você provavelmente estava distraída."
"Você perdeu toda fé em mim? Tudo o que você fica dizendo hoje é que estou
errada, que estou enganada. Roland, eu sei como a magia shamanica é. Assim
como eu sei como é a magia gentry, especialmente considerando ­ como você
continua a apontar ­ que eu a uso o tempo todo."
Eu não sei que parte da minha tirada foi responsável, mas eu percebi que ele
tinha chegado ao limite da conversa. Havia algo cansado no rosto dele, o que
fez ele parecer mais velho do que ele era. "Eu não vou ficar parado aqui no
escuro e discutir com você, Eugenie. Tudo que posso pedir é que se você não
pode se controlar pelo meu bem, então pense em sua mãe. Fora isso, faça o que
quiser."
"Roland..."
Mas ele já estava se afastando na noite, e enquanto eu observava o homem que
eu sempre vi como meu pai partir, eu inqueta me perguntei sobre a filha de
quem eu realmente era.

VINTE

Tim surgiu na manhã seguinte depois de algumas ligações, e eu decidi nçao
mencionar que nosso trato tinha sido quebrado. Ele lidava com minha atividade
paranormal até muito bem, mas isso era em grande parte porque elas
normalmente não me seguiam até em casa. Então, eu liguei para a bruxa que
originalmente tinha colocado as proteções e pedi a ela para voltar e
discretamente refazer elas, marcando uma hora que eu sabia que Tim não
estaria.
Depois disso eu fui cumprir o primeiro trabalho shamanico que eu ia fazer
depois de um tempo, lutando com uma nixie que tinha tomado residência na
piscina de uma pobre família. A facilidade com que eu a despachei foi um pouco
alarmante. Mais cedo esse ano, Dorian e eu tínhamos lutado com um grupo
delas que Jasmine havia mandado. Dorian tinha feito a briga, e naquela época,
eles pareciam impressionantes. Agora, com minha mágica se tornando mais e
mais instintiva, lutar com criaturas de água como essa era ridiculamente
simples. Eu admito, eu ainda bani ela do jeito antigo, sem querer confiar em
mágica mais do que o necessário. Eu não concordei com Roland em questão de
seu uso ­ embora minha briga com ele ainda doesse ­ mas era hilariante
lembrar o quão fácil eu lutei com o Elemental de água. Se eu ao menos pudesse
convocar criaturas da água como Jasmine podia, minha vida seria ainda mais
fácil.
E falando em Jasmine, eu convoquei Volusian para longe dela aquela tarde. Eu
ia para a terra Thorn em breve e me sentia confiante de que ela não ia
engravidar antes disso. Bem, eu esperava, pelo menos.
Volusian apareceu no canto escuro do meu quarto, assutando um dos gatos que
estava dormindo na minha cama. "Minha mestra chamou," ele disse em sua voz
de monotonia.
"Tenho um trabalho para você."
"É claro."
"Preciso que você volte para Yellow River e cheque a casa de um shaman lá.
Não deixe ele te ver ­ ou sentir você, se você puder evitar." Minha vibração de
Art era que embora ele pudesse lutar com criaturas do Outromundo, ele não
tinha a mesma sensitividade que eu.
"E o que minha mestra gostaria que eu fizesse assim que eu chegar lá?"
"Olhe ao redor. Me diga se tem algo suspeito acontecendo ­ particularmente
em relação a qualquer garota gentry. Isso faz sentido?"
O olhar de Volusian era cruel. "Certamente faz sentido. Não me confunda com
outro subalterno que serve você."
Assim que ele tinha o endereço, ele desapareceu naquele jeito dele, e eu
suspirei. Pode valer a pena escravizar outro servo destinado ao Outromundo.
Era fácil para mim, particularmente se eu conseguisse um que não fosse tão
forte. Eu não tinha um enorme respeito por Volusian, mas ele tinha razão sobre
uma coisa. Ele era tão poderoso que as habilidades dele eram melhores para
proteção e batalha. Um espírito mais fraco faria todas essas tarefas que eu
parecia estar mandando ele fazer ultimamente.
Essa era uma ideia para outro dia. Por agora, eu ia voltar a terra Thorn. Eu
planejei passar a noite lá já que eu queria começar cedo a minha caça a
demônios. Kiyo tinha dito que iria ao nascer do sol, e eu não queria perder um
momento com ele.
Quando eu cheguei no meu castelo, eu fiquei um pouco surpresa por ver uma
festa acontecendo. Bem, não uma festa de verdade, mas Shaya, Rurik, e alguns
outros servos estavam juntos no salão de reunião, bebendo vinho e rindo.
Girard ainda estava por lá e tinha se juntado a eles. Até Ysabel estava lá,
parecendo feliz para variar. Nenhum deles parecia me esperar aquela noite e
quase saltaram como crianças travessas. Shaya começou a dizer algo como uma
desculpa, mas eu a silenciei com um gesto.
"Não, não. Continuem se divertindo." Eu de alguma forma sempre pensei neles
como luminárias utilitaristas por aqui, mas é claro, eles eram apenas humanos ­
bem, figurativamente falando ­ e tinham direito a uma folga.
Depois de alguns momentos tensos, eles sentaram de novo, e Rurik me
ofereceu uma taça de vinho. Eu recusei. "Sabe," ele disse, "aquele seu servo
desapareceu."
"Yeah, eu sei. Eu mandei ele numa tarefa."
"Eu dobrei a guarda nela quando ouvi."
"Bom. Vamos esperar que ela dê conta de ficar comas roupas nesse período
curto de tempo."
"Você deveria ter matado ela," Ysabel disse.
Eu ignorei isso e virei para longe, deixando a festa deles. "Eu mesma vou checar
ela."
O quarto que Shaya tinha designado para Jasmine era um andar acima e
escolhido com muita inteligência ­ não que eu esperasse menos de Shaya. Era
espaçoso e imobilizado mas não grande demais para que os guardas não
pudessem ver ela a maior parte do tempo ­ excluindo o banheiro. A única janela
do quarto era uma pequena abertura, pequena demais para alguém passar.
Quatro guardas estavam em guarda do lado de fora e quatro dentro. Para meu
alivio, Jasmine estava simplesmente deitada na cama, lendo um dos livros que
eu enviei. As novas algemas de Girar tinha uma corrente mais longa e fina, que
dava ela muito mais espaço para se movimentar mas estava cheia de ferro.
Aqueles olhos azuis-acinzentados olhar para cima quando me aproximei, mas o
resto dela não se mexeu.
"Oh. Você."
Eu sentei num banco estreito e mandei os guardas para fora com um aceno. "Eu
vim checar você."
"Certo. Porque você se importa tanto."
"Eu me importo. Bem, mais ou menos."
"A única coisa que você se importa e ter o herdeiro e me forçar me livrar dos
seus monstros."
"Demônios," eu corrigi. "E acredite em mim, a última coisa que eu quero é ter o
herdeiro."
"Eu ouvi os guardas conversando. Eles dizem que você tem saído muito com
Dorian. Porque mais você faria isso? Mais ninguém iria preferir ter o neto do
nosso pai. Bem, a não ser Aeson." Uma careta caiu no rosto dela ao mencionar
seu antigo amante.
"Dorian é apenas um amigo, algo que você vai entender quando for mais velha."
Oh, Eugenie, você é tão hipócrita. "E você está melhor sem Aeson."
Os olhos dela voltaram para o livro. "Eu amava Aeson. Você não faz ideia do que
amor é."
"Oh, eu faço. Eu sei que é o melhor alto e a pior dor ao mesmo tempo ­ sem
mencionar que é confuso pra caramba."
Jasmine olhou de novo para mim, ainda de cara feia mas com um novo tipo de
consideração. "O que você quer? Você só está para cuidar de mim até aquele
demônio fudido voltar? Deus, eu odeio ele."
Eu comecei a dizer a ela para cuidar com a lignua e então decidi que não havia
porque. "Eu vim te dizer que vamos atacar aqueles demônios amanha."
"Você me obrigando."
"Eu não tenho escolha. Eles estão aterrorizando as pessoas. Como você não
consegue entender o quão sério isso é?"
Ela deu nos ombros com sua apatia típica e tirou um pouco daquele cabelo loiro
dela para fora do rosto. "Seu problema. Não meu." Pirralha egoísta. Mas ela
franziu por um momento.
"Eles ainda estão levando garotas?" ela soava mais preocupada. Quase.
"Eu não sei," eu admiti. "Eu não sei se esse grupo está conectado a isso ou não.
Eu na verdade acho que tem humanos envolvidos."
O livro deslizou para o colo dela, esquecido. "Porque eles fariam isso? Isso não
faz sentido."
"Eu te conto quando você for mais velha," eu disse secamente, o que ainda era
tolo considerando o que ela já passou. "E você tem certeza... tem certeza que o
grupo que te perseguiu não era humano?"
"Sim, pela centésima vez. Eles eram brilhantes."
"Você disse que eles eram soldados..." Um pensamento veio até mim.
"Armadura de couro? Camisas vermelhas?"
"É como os soldados se vestem, não é?Bem, talvez não camisa vermelha.
Depende para quem eles trabalham, eu suponho, eu não lembro a cor."
"Isso aconteceu muito?" Eu perguntei, lembrando de pensamentos passados
sobre nossa similaridade. "Os caras vem muito atrás de você para... você
sabe..."
"Me engravidar? Yeah, as vezes." Havia um olhar triste nela, um muito
vulnerável.
"Mas... você nem sempre cede..."
"Jesus Cristo, Eugenie. Eu não durmo com qualquer um. Que tipo de vadia você
acha que eu sou?' Uma considerável na verdade. Mas eu não disse isso, e eu me
perguntei se ela já tinha sido estuprada alguma vez.
"Desculpe. Você só parece tão ansiosa para ter um bebê."
"Yeah, bem, não com qualquer um. E certamente não através de estupro." Ela
ergue a cabeça, com um olhar furioso. "Ninguém faz isso com a filha do rei
Storm. É um insulto a grandeza do nosso pai." Embora ela possa negar sua
herança, só a parte humana dela poderia dizer "grandeza" para se referir a um
tirado senhor da guerra.
"Você sabe que não partilho da mesma consideração por ele que você."
"Eu sei," ela disse. "E é por isso que você tem um péssimo gosto por homens.
Você não me pegaria dormindo com um kitsune. Eu preciso de algum
digno...como Aeson."
Eu comecei a discutir de novo de que Aeson tinha sido um babaca déspota mas
eu sabia que lógica e amor raramente trabalhavam juntos ­ particularmente
com minha própria vida como indicação. Eu fui poupada por mais comentários
quando uma frieza se apoderou do quarto e Volusian apareceu.
"Porra," disse Jasmine. Cara, ela tinha uma boca suja.
Eu levantei, cruzando os braços e tentando parecer imponente. Era uma atitude
comum que eu mantinha perto de Volusian para que não houvesse duvidas do
meu controle. "Você foi para a casa de Art?"
"Sim, mestra."
"E? Descobriu algo?"
"Não, mestra. Não consegui entrar."
"Como assim? Ele te convidou para tomar uma cerveja ou duas?"
Volusian não piscou. "A casa estava guardada."
"A casa estava guardada," eu repeti. "E você não conseguiu através a barreira?"
"Eles tinham umas wards bem fortes se ele não conseguiu," disse Jasmine.
"Obrigada, Pequena Miss Faladeira do Obvio." Eu busquei no meu cérebro,
pensando na rede de bruxas locais. Eu não as conhecia bem o bastante, não
como eu conhecia os shamans. "Onde diabos ele encontrou alguém tão forte?"
"As wards não eram do tipo normal que se encontra no mundo humano. Elas
eram entrelaãdas com magia desse mundo também," continuou Volusian.
"O que? Como Art pode conseguir gentry para fazer wards ­ especialmente se
ele está seqüestrando eles?"
"Talvez ele tenha posto uma arma sobre a cabeça deles," disse Jasmine, em
uma imitação do meu próprio tom seco. Outro traço familiar, talvez.
"Eu tenho que entrar naquela casa," eu murmurei. "Mas suponho que isso
tenha que esperar como tudo mais. Bem, obrigado por tentar, Volusian."
"Eu nem necessito ou desejo sua gratidão, mestra. Eu não quero nada nesse
mundo a não ser sua morte."
Jasmine riu.
"Bem, tenho certeza que vocês vão se divertir juntos." Eu abri a porta e fiz os
guardas entrarem de novo. Com Volusian de volta, só dois precisavam entrar.
"Eu vejo vocês de manhã para a caça aos demônios."
Depois disso, eu considerei me juntar aos outros na sua festa mas eu decidi que
seria o mesmo que o chefe entrando de penetra no happy hour dos seus
empregados. Ao invés disso, eu fui para meu próprio quarto mas fui
interceptada por Girard.
"Vossa majestade." Ele fez uma reverencia naquele jeito exagerado dele,
fazendo sua capa esvoaçar dramaticamente. "Eu fiz progresso considerável com
o seu pedido."
"Já?" eu sabia que ele tinha mágica para esse tipo de coisa, mas ainda sim.
Ele sorriu. "A rainha pede, e eu obedeço."
Por de dentro dos bolsos da capa dele, ele pegou um pedaço de pergaminho
enrolado, que ele abriu para mim. Nele havia o detalhado diagrama de uma
espada, e escrito ao redor dela estavam notas técnicas sobre o peso e a
composição. Eles significavam pouco para mim.
Na maior parte eu notei a beleza da espada, e em particular seu cabo.
"Isso é adorável," eu disse.
"Eu espero que sim. Perfeita para um rei."
Apesar de mim mesma, sorri em resposta. Dorian tinha me deixado num
miasma de emoções, mas estive tentando não deixar isso interferir com os
favores honestos que ele tinha feito para mim. E quando ele mencionou que
precisava de uma espada, eu tive a ideia de pedir a Girard fazer uma.
Por todas as contas, haviam poucos com habilidade, e a habilidade dele de tocar
ferro o faziam particularmente talentoso.
Girard tracejou uma linha na lamina e bateu na ponta. "Eu posso trabalhar com
ferro na ponta aqui, e não deve ferir o rei Oak desde que le esteja segurando o
cabo. Também não deve afetar a habilidade dele de controlar o resto da
lamina." Como o mestre da terra e de seus conteúdos, Dorian podia fundir
laminas de cobre e as vezes bronze com calor mágico.
"Mas a ponta será mortal para seus inimigos," eu disse. A ideia de trabalhar com
ferro nela tinha sido minha.
"Consideravelmente. Eu posso começar a fazer imediatamente, mas eu preciso
saber um pouco do balanço da espada atual dele antes de terminar esta."
"Ele virá para cá amanha. Você pode falar com ele então." Dorian tinha se
oferecido para me ajudar com os demônios.
"Excelente. E a senhora Shaya me disse que você tem os matérias aqui que eu
posso usar, se eu tiver sua permissão para isso. Caso contrário, posso voltar
para meu lugar de trabalho na Terra Rowan."
Eu balancei a cabeça. "Não, não. Use o que você precisar daqui."
Os lábios dele se torceram em um sorriso torto. "Isso provavelmente vai servir.
Quando eu voltar para casa... bem, eu suspeito que meu senhor o príncipe vai
passar dias me perguntando sobre você."
Eu suspirei. "Ele ainda está chateado com isso?"
"Ele estava, me perdoe, com o coração partido devido a sua rejeição ao
presente e dele."
"Eu não queria isso. Eu gostava dele ­ ainda gosto. Eu só queria que fossemos
amigos."
"Em minha experiência, vossa majestade, homens e mulheres geralmente tem
dificuldade com isso. Não é impossível ­ mas nem sempre é fácil."
Eu pensei em Dorian. "Isso com certeza está certo. Bem, obrigado por isso, e me
fale se eu puder fazer qualquer coisa para ajudar. Mas sério ­ não vá trabalhar
agora. Volte para aquela festa. Vá beber. Flerte com Shaya. Ela podia aproveitar
um cara legal."
Girard começou a rir. Era um som rico e cheio de doçura. "Eu aprecio meu
pescoço demais para arriscar que a capitã da sua guarda o torça."
Eu levei um segundo para entender. "Quem, Rurik? Ele não gosta de Shaya...
não desse jeito, pelo menos. Ela é muito, eu não sei, refinada. Ele só vai atrás de
garotas da cozinha."
Girard meramente deu nos ombros.
"Estou falando sério!" eu não tinha certeza do porque isso me surpreendeu
tanto. "Eles podem parecer próximos, mas é porque trabalham juntos. Eles são
só amigos."
Girard deu outro sorriso. "Você acabou de ouvir o que eu disse sobre homens e
mulheres serem amigos?" Ele se atreveu a dar uma piscadela e fez uma nova
reverencia. "Até amanha, vossa majestade."
Eu observei ele partir, aquela capa vermelha esvoaçando ao redor dele. Eu
ainda estava descrente. Shaya e Rurik? Não, era ridículo. Eu tinha certeza que
ela não tinha interesse nele, e se ele quisesse ela, era apenas pelo mesmo
motivo barato que ele queria qualquer mulher. Ela era muito esperta para isso.
"Você dá a meu senhor presentes mas ainda sim alega não ter interesse."
Eu virei e vi Ysabel parada perto do canto do corredor. Ela aparentemente ouviu
minha conversa com Girard. Essa mulher não tinha nada para fazer a não ser
ficar pelos corredores e esperar por mim?" Ele fez muitos favores para mim
ultimamente. É o único jeito que consigo pensar para recompensar ele."
"Sem dúvida havia outras formas de recompensá-lo," ela disse maliciosa.
Eu comecei com a ideia do "amigos" mas já tinha tido o bastante disso com
Girard. "Por favor, eu não quero passar pela mesma velha música a dança. E
sabe, nós duas cumprimos nossa parte do acordo com Dorian. Eu deixei você
me ensinar. Você está livre. Ele vem aqui amanha para me ajudar com o
problema dos demônios. Vá pra casa com ele depois."
Aqueles olhos azuis se arregalaram em surpresa. "Porque?"
"Porque o que?"
"Porque você me deixaria ir?"
"Porque você não quer estar aqui. Você me deu a base que eu precisava saber,
e eu estive aprendendo bem rápido." Com um calafrio, eu lembrei como eu
quase sufoquei aquele gentry no meu quintal. Aquilo tinha sido intensional. Eu
não tinha desculpa para "acidentes" como eu tinha com ela. Era provavelmente
algo que eu não deveria mencionar para ela ainda. Como estava, ela parecia
perturbada o bastante.
"Sim... você aprendeu rápido. A mágica queima forte em você, eu não acho que
ela precisa de muito mais que uma desculpa para explodir para fora. Você
realmente é como o rei Storm."
"Você conheceu ele?" eu perguntei curiosa. Eu sempre ficava conflituosa ou
ouvir sobre ele. Parte de mim não queria nada a ver com ele, e ainda sim outra
parte de mim ansiava para saber mais.
"Eu não diria que `conheci,'" ela meditou. "Meu pai era um dos guarda costas
dele, então eu vi o rei Storm algumas vezes. Ele era...aterrorizador.
Aterrorizante e inspirador." Ela tentou esconder seu medo mas estremeceu de
qualquer forma.
"Pelo que eu ouvi, essa é a reação que a maior parte das pessoas tinham." Kiyo
também tinha visto o rei Storm, em sua juventude, e uma vez eu tive um
flashback próprio de um breve encontro com meu pai.
"O poder que você tentou convocar... ele era capaz de trazer em um segundo.
Ele só tinha que pensar em uma tempestade e o mundo tremia com a força
dele."
"Bem, eu suponho que todos podem descansar despreocupados. Estou longe
disso."
"Sabe porque?"ela perguntou.
"Pratica?"
Ela balançou a cabeça e franziu os lábios. "Porque apesar de todos os seus
títulos e respeito e impressionante uso de magia até agora... você ainda é
humana em seu coração." Humana, pelo tom dela, era uma coisa muito feia de
se ser.
"Não de acordo com meu padrasto." Não parecia que algum dia eu ia preencher
as expectativas de todos.
"Você pensa como um. Você quer dividir tudo logicamente. O jeito que você se
aproxima da mágica e muito...cientifico." Não é uma palavra que os gentry
usam muito. "Você trata isso friamente. Você parcela fragmentos do ar e os
categoriza. Mágica requer controle, sim, mas é coração, ela está ligada as suas
emoções. Você disse que convocou raios por acidente. O que estava
acontecendo?"
"Eu estava assustada." Também tinha acontecido, eu percebi, quando eu estava
excitada. "E, um, excitada."
"Você estava perdida em suas emoções, e o poder te dominou. Mas você nunca
vai ser capaz de fazer isso, nunca por escolha. Você reprime suas emoções. Você
não cede a elas."
O sorriso dela retornou triunfante. "E é por isso que meu senhor nunca vai amar
você como ele me ama."
É claro. Eu deveria saber que haveria um comentário espinhoso no fim da lição.
Eu me perguntei o que ela ia pensar se ela soubesse que o senhor dela tinha
estado bem disposto a me amar ontem.
"Bem, obrigada pela conversa, mas vou para meu quarto agora. Eu falei sério
sobre o que disse. Vá com Dorian amanha e o ame tanto quanto quiser. Eu vou
continuar sim você de alguma forma." Não tinha porque esconder o sarcasmo
que eu sentia.
Ysabel me deu um sorriso enjoativamente doce. "Você está presumindo que vai
voltar."
Eu virei e dei a ela um olhar afiado. "Você está me ameaçando?"
"Certamente não. Eu não tenho nada a ver com sua aventura amanhã. Mas você
vai enfrentar demônios. Qualquer coisa pode acontecer. E se você não voltar, eu
não vou chorar."
Ótimo. Nada como um bom pressagio para entrar em batalha.

VINTE E UM

Eu acordei na manhã seguinte, deitada em cima das cobertas, com a luz do sol
passando pelas janelas. Mal tinha amanhecido, mas o ar já estava esquentando.
Ia, como se dizia, ser um dia quente. Se eu realmente estava conectada com a
terra, eu me perguntei o que uma onda de calor dizia sobre o meu humor. Era
um indicativo da minha preparação para batalha?
Eu estreitei os olhos com a luz do sol que tocava o teto de pedra, insegura com
aquela questão, como tantas ultimamente. Com um suspiro, sabendo que eu
precisava levantar, eu rolei para o lado e me deparei com Kiyo. Eu gritei
surpresa.
Os olhos escuros da cor de chocolate dele estavam abertos, bem despertos. Eu
acho que ele estava me olhando enquanto eu dormia. O sorriso dele era aquele
sexy e suave, os olhos levemente enrugados. Ele estava com o peito nu, usando
apenas uma cueca azul marinho.
"Quando você chegou aqui?" eu perguntei. "Eu não notei nada."
"Eu sei," ele disse. "Você estava com o sono bem pesado. Nem mesmo se
mexeu quando eu entrei na cama." Ele colocou uma mão no meu quadril e a
deslizou pela minha perna nua. Eu tinha adormecido de camiseta.
Ver os olhos dele e sentir sua mão na minha pele acordou algo em mim.
Certamente tudo ficaria certo no mundo ­ mundos, até mesmo ­ desde que eu
tivesse Kiyo. Tinha algo incrivelmente forte e seguro em relação a ele, uma
estabilidade nesse perigoso sex appeal. Eu me estiquei e toquei a lateral do
rosto dele, um pouco surpresa por estar tão feliz de ter ele aqui comigo.
"Eu não tinha certeza se você viria," eu admiti.
"Eugenie, como pode pensar isso?" Ele continuou acariciando minha perna, mas
o outro braço me puxou para mais perto. "Eu disse que viria. Eu não vou deixar
você se meter em perigo sozinha."
"Eu sei que você não aprova algumas das coisas que eu faço. Roland não aprova.
Tivemos uma enorme briga."
Kiyo beijou minha testa, então meu nariz, e então meus lábios. "Ele se preocupa
com você. Eu também. Mas eu entendo o que você tem que fazer aqui e porque
você quer ajudar essas pessoas."
Eu olhei para ele e senti algo se iluminar dentro de mim, uma parte sozinha e
dolorosa de mim que tão desesperadamente precisava de alguém que me
pegasse. Antes, eu senti como se Dorian pudesse. Eu rezei para que Kiyo
também fosse capaz. "Você entende?"
"Sim." Ele me beijou de novo, a boca dele quente e exploradora. A mão que
estava na minha perna foi para meu seio. "Eu sei como é viver em dois mundos.
Você é corajosa em fazer o que você acha que é certo, e eu não vou deixar nada
acontecer com você," ele disse em meu ouvido. "Nem para as pessoas reunidas
lá embaixo."
Ele moveu sua boca de volta para a minha, mas eu o afastei. "Esp ­ o que?
Quem está reunido?"
Ele deu um meio dar de ombros, as mãos ainda passando pelo meu corpo.
"Todo mundo. Rurik reuniu os guardas lá. Jasmine está de pé e algemada. Até
Dorian está aqui."
Eu sentei." Kiyo! Temos que descer então. Não podemos ­ ah."
Ele moveu uma mão para o interior da minha coxa ­ pra cima, pra cima, e pra
cima. "Temos tempo."
"Não...nós...não temos," eu consegui dizer enquanto os dedos dele se moviam
pra dentro e pra fora de mim. Por um momento, eu pensei sobre como Dorian
tinha feito quase exatamente a mesma coisa, mas então mandei a memória
para longe. "Eles estão esperando..."
"Cinco minutos, Eugenie," Kiyo murmurou. A outra mão dele tirou minha
camiseta , e ele se inclinou para beijar um dos meus seios, devagar se movendo
para sugar um dos meus mamilos, cada vez mais forte. Eu recuei levemente
quando senti os dentes dele, e ele ergueu seu rosto. "Eu senti sua falta, Eugenie,
não importa o que você pense. Eu sinto sua falta e te amo." Ele deslizou seus
dedos para fora de mim, e eu chorei pela perda deles. Ele sorriu. "E eu acho...
eu acho que talvez você sentindo minha falta também..."
E com nenhum outro aviso, ele me rolou para que eu ficasse de joelhos e se
moveu para dentro de mim. Eu não sei quando a cueca dele saiu, mas de
repente, ele estava dentro de mim, duro e inchado e grunhindo a cada
estocada. Eu agarrei os lençóis com meus punhos, mantendo meu corpo
arqueado para ele para que ele pudesse me pegar ainda mais profundamente.
As mãos dele agarraram meu quadril, permitindo ele te enterrar o máximo que
ele podia. Eu gemi e joguei minha cabeça para trás, meu corpo querendo tomar
e mais dele.
Inclinando seu corpo por cima do meu, ele foi para frente e conseguiu acariciar
meus seios sem parar seu ritmo. Os dedos dele os acariciavam, os polegares se
esfregando contra os mamilos eretos. As sensações em meu corpo eram
deslumbrantes, cada parte de mim sentindo que estava em chamas. Finalmente
ele voltou para sua posição ajoelhado e voltou sua mão para meu quadril,
dando a ele a melhor posição para ele me tomar completamente. As estocadas
dele ficaram ainda mais duras e mais rápidas, se enfiando dentro de mim com
tamanha força que eu podia ouvir nossos corpos se batendo. Com um grande
gemido, as unhas dele se afundaram no meu quadril e o corpo todo dele tremeu
enquanto ele gozava. As mãos ainda apertadas no meu quadril, ele se manteve
ali por vários segundos, absorvendo totalmente sua libertação.
Finalmente, ele se afastou e caiu na cama. Virando, eu me espalhei do lado dele.
"Ok," eu arfei. "Agora eu acho que estou pronta para lutar com alguns
demônios."
Eu acho que ninguém realmente notou que Kiyo e eu tinhamos acabado de
transar quando descemos. Misericordiosamente, nem choveu. Se alguém
suspeito de alguma coisa, foi Dorian, com aquele jeito estranho que ele tinha
para ler as pessoas. Os guardas estavam em formação do lado de fora, mas
Dorian estava na sala tomando chá com Shaya enquanto Ysabel estava
espalhada no colo dele. Girard estava ali também, testando o peso da velha
espada de Dorian enquanto o próprio Dorian estudava o desenho da sua nova
espada.
"Eugenie," disse Dorian, arqueando uma sobrancelha. "Você está radiante essa
manhã. Ora, você com certeza está brilhando." Ysabel fez careta para o elogio
dele.
"É o couro," eu disse, puxando conscientemente minha camiseta. Eu discuti
contra a necessidade de uma armadura, mas Shaya tinha conseguido um top
sem manga para mim feito de couro leve, bom para desviar de laminas. Não era
couro a la estrela pornô nem nada disso, mas não era algo que eu estava
acostumada.
"E isso," Dorian continuou, apontando para o desenho," é incrível. Obrigado."
"O que é?" perguntou Kiyo.
"Uma espada de lendas. Para matar malfeitores em toda parte. Eugenie
mandou fazer para mim."
Kiyo me deu um olhar sem palavras que mesmo assim era cheio de perguntas.
"É um presente de agradecimento. Dorian tem feito muitos favores para mim
ultimamente," eu expliquei.
"Eu te asseguro," disse Dorian com o rosto sério. "Eu fico tão feliz em dar
quanto você em receber."
"Ok," eu disse apressada. "Estamos prontos para ir? Eu vi os guardas lá fora. Eu
prefiro que isso seja feito mais cedo possível."
O maior impedimento acabou sendo Ysabel, que jogou seus braços ao redor de
Droain e implorou para que ele tomasse cuidado. Ele deu tapinhas apresados no
ombro dela, assegurando a ela que tudo ficaria bem.
Mas os olhos dele eram impacientes, e ele não olhou para trás enquanto ele
saia com o resto de nós. Pobre Ysabel. Eu quase estava começando a me sentir
mal por ela, apesar das esperanças dela de que eu não fosse voltar. Ela
realmente não era nada mais do que alguém que esquenta a cama para Dorian,
e enquanto a maior parte das mulheres sabia disso, ela não conseguia aceitar.
Jasmine também estava pronta, ainda presa e parecendo com raiva. Volusian
estava conosco, e ele tinha ordens de subjugar ela se ela tentasse qualquer
coisa ­ o que eu senti muita certeza de que ela faria. Infelizmente, eu também
precisava que Volusian lutasse com os demônios, o que significa que ele não
podia cuidar dela o tempo todo. Nenhum de nós podia, e eu ia ter que fazer
uma manobra arriscada para manter a arma nela enquanto tentava fazer
banimentos.
Kiyo franziu, desaprovando quando ele a viu, e mais quando ela teve que ser
amarrada ao seu cavalo. "Isso é errado, Eugenie," ele disse suavemente, assim
que todos estavamos partindo. Ele estava indo em forma humana hoje."
"Qual parte? Trazer ela ou manter ela prisioneira?"
"Eu não gosto de nada disso."
"O que aconteceu com você dizer que entendia as escolhas que eu tinha que
fazer?" eu assoviei. "Foi só pra conseguir sexo?"
Dorian cavalgava do meu outro lado. Eu não tinha duvidas que ele tinha ouvido
o comentário sobre sexo, mas ele não disse nada. "Como você sugere que ela
lide com isso, então? Solte a garot?"
"Não," Kiyo disse, dando a Dorian um olhar negro. "Mas tem formas mais
humanas de lidar com ela."
"Eu dei a Jasmine seu próprio quarto e consegui algemas melhores! O que mais
posso fazer?" eu perguntei.
"Eu não sei," admitiu Kiyo.
"Então não critique aquilo que você não pode oferecer uma solução," disse
Dorian. "É fácil querer par e amor em situações hipotéticas ­ então a realidade
chega, e as vezes temos que fazer o que é feio."
"Eu não lembro de pedir sua opinião aqui," respondeu Kiyo.
"Como é, Eugenie, você tem uma escolha difícil a frente." Dorian estava falando
como se Kiyo não estivesse ali. "O que você vai fazer quando finalmente se livrar
desse coelho? O que fará com os prisioneiros?"
Eu dei nos ombros. "Mandar eles trabalharem."
"Mesmo o lider deles, Cowan? O que convoca aqueles demônios? Certamente
você não quer ele andando por ai, mesmo que ele esteja cavando fossos."
"Não escute ele," disse Kiyo. "Ele está provocando você. Existem prisões,
mesmo no Outromundo. Você pode mandar ele para lá se ele sobreviver."
"Uma encantadora atuação de misericórdia, sem duvida," disse Dorian. "Uma
que vai aterrorizar futuros inimigos."
"Eu não vou matar todo mundo que fica no meu caminho," eu exclamei. "Não
sou meu pai, não importa o quanto você quer que eu seja."
"Eu não diria que é isso que eu quero," riu Dorian. "Mas como um líder, você
precisa fazer exemplos as vezes."
"Misericórdia não é uma coisa terrível," eu discuti.
"O rei Storm nunca mostrava nenhuma," disse Kiyo.
"De fato," respondeu Dorian. "E eu só quero me certificar que a filha dele não
mostre demais. Você não é o único que quer protegê-la mestre kitsune. Nós só
fazemos isso de formas diferentes."
"Chega," eu ordenei. Rurik estava fazendo o grupo parar mais na frente,
significando que o resto do caminho teria que ser a pé. Eu fiquei agradecida, já
que eu estava ficando cansada de ouvir Kiyo e Dorian se provocar.
Como antes, fomos a pé, toda a experiência me dando um estranho senso de
déjà vu, embora os bandidos tivesse mudado de localização. Eu também tinha
uma estranha lembrança de quando eu terrotei Aeson. Dorian e Kiyo também
estava comigo, tão animados de estar perto um do outro quanto estavam
agora. Shaya também estava lá, mas Rurik quase teve um ataque quando ela se
ofereceu hoje, e eu não podia me impedir de lembrar das palavras de Girard.
Eu certamente não tinha nenhum exercito quando eu fui atrás de Aeson. Rurik
enviou homens com habilidade de se mover furtivamente para olhar o
acampamento e se livrar de qualquer inimigo que estivesse observando.
A espera me deixou inquieta, e um senso silencio caiu sobre todos. Eu olhei para
Jasmine, ainda presa. Eu não soltaria ela até o ultimo momento possível e ainda
não confiava nela.
"Você sabe o que tem que fazer?" eu perguntei a ela.
Ela estava encarando os guardas na frente pensativa, absorvendo o terreno
inclinado e os pinheiros diversos. Provavelmente planejando sua fuga, eu pensei
tristemente. Como antes, aqueles bandidos tinha escolhido a melhor cobertura
que conseguiram nessa terra árida. Ela virou na minha direção, imediatamente
fazendo sua careta padrão.
"Sim."
"E você sabe o que vai acontecer se você tentar alguma coisa?"
"Sim." Malicia pura olhou para mim através daqueles olhos.
"Ótimo," eu disse, mudando meu aperto na arma. Os olhos dela foram
brevemente para a arma, e se eu assustei ela, ela fez um bom show em ainda
parecer desafiadora.
"Eu espero que você se mantenha fiel a sua palavra," murmurou Dorian,
andando até mim.
"Pare de envenenar ela," rosnou Kiyo.
"E vocês dois me deixem eu tomar minhas próprias decisões," eu disse.
Os batedores voltaram pouco tempo depois, nos dando o ok para seguir. Fomos
em direção ao acampamento, cercando e atacando com força total. Felizmente
ninguém anunciou nossa presença, e tivemos um breve elemento de surpresa
antes dos bandidos se mobilizarem. Eu soltei as algemas de Jasmine, esperando
não estar cometendo um erro. Minha mão direita segurava com firmeza minha
arma contra as costas dela ­ segurar apontada para cabeça dela parecia um
pouco cruel demais ­ enquanto a mão esquerda mantinha minha varinha
pronta. Kiyo e outros lutadores estavam em combate corpo-a-corpo enquanto
os outros usuários de mágica e eu ficamos para trás e esperamos ­ não que eu
pretendesse usar mágica hoje. Eu estava estritamente no modo de banimento
shanamico.
E lá estavam eles. Um profundo cheiro de mágica permeou no ar, e formas de
fogo se materializaram no lado mais distante do acampamento. Eu vi o olhar de
Rurik passar até o ponto de onde eles tinham saído, a atenção dele não nos
demônios mas no que potencialmente tinha invocado os demônios.
Circulando ao redor, ele foi em direção a área. Os demônios eram trabalho meu.
Eu cutuquei Jasmine com a arma. "Faça seu trabalho. Volusian ­ ataque."
Eu segurei o folego, me perguntando se Jasmine faria. Um momento depois, eu
senti a magia nela, uma magia similar a minha mas com uma sensação
levemente diferente. UUma parte do meu cérebro tentou pegá-la, esperando
que eu aprendesse mais tarde. O resto de mim observou enquanto houve um
rasgo no ar ­ uma abertura ao Submundo. Duas formas saíram da abertura para
nosso mundo. Como o elemental de água da outra noite, esses dois demônios
eram feitos de água, fazendo barulho a cada passo mas ainda mantendo uma
forma solida. Mas eles eram maiores que o Elemental, adornado com chifres e
olhos brilhantes amarelo.
"Só dois?" eu exclamei. "Tem cinco dos outros!" Jasmine não respondeu mas
ergueu sua mão como um maestro tirando poder da nota de seus músicos. Por
um segundo, eu me perguntei se os demônios de água iam nos atacar. Eles não
atacaram. A atenção deles virou para os demônios de fogo, o antigo inimigos
deles no Submundo.
Ali perto, Dorian estava empunhando sua própria mágica, rasgando a terra por
debaixo dos demônios de fogo para que eles tropeçassem e afundassem nos
enormes buracos, fazendo deles pressas fáceis.
"Não é tão fácil invocar demônios," ele disse defendendo ela, os olhos no seu
trabalho. "Na verdade, vai ser só isso para os demônios de fogo. De jeito
nenhum aquele homem pode convocar mais deles. Eu ficaria surpreso se ele
ainda estiver consciente."
Bem, isso é alguma coisa. Os servos de Jasmine estavam num impasse com dois
demônios de fogo, o que significa que nenhum deles ia atrás do meu pessoal.
Volusian estava fazendo um bom trabalho com um dos demônios também,
embora os outros dois estivessem vindo para frente. Era hora deu entrar em
ação.
Eu juntei o poder humano que eu usei toda minha vida, o poder que era
baseado em vontade e não emoção como a mágica gentry. Minha varinha se
focou nisso, e eu mandei o poder em direção a um dos demônios de fogo,
circulando ele e invocando a força de Persephone para abrir um caminha para o
Submundo e sugar ele de volta. Ele sentiu o banimento acontecendo, e eu senti
o poder dele enquanto ele tentava lutar. Eu firmei minha própria força, e o que
parecia como um mina terrestre, de repente explodiu perto dele, enchendo ele
de sujeira e pedras enquanto ele tropeçava. Obrigado, Dorian. O Submundo se
abriu, e o demônio dissolveu de volta a seu domínio, incapaz de lutar contra
minha força.
E como da ultima vez que eu lutei com aqueles caras, o poder que foi necessário
para aquele banimento exigiu muito de mim. Inspecionando o resto da batalha,
eu vi com uma surpresa agradável que um dos demônios de água de Jasmine
tinha derrotado o demônio de fogo. Aquele demônio de água tinha se juntado a
seu parceiro, e parecia que eles iam trabalhar rápido com seu alvo. Kiyo e os
outros soldados estavam fazendo um bom trabalho em matar ou subjugar o
resto dos bandidos. Eu virei de volta aos demônios de fogo, determinando
minha próxima estratégia.
Uma delas era me involver e começar a andar em direção a meus soldados. Esse
banimento ia ser duro. Eu juntei toda minha força e repeti o processo,
chamando Persephone e recitando as palavras para mandar o demônio de volta
para o Submundo. Isso o distraiu dos meus soldados, e ele começou a vir em
minha direção. Porra.
"Ele. Está.Vindo," disse Jasmine duramente. Eu não consegui ver o rosto dela
com minha arma nas costas dela mas eu tive a impressão que eu tive é que ela
ficou tão tensa quanto eu.
"Yeah, eu meio que notei."
Ele estava me afastando com a sua própria força de vontade. Eu cerrei os
dentes. Não, não. Eu sou mais forte. Eu sou a filha do rei Strom. Eu precisava de
outra distração para fazer ele deslizar para dentro, mas todos estavam
ocupados. A atenção de Dorian estava no demônio que Volusian batalhava.
Aquele demônio era moderadamente mais forte que meu servo, mas já que
Volusian não pode mesmo morrer...bem, isso dificultava a destruição dele.
Então, nenhum deles estava ganhando até que Dorian usou um pouco da sua
magia para atacar o demônio com um pedaço de rocha, permitindo Volusian se
mover para matar.
Meu demônio ainda estava se aproximando, e eu precisava de uma distração
própria. Ferro diminui meus poderes nem perto do que fazia com Jasmine, mas
as vezes podia me afetar um pouco. Eu ainda poderia usar meus poderes de
gentry enquanto estava em contato com ele, mas era mais fácil sem. Em um ato
que eu tinha certeza que eu ia me arrepender, eu soltei a arma e
imediatamente chamei a minha mágica de tempestade. Eu daria qualquer coisa
para destruir esse demônio com um raio, mas ainda estava além do meu
controle. Ao invés disso, eu busquei no céu, chamando água e ar. Para minha
surpresa, eu fui capaz de juntar os dois. Nuvens grossas e carregadas se
formaram, girando em um fraco funil de nuvens que desceu até o demônio. Era
a força mais poderosa do tempo que eu já tinha ­ conscientemente ­
convocado, e derrubou o demônio. Eu não conseguia manter minha força nele,
e a minitempestade dissipou instanteneamente. Mas era o bastante, e eu o bani
antes que ele pudesse responder. Parecia que meu interior estava sendo
rasgado, mas eu consegui expulsar ele desse mundo.
Ofegando e tonta, eu olhei ao redor, e percebi que não haviam mais demônios
sobrando ­ bem, não demônios de fogo pelo menos. Os demonis de água,
vitoriosos, ainda estava ali ­ e estavam vindo em nossa direção. Merda. Eu
percebi então o que eu potencialmente tinha libertado. Eu algemei Jasmine pelo
ombro, quase derrubando ela, e peguei minha arma.
"Eu te avisei para não tentar nada," eu disse, apontando a arma para ela.
"Mande eles embora!"
"Não sou eu," ela exclamou em resposta. "Não consigo controlar eles!"
Dando um passo para frente, eu olhei o rosto dela. Ela estava coberta de suar, a
pele pálida. Dorian tinha dito que convocar demônios era difícil, e o peso total
do que eu tinha feito me atingiu. Ela os convocou mais não tinha mais o poder
de controlar eles. Eu não tinha mais força para banir, mas eu podia sentir
Jasmine ainda tentando trabalhar com sua magia, fraca como estava. Era
impossível sentir cada parte do que outra pessoa estava fazendo com sua
magia, mas eu senti a dela forte. Aquelas criaturas estavam ligadas a água. Eles
eram parte do meu domínio. Fazendo meu melhor para imitar ela, eu juntei
minha força a dela, enviando comandos através da magia, mandando eles
partirem desse mundo.
Eles estavam quase em cima de nós, e eu quase ri quando a ironia da minha
própria morte se aproximava. Então, de repente, eu senti minha mágica
sintonizar com a de Jasmine. O controle dos demônios foi para seu lguar, e eles
congelaram. Juntas, ela e eu ordemos que eles se afastassem, e houve um rasgo
no tecido do espaço, uma abertura para o Submundo. Era quase como um
banimento, mas não exatamente. Os demônios estavam dispostos ­ bem, com
nosso comando ­ a voltar, e nossa magia ajudou eles com a passagem. Um
momento depois, eles dissolveram do nosso mundo. Depois disso, eu me senti
como se tivesse corrido uma maratona. Cada parte de mim doía e estava
fatigada. Ainda sim, por pior que eu estivesse, Jasmine estava pior. "Eu suponho
que sangue realmente seja mais grosso que água," ela sussurrou numa péssima
tentativa de fazer uma piada. Ela balançou, os olhos viraram para trás, e então
ela caiu. Eu mal consigo pegar ela por conta própria no meu estado fraco, mas
então braços fortes a pegaram. Kiyo.
Ele mal tinha um arranhão, e alivio passou por mim. "Obrigado."
Ele a ergueu facilmente nos braços. "Você está bem?"
"Ótima," eu disse olhando para minha irmã ­ que não tinha me traído afinal de
contas. "Mas ela está mal. Leve ela a um curandeiro."
Kiyo hesitou, sem querer me deixar. Então, ele deu um rapido aceno e saiu
naquele jeito que era meio humano e meio animal. Olhando ao redor, eu vi que
os outros estavam cuidando dos canalhas restantes. Minhas perdas pareciam
poucas. Rurik estava guiando um homem que parecia estar na mesma condição
que Jasmine. O invocador dos demônios. Dorian estava com Rurik e me olhou
rapidamente. Eu sabia o que havia naquele olhar. Matar o invocador ou não? Eu
dei um balançar afiado com a cabeça. Dorian fez uma careta e então virou para
ajudar Rurik com o prisioneiro.
Ninguém pareceu notar ou precisar de mim, e eu afundei agradecida no chão,
esperando minha força retornar. Eu me perguntei se seria capaz de chamar
aquela magia de novo, a que eu tinha usado com Jasmine. Tentr juntar ela
parecia muito trabalho agora, e fiquei contente por ver meu pessoal trabalhar.
Então, na minha visão periférica, eu vi um movimento. Eu levantei e olhei para
meu lado, em direção a um penhasco rochoso coberto de cactos. Um rosto me
olhava e então se escondeu de novo. Eu conhecia aquele rosto. Era o gentry
com uma cicatriz, que tinha ido a minha casa na noite passada. Sem pensar, eu
comecei a perseguir ele. Então, para minha surpresa, eu pausei e fiz o que Rurik
teria querido. Alguns dos meus soldados estavam por perto. "Hey, venham
aqui," eu chamei gesticulando. Eles imediatamente me seguiram enquanto eu
parti num ritmo acelerado, me movendo tão rapido quanto eu podia para
alcançar o gentry. Quando eu virei para olhar, eu não vi sinal do gentry
guerreiro que eu tinha avistado.
O chão se argüia afiadamente ali, começando a se transformar nas colinas
remanescentes que ficavam perto da minha casa em Tucson. A vegetação era
mais grossa, embora ainda estivesse longe de ser uma verdadeira floresta.Era
na maior parte cactos, arbustos e arvores espalhadas. Subir até a pequena
colina era um caminho estreito, e num impulso, eu subi nela para buscar minha
presa. Os passos dos meus soldados estavam atrás de mim, suas botas batendo
no chão.
Quem era aquele cara? E porque ele estava aqui agora? Ele era um dos
bandidos? Eu não vi ele na luta. Ele era algum tipo de espião, talvez, e era por
isso que ele tinha ido a minha cama e ­
Snick.Snick* Duas flechas vieram de lugar nenhum quando alcançamos o topo
da colina. Cada uma atingiu um dos meus soldados no peito, fazendo eles cair
no chão. Eu parei guinchando, esperando pela minha flecha, olhando ao redor
das arvores para que o gentry misterioso se revelasse.
Mas ele não se revelou.
Quem apareceu foi Art.
Ele sorriu, dando um passo para frente. "Eugenie, tão bom ver você de novo.
Você esteve muito ocupada por aqui, pelo que ouvi." Ele acenou vagamente em
direção de onde eu tinha vindo, embora meu pessoal não estivesse a vista.
Eugenie, eu pensei, você é uma idiota fodida. Além de Art, eu vi o gentry que eu
persegui emergir da cobertura, junto com outros dois ­ um usando uma
armadura de couro como Jasmine tinha descrito. Eles carregavam arcos e
usavam camisetas vermelhas debaixo da armadura.
"Roland me ligou ontem a noite e quase arrancou minha cabeça sobre te
envolver com política gentry." Art balançou a cabeça, entretido. "Eu me
pergunto o que ele diria se ele soubesse o quão envolvida você está ­ vossa
majestade."
Eu estava exausta como o inferno e desprovida de magia. Mas ­ eu ainda era
humana e não estava sem apetrechos humanos. A arma ainda estava na minha
mão, e eu apontei em direção a ele. Eu precisava distrair ele até alguém chegar.
Porra. Eu não deveria ter subido essa colina, mesmo que eu tenha tido o senso
de trazer apoio. A pergunta agora era, o resto do meu pessoal ia notar que eu
tinha sumido? Normalmente, eu mal podia sair pelas portas do castelo sem uma
dúzia de pessoas junto.
Art me reprovou. "Você realmente faria isso? Você realmente mataria alguém
da sua própria gente? Ou nós sequer somos sua gente?"
Magia de repente encheu o ar ­ magia familiar. Magia shamanica. Ela me
envolveu como uma nevoa, grossa e pesada. Esquecendo de Art, eu virei
bruscamente, em direção ao som de palavras sendo cantada ­ palavras que eu
conhecia décor. Abigail estava parada ali, a varinha na mão. E Deus me ajude,
ela estava me banindo.
Eu senti a vontade dela se empurrar contra a minha, como eu tinha feito com os
demônios. O mundo ao meu redor começou a se rasgar enquanto um vórtice
começava a puxar minha essência. Eu lutei contra, lutei com cada gota de força
que eu tinha ­ mas não tinha muito sobrando.
Quando se trata de viajar entre os mundos, encruzilhadas e passagens eram o
jeito de passar. Eles facilitavam a transição. Ou, alguém poderia viajar como eu
geralmente fazia, viajar por algum item cuja sua essência está embutida, um
item que não poderia ser impedido de atrair sua essência. E raramente, se você
tivesse a força, você poderia abrir uma passagem a força e forçar seu caminho
para outro mundo. Isso não era recomendado. Doi pra caramba. E
essencialmente, era isso que era um banimento ­ só que não era sua escolha.
Era alguém te tirando do mundo e te jogando em outro.
Eu senti o tecido desse mundo se abrir, senti a atração incontrolável do outro.
Eu não conseguia lutar. Eu tentei. Eu chutei, eu gritei, mas eu estava fraca
demais. Eu senti como se estivesse me despedaçando em um milhão de
pedaços, sugada num rodamoinho...
....e então, eu havia partido.
*É o barulho de um ruído seco.

VINTE E DOIS

Eu acordei com uma dor de cabeça ainda pior do que a que eu tive quando
tomei tequila na noite do nascimento de Luisa. Dor caia com uma batida firme
na minha cabeça, embora ao mesmo tempo, meus sentidos parecem estar
enevoados enquanto um teto de plástico divagar entrava em foco acima de
mim. Náusea jorrava pelo meu estomago, e eu me preocupei que fosse passar
mal. Isso tinha acontecido da ultima vez que eu passei forçando a barreira entre
os mundos.
E falando nos mundos... onde eu estava? Facil o bastante para descobrir, meu
cérebro grogue rapidamente percebeu. Eu fui tirada do Outromundo, o que
significa que eu podia ou ter sido mandada para o Submundo ou para o mundo
humano. O fato de que eu ainda estava viva indicava que eu tinha vindo para o
ultimo. Porque diabos Abigail iria me convocar ­ porra. Ali estava: a náusea de
novo. Eu mordi o lábio e tentei sentar, sem querer sufocar no meu próprio
vomito. Só que, quando tentei levantar, eu não cheguei muito longe. Minhas
mãos estavam esticadas acima da minha cabeça, amarradas a cabeceira da
cama em que eu estava deitada. Não, não amarradas ­ algemadas. Algemadas
com algemas pesadas com força industrial. Uma tigela foi colocada embaixo do
meu rosto naquele momento, e eu fiquei agradecida por poupar a cama e
minhas roupas. Eu vomitei duas vezes antes do meu bem feitor gentilmente
perguntar, "tem mais?"
"Acho que não."
Eu apertei os olhos e me encontrei olhando para o rosto de uma jovem garota,
cheia de sardas e com cabelo castanho, com um nariz um pouco pequeno
demais para o resto dos traços de seu rosto. Ela ainda era fofa o bastante, e ­
ela era um gentry. Por um momento, eu me perguntei se eu fiquei confusa em
relação ao banimento. Eu ainda estava no Outromundo? Não. Esse
definitivamente era o mundo humano. Eu podia sentir. Havia uma forma como
a mágica estava no ar ­ ou melhor, não estava no ar por aqui.
A garota levou a tigela e voltou com um pano. Ela limpou meu rosto com ele e
então minha boca. Um momento depois, ela voltou com um copo de água, que
eu bebi agradecida. Todos os movimentos dela eram gentis e graciosos.
"Qual seu nome?" eu perguntei.
"Cariena."
"É realmente bonito. Onde estou, Cariena?" eu perguntei, puxando as algemas.
Essas coisas não vão ceder.
A garota sentou numa cadeira no canto. "No mundo dos humanos."
"Eu sei disso." Eu tentei não deixar meu tom ser duro demais. O couro da luta
tinha desaparecido; eu usava uma camiseta e calcinha. "Mas onde? Que lugar é
esse?"
Ela olhou ao redor, como se o quarto fosse oferecer algum tipo de resposta. As
paredes eram pintadas de um fraco cinza e combinavam com a cabeceira, um
padrão de flores azuis e roxas. Havia uma pequena cômoda no canto, junto com
a cadeira dela, assim como uma estreita cama igual a que eu estava. Não havia
muito espaço aqui ­ e nenhuma janela.
"A casa do Homem da Cobra Vermelha."
"A Cobra Vermelha ­ filho da mãe. Art."
Minha mente ainda estava confusa, e eu tive dificuldades em tentar lembrar os
detalhes do que tinha acontecido. Eu lembrava partes da luta. Eu lembrava de
perseguir o soldado e então Abigail me baniu...
Mas tudo ainda estava deslocado, e eu não tinha lembrança de como tinha
chego aqui. Era possível que fosse simplesmente o trauma de passar de maneira
brusca pelos dois mundos. Alguem podia ter me batido na cabeça também, mas
a dor latejante em meu crânio não era desse tipo. E como eu notei mais cedo,
era mais como o tipo de dor de ressaca. Só que pior.
"Onde ele está agora?" eu perguntei.
Cariena balançou a cabeça."Eu não sei. Ele não explica suas atividades para
nós."
"Nós? Tem..." De novo, meu cérebro tentou lembrar o que eu já sabia. Porque
eu não podia alinhar meus pensamentos? Era como se eu estivesse tanto alta e
de ressaca por beber, tudo junto. Nós. Art. O Homem da Cobra Vermelha.
"Tem...tem outras como você aqui? Outras garotas?"
Ela acenou.
"Quantas?"
"Cinco ­ não, quatro. Eles levaram Fara ontem. Isanna é a próxima."
"Eles quem?"
"Um dos homens. Eles vem as vezes. Eles olham para nós. As vezes eles só..."
Ela desviou o olhar, indisposta a encontrar meus olhos. "As vezes eles só...
visitam. Mas as vezes eles fazem um trato com o Homem da Cobra Vermelha e
nos levam."
"Art," eu murmurei. "O nome dele é Art. Homem da Cobra Vermelha parece dar
algum tipo de respeito." Eu comecei a esfregar meus olhos e percebi que eu não
conseguia por causa das algemas. "As outras garotas estão algemadas
também?"
"Só as que resistem."
"Bem, yeah, suponho que isso me inclua. Eu assumo que você não é uma?"
"Não mais."
"Porque você não vai embora? Você deve ter mágica... nem que seja um
pouco."
Cariena ergueu as mãos. Ela não tinha algemas como eu, mas braceletes de
ferro estavam em cada pulso, cada um com uma pequena fechadura. A pele
estava vermelha e inchada onde o ferro tocava.
"Jesus...então você está com sua mágica bloqueada. Mas, eu quero dizer, você
não pode só passar pela porta?"
"Tem ferro... ferro em toda parte. As janelas, as portas. Tudo está ligado com
ferro e feitiços. E fechaduras. Além do mais..." Os olhos azuis dela se
arregalaram um pouco. "Eu não sei onde iria... não nesse mundo..."
"Pra casa," eu disse furiosa. "Você vai para casa. Eu te levo lá."
Ela balançou a cabeça, o rosto triste. "Não existe saída daqui. Nem mesmo para
você."
Eu olhei ela com curiosidade. "Você sabe quem eu sou?"
"Você é a rainha Thorn. A filha do rei Storm. Você é minha soberana." Ela deu
um atencioso aceno de respeito. "E eu sei que você é uma grande guerreira e
usuária de mágica. Mas se o Homem da Cobra Vermelha pegou até você, não
existe esperança para nós. Moria tentou escapar, e ela morreu."
"Moria escapou. Ela não morreu, e ­ " eu parei.
Porque meu cérebro estava tão desorganizado? Porque eu estava pensando tão
devagar? Uma grande guerreira e usuária de mágica. Eu não precisava das
minhas mãos para sair daqui. Eu tinha a minha mágica. O ferro e o aço que
atordoavam a mágica de Cariena tinham pouco efeito em mim, e eu tive tempo
o bastante para reconstruir meu deposito de poder. Eu busquei dentro de mim
mesma e então para o mundo ao redor, buscando agua e ar, embora sem ter
certeza do que fazer com eles. Quebrar a cabeceira? Oxidar as algemas? A
decisão acabou não importando.
Nada aconteceu.
Eu não senti nada. Eu senti...bem, humana. Eu me senti como havia anos que
me sentia, muito antes de qualquer pista de que eu podia tocar a magia do
Outromundo. Eu estava cortada da mágica. Minha mente tocava apenas
espaços vazios.
"Qual problema comigo?" eu perguntei, pânico verdadeiro começando a se
apoderar de mim. "Minha mágica se foi. O aço não deveria me afetar..."
"Não é o aço," uma voz de repente disse. "É uma erva-moura. E eu acho que
você está atrasada."
Art entrou no quarto, parecendo mais impetuoso do que nunca com sua pele
bronzeada e seu sorriso de astro de cinema. Eu não tinha nada a não ser
desprezo por ele enquanto eu instintivamente tentava me soltar das algemas.
Erva-moura...erva-moura. Onde eu tinha ouvido isso antes? Rurik, eu percebi.
Ele recomendou algo chamado poção de erva-moura para cortar Jasmine
completamente de sua magia. Foi isso que me deram? Ele disse que era a coisa
mais eficiente... mas que fazia aqueles com sangue humano se sentirem tontos
e doentes. De repente, eu sabia que a ressaca não tinha nada a ver comigo ser
banida.
Não havia proposto em discutir sobre a erva-moura com Art, então fui direto ao
ponto.
"Eu vou matar você."
Art riu aquela risada profunda e calorosa que uma vez eu tinha achado
cativante. "Me perdoe se não estou assustado." Ele virou para Cariena. "Pegue
mais erva-moura pra Eugenie. E se certifique que Isanna esteja vestida e pronta
quando Abigail voltar."
Cariena estava praticamente fora do quarto antes dele terminar de falar. "Eu
não acredito," eu disse. "É realmente verdade. Quando eu comecei a colocar a
teoria de sexo com fadas junta, eu pensei que fosse tão louco quanto Roland
achava que era. Mas é verdade. Onde essa Isanna vai? Abigail vai levar ela para
seu novo dono?"
Ele se inclinou para trás e cruzou as pernas. "Eu suponho que você pode dizer
isso. Eu gosto de pensar que é a nova adorável casa dela. O homem que
comprou ela está muito ansioso para dar as boas vindas a ela."
"Seu bastardo fodido," eu rosnei. "Vendendo elas como se elas fossem
propriedade."
"Podem muito bem ser. E se te faz sentir melhor, eu não vendo todas elas.
Cariena aqui... hmm, bem, ela não é bonita o bastante para ter um bom preço. É
mais fácil manter ela por perto para atender em casa."
"Atender em casa." Eu comecei a me sentir enjoada de novo, e não tinha nada a
ver com a erva-moura.
"Basicamente, você está prostituindo ela. Você vende escravas de sexo e
administra um bordel ­ e ainda sim, enquanto isso, você banca o shaman herói
como se estivesse fazendo uma boa ação ao mundo. Roland não conseguia dizer
coisas melhores de você."
Art se ajeitou, os pés batendo o chão enquanto um flash de raiva brilhava nos
olhos dele. "Estou fazendo ao mundo um grande favor ­ esse mundo. Aquelas
garotas? Elas não são nada. Elas não são humanas. E você..." Ela balançou a
cabeça. "Você não pode falar sobre aparências. Você banca o shaman herói
também, quando na verdade você está no comando de exércitos de gentry.
Roland sabe disso? Ele sabe o que você realmente é? Tenho certeza que ele tem
que saber que você é uma mestiça, mas ele sabe a extensão disso?"
Raiva queimou entre o nevoa da minha mente drogada. "Eu acho que você
esqueceu da parte em que eu vou te matar."
"E você esqueceu a parte que eu disse não estar preocupado."
Cariena voltou segurando uma xícara. Eu olhei cautelosamente.
"O que você vai fazer comigo?" eu exigi. "Você já teria me matado se pudesse,
mas você provavelmente não vai me soltar agora que eu sei seu segredo sujo.
Você vai me vender também? Me manter para você mesmo já que você não
gosto dos gentry?"
Art balançou a cabeça e se aproximou da minha cama. "Eugenie, você não
poderia me pagar o bastante para te manter por perto. Eu prefiro uma dessas
garotas idiotas a qualquer hora. Ligue o microondas e elas ficam tão assustadas,
que ficam dóceis por semanas."
Ele gesticulou para Cariena ao lado dele e segurou a minha cabeça no lugar. Eu
percebi o que ele ia fazer e comecei a lutar. Com uma mão ele tentou me
manter parada, e com a outra ele manteve minha boca parcialmente aberta.
"Faça," ele disse. Obediente, Cariena jogou o liquido da xícara na minha boca
entreaberta. Enquanto ela fazia isso, ela gesticulou com a boca, desculpe. O
negocio tinha um gosto horrível, e eu tive ânsia com ele. Eu tentei cuspir, mas
Art, cobriu minha boca até eu engolir. Aquele amargor desceu pela minha
garganta, e eu podia sentir uma nova onda de dormência começar a passar por
mim.
"Sim," disse Art, quase alegre. "Você tem problemas. Eu não quero você. Eu não
sei porque qualquer humano iria querer. Mas felizmente, tivemos uma oferta
de alguém que não é humano."
Eu acho que ele estava sorrindo daquele jeito idiota de novo, mas eu não sabia
dizer com certeza. A força da erva-moura passou por mim, me colocando em
uma nevoa, e então escuridão, e então para dormir.
Eu imediatamente notei duas coisas quando acordei mais tarde. Uma era que
Art ainda estava no quarto, embora eu ache que ele só tenha voltado e não
tinha ficado para me ver dormir.
A outra coisa que eu notei era que eu estava solta.
Eu não perdi tempo. Eu saltei para fora da cama e agredi ele. Infelizmente, eu
não sai da cama tão bem. A erva-moura estava no meu sistema, e meus
membros mal tinham a energia para ficarem eretos. Eu sai da cama e cai numa
pilha nada graciosa no chão. Cariena estava lá também, segurando várias roupas
,e começou a vir me ajudar. Art balançou a cabeça, e ela congelou.
"Parece que você não vai me matar hoje," ele disse.
"Seu bastardo fudido," eu disse, jogando um braço na cama e tentando me
levantar. "Quanto tempo fiquei apagada?"
"Oh, uma hora mais ou menos. Essa normalmente é a pior parte para os
humanos. Agora que você está entusiasmada e cheia de energia, Carien vai te
ajudar a parecer respeitável."
Eu olhei para ele. Eu não sabia quem tinha me colocado essa camiseta e
calcinha, mas se tivesse sido ele, ele ia morrer extra devagar. O olhar de
fulminante que ele me deu sugeria, no entanto, que ele tinha tão pouco prazer
comigo quanto eu com ele.
"Você não pode me manter aqui," eu avisei, conseguindo finalmente sentar na
cama. "Alguem vai vir procurar por mim."
"Quem?" ele perguntou. "Você é a idiota que se afastou do seu povo. Nenhum
deles viu você ser levada. Nenhum deles me viu ou a qualquer um dos meus
companheiros ­ bem, exceto os seus dois guardas, e eles não vão dizer nada
para ninguém nunca mais."
Com um sentimento afundando, eu sabia que ele tinha razão. Ninguem sabia o
que tinha acontecido comigo. Eu mencionei a teoria do Yellow River para alguns
dos meus amigos, mas nenhum deles tinha porque suspeitar que estava
relacionado com meu desaparecimento pós batalha. No máximo, eles
provavelmente iam pensar que havia outro demônio solto.
"Onde diabos estão seus companheiros afinal de contas?" eu exigi, lembrando
dos lutares treinados. "Você contratou um exercito de mercenários ou algo
assim?"
Art só sorriu. "Cariena, vista ela." Para mim, ele disse. "Coopere, ou vai ser ela
que vai sofrer se você desobedecer."
Ele saiu, fechando a porta atrás dele. Eu ouvi o barulho da fechadura. Do outro
lado do quarto, Cariena me observava com olhos grandes e apavorados. Ela
temia tanto eu quanto Art. Eu suspirei. "Está tudo bem. Eu vou me vestir. Eu
não quero ficar andando por ai de calcinha de qualquer forma."
Visivelmente aliviada, ela deu uma passo para frente e desdobrou o que ela
segurava: um vestido. Um vestido no estilo de gentry.
"Você tem que estar brincando comigo," eu disse. "Não tem outra coisa?"
Cariena se encolheu de medo. "Foi tudo que ele me deu."
Eu olhei para a cabiceira, quase me perguntando se eu podia dar uma de
Scarlett O´Hara e fazer algo para mim mesma. Então, vendo o rosto palido de
Cariena, eu me rendi de novo. Eu não iria deixar Art bater nela ou dar ela a
algum cara por minha causa. Eu peguei o vestido dela mas descobri que não
poderia colocar ele sem ajuda, não com meus músculos fracos e meu controle
motor todo grogue. Estar naquele estado me enfurecia. Eu odiava ficar indefesa.
O mais perturbador era que eu estava essencialmente livre, solta e capaz de me
mover... mas eu não tinha como lutar ou me defender. Eu mal conseguia ficar
de pé. Eu era uma prisioneira no meu próprio corpo.
O vestido era uma mistura de lavanda e azul palido. Eu acho que da pra dizer
que ele é alegre, o que eu sempre achei ser um nome nerd. Era feito de um
veludo suave que marcava meu corpo e se erguia no estilo cortese. As mangas
eram longas e justas, e a gola era muito mais baixa do que meu estilo normal.
Eu só usava algo que ia mostrar tanto decote se eu ia num encontro com Kiyo ­
eu estava tentando conseguir um favor de Dorian.
Kiyo e Dorian. Eu soava patética e uma donzela em perigo, mas eu daria
qualquer coisa para ter eles aqui agora.
Cariena bateu as mãos e me estudou quase em adoração. "Você está linda,
vossa majestade. Eu vejo agora porque você tem tantos pretendes em nosso
mundo."
Nosso mundo. "Bem, eu não acho que a minha beleza tem um papel tão bom
quanto você pensa."
Ela pegou uma escova e desfez o rabo de cavalo cheio de nós do meu cabelo.
"Eu não sei se quero ser linda ou não. Eu costumava pensar que sim. Mas já que
não sou, ninguém me pega aqui." Ela soava agradecida.
"Você é linda," eu disse afiadamente, com raiva pelo que Art tinha dito. "E
alguém vai te tirar daqui ­ eu."
Cariena me deu um sorriso pequeno e triste, mas pela priemira vez, eu pensei
que poderia haver algo como esperança nos olhos dela. Uma batida na porta fez
ela voltar para o modo tímida enquanto ela pulava para fora de onde ela esteve
sentada ao meu lado. "Oh! Ele está aqui."
"Quem?" eu perguntei. Certamente Art não teria batido.
A fechadura se abriu, e a porta abriu. Leith entrou.
"Leith!" Eu exclamei. Ele parecia como eu tinha visto ele antes, usando uma
camisa vermelha e branco de seda, os cabelos pretos luminosos e presos em um
rabo de cavalo, longe de seu rosto. Eu queria pular mas eu saiba que eu teria
caído no chão de novo. "Graças a Deus." Alguem sabia que eu estava ali. Eu não
estava perdida para sempre. Eu queria dizer a Cariena que estávamos prestes a
ser soltas, mas ela já estava saindo do quarto e fechando a porta.
"Eugenie," disse Leith, indo em minha direção. Ele se ajoelhou no chão e pegou
a minha mão onde eu estava sentada. "Você é impressionante... tão linda
quanto me lembro. Não, mais. Você não pode imaginar o quanto senti sua
falta."
Um calafrio passou pela minha espinha. Algo estava muito, muito errado aqui.
"Leith... Temos que sair daqui. Você tem que me ajudar ­ e essas garotas. Tem
coisas horríveis acontecendo aqui."
"Podemos sair," ele disse. "mas ainda não. Não até tudo estar certo."
Eu puxei a mão para ver se conseguia me soltar. Não consegui. "Até o que estar
certo?"
"Até lá," ele continuou, como se eu não tivesse falado, "você vai ter que ficar
aqui onde ninguém pode te encontrar. Mas prometo que vou te visitar todo
dia."
"Não posso ficar aqui! Eu preciso voltar para... qualquer lugar que não seja aqui.
Tucson. A terra Thron. Qualquer lugar! Leith, o que diabos está acontecendo?
Porque está aqui?"
"Porque você está. Porque Art te pegou para mim."
Aquele calafrio na minha espinha se espalhou pelo resto do meu corpo até que
eu só sentia frio. Eu tentei soltar minha mão de novo, mas eu não tinha a força.
"Como você conhece Art? Oh Deus. Por favor não me diga que você está
trabalhando com ele."
Ele deu nos ombros. "É uma relação de beneficio mutuo. Eu ajudo ele a
conseguir garotas no nosso ­ no Outromundo."
"Garotas do meu reino," eu disse, a realização vindo de repente. "Desse jeito
nenhuma das suas é levada."
Leith teve a graça de parecer envergonhado. "Eu não pego garotas importantes,
Eugenie. Só camponesas. Ninguém nota que elas estão desaparecidas."
"Os pais delas notam."
"Olha, não importa. Meus soldados ajudaram a reunir elas, e eu trago elas para
Art e Abigail para que eles façam o que quiserem." Meu soldados. Os soldados
que sempre usavam vermelho, como Leith usava agora. Normalmente,
camisetas vermelhas me faziam pensar nos extras do Star Treck, mas nesse
caso, era um tributo a bandeira e o emblema da terra Rowan. Os soldados que
Jasmine e as outras tinham visto não eram desertores de Aeson. Eles foram
enviados por Leith para ajudar Art e Abrigail com seus seqüestros.
"Eles as vendem, Leith! Como você pode permitir isso? Eles vendem aquelas
garotas para caras excitados contra a vontade delas. O que você possivelmente
pode conseguir para justificar ter isso na sua consciência?"
"Isso." Ele gesticulou ao redor. "Art e Abigail dividem as coisas comigo... o
conhecimento deles deste mundo. Eu levo de volta para o meu."
Eu encarei descrente. "Então você passa como se fosse seu. É por isso que todos
acham que você é um gênio tecnológico. Você realmente fez aquelas plantas de
irrigação para mim?"
"Não," ele admitiu. "Eu tive ajuda. Mas isso realmente importa? Olha, você não
sabe como é. Você é forte. Sua mágica fica mais poderosa a casa dia. Mas eu?
Eu sou uma piada. Eu não posso herdar. Me dar o status de "gênio" era o único
jeito de conseguir qualquer respeito... e mesmo isso não seria o bastante para
me permitir herdar. Até que conheci você."
"Leith ­ "
"Eu sei o que você disse, mas meus sentimentos não mudaram. Eu amo você. E
eu sei que se você só passar um tempo comigo, você vai me amar também.
Estamos ligados. Tem algo entre nós. É mais do que apenas uma questão de
poder."
Eu me inclinei para trás. Era o único jeito deu conseguir alguma distancia entre
nós. "Não tenho certeza sobre isso. Você acha que eu sou seu ticket refeição
para segurar a terra Rowan."
"Não apenas aquela terra, mas todas as terras! Esse mundo também. Eugenie,
quando você gerar meu filho, você verá que eu tenho razão." Havia um brilho
cuidadoso nos olhos dele, e eu não conseguia decidir se ele estava louco ou só
realmente, realmente acreditava que as coisas seriam verdade se ele as falasse.
Talvez não houvesse diferença. "Eu posso te fazer feliz ­ e eu sei que você pode
me fazer feliz. Você é tão linda..."
Ele se moveu para sentar ao meu lado na cama e passou uma mão pela minha
perna coberta pelo veludo.
"Leith... não..."
"Eu só preciso engravidar você," ele disse seriamente. "Você não entende? Se
eu te trouxer de volta para nosso mundo carregando meu filho, tudo será
resolvido. Art me disse... ele me contou como você se impede de conceber.
Como você toma uma poção todo dia." As mãos dele se moveram para meu
quadril enquanto a outra acariciava meu rosto e meu cabelo. Eu tentei me
afastar, mas o aperto dele era forte demais para meu estado fraco. "Ele disse
que se você ficar longe por tempo o bastante, você será capaz de ter um
bebê..."
Eu engoli. Meu coração estava ameaçando saltar para fora do meu peito.
"Não... não vai funcionar. Você não pode me engravidar ­ porque eu já estou
grávida."
A caricia dele congelou. "O que?"
"Você estava certo antes sobre eu estar envolvida com Dorian. Kiyo era o
disfarce. Ele não é digno ­ não é ele que eu quero para ser pai do meu filho.
Dorian e eu somos amantes por um longo tempo agora, em segredo. Estavamos
com medo que nossos inimigos descobrissem. Eu estou grávida a..." O que não
iria mostrar? "...dois meses. É tarde demais para você, Leith."
Ele ficou perfeitamente parado, fora os olhos, que estavam olhando meu rosto.
"Eu não acredito em você. Você está mentindo. Todos sabem o quanto você
briga com o rei Oak. Vocês não são amantes."
"Somos. Ele vai te matar quando descobrir."
Leith balançou a cabeça e deslizou sua mão do meu quadril para meu estomago.
"Não tem nada aqui. Ainda não."
Panico passou por mim, e por um momento eu não consegui respirar. Toda vez
que eu estive próxima de ser estuprada passou pela minha mente ­ e haviam
muitas outras vezes mais do que eu queria. E cada vez, eu tinha escapado da
situação. Ainda sim, isso nunca fez que a próxima vez fosse menos terrível. Essa
não era exceção.
"Leith, por favor não faça isso."
As mãos dele se moveram apalpando até meus seios, e então ele me empurrou
contra a cama.
"Está tudo bem," ele disse, falando como se fosse para uma criança. "Vai ficar
tudo bem. Você vai gostar. Eu prometo."
"Não faça isso!"
A boca dele estava no meu pescoço, e apaixonado ou não, havia uma
necessidade sexual de um homem ali. Eu lutei contra ele, tentando desesperada
me soltar, mas eu podia muito bem ser uma criança. Com aquela droga fodida
em mim, tanto meu cérebro quanto meu corpo estavam uma confusão. Meu
corpo não tinha nenhuma capacidade para lugar contra ele ou de impedir ele de
erguer minha saia.
Meu cérebro não tinha nenhum jeito inteligente de fazer ele desistir disso. E
enquanto ele tirava suas roupas e deitava seu corpo em cima do meu, me
pressionando para baixo, eu percebi que ele não precisava de algemas para me
manter subjugada. A força das mãos dele prendendo meus pulsos era mais do
que o suficiente.

VINTE E TRÊS

Não existe uma forma real de descrever estupro.
Sexo com Kiyo ou Dorian, os homens que eu amava...bem, podia ser descrito
por horas em incríveis detalhes. Eu podia elaborar no jeito que eles acariciavam
meu cabelo ou o jeito que os lábios deles tocavam minha pele. Mesmo com
Dean ­ meu bastardo ex traidor ­ sexo ainda teve sua dose de afeição e alegria,
quando as coisas estavam boas entra nós.
Não havia nada disso com Leith.
Bem, não da minha parte pelo menos. E eu acho que é isso que tornou
especificamente ruim. Para ele, com sua paixão maluca, foi realmente um ato
de amor. Ele me visitou frequetentemente nos dias seguintes, e cada vez que
ele me pegava contra minha vontade, ele me dizia que me amava e tentava
algum tipo de gentileza e afeição. A parte horrível era que, eu nem conseguia
resisitr. Mal era necessário qualquer força por parte dele para me fazer
submeter. Honestamente, eu queria que tivesse sido violento. Eu queria que ele
tivesse sido cruel e brutal. Eu passei minha vida em lutas, lidando com dor e
ferimentos. Teria havido algo conforta e familiar nisso, como se fosse só outra
batalha para mim. O amor distorcido que ele mostrou por mim durante o ato do
estupro, no entanto... bem, fez as coisas ainda mais difíceis de suportar.
Naquele tempo, eu vi Art só uma vez. Abigail me checou várias vezes, e eu
descobri que era ela que fazia a erva-moura, embora Leith tenha ensinado a ela
a receita. Cariena era quem eu via mais. Ela parecia ter se instalado como a
empregada e ocasionalmente um brinquedo sexual para algum visitante.
Quando eu cheguei, tinham três outras garotas gentry, mas Isanna ­ a que eu
ouvi ser mencionada no primeiro dia ­ partiu logo. Ela era muito bonita, e
Abigail parecia particularmente feliz com o preço que ela conseguiu por ela.
As outras duas eram bonitas também, e elas pareciam ter aceitado que a vez
delas viria. Elas encaravam sem muita emoção ou protesto, como criminosos
condenados indo para a forca. Na maior parte, o rosto delas eram como
pedaços de um sonho. Eu era mantida tão drogada que meus momentos de
claridade eram poucos ­ embora as drogas nunca me fizessem esquecer o que
Leith fazia. Nenhuma das outras garotas tinha que ser drogada; o ferro era o
bastante para elas. Cariena me disse, no entanto, que quando outra mulher
tinha tomado erva-moura, ela não tinha tomado tanto quanto eu. Art e Abigail
tinham medo demais que eu me soltasse, então eles me drogavam mais vezes
do que o normal.
"Quando você vai saber?" Leith exigiu saber um dia. Ele tinha acabado de
chegar e estava do lado de fora do meu quarto, discutindo com Abigail. A porta
estava entreaberta. "Eu pensei que vocês tinham a habilidade de detectar esse
tipo de coisa."
"Podemos," respondeu Abigail."Mas não tão cedo. Você provavelmente tem
que esperar pelo menos duas semanas. Além do mais, você não parece se
importar com o tempo." A zombação na voz dela passou alto e claro. Eu fiz uma
nota mental de sufocar a vida daquela vadia.
Leith, no entanto, não soava tão feliz. "Duas semanas é muito tempo. Eu preciso
trazer ela de volta, grávida, antes que alguém a encontre! Eles estão procurando
por ela. Ela tem aliados poderosos. O povo dela é leal, e tanto o rei Oak, quando
a Rainha Willow iniciaram buscas."
A dedicação de Dorian não me surpreendeu, e saber que ele estava trabalhando
para me achar me deu a primeira esperança que tive em um tempo. Mas
Maiween também? Kiyo tinha feito isso? Ou era realmente a gentileza dela?
"Eu não me importo com sua arvore de monarcas,' disse Abigail impaciente.
"Ninguém vai pensar em procurar ela aqui."
"Ela suspeitou antes. Ela contou a outros. Alguem pode adivinhar onde ela
está."
"Eles não vão encontrar ela. Adivinhação não vai funcionar. Não com as
proteções aqui. Agora porque você não para de reclamar e só entra lá e faz o
que tem que fazer para que isso não seja um problema.Ela está quase atrasada
para sua próxima dose."
Eu decidi que torcer o pescoço dela não era devagar e doloroso o bastante.
Ainda sim, as palavras deles me deram muito pelo que pensar. Havia uma busca
acontecendo, o bastante para que Leith realmente a temesse. Ela mencionar as
proteções tinha me lembrando de quando enviei Volusian para cá.
Volusian... havia uma opção que eu ainda não tinha considerado. Eu poderia
convocar Volusian até mim e fazer ele avisar os outros. As proteções eram o
problema. Ele não podia quebrar elas sozinho, mas se eu estava chamando ele,
o nosso laço seria o bastante para fazer ele passar. Se eu pudesse reunir a
energia para fazer isso. O ferro e a erva-moura tinham afetado a parte gentry da
minha magia. Meus poderes shamanicos, o que eu usei por anos, estavam
ligados a minha força e vontade ­ o que, ultimamente, eu não tinha muito.
Isso dito, eu me senti mais coerente agora do que me sentia a um tempo ­ o
que era bem ruim. Abigail tinha dito que era quase hora da minha próxima
dose. Eu tinha que imaginar que quanto mais tempo sem a dose eu passava,
mais seus efeitos iriam diminuir. Cariena tinha dito que a maior parte das
pessoas não toma tanto, o que provavelmente significa que a erva-moura ainda
iria ficar no meu sistema por um tempo. Mas se eu pudesse atingir um ponto
onde seus efeitos diminuíssem...
Meus pensamentos foram interrompidos com a chegada de Leith. Consternação
devido a sua discussão com Abigail se mostrava em seu rosto, mas logo se
transformou num sorriso quando ele me viu.
"Eugenie...você está tão bonita hoje."
Sim, sim, já ouvi isso antes. Eu era tão linda, tão incrível, uma jóia entre as
mulheres, que ele amava tanto. As palavras dele me irritavam tanto quanto um
insulto teria. Eu fui posta num vestido marfim hoje, o que me dava uma
associação doentia de ser uma noiva.
Ele me olhou, e admiração dele de novo se tornou um franzido. Eu estava
deitada na cama, uma mão algemada a cabeceira. "O que é isso?" ele
perguntou. "Porque eles fizeram isso?"
"Fui espertinha com Abigail. Esse é o punimento dela."
O rosto dele escureceu ainda mais enquanto ele sentava na cama. "Eu não
gosto disso... não gosto dela fazendo isso. Mas, Eugenie, você tem que admitir
que causa isso a si mesma..."
Oh, Leith. Ele tinha tanta sorte que eu mal podia erguer meu braço solto, ou eu
teria socado aquele rosto bonito.
Ele me olhou intensamente. "Você tem que engravidar logo."
"Não é uma coisa que eu possa controlar," eu disse. Bem, eu poderia controlar
não engravidar se eu estivesse tomando pílula. Eu não a tomava a...quantos
dias? Três? Quatro? Eu não tinha certeza a quanto tempo eu estava aqui. Mas
eu sabia todos as histórias, sobre mulheres que engravidaram de perder só uma
pílula...
Ele suspirou e começou a desamarrar o corpete do meu vestido. "Vamos ter que
continuar tentando então. Se só esperarmos só um pouco depois, eu posso
fazer duas vezes hoje."
Oh, que porra adorável. Eu queria explicar que não ia imprtar quantas vezes ele
fizesse, não se eu não estava ovulando. Esse tipo de ciência estava perdida para
ele, eu sabia, suposto gênio ou não. Até onde a maioria dos gentry se preocupa,
sexo é igual a bebês, fim da história.
"Assim que acabar, podemos ir pra casa. Vamos casar, e você não vai ter que
ficar presa desse jeito. Você pode se mover livremente e usar sua magia."
Eu decidi não mencionar que se fizéssemos isso, a primeira coisa que eu ia fazer
com minha magia era me certificar que eu me tornasse uma viúva.
"As coisas então vão ser boas," ele disse, movendo seu corpo pra cima do meu.
"Eu prometo. Eu amo tanto você..."
Eu não precisei de nenhuma erva-moura pra me sentir atordoada depois que
Leith partiu. Ele manteve a palavra de transar duas vezes, e eu estava
lentamente chegando aquele ponto onde não importava mais. Eu não conseguia
sentir nada. Meu corpo não estava nem ligado a minha consciência. Era como se
minha mente existisse em outro lugar, sonhando ou não, ocasionalmente,
tramando minha vingança através da nevoa da droga. Eu pensei em qualquer
coisa que podia ­ qualquer coisa que não fosse a violação do meu corpo ­
enquanto ele estava em cima de mim. Normalmente, eu imaginava que estava
acontecendo com outra pessoa e não eu. Isso facilitava para mim suportar até
ele sair, quando a dor dentro de mim me lembrava que de fato tinha sido
comigo.
Cariena e outra garota chegaram logo para me dar a minha próxima dose de
erva-moura. Eu não conseguia lembrar o nome da outra garota, embora não
fosse por não ter me importado. Era só a forma como meu cérebro funcionava
ultimamente. Ela era extremamente bonita, com cabelo negro e cheio de
cachos e olhos azuis como o céu que me lembravam Ysabel.
Abigail ocasionamente deixava as garotas administrar a erva-moura, confiante o
bastante no seu poder sobre elas. E a confiança dela era bem fundada. Eu tentei
desencorajar elas, mas o medo delas era grande demais. Dessa vez, eu
meramente tentei atrasar.
"Espere," eu disse, enquanto elas se curvavam por cima de mim. Parecia que a
garota de cabelos negros ia me segurar enquanto Cariena me faria engolir. "Só
me deixe conversar com vocês por um minuto."
Cariena imediatamente ficou nervosa. "Vossa majestade, não podemos..." As
vezes eu achava o uso dela do meu titulo algo cativante. E outras vezes, eu
achava que era uma piada, considerando meu estado atual.
"Só um minuto. Só isso."
"Deixe ela," disse a outra garota.
Eu dei a ela um sorriso agradecido. "Qual é mesmo seu nome?"
"Markelle."
Soava familiar. Markelle. Eu iria me lembrar dessa vez. Eu queria tratar ela como
uma pessoa, não um objeto. "Olha, eu só quero saber sobre a erva-moura. O
quão freqüentemente eu toma?"
"A cadê seis horas," disse Cariena, ainda claramente preocupada com o atraso.
"Isso é duas vezes mais frequente do que normalmente é administrador,"
acrescentou Markelle. E com aquelas palavras, eu vi um leve flash de amargura
nos olhos dela, o primeiro que eu vi em qualquer garota. Eu me perguntei então
se ela era a outra "difícil" que Cariena tinha descrito, uma que também tinha
que ser drogada e eventualmente subjugada.
"Tem alguma forma...tem alguma forma de vocês poderem, tipo, diluir ela?"
Essa era a grande pergunta.
Cariena engasgou, mas Markelle respondeu prontamente. "Não, vossa
majestade. É a própria Abigail quem faz e se certifica que a gente venha direto
para cá. Não existe uma oportunidade."
"Onde? Onde é que ela faz?"
"Na cozinha. Ela separa os ingredientes e faz um novo todo dia."
"O que mais tem lá dentro? Fora a erva-moura?"
Markelle olhou para Cariena com expectativa. Cariena engoliu, e ela levou
vários segundos para responder. Ela deu uma lista de ervas, algumas as quais eu
conhecia, algumas que não. Elas provavelmente tinham nomes diferentes no
Outromundo.
"Abigail e Art alguma vez comem aqui? Tipo, eles cozinham? A cozinha está
cheia?"
Markelle acenou. "Mas nunca preparamos a comida ­ é sempre eles." Ela
pensava rapido; ela provavelmente pensou que eu iria sugerir um veneno. O
que não era uma má ideia. "E tem algum ingrediente na mistura da erva-moura
que pareça com os ingredientes que eles tem na cozinha?"
As duas garotas pareciam confusas. "Não vimos nenhuma erva," disse Cariena.
"Você tem liberdade na casa."Eu sabia que a maior parte das garotas ficava no
porão. "Da próxima vez que eles não estiverem por perto, abra os armários da
cozinha. Se a cozinha está cheia de coisas, eles devem ter uma prateleira de
temperos."
Uma batida soou na porta. "Porque está demorando tanto?" Abigail perguntou.
"Vejam se algum dos temperos parece com os que vão na poção," eu assoviei
enquanto a maçaneta abria.
"Troque eles."
Abigail entrou assim que Markelle me segurou para baixo. Cariena serviu
enquanto Abigail observava com um olhar critico. "Vocês são muito lerdas,"
disse com raiva a shaman. "Ela precisa disso regularmente."
As duas garotas se encolheram, baixando suas cabeças com respeito. "Nos
perdoe," disse Cariena. Eu sabia que o pesar dela não era fingido. "Não vai
acontecer de novo."
Abigail virou os olhos. "Garotas estúpidas. Eu mesma tenho que fazer tudo."
O efeito instantâneo daquela merda de poção começou a passar por mim. A
escuridão familiar passou por mim, e eu dormi.
Outro dia passou. Leith "visitou," e as garotas aparentemente não tinham
seguido meu conselho com a erva-moura porque meu ciclo de seis horas se
repetiu como sempre. Abigail normalmente vinha com uma das garotas agora,
aparentemente sem confiar mais nelas. Art apareceu uma vez também, e alguns
comentários mal criados da minha parte fizeram eu ganhar outra mão
algemada.
Eu comecei a entender o papel deles. Os dois participavam em negociar e
vendar as garotas. Art ajudava os homens de Leith a pegar as garotas e oferecia
sua casa ­ a que uma vez eu pensei que era grande demais para um cara como
ele ­ como sua prisão. Abigail parecia lidar com os assuntos do dia-a-da de
cuidar das garotas, e me ocorreu um dia que aquelas algemas na casa dela não
tinham parte em nada tarado. Elas eram parte do arsenal desse buraco, e eu
suspeitava que a viajem dela para ver sua "irmã" aquele dia, provavelmente
tinha sido para entregar uma pobre garota para seu novo dono. Eu me contrai
ao pensar em como aquela viagem de carro deveria ser. Para um gentry estar
cercado de todo aquele metal e tecnologia... seria horrível ser para ela.
Leith estava se vestindo depois de uma das visitas conjugais um dia. Eu estava
perto da minha próxima dose de erva-moura, e fui capaz de dar a ele um olhar
de desprezo ­ um que ele não notou. Ele parecia particularmente excitado.
"Já faz uma semana," ele disse. "Mais uma semana, e Abigail diz que podemos
testar para ver se você está carregando meu filho." Ele deu um beijo na minha
testa. "Eu posso sentir, Eugenie. Eu sei que conseguimos."
Não havia "nós" em abuso sexual, mas de novo, ultimamente eu achava mais
fácil só ficar em silencio. Normalmente fazia ele partir muito mais rapido, o que
então me deixava em paz com meus pensamentos e meu corpo dolorido. As
vezes depois da visita dele, meu corpo se sentia tão violado e sujo que eu o
odiava. Então eu lembrava que nada disso era culpa do meu corpo ou minha.
Era Leith.
Logo depois dele partir aquele dia, Abigail e Markelle vieram com minha
próxima dose. Eu ouvi uma conversa de que Markelle tinha um comprador. Os
dias dela estavam contados agora, e eu me senti mal por ela, essa garota que
uma vez lutou contra seus raptores. Eu estava tão acostumada com a erva-mora
agora que elas quase não precisavam mais me segurar para me forçar a tomar.
Era um pouco desanimador eu me sentir dessa forma agora, e me perguntei se
eu também estava a caminho daquela resignação triste que todos sentiam.
As duas saíram, e eu fiquei deitada ali, esperando pela a insconciencia que
sempre se seguia. Normalmente durava uma hora antes deu acordar e viver no
meu estado atordoado até minha próxima dose. Certa o bastante, eu comecei a
sentir um pouco de formigamento...mas nenhum sono se seguiu. Eu fiquei
deitada ali, mal ousando respirar. Depois de ter caído nesse regime restrito,
qualquer tipo de mudança era um choque para meu sistema. Eu esperei e
esperei. Não fiquei insconciente.
Meu estado desfocado não desaparecei, mas eu não fiquei pior do quando
estava esperando minha próxima dose. Puta merda. Uma delas tinha
conseguido. Uma das garotas tinha trocado os ingredientes da erva-mora.
Quem? Eu teria apostado meu dinheiro em Markelle ao invés da tímida Cariena.
Markelle ocasionalmente tinha aquela faísca de rebeldia em seus olhos, apesar
de seu comportamento dócil, e a venda iminente dela seria uma séria
motivação. Ela também era da terra Thron ­ minha serva. As vezes eu tinha o
sentimento que ela realmente acreditava que sua rainha poderia tirar ela disso.
Mas eu podia? Eu ainda não sabia se eu podia me tirar dessa. Minhas armas a
muito se foram, e eu não achava que eu tinha a força para me lançar num
ataque físico contra Abigail ou Art. Minha porta era mantida chaveada, então
não havia ronda para mim. Cautelosamente, eu sentei. O mundo girou como
sempre, mas de novo, não era como a normalidade de uma pós-poção.
O que fazer com essa liberdade? Eu não tinha garantias de que minha próxima
dose seria o de sempre. Isso me dava seis horas, e quanto mais esse tempo
progredisse, em melhor forma eu estaria. Eu daria qualquer coisa por um
relógio ou até um deslumbre do sol. Eu precisa contar o tempo, esperar até o
ultimo momento possível pela minha força estar no seu auge. Parecia que eu ia
ter que improvisar e eu esperei que meu palpite estivesse certo.
Por um momento, pânico passou por mim. Parecia não haver nenhuma opção
obvia, e eu não sabia o quão rapido a poção ai diminuir seus efeitos. Qualquer
um poderia entrar a qualquer hora. Leith poderia entrar. Leith... com um pouco
daquela nevoa baixando da minha cabeça, as memorias do que ele tinha feito
comigo eram mais afiadas, e meu medo cresceu ­
Não! Eu duramente ordenei a mim mesma para não pensar nisso. Não em Leith.
Nenhuma chance pequena. Eu precisava pensar apenas na minha fuga, e para
isso, eu precisava começar com os pequenos detalhes. Eu fui boa hoje ­ não
estava presa. E com a erva-mora, ninguém sentia a necessidade de me dar
braceletes de ferro como com as garotas. Isso significava que minha magia não
estava bloqueada, fora a poção. De alguma forma, eu duvidava que eu teria em
6 horas o poder para explodir esse lugar em um mini furacão. O que sobrava?
Com sorte força física... e com ela... meus poderes shamanicos?
Agora a contagem regressiva começou. Os minutos eram agonia,
particularmente já que eu não tinha forma de contar eles. A principio, eu só
tentei contar na minha cabeça, mas isso ficou tedioso. Eu não tinha nada para
fazer a não ser esperar e medir a recuperação do meu próprio corpo.
E ele se recuperou. Oh, eu estava longe de ser capaz de sair lutando, mas minha
cabeça ficou um pouco mais clara. Ficar de pé e me locomover não doía mais
tanto. Finalmente, eu decidi que era agora ou nunca. Eu tinha que arriscar.
Talvez fosse muito antes das 6 horas, mas eu não podia arriscar ultrapassar esse
tempo.
Teria sido mais fácil com minha varinha, velas, e alguns outros apetrechos. Mas
o que eu tinha que fazer não era impossível. Eu desliguei as luzes, me colocando
na escuridão, e sentei na cama de pernas cruzadas.
"Volusian," eu disse suavemente. "Pelos laços que nos ligam, eu te convoco
para vir até mim e obedecer meus comandos."
Fraca como eu estava, eu senti minha própria vontade se espandir, se esticando
além dos mundos até meu servo. A principio, eu pensei que havia sido inútil ­
então, eu senti. Um leve espasmo na nossa ligação. Eu cerrei os dentes,
extraindo toda força que eu consegui. "Eu te convoco," eu rosnei. "Me obedeça
e venha."
Por um momento, eu pensei que tinha falado. Então, um frio encheu o quarto, e
os olhos vermelhos queimaram diante de mim. Ver eles na escuridão era tão
assustador, e eu tropecei para levantar e acender a luz.
"Minha mestra retorna," ele disse. "Ou melhor, eu volto para minha mestra."
Eu não precisava ver a leve curvatura nos lábios do espírito para saber que eu
segurar ele era por pouco. Era como um frágil fio de seda, pronto para se partir
a qualquer momento. Trazer ele aqui, através dos mundos, tinha exigido mais
de mim do que eu havia imaginado. Eu ainda o segurava, mas pela primeira vez
nos anos em que eu havia o escravizado, a completa percepção do quão
poderoso ­ e perigoso ­ ele era, me atingiu.
"Eu tenho tarefas para você," eu disse firmemente. Eu não poderia mostrar
fraquezas.
Ele deu alguns passos em minha direção. "Minha mestre é ousada em dizer isso.
Você mal consegue manter a ligação entre nós do jeito que estamos."
"Eu posso segurar essa ligação até o fim dos tempos. Agora, você vai me
obedecer."
E quase antes deu ver o que estava acontecendo, as mãos em forma de garra
dele estavam ao redor do meu pescoço ­ frias, frias. Tão frias que queimavam.
"Eu esperei por isso por tanto tempo," ele assoviou. "Tanto tempo por você
enfraquecer para que eu finalmente pudesse matar você e fazer você sofrer do
jeito que você tem me atormentado todos esses anos, me escravizando e me
enviando para fazer suas tarefas insignificantes."
Eu não conseguia nem gritar, não com a forma como as mãos dele estavam
cortando meu ar. Eu só consegui fazer algo que era meio que um grunhido,
meio que um ofegar. Desesperadamente, desesperadamente, eu lutei com ele
mentalmente. Eu era um dos shamans mais poderosos do mundo. Eu podia
controlar espíritos desobedientes. Eu podia facilmente escravizar eles. Eu uma
vez tinha vários deles. Eu podia lutar contra isso.
"Você vai sentir dor que você nunca sonhou ser possível," ele continuou. "Você
vai implorar pela morte, implorar para ser desmembrada... porque até mesmo
isso será mais fácil do que a agonia que eu vou infringir em você."
Todos tinham me avisado tantas vezes sobre manter Volusian. E se você perder
o controle? eles tinha perguntado. Dorian tinha até mesmo se oferecido para
me ajudar a banir ele para o Submundo para sempre. Eu tinha ignorado as
preocupações. Eu era forte. Mesmo depois de uma batalha como a que eu tive
com os demônios de fogo, manter a ligação com Volusian era praticamente
inconsciente. Mas agora...agora, era diferente.
"Você está perdendo o controle ­ o laço está quase quebrado. Em alguns
segundos, seu controle terá sumido..."
Não! Eu não podia falar em resposta, mas as palavras em minha mente
queimavam. Eu não iria perder isso. Eu não ia perder meu controle sobre ele.
Juntando os últimos restos da minha força era como rasgar minha própria
cabeça. Você vai me obedecer! Se afaste!
O mundo começou a brilhar enquanto meu ar ficava cada vez mais raro, e então
­ ele se afastou. Os olhos dele brilhavam com malicia. Ele esteve tão, tão perto,
e nós dois sabíamos disso. Meu controle agora ainda era algo tênue, e eu tinha
que esperar que eu iria recuperar minha força logo e solidificar nossa ligação.
"Você vai me obedecer," eu disse com uma voz fina. "Você não vai me ferir."
"Como minha mestra ordenar." Mas eu percebi pela voz dele que ele não
acreditava que isso ia durar, que era uma questão de tempo.
Enquanto isso, eu estava ficando sem tempo para decidir o que fazer, não
apenas porque eu não sabia se ele ia se soltar de novo mas também porque
Abigail poderia entrar a qualquer momento. Meu instinto inicial foi dizer a ele
para simplesmente me tirar daqui. Mas se esse comando tirasse o resto da
minha força, ele poderia facilmente me matar assim que estivéssemos fora. E
mesmo que eu conseguisse sair, e quanto as garotas? Eu não podia resgatar elas
sozinha. Quanto tempo até Markelle desaparecer?
Não, eu precisava tirar Volusian da casa. Se eu não convocasse ele de volta,
aquelas proteções iriam me manter segura. Eu precisava mandar ele pedir
ajuda, e essa escolha tinha que ser sábia.
"Deixe a casa. Vá até Dorian," eu disse. Eu puxei essa força fugaz para reforçar
minha ordem. "Eu ordeno você. Vá até Dorian e diga a ele onde estou.
Exatamente onde estou."
Eu poderia ter mandado ele até Kiyo. Kiyo sabia onde essa casa era. Mas se o
esforço desses comando era o bastante para finalmente quebrar minha ligação
com Volusian, Dorian poderia ser capaz de se ligar com ele. Seria melhor do que
Volusian se libertar. Isso, é claro, dependendo se a minha ordem era forte o
bastante para sequer fazer Volusian chegar até Dorian para entregar a
mensagem. Meu primeiro comando tinha sido para tirar Volusian da casa e me
manter atrás das proteções. Se eu só pudesse dar conta disso, Volusian não
estaria mais obrigado a obedecer. Ele precisa, eu pensei desesperadamente. Ele
tem que chegar até Dorian...
"Vá!" Eu ordenei duramente.
"Como você ordenar."
Volusian desapareceu, os olhos estreitos, confiante que nosso laço estava
prestes a quebrar. Assim que ele se foi, eu cai na cama, quase pronta para
desmaiar. Iria funcionar? Ou eu tinha acabado de quebrar o ultimo fragmento
da nossa ligação? Eu estava com medo demais de buscar e testar a ligação. Eu
não tinha a força.
A porta de repente se destrancou. Hora da erva-mora. Com um pensamento de
nojo, eu percebi que se fosse do tipo original, eu certamente perderia o
controle de Volusian. Se fosse a isca de Markelle, eu poderia manter minha
força.
Abigail entrou, um copo na mão e Markelle perto dela. Os olhos da garota
gentry estavam para baixo, toda a postura dela mansa. Eu mordi meu lábio
enquanto elas se aproximavam, esperando para ver o que meu futuro continha.

VINTE E QUATRO

Tinha o gosto tão amargo de sempre, mas enquanto eu bebia, Markelle ergueu
seus olhos. Não havia nada obvio neles, nenhuma piscadela, nenhuma
expressão. Ainda sim, de alguma forma, eu sabia. Eu sabia. Era o falso de novo.
Satisfeita por eu ter engolido tudo, Abigail me deu outro olhar seco.
"Precisamos que você esteja limpa. Aquele tolo está vindo para você de novo
mais tarde, e ele fez uma confusão por causa daquele vestido, da ultima vez. Ele
quer você parecendo bem, então..." Ela deu de ombros hesitante.
Naturalmente, eu não podia dizer a ela que meu vestido amarrotado e
levemente rasgado não tinha nada a ver com a agressão sexual de Leith, mas, ao
invés disso, um espírito com raiva que queria me matar.
Os olhos de Markelle estavam baixos mais uma vez. "Eu devo pegar pra ela
outro vestido?"
"Não. Você tem que se limpar também. Art vai vir pra cá daqui a pouco para te
pegar."
A garota se retraiu, mas Abigail não pareceu notar. Mas então, porque ela
notaria? Ela não notava nenhuma dessas garotas, não realmente. E eu sabia o
que aquelas palavras significavam. A vez de Markelle tinha chego. "Eu vou
mandar aquela cheia de sardas, quando ela acordar de novo."
Eu me dei conta que "ela" era eu e que eu supostamente deveria estar
apagando. Eu afundei contra as cobertas, piscando como se eu estivesse
tentando ficar acordada. As duas saíram, Markelle me dando um ultimo olhar.
Haviam muitas coisas nos olhos arregalados dela enquanto ela me olhava.
Medo. Esperança. Ansiedade.
Eu exalei assim que elas se foram e sentei. Muito tempo. Meus músculos ainda
estavam fracos, mas eles me lembravam mais o que você sente depois de correr
muito. O que Markelle tinha dito antes? Doze horas era a dose normal? Eu
estava nesse ponto. A erva-moura tinha que estar significativamente fraca
agora. Teoricamente, minha mágica deveria estar retornando também e ­ "Ora,
olá," eu murmurei. Eu tinha mandado minha mente pelo quarto e tinha quase ­
quase ­ sentindo o formigamento do ar e água. Eu não ia explodir ninguém tão
cedo, mas a magia estava voltando. E quando voltasse, aqueles desgraçados iam
se fuder.
Mas eu precisava esperar mais um pouco. Eu não ia me precipitar como tinha
feito com Volusian. Cada minuto trazia minha magia e força de volta. Eu tinha
que usar esse tempo para avaliar a situação. Abigail ainda estava na casa. Art e
Leith eventualmente iam voltar ­ juntos ou separados, eu não sabia. A única
coisa pelo qual eu sentia confiança era que eu não queria encarar todos eles ao
mesmo tempo. Isso significa que Abigail tinha que ser derrubada primeiro, mas
eu ia precisar de ajuda.
No que deveria ter sido um pouco mais de uma hora, Cariena entrou com um
vestido rosa de seda. Ele me lembrou algo que Maiwenn usaria.
Aparentemente, ninguém tinha recebido o memorando que dizia que ruivas não
usam rosa. Eu levantei e peguei o vestido de Cariena, prontamente o jogando na
cama. Ela parecia horrorizada por eu ter levantado sem cair. Considerando tudo
que tinha acontecido recentemente, eu não podia culpar ela.
"Vossa majestade, o que ­ "
"Cariena, estamos saindo daqui."
"Não podemos!"
"Oh, podemos, e vamos sair. Onde está Markelle?" Eu tinha o pressentimento
que eu ia precisar de um cúmplice com um pouco mais de coragem. "E Raina?"
Eu raramente via a terceira garota gentry por aqui e não fazia ideia da atitude
dela, mas ela precisava se contada.
"Raina está no seu quarto. Ela foi... desrespeitosa. E Markelle está se
preparando."
Se preparando para uma vida como escrava sexual. Eu fiz uma careta. "E
Abigail?"
"Ela está lá em cima. Vendo...." Cariena buscou a palavra desconhecida. "... a
televisão."
"Ok, ok." Minha mente estava girando agora. Eu parecia estar me recuperando
mais rápido que meu corpo. "O negócio é o seguinte. Eu preciso de uma arma.
Tem alguma coisa que você viu que serve como uma?"
"Não podemos fazer isso. Não podemos ­ "
"Podemos," eu ordenei, fazendo minha voz dura e poderosa. Essa garota tinha
sido levado a fraqueza, e se todos aqueles shamans assustavam ela, eu me
certificaria que eu ­ sua rainha ­ assustaria ela mais. "E você ira me obedecer.
Você é meu servo. Vamos sair daqui com vida ­ eu juro. Você verá sua família."
Ela ainda estava super assustada, mas ela deu um aceno fraco. "Eu vejo Abigail e
o Homem da Cobra Vermelha carregando armas, mas não tem nenhuma por
perto. Eu não poderia tocar elas de qualquer forma."
"Muito bem. Vamos conseguir... hey, a garagem está ligada a casa?"
"Garagem?"
"Outro prédio. Um que eles mentem os carros." Eu lembrei da garagem mas
não sabia se ela estava diretamente conectada a casa. Certamente ela sabia o
que eram carros.
Ela acenou. "Sim. Eles entram e saem as vezes. Está ligada a cozinha."
"Quando você desce lá, você passa no quart o de quem primeiro? O meu ou o
de Markelle?"
"O seu..." Cariena estava claramente perplexa agora.
"Perfeito. Eu sei o que vamos fazer. Me leve até Markelle."
Houve um momento de hesitação, e eu saiba que esse era o ponto de virada
sobre se ela ia me ajudar ou não. A porta estava destrancada; eu não precisava
dela. Mas se eu não tivesse a ajuda dela, eu teria que derrubar ela para manter
ela fora do caminho.
"Por aqui," ela disse finalmente.
Markelle quase se jogou nos meus braços quando entramos no quarto dela.
"Vossa majestade! Eu sabia que você conseguiria. Eu sabia que você podia..."
Ela usava um vestido vermelho e estava colocando maquiagem. Engraçado. Eu
me vestia como a realeza gentry, e as garotas aqui estavam vestidas como
vadias humanas.
"Shh," eu disse. "Não estamos fora daqui ainda."
Eu apressadamente sussurrei meu plano para elas. Markelle entendeu
instantaneamente, e embora Cariena parecia estar aterrorizada, ela também
parecia estar determinada.Eu voltei para o meu quarto, o corpo pronto para
ação esquento eu esperava meu plano se desenrolar. Pressionando meu ouvido
contra a porta, eu ouvi os pés de Cariena irem lá para cima. Presumivelmente
ela falou com Abigail, mas eu não consegui ouvir nada. Alguns momentos
depois, os dois pares de pés vieram para baixo, passando meu quarto, e foram
até Markelle.
Eu abri uma festa da minha porta para me certificar que o corredor estava vazio.
Na porta seguinte, eu podia ouvir tendo o colapso nervosa que tínhamos
planejado ­ dizendo que estava com medo de partir, com medo de conhecer
esse homem, não sabia o que usar... Abigail, claramente irritada, começou a
ralhar com ela, como ela tinha respondido a choradeira de Leith. Eu esperei não
ouvir nada mais e fui para a direção oposta, em direção as escadas.
Quando cheguei no primeiro andar, eu olhei duas vezes. A casa era linda,
construção nova e decoração com designer tão compatível com a vizinhança em
que Art vivia. O calabouço de sexo gentry abaixo de nós meio que destoava dos
armários e molduras. Todas as cortinas estavam fechadas, as janelas cobertas
com grades de ferro, e do lado de fora eu podia ver os arbustos da Bela
Adormecida cobrindo as janelas também. A manutenção do gramado de Art era
mais do que estética. As cortinas do pátio que eu admirava tanto não estavam
atadas com fios de prata. Era ferro.
A garagem estava adjacente a cozinha, como Carina tinha dito. A parte de cima
da porta que levava a ela, tinha uma janela coberta com mais grades de ferro.
Eu virei a maçaneta. Trancada. Não haviam sinais de chaves em qualquer lugar,
o que significa que eu ia ter que fazer do jeito difícil. Primeiro, eu chequei mais
uma vez a cozinha e a sala, procurando por qualquer opção de arma. Em um
bom dia, eu podia ter derrubado Abigail com meus próprios punhos. Esse não
era um bom dia.As gavetas da cozinha revelaram facas de manteiga, nada
afiado.
Com um suspiro, eu voltei para a porta da garagem. Era isso. A grade foi mal
parafusada, o bastante para impedir as garotas de tocar ela. Esperando ter
ganho força o bastante, eu agarrei as laterais dela e a puxei. Por um momento,
nada aconteceu. Então, em um movimento, ela saiu da madeira. Eu congelei,
esperando para ver se alguém lá embaixo tinha ouvido, mas a ação pareceu ter
sido feito silenciosamente o bastante.
A parte seguinte, eu sabia, não seria tão silenciosa. Eu arrastei uma cadeira até
a porta e então peguei um banco menor usado para alcançar os armários mais
altos. Ele era de metal e tinha algum peso. Seria o bastante? Eu fiquei na cadeira
e joguei o banco para frente na janela da porta. Yup. Foi o bastante. Mais da
metade do vidro quebrou. Mais uma vez fez todo o resto cair, e eu subi pelo
buraco entrando para a garagem. A manobra toda foi um pouco desajeitado da
minha parte; eu não estava em boa forma ainda. Mas, eu consegui passar,
conseguindo só alguns cortes nos meus braços e pernas.
Eu sabia, no netanto, que eu estava a segundos da chegada de Abigail. Não
tinha como eu ter quebrado o vidro e não ter sido notada. Pequenas manchas
de luz passavam pela garagem escura através de janelas estreitas enquanto eu
olhava ao redor. Sim, era uma garagem normal ­ embora tivesse um Jaguar
dentro dela. Eu supôs que era por isso que Art tinha que manter a SUV na
entrada da garagem. Parte de mim queria ir chutar a porta do carro, mas não
havia tempo. Eu tinha que avaliar os outros conteúdos da garagem. Buscar
ferramentas. Sacos de fertilizante. O equipamento de jardinagem de Art. Uma
tesoura pesada de metal teve minha atenção por um momento, mas então eu
decidi que eu precisava de mais vantagem no meu estado enfraquecido. Eu
selecionei uma pá do estoque de jardinagem de Art, com seu metal pesado e
cabo de madeira resistente.
De dentro da casa, eu podia ouvir gritos. Não ia levar muito tempo para Abigail
descobrir onde eu tinha ido com os vidros quebrados. Agradecida pela
escuridão, eu fui para o lado da porta que levava para a casa, me pressionando
o máximo que pude contra a parede. Houve um clique na porta enquanto ela se
abria, mas ninguém saiu imediatamente. Eu podia imaginar Abigail parada ali,
olhando ao redor procurando algum sinal de mim.
Depois de vários pesados segundos, eu vi uma mão segurando uma lamina ­ um
athame ­ passar pela porta, em posição de defesa caso eu viesse me jogar em
cima dela. Mas essa não era minha intenção. Eu queria pegar ela por trás. Ela
deu um passo para dentro, e então cuidadosa e devagar, olhou ao redor em
toda parte. Eu tinha que dar credito a ela por isso. Ela não foi simplesmente
para dentro; ela sabia que eu podia estar esperando perto da porta. E de fato,
quando ela olhou para minha direção, era exatamente isso que eu estava
fazendo. Minha pá atingiu ela do lado da cabeça antes dela poder reagir.
Ela caiu no chão, o athame fazendo barulho contra o chão de concreto
enquanto caia das mãos dela. Eu me abaixei e imediatamente o peguei e soltei a
pá. Havia uma marca de sangue onde eu tinha atingido ela, e os olhos dela
estavam entreabertos. Minha mão checou o pulso dela e descobri que ela não
estava morta. Ela ia ter uma horrível concussão ou dor de cabeça quando ela
acordasse ­ o que não era algo que eu podia permitir que acontecesse tão cedo.
Eu deixei ela deitada ali no chão da garagem e entrei na cozinha. Eu abri alguns
armários e encontrei o que eu estava procurando: os remédios da casa. Tylenol,
multivitaminas, etc. Atrás deles haviam alguns frascos com receita. Um eu não
reconheci, mas eu achei que era algum tipo de medicação para o coração. O
outro era Ambien, e eu sorri. Como eu, muitos shamans tem insônia.
Eu peguei uma pílula do frasco, reconsiderei, e peguei outra. Então eu peguei
Abigail e consegui enfiar as pílulas na garganta dela, com a ajuda de um copo de
água e uns dedos acrobáticos. "Vingança é uma merda," eu disse quando os
reflexos dela tomaram conta e ela engoliu as pílulas. Ela não ia acordar tão
cedo.
Eu entrei de volta na cozinha e vi as três garotas gentry paradas ali me
encarando. Cariena e Raina pareciam com medo. Markelle, embora tivesse uma
marca vermelha de tapa no seu rosto devido ao confronto com Abigail, parecia
excitada e desafiante. Eu ordenei que elas carregassem Abigail lá para baixo e a
trancassem em um dos quartos. Eu não sabia por qual caminho Art iria entrar na
casa e não podia arriscar ele descobrir ela no chão da garagem. É claro, se ele
entrasse pela garagem, o vidro quebrado ia ser um alarme de que algo estava
acontecendo.
Antes delas levarem Abigail para longe, eu revistei Abigail, esperando encontrar
outra arma. Não. Só o athame que eu já tinha pego. Eu, no entanto, descobri
algo quase tão útil: um conjunto de chaves. No anel haviam várias chaves
pequenas, as que abriam as algemas de ferro e os braceletes que as garotas
usavam. Assim que elas levaram Abigail embora, eu removi todo o ferro. Alivio
passou pelo rosto das garotas, e eu olhei com raiva quando vi as marcas e
machucados que ficaram onde o ferro tocou a pele gentry.
"Vocês devem ter sua mágica de volta," eu disse, pegando o telefone.
"Podemos usa-las quando sairmos daqui. O que vocês podem fazer?"
Eu estava discando o celular de Roland, e as garotas descreveram sua mágica
para mim enquanto o telefone chamava. Cariena tinha a habilidade de fazer
plantas crescer, como Shaya. Raina tinha alguma habilidade de cura. Markelle
podia convocar raios e bolas de luz. Eu desliguei quando a caixa postal de
Roland atendeu e eu disquei para Kiyo.
"Filho da mãe," eu murmurei. Nenhum dos poderes das garotas ia nos ajudar. E
honestamente? Não era uma surpresa. Se eu fosse Leith e queria pegar garotas
que fosse servos dóceis, eu também teria escolhido aquelas com menos mágica
ofensiva. O telefone de Kiyo tocou apenas uma vez antes de cair na caixa postal,
o que significa que ele estava fora ou no Outromundo. Eu desliguei e me
preparei para discar o número da casa dos meus pais. Se Roland não tinha
atingido seu celular, era provável que não estava em casa, mas eu tinha que
tentar. Antes de puder discar, eu ouvi o som de chaves na porta da frente na
parte mais distante da casa. Eu virei para as garotas.
"Lá pra baixo!" eu assoviei. "Agora!"
Markelle parecia que teria ficado, mas um olhar firme da minha parte fez ela ir
segura atrás das outras. Enquanto isso, a voz de Art passou pela casa.
"Abigail?"
Eu não tenho certeza como ele sabia que algo estava errado. Até onde ele sabia,
Abigail podia estar lá embaixo. Talvez fosse algum sexto sentido, mas eu ouvi
ele correr pelo corredor em direção a cozinha, os passos rápidos no chão de
madeira. Eu tinha um segundo para reagir, sem chance de encontrar um lugar
para me esconder como tinha feito com Abigail. A surpresa era minha maior
arma agora. Assim que ele entrou, eu pulei nele com o athame.
O que me deu uma chance pra lutar foi que ele se armou de mais na sua
cautela, uma arma em uma mão e um athame na outra. As mãos cheias
impediam ele de desviar do meu ataque, embora em muitas formas, a força do
braço dele fossem mais que o bastante para bloquear o pior. No entanto, eu
acertei o rosto dele, ganhando uma boa quantidade de satisfação ao ver o
sangue que o ferimento produziu.
"Sua vadia," ele disse, me circulando na cozinha enquanto avaliávamos um ao
outro prontos para qualquer ataque. "Onde está Abigail?"
"Tirando um cochilo," eu disse. Eu dei a ele um sorriso travesso, esperando que
soar mais forte do que eu me sentia. Com apenas aquele único empurrão eu fui
dolosamente lembrada de que eu ainda não estava em totais condições. Eu não
podia deixar ele saber o quão fraca eu estava. "Não se preocupe. Você pode se
juntar a ela."
"Eu sabia que não deveria ter deixado ele te manter aqui," Art rosnou. "Eu
deveria ter feito ele te arrastar de volta pelos cabelos para o seu própria mundo
como um homem das cavernas. Mas ele tinha medo demais que eles te
encontrassem."
"É tarde demais. Eles já sabem que estou aqui. Vê o telefone? Eu fiz uma ligação
logo antes de você chegar."
Uma mentira, mas acabou sendo eficiente. Os olhos de Art foram para o
telefone portátil no chão da cozinha. Ele tinha caído aberto quando eu o soltei,
e a bateria estava perto. Com aquele sinal de distração, eu tentei de novo, me
jogando em cima dele. Eu consegui dar um chute ­ não tão forte como sempre,
particularmente já que eu ainda estava naquele vestido de gentry fudido ­ mas
o bastante para desequilibrar ele. Mas ele ainda era mais forte e mais rápido.
Ele soltou o athame e me agarrou com a sua mão livre, ele forçou meu braço
dolorosamente , para que eu derrubasse meu athame. Na outra mão dele, ele
segurou a arma mas parecia hesitante em usar. Finalmente, a mão dele foi forte
demais, e meus dedos abriram, soltando a arma e me deixando indefesa.
Trinfunte, Art me empurrou contra o armário e tentou me virar, provavelmente
para prender minhas mãos. Eu notei um brilho perto do bolso dele mas cedo, e
suspeitava que ele tinha algemas nele. Eu lutei com ele o tempo todo, me
recusando a virar, e com apenas uma mão livre, ele teve um pouco de
dificuldade de me manusear.
"Pare de lutar, ou eu vou estourar sua cabeça," ele gritou. "Ninguém está vindo,
e você sabe. Jogue bem, ou não vai haver nada que Leith possa me oferecer
para te manter viva."
"Eu duvido disso. Sua operação de prostituição parece trazer muito dinheiro.
Você vai ceder disso tão fácil?"
"Tem outras formas de conseguir garotas gentry," ele disse, ainda tentando me
virar e subjugar. Infelizmente, ele estava conseguindo. Minha força estava
rapidamente sumindo. "Outras pessoas vão fazer tratos. Eu não preciso de
Leath ou a vadia mestiça dele para ­ ah!"
Eu vi a cadeira antes de ver Markelle. Foi a que eu usei para subir pela porta da
garagem. Abigail tinha empurrado ela para dentro quando estava lá fora, e
agora Markelle tinha subido e atingido Art por trás. Dificilmente era um golpe
forte o bastante para fazer ele perder a consciência, mas fez ele me soltar e ir
para trás. Markelle imediatamente se afastou, mas a atenção de Art não estava
nela. Os olhos dele estavam em mim. Fraca ou não, eu sabia que tinha que usar
a abertura para derrubar ele. Eu fui para frente, os punhos prontos e ­
Ele atirou em mim.
Deus me ajude, o bastardo atirou em mim. A bala me acertou no ombro direito,
e eu voei contra o armário, afundando no chão enquanto minha mão esquerda
imediatamente voava para o ferimento para fazer ele parar de sangrar. Art
andou até eu, a arma apontada para baixo. "A próxima vai pro seu coração," ele
disse. "Agora vire-se e coloque suas mãos atrás das suas costas."
"Eu meio que estou sangrando aqui porra," eu respondi. Meu ombro estava em
chamas, e eu não conseguia mover meu braço. "O quão mais incapacitada eu
posso ficar?"
O sorriso dele era amargo. "Eugenie, você não vai ficar incapacitada o bastante
até morrer."
Eu vi Markelle aparecer atrás dele de novo. A cadeira dela havia sumido, mas os
punhos dela estavam erguidos enquanto ela socava ele nas costas,
desesperandamente tentando afastar ele de mim. Era nobre e puxou meu
coração, mas eu queria gritar para ela sair daqui. Ela não era nada mais que um
mosquito para ele. Com facilidade, ele virou e atingiu ela, e eu juro que ela
acertou o chão com mais força do que eu quando levei o tiro.
Naqueles segundos, eu ergui um dos meus pés e atingi Art com o máximo de
força que consegui, na perna. Ele tropeçou, a perna se curvando, mas não caiu.
A arma, no entanto, caiu das mãos dele. Ela atingiu ochão com uma batida e
deslizou para longe do meu alcance ­ mas não do alcance de Cariena. Ela
aparentemente estava parada no canto mais distante da cozinha o tempo todo.
Quando a arma deslizou até ela, a tímida garota não hesitou. Ela a pegou ­
gritando enquanto os dedos dela faziam contato com o metal e polímeros ­ e
deslizou ela pelo chão de volta para mim.
Eu a agarrei. Enquanto isso, os olhos de Art tinham seguido a jornada da arma,
então quando ela chegou na minha mão, ele estava me encarando. Eu tinha a
arma apontada em um segundo, e embora eu não atirasse muito bem com
minha mão esquerda, eu não era horrível. Sem hesitar: eu atirei. A bala acertou
o peito dele, e ele caiu para trás, o sangue imediatamente saindo do ferimento.
Eu atingi a marca.
Markelle e Cariena correram até mim, Raina seguindo momentos depois. `Você
está bem?" exclamou Markelle.
"Eu?" eu perguntei incrédula. "Ele te esmagou no chão."
Ela deu nos ombros. "Eles fizeram pior desde que cheguei aqui."
Entre as três, elas conseguiram me ajudar a levantar sem fazer muita pressão no
ferimento no meu ombro. Raina tentou curar ­ talvez eu tenha agido rapida
depois em dispensar os poderes delas afinal de contas ­ e encontramos
bandagens para cobrir o ferimento. O poder dela só diminuiu a dor; ela não
conseguia fazer nada mais extensivo.
"É feita de ferro," ela disse se desculpando. É claro que era. Art teria a arma
carregada para gentry impertinentes.
"Está tudo bem. Estou bem." Estavamos de volta na cozinha, e eu estava
inclinada contra o balcão, tentando ajeitar a bandagem. Todos estavamos
tentando ignorar o corpo de Art.
"Ok. Eu posso tentar pedir ajuda de novo, mas eu acho que precisamos sair
daqui a pé. Eu sei onde é o portão, e é meio longe, mas devemos ser capazes de
­"
"Eugenie? O que está acontecendo?"
Eu coloquei a arma no balcão enquanto ajeitava minhas bandagens, mas num
piscar de olhos, o revolver estava de volta na minha mão esquerda, apontada
em direção a nova adição a cozinha.
Eu conhecia a voz antes de ver o rosto. Como não poderia? Eu estive ouvindo
essa voz toda essa essa semana, tanto dormindo quanto acordada. Uma voz que
era uma contradição porque prometia amar e ser devota a mim quando
entregar dor e humilhação.
Eu tinha atordoado a maior parte com minha vontade e a erva-moura. Mas
agora, cheia de adrenalina, prestes a escapar e em controle dos meus sentidos,
a verdade magnitude de tudo me atingiu. O terror. O horror. O desamparo.
Emoção após emoção queimou através de mim, e no espaço de uma respiração,
minha mente imediatamente desligou qualquer sentimento que não fosse me
ajudar agora. Isso só deixava sentimentos obscuros. Raiva. Fúria. Malicia.
Eu apertei a arma ainda mais e estreitei os olhos para o homem que eu odiava
mais no mundo.
"Olá, Leith."

VINTE E CINCO

Leith ficou parado ali, congelado, os olhos na arma. Finalmente, engolindo, ele
devagar ergueu seu olhar para o meu rosto. Ele estava pálido, tão pálido que ele
podia estar prestes a desmaiar.
"Eugenie...você está ferida...você está bem? Tem sangue na sua bandagem...."
Eu não duvidava e não me incomodei em checar. "Pare. Só parece com a
atuação fodida de preocupação. Eu não quero ouvir."
Com o canto do olho, eu vi as garotas gentry vindo para perto de mim como
algum tipo de guarda de honra. Eu comecei a dizer a elas para se afastarem,
mas Leith não tinha nenhuma mágica de verdade, e era eu que estava com a
arma.
"O que você...? Não ­ não é uma atuação, eu juro. Eu me importo com você. Eu
te amo."
"Me ama?" eu respondi. "Pessoas apaixonadas não drogam e estupram outras
pessoas porra!"
"Não foi estupro. Eu machuquei você? Eu te bati?"
Por um momento, eu fiquei tão surpresa que não consegui nem falar.
"Você...você está falando sério, não está?Você realmente acredita nisso? Você
realmente acredita que não fez nada errado!"
"Era o único jeito que eu poderia te convencer...o único jeito deu poder te
convencer que fomos feitos um para o outro. A cortesia normal não funcionou.
Nem as tentativas de mamãe de te seqüestrar e te levar para Rowan ­ "
"As tentativas dela de que?"
"Ela usou sua magia para unir o poder de vários animais juntos e ­ "
"Jesus Cristo! Aquilo foi ela?" Katrice tinha enviado Smokey para me trazer de
volta para Leith. Adoravem. Girard tinha mencionado o amor dela por animais
da floresta mas não a habilidade dela de controlar eles.
"Olha," Leith tagarelou desesperado. "Seriamos um grande time ­ você sabe
que seriamos. Temos dois reinos. Você viu o que fui capaz de fazer para ajudar o
seu! Com seu poder e minha engenhosidade ­ "
"Engenhosidade?" eu gritei. Eu teria rido se tudo não fosse tão horrível. "Você
não tem nenhuma! Você só tem um pouco de conhecimento tecnológico ­ mais
do que os gentry normal, mas o resto você roubou dos humanos. Você trocou
em troca do respeito dessas garotas. Você nem teve a coragem de seqüestrar
da sua própria gente!"
De novo, bem como quando ele tinha me estupruda, eu desejei que ele fosse
mais beligerante. Esse amor idílico era pior. Fazia tudo o que ele havia feito ser
ainda pior. Eu podia sentir minha raiva aumentando, passando por mim. Eu mal
conseguia ver por causa da minha fúria. Ou talvez fosse a perda de sangue. Mais
estranho era uma estranha mudança no ar, que esfriou. Ele tinha estado úmido
e carregado antes, mas agora definitivamente estava mais frio. Não do jeito que
ficava quando Volusian aparecia mas algo totalmente diferente que eu não
conseguia distinguir exatamente.
"Eu não vou fazer de novo, eu juro. Se é o que você quer, se isso vai te fazer feliz
e nos deixar ficar juntos..."
Ele deu um passo na minha direção, e eu atirei um tiro de aviso que passou pelo
braço dele e atingiu o balcão atrás dele. Ele parou de se mover, o rosto ficando
ainda mais pálido.
"Não se mova!" eu gritei. "Nem pense em me tocar."
Eu ainda não conseguia acreditar, eu ainda não conseguia acreditar que ele
continuava com isso. Eu fiquei pensando como tinha sido na cama com ele,
aquela violação total e forçosa do meu corpo. Mais uma vez, havia uma
pequena mudança no ar, e eu percebi o que era. A pressão do barômetro. Eu
não sabia como eu sabia, mas eu sabia. Ela estava caindo. Rapidamente. Ozonio
enchia o ar.
"Eu amo você," ele disse baixo.
"Você é um filho da puta egoísta estuprador," eu respondi. "E eu ­ eu sou a
rainha Thron." Enquanto as palavras saiam da minha boca, eu de repente
entendi o que Dorian quis dizer sobre eu precisar acreditar que eu era uma
rainha. Naquele momento, eu acreditei. E uma pessoa como Leith não fazia algo
como aquilo a uma pessoa como eu.
"Eu sou a rainha Thron," eu repeti. Agora o ar se agitou ao nosso redor, fazendo
as cortinas voarem e algumas coisas caírem do balcão. "E você vai pagar pelo
que fez."
"Eugenie, pare. Solte a arma."
Eu ergui meus olhos da forma de Leith, e dessa vez, eu ri ­ mas era mais um
som de surpesa. Kiyo, Dorian e Rolan estavam na entrada da cozinha. Meus
salvadores. Depois de deixar a porta aberta quando Art tinha entrado, era como
se qualquer um pudesse simplesmente invadir.
"Jesus Cristo," eu disse. "Vocês estão um pouco atrasados."
Era Kiyo quem tinha galdo, o rosto dele tenso e preocupado. "Todo mundo
precisa se acalmar. Você o pegou, Eugenie. Acabou. Solte a arma agora."
Roland estava tenso também, o rosto dele ilegível enquanto ele segurava sua
própria arma. Do lado dele, Dorian não parecia muito preocupado, mas não
havia nenhuma daquela diversão normal no rosto dele.
"Você não sabe o que ele fez," eu rosnei. "Você fica falando sobre misericoridia,
mas em algum ponto tem que acabar. Ele precisa morrer." O vento ficou mais
forte. Um pouco do meu cabelo foi para o meu rosto, mas eu não tinha uma
mão livre para colocar ele para trás.
"Eu não fiz nada!" exclamou Leith. Ele olhou para os outros homens, o rosto
desesperado e implorando. "Eu ganhei ela justamente. Você sabe como é.
Antigamente, era assim que era. Os homens que pegavam a rainha se tornavam
rei. Se ela está grávida, ela é minha esposa."
Eu vi nojo no rosto de Roland, a mão dele segurou a arma com mais força. Ele
começou a erguer ela, mas Kiyo, ainda aparentemente o porta-voz, fez um
pequeno movimento que vez meu padrasto baixar a arma. Um pouco. "Essa
tradição tem centenas de anos," Kiyo disse a Leith. "Não significa mais nada. Ela
não é sua."
"Além do mais," eu disse, meu olhar de volta em leith."Você realmente achou
que eu teria o seu bebê se eu não quiser? Se estou grávida, é um problema fácil
de resolver."
A boca dele se abriu. "Você não faria... isso é blasfêmia..."
E de fato era entre os gentry, famintos por crianças. Aborto não era nada que eu
apoiasse também, mas de jeito nenhum eu ia dar a luz a uma criança que
nasceu de tamanha brutalidade. Uma rajada de vento de repente aumentou
consideravelmente, quase me derrubando. As janelas da cozinha explodiram.
Kiyo ainda estava pardo. "Eugenie, pare. Pare com a mágica. Solte a arma.
Vamos levar ele e as garotas de volta. Vamos lidar com ele no Outromundo."
"Como pode dizer isso?" eu gritei. "Você ouviu ele! Como você pode andar
depois de tudo isso? Você não sabe o que ele fez!"
"Ele não tem que necessariamente ficar livre," discutiu Kiyo. "Existem outras
maneiras."
Um flash cegante de repente explodiu na cozinha, me deixando perplexa e
incapaz de ver por um momento. No mesmo instante, ouve um rugido, tão alto
que eu pensei que meus ouvidos fossem estourar. E bem assim, a forma de
como controlar os raios apareceu no meu cérebro. Eu entendi as ligações, o que
eu precisava convocar ­ e como trabalhar minhas emoções nisso como Ysabel
tinha dito.
Eu coloquei a arma do balcão. "E não preciso disse," eu disse a Leith. O vento
estava passando ao nosso redor, derrubando objetos em toda parte, soprando
meu cabelo como uma nuvem de fogo. Eu era o centro da tempestade. Um
barulho muito, muito fraco de um trovão ­ nem perto de ser tão alto quanto o
ultimo ­ soou ao nosso redor. Eu virei meu olhar para Leith, me perguntando se
meus olhos violetas tinham enfurecido do jeito que os do rei Storm escureciam
quando ele ficava com raiva. "Eu vou sugar o ar de você e então explodir você
com um raio."
Laith caiu de joelhos. "Por favo... por favor não faça isso..." As mesmas palavras
que eu murmurei para ele da primeira vez que ele me atacou.
A raiva da tempestade aumentou ainda mais ao meu redor. "Eu sou a rainha
Storm," eu disse baixo. "E você vai pagar pelo que fez comigo."
Kiyo deu um passo para frente. Eu conhecia o bastante para adivinhar os
pensamentos dele. Ele estava considerando me atacar mas temia o que eu
poderia fazer com a magia que crescia cada vez mais forte. Ele fez um ultimo
apelo desesperado.
"Se você se importa com sua gente ­ com essas garotas ­ você não vai fazer
isso. Ele é um príncipe. Mete ele e a mãe dele vai declarar guerra contra você.
Você acha que a seca era ruim? Imagine exércitos invadindo e devastando sua
terra. Vilarejos queimados. Pessoas inocentes sendo mortas. É isso que você
quer? Você pode fazer isso com eles?"
Ao nosso redor, a tempestade assolava, e dentro de mim, meu ódio por Leith
era uma própria tempestade, um veneno correndo por minhas veias. Eu queria
que ele sofresse. Eu queria ele destruído. Eu queria ele morto. Ele não poderia
sair livre dos seus pecados. E ainda sim... em algum lugar em todo aquele ódio,
toda aquela fúria, as palavras de Kiyo penetraram. É isso que você quer? Você
pode fazer isso com eles?
Eu encarei Leith por vários pesados segundos. E então, pouco a pouco, a
tempestade começou a retroceder. Mais nenhum raio. O vento diminuiu. As
nuvens evaporaram. A pressão se ergueu para níveis similares ao lado de fora.
Leith suspirou de alivio, e eu notei o quão irregular estava minha respiração por
ter usado tamanho poder.
"Não," eu disse suavemente, sentindo toda a energia correr por mim. Eu estava
cansada. Tão, tão cansada. "Eu não quero uma guerra. Eu... eu não posso
começar algo assi."
Então, pela primeira vez até agora, Dorian falou.
"Eu posso," ele disse.
E antes de qualquer um realmente entender o que estava acontenceod, ele
caminhou pela cozinha. A espada dele saiu do seu cinto, brilhante e morta na
luz, e ele a enfiou direto no corpo de Leith. O príncipe de Rowan endureceu, os
olhos se arregalando, enquanto Dorian enfiava a lamina ainda mais para dentro
do estomago de Leith.
O tempo parou para nós. Eu acho que ninguém ­ bem, exceto Dorianl ­
realmente acreditou no que tinha acontecido. Um momento depois, Dorian
tirou a espada num movimento duro e forte. O corpo de Leith caiu no chão.
Dorian tinha usado a nova espada, eu percebi, a que tinha ferro e que Girard
tinha feito. Sangue saiu de onde ela tinha empalado Leith, assim como dos
lábios dele. Era cem vezes pior do que a confusão que Art tinha feito, e todo
aquele liquido vermelho derramou e derramou, uma bizarra imagem de rosas
florescendo passando pela minha mente. Eu me perguntei se ia desmaiar.
Kiyo foi para frente, como se pudesse salvar Leith, mas todos sabíamos que era
tarde demais. O príncipe já estava morto. Kiyo virou para Dorian enfurecido. "O
que você fez?"
O rosto de Dorian era calma, a voz suave enquanto ele deslizava a espada ­ com
sangue e tudo ­ de volta no seu cinto. "O que você deveria ter feito."
Kiyo encarou Dorian, que retornou seu olhar igualmente. O rosto de Kiyo era
uma mistura de muitas coisas: ultrage, choque, medo. "Você não faz ideia do
que vez... o que você libertou... o que você libertou nela..."
Dorian olhou o corpo de Leith, então o de Art, e então de volta para Leith. O
olhar de satisfação no rosto dele claramente mostrava o quão abaixo do
reconhecimento dele eles estavam.
Eles não eram dignos nem dele notar eles, nem eram dignos de ser
considerados como gente até onde Dorian se preocupava. Ele olhou de volta
para Kiyo.
"Eu sei o que fiz. E você acha que eu já a abandonei para lidar com as
conseqüências? Deixei ela sozinha com eles? Além do mais...." Um sorriso seco
cruzou o rosto de Dorian. "Fui eu quem fez. Sou eu que Katrice vai atrás."
Kiyo balançou a cabeça. "Não. Ela vai atrás de vocês dois. Você não deveria ter
feito isso."
Depois do que parecia uma eternidade, minha voz finalmente voltou para mim.
Eu molhei meus lábios, tentando falar. "Talvez," eu sussurrei. "Talvez ele
devesse..."
Silencio caiu em cima de nós, grosso e pesado. Kiyo me olhou... eu não
conseguia interpretar ele.
"Você está em choque. Não sabe o que está dizendo. Vamos levar você e as
garotas de volta para o Outromundo. Os arquivos de Art podem nos mostrar
onde encontrar as outras."
Eu olhei entre o rosto dele e de Dorian. Eu não iria tão longe dizendo que odiava
todos os homens, exatamente, mas de repente, eu só não podia estar com
nenhum deles, embora eu amasse os dois. Além do mais, naquele momento, eu
não queria nada a ver com o Outromundo. Eu balancei a cabeça.
"Não. Leve as garotas... eu não vou."
Dorian arqueou uma sobrancelha. "O que você vai fazer?"
Eu virei em direção a Rolando pela primeira vez em um tempo. Ele ainda
segurava sua arma, mas ela estava baixa agora. Ele esteve pronto para atacar o
tempo toda mas ficou contente em deixar os outros dois homens assumir a
liderança nisso. Mias tarde, eu teria que descobrir como esse grupo heterogenio
se juntou. Agora.. agora eu estava mais preocupada com o olhar no rosto de
Roland. Ele estava me olhando como se ele não me conhecesse. E eu senti uma
parte do meu coração partir.
"Eu quero..." E para minha vergonha, eu senti as lágrimas sairem dos meus
olhos, o que era idiota. Essa semana toda, eu nunca chorei. Eu enfrentei tudo
com o rosto limpo. Eu lutei e matei hoje sem remorso. Agora... agora era como
se uma vida de sofrimento estivesse voltando até mim. "Eu quero ir pra casa,"
eu disse. As lágrimas escaparam, deslizando por minhas bochechas. "Eu quero
ver minha mãe."
Por um segundo,eu pensei que Roland fosse se afastar, me condenar como se a
metade gentry que ele sempre temeu que eu me tornasse, aquela que mentiu
para ele sobre seu envolvimento no Outromundo. Eu acho que se ele tivesse se
afastado, eu teria morrido bem ali. Ao invés disso, ele estendeu sua mão. Eu não
consegui me fazer pegar ela. Eu não achava que poderia deixar ninguém me
tocar agora. Eu amava todos os homens aqui, mas agora, eu estava
inexplicavelmente com medo deles.
Ainda sim, me senti segura em partir com Roland. Roland era meu pai.
Entendendo meus sentimentos, ele baixou sua mão e simplesmente acenou. Eu
me aproximei dele, pisando por cima dos corpos na cozinha.
"Ok," Roland disse suavemente, os olhos dele brilhando com lágrimas. "Vamos
para casa."

VINTE E SEIS

Não era segredo: minha mãe odiava coisas do Outromundo. Os sentimentos
dela não eram tão difíceis de entender, considerando que ela foi uma
prisioneira lá, servindo como a amante forçada do rei Storm ­ não diferente da
minha própria experiência agora. Assim como ela tentava ignorar o que Roland
e eu fazíamos, ela também tentava ignorar o sangue gentry em mim, me
tratando como se eu fosse totalmente humana e geralmente se recusando ouvir
outra coisa.
Portanto, eu fiquei um pouco surpresa por ela ter recebido tudo melhor do que
Roland quando voltamos para Tucson. Eu sabia que eles discutiam quando eu
não estava por perto. Ele disse a ele o que havia acontecido em Yellow River,
como estive praticando magia escondido, e agora era a monarca de um reino
das fadas. Ele contou a ela sobre Leith também. Se ela ficou chocada com
qualquer coisa, se ela teve repulsa por isso e me odiava pelo que eu havia me
tornado...bem, ela nunca demonstrou. Ela foi só...bem, minha mãe.
Ela sentou comigo no meu velho quarto. Ele não tinha mudado muito através
dos anos e ainda tinha as mesmas estrelas que brilhavam no escuro que eu
tinha colado no teto. Quando as coloquei ali na minha juventude, ela tinha dito
que elas nunca iriam sair sem descascar a pintura.
Então, eu acho que ela nunca se incomodou em tirar durante todos esses anos.
Roland conhecia alguém que conhecia alguém que veio e fez uma cirurgia no
meu ombro, removendo a bala e me deixando com remédios para dor e
antibióticos. Isso foi tudo que eu vi de Roland naqueles dias inicias de
recuperação. Foi minha mãe que mais ficou comigo, falando sobre qualquer
coisa que não era do Outromundo e se certificando que eu tinha
entretenimento na forma de livros e TV. Mas eu não podia prestar atenção
nessas distrações, não quando minha mente estava em outras coisas. Eu
repassava os eventos da semana passada de novo e de novo em minha cabeça
até que eu fiquei fraca demais para ter algum pensamento coerente. Quando
cheguei ao ponto de exaustão, eu normalmente só deixava minha mente ficar
em branco por um tempo. Era estranhamente calmante, particularmente já que
eu tão freqüentemente acordava de pesadelos com Leith. Uma mente vazia era
algo bem vindo.
E foi a minha mãe que eu recorri quando minha menstruação veio. Ela já tinha
comprado um teste de gravidez também, só para eu ter paz na mente. Quando
ele deu negativo, eu comecei a chorar. Minha mãe me segurou na cama e me
balançou o tempo todo, dizendo, "eu sei, baby, eu sei." Era estranho porque eu
nem sabia porque estava chorando. O teste negativo era algo bom, e eu estava
feliz por não haver pontas soltas em relação a Leith. Enquanto ela me segurava
­ a primeira vez que eu realmente deixie alguém me tocar desde a casa de Art ­
eu repente me perguntei como ela tinha se sentido quando estava grávida de
mim. Ela se sentiu enojada pela ideia de um filho meio gentry que foi forçado a
ela? Ela quis se livrar de mim mais foi incapaz no Outromundo? Eu estremeci,
sem querer ponderar isso demais. Achando que eu estava com frio, ela foi
buscar um suéter.
Foi alguns dias depois que Roland e eu finalmente conversamos. Eu podia me
locomover mais e tinha descido para pegar uma tigela de cereal na cozinha. Ele
entrou e se juntou a mim, sentando na mesa com seu café. O rosto dele parecia
ter mais linhas do que a última vez que eu o tinha visto. Minha culpa, sem
dúvidas.
"Sinto muito," eu disse quando o silencio ficou demais para suportar. "Eu... eu
deveria ter te contado." Ele olhou para cima da sua xícara."Qual parte
exatamente?"
"Todas. Tudo. Eu..." eu suspirei. "Você estava sempre tão bravo por eu estar
passando muito tempo no Outromundo. Eu achei que você ficaria chateado se
soubesse o resto."
"Oh, acredite em mim, estou muito mais chateado por saber agora do que eu
teria ficado se tivesse sabido antes."
"Desculpe,"eu disse de novo, sem saber o que dizer. "Tudo aconteceu tão
rápido. Teve a luta com Aeson ­ "
"Eu sei, eu sei. Kiyo me contou os detalhes disso, embora ele também tenha
ficado um pouco surpreso por descobrir que você pode conjurar furações
dignos do rei Storm agora."
Eu balancei a cabeça. "Estou longe disso. E quando comecei a aprender a
mágica...eu só não consigo parar.'
Agora Roland suspirou. "Ele passou aqui algumas vezes."
Eu levei um momento para perceber que ele se referia a Kiyo, não ao rei Storm.
"Não estou pronta para ver ele."
"Eu sei." Houve uma pausa, e eu acho que foi preciso muito de Roland para
dizer as próximas palavras. "Ele não é tão ruim. Relativamente falando."
Eu dei a ele um meio sorriso triste. "Yeah, ele é ótimo." E eu falei sério... mas
algo estava me incomodando em relação a Kiyo, algo que continuava a martelar
no fundo da minha cabeça. Eu continuei a ignorar.
"Então o que acontece agora?" Roland perguntou. "O que você vai fazer?"
Eu encarei surpresa. "Bem... o que mais eu faria? A mesma coisa que estive
fazendo."
"O que, ir e voltar entre os mundos, tentando agir como se você tivesse alguma
aparência de vida normal?"
O tom na voz dele me magoou. "O que você espera que eu faça? E não é como
se nossas vidas fossem normais."
Ele balançou a cabeça. "Isso é diferente. Você não pode fazer isso. Você não
pode literalmente viver em dois mundos."
Eu mastiguei meu cereal por um momento para me dar uma chance de pensar.
"Eu não acho que tenho escolha. Essa terra está ligada a mim. Se eu a
negligenciar, ela morre."
Roland não disse nada.
`Ah, qual é!Você acha que eu deveria fazer isso? Abandonar e deixar todas
aquelas pessoas sofrerem? Você é tão ruim quanto Art." O misterio do que
tinha acontecido com o corpo de Art e Abigail era...bem, um misterio. Ninguém
tinha me dito exatamente, fora de que "tinha sido cuidado." Os olhos de Roland
brilharam com raiva. "Não, não sou em nada parecido com ele. Nunca faça esse
erro. Mas os gentry não são nossa gente. Eles não são sua gente."
"Eles são agora," eu disse, me surpreendendo.
Ele levantou, toda postura dele cansada e derrotada. "Eu não sei mais o que
pensar. Eu não sei o que pensar de você. Eu nem sinto que te conheço."
Em todos esses anos juntos, ele nunca ergueu a mão em mim. Mas naquele
momento, foi como se ele tivesse me dado um tapa. "O que isso significa?" eu
perguntei. Eu queria soar desafiante. Ao invés disso, minhas palavras saíram
muito pequenas e assustadas, como uma criança implorando. Eu me lembrei do
quão agradecida eu tinha ficado por ver ela no Art. Meu pai. Meu protetor.
"Você não... você não me ama mais?"
Ele começou a se afastar mas pausou para olhar para trás. Os olhos azuis dele
me olharam por vários segundos. "É claro. Eu sempre vou te amar. Você é
minha filha. Mas... não tenho certeza se as coisas são as mesmas."
Roland saiu da cozinha, e foi quando eu percebi que era hora deu ir embora.
Tim quase me derrubou quando voltei para minha casa. Minha mãe tinha ligado
para ele para dizer que eu estava bem quando fui para casa dela, mas entre
minha semana de recuperação e a semana no Art sem contato, Tim tinha se
apavorado bastante.
"O que aconteceu? Você está bem? Eu lidei com Lara enquanto você estava
fora. Você ficaria orgulhosa." Eu sorri, mais satisfeita por ele ter chamado ela
pelo primeiro nome ao invés de "secretária vadia." Você quer que eu te faça
algo?"
"Você parece minha mãe," eu provoquei. "Sempre querendo me alimentar."
Ele deu nos ombros. "Você é magra demais. E eu não digo isso por nada,
considerando o tipo de garota que eu gosto."
Ele tinha razão tanto sobre mim quanto nas escolhas dele em relação a
mulheres. Eles me alimentaram na casa de Art, mas eu mal comi. Eu perdi peso,
e enquanto parte de mim queria se recuperar comendo as barras de energia
Milky Way que estavam na minha dispensa, eu sabia que provavelmente
deveria comer algo nutritivo para variar. Então, eu mandei Tim cozinhar um
bife, um pedido que ele ficou mais que feliz de obedecer.
Eu passei o resto do dia descansando e entediada, sem saber o que fazer
comigo mesma. Eu lavei roupas, apesar do protesto de Tim de que ele poderia
fazer isso, e passei o dia comendo coisas que ele fez.
Os animais estavam todos ali, o que me levou a acreditar que Kiyo ainda estava
por ai também. Depois que eu me recusei a ver ele na casa dos meus pais, eu
meio que esperava que ele tivesse se mudado.
Honestamente, eu não tinha certeza do que fazer agora. Eu não planejava ir ao
Outromundo tão breve, e não havia jeito ­ como eu havia dito para Lara no
telefone ­ deu pegar trabalhos por um tempo. Isso deixou tanto Tim quanto ela
nervosos com minhas contas, mas eu sabia que com minha poupança eu estava
temporariamente segura.
Eu deixei minha magia em paz. Eu não ia me aproximar disso, embora houvesse
horas que o vapor de ar e água ao meu redor me chamavam como uma música,
e eu queimei para tocar eles. O pouco de magia que eu usei foi shamanica: eu
tentei convocar Volusian. Ele não veio. Eu não tinha certeza do que pensar
disso.
Eu fiquei quase agradecida pelo anoitecer para que eu pudesse ir para cama e
parar de pensar em coisas para passar o tempo. Eu me perguntei se essa apatia
era apenas uma conseqüência natural do trauma que eu tinha passado, um tipo
de estado atordoada. Tv, meus quebra-cabeças, até a conversa anima de Tim...
nada mantinha minha atenção. Eu não estava exatamente entediada. Eu só não
estava muito engajada com o mundo.
Aquela noite, como eu costumava fazer, eu sonhei na terra Thron. O sonho foi
tão vivido e real. Era como sair da minha própria casa para ir andar nas
montanhas,como se minha alma estivesse viajando sem meu corpo. O ar era
afiado e limpo, cheio com a fragrância das flores do deserto. O sol era quente e
cruel ­ ainda sim reconfortantemente familiar. E as cores...as cores faziam o eu
do meu sonho querer chorar. Pêssegos e verdes e todas as cores das flores de
cactos olhando para o azul claro, claro do céu.
Pela primeira vez desde minha captura e estupro, eu me senti em paz. Eu me
senti inteira e curada no sonho.
Eu acordei com um anseio no meu peito, como se houvesse um pedaço de mim
faltando. A nitidez disso me surpreendeu ­ e me assustou um pouco.
Colocando um robe, eu caminhei até a cozinha, esperando que uma xícara de
café e algo para comer tirassem aquele desejo que me consumia de ir para o
Outromundo.
"Kiyo," eu exclamei. Ele estava sentado na mesa com café, os dois cachorros nos
pés dele. Eu tive um estranho déjà vu com o café de Roland ontem e suspeitei
que havia uma "conversa" guardada para mim.
"Eugenie," ele disse, olhando para cima. Os olhos dele eram quentes e da cor de
chocolate, cheia de tanto amor. Ele se ergueu da cadeira e se aproximou de
mim, os braços abertos. Eu comecei a ir até o abraço dele mas algo me segurou,
algo protetor e instintivo do meu corpo para se manter seguro. Eu sabia que ele
não era Leith. Eu sabia que Kiyo me amava... mas havia algo em mim que tinha
medo de tocar qualquer outra pessoa. Minha mãe era a única que eu permiti
me tocar até agora.
Tristeza e dor passaram pelos olhos de Kiyo com a minha rejeição, mas ele
pareceu entender. Constrangedoramente, ele simplesmente de deu um suave
toque no braço, o que eu permiti recuando só um pouco. Nós dois sentamos ­
depois que servi uma xícara de café ­ e ele bebeu comigo com aqueles olhos
intensos, como se ele não me visse a anos. É claro, essas últimas duas semanas
tinham certamente parecido como anos para mim, então talvez não fosse uma
comparação tão ruim.
"Como você está?" ele perguntou. "Eu senti tanto sua falta. Estive tão
preocupado."
"Estou bem. Eu estava em boas mãos."
"Como está seu ombro?"
Eu dei de ombros. "Duro. Mas remendado. Eu provavelmente poderia ir para o
Outromundo para fazer alguém ajeitar ele."
O rosto dele instantaneamente escureceu. "Eu acho que você precisa ficar longe
de lá por um tempo."
"Jesus Cristo. Você também não. Eu sou a governante da terra. Eu preciso
voltar." Um flash do sonho voltou para mim. Era mais do que apenas uma
meditação inconsciente, eu sabia. A terra Thron e eu estávamos ligadas. Não
poderíamos nos separar. Eu sabia que ficar longe dela faria ela morrer, e agora
eu estava percebendo que poderia morrer sem ela também.
"Tem que haver uma forma. Eu estive conversando com Maiwenn, e ela vai
procurar uma forma. Certamente, algo nas paginas da história deles, alguém
deve ter desistido de um reino sem morrer."
"Essa é uma boa ideia?" eu perguntei. "Eu desistir?"
"É claro," ele disse chocado. "Você nunca quis. Você falou mil vezes. Vai ser
melhor para todo mundo. A próxima pessoa ligada a terra provavelmente não
ira transformar ela num deserto. Você ficará livre, capaz de continuar com sua
vida aqui, livre da magia..."
Eu estreitei os olhos. "Eu nunca vou ficar livre disse também."
"Yeah," ele concordou, sua voz dura, "mas tem menos tentação fora do
Outromundo. Porque diabos você não me disse que estava aprendendo essas
coisas?"
"Eu te falei! Eu te falei sobre Dorian enviar Ysabel."
"O que eu vi você fazer... não foi nada do que você disse que ela te ensinou."
"Aconteceu rápido demais... metade do tempo nem eu percebi, e eu não queria
te chatear."
"Ninguém aprende tão rápido," ele murmurou. Eu lembrei das palavras de
Shaya. O rei Storm aprendeu.
"Bem, eu aparentemente não são tão poderosa. Eu perdi Volusian durante
aquela confusão. Ele não vem quando eu o chamo."
"Oh. Eu pensei que você sabia."
"Sabia o que?"
"Ele está ligado a Dorian agora."
Eu encarei por vários segundos. "Oh meu Deus. Eu pensei que isso podia
acontecer..."
Kiyo encarou. "Você pensou? Então porque diabos você o enviou para
Dorian?Porque não enviar ele para me avisar?"
"Por exatamente essa razão! Se Volusian quebrasse meu controle, eu sabia que
Dorian provavelmente poderia dominar ele."
"Eu suponho que sim. Mas eu sinto que você deu a Dorian uma ogiva nuclear."
Eu não falei, mas eu tinha o pressentimento que Kiyo estava mais chateado por
ter sido Dorian que eu contatei para chamar ajuda ao invés dele.
"E foi assim que você me encontrou, não é? Volusian contou a Dorian, que
então contou a você e Roland?" Eu ouvi de Roland mas eu queria ouvir de novo.
Kiyo acenou. "Estivemos procurando por você assim que você desapareceu
depois da batalha. Nenhum de nós fazia ideia do que tinha acontecido.
Envolvemos Roland alguns dias depois para ajudar a caçar nesse mundo, mas
nenhum de nós..." ele balançou a cabeça. "Nenhum de nós fazia ideia que era
isso que tinha acontecido com você."
Um silencio constrangedor caiu, cada um de nós pensando sobre as coisas que
nenhum de nós iria dizer em voz alta. Meu aprisionamento. Meu estupro. Eu
baixei os olhos, brincando com a ponta de xícara. As memórias eram como uma
montanha russa. As vezes elas afundavam no fundo da minha mente. Outras
vezes, elas eram afiadas e fugazes, vindo a frente da minha mente e liberando
tontura, e um horrível sentimento de medo, violação, e desamparo que aquilo
havia causado.
Eu de repente olhei para cima meus olhos afiados para encontrar os olhos de
Kiyo. "Porque você não me deixou matar Leith quando tive a chance?" Com um
calafrio, eu lembrei da vingança queimando dentro de mim e a tempestade me
cercando.
A pergunta claramente pegou Kiyo de surpresa. "O que? Você sabe porque. Por
causa das questões políticas... porque você não é o tipo de pessoa que cede a
uma vingança..."
"Não sou?" eu exigi. Eu de repente estava com raiva dele, e me ocorreu então o
que eu estive suprimindo essa semana toda. "Você não tem direito de dizer
quando uma vingança é certo. Você não passou pelo que eu passei."
"Eu sei," ele disse tentando ser gentil. "Eu não duvido que ele merecia um
horrível punimento. Eu só posso imaginar como foi para você ­ "
"Não. Não tem como você poder imaginar."
"Mas é mais do que apenas vingança. Você sabe o que aconteceu depois disso?
Katrice está reunindo seus exércitos, Eugenie. Os monarcas não tem uma guerra
a séculos. Isso pode ser muito ruim. Pessoas vão morrer. Eu queria de salvar
disso... eu queria te poupar de ser o alvo dela."
"Muito bem. Então porque você não o matou?"
Silencio total.
"O que? Kiyo exclamou finalmente.
Eu nunca baixei meu olhar, surpresa com o frio na minha voz. "Você disse que
ele merecia um horrível punimento."
"Yeah, ser preso ou ­ "
"Preso? Você está louco? Ele é um príncipe. Não poderíamos prender ele sem o
mesmo `resultado político.' Ele teria se safado."
"Ir a guerra é pior, acredite ou não."
"Então você ainda deveria ter matado ele," eu repeti. "Todo mundo fica dizendo
como você é `apenas' um kitsune. Você tecnicamente não é aliado de ninguém.
Talvez ela simplesmente viesse atrás de você, mas ela não teria entrado em
guerra apenas contra você."
Os olhos de Kiyo se arregalaram. "Você está ouvindo a si mesma? Isso é insano!
Você está me condenando por não matar um homem que estava de joelhos."
"Aquele homem fez coisas horríveis. Ele não merecia sair livre."
O choque de Kiyo cedeu a raiva. "Eu não consigo acreditar que você está me
considerando responsável por isso. E quer saber? Isso é a mágica falando.
Quanto mais você usa, mais muda você. É por isso que você precisa ficar longe
do Outromundo!Para sua própria proteção. Antes de você se tornar algo que
você não quer ser."
"Oh, agora você quer me proteger! Olha, você de todas as pessoas deveria
entender. Eu não posso ficar longe do Outromundo. Eu não posso ficar longe
desse mundo. Eu não pertenço a lugar algum! E ainda assim.. eu pertenço a
todos os lugares. Não existe um lugar perfeito para mim. Estou divida, Kiyo. Eu
pensei que você entendia isso. Você me disse antes que entendia. Você é igual."
"É... é diferente de alguma forma."
"Isso não é bom o bastante. Você está sendo um hipócrita," eu exclamei. "Você
toma as decisões por nós dois baseado no que é convincente a cada hora. Você
acha que pode lidar com um lado mas que eu não posso. Isso não é justo. Você
não pode fazer regras diferentes para cada um de nós."
"Estou tentando te proteger," ele repetiu.
"Você acha que eu não sou forte o bastante para lidar com as coisas que você
lida?"
Ele ergue as mãos. "Eu não sei. Talvez seja eu que não sou forte o bastante para
fazer as decisões difíceis."
"Dorian é." Escapou antes deu poder impedir.
Silencio total, round dois, caindo em cima de nós.
Kiyo terminou seu café. "Eu entendo. Então o negocio é na verdade sobre isso."
Ele olhou ao redor, absorvendo a casa e os gatos espalhados em toda parte.
"Talvez... talvez seja hora deu juntar minhas coisas."
Eu cruzei os braços. "Eu acho que é uma boa ideia."
"Eu posso levar um dia ou dois para juntar esses carinhas."
"Tudo bem." Eu mantive um controle perfeito da minha voz, focando toda
minha energia em soar nivelada.
Se eu escorregasse, eu podia começar a chorar ou implorar a ele para ficar. Eu
podia me desculpar por ser tão dura e considerar ele responsável por não me
deixado matar Leith. Não era justo da minha parte culpar Kiyo e louvar Dorian...
... e no entanto, foi o que eu fiz.
Kiyo levantou, dizendo que ele ia voltar para fazer as malas quando eu não
estivesse já que isso seria mais fácil para nós dois. Eu concordei. A tensão nos
engolfou enquanto ele se movia em direção a porta. Eu machuquei ele; eu
sabia. E na verdade, eu não sabia se estava fazendo o pior erro da minha vida ao
terminar com Kiyo. A verdade é que estivemos brigando muito, com ele sem
entender as escolhas que eu andei fazendo. Mas o coração de tudo, era que eu
sentia que ele teve a oportunidade de me proteger... e ele não o fez.
"Eugenie," ele disse, parando perto da porta de trás. "Eu sei que você estava
feriada. Eu sei que você sofreu ­ e ainda sofre. E eu acho que consigo ver
porque você acha que o que Dorian fez foi tão nobre. Mas não foi. Tem grandes
conseqüências nisso, e algum dia ­ provavelmente em breve ­ você vai se
arrepender do que ele fez."
Eu balancei a cabe, ainda obstinada. "Eu não sei. Talvez."
"Não importa o que você pensa de mim, não é tarde demais.Você pode fazer
tratos com Katrice. Você pode impedir isso." Havia um apelo desesperado nos
olhos dele, e eu me perguntei se era por causa do desejo dele por paz ou a
agonia de me deixar. Minha própria dor por ele me deixar estava crescendo,
mas algo nas palavras dele a parou.
"Fazer tratos? Como assim?"
"Eu não sei...se desculpe... culpe Dorian. Maiwenn pode negociar..."
Minha raiva aumentou de novo. "Eu não vou rastejar para a mulher cujo filho
me estuprou. E eu não vou deixar Dorian ser punido por algo que eu mesma
deveria ter feito." Maiwenn nem merecia ser mencionada. "Eu vou enfrentar as
conseqüências, Kiyo. Eu sou a rainha Thorn."
Ele deu um pequeno e triste sorriso. "Tem certeza? Ou você é a rainha Storm?"
Eu franzi. "O que?'
"Foi o que você disse a Leith. Na cozinha."
"Não." Tantas daquelas memórias eram fragmentadas, mas eu tinha certeza
que me lembraria disso. "Eu disse a ele que era a rainha Thron algumas vezes ­
mas meu Deus. Não rainha Storm."
"Eu ouvi você. Uma vez você disse rainha Storm."
Eu balancei a cabeça, a raiva retornando. "Você se enganou. O nome é parecido.
Facil de confundir."
O sorriso dele contraiu; a tristeza dele aumentou. "Não com meus ouvidos."
Kiyo partiu depois disso ­ para onde, eu não sabia. Não importava. Meu coração
estava partido, e pensar sobre ele demais ia piorar as coisas. Ao invés disso, eu
sabia que tinha que partir também. Eu tinha que sair daqui ­ e eu sabia
exatamente onde tinha que ir. Eu tinha que ir para meu reino.

VINTE E SETE

Quando eu cruzei para o Castela na terra Thron, eu fiquei surpresa por encontra
Nia sentada no chão ao lado do meu peso de papel em forma de coelho. Os
joelhos dela estavam para cima, e o rosto dela ­ que parecia estar manchado
por lágrimas ­ descansava nos seus joelhos. Ainda sim, quando ela me viu, o
rosto dela se iluminou como o sol saindo de trás das nuvens.
"Vossa majestade!" ela gritou, se levantando. "Alguns deles disseram... eles
falaram que você não voltaria. Mas eu sabia. Eu sabia que você voltaria."
A devoção nos olhos da garota era surpreendente.Nia tinha sido outra serva de
Dorian, e nunca me ocorreu que ela iria me servir com tanto amor.
"É claro que voltei," eu disse suavemente. "Porque não voltaria?"
Ela evitou os olhos. "Depois de tudo que aconteceu, e..bem, por causa da rainha
Katrice. Tem aqueles que assumiram que você nos abandonou e iria ficar no
mundo dos humanos."
Eu não me incomodei eu dizer que abandonar essa terra iria me matar. Eu fiquei
chocada demais com outra coisa. "Eles pensaram... eles pensaram que eu ia
simplesmente começar uma guerra e partir?"
"Eu sabia que você não faria isso," ela disse fervorosamente. "Eu sabia que você
não faria isso."
Eu dei a ela um pequeno e confortante sorriso enquanto um nó se torceu no
meu estômago. "Me leve até Shaya e Rurik.
Os dois ficaram muito surpresos com minha chegada, mas algo me disse que
eles não duvidaram que eu voltaria também. Eu podia perceber pela compaixão
no rosto de Shaya que o que Leith tinha feito para mim era de conhecimento
comum. Para minha surpresa, foi com Rurik que tive o maior conforto. Ele não
questionou meu aparecimento. Ele não ofereceu simpatia. Ele simplesmente foi
direto ao assunto.
"Reunimos o máximo de soldados que podíamos enquanto você não estava,"
ele disse. "Alguns estão acampados lá fora, e Dorian disse que vai mandar
reforços ­ o exercito dele é muito maior. A maioria do nosso está em Highmore.
Precisamos determinar o melhor jeito de distribuir eles."
Por um momento, eu me senti toltan enquanto ele continuava a falar sobre
estratégias militares. O que estava acontecendo? O que eu estava fazendo? Eu
era uma garota de Tucson que cresceu numa vizinhança de classe média. Como
diabos eu estava parada aqui, ouvindo a um soldado explicar como liderar uma
guerra?
Eu ergui a mão. "Espere... antes de continuarmos. Tem... tem alguma forma
disso ser evitado?" As palavras de Kiyo voltaram para mim, e eu odiei dizer o
que disse em seguida. "Tem alguma forma de fazer paz?"
Os olhos de Rurik se arregaralaram, e choque e raiva passaram por suas feições.
"Paz? Depois do que ­ " Shaya silenciou ele com um gesto. "Sim, na verdade.
Katrice mandou uma carta bem longa sobre isso."
"Então... poderíamos fazer ela entender que..." Foi um acidente? Dificilmente.
"Eu quero dizer, Katrice poderia deixar isso para lá, considerando que Leith que
começou?"
Shaya limpou sua garganta desconfortável, e Rurik parecia com raiva. "Bem,"
ela começou, "não totalmente. Para Katrice não entrar em guerra, ela exige que
nos tornemos seu reino servil e tem detalhes bem específicos nos tipos de
tributos e impostos que ela exige disso. Ela também... ela também diz que você
deve casar com o sobrinho dela no lugar do seu filho e ligar esse reino ao dela
através dessa ligação. Minha impressão é que ela mandou uma lista de
exigências similar a Dorian ­ fora a parte do sobrinho ­ que ele recusou bem,
ah, indelicadamente."
Eu encarei.Minha boca aberta. Não era isso que eu tinha em mente. Como
Katrice podia exigir esse tipo de coisa depois do que Leith tinha feito? Como ela
se atreve a agir como se eu tivesse feito algo errado? Sim, eu podia imaginar a
dor dela pela perda de seu único filho. Eu não era tão sem coração. Ainda sim...
o que ela estava sugerindo era ridículo. E se ela achava que eu iria algum dia
permitir que outro membro da família dela colocar a mão em mim...
Eu virei de volta para Rurik como se assunto de paz com Katrice nunca tivesse
sido mencionado. Mais tarde, eu pediria a Shaya para me ajudar a fazer uma
resposta formar a carta de Katrice, algo na linha de que Eu sou a reinha Thorn.
Vai se fuder.
"O que eu devo fazer em seguida?" eu perguntei a Rurik.
Ele sorriu, um deleite ardente em seus olhos. "Você deveria falar com os
soldados reunidos aqui e fazer uma declaração oficial de guerra. E então você
deveria ir para Highmore e falar com os que estão lá. Eles nem te conhecem
como sua rainha ainda, muito menos a pessoa que está mandando eles a
guerra. E você deveria praticar sua magia, tanto para batalha quanto para
mostrar para seu povo que a vadia de Rowan não pode tocar você."
Eu tremi com os sentimentos que as palavras dele me inspiraram. Em Tucson,
estive tentando esconder minha magia, mas agora ela me chamava de novo. E
com essa ameaça de Katrice ­ não, esse insulto de Katrice ­ não havia nada que
eu queria mais do que convocar todas as forças da natureza para fazer ela em
pedaços.
"Dorian está vindo para para cá ­ hoje, eu acho," disse Shaya, interrompendo
meus pensamentos assassinos. "Siga a deixa dele. Ele sabe o que fazer."
Eu não tinha certeza do que isso significava. A única coisa que eu sentia certeza
era que eu não estava pronta para repassar os mapas que Rurik tinha colocado
na mesa e examinar todos os lugares para colocar as tropas. Eu sempre joguei
Risk* mal e tinha o pressentimento de que isso seria similar. Além do mais, eu
não tinha voltado para a terra Thorn para fazer uma guerra ­ não nesse
segundo, pelo menos. Eu vim por causa do sonho que tive ontem a noite, o
sonho onde eu me sentia em paz.
Porque naquele momento, eu não sentia paz. Uma rainha gentry queria liderar
seu exercito para matar minha gente ­ e eu deveria fazer o mesmo com ela. Eu
acabei de terminar com meu namorado, alguém que eu amava muito, porque
eu ­ possivelmente irracionalmente ­ o considerava responsável por não me
proteger dessa agressão. E quanto aquela agressão...bem, o rosto dele passou
pela minha mente, e não importava o quanto o tempo passava, eu não parecia
ser capaz de me livrar daquele sentimento dentro de mim ou da minha repulsão
de ter sido tocada.
Eu jurei para Rurik que eu falaria com ele mais tarde, que eu precisava de um
tempo para mim mesma primeiro, e deixei os dois e fui para um dos jardins do
castelo. Era o que eu normalmente meditava, onde Shaya ainda estava
tentando fazer crescer grama e onde Kiyo e eu tínhamos feito amor. Eu sentei
com as pernas cruzas, absorvendo o sol nas pedras laranjas ao meu redor e
liberando uma brisa fraca que agitou os galhos da algaroba e as arvores thorn.
Um pequeno lagarto correu para trás de uma pedra, e eu ouvi o que soava
como um beija-flor ­ ou uma pequena abelha ­ em um grupo de flores ali perto.
Eu clareei minha mente e tentei me comunicar com ela e curar a terra como eu
tinha feito antes, mas por alguma razão, a conexão não veio. Pânico passou por
mim. Os eventos com Leith tinham quebrado algo dentro de mim? Eu tinha
perdido minha habilidade de reviver meu reino? Eu sentei ali suando, me
perguntando o que aconteceria com a terra se eu não conseguisse me conectar
a ela. O calor eventualmente me deixou com sono, e eu sentei na grama,
minhas mãos cavando na terra. Quando acordei, duas coisas imediatamente se
tornaram aparentes. Primeiro, eu me sentia...melhor. Eu me sentia mais forte e
nova, e ao meu redor, as cores e cheiros pareceram mais fortes e vividos. Eu
ainda não estava feliz com a guerra iminente, mas aquele horrível sentimento
dentro de mim... a amargura que Leith tinha deixado... bem, tinha diminuído. O
ar passou ao meu redor, e por um segundo desorientador, eu não sabia dizer
onde eu terminava e a terra começava. Foi então que eu percebi porque minha
meditação não tinha funcionado. Eu não estava em condição para curar a terra.
Eu tinha que me curar. Agora eu estava energizada, pronta para fazer qualquer
coisa. Pronta para liderar essa guerra.
A outra coisa que eu notei depois de acordar era que Jasmine estava sentada ao
meu lado, os olhos cinzas olhando os meus. Eu me levantei. "O que diabos você
está fazendo aqui?" eu exclamei. "Você não deveria estar solta."
As algemas de Girard ainda estavam nela, e ela apontou a cabeça de volta para
o castelo. "Eu não estou exatamente solta."
Eu segui o movimento dela e vi uma dúzia de guardas, todos mantendo uma
distancia respeitosa, mas observando Jasmine de perto. Quando Volusian tinha
desaparecido, Rurik tinha sem duvidas aumentado sua segurança.
"Jasmine," eu disse. "Não estou com humor para o suas brincadeiras, ok? Poupe
suas reclamações e insultos para um dia quando eu não tiver que me preocupar
com uma guerra."
O rosto dela era perfeitamente calmo. "Eu ouvi o que aconteceu com você."
Eu me preparei para presunção. "Yeah, todo mundo ouviu."
"Eu vou lutar por você, sabe."
"Olha, tenho certeza ­ espera. O que você disse?" Eu a encarei, esperando para
ver aquela compostura se quebrar. Não se quebroou. Ela ainda estava séria e
parecia mais velha do que sua idade.
"Ele não tinha direito. Eu te disse antes: ninguém faz isso com a filha do rei
Storm. Nem mesmo você."
Eu fiquei sem fala por um momento, ainda esperando por uma piada.
"Jasmine... você me odeia."
Ela acenou. "Yup. Mas isso não muda o que aconteceu. Ninguem faz isso com a
herdeira do nosso pai e se safa sem ser punido. Dorian deveria esfaquear
Katrice também."
Eu decidi não mencionar que nada tinha tecnicamente sido feito ao nosso pai, já
que ele morreu anos atrás."O que você vai fazer exatamente?"
"A mesma coisa que você. Lutar. Usar minha magia. Convocar monstros."
"Mas...quero dizer, mesmo que você esteja tentando, hum, proteger a honra da
nossa família, você sabe que ainda vai estar me ajudando, né? Eu pensei que
você queria me destruir e ter o neto conquistador de mundo do nosso pai."
"Oh," ela disse docemente, "eu ainda quero. E eu vou. Mas vamos lidar com
Katrice primeiro. O herdeiro do nosso pai não pode nascer de estupro. Eu te
disse antes ­ só alguém digno. Aquele bastardo não era, e a mãe dele tem que
pagar. Assim que ela estiver acabada... bem, eu vou lidar com você. Além do
mais, alguém tem que tomar o reino dela quando eu a matar. É melhor que seja
eu."
Whoa. Tinham tantas partes na lógica de Jasmine que eram falhas que eu nem
sabia por onde começar. Eu não sabia toda a história da concepção dela própria,
mas minha mãe tinha sido estuprada. Só Deus sabe quantas mulher o rei Storm
tinha tirado vantagem; eu achava hipócrita da parte de Jasmine ter tamanha
moral sobre o herdeiro dele por causa disso. Ainda sim, eu não podia negar o
fato de que ela seria útil, e se era essa a razão necessária para ela me ajudar,
então que assim seja. Também seria útil não ter ela tentando me matar.
"Bem, então, obrigado," eu disse finalmente. Eu decidi não mencionar que de
jeito nenhum eu ia deixar ela se tornar a governante da terra Rowan. Detalhes,
detalhes.
Jasmine parecia incrivelmente satisfeita. "Então posso ficar livre, né?"
Eu fiz uma careta. "Sem chance."
"Mas estou ajudando você!"
"Yeah, mas ao mesmo tempo, você falou sobre o quanto você quer me usurpar.
Olha..." Eu olhei para todos os guardas. Eu teria que consultar Rurik sobre
aqueles menos prováveis de tentar engravidar ela, agora que Volusian se fora.
Alguns dos meus soldados eram mulheres.
"Você pode perambular mais pelo castelo ­ sobre guarda, é claro. E vou ver
quanto..." Eu franzi, de repente lembrando das minhas ajudantes da casa de
Art. Elas tinham mais ou menos a idade de Jasmine, relativamente falando, e
quanto a Markelle pelo menos, eu não tinha duvidas da lealdade dela. Eu me
perguntei se ela serviria como um guarda-costas/amigo. "Eu vou ver se consigo
alguém da sua idade para andar com você."
Jasmine fez uma cara feia. "Não era isso que eu tinha em mente."
"Yeah, bem, sua cela no calabouço ainda está disponível."
Ela me olhou de forma sombrio, o que era sua marca registrada, e voltou para
dentro. Mesmo assim, eu senti como se ela realmente fosse me ajudar, e
francamente, eu ia precisar de qualquer um que eu pudesse encontrar para sair
dessa confusão. Kiyo tinha deixado implicot que Katrice podia chamar alguns
aliados, e se isso se tornasse sobre vários reinos se acertando...
Eu levantei, de repente me sentindo mais uma vez doente. As chamas de paixão
e iniciativa que tinham passado por mim mais cedo começaram a se tornar
instáveis. Eu não podia fazer isso. Eu não podia liderar um exercito. Eu não
podia ir a guerra. O que eu estava pensando?
Tentando superar o ataque de pânico que crescia, eu voltei para o castelo,
querendo me esconder do meu quarto por um tempo. Eu passei por Rurik no
caminho. Ele aparentemente estava me procurando, esperando que eu pudesse
falar com os soldados reunidos e inspirar eles ­ particularmente já que as
noticias tinham chegado de que Dorian estava quase aqui. Eu acenei
rapidamente, prometendo qualquer coisa, desde que eu tivesse um momento
para me recompor e convocar minha confiança. Tudo isso era demais para mim.
Eu precisava ficar sozinha, para poder chorar.
Só que, aparentemente eu ainda estava longe de ser deixada sozinha. Ysabel
estava parada do lado de fora do meu quarto, os braços cruzados.
Aparentemente, minhas suspeitas estavam certas. Ela realmente ficava no
corredor esperando por mim.
"Sem lições de magia," eu disse a ela.
"Lições de magia?" ela exclamou, se ajeitando. Ela estava mais imaculada do
que nunca, os cabelos ruivos colocados em tranças. "Nunca mais vou te ensinar.
Meu senhor está me mandando embora ­ e é tudo por sua causa!"
A terra podia ter me curado, mas havia apenas uma certa quantidade de
revelações estranhas que eu podia lidar hoje. Jasmine se tornar minha aliada
era algo enorme. "Do que você está falando?"
"Meu senhor está a caminho," ela assoviou. "E ele mandou ordens de que eu
junte minhas coisas e me prepare para partir. Ele tem um pequeno grupo de
guardas pronto para me escoltar."
"E?" Eu dei de ombros, olhando minha porta com vontade. "Não é o que você
queria?"
Ela deu um passo em minha direção. "Ele não está me mandando de volta para
o castelo. Ele está me mandando de volta para meu vilarejo ­ de volta para
meus filhos. Você não entende? Ele acabou comigo! Ele está me deixando de
lado por sua causa!"
A raiva e o odio no rosto dela me fez supor que ela havia esquecido que eu
podia sufocar ela. Como era, ela estava no meu espaço pessoal tanto que eu
temia que ela de fato tentasse dar golpes físicos. Ele ficou cansado dela, como
do resto, mas isso não era minha culpa. Mas dizer isso a ela não iria ajudar.
"Sinto muito. Mas, quero dizer, você não vai ficar feliz por ver seus filhos?"
"Feliz?" ela gritou. "O que eu tenho para dar a eles? O que eu tenho para
mostrar pelo meu tempo na corte? Eu não tenho nada. Eu fui para a corte de
Dorian para melhorar a vida dos meus filhos ­ para nos trazer riqueza. Agora eu
tenho que voltar de mãos vazias, jogada de volta para nosso vilarejo."
Ouch. Eu não sabia o que dizer, não sabia se deveria elogiar as tentativas de
uma mãe de melhorar a vida de seus filhos ou olhar para alguém que tentou
fazer isso dormindo com o rei.
"Desculpe," eu disse cansada. "Tenho certeza de que você vai dar um jeito."
Eu comecei a me afastar, e para minha surpresa, ela agarrou meu ombro, e me
virou em direção a ela. Eu acho que ela estava prestes a fazer um insulto, mas
eu não dei chance a ela. Eu ainda não estava pronta para ser tocada, e ela me
pegou desprevinida. Sem pensar duas vezes, meus instintos convocaram magia,
o ar empurrando ela para longe de mim e batendo ela ­ com força ­ na parede.
Ela ficou parada ali, perplexa, e eu ofeguei, horrorizada com a brutalidade do
que eu tinha feito se sequer pensar. Eu estava mesmo me tornando a filha do
meu pai.
"Você está bem?" eu perguntei, indo em direção a ela quando ela não se
moveu.
Ela se afastou de mim, o que eu esperava que significasse que ela não tinha uma
concussão. "Isso não acabou. Eu nunca vou te perdoar por tirar ele de mim! Eu
vou fazer você pagar. Ele é meu. Você entendeu? Meu."
Isso foi seguido por várias declarações de ódio e insultos sobre o quanto ela me
odiava e se certificaria que eu fosse destruída. Mas ela manteve distancia, então
aparentemente meu breve lapso de violência tinha feito algo bom. Depois de
um tempo, eu não tive paciência e simplesmente fui para meu quarto, deixando
ela lá. Eu tranquei a porta mas ainda conseguia ouvir ela falar.
Lembrando do que Rurik disse, sobre eu sair e falar com as pessoas que
possivelmente poderiam morrer por mim, eu tentei me distrair de Ysabel
olhando o quarto mais de perto. Eu achei que provavelmente deveria usar algo
gentry, e Nia tinha me mantido bem estocada. A faísca estava reacendendo em
mim, aquela necessidade de me vingar contra Leith e mostrar a Katrice que não
podia brincar conosco. Eu iria me provar como um líder forte para aqueles aqui.
Eu estava pegando um vestido de ceda azul que parecia apropriado quando os
gritos de Ysabel finalmente pararam. Com um suspiro de alivio, eu comecei a
colocar o vestido por cima de uma cadeira ­ e vi o que estava fora de uma
pequena janela.
Havia um exercito ali.
Eu imediatamente me afastei, tentando bloquear o mar de rostos que eu tinha
visto lá fora. Eu soltei o vestido me sentindo tonta. A realidade de tudo me
atingiu, e de novo eu me senti desamparada e fora da casinha. Uma batida forte
soou na porta, momentaneamente quebrando meu pânico. Raiva era uma
emoção fácil de se lidar, e eu corri, abrindo a porta com força.
"Olha, eu te disse que não tem nada que eu possa fazer sobre - "
Eu parei. Não era Ysabel do lado de fora da minha porta.
Era Dorian.

VINTE E OITO

"Oh," eu disse toscamente, me afastar para que ele pudesse entrar. "Eu pensei
que você fosse outra pessoa coisa."
"Alguém em um vestido de veludo gritando no alto de seus pulmões?" ele
perguntou. Ele passou por mim naquela forma graciosa dele, e eu notei que ele
teve o cuidado de manter uma distância saudável entre nós, sem eu ter pedido,
como se ele suspeitasse minha aversão ao toque.
"Algo assim." Fechei a porta.
Ele deu de ombros e logo encontrou o vinho no quarto. "Ela não vai mais te
incomodar," ele disse, servindo uma taça. "Estou mandando ela embora."
"Sim, ela me disse. Você sabe, eu me sinto meio mal por ela."
"Pare,"ele ordenou. "Ela não é sua preocupação. Ela não deveria ter tido
expectativas sobre seu relacionamento comigo."
"Sim, bem, ela meio que teve."
"Mais uma vez, uma pessoa com raiva não é da sua conta - não com tudo mais
que está acontecendo."
Eu fiz uma careta. "Suponho que não, embora com certeza pareça que um
monte de pessoas estão com raiva de mim - oh. Deus. Eu quase esqueci. Você
tem Volusian?"
Dorian estava ajustando sua espada e capa para baixo. Ele não parecia feliz com
a referência.
"Sim ... eu o escravizei a mim."
"Eu posso ... eu posso ter ele de volta?"
Ele me olhou. "Você tem certeza que é o que você quer? Seria melhor se
baníssemos ele
juntos."
Hesitei, lembrando das mãos de Volusian na minha garganta e sabendo o que
aconteceria se eu perdesse o controle novamente. Mas no entanto, eu não iria.
Eu permaneceria forte, e eu precisava dele para o que estava por vir. "Sim", eu
disse com firmeza. "Eu quero ele de volta."
Dorian deu de ombros. "Então eu vou chamá-lo mais tarde. Não vamos estragar
o momento ainda. Ele é bastante deprimente, você sabe. "Dorian caminhou em
direção à janela e se agachou, pegando o vestido que eu tinha derrubado. "Isso
é lindo."
"Eu ia colocar, mas ... mas ..." Engoli em seco e acenou com a cabeça em direção
à janela.
"Há um, hum, exército lá fora."
Ele colocou o vestido cuidadosamente sobre a cadeira e olhou pela janela. "Sim.
Sim, tem.
O seu e o meu. Bem, parte deles."
"Eu não posso acreditar que isso aconteceu."
"Se esconder deles não vai fazê-los ir embora."
"Eu meio que esperava que fosse."
Ele não disse nada, mas me deu um olhar cheio de expectativa. Algo sobre ele
me atraiu, e
me preparando,me aproximei novamente da janela, olhando para o batalhão na
vasta areia na parte de trás do castelo.
Havia muitos mais do que eu esperava - e essa era supostamente apenas uma
porção do número de soldados que lutariam por Katrice. Meu pequeno exército
em seus trajes incompatíveis se destacava na formação de um lado. Os
"reservas " de Dorian estavam do lado deles, muito mais bem-vestido em
camisas verdes profunda sob sua armadura de couro e emblemas de ouro em
forma de carvalho. Tantos... e de novo, ainda não era a força toda.Mais dos
soldados dele iriam se juntar, e então meus números iriam crescer quando a
chamada passasse pela terra, quando eu fosse para Highmore - se eu lá.
"Tudo isso," eu murmurei, "tudo isso por causa de uma cadeia de decisões. Eu
recusando Leith, ele me seqüestrando, você... "Eu não consegui terminar as
palavras, mas Dorian e eu sabíamos o que eu estava prestes a dizer.
"Você se arrepende?"Perguntou ele. "Do que eu fiz?" Ele parecia mais legal e
confiante do que nunca, mas eu podia jurar que havia uma pequena nota de
medo em sua voz - medo dele ter feito algo que eu não queria.
As palavras de Kiyo sobre como eu lamentaria tudo isso voltaram para mim, e
eu ficava imaginando se realmente valeu a pena, todos esses homens e
mulheres que poderiam morrer... para quê? Pela minha honra? Minha
vingança? Eu ainda poderia responder a mensagem de Katrice, dizer a ela que
eu iria casar com seu sobrinho e fazer a paz...
Um nó se formou em meu estômago, e eu sabia que essa não era uma opção.
Eu nunca poderia ficar com alguém daquela família, não sem pensar em Leith,
em suas mãos e seu corpo. Eu nunca poderia deixar que ela ou qualquer um
achasse que eu ou o meu povo poderíamos ser usados. Afinal, Leith não tinha
apenas acabado de se aproveitar de mim. Aquelas meninas tinham sofrido
também. Eu era a protetora do meu povo. Eu era tanto a Rainha Thorn quanto a
Terra Thorn.
A imagem de Dorian cravando sua espada através Leith voltou à minha mente.
Provavelmente eu deveria achar horripilante. Em vez disso, ela me trouxe... paz.
"Não." Eu me virei e olhei diretamente nos olhos de Dorian. "Eu não me
arrependo. Eu ... eu estou feliz por você ter feito aquilo."Minha voz vacilou um
pouco. "Estou tão feliz que você fez tenha feito aquilo."
O rosto dele se transformou de alguma forma, preenchido com um tipo de
maravilha. Eu acho que ele ficou tão habituado ao meu estilo, a minha maneira
humana de ser racional e misericordiosa... Bem, eu acho que ele s muito tempo
se preparava para a minha ira. Minhas suspeitas anteriores sobre a preocupação
em sua voz estavam corretas. Ele provavelmente esperava uma reação
semelhante a quando ele tinha me dado a Terra Thorn.
O olhar em seu rosto me deixou atrapalhada e confusa. Voltei a olhar a janela e
admiti, "Mas eu ... eu estou com medo. Eu não quero travar uma guerra. Eu
certamente não sei como. "
Dorian veio ficar ao meu lado, ainda mantendo cuidado para manter uma
distancia entre nós. "Está no seu sangue," disse ele. "O Rei Storm foi o maior
estrategista em séculos."
"Eu não sou ele. Eu não quero ser como ele."Uma voz desagradável falou na
minha cabeça: Mas você chamou a si mesma de Rainha Storm, de acordo com
Kiyo.
"Você pode herdar seu gênio sem a crueldade," disse Dorian.
"Eu suponho, mas ainda assim ... eu ainda não sei o que fazer. Você vai me
ajudar?"
Viramos para olhar um para o outro e, novamente, seu rosto pareceu se
iluminar por dentro. "É claro. Você não é o única a quem Katrice está atrás. Eu
sou aquele que matou o pobre coitado, lembram-se? "A luz desapareceu um
pouco de seu rosto com a referência a Leith. Ele se inclinou eu minha direção, os
olhos intensos. "Eu faria isso mil vezes, se eu pudesse. Com guerra ou não."
Aquela seriedade na voz dele, aquela ferocidade - enviou um arrepio pela minha
espinha. "Você só diz isso porque por não foi à guerra ainda. Você não sabe o
que vai acontecer."
"Ah, Eugenie. Eu sei. Nós seremos vitoriosos, você e eu. Nós somos os mais
fortes monarcas
neste mundo. Katrice sabe disso, mas está cega por sua dor e raiva. Você e eu
vamos liderar este exército, e vamos conquistar a Terra Rowan. Vamos dividi-la
entre nós, acrescentando ela em nossos próprios reinos ... e daí, podemos ir a
qualquer lugar. Poderíamos reinar metade deste mundo juntos - todo este
mundo - você e eu. Reino após reino iria cairia para nós ... "
Eu o olhei, quase apanhada na sua visão. A apreensão que eu estive mantendo
começou a
se elevar enquanto eu imaginava nós destruindo as forças dela e eu convocando
tempestades que faziam o mundo tremer. Eu ri, inquieta, preocupado com a
forma como os meus pensamentos tinham ido. "Um reino é suficiente," eu
disse, a parte humana de mim, trazida de volta à Terra.
"Você diz isso agora, mas eu te digo, está em seu sangue." Ele me olhou
intensamente e
olhos cheios de entusiasmo pareciam ser de todos os tons de verde e de
dourado do mundo. Eu mergulhei neles. Me sentia bonita neles. Como uma
deusa. "Eugenie, você vai ser uma rainha guerreira como ninguém jamais viu.
Seu nome vai viver quando o do Rei Storm a muito tiver virado pó. Você vai
liderar seus exércitos -poderosa, destemida, e linda. A `guerra' de
Katrice é uma batalha, mas você vai acabar com ela debaixo de sua bota."
Eu tive um momento de desorientação, em seguida, recordando uma visão que
eu tive no Submundo. Minha alma tinham procurado Kiyo, mas era Dorian eu
tinha visto em um estado de sonho, com nós dois de pé sobre um precipício
diante de exércitos, nós dois radiantes e majestoso. Havia um bebê em meus
braços e uma coroa na minha cabeça.
Eu nunca contei a ninguém sobre isso. Tinha sido um teste, não uma visão do
futuro. Tentando
manter as coisas leves com Dorian, perguntei, "E onde você vai estar em tudo
isso? De alguma forma eu não imagino que você estará à espreita nas sombras."
"Eugenie minha querida," disse ele, de volta ao seu eu, irreverente galante, " lá
você vai, sempre suspeitando de segundos intenções." Ele se ajeitou,dando um
ar digno. "Eu, naturalmente, estarei ao seu lado."
Eu ri. Dorian seria sempre Dorian. "Partilhando a glória e poder, sem dúvida."
"Um pouco, certamente." Sua alegria desapareceu, e ele ficou sério, mais uma
vez. "Mas também lá para te manter segura. Quaisquer batalhas que você se
envolver, independente de você escolher conquistar este mundo ou
simplesmente voltar a exorcizar fantasmas ... o que aconteceu com Leith nunca,
nunca mais vai acontecer. Não enquanto eu viver. Eu juro. Eu sempre vou te
manter segura. "Ele se moveu para a frente mas ainda com cuidado de não me
tocar. No entanto, a veemência na voz dele era tão forte, que era praticamente
tangível. "Sempre".
Meu sorriso se foi. Eu estudei ele por um longo tempo e percebi que eu
acreditava nele. Kiyo tinha falhado comigo. Dorian não falharia.
E então percebi que eu tinha sido uma idiota por continuar a tentar afastar
Dorian. Eu confiava nos motivos dele totalmente? Não. Mas eu confiava nele
para me proteger. Eu percebi
logo antes de minha captura que eu amava tanto ele quanto Kiyo, eu os amava
da mesma forma que meu sangue e alma eram separados em dois. As duas
metades da minha natureza iam sempre guerrear uma com a outra.
E agora, eu não precisava da metade humana cautelosa, que iriam procurar a
paz racionalmente. Eu precisava da parte que não estava com medo de liberar o
poder que eu tinha, de evoluir para frente sem restrições. Eu agora precisava de
Dorian. Era o amor dele que iria me permitir ser forte e destemida com o que
estava por vir.
Lentamente, hesitante, eu entendi a mão e a peguei a mão dele. Foi
monumental. Eu acho
que ele sabia que era, também. Eu não tinha sido capaz de suportar ninguém,
exceto minha mãe me tocando nas duas últimas semanas. Eu certamente não
tinha sido capaz de lidar com nenhum homem fazendo isso. Os olhos dele se
arregalaram levemente com meu contato, e eu percebi que ele estava
segurando a respiração, com medo por mim.
Eu segurei sua mão, sentindo seu calor e os dedos longos e lisos. Havia tanto
poder na conexão com outra pessoa, em ter uma proximidade física. Com tanto
cuidado quanto eu usei para tocar-lo, eu movi a mão dele para descansar no
meu quadril e dei um passo para frente. Dorian engoliu, e pela primeira vez
desde que eu o conhecia, ele parecia tímido.
"Eugenie-"
Eu pressionei um dedo nos lábios dele e fiquei na ponta dos pés para beijá-lo. A
boca dele se abriu instantaneamente a minha, quente e ansiosa. Me empurrei
mais perto dele, mas quando coloquei o outro braço dele ao meu redor, ele se
afastou levemente. Eu podia sentir e ver o desejo dele, mas ele balançou a
cabeça.
"Não, não ... é muito cedo ..."
"Sou eu que diz quando é cedo demais." Eu beijei ele novamente, com mais
força, e fiquei surpresa com a rapidez com que a luxúria queimou pelo meu
corpo. Apesar do que eu tinha acabado de dizer, eu tinha acreditado até esse
momento que eu nunca iria querer outro homem. Mas estar perto de Dorian,
sentindo essa eletricidade e poder crepitar entre nós ... trouxe de volta um
desejo antigo que eu estive combatendo recentemente, o desejo que quase me
fez ceder a ele naquela pequena aldeia, quando eu ainda estava comprometida
com Kiyo...
Mas eu não tinha tal compromisso agora.
Ele devolveu meu beijo com igual intensidade, suas mãos correndo pelo meu
quadril. A paixão
estava se apoderando dele, ele estava começando a se perder nela. Então,
como antes, alguma parte razoável dele fez ele voltar atenção mais uma vez. Eu
acho que o mundo ficaria chocado em saber que o rei Oak tinha tal consciência.
Ele se afastou de novo, mas dessa vez, eu não o deixei falar.
"Você quer que a minha vez mais recente tenha sido com ele?" Eu exigi. "Você
quer que Leith seja a memória que eu vou carregar comigo da última vez que fiz
sexo?"
Meus dedos se mexeram para os botões da minha camisa algodão de manga
compridas e abriram todos eles. Pegando as mãos dele, eu as trouxe para o meu
peito, jogando a camisa longe e fazendo ele tocar meus seios. Eu tinha estava
sem sutiã hoje, e suas mãos eram quentes onde acariciavam minha pele nua.
"Tornar esta a minha memória", eu disse com voz rouca, com um pouco mais de
comando na voz do que eu pretendida. "Faça ser bom. Faça isto ser o que eu
penso quando penso em sexo. Termine o que você começou naquele dia..."
As mãos dele já não precisava do meu pedindo. Ele tocava meus seios, os dedos
dançando ao redor dos meus mamilos. Ao mesmo tempo, ele me empurrou
para a cama, me deitando de costas. A boca dele me esmagou com um beijo, e
então os lábios dele se moveram do meu pescoço para meus seios, colocando
um mamilo na boca dele. Ele sugou gentilmente a principio, a língua indo para
trás e para frente, mas então os lábios dele ficaram mais urgentes. Os dentes
dele me morderam enquanto suas mãos deslizaram meu jeans. Depois que ele
estava no chão, ele se sentou um momento, me examinando e a toda a pele nua
diante dele.
Não ter ele me tocando era uma agonia, e me estiquei, desapertando o cinto
enfeitado e suas calças. Ele se afastou da cama, se levantando, de modo que ele
pudesse soltar as calças até embaixo. Sua camisa saiu a seguir, e então ele ficou
ali, nu diante de mim para a minha inspeção, aquele deus perfeito de mármore
que ele tinha sido antes. Olhando sobre a magreza de seus músculos, como
forte e duro ele estava, eu senti meu próprio corpo responder com urgência. Eu
antes reclamei para Kiyo sobre as preliminares, mas agora, eu não queria
nenhuma com Dorian - embora eu não tivesse dúvidas de que ele teria me dado
hora delas, os exércitos que se danem.
"Não espere", eu implorei enquanto descia minha calcinha para dos meus
quadris. "Não espere."
Ele pegou as calcinhas e as puxou pelo resto do caminho. Eu pensei que ele iria
se juntar a mim
na cama, mas ele permaneceu de pé. Ele pegou meus tornozelos e me puxou
em direção a ele, até que meu traseiro estivesse na borda da cama. Ainda
segurando meus tornozelos, ele ergueu minhas pernas até que elas estivessem
quase em linha reta no ar, quase encostado em seus ombros. Então ele se
inclinou para frente e empurrou para dentro de mim, gemendo no calor e
umidade que encontrou lá. Eu joguei minhas mãos sobre minha cabeça,
arqueando meu corpo e vendo enquanto ele estocava para trás e para frente.
Os olhos dele estavam em mim também, absorvendo cada parte de mim. Havia
algo especial sobre sexo na luz do dia, particularmente com ele parado sobre
mim para que nós dois pudéssemos ver um ao outro. Não havia como se
esconder. Tudo estava exposto. Vulneravel. É fácil se sentir inseguro em tais
momentos, mas eu não me senti, não com a forma que ele me olhou, não
apenas com luxuria ­ mas com reverência e adoração também.
Ele enterrou-se em mim de novo e de novo, com força e furiosamente sem ser
doloroso. Era tão diferente do que tinha acontecido na casa de Art que eu
percebi que nada lá podia ser considerado como sexo. Ter Dorian dentro de
mim era bom e parecia certo. Meu corpo estava repleto de necessidade, e ele
parecia fogo onde ele se mexia entre minhas coxas. Esse calor cresceu dentro de
mim, e eu senti uma faísca de prazer crescer cada vez mais forte, abastecida
com cada estocada. Eu gritava, sentindo meu corpo à beira do orgasmo, e
quando ele chegou, foi como uma explosão de mim, do mundo ... puro êxtase e
alegria explodiram por entre minha até a ponta dos meus dedos das mãos e
pés.
Ele soltou minhas pernas para trás retas na cama e em seguida deitou em cima
de mim, nunca quebra o ritmo.Se tanto, ele enfiou com mais força, perto do seu
próprio clímax. Aquele glorioso cabelo passou por meu rosto, e eu passei meus
braços em volta do seu pescoço, pendurados os meus dedos nos fios de seda.
Seus próprios braços se enrolaram ao redor do meu corpo, me cercando como
um casulo enquanto seus quadris se moviam com cada vez mais força.
Então, ele exclamou em voz alta, palavras que não tinham sentido real, e
pressionou o rosto contra o meu pescoço enquanto gozava, o seu corpo
derramando em mim. Eu o segurei proximo enquanto ele respirava
pesadamente contra o meu pescoço, seu coração acelerado. Minutos se
passaram, e seu corpo finalmente se acalmou, embora eu
tenha continuado a agarrá-lo. Finalmente, sem sair do meu abraço, ele ergueu a
cabeça e
tirou os cabelos do meu rosto.
"Eu te disse, Eugenie. Eu te disse que o mundo renasceria quando estivéssemos
juntos. Ele irá renascer, e vamos conquistar tudo..."
Eu acaricio seus lábios com meus dedos. "Não se empolgue. Estamos apenas
resolvendo um rancor aqui."
O olhar em seus olhos me disse que ele acreditava que muito viria disso, mas
ele sabiamente não disse nada.Rolando, ele se acomodou ao meu lado nas
cobertas, e nós dois ficamos deitados ali, nossos lados entrelaçados.
"Eu suponho," eu disse finalmente, "eu deveria ir falar com todas aquelas
pessoas lá fora, já que eles vão arriscar sua vida por minha honra."
"É mais do que apenas a sua honra", disse ele. "É a terra também. Você é a
terra, e quando
eles te virem, eles vão lutar felizes por você."
Eu me sentei, meus olhos recaindo sobre o vestido de seda. "Eu acho que tenho
que fazer parte. Pena que não há uma coroa."
Dorian se sentou também. "Não há?"
Ele caminhou até a mesa que tinha colocado a sua espada e manto quando
entrou. Eu estava distraída demais para notar na hora, mas havia um pequeno
embrulho também.
Ele trouxe para mim, e eu me encontrei segurando o fôlego. De repente eu
sabia o que
era, e eu estava com medo.
"Qual problema?"ele perguntou, quando ele deu para mim e eu não peguei.
"Eu ... Eu tive um sonho ..."
Eu não podia explicar a visão do Submundo para ele, aquela em que estávamos
juntos numa colina juntos. Quando nós estávamos lá, eu havia aceitado a coroa
do Rei Storm ­ ou, bem, a versão feminina dela ­ e foi quando eu me encontrei
olhando para baixo para todos aqueles soldados esperando para lutar por mim.
"Que tipo de sonho?"
"É difícil de explicar."
Sem esperar por mim, Dorian desembrulhou o pacote ele mesmo. Meu coração
balançou enquanto eu me preparava para novamente, um elaborado trabalho
de platina, carregado com e ametistas ...
Mas não era.
A coroa que ele segurava era de e muito, muito delicada. Hesitante eu a peguei
e estudei todos os detalhes. Haviam pequenas rosas gravadas nela - rosas com
muitos espinhos. Pequenas esmeraldas - nada muito grande - estavam
espalhadas entre as folhas de ouro. Ela não lembrava nenhum pouco a coroa do
Rei Storm.
"Isso é trabalho de Girard", eu disse, com certeza.
"É", Dorian concordou, passando um dedo por meu braço nu. Ele pareceu
aliviado por eu ter pego a coroa. "Você não é o única que pode encomendar
projetos."
"Mas ele trabalha para Katrice."
"Não mais. Lembra do dia que você o conheceu? Eu te disse que ele é um
oportunista. Ele rolou os dados e decidiu que nós somos o lado para se aliar ­ o
que, naturalmente, nós somos.
Ele será muito útil para as armas, eu acho."
Meus olhos ainda estavam na coroa e em sua beleza. Eu não conseguia explicar
o quão aliviada eu estava por não ser em nada parecia com a coroa da minha
visão.Hesitante, eu levantei e coloquei no topo da minha cabeça. Eu olhei para
Dorian para confirmação. "O que você acha?"
Ele sorriu, estendendo a mão para endireitá-la e arranjar o cabelo ligeiramente.
"Vai ver por si mesma."
Saindo da cama, eu caminhei até o espelho de corpo inteiro e me examinei. Eu
ainda estava
nua, toda aquela pele pálida contrastando com o vermelho do meu cabelo e
com o brilho da coroa. Meu cabelo não tinha o loiro que o de Jasmine tinha,
mas tinha as luzes douradas ocasionais, e a coroa fez aquelas mexas brilharem
enquanto elas descansaram logo após os meus ombros. As esmeraldas eram
sutis, não berrantes, mas vividas o suficiente para destacar meu cabelo e olhos.
"Então o que você acha?" Dorian perguntou.
Olhei para ele, ainda estirado na cama e me olhando com divertimento. Virei de
volta para o espelho, me estudando nua, coroada. Eu sorri.
"Eu acho que fica bem em mim."

 

 

                                                   Richelle Mead         

 

 

 

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