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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


REAPER’S STAND / Joanna Wylde
REAPER’S STAND / Joanna Wylde

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Como presidente dos Reapers Motorcycle Club, Reese ‘Picnic’ Hayes tem dado toda a sua vida ao clube. Depois de perder sua esposa, ele sabia que nunca iria amar outra mulher. E com duas filhas para criar e um clube a gerir, estava tudo bem para ele. Nos dias de hoje, Reese mantém seus relacionamentos livre e fácil e ele definitivamente não quer perder seu tempo com uma senhora da limpeza glorificada como London Armstrong.
Pena que ele está completamente obcecado por ela.
Além de gerir o seu próprio negócio, London tem a filha de sua prima drogada para cuidar - mais imprudente do que a média das meninas de dezoito anos de idade. Claro que ela está atraída pelo presidente Reapers, mas ela não é estúpida. Reese Hayes é um criminoso e um bandido. Mas quando a jovem prima dela é pega por um cartel de drogas implacável, Reese pode ser o único homem que pode ajudá-la. Agora London tem que tomar a decisão mais difícil da sua vida - o quão longe ela irá para salvar sua família?

 

 

 

 

Prólogo

Coeur d'Alene, Idaho

Dias atuais

LONDON

Devo olhar nos olhos dele quando eu o matar ou simplesmente matá-lo pelas costas?

Difícil decisão.

Me agachei na cozinha, vasculhando minha bolsa como se procurasse chaves. Eu sabia exatamente onde a arma estava, é claro, mas puxar ela para fora parecia tão... obsceno. O cheiro de jantar no fogão encheu meu nariz. Pimentão, frango, com pão de milho de grãos inteiros no forno, porque é mais saudável.

Ele já estava assando por 10 minutos, o que significava que eu tinha cerca de doze minutos mais para acabar com a vida dele antes do pão queimar.

Reese estava na sala de jantar, lendo uma de suas revistas de moto e bebendo a sua cerveja favorita, enquanto esperava pela comida. Eu tive certeza de comprar um fardo com 12 cervejas mais cedo, e eu o encontrei na porta com uma gelada e aberta, pronta para beber. Ele estava em sua segunda no momento. Eu não tinha ilusões - duas cervejas não seriam suficientes para atrasá-lo se ele viesse atrás de mim, ou acalmar sua dor, se eu errasse o alvo.

Ainda assim, um homem merece uma cerveja antes de morrer, certo?

Meus dedos tocaram o metal frio da arma. Peguei meu telefone e olhei para a foto de Jessica, olhando para ela, bonita, o rosto sorridente no dia da formatura. Tão cheia de esperança e promessas. Ela ergueu o braço direito para acenar para a câmera. Seu dedo mindinho apontou em frente, oferecendo um vislumbre de sua unha de acrílico. Ela queria tanto se formar. Eles não tinham dinheiro, mas eu não podia dizer que não.

Você tem que entender - nenhum de nós jamais esperava Jessica se formasse.

Inferno, ela não deveria sequer estar viva. A cadela da minha prima tinha usado drogas durante a gestação, mas de alguma forma Jessica tinha conseguido. Não ilesa. Ela tinha as peculiaridades do desenvolvimento anormal... pouco controle de impulsos, mau julgamento. Rápida para se irritar. Isso veio dos efeitos da droga - um presente que estaria presente em toda a vida de uma criança. Mas pelo menos ela tinha uma vida. A irmã dela morreu na UTI dois dias depois de nascer. Nunca teve chance.

Foda-se, Amber. Foda-se muito por fazer isso com suas filhas.

Olhei para o cronômetro e percebi que tinha perdido quase três minutos pensando sobre Jess. Eu acho que eu poderia matá-lo depois de retirar o pão, mas atrasar isso só iria dificultar as coisas.

Ou talvez eu deveria alimentá-lo primeiro?

Não. Ele tinha sua cerveja, mas se eu tivesse que sentar em frente a Reese durante uma refeição, eu nunca conseguirei fazer isso. Eu não podia olhar para aqueles olhos azuis e sorrir. Eu nunca tinha sido uma boa mentirosa. Mês passado tinha sido o céu e o inferno em uma grande piada de mau gosto.

Certo. Hora de fazer isso.

Eu retirei a pequena pistola e enfiei no bolso da blusa solta que eu tinha escolhido com tanto cuidado apenas para este momento. Eu também tirei minhas chaves, meu RG, e meu dinheiro, colocando-os em meus jeans. No caso de precisar. Eu realmente não esperava sobreviver à essa noite, mas nunca é demais ter esperança. A van estava pronta para ir, na chance de eu consegui fugir.

Claro, eu não tinha ideia de onde eu ia de carro. Queime essa ponte quando você chegar a ela...

As coisas começaram a dar errado logo que entrei na sala de jantar. Reese não estava sentado à cabeceira da mesa, onde eu tinha deixado ele. Droga. Eu poderia ter atirado nele pelas costas sem aviso se ele apenas tivesse ficado onde estava. Agora, ele se sentou de frente para mim, se inclinando casualmente em sua cadeira, cerveja na mão. A revista estava aberta diante dele, e ele olhou para cima, me oferecendo esse seu sorriso zombeteiro. Deus, eu amava aquele sorriso, apesar do fato de que ele poderia ser cruel como a merda.

— Algo que você quer falar? — perguntou ele, inclinando a cabeça.

— Não, — eu murmurei, me perguntando o que ele diria se eu compartilhasse meus pensamentos. Droga, Reese, eu sinto muito, eu estou a ponto de te matar, mas se isso te faz sentir melhor, eu me odeio por fazer isso - eu não tenho cem por cento de certeza se eu não vou atirar em mim mesma logo depois.

Eu não faria isso, no entanto. Ainda não. Não até que eu visse Jessica com meus próprios olhos, tendo certeza que eles tinham mantido as suas promessas e ela estava sã e salva. Depois disso?

Bem. Nós apenas temos que ver.

Ele suspirou, os olhos passando rapidamente para o meu bolso, onde minha mão se deslocou nervosamente sobre a arma.

Paranoia me bateu mais uma vez.

Ele sabia. Ele sabia sobre tudo isso, eu poderia ver em seu rosto. Porra. Eu tinha falhado com ela... Não seja ridícula. Como ele poderia saber?

— Babe, você parece precisar de um dia de folga, — disse ele finalmente. — Você já pensou em ir ao spa? Talvez fazer uma massagem?

— Isso custa muito caro, — eu disse automaticamente, mordendo uma risada histérica. Porque o dinheiro importava agora, certo?

— Eu não estava sugerindo que você pagasse por isso, — disse ele, franzindo a testa para mim.

— Eu não quero o seu dinheiro-

— Sim, eu sei, você é totalmente independente e você gosta desse jeito. Blá, blá. Apenas me deixe fazer algo por você pelo menos uma vez. Pelo amor de Deus.

Merda. Por que ele tinha que ser tão bom?

Senti meus olhos começarem a encher a água e eu desviei o olhar, me forçando a desligar novamente e me concentrar. Eu precisava matá-lo, e eu não poderia lhe dar qualquer aviso. Mas ele estava passando por mim e fazendo seu caminho direto para o quarto, que era um problema maior do que parecia. Pistolas não são exatamente conhecidas por sua precisão, e não é como se eu tivesse muita experiência.

Eu precisava chegar mais perto.

Se eu chegasse por trás dele, esfregasse os seus ombros... Isso seria perto o suficiente. Deus, eu era um ser humano de merda.

— A comida não estará pronta por pelo menos mais dez minutos, — eu disse. — Você parece tenso. Quer uma massagem no pescoço?

Ele levantou uma sobrancelha quando eu circulei a mesa.

— Eu acho que você deve se afastar, — disse ele lentamente. Fiz uma pausa.

— O que você quer dizer?

— Bem, eu odiaria tornar isso muito fácil para você, querida.

Meu peito apertou. Eu ofereci um sorriso fraco, porque como eu disse - eu sou uma mentirosa de merda.

— Eu não entendi.

— Eu estou supondo que você está planejando atirar na parte de trás da minha cabeça, — disse ele em voz baixa, e foi aí que eu percebi que ele não estava relaxado em tudo. Ele pode estar inclinado para trás casualmente, mas cada um desses músculos sólidos em seu corpo estava apertado, pronto para atacar. — Isso é uma má ideia. Se você atira tão perto, você vai estar toda coberta de manchas de sangue. Significa que você corre o risco de deixar mais evidências ao sair da casa ou leva tempo para limpar. De qualquer maneira, complica as coisas.

Bem. Pelo menos estava tudo claro finalmente. Quase um alívio. Puxei a arma e a segurei apontada, usando minha mão esquerda para preparar minha direita enquanto eu cuidadosamente mirava nele. Eu esperava que ele viesse em minha direção, para lutar. Em vez disso, ele apenas ficou sentado, esperando.

— Vá em frente, faça isso, — disse ele, com um sorriso triste brincando nos cantos de sua boca. — Me mostre do que você é feita.

— Eu sinto muito, — eu sussurrei. — Você nunca vai saber o quanto eu desejo que isso não estivesse acontecendo.

— Então, não faça. Seja o que for, podemos trabalhar com isso. Eu vou te ajudar.

— Você não pode.

Ele suspirou, e então olhou para trás e empurrou o queixo.

— Acabou, babe, — ouvi um homem dizer por trás. Huh. Eu acho que tinha. Felizmente, eu tinha apenas o tempo suficiente para puxar o gatilho antes que ele me batesse.


Capítulo Um

 

Dezoito dias atrás

 

LONDON

 

Minhas costas estavam me matando.

Eram quase duas da manhã, e eu tinha acabado o turno de limpeza noturno na loja de penhores. Eu estava me deixando ficar mole nos últimos dois meses. Muito tempo gasto no gerenciamento do negócio, não tempo suficiente limpando banheiros, porque eu tinha esquecido de como o trabalho de esfregar um banheiro realmente é.

Bem, esfregar banheiros, pisos, tirar o pó, limpar. O London’s Cleaning Service fazia tudo isso, e embora nós não somos a equipe mais barata na cidade, nós somos a melhor. Eu sabia disso porque eu recusei mais serviços do que peguei esses dias. Graças a minha reputação, encontrar novos clientes era fácil. Trabalhadores? Nem tanto. A maioria das pessoas não são fãs de passar suas noites limpando dia após o outro, e até mesmo com a meu mais-elevado-do-que-a-média de salário inicial, as pessoas ainda me criticam.

Hoje à noite, por exemplo.

Eu tinha recebido um telefonema de Anna – líder de uma das minhas esquipes – dizendo que ela tinha dois membros que faltaram. Porque a vida de uma senhora da limpeza é um glamour sem parar, isso significava que eu tinha que passar minha sexta-feira raspando xixi seco do chão do banheiro masculino.

Grande existência, eu sei.

Pelo menos as minhas costas estão doendo e eu poderia rastejar para a cama logo.

Eu fui para casa e notei um Honda Civic azul estacionado em frente. O carro de Mellie – a melhor amiga da minha jovem prima. Ela devia passar a noite com Jessie, eu percebi. Eu engoli a onda de irritação. Por um lado, eu realmente preferia quando Jess me perguntava sobre isso com antecedência.

Por outro lado, havia coisas piores do que ter a menina em casa em uma sexta-feira. A maioria delas era pior, na verdade. Deus, eu a amava muito, mas Jessica era impossível. Me lembrei mais uma vez que não era inteiramente culpa dela - os conselheiros me disseram várias vezes que eu precisava ajudá-la a aprender a lidar com suas limitações, porque não é como se ela tivesse crescido com isso.

Tomar decisões não era o forte de Jessica.

De acordo com os especialistas, essa parte de seu cérebro simplesmente não tinha se desenvolvido muito bem, graças ao contínuo uso de drogas de sua mãe. Eu não tinha certeza de como eu me sentia sobre isso. Eu sabia que ela não era como as outras crianças. Mas você sabe o quê? Nós todos temos que aprender a conviver neste mundo. Ninguém nasce um quadro limpo, e ela não era mais uma garotinha.

Abri a porta da frente para encontrar Mellie sentada no sofá. Seus joelhos estavam dobrados, seus olhos enormes, e ela segurava uma lata de Coca-Cola Diet como um escudo.

Meu radar de mãe ligou.

— O que ela fez agora?

— Nós estávamos em uma festa, — Mel sussurrou. — Era por volta de dez horas. Ela correu para algumas meninas que se formaram um par de anos atrás - Terry Fratelli e seus amigos - e eles nos convidaram para uma festa com o moto clube Reapers.

Eu balancei a cabeça, pegando as costas da minha velha cadeira verde, me apoiando no encosto para me segurar.

— Porra.

Os olhos de Mellie ficaram ainda maiores. Eu não xingo. Ela sabia que eu não xingo. Nunca.

— O que aconteceu depois?

A garota olhou para o lado, mordendo o lábio.

— Eu sinto muito por deixar ela, — disse ela, a culpa escrita por todo o rosto. — Mas não havia jeito de eu ir lá e ela não me escuta. Ela realmente tem um pouco...

Sua voz foi sumindo e eu preenchi as lacunas. Jessica gostava de tirar sarro de Mel quando ela não a acompanhava como um cachorro bem treinado. Clássico de Jess. Criança imatura e idiota - não tinha certeza de como ela conseguiu manter uma amiga como Melanie ao redor, dada a maneira como ela agia.

— De qualquer forma, ela me prometeu que ela me enviaria uma mensagem, e eu disse a ela que eu não diria nada, contanto que ela mantivesse contato. Mas ela parou de me mandar mensagens de texto em torno da meia-noite e eu poderia dizer que ela estava muito bêbada. Suas mensagens não faziam qualquer sentido. Estou realmente com medo por ela, London.

Este último foi dito com uma fungada, e eu percebi que a pobre menina estava apavorada. Eu sentei ao lado dela, dando a ela um abraço. Mel passou tanto tempo por aqui que ela se parecia comigo, às vezes.

— Ela vai ficar tão chateada que eu disse a você.

— Você fez a coisa certa, baby, — eu disse, passando a mão em todo seu cabelo. — Ela está sendo um pirralha egoísta, te colocando nessa posição.

— Bem, o lado bom é que ela vai me perdoar, — Mel murmurou. Ela fungou e se afastou, olhando para mim com um sorriso vacilante. — Ela sempre faz.

Eu sorri de volta, mas os meus pensamentos eram sombrios. Mel era muito boa. Às vezes eu desejava que ela matasse Jessie e encontrasse uma nova melhora amiga. Então eu me sentia culpada, porque, mesmo com seus problemas, Jess era o meu coração.

— Eu preciso ir encontrá-la, — eu disse. — Você quer ficar aqui ou ir para casa?

— Eu estava pensando que eu poderia dormir aqui esta noite? — perguntou ela. Eu balancei a cabeça, já sabendo o resto da história. Sextas à noite na casa de Mel não eram muito boas, especialmente em dias de pagamento. Seu pai gostava de comemorar o fim da semana um pouco demais.

— Parece bom.

Eu tentei ligar para Bold Harrison da minha van para que Mellie não me ouvisse. Ele comandava Pawns, a mesma loja que eu tinha limpado naquela noite. Ela era de propriedade dos Reapers MC. Bolt era o vice-presidente deles.

Eu tinha o contrato de limpeza lá por cerca de seis meses. Eles estavam se tornando um dos meus clientes mais valiosos e tinham oferecido um segundo contrato para A Linha, o clube de strip deles. Nós já tínhamos ido lá algumas vezes quando eles precisavam de ajuda extra, e eu tinha grandes esperanças de que isso iria se transformar em algo maior. Originalmente, eu comandava a equipe do Pawns eu mesma, mas há dois meses eu passei para Jason, um funcionário antigo que tinha estado comigo por quase cinco anos. Ele era confiável, trabalhava duro e fez um ótimo trabalho gerenciando as pessoas sob seu comando.

O MC paga bem, e eles pagam em dinheiro, o que é conveniente. Em troca, nós mantemos nossas bocas fechadas sobre qualquer coisa que possamos ver, o que sinceramente não era tanto quanto você pensa. Eu pensei que poderia haver alguma prostituição acontecendo nos quartos do fundo da Linha, mas eu nunca tinha visto qualquer sinal de mulheres sendo forçadas.

Não é o meu trabalho dizer a adultos conscientes sobre o que fazer com seus corpos.

Mesmo assim, tive a certeza de que nenhuma das meninas mais jovens fosse comigo. Só porque eu não posso chamar a polícia não significava que eu queria meu pessoal sendo sugado em algo.

De qualquer forma, eu percebi que Bolt era o primeiro lugar para começar se eu queria tirar Jess de qualquer problema que ela se meteu desta vez. Eu gostava de Bolt e me sentia relativamente confortável em torno dele, e ele era a minha única escolha, realmente. Meu outro contato era Reese Hayes, presidente do clube. Aquele homem me assusta pra caralho e eu não tenho vergonha de admitir isso. Algo sobre ele... a maneira como seus olhos me seguem. Como se ele quisesse me comer, e não era com flores e jantar a luz de velas. Um pouco de cinza em suas têmporas dizia que ele era provavelmente um pouco mais velho que eu, mas seu corpo era construído como um homem na casa dos vinte. Eu não sei o que me incomodou mais, suas cicatrizes inerentes ou o fato de suas cicatrizes terem secretamente me excitado. (Patético, eu sei. )

Não havia nenhuma maneira na terra que eu falaria com ele se eu não precisasse disso.

— Sim? — respondeu Bolt. Eu ouvi uma música no fundo, uma música alta.

— Olá, Sr. Harrison.

— Existe algum ponto em dizer para que você me chame de Bolt?

Eu teria sorrido se eu não tivesse estado tão estressada – nós estávamos dançando esta mesma dança desde que eu tinha começado. Nenhum dos membros do clube entendeu por que eu insistia em ser tão formal, mas eu tinha minhas razões. Só porque o MC pagava bem, não havia qualquer razão para se acostumar com eles. Eu gostava dos meus limites.

— Não realmente, — eu disse, minha voz traindo a minha preocupação.

— O que está acontecendo? — ele perguntou, pegando algo no meu tom. Esse era Bolt - ele via e ouvia tudo, você querendo isso ou não.

— Eu tenho um problema pessoal, eu estou esperando que você possa me ajudar.

Silêncio.

Eu provavelmente o assustei. Eu nunca tinha vindo pedir sua ajuda antes. Na verdade, eu raramente o vi esses dias. Os primeiros meses ele nos assistiu como um falcão, mas ultimamente nós nos misturamos ao segundo plano. Ninguém presta atenção aos produtos de limpeza, algo que eu sempre achei fascinante. Você não vai acreditar nas coisas que eu vi ou os segredos que eu carrego.

Claro, pode ser por isso que eu achei Reese tão perturbador - seis meses após o início do trabalho e eu ainda não tinha desaparecido.

— Você provavelmente não sabe disso, mas eu sou a guardiã da minha prima, — eu disse, continuando. — Uma de suas amigas me disse que ela foi a uma festa hoje à noite em seu clube. Estou preocupada com ela, ela é uma grande garota, mas não é boa em tomar boas decisões. Existe alguma chance de que você possa me ajudar a localizá-la? — mais silêncio, e eu me encolhi. Eu o tinha insultado, eu percebi. Coisas implícitas sobre as festas em seu clube que todos nós sabíamos que eram verdadeiras, mas ninguém gostava de falar ou admitir. Que elas não eram seguras para as mulheres jovens. Que não se podia confiar no clube.

— Ela é uma adulta?

— Ela tem dezoito anos, mas ela só se formou há duas semanas e ela é jovem para sua idade.

Bolt bufou.

— Odeio dizer isso, querida, mas ela tem idade suficiente para tomar suas próprias decisões sobre ir para a festa.

Agora foi a minha vez de ficar em silêncio. Eu poderia dizer muito - que ela poderia ter idade suficiente para a festa, mas ela não tinha idade suficiente para beber legalmente. Que eles poderiam se encontrar em um monte de problemas por fornecer álcool à ela. Claro que, por tudo que eu sabia, os policiais estavam lá fora festejando com eles... Mas eu mantive minha boca fechada, porque eu tinha aprendido há muito tempo que, se você dá a alguém o suficiente de silêncio, eventualmente eles vão enchê-lo.

— Tudo bem, — disse ele finalmente. — Eu te entendo. Eu não estou lá esta noite, mas Pic está.

Droga. “Pic” era a abreviação de “Picnic”, e esse era o apelido de Reese. Eu não tinha ideia de por que o chamavam assim e tenho certeza que não perguntaria. Ele era a pessoa menos piquenique que eu já conheci na minha vida.

— Vá para o Armory e pergunte por ele. Diga a ele que te enviei, diga a ele que é um favor pessoal. Talvez ele localize ela para você, talvez não. Como eu disse, a menina é adulta. Você sabe como chegar lá?

— Claro.

Ele riu. Todo mundo em Coeur d'Alene sabia onde o Armory era.

— Obrigado, Sr. Harrison, — eu disse rapidamente, desligando antes que ele pudesse mudar de ideia. Então eu virei as chaves na ignição e minha van rugiu para a vida, junto com a luz de advertência do motor que tinha me assombrado pela última semana. Eu escolhi ignorar, porque, mesmo se eu tivesse alguém para olhar isso para mim, eu não tinha dinheiro para consertar essa coisa estúpida.

Se ele ainda poderia ir para os lugares, não estava realmente quebrado. Pelo menos, essa era a teoria.

Eu dou ré e saio da garagem. Oh, Jessie ia odiar isso. Tia London indo ao resgate em uma minivan com o logotipo do serviço de limpeza ao lado.

Ha. Não é como se fosse a primeira vez.

O clube Reapers estava cerca de dez milhas a nordeste de Coeur d'Alene, atrás de uma estrada privada passando pelas colinas densamente florestadas. Eu nunca tinha estado lá, embora eles tivessem me convidado um par de vezes quando comecei a limpeza no Pawns.

Eu educadamente recusei, preferindo manter minha parede de privacidade. Eu cortei a socialização após meu ex-marido, Joe, ir embora. Não que eu me culpava por terminar com ele - ele foi claro desde o início que ele não queria crianças. Quando Âmber teve uma overdose e quase morreu há seis anos, tudo desabou, era ele ou Jessie, porque eu não podia suportar a situação por mais tempo. A escolha foi clara e o divórcio tinha sido amigável o suficiente.

Ainda assim, eu precisava de tempo para lamber minhas feridas. Entre construir meu negócio e cuidar da minha prima, eu não tinha sequer tentado namorar até que eu conheci Nate alguns meses atrás. Em noites como esta, eu me perguntava se esses anos sozinha tinham valido a pena. Não era que Jess fosse ruim. É só que ela nunca percebeu bem a coisa toda de causa e efeito, e provavelmente nunca o faria.

Até o momento que eu estacionei até o Armory, eram quase três da manhã. Eu não sei o que eu esperava do clube Reapers. Eu sabia que era um antigo edifício da Guarda Nacional, mas de alguma forma, isso não se parecia com um “forte” na minha cabeça. Mas isso é essencialmente o que era aquilo. Grande, construção sólida, pelo menos três andares de altura. Janelas estreitas e parapeitos no telhado. Havia um portão através de uma parede lateral levando ao que parecia um pátio atrás do prédio.

Diretamente em frente do edifício tinha uma fila de motos, vigiado por dois homens mais jovens vestindo os coletes de couro usual que eu tinha visto em torno da cidade ao longo dos anos. À direita estava um estacionamento de cascalho com um bom número de carros. Eu dirigi para o final da fila e desliguei o motor.

Me ocorreu que eu havia trabalhado seis horas seguidas. Ótimo. Eu provavelmente parecia uma fugitiva de um asilo de loucos. Virei para meu espelho - com certeza, o meu cabelo loiro estava bagunçado e minha maquiagem tinha desaparecido. Oh, bem... Não seria a primeira vez que perseguir Jess tinha me arrastado para fora quando eu precisava de um banho e cama.

Embora ela nunca me arrastou para qualquer lugar tão intimidante quanto este.

Saí do carro e fui para a porta principal. Um dos homens atravessou o cascalho para me encontrar. Olhei para ele, me sentindo velha. Ele tinha que ter vinte no máximo e a barba desgrenhada que ele usava com orgulho evidente, mal era preenchida. Ele não era musculoso como seu amigo guardando a porta, mas era todo firme e apontado ossos.

— Você está aqui para a festa? — ele perguntou, me estudando com ceticismo. Eu não podia culpá-lo - meu jeans surrado pode não se destacar muito, mas a minha regata já tinha visto dias melhores e meu cabelo estava manchado de suor. Eu provavelmente tinha manchas de sujeira no meu rosto também. A luz no carro tinha sido tão pobre que não teria aparecido.

Oh, e eu mencionei a parte de me sentir velha? Aos trinta e oito anos, eu tinha certeza que eu poderia ter sido mãe desse garoto.

Eu decidi que eu não gostava dele.

— Não, eu estou aqui para falar com o Sr. Hayes, — eu disse educadamente. — Sr. Harrison sugeriu que eu viesse aqui para vê-lo. — ele olhou para mim sem entender.

— Eu não tenho ideia de quem você está falando, — disse ele finalmente. O grandão disfarçado de adulto se virou e gritou para o amigo. — BB, você tem alguma ideia de quem ‘Sr. Hayes’ é?

BB se arrastou pesadamente em direção a nós como um urso, seu cabelo escuro pendurado em suas costas em uma trança. Ele parecia ser mais velho do que este, mas não muito. Eu suspirei. Meu Deus, eles eram apenas bebês. Bebês perigosos, eu me lembrei, olhando as correntes penduradas em suas calças e os anéis volumosos que decoravam suas mãos.

Aquilo era essencialmente soqueiras.

— Esse é o Picnic, idiota, — BB disse, olhando para mim de forma crítica. — Por que você o chama de Sr. Hayes? Você tem papéis para ele assinar? Ele não está aqui. — eu balancei minha cabeça. Eu queria que fosse algo tão simples.

— Eu quero ver ele porque eu trabalho para ele, — eu disse, mantendo a voz forte e composta. — Eu possuo o London’s Cleaning Service - vários de seus negócios são cuidados por nós. Sr. Harrison me enviou aqui para encontrar o Sr. Hayes.

— Bolt enviou ela, — BB disse baixo. Ele acenou para mim. — Eu vou te levar. Vamos ver se conseguimos encontrar ele.

— Obrigada.

Eu respirei fundo e me preparei para segui-lo. Eu tinha ouvido tantas histórias sobre esse lugar que eu não tinha certeza do que esperar. Se você acredita nos rumores, o Arsenal era uma combinação de prostíbulo/palco de combate subterrâneo, com pilhas de mercadorias roubadas embaladas em todos os quartos até o teto. Cinquenta por cento de caverna pirata, cinquenta por cento antro de drogas, cem por cento perigoso.

BB abriu a porta e eu o segui entrando, dando a minha primeira boa olhada na sede do clube.

Bem.

Os rumores estavam certamente errados sobre os bens roubados. Eu gostaria de pensar que se eles forneceram o lugar com o material que tinham roubado, eles teriam escolhido coisas que estavam um pouco melhor do que o que eu vi diante de mim.

A sala era grande e, a partir da localização central da porta, parecia abranger toda a metade da frente do edifício. Na extrema direita tinha um bar. Sofás e cadeiras antigas abandonadas cobriam as paredes, mesas descascadas enchiam o centro. Para a esquerda tinha uma mesa de bilhar, dardos, e uma jukebox que tinha 40 anos ou era uma boa maldita réplica. O lugar não estava sujo... apenas muito bem gasto.

É engraçado, mas olhando em volta, o meu primeiro pensamento foi que eu estava agasalhada e por agasalhada, eu quis dizer que havia, literalmente, muito tecido cobrindo meu corpo.

De um jeito demais.

As mulheres variavam de nuas, vestindo casualmente jeans apertados e tops decotados. Eu estava vestida como... bem, como uma faxineira em uma festa. Metade dos caras tinham mulheres no colo, parcialmente vestidas e de outras formas, e afastados em um canto eu tinha certeza que era um casal fazendo sexo.

Dei um outro olhar rápido com o canto do meu olho.

Definitivamente estavam tendo relações sexuais. Nojento... mas estranhamente fascinante... eu tive que me esforçar a desviar o olhar, esperando que eu não estivesse corando como uma garotinha.

Você tem trinta e oito anos e você sabe de onde vêm os bebês, eu me lembrei com firmeza. Só porque você não está transando não significa que eles não deveriam.

As pessoas começaram a me notar - grandes caras cobertos de tatuagens, vestindo coletes de couro com as cores dos Reapers sobre eles. Seus olhares variavam de curioso para suspeito. Merda. Isto foi um erro. Então Bold me enviou lá. Isso não significava que era seguro, ou uma boa ideia. Bold não era meu amigo. Claro, ele provavelmente me valoriza como uma funcionária, mas o clube valoriza suas strippers também. Certamente isso não os impediu de atirar seus traseiros para fora quando seu drama pessoal saiu de controle.

Sai dessa.

Eu respirei fundo e abri um grande sorriso para BB. Ele estava me olhando com expectativa, quase como se ele achasse que eu fugiria ou algo assim. Eu não sou covarde, no entanto. Eu poderia optar por não xingar, mas eu sei o que as palavras significam.

Olhei para cima para ver um homem alto, com o cabelo ondulado na altura dos ombros, e cobria tanto a nuca quanto o rosto. Ele usava outro daqueles coletes. O seu nome era “Gage”, e abaixo dele estava um patch menor que dizia “Sgt de Armas”. Eu nunca tinha visto ele na loja, mas isso não significava nada - chegávamos depois do horário por uma razão.

— Ela diz que está aqui para ver Pic, — disse BB. — Bolt a mandou.

— Isso é verdade? — ele perguntou, com os olhos especulativos. Ele os varreu sobre a minha figura e eu me forcei a sorrir para ele.

— Eu estou procurando a filha da minha prima, — eu disse. — Ela veio aqui para a festa com alguns amigos, aparentemente. Sr. Harrison sugeriu que o Sr. Hayes poderia ser capaz de me ajudar.

O homem sorriu.

— Ele vai? Imagine isso.

Eu não tinha certeza de como interpretar suas palavras, então eu escolhi não interpretá-las, me forçando a esperar por ele continuar.

— Ele está lá atrás do lado de fora, BB, — disse o homem. — Eu fico com ela a partir daqui. Você é da limpeza, não é?

Olhei para a minha roupa suja.

— Como você sabe? — perguntei, meu tom foi seco. Ele riu, e eu senti um pouco da tensão sendo quebrada.

— Sou Gage, — disse ele. — Vamos ver se podemos encontrar Pic.

— Eu odeio incomodar ele, — eu disse rapidamente. — Quero dizer, se ele está ocupado no momento. Vejo que você é um dos dirigentes do clube. Talvez você possa me ajudar?

Ele levantou uma sobrancelha.

— Bolt mandou você falar com Picnic, certo?

Eu balancei a cabeça, me perguntando se eu tinha cometido um erro. Parabéns, London. Afastar um cara que se ofereceu para te ajudar.

— Então, você deve conversar com Picnic.

Eu ofereci outro sorriso, me perguntando se ele podia ver o quão perto meu rosto estava de rachar com o esforço. Ele se virou e eu o segui do outro lado da sala, evitando capturar o olhar de alguém. Alguns pareciam interessados em mim, mas a maioria estava muito ocupada bebendo, conversando, e fazendo coisas mais íntimas para prestar atenção a uma mulher suja. No centro da parede no fundo, estava um corredor aberto que levava mais para dentro do prédio. Ele passou por ele e eu o segui, isso foi aumentando ainda mais meu nervoso. Ir até o edifício tinha sido ruim o suficiente, mas de alguma forma isso parecia pior. Como se eu tivesse atingido um ponto sem retorno.

Certamente, no momento sem nenhuma testemunha.

A porta se abriu à nossa frente e duas meninas tropeçaram para fora, rindo. Jessica? Não, mas eu reconheci uma.

— Kimberly Jordan, sua mãe sabe onde você está agora? — perguntei, minha voz afiada como um chicote.

Todo mundo no corredor congelou, incluindo Gage.

Kim olhou para mim, os olhos arregalados.

— N-não, — disse ela. Ela olhou em volta de mim, como se perguntando se a mãe poderia saltar para fora a qualquer minuto. Bom. Talvez isso fosse fazer ela pensar.

— Você quer falar com o prez ou não? — perguntou Gage, sua voz fria. — Escolha suas batalhas, amor. Você quer essa ou a filha da sua prima?

Engoli em seco, percebendo que a Voz da Autoridade Maternal podia não ser tão bem-vinda aqui. Oops.

— Estou aqui pela Jessica, — eu disse a ele. Ele sorriu para mim, seus dentes brilhantes e reluzentes sob a luz fraca.

— Ótimo, então vamos deixar elas em paz, tudo bem? Meninas saiam daqui.

Elas passaram por nós rapidamente, sussurrando com os olhos emocionados e animados.

— Você sempre tem meninas menores de idade bebendo aqui? — eu perguntei a ele, incapaz de deixar isso pra lá completamente.

— Nós não estamos servindo ninguém menor de idade, — disse ele, sem rodeios. Eu levantei uma sobrancelha, sem dizer nada ou apontando a ele sua mentira. Ele sorriu. — Você quer me olhar nos olhos e me dizer que você nunca teve uma bebida até depois que você fez vinte e um?

Eu suspirei. É claro que eu tive. Não só isso, eu tive muito disso e eu não tinha me transformado em um alcoólatra ou engravidado ou qualquer coisa horrível.

Nancy Reagan estava errada - pelo menos no meu caso. Âmber provavelmente deveria ter apenas dito não que não.

— Podemos apenas ir em frente?

Gage balançou a cabeça, nem mesmo se preocupou em esconder sua diversão, então, avançou e bateu na porta não marcada a nossa esquerda.

— Pic? Você está ocupado?

 

 

 

REESE

 

Me sentei no meu sofá no escritório, me perguntando por que diabos eu não dava a mínima para a menina bonita que estava, atualmente, chupando meu pau. Claro, eu gosto de um bom boquete como todo cara. Mas hoje eu não estava envolvido, simplesmente não conseguia me importar. Isso era uma pena, porque a menina ajoelhada entre minhas pernas tinha uma boca como um Hoover e um sentido muito livre de moral. Ela era a nova atração principal na Linha - os meninos a tiraram esta noite só para mim.

Presente de aniversário.

Quarenta e três malditos anos de idade.

Seus dedos desceram, passando sob minhas bolas com suavidade enquanto sua língua girava em torno do meu pau. Estendi a mão e agarrei a minha cerveja, tomando um longo gole, lento. O líquido frio deslizou na minha garganta e eu decidi que eu não dava a mínima se ela terminava ou não.

Eu quero você feliz, baby, mas você pode fazer melhor... Heather parecia sussurrar no meu ouvido.

Eu tinha ouvido a voz dela desde o dia em que ela morreu. Cristo, eu senti saudade daquela mulher, e eu desejei pra caralho que aqueles pequenos sussurros fossem mais do que o meu próprio subconsciente doente. Mas eu sabia que não eram, porque se o espírito de Heather estivesse realmente ao meu lado me dando conselhos, eu não teria fodido tanto as coisas com as minhas filhas.

Olhei através do cômodo para o armário de metal preto. A foto estava sobre ele, numa moldura de prata manchada. Minha old lady. A foto foi de uma das últimas festas familiares que tivemos – logo depois que ela se recuperou da mastectomia1, mas antes disso teve a última rodada de quimioterapia. Seus braços apertados em torno de nossas duas lindas meninas, todas as três rindo de alguma coisa para fora do quadro.

Hoover escolheu esse momento para me chupar fundo em sua garganta e eu fechei os olhos. Porra, Bold tinha me dito que ela chupava um pau como uma profissional, mas ele não tinha dado a ela todo o crédito. A mulher tem um dom. Cada centímetro meu espremido apertado e eu não era pequeno. Eu gemi, deixando minha cabeça cair para trás.

Por que eu ainda me sinto como se eu estivesse traindo Heather?

Hoover estalou de volta, rindo para mim irritantemente. Eu abri minha boca para dizer a ela para calar a boca, mas ela estava me sugando de volta antes que eu tivesse a chance. Merda, isso era bom. Meu tédio desapareceu, deixando a clareza que eu só tenho durante o sexo ou uma boa luta. Meu corpo parecia incrível, mas minha mente flutuava, abençoadamente independente. Sem culpa sobre Heather, sem me preocupar com o clube, nem mesmo os pensamentos de minhas meninas podiam me tocar aqui.

Eu era como uma máquina, poderoso e livre.

Meu telefone tocou ao meu lado no sofá e eu olhei para baixo para ver uma mensagem.

Bolt: Desfrutando de sua festa? Te enviei um outro presente. Tente não quebrá-lo.

Olhei para a cabeça de cabelos castanhos balançando no meu colo e decidi que a minha vida pode não ser perfeita, mas dane-se se meus amigos não cuidam de mim. Se houvesse um Deus no céu, eu estava prestes a conhecer irmã gêmea desta cadela.

A batida forte veio da porta.

— Pic? Você está ocupado? — Gage chamou. — Você tem companhia. Bold a enviou.

Abaixando, eu peguei o cabelo da stripper e a segurei, fazendo ela parar.

— Mande ela entrar.

A porta se abriu e uma pequena curvilínea loira vestida com uma camiseta suja e calças jeans rasgadas entrou na sala, seus olhos ampliaram quando ela viu a cena. Peitos generosos preenchiam o desenho na frente de sua camisa, que dizia “London’s Cleaning Service”.

Porra. PORRA.

Aquele desgraçado. Bolt ia pagar por isso, porque London Armstrong era a última mulher que deveria estar neste edifício. Esta cadela e sua linda comissão frontal vinham fazendo da minha vida um inferno nos últimos seis meses, porque ela era a última coisa que eu precisava na minha vida e eu não queria transar com ninguém mais.

Nem mesmo Heather.

E isso era um problema.

Não importava o quão bem os peitos de London ficariam apertando meu pau até que eu gozasse por todo esse rosto bonito dela. Ela era muito agradável, muito limpa, e a forma fodida como isso veio crescendo. Srta. Armstrong era uma cidadã comum que vive conforme a lei, e ela não tinha lugar no meu mundo. Ela tinha fugido gritando na escuridão se eu fosse ela...

Para piorar as coisas, eu meio que gostava dela como uma pessoa, também.

Hoover fez um barulho de asfixia súbita, e eu percebi que tinha prendido a sua cabeça, cortando seu ar. Eu a deixei ir e ela se afastou, olhando para mim em confusão enquanto ela ofegava, a boca vermelha e molhada. Acariciei a sua cabeça, tranquilizando-a.

Como um cão. Cristo.

O que diabos estava pensando Bolt, enviando London aqui? Suguei uma respiração profunda, porque essa mulher - estava olhando para mim através do meu escritório como se eu fosse o maníaco do machado - parecia que ela estava prestes a virar e correr para as colinas.

Eu queria persegui-la quando ela fizesse isso... capturá-la, arrancar suas calças jeans, e penetrá-la profundamente, enquanto ela gritasse comigo. Sim, nada de errado com esse cenário.

Foda-se.

Há seis meses eu me masturbava imaginando os peitos dela, mas eu tinha feito a coisa certa e deixei ela em paz. Não é minha culpa que ela entrou no meu maldito escritório e não é a minha responsabilidade salvá-la agora que ela tinha vindo aqui. Clareza passou por mim de novo e eu decidi que só havia uma maneira de acabar com isso.

Ofereci a ela um sorriso predatório e levantei a mão, acenando-a para o sofá.

Feliz aniversário para mim.


Capítulo Dois

 

LONDON

 

Eu nunca me considerei uma puritana.

Eu estava errada. Eu definitivamente era uma puritana, porque eu não tinha nenhum lugar na minha cabeça para encaixar o que eu vi quando entrei por aquela porta. Eu não sei por que isso foi tão chocante. Não era como se eu não tivesse visto as pessoas fazendo isso publicamente na outra sala, e, é claro, um escritório particular como este seria perfeito para um boquete rápido... mas quando Reese Hayes gritou que ele estava ocupado, eu esperava que ele estivesse ocupado com algum tipo de atividade nefasta relacionada com a gangue de motoqueiros.

Você sabe, lavagem de dinheiro ou algo assim.

Então, ele sorriu para mim, o tipo de sorriso que um tubarão dá a um náufrago logo antes de amputar sua perna. Ele ergueu a mão, acenando para mim em direção ao sofá.

Eu olhei para ele (oh, meu Deus, ele tinha a cabeça de uma mulher em seu colo!) sentindo algo como pânico, e abri minha boca para dizer que eu poderia voltar mais tarde. Em seguida, eu lembrei – não, eu não poderia voltar mais tarde. Eu precisava encontrar Jess e eu precisava encontrá-la agora, antes que ela começasse a causar estragos. E por mais que eu queira julgar os membros do clube por deixá-la se perder, eu sabia muito bem que ela poderia encontrar problemas por conta própria. De qualquer modo, levá-la para fora daqui seria um ato de misericórdia.

Eles não tinham ideia do tipo de destruição que ela era capaz.

Você consegue fazer isso.

— Olá, Sr. Hayes — eu disse rapidamente, decidindo que um tom profissional era a melhor maneira de me diferenciar da sua outra... amiga. Não. Eu era uma mulher com um propósito e eu não tinha tempo para brincadeiras.

Ainda assim, fiz o melhor que eu pude para não olhar para seu colo, ver se eu poderia pegar um vislumbre de seus dotes. Isso seria muito mais fácil se eu não tivesse passado pelo menos duas ou três sessões com meu vibrador imaginando um cenário como este, mas comigo no papel principal. Controle-se, Armstrong.

— Sou London Armstrong e eu administro o serviço de limpeza que trabalha para o seu clube.

Entrei no escritório, mas não fui longe o suficiente para oferecer um aperto de mão.

Existem limites para o que uma mulher pode lidar de uma só vez.

Hayes me deu o mesmo olhar que ele sempre me dava. Calculista. Faminto com apenas uma pitada de especulação enquanto seus olhos varriam meu corpo de cima a baixo. Ele demorou um pouco sobre meus seios, mas não fez um show disso. Não. Ele era todo negócios, exceto pelo fato desconfortável de que uma mulher estava ativamente dando a ele um boquete. Engoli em seco, sentindo minhas bochechas queimarem.

Seus olhos se voltaram aos meus.

— O que posso fazer por você? — ele perguntou, sua voz rouca e baixa. Sexy. Eu tremi, porque eu conseguia pensar em todos os tipos de coisas que eu gostaria que ele fizesse por mim. Talvez até mesmo para mim, embora eu odiasse admitir isso. Tinham sido longos seis anos e eu não tinha dormido com Nate ainda... nós estávamos namorando há quase dois meses, mas entre os nossos horários nós não conseguíamos nos ver com tanta frequência. Um maldito período de seca.

Me obriguei a pensar na pergunta de Hayes seriamente, apesar dos sons de sucção e de algo molhado vindo de seu colo. Como é que aquela mulher continuava chupando ele assim, alheia ao que estava acontecendo? Era muito perturbador.

— Você precisa de alguma coisa, querida? — Hayes perguntou de novo, tomando um gole de sua cerveja. — Se você veio aqui para participar, tudo bem, mas caso contrário, sente-se e me diga o que você quer.

Participar?

Minhas bochechas irradiavam calor e eu sabia que estava perdida. Eu tinha feito um trabalho tão bom me mantendo objetiva até este ponto, mas há limites. Apenas acabe logo com isso! Então você poderá ir para casa e beber um grande copo de vinho.

Eu precisaria de um balde para segurar todo o vinho que eu beberia hoje à noite, eu decidi.

— Eu estou procurando pela filha da minha prima. Ela mora comigo.

— Sente-se — ele me disse novamente. Gage deu um suspiro rindo atrás de mim, fechando a porta para nós. Olhei para o sofá, uma velha monstruosidade xadrez que tinha que ter 20 anos de idade. Com a minha sorte, eu pegaria uma doença dela.

— Posso ficar de pé.

— Sente. Aí.

Sua voz estalou, e eu me senti tremer. Reese Hayes era um homem assustador. Ele estava jogando limpo até agora, mas eu estava muito consciente dos rumores que o cercavam. Nate era um policial e ele estava cheio de histórias sobre os Reapers, particularmente sobre seu presidente. Eu o tinha ignorado, porque o MC era um bom cliente e eu percebi que ele apenas tinha preconceito contra eles. Nenhum grupo criminoso poderia existir no meio da comunidade de forma tão aberta, podia? Olhando para Hayes agora, eu percebi que essas histórias poderiam ser verdadeiras, afinal.

Seus olhos eram como pedaços frios de gelo azul, e um toque de cinza nas têmporas e na nuca, cobrindo o queixo deu a ele um ar de autoridade que eu queria obedecer quase instintivamente. Seus braços eram grossos, envoltos com fortes músculos, e suas coxas... olhei para longe rapidamente, porque essas coxas grossas dele encaixavam a mulher seminua chupando seu pênis perfeitamente. Como se eu tivesse entrado particularmente na filmagem de um filme pornô.

Eu queria morrer.

Na melhor das circunstâncias, este homem me deixava desconfortável, e eu tinha feito o meu melhor para evitá-lo. Até agora, eu tinha feito um bom trabalho também - ele não ficava por perto nas noites que minha equipe chegava. Bem, às vezes ele fazia isso, mas ficava recluso no escritório.

Talvez fosse nesse momento que ele fazia sua lavagem de dinheiro?

Me sentindo apenas um pouco histérica, eu me perguntava exatamente como se fazia uma lavagem de dinheiro. Vislumbrei brevemente uma visão de Hayes trabalhando numa antiquada máquina de lavar roupa com cabo de manivela, enquanto um grupo de motoqueiros de avental penduravam cuidadosamente notas de cem dólares em varais em um prado ensolarado.

— Babe?

Pisquei, tentando lembrar por que diabos eu pensei que essa poderia ser uma boa ideia.

— Sim?

— Você vai se sentar ou não? — ele perguntou.

— Estou realmente muito desconfortável com - eu gesticulei em direção à mulher - isto.

— Isso não é exatamente problema meu, — disse ele, deixando cair uma mão para descansar na cabeça dela. — Mas se é um problema, você pode tomar o lugar dela.

— Não. — eu disse rapidamente.

— Então, se sente, porra, e me diga por que você está aqui.

Sua voz apertada, e eu percebi que ele estava perdendo a paciência. Muito justo, ele, obviamente, tinha outras coisas em sua... hum... mente. Eu cuidadosamente me sentei na ponta do sofá, de frente para a porta. Isso era realmente melhor, eu percebi. Não tinha que olhar para ele agora. Embora eu pudesse sentir os movimentos da mulher através do quadro de móveis e isso era muito estranho.

— A filha da minha prima está em algum lugar nessa festa. — eu disse rapidamente. — O nome dela é Jessica, e ela tem ideias muito ruins. Eu realmente gostaria de tirar ela daqui e levá-la pra casa antes que ela faça algo completamente estúpido.

Como tocar fogo no prédio.

— Você tem um timing de merda.

Eu não respondi, porque o que inferno eu diria? Até onde eu sabia, o Hallmark não fazia cartões de “Desculpe Por Eu Ter Interrompido Seu Sexo Oral”.

Talvez eu devesse escrever ao escritório corporativo deles e sugerir isso?

Hayes grunhiu, e o movimento do sofá parou.

— Vá encontrar Gage — ele murmurou para a mulher, que se soltou com um barulho de estalo que eu realmente, realmente não precisava ouvir. Um segundo depois, ela se levantou e limpou a boca, olhando para mim. Dei de ombros, oferecendo um sorriso levemente apologético. O sofá tremia novamente enquanto Hayes se mexia, e por um minuto horrível eu pensei que ele ia realmente me agarrar e me empurrar para baixo no lugar dela. Então ouvi o som de um zíper.

— Está seguro.

Eu me virei para olhar para ele. Ele virou o rosto para mim, apoiando um tornozelo com botas sobre o joelho e esticando o braço ao longo do encosto do sofá. Estava perto demais para me deixar confortável. Se eu me inclinasse, seria capaz de tocá-lo. Não havia nada em seu rosto que indicasse que eu tinha acabado de arruinar seu final feliz. Nenhuma emoção.

Nada. Caramba!

— Me conte sobre ela — disse ele. — Por que isso é um problema?

Agora aí estava uma grande pergunta...

— É um problema porque ela é jovem e estúpida — eu disse, me sentindo fatalista. — Ela é autodestrutiva e faz coisas idiotas, e se eu deixar ela correr solta aqui fora, algo ruim vai acontecer, confie em mim.

Ele inclinou a cabeça.

— E isso é nossa culpa? — ele perguntou. — Você tem medo que nós vamos corrompê-la?

Eu suspirei, reprimindo uma risada nervosa e balançando a cabeça. Deus, se fosse só isso...

— Não, — eu respondi. — Ok, sim. Provavelmente. Mas o perigo está nos dois lados. Jessica é...

Fiz uma pausa, incerta sobre o quanto do assunto de família eu queria compartilhar com ele. O menos possível, eu decidi.

— Jessie tem um monte de problemas. Ela toma decisões ruins e arrasta outras pessoas pra elas. Por exemplo, ela conseguiu que sua melhor amiga fosse presa por furto, embora a pobre garota não tivesse ideia do que estava acontecendo. Eu sei que você não tem nenhuma razão para fazer isso, mas você poderia, por favor, considerar me ajudar a encontrá-la para que eu possa levá-la para casa?

Ele me observava, os olhos percorrendo o meu rosto. Eu gostaria que ele mostrasse algum tipo de emoção. Qualquer coisa. Eu não fazia ideia do que ele estava pensando, e isso me assustava.

— Quantos anos ela tem? — perguntou ele, pensativo.

— Dezoito. Acabou de se formar no colegial. Mas acredite em mim, ela não é uma adulta.

Ele levantou uma sobrancelha.

— Ela não tem que fazer o que você diz — disse ele. — Muitos jovens dessa idade já vivem por conta própria.

— Ela tem que fazer o que eu digo se vai ficar na minha casa — eu respondi com cuidado. — E ela definitivamente não está se preparando para se sustentar ainda, então suponho que a minha casa seja tudo por enquanto. Eu não queria ser responsável por um recém-nascido tão cedo, mas conhecendo a minha sorte, ela deve estar sendo ativamente engravidada enquanto falamos. Ninguém precisa disso.

Ele balançou a cabeça lentamente, alguma emoção insondável em seus olhos.

— Você não pode controlar isso — ele me disse. — Eu tenho filhas. Você sabia disso?

— Eu não sei nada de você — eu disse, o que não era inteiramente verdade. Eu ainda poderia me lembrar da primeira vez que o vi, porque ele era lindo e se eu não fosse uma mulher sensata e madura, eu diria que eu tinha uma queda por ele. Eu definitivamente sentia uma forte atração física, pelo menos, quando eu não tinha pavor dele.

Isso não era bom.

Eu tinha um namorado. Nate. Ele era legal e ele gostava de mim e eu gostava dele e ele fazia eu me sentir segura. Eu tinha uma boa vida. Eu cuidava de Jessica e administrava meu negócio. Eu cuidava dos amigos dela, às vezes, também, e quedas inconvenientes por motoqueiros com os quais trabalhava, não estavam em discussão.

Mas tão fabuloso quanto Nate fosse, eu não tinha conseguido me impedir de observar Reese Hayes nos últimos meses, e havia mais fofocas do que o suficiente sobre ele flutuando pela cidade para alimentar o meu fascínio uma vez que eu comecei a ouvir. Hayes tinha duas filhas adultas, ele era presidente dos Reapers durante a última década, e sua esposa, Heather, tinha morrido de câncer de mama seis anos atrás. Logo depois que eu ganhei a custódia de Jessica, na verdade.

Eu sabia sobre a morte de Heather Hayes porque eu tinha ido ao funeral dela.

Ela frequentara a mesma escola que Amber, e apesar de não termos nos conhecido de verdade na época, eu quis prestar meus respeitos. Eu nunca tinha visto um homem parecer mais devastado do que Reese Hayes tinha estado naquela tarde fria e escura de março no cemitério. Tinha nevado a tarde, e suas meninas estavam chorando histericamente o tempo todo.

Ele não chorou, no entanto. Não. Reese Hayes parecia um homem que tinha perdido sua alma. Desde então, ele conseguiu uma reputação pela cidade de promíscuo, uma reputação que parecia ser bem merecida, com base no que eu tinha visto aqui.

Você não pode julgar, eu me lembrei.

Quando eu comecei meu negócio de limpeza, eu aprendi cedo que todo mundo tem segredos a esconder e não era o meu trabalho descobri-los. Entrar, fazer o trabalho, sair, ir para casa. Fácil e simples.

— Se você me conhecesse, saberia que eu sinto simpatia por você — disse ele. — Como eu disse, eu tenho filhas. Mas eu aprendi da maneira mais difícil que você não pode controlá-las. Eu sou um homem duro e nem mesmo eu pude controlá-las. Você não tem chance com essa garota. Por que você apenas não vai para casa?

Chega. Eu levantei rapidamente.

— Eu não vou embora sem ela. Você vai me ajudar, ou eu preciso começar a procurar por mim mesma?

Ele não se moveu e sua expressão não mudou, mas o ar na sala esfriou.

— Sente seu traseiro aqui — disse ele, seus olhos azuis brilhantes piscando. A autoridade absoluta e vontade em seu tom era indiscutível, me lembrando que este era um homem muito perigoso.

Eu sentei.

Hayes se levantou, ficando na minha frente. Em seguida, ele se inclinou e apoiou as mãos na parte de trás do sofá de cada lado da minha cabeça. Seu olhar me prendeu, e minha adrenalina subiu.

O que diabos ele estava planejando fazer?

— Você percebe onde está? — ele perguntou em voz baixa, o que era muito mais assustador do que teria sido se ele tivesse gritado comigo. Ameaça tranquila, levando a visões de corpos enterrados em covas vazias...

— Você está no meu clube. Do lado de fora desta sala estão vinte homens que farão qualquer coisa para me apoiar. Qualquer coisa. E fora deste edifício estão florestas e montanhas que vão até Montana. As únicas testemunhas que estão lá fora são veados e talvez um ou dois alces. Você tem certeza que quer me irritar? Eu acabei de tirar meu pau da boca de uma mulher disponível por você, então não é como se eu estivesse de bom humor para começar.

Eu não conseguia respirar. Meu coração batia tão rápido que eu pensei que poderia explodir no meu peito, e eu sabia que de fato irritá-lo definitivamente era a última coisa que eu queria fazer.

— Agora me peça docemente para te ajudar — disse ele, as palavras lentas e deliberadas. Eu balancei a cabeça, levando um minuto para me preparar.

— Senhor Hayes, por favor, me ajude a encontrar minha prima, Jessica?

— Não.

Umidade de repente encheu meus olhos e me senti tremer. Eu pisquei rapidamente e forcei as lágrimas por pura vontade. Eu estaria ferrada se eu lhe desse mais essa satisfação. O silêncio caiu entre nós, com seu rosto a seis centímetros do meu, a tensão palpável pairava no ar. À distância, eu ouvia a música e o barulho da festa, muito consciente de que eu estava totalmente à sua mercê.

— Posso ir? — eu perguntei em voz baixa.

— Não.

Pelo menos ele foi direto. Lambi meus lábios, nervosa e seus olhos seguiram o movimento. Eu não podia olhá-lo mais, então eu abaixei meu olhar.

Isso foi um erro.

Mais abaixo estava o seu corpo, e um olhar foi o suficiente para ver que só porque ele mandou sua namorada sair não significava que ele tinha perdido o interesse pelo sexo. Não. Uma grande protuberância agradável estava naqueles jeans.

Caramba.

Meus olhos se adiantaram para longe, parando na grande faca amarrada em sua perna. Uma faca de caça. Dentro em uma festa. Nada de assustador nisso, certo?

— Me convença a te ajudar — disse ele suavemente, sua voz ficando suave, quase sedosa.

— Como? — eu sussurrei.

Ele riu.

— Como é que você acha?

Fechei os olhos, tentando pensar. Sexo. Ele estava falando de sexo. Ok. Não era como se eu não soubesse de sexo... eu estava disposta a dormir com um homem para encontrar Jessica? Desistir de meu relacionamento com o Nate?

Meu estômago se retorceu, porque eu já tinha desistido de muito por ela.

— É uma ideia muito ruim misturar trabalho e assuntos pessoais — eu disse a ele. — Eu tenho duas equipes trabalhando para você agora. Acho que me envolver seria um grande erro. Não só isso, eu já estou saindo com alguém.

Hayes deu uma risada baixa.

— Eu não quero me envolver e eu não dou a mínima para o seu namorado. Mas eu não me importaria em foder seus seios, isso me motivaria a ajudar. Você decide.

Engoli em seco.

Não era exatamente um segredo que eu tinha seios de um tamanho decente, mas eu nunca tinha ouvido alguém ser tão... bruto... sobre isso. Eu não sabia o que dizer. Meus olhos voaram pela sala, desesperados para olhar para qualquer coisa, exceto seu rosto pairando sobre mim. Então vi uma imagem em cima do armário de arquivo. Uma linda mulher estava ao lado de duas adolescentes. Heather Hayes e suas filhas. Aquelas garotas estavam crescidas e se mudaram agora, uma delas no ano passado.

Agora Hayes morava sozinho. Inspiração me atingiu.

— Quem limpa sua casa?

Ele piscou para mim.

— Que porra é essa?

— Quem limpa a sua casa? — eu perguntei de novo, meus pensamentos se juntando rapidamente. — Se você me ajudar a encontrar Jessica, eu vou até a sua casa e mandarei minha equipe fazer uma limpeza completa, sem nenhum custo. Você pode dormir com um monte de mulheres, mas em quantas delas pode confiar para limpar a sua casa?

Ele balançou para trás em seus calcanhares, inclinando a cabeça para mim. Uma luz estranha surgiu em seus olhos.

— Eu não previ isso — disse ele, sua boca curvando em um canto. — Mas qualquer uma dessas garotas por aí pode limpar para mim.

— Eu aposto que elas esperam algo em troca, não é? — 3u perguntei, sentindo que tinha conseguido. — Aposto que querem ser sua namorada ou o que quer que se chame...

— Old lady2.

— Eu aposto que querem ser sua old lady — eu continuei, chegando ao ponto. Me inclinei, desejando que ele concordasse comigo. — E eu aposto que ficam irritantes depois de um tempo. Minha equipe chega, limpa e sai. Sem estresse, sem problemas, e sem amarras. O que você acha disso como algo de valor?

— Sua equipe, não, apenas você.

Eu franzi a testa para ele. Ele se recostou, parecendo relaxado o suficiente, mas eu ainda sentia uma tensão fundida no ar.

— Tudo bem — eu disse, imaginando que eu deveria parar enquanto eu estava com vantagem. Eu estendi minha mão e ele a aceitou, envolvendo seus dedos fortes em torno dos meus. Eles eram quentes e sólidos. Eu apostava que seus braços eram também.

Ele não disse que queria te abraçar, eu me lembrei com firmeza. Ele disse que queria “foder seus seios” e esse é um lugar que não precisamos ir.

Obviamente, eu deveria começar a dormir com Nate, mais cedo ou mais tarde, antes que meus hormônios me destruíssem completamente.

Não questione. Apenas encontre Jessica.

— Então, como ela é? — ele perguntou. Cavei no bolso e puxei meu celular, procurando rapidamente por sua foto de formatura.

Meu Deus, minha priminha era deslumbrante.

Jessica era alta, com pernas longas e tonificadas de tanto correr. Seu cabelo era de um rico acastanhado e seus olhos brilhavam com cílios grossos. Ela parecia uma princesa tipicamente americana.

Ele deu um assobio baixo.

— Menina bonita — disse ele lentamente, e eu olhei rapidamente para o rosto dele, esperando desesperadamente não ver luxúria em seus olhos. Ele pegou o telefone e de repente se virou e saiu do escritório, me deixando para correr atrás dele como um cachorrinho. Segui ele de volta para o salão principal, onde eu havia entrado primeiro. Eu avistei Gage encostado na parede, os olhos vendo tudo enquanto inspecionava a festa. Reese caminhou até ele e lhe entregou o telefone.

— Então, vamos procurar por ela? — perguntou Gage.

— Sim, — disse ele. — Ela está indo para casa com London, assim que a encontrarmos. E ela está fora para sempre depois disso, me entendeu?

— Claro — Gage disse casualmente. — Mas ela está lá em cima agora com Banks e Painter. Provavelmente já em suas costas.

Eu tremi, fechando os olhos. Por favor, por favor, por favor, esteja usando preservativos...

— Por aqui — Hayes disse, e eu o segui através dos festeiros até o outro lado da sala. A multidão se abriu para ele como uma onda, tornando muito claro quem era o chefe.

No outro extremo da sala, passando pelo bar, estava uma escadaria que levava ao andar de cima. Hayes começou a subir e eu segui. No segundo nível, passamos por uma grande sala de jogos que continha uma mesa de bilhar, sofás velhos, uma TV gigante, e várias gerações de consoles de videogame. Havia pessoas aqui, também, embora não tantas. Apenas o ocasional casal em um sofá.

Olhos para frente. Você não deve julgar.

Hayes me levou mais um andar acima, em um estreito corredor forrado de cada lado por portas de madeira estreitas.

— Armory costumava ter espaço pra barricas aqui em cima — disse ele. — Eu acho que nunca foi usado de verdade, mas foi para isso que os construíram na época. Agora, eles são nossos quartos de hóspedes. Ela provavelmente está em um no outro extremo, porque é o único aberto.

Ele passeou pelo corredor casualmente, como se não estivéssemos em uma corrida para impedir que minha prima fique grávida. Me obriguei a seguir com passos medidos, chegando a um impasse ao lado dele na frente da última porta. Eu ouvi gemidos do lado de dentro, e fechei os olhos, desejando que eu estivesse em casa, na cama, onde eu pertencia.

— Você tem certeza que quer fazer isso? — perguntou Hayes, e algo se suavizou em seus olhos duros.

Eu franzi a testa para ele. — É claro... o que você quer dizer?

— Nós podemos apenas ir lá embaixo, tomar uma bebida, — disse ele lentamente. — Relaxar um pouco. Porque se nós formos lá e arrastá-la para fora, não vai mudar nada. Se a garota estiver decidida a se meter em encrencas, ela vai fazer isso. Você não pode impedi-la.

Eu cerrei os dentes. Parte de mim sussurrou que ele estava certo, afinal, não era como se eu tivesse conseguido mudar Amber. Minha prima não tinha começado como o tipo de pessoa que injetaria heroína na frente de sua filha de doze anos de idade.

Mas eu queria mais para Jessica. Muito mais.

— Eu que deveria bater na porta ou você? — perguntei a ele, determinada. Ele deu de ombros, e então, bateu com força contra a madeira.

— É Pic.

— Sim? — gritou um homem, sua voz rouca. Eu podia imaginar por que, também.

— Você tem uma garota aí chamada Jessica?

Ouvi vozes abafadas, e, então, outro homem falou de novo.

— Ela diz que não, mas ela parece culpada. Nos dê um segundo.

Esperamos pelo que não poderia ter sido mais do que alguns minutos, mas pareceu uma eternidade enquanto eu ouvia burburinhos e pancadas vindos do quarto.

Duas vozes masculinas. Em seguida a de Jessica se elevou em uma discussão. Querido Deus, por que ela fazia coisas assim?

Hayes se recostou contra a parede o tempo todo, cruzando os braços grandes e me estudando como um rato encurralado. Então a porta se abriu, revelando um jovem alto, de cabelos escuros, com o cabelo amassado. Olhei por ele para encontrar um quarto muito simples, com uma antiga cama flácida. Jessica ficou ao pé, com o rosto cheio de fúria. Atrás dela estava outro homem, este com cabelo loiro curto e espetado. Ele não estava usando uma camisa, apenas um par de jeans vagamente fechados, e ele puxou as botas pesadas de couro com um olhar de profundo aborrecimento.

Havia manchas de batom em seu peito, trilhando para baixo em seu estômago.

Santo inferno.

— Você não tem o direito de estar aqui — Jess assobiou para mim. Meus olhos vacilaram de volta para ela. Deus, ela parecia horrível. Maltrapilha, com meia-calça rasgada, minissaia, e dois tops em camadas de uma forma que de algum modo não cobria nada e ainda dando a aparência de roupa. Seus olhos estavam manchados com linhas grossas e pretas escuras, seu cabelo estava embaraçado e selvagem, e a mancha vermelha em toda a sua boca combinava com a trilha que tinha sido deixada sobre o homem atrás dela.

— Jess, é hora de ir para casa, — eu disse, e de repente senti cada minuto dos meus 38 anos. O loiro vestiu uma camisa, e, em seguida, passou por ela porta a fora, praticamente rosnando em sua frustração. Hayes avançou e bateu em suas costas conforme trocavam um olhar que eu não poderia começar a entender.

— Eu te odeio!— Jess rosnou.

— Pelo amor de Deus, — disse Hayes, sua voz irritada. — Traga sua bunda aqui fora, sua merdinha. Eu não tenho tempo para isso e nem London.

— Dane-se. Eu sou uma adulta. Eu posso fazer o que eu quiser, e eu quero ficar aqui com Banks.

O jovem segurando a porta - presumivelmente Banks - deu um bufo incrédulo. Hayes não fez nada, mas de alguma forma o ar mudou. Escureceu. Jessica tinha cometido um erro muito grave e de repente senti medo por ela. Estendi a mão, pegando o braço dele sem pensar, meus dedos contornaram sua pele quente enquanto sussurrei: — Por favor...

Hayes olhou para minha mão, e então pegou o meu olhar, segurando-o cativo.

— Você me deve — disse ele. — Porque essa vadia não fala assim comigo, você entendeu? Nunca mais.

Ele voltou sua atenção para Jess, cujo rosto tinha começado a refletir alguma preocupação. Talvez ela finalmente estava percebendo que isso não era um jogo?

— Tira sua bunda daqui e peça desculpas à sua prima, — disse Hayes, sua voz tão tranquila e baixa, eu a senti percorrer minha espinha abaixo. — Em seguida, desça as escadas e entre no carro dela. Você vai até sua casa e nunca voltará aqui de novo. Se voltar, te ensinarei uma lição que nunca esquecerá – e não pense por um segundo que sorrir e mostrar seus seios farão alguma diferença. Eu já vi isso tudo antes. Estamos entendidos?

Jessica assentiu com a cabeça, os olhos arregalados. Ela saiu do quarto, se movendo instintivamente para ficar atrás de mim, tão longe do presidente dos Reapers quanto poderia ficar sem fazer uma pausa óbvia para a sua liberdade.

— Eu estou pronta para ir embora agora, Loni — disse ela, em voz baixa.

— Ok. Vamos dar o fora daqui.

Eu me virei para ir embora, mas a voz de Hayes cortou o ar como a barra de um chicote.

— Pare.

Nos viramos lentamente. Seu olhar me esfolou, despindo através de minhas defesas, e eu percebi que ele estava muito, muito mais irritado com Jessica do que eu tinha imaginado. Em algum lugar nas profundezas do meu tronco encefálico, o macaco gritava de medo, absolutamente convencido de que um predador estava prestes a nos comer.

— Banks vai te levar para baixo, — disse ele. — Você e eu não terminamos.

O menino saiu do quarto rapidamente, puxando seu colete de Reapers antes de pegar o braço de Jessica e arrastá-la pelo corredor. Se você os tivesse visto de longe, você quase acreditaria que eles eram um jovem casal de mãos dadas... na realidade, ele era mais parecido com um guarda escoltando uma prisioneira.

— Muito obrigada por me ajudar, — eu disse a Hayes, uma vez que eles tinham ido, me forçando a respirar de forma equilibrada. Não demonstre medo. — Sobre o que você queria falar?

— Eu quero você na minha casa na segunda-feira às três — disse ele.

— Podemos incluir você na minha agenda — eu disse lentamente. — Mas eu não estou com meu calendário comigo. Posso entrar em contato com você amanhã, quando eu não estiver tão cansada?

Definitivamente a melhor ideia. Talvez eu até encontre uma maneira de sair dessa, porque eu sabia muito bem que ir à casa dele sozinha não seria seguro. Não depois de vê-lo assim – e também, o homem era mais perigoso do que todos os rumores combinados. Ele sorriu para mim como um lobo.

— Não, eu vou te ver às três na segunda-feira. Bolt vai lhe dar o endereço. Isso vai cobrir o nosso acordo original, mas você já se esqueceu que me deve mais agora?

— Huh? — eu perguntei sem entender.

— Acabei de dar à sua garota um maldito grande passe — disse ele lentamente, dando um passo em minha direção. Eu recuei com cautela. — Mas alguém tem que pagar pelo que ela fez.

Hayes deu mais um passo para frente, e eu senti minhas costas baterem na parede. Nada bom. Seu rosto estava frio, os olhos cheios de gelo. Ele se elevou sobre mim, as mãos vindo descansar em cada lado da minha cabeça.

— O que exatamente você quer dizer com pagar? — eu sussurrei.

— É meu aniversário — disse ele lentamente, seu peito beliscando as pontas dos meus seios. Meus mamilos endureceram sem permissão. — E em vez de ter meu pau chupado por uma stripper, eu só empatei a foda de dois dos meus irmãos por você.

Eu me senti começando a entrar em pânico.

— Você conseguiu... — eu limpei minha garganta nervosamente. — Você fez sexo oral. Quer dizer, se você quer ser técnico sobre o assunto. Você só não terminou.

— Eu estou ciente.

Seus quadris empurraram para baixo, demonstrando exatamente o quanto ele estava ciente. Engoli em seco quando senti seu duro comprimento pressionar o meu estômago. Calor correu através de mim, se contorcendo para baixo entre as minhas pernas, porque não importa o que mais Reese Hayes pudesse ser, ele era incrivelmente sexy. Sua boca abaixou em direção à minha, e, em seguida, seu nariz roçou ao longo do comprimento do meu. Senti seu hálito quente sussurrar pela minha bochecha. Seus lábios pairaram uma fração de uma polegada sobre os meus e fechei os olhos.

— Apenas um gosto. — ele sussurrou. Eu balancei a cabeça. Eu não conseguia evitar.

Sua boca roçou a minha enquanto uma de suas mãos deslizou para o meu cabelo, soltando a bandana. Sua língua traçou a abertura dos meus lábios, silenciosamente pedindo para entrar.

Suspirando, eu o deixei.

O beijo foi surpreendentemente gentil em sua intensidade. Sua língua alcançou profundamente, explorando em um jogo de caça e perseguição que enviou tentáculos de desejo em tudo, até meus dedos dos pés e para cima novamente. Sem pensar, eu pressionei meus seios contra o peito dele, assustada e emocionada com o quão bom era a sensação dele em torno de mim. Seus quadris se moveram em um ritmo lento e firme enquanto deslizava um joelho entre os meus. Senti um aperto de mão na minha bunda e então ele me impulsionou sem esforço, me prendendo contra a parede enquanto minhas pernas o envolviam, oh, tão naturalmente.

A realidade me atingiu.

O pênis de Reese Hayes aninhava contra a minha abertura e, com o meu corpo esticado em direção ao seu, eu percebi que estávamos perigosamente perto do ponto sem retorno.

Imaginei o rosto sorridente de Nate e me forcei a me afastar do beijo. Hayes soltou minha boca, segurando meu corpo firmemente, apoiando a testa contra a minha e respirando com dificuldade. Eu empurrei minha coluna de volta para a parede, a adrenalina em alta, mas não havia para onde ir. Não que o beijo tinha sido violento ou áspero ou mesmo apaixonado... eu apenas nunca tinha experimentado nada parecido com a intensidade calma deste homem.

E eu nunca quis ninguém mais do que eu queria Reese Hayes naquele momento.

— Eu preciso ir, — eu sussurrei. — Jessie está esperando por mim.

— Fique.

— Não posso. Ela precisa de mim. Você é um pai, você entende. Eu sei que entende.

— Você não pode consertá-la — ele sussurrou em meu ouvido, o calor de sua boca roçando o lóbulo. — Ela é uma criança grande e ela tem que tomar suas próprias decisões. Mais cedo ou mais tarde temos que deixá-los crescer.

— É isso o que você fez com suas meninas? — perguntei. Ele ficou parado, depois sacudiu a cabeça com uma risada baixa.

— Porra, não, — admitiu. — Eu tentei tudo que podia para protegê-las e mantê-las seguras. Não adiantou de nada no final. Kit está correndo livremente, e Em está amigada com um bastardo que eu daria qualquer coisa para enterrar.

— Então, você sabe por que eu tenho que sair agora.

Ele me abaixou lentamente e estudamos um ao outro por longos segundos, compartilhando um tipo de entendimento que eu nunca teria acreditado ser possível 10 minutos mais cedo.

— Eu vou te levar até o carro — disse ele.

— Obrigada.

Uma estranha mistura de consciência e tensão se seguiu enquanto descíamos as escadas e passávamos pelo salão principal do clube. Olhares especulativos nos tocaram, os quais eu ignorei.

Eu podia ignorar o zumbido do meu corpo, também, eu cumpri meu objetivo.

Lá fora, uma Jessica muito moderada esperava ao lado da van no estacionamento, Banks em pé perto o suficiente para observá-la, mas não perto o suficiente para falar confortavelmente. Ele parecia entediado, mas alerta, claramente determinado a seguir as ordens de seu presidente.

Tanto por uma mor juvenil.

Destranquei a van com a minha chave e Jess deslizou para dentro enquanto eu chegava à minha própria porta. Hayes pegou meu ombro, me virando para ele.

— Três horas, segunda feira à tarde.

— Eu vou verificar a minha agenda.

— Faça isso. — disse ele com um sorriso lento e malicioso, porque nós dois sabíamos muito bem que eu estaria lá, na hora e pronta para trabalhar. Eu tinha a sensação de que ele iria me caçar. Abri a porta da van e entrei, deslizando a chave na ignição.

Jess se recusou a olhar para mim, o que funcionou bem, porque eu realmente não sentia vontade de lidar com ela. Nós tínhamos feito metade do caminho para casa antes que ela quebrasse o silêncio.

— Minha mãe nunca iria me envergonhar assim.

Depois de tudo isso, ela ia jogar Amber em mim? Algo feio dentro de mim estalou.

— Não, ela teria cobrado deles para transar com você porque ela nunca daria nada de graça.

Jessica engasgou e eu imediatamente me senti horrível. Pode ser verdade, mas eu não tinha nada que derrubar Amber para a filha. Eu podia fazer melhor...

— Sinto muito.

— Vá se foder. — disse ela, com a voz fria, sombria, e tão cheia de ódio que vacilei. — Eu quero ir morar com ela. Minha verdadeira mãe.

Eu diminuí a van para encostar, porque eu errei e sabia disso. Jess se virou.

— Apenas dirija. Eu não quero conversar. Você não é minha mãe e você não é minha chefa. Eu sou uma adulta. Vá se foder... — ela repetiu, mas desta vez ela não soava forte. Não. Era um sussurro de dor. Meu coração rasgou ao meio, porque não importa o quão danificada Jess era, não era culpa dela. Desde o instante de sua concepção, ela tinha sido mergulhada em produtos químicos tóxicos no ventre de sua mãe e agora ela tinha que viver com isso o resto de sua vida.

Na privacidade da minha mente, eu me permiti um segundo xingamento nessa noite.

Vá se foder, Amber.


Capítulo Três

 

Segunda-feira

 

LONDON

 

— Tenho que admitir, eu pensei que você pudesse ter um problema com isso... — eu disse, passando o dedo ao redor da borda do meu copo de água. Nós deveríamos ter um encontro naquela noite, mas Nate tinha ligado mais cedo dizendo que ele tinha sido escalado para trabalhar, então nos encontramos no centro para um almoço em vez disso.

Ele roubou uma das minhas batatas fritas, e eu bati em sua mão de brincadeira. Eu sentia falta de ter um homem por perto, tanto quanto eu odiava admitir isso. Olhando para ele do outro lado da mesa, eu senti uma onda de calor, porque estar com ele sempre me fazia feliz. Ele era tão forte e sexy no seu uniforme de policial... como algo saído de um livro de romance. Nate ainda tinha o cabelo desgrenhado e ondulado para completar o pacote.

A memória do beijo de Reese Hayes passou pela minha mente, e eu corei. Eu não tinha dito a Nate sobre ele. Nós não estávamos oficialmente exclusivos... ou pelo menos nós nunca discutimos isso.

A implicação era muito clara, no entanto.

— Eu não estou feliz, — admitiu. — Hayes é um criminoso e todos nós sabemos disso - mas ele não está sob investigação por qualquer coisa agora. Eu me pergunto os motivos dele em te pedir para ir pessoalmente.

Sim, eu não ia tocar nisso...

— Bem, isso deve ser interessante, — eu disse.

— Como está Jess?

— A mesma de sempre, eu acho. Eu estou tentando fazer ela procurar um emprego. Ela precisa pensar em seu futuro, e ela diz que não quer fazer faculdade. É frustrante.

— Deve ser, — Nate disse, sua voz simpática, mas sem sentimento. Ele deixou claro desde o início que tudo o que se passava entre mim e Jess era nosso negócio. Ele estava totalmente fora disso, o que eu achei alternadamente reconfortante e frustrante, porque eu estava tendo mais problemas do que poderia lidar. — Você acha que é seguro sair de casa por uma noite? Eu adoraria te levar até Sandpoint neste fim de semana. Há um belo C&C3, eu acho que você vai gostar.

Corei, porque nós dois sabíamos o que ele estava realmente perguntando. Eu estava pronta para passar a noite com ele? Por alguma razão eu estava enrolando, o que era estranho, dada a forma como quão sexualmente frustrada eu estava. Eu não conseguia pensar em uma única boa razão para não dormir com ele... você pode muito bem fazer isso, eu decidi. Retire de uma vez o curativo, e assuma de novo o controle.

Ótimo. Agora eu estava pensando em clichês.

— Eu não acho que eu posso sair durante a noite, — eu respondi, oferecendo a ele um sorriso. — Eu tenho medo que ela iria a uma festa e incendiaria o lugar ou algo assim. Mas isso não significa que não podemos ter algum tempo para nós mesmos.

Seu rosto se iluminou.

— Tem certeza? — ele perguntou. Nate nunca empurrou, o que era uma das coisas que eu amava sobre ele.

— Sim, eu tenho certeza.

Ele estendeu a mão sobre a mesa e pegou minha mão, puxando-a para um beijo suave. Eu ouvi um pequeno suspiro e olhei para encontrar a nossa garçonete assistindo extasiada.

Eu me inclinei para frente e sussurrei em seu ouvido.

— Acho que ela está esperando que você proponha, — eu disse, rindo.

— Ainda não, — respondeu ele, virando a cabeça apenas o suficiente para permitir que seus lábios roçassem meu queixo.

Ele acabou de dizer o que eu pensei que ele disse?

Oh, wow... eu sabia que Nate queria se casar novamente. Ele havia se divorciado há três anos e tinha sido claro que ele estava à procura de um relacionamento sério. Ainda assim, parecia um pouco cedo para dizer algo assim.

Eu me afastei, olhando para a minha comida.

— Ei, não se preocupe, — disse ele levemente. — Você pensa demais, Loni. Apenas desfrute do momento, ok?

— Ok. Então... talvez devêssemos combinar. Que tal se eu for para sua casa na sexta-feira? Nós poderíamos fazer o jantar e talvez assistir a um filme ou algo assim.

— Eu gosto da opção ‘ou algo assim’, — disse ele, com os olhos brilhando.

Eu mexi meu ketchup com uma batata frita, fingindo que tinha de considerar a sugestão com cuidado.

— Sim, isso vai funcionar.

Ele se inclinou para me beijar corretamente, bem no meio do restaurante. A nossa garçonete boba começou a bater palmas. Ugh. Eu já fui jovem e romântica?

Não. Eu não fui.

Amber tinha sido a romântica, sempre perseguindo seus sonhos, até o ponto em que ela caiu num buraco de coelho e nunca encontrou seu caminho para fora. Eu estava me arrastando atrás dela desde então, controlando os danos.

Talvez fosse hora de perseguir alguns dos meus próprios sonhos. Começando com Nate.

Eu merecia um pouco de felicidade.

 

 

 

Por que diabos estou aqui?

Eu estava na varanda de Reese Hayes no final da tarde, questionando minha sanidade. Jessica iria apenas entrar em apuros novamente - eu não tinha resolvido nada, apenas adiado o inevitável. O brilho descontraído que eu tinha levado do meu almoço com Nate tinha evaporado no minuto em que eu fui para casa, substituído por uma espécie de ansiedade horrível e emoção em ver Hayes novamente, tudo misturado no meu estômago.

É claro que poderia ter sido apenas as batatas fritas que eu tinha comido no almoço.

Sim. Certo.

O grande motoqueiro me encontrou na porta com um sorriso preguiçoso que certamente derretia as calcinhas das meninas. Jeans desbotados pendurado baixo em seus quadris e uma camiseta velha faziam muito pouco para esconder a maior parte de seus músculos. Esses olhos azul gelo que não perdiam nada, varrendo para baixo da minha figura pegando a camiseta folgada e calça jeans cheia de buracos que eu deliberadamente escolhi para vestir esta tarde. Possivelmente a roupa menos sexy na história humana e isso não foi por acaso.

Não haveria repetições dos infelizes acontecimentos do fim de semana no corredor.

A boca de Reese se curvou e seu rosto não tinha nada da frieza intimidante da última vez que eu o vi. Não, hoje ele estava fingindo ser um ser humano seminormal, mas apenas parcialmente bem sucedido. Eu sabia o que estava sob a superfície - um homem duro, que não hesitaria em fazer o que ele precisava fazer para conseguir o que queria. Infelizmente, minhas partes de menina pararam de ouvir o meu lado direito do cérebro após a parte “homem duro”, porque estava menos focada no trabalho futuro e mais focada em lembrar como tinha sido a sensação da sua boca na minha.

— Ainda bem que você pôde me encaixar em sua agenda, — disse ele maliciosamente quando eu entrei. Mordi a língua. Literalmente. Eu não podia me dar ao luxo de irritá-lo por inúmeras razões, não menos era o fato de que o MC era meu cliente que melhor pagava. Se eu tivesse o contrato do clube de strip, ele seria o maior, também. Todo esse dinheiro. Eu poderia não estar sofrendo por trabalho - mas há trabalhos e trabalhos. O clube não tinha medo de pagar bem em troca de um bom serviço, e eles não economizavam quando se tratava de conseguir o que queriam. Expandir para assumir a sua conta valeria a pena.

Mas pondo os negócios de lado, eu também tinha certeza de que, se Reese ficasse bravo o suficiente, coisas ruins poderiam começar a acontecer. Coisas ruins, regularmente. Eu baseei isso na impressionante exibição de facas e armas da coleção que pairava sobre a lareira na sala de estar.

— Belas armas, — eu murmurei, os olhos arregalados. Ele riu.

— A maioria delas foram do meu pai, — ele disse. — Embora eu peguei algumas minhas ao longo do caminho, também.

Adorável.

Eu me virei para encará-lo, oferecendo meu sorriso mais profissional.

— Você pode me mostrar a casa? — perguntei. — Eu gostaria de ter uma ideia do local, ver a quantidade de trabalho que tenho à minha frente. Eu tenho cinco horas antes que eu precise pegar Jess.

— Ela está bem?

Hmm... como responder a isso? Eu encontrei o seu olhar, desejando que seus olhos não fossem tão brilhantes e azuis. Não era justo para um homem ter músculos assim e esses olhos lindos. E aqueles lábios, tudo emoldurado em uma barba por fazer...

— Ela está com raiva de mim e zangada com o mundo, — eu disse finalmente. — E eu disse algo estúpido para ferir seus sentimentos, o que não ajuda as coisas. Difícil saber em que direção estamos indo.

— Você quer falar sobre isso?

Isso me assustou. Tossi, desviando o olhar. Por que diabos ele se ofereceu para falar comigo sobre Jessica? O segundo homem a perguntar isso hoje, eu percebi, pensando novamente em Nate no almoço. Ótimo. Eu estava cercada por homens sensuais e tudo o que eles queriam fazer era discutir as minhas técnicas maternais de merda.

— Não. Vamos apenas acabar com isso, ok?

Ele levantou uma sobrancelha, levantando as mãos em sinal de rendição divertida.

— Por mim tudo bem, — disse ele. — Vamos lá.

Começamos a subir as escadas estreitas para o segundo andar, que tinha três quartos e um banheiro. O lugar era velho, uma casa construída pelo menos uma centena de anos atrás, e não era nada extravagante - apenas confortável e acolhedora. Tapetes de pano coloridos cobrindo pisos de madeira, e dois dos quartos, obviamente, pertenciam a suas filhas. O terceiro mantinha uma cama de hóspedes.

Achei que dizia algo positivo sobre ele que ele não tinha embalado as coisas delas ou redecorado tudo quando elas se mudaram.

Acho que ninguém é de todo ruim.

A vibração caseira continuava lá embaixo, apesar da exibição de armas na sala de estar. A sala de jantar mantinha uma cristaleira cheia de coisas que deveriam ter sido de Heather. Fotos cobriam as paredes e havia até mesmo algumas plantas, embora elas não parecessem particularmente saudáveis no momento.

Gostaria de saber se as filhas dele tinham sido as únicas a cuidar delas?

As plantas não eram as únicas coisas que sofriam de negligência. Tinha poeira na maioria das superfícies, pontos de água cobriam as torneiras, e o lixo da cozinha parecia estar cheio de pratos de papel e velhos recipientes de marmitas. Alguns copos sujos sobre a pia... nenhuma outra evidência de que alguém havia cozinhado ali pelo mês passado.

— Acho que você come muito fora?

— Vida agitada. O quarto está aqui atrás.

O quarto.

Não seja uma idiota, eu disse a mim mesma. Você já limpou centenas de quartos de estranhos ao longo dos anos e não é grande coisa.

— Eu preciso pegar meus suprimentos, — disse eu, me acovardando. Eu olharia seu quarto mais tarde, depois que eu tivesse o resto da casa brilhando. Felizmente isso não deve ser um trabalho tão difícil - poderia haver uma grande quantidade de poeira, mas o local não estava imundo. Tenho a impressão de que ele não passava muito tempo lá, isso deve ter limitado a bagunça.

— Você precisa de ajuda para carregar alguma coisa? — ele perguntou, me arrastando até a porta.

— Não. Na verdade, será mais fácil para mim se você sair por algumas horas.

Ele me estudou especulativamente, e eu revirei os olhos.

— O que você acha que eu vou fazer - roubar suas armas? Eu nem gosto de armas. Vai ser barulhento e empoeirado e você vai ficar no meu caminho.

Hayes deu um suspiro de surpresa, e eu percebi que ele estava segurando o riso. Ok. Isso era melhor do que ele me ameaçando.

— Eu vou estar na loja, — disse ele. — Venha me encontrar se você tiver quaisquer perguntas.

— Tudo bem, — eu respondi, dando mais um rápido olhar ao redor.

Quanto mais cedo eu terminasse isso, melhor.

 

 

 

Quase três horas depois, eu tinha esfregado, espanado, limpado e lavado toda a casa. Não foi uma limpeza profunda - sem janelas - mas as superfícies estavam livres de sujeira e higienizadas, os tapetes foram aspirados, e os coelhinhos de poeira foram executados por crimes contra a humanidade.

Agora, tudo o que restou era a edícula nos fundos onde ele dormia, que eu tinha deixado para o final. Por quê? Eu não faço ideia. Eu acho que parecia muito íntimo, e eu não queria ficar mais perto dele do que eu precisava. Isso era uma loucura, porque eu tinha limpado quartos ao longo dos anos e nunca senti mais do que uma leve curiosidade sobre seus moradores.

Se recomponha.

Entrar em seu quarto era como entrar num mundo diferente. Era todo novo, de modo que era certamente um grande contraste, mas o lugar era escasso e estéril, também. Mobiliário moderno, e não muito. A cômoda e um centro de entretenimento com uma TV de tela plana gigante nele. Painéis espelhados que cobriam grandes portas duplas de um armário. Persianas abertas na parte de trás, penduradas com pesadas cortinas escuras, que não eram muito pretas, mas não eram muito outra coisa, também.

E a cama? WoW.

Reese Hayes tinha uma cama grande o suficiente para seis pessoas, e eu não ficaria surpresa se ele tivesse tido esse tanto aqui uma vez ou duas. A imagem dele deitado de costas, nu e acenando me tirou o fôlego por um instante. Acalmem-se, hormônios! Lençóis de seda preta o cobriam, outro toque moderno profundamente fora de sincronia com o resto da casa. Parecia algum tipo de covil escuro, o que eu supunha que era. Ele obviamente apagou quaisquer indícios de que sua esposa já tinha dormido aqui.

— Agora, isso é deprimente, — eu murmurei baixinho para mim mesma.

— O que é deprimente?

Eu pulei, adrenalina correndo enquanto me virei para encontrar o homem em pessoa, me olhando. Ele se encostou na moldura da porta, seus grandes braços cruzados, o que flexionou os seus músculos de uma maneira que enviou um arrepio na minha espinha.

— Não espreite sobre mim desse jeito!

Hayes levantou uma sobrancelha, e eu percebi que eu gritei com ele.

— Desculpe, — eu disse rapidamente, me lembrando de como ele respondeu a má criação de Jessica. Eu não tinha qualquer razão para acreditar que ele seria perigoso, pelo menos não sob estas circunstâncias. Isso não significava que eu deveria me sentir confortável e segura em torno dele, no entanto.

— Eu não queria te assustar, — disse ele em voz baixa. — Mas o que você quis dizer com esse comentário?

Amo essa sensação veado-nos-faróis. Tentei pensar, chegar a algum tipo de mentira segura, mas a verdade veio à tona em vez e foi horrível.

— É deprimente, pois é óbvio que você removeu todos os traços de Heather do seu quarto.

Ele congelou, e pela primeira vez eu vi algo como uma verdadeira emoção em seu rosto. Ele parecia... atordoado. Como se ele não pudesse acreditar que eu realmente disse isso.

Justo. Eu não podia acreditar nisso, também.

— Sinto muito, — eu sussurrei. Ele se virou e saiu, batendo a porta atrás de si.

Muito bem, London. Chute o viúvo nas bolas emocionais. Ótimo. O que diabos havia de errado comigo?

Eu me virei e pousei meu balde. Eu poderia muito bem começar a trabalhar, porque não havia nenhuma maneira que eu estaria deixando este quarto tão cedo. Eu não acho que eu seria capaz de enfrentá-lo por um tempo... eu entrei no banheiro e acendi a luz, olhando ao redor. Oh, meu Deus. Era nojento. Não estava mofado ou qualquer coisa, mas realmente era óbvio que ele não tinha visto uma boa limpeza em semanas, talvez até meses. Muito pior do que o banheiro no andar de cima tinha estado, mas eu acho que fazia sentido. Ninguém vivia lá.

Ele teria bastante tempo para me perdoar antes de eu sair daqui, eu percebi. Meu telefone tocou.

Jessica: Estarei pronta uma hora mais cedo e preciso de carona.

Eu esfreguei minha têmpora, frustrada. Eu nunca iria terminar isso a tempo, e agora eu tinha ainda menos tempo, a não ser que eu fizesse Jess ir para casa a pé do centro comunitário. Conhecendo minha sorte, ela ia pegar um monte de novos amigos ao longo do caminho e trazê-los para a casa para uma festa...

Maravilhoso.

O Presidente Amigável e eu precisaríamos marcar pelo menos mais uma sessão, o que significa mais tempo com ele do que eu jamais imaginei quando aceitei o nosso acordo. E isso foi antes de eu insultá-lo sobre sua esposa morta em seu quarto.

Jessie vale a pena, eu me lembrei. Isso não é nada. Basta começar a trabalhar e manter a boca fechada. Pense sobre Nate e sexta-feira à noite. Com alguma sorte, você vai voltar a ver Reese Hayes, uma ou duas vezes por mês a partir de uma distância segura.

Apenas do jeito que deve ser.

Eu estava apenas parcialmente terminando com o banheiro quando o temporizador do meu telefone desligou, me lembrando de pegar Jess. Arrumei meus suprimentos e olhei em volta, insatisfeita.

Pelo menos o banheiro estava limpo.

Passando por sua cama recém trocada, eu tentei não pensar em quão macio e confortável seria a sensação do tecido de seda contra a minha pele... eu suspeitava que seria fabuloso, especialmente se seu corpo estivesse cobrindo o meu e eu tivesse provando esses seus lábios de novo. Minhas bochechas aqueceram, e eu me perguntava como - exatamente - eu tinha ido de ser uma mulher sensata, responsável, para aquela que poderia cobiçar dois homens em um dia.

Eu tentei pensar em uma maneira de por a culpa em Jessica, mas nem mesmo eu poderia fazer isso. Eu tinha que encarar os fatos - que eu me tornei uma pervertida. Eu acho que todos os artigos sobre mulheres que chegam em seu pico sexual em seus trinta anos não tinham exagerado.

Quando entrei na cozinha, ouvi vozes na sala de estar.

Hayes e uma mulher. Senti o cheiro de comida, também. Pizza. O cheiro de queijo-quente-e-tomate flutuando em minha direção era celestial. Eu tinha trabalhado tanto que isso abriu o meu apetite, o que eu acho que era uma coisa boa sobre o meu trabalho. Eu queimava muitas calorias em uma base diária, não há dúvida disso.

Ao me aproximar da sala de estar, eu podia ver a parte de trás da cabeça de Hayes de onde estava sentado no sofá. Uma mulher montava nele, de frente para mim. Por um horrível, miserável momento eu pensei que poderia estar prestes a passar sobre ele tendo relações sexuais novamente. Ela olhou para mim, a curiosidade escrita por todo o seu rosto, dizendo a ele alguma coisa que eu não conseguia entender. Ele a empurrou suavemente. Felizmente, ela estava completamente vestida.

— Então, — eu disse, entrando na sala, me sentindo indescritivelmente estranha. Uma caixa aberta de pizzas estava sobre a mesa de café, juntamente com duas cervejas abertas e um par de garrafas vazias.

Hayes estava de pé, coxas grossas e musculosas ainda mais sexy do que eu me lembrava, o que parecia um pouco injusto. Sua companheira me deu um sorriso amigável. Ela era jovem, bonita, e, aparentemente legal, também. As meninas gostam dos que são os piores. Eu tive um sentimento de que eu parecia horrível, e com a minha sorte, eu provavelmente não tinha um cheiro muito bom agora, também.

Ah, e velha. Eu me sentia velha.

— Estou quase terminando o seu banheiro, — eu disse, percebendo que eu deveria pedir desculpas pelo que eu disse anteriormente. Eu só não sabia como. — Mas ainda não está bom. Vou precisar de voltar.

— Eu posso estar aqui amanhã à tarde.

— Eu não posso. Mas eu posso vir na quarta-feira.

— Quarta-feira não é bom para mim. Amanhã.

— Não, eu posso vir na quarta-feira, — eu repeti. — Eu tenho que levar Jess ao hospital em Spokane amanhã. Ela tem uma consulta com um especialista e não é como se você pudesse simplesmente remarcar esses.

Ele franziu a testa.

— Para que ela precisa ver um especialista?

— Isso não é da sua conta, — eu respondi, me endireitando. — Eu aprecio sua ajuda na outra noite, mas isso não é uma licença para invadir a nossa privacidade.

Os olhos da garota se arregalaram.

— Eu preciso ir lá fora buscar algo no meu carro, — disse ela rapidamente. Comecei a andar, decidindo que era melhor sair, mas Hayes estava no meu caminho. O homem era como uma parede de tijolos. Uma parede de tijolos realmente frustrante. Eu tentei passar por ele, mas ele envolveu uma grande mão em volta do meu braço, me parando. Legal. Eu tinha esquecido de ter medo dele.

Isso foi um erro, porque ele poderia ficar assustador assim.

— O que há com a sua menina? — ele perguntou de novo, sua voz suave. — Eu sei que ela é uma criança selvagem, mas isso soa como mais.

Fiquei olhando para seu peito largo, me recusando a encontrar seus olhos. Ele usava uma camiseta rasgada que tinha visto melhores dias, e ele não fez muito para esconder a força latente de seus músculos ou o quão facilmente ele poderia me manter aqui por tempo indeterminado. Não só isso, ele cheirava bem. Tão injusto.

— Eu realmente não quero falar sobre isso.

Seus olhos se estreitaram.

— Você precisa de ajuda, London? — ele perguntou. — Você trabalha para nós agora. Se há um problema, você deve me dizer. Mesmo se não houver, eu deveria saber se você tem algo grande acontecendo. Tudo o que toca o clube é o meu negócio.

Eu bufei. Agora, ele estava interessado em saber mais sobre nossas vidas?

— Não é nada importante, — eu respondi, forçando a minha voz a ficar plana, porque não havia nada e nunca haveria. — Nós só precisamos checá-la. Mas eu posso voltar na quarta-feira logo após o almoço. Será que isso funciona para você?

Ele me estudou um pouco mais, em seguida, esfregou as mãos para cima e para baixo nos meus braços antes de me deixar ir. Isso foi uma sorte, porque eu tenho certeza que eu arrepiei e a última coisa que eu precisava era ele descobrindo como eu reagi ao seu toque.

— Eu não vou estar aqui na quarta-feira, — disse ele. — Mas eu posso programar um código para você usar. Eu vou mandar uma mensagem com isso para você de manhã, está bem?

— Fantástico, — eu disse, me sentindo quase desesperada para fugir. — Você está ocupado, eu não quero te atrapalhar. Boa noite!

Corri para a porta antes que ele pudesse responder, mas parei na varanda. Merda. Por mais que eu quisesse ir para bem longe, eu precisava pedir desculpas. O que eu disse sobre o seu quarto e Heather tinha sido tão errado em tantos níveis... me virei para enfrentar Reese, encontrando seus olhos diretamente.

— Esse comentário sobre o seu quarto? Isso foi errado. Não tenho o direito de dizer qualquer coisa sobre a sua casa ou o seu quarto - ou sua esposa. Sinto muito. Foi impensado e doloroso.

Reese não respondeu de imediato, apenas estudou o meu rosto. Então, ele acenou com a cabeça lentamente. Bom o suficiente para mim, então eu virei e fui rapidamente em direção a minha van. A mulher que eu tinha visto lá dentro estava no carro dela, fumando e olhando para mim com os olhos abertamente curiosos.

— Você está bem?

— Tudo bem, — eu disse. — Não se preocupe.

Ela encolheu os ombros, jogando para baixo a bituca e esmagando-a com o pé. Ela caminhou de volta para a casa enquanto eu carreguei meu material. Com o canto do meu olho eu vi ela ir para Reese. Ele a guiou para dentro da casa, fechando a porta atrás deles. Comecei a subir em meu veículo, em seguida, olhei para a bituca no chão.

Deixe isso pra lá.

Eu não podia. Ser uma maníaca por limpeza era uma maldição, às vezes, mas amaldiçoada se eu poderia me afastar e deixar aquela coisinha feia ali. Eu dei a casa um olhar rápido para me certificar de que estava tudo limpo antes de ir pegar aquilo. Agarrando-o cuidadosamente entre dois dedos, o levei ao pela lateral da casa para a lata de lixo.

Levou dois segundos para jogá-lo lá, e depois outro para um jato rápido de desinfetante para as mãos do pequeno tubo no meu bolso.

Melhor.

Então, como eu não podia controlar Jessica e me sentia tão estranha e desconfortável em torno de Reese? Pelo menos aquela bituca de cigarro não poluiu nada hoje. Eu decidi contar isso como uma vitória.

 

 

 

— Ela tem um dom, você sabe.

Olhei para Maggs, a nova coordenadora voluntária no centro comunitário.

— Jess?

Maggs assentiu, seu cabelo loiro bagunçado no estilo exato do jeito que eu tinha tentado fazer no meu tempo sem sucesso, cortando tudo. Ela parecia como Meg Ryan mais bonita. Eu parecia um palhaço horrível que tinha sido atacado com uma tesoura. Eu olhei em toda a sala para a minha priminha, observando ela rastejar pelo chão com uma menina.

— Eu não a vi antes, — eu disse, apontando para a criança.

— Ela é nova, está vindo por algumas semanas agora, — disse Maggs. — A família acabou de se mudar para a área. Ela tem um shunt4 - hidrocefalia congênita. Jessica tem um interesse especial nela.

Minha respiração ficou presa. É claro que ela tinha...

— Jess é um inferno na terra, mas ela é uma boa voluntária, — disse eu, o que era a verdade. Não importava o quão louco tudo mais era, Jess nunca perdeu uma mudança no centro. — Ela adora trabalhar com as crianças.

— Ela tem considerado em trabalhar com educação infantil ou áreas afins?

Eu ri.

— Eu não acho que ela considera nada além de sua próxima festa.

Maggs inclinou a cabeça.

— Isso é lamentável, — disse ela. — Porque ela seria realmente boa no que faz.

— Eu sei, — eu respondi, sorrindo. — Ei, Jess! Você está pronta?

Jess olhou para mim e sorriu, levantando e oferecendo para a garota a mão para um high five5. A menina pulou para bater nela, obviamente emocionada ao receber tal atenção de uma menina grande.

— A gente se vê na quarta-feira, — Jess disse a ela, em seguida, trotou em todo o chão da quadra em direção a mim. — Desculpe, eu perdi a noção do tempo. Hey, eles estarão tendo uma festa para as crianças e suas famílias na quarta-feira à noite. Eu a inscrevi para trazer frango e bolinhos. Eles querem isso aqui pelas seis.

— Obrigado por perguntar primeiro, — eu respondi, o meu tom seco. Ela sorriu para mim.

— Você diria que não?

Dei de ombros e ela riu, parecendo jovem e despreocupada.

— Ha! Eu conheço você muito bem. Você sempre consegue.

Isso era verdade...

— Então, eu pensei que você estaria pronta mais cedo hoje? Parecia que você não estava completamente pronta para sair depois de tudo.

— Sim, eu planejava sair mais cedo, mas, depois, fui pega em um jogo, — disse ela, dando de ombros. — Eu quero ir para casa, no entanto. Mellie está vindo para cá. Nós estamos indo ver um filme hoje à noite na Hayden - ela está com o carro de sua mãe. Você disse que você pagaria por um filme com ela esta semana, lembra?

— Eu me lembro, — eu disse, imaginando que Mellie merecesse algo agradável depois do que ela tinha passado na semana passada. Jess tinha explodido com ela por me chamar, embora elas fizeram as pazes no domingo à noite. Essa é a coisa com Jess. Para melhor ou para pior, ela não segura as coisas. De vez em quando, isso funcionava para os mocinhos ganharem.

— Você tem planos para o jantar? — perguntou Jess casualmente quando começamos a atravessar o estacionamento. Também casualmente. O que havia com ela até agora?

— Não realmente. Eu estava pensando que poderíamos ter sopa e sanduíches.

— Que tal pizza? — perguntou ela, e minha boca encheu de água. Eu não tinha tirado o cheiro da pizza na casa de Reese fora da minha mente desde que eu tinha saído de lá. Então, eu tinha sido intimidada por ele... mas eu também tinha estado com fome.

— Não tenho certeza de que está no orçamento, — eu disse lentamente, mentalmente calculando onde estávamos no mês. Entre a hipoteca e as contas médicas, não havia muito sobrando.

— Quem disse que você está pagando? — perguntou Jess, tirando uma nota verde amassada do bolso. Ela a estendeu e acenou triunfantemente na minha cara.

Uma de cinquenta

Meus olhos se arregalaram.

— De onde é que isso veio? — perguntei atordoada. Querido Deus, ela estava roubando agora?

— Foi um presente de agradecimento, — disse ela, com um sorriso largo. — Você viu aquela menina que eu estava brincando? Bem, sua mãe conversou comigo na semana passada e ela realmente gosta de como eu estou trabalhando com Ivy. Ela está atrás de outras crianças com esse problema, e é difícil para ela. Eu sei como é isso, então eu tenho passado mais tempo com ela. Hoje a mãe dela me deu isso e me agradeceu. Ela perguntou se eu sou babá, também!

— Jessie, isso é fantástico! — eu disse, puxando ela para um abraço impulsivo. Ela se afastou de mim imediatamente, de cara feia, mas eu podia ver o prazer em seus olhos. Esta foi uma grande vitória para ela.

Talvez uma oportunidade também.

— Você sabe, Srta. Dwyer disse que você tem um dom com as crianças, — eu disse a ela. Ela irradiava orgulho mesmo quando ela chutou uma pedra, fingindo não se importar. — Ela acha que você deve ir para a educação infantil. Você é realmente boa com elas, especialmente as crianças com necessidades especiais.

— Eu gosto delas, isso é tudo, — disse Jess. — Mas eu não quero estudar mais. Eu já te disse isso - eu não gosto de escola. É muito difícil para mim.

Eu fiquei séria.

— Eu sei que é difícil para você. Mas quando você se empenha, você faz um trabalho muito bom. Você se formou com um 3.1, e isso não é nada para se envergonhar.

Ela resmungou.

— Isso é só porque eu peguei todas as classes fáceis. Eu sou uma retardada e nós duas sabemos disso.

Eu parei mortificada e agarrei-a, virando-a em minha direção. Pegando o seu olhar, eu estudei seu rosto. O que eu vi lá me matou. Ela acreditava nisso. Não importa quantas vezes eu disse a ela de outra forma, ela ainda não podia esquecer o que essas pequenas cadelas no ensino médio tinham começado a chamá-la. Nem mesmo mudar de escola tinha ajudado.

— Eu nunca mais quero ouvir você dizer essa palavra de novo, — eu disse a ela, as palavras lentas e contundentes. — A dificuldade de aprendizagem não faz de você estúpida - significa apenas que você tem que trabalhar mais. Você tem um QI perfeitamente normal. Estou muito orgulhosa de você, Jess, e quando eu sugeri que você vá para a escola, é só porque eu sei que você pode lidar com isso.

Ela revirou os olhos, e eu lutei contra a vontade de sacudi-la.

— Jess, me escute. Srta. Dwyer disse que você tem um dom - e você sabe o quê? Você tem um dom. Você chamaria as crianças com quem trabalha aqui de retardas?

Os olhos de Jess se estreitaram e o seu rosto corou.

— Não. Eu nunca diria isso e você sabe disso.

— Então por que diabos você diria isso sobre si mesma? Você continue estudando ou não, mas nem por um minuto me diga que é porque você não é inteligente o suficiente. Você é inteligente, Jess.

Ela se acalmou, e eu praticamente vi as rodas girando em sua cabeça.

— Você disse que ‘diabos’.

— Sim, — eu respondi, me sentindo subitamente tímida. — Eu acho que eu fiz.

Um sorriso lento rastejou em seu rosto. Em seguida, ela se inclinou para frente, me alcançando para um abraço apertado.

— Obrigada, Loni, — disse ela. — Eu sei que eu a deixo louca, mas eu te amo. Obrigado por estar sempre ao meu lado.

Eu a abracei de volta, lágrimas enchendo meus olhos. Por que Jess não poderia ser assim o tempo todo? Esta era a garota para qual eu tinha desistido de tudo. Imperfeita e frustrante, mas valia a pena todos os sacrifícios e alguns mais.

— Você vai me comprar pizza ou o quê? — eu perguntei, finalmente, me afastando.

— A primeira que conseguir chegar no carro escolhe o restaurante, — disse ela, em seguida, correu em direção ao estacionamento, suas pernas longas bombeando. Comecei a ir atrás dela, mas eu nunca tive uma chance. A menina era seis centímetros mais alta do que eu com a passada para provar isso.

Meu Deus, eu amava aquela garota, e cada vez que eu começava a esquecer porque, ela fazia algo bonito para me lembrar.


Capítulo Quatro

 

REESE

 

A quarta-feira estava uma merda.

Uma das meninas que trabalham na Linha teve uma overdose logo depois do almoço, bem no palco. Eles chamaram a ambulância e Gage começou o RCP6, mas ela não sobreviveu. Nós todos sabíamos que Pepper estava usando drogas, mas não o quanto, e, aparentemente, ela deixou para trás um filho também. Eu fodi com ela no fim de semana anterior, mas ela nunca disse uma palavra sobre ter um filho. Não é que eu tenha dado a ela uma chance de falar muito, ou teria escutado se ela tivesse tentado falar.

Eu me odiava um pouco por isso.

Agora, o Serviço Social iria intervir e eu esperava que ela tivesse família em algum lugar. Nós provavelmente faríamos uma arrecadação de fundos para o menino, o que mudaria absolutamente nada, porque ele não precisa de dinheiro, ele precisava de uma mãe.

Caralho.

Em seguida, tivemos a notícia de La Grande que eles tinham interceptado uma grande entrega do cartel mais ao norte do que tínhamos percebido que eles começaram a entregar o produto. Isso também era uma merda, porque significava que as coisas estavam se aquecendo mais rapidamente do que tínhamos previsto. Eu acho que, tecnicamente, tínhamos estado em guerra com eles por seis meses, mas não era uma guerra ativa. Era mais uma 'guerra fria” enquanto fazíamos planos para dar o troco.

É evidente que o jogo de espera havia terminado.

E além de tudo isso, eu tinha quebrado meu polegar na oficina enquanto consertava a minha moto, porque eu sou um maldito idiota. Agora meu polegar doía como o inferno e a moto ainda não estava funcionando. Pelo lado positivo, me observar xingando e quebrando as paredes em frustração parecia entreter os caras.

Legal fornecer algum alívio cômico, eu acho.

Quando cheguei em casa, tudo o que eu queria era um banho quente, seguido de uma cerveja gelada e talvez um pouco de TV. Nós já tivemos uma missa7 naquela tarde - apenas uma reunião rápida para cobrir os eventos ao sul - mas não havia mais nada acontecendo hoje à noite e eu precisava de um tempo para mim mesmo. Normalmente eu traria alguma garota para foder depois de um dia de merda, mas Pepper pôs um fim nisso. Ela tinha sido a última garota na minha cama.

Com certeza ela se drogou no meu banheiro também, agora que eu pensei sobre isso.

Foi quando eu vi a maldita minivan na minha garagem. Merda. A Princesa de Gelo tinha dito que ela estaria fora no início da tarde, e eu não estava com vontade de ouvir a sua voz certinha enquanto olhava para os seus peitos fora dos limites.

— Puta que pariu, — eu murmurei, batendo minha mão no volante para dar ênfase. O que enviou uma onda de dor do meu polegar inchado e fiquei rígido, gemendo.

Alguma coisa poderia dar certo hoje?

Quando eu entrei em casa eu congelei, desorientado. Senti o cheiro de comida - boa comida. Algum tipo de salgado de frango encheu o ar e meu estômago roncou. Que diabos?

— London, você está aqui? — eu chamei, jogando minha coisas no sofá e me movendo em direção à cozinha. Nenhuma resposta... mas em cima do balcão da cozinha avistei o maior pote que eu já tinha visto, cheio de tudo o que diabos cheirava tão bem. Olhei em volta por ela, em seguida me dirigi ao meu quarto. A porta do banheiro estava fechada e eu ouvi o chuveiro ligado.

Ainda limpando. Eu decidi que iria perdoá-la por ser tão tarde, visto que ela tinha cozinhado. Voltei para a cozinha e tirei a tampa do pote, aspirando profundamente.

Puta merda, estava incrível.

Trinta segundos depois, eu tinha uma tigela gigante de frango e bolinhos em uma mão e uma cerveja na outra, porque eu não acredito em fazer rodeios quando se trata de comida. Voltei para o meu quarto e me sentei na minha cama, me inclinando contra os travesseiros que ela dispôs artisticamente sobre o edredom. Eu nem sabia que eu tinha tantos travesseiros.

O chuveiro ainda estava correndo. Interessante. Eu troquei a cerveja pelo controle remoto e liguei a TV. Então eu dei uma mordida e, na verdade, gemi, porque a comida estava boa pra caralho.

Cristo, eu precisava disso. Eu não tinha ideia do que a fez me preparar o jantar, mas a mulher era uma deusa e eu me arrependi de cada coisa desagradável que eu já havia pensado dela. O chuveiro desligou e ouvi ela cantando baixinho para si mesma. Meu pau se animou enquanto eu dei outra mordida.

Foda-se, porque eu realmente não me arrependia de qualquer merda desagradável que eu pensava sobre ela... pelo menos não as de foder, o que tinha sido a mais desagradável de todas. A única coisa melhor do que comer esta comida seria se ela me alimentasse nua.

Depois de um minuto a porta do banheiro se abriu e London saiu, uma toalha enrolada frouxamente ao redor de seu corpo. Ela me viu e gritou, o que balançou seus peitos de uma forma que não era nada menos do que excelente.

Ela estava tomando banho. No meu quarto. Nua.

Eu larguei a tigela e me levantei, indo em direção a ela. Claramente London estava operando no modo de serviço completo.

Linda.

 

 

LONDON

 

Dia louco.

Nem uma única coisa tinha ido bem... Não, isso não era verdade. A visita de ontem do médico tinha sido ótima. Estava tudo certo com Jess, sem sinais de complicações e sem necessidade de voltar por mais seis meses, a menos que ela tivesse algum sintoma. Era fácil perder a perspectiva de quão longe nós chegamos ao longo dos anos e ficar impaciente com ela por fazer essas coisas estúpidas. O fato era que ela tinha nascido como um bebê milagre, e agora ela era milagrosamente uma adulta saudável.

Eu precisava me lembrar disso.

Naquela manhã, eu tinha me programado para ir à casa de Hayes, mas no entanto, eu tinha sido chamada ao hospital. Uma das minhas meninas estava grávida e tinha entrado em trabalho de parto as quatro horas da manhã. Parecia que ela estaria em repouso na cama por um bom tempo, o que não era exatamente uma boa notícia para mim, mas pelo menos ela estava indo bem. Felizmente eu tinha conseguido seis candidatos nesta semana, e eu já tinha conseguido entrevistar dois deles. Esperávamos que um ou ambos fossem ser qualificados - já que os dois pareciam bem na função.

Isso me deixou em dívida com Hayes. Eu tinha que levar a comida para a festa americana, às seis da tarde, e não havia nenhuma maneira que eu seria capaz de ter tempo de limpar a casa, depois cozinhar, muito menos me fazer apresentável, então eu joguei o frango e os ingredientes para fazer os biscoitos em um pote para levar comigo. Eu percebi que eu poderia limpar a casa, e, em seguida, tomar um banho rápido antes de pegar o pote e correr porta afora.

Seria apropriado? De jeito nenhum, mas os mendigos não podem escolher e não é como se ele estivesse me pagando. Felizmente, ele não estaria nem mesmo em casa, por isso parecia não ser um problema. A última limpeza correu bem o suficiente, e tomar banho na casa dele era um deleite. A casa podia ser velha, mas ele tinha feito várias reformas e adições e o banheiro era luxuoso.

Além de luxuoso, na verdade. Era grande, quase tão grande quanto um dos pequenos quartos no andar de cima. Havia uma banheira de imersão para dois e um chuveiro grande, envidraçado, com um desses chuveiros ajustáveis extravagantes que deslocavam para cima e para baixo. Eu tinha baixado para mim, mas fazendo uma nota mental da altura em que ele o mantinha. Eu tive certeza de deixá-lo de volta onde deveria estar quando eu terminei, mas ainda era um prazer usar um chuveiro que era realmente da altura certa para mim.

No momento em que meu cabelo estava limpo e eu saí do chuveiro, eu estava em um bom estado de espírito. Eu não podia esperar para ver Jessica de novo em seu elemento no centro comunitário. A vida com ela era uma série de altos e baixos, mas eu tinha um bom pressentimento sobre esta noite.

Talvez ela poderia até mesmo conseguir um emprego lá, porque mesmo com todos os seus defeitos, ela realmente tinha algo a oferecer a essas crianças. Maggs Dwyer podia ser nova, mas ela era inteligente. Quando ela olhou para Jessica, ela viu o mesmo potencial que eu vi.

Meu humor continuou bom enquanto secava o meu cabelo, e então eu olhei em volta procurando minha mochila e percebi que tinha deixado no quarto. Cantarolando, eu abri a porta e gritei.

Reese Hayes estava sentado em sua cama, segurando uma tigela de comida, os olhos fixos na minha figura especulativamente. Um sorriso predatório lento atravessou seu rosto e ele colocou a tigela na mesa de cabeceira, se levantando.

Corra! Meu cérebro gritou, mas meus pés não se mexeram. Sério. Nenhum movimento em tudo, assim como em um daqueles sonhos em que um dinossauro gigante de repente aparece no estacionamento do supermercado e você parece que não pode começar a correr para longe, ou mesmo lançar um pacote de coxas de frango para criar uma distração, não importa o quão duro você tente.

Coxas de galinha? De onde é que isso veio? Por que eu não conseguia me concentrar?

Hayes caminhou em minha direção, e, em seguida, um de seus dedos deslizou para baixo na frente da minha toalha, entre os meus seios. Meus mamilos se animaram, agindo contra as ordens. Ele puxou suavemente o tecido, e, finalmente, meu corpo começou a me ouvir. Eu apertei meus braços contra a toalha, segurando-a firme e dei um passo para trás.

Ele me soltou, com um sorriso estranho em seus lábios.

— Não seja tímida, — disse ele. — Molhada e nua fica muito bem em você. Tenho que dizer que, entre esta visão e a comida que você fez virou o meu dia.

Comida?

Olhei para a tigela, então percebi que tinha sido o frango e biscoitos. Porcaria. Eu adorava quando os biscoitos formavam uma camada perfeita, ininterrupta ao longo do topo do pote, enquanto o caldo borbulhava ao longo das bordas. Agora haveria uma lacuna. É claro que eu não poderia negar exatamente ao homem algum jantar, uma vez que eu tinha essencialmente tomado a sua casa sem permissão.

Em retrospecto, eu acho que poderia ter subconscientemente me estabelecido. Desde o início ele me fascinou... ele me assustou, também, mas ele tinha entrado sob a minha pele como uma broca. Talvez se eu não estivesse tão fora da prática, eu teria percebido isso mais cedo.

Segurando a toalha com firmeza, dei a ele um sorriso tenso.

— Desculpe. Me atrasei esta manhã. Um dos meus funcionários está no hospital, e eu tenho uma festa americana depois disso. Eu achei que você não se importaria, já que eu nem sequer cobro pela limpeza...

Um flash de dor atravessou seu rosto.

— Tive um funcionário no hospital esta manhã também, — disse ele. — Espero que o seu tenha terminado melhor que o meu. Se você não vai tirar a toalha, então você deve se vestir agora, eu acho.

— Esse é o objetivo, — eu disse secamente, decidindo não acompanhar o comentário do hospital. Isso não soa como uma história feliz.

Eu não quero me envolver.

— Você pode me entregar a minha bolsa? — perguntei, apontando para a mochila que eu tinha deixado perto da porta. Ele caminhou casualmente para pegá-la, e eu não pude deixar de observar o movimento de suas pernas sob os jeans. Suas coxas eram grossas, e não de gordura. Ele tinha um bumbum forte, ombros largos, e umas costas que eu queria esfregar meu rosto contra.

Quando ele se virou para mim, meus olhos se arregalaram. Eu tenho uma coisa com homens musculosos, nenhuma pergunta, e seu corpo empurrava cada um dos meus botões. Peito, braços e coxas grossas... e o estômago? Macacos me mordam, eu só sabia que, sob essa camisa preta apertada estaria um perfeito pacote de seis. O corpo do homem era ideal - não como um de vinte anos de idade - apesar de tudo. Não, ele tinha a solidez que só vem com a idade, resistência e maturidade.

Meus olhos acabaram descendo, abaixo da cintura, quando ele falou.

— Quão importante é esse jantar americano? — ele perguntou em voz baixa. Hein? Pisquei, em seguida, olhando para o rosto dele. Oh, wow. Ele tinha me pego totalmente verificando-o. Ele gostou também. Eu vi o calor em seus olhos, o tipo de calor que só significa uma coisa. É por isso que eu não deveria ser deixada em público, eu decidi. Eu simplesmente não era confiável para me cuidar.

— Por quê? — eu perguntei, minha garganta levemente seca.

— Porque se você olhar para mim desse jeito por mais um segundo, eu vou jogar você na cama e foder cada parte de você, começando com seus peitos. A não ser que esteja no menu, você precisa pegar suas coisas e ir embora enquanto ainda pode. Este é o único aviso que você vai conseguir.

Eu dei um suspiro estrangulado, porque não havia absolutamente nenhuma dúvida de que ele estava falando sério. Estendi a mão para minha mochila, que ele entregou sem palavras. Então eu me virei e corri de volta para o banheiro, fechando a porta e trancando-a. Eu o ouvi rir, mas não havia sequer uma pitada de humor no som.

— Não pense que uma tranca poderia me manter longe, querida.

Ha. Não há perigo de me sentir segura em sua casa de qualquer maneira. Cinco minutos depois, eu estava vestida e pronta para ir. Eu tinha planejado limpar o banheiro depois que eu terminasse, deixando-o perfeito para que ele nunca soubesse que eu tinha tirado vantagem da situação. Infelizmente esse navio tinha verdadeiramente naufragado, então eu decidi que a fuga era provavelmente mais importante do que prevenir algumas manchas de água.

Como ele se ele as notasse de qualquer maneira...

Felizmente Hayes não estava no quarto quando eu pisei cautelosamente para fora outra vez, e eu não o encontrei na cozinha, também. Perfeito. Eu peguei a minha toalha úmida e a enrolei em torno do pote de comida, me preparando para transportá-la para o carro.

— Nós precisamos conversar, — disse ele atrás de mim.

Eu congelei. O homem era um ninja? — Eu acho que nós já conversamos bastante. Eu terminei o trabalho para você e é hora de eu ir andando.

Ouvi ele dando um passo à frente, em seguida, senti seu calor me cercar. Mãos grandes descansaram contra a borda do balcão em ambos os meus lados e sua respiração sussurrou em meu ouvido.

— Você deve voltar aqui na próxima semana, — disse ele, com a voz baixa e gutural. Um arrepio desceu pela minha espinha, enviando ondas de calor através de mim.

Não, eu definitivamente não devia voltar. Nem um pouco.

— Eu não acho que é uma boa ideia, — eu disse rapidamente. — Você provavelmente não se lembra, mas eu realmente tenho um namorado. Estamos começando a ficar sério.

— Eu não quis dizer que você deveria voltar para foder, embora eu sou totalmente a favor, também, se você mudar de ideia. Não dou a mínima para o seu namorado, também, isso é entre você e ele. Não, eu quero você de volta para limpar novamente, talvez fazer mais uma comida. É realmente bom, e hoje à noite eu percebi o quão muito mais agradável é voltar para uma casa que cheira como se as pessoas realmente vivessem aqui.

Meu cérebro congelou.

— Eu não limpo casas, — eu disse. — Quero dizer, este foi um negócio especial. Mas eu tenho um negócio comercial e eu uso funcionários. Eu gerencio as coisas e não estou interessada em ser dona de casa de alguém.

— Dois dias por semana, — ele murmurou. Senti seus lábios e levou tudo que eu tinha para não gemer. — Você vem aqui duas vezes por semana e eu vou fazer valer a pena.

Ele se inclinou sobre mim, e eu senti sua dureza tocar meu traseiro de forma tão leve que eu me perguntava se eu tinha imaginado. Isso não era uma proposta de negócio legítimo. Eu precisava dizer a ele para onde ir. Infelizmente a minha boca não iria funcionar. Ela estava ocupada demais imaginando como seria a sensação de lamber seus mamilos.

London má!

— Seus funcionários fizeram a limpeza depois da última grande festa na Linha, se lembra? Fizeram um trabalho muito bom, também.

Eu balancei a cabeça, ainda incapaz de falar.

— Eu acho que Gage mencionou que pode estar procurando por um contrato de longo prazo, — continuou ele. — Algo mais regular, por isso não tem que contar com as garçonetes para encerrar a noite.

— Você realmente deve considerar isso, — eu respondi calmamente. — Uma empresa como essa precisa ser cuidadosamente limpa todos os dias se você quiser mantê-la bem.

— O contrato é todo seu se você cuidar da minha casa também. Você cozinha duas refeições por semana e você vai fazer algumas compras de supermercado. Eu vou fazer valer a pena.

Em seguida, ele sussurrou uma série de números que fez meus olhos se arregalam. Isso era dinheiro para pizza e mais.

— Essa quantia por semana ou por visita?

Ele riu, e nós dois sabíamos que ele me tinha.

— Por visita, — disse ele. — Mas você segue o meu horário. Eu posso ser flexível, mas eu não quero você aqui cozinhando nas noites que eu não vou estar por perto.

— Por que você não só pega uma de suas amigas do clube para fazer isso? — eu perguntei, me perguntando se eu tinha perdido minha mente. Mas ter os meus funcionários sete dias por semana na Linha? Isso iria aumentar meu ganho com rapidez... O clube paga muito bem, e como eu disse - eles pagam em dinheiro.

— Porque elas são as meninas com sonhos e planos bestas, — disse ele, uma pitada de humor em sua voz. — Você é uma adulta. Você sabe que tudo o que acontece entre nós não termina com vinho e rosas. Quando eu não precisar mais de você, você mantém o trabalho na Linha desde que as coisas fiquem livres de drama. Entendido?

— Nada vai acontecer além de limpar e cozinhar, — eu disse rapidamente. — Eu tenho um namorado.

Hayes pressionou seu corpo em mim, e eu senti o duro calor dele ao longo de todo o meu corpo, tão quente que eu pensei que a minha coluna vertebral podia derreter. Sua ereção cavou em minha bunda e eu mordi meu lábio para me distrair, senão eu ia começar a me pressionar de volta contra ele como uma gata no cio. Então ele beijou meu pescoço, a língua lambendo ao longo da minha mandíbula e os dentes mordiscaram minha orelha. Eu gemia, o desejo se torcendo entre as minhas pernas, inchando meus seios e endurecendo os meus mamilos.

— A menos que você esteja pensando em pular a festa americana, hora de ir, — Hayes sussurrou, dando aos seus quadris uma torção lenta. — E da próxima vez que você ver seu namorado? Diga a ele que eu disse oi.

 

 

 

Sexta à noite

 

— Está tudo bem? — perguntou Nate baixinho, terminando o nosso beijo. Estávamos na casa dele e eu tinha tomado um par de taças de vinho, juntamente com o maravilhoso bife que ele cozinhou como jantar para mim. Agora estávamos do lado de fora em seu deck nos fundos da casa, eu numa espreguiçadeira e ele sobre mim, pernas entrelaçadas, sob o ar quente de verão.

Era isso. Hoje à noite nós estaríamos fazendo sexo.

Por que eu não estava mais animada com isso? Culpa.

— Acho que sim, — eu disse, passando a mão para cima em suas costas e em volta do seu pescoço. Estudei seu rosto e tentei sorrir, mas me senti desligada.

— O que há de errado? — perguntou ele, se afastando.

— Nada.

Ele bufou, em seguida se deixou cair de costas ao meu lado.

— Você não pode mentir para mim, Loni, — disse ele. — Apenas cuspa, ok?

Eu suspirei, mas pensei que se eu realmente queria construir algo com este homem, eu devia a ele a verdade. — Eu me senti muito atraída por outra pessoa esta semana e agora me sinto culpada e horrível.

Eu não sei o que eu esperava - talvez que ele ficasse chateado? Nate nem piscou.

— Você fez alguma coisa sobre isso?

— Não, — eu respondi. — Eu não. Mas eu queria.

— Quem era?

Engoli em seco.

— Reese Hayes, — eu disse lentamente. — E ele quer que eu continue limpando a casa dele. Ele me ofereceu um bom contrato de limpeza para o clube de strip do MC, também.

Nate franziu a testa, mas ele não explodiu. Na verdade, eu não conseguia ler sua expressão. Rolando, me inclinei sobre meu cotovelo e estendi a mão hesitante para traçar as linhas de seu rosto. Ele parecia perdido em pensamentos, e eu me perguntava se eu tinha arruinado tudo.

Eu esperava que não.

Nate era perfeito para mim - sexy, inteligente, com um bom trabalho e planos para o futuro. E o queria fisicamente, não havia nenhuma dúvida sobre isso. Nós estávamos brincando por dez minutos e minha calcinha estava encharcada, mas com mentira não havia maneira de construir um relacionamento.

— Vem cá, — disse ele, se sentando. Em seguida, ele pegou minha mão e me levantou, apontando para uma cadeira de praia. Me sentei quando ele me entregou a minha taça de vinho. Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo.

— Eu realmente estraguei tudo, não foi? — perguntei hesitante. Eu senti a umidade nos meus olhos. Por que eu tinha sido tão estúpida?

— Eu não sei, — disse ele lentamente. — Você fez? Você diz que não fez nada.

— Não, eu não fiz, — eu disse. — Eu fugi de lá. Mas eu não me sinto bem em dormir com você, a menos que eu seja honesta.

— Você realmente quer dormir comigo? Ou você quer Hayes?

— Eu quero dormir com você, — eu disse com firmeza, porque era verdade. — Eu acho que talvez eu tenha ficado tanto tempo sem sexo que estou ficando louca. Eu gosto muito de você, Nate. Eu posso nos ver juntos no futuro e é uma coisa boa. Eu não quero estragar tudo antes mesmo de começar. Mas eu não tenho certeza de onde nós estamos. Somos exclusivos? Percebi nesta semana que nós nunca nem conversamos sobre isso. Talvez devêssemos.

Seu olhar prendeu o meu, avaliando.

— Nós não somos exclusivos, — disse ele, finalmente, e meu coração se apertou. — Então, eu não tenho o direito de dizer que você fez algo de errado. Mas eu gostaria de ser exclusivo. O que você acha disso?

— Você tem saído com mais alguém?

— Não nas duas últimas semanas. Mas eu não vou mentir que até então eu ainda estava tendo encontros ocasionais. E eu acho que isso é normal, até mesmo saudável - experimentar atração por outras pessoas. Só porque você está em um relacionamento não significa que seu corpo se apaga.

Bem, isso não era exatamente romântico. Eu não sei por que me senti tão desiludida... não foi como eu esperava uma declaração de amor eterno. Na verdade, eu deveria ter me sentido melhor, porque, obviamente, eu não tinha feito nada de muito hediondo. Não se ele tinha saído com outras mulheres até duas semanas atrás.

— Então para onde vamos a partir daqui?

Nate riu.

— Cama, eu espero, — disse ele. — Eu quero estar com você, Loni. Exclusivamente. Mas só se você quiser isso também. Nós dois somos adultos e eu gostaria de pensar que superamos nossas ilusões românticas. Estar com você me faz feliz e eu posso ver um futuro para nós. Se é assim que você se sente, eu adoraria estar com você.

Agora o meu coração se apertou de um jeito bom. Eu sorri para ele e ele sorriu de volta, avançando para pegar minha mão. Levantando, ele beijou minha mão.

— É claro que se você insistir em me usar apenas para o sexo, eu vou fazer o melhor possível.

Comecei a rir quando ele me puxou para cima e me pegou em um beijo longo e forte. Desta vez me senti bem, como se uma bolha tivesse estourado e qualquer culpa e estranheza persistente que eu sentia por causa de Reese tivesse evaporado. Enfiei os dedos no cabelo bonito de Nate e me entreguei à sensação de sua língua explorando minha boca.

Então, o que adiantava se Reese era totalmente lambível em todos os sentidos? Ele não era real, não como Nate. Reese queria um caso rápido, sem amarras. Nate queria uma parceira.

Meu namorado era perfeito. Eu não precisava - ou queria - nenhum outro.

 

 

 

Ser guardiã é uma merda.

Meu telefone começou tocando o toque de Jessica 30 segundos depois que caímos na cama, a perna de Nate se enfiando entre as minhas e as suas mãos debaixo de mim soltando meu sutiã. Eu ignorei porque ela tinha dezoito anos e ela podia muito bem sobreviver sozinha por uma ou duas horas.

Então o telefone tocou novamente.

Nate gemeu.

— Eu não posso acreditar que estou dizendo isso, mas talvez você deva atender? — ele disse. — Pode ser uma emergência.

— É melhor ela estar morrendo, — eu disse com uma carranca, estendendo a mão para ele de forma cega e quase derrubando a lâmpada de cabeceira de Nate no processo. Eu achei o telefone no momento certo que ele foi para o correio de voz, me jogando de volta na cama e olhando para a pequena tela em desgosto.

Em seguida, o telefone de Nate tocou.

— Que diabos? Eu não estou de plantão neste fim de semana. Se eu tiver que ir trabalhar, alguém esta noite vai levar um tiro, — ele murmurou, subindo em cima de mim, agarrando sua camisa e vasculhando os bolsos.

— Acho que isso é o que ganhamos por tentar ter um encontro de verdade, — disse eu, sentindo um riso profundamente inadequado lutando para escapar. Nate parecia tão... frustrado. Pobre homem.

— Eu me pergunto se eu posso ganhar uma deficiência por bolas azuis? — disse ele, pegando o telefone e respondendo. — Evans aqui.

Ele caminhou para o banheiro então eu olhei para meu próprio telefone. Poderia muito bem verificar em qual novo problema Jessica se metera. Havia duas chamadas não atendidas, uma de Jess e uma de Mellie. Nenhuma mensagem. Ótimo. Apertei o botão de retorno de chamada e Jessica respondeu.

— Loni, eu preciso que você venha me pegar, — disse ela, soando desafiante. Fantástico. Eu reconheci o tom. Jess se meteu em problema e ela não queria admitir que tinha cometido um erro, de modo que ela estava indo para o ataque.

— Onde você está?

— Do lado de fora do clube dos Reapers.

Eu congelei. — O que você está fazendo aí?

— Apenas venha me pegar, — disse ela, desligando o telefone. Fechei os olhos e respirei fundo. Nate saiu do banheiro, seu rosto uma mistura de irritação e pedido de desculpas.

— Eu tenho que ir, — disse ele. — Aparentemente, tivemos dois caras na liberação de trabalho da prisão que não retornaram esta tarde. Infratores não violentos, mas vai ser um pesadelo se o juizado se apoderar deles antes de termos eles de volta em custódia.

— Jessica está em apuros novamente, também, — eu disse, suspirando. — Mesma história. Não podemos ter uma pausa, não é?

Ele balançou a cabeça, e então eu comecei a rir. Ele olhou para mim, um sorriso relutante cruzando seu rosto.

— Eu acho que o universo está determinado a me impedir de ter sexo, — disse ele finalmente.

— Gostaria de dizer que você está imaginando coisas, — eu disse a ele, vestindo a minha camisa. — Mas eu acho que você pode estar certo. Me liga amanhã?

— Sim, — ele murmurou. Ele passou a mão pelo cabelo. — Desculpe. Timing de merda hoje à noite.

Ele deu um passo para perto de mim e eu passei meus braços em torno dele em um longo abraço. O abraço se transformou em um beijo que não exatamente ajudou na situação. Nate pode não ser Reese Hayes, mas ele estava aqui e ele era meu e eu queria ter relações sexuais com ele. Em vez disso eu me soltei e estendi a mão para o meu jeans.

Como eu disse, ser uma “mãe” é uma merda.

 

 

 

O meu estado de espírito era ruim enquanto dirigia para o clube Reapers pela segunda vez consecutiva neste fim de semana. Claro, Nate e eu tínhamos conseguido acabar o nosso encontro com uma risada, mas eu estava furiosa com Jess e seus jogos.

Reese Hayes me chateava também.

Ele prometeu que não seria permitido que Jess voltasse para o clube, e eu tinha esfregado seus estúpidos banheiros para selar o negócio. Aparentemente suas promessas não significam nada, porque aqui estávamos nós novamente. Foi quando meu telefone tocou. Peguei ele, respondendo sem sequer olhar para ver quem era.

— Tenho a sua menina aqui, — a voz de Hayes ronronou no meu ouvido. — Vou levá-la até sua casa. Ela diz que você está em um encontro. Será que você pode abandonar seu amante por um tempo suficiente para nos encontrar?

— Você não precisa fazer isso, — eu disse, franzindo a testa para mim. É claro que ele me ligaria sendo útil exatamente depois que eu estava pensando coisas ruins sobre ele...

— Eu estou indo para o Armory agora. Eu vou buscá-la lá.

— Já estamos na camionete, — disse ele. — Nós estamos tendo um pouco de um agradável bate-papo ao longo do caminho, onde estou explicando o que as palavras ‘fique bem longe daqui’ significam. Vejo você em alguns minutos.

Ele desligou na minha cara e eu gemi. Jessica pagaria por isso. Eu. Estava. Cheia. Cheia. Eu não podia continuar lutando por ela se a menina estava realmente determinada a destruir a si mesma, eu não podia pará-la.

A realização me bateu tão que de repente eu desviei a van e quase sai da estrada.

Eu não conseguia controlar Jess e eu precisava parar de tentar.

Por todos os Santos. Isso muda tudo.

Meu trabalho era educá-la e eu tinha dado tudo de mim, mas a garota estava realmente certa sobre uma coisa. Legalmente ela era uma adulta. Eu poderia oferecer a ela conselhos e me certificar que ela tivesse acesso a cuidados de saúde, mas eu realmente não poderia impedi-la de destruir a si mesma.

O pensamento era tanto aterrador quanto libertador.

As implicações giravam pelo meu cérebro enquanto eu me dirigia até a minha pequena casa, localizada na divisa da cidade, perto de Fernan. Eu poderia ser livre agora... livre para seguir em frente com a vida. Livre para parar de viver a minha vida inteira em torno de hormônios, frustações e emoções de uma jovem mulher e suas loucas alterações de humor.

Tremendo, eu me perguntei se isso me fazia uma pessoa horrível, porque o meu sentimento predominante neste momento era de alívio.

Eu estacionei ao lado da grande camionete preta de Reese Hayes. Luz brilhava através das janelas da minha casa, um bloco de concreto dos anos 50, com três quartos minúsculos, um banheiro, e zero caráter. Eu cresci nela com Amber, que tinha vindo viver com a gente quando sua mãe foi para a prisão. De certa forma, a casa era mais de Jessica do que minha, porque ela tinha estado lá dentro e fora desde o nascimento. Eu só voltei a seis anos atrás, quando a minha mãe tinha falecido. Ela teve um ataque do coração, logo após a overdose quase fatal de Amber. De repente, eu tinha sido deixada sozinha com uma criança que precisava de uma mãe de verdade, alguém que sabia o que estava fazendo.

Ao invés disso, ela me ganhou.

Ouvi vozes quando me aproximei da porta, que foi deixada com uma fresta aberta. (O quadro tinha inchado no inverno passado e nunca voltado completamente ao normal, então você realmente tinha que lutar para fechá-la completamente. Isso estava na lista de reparação entre consertar o carro e substituir o forno).

— Sua prima merece mais do que isso, — eu ouvi Hayes dizendo, e eu não pude deixar de sorrir. Fico feliz que alguém notou meus esforços. — Se ela é esperta, ela vai te expulsar.

— Ela nunca vai me chutar para fora, — declarou Jess, e sua voz soou um pouco presunçosa. Um pouco atrapalhada, também... Teria ela bebido? Provavelmente. — Ela se sente culpada. Ela sempre vai cuidar de mim porque ela tem que fazer isso, você não sabe nada sobre nós.

Ele bufou.

— Você acha que ela cuida de você por culpa? — ele perguntou. — Não, ela te ama, embora eu não consigo descobrir o porquê. Você precisa decidir o que você quer fazer com sua vida, porque você não pode simplesmente sugá-la para sempre. Mais cedo ou mais tarde ela vai se encher de você.

Suas palavras soaram tão perto de meus próprios pensamentos que era quase assustador. Ele também me fez sentir culpada, porque a declaração era tão fria e dura. Sem mencionar que eram verdadeiras.

— Não é da sua conta.

— London é meu negócio, menina, — disse ele, e seu tom de voz não era nada agradável. — Eu tenho planos para ela, e isso inclui não vê-la chorando por suas besteiras. Não me irrite.

Caramba. Empurrei a porta.

— Ei, Jess, — eu disse, fixando o olhar na minha jovem prima. Ela caiu para trás no sofá, um braço melodramaticamente sobre os olhos como uma heroína do cinema mudo. Claramente, a vida dela era simplesmente demasiada terrível para tolerar.

— Faça ele ir embora, — ela murmurou. Olhei para Hayes, que se encostou no pequeno balcão que separa a sala da cozinha. Seus olhos se aqueceram quando me olharam, e eu me perguntava o que exatamente ele quis dizer quando ele disse que tinha planos para mim... não, eu retiro isso. Eu realmente não quero saber o que ele quis dizer. Eu só queria que ele se fosse.

Não, você quer ele na cama, meu cérebro insistiu. Você quer mais beijos como o que ele te deu no Armory.

Inaceitável. Ignorei Jess, caminhando até ele, determinada a tomar o controle da situação.

— Obrigado por trazê-la para casa, — eu disse, me forçando a ser educada, apesar de como de costume, ele simultaneamente me assustou e me excitou loucamente. Eu também me ressentia do fato de que ele tinha invadido meu espaço, o que não fazia sentido, considerando que ele só estava tentando ajudar. É claro que poderia ser o fato de que eu ainda estava um pouco agitada com minha sessão de pegação com Nate. Hayes era tão grande e robusto... toda vez que ele se mexia com os braços flexionados, eu queria envolver minha mão em torno de seu bíceps e sentir os músculos trabalhando.

Sai dessa!

— Eu tomo conta a partir daqui, — eu disse a ele.

Ele empurrou o queixo em direção a minha rainha do drama adolescente.

— Você tem certeza disso? — perguntou. — A criança precisa de uma chamada de atenção.

— Eu tenho, — eu repeti. — Me deixe te levar até a porta.

Ele bufou, em seguida se afastou do balcão.

— Puxa, obrigado, com certeza foi muito bom você trazê-la para casa. Você quer se sentar um pouco, talvez tomar um drinque? — ele murmurou sarcasticamente enquanto eu abria a porta. Revirei os olhos para ele.

— Eu já tenho todo o drama que eu preciso, — eu disse, incapaz de parar um sorriso triste. Ele não sorriu de volta. Não. Ele só olhou para mim por longos segundos, algo pesado e tangível crescendo no ar entre nós. Eu quase podia ver as rodas girando em sua cabeça. Em seguida, ele balançou a cabeça lentamente, como se tivesse tomado uma decisão.

— Eu não faço drama, querida.

Hayes olhou para mim e eu mordi de volta um grito assustado quando ele caminhou pelo tapete antigo que lhe permitia se mover silenciosamente, como uma espécie de grande predador.

Por favor, vá embora. Por favor, vá embora. Por favor, vá embora.

Ele não foi para fora da casa. Ele chegou a um impasse a dois centímetros de mim, então se aproximou e pegou a parte de trás da minha cabeça, enterrando os dedos no meu cabelo. Então Hayes me puxou em direção a ele, apertando os dedos quase dolorosamente. Eu parei de respirar quando ele abaixou a cabeça em direção a minha.

Seus lábios roçaram minha bochecha e eu tremi. Juro por Deus, se ele tivesse me tocado entre as pernas, não poderia ter sido melhor do que essa leve sensação.

Eu queria ele mais do que Nate, eu percebi. Muito mais.

— Você se divertiu no seu encontro? — ele perguntou, em voz baixa e aquecida. — Jess me deu todos os detalhes no caminho de volta. Ela acha que o seu candidato a namorado é um idiota. Tenho que dizer que concordo. Nate Evans é um merdinha.

— Eu sei que você está falando de mim! — Jessie gritou, me assustando tanto que eu me mexi, fazendo com que houvesse puxões de cabelo dolorosos. Eu tinha meio que me esquecido dela fazendo drama no sofá. — Pare de dizer mentiras sobre mim. Eu estou indo para o meu quarto.

Ela saltou fora do sofá e pisou no corredor, bufando e balançando a cabeça. Provavelmente, ela estava tão absorta em si mesma que ela, obviamente, nem percebeu o que estava acontecendo entre mim e Hayes. Melhor assim.

Sua outra mão em volta da minha cintura me puxou profundamente em seu corpo. Seus quadris empurraram o meu sugestivamente e eu senti a força de seus braços. Meus mamilos endureceram (pequenos traidores) e meus olhos se arregalaram.

Hayes ofereceu um sorriso.

— Sua menina me disse que ele não é bom para você, — disse ele. — Claro, isso pode ser apenas porque ele prendeu duas de suas amigas na semana passada. Soltou uma delas, manteve a outra. A menina que ficou livre era muito bonita, também. Ele te contou isso?

— Por que ele iria? — engoli em seco quando sua mão escorregou pela minha bunda, apertando os dedos em mim. Ele inclinou a cabeça, casualmente, como se eu fosse uma boneca, estudando minha boca. Nate, eu me lembrei freneticamente. Menos de uma hora atrás você estava na cama com seu namorado. Bom rapaz, não um bandido, ao contrário de alguns. — Ele prende as pessoas o tempo todo.

— Você sabe que o xerife é um bom amigo do clube? — ele perguntou, sua voz hipnotizante. Eu balancei a cabeça, tanto quanto eu podia, querendo saber onde ele estava indo com isso. — Ele e eu gostamos de nos reunir quase toda semana e dividir uma cerveja. Ele tem muito a dizer sobre o seu menino.

— Nate não é um menino.

Os lábios de Hayes tocaram levemente os meus e, em seguida, ele chupou meu lábio inferior em sua boca. Minhas pernas se apertaram e naquele instante eu queria ele muito mais do que eu jamais quis alguém. Mais do que Nate, mais do que o meu ex... mais do que o meu namorado do colegial que tirou a minha virgindade em um frenético frenesi quando eu tinha 17 anos de idade em uma festa em Hauser Lake. Eu queria o seu grande pau, duro, profundamente dentro de mim, me espalhando aberta e me prendendo para baixo, me fazendo gritar até que minha voz se quebrasse.

Eu precisava me livrar dele e ir falar com Jessie.

Ligar para Nate.

Ser uma boa menina.

— Ele diz que o idiota tem problemas para seguir as regras, — Hayes murmurou, soltando minha boca. Seus lábios traçaram a minha mandíbula, mordiscando e chupando. Eu não podia me mover. Eu não podia fazer nada, porque tudo que eu conseguia pensar era arrancar suas roupas e saltar sobre ele.

Não! London má!

— Ele também diz que houve várias queixas sobre assédio à meninas. Nate nunca mencionou nada disso para você? E Jessica? Ela tem quaisquer problemas com ele?

Suas palavras me atingiram como um tapa na cara, me acordando.

— Cala a sua boca.

Ele se afastou, seus olhos frios e calculistas... no entanto, o comprimento duro contra o meu estômago continuava quente. E as mãos ainda me segurando cativa contra ele?

Elas queimavam.

— Talvez você deva conhecer um pouco mais sobre seu namorado antes de ficar muito envolvida.

— Como se você tivesse alguma moral para julgar? — eu sibilei, pensando nas meninas que eu tinha visto no Armory. — Jess não gosta de Nate porque ela não gosta de mim tendo qualquer tipo de vida fora da vida dela. Apenas uma adolescente imatura sendo egoísta, nada mais profundo do que isso.

— Eu não fodo ninguém a menos que elas queiram, — disse ele, balançando a cabeça lentamente. — Você tem certeza que Natie pode dizer a mesma coisa? Você parece pensar que eu sou o inimigo, mas eu sempre fui direto com você. Eu fui direto com todas que eu já enfiei meu pau.

— Você não está enfiando o seu... — eu cerrei os dentes, porque eu não me deixaria usar palavras como essa. Eu não iria deixá-lo ganhar, por mais tentador que fosse.

— Pau, — disse ele, saboreando a palavra. — Eu quero enfiar meu pau em sua buceta. Não se preocupe, eu vou te deixar pronta primeiro. Vou abrir ela com os meus dedos, me certificar que você está tão molhada e quente que quando você me receber dentro, a sensação vai ser como se eu estivesse transando com uma deusa, porque você é malditamente perfeita, London. Eu não posso esperar para sentir sua buceta me apertando. Lamber o seu clitóris, provar você... vai ser bom entre nós. Você sabe que vai.

Meus joelhos enfraqueceram - tipo, enfraqueceram realmente. Não apenas uma figura de linguagem. Eu literalmente quis Reese Hayes dentro de mim tanto que eu tive problemas para apoiar meu próprio peso, o que era um problema enorme. Então sua mão apertou minha bunda quase convulsivamente, e eu vi uma pitada de suor surgir em sua testa.

Se Reese Hayes me queria a metade do que eu queria ele... pare de pensar nisso! Eu precisava que ele fosse embora. Agora. Antes que eu fizesse algo realmente, verdadeiramente insano como arrastá-lo para o meu quarto e montá-lo até que eu esquecesse completamente Nate.

O homem que eu quase tinha tido relações sexuais a menos de uma hora atrás.

Oh. Meu. Deus. Quando eu tinha me tornado uma vagabunda infiel?

Eu coloquei as minhas mãos sobre seu peito e o empurrei forte até que ele me deixou ir. Reese deu um passo para trás, levantando as mãos, um sorriso zombeteiro no rosto. Ele, obviamente, viu através de mim. Meus olhos se afastaram, o que foi um grande erro, porque foram para sua calça jeans em seu lugar. A protuberância gigante em suas calças me fez sentir ainda mais instável, tudo derretendo e misturando dentro de mim.

Como pode ser isso? Por que um homem que eu nem sequer gosto me deixa louca assim? Me faz duvidar de Nate, que nunca tinha feito uma coisa para me fazer suspeitar dele?

Você. Já. Tem. Namorado.

Esfreguei o rosto com uma das mãos, me inclinando contra a parede para me apoiar.

— Basta ir, — eu disse a ele, me recusando a encontrar seu olhar. Em vez disso, eu olhava para a porta, incisivamente. — Obrigada por trazer Jess para casa.

Hayes riu asperamente, o som de uma serra áspera ao longo da minha espinha.

— Durma bem, — disse ele, batendo na ponta do meu nariz com o dedo. Em seguida, ele casualmente caminhou em direção a sua camionete, como se fosse o dono do lugar. O observei, completamente incapaz de desviar o olhar da bela bunda dele. Por que ele era tão útil e odioso ao mesmo tempo? E quem era ele para insinuar coisas desagradáveis sobre Nate? Eu não acreditei nisso nem por um minuto - Nate era um cavalheiro total e se o delegado não estava feliz com ele, ele poderia simplesmente demiti-lo. Hayes era uma fonte contaminada. Ninguém sequer fingia que o Reapers era totalmente legal, então por que ele pensou que poderia sair por aí fazendo acusações eu não poderia imaginar.

Eu bati forte a porta da frente, a madeira raspando enquanto se acomodava no quadro deformado. Música alta explodiu de repente vinda do quarto de Jessica, me empurrando sobre o limite. Avançando pelo corredor, eu agarrei maçaneta.

Trancada.

Bati na porta e gritei com ela, — Abra, Jess! Nós precisamos conversar.

Longos segundos se passaram e a música ficou mais alta. Oh meu Deus, ela estava realmente fazendo isso? Eu pensei que minha cabeça ia explodir, eu tinha tantas emoções conflitantes se debatendo dentro de mim. Chega. Eu passei pela cozinha e sai pela porta lateral. O painel elétrico foi montado na parede ao lado dela. Eu abri a pequena porta de metal e bati os disjuntores para o lado.

Instantaneamente, a casa caiu no escuro. E em silêncio.

Hah!

Eu provavelmente não deveria ter gostado tanto, mas foi a primeira coisa que tinha dado certo para mim naquela noite. Então eu voltei para cozinha, batendo na lateral do fogão com o meu quadril. Ái. Eu esfreguei o local que doía enquanto abria a gaveta da sucata. Pequeno erro de cálculo, eu percebi, olhando para baixo na escuridão. Eu deveria ter pego a pequena chave de fenda que eu precisaria para desbloquear a porta de Jessica antes de cortar a energia. Eu peguei meu telefone do meu bolso, usando a lanterna dele. Lá estava ela.

Peguei a ferramenta e voltei ao quarto de Jessica.

— Você vai me deixar entrar? — perguntei.

— Não! — ela gritou. — Você pode ir para o inferno! Você não tem o direito de me dizer o que fazer! Eu sou uma adulta!

Minha pressão arterial subiu. — Minha casa, minhas regras. Abra essa maldita porta.

— Vá se foder!

Rosnei, deslizando a pequena chave de fenda no buraco na maçaneta, abrindo-a com bastante facilidade. Não era a primeira vez que eu tive que invadir seu quarto.

Abri para encontrar Jess olhando para mim através da luz de uma vela. — Eu pedi para não queimar as coisas aqui, — eu disse, ainda mais frustrada do que antes. Ela tinha quase colocado o local em chamas um par de meses atrás. — Eu não quero morrer dormindo porque você gosta de velas.

— Vá. Se. Foder.

— Não, vá se foder você, — eu gritei de volta para ela. Jess congelou, porque eu não xingava. Não que eu não podia, eu apenas fiz uma decisão consciente quando eu ganhei a custódia dela para não dar um mau exemplo com a minha língua suja. Tanta coisa para isso. — Não aguento mais sua merda, Jessica. Você acha que é adulta? Bem. A partir deste mês você paga aluguel. Você segue as regras ou você está fora por sua conta. Como é para você agora ser tratada como uma adulta?

Ela ficou olhando boquiaberta para mim, em seguida, rápida como uma serpente, ela pegou um porta-retratos dela de sobre a cômoda e jogou em mim. Eu me abaixei enquanto ela começou a gritar, me expulsando do quarto e batendo a porta atrás de mim.

Que diabos tinha acontecido?

Outro barulho de batida na madeira atrás de mim e depois outro. A garota deve estar quebrando seu quarto. Ouvi mais um grito, em seguida, a porta se abriu. Jess ficou lá, saco em uma mão e seu telefone na outra.

— Você pode ir se foder, — ela sussurrou, passando por mim para pisar no corredor. — Eu não preciso de você.

A segui, uma parte do meu cérebro observando que ela realmente precisava expandir seu vocabulário.

— E como – exatamente - você acha que isso vai funcionar? — eu perguntei a ela, cruzando os braços em determinação.

Jess me ignorou, empurrando a porta da frente e marchando para fora do outro lado da varanda. Então ela começou a descer para a calçada, freneticamente mandado mensagens de texto enquanto chutava uma pedra ocasional fora de seu caminho.

Assim como sua mãe, eu percebi. Eu deveria ir atrás dela, fazê-la parar.

Não.

Eu deveria me certificar de que a vela estava apagada e, em seguida, eu deveria ir para a cama. Por que continuar lutando? Ela voltaria para casa, mais cedo ou mais tarde. Ela quer ser uma adulta? Deixe ela descobrir por si mesma. Ela recentemente foi ao médico, ela deve estar segura o suficiente...

Então, ao invés de perseguir a garota que eu tinha passado os últimos seis anos criando, eu me servi de um copo de vinho e bebi, pensando em como eu tinha perdido o controle da minha vida.

Nate. Reese. Jessica e Amber.

Agora eu não queria ver ou falar com qualquer um deles.

Desafiadora, eu me servi um segundo copo, seguido por um terceiro. Em seguida, me sentindo quente, tonta e relaxada pela primeira vez em muito tempo, liguei para minha colega de faculdade, Dawn, e nós conversamos por duas horas, rindo como se ainda tivéssemos 20 anos de idade. Por volta das três da manhã eu ainda não tinha ouvido nada de Jess, mas pela primeira vez eu não me importei. Eu entrei em colapso na cama, me deleitando com a paz e tranquilidade.

Foi fantástico.

Você sabe, há um jogo que eu joguei uma vez, onde as pessoas tentam decidir onde elas iriam ou o que elas fariam se pudessem viajar de volta no tempo. Algumas pessoas dizem que iriam voltar e conhecer Jesus, ou matar Hitler, ou falar com Albert Einstein... mas se eu pudesse voltar atrás e mudar uma coisa, seria o fato de que eu fui para a cama naquela noite sem procurar e encontrar a minha menina primeiro.

Em vez disso, eu uso a minha máquina do tempo para entornar aquela garrafa de vinho maldita e perseguir Jessica pela estrada. Detê-la. Encontrar uma forma de convencê-la de que ela merecia mais - mais - do que seguir o mesmo caminho de sua mãe.

Mas eu fiz isso?

Não, eu fui dormir e não me levantei até quase meio-dia de sábado. Então eu fui para a academia e depois fui para a pedicure. Eu me senti poderosa também porque eu sabia que ela voltaria.

Só que Jessica nunca mais voltou.


Capítulo Cinco

 

REESE

 

Passei a minha semana cheio de tesão e chateado.

A boca de London, seu cheiro, os seus seios incríveis... eu queria aqueles lábios em volta do meu pau, eu queria aquelas mãos enterradas no meu cabelo, e eu queria o meu pau em sua buceta. Talvez sua bunda. Inferno. Então eu foderia os peitos dela, porque eu não quero que eles se sintam deixados de fora.

Em vez disso eu me masturbei e tentei me lembrar de todas as razões de que me envolver com ela seria um erro enorme.

Então eu a imaginei tocando Nate Evans. Quase me enviou sobre o fodido limite, porque eu realmente senti o cheiro dele nela sexta à noite. Como gangrena.

Tive pensamentos sérios sobre matá-lo por tocar o que era meu.

Mas London não era minha. O pensamento me deixou louco, porque eu tinha zero de desejo de reivindicar uma mulher, pelo menos não para mais de uma noite. Ainda assim, o meu instinto insistiu que ela deveria pertencer a mim, o que me assustou pra caralho. Querer alguém assim leva a precisar deles e amá-los leva ao... inferno.

Heather morreu lentamente.

Me lembrava de tudo sobre esse dia – as piores horas da porra da minha vida. Seu corpo frágil, nada mais do que a pele pálida esticada sobre os ossos quebradiços. Nossas filhas entrando e saindo da sala, chorando e implorando enquanto a luz em seus olhos desaparecia. Em seguida, a bela garota que eu tinha me apaixonado como louco no meu último ano do ensino médio me deixou.

Para sempre.

Nunca quis mais nenhuma mulher e então eu tive que enterrá-la, fria e sozinha. Eu tinha jurado naquele dia que nunca ia me deixar me importar assim novamente.

Não podia arriscar.

Mas London encheu minha cabeça até que eu mal conseguia pensar direito. Aparentemente eu não era uma alegria de estar ao redor, também, porque na tarde de domingo os caras realmente me expulsaram do arsenal. Disseram que eu poderia voltar quando eu parasse de ser um idiota, e essa situação não estava parecendo promissora.

Eu pisei com fúria de volta no pátio, gritando com os prospectos8 até que Bolt teve pena de mim, me arrastando para as terras da Floresta Nacional por trás do clube para pegar um pouco de lenha. Nós faríamos a divisão com os prospectos e empilharíamos quando voltássemos, mas há algo muito primal e satisfatório sobre a derrubada de uma árvore e cortá-la com uma serra elétrica. Tem que amar poderosas ferramentas eléctricas e destruição. Não é tão bom como transar, mas melhor do que perder sua mente imaginando uma buceta muito indisponível apertando o pau de outro homem.

Nunca me importei com o bom policial. Acabar com ele seria um serviço público, certo? Mas afinal, nem eu mesmo poderia justificar acabar com um homem da lei por causa uma mulher. Talvez eu devesse apenas roubá-la de debaixo dele, talvez esfregar isso na cara dele. Sim. Isso iria servir. Eu gostei muito dessa ideia, e quanto mais eu considerava, mais isso cresceu em mim.

Agora Bolt e eu estávamos no meio do nada e as coisas foram ficando claras. Eu me senti suado, cansado, e mais são do que eu tinha estado desde que deixei a casa de London, graças à intervenção oportuna do meu irmão do clube. Ninguém nunca realmente me entendeu como Bolt e eu senti sua falta como o inferno enquanto ele estava cumprindo pena nestes últimos três anos. Ele era mais do que um vice-presidente sólido, ele era o homem que eu confiava mais do que qualquer outra pessoa na terra.

Ele voltou diferente, no entanto. Mais duro, mais cínico do que eu já tinha visto ele antes. Eu acho que ficar preso por um crime que não cometeu causa mudanças em um homem.

Não ajuda que a sua Old Lady, Maggs, tinha chutado sua bunda.

Assunto delicado, e não, ele não gostava de falar sobre isso. Ela tinha seus motivos e eu acho que a partir de sua perspectiva, deixá-lo fazia sentido. Mas um homem preso faz o que for preciso para sobreviver. Bolt não tinha tido nenhum aliado para protegê-lo durante esse trecho final, de modo que ele fez o que tinha que fazer. Ela nunca entendeu isso.

Merda acontece, eu acho.

— Qual é o plano para esta noite? — perguntei enquanto ele jogava a motosserra na traseira do caminhão. Entre ele e o trailer, nós tínhamos cortado e carregado quase duas cargas. Boa quantidade para o trabalho de uma tarde.

— Sem planos, — disse ele, abrindo a cabine da tripulação e cavando o cooler. Ele pegou uma cerveja e abriu, oferecendo uma para mim. Eu recusei, pegando uma água em seu lugar.

— Pensei que eu poderia dirigir até a Linha.

— Tem gastado muito tempo lá, — eu disse casualmente.

— Nada como uma buceta, — ele respondeu, levantando a camisa para enxugar o suor do rosto. Ele havia adquirido alguma nova tinta9, de qualidade variável. — Fiquei muito tempo sem, tenho que compensar isso.

Eu concordei com a cabeça, embora não tenha sido inteiramente verdade. Ele poderia não ter conseguido a que ele queria, mas ele não tinha ficado sem, também. Me fez pensar.

— Como está o bebê?

Bolt bufou.

— Que bebê? Estou começando a duvidar de que isso era real.

Droga.

— Então Maggs não te deixou mais nada?

— Não, ela me deixou porque eu a traía. Agora a puta da Gwen diz que ela perdeu a criança - supondo que ela estava realmente grávida em primeiro lugar. Eu não sei em quem acreditar mais com isso.

Eu o acalmei.

— Você acha que ela não estava realmente grávida?

— Será que isso importa? — ele perguntou, tomando outra bebida. — Pelo menos eu estou livre da cadela, então eu acho que isso é alguma coisa. E hoje à noite eu vou ficar com alguém, então a vida é boa.

Eu balancei a cabeça lentamente, sabendo que a vida era qualquer coisa menos boa para o meu irmão de clube. Ele sentia falta da sua Old Lady como o inferno. Todos nós fazíamos. Ela tinha estado sólida o tempo todo que ele esteve fora, ficou ao lado dele quando ele caiu em primeiro lugar e, em seguida, trabalhou dia e noite para trazê-lo de volta para casa. Mulheres como essa não são fáceis de encontrar.

— Você quer vir comigo? — perguntou Bolt. — Transe. Limpe a sua cabeça.

— Sim. — Bolt estava certo - a Linha era um ótimo lugar para encontrar algo sem complicações, isso era exatamente o que eu precisava. Se eu passasse mais uma noite me masturbando enquanto imaginava London, eu teria que me dar um tiro. Não era possível parar de pensar naqueles seios, o jeito que ela derreteu sob o meu toque.

Será que ela tem mamilos cor de rosa ou marrom?

Talvez Evans estivesse chupando eles agora. O filho da puta não estava trabalhando neste fim de semana. Já verifiquei, até pedi que Bud ligasse pra ele vir, mas o desgraçado tinha tomado licença pessoal e nem mesmo o xerife poderia cancelar isso. Não sem um estado de emergência.

Provavelmente passando esse tempo com London. Consolando ela.

Talvez até mesmo fodendo ela neste exato minuto.

Imaginei estrangular lentamente o homem, observando seu rosto ficar roxo e seus olhos incharem enquanto suas pernas chutassem e contrariassem em desespero. Nada de fodido sobre isso, certo?

Cristo, mas eu queria estar dentro daquela mulher.

Eu sabia desde o minuto em que a vi, há seis meses que ela seria o meu fim. A coloquei fora dos limites naquela mesma noite, embora eu tivesse sido obsessivo em ficar longe dela. As mulheres como ela eram problema - definitivamente não era material de clube de prostituas, o que significava que ela provavelmente ficaria toda irritada sobre um caso de uma noite, e não estava no mercado para ser uma Old Lady, também. Não, uma mulher como ela procurava cercas brancas e maridos de nove às cinco que chicoteassem suas bucetas até que elas esquecessem seus próprios nomes.

Adicionado ao fato de que ela foi a primeira faxineira de confiança que tínhamos encontrado em quase três anos? Receita para o desastre.

Agora eu estava em território desconhecido, porque eu provei ela e o seu sabor não estava indo embora - hora de enfrentar a realidade. Mais cedo ou mais tarde eu iria pegá-la, e a porra de um namorado não ia ficar no meu caminho. Inferno, se ela conhecesse todos os jogos que ele estava brincando, ela iria ficar de joelhos e me implorar para intervir.

A imagem dela de joelhos... agora essa era uma coisa bonita.

Talvez eu devesse desistir da Linha, procurá-la. Evans era o maior problema - até onde ela sabia, ele ainda era o príncipe encantado. Eu tinha plantado a semente, mas agora eu tinha que dar um passo para trás, esperar por ele foder as coisas.

Ele faria, naturalmente.

Homens como esse só poderiam fingir por algum tempo. London precisava ver sua merda por ela mesma, caso contrário, ela sempre se questionaria, o que seria muito inconveniente para mim.

Foda-me... por que eu deveria dar a mínima para seus arrependimentos?

Estou perdendo minha maldita mente.

— Eu vou para o clube de strip com você, — eu disse a Bolt. — Veja se os irmãos querem se juntar a nós. Já passou algum tempo desde que saímos todos juntos.

Bolt grunhiu e subimos na caminhonete, o grande motor a diesel rugindo para a vida. Eu senti o peso do cabo do reboque na plataforma quando comecei cautelosamente a descer a montanha. No momento em que estávamos no meio do caminho meu telefone tocou, apitando conforme as mensagens que eu tinha recebido enquanto estávamos fora do alcance chegavam.

— Merda, soa como Grand Central, — Bolt disse, levantando uma sobrancelha. — Você acha que tem algum problema?

Eu desacelerei a caminhonete para uma parada no acostamento, pegando o telefone para dar uma rápida olhada. Primeiro foi uma mensagem do Horse dizendo que precisávamos conversar - talvez notícias do sul? Parecia que ouvíamos novas histórias sobre o cartel todos os dias agora. Eles lavravam através do território dos Devil’s Jacks de maneira muito rápida, o que foi uma péssima notícia para os Reapers. Os Jacks eram a nossa retaguarda, a primeira linha de defesa contra as gangues do sul.

Mas a mensagem de Horse não foram o que realmente me chamou a atenção.

Não.

O fato de que London Armstrong tinha ligado três vezes e deixado duas mensagens de voz me fez travar no meio do caminho. Apertei o botão.

— Olá, Sr. Hayes, — disse ela, a voz tensa, mas ainda cheia daquela formalidade estranha que ela usava para se distanciar. Ridículo pra porra - eu chupei os seus lábios e cravei os dedos em sua bunda. Hora de começar a usar o primeiro nome. Em vez de me chatear, no entanto, isso me deixou meio excitado. Claramente tudo que ela fazia me deixava excitado.

— É a London. Eu tenho um favor a pedir - você acha que você poderia perguntar sobre Jessica por aí? Ver se talvez ela tenha entrado em contato com qualquer pessoa no seu clube? Ela estava com muita raiva sexta à noite depois que você saiu. Na verdade, ela saiu. Eu pensei que ela ia voltar por agora, mas ela não voltou.

Ela hesitou, em seguida, voltou a falar, com a voz trêmula. — Eu estou começando a ficar preocupada.

Caralho. Não era suficiente que a fedelha tenha se colocado em constante problema, agora ela tinha que fugir, também? Eu seriamente duvidava que ela tivesse falado com alguém no clube. Todos sabiam que ela estava fora de alcance, não que ninguém desse a mínima. Meninas como ela iam e vinham, e ninguém prestava muita atenção. Se uma desaparecia, havia sempre outra para tomar seu lugar.

London estava em uma classe diferente e eu não gostava da ideia dela se preocupando. A mulher já tinha merda o suficiente para lidar. Eu escutei a segunda mensagem, que ela só deixou cerca de meia hora atrás. Desta vez, ela deixou de lado a pretensa formalidade.

— Reese, eu estou realmente preocupada com Jess. Você pode ligar ou me enviar uma mensagem? Sei que as coisas estão... estranhas... entre nós, mas eu gostaria de descartar que ela está com alguém do clube. Ninguém a viu.

— Porra, — eu murmurei, em seguida, olhando para Bolt. — Me dê um segundo?

Ele balançou a cabeça e saiu da caminhonete, apertei o botão de retorno de chamada. Ela respondeu no quarto toque.

— Reese?

Sua voz estava tensa, mas eu ainda gostava do som do meu nome em sua língua. É claro que soaria mais doce se ela estivesse gritando em um travesseiro enquanto eu batia nela por trás. Engraçado como isso funcionava.

— Recebi sua mensagem, querida, — eu disse. — Vou verificar com os irmãos, mas se ela tivesse aparecido no Armory, eles teriam me dito. Eles sabem que ela não deveria estar lá.

— Você não acha que ela poderia ter ido para a casa de alguém? — ela perguntou, sua voz hesitante. — Talvez um desses homens que encontramos com ela na outra noite?

— De jeito nenhum. Painter e Banks não tocariam nela, não depois de eu colocá-la fora dos limites. Odeio dizer isso para você, mas ela não é ninguém especial. Não vale a pena uma briga no clube.

— Entendi, — disse ela, embora ela provavelmente não o fizesse. Os de fora nunca entenderam.

— O que o policial tem a dizer? Ele está te ajudando?

Ela fez um estranho ruído estrangulado que ela tentou cobrir com uma tosse.

— Nate me disse que as crianças da idade dela fogem o tempo todo e para eu não me preocupar com isso. E não, ele não está por perto. Eu só falei com ele uma vez, ele não retornou minhas ligações ontem, e ele está trabalhando esta manhã. Eu acho que eles têm muita coisa acontecendo neste fim de semana. Horas extras obrigatórias.

Mentiroso imbecil. Que tipo de jogo ele estava jogando com ela? Meu homem das cavernas interior decidiu que não importava. Foda-se a segurança, e foda-se as cercas. London Armstrong, obviamente, não poderia cuidar de si mesma. O que significava que alguém precisava intervir e corrigir esta merda. Se isso significava reclamá-la, que assim seja. Quanto a Evans, eu enterraria aquele filho da puta há centena de quilômetros na cidade mais próxima com a consciência limpa da próxima vez que ele decidisse jogar.

Estou orgulhoso de você, baby, Heather murmurou.

Rosnei, porque a minha falecida esposa não tinha um voto. Se ela realmente se importasse comigo, ela não teria morrido. E London? Eu tinha o suficiente de sua merda, também. Essa cadela ia ser minha e eu não compartilhava.

Você percebe que você está louco, certo?

Pelo menos louco funcionava para mim. Sempre funcionou.

— Reese? Você está bem?

Merda. A pobre mulher estava com medo e sozinha, e agora eu estava rosnando para ela porque eu tinha perdido a porra da minha mente, aparentemente. Eu esfreguei meu queixo, pensando rapidamente. Eu precisava ser inteligente, levar ela na direção certa se eu queria fazer isso direito. Tudo que Evans realmente precisava era de bastante corda para se enforcar. Ele faria o resto para mim...

— Há alguma verdade no que ele disse, — eu disse, tentando soar um pouco são e simpático. — Embora não seja exatamente um conforto. Existe algo que eu possa fazer para ajudar?

— Eu acho que não, — disse ela. — Eu já falei com todos os amigos dela. Eu não posso imaginar para onde ela foi.

— Ela está provavelmente escondida com algum garoto em algum lugar. Jess é uma menina bonita – não ia ser difícil para ela encontrar alguém para dar a ela abrigo.

— Ela teria dito a um de seus amigos, no entanto. Nenhum deles tem notícias dela.

Eu suspirei, esfregando a ponta do meu nariz, dividido entre risos, frustração, e uma pitada de exaltação demente. Cristo, mas London era ingênua. Não faço ideia de como ela tinha na idade dela, mas não havia dúvida de que a mulher não tinha noção. Eu me perguntei se a sua falta de noção se estendia a sua experiência sexual, também. Pode ser divertido ensinar a ela coisas novas. Claro, se ela já tinha alguns truques, isso seria bom, também.

— Eles não vão dizer a você, querida. Eles vão encobri-la, porque isso é o que os adolescentes fazem.

— Talvez a maioria deles, mas não Melanie, — disse London. — Ela é a pessoa que Jessica mais confia, e ela está completamente apavorada. Disse que ela tem alguma mensagem estranha de Jess sobre ir para o sul.

— O que tem para o sul?

— Nada que eu posso imaginar, — disse London. — Quero dizer, a última vez que eu ouvi da mãe dela é que ela estava vivendo perto de San Diego, mas eu não posso imaginar que ela levantasse um dedo para Jess, e muito menos convidá-la para ir e ficar com ela. Amber é uma cadela egoísta que não quer que os homens de sua vida saibam que ela tem idade suficiente para ter uma filha adulta. Jess não tem dinheiro para chegar lá de qualquer maneira.

— Você quer que eu vá aí? — eu perguntei a ela, e nesse momento minhas intenções eram quase decentes. Não gostava de ela estar com medo, e eu não era um babaca a ponto de usar a fuga da sua prima para fodê-la. Provavelmente. Talvez.

Quem eu estava enganando? É claro que eu faria.

— Por quê?

— Então, você não estaria sozinha, — eu disse. — Eu tenho filhas, lembra? Elas são boas crianças, mas às vezes é o inferno - que é quando as coisas estão indo bem. Vou comer alguma coisa e podemos sair por um tempo, ajudar o tempo a passar. A menos que você tenha outros planos?

— Eu estava planejando andar e tentar fazer ligações, — ela murmurou. — É uma má ideia, eu acho.

— Você pode andar e tentar ligar enquanto comemos. Estarei aí em torno das sete, preciso descarregar minha caminhonete e tomar um banho primeiro. Está bem?

— Eu não sei... Eu não quero nada acontecendo entre nós, Reese. Sério.

— Vou me comportar, — eu disse a ela. Improvável. — E tente ligar para sua prima, ver se ela ouviu alguma coisa. Nunca é demais verificar.

— Tudo bem, — disse ela, parecendo derrotada.

Eu desliguei e subi de volta na caminhonete, considerando a situação. Não faço ideia de onde a garota estava, mas Nate Evans com certeza estava tornando as coisas fáceis para mim.

Idiota do caralho por deixar sua mulher aberta e madura para ser tomada.

London necessitava de simpatia, alguém para cuidar dela. O imbecil deveria ter entendido isso. É claro, o policial idiota não tinha a reputação de ser o mais sensível dos caras. Ele pressionou mais de uma das nossas dançarinas durante o fim de noite em “batidas de trânsito” antes de chegarmos a um entendimento sobre o seu comportamento.

Nós chegaríamos a um entendimento sobre London, também. Logo.

— Tudo bem? — perguntou Bolt.

— Bem o suficiente, — eu disse a ele. — Tenho que cancelar esta noite, no entanto. Algo veio à tona.

— Negócios ou prazer?

— Ambos. Vou ver London Armstrong.

Bolt sorriu. — Eu sabia que você estava na dela.

— Não é exatamente um segredo que eu estou querendo transar com ela.

— Isso é o que você vai fazer esta noite? Foder ela?

Eu ri, porque eu sinceramente não tinha ideia. A última vez que eu me senti assim, eu tinha 18 anos e estava louco por Heather.

— Depende. Ela está tendo um fim de semana de merda. Não tenho certeza de qual a melhor estratégia ainda.

— Normalmente, a sua estratégia envolve tê-las nuas e depois empurrá-las para fora da porta.

— A situação com London é um pouco mais complicada do que isso, — eu admiti.

— Este é o ponto onde eu canto a musiquinha sobre Pic e London sentados em uma árvore?

— Só se você quiser a árvore empurrada na sua bunda.

— Pode valer a pena, — disse Bolt, sua voz maliciosa. Eu o empurrei, de repente, em um muito bom humor.

Não sou tolo como um velho, eu acho, mas dane-se se eu não me senti como se eu tivesse dezoito anos de novo.

 

 

 

LONDON

 

— Eu sou a mãe dela - ela pertence a mim, — declarou Amber, sua voz presunçosa com triunfo. Eu tinha ligado pra ela sabendo que Reese tinha que estar errado. Jessica nunca iria para Amber, mesmo que ela estivesse furiosa comigo. Ela sabia mais... mas, aparentemente, ela não sabia.

Nada mais fazia sentido.

— Eu pensei que você não queria que seu namorado soubesse que você é velha o suficiente para ter uma filha crescida?

— Ele sabe que eu fiquei grávida jovem.

— Você ficou grávida aos vinte e dois anos, não doze.

Ela fungou.

— Será que ela, pelo menos, tem o seu cartão de seguro de saúde com ela? Você tem que manter um olhar atento sobre ela. - as coisas podem ficar ruins muito rápido. Eu realmente acho que você deve enviar ela...

— Enfie isso no seu cú, Loni, — disse ela, como se nós estivéssemos no ensino médio novamente. Eu quase podia vê-la revirando os olhos. — Estou cansada de suas broncas e besteiras. Volte para a sua vida chata de limpar merda de outras pessoas. Eu tenho uma empregada agora, você sabe. Meu namorado a contratou para mim. Acho que você estava errada sobre como eu iria me virar, hmmm?

— Posso pelo menos falar com ela?

Em vez de responder, Amber desligou. Eu suspirei, estudando meu telefone com um misto de emoções. Jess estava a salvo. De alguma forma, ela conseguiu um voo para San Diego, algo que eu teria dito que era impossível. A última vez que tinha falado com ela, minha prima deixou claro que ela não tinha nenhum interesse em ver a filha. Nenhum.

Não fazia sentido.

Eu decidi ligar para Nate novamente, porque quanto mais eu pensava nisso, mais suspeita eu tinha. Eu sabia que ele estava trabalhando, então eu percebi que eu teria que deixar uma mensagem de voz. Quando ele atendeu, ele me pegou desprevenida.

— Ei Loni - o que está acontecendo?

— Eu encontrei Jessica, — eu disse a ele.

— Bem, isso é uma boa notícia, — disse ele — Onde ela está?

— Em San Diego com a mãe. Eu realmente não falei com ela eu mesma. Ela ainda não está atendendo ao telefone.

— Bem, isso é um alívio.

Eu suspirei, esfregando minha têmpora. Nate não parecia sentir qualquer urgência sobre a situação, e isso me frustrou.

— Não estou muito aliviada, — eu disse a ele. — Isso não faz sentido. Amber está vivendo com algum namorado rico e ela não quer que ele saiba que ela tem uma filha da idade de Jessica. Eu tentei levar Jess para visitá-la no verão passado e ela não nos deixou entrar. Eu acho que Amber está tramando algo.

— Querida... — disse ele, e sua voz era paciente, amorosa e condescendente como o inferno. — Você soa meio louca.

— Eu não sou louca, — eu respondi.

— Eu sei que você não é, — ele respondeu suavemente. — E é por isso que isso soa tão louco, porque não é como você. Eu sei que você deu tudo para Jessica, mas as crianças fazem merdas como esta o tempo todo. Ela está com um membro da família. Pelo menos você sabe que ela está segura, então talvez você deva apenas apreciar o fato de que ela está finalmente fora de sua responsabilidade.

— Ela não é uma adolescente normal de dezoito anos, — eu insisti, caminhando em direção à cozinha. Eu achei o vinho que eu peguei na loja mais cedo e peguei meu saca-rolhas. — O cérebro dela não funciona direito, você sabe disso. E ela tem problemas de saúde. Ela não tem sequer um médico lá.

— Ninguém que tem 18 anos tem um cérebro que funciona bem, — disse ele. — Você sabe disso, nós todos sabemos disso. Crianças são maravilhosas, mas elas fazem coisas estúpidas. Mais cedo ou mais tarde ela vai ligar para você, pronta para se desculpar. Até então brigar com ela é inútil.

Eu tomei um gole profundo direto da garrafa, porque um copo parecia ser apenas um trabalho extra neste momento.

— Existe alguma coisa que você pode fazer para ver como ela está?— perguntei, frustrada por sua falta de simpatia.

— O que você quer dizer?

— Bem, os policiais não têm maneiras de encontrar pessoas? Como, cobrando favores de velhos amigos ou algo assim? Eu não sei.

— Eu acho que você está assistindo muita TV, — ele disse com firmeza, sua voz foi de condescendente para irritada. — Nós poderíamos pedir uma verificação de bem-estar, mas isso é um desperdício de tempo e recursos, porque você já sabe que ela está bem. Você tem que deixar isso pra lá e eu tenho que voltar ao trabalho. Nós começamos algo bom aqui querida, mas eu não estou interessado em drama. Hora de acabar com esta merda.

Ele provavelmente estava certo, mas ele não precisava ser um idiota sobre isso.

— Tudo bem, — eu disse, franzindo a testa. — Me desculpe ter te incomodado no trabalho.

Ele não respondeu por um momento.

— Está tudo bem. Mas não faça isso de novo, ok? Não a menos que seja uma emergência real. É chato que as coisas não estão indo como você esperava, mas isso não justifica e eu tenho merda acontecendo aqui. Eu vou desligar agora.

— Você ainda quer tentar se encontrar comigo esta semana? — perguntei hesitante.

— Eu não sei, vamos continuar de onde paramos na sexta-feira?

A pergunta me assustou.

— Provavelmente...

Ele suspirou.

— Loni, eu gosto muito de você e eu tenho sido um bom rapaz, mas eu estou cansado disso. Você está tão obcecada por Jessica que você não tem a energia para mim. Estou exausto, eu estou mal-humorado, e eu não estou no clima. Vamos conversar mais tarde, ok?

— Uau, sinto muito que minhas obrigações familiares estão ficando em seu caminho, — eu respondi. — Mas eu realmente me importo com Jessica. Ela é minha responsabilidade. Isso não vai simplesmente embora porque ela completou dezoito anos.

— Eu não posso acreditar que ainda estamos falando de Jess, — ele murmurou.

Então ele desligou na minha cara.

Que diabos?

Nate não tinha sido ele mesmo nos últimos dois dias, nem sequer um pouco. Ele sempre tinha sido tão preocupado e estado lá pra mim, mesmo sobre as menores coisas... e ele nunca me pressionou por sexo. Mas agora que eu precisava dele, ele estava se distanciando. Eu não poderia entender isso.

Você tem certeza de que realmente o conhece?

As pequenas insinuações pouco agradáveis de Reese se enterraram através dos meus pensamentos. Eu não deveria julgar, não enquanto eu estava tão chateada - minha perspectiva estava toda desarrumada. Eu não estava pensando direito.

Ainda assim, eu esperava um pouco mais de simpatia de Nate. Não é isso que namorados fazem?

Eu tomei outro gole de vinho, contemplando minha conversa desagradável com Amber. Aparentemente, Jessica tinha voado para lá ontem, embora não tivesse ocorrido a nenhuma delas que essa era uma informação que eu gostaria de ter. Eu não tinha ideia de onde o dinheiro para o bilhete de avião tinha vindo também.

Egoístas, ambas. E Nate era egoísta, também... embora talvez ele estivesse certo em sua própria maneira. Para melhor ou pior, Jessica era uma adulta e ela tinha tomado sua decisão. Eu provavelmente devia apenas aceitar e deixá-la ir, porque todo esse estresse e preocupação não estavam adiantando de qualquer maneira.

Pelo menos o vinho ainda estava do meu lado.

Uma hora mais tarde, eu tinha terminado a garrafa e as coisas estavam melhorando. Por exemplo, com Jess fora, eu não estaria presa em casa todo fim de semana. Eu poderia ir a lugares, fazer coisas... dormir com Nate a qualquer momento que eu quisesse.

Supondo que eu ainda queira dormir com ele.

Mas quanto mais eu pensava nisso, menos eu estava interessada em continuar. Claro, não era como se estivéssemos noivos ou qualquer coisa, mas qual é o ponto de ter um namorado se ele vai embora na primeira vez que você precisa dele?

Por outro lado, finalmente transar seria bom...

Eu tinha esquecido completamente de Reese até que a campainha tocou logo após sete da noite. A essa altura eu estava no meio de uma segunda garrafa de vinho, que era metade de uma garrafa acima do meu limite. Abri a porta para encontrá-lo em pé na minha varanda com um saco de comida chinesa em uma mão e um engradado de cerveja na outra. Corri meus olhos para cima e para baixo em sua forma forte, decidindo que ele parecia fantástico.

Eu queria mordê-lo.

Sim, definitivamente acima do meu limite de vinho - eu tinha bebido mais neste fim de semana do que nos últimos dois meses combinados. Pena que eu não conseguia me importar.

Morder Reese Hayes não seria um problema se você abandonasse o namorado, meu cérebro sussurrou insidiosamente. Eu decidi que meu cérebro estava certo. Se Nate desse a mínima para estar em um relacionamento comigo, ele não teria sido um babaca.

Oooh, e agora eu estava xingando na minha cabeça. Engraçado!

— Vamos entrar, — eu disse a Reese, de repente, morrendo de fome. O saco de caixinhas brancas cheirava fantástico e eu não podia esperar para rasgá-los. Seus olhos se arregalaram.

— Você parece estar de bom humor, — ele murmurou. Eu levantei minha garrafa de vinho para ele ver.

— Eu decidi que precisava de uma distração, — eu disse a ele sem rodeios. — Eu liguei para a minha prima Amber. Ela é uma cadela e eu a odeio... e agora Jessica está com ela. Ela está bem, perfeitamente segura. Voou até lá ontem e elas não se preocuparam em me dizer. Eu estou lavando as mãos para ambas.

Tentei esfregar as mãos juntas como se estivesse lavando-as e deixei cair a minha garrafa no processo. Reese se lançou, pegando-a no ar. O movimento me fez perder o equilíbrio e eu caí sobre a minha bunda, rindo. Ele olhou para mim, um sorriso lento rastejando em seu rosto.

— Você está bêbada, — disse ele.

— Não me diga, — eu disse a ele. — Isso está muito bom, também.

— Você tem que trabalhar amanhã?

— Eu sou a chefe, — eu informei a ele com orgulho. — Eu faço a minha própria programação.

— Eu vejo, — ele murmurou, em seguida, estendeu a mão para pegar a minha, me puxando para ficar em pé. Eu dei uma guinada para ele, esfregando o rosto contra os músculos duros de seu peito.

— Você tem um cheiro muito bom, — eu disse a ele. — Muuuuito bom.

— Você tem uma cafeteira?

Pisquei para ele, passando minhas mãos por cima dele e sobre seus ombros. Eles eram ótimos e duros, como a seda esticada sobre... algo duro. Eu ri, porque eu não conseguia nem pensar na palavra certa.

— Cafeteira? — ele perguntou de novo.

— Por quê?

— É hora de ficar sóbria, eu acho. Que diabos é esse cheiro?

Eu sorri para ele, me sentindo satisfeita comigo mesma.

— O ciclo de autolimpeza do forno. Eu gosto de limpar quando eu fico frustrada, e não há nada como um forno brilhando. É só ligá-lo até um milhão de graus, cozê-lo e, em seguida limpá-lo. O gás faz todo o trabalho duro para você. Muito catártico.

— Você vai me matar, — ele murmurou, passando o dedo no meu rosto. — Vamos fazer um café para você e comer. Chega de vinho.

Eu fiz beicinho, porque o vinho era meu favorito. Então, eu me esqueci de fazer beicinho porque ele cheirava realmente bem, e eu queria ver se ele tinha um sabor tão bom quanto o cheiro.

Agora, se eu pudesse pegar o seu lábio e descobrir...

 

 

 

REESE

 

Este foi oficialmente o jantar mais fodido que eu já tive na minha vida.

London...

Todo mundo me chama de Loni, Reese, mas eu odeio isso. Eu gosto de como você usa o meu nome de verdade... posso tocar seu estômago?

...estava bêbada pra caramba e eu tive uma sensação muito ruim que se eu transasse com ela, as coisas não iriam acabar bem. Não que normalmente isso importasse para mim, realmente. Eu gostava quando as coisas não davam certo com as mulheres. Geralmente esse era o objetivo.

Infelizmente, carma é uma cadela e ela tinha muito em mim.

Eu olhei para a TV, fingindo assistir o filme menos interessante do mundo, com London desmaiada em cima de mim. Os seios dela esmagados contra o meu peito, as pernas montadas em minha coxa, e sua mão estava na minha barriga, precisamente seis polegadas a partir do topo do meu pau duro. Eu sabia disso porque exatamente uma vez a cada 60 segundos eu olhava para longe da tela para ter certeza de que não tinha rasgado um buraco através da minha calça. Então eu comecei a contagem regressiva de novo, porque a contagem era a única coisa que me segurava para não virá-la e empurrar o meu pau na sua buceta tão forte que iria bater no fundo de sua garganta. Sim, isso iria acordá-la...

Por que eu não estava fazendo isso? Boa pergunta.

Não é porque eu sou um cara bom ou ela estava muito bêbada ou qualquer uma dessas merdas. Eu nunca fui um ser humano decente e não via muitos motivos para mudar as coisas nesta fase do jogo.

Decência não é realmente minha coisa. Isso era sobre estratégia.

London suspirou em seu sono, me puxando um pouco mais perto quando sua mão escorregou. Eu gemi, e de alguma forma o meu pau ficou mais duro, algo que eu teria apostado uma centena de dólares que não seria possível. Ele realmente doía, e o cheiro do seu cabelo à deriva em direção ao meu nariz não estava exatamente ajudando.

Ela cheirava a biscoitos de baunilha.

Me perguntei novamente porque eu não estava atualmente transando com ela. Eu a tinha à minha mercê - ela estava em cima de mim. Eu deveria apenas tomar o que ela ofereceu e aproveitar. Estratégia era superestimada.

Ela pode realmente fazer você feliz, Heather me disse com firmeza. Não estrague isso, imbecil.

Malditos fantasmas na minha cabeça.

Heather precisava fodidamente se afastar, porque eu não estava de acordo com esta merda. Eu realmente não tinha morrido com ela, apesar do fato de que, ocasionalmente, parecia assim. Ela me deixou para criar as nossas meninas sozinho e às vezes eu a odiava por isso.

Felizmente, o pensamento das minhas meninas me fez sorrir.

Não tinha sequer palavras para descrever o quanto elas significavam para mim. Em algum lugar ao longo do caminho eu tinha me acostumado novamente com a vida, por causa delas, se não por mim. A maior luta da minha vida: não rastejar para a sepultura com a minha esposa. London estava lutando contra o mesmo tipo de batalha, em sua própria maneira. Quando a merda bateu no ventilador, ela tinha cobrado a vida, com a cabeça em pé tomou Jessica e lutou por ela, apesar do fato de que ela tinha uma saída fácil. Ninguém poderia culpá-la por passar Jess para os serviços sociais. Eu respeitava o jeito que ela lutou pela criança, mesmo que Jess não fosse tecnicamente dela. Ela entendeu a lealdade, e que a família não é sempre sobre sangue.

Por mais que eu odiasse admitir, esse era o tipo de força e lealdade que faria dela uma boa Old Lady... então eu balancei minha cabeça, porque eu tenho a fodida certeza que eu não ia lá. Reclamá-la? Ok. Mas ninguém jamais poderia tomar o lugar de Heather, muito menos usar o seu lugar.

Talvez eu pudesse encontrar um meio termo, porém, e é aí que London apareceu. Foder ela hoje à noite iria complicar as coisas de uma maneira que podia acabar com ela me odiando. Eu não sou nada se não decisivo, e eu não vou estragar tudo uma vez que eu já decidi. Eu queria London e eu definitivamente tinha planejado mantê-la por um tempo.

Isso significava que eu deveria começar as coisas direito.

Primeiro objetivo do negócio - remover o policial idiota de sua vida, sem assustá-la pra caralho. Se eu tiver que engoli-lo por um tempo para que isso aconteça, eu não tinha dúvida de que iria fazer isso até eu não aguentar mais. Assim, eu me encontrei deitado no sofá assistindo um filme idiota com um pau duro como um diamante e nenhum final feliz à vista.

London se agitou contra mim novamente, deixando escapar um suave ressonar.

Cristo, sua boca estava bem ao meu mamilo. Senti o calor de sua respiração me tocar através do tecido fino da minha camisa, e algo como pânico brotou na parte de trás da minha garganta. Eu tinha que dar o fora daqui, porque de nenhuma fodida maneira eu seria capaz de manter as mãos longe dela por muito tempo. Respeito só ia até um ponto.

Os irmãos iam rir pra caralho se me vissem agora.

— Tudo bem, querida, — eu murmurei, a embalando enquanto eu me sentava sem jeito. — Vamos levá-la para a cama.

London se aconchegou mais em mim, fazendo barulhos de protesto. Ela realmente não era muito grande, apesar dos seios fabulosos dela. Eu a levantei facilmente e a levei de volta para o quarto. A porta estava aberta, revelando uma cama queen-size bem feita. O quarto estava decorado provavelmente com móveis de brechó, mas tinha sido polido e arrumado de uma forma que parecia um conjunto de móveis.

Nada como o meu quarto.

— Ainda estou brava com você, — ela murmurou enquanto eu puxei as cobertas e a coloquei nelas. Bem, olhe para isso. A bêbada dorminhoca estava acordando, e eu nem sequer tive que beijá-la antes.

— Eu quero saber por quê? — perguntei. Ela franziu a testa, os olhos ainda fechados.

— Você sabe por que, Nate. Mas você pode passar a noite de qualquer maneira...

Nate? Ela pensou que eu era Nate Evans?

Aquele filho da puta não estava recebendo o crédito por esta boa ação.

Minhas boas intenções desapareceram em um instante, o cérebro desligando quando o instinto entrou. Não importava que eu tivesse decidido manter as mãos longe, ela não tinha direito de sonhar com o policial idiota, enquanto eu a segurava. Isso era algo que quebrava o acordo, algo que eu e meu pau sentimos muito forte ao mesmo tempo.

— Não é o Nate, — rosnei, deslizando os dedos em seus cabelos, segurando a sua cabeça apertada. Ela acordou com um puxão, os olhos arregalados e confusos.

— O quê?

— Eu não sou Nate, — rosnei. Ela piscou para mim.

— Reese? O que você está fazendo aqui?

Puta merda. Eu trouxe comida pra ela, ouvi o seu choro, e depois a segurei metade da noite e ela nem se lembrava. Carma pode ir se foder. Caí na cama, empurrando um joelho entre as pernas dela, cobrindo-a com o meu corpo. Meu pau encontrou seu osso púbico, e eu girei meus quadris.

Finalmente.

Puta que pariu isso era um doce alívio, mesmo que isso não fosse um golpe valioso.

— Oh meu Deus... — ela sussurrou, os olhos arregalados. — Reese, o que você está fazendo?

Eu gemi, moendo contra ela tão duro que doía. Ela empurrou de volta, choramingando, e eu esqueci completamente de manter as coisas simples. Eu precisava estar dentro dela. Agora. O resto podia esperar. Eu peguei os seus lábios com o meu, beliscando-os antes de empurrar a minha língua profundamente em sua boca. Seus quadris empurraram novamente, as mãos cavando em meu peito.

Então ela mordeu minha língua.

— Que porra é essa? — engoli em seco, me afastando dela. Seus olhos estavam arregalados e cheios de choque, e foi nessa hora que eu percebi que suas mãos não estavam cavando no meu peito para rasgar a minha camisa.

Não.

Elas estavam empurrando contra ele.

— Eu não posso fazer isso, — ela sussurrou, balançando a cabeça. — Nate e eu concordamos em não ver outras pessoas. Eu ainda estou com ele.

— Se você está com Nate, por que diabos ele não estava aqui quando você precisava dele?

London fechou os olhos, respirando fundo. Infelizmente isso forçou seus seios para cima e para perto do meu peito. Eu pensei que meu pau podia realmente explodir, e não porque eu estraguei tudo. Não, ele podia estourar a partir do volume de sangue preso lá dentro.

— Ele e eu precisamos conversar, — disse ela, e eu rosnei. Conversar? Ela parecia quase tão frustrada quanto eu me sentia. Eu rodei meus quadris nos dela mais uma vez, nós dois ofegamos em necessidade.

— Porra. Sua buceta me quer dentro tanto quanto o meu pau quer estar dentro.

— Eu não gosto dessa palavra.

— Eu não gosto do policial idiota, — rosnei. — Mas você não me vê colocando uma bala nele, não é? Pare de reclamar e me deixe te foder.

Seus olhos se estreitaram e ela empurrou meus ombros, com força. Rolei de cima dela, o peito arfante enquanto eu tentava fazer o meu cérebro trabalhar. Quase impossível com a completa falta de sangue disponível. Meu pau latejava. Literalmente. Eu sentia cada batimento cardíaco pulsando bater nele como uma marreta.

Eu queria matá-la. Fodê-la, e em seguida, matá-la. Então matar Nate Evans por me colocar nisso. Ensinar algo a aquele filho da puta por dar em cima de uma mulher dos Reapers.

— Eu realmente sinto muito que eu fiquei bêbada e fiz papel de idiota, — disse London depois de uma longa pausa. — Você não merece isso.

— Porra, não mereço.

— Existe alguma coisa que eu posso fazer?

— Me chupar seria bom. — jogue um quinto da vodka e um pole dance e talvez eu reconsidere matá-la... mas eu não seria feliz até que abrisse sua buceta escancarada. Bati meu punho em cima da cama. Porra!

Ela chiou. Como um rato. Era bonito, o que me irritava ainda mais.

— Algo mais?

— Não, eu acho que você já fez o suficiente, — eu disse, fechando os olhos e tentando pensar em alguma coisa - qualquer coisa - para me distrair da dor entre as minhas pernas.

— Foi muito legal você ter vindo e me trazido o jantar.

Legal.

A cadela fodida pensava que eu era legal. Se ela me agradecesse por ser seu amigo, estava acabado. Eu teria que sair em uma matança.

Eu tenho que sair daqui.

Saindo da cama, eu fui para a sala, procurando pelas minhas chaves. Elas estavam no balcão da cozinha, ao lado das embalagens vazias de comida. Ela poderia comprar sua própria porra de jantar e chorar sozinha da próxima vez.

Eu ouvi os pés descalços dela andando atrás de mim.

— Então eu acho que isso provavelmente significa que o nosso acordo acabou?

A voz dela soava incerta, quase assustada. Ainda um pouco atrapalhada, também. Eu me virei para olhá-la, vendo seu cabelo loiro emaranhado, a curva de seus quadris generosos naqueles jeans apertados, e a forma como sua camisa caía baixo o suficiente para mostrar a abundância do decote.

— Não se você deseja manter as contas do clube, — rosnei, perguntando por que diabos eu não apenas a demitia. Meu pau me lembrou que não tínhamos terminado com ela ainda. — Eu vou te ver na minha casa na terça-feira. Faça comida suficiente para sobrar e talvez nós vamos ter uma conversa sobre a obtenção de uma equipe para a Linha.

— Obrigada, — ela sussurrou.

— Vá se foder, — eu disse, e, em seguida, bati com a porta.

Parece um pouco de uma reação exagerada, Heather regozijou enquanto eu subia no meu caminhão.

Ela poderia ir se foder também, também. Mulheres do caralho. Mesmo mortas, elas se unem.


Capítulo Seis

 

LONDON

 

— Então, onde é que isto nos deixa? — Nate me perguntou na segunda a noite. Nós nos sentamos em uma mesa na parte de trás do restaurante, onde a luz praticamente não chegava e a oscilação da luz de velas era supostamente para fazer tudo parecer romântico. Em vez disso, me senti claustrofóbica e condenável.

— Honestamente? Eu não tenho certeza.

— Eu sei que você precisava de mim e eu não estava lá. Você acha que você pode me perdoar?

Eu suspirei, pensando se isso importava.

Então, ele não tinha estado lá para mim. Eu me ressentia disso. Mas ele teve que trabalhar, e em sua defesa ele lida com fugitivos o tempo todo. De sua perspectiva, isso foi provavelmente um bom resultado. Ela estava com um membro da família, não sequestrada e assassinada por um serial killer.

Isso não era o verdadeiro problema, no entanto. Eu tinha estado excitada como o inferno por Reese Hayes, eu gostando de admitir isso ou não. Nate e eu tínhamos decidido ficarmos exclusivos - então eu me arrastei para outro homem.

Que tipo de pessoa faz isso?

Não uma mulher que está apaixonada. Ou mesmo interessada... e se eu tivesse me apaixonado em menos de dois meses, que foi basicamente tudo para mim e Nate. Nós merecíamos melhor, embora eu não tenha decidido o que seria isso. Fazia 14 anos que eu vivia sozinha. Era por isso que eu estava tão ansiosa para ficar com Nate? O medo de ficar sozinha?

Por que eu fui cair nessa armadilha?

Eu meio que gostei da ideia de fazer o que eu queria fazer quando eu queria. Talvez eu devesse tentar comer sorvete no café da manhã por um tempo, ou pintar o meu cabelo de vermelho brilhante. Talvez eu devesse comprar um carro que não tem um logotipo de serviço de limpeza do lado dele.

Um Miata vermelho. Eu sempre quis um desses.

Agora vinha a parte mais difícil.

— Eu não acho que isso vai dar certo, — eu disse lentamente. Nate franziu a testa, a mão cobriu a minha, apertando-a com força.

— Baby, eu acho que você está exagerando.

— Não, não é... — comecei a dizer, mas depois parei. Não é você, sou eu. Tão cliché, mas, neste caso, dolorosamente verdadeiro. Nate pode não ser perfeito, mas ele era muito bom. Ele só não era o homem que eu queria. Tudo o que eu conseguia pensar era em Reese e como era a sensação dele entre as minhas pernas.

Incrível.

Eu queria sentir isso de novo. Viva e acordada.

Eu estava indo realmente dormir com ele? Eu realmente não tinha decidido... o pensamento definitivamente soou apelativo. Ele não servia para um relacionamento, mas talvez eu não precise de um relacionamento ainda.

Talvez eu só precisasse ficar com alguém.

Sim. Sorvete para café da manhã, cor do cabelo, ficar com alguém, comprar um Miata. Em seguida, mais sorvete. Eu tinha um plano.

— London?

Eu me concentrei em Nate novamente, piscando rapidamente. Seu rosto estava tão sério, tão cheio de preocupação.

— Eu acho que nós deveríamos parar de ver um ao outro, — eu disse com firmeza, e as palavras pareceram certas. Um pouco doloroso, mas libertador, também.

Ele franziu a testa.

— Você está terminando comigo? — perguntou ele lentamente, como se não pudesse acreditar no que acabara de dizer. — Jesus, Loni. Eu entendo que eu fiz merda, mas isso parece meio duro.

— Não é isso, — eu disse. — Eu só percebi que o que eu sinto por você não é forte o suficiente. Sinto muito. Eu gostaria de poder mudar as coisas...

— É sobre Reese Hayes, não é?

Eu balancei a cabeça, embora parte de mim sabia que eu estava mentindo.

— É sobre nós, — eu disse a ele. — Nós simplesmente não estamos indo para lugar nenhum, por isso é melhor acabar com isso agora.

— Eu pedi para você dormir comigo, não casar comigo, — ele retrucou. — Deus, o que diabos está errado com você?

Boa pergunta. Engoli em seco, porque ele estava começando a parecer com raiva e eu não poderia culpá-lo por isso. Mas eu não podia namorar alguém por culpa, tampouco. Não. Terminar era a única coisa certa a se fazer.

— Não importa, — eu disse com cuidado. — Não há futuro aqui e eu o respeito muito para levar isso à diante.

Nate jogou o guardanapo na mesa e se inclinou para frente, os olhos apertados. Seu rosto estava ficando vermelho e eu percebi que eu nunca tinha o visto chateado antes. O que Reese tinha me dito sobre ele passou pela minha mente, mas eu ignorei. Este era Nate. Doce Nate. Ele estava ferido, e não era de se admirar. Nada disso era justo com ele.

— Que porra é essa, Loni? Você não quer levar isso adiante? O que diabos você acha que você tem feito nas últimas oito semanas? Sua buceta é feita de ouro? Porque eu juro por Deus, as mulheres não fazem essa merda comigo e simplesmente vão embora.

Fiquei de boca aberta e ofegante. Nate não fala assim. Que diabos tinha acontecido aqui?

— Nate, eu...

— Nós acabamos. — ele se levantou, olhando para mim. — Eu não posso acreditar em quanto tempo eu perdi com você.

Então ele se virou e foi embora rigidamente, raiva praticamente irradiando através do ar em torno dele.

Bem. Isso foi especial.

Olhei em volta, esperando que ninguém tenha notado a nossa pequena cena. Por incrível que pareça, não tinham, apesar do fato de que ele tinha parecido bastante dramático e espetacular para mim. Eu tinha acabado de levar um fora publicamente e isso meio que dói. Por que dói, eu não tinha ideia. Ele tinha feito para mim o que eu tinha planejado fazer com ele, então que direito eu tenho de sentir alguma coisa além de alívio?

Fique feliz que acabou.

O garçom se aproximou carregando duas enormes travessas de comida mexicana, e eu percebi que não só Nate me largou, ele me deixou com a conta, também. Sempre olhando para o lado positivo. Sem Jess para alimentar, eu não teria que cozinhar pela próxima semana. Eu acabei comendo o jumbo de carne de Nate.

— Você pode embalar esses pra viagem? — perguntei ao garçom. Ele arqueou uma sobrancelha, mas sabiamente manteve a boca fechada. Eu decidi dar a ele uma gorjeta de trinta por cento, porque alguém deveria tirar algum proveito deste encontro.

Então eu levei a minha comida muito cara e fui para a mercearia, porque eu tinha sorvete para comprar.

Sorvete e tintura de cabelo.

 

 

 

Duas horas depois, eu rodei na frente do meu espelho do banheiro, uma nova mulher.

Fusão Rubi.

Eu parecia Christina Hendricks10 (ok, não tão escultural, e meus seios eram menores... mas ainda muito curvilínea!). O novo cabelo era lindo. Louco. Engraçado. Gostaria de saber se Reese iria gostar, e então decidi que não me importava, porque eu gostei.

Foi quando eu me toquei.

Pela primeira vez desde sempre, eu estava fazendo algo por mim mesma.

Me senti bem.

A felicidade durou até cerca de meio-dia do dia seguinte, quando eu cuidadosamente passei através das minhas finanças. Contando todas as minhas economias, os fundos de emergência dos negócios, bem como o esconderijo secreto de férias, eu ainda estava quebrada. Ok. Assim, nenhum Miata novo ainda. Mas se eu conseguisse o contrato para a Linha, talvez eu pudesse revisitar a ideia em um ano ou dois. Supondo que Reese não me demitiria.

Motivação poderosa.

Eu só tenho que conseguir esse contrato, não importa o quê. Então, e se eu tivesse que dormir com ele para fazer isso... eu tinha acabado de chamar isso de um bônus e aproveitaria isso.

 

 

 

Jessica entrou em contato logo depois que eu fui para a cama na noite de terça.

— Ei, Loni.

— Ei você, — eu respondi, segurando “Então, eu vejo o seu telefone ainda funciona” o comentário que paira em meus lábios. O silêncio caiu entre nós, tudo estranho e desconfortável.

— Como estão as coisas com a sua mãe? — perguntei, finalmente.

— As coisas estão bem, eu acho. Quer dizer, ela não fica muito aqui. Ela está muito ocupada com seus amigos e outras coisas, e ela não gosta que eu esteja por perto quando seu namorado chega em casa. Eu não tenho um carro ou qualquer coisa, então eu meio que fico à beira da piscina. Eles me deixaram na casa de hóspedes. Existem alguns outros se hospedando lá, mas eu tenho o meu próprio quarto.

— Bem, eu estou contente que coisas são boas, — eu disse a ela. — Eu quero que você seja feliz.

— Eu estava me perguntando...

— Sim?

— Você acha que você poderia arrumar algumas das minhas coisas e enviá-las para cá? Deixei todas as minhas roupas aí. A minha mãe me emprestou alguma merda, mas eu não me sinto muito bem de pegar emprestado dela o tempo todo.

Olhei para a porta de seu quarto, me perguntando se eu seria uma pessoa horrível se eu dissesse que ia colocar fogo em todas as suas coisas. Sim. Isso seria horrível. É uma pena, pois uma parte pequena de mim queria machucá-la.

Mas, mesmo com o cabelo de Fusão Rubi, eu ainda tinha que ser uma adulta.

— Claro, eu posso arrumar algumas coisas - mas não tudo. Isso custaria uma fortuna para enviar. Se você quiser mais, você pode conseguir um emprego e ganhar o dinheiro para pagar por isso. Vou pegar algumas roupas para você, apesar de tudo.

— E talvez alguns dos meus livros e fotos? — perguntou ela. — Você sabe, como a página de recados que eu fiz das crianças no centro da comunidade? Eu meio que sinto falta deles, especialmente desde que eu não consegui dizer adeus. Eu queria encontrar outro lugar para ser voluntária, mas minha mãe acha que é uma má ideia.

Meu coração amoleceu um pouco. Amber é uma cadela Classe A, então ficar com ela tinha que ser um castigo em si. Minha menina Jessie tinha algumas duras lições à sua frente.

— Eu vou pegar algumas coisas e enviá-las em breve, — eu disse a ela com firmeza. — Mas é tarde e eu preciso dormir. Tenho trabalho na parte da manhã.

— Ok, — ela sussurrou. — Loni?

— Sim?

— Obrigada.

 

 

 

Quarta de manhã eu abri a porta do quarto, a caixa de transporte de papelão de médio porte na mão. Eu vim aqui logo depois que ela fugiu e peguei o pior de sua bagunça da birra, só assim ninguém iria acidentalmente cortar os pés no vidro quebrado. Mas, além disso eu tinha deixado tudo intacto. Jess era uma bagunceira, e tínhamos chegado a um acordo anos atrás. Ela faria sua parte para manter o resto da casa limpa, e eu ia parar de cobrá-la sobre seu quarto.

Isso tinha funcionado bem para nós.

Agora eu olhei ao redor, me perguntando por onde começar. A maioria de suas coisas favoritas estava espalhada pelo chão em pilhas sujas. Eu poderia pegar as coisas de suas gavetas (já limpas) e embalá-las, ou recolher o que ela realmente gostava e dar uma lavagem rápida.

Bem, ela tinha dito obrigada - o que foi um grande passo para a pequena Miss Titularidade.

Peguei as roupas sujas, joguei na caixa como um cesto de roupa improvisado. Levei para a cozinha, onde uma máquina de lavar e secar roupa estava em um canto. Então eu comecei a triagem através delas e a verificar os bolsos.

Foi quando eu encontrei o dinheiro.

Uma nota de cem dólares, enrolada em um pedaço de papel com uma nota sobre ela.

Sete hoje à noite, no centro. Sem sutiã, sem calcinha.

 

 

 

Mas. Que. Inferno.

Minha mão tremia quando as implicações me bateram. Jessica tinha algum tipo de namorado secreto, o tipo de homem que lhe dava dinheiro. Dinheiro suficiente para que ela pudesse se dar ao luxo de deixar uma nota de cem dólares escondida em suas calças.

Amber tinha namorados assim, também.

O pensamento me deixou doente, e eu vacilei, estendendo a mão para agarrar o balcão. Eu tropecei para a sala, me sentando pesadamente no sofá, tentando pensar.

Mellie. Ela sabia o que estava acontecendo.

O telefone só tocou uma vez antes que ela atendesse.

— Ei, Loni, — disse ela, soando pateticamente ansiosa para falar comigo. Senti uma pontada de culpa, eu não lhe dera muita atenção nos últimos dias, mesmo que ela tivesse passado duas ou três noites por semana na minha casa ao longo do último ano.

— Ei, Mel. Como você está?

— Tudo bem, — respondeu ela. — Eu sinto falta de Jessica, no entanto. Eu tentei ligar para ela, mas ela não atendeu. Eu acho que ela está muito ocupada fazendo coisas legais com sua mãe.

Não tanto, mas eu decidi não dizer isso.

— Pode Ser. Ei, eu estava apenas verificando um pouco da roupa dela e encontrei algo estranho. Eu pensei que eu poderia te perguntar sobre isso.

— O quê? — perguntou Mellie, sua voz cautelosa. Senti o cheiro de um segredo. Excelente. Agora eu só precisava tirar isso dela, o que não deve ser muito difícil. Mellie nunca mentiu diretamente, apenas por omissão.

— Um bilhete, juntamente com uma nota de cem dólares. É de um homem, tomando providências para se encontrar com Jess no centro em algum lugar. Você sabe quem ela estava vendo? Alguém que teria uma centena de dólares para gastar?

Mellie não respondeu de imediato, então eu esperei, deixando que o silêncio crescesse entre nós.

— Eu não sei o nome dele, — disse ela finalmente. — Quer dizer, eu sei que ele é mais velho, mas eu não sei mais do que isso. Ela disse que ele era seu Sugar Daddy11. Disse que ele cuidava dela.

Eu suspirei.

— E você não pensou que era uma informação relevante para compartilhar comigo quando ela desapareceu?

— Eu não queria colocar ela em apuros, — Mellie respondeu, com a voz miserável. — Eu sabia que você ficaria chateada, e eu acho que ele não tinha nada a ver com ela indo embora. Não é como se ele fosse perigoso ou qualquer coisa, não gosto desses motoqueiros que ela ficou. Ela diz que ele é muito bom para ela. E eles não começaram a dormir juntos até depois que ela completou dezoito anos, pelo menos não que eu saiba. Ela diz que ele a respeita.

— Tudo bem, — eu disse suavemente. Eu senti como se devesse pressioná-la por mais informações, mas qual era o ponto? Deus, essa filha da puta. — Eu aprecio o aviso.

— Desculpe, — Mellie sussurrou. — Ei, Loni?

— Sim?

— Posso ir até a sua casa em algum momento? Eu meio que sinto sua falta.

— Claro, querida, — eu disse a ela, sentindo meus olhos começarem a umedecer um pouco. — Você é sempre bem-vinda aqui, ok?

— Obrigada, — ela sussurrou. — Você sabe como é...

— Sim, baby, eu sei como é. Você está segura aqui. Sempre. Só porque Jessica foi embora não significa que você não é bem-vinda.

— Obrigada, Loni.

Eu desliguei o telefone e cai para trás no sofá, me perguntando como eu tinha chegado a um lugar tão estranho na minha vida. Eu tinha despejado meu marido por Jess, e agora Jess tinha me largado por Amber. Então eu larguei Nate.

Eu não iria despejar Mellie, eu decidi.

Não importa o que aconteceu, ela era uma criança doce e ela precisava de todo o apoio que pudesse conseguir. Eu não falharia com ela como eu tinha falhado com Amber e Jessica.

E sim, eu sei que era uma loucura pensar que eu falhei com elas - você não pode salvar alguém que não quer ser salva. Isso não altera a forma como eu me sentia.

A campainha da máquina de lavar soou, me lembrando que eu tinha mais roupas para passar. Eu precisava ir a mercearia para Reese, também. Eu sairia da casa dele cedo, eu decidi. Dessa forma, eu não teria que vê-lo, porque, apesar de minhas resoluções corajosas, eu não estava pronta para enfrentá-lo ainda.

Eu tinha passado o suficiente nas últimas 24 horas.

 

 

 

A moto de Reese estava do lado de fora na frente de sua casa quando eu cheguei, junto com sua caminhonete e um pequeno conversível vermelho desportivo.

Um Miata. Meu Miata. Eu considerei seriamente riscar o carro com a chave por pura inveja.

Faça isso por ciúme e frustração, porque não só eu não tinha conseguido evitar Reese, ele aparentemente tinha companhia. Melhor não pensar em quem poderia estar dirigindo aquele carro tampouco, também, porque eu apostaria meu sorvete da manhã que não era um de seus irmãos do clube.

Estacionei e ponderei apenas dar ré na minha van e ir embora, em seguida, decidi que seria covardia pura. Eu o encontraria, mais cedo ou mais tarde. Poderia muito bem acabar com isso logo. Seria bom eu vê-lo com outra mulher, decidi. Eu quase dormi com ele na outra noite, e enquanto eu tinha decidido romper com Nate, isso não significava que automaticamente dar uns amassos com Reese seja uma ideia inteligente.

Ele nunca poderia ser mais do que sexo aleatório de qualquer maneira. Nada ressalta a natureza temporária de um caso de uma noite como ver seu caso com outra pessoa.

Você está aqui para trabalhar. O que ele faz é da conta dele.

Eu desliguei minha van, peguei os mantimentos, e me encaminhei para a porta. Equilibrando as sacolas, sem graça nenhuma, eu digito o código e entro para me encontrar cara-a-cara com a proprietária do Miata.

Ela montava Reese no sofá, sua minissaia empurrada para cima em torno de sua cintura, deixando absolutamente nada para a imaginação - meu próprio pornô pessoal, na minha frente. Que Merda. Eu não conseguia respirar. Seu olhar encontrou o meu sobre sua cabeça, e eu consegui limpar minha garganta. Ela congelou, se virando para me ver.

Esquisito.

— Pensei que você viria mais tarde, — Reese falou lentamente, envolvendo suas grandes mãos em volta da cintura dela e segurando-a firme. Seus olhos estavam frios e hostis, embora um sorriso zombeteiro enfeitasse seu rosto. Ele ainda estava com raiva. Justo. Nós não tínhamos exatamente terminado as coisas com uma nota positiva na minha casa. Senhorita Miata enterrou a cabeça no ombro dele, obviamente, tentando segurar um ataque de risos. Deus, se ele tivesse dito a ela sobre mim? Será que eles riram juntos sobre o quão estúpida eu fui, ficar bêbada e me jogar para ele?

Não entre em pânico. NÃO ENTRE EM PÂNICO.

Entrei em pânico. Senti as sacolas de supermercado começarem a escorregar, então eu segurei meu aperto e me forcei a inalar lentamente. Expire.

Pense em coisas calmas. Oceano. Fornos limpos. Não deixe ele ver como isso te machuca.

Espere. Por que isso me machucaria? Então eu tive tesão por ele, mas isso não significava que eu me preocupava com Reese Hayes. Eu tinha sido celibatária por tanto tempo que eu tinha esquecido o que desejo irracional era? Eu tinha chutado ele para fora da minha cama, e não o contrário.

Tossi, e percebi que tinha que tomar o controle da situação. Quebrar a tensão. Faça uma piada.

— Desculpe interromper, — eu disse, me perguntando se a minha voz soava tão instável como eu sentia. — Você quer que eu reagende, ou você pode se mover para o seu quarto? Eu geralmente desaprovo a limpeza em torno de pessoas, enquanto eles estão fazendo sexo. Todos os tipos de potenciais violações da OSHA12.

Os olhos de Hayes se arregalaram e seu sorriso mudou de zombador a genuíno. Ele balançou a cabeça lentamente.

— Você sabe, eu quero ficar chateado com você, mas você é muito bonita às vezes, — ele disse finalmente. — Eu não acho que eu já conheci ninguém como você, London.

Eu nunca conheci ninguém como ele, também, eu pensei um pouco histericamente. Talvez eu tivesse levado uma vida protegida, mas a maioria dos meus amigos gostavam de fazer sexo em privado. Decidi que agora não era o momento de discutir nossas diferenças culturais, considerando todas as coisas. Eu iria em frente e manteria o foco na respiração, porque em algum lugar lá no fundo, parecia que eu tinha sido esfaqueada no intestino, o que não estava certo por muitos motivos.

— Hum, ainda estou aqui, — Senhorita Miata disse, levantando a mão e agitando-a na frente do rosto dele. — A menos que ela esteja se juntando a nós, eu acho que devemos nos mover. Eu só faço performances na presença de audiências entusiastas, e eu acho que nós estamos assustando essa aqui.

— Eu não estou me juntando a vocês, — eu gaguejei.

Seus olhos varreram a minha figura.

— Que pena.

Esse era o meu sinal para a retirada completa e incondicional.

— Eu vou fazer a comida, — eu disse, passando rapidamente por eles para a cozinha. Larguei as sacolas no balcão. Então eu me abaixei e me forcei a inalar e exalar um pouco mais, contando até dez de cada vez. O que diabos estava acontecendo comigo? Então, era estranho entrar e ver pessoas fazendo sexo. Sim. Definitivamente estranho. Mas não um colapso completamente estranho.

Merda.

Isso foi tudo sobre a minha paixão estúpida por Reese, que aparentemente era ainda mais forte do que eu tinha imaginado. Eu não tinha o direito de me sentir magoada ou possessiva, mas lá estava eu, tentando não hiperventilar em sua cozinha. Não era eu em nada. Tempos desesperadores...

Abri um armário e tirei uma caneca. Então eu abri o freezer e peguei um pouco de vodka. Me servi de uma bela dose, bebi, e em seguida, rapidamente eliminei a prova. Fogo frio deslizou pela minha garganta abaixo, esclarecendo as coisas.

Então eu tinha um problema - Reese era bonito, eu tinha uma queda por ele, e ele atualmente estava transando com outra mulher na sala de estar. Sua sala de estar. Um lugar que ele tinha todo o direito de usar para o sexo ou qualquer outra coisa para qual ele quisesse usá-la. Uma merda que eu entrei enquanto ele estava fazendo isso, mas eu sairia de sua casa cedo, também. Hora de encarar alguns fatos:

Reese dormia com muitas mulheres.
Ele não estava me traindo, e, tanto quanto ele sabia, eu estava em um relacionamento com outro homem.
Eu queria me enrolar em uma bolha e morrer.
Se enrolar em uma bolha e morrer parecia um pouco exagerado, então eu só tenho que colocar a minha vergonha na cara e fodidamente lidar com essa merda. Primeiro - eu tinha comida congelada derretendo na van, e que precisava ser guardada. Porque eu sou apenas um ser humano, eu sai pela porta dos fundos para pegar o resto das sacolas, evitando o espetáculo na frente. No momento em que eu voltei, eles haviam deixado à sala de estar. Mais risos e ruídos de sexo derivaram para fora do quarto dele e eu estremeci. Talvez eu tivesse de ir lá em cima por um tempo. Aspirar de pó. Isso deveria silenciá-los.

Quarenta minutos depois, não havia uma partícula de poeira ou sujeira em qualquer lugar para ser encontrado no andar de cima. Esta não foi uma grande surpresa, dada a forma como foi limpo desde a última vez que eu estive lá e o fato de que os quartos não estavam sendo usados. Não havia maneira de locomover minha infeliz realidade, eu tinha que voltar ao térreo.

Meus pés não se moviam, porém.

Eu simplesmente não podia fazer isso. Em vez disso, eu me sentei no degrau mais alto, me inclinando de joelhos para pensar. Este show de limpeza não ia funcionar de jeito nenhum. Eu não poderia lidar em vê-lo com outra mulher, porque não importava como eu colori meu cabelo, eu não era sofisticada e moderna o suficiente para ser chamada de caso. Eu só tenho que dizer a Reese que eu não podia limpar para ele e deixá-lo ir. De preferência por mensagem. Eu realmente não preciso de um carro novo ou o doce contrato na Linha.

Exceto...

Agora que Jess tinha ido embora, este realmente era o momento perfeito para começar a expandir o meu negócio. O clube de strip seria um inferno de um bom contrato. Eu poderia apenas engoli-lo, certo?

Sim. Eu seria ferrada se eu andasse para longe de tanto dinheiro. Isso soa mercenário?

Eu não me importava.

E daí se Reese Hayes era bonito e eu queria ter relações sexuais com ele? Eu queria um milhão de dólares e uma casa no lago, e isso não estaria acontecendo em qualquer momento em breve, também. Reese tinha todos os tipos de mulheres fazendo fila para dormir com ele, dez por dia, se ele quisesse. Ele provavelmente já perdeu o interesse em mim, e eu deveria estar feliz com isso. Coisas esclarecidas. Não quer dizer que eu não deveria fazer o meu melhor para conseguir o contrato no clube.

Você tem que separar negócios e prazer se você quiser um Miata.

Exatamente. Isso é o que eu faria. Recompor minhas ações e - não, me controlar e enviar a Jessica sua roupa com um sorriso. Eu seria um apoio para Mellie e seria poderosa e autossuficiente. Eu não preciso de um homem, mas se eu quisesse um, eu o teria e o usaria e, em seguida, o dispensaria sem pensar duas vezes, porque eu me tornaria uma mulher sofisticada, moderna, nem que isso me matasse.

Claro.

E eu gostaria de perder dez quilos e alguns anos também.

Logo depois que eu aprender a pilotar o meu jato invisível.

 

 

 

Trinta minutos mais tarde, o assado estava no forno e eu estava armazenando rolos de comida congelada. Eu tive uma segunda dose, estritamente medicinal de vodka, e enquanto eu não estava exatamente tonta, eu estava me sentindo um pouco mais equilibrada sobre as coisas. É claro, despejar corante alimentar amarelo na parte de trás do tanque do banheiro no térreo e derramar vinagre no leite ajudou a restaurar esse equilíbrio... eu também soltei a tampa do saleiro.

Por que eu fiz essas coisas?

Provavelmente melhor não analisar isso muito de perto.

Reese surgiu a partir da edícula e se inclinou contra a porta. Ele usava uma calça jeans desbotada e nada mais, seus grandes braços musculosos cruzavam sobre o peito com preguiça casual. Eu me recusei a deixar que os meus olhos permanecessem em seus músculos, apesar de eu ter me deixado conferir seus pés.

Não há nada mais sexy do que um homem grande andando descalço. Eu sempre tive uma queda por isso.

— Desculpe por aquilo mais cedo, — disse ele, embora eu pudesse dizer em seu tom de voz que ele não estava arrependido nem um pouco. — Eu não tinha ideia de que você viria para casa tão cedo. Eu pensei que tinha mais um par de horas.

Uau, ele soou quase sincero.

— Eu estava planejando terminar antes de você chegar em casa do trabalho, — eu disse, me afastando dele para mexer com os rolos. — Quais são seus horários?

— Irregular, — disse ele. — Eu sou o chefe, se lembra? Eu trabalho quando preciso ou quando eu quero.

Eu senti ele se movendo em direção a mim, por isso me afastei dos rolos e me dirigi até a geladeira para colocar um pouco de espaço entre nós. Abrindo a porta, estudei o interior, tentando descobrir o que eu deveria fazer em seguida. Infelizmente, a cerveja, ketchup, e jarro de pickles que me encararam não tinham conhecimentos para oferecer.

Virar e olhar para ele não era uma opção.

Eu não tinha certeza se eu queria arranhá-lo por ter fodido a outra mulher ou saltar em seus ossos. De qualquer forma eu teria que esfregá-lo com água sanitária, apenas para estar segura, porque ele estava todo coberto com seus piolhos.

— Vamos montar um cronograma, — sugeri, estudando a data de validade em um recipiente de iogurte como se minha vida dependesse disso. — Então eu não vou esbarrar em você aqui na casa.

— Medo? — ele perguntou, e sua voz estava bem atrás de mim. Ele chegou atrás de mim e fechou a geladeira, descansando uma mão em cada lado do meu corpo, me prendendo. Cada instinto meu tinha dito que eu deveria criar uma distração e correr como o inferno, mas eu me virei para encará-lo ao invés disso.

Eu não queria deixá-lo pensar que ele estava certo, não importa o quão difícil isso pudesse ser.

Profissional. Você é uma profissional e você não faz joguinhos.

Eu ofereci um sorriso sem graça e foquei em uma alça de gabinete do outro lado da sala, exatamente dois centímetros acima de seu amplo ombro direito.

Perfeito.

— Eu só não quero ficar no seu caminho, — eu disse de maneira uniforme. — Eu sei que as coisas estão estranhas entre nós após a outra noite. Mas eu quero que você saiba o quanto eu aprecio seu apoio. Foi um fim de semana ruim para mim. Eu estou bem agora.

Ele levantou a cabeça e seus lábios se curvaram em um sorriso de escárnio.

— O policial idiota te deu uns beijos para deixar tudo melhor?

— As minhas relações pessoais não têm nada a ver com o meu trabalho aqui.

— Não, eu acho que eles são relevantes apenas quando você rasteja em cima de mim, esfrega os seus peitos no meu peito, e depois me chuta porta a fora depois de eu cuidar da sua bunda bêbada a noite toda. Você que começou querida. Eu estava apenas te seguindo.

Fechei os olhos, rezando para que eu não estivesse vermelha e brilhante.

— Vamos esquecer o que aconteceu, ok? Eu estava emocional e tinha bebido muito vinho. Eu quase cometi um erro horrível, e eu sinto muito se eu usei você. Mas isso não significa que dormir juntos teria sido uma boa ideia.

— Soa como uma ideia danada de boa para mim, — ele sussurrou, se inclinando para baixo e cheirando meu pescoço. — Eu teria feito isso bom para você.

Eu peguei um cheiro de perfume em cima dele.

— Senhorita Miata ainda está no quarto, — eu disse com firmeza. — Melhor se afastar ou ela vai ver. Então você estará em apuros.

Ele riu sem se afastar.

— Senhorita Miata? — ele perguntou. — Agora esse é um novo nome para ela. Na sede do clube, nós chamamos de...

— Se você disser algo desagradável, eu vou chutar você, — eu respondi. — Realmente vale a pena?

— Defina ‘desagradável’.

— Qualquer coisa menos do que elogios sobre a mulher que você acabou de ter relações sexuais, — eu disse a ele. — Porque parecia que você estava indo insultá-la. Apenas se lembre, tudo o que ela fez, você participou. Você é igualmente culpado.

Ele deu uma risada baixa.

— No clube nós a chamamos de Sharon, — disse ele em voz baixa. — Eu nunca considerei um insulto, especialmente tendo em conta que ela está nomeada após sua avó. Mas se sinta livre para interpretar isso de qualquer maneira que você quiser.

Fechei os olhos e contei até cinco.

— Basta esquecer isso.

— Pic, você sabe onde estão meus sapatos? — disse Sharon. Ela entrou na cozinha e eu esperava que ele se afastasse e se voltasse para ela com uma explicação. Ele ficou onde estava.

— Acho que eles estão na sala de estar, babe, — disse ele, chegando a correr os dedos pelo meu cabelo, puxando minha cabeça apenas o suficiente para me forçar a encontrar seus olhos.

— Obrigada, — disse Sharon, que passou por nós para caçar seu sapato.

— Ela não está chateada que você está falando comigo em vez dela?

— Aparentemente, não, — disse ele, dando de ombros. — Acho que ela já conseguiu o que queria.

— Me deixe adivinhar, é agora que você me diz quantas vezes você a fez gozar?

Ele sorriu.

— Não, mas se você quiser mais detalhes, eu acho que eu poderia te dar alguns, — disse ele. — Eu gosto de como você pensa. Sujo. Mas o que ela queria era dinheiro. Ela é uma boa garota e ela está em um pouco de dificuldade. Estou ajudando ela, então ela decidiu me ajudar.

Isso me pegou desprevenida.

— Ela é uma... prostituta?

Ele balançou a cabeça.

— Ela é uma pessoa. Tente não ser tão crítica - não é bom transformar as mulheres em objetos desse jeito, London. Você não sabia disso?

Seu tom de voz me ridicularizando, e eu bufei.

— Me deixe ir.

— Me dê um beijo.

— Nós já abordamos isso, — eu disse, sentindo meu peito apertar, porque eu queria que ele me tocasse. Como ele fazia isso? Aqui estava ele tentando me beijar logo após fazer sexo com outra mulher, e por algum motivo eu não tinha chutado ele nas bolas ainda. O que estava acontecendo com isso? Provavelmente, a vodka, eu decidi. Definitivamente a vodka.

— Eu não acho que é uma boa ideia.

— Oh sim, você ainda está vendo o bom policial, — disse ele, com a voz em um rosnado baixo. — Você já dormiu com ele?

— Eu não estou, na verdade. Vendo ele. Eu terminei com ele ontem.

Isso o pegou desprevenido, e ele se afastou, estudando meu rosto.

— Sério?

— Sério, — eu disse com firmeza, aproveitando sua surpresa para deslizar debaixo do seu braço e fugir através da cozinha. — Tem um assado no forno. Quando o temporizador desligar, você pode tirá-lo e esperar por quinze minutos. Há uma salada esperando por você na geladeira e eu vou te cobrar os mantimentos. Adeus.

— Você realmente acha que eu vou deixar você soltar uma bomba como essa e simplesmente sair daqui?

Eu dei de ombros. Tinha valido a pena a tentativa.

— Eu tenho trabalho a fazer, Reese. Eu terminei com Nate, porque não estava dando certo entre nós. Isso não significa que é certo com você, de qualquer jeito, significa apenas que eu preciso ficar sozinha por um tempo. Jessica se foi há apenas uma semana. Isso é um monte de mudanças e eu não sinto vontade de falar sobre isso com você ou qualquer outra pessoa.

— Isso ainda não acabou.

Eu ri.

— Isso nunca começou, — eu disse a ele sem rodeios. — Eu não sou como você. Eu não posso simplesmente fazer sexo casual.

Claro que você pode, o lado sacana do meu cérebro sussurrou. Basta experimentá-lo!

Senhorita Miata ainda nem saiu de casa, no entanto, eu lembrei ao meu cérebro com firmeza. Não seja uma puta!

— Como você sabe que não pode ter sexo casual? — perguntou. — É divertido. Quando foi a última vez que você tentou fazer isso?

Eu olhei para ele.

— Sério, quando foi isso?

— Não é da sua conta, — eu respondi.

— Bem, se você mudar de ideia, você sabe onde eu estou, — ele me disse. Sharon voltou para dentro e sorriu para mim, envolvendo o braço em volta da cintura de Hayes. Ela sussurrou algo em seu ouvido, em seguida, deu a ele um beijo antes de olhar para mim.

— Prazer em te conhecer, — ela me disse com um sorriso genuíno. — Talvez eu vou te ver na sede do clube algum dia?

Dei de ombros, porque dizer que eu prefiro comer vidro quebrado não parecia muito apropriado. Como ela estava tão amigável, dadas as circunstâncias? Parecia errado.

Pare de ser tão crítica... as palavras de Reese ecoavam na minha cabeça.

— Ok, eu estou indo embora, — disse ela. — Oh, e Pic? Eu acho que há algo de errado com o banheiro, apenas um aviso. Esse assado cheira fantástico, London. Eu estou contando meus carboidratos, coisa boa que aqueles lombos ainda não estão assados!

Com isso, ela me deu um aceno alegre e partiu, cantarolando alegremente.

É claro que ela estava contando seus carboidratos. Meninas como ela sempre faziam isso.

— Isso foi apenas estranho, — eu murmurei.

— Isso foi alguém que está confortável em sua sexualidade e não preocupada com cismar com as coisas. Você devia experimentar. É mais divertido do que fazer beicinho. Menos trabalhoso, também.

— Eu realmente tenho que ir agora.

— Vejo você na quinta-feira, — disse ele. — Me deixe saber a hora que você vem e eu vou tentar estar vestido... A menos que você tenha mudado de ideia?

Eu não me incomodei em responder enquanto eu marchei para fora da cozinha, e sua risada me seguiu pela porta.

Algum dia eu seria a pessoa fazendo ele desconfortável, eu decidi. Eu não tinha certeza de quando ou como, mas eu estava esperando por isso. Parecia apenas justo, considerando todas as coisas.


Capítulo Sete

 

LONDON

 

Meu telefone tocou enquanto eu despejava o balde de água cinzenta de lavar o esfregão. Era nove horas da manhã seguinte, e minha equipe tinha mais uma hora para terminar a limpeza do clube de strip. Hayes manteve sua promessa e, de acordo com Gage – o grande Reaper que administrava o lugar – nós conseguiríamos o contrato a longo prazo se ele gostasse do que veria.

Eu estava lá para ter a maldita certeza de que ele iria gostar do que veria.

Isso significava esfregar cada centímetro do lugar. Não que fosse preciso ir tão longe cada vez que viéssemos, mas eu queria começar as coisas direito. Eu peguei o telefone, assustada ao ver que era Jess. Uau... Fazer com que ela levantasse antes do meio-dia praticamente exigiria um ato de Deus.

 

JESSICA: Hey, Loni. Como você está?

Eu: Bem. Trabalhando. O que está acontecendo?

JESSICA: Você tem tempo para um telefonema? Eu quero conversar. As coisas não estão muito bem por aqui.

Eu fiz uma careta, sentindo um aperto na garganta.

Eu: Só um segundo.

Pousando o balde, eu saí do armário de produtos de limpeza e atravessei o chão vazio do clube. À distância, eu ouvia o gemido do vácuo enquanto a minha equipe trabalhava através das salas VIP na parte de trás. Gage sentou em uma das mesas, olhando para cima quando passei, com uma pergunta em seu rosto.

— Apenas um rápido telefonema, — eu disse a ele, saindo pela porta da frente para o estacionamento.

O telefone tocou três vezes antes de Jessica atender.

— Loni?

— Ei, baby, o que há de errado? Você precisa ir ao médico? Você saiu sem o seu cartão do seguro, mas posso enviar todas as informações agora se você precisar dele.

— Não, não é nada disso, — disse ela rapidamente, e me senti relaxar um pouco. — Eu tive um pouco de febre ontem à noite, mas eu acho que é só uma gripe. Eu estou com tosse.

— Tenha cuidado, — eu avisei a ela, como se ela precisasse do lembrete. Ela sabe muito bem – malditamente bem – que não deve brincar com a infecção. Da última vez ela acabou na UTI por três dias, com gotejamento de antibiótico, seguida por uma cirurgia, apenas por diversão.

— Eu estou... — respondeu ela, hesitante.

— O que é foi? — perguntei, com cuidado para manter minha voz neutra. — Você pode me dizer.

— Eu acho que você pode ter estado certa sobre a mamãe, — disse ela em voz baixa. — Ontem à noite eles tiveram uma grande festa. Um monte de caras vieram e eles não eram muito agradáveis.

— Não eram agradáveis de que maneira?

— Dois deles me encurralaram na casa de hóspedes, — ela sussurrou. — Eu não sou exatamente uma virgem, mas isso foi diferente, Loni. Eu nunca fui tratada assim. Eles não fizeram muito, mas só porque eu saí correndo e me tranquei em um armário. Foi horrível.

Ela ficou em silêncio. Eu queria exigir mais informações, mas senti que ela estava a cerca de três segundos de distância de desmoronar.

Pelo menos ela tinha me ligado.

— Você quer voltar para casa? — eu perguntei, me forçando para manter a minha voz calma e estável. — Eu sei que nós tivemos nossas diferenças, mas você estará segura aqui. Talvez possamos descobrir uma maneira para você viver por conta própria, você pode ser independente e estar segura, ao mesmo tempo.

Ela deu um soluço fungando e eu percebi que ela estava chorando.

— Eu sinto muito, Loni, — ela sussurrou. — Eu não queria acreditar em você. Eu fui realmente estúpida.

— Não vamos nos preocupar com isso agora. Eu posso voar até aí esta tarde, te buscar e te trazer para casa.

— Você não precisa fazer isso, — disse ela. — Mas se você me comprar uma passagem para casa, eu vou encontrar uma maneira de pagar de volta. Eu posso pegar um táxi para o aeroporto, eu ainda tenho um pouco de dinheiro. Mas não até amanhã. Mamãe disse que ela queria que eu saísse com ela hoje, para fazer compras ou algo assim. Ela está indo em uma viagem, eu acho. Eu prefiro ir embora quando ela não estiver por perto. Eu não acho que eu posso lidar com uma grande briga com ela, ela não vai gostar. Ela tem agido de modo muito estranho.

Eu queria desesperadamente saltar para o modo de salvamento, mas me forcei a recuar. Apenas me pedir ajuda foi muito - Jessica não precisava de mais nenhuma pressão. Deus, eu odiava isso. Tudo isso.

— Ok. Eu vou conseguir pra você um voo para casa amanhã, no primeiro horário?

— Talvez em torno do meio-dia? — ela perguntou em voz baixa. — Isso seria melhor. Ela terá ido até lá. Há todos esses caras por aqui... Alguns deles têm armas, Loni. Eu acho que o namorado dela pode ser um traficante de drogas ou algo assim. Ele é muito rico, mas eu não consigo descobrir como ele ganha seu dinheiro.

Fechei os olhos e respirei fundo.

— Perfeitamente possível, — eu disse. — Ela nunca teve bom gosto para homens. Não vá fazer perguntas, tudo bem? Você não quer fazer qualquer coisa para chamar a atenção de pessoas assim.

— Você está com raiva de mim?

Como responder a uma pergunta como essa?

— Estou mais preocupada com você, — eu disse finalmente. — Eu quero que você esteja segura e feliz. Você não escolheu a melhor maneira de conseguir isso, mas estou incrivelmente feliz que esteja tudo bem. Vamos deixar por isso mesmo, ok?

— Eu te amo, Loni.

— Eu também te amo, baby. Cuidado hoje e mande uma mensagem de texto a cada duas horas, entendeu? Basta ficar em contato e me deixe saber que você está bem. E mantenha um olho sobre a febre, também. Se você sentir alguma coisa, ligue para o 911 e consiga uma ambulância. Não se preocupe com as contas ou qualquer coisa. Basta cuidar de si mesma.

— Tudo bem, — ela sussurrou. Eu terminei a chamada e esfreguei atrás do meu pescoço.

— Caralho, — eu murmurei, resistindo à vontade de jogar meu telefone através do estacionamento. Eu queria bater em alguma coisa, ou perfurar um carro. Em vez disso eu me encostei à parede, batendo a cabeça sobre ela um par de vezes, apenas o suficiente para me centrar.

— Você está bem? — perguntou Gage, saindo pela porta. Sua pose era casual, mas seus olhos eram afiados. Eu dei de ombros.

— Apenas o habitual, — eu disse. — Drama familiar, esse tipo de coisa. Não se preocupe, isso não tem nada a ver com o negócio e não terá impacto sobre a nossa capacidade de trabalhar.

Ele balançou a cabeça lentamente, em seguida, abriu a porta para mim. Eu sorri para ele e atravessei, pronta para ir inspecionar os quartos da parte de trás. Eu posso não ser capaz de controlar qualquer outra coisa na minha vida, mas eu posso controlar a limpeza deste clube de strip.

Pena que eu já limpei meu forno.

Talvez o forno de Reese precisasse de uma boa esfregada? Eu poderia ir lá e verificar mais tarde... Poderia muito bem mandar uma mensagem a ele e ver se uma mudança de horário iria funcionar, porque eu estarei no aeroporto amanhã à tarde de qualquer maneira. Se ele quiser que eu venha uma segunda vez esta semana, ele só tem que ser flexível.

A família vem em primeiro lugar - mesmo um grande motoqueiro idiota como Reese Hayes iria entender isso, certo?

 

 

 

REESE

 

— Sua garota fez um bom trabalho hoje.

As palavras de Gage ecoaram na minha cabeça enquanto eu dirigia para casa. Eu não tinha certeza se London poderia ser qualificada como minha garota ou não, mas eu a quero, e não para uma transa rápida. Ela estava bem chateada ontem e eu não poderia culpá-la.

Eu esfreguei Sharon na cara dela, como um idiota.

Mas o pensamento de London e Evans rolando nus juntos tinha se apresentado na minha cabeça como um vírus. Eu queria quebrar a merda toda vez que eu imaginava, e eu não conseguia parar de imaginar isso... Uma pequena vingança pareceu justo na hora, dado que eu sou um estúpido. Em seguida, ela anunciou que ela tinha terminado com ele. Me surpreendeu, porque, aparentemente, London não era o tipo de mulher para jogar os homens uns contra os outros. Eu tinha esquecido como é me sentir assim. Agora, eu a respeito ainda mais e me sinto como uma marionete em comparação. Me enroscar com Sharon foi infantil e estúpido.

London estava me transformando em um garoto idiota mais uma vez, e não de um jeito bom. Pelo menos parece que isso acontece com nós dois, ela não estava ganhando nenhum prêmio de maturidade pela brincadeira no banheiro... Ri pra caramba quando finalmente eu entendi, no entanto. Heather costumava fazer esse tipo de merda também.

Eu precisava ligar para London. Ou talvez eu devesse apenas aparecer em sua casa, porque ela provavelmente não iria atender uma chamada minha. Isso é uma droga. Tudo isso. Eu gostaria de uma noite - clara e simples, não alguma besteira de colegial onde nós ficamos de enrolação em vez de começar a ação. Não posso deixar de me perguntar quais as outras complicações que poderiam existir. Será que ela seria capaz de lidar comigo na cama – o meu verdadeiro eu? Eu não estou acostumado a me segurar, e se as mulheres não podem aguentar, eu apenas as corto.

Foda-se.

Se eu tiver as minhas mãos em London, eu estaria ferrado se eu a deixasse ir só porque as coisas ficaram muito intensas.

Eu virei a última curva e vi a van do serviço de limpeza na garagem. Que porra é essa? Eu tive uma breve intensa fantasia em que ela decidiu que ela não poderia ficar mais um dia sem meu pau profundamente dentro dela, e que eu iria encontrá-la nua e esperando no quarto.

Sim, certo.

O mais provável é que ela estava lá injetando meu creme dental com estricnina. Eu estacionei minha Harley ao lado do veículo dela, estudando-o. Ela só tinha uma carroça, e conduzi-la deve ser uma droga. Como pilotar uma barcaça de merda. Eu me perguntava se ela já esteve em uma moto antes, e se ela gostaria. Havia algo sobre ela, um controle, um senso de dever que nunca parece falhar... Ela não toma muito tempo para si mesma, e eu estaria disposto a apostar que ela não chegou a se soltar com frequência suficiente.

Ao levá-la na parte de trás da minha moto, aposto que ela molharia sua calcinha.

Bem, isso ou ela iria correr gritando. Talvez seja algo que pode ser trabalhado... Sim, eu definitivamente preciso levá-la para um passeio, e agora é o momento. Eu tinha acabado de correr novamente esta manhã depois de muito tempo preso na loja. Um alívio enorme, porque quando eu não posso pilotar, eu não consigo respirar. O inverno parece durar para sempre em alguns anos, e, na primavera, estamos todos um pouco loucos.

Não há nada como o primeiro passeio do ano.

Peguei meu telefone - com certeza, ela ligou. Caralho, devo ter perdido durante a missa. Esses dias tudo o que nós temos falado em volta da mesa foi sobre o cartel, que tem se instalando em nosso território há quase um ano. Eles acertaram vários de nosso clube e mataram o presidente dos Devil’s Jacks seis meses atrás. Por um tempo, patinamos a beira de uma verdadeira guerra, mas as coisas tem se acalmado recentemente, pelo menos na superfície.

Eu sei que os Jacks tem ido para o sul acertando alvos selecionados.

Os Reapers estão fazendo a sua parte, também, porque ninguém fode com a gente e sai sem pagar por isso. Todas as casas têm sistemas de segurança completos agora, e temos nos empenhado em selecionar membros novos dos clubes de apoio.

Mais cedo ou mais tarde, a guerra vai começar.

Nós estaremos prontos para isso.

O próximo final de semana será em grande parte para a preparação – os titulares dos Jacks, dos Silver Bastards, e dos Reapers virão de toda a região para falar de estratégia, esperando montar uma ofensiva conjunta. Nós não podemos simplesmente nos esgueirar para sempre, ou esperar que eles tragam a luta até nós.

Mexi no meu telefone, até encontrar a mensagem que ela enviou, quando eu não atendi o telefone.

London: Mudança de planos. Eu estarei em sua casa esta tarde. Apareceu algo para amanhã.

Algo está aparecendo para hoje, também. Meu pau.

Cristo, daqui a pouco eu vou estar fazendo piadas sujas.

Infantil pra porra.

Do lado de fora da minha porta, eu senti o azedo, horrível fedor, e eu me lembrei de sua casa na semana passada. Eu girei a maçaneta e entrei para encontrar London em pé sobre um banquinho na sala de estar, espanando com raiva a coleção de armas em cima da lareira. Vestindo um short e um top preto – parecia ter saído de um sonho molhado... exceto pelo horrível fedor enchendo o ar.

Ela se levantou na ponta dos pés, uma mão apoiada na lareira para alcançar mais alto. Sua camisa subiu um pouco, expondo uma faixa estreita de pele, e eu segurei um gemido.

Caramba. Eu preciso transar com ela ou demiti-la, porque essa merda de meio termo não está dando certo para mim. Claro, Gage quer a sua equipe trabalhando na Linha permanentemente, então eu acho que demiti-la está fora de questão.

Ok, então. Eu a pegarei para a equipe e transarei com ela. — Eu estou limpando seu forno, — ela anunciou em voz alta, virando o rosto para mim, com as mãos nos quadris. A postura em puro desafio. Procurando briga. O porquê, eu não posso imaginar, mas estava linda com fogo em seus olhos e toda essa merda.

Eu jogo de volta o fogo diretamente para ela. Meu pau tomou nota, apertando apenas o suficiente para ser desconfortável, e eu decidi mandar para o inferno. Não há tempo como o presente.

— O que aconteceu? — perguntei. London fez uma careta.

— Eu só estou tentando fazer o meu trabalho. Era para eu vir amanhã, mas eu vou estar no aeroporto em vez disso. Jessie está voltando para casa.

Interessante.

— Você não parece muito feliz com isso, — eu disse, atravessando o chão em direção a ela. Parei a cerca de três metros de distância, o que colocou meus olhos no nível do peito dela. Ela suspirou, em seguida, se virou e levantou os braços para alcançar uma das facas mais altas com seu espanador. Isso fez com que seus seios balançassem sob o top, uma visão que meu pau apreciou muito.

— O namorado da minha prima é, aparentemente, algum tipo de criminoso, — disse ela com firmeza. — Eu acho que o lugar está cheio de capangas assustadores. Alguns deles encurralaram Jess ontem à noite, e a aterrorizaram. Ela diz que está segura até amanhã, mas eu queria que ela voltasse para casa esta noite. Ela disse que me mandaria mensagens, mas ela não mandou.

Eu me acalmei.

— Você sabe alguma coisa sobre esses caras?

Ela se virou para mim, balançando a cabeça. Uma mancha de sujeira correu em sua testa e seu cabelo vermelho brilhante caiu em torno, como se ela tivesse acabado de sair da cama.

Não era de tudo uma visão ruim.

— Nada, mas eu sei que eu quero machucá-los. Ela disse que eu não deveria voar para lá. Provavelmente é uma coisa boa, porque eu não preciso passar o resto da minha vida na prisão e é aí que eu vou acabar se eu colocar minhas mãos sobre esses idiotas.

— Então você veio aqui em vez disso? Não sei como interpretar isso, querida.

Ela colocou as mãos nos quadris.

— Eu não vou estar aqui amanhã, e eu não quero você me acusando de não cumprir nosso acordo.

Sim, certo.

— Então você acha que eu sou tão babaca que não deixaria você ter uma folga para pegar sua prima do aeroporto? — eu perguntei, tentando não sorrir porque eu a peguei completamente desprevenida. Ela veio aqui porque quando a merda bateu no ventilador, ela queria ficar perto de mim. Ela pode não estar pronta para admitir isso, mas isso não muda o que realmente estava acontecendo.

— Você é babaca o suficiente para fazer sexo na minha frente.

— Sim, eu sou realmente uma peça rara – um homem solteiro transando com uma parceira disposta na privacidade da minha própria casa. Às vezes eu choro até dormir, eu estou tão envergonhado de minhas ações.

— Você está dizendo que o timing foi uma total coincidência? — ela perguntou.

Eu ri.

— Você foi a única que chegou adiantada, — eu lembrei a ela. — Mas sim, eu vou te dar isso. Eu já tinha decidido manter Sharon por aqui por toda a tarde, fazer um ponto sobre ela ficar aqui. Não pretendia transar com ela na sua frente, mas eu não fiquei desapontado quando você entrou e viu, de qualquer forma. Eu estava puto pra porra, London. Eu estava lá para você quando você precisou, eu cuidei de você, e então você me chamou pelo nome de outro homem. Um dos meus menos favoritos homens, para registro.

Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu e fechou.

— Você é um babaca.

— Não, eu sou um filho da puta. Você quer brigar como um adulto, então comece a usar palavras de adultos.

— Foda-se, — ela sussurrou, e eu juro que seu cabelo começou a levitar um pouco como o da Medusa. Ok, isso pode ter sido apenas pela forma como ela balançou a cabeça, mas de qualquer forma foi mais quente do que o inferno. A luta foi divertida, mas nós tínhamos perdido muito tempo. Hora de entrar naquela buceta apertada dela, conferir se a sensação dela em volta de mim era tão boa como a minha imaginação sugeria.

Enrolei um braço em volta de sua cintura e a levantei da cadeira, apoiando ela na horizontal contra o meu lado enquanto ia em direção ao quarto.

— O que você está fazendo?

— Chega de preliminares. Hora de ir ao que interessa, babe.

— Eu não sou sua querida. Me ponha no chão!

— Isso não vai acontecer.

Ela começou a chutar, o que teria sido muito mais eficaz se as pernas dela pudessem atingir qualquer parte do meu corpo a partir dessa posição. Não era o meu primeiro rodeio. Então, ela me deu um tapa, erguendo o meu braço em volta da cintura.

— Cuidado, você não quer que eu te derrube.

— Deus! Como você pode estar fazendo isso? Não é justo, você é muito forte para mim. Te odeio!

Eu decidi que o como eu poderia estar fazendo isso era óbvio pra porra, portanto, não precisava responder. Boa coisa, também, porque ela cravou as unhas no meu braço com tanta força que eu acho que ela tirou sangue.

— Pare de brincadeira, London. — nós passamos pela cozinha. A porta do meu quarto estava aberta. Eu chutei a porta atrás de nós, em seguida, me virei para trancá-la, porque eu estaria ferrado se fosse interrompido neste momento.

Então, eu a joguei na cama.

London se afastou de costas como um caranguejo, se preparando contra a cabeceira da cama com os olhos arregalados.

— O que há de errado com você? — perguntou ela, sem fôlego.

— Eu estou com tesão, — eu disse, minha voz sem emoção. Me sentei na beira da cama e tirei minhas botas. Peguei minha camiseta e puxei para cima e sobre a cabeça, jogando-a em cima da minha cômoda. Então me levantei e fui para minha calça.

London chiou novamente.

— A porta está bem ali, — eu disse. — trancada aqui por dentro, então não é como se você estivesse presa aqui. Se você quer sair, vá. Caso contrário, tire a roupa.

Me levantei e empurrei para baixo as minhas calças, meu pau surgindo livre para bater contra o meu estômago. Ela engasgou e eu sorri, porque eu sei que a visão geralmente é considerada boa.

— Roupas? — eu a lembrei.

Ela se sentou, em seguida, envolveu a dignidade ao seu redor como uma capa pesada, como se isso pudesse protegê-la.

Não podia.

— Vamos falar sobre isso, — disse ela em voz baixa. — Devemos definir algumas regras, descobrir onde estamos indo.

— Nós estamos indo foder. Em seguida, eu acho que nós provavelmente vamos fazer isso novamente. Depois disso, eu vou te comprar o jantar, mas somente se você for boazinha.

— Eu trouxe o jantar comigo, — ela murmurou.

— Cristo, você seria perfeita se você não fosse um pé no saco.

Me arrastei para a frente na cama, agarrando seus tornozelos e empurrando-os para baixo abruptamente. Ela gritou, mas não lutou quando eu peguei suas mãos e as apertei de volta para a cama, por cima de sua cabeça. Então, eu abaixei minha boca para encontrar a dela, eu tinha que prová-la e ver se era realmente tão bom como eu me lembrava.

Era.

Eu empurrei minha língua no fundo, fechando os olhos enquanto eu saboreava, finalmente dentro de seu corpo. No início, ela estava passiva. Em seguida, sua língua começou a brincar com a minha, um jogo de caça e perseguição que eu poderia ter mantido por horas se meu pau não estivesse em chamas. Usando o joelho para separar as suas pernas, me acomodei entre elas, percebendo da maneira mais difícil que eu corria o risco do jeans queimar o meu pau.

Eu me afastei e sorri para ela. Suas bochechas estavam coradas, seus olhos estavam brilhantes, e o cabelo vermelho brilhante dela estava sobre o travesseiro como um fluxo de lava.

— Eu gosto dessa cor em você, — eu disse, me movendo para o lado para que eu pudesse deslizar minha mão até seu estômago. O botão de sua calça jeans abriu com bastante facilidade, e seus quadris subiram para cima, para encontrar os meus dedos enquanto eles encontraram seu clitóris.

Molhada como o inferno. Linda.

— Obrigada, — ela murmurou. — Eu achei que você não tinha notado. Você não disse nada no outro dia.

— Oh, eu notei.

— Caramba, isso é tão bom... — ela sussurrou.

— Eu faço o meu melhor.

Seus seios subiam e desciam rapidamente enquanto sua respiração aumentou. Eu deslizei meus dedos para cima e para baixo, mergulhando em sua buceta e depois pressionando para cima, enquanto o meu polegar mantinha a ação acontecendo lá fora. Finalmente eu os tirei e ela choramingou, protestando.

Para o inferno com essa merda lenta.

— Você está usando muita roupa, — eu disse. — Tire alguma coisa, porque senão eu vou começar a rasgar as coisas.

 

 

 

LONDON

 

Tire alguma coisa, porque senão eu vou começar a rasgar as coisas.

Eu quase tive um ataque cardíaco.

Reese me deixaria sair pela porta se eu pedisse. Eu sei que ele deixaria... Mas se eu sair, eu nunca poderia voltar, e, nos últimos cinco minutos eu percebi claramente que eu quis vir13 aqui em todos os sentidos da palavra.

Ele empurrou a minha camisa, expondo o sutiã de cetim vermelho que eu decidi usar durante a limpeza de sua casa por nenhuma razão em particular que eu me importe de reconhecer. A boca de Reese pegou meu mamilo e eu esqueci tudo sobre tirar as coisas.

Infelizmente. Ele não estava brincando sobre as roupas.

Aparentemente, me sugar através do tecido não era bom o suficiente, porque segundos depois ele pegou o meu sutiã e rasgou ao meio. Meus seios derramaram livremente e então eu senti o calor de sua boca me puxando de volta, profundo. Seus dedos se enterraram dentro do meu shorts, encontrando o meu clitóris e esfregando-o com força suficiente para machucar. Em vez disso, me senti muito, muito bem.

A necessidade cresceu no meu centro, enviando arrepios por todo meu corpo. Eu não conseguia pensar, mas eu podia sentir, certo como o inferno. Me senti bem. Muito bem. Melhor do que eu me lembrava do sexo, e me lembrava do sexo como algo muito bom.

Reese mudou para o meu outro seio, e de alguma forma eu recuperei a consciência suficiente para alcançar entre nós e agarrar seu comprimento duro.

Seu pau.

Eu gostei da palavra, eu realmente fiz. Eu gostei muito e eu gostei do fato de que eu estava livre para usá-la tanto quanto eu quisesse. Eu queria ver mais do mesmo, também.

— Eu quero o seu pau, — eu consegui sussurrar, e Reese congelou.

Então, as coisas mudaram.

Antes ele tinha sido contido, se não gentil. Sim, isso acabou agora. Em poucos segundos, ele tinha me jogado sobre a minha barriga, e então eu senti meu shorts sendo arrancados do meu corpo. Eu não tenho certeza do que aconteceu com a minha calcinha, mas um segundo depois sua mão ficou sob minha barriga, me levantando de joelhos.

Mal tive tempo para recuperar o fôlego antes que eu sentisse a cabeça de sua ereção na minha entrada. Não por muito tempo, no entanto. Ele empurrou duro, o que foi mais do que um pouco surpreendente, porque eu não tinha visto nenhuma ação real durante anos.

— Caramba, — eu grunhi, e ele se acalmou, deixando com que eu me acostumasse com a sensação dele dentro de mim. Eu me senti presa, empalada... vulnerável. — Oh meu Deus, eu não posso acreditar que você fez isso.

— Acredite, — ele murmurou, com os dedos encontrando meu clitóris novamente. Ele brincou com ele e eu me contorcia, me apertando sobre ele toda vez que ele encontrava apenas o ponto certo.

— Foda-se..., — ele gemeu. Em seguida, seus quadris se afastaram e ele começou a se mover em mim. Ele não era gentil e quando ele batia de volta, eu ofegava, porque o homem era grande e chegava a tipo machucar, mas em uma estranha boa maneira.

Eu mencionei que já fazia um tempo?

Felizmente, Reese-Picnic-Hayes tinha dedos mágicos, porque pela terceira vez, ele me encheu, eu tinha perdido a noção do tempo e do espaço. Tudo o que eu podia sentir era a construção de pressão através de mim, centrado no meu clitóris o delicioso atrito dele empurrando profundo contra a parede da frente da minha vagina.

Meu vibrador simplesmente não poderia competir.

Então, eu tive um horrível, horrível pensamento.

— Eu não estou usando anticoncepcional.

— Estou com preservativo, — Hayes resmungou. — E uma vasectomia.

Huh. Como eu não percebi ele colocando? Eu não conseguia sentir, também, o que foi, provavelmente, porque eu estava tão molhada. Reese pegou meu clitóris com os dedos, quase beliscando, o que deveria doer como o inferno, mas foi muito possivelmente a coisa mais incrível que alguém já fez para mim.

Foi o suficiente para me empurrar.

Engoli em seco, meus músculos apertando com força sobre ele, enquanto eu gozava. Ele gemeu. Então, suas mãos pegaram meus quadris, o que era uma coisa boa, porque todo o meu corpo deixou de funcionar e eu desmoronei.

Reese ignorou meu colapso físico e mental, levantando minha bunda para o alto para sua penetração, bombeando em mim mais e mais rápido enquanto ele se aproximava de sua própria libertação. Então, eu senti um formigamento renovado da sensação, e percebi que eu poderia ser capaz de alcançar o Santo Graal de todas as mulheres – orgasmo múltiplo.

— Para cima em suas mãos, — Hayes me disse severamente. De alguma forma eu me empurrei para cima, assustada que eu tivesse força. Sua mão pegou meu cabelo e empurrou de volta. Eu gritei e recuei de joelhos, apoiando minhas mãos contra a cama.

— Oh meu Deus, — eu engasguei, me perguntando se era possível os olhos rolarem literalmente da cabeça de uma pessoa a partir da intensidade de uma experiência. Desta vez, eu gozei duro, não em um acúmulo de sensibilidade ou aquecimento suave. Não. Apenas uma explosão de luxúria e satisfação, como um animal na casa de um homem que eu não estava nem mesmo namorando.

Glorioso.

Reese pulsava forte dentro de mim quando ele gozou. Então ele parou, minha bunda bem apertada contra sua virilha, seus dedos me apertando bastante forte, e eu percebi que eu encontraria contusões ali depois.

O pensamento me fez rir.

Eu poderia ter uma lesão no sexo!

Reese me soltou, retirando o preservativo. Desabei em meu estômago, ainda ofegante, me perguntando se eu poderia apenas dormir por um tempo. Fingir que o mundo lá fora não era real, e que Jessica não estava na merda mais uma vez.

Seu braço grosso, musculoso veio em torno de mim, me puxando de volta para o berço de seu corpo.

— Isso foi muito bom, — murmurei, de olhos fechados.

— Bom? Eu acho que estou me sentindo insultado, — respondeu ele, embora ele parecesse presunçoso como o inferno. Sua mão segurou meu peito, casualmente brincando com meu mamilo enquanto ficamos em silêncio.

— Eu vou estar dolorida amanhã... — eu disse, bocejando. — Mas realmente vale a pena.

— Dolorida? Eu não fui tão áspero.

— Não, só faz um tempo.

— Quanto tempo?

— Bem, meu ex-marido me deixou há seis anos, quando eu peguei a custódia de Jess, então... seis anos.

A mão de Reese parou de se mover.

— Você não teve relações sexuais nos últimos seis anos? — ele perguntou, sua voz incrédula.

Eu fiz uma careta. — Você não tem que dizer isso assim.

— Assim como?

— Como se eu fosse uma aberração.

— Você não é uma aberração, querida, — respondeu ele. — Mas tenho que admitir, eu estou surpreso. Você é linda.

Eu suspirei. — Mães solteiras que dirigem empresas não têm vidas sociais fabulosas, Reese, — eu disse a ele.

— Bem, estou contente por ter me escolhido para quebrar o período de seca, — disse ele finalmente. — Você não é nada mal para uma garota que está fora de prática. Eu te daria um seis em dez.

Eu bati em seu braço de brincadeira e ele me abraçou apertado.

— Ok, então nove em dez, — ele sussurrou, beijando o topo da minha cabeça. — Estou deixando o último ponto na esperança de que você vai me dar um boquete na próxima vez.

— Sonhe.

Ele riu baixinho, e então eu senti sua respiração ficar regular quando ele adormeceu. Deixando os meus pensamentos vagarem, eu caí na escuridão, apertada em seus braços e protegida em sua força e calor.

Perfeito.


Capítulo Oito

 

LONDON

 

Meu telefone nos acordou no início da noite.

Eu não conseguia descobrir onde eu estava no início, ou por que havia um braço pesado me segurando prisioneira. Tentei pegar o telefone e Reese me apertou ainda mais, grunhindo.

— Pode ser Jessica, — eu disse a ele, empurrando o seu braço até que ele me deixasse atender a chamada.

Não era ela.

É claro que não era ela... Só porque ela percebeu que as coisas não eram tão ensolaradas em San Diego não queria dizer que ela magicamente se transformou em uma pessoa responsável. Eu consegui empurrar Reese e me inclinar sobre o meu cotovelo para atender a chamada de qualquer maneira, porque o identificador de chamada disse que era Melanie, e eu jurei que não iria ignorá-la.

— Ei, Loni, — ela perguntou, sua voz hesitante e um pouco instável.

— Está tudo bem?

Reese estendeu a mão e me pegou de novo, me puxando para trás na curva do seu braço. Eu encontrei o meu rosto pressionado contra seu peito enquanto seus dedos começaram a correr pelo meu cabelo. Eu não podia acreditar que realmente fizemos sexo. S.E.X.O. de verdade. Não tinha certeza de como processar isso. Por um lado, eu me senti incrível... quente e cheia de endorfinas que ainda me deram um brilho. Por outro lado, eu sabia que eu precisava me proteger porque Reese era um homem-prostituto classe A, e eu não podia me deixar ficar ligada a ele.

Divertido para jogar, mas não para manter.

Então, novamente, os homens para manter não faziam parte do meu novo, melhorado plano para ser uma mulher livre e independente. Infelizmente, também não era ferir os sentimentos e pegar Jessica do aeroporto amanhã à tarde. O plano não tinha começado bem.

— Loni? — perguntou Mel. Eu pisquei.

— Sim?

— Você não vai me responder?

Oh meu Deus, eu tinha feito isso de novo. Eu tinha esquecido Mel enquanto eu estava no telefone com ela. Eu era uma pessoa tão merda. Ugh.

— Qual foi a pergunta?

— Posso ir até a sua casa esta noite? — perguntou ela, com a voz cheia de esperança. — Papai está em um verdadeiro mau humor. Eu tenho algumas notícias...

Uh-oh.

— O que é?

— Eu acho que minha mãe foi embora, — ela sussurrou. — Isso é o que meu pai me disse, e eu não a vejo há dois dias. Ele está ignorando o trabalho. Ele está muito bêbado agora e eu estou com um pouco de medo. Você acha que eu poderia ficar com você por uns dias?

Fechei os olhos, sentindo uma onda de calor, cheia de indignação. Como aquele idiota se atreve a fazer isso para Melanie? Ela era uma menina doce, uma boa menina que trabalhava duro e merecia a felicidade.

— Oh, baby... Claro que você pode. Pode entrar em casa. Você pode pegar tudo o que desejar da cozinha, apenas se sinta confortável. Se acomode no quarto de Jess, ok?

— Que horas você vai estar em casa? — ela perguntou em voz baixa. Eu escavei para o lado de Reese e senti sua mão varrendo para baixo em minha. Ele pegou meu joelho com a outra mão, puxando-o para cima e sobre a perna dele até que eu meio que montei em uma, me encontrando deitada de uma maneira estranha.

Sua ereção acordou para a vida, e eu olhei para baixo através da luz fraca para vê-lo. Ainda não conseguia acreditar que isso tinha acontecido, mas ainda gozei duas vezes.

Uma merda, porque Mellie precisava de mim mais do que eu precisava do pau de Reese.

— Eu estarei em casa em vinte, trinta minutos. — Hayes bufou, e eu bati em seu peito para calá-lo.

— Obrigado, Loni. Você sabe... Às vezes eu desejo que você fosse minha mãe.

Um caroço cresceu na minha garganta.

— Bem, você é parte da minha família, — eu disse a ela. — Não se preocupe, nós vamos descobrir como resolver isso.

— Obrigada...

Eu terminei a chamada e, em seguida, deixei cair o telefone, aninhada nos músculos de seu peito forte.

— Tudo bem?

— Defina bem, — eu disse, sentindo um sorriso amargo se propagar no meu rosto. — Jess tem uma amiga chamada Melanie. Sua situação em casa não é tão boa, então ela passa muito tempo com a gente. Acho que ela acabou de se convidar para morar comigo.

— Legal da sua parte.

— Ela é uma boa garota, — eu disse, suspirando. — E ela tem quase dezenove - mais velha do que Jess. Elas se formaram na mesma turma, mas Mel faz aniversário depois de Jess. Seus pais provavelmente a colocaram na escola um ano depois do normal.

— Parece que essa é uma boa garota, você dá a ela uma chance de lutar, — disse ele. — Mas eu quero que você fique por perto um pouco mais. Eu não terminei com você ainda.

Com isso, ele pegou meus quadris e me puxou para cima e sobre o seu corpo. Minhas pernas se enroscaram com as suas e os meus seios esmagaram em seu peito, o que me fez desejar como o inferno que o pai de Mellie tivesse escolhido outra noite para ficar bêbado. É claro que ele estava bêbado todas as noites, assim, seria a decisão de sua mãe para ir embora. Nicole deveria ter deixado ele anos atrás, mas ela deveria ter levado a filha com ela.

Cadela egoísta.

Mellie era tão ansiosa para agradar e fácil de estar ao redor. Eu não podia imaginar por que a mãe dela iria fazer essa merda. Pensar nisso me fez sentir doente. É por isso que, quando Reese segurou minha bunda com as duas mãos e me puxou para ele, eu me empurrei contra seu peito.

— Eu tenho que ir.

— Estou sentindo um padrão aqui, — ele murmurou, franzindo a testa para mim. — Toda vez que eu te coloco na horizontal, você foge. Isso não é bom, querida.

— Se uma das suas meninas precisasse de ajuda, você sairia daqui tão rápido que eu me encontraria no chão.

Ele suspirou e eu sabia que eu tinha o convencido. Em seguida, uma de suas mãos deslizou lentamente para cima do meu corpo, pegando a parte de trás do meu pescoço. Deixei que ele me beijasse, espantada que um homem tão intenso pudesse ser tão suave. Sua língua flertou com a minha, e seus dedos me apertarem. Seus pênis - não, seu pau - ficando mais duro e eu senti um calor inquieto entre as minhas pernas.

Eu tenho que dar o fora daqui, eu percebi. Caso contrário, eu não vou fazer isso.

O beijo terminou e eu me afastei, olhando para seu rosto. O homem era bonito, não há outra maneira de descrevê-lo. Seu cabelo castanho curto estava bagunçado ao redor de sua cabeça no momento. Seus olhos eram de um azul brilhante, como pedras brilhantes de água-marinha que brilham no centro do rosto, e cobrindo o queixo apenas uma pitada de cinza. Não o suficiente para fazê-lo parecer velho. Apenas... maduro.

E os braços me segurando?

Eu nunca conheci ninguém com tais seguros, braços fortes.

Você não está segura, meu cérebro assobiou. Ele é um homem perigoso, você não tem ideia do que ele pode estar envolvido.

Meu cérebro fez um bom ponto e eu sabia muito bem que o clube tinha interesses comerciais que não eram totalmente legítimos. Todo mundo sabia disso. É por isso que eles pagavam tão bem, eles não estavam apenas comprando serviços de limpeza, eles estavam comprando o silêncio.

— Eu estou indo para casa, — eu sussurrei, beijando seu rosto suavemente. Então eu tentei rolar para longe dele, me levantando. Ele me segurou firme por um segundo a mais.

— Tem certeza? — ele perguntou. — Se você está preocupada com o pai de Melanie, posso enviar um dos caras para vê-la.

Eu balancei minha cabeça. — A segurança física dela não é o problema. Ela é uma jovem mulher cuja mãe apenas a abandonou e ela está apavorada. Ela precisa de abraços, não de um guarda-costas.

Reese ficou imóvel, e seus dedos cavaram fundo em minha carne.

— Você não mencionou a mãe dela antes, — disse ele, sua voz enganosamente calma, mas com uma tendência de forte emoção que eu não poderia entender. O que foi aquilo?

Em seguida, tudo se encaixou. Heather. Ela teve que deixar suas meninas para trás. Circunstâncias totalmente diferentes, mas que não alteraram o resultado – jovens meninas sem uma mãe, forçadas a crescer muito cedo.

— O pai dela é um bêbado, — eu disse, decidindo que mais cinco minutos não fariam diferença. Eu deixei minha cabeça cair sobre o seu peito, e ele soltou os dedos, correndo eles pelo meu cabelo novamente. — Eu acho que ele estava batendo em Nicole. Ela é a mãe de Mellie. Eu tentei falar com ela um par de vezes, mas ela não quis ouvir.

— E agora ela foi embora e deixou sua filha para trás? Puta desgraçada. Ele a trata assim, ele vai tratar a garota assim, também.

Uau, isso foi duro... mas justo. Nicole era uma puta. Ela abandonou a filha com um bêbado que gostava de bater em mulheres. Se ela não se encaixava na palavra, eu não tinha certeza de quem fazia.

— Não se preocupe, eu vou cuidar de Mellie. Ela é como se fosse minha.

Ele ficou pensativo, depois assentiu.

— Ok, vamos acertar algumas merdas e, em seguida, você pode ir.

Ótimo, aqui estava. A conversa. Felizmente eu estava à frente dele pela primeira vez.

— Não se preocupe Reese. Eu sei que isto foi apenas um caso de uma noite para você, e que você não quer um relacionamento. Isso é o que eu precisava, também, o que de uma forma é perfeito. Nenhum dano, nenhuma perda. Nós podemos apenas fingir que isso nunca aconteceu.

Uma carranca cobriu o seu rosto. — O que diabos você está falando?

— Nós. Ou melhor, o fato de que não há um ‘nós’. Eu entendo isso - você gosta de dormir com as mulheres por aí. Eu tive um bom tempo, mas eu não estou esperando um anel ou qualquer coisa.

Seus olhos se arregalaram, e eu sorri.

— Embora eu estarei por perto, se você quiser outra rapidinha, — acrescentei maliciosamente.

Uhul pra mim! Eu sou uma mulher sofisticada que sabe a diferença entre amor e sexo.

A carranca de Reese aumentou ainda mais, e então de repente ele se moveu e eu estava debaixo dele, presa contra a cama. Ele puxou minhas mãos para cima, segurando-as prisioneira acima da minha cabeça.

— Você está fodida na cabeça? — perguntou ele asperamente. — Você ficou com alguém pela primeira vez em anos, é fenomenal.

— Bem, você não é o único modesto?

— É fenomenal, — repetiu ele, enfatizando a palavra pesadamente. — E agora você vai me ignorar? Eu não estou fodidamente aceitando isso.

Agora foi a minha vez de me assustar.

— Eu vejo você com as mulheres o tempo todo, — eu disse, confusa. — Eu sei como você vive. Estritamente sexo. Eu não estou procurando mudar isso.

— Que porra é essa? — ele murmurou, balançando a cabeça. Era como se estivéssemos tendo duas conversas completamente diferentes, porque eu não tinha ideia de por que ele estava agindo desta forma. — Você é tão estúpida que eu poderia te estrangular. Não sei exatamente o que estamos fazendo aqui ainda, mas não é só sexo. Por um lado, eu não estou bem com você vendo mais ninguém, especialmente o policial idiota.

— Certo, e eu suponho que você está planejando ser verdadeiro e fiel? Eu não acredito. Você é um homem-prostituto reconhecido. Além disso, você nunca me chame de estúpida de novo ou eu vou despejar decapantes em sua moto. Isso não é uma ameaça, é uma promessa.

Ele me olhou diretamente nos olhos, com o rosto sombrio e sério.

— Eu não tenho planos para foder ninguém além de você, pelo menos por agora.

— Eu não acredito em você, — eu disse a ele, me sentindo quase melancólica. — E você não precisa dizer coisas como esta, porque eu não estou interessada em amarrar você.

— Me. Escute, — ele disse, com o rosto ficando mais frio, coisa que eu não teria considerado possível 10 segundo antes. — Eu admito que eu dormia com todas as mulheres a minha volta desde que Heather morreu. Dormi com um monte, mas nenhuma delas jamais pareceu real para mim. Há algo sobre você, London, algo que é real em uma maneira que eu não posso nem começar a explicar. Eu gosto e eu quero isso e você despejou o seu namorado e veio a mim quando você estava magoada. Acho que isso significa que você quer isso também. Até onde eu entendo isso faz você minha.

— Eu não entendo, — eu sussurrei. — Nós mal nos conhecemos.

— E nós não vamos nos conhecer se sairmos por aí ficando com outras pessoas, então eu acho que nós vamos ter que parar de fazer isso. Deve ser fácil o suficiente para você, sob as circunstâncias.

— Então você está dizendo que você quer estar em um relacionamento exclusivo comigo? Eu pensei que você não fazia isso. E quanto a Heather?

— Heather está morta. Eu não estou. Agora eu vou beijar você e você vai me beijar de volta. Então eu vou deixar você ir para casa porque é importante e eu respeito isso. Amanhã você vai pegar a sua menina no aeroporto e eu vou dar a você a noite juntas, mas sexta à noite você está comigo. Terá uma festa no Armory e eu quero você lá. Você tem um problema com tudo isso?

Eu balancei a cabeça rapidamente, relativamente certa que ter um problema com isso não era realmente uma opção sólida neste momento.

— Ótimo. Vamos começar.

Então ele me beijou, e não de forma descontraída. Sua boca tomou posse, a cabeça inclinada enquanto sua língua me pressionava. Não foi um beijo sedutor, ou até mesmo um confortável. Não, este foi o seu corpo me dizendo que tínhamos negócios inacabados. Eu nem percebi que eu abri minhas pernas para ele, até que ele se afastou o suficiente para colocar um novo preservativo. Em seguida, ele foi lá no fundo, reivindicando e me conquistando mais uma vez.

Acontece que você pode melhorar o fenomenal. Vai entender.

Meia hora mais tarde, quando Reese me deu outro beijo, foi um beijo rápido através da janela da minha van.

— Certeza que você não quer alguém de olho em sua casa? Se o pai dela é um bêbado, pode não ser uma má ideia.

Eu balancei a cabeça, o que balançava meus peitos. Ele destruiu o meu sutiã, infelizmente, e eu era uma menina grande o suficiente para que ficar sem sutiã não fosse a melhor das opções.

— Mel passou pelo menos, duas noites por semana na minha casa durante os últimos três anos. Não sei o que vai acontecer a longo prazo, mas eu vou ajudá-la. Ao contrário de Jessica, ela tem um emprego e ela está planejando iniciar as aulas na NIC em agosto. Eles têm moradia estudantil.

Ele sorriu para mim, estendendo a mão e colocando uma mecha do meu cabelo vermelho brilhante atrás da minha orelha.

— Você sabe, isso é sexy pra caralho, — disse ele. — Mas você estava linda loira, também.

— Obrigada, — eu sussurrei. Então eu me afastei e girei a chave na ignição.

O motor de arranque fez barulho, mas o motor não pegou.

Eu fiz uma careta, e tentei novamente. — Não está pegando.

— Sua luz da verificação do motor está ligada.

— Eu sei, — eu disse distraidamente. Eu empurrei o pedal do acelerador e tentei novamente. O motor de arranque choramingou em protesto. — Ele liga e desliga o tempo todo.

— Querida, você percebe que, quando a luz da verificação do motor liga, você deveria verificar o motor, certo?

Eu atirei a ele um olhar mortal, e ele riu.

— Quer uma carona de volta para casa? — ele perguntou. — Eu posso resolver isso para você, mas eu estou pensando se você quer estar com sua garota enquanto ela está chateada, agora não é o momento para começar a mexer nisso.

Fechei os olhos e suspirei.

— Obrigada, — eu disse. — Isso seria ótimo. Eu não posso acreditar que ele não está funcionando. O que eu vou fazer para pegar Jess amanhã? Merda, agora eu vou ter que alugar alguma coisa e vai ser uma fortuna e...

— London. Querida. Se acalme, porra. Uma das vantagens de namorar um homem que é dono de uma loja de reparo é que uma merda como essa não é mais uma crise. Vou encontrar algo para te emprestar enquanto eu cuido dele, ok? Agora tire seu traseiro daí e vá até a minha moto. Estou te levando para casa.

Ele abriu a porta e eu saí. Ele estendeu a mão.

— O quê?

— As chaves, babe. Vou precisar das chaves, se você quiser que eu conserte seu carro.

— Não corrija alguma coisa sem verificar primeiramente comigo, — eu disse, minha voz grave. — Se é realmente ruim, eu posso precisar sair e encontrar algo novo. Esta van tem quase 12 anos, não tenho certeza quanto a vida que ainda tem nela.

— Chaves?

Tirei a chave van, que eu deixava em um pequeno chaveiro que se separava do meu chaveiro principal para situações exatamente como essa.

— Ótimo. Agora leve a sua bunda até a moto.

Dei um passo em direção à grande Harley, que era preta e prata, com o símbolo Reapers pintado no tanque de gasolina. Os assentos eram de couro preto, o cromo era brilhante, e toda a coisa parecia extremamente grande agora que eu estava, na verdade, de pé bem ao lado dela. Hayes me entregou um capacete. Eu o estudei, confusa. Tinha sido um dia estranho e agora isso estava ficando mais estranho – o presidente de um clube de motoqueiros estava me dando uma carona para casa.

Depois de me foder.

E ele planejava me foder um pouco mais.

Uau.

Levou muito de mim para esconder um pouco da emoção, porque não há uma mulher no mundo que não secretamente deseja sair no por do sol com um homem mau em uma moto... Especialmente depois de ter excelente sexo com aquele homem.

Olhei para o céu. Com certeza ele estava manchado de rosa e azul e lindas nuvens, brilhantes, como o último do dia de sol beijava as montanhas de Idaho ao norte.

— Ele vai na sua cabeça.

Pisquei, confusa.

— O capacete, — disse Reese, lenta e distintamente. — Ele vai na sua cabeça.

Então, ele sorriu para mim e eu acho que eu poderia ter corado, o que é uma espécie de loucura, considerando que eu tenho trinta e oito e bem passados anos.

— Onde você vai quando você deriva ao longo desse jeito? — perguntou ele. Eu ri e dei de ombros.

— Em todos os lugares, eu acho. Eu tenho feito isso sempre. Costumava entrar em apuros na escola por isso, porque eles achavam que eu estava ignorando eles de propósito. Mas as coisas só pegam minha imaginação e então eu estou fora. Me desculpe, eu não estava tentando ser rude.

— Não me incomoda, — disse ele. — Só por curiosidade. Vamos garantir que está tudo certo com a sua menina Mellie. Venha, de manhã vou pegar um dos rapazes para arrumar um carro para você.

— Obrigada, — eu disse, me perguntando se isso era real.

— Basta lembrar, sexta à noite é minha.

— Sexta-feira à noite é sua, — eu repeti.

Então eu subi na moto de Reese Hayes, passei meus braços em torno dele apertado, e deixei que ele me levasse pelo por do sol.

 

 

 

Estava escuro quando chegamos a minha casa.

Eu não queria descer da moto e voltar para a realidade... havia algo incrivelmente emocionante e poderoso sobre andar na moto com Reese, e eu queria aproveitar enquanto eu podia. Tudo o que ele disse mais cedo, eu esperava exatamente que isso iria se transformar em um relacionamento real. As chances não estavam a nosso favor. Mas até que as coisas se desfizessem, eu ia me deixar saborear o momento, me desfazendo do controle e confiando nele para me manter segura, isso era a coisa mais libertadora que eu tinha feito em seis anos.

Quando ele desligou a Harley, eu não conseguia fazer minhas mãos o soltarem. Isso não parecia incomodar Reese. Ele as pegou em suas próprias e me puxou mais apertado contra as costas dele. Senti o cheiro do couro e senti sua força entre as minhas pernas. Surreal.

Em seguida, ele soltou.

Eu desci da moto e voltei à realidade. A luz da varanda acendeu e a porta da frente se abriu para revelar Mellie. Ela parou quando viu Reese, e sua mandíbula realmente caiu.

Justo.

A última vez que ela me viu, eu estava namorando um policial. Agora eu chegava em casa com um motoqueiro fora da lei, e eu estaria disposta a apostar que qualquer um que nos visse saberia que estávamos juntos. Havia uma intimidade entre nós que não tinha estado lá antes. Eu senti isso na forma como ele colocou a mão nas minhas costas protetoramente, e da maneira que eu me encontrei me inclinando em direção a ele.

Ah, e provavelmente não ajudou que eu tinha perdido o meu sutiã e hoje a noite estava fria o suficiente para acender meus mamilos.

Mellie sempre foi tímida, por isso fiquei surpresa quando ela desceu do alpendre e começou a andar pelo gramado. A criança deve ter estado ainda mais chateada do que ela soou no telefone. Eu tinha acabado de me dirigir a ela, quando uma explosão horrível de som, luz e calor explodiu para fora da casa. Reese me jogou no chão, me cobrindo com o seu corpo.

Tudo ficou perfeitamente, totalmente silencioso.

Que diabos tinha acontecido?

Reese deitou em cima de mim por longos segundos. Eu não podia ouvir sua voz, mas eu senti as vibrações de sua voz gritando através de seu corpo. Por que eu não podia ouvi-lo? Depois de uma eternidade, ele rolou de cima de mim e eu olhei para cima para encontrar um inferno onde minha casa tinha estado, chamas lambendo para o céu.

Percebi que minha casa tinha explodido.

Minha casa explodiu porra!

Um instante depois, me lembrei de quão perto Melanie tinha estado quando ela explodiu, e meu coração parou.

— Mellie! — eu gritei, agarrando o braço de Reese, empurrando ele de mim. — Temos que encontrar Mellie!

Ele gritou alguma coisa para mim, mas eu não poderia dizer o que era. Em seguida, ele estava de pé, correndo pelo gramado. Eu cambaleei para cima, tentando descobrir o que diabos estava acontecendo. Os vizinhos estavam despejando para a rua ao redor de nós. Lentamente os sons tomaram forma - na maior parte um toque desagradável, então eu percebi que a força da explosão havia me deixado temporariamente surda.

Reese era uma silhueta escura contra o fogo, procurando entre os escombros. Ele parou de repente, e eu o vi levantar a forma de Mel, levando-a para mim. Em seguida, ele a deitou na grama e ruídos começaram a encher meus ouvidos novamente. Eu caí de joelhos ao lado de seu corpo.

Oh Deus. Mellie...

Ela parecia morta.

— Eu estou ligando para o 911! — alguém gritou atrás de nós, me assustando. Eu ainda estava atordoada, eu não conseguia pensar. Eu precisava checar o pulso dela, me certificar de que ela estava respirando. O meu velho treinamento invadiu, e eu poderia ter chorado em gratidão pelas aulas de RCP que eu tinha tido ao longo dos anos. Eu encontrei o pulso. Fraco, mas definitivamente presente. Então eu inclinei meu rosto em sua boca e nariz, rezando que eu sentisse sua respiração contra a minha pele.

O ar fez cócegas na minha bochecha.

— Ela está viva, — eu sussurrei. As lágrimas rolaram pelo meu rosto.

— Ótimo, — Reese murmurou, me puxando em seus braços enquanto um dos meus vizinhos se ajoelhou ao lado de Melanie, cobrindo-a com um cobertor. O muro de segurança desabou em cima de mim e eu comecei a tremer.

Minha casa foi embora. Eu quase tinha perdido Melanie... Que diabos poderia explicar isso?

Os uivos lamentosos de veículos de emergência encheram o ar. Eu ouvi um grito para o carro parar, e com o canto do meu olho eu vagamente notei que um homem em uniforme policial tinha saído, falando em seu rádio no ombro urgentemente.

Em seguida, um carro de bombeiros retumbou pela rua. Os bombeiros correram por mim, arrastando suas mangueiras com eles, e paramédicos invadiram a forma ainda descordada de Mellie.

Para meu alívio eles não estavam fazendo qualquer coisa que parecia sério e assustador como você vê na TV - sem compressões torácicas ou intravenosas ou choque com aparelhos brilhantes. Em vez disso, seus sinais vitais eram monitorados, vozes calmas enquanto eles metodicamente colocavam nela um colar cervical antes de lançá-la para uma maca. Segundos depois, levantaram os aparelhos - de monitoramento e todo o resto - na maca e começaram a voltar para o seu veículo.

— Esse conselho não vai mudar muita coisa se você já a paralisou. Você deveria ter deixado ela onde a encontrou, — eu ouvi uma voz familiar dizer. Olhei para cima para encontrar Nate em cima de mim, sua voz cheia de veneno. Eu me afastei de Reese e me levantei lentamente. Nate estendeu a mão para me ajudar, mas Reese pegou meu braço.

— Fique longe da minha mulher, porra, — ele rosnou. Os olhos de Nate se afastaram.

— Acho que a sua buceta não é feita de ouro, afinal de contas? — ele comentou. Reese se lançou em direção a ele e sem pensar eu pulei entre os dois homens.

— Eu não tenho tempo para isso, — eu gritei, olhando eles como dois meninos que precisavam de uma bronca. — Eu preciso verificar Mel. Reese teve que levá-la para longe do fogo, Nate. Se você estivesse aqui, você teria feito a mesma coisa. Ela estava praticamente em cima do fogo. E Reese? O que aconteceu entre mim e Nate é entre mim e Nate. Eu sou uma mulher adulta e eu posso lutar minhas próprias batalhas. Eu vou seguir Mel para o hospital, e é melhor você se comportar porra, porque eu não estou no clima.

Os dois homens abriram caminho para mim. Eu não me importava - estes não eram tempos normais e eu não poderia dar a mínima para a pequena disputa deles. Eu decidi ignorá-los e seguir Melanie.

— Ela está bem? — perguntei a paramédica, que estava ocupada colocando a maca na ambulância. Ela olhou para mim, mas não perdeu o ritmo.

— Não sei, — disse ela. — Eles vão verificar a cabeça dela no hospital. Parece que ela bateu em algo duro. Você tem alguma ideia do que aconteceu aqui?

— Nada, — eu disse, minha voz sombria. — Mas temos realmente muita sorte de estarmos vivas. Mel estava saindo da casa quando ela explodiu.

— Definitivamente sorte, — disse ela. Nada disso fazia sentido.

— Casas não apenas explodem. Explodem? — eu não percebi que eu fiz a pergunta em voz alta até que a mulher me respondeu.

— Eu já vi coisas estranhas, — disse a EMT. — Você é um membro da família? Estamos indo em direção a Kootenai. Há um outro veículo que vem, eles vão ser capazes de verificar você, ela é maior prioridade e precisamos levá-la. Eu vou fechar as portas agora. Se afaste, por favor.

— Eu vou te encontrar lá, — eu disse, ansiosa. Me virei para encontrar Nate e Reese ainda em seu impasse, encarando um ao outro à luz bruxuleante das chamas. Minha vizinha, Danica, se aproximou de mim e sem palavras embrulhou um cobertor em volta dos meus ombros.

— Você está bem? — perguntou ela. — Posso fazer alguma coisa?

— Você pode me dar uma carona até o hospital? — eu perguntei, as palavras quebradas por uma tosse súbita, dura. — Eu preciso ter certeza que Melanie está bem.

— Claro, — disse ela. — Você quer fazer o BO com a polícia primeiro? Eu tenho certeza que eles vão querer falar com você, provavelmente eles tem uma tonelada de perguntas que precisam te fazer.

— As respostas ainda serão as mesmas depois de eu ter certeza de que Mellie está bem, — eu disse com firmeza. — Só me tire daqui.

— Tudo bem, — disse ela. — Meu carro está estacionado atrás da casa, do lado do beco. Coisa boa, também, porque todo mundo na rua está bloqueado. Hum... Eu não pude deixar de notar que o grande cara ali estava com você. E o que outro costumava estar com você. Você quer falar com eles antes de sair?

— Eu acho que não, — eu disse, balançando a cabeça, frustrada. — Eles podem brincar de homem das cavernas sem mim. Tudo que me importa agora é chegar ao hospital.


Capítulo Nove

 

REESE

 

— Aqui está o que você precisa saber, — eu disse para Evans, apertando minha mão porque eu nunca quis tanto bater em um homem na minha vida. Eu não estava exatamente acostumado em me conter. — London está comigo agora. Você não fala com ela, você não a toca, você não pensa sobre ela. Caso contrário, vamos ter uma outra discussão, e isso não vai acontecer onde você tem mil amigos policiais para salvar sua bunda. Entendido?

Evans me estudou e balançou a cabeça lentamente, a luz bruxuleante do fogo lançando seu rosto na sombra.

— Eu não a quero. Eu não poderia me importar menos com London Armstrong.

Sim, e minha próxima moto ia ser uma Honda.

— Então você não se importa de ficar bem longe dela, — eu disse. — As coisas não vão ficar feias e eu não vou me encontrar cavando um buraco na floresta.

Seus olhos arregalaram.

Sim, filho da puta. Você ouviu isso direito.

— Só para ficar claro, você acabou de ameaçar um policial de assassinato? Não é inteligente, Hayes.

Eu ri.

— Você tem uma grande imaginação, — eu disse a ele. — Eu acho que nós terminamos aqui.

Sua expressão ficou feia, e eu pensei que eu vi um vislumbre de algo como ódio em seu rosto. – Justo, o sentimento é mútuo. Em seguida, o próprio xerife se colocou entre nós, me bateu nas costas antes de agarrar meu ombro significativamente.

— Você está bem, Pic? — ele perguntou.

— Tudo certo, Bud. Meio preocupado com a casa da minha mulher, no entanto. Casas não costumam explodir, — eu disse, segurando meu olhar fixo em Evans. — Não muito impressionado com o seu menino, também. Ele chamou London de puta. E para o registro, ela é a proprietária deste imóvel.

— Evans, volte para o seu carro, — Bud estalou. O policial idiota deu a ele uma saudação simulada, em seguida, foi embora. — Porra, mas eu odeio esse homem. Eu acho que ele vai concorrer para xerife na próxima eleição, também.

— Ele pode concorrer, — eu disse, minha voz fria. — Ele não vai ganhar.

— Não tenho certeza sobre isso, — respondeu Bud. — Meu Lavonne se reuniu com Jennifer Burley no cassino na semana passada. Jen disse que o pai de Nate já começou a falar sobre a montagem de uma campanha para o menino. Angariação de fundos.

— Se você tivesse bolas, você o demitiria.

— Eu demito a bunda dele, os comissários terão a minha, — disse Bud sem rodeios. — Você sabe disso. Eu não acho que há um político no condado que seu pai não tenha influência.

— Bem, talvez você devesse ter sido mais cuidadoso, — eu disse a ele, perdendo a paciência. — Pode ser a hora de se jogar na sua espada, você já pensou nisso? Ele vai fazer muito mais mal antes de acabar.

Os olhos de Bud se estreitaram e eu tirei a mão. Covarde do caralho. Eu tinha tido o suficiente desta merda.

— Então, essa é a casa de sua mulher? — perguntou ele, empurrando o queixo em direção a casa em chamas. — Cai sob a minha jurisdição. Mesmo fora dos limites da linha de cidade. Qualquer coisa que eu deveria saber?

— Sim, essa é a casa da minha mulher, — eu disse lentamente, as palavras soando estranhas na minha boca. — Mas estamos juntos a pouco tempo. Isto não tem nada a ver com o clube, mesmo que isso não foi acidental. O que o seu instinto diz?

— Provavelmente um vazamento de gás e acúmulo, — disse Bud. — Isso é o que os bombeiros pensam, e eles tem bons instintos sobre esse tipo de merda. Ninguém vai dizer nada oficial até que haja uma investigação completa, é claro, mas todos os sinais estão lá. Estamos com muita sorte que não está cheio de biscoitos crocantes. Ela tem um fogão a gás?

— Ela tem, — eu disse, encolhendo os ombros. — Da última vez que estive aqui, eu senti o cheiro. Ela disse que estava limpando o forno. Não é grande coisa.

— Parece um negócio muito grande para mim.

— Não brinca.

— Fora dos autos, os paramédicos acham que a menina vai ficar bem. Querem verificar sangramentos internos, trauma raquimedular, toda essa merda. Mas é apenas rotina. Nós vamos precisar falar com as duas, é claro.

— Claro, — respondi, notando pela primeira vez que Mellie tinha ido embora. Porra, onde estava London?

— Ela foi para o hospital, — disse Bud secamente, lendo claramente a minha expressão. — A vi sair enquanto você estava mijando sobre ela com Evans. Uma coisa a considerar a próxima vez que você sentir vontade de brigar por uma mulher em vez de tomar conta dela.

Me virei para ele, meu rosto sombrio. Como eu tinha perdido ela indo embora? E desde quando Bud tem coragem de me dar bronca? Então eu percebi que o bastardo estava certo.

Porra.

Eu estava fora de prática com esta coisa de relacionamento, merda, mas as disputas de mijo estavam programadas em meu DNA, depois de tantos anos no clube.

— Estou indo para o hospital, — eu disse a ele brevemente. — Ela vai ficar chateada, confusa. Quero atualizações, mas você não vai questioná-la até amanhã, entendeu?

— Sim, — disse Bud, acenando com a cabeça. — Não existe uma verdadeira razão para isso, tanto quanto eu posso dizer. Nada que não possa esperar. Isso vai mudar se encontrarmos qualquer evidência de que isso não foi um acidente.

— Se você encontrar qualquer prova que não foi um acidente, você me liga, — eu disse a ele, minha voz fria e séria. — A primeira ligação que você fará. Está com medo que o papaizinho de Nate Evans vá atrás de seu trabalho? Vou atrás da porra da família dele. Estamos claros?

Bud sorriu, sua boca apertada.

Nós estávamos claros.

 

 

 

LONDON

 

Era por volta das dez horas quando Reese se sentou ao meu lado na sala de espera do hospital, entregando uma xícara de café sem dizer uma palavra. Não tinha certeza de como eu me sentia sobre ele estar lá. Claro, que tivemos um ótimo sexo. Mas todo o confronto com o meu ex? Eu sou uma adulta. Eu não preciso desse tipo de complicação, não importa o quão fabuloso ele era na cama.

Por outro lado, ele havia se jogado em cima de mim quando a casa explodiu. Ele definitivamente tem pontos por isso.

— Você terminou sua briguinha com Nate? — eu perguntei a ele, esfregando a parte de trás do meu pescoço.

— Acho que esclarecemos as coisas, — disse ele. — Você já ouviu alguma coisa sobre Mellie?

— Eles acham que está, provavelmente, tudo bem, — eu disse a ele, cansada. Eu tive um inferno de uma descarga de adrenalina, mas estava começando a se desgastar. — Eles estão fazendo alguns exames para ter certeza, mas soa como uma leve concussão. Podem mantê-la durante a noite.

— O pai dela apareceu?

Eu bufei.

— O pai dela estava bêbado demais para me entender quando eu liguei para ele, — eu admiti. — Acho que ele disse que ela não era bem-vinda em sua casa, mas é difícil dizer. Ele não estava fazendo muito sentido. Eu não posso deixar ela voltar para lá. Ela pode ficar...

Merda.

Foi quando isso me bateu – eu não tinha nenhum lugar para ela ficar... ou para mim. Eu tinha que encontrar um lugar para morar. Imediatamente. Me lembrei de alguém dizendo algo sobre a Cruz Vermelha e um quarto de hotel, mas os detalhes estavam em branco. A realidade me bateu de uma só vez, eu olhei para Reese, os olhos arregalados.

— Eu sou uma sem-teto, — eu sussurrei. — Oh meu Deus, eu não tenho onde morar. Jessie está voando de volta para casa amanhã e não há nenhuma casa.

Ele estendeu a mão e tomou o café que ele tinha acabado de me dar, colocando ele na mesinha em frente de nós. Então, ele me puxou para o seu colo, envolvendo os braços em volta de mim. Uma mão agarrou a minha cabeça, puxando-a para baixo no ombro dele e acariciando suavemente.

Eu resisti de primeira - eu não gostei da ideia de ser dependente dele, ou ele pensando que eu precisava dele para alguma coisa... mas talvez só desta vez.

— Me deixe ser forte para você por um minuto, está bem, — ele disse em voz baixa. — Você se segurou por muito tempo, querida. Ninguém pode dizer que você não tem sido forte. Mas tem sido um inferno de uma noite, então por que você não me deixa te abraçar e te ajudar agora?

Levei um minuto, mas, em seguida, concordei porque ele estava certo. Eu tinha sido forte por muito tempo e agora eu tenho que ser mais forte. Oh, Deus. O que eu ia dizer a Jess?

— Você vai voltar para a minha casa esta noite, — disse ele. — E se eles deixarem Mellie ir, ela pode dormir lá em cima no quarto de Kit. Amanhã você vai pegar Jessica e ela pode ficar na minha casa também. Foda-se, eu estou acostumado a ter uma casa cheia de meninas. Isso vai te dar o tempo para descobrir o que vai fazer a seguir. Eu estou supondo que você tenha seguro?

Seguro. Eu tinha esquecido sobre o seguro! Uhul!

— Claro, — eu disse, me sentando tão rapidamente que eu quase cai de seu colo. — Eu tenho seguro. Preciso ligar para meu agente - eu acho que ainda paga por um apartamento ou algo assim.

— Ok, isso é um começo, — disse ele, em seguida, sorriu para mim.

Me bateu duro a forma como aqueles olhos azuis brilhantes enrugavam no canto, e eu senti uma onda muito inadequada de luxúria apontar. Mesmo se a casa tivesse explodido, não muda o fato de que eu tinha finalmente chegado a transar e isso era demais.

Algo se agitou sob a minha bunda. Acho que eu não era a única na luxúria.

Me inclinando para frente, eu sussurrei, — Eu me sinto como uma espécie de pervertida.

Ele riu, esfregando o nariz ao longo da minha bochecha.

— Senhorita Armstrong?

Eu olhei para cima, cheia daquela súbita sensação de culpa, pega sob os faróis. Me lembrei do momento em que o professor de Educação Física na minha escola me pegou dando uns amassos com Troy Jones atrás das arquibancadas. Nós deveríamos estar dando voltas.

Viu? Eu nem sempre fui uma boa menina.

— Eu sou London Armstrong, — eu disse rapidamente, me levantando e alisando as minhas roupas, uma tarefa inútil, porque elas estavam enlameadas e repugnantes da proteção de Reese mais cedo. Meu cabelo não estava muito melhor, embora eu tenha conseguido tirar a sujeira do meu rosto na pia do banheiro.

— Melanie terminou o exame agora, — disse a enfermeira, uma pitada de humor em seus olhos. Fico feliz que alguém poderia apreciar a situação. — Ela gostaria que você entrasse e esperasse com ela.

Comecei a segui-la, Reese um passo atrás. A enfermeira fez uma pausa e franziu a testa.

— Ela não mencionou ele, — disse ela. — Você é da família?

Reese balançou a cabeça.

— Estou aqui com London, — disse ele. — Se Mel não me quiser lá, eu vou embora. Sem argumentos. Eu não quero deixá-la desconfortável... mas eu gostaria de falar com ela se ela está bem com isso.

A enfermeira parecia cética, mas ela balançou a cabeça.

— Se ela não quiser você no quarto, você está fora.

— Não se preocupe.

Em seguida, ele pegou minha mão na sua, dando um aperto rápido enquanto a enfermeira usou seu cartão para nós entrarmos através das grandes portas duplas que separam o pronto socorro da área de espera. Passamos quarto após quarto até que ela parou do lado de fora de uma no final do corredor, dando a porta uma rápida e ríspida batida.

— Sim? — Mellie respondeu, e eu suspirei de alívio. Ela não parecia cheia de energia e risos, mas sua voz era firme e calma. A enfermeira abriu a porta para nós.

Os olhos de Mellie se arregalaram com a visão de meu novo... o que diabos ele era. Namorado? Parecia um pouco demasiado rápido, de alguma forma.

— Você quer que ele saia? — perguntou a enfermeira sem rodeios, eu pensei que era muito corajosa da parte dela considerando que Reese era duas vezes o seu tamanho e parecia bastante assustador quando ele não estava coberto de sujeira e fuligem.

Mellie olhou para mim, e eu acenei encorajando.

— Este é um amigo meu, — eu disse. — Um bom amigo. Mas se você não quiser ele aqui, ele vai embora. Reese é aquele que afastou você do fogo.

— Ele pode ficar, — disse ela, hesitante.

— Basta apertar o botão, se você precisar de alguma coisa, — disse a enfermeira. — O médico vai estar aqui tão logo nós tivermos os resultados dos exames.

Ela saiu do quarto e ficamos ali, Mellie tentando não olhar para Reese e falhando miseravelmente.

— Eu sou Reese Hayes, — disse ele, sua voz suave - muito mais suave do que eu sonhei possível. — London e eu estamos juntos agora, e ela me contou tudo sobre você. Tenho duas filhas, apenas alguns anos mais velhas que você. Disse a London que ela poderia ficar na minha casa, enquanto ela põe as coisas em ordem. Você é bem-vinda, também. Ouvi que a sua casa está um pouco desconfortável estes dias.

O rosto de Mellie franziu, e ela fungou.

— Obrigada, — ela sussurrou. — Eu sinto muito London. Eu não tive a intenção de queimar sua casa. Eu não posso acreditar que você ainda está falando comigo.

Ah Merda. Como se Mel precisasse de mais trauma e culpa? Me movi rapidamente em direção à cama, tomando as suas mãos nas minhas.

— Você não fez nada de errado, baby, — eu disse a ela. Ela balançou a cabeça, em seguida, as lágrimas explodiram como uma represa que havia rompido.

— Eu estava usando o fogão, — ela engoliu em seco entre soluços. — Eu verifiquei para me certificar que os queimadores foram todos desligados, mas eu acho que eu esqueci de um. A culpa é minha.

Eu fiz uma careta.

— Eu não sei o que aconteceu, — eu disse lentamente. — Mas eu meio que duvido que deixar um queimador de gás ligado por um curto período de tempo seria suficiente para explodir a casa inteira. Mesmo que fosse, tudo bem. É apenas uma casa.

Huh. Eu disse para fazê-la se sentir melhor, mas era a verdade, também. Realmente era apenas uma casa. A tristeza e o choque que eu estava lutando desapareceram, substituídos por alívio. Não que eu estava feliz em perder minha casa, mas eu estava na maior parte apenas grata que Mellie não tinha se machucado. Que eu não tinha me machucado.

— Eu posso comprar uma casa nova. Ou construir uma... Eu não sei. Nada que realmente importa se foi.

A porta se abriu, e uma mulher entrou. Ela parecia muito jovem para ser uma médica, mas ela tinha todos os adereços - jaleco branco, estetoscópio, cabelo puxado para trás em um coque.

— Oi, eu sou a Dra. Logan, — disse ela. — Eu tenho os resultados do teste, Melanie. Gostaria de falar comigo em particular?

— Não, eles podem ficar, — Mellie disse, as mãos apertando a minha.

— Bem, eu acho que você vai ficar bem, — disse a médica com um sorriso tranquilizador. — Você tem uma concussão, por isso vamos mantê-la durante a noite para manter um olho sobre as coisas, mas eu não acho que você precisa se preocupar. Não há nenhum sinal de sangramento, sem trauma grave na cabeça ou na coluna vertebral. Você teve sorte.

Alívio encheu seu rosto. Então ela olhou para mim.

— Eu tenho que ficar no hospital? — ela perguntou em voz baixa.

— Eu acho que é uma boa ideia. Você pode ir para casa logo que amanhecer.

— Eu venho te buscar, — eu disse a ela, me sentindo subitamente exausta. — Mas a médica está certa, é melhor estar segura. Você esteve inconsciente por alguns minutos.

— Tudo bem, — Melanie concordou, e eu sorri, me inclinando para colocar uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. Uma menina tão doce. Qualquer outra coisa que Jessica tinha feito errado, ela definitivamente ganhou no dia que ela arrastou Mellie para casa com ela.

Uma hora mais tarde, tivemos Mel acomodada em um quarto no andar de cima, e ela estava começando a cair no sono. Reese desceu as escadas comigo, onde eu estava assustada ao ver vários de seus irmãos do clube esperando por ele, incluindo Gage e os dois que eu conheci naquela noite que eu tinha dirigido até o Armory.

Havia também os dois homens que eu tinha visto com Jessica naquela mesma noite. Painter e Banks? Difícil de lembrar seus nomes, embora eu nunca esqueceria a visão deles naquele pequeno quarto com ela. Noite horrorosa.

Eu sorri para eles fracamente, mas optei por não dizer nada. Eu não tinha energia.

— Estou levando London para casa, — Reese anunciou. — Painter, você vem comigo.

— Eu vou também, — disse Gage. — Nós deveríamos conversar.

— Tudo bem? — eu perguntei, imaginando o que poderia ser mais importante do que o sono neste momento. Um homem gigante com cabelo escuro na altura dos ombros me deu um rápido sorriso encantador. O bordado em seu colete de couro ‘Horse’. Nome engraçado.

— Tudo bem, babe, — disse ele. — Não se preocupe. Vamos falar com o chefe e, em seguida, sair do seu pé.

Dei de ombros, porque eu tinha cansado de ser curiosa. Todos nós caminhamos para o estacionamento, onde Reese cuidadosamente me ajudou a subir em sua moto. Eu passei meus braços ao redor da cintura dele e encostei a cabeça contra suas costas, totalmente gasta.

O sol beijou as montanhas através da escuridão enquanto nós fomos para fora do estacionamento, enviando tons de rosa através do céu para o meu segundo passeio com Reese. Mesmas cores na noite da última vez, mas agora era nascer do sol, o início de um novo dia.

Meu mundo inteiro estava mudando mais rápido do que eu poderia acompanhar, e isso me assustou um pouco. Eu o abracei mais apertado, grata que no meio de toda essa confusão eu tinha alguém sólido para me ancorar.

Pensamento otimista?

Provavelmente. Eu não me importava - tudo que eu queria era os seus braços em volta de mim enquanto eu dormia. Quente. Forte.

Seguro.

 

 

 

REESE

 

Me sentei na ponta da minha mesa de jantar, me perguntando quantas vezes ao longo dos anos que tivemos reuniões aqui apenas como essa.

Demais para contar.

De volta aos dias, Heather sempre mantinha a geladeira totalmente abastecida com cerveja e petiscos para quando os rapazes viessem. Minha menina Em tinha feito o mesmo quando ela cresceu, embora não de forma tão eficiente.

Agora eu tomei um profundo gole da cerveja gelada que London tinha trazido do supermercado. Eu não havia pedido a ela para fazer isso, ela só percebeu o que eu gostava e depois comprava mais quando eu ficava sem. Era bom ter uma mulher em casa, mesmo que ela só tomasse conta de mim porque eu a contratei para fazer isso.

Eu não estava pagando a ela para me foder, no entanto.

Pensando sobre ela no meu quarto agora, envolta apertada em meus lençóis, esperando por mim? Isso me deu uma satisfação e senso de retidão que eu não tinha percebido sentir falta.

Perigoso.

— Então, qual é o relatório? — perguntei a Gage. Ruger, Horse, Bolt, e Painter se recostaram, esperando pacientemente. Eu tinha a sensação de que eles já tiveram essa discussão pelo menos uma vez, provavelmente, no estacionamento do hospital.

— Eles vão verificar, e tudo o que estiver no relatório final será visto por nós primeiro, — Gage disse lentamente. — Fora das autoridades? O perito em incêndio me disse que pode não ser um acidente. Casas explodem às vezes, é claro. Válvulas defeituosas deixam o gás se acumular e, em seguida, quando algo o toca, explode. Mas ele não acha que isso se encaixa no padrão de uma explosão acidental.

— Interessante... — eu murmurei. — Bud disse que pensou que foi um acidente. Disse que é o que os bombeiros ficaram dizendo. Ele está cheio de merda?

Gage deu de ombros.

— Pode ser. Ele está recebendo um monte de pressão da família Evans. Eles estão em busca de sangue, e essa merda de London romper com o príncipe herdeiro por você nos coloca na sua mira. Mas eu acho que o que realmente está acontecendo é que eles estão tirando Bud do circuito. Todo mundo sabe que ele está com os dias contados, então eles estão escolhendo lados. O corpo de bombeiros está conosco, sempre esteve. Eles vão nos relatar primeiro, em seguida, dizer o que ele precisa ouvir.

Painter grunhiu em acordo, o seu jovem rosto sombrio. Teve uma época que eu pensei que ele poderia acabar sendo meu genro. Ainda não conseguia decidir como eu me sentia sobre isso. Ele não amava Em, não do jeito que eu queria que ela fosse amada por seu marido, isso significava que ele não era a pessoa certa para ela. Mas agora ela estava vivendo com Hunter Blake, um nômade dos Devil’s Jack. Eu odiava aquele filho da puta. Eu chegava a respeitá-lo, mas isso é onde terminava. Muita hostilidade entre nós.

— Eu conversei com Jeff Bradley, — disse Painter. — Fomos para a escola juntos, ele é um dos bombeiros que estava lá hoje à noite. Ele é muito novo, mas um dos caras mais velhos disse a ele que parecia errado para um acidente. Eu acho que nós precisamos, pelo menos, considerar que se tratava de um golpe planejado.

— Mas por que London? — perguntei. — Não foi até hoje que eu finalmente a reivindiquei. Não é como se ela fosse minha Old Lady.

— Não, mas ela pertence ao clube, — Ruger disse, pensativo. — Trabalha para nós, está vindo para a sua casa. Do lado de fora, provavelmente parece como se você estivesse comendo ela por algumas semanas agora.

Ele levantou um bom ponto.

— Então, nós assumimos que é um ataque contra o clube até que provem o contrário. Concordam?

— Espere e veja, — disse Horse. — Tem cheiro do cartel para mim, eles amam explodir merdas. Veja se aparece a mão deles se movendo nisso. Deixe os policiais cuidarem disso, por agora, ver como vai ser.

— Sim, eu vou manter London aqui comigo até que saibamos com certeza, — eu disse. — Quero ela segura.

— Então fica assim? — perguntou Ruger.

Eu dei de ombros. — Não sei como está, mas eu sei que eu não quero ela no fogo cruzado, assumindo que isto é sobre o clube. Eu tenho um mau sentimento sobre essa merda de hoje à noite. Muita coincidência, não se soma. Aconteça o que acontecer entre mim e ela, não quero ela machucada porque ela chamou minha atenção.

— Desde quando você se importa? — perguntou Painter, seus olhos afiados. — Você está atrás de uma Old Lady?

Tensão encheu o ar, porque os irmãos mais velhos sabiam melhor do que sugerir que eu queria substituir Heather. Eu tinha posto homens bons para fora por menos. De alguma forma, a questão não me irritou como normalmente faria. Provavelmente porque, desta vez, fazia sentido. Eu nunca tinha mudado uma mulher para a minha casa antes, ele tinha uma boa razão para perguntar. Eu percebi que eles tinham todos se acalmado, à espera de uma resposta. Poderia muito bem esclarecer isso.

— Eu nunca vou ter outra Old Lady, — eu disse com cuidado. — Eu gosto de London. Ela é uma boa foda, ajuda na casa. Bonita. Mas isso não significa que eu estou mantendo ela a longo prazo.

— Só não estrague tudo para ela deixar os contratos da limpeza, — Gage disse, sua voz grave. — Eu tenho grandes esperanças para ela na Linha.

— Não me diga, — Bolt entrou na conversa. — A melhor coisa que já aconteceu com a loja de penhores.

— Desde quando nós deixamos negócios vir antes do prazer? — eu perguntei, levantando uma sobrancelha.

— Desde a noite que eu tive que esfregar a porra dos banheiros porque as antigas faxineiras estavam roubando merda e eu tive que demiti-las, — Gage disse sem rodeios. — Não sou um fã, Pic. Qualquer uma pode chupar seu pau, mas a mulher que fica em cima dos banheiros é um tesouro maldito. Eu vou protegê-la de quem explodiu a sua casa nessa base sozinho.

Eu suspirei, balançando a cabeça, porque ele estava certo. Ter meu pau chupado em uma base regular não era exatamente um desafio, mas London era fodidamente muito mais do que isso.

E não só porque ela limpava.

Eu gostava de tê-la debaixo do meu teto. Mais cedo ou mais tarde ela iria falar com seu agente de seguros, talvez olhar para comprar um apartamento. Para minha surpresa, eu não gostava muito dessa ideia.

— Ok, então vamos ficar de olho, — eu disse. — E eu vou mantê-la aqui durante isso. Ela tem umas filhas a tiracolo, também, a garota que estava na casa hoje à noite e sua prima. Acho que elas vão dormir no andar de cima, até que se isso se resolva.

— Admita. Você odeia viver em uma casa que não está cheia de meninas se arranhando e lutando por causa do banheiro, você é uma porra de masoquista, — Horse disse, um brilho mal diante de seus olhos. — Em e Kit se foram, assim você está fazendo testes para filhas substitutas. Procure ajuda profissional, cara. Ou, pelo menos, tenha um filho neste momento. Algo está errado com um homem tão ansioso para conseguir algumas meninas brigando.

Revirei os olhos e o empurrei, me levantando.

— Tudo bem, terminamos aqui, — eu disse, olhando incisivamente para a porta. London estava esperando por mim, o que significava que brigar com Horse não era exatamente uma prioridade.

— Painter fica aqui fora esta noite, — disse Gage. — Não quero pisar em seus dedos do pé, cara, mas você precisa de reforço. Se isso realmente foi o cartel, não podemos deixar ele descoberto.

Eu suspirei, porque eu sabia que ele estava certo. Como sargento de armas, era trabalho de Gage se preocupar.

— Tudo bem, garoto, — disse a Painter. — Você pega o quarto de hóspedes. Amanhã você vai para casa pegar algumas das suas merdas. Você pode ficar preso aqui por um tempo. Se Jessica voltar da Califórnia, ainda está fora dos limites. Não importa quão conveniente isso seria. Entendido?

Painter deu um aceno de cabeça agudo, e, em seguida, a reunião terminou. Noite de merda, mas pelo menos eu estaria na cama com London em breve. Não estou dizendo que eu estava feliz que sua casa tivesse explodido, mas eu acho que é sempre o bom com o mau. Provavelmente melhor não partilhar a minha teoria com ela, dadas as circunstâncias, no entanto.

As mulheres ficam todas melindrosas e essas merdas, às vezes.

 

 

 

LONDON

 

Eu acordei nos braços de um homem pela segunda vez em 24 horas. Reese. Seu corpo rodeando o meu, e eu usava uma camiseta que era grande demais para mim. Não era minha. Por que eu estava aqui?

Em seguida, tudo voltou para mim.

Minha casa foi embora.

Minhas roupas, minhas fotos, meus livros... tudo. Embora. Sem uma boa razão. Eu ainda estava na luz matinal, querendo saber qual o próximo passo deveria ser. O que eu realmente queria fazer era chorar e sentir pena de mim mesma, mas eu sempre fui prática. Com a minha vida, eu tinha que ser - não adianta perder tempo se lamentando quando há trabalho a ser feito.

Primeiro, eu precisava ligar para Jessica.

Eu rolei para pegar meu telefone e senti o braço de Reese apertar em mim. Ele me puxou de volta para seus quadris, imprensando sua ereção matinal, enviando formigamentos se irradiando entre as minhas pernas aos meus mamilos.

— Eu preciso fazer alguns telefonemas, — eu disse a ele em voz baixa. Ele esfregou a parte de trás do meu pescoço e eu me contorci, porque eu não podia simplesmente deitar e fingir que ontem à noite não havia acontecido.

Ele suspirou e afrouxou o aperto.

— Eu estou aqui, babe, — disse ele baixinho, beijando meu ombro. Três pequenas palavras, mas elas fizeram eu me sentir tão bem. Ele estava aqui, comigo. Pela primeira vez eu não estava sozinha, e enquanto eu não era tola o suficiente para pensar que a sua presença não mudava nada na minha situação, apenas acordar em seus braços significou mais do que eu poderia ter imaginado.

— Obrigada, — eu sussurrei. Então peguei meu telefone e disquei o número de Jessica. Surpreendentemente, ela respondeu no primeiro toque, sua voz alerta, quase tensa. Melanie já tinha ligado pra ela?

— Ei, Jess, — eu disse suavemente. — Eu tenho uma má notícia para você.

— O que é?— perguntou ela.

— Eu não sei como dizer isso...

— Apenas diga, — ela retrucou. Eu ouvi um barulho de rachaduras e, em seguida, ela tossiu, de repente ofegando.

— Você está bem? — eu perguntei rapidamente.

— Sim, eu estou bem, — ela respondeu, com a voz mais suave. — Desculpe, apenas deixei cair uma coisa. O que está acontecendo?

— A casa explodiu.

Silêncio.

— Como?

— A casa explodiu, — eu repeti, as palavras soando irreais até para mim. — Eu não sei como ou por quê. Provavelmente, um vazamento de gás. Eu vou falar com a polícia mais tarde hoje, mas tudo foi incendiado. Não há mais nada.

— Melanie está bem? — perguntou ela, com a voz cheia de medo. Fiz uma pausa, me perguntando como ela sabia sobre Mellie.

— Ela saiu. Eles a levaram para o hospital porque ela bateu a cabeça. Eu vou pegá-la daqui a pouco, mas eu fiquei com ela tempo suficiente para saber que ela vai ficar bem. Nada sério. Você deve saber que a mãe dela...

— Eu sei sobre a mãe dela, — disse Jess suavemente. — Ela me ligou ontem à noite, depois que ela chegou até a nossa casa. Eu estive pensando nela.

— Eu estou apenas grata que ela está bem... — eu disse. — E eu tenho um lugar para ficar, pelo menos até eu acertar tudo no seguro.

— Com Nate? — perguntou ela rapidamente. Pergunta embaraçosa... Eu realmente não tinha contado a ela sobre o rompimento. Oops.

— Sim, eu provavelmente deveria falar com você sobre Nate, — eu disse, sentindo Reese tenso atrás de mim. Eu decidi não me preocupar com ele no momento. — Eu não estou realmente com ele. Eu estou vendo Reese Hayes.

— Isso é fantástico, — disse Jess, me surpreendendo com seu entusiasmo. Ela nunca tinha me aprovado namorar ninguém antes. Huh.

— Você estará segura com os Reapers.

— E eu não estaria com Nate? — perguntei, segurando uma risada assustada. Ela não respondeu. — Bem, de qualquer maneira, eu estou com Reese agora. Eu estou na casa dele, ele na verdade estava comigo quando a casa explodiu. Ele cuidou de mim na noite passada e ele disse que podemos ficar com ele enquanto nós acertamos as coisas. Ele tem um quarto no andar de cima para você.

— Você não precisa se preocupar com isso, — disse ela rapidamente. — Eu estava planejando ligar para você de qualquer maneira. Eu mudei de ideia. Mamãe e eu só tivemos uma pequena briga, nada grande. Eu estava exagerando as coisas. Você sabe como eu fico. Não é grande coisa.

Eu fiquei tensa. Reese começou a esfregar minhas costas suavemente.

— Foi uma grande coisa, — eu disse lentamente. — Você estava com medo desses homens. Eu ouvi isso em sua voz.

— Você deve ter imaginado, — disse ela alegremente. — Realmente, é tudo de bom aqui. Você deve sair e cuidar de si mesma, cuidar da situação da casa. Eu tenho que ir agora.

— Babe, — comecei a dizer, mas ela me cortou.

— Sério, London, você precisa deixar pra lá. Eu tive uma noite ruim, ok? Eu tenho um pouco de saudades de casa, mas isso não muda o fato de que eu sou mais feliz aqui. Mamãe tem muito dinheiro e ela não tem que trabalhar o tempo todo. Você precisa fazer a sua própria vida, em vez de tentar assumir a minha.

Com isso, ela terminou a chamada. Fiquei olhando para o telefone, completamente confusa. Então eu caí para trás nas minhas costas e me escondi na dobra do braço de Reese.

— Eu nunca, nunca vou entender os adolescentes, — eu disse lentamente. Ele bufou.

— Não brinca. Eles são todos fodidos da cabeça. Não fica melhor quando fazem seus vinte anos, de qualquer forma. Qual é a história?

— Ela diz que está tudo bem e ela não quer voltar para o norte de Idaho. Eu não entendi. Ela estava com medo, Reese. Isso não faz sentido.

Ele estendeu a mão e passou os dedos em meu cabelo. Eu me aconcheguei mais para ele, querendo saber como e por que o meu mundo tinha ficado tão estranho tão rápido.

— Você é realmente um cara legal, — eu disse. Ele gemeu.

— Não diga uma merda assim. Eu não sou um cara legal, querida. Confie em mim, eu saberia se eu fosse.

— Bem, você está sendo legal comigo.

— Eu tenho segundas intenções. Eu gosto de te comer.

Eu ri. — Seja qual for a razão, obrigada por ontem à noite. Acho que eu deveria ir ao hospital e verificar Melanie. Buscá-la. Eu vou tirar a gente daqui em um dia ou dois. Eu sei que vou ter que falar com os policiais, e em seguida falar com o agente de seguros. Não me lembro de exatamente quanto a minha cobertura é.

— Não se preocupe com isso agora, — ele me disse. — Se preocupe com Melanie. Mais tarde, eu vou levá-la para sair e nós vamos encontrar algumas roupas e essas merdas. Até que nós saibamos o que aconteceu com a sua casa, você fica comigo. Bem e segura aqui. Inegociável.

Isso chamou minha atenção e eu rolei me apoiando em meu cotovelo, olhando para ele com uma careta.

— Você acha que eu não estaria segura em outro lugar? — eu perguntei rapidamente. — Isso soa como se você achasse que a minha casa não foi um acidente?

Ele deu de ombros.

— Eu não tenho ideia do que aconteceu com a sua casa, — disse ele. — Provavelmente apenas um vazamento de gás. Apenas gosto da ideia de te manter em torno de mim um pouco, deixando a merda se acertar. Provavelmente ainda não afundou tudo o que aconteceu, você precisa entender as coisas. Este é um bom lugar para fazer isso. Isso é tudo o que eu quis dizer.

Eu relaxei.

— Desculpe, acho que estou um pouco nervosa.

— Acho que isso significa que você não está animada para sexo matinal?

Fechei os olhos e balancei a cabeça.

— Eu não acho que eu estou animada para qualquer coisa, — eu murmurei. — Eu estou enjoada. Muito coisa acontecendo muito rápido.

— Justo. Vamos chegar ao hospital, ir buscar a menina número dois. Veja se eles vão nos deixar levá-la.

 

 

 

Uma hora mais tarde, do lado de fora do hospital, Mellie estava segurando meu braço quando ela viu a motode Painter.

— Eu meio que pensei que você quis dizer um carro quando você disse que ia me dar uma carona para casa, — ela sussurrou com os olhos arregalados. Eu balancei a cabeça, mais do que um pouco eu mesma assustada com a situação do transporte. Reese tinha insistido em nós irmos de moto naquela manhã, dizendo que Painter iria nos encontrar no hospital para dar uma carona para Mellie se ela precisasse de uma.

Eu tinha assumido que significa uma carona em um carro. Não isso.

— Ela teve um ferimento na cabeça, — eu apontei. Painter estava em pé ao lado de sua moto, seu cabelo loiro curto arrepiado. Ele franziu a testa para Mel.

— Então chame um táxi, — disse ele, sua voz desafiadora. — Não tenho o meu carro comigo.

Reese revirou os olhos.

— Eu meio que pensei que o carro estava implícito, — ele murmurou.

Painter deu de ombros.

— Você não disse e não é como se ela estivesse realmente machucada ou qualquer coisa. Você tem uma dor de cabeça?

Mel franziu a testa, parecendo nervosa e um pouco animada tudo de uma vez.

— Não, eu não, na verdade, — disse ela. — Embora eles disseram sem movimentos bruscos.

— Então, você vai ter que segurar firme, — Painter respondeu, sorrindo para ela. — Eu não me importo.

— Oh, pelo amor de Deus, — disse Reese. Ele enfiou a mão no bolso e tirou seu celular. — Vou ligar para alguém.

— Não, está tudo bem, — disse Mel de repente. — Eu vou tentar andar de moto.

Ela sorriu, hesitante para Painter, e meu radar de mãe explodiu. Este era o mesmo garoto que estava transando com Jessica. Ele era alto, com muitas tatuagens, músculos e bonito dessa forma que apenas bad boys podem ser... Minha Mellie era uma boa menina, não é o tipo de garota que se envolve com alguém como Painter. Merda. Ela estava corando?

Virei para Painter, sacando minha voz de Autoridade Parental como uma espada.

— Você se comporte com ela, — eu disse. — Eu não quero que nada de ruim aconteça com aquela garota. Eu vejo através de você, rapaz.

Reese, Melanie, e Painter todos congelaram, seus rostos cheios de surpresa chocada. Então Painter começou a rir.

— Fodidamente impagável, prez14, — disse ele, sorrindo para mim. Então ele olhou para Mel. — Você vem ou não?

Ela assentiu com a cabeça rapidamente, pulando para cima em sua moto, enquanto eu olhava para os dois. Painter ligou sua Harley para a vida e, em seguida, foi para fora do estacionamento, me deixando sozinha com Reese.

— O garoto sobreviveu a prisão sabia? — ele me disse devagar, balançando a cabeça. — Ele é maior do que você, também. Realmente acha que falar com ele daquele jeito é uma boa ideia? Você é meio pequena.

Eu coloquei minhas mãos em meus quadris e olhei para ele.

— Então por que diabos você o deixou levá-la?

— Porque ele vai fazer o que eu digo, — ele me disse. — E eu disse a ele para levá-la para minha casa e manter ela segura. Ele vai morrer antes que ele permita que qualquer coisa aconteça com ela. Ele é meu irmão e eu confio nele.

— Eu não me importo se ele é um rabino ortodoxo, — eu disse com minha voz fria. — Ele vai manter as mãos sujas longe de Melanie ou ele vai se ver comigo.

— Só porque ele fodeu Jess...

— Eu não quero ter essa conversa, — eu disse com firmeza. — Eu sou protetora com ela. Ao contrário de Jessica, Melanie trabalha duro para evitar problemas. Ouvi dizer que é protetor com suas meninas, também, então eu aposto que você sabe exatamente como estou me sentindo agora.

Ele riu.

— Sim, babe, eu entendo. Apenas se lembre, ele é um menino grande e ele não tem que tomar qualquer palavra de você. Estar comigo não te dá o direito de dizer merda para ele, então fique feliz que você o fez rir em vez de deixar ele irritado.

Eu dei um passo para frente e enfiei as mãos para cima e em volta do pescoço dele. Então eu dei a ele um sorriso doce, açucarado, olhando profundamente em seus olhos azuis.

— Eu não fiz isso porque eu estou com você, — eu disse baixinho, minha voz mais mortal do que o arsênico. — Eu fiz isso porque a mãe dessa menina fugiu ontem e eu sou a mãe de emergência. É um trabalho que eu levo a sério. Não brinque com uma mãe urso, Reese. Não termina bem para ninguém, nem mesmo para os grandes e maus motoqueiros.

Ele começou a rir, então balançou a cabeça.

— Eu acho que não. — ele se inclinou e deu um beijo rápido no meu nariz. — Eu vou ter cuidado para não te chatear no futuro.

— Faça isso. Eu sou pequena, Reese, mas sou persistente. Como um furão raivoso. Não me faça te morder, porque os meus dentes são muito afiados.

— Não sabia que você gostava disso, — ele sussurrou. — Você continua me surpreendendo London.

Eu comecei a rir, soando mais como Melanie que eu. Mas Reese me faz sentir assim. Jovem, vibrante e viva. Eu tinha esquecido o quão divertido era a sensação de se apaixonar.

Espere.

Eu estava caindo de luxúria. Possivelmente paixão. O amor era algo completamente diferente. Eu precisava colocar minha cabeça fora da minha bunda antes de me machucar.

— Tudo bem?

Eu balancei a cabeça.

— Sim, está tudo bem. Vamos indo, no entanto. Tenho muito que fazer hoje, Oh, merda. Eu não tenho um carro.

— Vamos parar na loja, você pode pegar um emprestado.

— Eu não posso...

— Se você disser que não pode aceitar qualquer ajuda, eu vou te estrangular.

Eu olhei para ele, chocada. Reese deu de ombros, segurando as mãos.

— É uma coisa de homem, — ele me disse. — Nós gostamos de cuidar de nossas mulheres. Você não me deixa te ajudar, os outros caras vão tirar sarro de mim e então eu vou ter que chorar. Você está tentando me fazer chorar, London?

Ele piscou para mim como um cachorro inocente, e eu não pude fazer nada. Eu comecei a rir, e nós dois sabíamos que ele tinha ganhado.

— Você não presta, — eu disse a ele.

— Você gosta disso.

Ele estava certo, eu gostava totalmente.


Capítulo Dez

 

LONDON

 

Quinta-feira passou em um borrão.

Nós começamos com um passeio rápido pela Target para que eu pudesse pegar algo limpo para vestir. Eu reconstruiria meu guarda-roupa do zero, mas por agora ter apenas calcinha novas e jeans que não estavam cobertos de sujeira e fuligem era uma grande melhoria - para não mencionar um novo sutiã. Reese pareceu um pouco decepcionado com isso, mas ele superaria. As meninas gostavam do seu suporte.

Então eu me encontrei com os policiais e os investigadores de incêndio. Reese fez alguns telefonemas, e um advogado que eu não conhecia sentou comigo nas reuniões que participei, o que parecia um pouco excessivo. Então, novamente, o que eu sabia sobre procedimento de casas explodindo? Não que isso importasse. O assassino adequado (sério - esse advogado usava um terno preto e parecia exatamente como um assassino) apenas ouviu com um rosto em branco, ocasionalmente, cortando uma linha de questionamento por razões que eu nunca entendi. Os oficiais não pareciam muito preocupados com isso, então eu decidi não me preocupar com isso, também.

Eu estava mais preocupada sobre como eu pagaria o cara, mas ao que parece isso não era um problema. De acordo com Reese, — Ele está com o clube, babe. Isso é parte de seu trabalho. Não pense sobre isso.

O xerife - Bud Tyrell – e o investigador de incêndios quiseram saber sobre a minha história com a casa (longa), se eu já tinha tido problemas com o forno (ocasionalmente), e se eu tinha alguma grande dívida pendente (sempre).

Este último teve a maior atenção deles, porque apesar do fato de que o negócio estava prosperando, eu estava sempre um passo atrás financeiramente. Não era que eu desperdiçava dinheiro. De modo nenhum. Mas havia seis anos de contas médicas construídas a partir das cirurgias em curso de Jessica e tratamento, que aumentaram rápido mesmo com o seguro.

Quando perguntaram pelos fins específicos, eu não poderia dizer a eles qualquer coisa. Todos os meus registros queimaram no incêndio. Eles veriam a abundância se puxassem meu relatório de crédito, no entanto. Talvez eu pudesse usar o dinheiro do seguro para pagar minhas dívidas? Tentador...

Foi quando me dei conta de que ter um advogado na sala pode não ser uma ideia tão ruim, afinal.

É tudo sobre o motivo, certo?

 

 

 

A reunião com o agente de seguros foi mais fácil. Eu nunca tinha prestado atenção na minha cobertura, mas ele tinha sido agente da minha mãe há anos e ele sabia o que estava fazendo quando ele configurou tudo. Não só eu tinha uma cobertura fantástica para reconstruir a casa, mas tinha cobertura para as despesas de subsistência para a duração.

Eu poderia sair da casa de Reese a qualquer momento que eu quisesse.

A ideia era menos atraente do que deveria ter sido. Mencionei procurar um apartamento, e ele me calou, então eu percebi que era uma discussão que eu enfrentaria amanhã. O pensamento de mais uma noite em sua cama não era exatamente desagradável em circunstâncias normais - como as coisas estavam, eu estava mais do que feliz em ficar por um par de dias.

 

 

 

Quinta-feira Reese levou a mim e Melanie para jantar fora, com o sempre presente Painter marcando junto para completar. Eu olhava feio para ele toda vez que ele falava com Mellie, o que parecia lhe dar um prazer perverso, e quando eu me queixei a Reese depois que nós nos trancamos no quarto, ele me virou e me calou com a boca.

Era um argumento impressionante a favor do silêncio, considerando todas as coisas.

No meio de tudo isso, eles ligaram na sexta-feira para avisar que a minha van estava pronta. Eu dirigi com o carro emprestado para a loja, onde me foi entregue as chaves por um homem com excesso de peso brusco que me ignorou quando eu perguntei sobre a conta. Ele nem mesmo me disse o que estava errado com o veículo, o que pareceu um pouco excessivo. Eu teria estado chateada se eu não tivesse tão agradecida que ela foi consertada e estava funcionando sem eu ter que gastar as minhas economias completamente. Claro, eu tinha dinheiro vindo do seguro. Teoricamente. Mas eu precisava dele para reconstruir, e essas contas médicas estavam sempre esperando por mim.

Agora era sexta-feira à noite, e eu estava prestes a experimentar a minha primeira festa de motoqueiro no Armory. Eu não tinha certeza de como eu me sentia sobre isso, antes de todo o drama com a casa, eu tinha prometido a Reese que ele poderia me ter na sexta à noite e eu queria manter a minha palavra. Por outro lado, eu assisti minha casa explodir e eu não tinha nada para vestir.

Reese riu de mim e sugeriu que eu fosse nua.

Fui fazer compras em vez disso, tanto por roupas como por vários grandes contentores de feijão cozido e salada de frutas, porque a casa explodindo ou não, eu estaria ferrada se eu iria para uma festa americana de mãos vazias. O estacionamento de cascalho do lado de fora do Armory estava cerca de metade cheio quando eu estacionei, com os mesmos dois jovens prospectos que eu conheci na minha primeira viagem para lá.

Será que esses pobres caras nunca tinham uma pausa?

Desta vez, eles não me questionaram enquanto eu caminhava em direção ao prédio, apenas me acenaram através de um portão lateral na parede. Segui uma passagem estreita entre a parede e o aglomerado da própria fortaleza, levando a um grande pátio na parte de trás. Era uma mistura de asfalto, grama aberta, e construções exteriores que deveriam cobrir um bom acre ou dois.

Isso parecia como estar dentro de um pátio do castelo, mas em vez de cavaleiros e damas, havia grandes caras assustadores com barbas e mais decote do que eu já tinha visto no vestiário das meninas. Pessoas se movimentavam em torno de todos os lugares e todos eles pareciam conhecer uns aos outros ou ter um trabalho a fazer. Me sentindo um pouco estranha, olhei em torno procurando Reese. Talvez vir aqui tinha sido um erro. Em seguida, uma mulher alta, curvilínea em jeans apertados veio até mim, com um largo sorriso. Ela parecia da minha idade e muito amigável.

— Ei, eu sou Darcy, — disse ela, estendendo a mão para tirar o recipiente de feijão de mim. — Sou a Old Lady de Boonie. Ele é presidente do Silver Bastards. Eu não acho que nós nos encontramos antes?

— London Armstrong, — eu disse, colocando minha cara de paisagem. — Sou amiga de Reese Hayes.

— Picnic? — ela perguntou, parecendo assustada. — Hum, não leve a mal, mas você não se parece com o tipo habitual dele. Vocês estão... juntos?

Um braço pesado desceu sobre os meus ombros, me assustando tanto que eu chiei. Olhei para cima para encontrar Painter sorrindo para Darcy, uma sugestão de maldade em seus olhos azuis pálidos. Seu cabelo loiro-branco foi recentemente espetado e ele não estava usando uma camisa sob seu patch de couro. Me fez sentir um pouco pervertida por notar, mas entre os músculos e as tatuagens, ele era realmente muito atraente. Ele cheirava bem, também.

Oh, eu definitivamente precisava manter a bunda bonita dele longe de Melanie... Meninos como este eram perigosos, e não apenas por causa de toda essa coisa de prisão.

— London está brincando de casinha com Pic, — disse ele suavemente. Os olhos de Darcy se arregalaram.

— Sério?

Painter assentiu.

— Sim, eles estão tendo um caso, — disse ele. — Esperamos ele ficar de joelho e propor em breve. É tudo tão bonito que podemos apenas chorar.

A boca dela caiu e ele começou a rir.

— Fodidamente impagável, — disse ele, balançando a cabeça e deixando cair seu braço. — Ela é o mais novo pedaço de bunda dele. Parece estar colando mais do que o habitual, mas todos nós sabemos como ele é. Ela não gosta muito de mim, por algum motivo, não é, babe?

Eu olhei feio para ele, tentando decidir se chutar nas bolas dele na propriedade dos Reaper era uma má ideia.

Provavelmente.

— Reese e eu estamos namorando, — eu disse a Darcy, puxando a minha dignidade em torno de mim como uma rainha. — Eu tive um problema com a minha casa, e ele gentilmente se ofereceu para me deixar ficar como sua convidada até eu conseguir ajeitar tudo. Todo o resto é especulação sem base.

Com essas palavras, fiz uma careta para Painter para dar ênfase. Ele levantou as mãos em sinal de rendição, um olhar flagrantemente de falsa empatia assumindo suas feições.

— Uau, acho que não me querem aqui. Eu vou. Você trouxe Melanie com você? Eu adoraria mostrar a ela o clube.

Rosnei e ele começou a rir de novo arrogantemente.

— Entendo... — disse Darcy lentamente. — Bem, você deve ser algo especial, porque Pic não namora mulheres. Ele as fode e as despeja. Eu deveria saber. Muitos de seus restos apareceram na minha casa chorando ao longo dos anos.

— Bem, isso é muito interessante, — eu respondi, porque o que mais se pode dizer? Darcy balançou a cabeça, franzindo a testa.

— Eu sinto muito. Eu não estava pensando - isso foi tão rude e eu não quis dizer isso dessa maneira. Devemos parecer como as pessoas mais estranhas que você já conheceu.

Eu não respondi a isso, e ela deu de ombros timidamente.

— Não se preocupe. Painter... — ela fez uma pausa para olhar para ele em frente ao pátio — ...só tem um estranho senso de humor, e eu tenho certeza que ele não tinha a intenção de te ofender. E eu sei que todas as outras Old Ladies ficarão encantadas em te conhecer. Esta é uma festa especial, porque temos pessoas que vêm de cinco estados diferentes. Montana, Idaho, Oregon, Califórnia e Washington. Três clubes diferentes. Você vai ter um grande momento, embora você pode querer ficar perto de ou Pic ou de um de nós, visto que você não tem um patch de propriedade.

— O que é um patch de propriedade?

— Uau, você é realmente nova, — disse ela, com os olhos arregalados. — É quando um homem te marca como sua, de modo que os outros saibam que é melhor manter suas mãos longe. Vê o meu?

Ela se virou e, pela primeira vez notei que ela estava usando um colete de couro, assim como um dos caras. Na parte traseira lia-se “Propriedade do Silver Bastards. Boonie”.

Mais uma vez, eu não tinha ideia do que dizer. Ela parecia orgulhosa e satisfeita com isso, embora eu não conseguia imaginar me chamando de propriedade. É claro que eu não poderia imaginar minha casa explodindo, tampouco. Às vezes a vida te joga numa curva. Darcy se virou para mim, os olhos avaliando meu rosto com cuidado.

— Na cultura do clube, ser propriedade de um homem é como ser casada com ele, — disse ela. — Isso significa que ele é meu Old Man, e isso é uma ligação especial. Os outros respeitam.

— Eu vejo...

Ela riu.

— Não, você não vê, mas você está sendo educada e eu gosto disso, — ela me disse. — Mais educada do que eu era. Aqui, venha e conheça algumas das outras meninas. Você vai gostar delas, e enquanto você pode não ser a Old Lady de Pic, você é, obviamente, alguém especial. Caso contrário, você não estaria dormindo lá na casa dele. Não dê ouvidos a Painter - ele apenas está fodendo com a sua cabeça, ok?

Dei de ombros, porque eu não tinha planejado ouvir Painter de qualquer maneira. Eu gostava de Darcy, no entanto. Ela era um pouco diferente, mas ela parecia genuína e boa. Isso era uma grande coisa para mim.

Ela começou a andar pelo concreto rachado, e eu a segui, estudando o que acontecia. Havia um grupo bastante largo de mulheres arranjando comida em longas mesas em volta do edifício. Todas elas trabalhavam juntas sem problemas para montar a refeição, e eu tenho a impressão de que cada movimento foi bem ensaiado, elas devem fazer isso muito.

Isso meio que me surpreendeu, embora eu não sei por que. Eu acho que eu atrelei as festas como cem por cento de deboche, mas até mesmo demônios sexuais têm que comer. Pelo menos o meu feijão e salada de frutas se encaixariam, porque essa exibição não estaria fora de lugar em uma reunião social. Aparentemente, algumas coisas são universais, e festas em que cada um leva um prato era uma delas.

Para a direita estava uma grande fogueira construída a partir de blocos de concreto de paisagismo. As estrias de fumaça enegrecida e uma enorme pilha de lenha empilhada atrás dela deixava claro que o clube a usou muitas vezes e bem. Passando pelo que era um longo pedaço de grama que eu não chamaria de exuberante, mas parecia estar se segurando, apesar da presença de uma grande estrutura de brinquedo de madeira completa com balanços, escorregas e ponte de corda para uma casa na árvore. O último havia sido construído nos galhos de uma árvore enorme com um tronco que tinha de ter quase dois metros de largura. Estrutura antiga. Provavelmente já existia antes da construção.

— Senhoras, esta é London Armstrong, — Darcy disse quando chegamos às mesas, que estava cercada por mulheres ocupadas vestindo patchs de propriedade, como Darcy. — Ela está com Picnic.

Várias das mulheres se calaram, me estudando com intensidade súbita. Olhei em volta, imaginando o que eu tinha feito. Uma pequena morena com exuberantes cabelos ondulados avançou, sorrindo para mim. Eu a conheci antes... qual era o nome dela? Marie. Era isso. Ela tinha me mostrado em torno do Pawns a primeira noite que minha tripulação havia entrado.

— Hey, London, — disse ela alegremente. — É bom ver você de novo! Desculpe se parece que estamos agindo de forma estranha, mas Picnic não costuma trazer mulheres para cá. Bem, não o tipo de mulheres que trazem salada de frutas com elas.

Revirei os olhos, porque eu sabia exatamente o tipo de mulher que ele gostava de sair, e eu estaria disposta a apostar que algumas delas não tinham idade suficiente para saber como fazer feijão cozido. Você não fez o feijão, meu cérebro apontou cáustico. Muito ciúmes?

Bem, eu poderia tê-los feito, se eu quisesse, eu insisti de volta.

— Um, London? Você está bem?

Oh, merda. Eu voei no meio de uma conversa novamente. Eu realmente, realmente precisava parar de fazer isso. Eu abri um grande sorriso e fingi que não era uma idiota gigante.

— Reese e eu estamos namorando e ele queria que eu viesse para a festa, — eu disse a ela, segurando a tigela de plástico como uma oferenda. — E eu não acredito em vir para festas de mãos vazias. Agora, como eu posso ajudar?

Marie parecia impressionada, e eu percebi que eu tinha passado por algum tipo de teste invisível. Eu não sabia qual era e eu não me importava. Era só bom estar cercada por rostos simpáticos, porque, apesar do fato de que os homens Reaper tinham sido bons para mim – a sua maior parte - eles ainda eram assustadores.

— Sou Dancer, — disse uma mulher alta, com cabelos longos, pele escura, e um sorriso lento, que gritava sexy. — Eu sou Old Lady do Bam Bam. Horse é meu irmão, e nós praticamente crescemos neste clube.

— Eu conheci o Horse, — eu disse a ela, sorrindo. — Mas eu não acho que eu tenha conhecido Bam Bam.

— Ele vai estar aqui esta noite, — disse ela, sua voz suave com algo que eu não conseguia ler.

— O Horse é meu Old Man, — Marie entrou na conversa. — Ele é grande, mas ele é um cara bom. Na maioria das vezes, pelo menos. Pic já te deu uma arma?

— Como?

— Picnic te deu uma arma? — perguntou ela, como se essa fosse uma questão perfeitamente razoável. Eu balancei minha cabeça, me perguntando se eu tinha de alguma forma perdido metade da conversa.

— Apenas vendo onde as coisas estão, — ela disse, sorrindo. Isso não fazia sentido em tudo, então eu decidi ignorar.

— Oi, eu sou Em, — disse uma jovem mulher com o cabelo castanho e os olhos de Reese. Eu a reconheci imediatamente a partir das fotos em torno de sua casa e senti uma súbita explosão de nervos. Esta era a filha dele. A que se mudou para Portland, no ano passado, deixando ele com um ninho vazio.

Por que de repente eu sinto como se estivesse em uma entrevista de emprego?

— Oi, — eu disse. — Eu ouvi tudo sobre você. Eu não sabia que você vivia perto o suficiente para vir a uma festa, no entanto. Eu pensei que você estava em Portland com o seu... — eu me atrapalhei com a palavra certa, porque ela não parecia velha o suficiente para usar o termo ‘Old Man’. Mas eu tinha certeza que ele era mais do que um namorado, e eles não eram casados. Desajeitada, tentando descobrir como dizer as coisas.

— Meu Old Man é Hunter, — disse ela, com os olhos brilhando quando ela disse o nome dele. — Ele está aqui para o encontro. Um bocado de clubes estão aqui, mas isso não tem nada a ver com a gente. Seu único trabalho aqui é se divertir, tudo bem? Vamos encontrar uma bebida e podemos conversar. Eu quero conhecer a mulher que foi morar com o meu pai.

— Eu não diria que estamos morando juntos...

— Você dormiu lá mais de uma noite? — ela perguntou, sua voz desafiadora. Eu balancei a cabeça. — Bem, isso é mais do que ele fez com qualquer outra mulher desde que minha mãe morreu.

Droga. Nenhuma pressão nisso.

Em pegou meu braço e me puxou passando pelas mesas por onde várias latinhas estavam em barris de prata cercadas por gelo. Ela pegou um copo Solo vermelho.

— Cerveja?

— Claro. — não é que eu sou especialmente uma grande fã de cerveja. Normalmente, eu bebo vinho, mas parecia que era a coisa educada a fazer e eu poderia segurá-lo durante da noite. Peguei meu telefone enquanto ela preparava a bebida, me perguntando por que Reese não respondeu a minha mensagem. Ele me disse para enviar uma mensagem para ele quando eu chegasse. Nada.

— Você espera ouvir sobre meu pai? — perguntou Em, segurando o copo. Enfiei o telefone de volta no bolso, assentindo. — Ele provavelmente está acolhendo os outros oficiais que viajaram até aqui. É importante, caso contrário, eu tenho certeza que ele já estaria aqui com você. Como presidente, ele tem certas coisas que ele precisa fazer em eventos como este, mas ele obviamente confia em você para lidar com você mesma. Quer se sentar?

— Parece bom, — eu disse, observando que ela não tinha conseguido um copo de cerveja para si mesma. Hmmm... Eu deveria ter aceitado a sua oferta? Talvez não era considerado adequado tomar uma bebida tão cedo? Um olhar rápido ao redor me disse que outras pessoas já tinham pegado uma cerveja.

Eu decidi que eu estava cismando com as coisas. Às vezes as pessoas simplesmente não gostavam de beber, e se eu continuasse me preocupando em fazer algo errado, eu ficaria louca. Encontramos um local em uma mesa de piquenique perto do playground, e ela se sentou, ocupando o banco para me enfrentar.

— Então, isso é diferente, — disse ela, e enquanto seu tom era amigável, seus olhos estavam sérios. — Desde que minha mãe morreu, meu pai não tem tido exatamente encontros com mulheres. Metade das cadelas que ele transa são mais jovens do que eu e nenhuma delas têm cérebros. Ouvi dizer que você possui um negócio e, embora eu nunca diria que você é velha, você está definitivamente na faixa etária certa para ele. Por que disso?

Eu sorri fracamente.

— Não tenho certeza de como responder a isso, — eu disse, me perguntando por que diabos eu o deixei me convencer a vir aqui esta noite. Se ele queria que eu conhecesse todos, ele deveria me apresentar a eles. Em vez disso, ele tinha me jogado no fundo do poço, sem um aviso, o que era uma espécie de movimento idiota. — Seu pai e eu estamos em uma espécie de vendo um ao outro, eu acho. Oficialmente, apenas um par de dias atrás, embora parece que faz mais tempo. É complicado. Eu trabalhei para o clube desde fevereiro do ano passado, e ele me contratou para limpar a casa dele. Nós ficamos e, em seguida, minha casa explodiu. Não é uma relação típica.

Seus olhos se arregalaram.

— Não, acho que não, — disse ela, pensativa. — Por que sua casa explodiu?

— Boa pergunta, — eu disse, encolhendo os ombros. — Acúmulo de gás, tanto quanto eu posso dizer? Talvez o forno - no ano passado ou assim, o gás começou a vazar, se você não mexia direito com os controles. O investigador de incêndio está olhando. Eu acho que para os meus propósitos não importa por que o lugar explodiu. Tudo o que importa é que eu não tenho uma casa... Isso é realmente no que eu estou focada neste momento.

— Então ele levou você para nossa casa, — ela meditou. — E ele levou sua filha, também? Eu ouvi isso direito?

Tomando um gole de minha cerveja, eu tentei descobrir a melhor maneira de responder a essa pergunta.

— Melanie não é minha, — eu disse. — Na verdade, eu não tenho nenhum filho próprio. Eu tenho criado a filha da minha prima, embora, e Melanie é amiga dela. Jessica está na Califórnia agora e eu não sei se ela vai voltar ou não, mas Mellie precisava de um lugar para ficar. Somos realmente muito sortudas que ela não ficou ferida na explosão - ela estava na casa exatamente antes que ela explodisse.

Os olhos de Em se arregalaram.

— Interessante... — ela disse, e eu desejei que eu pudesse ler os pensamentos dela. — Você percebe que isso não é normal para o meu pai em tudo. Melanie está aqui esta noite?

— Não, — eu disse, balançando a cabeça enfaticamente. — Ela já tem uma queda por aquele idiota do Painter, e a última coisa que eu quero é ela aqui fora passando mais tempo perto dele.

Em bufou.

— Não vamos falar sobre Painter, ok? Hunter e eu provavelmente vamos dormir em casa hoje à noite, talvez por isso eu vou te encontrar na parte da manhã. Não tínhamos certeza que viríamos até o último minuto. As coisas estão meio no ar, mas normalmente ficamos com ele...

Eu peguei uma sugestão de pergunta em sua voz, e eu percebi que ela deve estar se perguntando se a minha presença iria mudar as coisas na casa de seu pai. Tomei um profundo gole da minha cerveja, porque quanto mais tempo esta conversa continuava, mais complicado ficava. Onde diabos estava Reese?

— Tenho certeza que ele vai querer que você faça o que você normalmente faria, — eu disse a Em. — Por favor, não vamos entrar em seu caminho. Você vai gostar Melanie - ela é uma menina doce. E ela merece algo melhor do que aquilo que ela tem ao voltar para casa. Eu realmente aprecio a gentileza de seu pai.

Um olhar engraçado apareceu em seu rosto, e ela balançou a cabeça.

— ‘Gentil’ não é uma palavra que as mulheres usam para o meu pai.

Dei de ombros, porque ele tinha sido gentil comigo.

Ele também tinha sido arrogante, assustador, e insistente... Mas uma vez que um homem lança seu corpo sobre o seu para te proteger de uma explosão, eu acho que você tende a ignorar as pequenas coisas.

Meu plano de lentamente tomar uma bebida ao longo da noite se desfez rapidamente. Por um lado, eu estava nervosa como o inferno e a bebida me acalmou toda vez que eu comecei a sentir pânico. O ideal é que ele teria me encontrado no portão, me apresentado a pessoas, etecetera. Mas eu também entendi que ele era um anfitrião, e isso me fez sentir um tipo de orgulho de que ele confiava em mim o suficiente para simplesmente me jogar em seu círculo social sozinha.

Meu plano ‘bebericar lentamente’ também se desfez porque as mulheres Reaper sabiam como beber e não eram tímidas sobre me incentivar a acompanhá-las. Antes que eu percebesse o que estava acontecendo, Dancer tinha alinhado uma fileira de doses de tequila em frente a nós, colocando sal em todas e limão antes de declarar, — Bebam vadias! Se Deus nos quisesse sóbrias, ele não teria feito doses tão bonitas!

Todos nós lambemos nossas mãos, derramamos o nosso sal, e engolimos as doses, como uma linha de pequenos bons soldados.

Todos, menos Em, isso é.

— O que está acontecendo? — Dancer exigiu, gritando para ser ouvida sobre a música e crescente barulho da festa. Ela assentiu com a cabeça em direção a garrafa de água da mulher mais jovem. — Você ama doses. Você costumava esgueirá-las em meu banheiro com sua irmã. Não me diga que você desistiu do álcool?

Em encolheu os ombros.

— Não estou no humor, eu acho. Existe uma lei que diz que eu tenho que beber?

As mulheres se acalmaram e Dancer se inclinou, estudando a mulher mais jovem com olhos de coruja. Ela levantou um dedo, acenando para frente e para trás no ar como uma varinha de condão, mordendo a língua em concentração. Em seguida, o dedo se moveu para baixo, apontando para o estômago de Em.

— Você tem algo lá que devemos saber?

Meus olhos se arregalaram, correndo em direção a barriga de Em, que estava coberta por uma camiseta folgada. Ela corou e desviou o olhar. Dancer e Marie explodiram em gritos, pulando para cima e para baixo, e de repente estávamos cercadas por grandes homens vestindo roupas de couro e expressões faciais preocupadas.

Eu estava feliz em vê-los, também, porque tanto quanto eu poderia dizer, as mulheres tinham perdido suas mentes.

— Que porra é essa, babe? — Horse exigiu, pegando Marie e puxando ela para o seu lado protetoramente. Um homem jovem, alto, musculoso vestindo roupas de couro preto com detalhes em vermelho veio por trás e puxou Em de volta em seus braços. Ele deixou suas mãos caírem sobre seu estômago e ele sorriu.

— Eu disse que elas iriam descobrir, — disse ele, sem parecer particularmente chateado. Olhei para seus patchs e decidi que esse deve ser Hunter. Com as mãos sobre a barriga dela. Santa merda - Em deve estar grávida! Uau. Eu me perguntava como Reese se sentiria sobre isso?

Vovô Hayes.

— Foda-me, — murmurou outro homem. Ele era alto e construído e tinha um piercing na sobrancelha e lábio. O seu colete dizia que seu nome era Ruger, que eu reconheci, embora eu nunca o vi pessoalmente. Este deve ser o Old Man de Sophie - eu a conheci antes com as outras meninas, embora ela se afastou em direção à cozinha para pegar mais xícaras alguns momentos atrás.

— Pic sabe sobre isso? — alguém perguntou. Em balançou a cabeça.

— Quando é a data do nascimento?

— No início do próximo ano, — disse Hunter. — Ela está com um pouco mais de três meses, mas queríamos manter as coisas em silêncio por um tempo.

Alguém bufou, e eu percebi que era Darcy.

— Boa sorte em manter as coisas em segredo por aqui, — declarou ela.

— Parabéns, — uma voz familiar disse, e eu olhei para cima para encontrar Painter encarando Em, seu rosto totalmente em branco. Todo mundo parou.

Interessante.

— Obrigada, — disse ela, mas ela não olhou para ele. Em vez disso, ela virou a cabeça para Hunter, que aproveitou a oportunidade para pressionar um beijo profundo e íntimo nela. Corei, porque se ela não estivesse grávida antes desse beijo, ela já teria estado depois. Ninguém mais parecia notar ou se importar, no entanto. Ninguém, além de Painter. Ele se virou e saiu.

Obviamente havia uma história aqui. Não que eu queria fofocar... mas era apenas humano se sentir curioso, certo?

Então, alguma coisa no ar mudou, e eu senti aquela sensação de tensão e expectativa que só havia quando Reese estava nas proximidades. Olhei em volta procurando por ele, vendo ele sair da porta traseira do Armory. Seus olhos encontraram os meus e ele sorriu. Eu derreti, qualquer aborrecimento persistente sobre ser deixada sozinha desapareceu, porque só de vê-lo me fez sentir especial e maravilhosa.

Ruh-roh.

Eu realmente não deveria estar me apaixonando por ele assim rapidamente.

Ele veio caminhando até o nosso grupo, colocando um braço em volta do meu pescoço casualmente, me puxando para seu grande corpo com um ar de posse primitivo que enviou uma corrida de emoção através de mim.

— Emmy Lou, — disse ele em saudação, e eu senti o amor em sua voz. — Hunter.

Não tanto amor por ele. Muitas histórias que eu não tinha ouvido falar, aqui...

— Pic, — disse Hunter, balançando a cabeça. Seu domínio sobre Em apertou, e é aí que Reese viu as mãos de Hunter dobradas protetoramente em torno do estômago de Em. Senti todo o seu corpo tenso.

— O que está acontecendo aqui? — ele disse, sua voz enganosamente casual. — Eu ouvi a gritaria, o que geralmente significa que estamos sob ataque. É claro que também pode significar que Marie e Dancer encontraram uma nova cor de esmalte de unha que elas gostam.

Em sorriu para ele, hesitante, e engoliu.

— Papai, você vai ser vovô.

Ele olhou para ela sem entender.

— Estou grávida.

— Bem, eu serei condenado, — Reese murmurou, e eu não conseguia ler o seu tom. Nem ninguém podia, aparentemente, porque todos nós congelamos. Finalmente, ele falou de novo. — Parabéns, baby. Espero que você esteja pronta para isso. Meio que gosto da ideia de algum pequeno muppet lhe dando o inferno de uma mudança.

— Significa que você está preso comigo, Pic, — disse Hunter, sua voz cheia de satisfação. Em se afastou e bateu em seu braço. Então ela veio em direção a Reese, que me deixou ir para que ele pudesse dar a ela um abraço apertado. Eu dei um passo para trás, não querendo interferir em seu momento.

As pessoas se espalharam, dando a eles espaço, e eu tentei descobrir o que fazer comigo mesma. Olhando em volta, notei que as mesas estavam cheias de copos de dose de plástico vazios e copos de cerveja. Reese e Em ainda estavam conversando em voz baixa um com o outro, então eu percebi que eu poderia muito bem limpar um pouco enquanto eles compartilhavam sua grande notícia. Não é todo dia que um homem sabe que ele tinha um neto a caminho.

Foi na minha terceira viagem para o lixo, os braços cheios de garrafas vazias, quando avistei Painter pela árvore velha grande no canto de trás da casinha. Ele tinha sido um idiota comigo, mas havia algo sobre a sua linguagem corporal que me chamou a atenção. Pela primeira vez, ele não parecia convencido.

Eu andei em direção a ele, em seguida, coloquei a mão em seu ombro.

— Você está bem? — eu perguntei, minha voz macia. — Eu não sei toda a história, mas para uma pessoa de fora, parece que foi uma coisa difícil para você ouvir. Qualquer coisa que eu posso fazer?

Ele olhou para mim, e se eu não soubesse, eu diria que os seus olhos pareciam suspeitosamente úmidos. Em seguida, ele balançou a cabeça, jogando aquele braço ocasional em volta de mim, mais uma vez, me puxando para um abraço rápido. Não zombando desta vez - genuíno.

— Eu vou deixar ela em paz, — disse ele em voz baixa. Olhei para ele, confusa.

— Melanie, — esclareceu ele. — Eu não vou incomodar ela, por isso não se preocupe com isso.

Eu balancei a cabeça, me perguntando se ele estava dizendo a verdade. As palavras de Reese voltaram para mim - esses caras tinham tantas mulheres caindo em cima deles que mais uma não importa, certo?

— Obrigada, — eu sussurrei. — Ela teve um momento muito difícil.

— Sim, eu entendo isso.

— Ok, então, — eu disse, batendo nas costas dele sem jeito. — Você quer uma bebida? — ele balançou a cabeça e me deixou ir.

— Não, acho que vou para um passeio, — disse ele. — Limpar a minha cabeça um pouco. Você vai encontrar Pic, ajudá-lo a comemorar. Ele deve aproveitar esta noite. As coisas vão para a merda em breve por aqui. Sempre vão.

Tudo bem, então... Eu olhei para trás em direção à festa, então avistei um aglomerado de copos vazios que haviam sido deixados na estrutura do parquinho. Eles ofenderam meu senso de ordem e limpeza, e foi aí que eu percebi uma coisa maravilhosa.

Eu tinha algo a oferecer a estas pessoas.

Eu estava me sentindo fora do lugar desde que eu tinha chegado aqui, e enquanto as mulheres foram definitivamente amigáveis e beber era divertido, eu não tinha sabido muito o que fazer comigo mesma. Mas isso - garantir que as coisas fossem ajeitadas, ou me manter atenta para retardatários como Painter? Eu poderia fazer isso e ajudar Reese no processo, porque, apesar do fato de que era um evento social, você teria que ser um idiota para não ver que ele estava sob muita pressão aqui.

Melhor ainda? Eu poderia fazer e ainda beber.

Senti meu estresse sumir e eu quase ri alto, porque eu tinha um trabalho a fazer, ajudando o homem que tinha saído do seu caminho para me ajudar.

A vida era boa.


Capítulo Onze

 

LONDON

 

Eu ainda estava alta da minha pequena revelação quando braços vieram em volta de mim por trás, pegando os copos que eu estava segurando e colocando eles em cima da mesa. Então Reese me virou para ele, olhando para mim com satisfação.

— Você faz tudo certo, não é? — ele perguntou, e eu sorri, intrigada. — Você está se levantando, ajudando as meninas. Eu mesmo vi você falando com Painter, apesar do fato de que ele tem sido uma espécie de idiota com você. Você gosta de cuidar das pessoas, não é?

Revirei os olhos, me sentindo toda presunçosa.

— Eu estou apenas sendo educada, — eu disse. — Quem fica em torno de uma festa ignorando uma confusão como essa? Eu já me diverti passando um tempo com as outras mulheres, também, que parecem ser um bom grupo. Elas são muito simpáticas, e elas me disseram todos os tipos de coisas interessantes sobre você.

— Sério? — ele perguntou, sorrindo. — Por que você não me conta.

Com isso, ele me puxou para longe da mesa, pegando a minha mão e me levando longe da fogueira para o mesmo canto do pátio onde eu tinha conversado com Painter anteriormente. A árvore gigante abrigava tudo, e atrás do tronco maciço você não poderia realmente ver o resto do grupo. Formava algo como um espaço particular ao ar livre para cá, com o canto da parede do pátio garantindo a privacidade.

Reese sorriu para mim, em seguida, se sentou e se encostou no tronco. Eu tentei sentar ao lado dele, mas ele pegou minha perna e a puxou sobre sua cintura. Eu caí sem equilíbrio e então eu estava montada nele, as mãos apoiadas contra seus ombros. Suas próprias mãos segurando minha cintura, puxando minha pélvis para baixo e contra a dele.

Oh, muito bom... Como sempre, estar perto dele me encheu com tensão e saudade, um sentimento que eu sabia que era mútuo porque seu pau estava ficando cada vez mais duro. Ele empurrou para mim através dos nossos jeans, e eu não poderia evitar. Eu apenas tive que me mexer apenas um pouco.

Reese gemeu, então seus dedos cravaram duramente em minha bunda, me arrastando para cima e para baixo ao longo de seu comprimento.

— Cristo, parece uma eternidade desde que eu toquei em você. Preso em conversas, em vez de sair com minha garota.

— Eu estava um pouco chateada com você mais cedo, — eu admiti.

Ele se inclinou e começou a chupar meu pescoço. Não duro o suficiente para fazer uma marca, apenas o suficiente para me aquecer e começar a me deixar louca. O espaço entre as minhas pernas estava quente e vazio. Eu o queria dentro, me enchendo, me esticando... Estivemos juntos o suficiente agora para que eu soubesse que seria bom, mas não tanto que o mistério se foi. Esta posição, por exemplo. Eu percebi que eu nunca tinha estado no topo com ele antes.

Muito potencial.

Eu peguei minhas mãos em seus cabelos e puxei sua cabeça para trás, em seguida, o beijei com força, invertendo nossos papéis habituais. Minha língua mergulhou fundo e ele chegou entre nós, desprendendo o botão na parte da frente da minha calça. Em seguida, suas mãos deslizavam para baixo na minha bunda, sob o meu jeans e calcinha, me segurando duro quando nossas bocas lutaram uma com a outra.

Finalmente eu me afastei, sem ar, ofegante. Eu senti o quanto ele me queria – o pau dele estava mais duro do que uma rocha, e isso não era um exagero. Como um pilar de granito. Eu queria sentir o gosto... Sim, eu definitivamente precisava prová-lo agora que eu finalmente o tinha sozinho, porque quem sabia quanto tempo seria antes que alguém o encontrasse e precisasse de alguma coisa? Conhecendo minha sorte eles nos detectariam a qualquer minuto.

Bem, se precisassem, eles teriam um show porque eu estava cansada de esperar.

O Quê? Nossa, quanto eu bebi? Essa não era eu.

Mas por que não poderia ser eu? Eu tinha estado presa fazendo a coisa certa, sendo uma boa menina toda a minha maldita vida. Foda-se.

— Então, você ainda está chateada? — ele perguntou.

— O quê?

— Você ainda chateada comigo? — ele perguntou de novo. — Logo antes de você me beijar, você disse que eu te deixei chateada. Qual é o problema?

Minha cabeça tremeu, e eu sorri para ele, me sentindo tonta.

— Você me disse para vir aqui e, em seguida, você não estava por perto, — eu disse a ele. — No início, isso me incomodou, porque eu senti que você me abandonou. Mas isso meio que deu certo. Eu tive que chegar e me apresentar. Eu não acho que eu conheceria tantas pessoas se eu estivesse com você. Eu gosto de seus amigos, pelo menos, eu gosto das mulheres. As que vestem os patches de propriedade. Eu realmente não falei com as outras.

Ele sorriu.

— Provavelmente isso também, — disse ele. — Você provavelmente não gostaria das histórias que elas têm a dizer quase tanto quanto eu. Groupies de motoqueiros e prostitutas de clube. Boas meninas, um monte delas, mas elas não fazem parte da comunidade da mesma forma que as Old Ladies fazem.

Eu fiz uma careta.

— Você parecia muito confortável com aquela garota Sharon. Eu achava que ela era parte da comunidade. Agora você me diz que ela não é?

— É complicado. Sharon é uma boa garota, — disse ele, com as mãos amassando minha bunda em um ritmo lento, que quase fez meu coração parar. Lutei contra a luxúria, tentando desligar meu cérebro e ouvi-lo. — Mas ela ainda é uma prostituta do clube.

— Você me disse que não era uma prostituta.

— É apenas um termo, — ele disse, encolhendo os ombros. — Ela não está sendo paga ou qualquer coisa. Apenas significa que ela gosta de passar tempo, e em troca ela vai dormir com quem a queira. Ela está sob a nossa proteção.

Ele enfiou a mão até a frente do meu corpo, em seguida, estendeu a mão e encontrou o meu clitóris com a ponta do dedo.

— Você realmente quer falar sobre Sharon agora?

Estremeci, e balancei a cabeça, enterrando meu rosto em seu ombro quando ele começou a trabalhar o meu clitóris com mais força. Meus quadris torciam sobre o dele, moendo seu pau com força enquanto a tensão construía dentro de mim.

— Primeiro as damas, — ele sussurrou, em seguida, usou a mão ainda na minha bunda para me levantar apenas o suficiente para ele enfiar três dedos profundamente. Caramba. Eu não sei como ele conseguiu logisticamente e eu não me importei. Tudo o que importava era a maneira como ele me encheu e moía o meu clitóris ao mesmo tempo. Meu coração estava batendo muito rápido e eu me sentia tonta com a necessidade e desejo e o prazer que serpenteava tão apertado que eu pensei que eu poderia explodir.

Oh, Deus... por favor exploda!

Em seguida, isso me bateu, e eu mordi seu ombro para não gritar, ondas de êxtase me atravessando. Meu corpo ficou mole sobre o dele, e ele puxou livre a mão que tinha me torturado. Em seguida, estava na minha boca, empurrando para dentro até que eu me provei em cima dele quando ele agarrou meu queixo em um aperto suave, mas firme.

— Você está pronta para chupar o meu pau?

Eu balancei a cabeça tão rápido que me deixou tonta. Em seguida, ele me soltou e eu deslizei para baixo de seu corpo, abrindo sua calça jeans e puxando o cinto livre. Ele levantou os quadris para me ajudar, sua ereção pulando livre para bater contra a sua barriga. Eu tinha visto antes, é claro, mas nunca perto assim e pessoalmente. Nós não tínhamos tido um namoro normal, e eu percebi com choque que só tínhamos tido relações sexuais três vezes, no total. Uau. Parecia muito mais do que isso.

Um pouco de excitação correu pela minha espinha - havia muito mais sobre ele que eu não podia esperar para conhecer. Eu ri, tonta, e ele sorriu para mim, envolvendo seus dedos apertados em meu cabelo.

— Eu me sinto como uma criança quando estou com você.

— Eu também, — eu sussurrei de volta para ele. — É divertido.

— Sim, é. Por que você não me chupa como se estivéssemos no banco traseiro de um carro e você tem 10 minutos até o toque de recolher, — disse ele, piscando.

Me inclinei e lambi seu comprimento totalmente, da raiz a cabeça, em resposta. Ele gemeu e deixou cair a cabeça para trás contra a árvore. Minha língua enrolou ao redor da cabeça de seu pau, traçando o cume suave dividindo a cabeça do eixo. Então eu encontrei o pequeno entalhe na parte inferior e apontei a minha língua, balançando através dele.

Reese gemeu de novo, movendo seus quadris enquanto suas mãos agarraram meu cabelo. Ele puxou a minha cabeça e eu sabia o que ele queria.

Ainda não. Eu não tinha terminado de brincar.

Chupei e belisquei o meu caminho para baixo do eixo, deixando meus dentes rasparem apenas o suficiente para deixá-lo saber que eles estavam no jogo, de modo que seria melhor ele se comportar. Eu sempre amei dar boquete. Eu não sei por quê... Talvez o poder disso, a maneira como um homem fará qualquer coisa se você oferecer tocar seu pênis com a boca? Achei suas bolas e estendi a mão para pegá-las na minha mão, apertando-as suavemente antes de sugar uma em minha boca.

Oh, ele definitivamente gostou disso.

Eu puxei minha cabeça e olhei para ele através dos meus cílios, deixando minha língua deslizar ao longo do meu lábio inferior.

— Você está pronto?

Ele balançou a cabeça, algo perto de desespero em seus olhos. Seus músculos da coxa estavam duros como pedra sob minhas mãos, e enquanto ele pode parecer relaxado contra a árvore, eu sabia que era uma mentira. Se eu me afastasse agora, ele provavelmente teria um derrame. Felizmente, eu sou uma mulher do tipo benevolente, então eu abri minha boca e suguei a cabeça do seu pau como um picolé.

Subindo e descendo, levei ele um pouco mais de cada vez. Ele ergueu as mãos para agarrar minha cabeça, os dedos apertando meu cabelo com o poder contido. Ele poderia me forçar, se quisesse. Basta me empurrar para baixo sobre sua ereção, batendo-a em minha garganta.

O sinal de perigo me excitou e me senti ficar molhada de novo entre as pernas.

Até o quarto ou quinto curso eu tinha ido tão profundo como eu poderia, sem engasgos, o que felizmente parecia ser muito bom para ele. Ele resmungou e gemeu enquanto eu o chupava com força, trazendo minhas mãos para cima para pegar e apertar a parte inferior do seu eixo com cada curso da minha boca.

Então ele começou a inchar em minha boca, e eu percebi que ele deveria estar chegando perto. Seu comprimento se contraiu e ele me deu um tapinha no lado da cabeça, um aviso para me afastar. Um verdadeiro cavalheiro. Mas eu não estava me sentindo como uma dama, de maneira nenhuma. Chupei ele mais duro, e enquanto o seu eixo latejava e ele começou a jorrar, engoli duro enquanto ele gemia e estremecia.

Finalmente eu me afastei, pegando a borda de sua camisa para limpar minha boca. Meus lábios estavam doloridos, quase machucados, e quando eu falei, minha voz respondeu asperamente.

— Eu não sou uma experiente prostituta de clube, mas espero que esteja tudo bem para você?

Ele olhou para mim, piscando, em seguida, me deu aquele sorriso sexy dele novamente.

— Fodidas amadoras comparadas a você, querida. Você tem um verdadeiro talento para isso, — ele murmurou. — Merda, quanto tempo desde que você teve sexo da última vez? Seis anos? Isso inclui dar boquete?

Revirei os olhos.

— Seis longos anos, — eu disse. — Mas eu acho que o meu período de seca acabou. Eu quero escovar os dentes, no entanto. Você tem uma escova de dentes por aqui? Ou será que é pedir muito?

Ele riu, em seguida, me arrastou para o seu corpo, me segurando perto.

— Se não tivermos, vou mandar um prospecto para a loja para comprar uma, — ele murmurou. — Porra, babe. Você pode ter o que quiser.

Apertei ele com força, porque eu já tinha o que eu queria.

Ele.

Isto.

Nós.

Infelizmente, as fantasias são para crianças e eu era uma mulher adulta. Eu deveria saber que não iria durar.

 

 

 

REESE

 

Deitei no sofá na escuridão de meu escritório, de olhos fechados, a mente à deriva.

London estava desmaiada em cima de mim, suas curvas suaves moldando contra mim. Ela deu um pequeno ronco de dama. Adorável. Eu deixei minha mão deslizar para baixo para a bunda dela, segurando enquanto eu considerava tudo o que tinha de ser feito nas próximas 12 horas.

Grande reunião a de hoje. Grandes decisões, e eu tinha a sensação de que nas próximas duas semanas nós íamos começar a ver os corpos acumularem. Houve mais drama no sul, mais besteira do cartel. O Old Man da minha filha estava atolado nisso.

Eu tinha sentimentos mistos sobre essa situação.

Por um lado, eu queria Hunter morto por tudo o que ele tinha feito para Em, não menos de que ele estava a roubando de mim e a engravidando. Por outro lado, a última coisa que eu precisava era de algum cartel imprestável puxando o gatilho para ele. Se alguém ia colocar aquele bastardo debaixo da terra, seria eu.

Sim, certo.

Como eu faria isso com a minha menina. Ou seu bebê. Merda. Não conseguia entender isso, a minha menina ia ser uma mãe. Ela não parecia velha o suficiente, apesar de que eu tinha sido vários anos mais jovem do que ela é agora quando eu plantei Emmy em Heather.

Deus ajude Hunter se ele a tratar mal. Ele estaria de joelhos orando pela morte antes que eu acabasse com ele.

London se agitou contra mim, a distração perfeita. Não poderia entender isso, também. Eu ainda não podia acreditar o quão divertida que ela era. Sua casa explodindo tinha se transformado em uma espécie de bônus, pelo menos em termos de mantê-la na minha cama. Não era como se eu estivesse feliz com ela perdendo tudo, mas eu estava mais do que disposto a aproveitar, dada a oportunidade.

Ela conversou com seu agente de seguros quinta-feira, mencionou se mudar para um apartamento. Não ia acontecer - pelo menos não tão cedo. Eu gostava dela de forma demasiada. Claro, ter Mellie em torno era um pé no saco, mas as crianças sempre foram. Ela ia sair até o final do verão de qualquer maneira. Quando começaria a faculdade, e eu sabia que ela se inscreveu para a habitação. Tudo bem até aqui.

Agora meus irmãos? Eles não estavam muito certos sobre mim e London. Eles gostaram muito dela, mas também sabiam que eu era um jogador e eles não queriam eu fodendo os contratos de limpeza.

Fodam-se. Qual é o ponto de ser presidente, se você não pode ter vantagens de vez em quando?

Alguém bateu na porta e eu olhei para o relógio. Quase nove horas da manhã, mas você nunca sabe já que o escritório não tinha uma janela.

— Você está aí, prez? — perguntou Bolt.

— Sim, — eu disse, mantendo minha voz baixa. London se agitou, em seguida, caiu de volta para dentro do sono.

— As meninas tem café da manhã em andamento, — disse ele. — Shade diz que quer uma missa antes das dez. Temos muito para passar.

— Ok, — eu murmurei. Eu balancei London, que resmungou e murmurou para eu ir embora. Segurando um sorriso, eu rolei para o lado, deslizando elado meu corpo e para dentro do tecido do sofá. Seu traseiro para cima no ar e seu cabelo cobrindo o rosto. Ela deu outro pequeno ronco.

Me levantei e estiquei, alcançando uma pequena lâmpada na minha mesa. Eu encontrei e acendi, enviando um suave brilho verde através da sala com uma sombra por causa do apoio que cobria a lâmpada.

Você se divertiu na noite passada? - perguntou Heather.

Eu olhei para a foto dela no armário de arquivo.

Sim. Você tem algum problema com isso?

Ela riu, e eu a imaginei balançando a cabeça.

Eu disse que você seja feliz, baby, ela parecia sussurrar. Eu gosto dela. Ela te faz sorrir e ela é boa. As garotas gostam dela. Eu sei que você não quer outra Old Lady, mas talvez você precisa parar de ser tão turrão.

Foda-se. Isso está acontecendo rápido demais. London grunhiu e rolou de costas, fazendo um barulho de batida com a boca. Não era a coisa mais sexy que eu já vi, mas a visão de suas tetas achatadas sobre o peito estava entre as melhores. Ela parecia muito doce, muito suave quando eu a conheci. Ela nunca sobreviveria no clube, eu sabia em meus ossos.

Em seguida, ela chupou meu pau como uma profissional no pátio, e o fato de que qualquer um de uma centena de pessoas poderia ter se aproximado de nós, a qualquer momento, não parecia incomodá-la em tudo. Mais cedo, quando eu tinha ficado preso conversando com meu presidente nacional e a deixei sozinha por horas com uma multidão de estranhos, London ficou bem por conta própria. A mulher não era uma covarde.

Não só isso, ela trouxe comida para a festa e ela não estava com medo de enfrentar Painter. Ela se armou para manter as coisas arrumadas, fez com que todos tivessem o suficiente para comer. Inferno, ela nem sequer surtou quando sua casa explodiu, o que já teria sido totalmente justo, mesmo para mim.

Material de Old Lady.

Se você não a quer, talvez você deva passá-la para um homem que queira? Heather sugeriu, sua voz maliciosa. Não desperdice uma boa Old Lady – leve-a para o clube. Não tem que ser você a reclamá-la. Precisamos de mulheres como esta... Bolt está solitário como o inferno nestes dias.

— Bolt a toca, eu atiro nele.

London se agitou, em seguida, abriu os olhos.

— Você disse algo? — ela sussurrou. Eu balancei minha cabeça.

— Deve ter sido alguém no corredor, — eu resmunguei.

— Você se importa se eu dormir mais um pouco?

— Nem um pouco, — eu disse a ela. — Descanse. Eu acho que mais tarde as meninas estão saindo para ter os seus dedos dos pés feitos ou alguma merda. Você deve ir com elas.

Os olhos de London já estavam fechados novamente.

Eu dei Heather o dedo e sai pela porta.

 

 

 

— Está na hora, — declarou Hunter, olhando ao redor da grande sala de jogos no segundo andar do Armory. Tivemos homens de três clubes aqui - nem de longe espaço suficiente na capela para todos nós. — Nós temos jogado na defesa contra o cartel por muito tempo. Os Jacks estão de pé, fortes, mas não temos a mão de obra para aguentar muito mais tempo. Nós já estamos perdendo território. Eles estão ficando mais poderosos e logo eles não vão ficar satisfeitos com nada menos do que uma guerra aberta. Nós pensamos que é melhor atacá-los antes que eles venham atrás de nós com força total, mas não podemos fazer isso sozinhos. Precisamos que os Reapers e os Silver Bastards se juntem a nós, junto com seus clubes de apoio. Esta pode ser a nossa última chance de detê-los.

Sentei na minha cadeira, desejando que eu não desgostasse tanto de Hunter. Difícil ouvir ele fazendo tanto sentido e conciliar o meu respeito por suas opiniões com ele fodendo minha menina e colocando um bebê dentro dela. Shade, presidente nacional do Reapers, deu a Hunter um aceno respeitoso. O jovem se sentou, abrindo caminho para Boonie - presidente dos Silver Bastards - falar.

— Eu concordo, — disse Boonie, me surpreendendo. Os Bastards tinham mais a perder em uma guerra neste momento. Eles eram menores do que nós, e até onde eu sabia, o cartel não estava interferindo diretamente com suas operações no Silver Valley, o que significava que só estavam aqui por lealdade aos Reapers. Eu sabia que Boonie daria sua vida para salvar a qualquer um de nós, mas há uma grande diferença entre se levantar por um irmão e segui-lo para a guerra. — Os Jacks não conseguem segurar - sem ofensa nisso, é só números. E quando caírem, os Reapers vão cair e, em seguida, vai ser tarde demais para os Bastards. Se nós vamos para baixo, eu quero fazer isso com a minha arma na minha mão enquanto ainda há uma chance de que podemos vencer.

— Então, estamos de acordo? — perguntou Shade, olhando ao redor da sala. — Eu sei que há detalhes a serem trabalhados, mas se eu estou ouvindo direito, todos os três clubes estão a bordo com uma ofensiva?

Eu levantei a mão, e Shade me deu um aceno de cabeça. Eu levantei.

— Eu não estou dizendo que não devemos ir atrás do cartel, — eu comecei. — Mas eu acho que nós precisamos ser malditamente cuidadosos enquanto nós planejamos, porque mesmo com os clubes de apoio atrás de nós, nós simplesmente não temos o poder de fogo deles. Confronto de frente não vai funcionar. Isso precisa ser um ataque inteligente, tirar uma cabeça e, em seguida, tirar outra antes que uma nova apareça. Isso deve nos comprar um pouco de espaço, pelo menos por alguns anos. Eu não acho que ninguém aqui é ingênuo o suficiente para pensar que podemos destruí-los completamente.

— Não importa se nós fizermos, — disse Duck, o mais velho presente. Ele tinha passado através do Vietnam e tinha visto mais de um presidente de MC ascender e cair. Normalmente, apenas os oficiais falavam em uma reunião como esta, mas Duck tinha ganhado o direito. — Vocês tiram um, outro vem. Mas podemos defender nosso território e fazer a diferença se nós batermos direito. Basta lembrar isto – eles provavelmente têm a CIA atrás deles. Não que eu tenha alguma prova, mas há muitas evidências de que os federais têm os dedos no comércio de drogas. Vai todo o caminho de volta para a Namíbia. Mas esses fantasmas não são leais, o que significa que se nós enfraquecermos o cartel o suficiente, eles vão retirar o apoio deles e ele vai desmoronar. Poderia nos comprar anos de paz. Talvez mais se atacar uma trégua com quem vem a seguir.

Homens grunhiram em acordo, e eu me encostei, perdido em pensamentos. Duck tinha estado falando sobre a CIA por décadas, e nós costumávamos distraí-lo. Os últimos anos, provaram que ele estava certo, no entanto. Uma e outra vez eles tinham sido apanhados fazendo negócios com os cartéis, até que eu quase não notei quando a notícia relatou outro incidente. Eu acho que sua teoria era escolher um parceiro e apoiá-los contra todos os candidatos, porque alguma influência sobre o comércio de drogas era melhor do que nada?

O lance da legalização e as coisas ficaram ainda mais estranhas.

— Está resolvido, então? — perguntou Shade. — Vamos juntos, tirar alvos de liderança selecionados em um ataque coordenado. Alguém tem um problema com esse plano?

Silêncio.

— Então nós temos alguns outros assuntos para discutir, — disse Hunter, me assustando. Dado que estivemos aqui falando pelas últimas quatro horas, parecia que não havia muito solo potencial sobrando para ser descoberto.

— Quais seriam? — perguntou Shade.

— É sobre London Armstrong.

Sentei e peguei seu olhar, a mandíbula enrijecida.

— Cristo, não é o suficiente você estar fodendo a minha filha? — perguntei. — Agora você tem que subir na minha cama, também? Não são negócios do clube como eu lido com a minha mulher, então se afaste caralho.

Hunter balançou a cabeça lentamente com os olhos segurando os meus, não cedendo um centímetro. Maldição, mas eu deveria ter o matado quando tive a chance. Provavelmente era muito tarde agora, com o bebê e tudo...

— Não quando ela é parte desta guerra, — disse ele. — E ela está bem no meio dela.

— Essa é uma acusação muito séria, — Duck rosnou. Eu senti Gage atrás de mim enquanto ele se afastou da parede, chegando a ficar ao lado da minha cadeira.

— Eu não estou dizendo que ela é uma espiã, — começou Hunter. — Mas eu fiz alguma pesquisa sobre ela. Há coisas sobre ela que você não sabe, merda profunda. Pode ser que ela é uma mulher inocente no lugar errado na hora errada. Poderia ser também que você está dormindo com o cartel. Isso precisa ser resolvido.

Gage colocou a mão no meu ombro, apertando firmemente.

— Desde quando você está interessado em com quem eu estou dormindo? — perguntei. — Pensei que éramos aliados. Você está me espionando?

Hunter sacudiu a cabeça.

— Sua filha ama você, por razões que de vez em quando me confundem, então eu estou tentando mostrar um pouco de respeito, — disse ele lentamente. — Eu sei que essa merda com você e London é recente, mas tem havido rumores por um tempo agora. Ouvi dizer que você a deixa entrar no Armory e trouxe uma menina, tudo com a sua bênção. Essa merda não é normal e isso me faz pensar. Só um pouco de pesquisa sobre a sua garota. Você sabe que a prima dela é amigada com o cartel de número dois ao norte da fronteira?

Eu congelei.

— Explique, — Shade estalou.

— Ela está com ele há mais de um ano, — disse Hunter. — Acho que ele é casado com alguma pobre cadela no México, mas ele não vai deixá-la vir para o norte para desfrutar da boa vida. Não enquanto ele tem a sua linda namorada para brincar de casinha... E adivinha quem está vivendo com ele agora, também? A filha. Aquela Jéssica com quem London é tão protetora está em sua casa, comendo sua comida e, provavelmente, dizendo tudo sobre Titia London e como o presidente dos Reapers vem correndo quando ela chama. Então, de repente, logo depois que você finalmente fecha o negócio, a casa dela explode e ela precisa de um herói para resgatá-la. Agora ela está vivendo na sua casa com pleno acesso a tudo que você pode ter escondido lá. Ainda tem certeza de que ela é inocente?

Eu balancei minha cabeça.

— De jeito nenhum, — disse eu. — Ela não tem nenhuma pista.

— Você sabe que Nate Evans está na folha de pagamento do cartel?

— Isso é uma porra de piada, — Ruger disse calmamente. — Nate Evans responde ao seu pai, mais ninguém.

— Eu discordo, — disse Boonie, o que me chocou pra caralho. — Temos ouvido coisas no Valley. A família Evans recebe seu dinheiro da mina White Baker, e de acordo com o sindicato, está perto de esgotar. Eles estão tentando manter o silencio, mas você não pode enganar os homens subterrâneos. O minério não é bom. Significa que menino Natey precisa de um novo patrocinador, se ele quer fazer seu show por aqui.

— Isso é uma virada de jogo, — eu disse lentamente. — Não que eu pense que London está em qualquer coisa, mas eu não tinha ideia que a família Evans estava com falta de dinheiro.

— Pense nisso, — disse Hunter, sua voz calmamente intensa. — Você tem uma passagem fora do caminho na montanha, uma que os federais não vigiam muito de perto. O Cartel quer Montana, Dakota - inferno, qualquer coisa entre aqui e Chicago? Eles tem que entrar através das montanhas de alguma forma e não há muitos lugares melhores do que aqui. Tiro certeiro para o leste, tiro certeiro para o leste. Faz sentido estrategicamente, e se eles controlam a aplicação da lei local, eles já conseguiram isso uma vez que eles nos tirarem. Tudo começa com você, Pic. London pode ser uma vítima que está no lugar errado, na hora errada, ou ela pode ser uma deles, mas de qualquer forma ela é perigosa pra caralho. Você tem que dispensá-la.

Levantei tão rápido que minha cadeira caiu para trás.

— Isso não vai acontecer. — o silêncio caiu sobre a sala. Shade suspirou.

— Ok, então temos essa informação, — disse ele. — Está em você, Pic. Você e os irmãos Coeur d'Alene. Agora você sabe, então você use isso o melhor que puder. Inferno, pode ser uma coisa boa. Você a alimenta com informação errada, ver se vaza. Se isso acontecer, então nós temos uma maneira de estragar o seu jogo. Isso realmente não muda nada no final, desde que você mantenha sua merda. Pode não ser uma má ideia colocar um pouco de segurança extra sobre ela, no entanto. No resto das mulheres, também, vendo como as coisas vão esquentar rápido. Todos temos que cobrir nossas bundas.

Eu balancei a cabeça com força.

— Mais alguém? — perguntou Shade. Ninguém falou. — Ok, então. Hunter, eu sei que você está passando por Burke, de modo a ter tempo para se consultar com ele, se você precisar.

Hunter sacudiu a cabeça.

— Burke está nessa, — disse ele. — Então, o resto do clube está. Estamos sob o fogo, já não posso aguentar muito mais tempo. Queremos sangue.

— Ok, reunião encerrada, — Shade anunciou. Um murmúrio tranquilo estourou, e eu senti meus irmãos me cercarem. Olhei para Ruger.

— Verifique novamente a prima, — eu disse a ele. — Eu não quero acreditar em Hunter, mas temos que saber com o que estamos lidando aqui.

— Ela não está nisso, — Bolt disse calmamente. — Ela nem sequer conhecia Evans até um par de meses atrás. Eu fiz uma pesquisa completa sobre ela antes dela começar no Pawns.

— Você esqueceu a prima, — eu disse.

— Ela é um parente distante vivendo a milhares de quilômetros de distância, — disse ele. — Eu rastreei todos, nós nunca terminamos uma verificação de antecedentes em menos de dez anos. Mas de jeito nenhum eu perdi um namorado, ou até mesmo um amigo de foda. Ela conheceu Evans em uma arrecadação de fundos, há dois meses, conversei com uma das cadelas em sua equipe de limpeza sobre ele. Ouvi ela falar sobre ele através de uma noite. Ela não tinha ideia de que eu estava lá.

— Ok, — eu disse, esfregando a parte de trás do meu pescoço. — Mas se eles têm Jess, eles têm um refém que ela não será capaz de ignorar. Vamos confirmar onde a menina está, ok?

— Você tem isso, — disse Ruger. — Não deve demorar muito. Vou fazer alguns telefonemas, ver o que posso encontrar.

— E Evans? — perguntou Gage. — E ele? Você acha que ele está na cama com o cartel?

— Não tenho ideia, — eu disse lentamente. — É possível. Ele não tem nenhuma moral, não há sentido de lealdade com a comunidade ou o trabalho. Você pode começar a pensar em maneiras de tê-lo sozinho, talvez pensar em uma solução permanente para os nossos problemas com ele.

A boca de Ruger apertou, mas ele balançou a cabeça.

— Assim vai ser, — disse ele. — Uma porra de um monte de problemas, pegar de um policial.

— Sim, — eu respondi. — Vamos falar mais sobre isso na próxima missa. Tenho que dizer que, se isso se trata de colocar uma bala em seu cérebro, eu não vou chorar. Gage, veja a segurança extra para as meninas também, pelo menos até que saibamos o que causou a explosão.

— Pic, você tem um minuto?

Eu olhei para cima para ver Boonie com o rosto pensativo. Um jovem estava ao lado dele – um prospecto. Tinha um real tom duro em seu rosto, embora eu não achasse que ele tinha muito mais do que dezenove ou vinte anos. Olhos de velho.

— O que está acontecendo?

— Queria te apresentar a Puck, — disse ele, apontando para o garoto. — É um prospecto em um dos nossos chapters em Montana. As coisas ficaram um pouco quentes para ele lá, então ele se mudou para o Vale por enquanto. Pensei que ele poderia ser útil para você.

O avaliei. A criança era alta, com cabelo curto e escuro. Construído como uma porra de um fuzileiro naval, mas suas tatuagens eram todas de MC. Ambos os braços cobertos de tatoos e uma cicatriz que atravessava seu rosto que o fazia parecer um assassino.

— Qual é a sua história? — eu perguntei a ele.

— Cresci no clube, — disse ele, segurando meu olhar de forma constante. — Meu pai era um patchholder15. Não sei se você o conhecia Era o Kroger.

Eu balancei a cabeça lentamente, porque era malditamente certo que eu conhecia Kroger. Ele havia sido morto em uma corrida para o Cali, três anos atrás. No momento assumimos que era cartel, mas não havia nenhuma evidência real.

— Se sentindo motivado, não é?

— Algo parecido com isso.

— Nós vamos encontrar algo para você, — eu disse a ele. — Pode sair com um patch, se você fizer bem o suficiente.

Seus olhos brilharam com algo que eu não conseguia ler, e ele concordou. Boonie e eu trocamos tapas nas costas, e eu comecei a andar para o andar de baixo. Muitos caras iriam para casa esta tarde, mas outros iriam passar mais uma noite. Precisava verificar a alimentação, me certificar de que tudo estava pronto.

Hunter pegou meu braço na escada. Fiz uma pausa e olhei para a mão dele, porque ele não tinha direito nenhum de me tocar.

— Acho que eu e Em vamos embora esta tarde, — disse ele.

— O quê, não é o suficiente você levá-la a seiscentos quilômetros de distância de mim, agora eu nem sequer chego a vê-la pelo fim de semana?

Ele franziu a testa e balançou a cabeça.

— Não é isso - ela tem cólicas, está se sentindo enjoada. Tem estado bem até agora, mas eu a quero em casa e na cama.

Senti algo apertar no meu peito.

— Vamos levar ela para a ER, — eu disse. — Melhor não foder com essa merda.

Hunter bufou.

— Sim, isso não vai acontecer. Eu já sugeri e ela riu de mim. Ela diz que está bem, ela saiu para ter uma pedicure com o resto das meninas, mas eu acho que ela precisa descansar, talvez vá ver a parteira dela na segunda-feira. Nós ficamos aqui, ela vai se cansar tentando fazer tudo com todos.

— Eu te entendo, — eu disse, embora eu o odiava por isso. — É melhor estar segura. Me mantenha informado, ok?

— Você tem isso.

— Obrigado.

Ele começou a descer as escadas, as cores do Devil’s Jacks nas costas dele me provocando. Idiota.

Idiota que cuida da nossa menina, Heather me lembrou.

Eu tinha que dar a isso ela.

Ainda assim não gostava dele.


Capítulo Doze

 

LONDON

 

— Admita, — Em disse, estreitando os olhos para mim. — Eu estava certa sobre a cor.

Olhei para os meus pés e mexi os dedos que estavam agora pintados de rosa quente. Eu não era o tipo de pessoa rosa quente, e tanto brilho nos dedos dos pés estava quase além da minha compreensão... mas eu tinha que lhe dar crédito.

— Você estava certa, — eu admiti. — Parece fantástico. Eu sempre vou para o look tradicional. Nunca teria tentado se você não tivesse me intimidado para isso.

Ela sorriu e eu ri, tomando um gole de meu café gelado. Eu, Darcy, Em, Dancer, Marie, e Sophie tínhamos todas saído para o shopping depois do almoço em busca da pedicure perfeita. Surpreendentemente, Maggs Dwyer tinha nos encontrado lá - aparentemente ela era a Old Lady de Bolt há anos, mas tinha despejado sua bunda recentemente. Eu tenho a nítida impressão de que ele tinha feito algo horrível para ela. As mulheres estavam todas claramente chateadas com ele, mas elas não ofereceram quaisquer detalhes e eu não perguntei. A ignorância é felicidade e tudo isso, porque eu ainda tinha que trabalhar para o cara no Pawns.

Eu não estava totalmente confortável com minhas unhas pintadas, mas apesar de tudo elas eram divertidas e brincalhonas. Meus pés pareciam que tinham sido mergulhados em um tanque de flamingos. Faça disso flamingos no fogo, com detalhes em vermelho brilhante e pedras brilhantes.

Reluzente.

— Senhoras, isso tem sido fantástico, mas é melhor eu ir andando, porque eu tenho que trabalhar esta tarde, — disse eu, relutantemente, me levantando da mesa que tínhamos assumido na praça de alimentação. — Eu só espero que eu não estrague minhas unhas enquanto eu estou nele.

— Fraca, — Em disse, fazendo beicinho lindamente. — Eu estava esperando que pudéssemos ir às compras até que os homens terminassem os seus Importantes Negócio Secretos de motoqueiro.

— Talvez amanhã? — perguntei, lisonjeada que ela me convidou para ir junto. Em suspirou.

— Vai ter que ser em um outro momento, — disse ela. — Eu acho que nós estamos indo para casa esta tarde. Eu tenho um pouco de cólicas - não é grande coisa - mas Hunter está todo estressado por isso. Ele está apavorado que eu vá quebrar ou algo assim.

Ela revirou os olhos e todas nós rimos. Então eu dei adeus e fui para minha van.

O primeiro indício de que algo estava errado foi a janela do lado do motorista aberta. Eu nunca deixei minha van aberta. (Não que eu tivesse algo valioso dentro dela, mas eu carregava equipamento suficiente e produtos químicos de limpeza na parte de trás e eu me preocupava que algumas crianças pudessem chegar lá e se machucar. Meu agente de seguros passou 45 minutos há três anos explicando o conceito de responsabilidade empresarial para mim, e eu tinha sido irracionalmente nervosa desde então. O homem era um sadista. Ele deveria ter trabalhado como um conselheiro de orientação do ensino médio, porque nenhuma daquelas crianças teria sido corajosa o suficiente para ter relações sexuais depois de se sentar com ele. )

A segunda bandeira vermelha era um envelope pardo de tamanho normal colocado no assento. A etiqueta de endereçamento branco havia sido preso para frente, mas em vez de um endereço, uma palavra havia sido impressa em letras grandes e pretas.

— Abra.

Em um filme, este é o lugar onde o esquadrão antibomba é chamado. Mas não parecia grande o suficiente para uma bomba, e eu morava em Coeur d'Alene, Idaho. Já tínhamos usado a cota anual de drama de toda a nossa cidade em minha casa. Me abaixei, meus dedos tremendo, e peguei. Um smartphone preto deslizou para fora.

Ele ligou - um pedido do Skype para videoconferência.

Eu me atrapalhei por um minuto, em seguida, consegui pressionar o botão aceitar. O rosto de Jessica apareceu no telefone, com os olhos inchados de lágrimas. Um hematoma roxo escurecido em sua bochecha. Oh merda oh merda oh merda...

— Loni? — ela perguntou, sua voz apertada e tensa. Me debrucei fortemente contra a van, minhas pernas se tornando geleia.

— Jessie, o que está acontecendo?

— Estou com alguns problemas, — ela sussurrou. — Os amigos da mamãe estão aqui comigo e querem falar com você. Por favor, ouça. Eu acho que eles vão me machucar mais se você não ouvir.

Com isso, alguém pegou o telefone da mão dela e a empurrou. A imagem balançou, me dando vislumbres de concreto e homens usando máscaras escuras. Em seguida, ele se estabilizou, com foco no braço de Jessica. A mão enluvada de um homem a segurou, espalhando os dedos dela através do que tinha de ser um bloco de açougueiro. Em seguida, uma faca gigante entrou em vista – não, essa coisa era mais parecida com um facão. Ela brilhou para baixo e, em seguida, gritos de Jessica derramaram através de pequenos alto-falantes do telefone.

Um terrível punho apertou meu peito, cortando a respiração e parando meu coração.

Tinham cortado seu dedo mindinho.

Eu podia vê-lo ali no bloco, e não estava anexado ao corpo dela mais!

O sangue jorrava e Jess estava gritando e em algum lugar no fundo um homem riu, mas meus olhos só se concentravam sobre aquele pequeno pedaço de carne rosa, com brilhosas unhas em gel que, recentemente, haviam sido feitas. Eu tive uma visão súbita, discordante de Jess e Amber recebendo manicures juntas. Engraçado. Talvez pegar algo para comer antes de chegarem em casa e Amber entregou sua filha linda para a porra de um louco psicopata! Eu não tinha a porra de dúvida de que este foi o trabalho de Amber.

Que tipo de animal corta o dedo de uma criança?

A imagem desapareceu abruptamente, mudando para áudio. Coloquei o telefone no meu ouvido, me perguntando se eu tinha imaginado a coisa toda. Meu corpo parecia distante e instável. Choque? Eu precisava respirar. Eu consegui subir para o banco da van e soltar minha cabeça para baixo sobre os joelhos quando um homem começou a falar.

— Da próxima vez vai ser a mão dela, — disse ele, as palavras com forte sotaque atado com ameaça. — Então, talvez, eu vou cortar o tubo diretamente fora de sua cabeça, ver como se parece. Sempre quis saber como eles costuram retardados para fazê-los parecer normal. Ela é bonita, então eu provavelmente vou transar com ela antes de eu matá-la.

— O que você quer? — eu sussurrei. — Por favor, ela é apenas uma criança – a deixe ir. Nós não vamos contar a ninguém sobre isso.

— Se você quiser mantê-la viva, você vai fazer exatamente o que eu digo, porque eu sou seu dono agora, — disse ele, a voz dele escura e baixa e irradiando tanto mal que eu poderia chorar. Esperei. Eu estava chorando. — Eu quero que você revire a casa de Picnic Hayes e encontre papeis para mim. Qualquer coisa que você achar que parece que pode ser relacionado a negócios. Listas de nomes. Horários. Tire fotos com este telefone e eu vou acessá-lo. Você vai fazer o mesmo em Powns e na Linha. Você tem até terça-feira para fazer, mas eu quero ver o progresso ao longo do caminho. Se eu não conseguir algo de você todos os dias, as mãos dela estarão de volta sobre o bloco. Nós podemos cortar um monte de pedaços antes dela morrer – tudo depende de você.

Engoli em seco, desejando que eu pudesse me dar ao luxo de bancar a muda, fazer alguma coisa para ganhar tempo, mudar isso de alguma forma, porque isso realmente não poderia estar acontecendo, poderia?

— Ela é mais suscetível à infecção do que as outras crianças, — eu disse, desesperada. — Esse tubo a mantém viva, e se ele fica bloqueado ou infectado, é muito grave. Poderia até matá-la. Por favor - se ela tiver uma febre, leve ela a um médico. Ela pode precisar de cirurgia se as coisas forem mal. Eu vi um hematoma no rosto, o que significa que alguém bateu nela. Jessica não pode tomar trauma como esse. Ela não é uma criança normal, isso poderia matá-la.

— Você deveria se preocupar em eu a matar. Mas se você fizer um bom trabalho seguindo minhas instruções, não teremos que machucá-la mais. Comece passando pela casa. Me envie mensagens se você encontrar algo e eu vou fazer o download. Tenha cuidado, porque se ele pegar você, ele vai atirar em você e, em seguida, Jessica vai morrer também.

— E Amber? — eu perguntei em voz baixa, me perguntando se eu realmente queria a resposta. — Será que ela sabe o que está fazendo com a filha dela?

Ele bufou.

— Aquela vadia está morta. Acidente infeliz, não poderia ser evitado. Vamos esperar que não teremos mais nada disso, tudo bem?

— Tudo bem, — eu sussurrei, fechando meus olhos quando ele terminou a chamada.

Wow. Apenas... wow... Como foi que isso aconteceu?

Amber. Sempre voltava para Amber. Eu queria estrangulá-la, mas, em seguida, uma onda de culpa me bateu porque ela já estava morta. Deus, eu a odiei tanto ao longo dos anos, mas eu a amava, também, e o pensamento de seu corpo ensanguentado sendo despejado em algum lugar me encheu de tristeza agonizante.

Desapegue. DESAPEGUE. Você pode fazer isso. Você tem que fazer isso. Não importa o quanto você gosta de Reese, ele é apenas um homem e sua menina precisa de você. A vida é feita de escolhas.

Eu sabia qual a minha escolha tinha que ser - a mesma que eu tinha feito há seis anos.

Jessica era uma criança da minha família.

Salvar ela tinha que vir em primeiro lugar.

 

 

 

As coisas ficaram estranhas depois disso.

Há um eufemismo para você.

Pensei em ligar para Nate. Pensei em contar a Reese. Eu considerei dirigir para a Califórnia com uma arma e atirar nas pessoas até que me entregassem de volta a minha menina.

No final, eu decidi fazer o que ele me disse, porque a vida de Jessica estava em jogo. Fim da história. Não havia nada que eu não faria para salvá-la. Eu mendigaria, pediria emprestado, roubaria, mataria... Eu daria a cada um desses homens o melhor boquete que jamais tiveram, se eu achasse que iria fazer a diferença.

Mas eles não me queriam - queriam papéis de Reese, e eu os encontraria mesmo que isso me matasse.

Eu faria isso porque eu era a mãe de Jessica. A única real que ela jamais teve. Foda-se, Amber. Foda-se todo o caminho para o inferno. Eu havia me tornado mãe de Jessie da maneira mais difícil, embalando seu corpo minúsculo em meus braços na UTI, a segurando enquanto ela chorava após seu primeiro namorado terminar com ela.

Arrastando-a para fora do clube dos Reapers no meio da noite.

Jessica era uma dor na minha bunda e ela ferrou muito, mas isto? Isso foi tudo Amber. Além disso, na primeira explosão de dor involuntária, eu me recusei a me deixar chorar por ela. Essa cadela teve sorte que ela já estava morta, e isso é a porra da verdade.

Porque a vida é surreal, eu ainda tinha que trabalhar naquela tarde ou as pessoas teriam ficado desconfiadas. Isso acabou por ser uma coisa boa. Não há nada como o trabalho duro, físico para limpar sua mente. Um dos meus gerentes teve o dia de folga, então eu me encontrei na limpeza do escritório de um advogado local no centro. Infelizmente, ele não era o assassino que trabalhou para o clube. Eu apostaria que havia todos os tipos de papéis interessantes no escritório do cara, aqueles que podem comprar a Jessica algum tempo.

Também limparia o Pawns naquela noite.

Normalmente Bolt estava na sala dos fundos - tanto quanto eu poderia dizer, ele dormia em uma cama no depósito na metade do tempo. Eu tinha assumido que ele só estava dormindo de conveniência, mas com base em nossa conversa no shopping, Maggs tinha o expulsado.

Ele não estava, na verdade, na loja naquela noite, mas eu decidi que seria estúpida por arrombar seu escritório e procurar papéis. O lugar inteiro estava provavelmente cheio de câmeras, era uma loja de penhores, pelo amor de Deus, o que significava que estava cheio de mercadoria valiosa, portátil. A verdadeira questão não era saber se as câmeras estavam lá, mas se elas ainda iriam funcionar se a energia fosse cortada.

Algo para pensar, porque se eu falhasse, eles cortariam outro pedaço de Jessica.

Reese tinha me pedido para voltar para o Armory aquela noite depois que eu terminasse meus trabalhos, mas convenientemente eu não tinha terminado até depois das dez. Isso significava que eu não estava mentindo quando eu lhe disse que estava muito cansada. Fui para a sua casa em vez disso, manuseando o smartphone preto, pensativa. Se eu tivesse sorte, eu teria mais da noite para procurar. Eu não poderia imaginar que ele estaria em casa tão cedo - talvez ele mesmo dormiria no Armory. Deus, eu esperava que sim. Eu não tinha certeza que eu poderia olhar na cara dele sem me entregar.

Nós tínhamos dormido no sofá ontem à noite, no mesmo sofá onde...

Merda. Se ele dormisse no Armory, com quem ele estaria dormindo? Eu poderia realmente confiar nele para não me enganar com tantas mulheres disponíveis, dispostas vagando o tempo todo? Uma onda de ciúme me bateu, mas eu a esmaguei porque isso era uma porra louca. Eu estava fazendo o meu melhor para traí-lo e as pessoas que ele mais amava a um estranho mal que gostava de cortar os dedos de mulheres jovens.

Tanto quanto eu poderia dizer, isso meio que superava o papel de namorada ciumenta.

Deus, eu iria sentir falta dele...

Se nós sobrevivêssemos a isso, eu ficaria feliz se ele não me matasse. Não é uma preocupação ociosa, também. Eu tinha ouvido os rumores - eu sabia do que os Reapers eram capazes. Mas eu também tinha ouvido falar que eles não atiravam em qualquer um que não merecia.

Infelizmente, a partir de sua perspectiva, provavelmente eu mereço. Eles não estariam totalmente errados sobre isso, também.

Uma merda ser eu.

 

 

 

A casa de Hayes brilhou iluminada quando eu estacionei na garagem, e duas motos estavam estacionadas em frente. Uma parecia familiar. A outra eu nunca tinha visto antes. Nem pertencia a Reese.

Entrei pela porta da frente para encontrar Melanie sentada ao lado de Painter, o braço dele enrolando solto em toda as costas do sofá sobre os ombros dela. Ela estava enterrada em uma colcha de retalhos, com apenas os olhos à mostra. Eles estavam grudados na tela da TV, onde um homem empunhando uma motosserra estava prestes a cortar a mão de uma mulher.

Eu vomitei um pouco na parte de trás da minha garganta, segurando a moldura da porta para me apoiar.

Outro jovem se recostou na cadeira, pés apoiados casualmente no final da mesa de café. Ele tinha cabelo curto escuro, barba pesada, e os olhos tão frios e mortos que ele poderia estar segurando a motosserra. Era difícil ver na luz fraca, mas parecia que tatuagens cobriam completamente seus braços. Bonito e enervante - um menino muito perigoso, eu decidi.

Painter parou o filme, se levantando lentamente. Olhei entre ele e Melanie, balançando a cabeça. Não podia acreditar que ela tinha caído para sua merda - aparentemente, este foi o Dia Internacional De Foder London Armstrong.

— London, — disse ele em voz baixa.

— Painter, — eu respondi, me perguntando se nós estávamos começando algum tipo de impasse. Eu acho que nós estávamos, porque ele tinha prometido ficar longe dela, mas aqui estava ele. Apesar de ser honesto, a minha perspectiva sobre toda essa questão havia mudado nas últimas 12 horas, com assistir o dedo de Jessica ser cortado. De alguma forma, a virtude de Melanie não estava parecendo tão importante em comparação.

— Vamos conversar na cozinha, — ele me disse, em seguida, empurrou o queixo em direção ao rapaz assustador. — Este é Puck. Ele é um prospecto com os Silver Bastards. Pic pediu para ele ficar aqui esta noite. Disse que não faria mal ter alguma segurança extra, dado quantas pessoas estão na cidade agora.

Pânico fechou minha garganta. Segurança extra? Isso não faz nenhum sentido, eles devem saber alguma coisa. Painter ia me levar para cozinha e me matar por trair o clube.

Cale-se! Meu cérebro estalou. Acalme-se, porque não há nenhuma maneira que poderiam descobrir tão rápido.

Bom ponto. Eu respirei fundo e tentei sorrir para o jovem prospecto. Ele apenas me estudou, cruzando os braços musculosos em frente do peito. Ele realmente era extremamente atraente. Cabelo preto, olhos escuros, obscuros, cílios espessos - perto da espessura perfeita, com exceção da cicatriz correndo em sua bochecha, ao longo de seu nariz e na testa.

Droga. Parecia que alguém tinha tentado cortar seu rosto fora.

Não que isso machucava sua aparência em tudo. Além do mais, o impediu de ser muito bonito. A pele escura dizia que vinha de um fundo misto. Talvez uma das tribos locais? Ou Latino... Difícil dizer, e não era realmente da minha conta de qualquer maneira.

— Prazer em conhecê-lo, — eu disse, então olhei para Painter. — Eu suponho que você o estabeleceu lá em cima?

— Ele está estabelecido, — respondeu Painter. — Vamos conversar na cozinha.

Eu balancei a cabeça, fazendo uma pausa para dar a Mel um aperto rápido no ombro. Ela parecia estar funcionando na teoria de que não haveria assassinos ou monstros capazes de a pegar, desde que ela ficasse debaixo das cobertas. Claramente ela não estava disposta a arriscar essa segurança por um abraço, o que me fez sorrir com tristeza.

Eu estava aprendendo da maneira mais difícil que nada pode nos proteger dos verdadeiros monstros.

— O que foi? — perguntei a Painter quando chegamos ao outro cômodo. Ele pegou e segurou o meu olhar, sua expressão focada.

— Eu não menti para você sobre Melanie, — disse ele. — Eu não vou fazer nada para machucá-la. Ela estava com medo do filme. Puck e eu não tínhamos ideia de que ela estaria tão assustada, e ela não disse nada antes do tempo. Caso contrário, teríamos visto outra coisa. Pic não a queria aqui sozinha, e eu sabia que você ia ficar chateada se eu a levasse de volta para o Armory.

Eu me sentiria muito aliviada ao ouvir isso, se eu não tivesse estado tão completamente focada em manter Jessica viva.

— Bom saber.

— Eu fodi tudo antes, — continuou ele. — Eu sou um idiota e um cuzão. Mas eu prometo - eu não vou foder de novo. Ok?

— Ok.

Ele balançou a cabeça, como se alguma coisa importante tivesse sido decidida. Eu não estava nem perto de entender o que estava acontecendo por trás daqueles olhos dele, e isso não importa. Tudo o que importava era salvar Jessica.

— Você quer ver o resto do filme com a gente?

Eu tenho meu próprio filme de terror passando em um loop na minha cabeça. Mas obrigada por perguntar.

— Não, eu acho que eu vou para a cama, — eu disse a ele, sorrindo fracamente. — Prazer em conhecer seu... amigo? Irmão? Eu não sei como chamá-lo.

— Chame ele de Puck, — disse ele, me dando um sorriso encantador. — Você pode querer se acostumar com ele, também. Acho Pic planeja tê-lo ficando com você pela próxima semana ou assim. Segurança.

Bem. Isso era inconveniente. Eu decidi que eu pensaria sobre isso amanhã, porque eu tinha queimado até o final da minha energia, quando eu cheguei em casa para encontrar a sala de estar cheia de jovens motoqueiros que eu tinha certeza que eram capazes de me matar sem pestanejar.

Painter, aparentemente alheio a minha terrível tensão - caminhou em direção a geladeira e pegou uma cerveja.

— Quer uma?

Eu balancei minha cabeça.

— Não, eu vou para a cama. Pronta para o dia de hoje terminar em grande estilo.

 

 

 

Nada.

Eu estava deitada no centro da cama de Reese, olhando para o seu teto do quarto e tentando não chorar. Eram quatro da manhã. Ele me mandou uma mensagem as duas dizendo para não esperar por ele, de modo que eu tinha feito o máximo da oportunidade, passando por todas as gavetas, cada caixa, cada centímetro de seu quarto à procura de qualquer coisa que possa ser valiosa para os sádicos na Califórnia.

Nenhuma coisa maldita.

Embora eu sabia muito mais sobre Reese agora. Por exemplo, eu sabia que Heather lhe tinha escrito uma bela carta dizendo adeus direito antes de morrer. Ela disse a ele para ser feliz. Ela disse que quando suas filhas se casassem, ela queria que ele desse a cada uma delas um pingente de diamante, fixado em prata, por ela. Ela os chamou de ‘uma novidade’ para o grande dia.

Ela também disse a ele que não queria que ele envelhecesse sozinho.

Segundo Em, eu fui a primeira mulher que ele realmente tinha deixado entrar depois que Heather morreu. ‘Culpa’ simplesmente não era forte o suficiente para descrever como isso me fez sentir, dado o meu plano atual de traí-lo. Pelo menos eu não precisava me preocupar com ele sabendo que eu tinha mexido no quarto. Eu tinha sido extremamente cuidadosa, tirando fotos de suas coisas antes de movê-las, para que eu pudesse colocá-las de volta exatamente onde elas tinham estado antes. Realisticamente, não havia mais nada que eu pudesse fazer, mas eu não conseguia dormir, também.

Rolei e apaguei a luz, desejando que eu fosse melhor em oração. Agora seria uma boa hora para isso...

 

 

 

Mãos grandes deslizaram sob minha camisa.

Suspirei e me movi, confusa. Reese pegou meus seios e apertou levemente. Então eu senti seus lábios tocando meu estômago e eu me contorcia, calor acumulando entre minhas pernas.

— Senti sua falta ontem à noite, — disse ele, em voz baixa. Abri os olhos, mas o quarto ainda estava escuro. Deve ser muito cedo na manhã, um pouco antes do amanhecer.

Então eu me lembrei. Porra. Oh, merda. Jess estava em perigo, Amber estava morta, e eu tinha fodido o primeiro homem que me fez sentir algo real em anos. Talvez o único.

— Sonolenta, — murmurei, o que era verdade. Era também uma ótima maneira de sair da conversa, porque eu não tinha tido a chance de descobrir a etiqueta apropriada a ser usada quando se destruía a vida de um homem. Seus dedos escavaram sob o zíper da minha calça jeans, e então eu o senti o abrir. Uau. Eu não tinha nem chegado a me despir ontem à noite.

Eu não me lembro de adormecer em tudo.

Minhas calças jeans abriram e, em seguida, ele as puxou, murmurando para mim para levantar meus quadris. Obedeci, sem pensar. Ele deslizou para baixo, junto com minha calcinha e jogou minha roupa pelo quarto.

Então eu senti seus lábios no meu estômago novamente.

Em vez de me provocar, desta vez eles se mudaram progressivamente para baixo, e, em seguida, uma mão pegou nas minhas coxas, empurrando-as separadas. Sua língua parecia fogo na minha pele e eu me mexi inquieta. Um dedo deslizou ao longo das bordas dos meus lábios, empurrando apenas o suficiente para recolher parte da umidade crescendo lá. Ele esfregou para cima, encontrando o meu clitóris quando começou a inchar, circulando-o e provocando. Eu mexi debaixo ele.

— Eu mencionei que eu senti sua falta? — ele sussurrou. — Provavelmente havia uma centena de cadelas lá fora, hoje à noite, metade delas prontas e dispostas, mas tudo que eu conseguia pensar era em chegar em casa para isso.

— Você realmente tem que chamar elas de cadelas? — perguntei, tentando me concentrar. — Parece tipo feio.

— Apenas uma figura de linguagem, não significa nada, — disse ele. Então eu senti que ele balançava a cabeça, e ele riu. — Não, acho que você me pegou nessa. Chamamos elas de cadelas, porque elas não são tão importantes.

— Sharon parecia importante o suficiente para você, — eu murmurei, me perguntando se eu estava perdendo minha cabeça. Por que uma mulher interrompe um homem prestes a ir para baixo nela - ou pelo menos eu assumi que isto estava acontecendo - a discutir sobre como ele chama outra pessoa?

— Você quer conversa de semântica ou ter seu clitóris chupado?

Hmmm...

— Essa segunda coisa, — eu disse. Sua boca se abriu na minha barriga e ele fez um barulho de pum. Eu gritei porque fez cócegas, e então ele estava me fazendo cócegas com a mão, fazendo barulhos de pum no meu estômago mais e mais até que eu gritei.

— Pare! Você tem que parar com isso!

Ele parou, deslizando até me cobrir com o seu corpo, segurando minhas mãos presas de cada lado da minha cabeça.

— Agora me dê um beijo e me deixe saber que você está feliz em me ver, — disse ele. — Você quer falar sobre outras mulheres, podemos fazer isso amanhã. Agora é sobre você e eu.

Ergui a cabeça e encontrei seus lábios. Apesar das cócegas e brincadeira, esse não foi um beijo de provocação. Foi duro e rápido, beliscando e duelando até que eu me senti fraca de desejo.

Ou talvez fosse a falta de ar?

Ele se afastou, e nós dois engasgamos.

— Agora. O que você gostaria que eu fizesse?

— Um, você poderia... — eu parei, me contorcendo. Eu ainda não era tão aberta sobre conversa explícita na frente dele. Por que eu me senti tão inibida eu não poderia imaginar. Eu sempre assumi que eu teria coisas descobertas por meus trinta anos. Nem perto disso.

— O que você disse? Eu não entendi, — ele perguntou. Eu não podia ver o seu sorriso na escuridão, mas eu sabia que tinha que estar lá.

— Você poderia ir para baixo em mim, — eu disse, a frase terminando em um guincho. — Eu acho que preciso de mais prática em falar sobre sexo. É uma sensação muito estranha.

— Sim, meio que percebi, — ele sussurrou em meu ouvido, aninhando nele. — É meio quente quando você fica toda envergonhada.

— Eu não estou envergonhada, — insisti. — Eu simplesmente não tenho uma boca suja.

Ele parou.

— Será que você seriamente usou a frase ‘boca suja’?

Eu ri. — Eu acho que eu fiz.

— Ok, vamos tentar isso de novo. Me diga o que você quer que eu faça.

— Você vai chupar meu clitóris, Reese?

— Bem, sim, London. Eu ficaria feliz em chupar seu clitóris para você.

— Gracioso da sua parte, — eu murmurei, mas pelo menos ele estava se movendo de volta para baixo do meu corpo. Seus dedos encontraram minhas dobras de novo, e, em seguida, sua boca me pegou, quente e úmida e completamente incrível quando ele atacou o meu lugar mais sensível.

Em poucos minutos eu estava gemendo e me contorcendo sob ele. Quando ele começou a empurrar dois dedos dentro de mim, deslizando para cima e ao longo da minha parede interna, eu perdi o poder da fala. Felizmente isso não importava, porque eu não precisava de palavras para gritar quando eu explodi em mil pedaços.

Eu também não precisava de palavras para expressar a minha aprovação quando ele empurrou para dentro de mim duro e rápido, um minuto depois. Em vez disso, eu passei meus braços e pernas ao redor dele, saboreando a sensação dele lá no fundo, porque era bonito.

Ele era lindo.

E ele estava errado sobre o uso de palavras sujas, também, porque isso não era algo sujo e não era foder.

Nós estávamos fazendo amor.

Dadas as circunstâncias, eu prefiro foder. A única coisa pior do que destruir o homem que você se importa é destruí-lo depois que ele faz um dolorosamente e lindo amor com você.

Eu ainda ia fazer isso, no entanto.

Eu não tinha escolha.


Capítulo Treze

 

LONDON

 

— Não é bom o suficiente, — o homem sussurrou em meu ouvido. — Eu te disse para me encontrar algo ou eu cortaria outro pedaço dela. Você pensou que eu estava brincando?

Não. Eu realmente não acho que ele estava brincando.

Eu não sei o que estava apertado mais forte - minha mão segurando o telefone ou a segurando o volante. Felizmente eu estava dirigindo quando ele ligou, que foi a única vez que eu tinha conseguido qualquer privacidade desde sábado. Agora era segunda-feira e o servo de Reese, Puck, estava me seguindo por toda parte, em nome da ‘segurança extra’. Felizmente, quando eu tinha muito educadamente dito a Reese que a minivan estava fora dos limites, Puck rapidamente se ofereceu para andar de moto em vez disso.

Eu poderia ter chorado de alívio.

Puck me assustava pra caralho. Eu sabia que ele era jovem - provavelmente apenas dezenove ou vinte anos - mas ele tinha os olhos de um assassino e essa cicatriz em seu rosto não era exatamente reconfortante. Pela primeira vez eu estava feliz por ter Painter ao redor, porque Puck também era estranhamente sexy e eu suspeitava que Melanie teria caído por ele em um piscar de olhos se ela já não estivesse suspirando pesadamente toda vez que ela via Painter.

Deus, quando ele tinha se tornado o menor dos males?

— Não há mais nada para eu encontrar, — eu disse para o homem ao telefone, desejando que ele acreditasse em mim. — Eu olhei em todos os lugares que eu posso. Há sempre um prospecto comigo, ou Reese. Mesmo no trabalho eles me seguem.

— Por quê? — ele perguntou. — Você se entregou? Se for esse o caso, você não é mais útil para mim e nem esta merdinha adolescente. Poderia muito bem matá-la agora.

Oh Deus, oh Deus, oh Deus, oh...

— Não, por favor, — eu sussurrei. — Eu vou pensar em alguma coisa. Tem que haver um jeito.

— Mais um dia, — disse ele. — Então está tudo acabado. Quer falar com ela mais uma vez? Esta vai ser a última, se você não me der algo que eu possa usar.

— Por Favor...

— Pare de choramingar. Ninguém gosta de uma vadia chorona.

Ouvi um som sussurrante, como se ele colocasse as mãos sobre o microfone. Em seguida, Jessica entrou na linha, sua voz suave e fraca.

— Loni?

— Jess, como você está?

— Dói, Loni, — disse ela. — Dói o tempo todo. Minha mão dói tanto e eu tenho sonhos e eu quero voltar para casa...

— Eu vou te levar para casa, — eu prometi, embora eu não tinha absolutamente nenhuma ideia de como fazer isso. Talvez eu deva atirar em Bolt e invadir seu escritório. Então, o que aconteceria se eles me matassem? Tudo o que eu precisava fazer era libertar Jessica - depois disso? Tanto Faz.

— Eu preciso que você venha me pegar, — ela sussurrou. — Eu estou tão assustada, Loni. Eles me machucam. Ontem à noite eles...

Ela fez uma pausa, e minha mente correu, preenchendo os espaços em branco.

— Isso é o suficiente, — disse o homem, com a voz abafada no fundo. A chamada acabou e eu quase caí numa vala, porque eu não conseguia parar as lágrimas enchendo meus olhos. Não podia ver uma merda.

Eu tomei um longo desvio para ir para casa, pensando em como eu iria explicar isso para Puck, e, em seguida, decidi que não me importava com o que ele pensava. Eu acabaria dizendo a ele que me distrai e não percebi que eu tinha ido pelo caminho errado, ou algo parecido.

Ele não perguntou, no entanto.

Quando chegamos à casa de Reese, ele simplesmente estacionou sua moto e saiu, me seguindo para dentro de casa. Reese estava sentado na mesa da sala de jantar, folheando uma revista de motos e bebendo uma cerveja.

— Ei, querida, — disse ele, olhando para mim. — Venha aqui, sente no meu colo por um tempo.

— Você precisa de mim para qualquer outra coisa hoje à noite? — perguntou Puck, sua voz entediada, mas seu olhar focado, observando tudo. Isso é o que me irritou sobre ele além do fato de que, se eu fizesse mesmo o menor erro, ele iria pegar isso.

— Você está livre essa noite, — disse Reese quando eu parei ao lado dele. Ele me pegou pela cintura, me levantando facilmente para ficar em cima dele do outro lado da cadeira. Suas mãos levantaram e enquadraram meu rosto, aqueles olhos azuis brilhantes dele que aparentam olhar diretamente em minha alma.

O que ele viu lá?

— Você pode falar comigo, — disse Reese, e meu coração gaguejou. Ele sabia. Ele tinha que saber. Por que mais ele diria isso? — Seja o que for, se alguma coisa está errada converse comigo, amor. É a única maneira que eu posso te ajudar.

Eu senti como se meu rosto estivesse rachando, mas eu consegui sorrir para ele.

— Por que disso?

— Uma das meninas na Linha, — disse ele. — Ela entrou em algum problema há alguns dias atrás, e em vez de falar para nós, ela decidiu nos vender.

Fechei os olhos, tentando forçar o meu pulso a abrandar. Ele podia sentir isso correndo sob seus dedos?

— O que vai acontecer com ela?

Seus olhos escureceram, e ele não respondeu. Senti sua mão deslizar ao redor e no meu cabelo, os dedos vasculhando-o levemente, em seguida, ele o pegou, torcendo-o em seu pulso até que quase machucava. Ele puxou minha cabeça para trás, expondo minha garganta. Em seguida, ele passou a outra mão no meu pescoço levemente, me acariciando.

— Você não quer saber, — ele sussurrou. Sua mão apertou no meu cabelo dolorosamente e ele inclinou a cabeça, pegando a minha boca em um beijo duro. Não deveria ter me excitado. Eu estava com medo dele, com medo dos homens em San Diego.

Medo de tudo.

Mas seu pau estava endurecendo entre as minhas pernas e eu queria ele tanto que doía. Quando ele deixou minha boca ir e segurou minha bunda em suas mãos me levantando e me levando de volta para o quarto - nunca me ocorreu protestar.

Eu o queria demais.

Todo ele.

Seu cheiro, sua força, a maneira como ele se jogou em cima de mim quando a minha casa explodiu. O amor em seus olhos quando viu sua filha, e o fato de que eu tinha encontrado dois pingentes de diamantes deslumbrantes nas caixas azuis Tiffany ao lado da carta que sua esposa o havia escrito, diretamente na primeira gaveta da sua cômoda.

Nada disso jamais seria meu... Mas por hoje à noite, eu ia pegar o que eu poderia e fingir que o meu mundo não tinha terminado.

— O que você encontrou para mim hoje?

Aquela voz. Ela assombrava meus sonhos. Eu acho que teria sido mais fácil se ele gritasse comigo, ou mesmo se eu sentisse que ele gostava de ferir Jessica. Mas nós poderíamos estar falado sobre o clima ou o que eu tinha comido no almoço. O cara era como um exterminador, e eu poderia dizer que ele mataria Jessica e depois iria para casa e colocaria os seus pés para cima, talvez assistiria a um programa de TV.

Nós não éramos nem humanos para ele.

Eu dirigi devagar, Puck me seguindo em sua moto, me perguntando se eu deveria apenas virar ao longo da rodovia e ir para o alto da ponte. Então eu ia dirigir para fora. Fim da história. De repente, ouvi o bloop de uma sirene de polícia, em seguida, peguei o flash de luzes azuis no meu espelho retrovisor. No começo eu não poderia dizer se eles estavam atrás de mim ou Puck.

Então ele parou e o policial parou atrás dele. Graças a Deus, não há nenhuma maneira que eu poderia lidar com a polícia e um telefonema ao mesmo tempo. Puck poderia ter acabado de salvar a vida de Jessica por distrair a polícia para mim, eu percebi. Sua existência realmente estava pendurada por um fino fio? Sim, ela provavelmente estava. Suor estourou na minha testa.

— London? Estou à espera.

Pegando o telefone entre a cabeça e os ombros, eu estendi a mão para limpar a umidade com a palma da minha mão.

— Eu não tenho nada, — eu admiti. — Reese não me queria limpando hoje, então eu nem sequer entrei. Ele disse que eles estavam fechando as coisas. Situação de segurança. Mesma desculpa que ele deu para ter alguém me seguindo. Acho que ele sabe o que está acontecendo...

— Quem está seguindo você? — perguntou o homem, sua voz casualmente curiosa.

— Um prospecto chamado Puck, — eu disse. — Ele está com os Silver Bastards. Ele não está me seguindo, agora, no entanto. Os policiais apenas o pararam e eu ainda estou dirigindo.

— Interessante. Por que não um prospecto dos Reapers?

— Como eu poderia saber? Talvez eles estejam cuidando das outras namoradas e Old Ladies. As coisas estão realmente tensas agora. Falei com Marie esta manhã e ela disse que mesmo Maggs tinha alguém com ela, e ela não é parte do clube mais.

— Então, por que você acha que eles sabem sobre você? — perguntou. — Todas as mulheres estão sob guarda. As coisas estão tensas, e você nem sabe por quê. A menos que Hayes esteve falando com você?

Eu balancei a cabeça, em seguida, percebi que ele não seria capaz de ver.

— Não, ele não fala sobre nada importante. Não sobre o clube ou negócios ou qualquer coisa. Ele disse que uma menina da Linha os vendeu, mas eu não sei os detalhes.

Foi a sua vez de ficar em silêncio.

— Ele deu o nome da menina?

— Não, — eu sussurrei.

— Então, você está sozinha agora?

— Sim.

— Bom, eu tenho um novo trabalho para você. Você tem uma arma?

— Por que diabos eu teria uma arma?

— Esta tarde, você vai conseguir uma, — disse ele lentamente. — E hoje você vai matar Reese Hayes. Se você fizer isso por mim, eu vou deixar Jessica ir.

A van desviou. Bati o pé no freio e derrapei para o lado da estrada, me perguntando se ele realmente disse o que eu pensei que ele disse.

Não.

Não é possível.

— Eu não posso matar ele. Eu não posso matar ninguém, — balbuciei. — Eu não sei nem onde eu poderia conseguir uma arma, eu não sei como usar.

— Você tem toda a tarde, — o homem me disse, a voz calma e paciente. — Eu vou te dar um endereço. Você vai para o seu banco e vai retirar seiscentos dólares. Em seguida, coloque o seu GPS para esse endereço e siga. Alguém irá te encontrar, e você vai comprar a arma que ele oferecer. Você não vai discutir com ele e ele não vai dizer nada para você. Se você tentar dizer alguma coisa, ele vai sair sem te dar a arma e Jessica vai morrer. Está claro?

Minha língua não iria funcionar. Eu não poderia matar Reese - eu não mato pessoas. As pessoas reais não têm coisas como isso acontecendo com elas.

Isso não podia estar acontecendo.

— London, você está prestando atenção? — ele me perguntou.

— Sim, — eu sussurrei.

— Eu não acho que você está levando isso a sério o suficiente. Talvez você precise de algum incentivo.

O telefone sibila, e de repente um pedido de vídeo chegou. Olhei para ele por um segundo, então fechei os olhos, respirei fundo, e bati aceitar.

Gritos encheram o ar.

Jessica me enfrentou na tela. Uma mão grande, musculosa a segurou pelos cabelos, o que me deu uma sensação desagradável de déjà vu, porque Reese tinha prendido meu cabelo quase exatamente da mesma forma na noite passada. Jess não estava sentada no colo de ninguém, no entanto.

A segunda mão brilhou através do ar, atingindo-a com tanta força que ela rasgou livre de seu captor e bateu no chão com um baque nauseante, com a cabeça literalmente saltando do impacto contra o chão de concreto. Alguém começou a rir. O homem que estava segurando seus dedos abertos, pedaços de seu cabelo descendo através de seu corpo. Agarrei do meu lado, a minha visão ficou escura, e por longos segundos eu me perguntava se eu perderia a consciência.

— Jess? — eu finalmente consegui sussurrar. Ela não respondeu. Um homem a chutou no estômago, e então ouvi um pouco de espanhol abafado no fundo. O corpo dela estremeceu, tremendo por cerca de dez segundos antes de cair ainda mais.

Convulsão. Ela costumava ter quando criança, mas eu não tinha visto uma em anos.

— Você precisa levá-la a um hospital. Esse tipo de trauma na cabeça pode danificar o pulmão dela. Ela vai morrer. Você não pode deixá-la morrer!

O vídeo acabou, passando de volta para apenas áudio. Eu levantei o telefone lentamente ao meu ouvido, a mão tremendo tanto que eu quase o deixei cair.

— Depois de matar Hayes, vamos largá-la na frente de um hospital, — disse o homem. — Vou precisar de provas. Um relatório de Homicídios seria ótimo. Chame 911 você mesma se você quer que as coisas se movam mais rapidamente, eu tenho pessoas monitorando os scanners de polícia lá em cima. Eles vão me dizer quando isso acontecer.

Engoli em seco. Eu não poderia imaginar matar ninguém, muito menos Reese.

Mas Jessica estava morrendo - bater no chão tão forte seria ruim para qualquer um. Mas com o seu pulmão em risco era muito maior. Um deslize, uma lágrima, um pequeno bloqueio... O fluido iria começar a construir em seu crânio e ele não iria parar até que ele apertasse a vida fora de seu cérebro completamente.

Pode estar acontecendo já – eu tinha visto a convulsão.

Eu faria isso. Eu mataria Reese, então eu chamaria a polícia. Talvez eu esperasse por eles chegarem lá, ou talvez eu tentaria fugir em primeiro lugar. Jessica iria precisar de alguém para cuidar dela se fizesse outra cirurgia...

Puxando a bainha da minha camisa, eu limpei o meu rosto duramente para me livrar das lágrimas rolando pelo meu rosto. Então eu peguei o espelho, inclinando-o para baixo para que eu pudesse ver como eu parecia. Olhos vermelhos. Nada que eu pudesse fazer sobre isso, e chorar não era ilegal. Eu coloquei a van em marcha ré, em seguida, fiz uma volta de três pontos16 do outro lado da estrada. Eu tinha cerca de quatro mil dólares no banco. Eu precisaria de tudo isso em dinheiro, se por algum milagre eu sobrevivesse essa noite, porque uma coisa era certa.

Se os Reapers me pegassem, eu era uma mulher morta.

Quando passei por Puck e os policiais, eles o tinham deitado de barriga para baixo no lado da estrada, com as mãos atrás das costas. Um segundo cruiser estava apenas estacionado. Perfeito - esperemos que isso me dê tempo suficiente para fazer o que eu tinha que fazer.

 

 

 

Duas horas mais tarde, eu era dona de uma arma.

O homem que vendeu para mim não era um traficante de armas - ele era apenas um cara em um carro com uma arma. Encontrei ele sozinho em um campo a meio caminho da baía, que encontrei usando o GPS do smartphone que eles tão amavelmente me proporcionaram. Paguei o dinheiro e ele me tinha entregado a arma, uma caixa de munição, e o que parecia ser um suporte de bala extra. Fiquei olhando para eles fixamente, me perguntando como diabos eu mesma carregaria uma arma, muito menos a dispararia.

Minha confusão deve ter sido óbvia, porque ele pegou a arma de novo e quando eu a entreguei, ele demonstrou como colocar um novo cartucho de balas na arma como mágica. Ele também me mostrou como as balas poderiam ser tiradas, depois me devolveu.

Então ele me mostrou como atirar.

Foi surpreendentemente fácil. Tudo o que eu tinha que fazer era desengatar o bloqueio de segurança, puxar o gatilho, e BOOM. A cápsula de bala saiu e, em seguida, ela estava pronto para ir novamente. Minha mão doía um pouco depois do terceiro tiro, mas a arma realmente não tinha muito de um solavanco ou algo assim. Depois disso, o homem entrou em seu carro e foi embora sem dizer adeus... ou qualquer outra coisa. Eu tinha comprado uma arma e aprendido a usar tudo isso sem qualquer um de nós falar. Surreal. Fodido. Eu quase podia fingir que tinha sido um sonho, se não fosse pelo peso extra na minha bolsa.

Então. Agora eu tinha uma arma. Eu apenas tive que parar e pegar alguns mantimentos antes de matar Reese. Oh, e talvez um pouco de gasolina.

Você pode fazer isso, eu disse a mim mesma. Basta dar um passo de cada vez.

 

 

 

Eu fiz isso no meio do caminho de volta para a cidade antes da realidade me bater. Eu tinha perdido a porra da minha mente?

Matar Reese não era uma opção.

Deixar Jessica morrer não era uma opção, também. Tinha que haver uma solução. Foi quando isso me bateu - Nate. Eu chamaria Nate. Se os sequestradores queriam um relatório da polícia, Nate poderia fazer isso acontecer. Eu acho que eu provavelmente iria acabar na cadeia, mas isso era a menor das minhas preocupações neste momento. Cadeia era nada para mim. Inferno, seria um período de férias em relação a isso.

Peguei meu telefone e encontrei o seu número.

— Cansou de foder o motoqueiro?

Será que ele tem que ser desagradável sobre tudo? Como eu já tinha sido atraída por este idiota?

— Nate, eu realmente preciso falar com você, — eu estava trabalhando duro para manter minha voz equilibrada. — É uma emergência.

Silêncio, e então quando eu quase comecei a me perguntar se ele desligou na minha cara, ele falou de novo.

— O que foi?

— Eu preciso falar com você pessoalmente. É complicado.

— Onde você está?

— Eu estou chegando em Hayden, — eu disse a ele.

— Eu não estou muito longe. Me encontre no café em frente à Casa do Piso, para baixo no Government Way.

— Obrigada, Nate.

— Não me agradeça ainda. Só Deus sabe se eu vou te ajudar. Agora eu estou tentado a te dizer para ir se foder.

Eu engoli meu orgulho.

— Obrigada por me ouvir. Você é a única pessoa que conheço que tem o poder de mudar a situação em que estou.

Deus, eu odiava bajular.

— Eu vou ouvir, — disse ele depois de uma pausa. — Sem promessas.

— Basta ter você me ouvindo, isso significa o mundo para mim.

Eu terminei a chamada, me inclinei para fora da janela e vomitei. Lembre-se, você precisa dele, o meu cérebro me lembrou. Seja agradável.

 

 

 

O café não estava muito ocupado, graças a Deus. Nate já estava me esperando, sentado em uma cabine no canto de trás. Eu sorri para ele fracamente enquanto eu me dirigia até lá. Minha bolsa parecia muito pesada, o estranho e odioso peso da arma jogando meu mundo fora de todo equilíbrio.

Tão errado.

— Você parece uma merda, — disse ele, quando eu deslizei para o banco. — Seus olhos estão vermelhos e inchados, como se tivesse chorado. Seu amante não é tão maravilhoso como você pensou?

Eu balancei minha cabeça, agora não era o momento para lutar ou me defender. Se Nate encontrasse uma maneira de me ajudar, ele poderia dizer o que diabos ele queria.

— Eu tenho um grande problema, — eu respondi lentamente, perguntando como exatamente eu deveria explicar tudo isso para ele.

— Café? — perguntou uma garçonete, sorrindo para Nate. Ele lhe deu um sorriso de flerte, me lembrando tanto da noite que eu o conheci que isso poderia ter machucado se eu ainda tivesse a capacidade de sentir mais dor. Sorte minha - eu já alcancei o limite em sofrimento para o dia.

— Descafeinado, — disse ele. — London?

— Só água, por favor.

Ela assentiu com a cabeça, embora eu podia ver um olhar em seus olhos que dizia que ela não gostou de eu estar ocupando espaço na mesa se eu não ia pedir nada.

Problema dela.

— Eu não sei como dizer isso, então eu vou só cuspir isso. — eu disse a ele. — Há alguns bandidos na Califórnia que tem Jessica, e eles vão matá-la, a menos que eu cometa um assassinato para eles.

Eu esperava assustá-lo, talvez tê-lo questionando se eu tinha perdido minha mente. Em vez disso, ele apenas sorriu.

— Sim, eu sei.

Parecia que alguém tinha me atingido no estômago com um taco de beisebol. Acho que eu ainda podia sentir mais dor, afinal.

— O quê? — eu sussurrei.

— Eu sei tudo sobre isso, — disse ele casualmente. A garçonete voltou e entregou a ele o café.

— Você quer alguma coisa com isso? — perguntou ela.

— Uma fatia de torta pecan seria ótimo, — disse ele, piscando para ela. — Com uma bola de sorvete?

— Tudo bem, — disse ela, olhando para mim de novo. — Ei, você está doente? Você não parece tão bem.

Eu consegui balançar a cabeça.

— Não, — eu disse, minha voz rouca e fraca. — Eu estou bem. Eu só... preciso falar com o oficial, está bem? Você pode nos deixar?

Ela bufou, em seguida, saiu, batendo seu pequeno bloco de pedidos no balcão quando ela passou na parte de trás.

— Agora você a irritou, — disse Nate casualmente. — Se ela cuspir na minha torta, eu farei você pagar por isso. Na verdade, eu acho que eu vou deixar que você pague por tudo de qualquer maneira. Então era só isso?

— Era só isso?

— Isso era tudo o que você queria falar? Se é isso, você provavelmente deve ir. Parece que você teve seu trabalho facilitado. Boa sorte com isso.

— Você é um policial, — eu disse, ainda atordoada. — O que tem de errado com você?

— Nada, — respondeu ele, tomando um gole de seu café. — Bem, eu acho que estou um pouco entediado agora, mas eu amo a torta. Eu devo comer, parece que vai ser uma noite longa. Cena de crime para processar e tudo isso.

— Eu não posso acreditar em você - o que está errado aqui? Isso é algum tipo de piada para você?

Nate sorriu, tanto ódio em seus olhos que ele me assustou. Eu já o conheci em tudo?

— Não, Loni, isso não é uma piada. Você tem um trabalho a fazer, e se você quiser que a pequena vadia da Jessica sobreviva, é melhor você parar de enrolar e fazer o que foi dito. Oh, agora não me olhe assim. Não é como se eu a quisesse morta – a criança é ótima na cama. Não me importaria com outra rodada com ela.

Eu cambaleei. Meu cérebro parecia fechado, incapaz de aceitar quaisquer novidades.

— Você estava dormindo com Jessica?

Ele revirou os olhos.

— Deus, você é estúpida, — ele murmurou. — Alguém tinha que dar dinheiro suficiente para ela chegar até Cali quando vocês tiveram sua briguinha. Essa coisa toda foi um monte de trabalho para criar, mas eu tenho que admitir que transar com aquele pequeno rabo apertado dela foi a parte divertida. Cristo, você realmente não achou que eu estava afim de você, não é? Você é muito velha, usada... E agora é hora de você ir e cuidar do seu negócio. Não se incomode tentando chamar a polícia antes de ter terminado, também. Ninguém vai te ajudar.

Em algum lugar no meio do seu pequeno discurso, eu desliguei. Eu ainda podia ver tudo, ouvir tudo... mas tudo parecia distante e irreal.

— Você é uma pessoa má, — eu sussurrei.

— Eu sou um homem com um objetivo, — Nate respondeu, sua voz grave e olhos duros - nada como a pessoa que eu pensei que eu tinha conhecido. Ele se inclinou para frente, as suas palavras precisas e cortada. — Eu sei o que eu quero, e eu estou disposto a fazer qualquer coisa para conseguir isso. Eu comi a sua menina e a convenci a ir para San Diego, Loni. Eu arrombei sua casa para explodi-la, assim Hayes iria te levar. Agora você está exatamente onde eu quero que você esteja, e você vai fodidamente dançar assim porque eu disse para você. Sem mais perguntas.

— Aqui está a torta, — disse a garçonete, caminhando em nossa direção.

— Obrigada, querida, — Nate respondeu com um sorriso. Ela se inclinou para ele um pouco, sua linguagem corporal deixando claro que ela tinha mais do que torta para oferecer.

Eles me ignoraram quando eu me levantei do meu assento, tentando não tropeçar enquanto eu caminhava para fora do café e de volta a minha van. Me sentei no banco do motorista por vários minutos, tentando processar o que diabos tinha acontecido. Mas algumas coisas não fazem sentido, não importa o quanto você olha para elas, então eu virei minha chave na ignição e sai do estacionamento, porque eu ainda precisava passar no supermercado. Eu tinha uma lista de coisas para comprar e eu estava correndo contra o tempo para colocar o jantar na mesa.

Por que eu estava preparando o jantar? Eu não sei.

O que eu sei é que no momento em que eu paguei a comida, o meu lado estava doendo onde minha bolsa se manteve batendo em mim quando eu andei – a arma me fez perder o equilíbrio, eu acho. Eu ignorei a pequena dor enquanto eu dirigia para casa para cozinhar o jantar para Reese. Não é como se matar um homem fosse menos terrível se você alimentá-lo em primeiro lugar, mas o que mais eu poderia fazer pelo resto da tarde?

Deus amaldiçoe Nate Evans, o mande para o inferno, e Deus me condene por cair em sua merda. Deus amaldiçoe os homens que prenderam Jessica, também. Se houvesse justiça no universo, Amber estaria queimando em um poço de fogo cercada por demônios diretamente neste minuto. Eu odiava todos eles.

Principalmente, porém, eu me odiava.

 

 

 

REESE

 

— Por que se preocupar em continuar jogando? Ela tem uma arma lá dentro, e ela vai atirar em você com ela. Não são muitas as maneiras de girar isso e conseguir um final feliz, — disse Puck, segurando meu olhar de forma constante. — Passei quase duas horas sendo assediado no lado da porra estrada enquanto ela planejava sua morte. Quanto mais de prova você precisa?

O garoto tinha coragem por falar comigo assim. Ainda assim, ele tinha sido jogado na merda, de cabeça, e ele rolou com ela e fez o seu trabalho. Ninguém quer ser o único a dizer a um presidente de MC que sua mulher está armando para matá-lo. O prospecto do Silvers Bastards tinha me mostrado respeito sem ficar bajulando.

Eu ainda o odiava pelo que ele tinha descoberto.

— Odeio dizer isso porque eu gosto de London, mas estou com Puck nisto, — disse Gage. Ele se sentou em uma velha cadeira de escritório que eu tinha rebocado até a minha loja há alguns anos atrás. Agora ele estava posicionado em frente a uma longa, baixa mesa com dois monitores definidos em cima dela. Cada um deles dividido em quatro telas, jogando uma transmissão ao vivo de diferentes cômodos em minha casa. Ruger tinha um dom para a eletrônica, sem dúvida.

Eu tenho que ter certeza que ele não se esqueça de tirar qualquer desses pequenos filhos da puta depois que isso terminar, também. A última coisa que eu precisava era gente observando sobre o que se passava lá em uma base regular. Tinha sido condenadamente difícil agir normalmente nesta semana, sabendo que os irmãos estavam assistindo tudo o que fiz.

Bem, quase tudo. Eu não os deixei colocar qualquer coisa no quarto, porque foda-se essa merda.

Havíamos passado uma boa parte da tarde aqui em baixo - Gage, eu, Ruger, Horse, Painter, Bam Bam, e Duck. Bolt estava na casa de Maggs. Não sei qual o drama que estava acontecendo com os dois. Espero que eu nunca descobrisse. Não poderia mesmo gerir a minha própria mulher, não precisava me preocupar com a dele.

— Cristo, — eu disse, observando London se movimentar em torno da cozinha no monitor e suspirando. Eu tinha me apaixonado por ela, eu percebi. Não apenas transado com ela, mas ela. Ir para casa para ela era ótimo, e a ter comigo na festa? Não me sentia assim desde que Heather estava viva.

Eu nunca tinha odiado o cartel mais do que eu fiz naquele instante.

Podemos não ter a história completa aqui, mas não precisava ser um gênio para ver que eles estavam usando Jessica para manipulá-la. Isso era uma desculpa? Não. London deveria ter vindo a mim, deixar o clube lidar com as coisas.

— Ela não tem nenhuma fodida pista do que ela arrumou aqui, — eu murmurei. Bam resmungou.

— Isso é como eles funcionam. Ninguém propõe ser controlado e usado pelo fodido cartel. São como parasitas, trabalhando seu caminho para dentro e, em seguida, assumindo até que você não pode retirá-los sem matar o hospedeiro. Causa perdida neste momento, Pic. Ela fez a sua escolha e não foi você. Aquilo não eram pentes vazios que eu retirei de sua bolsa – até onde ela sabe, a arma ainda está carregada e ela está, obviamente, planejando usá-la.

Eu suspirei, dividido entre desejar que ele não fosse tão contundente e agradecido que meus irmãos não tinham medo de serem honestos comigo.

— Então, por que ainda estamos esperando? — perguntou Gage. — Nós vamos para dentro e descobrimos o que está acontecendo, ela não será capaz de resistir a nós por muito tempo. Nós podemos tomar uma decisão sobre o que fazer com ela depois disso.

— Porque ele está esperando que ela vai mudar de ideia, — Duck murmurou. Ele se sentou em um banquinho da loja, olhando para todos nós cinicamente. — O fodido maricas pensa que talvez o verdadeiro amor vai conquistar tudo, e então ela vai subir na sua moto e eles vão embora para o céu com um arco-íris, enquanto todos nós jogamos pétalas de rosa para eles.

Puck bufou, rapidamente transformando em uma tosse.

— Só porque você é velho não significa que você pode falar assim comigo, — eu disse a Duck, a minha voz como gelo. Ele deu de ombros.

— Digo como eu vejo, — disse ele. — Faça o que fizer, vamos fazer isso logo. Se você quer que isso vá até o fim, está bom para mim. Basta entrar em movimento, porque eu estou com fome. Se ela tentar atirar em você ou não, aquela comida que ela está cozinhando ainda terá bom gosto.

— Jesus, Duck, — Painter murmurou. Então, ele chamou minha atenção. — Se isso for realmente acontecer, eu deveria pegar Melanie. Ela está lá em cima, e eu não sei o que London está planejamento fazer sobre suas coisas de testemunha. Nós não precisamos dela vendo esta merda. Não há mais danos colaterais do que o necessário, certo chefe?

— Vai buscá-la, — disse eu. — Leve ela para jantar e ver um filme, ou algo assim. Faça um encontro. Isso vai ser um bom álibi para ambos se alguma coisa acontecer. Eu vou te manter atualizado e se as coisas forem para o inferno, você pode deixar ela com uma das meninas, está bem?

— Sim, — disse Painter. — Vou levar ela para sair e então colocá-la em segurança, uma vez que você esclarecer tudo. Boa sorte, Pic. Espero que tudo dê certo.

Ele se inclinou e me deu um abraço áspero. Eu bati em suas costas, e o resto de nós nos estabelecemos para assistir enquanto ele dirigia sua moto ao redor do lado de trás da colina, estacionando na calçada como se ele tivesse vindo diretamente da cidade.

— Então, você encontrou alguma coisa interessante na bolsa dela, além daquela arma? — eu perguntei a Bam.

— Bem, há o telefone que eles estão usando para falar com ela, mas isso não é nada novo.

— Ainda estou fodidamente chateado com isso, — Ruger murmurou. — Não deve ser tão difícil de decifrar o bastardo, mas ainda não fui capaz de tocar nele. Ninjas ou algo assim.

Apesar de tudo, eu tinha que sorrir. Ruger não estava acostumado a ser espancado pela tecnologia.

— Finalmente encontrou seu oponente, — Duck grunhiu, sua voz satisfeita. — Eu continuo te dizendo, nós não podemos apenas contar com merda eletrônica para nos cobrir. Nada como intel humano combinado com o poder de fogo real. Bate um de seus bichinhos a qualquer momento.

— Sem os meus bichinhos, não teríamos ideia de em que estamos caminhando, — disse Ruger. Duck revirou os olhos.

— Você ainda não tem ideia, — ele murmurou. — Nós sabemos que ela tem uma arma em algum lugar e temos certeza que ela está planejando atirar em Pic. Tem alguma coisa a ver com aquela criança dela. Difícil saber mais sem escutar ambos os lados da conversa, mas não importa realmente. Não descobrimos uma coisa sobre o cartel de novo ou útil em tudo isso, e eu aposto que ela não pode nos dizer merda nenhuma, também. Isso vai da atividade secundária – o evento principal está em Cali, não aqui.

— Nós sabemos que eles querem Pic morto, — disse Ruger.

— Sim, porque isso é uma grande merda de surpresa, — disse Horse. — E eu que pensava que eles o amavam, até este ponto. Quem sabia?

— Idiota.

— Imbecil.

— Cristo, vocês são como crianças de dois anos, — eu murmurei, olhando para ele e Ruger. — Você precisa de uma porra de tempo?

— Painter está dentro, — Gage disse calmamente. Nós assistimos nas pequenas telas, enquanto ele subia as escadas para falar com Melanie, que aparentemente precisava de algum tempo para ficar pronta. Isto não era uma grande surpresa para mim, já que eu criei duas filhas. Painter desceu para a cozinha e conversou com London, enquanto Mel se arrumava, então a guiou suavemente para fora da casa para sua moto.

— Eu acho que Painter tem uma quedinha, — disse Horse. — Isso não é doce? Todos nós devemos felicitá-lo por isso, para que ele saiba claramente que estamos torcendo para ele. Ele vai adorar isso.

Puck bufou novamente.

— Cale a boca, prospecto, — disse Duck. — Fique na sua.

— Vou levar isso como minha sugestão, — eu disse, esfregando a parte de trás do meu pescoço. — Horse? Você vem comigo, junto com Puck e Bam. Ruger, eu quero que você fique de olho nas coisas até que nós terminemos com ela. Então vá até a casa e tire tudo. Hoje a noite. Sem mais porra de câmeras em minha merda. E eu quero todos prontos para sair para Portland pela meia-noite, me entendeu? Não vamos facilitar as coisas para os desgraçados se eles estão nos espionando.

— Tudo bem, — disse Ruger. — Quanto mais cedo conseguirmos, melhor. Fazemos nosso movimento antes que alguém nos Devil’s Jacks decida que não quer jogar conosco.

— Improvável. Eles estão ferrados, — eu disse. — Nós também, pensando bem. É isso, irmãos – nós ou batemos esse cartel sugadores de pau agora ou nos preparamos para começarmos a seguir suas ordens. Não há muito no meio disso.

Pela primeira vez, nem Horse nem Ruger tiveram uma piada.

 

 

 

— Pronto para uma cerveja? — perguntou London brilhantemente quando ela abriu a porta para mim. Eu estudei o seu rosto para uma dica de alguma culpa, evasão... Inferno, mesmo hostilidade.

Nada. Ela era como uma bonita boneca inflável atravessando os movimentos. Completamente desconectada.

— Obrigado, querida, — eu disse, estendendo a mão e pegando a parte de trás do seu pescoço, puxando-a para um beijo. Ela não respondeu, o que não era exatamente uma surpresa, dada as circunstâncias.

— Eu tenho chilli cozinhando, e um pouco de pão de milho, — ela me disse quando eu a deixei ir. — Por que você não fica confortável na sala de jantar? A comida estará pronta em breve, eu vou trazê-la para você.

Quando ela me levou para a mesa, eu decidi que nunca houve um assassino mais incompetente na história. Eu realmente não tinha acreditado que ela estava deliberadamente trabalhando com o cartel desde o início, mas agora eu tinha provas. Ninguém sabia que o que eles estavam fazendo seria tão estúpido como isso.

Ela tinha colocado uma revista para mim na frente da cadeira na cabeceira da mesa. De costas para a cozinha – isso não era conveniente? Dessa forma, ela só poderia andar até mim e atirar na minha cabeça.

— Eu só vou verificar o pão de milho, — disse ela, sem encontrar meus olhos. Vi quando ela se afastou. Porra. Acho que tinha sido muito bom para ser verdade.

Desculpe, baby, Heather sussurrou.

Sim, que seja.

Agarrei minha revista e dei a volta para o outro lado da mesa. Conhecendo minha sorte, ela largaria o revólver e iria atrás de mim com um rolo. Nunca vire as costas para uma mulher com uma arma - eu aprendi isso com Heather. Pensando nisso, ela tentou me matar pelo menos três vezes ao longo de nosso casamento... Naturalmente, só uma delas era séria.

Dez minutos depois, London voltou para a sala de jantar, algo pesado puxando para baixo um lado de seu suéter. Cristo, mas ela era sem noção. Teria sido engraçado, mas era bastante difícil rir quando a mulher que você ama tenta te matar.

Ama?

Agora isso era, provavelmente, levar um pouco longe, pensei. Mas tudo o que eu sentia por ela estava um passo acima de luxúria. Droga, porque essa era uma arma em seu bolso, e a partir do olhar determinado em seu rosto, ela estava definitivamente planejando usá-la contra mim. Eu decidi jogar uma Ave-Maria de qualquer maneira.

— Algo que você quer falar? — eu perguntei a ela. Sua boca torceu enquanto ela mordeu o lábio, claramente assustada ao me encontrar em um lugar diferente de onde ela me deixou. Sim, porque eu sempre fiz o mais fácil possível para que as pessoas me matassem. Eu sou bondoso dessa forma.

Última oportunidade, London.

— Não, — ela disse baixinho, enfiando a mão para baixo no bolso com a arma. Ela me pegou olhando, e seu rosto, na verdade, ficou branco.

— Babe, você parece como se pudesse usar um dia de folga, — eu disse a ela, me perguntando se havia uma maneira de chegar até ela. Não podia decidir como eu me sentia sobre isso... Duck tinha razão. Eu queria que as coisas tivessem um final feliz, para ela cair em meus braços e me deixar assumir e resolver tudo. Mas eu estava também fodidamente chateado, porque eu já não podia negar que esta mulher realmente queria me matar. Difícil não levar isso pro lado pessoal. — Você já pensou em ir ao spa? Talvez fazer uma massagem?

— Isso custa muito caro, — disse ela automaticamente. Olhei para ela, me perguntando como uma pessoa inteligente pode ser tão estúpida. Fale comigo, antes que seja tarde demais.

— Eu não estava sugerindo que você pagasse por isso.

— Eu não quero o seu dinheiro...

— Sim, eu sei, você é totalmente independente e você gosta desse jeito. Blá, blá. Apenas me deixe fazer algo por você, por uma vez.

Parecia que ela poderia vomitar, em seguida, seus olhos começaram a ficar vermelhos. Lágrimas. London sabia que o que ela estava prestes a fazer era errado, e ela sabia que não queria fazer... mas ainda não ocorreu a ela pedir ajuda. Eu entendo que ela tinha que proteger Jessica - eu faria o mesmo por Em ou Kit. Eu mesmo entendo que ela estava confusa e assustada. Mas o que realmente era uma droga nesta situação era que ela não confiava em mim para salvá-la.

Se tivesse sido nada além de sexo para ela?

Não. É hora de encarar a realidade. Eu era apenas um booty call17 para ela, provando de uma vez por todas no inferno que o carma é uma puta. E assim era London.

Porra.

— A comida não estará pronta antes de dez minutos. Você parece tenso. Quer uma massagem no pescoço? — ela começou a caminhar ao redor da mesa para mim, claramente planejando explodir o meu cérebro. Agora eu senti uma onda de fúria bater. Como se atreve esta vadia me usar para o sexo e, em seguida, tentar atirar em mim na minha própria casa? Eu teria feito qualquer coisa para ajudá-la, mas ela não conseguia nem se preocupar em perguntar.

— Eu acho que você deve ficar para trás. — Caso contrário, eu poderia te estrangular.

— O que você quer dizer?

— Bem, eu odiaria tornar isso muito fácil para você, querida.

Ela sorriu fracamente. Eu queria bater esse sorriso direto para fora do seu rosto mentiroso

— Eu não entendi.

Sim. Você entende. E agora você vai entender o que significa ter medo.

— Eu estou supondo que você está planejando atirar em mim na parte de trás da cabeça, — eu disse, me forçando a manter a calma. — Isso é uma má ideia. Você atira tão perto, você vai estar toda coberta de manchas de sangue. Significa que você correrá o risco de arrastar mais provas para fora da casa ou tomar tempo para limpar. De qualquer maneira, complica as coisas.

Isso é claro o suficiente para você, sua puta?

Ela puxou a arma lentamente, levantando-a com cuidado para apontar para a minha cabeça. Pequena idiota. Uma arma como essa não era exatamente uma arma de sniper18. Mesmo nessa faixa estreita, ela deve estar indo para o maior alvo - meu peito.

— Vá em frente, faça isso, — eu disse, sorrindo para ela. Eu queria assustá-la. Machucá-la. Fazê-la pagar por não confiar em mim... — Me mostre do que você é feita.

— Eu sinto muito, — ela sussurrou, e aquelas lágrimas crescendo em seus olhos começaram a derramar para fora, correndo por suas bochechas. Atrás dela, vi Horse aparecer calmamente, esperando. Puck e Bam Bam estariam na cozinha, e eu sabia que eles iriam fazer o que eu precisava e inclusive eliminar o corpo de London para mim. — Você nunca vai saber o quanto eu desejo que isso não estivesse acontecendo.

— Então não faça, — eu disse a ela, pegando e segurando seu olhar, porque eu sou um maldito idiota. Mesmo agora eu a perdoaria se ela só abrisse a boca e me contasse o que estava acontecendo. Confiasse em mim. — Seja o que for, podemos resolver. Eu vou te ajudar

— Você não pode...

Eu suspirei, porque era isso. Acabou. Maldito desperdício tentando me conectar com uma mulher. Heather tinha sido uma em um milhão - eu já tive minha vez.

Foda-se.

Eu dei a Horse uma levantada do meu queixo, deixando ele saber sem palavras que eu tive o suficiente dessa merda. London teria que pagar pelo que tinha feito, o que era simplesmente muito ruim. Isso é o que você ganha por tentar matar o homem que você está dormindo.

— Acabou, meu bem, — disse Horse. Eu vi choque por todo o seu rosto, mas eu tinha que admitir, a cadela tinha coragem, porque ela puxou o maldito gatilho.

Suspirei novamente quando Horse alcançou em torno da mulher que eu tinha me apaixonado, agarrando o pulso e apertando duro quando ele a jogou sobre a mesa – rosto primeiro. London deixou cair a arma, chorando abertamente. Me levantei e caminhei até ela, deixando cair para baixo em meus quadris para estudá-la. Seus olhos pegaram os meus, plena expressão de dor e desespero.

Apropriado, porque ela estava bem e verdadeiramente fodida.

— Você realmente iria se beneficiar de uma das classes de arma para baixo na loja de arma, — eu disse a ela calmamente. — Apreender todos os tipos de coisas boas lá. Por exemplo, eles a ensinariam a verificar e se certificar de que ninguém está adulterando sua arma quando ela está longe de você. Eles também iriam te ensinar a verificar e se certificar de que está carregada.

Ela fechou os olhos e mordeu o lábio.

Eu sou um bastardo doente, porque a visão dela deitada nessa mesa, presa e chorando? Isso deveria ter me incomodado. Me excitou, no entanto. Mesmo agora, eu queria transar com ela.

— Você vai me matar? — perguntou ela, com a voz um sussurro rouco. Horse me lançou um olhar, e eu considerei a questão.

— Ainda não decidi, — eu finalmente admiti. — Primeiro vamos conseguir informações de você. Eu sugiro que você coopere, porque senão vamos ter que te convencer, e o fato de que você esteve na minha cama não vai te ajudar a sair dessa.

Ela fechou os olhos e balançou a cabeça. A vida tinha saído dela completamente... Mas só quando eu me perguntava se ela iria rolar e morrer, ela os abriu, se obrigando a retomar.

— Você precisa saber alguma coisa, — disse ela em voz baixa.

— Sim? — eu perguntei, esperando que ela começasse a falar sobre o amor ou alguma outra besteira, tentando salvar sua bunda.

— Eles têm Jessica.

— Sim, nós meio que percebemos isso, — eu disse a ela, minha voz seca. — Me perdoe se eu não dou a mínima. Eu não me importo do por que uma pessoa tenta me matar. Eu sou tudo sobre o resultado final.

— Jessica vai morrer se ela não conseguir ajuda, — disse ela, ignorando o meu sarcasmo. — Tipo, uma ajuda nas próximas 24 horas. Ela tem um shunt19, Reese. Ela nasceu com hidrocefalia.

— Que porra é essa? — perguntou Horse, franzindo a testa para mim.

— Água em seu cérebro, — disse London. — Seu fluido cerebrospinal não drena direito, o que significa que ela tem um pequeno tubo que funciona abaixo de seu crânio através de seu pescoço para drenar o líquido. Se esse tubo fica bloqueado ou infectado, ela está morta. Traumatismo craniano é particularmente perigoso para pessoas com shunts - eu os assisti jogá-la no chão. A cabeça dela bateu no concreto e, em seguida, ela teve uma convulsão. Eu sei que eu errei, e foi errado tentar atirar em você, Reese. Mas, por favor, se você tiver qualquer misericórdia em tudo - por favor, tente encontrar uma maneira de ajudá-la. Acabou para mim e eu estou bem com isso, mas você tem crianças. Você faria qualquer coisa para mantê-las vivas, não é? Por favor...

Com isso, ela pareceu dobrar sobre si mesma. Olhei para Horse.

— Você sabe sobre isso? — ele perguntou.

— Sabia que a garota tinha problemas médicos, não os detalhes, — disse eu lentamente. — Contas surgiram na verificação de antecedentes. Esta merda de shunt é notícia nova, no entanto. Porra, London - por que diabos você não me disse que ela tinha um tubo na cabeça?

— Jessica não gosta que as pessoas saibam, — ela sussurrou, sua voz miserável. — Ela diz que faz ela se sentir como uma aberração, por isso, nós não falamos sobre isso.

— Nada disso importa, — Puck disse, entrando na sala.

— Como você sabe?

— Acabou para sua namorada. Nós todos sabemos – é uma droga para a garota, mas não há nada que possamos fazer por ela. Você não pode deixar ela chegar até você.

— Você é um filho da puta frio, não é? — perguntou Horse. Puck deu de ombros.

— Prático. É o que é. Você não pode deixar a mulher que tentou matar o presidente dos Reapers MC fugir.

Horse e eu trocamos olhares rápidos. London ficou em silêncio.

— Vamos te levar para fora daqui, — Horse disse finalmente. — Descobrir o que fazer com ela de volta no Armory - nós nem sequer sabemos o quão útil ela pode ser para nós ainda. Queimar uma ponte de cada vez, irmão.


Capítulo Quatorze

 

LONDON

 

Alívio.

Isso é o que eu senti, mais do que qualquer outra coisa.

Eu acho que eu deveria ter medo, talvez chorar e implorar por misericórdia. Em vez disso, eu queria chorar de alívio apenas porque finalmente acabou. Jessica ia viver ou morrer, mas não havia uma maldita coisa que eu poderia fazer sobre isso neste momento.

No instante em que puxei o gatilho, eu sabia que eu tinha feito o pior erro da minha vida. Dizem que Deus mostra misericórdia a bêbados e tolos. Isso eu acreditava, porque, apesar da minha determinação, a arma não disparou. Eu não tinha certeza do por que e eu não me importava - se eles me matassem, que assim seja.

Foi uma percepção estranha. Reese e eu não tínhamos estado juntos nem por uma semana completa. Eu realmente não sei que tipo de homem ele era, em última análise. Mas eu sabia que tinha pessoas que o amavam. Ele tinha sido louco por sua esposa, ele criou duas filhas sozinho, e ele tinha me protegido com sua própria vida.

Eu não tinha justificativa para atirar em Reese Hayes, não importa o que estava em jogo. Ponto.

Seja o que Deus quiser.

Durante o curto passeio para o Armory eu derivei, pensando sobre tudo e nada... Eles me empacotaram na parte de trás da minha própria van, que eu suponho que teria que desaparecer junto com o meu corpo. Eu me perguntava como eles explicariam as coisas para os meus funcionários, então percebi que realmente não importava. Nenhum deles sabia algo que poderia deixá-los em apuros. Eles só teriam que encontrar novos empregos.

Pelo lado positivo, a caça de trabalho raramente era fatal.

Horse e Bam Bam me levaram, com Gage no banco de trás do meu lado. Eles haviam algemado minhas mãos na frente do meu corpo, o que foi bastante atencioso, dada as circunstâncias. Eu meio que esperava um saco de serapilheira na cabeça antes de ser enfiada em um porta-malas. Isso parecia luxuoso, considerando todas as coisas.

Depois do que pareceu horas e ainda nenhum momento em tudo, nós paramos no Armory e abriram o portão para o pátio do fundo. A luz do sol pálido mostrou uma imagem muito diferente do que tinha sido a última vez que estive aqui. As mesas tinham sido postas de lado, e em vez de pessoas rindo, um círculo sombrio de homens vestindo coletes dos Reapers estavam esperando por nós.

Reese não estava entre eles.

Eu optei por não encontrar os seus olhos quando Gage abriu a porta e me pegou pelo braço, me arrastando para fora do meu assento. Ele me empurrou duramente do outro lado da calçada em direção a uma escada em desnível na parte de trás do edifício - a entrada do porão, levando para trevas.

Você sabe, eu estava nervosa na primeira vez que eu entrei no Armory. É um lugar intimidante e os homens são ásperos e assustadores. Agora eu fiquei esperando pela dormência e o medo se estabelecer.

Nada.

Eles me empurraram ao longo de um corredor estéril, mal iluminado revestido de concreto com portas que pareciam celas de prisão. Uma delas estava aberta, e eu vi uma pequena cama com colchão um pouco desagradável. Definitivamente uma cela de prisão. Eu imaginava o que foi que aconteceu com a última pessoa lá dentro, então decidi que eu realmente não queria saber.

Eu tentei fazer a morte rápida para Reese, e o mais simples possível. Eu só podia rezar para que ele fizesse o mesmo por mim.

Gage me empurrou por uma porta mais para baixo do corredor. Duas luzes simples funcionavam suspensas por ganchos enferrujados no teto. Uma corda pendurada para baixo, também - tinha sido amarrada através de um anel de metal parafusado em um feixe de apoio maciço. Gage me cutucou para frente, enrolando a corda em torno da corrente entre as algemas.

Bam Bam pegou do outro lado e puxou, esticando os braços para cima e sobre a cabeça. Merda - iam me pendurar no teto? Eu tinha acabado de atingir o ponto de desconforto quando ele parou. Bam amarrou à corda para outro círculo aparafusado à parede. Horse me olhava o tempo todo, como se ele esperasse que eu dissesse alguma coisa. Eles estavam esperando que eu pedisse misericórdia?

Eles estariam esperando por um tempo. O pensamento me fez sorrir, e Gage finalmente quebrou o silêncio.

— Você está em alguma coisa?

Eu olhei para ele, assustada. — O que você quer dizer?

— Você está calma demais, — disse ele lentamente. — Será que você tomou alguma coisa? Se você está prestes a ter uma overdose, me diga. Se afogar em seu próprio vômito não é o caminho que você quer ir.

Eu balancei minha cabeça.

— É só que isto é um grande alívio, — disse eu. Seu rosto mostrava a primeira emoção que eu tinha visto. Surpresa. Isso me pareceu engraçado, e eu comecei a rir - não suave, digno de ruído. Estes eram reais, risadas genuínas de barriga. O tipo que você cospe a sua bebida fora de seu nariz, porque pega de surpresa total, e, em seguida, seus amigos tiram sarro de você e todo mundo pega e vocês estão todos rindo como loucos. Você sabe do que eu estou falando.

Mas esses homens não eram meus amigos e eles não estavam tirando sarro de mim. Eles estavam olhando para mim como se eu tivesse perdido minha mente. Talvez eu tivesse.

— Cristo, ela está caindo aos pedaços, — alguém resmungou. Isso foi ainda mais engraçado. Eu bufei de novo, então sufoquei um pouco sobre minhas próprias risadas. Eu ri tanto que minha garganta doía e lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Uma parede de água fria me bateu, me chocando em silêncio.

Eu balancei a cabeça, piscando rapidamente. Reese ficou em frente de mim, um balde vazio em suas mãos. Seus olhos estavam frios e havia tanta tensão enrolada em seu corpo que eu podia senti-la, como a eletricidade crepitando no ar durante uma tempestade.

O balde caiu no chão com um barulho de solavanco, e ele chutou para fora de seu caminho.

— Cale a boca.

Com os olhos arregalados, eu calei a boca porque este era Reese, mas não um Reese que eu já tinha visto. Esse não poderia ser o mesmo homem que tinha rido comigo, feito amor comigo...

Eu não conseguia encontrar o meu Reese no rosto deste homem.

Naquela primeira noite no Armory, ele me assustou. Então eu tinha me apaixonado por ele, e enquanto meu cérebro lembrava que tinha escuridão dentro, meu corpo me convenceu que não era verdade. Agora eu percebi que eu nunca tinha visto o real Reese em tudo - eu só vi indícios de sua verdadeira capacidade.

Deus Santo.

Esta era a realidade de Reese Hayes, e era mais escura do que eu imaginava.

Ele me aterrorizava.

Inexpressivo, Reese deu um passo em minha direção, descendo e, lentamente passando os dedos em torno do punho da grande faca de caça que ele usava amarrada em sua perna. A coisa era enorme, e tinha me assustado a primeira vez que a vi. Então eu tinha me acostumado a vê-la e se tornou apenas mais uma parte dele.

Aparentemente, a parte que ele usava para matar pessoas.

A lâmina brilhava perversamente quando ele trouxe para cima, testando a borda com o polegar.

— Você vai me matar, — eu sussurrei, sentindo meu próprio envoltório de mortalidade em torno de mim como um cobertor sufocante.

Ele não respondeu. Não. Apenas começou a andar atrás de mim, circulando fora da minha linha de visão. Olhei para os outros homens, me perguntando se eles iram pará-lo ou dizer qualquer coisa, mas os seus olhos estavam mortos, e eu vi o meu próprio fim claramente refletido de volta para mim. Um desses Reapers iria enterrar o meu corpo hoje à noite. Ninguém jamais saberia o que aconteceu comigo, e eu nunca iria saber o que aconteceu com Jess, tampouco.

— Você vai esperar até descobrir se ela está viva? — eu perguntei hesitante.

— Não é a hora de estar pedindo favores, querida, — disse ele com ênfase tranquila. De repente, ele pegou meu cabelo, empurrando minha cabeça para trás duro e rápido. A faca brilhou, e então senti a lâmina cavando em minha garganta. Uma linha de fogo cruzou o meu pescoço. Era isso. Reese Hayes estava prestes a cortar minha garganta.

Esperei para morrer, o som de sua respiração dura no meu ouvido. Então ele riu.

— Você não vai escapar tão facilmente, cadela.

Foi aí que eu percebi que ele não tinha cortado minha traqueia... A lâmina ainda pressionada na minha garganta, e eu senti um leve fio de sangue no meu pescoço. Ele me cortou, mas não muito. Apenas o suficiente para separar a pele.

— Agora me diga tudo, — ele sussurrou. — Não deixe de fora qualquer coisa, se você acha que é importante ou não. Entendeu?

Eu comecei a acenar e ele puxou meu cabelo para trás violentamente.

— Má ideia acenar quando você tem uma faca em sua garganta, — Horse disse casualmente de toda a sala. — Você iria querer ser um pouco mais cuidadosa em seus movimentos agora, London. É só uma sugestão.

— Sim, — eu disse, minha voz tão rouca que ela saiu como um coaxar. Limpei a garganta, em seguida, tentei falar novamente. — Hum... você sabe que Jess ficou com raiva de mim e foi com sua mãe, Amber? Bem, o cara que estava vivendo com Amber está segurando Jess prisioneira. Você já sabe que ela estava com medo dos homens na casa de Amber e me disse que queria voltar para casa. Isso foi quarta de manhã. Então minha casa explodiu na noite de quarta, e você me trouxe para a sua casa.

Os dedos de Reese apertaram no meu cabelo duro o suficiente para que eu me perguntasse se eu teria algum sobrando em um minuto. A faca deslocou dolorosamente.

OhmeuDeusohmeuDeusohmeuDeus!

— Então você sabe sobre isso, — eu continuei, quase grata pelas algemas segurando meus pulsos. Eu não tinha certeza de que poderia ter ficado em pé sem o apoio delas. — Na manhã seguinte, eu liguei para Jess e ela disse que tinha mudado de ideia. Isso foi em seu quarto, lembra? Olhando para trás, acho que já tinham levado ela. Ela não soava como si mesma, algo estava fora. Naquela noite, eu vim aqui para a festa... — Reese rosnou, baixo e profundo em sua garganta. Ele me puxou para o seu corpo, ainda segurando a faca no meu pescoço, e eu senti seu pênis endurecer contra a minha bunda. Deve ter se lembrado do nosso tempo juntos no pátio.

Uma sugestão de desejo construiu entre as minhas pernas, e eu me perguntava o quão mais torcido meu desejo por ele poderia ser. Ele me fez sentir livre, aventureira... acho que o senso de aventura correu mais profundo do que eu percebi se eu podia ficar excitada por ele segurar uma faca no meu pescoço.

No caso improvável de que eu realmente conseguisse sair viva daqui, eu realmente precisava procurar por algum aconselhamento sério. O pensamento me pareceu engraçado, e uma risada escapou. Ninguém riu - acho que eles não conseguiam apreciar o humor?

— Sua besteira de sonhar acordada só é bonita nos dias que você não tentou me matar, — Reese murmurou em meu ouvido. — Fale, porra ou eu vou te cortar.

Engoli em seco, me forçando a me concentrar.

— Então, na manhã seguinte, as meninas me convidaram para sair com elas e fazer pedicures. Isso foi sábado. Tivemos um bom tempo e almoçamos depois. Então eu saí porque eu precisava chegar ao trabalho. Voltei para minha van e a janela da frente estava aberta. Havia um envelope sobre o banco e eu o abri. Havia um telefone, o mesmo que vocês provavelmente encontraram na minha bolsa. É preto.

— Não lhe ocorreu que talvez abrir um envelope estranho era uma má ideia? — perguntou Bam Bam, a voz casual. — Sua casa já havia explodido, e então você descobre que alguém esteve no seu carro? Não é realmente brilhante, London.

— Sim, você tem razão, — eu disse, mordendo de volta a vontade de rir novamente. Deus. O que havia de errado comigo? Oh sim... morte iminente... — Não é inteligente em tudo, mas mesmo assim eu fiz. Eles me enviaram um pedido de vídeo chat, e eu atendi. Jess estava lá e eu falei com ela, e então eles a agarraram e cortaram um de seus dedos enquanto eu observava.

A respiração de Reese vaiou no meu ouvido, e pela primeira vez eu vi a expressão cuidadosamente em branco no rosto de Horse quebrar um pouco. Ele parecia... com nojo?

— Então, eles cortaram o dedo e me disseram que eu tinha que tirar fotos de documentos que encontrasse na casa de Reese, — eu disse lentamente. — Eles me disseram que a matariam se eu não fizesse, e eu acreditei. Eu acho que eles poderiam ter feito isso já... Eles não se preocupam em machucá-la, e eles não têm ideia do que estão lidando. Ela não é uma criança normal, pelo menos não medicamente. Não com esse shunt na cabeça dela. Outras coisas não estão muito certas com ela, também - o cérebro não processa causa e efeito corretamente. Efeitos de drogas fetais. Amber usava um monte de drogas enquanto ela estava grávida, então Jess chegou mais cedo e passou meses na UTI no Sacred Heart. Nós nunca vamos saber se a hidrocefalia está ligada a isso...

— Deveria ter me dito, — disse Reese entre dentes. — Deveria ter me dito sobre a merda médica de Jessica, deveria ter me falado que alguma coisa estava errada. Te dei muitas chances.

— Porra, London, — Gage disse, balançando a cabeça. — Por que diabos você não veio para nós?

— Eu mal conheço vocês, — eu disse, e pela primeira vez, senti algo que não era dormência ou medo. Raiva. — Por que diabos eu viria falar com vocês? Homens loucos têm a minha prima e ela está em perigo, e tudo que eu realmente sei sobre vocês é que vocês fazem grandes festas e todo mundo diz que vocês são criminosos.

— É bom saber que o nosso tempo juntos significava tanto para você, — Reese sussurrou, e eu nunca ouvi tanta ameaça na voz de um homem antes. Mas seu pau ainda estava duro contra mim e meus mamilos apertados em resposta.

Aconselhamento fodidamente sério.

Primeira coisa na minha lista de coisas a fazer, logo depois de não morrer neste porão.

— Pense nisso na minha perspectiva, — eu disse, tentando manter minha voz calma. — Eu não te conheço muito bem. A vida dela está em jogo. Você arriscaria a vida de Em com base em um relacionamento que tem apenas uma semana?

Fez-se silêncio, tão terrível que eu realmente ouvi o meu próprio coração.

— Babe, eu não correria o risco de deixar você limpar um fodido toilet neste momento.

— Isso está saindo do assunto em questão, — Horse murmurou. — Pic, se segure. Temos que descobrir a situação, então você pode lidar com ela, irmão. Me entende?

— Sim, — disse Reese. Ele soltou meu cabelo de forma abrupta, o que me assustou pra caralho, porque a liberação repentina empurrou minha garganta mais profundamente na faca. Em seguida, a faca se afastou, e sua mão em volta da minha garganta em vez disso, grandes dedos me pegando sob a mandíbula e empurrando minha cabeça para trás em seu ombro.

Agora eu senti todo o comprimento do seu corpo atrás de mim, seguro em seus braços. Como esse poderia ser o mesmo homem que havia me segurado antes? Eu me sentia tão segura em seus braços. Agora, tudo o que eu sentia era terror.

Terror e luxúria profana.

— Então, o que isso significa em termos deles segurando Jessica? — perguntou Bam Bam, com a voz tensa. — Ela precisa de medicamentos especiais ou algo assim?

— Não, — eu sussurrei. — Mas ela é muito vulnerável a infecções e traumatismo craniano. Se aquele shunt for danificado, vai levá-la para morte rapidamente. Ela não pode ser tratada asperamente, é muito perigoso. Eu fiz o que eles disseram. Eu procurei tanto na casa quanto pude, apesar de eu não encontrar nada.

— Nós sabemos, — Reese me disse, apertando a sua mão até que eu mal podia respirar. — Vimos você.

Fechei os olhos com força. Deus. Eu tinha sido tão estúpida.

— Vocês sabiam o tempo todo?

— Nem todos os detalhes, — disse Gage, sua voz suave. — Mas nós sabíamos que você estava trabalhando para eles. É por isso que você tinha Puck com você.

— Eu acho que não é uma grande surpresa, — eu admiti. — Tudo parecia errado, eu não parava de pensar que vocês sabiam. Não que isso importe. Eu não consegui encontrar nada para eles, e, em seguida, eles me ligaram de novo hoje. Eu conversei com Jessica, e depois eu os assisti jogá-la para baixo sobre um piso de concreto. Ela bateu com a cabeça e começou a ter uma convulsão. Ele me disse que eu tinha que matar Reese ou ela ia morrer. Se ele morre, eles vão despejá-la em um pronto-socorro. Então, eu tentei matá-lo.

— Você já viu seus rostos no vídeo? — perguntou Reese, sua voz como gelo.

— Não, eles apenas me deixam ver Jess.

— De onde você tirou a arma?

— Eles me deram um endereço e eu dirigi até lá usando o GPS no meu telefone. Norte de Hayden. Isso acabou por ser o meio de um campo, e um homem me encontrou lá. Ele me mostrou como usar a arma. Eu não descobri o seu nome ou qualquer coisa.

— E então?

— Então eu fui para Nate.

O ar na sala se alterou. Ameaça súbita irradiava de Reese, e sua mão apertou com tanta força na minha garganta que eu não conseguia respirar e minha visão começou a nadar com pontos pretos.

— Solte ela, — Horse de repente disse. — Você vai machucá-la, Pic.

Eu me contorci, desesperada por ar.

— Foda-se, — Bam Bam disse, sua voz urgente. — Pic, deixe ela ir porra. Você não quer fazer isso, mano. Acredite em mim.

Reese me soltou, se afastando quando eu desmoronei para baixo nas algemas. Engoli em seco por oxigênio, a visão desfocada quando Reese andou em torno de mim, jogando a faca para frente e para trás entre suas mãos. Ele não estava olhando para mim, no entanto. Não, ele olhou para seus irmãos do clube como uma força da natureza.

— Saiam, — disse Reese, as palavras suaves e calmas e mais aterrorizante do que qualquer coisa que eu já ouvi na minha vida. — Ou eu vou matar vocês.

— Porra, irmão... — Gage começou. Reese balançou a cabeça lentamente.

— Não estou jogando jogos, — ele disse. — Saiam. Minha mulher, meu negócio.

Horse inclinou a cabeça, os olhos avaliando. Então ele deu um aceno de cabeça apertado e saiu da sala. Bam Bam seguiu, batendo a mão com força na parede quando ele passou pela porta. Gage ficou, nos estudando.

— Não a mate, — disse ele. — Você vai se arrepender. Vá embora.

— Última chance, — disse Reese, as palavras calmas e frias. Gage suspirou e deu um aceno afiado.

Então ele saiu, me deixando sozinha com um louco.

Ele se virou e nossos olhos se encontraram. Eu procurei o dele, tentando identificar o que eu vi lá. Ódio? Raiva? Talvez a raiva ou traição?

Nenhuma dessas palavras foram fortes o suficiente para descrever o ar de ameaça fria preenchendo o espaço entre nós. Ameaça, mas também um lampejo de consciência. Havia algo quebrado na minha libido, eu decidi. Eu não devia ficar excitada por isso. Nem um pouco. Ele começou a andar para mim, levantando a faca e tocando o lado da lâmina para um lado do rosto.

— Você foi para Nate.

Fechei os olhos e engoli em seco.

— Eu não queria te matar, — eu sussurrei. — Tinha ido longe demais. Procurar de papéis é uma coisa, mas atirar em um homem é outra.

— No entanto, você apontou uma arma para mim e puxou o gatilho.

— Isso é por causa de Nate, — eu respondi. Ele baixou a faca e levantou a mão, passando o dedo no meu rosto. Em seguida, ele pegou uma mecha do meu cabelo e, lentamente, enrolou ao redor de seus dedos, até que ele puxou e eu não podia mover a cabeça. Ele se inclinou para frente, roçando o nariz contra minha bochecha e sussurrando em meu ouvido.

— Você transou com ele?

O toque quente de sua respiração enviou uma emoção através de mim, algum tipo de luxúria torcida misturada com medo e adrenalina, e um doente prazer selvagem que ele queria saber, nada fodido sobre isso, certo?

— Não, — eu disse, a palavra rouca. — Eu o encontrei em uma lanchonete. Eu disse a ele o que estava acontecendo, e o que eles estavam tentando que eu fizesse. Em seguida, ele disse que sabia tudo sobre isso e que ele é o único que explodiu minha casa.

— Eu disse que ele não era um cara muito legal, — disse Reese, chupando minha orelha na boca. Eu gemia, e ele torceu a minha cabeça para trás, me forçando a olhar para ele. Sua boca passando como fantasma na minha pele, e ele mordeu meu lábio. Engoli em seco, quase esperando um beijo, mas ao invés disso ele fez outra pergunta. — Me deixe adivinhar, ele é amigo dos caras segurando Jessica e isso foi tudo uma armação?

— Sim, — eu sussurrei. — Ele disse que... Ele disse que teve relações sexuais com Jessica. Deu a ela dinheiro. Melanie me disse que ela tinha um namorado mais velho que comprava coisas para ela. Eu acho que deve ter sido ele. Ele me disse que eu tinha que te matar e que a polícia não podia fazer nada para me ajudar.

— Então, você chegou em casa e tentou atirar em mim?

— Sim.

— Isso foi muito, muito estúpido, — disse Reese, sua voz crescendo dura enquanto ele se afastou de mim. — E agora você vai pagar. Mas você é uma garota de muita sorte, você sabia disso?

— Por quê? — eu perguntei, minha voz um sussurro.

Ele ofereceu um sorriso feroz.

— Porque eu ainda quero te foder.

Mais do que a luxúria doente rasgou através de mim, tudo misturado com medo quando ele levantou a faca. Agarrando o decote da minha camisa, ele cortou lentamente o tecido ao meio, expondo meu corpo e sutiã. Então ele puxou o sutiã para baixo, estalando os meus seios para fora da taça.

Eu vi o pulso batendo em seu pescoço, cheirava a suor com um toque de almíscar. Era confuso e horrível e errado em todos os sentidos, mas eu o queria dentro de mim. Desesperadamente. Essa é a minha única explicação para o que eu fiz em seguida.

Lambendo meus lábios, eu falei, insultando-o.

— Você quer falar ou você quer foder? Porque eu sei qual eu prefiro.

Suas bochechas coraram vermelho escuro e, em seguida, a faca chicoteou para cima, cortando a corda segurando minhas algemas. Eu cai imediatamente, e ele me pegou, me jogando mais ou menos por cima do ombro enquanto ele me carregava para fora da porta. Eu tinha uma vaga impressão de concreto nu, luzes brancas brilhantes, e um Gage mal-encarado quando encontramos a pequena sala com uma cama. Reese bateu a porta atrás de nós com o pé.

Eu bati na cama duramente, batendo o ar diretamente para fora de mim. Então ouvi um chiado, um som chicoteando, e Reese estava apertando as minhas mãos para o topo da cama com seu cinto. Segundos depois, minha calça desceu em torno de meus tornozelos. Suas mãos agarraram meus quadris, os levantando e eu senti seu pau na minha entrada.

Em seguida, seus olhos encontraram os meus e ele rosnou.

Eu gritei quando ele bateu para casa, porque doía e eu estava com medo e me senti incrivelmente bem e meu cérebro simplesmente não funcionou mais. Reese não era um amante gentil sob as melhores circunstâncias, mas isto foi brutal. Ele se acalmou e se preparou em cima de mim com aqueles braços fortes, sorrindo.

Não era um sorriso amigável ou amoroso.

Não. Esse sorriso era um mostrando dentes, e em seus olhos eu vi raiva, pura e simples. Raiva e ódio e algum tipo de profano desejo torcido que cortava ambos de nós, não importa quão doente isso era. Segurando meu olhar, ele se afastou e empurrou novamente, desta vez com mais força. Queimou e eu gritei, mas ele não parou. Eu não queria que ele parasse, também. Eu queria mais - eu queria que ele me prendesse e me enchesse com seu gozo e eu não me importava mais se isso era certo ou errado.

Eu só precisava que essa terrível tensão construindo entre nós quebrasse. Eu precisava dele.

— Isso é o melhor que você pode fazer? — perguntei, rindo quase histericamente. Ele rosnou e meu riso se transformou em um grito quando ele me mostrou que não, que não era o melhor que ele podia fazer. Era apenas o começo, porque Reese começou a empurrar para dentro de mim tão duro que meu corpo quase não podia aceitar. Minhas pernas abertas e meus quadris pressionados de volta para o colchão fino e eu gritei novamente. Eu nunca tive, nunca em toda a minha vida, sentido nada tão incrivelmente bom como a sensação de seu corpo rasgando o meu.

Isso não era sexo - isto era vingança e era perfeito.

Ele bateu em mim sem piedade depois disso, os nossos olhos colados um ao outro, os lábios rosnando. Não houveram beijos carinhosos, não haviam risos lúdicos. Apenas o desejo cru de duas pessoas cujas vidas haviam deixado de funcionar em conjunto da pior maneira possível. Meu orgasmo não construiu devagar e me lavou. Não. Ele bateu em mim, rasgando minha existência até que eu gritei e lágrimas corriam pelo meu rosto.

Reese nem sequer reconheceu o que tinha acontecido.

Ele simplesmente afundou dentro uma e outra vez, dirigindo meu corpo em direção a outra explosão. Acho que minhas sinapses não estavam disparando certo, porque eu sabia que ia ser cru e doloroso após isto. Eu só não me importei. Eu queria ter todo o seu ódio e dor e raiva e ele próprio, porque eu merecia, mas em vez de sofrimento ele só ficava me enchendo e me sentia muito, muito bem também.

Em seguida, ele bateu novamente. Eu explodi, minha mente frágil, quebrando com a intensidade.

Desta vez, ele veio comigo, gemendo dolorosamente quando sua semente quente disparou dentro de mim profundamente. Seus braços tremiam e sua pesada estrutura pairava sobre a minha enquanto eu me encolhia, completamente exausta. Eu tinha usado a minha adrenalina, perdi a ponta de medo em favor da luxúria, e não poderia mesmo me fazer pensar sobre a pobre Jessica. Meu cérebro tinha tido o suficiente, e meu corpo acordou. Reese se afastou de mim sem dizer uma palavra, e eu percebi que não tinha usado um preservativo. Ah bem.

Meu tempo de vida provavelmente não seria grande o suficiente para me preocupar com doenças sexualmente transmissíveis de qualquer maneira.

Eu ouvi o som dele fechando o zíper, e, em seguida, as mãos grandes desceram em torno de mim, puxando a faixa livre, mas me deixando algemada. Ele se virou e caminhou para fora da cela, batendo a mão contra a parede quando ele se foi. A porta fechou e a fechadura soou trancando.

Pisquei na escuridão, tentando descobrir o que tinha acontecido.

Santa. Merda.

Eu não tinha lugar para guardar isso na minha cabeça. Eu não queria pensar sobre o que tinha feito, o quanto eu gostava dele, ou se isso significava alguma coisa. Considerando esta situação com muito cuidado foi assustador, e eu não podia me dar ao luxo de ter medo agora. Não se eu quisesse sobreviver e salvar Jessica.

Meu pragmatismo natural chutou. Eu estava viva. Eu não tinha ideia de quanto tempo isso duraria, mas eu tinha que fazer mais do mesmo. Eu fechei os olhos e comecei a tomar respirações profundas, contando até dez em cada inspirar e expirar. A técnica de relaxamento tinha me servido bem ao longo dos anos, e isso não me falhou naquela noite.

Eventualmente o sono rastejou, trazendo um tipo totalmente diferente de liberação da que eu tinha encontrado com Reese.

 

 

 

O frio me acordou.

Tentei chegar para os lençóis, para puxá-los para cima e sobre o meu corpo congelando. Então eu percebi que não tinha nenhum, porque eu estava em uma cama em uma cela no porão do Armory. Minha camisa e sutiã estavam rasgados, minhas mãos estavam algemadas e os meus jeans molhados ainda estavam dobrados em torno de meus tornozelos.

Fora isso, as coisas estavam ótimas.

Eu rolei de volta, confusa. Eu realmente não tinha esperado ir tão longe. Eu meio que assumi que eu iria dizer a eles tudo e eles atirariam em mim. Fim.

Me encontrar viva me surpreendeu.

Tentei pensar, descobrir qual o próximo passo deveria ser. Nada veio - tudo isso era muito além da minha capacidade de processar com o meu cérebro simplesmente bagunçado.

Nada disso mudou o fato de que eu estava com frio. Talvez eu pudesse fazer algo para corrigir isso?

Levei um par de tentativas para me levantar, porque minhas pernas estavam frias e emborrachadas. Um dos meus pés tinha adormecido, também, o que não era uma coisa tão ruim, uma vez eu peguei o meu equilíbrio. Os choques de formigamento e agulhadas me ajudaram a despertar e aguçar a minha perspectiva. Comecei a puxar as calças para cima, o que era mais difícil do que você pensa, porque aquela coisa fria, molhada, pegajosa fazia as calças jeans tão desagradáveis às vezes.

Meu sutiã era uma causa perdida, mas consegui esticar minha camisa em meu peito. Não era grande, mas era melhor do que apenas sentar toda nua e vulnerável. Eu andei em torno da cela, testando a porta com as mãos algemadas. Ela não abriu - grande surpresa, certo?

Por esse tempo eu estava ficando seriamente com frio. Me sentei na cama e percebi que o que eu pensava ser a capa do colchão era na verdade um cobertor fino, de lã enrolado sobre o colchonete - um daqueles excedentes listrados do exército com três guerras nas costas.

Rastejar sob aquilo não foi fácil, mas eu percebi que a lã podia me ajudar a ficar quente. Teoricamente, lã detém o calor mesmo quando está molhada. Praticamente, ficar encolhida sob um cobertor de lã molhada em um porão era uma merda, e eu estou dizendo isso como uma senhora que tenta não xingar. Meus dentes começaram a bater enquanto eu considerava minhas opções.

Eu ainda não tinha certeza do que fazer com aquele pequeno último episódio com Reese. Eu me senti machucada entre as minhas pernas e suja na minha alma, mas eu não podia negar que tinha sido o melhor sexo que eu já tive na minha vida. Errei, mas eu não acredito em se esconder das situações de vida e morte de verdade, aparentemente o assustador me excitava.

Ou pelo menos elas me excitavam quando Reese estava envolvido.

Vai entender.

Eu acho que eu poderia usar isso para tentar permanecer viva, manipulá-lo de alguma forma - eu tinha terminado tudo sobre o sentimento entorpecido ‘Eu não me importo se eu viver ou morrer’ da noite anterior. Quando a merda bateu no ventilador e Reese sacou aquela grande faca dele, eu tinha muita vontade de viver.

Ok, então descobri isso. Eu não estava indo apenas para deitar e morrer. É bom saber.

Mas o que eu estava disposta a fazer para me manter viva? Ontem eu tinha decidido matar um homem inocente para salvar a vida de Jessica. Isso não tinha terminado tão bem para mim, e eu fui forçada a admitir a verdade. Eu realmente não era uma assassina muito boa. Isso limitou as minhas opções, o que provavelmente era bom.

Então o que eu devo fazer?

A resposta parecia clara. Eu faria tudo o que pudesse para ajudar os Reapers lutarem contra seus inimigos, porque apesar de meu pequeno episódio com Reese, eu sabia quem os verdadeiros bandidos eram. Nate e seus amigos traficantes de drogas no sul. Eles mataram Amber, eles estavam matando Jessica - não já não tivessem, e eles quase me fizeram matar Reese.

Uma faca na minha garganta, seguido por sexo selvagem em um porão não era tão ruim em comparação. Eu tentei matá-lo. Em troca ele me deu dois orgasmos, então eu acho que em alguns aspectos isso conta como uma vitória?

Talvez os Reapers iriam ser capazes de salvar Jessica, embora se eles estariam motivados a tentar era uma questão totalmente diferente. Eu certamente não poderia fazer mais nada por ela neste momento, e os policiais, obviamente, não eram uma opção. Babacas. Se eu tiver muita sorte, Jessica pode viver. Se cooperar com os Reapers levantasse essas chances de qualquer forma, eu consideraria que ajudá-los fosse meu novo objetivo na vida.

E se Jessica morreu?

Bem, então eu gastaria o tempo e liberdade que eu tinha sobrando em caçar os desprezíveis seres que tinham feito isso com a gente. Eu poderia ser uma assassina de baixa qualidade, mas eu era um aprendiz rápida e eu tinha uma suspeita de que Reese seria um inferno de um bom professor.

Parecia loucura?

Provavelmente, mas quais outras opções que eu tenho? Os únicos que não estiveram mentido para mim ou me usaram foram Reese e seus irmãos, e nós compartilhamos um inimigo comum. Guerras foram ganhas com menos, talvez a gente conseguisse fazer algo.

Partindo do princípio de que eles não me matariam primeiro.


Capítulo Quinze

 

REESE

 

— Nate Evans. É sempre um prazer.

Sorri para o meu policial menos favorito, porque uma parte distorcida de mim estava quase aliviada que ele finalmente fodeu as coisas ruim o suficiente para que possamos eliminá-lo. O único e futuro príncipe do departamento de Xerife do condado de Kootenai sentava amarrado a uma cadeira de metal no centro da nossa sala de interrogatório-barra-tortura, o rosto coberto de hematomas frescos.

Não é uma aparência ruim para ele.

Bolt soltou a bandana que amordaçava a boca de Nate, batendo na cabeça dele no processo. O policial idiota tinha parado Maggs por ‘alta velocidade’ uma vez.

Bolt não era um fã dele.

— Você perdeu a porra da sua mente? — Nate perguntou. — Eu sou um policial. Eles vão estar à procura de mim - eles nunca vão parar. Nem mesmo vocês podem sequestrar um oficial e fugir com isso.

— Eu tenho a impressão que Bud vai encontrar evidências de que você estava desviando, e que você fugiu, — eu disse lentamente. — Parece um caso morto para mim. O que você acha?

— Você não pode fazer isso, — disse ele, balançando a cabeça em negação cega. — Minha família vai te destruir. Não é assim que isso funciona.

— Eu acho que é seguro dizer que, hoje, é assim que funciona, — eu disse a ele, sentindo um sorriso aparecer no meu rosto. — Você fodeu com tudo, mas eu tenho boas notícias para você. Você ainda tem uma chance de sair daqui vivo.

Ele balançou a cabeça e cuspiu.

— Você nunca vai me deixar ir, — disse ele. — Você sabe que você está ferrado.

— Mas você disse que eu estava fodido se eu não o deixasse ir, — eu reagi levemente. — Você provavelmente deve trabalhar sobre essas ameaças um pouco. Estas contradições são confusas, e você realmente não pode se dar ao luxo de nos ter ficando frustrados, você pode?

Horse sorriu.

— Eu acho que eu deveria ser o único a fazer isso, — ele me disse. — Eu realmente não tenho nada contra ele. Não pessoalmente, quero dizer. Todos vocês têm muitas razões para querer que ele sofra antes de morrer, então me deixar matá-lo rápido seria realmente a coisa misericordiosa.

Eu dei de ombros.

— Você provavelmente está certo. Você sabe quão desleixado eu fico quando estou chateado, e, em seguida, os prospectos terão uma grande bagunça para limpar.

Horse cuidadosamente tirou o patch, dobrando-o e entregando-o a Bam Bam. Em seguida, ele pegou um martelo e começou a caminhar para Evans, assobiando uma melodia fracamente familiar. Tentei reconhecer...

— The Wheels on the Bus20.

Merda fodida, mas isso é uma espécie do que nós amamos sobre Horse.

Segundos depois, ele trouxe o martelo com força na mão direita do bom oficial. O homem começou a gritar como um bebê.

— Então, aqui está a parte onde eu te digo que eu mudei de ideia sobre como fazer isso rápido, — Horse disse, seu tom amigável. — É muito divertido, você sabe? Agora eu vou quebrar todos os ossos em seus pés, para que você nunca mais possa andar...

Nate gritou e balbuciou, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Oh, vamos lá, — Bam Bam disse, com a voz carregada de desgosto. — Você fodeu aquela garota e mandou ela para lá para morrer. Você explodiu a casa de London. Então você a chantageou para atirar em Pic. Agora você está se lamentando por causa de uma mão quebrada? Eu pensei que você fosse hard-core e o caralho, mas você é apenas uma menina com um distintivo.

A mandíbula de Nate começou a trabalhar, e esperamos pacientemente até que ele conseguiu formar palavras.

— Eu vou fazer o que quiserem, — ele engasgou. — Só não me bata de novo. Não me mate. Eu não quero morrer.

— Que tal isso, — eu disse lentamente. — Você chama seus amigos do sul e diz a eles que eu e London estamos mortos. Assassinato-suicídio, ou alguma merda. Se eles deixarem a garota viver, vamos deixá-lo viver.

— Como eu sei que você vai manter sua promessa? Você não pode se dar ao luxo de me deixar sobreviver neste ponto.

Suspirei pesadamente, esfregando minhas têmporas com um polegar e dedão.

— Você sabe, eu quase não quero que ele ligue, — eu disse a Horse. — Jessica é uma dor na minha bunda, e se ela voltar para casa, eu não vou conseguir tanta buceta. Não muda nada em termos de guerra se a salvarmos. Por que você não apenas se diverte um pouco com ele, e então quando você se cansar, vamos matá-lo?

— Ok, — Horse disse, encolhendo os ombros.

— Espere!— Evans gritou.

Eu levantei uma sobrancelha para ele. — Eu pensei que não podíamos nos dar ao luxo de deixar ele viver? Isso é o que você acabou de me dizer. Qual é o impedimento?

— Enquanto ele ainda está vivo, ele ainda tem esperança, — disse Bam, sorrindo. — Portanto, agora ele vai fazer exatamente o que você diz a ele, porque cada minuto que ele está respirando significa que ele ainda pode sair dessa. Estou certo, Nate?

— Consiga meu telefone, — disse Nate, o suor na testa. — Eu vou fazer a chamada.

— Vamos discar para você, porque nós somos atenciosos assim, — disse Horse. — As pessoas nem sempre nos dão todo o crédito por nosso lado caloroso, mas isso está definitivamente lá. Nós amamos apenas ajudar.

— Porra de Madre Teresa do mundo MC, Horse, — Ruger entrou na conversa. — Traz uma lágrima ao meu olho.

Gage bufou e me jogou o telefone do homem.

— Para quem eu ligo? — perguntei. — Lembre-se, se você nos trair, você morre. Se Jessica morrer, você morre. Você tem muito mais a perder aqui do que eu, porque eu realmente não dou a mínima para a garota. Pode ser mais fácil para mim se ela não viver. Algo para se manter em mente.

— Julia Strauss, — disse ele. — Esse é o número.

Eu rolei através dos contatos, encontrando o nome. Então eu bati o botão de chamada e coloquei no viva-voz. Atenderam, mas ninguém falou.

— Sou eu, — disse Nate, os olhos correndo rapidamente ao redor da sala. Eu me perguntei se ele iria avisá-los. Provavelmente não. O homem era muito covarde para se sacrificar por uma causa. Pela primeira vez eu concordei com ele - o cartel não valia a pena o sacrifício, e eles com certeza como a merda que não apreciariam ou recompensariam. — Está feito.

Houve uma pausa, e, em seguida, um homem com uma voz profunda e sotaque espanhol fraco respondeu.

— Tem certeza disso? Nós não ouvimos nada pelo scanner.

— Sem relatório da polícia, — disse Nate. — London me ligou depois que ela atirou nele, e eu fui lá. Agora ela que está morta, também, fez com que parecesse um assassinato seguido de suicídio. Deixei eles lá - nós deixaremos alguém encontrar os corpos. Você pode deixar a menina ir agora.

O homem deu uma risada áspera.

— Eu vou autorizar a transferência para sua conta, — disse ele, e a linha ficou muda.

O rosto de Nate caiu, a esperança em seus olhos desaparecendo.

— Eles vão matar ela, — disse ele. — Sempre soube que iriam. Ela é uma boa garota...

Eu dei um soco na cara dele tão duro que sua cadeira caiu para trás. Sua cabeça bateu no chão com um baque surdo e ele começou a chorar novamente. De pé sobre ele, eu estralei meus dedos, escolhendo as palavras para o efeito máximo.

— Enquanto ela está viva, você está vivo, — eu disse a ele. — Então, se você tem alguma ideia de como encontrar esses filhos da puta, agora é a hora de falar. Se nós a tirarmos de lá por causa da informação que você nos dá, o negócio está de pé.

— Eu pensei que você não se importava se ela vivia ou não? — ele perguntou, piscando no brilho das luzes penduradas no teto. — Você vai me matar e nós dois sabemos disso. Por que eu deveria te ajudar?

Painter passou por cima, empurrando o ombro do homem com um pé na bota. Ele só tinha acabado de voltar para o Armory depois de deixar Melanie em casa. Momento perfeito, ele tinha suas próprias contas a acertar com Evans.

— Que tal isso? — perguntou ele, as palavras suaves e ferais. — Vamos jogar um pouco mais de motivação. Que tal você nos ajudar a ter Jess segura e eu não irei matar seus pais.

Olhei para ele, impressionado porque ele realmente intensificou seu jogo. Painter ainda era jovem, mas no ano passado ele tinha mudado. A boca de Nate ficou boquiaberta e Painter riu, estendendo a mão para agarrar a frente de sua camisa de uniforme, empurrando seu corpo para cima - cadeira e tudo - e colocando-o em pé novamente. Em seguida, ele se inclinou para baixo, diretamente no rosto de Evans.

— Eu não me excito com putas velhas, mas eu vou abrir uma exceção para sua mãe, — ele sussurrou. — Esta é a minha promessa a você. Eu vou foder todos os buracos que ela tem antes que eu corte a garganta dela e eu vou ter a certeza de dizer a ela que é tudo culpa sua.

— Eu posso te dar um endereço, — Evans gemeu, seu corpo inteiro tremendo. — Eu não sei ao certo se ele está lá, mas ele tem um armazém. Eu vi uma vez. É o lugar perfeito para segurá-la, isto é toda a informação que eu tenho.

— Bem, não é exatamente um homem razoável? — perguntou Horse, sorrindo para ele. — Eu sabia que poderíamos resolver isso. Agora vamos cuidar de mais alguns negócios. Eu acho que você precisa ligar ao trabalho dizendo que está doente - você simplesmente não parece bem. Talvez seja o seu tempo do mês ou algo assim, então é melhor você deixá-los saber. Não iríamos gostar deles preocupados, iríamos?

— Nossa, você é sempre tão atencioso, — disse Bam Bam para Horse.

— Eu tento, — Horse respondeu, em tom modesto. Eu bufei uma risada, então acenei para Painter para me seguir para fora do quarto.

— Esse foi um novo nível de merda torcida, irmãozinho, — eu disse calmamente enquanto caminhávamos pelo corredor juntos para o quarto de London. — Não que eu não aprecie, mas que porra é essa?

Painter deu de ombros.

— Se Jessica morre, Melanie vai chorar.

Estudei ele me perguntando se eu queria ir para lá. Não, eu realmente não queria.

— Justo o suficiente. Vá deixar que os outros saibam que estamos montando21 para Portland. Deke chamou em um favor, por isso vamos pular em um voo de carga ao sul de lá.

— Já era hora de levarmos a guerra para eles, — respondeu Painter, aquele brilho feroz nos olhos novamente.

— Não fique muito animado. Haverá corpos antes disso acabar.

— Não é possível viver para sempre. Você já decidiu o que você irá fazer com London?

Parei em frente a porta dela, franzindo a testa, pensativo.

— Não tenho uma maldita ideia, — eu disse. — Estou levando ela para Portland com a gente. Vamos tomar uma decisão lá. Ela pode ser útil para nós no sul - não gosto da ideia de deixá-la sozinha aqui. Alguém poderia bancar o justiceiro com ela.

— Parece bom, prez, — disse ele, em seguida, se dirigiu para as escadas. Agarrei o ferrolho, deslizando-o aberto, então alcancei a maçaneta para abrir a porta, me perguntando o que diabos exatamente eu ia fazer em relação a London.

Heather, se você está realmente lá fora em algum lugar, eu com certeza poderia usar o seu conselho exatamente agora.

Ela não respondeu, o que não deveria ter me surpreendido, vendo como ela era uma invenção da minha imaginação. Ainda assim, a cadela sempre opinou rápido o suficiente quando não era conveniente para mim. Provavelmente está sentada lá em cima no céu agora, bebendo cerveja e rindo pra caralho.

Fodidas mulheres.

 

 

 

LONDON

 

No momento em que Reese voltou, eu tinha começado a tremer com tanta força que os meus músculos e articulações doíam pela tensão. Meus dedos dos pés e dedos da mão tinham ficado dormentes, e enquanto congelar até a morte não era exatamente um perigo, essa merda de limite de hipotermia me matava.

Em seguida, ouvi passos fora da porta, e o baixo murmúrio de vozes. O ferrolho deslizou aberto com um baque e a porta se abriu. A luz do corredor me cegou no início, e eu pisquei rapidamente no esboço sombrio do que tinha de ser Reese.

Eu acho que eu deveria ter medo dele, mas eu estava apenas com muito frio.

— H-hey, — eu disse, a palavra instável. — Q-q-qualquer notícia sobre J-Jess?

— O que há de errado? — ele perguntou, e eu comecei a rir, porque a questão era tão ridiculamente estúpida.

— P-p-por que nós não apenas l-listamos o que está certo? — perguntei, muito cansada e com frio para pensar direito. Ele fechou a porta e veio em minha direção, se sentando na cama.

— Merda, você está congelando, — ele murmurou, puxando para trás os cobertores. — Porra.

Em poucos segundos, ele me envolveu no cobertor e foi me levando para fora da sala, gritando com Painter para ir encontrar algumas chaves ou algo assim. Ele me puxou para baixo do corredor e até três lances de escadas antes de virar para baixo no mesmo longo corredor que tinha visitado quando eu vim aqui à procura de Jessica.

Painter estava à frente de nós, abrindo um dos quartos, e, em seguida, Reese me carregou e me pôs em pé. Ele procurou por um minuto para abrir as algemas, em seguida, tirou minha roupa molhada com eficiência suave. Ele me levou para um pequeno banheiro, ligou o chuveiro e esperou até que o vapor começasse a subir antes de me colocar sob o jato quente.

Incrível.

A água inundou sobre mim, e depois de alguns minutos meus arrepios morreram. Reese ficou me olhando, com o rosto pensativo, até que a água começou a esfriar. Estendi a mão e girei a torneira fechada.

— Você tem uma toalha? — eu perguntei, me sentindo autoconsciente. Claro, ele tinha me visto nua... mas isso foi antes. Ele saiu do banheiro, retornando segundos depois segurando uma toalha para mim sem palavras. Eu me sequei rapidamente, em seguida, me enrolei.

— Você está toda machucada, — disse ele.

Eu dei de ombros. — Merda acontece.

— Vamos para a cama. Vamos conversar.

— Isso é como a última ‘conversa’ que tivemos? — eu perguntei, minha voz raspando, provavelmente a partir de todos os gritos que eu tinha dado. — Eu sei que você está no comando, mas eu ainda estou tipo que meio ferida, lá embaixo. Não tenho certeza que eu posso lidar com mais conversa ainda.

Ele balançou a cabeça, os olhos sérios. Fui até ele enquanto ele se sentou na cama e se encostou contra a parede. Ele pegou minha mão e me puxou para baixo até que eu me estabeleci entre as suas pernas, de costas para o estômago dele. Seus braços vieram ao meu redor e eu me deixei relaxar em seu calor e força, desejando que as coisas tivessem sido diferentes.

— Há algo que eu possa fazer para ajudar? — eu perguntei a ele, finalmente, odiando quebrar a estranha sensação de paz que se instalara entre nós. — Eu sei que você não tem nenhuma razão para acreditar em mim, mas eu sinto muito pelo que fiz, Reese. Realmente sinto muito, e não só porque saiu pela culatra em mim. Eu sei que foi errado e estúpido e você nunca mais vai confiar em mim novamente... mas se há uma maneira para eu te ajudar a lutar, eu quero fazer isso.

— Lutar? O que você quer dizer?

— Eu não sou estúpida. Essas pessoas - estes traficantes - eles estão querendo te machucar, e provavelmente um monte de outras pessoas também.

— Eles são um cartel. Um grande, no México. Controlam o comércio da Costa Oeste, através do norte de Cali. Movendo para cima agora em Oregon e sul de Idaho.

— Eu quero detê-los. Eu não me importo com o que é preciso, — murmurei, cavando mais fundo em seu abraço. Meu pescoço ainda doía do pequeno corte que ele me deu, mas considerando que eu tinha tentado matá-lo, eu tinha saído bem. Pelo menos até agora. Eu ainda não sabia o que eles planejavam fazer comigo, mas no momento eu não quis pensar sobre o futuro.

Parece loucura, mas até agora eu me senti segura quando ele me segurou.

— E quanto a Jess? — ele perguntou.

— Eu não acho que eles jamais planejaram libertá-la, — eu sussurrei. — Eu acho que ela vai morrer, a menos que alguém os parar. Matá-los. Eles são o mal.

— Desejo que você não estivesse certa, — respondeu ele, e eu senti o queixo dele vindo para descansar em cima da minha cabeça. — Os bastardos do Cartel acham que eu estou morto agora. Pensam que você atirou em mim, em seguida, se matou. Eles ainda não vão deixar ela ir, mesmo ter dado a eles o que eles queriam.

Merda. Eu suspeitava, mas ouvir Reese dizer isso parecia como um soco no estômago. Engoli em seco.

— Como você os convenceu de que estamos mortos?

— O policial idiota disse a eles.

— Por que ele iria mentir para eles? Isso não é perigoso?

— Pedimos a ele muito educadamente.

De alguma forma, eu não acho que Reese estava usando a palavra ‘educadamente’ no sentido tradicional. Não parecia promissor as perspectivas futuras de Nate. Eu considerei a situação - me incomodava que os Reapers obviamente tinham feito algo terrível e horrível para fazer ele mentir?

Não. Isso realmente não me incomodava. Isso faz de mim uma pessoa má?

Eu decidi que eu não me importava.

— Ele usou Jess, então ele mandou ela para essas pessoas sabendo o que eles são, — eu disse lentamente. — E ele tentou me transformar em uma assassina. Eu não sei se é permitido de acordo com as circunstâncias, mas eu gostaria de ver ele antes de você matá-lo. Falar com ele. Eu tenho coisas a dizer, e eu gostaria de ver a cara dele quando ele perceber que perdeu.

— Supondo que o temos - e eu não estou dizendo que nós temos - por que nós a deixaríamos testemunhar algo que poderia ser usado contra nós?

— Eu quero ser um cúmplice, — eu disse a ele, as palavras saindo de mim com força súbita. — Eu quero fazer Nate pagar, e quero acabar com esses filhos da puta. Eu sei que vocês estão planejando fazer algo grande. Eu posso sentir - todas essas reuniões? As pessoas que vem de todas as partes, e segurança extra? Há algo acontecendo e eu estou no meio de agora. Eu estraguei tudo com você, e eu sei que você não pode confiar em mim... Mas eu vou fazer o que puder para ajudar. Qualquer coisa. Eu acho que há uma boa chance de que eu não vá sobreviver a esta situação e eu estou em paz com isso - mas eu realmente quero fazer Nate pagar antes de eu ir, Reese. Quero olhar nos olhos dele e ver ele sofrer. Então eu quero matar ele.

O pensamento me fez sorrir, e eu me perguntava como diabos eu tinha ido de faxineira a assassina sanguinária. Ok, então eu não era uma assassina muito competente, mas o sentimento estava lá...

— Maldição, — ele murmurou, me puxando mais apertado. — Quando você virou tão hard-core?

— Quando eu percebi que a minha menina está morrendo ou já morreu — ...as palavras me fizeram engasgar, mas eu me forcei a empurrá-las para passar... — e que Nate Evans é a razão. Eu tinha uma boa vida antes de conhecer ele. Não era perfeita, mas eu tinha um lar e uma família, e ele os levou para longe de mim. Foda-se ele, Reese. Ele deve ter que pagar pelo que fez.

Eu senti os lábios de Reese tocarem o topo da minha cabeça enquanto eu contive as lágrimas. Eu não queria chorar ou parecer fraca ou implorar por misericórdia - eu fiz a minha cama... Agora eu tinha que deitar nela.

— Sinto muito, — eu sussurrei. — Desculpe por tudo isso. Por tentar atirar em você. Por não confiar em você. Você não merecia nada disso.

— É um pouco tarde para isso.

— Eu sei.

O silêncio caiu novamente.

— Nós estamos indo para Portland em um par de horas, — disse Reese suavemente. — Então, nós estamos indo para a Califórnia para fazer um ataque estratégico na liderança do cartel. Já temos os nossos objetivos, estivemos pesquisando sobre eles por um longo tempo agora. Eu vou tentar encontrar Jessica enquanto eu estiver lá em baixo.

Senti uma súbita onda de esperança, em seguida, a mordi de volta. Eu não podia ter esperança.

— Como posso ajudar?

— Você não pode, a menos que você se lembre de algo que você não nos disse?

Eu balancei a cabeça, pensando muito.

— Eu disse tudo, — eu disse. — Eu gostaria de saber mais. Você vai me deixar ver Nate?

Ele não respondeu por um minuto, e então ele suspirou.

— Sim. Mas você não pode matá-lo. Nós ainda podemos precisar dele.

— O que vai acontecer com ele?

— Isso está baseado na necessidade de saber. Algo que você deve aprender sobre o clube - não gostamos quando as pessoas fazem muitas perguntas. Vamos sair em breve, e você está vindo com a gente. Marie está trazendo alguma merda para você usar.

Minha respiração ficou presa.

— Será que ela sabe o que eu fiz?

— Não, — disse ele. — E ela não vai. Nós não precisamos das meninas todas estressadas sobre a sua situação, então mantenha sua boca fechada se acontecer de você ver uma delas.

— Obrigada, — eu disse baixinho.

— Pelo quê?

— Confiar em mim novamente.

— Eu não confio em você.

— Você confia em mim o suficiente para eu ir para Portland com você. Eu não posso mudar o que aconteceu, mas eu prometo que não vou foder de novo, Reese.

— Você realmente espera que eu caia nessa?

Eu suspirei, tantos pensamentos correndo pela minha cabeça que eu não poderia dificilmente pegar todos eles...

— Só me prometa uma coisa, — eu disse finalmente.

— O quê?

— Se houver uma maneira de eu ajudar vocês a parar o cartel, me deixe fazer isso. Eu não me importo se é perigoso. Você ainda pode me usar como isca se você acha que vai funcionar. Eu só quero a chance de lutar de volta, por Jessica e por mim.

Ele exalou duro. — Vamos ver.

 

 

 

Meia hora mais tarde, eu estava vestida com roupa de mini motoqueiro apenas um pouco pequeno demais para as minhas generosas curvas. Marie e eu éramos da mesma altura, mas meu peito era um pouco mais... substancial. Pelo menos eu estava quente e seca. Eles ainda me encontraram uma jaqueta de couro em algum lugar, o que foi importante porque, aparentemente, eu estaria montando para Portland na parte traseira da moto de Reese. Isso me surpreendeu - eu assumi que ele não me queria por perto, ou que seus irmãos não me toleravam.

Aparentemente, a política de motoqueiro sobre traição era mais complicada do que eu imaginava.

As pessoas tinham começado a se reunir para a viagem quando Reese me levou para descer as escadas e para o porão pela segunda vez naquela noite. Eu o segui pelo corredor até chegar a mesma desagradável assustadora sala onde tinham me pendurado no teto apenas algumas horas antes.

As coisas estavam se movendo tão rápido que eu mal conseguia acompanhar.

Reese empurrou a porta, e eu entrei para encontrar Nate sentado em uma cadeira de metal batido, com os braços e pernas amarrados apertados. Uma bandana suja tinha sido usada para amordaçar a sua boca. Sangue seco em uma crosta no seu rosto e cabelo. Parecia para mim que uma de suas mãos foi amassada com uma marreta.

Ele não era uma pessoa feliz.

O fogo que eu sentia morreu um pouco, porque imaginar Nate sofrendo e vê-lo assim eram duas coisas muito diferentes. Eu não sinto pena dele, exatamente. Estava apenas um pouco assustada. Eu estava determinada, no entanto. Eu queria fazer pessoalmente ele pagar e esta era a minha grande oportunidade.

— Você quer falar com ele? — perguntou Bolt, e eu olhei para ver que ele estava esperando por nós na sala. Eu balancei a cabeça, hesitante.

— Nate, você está acordado? — perguntei. Os olhos do meu ex-namorado se abriram, vendo meu rosto.

— Você quer que tirem a mordaça? — Reese perguntou, sua mão na parte inferior das minhas costas. Eu ainda não tinha ideia do que o clube tinha planejado para mim nas próximas 24 horas, mas pelo menos eles não tinham me batido tanto desse jeito. Coisa boa, também. Eu tinha muito trabalho a fazer antes que me matassem. Jessica precisava ser salva e eu queria vingança, também. Depois disso? Bem, eu provavelmente estaria morta depois, então eu acho que eu não me preocuparia com isso.

— Não, eu não quero ouvir nada do que ele tem a dizer, — eu respondi. Então eu respirei fundo, me preparando. — Nate, eu vim aqui porque eu quero que você saiba que eu vejo exatamente quem e o que você é. Você é um homenzinho idiota e patético, e eu espero que eles matem você. Eu já pedi a Reese se eu poderia atirar em você e ele disse que não. Achei isso muito decepcionante.

Os olhos de Nate se arregalaram e eu sorri, entendendo pela primeira vez na minha vida como uma pessoa poderia desfrutar de ferir a outra, porque, para melhor ou pior, essa era uma sensação boa.

De poder.

Eu me aproximei, me inclinando para examinar a mão esmagada.

— Isso nunca vai se curar bem, — eu disse suavemente, em seguida, olhei para seu rosto. Um de seus olhos estava inchado, quase fechado, e levou tudo que eu tinha para não cutucá-lo, apenas para ver ele recuar. — Então, eu venho tentando decidir o que devo fazer para fazer você pagar... Eu poderia bater em você, ou cutucar você, ou talvez apenas pegar seus dedos quebrados e começar a torcê-los para me divertir. Talvez cortá-los? Isso é o que seus amigos fizeram com Jessica.

Ele resmungou freneticamente e eu cuspi em seu rosto, o que foi vagamente gratificante, mas longe de ser suficiente. Me levantei, olhando ao redor da sala. No canto havia uma pilha de pedaços de madeira, incluindo um pedaço de dois-por-quatro, mais ou menos o comprimento de um bastão. Perfeito. Fui até lá e agarrei, levantando-o experimentalmente. Se encaixou bem na minha mão.

Gage deu um assobio baixo, advertindo.

— Nós precisamos dele vivo, — disse ele. — E capaz de falar.

Eu balancei a cabeça, pensativa, em seguida, caminhei de volta para Nate, estudando sua estrutura. Recuando a madeira, eu a balancei em seu joelho direito com tudo o que eu tinha. Ela bateu com um ruído de trituração e ele gritou com a mordaça. Eu me senti um pouco mal do estômago, mas me forcei a falar.

— Isso é por usar Jessica, e por enviar ela para a Califórnia.

Respirando fundo, eu bati nele novamente, desta vez no outro joelho. Ele deu outro grito lancinante, em seguida, começou um baixo, lamento constante de dor.

— Isso é por foder as coisas comigo e Reese.

Fiz uma pausa para considerar a situação. Eu queria bater nele de novo. Eu tinha planejado um golpe para cada coisa que ele fez para arruinar a minha vida, o que queria dizer que eu ainda lhe devia por ter mentido para mim e por explodir a minha casa. Em vez disso, eu deixei cair a madeira, porque não importa o quanto o homem merecia sofrer, uma parte de mim percebeu que estava afundando ao seu nível.

Me virando para Reese, eu falei. — Estou bem. Obrigada por isso.

Ele levantou uma sobrancelha.

— Certeza? Você pode não ter outra chance.

Eu dei de ombros.

— Ele é como um cão raivoso, — eu disse a ele baixinho, percebendo que era verdade. — Não há nenhum ponto em torturar um cão, mesmo um que é um assassino. Melhor apenas disparar na cabeça e se livrar do corpo.

Nate fez outro som e ouvi o raspar cadeira contra o chão de concreto. Ignorando, eu me concentrei em Reese, segurando aqueles olhos azul-gelo firmes, saboreando a visão das pequenas rugas nos cantos quando ele me deu um pequeno sorriso estranho. No fundo, eu estava vagamente consciente de que Gage nos olhava com curiosidade. Não importava. Nada mais importava.

— Você está pronta para ir? — Reese me perguntou em voz baixa. Eu balancei a cabeça. O que quer que aconteça em seguida, eu não estava mentindo ou jogando jogos. Eu tinha feito a minha decisão e isso me encheu de uma sensação estranha de paz.


Capítulo Dezesseis

 

LONDON

 

No momento em que chegamos a Portland, eu estava exausta, mas ainda absolutamente determinada a fazer tudo o que pudesse para ajudar o clube, não só eles eram minha melhor esperança para salvar Jessica, eles também eram a minha melhor chance de algum tipo de vingança pelo que aquele cartel filha da puta tinha feito da minha vida.

Eu precisava dormir em primeiro lugar, apesar de tudo. Muito mesmo.

Os passeios curtos que eu tinha feito com Reese não tinham chegado perto de me preparar para isso. Minha bunda começou a doer, ficando lentamente pior até que finalmente ficou dormente. Mesmo se eu não tivesse estado privada de sono, a viagem teria me matado. Apenas para tornar as coisas mais agradáveis, nenhum dos quinze homens que montam com a gente iria falar comigo, ou mesmo me olhar nos olhos.

Bons momentos.

Quando finalmente estacionamos em um beco estreito em um bairro residencial, eu não cheguei bem a registrar que o passeio tinha acabado. Paramos em frente a uma enorme cocheira antiga com enormes portas de madeira na parte de trás. Eles abriram lentamente e os homens entraram com suas motos, deixando apenas espaço suficiente de um lado para a surrada van de carga cinzenta que nos tinha arrastado a partir de Coeur d'Alene. Eles tinham um prospecto a conduzindo, mas eu não tinha ideia do que estava na parte de trás.

De jeito nenhum eu perguntaria, também.

Eu aprendi minha lição sobre as perguntas.

As pesadas portas se fecharam atrás de nós, bloqueando a luz e som. Tinham algumas paredes seriamente sólidas neste lugar. Quando a minha visão se ajustou, olhei em volta na escuridão para encontrar Hunter, o namorado de Em, observando as atividades com um ar proprietário.

Seu olhar me pegou em pé ao lado de Reese, e ele caminhou até se juntar a nós.

— Qual é a história lá, Pic? — ele perguntou em voz baixa, me ignorando. — Não é uma viagem para as mulheres.

Reese balançou a cabeça, o rosto sombrio.

— Nós tivemos um incidente desagradável ontem, — disse ele. — Eu vou te contar tudo sobre isso mais tarde, mas o rápido e sujo é que ela tentou me matar. O Cartel estava por trás disso.

O rosto de Hunter endureceu.

— Lamento ouvir isso, — disse ele. — Estávamos todos com esperança que iria funcionar.

— Merda acontece, — disse Pic. — Os filhos da puta tem a prima dela - ela fez isso para salvar a vida da criança.

— Soa como uma história interessante, — disse Hunter, sua mandíbula apertando. — Então ela é uma prisioneira?

Reese assentiu rapidamente.

— Não decidi o que fazer com ela ainda, mas imaginei que os prospectos de Portland podem tomar conta dela tão fácil como os de Coeur d'Alene. Não queria deixar ela para trás. Nós não tivemos tempo para tomar qualquer decisão, você sabe como isso é.

— Eu tenho um quarto forte, podemos colocá-la lá, — disse Hunter.

— Vamos precisar dele para outra pessoa.

Isso chamou a minha atenção, e eu olhei de volta para a van. Tinham transportado Nate em todo o estado, também?

— Que tal a sala de armazenamento no andar de cima? — perguntou Hunter. — Não é tão segura, mas a janela é alta o suficiente que ela não seja capaz de sair e ela vai ter que passar pela missa para deixar o prédio. Deve ser seguro o suficiente pela tarde.

— Parece bom, — respondeu Reese. Ele me deu uma cotovelada e eu segui Hunter no andar de cima através de um grande espaço aberto com uma ampla mesa de madeira e, em seguida, por um corredor para a sala de armazenamento.

— Não toque em nada, — ele me disse, com a voz sombria. — Você não quer saber o que acontece se você quebrar alguma coisa. E se você encontrar algo aqui que você pode usar como uma arma, também não. Este é o meu lugar, e eu não dou a mínima para quanto Pic gosta de foder você. Você faz qualquer merda, você está morta.

Eu balancei a cabeça, estudando a sala depois que ele fechou a porta atrás de mim. Caixas empoeiradas forravam três das quatro paredes. A última parede tinha um sofá de venda de garagem empurrado contra ela, e acima do sofá estava uma janela de vidro bastante velho. Subi nas almofadas e olhei para fora para encontrar um quintal cercado escondido atrás da cocheira. A casa anexa ao estaleiro tinha dois andares, com um alto patamar na parte de trás. Parecia ter sido construído cerca de cem anos atrás, obviamente, um desses não-muito-vitorianos desarrumam os bairros mais antigos em Portland.

Deve ser a casa de Hunter e Em, eu percebi. Eles provavelmente viviam na casa enquanto o seu clube usava a cocheira de trás como uma base de operações. Não é um plano ruim, considerando todas as coisas.

Eu podia ver uma churrasqueira no centro do gramado, com várias cadeiras dobráveis a circulando. Não havia muito espaço aberto, no entanto. O quintal era essencialmente uma selva - apenas uma massa de arbustos crescidos cercado por um círculo de árvores maduras proporcionando total privacidade, apesar do fato de que eu sabia que tinha que haver edifícios de ambos os lados de nós. Ninguém seria capaz de ver a minha janela, isso era certo.

Ainda bem que eu não estava tentando pegar qualquer atenção, ou escapar.

Eu me perguntei quanto tempo eu estaria presa aqui. Considerando que eu realmente não tinha dormido em quase 24 horas, ser presa por tempo suficiente para uma soneca soava muito bom. Eu me deixei cair no sofá e fechei os olhos.

Felicidade.

Eu não sei quanto tempo eu estive fora quando o som de um escapamento de carro me acordou. Eu levei um minuto para me orientar, esfregando o sono dos meus olhos e limpando o que parecia suspeitosamente como um rastro de baba.

Sexy.

A luz tinha mudado - agora era transmitida através da janela muito mais intensamente. Me ajoelhei e olhei através do vidro velho para encontrar Em exposta ao sol em um cobertor branco no centro do gramado. Ela usava um biquíni vermelho brilhante que exibiu uma muito pequena, muito bonita barriga de grávida, e um braço jogado sobre os olhos.

A menina estava obviamente dormindo. Início de gravidez. Eu não tinha tido filhos eu mesma, mas eu tinha visto o suficiente das minhas amigas passando por isso para saber que às vezes cochilos não eram opcionais. Uma menina tão bonita.

Deus, eu esperava que eu tivesse a minha própria menina bonita de volta, sã e salva.

Reese era um homem de sorte, porque enquanto eu não tinha encontrado sua outra filha ainda, Em era um tesouro, com certeza. Ele tinha feito um grande trabalho com ela, apesar de perder sua esposa tão tragicamente. Enquanto eu olhava, Em se mexeu inquieta e rolou para o lado, deixando cair o braço para baixo para agarrar seu estômago. Seu rosto se contorceu, mas ela não pareceu acordar.

Oh, merda.

Algo estava errado, muito errado aqui...

Sangue vermelho brilhante cobria o cobertor onde ela estava deitada - sangue que parecia estar vindo de entre suas pernas. Ela não deve estar dormindo, mas inconsciente. Manchas de sangue nas costas das suas coxas. Adrenalina bateu, e eu corri para a porta, empurrando a maçaneta desesperadamente. Nada. Bati nela, gritando para que alguém viesse me pegar.

Ninguém respondeu.

As paredes eram velhas e grossas, construídas à mão para durar.

MerdaMerdaMerdaMerdaMerda! Em pode estar morrendo lá fora, e, obviamente, ninguém podia vê-la além de mim. Eu tinha que fazer alguma coisa.

Correndo de volta para a janela, eu subi no sofá e olhei através do vidro, tentando descobrir como chegar até ela. Não tive realmente nenhuma ideia, mas talvez eu fosse capaz de descobrir alguma coisa se eu quebrasse o vidro. Eu encontrei um velho banquinho, quebrado apoiado contra uma pilha de caixas e o agarrei, empurrando as pernas através do vidro. Ele quebrou facilmente o suficiente, e depois de mais três golpes eu consegui tirar a armação também.

Tirando minha jaqueta de couro, eu a coloquei para baixo em toda a janela para proteger as minhas mãos dos cacos de vidro, em seguida, me inclinei para dar uma boa olhada em volta. Na versão do filme da minha vida, este era o lugar onde eu gostaria de encontrar um galho de árvore conveniente, ou talvez uma treliça velha para servir como uma escada.

Nada.

Eu vi um grande arbusto logo abaixo da janela, no entanto. Talvez eu pudesse descer um pouco para encurtar a queda, e depois saltar para o mato para me amortecer? Uma rápida olhada para Em mostrou a poça de sangue se espalhando lentamente, mas de forma constante.

Pelos arbustos, então.

Saí e peguei o peitoril com as minhas mãos. Foi quando a primeira coisa deu errado, porque, em vez de me baixar com cuidado, eu caí fora da borda com um baque. A segunda coisa a dar errado era o próprio arbusto, que parecia bastante exuberante e macio da janela.

Não tanto.

Eu tinha caído em uma floresta de galhos pontiagudos, me cortando como mil minúsculas afiadas estacas. Meu braço direito gritava em agonia, e eu olhei para baixo para ver um pedacinho de madeira passando diretamente através da parte carnuda do meu antebraço. Minha visão escureceu, e eu dei um par de respirações profundas, para me manter tranquila.

Em precisava de mim.

Dolorosamente, eu puxei meu braço fora da vara, ignorando o jorro de sangue quando eu empurrei meu caminho para sair do meio dos arbustos. Meu corpo inteiro estava coberto de arranhões e pequenos cortes, e eu senti algo quente e molhado escorrendo pelo meu rosto. Pelo menos nada parecia estar quebrado.

Corri todo o quintal em direção a filha de Reese sangrando, caindo de joelhos para verificar seu pulso. Há, mas muito fraco. Porra. Eu vi um telefone jogado na grama ao lado de uma garrafa de água. Um telefone real, o tipo que é conectado a um telefone fixo. Graças a Deus por isso, porque eu não tinha um endereço para dar a eles.

Agarrei e liguei para o 911 freneticamente, rezando para que não fosse tarde demais.

 

 

 

REESE

 

— Burke vai nos encontrar em Cali, — disse Hunter. — Eles já desceram para verificar o lugar. Shade e seus caras vão voar nessa noite, e os Silver Bastards estão em direção ao sul, também. Entre eles e os nossos aliados locais, devemos ter perto de trezentos homens.

— O que é assustador é que nem mesmo essa quantidade de caras são o suficiente para se levantar para enfrentar o cartel, — Horse resmungou.

— Os soldados deles são descartáveis, — eu disse. — Os nossos não. Nós sabemos o que estamos fazendo e nós podemos confiar uns nos outros. Combine isso com o fato de que não estamos dando a eles a chance de nos encontrar de frente, eu acho que vai ser o suficiente.

— Então, nós estamos indo logo após as dez da noite, — disse Hunter. — É um avião de carga, e as coisas estão todas suavizadas com a empresa de transporte. O piloto é um amigo meu e ele é sólido. Quando pousarmos, teremos irmãos lá para nos encontrar e vamos trazer o nosso próprio hardware. Parece bom para todo mundo?

A sala se encheu com grunhidos e acenos de aprovação.

— Obrigado por arrumar tudo isso, — eu disse a ele.

— Sem problema, — Hunter respondeu, olhando para o homem sentado ao lado dele, que revirou os olhos. — Eu fiz Skid fazer a maior parte do trabalho, de qualquer maneira. Acho que agora é hora de falar sobre a sua mulher?

— É complicado, — eu admiti. — Não sei o que fazer. Para encurtar a história, ela foi manipulada pelo cartel. Nate Evans pode ou não ter planejado a culpar, mas quando a oportunidade se mostrou, ele a tomou. Acho que ele estava comendo a prima dela - a única que vivia com ela, e, provavelmente, enchendo a cabeça dela com todos os tipos de besteira. Então, ele deu a ela dinheiro para fugir para o sul, onde a mãe da garota estava amigada com Gerardo Medina.

Hunter deu um assobio.

— Porra, a cadela mira alto.

— Não me diga, — eu concordei. — Agora ele está vivendo a vida boa, enquanto sua esposa permanece escondida no México. De qualquer forma, quando Jess desceu, Medina levou e a usou para controlar London. Acho que eles cortaram o dedo da menina enquanto ela assistia, e London se desesperou. Sabíamos que alguma coisa estava acontecendo, por isso, colocamos um homem em cima dela e algumas câmeras em minha casa. Então a merda se intensificou e Puck encontrou uma arma carregada na bolsa dela. Ele tirou a munição e me deu um aviso. Esperamos até ela que ela fizesse seu movimento antes de a pegarmos. Queria ver até onde ela iria.

O silêncio encheu a sala.

— Alguma razão especial para ela ainda estar viva? — Hunter finalmente perguntou.

— Ela não queria fazer, — disse Gage, sua voz pensativa. — Ela odeia aquele filho da puta do Evans mais do que nós, isso diz algo. Ela foi atrás dele com uma madeira enorme. Diz que quer nos ajudar a derrubar o cartel, e ela definitivamente tem a motivação. Nós somos a única chance que ela tem de salvar a criança neste momento.

Hunter sorriu para mim, e eu vi o riso zombeteiro em seus olhos. Ele sabia que eu tinha me apaixonado por ela, eu sabia que eu tinha me apaixonado por ela, e agora eu tinha que matá-la ou pareceria fraco aos olhos dos Devil’s Jacks.

Maldição.

O gemido de sirenes encheu o ar, e eu inclinei minha cabeça. As paredes aqui eram sólidas pra caralho - ouvir tão alto assim significava que eles tinham de estar perto. Policiais? Merda. Tínhamos dois malditos prisioneiros neste celeiro, e cerca de uma centena de armas de um tipo ou outro.

Nada bom.

Puck entrou na sala, e pela primeira vez ele não estava calmo e sereno.

— Vocês tem que descer aqui, rápido, — disse ele. — Pic, é a sua filha e eu acho que ela está sangrando. London está com ela, acho que ela chamou a ambulância. Temos paramédicos e bombeiros em todo o lugar.

Hunter quase me derrubou, ele estava fora do quarto tão rápido. Eu estava em seus calcanhares, derrubando as escadas e sai para o quintal.

Oh, merda, Heather murmurou na minha cabeça. Essa é a nossa bebê...

O que eu vi quase me matou.

Provavelmente não é nenhuma surpresa ouvir que eu acabei com a vida de mais de uma pessoa - eu tinha uma boa ideia das chances de uma pessoa sobreviver quando perdia muito sangue. Aquela quantidade toda de sangue e mais a parte inferior do corpo de Em revestido com ele, e o cobertor que ela estava deitada estava encharcado com ele, também.

Hunter estava sobre ela – congelado - enquanto dois paramédicos trabalhavam freneticamente.

London ficou de lado, com os olhos cheios de desespero. A parte distante de mim notou que ela estava coberta de sangue, também. Ele corria por sua cabeça e em seu rosto. Ele ainda pingava de seus braços – parecia que suas roupas tinham sido... desfiadas?

Merda fodida e minha menina estava no meio disso.

Por um instante eu estava quase agradecido que Heather estava morta, porque se ela ainda estivesse aqui, ela iria rasgar a pele direito do meu corpo por deixar isso acontecer. Qualquer que seja o inferno que fosse aquilo. Parecia que o sangue estava vindo de entre as pernas de Em, e isso era uma porra de um mau sinal para o meu neto.

Estou tão malditamente arrependido, Heather.

Hunter chamou London, agarrando os braços e a balançando violentamente.

— Que porra é essa que você fez com ela? Eu vou te matar por isso, cadela!

Skid, Gage, e Horse entraram em ação, puxando ele para longe e arrastando-o para o outro lado do gramado antes do policial ter tempo de fazer muito mais do que piscar.

— O que está acontecendo? — eu perguntei a um dos paramédicos, meu estômago afundando. Eu nunca sonhei que London poderia ser uma ameaça para Em – ela estava por trás disso? Porra. O que diabos eu tinha feito, a trazendo aqui?

— Parece um aborto, — disse o homem, pegando meus olhos. — Você é um membro da família?

— Eu sou o pai dela.

— Você precisa nos seguir para o hospital, — disse ele. — Isso é sério, ela perdeu muito sangue. Eu não sei o que diabos está acontecendo por aqui, mas é hora de cortar o drama, porque a sua filha precisa de você. Entendeu?

— Entendi.

Cristo. Eu odiava esse sentimento de impotência. Não demorou muito para eles carregarem Em - parecia que ela estava morrendo, e não havia uma fodida coisa que eu poderia fazer para ajudar. Com o canto do meu olho eu vi um dos bombeiros checar London. Ela não parecia tão bem, também. Olhei para a cocheira, encontrando os restos da janela do segundo andar. Ela, obviamente, a quebrou e, em seguida, caiu no meio dos arbustos. Havia folhas e varas quebras em todos os lugares.

Porra.

— Aquela mulher salvou a vida de sua filha, — disse o policial, se aproximando do meu lado. Ele, obviamente, reconheceu o meu colete mas ele não parecia intimidado. — Ela pulou a janela e ligou para o 911. Você quer me explicar por que alguém teria que pular de uma sala do segundo andar para conseguir ajuda, em vez de usar as escadas?

— Não tenho ideia, — eu disse. Eles estavam carregando Em na ambulância. Merda. Eu precisava segui-los.

— Cuide da sua filha, — disse o policial. — Não se preocupe com a outra vítima. Eu vou ter certeza que ela chegue ao hospital e permaneça segura.

Suas palavras me pegaram, e eu olhei para ele - realmente olhei para ele - pela primeira vez. Ele viu direito através de nós, eu percebi. Ele sabia que London era uma prisioneira, e ele estava indo tirá-la daqui. Claro, eu tinha trinta irmãos comigo, e eles lutariam para mantê-la se eu pedisse isso a eles... mas essa era uma batalha perdida. Esse cara pode ser um único policial, mas havia pelo menos seis bombeiros. Se sós tentássemos puxar qualquer merda, a fodida cidade inteira desceria sobre nós. O policial sorriu, porque sabia que me tinha. Ignorando-o, eu caminhei em direção à cocheira, empurrando o queixo para Skid se juntar a mim.

— Eles estão levando London para o hospital, — disse eu em voz baixa. — O policial sabe que algo não está certo, ele vai falar com ela. Eu preciso dos irmãos e as provas fora daqui antes que isso aconteça, me entende? Apenas no caso.

— Ouvi você, — disse ele, estreitando os olhos. — Porra. Você deveria ter tomado conta disso antes de sair de casa, fechado a boca dela para que ela nunca falasse.

— Se tivéssemos feito isso, Em estaria morta agora, — eu disse friamente. — Não se esqueça que ela ligou para o 911. London disse que queria nos ajudar e ela tem boas razões para manter sua palavra. Esses policiais não vão ser capazes de salvarem a prima dela. Somos a sua única esperança, então vamos esperar e ver o que acontece.

 

 

 

LONDON

 

— Reese me pediu para encontrar uma caixa para ele, — eu disse ao policial, as minhas palavras deliberadas e cuidadosas. — Ele é meu namorado. Nós montamos ao longo de Coeur d'Alene ontem à noite para visitar sua filha. Fui até a sala de armazenamento e comecei a olhar ao redor, então eu acidentalmente bati a porta e ela se fechou, me trancando. Foi quando eu vi Em do lado de fora no quintal, e depois ninguém me ouviu gritar, eu quebrei a janela e saltei.

— O que havia na caixa?

— Peças de moto. Eu nunca a encontrei.

— Se ele é seu namorado, por que ele não está aqui para se certificar de que você está bem?

Eu suspirei, porque agora ele só estava sendo estúpido de propósito.

— Porque a filha dele estava sangrando a última vez que a vi, e tudo que eu tenho são alguns arranhões. Eu acho que ela tem prioridade sobre mim, por enquanto, não é?

O policial olhou para mim sem falar. Nós tínhamos passado por toda essa história três vezes agora. Cada vez ele deixou claro que ele não acreditou que eu estava dizendo a verdade. Cada vez eu deixei claro que eu não ligava para o que ele acreditava.

De certa forma eu tinha que apreciar o que ele estava tentando fazer - todos os demais policiais fecharam os olhos ao abuso, o que era, obviamente, o que ele achava que estava acontecendo aqui. Ele estava tentando salvar a minha vida, e se me manter viva fosse minha prioridade, eu estaria toda sobre isso.

Mas resgatar Jessica era a minha prioridade, seguida de perto por matar os homens que a tinham machucado. A sobrevivência era um distante terceiro lugar.

— Você não vai mudar a sua história, não é? — perguntou ele, com a voz cansada.

— Não é uma história, — eu respondi baixinho. — É o que aconteceu.

— Aqui está o meu cartão, — disse ele. — Eu estou colocando o meu número de celular pessoal na parte de trás Me ligue se você decidir falar, ou se você precisar de ajuda. Nós dois sabemos que algo está errado aqui, e mais cedo ou mais tarde vai desabar à sua volta. Não tenha medo de pedir ajuda, ok?

— Obrigada por sua preocupação, mas eu estou bem.

Ele balançou a cabeça e foi embora, me deixando sozinha na pequena sala privada que eles tinham nos dado. Havia um monte de caixas de lenço colocadas em pontos estratégicos, eu tive um sentimento que este era um daqueles lugares que eles colocam famílias diretamente antes de lhes dizer que alguém tinha morrido. Eu esperava muito que Reese não estivesse sentado em outra sala apenas como esta em outro lugar no hospital, lamentando por sua filha. Eu precisava encontrá-lo, ou pelo menos encontrar alguém que pudesse me dizer o que diabos estava acontecendo com Em.

Levantar machucava, apesar de nenhum dos meus machucados ou cortes serem graves. Eles tinham me dado um par de pontos na minha testa, me desinfetado, e disseram que estava tudo bem. Era para eu manter um olhar atento sobre o ferimento de perfuração, e consultar um médico o mais cedo possível se houvesse qualquer sinal de infecção, blá blá blá.

Eu agarrei a bolsa contendo os restos da minha roupa e apertei no meu peito. (Embora eu não soubesse por que eles tinham se preocupado em devolver para mim, porque eu nunca seria capaz de usá-las de novo. Pelo menos os scrubs22 que tinham me dado eram confortáveis). Eu já tinha sido liberada da sala de emergência, então eu era capaz de apenas caminhar diretamente para sala de espera. Nenhum sinal de Reese, mas eu achei Painter. Sua expressão era sombria.

Fui até ele, com medo de qual notícia tinha colocado aquele olhar em seu rosto.

— Como ela está? — perguntei, sem me preocupar em dizer olá.

— Nada bem, — disse ele, se levantando e me encarando.

— Eu acho que o bebê não estava certo. Chamaram isso de uma gravidez octórpica, ou alguma merda assim.

— Ectópica23?

— Sim, isso parece estar certo. O bebê não estava no lugar certo. Em vez de crescer no útero, ele estava em um dos tubos no ovário, e, em seguida, explodiu a coisa toda aberta. Isso é o que começou todo o sangramento. Eles a têm em cirurgia agora, mas ela perdeu uma porrada de sangue, London. Eles disseram que ela poderia morrer. O bebê nunca teve uma chance.

Eu balancei, e ele me pegou, ainda segurando meus olhos.

— Reese e Gage me colocaram aqui para tomar conta de você, — disse ele lentamente. — Gage disse que você estava falando com a polícia.

Eu balancei a cabeça, tentando recuperar o fôlego.

— Você não precisa se preocupar com isso, — eu disse a ele em voz baixa. — Eu não dei qualquer informação. Eu não estou tentando ficar longe do MC, Painter. Eu quero ir para a Califórnia e salvar Jessica, e a única maneira que isso pode acontecer é se eu ficar com o clube. Mas agora eu preciso encontrar Reese. Ele deve estar apavorado.

Painter acenou com a cabeça.

— Com certeza ele está, mas ele nunca iria dizer. Eu posso te levar até lá... Mas eu preciso te dizer uma coisa primeiro.

— O quê?

— Só porque você salvou Em, e você não falou com os policiais? Isso não significa que você está segura com a gente, e Pic não é necessariamente aquele que vai fazer essa decisão. Você precisa entender o que você está fazendo aqui, London. Se você vai lá em cima e encontrar Pic, ainda há uma chance do clube não te perdoar. Mesmo que eles fizessem isso, essa viagem para Cali pode ser a única maneira - isto não é um jogo. Me dê a sua palavra e eu vou dar uma mijada, deixo você sair por aquela porta. Tenho cerca de duas centenas de dólares comigo e ele é seu. Isso é o melhor que posso fazer.

Estendi minhas mãos para cima e segurei seu rosto, sorrindo para ele com tristeza.

— Isso é uma das coisas mais bonitas que alguém já me ofereceu, — eu disse baixinho. — Mas eu preciso ir encontrar Reese, e então eu preciso ir para a Califórnia para encontrar a minha menina. O que quer que aconteça, aconteceu, e eu estou bem com isso. Agora, onde eu preciso ir - você pode me mostrar?

— Eu vou apontar na direção certa, mas eu não deveria ir com você, — ele me disse.

— Por que não?

— Hunter não precisa ver meu rosto agora. Temos história, eu e Em. Eu aceito isso, mas ele e eu não somos exatamente amigos. Não quero estressar ele mais do que eu preciso.

Peças se encaixaram na minha cabeça, e eu dei um tapinha no braço dele, assustada com a forma como ele parecia diferente do jovem que eu conheci há apenas duas semanas. Painter apresenta o inferno de uma fachada, aparentemente.

Então, novamente, o mesmo fazia Reese.

Ele me acompanhou até o corredor do lado de fora da sala de espera cirúrgica. Eu entrei, vendo Reese e Hunter imediatamente. Esperando com eles estavam Horse, Ruger e Bam Bam. Havia também um jovem vestindo o colete dos Devil’s Jacks que eu não reconheci. Ele estava coberto de tatuagens e parecia vagamente hipster com seus jeans skinny.

Wow, se Portlanders poderiam fazer isso com um motoqueiro, eles poderiam transformar qualquer pessoa em um hipster.

Entre ele e Hunter estava sentada uma jovem cujo rosto estava manchado de lágrimas e pesado rímel preto. Ela parecia com algo saído de um filme de terror, mas pelo menos ela mostrou alguma emoção. O rosto de Hunter estava completamente em branco. O de Reese também. Eu me dirigi a eles, e depois parei - do outro lado da sala, estava o mesmo policial que tinha acabado de falar comigo. Porra, mas ele era persistente.

Ele observou o pequeno grupo de apoio de Em de perto, os olhos especulativos.

Merda.

Nós não precisávamos disso agora. Talvez um pouco de show iria tirá-lo de nossas bundas? Eu comecei a andar em direção a Reese novamente, esperando como o inferno que ele pegasse o que eu estava fazendo e não estragaria. Quando cheguei perto o suficiente, girei meus olhos em direção ao policial, em seguida, me sentei em seu colo como se eu tivesse todo o direito de estar lá. Eu passei meus braços em volta do pescoço dele apertado e sussurrei em seu ouvido.

— Aquele policial ali está tentando me salvar. Eu disse a ele que você é meu namorado, e que eu só fiquei presa no depósito à procura de algo que você precisava, então me trate como se você não quisesse me estrangular e talvez ele vá embora.

Seus braços se apertaram em torno de mim firmemente, e eu me deixei fingir por um momento que eu tinha falado a verdade. Que ele ainda era realmente meu, e que ele iria ficar aliviado ao me encontrar segura.

— Obrigado, — ele murmurou. — Uma coisa a menos para me preocupar.

— Você não confia em mim, — eu disse suavemente. — Eu entendo. Mas eu estou do seu lado, Reese. Eu estraguei tudo e agora estou tentando consertar. Eu não espero que você me perdoe, ou que as coisas sejam como eram antes, mas eu não vou te trair de novo.

Ele balançou a cabeça, em seguida, soltou seu aperto. Aparentemente eu não era a única ciente do nosso público, porque nenhum dos outros mostraram o menor sinal de reação para a nossa pequena reunião. Hunter se levantou quando Reese me deixou ir, e se aproximou de nós.

— Eu sinto muito, — disse ele, com a voz tensa. — Me disseram que ela já estaria morta se você não tivesse a salvado. Eu não devia ter saltado em você daquela forma, London. Acho que eu simplesmente perdi o controle.

Deus, ele parecia tão jovem e assustado.

Eu coloquei a mão em seu braço, oferecendo a ele um pequeno aperto. Era fácil de esquecer que alguns desses motoqueiros eram essencialmente ainda crianças, apesar do quão duro eles agiam. Este menino estava assustado pra caralho porque ele tinha perdido o bebê, e ele pode estar perdendo sua namorada em breve, também.

— Não se preocupe com isso. Eu entendi o que estava acontecendo e não levei para o lado pessoal.

A menina que estava sentada ao lado dele se juntou a nós.

— Eu sou Kelsey, — disse ela, me olhando por cima. Seu rosto estava apertado e tenso, e seu corpo inteiro irradiava tensão presa. — Eu sou a irmã deste idiota, o que torna Em minha irmã também. Obrigada pelo que você fez. Isso levou coragem.

Eu dei de ombros.

— Vamos esperar que eles possam ajudá-la.

Como se convocado pela minha voz, um médico entrou na sala de espera e todos nós olhamos para cima, tentando ler sua expressão.

— Vocês são a família?

— Sim, — disse Reese, que estava de frente para ele. — O que está acontecendo com a minha menina?

— Ela acabou a cirurgia e correu tudo bem, considerando todas as coisas. Você já sabe que ela perdeu muito sangue. Nós fizemos transfusão nela na sala de emergência e novamente em cima da mesa, e eu acho que isso ajudou. Infelizmente não há nenhuma maneira que o feto possa sobreviver em uma gravidez ectópica como esta. Não importa o quão cedo descobrimos e não há nada que ela poderia ter feito para evitar. Às vezes, simplesmente acontece.

— Você viu se era um menino ou uma menina? — perguntou Hunter, sua voz angustiada.

— Era uma menina, — ele respondeu. — Ela tinha cerca de 14 semanas de idade. Sinto muito pela sua perda. Temos muita sorte de ter salvo a mãe – foi por pouco, talvez uma questão de minutos que fizeram a diferença. As próximas horas serão críticas, mas eu estou esperançoso de que ela vai se recuperar completamente.

Horse jogou o braço em volta de mim e me segurou apertado.

— Obrigado por salvar a nossa menina Emmy, — disse ele em voz baixa. Ruger acenou para mim, e eu não sabia o que fazer ou dizer. Reese parecia perdido em seu próprio mundo e os olhos de Hunter tinham ficado vermelhos.

— Quanto tempo até que possamos visitá-la? — Kelsey exigiu.

— Ela está em recuperação agora, — disse ele. — Vai demorar um pouco até ela poder receber visitar, e eu gostaria que ela descansasse o máximo que puder. Só família imediata e, o resto de vocês pode visitar amanhã ou no dia seguinte.

— Eu vou ficar aqui esta noite, — disse Hunter. — A menos que isso é um problema?

O médico sorriu, embora a expressão não chegasse a atingir os olhos.

— A sala de espera é toda sua, — respondeu ele. — Nós vamos te manter informado.

Ele se virou e saiu, sua mente, obviamente, já no próximo paciente.

— E agora? — perguntou Ruger lentamente. — Isto é uma merda, mas nós temos trezentos irmãos viajando até Cali para uma grande ofensiva. Temos que fazer um plano, porque não podemos simplesmente deixar eles esperando.

— Estou fora, — disse Hunter sem rodeios. Ele deu ao seu amigo um olhar rápido. — Skid pode se prontificar e assumir para mim. Eu já disse a Burke o que está acontecendo.

Olhei para Reese, me perguntando se ele diria a mesma coisa. Ninguém poderia culpá-lo se ele decidisse não ir para a Califórnia, mas não havia nenhuma maneira no inferno que eu teria a chance de salvar Jessica sem ele lá. Ele olhou para mim e suspirou, chegando a esfregar a parte de trás do seu pescoço.

— Eu vou, — disse ele a Hunter. — Você cuide da minha menina para mim, e eu vou ter certeza de que voltamos ao seu clube.

Hunter pareceu surpreso, e eu vi Ruger e Horse trocarem um olhar que eu não poderia interpretar.

— Aprecio isso, — Hunter disse, se voltando para Skid. — Você precisa de algo mais de mim?

— Não, eu tenho tudo.

— Eu vou voltar para casa, — disse Reese lentamente, embora eu pudesse ver que estava o matando deixar Em. — Me ligue quando ela acordar? Eu vou voltar e ver ela antes de decolar.

— Tudo bem, — disse Hunter. — E Pic?

— Sim?

— Eu vou cuidar bem dela. Eu prometo.

— Vou cobrar isso de você.


Capítulo Dezessete

 

LONDON

 

O avião pousou às onze naquela noite.

Eu tinha adormecido em cima de Reese, o que era confortável e maravilhoso e, provavelmente, mais do que eu merecia, mas eu percebi que eu iria aproveitar enquanto eu podia. Ele parecia me querer com ele, e eu até senti uma ligeira agitação de esperança em um ponto. Talvez eu não tivesse matado tudo entre nós quando eu puxei o gatilho?

Então eu parei de ser tão tola, porque eu não podia permitir que esperança me distraísse.

Ainda assim, houve uma notável mudança de atitude em relação a mim depois que voltamos do hospital. Ninguém tinha estado na casa de Em e Hunter inicialmente - aparentemente eles tinham se retirado em antecipação a uma batida policial.

Uma invasão que esperavam por minha causa.

A combinação do meu silêncio e o fato de que eu tinha salvado Em, tinha sido um longo caminho para a reconstrução da boa vontade do clube, e ninguém reclamou quando Reese anunciou que estaria indo com eles. Isso significava tudo, porque se eles encontrassem Jessica, eu precisava estar lá para ela. Se não o fizessem, eu tinha outro trabalho, menos agradável à minha frente.

Agora era uma hora e eu estava sentada no escuro. Esperando. Nós tínhamos ido a um armazém no meio do nada em San Diego, que aparentemente era muito semelhante ao regular em San Diego, mas com mais tiroteios e atividade de gangues. Tinha levado um pouco para convencer Reese a deixar me juntar a eles para o real ataque - eu acho que ele tinha planejado que eu ficasse com as mulheres no clube de alguém ou alguma coisa.

Foda-se.

Nós tínhamos comprometido quando eu jurei ficar do lado de fora em um dos veículos (uma van de carga parecendo anônima - algo que eu estava começando a pensar que era padrão MC), a menos que eles chamem por mim. Puck ficou, também. Durante o tempo que tinha estado presa aqui fora, ele não disse nada para mim. Nem. Uma. Palavra. Eu me curvei para baixo na escuridão, rezando para que algo acontecesse. Qualquer coisa.

Eu ainda não tinha certeza de quem eram os nossos objetivos ou de onde o resto dos homens tinha ido - tivemos cerca de trinta no total do nosso grupo, uma mistura de Reapers, Silver Bastards e algum outro clube de moradores locais que eram, aparentemente, seus aliados. Nenhum deles usavam coletes distintos e tudo estava muito em segredo. Todos eles haviam me ignorado por completo, exceto Puck, que irradiava ressentimento por ter estado preso com o dever de babá.

É justo, porque eu estava começando a me ressentir dele em silêncio, também.

Depois do que pareceu horas, o telefone de Puck vibrou. Ele atendeu, resmungou algumas vezes, e desligou o telefone, voltando a olhar para mim com um olhar severo estragando suas belas feições.

— Eles precisam de mim lá dentro, — disse ele. — Você vai ter que vir também - não posso te deixar aqui sozinha. Fique quieta e não diga, faça ou toque em nada. Entendeu?

Eu queria dizer a ele que ele era jovem o suficiente para ser meu filho, e que eu não era fodidamente estúpida. Em vez disso, eu disse: — Entendi.

Outro grunhido. Algum dia ele realmente ia ter de aprender algumas palavras reais, eu decidi.

Nós saímos da van e andamos pela lateral do edifício. Ao virar a esquina, encontramos uma porta guardada por um homem que eu não conhecia. Ele abriu para Puck em silêncio, olhando para mim com desconfiança, quando eu segui o prospecto para o interior.

O armazém me surpreendeu.

Eu não sei o que eu estava esperando... Talvez algum tipo de grande espaço, aberto com passarelas e holofotes, e um gênio do mal rindo histericamente no fundo.

Um gato sem pelos ou dois?

Em vez disso, luzes de segurança baixa mostraram um interior que parecia menos com a fortaleza de um senhor do crime e mais como um Costco24. Havia longas pilhas de caixas e caixotes e palhetas formando vielas, algumas delas amontoadas quase até o teto. Uma empilhadeira perfeitamente normal estava estacionada perto da porta. Nem sequer tinha uma metralhadora montada no telhado ou qualquer coisa.

Puck puxou a arma e começou a descer a segunda fila de palhetas, que a minha imaginação ativa imediatamente apontou que operaria como uma calha de gado. Você sabe, os longos e estreitos caminhos que eles usam para guiar os animais para a morte em matadouros?

Não é um pensamento feliz.

Ele rastejou através da escuridão e eu o segui como uma boa menina. Então eu tropecei no meu próprio cadarço, de alguma forma, fazendo uma dança elaborada e me movendo para ficar em pé sem fazer nenhum som.

Quando eu estava estável novamente, eu me agachei para corrigir os cadarços. Puck continuou se movendo à frente, alheio, e não havia nenhuma maneira que eu pudesse impedi-lo sem fazer um som. O que era pior? Fazer barulho ou ficarmos separados?

Fazer barulho parecia mais provável que nos mataria.

Era uma droga estragar as coisas em menos de cinco minutos de operação. Me ajoelhar deu toda uma nova perspectiva sobre a situação, especificamente uma perspectiva baixo o suficiente para ver através de uma abertura nas palhetas que tinha apenas cerca de sessenta centímetros de altura, e talvez quarenta e cinco centímetros de largura. Do outro lado do fosso eu poderia apenas fazer um... Oh merda. Isso era um corpo ali, não um dos motoqueiros, ele não estava usando o tipo certo de roupas.

Havia uma porcaria preta escura turvada em torno dele no chão.

Sangue?

Sim. Tinha que ser de sangue, e era muito mais do que tinha saído de Em. Esse cara estava mais morto do que morto, sem dúvida. Uau. Isso realmente estava acontecendo - London Armstrong de Coeur d'Alene, Idaho, estava no meio de uma guerra de gangues e as pessoas estavam morrendo... eu me afastei, olhando para frente para ver que Puck tinha quase chegado ao fim da linha, ainda sem noção que tínhamos ficados separados. Isso não era simplesmente perfeito? Eu apenas comecei a subir para os meus pés quando eu ouvi o barulho.

Um fungado, um choro abafado... Alto, como de uma criança ou talvez uma mulher jovem. Meu radar de mãe apontou, porque eu reconheci aquele choro.

Jessica.

Ela estava em algum lugar do outro lado dessas palhetas, o que significava que eu poderia ou correr para o fim da longa fila e sair por aí, ou eu poderia tentar rastejar através daquele pequeno intervalo estreito. Mas correr levaria tempo e, eventualmente, faria barulho... Não só isso, se eu encontrasse Puck, ele não pode me deixar ir procurar Jess, não quando ele tinha uma tarefa própria para realizar.

Eu só tinha que rastejar por eles.

A única desvantagem era o Sr. Mc Morto por lá, o que eu tinha que admitir que era um grande golpe contra o meu plano. Então eu ouvi Jessica choramingando novamente, e ela parecia mais fraca desta vez, não mais brincando. Eu me deixei cair de volta para baixo e comecei a deslizar meu caminho através do espaço. Não era particularmente divertido ou confortável, mas ataques mortais contra os cartéis notórios raramente são.

A primeira coisa que eu descobri quando cheguei do outro lado foi que o sangue do Sr. Mc Morto ainda estava quente, algo que eu descobri acidentalmente ao colocar minha mão nele. Eu podia sentir o cheiro dele, também. Metálico, com um toque de doçura. Eu comecei a limpá-lo na minha camisa, e depois parei, porque ewww. Querendo saber vagamente se Deus iria me atacar por profanar os mortos, eu me inclinei e cuidadosamente limpei minha mão em sua camisa.

Meus dedos tocaram um nódulo duro.

Eu congelei. Havia algo sólido sob a camisa, algo que havia caído para o lado esquerdo. Dando mais um rápido olhar para baixo da linha, eu não vi ninguém, então eu puxei sua camisa para olhar.

Era uma arma.

O gemido veio de novo, e eu olhei em volta para a fonte. Ao longo da parede esticava uma série de portas. Elas estavam todas fechadas, como se fossem os escritórios que tinham sido trancados para a noite... Exceto por um claramente marcado como um banheiro - a porta tinha sido mantida aberta. Ela estava lá, se escondendo?

Eu decidi verificar minha nova arma antes de entrar, porque eu não queria ser pega sem balas neste momento. Oh tão cuidadosamente, eu deixei a pequena coisa de lâmina contendo as bala saírem. Sim. Cheio de balas, tudo bem. Então eu a empurrei de volta para cima e passei a parte inferior da minha camisa em torno da coisa toda, abafando o som quando eu cuidadosamente engatilhei a arma.

Agora eu estava armada e carregada, pronta para ir resgatar minha prima como Lara Croft em pessoa. Tudo que eu precisava era o corpo de Angelina Jolie e seria perfeito. Faça disso o dinheiro de Angelina Jolie – então eu poderia terceirizar o resgate e transar com Brad Pitt. Eu senti uma pequena risada inadequada tentar borbulhar seu caminho para fora da minha garganta, que eu engoli brutalmente. Muita tensão fazendo barulho na minha cabeça.

Pare de fazer piadas e vá resgatar Jessica.

Ok, então. Eu tomei uma respiração centralizadora, avançando em direção à porta do banheiro. O estalo de tiros de repente ecoou pelo prédio, me assustando pra caralho. Homens gritavam em inglês e espanhol, seguido por mais tiros. Eu afundei pelo chão e pela porta do banheiro, na escuridão total. Então eu puxei a porta atrás de mim, ela não pode fornecer muito na forma de uma barreira, mas tinha que ser melhor do que ficar com um corpo morto na vista de todos. Arrastando minha mão ao longo da parede, eu fiz o meu caminho mais profundamente no cômodo, em torno de um canto.

O tiroteio morreu do lado de fora.

Agora eu ouvi alguém respirar no quarto minúsculo. Jessica? Bandido homicida do cartel? Como diabos eu deveria distingui-los na escuridão?

— Você pode me ajudar? — uma voz sussurrou, e eu quase comecei a chorar porque meus instintos de mãe tinham razão - eu encontrei a minha menina e ela estava viva.

— Jess?

Silêncio, em seguida, um soluço juntamente com a falar. — Loni? É você mesmo?

— Sim, baby, sou eu. Estou aqui para te salvar. Você vai ficar feliz em saber que deixei a minivan em casa dessa vez.

Mais silêncio.

— Eu estou imaginando isso?

— Não, Jess. Eu sou real, mas o armazém está cheio de pessoas mortas e toquei um deles, então eu acho que devemos dar o fora agora, ok?

— Eles me algemaram aos tubos, — ela sussurrou. — Estou em um vaso sanitário, por isso não vou fazer uma bagunça.

Jesus Cristo. De repente eu queria que o Mr. Mc Morto ainda estivesse vivo para que eu pudesse matá-lo de novo, dada a sua posição de fora, ele provavelmente tinha estado vigiando. Eu assumi que os motoqueiros o tinham o matado, mas quem sabe? Quem quer que fosse não tinha encontrado Jess, que era a única coisa que importava. Agora eu só precisava tirá-la das algemas, então esgueirá-la para fora do prédio, sem matar nós duas.

Fácil, não é?

— Loni?

— Ainda aqui, — eu disse rapidamente. Outra rodada de tiros encheu o ar – hora de soltá-la e sair pela porta antes que alguém entrasse aqui e começasse a nos matar.

Falando no diabo...

Passos soaram lá fora quando alguém correu pelo longo lugar. Em seguida, a porta bateu aberta e luz branca e brilhante inundou o banheiro, me cegando. Jessica gritou quando tiros pareceram explodir em todo o edifício. Eu afundei para trás freneticamente, longe desta nova ameaça, mais gritos enchendo o ar. Jessica, mas também de homens do lado de fora. Homens na dor, ou morrendo.

Esta merda estava ficando real.

Minhas costas bateram em uma parede e eu me encontrei debaixo de uma pia, piscando rapidamente enquanto meus olhos se ajustaram à luz. Não a dois metros de mim, eu vi um homem gordo baixo latino-americano, em um terno de aparência cara parar na frente do box solitário, a arma na mão. Sua respiração era pesada e ele murmurou para si mesmo quando ele procurou nos bolsos por alguma coisa.

Chaves.

Ele abriu o box e eu peguei um vislumbre de Jess, pela primeira vez, apenas um flash, mas eu vi sangue seco e sua mandíbula estava inchada. Ela gritou quando ele estendeu a mão para ela, e então eu ouvi o barulho de que tinha de ser ele lutando para abrir as algemas. Jess chutou e ele deixou cair a chave, deslizando pelo chão para o canto da sala.

— Me deixe em paz! — ela gritou.

— Cala a boca, vadia! — o homem gritou de volta. Então ele deu um tapa. Duro.

Ela se calou.

Lá fora os tiros morreram, mas um novo barulho tinha iniciado. Um barulho estridente que só poderia ser um alarme de incêndio.

Puta merda. Eu tinha que acabar com isso de alguma forma ou íamos ambas morrer como ratos.

O bastardo se abaixou pesadamente de joelhos, murmurando maldições baixinho enquanto ele caçava a chave. Seus movimentos eram desesperados, e eu percebi que não era a única apavorada aqui. Bom. É bom saber que os bandidos se assustavam, também. Talvez eu poderia usar isso contra ele.

Os olhos frenéticos de Jessica encontraram os meus sobre suas costas. Seu rosto estava ensanguentado e machucado, e ela, obviamente perdeu um pouco de peso. Mais do que ela poderia perder. Para tornar as coisas ainda mais miseráveis, suas mãos estavam presas atrás dela, e eles tinham a deixado no vaso com suas calças em torno de seus tornozelos.

Gritos soaram do lado de fora, e um ruído alto de batida. Como um corpo jogado contra a parede?

O homem murmurou baixinho, seus movimentos cada vez mais frenéticos. Eu não conseguia entender por que ele não apenas fugia – ele estava encurralado aqui? Se esse fosse o caso, ele precisava de Jess viva. Uma refém era a sua melhor chance de sair, embora se o clube iria deixar ele ir para salvar Jess, estava muito em questão...

Ele viu a chave sob um dos mictórios e saiu do box, se arrastando pelo chão em direção a ela como uma excepcionalmente grande barata.

Senti o cheiro de fumaça. Mais gritos do lado de fora.

O homem ignorou tudo, absolutamente determinado a conseguir essa chave e soltar Jessica. Eu não tinha ideia de quem ele era e eu não me importava. Ele tinha a chave, o que significava que ele era responsável por ela estar aqui e isso foi bom o suficiente para mim.

Hora de acabar com isso e dar o fora daqui antes que morrêssemos.

Me levantei silenciosamente de joelhos e apontei a arma, assim como Disturbing Field Guy25 tinha me ensinado. Então eu respirei fundo e puxei o gatilho, a explosão quebrou tão alto na pequena sala que meus ouvidos começaram a zumbir. Jess gritou de novo quando a bala pegou na lateral, jogando-o contra a parede. Seus olhos encontraram os meus e se arregalaram de surpresa. Então sua mão começou a procurar atrapalhada por algo que tinha caído pesadamente no azulejo ao lado dele.

Sua arma?

Porra.

Eu atirei novamente, desta vez no peito. Outro tiro, pegando o braço dele. Comecei a andar ajoelhada pelo chão, determinada a agarrar essa chave e tirar Jessica daqui. Deus. Ele ainda estava vivo. Seus olhos piscaram, e ele ergueu a mão, como se ele pudesse me parar por pura força de vontade. Sua boca se moveu, mas eu não conseguia entender as palavras através do zumbido. Fumaça começou a ondular através do ar acima de mim, filtrando através da ventilação de ar. Nós realmente, realmente precisávamos sair daqui.

Hora de acabar com esse babaca.

Segurando a arma com as duas mãos, eu atirei nele à queima-roupa no centro de sua testa. Sangue e cérebro respingaram em todo o lugar, inclusive em mim. Eu engasguei, tentando não vomitar. Eu não desacelerei, no entanto. Eu não podia me dar ao luxo disso, não com fumaça entrando, metade de um exército esperando para nos matar, e Jessica acorrentada a uma porra de um vaso sanitário com as calças no chão.

Tempo para encontrar essa chave. Pena que estava preso em algum lugar sob o Mc Gordo Fodido.

Seu corpo estava pesado e mole, mas eu consegui enrolá-lo em direção a mim tempo suficiente para cavar através do sangue e encontrar a pequena chave que tinha lhe custado a vida. Então eu estava nos meus pés e liberando Jessica. Ela estava de pé quando a porta se abriu novamente.

Eu levantei a arma, pronta para atirar.

Reese.

Seus olhos se arregalaram, absorvendo tudo. Minha cara manchada de sangue, Jessica espreitando para fora do box... o cérebro de Mc Gordo Fodido espalhado.

— Puta merda, — ele murmurou. Huh. Acho que minha audição estava funcionando novamente. Sim. Mais tiros no fundo, juntamente com ainda mais altos barulhos do alarme, agora que a porta estava aberta.

— Oi, Reese, — eu disse, sorrindo apenas um pouco demasiado brilhantemente. — Eu encontrei Jessica.

Ruger veio atrás dele, seguido por Horse e algum estranho barbudo que eu não reconheci. De repente, o banheiro estava muito lotado.

— Esse é Gerardo Medina, — disse o Homem Barba. — Ele está morto... Santo inferno. Quem o matou?

— Eu matei, — eu rebati, acenando com a minha arma para dar ênfase. Todos eles congelaram, e eu percebi que acenar armas mortais para dar ênfase enquanto se estava coberta com sangue e pedaços de cérebro provavelmente não era uma ideia tão boa. Isso me pareceu engraçado, mas eu consegui não rir.

Foi quando eu percebi que talvez eu estava perdendo a minha merda um pouco.

— Oops. Desculpe.

Reese soltou uma respiração lenta.

— Tudo bem, me dê a arma, babe, — disse ele, estendendo a mão para ela. Hesitei - e se eu precisasse dela para defender Jessica novamente? Meus pensamentos estavam correndo muito rápido, eu não conseguia pensar. Reese me considerou cautelosamente.

— Estou impressionado como o inferno, London. Você acabou de matar o cara número dois para o Cartel Santiago nos EUA, por isso, trabalho bem feito. Mas por mais que eu respeite seus instintos mortais, eu acho que todos nós vamos estar mais seguros se você entregar a arma.

— Eu estou bem com ela, — eu disse, estreitando os olhos para me concentrar em seu rosto. Droga. Por que tudo estava se movendo tão rápido?

— Me diga agora o quanto de munição que você tem.

— Por quê?

— Porque se você não pode responder à pergunta, você não tem nada que carregar essa coisa ao redor.

Ele fez um bom ponto.

Eu entreguei a arma com o cano apontado para baixo com cuidado, assustada com o quão difícil era manter o equilíbrio. Então, ele me levantou e jogou por cima do ombro me carregando como um bombeiro. Ele correu para fora da porta do banheiro, a fumaça que nos rodeava e o rugido de armas cada vez mais altos. Algo bateu no meu ombro e meu braço ficou dormente.

— Loni! — Jess gritou atrás de mim, e eu levantei a cabeça para ver Horse levando ela, calças balançando e tudo. Então eu ouvi alguém gritar — Porra! — bem alto, seguido por — dê o fora daqui!

Reese foi em direção ao final do armazém quando todo o lugar parecia explodir em chamas. Fumaça queimou meus olhos, e eu não tinha ideia de como ele estava recebendo o suficiente de ar - eu certamente não estava. Ainda assim, corremos abaixo da linha de paletes como uma manada de cavalos selvagens até que eu vi Puck esperando na porta que tinha usado para entrar, acenando para nós freneticamente.

Em seguida, passamos por ela e para fora no ar da noite.

Reese me jogou na traseira de uma van e pulou em cima de mim, batendo o fôlego diretamente fora do meu corpo. Horse e Jessica em seguida, e o veículo decolou, portas de carga balançando abertas quando nós fomos para rua. Da minha posição amassada no chão, vi um pilar de fogo surgir no meio por cima do telhado do armazém. Então Horse pegou uma corda na parede da van e se inclinou para fora, agarrando as portas e fechando-as.

Houve um gigante material voando quando algo explodiu, e toda a van balançou violentamente.

— As pessoas tem que parar de explodir edifícios em mim, — eu murmurei, tentando não rir. Alguma coisa estava errada aqui... Por que o meu cérebro não funcionava? Senti como se estivesse olhando para tudo através de uma película fina. Tentei empurrar Reese longe, mas meu braço ainda não funcionava.

— Eu vou olhar, — Reese murmurou para mim.

— Faça isso.

Ele me puxou para perto e me apertou, o que deveria ter feito eu me sentir toda quente e segura. Em vez disso, eu não senti nada. Eu sabia que deveria estar verificando Jessica, havia algo importante... mas eu estava tão incrivelmente cansada e fraca.

Eu não me lembro de nada depois disso.

 

 

 

Os ruídos imperceptíveis que me acordaram soaram como alguém falando debaixo d'água.

Isso fazia sentido, porque eu parecia estar flutuando. Eu só não tinha certeza de como eu estava flutuando - ou por quê - mas eu definitivamente não estava em terra firme.

Adorável...

— London?

Eu tentei dizer — Vá embora, — mas saiu mais como — Vá oga.

Huh.

— London, você pode me ouvir? Tente e acorde, querida.

Eu balancei a cabeça, sentindo uma pontada de dor. Cortou a sensação de estar flutuando de uma maneira que eu simplesmente não poderia aprovar. Abri os olhos para tentar descobrir quem estava fazendo minha cabeça doer. Talvez se eu mordesse com força o suficiente, eles parariam? Mas identificar o culpado não seria fácil, aparentemente, ele encheu minhas pálpebras com areia, porque estavam ásperas e secas.

— Eu tenho notícias sobre Jess, — a voz disse, pegando a minha atenção. Jessica. Memórias começaram a voltar. Oh, droga. Nós tínhamos ido para a Califórnia e eu tinha matado um homem. Mas eu tinha encontrado Jess - essa parte era importante. Jessica estava viva. Em seguida, outro edifício tinha explodido. Pisquei, tentando me concentrar no rosto acima do meu.

Reese.

— Hey, — eu consegui coaxar. — O que aconteceu?

— Você levou um tiro no braço e desmaiou, — ele me disse. Eu fiz uma careta. Eu não me lembrava de levar um tiro. Eu não deveria ter notado?

— Como?

— Estou assumindo que com uma bala, — disse ele, com a voz seca. Eu considerei bater nele, mas isso teria envolvido levantar minha mão, o que não parecia ser uma opção realista no momento.

— Por que me sinto tão estranha?

— O médico te dopou com analgésicos. Provavelmente um pouco mais do que precisava, mas eu não queria você sofrendo.

Acho que isso explica o nevoeiro. Pisquei um pouco mais, tentando clarear isso.

— E quanto a Jess? — eu finalmente consegui perguntar.

— Ela está muito bem, — disse Reese. — Eles fizeram uma tomografia e o shunt está bem. Além do dedo, a única coisa de errado com ela é um pouco de desidratação e algumas contusões. Eles querem que ela tenha acompanhamento com um cirurgião plástico, mas por outro lado está tudo bem. Nenhum sinal de quaisquer convulsões, tampouco. Ela está, na verdade, muito melhor do que você – a garota é mais forte do que você pensava.

Isso foi um alívio. A bola de tensão soltou no meu peito, o que era muito curioso. Até aquele momento eu não tinha sido capaz de sentir o meu peito em tudo. Provavelmente por causa das drogas que eles tinham me dado, porque eu fui... atingida por uma bala? Oh sim. Talvez eu devesse perguntar a Reese sobre isso, agora que eu sabia que Jess estava segura...

— Quando eu levei um tiro?

— No armazém, — disse ele. — Você se lembra do homem no banheiro?

Estremeci, desejando que eu pudesse esquecê-lo - eu tive um sentimento que eu estaria vendo aqueles olhos piscando para mim nos meus pesadelos para o resto da minha vida.

— Sim.

— Nós pensamos que poderia ter sido um ricochete lá, — disse ele. — Ou isso, ou uma batida aleatória enquanto estávamos correndo para fora do prédio. É um arranhão ao longo de seu braço, mas você teve sorte. Não penetrou muito além da camada externa muscular - sem danos nos nervos. Você tinha tanto sangue te cobrindo que nem percebemos até que você desmaiou no chão da van. Pensei que eu ia ter a porra de um ataque cardíaco.

Eu fiz uma careta. — Por que eu não senti?

— Adrenalina. Acontece com mais frequência do que você pensa.

Pisquei para ele, o mundo finalmente entrando em foco. Reese parecia cansado, seus olhos sombreados com olheiras, e eu tinha a sensação de que eu não estava parecendo muito melhor, também. Minha cabeça estava começando a latejar, parecia como se um caminhão tivesse rolado por cima de mim. Olhei em volta, tentando me mover o mínimo possível no processo. Eu parecia estar no quarto de uma criança. Havia um cartaz de gatinho na parede e um dossel sobrecarregado de rosa.

— Onde na terra nós estamos?

— Na casa de um amigo, — ele me disse, puxando sua cadeira para mais perto. — O clube dele e os Reapers são aliados, por isso, quando você precisava de um lugar para ir, ele se ofereceu. Temos tido um medico para vê-la, e eles a costuraram enquanto você estava apagada. O Doutor disse que você vai ficar bem, te deu uma injeção de analgésicos antes dele sair. Ele é um amigo do clube, também - não vai denunciar nada. A situação de Jessica é um pouco mais complicada, porque precisava de mais testes. A levamos para uma clínica particular. Eles vão manter a boca fechada, desde que eles sejam pagos o suficiente.

Fechei os olhos novamente, cansada demais para continuar falando. A cama afundou e, em seguida, Reese estava deitado ao meu lado. Doeu me mover, mas eu deitei em seus braços de qualquer maneira. Ele me fez sentir segura e protegida.

— Só mais uma coisa que eu devo mencionar, — disse ele.

— O que seria?

— Parece que Jessica foi estuprada. Repetidamente. Ela vai precisar de testes de DST e gravidez.

Fechei meus olhos, porque eu não poderia lidar em pensar nisso também.

— Ela vai precisar de muito mais do que isso.

Ele não disse nada, o que eu apreciava. Ao contrário, ele esfregou minhas costas suavemente, me acalmando. Por quê, eu não tenho ideia. Eu não merecia sua bondade, não depois do que eu tinha feito.

Eu adormeci, acordando novamente quando alguém abriu a porta e pediu algo a Reese.

— Não, — ele respondeu calmamente, embora eu não tivesse pego a questão. Você precisa se recompor, descobrir o que acontece a seguir.

— Qualquer outra coisa que eu deveria saber? — eu consegui sussurrar, o nevoeiro da droga me abafando. Ele deu uma risada humorada.

— Bem, aparentemente, alguém bateu cinco armazéns de drogas e oito casas seguras pertencentes ao cartel na noite passada. Ainda não tenho ideia sobre a contagem de corpos, mas os policiais estão dizendo que quase toda a liderança foi tomada de forma quase simultânea. Eles estão tentando descobrir quem pode estar por trás disso.

— Será que todos os nossos homens saíram bem?

— Nós perdemos três, — disse ele, sua voz baixando. — Um Reaper e dois Devil’s Jacks. Ninguém que você conhecia. E aqui está a má sorte para você, a polícia pegou Puck e Painter noite passada por excesso de velocidade. Encontraram algumas armas no carro, então agora eles estão sendo acusados de tráfico.

— Merda. Por ‘perdemos’, você quer dizer... ?

— Mortos.

— Quem eram eles? — eu perguntei, minha voz um sussurro.

— Meus irmãos, — disse Reese, sua voz áspera. — Mesmo os Jacks – eles mereceram com o seu sangue. Agora não é o momento para chorar, no entanto. Tenho que levar todo mundo para casa em segurança em primeiro lugar. Então vamos lembrar deles.

— E quanto a Puck e Painter?

— O advogado está a caminho agora, — ele respondeu. — Mas provavelmente não está parecendo tão bom para nenhum dos dois. Ambos têm antecedentes. Você deve a Puck, por sinal. Ele é o único que descobriu onde você estava. Se não fosse por ele, poderíamos não ter te encontrado a tempo.

Eu fiz uma careta.

— Surpresa que ele se incomodou. Eu não acho que ele gosta muito de mim.

— Não importa como ele se sente sobre você, — Reese me disse. — Proteger propriedade do clube. Esse é o trabalho dele.

Eu não tinha ideia de como reagir a essa declaração, então eu decidi fingir que eu não tinha o ouvido falar.

— No geral foi uma grande vitória para nós - irá levar anos para eles se recuperarem, — continuou ele. — O chefe do México já esteve em contato, pedindo por uma trégua. Eles concordaram em ficar ao sul de San Francisco, pelo menos por agora, e deixar os clubes locais sozinhos. Em troca, nós demos a eles um pequeno sinal do nosso agradecimento.

— E o que foi?

— Evans.

Eu parei.

— Eu pensei que você disse que se Jess sobrevivesse você iria deixar ele ir.

— Não, nós dissemos a ele que se ela sobrevivesse, ele iria sobreviver, e ele estava definitivamente vivo quando nós o entregamos ao Santiagos. Mas só um idiota acha que ele pode trair o cartel e continuar respirando a longo prazo. Ele já estava morto, só não sabia disso ainda.

Assustador como o inferno, mas eu tive que concordar. Nate tinha feito a sua própria cama, e eu não me sentia particularmente triste por ele em tudo. Eu bocejei. Entre as drogas e o drama, eu estava exausta.

Reese provavelmente estava, também... Mas eu tinha mais uma pergunta para ele. Uma importante.

— E quanto a mim? — eu perguntei, minha voz um sussurro.

— Não tenho certeza que entendi.

— O clube decidiu o que vai fazer sobre mim? — eu repeti, pronunciando as palavras. — Agora que está tudo acabado. Eu realmente sinto muito. Eu sei que eu continuo dizendo isso e isso não muda nada, mas é verdade. O que eu fiz foi errado, você sempre tentou me ajudar, e mesmo depois de eu ter te esfaqueado pelas costas, você ainda salvou Jessica. Eu sei que você não confia em mim e você, provavelmente, não acredita em mim, mas eu faria qualquer coisa por você, Reese. Para o clube, também. Eu não posso te agradecer o suficiente para resgatar a minha menina...

— Babe, eu acho que é seguro dizer que você está bem com o clube, — ele respondeu e ouvi um toque de humor em sua voz. — Você salvou a vida de Em, mentiu para a polícia para nos proteger, e depois matou Gerardo Medina - tudo em 24 horas. Isso é impressionante, querida. Você sabe quantas pessoas já tentaram matar ele? Não só isso, todos nós meio que gostamos quando você acertou os joelhos do policial idiota. Não se preocupe com isso, ok? Foda-se, Heather tentou me matar pelo menos três vezes ao longo dos anos. Nós vamos passar por isso.

— Eu não acho que eu entendo os motoqueiros.

— Tudo bem, babe. Você vai descobrir.


Capítulo Dezoito

 

LONDON

 

Jess se aninhou ao meu lado como um bebê todo o voo para casa, escondida ao meu lado com um cobertor em torno de nós duas. Eu ainda não tinha acreditado em Reese quando ele me disse que ela estava bem. Ela estava, no entanto. Pelo menos fisicamente. Claro, ela tinha perdido um dedo, e eu sabia que se recuperar daquilo não ia ser divertido. Mas seu shunt realmente não se moveu, não havia sinais de infecção, e até mesmo a concussão que ela tinha ganhado por bater no chão estava se curando-como deveria.

Nós também não tínhamos ideia de por que ela tinha tido a convulsão. É claro, nós nunca entendemos por que ela as tinha quando criança - ou porque ela parou de tê-las. Uma coisa que eu aprendi ao longo dos anos que passei com ela em hospitais e consultórios médicos é que a medicina é uma arte, e não apenas uma ciência.

Eles não sabem tanto como eles querem que você pense.

Mentalmente, as coisas iam ser muito mais difíceis para ela. Ela não quis falar sobre o estupro ou o que havia acontecido com sua mãe, mas ela se encolheu toda vez que um homem chegou perto dela. Isso foi o suficiente para me responder. Talvez ela ficasse pronta para se abrir com o passar do tempo - não que em um avião de carga cheio de motoqueiros feridos e ensanguentados fosse o melhor local para uma conversa de coração para coração de qualquer maneira.

Não era o meu lugar para empurrá-la.

Nós finalmente chegamos à casa de Em e Hunter em Portland no início da manhã, menos de 48 horas depois que a tínhamos deixado. Louco, né? Reese nos indicou em direção a um quarto de hóspedes antes de decolar, dizendo que ele precisava visitar Em. Eles tinham falado por telefone, mas não foi o suficiente. Ele queria vê-la por si mesmo, se certificar de que ela realmente iria ficar bem.

Eu me senti da mesma forma sobre Jessica. Coloquei ela na cama como uma criança e depois me deitei ao lado dela, contando suas respirações como eu fiz quando ela estava na UTIN. Eu provavelmente deveria descer, me certificar de que todo mundo estava bem... Mas eu estava tão cansada. Em vez disso eu adormeci, imaginando qual o nosso próximo passo deveria ser.

O som do toque de uma mensagem me acordou. Isto parecia estranho, considerando que eu não tinha visto o meu telefone (ou bolsa) desde antes de eu tentar atirar em Reese. Rolei, piscando rapidamente, tentando descobrir o que estava acontecendo.

— Desliga, — Jess murmurou, se virando. — Muito cansada para a escola...

Acho que algumas coisas não mudaram.

Olhei para o quarto para ver a bolsa em questão em cima de uma cômoda de madeira lisa, ao lado de duas pilhas organizadas de roupa dobrada. Quem poderia está me mandando uma mensagem?

Levantar era doloroso na melhor das hipóteses. Cada parte do meu corpo doía, incluindo as minhas unhas e cabelos. Eu estava dolorida, arranhada, cortada, e tinha levado um tiro. Espantosamente, nenhuma dessas coisas tinha sido fatal, ou mesmo particularmente grave. Vaguei pelo quarto e abri a minha bolsa de couro, procurando pelo meu telefone. A bateria estava baixa, mas mostrou uma chamada perdida e uma mensagem da minha vizinha.

 

Danica: Como você está indo? Ainda não consigo acreditar no que aconteceu. Queria que você soubesse que o pai de Hugh leu sobre a sua casa no jornal. Eles têm que sair da cabana em Kidd Island Bay Road e não a usa – ela foi alugada este ano, mas o inquilino desistiu. Você pode ter se você quiser. Nada especial, mas decente. Dois quartos, um banheiro, preço familiar e amigável. Está vazia e querendo ajudar.

 

Fiquei olhando para a mensagem, considerando a oportunidade. Eu tinha estado lá um par de verões atrás com Danica e sua irmã para um fim de semana das meninas. Ela tinha razão, não era nada de especial. Mas daria a mim, Jess, e Melanie algum espaço. As coisas ainda estavam no ar com Reese, embora eu estava começando a acreditar quando ele disse que eu estava segura. Os caras tinham sido amigáveis o suficiente no avião também. Bem, tão simpáticos quanto poderiam estar um bando de homens exaustos que tinham acabado de perder três de seus irmãos em uma batalha contra um cartel de drogas.

Isso não muda o fato de que Jess se encolheu quando um desses grandes homens assustadores olhou para ela, ou que eu não tinha ideia de que tipo de relacionamento que Reese e eu teríamos a frente.

Claro, ele nos ofereceu quartos em sua casa até que eu arrumasse as coisas... antes de eu tentar matá-lo. Não só isso, não importa o quão feliz nós dois poderíamos ser juntos, se ele assustava Jessie, sua casa não era um bom lugar para ela.

Ok, então. Seria a cabana.

 

Eu: Eu estou interessada. Te ligo hoje à noite?

Danica: Parece bom. Vou dizer a ele. Ele diz que você pode se mudar a qualquer momento, ele sabe que você é boa para pagar. Eu tenho as chaves e ela é mobiliada.

 

Então. Isso estava resolvido. Tínhamos um lugar para viver.

Alguém tinha reunido alguma roupa limpa para nós, incluindo jeans que estavam um pouco demasiado longo e apertado para mim e uma camiseta Reapers MC. Um sutiã esportivo simples e uma calcinha ricamente decorada que completava um conjunto – isso indicava que eles estavam cavando através do fundo de um armário. Provavelmente de Em.

Saindo tranquilamente do quarto, eu encontrei o banheiro do outro lado do quarto e me lavei, escovei os dentes com o meu dedo e pasta de dente sobrando no balcão. Eu parecia o inferno, o que não foi exatamente uma surpresa. Poucas mulheres sobrevivem a tiroteios parecendo frescas e energéticas, e não foi nem mesmo considerado o meu mergulho por entre os arbustos.

Quando eu terminei, eu decidi descer e conseguir uma atualização sobre Em.

Achei Reese, Horse, Bam Bam e Skid sentados ao redor da mesa da cozinha tomando café. O relógio sobre o forno disse que era oito da manhã. Estavam todos abatidos, com os olhos avermelhados e queixos mal barbeados e os seus rostos não eram particularmente alegres.

— Hey, — eu disse suavemente. Reese olhou para mim e algo cintilou em seu olhar. Em seguida, ele empurrou sua cadeira apenas um pouco e deu um tapinha no seu joelho. Eu fui e sentei nele, me inclinando em seu tamanho reconfortante.

— Como está Em?

— Ela está bem, — disse ele. — Nós vamos correr de volta para o hospital em breve. Me expulsaram mais cedo, acho que eles estão fazendo alguns exames ou algo assim. Ela quer falar com você.

Eu mal sabia o que dizer.

— Você está bem comigo a visitando?

— Sim, querida. Vendo como você salvou a porra de sua vida, ela provavelmente está mais segura com você do que comigo. Nenhum de nós sequer percebeu que algo estava errado. Embora eu deveria avisá-la que a irmã dela está lá. Kit é o inferno ambulante e ela está fazendo perguntas sobre você.

Ótimo. Eu vou encontrar sua outra filha pela primeira vez parecendo algo que um gato vomitou.

— Como está Hunter?

— Bem o suficiente, — disse Skid. — Foi duro para ela, porém, ouvir sobre nossas perdas.

— Em precisava dele, — disse Reese, a voz firme. — Se alguém tem um problema com isso, eles podem falar comigo.

— Ninguém tem um problema, Pic, — Skid respondeu, e eu poderia dizer em seu tom de voz que não era a primeira vez que eles haviam discutido o assunto. Tudo bem, então.

— Vocês querem café da manhã? — eu perguntei brilhantemente. — Temos tempo?

— Hunter disse que ligaria, — Reese me disse. Obviamente que o incomodava ter de ficar à espera de ‘permissão’ para ver sua filha.

— Café da manhã então.

Eu me afastei e caminhei até a geladeira, inspecionando o conteúdo. As opções eram limitadas... Mas havia ovos e pão. Eu bati a despensa e encontrei um pouco de xarope. Vinte minutos mais tarde, eu tinha rabanadas quentes saindo de uma frigideira elétrica e os caras pareciam apreciar. Então, todo mundo menos Reese saiu da cozinha, o que era ou conveniente ou extremamente inconveniente, dependendo de como se interpretava coisas.

— Então, como Jessica está? — perguntou ele, quando eu comecei a lavar pratos. Para minha surpresa, ele veio e pegou uma toalha para ajudar a secar. Não coube em toda a vibração He-Man dos últimos dias, mas eu acho que até mesmo o mais macho vai ajudar se você alimentá-lo primeiro.

— Ainda dormindo, — eu disse. — Eu não sei quanto tempo vai ser antes dela falar sobre o que aconteceu. Você notou como ela estava nervosa?

— Sim, — disse ele. — Não é algo bom.

Essa era a melhor abertura que eu ia ter, então eu a aproveitei.

— Nós não falamos sobre o que acontece depois, — eu disse, hesitante. — Louco, mas você percebe que foi apenas um pouco mais de uma semana desde que dormimos juntos pela primeira vez?

— Parece mais tempo, — disse ele, pegando um prato da minha mão. — Aconteceu merda demais muito rápido.

— Difícil processar tudo isso... — eu disse lentamente. Me virei para ele, inclinando a cabeça. — Eu preciso saber – nós superamos o que eu fiz para você? Porque eu não entendo como você pode simplesmente deixar ir algo como isto. Eu já te disse o quanto estou triste, mas eu não posso mudar o que aconteceu. Eu vou entender se você não puder me perdoar.

— Deixe ir, babe.

— Mas...

— Eu não gosto do que você fez isso, mas eu entendo por que e eu não acho que você vai fazer novamente. Deixe. Pra. Lá.

Eu pisquei rapidamente, meus olhos se encheram de lágrimas.

— Obrigada.

Ele resmungou, e continuamos lavando pratos por mais alguns minutos. Eu não conseguia relaxar, embora, porque havia outro pedaço de negócios inacabados - e sua reação a isso iria me dizer muito.

— Então... eu encontrei um lugar para nós alugarmos esta manhã. Na verdade, podemos nos mudar assim que voltarmos – minha vizinha Danica já tem as chaves à espera de nós e ainda é mobiliado. Isso vai tirar a mim e as meninas de sua responsabilidade.

Reese abaixou o prato com muito cuidado e se virou para mim, com os braços cruzados. Eu continuei lavando, o que era mais difícil de fazer do que você pensa com ele ali, seu rosto como granito.

— Está tentando me dispensar? — ele perguntou, sua voz baixa e fria. Larguei a esponja e encontrei seu olhar, enxugando minhas mãos molhadas nervosamente nas minhas coxas.

— Eu não sei, — admiti. — Eu não penso assim, mas eu não sei o que a nossa relação é, também. Quero dizer, nós concordamos em ver um ao outro exclusivamente, então eu tentei atirar em você, então você ameaçou cortar minha garganta, e nós terminamos as coisas por ir a uma matança em conjunto. Isso está fora do meu domínio de experiência, Reese. Será que ‘deixe para lá’ significa que ainda somos um casal, ou será que apenas significa que eu não deveria me preocupar com você me matar e esconder o meu corpo na floresta? Agora eu estou incerta.

Sua expressão se suavizou.

— Eu estava meio que esperando que pudéssemos passar para algo um pouco menos fodido. Talvez assistir alguns filmes, sair e fazer churrasco na minha casa? Nós tivemos um começo difícil, mas nós cobrimos um grande terreno rápido, também. Sabe, Heather e eu não fomos a uma matança em conjunto até que estávamos casados por uns bons cinco anos. Você acha que Jess foi uma complicação? Imagine bombardear um cartel com duas pré-escolares indo junto.

Puta merda.

Sua boca se curvou e, em seguida, ele estendeu a mão e empurrou minha mandíbula fechada.

— London, eu estou brincando. Essa merda não é normal. Nada disso. Mas esta parte não é uma piada - nós dois temos muito a responder, mas eu estou esperando que você vai me dar outra chance e talvez eu possa fazer o mesmo por você? Não há razão para que você se mude, querida. Eu gosto de ter você ao redor. Gosto muito.

Eu estudei seu rosto, tentando não cair para aqueles olhos lindos dele. Eles sempre me tinham - nenhum homem deve ser tão bonito. Mas não era apenas sobre mim.

— Jess precisa de um lugar para se curar, — eu disse a ele em voz baixa. — Você tem o clube dentro e fora de sua casa o tempo todo, e agora ela está com medo dos homens. Eu preciso de um pouco de espaço, também. As coisas aconteceram muito rápidas, e eu quero ter certeza de que estamos fazendo isso pelas razões certas. Às vezes você tem que dar um passo atrás, se você quiser seguir em frente.

— Você parece um ímã de geladeira, — disse ele, com a voz tensa. — Eu não vou desistir de nós, London. O que estávamos construindo era diferente. Real. Eu quero isso e você também.

— Alugar meu próprio lugar não é desistir de nós, — eu respondi. — Mas nós mal tivemos tempo para haver um nós. Tivemos relações sexuais em uma quarta-feira e no sábado eu estava espionando você. Terça-feira eu tinha ordens de te matar. Tudo que eu quero é o meu próprio espaço enquanto nos exploramos, seja lá o que pode acabar sendo. Vamos levar de lá.

— Eu não gosto disto.

Apertei os olhos para ele.

— Heather sempre fez o que você disse a ela para fazer?

Ele se acalmou, e me perguntei se mencioná-la foi um erro. Mas ele começou...

— Heather quase nunca fez o que eu disse a ela, — ele admitiu. — Na frente do clube? Claro. Mas ela também gostava de manter uma faca ao lado da cama. Sempre disse que eu estava livre para foder quem eu quisesse, desde que eu entendesse que a noite que eu chegasse em casa cheirando a outra mulher, seria a noite em que ela me mataria no meu sono.

Eu segurei um sorriso, olhando para ele através dos meus cílios.

— Ela soa como se ela fosse um inferno de uma mulher.

— Ela era. Mas ela está morta, e você é um inferno de uma mulher, também, London. Volte para casa comigo.

— Eu virei para visitar, — eu disse, segurando seu olhar. — Para dormir, como isso soa? Podemos conhecer um ao outro, fazer isso da maneira certa. Nós já fizemos tudo errado uma vez, mas se o que temos é real, eu tendo meu próprio lugar não vai te matar. Quando estivermos prontos, nós podemos falar sobre morar juntos.

Seus braços continuaram cruzados, mas ele balançou a cabeça.

— Eu vou te dar o verão, — disse ele lentamente. — Depois todas as apostas estão fora.

Sorrindo, eu estiquei meus braços ao redor de seu pescoço e puxei sua cabeça para baixo para a minha para dar um beijo. Ele me deixou, mas ele não respondeu de primeira. Eu me afastei.

— Realmente, Reese? Beicinho?

Ele franziu a testa.

— Quando você fala assim, soa tão juvenil.

Eu não respondi.

— Foda-se, — ele murmurou, em seguida, passou os braços em volta de mim, me puxando apertado. Seus lábios pegaram os meus e eu me abri para ele. Necessidade e desejo queimando para a vida, e eu queria mais do que a sua língua dentro. Ainda bem que tínhamos conversado antes de começarmos a nos agarrar, eu percebi. Caso contrário, eu teria feito tudo o que ele pediu, porque beijar Reese era tão bom. No momento em que o Horse entrou na cozinha e pigarreou, Reese me tinha contra a parede, ambos os pés envolvidos apertados ao redor de sua cintura.

— Sua filha ligou, — Horse anunciou. — Ela está pronta para que você vá visitá-la. Disse para não esquecer London. Devo ligar de volta para ela e dizer que você está ocupado demais fodendo na cozinha?

Reese congelou, gemendo quando eu comecei a rir. Em seguida, ele encostou a testa na minha, olhos fechados.

— Crianças, — ele murmurou. — Merda de timing. Sempre.

Ele me desceu e endireitei minha roupa. Horse não desviou o olhar ou nos deu até mesmo um toque de privacidade. Não. Ele apenas ficou lá sorrindo como um esquisito total.

— Você gosta de assistir? — eu perguntei a ele.

— Porra, sim, eu gosto de assistir. Todos não gostam?

Reese olhou para ele, o que parecia fazer ele sorrir ainda mais.

— Ok, vamos ver Em, — eu disse, puxando a mão de Reese. — Só porque ela é uma garota adulta, não significa que ela não precisa de seu papai.

Reese revirou os olhos, então me deu um sorriso estranho e quase envergonhado.

— Graças aos deuses por isso.

 

 

 

— Oi, pai, — Em disse em voz baixa quando entramos em seu quarto de hospital. Ela estava pálida e fraca, mas os seus olhos estavam brilhantes e ela ainda conseguiu dar um sorriso a Reese.

Hunter estava ao lado dela, com os olhos atentos e preocupados. Ele ainda era o motoqueiro fodão que eu conheci pela primeira vez em Coeur d'Alene, mas isso não significava que ele não era dedicado a sua menina. Ele faria qualquer coisa pela filha de Reese - eu vi isso escrito em todo o seu rosto.

Eu decidi que eu gostava dele, apesar do fato de que ele tinha me trancado em uma sala de armazenamento.

— Hey, baby, — disse Reese, soltando minha mão quando nós cruzamos para sua cama, que estava junto à janela. Em não tinha um companheiro de quarto. Eu me perguntei se isso era porque ela tinha tido sorte, ou se Hunter tinha assustado os enfermeiros para dar espaço.

Provavelmente melhor não perguntar.

Reese se inclinou e beijou a testa dela, em seguida, se sentou na cama ao lado dela. Eu estava ao lado dele, o que deveria ter parecido estranho, mas que de alguma forma não parecia.

Fiquei muito feliz de ver Em viva e bem.

— Então, eu ouvi que você me salvou, — disse Em para mim, os olhos cheios de gratidão. Não havia um indício de culpa ou de desconfiança - ela obviamente não tinha ideia de que eu tinha sido uma prisioneira quando descobri seu sangramento. Acho que foi com base na necessidade de tomar conhecimento, algo que eu achei muito reconfortante. Eu preferia que ela não soubesse que eu tinha tentado matar o pai dela. Eu tinha a sensação de que ela guardaria rancor ímpio.

— Eu fiz o meu melhor, — eu disse em voz baixa. — Você me assustou - pensei que poderíamos te perder. Como você está se sentindo agora?

— Fraca, — ela respondeu. — Triste. Me disseram que era uma menina. É estranho... Eu estava meio assustada quando vi o teste de gravidez positivo, mas eu a amava. Eu a queria. Eu não posso acreditar que ela se foi.

— Eu sinto muito.

Em assentiu, uma pitada de vermelho em volta dos olhos. Olhei para Hunter, vendo sombras escritas em seu rosto. Eles, obviamente, ambos a desejavam. Eu esperava que eles tivessem outra chance... A gravidez ectópica pode fazer um monte de danos.

— Você está cansada, menininha? — perguntou Reese, estendendo a mão para pegar a mão de Em. — Você quer um pouco de descanso? Podemos ir esperar lá fora.

— Não, — ela disse, apertando os dedos dele. — Estou feliz que vocês estão aqui.

— Olá, Reese, — uma nova voz disse, e eu olhei para cima para ver uma menina que está na moldura da porta. Esta tinha que ser Kit, a filha que eu ainda não conhecia. Reconheci ela das fotos dele, embora elas todas foram tiradas antes dela adotar seu estilo atual. Ela parecia uma pinup Betty Page, todas as roupas vintage, cabelo preto esculpido, batom vermelho, e atitude de garota dura.

Como Em, ela era impressionante, mas de uma forma completamente diferente.

Reese se levantou e caminhou em direção a ela. Ela se jogou em seus braços, apertando ele com força quando ele a levantou para um abraço. Ele me disse que ela gostava de brigar com ele - e eu tive a sensação de que chamá-lo pelo seu primeiro nome era parte dessa dinâmica... Mas, claramente, quando a merda batia no ventilador, a família Hayes estava junta. Depois de longos segundos ele a deixou deslizar de volta para o chão e ela ficou para trás, sorrindo para ele com uma pitada de vulnerabilidade em seu rosto.

Então seus olhos me encontraram, e eles se estreitaram.

— Essa é ela? — ela perguntou, sua voz aguda. Em suspirou pesadamente e Hunter revirou os olhos. Hora de entrar em cena e difundir, eu decidi.

— Sou London Armstrong, — eu disse em uma voz clara e amigável quando eu me aproximei e estendi a minha mão. — Você deve ser Kit. Tenho visto muitos de suas fotos, mas nenhum delas é recente. Eu amo seu visual, muito clássico.

Ela fungou, sinalizando claramente que levaria mais elogios para conquistá-la. Tudo bem, então. Eu ia tentar outra tática.

— Reese, você gostaria que eu fosse buscar café para todos? — perguntei. — Deixar vocês terem algum tempo em família?

Ele levantou uma sobrancelha, mas Kit parecia triunfante. Claramente ela pensou que tinha me assustado. Não era o caso, mas eu não ia bater de frente com ela. Em era sua irmã e Reese era o pai dela, isso era sobre eles, não eu. Eu vi através dessa garota. Sob a beligerância estava uma corrente de medo e insegurança. Ela precisava saber que eu não estava aqui para levá-la para longe de seu pai, e a melhor maneira de comunicar isso era com espaço.

Eles poderiam ter seu momento sem mim.

— Eu vou te ajudar, — disse Hunter, de repente. Eu balancei a cabeça, surpresa. Até este ponto, eu teria apostado cem dólares que ele não estaria deixando este espaço por nada.

Interessante.

Ele me seguiu para o corredor. — A cafeteria é por aqui.

Começamos a andar, caindo confortavelmente em silêncio. Eu não tinha ideia de por que ele viria comigo, mas se eu precisasse saber, ele diria alguma coisa. Eu me sentia como se o meu papel aqui era o de apoiar, não perguntar.

— Eles devem ter tempo juntos, — disse ele finalmente. — Eles são unidos, mas Kit e Reese adoram brigar. Como dois gatos de rua. Nós estando lá só dá a eles mais uma coisa para brigar, e Em não precisa disso.

Eu ri, balançando a cabeça ao cair no lugar.

— Eles não são a família mais fácil, não é?

— Você não tem uma fodida ideia.

Nós compramos o café e lentamente levamos de volta, mas, apesar de nossos melhores esforços a incumbência apenas levou cerca de 25 minutos. Bati na porta e a abri com cuidado. Em se deitou na cama, Kit se aninhou ao lado dela em cima dos lençóis. Reese se sentou entre elas e a janela, se inclinando para trás na cadeira, casualmente. Ele descansou um tornozelo em seu joelho, vigiando suas meninas quando elas sussurraram baixinho uma para a outra.

Então ele olhou para mim e sorriu, olhos azuis pálidos vincados com o calor, orgulho óbvio estampado em seu rosto.

— Entre, — ele disse.

Olhei para Kit, mas ela me ignorou. Em piscou, batendo no lado da cama. Fui até lá e me sentei desajeitadamente na pequena porção de espaço, querendo saber o que o futuro reservava para mim com essa família.

Só há uma maneira de descobrir.

— Quem quer café?


Capítulo Dezenove

 

Um mês depois...

 

LONDON

 

Me inclinei para o espelho do banheiro, passando cuidadosamente rímel sobre meus cílios claros. Do lado de fora da porta do banheiro eu podia ouvir Mellie e Jessica discutindo sobre algo, a cabana tinha apenas cerca de cem metros quadrados e eu estava muito, muito feliz que Melanie estaria se mudando para a moradia estudantil em poucas semanas.

Não tinha certeza de quanto mais disso eu poderia aguentar.

A música alta começou aos berros enquanto eu escovava meus cabelos, mudando abruptamente para rap quando eu passei o batom. Isso era Jessica tomando o controle do aparelho de som.

Voltou de novo e percebi uma completa batalha musical estava começando do banheiro minúsculo. Dando mais um rápido olhar em mim mesma - não é perfeito, mas eu faria - Saí, preparada para começar a gritar. Antes que eu pudesse, a música parou completamente. Ambas as meninas estavam na sala, olhando uma para a outra. Melanie tinha começado a se levantar para Jessica nas últimas semanas, algo que eu sempre quis que ela fizesse. Agora eu lamentava esse desejo, porque eu morava em uma zona de guerra.

— Você é uma idiota, — Jessica rosnou. Eu respirei fundo, preparada para brigar com ela. Melanie chegou antes de mim.

— Não fale assim comigo.

— Eu vou se é verdade. Eu vi essa carta. Ele é apenas mais um idiota perseguidor de boceta e escrever para ele na prisão é desesperado e patético. Você é mais esperta do que eu, então por que você não age assim?

A boca de Mellie caiu e a minha também.

Em seguida, a campainha tocou.

Melanie passou por mim em direção a seu quarto compartilhado, deixando Jessica em pé no centro da sala de estar, os olhos brilhantes de fúria. A campainha tocou novamente e eu decidi que as meninas eram grandes o suficiente para lidar com isso por conta própria. Agarrando minha mochila, eu caminhei até a porta e a abri.

Então eu sorri, porque tudo estava bem de novo.

Reese estava aqui.

 

 

 

REESE

 

Cristo, mas ela era linda.

Peguei a mão de London e a puxei para a varanda para o meu beijo, porque eu não tinha vontade de lidar com qualquer que seja o drama que as meninas estavam fazendo na cabana. E havia um grande drama crescendo - depois de criar Em e Kit, eu poderia fodidamente cheirar essa merda no ar.

Felizmente, a doce suavidade dos lábios de London mais do que compensou pelas meninas e seus jogos. Minhas mãos encontraram a bunda dela, levantando e colando-a em meu corpo. Como sempre, meu pau estava tão feliz de vê-la como o resto de mim.

Música de Rap explodiu pela janela, quase batendo fora da varanda. Tão rápido foi desligado novamente.

É quando os guinchos começaram.

— Nós temos que sair daqui, — rosnei, arrastando London em direção a minha moto totalmente carregada. Sendo a mulher inteligente que era, ela não discutiu. Deixe as meninas se matarem - este era o nosso fim de semana, e elas não iam acabar com isso para nós.

Cinco minutos depois, estávamos saindo da rua e indo para a estrada, indo para o norte em direção à fronteira com o Canadá. No último mês London tinha ficado mais confortável comigo, o que foi ótimo na maior parte... Embora eu meio que senti falta do jeito que ela costumava se agarrar a mim como de sua vida dependesse disso. Agora, ela se sentia confortável o suficiente para levantar as mãos, entrelaçando e dançando elas através do ar quando nós voamos abaixo na estrada.

As coisas tinham sido fodidas e tensas por um tempo quando a gente voltou. Algumas entre eu e ela, mas na maior parte apenas recebendo merda resolvida com o clube. Painter e Puck estavam enfrentando a pena na prisão, não importava como tentamos mudar isso e dos três irmãos perdidos, um tinha sido do chapter de Moscou, cento e quarenta quilômetros ao sul de Coeur d'Alene. Ele era um homem bom, e eu o conhecia há mais de uma década. London tinha descido comigo para o funeral. Nosso relacionamento pode ser novo, mas ela ganhou um pouco de respeito quando ela matou aquele fodido do Medina no armazém.

Ela tinha manejado bem no memorial, também, e depois mais de um irmão me perguntou por que ela já não era minha Old Lady.

Pergunta difícil de responder.

Este fim de semana não foi sobre responder perguntas, no entanto. Não era sobre o clube, as meninas ou qualquer coisa a ver com o cartel. Não, isso era sobre acampar fora, passar o tempo juntos, talvez deixar minha garota bêbada e tirar vantagem dela. Perfeito.

Ainda era cedo no momento em que chegamos ao meu acampamento favorito acima no Rio Pack. Chamá-lo de um rio era um pouco de exagero, pelo menos nesta época do ano. O Pack foi alimentado pelo degelo, e no final do verão não tinha muito mais do que trinta centímetros de profundidade em um determinado local. Ele serpenteava através de um vale arborizado, o canal central que funcionava através de uma grande cama de rochas arredondadas, pequenos bancos de areia e cachoeiras de dois ou três metros de altura, no máximo.

O nosso acampamento não era nada de especial, escondido de uma estrada de terra, apenas uma pequena clareira nas árvores com uma fogueira ao lado do rio. Eu tinha vindo aqui desde que eu era criança.

Tinha que ser um dos lugares mais lindos do planeta. Não podia esperar para compartilhá-lo com London.

Arrumei a fogueira enquanto ela abriu os sacos de dormir. Ainda era muito cedo para acendê-la, o que foi bom porque eu tinha outras coisas que eu queria fazer. E não, eu não estou falando de foder ela, apesar de que estava na lista, também.

— Você está pronta para se divertir? — perguntei e ela sorriu de volta para mim.

— O que você tem em mente?

— Quando foi a última vez que você atirou uma pistola d'água?

Ela olhou para mim sem entender.

— Arma de água, querida. Plástica? Aperte, água pulveriza?

— Eu sei o que elas são, Reese.

— Excelente. Eu não podia trazer as grandes de moto, mas as menores são ótimas, também. Vou te dar uma vantagem porque você é nova nisto.

Com isso eu puxei a arma de plástico que eu tinha trazido para ela com um floreio. Era laranja neon e verde, e detinha cerca de dois copos de água. Mais do que suficiente para uma boa luta, especialmente desde que estaríamos no rio. Fácil de recarregar.

Sua boca caiu.

— Você realmente me trouxe até aqui para uma luta de água? Eu pensei que este era um fim de semana romântico?

Eu levantei uma sobrancelha para ela.

— Querida, você tem que olhar para isso da minha perspectiva. Eu atiro certo, a sua camiseta fica toda molhada e então eu começo a rolar com você na água. Me diga que não é romântico?

London bufou, mas eu podia ver uma dica de diversão em seus olhos. Sim, ela estava a bordo. Joguei para ela a arma e me virei.

— Você tem que esperar até que eu conte até cem, — eu disse a ela em voz alta. — E você vai fazer isso melhor se você abandonar seus sapatos. As rochas não são nítidas, mas elas são escorregadias, e há muitos lugares onde você só pode andar na água. Agora corra, a menos que você quer que esse seja um jogo realmente curto. Rio acima há uma piscina onde podemos nadar, e se você chegar lá antes de eu te pegar, você ganha. Se você me bater com a sua arma, eu tenho que parar e contar até dez novamente. Se eu bater em você, eu recebo um beijo. Um. Dois. Três. Quatro...

Porque eu sou um idiota, eu parei em cinquenta. Não há razão para tornar muito fácil para ela.

Voltando-se para o rio, eu olhei rio acima. Não era possível vê-la, o que não foi uma grande surpresa. O buraco de natação estava apenas cerca de oitocentos metros de distância, mas levava mais tempo para chegar lá do que você pensa por causa das pedras e da forma como o bloco virou. Me inclinei e enchi a minha arma, em seguida a bombeei, pronto para a ação, quando eu comecei a subir o rio.

Cinco minutos mais tarde, eu ainda não a tinha visto. Havia um monte de maneiras de jogar o jogo - se ela apenas reservou à frente o mais rápido possível, ela provavelmente me bateria. Mas isso não seria tão divertido, e eu conhecia London.

Ela não seria capaz de resistir a uma emboscada.

A primeira batida veio do nada. Eu tinha acabado de entrar em uma curva quando a água fria me bateu na lateral da cabeça. Ouvi ela rir histericamente, mas eu fechei os olhos e comecei a contar. Rápido. Agora eu sabia que ela estava por perto e eu escutei com cuidado o som do espirro. Quando eu os abri, ela ainda estava no intervalo, então eu levantei minha arma e atirei em suas costas.

Ela se virou para mim gritando.

— Você me enganou, você não contou até c...

Eu atirei no seu rosto antes que ela pudesse terminar a frase, em seguida, fui em sua direção através da água. Atravessar as rochas redondas e lisas foi ruim, mas eu tenho pernas longas, por isso não demorou muito.

— Eu contei rápido, — eu disse a ela presunçosamente. — E você me deve dois beijos.

Ela olhou para mim, mas quando eu peguei a parte de trás do seu pescoço e a puxei para reivindicar o meu prêmio, ela não protestou. Depois de longos segundos nos separamos, com falta de ar. Sua camisa molhada agarrou firmemente nos peitos dela.

Excelente.

Em seguida, ela se inclinou para me beijar desta vez. Fechei os olhos, saboreando o toque delicado de seus lábios e...

— Puta merda!

A cadela me deu um tiro no pau com a arma, ponto em branco.

London começou a rir e decolou até o rio, gritando para mim.

— Você conta de verdade desta vez, idiota! Caso contrário, eu estou tomando a sua arma de você.

No momento em que atingimos a pequena piscina, ambos estávamos encharcados, por isso não havia motivo em manter nossas roupas. Tinha apenas cerca de um metro de profundidade e talvez três metros de diâmetro, portanto, não poderia realmente nadar, também – bom para mim. Em vez disso, meio que espirramos água um no outro, então lutamos, e, em seguida, a próxima coisa que eu sabia era que eu estava sentado embaixo de uma cachoeira enquanto London montava meu pau.

Melhor. Jogo. De. Sempre.

 

 

 

Mais tarde naquela noite, eu estava nas minhas costas, olhando para as estrelas, London dobrada em meu braço, uma mão em meu peito.

— Eu gostaria que pudéssemos ficar aqui para sempre, — ela murmurou baixinho. — Onde ninguém pode nos encontrar e nós não temos que fazer nada. Deus, as meninas estão me deixando louca.

— Mellie estará ido em breve, — eu a lembrei. Acima de nós uma estrela caiu, em seguida, depois outra. — Heather e eu costumávamos vir aqui todos os anos nesta época para a chuva Perseidas. Você vê isso? Elas vão cair a noite toda.

— Sim, eu vi, — ela sussurrou. — Você pensa muito nela?

Eu considerei a questão, tentando encontrar as palavras certas.

— Às vezes. Mas eu penso em você muito mais. Depois que ela morreu, eu jurei que nunca iria tomar outra Old Lady. Apenas não conseguia aceitar, e não consigo até agora. Mas é certo com a gente, não é? Você sente isso também.

Ela não respondeu por um segundo.

— Eu sinto isso, também, — ela concordou.

— Você está pronta para tornar oficial? — perguntei. Ela balançou a cabeça, esfregando o cabelo dela contra mim. Cheirava bem.

— Ainda não. Eu sei que parece bobagem, mas vamos manter isto nosso um pouco mais. Apenas um pequeno segredo que não temos que compartilhar com ninguém. Todo mundo conta conosco o tempo todo e isso não vai ir embora... mas, por enquanto, não vamos dar a eles isso.

Eu hesitei. Eu queria as coisas em aberto, queria que todos soubessem que London era a minha mulher de verdade. Eu era fodidamente orgulhoso dela. Mas eu entendi, também.

— Final do verão, então? Apenas cerca de duas semanas sobrando, querida.

— Isso soa perfeito.

— Quanto mais tempo você vai ficar nessa minúscula cabana quando você tem uma casa toda só esperando por você?

Ela deu um suspiro de frustração.

— No dia que Mellie se mudar, eu empacoto minhas coisas. Eu estou perdendo a cabeça lá.

— E quanto a Jessica?

— Ela realmente tem planos, acredite ou não. Eu meio que estou dividida entre isso. Eu a quero comigo... mas eu também sei que ela não vai ser feliz em sua casa. Ela não está pronta para voltar para aquela vida ainda. Mas eu estou realmente orgulhosa dela por perceber que ela tem que seguir em frente, tomando suas próprias decisões.

— Sério? O que ela vai fazer?

— Ela vai morar com Maggs Dwyer.

— A Old Lady de Bolt?

— Não, ex de Bolt, — disse ela com firmeza. — Ela é muito enfática sobre esse detalhe. Ela dirige um programa no centro comunitário para crianças com necessidades especiais. Jess foi voluntaria lá por um par de anos, e ela decidiu se matricular no programa de educação de primeira infância na faculdade. Maggs está dando a ela um emprego em tempo parcial e um quarto para alugar. É perfeito demais.

— Bolt não vai gostar disso, — pensei. — Ele está tentando voltar com ela. Ter Jess ao redor não vai facilitar as coisas.

— A decisão não é de Bolt.

Justo.

— Então, duas semanas e você é toda minha.

Ela assentiu com a cabeça, dando um bocejo. — Supondo que você ainda me queira.

— Porra, sim, eu quero você.

Ela fez um pequeno ruído fungando feliz e ficamos em silêncio novamente. Outro meteoro passou acima. A respiração de London abrandou quando ela adormeceu.

Hey, babe, Heather sussurrou. Lembra-se de vir aqui juntos? Duas meninas se aconchegando entre nós, observando as estrelas cadentes à noite toda? Você disse que eles eram pessoas que montam para o céu em foguetes.

Sim, eu me lembro.

Me lembrei de tudo, embora às vezes eu gostaria de apagar as memórias porque doía tanto. Hoje à noite, embora? Hoje à noite elas eram bonitas.

Ela é boa para você, isso é o que eu queria. Algum dia, quando Em e Kit tiverem filhos, você os traga até aqui para mim, está bem? Diga a eles que avó Heather está olhando para eles... Então diga a eles que avó London vai os dar amor extra, porque são crianças tão especiais que merecem em dobro.

Engoli em seco. London se agitou ao meu lado e eu absorvi o cheiro dela. Limpo e fresco, com os cabelos ainda um pouco úmidos do rio.

Eu sempre vou sentir sua falta, eu disse a Heather. Mas é hora de deixá-la ir.

Ela não respondeu.

Outra estrela caiu na escuridão e London levantou a cabeça.

— Você está bem, Reese?

— Eu te amo.

Silêncio.

— Você nunca me disse isso antes.

— Não estava pronto. Eu estou pronto agora.

— Eu também te amo.

Ela se acomodou em meu corpo e eu me senti bem de uma maneira que eu tinha quase esquecido que existia. A escuridão nos cercou, quebrada apenas pela chuva de meteoros. Esperei por Heather dizer alguma coisa. Nada.

Agora era apenas London e eu.

Isso era ótimo.


Epílogo

 

Treze meses depois.

Sul da Califórnia.

 

PUCK

 

— Não consigo decidir - devo ficar bêbado primeiro e então transar ou o contrário?

— Cale a boca, — Puck murmurou, olhando para o teto. Ele se deitou na cama de cima, tentando ignorar o respirador bucal chato com que ele e Painter dividiram a cela. Pelo menos eles tinham uma cela. Dado como a prisão estava cheia, metade dos caras não têm qualquer espaço próprio em tudo.

— Sim, eu vou começar com sexo, — Fester continuou, ignorando a ameaça na voz de Puck. O cara era um completo idiota, mas pelo menos ele era inofensivo. Durante o ano passado, ele e Painter tiveram a necessidade de lutar contra os meninos do cartel pelo menos uma vez por mês. Um companheiro de cela irritante era melhor do que ser apunhalado em seu sono. — Há essa garota que eu vi uma vez que...

— Se você não calar a boca agora, eu vou cortar seu pau, — Puck murmurou. Fester riu, porque tinham tido essa mesma conversa pelo menos uma vez por dia durante os últimos seis meses. Mas hoje eles estavam em lockdown26, o que significava que Puck não poderia ficar longe do merdinha.

Painter bufou divertido do outro lado da cela, porque ele sabia exatamente o quanto o homem irritava Puck.

— Que tal aquela sua garota? — Fester perguntou a Painter, mudando de direção abruptamente. — Ela tem algo interessante a dizer? Eu sempre penso sobre ela naquele vestido azul que ela estava usando naquela foto. Você sabe, aquela em que os peitos dela meio que cutucam pelo vestido? Juro pelos deuses, aqueles eram mamilos. Eles têm um gosto bom? Aposto que tem gosto bom.

Puck fechou os olhos e balançou a cabeça. Fester não tinha nenhuma porra de sentido de autopreservação. Painter não gostava de perguntas sobre sua namorada. Este não era território novo.

— Você diz mais uma palavra e eu vou matar você, — Painter respondeu, com a voz como pedra. — Ela não é a minha garota e tudo o que você acha que viu, você esquece. Você não é bom o suficiente para olhar para a foto dela, idiota.

— Desculpe, Painter, — Fester disse rapidamente. — Desculpe, não quis te incomodar. Você só fica lendo a carta dela e eu estou aqui por um tempo. Talvez fazer um desenho ou algo assim.

— Faz isso, — disse Painter, então Puck ouviu Fester se movimentar em toda a cela, seguido pelos sons de giz caindo através da mesa. O homem tinha a mente de uma criança de oito anos de idade, sem brincadeira. Puck perguntou como ele iria sobreviver quando eles saíssem em duas semanas, mas ele não colocaria muita energia nisso. Fester era como uma barata - ele encontraria um caminho.

— Qualquer notícia de casa? — Puck perguntou, apesar de que ‘casa’ não era realmente a palavra certa. Painter recebeu um maço de notas e imagens de Coeur d'Alene, todos reunidos por uma das Old Lady dos Reapers e enviou de uma só vez.

— Não realmente, — disse ele. — Parece que Bolt e Maggs estão juntos novamente.

Puck resmungou, tentando lembrar quem era Maggs. Bolt, ele conhecia, mas não tinham falado muito. Ele só tinha estado em Coeur d'Alene poucos dias antes de tudo cair na merda. Após seus primeiros quatro meses presos juntos, Painter havia sugerido que ele fosse prospecto com os Reapers, quando ele saísse. Não estaria acontecendo. O pai de Puck tinha sido um Silver Bastard e é nesse quem ele queria montar.

Partindo do princípio de que ele montasse novamente.

— Mellie conseguiu uma bolsa, — Painter adicionou depois de alguns minutos. — Diz que está animada, porque isso significa que ela não terá que trabalhar durante a escola este ano.

Puck sorriu, mas ele não disse nada. Painter tinha caído pela garota – chicoteado pela vadia, apesar do fato de que ele nunca tinha sequer tido uma fungada. Ele nunca cairia para isso, de porra de maneira nenhuma. A vida era difícil o suficiente sem alguma cadela reclamando o tempo todo.

Não só isso, quem queria escolher apenas uma?

O sino tocou para anunciar o apagar das luzes e Fester se moveu ao redor, presumivelmente pegando seus lápis de cor. O anormal tinha um talento para o desenho, por incrível que pareça. Ele poderia desenhar de tudo, todos os sombreados e complicados e merda. Puck não teria pensado que você conseguiria isso com lápis de cor, mas o que ele sabia?

As luzes se apagaram e Puck fechou os olhos, ignorando os gritos e gemidos dos presos para cima e para baixo do bloco. Este foi o melhor tempo na prisão. Ele pode estar preso em uma caixa de concreto com Painter e seu fodido bichinho, mas com as luzes apagadas, ele poderia imaginar estar em outro lugar. Do lado de fora.

Se embriagar primeiro ou ficar com alguém?

Maldita boa questão, ele teve que admitir. Cristo, mas ele sentiu falta das mulheres. Especificamente, ele sentiu falta de fodê-las... Mas ele também sentiu falta da suavidade e da forma - quando ele sorria apenas certo - os olhares delas se derretiam e elas faziam o que diabos ele pedia, não importa o quão fodido isso poderia ser.

Ok, transar primeiro.

Ele tentou imaginar a menina. Loira? O cabelo escuro? Foda-se, ele não se importava. Ele começaria com um boquete e, em seguida, passaria para a sua buceta, talvez comê-la. Sim, isso seria bom. Seu pau se contorceu e ele ergueu os quadris, deslizando para baixo suas calças. No beliche abaixo dele Fester grunhiu, quebrando o feitiço, mas não por muito tempo. Puck ignorou, apalpando seu pau e segurando apertado.

Apenas assim.

Mas sua boca seria quente e úmida, e o pensamento de uma buceta era tão doce que fez seus dentes doerem. E ele encontraria uma com uma buceta doce para essa primeira noite fora. Sem cadelas velhas desagradáveis para ele. Não. Nada além do melhor, porque era sua fantasia e ele faria o que quisesse nela.

Seu pau inchou quando ele imaginou deslizando-o lentamente por trás. Sua maneira favorita de fazer, olhando para sua bunda, toda em forma de coração e bonita. Levantando sua mão lentamente, ele tentou decidir o que ele queria. Pele pálida? Escura? Talvez algumas sardas, ou apenas tudo cremoso e suave? Inferno, ele pediria uma de cada, encontraria uma nova para jogar todas as noites.

Falando em bundas, ele ia acertar isso também. Sim. Boca, buceta, bunda. Em seguida, ele iria ficar bêbado e começar tudo de novo.

Fodidamente bonito. Pena que ela não era real. Frustração o encheu, mas Puck se masturbou mais duro, o desejo de sua namorada imaginária se chocando com a realidade fria e dura que a mão de um homem só não era suficiente. Não depois de 13 meses.

Mas sua mão teria que servir.

Fluido começou escorrer da ponta, e ele pegou, alisando seu caminho enquanto ele continuou. Seu coração batia mais rápido agora, igualando o seu ritmo. Doce, apertada e quente. Nova. Bonita. Talvez o cabelo longo, para que ele pudesse segurá-lo enquanto ele a fodia, porque montar asperamente funcionava muito bem para ele.

Oh sim...

Ele gostou da ideia de puxar seu cabelo, talvez dando a bunda dela um pequeno tapa. A visão era tão intensa que ele praticamente ouviu o tapa de sua mão contra sua carne, o modo que ela apertou ao redor dele quando ele fez isso. Porra, isso era bom. A pressão no interior cresceu mais apertada e ele sabia que estava perto. Tão, fodidamente perto.

Sua visão mudou, agora ela se ajoelhou na frente dele, olhando para cima, com grandes e profundos olhos castanhos quando ela colocou os lábios cor de rosa em torno de seu pau. Santo inferno, isso era perfeito. O braço de Puck começou a doer, mas ele não desacelerou. Provavelmente fazendo barulho suficiente para que os outros o ouvissem e ele não dava a mínima. Painter era seu irmão - pode não estar com os mesmos clubes, mas irmãos da mesma forma. Eles fizeram o tempo juntos, forjaram um vínculo que não pode ser quebrado. Merda como essa significava muito.

E Fester?

Ele não contava.

A menina em sua cabeça puxou a boca livre de seu pau e olhou para ele, brincando. Em seguida, ela estendeu a mão com a ponta da língua, cutucando a fenda no final do seu comprimento.

Puck explodiu.

Jesus.

Tão bom pra caralho. Perfeito pra caralho.

Por um momento, ele só se deitou no escuro, livre naquele instante. Que piada.

Pena que o pequeno boquete dela não era real. E ela não era. Porque lá estava ele, preso sozinho no escuro com outros dois homens, um dos quais era meio apaixonado por alguma cadela que ele provavelmente nunca tocaria. Não. Painter não faria um movimento mesmo depois que eles saíssem. A preciosa Melanie era muito bonita e perfeita em cima de seu pedestal para se sujar, Puck imaginou.

Quanto Fester? Ele gostava de comer seus próprios giz.

Patético. Ambos. Puck precisava sair, às vezes achava que ele ficaria louco se ele não saísse.

Duas semanas.

Quatorze dias.

Puck limpou sua mão e puxou as calças. Depois desta noite, apenas 13 dias sobrando.

— Aqueles foram definitivamente seus pequenos peitinhos cutucando através desse vestido, — Fester sussurrou.

— Puta que pariu!

Painter estava fora da cama e do outro lado da cela, em um piscar de olhos, arrastando o idiota para fora da cama tão duro que o beliche de Puck balançou.

— Não faça isso, — Puck estalou. — Se você o ferrar, poderia mexer com a nossa liberdade condicional.

Painter parou.

— Não fale sobre ela, — disse ele, finalmente, deixando cair o outro homem no chão. Fester deu uma alta risadinha nervosa.

Duas semanas.

Quatorze dias.

Boca. Buceta. Bunda.


Bônus Epílogo

 

Nove anos depois...

 

JESSICA

 

— Jessica Amber Armstrong.

Eu respirei fundo e me levantei, meu orientador ao meu lado, suas vestes acadêmicas coloridas esvoaçantes como bandeiras na brisa leve. Nós subimos no palco ao ar livre, e eu olhei para fora para ver London, Reese, Mellie e todos os outros me assistindo, orgulho escrito todo sobre seus rostos. Quando eles vieram – os coletes dos Reapers em plena exposição - todo mundo tinha saído do caminho deles rápido. Funcionou bem, também. Agora eles tinham as duas primeiras filas só para eles.

Reese chamou minha atenção e piscou. Eu sorri de volta, em seguida, me virei para a minha orientadora de graduação, me abaixando para que ela pudesse colocar o capuz acadêmico sobre a minha cabeça. Direto até que ponto eu estava indo muito bem - apenas mais um passo no caminho de meu mestrado em educação especial... Mas então ela alisou a seda sobre meus ombros e sussurrou, — Estamos muito orgulhosos de você, Jessica. Eu nunca tive um aluno trabalhando mais do que você.

Foi quando eu perdi isso.

Me virei para o público, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. A maioria deles nunca saberia o que eu tinha que superar para chegar até aqui, o que eu ainda tinha que superar todos os dias da minha vida. Os freios e contrapesos que eu ia colocar no lugar para me impedir de tomar decisões impulsivas. As cirurgias para manter o meu shunt. O fato de que cada vez que eu olhei para minha mão e um dedo faltando, me lembrei de que o mal é uma coisa real que existe em nosso mundo, tudo o que nos rodeia.

Eu usaria tudo isso para ajudar os meus alunos, eu prometi. Cada pedaço de sofrimento, a cada decisão estúpida que eu já tinha feito, a cada hora de dor física que eu tinha sofrido. Toda vez que alguém zombava de mim por ser ‘lenta’. Eu sabia melhor agora. Eu não era lenta - eu era diferente, e essa diferença foi o que me fez uma das melhores professoras de educação especial na porra do estado.

Eles não estavam mais tirando sarro de mim.

O reitor apertou minha mão quando London e Reese e todos os outros começaram a gritar e berrar para mim. Isso os deu alguns olhares, mas eu não dei a mínima. Eles eram o meu pessoal e eles tinham estado lá para mim quando eu precisava deles.

Agora foi a minha vez de fazê-los orgulhosos.

 

 

 

Nós tínhamos dispensado a recepção formal na Universidade de Idaho em favor de uma festa para fora em Spring Valley Reservoir. Nem todos no clube tinham sido capazes de vir, mas o suficiente estava lá e o chapter de Moscou tinha saído para nos receber. Um dos irmãos locais tinha um grande defumador, que já estava cheio de costelas. London estava em seu elemento, mandando todas as Old Ladies ao redor e se certificando de que a comida estaria perfeita. Nem um único guardanapo de papel estava fora do lugar.

Mellie decolou logo após a cerimônia de graduação, o que era uma droga. Ela tinha que trabalhar no final da tarde, mas o fato de que ela tinha dirigido para cá significou tudo para mim. Seu caminho não tinha sido o mais fácil ao longo dos anos, mas nós duas passamos por isso, amizade intacta.

— Tia Jess, você vai trançar meu cabelo? — perguntou Kylie, a filha mais nova de Em. Ela estava a duas semanas de seu quarto aniversário, mas em sua mente, ela já era uma adulta completa. — Mamãe disse que ela precisava ajudar papai com algo na tenda. Eu não devo incomodá-la.

Eu ri. Sim, eu aposto que ele precisava de ‘ajuda’ com alguma coisa, tudo bem.

— Claro, vamos até a mesa.

Nós nos sentamos e eu penteei com os dedos o seu cabelo, olhando a praia. Marie, Sophie e Jina estavam cuidando de um bando de crianças e trabalhando em seu bronzeado. Com exceção de Horse, a maioria dos irmãos estava bebendo cerveja e supervisionando o defumador. Ele deixou os pequenos - liderado pelo seu filho mais velho, que eu juro que era mais arrogante do que ele - enterrá-lo na areia. Provavelmente apenas esperando para explodir e persegui-los todos dentro da água.

Terminei o cabelo de Kylie e ela saiu correndo para a praia, a trança batendo atrás dela. Kit – a outra filha de Reese - se sentou ao meu lado com um baque, passando uma cerveja.

— Você sabe, eu nunca pensei que eu ia ser sugada de volta para essa merda, — ela murmurou. Olhei para ela, uma pergunta em meus olhos. — A merda de MC. Pensei que eu tinha saído.

— Alguém já realmente fez isso? — perguntei. — Não importa qual a vida que você escolhe - a sua família sempre será parte de você. Basta ser feliz que a sua é uma boa.

Kit assentiu.

— Sim, em sua maior parte. Parabéns pela formatura.

— Obrigada, — eu disse, me sentindo quente e feliz.

— Aqui está, — disse London. Ela caiu no local do meu outro lado, me cutucando de novo com seu quadril. Eu me mexi, empurrando Kit até que ela mudou a bunda dela também. O braço de London veio ao meu redor e ela me deu um abraço apertado. — Então, você está pronta para sossegar agora, Srta. Grande Merda Graduada? Talvez me dar mais alguns netos?

— Nem toda mulher vive para ter filhos, Loni, — eu disse, minha voz seca. — Eu me lembro de você com foco na construção de seu negócio por um longo tempo.

— Eu estava focada em criar o seu traseiro, — respondeu ela, sorrindo para mim. — Você me deu o inferno. Justo que alguém deveria fazer você sofrer, também.

Revirei os olhos.

— Eu acho que vou esperar um pouco mais. Eu tenho uma boa ciência que criar uma criança sozinha é um monte de trabalho... Quem falou isso para mim? Oh sim. Foi você, Loni. Lembra?

— Falando de você se transformando em uma solteirona sem vida com uma vaga cheio de teias de aranha, eu tenho alguém que eu quero que você conheça, — disse Kit, um sorriso malicioso cruzando seu rosto. — Ele deveria estar aqui em breve. Eu acho que você vai gostar muito dele.

— Deus, apenas um dia... — eu murmurei, balançando a cabeça. — Apenas um dia sem um de vocês tentando me arrumar? Isso é pedir muito?

— Este é diferente, — disse Kit, sua voz indignada. — Ele é...

Eu ouvi o rugido de uma moto e olhei para cima para ver quem estava estacionando.

Puta merda. Esse era... ?

— Lá está ele! Eu não posso esperar para que você possa conhecer ele, — Kit agarrou meu cotovelo, me arrastando para os meus pés. Eu a segui, tropeçando. Porra. De. Maneira. Nenhuma.

— Eu disse que ele é diferente, — disse Kit, sorrindo. Sim, ele era diferente, tudo bem. Chegamos a uma parada e ele tirou o capacete, me dando aquele lento, sexy sorriso que eu amava e odiava tanto ao mesmo tempo. Eu só fiquei ali, olhando para ele como uma idiota até que Kit me empurrou por trás. O movimento me pegou desprevenida, e eu literalmente tropecei em seus braços.

Sério?

— Ei, Jess, — disse ele, as palavras em um lento, sotaque sexy. — Nunca pensei que eu iria te ver novamente. Parabéns pela graduação.

Maldição.

— Então vocês já se conhecem? — Kit exigiu. — Por que você não me disse, Jess?

— Eu estava tentando esquecer, — eu murmurei.

— Algumas coisas você não pode esquecer, — disse ele, um idiota, porque ele estava certo.

— Eu tenho que sair daqui, — disse eu, tentando me afastar. Ele não me deixou ir, no entanto. Não. Suas mãos apertaram em meus braços enquanto ele se inclinou para sussurrar em meu ouvido.

— Sério? Fugindo de novo? Não é possível deixar a sua própria festa, Jess. Isso é apenas rude.

Fechei os olhos, inalando seu cheiro. Oh, Deus. Eu tinha esquecido o quão bem ele cheirava, como ele era alto. Como ele parecia quando ele...

— Parece que alguém tem negócios inacabados, — disse Kit, com a voz cheia de alegria predatória. — Eu quero detalhes. Agora.

Oh, inferno não.

Meu cérebro começou a trabalhar novamente, e eu me afastei dele em plena retirada. Ele estava rindo atrás de mim, mas eu não me importo porque eu estava bem e verdadeiramente terminei com a merda dele.

Nossa história terminou.

Acabou.

O. Fim.

Não era?

 

 

                                                   Joanna Wylde         

 

 

 

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