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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


REENCONTRO EM PARIS / Nic Chaud
REENCONTRO EM PARIS / Nic Chaud

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Meu nome é Alannah e faço parte de um grupo de amigos que adoram viajar, de preferência juntos. Trabalhamos na mesma empresa e sempre que podemos almoçamos no mesmo horário e local, planejando novas viagens e nos divertindo com as lembranças das viagens que já fizemos. Mas na semana que vem eu vou viajar sozinha.

Sabendo que viajar para Paris tem sido meu sonho desde criança, meus pais me presentearam com uma viagem para lá e eu não vejo a hora de embarcar. Sempre tive verdadeira paixão pela língua francesa e já estou me imaginando cercada por pessoas falando nessa língua que eu amo. Meus amigos me recomendaram aprender algumas frases básicas em francês, para poder me virar, já que os franceses têm fama de tratar mal aos estrangeiros que não tentam falar na língua deles.

Também me disseram que não se pode andar mal vestida pelas ruas. Os franceses desprezam roupas esportivas e prezam pelo bom gosto ao se vestir, combinando conforto e elegância. Como eu chegarei na linda e florida primavera francesa, recebi a dica de ter sempre uma sombrinha na bolsa e de vestir-me em camadas, para poder ir me adaptando às oscilações de temperatura e ocasionais chuvas durante o dia.

Andar pela primeira vez pela Champs-Élysées com certeza merece que eu me vista bem. Vou levar as minhas peças mais bonitas, básicas e discretas, assim poderei combinar tudo e fazer várias produções com os acessórios que escolherei. Vou fazer com que caiba tudo em uma mala. Levar muitas malas só é aceitável para quem viaja para os Estados Unidos, acompanhada dos amigos, que ajudam a carregar as tralhas todas na volta para casa.

 


O dia da minha viagem chegou. Meus amigos me acompanharam até o aeroporto. Estavam tristes por não poderem ir comigo, mas felizes por eu estar realizando o meu sonho. Para consolá-los, prometi trazer um presente para cada um deles e os abracei ao me despedir. “Vamos querer muitas histórias na volta”, gritaram, quando eu estava entrando na sala de embarque. “Prometo umas bem picantes”, gritei de volta, sem me importar com um senhor ao meu lado, que me olhava com reprovação.

Viajar sozinha é uma emoção diferente. Só posso contar comigo mesma, por isso estou torcendo para que tudo dê certo. Meus planos são conhecer Paris a pé, caminhando sem me preocupar muito com roteiros. Quero andar pelas ruas, sentar-me nas mesinhas externas dos cafés, observar o vai e vem das pessoas, tendo como trilha sonora a língua mais romântica do planeta.

Eu já tive o privilégio de escutar uma declaração de amor em francês, de um colega de classe, que foi meu namorado na adolescência. Sua família era de origem francesa e ele tinha aprendido a falar o francês em casa, no seu dia a dia. O nome dele era Antoine e no intervalo das aulas eu sempre pedia para ele falar em francês para eu escutar. Acabei me apaixonando pelo som de sua voz e depois por ele. Namoramos durante um tempo e até hoje não entendo por que nos separamos.

Embarquei no avião pensando neste meu ex-namorado e permaneci pensando nele durante todo o voo. Ele era muito romântico e me escrevia poesias. E nas férias percorria um longo trecho de bicicleta só para me encontrar, pois ficávamos em praias diferentes no litoral. Numa dessas idas para a praia, no alto de uma roda gigante, tendo a lua e o mar como testemunhas, ele disse que me amava em francês e me beijou pela primeira vez. Jamais me esquecerei deste dia.

Foi o inicio das descobertas das sensações loucas que uma paixão causa no corpo e na mente das pessoas apaixonadas. Os batimentos acelerados do coração, o calor e o aconchego dos abraços, a tensão sexual gerada pelos beijos, a sensação de angústia por não poder encontrar um só dia a pessoa amada, os ciúmes irracionais...

Eu e ele éramos muito jovens e inexperientes, não soubemos lidar com a avalanche de emoções que passou sobre nós como um tsunami, nos afastando para sempre. Hoje reconheço que fui ciumenta demais, reconheço que minha inexperiência e virgindade me faziam interpretar a enorme atração sexual, que existia entre nós, como irritação. E com isso o afastei. Se pelo menos nossa história de amor tivesse tido um desfecho, eu poderia me conformar, mas ele simplesmente não falou mais comigo. Mudou de colégio e foi fazer o curso superior na França. Nunca mais soube dele.

Mas a viagem para Paris está me fazendo reviver essas lembranças reprimidas por tanto tempo e elas estão mais vívidas do que nunca. Eu posso sentir seu cheiro, ouvir o som de sua voz em meus pensamentos, o gosto do seu beijo em minha boca, o toque de suas mãos em minha pele. Cheguei ao cúmulo de enxergar seu rosto no comissário de bordo que veio me oferecer uma bebida. Devo estar ficando louca.

Esse pensamento me lembra de algo engraçado que aconteceu na última viagem que fiz com meus amigos. Durante nosso voo até Los Angeles, ficamos conversamos muito sobre novelas, principalmente sobre o Antônio Fagundes e seus papéis inesquecíveis no “Rei do Gado” e no seriado “Carga Pesada”. Rimos muito comparando dois de nossos amigos aos personagens Pedro e Bino. E, mesmo durante a nossa estadia, as brincadeiras com o Fagundes continuaram, porque algo sempre nos lembrava dele. Brinquei que acabaríamos o encontrando, de tanto que estávamos falando nele. Mas nunca imaginei que isso pudesse realmente acontecer, mas aconteceu. Num dos restaurantes do parque de diversões em que estávamos, um dos meus amigos iniciou o seguinte diálogo:


“Disfarcem, mas o Fagundes está ali no buffet , se servindo.”

“O quê?”

“O Fagundes está no buffet .”

“Você está louco, não é possível!”

“Ali, olhem, ele está vindo.”


Viramos todos na direção em que ele apontava e o Fagundes vinha caminhando no corredor em que estava a nossa mesa. De tão abismados e olhando fixamente para ele que estávamos, acabamos chamando a sua atenção, tanto que sorriu e nos cumprimentou, para só depois ir se reunir com a sua família. Quase não dava para acreditar no que tinha acontecido. E ainda nos cruzamos mais uma vez na fila da montanha-russa. Foi demais de divertido.

Será que aconteceria o mesmo desta vez? Será que de tanto pensar no Antoine, eu o atrairia para perto de mim? Queria poder acreditar nisso, queria poder perguntar a ele o que tinha acontecido, o que eu tinha feito de tão grave para ele nunca mais ter falado comigo.

Ao pisar em Paris, ainda meio abalada por tantas lembranças, tomei a decisão de não deixar que nada diminuísse o meu prazer de estar ali. Com o ônibus fornecido pela companhia aérea, por dez euros era possível ir até o centro. Foi o que fiz e de lá, já completamente apaixonada pela aura da cidade, peguei um táxi até o hotel. Consegui me fazer entender na recepção e a atendente localizou a minha reserva, quarto de número três.

A vista, do adorável quarto que me foi reservado, é maravilhosa para quem um dia sonhou estar em Paris. Além do hotel, a rua estreita e de paralelepípedos abriga, nesta mesma quadra, uma pâtisserie e um tradicional café na esquina. Posso ver os famosos macarons expostos na vitrine. Estão na minha lista de coisas a fazer, provar essas delícias no sabor chocolate e maracujá.

Sem tempo para perder, tomo um banho rápido e me arrumo para explorar os arredores, antes que a noite chegue. A excitação que sinto afasta o cansaço da viagem. Visto uma jaqueta e uma echarpe, porque está começando a esfriar e apanho a minha bolsa. Meu sonho de estar em Paris está apenas começando.

Nem o ar gelado, que me recebe ao sair do hotel, consegue amenizar o calor que sinto em meu peito. O som dos meus passos na calçada de pedra parece música para os meus ouvidos, e a sensação que sinto é a de estar sonhando. Algumas quadras adiante dos deliciosos macarons , e do burburinho das pessoas sentadas nas mesinhas externas do café da esquina, lá está ela, a Torre Eiffel. Minha emoção transparece no brilho de meu olhar. Um rapaz passa e me diz sorrindo: “Bon après-midi !”. “Bon après-midi ”, respondo para ele.

Com medo de andar muito e me perder, sento num banco na calçada, fico esperando o escuro da noite chegar e as luzes da torre acenderem . Um delicioso aroma de comida desperta meu apetite. Há um pequeno restaurante bem próximo. Vou até lá e pergunto se já está aberto. “ Oui , mademoiselle!” , diz o garçom me indicando uma mesa. Aponto para a imagem de um filé ao molho de mostarda e batatas fritas, “un s’il vous plaît et une carafe d’eau ”, um desse, por favor, e uma garrafa de água, será que tinha me feito entender? Pelo sorriso do garçom, sim, “Je vais passer votre commane au chef et j’apporte déjà ton eau .” Não entendi nada, mas tudo bem. Haveria de dar certo.

A comida estava deliciosa e aquele momento ficou gravado em meu coração. Minha primeira noite em Paris, vendo a Torre Eiffel iluminada, foi inesquecível. Voltei para o hotel caminhando nas nuvens. Aproveitei e tirei algumas fotos para enviar aos meus pais e amigos. Queria dividir com eles as emoções que estava vivendo.

Nos dias seguintes realizei muitos dos desejos da minha lista, provei um croissant divino, um pain au chocolate , um crepe de nutella e uma baguete quentinha. Fiz pic-nic nos gramados da Torre Eiffel, um passeio de barco pelo rio Sena, visitei o Louvre, andei de metrô, me perdi em ruazinhas e bairros. Falei muitos “ bonjour ”, comprei presentes e fui bem tratada.

No último dia, reservei a noite para um passeio noturno pelo Jardim das Tulherias , entre a Praça Concórdia e o Museu do Louvre. Esperei o dia anoitecer num dos cafés da praça. E quando as luzes se acenderam, iluminando as ruas, as fontes e as pirâmides do museu, foi de perder o fôlego de tão lindo. Estava difícil me despedir de Paris sem chorar.

Ver a enorme roda gigante iluminada, às margens do rio Sena, me emocionou ainda mais. Lembrei-me do beijo de Antoine. Uma dor aguda da saudade de estar em seus braços me invadiu e sem perceber me vi caminhando em direção à “Grande Roue ” , como se isso pudesse aliviar o aperto em meu peito. Entrei na fila para comprar um ticket. Veria a cidade luz do alto e deixaria lá em cima o meu amor não esquecido por Antoine.

Lágrimas teimavam em surgir de meus olhos. Até que eu tinha aguentado bem aqueles dias, sem pensar em Antoine, mas era a minha última noite em Paris e eu estava triste por ter que partir. Alguém percebe que enxugo minhas lágrimas com as costas das mãos e me oferece um lenço.


“Alannah, mon cher , et toi ?”


Um arrepio percorre meu corpo de cima a baixo, pois um dia tinha sido acostumado a reagir assim ao tom dessa voz. Levanto meus olhos com cuidado, temendo estar enlouquecendo de vez. Mas é ele, é Antoine.


“Oui , mon chéri , Antoine .”


“Eu estava pensando em você e não estou conseguindo acreditar que você está aqui, Alannah .”

“Também tenho dúvidas se você é real. Posso te beliscar?”

“Tenho uma sugestão melhor para esse teste. Você pode e deve me beijar.”


“Tu me manquais beaucoup . J’ai raté tes bisous . “ Pour ce soir , je suis à toi , mon bien-aimé , Alannah ”.

Eu senti muito a sua falta. Eu senti falta de seus beijos. Por esta noite sou seu, minha amada, Alannah .

“Vamos subir na roda gigante. Não se pode contrariar o destino e o destino parece que nos quer lá em cima.”


Sem saber se rio ou se choro, acabo correndo de mãos dadas com ele, para pegarmos uma cabine aquecida. Ficamos vendo as luzes da cidade, enquanto a roda girava devagar. Eu podia sentir seu coração batendo acelerado, parecia que ele queria me falar algo, mas ainda não era o momento. Mas lá no alto, tendo Paris e suas luzes como testemunhas, ele me beijou, para depois me dizer o que eu há muito tempo queria saber.

“Me perdoe , Alannah , por ter fugido, eu fui muito imaturo. Eu poderia ter explicado que pretendia vir estudar em Paris e que estava difícil suportar a ideia de ter que te deixar. Foi mais fácil aproveitar uma de nossas brigas para acabar o namoro, antes que acontecesse algo mais intenso entre nós. Estava complicado resistir à vontade de fazer amor com você e eu não queria te pedir para a gente transar e dali a pouco te dizer que estava me mudando de país. Não seria justo. Naquela idade namorar a distância não daria certo, eu não seria fiel à você. Não quis te dar essa tristeza, mas pelo jeito minha estratégia não deu certo. Você pareceu estar chorando por minha causa quando te encontrei.”

“Estava mesmo, mas não precisa falar mais nada. Era essa explicação que eu queria para poder dar um fim à nossa história.”

“No meu caso nossa história sempre ficará em aberto, porque não pude fazer amor com você.”

“Acho que o desejo do destino é fazer com que as duas versões da história se completem.”

“Esperei muito por este momento, Alannah , que ele seja inesquecível para nós dois.”


Caminhamos de mãos dadas até o meu hotel, parando às vezes para nos beijarmos, outras vezes para ele me contar algo especial sobre Paris, ou sussurrar palavras em francês em meus ouvidos. E foi sob a luz do luar que entrava pela cortina, em meu quarto, que ele me tomou em seus braços e me deitou na cama. Peça por peça do que eu estava vestindo ele foi tirando, enquanto seus olhos brilhavam de paixão e desejo. Os meus deviam estar brilhando ainda mais. Meu corpo ansiava pelo dele, ansiava pelo roçar de nossas peles, pelo encontro de nossas bocas, pela penetração de seu pênis.


“ Je t’adore, mon cher , Antoine. Prends -moi dans tes bras. J’ai besoin de toi .”

Eu te adoro, meu querido, Antoine. Me tome em seus braços. Eu preciso de você.


A frase que eu tinha decorado na adolescência, para surpreendê-lo no dia em que fizéssemos amor, escapou de meus lábios. Um urro contido de dor e de urgência surgiu na garganta de Antoine e ele praticamente arrancou suas roupas. Em pé, na beira da cama, puxou meu corpo de encontro ao seu ainda mais maravilhoso do que eu tinha imaginado pênis. A penetração foi dura, sem os carinhos e preliminares que ele gostaria, mas nossos corpos não podiam esperar mais um segundo sequer para se unirem.

O prazer de tê-lo, entrando em mim, se estendeu como uma onda alcançando cada célula do meu corpo. Passado e presente se fundiram naquele instante, corrigindo o que havia ficado para trás. Mágoas se dissolveram e a imensa energia sexual que sentíamos foi resgatada. Nossos olhos não se desgrudaram, enquanto nossos corpos se moviam e gemiam com a aproximação de um orgasmo intenso e simultâneo. Uma sinfonia de amor em Paris, regida pelo destino e executada em perfeição pelo reencontro de antigos apaixonados. Agora amantes.


“Je me suis réveillé ce matin avec toi dans mes pensées . Une voix me murmura à l’oreille que je te rencontrerais à la grande roue . Je pensais que je devenais fou , mais je suis allé . C’est bom je suis allé .

“Acordei esta manhã com você em meus pensamentos. Uma voz sussurrou em meus ouvidos que eu te encontraria na roda gigante. Pensei estar ficando louco, mas fui. Ainda bem que fui.”


“Foi o meu desejo que sussurrou em seu ouvido. Que bom que veio.”


Nossos beijos recomeçaram sem a pressa de antes, com as mãos de Antoine acariciando meus seios. Ao sentir meus mamilos rígidos ele levou seus lábios até eles, aquecendo-os com o calor de sua boca, provocando-os ainda mais com a sua língua. Suas mãos agora acariciam meu ventre e se deslocam lentamente para o meio das minhas coxas, enquanto seus lábios se dividem beijando minha boca e seios. Sinto a excitação escorrendo de dentro de mim, clamando por preenchimento. Os dedos de Antoine sentem minha urgência, mas ele não se apressa. Quer sentir todos os meus sabores, por isso traz seus lábios para onde antes estavam seus dedos. Agarro-me ao lençol, enlouquecida ao sentir a delícia de sua língua me explorando em minha região mais íntima. Sinto vontade de fazer o mesmo com ele, quero sentir seu gosto, quero seu pênis em minha boca. Solto dos lençóis e agarro seus cabelos, trazendo-o para cima. Antoine se deita com todo o seu esplendor exposto. Meus olhos brilham, minha boca saliva e Antoine sorri ao me ver vidrada em seu corpo.


“ Je suis tout à toi , mon amour . Sou todo seu, meu amor .”


Meus lábios vorazes praticamente o engolem até a garganta e minha língua sente o seu sabor. Eu o sugo e lambo como se estivesse experimentando o mais delicioso sorvete de casquinha. E estava mesmo, embora não fosse sorvete. O desejo de ser penetrada volta com força, minha vagina lateja e eu digo a ele:


“Baise -moi, Antoine, baise -moa. Me fode, Antoine!”.


Antoine obedece e introduz seu pênis dentro de mim. Seus movimentos com o objetivo de me proporcionar o maior orgasmo da minha vida, pelo menos foi assim que eu senti e com essa intensidade que gozei. Vendo o prazer estampado em minha carne, Antoine não mais aguentou e gozou.

Exaustos de paixão, dormimos abraçados.

 


Mais tarde, no silêncio da noite, Antoine se levanta. O tempo que lhe foi dado pelo destino havia terminado. Ele precisava partir e não conseguiria ir se mais uma vez visse lágrimas nos olhos de Alannah . Como despedida, deixou um bilhete para ela, junto a uma rosa sobre o travesseiro.


“ Je t’aime ma chère , Alannah , cette destinée nous liera encore. Eu te amo minha querida, Alannah , que o destino nos una outra vez.”

 

 

                                                    Nic Chaud         

 

 

 

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