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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


REFÉM DAS TERRAS ALTAS / Hannah Howell
REFÉM DAS TERRAS ALTAS / Hannah Howell

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

                                                 Escócia, 1500

     Uma paixão proibida.

     As Terras Altas da Escócia são uma região de grande beleza, mas também de imenso perigo. Por isso, quando Aimil Mengue é capturada por um clã inimigo, ela tem razão em temer por sua vida... e também por sua castidade, pois seu captor é o infame guerreiro Parlan MacGuin. A reação inicial de Aimil é odiá-lo, porém, Parlan é muito mais honrado, e infinitamente mais atraente, do que ela imaginava. Embora esteja prometida a outro homem, Aimil não pode negar o desejo que sente pelo homem que a mantém cativa.

       Parlan MacGuin conhece sua fama de guerreiro destemido e implacável, e faz uso disso para conquistar terras e corações femininos. Aimil, contudo, representa outro tipo de conquista. Parlan sente um desejo novo e inexplicável pela mulher que mantém prisioneira, à medida que a paixão proibida que os une ameaça deflagrar uma batalha sangrenta entre os clãs... ou preencher seus corações para sempre!

 

 

 

 

     O espanto congelou as feições do belo jovem quando o cavalo no qual ele montou deitou-se, lançando-o ao chão. Por um instante, ele simplesmente encarou o garanhão branco se levantar devagar. Limpando as roupas ao se erguer, olhou fixamente para a moça pequena e delicada que, sentada pouco além, ria convulsivamente.

     - Pirralha! - disse ele com afeição na voz. Um sorriso começando a surgir em seus lábios. - Quando foi que lhe ensinou esse truque?

     - Enquanto você se divertia em Aberdeen, Leith. Leith sorriu ao se deitar ao lado da irmã, acomodando a cabeça sobre os braços cruzados.

     - E que dias gloriosos eu tive...

     - Você não toma jeito mesmo, não é? - Os olhos cor de água marinha de Aimil brilhavam de contentamento. - O que tia Morag diria?

     - Deus me livre disso! - ele observou ao se sentar. - É melhor voltarmos, está ficando tarde.

     - Temos mesmo? Não saí sequer uma vez daquele castelo o mês inteiro.

     - É mais seguro já que os MacGuin estão à solta de novo. Eu não deveria ter permitido que você me convencesse a sair. Nem mesmo estando vestida como um rapaz.

Nós até podemos passar despercebidos, mas não esse seu garanhão. - Segurando-a pela mão, Leith conduziu-a até o cavalo. - Agora me conte sobre esse casamento do qual ouvi comentários. - Viu que ela empalidecia.

     - Ah, não!... É o que estou pensando?

     - Sim, mas não consigo me conformar. Eu não gosto de Rory Fergueson.

     Nem Leith gostava, mas refreou o comentário.

     - Vou falar com papai.

     - Isso de nada adiantará, o casamento foi arranjado há muito tempo. E papai parece ansioso para se livrar de mim.

     Não havia como Leith negar essa triste verdade. O fato era que, desde que Aimil havia começado a mostrar os primeiros traços de mulher, era ignorada pelo pai.

As irmãs mais velhas sabiam disso, e os dois irmãos mais novos também, bem como o restante do clã.

     Qualquer tentativa de tocar no assunto com o pai resultava num ataque de fúria ou num silêncio resoluto. E, agora, ele estava disposto a entregá-la a um homem sobre o qual se ouviam os boatos mais hediondos.

     - Mesmo assim tentarei falar com ele. Papai lhe deu alguma explicação sobre o porquê de o casamento ser realizado agora?

     - Disse simplesmente que já era hora de eu me casar

     - Aimil falou com um tom de frustração na voz. - E que havia prometido isso a um velho amigo.

     - Isso não é um bom motivo. Se você está sendo obrigada a se casar com. um homem que não quer, ele ao menos precisa lhe dar um bom motivo. Ainda que o arranjo tenha sido feito enquanto você era apenas um bebê.

     Aimil sorriu diante da zanga do irmão. Leith era tão parecido com o pai... Ele distribuía ordens que esperava ver cumpridas imediatamente.

     Diferentemente do patriarca, porém, explicava seus motivos, caso alguém o questionasse.

     Mesmo sabendo que a raiva e a determinação dele não a livrariam do compromisso, sentia-se confortada por poder contar com um aliado. Quem sabe não conseguisse ao menos arrancar uma explicação do pai?

     Uma aliança fora a primeira coisa que lhe viera à mente, pois ainda que estivessem longe da pobreza, clãs pequenos como os deles eram alvo constante dos MacGuin.

Essa sua teoria tinha ido por água abaixo, pois a família já fizera aliados com os casamentos de Giorsal e de Jennet, ligando os Mengue aos MacVern e aos Broth.

Por isso não acreditava que casar-se com Rory fizesse muita diferença, só tornaria sua vida miserável.

     Leith sentia que a urgência em voltar para casa não se devia mais ao fato de estar ficando tarde. Ele sabia que o pai tinha conhecimento do homem que Rory se tornara e por isso não entendia sua decisão. Assim como não compreendia o comportamento dele para com Aimil, a mais bela das irmãs. Quanto mais ele pensava em sua irmã predileta nas mãos de Rory Fergueson, mais determinado ficava em pôr um fim a esse casamento.

     Quaisquer que fossem os planos que Leith tivesse, estes se perderam ao som do galope de cavalos se aproximando com as cores do estandarte dos MacGuin.

     O jovem Artair MacGuin se perguntou por que dois rapazes tolos se colocariam em seu caminho na volta para casa. Reconhecendo as cores do clã Mengue, pensou que esta poderia ser uma oportunidade de impressionar o irmão mais velho com dois prisioneiros para um posterior resgate. As duas excelentes montadas seriam um prêmio adicional. O irmão não tinha autorizado essa sua incursão nos territórios do sul, mas Artair estava certo de que o ganho obtido apaziguaria as coisas entre eles:

     Desembainhando a espada, Leith se pôs entre Aimil e os cavaleiros. s - Fuja enquanto pode, eu os deterei.

     O instante de hesitação em deixar o irmão para trás custou-lhe caro. Aimil mal havia montado em seu cavalo e um dos MacGuin segurou a rédea. O chute que ela lhe deu no rosto mostrou ser uma vitória temporária e por mais que ela e a montaria se esquivassem, lutando bravamente e deixando os homens com diversos hematomas, ela acabou sendo subjugada com um golpe na cabeça. Antes de desmaiar ainda conseguiu ver o irmão sendo atacado por diversos homens e acreditou que ele morreria.

     O forte odor de cavalo foi a primeira sensação que ela teve ao voltar a si. Percebeu que estava amarrada na parte de trás de um cavalo que avançava rapidamente.

O corpo adormecido não parecia se importar com o abuso, apenas a cabeça latejava em compasso com as patadas do animal. Não conseguia ver Leith em seu campo de visão, mas recusava-se a admitir que ele pudesse ter morrido.

     O castelo dos MacGuin surgiu e os cavalos diminuíram a velocidade. Sentiu um peso no coração, pois uma vez lá dentro, seria muito mais difícil fugir. Não era nenhum soldado, mas sabia bem que a construção era uma fortaleza. Estava certa de que pediriam resgate pela sua devolução e a de Leith, porém a permanência ali, por menor que fosse, a fazia estremecer.

     Não sabia se seu disfarce ainda estava intacto e, se estivesse, por quanto tempo conseguiria manter a farsa. Ouvira um bom número de histórias e imaginava qual seria seu fim se descobrissem que um dos rapazes capturados era, na realidade, uma moça.

     - Acordou, hein? Aposto como aquela luta acabou com as suas forças, moleque.

     Aimil fechou os olhos num instante de alívio diante do homenzarrão que afrouxava a corda de seus pulsos. Ele não parecia ser do tipo de cortava gargantas a esmo, mas também estava certa de que não poderia confiar cegamente. Afinal, o próprio pai não a decepcionara ao lhe negar o amor de outrora?

     - Pare de me olhar assim - o homem zombou ao soltá-la e deslizá-la pelo lombo do cavalo. - Não parece ter forças para executar a ameaça que traz nos olhos.

     - Coloque-os no calabouço, Malcolm - Artair ordenou.

     Ainda segurando uma fragilizada Aimil, Malcolm franziu o cenho.

     - Eles são apenas dois.garotos e não parecem estar tão saudáveis no momento.

     - Esses garotos acertaram metade dos meus homens bem como as montarias. Leve-os para o calabouço! Pelo menos assim não terei de me preocupar em reforçar a guarda até o regresso de Parlan. Acho que será melhor ele determinar o montante do resgate.

     Malcolm ainda se mostrava preocupado ao sustentar Aimil em seus braços. Ela não parecia capaz de ficar em pé sozinha. Viu que o outro rapaz também estava sendo carregado. Jogar dois jovens no inferno, como era chamado o calabouço, parecia-lhe cruel. A seu ver, eles não representavam ameaça alguma. Eram prisioneiros, contudo ele tinha certeza de que o senhor das terras não os trataria com tamanho desprezo.

     Já estava ao pé da escadaria quando percebeu que o cavalo branco os seguia é tratava- os que tentavam detê-lo com indocilidade letal.

     - Coloque-me no chão!

     - Não consegue ficar em pé - Malcolm resmungou, temendo o cavalo que se aproximava.

     - Pois então me segure direito. Preciso falar com Elfking antes que ele mate alguém para ficar perto de mim.

     Segurando-a firme, Malcolm não foi o único a testemunhar maravilhado o modo como o rapaz acarinhava o focinho do garanhão, sussurrando:

     - Não, Elfking, você não pode me seguir. Fique com estes homens. Fique aqui. Vamos nos demorar um pouco. Fique com eles. - Aimil sentiu uma névoa escura começar a envolvê-la de novo. - Acho que terá de me carregar de novo, sr. Malcolm. Por favor...

     - Isto não está certo - Malcolm resmungou ao ver a grade se fechar, trancando os dois jovens prisioneiros já quase inconscientes naquele buraco escuro.

     - Não sabia que tinha coração mole, Malcolm - outro homem disse, sem expressar algum tipo de condenação na voz.

     - Mas ele está certo desta vez - observou Lagan Dunmore, um primo do senhor do castelo que costumava visitá-lo com assiduidade.

     - Certo ou errado, Artair é o encarregado na ausência de Parlan. E foi aqui que ele ordenou que colocássemos os dois e é aqui que eles vão ficar.

     Lagan trocou um olhar impotente com Malcolm e suspirou:

     - Então, só nos resta rezar para que Parlan chegue logo, caso contrário, não terá nada para pedir resgate.

     - Só a enterrar - Malcolm opinou pesaroso antes de se afastar.

     A escuridão envolvia Aimil quando ela acordou. Lutando para recobrar os sentidos, ela reconheceu a grade acima de sua cabeça e percebeu o lugar em que se encontrava.

Estava no calabouço, um buraco escuro é fétido. Refreou o impulso de gritar, pois não queria revelar seu terror.

     Bloqueando o medo ao imaginar que criaturas habitavam aquele lugar úmido e escuro, tateou à sua volta à procura de Leith. Por causa das dimensões ínfimas do espaço, não demorou a encontrá-lo.

     Ele ainda estava inconsciente, e Aimil apoiou a cabeça dele em seu colo, começando a procurar ferimentos graves no corpo do irmão.

     - Aimil?... - Leith gemeu ao tentar se levantar só para cair de novo.

     - Estou aqui, Leith. Está muito ferido? Não consigo saber pelo tato e aqui está muito escuro para eu poder examiná-lo.

   - Está tudo bem. Alguns arranhões e hematomas apenas. Não se preocupe.

     Ela sentiu que a voz do irmão estava fraca, mas sem luz, não tinha como saber se ele mentia.

     - Fomos jogados num calabouço.

     Ele a segurou pela mão e a apertou firme.

     - Não será por muito tempo. Papai logo providenciará nosso resgate. - Um riso trêmulo escapou de seus lábios. - Eles devem ter ficado bem impressionados com nossa resistência para nos prender aqui. Afinal, somos apenas dois moleques.

     Sabendo que Leith buscava confirmação de que seu disfarce ainda valia, ela respondeu:

     - É mesmo. O que devo dizer quando perguntarem meu nome?

     - Diga que é Shane. Papai entenderá o que aconteceu e aceitará nosso subterfúgio.

     - Ele deve estar se perguntando onde estamos a esta altura. - Aimil suspirou, sabendo que o pai ficaria muito preocupado; pelo menos com Leith...

 

 

                                                                                                    Hannah Howell

 

 

 

 

Em breve todo o livro estará no ar

 

 

 

 

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