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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


RENDA-SE SE PUDER / A. K. Raimundi
RENDA-SE SE PUDER / A. K. Raimundi

                                                                                                                                                  

 

 

 

 

Biblio VT

 

 

  

 

O céu completamente nublado de Nova York dava início a minha semana.
Corro a mão pelo vestido preto até a altura dos joelhos, alisando-o pela segunda vez. Perfeito. Como tudo deveria ser. Tudo estava em seu devido lugar. Mesmo tendo me atrasado de manhã, coisa imperdoável até mesmo para mim, que nunca atrasava. Ainda mais quando meu dia estava lotado de reuniões chatas, porém, necessárias.
Ser CEO de uma empresa exigia isso.
Estaciono a Audi TT preta em frente da Solftk, uma torre prateada no mar de prédios comerciais, com seu brilho espelhado que parecia chegar às nuvens. Prédio que também abrigava uma das Editoras mais conceituadas de Nova York. Olho novamente para o espelho checando uma última vez minha maquiagem perfeitamente arrumada e, meu cabelo castanho avermelhado caindo lisos pelo ombro.
Sim, estava impecável.
— Srta. Berlin.

 

 

 

 

 

 

Como sempre John, — motorista e segurança particular do meu pai—abre a porta do carro sendo sempre prestativo, estendendo a mão para me ajudar a sair.

— John, bom dia — olho por cima do ombro já retirando meus últimos pertences do banco, vendo a ponta de um singelo sorriso em seus lábios.

John nunca sorria, a não ser para mim, acredito por ter me vigiado e sido meu motorista quando era menina, nutria certa afeição. Fora isso, ele era uma verdadeira estátua em suas feições.

— Bom dia senhorita, tenha uma excelente manhã.

— Espero mesmo John, já comecei meu dia me atrasando. — Digo, despedindo-me.

Passo pelas portas giratórias ordenadas em prata, o piso de mármore escuro impecável, refletindo a manhã do lado de fora.

Há quatro anos, assumi a presidência, lógico que muitas pessoas sabiam que eu era herdeira e quem comandava a Solftk, mas a cara que faziam quando viam com seus próprios olhos era impagável. Não assumi a empresa apenas por ser filha do poderoso e sim por mérito.

Meu pai já tinha um substituto bastante qualificado para o cargo, mas eu queria tanto que, não só fiz questão de mostrar para meu pai que eu poderia muito bem me sentar no trono tendo todas as qualidades que um presidente deve ter. Eu merecia aquilo e, fiz questão de tomar para mim.

Gibson Berlin controlava não só a Solftk, mas como todos os negócios pequenos e grandes. Diversas subsidiárias em nossas mãos, quando a notícia caiu na boca dos fofoqueiros. — Repórteres por assim dizer, aqueles abutres que adoram sobrevoar em cima da carniça. — Algumas empresas ficaram receosas de continuarem com os negócios com a Solftk sem o poderoso Gibson Berlin. Não era daquelas meninas bestas, deslumbrada com dinheiro, mais preocupada em gastar toda a fortuna que meu pai batalhou para ter em salões ou passeando em shoppings. Não pense que não adorava minha posição social, por Deus, não sou hipócrita, amava ter o mundo aos meus pés, porém eu sabia que nada caía do céu. Era preciso trabalho duro e muito pulso forte para dominar tudo e foi isso que provei para meu pai e para todos os acionistas.

E meu pai? Mesmo estando na frente de algumas questões dentro da empresa estava relaxado e pronto para sair o mais rápido possível dos holofotes já que tinha suas empresas em boas mãos.

Os secretários deram um breve aceno com a cabeça liberando automaticamente minha passagem pelo hall, vestidos em seus ternos elegantes. Cumprimento com um pequeno sorriso seguindo meu caminho. Como as mulheres gostavam de dizer quando meus “claps, claps” passavam todos paravam para olhar e eu adorava essa sensação. Mesmo que eles dessem esses apelidos ridículos para mim ou para meus sapatos estalando pelos corredores.

Entro no hall assim que o elevador para no vigésimo andar. Susan estava atendendo um telefonema quando me aproximo. Sua mesa já repleta de pastas e documentos, parecendo mesmo que cedo atolada em trabalho. Empurro as portas de vidros opacos, deixando minha bolsa sobre a chaise de couro no canto, sentando atrás da mesa. Todos os dias eu perdia alguns minutos para admirar a vista das janelas panorâmicas, parecia uma incrível pintura da cidade aos meus pés.

— Bom dia senhorita Berlin. Deseja alguma coisa antes de sua primeira reunião? — pergunta Susan entrando em minha sala.

— Bom dia Susan, um café está ótimo. — Digo, já abrindo meu computador e me pondo a par de todos os compromissos.

Não demora nem dez minutos ela já retorna com meu café, trazendo junto de si as agendas para os compromissos. Susan trabalhava comigo tempo suficiente para saber como eu gostava das coisas.

Sem demoras e sem desculpas esfarrapadas.

— Susan, me confirme todos os compromissos desse dia, assim como as ligações.

— Claro, senhorita. — diz pronta para me acompanhar. — Hoje você terá uma reunião com o senhor Vetter, sobre a possível fusão. Uma ligação internacional marcada para depois do almoço e deseja que já passe e programe as outras reuniões?

Aperto a ponte do nariz prevendo dor de cabeça para o fim do dia, realmente um começo de semana lotado. — Não, por enquanto vamos nos ater aos compromissos da manhã.

— Como queira, senhorita.

— Sabe me dizer se o Sr. Berlin já está na empresa? — questiono, conferindo as horas no relógio.

— Sim, ele chegou cedo e desde então continua em seu escritório. — Susan se levanta ajeitando o terno cinza justo na cintura. — Deseja mais alguma informação?

— Peça para ele vir aqui e depois verifique que esteja tudo preparado. — Comunico, deixando meu celular já repleto de mensagens das minhas amigas, comentando nossa noitada no sábado à noite.

— Sim, senhorita.

Eu e meu pai sempre fomos próximos ainda mais nos negócios, herdei seu instinto e habilidade para negociações. Ele nunca me deixou fora, mesmo quando mais jovem e, com a nomeação de CEO ele poderia ter o tempo livre que sempre quisera. Eu assumindo a empresa e ele finalizando os últimos contratos e pendências para sua aposentadoria ao lado de minha mãe.

Não demorou muito para ouvir a batida de leve na porta de vidro, indico para meu pai entre, finalizando minha ligação para o setor jurídico.

Fecho a pasta de minha próxima reunião. — Bom dia, pai.

— Atrasada Ângela? — pergunta com uma ponta de sorriso, meu pai, mais que ninguém sabia como eu sou com atrasos.

— Sim, perdi a hora e acabei pegando um pouco de congestionamento — torço os lábios relembrando os motoristas lerdos que peguei na avenida a caminho do escritório.

— Já tem tudo que precisa para a reunião?

— Sim. — Indico a pasta em minha frente.

— Essa reunião foi marcada há um bom tempo pelo Sr. Vetter.

— Primeiramente não sei ainda se aceitarei a fusão, por isso concordei com a reunião. Esse Sr. Vetter parece estar muito interessado na possível fusão, por isso, vou analisar antes de dar a palavra final. Quero realmente ver se o que ele tem a oferecer é bom para nós.

— Você não precisava de minha aprovação, muito menos de minha presença. É a CEO da Solftk, este velho aqui está apenas cumprindo sua carga horária para poder colocar os ternos de lado.

— Verdade, — concordo abrindo um sorriso — não precisava de sua presença, porém, acho importante. Afinal essa empresa é fruto do seu trabalho também pai, se ele deseja fazer qualquer negócio conosco, aprovo que tenhamos também sua decisão.

Dou uma boa olhada para meu pai, não, ele poderia estar na casa dos cinquenta anos, mas não era velho. Tinha um ótimo tipo físico que trouxe de seus anos mais novo, ombros largos, um corpo grande e mesmo com os anos passados musculoso, seu cabelo preto com toques grisalhos dava um charme ao seu sorriso amplo e os olhos verdes escuros como um lago, sempre indicavam sua esperteza.

Se por um lado eu puxei o tino de meu pai para os negócios, na aparência me parecia com minha mãe. O corpo curvilíneo, coxas grossas, olhos cor de mel e cabelos castanhos com toque de vermelho na altura da cintura.

— Bem não se atrase. — Conclui meu pai, me retirando do meu devaneio. — Estou indo para a sala de reunião.

— Nós vemos lá.


Estava trocando e organizando alguns documentos enquanto Susan se ocupava com outras pastas quando as portas do elevador se abriram, deixando alguns executivos da empresa saírem seguidos de uma mulher e... Simplesmente uau!

O que era aquilo, ou melhor, quem era?

Alto, atraente, com certo olhar cafajeste no rosto. Não apenas denunciado pelos olhos pretos como breu que observavam sérios. Dispenso a Susan para sala de reunião, logo voltando os olhos para o corpo grande vestido em um terno grafite, camisa branca e uma gravata preta como seus olhos. O cabelo de um tom preto que brilhava levemente bagunçado. Gostoso. Imediatamente me imagino tocando seu peitoral, que apesar de aparentar pelo mesmo uns trinta, quarenta anos, estava muito bem. Sua presença exalava controle, poder. Poder esse que eu estava acostumada a transmitir para os homens que queria.

— Estou aqui para ver Gibson Berlin.

Que voz! E automaticamente a rouquidão de sua voz me fez pensar em sexo, e, quando digo sexo, digo sexo bom mesmo. Aquele de tremer paredes.

Pare com isso Ângela — me repreendo internamente — recomponho minha postura. Nunca vi esse homem na Solftk, com certeza saberíamos se trabalhasse por aqui. Percebi depois de um átimo de segundo que ele seria o tal Sr. Vetter.

— E o senhor é? — questiono apenas por confirmação.

— Paul Vetter. — Responde seco.

— Senhorita, a sala de reunião já está preparada. Todos estão prontos. — Susan anuncia parada um pouco distante.

— Obviamente percebeu que está atrasado. — Retruco colocando a bolsa sob o ombro.

— Senhorita, a reunião começará apenas quando eu estiver nela, nem antes nem depois — diz com tom severo.

Que excelente filho da mãe. Quem ele pensa que é?

Com tal presunção. Ficaria mais que feliz em arrastar essa prepotência toda no chão. Quem ele pensava que era para usar esse tom comigo? Com quem ele achava que estava falando? Ficaria ainda mais satisfeita em ver sua cara quando descobrisse que eu tenho o poder nessa reunião.

— Pois o senhor está redondamente enganado. Quando informo sobre seu atraso, estou dando uma pequena deixa que a reunião terá início, mesmo o senhor estando ou não. — Ergo um pouco mais o queixo em sinal de desafio. Os executivos que estavam um pouco afastados mantinham seus olhos no chão, com certeza encabulados pela conversa.

— Está tentando me intimidar? — retruca — Se por acaso seja isso que esteja tentando fazer. Saiba que não me intimido tão facilidade e sei que o Sr. Berlin, ficará insatisfeito de ver um futuro sócio sendo abordado de tal maneira. — Ele lança um risinho superior para cima de mim.

Ah não, perdi toda a minha paciência nesse momento. Ele só podia estar de brincadeira.

— O senhor primeiramente deveria saber com quem está lidando... Sr. Vetter, né? — minha presunção o faz erguer a sobrancelha, me aprumo, tomando a postura superior que estava acostumada a ter com casos assim. — Sou Ângela Berlin, CEO da Solftk e filha de Gibson Berlin. — Explodo, mas com classe.

Ele ergue uma sobrancelha e sorri. Ele realmente sorriu, abri um sorriso de tirar o fôlego. Esqueço nesse momento que estava irritada, que estava preste a entrar em guerra com esse homem, minha mente virou um completo espaço em branco. Só penso em quanto eu daria para estar no comando desse homem, pois ele era um verdadeiro espécime de homem para se dominar. Daqueles que poderia fazer ou você arrancar todos os cabelos da cabeça ou te levar aos céus. Quem sabe ambos? — deixo minha mente divagar.


CAPÍTULO 2

 

Hoje realmente não estava sendo um dia bom, primeiro o atraso de manhã, depois o trânsito insuportável a caminho do escritório. E, agora esse homem.

Como Paul Vetter me fez ir de pensamentos obscuros com ele até querer matá-lo. Poderia pular nesse homem. Não sabia se para arrancar esse seu terno caro e descobrir o belo peitoral que se insinuava por baixo da camisa branca. Ou se para socar sua cara, com seu jeito arrogante e presunçoso.

Ele abre a boca para dizer algo quando a porta do elevador revela murmurinhos e som de passos. Volto minha atenção para Lian, que sai acompanhado de um dos nossos diretores que também participaria da reunião.

Lian como sempre estava impecável, seu terno azul marinho com a camisa aberta nos primeiros botões, dando um charme todo especial, sorri indo ao meu encontro.

— Querida, bom dia — diz depositando um beijo em minha bochecha.

— Bom dia, Lian.

— Sr. Vetter como vai? — Lian pergunta todo profissional.

Caramba! Todos conheciam esse tal de Paul Vetter, menos eu ao que parecia. Devia ter me dedicado mais, feito uma pesquisa. Paul estava com a expressão séria, apenas analisando Lian com aqueles olhos pretos.

— Muito bem, obrigado.

— Todos estão aguardando, querida? — Lian pergunta, espalmando uma de suas mãos em minha coluna.

— Sim. — Digo mantendo meus olhos no Sr. Vetter.

— Se me permitem senhores, vou mostrar o caminho. — Susan indica, com um sorriso simpático, o caminho para o grupo que aguardava uma posição do Sr. Vetter.

Assim como todas as salas nesse andar, composta por janelas panorâmicas com uma vista linda. A mesa grande e elegante já ocupado com os executivos, em grande maioria pessoas que trabalhavam para mim e há muitos anos para meu pai. Homens que eu cruzo frequentemente, todos os dias. Meu pai que ocupava a cadeira no outro extremo da mesa se levanta ajeitando o terno, trocando um cumprimento com Vetter, iniciando uma conversa animada.

Será que eles já se conheciam? Não me recordo de meu pai comentar sobre negócios com qualquer Vetter, a não ser uns três meses atrás, quando a secretária de Paul Vetter havia marcado a reunião com Jenna — secretária de meu pai —. O que me deixou com raiva, afinal o nome na presidência era o meu, somente um cego ou uma pessoa sem qualquer tipo de censo erraria.

Aperto novamente a ponta do nariz, já sentindo as primeiras pontadas de dor.

— Ângela. — Chama meu pai. — Podemos iniciar a reunião?

Todos estavam aguardando e olhando para mim. Mas não foi o olhar de modo respeitoso dos executivos que me fez estreitar minimamente os olhos. E sim, o olhar atrevido e o sorrisinho cínico no canto dos lábios do senhor Vetter.

Ser mulher e ainda estar em uma posição de extremo poder deixava a maioria dos homens desconfortável. Muitos ainda acreditavam que mulheres não poderia estar no poder, não poderia ser donas de uma empresa com excelência. Por isso autoconfiança e exalar certo nível de poder dentro da empresa era necessário, até mesmo para intimidar os mais espertinhos, por assim dizer. Muitas vezes, isso era minha real diversão na empresa, ver as caras barbudas totalmente desconfortáveis, hoje estava apenas contribuindo para minha irritação.

— Vamos dar início à reunião. — Troco um olhar com Susan, que prontamente caminha pela sala, depositando as pastas preparadas na frente de cada executivo.

Começo a reunião apresentando todos os executivos presentes, entre eles, Lian Fitz, sentado à direita de meu pai. Lian sempre foi o braço direito dentro da empresa, trabalhava conosco no setor Jurídico, — um lindo e excelente advogado — e aquele qual meu pai questionava com frequência enquanto estava no poder. Não tão diferente comigo, tínhamos uma conexão excelente nos negócios, além de sermos amigos, com certos benefícios.

— Como havia adiantado anteriormente, essa reunião se trata sobre a expansão de alguns negócios do Grupo Solftk. Como alguns de vocês sabem, há muito tempo estamos tentando expandir nossos negócios por Seattle ou Washington. O Sr. Vetter nos propôs uma possível fusão, nossas empresas juntas para um novo e próspero negócio. — Faço uma pequena pausa, todas as atenções estavam viradas para mim. — Porém, há alguns itens a serem analisados, — levanto um dedo impedindo que Paul interferisse no que dizia. Que homem insuportável! — Meu interesse acima de tudo é se podemos gerar empregos e lucros. Ganhar crédito e ficar mais conhecidos, eu não quero apenas a visão de lucros, eu quero uma estabilidade com profissionais e principalmente com o mercado de trabalho.

— Por isso que lhe apresento a solução para seus pequenos problemas.

Respiro fundo e realmente fuzilo Paul com o olhar. Paul Vetter mal havia aberto a boca e já dominava o ambiente, atraindo atenção dos executivos como mosquitos indo em direção à luz. Enquanto ele me encarava com a ponta de um sorriso em seus lábios.

—A Solftk entrará com o capital e pessoas capacitadas para dirigir. E eu garanto um dos meus edifícios, tornando-o nosso novo meio de ganhar lucros, devo acrescentar que meus empreendimentos são bem localizados e a menção do nome Vetter trará lucros ainda com a empresa fechada. Isso é de toda forma satisfatória para a senhorita e para mim.

— Não seria um jogo ambicioso demais? Ângela, você tem feito um trabalho maravilhoso e há pouco tempo conseguimos os progressos em Chicago, não seria arriscado? — questiona meu pai.

— Senhor Berlin, apesar de sua empresa entrar com certo capital e funcionários — interveem um executivo que não reconhecia. Sua postura de superioridade, olhando todos com o nariz empinado. —Quem ficaria com todos os riscos seria o senhor Vetter.

— No caso, não estou envolvido em nada, — comenta meu pai olhando de maneira impassível para o tal executivo. — Quem comanda, distribui ordens é Ângela. A empresa está nas mãos dela.

— Me explique senhor... — digo indicando para o “senhor superioridade” — Como os riscos serão todos do Sr. Vetter, sendo que minha empresa comanda mais de vinte subsidiarias, mais de cem mil pessoas entre funcionários e suas famílias. Você não concorda que tal comentário foi de uma total falta de tato? Principalmente com a presidente e dona da empresa presente na mesa de reunião?

— Hã... Senhorita Berlin... Eu... — gagueja, seus olhos foram direto para Paul Vetter.

Estava nítido que Vetter não gostou da postura de seu funcionário, seus olhos diziam isso. Estava praticamente devorando o pobre homem, pelo menos ele consegui mostrar bom senso.

— Peço desculpas pelo comentário totalmente infeliz do meu diretor de marketing, Srta. Berlin. — Paul se vira para mim capturando meu olhar. — O risco é alto o bastante para as duas empresas, mas deixo minha palavra que será um negócio muito bom para ambas as partes, principalmente caso decida fechar nossa negociação.

Os executivos que permaneciam calados, trocam pequenos olhares entre mim e Paul Vetter. Paro por um segundo analisando os papéis em minha frente. Como meu pai comentou eu fiz um grande progresso em Chicago, foi um feito e tanto para nossa empresa, mas eu não queria parar por ali. Eu queria mais, queria expandir nossos negócios e Seattle era um verdadeiro berço de oportunidade para uma empresária com sangue quente nas veias como eu.

Levanto passando as anotações e pastas para Susan. — De certa forma seria sim um risco que a Solftk estaria disposta a correr, seria um passo positivo para meus projetos. Principalmente para a exportação de alimentícios para Zimbábue, sei que em breve a Solftk terá todo o apoio da Grinfield Export.

— Srta. Berlin, se me permite.

— Claro Fitz. — Indico com a mão permitindo que ele se pronunciasse.

— Pelos pontos de negócios enviados pela InGet e os projetos produzidos pelo setor de produção a mando de Ângela, vejo muito futuro nessa fusão além de ser um negócio promissor se ambas as partes cumprirem com o acordo.

— A InGet cumprirá com tudo que foi posto em negociação. — Um homem careca com terno caro se pronuncia.

— Inclusive com metade do patrimônio que a InGet dispõe para a realização da empresa? — pergunto.

— Sim, a Solftk terá cinquenta por cento do edifício, assim como metade das ações. — Vetter apoia as mãos cruzadas na mesa.

— Acredito então que não precisamos discutir mais nada, muito menos gastar mais meu tempo. — Impaciente, dou uma rápida olhada para o relógio em meu punho. — Se tudo que foi discutido aqui, for realizado não temos motivos para alongar essa reunião. — Lanço um olhar de desafio para Paul Vetter. Os olhares que ele me lançou desde o momento em que pisou no hall de minha empresa estava tornando impossível me manter focada. — Estou de acordo, qualquer modificação Lian Fitz ou o senhor Berlin passarão para mim, mediante isso, minha presença já é dispensável.

— Nós temos um acordo, portanto. — Paul diz.

— Por hora, negócio fechado Sr. Vetter. Vamos ver quão produtiva será nossa negociação.

Ele mantém o sorriso nos lábios e os olhos estreitos, contendo certa malícia.

Meu pai prossegue com os executivos e com o senhor Vetter, acertando os últimos detalhes, enquanto sigo direto para minha sala. Qualquer mudança ou alteração que eu devesse saber, Susan levaria para mim. Assim que entro em meu escritório me jogo na poltrona de couro, já sentindo dores de cabeça. Giro a cadeira para observar a vista atrás de mim. Por todo lado tem prédios altos e impotentes, o constante movimento caótico de automóveis, o mar eterno de pessoas seguindo de um lado a outro.

— Senhorita Berlin, desculpe interrompê-la. — A voz de Susan sai do alto-falante do escritório, me tirando do devaneio, não sei por quanto tempo fiquei analisando o nada.

— Sim.

— Sua próxima reunião será dentro de uma hora, a senhorita deseja realizar a ligação já aguardada?

— Sim, por favor. Aproveite também e já organize meu almoço, ficarei aqui mesmo no escritório.

— Sim, senhorita — diz desligando.


Olho mais uma vez para o relógio.

— Tudo ocorreu como esperado, os primeiros carregamentos chegaram ainda pela manhã, assim como os relatórios enviados pelas ONG’s, eles estão mais que satisfeitos, Srta. Berlin.

Confirmo com um aceno, Milan foi à peça chave em nossa negociação. Finalmente eu poderia respirar fundo e não me preocupar mais com esse carregamento, agora ele estava nas mãos das ONG’s e logo nas mãos das crianças.

— Podemos realizar esse processo todos os anos.

— Isso aumentaria e muito os custos, Ângela. — Contesta Rush.

— Estou disposta. — Fecho a pasta aberta em minha frente. — Terminamos?

— Sim, vou dar andamento nesse outro documento.

— Perfeito, quero isso pronto até semana que vem. Daqui algumas semanas tenho a festa beneficente dos Grinfield, quero voltar desse evento sabendo que Gerald Grinfield e sua esposa aceitaram minha oferta.

— Como desejar, Srta. Berlin.

— Podem ir, vejo vocês amanhã.


CAPÍTULO 3

 

Precisava esvaziar minha mente, estava esgotada.

Um bom vinho, uma música de fundo. Isso sim faria me sentir bem. Tirar aqueles olhos pretos atrevidos era uma das minhas metas, apesar de ter que aturá-lo com alguma frequência perambulando pela empresa ou em reuniões. Seria fácil deixá-lo de lado, no mesmo instante que esse pequeno pensamento passou por minha cabeça eu quis rir, quem eu queria enganar? Seria difícil tirar aquele sorriso presunçoso, olhos negros que tanto me hipnotizaram.

Jogo os saltos e a bolsa no sofá assim que entro em meu apartamento, seguindo para adega perto da cozinha, abro uma garrafa de Cheval Blanc, ligo o som em minha playlist favorita. E tudo isso somado à vista para o Central Park que meu apartamento tinha deveria pelo menos amenizar o fluxo constante de pensamentos em minha cabeça.

Respondo algumas mensagens de minhas amigas, algumas de Lian e os meus planos de ficar aproveitando o vinho e a vista se esvaem. Eu poderia ficar com a calmaria do meu apartamento para finalizar esse dia tão corrido de trabalho, mas acabo aceitando o convite para jantar que Lian propõem, por que não? Deixo o vinho de lado indo tomar um banho rápido, devido ao tempo que marquei para me encontrar com ele.

Reviro o closet a procura de um vestido, encontrando um azul marinho, sexy e bem chamativo. Completo o look com sapatos caramelo de salto bem alto, brincos e pulseiras. Troquei meus pertences da bolsa para uma menor combinando e sigo para o restaurante escolhido por mim.

Lian e eu nos conhecemos quando ainda cursava faculdade, estava no último ano, Lian foi convidado para palestrar para os alunos de Direito da Stanford, me encantei com ele na hora, lógico que eu já tinha cruzado com Lian pela casa de meus pais, até mesmo nos corredores da empresa. Mas naquele dia ele tinha algo diferente, algo no jeito que sorria para as alunas ou o modo como falava. Não sei ao certo, o que recordo é que eu assisti a palestra toda mesmo não entendendo merda nenhuma do que ele falava, poderia ser apenas uma fantasia sexual de uma estudante. Na época, tinha vinte anos e ele trinta e quatro, meu pai nunca sonhou com nosso envolvimento, mas era praticamente em todos os lugares da faculdade, entre aulas, depois no dormitório, antes de sair. E hoje apesar de alguns encontros esporádicos fora do âmbito de trabalho ele sabia muito bem como funcionava, uma noite e nada mais.

Estava muito satisfeita com a minha vida e, até o momento ninguém apareceu me fazendo mudar de ideia tão rápido. Gostava dos meus encontros esporádicos, minha vida empresarial e principalmente, minhas saídas com minha melhor amiga. Isso não era algo que abriria mão com facilidade.

Paro o carro em frente ao Ibéricas — um badalado restaurante localizado em uma região repleta de excelentes casas noturnas —. Bem localizado e um negócio inteligente, ainda mais para quem conhece o público. Um segurança alto e carrancudo abre a porta do carro para que eu saía, aliso o vestido e jogo o cabelo pelo ombro.

A hostess rapidamente me indica uma mesa no centro do salão onde Lian já me aguardava.

— Magnífica como sempre — sorri todo galante.

— Vindo de você, apenas bajulação — comento rindo.

Lian leva a mão ao coração como se tivesse ficado magoado, já acenando para o garçom se aproximar.

— Me acompanha no vinho?

— Claro!

— Um Cheval Blanc, por favor, quanto aos pratos já faremos o pedido.

O garçom lança um aceno breve de cabeça, demorando seu olhar em minhas pernas expostas, sinto vontade de rir, vendo o pobre homem sair todo atrapalhado por ter sido pego no flagra.

—Você está tensa.

— Como sempre sabe exatamente como estou e meu gosto. — Digo vendo o garçom retornar rapidamente depositando o vinho nas taças e deixando a garrafa na mesa a pedido de Lian.

Geralmente quando saímos sempre era assim, uma taça apenas não bastava, ficamos horas a fio conversando regados a um bom vinho.

— Afinal somos amigos. — Lian diz erguendo a taça e sorvendo um pouco do líquido.

Lian realmente era um excelente amigo, se não tivéssemos passado por essa fase até estenderia um charme, mas, já tínhamos experimentado um relacionamento de alguns anos, antes mesmo de assumir meu lugar na Solftk, porém sempre faltava algo, tanto para mim como para ele. Por isso decidimos manter nossa amizade e tinha dado certo até então.

— E posso saber o que é de tão importante para estar ocupando sua cabeça, o que está deixando você tensa?

— Trabalho, — mento descaradamente — apenas isso, foi um dia cansativo.

Não falaria que minha insistente dor de cabeça vinha de olhos pretos penetrantes, jeito irritantemente dominante, arrogante e um corpo aparentemente tão delicioso que poderia matar uma pobre alma.

— Você resolverá isso com eficiência, como sempre.

Respondo com um dar de ombros, tomando um gole do vinho.

O jantar transcorre bem, cheio de risadas, provocações. Já me sentia muito melhor, leve, mas isso poderia ser facilmente o álcool. A comida estava excelente, esvaziamos nossa segunda garrafa de vinho rindo ainda mais dos comentários infames de Lian. Viro o rosto analisando por um momento o salão que agora estava lotado de casais, amigos curtindo um final de expediente, homens paquerando as mulheres empoleiradas no balcão do bar.

Um homem alto chama particularmente minha atenção, seu jeito de se mover me lembrava de alguém. Ignoro os comentários que Lian soltava, respondendo-os com leves acenos de cabeça. Voltando os olhos novamente para o tal homem no mesmo instante em que ele se vira sorrindo amplamente para a jovem que estava se levantando da mesa.

Puta que pariu! Só poderia ser pegadinha do destino, tantos lugares, tantas pessoas e justamente Paul Vetter estava me encarando do outro lado do restaurante. O que ele fazia ali? Quem era a jovem que o acompanhava? Isso não é da sua conta Ângela . — Me repreendo novamente.

Fico olhando-o, totalmente incrédula. Como se possível ele estava ainda mais lindo, sua calça jeans justa fazia jus as pernas e sua bela bunda, sim, ele tinha uma bunda incrível. A camisa social aberta revelando o começo de seu peitoral.

Ele sinaliza para sua acompanhante que iria se ausentar e vem em direção à mesa que estava com Lian. Caminhando com um sorriso presunçoso no rosto, seus cabelos como hoje pela manhã bagunçados no melhor estilo filme de sessão da tarde, onde a mocinha até suspira.

Sentia meu corpo quente, como se estivesse sido exposta a brasa.

— Você está corada, — Lian chama minha atenção. — Foi o excesso de vinho?

Nem precisei respondê-lo, Paul chegou antes que pudesse pensar em algo para responder. — Ângela, que prazer reencontrá-la.

Podia notar que tinha muito mais provocação por baixo de suas meras palavras, mas não deixaria barato.

— Paul — cumprimento toda simpática, exagerando no sorriso.

Por um momento pensei em como estava sendo rude com Lian, que permaneceu calado todo instante. — Este é Lian Fitz, mas você já o conhece.

Eles trocam um breve aceno. A tensão estava palpável entre nós, era visível. Lian percebeu meu estado e, mesmo não querendo tal atitude adorei quando foi além do cordial comigo. — Querida, vou me ausentar um minuto, depois iremos embora. Tudo bem?

— Claro. — Respondo prontamente. Abro um sorriso ainda maior para ele.

— Tenha uma excelente noite. — Lian diz para Paul, seguindo para o corredor onde ficavam os banheiros.

— Vocês têm um caso?

— Como? — questiono incrédula, encarando-o.

Não estava acreditando que ele tinha perguntado uma coisa dessas, mal me conhecia e vem com essa.

— Sim, vocês estão juntos, estão tendo um relacionamento além do profissional? — questiona novamente indicando as garrafas de vinho vazias. — Vocês estão transando?

Rio alto, sim, me permiti isso. Talvez fosse pelo excesso de bebida ou fosse pela tamanha prepotência desse ser. — Não sou obrigada e nem vou perder meu tempo respondendo tal questão. Você não me conhece.

Seus olhos caminham por todo meu corpo, só para se fixar novamente em meus olhos. — Como você retornará para casa?

— Não se importe. Óbvio que não é da sua conta. — Respondo curta e grossa.

— Você bebeu bastante, a não ser que queira acabar na cama de um homem que ao que aparenta não é aquele que deseja, sugiro que pegue um táxi, ou melhor, aceite minha carona.

— Além de muito presunçoso, como pode saber que não quero parar na cama de Lian? — retruco, se ele queria esse jogo. Ele teria. — Afinal, ele é bonito, um partido e tanto. E para sua informação estou de carro. — Coloco de modo sensual a taça na boca, tomando o último gole do vinho.

Agora realmente ele aparentava algo em seus olhos, um misto de raiva e desafio, Paul balança a cabeça por um instante rindo mais para si mesmo do que para mim.

Sua acompanhante chega no momento que me preparo para provocá-lo ainda mais. — Tudo pronto, — diz parando muito próxima de seu corpo, como se fossem amantes. — Prazer, Gabby. — Completa olhando-me pela primeira vez.

Levanto, pegando minha bolsa. — Ângela Berlin, muito prazer.

Reparei que a tal loira deslumbrante era a mesma secretária que o acompanhou durante a reunião, não sei como não me recordei dela. Devia ser pela postura profissional e agora ela estando com um jeito mais íntimo perto de Paul não aparentava nem um pouco a mulher daquele dia.

Lian retorna para o meu completo alivio, passando seu casaco pelos meus ombros, despede-se gentilmente de Paul e sua acompanhante. Faço o mesmo, me despeço sorrindo de modo provocante para um Paul Vetter carrancudo, seguindo para fora do restaurante.

Se meu dia poderia piorar, ali estava a resposta. Sentia vontade de voltar e socar aquele rosto cheio de si, com seus olhares penetrantes e desconcertantes. Cedo ao desejo dando uma última olhada para trás antes de atravessar as portas com Lian, meu olhar encontra com o de Paul que continuava me olhando.


Lian insiste para que estendêssemos à noite, não estaria perdendo nada e não era do tipo que negava uma boa transa, afinal, sabia muito bem que terminaria nisso, ou, então dormiríamos um ao lado do outro de tanto vinho que tomamos.

Entramos no prédio pela garagem subindo direto para o oitavo andar, onde Lian morava, apesar de ser um Loft pequeno era muito aconchegante. Estava sentada no puff diante dele, e como eu bem conhecia Lian não era de perder tempo, depois de oferecer pela segunda vez para abrir outra garrafa de vinho, que eu recusei veementemente, se senta ao meu lado, se apertando no puff redondo, sua mão passeia pela minha coxa. Traçando pequenos avanços, tentando ganhar espaço por meu vestido.

Ele sobe a mão por minha perna, tocando minha calcinha, sinto sua respiração em meu pescoço. Lian, aproxima-se mais de mim, cochichando de maneira brincalhona em meu ouvido: — Somos apenas eu e você, como nos velhos tempos. O palestrante e a aluna.

Não sei quantas alunas ele conseguiu levar para cama com esse papo, mas não tinha como reclamar, Lian era excelente na cama, mesmo faltando aquele toque que me levava para lua, com alguma ajudinha, ele chegava lá. Era como uma criança aprendendo a andar, sim a comparação era péssima e hilária, mas era bem isso depois que encontrava o ponto certo, não tinha do que reclamar.

— Não passará dessa noite. — Digo, permitindo que ele avance mais.

Lian afasta o tecido fino da calcinha, rapidamente um de seus dedos brinca com meu clitóris. — Que seja então por essa noite, minha querida. — Sussurra em meu ouvido.

Fecho os olhos, minha respiração fica mais profunda. Minha nossa, eu adoro isso . A sensação do proibido me excita. Excita muito. Quando Lian mete em mim um de seus dedos, fico ofegante. Ao abrir os olhos, me deparo com seu sorriso sensual.

— Gosta?

Aceno que sim, enquanto meu sexo se contrai, querendo mais, querendo tudo que tem direito até se desfazer em mil pedaços. Sinto um pouco de tontura por conta de todo o vinho, mas não quero que pare, mesmo que toda vez que fecho os olhos, venha malditos olhos negros em minha mente.

Eu gosto do que Lian faz, da sensação que ele está provocando em meu corpo. Então quero participar, sorrio e me mexo em busca de mais profundidade e prazer. Minha expressão de safada faz Lian arquejar. Sim... Eu o deixo louco e uma mulher saber isso é extremamente quente, faz nosso corpo se soltar ainda mais. Ele aproxima sua boca da minha, sussurrando, extremamente excitado:

— Vamos para o quarto!

— Vamos.

Como um lobo faminto, me puxa pela mão em direção ao seu quarto, sento na cama, vendo-o tirar a camisa, que cai no chão. Entusiasmado, ele acaricia meu seio por cima do vestido, enquanto suas mãos percorrem minhas pernas e erguem minha saia, lenta e pausadamente.

— Sim, sim, é assim que eu gosto... — sussurro.

Com rapidez ele tira meu vestido, olhando para meu corpo apenas de lingerie. Me vira lambendo meu pescoço, agarrando meu cabelo na nuca.

— Agora quero ouvir você gemer, Ângela.


CAPÍTULO 4

 

Ao despertar ainda de madrugada, fico alguns minutos deitada. Minhas roupas estavam jogadas no chão do quarto, Lian roncava um pouco ao meu lado. Puta merda , levanto recolhendo minhas roupas e o resto de minhas coisas espalhadas pelo apartamento, voltando para minha casa, sem despedidas ou bilhetinhos espalhados.

Como ainda estava cedo deito na cama esperando o tempo passar, nem me dando conta que tinha adormecido, acordo assustada com o despertador tocando. Levanto seguindo para o chuveiro, hoje não iria me atrasar. Quando me dei por satisfeita e com todos os músculos relaxados para começar meu dia desligo e saio enrolada em uma toalha. Opto por uma calça preta justa nos lugares certos e uma camisa branca com um decote avantajado. Porém nada que mostrasse demais.

Na cozinha espaçosa do apartamento, preparo um café preto e algumas torradas, apoio na bancada tomando meu café fumegante e dando uma olhada no jornal. Provavelmente a senhora Ramirez já estava no apartamento, pela lista de mercado ainda incompleta em cima do balcão. Ela era a única pessoa que trabalhava em casa, uma excelente governanta. Olho novamente para o relógio, deixando meu café ainda não terminado na cozinha, pegando minhas últimas coisas e seguindo para o escritório.


— Bom dia, senhorita Berlin — Susan cumprimenta engolindo com rapidez seu café, se levantando rapidamente, dando a volta em sua mesa com um olhar preocupado.

— Termine seu café Susan, realmente cheguei mais cedo. Por favor evite que alguém entre em meu escritório agora, estarei ocupada.

— Srta. Berlin, devo informá-la que não consegui detê-lo.

Paro alguns passos de minha sala, voltando-me para ela. — O que foi? Quem você não conseguiu deter?

— Sr. Vetter, está aguardando a senhorita em sua sala.

— Em minha sala?

— Sim, senhorita.

Respiro fundo me preparando para confrontar novamente aqueles olhos negros. — Marque uma reunião com Derek hoje após o almoço e procure os documentos de Buffalo.

— Assim que tudo estiver pronto levo para a senhorita.

Entro em meu escritório já me deparando com Vetter sentado confortavelmente na cadeira em frente à minha mesa, ele permanece com os olhos focados lendo o conteúdo de uma pasta.

— Paul Vetter. — Digo ocupando meu lugar.

— Bom dia Srta. Berlin, fico contente que não tenha me feito esperar. — Seu olhar queima no meu.

— Posso notar que bons modos não foram lhe ensinados.

Um sorriso cretino se abriu no rosto de Paul Vetter. — Temos algumas pendências para resolver.

— Pendências? Você poderia tê-las tratado com minha assistente, com certeza percebe que cometeu um erro entrando em meu escritório sem ser autorizado. — Disparo.

— Eu não trato assuntos com funcionários Srta. Berlin. Mas, pode ficar tranquila que serei breve.

— Pois então, fale de uma vez, caso não tenha reparado meu dia está repleto de compromissos importantes.

— Srta. Berlin, desculpe incomodá-la. — A voz de Susan soa pelo autofalante.

Aperto o botão do telefone. — Sim, Susan.

— O Sr. Thomaz está na linha 2, senhorita.

— Informe para Thomaz que ligo mais tarde.

— Sim, senhorita.

Volto meus olhos para Paul, muito bem vestido em um terno cinza claro, a camisa preta realça ainda mais seus olhos. Esse homem é a arrogância e beleza em pessoa.

— Ainda estou esperando às tais pendências, Sr. Vetter.

Hoje tinha tudo para ser uma manhã calma, onde poderia analisar os projetos de Buffalo, que era uma coisa mais que profissional para mim, era algo pessoal. Mesmo com o setor financeiro dizendo que era algo dispensável não deixaria meus planos de lado. Além de poucas reuniões, o que eram normais em meu dia a dia. Surge Paul Vetter.

— Gostaria de comunicá-la que estarei retornando em breve para Washington, portanto, espero que você reajuste sua agenda para que me acompanhe.

— Te acompanhar? Acredito que não ouvi direito. — Desdenho.

— Você ouviu com perfeição.

— Como você pode imaginar, eu não tenho como me ausentar de minha empresa, nem adiar os compromissos, sugiro que Rush acompanhe você.

Ele esboça novamente o sorriso cretino. — Você parece ser cercada de ótimos profissionais.

— Apenas os melhores.

— Excelente, levando em consideração essa informação acredito que não terá problema em me acompanhar.

— Sr. Vetter...

O telefone da empresa começa a tocar, estava decidida em ignorá-lo quando Vetter sorriu ainda mais.

— Atenda, ficarei bem aqui.

Controlo minha frustração.

— Ângela Berlin.

— Senhorita, Susan avisou que gostaria de falar comigo.

— Sim, reunião, o senhor sabe o que é isso? Por acaso pedi uma ligação?

— Não senhorita, peço desculpas, mas estou fora da cidade. — A voz de Derek vacilava. — Estou a caminho de Buffalo.

— Derek, analise tudo sobre isso, não quero saber quanto dinheiro gastará. Apenas realize.

— Sim senhorita, Analice está a caminho do seu escritório, com todas as anotações e apontamentos que fizemos para esse negócio.

— Esperarei por ela. Até mais. — Digo encerrando a ligação.

Elevo o queixo para enfrentar o olhar abrasador de Vetter. — Como estava dizendo, não poderei acompanhá-lo, mas designarei o melhor profissional para isso.

— Tenho grandes planos para a reforma e andamento do edifício em Washington.

— Pode me informar isso em um relatório, a não ser que seja realmente algo valioso e que vale a pena ocupar minha manhã. Estou tentando entender qual é o real motivo para o senhor fazer tanta questão da minha ida para Washington.

— Na verdade... — Paul se vira na cadeira olhando quando batem na porta, interrompendo-o.

Olho pelo vidro notando Analice, uma garota baixa e gordinha e de uma beleza estonteante. Sempre elegante em seus vestidinhos clássicos, além de ser uma ótima profissional.

Faço sinal para que entrasse.

— Bom dia, senhorita Berlin. Senhor Vetter. — Os olhos se arregalaram, assim como suas bochechas coraram quando Vetter dedicou um sorriso para ela.

— Analice? — Chamo sua atenção.

— Hã... Srta., — ela gagueja voltando para realidade o que me deixa irritada. — Derek pediu que encaminhasse esses documentos para a Srta.

— Claro. Deixe em minha mesa e pode ir.

Espero até que Analice tenha deixado meu escritório toda atrapalhada, cruzando com Susan no corredor.

— A senhorita fica interessante sendo contrariada.

Arqueio a sobrancelha

— Vamos ao que interessa. — Paul consulta as horas em seu relógio.

Volto a cruzar os braços em frente do peito esperando.

— Viajaremos para Washington ainda essa semana, minha assistente passará tudo para a sua.

— Desculpe, Sr. Vetter. Você está com algum problema? Qual parte não entendeu que não o acompanharei em seu retorno para Washington?

— Acredito que você não seja tão inteligente quanto aparenta. Eu não estou sugerindo que vá comigo, eu estou afirmando que a senhorita vai. Agora se você for uma daquelas empresárias que jogam o serviço na mão de seus empregados, provando que não é nada preocupada com seus negócios, como diz com tanto afinco. Creio que não será um negócio bom para a InGet.

Fecho a cara encarando-o, apoio meus cotovelos sobre a mesa, chegando mais perto. — Diversas coisas passam pela minha cabeça nesse momento, uma pior que a outra para dizer a você. Mas não darei esse gostinho, tenho uma viagem de negócios para Vancouver, depois caso ainda esteja com estômago para aguentar aturá-lo nem que seja por um dia. Nos encontramos em Washington, senhor Vetter.

— Certamente ou posso encontrá-la em Vancouver.

Estava percebendo a intenção por traz de tudo.

— Não me obrigue aturá-lo mais do que necessário, Sr. Vetter. Deus sabe que minha paciência é curta.

Vetter fica de pé em minha frente, mostrando sua camisa social justa no peitoral definido. Antes de sair olha permitindo que eu visse todo seu divertimento, exatamente o que ele queria. Seu olhar divertido e aquele sorriso cínico no rosto.


O dia passou sem eu perceber, devido à raiva contida pela manhã todos estavam lidando um pouco com meu mau humor, os executivos que estavam presentes nas reuniões acatavam imediatamente o que eu falava ou mandava, nem sequer erguendo o olhar. Susan tinha sofrido sua cota também, andava igual barata tonta me seguindo ou correndo para pegar o que pedisse para ela.

Ótimo! — Penso, assim que saio da última reunião do dia. Volto para meu escritório apenas para recolher meus pertences, encerrando meu dia mais cedo.

— Senhorita Berlin, deseja algo? — Susan estava receosa.

— Não, obrigada Susan, já estou indo embora. — Digo em um tom mais ameno. Ela era uma ótima funcionária e não poderia perdê-la, era difícil hoje em dia achar profissionais que cuidavam tanto de uma agenda pessoal como profissional com tanta responsabilidade quanto ela.

As portas do elevador se abriram, quando minha bolsa caiu no chão de mármore com um enorme baque. Espalhando todos os meus pertences pelo piso escuro.

— Merda.

Recolho apressada meu batom, a carteira que tinha voado longe com o tombo da bolsa. Levanto ajeitando meu vestido, olhando por todo o piso a procura da chave do carro. Merda de novo!

— E nos encontramos novamente.

Aquela voz grave causa um arrepio em meu corpo, não era possível, alguém lá no céu estava querendo mesmo brincar com meus nervos. Sabia exatamente de quem era aquela voz, que era acompanhada por pernas longas, peitoral definido, olhos pretos, barba por fazer e uma arrogância sem fim.

O perfume amadeirado chegava até mim como se para provocar ainda mais. Olho para trás vendo Paul Vetter segurando firme em sua mão a chave do meu carro.

— Por favor. — Sinalizo para chave com um sorrisinho falso.

Ele entra no elevador ignorando meu pedido, sigo seus passos, parando de costas para a recepção do meu andar, mesmo com um espaço considerável entre nós, podia sentir o olhar de Vetter derrubando minhas barreiras. — Srta. Berlin — e aquele sorriso cretino aparecendo de novo.

Paul era o tipo de homem que mulheres casadas tinham sonhos impróprios o típico homem dominante que fazia as mulheres se perderem. Dei um tempo para controlar minha língua, senão mandaria esse homem à merda. Limpo a garganta antes de responder. — Sr. Vetter, minhas chaves, por favor.

— Estou ansioso por nossa viagem, é claro, se a senhorita conseguir controlar seu gênio difícil pelo tempo que passarmos juntos. Garanto que será uma viagem prazerosa.

— Gênio difícil? Olhe senhor Vetter, posso garantir que o tempo que passaremos juntos será especialmente curto, assim que analisar tudo retorno para empresa. É claro, se você não dificultar meu trabalho. Posso dizer que iremos coexistir em paz. — Estendo novamente a mão pedindo as chaves.

— Pode ter certeza que o tempo que passaremos juntos será longo, farei de tudo para isso. — Ele falou se aproximando, sua mão pega a minha devolvendo a chave do carro, ao mesmo tempo em que se manteve ali, tocando a palma de minha mão.

Seu rosto perto do meu, seu hálito batendo contra meu rosto, causando um arrepio no corpo todo. Não sei se suas palavras eram uma promessa, apesar de soar mais como uma ameaça. Mas, eu estou nesse jogo.

É tudo ou nada.


CAPÍTULO 5

 

Dois dias transcorrem normalmente, sem nenhuma dor de cabeça ou aparição de Paul Vetter na empresa. Adianto todos os assuntos importantes, para que quase nada fique pendente quando estiver ausente.

Tudo o que ocupava minha cabeça agora era a maldita viagem para Washington. Sra. Ramirez tinha preparado minhas malas quando ainda estava na Solftk, deixando tudo pronto para duas viagens.

Minha passagem pela cidade de Vancouver foi satisfatória, assim como a reunião de negócios, mesmo o dia sendo repleto de tarefas e documentos para analisar e assinar, além de aguentar os homens com risinhos maliciosos no rosto durante toda a reunião. Foi à companhia de Lian que amenizou tudo isso. Não preciso nem dizer o quanto estava nervosa. A ideia de saber que eu vou rever Vetter, que passaria um tempo com ele me deixava com sensações diferentes, estranhas.

É como se eu desejasse isso, ao mesmo tempo em que não posso suportar. Ainda tenho a lembrança viva da última vez em que eu o vi. Apesar de tudo, eu não fiquei surpresa, é como se eu esperasse que em algum momento ele fosse dizer algo assim. De qualquer forma eu deveria imaginar que um homem como Paul Vetter fosse do tipo que marcasse presença. Ele era um homem dominante, onde entrava dominava o ambiente por completo.

Ajeito o vestido marfim que vestia, admirando o belo início da tarde de domingo. O motorista já deveria estar aguardando na recepção do hotel, Susan tinha informado ontem no final da noite que Vetter e sua assistente estariam aguardando no aeroporto de Washington. O que só contribuiu ainda mais para meus nervos se eriçarem.

— Srta. Berlin. — Chama o atendente do hotel.

— Sim.

— Um senhor dispensou os serviços de motorista...

— Como assim dispensou os serviços? — interrompo, deixando o atendente com os olhos arregalados.

— Sim Srta. Berlin, ele comunicou que a senhorita não precisaria mais, também pediu para avisá-la que ele a aguarda do lado de fora.

Estreito os olhos, quem poderia ter encerrado o serviço? Não! Não poderia ser. Viro seguindo para o lado de fora do hotel, passando pela porta giratória. Devo dizer que meu coração acelerou quando vi a Lamborghini Aventador preta parada do outro lado da calçada, mesmo com o tráfego na rua eu podia escutar o ronco suave do motor.

O vidro do motorista abaixa de forma lenta e meu pior pesadelo sorri para mim.

Paul Vetter. O sorriso insolente presente, os olhos negros arrogantes que eu conhecia estavam escondidos pelo óculos escuros elegante e a leve mordida que Vetter dá em seu lábio inferior faz minha deusa interna bater palmas animada.

— É um belo carro.

Aquela Lamborghini era de parar o trânsito, a carroceria imponente e veloz combinava perfeitamente com seu motorista.

— Eu tenho um excelente gosto para carros e mulheres. — diz olhando meu corpo com malícia. — Precisa de uma carona, Srta. Berlin?

Respiro fundo, esse homem era ousado. — Esperava encontrá-lo o mínimo possível, Sr. Vetter. — Digo atravessando a rua.

Ele sorri saindo do carro. — Confesse, Srta. Berlin.

— Confessar?

Ele olha para o lado oposto puxando-me pelo cotovelo, até a calçada. — Sim, confesse. Você estava ansiosa pelo nosso encontro.

Solto uma gargalhada irônica. — Nunca.

— Nunca? Nunca confessaria ou vai fingir que nunca ficou ansiosa com a possibilidade de nosso encontro?

— Não faço a mínima questão de estar perto de você, além do estritamente profissional.

— Isso nós veremos. — diz abrindo a porta do carro. — Entre, uma longa viagem nos aguarda.

Paul dirigia costurando o trânsito, fazendo ultrapassagens arriscadas. Era óbvio que ele conduzia o carro como sua vida, com arrogância, ousadia e mesmo não querendo assumir era sexy.

— Não vou perder meu tempo perguntando se minhas malas ou minha assistente foram encaminhadas para o aeroporto, pois sei que é inútil.

Paul Vetter abri um enorme sorriso, mas se mantém em silêncio, tamborilando os dedos no volante seguindo o ritmo da música. Presto atenção na letra vendo que é bem conveniente para o momento. “Eu vou pegar você de surpresa, eu estou voltando a tomar a rédea.”. Volto meu olhar para seu rosto, o cretino está sorrindo, sabe que percebi a ironia da música. “Agora você está livre e bem, apenas dando um tempo.” “O tempo vai dizer, você está sob o meu encanto?”

Em questão de minutos nós atravessamos o portão de segurança do aeroporto, seguindo direto para pista, parando próximo ao jatinho da Solftk. Abro a porta sem esperar por ele, verifico o horário no celular ignorando os e-mails. Roberto e uma mulher em uniforme de pilotos aguardavam no alto da escada.

— Bom dia, senhorita Berlin. — Roberto me cumprimenta profissional. — Está é a copiloto Melinda.

— Prazer em conhecê-la Srta. Berlin. — Melinda estende a mão e eu cumprimento.

— O prazer é meu. — Digo. — Houve algum problema com Sidney? — pergunto, não gosto muito de mudanças repentinas, ainda mais de meus empregados.

— Ele teve uma emergência familiar, senhorita. Sua ass istente já está acomodada dentro da aeronave. — Responde com um aceno, entrando no avião.

— Podemos decolar, não quero atrasos.

— Sim senhorita. — Roberto diz, entrando na cabine com Melinda logo atrás. — Seja bem-vindo Sr. Vetter, fomos informados que voará conosco.

— Obrigado Roberto. — diz Paul, fazendo eu revirar os olhos.

Seria uma longa viagem.

Susan já estava sentada no fundo da aeronave como Roberto havia dito. Decido sentar nas primeiras poltronas de couro branco, retirando meu notebook da bolsa. Ocupando meu tempo relendo a documentação, conferindo os últimos detalhes redigidos por Lian.

Uma comissária aparece com um carrinho, parando em minha frente. — A Srta. deseja algo?

— Um café está ótimo.

— Senhorita, precisa de algo? Posso guardar suas coisas? — Susan questiona solícita.

— Não, descanse, quando chegarmos a Washington teremos muito trabalho, eu mesmo já vou me recolher.

Olho para Paul sentando na poltrona bem de frente par mim. — Susan, verifique se a cabine de hóspedes está do agrado do Sr. Vetter.

— Sim senhorita. — Susan se levanta seguindo para o corredor, desaparecendo em uma das portas.

A comissária surge novamente com meu café em mãos. — Deseja mais alguma coisa senhorita? Posso servi-lo de algum modo, senhor?

Paul sorri para a pobre comissária quase fazendo minha funcionária ter um infarto em minha frente. Filho de uma puta.

— Muito obrigado, estou bem.

— Só isso Rebecca, pode se retirar.


O avião começa a taxiar na pista, bebo o resto do meu café, deixando-o na mesinha que está a minha frente, me sentindo inquieta como no dia anterior. A viagem é longa e eu já me sinto exausta. É cansativo e entediante ficar sentada sem poder fazer muitas coisas. Os documentos que antes pretendia analisar, já não me prendem atenção, e, quanto mais eu tento mais tenho que retornar para o começo do documento e reler tudo. Sinto o olhar de Paul sobre mim, mesmo que ele próprio se ocupe com seu notebook. Somente a presença dele já é capaz de eriçar os pelos de meu braço, imagine ficar sentada de frente para ele e sentir seus olhos acompanhando cada gesto que faço.

Minhas pálpebras começam a ficar pesadas e meus olhos cansados dos dias mal dormidos. Encosto minha cabeça contra a poltrona, que por ser de couro não é muito confortável. Minhas pernas, meus braços tudo está pesado, sem posição.

— Tenha uma boa viagem, fique à vontade para descansar em uma das cabines. — Digo ficando de pé, deixo minhas coisas de lado indo para a cabine principal.

Retiro meus saltos e me jogo na cama agarrando o travesseiro, aproveitando o silêncio para tentar dormir. Mesmo tendo olhos negros e sorrisos cretinos me perturbando, caio em sono profundo.


CAPÍTULO 6

 

Abro meus olhos, meu sono é interrompido com batidas na porta. Jogo os lençóis de seda azul e as almofadas para o lado me sentando na cama, quando alguém bate novamente na porta fechada.

— Srta. Berlin, nós já aterrissamos. — A voz de Susan soa do outro lado.

— Estou saindo. — Aviso.

Ouço ela se afastar, indo embora. Calço meus sapatos, ajeito um pouco meu vestido amassado, entro no banheiro tentando melhorar a imagem que vejo refletida, meus olhos estão cansados. Por quanto tempo será que eu dormi? Quatro ou cinco horas talvez. Como saímos de Vancouver no início da tarde, contando com a diferença de horário, devia ser perto do final da tarde.

Deixo a cabine e ao descer as escadas da aeronave, vejo Susan perto de um SUV. Meus olhos procuram por Vetter, encontrando-o parado perto de uma Mercedes.

— Srta. Berlin, seja bem-vinda a Washington. — Cumprimenta quando me aproximo.

— Vetter.

Ele arqueia as sobrancelhas me olhando com divertimento. — Irritada como sempre.

— Não me provoque.

— Vamos, eu não quero dormir em um aeroporto. Ao contrário do que você pode imaginar a cabine secundaria não é tão boa assim. — Ele segue na minha frente se aproximando do carro.

— Você queria que deixasse minha suíte para você? — pergunto com sarcasmo.

— Poderíamos ter dividido, não vejo problema nisso.

Abro a boca para retrucar, mas o sorriso de Paul Vetter me desarma de alguma forma. A porta do motorista se abre e um homem desce vestindo um terno escuro, seus cabelos são castanhos claros bem cortados. Ele dá à volta no carro abrindo a porta de trás para mim e para Paul. Deslizo no banco de couro ao lado de Paul e a porta se fecha. Um minuto depois estamos deixando o aeroporto.

— Onde está minha assistente?

— Sua assistente está no outro carro. — Paul diz sem tirar os olhos do telefone, enquanto digita. — Este é Philip, meu motorista e ele vai estar ao seu dispor para onde você precisar ir.

— Pretendo alugar um carro.

Ele ergue os olhos do telefone. — Garanto que não é necessário.

— Mesmo assim, eu prefiro dirigir meu próprio carro.

— Você conhece a cidade, Ângela? — Ele está sério, os olhos fixos nos meus, com uma carranca horrível. Céus! Ele consegue me deixar a ponto de querer arrancar sua cabeça fora.

— Tenho certeza que posso confiar plenamente no uso do GPS. — Esboço um sorriso de escárnio.

Ele torce minimamente os lábios.

— Guarde seus argumentos para nossas negociações futuras, como disse, Philip está a sua inteira disposição para onde desejar ir. — diz voltando sua atenção para seu telefone, que vibrava em suas mãos. — E isso não é algo para a senhorita descartar.

— Você pode não acreditar, mas eu adoro um desafio. — Digo.

Ele larga novamente o aparelho, deixando-o esquecido ao seu lado, inclina para frente e alcançando um painel que eu nem sabia que existia, aperta um botão acionando o sistema do vidro, para dar-nos privacidade. Um apetrecho que deveria ter instalado no carro, pois sabia que nesse modelo não era original.

Estávamos os dois nos encarando.

— Srta. Berlin você é sempre mal-humorada?

— Não sou mal-humorada, apenas não sou o tipo de mulher que aceita ordens, principalmente vindas de homens. Aliás, por que estamos conversando sobre isso?

Paul se aproxima um pouco, inclinando em minha direção.

Nossa, ele está cheirando muito bem, o mesmo perfume almiscarado maravilhoso, passo a língua pelos lábios secos. Eu tento me afastar, mas o espaço não permite.

— Srta. Berlin, como eu gostaria de ver esse seu lado em outros momentos. — Ele se aproxima ainda mais. — Como adoraria lamber essa sua boquinha atrevida.

Estou sem palavras e completamente sem reação diante dele. Será que eu estou sonhando ou ele acabou de dizer exatamente o que disse sobre lamber minha boca? A intensidade de seu olhar é tão abrasadora, que eu recuo e acabo batendo com as costas contra a porta.

— O que foi? — Paul pergunta. — Incomoda a ideia que tenho planos sexuais para você?

— Incomoda-me o fato da sua prepotência ser tão grande que o torna cego. — Murmuro um pouco ofegante. Minha respiração está acelerada, posso sentir meu coração bater descompassado no peito. — Afaste-se Vetter.

— Será isso mesmo que você deseja? Me diga Ângela, o que você quer? — exige.

Suas mãos pressionam minhas coxas esbarrando na barra do meu vestido que subiu alguns centímetros ao me sentar. Paul se aproxima devagar, encurtando o pouco espaço que há entre nós, agarra minha nuca com a mão livre e aproxima seus lábios dos meus, roçando-os de levinho. Eu ofego. Não preciso dizer nada, a raiva que antes estava percorrendo minhas veias como ácido, agora estão refletidas em meus olhos como fogo, puro desejo. Estou desarmada, sem poder, e nem mesmo lutando para tê-lo de volta. Sinto-me jogada num espaço em branco, como se tivesse perdido a capacidade de tudo, até colocar meu cérebro para pensar. Minhas pupilas devem estar dilatadas, assim como minhas bochechas podem estar enrubescendo de desejo.

Paul pressiona seu corpo sobre o meu, sua respiração misturando-se com a minha, lambe meu lábio superior e então o inferior, assim como eu faço quando estou com os lábios secos. Ele pressiona sua boca com força contra a minha, seus lábios firmes, duros e exigentes colados aos meus. E apesar do beijo ser brusco, quase doloroso, é excitante. Ele empurra a língua na minha boca e move-se deliciosamente contra a minha. Suas mãos agarram firme meu quadril, mantendo-me presa no seu aperto. Sua mão agarrada em meu cabelo posiciona minha cabeça de forma que ele possa aprofundar o beijo, permitindo que sua língua ganhe mais espaço em minha boca, enroscando-se na minha.

Caramba. É erótico, bruto, intenso. Meu sexo se contrai de expectativa.

Sinto as pontas dos seus dedos firmes em minha bunda, subindo meu vestido, sua ereção já marcante em minha coxa. Um gemido escapa de minha boca e isso serve de incentivo para que Paul continue. Ele rapidamente me ajeita no banco, deixando-me totalmente debaixo dele, sua boca desce para o monte visível de meus seios, sugando-os com força. Mas ele não para neles, sua boca segue por minha barriga, erguendo totalmente minha roupa, me deixando exposta, uma de suas mãos agarra meus pulsos na porta.

Seu olhar arrogante gruda no meu. Sua boca volta tomando a minha, sua língua me enfeitiçando. Então eu me dou conta do que estou fazendo. Estou beijando o homem que é meu sócio, estou beijando o homem que disputa poder comigo, que me desafia, instiga e é tão orgulhoso e presunçoso. Na verdade, estou quase fazendo sexo com Paul Vetter dentro do seu esportivo caro. Com o mesmo homem arrogante e metido que desdenhou de mim naquele primeiro dia.

Merda, mas o beijo é tão bom! Mas não está certo — uma parte de mim retruca com a outra. — O beijo me deixa quente, meu sangue corre rápido em minhas veias, o coração bate forte no peito.

—Sai! — Mordo seus lábios, ele se afasta lentamente, empurro seus ombros para que saia de cima de mim, mas ele não move um milímetro se quer.

— O que foi? Está arrependida por ter me beijado? Sinto o fogo que tem dentro de você, Ângela.

— Não me provoque Vetter, se me beijar eu arranco sua língua.

Paul ri, se divertindo com minha ameaça. — Ah meu bem, então vou ter que tentar uma próxima vez. — Ele permite que eu me sente corretamente no banco, sentando ao meu lado.

Agradeço mentalmente por que agora vou estar longe dele, pelo menos no período que não estiver resolvendo coisas relacionadas a negócios posso pensar um pouco melhor no que estou fazendo, retomar o controle da situação quando estiver no hotel que Susan reservou para nós.

— Susan reservou um quarto no Four Seasons Hotel, se puder seguir para lá.

— Eu sei — responde.

Me pego analisando-o por completo. Os lábios dele são perfeitos, uma combinação de macio, firme e duro. As mãos são grandes, másculas, com dedos longos e ágeis. Seu corpo, tão glorioso, como seria vê-lo nu? Será que é tão perfeito por baixo das roupas quando é por cima? E o modo como ele é grosseiro e cuidadoso de uma hora para a outra. E a voz dele, grave, rouca que me faz ter pensamentos íntimos e imagens impróprias. E o pior de tudo, por que desejo tanto cair em pecado com um homem que é capaz de ser exatamente o tipo de homem que fujo, tipo feito para me enlouquecer. Céus! Jogo meus pensamentos de lado, tentando a todo o custo não voltar a pensar nele. Eu não posso ficar perto dele, sempre que suas palavras me atingem, eu me deixo desmoronar, me entrego completamente.

E se existe alguma forma de não pensar nos braços de Paul, eu vou fazê-la. Não posso dar esse gostinho a ele, tudo o que ele quer é me levar para a cama e pronto. Se ele tiver o que quer, não vai haver mais jogo, não vai haver mais vitória. E eu não estou indo para perder agora, de jeito nenhum. Alcanço minha bolsa pegando o celular. Lembro-me que deveria ligar para minha mãe assim que pousasse, o que foi adiado na viagem de Vancouver até aqui.

No segundo toque ela atende.

— Filha?

— Oi, estou ligando para avisar que estou bem.

— Foi tranquila a viagem?

— Dormi praticamente todo o trajeto.

— Que bom, querida, eu estava preocupada com você. Você não retornou minha ligação, Susan disse que você estava ocupada em Vancouver.

— Eu sei, tinha muitos papéis para olhar e assinar, depois tudo que eu queria era me jogar na cama do hotel.

—Ah! Tudo bem, por favor, me ligue quando puder, sabe que fico agoniada com suas viagens.

Rio de seu comentário, minha mãe sempre me tratava como sua princesa. Culpa de ser filha única. — Tá bom.

Olho de relance para Paul que prestava atenção em seu telefone com um sorriso mínimo no rosto.

— Eu te amo Ângela.

— Eu também. Ligo pra você amanhã, prometo.

— Tudo bem filha, até. — Diz encerrando a ligação.


CAPÍTULO 7

 

Philip dirigia em meio a edifícios e em frente a nós vejo um arranha céu com uma entrada moderna e arquitetura de tirar o fôlego, mas reparo que este não é nenhum hotel, muito menos o hotel que tenho reversas, pois confirmei minhas preferências quando Susan estava realizando as reservas.

O motorista de Vetter deixa o carro em ponto morto em frente à entrada de carros do edifício.

— Pronta Senhorita Berlin? Chegamos. — Paul diz em voz baixa, já aguardando seu telefone no bolso do paletó.

— Onde nós estamos, Sr. Vetter? Este não me parece com o hotel que lhe pedi para me deixar. — Digo em tom de acusação.

— Estamos em meu prédio, minha casa senhorita Berlin.

O que? Eu estou na casa dele, não, não, não. Eu não posso estar na casa dele. — Prefiro que me leve ao hotel. Cadê a Susan?

Vejo Philip já se aproximar do carro com um sorriso, Paul se virar para mim antes de sair. — Sua secretária está no hotel, suas coisas estão comigo e você também ficará. Pelo mesmo está noite.

Estava boquiaberta, chocada. Saio do carro quando Philip abre minha porta, segurando firme minha bolsa seguindo Vetter que já estava entrando no elevador. Assim que entro, ele digita uma sequência de números e colocando uma chave no painel, o elevador tinha um enorme espelho atrás de nós, detalhes dourados pelas paredes e portas. Abro minha boca para discutir sua decisão de me levar para seu apartamento sem ao menos me comunicar, porém ele coloca o dedo indicador sobre meus lábios impedindo que falasse.

— Controle seu gênio senhorita Berlin, por essa noite, sem discussões.

Quando nosso olhar cruza percebo certo cansaço em seu rosto, os olhos negros estavam mais negros se isso era possível. Uma possível olheira se formando abaixo dos olhos. Respiro fundo engolindo todo meu discurso, minha cabeça latejava de raiva. Em poucos momentos estávamos em uma antessala completamente branca. No meio havia uma mesa redonda escura, com um enorme buquê de flores brancas. Ele empurra a porta dupla e o branco se prolonga por um corredor nos levando até uma enorme sala. A parede de fundo toda de vidro, dando em uma sacada com uma magnífica vista da cidade.

— Bem-vinda a minha casa, senhorita Berlin. — Paul aponta o sofá grande em formato de semicírculo cinza claro, ocupando boa parte do lado oposto da sala. — A senhorita vai jantar comigo.

— Realmente preferia estar no hotel.

Paul ignora completamente o que havia falado. — Você está na terceira porta a direita, só subir as escadas. — diz apontando para a escadaria longa.

— Não ouviu o que disse?

— Sim, ouvi perfeitamente, porém você ficará aqui, pelo menos hoje. Suas coisas já devem estar no quarto e o jantar será servido logo.

Vetter não me conhece, ele não sabe com quem está mexendo. Mal pode esperar para ver o quão maluco e irritado eu vou lhe deixar. Eu posso estar atraída por ele, seria totalmente ridículo uma mulher com minha idade fingir que não. Portanto, sim eu confesso, eu posso estar atraída por Paul Vetter. Mas isso não lhe dá o direito de mandar em mim e fazer o que quiser.

Vou lhe provar nesse jantar que nesse jogo só tem uma ganhadora, eu. É como uma briga de cabo de guerra, eu não deixarei que ele leve a melhor. Vou deixar Paul Vetter acreditar que está no comando, deixar que ele aproveite ao máximo a situação, vai estar tão louco por mim, de tantas as maneiras e então... Ah então, eu vou acabar com o seu divertimento.

Aguarde-me Sr. Vetter...


CAPÍTULO 8

 

O quarto era bastante aconchegante, com móveis de grande elegância. A cortina aberta revelava uma vista incrível da cidade e na parede que ladeava a cama, um grande espelho estava fixado. Poderia sobreviver a essa noite, poderia pegar um táxi e procurar o hotel onde tinha reservas. Mas não ia sair assim tão fácil, Vetter queria desafio, então ele teria.

Anoto mentalmente um recado que eu encaminharia para Susan, uma mensagem bem-educada e depois disso tenho certeza que não me abandonaria mais. Volto minha atenção para minhas coisas que realmente já estavam no quarto, todas as minhas malas. Deixo minha bolsa sobre a cama, escolhendo um vestido preto com comprimento um pouco acima do joelho e um decote bem generoso. Depois de tomar um longo banho, tirando o suor do dia, visto-o. Optando por deixar meus longos cabelos soltos e faço uma maquiagem básica, caprichando mais no batom, um tom de vinho.

Eu teria que ser muito forte para aguentar o sedutor Vetter, mas eu estou disposta a arriscar. Com a cabeça erguida e o peito estufado desço as escadas.

Uma melodia suave ecoava por toda a sala.

Paul estava sentado no sofá com um notebook em mãos, ele observava a tela com interesse. Como esse homem trabalhava, era viciado em trabalho, nem mesmo eu que adorava ficar analisando os contratos horas a fio era tão grudada em um computador como Paul. Devo ter feito algum barulho ou seu corpo sentiu minha presença, ele eleva os olhos revelando-os ainda mais brilhantes que antes, um sorriso discreto surge no canto de sua boca.

— Você está linda. — Elogia, levanta-se caminhando em minha direção. — Cores escuras e batom vermelho combinam perfeitamente com seu tipo de pele.

— Obrigada Sr. Vetter. — Digo lhe dando meu melhor sorriso.

— Está com fome? — pergunta-me.

— Muita e o Senhor?

— Só de você.

Sorrio, ignorando-o. Eu já esperava por isso, Paul Vetter é direto no que quer, ele não é do tipo que fica dando voltas ou sendo gentil. Isso percebi ainda em nosso primeiro encontro. Estou vendo que será uma longa noite.

— Vinho ou champanhe? — questiona apontando a adega atrás da parede falsa da cozinha que se abre com um toque.

— Prefiro os vinhos.

— Interessante. — Ele analisa um pouco e escolhe um champanhe. Óbvio que seria do contra.

Reviro os olhos.

—Essa é a minha preferida. — Sorri me entregando uma das taças. — Saúde, Srta. Berlin.

Bebo um gole do champanhe que tem um gosto delicioso, nunca havia provado algo tão bom, deve ser de ótima qualidade, mas continuo preferindo os vinhos. Paul me observa atento, seus olhos negros estão presos a cada movimento meu.

— Você mora aqui sozinho? — pergunto.

— Eu e dois empregados que trabalham para mim. Não tenho esposa, namorada, filhos, cachorros. — Ele mantém o risinho no rosto. — Sou da turma dos que preferem casos alternativos consensuais.

— Uma boa escolha. Você é dono de um grande império. — Comento tomando mais um gole do champanhe.

— Sim, assim como você também toma conta dos negócios da família. Prefiro que trabalho não seja o tema central de nossa conversa.

— Que pena, pois parecer ser a única coisa que temos em comum.

Paul torce os lábios. — Acredito que temos muitas coisas em comum, Srta. Berlin.

— Você está mesmo decidido a me levar para cama?

— Mas do que decidido, eu vou conseguir isso, mais cedo ou mais tarde.

Convencido, muito convencido! Vamos continuar Sr. Vetter por que está noite eu estou mais do que preparada para enfrentar os seus encantos. Sento-me no sofá levando à taça a boca, sorvo mais um gole do champanhe. Cruzo minhas pernas, fazendo meu vestido subir pelo menos cinco centímetros, propositalmente. — Você realmente não me conhece. — Digo em tom de desafio.

Paul senta-se em minha frente, observando-me como se a qualquer momento fosse dar o bote em sua presa. — Ângela Berlin, vinte e sete anos, formada em administração de empresas com excelência em Harvard. Quatro anos no comando das empresas de seu pai, o que não só foi um possível choque para os sócios como um avanço de grande qualidade para o Grupo Solftk. A margem de lucro e poder tiveram quase quinhentos por cento a mais de ganhos, do que quando Gibson Berlin era o CEO.

— Olha, alguém realmente mandou seus cachorrinhos farejarem minha vida.

Descanso a taça sobre a mesa de centro. Sei que toda sua atenção está sobre mim, levo a língua sobre o lábio superior molhando-os um pouco, fazendo a mesma coisa com o lábio inferior.

— Ah, senhorita Berlin. Não brinque com fogo. — Paul adverte.

Oh Baby você está gostando do espetáculo, não é? Faço-me de desentendida. — Tem medo de um bom desafio, Sr. Vetter?

Repito o gesto de lamber o lábio inferior, desta vez de forma bem lenta, inclinando-me um pouco à frente, mordendo o lábio inferior.

— Não, muito pelo contrário. Adoro um bom desafio. — Adverte mais uma vez. Seus olhos escuros como um breu, desejosos.

— Diga-me. Por que insiste tanto que seja eu? Por que quer sexo comigo? Afinal estamos em negociação, você colocaria tudo a perder por uma noite de sexo?

— Porque eu posso ter tudo que quero, isso nunca foi diferente, isto inclui você e sua atitude prepotente e seu gênio difícil que torna tudo ainda mais excitante. — Ele se recosta no sofá apoiando um braço sobre o encosto, relaxado. — Então eu quero você e não só por uma noite, pois eu soube assim que provei sua boca que uma noite seria pouco, porém não estou colocando um espaço de tempo em meu desejo. E respondendo sua pergunta, não vou perder meu negócio com sua empresa, nos dois sabemos muito bem dividir as coisas e pelo que andei observando a senhorita não é nem um pouco burra. Sabe como vai ser lucrativa e prazerosa essa nossa negociação.

Arqueio as sobrancelhas. — Não procuro por tal envolvimento Paul. E como disse, não sou nem um pouco burra. Não sou o tipo de mulher que você está acostumado, não sou acessório de bolso nem boneca sexual. — Lanço um olhar de desafio e continuo. — Não me contento com pouco e em poucos casos pude aprender como os homens agem e, não estou disposta a perder. Quanto a minha empresa, novamente não sou uma mulher colocada no lugar errado . Pode acreditar com esse jeito cretino que vocês, empresários tem, que somente os homens podem conquistar tudo e as mulheres têm que se rebaixar a vocês? Levo minha empresa a pulso firme, tudo muito bem calculado como tudo em minha vida e duvido que também queira algum tipo de compromisso. Então me diga o que você pode querer de mim, além de sexo? Qual é o real motivo? Você acredita que me levando para cama terá algum tipo de benefício nos negócios?

Ele solta uma gargalhada, virando o resto da bebida. — Ângela, por favor, não seja tão absurda. Estou propondo algo divertido, não estou com nenhum interesse em seduzir você em minha cama para ter benefícios em nossa negociação, isso posso conseguir facilmente sem nem sequer tirar sua roupa. Vamos dizer que uma rendição, que você quando estiver comigo abaixe esse seu nariz empinado.

— O quê! Rendição? Você deve estar maluco, está vendo com quem está falando?

— Entenda, Ângela em toda a relação há sempre um que tem a palavra final.

— Entendi perfeitamente e talvez, só talvez, isso fosse aceitável no século XX, onde as mulheres eram úteis apenas dentro de casa, cozinhando, passando e cuidando de seus filhos. Sem poder usar sua voz ou fazer o que bem entendem. O que eu quero dizer é: Eu não sou a submissa aqui. Então o senhor pode enfiar toda sua arrogância de macho alfa bem no meio do seu...

— Ângela, você pensa que é uma criatura dominante. Mas isso não é verdade, você é arrogante tanto quanto me acusa de tal ato.

Sinto meu sangue ferver de raiva. Vetter não me deixa interrompê-lo.

— Pode até ser no ambiente de trabalho, reparei como os executivos te olham, devo dizer com até um pouco de medo, as mulheres te invejam. Já os homens te desejam secretamente, bem lá no fundo, eles desejam que você pise em cima deles com seus saltos altos. — Paul muda de posição apoiando os dois cotovelos sobre os joelhos. — Porém aqui, comigo, no momento em que te beijei ou toquei seu corpo, você perde todas as barreiras, se eu a levasse para a cama não haveria dúvidas do que estou lhe dizendo, você só assume essa postura para tudo na vida por que não teve um homem de verdade, pelo menos não um que realmente fizesse você gritar de prazer. Você poderá continuar sendo prepotente e dominadora no seu mundinho, porém quando estiver comigo pode esquecer toda sua arrogância e esse gênio impossível, aqui quem tem a última palavra ou até que cheguemos a um acordo, sou eu. E em troca te garanto muito sexo quente e diversão.

— Você acha mesmo que eu aceitaria isso? Você está enganado, não há possibilidade, não preciso disso para conseguir uma noite com alguém e muito menos por você.

— Eu não desisti ainda, na verdade eu não vou desistir até conseguir o que eu quero. — Ele inclina-se para frente e nós dois estamos nos encarando com olhares ferozes. — A propósito vamos parar com o jogo.

— Você é ridículo.

— Olha já me chamaram de muitas coisas, mas ridículo? Por quê? Por que olho dentro dos seus olhos e digo que quero você mesmo com todas essas armas apontadas para mim? Com essa muralha que você impõe porque tem medo de se entregar a um bom sexo? Porque você pode se satisfazer com os homens por aí, mas não como eu farei você gozar. Ou porque afirmo na sua frente que estou louco para foder você, de forma lenta e deliciosa?

Paul Vetter coloca um sorriso satisfeito nos lábios, me encarando. — Então me chame de ridículo, mas no final eu vou ter o que quero.

Oh não! Está saindo tudo errado! Como ele pode levar a conversa a esse ponto, mudar o jogo quando tudo estava saindo tão bem, como eu havia planejado.

— Ângela por que tentar resistir? Eu sei que você quer o mesmo que eu, então por que lutar contra o inevitável? Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Nós ainda vamos passar muito tempo juntos, por que não se entregar agora, nesse momento, em vez de causar uma explosão de frustração por seu corpo?

— Eu não vou me envolver com você, somos sócios. Negócios não misturam com vida pessoal.

— E quanto ao senhor Fitz? — ele ergue a sobrancelha — Você já se envolveu com ele, vejo como ele olha para você, com certa posse.

— Isso não seria da sua conta, não é mesmo?

— Porra Ângela! — Ele explode. — Pense apenas no agora, seu corpo deve estar implorando pelo meu toque, posso ver você se arrepiando enquanto falo, sei muito bem reconhecer os sinais. Pense em minhas mãos sobre o seu corpo, sobre os seus seios, pense na minha boca cobrindo a sua, pense no quão bom nossa noite poderia terminar, basta você dizer sim, apenas isso.

Paul caminha até mim, calmo, seus olhos grudados nos meus. Minha pele se arrepia com a expectativa. — O que você quer Ângela? Acredito que depois de tudo que falei não preciso admitir que eu quero você. Aqui e agora. Se ao assumir que te desejo estarei perdendo uma das batalhas entre nosso ego, digo apenas que posso estar perdendo uma, mas não a guerra. E hoje decido , ter você.

Paul me cerca com suas palavras e com seu corpo, suas palavras me atingem profundamente, estou excitada, quente e com vontade de gritar, estou com raiva dele, estou com ódio por que sinto meu corpo correspondê-lo. Por mais que eu deseje estar longe de Paul, eu venho e tento provocá-lo, por quê? Por que eu o quero, quero que faça comigo tudo o que diz que é capaz, quero que me mostre a quão boa à noite pode ser. Mas ao mesmo tempo não sou capaz de admitir, não consigo algo arde dentro de mim e faz com que seja doloroso dizer a ele que sim. Parte de mim quer Paul em cada pedaço do meu ser, desde que o vi pela primeira vez todo seguro e arrogante na empresa e outra parte de mim quer mantê-lo afastado. As duas partes estão em guerra, em uma luta interna, enquanto isso eu sofro por não saber o que fazer o que dizer.

Céus! Eu quero. Mas algo me diz que ele é o exato tipo de homem que sempre evitei, desde minhas decepções com homens aprendi a selecionar e sempre estar por cima na relação, ele é esse tipo de homem, aquele que poderia me machucar. Aquele por quem nós entregamos e no fim estamos despedaçadas e em farrapos.

Levanto ajeitando o vestido. Por um momento penso em desejar boa noite e fugir, literalmente, para o quarto. Mas parece que Paul conseguiu ler meus pensamentos, ele me puxa em sua direção, suas mãos agarrando minha cintura, prensando meu corpo junto ao seu, seu nariz percorre meu pescoço, inspirando meu perfume, logo sendo trocado pela língua que me tortura ao sentir suas provocações.

— Vetter.

— Srta. Berlin? Vai tentar ignorar o que está dentro de você, vai tentar esquecer as minhas palavras, quando no fundo você sabe que estou certo. Não importa quantas partidas jogarmos, eu sempre vou vencer, por que eu estou certo. Vai correr como uma menina indefesa aprisionando a mulher pegando fogo que há em você?

— O que você quer de mim, Vetter?! — minha voz sai mais como um murmúrio, do que de maneira firme como planejei.

— Admita, admita que no momento que nossos olhos se encontraram no saguão de sua empresa, você sentiu o quão prazeroso poderia ser?

Paul muda o curso de sua boca brincando com o decote do meu vestido, voltando para meu pescoço e refazendo todo o trajeto.

— Você quer que eu admita que fiquei louca com o seu beijo? Fiquei. Você quer que eu admita que gosto do seu toque? Eu gosto. Você quer que eu admita que gostaria de ir para a cama com você? Eu gostaria, adoraria jogá-lo na cama e sentir você bem fundo dentro de mim. — Minha voz se eleva ecoando pela sala.

O olhar de Paul queima em meu corpo.

Minhas sensações, todos os desejos, tudo o que eu sinto, despejo como água. É difícil admitir isso em voz alta, nunca precisei falar sobre isso, nada disso. Nunca encontrei alguém que bagunçasse minha vida e meus pensamentos como Paul estava fazendo em tão pouco tempo.

Ele sorri e ataca meus lábios. Beijo-o enlouquecida, aceitando que sua língua invada com ferocidade minha boca.

Suas mãos estão sobre o meu corpo, quentes e fortes, deixando-me desejando tudo, tudo o que ele esteja disposto a me dar e até mais. Agarro com as duas mãos a sua camisa, puxo-o em minha direção. Apenas essa noite, esse homem é meu e eu sou dele. Dessa vez não há voltas, eu perdi, eu estou completamente perdida.


CAPÍTULO 9

 

O Beijo de Vetter é possessivo e delicioso, não havia nada de suave ou recatado. Sua língua tentava a minha em um beijo ardente. Eu gemia contra seus lábios, enquanto apertava-me mais contra ele, colando seu corpo ao meu centímetro por centímetro. Paul sabia exatamente o que fazia, ambos sabíamos muito bem o que queríamos e como conseguir, como disse nada imaturos.

Deus isso é bom ... Suas mãos grandes e fortes, com dedos longos prenderam-se na minha cintura, me puxando em sua direção, enlaçando seus braços fortes ao meu redor, erguendo meu vestido. Suas mãos invadindo meu corpo, roçando de leve pela pequena lingerie. Quando fez menção de se afastar, eu simplesmente não pude permitir, apesar de que estava quase sem fôlego e meus pulmões imploravam por ar. Não podia deixá-lo, não agora que eu estava quente como o inferno. Paul agarra minha bunda firmemente com as mãos e num movimento rápido me levanta do chão. Prendo minhas pernas ao redor de seu quadril, agarrando sua nuca com as duas mãos voltando a beijá-lo forte.

Então ele se afasta, descansando sua testa contra a minha. — Quero tê-la em minha cama. — Sua voz estava baixa e rouca. Tentadoramente sensual.

— Então me leve e faça comigo o que vem prometendo.

— Com todo o prazer, Srta. Berlin.


Sem me soltar, Paul me carrega escada acima, enquanto eu o provocava beijando seu maxilar, mordendo seu pescoço, abrindo alguns botões de sua camisa. Paramos em frente a última porta, escancarando-a. Primeiro fui tomada pela surpresa e então curiosidade.

O quarto era grande e espaçoso, as paredes e o teto eram de um tom de cinza com detalhe em prata por todo o espaço. O chão de um mármore escuro acompanhando a decoração das paredes como todo o apartamento, assim como nos outros cômodos a parede oposta era toda de vidro mostrando Washington ao longe. Um ambiente totalmente masculino e poderoso como o próprio dono. Mas o melhor do quarto era a cama, maior do que as camas de casal, imponente em perfeita harmonia com o quarto.

— É um belo quarto.

Ele sorri, me colocando sobre a cama e afasta um pouco. Observo enquanto ele desata o restante dos botões de sua camisa, retirando-a e jogando a camisa e o blazer no chão. Meus olhos percorrem seu peitoral, o abdômen bem definido, braços e bíceps fortes. Um pouco mais abaixo, descubro sua excitação. Isso deve ser melhor do que eu imagino.

— Você tem muito a ganhar, Ângela. Sente-se. — Ordena. — Levante os braços.

Levanto deixando que suas mãos serpenteiem na borda do meu vestido, até sentir suas mãos na minha cintura, erguendo o vestido para cima. Suas mãos roçando a minha pele, até ele retirá-lo pela minha cabeça. Por fim, estou usando apenas calcinha e sutiã rendados. Ele afasta-se lentamente e bebe da minha visão por um período de tempo, em seus olhos posso ver plena luxúria e desejo.

—Porra, você é mais gostosa do que eu imaginei. — Ele curva um pouco a cabeça vendo pela primeira vez minha tatuagem na costela uma frase que levo para vida “Believe in yourself”.

“Acreditando em mim mesma sempre.”

— Você tem uma tatuagem... — diz calmamente e desaba a minha frente de joelhos.

Não acredito que eu realmente estou fazendo isso. E por incrível que pareça é exatamente o que eu quero. É o que eu quis desde o primeiro momento em que eu o vi. Eu senti uma atração muito forte por ele e foi correspondida, muito bem correspondida. Paul deixou bem claro que sente o mesmo por mim, que me quer tanto quanto eu o quero. Neste momento eu estou vivendo o agora, sem pensar nas consequências de amanhã. É um momento de cada vez e muito, muito prazer.

— Ah Srta. Berlin, cada vez me surpreendendo.

Ele põe as duas mãos no meu quadril, beija a minha coxa e então a outra, volta repetindo lentamente os beijos ardentes que deixa na minha pele subindo cada vez mais. Jogo-me contra a cama, sentindo seus beijos se aproximarem de minha virilha, as mãos quentes deslizam até o cós da minha calcinha, deixando seus dedos roçarem a minha pele, prolongando o ato e fazendo meu corpo estremecer de expectativa, antes de abaixar por completo minha calcinha, se enfiando no meio das minhas pernas, mordendo meu sexo por cima da renda, causando explosões dentro do meu ventre.

Estou tensa, meus músculos estão pesados, minha respiração acelerada e parece que uma eternidade se passa, antes que eu sinta ele me beijar lá. Sua língua invadindo minha fenda úmida, Paul empurra sua língua contra mim, lambendo e mordiscando. Oh sim, isso é bom . É uma tortura doce e proveitosa, sinto cada célula dentro de mim arder.

— Oh merda. — Exclamo com um suspiro de prazer. — Porra, que língua.

— Você tem uma boca suja na cama, Srta. Berlin?

—Você não faz ideia, vamos continue.

— Berlin, Berlin. — Ele prossegue mordendo de leve meu clitóris.

Perco o compasso da respiração quando sua língua provocativa encontra novamente o caminho de minha fenda, enquanto com os dedos longos, ele acaricia meu clitóris. Arqueio minha pélvis contra sua boca e agarrando os lençóis com as duas mãos, enquanto gemo incontrolavelmente. Porra isso é além de bom, é alucinante. Como é capaz de fazer isso comigo? Talvez tenha razão para um homem como ele, uma mulher deve ser capaz de se entregar de todas as formas. E Deus, eu pretendo. Paul conseguiu arrancar um grito meio gemido de meus lábios.

— Venha para mim, Ângela. Não quero que se contenha. — Ordena.

Meu corpo está entregue a ele e a sua voz grossa, eu perco o controle. Os nós dos meus dedos estavam brancos com a força que imponho ao segurar os lençóis, meu corpo estremece e eu sinto que estou próxima da borda. Quando um de seus dedos escorrega para dentro de mim, é o limite.

—Paul. — gemo. — Aahh...

Meu corpo estremece, enquanto eu gozo. Jogo a cabeça para trás em êxtase e absorvo todo o prazer. Paul move-se e eu o vejo de pé na minha frente, ele alcança sua braguilha, desfaz um botão e retira sua calça, ficando apenas de cueca boxer na minha frente, com uma ereção avantajada.

— Quero conhecer cada parte do seu corpo e ter certeza de que cada uma delas ganhe minha atenção. — diz.

— Bem, são muitas partes, melhor começar.

— Temos a noite toda, linda.

Paul segura minhas panturrilhas e empurra minhas pernas para cima. Estou completamente exposta, mas de qualquer maneira me sinto sexy, linda e desejada. Assim como ele parece confiante de sua aparência, de sua beleza, eu também sou. Ele sobe na cama ficando entre minhas pernas, eu encaro seus olhos brilhantes e cheios de vida.

Paul se aproxima de mim beijando meus lábios, primeiro suavemente e lento, posso sentir meu gosto misturado com o seu em sua boca. Então deixa o beijo mais profundo, enfiando sua língua dentro da minha boca, acariciando a minha língua, em movimentos gostosos e quentes. Sinto sua ereção contra a minha barriga, gemo.

— Já se sentiu assim? — ele pergunta deslizando a boca pelo meu corpo, chegando perto de meus seios. Sinto sua respiração irregular tocando minha pele.

— Não. — Respondo com sinceridade.

Ele morde um pouco abaixo do meu seio fazendo com que eu me contorça debaixo dele. — Está pronta para parar de lutar contra? — sua língua faz pequenos trajetos, subindo e descendo por minha barriga, por entre meus seios, outra hora descendo até o limite de minha cintura.

Não consigo mais, não posso mais lutar contra isso. Não consigo pensar direito com Paul Vetter me tocando em tantos lugares, provocando sensações pelo meu corpo. Solto um gemido, ele ergue a cabeça me encarando. — Isso é um sim, Ângela?

— Sim.

Com um meneio de cabeça quase imperceptível, ele beija minha boca, voltando para baixo. — Você tem seios lindos. — Murmura beijando meu pescoço, minha clavícula, meus ombros e descendo ainda mais. Com uma das mãos abaixa a taça de meu sutiã, agarrando meu seio direito. Com a ponta do dedo, ele provoca meu mamilo já enrijecido.

— Oh deus!

—Você gosta?

— Oh sim, muito.

Ele retira a mão e leva sua boca quente e macia, sua língua circula em volta da aureola. Arqueio meu corpo, empurrando ainda mais perto do seu corpo, de sua boca. Eu quero mais, preciso de mais. Ele chupa firme, morde meu mamilo, fazendo com que solte um gemido entre dentes.

Agarro suas costas cravando e arrastando minhas unhas sobre sua pele. Ouço seus gemidos roucos retumbando no fundo de sua garganta. Ele gosta... Paul abaixa a outra taça do meu sutiã e leva a boca o meu outro mamilo, repetindo o mesmo processo que realizou no outro, lambendo, chupa-o e por fim morde-o também, arrancando mais gemidos de mim.

— Isso é bom.

— O que você quer agora? — pergunta-me.

— Eu quero você... Eu quero você agora.

— Porra eu também, muito. — Antes de Paul se afastar, desce a cabeça até a minha tatuagem dando uma mordida forte que me faz arquear as costas.

Ele se levanta, pega sua calça jogada sobre a cama, remexendo nos bolsos e retira uma embalagem prateada, camisinha. Ele entrega-me o pequeno pacotinho, eu começo a abrir apressada. Paul desce sua boxer e joga no amontoado de roupas. Meus olhos correm seu membro, duro e grosso.

— Isso é melhor do que eu havia imaginado. — Murmuro. Paul olha para mim, percebendo que estou encarando sua ereção boquiaberta. E ri.

— Que bom que estou superando suas expectativas, Srta. Berlin. — Responde divertido.

— Já acabou com isso? Eu estou com um pouco de pressa. — Aponta a camisinha em minhas mãos.

— E o que aconteceu com “nós temos a noite toda, linda”? — atiro de volta.

— Esquece isso, eu estou morrendo de vontade de estar dentro de você. — diz. — Vem cá, você vai cuidar disso.

Sento na cama mordendo meus lábios e observo de perto toda a sua extensão, minhas mãos já estão formigando.

— Tire o sutiã. — Ordena, e eu o faço. — Agora vá em frente.

Agarro seu pênis com as duas mãos, acariciando ao longo de toda a extensão, acaricio de leve suas bolas vendo-as se enrijecerem, coloco-o perto de minha boca, me dedicando em sua glande. Sinto os músculos de Paul ficarem tensos, ele cerra a mandíbula.

— Eu não quero gozar agora. — Murmura entre dentes.

Como eu ainda o quero dentro de mim continuo, deslizo a camisinha pelo seu membro. Quando ele está devidamente pronto avança sobre mim, deitando-me na cama, ele sobe sobre mim, sustentando seu peso com os braços ao lado de minha cabeça. Paul desce seus lábios me beijando, mordendo meus lábios quase machucando com tanta urgência. Sinto sua ereção contra a minha entrada, gemo com a sensação de plenitude. Então me afasto de seus lábios e Paul recua um pouco surpreso.

—O que foi? — pergunta-me.

— Saía, vamos trocar de posição. — respondo.

Uma carranca surge em sua expressão. — Você realmente acabou de dizer isso? — questiona.

—Sim.

Ele bufa. — Achei que tínhamos deixado aquele assunto de lado, ficar por baixo não quer dizer que eu estou tirando seu poder.

— Ótimo. Então fique você. Será ótimo vê-lo por baixo, eu queria embaixo do meu salto alto, mas como estamos na cama me contento em começar por cima. — Digo segurando o riso.

Ele suspira exasperado. —Você está brincando comigo, não é? Eu estou com uma ereção fodida e você quer discutir quem fica por baixo ou por cima. Qual seu problema com poder? Só fica satisfeita quando despeja ordens por aí. Maluca gostosa.

— Deixa de ser dramático, é pegar ou largar.

Ele me encara com olhos sombrios e perigosos. Sai de cima de mim, caindo deitado ao meu lado na cama.

— Vem porra.

Sorrio, derrotei-o pelo menos uma vez. Monto sobre o seu colo, Paul agarra meu quadril com as duas mãos, suspende-me um pouco para cima e eu posiciono seu pênis na entrada da minha vagina. Desço sobre ele sentindo me preencher por completo. Meu corpo se dilata para recebê-lo, é maravilhoso. Ele enterra-se profundamente dentro de mim, meu corpo se contraindo, se dilatando tentando engolir todo seu pênis. A sensação de preenchimento é tão boa que ambos gememos.

—Porra. — Ele grunhe.

Subo e desço novamente acostumando-me com a sensação de tê-lo dentro de mim, aumento um pouco o ritmo e Paul move a pélvis para me encontrar, subo e desço montando-o, criando um ritmo gostoso. Sinto-o no fundo de mim, mexendo com todos os meus nervos.

— Sinto muito Ângela, mas... — ele diz invertendo nossas posições, me pegando completamente de surpresa. Num movimento rápido, ele segura minhas pernas e levanta para cima, abrindo-as. Suas mãos agarram minha bunda me apertando. — Agora eu vou fodê-la. Enrole as pernas ao redor do meu quadril, firme. — Ele instrui.

Paul crava-se fundo dentro de mim, penetrando rapidamente, só para retirá-lo e fincar novamente. Estou gemendo alto, mal conseguindo aguentar as sensações pelo qual meu corpo está tomado.

Meu corpo convulsiona e aperta ao redor de seu pau. Ele geme. Eu estremeço-me da cabeça aos pés, sinto aquelas ondas gostosas que o corpo produz. Paul volta a deitar sobre mim tomando meu seio em sua boca. Eu estremeço de novo, as estocadas firmes e duras ganham velocidade, ele próprio procurando por seu prazer e eu gozo.

Logo em seguida ele atinge o orgasmo mordendo meu pescoço, suas mãos apertando minha cintura a ponto de dor.

Seu corpo desaba ao meu lado na cama, luto para controlar minha respiração, enquanto vejo que seu peito sobe e desce acelerado ao meu lado apesar do sexo não ter demorado horas, foi sensacional, o prazer que senti não tem como explicar. Deve ser todo o jogo de provocação que colocamos um em cima do outro. Deve ter aumentado a expectativa e muito.

Vários minutos se passam e ficamos deitados descansando, esperando que nossa respiração volte ao normal. Depois de um tempo, ele se apoia em um cotovelo e olha para mim, eu o encaro, então ele toma minha boca na sua, beijando suavemente.

Paul suspira se afastando, amarra um nó na camisinha e vai em direção ao banheiro, depois pega sua boxer e veste-se. Os contornos de seu corpo são maravilhosos e eu acabei de fazer sexo com esse homem.

Paul volta para cama e aciona um controle, percebo que a parede de vidro ganha um tom negro deixando o quarto em completa escuridão. — Oh não, ele espera que durma com ele, não dá, fazer sexo com ele já é forçar o limite, dormir sentindo seu corpo perto do meu, eu não vou conseguir, preciso colocar algum espaço entre nós, preciso da minha válvula de escape, hora de sair. — Levanto-me já vestindo minhas roupas quando ele acende a luz da cabeceira de sua cama.

Ele percebe que estou indo embora. — Aonde você vai?

—Tomar um banho. — Respondo.

— Acredito que meu quarto tenha um banheiro. — Ele olha para mim, seu olhar se tornando duro.

— Claro, porém prefiro um banho relaxante com minhas coisas por perto e depois descansar, afinal amanhã teremos muito trabalho pela frente. — A voz em minha mente me repreende por deixar ele lá, porém, a outra diz que estou fazendo certo, em não me envolver.

— Entendo. — Ele hesita, como se fosse falar mais alguma coisa, mas não diz mais nada.

Termino de recolher minhas roupas um pouco arrependida de minha atitude, me despeço e vou para o meu quarto, em nenhuma das vezes que utilizei essa válvula tive vontade de voltar atrás, por que raio estava tendo agora? — Ângela se recomponha, cadê a mulher que você é? - Questiono a mim mesma, tomo um banho longo e relaxo embaixo da água. Depois que saio, visto uma camisola curta e deito na cama. Não demora muito para sentir minhas pálpebras pesadas, estou muito cansada.

Cansada física e emocionalmente. Fecho meus olhos, deixo minha mente vagar.


Sinto-me inquieta, me remexo na cama tentando encontrar uma posição confortável. Abro os meus olhos, pegando o celular do criado-mudo, já passa das três da madrugada, pode ser a diferença de fuso, mesmo pequena já sinto o efeito sobre meu corpo, ou, é apenas minha consciência pesando por ter deixado Paul apenas de cueca na cama. Tenho duas ligações perdidas e algumas mensagens de Lian, ignoro tudo, optando por resolver isso em uma hora razoável. E ao colocar o celular de volta no móvel que noto Paul sentado na poltrona distante da cama, sobre a luz da lua, a pouca de claridade ilumina seu rosto, através da cortina entreaberta.

Sento assustada. — O que você está fazendo aqui? — ligo a luz do abajur iluminando o quarto, seu rosto está sombrio.

Vejo seu cabelo ainda um pouco úmido indicando banho recente, apenas com uma calça de pijama, seu peitoral nu.

— Apenas te olhando. — Sua voz está baixa.

Ele abandona seu lugar na penumbra, caminhando em minha direção lentamente, sobe afastando o lençol.

— Paul? — questiono.

— Você fugiu de mim, vi em seus olhos suas barreiras subindo. Por tanto vim dormir com você.

Eu fico sem palavras, como recusar? Não posso recusar e fugir novamente, meu corpo não permite isso, já sinto os arrepios percorrendo minha pele, já me sinto quente com sua aproximação. Paul se deita ao meu lado ajeitando o travesseiro.

— Enrosque-se em mim, minha linda.

Meu coração acelera, volto a deitar na cama, Paul passa o braço pela minha cintura cobrindo minhas pernas com as dele, fecho meus olhos e deixo que o sono venha, me deixando adormecer. Como diz o ditado “Na cama que farás, nela deitarás”, ou seja, já tinha enfiado o pé na jaca, mas um pouco não faria diferença por hoje.


CAPÍTULO 10

 

Quando acordo, me sinto relaxada e descansada, o que é ótimo já que tenho um dia agitado pela frente. As memórias da noite passada voltam a mim como um filme, sou obrigada a sorrir.

Sei que estou assim por causa dele, por causa de Paul Vetter, mas não trocaria o momento que tivemos ontem. Foi... divertido e até um pouco romântico. Me lembro de quando ele veio dormir comigo, me pegou totalmente desprevenida e surpresa. Ainda não entendo por que disso, quando eu não espero nada dele, o encontro sentado perto da cama me olhando. Com certeza eu devo estar mexendo com seus limites assim como ele está mexendo com os meus. Movo-me na cama, encontrando Paul dormindo tranquilamente de bruços ao meu lado.

Lindo, sua expressão suave. Não consigo me impedir de tocar sua pele, corro minhas mãos sobre o seu rosto, a barba por fazer, deixa seu rosto ainda mais sexy. Toco seus ombros largos, passo a mão suavemente em suas costas, tentada pelo seu calor deposito um beijo suave em sua pele e então outro, mais outro. Paul se remexe um pouco na cama e abre os olhos. — Srta. Berlin, está abusando de mim enquanto durmo? — sua voz sai com aquele habitual toque de rouquidão.

— Não, mas eu poderia.

— Safada — diz rindo.

— Sim, eu sou.

— Dormiu bem, Srta. Berlin? — pergunta-me.

—Sim. — Passo minha mão por suas costas, descendo pela sua bunda, escutando a risada baixa de Paul. Que se dane vou aproveitar.

— Você tem um grande apetite, coitados de seus antigos parceiros.

Ele se vira para mim, seus olhos com um “quê” de questionamento. O brilho da manhã atravessando a cortina, deixa seu cabelo preto ainda mais brilhante.

— Tive bons parceiros na cama. — Digo, dando de ombros.

Paul avança sobre mim, pressionando seu corpo contra o meu, sinto sua ereção matinal promissora, ele morde meu pescoço, minha orelha parando ali para sussurrar: — Garanto que nenhum homem fez suas pernas tremerem como eu estou disposto a fazer. Mas isso não vai acontecer. Bem, não agora.

Uma ruga se forma em minha testa, Paul desvencilha seu corpo jogando as cobertas para o lado, ficando de pé.

— O que você está fazendo? — minha voz soa irritada.

— Tenho trabalho a fazer. Temos.

Sento na cama, a coberta caindo pelo meu corpo revelando minha quase nudez, devido a camisola curta. Dou uma olhada no celular vendo que ainda nem são oito horas.

— Mate uma curiosidade minha, você tem o costume de fugir do quarto depois de foder com um homem?

— Sério Paul? — questiono. — Você está remoendo a noite de ontem? Achei que seria algo livre, já que ambos não queremos ninguém em nosso pé ou o fato de estar na sua casa me faz sua prisioneira?

— De forma alguma, Srta. Berlin, como disse mera curiosidade.

— Confesso que depende muito da atuação da pessoa, afinal não sou obrigada a fornecer beijos e café quente no dia seguinte. Tudo não passa de uma noite de bom sexo entre dois adultos, Sr. Vetter.

Em todos meus envolvimentos nenhum homem me negou sexo. Quando acreditei que teríamos uma rodada de sexo matinal quente, Paul simplesmente levanta-se da cama dando-me as costas.

Saio da cama exibindo meu corpo, sei que os olhos dele estão colados em mim. Dizem que ao combater fogo com fogo, você apenas aumenta o incêndio, mas não seria eu a jogar água nisso. — Bem, como você educadamente disse, temos trabalho. Precisamos nos apressar agora.

Paul estreita os olhos, me encarando.

Aponto para a porta dando meu melhor sorriso, vendo-o morder minimamente o canto da boca. Paul suspira, mas sai. Tenho uma vontade imensa de rir de sua postura, para quem achou que o jogo estava perdido ontem, pelo visto só está no começo. Seria interessante ver até onde eu poderia enlouquecer Paul Vetter. Espreguiço expulsando o resto da sonolência de meu corpo, tomo um banho rápido, vestindo roupas de trabalho. Hoje eu preciso focar somente em trabalho, revisar os pontos de nossa negociação. O edifício já estava sendo reformado para abrigar a nova empresa, ainda não tínhamos discutido o nome, porém ainda teremos algumas reuniões pela frente.

Lembro da quantidade de mensagens que tinha em meu celular ontem, volto para a cama pegando o aparelho que ficou jogado no criado-mudo, digito uma mensagem:


“Bom dia, Lian. Como estão as coisas aí em Nova York?

Algo importante na empresa que precise me preocupar?”


Neste horário provavelmente ele já deve estar no escritório, então a minha resposta pode demorar um pouco a vir. Jogo o celular na bolsa e sigo para a sala. Preciso de um veículo para ir trabalhar, por que de jeito nenhum quero depender de Paul e também vou precisar de outro lugar para ficar hospedada, mesmo não sabendo como as coisas vão ocorrer agora, depois de termos transado. Não quero que ele acredite que ficarei dependente dele, assim como preciso da minha assistente, que parece ter sumido sem ter um pingo de preocupação com o próprio emprego.

Procuro o nome de Susan na discagem rápida. No segundo toque ela atende. — Senhorita Berlin?

— Susan, onde você está? — questiono mesmo já sabendo.

— Srta. estou no hotel.

— E porque você está aí e eu estou na casa de Paul Vetter? — minha voz eleva alguns tons.

— Senhorita Berlin, o segurança do senhor Vetter informou que a Srta. voltaria com ele, desculpe. — Susan já assumia um tom baixo, com certeza prevendo que em algum momento eu explodiria. — Então eu vim para o hotel, como combinado.

— E você não pode pegar a merda do seu telefone e verificar a informação? Eu não sabia que agora você recebia ordens de um segurança qualquer. Você pode dar um jeito de levar minhas coisas para esse hotel e também me arranje um carro o mais rápido possível eu preciso ir trabalhar.

—Mas Srta. Berlin...

— Não tem nenhum “mas” Susan. Você é minha secretária ou já está mudando de emprego? Devo mandar um memorando para o setor do RH? — explodo.

— Não senhorita. Vou providenciar tudo. Mil desculpas. — Se Susan tivesse em minha frente com certeza estaria com as bochechas em chama. — Tem alguma preferência do carro?

— Algo potente. Estou esperando!

Encontro Paul de pé, vestindo um terno azul marinho impecável, seu perfume flutua até mim em uma onda inebriante. Seus olhos pretos me observam ainda mais escuros, sombrios. Como se possível.

— Você não precisa de carro, você não precisa ir para o hotel, já disse que ficará aqui. E pronto. — Diz severo.

— Escutar conversa alheia é falta de educação, querido. — Ergo uma sobrancelha em desafio. — Além do mais não preciso do senhor.

— Você é surda? Disponibilizei Philip para ficar com você. E eu acredito que o quarto que eu lhe ofereci é muito bom, não tem necessidade de você ir para outro lugar.

— Não precisa agir além do que combinamos, o sexo foi realmente bom, mas não passou disso, sexo. Agora temos trabalho a fazer. — Avanço a passos largos pelo corredor, passo por Paul e sigo em direção ao elevador.

Quando estendo o braço para apertar o botão, Paul me gira como se fosse uma folha de papel e não uma mulher de um metro e setenta.

— Por que você quer ir, me dê um bom motivo? — sussurra bem próximo a mim, seus olhos estreitos, contendo a raiva que eu sei que está lá.

— Por que motivo eu ficaria? Acredito que você conseguiu o que queria, transou com sua sócia, podemos voltar o foco para o trabalho? — atiro de volta, ignorando sua pergunta.

— Ângela, eu...

— Você? — pergunto chegando mais perto de seu corpo. De duas, uma. Ou ele vai querer me socar por provocá-lo tanto ou ele é quem vai se render a mim. — Fale Paul.

—Eu não quero que você vá. Também não vou ignorar o que tivemos naquele quarto ontem. — Ele enfia o nariz na curva do meu pescoço, inspirando forte o meu perfume, fico zonza, não posso ter Vetter assim tão perto, isso mexe com a minha cabeça. Luto para manter minha força.

— Vetter.

— Você continua me desafiando eu deveria colocá-la contra a parede e só soltar quando você não conseguisse mais soltar essa sua língua afiada.

— Você não reclamou dela ontem à noite. — Retruco perto de sua boca.

— Não brinque comigo Ângela. Você fugiu do meu quarto ontem como se algo tivesse te picado, ou, como se eu fosse um gigolô.

— Não sou daquelas que ficam de conchinha e conversam sobre o tempo depois do sexo, Sr. Vetter.

Paul suspira pesadamente, ainda me encarando.

— Entre, vamos comer algo. Assim podemos conversar.

Sigo Paul, sentamos à mesa da sala de jantar, que há todos os tipos de comidas. Por um momento corro meus olhos por todo o lugar tentando encontrar outra alma viva responsável por essa refeição tão maravilhosa, mas eu não encontro ninguém.

— Coma alguma coisa. — diz.

— Comece a falar.

— Queria ver se você se manteria firme, mesmo que abandonasse esse seu lado de dona do mundo, porém temos isso em comum e acho que foi isso que fez eu me interessar tanto por você. E eu estava pronto para jogar com você por um longo tempo até que conseguisse isso, mas então eu pirei, aquele vestido justo mostrando boa parte de suas pernas, o decote generoso e os lábios fartos e gostosos, eu simplesmente desisti de tudo para ter você naquele exato momento. E eu tive.

— Olha o garotinho ganhou seu prêmio de consolação. — Desafio.

Ele endurece a expressão. — Você não é meu prêmio de consolação, Berlin.

Deixo seu comentário passar. — Então quer dizer que desde o começo você estava jogando para fazer com que eu me rendesse a você? Isso é tão idiota por que eu não sou uma daquelas mulheres tontas que ficam suspirando em casa enquanto o marido manda e desmanda, eu não sou assim. — deixo minha caneca com café sobre a mesa, chegando mais perto de Paul. — Eu adoro estar no topo de tudo, adoro ver as pessoas se curvando a uma miséria palavra que falo, isso nem mesmo você ou sua transa fantástica mudariam. Sinto muito, Vetter.

— Ângela só por que você cresceu mandando em tudo e todos não quer dizer que não possa se render a um homem. Você pode e eu queria fazer você se render há mim.

— Querer não é poder e apesar de você acreditar que pode, eu não vou.

— Não é por que você ainda não cedeu que eu não vou aceitar esse desafio.

— Certo, então você ainda me quer, por que acredita que pode mudar minha opinião. Vai sonhando baby. Por que você apareceu de madrugada em meu quarto?

— Ontem quando você me deixou sozinho no quarto fiquei realmente furioso. Quem sai depois de ter transado? Ainda mais dormindo a alguns metros de mim? Eu pensei mesmo em deixar você sozinha, mas eu voltei atrás por que... Eu queria você.

— Certo.

— Ângela, eu não quero ter compromisso com ninguém. Eu não quero e não vou me apaixonar, tive o tipo de lição que me serviu para não depositar tanta fé e sentimentos nas mulheres. E eu também não quero nenhuma mulher correndo atrás de mim dizendo estar apaixonada. Eu não quero magoar os sentimentos de ninguém.

— Você está sendo redundante Sr. Vetter. Creio que já ficou bem claro que ambos não queremos esse tipo de coisa. Por tanto se você tem medo que transar comigo traga uma paixão avassaladora, pode ficar tranquilo isso não vai acontecer. Ou você acha que sou do tipo que escreve cartinhas de amor em relatórios empresariais?

— Não acredito que seja desse tipo. Mas é exatamente isso que evito.

—Você pode ficar tranquilo, Sr. Vetter. Por mim será apenas carnal, eu não vou me apaixonar por você. Será uma simples negociação. Nosso acordo se rompe quando tudo estiver acertado por aqui. — Me sinto mal falando assim, mas tenho que deixar tudo que confessei ontem para ele de lado, agir como se ele fosse um gigolô.

— Ótimo, Srta. Berlin. Era disso que eu precisava, saiba que eu também não vou me apaixonar por você.

— Então nós temos um acordo agora, apenas sexo.

— Isso mesmo. — Ele avança sobre mim, seus lábios pressionam os meus, me beijando fortemente, explorando os cantos da minha boca. — Agora sim, nosso compromisso está selado.


CAPÍTULO 11

 

O escritório que foi disponibilizado para mim é ótimo, quase tão bom quanto o que eu tenho na Solftk. Depois que acertamos o nosso “acordo” Paul me trouxe para o trabalho, apresentou algumas pessoas importantes e sumiu de vista. Bem, não importa. Não estou a fim de ficar colada nele além do necessário, tenho muito serviço a fazer. Preparo alguns documentos para enviar para a Solftk, até mesmo para o setor financeiro analisar as despesas.

Eu mencionei que desisti de voltar para o hotel assim que vi Susan? Acredito que até ela preferiu assim, apesar de estar acostumada com meu temperamento, ninguém aguenta por muito tempo, eu sei disso. Quanto ao carro não abri mão. De jeito nenhum eu vou ficar indo a todos os lugares acompanhada de Philip. Paul por sua vez disponibilizou a senha e uma cópia da chave privativa do elevador, caso precisasse sair ou entrar se ele não estivesse comigo.

Começo digitar um e-mail, para mandar ao escritório de Gibson, mas sou interrompida pelo toque do meu celular. Enfim uma resposta de Lian.


“Olá querida, tudo tranquilo e em ordem.

E por aí como andam as coisas? Se divertindo

muito pela cidade, ou atolada em trabalho

como sempre?”


Como sempre galante, em nenhum instante relembrando nosso momento íntimo, perfeito, ele sabia que não me tinha nas mãos e era assim que tinha que ser.

Quando você fica disponível demais para os homens vira tapete.

Respondo:


“Atolada em trabalho, aproveitando a deixa,

mandei um e-mail contendo algumas informações

que gostaria de sua opinião. De resto tudo certo,

a cidade pelo pouco que vi é linda. POR FAVOR,

reserve um Cheval Blanc para mim, parece que

aqui todos só conhecem champanhe, RS. Beijos”.

 

Aguardo alguns segundos.


“Querida, meus vinhos já estão esperando sua

linda boca para saboreá-los, fique tranquila,

analisarei todos os documentos. Quanto à cidade

até pensei em passar uns dias aí, infelizmente

não poderei estender a conversa no momento,

reuniões e mais reuniões.”


“Cuide de minha empresa, Senhor Fitz!”


Deixo o celular sobre a mesa voltando à atenção para o notebook. Uma hora mais tarde eu já estava enviando alguns relatórios direto para o e-mail de Jenna, Lian e o setor de finanças. Com o laptop em mãos, digito o nome de Paul Vetter no Google e faço uma lista com as informações mais importantes. Coisa que devia ter procurado antes, mas com o decorrer das coisas nem me preocupei em fazer.

Nome: Paul Raymond Vetter.

Nascimento: 25 de agosto (32 anos)

Ocupação: CEO, InGet Corporation e InGet Solucions Corporation

Nome do Pai: Victor Vetter

Nome da Mãe: Leila Raymond Vetter

Irmão: Jordan Raymond Vetter

A pesquisa ainda mostrava que o pai de Paul se casou pela segunda vez com Mary Jolin e teve uma filha chamada Julis. Alguns sites continham fotos e reportagens sobre um suposto relacionamento com uma socialite, Helena Richie, de atualmente trinta anos, a mulher era um espetáculo. Loira, olhos azuis como duas piscinas e um corpo que qualquer modelo invejaria, os pais de Helena fizeram uma grande fortuna no ramo de construções no Norte da Austrália, atualmente morando na Itália com seu noivo Grigori Mortinari.

Vasculho achando mais algumas fotos de Paul e sua ex juntos, eles formavam um belo casal. Vetter esbanjando todo seu poder sombrio e ela como um anjo reluzente ao seu lado, o sorrisinho simpático que ela dava na foto estava atacando meus nervos. Depois disso, segundo os tabloides, Paul não teve mais nenhuma relação séria relatada pelos sensacionalistas. A maioria de suas fotos era acompanhado dos pais. Que aliás, Paul era idêntico ao pai, as poucas fotos com mulheres eram em eventos familiares ou eventos corporativos, sociais, sempre de negócios, poucos relatados como encontros casuais.

Quase não consigo acreditar. Tirando algumas especulações sobre o assunto, nada de relacionamentos duradouros depois da tal socialite. Afinal ele tinha 32 anos e, ninguém conseguia esconder por muito tempo, eu mesma era uma vítima disso. A mídia me dava o apelido de “Mulher de gelo” e ainda eram bem maldosos em dizer que eu mantinha um harém de belos homens abaixo dos meus caros saltos altos.

Ouço alguém bater na porta, rapidamente fecho a página de pesquisa.

— Licença, senhorita Berlin.

— Entre, Susan.

— O relatório do setor financeiro da InGet.

— Obrigada, Susan. — Sorrio para ela, tentando deixá-la mais confortável. Desde minha ligação e ameaça, Susan estava tensa.

Verifico novamente meu e-mail, esperando a resposta da Solftk, mas em vez de uma resposta deles encontro um e-mail de Paul. Um pouco surpresa eu o abro.


De: Paul Vetter.

Para: Ângela Berlin

Assunto: Almoço?

Bom Dia Senhorita Berlin, infelizmente não tenho seu celular, favor enviar o número. Liguei para seu ramal, porém sua assistente não está atendendo. Estou saindo para almoçar e gostaria de saber se você aceita me acompanhar?

Paul R. Vetter

CEO, InGet Corporation.


De: Ângela Berlin

Para: Paul Vetter

Assunto: Aceito.

Bom Dia Senhor Vetter, realmente estive bastante ocupada. Eu adoraria almoçar com você. Já estou disponível.

Ângela Sartori Berlin

CEO, Solftk, Inc.

Quase que instantaneamente recebo uma resposta.


De: Paul Vetter

Para: Ângela Berlin

Assunto: Almoço.

Estarei no seu escritório em uma hora, esteja pronta. Até breve.

Paul R. Vetter

CEO, InGet Corporation.


Volto a me dedicar ao trabalho, mesmo não conseguindo evitar o sorriso pelo convite inesperado.

Um pouco ansiosa e agitada eu aguardo o tempo passar. Vinte minutos antes dele chegar, arrumo minhas coisas, corro até o banheiro para retocar a maquiagem, passo meu batom vermelho, ajeito meu cabelo e pronto.

O telefone sobre minha mesa toca, a voz de Susan soa do outro lado, avisando da presença de Paul. Pego minha bolsa e saio do escritório.

— Srta. Berlin? — chamou Susan me interceptando.

— Sim.

— O carro chegará dentro de uma hora.

— Ótimo, pode ir almoçar.

— Obrigada, Srta. Berlin.

Paul está impecável e parece tão cheiroso quanto hoje cedo, seus olhos estão com aquele brilho habitual, a expressão relaxada demonstrando que está de bom humor.

— Srta. Berlin. — Cumprimenta.

— Boa Tarde.

— Podemos ir?

— Claro, vamos.

Paul descansa sua mão no meio das minhas costas me guiando na direção dos elevadores. As portas se abrem e nós entramos.

— O que achou do escritório? — pergunta.

— É ótimo, atende bem minhas especificações, tanto quanto o meu em Nova York.

— Fico feliz que lhe agradou, se sentir a necessidade de alguma mudança basta avisar a minha assistente, que ela providenciará tudo.

— Está bem assim, obrigada.

Por todo caminho sua mão descansa sobre a base da minha coluna, Paul não demonstra nada nem mesmo quando alguns empresários entram no elevador se juntando a nós.

Philip que estava aguardando do lado de fora, abre a porta do carro para mim, assim que entro Paul senta-se ao meu lado e fecha a porta.

— Para onde vamos? — questiono.

— Um restaurante aqui perto. Eu gostaria de lhe mostrar mais de Washington, mas infelizmente estamos muito ocupados essa semana. Quem sabe na próxima.

— De qualquer forma eu retorno para Nova York no fim da semana, estive hoje analisando o projeto e posso retornar mais cedo do que previsto, não sei realmente quando retorno a Washington ou se retorno. — Digo. — Tenho algumas viagens agendadas, uma inclusive para o Brasil.

Paul fica rígido ao meu lado, vira-se em minha direção, encara-me com aqueles lindos olhos pretos. — Como assim? Acreditei que passaria um tempo mais longo, teremos apenas mais seis dias juntos?

— Sim, se você contar de hoje. Seis dias. — Revelo. — Não há necessidade que me faça ficar aqui enquanto fazem as reformas do prédio. Eu sou CEO, não uma engenheira ou arquiteta. E tenho compromissos e pessoas que esperam por mim. Mandarei Ruth ficar em contato com o setor de produção da InGet, inclusive já falei com o responsável pelo setor e informei na Solftk também. Caso haja necessidade Ruth pode vir acompanhar de perto, consigo esse remanejo para não o deixar preocupado.

— E se a coluna principal desabar?

Esboço um sorriso. — Mesmo assim, pouco poderia ajudar. Eu mal saberia como reergue-la.

— Eu posso precisar de você. — diz com um tom baixo. — Além do mais, hoje temos a reunião com os engenheiros responsáveis pela obra, podemos ver como anda o projeto e se aprovamos todas as modificações.

— Paul, o projeto já foi aprovado, antes mesmo de eu chegar a Washington, acredito que todas as modificações tanto na estrutura como no projeto da arquiteta tenha ficado satisfatórias para nós dois. E precisar de mim? Na cama ou no escritório?

— Nos dois. — Paul aproxima-se de mim, fazendo com que eu me afaste rapidamente.

O carro para e Philip desce. Faço sinal para o cão de guarda de Paul com os olhos.

— Ele é discreto, podemos confiar nele.

Philip abre a porta e deslizo para fora. Logo depois Paul está ao meu lado, acompanhando-me para o interior do pequeno e aconchegante restaurante. A Hostess parece reconhecê-lo imediatamente e pede que nós a acompanhemos até uma mesa reservada. Paul puxa uma cadeira para que eu possa sentar, depois se senta à minha frente.

A Hostess entrega o cardápio para ele e quando agradece puxando o cardápio de suas mãos, ela cora murmurando um “com licença Sr. Vetter”.

— Bem, eu espero realmente ter você aqui na próxima semana.

— Isso não vai acontecer.

—Não gostou da cidade? Ou de minha companhia?

— Nova York é o meu lugar, eu tenho muitas coisas a fazer e não gosto de estar longe.

— Você não respondeu minha pergunta. É ruim estar perto de mim?

— Paul, acredito que já conversamos sobre isso.

— Você é um enigma para mim, em alguns momentos é tão fechada e eu não consigo compreender suas atitudes. É estranho estar perto de alguém que muda tão rapidamente, que é tão parecida comigo.

— Exatamente, somos bem parecidos. — Retruco, olhando novamente para o cardápio. — Talvez seja por isso que não conseguimos nos entender ou ter uma conversa civilizada, somos iguais.

Ele abre aquele sorriso maravilhoso, aproxima-se de mim, seus lábios de contornos retos se movem deliciosamente em uma voz baixa, para que apenas eu possa ouvir. — Talvez por isso sejamos perfeitos um para o outro, somos iguais. Posso afirmar que na cama nos damos muito bem.

Lanço um sorrisinho malicioso para ele. Que comece as provocações!

—Você quer comer a sobremesa? — pergunto.

— Sim, você não?

— Eu prefiro ser a sobremesa.

— Eu aposto que você seria o melhor doce.

— Temos tempo livre?

— Não.

— Sexo no escritório, isso me excita. O perigo de ser pega no ato.

— Ângela, essa sua boca...

Somos interrompidos por uma mulher jovem, alta, magra, morena de cabelos longos e ondulados, vestida em um terninho e com um sorriso imenso. Ela toca o ombro de Paul e lhe dá um beijo em sua bochecha.

— Ray! Ei, quanto tempo, saudades de mim?

Paul parece momentaneamente surpreso, ele sorri para a mulher, volta seu olhar para mim. Não parece preocupado ou incomodado, mas dá para ver o quanto ele está nervoso.

A jovem morena se vira para mim sorrindo ainda mais, mostrando dentes brancos perfeitos. — Julis Vetter. — diz estendendo a mão.

— Ângela Berlin. — Cumprimento.

Ela é bonita, traços marcantes e o sobrenome a entrega, então me lembro de minha pesquisa, Paul tinha um irmão chamado Jordan, também filho de Leila Raymond Vetter, claro, Julis era a filha do novo casamento de seu pai, como era mesmo o nome da segunda esposa?

— Berlin, esse nome não é estranho?

— Ângela é minha sócia, Julis. Senhorita Berlin, esta é minha meia irmã Julis Jolin. — Paul diz, ele levanta-se da mesa educadamente faço o mesmo.

Percebo que ele me apresentou a ela sem intimidades. Claro, o que eu estava pensando? Não sou nada dele mesmo . Ângela, Ângela, você precisa se decidir, quer realmente que ele se importe ou não? — ralho comigo mesma.

— Por favor, também sou uma Vetter — Julis diz rindo para seu irmão. — Não torne o sobrenome de papai uma propriedade sua Ray. — Completa em tom brincalhão.

— Sério, como você está aguentando meu irmão? Mesmo no âmbito profissional ele enlouquece as pessoas.

Sorrio de seu comentário, ainda mais vendo o rosto contrariado de Paul.

Julis continua, — Ray isso é uma ótima notícia para a minha revista, posso ser a primeira a divulgar algo tão grandioso como isso, as pessoas ficariam tão surpresas. Você precisa me dar alguns detalhes. — diz empolgada. Seus olhos verdes brilham com a ideia de que pode ser a primeira a ter uma notícia quente.

— Prometo que darei. — Paul diz. — Mas vamos esperar até as coisas estarem mais certas, ok? Então eu peço para Gabby marcar uma entrevista com você.

— Obrigada Ray, isso será maravilhoso. — Ela sorri completamente feliz. — Então, vocês já fizeram o pedido? É uma reunião de negócios ou será que sou permitida a ficar, depois de tê-los interrompidos?

— É claro que você pode ficar Julis, será ótimo. — Sorrio e ela retribui. — Não sabia que o Sr. Vetter tinha uma irmã. — Faço-me de tonta.

— Meia irmã. — Ele exclama, torcendo a boca.

— Sim, meia irmã, mas no coração somos por inteiro né, Ray? — Julis diz rindo. — Somos irmãos por parte de pai.

E assim que sentou à mesa conosco, Julis não fechou mais a boca. A garota tinha tanto assunto que eu poderia ter ficado um pouco chocada. Uma ou duas coisas que percebi é que ela adora demais o irmão, está sempre tentando chamar atenção dele para alguma conversa. Outra coisa que eu notei é que em todos os seus assuntos ela encontrava uma brecha para que eu pudesse participar e não ficar de lado.

Paul fez um sinal chamando o garçom, que prontamente veio até nossa mesa.

— O de sempre, por favor.

— Sim senhor, para as senhoritas também? — pergunta o garçom, anotando os pedidos.

— Sim.

O garçom faz um aceno em concordância e sai, nos deixando sozinhos.

Encaro o rosto de Paul incrédula. — Você chegou a pensar que eu poderia querer outra coisa do cardápio, além do seu “de sempre”?

Ele suspira, encostando-se na cadeira. — Sim.

Continuo encarando Paul e toda sua prepotência. Esse homem é impossível.

— Então Ângela, o que você está achando de nossa cidade? — Julis me lança um sorrisinho.

Tomo um gole do meu vinho, antes devolver a taça à mesa. — A cidade é incrível, mesmo não tendo visto muito dela.

— Isso é um erro, temos tantos lugares lindos por aqui e, seu namorado? Como fica com uma mulher de poder?

Vetter estreita os olhos minimamente encarando Julis e a mim.

— Não tenho namorado. — Digo rindo.

— Ah não. Mentira!

— A Senhorita Berlin e eu estamos com a agenda lotada Julis. — Paul corta sua irmã, consultando o relógio. — Infelizmente precisamos ir.

Eu? Agenda lotada? De onde ele tirou isso.

— Onde você está hospedada, Ângela? Poderia fazer uma visita quando estiver livre do meu irmão.

— Estou na residência do Sr. Vetter. - O garçom deposita os pratos na mesa, o cheiro estava divino, mesmo não fazendo a mínima ideia do que era aquilo. - Obrigada. - Acrescento quando ele completa novamente minha taça de vinho.

Julis ainda olhava para Paul. Não consigo ler sua expressão, mas a de Paul eu posso, ele está nervoso, incomodado. — No Park Avence ? — Julis repete com um sorrisinho que me faz ficar inquieta.

— Sim, eu hospedei a Srta. Berlin. — diz.

— Uau! — ela exclama.

O olhar de Paul cruza com o meu, tento analisar o que ela quis dizer com esse “Uau”. Também noto o olhar furioso que Vetter lança para Julis, que fica desconcertada.


O almoço foi realmente excelente, mesmo Paul mantendo suas escolhas para nosso almoço. O prato estava saboroso, tínhamos almoçado num verdadeiro silêncio, tirando os olhares trocados por Julis e Paul.

— Bem, agora vou deixar vocês, tenho que voltar ao trabalho. — Julis levantou-se, pegando sua bolsa. Ela me abraça depositando um beijo em minha bochecha e fez o mesmo com Paul, antes sussurra algo em seu ouvido, que somente ele pôde ouvir.

— Acho que eu não preciso pagar a conta, desde que meu irmão se tornou sócio, não é? — ela sorri.

— O almoço, hoje, é por minha conta. — Paul resmunga.

— Foi um prazer conhecer você Ângela, espero vê-la novamente.

— Foi bom conhecê-la também, Julis.

Com um aceno ela vai embora, Paul me lança um olhar de reprovação quando pego minha carteira, paga a conta e nós retornamos ao carro em silêncio. Quando estamos acomodados nos bancos, eu o encaro curiosa. — Então o que sua irmã sussurrou em seu ouvido?

—Nada. — Responde. — Não fique amiguinha de Julis.

— Por quê? Não vi problema nenhum nisso. — Retruco.

— Esse é o problema. — diz — Julis está acostumada à bagunça, diversão para ela pode ser qualquer coisa perigosa, ela não tem limites.

Fico em silêncio, Paul que estava relaxado agora está irritado, com sua melhor carranca no rosto. O resto do caminho foi em completo silêncio, Paul passa boa parte do caminho no telefone, conversando sobre ações e negócios. Assim que Philip estaciona o carro em frente à InGet Corporation, ele se vira para falar comigo. —Infelizmente o almoço passou do meu limite de tempo, tenho uma reunião agora.

— Por que sinto que isso faz parte do seu joguinho? Como é mesmo? Chumbo trocado, não dói?

Paul me olha divertindo-se com minha pergunta. — Não sou de dar troco, Srta. Berlin. Eu prefiro fazer as pessoas gemerem, em vez de perder bons momentos de sexo.

— Até agora não estou gemendo, Sr. Vetter.

Paul lança um sorriso calculado, avançando sobre mim. Deixando seu rosto a centímetros do meu, sua mão percorre minha coxa, se infiltrando sobre minha saia social.

Respiro fundo prevendo aonde ele quer chegar.

Seus dedos esbarram em minha intimidade, fazendo carinhos ali. Sua boca toca a minha com leveza, sinto a ponta de sua língua instigando para que eu abra mais minha boca, dando a passagem que Paul Vetter pede. Aprofundando o beijo, nossos corpos colados, suas mãos tomando posse do meu corpo.

Solto um gemido baixo, contrariada por sua mão se afastar de repente do meu corpo.

— Tenho uma reunião, depois temos que nos encontrar com os engenheiros responsáveis da obra.

Reviro os olhos, quem pensa em reuniões quando tudo que quero é um sexo selvagem no carro. Ajeito minha roupa e meu cabelo descendo do carro junto com Paul, mas seguindo para o lado opostos de elevadores.


Meus saltos produzem um barulho constante e ritmado pelo piso de mármore, dou uma olhada no relógio, quatro minutos de atraso. Passo pela mesa de Gabby trocando um aceno simpático, provavelmente a reunião já deve estar acontecendo.

— ...Acredito que podemos melhorar a estrutura sem mexer tanto na planta original do prédio.

Escuto Paul dizer quando abro a porta do seu escritório. Dois homens estavam sentados conferindo uma enorme planilha sobre a mesa, Paul encara-me endireitando sua postura.

— Srta. Berlin, fico contente que decidiu se juntar a nós.

— Muito obrigada, - digo de forma irônica acrescentando um sorriso. — Senhores, peço desculpas, tive um imprevisto em minha empresa.

— Fred, Brock. — Paul indica os engenheiros. — Ângela Berlin.

— É um prazer conhecê-la, Srta. Berlin.

Sorrio para Fred, ele é bonito, alto, cabelos loiros caiam de forma desalinhada sobre seu rosto. E Brock era seu oposto, mais baixo, os cabelos encaracolados e pretos, mas tinha seu charme e um sorriso cafajeste no rosto.

— Podemos continuar, senhores?

— Claro, Sr. Vetter.

Caminho tranquilamente para a mesa, sentando na cadeira ao lado que Paul estava de pé.

— Sr. Vetter, como estávamos dizendo mesmo que não nos afastássemos da planta original do edifício, perderíamos pelo menos um andar com essas modificações. Afinal não poderemos mais mexer nos andares inferiores, já que tudo está sendo produzindo. Seria um gasto desnecessário mexer em tais andares.

— Isso é verdade Sr. Vetter, todo cabeamento, a estrutura em si já está sendo colocada.

— Quais seriam essas modificações? Pensei que tudo estivesse correndo bem na obra.

— E está. — Paul responde rude. — Realizem as modificações, quero ver o projeto pronto dentro de dois dias.

— Sim, Sr. Vetter. —Brock concorda a contragosto.

— Qual seria a modificação pedida? — pergunto novamente.

— O Sr. Vetter nos apresentou uma modificação no último andar, o que nos causaria mais dez dias no prazo.

— Qual seria essa mudança? — questiono.

— Como a Srta. disse não é arquiteta e muito menos engenheira, por tanto não vejo a necessidade de mostrar a planta do edifício para você.

— Fred, Brock. Qual seria a mudança desejada pelo Sr. Vetter? — pergunto praticamente bufando, faço questão de ignorar o mal humor e o comentário de Paul Vetter.

Fred estende a planta original do edifício em minha frente. Olho os últimos andares com atenção, a planta original apresentava os andares respectivos de cada setor, o décimo andar era formado por uma ampla sala de reuniões e uma sala de arquivos, a mudança em si estava no penúltimo andar. Onde seria minha sala, meu andar de trabalho havia diversas modificações, incluindo salas de espera, duas recepções e no último andar era dividido ao meio, escrito bem grande em letras garrafais Srta. Berlin e Sr. Vetter.

— Isso não foi o combinado. — Questiono.

— O Sr. Vetter acredita que tal modificação será melhor para o fluxo interno da empresa.

— Desculpe, mas explique melhor qual seria o fluxo interno para que não tenha o andar que havia pedido?

— É desnecessário incluirmos um andar apenas com nossos escritórios sendo que grande parte do tempo a Srta. Berlin estará ausente da empresa. O que me deixaria com um andar praticamente inutilizável.

Estreito meus olhos para Vetter. — Desculpem cavalheiros, mas não autorizo essa modificação, mesmo não tendo todo o tempo disponível para estar aqui, terei uma pessoa de minha inteira confiança trabalhando na sede.

— Posso pedir para a Srta. Dio dar outras propostas, algo que possa agradar a ambos.

— Eu quero um projeto com a modificação incluída em minha mesa em dois dias.

— Sim, Sr. Vetter. — Brock foi logo concordando.

Levanto fazendo a cadeira cair aos meus pés pela força usada ao afastá-la. Paul olha para mim, praticamente me esganando com os olhos.

— Senhores, podem manter exatamente como foi acordado. Nenhuma modificação será feita.

Fred e Brock estavam totalmente desconfortáveis naquela sala, era visível a guerra que Paul e eu travávamos.

— Senhores, volto a chamá-los. Por enquanto, saiam.

Afasto o cabelo do pescoço olhando os engenheiros deixarem a sala, cumprimento-os com um aceno de cabeça. Paul mantém seus olhos colados em mim, mesmo quando a porta se fecha. Respiro fundo esperando a explosão que eu sei que está prestes a vir.

— O que foi isso?

Finjo-me de idiota. — Isso o que, Sr. Vetter?

— Você me desafiando na frente dos meus funcionários.

Paul está se segurando para não explodir.

— Acredito que você confundiu um pouco as coisas, eu não sou sua funcionária e essa empresa não tem apenas um dono, querido. Eu mando nisso daqui, tanto quanto você.

Paul me encara por um segundo antes de seguir até sua mesa. — Srta. Bonatti. — Ele fica por um segundo em silêncio, escutando. — Não quero ninguém entrando em meu escritório. — Mais uma pequena pausa. — Não me interessa, peça para aguardar.

Me mantenho de costas para ele, seu tom de voz sério, seria capaz de arrepiar os pelos de meu braço se eu não soubesse o quando puto da vida ele está. Escuto seus passos se aproximando de minhas costas, em poucos segundos sinto seu corpo colado em minhas costas, sua mão direita subindo por minha coluna, percorrendo todo meu lado direito. — Petulante, irritante... — sussurra em meu ouvido.

Mordo o lábio escondendo o sorriso. — Sinto muito, Sr. Vetter, mas você não sabe muito bem o significado de sócios, né? Isso é um pouco decepcionante.

Ele se afasta, permitindo que sua mão suba mais, chegando a minha nuca, agarrando meu cabelo, inclinando minha cabeça um pouco para trás. — Decepcionante, Srta. Berlin?

— Muito. — Sussurro.

Sinto o tapa, antes mesmo do barulho. Minha nádega arde, meus batimentos aceleram.

— Você precisa ser fodida, Srta. Berlin.

— Você merece um chute no saco.

A mão livre de Vetter passeia pelo meu corpo, subindo por minha coxa, erguendo aos poucos minha saia. Ele força meu corpo para frente, encostando meu rosto na mesa de forma que minha bunda fique empinada. Sua boca vai tocando pontos estratégicos em meu corpo, provocando arrepios.

— Peça para que eu pare, Srta. Berlin. — diz beijando meu pescoço, mantendo sua mão firme em meu cabelo.

Reprimo a resposta, deixando que um gemido baixo escape de meus lábios quando Paul solta meu cabelo, mantendo a mão no meio de minhas costas, sua boca descendo por minha cintura.

— Você... — ele dá uma leve mordida em minha nádega esquerda. — Precisa entender... — sua boca desce mais um pouco, suas mãos levantam minha saia de forma bruta. — Que ao medir forças comigo... — seu dedo percorre de minha bunda até a coxa, voltando para cima, afastando a calcinha. — Sempre entrará numa guerra que pode sair sendo a perdedora.

Sinto seu hálito bater em minha intimidade, logo sua língua tomando meu sexo para ele, com movimentos circulares, sua língua me invadindo de maneira deliciosa.

— Ah merda! — exclamo apertando a beirada da mesa.

Paul continua me chupando com desejo, feroz e delicioso. Tirando o resto de minhas forças para não gemer alto.

— Venha. — Paul me puxa em direção ao seu corpo, nos levando para o conjunto de sofás, no oposto da sala.

Minhas mãos percorrem seu peitoral, desfazendo o nó da gravata, tirando o colete com pressa, parecemos mais dois adolescentes do que dois adultos. Paul me ajuda subindo minha saia, tirando minha calcinha. Em poucos minutos Paul está livre de metade de suas roupas, ficando apenas com a camisa social aberta. Assim como eu, nua da cintura para baixo, apenas com minha camisa caindo pelos meus braços, revelando meu sutiã.

— Peço que controle seus gemidos. — Paul busca algo em seus bolsos, volta para cima de mim colocando o preservativo.

Paul cola sua boca na minha, sua língua pedindo passagem ao lamber e mordiscar meu lábio inferior, ganhando cada vez mais espaço, não encontrando nenhuma resistência vinda de mim. Movendo-se devagar, fazendo com que eu desejasse que ele fizesse o mesmo entre minhas pernas. Minhas mãos vão diretamente para seu cabelo, agarrando com força, puxando-o ainda mais para mim, seus dedos habilidosos brincam com meus seios, explorando-os e deixando-os enrijecidos.

— Paul...

— Quieta.

Sua boca desce para meu seio, abocanhando e sugando-o com vontade e fome. Fazendo minha coluna se arquear, produzindo uma onda de calor por todo meu corpo. Uma de suas mãos abre caminho até o meio de minhas pernas, testando minha umidade, brincando com meu clitóris, enfiando o dedo cuidadosamente dentro de mim, me fazendo gemer alto.

— Controle-se, Ângela.

Paul tira o dedo, trocando-o por seu pênis, empurro meu corpo para frente ávida para senti-lo, ávida para tê-lo de uma vez dentro de mim.

— Você quer algo? — pergunta com um sorriso cretino no rosto.

— Paul. — advirto.

Ele ri baixo dando uma estocada profunda e deliciosa, me tomando por inteira, não deixando meu corpo se acalmar de sua invasão, mantendo as estocadas fortes, uma de suas mãos agarrava meu seio e a outra, meu quadril puxando-o para ele, aumentando a fricção de nossos corpos. Eu já podia sentir o orgasmo potente apitando bem no fundo de minha mente, se Paul manter o ritmo eu logo estaria entregue ao êxtase.

A porta de seu escritório se abre num rompante. — Sr. Vetter, os relatórios que você pediu com urgência chegaram e...

— Puta que pariu. — Paul se curva sobre mim, mesmo que estivesse protegida pelas costas do sofá, nosso visitante poderia ter uma cena e tanta em sua frente. — Sai! Agora! — grita para o invasor.

— Desculpe, Sr. Vetter. Me perdoe. — Ele parecia barata tonta, atordoado, saindo correndo do escritório.

— Inferno!

Não consigo segurar, a risada rompe de mim, fazendo Paul me encarar.

— Se você queria uma cena no meio do escritório conseguiu, Srta. Berlin.

— Nada como o perigo de sermos pego. — Digo caçoando da carranca que Paul estava.

Ele me encara, mas logo se solta, dando uma risada baixa. — Logo você me enlouquecerá.

— Digo o mesmo baby , digo o mesmo.


CAPÍTULO 12

 

Pego o carro alugado para mim, ofereço para levar Susan ao hotel, apenas para dar algumas voltas em lugares que eu conhecia e apesar do GPS eu não quis me arriscar por outros lugares. Quando chego ao Park Avence, Paul ainda não havia chego.

Resolvo me preparar para a cobrança do sexo que foi interrompida hoje à tarde, gargalho ao lembrar da expressão que Paul fez quando seu funcionário entrou sem ter autorização. Deixo a banheira ficar bem cheia, tomando um banho longo com bastantes sais. Visto uma camisola verde de seda, o robe por cima. Retorno ao quarto ouvindo o toque de chamadas do meu celular.

Corro para atendê-lo.

—Mãe!

— Que saudades, como você está?

— Também estou com saudades de vocês e Nova York. Mas estou bem aqui.

— Sinto sua falta, você não me ligou mais.

— Logo estarei aí mãe e colocaremos todo o papo em dia.

— Eu sei, como está sua relação com o Sr. Vetter? — Sua voz tomou certo tom de cautela.

— O Sr. Vetter e eu estamos nos dando bem.

— Fico tranquila de saber sobre isso. Seu pai comentou que você estava meio, você sabe... Contra o Sr. Vetter.

— Apenas visões diferentes, coisa que estamos tentando encontrar o melhor rumo para as coisas.

Viro para a janela apreciando à noite, os carros passam pela avenida abaixo de mim como pequenas formigas iluminadas.

— ...E é claro que você e o Sr. Vetter não tem nada.

— Sim. — Respondo mecanicamente.

— Sim você tem? Sim você não tem?

— Perdão mãe, não tem o quê?

— Vocês estão tendo algo? Ângela você está no mundo da lua, minha filha?

— Não, eu não tenho nada com ele. Que bobagem mãe! Me distrai olhando pela janela.

— Eu só estou curiosa Ângela, não podemos negar que ele é bonitão. — Ela gargalha do outro lado da linha, seu tom voltando a ficar suave. — Mas conheço você, não mistura vida profissional com pessoal. Bem, eu vou desligar. Vou jantar fora com algumas amigas.

— Bom jantar para vocês.

—Eu te amo, comporte-se.

Droga! Quase deslizei ao me distrair com a paisagem e revelei sobre Paul e eu. Mas o que eu poderia ter dito? Contado?

“Mãe eu fiz sexo com meu sócio, pretendo fazer de novo, mas nossa relação é apenas física, fizemos um trato de não nos apaixonar. Assim que voltar para Nova York eu trato de esquecê-lo e ele já terá outra em sua cama?” Minha mãe ficaria maluca, subindo pelas paredes, nem posso imaginar isso. De qualquer forma quando eu for embora eu não vou ter mais nada com Paul Vetter, vou esquecê-lo e nossas vidas vão voltar a ser como eram. Deixo o telefone de lado quando escuto barulhos no andar de baixo. Saio do quarto, descendo as escadas. A sala estava vazia, caminho em direção à cozinha encontrando uma mulher elegantemente vestida em um terninho cinza.

— Olá. Você deve ser a Senhorita Berlin. Eu sou Célia Fontan. Prazer em conhecê-la. — Ela me estende a mão e eu aperto.

De onde essa mulher saiu? Ela nota a confusão em meu rosto.

— Sou a governanta do Sr. Vetter, estou fazendo seu jantar senhorita, deseja algo em específico? — pergunta com um sorriso autêntico no rosto.

— Nada demais, Paul ainda não chegou?

— Não, Srta. Berlin. O Sr. Vetter jantará fora.

Fico ainda mais confusa, mesmo não tendo nem direito de questionar seus atos, eu esperava que ele aparecesse depois do escritório, já que havíamos trocado promessas de sexo para depois do expediente.

Olho novamente para a governanta. Ela é bem magra, tem cabelos loiros e olhos castanhos, a pele num tom de dourado, exalando boa saúde. Agora me lembro de quando perguntei se ele morava sozinho, ele disse que dois funcionários também moravam ali. Um eu logo pensei que fosse o Philip, afinal ele estava muito mais para um cão de guarda do que apenas motorista e, a outra poderia ser sua governanta.

Ocupo um banquinho de ferro trabalhado, vendo-a transitar pela cozinha, preparando um jantar que cheirava divinamente.

— Deseja beber alguma coisa, Srta. Berlin? — pergunta.

—Vinho, por favor.

Enquanto a Srta. Fontan desliza até uma pequena adega, retira uma garrafa de vinho, enchendo a taça e entregando para mim. O ato parece tão automático, como se tivesse acostumada a fazer isso sempre. Minha curiosidade vence.

— Você trabalha há muito tempo para o Sr. Vetter?

— Há dez anos, senhorita. — Responde com um sorriso profissional.

Imagino as coisas que ela não deve saber, os segredos e fofocas que deve ter.

— Desculpe parecer intrometida, — sorrio um pouco. — Paul informou o porquê não jantaria em casa?

— Srta. Berlin, ele apenas disse para cuidar de sua hóspede e que provavelmente chegue tarde.

— Hum...

Nem ao menos ligou. — Penso. — Mas você quer o que Ângela? Você não tem nada com o cara, apenas transaram . — Repreendo.

Abandono meu lugar no banco e vou para a sala, sentando no amplo sofá cinza, perdida em meus pensamentos.

— Senhorita Berlin. — Célia interrompe o fluxo inebriante de meus pensamentos surgindo na sala. — O jantar está servido. Se não precisa mais dos meus serviços vou me retirar.

— Claro, pode ir, bom descanso.

A governanta sorri para mim mais uma vez e volta para a cozinha.

Realmente o jantar estava divino, a salada Caprese que ela preparou com o filé de frango grelhado está de lamber os dedos, tenho vontade de repetir, mas seria muita gula. Olho para o relógio em cima do fogão vendo que passa das dez horas. Desisto de aguardar por ele, retiro a bagunça que fiz colocando tudo dentro da pia e volto para meu quarto.

Depois de fazer minha higiene volto revoltada para o quarto apagando todas as luzes e me enfio debaixo das cobertas. A cabeça doendo, os pensamentos intermináveis fazendo várias suposições sobre onde ele se meteu, se está acompanhado de outra mulher, o que estaria fazendo... Aghr!!! Viro para o lado oposto puxando a coberta até a cabeça, o silêncio domina o apartamento deixando-me ainda mais inquieta.

Sabe aquela sensação quando você assiste filme de terror que do nada alguém vai aparecer na penumbra, pois então. Suspiro levando para longe esses pensamentos idiotas. Olho novamente para a porta que acabei deixando entreaberta, vendo que não vou conseguir dormir, já que me perco olhando de minuto a minuto para as luzes fracas do corredor. Levanto pronta para fechá-la quando escuto o apito do elevador. Congelo com o ouvido na porta, tentando escutar o que quer que seja.

— Desculpe, ando muito ocupado. - A voz de Paul soa alto devido ao silêncio.

— Posso ver que você está ocupado. — Uma voz feminina e suave preenche o silêncio, acompanhada pelo barulho de seu salto no piso de mármore.

Quem é? O que Paul estaria fazendo com uma mulher? Por que a trouxe para cá? Ainda mais comigo aqui? A voz da Ângela sensata em minha cabeça ri com ironia respondendo minhas perguntas internas. — Ah sua tolinha...

Abro um pouco mais a porta, devagar, evitando fazer barulho para não ser denunciada.

— Paul eu mandei um convite para sua secretária, porém aquela incompetente não deve ter repassado.

— Não fale assim, ela repassou o convite sim, mas você sabe que eu estou com muito trabalho, tenho que dar atenção a muitas coisas ao mesmo tempo.

Escuto o barulho dos saltos novamente. — Ah, claro querido, eu posso ver que você anda dando atenção a muitas coisas. Uma delas seria dona disso daqui?

Minha curiosidade atiça ainda mais. Dou um passo para fora do quarto e paraliso quando a mulher retorna a falar:

— É um belo robe, meu querido. — Sinto o sarcasmo na voz dela.

Merda, merda! Esqueci de pegar meu robe que tirei ao ir jantar, como me vi sozinha no apartamento quis ficar à vontade, pensando até que Paul pudesse retornar e me ver vestida de forma sensual em sua sala.

Escuto Paul pigarrear, — É de Ângela.

— Ângela? Quem é Ângela? — a mulher volta a questionar, como uma amante curiosa. A raiva torna a me cutucar bem no estômago.

— Minha sócia, está trabalhando em um novo projeto. Hospedei aqui.

— Ray, você não hospeda nenhuma mulher em seu apartamento, nem sua própria mãe. Estou surpresa de encontrar uma peça íntima assim de uma mulher e ainda mais descobrir que ela está aqui. Geralmente você realoca seus sócios e, até mesmo seus casos no hotel de sua tia Jennifer.

Escuto Paul bufar ou suspirar mais alto, dou mais um passo chegando perto do topo da escada, onde eles estão me permite apenas uma visão de suas pernas, mas não posso me arriscar mais, senão irei denunciar minha posição.

— Não temos nada além de negócios e um vínculo amigável.

— Claro. Um vínculo amigável, amigos. — Ela murmura. — Então venha no meu jantar, com sua amiga, no mínimo ela deve ser interessante, ou pelo menos elegante para usar um robe de seda.

Nessa altura eu já não sabia se essa mulher era uma amiga ou uma amante de Paul, sei lá um relacionamento aberto, onde ambos se envolviam com quem quisesse, sem cobranças ou pressão. Sinto também minha raiva ganhar algumas oitavas a mais dentro de mim com a declaração de Paul, não passava de um sexo ocasional, apenas um lance entre sócios para apimentar o grande ego dele.

—... está bem vou disponibilizar essa data em minha agenda e vou ao seu jantar.

— Ótimo, agora preciso ir, adorei nosso jantar. — Eles se cumprimentam com beijo e espio que estão bastante próximos, poderia ser até um beijo na boca. — Até mais, querido.

Ela deixa Paul para trás indo pelo corredor que dá no elevador, vejo ele continuar parado virado na direção dela. Assim que o elevador apita sinalizando que chegou no andar, é minha deixa para voltar para o quarto. Fazendo o mínimo de barulho possível enquanto corro na ponta dos pés pelo corredor. Entro encostando a porta do quarto e voou para a cama me enfiando debaixo das cobertas, deixando apenas uma pequena fresta para olhar a parede de vidro em minha frente.

Não demora muito para eu escutar passos vindos da escada e, menos ainda para a porta do quarto ser aberta, trazendo claridade para o quarto escuro, olho minimamente a silhueta que o corpo de Paul forma na porta. Ele caminha até mim, fecho os olhos com força, fingindo que estou dormindo. Mesmo que eu queria pular no pescoço dele por estar com outra mulher.

O colchão cede ao seu peso, meu coração acelera com a possibilidade dele deitar comigo, mas apenas sinto seus dedos passando por meus cabelos, seu perfume chegando até minhas narinas.

Ah, esse cheiro delicioso que ele tem! Controle-se Ângela .

— Durma bem, minha linda. — Paul sussurra depositando um beijo casto no alto de minha cabeça.


CAPÍTULO 13

 

A manhã passa como um pequeno rompante no escritório, e em nenhum momento cruzo com Paul, fiz questão de sair bem cedo, evitando até mesmo tomar café da manhã em sua casa para não encontrá-lo, até o momento nenhuma procura por sua parte.

Dedico meu tempo em coisas que realmente valem a pena, faço ligações para diversas pessoas, refaço alguns cálculos junto com o setor financeiro. Entro em uma conferência com Derek — chefe financeiro da Solftk — e José, supervisor do financeiro da InGet. Discutindo todos os pontos de gasto, reduzindo e também aumentando alguns.

Como Paul sempre estava em reunião, peço que Susan não perca mais tempo tentando chamá-lo e tomo as rédeas dos compromissos. Inspeciono uma quantidade significativa de documentos, enviando vários relatórios direto para meu escritório na Solftk, depois disso ainda entro em mais umas duas conferências com meu pai para deixá-lo a par da situação e ficar a par das reuniões que ele estava tendo em Nova York. Susan estava ajudando-me a organizar uma pilha de papelada quando o meu telefone começou a tocar em algum lugar dentro da minha bolsa. O alcanço e sorrio ao ver o nome na tela.

— Ana! — digo em uma voz animada.

— Ana, é isso que você tem para me dizer? — ela esbraveja — Chego à Nova York louca para encontrar minha amiga e dou de cara com um brutamontes dizendo que você foi viajar.

Ana Suarez é uma baixinha folgada, trabalhava na editora que estava no edifício da Solftk, como tinha ido passar uma grande temporada lançando os novos livros pelo mundo, eu me esqueci de ligar e avisar que estaria viajando. E ela deve estar realmente muito brava.

— Ana desculpa. Estou em Washington, reunião de negócios, só retorno no final de semana. Desculpe-me por não a avisar antes, mas na correria da viagem passou despercebido.

— Droga Ângela, você podia ter me avisado mesmo, estou com muita saudade dessa sua carranca, mas, eu também retornei alguns dias mais cedo. — Sua voz se tornou um pouco mais calma.

— Desculpe, também estou com saudades, quando eu estiver de volta eu vou direto para sua sala, ok?

— Combinado então, mas, estou sentindo você um pouco tensa. Você está com algum problema?

— Sim e não, porém não posso falar agora. — Suspiro. — Estou olhando uma pilha de documentos que está preste a me atacar.

— Tudo bem, você me conta tudo quando voltar. — diz rindo.

Ana era assim, não tínhamos cobranças, porém éramos grandes amigas, amigas inseparáveis na infância, amigas durante toda a escola e essa amizade se prolongou durante os anos, mesmo seguindo caminhos diferentes sempre que podíamos nos encaixávamos uma na agenda da outra.

— Até. — Murmuro encerrando a ligação. — O que mais nós temos que arrumar? — pergunto a Susan.

— Apenas mais essa pilha, Srta. Berlin. — Susan coloca outra enorme pilha de documentos em minha frente. — Derek precisa que assine uns documentos, estão em seu e-mail.

— Eu vou dar uma olhada, obrigada Susan. — Separo algumas pastas suspirando alto. — Susan você sabe me dizer se o Sr. Fitz enviou os relatórios pedidos?

— Não senhorita, vou enviar um comunicado para ele.

Aceno concordando, voltando minha atenção para os papéis em minha frente.

— Srta. Berlin, uma última coisa. Hoje é a festa na mansão Grinfield.

— Merda! Esqueci completamente disso.

— Posso mandar um cartão avisando sobre seu imprevisto.

— Não, tudo bem. — Digo suspirando — Esse evento é importante para meus planos, marcar presença é necessário.

— Sim, Srta. Berlin.

— Susan, arrume uma limusine para mim, também alguma roupa.

— Sim, senhorita. Alguma cor ou modelo de sua preferência? — Susan pergunta já anotando tudo em sua agenda.

— De preferência cores escuras.

— Enviarei os modelos para a residência do Sr. Vetter. — Susan anotou freneticamente em sua agenda. — Cabeleireiro e maquiador?

— Não, eu dou conta disso.


Quando nosso horário de trabalho chegou ao fim, deixo Susan mais uma vez no hotel. Estava feliz por não ceder ao carro, adoro dirigir, me sinto tão bem quando o faço. Como de costume Paul ainda não havia chego ao Park Avence.

Assim que as portas do elevador se abriram vou para o quarto, tomo meu banho e trato de me preparar para o evento. Seco o cabelo deixando-o cair liso pelas costas, decidindo que penteado poderia fazer para o evento.

— Linda? — Paul surge no quarto vestindo um terno preto de três peças. Seus braços e bíceps fortes delineados pela roupa, o cabelo um pouco úmido, ele cheirava divinamente bem.

— Paul.

— Você anda sumida.

— Ontem quando cheguei você não estava, sua governanta disse que chegaria tarde e hoje sai cedo para cumprir meu cronograma.

Ele deu algumas passadas calculadas, seus olhos negros me prendendo no lugar tamanha intensidade que me olhava. — Tinha um jantar com minha mãe.

Ele para a centímetros de mim, o cheiro de banho recém tomado dançando junto com seu perfume para mim, fazendo meu desejo pintar de novo grandes cenas de nós dois, de sua boca sobre meu corpo...

— Entendo. — É à única coisa que pronuncio.

Paul passa a mão na minha testa jogando meus cabelos para trás, sinto meus nervos se desfazendo como se fosse pó e, quem eu quero enganar, minha raiva toda é por que eu o desejo.

Desejo ter ele dentro de mim de novo, e de novo, de novo...

Ele se aproxima mais puxando meu rosto pelo queixo para o seu, sua boca percorre meu rosto, morde meu queixo, um pouco mais para baixo do pescoço. Suas mãos passam pelo meu corpo aproveitando que o roupão é a única peça que me protege da nudez, para praticar sua tortura.

— Paul... — Gemo jogando a cabeça para trás.

— Seja minha, apenas minha. — Ele provoca arrepios em minha clavícula com sua respiração.

Sua boca para sobre a minha, lambe meu lábio superior e então o inferior. Minhas mãos involuntariamente agarram seus cabelos, puxando forte em minha direção, seguro seu lábio inferior entre os meus dentes, dou uma leve mordida e ouço um gemido gutural subir ao fundo de sua garganta, isso me deixa completamente excitada. Estamos ofegantes, quando eu me afasto.

Nós encaramos como dois felinos famintos, volto a puxá-lo sobre mim, mas Paul interrompe nosso beijo, afastando-se alguns passos.

— Tenho um compromisso, vim apenas para avisá-la.

— Compromisso? — pergunto tentando recuperar minha respiração.

— Sim, estou indo para Portland, volto amanhã na parte da tarde.

— Tudo bem.

— Pedi para Sean ficar disponível para você, qualquer coisa que precisar é só chamá-lo.

— Quem é Sean?

— Um dos seguranças.

Paul ajeita o cabelo, deixando-o novamente alinhado. — Peço que me avise caso decida sair.

Por um momento penso em avisá-lo sobre o evento, mas me mantenho quieta.

— Sr. Vetter, estamos prontos. — Philip aparece na porta, ficando de lado, evitando olhar diretamente para nós. — Srta. Berlin.

— Boa noite, Philip.

Paul me dá um beijo casto na boca, seguindo Philip pelo corredor.


CAPÍTULO 14


Paro de conferir minha imagem no espelho, virando-me para Sean. Como Paul saiu levando seu fiel cão de guarda deixou um filhote cuidando de mim, mesmo que Sean não pareça assim tão fraco com seus músculos aparentes no terno caro ou sua feição mal-humorada. Ele fica totalmente sem jeito perto de mim.

— Srta. Berlin.

— O carro já chegou?

— Sim, senhorita.

Sean está incomodado, isso é visível.

— Perfeito, avise que estou descendo.

— Srta. Berlin...

Ergo a sobrancelha. — Fale de uma vez Sean, você parece a ponto de explodir.

— Desculpe Srta. Berlin, mas não seria mais indicado avisarmos ao Sr. Vetter sobre sua saída?

— Por acaso o Sr. Vetter é meu dono para estar ciente dos meus passos, Sean?

Ele engole em seco, seu pomo de adão subindo e descendo por sua garganta. — Não senhorita.

— Que ótimo. — Digo com um sorriso irônico, passo a mão pelo vestido alisando-o. — Podemos ir.

— Srta. Berlin, você está sobre meus cuidados. Preciso relatar ao Sr. Vetter sua saída.

— Querido Sean, eu não sou uma criança, não preciso dos seus cuidados e se você abrir sua boca eu faço questão de cortar sua língua. Entendeu?

Ele confirma com um pequeno gesto de cabeça, permitindo minha saída do quarto.

— Aproveite esse tempo, saia com seus amigos, tome uma boa cerveja e não encha meu saco. — Digo sumindo pela escada, deixando o podre Sean de olhos arregalados plantado no corredor.

Como combinado a limusine me aguardava na entrada do prédio, perdi o número de quantos eventos desse tipo eu tentei escapar e quantos outros tive que marcar presença. Era sempre a mesma coisa, os abonados da sociedade davam pequenos eventos ligados a questões filantrópicas, unindo a nata da sociedade, empresários e celebridades dispostos a abrir as carteiras recheadas em prol da sociedade desfavorecida.

No fundo poucos realmente se importavam com o tema envolvido no evento, estavam ali para esbanjar sua fortuna e seu poder, empanturrando-se em comida de excelente qualidade e soltando seus ideais machistas.

A limusine entra na fila de carros em frente a mansão dos Grinfield, — o senhor e senhora Grinfield fizeram uma respeitável fortuna no ramo de exportação. — Acabavam dedicando alguns milhões para a exportação de alimentos para países subdesenvolvidos. Era até admirável, se eu não soubesse que nesse mesmo carregamento ele tinha seus negócios ilícitos. Mas era como meu pai uma vez falou para mim: “Seja bem-vinda ao mar de tubarões, minha filha.”

Espero o motorista dar a volta no carro, abrindo minha porta.

— Tenha uma excelente noite, Srta. Berlin.

— Obrigada, esteja pronto às 22:00 horas.

— Como desejar, senhorita.

Caminho até a escadaria de mármore, parando para alguns fotógrafos terem sua oportunidade. Já que estava aqui, faremos como manda o figurino. Parada no meio do tapete vermelho, viro sorrindo para os fotógrafos, viro para o outro lado sorrindo mais um pouco, ao flash das máquinas quase me cegando. A questão era que os negócios de exportação de Gerald Grinfield eram interessantes, principalmente para meus planos em Buffalo, poderia ser uma parceria significante.

— Srta. Berlin! — chama um homem parado perto de mim.

Estreito os olhos minimamente tentando lembrar quem seria.

— Juan. Juan Belinhares.

Sorrio da forma mais simpática que consigo, tentando abafar minha pequena gafe de não o reconhecer. — Sr. Belinhares, que surpresa agradável encontrá-lo aqui. Não sabia que compadecia pela causa.

— Causa? Ah, claro. Tenho um apreço muito grande pela causa, afinal o futuro do nosso país está nas crianças.

— Sim, claro. — Digo esboçando um mínimo sorriso.

— Está sozinha?

— Sim.

Olho pelos ombros de Juan, vendo os garçons passarem pelo salão com bandejas repletas de champanhe. Os Grinfield capricharam, o salão está impecavelmente arrumado, as mesas muito bem organizadas, os garçons com boa apresentação. Conhecendo minha mãe como conheço, esse seria seu momento predileto, estaria escutando seus comentários sobre cada item que os Grinfield escolheram para sua pequena recepção.

— Uma mulher como você não deveria estar sozinha, posso acompanhá-la? — Juan estende o braço, sorrindo amplamente.

— Acredito que eu poderia fazer o que bem quiser. — Vejo seu sorriso cair nos cantos da boca. — Mas aceito seu convite. Essa noite pode ser interessante. — Completo passando meu braço pelo seu, deixando que ele me guie para dentro da festa.

— Uma bela festa, Gerald caprichou.

— Sim. — Comento olhando para os convidados, acredito que deva ter uns trezentos espalhados entre o salão principal, o salão adjacente que foi decorado apenas para os senhores fumarem seus charutos importados, assim como o jardim da residência está iluminado e fazendo alguns casais ou madames entediadas passearem pela bela jardinagem.

— Ângela!

A voz aguda chama minha atenção, interrompo a caminhada com Juan para encarar quem teve a coragem de sair gritando pelo salão. Mas antes que reconheça quem é a dona da voz esganiçada, sou agarrada, envolvida pelos braços da própria.

— Meu Deus! Quase surtei quando meu pai contou que viria. Tipo isso é surreal. Ângela Berlin, a mulher do poder. — diz soltando-me.

Esboço um sorriso, mas como um entortar nos lábios. — É um prazer conhecê-la...

— Hellen Godoy. — diz entusiasmada.

Juan segura o riso ao meu lado, logo outras duas garotas param ao lado de Hellen, trocando risinhos empolgados. Fazendo-me controlar para não revirar os olhos, “filhas mimadas de empresários”.

— Eu sou Erika Telles. — diz a mais altas das três, seu cabelo loiro cai pelos ombros em ondas perfeitas e arrumadas.

— Emy Lambrecht. — Apresenta-se a outra. Lambrecht, esse nome me lembra algo.

— É um prazer conhecê-las, senhoritas. — Sinto minha coach vibrar, desvio minimamente os olhos das três, abrindo minha bolsa. “Paul Vetter” brilha na tela do telefone, o que me faz querer sorrir, fui descoberta.

— Podemos tirar uma foto com você, isso seria incrível. Imaginam quantos likes teríamos?

— Claro, por que não? Não há nada de indelicado no seu pedido, minha querida. — Digo com ironia fechando a bolsa, ignorando Paul.

As três rapidamente despejam seus celulares em cima de Juan, que se divertia com a situação. — E se aglomeram em minha volta, fazendo poses e mais poses.

— Meninas, acredito que a Srta. Berlin não goste muito desse tipo de coisa.

Sorrio para Gerald, vendo as três adolescentes histéricas procurarem a próxima vítima pelo salão.

— Uma noite incrível, Sr. Grinfield. — Cumprimento-o.

— Obrigado Srta. Berlin, fico feliz que esteja apreciando a noite.

—- Dê os cumprimentos a Sra. Grinfield.

— Darei com certeza, tem uma mesa reservada para senhorita, junto de nós, é claro. Assim podemos conversar um pouco sobre o e-mail empolgante que seu setor administrativo me enviou.

— Claro.

Sento-me entre Juan e uma senhora que não conheço, Gerald e sua esposa se sentam em minha frente, possibilitando a conversa com eles.

— Bem-vindos, senhores e senhoras, a nossa festa beneficente anual. Espero que todos aproveitem a noite e que o espírito generoso toque seus corações. Tenham um excelente jantar.

Respiro fundo, mal acreditando que o cerimonialista disse isso.

— Você também acha essas festas um porre? — Juan pergunta em meu ouvido, perto demais para o próprio bem.

Concordo com um aceno pegando uma taça de champanhe, tomando um longo gole.

— Pelo menos, não morremos de fome. — Sussurra olhando os pratos em nossa frente.

Sinto novamente minha bolsa vibrar em meu colo, sei que é ele, por isso novamente ignoro sua ligação insistente.

— Srta. Berlin, as más línguas dizem que está em Washington a trabalho? — Pergunta Sr. Grinfield.

— As más línguas estão corretas, estou a trabalho, uma nova aquisição.

— Isso é excelente, eu estou empolgado para minha secretária marcar uma reunião com a senhorita, até prometi uma semana de folga com a família por Nova York

A sra. Grinfield sorri para seu marido, uma verdadeira dama da sociedade, pouco cérebro, mas muita classe.

— Acredito que adorará os ares nova-iorquinos.

— Gibson deve estar tranquilo com as empresas em suas mãos, uma empresária de ouro. — Comenta outro senhor que não me recordo do nome. — Seria um golpe duro para a Solftk se um dia você não fosse mais presidente.

Tomo mais um gole do meu champanhe, olhando-o nos olhos, coloco novamente a taça na mesa, sei que todos estão esperando uma resposta minha. — Bom, acredito fielmente no meu pai. Tanto que provei meu real valor nos negócios, quanto a Solftk um dia ficar sem mim na presidência isso é totalmente impossível.

— Eu acho incrível isso, uma mulher no poder. — Juan diz quebrando o silêncio.

— Eu adorei suas ideias para o projeto em Buffalo, acredito que será um novo rumo nas coisas. — Gerald diz sorrindo.

Claro, ele sabe o quanto pode faturar com esse projeto, mas ele não tem ideia do quanto eu posso arrancar se fizer um pequeno deslize nesse projeto.

— Senhores, vamos aproveitar o jantar. — Repreende a Sra. Grinfield. — Negócios para depois da sobremesa. — Acrescenta com um sorriso ameno.

Após uma refeição tranquila com pratos excelentes, os músicos voltam a tocar seu Jazz, convidando a todos para pista de dança. Os envelopes para as doações passaram antes mesmo que nos servissem a sobremesa, minha bolsa volta a vibrar pela milésima vez, suspiro abrindo-a e vendo a quantidade de mensagens e ligações que Paul Vetter deixou na caixa postal.

Logo meu celular começa a vibrar, indicando mais uma ligação.

—Berlin. — Atendo.

— Você pode me dizer onde está e porque não atendeu minhas ligações? — esbraveja do outro lado.

Tampo o outro ouvido tentando abafar o barulho da música. — Boa noite, como você está?

— Não se faça de cínica? Onde você está? Você está numa festa?

— Sim, Sr. Vetter. — Digo de forma irônica. — Mas não se incomode, volto depois que dançar minha música preferida, assim como a Cinderela.

Contenho a vontade de rir.

— Eu vou encontrá-la Ângela. Me aguarde! — Paul esbraveja, se ele fosse um cachorro estaria nesse momento rosnando e pronto para me atacar.

— Boa sorte, Sr. Vetter. Boa noite. — Digo desligando.

A cantora começa a cantar “Dream A Little Dream of Me” de Doris Day com perfeição. Vários casais riem e conversam enquanto dançam aproveitando a noite.

— Você me daria o prazer?

Viro-me notando Juan com a mão estendida em minha direção, um sorriso amplo no rosto. Coitado, ele tem esperanças que algo role? Não, deve ser apenas coisa de minha mente.

Aceito sua mão, deixando minha bolsa e echarpe sobre a cadeira, aceitando seu convite para dançar. Acompanho-o até o meio do salão, na pista improvisada, ele rapidamente segura minha mão esquerda, colocando sua mão livre na base de minha coluna, espalmando a mão nas minhas costas pela fenda do vestido. O que comprova que ele tem intenções.

Juan me gira pela pista de dança, ele dança de forma elegante, me conduzindo de maneira fácil, sem forçar nenhum passo.

— Você dança bem, Sr. Belinhares. — Verbalizo meus pensamentos.

Ele faz um gingado como fosse me girar, mas me puxa novamente para seu corpo sorrindo. — Anos de prática e muitas aulas com minha mãe.

— Sua mãe tem muito bom senso em forçá-lo a dançar, não são muitos cavalheiros que nos dão uma dança prazerosa nos dias de hoje.

Ele esboça um sorriso ainda maior. — Fico lisonjeado com seu comentário, mas devo confessar que fui apenas um peão, já que meu pai se recusou a fazer as aulas com ela.

Solto uma risada baixa. — De todo modo, foi bom. — Digo contendo o riso.

Ele me gira mais uma vez, emendando mais uma dança. O saxofone nos embala em mais uma canção, mas Juan para de repente, olhando para algo por cima de meu ombro.

— Tudo bem, Juan?

— A senhorita me daria à honra da próxima dança?

Sinto o calafrio no corpo pelas suas palavras, mesmo com certa raiva eu queria sorrir. Juan deu um passo para o lado, deixando que me virasse para olhar quem estava pedindo pela próxima dança. E então meus olhos foram do belo e musculoso Juan para encarar os olhos frios e arrogantes de Paul Vetter.

— Sr. Vetter, claro.

Observo Vetter cumprimentar Juan com um pequeno gesto de cabeça, Juan se vira novamente para mim, beija o dorso de minha mão.

— Muito obrigada pela excelente companhia, Juan.

— O prazer foi todo meu Ângela, obrigada pela incrível noite.

Sorrio vendo-o se afastar e as mãos de Paul segurarem firmemente minha cintura, me cercando com sua presença. Era como se seu corpo irradiasse uma magnitude para o meu.

— Eu disse que a encontraria. — Sua voz soou rouca em meu ouvido.

— Muita petulância entrar numa festa sem ser convidado, Sr. Vetter. — Digo, virando para ele.

Vetter me rodopia, fazendo meu corpo se chocar brutamente no seu. — Seria muita tolice tal pensamento passar por uma mente tão inteligente.

Encaro seus olhos negros.

— Eu já disse Srta. Berlin, não sou como os homens de negócio que você está acostumada a lidar. Não preciso de convite para recepções como está. — Paul sorri olhando para as pessoas em nossa volta. Ele interrompe a dança de forma brusca, nos conduzindo pelos convidados, Paul era parado por alguns homens que tentavam mantê-lo numa conversa, mas ele foi escorregadio com todos, logo estávamos num corredor vazio da mansão.

— Você parece conhecer bem a mansão. — Comento sendo conduzida pelo corredor, Paul não para um segundo sequer, segue no corredor logo virando para outro, os sons da festa vão diminuindo atrás de nós conforme ele me conduz cada vez mais para dentro da mansão.

— Conheço bem Victoria Grinfield e Gerald. Gerald é um péssimo jogador de golfe.

Paul abre uma porta próxima, fechando-a assim que passo. É uma espécie de sala social, alguns sofás ocupam o centro, uma lareira está acessa dando a sensação de aconchego. Me viro a tempo de vê-lo trancar a porta, Paul solta o nó da gravata, jogando-a longe e faz a mesma coisa com o paletó.

— Tem uma festa rolando abaixo de nós Sr. Vetter, sua prepotência é tamanha que ignora tal fato? Que eu sou uma das convidadas e que essa noite seria excelente para meus planos futuros?

Ele se aproxima de mim como um felino enjaulado, solta os botões de sua camisa, dobrando as mangas na altura dos cotovelos.

— Tenho certeza absoluta disso Srta. Berlin, você não perderia seu precioso tempo fazendo uma mínima ligação, como também não perderia comparecendo há um evento tão enfadonho como esse, se deleitando da companhia de Juan Belinhares por simples e puro prazer.

— Será mesmo? — confronto sentando no braço do sofá subindo um pouco o vestido, permitindo que a fenda lateral do vestido mostre minha perna e um pedaço da cinta liga. — Juan dançava muito bem, sabe o ditado popular, um homem que conduz bem uma dama na dança, pode levá-la para qualquer lugar.

Paul Vetter caminha até mim. — Eu adoraria calar sua boca impertinente por várias horas, mas creio que temos poucos minutos e você precisa de uma lição.

Ele me puxa para seu corpo, suas mãos percorrendo minha perna, entrando pela fenda na coxa esquerda, subindo e ganhando campo. Um gemido escapa de meus lábios, é involuntário. Sua mão livre percorre minhas costas, descendo as alças finas do vestido preto. Logo estou apenas com a minúscula calcinha, meus seios amostra pela escolha de vestido com as costas de fora, meia sete oitavos e saltos.

E Paul Vetter continua vestido.

— Sabe, Ângela. — Ele passa o dedo indicador pelo meu rosto, brincando com meus lábios, enquanto eu queimo de desejo. — Fico realmente incomodado, ou melhor, com muita raiva quando Sean informou sua saída, mesmo eu pedindo com toda educação que não saísse sem um de meus seguranças. — Paul abre os botões da camisa, revelando seu abdômen definidos pelos treinos constantes na academia. — Muitas ideias passaram por minha mente a caminho da festa.

- Ideias? — pergunto sorrindo.

- Sim, muitas ideias.

Paul se aproxima, virando-me de costas para ele, meu corpo inclinado sobre o sofá, deixando minha bunda empinada em sua direção. Ele acerta um tapa que queima minha pele e me faz gemer com a expectativa do que está por vir. Sinto seus dedos deslizarem pelo meu corpo com posse, assim como outro tapa é dado em minha bunda e mais gemidos incoerentes escapam pela minha boca, ele é um verdadeiro filho da puta.

Ele afasta minha calcinha brincando com meu clitóris, fazendo meu corpo se contorcer com seu toque, seus dedos somem mais sinto seu pênis ocupar o lugar de seus dedos, enfiando fundo em minha carne, ambos gememos com a sensação que nos percorre. Sei que Paul pode me fazer gozar a qualquer momento, eu estou excitada, sinto meu corpo em chamas. Porém, também sei que Paul não aliviaria para mim, de maneira alguma.

Suas mãos seguram meu quadril e logo ele pega um ritmo rápido e constante, me penetrando de maneira funda por conta de minha posição, sinto meu ventre se contrair, eu preciso gozar, eu quero gozar.

— Nada disso. — Avisa colando sua boca em minhas costas, mordendo e chupando aquele pedaço de pele amostra.

Paul para por alguns segundos me fazendo voltar do caminho que percorria, fazendo meu sexo pulsar pela vontade de liberar a tensão. Empurro meu quadril para trás, pegando Vetter desprevenido, conseguindo sair de sua presa. Os olhos negros estão maliciosos, com toques carnais e ferozes, eu sei que ele vem me pegar, mas antecipo o passo, empurro seu corpo para o sofá que estava apoiada subindo em seu colo. Não dou tempo para ele reclamar ou impedir meu ato, sento sobre seu pau, me sentindo completa, sentido meu sexo pulsar em torno dele.

— Que merda, Ângela! — a voz de Paul sai de forma baixa, através de um suspiro.

Começo meu vai e vem entrando num ritmo perfeito, para cima e para baixo, repetindo tudo enquanto Paul geme agarrando meu cabelo.

— Desculpa baby, mais a última palavra continua sendo a minha. — Digo colando minha boca na sua, minha língua percorrendo de forma erótica a sua, sinto seu membro vibrar dentro de mim e eu me rendo junto a ele, sentindo-o gozar dentro de mim, seu corpo estremecendo de prazer, junto com o meu.

— Você me paga, Ângela Berlin. — Sussurra de forma irregular, me fazendo sorrir ainda mais satisfeita. Por que eu sei que sua possível vingança será muito melhor.


CAPÍTULO 15

 

O sol que me desperta na manhã seguinte, se infiltrando pelas cortinas abertas que ontem foram esquecidas, assim como as roupas espalhadas pelo chão do quarto. Paul ainda dormia relaxado ao meu lado, seu braço descansando perto de mim. Abandono a cama disposta a começar meu dia cedo, amanhã será meu último dia aqui, por tanto quero aproveitar o máximo antes de voltar para Nova York. Com um aperto significativo no peito, mas era assim que as coisas aconteciam. Pelo menos tive bons momentos, um sexo incrível e pude ver mesmo que escondido um lado carinhoso e gentil de Paul.

Entro no chuveiro deixando que a água acalmasse os sentimentos borbulhando dentro de mim, faço tudo o mais silenciosamente possível, mas quando retorno para o quarto Paul está encostado na cabeceira da cama.

— Bom dia, linda.

Um sorriso de matar nos lábios, a voz rouca devido ao tempo sem uso.

— Bom dia.

— Acordou disposta?

— Sim, quero aproveitar esse dia para visitar o edifício.

— Por que você não se preocupa, no momento, em tomar café? — questiona se levantando, mostrando a pequena ereção matinal e aquele corpo de parar o trânsito nu. Meus olhos percorrem cada músculo do seu corpo, minha boca seca. — Eu vou tomar um banho, encontro você lá embaixo.

Não me controlo e dou uma boa olhada para bunda fantástica quando ele passa em direção do banheiro, de repente Paul se vira sorrindo, ao me pegar no flagra. — Se você não tivesse sido apressadinha, poderia ir tomar banho comigo.

Era tentadora a ideia de entrar no banheiro enquanto ele tomava seu banho. Maldito tentador sexy! Mas prefiro terminar de colocar minha blusa e saia social e deixar o seu quarto, descendo as escadas em direção à cozinha.

Nas escadas eu já pude sentir o cheiro de café e outras coisas e meu estômago se agita para a vida. Célia estava colocando diversas coisas gostosas sobre a mesa.

— Bom Dia. — Murmuro.

— Bom Dia, Srta. Berlin. — Célia sorri simpática.

Sento observando a mesa farta de café da manhã, uma variedade de pães doces, frutas, suco, um bolo de chocolate que está gritando por mim mais adiante.

— Srta. Berlin.

Viro na cadeira notando Philip parado perto do corredor.

— Bom... dia Philip — digo engolindo o grande pedaço de bolo que tinha colocado na boca.

Pela primeira vez eu vejo a sombra de um sorriso em seu rosto, ele continua parado olhando para mim de longe e percebo que Paul tinha chego na sala, não só pelos seus passos, mas pela pequena sombra de um sorriso no rosto de Philip sumir.

Viro e lá estava ele, de banho tomado, devidamente vestido em seu terno caro, nesses dias que passei na companhia de Paul Vetter percebi que ele tinha uma grande coleção de luxuosos ternos pretos. Hoje estava parecendo um verdadeiro vilão, todo vestido de preto, incluindo sua camisa. Apenas a gravata prata contrastava, estava lindo, como sempre, parecendo um modelo de propaganda da Dsquared .

— Bom dia, Philip. — Ele murmura.

— Sr. Vetter.

— Tudo pronto para Bainbridge?

— Sim, senhor.

— Perfeito, reserve a mesa de sempre no SkyCity.

— Sim, Sr. Vetter.

Paul faz um gesto dispensando Philip, espero Philip sumir pelo corredor para olhar novamente para Paul.

— Bainbridge? O que é isso?

— Você já comeu algo? — Paul pergunta.

Concordo. — Não fuja do assunto!

— Ângela, sempre ávida para tudo. Logo você saberá.

Tomo mais um gole do café puro, olhando para ele por cima da xícara, não consigo morder minha língua a tempo de minha curiosidade me trair. Sei que Paul havia comentado que tinha jantado com a mãe naquele dia, mas... Será que era Leila Raymond, que esteve aqui ou outra mulher?

— Quem era a mulher que esteve aqui esses dias?

Paul abaixa sua própria xícara com um sorriso dissimulado no rosto. — Então você estava acordada?

Dou de ombro escondendo minha vergonha por assumir que estava espiando-o aquela noite.

— Minha mãe Ângela, eu disse que jantei com ela aquele dia. — Ele puxa meu rosto para cima, fazendo nossos olhos se encontrarem. — Você achou que tinha trazido uma mulher para cá?

— Eu... eu... — Gaguejo me amaldiçoando nesse momento. Estúpida!

— Ah minha linda, que mente fértil você tem. — Paul solta uma gargalhada alta.

— Engula seu risinho Vetter e, se apronte para o trabalho. — Ameaço irritada, mais comigo mesma do que com ele, porém isso só serviu de estopim para ele rir ainda mais. — Nós vemos no escritório.

Levanto deixando meu café ainda não terminado de lado, produzindo um ruído alto ao arrastar a cadeira, indo em direção a escada.

Paul segura firme minha mão. Seu olhar encontra o meu, quente e devastador. Ele levanta o indicador, fazendo um gesto para que me aproxime.

Dou dois passos, parando em sua frente. — O quê? — resmungo com a garganta seca.

— Tenho outros planos.

— Paul, temos que deixar tudo encaminhado para a empresa. Que outros planos seriam esses?

— Fique tranquila, iremos nos encontrar com Fred na obra e depois almoçaremos juntos. Por tanto não precisa do seu carro hoje e já estou sabendo que fez ótimas reuniões sem minha presença, tenho relatórios de meus funcionários comprovando isso. Mas eu não vou conseguir o que eu quero se você estiver em um escritório e eu em uma reunião, por isso vamos antecipar nosso final de semana.

Suspiro.

— Hoje você é somente minha, Ângela Berlin. Portanto, pegue suas coisas e vamos aproveitar nosso dia.

Um sorriso escapa, espelhando o de Paul, viro ando apressada de volta para o quarto me questionando o que Paul está aprontando, refaço minha higiene, pego minha bolsa e volto para a sala, encontrando Paul de pé perto da sacada, admirando a vista de Washington aos seus pés.

— Pronta? — pergunta assim que me aproximo.

Passo por ele concordando com a cabeça, seguindo para o elevador.

— Vamos embora, antes que o meu plano vá por água abaixo.

— Por quê? — pergunto com tom de inocência, entrando no elevador, ele passa por mim me dando um tapa forte na bunda e eu acabo rindo da forma como ele me olha, como se quisesse me comer aqui e agora.

— Você percebeu como essa sua saia é instigante? — pergunta me cercando contra a parede. — Acredito que sim, você sabe muito bem do seu poder e mais ainda do quanto é sensual. — Complementa roçando seu corpo contra o meu, me fazendo perceber seu membro já dando sinais de vida.

— Adoraria um sexo no elevador — digo na maior cara de pau.

— Ângela — me repreende, puxando meu corpo, fazendo nossos corpos se fundirem, uma de suas mãos brinca com a fenda de minha saia causando arrepios. — Não me provoque.

Solto uma risada baixa, saindo do elevador assim que paramos na garagem. Philip já nos aguarda com o carro ligado e Sean ao lado.

Paul pega minha mão entrelaçando nossos dedos, me deixando sem ação, totalmente surpresa pelo ato.

— Bom dia Sr. Vetter, Srta. Berlin.

— Bom dia Sean. — Cumprimento entrando no banco traseiro, seguida por Paul. — Acredito que Sean não está muito contente comigo. — Completo olhando para o segurança se afastando do carro.

Paul solta uma risada baixa. — Você causou problemas para o pobre coitado, mas Sean é novo, vai se acostumar.

— Queria saber de qual canil você arruma esses cães farejadores. — Retruco.

Paul ergue nossas mãos entrelaçadas dando um beijo em meus dedos, novamente me pegando de surpresa, desde que chegamos do evento ele vem sendo calmo e agradável, até mesmo extremamente carinhoso.

— Posso saber como me encontrou ontem? — pergunto virando-me para ele.

— Tenho meus contatos, Srta. Berlin.

Olho novamente para as ruas, vendo a beleza de Washington passar diante de nós, Philip logo saia do centro movimentado da cidade, pegando a I35, seguindo para Seattle.

Meu telefone começa a tocar, abro a bolsa e vasculho meus pertences, pegando o aparelho nas mãos.

Lian, atendo quando soa o terceiro toque.

— Lian. — Vejo Vetter comprimir os lábios, seu rosto virar uma carranca.

— Minha querida, como você está?

— Bem, estou aproveitando meus últimos dias. — Solto um riso sem graça. — Como estão as coisas por aí?

— Analisei os documentos que você me enviou, porém, gostaria de discutir pessoalmente. Também recebi um e-mail do escritório de Gerald Grinfield, parece que você conseguiu fisgar o velho.

— Isso é ótimo, creio que marcar presença em seu evento contou como um ponto positivo para mim.

— Pode acreditar que contou, devo dizer que no e-mail ele está bastante empolgado. — diz Lian.

— Ele mesmo entrou em contato?

— Sim, minha querida. Prevejo mais um comendo em suas mãos.

Paul vira para me olhar e seu olhar queima de raiva.

— Que tal um jantar? Um restaurante de comida italiana, Parlin, que me diz? Assim podemos discutir tudo e você me contar o que tem de tão interessante na Capital. — Escuto o barulho de gavetas abrindo e fechando, com certeza ele está no escritório.

— Pode ser, eu conheço o Parlin, estive uma vez nesse restaurante, podemos combinar quando eu retornar.

— Desligue. — Paul ordena em tom baixo.

Lian está falando algo que nem entendo, meus olhos ficaram grudados no de Paul.

— Desligue esse telefone, Ângela. Ou vou jogá-lo pela janela.

Interrompo o que Lian dizia, inventando uma desculpa para encerrar a ligação. — Que porra foi isso?

— Esse cara me dá nos nervos. — Paul diz bufando.

— É por isso você se acha no direito de ditar quando e quanto tempo eu falo com um funcionário meu?

Paul torce a boca, mas se mantém calado.

— Estava resolvendo coisas da minha empresa.

— E precisa ser discutido em um restaurante? Se são coisas de cunho empresarial trate no escritório quando retornar.

— Paul... — Reclamo, mas no fundo estou adorando esse lado dele. Paul Vetter está com ciúmes?

Ele respira fundo olhando para a janela, o carro desacelera parando em frente ao nosso futuro arranha-céu, pedreiros e homens com equipamentos de proteção entrando e saindo o tempo todo, a reforma está a todo vapor. O que me deixa contente.

— Vamos, temos muito que ver.

Salto do carro analisando a entrada do edifício já pronta, uma réplica exata da maquete que nos foi apresentada, a fachada decorada com vidros espelhados reflete o centro de Seattle, demonstrando poder e sofisticação. Realmente fizeram um excelente trabalho.

— Sr. Vetter, que bom que chegou. — Brock se antecipa cumprimentando Paul com um aperto de mãos. — Srta. Berlin, bom vê-la novamente.

— Igualmente Brock. — Digo com um sorriso amigável. — A entrada está magnífica!

— Fico feliz que tenha gostado. — Fred surge do meu lado sorrindo de forma galante o que arranca um suspiro de Paul. — Sr. Vetter.

— Fred. Podemos olhar o interior?

— Claro, vou buscar dois capacetes e podemos conhecer as instalações.

Paul segura meu cotovelo, puxando-me para ele assim que Fred e Brock se afastam.

— Ai! — exclamo tentando me desvencilhar do aperto em meu braço.

— Nada de galanteios com meus funcionários, Srta. Berlin.

Seguro o riso olhando para seu rosto. — Não tenho culpa e acho bom você se manter calmo, qualquer dia irá explodir como uma bomba, Sr. Vetter. — Caçoou, chegando mais perto, colando minha boa em seu ouvido. — Infarto na sua idade pode ser fatal ou então deixá-lo como um velho moribundo.

— Ângela, Ângela. Não brinque com fogo. — diz me soltando.


No início da tarde Philip estaciona na entrada do Space Needle, a primeira parada foi o mirante. Uma vista de trezentos e sessenta graus de Seattle, se eu já havia achado a cidade charmosa vista do chão, aqui do alto ela era deslumbrante. Apoio as mãos sobre a grade, esquecendo por um momento da fome que apertava meu estômago, me deslumbrando com a vista.

— É lindo.

Paul encosta em minhas costas, suas mãos segurando minha cintura. Quem nos olhasse não passaríamos de mais um casal admirando a vista. — Não fui um bom anfitrião.

— Sem problemas, hoje você compensou.

— Moro aqui há anos, almoço pelo menos uma vez na semana aqui e nunca tinha vindo ao mirante.

— Sério? — questiono desconfiada. — Nunca trouxe nenhuma namorada interesseira para admirar essa vista?

Paul me vira, colando nossos corpos, deixando nossas bocas a centímetros uma da outra, fazendo com que eu sinta cada palavra tocar minha pele. — Não, Ângela.

Seus olhos estavam mais claros, podia até dizer que muito mais para o castanho do que para o sempre preto furioso, seus dedos brincavam com os fios selvagens de meus cabelos, tirando-os do rosto. Paul se aproxima um pouco, sua boca tocando o canto de meus lábios.

— O que você tem... — sussurra.

— Como assim? — pergunto encarando seus olhos.

Ele respira fundo se afastando. — Venha, vamos comer.

O almoço transcorre de maneira calma, Paul estava mais relaxado que o normal o que fez as conversas fluírem com facilidade.

— Você tem um ótimo projeto em mãos, Ângela.

Como o último pedaço de frango jidori , encarando Paul tomar um gole do vinho, totalmente relaxado.

— Projeto?

— Sim, Buffalo.

Aceno concordando.

— Esse projeto é mais que isso, correto?

Tomo um gole do meu vinho, prolongando minha resposta. — Diferente desses hipócritas milionários, eu quero fazer o bem. Não vou a eventos para me empanturrar de boa comida e exibir meu corpo em vestidos caros, eu vou para fazer negócio. Devo dizer que é uma excelente oportunidade.

— Tenho certeza que não. Você é uma mulher astuta Ângela, não perde tempo com coisas fúteis.

Ficamos um momento nos encarando em silêncio.

— Qual é a causa?

— Crianças, sem causa especifica, eu não ligo. Quero apenas ajudar.

Noto Vetter desviar o olhar ficando sério e sua postura mais ereta. Uma loira alta se aproxima de nossa mesa com um enorme sorriso, um vestido champanhe acentua suas curvas, deixando-a ainda mais bonita.

— Vetter, que saudade! — ela praticamente se joga em cima de Paul no instante que ele fica de pé.

— Você está lindíssima, Charlotte. — Elogia — Como foi à viagem para França?

— Ah, magnífica. Foi tudo perfeito.

— Como Richard está?

— Você o conhece, não para de falar sobre seus planos. Ele ficou muito empolgado com seu convite. — Charlotte diz, as mãos apoiadas no peito de Paul, com verdadeira intimidade.

Solto um suspiro irritada tomando um gole do meu vinho. Paul nota minha cara de desagrado e se vira para mim, sua mão continua apoiada na cintura de Charlotte.

— Charlotte, essa é Ângela Berlin. — Paul faz as apresentações. — Ângela, Charlotte Carlan.

Esboço um sorriso de falso contentamento. — Muito prazer, Srta. Carlan.

Charlotte rapidamente se vira para Paul, me deixando novamente no esquecimento comentando sobre seu período em Paris, como o tal de Richard tinha planos, ela própria parecia ter grandes planos para Paul, principalmente no meio de suas coxas. Acredito que se ele a mandasse a merda, Charlotte teria rido e falado “Ah querido, como estava com saudade” . Juro por Deus, eu queria me jogar pela janela de vidro do que escutar mais um “querido” vindo daquela boca.

Depois de minutos aguentando o papo animado dos dois, pego minha bolsa me levantando. Paul olha para mim questionando meu ato.

— Toallet .

Saio de nossa mesa deixando-o com a animada Charlotte, a poucos metros do banheiro perco o resto de minha paciência e sigo para a entrada do restaurante.

Eu poderia com certeza ter tacado minha taça de vinho na cara de Charlotte, poderia ter feito uma cena. Mas para que? E o porquê faria uma cena?

Por Paul ter dormido algumas vezes comigo? Com certeza, não.

— Espero que tenha aproveitado, senhorita. — O maître cumpriment a sorrindo. — Tenha uma ótima tarde.

Poucos instantes eu estava de volta a entrada do Space Needle, olhando o trafego da Broad St. Tudo que eu queria era um táxi, apenas me afastar de tudo, inclusive do ciúmes que consumia minhas veias.

— Srta. Berlin?

— Me arrume um táxi, Philip.

Philip me olha confuso, mas obedece a minha ordem, parando o primeiro táxi que passava pela avenida.

— Srta. Berlin, deixe-me levá-la.

— Philip não me entenda mal, mas você é como um cão fiel ao dono. E no momento eu quero mandar seu chefe à merda.

— Compreendo Srta. Berlin, poderia ao menos dizer onde pretende ir? — pergunta abrindo a porta do carro, mas logo se cala quando vê meu olhar. Ele sabia que não arrancaria nada de mim.


Escancaro a porta do quarto jogando longe meus saltos, me livrando da roupa. Foda-se Paul Vetter, foda-se aquele corpo de arrancar suspiro, foda-se tudo. Ele que fique com aquele abutre loiro.

Visto um roupão de seda por cima da lingerie, Célia estava na cozinha e sorri quando passo por ela.

— Deseja algo, Srta. Berlin?

— Não, obrigada.

Desabo no sofá conferindo as mensagens no celular, será que ele já tinha notado meu sumiço? Aposto que não, Charlotte estava sendo uma bela distração.

A porta do elevador se abre com violência, assustando-me. Paul cruza a sala com uma expressão assassina nos olhos, Philip o seguia, sua expressão era impagável. Ou talvez ele tivesse tentando-me alertar que Paul estava além do status de furioso.

— Saia, Philip. — Esbraveja com os olhos colados nos meus. — Me deixe a sós com a Srta. Berlin.

Philip vira, sumindo pelo pequeno corredor à direita. Vejo a boca de boca de Paul se abrir minimamente com um suspiro.

— Que porra você pensa que estava fazendo?

— Acho que ficou bem claro, por tanto não preciso dar explicações. — Desafio cruzando minhas pernas. O simples ato faz meu robe escorregar mostrando minha pele, atraindo o olhar de Paul.

— Cansei dessa historinha de cão e gato. — Paul anda alguns passos, encurtando nossa distância, fazendo meu corpo esquentar com a expectativa.

Arqueio uma das sobrancelhas caçoando. — Não notei nenhum joguinho aqui, muito pelo contrário, notei um abutre em cima de você no restaurante. E eu não lido muito bem com piranhas.

Paul chega mais perto, um sorriso diabólico pinta seus lábios. — Tudo isso por ciúmes?

Levanto do sofá, pronta para deixá-lo sozinho. — Não seja ridículo, por favor.

Posso sentir seu perfume atingindo-me em cheio quando ele dá os últimos passos, terminando com o espaço razoável que tinha entre nós. As pontas dos seus dedos percorrem minha pele, podia sentir mesmo por cima do robe de seda, foi inegável o prazer que ia dominando meu corpo, queimando minhas veias pouco a pouco.

Paul foi rápido, segurou meu cabelo, virando-me de costas para ele, colando meu corpo ao seu, eu sentia sua ereção já marcante na calça social. — Eu admiro sua coragem de me desafiar Ângela, confesso que isso aumenta o tesão que eu tenho para fazê-la se curvar.

— Vá à merda. — Solto, podia sentir minhas pernas fraquejarem, maldito corpo que me deixava na mão bem nesse instante, se curvando para Paul Vetter.

Sinto o hálito de Paul bater em pequenas rajadas em meu ombro, o filha da puta estava rindo, lógico que ele estava adorando tudo isso. Sua mão livre começa a me despir, soltando o laço frouxo do robe, deixando-o cair aos nossos pés.

— Simplesmente divina, vamos Ângela, quero você entregue a mim, prometo que vou cuidar de você, minha linda.

Ele não espera por uma resposta, suas mãos subiram pelas minhas costas desabotoando meu sutiã, deslizando-o lentamente pelo meu corpo até cair no chão. Gemo sentindo suas mãos massagearem meus mamilos, fazendo-os enrijecerem imediatamente.

— Ah...isso mesmo minha linda.

E quando sua mão toca a renda de minha calcinha, puxando-a para baixo do quadril, o arrepio de desejo veio forte. Quando Paul se inclina para beijar meu pescoço, eu deixo minha cabeça cair para trás, nas mãos dele. Não tentei resistir, embora fosse isso que sempre fazia, deixei que Paul Vetter me levasse, deixei que ele sentisse meu desejo e soubesse que eu estava nesse exato momento em suas mãos.

— Afaste as pernas. — Ordena descendo suas mãos entre minhas coxas. Seus dedos tocaram minha intimidade assim que afasto minhas pernas, permitindo seu toque, seus dedos deslizando para dentro de mim, fizeram meu corpo estremecer.

— Como eu gostaria que você se comunicasse comigo como seu corpo. Sente-se na ponta do sofá. — Ordena novamente, abandonando meu corpo, deixando-me desapontada.

Paul retirar a própria roupa é um verdadeiro espetáculo, seu abdômen definido, ver os músculos trabalhando num simples gesto de tirar a camisa social era de se aplaudir. Espero pacientemente todo processo, encarando seus olhos famintos e nebulosos. — Eu não quero que tome nenhuma atitude, hoje vou provar como pode ser satisfatório me obedecer.

Ele se ajoelha em minha frente, deixando sua gravata ao lado de minha perna. Um sorriso sedutor presente sem sua boca, ele afasta o rosto de meu sexo, lambendo os próprios lábios.

— Separe bem as pernas e não se mexa.

— Paul.

— Quieta, apenas sinta, apenas aprecie. — diz chupando os dedos.

Eu mal podia aguentar, toda aquela calma, os gestos feitos de forma lenta estava me torturando em níveis colossais.

— De forma alguma goze, controle seu corpo. — Paul introduz aqueles mesmos dedos em meu sexo, esfregando meu clitóris, brincando com a entrada de minha vagina. O prazer era uma dor aguda em meu corpo, em meu clitóris pulsando de desejo.

Paul desliza os dedos introduzindo-os, fazendo eu me arquear na direção de sua mão, recebendo um tapa na parte interna de minha coxa. Ele movia a mão, o polegar fazendo pequenos círculos em meu clitóris se juntando a tortura que me consumia.

— Você quer gozar?

— Paul...

— Diga, Ângela.

— Sim! — praticamente grito. Eu precisava disso, precisava aliviar a pressão que me consumia.

— Mas não vai, você vai esperar meu comando. Controle seu corpo, controle sua mente.

Paul dá outro tapa em minha coxa, dessa vez mais perto de meu sexo.

— Puta que pariu!

Escuto sua risada rouca. — Segure, se você gozar eu não tocarei mais em você.

Outro tapa, dessa vez em meu clitóris, minha alma pegava fogo. Era punitivo, estava indo além do nível de dor que o tapa poderia ter causado, era puro prazer.

— Eu vou controlar. — Digo num murmúrio.

Meu corpo se contorcia, mas Paul nem ligava. Continuava trabalhando sobre ele, seu polegar esfregando e pressionando meu clitóris. A outra mão passeava pelo meu corpo, parando algumas vezes para beliscar meus seios. Era difícil controlar todas as sensações que se espalhavam pelo meu corpo, minha cabeça doía, meu corpo estava tenso.

Paul tira as mãos, fazendo eu me afundar de frustração. Ele pega a gravata ao meu lado, juntando minhas mãos em frente a corpo, dando um nó complicado.

— Para que isso?

— Uma das nossas maiores sensações está no toque, Srta. Berlin. — Ele exibe um sorriso satisfeito ao me ver literalmente de mãos atadas. — Quando uma de suas sensações não funciona, automaticamente as outras ficam mais sensíveis. Por exemplo, se eu tirasse sua visão, seu tato e audição ficaram mais aguçados. A mesma coisa acontece quando eu tiro o seu poder de toque.

Paul me ajeita no sofá, deixando meu corpo totalmente aberto e exposto para ele, minhas mãos estavam amarradas a cima da cabeça deixando-me inquieta.

— O fato de ter tirado seu poder de toque, será um grande aliado quando eu estiver fodendo você.

Ele agarra minha cintura, puxando-me até seu corpo, enroscando minhas pernas sobre seu quadril. Eu podia sentir a ponta de seu pênis tocar minha entrada, eu era a própria agonia, se ele não terminasse isso logo eu explodiria.

Acompanho todo o processo de Paul colocar o preservativo, encarar todo meu corpo sorrindo de modo preguiçoso, bastante satisfeito consigo mesmo. Como se lesse meus pensamentos ele se enterra dentro de mim com um movimento do quadril, me fazendo arfar. Paul começa a se movimentar, o quadril indo e vindo, eu mirava seus olhos, presa naquele olhar negro, tudo estava no limite. Realmente o fato de minhas mãos estarem amarradas ampliava muito as sensações, eu queria puxá-lo para mim, queria agarrar seus cabelos, sentir sua boca sobre a minha.

Paul abaixou a cabeça chupando meu mamilo, usando os dentes para roçar aquela carne sensível, dando mordidas leves e outras mais fortes.

— Ah... Paul.

— Eu iria deixá-la amarrada até que terminasse de foder você, mas não aguento. Quero suas mãos em meu corpo. — diz me libertando, enlaçando meu corpo para cima do dele, aumentando os movimentos em um ritmo forte, fazendo meu corpo cair sobre o dele.

Eu sentia pequenas pontadas de dor pelas estocadas misturadas com prazer. O prazer martelava nossos corpos naquele vaivém bruto, nos cegando, fazendo Paul e eu gozarmos juntos.

Meu corpo desaba sobre o dele, os batimentos cardíacos estavam tão selvagens que eu tinha certeza que ele poderia ouvir.

— Fique comigo. — Paul sussurra de forma entrecortada em meu ouvido.

Merda, tudo que eu queria era responder sim. Eu estava indo em direção ao abismo e em vez de desacelerar, eu aumentava a corrida.


CAPÍTULO 16

 

— Deslumbrante esse Vanquish! — digo encantada.

— Gostou?

— Muito, é demais.

— Então você entende de vinhos e carros?

— Sim, minhas paixões — respondo com os olhos brilhando.

O Aston Martin Vanquish além de imponente com certeza é o tipo de carro que eu pediria de presente. A máquina preta reluzente, parecendo um felino preste a dar o bote, chama muita, mais muita atenção. Eu já estou adorando o passeio e nem estou dentro do carro. Paul dá volta e abre a porta para mim.

Entro, me acomodando no banco de couro, Paul desliza ao meu lado e um segundo depois nós estamos saindo da garagem e caindo nas ruas de Washington.

É incrível como o motorista e o carro são parecidos, ambos imponentes, lindos e que arrancam segundos e terceiros olhares das pessoas. Paul coloca os óculos de sol e põe uma música para tocar. Reconheço os primeiros acordes de “Bed Of Roses — Bon Jovi”

— And the truth is, baby, you're all that I need — cantarolo.

— Aprecia Bon Jovi? — Paul pergunta por cima da música.

Sorrio concordando com a cabeça ainda cantarolando sobre um homem que quer deitar a amada em uma cama de rosas. Paul acompanha batucando de leve o volante no mesmo ritmo da música, sorrindo genuinamente para mim.

— Então você não vai me dizer mesmo aonde nós vamos? — pergunto quando a música acaba, já abaixando meus óculos escuros. — Tem algo a ver com Bainbridge? Ouvi você comentando com Philip ontem e hoje pela manhã.

— Gosta de Aerosmith? — Paul foge do assunto.

— Sim, “Dream on” ?

Paul sorri abaixando um pouco o volume do som no volante quando a guitarra começa a ganhar força na música. Meu celular toca, desço o braço para pegá-lo em meu colo, porém Paul é mais rápido que eu.

— Paul Vetter. — Atende me olhando, ele espera um segundo — Quem seria? — mais uns instantes passam, ele entrega o telefone com um sorriso safado no rosto. — Uma amiga chamada Ana.

— Ana!

— Garota! Hey estou morrendo de saudades e me diga quem é o dono dessa voz maravilhosa? Andou contratando algum assistente Deus grego para você abusar?

— Não Ana, não contratei um novo assistente, continuo com Susan, — faço uma careta em direção a Paul que ri, divertindo-se com a situação. — Paul Vetter é meu sócio, é com ele que estou acertando as coisas aqui em Washington.

— Meu Deus! Você vai ter que me contar tudo, não vejo à hora de você estar de volta, estou louca para ouvir as novidades. Onde você está? Estou atrapalhando seu trabalho? Tirei um tempo no meu almoço e resolvi ligar. Você pode falar agora? E porque ele está atendendo seu telefone? Ai meu Deus, vocês estão transando? — Ana dispara a falar, arrancando uma gargalhada minha.

Paul me olha com interesse.

— Sim para algumas de suas perguntas. Estou indo para algum lugar que eu não sei onde é. E não estou dirigindo, então podemos falar.

— Como assim um lugar que você não sabe onde é? Então você está dando para seu sócio com a voz sexy? Garota safada. Não sabia que era assim que garantia suas filiais, agora entendo como está virando essa mulher de negócios importantes. Lian estava se gabando esses dias no elevador para mim sobre certo jantar de vocês, você continua usando o pobre coitado? — Ana se divertia me provocando.

— Ana vá à merda, não quero nada com ele e você já está se ocupando com alguém ou sua vida é me encher o saco? — brinco, evitando falar nomes. — E sim, Paul e eu tiramos o dia de folga. Você devia estar no meio de livros não?

— Oh o quê? Sério? Mas e o lance de não se apaixonar, de usar os homens como escravos sexuais? Eu sabia, alguma coisa me dizia que não duraria muito tempo. Só por que ele entrou em sua vida, não pode raptá-la para sempre e a senhorita ainda vai ter que me contar tudo, exatamente como começou. Ele está aí?

— Lance do contrato está de pé, é só um passeio. Pode deixar que conto tudo quando chegar amanhã, que tal sairmos para jantar? — olho para Paul de novo, mas ele não está sorrindo, está concentrado no trânsito.

— Perfeito, assim que sua carranca e bunda gorda pousar em Nova York me ligue.

— Combinado, segure sua cara de bunda seca para quando eu chegar. — Ana e eu sempre nos tratamos assim, éramos amigas a um bom tempo e apelidos carinhosos não faziam parte de nossa amizade.

— Eu tenho que desligar. Até breve.

— Até breve Ana, comporte-se também. — Ouço sua gargalhada do outro lado, ela faz o barulho de um beijo estalado encerrando a ligação.

Ponho o celular na bolsa com um sorriso largo, estou contente de ouvir a voz dela. Eu sinto tanto a sua falta, com seu trabalho e o meu, acabamos passando algum tempo longe, nos vemos quando dá, porém, ficamos dessa vez um bom tempo sem nos vermos. De qualquer forma é terrível ficar longe dela.

— Acho que eu nem preciso perguntar se sua amiga sabe do que aconteceu entre nós. Ficou claro pelo tom de surpresa que você não contou. — Paul diz com olhar na estrada. Até meio triste.

— Ela chegou recentemente de viagem, Ana trabalha na editora que fica alguns andares abaixo da Solftk, eu confio muito nela. Porém não tivemos oportunidade para conversar ainda com a correria do dia a dia.

— Que contrato seria esse que você comentou?

Rio um pouco, ele estava prestando atenção. — De não se envolver além do limite, isso vale para ela também.

— Ah sim. — Paul faz uma curva fechada na estrada, a paisagem é maravilhosa, a pista se perde de vista sendo ladeada pela água.

Aumento o som quando escuto ao fundo o refrão de “Can’t Take My Eyes Off You” , o ritmo suave envolve o carro.

— Essa música é autêntica de casamentos, mas eu gosto tanto.

Olho para Paul que está com semblante fechado, os olhos fixos na estrada como se perdido em pensamentos.

— Pode trocar caso não goste dessa música. — Mantenho o olhar em seu rosto.

Ele se vira finalmente para mim, seus olhos negros ganharam uma nuvem, como se tivesse sofrendo.

— Você não curte a ideia de casamentos? — brinco.

— Não sou apegado a essas escolhas. — Sua voz grossa preenche o ambiente, o clima pesa e eu nem sei o porquê. Agradeço mentalmente quando a música acaba, começando outra com o mesmo ritmo suave da anterior, mas essa eu não reconheço.

Paul faz mais duas curvas curtas e entra em um bairro estiloso, com casas grandes, ruas ladeadas com grandes árvores e gramados compridos na frente, entramos em uma rua, seguindo o mesmo luxo das outras.

Nessa rua há várias casas imensas por trás de portões e cercas maravilhosas. De repente nós paramos diante de dois portões brancos de metal ornamentados no meio de um muro de pedra de uns dois metros.

— Que lugar é esse?

Paul ignora-me e abaixa o vidro, digitando alguns números em um painel, então os portões se abrem. Nós seguimos por uma pista larga para dois carros. Ao meu lado direito eu posso ver um bosque com várias árvores altas. Do outro lado há um vasto gramado verde brilhante e mais além a grama se desfazia em água. É lindo. Paramos em frente de uma impressionante casa em estilo mediterrâneo, a fachada branca hipnotizante. É maravilhosa. Que lugar é esse? Por que estamos aqui? Como se lendo meus pensamentos ele resolve falar.

— Bem-vinda à casa de minha mãe. Bainbridge Island — diz encarando-me.

O quê? Eu estou na casa dele? Quer dizer da mãe dele? Oh merda! Como Paul faz uma coisa dessas comigo? Deveríamos deixar as coisas como estavam sem envolver mais familiares. Mas por que diabos Paul me trouxe aqui?

— Você está com cara de quem vai vomitar.

— Por que você me trouxe aqui? — pergunto assustada.

— Se você está tão assustada pela ideia de conhecer meu irmão e minha mãe, pode ficar tranquila. Minha mãe está com as amigas em um SPA como faz todas as sextas e meu irmão, esse com certeza não está aí. — diz.

— Por que você não me disse que ia me trazer para cá?

— Por que eu queria que fosse surpresa. Vem, nós vamos tomar um lanche da tarde.

Paul desliza para fora, abre a porta para mim. Eu desço e o espero para me acompanhar para dentro. Apesar de tudo estou feliz que ele me trouxe na casa onde cresceu, é um lugar lindo, ele deve ter tido uma boa infância aqui.

— E você sabe cozinhar?

— Minha mãe tem empregados fiéis. Porém, devo informar que numa situação extrema me viro muito bem na cozinha. — diz sorrindo como se fosse um menino.

O clima estilo montanha russa que estávamos enfrentando no carro fica para trás, trazendo um Paul brincalhão de volta.

Ele me conduz para dentro, sem aviso abre a porta e nós entramos em uma grande entrada, espaçosa, iluminada e linda. Uma mulher de meia idade surge no salão usando um vestido verde de mangas e o cabelo preto preso em um coque. Mesmo não conhecendo a mãe de Paul não seria essa, lembro de minha pesquisa. As fotos que Paul aparece com uma mulher elegante, sempre bem vestida e adornada por joias. Leila Raymond é uma mulher com beleza superior para sessenta anos, então essa senhora deve ser a tal governanta da família.

— Meu menino.

— Bom dia, Sra. Clark. Esta é Ângela Berlin de quem eu lhe falei.

— Srta. Berlin, eu sou Nora Clark. É um prazer conhecê-la. — A mulher — Nora — estende a sua mão e eu aperto.

— O prazer é meu, Sra. Clark.

— Ela é adorável, Ray. Vou servir o lanche em breve na varanda. — Avisa com um amplo sorriso para Paul.

— Obrigado, Sra. Clark.

A mulher sorri para mim, depois volta para o lugar de onde saiu. Paul pega a minha mão e me leva para um corredor abaixo das escadas. Nós andamos por outro largo corredor até ele abrir as portas francesas, revelando um jardim de conto de fadas, repleto de flores, árvores grandes, lançando sombras sobre a grama devidamente aparada, ele me conduz por um caminho de pedra até um píer de madeira.

A água se debatendo nas pedras, há alguns bancos de ferro retorcido completando a paisagem, vejo a certa distância algumas casas também terminando em um píer como esse. Cada um mais elegante e rico que o outro.

Encosto no parapeito do píer olhando a paisagem.

— Gostou?

Sinto seu corpo colado ao meu, puxo suas mãos, fazendo ele me abraçar por trás. — É lindo, realmente um paraíso.

Ele beija meu pescoço, mantendo algumas carícias naquele espaço.

— Por que te chamam de Ray? Você parece não gostar muito?

Paul apoia o queixo em meu ombro. — Apenas minha mãe e meu irmão tem esse costume.

— E Julis. — Relembro de nosso breve encontro no restaurante.

— Sim, Julis usa esse apelido também.

— Você se dá bem com a nova esposa de seu pai? Pois com Julis percebi que você gosta de evitá-la.

Poderia estar passando dos limites com minha curiosidade, mas algumas perguntas não saiam de minha mente. Paul demora um pouco para responder, sua cabeça continua apoiada em meu ombro, nossos braços entrelaçados um fazendo carinho no outro. Curtindo o momento.

— Não é questão de evitar, — diz por fim. — Cresci com meu pai fugindo de encontros comigo e com meu irmão para passar seu tempo com Julis, pode dizer que seria ciúmes, porém aprendi a criar certo afastamento em relação a eles e isso piorou um pouco quando entrei na faculdade, não me entenda mal, amo meu pai. — Ele dá de ombros, retira algumas mechas do meu cabelo que voavam em seu rosto, colocando-as presas do outro lado. — Sabe, não é legal você ver sua mãe que sempre foi sinônimo de fortaleza, se despedaçar porque seu pai não consegue segurar o pinto dentro de suas calças, mas hoje já tenho isso superado.

Ficamos um momento em silêncio, sabia que era difícil para ele contar isso para mim. Decido mudar o assunto, levando para algo mais leve. — Você tem um apartamento maravilhoso, uma casa fantástica, um Aston Martin incrível, muito esnobe o senhor — brinco me virando para ele. — Me diga uma coisa que você ainda não conquistou?

— Você. — Diz encarando-me com aquele olhar escuro, correndo seu polegar sobre o meu lábio inferior.

— Me tome e quem sabe você me terá. — Murmuro com a garganta seca. Paul bruscamente agarra minhas coxas e me levanta sobre os meus pés, agarro sua nuca, prendendo minhas pernas no seu quadril. Ele me empurra, sentando na madeira do píer, enfiando a cabeça na curva do meu pescoço, inspirando profundamente e mordendo o lóbulo da minha orelha. Me agarro com mais firmeza nele, apertando minhas coxas ao seu redor puxando seu cabelo entre os meus dedos. Nem me importando que estejamos em um local aberto, e mesmo assim me sinto tranquila, Paul confirmou que não teria ninguém na casa hoje.

— Você me enlouquece. — Sussurra ao mesmo tempo em que esmaga sua boca contra a minha. Ele me beija ferozmente, possuindo meus lábios. Seu beijo é como se estivesse faminto por mim e eu sei que ele está. Eu também estou.

Ele me mantém presa entre a proteção do píer e seu corpo, segurando-me com firmeza, sua mão em minha coxa e a outra mão livre apertando minha cintura.

Paul roça os dedos pela minha pele nua nas costas aproveitando o decote de minha blusa, subindo e empurrando a taça do meu sutiã para baixo para tocar a ponta do meu seio. Eu mordo os lábios quando ele brinca e circula meu mamilo com os dedos.

— Ah isso é bom, continue. — Gemo.

— Eu quero você. Diga que você me quer. — Pede.

— Eu quero, eu preciso de você, por favor. — Imploro.

— Diga que vai ficar comigo, diga que ficará em Washington.

— Eu não posso. — Sussurro com a respiração entrecortada, está difícil me manter controlada com ele tomando meu corpo de todos os jeitos.

— Preciso de você, mais do que eu sou capaz de pensar. Diga que vai ficar.

— Eu não sei.

Minha mente está nublada, não consigo mais raciocinar com ele tão perto, sentindo suas mãos em mim, sua boca.

— Eu vou fazer você ficar.

Ele me beija novamente mordiscando meus lábios, mordendo, beliscando meus mamilos sensíveis e endurecidos. Estou gemendo e inspirando seu perfume inebriante, provando dos seus lábios, vivendo nesse momento de doce desejo. Quero ser tocada, quero ser possuída por ele de todas as formas possíveis.

Sua mão brinca tentando se infiltrar em minha intimidade, sendo impedida pelo jeans apertado o que me tira uma gargalhada.

— Paul seu grande filho da mãe, você não avisou que estaria livre hoje... — uma voz grossa ecoa do outro lado do jardim. Paul se afasta rapidamente de mim, colocando-me no chão, olho para a casa vendo um homem grande descer os degraus caminhando até nós.

Com olhos arregalados viro ficando com as costas coladas nas de Paul tento me recompor. Viro-me depois de ajeitar a blusa de maneira decente, observando o homem grande, um pouco mais forte que Paul, com uma tatuagem descendo pelo braço toda trabalhada. Seus cabelos loiros e olhos azuis, e mesmo de maneira tão diferente, tem certa semelhança com Paul.

— Jordan — Paul cumprimenta. — O que você está fazendo em casa?

—Rayzinho — brinca seu irmão, nem um pouco incomodado por ter nós pego no flagra, pula o último degrau se juntando a nós no píer.

Paul se recupera trocando um aperto de mão meio abraço com Jordan. — Achei que estava pescando com nosso pai.

— Sim cara, voltamos mais cedo — Jordan me olhava com interesse.

— Jordan essa é Ângela, Ângela esse é o meu irmão. — Paul faz a pequena apresentação.

Dou um sorriso envergonhado para seu irmão como forma de cumprimento.

— Tenho certeza que papai ficará encantado com sua convidada. — diz soltando uma gargalhada aguda.

Eu quero morrer!

— Vamos. — Paul diz. — Venha, vamos conhecer meu pai. — Completa.

Olho para ele como se tivesse maluco. Paul lê meu rosto sem eu precisar falar nada, Jordan segue na frente voltando para a grande casa.

— Vamos, linda.

— Você deve estar maluco! — sussurro.

— Não se preocupe com isso. — Paul fala com a boca grudada em meu ouvido.


CAPÍTULO 17

 

— Merda.

— Onde está à mulher que vive me provocando?

— Ela provavelmente pulou do deck quando escutou seu irmão vindo, provavelmente se amaldiçoando por ter sido tão descuidada, quase sendo pega com um dos meus seios em sua boca, mas, isso é culpa sua. — Acuso — Você disse que não teria ninguém.

Paul continua sorrindo. Ele está tão tranquilo e calmo que nem parece que fomos pegos dando um amasso quente em seu jardim, ou melhor, no jardim de sua mãe.

Seguimos Jordan até uma varanda coberta, protegida do sol forte que estava hoje, uma mesa grande estava posta onde um senhor de costas estava sentado lendo o jornal.

— Pai. — Paul o cumprimenta.

O pai de Paul, levanta permitindo que eu de uma boa olhada nele. Se acreditava que Paul era parecido com sua mãe, descobri nesse momento que ele era uma cópia fiel de seu pai, tirando os olhos. Os de Victor Vetter são de um azul intenso assim como os de Jordan. Os cabelos pretos perfeitamente arrumados, tão alto quando seus filhos, realmente aquela família era coberta pelo manto da beleza, que homens. — Paul, que bom vê-lo. E quem é essa linda mulher? — Sr. Vetter pergunta com um sorriso discreto.

— Essa é Ângela Berlin, filha de Gibson.

— Filha de Megan Sartori — Victor diz abrindo um enorme sorriso. — É um prazer conhecê-la, senhorita Berlin. — Ele estende a mão para mim, e retribuo o aperto confiante, encarando seu olhar jovial.

— Obrigada Sr. Vetter, me chame de Ângela. — Digo — Como o senhor conhece minha mãe?

Se fosse meu pai ainda entenderia, mas minha mãe? Ela não era do ramo empresarial, pelo contrário ela adorava sua profissão, era uma designer de interiores maravilhosa, tinha prestígio no seu ramo e adorava seu trabalho, hoje com mais quatro associados na Sartori Design.

— Por favor, não sou mais Sr. Vetter, isso deixa as coisas sérias demais, — brinca. — Paul assumiu esse lugar há muito tempo. Quanto a sua mãe, ela redecorou todo meu apartamento, minha Mary é fã do trabalho da Sartori Design. — diz sorrindo.

Paul mantinha-se calado, apenas observando.

— Você anda escondendo essa bela mulher de nós, meu irmão?

Jordan e Victor riem quando Paul torce a boca e balança a cabeça.

— Eu não sabia que voltariam cedo da pescaria. — Paul comenta.

— Resolvemos vir de última hora, Mary atrapalhou nossos planos. — Jordan responde. — E nós atrapalhamos o seus?

Jordan era um verdadeiro meninão.

— Como estava Springer’s? — Paul mantém a conversa tranquilamente. Como se Jordan não tivesse perguntado nada.

— A viagem foi ótima, você precisa comparecer alguma hora aos nossos encontros de rapazes. — Victor diz.

— Ainda temos que resolver nossa viagem de final de ano, Mary e Leila estão disputando entre Barbados e Grécia. — Jordan parece retomar um assunto antigo.

—Você sabe que não vou me meter entre elas — Paul resmunga. — Pensei que deixei claro das últimas vezes que tocamos nesse assunto.

E lá estava meu homem carrancudo, Paul Vetter tinha o poder de mudar o humor com uma constância incrível.

— Você deveria repensar agora com sua namorada, Rayzinho — Jordan provoca.

E eu quero saber que diabos de namorada?!

— Ângela não é minha namorada. — Paul retruca.

— Então deveria ser. — Victor balança a cabeça com um sorriso mínimo no rosto.

— Afinal, você já está ficando velho né, maninho.

E as provocações continuam. Chega me dar vontade de revirar os olhos.

— Controlem-se. — Paul resmunga.

Dou graças a Deus quando eles mudam de assunto e eu saio do foco, vários assuntos banais são falados, mas seguimos rumo a uma conversa profissional.

— Paul comentou comigo as proezas que você realizou no escritório, ambos ficamos impressionados. — Victor elogia. — Quem diria que um dia uma mulher nasceria com o pulso firme para dominar esses homens velhos e molengas — completa sorrindo.

— Sim, posso dizer que estou firme diante desses homens. Desde pequena fui muito interessada nos negócios, sempre ao lado do meu pai, tentando aprender algo novo.

— Paul também foi interessado pelos negócios desde cedo. Pena que Jordan e Julis não puxaram esse lado. Mas ambos nos dão muito orgulho. — Victor diz. — Tanto Jordan quanto Paul são parecidos, não apenas na aparência como nas atitudes também, a mim e a Leila, se você a conhecer vai perceber na hora. Diferente de Julis, ela é todinha a Mary.

— Ângela já conheceu Julis, — Paul revela. — Por sinal deve ser controlada.

— Você devia pegar menos no pé de sua irmã. — Victor retruca. — Julis tem seu temperamento complicado mais é uma excelente garota. E o adora.

Victor falava de todos os filhos com extremo orgulho, isso se notava de longe, principalmente de Paul, que parecia ser seu espelho.

— Mamãe sabe que você tem acompanhante para o jantar? — Jordan pergunta. — Isso vai ser ótimo. Paul levar uma acompanhante, todos vão ficar babando.

— Você não se acha velho demais para usar o termo “mamãe”? — Paul resmunga.

— Jantar? — questiono olhando para Paul. Interrompendo a chuva de farpas que ele e Jordan lançam um para o outro.

Paul deposita o copo de suco na mesa e retribui meu olhar. — Minha mãe está fazendo um de seus jantares ocasionais, foi por isso que sai aquele dia com ela, pretendia fazer o convite. Porém, você disse que não ficará. — Paul me olha com sorrisinho cínico no rosto.

— Seria uma pena, isso seria muito interessante. — Victor diz.

— Pai. — Paul repreende.

— Isso tiraria Suria da mira de mamãe. — Jordan reclama.

A empregada se aproxima e coloca o último dos pratos na mesa, que é farta e cheia de coisas gostosas. Agradeço mentalmente por essa pausa, preciso respirar um pouco e compreender tudo o que estou ouvindo. Estávamos terminando o lanche da tarde quando um sedan para no gramado em frente à varanda.

— Uhul, agora vai ficar interessante. — Jordan brinca se jogando mais na cadeira.

Olho para o carro respirando fundo. Principalmente por não ter escapatória e saber exatamente quem está nesse carro para meu declive total. Paul, Victor e Jordan continuam com a conversa, enquanto um homem de quepe e terno sai do banco do motorista abrindo a porta do banco detrás.

A senhora Raymond sai elegante vindo em nossa direção, vestindo um vestido creme na altura dos joelhos, trazendo um casaco branco apoiado no braço. Seus cabelos loiros caem em camadas até o ombro em um corte elegante aumentando ainda mais a sua beleza.

Seus olhos parecem como os de um gavião analisando a cena.

— Queridos, como é bom ver meus meninos reunidos. — diz abrindo um largo sorriso. — Victor. — Cumprimenta o pai de Paul com um tom mais frio, porém cordial.

— Leila, como sempre amável. — Victor comenta com um sorriso cafajeste no rosto, exatamente como Paul às vezes lança para mim.

Leila olha para Victor erguendo o queixo. Então seu olhar recai sobre mim.

— Jordan? — ela questiona.

— Opa, opa! — ele exclama gargalhando — Eu não tenho nada com isso.

O olhar vai para Paul. — A garota do robe?

Seu risinho faz minhas bochechas corarem. Maldito robe esquecido!

— Ângela, essa é minha mãe, Leila Raymond. — Paul nos apresenta.

Levanto ajeitando minha blusa enquanto ela caminha até minha direção distribuindo um beijo em minha bochecha. — Muito prazer, Ângela.

— Senhora Raymond.

— Apenas Leila, por favor.

Leila puxa uma cadeira sentando-se conosco. — É bom conhecer finalmente a garota do robe. — diz com um sorrisinho simpático no rosto e muita astucia nos olhos.

— Garota do robe? — Victor questiona, expondo a curiosidade tanto dele como de Jordan.

— Uma história para outro momento. O que trazem vocês aqui? — Leila dispensa o comentário de Victor.

— Eu trouxe a Ângela para conhecer nossa casa e a ilha. — Paul responde prontamente.

— Nós paramos para comer uns quitutes da senhora Clark antes de seguir para a cidade, nem sabíamos que encontraria Ray aqui. — Jordan diz, apoiando os pés na outra cadeira.

Senhora Clark traz a sobremesa, deixando todos ainda mais satisfeitos. Fazendo mesmo que por breve momento o assunto se vire para isso, o dom sensacional de Nora Clarck para culinária e não para mim ou meu robe esquecido no meio da sala de Paul Vetter.

— Ângela eu gostaria de lhe mostrar minha casa, tenho certeza que Paul não o fez. Gostaria de vir comigo? — Leila pergunta.

— Claro, seria ótimo. — Respondo engolindo o bolo que se formou em minha garganta. Agora estou ferrada!

Leila me leva em um tour por sua casa, mostrando-me a cozinha, sala de estar, sala de jantar, todos os quartos, biblioteca, escritório, uma pequena sala de jogos e até uma sala de cinema. Circulamos a incrível residência caminhando pelo gramado e estou quase me questionando o que ela pretende com essa andança toda, quando ela para no meio do jardim. De onde estamos temos a visão dos rapazes sentados na varanda assim como também do píer que Paul me levou.

— Leila peço desculpas por invadir sua casa.

— Por quê? Vocês são bem-vindos aqui, minha casa sempre está com as portas abertas. Sempre foi assim querida, não imagina as festas que surgiam do nada quando Paul e Jordan estavam na faculdade. — Ela sorri.

Por um momento tento imaginar Paul mais novo, e visualizo um rapaz de vinte e poucos anos, com aquela fama de safado que os olhos dele demonstram, também consigo imaginar o número de mulheres que pode ter em cima, apenas esperando sua vez para cair na cama dele.

— Até mesmo para Victor e a magrela da nova mulher.

Esboço um sorriso simpático.

— Fico particularmente feliz.

— Feliz?

— Sim, acredito que meu filho gosta muito de você, Ângela. Paul não gosta de alguém assim há muito tempo.

— Oh não, nada disso. Nós não... — Começo negando rapidamente.

Leila faz um pequeno gesto com a mão, interrompendo meu comentário. — Está tão obvio.

Ultrapasso um pouco o limite e questiono sobre a ex. Desde que realizei minha pesquisa, nunca mais vi nada sobre ela ou qualquer pessoa comentando. O que era até um pouco estranho já que constava que Helena é umas das acionistas do Grupo InGet, mesmo que não frequente as reuniões ou nunca tenha visto ela pela empresa, nesse curto período que estou aqui.

— Por que ninguém fala sobre Helena? O que aconteceu de tão grave?

Leila arregala um pouco os olhos, em surpresa. — Não sabia que Paul contou sobre a Richie.

— Ele não contou.

— Ah claro, fofocas da mídia.

— Na verdade sim, mas como estou fazendo negócios com seu filho gosto de saber onde estou me metendo e, devo dizer que vi o nome dela como uma das acionistas, enfim...

Leila solta um pequeno suspiro. — Que fique entre nós, Helena ocupou o papel como acionista no lugar de seu pai. Podemos dizer que uma coisa levou a outra, encontros esporádicos na empresa e em eventos, logo eles viraram grandes amigos e de amigos passaram a namorados. O que deixou todos nós felizes. Helena era de uma família excelente, era uma boa pessoa, todos ficamos felizes quando Paul surgiu com a ideia do noivado e então, vieram os preparativos. Paul estava muito empolgado e apaixonado, mesmo que alertássemos para que agisse com calma. — Leila olha em direção a varanda verificando que ninguém vinha em nossa direção. — Mas Paul não é de atender pedidos, ainda mais se contrariam o que ele pensa ou senti. No dia do casamento, Helena fugiu, isso mesmo, aquela cadela fugiu com seu amante, que era padrinho do casamento e deixou Paul plantado no altar. Você pode imaginar, toda a repercussão da mídia, que mesmo sendo abafada dava seu jeito de soltar uma farpa ou outra. Paul já era presidente da InGet. Foi como dar carne fresca para os leões.

— Meu Deus! — era só o que conseguia expressar, isso deve ter acabado com ele, ninguém espera que a pessoa que você ama o abandone na igreja. Isso explicava muita coisa de seu comportamento.

— Isso deixou-o fechado para o mundo, era fácil encontrá-lo com uma ou outra mulher. Mas tão logo decorávamos o nome dela, logo desaparecia. Até encontrar você, por isso não se engane se você acha que não está apaixonada. Ou que meu filho não esteja. Eu vi como Paul ficou sem graça no dia que fui ao Avence, eu sei como ele se sente sobre você.

Abro a boca para retrucar, quando sinto um pequeno aperto em minha mão e Leila abrindo um amplo sorriso para algo acima de meu ombro.

— Eu estava procurando vocês. — Paul aparece subindo a pequena colina que estávamos.

— Eu a roubei por algum tempo, mas você pode tê-la agora.

Leila pisca para mim acrescentando um beijo na bochecha de Paul voltando para casa.

— O que ela queria? — Questiona.

— Nada demais, estávamos olhando a casa. — respondo sorrindo.

— Podemos ir para nosso próximo destino?

— Achei que passaríamos a tarde aqui e voltaríamos para a capital.

— Temos mais um lugar para ir.

— Ótimo, então vamos, ainda não conseguiu me convencer a ficar. — Provoco.

— Então vamos mudar isso. — Paul responde com um sorriso malicioso aparecendo em seus lábios.

Eu não vejo a hora de chegar lá, quero mais surpresas, quero mais momentos com ele, quero ser surpreendida novamente. E com certeza quero mais daquele amasso que começamos no deck. Eu não sei se Leila está certa ou não. Mas algo mudou em Paul, em mim...


CAPÍTULO 18

 

Durante todo percurso de volta para a cidade, Paul manteve sua mão em minha perna, com constantes trocas de olhares. Ele acelerava pela estrada, fazendo o Aston Martin ganhar velocidade rugindo pelo asfalto como um felino.

— Escolha algo para ouvirmos. — diz me passando seu celular, olho de soslaio para seu rosto que ganha um brilho alaranjado do sol através dos vidros escurecidos.

— Sua playlist tem de tudo. — Comento vendo que nossos gostos são parecidos, desde músicas agitadas até o bom e velho rock.

— Coloque o que quiser.

Vejo a música perfeita para nosso momento, depois do que descobri, vejo que assim como tenho minhas feridas e recaídas por amores passados, Paul tem seus machucados profundos. Aperto play colocando minha mão em sua perna, ele entrelaça nossos dedos.

Recosto minha cabeça no banco escutando o piano tocar suave.

Paul me olha estreitando os olhos, mas não comenta sobre minha escolha apenas escuta, assim como eu desejo que ele interprete o que quero dizer. “Another Love” ganha força, ocupando nosso silêncio cantando sobre um amor desperdiçado, um coração ferido e acima de tudo um desejo de reaprender a amar, a se entregar.

Já sinto o conhecido formigamento na barriga, ele prometeu uma surpresa e eu estou louca para descobrir o que é. Paul segue pelas ruas, parando perto do Washington Monument, estaciona desligando o carro fazendo nosso olhar se encontrar.

— Chegamos.

Ainda surpresa com sua escolha, saio do carro acompanhando-o até o porta-malas. Vejo um SUV parar perto de nós, Philip desce com outro segurança brutamontes. Ficando encostados no carro.

— Porque os seguranças? — questiono.

— Prevenção.

Paul busca no porta-malas uma manta grossa, daquelas que nossas avós dão para dormimos enroscadas no sofá e uma grande cesta de piquenique.

— Ansiosa?

— Muito!

Paul me puxa para um beijo casto, travando o carro pelo controle. Entrega as coisas para Philip e entrelaça nossas mãos enquanto caminhamos pelo gramado, passando por alguns casais deitados sobre cobertores parecidos com que ele tirou do carro.

— Aquele ali é o Jefferson Memorial, — Paul aponta uma grande construção do outro lado do lago artificial, com alguns pedalinhos e uma pequena fila de espera. — Este é o Tidal Basin.

Ele me puxa para o lado seguindo outro caminho, para uma área mais afastada do Tidal Basin, como ele chamou. Philip já tinha preparado tudo, a manta grossa estava estirada na grama, sobre a sombra de uma árvore, a cesta já aberta com um vinho apoiado do lado, duas taças e algumas porções de queijos.

— Sente-se.

— Paul, isso tudo é lindo.

Olho em volta, sentando no meio de suas pernas. Paul já se ocupava enchendo as taças com o vinho tinto que trouxe. O pôr do sol tingia o céu de tons rosados e alaranjados deixando tudo ainda mais lindo.

— Gostou da surpresa?

— Sim, muito. — Respondo sorrindo.

Ele entrega uma das taças para mim, depositando um beijo em meus lábios.

— Você está gostando de hoje? — pergunta.

Balanço a cabeça concordando.

— Queria fazer algo diferente, faz muito tempo que não faço esse tipo de coisa.

— Estou adorando. É muito melhor do que estar presa no escritório trabalhando. — Brinco.

— Então fique comigo, eu vou lhe dar mais momentos como esse.

Eu o encaro louca para gritar: Sim! Eu quero ficar com você! Mas não é tão simples assim, tenho meus negócios, minha vida é em Nova York, minha família e amigos estão lá. Ter os pensamentos levados por esses caminhos tortuosos era como escutar uma voz interior dizer: “Foi bom enquanto durou”.

— Eu preciso voltar, Paul.

— Você não precisa, você pode ficar aqui. Comigo. — Ele se aproxima tanto que posso sentir seu cheiro em todos os lugares.

— Ainda não estou certa se...

— Shiuu . — Ele põe o dedo indicador sobre os meus lábios calando-me. — Não decida ainda, nossa noite não acabou.

Paul desce seus lábios sobre os meus e eu me agarro a ele como se fosse tudo o que eu mais precisasse neste momento. Seu beijo é exigente, ele morde e provoca meu lábio inferior. Suas mãos apertam minha bunda se firmando em meu quadril. Sinto o quanto ele me deseja quando seu corpo cola ao meu, sua ereção presa nos jeans já se pronuncia em minha cintura encostada em suas pernas.

Ele se afasta com os olhos entorpecidos e brilhantes. — E agora, fica comigo?

— Paul...

Ele ataca minha boca novamente com mais fome, suas mãos afagam meu corpo sobre a roupa. Com um movimento rápido ele me coloca sobre seu colo, ignorando que estamos em um local público, que essa exposição pode causar alguma consequência. Sei que temos dois brutamontes olhando em nossa volta, mas mesmo querendo protestar, não consigo descolar minha boca da sua.

Seu olha demonstra o quanto está pensativo. — E agora, fica comigo? — sua voz sai rouca e sexy e eu estou derretendo sobre o seu olhar.

Abro a boca para responder, mas ele cola seus lábios de novo nos meus.

— Não fale nada, vamos aproveitar o pôr do sol.

Paul toma um grande gole de seu vinho, faço o mesmo. Deixando que o gosto doce do vinho desça gelado por minha garganta, procurando acalmar meus hormônios, senão vamos acabar sendo presos por atentado ao pudor.

Paul faz uma trilha de beijos no meu pescoço e sobre os meus ombros com seus lábios gelados do vinho causando um arrepio delicioso. Pego um pedaço de queijo Brie, mordo sentindo o gosto intenso dele, pego outro pedaço dando na boca de Paul que sorri e em troca me dá um beijo.

— Você vai ficar comigo. — Murmura com a boca sobre meu ouvido.

A Ângela dentro de mim implora e pela primeira vez estou considerando ficar. Se não jogar tudo para o alto como saberei se vale a pena? Afinal não é assim que tudo acontece, você dando o primeiro passo?

— Eu quero mais, eu quero você. Preciso de você. — Paul continua sussurrando em meu ouvido, intercalando com um uma mordida leve na clavícula ou um beijo casto em minha nuca. Suas mãos brincando com meu corpo, que já protesta mole em suas mãos.

— Eu também quero você. — Assumo.

Não preciso olhar para saber que ele sorri nas minhas costas.

— Isso é jogo sujo, saiba disso.

— Quero você e eu sei que é recíproco.

— Eu quero estar aqui, mas tenho responsabilidades me aguardando. Não devemos ser imprudentes agora.

—Tudo bem, você vai, mas volta para mim.

— Vetter.

— Não me peça mais do que isso, olha como você me deixa? Um tolo, eu viro um completo tolo, um homem das cavernas quando você está perto de mim, ou quando me desafia.

Viro por completo olhando seu rosto, Paul abre os braços de forma teatral, encostado no tronco da árvore. Como negar a isso? Quando eu mesma, quero me jogar nesses braços e me encolher, apenas ficar sentindo o cheiro de suas roupas. Me afogar em seu corpo. Mas...

— Isso não vai dar certo. Eu e você. Não vai dar. Eu não posso ficar com você quando tiver vontade e em seguida me dispensar por que eu não passo de um caso.

— Você não é um caso. Porra! Eu me preocupo com você, mais do que com as porras dos casos que eu já tive. É que isso... Eu preciso de um tempo para colocar todos os pensamentos em ordem, Ângela. Você me enlouquece, pareço um adolescente, fico ansioso quando estou longe de você, fico irritado com suas provocações. Mas eu sei que eu te quero aqui. Eu nunca cuidaria de um caso como quero cuidar de você, nunca levaria um caso para conhecer a porra da casa em que cresci, muito menos para se sentar à mesa com minha família!

O silêncio recai sobre nós, fico por alguns segundo olhando a paisagem em nossa frente. Escutando a guerra ser travada dentro de mim. Por fim, suspiro voltando meus olhos para o de Paul. — Eu fico, vejo como as coisas estarão em Nova York, arrumo meus compromissos e volto. É tudo que posso prometer no momento.

— Deus, porque você adora me enlouquecer? — ele ataca a minha boca roubando completamente o meu fôlego.


O barulho do despertador me acorda, mesmo contra vontade me arrasto para fora da cama, vou ao banheiro, tomo um banho rápido que me deixa totalmente alerta.

Hoje está frio em Washington assim como dentro de mim, tudo nublado pelo meu retorno à Nova York.

Calço minhas botas, penteio meu cabelo e passo uma camada de maquiagem. Confiro o quarto para ter certeza que não estou esquecendo nada. Muitas coisas aconteceram e agora estou voltando para minha rotina, deixando Paul e tudo que vivemos nesses dias, tento lançar para longe essa tempestade que se aproxima de mim, pensando em coisas boas.

Adorei nosso dia, visitar a casa onde cresceu, o passeio pelo Tidal Basin, conhecer sua família, nossas noites... Terminamos a noite de ontem com um belo jantar e depois voltamos para o apartamento.

Arrasto minhas malas para baixo, Célia já havia preparado o café para nós.

Paul estava de frente para a parede de vidro esperando-me.

— Paul.

— Bom dia, minha linda. — Ele vem em minha direção, dando um beijo na curva do meu pescoço. — Você está cheirosa. Vou sentir sua falta.

— Eu também.

Não tinha porque mentir, sentiria mesmo a falta dele.

— Esse tempo será ótimo para nós dois.

— Está falando como se não fosse voltar. — Ele se afasta um pouco, seu olhar esquadrinhando cada parte de meu rosto. — Prometa que voltara, Ângela.

— Vou voltar, Paul.

O som de passos interrompe nosso momento. — Bom dia senhorita Berlin, senhor Vetter. — Susan cumprimenta.

— Bom dia Susan, tudo pronto?

— Sim, senhorita.

Paul se mantêm sério, por todo caminho até o aeroporto se mantem calado. Philip sai do carro acompanhado de Susan, para retirar nossas bagagens.

Paul me acompanha para a área de embarque da primeira classe, mal olhando para mim. Em completo silêncio, o que me deixa com um misto de sentimentos dentro do peito.

— Srta. Berlin, o avião está pronto. — Anuncia a comissária.

— Obrigada. — Digo virando-me para Paul. — Não vou dizer adeus a você. — Seus olhos encontraram os meus. Paul não fala nada, fica apenas me encarando, o que é frustrante. — Obrigada pela semana, foi ótimo trabalhar com você e me hospedar em sua casa.

Aguardo um beijo, um abraço se quer, mas nada vem, seu olhar continuava carrancudo, sua expressão fechada para mim e para o mundo. Novamente apenas Paul Vetter e não o Paul relaxado que tive o prazer de conhecer um pouco mais.

Despeço-me com um aceno de Philip que aguardava um pouco mais afastado. Foi difícil caminhar pela pequena sala, mas não me permiti olhar nenhuma vez para trás, enquanto seguia a comissária.

— Ângela! — Paul grita, fazendo as pessoas se viraram para ver a origem do chamado, ele vem rápido em minha direção, me agarrando pela cintura, comprimindo meus lábios com os dele, seu beijo era feroz, urgente.

Prendo meus braços ao redor de seu pescoço trazendo para mais perto, se é que isso era possível. O que era um beijo urgente se torna aos poucos calmo, sua língua vai dominando a minha, sua mão vai inebriando meus sentidos.

Quando Paul se afasta beijando-me com suavidade, estamos ambos sem fôlego.

— Até breve, minha linda. — Sussurra tocando meu rosto com suavidade.

Dou um último sorriso, antes de me afastar.

— Bom dia, Roberto. — Digo entrando no avião, ainda um pouco distraída com a mudança no comportamento de Paul e com a enorme vontade de dar meia volta e sair correndo em sua direção na sala de espera.

— Bom dia, senhorita Berlin. — Roberto me cumprimenta.

— Srta. Berlin. — Sidney me cumprimenta.

— É bom vê-lo novamente, Sidney. Espero que esteja tudo em ordem.

— Sim, Srta. Berlin. Tudo está em perfeita ordem, sinto muito pela ausência.

— Sem problemas, podemos decolar.

Roberto e Sidney fazem um aceno concordando, seguindo para a cabine. É inevitável olhar para as poltronas e não me lembrar de Paul sentado em uma delas. Não lembrar de seus sorrisos e seus olhares cafajestes. Não lembrar de nosso joguinho de poder nos últimos seis dias. Suspiro acomodando-me, resolvo mandar uma mensagem para Ana antes que decolasse.


“Vou decolar daqui a pouco,

em breve estarei em Nova York”.


Demora alguns minutos para a resposta chegar.


“Venha logo, mande o piloto acelerar o processo.

Podemos nos encontrar no seu apartamento? Quero

saber das novidades e principalmente pelo dono

daquela voz que atendeu seu celular.”

 

“Perfeito, aviso quando estiver

chegando, até logo, beijo”.


Depois que o avião decolou, consegui me sentir mais relaxada, estava indo para casa, finalmente. Foi um voo tranquilo, chegamos antes do previsto em Nova York, John como sempre pontual me esperava ao lado do carro.

— Obrigada pelo voo, rapazes.

— É um prazer como sempre, Srta. Berlin. — Roberto sorri e estendendo a mão para auxiliar minha decida do avião.

— Bem-vinda, Srta. Berlin.

— É bom vê-lo também, John.

— Fez boa viagem? — pergunta abrindo a porta do carro.

— Excelente, mas confesso que estava morrendo de saudade.

John esboça um sorriso fechando a porta do carro, logo acomodando-se no banco da frente.

— Deseja ir para algum lugar?

— Para casa, por favor, John.


CAPÍTULO 19

 

Tiro as botas, jogo o casaco sobre a bancada. Agora sim estava em casa.

Antes de ligar para Ana, corro para o banheiro, um bom banho para tirar todo esse cheiro de viagem e suor. Com minhas malas guardadas no closet, os recados lidos e e-mails checados, me jogo no sofá enviando uma mensagem para minha amiga.

Uns quarenta minutos depois minha campainha toca, abro a porta e lá está, a morena com cabelos curtos, salto agulha, com seu corpo escultural, balançando uma garrafa de vinho na mão e uma sacola enorme na outra.

— Até que enfim, garota. — diz entrando em meu apartamento. — Pensei que não veria essa sua cara feia.

— Espera aí, o que você fez com seu cabelo? — questiono apontando para sua cabeça, mal acreditando que ela teve coragem de cortar os lindos cachos que tinha.

— Você gostou? — pergunta animada, alisando os fios curtos. — Isso é uma história engraçada, estava em Paris curtindo um dia antes de voltar para a loucura que é minha vida, então do nada cruzo com um salão de beleza pequeno. Sabe aquelas lojinhas espremidas por grandes arranha-céus? — diz caminhando em direção a cozinha.

— Sim, são comuns em Paris. Muitos proprietários gostam de manter o antigo no meio de toda modernidade.

— É, pois bem, o casal dono do salão foi tão simpático. Sabe como sou. E esse é o resultado.

— Está diferente, ainda prefiro seu cabelo grande.

— Ah, logo cresce. — diz dando de ombros. — Trouxe tudo para uma boa sessão de filmes e bate-papo. — Ana deixa tudo no balcão da cozinha se sentando na banqueta alta. — Pode começar a falar, sou toda ouvidos.

Sorrio abrindo o vinho, se teria que falar sobre Paul Vetter, melhor que seja entorpecida pelo vinho.

Entre um gole e outro, colocava o pacote de pipoca no micro-ondas ou reabastecia nossas taças com mais vinho, vou contando sobre minha ida para Washington. Em como tinha conhecido Paul Vetter, em como acabei me envolvendo com ele e principalmente como aquele cara turrão, arrogante mexia comigo. Conto não deixando nenhum detalhe de fora, afinal, que amiga seria se deixasse os detalhes de lado?

— Você está me dizendo que ele pediu para você não ir embora?

Estávamos sentadas sobre o tapete da sala com um pote enorme de pipoca com uma cobertura de manteiga derretida por cima, a garrafa de vinho pela metade e algumas barras de chocolates prontas para serem devoradas.

— Sim.

— E você diz que não está apaixonada? Nem ele? — Ana exclama incrédula.

— Não.

Tomo mais um gole do vinho evitando falar mais sobre isso. Conheço Ana, só darei mais munição para ela.

— Duvido muito que ele não esteja, nem que seja um pouco. Mas também quem não gostaria de você, sendo a safada que é. — Ana gargalha. — Aposto que vocês quebraram muitas camas por aí.

— Quebrar não, mas que ele é realmente muito bom em cima de uma.... Isso eu tenho que admitir.

— Ai meu Deus! — Ana exclama abanando-se.

— Ele é intenso — confesso.

— Amiga, desculpe, seus envolvimentos foram tão curtos e não estou dizendo que eles não eram lindos ou ótimos na cama, mas, o problema é que você nunca achou um homem que te desafiasse. Que fizesse você perder a cabeça e gostar. Paul pelo que você me contou tem essa pose marrenta, mandona e dominador, além de extremamente sensual. — Ela dá de ombros tomando o resto do vinho de sua taça. — Ele tem tudo para ser um ótimo parceiro. Um Deus grego.

— Você está tornando tudo mais difícil, Ana.

— Diga que você não gosta dele? Sinceramente. — Acrescenta.

Reviro os olhos, — Sabe que isso é ridículo, né?

Ana sorri, ergue a taça em um pequeno cumprimento virando o resto do vinho de seu copo. — Então apenas diga que não sente nada, não vejo problema.

Suspiro encarando minha melhor amiga, com desejo secreto de matá-la. — Eu gosto dele — assumo.

— “Eu gosto dele”? — Ana cruz a os braços me olhando, — Diga com todas as letras que você não sente nada mais que uma atração. Apenas uma foda ocasional, aquelas que logo passam e vemos a burrada que fazemos. Você é capaz disso?

— Foda ocasional? Com quem anda saindo ultimamente? — pergunto, Ana desvia os olhos por um segundo, o bastante para notar que há algo por trás disso. — Fale com quem você anda transando, Ana Suares?

— Ninguém importante. Não fuja do assunto Ângela, mas quer saber, você não precisa me responder merda nenhuma, está na sua cara. Você está apaixonada por ele!

— Só estou gostando dele, me deixei levar, mas isso acabou, afinal, voltei para Nova York.

— Não faz mal você se apaixonar, você se entregar novamente para um homem, amiga.

Bufo ignorando seu discurso, sabia muito bem onde isso me levaria.

— Se você parasse por um instante e olhasse em volta, perceberia que ele está tão apaixonado por você, como você por ele. Mas vocês são duas cabeças duras que não conseguem enxergar além do nariz empinado. Bom, vejo que ele é como uma provocação em pessoa, do mesmo modo que você o desafia, ele te desafia. Por que ele faria tudo que fez nesse último dia se não estivesse sentindo algo por você? Estou concordando com a mãe de Paul, vocês que não percebem a coisa toda acontecendo.

— Tudo bem até pode ser, porém ele tem sua vida em Washington e a minha é aqui em Nova York.

— Concordo com você neste ponto, porém faça um favor a você mesma. Não evite, deixa as coisas rolarem.

Depois de muito papo, vinho, pipoca e uma maratona de filmes. Como havíamos bebido um pouco a mais convidei Ana para ficar o restante do dia e dormir no quarto de hóspedes.

Estávamos saboreando um prato de comida chinesa quando meu telefone tocou. Paul Vetter.

— Oi.

— Já estou com saudades da sua voz — a voz rouca e baixa.

Essa voz baixa, eu já podia sentir a temperatura do ambiente subir só em escutar a voz de Paul, lembrando de nosso último beijo devastador na frente de várias pessoas em um aeroporto.

— Hum, mesmo? — brinco.

Ele solta uma gargalhada do outro lado da linha. — Sou capaz de ir até Nova York apenas para te roubar para mim.

— Isso soa bastante promissor, Sr. Vetter.

— Ângela, Ângela.

Ana para de comer e me olha, sinalizo que é ele no telefone, ela bate palmas comemorando.

— Ângela, está aí? — Paul questiona.

— Sim, desculpe.

— Você está ocupada? — noto um tom mais rude em sua voz.

— Estou com visita. — Diz provocando-o.

— Visita? Que tipo de visita? — Paul parece cada vez mais irritado. — Ângela?

Não quero Paul irritado ainda mais por uma brincadeira tola. — Ana veio para casa, extrapolamos no vinho e uma enorme sessão de filmes, eu a convidei para ficar.

— Quero te ver . — diz em tom mais suave, sinto algo dentro de mim derreter.

— Não faz muito tempo que fui embora.

— Eu sei, porém já está fazendo falta. Liguei para saber também como você havia chegado.

— Bem, obrigada.

— Sente minha falta?

— Sinto. — Fecho os olhos por dois segundos ao assumir isso.

— Posso ir até aí. Se você quiser...

Paul deixa a sugestão morrer do outro lado da linha.

— Preciso desligar Paul, tenho visita como falei e, amanhã pretendo descansar. Segunda retomo os compromissos na empresa, além de ter uma reunião.

— Com Lian? — ele indaga.

Adoraria ver sua expressão nesse momento, tenho certeza que o seu cenho está franzido e os olhos escurecendo ainda mais.

— Sim Paul, tenho alguns itens de nossa negociação para tratar com ele. E resolver um problema com uma filial que estou prestes a assinar contrato.

— Mais um motivo para ir para Nova York . — Anuncia.

Escuto o farfalhar de papéis, ele provavelmente estava sentando em seu escritório no Park Avence. — Para com isso, Paul.

— Não estou brincando, quero as garras do Sr. Fitz longe de você . — Sua voz ainda estava com tom de raiva.

— Não dificulte meu trabalho.

— Relaxa, minha linda.

Suspiro. — Não se meta em meu trabalho, Paul Vetter !

— Não vou me meter em seu trabalho Ângela, só que o que é meu ninguém toca.

— Quem disse que sou sua?

— É o que veremos.

— Paul? — questiono ouvindo o “tu,tu,tu” frequente. Olho para o telefone não acreditando que ele desligou na minha cara. Sério isso?

Abri o aplicativo de mensagens:

“Não é nada educado desligar na cara das pessoas”

Continuo encarando o visor do telefone aguardando sua mensagem. E quando finalmente chega foi um simples:

“Nos vemos em breve”


CAPÍTULO 20

 

— Ele desligou na minha cara, aí me vem com isso? — jogo o telefone para Ana ver a mensagem.

Ela me entrega rindo da situação enquanto eu bufo internamente revoltada.

Depois de três temporadas de Scandal e mais alguns filmes o telefone de Ana tocou, ela fica alguns minutos conversando e rindo, até que se vira para mim. — Topa uma cerveja? — pergunta afastando o telefone da boca, fazendo aquela carinha de cachorro que sempre acabava me convencendo. — Vamos garota, vamos sair com o Nicolas e o Greg.

Nicolas e Greg eram amigos mais de Ana do que meus, por assim dizer. Nicolas é piloto de avião e um grande mulherengo, aproveitava seu trabalho para ganhar a mulherada, não que precisasse, ele era extremamente bonito e eu já acreditava que não existia uma comissária que não tenha caído na cama dele. Greg era tão bonito quanto o Nicolas, porém enquanto um era o terror das mulheres, Greg se contentava com os homens e meu Deus, como fazia sucesso.

— Vamos, não vou deixar você mofando no sofá. — Ana reclama. — Além do mais, você me deve por ter se mandado para D.C.

— Tudo bem, vamos tomar uma cerveja. — Me rendo, também não poderia ficar esperando por um Paul Vetter imaginário invadir meus pensamentos a cada segundo.

Enquanto Ana confirma tudo com seus amigos, corro para meu quarto para trocar de roupa, optando por uma calça skinny vinho com uma blusa branca caída nos ombros e meus adorados saltos Jimmy Choo .

— Vamos logo, cinderela! — grita Ana.

— Estou indo apressada, eles já chegaram?

— Estão chegando, vamos aguardar eles lá embaixo.

Caminho pelo corredor pegando o resto de minhas coisas. — Estou pronta.

Ana sorri abrindo a porta. — Você demora muito, tenho certeza que assim que o elevador chegar no térreo eles já vão estar nos esperando.

Arqueio a sobrancelha cruzando com ela no hall do corredor.

— Essa animação toda é porque vamos sair ou porque você está investindo no piloto? — pergunto.

— Não existe nada entre nós.

Encaro por alguns segundo minha amiga, escolhendo engolir essa pequena mentirinha.

— Senhoritas. — Macley, o porteiro nos cumprimenta, assim que saímos do elevador. — Desejam o carro?

— Olá Macley, obrigada, estamos aguardando uns amigos.

— Está um ótimo início de noite, temperatura bastante agradável. — Comenta se afastando.

Ana me cutuca indicando Nicolas e Greg entrando no prédio.

Nicolas estava bronzeado, mostrando que sua temporada fora tinha feito muito bem para ele, Greg estava com os músculos mais definidos, ambos ainda mais bonitos.

— Monstrinha. — Nicolas sobe os degraus que nos separavam dando um abraço um tanto intimo em Ana o que me faz sorrir. Então essa era sua “foda ocasional”. Pude ver que o beijo não foi na bochecha, estava mais para canto da boca com direito a mordidinha.

— Ângela. Tudo bom, gata? — Nicolas dá um abraço curto, seguido de um beijo na bochecha.

— Nic — cumprimento — Greg, quanto tempo.

Greg retribui meu abraço apertado, fazendo a mesma coisa com Ana. — Realmente Angel, você sumiu, mas está ainda mais linda.

— Muito trabalho, mas vocês não estão nada mal meninos, Nic está mais bronzeado e você mais forte.

— Ah, você sabe comecei umas aulas de boxe para ver se consigo um carinha mega fofo da academia. — Greg diz sorrindo.

Caímos na gargalhada saindo do prédio. Realmente era bom sair com amigos, era quase raro sairmos assim. Andar por Nova York sem nenhum segurança ou irmos para lugares onde nossa risada alta não fosse ultrajante para os outros, sem toda a tensão que passei quando estava em Washington, me sentia leve, descontraída.

— Aonde vamos? — Ana pergunta.

— O que vocês acham do bar aqui perto, eles estão com uma cerveja artesanal divina. — Greg responde.

— Por mim perfeito, — digo — Nic me conte mais sobre esse bronzeado todo? — pergunto curiosa.

As aventuras de Nicolas, — como chamavam suas histórias com mulheres — eram divertidas, algumas muito atrapalhas, outras em que ele fugia com suas roupas na mão no meio da noite para não ter que inventar desculpas quando sua companheira acordasse.

— Havaí meu amor, passei um tempo lá. — Ele vira de costas para onde estávamos indo, fazendo um sinal de gratidão ao céu, todo dramático — As mais quentes mulheres, elas parecem que tem um vulcão escondido entre as pernas.

Fomos escutando sua história e de tempos em tempos um de nós comentava algo para provocá-lo, mas Nicolas nem ligava, se juntava a gente rindo e zombando dele próprio.

O bar estava ficando lotado, pegamos uma mesa e tratamos de pedir logo as cervejas. Entre uma conversa e outra, mais algumas rodadas de cerveja, a hora voou, deixamos o bar completamente lotado e no meio da noite. Eu de braços dados com Greg, Ana colada em Nicolas que por sua vez tinha o braço envolto de sua cintura.

— Acha que rola? — Greg pergunta em meu ouvido.

Solto uma risada baixa. — Acho não, tenho certeza que sim.

— Você sabe como Nic é, temo por Ana. — Greg diz.

— Greg, Ana sabe o que faz, ela mais que ninguém sabe como se proteger das canalhices de Nicolas White.

Greg ri. — E você? A última vez que conversamos você estava envolvida com um carinha estrangeiro delícia.

— Não deu certo. — Comento.

— Uma pena, bom se ele quiser experimentar algo novo, é só passar meu número.

Falamos mais algumas bobagens antes de pararmos em frente ao prédio, foi uma excelente noite, com bons amigos, risadas.

— Até mais gata, vê se aparece mais. — Nicolas se despede com um abraço.

— Vamos combinar mais encontros assim. — digo abraçando Greg.

Espero Ana se despedir de Nicolas e Greg, se juntando a mim na escadaria do prédio, vendo nossos amigos atravessarem a rua, entrando no carro de Greg.

— Ei que tal uma maratona de filme? — Ana cutuca meu ombro.

— Terror? — pergunto rindo.

Ela torce a boca. — Tá bom, eu aceito.

— Só se você não começar a chorar toda medrosa.

Abraço-a pela cintura rindo de sua cara brava. Ana sempre morria de medo de filmes de terror, mas sempre se fazia de corajosa parar assistir comigo. Mesmo que mais escondesse o rosto do que assistisse.


— Sério é tão clichê esses psicopatas. — Ela se ocupava na cozinha enchendo novamente o balde de pipoca e os refrigerantes.

— E mesmo assim você morre de medo. — Continuo olhando a TV pausada no rosto da loirinha bonitinha que iria morrer em instantes.

— Quem é burro o suficiente para atender a ligação sinistra do assassino e depois abrir a porta?

Ana se joga ao meu lado no sofá esticando as pernas, passa o balde de pipoca e dá play no filme:

— Alô?

— Olá, Jill .

— Porque ela não desliga, porque ela sempre atende? — Ana está grudada ao meu lado, uma almofada esconde parcialmente seu rosto.

— Xiuuu... — reclamo.

— Quem está falando? — a loirinha peituda no filme pergunta com aquela cara de medo padrão.

— Qual é o seu filme de terror favorito? — A voz do assassino soa alto pelo apartamento.

Ana se esconde atrás da almofada de novo. — Não podemos ir para um romance ou quem sabe acender a luz? — sua voz abafada por se esconder.

— Deixa de ser cagona, Ana. Está chegando a melhor parte. — Digo.

Me ajeito melhor no sofá, vendo a loirinha peituda desafiar a voz do assassino e ir até a porta. A música de suspense arrepia os pelos do meu braço, penso em dar um susto em Ana, mas ela ficaria tão irritada que acabo desistindo. A música fica mais alta, a loirinha anda pela casa no escuro, a qualquer momento...

Uma batida forte na porta de casa, faz com que eu e Ana pulássemos do sofá jogando o balde de pipoca e o resto do refrigerante para o ar.

— Puta que pariu!

— Calma, Ana. — Paro o filme, encarando a porta.

— Não abre essa merda, Angel. — Lágrimas escorrem pelos olhos de Ana.

Outra batida forte soa pelo apartamento, fazendo meu sangue gelar e Ana chorar baixinho.

— Eu disse para se acalmar.

Paro de andar quando a terceira batida soa ainda mais forte. Respiro fundo, voltando a andar devagar em direção a porta. Levanto a trava do olho mágico vendo o hall iluminado, mas ninguém em meu ponto de visão.

— Ângela?

Continuo olhando, fazendo um sinal para que ela ficasse quieta. Tudo bem, adoro filmes de terror, mas isso já estava ficando sinistro demais.

— Puta que pariu, Ângela. Não abre essa porta!

— Fique calma, quem você acha que vai pular sobre mim?

Ana dá de ombros, não me dando coragem nenhuma para destravar a fechadura, mesmo aos protestos de Ana que se encolhe perto da janela com medo. Engulo o nó que se forma em meu estômago, escancarando a porta.

— Oi, minha linda. — Paul diz esquadrinhando meu rosto e olhando por cima de meu ombro.

Respiro fundo tentando acalmar a respiração.

— Ângela? Está tudo bem? Que cara é essa?

Solto uma risada voltando para dentro do apartamento, Ana relaxa vendo que não era nenhum assassino. Idiotas! Quem vocês achavam que estaria aí? O Freddy Krueger?

— O que você está fazendo aqui?

— Primeiro me responda por que você e sua amiga estão em pânico? Aconteceu alguma coisa, posso chamar Philip...

Paul anda até a bancada do apartamento já caçando seu telefone, vendo a zona que nosso momento de susto nos causou, tem pipoca e almofadas do sofá espalhadas por todo o chão.

— Eu acho que vou vomitar. — Ana está pálida. — Licença.

Ri vendo-a se afastar com a mão no estômago. — Ei, Sr. Superman, acalme-se. Estávamos vendo um filme de terror quando você bateu na porta. — Explico apontando para a TV, a loirinha ainda petrificada na tela ao ver seu assassino apontando uma faca para ela.

— Isso explica a bagunça e os gritos que escutei.

Recolho uma almofada perto de nossos pés. — Como você conseguiu subir sem autorização?

— Tenho meus métodos.

Encaro seu rosto levantando a sobrancelha.

— Disse que você estava no banho e ligou liberando minha entrada.

Ele solta uma risada baixa me puxando pela cintura, chocando meu corpo no seu.

— E posso saber o porquê de você estar aqui?

Ele me solta para se recostar na banqueta da cozinha, seu rosto fica sério. — Eu decidi vir assim que vi você entrando no avião, pensei realmente que você seria apenas mais uma, porém não consegui deixar você ir embora. Assim que cheguei em casa pedi para Philip ajeitar as coisas para nossa viagem. Não consegui ficar no apartamento relembrando tudo que passamos na última semana, só não vim assim que deixei você no aeroporto, porque tinha coisas para ajeitar.

Se isso não era uma declaração, então não sei o que mais seria, a muralha que tinha erguido caiu aos meus pés sorrindo satisfeita para mim.

— Você ignorou minhas mensagens. — Acuso.

Ele se diverte com o que digo. — Minha linda. — Sua voz grave me chamando assim, faz meu corpo se derreter sem nem precisar de um toque. — Eu já estava a caminho daqui quando você mandou as mensagens furiosas por eu ter ignorado você. Decidi fazer surpresa.

— Mas e o papo que você não quer romances?

— Esqueça isso, vamos ver como as coisas ficam.

— Paul...

— Ângela, venha comigo, vamos para meu hotel?

— Não posso, Ana está aqui.

Não daria o braço a torcer tão rápido também, por mais que quisesse.

— Então me deixe ficar essa noite com você, nem que seja para dormir ao seu lado. — Paul fez um biquinho digno de foto.

Analiso por um segundo, eu poderia despachá-lo ou poderia fazer o que realmente tenho vontade. — Não pense que venceu. — Digo puxando-o para mim, roubando sua boca com a minha, saboreando a sensação de seus lábios grudados nos meus, minhas mãos percorrendo seu corpo, agarrando seus cabelos.

E tão rápido eu o agarro, solto com um beijo estalado.

— Prometo me comportar. — Sussurra apalpando minha bunda.


CAPÍTULO 21

 

Paul me ajudou em toda a limpeza, recolhendo as pipocas espalhadas, até mesmo em passar um pano para me livrar do resto do refrigerante derramado pelo tapete, sob meus protestos.

E cumprindo sua promessa que queria apenas dormir comigo me mantive firme, não aliviaria o lado dele, aqui quem manda sou eu, vi quando seus olhos se arregalaram levemente quando passei na sua frente com um conjunto de lingerie sensual.

Quando acordo na manhã seguinte, percebo que despertei muito mais cedo do que o habitual. Paul dormia ao meu lado, o braço cobrindo o rosto e a outra mão em minha coxa. Levanto tentando não o acordar, visto meu robe indo para a cozinha. Ana já estava sentada na bancada lendo o jornal, assim como a senhora Ramirez.

— Bom dia. — Cumprimento as duas.

— Bom dia, senhorita. Fez uma boa viagem? — Sra. Ramirez era um amor, realmente uma segunda mãe, — que minha mãe nunca soubesse disso —.

— Sim, ótima! — inspiro o cheiro delicioso de café fresco. — Vou querer apenas uma xícara de café com espuma de leite.

— Estou torcendo para você falar que seu sono foi regado a um bom pesadelo — Ana havia pegado emprestado um conjunto de pijama ontem em meu armário e as mangas estavam quase o dobro do seu tamanho.

— Olha, dormi igual pedra. — Comento, rindo de sua careta.

Tomo um gole do café que Sra. Ramirez depositou em minha frente. — E você e o Nicolas?

Ana fica sem graça na mesma hora. — O que tem?

— Quanto tempo vocês estão nesse chove não molha? — pergunto, relembrando dos toques cheios de mãos no bar. — Pois isso não pareceu algo recente, devo ficar chateada por você não ter me contado?

— Ah garota, há um bom tempo. E não havia nada para contar, é passageiro. — Ela dá de ombros como se não ligasse, porém, exatamente como eu, sei que se importava.

— Não parece tão passageiro quando já temos apelidos. — Argumento.

— Ele é do mundo, sabe como é. Não vai parar e eu também não quero ser só mais uma em sua cama. Nos encontramos durante alguns voos, saímos algumas vezes... — ela solta um pequeno suspiro. — A questão, é que Nicolas é ele mesmo, aquele cara que pega todas e não se liga a ninguém. Não serei hipócrita de dizer que não imagino que ele fique com outras mulheres quando não nos vemos. Não farei isso, pois eu sei que também sou assim, que adoro a liberdade.

— Ana, por que você não conta para ele que está interessada, quem sabe...

— E você já pensou em assumir para seu garanhão que você está apaixonada por ele? — Ana me espeta com o mesmo argumento que usei com ela. — O sujo falando para o mal lavado, né garota?

— Bom dia.

Viro no banco dando de cara com Paul devidamente arrumando, de banho tomado e relaxado. Não sei por quanto tempo ele estava ali ou o que ouviu, mas decido fingir que nada aconteceu. Ele vem até mim dando um beijo em minha testa, me fazendo sorrir.

— Bom dia. — Digo.

— Bom dia. — Ana cumprimenta dando uma piscadinha para mim, já se levantando. — Vou deixar vocês tomarem café em paz. Preciso realmente me trocar e voltar para casa, mais tarde se você quiser Angel, podemos fazer algo.

— Fique para almoçar comigo, depois ambas caímos de cara no trabalho, hoje preciso colocar as coisas em ordem, falar com meus pais. Minha mãe já deve estar surtando.

Ana que sabia tanto quanto eu como Megan Berlin era riu de meu comentário.

— Já que insiste, mande um beijo para ela e diz que ainda estou esperando o dia de mulheres. — diz dando um grande sorriso e sumindo de vista pelo corredor.

— Sua cara de pau — grito.

— Sua amiga parece legal. — Comenta Paul.

— Sim, ela é ótima.

— Parece que ela gostou de mim.

Um sorriso aparece em seu rosto.

— Ela acha que ficamos bem juntos, — d ou de ombros tomando o resto do meu café. — Quer uma xícara de café?

— Não acredita nisso? — pergunta.

— Acredito que você possa, quer tomar café da manhã? — me faço de sonsa.

Paul revira os olhos. — Em nós, Ângela. É disso que estou falando.

— Em nós? Como parceiros sexuais ou parceiros de negócios? — provoco, recebendo um olhar sério de Paul.

— Concordo que você seria ótima sendo minha.

— Ah, então seria como parceira sexual. — Retruco.

— Ângela...

— Relaxa Paul, tome seu café, depois conversamos sobre isso. Sra. Ramirez preparou uns pães caseiros, devia experimentar.

Disfarço bebericando meu café vendo a Sra. Ramirez andar ajeitando a sala e seguindo para o segundo andar.

— Seu apartamento é incrível. — Paul comenta mudando de assunto.

— Eu realmente me sinto em casa aqui, acordar e ter essa vista são para poucos. — Comento orgulhosa, meu apartamento foi uma negociação e tanto, mas tudo valeu à pena quando o vi pronto, do jeito que queria.

— Realmente.

Percebo que Paul não comentava da vista e sim de mim, de minhas pernas expostas na camisola.

— Seu tarado — digo rindo.

— Preciso resolver algumas coisas na rua, posso voltar de noite?

Por que dizer não quando eu queria mais que tudo? — Tudo bem, aguardo você de noite.

— Gostei de passar a noite com você, realmente não sei se teria conseguido dormir sem você na cama. — Revela. — Vejo você mais tarde, minha linda.

— Ainda não sou sua. — Provoco. — Controle sua possessividade Sr. Vetter.

Ele para na porta, se virando para me olhar com a sobrancelha erguida. Me fazendo ri de sua careta.

— Essa sua língua afiada... tenho ótimas lembranças dela. Principalmente quando ela está ocupada não soltando farpas. — diz indo embora, fazendo eu me engasgar com o café.


— Me conte algo que odeie?

Encaro Paul vendo-o tornar sexy o ato de comer um hot holl . — Por que?

— Sei lá, algo para nos conhecermos melhor. — diz dando de ombros. — Por exemplo, eu odeio futebol, apenas suporto por ser algo que eu e Jordan fazemos. Ele sempre foi fascinado pelo esporte, então, pelo menos em um domingo no mês nos juntamos para assistir.

Tomo um gole de meu vinho, saboreando o gosto meio amargo que o vinho tinto deixa pela minha boca. Vendo Paul contar seu momento pessoal, com um sorriso de lado mostrando aquela covinha quase imperceptível aos olhos, ao som de “Home — Michael Bublé” . Poderia ser facilmente a cena de um filme de romance, só falta agora ele se virar sem graça e me dar um beijo.

Por um instante espero por isso, mas Paul retoma sua pergunta. — Vamos lá, deve ter algo que odeie. Ângela Berlin não odiar nada? Impossível. — Retruca colocando mais um pedaço de salmão cru na boca.

Pego um pedaço, sentindo o gosto de salmão se misturar ao vinho. — É difícil dizer assim. Minha vez, algo que faz você sorrir ao ver?

Paul toma um gole de sua bebida, deposita a taça na mesa de centro encarando meus olhos em todos os atos.

— O que foi? Por que está me encarando? — pergunto deixando um sorriso sem graça chegar aos meus lábios.

Paul sorri mordendo o lábio inferior. — Algo que me faz sorrir? Você, seu sorriso. Não os que você dá de forma simpática, mas aquele que você deixa escapar de sua armadura, como agora.

“Save The Last Dance For Me” começa fazendo Paul sorrir ainda mais, ele toma o último gole do vinho, ficando de pé.

— O que foi?

— Levante-se. — Ordena.

— Você ficou completamente maluco, por quê?

— Levante-se Ângela, ou eu vou deitá-la nesse chão completamente nua, colocar toda essa comida japonesa em cima de você e jantarei assim, usando você como mesa. Primeiro como todo esse delicioso salmão, assim como o restante de nosso jantar e depois eu vou foder você.

Solto uma gargalhada. — Essa opção não me parece um castigo.

— Mas será quando você sentir minha língua percorrer todo seu corpo e eu não a deixar gozar. — Paul estendeu a mão novamente — Levante-se.

Fico de pé rindo do comportamento de Paul. — Pronto, aqui estou.

— Ótimo, agora podemos dançar.

Paul cola seu corpo no meu, uma de suas mãos segurava firmemente minha cintura enquanto a outra segurava a minha mão esquerda sobre seu peito. Ele estava fugindo completamente do ritmo animado da música, criando um ritmo só nosso.

— Você pode sorrir todos os sorrisos para o homem que segurou sua mão debaixo do pálido luar. Mas não se esqueça de quem está te levando para casa e nos braços de quem você estará. Então, querida, deixe a última dança para mim. — Cantarolava me girando entre os móveis da sala, fazendo-me gargalhar quando esbarrávamos em algum lugar ou quando quase caímos no sofá.

Paul fez um gingado remexendo o quadril. Ele sabia dançar e devo dizer muito bem. — Não dê seu coração a ninguém... Amor, você não sabe que eu te amo demais? Você não consegue sentir isso quando eu te toco? Eu nunca vou deixar você ir, eu te amo, oh demais . — Ele cantava a plenos pulmões, me fazendo gargalhar.

Paul me gira, puxando meu corpo de volta para o seu, logo me fazendo curvar para trás. E teria sido um fim incrível para seu desempenho, se ele não tivesse tropeçado no tapete, fazendo com que nos dois caíssemos e levássemos junto todo combinado japonês para o chão.

Eu não conseguia controlar a risada, estava quase sem ar de tanto gargalhar. Paul pega um pedaço de salmão do meu pescoço colocando-o na boca.

— É, você realmente cumpriu as duas ameaças. — Digo em meio às gargalhadas, fazendo Paul rir.


CAPÍTULO 22

 

Acordar com Paul ao meu lado ou abraçado comigo estava se tornando um hábito muito bom e totalmente diferente para uma mulher como eu que não tinha esse costume de dividir a cama com ninguém. A não ser numa parte muito específica.

Depois de ser acordada com Paul no meio das minhas pernas, tendo um sexo maravilhoso pela manhã estava pronta e relaxada para enfrentar uma manhã daquelas, tomamos café juntos conversando um pouco sobre o dia.

Retiro o carro da vaga habitual saindo do prédio, sendo recebida pelo trânsito caótico de táxis, motoristas irritados logo cedo. — Você escolheu o pior caminho. — Paul reclama se remexendo no banco pela milésima vez.

— Fique quieto, senão deixo você aqui mesmo.

Olho para ele sorrindo, estávamos parados no trânsito do centro, desvio o olhar do seu rosto conferindo o relógio, é eu iria me atrasar, mas fiz questão de levar Paul para seu hotel. Mesmo ele insistindo que era uma besteira , já que Philip estaria pronto para atendê-lo a qualquer hora.

— Vire a direta, podemos fazer um pequeno desvio. — Paul deixa sua mão brincando com minha coxa, subindo e descendo de forma lenta. Daquele jeito que me fazia rezar para a Deusa Interior que ele fosse um pouco mais para cima, afinal quem reclamaria de ter mais uma sessão de amassos com um homem desses? Eu, com certeza não.

— Tire esses pensamentos maliciosos, Srta. Berlin. Estamos atrasados. — Paul diz rindo.

— Você não sabe o que estou pensando.

Desvio meu olhar para o espelho retrovisor vendo uma picape colada na traseira do Audi, mudo de faixa e a picape me acompanha. Os vidros enegrecidos não permitem que eu veja seu motorista, mas pela aparência do carro, sua lataria enferrujada, a placa meio torta, suponho que pode ser um carro roubado.

— O que foi? — Paul questiona olhando para mim.

— Nada, chegarei atrasada, muito mais que previsto. — Digo ao acelerar o carro, trocando de faixa sempre que surgia um espaço.

— Eu disse que poderia ter chamado por Philip, ele é pago para isso.

— Coitado, tenho um pouco de pena por ele ser seu funcionário. — Olho novamente pelo retrovisor vendo que a picape mais uma vez copiou meus movimentos.

— Ângela, Ângela. Não mexa comigo.

Sua mão sobe por minha perna, mas não é o suficiente para me distrair. Acelero aproveitando a brecha que os carros deixaram entrando na rua que Paul indicou, passo rápido pelos carros ganhando velocidade conforme acelero pela rua.

— Diminua, porque está correndo tanto? — me repreende.

— Tinha um carro colado em mim, eu não iria pagar para ver se ele estava ou não me seguindo. —Digo ainda olhando pelo retrovisor.

— Por que não me falou? — Paul se vira no banco olhando para trás, mas a tal picape ficou presa no trânsito.

— Eu sei me cuidar.

— Com certas coisas não se brinca, Ângela.

Respiro fundo evitando discutir com Paul, a primeira coisa que aprendi quando dispensei os seguranças que meu pai tanto me enchia para aceitar foi direção defensiva. E eu garanto, sabia o que fazer atrás de um volante.


Estaciono o carro na frente do hotel, encarando o semblante feio de Paul.

— Paul.

Ele solta um suspiro apertando o espaço entre os olhos.

— Pare com isso.

— Somente a ideia de ver você sendo perseguida já me deixa bravo.

— Deve ter sido apenas impressão, afinal ele não me seguiu até aqui.

— Ou ele percebeu sua fuga e não quis se arriscar demais. Eu adoro sua imprudência, mas não quando se trata de sua segurança Ângela.

Respiro fundo, tudo que não quero é estragar a manhã que tivemos por uma briga.

— Paul?

Vetter se vira para mim, sua mão passa pelo meu rosto e não para por ali, engancha os dedos em meus cabelos, puxando minha boca para sua. Não é propriamente um beijo, ele apenas deixa seus lábios esmagando os meus.

— Tome cuidado. — diz soltando-me — Almoçamos juntos?

— Parece ótimo.

Espero que ele tenha entrado no hotel para seguir pro escritório, minha mente está uma confusão só. Quando estou com Paul parece que todos meus sentindo se anulam.


— Estou tentando ser paciente Lauren, mas está sendo muito difícil.

A loira sentada na cadeira arregala os olhos, levando a sério minha ameaça.

— Srta. Berlin, estou fazendo o que posso...

— Então faça o que não pode. Eu quero essa solução resolvida, não irei disponibilizar mais nenhuma verba para o setor se eles não me apresentarem o que prometeram mês passado.

Esse projeto em Denver estava me tirando fora do sério, cada dia que passava eu via que só tinha incompetentes tomando conta.

— Srta. Berlin não prevíamos esse incidente em uma das fabricas, isso acabou nos fazendo perder metade de nossos protótipos.

— Lauren, já está avisada. Quero uma posição semana que vem sobre os avanços e espero que sejam melhores do que esse relatório que tenho em minhas mãos hoje.

— Sim, Srta. Berlin.

— Ótimo. — Digo encerrando a vídeo conferência.

Duas conferências, uma reunião complicada onde vetei um projeto que um de nosso executivo de análise estava tentando a todo custo implantar na empresa, consigo sentar em minha cadeira. Peço para que Susan confirme o jantar com meus pais e que desmarcasse todos os compromissos do final da tarde, passando os mais importantes para amanhã. Tinha esquecido completamente de Lian, até vê-lo cortejando Susan.

Aceno para que entre, com um sorriso simpático no rosto.

— Minha querida.

Levanto recebendo seu abraço e o beijo no rosto, assim que sento aciono o botão de privacidade deixando o vidro do escritório opaco. Permitindo que eu visse o que acontecia no hall, porém ninguém conseguia enxergar dentro da sala.

— Como vai, Lian? — pergunto cordialmente.

— Tudo como previsto. Como foi sua viagem?

— Tudo ótimo Washington é linda, tão agitada quanto Nova York. — Relembro dos momentos com Paul em D.C. — Desculpe desmarcar nosso jantar e chamar você aqui, tenho uma reunião familiar pela noite.

— Sem problemas querida, sabemos que não é nenhum sacrifício deixar os processos em meu escritório para vir aqui, porém receio que você quer discutir logo esses pontos que me enviou por e-mail. — Ele retira alguns papéis incluindo uma cópia do meu e-mail da pasta colocando-os em nossa frente.

— Sim, quero um parâmetro de todas as áreas, afinal o setor jurídico também é importante nesses casos. Quero entender principalmente por que desse equívoco enorme. Se assinar perco um considerável porcentual de lucro de nosso capital — digo.

Estar na presença de Lian era fácil, mesmo com nossos casos extras éramos amigos. Lian frequentava a casa de meus pais, vivia próximo de minha família. Meu pai tinha-o em alta conta, tanto que ele seria o indicado à presidência se eu não tivesse tomado esse cargo para mim. Porém, apesar de tudo, até mesmo dessa amizade, quando lidávamos com assuntos da empresa ele respeitava mais que tudo minha posição, afinal poderia despedi-lo quando quisesse.

— Quanto a esse assunto já mandei para Derek estou esperando uma resposta tanto dele como do próprio setor financeiro de Chicago, realmente não tem como você assinar tais documentos com tanto dinheiro envolvido.

Percebo certo incomodo em Lian ao tocar no assunto da filial.

— Claro, eu mesma cuidarei de apressar o Derek e incluir o Garret em Chicago. — Não deixaria isso passar, seria um grande erro e prejudicaria consideravelmente minha empresa, praticamente perderia uns bons milhões. — Por hora, vamos passar para o próximo tópico.

— Analisei tudo que me mandou e me aprofundei um pouco mais, pesquisei um pouco sobre os últimos negócios do Sr. Vetter. A empresa não tem nada fora da linha, nem nada para se preocupar. — Ele levanta trazendo os papéis com ele. — Sua empresa lucra bilhões por ano, um grande número de empregados e uma grande filial em Detroit. É uma empresa sólida desde que Victor Vetter a criou e continua com Paul Vetter no poder.

— Isso é excelente, pelo que pude observar em Washington a InGet trabalha com seriedade e os funcionários parecem satisfeitos com o que a empresa oferece. Também pude estar na presença de Gerald Grinfield, devo dizer que estou muito satisfeita por trazê-lo para meu lado.

— Gerald Grinfield é um porco burguês, tenho pena de sua esposa. — Lian comenta.

— Eu não diria isso, enquanto estive no evento pude ver que ela é tão megera quanto ele. Aquela pose de esposa perfeita caiu poucas horas depois, como se diz ela o mata na unha.

Lian solta uma gargalhada alta me fazendo sorrir. — Essas mulheres, por isso agradeço por ser solteiro.

Passamos um bom tempo discutindo os documentos que Lian trouxe para que eu analisasse. O tempo deve ter corrido ou estava tão concentrada na reunião que não vi a hora passar, pego meu celular na gaveta para verificar as horas, ao desbloquear a tela dou de cara com quinze mensagens de Paul aparecendo em destaque. Droga . Minha atenção foi desviada por uma movimentação no hall da empresa, Susan gesticula, tentando ao mesmo tempo pegar o telefone e conter um Paul Vetter enfurecido, além de Philip.

Droga, droga, droga. Lian ainda estava curvado sobre mim escrevendo algo nos documentos, alheio ao que acontecia lá fora.

Susan corre até a porta abrindo-a. — Desculpe, senhorita Berlin, desculpe... o Senhor...

— Calma Susan, — digo fechando a cara quando Paul entra seguido de seu cão de guarda. Permaneço sentada, com Lian ao meu lado. — Sr. Vetter, o que devo essa grande visita? — pergunto em tom irônico, mostrando que não estava nada contente com sua cena.

— Ângela. — Ele estava sério, nada parecido com o Paul parado na minha cozinha hoje pela manhã. — Sr. Fitz, não sabia que estaria aqui.

Paul puxa uma das cadeiras de ferro trabalhada, desabotoando o paletó, se sentando.

Lian se ergue, sorrindo. — Sr. Vetter. Não sabia que estava por nossa cidade.

Sentia as alfinetas que eles se lançavam, me sentia num campo de batalha, ambos apontando as espadas para o peito do adversário.

— Sim, porém por poucos dias, logo eu e a senhorita Berlin voltaremos para Washington. — O sorriso que Paul abre era amplo e vitorioso.

— Você já vai nos abandonar novamente? — Lian sabia muito bem provocar e, podia ver que estava conseguindo tirar Paul do sério. — E nossa viagem para o Brasil? Você mais que ninguém sabe o quanto é importante essa filial. E agora também estamos com esse problema contábil na filial de Chicago.

Isso estava me irritando, primeiro Paul me tratava como um objeto, um cachorrinho que mantinha na coleira. Depois Lian falava comigo como se tivesse um problema de memória ou como se tivesse me tornado uma imbecil. Estava me dando nos nervos ter esses dois homens me puxando como um cabo de força.

— Sei muito bem dos meus compromissos Lian e como no cronograma farei David assinar o contrato permitindo uma filial no Brasil, nem que para isso eu passe um mês por lá. Como já conversamos não terá filial em Chicago até Garret e toda sua empresa concertarem o erro gritante nos documentos, pois só consigo deduzir uma coisa ou temos alguém nos roubando lá ou aqui na empresa e para isso tenho meu jeito de resolver.

— Eu entendo, peço desculpas minha querida, — Lian me conhecia, sabia que a melhor maneira era recuar, ao contrário de Paul que me enfrentava, batendo de frente comigo com frequência. — Sua viagem para o Brasil é perto do seu aniversário e como sei que Megan adora grandes eventos, quero que tudo saia conforme combinado.

Aperto o canto dos olhos, irritada. — Como disse, tudo está caminhando dentro do cronograma. Se você me der licença preciso conversar com o Sr. Vetter sobre nossa negociação.

— Claro, querida. — Lian deposita um beijo em minha bochecha e sai, Philip foi em seu encalço fechando a porta, mas em nenhum momento deixa o escritório, ficando plantado ao lado de minha porta de frente para a recepção.

— Que porra foi essa? Você pode me explicar? — explodo.

Paul suaviza seu olhar, tirando o paletó deixando na poltrona, vindo em minha direção. Sinto meu corpo começar a esquentar, minha respiração ficar acelerada.

Ele me gira na cadeira apoiando as duas mãos me prendendo, olha por um instante para porta, eu o imito Philip continuava parado travando a passagem de qualquer pessoa, como o bom cão de guarda que era. Nenhuma palavra foi trocada a não ser olhares, Paul aperta a trava da porta que ficava perto de minha perna embaixo da mesa.

— Paul... — Minha voz falha, trazendo mais um sorriso dele.

Cada pedaço, músculo fica tenso, formigando... ansiando pelo seu toque. Que diabos ele está fazendo? Cada vez que me tocava eu queria mais e mais. Ele se aproxima dando um beijo suave em meus lábios, suas mãos brincam com meu corpo subindo e descendo. Paul se afasta um pouco para analisar minha roupa.

Hoje com certeza eu tinha abusado, coloquei uma blusa azul Tiffany de alça fina com as costas de fora que ele não pôde ver ao sair de casa por conta do blazer e para completar uma saia creme justa nas pernas, um belo salto marfim altíssimo e os cabelos num rabo de cavalo simples.

— Paul estou trabalhando. — Ameaço.

— Vestida assim? Você não percebe que todos os homens estão te cobiçando? — diz me encurralando na parede de vidro, recomeçando sua tortura. Apertando meus seios por cima da blusa, o olhar fixado em minha expressão o tempo todo.

Pressiono meu corpo ainda mais em suas mãos, que descem para minhas pernas fazendo caricias, minha respiração acelera.

— Vire-se, minha linda.

Faço o que ele pede, Paul ergue minha saia deixando minha bunda exposta, me empurrando em direção ao vidro, causando um tremor quando minha pele sente o vidro frio. Sua mão percorre o caminho da minha calcinha colocando-a de lado, inserindo um dedo pela minha fenda. — Como você está excitada.

Solto um suspiro entrecortado, não tinha mais voz para retrucar, minha garganta estava seca, o desejo queimando minhas veias. Ainda queria dar um tapa nesse rosto cretino por ter feito cena, atrapalhando minha reunião com Lian. Mas no momento? Ah, no momento eu queria que ele me tomasse para ele, mordo os lábios quando Paul intensifica suas carícias em meu clitóris.

— Paul — Gemo.

— Calma minha tigresa, eu vou te dar o alívio que busca. — Paul afasta bruscamente minhas pernas, puxando minha bunda para trás me fazendo colar o rosto no vidro, vendo toda Nova York em movimento abaixo de mim.

Saber que pessoas andavam e conversam abaixo de nós, com o poder de olhar e me ver sendo fodida daquela forma me excitava mais. Ele me penetra com força, gemendo junto comigo quando entra por completo.

— Deliciosa, que mulher.

Seu toque não estava nada gentil, era urgente e delicioso, seu corpo implorava pelo o meu. Sinto meu corpo tremendo, o orgasmo dando os primeiros sinais. Ele se remexe, torturando-me, jogo minha bunda para trás provocando, pedindo silenciosamente por mais.

Paul se afasta novamente rindo.

— É melhor você terminar o que começou — ameaço.

Ele se inclina me penetrando novamente, dá um belo tapa em uma das nádegas, que queima eu tinha certeza que a mão de Paul ficaria marcada em minha pele.

Morde meu ombro, minha orelha e sussurra:

— Pode ficar tranquila, você não gosta de provocar? Então agora quero ver você gozar para mim. Vamos, Ângela. — Ordena intensificando o movimento, estávamos sendo quase animais, meu corpo tremia, deixo a cabeça recair sobre seu ombro, nossos corpos colados. Paul grunhia em meu ouvido, chupava meu pescoço exercendo a pressão perfeita.

Não aguento, meu corpo se liberta em um orgasmo violento. Paul não demora muito para seguir seu próprio alivio, seu corpo relaxando em minhas costas.

E então, a voz de Susan soou pelo alto falante:

— Desculpe incomodar senhorita Berlin, seu pai está aqui.

Puta merda, meu pai! Graças a Deus eu não havia teimado com minha mãe quando sua equipe veio montar meu escritório e aceitei que fizessem um mecanismo para a sala ser à prova de sons, assim como o vidro ter a possibilidade de privacidade, o que ajudava muito em reuniões e agora.

Senão todos na recepção estariam escutando e vendo o show particular que Paul e eu fizemos.

Afasto empurrando Paul que gargalhava, abaixo minha saia ao mesmo tempo em que arrumava minha blusa e meu cabelo. — Susan de 5 minutos e libere a entrada do meu pai. — Digo acionando o interfone e destravando a porta.

Paul já estava com as roupas em perfeito estado e no banheiro lavando as mãos, corro até lá me limpando antes de voltar para o escritório e enfrentar meu pai.

Paul solta um risinho baixo e sentando na frente de minha mesa, ocupo meu lugar dando uma última olhada pelo escritório, nada indicava o que havíamos feito há 3 minutos.

Meu pai entra acompanhado de Susan rindo de algum comentário, ele rapidamente olha para Paul indo a sua direção. — Paul, que surpresa, não sabia que estaria em Nova York.

— Foi uma viagem rápida Gibson, retorno ainda essa semana.

— Pai, você não estava em casa? — tento manter um nível relaxado, torcendo que meu pai não reparasse em nada.

— Sim, passei na empresa para falar com você. — Meu pai se sentou ao lado de Paul. — Fui almoçar com Damon, você sabia que Olivia voltou do intercambio?

— Não. Não falo muito com ela. Nosso contato ficou escasso depois da faculdade. — Troco um olhar com Paul que participa da conversa demonstrando interesse. — O que Damon queria? Aposto que é algum favor.

Junto alguns papéis espalhados pela mesa, colocando-o de volta na pasta.

— Perguntou para esse velho aqui se tinha como dar um emprego para filha dele. Parece que ela retornou da Europa com diploma de pós-graduação em ciências contábeis.

— Sabia, Damon é repugnante, vive de favores, azar da pessoa que um dia precise de alguma ajuda dele.

— Não fale assim Ângela, o que Vetter pensará.

“Ah, você não sabe da missa um terço .” Seguro o riso que veio em meu pensamento.

— Sinto muito, Sr. Vetter, eu realmente não tolero muito bem pessoas interesseiras.

— Vou deixar essa observação guardada. — Paul diz levando meu pai ao riso.

Noto a presença de Susan no canto da porta, parada como uma estátua. — Susan pode ir, assim que terminar por aqui eu tranco o andar.

— Obrigada senhorita Berlin, até amanhã. Boa tarde, senhores.

— Sua assistente parece um ratinho, — Paul comenta vendo Susan sumir no elevador. — Sempre com os olhos arregalados e correndo.

Não aguentamos, rimos de seu comentário. Tinha que concordar Susan vivia com ar de assustada, até me culpava um pouco, ela vivia sobre pressão, mas em nenhum momento pediu demissão e executava seu trabalho com perfeição, acho que por isso nos dávamos bem, ela gostava de sentir um pouco do prestígio que tinha ao falar de quem era assistente.

Retomo a conversa, — Espero que não tenha dito sobre o programa para jovens com potenciais.

Meu pai se levanta. — Não comentei nada, assim como você não quero o pai dela me importunando durante o trabalho e muito menos estendendo seus comentários ridículos sobre você.

Paul olhava para meu pai com interesse.

— O papo está ótimo mais sua mãe deve estar pirando por estar demorando. Paul, — meu pai me encara. — Megan e eu sairemos para jantar com Ângela. Será um prazer tê-lo conosco nesta noite, seria bom ter alguém para me acompanhar no uísque.

Desconfio da atitude dele, seria apenas um jantar simples. Por que convidá-lo?

— Será um prazer Gibson. Posso ir com a senhorita? — Paul vira-se para mim. — Teria algum problema?

— Não, posso passar em seu hotel antes de ir, é caminho mesmo. — Comento.

— Perfeito, teremos uma ótima noite, sua mãe ficará radiante.


CAPÍTULO 23

 

Por todo caminho Paul fica tentando-me com suas mãos bobas, passando pela minha perna, minha barriga, tirando minha total atenção no caminho e nem ligando para minhas repreensões.

Estaciono o carro na entrada do Madison Square Park, o segurança vem em nossa direção abrindo a porta do carro, aguardo Paul fazer um sinal dispensando o segurança, para ele mesmo abrir minha porta.

— Muito gentil, Sr. Vetter.

— Não se acostume. — diz em meu ouvido. — Você sabe que esses tipos de galanteios é apenas para conseguir foder você no final da noite. Não sabe? — questiona sorrindo e entrelaçando meu braço no seu.

Balanço a cabeça, segurando o riso. — Realmente você é um canalha.

— Muito obrigado pelo elogio, Srta. Berlin.

— Boa noite, senhor. Srta. Berlin, bom vê-la novamente. — Lorenzi nos cumprimenta.

—Lorenzi, estamos na mesa de sempre?

— Sim, senhorita. — Ele faz sinal para um garçom. — Ele irá levá-los para sua mesa.

— Muito obrigada, Lorenzi. Boa noite.

— Boa noite. — Paul diz me conduzindo atrás do garçom.

Subo as escadarias chegando ao elegante restaurante, às mesas já ocupadas, os garçons transitando com toda a elegância que se pedia em um restaurante cinco estrelas. Avisto minha mãe sentada sorrindo para meu pai , seu cabelo avermelhado como o meu, preso em um lindo coque alto, o vestido branco com desenhos abstratos em tons de aquarela clara realçava ainda mais sua beleza.

— Sr. e Sra. Berlin. — O garçom chama atenção dos meus pais.

— Angel! — comemora ficando de pé.

— Oi mãe, — digo abraçando-a — estava com saudades.

Assim que nos soltamos ela cumprimenta Paul com um beijo em cada bochecha, bem ao estilo de Megan Berlin.

— É ótimo finalmente conhecê-lo, Sr. Vetter. Gibson fala muito bem do senhor.

— Apenas Paul, senhora Berlin. — Paul solta galante para cima de minha mãe.

Esse jantar seria histórico, penso comigo mesma.

— Sem formalidades então. Apenas Meg , como os amigos me chamam. — Minha mãe sorri, trocando alguns olhares para mim.

Paul puxa minha cadeira, sentando-se ao meu lado.

— As mulheres mais lindas de Nova York aqui comigo. — Meu pai sorri levantando seu copo de uísque. O líquido cor âmbar balança de um lado a outro. — Paul me acompanha no uísque?

— Eu prefiro não beber, posso dirigir mais tarde. — Paul comenta colocando a mão sobre minha perna debaixo da mesa. Fazendo-me prender a respiração com sua ousadia.

— Apenas um copo não fará mal, John pode levá-lo para seu hotel depois. — Insiste meu pai.

Paul sorri concordando.

— Querida dispensamos as entradas, vocês desejam algo especial ou podemos pedir os pratos?

— Podemos ir para o prato principal.

Meu pai chama o garçom mais próximo. — Mais um copo de uísque , por favor, Ângela você acompanha sua mãe no vinho? Ou tem alguma outra preferência?

— Vinho branco, de preferência suave. Gostaria da indicação do chef para o filé de salmão com vegetais.

— Para nós, duas ostras gratinadas. — Pedi meu pai. — O que você deseja Paul?

Vetter afasta os olhos do cardápio. — Para mim, camarão com batatas raspadas.

— Com licença senhores, em breve trarei seus pedidos.

— Me conte como foi sua estadia por D.C, filha. Seu pai comentou que ficou no Four Seasons?

— É...

— Na verdade, Sra. Berlin, Ângela ficou em minha casa. — Paul revela.

Chuto discretamente sua perna, levando um beliscão na coxa.

— Como assim ficou em sua casa, Sr. Vetter?

— Foi uma surpresa para mim também, — desvio os olhos dos seus, analisando o restaurante. — Foi de extrema gentileza, permitir que ficasse como hóspede em sua casa.

— Hotel é uma coisa tão impessoal e, minha casa tem muito espaço livre. — Paul comenta abrindo um sorriso de derreter calcinhas para nós.

— E seu pai achando que vocês não se dariam bem.

Quase engasgo quando ela faz esse comentário, quase cuspindo o vinho.

— Não é para tanto, né. — Comento olhando para o sorridente Paul Vetter, obvio que ele estava se divertindo as minhas custas.

— Sabemos que você quer comandar tudo e todos. — Meu pai entra na conversa. — Não acreditava que você manteria essa fusão por muito tempo, sabemos como você leva as coisas a punho firme na empresa, acreditei que logo pediria a cabeça de Paul numa bandeja.

— Ainda bem que continuo com ela no lugar. — Paul caçoa segurando o pescoço teatralmente.

Meus pais gargalham, obviamente encantados com Vetter, assim como a maioria das pessoas ficava quando Paul decidia abrir a boca. Secretamente agradeço pela mudança de assunto, virando para algo em minha zona de conforto. Falando sobre todos os planos que tínhamos em Seattle, as modificações na empresa.

— Gostei bastante dos relatórios, acredito que temos tudo para montar uma fusão e tanto em Washington.

Dois garçons param em nossa mesa colocando nossos pedidos e mais bebidas.

— Está ótimo. — Digo, agradecendo ao garçom que preenche minha taça com vinho.

— Estou contanto com isso, Gibson. — Paul retorna para o assunto, já tratando meus pais sem formalidade. — Tanto que Ângela decidiu que retornará comigo para Washington.

Eu queria socá-lo, dou um pisão no seu pé recebendo mais um aperto no meio de minhas pernas.

— Ângela, querida, você não falou que iria voltar para Washington. — Questiona meu pai sério.

Claro que não, estava protelando minha decisão — penso em dizer, mas sorrio. — Sim pai, na verdade, iria comunicar vocês hoje em nosso jantar, estou pensando em acompanhar as coisas por lá, não será por muito tempo. A final tenho que cuidar da empresa.

— Você mal retornou.

— Como disse mãe, não ficarei por muito tempo. — Lanço um olhar para Paul, maldito linguarudo . — Eu tenho uma viagem para o Brasil antes do meu aniversário e tenho outros contratos para cumprir aqui em Nova York. Além do problema recente que descobri com a filial de Chicago.

— Problemas com Garret? — meu pai assume sua posição de empresário.

Esse era meu pai, não o homem manso na casa dos cinquenta anos que minha mãe adestrou. No fundo eu não conseguia me ver assim, deixando outra pessoa cuidar de tudo. Enquanto eu aposentava meus saltos.

— Sim, valores superfaturados, mas vamos conversar sobre isso no escritório. — Digo comendo um pedaço do salmão que estava realmente divino.

— Estava comentando esses dias com seu pai, sobre a viagem para o Brasil. — minha mãe diz deixando sua taça na mesa. — Não seria muito mais fácil reunir os executivos e fazer uma conferência? Afinal tão perto do seu aniversário minha querida, eu e Silvia já estamos com ideias fantásticas.

Minha mãe era ótima para realizar eventos e Silvia, irmã de meu pai era o que poderíamos chamar de solteirona maluca, uns quinze anos mais nova que papai, divorciada de seu terceiro casamento.

Era uma socialite gastadeira e que não deixava a mídia por nada e sua filha seguia com disciplina seus passos. Atualmente tia Silvia trabalhava com eventos, sejam eles o que fossem, tinha ótimas histórias e sempre me divertia com esse seu lado, meus pais diziam que meu jeito pronto para problemas veio dela, nisso eu não discordava, dei trabalho para eles quando era adolescente.

Os olhos de minha mãe brilhavam com seus planos, porém não era a única feliz com essa possibilidade. Paul tinha escutado quando Lian comentou de nossa viagem e estava disposto a me afastar a todo custo dele.

— Temos tempo para decidir.

— É uma hipótese a ser considerada.


Terminamos de jantar conversando amenidades, comentando sobre a semana de minha mãe enquanto os rapazes conversavam sobre hobbies, esporte. Homens eram todos iguais. O garçom trouxe o café, depositando também alguns doces refinados em nossa mesa.

Penso sobre a conversa durante o jantar, meus pais mal sabiam que o motivo para eu deixar minha querida Nova York não tinha nada a ver com uma mísera obra ou com as negociações. E sim, para o homem sentado conversando confortavelmente com meu pai, que sem ninguém perceber lançava olhares e piscadas para mim.

Dou a desculpa que estava cansada, pedindo para que Paul assumisse a direção, se simplesmente desse a chave do carro para ele levantaria ainda mais suspeitas com minha mãe, ainda mais por nunca ter deixado ninguém dirigir meu carro.

— Foi um excelente jantar, muito obrigado pelo convite Gibson. — Paul se antecipou nas despedidas. — Megan, foi ótimo estar na presença de uma mulher tão encantadora. — Acrescenta beijando o dorso da mão de minha mãe.

Mas ele era um perfeito canalha. — Penso dando um abraço em meu pai.

— O prazer foi todo nosso Paul, vamos marcar algo fora do profissional mais vezes. — Escuto minha mãe dizer.

— Com certeza.

— Mãe, nós falamos depois.

— Tá bom, filha, se cuide.

— Você está realmente cansada? — Paul me pergunta na penumbra do carro.

Apenas as luzes do painel e do som lançavam alguma claridade em seu rosto.

— Não — respondo virada para a janela.

— Desculpe por mais cedo, pensei que você tivesse comentado que voltaria comigo. — Ele coloca a mão sobre meu joelho. Parecendo sincero no que dizia.

— Paul não gosto que interfira em meu trabalho, o modo como entrou na minha sala hoje, você e Lian se alfinetando como duas garotinhas disputando uma boneca. — Olho seu rosto, Paul mantinha o olhar no volante.

— Do mesmo jeito que eu respeito seus limites, respeite meu espaço.

Ele continua em silêncio, respiro fundo, não quero discutir com ele, não quero encerrar a noite assim, sempre tínhamos que discutir, estava cansada disso. Puxo sua mão direita do volante, retornando-a para mim, entrelaçando nossos dedos, ele sorri me olhando.

— Eu pedi para que Philip preparasse uma surpresa para você enquanto estávamos jantando. — Um sorriso de menino passa por seu rosto, quem diria que um dia veria Paul Vetter com um sorriso desses. — Se você não tiver realmente cansada, podemos ir.

— Claro, vamos ver essa surpresa. — Deito minha cabeça em seu ombro curtindo o trajeto, agora que tinha desabafado, me sentia bem.


Paul para o carro em frente ao Empire States, Philip surge do nada abrindo minha porta enquanto Paul dava a volta no carro, entregando as chaves para ele. Uma rajada de vento frio faz minha pele se arrepiar, Paul retira o casaco camurça, colocando-o em minhas costas.

— Para onde vamos?

— Você já vai ver. — Paul me guia com a mão na base da coluna pela calçada, um segurança vendo nossa aproximação abre a porta de vidro do Empire States, nos cumprimenta brevemente. Paul não conversa com ele, me puxa direto para o elevador.

— Paul o que estamos fazendo no Empire States essa hora?

— Calma.

O elevador nos leva para o 102° andar, acho estranho, tentava imaginar o que Paul queria no observatório do Empire States essa hora da noite, ele deve ter pagado uma pequena fortuna para os seguranças permitir nossa entrada. Que surpresa era essa? Quando as portas se abriram e dou alguns passos para frente, congelo.

Era lindo, tudo estava incrivelmente lindo. Toda a vista de Nova York acesa durante a noite era para tirar o fôlego de qualquer um. Mas o que me deixou realmente encantada e apaixonada por toda aquela cena foram as pétalas de rosas vermelhas, amarelas, rosas, brancas, de diversas cores espalhadas pelo chão, cobrindo todo o espaço do deck.

Era como se não existisse chão, as janelas de vidro mostrando Nova York com as pétalas espelhadas, realmente era um sonho.

— Você queria mais, queria provas? — Paul sussurra atrás de mim passando seus braços ao meu redor. Estava emocionada, a voz embargada na garganta, nem conseguia responder, então apenas aceno concordando.

— Bem, as pétalas estão aí para mostrar que até tenho um lado romântico e meu coração você ganhou quando sai do elevador e dei de cara com você e seu nariz empinado.

—Paul... — Soluço o seu nome por que fui incapaz de dizer algo mais. As lágrimas encheram os meus olhos, eu não conseguia parar. Ele estava me dando o meu mais, ele realmente está me dando uma prova sobre nós.

Viro para encará-lo, mas ele apenas me toma em seus braços, me abraçando forte.

— Eu estou apaixonado por você e quero te dar todos os mais que existirem no mundo para ter você ao meu lado.

Oh meu Deus . — Eu também estou apaixonada por você e estive desde o primeiro momento em que me desafiou e um pouco mais a cada dia que se passou. — Confesso.

— Minha linda. — Ele beija meus lábios carinhosamente.

— Sua. — Concordo me agarrando a ele, garantindo que tudo era real, de que estava mesmo acontecendo.

Pela primeira vez desde que o conheci, ele me beijou provando que estava apaixonado, com delicadeza, suavidade e muito carinho. Estava impresso em cada ato, em cada pequeno carinho que suas mãos faziam em minha pele. E o que eu poderia fazer? Apenas retribuir tudo com o dobro de paixão.


CAPÍTULO 24


Tinha que confessar, adorava a forma como mesmo Paul se virando durante a noite suas mãos nunca ficavam muito tempo longe de mim, sempre me tocando de alguma forma.

Nem que seja um braço ao redor de minha cintura ou as pernas enroscadas nas minhas. Aproveito que ele estava dormindo de bruços com as costas nuas e completamente expostas para mim, beijo cada parte de pele que eu consigo. Desde a nuca, por toda a sua coluna, distribuía beijos suaves e delicados sem a intenção de acordá-lo. Mas apesar de parecer que ele dormia pesadamente, já percebi que Paul tinha um sono leve, como eu prévia ele me pega no flagra.

— Essa boca atrevida... já disse que gosto muito dela? — Paul abre devagar seus olhos, com um sorriso radiante.

— Você já deve ter dito isso alguma vez.

— Por que você não a traz até aqui e me dá um bom dia gostoso?

Me arrasto até ele, beijando seus lábios famintos. Sou obrigada a me afastar antes que nosso beijo se torne outro e mais outro e a gente acabe não saindo dessa cama tão cedo. Mesmo assim afasto-me um pouco ofegante.

— Você não quer ir para Washington comigo hoje mesmo? — Pergunta.

— Não posso, tenho alguns compromissos que adiei, por tanto estou amarrada aqui por mais um dia, posso ir na quinta-feira.

— Posso voltar com você.

— E quanto aos seus compromissos? Pode ir hoje, nos encontramos na quinta.

Não queria que ele atrasasse suas coisas, sei que ele era tão ocupado quanto eu e sabia que uma hora iríamos ter que dar um jeito nisso.

— Tenho tudo sobre controle. Gabby e Jolini estão cuidando de tudo. — Paul coloca os braços atrás da cabeça relaxado.

Devido ao único vestido que eu tenho, decidimos tomar café aqui mesmo no hotel, depois iria para meu apartamento. Estava experimentando um delicioso bagel quando meu telefone tocou, corro para o quarto, mas não consigo chegar a tempo para atender.

Não passa nem um segundo ele volta a tocar. — Mãe? — questiono, estranho receber uma ligação de minha mãe logo cedo.

— Ângela você está no escritório?

— Não, estou a caminho.

— Podemos nos encontrar mais tarde?

— Claro, o que houve? Aconteceu algo?

— Não, preciso trocar duas palavrinhas pessoalmente com você.

Sinto um toque de tensão em sua voz. — Aguardo você em meu escritório, então.

— Até mais tarde.

Paul me abraça dando beijos em meu pescoço. — O que houve?

— Minha mãe, pediu para encontrá-la na empresa.

— E isso é algo que te preocupa?

— Estranho, mas vou deixar para me preocupar com isso quando chegar a hora. — Digo.

— Então posso roubar mais alguns minutos seus? — Paul exibi aquele lindo sorriso, aquele sorriso que nos faz querer admirar por horas.

— Paul...

Paul me empurra para a cama, fazendo-me deitar de costas. Fica de joelhos, segurando minhas pernas, afasta minha calcinha, nem perdendo o tempo de tirá-la, posiciona seu pênis passando a glande por toda minha intimidade já acesa pelo seu contato.

Solto alguns gemidos, dançando e resmungando enquanto ele me penetra com um movimento básico dos quadris. Mexendo com firmeza, forte o suficiente para que eu o sinta chegar ao fundo, só para sair de maneira lenta e torturante. Quando ele inclina para frente e me beija, seguro forte em sua bunda, passando as mãos pelo seu corpo.

Começamos a gemer, Paul fazendo aquela tortura de entra e sai devagar, beijando meu pescoço, mordendo o bico do meu seio. E sem mais conseguir resistir, depois tanta investida, gozamos quase juntos.

Depois de um banho relaxante que tomamos e de passar em meu apartamento para trocar de roupa, entro novamente em meu carro e sigo para Solftk, ainda tinha um dia inteiro pela frente.

Paul ficou no hotel resolvendo alguns problemas na empresa, quando saí, ele estava se preparando para uma ligação importante.

Percebo que o dia na empresa seria um caos assim que piso no hall. Era como se um inferno tivesse se instalado pela Solftk, meu atraso matinal tinha feito minha assistente pirar. O que comprovo assim que as portas do elevador se abrem, Susan estava com dois telefones um em cada orelha. Dispensando um, dando atenção para outro, sinalizo para que venha em minha sala assim que possível.

Entro jogando minha bolsa na chaise, enfim paz. Nada como estar entre quatro paredes no silêncio absoluto. Sento na cadeira atrás da mesa, ligo meu computador, abrindo minha agenda.

Uma batida na porta me faz erguer o olhar, Ana.

Faço sinal para que entrasse.

— Garota, já é a terceira vez que venho aqui, onde estava? — diz esparramando-se na chaise, não demonstrando nem um pouco da elegância e sim seu jeito espalhafatoso de ser.

— Passei a noite com Paul. — respondo.

— Entendo, numa farra bem sacana, por falar nisso como foi seu jantar com seus pais? Já contou que pretende voltar para D.C.?

— Sim, o próprio Paul contou.

Ana me olha com uma expressão de choque. Conto um pouco como foi nosso jantar ganhando comentários e altas gargalhadas de minha amiga que se divertia enquanto falava.

— Senhorita Berlin — a voz de Susan soa pelo escritório.

Retiro o telefone do gancho tirando do modo viva-voz. — Sim?

— A Sra. Berlin está aqui e deseja vê-la.

E mais um problema para resolver, hoje estava ganhando o dia. — Mande entrar.

Não demora muito para que minha mãe entrasse em minha sala.

— Ângela querida, Ana — minha mãe foi dando dois beijos em Ana, que se levanta pegando sua bolsa. — Não sabia que estava aqui, não quero incomodar vocês.

— Imagina tia Meg — Ana responde já na porta. — Queria ver se Ângela estava bem, mas já tenho que ir, estou com a agenda corrida, ainda tenho que lidar com os problemas de funcionários incompetentes. — Ela se despede de nos duas, nos deixando a sós.

— Mãe.

—Ângela. Acredito que precisamos conversar.

Megan Berlin estava me olhando de um jeito diferente, eu não conseguia decifrá-la, é difícil não saber decifrar minha mãe.

— Pode começar a falar. — Pressiona. — Desde quando isso está acontecendo? Antes ou depois de você assumir esse negócio com as indústrias InGet? Eu deveria ter desconfiado, porque você largaria a empresa por algo trivial, afinal você poderia delegar um de seus funcionários para cuidar disso a Solftk é sua vida, nunca vi você largar por nada... Por que você não me contou? Bem que eu reparei certos olhares entre vocês no jantar.

Lógico que ela sabia. Paul também não foi nada cuidadoso com seus galanteios.

— Desculpe mãe, mas não tem nada sério, aconteceu em Washington nosso envolvimento. Não previ nada disso.

Era melhor falar logo a verdade, afinal o que eu estava escondendo, ela já descobriu.

Sim mãe estou transando com meu sócio!

— Você devia confiar em mim, sou sua mãe.

Pronto lá vinha todo o papo sentimentalista de minha mãe.

— Mãe, sou uma mulher adulta, nem todos meus envolvimentos com homens eu passo para você, são coisas normais, se tivesse algo realmente sério acontecendo eu teria te falando.

— Então você não está voltando por causa do trabalho, sim por causa dele?

— Pelos dois, eu estou gostando dele. Paul de certa forma me faz bem.

— Apaixonada, querida? Você tem certeza? Há muito tempo não via você dizer isso.

— Pois então, o que estou sentindo por Paul é diferente. Sei o que eu quero.

— E quanto ao seu pai, sabe que ele pode transparecer ser tranquilo, mas não é, e uma hora ou outra ele vai acabar descobrindo.

— Não diga nada ao papai, eu vou falar com ele, fique calma. — Respiro profundamente. — Deixe apenas esse turbilhão de coisas passar e eu converso com ele.

— Tudo bem filha, você sabe o que faz, mas não o deixe descobrir como eu acabei descobrindo.

Susan bate na porta interrompendo nossa conversa.

— Mas que inferno, meu escritório estava parecendo banheiro público hoje. Entre — retrucando pouco mais alto para que ela ouça.

— Desculpa novamente Srta. Berlin, hoje está bastante movimentado. — Susan sabia o quanto eu odiava ser interrompida, minha cabeça lateja, meu estômago estava doendo. — O Sr. Fitz ligou perguntando se poderia vir em seu escritório. O que devo dizer?

— Diga que não, hoje não é um bom dia. — Respondo um pouco mais dura do que pretendia, mas, não aguentaria outra visita. — Por favor, Susan providencia algum lanche para o almoço. Você almoça comigo, mãe? — pergunto olhando minha mãe.

— Não querida, tenho alguns compromissos marcados na Sartori, vim mesmo para conversarmos sobre esse assunto.

Levanto dando a volta na mesa, dando um leve abraço nela. — Quanto ao que conversamos obrigada por entender.

— Tudo bem, querida, se cuide.


CAPÍTULO 25

 

Tinha acabado de retornar de uma reunião com associados e alguns executivos, estava saindo do elevador quando dou de cara com Philip plantado em frente à minha porta. Susan ainda não havia chego da sala de reuniões.

— Philip.

— Boa tarde, senhorita Berlin, — ele dá passagem para minha sala. — Sr. Vetter está aguardando a senhorita.

— Claro que está.

Paul estava parado de frente para a janela panorâmica, suas mãos dentro do bolso da calça, seu corpo grande, ombros largos e bem definidos por músculos. Ele combinava com meu escritório, era como se já fizesse parte dele, uma bela escultura no canto, pronta para ser admirada.

— É uma bela visão, Nova York e você. — Verbalizo meus pensamentos.

Ele se vira sorrindo já me tomando em seus braços. Sua boca tomou a minha urgente, áspera e necessitada. Retribuo da mesma forma, eu o queria, queria que me tomasse para ele, que me possuísse dessa vez não me importava onde estávamos e se poderíamos ser interrompidos, tudo que importava era nossas bocas unidas, as mãos de Paul passando e apalpando todas as partes do meu corpo, porém rápido demais ele me afastou.

— Minha linda.

— Muito trabalho? — pergunto curiosa.

— Estou com um pequeno problema na empresa, um dos meus diretores ligou.

— Algo sério?

— Não sei ainda dizer, por isso vou retornar hoje para Washington.

— Hoje? — Pergunto incrédula.

Paul consulta o relógio, abotoando novamente o paletó, ele tinha que ir.

— Você já tem que ir embora?

— Sim. — Passa a mão por meu rosto, da bochecha até o queixo me puxando para outro beijo. — Cuide-se, espero por você na quinta de manhã. Não se esqueça do jantar.

— Jantar? — questiono confusa.

— Jantar que minha mãe está promovendo, esqueceu? Você irá comigo. — Paul se aproxima da poltrona pegando uma pasta grossa de couro preto, elegante e masculina, combinando perfeitamente com sua imagem de CEO.

É claro, o jantar que Leila Raymond daria no final de semana, em que fui convidada mesmo ainda não tendo nada além de um caso com Paul. Não que as coisas tivessem mudado muito, porém tínhamos avançado alguns passos. Ainda me sentia receosa com alguns pontos, como ficaríamos? Afinal ele tinha sua vida em Washington e eu tinha a minha em Nova York.

— Srta. Berlin? — a voz de Susan soou em minha sala.

Paul dá um beijo rápido em meus lábios. — Aviso quando chegar a Washington.

— Vou esperar. — Digo abrindo a porta de minha sala.

Paul atravessa a recepção sendo seguido por Philip. Era incrível como até o corpo de Paul tinha ciência de seu poder, ele andava com elegância, mas ao mesmo tempo tinha um jeito feroz.

Ele sorri quando nossos olhos se encontram, poucos segundos antes das portas do elevador se fecharem.

— Sim, Susan.

— Sr. Grinfield na linha dois. — Anuncia.

— Tudo bem, atenderei em minha sala, você sabe me dizer se ainda tenho algum conjunto de academia aqui?

— Sim, senhorita. Vou separá-lo agora mesmo.

— Obrigada. — Dou uma olhada para meu relógio. — Depois que separar minha roupa pode ir, eu fecho tudo.

— Obrigada, Srta. Berlin.

Volto para minha sala, finalmente a ligação que tanto aguardei. — Gerald, acreditei que tinha desistido de nossos negócios.

— Imagina Ângela, estou ansioso por isso.

— O que você tem a me dizer?

— Analisei o contrato da Solftk, você está investindo um bocado para uma instituição de caridade. Teríamos outro motivo para tal ato?

— Gerald se você está questionando se eu faço negócios ilícitos fique sabendo que não. Não tenho nada com suas escolhas ou negócios, mas o que cobrarei de você é honestidade e total transparência.

— Sim, claro...

— Você pode ter certeza que eu esmagaria quem sujasse a imagem de minha empresa.

— Entendo perfeitamente. — Escuto a voz de Gerald Grinfield falhar por um momento.

— Pretendo retornar para Washington essa semana, podemos marcar um encontro, entretanto, vou comunicar o setor jurídico que você enviará o contrato assinado.

— Sim, enviarei logo pela manhã.

— Ótimo!

— Espero um futuro brilhante para essa parceria, Srta. Berlin.

— Digo o mesmo Gerald, até mais. — disse desligando.


Quarenta minutos cronometrados, meus pulmões reclamavam do excesso de corrida, o suor escorria por meu pescoço e minhas costas. O Central Park estava num completo breu, apenas as luzes do parque e da cidade iluminavam o caminho. Volto para a pista de corrida principal, parando perto da saída para a avenida tomando um gole de minha água, meu olhar é atraído para um homem de moletom me olhando alguns metros à frente. Controlo minha respiração, o homem desencosta do poste enfiando as mãos no bolso. Sua postura era suspeita, fecho a garrafa de água saindo do parque com passos apressados, corto o tráfego entrando na rua do escritório.

Dou uma olhada para trás vendo que o homem estava afastado, mas andava em minha direção, respiro aliviada ao ver um dos seguranças noturnos na porta da empresa, pronto para entrar e iniciar seu turno.

Corro o caminho restante parando perto dele.

— Srta. Berlin. Aconteceu algo?

— Acho que estou sendo seguida.

O segurança rapidamente desce a mão para a cintura, onde ficava sua arma. — Entre, senhorita. — diz abrindo a porta.

Olho ao redor, notando a mesma picape que eu acreditei estar me seguindo estacionada poucos metros da Solftk. — Aquele carro está muito tempo parado aqui na rua?

— Não sei dizer Srta. Berlin, comecei meu turno tem poucos minutos.

— Bruno, de uma averiguada no perímetro. — Carlos diz surgindo do corredor dos elevadores. — Srta. Berlin, a senhorita está bem?

— Sim, tem uma picape parada a poucos metros daqui, verifique a placa, dono, tudo que puder. Esteve me seguindo alguns dias atrás.

— A senhorita deseja envolver a polícia? — Carlos pergunta.

— Não, apenas verifique que tudo esteja calmo, para que possa ir embora.

— Sim, senhorita. — Carlos puxa o telefone do bolso. — Sim, tudo certo? — ele escuta por alguns segundos. — Sim, estarei saindo com a Srta. Berlin. Olhos atentos.

Espero ele colocar o telefone de volta no bolso. — Pelo visto o rapaz que estava seguindo a senhorita sumiu de vista. Vou acompanhá-la até seu carro.

Carlos me segui para fora do prédio, o tempo todo atento, olhando ao nosso redor, preparando para qualquer eventualidade. Ele para ao lado do carro, aguardando enquanto eu entrava e dava partida.

— Cuidarei de tudo, amanhã mesmo o relatório estará em suas mãos, senhorita.

— Obrigada, Carlos.


Chego em casa largando minhas coisas na bancada de mármore, caminhando para o banheiro, coloco a banheira para encher, jogando alguns sais de banho para relaxar. Quando a água começa a ficar fria demais saio me enrolando no roupão felpudo.

Sento perto do telefone ligando para um restaurante, que em minha opinião vendia o melhor lanche gourmet de Nova York. Decido pedir um completo, nem aí para as calorias que ele teria, peço com tudo que tinha direito, cheddar, bacon, um imenso e gordo lanche.

Esperei por uma ligação de Paul até o fim do expediente, mas como não recebi nenhuma, decido ver o que Paul estava fazendo.

No segundo toque ele atende. — Vetter.

— Nossa se você tivesse aqui falando assim em meu ouvido. — brinco.

— Com saudades?

— Sim, estou me sentindo sozinha.

— Você está com um tom diferente na voz, aconteceu algo? — questiona do outro lado da linha.

— Nada, apenas um problema na saída do escritório. Seria ótimo ter você aqui, dormir colada em você, já sinto meu corpo exigindo você. — Levo nossa conversa a outro nível.

— Ângela, eu deveria me preocupar? Conte o que aconteceu, por favor.

— Nada de urgente, os seguranças já deram conta.

— Como assim os seguranças já deram conta? Você foi seguida novamente? — ele praticamente grita do outro lado da linha.

— Apenas coincidência.

— Coincidência acontece apenas uma vez, não duas e nem fazem você ficar preocupada.

— Relaxe, quero que você me distraia, pode fazer isso?

— Você sabe que estou muito puto com você, né?

Respiro fundo, afundando mais no sofá. — Acredito que sim, mas posso persuadi-lo com uma sacanagem sussurrada ao telefone? — brinco.

Maldita hora que fui ligar.

— Tenho que sair e não é nada elegante ir a um jantar de pau duro.

— Jantar? — em segundos meu humor desmorona, mais ainda quando ouço uma mulher chamar por Paul no fundo. — Paul? Quem está com você?

— Tenho que ir baby você está realmente bem?

— Quem está com você Paul Vetter? — grito.

— Nos falamos depois. — E desliga, simples assim.

Eu estava fervendo de raiva. Muita raiva.

A campainha toca, me fazendo arremessar o telefone do outro lado do sofá. Puxo mais firme o nó do roupão, não queria ficar nua para o porteiro, mesmo que Paul merecesse um troco.

— Boa noite, Srta. Berlin.

— Boa noite, Macley. Pode deixar tudo na cozinha. — retiro algumas notas da carteira, entregando para ele quando retorna.

— Tenha uma excelente noite. — Diz com um sorriso simpático.

— Você também.

Fecho a porta com o pé, a raiva ainda ferve dentro de mim, merda de ciúmes, porque tinha que sentir essas coisas de mulherzinha? Pego uma lata de refrigerante na geladeira, realmente exagerei no lanche, parecia uma montanha em formato de sanduíche. Retorno para o sofá, ligo a TV entretendo-me com o noticiário. Meu celular vibra na mesa de centro, literalmente dançando por toda a mesa, olhei para o visor: Paul Vetter. — Ah, fique no vácuo bonitão! — Ele roda mais um pouco e para.

Primeiro me despensa do que poderia ser um belo show de provocação e distração para os acontecimentos de horas atrás e ainda anuncia que está saindo para jantar?

Meu telefone volta a rodar, vibrando pela mesa em mais uma ligação, olho pelo visor não reconhecendo o número.

— Ângela.

— Senhorita, o Sr. Vetter deseja falar . — Philip, tinha que ser o cão de guarda.

— Pode dizer para seu chefe que não estou nem aí para o que deseja! — respondo. — Ah, mande ele a merda! — E desligo.

Bato palma internamente para mim mesma.

Isso aí, garota.


CAPÍTULO 26

 

Ontem não recebi mais nenhuma notícia de Paul, apenas hoje de manhã vejo a manchete em um site de fofoca.

Paul e toda sua masculinidade, pousando ao lado de uma bela mulher e junto com o dono e chefe de um novo bistrô que tinha inaugurado em Washington bistrô esse que na primeira semana de inauguração já tinha garantido as cinco estrelas e várias celebridades. E ontem pelo visto Paul.

Rolo o mousse pela tela, lendo a reportagem.

“Um dos solteirões mais cobiçados estava na noite de ontem jantando com a belíssima Karla Kurt, famosa modelo internacional, vinda para uma temporada de moda pelos Estados Unidos”. Paul Vetter, Karla Kurt e Hugo Remanci’s — dono e chefe renomado — do Bistrô La Traviata jantaram juntos, regados a um bom champanhe e excelentes comidas. O jantar seguiu pela noite adentro, há boatos que o CEO garanhão e a Top Model Karla Kurt continuaram com a noite em outro local. Seria esse o novo romance de Paul Vetter?”

Ignoro o restante da reportagem, o sorriso de Paul me olhando através da tela me deixava com raiva. Fecho o computador colocando-o de volta na bolsa, seguindo para o escritório.

Pego a estrada acelerando um pouco a mais, era ótimo dirigir, eu me sentia livre, me sentia poderosa. Sentiria ainda mais poderosa se pudesse dirigir o magnífico Vanquish de Paul, mas tão logo começo a curtir a adrenalina que correr me dá, tenho que desacelerar para não errar o caminho.

Susan separava uma pilha de documentos, cruzo o hall dando bom dia vendo-a correr com os papéis, as agendas.

— O que temos para hoje?

— Bom dia, Srta. Berlin.

Indico para que se sente em minha frente.

— A senhorita tem um almoço com o Sr. Santon, a Srta. Suarez e o Sr. Petrova. Também temos que dedicar um tempo com as documentações para a viagem ao Brasil, como houve algumas mudanças. o Sr. Berlin informou que Derek irá sozinho, como a senhorita já teve a conferência com os representantes de lá, a formalidade será parte dele.

— Ótimo, antes de passarmos para o próximo item, eu quero que você faça uma ligação para Derek, quero que ele verifique o e-mail dele. Mandei alguns itens que tem me incomodado bastante e se ele não quiser perder o emprego que agilize isso, pois não assinarem nada até ele rever o absurdo que tem nesse documento. Outra coisa, quero que você revogue as procurações, ninguém assina mais nada em meu nome.

— Sim, senhorita. Revogo até as minhas?

— Não, Susan, permaneça com as suas. Como ando ficando fora da empresa preciso de seus olhos entre os funcionários, ligue para Carl, quero falar com ele ainda hoje. Coloque Carlos na linha também, tenho algo importante para tratar com ele. Agora sim próximo item.

Susan abre sua agenda encaixando todas as ordens que tinha passado agora, compromissos e lembretes.

— A Sra. Berlin pediu para que comprasse um vestido de gala para seu aniversário. Ela já está cuidando de sua festa, assim como lista de convidados, também pediu que se houvesse qualquer alteração na lista de convidados que enviou para ela, que a senhorita informasse com antecedência.

— Você sabe me dizer o tema deste ano?

Lógico que Susan sabia, minha mãe não deixaria isso de lado.

— Sim, Mascarados, senhorita.

Reviro os olhos, minha mãe e suas invenções.

— Obrigada, Susan.

— Posso ajuda-la em mais alguma coisa?

— Por enquanto não. — Digo sorrindo.

Passo grande parte da minha manhã cuidando de alguns assuntos com Susan, inclusive dessa vez pedi que ficasse aqui em Nova York enquanto viajo, cuidando e me informando tudo sobre a empresa, facilitaria se tivéssemos qualquer contratempo. Susan era eficiente e de confiança.

Mando um requerimento pedindo que Susan ficasse como auxiliar de meu pai, já que seria o meio mais fácil de estar por dentro de tudo que acontecia aqui.

— Senhorita Berlin? — Susan surge em minha sala, paro de analisar os documentos olhando para ela.

— Sim?

— Senhor Carl está na linha três. E Carlos aguardando na linha dois.

Retiro o telefone do gancho, — Obrigada Susan. — Digo, aguardo a porta se fechar, para dar atenção a ligação. Há certos tipos de pessoas que era bom manter um contato amigável, Carl era um desses, quando a situação era de certa importância recorria aos seus serviços.

Quando visto na rua passava como um simples homem, mas para quem o conhecia dos becos de Nova York sabia que algumas notinhas de cem dólares em sua mão conseguiam qualquer tipo de coisa.

— Carl.

— Senhorita Berlin, que prazer em falar novamente com a senhorita. O que será dessa vez? — ele solta uma risada meio tosse, excesso de charuto, isso ainda iria matá-lo.

— Quero algo mais limpo dessa vez Carl, preciso que investigue algumas pessoas para mim, preciso saber quem está tentando me roubar bem debaixo do meu nariz e antes de discutirmos seu preço, você será recompensado se agir rápido.

— Realmente é muito bom falar com você, peça para sua secretária me encontrar no local de sempre com um adiantamento.

— Sempre astuto Carl. Susan só encontrará você e levará um agrado quando provar que valerá meu dinheiro. Por enquanto contente-se com minha palavra.

— Claro, claro, sempre difícil de negociar, senhorita Berlin.

— Espero seu contato.

— Sim, senhorita. — diz encerrando a ligação.

Mal termino a ligação, atendo a outra. — Carlos.

— Bom dia, senhorita. Estou com tudo pronto, deseja a papelada?

— Não, apenas me informe.

— Como queira. A picape está em nome de Renan Scory, porém ele está limpo, o carro foi roubado três semanas atrás da mecânica onde ele trabalha. Em relação ao rapaz que estava perseguindo a senhorita, estamos analisando a imagem que conseguimos capturar nas câmeras do edifício.

— Perfeito, conseguiram algum reconhecimento facial?

— Estamos trabalhando nisso, senhorita. A câmera pela qual ele foi capturado é umas das poucas sem filmagem noturna o que dificulta um pouco.

— Assim que tiver o resultado me informe.

— Sim, Srta. Berlin.

Atravessando minha sala, Susan estava se organizando para o almoço. — Susan estou saindo. Informe a Srta. Suares que chego em vinte minutos no restaurante.

— Sim, senhorita.


Passo pela hostess indicando que sabia minha mesa, Ana estava de costas conversando com o Bruno Petrova, um dos presidentes mais novos e bem-sucedidos de Londres. Caminho até a mesa, parando ao lado de James.

— Boa tarde senhores, desculpem a demora.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Srta. Berlin. — Bruno aperta minha mão.

— James. — Cumprimento com um beijo no rosto. — Ana.

— Linda como sempre, Ângela. — James elogia.

Sorrio de forma educada sentando entre os rapazes.

Esse almoço foi organizado por Ana, que em uma de suas viagens conheceu Bruno. Vendo uma enorme oportunidade para mim, James por outro lado era apenas um empresário interesseiro que estava fazendo a ponte entre mim e o Sr. Petrova.

—... temos muitos problemas com esse setor, ele está sendo todo remanejado, novos funcionários sendo contratados. — James dizia.

Tomo um gole de minha água. — Veja bem senhores, é tudo muito interessante, mas é como havia dito, você precisa retomar as ações que foram vendidas de forma indevida, nunca seu gerente poderia ter permitido tal ato.

— Sim, isso já está sendo providenciado. — Sr. Petrova retruca, ele era corajoso, isso eu tinha que admitir. Não era qualquer um que assumia uma empresa quase em falência.

O almoço estava quase no fim, a sobremesa foi servida encerrando o assunto de negócios, e estava satisfeita, por enquanto.

— O almoço não poderia ter sido mais satisfatório. — James diz limpando a boca com o guardanapo de pano.

— É ótimo fazer negócio com uma mulher tão bonita quanto você, Ângela. — Bruno vira seus galanteios para mim.

— Espero que tenha a mesma fibra e coragem para os negócios, Sr. Petrova. — Digo com um sorriso, Ana que tomava seu suco engasga ao segurar o riso.

— Vou mostrar como as coisas funcionam em Londres, Srta. Berlin.

— Estou ansiosa para vê-lo sujando as mãos com trabalho e fazendo meu investimento valer à pena, Bruno. — Confiro a horas no relógio ficando de pé. — O almoço foi muito agradável, porém eu tenho que retornar ao trabalho. Ana você me acompanha?

— Claro.

Espero Ana ficar de pé, pegando sua bolsa.

— Foi maravilhoso estar novamente na companhia de vocês.

— Querida Ana, quando for a Londres não se esqueça de me ligar. — James dispara.

— Claro. — Minha amiga diz com um sorriso simpático no rosto.

— Até mais, senhores. — Digo me afastando.

Mal atravessamos a porta do restaurante, Ana cai na gargalhada.

— O que foi? — pergunto encarando seu rosto, eu mesma segurando o riso.

— Você é o próprio significado de “esmagar com o salto quinze” — Ana diz entrelaçando seu braço ao meu, me fazendo rir.


Assim que as portas do elevador se abrem penso ter saído no andar errado, confiro o andar no painel, estava certo. O que não estava certo era o hall do meu escritório parecer uma floricultura, Susan mal era vista em meios aos oito buquês de rosas que estavam espalhadas.

— Susan, o que é tudo isso?

— São para a senhorita, — comunica afastando um dos buquês, — e aqui estão os cartões, como eram muitos eu decidi guardá-los, para que não caíssem e se perdessem.

Solto uma risada vendo o esforço que Susan e eu fazíamos para tentar conversar, pego os cartões e um dos buquês, levando para minha sala. Coloco no aparador perto do banheiro, antes de ler os cartões, retiro do pequeno cofre o grosso envelope contendo um agrado para Carl e a lista com os nomes que queria investigar, sinto por um deles ser de Lian Fitz. Porém suas escapatórias para explicar sobre o contrato e ter “esquecido” de mandar os relatórios para Derek quando afirmou que tinha mandado foi o ponto crucial para seu nome estar naquela lista.

Sento encarando por um segundo a pilha de cartões em minha frente, todos continham pequenos números nos envelopes, indicando por qual eu devia começar.

Pego o envelope vermelho com um pequeno número um gravado.

“Para a mulher que roubou meu coração, algumas rosas vermelhas”.

Paul. Então foi por isso seu sumiço? Para encher meu escritório de flores? Abro o segundo cartão:

“Mas algumas flores vermelhas para que você se lembre de nosso primeiro encontro. Para a CEO mais atrevida que já encontrei.”

Sorrio pegando o terceiro cartão:

“Há também algumas dúzias de rosas amarelas, para dizer que você ilumina minha vida mais que o sol”.

Sinto o sorriso se alargar por meu rosto. Ah, Paul Vetter! O que faço com você?

“Este cartão é apenas para falar como me sinto com seu corpo, sua boca manhosa, seus seios delicados como as pétalas dessas rosas.”

Meu corpo esquenta, mesmo com quilômetros de distância entre nós, Paul conseguia acender uma chama dentro de mim. Me deixando quente, desejosa.

Abro mais um cartão:

“Sabe o que poderia fazer com esse corpo? As ideias malucas que me passam neste momento pela mente? Ah, Ângela. Agora mesmo sentado em meu escritório, não consigo tirar da mente a lembrança de nossa aventura nesse sofá. Tenho vontade de saboreá-lo com minha boca, sentir você gemendo e se desfazendo em minhas mãos.”

Meu Deus, ele queria me enlouquecer. Abro o último cartão, envolto em um envelope preto, diferente dos outros. Neste não tinha um número.

“Espero que você esteja mais calma e ansiosa por amanhã, pois eu estou. Um beijo delicioso.”

“P.S: Passe o dia pensando em mim.”


O e-mail de agradecimento teria que aguardar, ligo para a mesa de Susan pedindo para finalizar meu dia e providenciar minha ida para Washington, eu tinha duas horas para passar no cabeleireiro e dar segmento com o plano que se formava em minha mente.

Ligo para o telefone de Philip torcendo para que ele me ajudasse.

— Pois não.

— Philip, por favor, não diga que sou eu se estiver perto de Paul. — adianto.

Ouço pedindo um segundo e uma porta se fechando. — Pode falar Srta. Berlin.

— Preciso que você me ajude.

— A senhorita está com problemas?

— Não, na verdade estou indo hoje para Washington, queria fazer uma surpresa para Paul. — confesso.

— Entendo, senhorita. — Philip responde com a voz mais suave.

— Mas para que dê certo, preciso saber se Paul retornará cedo para o Park Avence e se for, temos alguma forma de atrasá-lo? — pergunto.

— O Sr. Paul tem duas reuniões no final do dia, provavelmente chegará em casa por volta das dez. — Philip fica um momento em silêncio. — Também marcou com o Sr. Jordan de saírem para um drinque, provavelmente consigo atrasar seu retorno para às onze horas. Seria o suficiente?

— Estaria perfeito, muito obrigada Philip.

— Não tem de que, senhorita.


CAPÍTULO 27

 

Faltava uma hora para chegarmos em Washington e a ansiedade tomava conta de mim. Estava contando que nada me atrapalhasse, quando sai do avião, tratei de ligar o celular, havia três mensagens de texto de Paul e algumas ligações. Susan me informou que ele também havia ligado para confirmar onde estava.

Como era uma boa cúmplice, manteve o plano, dizendo que ainda estava no escritório em reuniões e que provavelmente sairia após do horário. Sabia que isso não manteria Paul quieto por muito tempo, já contava até com alguma ligação dele pelo caminho do aeroporto até seu apartamento.

Philip também havia me mandado uma mensagem dizendo que ele estava saindo da InGet para o encontro com seu irmão, o que me deixou um pouco mais tranquila. Caminho livre.

Célia por intermédio de Philip já estava sabendo de nosso plano e como pedi deixou preparado alguns petiscos para nossa noite. Subo levando as malas para o quarto de hóspede, deixando tudo escondido no closet, para qualquer imprevisto.

Estava torcendo os dedos internamente para que Paul gostasse da surpresa, troco minha roupa, permanecendo com o conjunto de lingerie que comprei na Victoria Secrets. Entre mil opções escolhi um corpete preto brilhante, com calcinha de renda no mesmo estilo, cinta-liga e meias 7/8. Acrescento um robe de seda por cima, deixando o nó um pouco frouxo, dando alguma visão do que tinha por baixo.

Estava terminando de me servir de uma taça de vinho quando meu telefone começa tocar, fazendo-me sair apressada da adega para conseguir atendê-lo.

Era ele. — Olá, meu gostoso.

— Ângela. — Cumprimenta com a voz rouca que tanto amava.

— Tudo bem?

— Melhor agora, — responde. — porque você estava incomunicável?

— Desculpe por isso, reuniões com homens velhos e chatos — brinco.

— Espero que nenhum tenha ficado de olho em você. — Ameaça.

— Relaxa gostoso, sou sua, apenas sua.

Sua respiração falha por um instante, eu o afetava, assim como ele me afetava. — Queria você aqui, que horas você chega amanhã?

Oh baby, você não perde por esperar .

— Saio bem cedo, prepare-se para ser acordado.

— Ficarei esperando . — Paul troca algumas instruções com Philip. — Estou a caminho de casa, assim que chegar quero vê-la, fique perto do computador.

— Ok. — Digo encerrando a ligação.

A caminho daqui preparei um playlist especial, com músicas sensuais e que falavam exatamente como eu me sentia por ele. Trato de deixar tudo organizado no sistema de som do apartamento. Pego minha taça de vinho, tomando em um gole só.

Maldito nervosismo, controle-se mulher. — Ralho comigo mesma, enchendo novamente a taça.

Volto para o sofá, sentando com as pernas cruzadas. Agora é só aguardar. Alguns minutos se passam e eu ficava cada vez mais nervosa.

“Estamos subindo” — foi à mensagem de Philip.

É hora do show garota, dou play na música, “Good for You” da Selena Gomez. Perfeito! A batida soava alta reverberando por todo apartamento, do elevador Paul já poderia ouvi-la. Quando Selena começa a cantar o primeiro verso Paul surge na sala, parando de imediato ao me ver.

Levanto de forma sensual, indo até ele.

Paul continuava parado surpreso, o puxo pela mão fazendo com que se sente no sofá. Beijo de leve sua boca, evitando contato, nada que ele pudesse virar contra mim. Hoje ele teria um show.

Entrego minha taça de vinho para ele e me afasto. Faço alguns movimentos ao ritmo da música, cantarolando algumas partes da música, me exibindo e me insinuando. — Pois eu só quero ficar bonita para você, seu toque é tão bom, tão bom — canto junto com a música.

Desato o nó do robe exibindo a lingerie para ele, observando Paul se remexer no sofá, faço que não com o dedo. Ele teria que me obedecer, teria que se render está noite.

Volto para ele, agachando em sua frente. Esfregando meu corpo em suas pernas abertas, subo apoiada nos joelhos dele atiçando-o. Viro de costas quando troca a música, “Cool Girl do Tove Lo ”, tinha minha coreografia gravada na mente. Nas primeiras batidas, desço o robe ampliando sua visão de meu corpo, segurando um pouco abaixo de minha bunda, rebolando e remexendo o quadril, percebia que Paul cada vez ficava mais excitado, porém não se mexeu nem um centímetro em minha direção, assim como havia mandado.

Deixo o robe escorregar até o chão, me dedicando aos laços o corpete, abrindo todos. Permanecendo sempre de costas, aumentando o tesão entre nós.

Apesar de Paul não ter me tocado nem um segundo, seu olhar me queimava, me sentia extremamente molhada. Livro-me da calcinha da mesma maneira, ficando apenas com as meias 7/8 e os saltos altos, viro, mordendo o lábio inferior chamando-o.

Paul fica de pé em um segundo e, em menos tempo ainda já estava na minha frente, deixando seus olhos correrem pelo meu corpo de cima a baixo desde o salto vermelho até o topo da minha cabeça. A música ainda preenchia o ambiente, algumas um pouco mais lentas que outras.

Paul segura firmemente meu queixo com a mão e me faz olhar em seus olhos. Seus lábios pairam a centímetros dos meus, seus olhos pretos me provocando, aquele tom sombrio deixando-o misterioso e sexy. Ele se move para o meu pescoço inspirando profundamente meu perfume para depois beijar o ponto bem abaixo de minha orelha e em seguida mordendo o lóbulo. Gemo sentindo sua boca exigente e faminta sobre a minha.

Tinha certeza que meus lábios ficariam inchados e talvez até machucados. O beijo que ele me deu não foi nada comparado a qualquer outro que ele já tenha dado. Eu ainda não havia provado nada com essa intensidade. Uma de suas mãos enrolou um punhado de cabelo entorno de seu punho segurando minha cabeça, mas sem machucar.

A outra mão deslocou-se para a minha cintura e seus lábios continuaram a me torturar juntamente com sua língua que deslizava pela minha boca suave e molhada, quente e macia. Eu estava tão perdida naquele beijo que mal percebi quando fui empurrada para trás, até que minhas pernas bateram no sofá, nem havia percebido que tínhamos trocado de posição, Paul me empurra fazendo com que eu sente, se abaixando em minha frente.

Palavras não eram necessárias com nossos olhares e gestos famintos um pelo outro. Paul segura meu quadril, me ajeitando no sofá. Passando as mãos pelas minhas pernas, do tornozelo ao alto da coxa, sempre olhando nos meus olhos. Ele mesmo apoia minha perna sobre o seu ombro, beijando todo o caminho direto para o meio de minhas pernas. Um gemido alto escapa de mim quando sua língua molhada e quente lambe minha abertura.

Eu estava excitada e molhada e, ele estava me deixando louca. Ver com meus próprios olhos enquanto Paul me dava prazer era uma imagem altamente erótica. Ele sugava e chupava meu clitóris enquanto eu me contorcia sem poder me mover com suas mãos mantendo meus quadris pressionados no sofá.

Deus isso era quente, excitante e muito gostoso.

Uma tortura docemente prazerosa. Paul larga uma mão do meu quadril, começando a me excitar com os dedos enquanto empurrava a língua mais profundamente. Ele era bom, muito bom. Meu corpo estremece, todos os meus músculos ficando tensos quando o orgasmo forte tomava conta do meu corpo.

Grito o nome de Paul enquanto os tremores erram arrancados de mim. Paul baixa minhas pernas, olha para mim apreciando a cena. Sorrindo maliciosamente.

— A propósito, amei seu showzinho. — Comenta.

— Que bom que estou agradando você. É a minha intenção.

— A intenção é agradar a ambos, minha linda.

— Eu certamente não tenho do que reclamar, Sr. Vetter. — Respondo com um sorriso.

Deito melhor no sofá espaçoso, Paul se aproxima tirando meus sapatos, desliza as meias de minhas pernas. Afasta-se tirando a gravata já frouxa em seu pescoço jogando junto com minhas roupas espalhadas no chão. Retira seus sapatos, as meias e a camisa branca não tão impecável depois de nosso momento.

— Não se mexa. — diz subindo no sofá.

Seus lábios pairaram sobre meus seios, chupando e lambendo, alternando entre pequenas sugadas. Eu gemia, me contorcendo embaixo dele. A língua dele percorre cada centímetro de minha pele nua, meus mamilos endurecidos pela atenção privilegiada que Paul dava para eles, sugando profundamente, só para morder os bicos quando os soltava.

Paul não parou por ali, se moveu para o meu umbigo circulando a língua, provando-me novamente. Minhas costas arqueavam e eu me empurrava em direção a sua boca. Minhas mãos estavam agarravam o sofá e eu mordia meus lábios fortemente tentando em vão conter meus gemidos e gritos.

Ele se afastou — Porra você me deixou ainda mais duro. — Grunhiu.

Não havia necessidade de eu dizer que estava excitada. Por que isso estava na cara, eu estava pronta para receber outro orgasmo devastador. Paul me beija, dessa vez não tão forte quanto antes, mas ainda assim de forma deliciosa. Sua língua brincando e provocando um pouco, só para se afastar deixando-me sem fôlego novamente.

— Vire-se de costas, quero essa bunda para cima. — diz se afastando, enquanto me virava vi Paul sumir pelo corredor, mas voltando com um preservativo que colocou sobre minhas costas. Meus olhos viajaram para baixo de sua cintura onde estava a protuberância nas suas calças.

Ele se aproxima novamente baixando o zíper, se livrando da calça. Eu não tinha notado que estava segurando a respiração até que soltei lentamente enquanto ele caminhava completamente nu para mim. —Você fica ótima nessa posição.

Paul retorna para o sofá, beijando meus ombros e minha nuca, desce beijando toda a linha de minha coluna até meu traseiro.

— Empine essa bundinha linda e afaste as pernas, minha linda.

Eu nunca vivi algo tão ardente e intenso. O jeito como ele me tocava, me mostrava seu prazer, me levava ao meu próprio prazer, o modo como meu corpo se entregava com apenas um toque dele.

Afasto minhas pernas e empino a bunda como ele pediu. Seus dedos deslizaram sobre a umidade entre as minhas pernas, gemo quando escorrega o indicador pressionando minha entrada.

—Paul.

— Eu sei que você é uma menina levada.

— Eu quero mais.

—Mais? Mais o quê? Lento? Rápido? Forte? Duro? Você precisa me dizer ou você não vai ganhar nada.

Deixo que ele vire o jogo, pelo menos por hoje. Afinal sempre existiria a disputa entre nós. — Por favor. — Imploro.

— Diga o que você quer. — Exige.

—Tudo! Por favor, eu quero tudo!

— Minha garota gulosa, eu vou lhe dar o que você quiser. — Paul se move atrás de mim, sinto a ponta do seu pau pressionar minha entrada. Ele puxa meu quadril para atender seus impulsos deslizando para dentro e fora de mim.

— Você está tão molhada. — diz aumentando o ritmo. Eu gritava e gemia seu nome enquanto ele estocava de maneira rápida.

O ritmo forte e constante fazia meu corpo estremecer e eu sabia que estava pronta para gozar novamente. Paul pressiona meu quadril com mais força, um gemido retumba em sua garganta. Então ambos estávamos gozando.

O clímax foi fantástico, devastador. Fecho meus olhos e me concentro em organizar meus pensamentos, por que nada parecia coerente, tudo ao meu redor estava rodando.

Eu sentia o melhor tipo de prazer. Paul retirou-se de mim, jogando a camisinha no chão ao dar um nó. Deita-se comigo no sofá.

Minhas pernas pareciam gelatina e eu me sentia fraca demais para me mover.

— Obrigado pela noite fantástica. — diz acariciando meus braços nus.

Ficamos assim aproveitando um o carinho do outro, inspiro seu perfume amadeirado se misturando com o cheiro de sexo impregnado em nossos corpos suados.

Paul solta um suspiro se levantando, coloca a mão no bolso interno do paletó jogado na poltrona e volta para meu lado, me apertando em seus braços.

— Você é minha? — questiona.

Só havia uma única resposta para essa pergunta. — De corpo e alma.

Ele segura minha mão colocando sobre a palma uma caixinha de veludo preta.

Oh não. Não pode ser.

— Abra.

Dentro havia uma aliança de ouro branco com pequenas pedras de rubi incrustados. Era linda.

— Paul, você...

— Eu estou pedindo que você aceite ser a minha namorada. Estou pedindo que você use isto para que eu e qualquer outra pessoa no mundo não tenhamos dúvidas de que você é minha.

— É tão lindo. Eu vou usar, eu sou toda sua.

Ele desliza o anel por meu dedo, observando como ele se encaixava perfeitamente. Era maravilhoso, ergo meu corpo aproximando meus lábios dos seus. Eu o beijo e ele retribuiu de forma ávida. Tudo fica claro para mim nesse momento, não havia mais uma guerra de poder entre nós. Eu estaria disposta a me render a ele quando precisasse e ele se renderia a mim. Sempre existiriam nossas disputas na cama, o que deixava o sexo ainda mais gostoso.

Ambos estávamos perdidamente apaixonados, havia apenas duas pessoas que sempre lutaram pelo status que tínhamos hoje e que do nada viram o mundo virado de cabeça para baixo. Tudo começou com um contrato e terminou em algo além, algo além do limite de controle, regras. Viramos parceiros, os prisioneiros mais felizes de algo, chamado paixão.

E o principal, uma nova porta estava aberta para que eu explorasse. E acredito que eu estou bem próxima de ultrapassá-la. Por que eu posso estar perdidamente e inexplicavelmente apaixonada por ele. Mas eu também estou no caminho de amá-lo.


CAPÍTULO 28

 

Acordo na manhã de quinta-feira me sentindo feliz, como se agora as coisas estivessem completas. Tinha o trabalho dos meus sonhos, minha empresa ia muito bem, minha família como sempre me apoiando e acompanhando meu crescimento e agora tinha Paul. Por que o homem dormindo ao meu lado, é agora oficialmente meu namorado.

Eu sabia que no fundo quando eu o conheci, ele me teria em suas mãos, de que nada adiantaria lutarmos contra. Eu soube quando aceitei seu acordo que estava perdida, por que não poderia cumpri-lo.

Deu um beijo suave em seu rosto e saio da cama. Na noite passada depois que eu recebi meu anel, Vetter e eu tomamos banho de banheira juntos e fomos para a cama dele. Acabei dormindo nos seus braços protetores.

Subo as escadas com uma bandeja cheia de comidas gostosas. Coisas que Célia preparou maravilhosamente bem. Abro a porta com o quadril e entro equilibrando a bandeja.

Paul não estava mais na cama, mas ouço o barulho do chuveiro.

—Trouxe o café da manhã! — aviso.

— Já estou saindo.

Alguns minutos depois Paul sai enrolando uma toalha em sua cintura, seus cabelos alguns centímetros maiores, quase raspando em sua nuca respingavam água nos ombros.

— Café na cama?

Sorrio puxando a bandeja para o meio da cama. — Trouxe para nós dois.

Paul senta-se ao meu lado comendo alguns morangos e olhando o anel em meu dedo.

—Você sabe que agora todo mundo vai ter que saber de nós, certo?

— Isso já estava em meus planos. É tudo o que eu quero.

— Então devo alertá-lo que minha mãe descobriu e preciso conversar com meu pai.

— Podemos voltar no começo da semana, assim conversamos com os dois, seria o mais apropriado. Minha mãe ligou e contei sobre sua volta para Washington, ela insiste que você vá ao jantar. Eu pretendo anunciar pra todos da família o meu namoro.

— Ah, meu Deus.

— Já me decidi. Você irá como minha namorada.

— Então temos duas coisas: Ana está vindo para a cidade, marcamos de passar um tempo juntas, mas ela não disse quando chega. E minha mãe como sempre está organizando a festa anual dos Berlin.

— Festa anual? — Paul pergunta tomando um gole de seu café.

— Sim, meu aniversário. — Informo.

— Quando?

— Alguns dias, com certeza você receberá um convite. — Dou de ombros, minha mãe e suas frescuras.

— Bom quanto ao seu aniversário, lógico que estarei presente. E sobre sua amiga vir para Washington, ela pode ficar aqui, se você desejar.

— Você não se importaria? — pergunto surpresa.

— Não. — Ele se levanta jogando a toalha de lado, dando uma bela visão de seu corpo. — Ficaria mais fácil controlar você.

— Paul quando você vai parar com isso? Não sou uma boneca de porcelana.

— Você está se esquecendo de que assumindo publicamente nosso envolvimento te coloca na minha mira também. Você ainda não me contou decentemente aquela história sobre ser perseguida.

— Porque não tem o que contar. — Digo alto para que ele me escute dentro do closet.

Paul volta abotoando sua camisa, colocando as abotoaduras. — Vou averiguar isso.

— Você não pensa que esqueci a voz de mulher quando te liguei e você desligando em minha cara.

Paul aparece novamente no quarto agora terminando de fechar a calça. — Negócios.

Respiro fundo, jogando a coberta longe.

— Estava num jantar de negócios Ângela. — diz voltando para o closet.

Quando retorna para o quarto estava completamente vestido com um terno de três peças, Paul fecha os botões do colete, parando na ponta da cama segurando o paletó em umas das mãos. — Tire essas caraminholas da cabeça. — Ele desce sua boca sobre a minha, dando um beijo.

— Temos que conversar sobre um assunto importante antes de assumirmos nosso namoro.

Tinha chegado à hora.

Paul ergue a sobrancelha. — Agora? — pergunta checando o relógio.

— Não, você irá se atrasar. Conversaremos a noite quando chegar. — Ou quando o nó sair de minha garganta , digo a mim mesma.

Paul dá mais um beijo sumindo pelo corredor, permaneço sentada na cama escutando seus passos se afastarem. Aproveitando que estou sozinha para tomar um longo banho e me preparar para analisar todos os documentos que precisavam de minha atenção na empresa.


A tarde chega rápida. Ligo para Nova York, apenas para me certificar que estava tudo certo. Susan prontamente me passou os detalhes do dia: Lian havia me procurado pela manhã para confirmar sobre a procuração que tinha removido. Pe ço que Susan agisse normalmente e não declarasse nada. Já me sentia um pouco entediada, sem o rumo constante de trabalho tomando meu dia e sem Paul ainda para me distrair.

Paro de frente a grande parede de vidro, admirando a vista deslumbrante de Washington, esperando Paul atender minha ligação.

— Vetter.

— Gostoso, está ocupado?

— Estou com alguns sócios na minha sala.

— Que delícia, já me sinto excitada, só de imaginar você e toda essa pose de macho alfa — afasto o telefone da boca, contendo a risada.

— Minha querida, como disse... — ele fica em silêncio um momento, escuto o farfalhar de papéis. — Então , como estava dizendo, alguns sócios estão analisando um contrato comigo.

— Tudo bem, querido, só queria dizer que estou com muita, mais muita saudade de você. — Prolongo o “muita”, quase virando um gemido. Paul pigarreia — Fique pensando em mim garanhão, em meus doces lábios beijando todo seu corpo, passando por ele bem devagar.

— Ângela — sua voz estava mais rouca que no começo da conversa.

— Dando um beijo bem delicado por todo seu pau, minhas unhas raspando em sua pele, subindo delicadamente por sua coxa.

Paul pigarreou do outro lado da linha.

— Minha língua lambendo todo seu abdômen, meu corpo se enroscando no seu... Ou sobre eu sentada sobre seu pau, de costas dando toda a visão de minha bunda enquanto cavalgo esse corpo delicioso que você tem.

— Ângela. — Repreende.

Isso mesmo, garota. Plano executado com sucesso, dou risada afastando novamente o telefone de minha boca.

— Até mais, garanhão. — Me despeço desligando.


Produzo-me toda para esperar por Paul, iríamos sair para jantar. Decido colocar uma saia justa de couro sintético, nada vulgar, mas sexy na medida certa com uma blusa de seda branca, um colar delicado e brincos pequenos. Os saltos altos de sempre.

— Ângela.

Minhas pernas ficam moles, meu corpo se agita. Paul estava um verdadeiro pecado, sua aparência ficava ainda mais sombria quando ele ficava nesse estado, podia sentir seu desejo vindo em minha direção como ondas de um mar revolto. Toda sua polidez urbana, era um animal indomável por dentro, um amante primitivo, que me mostrava sua alma toda vez que queria fazer amor comigo. Eu não tinha defesa contra ele, impotente demais para resistir ao prazer que se espalhava pelo meu corpo.

Viro tirando os olhos do espelho grande no banheiro.

— Garanhão.

— Você é uma mulher muito levada. — Uma ponta de sorriso pintava em seus lábios.

— Eu? Imagina, passei meu dia trabalhando. — Digo de maneira inocente.

— Espero que esteja pronta.

— Sim, podemos ir. — Pego minha bolsa na cama saindo do quarto.

Paul me puxa contra seu corpo mordendo meu pescoço, apertando minha bunda, com um jeito gostoso.

— Você está extremamente fodível .

— Acredito que essa palavra não exista, Sr. Vetter. — Comento sorrindo.

— Perfeito, nada melhor que uma expressão recém-criada. Você está fodível .

— Gentil , como sempre. — Comento rindo.

Paul dispensa Philip e Patrick — seu outro segurança —, pegamos seu FX35. A noite estava agradável, a lua cheia iluminava a cidade assim como todas as luzes, o centro estava apinhado de pessoas. Paramos em frente a um restaurante de um hotel elegante, sua entrada com estilo do século XX o deixava ainda mais lindo.

— Lindo. — Comento ainda admirando a entrada do hotel.

— Ele pertence a minha tia Jennifer.

Olho surpresa para ele, não era esse mesmo hotel que ele tinha mania de levar suas conquistas? Saio ajeitando a saia quando o manobrista abre a porta, Paul segura minha mão me levando para dentro. O restaurante assim como o saguão do hotel era deslumbrante, muito bem organizado e decorado. Nem um pouco brega, mesmo com as enormes estátuas de mármore.

Paul mantinha a mão em minha cintura, o restaurante estava mais para um grande bar, as mesas com luzes baixas em cima. As pessoas ao nosso redor riam se divertindo e bebendo animadas, mesmo para um dia de semana qualquer. Sentia-me tensa e um pouco ansiosa, depois de todas as provocações esperava pela retaliação de Paul que não tinha acontecido até o momento.

Paul faz um pequeno sinal para o garçom, que surge rapidamente em nossa mesa.

Paul faz o mesmo pedido para nós dois.

— Pode deixar a carta de vinhos com a senhorita. — diz ao garçom. Seu olhar de desafio permanecia no rosto, iria provar que ele não conhecia ainda esse meu lado de boa degustadora de vinhos.

— Por favor, um Cabernet Sauvignon. — Devolvo quase que imediatamente a carta de vinhos para o garçom, que acena e sai.

— Então senhorita, o que podemos esperar desse jantar?

Cruzo minhas pernas raspando nas dele propositalmente, como ele tinha sentado virado para mim e a toalha de mesa permitia essas peripécias, seria divertido mexer com Paul Vetter em público. — Não sei, afinal você me convidou para jantar.

Os dois garçons chegaram ao mesmo instante, o prato principal foi depositado em minha frente junto com a pequena entrada que Paul havia pedido. Um pedaço suculento de carne com purê de batata com queijo Gruyère derretido.

O garçom de terno branco coloca dois dedos de vinho em minha taça. Permitindo que sentisse o aroma que tanto amava, deixo o vinho dançar um pouco pela taça de cristal antes de tomar um gole, faço um pequeno gesto de aprovação.

— Ótimo, pode deixar a garrafa.

O garçom olha para Paul esperando uma confirmação, arqueio a sobrancelha.

— Pode deixar. — Paul toma um gole do vinho e sorri para mim. — Realmente você entende de vinhos, já pensou em entrar nesse ramo?

— Não, apenas gosto de degustar um bom vinho.

— Você teria um ramo lucrativo, pois o paladar refinado tem.

O sorrio ambicioso de Paul causava formigamentos em meu corpo.

— Quem sabe não largo tudo e vou viver em uma cidadezinha pequena na França, poderia ser Bordeaux. Um belo Carbenet Franc, talvez um Merlot, Muscadelle. — Digo dando uma piscadela e arrancando uma risada baixa e rouca de Paul.

Degustamos nosso jantar em silêncio. Paul tramava algo, podia ver em seus olhos que ele estava pensando em algo inapropriado. O Jazz tocando baixo pelo ambiente dava mais um toque de sofisticação no hotel.

Sinto a mão de Paul tocando de leve minha panturrilha, traçando pequenos círculos. Nossos olhares se encontram, estamos perto um do outro e sei o que Paul quer e desejo por isso. Minha respiração se acelera, ele morde minimamente sua boca.

Somos dois tarados! A mão de Paul sobe mais um pouco e, excitada, pergunto:

— O que você está fazendo?

Ele sorri perigosamente. Fazendo eu me desmanchar.

— Aqui? — pergunto num sussurro.

Concorda. E eu me excito mais ainda.

Quer me masturbar aqui? Oh Deus.

Sua mão chega à minha coxa, se infiltrando por baixo de minha saia e logo alcançando a calcinha.

— Paul...

Ele coloca um dedo sobre meus lábios me silenciando, disfarçando com um carinho em meu rosto, fazendo com que eu incline um pouco sobre sua mão, curtindo aquele breve carinho disfarçado. Sorrio, nervosa. Disfarçando, olho para os lados. Ninguém presta atenção na gente, Paul aproxima-se mais de mim, cochichando de modo brincalhão:

— Ninguém está olhando, somos eu e você, minha linda.

— Paul.

— Calma. — Ele afasta o tecido fino da calcinha e rapidamente um de seus dedos brinca com minha fenda. Fecho os olhos, minha respiração fica mais profunda.

Minha nossa, eu adoro isso. Me excita. Quando Paul mete em mim um de seus dedos, fico ofegante. Ao abrir os olhos, me deparo com seu sorriso sensual.

Ele toma um gole do seu vinho, olhando ao redor, como se tivesse apenas apreciando o jantar.

Mesmo com todo o ambiente e a possibilidade de ser pega. Não quero que ele pare. Paul sorri, recoloca a taça na mesa, enquanto sua outra mão brinca dentro de mim e as pessoas totalmente alheias ao nosso excitante joguinho, fazia meu sangue ferver ainda mais. Mexo-me em busca de mais profundidade e prazer. Minha expressão de desejo o incentiva a continuar.

E aproximando sua boca da minha e sussurra extremamente excitado: — Não se mexa se não quer que percebam.

Porra, que tesãooooooo... vou ter um troço! Como não vou me mexer? Sua maneira de me tocar faz com que eu queira mais e mais. Quando acho que ele vai continuar, ele para. Abaixa minha saia, ergue a mão que me provocava, passando o dedo de forma discreta pelos lábios, colocando-a no bolso da calça.

— Vamos.

Vejo sua língua percorrer os lábios fazendo o mesmo gesto que seu dedo tinha feito.

Excitada, nervosa, ávida, eu o sigo.

Seguimos apressados pelo saguão, o manobrista corre para trazer o carro. Enquanto esperamos eu o acaricio, passo meus dedos por sua nuca. Vendo-o reprimir um arrepio, ele retribui, nunca deixando suas mãos longe do meu corpo.

A excitação de nossos corpos cresce a cada segundo, ele abre a porta para mim afastando o jovem manobrista, seguindo logo em seguida para seu assento. Rápido demais já estamos saindo, pegando uma avenida a caminho do Park Avence, entre um semáforo e outro ele trocava beijos e carícias, vejo Paul analisando o caminho de volta.

Não me contento em esperar, abro sua calça com pressa, ele levanta um pouco o quadril para me ajudar no acesso ao seu membro já rígido. Passo a língua pelos lábios me saboreando com a visão de sua masculinidade.

Abaixo colocando-o em minha boca, usando a mão como apoio em sua coxa e a outra mexendo em suas bolas. Passo a língua por toda a extensão vendo Paul ofegar enquanto dirige, ele para em mais um semáforo e aproveito para intensificar os movimentos de sobe e desce.

— Porra, que boca gostosa. — Murmura. — Que se foda.

Noto que ele faz uma curva e para o carro, levanto a cabeça olhando para onde estamos, uma rua sem saída. Ele abre alguns botões de sua camisa, jogando a gravata no banco detrás. — Temos que ser rápidos, aqui é perigoso.

Sem esperar mais me ajoelho no banco subindo minha saia até a cintura, me livro dos saltos e pulo para seu colo, fico de costas para o volante. Paul se inclina sobre a porta tirando uma camisinha do compartimento, rasga o envelope e coloca em seu pau.

— É isto o que eu quero...

Entusiasmado, acaricia meu seio, enquanto minhas mãos percorrem seu membro posicionando-o em minha entrada úmida, jogo a calcinha para o lado não perdendo tempo, me abaixando sobre ele, me sentindo completa, me deliciando com a sensação.

— Sim, sim, é assim que eu gosto...

Enlouquecido, suas mãos apertam meu traseiro.

Paul me beija, estabelecendo um ritmo rápido fazendo todos os meus nervos se torcerem dentro mim.

— Você me deixa louco.

Paul dá um tapa em minha bunda enquanto mantenho o ritmo sobre ele, os fios de cabelos grudando na testa, mesmo com o ar ligado. Subo demorando a descer e quando desço rebolo sobre seu pau. Levando Paul Vetter à loucura, levando apertões e gemidos que atravessam sua garganta.

Sorrio, fechando os olhos. Solto um gemido sentindo que estou perto, meu corpo pode se desfazer em pedaços com apenas um movimento dele.

— Quero ouvir você gemer, quero vê-la gozando.

Ele é certeiro e vigoroso, sinto-o levantando um pouco o quadril, me estocando fundo mesmo com o curto espaço que temos. Do jeito que nós dois gostamos. A excitação me mata... Estou ofegante, ele me agarra de forma possessiva pelo pescoço, prendendo meus cabelos em torno da mão, ansioso pelo prazer, enquanto me preenche, arrancando gemidos que nos deixam loucos.

Meu corpo se desmancha de prazer, chegando ao orgasmo com um gemido delicioso, ele goza instantes depois. Ficamos quietos por uns instantes, sem nos mexer, apenas curtindo os pequenos tremores que ainda percorre nosso corpo e a respiração falha embaçando as janelas.

Paul beija minha testa, saio de cima dele exausta, me sentando ao seu lado para me recompor.

— Podemos ir para casa, minha linda? — questiona brincalhão.

— Agora sim, podemos. — Brinco.


CAPÍTULO 29

 

Paul novamente decide que eu ficaria no apartamento, alegando que não havia necessidades de ir para a empresa, que deveria descansar e dormir até mais tarde. E foi isso que fiz, esparramo-me em sua cama, sentindo ainda o aroma de seus cabelos grudado no travesseiro, o que me faz adormecer. Acordando bem tarde.

Depois de algumas horas lendo um bom livro, escutando música, já me sentia completamente relaxada e procurando algo para fazer. Ando pelo apartamento, conhecendo os ambientes que não tinha ido ainda, arruo a mesa de Paul no escritório, tudo para ocupar meu tempo, como não estava acostumada a ficar de folga não sabia o que fazer para ocupar as horas livres. Pensei em correr um pouco, mas não estava com tamanha disposição para isso.


Procuro na discagem o telefone de Ana.

“Diz que você já está na cidade, estou entediada.”

A resposta de Ana chega ao mesmo instante.

“Já estou em Washington, não consegue ficar

sem ver minha cara né, rs, o que pretende fazer?”

Digito rápido já formulando minha ideia:

“Ana se arrume.”

“O que você tem em mente Angel?” — Ana envia.

“Que tal um passeio, compras e diversão?”

“Para mim parece perfeito.” — Ana envia.

“Por mim, fechado, nós encontramos no shopping?”

“Em uma hora estarei lá.”


Com certeza Paul não se importaria ou mandaria sair com Patrick — segurança que tinha colocado a minha disposição. — Se eu acreditava que Philip era assustador com seu porte militar, Patrick vinha para mostrar que Paul tinha um exército de brutamontes.

Penso em seu lindo Aston Martin, aquele carro que mais parecia um felino, amaria dirigi-lo. Deveria ter imaginado que Paul sendo um CEO, mandão e controlador do jeito que era não ficaria feliz no final do dia, mas eu não iria dar satisfações ou ficar implorando algo para ele.

Decido ligar para testar o terreno, mas sem nenhuma pretensão de falar o que faria.

— Com saudades? — sua voz soava brincalhona.

Não fazia nem quatro horas que ele havia me deixado.

— Claro, preciso de você para me ajudar no banho. Sabe, não consigo me ensaboar direito.

Se Paul não tivesse ido trabalhar eu não estaria entediada, tenho certeza que ele usaria muito bem nosso tempo ou se ele voltasse para mim mais cedo.

— Vou cuidar do seu banho mais tarde . — Desta vez a voz dele soou séria e alguns músculos na minha barriga se apertaram. — Você precisa de alguma coisa? Aconteceu algo?

Limpo a garganta. — Não, garanhão.

— Porque acho que você está com voz de quem está aprontando, meu bem?

— Eu? Imagina. — Amanso mais minha voz, para ele não desconfiar. Como disse, apesar de namorados não iria ficar pedindo permissão para sair. — Ana está na cidade, marcamos uma tarde de garotas.

— Tarde de garotas?

— Sim, garanhão. Uma festinha totalmente de calcinhas em seu apartamento.

Ele ri. Ah, essa risada grossa e rouca. O que eu não faria para tê-lo no meio das minhas pernas.

— Patrick está a sua disposição. — Paul comenta.

— Ok.

— Eu tenho que ir, vou entrar em reunião agora, vejo você mais tarde .

— Até. — Digo encerrando a ligação.

Pego minha bolsa, correndo até o escritório de Paul onde tinha visto ele alguns dias atrás guardando as chaves do carro. Ficavam num compartimento secreto do armário de madeira trabalhada, provavelmente quem mexe mais ali deveria ser o Philip.

— Célia, estou de saída! — exclamo sorrindo abertamente.

— Deseja alguma coisa, quer que eu chame por Patrick? — Célia sorri de forma simpática como sempre.

—Não precisa. Até mais tarde. — Grito por cima do ombro, cruzando a sala com pressa.

Preta e reluzente aquela máquina parecia chamar por mim. Era ainda mais linda e imponente do que eu me recordava. Acomodo-me no assento sorrindo pateticamente. — Pronta para um passeio? — pergunto para o carro, espero o portão automático abrir por completo para eu acelerar o bebezão para fora da garagem.

Eu dirigia pelas ruas de Washington sempre no limite de velocidade. Mas era tentadora a ideia de aumentar um pouquinho, já que eu sabia que aquele carro poderia ir muito, muito mais rápido. Seguindo instruções do GPS pego a estrada rumo a Seattle, acelerando, fazendo os carros ao nosso lado virarem manchas, cantando alto as músicas que coloquei para tocar. Aonde quer que passe olhares eram dirigidos ao carro.

Deixo o carro no estacionamento interno do shopping, confiro minha maquiagem antes de sair.


Entramos em pelo menos vinte lojas de roupas femininas e provamos aproximadamente cinquenta vestidos cada uma. Se fosse por Ana teríamos ficado mais tempo e provaríamos mais roupas. Mas eu consegui convencê-la a levar o vestido verde. O meu foi mais fácil de encontrar, era de cor marfim frente única, o tecido leve e suave todo com detalhes em dourado longo. Por fim, acabamos indo até um restaurante que mostrou ser sensacional. A comida era excelente e o vinho então, perfeito.

Já estávamos no fim de tarde quando Paul me liga, estávamos saboreando nossa sobremesa. Fomos descobertas — esse foi meu primeiro pensamento, porém ele não comenta nada sobre o carro e, sim para dizer que estava pensando em mim. Terminamos agradecidas pelo nosso almoço e por Paul ainda não saber do meu delito, talvez, só talvez, ele não tivesse realmente colocado cães de guarda atrás de mim como tinha ameaçado, mas foi nessa hora que eu mordi a língua.

— Ele não sabe ainda — informo a Ana quando entravamos no carro.

— Você tem certeza? Ainda acho uma completa maluquice. — Ana pergunta apontando um SUV vindo em nossa direção, não reconhecia aquele carro, mas como não conhecia todos os carros de Paul, não espero para comprovar se seria um dos cães de guarda de Paul. Afivelo o cinto de segurança, pronta para sair dali.

— Põe esse carro em movimento — Ana acrescenta, o SUV estava subindo na rampa dos carros. Eu não podia ver Philip dentro do carro por causa dos vidros escuros, mas eu sabia que estava lá e pronto para me pegar.

Não sei por que, mas eu achei tudo tranquilo demais. Óbvio que Paul sabia sobre seu carro e tinha colocado Philip ou até mesmo Patrick em minha cola. Acelero saindo pela rampa do estacionamento.

Atrás de mim o SUV seguia colado na traseira do Vanquish, espero que meu telefone toque com Paul ou Philip realmente revelando que sabiam de tudo, mas ele permanece em silêncio.

Piso com tudo no acelerador quando entramos na autoestrada, não queria ser pega, muito menos que Paul viesse com seu mau humor para cima de mim. Ana se agarra ao banco colocando o cinto de segurança, eu passava de 130 km/h e nem uma ligação de Paul para me repreender ou para gritar comigo.

—Por que estamos correndo? — Ana pergunta.

— Paul mandou Philip para nos pegar. Eu devia saber que não passaria despercebido o fato de pegar um carro de Paul sem ele saber.

— E por que ele ainda não ligou para gritar com você? Pelo que me contou Vetter não faz o tipo de homem que só mandaria um capacho te seguir.

Verifico novamente o espelho, o SUV costurava os carros perseguindo o Vanquish em alta velocidade, alguns carros buzinavam em protesto. Estava realmente estranho.

— Isso está esquisito. — Comento em voz alta meu pensamento.

— O que está esquisito? Você correndo como uma louca?

— Paul não ter ligado.

Ela se vira para olhar pelo vidro traseiro.

— Vou ligar para Paul, no mínimo deve ser apenas uma lição que ele quer me dar, — tento alcançar meu celular na bolsa desacelerando um pouco.

— Coloque esse carro realmente para correr, o SUV está colado em nós — Ana grita.

Olho novamente verificando que enquanto desacelerei dei oportunidade para ele chegar bem perto de nós, piso com força, fazendo meu corpo colar no banco do motorista enquanto o carro rugia obedecendo, 130...140...150...160 km/h os carros passavam ao lado como borrões.

— Pegue meu celular na bolsa e ligue no sistema do carro. Vou ligar para Paul.

Prontamente ela me atende colocando o sistema de ligação do carro para funcionar, estava no terceiro toque quando Paul atende à ligação.

— Ângela?

— Você colocou Philip ou Patrick em minha cola? Só por que sai com Ana? — pergunto ainda de olho no SUV, como havia acelerado bastante abri certa distância.

— Como assim? Não. Philip está aqui em minha frente, o que aconteceu Ângela? Onde você está, porra? Você não estava no apartamento? Ângela! — sua voz aumenta algumas oitavas.

— Porra, estamos sendo seguidas. — Ana solta.

— Ângela me explique agora o que está acontecendo, porque a Ana disse que vocês estão sendo seguidas? O que aconteceu com uma tarde de garotas? — ele inquire com a voz fria como gelo.

Meu coração batia forte no peito, pela primeira vez eu sinto um frio sombrio se apossando de meu corpo. — Não... Nos saímos, estamos na autoestrada a caminho de D.C., eu estou com o Vanquish — seria melhor confessar logo, ele saberia de qualquer jeito.

— Que porra você acha que está fazendo? O que você tem na cabeça? Sair com o carro sem me comunicar? Porra Ângela! — ele gritava.

— Não adianta gritar comigo — Ana exibia a mesma cara que eu também deveria estar. Medo. — Eu estou bem, seu carro está bem. Achamos estranho, pois o SUV começou a nos seguir quanto mais eu acelerava mais ele me acompanhava.

— Onde exatamente vocês estão?

Confiro as placas da estrada, o SUV não dava espaço para erros, — Uns 10 km do Park Avence.

— Você não entrará no apartamento, se parar na garagem o tempo que o portão leva para abrir e fechar eles podem pegá-la, saia da rodovia e pegue o máximo de sinais de trânsito que conseguir. — Podia sentir um pouco de medo enquanto Paul falava.

— Mas eles terão oportunidade de me encurralar — digo assustada, nunca estive em uma perseguição ou fui perseguida.

— Isso se você parar, o que não queremos, passe todos os sinais que ficarem vermelhos, ignore guardas, quando você criar uma distância realmente boa deles, tem um estacionamento perto da InGet, alguns quarteirões, estarei esperando lá com Philip, por favor, tome cuidado . — Ele suplica.

— Ok. Vou correr o máximo que consigo. — Digo, estava em completo silêncio, à única coisa que fazia o mínimo de barulho era o motor do Vanquish ronronando enquanto passava pelo desvio seguindo para o centro da cidade.

Na cidade passo alguns faróis vermelhos e o SUV também, ele me seguia a toda pela cidade, faço algumas curvas, outras entro em ruas cortando caminho, Paul o tempo todo também me dava ordens pelo telefone. Foi aí que tudo aconteceu rápido demais, estávamos a mais de 130 km/h, não vi quando o farol fechou e um mar de carros começou a andar. Jog o o Vanquish a toda velocidade no meio do trafego, rezando para que meu plano desse certo, alguns carros brecaram com medo de um acidente causando um tumulto no meio da avenida.

Protestos dos pneus freando na pista, impedindo que o SUV viesse atrás. Também não diminui a velocidade ou sequer olhei para o retrovisor confirmando que ele não estava mais atrás de mim.

Avisto o estacionamento que Paul havia falado, acelero na rampa fazendo curvas fechadas até o último andar como Paul havia me instruído e então eu o vejo e junto com ele mais quatro homens, uma de suas mãos colada na orelha, no telefone e outra passando pelos cabelos — como ele sempre fazia em uma situação de estresse. — Paro o carro cantando pneu ao lado da Mercedes, já largando tudo e pulando em seu colo.


CAPÍTULO 30

 

Paul me apertava num abraço me acalmando, Ana também estava parada em nossa volta conversando com Philip, que perguntava qualquer coisa que pudesse diferenciar o nosso perseguidor, porém como foi tudo tão rápido nenhuma das duas sabia as informações que ele questionava.

— Calma minha linda, você está comigo agora. — Paul sussurrava em meu ouvido.

— Estava com tanto medo. — Olho para seu rosto percebendo que ele também teve medo, que também estava aliviado por me ter em seus braços. Olho por acima do ombro de Paul notando Patrick e mais dois homens olhando ao redor. Um estava com a mão dentro do blazer, o que deduzi que poderia até estar segurando uma arma.

— Senhor Vetter, com licença. — Philip interrompe nosso abraço. — Patrick irá levar a senhorita Suarez para seu hotel. Sean e Harold seguiram com o senhor e a senhorita Berlin para o Park e eu irei com o Vanquish.

— Quero informações, quero saber quem estava dirigindo aquele SUV. — Paul esbravejou.

— Sim, senhor.

— Não me importo se terá que hackear o sistema de câmeras da cidade.

— Sim, Sr. Vetter. — Philip concordava de modo solene.

Ana se despediu rapidamente de mim já entrando no carro, assim como eu.

Paul pega o coldre com uma arma prateada das mãos de Philip, escondendo dentro de seu paletó.

— Isso é realmente necessário? — pergunto me acomodando melhor ao seu lado.

— Tudo é necessário quando a sua ou minha segurança está em jogo. Não discuta comigo, Ângela. — Responde rude, soltando um suspiro audível. — Você não pensou em um minuto sequer como eu ficaria, não pensou em sua segurança. Não, você quis atender seu capricho. Foi imprudente, Ângela.

Paul coloca o paletó com o coldre dentro ao seu lado na porta. — Podemos ir. — diz para Sean, logo virando o rosto para a janela. Dando por encerrado qualquer tipo de conversa que poderíamos ter.

A volta para casa foi silenciosa, assim que entramos em seu apartamento me largo no sofá vendo a noite pela parede de vidro. O jeito como ele falou comigo, fez com que eu me sentisse uma idiota. Vendo pelo seu lado eu fui imprudente sim, podia ter acontecido algo realmente sério. Sai de casa por umas quatro horas e consegui ser perseguida e ainda colocar não só minha vida em risco como a de Ana também.

— Está brava? — pergunta.

Balanço a cabeça negando. — Você ainda está bravo?

— Eu não estou bravo com você. — diz. — Me desculpe por ter falado daquele jeito. Estava muito preocupado e acabei sendo um escroto. Eu... você não tem noção quanto poderia ser perigoso? Eu não ligo para o carro, não ligo para todas as multas que você trouxe correndo pela cidade, isso já estou resolvendo. Não ligo para nada disso.

— Paul me desculpe, não queria nada disso. Eu realmente pensei que seria uma brincadeira ou uma lição sua.

Paul me puxa para seu colo. — Já disse que não me importo com isso. Entenda uma coisa, não me importo com o carro, ou que dirigiu por aí. Eu fiquei com medo por que saiu sem alguém para cuidar de você. Não é simples dirigir um carro caríssimo para fora do apartamento. Você faz ideia da quantidade de ameaças que eu recebo todos os dias? Você era um alvo fácil lá fora. E quando me ligou perguntando se havia algum de meus homens seguindo você, Philip logo em seguida balançou a cabeça negando eu pirei. — Ele faz uma pequena pausa passando a mão pelo cabelo sedoso. — Não sabíamos onde você estava, que tipo de perigo estava correndo. Não conseguia pensar direito, eu estava com medo, medo de perder você.

— Sinto muito. Eu não pensei direito antes de agir.

— Tudo bem, minha linda. Mas só, por favor, não faça mais. Disponibilizo qualquer motorista que quiser, mas não saia mais sem a devida segurança. Você pode conhecer bem Nova York, mas aqui... Aqui é diferente.

— Eu não vou. Prometo que não farei.

Paul envolve seus braços ao meu redor me apertando de encontro ao seu peito. — Está vendo o anel no seu dedo? Ele significa que temos um compromisso, precisamos nos manter juntos. Não lutar um contra o outro, disputando quem tem mais poder. Você manda em Nova York e eu mando em Washington.


Que puta dor de cabeça! Era difícil até abrir os olhos, olho em volta tentando achar meu celular, quatro e quinze da manhã. Ótimo! Paul estava dormindo de forma sossegada ao meu lado, virado de costas para mim, mostrando os músculos bem definidos relaxados.

Poderia ficar olhando para ele por um bom tempo, mas como cada vez mais o sono se afastava de mim decidi levantar. Des ço a escada no completo breu, vou até o abajur na mesa de canto deixando que ele iluminasse um pouco o amplo apartamento, me pego encarando a sacada, em todo o tempo que passei aqui nunca havia ido até ela.

A vista era ainda mais bonita do que aparentava dentro do apartamento, os altos prédios iluminados eram lindos, olhando aqui de cima até entendia o porquê Paul gostava tanto daqui. A cidade se desenrolava aos meus pés como uma linda pintura.

Fico olhando o movimento dos carros lá embaixo. Parecem pequenas formiguinhas e me lembra um pouco da vista do Solftk.

Ouço passos vindos ao meu encontro — Por que está aqui?

Dou de ombros. — A vista daqui é linda.

— Concordo, mas você não me respondeu. — Paul esfrega as mãos em meus braços. — Você está gelada, vamos entrar.

— Não percebi que estava frio.

— Está tudo bem, Ângela? — Paul olhava preocupado para mim.

— Sim, acordei com dor de cabeça e, quando desci vi a vista. Apenas isso.

Paul se aproximou ainda mais, me puxou para ele. Seus braços rígidos envolveram minha cintura e eu descanso a cabeça em seu peito. Nós ficamos algum tempo apenas assim. Os dedos dele correndo ao longo da minha espinha, fazendo círculos lentos e preguiçosos sobre a minha pele. Sua respiração morna saindo em pequenas rajadas e batendo sobre o meu cabelo. Era tão confortável. Tão bom.

— Você sabe que não posso ficar aqui por muito tempo, estou resolvendo problemas sérios na empresa.

— Algo que possa ajudar?

— Não. Como ficaremos? Eu tenho minha vida em Nova York e a sua é aqui.

Isso vinha atormentando meus pensamentos há um bom tempo.

— Vamos resolver tudo, prometo que encontraremos uma solução viável para os dois. — Paul me solta ficando em minha frente, olhando para meu rosto. — Você quer subir? — Sussurra.

Seus olhos encaram os meus. E tudo o que eu posso pensar é: Diga sim! Diga sim!

— Sim, preciso apenas tomar meu remédio para dor de cabeça.

— Aguardo você em nosso quarto.

Nos separamos na bancada da cozinha, Paul sobe a escada voltando para o quarto enquanto eu pegava um copo de água, fui até o quarto de hóspedes onde minhas coisas ainda estavam, pego uma bolsinha com alguns remédios para viagem, tomo um torcendo para que fizesse realmente essa dor de cabeça chata passar.

Paul me aguardava de pé perto da porta, ele sorriu me puxando para um abraço, passo a mão sobre sua coluna, seguindo a linha dos músculos, no pescoço, por seu cabelo sedoso. Por mais que sentisse saudade da minha vida em Nova York, aqui, com ele, me sentia completa.

Paul me beija, nosso beijo se torna mais urgente sua língua varrendo minha boca, entre um beijo e outro ele morde minha boca deixando-a inchada. Me agarro em seu pescoço enlaçando minhas pernas em sua cintura, meu corpo raspando no dele, a ereção em cueca fazendo pressão em minha intimidade, tudo isso me enlouquece. Ele me enlouquece.

Paul me afasta, devolvendo minhas pernas para o chão, vai em direção ao criado-mudo pegando uma camisinha da gaveta, quando volta vejo que ele está faminto, mas não o quero assim, pelo menos agora, faço com que ele sinta, mantendo meus olhos focados nele o tempo todo, mostrando onde quero ir, mostrando meu desejo. Puxo sua cueca me livrando dela, seu pau está duro, forte, imponente como o próprio Paul.

Passo a língua pelos lábios apreciando meu momento. Quando estou preste a colocá-lo na boca, Paul mostra seu sorriso malicioso, me agarrando pela cintura me jogando na cama. — Paul — reclamo em protesto.

— Nada disso linda, eu preciso de você. — Ele trilha uma linha de beijos e mordidas por meu pescoço e ombro. Solto um gemido agarrando seus cabelos, fazendo certa pressão na mão.

— Isso minha menina manhosa, quero ouvir você gemer. — Paul desce suas mãos em meus seios, em minha barriga, quando está prestes a empurrar a renda de minha calcinha para o lado. Eu travo as pernas.

— O que foi?

— Paul, eu estou naqueles dias. — Comento.

Ele ri, passando a mão pelos cabelos rebeldes em sua testa. — Tudo bem, não me importo linda, apenas vou mudar os planos. — diz rindo.

Deus! Paul é o pecado mais delicioso para se cometer, e sim, ele é o homem por que muitas deliram e posso afirmar que apenas eu estava realmente neste momento delirando sobre sua mão. Paul termina de se livrar de minha calcinha, cobre seu pênis com o preservativo. Não dando tempo para ele pensar, empurro para que fique deitado de costas no colchão, monto em suas pernas, me esfregando um pouco em seu corpo, sei que ele sofre tanto quanto eu.

Beijo aqueles lábios gostosos e sufoco um gemido que escapa de sua boca quando desço muito lentamente. Porra! Ele é gostoso, o atrito de nossos corpos fundindo-se é muito bom. Sinto as paredes de minha vagina se estendendo, abrindo para ele. Sento por completo em seu membro, vendo Paul jogar a cabeça para trás, controlando seu prazer. Levanto meu corpo, saindo quase que completamente e volto a deslizar suavemente para baixo, levando até o fundo.

As mãos de Paul me seguram firme pela cintura ditando um ritmo mais forte, cada vez mais rápido. Estar num momento sensível torna tudo ainda melhor, minhas entranhas se contorcem deliciosamente recebendo ele cada vez mais fundo, preciso que ele venha comigo, já posso sentir os tremores percorrendo meu corpo. Paul se senta ereto, deixando nossos corpos colados, beijando meu pescoço, mordendo minha orelha, sua outra mão agarra meus cabelos, começo a sentir o orgasmo se aproximando, cada vez mais.

Aumento a pressão sobre seu pau, trazendo-o para aquele ponto, pressionando dentro de mim o lugarzinho estratégico, estamos suados, gemendo um o nome do outro.

Ele me aperta mais, gemendo em meu pescoço e eu sei que ele está vindo. Deus, eu o amo, amo Paul Vetter. Meu corpo inteirinho se contrai tudo se aperta. Eu sei que ele também está chegando ao ponto.

—Ângela, eu... Porra, Ângela. — Ele me empurra cada vez mais firme e bruto para cima e para baixo, de novo e de novo, o prazer explode pelo meu corpo. É a melhor sensação que eu já tive e não se compara a nada. O corpo de Paul convulsiona junto com o meu, esperamos os espasmos cessarem, desabando na cama um do lado do outro.

Quando torno a abrir meus olhos, encontro Paul com um sorriso satisfeito em seus lábios. Aconchego-me mais perto, colocando a cabeça sobre o seu peito, deixando minha respiração normalizar para tomar uma ducha.


CAPÍTULO 31

 

Devo ter dormido umas duas horas depois do banho relaxante que tomei com Paul, acordo sentindo a cama vazia demais, ele havia saído, mas deixou um recado dizendo que foi correr e voltava logo. Decido começar meu dia também, hoje teríamos o jantar de sua família, sentia calafrios já imaginando como seria a noite. Depois de um banho demorado na banheira pego todos os meus documentos e papéis na pasta, junto com meu notebook indo para o escritório de Paul.

Estava no escritório a manhã toda cuidando de papeladas, revendo despesas, algo não está batendo, Lian me passou alguns contratos e os papéis anteriores estão com alguns dados totalmente diferentes do que ele me passou esses dias por e-mail, todas ás vezes que ele realiza uma alteração fica pior, por isso junto tudo que tenho sobre isso e me debruço em cima tentando encontrar uma solução. Sinto que preciso de um café bem forte. Alguns números da conta corrente da empresa estão desiguais aos apresentados no contrato de venda.

Ainda não sei se isto é alguma falha seja de digitação ou se os dados passados para Lian estavam errados quando o documento foi criado. Estou no aguardo que Carl me dê alguma posição, só assim poderei realmente agir. Apenas posso dizer que se for esta opção, o problema pode ser resolvido rapidamente e o contrato pode ser assinado por ser totalmente seguro. Mas se a primeira opção não estiver correta, há muito dinheiro faltando nesta conta. Não tenho como assinar esse contrato se não tiver totalmente segura da transação. Gostaria de poder entrar em contato com o diretor atual da empresa para conferir as coisas. E dar início ao processo de averiguação, mas aguardarei o que Carl enviará, também não fica bem para a empresa discutir com um possível acionista um erro assim, tiraria nossa credibilidade.

Outra grande frustração foi o e-mail de Carlos sobre meu possível perseguidor. As imagens analisadas não mostraram nada conclusivo, mesmo utilizando um sofisticado software de reconhecimento facial. Provavelmente o indivíduo sabia das câmeras e estava com algum tipo de máscara para distorcer seu rosto.

Ouço uma batida na porta, fazendo com que levante a cabeça em meio aos papéis para ver Célia.

— Ângela desculpe interromper, o almoço está pronto e o Senhor Vetter já está a caminho. — Anuncia.

— Obrigada Célia, estou descendo.

Mando uma mensagem para Ana, não tínhamos conversado desde que nos despedimos depois do episódio. Ana responde poucos segundos depois me ligando.

— Ângela?

— Como você está?

— Eu realmente fiquei assustada . — Responde, sua voz animada demais para quem sentia alguma coisa. — Porém já passou, acredito que você deva abandonar sua birra e contratar um segurança, alguém como você deveria se preocupar com isso.

— O que aconteceu não irá acontecer novamente. Mas, você está com uma voz muito animada para quem teve uma crise de pânico. — Questiono curiosa.

— Humm, tive um incentivo para me tranquilizar.

— E o que diabos isso quer dizer? — pressiono.

— Isso quer dizer que você está atrapalhando, Ângela Berlin. — Ana resmunga e ouço um homem rir ao fundo, se tivesse certeza diria que seria Nicolas. — Querida... Posso... te...aí...ligar...outra...hora? — pergunta entre gargalhadas, soando sem fôlego.

— Adeus, gata. — Digo rindo.

Levanto da cadeira ainda rindo de Ana e sua “foda ocasional” — que para mim estava longe de ser isso. Vejo Paul parado de braços cruzados ao lado da porta, seu cabelo molhado indicando banho, uma calça de jeans solta nos quadris, seu peitoral bem definido à mostra. — Como foi sua corrida?

Ele vem até a mesa, seus olhos negros famintos, me puxando pela cintura, para selar seus lábios nos meus. Respiro fundo sentindo a fragrância de hortelã se misturando com seu cheiro. Deixo minha mão passear por suas costas, vendo-o se retesar um pouco, lambo e mordo seus lábios provocando-o.

Paul se inclina um pouco para trás, interrompendo nosso beijo. — Meu treino foi satisfatório, vejo que você usou bem meu escritório.

— Sim, desculpe pela bagunça.

— Adoraria ver você nua em cima de toda essa bagunça, mas o almoço nos aguarda.

Do um sorriso safado, daqueles que ele adorava. — Não ligaria de fazê-lo esperar mais um pouco.

— Também não, mas a Srta. Fontan viria atrás de nós com a colher de pau em punho. — diz com um sorriso, ele aperta minha bunda com as duas mãos, me fazendo gargalhar enquanto seguíamos para cozinha.


Nossa tarde de sábado foi de preguiça e descanso, tivemos vários amassos no sofá e beijos roubados no meio do filme. Estávamos começando o terceiro filme depois do almoço maravilhoso que Célia havia preparado para nós, quando Paul deita a cabeça em minhas pernas esticadas, coloco minha mão em seus cabelos macios fazendo um cafuné.

Noto seu corpo relaxar e Paul adormecer, deixo que permaneça assim, com a cabeça apoiada em minha coxa, os braços relaxados jogados ao lado do próprio corpo e continuo curtindo o filme. Depois de longas horas deitados no amplo sofá da sala de TV, acordo Paul com beijos na nuca, sua cara amassada e voz rouca eram divinas.

Tinha chegado a hora, hoje iria conhecer definitivamente toda a família de Paul. Tomo um banho rápido, fazendo a maquiagem e arrumando meus cabelos, meu vestido estava separado em cima da cama, um lindo Lanvin roxo, justo nos lugares certos dando ao meu corpo ainda mais destaque com os tradicionais saltos pretos. Paro em frente do espelho grande do banheiro, checando os últimos detalhes. Procurando até mesmo algum defeito.

Paul entrou sem avisar, surgindo atrás de mim no espelho. Ele estava lindo, a camisa branca aberta, mostrando um pouco do abdômen definido que eu tanto conhecia, calça do terno preto delineava o quadril de Paul, deixando ainda mais sedutor.


— Posso ajudá-lo, Sr. Vetter? Suponho que há um propósito para sua visita, além de ficar de boca aberta para mim.

— Estou desfrutando do prazer secreto de olhá-la, — ele murmura, saio em direção ao quarto e ele me devora com os olhos. — Lembre-me de agradecer a minha mãe pelo jantar.

Rio com seu comentário. — Diga logo para que veio, Sr. Vetter.

Sei que ele não está aqui apenas para me admirar, alguma coisa tem. Ele responde com seu sorriso cheio de segundas intenções, vai até o paletó jogado sobre a cama e tira uma bolinha um pouco menor que um ovo vermelha. Sabia, ele estava armando algo .

— Estive pensando em algo — começa a dizer. — Não sei se você é capaz, podemos parar a brincadeira quando quiser. Mas, seria interessante já que você se encontra num momento de mais sensibilidade. — Sentia a grande nota de desafio em sua voz. — Que tal você usá-la hoje à noite?

— Você sabe que estarei na presença de sua família, né?

Ele confirma com a cabeça lentamente. — Além de ser bastante resistente, ela pode causar efeitos interessantes em seu corpo.

Paul gira a bolinha entre os dedos enquanto fala, um verdadeiro tarado, perversamente tentador, seus olhos dançam com pensamentos eróticos e a boca tem o costumeiro sorriso sexy que eu seria capaz de me perder só para tê-lo em meu corpo. Era um desafio que ele queria? Então vamos ao desafio: Estar na presença de sua família com uma bolinha erótica dentro de mim, tudo bem, ele teria esse jogo.

— Claro, vamos brincar.

— Como sempre disposta a um desafio. — Paul sorri. — Venha aqui, vou colocá-la em você. Primeiro levante seu vestido exibindo essa bunda deliciosa.

Ele me leva até beirada da cama, levanto meu vestido como ele havia pedido.

— Se incline na cama ficando de quatro, por acaso você já usou isso? — pergunta mostrando novamente a bolinha.

— Não, apenas sei que cada uma, cada cor pode dar um tipo de sensação e prazer.

— Ótimo. Como está sua menstruação? — pergunta na maior naturalidade, sim para mim, mulher é normal, mas, para os homens.

— Fraca, tomo remédio. O que ajuda muito. — Digo já inclinada sobre a cama.

Ele afasta minha calcinha deslizando o dedo indicador para dentro... Oh Deus ! Mordo o lábio inferior contendo um gemido, não quero dar esse prazer para ele. Paul desliza o dedo dentro de mim, fazendo círculos, fazendo com que sinta seu dedo em todos os lados, principalmente quando inicia um pequeno vai e vem continuo. Não consigo me conter e solto um gemido baixo.

Paul retira o dedo não dando nem tempo para respirar e já insere a bola dentro de mim, empurrando-a para cima. Ajeita minha calcinha dando um tapa vigoroso em minha bunda, fazendo o primeiro efeito da bolinha dentro de mim. Filho de uma mãe.

— Podemos ir. — diz se afastando.

Levanto ajeitando a lingerie e o vestido, afasto os cabelos do pescoço e tento me recompor. Será uma grande noite.

Após me recompor e acalmar a mistura de sensações que se aloja em meu ventre, desço as escadas encontrando Paul na sala de estar.

Ele conversa com quatro homens de costas para mim, sem perceber minha aproximação. Três dos brutamontes eu reconheço como sendo Patrick, Sean e Philip, o outro fico em dúvida, lembro que já tinha cruzado com ele. Claro! Ele era o outro segurança mal-encarado que estava no dia da perseguição. Harold, não era esse seu nome?

— ...Temos tudo sobre controle, Sr. Vetter.

— Ótimo, não quero nenhum imprevisto. — Paul se vira vindo em minha direção. Deixando os seguranças seguirem seus próprios caminhos.

Olhar Paul Vetter, é como olhar uma pintura clássica. Ele tem uma beleza selvagem, mas ao mesmo tempo refinada. Sua caminhada exala o poder, como se o próprio corpo soubesse disso e abusasse desse fato.

Ele está ainda mais lindo, se isso é possível. Seu cabelo preto perfeitamente ajeitado, sem nenhum fio sequer caindo pelo seu rosto. A camisa branca fechada até a gola, sua gravata roxa combinando com meu vestido e claro a calça preta deixando sua bunda e coxas marcadas nela. Ah, se pudéssemos antecipar o pós-festa, mas já desconfiava que estávamos atrasados.

— Magnífica.

— Obrigada, — murmuro, enlaçando meu braço com o dele. — seguranças?

— Espero que você não crie caso.

— Não vou, desculpe a teimosia.

Ele abre um sorriso doce, — Como você está se sentindo? — sei exatamente sobre o que ele está falando, a bolinha vermelha que se mexe para cima e para baixo a cada passo que dou.

— Bem, obrigada — dirijo o mesmo sorriso amplo que ele.

Acalme-se Paul, temos muito jogo pela frente .

— Por falar em segurança, você não me disse se conseguiu alguma pista sobre o motorista do SUV? — questiono.

— Não conseguimos nada, porém, esse não é o momento para discutirmos isso. — Paul sorri entrelaçando nossos dedos. — Quero exibi-la para o mundo está noite, Srta. Berlin.


CAPÍTULO 32

 

O carro se coloca em movimento nos levando para fora da garagem, com Philip já ganhando velocidade pelas ruas. Paul mantém minha mão em seu colo brincando com meus dedos, larga um pouco puxando uma sacola de seus pés que eu não havia notado.

— Comprei isso para você mais cedo. — Ele retira uma caixa aveludada da Cartier. — Espero que goste, como não sabia qual seria a cor de seu vestido comprei algo neutro.

Abro a caixa e meu queixo cai, dentro contém uma gargantilha linda, os diamantes fazem um desenho entorno dela, duas linhas finas, porém trabalhadas de maneira única. Retiro da embalagem me virando para que ele coloque em meu pescoço. — Obrigada garanhão, é realmente lindo. — Agradeço e me contorço um pouco ao voltar a posição, sentindo a primeira pressão em minha virilha.

Paul beija meu cabelo com um sorriso encantador em seus lábios.

Seguimos em direção a Bainbridge Island, onde fica a residência de Leila, resisto à vontade de gemer na frente de Philip. Estou começando a sentir uma dor maçante e ao mesmo tempo agradável no fundo de minha barriga, causada pela bolinha. Cruzo um pouco a perna, o tanto que meu vestido permite tentando algum alívio, Paul me olha interessado, mas não comenta nada.

Levo meus pensamentos para quando conseguirei o alívio que tanto quero, poderia empurrá-lo escada acima indo para um dos quartos e exigir por isso. Mas seria exatamente o que Paul queria e eu não estava disposta a perder e correr para ele em busca de alivio, por não aguentar a pressão que a bolinha estava me causando seria exatamente isso.

Lógico que meu lado totalmente imprudente e desafiador também gostava da ideia de ver a cara que ele faria comigo gozando enquanto conversava com algum de seus parentes, por que eu tinha apenas uma certeza: Essa bolinha logo teria o poder de me fazer gozar, sem nem ocorrer a penetração.

Pare com isso Ângela , — reprimo tais pensamentos, isso só traria a ira de Paul.

Solto sem querer uma risada, fazendo ele me olhar curioso.

— O que foi minha linda?

Cretino, era óbvio que ele sabia o que estava acontecendo, podia sentir minhas bochechas vermelhas.

— Nada, apenas um pensamento divertido — respondo olhando novamente para frente.

Paul se curva para mim, mordendo o lóbulo de minha orelha devagar e sussurra: — Se for demais... — sua voz some, ele passa a mão em minha barriga em direção a minha perna. — Podemos retirá-la.

Recomponho meu sorriso. — Não conte com isso, Sr. Vetter.


Passamos pelos seguranças no portão seguindo para a entrada da casa, carros luxuosos faziam filas no gramado, tochas acessas iluminando todo o gramado até a água. Tornando a noite ainda mais perfeita.

Paul põe a mão na parte baixa da minha coluna e guiando-me ao redor da varanda, seguindo as tochas para entrar em um salão, que não havia visto naquele dia que estive lá. Devo dizer que o número de convidados estava entre cinquenta a sessenta pessoas. As mulheres elegantemente vestidas e os homens também. Ainda não vi nenhum rosto familiar, agora que estamos aqui me sinto um pouco nervosa, me arrependendo até de ter entrado nessa brincadeira com Paul.

— Ray...Ângela. — Ouço a voz animada de Julis Vetter e encontro seus belos olhos verdes. A morena estava usando um vestido rosa Pink curto, os cabelos estão caindo soltos pelas costas. E o sorriso mais radiante do que nunca.

— Julis. — Cumprimento com um abraço, me soltando um pouco das mãos de Paul.

— Você está linda! — exclama. — Gato como sempre, Paul.

Vejo Paul dando um sorriso, o que é melhor que a hostilidade do outro encontro. — Você está belíssima, Julis.

— Paul me disse que vocês iriam assumir o namoro hoje para nossa família, gostaria de ser a primeira a divulgar isso, vocês topam?

Julis só faltava pular de empolgação.

— Por mim, sem problemas — Paul responde me olhando.

— Claro, por que não?

— Isso é ótimo, realmente perfeito. Garanto que será capa, aí meu Deus! Já estou vendo a repercussão. — Ela pede licença seguindo para o lado oposto do salão onde alguns casais dançavam numa pista de dança improvisada ao som de Jazz.

Paul me puxa pela mão em direção a mesa onde Victor está sentado ao lado de uma belíssima mulher, seus cabelos castanhos caindo como uma cascata sob seu ombro direito, o belo vestido verde realçava sua pele dourada. Deduzo que essa seria Mary, nova esposa de Victor.

— Pai. — Paul chama encostando sua mão no ombro do pai.

— Paul, é muito bom vê-lo achei que não apareceria mais. — Ele se levanta trocando um abraço rápido com o filho, seus olhos pararam em mim. — Ângela, sabia que veria você novamente. Está perfeita.

Retribuo seu beijo e abraço, Victor era tão galante quanto Paul, isso não tinha o que duvidar. Sigo para o lado onde Mary nos aguardava de pé, ela e Paul trocam um beijo na bochecha rápido assim como o abraço do pai. Pude sentir que ela ficava um pouco receosa perto dele. Troco algumas cordialidades com ela e outro casal que estava sentado na mesa, antes de Paul me puxar novamente para seus braços e seguir para outra mesa.

Cumprimento Jordan com um abraço quando ele se lança sobre mim, ganhando um olhar furioso de seu irmão o que faz cair na risada. Jordan mesmo um pouco mais novo que Paul tem seu lado crianção em tudo que faz, hoje está tão elegante quanto todos os homens presentes, mesmo que tenha dispensado a gravata.

Observo Paul conversar com ele, vejo o brilho que surgem em seu olhar ao ouvir seu irmão e mesmo que ele não demonstre, Paul o adora, os dois se provocam a todo o instante.

Jordan nos apresenta a tal Suria. Uma mulher asiática e muito bonita, realmente parece uma boneca de porcelana, sua fala é baixa e calma. Mas posso notar certo tom autoritário sobre Jordan que ri e nem demonstra estar insatisfeito.

Uma mulher alguns anos mais velha vem em nossa direção com os braços estendidos. — Tia Jennifer, — Paul saúda a mulher que vem em nosso encontro, seu vestido vermelho é extremamente chamativo.

— Vetter querido, só assim para nos encontrarmos. Você vai a meu hotel e nem para dar um beijinho em sua tia? — Fala de modo dramático colocando as mãos na cintura. — Quem é a bela gazela ao seu lado?

— Tia Jennifer, está é Ângela Berlin, minha namorada. — Paul indica a mulher. — Minha linda, está é minha tia. Jennifer Raymond.

A mulher não tem nenhum traço de semelhança com a mãe de Paul, mas vejo que o lado astuto e brincalhão veio dos Raymond’s.

— É um prazer conhecê-la, Sra. Raymond.

— O prazer é todo meu. Então alguém enlaçou meu pobre menino como um burro para o abate. — Jennifer ria de tudo, bebericando os goles restantes de champanhe de sua taça.

— Tia, não fale assim. — Paul sorria. — A senhora vai espantá-la.

— Ela não aparenta ser do tipo que foge de algo. — Jennifer diz interceptando um garçom, trocando sua taça vazia por outra completa de champanhe.

— Com certeza, não. — Digo ganhando outro sorriso de Paul.

— Se você me der licença, vejo minha mãe olhando para cá com olhares fulminantes.

— Claro, claro. — Jennifer levanta a mão se rendendo. — Não quero a irá de Leila sobre mim, nós falamos depois, foi realmente bom conhecer você, Ângela.

— O prazer foi todo meu. — Retribuo.

Paul espera alguns segundos até sua tia ter se afastado completamente de nós para dizer: — Desculpe por isso, tia Jennifer é o que falamos de sem papas na língua ou qualquer bom senso.

Paul não parava, pulávamos de uma mesa a outra nos movendo pelo salão, cumprimentando seus amigos, alguns colegas de trabalho, um familiar ou outro. Conheci Kevin e Ethan filhos de Jennifer — primos de Paul —, meninos extremamente simpáticos e brincalhões. Eles se davam muito bem com Paul, que parecia ser mais tio do que primos dos garotos.

Em meio a toda essa agitação me sinto cansada e em frangalhos sentindo a bolinha se remexer dentro de mim. Me perguntando de como ela estava sobrevivendo a toda essa andança, ainda mais pressionada pelo absorvente que coloquei para evitar escape. O que acaba deixando-me aérea em algumas conversas tendo atenção chamada por Paul.

O tempo todo ele sorri, estou começando a acreditar que essa história de precisar passar por algumas mesas é um grande papo furado, era só para me deixar a ponto de desistir. Mas reúno minhas forças para aguentar mais alguns apertos de mãos e conversas bobas.

Aproximamos da mesa onde Leila Raymond estava sentada cercada de mulheres de meia idade, seu vestido azul Royal mostrava ainda mais sua beleza e seus lindos olhos pretos como Paul. Apostaria uma grana com quem quisesse, que todas ali tinham algum tipo de intervenção cirúrgica. Tirando Leila que aparentava ser realmente jovem para a idade, o que deixava suas acompanhantes até um pouco para trás em quesito de beleza.

— Ray! — ela exclama, Paul para recebendo o abraço de sua mãe.

— Você está linda como sempre. — Dispara, ele se afasta um pouco cumprimentando de longe todas as senhoras da mesa, que abrem amplos sorrisos para ele. Óbvio.

— Pare com isso, estou feliz que veio. — Ela diz. — Olá novamente Ângela, sabia que nos veríamos. — Leila me olha dos pés à cabeça parando um pouco em meu anel na mão direita. — Belo anel.

— Está uma linda festa, Leila. Realmente deslumbrante. — Digo.

— Bem-vinda à família querida, cuide de meu menino. — Leila diz com um sorriso astuto. — Me desculpem, gostaria de permanecer conversando, porém tenho alguns convidados chegando. Paul leve Ângela para alguma mesa ou um passeio pelos jardins, tenho certeza que ela irá adorar. — diz soltando uma piscada para mim e segue para a entrada do salão.

Assim que Leila se afasta para cumprimentar outros convidados, Paul me leva para uma das mesas. Há algumas pessoas que eu não conheço, mas rapidamente elas se apresentam e ficam muito interessadas em conversar sobre negócios. A conversa se estende com Paul mantendo o papo animado, tirando por vezes risadas dos ocupantes da mesa.

Ele está relaxado, bebe tranquilamente seu champanhe, uma de suas mãos descansa em minha perna fazendo carinho em círculos. Hora ou outra beija meus cabelos ou meu pescoço atraindo olhares curiosos para nós.

Olho ao redor e noto todos em conversas animadas, alguns tirando fotos, Julis pula de mesa em mesa capturando os momentos, vejo Victor e Jordan no meio de uma roda somente de homens bebendo um líquido âmbar que conclui sendo uísque.

— Está se divertindo? — Paul pergunta em meu ouvido, concordo com a cabeça. — Eu disse que todos gostariam de você. Podemos dançar se você quiser? — Acrescenta, quando apenas esboço um sorriso para ele.

Essa bolinha está mexendo com meu cérebro.

— Ainda bem que não estamos cercados de comida japonesa. — Comento rindo da lembrança de nossa última dança.

Paul solta uma gargalhada atraindo ainda mais olhares para nós. — Assim que passarmos pelo jantar, arranco você daqui e dou sua recompensa. Não imaginei que aguentaria tanto tempo com a... — Ele deixa a frase morrer voltando para a conversa quando seu nome é citado.

Sinto meu corpo queimar, esse filho de uma mãe gostoso sabe muito bem como acabar comigo, como ele soltava isso em uma mesa repletas de pessoas que observavam todos os nossos movimentos.

O jantar é servido e embora não seja uma apreciadora de ostras até que estavam gostosas. Com o avanço da noite eu não conseguia pensar em mais nada, a bolinha me consumia de tal maneira que estava mexendo com meus nervos diversas vezes me peguei tentando estourá-la, até indo uma vez ao banheiro com essa intenção. Mas foi só Paul dizer que ele sabia que eu não aguentaria muito tempo para que eu expulsasse essas ideias para longe.

Paul se divertia com meus apertões e sussurros em seu ouvido. Cheguei até confessar que teria um orgasmo conversando com seus amigos se ele não me levasse embora, mas só o que consegui foi ele se esparramar na cadeira com um sorriso divertido e brincalhão.

Julis e uma prima me puxaram pela mão para um grupo de mulheres, onde o papo estava animado e sendo regado com muito champanhe. Algum tempo depois noto que Paul sumiu da mesa, olho por todo salão tentando encontrá-lo, e o vejo um pouco mais à frente conversando com um homem alto, barbudo acompanhado de uma loira baixa. Peço licença para as mulheres que não param de falar e vou ao seu encontro.

— Ângela — me puxa para seus braços.

— Então Vetter, esse seria o motivo para você não parar de sorrir? Já estava pensando que estaria afim de mim. — O homem tinha uma risada grossa, parecendo quase um porco.

Paul passa a mão em minhas costas, parando na cintura. — Sim Field, ela é o motivo para eu não querer ainda sua cabeça em uma bandeja — diz soltando aquela risada alta que eu aprendi a adorar e admirar quando fazia. — O Sr. Field é um dos arquitetos da InGet, foi por causa dele que tive que abandoná-la em Nova York, minha linda.

Estendo minha mão cumprimentando o homem, a família Vetter tinha não só bons contatos, como pessoas de alta influência presentes no jantar e todos pareciam se conhecer. O salão já estava meio vazio, muitos casais ou grupos de amigos tinham ido para o gramado para fumar ou apenas para apreciar a bela propriedade da Sra. Raymond em um passeio.

Passamos um grande tempo conversando com Field sobre nosso projeto para a empresa, sua acompanhante bebia seu champanhe totalmente desinteressada no assunto, ela estava mais para um acessório do que uma acompanhante realmente. E então acho que os pedidos que fazia ao céu, deram certo. Paul finalmente se despediu deles, caminhando comigo para a entrada.

— Aonde vocês vão? — Julis perguntou nos interceptando. — Eu preciso de uma foto de vocês, o que vai adiantar a matéria sem uma verdadeira foto de capa.

Paul balança a cabeça me olhando divertido, puxa meu corpo para o seu. Colando nossos corpos em todos os lugares, fazendo o meu se aquecer com o contato. Eu quero esse homem!

— Vamos tirar logo essa foto, tenho que dar um jeito em Ângela, senão ela explodirá na frente de todos.

— Paul Vetter!

Julis e Paul caíram na gargalhada, Julis chama o fotógrafo que estava por perto e foi assim que fomos retratados, Paul segurando meu corpo com posse, rindo abertamente para a câmera e eu vermelha com um sorriso constrangido pelo comentário que ele fez. Depois disso praticamente corremos em direção ao gramado. Leila que antes estava bebendo e conversando com dois homens na entrada do salão, tinha sumido de vista, Paul não quis procura-la então seguimos diante.

Philip estava apoiado no carro conversando com outros motoristas, mas assim que nos vê endireita sua postura, abrindo a porta.

Assumimos nosso lugar no carro, Philip liga o carro já colocando em movimento, posso ver quando o carro faz o caminho ao redor do jardim, que o carro dos seguranças nos segue, praticamente colado.

— Philip dirija sem parar. — Paul ordena arrancando a gravata, já subindo o vidro, nos deixando isolados do mundo.

— Paul.

— Sim, minha linda?

Admiro seu rosto, seus dedos habilidosos abrindo os primeiros botões de sua camisa, ele retirar lentamente o paletó. Mordo o lábio, desviando os olhos da expressão safada que apossou de seu rosto. Claro que eu sabia onde acabaríamos, meu corpo estava satisfeito em ter sua atenção, sentia meu ventre pressionando cada vez mais a bolinha dentro de mim. Vamos lá garota, tome as rédeas .

Livro meus pés dos sapatos, me erguendo um pouco no banco levantando meu vestido e com um movimento rápido sento no colo de Paul. Abro o resto dos botões de sua camisa, enquanto ele infiltra suas mãos pelo meu vestido, apertando minha bunda. Pressionando-a para baixo, fazendo-me sentir sua ereção.

Percorro seu peito com minhas unhas, acompanhando o contorno dos músculos.

— É aqui mesmo que você quer?

— Eu preciso de você agora.

Apesar de ser tarde, alguns carros passavam por nós, olho para frente vendo o vidro escuro que nos separava de Philip, isso aumentava minha excitação. Avanço o quadril sobre ele, me esfregando em sua ereção já pronunciada.

Sua respiração ficando entrecortada, ele travava sua mandíbula.

— Preciso de você Paul, agora! — exclamo, eu poderia pegar fogo se ele não me desse o alívio que precisava, aguentei por muito tempo essa tortura.

Paul puxa meu rosto contra o seu, corro minhas mãos pela braguilha de sua calça já libertando seu membro duro, pego seu membro fazendo um movimento de sobe e desce, vendo Paul se contorcer um pouco. Mantenho o movimento suave em torno dele, vendo gemer.

Ele me agarra pelos quadris, levantando meu vestido mais alto, suas mãos deslizam para dentro encontrando a renda de minha calcinha. Sinto quando exerce pressão fazendo a calcinha se romper, eu precisava disso, preciso dele me preenchendo.

— Vamos logo, não vou aguentar. — Reclamo.

— Calma, minha deusa. — Ele ri de minha impaciência, eu não quero preliminar estive a noite toda molhada com o movimento da bolinha. — Você toma remédio, certo?

— Lógico que tomo.

— Esqueci a camisinha — comenta abaixando um pouco mais a calça, sua ereção se esfrega em mim me enlouquecendo. Apoio minhas mãos em seus ombros ficando de joelho no banco, para conseguir a altura necessária, posicionando meu corpo acima de seu pau grosso e duro.

— E a bolinha?

— Relaxe, logo ela vai desaparecer. — Paul ajusta seu membro em minha abertura, o ar estava carregado de tesão, sentia meus seios inchados, sensíveis no vestido apertado.

Abaixo lentamente, as mãos dele apertavam minhas coxas, fecho os olhos sentindo Paul guerrear com a bolinha dentro de mim, fazendo-a tocar no ponto estratégico toda vez que ele entrava e saia. — Paul!

— Vai com calma minha deusa, senão você vai estourar a bolinha e acabar com a diversão.

Foda—se a bolinha eu queria alívio , sentia meu ventre tremendo em busca de um orgasmo, os dois, Paul e a bolinha disputando espaço aumentava meu desejo, eu gemia alto nem ligando que Philip pudesse me ouvir. Paul para de tentar me deter encostando a cabeça no encosto do banco, deixando-me fazer meu próprio ritmo.

Cada vez que descia sobre ele, rebolava fazendo Paul gemer, a bolinha se espremia dentro de mim, eu estava entrando em parafuso. Forçava meu ventre para baixo sentindo a pressão aumentar, sentindo aquela guerra ficar cada vez mais impossível de deter, meu corpo estava quente, sentia minha intimidade literalmente pegando fogo, tamanho meu desejo por Paul.

— Porra, Ângela — geme.

Paul agarra minha cintura jogando meu corpo no banco ao seu lado, minha respiração falhava, eu estava no meu limite e era frustrante voltar à estaca zero. Sinto suas mãos subindo pelo lado interno de minhas coxas, me fazendo gemer alto, fazendo meu quadril se erguer no banco.

— Controle seus gemidos, eu vou mostrar o poder dessa bolinha. — Paul sussurra contra minha perna.

Sua língua criava um caminho de arrepios, cada vez mais perto, cada vez mais delicioso. E quando ela tocou meu clitóris eu quis gritar, meu ventre se contraia, minha boceta doía de desejo e em todo o processo a bolinha me esquentava por dentro, não deixando-me esquecer dela.

Paul castigava meu clitóris com sua língua, enquanto seu dedo me penetrava de forma brusca, ele tocava a bolinha fazendo-a se mexer dentro e mim, indo mais fundo, cada vez mais quente.

— Porra Paul, me fode. — Exclamo alto.

Paul solta uma risada baixa, dando um tapa em minha intimidade, arrancando o ar de meus pulmões. Minhas unhas estavam cravadas em sua pele, deixando as marcas de minha excitação, mas pouco nos importávamos com isso agora.

— Paul!

— Calma minha linda, eu vou fodê-la.

Estremeço chegando na beirada do orgasmo quando Paul me penetra, ele para girando o quadril. Eu não aguentaria mais aquele jogo, agarro seu corpo fazendo-o se sentar no banco comigo montada em cima dele. Eu estava no meu limite, rebolo me afundando mais, Paul estremece junto comigo, cavalgo com vontade aumentando cada vez mais o ritmo, até não ter mais espaço dentro de mim, cada vez que descia me esfregava de forma desavergonhada nele, recebendo uma fricção deliciosa de nossos corpos.

Sinto um líquido quente se espalhando em meu interior enquanto eu rebolava, Paul gemia comigo.

Apesar do líquido quente dentro de mim, aumentar meus espasmos sinto quando Paul goza, me levando junto com ele. O orgasmo que tanto esperei.


CAPÍTULO 33

 


Paul me deita sobre seu colo, ajeitando nossas roupas. Me sentia exausta, os olhos pesados, tentava mantê-los abertos, porém eles venceram. Quando consigo abrir novamente estávamos dentro do elevador do Park Avence.

— Descanse meu bem. — Paul sussurrou me apertando em seu peito.


— Oi, minha linda. — Cumprimenta Paul assim que desço o último degrau da escada, olho para a parede de vidro encarando o sol forte, indicando que tinha dormido demais.

Ele estava vestindo uma calça de moletom, sentado no sofá, os pés cruzados em cima da mesa de centro, lendo o jornal. Lindo, largado, sem se preocupar com aparência.

— Dormiu bem?

Faço sinal positivo com a cabeça, me sentia dolorida, mas ao mesmo tempo descansada e extremamente satisfeita. Pego uma xícara de café notando uma revista na bancada.

— Veja a reportagem, está ótima. — Comenta sem tirar os olhos do jornal.

E então eu tenho um estralo, puta que pariu, meu pai! Não havíamos contado para ele sobre nosso envolvimento e se Paul já tinha uma revista em pleno domingo com uma reportagem nossa, com certeza ele já estava sabendo. Não que meu pai ficasse em cima de revistas de fofocas, mas essas coisas sempre estouram em todos os lugares.

— Paul, meu pai.

Ele olha para mim dobrando seu jornal no colo.

— Não contei para ele, mas depois disso. Ele já deve saber.

— Eu falei com seus pais. — Paul me puxa para seu colo. — Ele não estava satisfeito isso já adianto, esbravejou como um cão raivoso comigo, porém entende que estamos juntos. Sua mãe pediu que você ligasse mais tarde. — Ele dá de ombros — Quem sabe ele já não esteja mais calmo.

— Vou ligar mais tarde. — No fundo não queria meu pai gritando pelo telefone. — A matéria ficou boa.

Realmente Julis tinha feito um ótimo e rápido trabalho.

— Sim, adorei a foto. — Paul joga o jornal na mesinha me abraçando por trás. — Pedi para que Julis mande por e-mail para mim.

— Como saiu tão rápido a matéria?

— Talvez eu tenha feito uma pequena contribuição para minha irmã ontem antes de irmos embora. — diz com cara de inocente.

Ele afasta meu cabelo do ombro beijando a curva de meu pescoço, subindo para minha orelha. — Obrigada pela noite, todos sem exceção ficaram deslumbrados com você, principalmente minha família.

— Garanhão, o prazer foi todo meu, pode ter certeza — respondo rindo, lembrando de nosso sexo para lá de esfomeado durante a volta.

— Podemos repetir quando quiser.

Viro querendo sua atenção, precisávamos conversar tínhamos aquele assunto inacabado.

Ambos tinham uma vida e longe um do outro, do mesmo jeito que não queria largar minha empresa. Pela qual eu lutei tanto para conquistar, não poderia pedir para que Paul fizesse isso. — Temos assuntos pendentes. — Começo.

Ele arqueia a sobrancelha prestando atenção.

— Como faremos agora, ambos temos vidas, empresas, responsabilidades, além do problema que estou tendo na empresa nessas últimas semanas. Logo tenho que retornar para Nova York, não posso deixar tudo largado por lá. — Verbalizo meus pensamentos.

— Entendo que você quer dizer, por mais que seja delicioso perder alguns dias não posso largar meus negócios também.

— Vejo que chegamos a um empate, não colocarei ninguém para cuidar de minha empresa, lutei tanto para chegar aonde cheguei e tenho tanto a fazer. Não é fácil ser mulher e ainda comandar uma empresa repleta de espertinhos querendo tomar o que é meu.

— Também não tenho ninguém em mente competente que aguente assumir as InGet, ninguém aguentaria o curso firme das coisas por lá.

Sinto um aperto no peito, estava tudo lindo, realmente como um romance de um dos livros que acostumava ler, porém apesar de ambos se renderem para o amor, Paul não estava disposto a sair de cena e vir para Nova York comigo, assim como eu não queria largar tudo e vir definitivamente para Washington. Seria o fim de nosso relacionamento? Paul chamou minha atenção suavizando o assunto.

— Você tornou tudo mais gostoso sabia?

Olho para ele tentando entender o que queria dizer.

— Quando descobri que você era a CEO e não Gibson. Acreditei no começo que você não passava de uma mulher atrevida e mal-comida. — Ele dá de ombros com um sorriso sacana nos lábios.

— Eu achei você um verdadeiro cretino, fiquei várias vezes desejando socar sua cara. — Confesso.

Paul solta uma gargalhada, dando um tapa gostoso na parte de minha bunda que alcançou.

— Isto foi por você ser aquela cretina no hall da Solftk. — Explica. — E este é por você ter me deixado de pau duro aqui mesmo nesse sofá com aquele seu batom vermelho e seu vestidinho curto e em seguida por querer fugir de mim mesmo todo seu corpo e olhos mostrando o contrário.

— Você sabe que também foi cretino, impondo sua vontade sobre mim. Certo?

— Sim, você foi à única que mesmo me desafiando de todos os jeitos, batendo o pé contra mim, se metendo em uma perseguição de carro. — Ele ri. — Apesar de tudo, de me enlouquecer para valer, você trouxe vida para mim, trouxe algo que eu nem sabia que buscava.

Tinha ficado sem palavras, só o que conseguia sussurrar em troca foi seu nome. Ele se inclinou beijando de forma suave meus lábios. Sua mão acariciava meu rosto, me fazendo desejar ficar ali para sempre, ou pelo menos, até escutar meu telefone tocando ao longe. Interrompo o beijo pedindo desculpas, corro de volta para o quarto conseguindo atender a chamada no último toque.

— Pai.

Ajusto melhor o telefone na orelha esperando meu pai responder.

— Você poderia ter contado, Ângela.

— Sinto muito pai, não previa nada disso ainda mais agora no momento em que estamos na empresa.

Ele abaixa o volume da televisão onde podia se ouvir a narração de um jogo ao fundo. — Melhor você saber o que está fazendo. Ele foi bem corajoso de atender minha ligação e falar que gosta de você e devo dizer muito topetudo de vir me enfrentar dizendo que vocês estão juntos. Eu aprovando ou não.

— Eu pretendia contar quando retornasse, não sabia que teria matéria.

Gibson me interrompe. — Tudo bem, espero que você não se perca por ter encontrado um romance, sabe que temos grandes planos juntos. Gosto de você comandando a Solftk e não quero pensar em substituí-la. Torço que você seja feliz e se quem a fizer for Vetter, você tem minha permissão.

Lágrimas lutavam para sair, justo agora que não sabia como eu e Paul ficaríamos, quando ambos não abririam mão, meu pai me dava sua benção.

— Obrigada pai, volto essa semana para Nova York. — Digo me despedindo.

Desligo limpando as lágrimas que saíram, antes de retornar para a companhia de Paul.


Meu retorno para Nova York foi turbulento, Paul não parecia ter aceitado muito bem minha volta, mas tinha que retomar minhas coisas.

Estávamos jogados na sala com Julis e Jordan que foram nos visitar no final da tarde e acabaram ficando para o jantar quando meu celular tocou, era Carl finalmente me dando notícias.

— Desculpa, eu preciso atender. — disse largando meu guardanapo de pano sobre a mesa.

— O que você tem para mim?

— Boa noite, Srta. Berlin. — Carl diz em tom irônico.

— Fale de uma vez. — Me exalto um pouco trazendo o olhar de todos para mim.

— Desculpe, Srta. Berlin. Imagino que esse assunto seja realmente importante.

— Sim.

Meu olhar cruzou com Paul, que ainda me encarava. Passo pela porta da varanda, buscando privacidade.

— Lian Fitz tem desviado uma grande quantia de dinheiro, não apenas desse contrato, mas de diversos outros. Creio que venha fazendo isso quando seu pai ainda estava na presidência da empresa.

— Filho de uma puta. — Exclamo dando um soco na barra de ferro da sacada.

— Mandei todas as provas coletadas para seu e-mail pessoal e de forma criptografada.

— Perfeito. Muito obrigada, seu pagamento será realizado amanhã no local de sempre.

Paul surge ao meu lado, me encarando.

— Sim, Srta. Berlin. Foi um prazer atendê-la novamente.

— Até mais, Carl. — Respondo encerrando a ligação.

— Pela sua cara aconteceu algo sério.

— Sim, estou retornando para Nova York. — Comunico.

— Como assim? Você não retornaria apenas na terça-feira?

— Sim, mas tenho que lidar com um problema na empresa. Preciso retornar imediatamente.

A notícia que Carl me deu não só acabou com meu apetite como me deixou com um bolo no estômago. Precisava retornar, assim como fazer uma reunião urgente com o conselho e meu pai.

— Espere até amanhã, podemos ir juntos. Eu resolvo minhas coisas na empresa e vamos juntos.

— Não, Paul. Você não está entendendo, eu vou retornar hoje.

Paul encrespou os lábios, totalmente contrariado. Porém, não disse mais nada. Deixou que passasse por ele indo arrumar minha mala e mesmo quando eu estava me despedindo dos seus irmãos ele se manteve em silêncio.

O voo foi calmo, mesmo sendo um voo noturno metade dos passageiros dormiam tranquilamente em suas poltronas, o fato de também ter recusado o jatinho de Paul o deixou ainda mais irritado. Decidi que teríamos tempo para conversar depois, quando tivesse resolvido esse problema dentro da empresa. Poderíamos sentar e conversar com calma.

Ligo para Susan, deixando duas mensagens em sua caixa postal e ainda mandando uma mensagem de texto para ter certeza que ela pegaria meu recado. Pedido que organizasse as reuniões para a tarde, eu merecia um descanso também, por isso, mesmo tendo, não iria para a empresa pela manhã, meu corpo precisava de pelo menos cinco horas de sono.


Com todas as reuniões agendadas para depois do almoço, resolvo ver se Ana estava disponível, mas acabo dando com cara na porta. A assistente de Ana me informou que ela tinha viajado novamente, por isso opto por almoçar em um restaurante perto do trabalho, o que não levaria nem vinte minutos para retornar caso algo acontecesse.

Estava tomando um coquetel de frutas quando meu celular apita no bolso.


“Estou com saudades, espero que não tenha

ficado brava pelo meu comportamento”

Paul. Abro a caixa de texto:

“Não fiquei, apenas tive que vir assim que pude.

Tenho problemas para resolver, sinto sua falta também”


Meu coração estava apertado desde a nossa conversa no sofá, não sabia mais como ficaríamos. No fundo mesmo não querendo eu estaria disposta a largar a empresa e seguir meu coração, só precisava saber se isso não faria eu me arrepender amargamente depois. Só de pensar na possibilidade de ver tudo que eu batalhei nesses anos sendo largados para me mudar para Washington doía e Paul havia me pedido em namoro há pouco tempo, nosso relacionamento foi tudo muito rápido e intenso, não sabia ao certo se queria algo assim tão louco. Mesmo sentindo uma paixão enorme por ele.

Assusto quando o celular vibra em minha perna, destravo a tela.


“Infelizmente não poderei ir mais cedo.

Tenho diversos contratos e reuniões para

participar, mas estarei no final de semana,

nos encontramos em sua festa.

Ligo mais tarde para você.”


Leio sua última mensagem já a caminho da Solftk, agora não poderia me preocupar com isso, quero a cabeça de alguém na bandeja. Quando entro no hall, Susan já me aguardava de pé. — Todos os acionistas já estão na sala.

— Fitz? — questiono.

— Como a senhorita pediu, nem faz ideia do que está acontecendo.

Saio rumo à reunião, cumprimento cada acionista, meu pai e até minha mãe estavam presentes, eu mesma distribuo as provas que Carl havia me enviado, provando que Lian Fitz era quem estava roubando a empresa. Superfaturando um contrato com a filial do Brasil e todo a sujeira escondia bem debaixo de nossos narizes.

— Durante todo esse tempo que estive no poder e assim como quando Sr. Berlin era presidente Lian roubava, mesmo que pequenas fortunas de cada contrato. — Digo olhando para cada acionista.

Todos se mantinham em silêncio, esperando algo cair sobre o colo deles.

— Nós por confiança cega, além de um setor financeiro totalmente desatento que deixou isso passar.

O diretor do financeiro me olhava como se sua cabeça fosse rolar, todos me olhavam só aguardando o famoso “Está demito”, porém por hoje eles estavam salvos.

— Ele precisa ser preso, minha filha. — Eu via a raiva nos olhos de meu pai.

— Isso seria o correto, porém mancharia nossa reputação. Imaginem o que os jornais não fariam com uma informação dessas. Seria a ruína para os negócios. Principalmente para aqueles que estamos em negociação.

— Ângela tem razão, querido. — Minha mãe comenta, tocando a mão de meu pai.

— Mais cedo entrei em contato com Garret informando nosso problema já firmando um contrato muito mais vantajoso para nossa empresa e que estaria disposta a assinar ainda hoje.

— O que você sugere que façamos com o Sr. Fitz? — um dos diretores pergunta.

— Quero Lian fora da minha empresa, quero todas as portas fechadas para ele nos Estados Unidos. — Digo. — Loren, cuide de tudo, sem alarde. Quero que Lian perceba que sabemos sobre seu golpe apenas quando ele for ao RH.

— Sim, senhorita.

— Peça para Carlos, chefe da segurança acompanhar você durante a reunião com Lian.

— Sim, senhorita, pode deixar.

— Faço questão que ele saia sem receber um centavo, depois cuidarei de recuperar cada centavo que ele me roubou. Loren ele tem que assinar seu desligamento com a Solftk, entregar todos os acessos ao prédio. — Dizia de forma ríspida. — Todos passaram por procedimento de troca de acesso, verifique isso também com Carlos. Quero todas as entradas, códigos, sejam modificados.

— Sim, senhorita.

Respiro fundo, sentindo as primeiras pontadas da dor de cabeça se anunciando. — Por enquanto estão todos dispensados. Quero que isso sirva de aviso para vocês, caso pensem em tentar me passar a perna. Espero que esse assunto se permaneça confidencial.

— Sim, senhorita. — Ecoou pela sala.

Os diretores trocaram rápidos olhares entre si, deixando a sala de reunião aos poucos.

Despenco na cadeira quando estava apenas eu e meus pais na sala, apertando de leve minha nuca.

— Você fez um excelente trabalho, filha. — Comenta minha mãe.

— Não esperaria menos. — Completa meu pai.

Levanto a cabeça sorrindo. — Eu vou recuperar cada centavo.

— Esqueça isso filha, não sabemos do que Lian é capaz. — Meu pai alerta. — Gostaria muito que você andasse pelo menos por uns tempos com certa segurança.

— Não, estou bem. — Dispenso logo essa ideia.

— Poderia ao mesmo pensar no assunto? — Questiona meu pai.

— Eu ficaria mais tranquila. — Argumenta minha mãe.

— Fiquem tranquilos. Eu sei o que faço e não quero ninguém em minha cola. Lian não é maluco o suficiente para se arriscar assim, conheço o tipo de homem que ele é. Não passa de um machista metido a besta.


Susan já havia sido dispensada, eu mesma estava arrumando alguns papéis para ir embora quando Lian invade na minha sala parecendo um búfalo, seus olhos vermelhos de raiva, sua camisa que sempre esteve impecável amassada.

— Como você pôde fazer isso comigo? — grita.

— Lian sugiro que você pegue suas coisas e saia daqui antes que eu chame os seguranças. — Mantenho a calma analisando Lian.

Um toque no botão embaixo de minha mesa e todos os seguranças viriam rendê-lo e ele sabia muito bem sobre isso, pois não tirava os olhos de minha mão direita.

— Você acha que pode fazer isso? Você é uma vadiazinha , não estaria onde está se eu não tivesse por perto, influenciando seu pai a escolher a menina mimada para ocupar seu cargo. — Ele suava, andando de um lado para outro da sala como um felino enjaulado. — Mesmo eu tendo o poder em minhas mãos, era para eu estar nesse escritório. Nessa cadeira, mas não, você, uma aluninha safada da faculdade e filha mimada acreditou que teria alguma chance aqui, você só estava preocupada em mostrar para o papai que não poderia ficar por baixo, enquanto isso você se esgueirava na minha cama, sua vadia. — Ele solta uma gargalhada diabólica.

— Lian não falarei mais sobre isso, você estava roubando a empresa tem sorte de eu não o mandar direto para a cadeia. Contente-se por isso e caia fora de minha empresa.

Ele apoia as duas mãos sobre a mesa, fazendo com que me afaste da mesa. Um sorriso maníaco pintou em seus lábios. — Você acha que me parou só por que descobriu meu plano, você é muito burra mesmo, mas saiba que ainda vai pagar por isso sua vadia, seus dias estão contados.

Lian abre a porta saindo de minha sala, chuta as poltronas e alguns itens enquanto passavam, joga alguns vasos de decoração do outro lado da parede. Fazendo um verdadeiro espetáculo, respiro fundo quando vejo as portas do elevador se fecharem.

Foi apenas raiva, fique tranquila . Repetia isso tentando acalmar meus ânimos.

Mas acabo pulando de susto quando o telefone toca. Recomponho minha voz, evitando os tremores de minha mão. — Berlin.

— Amor, tudo bem? Sua voz está estranha. — Paul.

— Tudo, apenas me assustei com o telefone.

— Ângela, conte-me o que aconteceu.

Paul sabia que algo estava acontecendo, narro meu dia para ele contando o que havia descoberto sobre Lian e sua atitude de alguns minutos atrás, Paul xingava como um maluco do outro lado da linha.

— Não posso me ausentar agora de Washington, estou com reuniões no gabinete do vice, seria indelicado. Filho de uma puta!

— Não se preocupe, tudo já foi resolvido. — Corto.

— Nada foi resolvido, ele claramente te ameaçou, estou pedindo para que Philip mande Patrick para Nova York imediatamente, ele vai ficar cuidando de você.

— Paul, por favor, não foi nada. Resolva seus negócios, eu sei me cuidar, logo estaremos juntos novamente.

Mais com ele não tinha conversa, disse que mandaria Patrick de qualquer jeito e desligou na minha cara dizendo que faria de tudo para adiantar sua viagem.


CAPÍTULO 34

 

Depois de uma noite realmente reconfortante com um banho de banheira, um vinho Merlot consegui relaxar e dormir um pouco. Acordei me sentindo descansada, mesmo com todo o Jet Lag que passei, conseguia me sentir pronta para um dia de trabalho.

O dia estava bonito, mesmo o friozinho habitual não tirava a beleza da manhã. Tomo meu café apreciando a vista do Central Park, mesmo em casa e me sentindo à vontade, tinha a sensação que faltava algo...Paul.

Corro até a bolsa no balcão pegando meu celular.

“Bom dia meu garanhão, sentindo sua falta. Tenha um ótimo dia de trabalho” — envio, aguardo alguns minutos, mas a resposta não vem.

Termino de me arrumar indo para o escritório.

Estava pronta para pegar o acesso e entrar na avenida quando noto o SUV de Paul atrás de mim pelo retrovisor, claro, ainda teria mais essa. Patrick em minha cola.

Estacionei em frente da Solftk, não aguardo para falar com ele, sigo direto para meu escritório.

Susan não estava em sua mesa, mas ainda era cedo. Mal respiro ou consulto a hora e minha assistente surge do elevador.

— Bom dia, Srta. Berlin — cumprimenta animada, suas bochechas rosadas.

Isso só poderia ter um motivo, homem, eles tinham esse poder eu mesma me via diversas vezes assim no espelho.

— Bom dia. Temos algo de urgente para logo cedo?

Ela entra em meu escritório junto comigo, coloco minha bolsa pendurada no cabideiro ao lado da porta do banheiro junto com meu casaco.

— Jenna me passou o recado no elevador, seu pai pediu que assim que chegasse fosse ao escritório dele.

— Tudo bem, farei isso assim que organizar minhas coisas. Quando voltar deixe em minha mesa os compromissos do dia.

— Claro, Srta. Berlin, deseja que eu traga um café?

Sempre prestativa, inteligente.

— Sim, seria ótimo. Puro, por favor.

As portas deslizaram abrindo para que entrasse no hall, olho para a mesa onde Jenna já estava fazendo seu trabalho, ela sorri indicando que eu entrasse atendendo uma ligação. Sigo o caminho até as portas duplas que dão acesso ao escritório de meu pai. Gibson estava sentado atrás de sua mesa, tomando um café, relaxado e tranquilo apreciando a vista de Nova York.

— Pai.

— Angel querida, sente-se.

— Temos algum problema? — questiono.

— Na verdade, recebi uma ligação de Vetter ontem. — Meu sangue gela, não acredito que ele ligou para meu pai contando o episódio com Lian. — Quando você iria me contar que Lian ameaçou você dentro da empresa.

— Não estou escondendo nada, não senti real ameaça vindo dele. — respondo dando de ombros. — Todos ficam irritados com um chute no traseiro.

Meu pai passa a mão sobre a barba branca por fazer deixando sua caneca de lado na mesa.

— Bom, também fui informado que você já tem um segurança, o que me tranquiliza.

— O que é totalmente dispensável. Afinal não estou sofrendo risco nenhum. — Retruco.

— Isso é algo discutível, minha filha. Sempre acreditei necessário certo tipo de precaução tanto com sua segurança, quanto de sua mãe.

— Desnecessário. — Alego novamente.

Ele ri. — Sua mãe está empolgada com o fim de semana.

Reviro os olhos. — Essa sua tentativa de mudar de assunto, não me fará ver esse capacho que colocaram como minha sombra com outros olhos.

— Sabemos disso, tanto eu, como Paul. Mas pelo que notei, ele é tão cabeça dura quanto você.

— Você está se divertindo com isso, não é seu velho sem vergonha? — Questiono de modo brincalhão.

— Ah, pode apostar com isso, minha filha. — diz gargalhando.

— Eu sei muito bem como me cuidar. — Retruco em vão.

— Sei muito bem disso, nunca tive que defender você em nenhuma briga, nem mesmo quando era uma criança.

— Não tente me comprar seu velho sacana. — Sorrio.

— De maneira alguma. — Meu pai esboça um enorme sorriso. — Guarda uma dança neste fim de semana para seu velho sacana?

— Acredito que posso fazer isso por você. — Digo ficando de pé.

Me despeço dele com um aceno indo para minha sala, cruzo com as recepcionistas, ambas trabalhando, confirmo que Patrick está parado na porta de vidro do hall, perto dos elevadores, ele dá um sorriso simpático retribuindo meu aceno. Bom, se teria que aguentá-lo vamos tornar o “amigo do meu inimigo, meu amigo”. Rio para mim mesma de meu pensamento, afinal não se podia vencer todas as batalhas.

—Srta. Berlin. — Susan levanta prontamente, assim que me vê.

— Venha até minha sala.

Ela desliza para dentro com o meu cappuccino em mãos. Acho que será necessária muito mais cafeína para me manter despertada com tudo que tenho em mente.

— O que a senhorita precisa? — pergunta-me com as mãos em seu Tablet e sua agenda pronta para anotar.

— Primeiramente vamos precisar de outro café. Segundo, encontre Derek e peça-o para vir a minha sala assim que puder. Traga todas as contas que ficaram atrasadas pela semana que estive em Washington, aproveite e traga as que ainda serão enviadas para mim. Eu quero até as contas que não passaram pelas mãos dos representantes. Quero todos os processos financeiros que foram enviados ao Derek principalmente das últimas associações, as que Lian esteve envolvido, negociações, tudo. Traga os relatórios contábeis, os fiscais, os da controladoria geral e também os de estruturação.

— Senhorita Berlin, desculpe se estou sendo intrometida. Há algum motivo para que a senhorita precise de todas estas coisas imediatamente, afinal a maioria está em mãos do setor jurídico e financeiro, não sei se Lian liberará tudo.

— Lian não pertence mais a folha de pagamentos da Solftk e nem deve ser comunicado de nada.

— Sinto muito ser intrometida, Srta. Berlin.

Sorrio. — Não tem problema, ontem você foi embora e não consegui repassar isso para você. Também relembre os seguranças para que se Lian Fitz ou qualquer homem com as aparências dele aparecer pelo saguão é para chutá-lo para fora, deixe uma foto no saguão principal do prédio. Peça para Carlos, não deixar de comunicar cada segurança ou funcionário noturno da empresa. Por enquanto, é só.


A manhã passa voando, tão rápida que eu quase não acredito que o relógio na minha mesa marca 14h00 horas. Acho que nunca trabalhei tão fervorosamente como hoje. Tenho certeza que foi a primeira vez que cai literalmente de cara na papelada, eram tantos documentos com linguagem jurídica que poderia sentir meu cérebro queimando dentro da cabeça.

Fiquei surpresa por encontrar algumas falhas no livro de atividades financeiras. Ainda mais por que Derek além de extremamente correto verifica quase que diariamente. Bem, eu fiz anotações para estes erros e alguns outros. Também fechei algumas contas e determinei algumas mudanças em alguns setores. Não foi tão difícil, apenas cansativo, mas a cafeína e Susan ajudaram-me bastante.

Até mesmo Derek que é um excelente Diretor de Finanças ajudou a concluir algumas coisas. Ele é extremamente inteligente, uma pessoa qualificada para o trabalho e já estava conosco há bons anos.

A única coisa que continuava faltando de minha lista era achar um renomado advogado ou decidir entre os que já trabalhavam para a Solftk quem seria o promovido e publicar no relatório geral da empresa, para que todos tivessem ciência.

Susan pede licença novamente, ergo a vista afastando as pastas em minha frente. Meus olhos lacrimejam um pouco, por ficar tanto tempo lendo as benditas letrinhas miúdas.

— A senhorita deseja que providencie seu almoço?

— Por favor, pode ser um frango grelhado com salada apenas.

Ela anota meu pedido num bloquinho, — Vinho também?

Concordo. — Saia para seu almoço e leve o Patrick junto, faça ir ao banheiro, sei lá, comer alguma coisa. O cara parece uma parede.

— Claro, Srta. Berlin. Se me permite dizer, parabéns pelo namoro estão em todas as revistas. — Susan abre um sorriso genuíno, agradeço a vendo sair e ir até Patrick. Ele retruca, negando num primeiro instante, mas com os anos de trabalho comigo Susan aprendeu a ser tão incisiva como eu e ele acaba cedendo.


Depois do meu curto almoço, volto para o escritório trabalhando no resto de documentos, organizando-os novamente. Susan se ocupa em levar os que já estão arrumados para os devidos lugares e traz alguns relatórios ou anotações que os setores enviavam para ela.

Assim foi nosso dia, de horas em horas olho meu telefone confirmando que a mensagem que enviei para Paul bem cedo nem foi visualizada, estou começando a me preocupar. Certifico com Patrick se ele teve alguma informação de Philip ou até mesmo de Paul, ele garantiu que apenas Philip ligou perguntando como estavam as coisas informando que estavam longe de Washington, decido esperar, uma hora Paul teria que aparecer.

Esgotada, assim que me sinto no caminho de volta para meu apartamento. Com tudo que tinha ainda para organizar eu e Susan fizemos hora extra na empresa, saindo quando o prédio já aparentava estar vazio. Carlos — chefe da segurança — se despediu de nós trancando os elevadores com a chave principal, como de costume.

Largo o carro na entrada do prédio entregando a chave para o manobrista, Patrick acena desejando boa noite, mostrando que também faria serrão na porta do edifício, mesmo eu garantindo que estava tudo em ordem.

Subo retirando os saltos que estavam me matando, meu casaco pendurado no braço, pego as chaves assim que o elevador abre as portas. Paro em frente ao meu apartamento prestes a colocar a chave quando escuto um barulho de coisas caindo. Travo na porta.

Me afasto um pouco contendo minha respiração acelerada, como não tinha mais lista de autorização na guarita permitindo a entrada de pessoas, estranho o fato de haver alguma movimentação em meu apartamento. Mesmo tendo à senhora Ramirez ela nunca ficou até tão tarde, já passava das oito horas da noite, me agacho o quanto minha saia permite tentando ver algo por baixo da porta, pouco vejo lógico, mas as luzes estão acessas.

Corro para a porta de emergência, buscando o número de Patrick na agenda.

Ele atende no primeiro toque.

— Senhorita?

— Patrick tem alguém em meu apartamento.

Isso basta para ele desligar na minha cara.

Não sei quantos minutos se passam, meus batimentos cardíacos martelam em meus ouvidos, me deixando ainda mais nervosa. Solto um grito quando a porta de emergência é aberta. Patrick aparece, seu semblante sério está mais relaxado. — Srta. Berlin, pode sair. Tudo resolvido.

— Como assim? Quem estava em meu apartamento?

— Pode ficar tranquila. — diz sorrindo.

Caminho lentamente para fora e assim que cruzo a porta encontro Paul encostando ao batente da porta. Sua camisa social está aberta exibindo seu peitoral, a calça social um pouco abaixo da cintura e os pés descalços. Ele sorri abrindo os braços.

Não penso duas vezes, me jogo de encontro ao seu corpo, apertando suas costas, passando a mão em sua cintura, sentindo seu cheiro de banho recém-tomado. Paul me puxa para dentro do apartamento fechando a porta sem me soltar.

— Minha linda, estava com saudades.

— Você sumiu, não retornou minha mensagem — acuso.

Ele sorri me levando pela mão até a bancada da cozinha, olho em volta notando que ele está cozinhando, no fogão há três panelas soltando vapor, o cheiro está incrível e passeia por todo apartamento.

— Estive em reunião o dia todo, praticamente nem toquei no celular. Então tive essa ideia.

— Patrick sabia disso?

— Não. — Ele sorri ainda mais de sua travessura. — Philip apenas questionou sobre você, quando Patrick informou que estava na empresa atolada em papéis, eu já estava desembarcando aqui. — Paul se sentia completamente em casa, o que me deixou realmente feliz, esse apartamento assim como eu clamava por ele.

Ele completa uma taça de vinho me passando, — Peguei dentro de sua adega, como não estou acostumado a vinhos, espero que este esteja bom. — Comenta beijando suavemente meus lábios, voltando para as panelas.

Tomo um gole saboreando o vinho tinto. — Perfeito garanhão! Desde quando você sabe cozinhar? — pergunto apontando a cena que estou vendo, ele com uma colher de pau na mão, de frente para o fogão e melhor ainda, me dando uma visão deslumbrante de sua bunda na calça pendendo em seu quadril.

— Eu disse que sabia me virar, gostosa. — Solta uma risada olhando-me por cima do ombro.

— Gostosa? Agora me senti num desses seriados populares. — Retiro a blusa social de dentro da saia, abrindo alguns botões. Notando os olhos maliciosos de Paul sobre mim. — Agora só falta me jogar sobre a bancada para fazermos um sexo bem sujo no meio das panelas. — Digo rindo.

— Hum, acho que podemos dar um jeito de fazer uma sujeira.

Rimos juntos, relaxando depois de um dia realmente cansativo eu precisava disso. Essa conversa de como foi o dia de ambos, ele contando sobre suas reuniões. Eu contando sobre meu dia, Paul era definitivamente minha metade, só que de voz grossa e barba por fazer, o que deixava seu rosto ainda mais bonito. Conversamos sobre coisas normais, reportagens que ele viu, o mercado de trabalho, falamos coisas sem sentido as quais renderam risadas boas e bobas.


O banho quente somado ao macarrão á Carbonara que Paul preparou me deixou em estado sonolento, deixamos a louça na pia e seguimos para a cama. Paul retirou uma calça de pijama de sua mala jogada no canto do quarto, foi até o banheiro deixando uma bolsa pequena sobre a pia, começando seu processo para ir dormir, ele abre algumas gavetas reclamando que estavam cheias.

— Você terá que providenciar algum espaço para mim. — Retruca e fico feliz com isso.

— Pode deixar, vou livrar algumas gavetas no banheiro e no closet, isso o deixa mais feliz, senhor? — brinco.

Quando vem para cama ele me puxa para seu peito, deposita um beijo em meu cabelo, puxa um livro abrindo na página que estava lendo. — Espero meu espaço livre contente.

Sorrio já sentindo o sono se aproximar, encosto mais meu corpo no dele, enlaçando minhas pernas na sua. Onde encontro o sono facilmente, deixando me levar por entre os sonhos.


CAPÍTULO 35

 

Desperto de um pesadelo, o quarto estava escuro, chuto para longe os lençóis agarrados em minhas pernas me deixando inquieta. Podia sentir o suor grudado em meu corpo, um banho me acalmaria.

Ligo o chuveiro deixando o jato frio queimar meu corpo quente, estremecendo enquanto meu corpo expulsa o resto do pesadelo confuso para o fundo de minha mente, volto meus pensamentos mais leves como Paul, ainda deitado em minha cama num sono tranquilo.

Mesmo não terminando em sexo nossa noite foi realmente gostosa e normal, sem a pegação animal que vivíamos tendo. Apenas um jantar, conversas sobre o dia e dormir juntos.

Ensaboo meu corpo tirando o resto do suor que estava colado em minha pele como as garras daquele sonho maluco. Alguns minutos depois vou direto para o closet, colocando um short de moletom e uma regata. Não eram nem seis da manhã.

Desço as escadas sem fazer barulho, indo direto para a cafeteira preparando um café puro. Levo uma xícara comigo para o escritório parando apenas para encostar a porta do quarto. Se a Sra. Ramirez chegasse não atrapalharia o sono de Paul.

A vista do escritório era ainda mais perfeita que da sala no andar de baixo. Daqui poderia ver tudo, o sol refletindo no alto dos prédios ao longe, até mesmo assim na penumbra a vista era incrível. Podia ver Nova York em seus primeiros momentos do dia, as pessoas começando suas rotinas, a cidade realmente acordando para mais um dia.

Acomodo-me na mesa, tirando o computador da tela de descanso enquanto tomava o café. Abro os e-mails dando uma lida rápida, alguns eu respondo, outros prefiro deixar para mais tarde no escritório. Hoje ainda teria que resolver algumas questões antes de voltar à normalidade na Solftk.

Com toda a movimentação acabou ficando um caos, eu evitava demitir alguém, ainda mais quando teria que mudar todo um setor e mesmo não escutando nenhuma fofoca sabia que os funcionários estavam preocupados, que temiam por seus empregos.

Envio uma nota para Susan que separasse um horário em minha agenda para fazer uma visita aos setores, nada formal. Apenas para tranquilizá-los, falar com alguns funcionários, isso os deixava felizes, aumentando muito sua produtividade.

Sinto a presença de Paul antes mesmo de vê-lo. Fecho as guias abertas no computador olhando em sua direção. — Acordou cedo, garanhão.

Seu cabelo estava bagunçado, a cara meio amassada de uma boa noite de sono, deixando-o ainda mais sexy. Tem homens que tinham o corpo feito para fascinar qualquer um, Paul não era o primeiro que já esteve parado aí, mesmo Lian sendo um total cretino. Já esteve parado na porta do meu escritório, depois de um momento íntimo.

E também teve o Jean Louis, um francês delicioso que tive o prazer de ter em minha cama. Era uma história engraçada, nos conhecemos em uma convenção, tinha ido assistir umas apresentações de alguns alunos de administração que queria trazer para a empresa, sempre era bom ter talentos novos, sangue jovem que você pode moldar do jeito que deseja. Foi assim que eu e Jean nos conhecemos, na verdade ele esbarrou em mim derrubando todo meu café. Ainda consigo me lembrar do seu jeito todo preocupado, tentando me limpar enquanto eu explodia com ele.

Jean tinha se tornado um homem insistente depois disso, descobriu onde eu trabalhava e resolveu infernizar meus dias enquanto não aceitasse sair para jantar com ele. — E graças a Deus eu aceitei. — Ele transformou o resto de minha monótona semana em sexos maravilhosos e muito bem aproveitados, Jean era um homem faminto, adorava variar as coisas na relação, o que me deixou em completo cansaço no final de sua estadia por Nova York. Alguns anos mais tarde nós encontramos e o sexo continuava incrível.

— Senti falta de seu corpo. — Paul me tira do fundo de meus pensamentos, sua voz rouca provocando reações dentro de mim. — Levantou faz tempo?

— Um pouco. Perdi o sono. — Escondo o fato de ter um pesadelo sinistro dele, tinha sido apenas isso um pesadelo.

— Você se importaria se eu ficasse aqui em seu apartamento? Não reservei um hotel.

— Não precisa nem pedir, adoraria chegar do trabalho e ver você na cozinha como ontem — rio de sua careta, Paul já havia me contado que não era tão bom na cozinha por isso tinha Célia vinte quatro horas por dia disponível para ele.

— Então poderíamos comer em todos os fast-foods de Nova York. — Seu sorriso era contagiante. — Espero que sejam tão bons quanto em Washington.

Solto uma gargalhada baixa. — Em suas viagens de negócio você sobrevive de que?

— Serviço de quarto e são raros os casos que passo mais de dois ou três dias na cidade.

— Vou pedir para a Sra. Ramirez deixar a janta preparada na geladeira, assim quando chegar apenas esquento a comida. — Comento — E, por favor, tenha cuidado com a área da cozinha, senhor. — Caçou.

— Muito engraçado, Srta. Berlin. — diz entrando mais no escritório. — Não foi isso que disse ontem.

Olho para o relógio do computador, merda de hora que decidiu passar rápido. — Fique à vontade para usar meu escritório e todo o apartamento. Gosto de vê-lo tão à vontade.

Paul me prensa na parede quando tento passar por ele dando um leve selinho em seus lábios, suas mãos agarravam firmemente meu quadril, sua boca passeava por todo meu pescoço e ombro.

— Paul, eu realmente não posso me atrasar. — Repreendo.

Ele morde o lóbulo de minha orelha sussurrando. — Acho que eu até gostaria... — morde meu pescoço me deixando excitada. — De ficar em casa, trabalhar aqui mesmo, enquanto você ganha o mundo lá fora. — Paul deixa suas mãos passarem por todo meu corpo com propriedade. — É excitante pra cacete ver como você domina homens e mulheres a sua volta. Juro que me segurei muito para não jogá-la em cima daquela mesa de reuniões no dia que nos conhecemos, seria um escândalo puro e, só a ideia passando pela minha mente me deixou de pau duro durante toda a reunião.

Desço a mão que estava apoiada em seu peitoral, indo até sua cintura, Paul me fuzila com o olhar, como se adivinhasse meus planos. Sei que iriei me atrasar, que provavelmente terei que adiar alguns compromissos, mas...

Agradeço ao fato dele estar com uma calça leve o que permite que minha mão se infiltre por suas roupas sem maiores dificuldades. Toco seu membro sorrindo ao vê-lo suspirar, acaricio seu pau sentindo ficar mais ereto a cada carícia, com a outra mão puxo-o pelo pescoço lambendo seu lábio inferior, me inebriando com seu cheiro. Sigo ousada tocando em suas bolas, alternando os carinhos.

— Me diz, então você ficaria bem sem ter todo seu império? Sem mandar em meia Washington? — sussurro, Paul ri jogando a cabeça para trás.

Meu Deus, esse homem era meu inferno pessoal.

— Minha linda, eu não mando em meia Washington, sim em Washington inteira. Mas só para tê-la assim tão acessível até viraria um homem do lar.

— Garanhão. — Sussurro em sua boca. — Com certeza seria consagrado o modelo ideal de homens do lar, acredito que isso daria uma matéria de quatro páginas nas revistas de fofoca. — Brinco.

Paul agarra algumas mechas de meu cabelo, nos empurrando em direção a mesa. Deitando-me sobre ela, fecho os olhos, eu estava à mercê e adorava isso.

— Sinto muito, Srta. Berlin, mas temos que controlar um pequeno probleminha que você causou. — diz passando a mão sobre seu pau.

Paul ataca minha boca. E em seguida meu corpo.


Enquanto Philip me levava para o trabalho a pedido de Paul, examino alguns pontos anotados mais cedo em minha agenda e penso no que Paul havia falado sobre se manter longe dos negócios. Será mesmo que ele estaria disposto a aposentar seus ternos para viver comigo em Nova York?

Olho pela janela observando a cidade, eu nasci e cresci aqui. Mas nunca deixei de me surpreender com ela. O vai e vem constante de carros, as pessoas elegantemente vestidas indo para seus empregos, até mesmo a constante fumaça dos bueiros nova-iorquinos tinha se tornado atrativos pessoais para quem morava aqui.

Cruzo com Ana no elevador e engatamos uma conversa animada, ela como todos os convidados já havia confirmado presença para a festa no sábado. Claro, meu aniversário. Quando pequena eu era empolgada com isso, hoje mesmo que para minha mãe fosse um motivo para grandes festas, não me animava mais.

Geralmente eram festas grandiosas, regadas a alguns colegas de trabalho, tanto meus quanto amigos influentes de meus pais, familiares e até mesmo conhecidos por questão de sociabilidade. Eu preferia mesmo viajar por semanas, ano passado havia feito um mochilão com Ana pela Europa, conheci lugares incríveis como também conhecemos homens fantásticos. Sorrio para mim mesma, todos os momentos com Ana eram de loucuras, sempre foi assim e duvido que algum dia mude.

Mas esse ano teria Paul. Despedimo-nos quando o elevador parou no andar da Roccoly com ela ainda falando sobre a festa. Depois de parar em alguns andares sigo para o escritório, quando cheguei minha assistente já estava a postos na copa.

Passo por Susan indo direto para o cabideiro perto do banheiro pendurei minha bolsa e meu casaco.

Susan vem atrás de mim. — Bom dia Srta. Berlin, trouxe seu café.

— Bom dia.

Susan coloca a xícara fumegante de cappuccino em minha frente, retira sua agenda já gorda de tantos compromissos debaixo do braço. — Reservei o horário após o almoço para sua inspeção nos setores, o Sr. Berlin pediu que ligasse assim que chegasse, assim como o senhor Lorran pediu que encaixasse uma pequena reunião com a senhorita na parte da manhã.

— Fale para Marlon vir quando quiser e para meu pai ligo assim que possível.

— Sim, senhorita.

— Por enquanto, apenas isso.

Enquanto Susan prepara o restante do dia em sua mesa, me dedico alguns documentos pendentes sobre a minha. Alguns relatórios que havia pedido no dia anterior, assim como duas pastas que precisavam de minha atenção e assinatura.

Loren apareceu um pouco mais tarde, quando já estava terminando os documentos para pegá-los. — Licença, Senhorita Berlin. — Ergo a mão fazendo sinal para que entrasse na sala, terminando de assinar o último documento, fecho a pasta, dando atenção para Loren.

— Loren, como estão às coisas?

Vejo que minha pergunta a deixa confusa, suas sobrancelhas se unem em questionamento.

— Sua filha? Ela está bem?

Loren tem uma filha com deficiência, eu mesma garanti o aumento de seu o salário para disponibilizar um recurso melhor para sua filha. Gostava de tratar bem os funcionários, eles sendo de alto gabarito como Loren ou não. Lembro que assim que sentei na cadeira da presidência fiz questão de criar certos recursos para viabilizar o trabalho dos meus funcionários, um dos projetos foi a criação de uma creche para as mães e pais solteiros, e é claro as áreas de descanso. Era cientificamente comprovado que tais áreas ajudavam no rendimento do funcionário dentro da empresa melhorando não só a questão de convívio com os colegas e até evitando o estresse.

Quando lancei esses projetos para os acionistas muitos me chamaram de maluca, mesmo que não tenha sido definitivamente pronunciado, sei que chamaram. Mas após o segundo mês de produtividade com essas áreas e com a inclusão da creche, comprovamos um rendimento superior ao que andávamos tendo. E todos acabaram engolindo seu antagonismo.

— Senhorita, tenho apenas que agradecer. Flavia está muito melhor depois do tratamento, cada dia mais progredindo.

— Ótimo, mas não foi por isso que queria vê-la.

Ela retorna para a fachada centrada. — Seria algo que errei?

— Acalme-se Loren, queria apenas saber como foi o desfecho com o Sr. Fitz.

— Claro, senhorita. — Ela relaxa visivelmente. — Lian por incrível que pareça apresentou todos os documentos e devolveu todos os acessos sem causar problemas. Como tínhamos comunicado todo o RH e o setor de segurança, ninguém arriscará seu emprego por ele, estão todos avisados.

— O que foi feito da assistente dele?

— Srta. Berlin, desculpa se excedi uma ordem sua, porém funcionários do setor jurídico já vinham me alertando de quebra de regras dela, ou seja, ela era uma peça facilmente manipulada por Lian Fitz.

— Você agiu corretamente, não esperaria outra coisa vinda de você. — Digo.

— Obrigada, Srta. Berlin.

— Pode retornar para sua sala e mande lembranças para sua filha.

— Obrigada novamente, Srta. Berlin, tenha um bom dia.


Marlon Lorran era um advogado durão, destemido e que não tinha papas na língua. Muito antes de Lian ser nomeado para o cargo eu falava de Lorran para meu pai, porém os anos de amizade entre advogado e cliente fizeram com que meu pai optasse por Lian. Mas, com tudo que havia acontecido eu precisava de alguém melhor e mais destemido diante ao setor jurídico e observando o trabalho de Lorran por esses anos vi que o jeito que tanto me fez ter interesse se manteve intacto, mesmo no ramo onde uma graninha a mais sempre falava mais alto.

Escuto quando as portas do elevador se abrirem trazendo Marlon, seu terno azul marinho elegante, seus cabelos ondulados estavam presos por um rabo de cavalo pequeno no pescoço e o sorriso como sempre de um cafajeste. Ainda teria a oportunidade de questionar porque os homens quando viam uma mulher no poder tinham esse risinho cafajeste no rosto.

— Querida Berlin, — cumprimenta com um aperto de mão firme assim que entra em minha sala.

Aponto para uma das duas cadeiras diante da mesa, voltando para meu lugar. Aguardo até que Marlon tivesse acomodado para dar seguimento na conversa.

— Lorran, acredito que saiba por que o chamei aqui.

— Minha secretária informou que você teria uma proposta irrecusável para mim. — Ele cruza as pernas.

— Acompanho seu trabalho já tem alguns anos, porém com uma indicação errada do Sr. Berlin, antigo presidente da Solftk, não pude colocá-lo em nossa folha de pagamento e está seria minha proposta. Se será uma proposta irrecusável como disse, somente você poderá decidir. Você terá sua sala, pode trazer sua assistente. Ela e o senhor passaram por uma investigação profissional é claro, — acrescento. — Tudo conforme a lei nos permite.

Marlon permanece calado por alguns segundos. — Sempre foi direta e desafiadora com todos seus funcionários, Srta. Berlin?

— Pode-se dizer que sim, Marlon. Não tenho tempo a perder. — Cruzo as mãos em frente ao meu corpo olhando para ele. — Por isso que preciso de um excelente e muito bem qualificado advogado, afinal é você que cuidará dos infortúnios que aparecerem em minha frente.

— E, digamos que tal proposta tenha feito meu pequeno ego se inflar, qual seria, vamos dizer... A base de meu salário?

Passo o dedo indicador pelos lábios, contendo discretamente o sorriso astuto que tenta me escapar. — Eu evito falar de números, principalmente quando tenho outras reuniões importantes me aguardando. — Digo, puxando uma folha em branco do meu bloco de anotações, rabisco o que seria o salário de Marlon se viesse trabalhar para mim. — Acredito que essa quantia seja de extremo bom gosto para o senhor e podemos ser bem sinceros, você não faz isso nem anualmente em seu escritório, quanto mais mensalmente.

Marlon fica encarando os números no papel, meio boquiaberto ou até mesmo estupefado.

— Estou correta, Lorran?

— Hã... Claro, é um excelente valor. — diz — Peça para sua assistente enviar a papelada necessária, quando posso conhecer meu escritório e ver as mudanças que quero fazer?

Levanto, apoiando as mãos sobre a mesa e Lorran imita meus passos, levantando-se com um pulo já abotoando novamente o paletó.

— Meu setor jurídico e Susan entrarão em contato com você Marlon. E assim, ajeitaremos tudo no seu devido tempo. — Aperto sua mão estendida.

Reunião rápida e objetiva assim era ótimo, sem perder meu tempo.

— Será um enorme prazer trabalhar na Solftk.

Suas palavras me lembravam de Paul, quando nos conhecemos ele tinha dito a mesma coisa para mim, volto a sentar atrás de minha mesa, vendo Lorran cruzar o hall de meu escritório com um sorriso enorme, o próprio ditado de “feliz como um pinto no lixo”.

O telefone de minha mesa toca. — Srta. Berlin, seu pai na linha 1, a sra. Berlin está subindo com o senhor Vetter.

— Sabe o motivo da visita dos dois? — questiono Susan.

— Não, senhorita. Fui avisada por Alan que os dois estão subindo juntos. E Gerald Grinfield está na linha 2.

— Transfira a ligação de meu pai, peça para que Paul e minha mãe entrem assim que chegarem. Quanto ao Sr. Grinfield, peça que aguarde.

— Sim, Srta. Berlin.

Retiro o telefone do gancho, liberando a conversa com meu pai. — Pai?

— Querida, como você está?

— Bem, desculpe não ter ligado antes. Acabei me enrolando em alguns assuntos. Sabe o motivo de minha mãe estar a caminho de minha sala?

— Bem, na verdade eu e sua mãe estamos indo almoçar, pensamos em tentar persuadir você para vir conosco.

Olho para o relógio confirmando que faltavam duas horas para o horário de almoço. — Não está cedo demais para almoçar?

Escuto a risada gutural de meu pai ao mesmo tempo em que vejo Paul e minha mãe surgirem no hall em uma conversa animada.

— Então sua mãe já chegou aí para convencê-la?

— Sim, estou olhando para ela neste instante.

— Encontro vocês daqui cinco minutos.

Decido saber o motivo para Gerald estar me ligando antes de cumprimentar Paul e minha mãe, que entravam em meu escritório. Paul faz uma pequena reverência permitindo que minha mãe entrasse primeiro e entra com o sorriso mais sem vergonha no rosto.

— Srta. Berlin. — Gerald cumprimenta do outro lado da linha.

Faço um sinal para que aguardem. — Sr. Grinfield, que devo a honra de sua ligação. — Pergunto sustentando o olhar de Vetter.

— Sua assistente mandou um memorando sobre sua breve visita a Buffalo.

— Sim, pedi que ela lhe enviasse, se o senhor quiser conhecer de perto meu projeto pode me acompanhar.

Meu pai entra no escritório cumprimentando minha mãe e Paul, conversando aos cochichos para não atrapalhar minha ligação.

— Será uma honra, por favor, envie dia e horário que iremos, ficarei imensamente feliz em acompanhá-la e Srta. Berlin, nada de senhor. Não precisamos de tamanha formalidade.

— Minha assistente enviará as informações para nosso encontro, até breve Gerald. — Digo encerrando a ligação.

Levanto dando a volta na mesa, retribuo o beijo suave que Paul deposita em minha boca e o abraço de meus pais. — O que devo a visita em meio ao expediente? — pergunto.

— Eu e Gib tivemos a ideia de convidar você para um almoço, — minha mãe repete o discurso ensaiado dela e de meu pai. — Faz tempo que não almoçamos juntos, só não sabíamos que Paul estaria na cidade e teria a mesma ideia. — Minha mãe toca o braço de Paul com intimidade, trocando risinhos confidentes, já se tratavam como se fossem amigos de longa data.

Ergo a sobrancelha olhando para Paul que mostrava seu evidente divertimento.

— Não contei porque Paul apareceu ontem à noite, não esperava vê-lo antes de sábado. — Cruzo os braços diante do peito. — Não esperava ninguém aqui hoje, estou com horários contados, você mais que ninguém deveria saber pai. Meu andar está parecendo à bolsa de valores.

— Meu bem, queríamos apenas sua companhia. — Minha mãe e seu sentimentalismo.

— Você deveria saber que almoçaríamos juntos. — Paul completa.

— Vocês se juntaram numa missão para me tirar do trabalho? — questiono vendo o risinho em seus rostos.

— Foi puramente obra do acaso, minha filha.

— Essa sua obra do acaso terá que esperar, inclusive Susan já tem meu pedido anotado.

— Não deixarei você comer com as caras enfiadas em negócios. — Paul retruca, ganhando um olhar fuzilador em sua direção.

Para completar a bagunça total em meu escritório, Susan entra apressado com seu Tablet em mãos, retrucando com alguém na tela. — Desculpe licença... licença. — Ela passa pelo grupo no meio de minha sala parando em minha frente.

— Vocês não estão vendo que eu estou atolada até o pescoço de trabalho. — Exclamo para eles, mas tanto Paul como meus pais nem se importam com meu comentário. — O que houve, Susan?

— Desculpe interrompê-la Srta. Berlin, senhores... Sra. Berlin...

— Desembucha de uma vez.

— Sim, claro, o pessoal da Krisman quer antecipar a vídeo conferência.

Aperto a ponta do nariz. — Para que horário?

— Para agora. — Susan quase sussurra a resposta.

— Infelizmente agora sua chefe tem um compromisso — Paul toma sua postura controladora.

— Paul — repreendo.

— Ele está certo, Ângela você não sai desse escritório desde que chegou à cidade. — Meu pai suaviza o que diz com um sorriso. — Venha, relaxe um pouco conosco.


Reparo que Susan realmente parece uma barata tonta, não sabia o que fazer, seus olhos arregalados e suas bochechas coradas. — Susan mantenha a vídeo conferência para depois do almoço. Eles têm que entender que quando marco um horário é aquele horário e não quando bem entenderem.

— Sim, Srta. Berlin. Peço desculpas novamente.

— Não tem o porquê se desculpar. Estou saindo, volto após o horário do almoço. Qualquer ligação de emergência passe para meu celular, o resto anote o recado.

— Sim, senhorita.

Puxo minha bolsa e meu casaco do cabideiro, indicando a todos o caminho, contrariada. Paul era uma força da natureza e junto com meus pais ficava impossível eu retrucar sobre qualquer coisa.

Mais uma batalha perdida, eu já começava a fazer coleção delas.


CAPÍTULO 36

 

Paul tinha se instalado em meu apartamento, não que me importasse, estava adorando nossa rotina de discutir sobre o nosso dia, seja com coisas banais e até mesmo sobre trabalho. O fato de almoçar e jantar juntos também tinha se tornado algo essencial em nosso dia-a-dia... Ou apenas o fato de acabar com nossa tentativa de cozinhar algo por simplesmente derrubarmos todas as panelas começando com provocações que sempre acabavam em nós dois pelados e exaustos sobre a bancada de mármore.


Trabalho com vontade na quinta-feira, cumprindo meus compromissos e preparando os da semana seguinte. Marlon havia assumido o antigo escritório de Lian, depois que Carl o investigou tirando todas as dúvidas que eu poderia ter contra ou a favor de sua índole. Lorran estava limpo.

Assim como Carl sempre estava atento aos passos de Lian, que havia sumido do mapa poucos dias depois da ameaça que tinha feito em meu escritório. Isso era bom, menos um problema para me preocupar.

Volto minha atenção para a pauta da reunião que teria amanhã.

— Sr. Vetter está aqui — Susan anuncia, olho para o relógio verificando à hora, — Só para confirmar está tudo preparado para sua reunião com o pessoal de Chicago, os representantes estão chegando hoje no final da tarde.

— Perfeito Susan, a hospedagem deles está confirmada com todos os detalhes que pedi?

— Sim Srta. Berlin, tudo exatamente como pediu.

Olho para fora pedindo que Paul entre.

— Paul. — levanto beijando seus lábios — Como foi seu dia?

— Ótimo, muito produtivo.

Indico a cadeira em minha frente, já voltando para meu lugar. — Você não tinha uma conferência agora no almoço?

— Mudei meus planos.

— Mudou os planos? — repito arqueando a sobrancelha.

— Sim, por que não pega sua bolsa e vem comigo.

Dou uma olhada na papelada que estava analisando, era tentadora a ideia de me afastar por alguns minutos da quantidade de números que analisava.

— Posso saber para onde vamos? — pergunto.

— Segredo. — Paul responde com um sorriso enorme no rosto. — O que posso garantir desde já é que não vai se arrepender de largar um pouco a Ângela dominadora do mundo por algumas horas.

Suspiro, já totalmente derretida por aquele sorriso sacana brincando em seus lábios e os lindos olhos pretos de Paul. Sem contar, que toda vez que ele jogava um pouco o cabelo para o lado eu tinha certeza que uma pobre moça morria de ataque fulminante.

— Vamos logo, me sequestre de uma vez.

— Assim que eu gosto, minha delícia.


Philip e Patrick já nos aguardavam em frente ao prédio, entro no carro me acomodando no confortável SUV de Paul.

— Podemos ir, Philip. — Paul diz passando o braço por minha cintura, puxando-me para mais perto.

— Você está misterioso. — Comento.

— Tenho uma surpresa para você. Algo fora da rotina.

Eu conhecia o caminho que Philip estava fazendo, estávamos saindo do centro movimentado e indo em direção ao Brookyn. Estávamos quase chegando a Coney Island quando Philip estaciona o carro em frente ao Aquário de Nova York, Paul me olhava com expectativa, observando minha reação.

— Chegamos?

— Sim. — Paul me encarava, eu não queria que ele ficasse decepcionado, mas não entendia do por que pararmos em frente ao aquário fechado. — Venha, estão nos esperando.

Paul sai do carro puxando-me pela mão, um senhor baixinho surgiu atrás dos portões do aquário liberando nossa entrada.

— Muito obrigada por atender esse pedido, Sr. Brigton.

— Imagine, o prazer é todo meu.

Seguimos para dentro, logo passando pelo recinto das focas. — Paul, você pode me explicar porque estamos no aquário?

— Faz parte da surpresa, minha linda.

Entramos em um imenso túnel, os peixes nadavam tranquilamente ao nosso redor e em cima das nossas cabeças, os reflexos da água aumentavam ainda mais a sensação de estar no fundo do mar.

— Deixarei os senhores sozinhos, sabe onde ir, Sr. Vetter? — pergunta o baixinho com uniforme do aquário.

— Sim. Obrigado novamente. — Paul diz entrelaçando nossos dedos, nos levando pelo túnel.

— É lindo. — Exclamo admirando tudo. — Mal consigo me lembrar qual foi a última vez que estive num aquário.

— Fico aliviado que tenha gostado. — Paul desabafa. — Venha nosso passeio apenas começou.

— Tem mais?

— Lógico que tem.

Assim que saímos do túnel paramos a uma imensa parede de vidro, peixes de todos os tipos e tamanhos nadavam tranquilamente perto do vidro, assim como raias faziam seu show para nós. Era inevitável olhar tudo com tamanha admiração e fascínio. Paul começa a andar, entrando em outro túnel, dessa vez iluminado por pequenas luzes no chão e o que eu vi assim que saímos, me deixa de queixo caído.

A sala era o triplo da que estávamos, tudo a nossa voltar era de vidro. Era como estar realmente no fundo do mar. Tubarões enormes nadavam de um lado para o outro, em meio aos peixes. Era lindo, Paul para por um instante sorrindo satisfeito com minhas reações.

— Paul, é lindo.

— Que tal um mergulho? — pergunta.

— Como assim? Aqui? Ficou louco? — desvio os olhos de Paul encarando os tubarões, uma coisa era admirá-los protegida por uma grossa parede de vidro, outra era entrar no habitat deles como um belo prato de refeição.

Paul solta uma gargalhada provocando eco pelo aquário. — Não minha linda, seria interessante confesso. Mas o instrutor está nos esperando em outro tanque.

Respiro secretamente aliviada, enquanto seguíamos para a parte dos funcionários, passando por diversos tanques e salas. Era diferente e incrível ver como funcionava todo um aquário por dentro.

— Sr. Vetter, boa tarde. — Um rapaz alto, vestindo roupas de mergulho nos esperava no tanque das raias que passamos logo no começo.

— Bernardo. — Paul troca um rápido aperto de mão. — Essa é Ângela, minha namorada.

— Prazer Ângela, espero que goste da aventura.

— Ela achou que nadaríamos no tanque dos tubarões. — Paul conta sorrindo.

— Eles são incríveis, porém não são muito sociáveis com pessoas diferentes. Nos mesmos temos todo um esquema para tratar aquelas belezuras.

— Seria fascinante. — Paul exclama.

— Só se for louco, é como levar um prato suculento para eles. — Retruco.

— Que nada, eles não são tudo isso que os acusam, mas é bom ter cautela. É o mesmo que ir para um zoológico e enfrentar o leão. E um fato extremamente curioso sobre tubarões, nós não somos o melhor tipo de carne para eles. — O instrutor diz.

— Tá bom que vou confiar nisso. — Digo.

— Pode acreditar, existe um estudo imenso sobre isso, eles amam mesmo certos tipos de peixes, tartarugas e leões-marinhos entre outros seres. Os humanos não têm gordura necessária para entrar no seleto cardápio deles.

— Que incrível. Então os surfistas são basicamente confundidos com esses animais, quando atacados? — Paul questiona animado.

— Basicamente isso mesmo, principalmente confundidos com as tartarugas, quando estão em cima da prancha.

— Nossa depois disso me sinto muito mais confiante em entrar no tanque deles.

— Ângela, deixe de ser medrosa. — Paul brinca, recebendo uma careta feia.

— Vistam essas roupas de Neoprene, eu vou pegar os oxigênios.

Vestimos a roupa de Neoprene esperando Bernardo voltar, eu estava ansiosa para entrar no tanque, mas confesso que receosa também.

— Prontinho, vou passar algumas instruções básicas: Qualquer desconforto ou problemas no oxigênio basta fazer um sinal de “x” com os braços, como estaremos a uma profundidade razoável evitem subir rápido demais para a superfície, temos que fazer a descompressão, mesmo em tanques precisamos tomar certas precauções. As roupas de mergulho irão proteger vocês da temperatura do tanque.

— Perfeito.

Paul pega sua máscara e a minha, já ajeitando em meu rosto. — Ansiosa?

— Muito. — Sussurro.

O sorriso de alegria nos lábios de Paul faz meu corpo se aquecer. Bernardo senta-se na plataforma, fazendo sinal para que copiássemos seus passos.

— Não pulem, apenas desçam devagar. Lembre-se que mesmo sendo peixes e raias esse é o lugar deles, não o nosso.

— Sim. — Paul e eu respondemos juntos.

— Algumas das raias apresentam uma cauda em forma de chicote, onde as nadadeiras foram substituídas por um espinho dorsal grande, serrilhado e venenoso. Evitem tocá-los. Caso uma chegue perto demais não fiquem em pânico elas logo saíram, se desejar passar a mãos em uma, indico sempre a parte da barriga. — Bernardo acerta a própria máscara no rosto. — Entenderam tudo? — pergunta com a voz um pouco abafada.

— Sim — Paul e eu respondemos mais uma vez juntos.

— Vamos para dentro então. — Bernardo escorrega com habilidade para dentro do tanque e Paul faz o mesmo, como se já tivesse feito isso diversas vezes. Eu vou um pouco receosa, Paul me espera para mergulhar, enquanto Bernardo já está totalmente submerso esperando por nos.

Mergulho vendo os peixes próximos se mexerem agitados, Paul faz um sinal de positivo mergulhando mais para o fundo, assim como o instrutor, nadando para o fundo do tanque. Nado para o fundo olhando admirada para os peixes que nadam em minha volta, olho para baixo vendo Paul ajoelhado no fundo do tanque, algumas raias o cercam. Ele em momento nenhum demonstra medo, muito pelo contrário, acaricia a barriga de uma que sobe e volta para perto dele.

Nado para perto de Paul e do instrutor, passando pelo túnel de vidro que havia na entrada do aquário, uma raia nada de forma tranquila ao meu lado, como se estivesse imitando meus movimentos, vejo uma moréia se escondendo em meio as pedras no fundo. Não sei quanto tempo passamos entre os peixes, cercados de raias que pelo visto se acostumaram totalmente com seus visitantes.

O instrutor faz sinal para mim e Paul, dizendo que precisamos subir, fazemos exatamente como ele explicou, subimos com calma, deixamos nosso corpo se acostumar para enfim sair do tanque.

— Nossa, fantástico! — exclamo assim que me sento na plataforma.

Paul dá um beijo rápido em meus lábios, ficando de pé. — Que bom que gostou, agora podemos ir almoçar. Bernardo muito obrigado por essa aventura. — Acrescenta se virando para o instrutor.

— Imagina, querendo a aventura no meio dos tubarões é só me avisar. — diz de um jeito bem praiano, bem surfista.

— Obrigada, Bernardo. — Digo seguindo com Paul para fora do tanque.


CAPÍTULO 37

 

Sexta-feira começa de maneira lenta, à noite mal dormida está cobrando seus efeitos hoje pela manhã. Tomo um longo gole do meu café torcendo para que isso seja o suficiente para me despertar para a reunião que tenho daqui a pouco.

Mas os bocejos involuntários que escapam de mim me mostram que será difícil me concentrar nos papéis em minha frente, me afasto indo até o banheiro. Lavo o rosto e a nuca tentando expulsar o sono, refaço a maquiagem voltando para meu escritório. Dando de cara com Paul.

— Abandonar seu namorado na cama é crime, Srta. Berlin. — diz de forma sensual.

Enlaço seu pescoço com meus braços roubando um beijo carinhoso de Paul. — Sinto muito, tive uma noite horrível e ainda tenho essa reunião pela manhã.

— Por que não me acordou?

— Você estava dormindo tão sossegado, não quis interromper seu sono.

Paul acaricia minhas costas, subindo e descendo, passando os dedos de leve sobre meu quadril. — Eu poderia ter feito algo para ajudá-la com o pesadelo.

Sorrio mordendo de leve seu lábio inferior. — Vejo que está arrumado, pretende ir algum lugar?

Paul sorri de forma maliciosa, encostando seus lábios em meu pescoço, mordendo e lambendo. — Infelizmente sim, tenho uma reunião com um fornecedor em Seattle. Volto no primeiro voo assim que estiver livre.

— Como assim, Seattle? — tento controlar minha respiração enquanto ele beijava meu pescoço, passando a mão pelo meu corpo, em minhas pernas fazendo minha saia subir mostrando minhas coxas.

— Se você puder esperar pela reunião poderemos nos despedir com mais calma. — Falo me afastando de suas mãos safadas, sentando novamente em minha cadeira.

— Por que esperar? Ver você controlando esses homens me deixa de pau duro. — Paul empurra minha cadeira para trás rindo.

— Paul, por favor. Trinta minutos, no máximo. — Retruco abrindo meu melhor sorriso.

— Assim não teria graça. — Paul se agacha em minha frente, subindo minha saia com força — Já encontrei algo para me ocupar, mande sua assistente atrasar sua reunião.

Sinto meu ventre se contorcer de prazer, mesmo que quisesse mandá-lo parar, suas mãos não parariam. Ele afasta um pouco mais minha cadeira para que pudesse ficar entre minhas pernas e a mesa sem ser visto, era até cômico ver um homem do tamanho dele encolhido embaixo de minha mesa como uma criança levada.

Travo a porta, acionando o sistema de privacidade de minha sala. Susan demora um pouco para atender o telefone na sala de reuniões. — Susan. — Quase arfei quando ela atende, controlo minha voz para que não perceba a ousadia que Paul faz em mim debaixo da mesa.

— Srta. Berlin?

— Atrase a reunião por dez minutos, não estou me sentindo bem, logo estarei aí.

Um gemido escapa de meus lábios, pressiono Paul em minhas pernas, repreendendo esses dedos deliciosos.

— Srta. Berlin, deseja que eu volte?

— Não! Não...— pigarreio tentando me controlar. — Não precisa, eu já estou indo.

— O pessoal de Chicago já estava sentado discutindo o material que a senhorita pediu que entregasse.

— Ótimo, logo estarei aí.

Bato o telefone contra minha mesa, desligando.

— Paul, tenho certeza que Susan desconfiou o porquê estou demorando.

Eu meio que reclamo, gemo, talvez implorando. Tudo isso só aumenta o divertimento de Paul, que puxa minha calcinha até meus pés, abrindo mais minhas pernas. Essa era a segunda vez que fazia sacanagem com Paul dentro do meu escritório e agora segundos antes de uma negociação.

A ansiedade tomava conta de mim, um misto de expectativa erótica e desafio. Ele esfregava o dedo em meu clitóris causando tremores em todo meu corpo.

Paul introduz dois dedos dentro de mim, aperto o encosto da cadeira. — Meu Deus! — o sinto rir no meio de minhas pernas, distribuindo beijos enquanto seus dedos trabalhavam dentro de mim.

Dane-se, eu quero!

Ele faz um movimento com os dedos em círculo, controlo a respiração o gemido que queria escapar de mim. Meu corpo tremia tanto, em verdadeiros espasmos. Paul empurra um pouco minha cadeira conseguindo mais espaço entre minhas pernas, sua língua brincando em minha fenda dando pequenas lambidas ou se infiltrando em minha vagina só para me enlouquecer. Levo uma de minhas mãos para baixo da mesa puxando seus cabelos, que em resposta enfia com mais força os dedos dentro mim, estava impressionada com o que ele conseguia fazer mesmo com espaço limitado.

— Ah... Paul...

Os gemidos agora saiam sem qualquer pudor de minha garganta, não era mais a Ângela empresária aqui e, sim a pervertida que queria muito puxar Paul do seu esconderijo e morder todo seu corpo.

— Muito bem minha garota. Agora você sabe o que eu quero — ouço Paul murmurar com a boca em mim, causando ainda mais reações em meu corpo. Puxo seus cabelos novamente, sentindo os fios sedosos em minhas mãos. Ele dá uma leve mordida em meu clitóris causando um arrepio quente em minha coluna.

Eu estou quase lá!

Ele parecia sentir, meu corpo estremecia ao mesmo tempo em que ele intensificava suas investidas contra mim, afundando a boca em minha intimidade, o que me fazia rebolar descontroladamente em sua boca.

E quando gozo, Paul sugou até a última gota de minha excitação, quando acredito que ele se deu por satisfeito, seu olhar sacana me mostra o contrário, Paul abri a própria calça, encaixando rapidamente seu pau em minha intimidade, suas mãos abrem de forma apressada minha blusa, puxando meus seios para fora do sutiã. Ele chupa meus seios fazendo meus gemidos ecoarem por todo escritório, com avidez investe contra mim. Ele é guloso e o fato de manter o ritmo constante de suas estocadas profunda pela posição que estamos e meus seios sendo sugados por sua boca é a combinação perfeita para meu corpo se arrepiar por inteiro, como se mal tivesse gozado.

Minhas pernas estão em volta de sua cintura, o prazer é imenso. Atrevida faço alguns exercícios que aprendi no pompoarismo, o que me faz sorrir imensamente ao ver o rosto de Paul se contrai e ele soltar um gemido alto, agarrando meu quadril enquanto se afunda de forma bruta dentro de mim.

— Porra, minha linda. Assim você acaba comigo. — Sussurra.

Sei que a impaciência toma conta de seus atos, mas ele não proíbe meu jogo, deixa que eu continue fazendo o que bem quero dele. Até que o supremo prazer se apodera de ambo, sinto-o tremer e por fim, extravasa e goza. Deixo meu corpo cair. Minha respiração tão acelerada quanto a dele.

— Adoro você, minha linda. — Murmura em meu ouvido, me fazendo sorrir feliz.


Mesmo em poucos dias já tinha me acostumado com a presença de Paul em meu apartamento, chegar em casa e ter ele vendo TV, esquentando o jantar ou até mesmo tomando um banho, tornava a volta ainda mais interessante. Acendo as luzes da cobertura, tirando meus sapatos deixando-os do lado da porta, a bolsa sobre a bancada da cozinha.

Abro uma garrafa de vinho, como não estava com fome ficaria apenas com a bebida.

Incapaz de me conter escrevo uma mensagem para Paul. Ele deveria estar no avião.


“Tenha uma boa viagem”

Ele responde de imediato: “Estou com saudades, minha linda”


Abro um sorriso, ambos tínhamos nos tornados dependentes um do outro, mesmo que evitássemos, tínhamos caminhado para isso. Sabíamos que isso poderia acontecer e soltamos as amarras, nós jogamos. Após nossa cena de sexo explícito em minha sala Paul foi embora, eu ainda fiquei umas duas horas depois disso arrumando e finalizando minhas coisas.

Pego o celular novamente, vendo se tinha alguma mensagem, nenhuma. Decido mandar à última e ir dormir.


“Durma bem, amanhã nos falamos.

Beijos, meu garanhão”


Algo apitava no fundo de minha mente, era irritante, não parava. Tateio a cama no escuro e não encontro, abro um olho contra vontade vendo a claridade por trás das cortinas escuras. Que horas eram? Descubro a origem do apito irritante: meu celular.

Tinha algumas mensagens de Paul, Ana, Julis, até de Jordan tinha uma e ligações perdidas de minha mãe. Abro a caixa de mensagens:


“Minha linda, perdão. Acabei dormindo

enquanto voava, cheguei ao hotel, mas acredito

que já esteja dormindo.”


Passo para a próxima.


“Você está dormindo? Queria ouvir sua voz.”


E a última tinha sido hoje pela manhã.


“Bom dia meu bem, sinto não estar aí para dar os

parabéns como você merece, estou indo para minha reunião.

Acredito que volto cedo, mas não sei se conseguirei pegar

você antes de sair com sua mãe. Me ligue mesmo assim.

Feliz aniversário mais uma vez! Beijos.”


Abro a caixa de texto:


“Garotão você me deixou falando sozinha,

terei que ser recompensada por isso.

Espero que chegue antes da festa,

provavelmente estou atrasada para os

rituais que minha mãe me preparou.

Ligo para você mais tarde, beijos de sua garota.”


Leio a mensagem de Ana:


“Sua safada com cara de bunda, parabéns!

Que você fique velha para os gatinhos não

olharem mais para você, rs, brincadeira amiga,

tire sua bunda murcha da cama,

logo estarei passando aí para irmos ao salão.”


Ana e sua delicadeza toda. A mensagem de Julis é a próxima:


“Cunhadinha! Parabéns, Paul me contou que

hoje seria seu aniversário que pena você estar

tão longe, senão poderíamos ir para alguma boate

e se acabar de dançar. Promete que volta para

Washington, senão terei que tirar uns dias e visitá-la

em Nova York. Beijos”


Passo para a mensagem de Jordan:


“Então temos uma senhora em nossa família?

Isso mesmo, cunhada? Sim, cunhada e nem ouse

tirar a graça da brincadeira, senão conto para todos

o que você e meu irmão gostam de fazer. Parabéns

tranqueira! Beijos e cuidado com decks

na beira do mar. Jordan.”


Decido responder todas as mensagens depois, discando o número de minha mãe, esperando-a atender.

— Ângela, até que enfim atendeu. — Ouço minha mãe dando ordens a alguém.

— Oi, mãe.

— Minha querida, quero vê-la logo, não darei parabéns pelo telefone.

— Tudo bem, estou aguardando a Ana e vamos todas para o salão.

— Ótimo, já estou saindo daqui e vou para sua casa, assim vamos juntas.

— Tudo bem.

— Não se esqueça de sua roupa.

— Ok, até mais. — Desligo, me espreguiçando um pouco.

Precisava de cafeína se quisesse aguentar o dia que teria pela frente. A Sra. Ramirez tinha feito uma mesa de café maravilhosa para mim, um bilhete estava ao lado e um buquê de flores no aparador ao lado da porta, o cartão estava no meio das flores, mordo um pedaço de pão lendo por cima o bilhete da Sra. Ramirez.


“Srta. Berlin, felicitações, que a senhorita continuei conquistando seus sonhos. Deixei um café reforçado para você, trate de se alimentar. Esse buquê chegou logo cedo, o cartão também está com ele.”


Vou até as flores pegando o cartão, um lindo buquê de rosas lilás. Quem quer que tenha me enviado teve trabalho, elas eram lindas e perfumadas.


“Minha preciosa, desculpe por não ter te acordado com beijos hoje pela manhã, mas saiba que estou pensando em você. Um lindo dia e um buquê de rosas lilás para você que é tão perfumada quanto elas e tão rara como as mesmas.

— Seu Garanhão.”


Teria que mandar uma mensagem agradecendo, mas ele esperaria, o relógio na parede oposta mostra o quanto estava atrasada. Pego uma bolsa de viagem enfiando tudo que precisaria dentro, o vestido, sapato, joias e corro para fora.

O porteiro abri um sorriso ao mesmo tempo em que Ana entrava no saguão.

— Bom dia garota, adoro o dia das meninas.

Ela sempre ficava empolgada com isso, dia de SPA, cabeleireiro ou compras era com ela mesma.

— Bom dia senhoritas, vocês desejam o carro?

— Não, obrigada. Minha mãe já deve estar chegando.

O carro preto para no meio fio. Minha mãe já estava com o vidro aberto acenando para nós. John dá a volta abrindo a porta para que entrássemos, me dando um grande sorriso.

Seguimos para o Vergan, um salão conceituado em Nova York. Para conseguir um horário e quem sabe um dia, teria que esperar longos meses, mas para Megan Sartori, bastava um telefonema. O Vergan era um lugar luxuoso e oferecia tudo que você podia querer em um dia de beleza, desde massagens com óleos afrodisíacos, banhos com mel e leite e um tratamento divino nos cabelos.

Deixo de lado as opções mais tradicionais optando por algo novo. Ana e minha mãe já tinham escolhido seus tratamentos e foram com as atendentes para os locais de massagem. Depois de vários minutos tendo cada parte do meu corpo massageado, as unhas feitas, radicalizo nos cabelos como já tinha toques avermelhados decido assumi-los, Lisa a cabeleireira que estava cuidando de mim adorou minha ideia e embarcou em minha loucura. Aproveit o o tempo que a tinta fazia efeito para ligar para Paul.

Ele atende no segundo toque. — Linda.

— Oi garanhão. — Me derreto um pouco com sua voz, fazendo Ana se divertir com meu comportamento, arrancando risadas das mulheres perto de nós e de minha mãe. Faço uma careta para elas voltando minha atenção para Paul. — Obrigada pelas flores, realmente lindas.

— Estou chegando a Nova York, que bom que você gostou.

— Que pena, estou em um salão com minha mãe e Ana.

— Então nós veremos apenas na festa?

— Duvido que consiga me livrar delas — abaixo o tom de voz, para que apenas ele ouça. — Estou com saudades.

— Também, tinha planos para nós — sua voz tinha um toque de desapontamento. — Mas sempre teremos um esconderijo.

— O que você tem em mente?

— Por enquanto nada, mas terei você só para mim antes da festa acabar.

Lisa me chama pedindo para retirar a tinta do cabelo.

— Garanhão tenho que desligar, preciso lavar o cabelo, até mais tarde.

— Cuide-se. Amo você.

E desligou.

Eu paraliso, o telefone ainda grudado no ouvido, Paul nunca havia dito que me amava, muito menos do nada, nunca trocamos esse tipo de juras, lógico que eu o amava completamente. Mas tínhamos tantas coisas no meio, apesar de estarmos juntos ainda tínhamos o maior de todos os obstáculos, ele tinha o mundo em Washington e eu aqui. E até agora, tirando as brincadeiras ninguém estava disposto a abandonar a cadeira e seguir o outro.

Não tinha atenção para mais nada, o “Amo você” de Paul não saia de minha cabeça. Ana e minha mãe conversavam animadas sobre tudo que teríamos nessa noite e eu continuava olhando para a paisagem fora do carro, saímos do salão já no meio da tarde, o sol se estendia preguiçoso pelo horizonte.

— Muito ansiosa? — pergunta Ana.

— Um pouco — suspiro.

Cruzamos os portões imponentes seguindo para a entrada de carros, alguns manobristas arrumavam seus postos. Uma enorme tenda ricamente decorada estava no jardim, tinha algumas mesas cobertas com toalhas brancas tanto fora como dentro da tenda. Minha mãe fez questão de mostrar todos os detalhes da festa assim que saímos do carro, inclusive a tenda montada somente para dança com um palco montado no fundo, tendo lugar para o DJ e uma banda. Os instrumentos já estavam devidamente organizados, como em todas as festas tudo estava pronto antes do horário. Algumas luminárias em tom rosa estavam posicionadas no quintal prontas para serem acessas, garçons vestidos de smoking tipo summer andavam atrás do cerimonialista escutando suas devidas ordens, tinha que assumir estava muito bonito, seria uma festa e tanto.

— Vai se preparar minha querida, seu vestido já está em seu antigo quarto junto com um presente meu e do seu pai, espero que goste. — Minha mãe era toda sorrisos e alegria. — Ana o quarto de hóspedes também está arrumado para você.

— Cadê o papai? — questiono, desde chegamos não tinha visto ele em lugar nenhum.

— Seu pai saiu, sabe como ele não tem paciência para entre e sai de pessoas em nossa casa, a última mensagem que recebi dele, — ela consultou o relógio de safiras com ouro branco no pulso. — Avisou que estava indo se encontrar com Paul.

— Paul?

O que estava acontecendo? Por que meu pai saiu para ver ele? Não estava conseguindo entender mais nada, a viagem de Paul para encontrar um fornecedor ao sábado mesmo ele não trabalhando em nenhum sábado que tivemos juntos e agora meu pai tinha saído com ele.

Acalme-se Ângela, você mesma sabe que seu pai como você não suporta essa agitação toda, às vezes ele quis apenas um refúgio até tudo estar pronto. — Digo para mim mesma.

Subo as escadas entrando no quarto, enfim privacidade.


CAPÍTULO 38

 

Pela janela do quarto via a festa tomando suas cores, assim como a noite chegou e os convidados também. Se me pendurasse um pouco pela janela podia ver a fila de carros aguardando os manobristas, os convidados elegantes saindo de seus veículos a caminho da tenda. Via meu pai chamando ainda mais atenção em seu smoking preto, o cabelo todo penteado para trás, minha mãe estava um pouco afastada conversando com duas mulheres elegantes com trajes a rigor e suas máscaras no rosto. Mas nenhuma conseguia apagar o brilho que Megan Berlin tinha essa noite, seu vestido verde cintilante marcando suas curvas com glamour faria qualquer homem parar para olhá-la, realmente ela conseguiria passar por minha irmã mais velha. Sua máscara branca com detalhes e penas verdes no alto completava o visual.

Volto para cama olhando meu vestido, tinha comprado ele quando sai com a Ana para Seattle, ele tinha me encantado assim que bati os olhos. Todo marfim com detalhes em dourado por todo o comprimento, o detalhe dele era o brilho que lançava toda vez que a luz batia em seu comprimento ou em seu lindo e exuberante decote nas costas, passo-o pela cabeça tomando cuidado para não desmanchar o coque elaborado que tinha feito. Deixando algumas mechas caírem em volta do rosto. Minha maquiagem estava em tons de bege, bem delicada, deixando o destaque para meu batom vermelho levando toda a atenção para meus lábios.

Coloco a pulseira de diamantes que meus pais haviam deixado sobre a cama de presente pelo meu aniversário, junto com a gargantilha de Paul, viro ficando em frente ao espelho para contemplar o conjunto.

Eu adorava a sensação do mistério que as máscaras causavam. Desço me juntando a massa de pessoas que já circulavam pelo jardim, sendo abraçada recebendo os parabéns, puxando conversa com alguns executivos, olhava todo o espaço procurando por Paul mais nem sinal dele, como não tinha conferido meu celular, não sabia dizer se ele estava vindo ou desistido.

— Ângela!

Uma jovem aparece na multidão, seu vestido de chiffon rosa pálido, com uma máscara veneziana. Tenho dificuldades para saber quem era. Ela me dá um rápido abraço, retribuo tentando relembrar seu nome. Algumas mulheres esperavam por ela a certa distância, doidas para se juntarem a nós, analiso as mulheres reconhecendo uma ruiva cheia de sardinhas, mesmo por de trás da máscara. Rubi, amiga e fiel seguidora de minha prima e por tanto já sei quem é a bela mulher ao meu lado no vestido rosa pálido. Clarice, minha prima.

Clarice e seu bando feliz, como costumava chamar na adolescência o grupo de meninas insuportáveis que a viviam seguindo para onde fosse. Filha de tia Silvia, ela sim era uma riquinha mimada.

Mesmo tia Silvia sendo próxima de nós, Clarice tinha certo hábito de nos ignorar, lógico que ela não perderia uma boca livre e os empresários que estavam presentes na festa. Interesseira do jeito que era.

— Minhas amigas iram adorar vê-la novamente. — diz me segurando pelo braço e indo de encontro com suas amigas. — Clarice refaz as apresentações como se eu não soubesse o nome de cada uma de suas cadelinhas fiéis ou elas não soubessem o meu. Infelizmente festas assim exigiam meu lado educado, incluindo parentes que preferia que ficassem longe.

— Ângela, você se tornou uma mulher da mídia. — Lídia, uma das quatros mulheres chama minha atenção. Seu vestido vermelho totalmente agarrado, não tendo espaço nem para que ela respirasse, brilhava como um farol.

As outras trocaram risinhos e olhares. — Pare Lídia, minha querida priminha não gosta de aparecer nos holofotes. — Clarice responde, mas nem um pouco tentando me defender de suas amigas.

— Realmente. — Digo olhando para a festa. — Não sou uma garota mimada que fica emburrada quando não aparece em uma revista de fofoca, afinal sou uma mulher séria, tenho meu império para governar.

Elas trocam olhares entre elas, espero pela resposta malcriada que não vem, elas ficam com a boca aberta, praticamente babando para algo atrás de mim.

— Com licença, senhoritas. — Essa voz grave aparece junto com as mãos que seguram minha cintura. — Poderia tirar minha linda namorada de vocês?

Todas exibem o mesmo sorriso bobo mostrando o quanto estão encantadas por Paul Vetter, mostro meu melhor sorriso para elas e peço licença. Paul me guia entre algumas pessoas que nos olham com admiração.

Paramos em um canto da tenda e realmente eu o olho.

Seu corpo esculpido está coberto por um lindo smoking preto, seus cabelos geralmente rebeldes estão domados, apenas alguns fios caindo sobre o rosto e uma máscara totalmente preta cobrindo seus olhos, o deixam com um lado sexy sombrio, ainda mais bonito e gostoso.

Lanço meus braços ao redor do seu pescoço, ele beija de leve meus lábios, o que me faz sorrir deliciada ao limpar a marca vermelha que ficou em sua boca de meu batom. — Bem, vejo que você gostou de me ver. — Paul comenta rindo. — Eu também gostei de ver você, está magnífica. — Complementa passando a mão pelo meu rosto.

— Achei que não viria mais.

— Lógico que viria, estava apenas resolvendo algumas coisas.

— Que coisas? — me afasto para olhar melhor seu rosto. Com essa máscara Paul ficava ainda mais lindo. Ainda mais arrogante e poderoso. Queria tê-lo assim, apenas de máscara.

O pensamento improprio cria seu próprio cenário, nos dois no meio de meu apartamento, Paul totalmente despido de qualquer peça, com exceção da máscara preta. O sorriso sacana nos lábios enquanto caminha ao meu encontro só para dominar meu corpo...

— Mais tarde. — Ele passa a mão por meu rosto, indicando um casal vindo em nossa direção. — Guarde esses pensamentos para mais tarde.

— Como você sabe o que estou imaginando, Sr. Vetter? — questiono aos sussurros.

— Eu sempre sei, minha delicia. — diz em meu ouvido.


Todas às vezes que tentava retomar nosso assunto éramos interrompidos, passo por um turbilhão de cumprimentos dos convidados que ainda não tinham cruzado comigo ou não tinham me visto. Vários casais estavam na pista de dança, algumas mulheres paqueravam um ou outro homem solteiro no bar.

Paul se manteve sempre ao meu lado e fiquei grata por isso.

Os garçons se moviam com esforço para passar pela multidão, garrafas e mais garrafas de champanhe eram abertas e risadas eram ouvidas. Todos felizes, a noite corria bem e lindamente. Entre uma olhada e outra pelo salão via meus pais conversando, bebendo com alguns amigos. E tudo que desejava era uma brecha para escapar com Paul dali.

— Que tal nos escondermos nos arbustos? — brinco.

Paul beberica seu champanhe. — Acredito que a chance de sermos pegos é imensa.

Faço um beicinho de frustração, Paul sorri roubando um selinho.

— Teremos nosso momento, meu amor. Mas agora... — interrompe apontando para o mestre de cerimônia subindo no palco.

— Senhoras e senhores. — O mestre de cerimônia interrompe os músicos e os casais dançando. — Por favor, quero pedir que abram espaço na pista de dança para o Senhor Vetter e para nossa querida aniversariante senhorita Berlin.

Todos começaram a aplaudir, olho surpresa para Paul. Ele apenas sorri, me puxando para o meio da enorme pista quadriculada de dança. Pega o microfone que um rapaz entrega, me mantendo perto do corpo, todos que antes dançavam animados fazem uma meia lua ao nosso redor.

Ana, meus pais que estão de braços dados perto de nós, minha família, meus amigos, colegas de trabalho, todos com os olhos colados em nós. Paul coloca uma mão sobre minha cintura nua, causando arrepios, a outra segura com firmeza minha mão em seu peito.

— Paul, o que é tudo isso? — sussurro.

— Você já vai ver minha linda.

— Paul...

A música começa, nos primeiros toques já reconheço “Close your eyes — Michel Bublé”. Paul me embala em seu ritmo, uma valsa simples, ele me gira dando um beijo quando retorno para seu peito, o que tira alguns aplausos dos convidados, vejo os fotógrafos registrando todos os momentos.

— Você é um anjo vestido de armadura, você é minha vida, meu porto seguro. — Paul canta junto com a música, causando um alvoroço ainda maior nas pessoas que assistiam.

Sinto meu corpo quente, minhas bochechas pegando fogo.

— Paul, você ficou maluco. — Sussurro de novo com a voz embargada, a boca seca.

— Por você. — diz colado em meus lábios.

Giramos novamente pela pista, as luzes nos seguem em todos os passos, ele me gira, mantendo de costas para ele. — Feche os olhos, deixe-me dizer todas as razões . — Continua cantando em meu ouvido.

Por um instante é como se tivéssemos apenas eu e ele ali, naquela tenda ornamentada de enfeites, a música tocando apenas para nós. Em um perfeito mundo de magia e então, percebo que você amar ou viver uma paixão é isso, cada dia render-se um pouco mais, cada dia acreditar no que nossas mães contavam para nós. Histórias de príncipes encantados que enfrentavam dragões ferozes por belas donzelas. Mesmo que por dias nossos príncipes se tornem um pouco mais parecidos com os dragões ou até mesmo nós...

Abro um sorriso genuíno, claro que no mundo real não é exatamente como um conto de fadas, por vezes nosso verdadeiro príncipe pode ser a fera... Todos têm seus dias de mau humor, seus defeitos, desilusões, paixões que deram certo por pouco tempo, outras que deram totalmente erradas e mesmo assim corajosamente levantamos dia após dia para juntar os cacos e quem sabe encontrar alguém que se encaixe com a gente.

Paul era isso, meu encaixe.

Ele volta a me girar para longe do seu corpo, meus olhos ardem com as lágrimas acumuladas. Dançamos mais, ele sorri abertamente. Espio por cima de seu ombro vendo minha mãe chorar apoiada em meu pai, as mulheres se derretendo com a declaração de amor que Paul fazia para mim.

Quando ele me solta em meio à pista de dança, algumas pétalas de rosas caem sobre nós e sobre os convidados. Eu fico paralisada, mal contendo meu próprio corpo. Paul pega o microfone que estava preso em seu paletó. Meu coração pula desesperado em meu peito, quase saltando para fora.

— Então eu digo com gratidão, cada batida do meu coração é sua para guardar... — Ele começa a se ajoelhar tirando gritos e aplausos das pessoas em nossa volta. — Você é a razão, que me faz sentir finalmente seguro para ficar — cantarola abrindo uma caixinha de joias vermelha. O anel brilha dentro com todas as luzes refletindo nele, a música diminui ficando apenas um som ambiente. — Ângela Sartori Berlin, você daria a grande honra de ser somente minha? De render-se a mim e me aceitar como seu marido?

De tantas coisas que passam pela minha mente para dizer, todos meus sentimentos, tudo que penso sobre ele, nós. Nada sai, mas digo a mais importante de todas. — Sim, sim, sim.

Jogo-me em seus braços, beijando seus lábios como se minha vida dependesse disso e, talvez dependa. Talvez eu tenha encontrado uma das razões.


CAPÍTULO 39


O fogo crepitava forte na lareira, o vinho gotejava em nossa taça, assim como morango com chocolate nos esperavam. Paul tinha pensado em tudo, principalmente no pós-festa. Ele realmente estava disposto a cumprir meu desejo, usando apenas a máscara preta misteriosa, caminhou até mim enquanto eu aguardava deitada sobre a manta nua.

— Me foda. — Foi o único pedido que fiz.

Paul beija minha boca, devorando-me. Sento como ele pede, deixando as pernas bem abertas. Seu rosto raspa em minha pele, beijando e lambendo minha virilha aumentando minha excitação, depois de lamber e beijar cada mínima parte de meu corpo acessível a sua boca, Paul me senta sobre ele, abrindo meus lábios vaginais, enfiando-se em mim.

— Você é a única coisa que desejo constantemente...

A expectativa é cruel, movo o quadril fazendo Paul dar uma estocada profunda. Arfo rebolando contra seu corpo, curtindo a sensação de preenchimento, adorando como ele me segura firme pela cintura fazendo seu corpo colar no meio até o limite do possível.

Luta de poderes. Como em outras ocasiões, ambos queremos ter o controle. Quando tomo controle da situação prendendo Paul entre minhas pernas para que eu dite os movimentos, ele treme e percebo que quase perde a cabeça.

Ambos arfamos feito malucos, ele tem ciência total de como me afeta, de como adoro quando me pega com força, entrando sem pausa, com firmeza e ele tem a confirmação quando minhas pernas se enroscam mais em seu corpo e como gemo sussurrando seu nome.

Deixamos nos levar pelo clímax, gritando de prazer...nos entregando as ondas do orgasmo que percorre nosso corpo.


Encontrava-me saciada e feliz, deitada sobre o peito de Paul, ele acariciando meus cabelos, uma manta cobria nossa nudez enquanto o resto do fogo crepitava na lareira.

— Então sua viagem de negócios foi mentira? — pergunto quebrando o silêncio.

Ele solta uma risada baixa, fazendo minha cabeça tremer em seu peito. — Não minha linda. Realmente fui resolver umas coisas de trabalho.

— E como ficamos?

Há muito tempo essas questões atormentavam minha cabeça, desde que retornei para Nova York. Ele suspira me puxando para mais perto, apoio o corpo no braço esquerdo olhando para seu rosto.

— Como disse, ainda tenho algumas coisas para fazer em Washington, mas estou abrindo mão do meu cargo, por assim dizer.

— Você está abandonando a InGet? Como assim, Paul?

— Calma, vou explicar. — Ele coloca mais uma almofada atrás do pescoço. — Quando você veio para Nova York àquela noite, contei para meus irmãos sobre nossa conversa e sobre também ter medo que nossas vidas profissionais nos afastassem. Como você já deve saber existiu sim uma pessoa em minha vida, mas vendo tudo que sinto quanto estou com você, eu fui precipitado e confesso que se um dia meu caminho tivesse cruzado com o seu, mesmo eu estando com ela, — ele faz uma pausa, como se analisasse seus pensamentos, só para dar de ombros. — Teria toda coragem do mundo para traí-la.

— Paul...

— Me deixe terminar, — ele sorri passando a mão em meus lábios me silenciando. — Eu tive essa conversa mais especificamente com Jordan. Há algum tempo ele começou a mostrar interesse sobre os negócios, dando ideias de projetos, ele já era um dos acionistas, mesmo que não demonstrasse tanto afinco para os negócios como eu. Ou por nunca ver uma brecha mim de deixar as empresas de lado. Jordan não queria que comentasse com ninguém, ele queria pensar se era isso mesmo seu desejo. — Paul suspira dando um beijo casto em meus lábios. — Não é tão simples para ele assumir a empresa, mesmo sendo acionista, Jordan pouco se importava com as decisões que eu tomava, chegou a vender suas ações para mim... Então eu tive a ideia de chamá-lo para ser presidente, ou melhor, meu representante. Eu ficaria livre para ter meu tempo com você e morar aqui. Ele seria meu espelho dentro da empresa, mas eu sempre estaria viajando para conferir as coisas, assim daria tempo para ele adquirir experiência. E decidir se quisesse ficar definitivamente com o cargo ou não. Lógico que eu iria consultar você, sei que não será fácil, principalmente por eu ter que me ausentar por alguns dias para cumprir os compromissos. Teríamos que ter paciência um com o outro, principalmente.

Isso era um sonho! Jordan assumindo, Paul ficaria disponível para me acompanhar, eu não precisaria largar minha empresa, mas será que seria correto com ele?

— Paul. Não posso aceitar, não seria justo. — Ele ergue a sobrancelha. — Lógico que é o que mais quero me casar com você, manter minha presidência. Mas e você?

— Minha linda, eu quero isso, quero acompanhar você. E mesmo não estando todos os dias na empresa, atrás de uma mesa continuo como CEO, Jordan será apenas meu representante, ainda tenho a nova cede em Washington e muitos negócios. Por isso você terá que ter paciência caso precise me ausentar por alguns dias ou viajar. Mesmo Jordan estando em meu lugar, não posso largar tudo nas mãos dele, são muitas burocracias.

Ele mordisca meu pescoço trazendo meu corpo para o dele novamente. — E você também terá que viajar com os negócios de Buffalo e Washington, então podemos ajeitar tudo para que tenhamos muito sexo nas alturas.

— Você quer isso mesmo? Faria isso?

— Não só faria e quero, como já fiz, Jordan assume ainda essa semana a InGet, estarei viajando amanhã para estar com ele nesses primeiros dias e organizar minhas coisas para a mudança.

Aperto-me sobre ele dando beijos em cada parte de seu corpo que alcançava, realmente estava nas nuvens, comandando minha empresa, com o homem feito para mim ao meu lado. O que mais poderia querer do mundo?


O domingo passa de maneira preguiçosa, acordarmos bem depois da hora do almoço, recebendo meus pais para um café da tarde. Minha mãe não parava de fazer planos para o casamento, como não tínhamos conversado nem sobre a data ela já enchia sua cabecinha de ideias. Meu pai ocupou seu tempo conversando com Paul sobre os planos dele, sobre nossa nova cede em Washington que continuava a todo vapor. Paul comentou que gostaria de uma reforma no meu duplex, principalmente para atender a ambos, já tínhamos concordado que tiraríamos o quarto de hóspedes que ficava ao lado do meu para aumentarmos o nosso futuro quarto e fazer um closet para ele. Minha mãe esboçava as ideias em folhas de guardanapo deixando Paul animado com todos os detalhes que ela acrescentava.

Depois de muitos planos e devorar a mesa de café farta que a Sra. Ramirez fez. Levamos meus pais até porta, nós despedindo um pouco depois das sete da noite, algumas horas antes de Paul ir para o aeroporto.

O telefone de Paul toca quando trazia sua mala para sala, pauso o filme prestando atenção.

— Vetter. — Ele espera alguns segundos, depois torna a falar. — Já estou com tudo pronto, quinze minutos estou aí embaixo.

Larga a mala ao lado da porta, coloca o celular no bolso e se vira para mim. — Hora de ir. O Jatinho já está pronto me aguardando e Philip também.

— Queria ir com você e fico feliz que aceitou ir com o jato da Solftk. Mas como disse tenho algumas reuniões amanhã, não é só por que fiquei noiva de um cara gostoso que tenho folga. — Brinco.

Paul gargalha. — E eu adoro esse seu lado mandão. Prometo que volto logo, minha linda. Philip está voltando comigo, porém Patrick ficará aqui para cuidar de você.

— Paul já disse, tenho tudo sobre controle aqui. Patrick ficará entediado.

— Ele está sendo bem pago para isso.

— Desnecessário.

— Respeite minha decisão.

— Tudo bem. — Concordo rolando os olhos. Também não queria brigar logo agora que ele iria para longe. — Mas, por favor, sem exageros. Patrick também tem necessidades e uma delas é comer e sentar por alguns segundos. Sem falar em dormir.

Paul ri de minhas exigências. — Vou anotar tudo isso quando conversar com ele.

Ele me beija com vontade, tirando meus pés do chão, suas mãos passeiam à vontade pelo meu corpo exatamente como sua língua faz em minha boca, mas tão breve o beijo começa, sinto meus pés retornarem novamente para o chão. Para minha total frustração.

— Amo você, futura Sra. Vetter.

— Eu te amo, garanhão.


CAPÍTULO 40

 

Acordo assustada, o mesmo pesadelo se repetia. Sangue espalhado por todo lado, uma mão enluvada segurava meu queixo forçando meu rosto para cima, em busca dos olhos que eu sabia que estavam escondidos na sombra...

Maldito pesadelo. Ele vinha se infiltrando em minha mente, assim como eu sentia suas garras fincadas fundo em minha pele a cada arrepio que dava por relembrar.

Respiro fundo odiando começar meu dia assim, essa sensação de medo instalado em meu corpo, mesmo com o banho gelado não consegui espantá-lo. Por todo caminho me certificava se Patrick estava realmente me seguindo, secretamente dando graças a Deus por confirmar sua presença.

Dirijo aborrecida pelo trânsito que tomando forma nas ruas de Nova York, mulheres e homens já marchavam no interior do edifício seguindo apressados para seus destinos. Tinha conseguido me atrasar novamente, pego o primeiro elevador vazio, xingando baixinho.

Um rapaz para abruptamente em frente ao elevador, me encarando com olhos esbugalhados. — Desculpe, Srta. Berlin. Mill desculpas. — diz virando-se e indo para outro elevador.

Encaro Patrick que se mantém em silêncio ao meu lado. — Estou com uma aparência tão horrível assim?

Patrick me olha por dois segundos, vejo a ponta de um sorriso brincar rapidamente em seu rosto, para sumir no mesmo instante que ele retorna sua visão para frente.

— Deixa para lá. — Retruco, bufando alto.

Susan também notou meu mau humor, deixou rapidamente meu café em minha mesa e saiu apressada para sua mesa.

Ligo o computador olhando minha agenda do dia, apesar de tudo, o dia estava calmo, reajusto alguns compromissos já mandando uma notificação para que Susan ajustasse sua agenda junto com a minha. Dou um longo gole no café, sentindo a bebida adocicada acalmar um pouco meus ânimos.

— Trouxe um documento que o Sr. Marlon deseja que a Srta. Berlin de uma olhada.

Ergo os olhos quando minha porta é aberta bruscamente. Uma mulher, alta, cabelos loiros presos em um rabo de cavalo e o que mais me irritou em sua postura, seu nariz empinado. Noto minha assistente, vindo a passos apressados em direção a minha sala, com certeza com medo que sua cabeça rolasse.

Cruzo os braços me recostando mais na cadeira, ela realmente estava tendo petulância em um péssimo dia.

— Srta. Berlin, desculpe. — Susan toma o documento da mão da loirinha peituda de forma brusca. Para tratar Lorran sem o formalismo, com certeza ela fazia horas extras na cama dele. Isso me lembrou que deveria explicar umas regras da Solftk para eles.

— Tudo bem, Susan, — levanto apoiando minhas mãos na mesa. — Acredito que está senhorita ainda não saiba com quem está falando, ainda mais nesse tom. Sugiro que leia o nome na porta do hall e veja na sala de que acabou de entrar, não sou sua chefe senhorita...

A loira estala os lábios, aumentando minha raiva. — Smith, Daila Smith.

Sorrio de forma sarcástica. — Cara, Srta. Smith tenha mais respeito ao entrar em minha sala, se tem algum assunto a tratar com a chefe do seu chefe, que paga seu misero salário, comunique no mínimo a minha assistente. Ou para seu próprio chefe, para que ele comunique minha assistente. Porém em nenhuma das hipóteses entre em minha sala como se fosse alguém autorizado para fazer isso.

A tal da Daila arregala os olhos mostrando bom senso pela primeira vez que entrou em minha sala.

— Srta. Berlin resolverei agora mesmo esse inconveniente. — Susan sabia que hoje, no humor que estava poderia arrancar a cabeça da secretáriazinha de Marlon.

— Ótimo, espero que sim, assim como espero que a Srta. Smith tenha um cérebro e memorize tudo que disse.

Volto a sentar. — Ponha Lorran na linha. — Digo dispensando as duas com as mãos.

Meu computador apita anunciando um novo e-mail na caixa de entrada.


De: Paul Vetter

Para: Ângela Berlin

Assunto: Como está sendo seu dia?


Bom dia, minha linda, como você está?

Desculpe não ter telefonado assim que cheguei, mas estava realmente cansado do voo. Como foi sua noite? Dormiu bem?

Saudades.


Paul R. Vetter

CEO, InGet Corporations.

Respondo assim que termino de ler:


De: Ângela Berlin

Para: Paul Vetter

Assunto: Começando um dia daqueles.


Bom dia garanhão, devo informar que não dormi bem, deve ser saudade dos seus chutes e roubos de cobertas no meio da noite.

Serei recompensada por sua falta de notícias? Espero que sim, meu dia está sendo apenas um pouco complicado e o seu como está?


Ângela Sartori Berlin

CEO, Solftk, Inc.

Quase que instantaneamente recebo sua resposta.


De: Paul Vetter

Para: Ângela Berlin

Assunto: Recompensas e muito mais.


Meu dia está sendo bem mais fácil que o seu então, deixo claro que quem toma todo o espaço da cama é a senhorita. Dona espaçosa.

Lembre-me de pedir uma cama maior para sua mãe colocar na lista, prioridade número um.

Quanto suas recompensas, fique tranquila. Acredito que voltarei logo para Nova York, tudo está saindo melhor do que esperado.

Agora tenho que ir, beijo, se cuide.


Paul R. Vetter

CEO, InGet Corporations.

Vejo que pela primeira vez no dia estou sorrindo, graças a Paul, mas não dura muito tempo.

— Srta. Berlin, Lorran na linha 1.

Transfiro a ligação. — Lorran.

— Ângela, o que devo sua ligação, analisou o documento que pedi para Srta. Smith levar para você?

— Lorran, não me interessa se você paga cargas horárias extras para sua secretária na cama, porém devo informar uma política rígida da empresa: Sem relacionamentos entre funcionários. Outra coisa, ensine bons modos para sua secretária, ela está precisando com urgência de lições de boas maneiras.

— Ângela peço desculpas, Daila é nova logo pegará o jeito da empresa. Eu darei um jeito no ocorrido.

— Tenho certeza que sim, agora que já estão cientes, vou analisar o documento e envio um e-mail para seu setor. Não sei como as coisas funcionavam em seu escritório Lorran, porém aqui são diferentes, espero não ter gastado meu dinheiro em um mau negócio.

— Não, Srta. Berlin. Fique tranquila. — Lorran abaixa sua bola, isso era bom, afinal ele sabia que um salário gordo do jeito que estava ganhando aqui não conseguiria em seu escritório no centro da cidade.

Encerro a ligação soltando um suspiro alto, de extrema frustração.


O dia tinha se encerrado de forma tranquila apesar todas as irritações, resolvi boa parte dos meus compromissos e pelo restante do dia não tive mais notícias de Paul, mas também não procurei, de qualquer forma nos veríamos em breve. Ana havia passado em meu escritório quando já estava de saída me convidando para um happy hour na casa dela, nem adiantava ignorá-la ou explicar que meu humor não estava para festinhas.

Fui direto com ela, Nic e Greg também estavam presentes. Algumas taças de vinho depois, já me considerava leve e pronta para ir para meu apartamento. Sempre com Patrick em minha cola, era impossível esse homem praticamente cheirava meu cangote.

Lembro-me de ter deitado com roupa e tudo e adormecido, acordei com meu despertador algumas horas mais cedo do que devia. Espreguiçando-me vendo que realmente tinha deixado um rastro de baba pelo travesseiro, a bebida em excesso havia trazido um sono profundo e sem sonhos estranhos para mim o que foi bom, em compensação a dor que se instalava em minha cabeça não estava sendo nada boa.

Separo um conjunto de roupas para o trabalho em uma bolsa de corrida, calço os tênis e um conjunto de ioga. Paro apenas para tomar um copo de suco de melancia na cozinha e falar com a governanta antes de me lançar ao dia frio que começava em Nova York.

Patrick estava usando seu casual terno preto e óculos escuros quando chego no saguão do prédio. — Bom dia, senhorita.

— Bom dia Patrick, caiu da cama? — pergunto, desvio minha atenção para o relógio cronometrando o tempo até o escritório e arrumando minha playlist para a corrida matinal.

O céu estava escuro, apenas o horizonte dava pequenos indícios de um dia ensolarado.

— Não senhorita, mas devo dizer, que a senhorita sim.

— Sim, preciso recuperar a noite de ontem, me lembre de recusar os convites de Ana por um bom tempo.

— Claro, senhorita. — Patrick verifica o relógio. — A senhorita deseja passar em algum lugar antes de ir para a empresa? Posso buscar o carro.

— Na verdade, irei correndo hoje para o escritório Patrick, depois volto com você. Se puder ir na frente e entregar essa bolsa para Susan, eu agradeço.

Patrick me fita por alguns segundos, avaliando meu pedido.

— Não diga nada. Irei correndo e você não irá me seguir, estamos entendidos?

— Sim, Srta. Berlin. — diz de maneira desgostosa.

Sabia que Paul não era o tipo de patrão que gostava de mudanças, principalmente se fossem nas ordens que dava aos seus empregados, mas forçar Patrick me acompanhar durante uma corrida de trinta minutos era o cúmulo do ridículo. Além de ser totalmente desnecessário.

Coloco os fones de ouvido para abafar os ruídos de carros, começando minha corrida curta, atravesso o farol seguindo para o Central Park. “Radioactive — Imagine Dragons” invadi meus ouvidos, aumento meu ritmo controlando minha respiração. Eu adorava correr, peguei esse hábito e sempre que podia recorria a ele, seja para espairecer ou por apenas como forma de exercício. No fim de um dia estressante em meio a negociações ou papeladas formais, era na corrida que eu conseguia liberar essas energias extras.

— E começamos mais um dia. — Sussurro para mim mesma aumentando o ritmo da corrida. Cronometro o tempo de vinte minutos de corrida mais o trajeto até a Solftk, seria o suficiente para tirar o resto de álcool de meu corpo e ainda me dar alguma paz de espírito.

Nova York se levantava para mais um dia, os táxis amarelos já ocupavam as ruas, os entregadores malcriados de bicicleta já corriam feito loucos por meio dos carros e muitas vezes quase matando pedestres de susto quando invadiam a calçada do nada. Nada fora do comum de todos os dias.

Enquanto corria deixo meu pensamento correr solto em tudo que havia mudado, ter conhecido Paul e agora estar noiva dele, estar tão bem à frente da Solftk, isso me animava. Atravesso o parque mudando um pouco minha rota, embrenhando-me entre os arbustos, saindo da rota dos corredores. As batidas fortes em meus ouvidos tiravam qualquer distração que a avenida pudesse trazer, despistavam todo o som das buzinas e de uma Nova York recém acordada. Era apenas as árvores em volta, minha respiração acelerada e os batimentos cardíacos pesados dentro do peito.

“Oh Lord — In This Moment” ganhou força em meus ouvidos quando estava retornando para a rota de corrida, meus pulmões reclamavam do excesso de corrida matinal, o suor escorria mesmo com o tempo gélido da manhã por todas minhas costas. Eu não tinha notado e com certeza não teria tido tempo para parar. Me choco bruscamente com um homem de capuz, o que nos faz cair.

— Merda! — exclamo tirando os fones do ouvido, olhando o sangue escorrer do meu cotovelo e ombro. Onde foi mais afetado pela queda e o asfalto.

— Você está bem? — pergunta o homem parado de pé ao meu lado, ele continuava de capuz, o que só mostrava sua boca bem delineada, mas escondia seus olhos. — Você quer ajuda? — questiona estendendo a mão.

Meus olhos se fixaram na mão enluvada, engulo em seco levantando o olhar. — Estou bem, obrigada.

Disfarço olhando para os lados, porém aquela parte da rota era tranquila, até mesmo para esse horário onde os corredores ávidos faziam seus exercícios matinais. Levanto ignorando a mão que ele me estendia, sentindo pontadas nos joelhos e quadril.

— Você precisa prestar atenção. — Sua voz era grave, fazia os pelos de meu braço se arrepiarem e não era de uma forma boa.

— Pode deixar.

— Qualquer dia desses pode se machucar seriamente.

Viro andando o mais rápido que conseguia, bastava eu sair do meio das árvores e atravessar a avenida. Bastava eu atravessar a avenida e algum segurança ou até mesmo Patrick me veria.

Arrisco uma olhada para trás, o homem continuava parado olhando em minha direção. Corto o tráfego agradecendo pelo semáforo estar fechando, deixando os pedestres atravessarem a larga avenida, avisto de longe o SUV já estacionado na frente da empresa, na vaga que era de meu pai.

Os seguranças se surpreendem comigo parando bruscamente, olhando para trás em busca do homem, mas ele não estava ali. Nem mesmo podia vê-lo nos arredores do parque.

— Srta. Berlin? — Patrick surge correndo ao meu encontro. — O que houve? André, me ajude. — Acrescenta chamando atenção do outro segurança.

— Não foi nada, estou bem.

Eles me ajudam a entrar no prédio, cada um me amparando de um lado, levando-me para os elevadores.

— Estou bem. — Digo novamente. Odiando ser foco dos olhares curiosos das pessoas que transitavam pelo saguão.

Susan já havia chego, entro em minha sala com a ajuda de Patrick. O cheiro de café fresco dominava o ambiente.

— Bom dia... — o cumprimento morre nos lábios de minha assistente assim que se vira e vê meu estado. — Meu Deus, Srta. Berlin. O que houve, Patrick?

— Estou bem, eu tropecei no parque durante minha corrida e acabei caindo. Não foi nada.

— Srta. Berlin, temos que cuidar desses ferimentos. — Susan corre até o banheiro, voltando com uma toalha de rosto úmida e um kit de primeiros socorros.

— Eu posso fazer isso. Vou apenas tomar um banho e cuido desses ferimentos.

— Senhorita tem certeza que não gostaria de um médico? — Patrick devia estar se cagando de medo e esse medo tinha nome e sobrenome: Paul Vetter.

Suspiro sentindo os músculos doerem. — Patrick, estou bem. Tire esse olhar de quem está prestes a se jogar de um precipício.

— Senhorita...

— Eu cai, Patrick. Cai.

— Sim, Srta. Berlin. — diz, respirando fundo.

— Agora parem de me tratar como uma criança imbecil e voltem para seus trabalhos, pelo amor de Deus. — Retruco.

— Sim, senhorita. — Dizem em uníssono.

— Ótimo, vou tomar um banho e cuidarei desses machucados.

— Sua bolsa já está aguardando no banheiro. — Susan anuncia.

— Obrigada mais uma vez, Susan. Podem ir.

Tranco a porta do escritório e aciono o sistema de privacidade quando eles saem, desabando na cadeira em frente minha mesa. O homem era idêntico ao meu sonho, os olhos escondidos pelo capuz, a mão com a luva preta de couro... Chega Ângela, era apenas um corredor e você estava distraída demais para notá-lo. E quanto a luva ele poderia ser um praticante de Crossfit, quem sabe.

Respiro fundo várias vezes, tentando acalmar os batimentos ainda descompassados de meu coração e finalmente me preparar para mais um dia de trabalho.

CAPÍTULO 41

Paul vetter

 

Eu estava ansioso, acordei me sentindo assim.

O corpo saudoso, com desejo profundo sobre o de Ângela, não sei se o sonho com ela tinha me deixado assim, mas precisava estar com ela. Principalmente dentro dela.

Jordan e alguns acionistas que estavam na reunião perceberam que estava longe, mal prestava atenção nos números que Jolini colocava em minha frente, meu olhar muitas vezes se concentrava apenas na grande janela.

Meu irmão em nenhum momento questionou meu comportamento, muito pelo contrário se mostrava cada vez mais capaz e disposto a assumir.

Olho disfarçadamente para o celular em minha perna. Nenhuma mensagem dela, que merda. Destravo a tela, abrindo a caixa de texto, pronto para digitar uma mensagem, mas que porra — me repreendo. — Está tudo certo Vetter, ela está trabalhando, assim como você deveria estar fazendo nesse momento.

E também tem Philip parado de costas na porta da sala de reunião da empresa que tínhamos ido visitar, ele me avisaria se algo ocorresse. Mas por que raio não conseguia prestar atenção e me focar um segundo em meus negócios?

—...Acredito que tudo que precisamos analisar esteja aqui, — Jordan me tira dos devaneios. — Como sabem, gentilmente meu irmão me deu a palavra nesta manhã.

Empertigo-me na cadeira, colocando um sorriso simpático em meu rosto, alguns funcionários já estavam fofocando sobre meu constante bom humor, coitados, mal sabiam a verdadeira face por trás dele.

— Devo acrescentar que não é sempre que pode contar com meu bom humor. — brinco com Jordan, levando os executivos gordos ao riso.

Vejo pelo canto do olho meu irmão piscar, devia uma para ele.

Quando estávamos dentro do carro rumo ao almoço marcado com nossos pais, comento sobre a reunião.

— Obrigado por mais cedo. — Digo ainda olhando pela janela.

— Relaxa maninho, eu percebi que você estava com o pensamento longe, o que aconteceu? É algo entre você e a cunhadinha?

Olho para meu irmão. — Não, apenas não acordei com um pressentimento bom e, Deus sabe que não sou supersticioso para essas coisas.

Meu irmão ri, voltando a se jogar no banco. — É Paul bem-vindo ao mundo dos seres vivos, meu rapaz. Até mesmo um ser intocado como você cai do céu alguma hora.

— Deixe de ser ridículo. — Digo rindo.

Pego meu telefone de novo, mas dessa vez mando uma mensagem direto para Patrick. O fato de Ângela não me enviar nem uma mensagem sequer me deixava desconfortável.


“Tudo certo por Nova York?”


Aguardo pela resposta, o visor apaga, passo o dedo pela digital destravando a tela novamente, esperando até que finalmente a mensagem chega.


“Boa tarde Sr. Vetter, desculpe o atraso pelas informações.

A Srta. Berlin teve um dia agitado, ela acordou bem cedo

e decidiu caminhar até o trabalho, infelizmente houve um

pequeno inconveniente pela manhã...”


Não leio o final da mensagem, logo estava ligando para o telefone de Patrick, que atende assim que soa o primeiro toque.

— Que porra de inconveniente aconteceu? E por que estou sabendo disso agora? Você tinha que me informar na hora. — Despejo em cima de Patrick.

— Sinto muito Sr. Vetter, como disse na mensagem a Srta. Berlin está bem.

— Enquanto o que foi esse inconveniente?

— Ela decidiu correr pela manhã, acabou se machucando. Tudo está sobre controle. — Apressou-se em dizer.

— Machucada? Como isso aconteceu?

— Ela contou que estava saindo da rota quando acabou trombando em um homem.

— E você estava onde porra? Eu não disse que não quero Ângela sozinha? Quais foram as minhas ordens? — esbravejo.

Noto Jordan me olhando surpreso, mas também não me importo.

— Desculpe Sr. Vetter, eu estava cumprindo ordens da senhorita Berlin. Desculpe dizer dessa maneira, senhor, mas ela torna difícil cumprir suas ordens.

Ângela, eu iria dar um tapa em sua bunda quando chegasse em Nova York, juro por Deus! Por que tinha que me desafiar tanto?

— Patrick não desgrude de Ângela, você me ouviu? E se algo acontecer, quero ser o primeiro a saber. Amanhã estarei em Nova York.

— Sim, Sr. Vetter, peço desculpas.

— Tudo bem, não avise Ângela sobre nossa conversa.

— Sim, senhor.

Encerro a ligação jogando o celular ao meu lado no banco. Eu iria enlouquecer com essa mulher. Bem dizia minha mãe: Nunca namore uma mulher teimosa, elas são o inferno na Terra.

— Tudo certo? — Jordan pergunta me encarando.

— Mulheres. — Digo.

Jordan solta uma gargalhada dando um tapinha em meu ombro. — Bem-vindo ao clube, irmãozinho.


CAPÍTULO 42

 

O dia tinha sido realmente produtivo, com toda a correria do dia-a-dia tinha me esquecido completamente em enviar uma mensagem ou ligar para Paul e ontem quando me ligou no final da noite deixei de fora meu pequeno acidente naquela manhã. Deus sabe como Paul era neurótico com segurança, se eu contasse que estava tendo pesadelos e que eles foram iguais ao que aconteceu. Paul teria mandado o exército ou a marinha dos Estados Unidos para cá.

Eu estava tão extasiada de ver meu projeto ganhando finalmente formas, foi realmente muito bom depois de toda a correria em meio aos acionistas levar Gerald Grinfield até Buffalo. Estar no meio daquelas crianças que realmente precisavam, dedicar nem que seja a minha atenção e meu dinheiro para dar um momento digno para elas já me realizava. E foi assim que retornei ao helicóptero, satisfeita.

Eu nunca sonhei em ser mãe, muito pelo contrário fugia da ideia com veemência, tinha muita coisa a conquistar para ter um filho. Mas agora com Paul ao meu lado, mesmo não sabendo se esses eram seus planos eu pensava na possibilidade.

Aproveito para saber de Paul quando voltávamos para Nova York, destravo o celular ligando para seu escritório enquanto encerrava meu dia.

Gabby quem atende. — InGet, escritório do Sr. Vetter.

— Olá Gabby, é a Ângela.

— Olá Srta. Berlin, infelizmente o Sr. Vetter não está mais no escritório.

— Ah, que pena, obrigada mesmo assim.

— Quer que eu procure por ele?

— Imagina, sabe me dizer se ele foi para casa?

Ouço uns papéis farfalhando do outro lado da linha. — Sinto muito senhorita, Sr. Vetter saiu logo após o almoço para uma reunião com o Sr. Jordan e disse que encerraria o dia.

— Obrigada pela informação, Gabby. — Digo me despedindo.

Deixo de lado o celular, terminando de recolher minhas coisas. Susan também estava finalizando as coisas na recepção, apago a luz da sala trancando a porta ao sair. — Susan, pode ir embora também, não quero que faça hora extra.

Ela levanta a cabeça sorrindo. — Estou arquivando os documentos de hoje e já trancarei o andar.

— Ok. — Me despeço entrando no elevador.

Patrick me aguardava conversando com um dos seguranças, assim que me vê vem ao meu encontro. — Srta. Berlin.

— Marquei com Ana de jantarmos juntas, pode me deixar no Thai Shi e depois ir para casa, eu voltarei de carona com ela.

— Senhorita, eu insisto em esperá-la. — diz me acompanhando até o lado de fora da Solftk.

— Patrick, não há motivo para você me aguardar, voltarei com Ana em total segurança. Agora vamos, pois, estou atrasada.

Noto a expressão preocupada de Patrick, ele não ficava nada à vontade quando tirava suas ordens de me seguir como um cachorrinho. — Patrick, fique tranquilo. Paul não vai arrancar sua cabeça por mais que ameace. — Digo relaxando no banco de trás do SUV, observando as gotas de chuva baterem no vidro do carro, logo estaríamos no meio de um dilúvio pela cor que o céu tinha ficado no pouco tempo que estávamos parados no trânsito.

Patrick me deixa em frente ao restaurando tailandês e mesmo com a expressão enfezada, acata minha ordem, mal tinha entrado e pude vê-lo partindo pela avenida.

— Srta. Berlin, quanto tempo. — Margo me recepciona com um largo sorriso.

— Muito mesmo, a correria do dia-a-dia não permite mais que eu desfrute do delicioso cardápio do Thai Shi.

— Você trabalha demais, venha, vou levá-la até sua mesa.

Acompanho Margo entre as mesas, sentando em minha mesa sempre reservada. Pego o celular na bolsa vendo que tinha algumas ligações e mensagens de Ana.

— Deseja alguma entrada ou vai aguardar a senhorita Suarez?

— Vou aguardar, Margo. Obrigada. — Digo retribuindo o sorrido da velha conhecida.

Volto minha atenção para o celular, ignoro as mensagens de Ana decidindo ligar logo.

— Ana?

— Amiga, mil perdões, surgiu um imprevisto na gráfica, estou atolada até o pescoço, se essa remessa não estiver pronta até amanhã, Robert me mata. — Dispara a falar.

— Calma, está bom, eu vou jantar. Afinal já estou aqui.

— Desculpa mesmo, podemos marcar outro dia?

— Claro, eu como o Pad Thai por você.

— Filha da mãe, tomara que todo esse camarão e tofu te engordem.

Rio do tom frustrado de sua voz. — Até mais.

— Até. — Retrucou desligando.


Uma hora depois eu estava completamente satisfeita, sentia meu estômago pesado de tanto que havia comido. Olho para o relógio, ainda não eram nem nove horas. Decido chamar um táxi em vez de ligar para Patrick, ele estava me deixando maluca. Paul tinha colocado seu segurança mais fiel atrás de mim, acredito que só teria sido pior se Philip estivesse no lugar.

Cruzes! Afasto o pensamento saindo do restaurante, a chuva estava mais fraca. Puxo o casaco colocando-o sobre meus ombros, protegendo-me um pouco da temperatura fria da noite. Atravesso a rua passando por alguns carros. Logo mais à frente tem um pequeno ponto de táxi, o trajeto é conhecido por mim. Diversas vezes fiz os mesmos passos com Ana ao meu lado. Assim como hoje, depois de um belo jantar em nosso restaurante favorito, passo pelas pessoas apressadas para escapar da garoa fina.

Infelizmente tenho que passar por um pequeno beco, acelero mais o passo pelo trecho vendo um casal vindo no sentido contrário ao meu. Eles estão sorrindo um para o outro em uma conversa particular, passo por trás não querendo interromper o momento.

Avisto um táxi a uma quadra de onde estou, aperto mais o casaco em minha volta, pronta para estender o braço e chamá-lo. Mas a última coisa que percebo antes de sentir meu rosto sendo coberto por um pano e o cheiro me deixar tonta, turvando minha visão foi o rapaz que estava sorrindo para a moça agarrar minha cintura. Mantendo-me de pé com seu aperto forte, arrastando-me para o beco entre os prédios do centro, enquanto a mulher continuava pressionando o pano em meu rosto.

Só uma coisa me passou pela cabeça no resto de consciência, eu tinha de chamar por Paul, mas foi em vão, ele estava longe demais para saber o que acontecia comigo.


Meu braço doía por causa da pressão usada sobre ele, assim como os ferimentos do tombo no dia anterior ardiam, um pano estava entre meus lábios evitando que eu tentasse gritar. Minha cabeça latejava impedindo que qualquer pensamento coerente passasse por ela. Eu ouço som de passos, duas pessoas, o barulho de passadas era diferente, estão se aproximando. A venda é arrancada de meus olhos e eu vejo que eu estou em uma construção abandonada. Eu posso ver um carro estacionado a alguma distância, reconheço como sendo o carro que me perseguiu por Seattle algum tempo atrás.

O casal do restaurante. Ela não vestia mais a mesma roupa, estava vestida como uma garota desleixada, jeans rasgados, uma camiseta simples e carregava uma arma na mão com um sorriso diabólico no rosto. Um pouco afastado o homem grande que sorria de forma apaixonada para ela na rua, estava me encarando, suas roupas também não eram mais as mesmas que eu me recordava brevemente. E aquela boca delineada... Era ele ontem por debaixo do capuz. Era ele.

Eles trocam alguns olhares entre si, a mulher se afasta, o homem caminha lentamente até parar em minha frente, tampando parcialmente minha visão enquanto ela falava ao telefone.

Ela vira permitindo que eu veja um sorriso em seu rosto e então desliga. — O chefe já está aqui. — diz fazendo seu comparsa olhar para ela. ? Aposto que deseja estar em outro lugar né, queridinha? ? a mulher provoca.

? Você não sabe o quanto. ? Resmungo olhando fixamente para eles. — Posso garantir que tenho coisas muito mais interessantes do que ficar olhando para vocês.

? Eu não acredito que você ainda não perdeu a sua pose, se acha a dona do mundo, Ângela Berlin. — Lian surge por uma porta, que não havia reparado. Vindo a passos decididos, seu rosto está tão diabólico quanto do casal parado em minha frente. Ele me encara fixamente. Em sua mão tem um telefone.

? Eu posso acabar com essa arrogância, docinho. ? Ela ri em seguida levanta o cano da arma.

? Você vai precisar ser mais convincente em sua ameaça. — Afronto.

? Sua garota patética... ? ela ergue a arma novamente, mas Lian segura seu pulso antes que ela me atinja.

? Guarde isto para mais tarde, Gibson não vai querer pagar o dinheiro se a sua filha não puder abrir a boca por que você estourou a cabeça dela. ? diz calmamente e a mulher se afasta.

? Você tem muita sorte, vadia. ? Cospe. ? Mas ela não vai durar muito.

? Coloque-a nos fundos. Sem água, nem comida. Logo eles começaram sentir falta da cadela e aí será o momento certo para fazermos a ligação. ? Lian diz, dirigindo-se para o homem parado ainda em minha frente como um poste de músculos.

— E você Ângela, vai colaborar com a gente. Ah, querida, não deveria ter me chutado, eu tinha tudo planejado. Um erro tão grande em sua gestão seu pai colocaria você para fora. Eu ficaria com seu cargo e quem sabe teria você em minha cama novamente, mas aí apareceu aquele metido de merda, em Seattle foi apenas um sustinho. Tudo vem sendo apenas pequenos sustos para o grande show.

Ele segura meu rosto, apertando para que não o desviasse meus olhos dos seus.

— Tentamos entrar em sua festa também, mas seus pais foram espertos. Todo o perímetro da casa estava cercado, quando você decidiu dispensar o cachorrinho que andava atrás de você para correr no parque não podia perder minha oportunidade. — Lian olha para seu comparsa com um sorriso nos lábios. — Claus fez um excelente trabalho, foi um susto e tanto, não foi? Confesse. — diz sacudindo meu rosto. — E quando eu finalmente tiver o que quero, você não passará de um corpo qualquer em uma vala. — Ele me solta empurrando minha cabeça para trás, todo meu corpo estava rígido e doendo.

? Eu não vou colaborar merda nenhuma, vocês vão apodrecer na cadeia. Seus vermes! Desgraçados!

Então eu sinto, o punho se conecta com minha bochecha. Minha pele arde, eu sinto isso nos meus ossos. Eu grito quando minha cabeça sacode violentamente.

? Cala a boca! ? Lian grita em cima do meu rosto. ? Ou eu vou socar tanto esse rostinho que eu duvido que Vetter ache você bonita depois que eu fizer meu trabalho. Ou eu posso simplesmente tirar algum proveito. — Lian desce sua mão por meu pescoço, enganchando os dedos no decote de minha blusa. Seus olhos estavam maliciosos, ele não tinha mais nenhum pudor.

Sacudo na cadeira tentando me afastar de seu toque. ? Tire suas mãos imundas de mim. — Grito.

Lian acerta meu rosto novamente fazendo minha cabeça virar para o lado esquerdo encontrando o olhar do outro homem. Sua mão força o tecido de minha blusa, rasgando-o, expondo meu corpo com um sorriso demoníaco no rosto.

? Eu pensei que tinha dito para não tocarmos nela até fazer a ligação. ? A mulher sorri perversamente para mim.

? E não é, estava apenas... Dando um aviso. ? Lian completa. ? Vamos levá-la para trás.

O outro homem — Claus — tira uma das amarras de minha mão, soltando-me da cadeira, firma ainda mais a outra corda e começa a me empurrar para o fundo da construção onde eu posso ver algumas portas. Meu Deus, eu preciso sair daqui minha bochecha ainda está latejando. Eu olho para os lados, mas eu não vejo nenhuma saída. Ele abre umas das portas me empurrando contra o concreto, bato a cabeça sem ter como me apoiar já que estou com as mãos amarradas nas costas.

Apago quase imediatamente. Meu último pensamento é que eu não disse nenhum “eu te amo” para as pessoas com quem eu me importo. Eu nem sei se vou conseguir sair daqui, muito menos sobreviver. O medo se lança sobre mim com força e, então eu apago.


CAPÍTULO 43

Paul vetter

 

“Estamos retornando de Buffalo. Pelo cronograma

acredito que retornaremos daqui umas duas horas

para o Solftk.”


Eu estava a caminho de Nova York quando visualizei a mensagem de Patrick, tinha conseguido resolver tudo mais rápido que pensava. Realmente Jordan estava se empenhando para pegar o ritmo da empresa, era esperto e tinha agilidade em seu raciocínio.

Depois do jantar com alguns associados, havia passado no Avence e partido para o aeroporto, Jordan percebeu minha aflição desde ontem, eu queria voltar, queria sentir o cheiro de Ângela.

Não via a hora de chegar ao nosso futuro lar e ter ela só para mim.

Ao contrário do que o investigador de Ângela disse, Lian Fitz não tinha sumido, ele fez algumas aparições e compras em lojas de construção. O que tinha me deixado desde que soube com a orelha em pé, Gibson e eu aumentamos a segurança na festa de Ângela, contei o episódio sobre a perseguição em Seattle, apenas para o pai dela. Tanto eu como ele não queríamos deixar à senhora Berlin preocupada e Ângela era uma cabeça dura incrível, bateria o pé dizendo que não tinha o porquê se preocupar.


Afivelo o cinto novamente quando o piloto anuncia que estávamos prestes a pousar. Meu coração está batendo alto, ainda sinto a mesma aflição desde que acordei. São dez horas da noite, olho através do vidro o avião começar a perder altitude.

Consigo ver as luzes piscando na pista, mostrando o caminho para o piloto. Sei que nem avisei, mas estive esperando por esse momento o dia todo. Mesmo não tendo notícias dela pelo resto do dia, ela teria voltado com Patrick para o apartamento e deveria estar jogada no sofá, assistindo aquelas séries horripilantes de terror.

Só de imaginá-la despreocupada, com uma taça de vinho nas mãos já me deixava feliz.

Pego novamente o celular. “Minha linda, como você está?”

Ângela normalmente respondia rápido minhas mensagens, o que teria acontecido? Ia ligar para Patrick quando meu telefone toca. — Paul Vetter.

? Senhor nós temos um problema. ? O tom de voz preocupado.

E eu sei imediatamente que tem algo errado.

? Que problema? ? exijo.

? A senhorita Berlin deixou a empresa mais cedo para ir jantar com a Srta. Suarez. Ela não permitiu que ficasse aguardando sua saída do restaurante, porém como havíamos instalado um rastreador como o senhor pediu, estava acompanhando todos os passos dela. Até que notei algo que chamou minha atenção, ela ficou um bom tempo na rua, perto de um ponto de táxi...

? Patrick fale de uma vez, sem rodeios. Onde está Ângela? — grito no telefone.

? Senhor, eu sinto muito. Quando fui para o local indicado pelo rastreador, era um beco entre os restaurantes do centro, encontrei apenas o celular perto de uma caçamba de lixo. Eu sinto muito senhor...

Eu não sei mais que porra ele continua falando, por que eu não conseguia ouvir merda nenhuma. Eles a levaram. Levaram-na de mim... É só isso que eu posso ouvir. Minha Ângela está na mão de bandidos e tenho certeza que Lian é o mandante e é tudo culpa minha, eu deveria estar lá com ela. Eu deveria ter ficado. Jordan afinal estava se saindo mais do que bem. Agora ela se foi e eu estou perdido...

? Senhor você está aí? ? Patrick pergunta chamando minha atenção.

? Seu idiota, você não pode nem fazer a merda do trabalho direito, eu quero você fora! ? rosno para ele e então eu desligo o telefone, eu puxo outro número na discagem rápida.

Philip atende no primeiro toque e eu já estou rugindo ordens para ele. Eu não me importo se ele tiver que colocar todos os seus homens nas ruas de Nova York. Não me importo se tiver que fechar os aeroportos, não me importa que para tê-la de volta tenha que gastar cada mísero dinheiro que eu tenho. Eu não me importo com nada, eu só quero a Ângela de novo.

Assim que desligo, me lanço para fora do jatinho voltando para o carro alugado a passos largos. Eu preciso encontrar Gibson e contar o que está acontecendo. Ele conhece Nova York como ninguém, terá meios que me ajudaram a encontrar Ângela. E foda-se, eu vou achá-la nem que eu tenha que ir ao fim do mundo.

Quem quer que esteja com ela vai ter os piores dias de suas vidas quando eu colocar minhas mãos sobre eles. Os desgraçados mexeram comigo, eu quero estrangulá-los com as minhas mãos. Vou fazê-los pagar por entrar na minha vida. Ninguém mexe com o que é meu. Ninguém ameaça a minha garota e sai por cima. Ninguém vai tirá-la de mim e estará tudo bem.

Eu vou ter Ângela de volta, custe o que custar.

Sigo direto para a casa dos Berlin, não posso dar uma notícia dessas por telefone, pego a estrada ladeada por bosques e dirigindo a toda velocidade, as árvores ao meu redor não passam de borrões escuros, nem mesmo nas curvas eu desacelero.

Disco o número de Gibson, ele demora um pouco para atender.

— Gibson.

— Gibson, está em casa?

Não tenho tempo para formalidade e papo furado.

— Paul, sim. — Sua voz muda. — Aconteceu algo? Cadê a Ângela?

— É sobre ela que precisamos conversar, estou a caminho de sua casa.

— O que aconteceu? Você não estava em Washington? O que está acontecendo Vetter?

Escuto a voz de Megan no fundo, — Gibson libere minha entrada, em breve estarei aí. — E desligo.


Encontro Gibson e Megan sentados no sofá, seus rostos tem o mesmo semblante, preocupação. John segurança dos Berlin me segue para dentro da casa, fico de frente para eles que se levantam com minha aproximação. Não há modo melhor de contar senão despejar tudo em cima deles.

Conto tudo que Patrick e Philip até o momento haviam me contado, explico que já estava retornando quando recebi a notícia, Megan cai sentada no sofá com as mãos no rosto, chorando em silêncio.

— Não, não. — Gibson tinha se transformado, podia ver a mesma fúria em seus olhos, o mesmo desejo de vingança que ardia dentro de mim. — John traga meus homens aqui imediatamente! — ele grita para seu segurança a poucos metros de mim, que rapidamente some de vista como um fantasma.

— Eu vou virar Nova York de cabeça para baixo Gibson, vou descobrir quem fez isso, Philip e meus homens já estão varrendo cada perímetro do bairro onde ela foi vista pela última vez em busca de pistas, eu vou encontrá-la — digo com convicção e faria isso, eu traria minha Ângela de volta.

Gibson andava de um lado para outro da sala, empurrando uma poltrona que estava em seu caminho, fazendo Megan saltar de susto no sofá.

Ele se vira para a mulher, agachando-se em frente a ela. — Vou encontrar nossa filha meu amor, se eles acham que podem vir e levar minha filha estão muito enganados. — Ele passava a mão pelo rosto de Megan secando as lágrimas que caiam. Ela em nenhum momento falou algo, apenas ficou em silêncio chorando por Ângela.

— Emily — esbraveja.

Do corredor mais distante veio a passos rápidos uma mulher nova, seu vestido preto impecável, os cabelos arrumados em um coque firme. — Sim, Sr. Berlin?

— Leve a Sra. Berlin para o quarto, ela precisa descansar.

Gibson ajuda Megan a levantar, deu um beijo em seu rosto e sussurrou algo em seu ouvido. Ele esperou até que Emily aparando a Sra. Berlin sumisse de vista no andar superior.

? Se algo acontecer a ela... Eu não sei... Não sei o que eu vou fazer, eu vou matá-los.

? Somos dois, Berlin. — Digo olhando Gibson andar de um lado para o outro em sua ampla sala de estar. ? Eu desconfio quem seja o mandante.

Ele para me encarando, esperando que eu continue.

? Lian Fitz.

? Ele não chegaria tão longe, tudo tem uma questão de bom senso.

? Ele faria, como tenho certeza que fez. Lian Fitz sumiu da cidade pouco depois que Ângela descobriu suas fraudes na empresa, mas recentemente ele apareceu perto daqui. Seu cartão foi registrado em uma loja de construções.

Gibson ainda me encarava, engolindo tudo que despejava nele.

? Ele não sumiu, ele ameaçou Ângela e eu aposto o que quiser que ele está metido nisso.

? Temos que colocar alguém atrás dele.

Concordo com breve aceno.

? Se ele teve essa audácia, eu terei o prazer de ensiná-lo algumas coisas.

? Devo dizer que você terá que pegá-lo antes de mim.

 

As noites sem dormir já faziam efeito sobre mim.

? Encontrem-na. — Digo de forma ríspida.

? Estamos fazendo tudo que podemos. — Philip retruca.

Respiro fundo, eu sabia disso, assim como também sabia que estava praticamente esfolando meus homens presentes naquela sala. Philip assim como eu, não havia dormido desde que chegamos à Nova York. Estava sempre liderando as buscas com os homens de Berlin.

? Teremos que envolver a polícia, Sr. Vetter. — diz Harold.

? Não envolveremos ninguém. — Vocifero, virando-me para meus homens, abandonando meu posto perto da ampla janela de vidro do apartamento de Ângela. ? Não envolveremos ninguém até que eu tenha acabado com Lian com minhas próprias mãos.

? Ele já deveria ter ligado, alguma posição já deveria ter sido tomada, senhor. — Sean dá um passo à frente, saindo de perto da porta.

? Sim, eu também estou estranhando. — Confesso.

? Sr. Vetter. E se ele não tiver atrás de dinheiro? — Patrick diz pela primeira vez, ele estava se mantendo afastado, na verdade poucas vezes ficava durantes as reuniões ou trocas de informações. Eu sabia que a culpa açoitava suas costas e ele evitava me encontrar.

? Não quero pensar nisso, voltem para seus afazeres. Enquanto estamos aqui perdendo tempo, Ângela está por aí, Deus sabe como. Pode estar ferida, com frio e fome e nas mãos daquele filho da puta.

A dor aguda que tinha se instalado em meus ossos estava mais forte hoje, tirando o ar de meus pulmões. Completo meu copo com mais uma dose de uísque, tentando aquecer minhas veias congeladas. Eu precisava encontrá-la.

A chuva batia com força na parede de vidro, embaçando minha visão do Central Park, trazendo lembranças de Ângela. Do dia que nos conhecemos, aquele olhar mortal que me lançou quando a desafiei. De suas mãos passando pelo meu corpo enquanto eu devorava seus lábios no carro, logo que chegamos a Washington.

Quando eu a espiava secretamente trabalhando, sua garra e decisões firmes diante os funcionários. O dia que me desafiou e acabamos sendo pegos transando no sofá de minha sala.

Ângela tinha me dado os momentos mais loucos e deliciosos, ela tirava meu ar, mas também injetava vida em minhas veias. Estar a ali parado no meio de nossa futura casa, estava me sufocando. Era como um lembrete do que eu perderia caso não encontrasse Ângela, eu não podia permitir que esse tipo de pensamento se alojasse e fizesse morada em meu cérebro. Eu encontraria Ângela e puniria quem tentou tirá-la de mim.

Eu iria até o fim do mundo para punir quem tinha ousado tocar em minha mulher, faria com que todos os envolvidos pagassem bem caro.


CAPÍTULO 44

 

Acordo com a claridade batendo em meu rosto, que vem de uma janela no alto da parede contendo grades. Não sei há quanto tempo estou presa, eu fico me perguntando se Paul já sabe o que aconteceu e se ele está me procurando, com certeza Patrick deve ter achado estranho eu não retornar do jantar. E o meu pai? Se ele já sabe, deve estar louco, minha mãe provavelmente está em lágrimas.

Lian cumpriu com a sua promessa, não me deu comida, nem água, só tenho uma pequena noção de tempo pela claridade que some através daquela minúscula janela. Minha boca está seca e dolorida, meu corpo tem marcas espalhadas das cordas e dos tapas que ele deferiu em meu rosto.

Ouço passos se aproximando, sei que o inferno está longe de terminar. Lian tinha falado para sua comparsa que em algum momento ligariam para meu pai. A porta é escancarada, Lian aparece com a mulher ao seu lado. Eles são dois imbecis. Pergunto-me onde o outro idiota está.

? Dormiu bem, querida? ? Lian zomba, ainda usando o apelido carinhoso que tanto usou comigo.

Sinto-me suja por cada vez que ele encostou em mim, por cada pensamento que tive sobre ele. Tanto eu, como meu pai achávamos Lian um homem honesto, mesmo não concordando com sua nomeação no escritório, nunca verbalizei isso. Tínhamos jantares e almoços amigáveis, confiava nele como meu representante em reuniões, contratos de milhões eram dedicados para que desse sua opinião e atenção, ele próprio tinha participado de diversos jantares ou ocasiões especiais na residência de meus pais.

? Parece horrível. Uma verdadeira sem teto. ? A mulher ria.

Encaro com ódio o sorrisinho que eles trocam.

? Vamos acabar logo com isso. ? Uma voz grossa surge pelo vão da porta. ? Está na hora de ligar e pedirmos o resgate.

— Para que tanta pressa Claus? — Lian se vira encarando o homem de cara fechada na porta. — Essa putinha vai fazer exatamente o que eu disser ou ela vai arrancar a sua língua. — Completa apontando para a mulher apoiada na parede.

? Eu não vou cooperar.

Lian faz um gesto de cabeça para sua comparsa, ela lança uma bofetada com a mão aberta contra o meu rosto. Minha cabeça balança um pouco, mas eu me seguro.

? Abra sua boca outra vez para dizer algo assim e os meus punhos vão estar na sua cara. Você já não parece tão bonita, então é melhor fechar a boca.

Mesmo vendo o cara de desaprovação de Claus, ele não faz nada para impedi-los. Olho para ele, algo em seu olhar o trai, mas ele logo recompõe a cara de indiferença.

A tal “docinho” vem para trás de mim puxando os meus cabelos, obrigando-me a ficar de pé, caminhando comigo para fora. Ela força meu corpo, fazendo me sentar em uma cadeira e fica em pé ao meu lado. Lian dá a volta, sentando-se de frente a mim com um telefone celular na mão.

Percebo que era um telefone descartável, até agora ele tinha sido bem esperto, esperou o momento certo para me pegar, um momento de total descuido da minha parte, devo ter deixado meu celular na entrada do beco quando fui surpreendida, com isso não podiam me localizar nem pelo GPS, estávamos isolados. Duvido que este local fique perto de áreas povoadas.

Era decrépito demais para estar no centro. Pelo tempo que fiquei no cômodo fétido que eles haviam me colocado, nenhum barulho era produzido ou se infiltrava pela pequena janela no alto da parede.

Apostaria que estávamos perto de Michigan.

Lian sorri friamente e começa a discar os números. Quase que imediatamente eu o ouço dizer:

? Berlin, acho que sabe o porquê estou ligando. Você pode tê-la de volta, ou pelo menos uma parte dela. ? Lian diz rindo alto, desafiando meu pai.

? Chega de ameaças, eu sou o único com o poder aqui. ? Ele para, faz estrala os dedos, à mulher pega um punhado dos meus cabelos nas mãos, puxando com toda a sua força.

Grito, lágrimas surgem nos meus olhos, escorrendo pelo meu rosto, quentes como a raiva que se acumulava em meu peito.

? Você está ouvindo isso? Cala a boca Vetter ou sua querida namoradinha vai sofrer mais um pouquinho... Isso é apenas um aperitivo do que está por vir se você não fizer o que eu disser... — ele faz uma pausa. - O que eu quero? Vejamos... Que tal um milhão de dólares, por que não? Já que ela é preciosa para você também.

Lian me encara com olhos escuros de maldade e um sorriso perverso no rosto. Que me faz estremecer. ? Um milhão de dólares e eu prometo entregá-la com vida...

? Não! ? grito.

? Cala a boca sua estúpida! ? o cara, Claus — me repreende.

? Eu não estou tocando a minha mão nela Vetter, eu juro. ? Lian afirma ? Ela está irritando um pouco meus parceiros, principalmente Marta, mas talvez eu possa segurar por algum tempo se você me prometer o dinheiro... — Lian fica em silêncio escutando. ? Ah sim, perfeito Vetter. A troca será às vinte horas e nada de gracinhas. Eu juro que se você tentar qualquer coisa eu estouro os miolos dela. Anote o endereço, você não vai querer perder a única chance de encontrar a sua preciosa putinha.

Lian passa um endereço para Paul e em seguida sem mais nenhuma palavra desliga o telefone, sorrindo para o nada. ? Vamos conseguir. ? Afirma olhando para a mulher que agora sei que se chama Marta. ? Ele está furioso, mas não quer ariscar a vida da putinha, nem Gibson permitiria, vamos ter o dinheiro e vamos embora.

? Você acha que vai ser fácil assim? ? Marta pergunta. ? Acha que ele vai nos dar o dinheiro e deixar a gente escapar?

? Marta querida, quando tivermos um milhão de dólares na nossa mão, ninguém vai nos alcançar.

? Eu espero que você esteja certo, mas de qualquer forma vamos nos preparar para uma emboscada. ? Claus diz.

? Mas é claro, por isso que você vai ter uma arma e você, docinho, vai ter uma apontada diretamente para a cabeça da Srta. Berlin. Qualquer movimento errado de Gibson ou de Paul Vetter eu quero que você atire. Eu quero ter a certeza que se eu não conseguir o que eu quero, Gibson perderá aquilo que mais ama. Você devia ter me deixado roubar a Solftk em paz queridinha, mas não, quis fuçar onde não devia. — Completa olhando para mim com ódio.

? Vocês não vão escapar seus idiotas! ? resmungo.

? Acho que está na hora de mandar um presentinho para o seu noivo. ? Lian diz enquanto ele caminha na minha direção. ? Só vou deixar as coisas um pouquinho mais feia para o seu lado.

? Covarde! ? grito.

Logo Lian tem os punhos cerrados sobre o meu rosto, eu acho que ele me bate pelo menos umas três vezes, vejo Claus voar sobre ele, contendo-o em seus braços e falando algo sobre exageros, antes que eu apague novamente.


CAPÍTULO 45

Paul vetter

 

O meu telefone vibra em meu bolso, pego rapidamente esperando que sejam notícias de alguns dos meus homens, mas o que eu vejo faz com que a raiva dentro de mim cresça sem limites.

Filho da puta desgraçado , quando eu colocar as mãos sobre ele eu vou esmagá-lo até que não sobre um único pedaço, vou sentir prazer vendo seus ossos se quebrarem como um graveto.

Eu me sinto doente em olhar para a imagem que eu recebi.

Ângela está desmaiada, seu rosto de cheio de hematomas, vermelho e alguns roxos. Seus olhos estão fundos, seus braços e pernas amarrados. Ele está a maltratando, está a machucando e eu estou aqui impotente.

? Gibson olhe o que ele me mandou. ? Rosno passando o telefone.

? Vamos fazer isso logo, estou cansado de esperar.

? Philip as maletas estão prontas? ? pergunto.

? Sim chefe, tudo certo.


Quando soubemos que Ângela havia sido raptada, eu e Berlin nos juntamos para descobrir onde ela estava e como salvá-la. Passamos cinco dias procurando Ângela incansavelmente por toda Nova York, nem mesmo o conhecimento de Gibson ajudou a descobrir o paradeiro dela. Eu já estava enlouquecendo quando Lian ligou pedindo o resgate, toda a fúria que estava guardada veio à tona e ouvir os gritos de Ângela ao fundo me fez afundar ainda mais nessa raiva.

Lian estava em Michigan, um bairro totalmente abandonado. Ele tinha sido esperto, tirou Ângela do foco, deixou os dias passarem, aumentando nossa angustia. Ele sabia que precisava mantê-la viva, senão não conseguiria a grana que estava pedindo. Mas isso não impediu aquele filho da puta de tocar e maltratar minha mulher.

Um galpão abandonado no centro comercial de Michigan foi a sua escolha. Um dos enormes galpões da antiga fábrica industrial em ruínas, não havia residências ou qualquer outra coisa que traria desconfiança para o que estava acontecendo dentro da fábrica. Só há duas saídas, uma pela frente e outra por trás. As portas eram grandes e havia poucas janelas, a equipe de Berlin começou a observar o movimento assim que Lian passou o endereço, nenhum passo poderia ser precipitado. Tínhamos que ter tudo sobre controle, para que nem a Ângela ou qualquer um de nossos homens corressem riscos.

Porém, o que eu realmente queria era apontar uma bendita arma na cabeça dos bandidos. Lian não tinha mentido, dois comparsas estavam se revezando em cuidar de Ângela e olhar o perímetro, mas nem isso tirou minha vontade de entrar estourando seus miolos. Infelizmente isso não podia ser feito, não queria arriscar de jeito nenhum que Ângela fosse atingida nessa loucura.

? Quando estivermos lá dentro vamos concluir a troca de maneira civilizada, deixe que Lian pegue o dinheiro. ? Gibson instruía seus homens. ? Não quero nenhuma movimentação errada, deixem que ele pegue as maletas, se atentem aos comparsas. O mais importante é Ângela chegar em segurança até nós.

? E no momento que ela sair daquele lugar, totalmente em segurança, eu cuidarei pessoalmente de Lian Fitz. ? Digo.

? Está na hora Vetter.


Conduzo o carro entrando direto pelo portão grande que está aberto. É um espaço pequeno, não há lugares para se esconder e eu preciso tirar Ângela dali rápido. Estaciono o meu carro quebrando o silêncio.

Gibson me passa uma das maletas saindo do carro, caminhamos metade do caminho quando a porta se abre e Lian sai, ele ostenta a arma em uma das mãos. Atrás dele vem o casal puxando Ângela pelo braço.

Ela está com as mãos e a boca atadas. Nunca vou esquecer do seu olhar. É dor, angústia, agonia, saudades, tudo misturado. Meu peito se aperta. Calma meu amor ? penso tentando transmitir isso em meu olhar.

Eu quero chegar até ela e tomá-la nos braços. Dou dois passos para frente indo em direção a Ângela, com os punhos cerrados e a mandíbula tensa.

? Fique onde você está Vetter. ? Lian ordena. ? Ou nós não vamos nem ter a oportunidade de uma troca.

A mulher empurra Ângela, apontando a arma para sua cabeça.

? Você vai pagar pelo o que está fazendo, eu juro.

Ele solta uma gargalhada alta, preenchendo meus ouvidos com sua satisfação em ter a única coisa que me prende no lugar nas mãos. Ângela, o bem-estar dela.

? Eu estou aqui, as maletas também, vamos trocar. — Gibson dispara.

? Claro, vamos. ? Lian diz. ? Coloquem as maletas no chão abertas.

Gibson e eu damos alguns passos, colocando as maletas abertas no chão, então voltamos para o nosso lugar. Lian caminha até a frente, toca no dinheiro conferindo se é verdadeiro, seu sorriso triunfante como se soubesse que conseguiu tudo o que queria. ? Ótimo.

? Solte a Ângela. Agora. ? Gibson ordena.

? Claro. Solte-a docinho. ? Lian diz com voz melosa para sua comparsa, que no mesmo instante libera os braços de Ângela.

? Caminhe bem devagar até eles, querida. ? Ele segura o rosto de Ângela quando ela tenta passar por ele, isso faz meu sangue ferver, minha visão se turva tamanho ódio que sinto. ? Foi ótimo fazer negócio com você e devo dizer que foi ótimo o tempo que eu puder foder você. ? Lian acrescenta com um sorrisinho.

Ângela vira a rosto, escapando do aperto que ele faz em sua pele, se abraça tentando esconder o enorme rasgo em sua blusa e eu só rezo para que ele não tenha feito nada com ela, que não tenha feito nada com ela. Cada mísero segundo martela em meus ouvidos como um relógio gigante.

Ângela continua encarando Lian e então faz o impensável. Ela cospe no rosto de Fitz, fazendo ele gargalhar ao se limpar. A mulher que permanece perto de Lian volta a apontar a arma para cabeça dela, fazendo eu e Gibson darmos mais um passo na direção deles.

? Sr. Vetter, não faça movimentos. Permaneça onde está. Tenho ele na mira. ? Escuto Phillip pelo ponto eletrônico que eu e Gibson estamos usando.

? Você é corajosa, tenho que parabenizá-la por isso. ? O sorriso de Lian some. ? Vá, antes que eu me arrependa por não dar um tiro em você.

Ela começa a vir na minha direção a passos lentos enquanto a comparsa de Lian mantém a mira da arma apontada nela. Eu vejo lágrimas nos olhos e nas bochechas, eu só quero tirar a dor dela, quero que tudo acabe.

Lian toma as maletas em suas mãos, indica para o outro cara segui-lo, indo para uma porta lateral de saída. Eu sei o que tem lá, é seu meio de fuga, mas ele não vai conseguir. No momento em que Ângela chega até mim, eu passo ela para os braços de Gibson que começa a levá-la para o carro.

Ela tenta se virar, tentando segurar meu braço, mas Gibson não à solta, assim como tínhamos combinado e continua andando. Pego minha arma e corro pela porta lateral onde eles sumiram apenas um minuto antes, atiro algumas vezes desviando quando Lian revida, corro o máximo que consigo derrubando-o no chão já socando sua cara.

Congelo quando escuto um tiro, olho para baixo tentando ver sangue, porém não estou sentindo dor, Gibson atirou em Claus. Vejo-o por cima do ombro cair duro no chão, uma poça de sangue já se formando em seu peito, ele abre a boca para falar algo, mas sua cabeça cai no chão. Morto.

Volto meus olhos para Lian que está praticamente desacordado de tanto que bati nele. Gibson agarra os meus ombros, puxando-me para trás.

? Porra me solte! — Rosno.

Destravo a arma com o dedo no gatilho.

? Ele vai ser preso, será melhor assim, você não quer sujar suas mãos com este homem.

? Não, eu não posso deixá-lo ir.

? Você não é um assassino, você não vai querer isso martelando na sua cabeça para sempre, mesmo que tenha sido para vingar a mulher que você ama. Solte-o, agora. ? Gibson ordena.

A arma ainda está apontada para a esta de Lian, o dedo pressiona de leve o gatilho. Mais um pouco de pressão e ele teria o fim que merece, mas Gibson está certo, mesmo que isso esteja corroendo meus pensamentos desde que cheguei a Nova York. Eu não sou assassino.

Solto o gatilho relutante e me afasto. ? Vamos deixar que os outros cuidem dele.

? Senhor. ? Ouço a voz de um dos meus homens, ele surge na porta segurando a arma em punhos.

? A mulher? — Questiono.

? Sim senhor. Já cuidamos disso. Senhor cuidado!

Eu me viro para ver sobre o que ele está falando, mas não é comigo. Ele está alertando Gibson, Lian está com a arma em mãos, o tiro ecoa pelo galpão.

Levanto minha arma novamente e atiro sem piedade, assim como o meu homem. Cinco tiros e o filho da puta está definitivamente morto.

Viro vendo Berlin pálido encostado em uma pilastra.

? Acertou você?

? Não. Mas foi por pouco. — Ele olha onde o tiro chicoteou na pilastra alguns centímetros de seu braço.

? Pelo menos você continua ágil. — Solto uma risada baixa, no meio de todo o caos, ainda tinha espírito para fazer piada. Pelo menos agora que Ângela estava finalmente a salvo, eu poderia até dançar.

Gibson estreita os olhos, ele próprio rindo de meu comentário.

? Pai, Paul! ? Ângela grita, ela se desvencilhando dos braços de Philip, correndo na direção do pai.

— Está tudo bem, minha menina.

? Pai eu sinto muito. ? Ela chora, o rosto colado no peito do pai. ? Desculpe, eu sinto tanto.

? Já passou Ângela, está tudo bem.

Philip se aproxima de mim. — Cuidaremos de tudo senhor, daremos fim nos dois e quanto a mulher o que o senhor deseja que façamos? — sussurra em meu ouvido.

— Ligue para o Will, depois que ele tiver a caminho ligue para o delegado Laércio, ele vai encobrir tudo que aconteceu aqui. — Torno olhar para Ângela.

Ela se afasta com os olhos brilhando, lágrimas no rosto. Ela está tão machucada, mas graças a Deus acabou. Ângela se separa do pai e corre ao meu encontro. Eu a abraço apertado, como eu queria fazer o tempo todo.

? Não foi sua culpa, nada disso. Agora acabou, vamos embora.

? Eu amo você, tive tanto medo de não voltar.

? Eu tive medo de perder você, mas nós estamos aqui agora, vamos esquecer tudo. ? Sussurro.

Ela concorda me dando um beijo suave, tento não fazer pressão em seus lábios machucados, mas não consigo. A saudade e o medo eram tantos que a única coisa que me importo é seu corpo colado no meu, nem com Gibson pigarreando nos soltamos. Tudo que importa é isso, ela está aqui, ela é minha. Minha Ângela . — Penso com felicidade.


CAPÍTULO 46


Faz sete semanas que eu passei pelo pior momento da minha vida. Graças ao meu pai e ao meu noivo tudo acabou bem. Ou pelo menos da melhor maneira possível. Meus machucados e hematomas desapareceram aos poucos, o que me deixou muito feliz, por que eu fiquei horrível depois de tudo o que eu sofri.

Sinceramente não sentia remorso pelo fim dos bandidos. Eu não conseguiria viver em paz sabendo que eles poderiam sair da cadeia a qualquer momento com mais sede ainda de vingança. Paul, meu pai e eu concordamos que aumentaríamos a segurança.

Na empresa novos crachás seriam feitos, a segurança seria reforçada. Poucos dias após meu rapto, voamos para Washington, Paul tinha alguns compromissos na empresa e fazia questão de estar perto de mim.

Paul ficou comigo em toda a minha recuperação, cuidando e zelando pelo meu bem-estar, nossos projetos para o futuro estavam prosseguindo com sucesso. Compramos o apartamento da senhora Amber, ? minha vizinha ? que vendeu feliz da vida quando viu a quantidade de dinheiro que Paul ofereceu.

Com a ajuda de minha mãe e a Sartori Design o apartamento começou a receber as modificações que planejávamos, unindo os dois apartamentos e fazendo uma ala apenas para os empregados e seguranças. Philip e Célia estavam organizando a mudanças para Nova York depois de nosso casamento, a Sra. Ramirez mesmo insistindo preferiu ficar com sua casa modesta e continuar sendo apenas nossa governanta, já que Célia dividiria o trabalho com ela. Patrick também ficou conosco como meu motorista e segurança particular.

Paul finalmente me obedeceu e tinha pedido pelo menos uma desculpa para Patrick, afinal quem o dispensou naquele dia fui eu.


E então chega o dia da inauguração do edifício InGet Sartori e também à noite que marcaria para sempre a união entre uma Berlin e um Vetter nos negócios. Estou tão empolgada, por que eu sei que depois que Paul fizer o discurso, ele estará passando para mim também o comando deste edifício, mesmo deixando Paul arcar com os negócios, pois tenho a Solftk, mando aqui tanto quanto ele. Fizemos questão de estar na mesma posição, não que brigar por poder não seria extremamente divertido com Paul. Se uma coisa que aprendi nos dias que passei ao seu lado em Washington foi que “brigar” por poder era uma chama a mais no sexo. E sexo de reconciliação, sempre era maravilhoso.

Olho para o meu reflexo no espelho, respirando fundo algumas vezes para controlar meu nervosismo.

Vejo primeiro meus olhos cor de mel. A maquiagem perfeita, a sombra realça e marca bem o meu olhar. Meus cabelos estão presos em um coque firme e elegante, combinando com o meu vestido.

Ah, o meu vestido.

É sem dúvidas um dos mais bonitos que eu já coloquei. Ele tem um corpete bem justo ao corpo, todo de brilho caindo solto pela cintura até o chão na cor verde água, delicado com decote simples, porém muito elegante, um decote menor na frente e um quadrado nas costas. Deixando o corpete brilhante ainda mais bonito.

Estou satisfeita com minha aparência. Vejo refletido no espelho acima de tudo uma mulher linda, confiante e que sabe exatamente o que quer. Espirituosa como sempre, capaz de dominar homens e mundos. Mas principalmente amando e sendo amada. Não tenho dúvidas de que esse é meu lugar agora e devo continuar seguindo as escolhas que o meu coração fez.

Paul me aguardava na entrada, pego sua mão dando um sorriso, somos bombardeados de pessoas a cada passo que dávamos pelo salão. Toda a família Vetter estava aqui, meu sogro, minha sogra, Jordan com Suria, a mesma asiática que estava com ele no jantar de Leila e também Julis com Mary. Alguns amigos também estão aqui, como Nic e Greg que vieram com Ana. Vejo até mesmo a minha assistente em algum lugar atacando uma travessa de comida.

A mídia estava por todo o lugar, Julis liderava alguns dos fotógrafos, que estavam mais que empenhados em fotografar eu e Paul por causa do noivado e querendo mais que tudo especulações sobre o casamento, sobre nossa agora anunciada sociedade, afinal não éramos parceiros apenas na cama, mas principalmente e constantemente desafiando um ao outro no poder.

Paul podia ter cedido o lugar de presidente para Jordan, assim ficando comigo em Nova York, mas nunca deixou de ser o CEO arrogante e gostoso que cruzou comigo me desafiando, me instigando a provocá-lo.

? Você está cada dia mais linda. ? Paul sussurra quando nos aproximamos do palco improvisado no amplo saguão da empresa.

? Acreditei por um momento que tinha errado na escolha de figurino.

Paul ri ao meu lado. ? O vestido é lindo, você está deslumbrante e os homens babando. — Ele faz uma careta de desagrado. — A mulher mais linda na festa, mas você já sabe disso. ? Ele se vira plantando um beijo delicado em meu rosto.

— A propósito, você está muito sexy.

? É sempre bom ouvir isso da minha linda esposa.

Agora foi minha vez de retrucar, não perdia uma oportunidade para torturá-lo. ? Noiva. ? Corrijo. ? Eu ainda sou Ângela Berlin.

? Ah, por pouco tempo minha linda, pouco tempo. ? Paul solta uma ameaça velada, mas seu sorriso traía seu tom.

Imito seu gesto, bufando, ajeitado meu penteado. ? Você deveria saber com quem está se casando, garanhão. Não me levará facilmente.

? Minha linda, você deveria aprender a não desafiar seu futuro marido.

? Conversamos sobre isso mais tarde. — Já sentia meu corpo fervendo de desejo por ele, suas provocações me excitavam, me faziam quer desafiá-lo, querê-lo ainda mais.

? Perfeito. ? Concorda. ? Quando você estiver amarrada na minha cama, eu posso conseguir o que eu quiser.

? Mas que...

? Ângela. ? Meu pai interrompe se aproximando. Ele estava lindo, muito elegante em um terno escuro. Mamãe estava ao seu lado, divina em um vestido azul Royal longo. ? Que evento magnífico. Paul me mostrou a empresa mais cedo, está tudo perfeito. Realmente vocês fizeram um excelente negócio.

? Sim. Está tudo perfeito. Você conheceu nosso andar?

? Sim, uma obra arriscada.

? Mas ficou lindíssima, minha filha. ? Minha mãe acrescenta com um sorriso.

? Mesmo não querendo assumir. ? Digo sorrindo para Paul. ? Tenho que confessar que as modificações que Paul tanto insistiu para realizar em nosso andar ficaram maravilhosas.

Paul me abraça, dando um enorme sorriso.

? Peço licença, mas temos que dar o discurso ? diz levando-me para o palco.

Todo mundo fica em completo silêncio quando pede atenção. Paul me dá a palavra, indicando que iniciássemos com meu discurso.

Começo com uma pequena introdução falando apenas sobre a Solftk, o crescimento da nossa Indústria. Os projetos sociais finalmente aprovados em Buffalo e da satisfação que eu e todos que trabalhavam comigo estavam tendo. Paul ficou junto de mim no palco anunciando nossa parceria, falando sobre nossas ideias, sobre o projeto e finalidade daquela fusão. Principalmente para o futuro que queríamos na InGet Sartori. E de como tudo isso levou a uma sociedade que acabou dando muito certo.

Por fim anunciamos que a InGet Sartori marcava a união nos negócios entre os Berlin e os Vetter e o momento que estava aguardando chegou, Paul iria anunciar seu pequeno afastamento assim como anunciar o novo Co presidente de sua empresa.

? Como vocês sabem, venho sendo presidente da InGet por longos anos, anos esses que tenho somente o que agradecer. Foram anos de uma empreitada satisfatória, mas o momento de me ausentar está chegando. Onde o tão competente e bem treinado Jordan Vetter sinta como é ser presidente, como isso pode deixá-lo de cabelos brancos, — Paul tira algumas risadas dos convidados, dando suavidade para o discurso. — Infelizmente a vida não segue um curso de forma infinita, as coisas mudam, ideias vêm e vão, assim como planos. O meu plano mudou, tanto eu como Ângela Berlin nos doamos muitos para fazer da InGet Sartori um projeto inovador e uma empresa realmente preocupada com o bem-estar de todos. É por isso que a partir de agora a InGet Corporations, InGet Solucions e a InGet Sartori serão comandadas por Jordan Vetter, Ângela Berlin e por mim.

Foi o momento de silêncio mais longo da minha vida. Era como se todos estivessem congelados. Ouve suspiros longos e dramáticos até que as salvas de palmas encheram o ambiente, seguido de jornalistas gritando para fazer mais perguntas, os fotógrafos mirando de Paul, para Jordan, em seguida para mim.

Paul convida Jordan para subir no palco, ele vem a passos largos dando um daqueles abraços, meio aperto de mão em Paul, me dá um beijo no rosto. Sempre alegre. Sempre brincalhão.

? Ângela Berlin. ? Paul declara ao microfone. ? CEO da Solftk Inc. E a nova diretora executiva da companhia e Jordan Raymond Vetter, novo Co presidente da InGet Corporations e Solucions.

Dou apenas um passo em frente, Jordan pega a tesoura dividindo-a comigo, juntos, eu e os Vetter cortamos a fita dourada dando início a uma nova era.


CAPÍTULO 47

 


Eu vou me casar.

MEU DEUS! Eu vou me casar!

Isso é tudo o que penso no momento, em cada segundo enquanto eu contemplo pela janela do quarto os preparativos. É surreal. Tudo está incrivelmente lindo, exatamente como eu queria que fosse. É quase perfeito demais para ser verdadeiro, e isso me assusta um pouco.

Juro que estou tentando pensar em todas as coisas boas que vem com o casamento, estou trabalhando em minha mente para que eu não faça nada de errado. Agora sei que é Paul, ninguém mais me dobraria. Me desafiar como ele faz, ninguém foi homem o bastante para me render. Eu quero muito me tornar a esposa dele hoje, eu sei disso, sei que é o que eu mais quero.

? Ângela respira. ? Ana diz, enquanto eu caminho de um lado para o outro.

? Filha, você precisa se acalmar. ? Minha mãe pede, quase fazendo um coro com Ana, em seguida entrega-me um copo de água com açúcar.

? Estou calma. ? Digo. ? Estou calma, estou calma... Estou nervosa! Estou uma pilha de nervos.

? Ângela, pelo amor de Deus, você precisa se acalmar.

? Você quer ficar sozinha? Talvez um minuto para pensar antes do grande momento? — Minha mãe pega o copo de minhas mãos.

? Isso, preciso de um minuto, é isso.

? Tem certeza? ? Ana me olha com dúvida.

? Tenho. ? Confirmo. ? Vão, quero ficar sozinha.

Sento-me no enorme sofá em frente ao espelho e olho para o meu reflexo. Tudo está exatamente como eu queria que ficasse. Desde a cerimônia, a festa, até o meu vestido e o resto da organização. Tia Silvia e minha mãe cuidaram de tudo com perfeição. Deixaram-me decidir cada detalhe e apoiaram-me em tudo.

Paul e eu escolhemos a praia de Cape Hatteras, na Carolina do Norte para nosso casamento. A areia branca, a água cristalina dava exatamente o clima que queríamos. A festa será na praia também, foram montadas várias tendas brancas ao longo da faixa de areia. Todos os meus convidados estão vestidos confortavelmente, sem muito luxo ou preocupação.

Não há mídia, os únicos fotógrafos são os nossos. Acredito que estejam reunidos hoje em torno de oitenta pessoas. Todos foram hospedados no hotel e tanto a família de Paul como a minha estava hospedada em uma enorme casa que alugamos para esse momento, Paul e meu pai após muita discussão acabaram concordando em dividir o custo, meu pai por questão de tradição e Paul não queria de jeito nenhum abrir mão disso. E ainda que tudo esteja tão certo, sinto-me extremamente nervosa. Tenho medo que algo dê errado.

Eu não consigo entender os reais motivos dos meus medos, só sei que eles existem e perseguem-me nesse momento. Ouço uma batida baixa na porta, em seguida uma voz tão conhecida para mim. ? Minha linda? ? Paul chama em uma voz baixa. Levanto-me às pressas e corro para a porta mesmo que ele não tenha tentado abri-la.

Ele não pode ver meu vestido! Eu não posso ter azar justo hoje!

? Não abra essa porta! ? digo ríspida. ? O que você acha que está fazendo aqui? Está louco? Você não pode me ver ainda!

Paul solta uma risada baixa. ? Meu amor, eu não estou vendo você, fique tranquila.

? Por que você está aqui? Vamos nos casar daqui a pouco, você deveria ir. Você não deveria estar aqui. Ai meu Deus, você está desistindo? Paul Raymond Vetter eu vou matar você!

? Ângela, se acalme! — Paul está gargalhando, o que me dá um misto de raiva por estar zombando de meu nervosismo e de alivio por ele realmente não estar querendo desistir.

? Eu juro que vou dar um soco em você, se continuar rindo de mim. — Ameaço.

? Desculpe minha linda, mas eu vim aqui justamente perguntar a mesma coisa. Se você estava pronta para ser minha.

? É claro que eu estou. Por que você está me perguntando isso?

Mas na mesma hora relembro de sua mãe me contando sobre Paul ter sido largado no altar e meu coração aperta. Ele deve estar tão ansioso e nervoso como eu, se eu sinto meu corpo todo tenso, imagine Paul que já passou por isso e no final se viu largado pela ex no altar.

? Eu só queria ter certeza. ? Murmura, sinto nervosismo presente em sua voz. ? Você está nervosa?

? Demais. ? Sussurro.

? Eu também, mas eu quero isso, Ângela. Eu nunca tive tanta certeza de querer uma mulher na minha vida como eu quero você. Eu não sei o que você fez comigo, mas eu só consigo pensar em você. Eu vivo para ver o seu sorriso, para escutar a sua voz, sentir o seu perfume. Ângela, eu quero sentir e viver isso pelo resto da minha vida.

Mesmo sem vê-lo, sei que ele assim como eu está encostado na porta, sinto o magnetismo entre nós e, mesmo ainda sem olhar para seu rosto sei que um sorriso está presente.

? Paul? ? chamo.

? Sim?

? Será que você pode ir para o altar? Eu gostaria de me casar agora.

Escuto sua risada gutural. ? Amo você, linda.

? Amo você, coisa sexy.

Ouço Paul se afastando. Espero até ter certeza que ele se foi, para abrir a porta e espiar o corredor. Ouço vozes femininas, sei que minha mãe e minha melhor amiga estão por perto. ? Estou pronta para me casar! ? grito, quase que no mesmo momento vejo elas correndo na minha direção com sorrisos imensos, aliás, eu também estou sorrindo deste jeito.

Meu vestido era o famoso dois em um, tinha uma saia curta por baixo para a festa na altura dos joelhos solta, enquanto a longa usaria para cerimônia ao pôr do sol. Um belo decote em formato de coração na frente e uma renda até o final de minhas costas. Meu cabelo está solto, como não queria véu e nem grinalda providenciamos um penteado, onde acrescentamos pequenos raminhos com flores no cabelo.

Meu coração está acelerado por que eu sei que está chegando o momento. Eu estou novamente sozinha, Ana e minha mãe foram chamar meu pai, estou pronta para caminhar em direção ao meu noivo. Meu noivo... Essa palavra me assustava antes, mas agora não.

Isso é um recomeço, é uma nova vida. Uma necessidade da qual não posso viver sem. Paul Vetter é meu tudo e eu sei disso agora. Ouço uma batida suave na porta, Leila aparece no meu campo de visão. Ela está linda em um vestido em tom de rosa envelhecido. Ela se aproxima trazendo uma pequena caixinha nas mãos e um sorriso imenso no rosto.

? Você está linda, Ângela. ? Elogia-me.

? A senhora também está deslumbrante.

? Ah, Ângela eu estou tão feliz por Paul ter encontrado você. Meu menino está tão feliz, tão vivo.

? O mesmo acontece comigo, Sra. Raymond.

? Eu trouxe algo para você. ? Ela se aproxima, segura as minhas mãos, para então depositar a caixinha na palma de minhas mãos. ? Abra.

? Para mim?

? Sim, abra. ? Ela insiste.

Abro a caixinha, dentro há um conjunto de brincos de pérolas. Elas são tão brilhantes, simplesmente incríveis.

? É o meu algo velho para você.

? Leila, são perfeitas...


Ela estende-me um cartão branco, e eu pego. Em seguida ela me abraça e se afasta deixando-me sozinha novamente.

O cartão tem apenas o meu nome escrito em uma caligrafia bonita que parece familiar. Abro e leio um pequeno trecho escrito à mão:


“Ângela, esses brincos são seu algo velho, eles representam o seu passado. Tudo aquilo que você viveu antes de nos conhecermos, um tempo provavelmente bom, aprendizados e boas lembranças. Não quero que deixe o que é velho em sua vida. Seja sua cidade, sua família, ou seus amigos. Na verdade, o que eu desejo é que você compartilhe comigo suas lembranças, todos os seus desejos e anseios. Torne-me parte do seu velho, por que eu não desejo apenas ser o seu futuro, mas tudo aquilo que você foi. Eu serei uma parte de você, e você será a minha outra metade”.

— Paul Vetter.


? Oh, meu Deus!

? Será que eu posso entrar? ? ouço a voz de minha mãe, levanto meus olhos marejados para vê-la entrar no quarto. ? Olhe só o que Paul escreveu e o presente que ganhei da Leila. ? Digo mostrando as pérolas para ela e mamãe sorri.

? São lindas mesmo. Eu espero que você também goste do que eu tenho para você. ? Ela aproxima-se e abre às mãos, ela também carrega uma caixinha um pouco menor na palma. Assim como outro cartão branco que contém o meu nome. ? Abra querida, este é o seu algo novo.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto, enquanto abro a caixinha e retiro uma linda pulseira, em pequenos diamantes adornados com algumas pedras em tons de safira.

? É linda mãe.

? Fico feliz que gostou, agora leia o cartão.

Novamente eu abro o cartão, assim como o anterior, este também carrega uma mensagem:


“Minha noiva, sua mãe presenteou você com o algo novo. Este presente carrega um grande significado, pois tudo o que surgiu de novo em sua vida a encaminhou para este momento que estamos vivenciando agora. Eu agradeço todos os dias, por que você foi uma das coisas que surgiram na minha vida assim de repente. Não tenha medo do novo, por que ele traz surpresas, talvez nem todas sejam boas, mas agora você não está só. Eu estou do seu lado, e sempre vou estar”.

? Paul Vetter.


? Aí mãe, é lindo. Eu... Eu estou sem palavras.

? Meu amor. Seu romance não será sempre flores e luz, mas o que o tornará forte é a sua persistência e determinação em continuar ao lado daquele que você ama.

? Eu sei mãe, eu entendo isso agora.

? Você está disposta a caminhar para o altar e concordar com as leis de Deus?

? Estou mãe, eu estou.

? Então eu já vou indo, não quero perder um único momento do casamento da minha menina.

? Obrigada, mãe.

? Amo você. ? Minha mãe me dá um beijo carinhoso no rosto e sai.

Ana, Julis entram logo em seguida trazendo uma caixa branca nas mãos. ? Vocês também?

? Eu não poderia ficar de fora nunca garota, acha mesmo que eu deixaria passar qualquer momento? ? Ana me abraça forte.

Abraço Julis também, emocionada.

Abro a caixa que Ana trouxe, dentro havia um buquê de flores. Mas não era qualquer buquê, este era feito de pequenas flores de tom rosa, lilás e branco.

? Queria que você ficasse ainda mais linda.

? Eu não sei como agradecer por tudo isso.

? Não há nada o que agradecer, vamos continuar juntas, apoiando uma a outra sempre. Agora me deixe dar um abraço em você por que ainda tem o presente da Julis e Paul está impaciente esperando, ele está bufando como uma locomotiva presa.

Eu ri. ? Amo você, obrigada! — digo puxando-a para um abraço bem apertado.

Sorrimos uma para a outra em compreensão de que nossas vidas estavam mudando, mas que permaneceríamos unidas independentemente de qualquer coisa. Ana me entrega seu cartão, porém não fica comigo enquanto eu leio. Ela disse que tinha que ir para a praia e organizar os últimos detalhes. E eu precisava esperar pelo meu próximo presente. Quando ela se foi, decidi esperar e ver o que Julis trazia.

? Eles só podem estar querendo-me ver chorar

A risada de Julis chega até mim. ? Esse é seu último presente e seguindo a tradição deveria ser o seu “algo azul”. Aqui está. — Ela me estende outra caixa, é grande e de veludo preta.

? A propósito você está incrivelmente linda. Ele vai pirar quando colocar os olhos em você.

? Obrigada. ? Agradeço sorrindo.

? Seu pai já está ali fora, quando estiver pronta, ele vai levá-la ao altar.

? Está bem.

? Ah, e o cartão está em cima da caixa.

Quando Julis sai após me dar um abraço, eu pego o último cartão sobre a caixa.

Sento novamente no sofá, com os dois cartões em mãos, primeiro o que Ana deixou com o buquê:


“Estou dando as flores, as cores, o cheiro e até o mesmo sentimento que sinto prestes a vê-la se casar. Enfim, só gostaria de ressaltar que somos mais do que amigas, somos irmãs de coração, parceiras de uma vida inteira. Por isso não tenha medo de recorrer a mim nunca. Ângela, eu estou aqui para que você me empreste as suas dores, as suas tristezas e as suas perdas. Por que você pode contar comigo para carregar estes fardos. E quando puder, empreste-me também os seus sorrisos, a sua felicidade, os seus sonhos. Compartilhe o que é bom e também o que é ruim. Conte sempre comigo.”

? Ana.


Limpo a lágrima que caiu por meu rosto, não poderia estar mais feliz, pego o cartão que Julis deixou sobre a caixa.


“Oi amor, eu espero que você esteja gostando dos seus presentes. Como Julis deve ter dito este é seu “algo azul”, pois segundo a tradição significa pureza e fidelidade. Entretanto eu não tenho dúvidas de que você será fiel a mim, assim como você não precisa ter dúvidas da minha fidelidade por você. Quanto à pureza... Acho que você é pura de coração e alma e isso é o que realmente importa para mim.

Somos um casal diferente, por isso eu tomei a liberdade de fazer um pequeno ajuste nesta tradição, você está recebendo hoje o “algo especial, seu algo branco”. O branco é que dá origem para as outras cores, por isso ele é o escolhido. Pois dele eu escolho o vermelho: Que representa o amor, a paixão, o poder. E está ligado ao fogo, sangue e ao coração humano. Escolho também o verde que representa a esperança de ótimos dias para nós, escolho o amarelo, para que ficamos juntos mesmo à frente de problemas financeiros ou nas empresas.

Escolho a rosa que é o amor, que teremos por toda nossa vida, assim como teremos amor pelos nossos futuros filhos.

Mas acima de tudo, acima de todas as cores, desejos e sonhos, escolho você.

Pegue seus presentes e caminhe para o altar. Pois estou impaciente pra ter minha noiva nos braços!

E sim, é uma ordem!”

? Seu futuro marido.


Eu estou indo meu amor . ? Penso segurando o cartão apertado no meu peito. Levo um tempo para me recompor, seco minhas lágrimas, guardo todos os meus cartões na bolsa. E quando me sinto preparada, abro a caixa de veludo preto. Eu já esperava por algo muito bonito, mas fiquei surpresa ao encontrar uma lingerie branca, o corpete cintila sobre a luz, quase idêntica ao que usei para fazer a surpresa para ele, é deslumbrante. Coloco na caixa novamente, retoco minha maquiagem, ajeito o meu cabelo e coloco os brincos de pérolas de Leila e a pulseira de minha mãe.

Sinto que tudo está completo, abro a porta e encontro meu pai sentado numa poltrona no corredor. Ele olha para mim assim que escuta a porta se abrindo, seus olhos me percorrem de cima a baixo. Eu consigo captar as emoções que ele está sentindo, sua admiração e adoração por mim ficam muito claras.

Ele finalmente sorri, ficando de pé.

? Minha princesa agora vai seguir o seu caminho. ? Me abraça e quando se afasta beija o topo da minha cabeça.

? Pai...

? Você está tão linda, Ângela. ? Elogia-me.

? Obrigada, você também está muito charmoso. ? Admiro meu lindo pai em suas vestes marfim.

? Está pronta?

? Sim. ? Afirmo.

Meu pai dobra o seu braço e eu encaixo o meu.

O dia está incrivelmente lindo, um pôr do sol fantástico pinta todo o céu com tons rosados, azuis e laranjas. E enquanto eu caminho com os meus pés descalços na areia, contemplo a vista de um mar bem azul pertinho de mim, a tenda para a troca de votos ficou voltada para o mar, um caminho de velas e algumas flores foram montados para que eu percorresse até o altar.

Nossos convidados se levantam e acompanham meus passos. Só que os meus olhos estão em uma única pessoa. Meu lindo noivo que também só tem olhos para mim.

Paul sorri confiante, sem nenhum momento tirar os olhos de mim. Um passo. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis... E finalmente o décimo e último passo ele está ao meu lado. Gibson e ele se cumprimentam, meu pai me dá um leve beijo na bochecha e permite que Paul pegue minhas mãos.

Ele está feliz, radiante, sorrindo para mim. Eu estou feliz também, mas estou emocionada. E é por tudo, tudo o que ele fez por mim desde que nos conhecemos.

? Muito bem, amor. ? Paul sussurra.

? Feche a boca senhor Vetter, você está babando. ? Sussurro brincando.

? Não tem como, vendo você assim, já sinto vontade de te jogar na areia e...

Paul me lança um olhar malicioso e tenho vontade de beijá-lo, meu corpo só com poucas palavras já está quente. Entretanto me controlo, pois, o bispo já começou a cerimônia e ainda não chegou no “pode beijar o noivo”.

Nós ouvimos atentamente tudo o que ele diz, sobre o compromisso que estamos assumindo juntos. Finalmente chega o momento do “sim” e nem eu, nem Paul hesitamos. Trocamos nossas alianças e enfim eu ganho o primeiro beijo do meu marido.

Todos os nossos convidados começam a nos cumprimentar, nos abraçar, nos desejar boa sorte. E é surreal que eu finalmente casei. Paul e eu passamos por uma chuva de pétalas de rosas, de todas as cores, até estarmos em nossa tenda, sentados em nossa mesa ao redor de nossos convidados, apreciando o ar fresco do fim de tarde, nossos primeiros momentos como marido e mulher.

? Feliz? ? Paul pergunta-me.

? Muito, você?

? Como nunca estive antes.

? Sra. Vetter. ? Paul sorri ao som de meu nome, ele me beija, longa e profundamente.

Curtimos a nossa festa ao máximo. Tivemos nossa dança juntos, também dançamos com os nossos familiares. Cortamos o bolo, brindamos e rimos. Círculo pela festa sozinha para conseguir conversar um pouco com cada convidado, fiz questão de convidar John que já era mais família do que um funcionário de meus pais. Susan, Jenna, Philip e claro Patrick e suas lindas filhas, que não paravam de correr a sua volta. Estava feliz vendo todos ali juntos, todo mundo parecia feliz e para mim isso já bastava.

Quando chegou o momento de jogar meu buquê todas as mulheres solteiras se reuniram na pista. Contei até três lançando o ramo de flores que foi parar bem na mão de Ana, que solta uma gargalhada alta lançando olhares para Nic.

Por fim eu e meu marido resolvemos deixar a festa para trás, fomos direto para a nossa casa na beira da praia onde passaríamos somente está noite, pois na manhã seguinte estaríamos viajando ao redor do mundo por duas semanas. Nós merecíamos uma lua de mel longa. Paul fez questão de me pegar no colo como exigia a tradição.

Ele estava se mostrando muito agarrado as tradições, o que me fazia rir - Ele parecia realmente domado e acorrentado pelo amor que sentia por mim, embora eu também me sentisse assim, rendida aos seus desejos.

Paul ri, sentando-se ao meu lado no sofá. ? Ah, finalmente minha mulher. — Me lança um sorriso malicioso.

— Está na hora do “algo especial”. ? Sorrio de modo sem vergonha, os olhos de Paul queimaram nos meus.

? Coloque-o para mim então.

Levanto e caminho para o nosso quarto, subindo um pouco a saia do vestido dando para Paul que continuava no sofá uma bela visão da minha cinta-liga e minhas coxas.

— Ande logo senão eu rasgo seu vestido agora mesmo — diz do sofá.

Corro até o quarto rindo de sua impaciência. Encontro a caixa de veludo preta esperando por mim lá em cima. Retiro o vestido e substituindo pela lingerie, deixo meu cabelo como estava mantendo apenas meu salto alto e acrescentando apenas um robe de seda todo transparente.

Olho conferindo os últimos detalhes antes de voltar para Paul.

Ao entrar na sala, encontro-a vazia, as roupas de Paul dobradas sobre o sofá. É inevitável o sorriso que aparece em meu rosto. Sigo até a porta aberta da varanda e vejo Paul parado olhando o mar.

Abraço seu corpo musculoso por trás, seguro seu cabelo com uma pressão mínima, enquanto traço um caminho de beijos por sua pele, indo de seu pescoço até o lóbulo de sua orelha dando uma leve mordida, escutando o gemido que escapa de Paul.

Deixo minha mão ser mais ousada, acariciando sua coxa. Agradecendo por ele estar apenas de cueca boxer.

— Tudo bem? — questiono sussurrando em seu ouvido.

— Tudo perfeito. — Ele me puxa para seus braços enlaçando minhas pernas em sua cintura. Apoio um pouco do meu peso no corrimão de ferro branco retorcido da varanda, permitindo que Paul tenha uma bela visão de meu corpo na lingerie, fazendo meu robe cair um pouco sobre os ombros.

Seus olhos devoram meu corpo, deixando-me cada vez mais excitada.

— Você quer entrar?

— Não. — diz tomando meus lábios para ele, seu beijo era feroz e guloso. Sua língua traça caminhos pela minha boca, ele mordia e chupava meu lábio inferior enquanto sua mão ia abrindo espaço pelo meu corpo.

Paul morde meus ombros nus, seguindo beijando e mordendo todo meu corpo. — Realmente você é divina.

Enquanto ele brinca com meus seios por cima da lingerie, mordendo e beijando meu pescoço, eu abaixo a mão para alcançar sua ereção. O calor mesmo através da cueca, me faz gemer de desejo. Paul segura minha mão mordendo a ponta dos meus dedos, causando uma pressão em meu ventre.

Santo Deus, tomara que seja sempre assim!

— Eu gosto dele — puxo minha mão levando-a novamente para seu membro, porém dessa vez por dentro da cueca, me delicio com Paul mordendo sua própria boca contendo seu gemido. — Você me deve isso, me deve ele. — sussurro raspando meus lábios nos seus enquanto falo.

— Minha diabinha, haverá muito disso depois. — Ele enfia a mão no meio de minhas pernas, jogando a calcinha para o lado. — Quero ver você chamar meu nome, quero você implorando, quero você sendo minha.

O olhar sombrio que tanto amava me encarava, sempre seriamos assim, um querendo dominar o outro, mesmo estando prestes a se render.

— Ah, garanhão, acho que vocês estão esquecendo rápido demais quem manda aqui, — sorrio de um jeito diabólico, provocando-o com minhas mãos em seu pau, apertando suas bolas. — Vou ter que explicar novamente que mesmo me rendendo a você, eu mando, eu faço o que bem quero. — Provoco.

— A Sra. Vetter, quer uma disputa de poder agora? — pergunta entrando na brincadeira. — Ah, minha deusa, você esqueceu que sou muito engenhoso? Preciso lembrá-la também que sempre consigo o que quero?

Falando isso ele enfia dois dedos dentro de mim com força, causando explosões em meu ventre. Ofego fechando meus olhos, me jogando na nuvem de prazer que me rodeia, um gemido alto escapa de minha garganta contra minha vontade.

Filho de uma mãe gostoso .

— E quem duvidar é só olhar para mim nesse exato momento. — Ele manteve seus dedos brincando dentro de mim, tirando toda a onda de raciocínio que eu possa ter. — tudo o que eu quero está aqui, em meus braços. Se contorcendo em minhas mãos.

Abro novamente meus olhos encarando os dele, enquanto exerce sua tortura dentro de mim, causando um tsunami de tremores pelo meu corpo.

— Renda-se, minha linda — sussurra, a outra mão segurando com firmeza meu cabelo.

Sinto que o corpo dele também sofre com nossa proximidade, sofre também de desejo por mim, seus olhos estão tão negros que me perco olhando-os.

— Posso tomar o que é meu? — Paul questiona, sinto seu membro pressionando minha entrada úmida e sedenta por ele.

? Eu não esperaria nada menos de você, garanhão.

Perco o fôlego quando Paul se mete dentro de mim, finalmente éramos um só, em todos os sentidos.

? Eu sempre me renderei a você Sra. Vetter, assim como você sempre será dominada por mim.


EPÍLOGO


Ando apressada pelo piso de mármore, merda Paul iria me matar pelo atraso. Passo pelas mesas das recepcionistas, fazendo Alexis vir correndo atrás de mim.

? Sra. Vetter, em que posso ajudá-la? ? Pergunta parando perto da porta de meu escritório.

? Onde está Gabby? Eu preciso fazer uma vídeo conferência.

? Gabby está no departamento de marketing, acredito que esteja passando os esboços que o Sr. Vetter e a senhora tinham aprovado.

? Merda! Tudo bem Alexis, pode ir.

? Tem certeza que não precisa de ajuda, Sra. Vetter?

? Tenho, saia.

Jogo a bolsa sobre o sofá, eu tinha que ser rápida, Paul está me aguardando para nossa viagem. Ligo o computador já conectando a chamada de vídeo, a tela se abre, ficando preta por alguns instantes, até mostrar a imagem da sala de Ana.

? Tia Angel! — o gritinho de Rose e Natali ecoa pelo meu escritório.

? Queridas, a titia precisa ser rápida. Onde está a mamãe e Melanie?

? Mamãe está na cozinha. — diz Rose. — Mel! — grita.

? Que gritaria é essa, pelo amor de Deus. — Vejo as pernas de Ana surgirem na sala, logo ela se abaixa. — Angel, não sabia que estava trabalhando, você não tinha que estar dentro do avião?

? Sim, eu tenho. Mas não poderia viajar sem ver minha menina. Impressão minha ou ela está dando um pouco de trabalho?

? Amiga, quando se tem gêmeas em casa o caos já existe. — brinca Ana.

? Eu posso pedir para minha mãe ficar com ela.

? Imagina, quem atura uma Ângela, consegue aturar uma mini Ângela. Além do mais, Mel me ajuda a domar Rose e isso é uma compensação para o caos instalado em casa.

Solto uma gargalhada. ? Onde ela está?

Faz duas semanas que Melanie está em Nova York com os avos e com a Ana, Paul deixou bem claro que após nossa viagem Melanie terá que passar mais tempo em casa. Já passamos tanto tempo ocupados nos revezando na empresa, que quando Vetter está em casa, ele só que uma coisa: Sua princesinha debaixo das asas.

? Mel, sua mãe quer te ver. — Ana se vira, olhando para algum ponto do apartamento.

Então ela surge correndo, um sorriso largo toma conta de seu rosto. Os cabelos grandes e negros como de Paul, os mesmos olhos astutos do pai.

? Filha, como você está? Espero que não esteja dando trabalho em Nova York.

? Estou bem, mamãe. — Vejo seus lábios se entortarem. — E eu estou me comportando, não estou tia Ana? — pergunta para Ana, que sorri e concorda com um gesto de cabeça.

? Juro que nem sei quem ela puxou. — Ana zomba.

? Estou com saudades. Logo estarei em casa.

? Também estou com saudades mamãe. Onde está o papai?

? Puta que pariu, seu pai.

? Mãe! Você devia lavar a boca com sabão, que palavreado feio. — Melanie cruza os bracinhos em frente ao peito me olhando com cara feia.

? Desculpe querida... — interrompo o que estava dizendo quando a porta do meu escritório se abre de forma brusca. Paul entra me fulminando com os olhos.

? Ângela, pensei que você seria pontual. Qual parte dos precisamos sair em cinco minutos você não entendeu? Estava lá embaixo esperando por você.

? Oi, papai! — Melanie cumprimenta o pai, olhando e rindo de mim.

Automaticamente a expressão de Paul suaviza e ele caminha até mim, encarando a tela do computador. ? Princesinha, como você está? A doida da sua tia está tratando bem você?

? Vai a merda, Vetter. — Solta Ana.

? Tia Ana, acredito que você também tenha que lavar a boca com sabão. — Melanie repreende, fazendo Paul e eu rir.

? Isso mesmo minha princesa, de uma lição em sua tia. E eu vou dar na sua mãe. — Paul fala de forma séria arrancando gargalhadas de nossa filha.

? Nos vemos no sábado, filha. — Digo me despedindo.

? Tá bom, mamãe. Amo vocês.

Paul fecha o notebook, ? Onde estávamos Sra. Vetter? — pergunta empurrando a cadeira para trás.

? Acredito que na parte sobre o atraso. — Respondo tentando esconder o sorriso.

Paul morde meus lábios, descendo sua boca para meu pescoço. Sua mão já subia pela minha coxa, ganhando terreno por baixo de minha saia.

? Não estávamos atrasados, Sr. Vetter?

? Sim. Mas eu preciso dar uma lição em minha mulher, algo que a faça sair do escritório andando de pernas abertas, pelo tanto que será fodida.

? Estou contando com isso, garanhão.

Soltou uma gargalhada quando Paul me senta sobre a mesa, jogando tudo que havia sobre ela no chão, meu vestido enrolado na cintura, deixando-me deliciosamente exposta para ele. Paul se senta em minha cadeira, o sorriso canalha que tanto amo presente. Suas mãos começam a me acariciar por cima da calcinha, fazendo eu erguer o quadril em busca de mais contato.

? Você gosta de um desafio, não é Sra. Vetter.

Sua boca e aproxima de minha intimidade, a calcinha foi posta de lado, fazendo eu estremecer com cada mínimo toque que os lábios de Paul fazem em minha intimidade. ? Sr. Vetter se não cumprir sua ameaça, vou começar acreditar que esteja perdendo a mão.

Escuto a risada de Paul, logo em seguida um tapa forte em meu clitóris. ? Você pediu Ângela, não reclame quando não conseguir andar para fora daqui.

Não tenho tempo de responder, Paul passa a língua pelo meu clitóris, mordendo minha intimidade de forma deliciosa, arrancando um gemido alto de mim... Já não importava o atraso, Philip nos aguardando no térreo e muito menos as recepcionistas escutarem nossos gemidos. Tudo que importava estava ali, Paul, sua boca, eu deitada sobre minha mesa de trabalho e os orgasmos que eu sabia que viriam.


Bônus

Ângela vetter


Nove anos. São nove anos de casamento, com filhos, duas empresas para comandar, duas famílias para almoços aos domingos e acima de tudo isso. Manter o casamento funcional e com a mesma paixão que tínhamos quando nos casamos.

Uma missão impossível? Talvez.

Muitas coisas aconteceram durante esses anos, tivemos Melanie, logo depois veio Eduard. As empresas estavam a todo vapor, todos os compromissos fizeram inevitavelmente nosso casamento entrar na linha de conforto que todos entravam, não tínhamos mais a impulsividade de antes, afinal com filhos era preciso manter os pés no chão para tudo funcionar, principalmente por ficarmos separados pelos constantes compromissos.

No meio disso tudo, eu tinha que ser a empresária, a mãe exemplar, a esposa modelo e não esquecer de mim, como mulher. Em sete anos eu nunca me senti esgotada como estava me sentindo esse ano, com o reconhecimento dos meus projetos em Buffalo e a empresa cada dia que passava ganhando mais e mais visibilidade no mercado. Paul tinha se tornado ausente e quando estava presente era como se visse apenas nossos filhos.

? Sra. Vetter?

Respiro fundo encarando Brad parado na porta de meu escritório. Brad tinha assumido o lugar de Susan enquanto ela estava de licença maternidade.

? Desculpe interromper. — diz dando um passo para entro da sala.

Faço um aceno com a mão, voltando meus olhos para a quantidade de documentos em minha frente.

? Sra. Vetter já estou com a lista dos fornecedores que atrasaram e com outra contendo os possíveis concorrentes.

? Pode colocar aqui, depois dou uma olhada nisso.

Assino o contrato devolvendo para a pasta de origem, sinto os olhos de Brad ainda sobre mim. Levanto a cabeça arqueando uma sobrancelha. ? Tem mais algum recado?

? Sim... É...

? Fale de uma vez e suma da minha frente.

? Sr. Vetter pediu para avisá-la que ficará em Washington.

? Ele está sabendo da apresentação que Melanie terá na escola?

? Sim Sra. Vetter, eu mandei o convite com dez dias de antecedência.

É a terceira vez que Paul decide ficar em Washington e dessa vez mal se indigna a me ligar. Isso não me cheira bem.

? Tudo bem Brad, obrigada.

Ele continua parado me encarando, como se tivessem colado os pés do pobre coitado no chão de mármore.

? Tem mais alguma coisa para falar? — pergunto ríspida.

? Não, não senhora. — Ele se vira rápido, praticamente correndo do meu escritório.

Pego o telefone ligando para a empresa, nem me preocupo em conferir se tenho ou não uma mensagem de Paul, pois sei que não tem.

? Vetter.

? Está sem tempo para me avisar que não voltará e muito menos para me comunicar que não irá à apresentação de nossa filha na escola?

Ouço o suspiro que Paul dá. ? Minha linda, por favor. — Escuto Paul abafar o telefone conversando com alguém. — Ângela?

? Por favor, me dê uma desculpa mais convincente, pois está estou com dificuldade de engolir.

? Estou ocupado Ângela, estou com coisas pendentes para resolver.

? Entendo.

? Entendi mesmo? — pergunta de forma irônica.

? Fique com seus compromissos, Paul Vetter.

? Ângela, pare de...

Não deixo que ele concluísse, desligo na cara dele. Eu estava com raiva, meu próximo passo seria mandá-lo a merda.

Olho no relógio conferindo as horas, pego minha bolsa indo para a recepção.

? Sra. Vetter, estava indo agora mesmo falar com você.

Viro vendo Lorran surgir do elevador.

? Outra hora Lorran. Brad, avise a Srta. Suares que estou indo até a sala dela.

? Sra. Vetter, precisamos conversar sobre o contrato da filiação. — Lorran insiste.

? Eu disse outra hora, você está surdo? — pergunto de frente para o elevador.

? Não senhora, peço desculpas.

? Ótimo. — Retruco antes da porta do elevador se fechar.


? Ele está me traindo.

Ana olha para mim, para de analisar o livro que tem em mãos. ? Tudo bem, vamos lá. Conte tudo.

? Aquele filho da puta te algum rabo de saia em Washington, você já viu Paul perder alguma coisa na escola de Melanie em todos esses anos? Por mais idiota que seja? Até de aulas expositivas ele participou.

? Sim, concordo. Mas será que não é realmente pelo traba...

Ana desisti de continuar com seu discurso de proteção quando arqueio a sobrancelha sentando na poltrona em sua frente.

? Homens não têm o mesmo nível de comprometimento que nos, quando um casamento não está dando certo ou se torna cansativo demais ele não sentam e expõe, eles trocam, ele nos troca. Paul Vetter sempre foi o galanteador, o cara que não assumia as calcinhas que passavam por sua cama.

? Amiga, eu não consigo ver Paul assim, ele sempre foi tão apaixonado por você e pelas crianças.

? Tem razão, foi. — Digo me empertigando na poltrona, dizer isso é como se uma faca entrasse em meu peito.

? Tem certeza que vocês não precisam de um momento apenas para vocês, tirem algumas semanas, vocês costumavam fazer isso. Ter um momento para vocês, sem nada para atrapalhar. Deixem as crianças com as avós, até mesmo por você. Pegue um final de semana e fuja para um SPA.

? Não posso me ausentar de tudo.

? Claro que pode e, deve. Vamos lá amiga, você está a ponto de surtar. — diz segurando o riso.

? Obrigada por ser tão amiga, Ana. — Digo de forma sarcástica,

Ana ri. ? Acredite, eu estou sendo.

Fico de pé, pronta para sair.

? Pensei nisso amiga. Uma semana num hotel cinco estrelas e muito sexo com o maridinho. — diz piscando.

? Volte para seus romances, depois nos falamos.

Saio frustradas com o rumo das coisas, seguindo direto para casa, minha cabeça explode em dores agudas. Por todo caminho milhares de pensamentos vem e vão, milhares de desculpas e de acusações.

O som de músicas infantis e risadas me recebem assim que abro a porta do apartamento, Célia está sentada no meio da sala de estar, Eduard gargalha olhando para a TV.

? Boa tarde, Célia. — Digo abaixando-me na direção de meu menino.

? Boa tarde, Sra. Vetter.

? Oi meu rapazinho, tudo bem?

? Mamãe! — Eduard me abraça pela cintura. — Titia Célia foi me buscar na escola.

? Aconteceu algo, onde está Melanie? ? Pergunto olhando para Célia.

? Eduard teve dor de barriga, Sra. Vetter, por isso fui buscá-lo mais cedo. Philip saiu agora mesmo para buscar a Srta. Melanie.

? Philip está aqui? — questiono alarmada. — Paul também está?

? Lamento Sra. Vetter, o Sr. Vetter não veio com Philip.

? Que horas Philip chegou?

? Por volta da hora do almoço, senhora.

Dou um beijo na testa de Eduard, ficando de pé. ? Vou tomar um banho, peça para prepararem algo leve para o jantar, seremos apenas eu e as crianças.

Célia concorda pegando Eduard no colo. ? Vou pedir imediatamente e colocar esse rapazinho no banho.

Sigo para meu quarto, vendo tudo perfeitamente arrumado e a decepção é inevitável. Quem dera Paul estivesse fazendo uma surpresa.


Paul Vetter


Já passava das oito horas da noite quando deixo o escritório da InGet, esse negócio com Frankfurt estava realmente me tomando mais tempo que gostaria. Sentia-me esgotado, principalmente por minhas discussões com Ângela. Ultimamente isso tinha se tornado frequente.

Ângela estava sobrecarregada, isso era óbvio. Ela cuidava da empresa, com mesmo afinco que antes e além de dar atenção para mim, ser uma excelente presidente da Solftk. Ainda cuidava de nossos filhos, estando constantemente com eles. Em todas as fases.

Me sentia frustrado por Ângela realmente acreditar que o tempo que passo longe dela é algum tipo de desculpa e não por realmente querer aliviar o trabalho para ela.

Vejo os números passarem de forma lenta no visor do elevador, assim que ele para no térreo atravesso o saguão, agora vazio em passos decididos.

? Boa noite, Sr. Vetter. ? Dean me cumprimenta.

?Boa noite.

Entro no carro, dando partida no mesmo instante que meu telefone toca. ? Vetter.

? Que voz é essa, maninho?

? Nada demais. Qual é o problema Jordan?

? Problemas no paraíso, cara?

Jordan sempre foi conhecido por seu senso de humor imenso e, quando digo imenso, quero dizer que ele chega a ser idiota com suas piadas. Mas ele próprio sabe como uma discussão com mulher pode ser extremamente desgastante. Meu irmão havia se casado com Hilary, seu relacionamento com Suria deslanchou no momento que ele se juntou a mim na presidência.

Hilary por outro lado era calma e comandava seu próprio negócio, o que deixou minha mãe dançando em nuvens, só por não ser Suria como esposa de Jordan.

? Você entenderá quando tiver filhos. ? Digo saindo dos meus pensamentos.

Presto atenção no trânsito, fazendo algumas ultrapassagens, seguindo para meu antigo apartamento.

? Porque você não faz uma surpresa para ela? Uma viagem, algo assim.

? Com tudo que anda acontecendo na empresa, viajar agora seria insano.

? Pegue sua mulher e vá viajar, Hilary não se importaria se voltássemos mais cedo.

? Vou pensar sobre isso.

? Até mais, maninho ? diz desligando.

Assim que piso na cobertura sinto falta de meus filhos, sentindo falta da recepção que Melanie faz todas às vezes ao me ver chegar e de Eduard. Eles estão crescendo tão rápido. Sento por um momento no sofá, olhando para o porta retrato, nosso primeiro acampamento com as crianças. Só a lembrança me faz sorrir, Ângela tinha praticamente implorado para fazermos outro tipo de viagem. Mas mesmo ela odiando estar no meio da natureza sorria o tempo todo, realizando todas as vontades de nossos filhos.

E foi assim que a foto foi tirada, Melanie sentada em meus ombros com seu enorme sorriso, Ângela olhando para mim sorrindo e nosso pequeno Eduard chupando seus dedos.


Ângela Vetter


Sorrir foi inevitável assim que abri os olhos, Melanie e Eduard estavam enroscados, dormindo tranquilamente em minha cama. Depósito um beijo sobre a testa de cada um, saindo da cama da forma mais silenciosa que consigo.

Uma batida baixa dos na porta do quarto, ? Sra. Vetter, bom dia.

? Entre, Célia.

? Desculpe incomodá-la. Eu preciso realizar a reserva do restaurante, para a comemoração após a apresentação da Srta. Melanie na escola.

? Pode ser o de sempre, será apenas eu e as crianças.

? Desculpe, mas Sr. Vetter não estará presente?

? Se você conseguir evitar um possível divórcio e trazê-lo para casa.

Célia me encara com um pequeno “o” em seus lábios. ? Eu sinto muito, senhora. Mil perdões.

? Não precisa se desculpar, vou me arrumar, tenho uma reunião logo pela manhã.

? Sim, senhora.

As crianças continuavam dormindo quando saio do quarto, assim como a senhora Ramirez já terminava de montar a mesa do café da manhã.

Patrick surge no corredor com Philip, parando perto da bancada.

? Sra. Vetter. ? Cumprimentam.

? Patrick você ficará com as crianças hoje.

? Sim, senhora.

? Philip você não deveria estar com seu chefe? ? questiono tomando um gole do café quente.

? Sr. Vetter me dispensou, senhora.

Claro que dispensou, mesmo que Philip seja como um cão fiel, por que não o mandar para casa e ficar de olho em mim. Enquanto Paul faz sua farra com alguma vagabunda.

Tomo o último gole ficando de pé.

? Sra. Vetter eu posso levá-la para o trabalho. ? Philip diz.

? Imagino que sim, porém não quero. Tenham um excelente dia.


Estaciono o Aston Martin em minha vaga, tiro o celular do carregador portátil abrindo as mensagens.


“Espero que ainda não esteja brava comigo, Sra. Vetter.

Não se esqueça do quanto eu amo você.

Assim que retornar da viagem eu vou recompensá-la.”


Me recompensar? Como assim após minha viagem?


“Que história é essa de viagem?

Acredito que teremos em breve

uma conversa definitiva sobre

tudo que está acontecendo.”

 

Respiro fundo controlando a torrente de lágrimas que querem romper, cumprimentos os seguranças quando passo pelo hall de entrada, entrando no elevador.

? Bom dia Sra. Vetter. — Derek me cumprimenta.

? Bom dia, Derek.

Com a saída de meu pai da empresa, todo meu andar foi projetado. Minha sala tinha o dobro do tamanho, uma nova recepção tinha sido feita, assim como todo o andar ganhado um novo design e decoração.

? Bom dia, Brad. — Cumprimento seguindo até minha sala. — Venha aqui.

? Bom dia, Sra. Vetter.

? Algum recado de urgência? — questiono sentando em minha cadeira.

? Não, apenas uma ligação da Sra. Berlin.

? Retorne à ligação e me passe, não quero ser incomodada por ninguém. E quando digo ninguém nem mesmo se for o papa, entendeu?

? Sim, senhora. — Brad responde prontamente, os olhos levemente arregalados.

? A única exceção como sempre são meus filhos.

? Claro, Sra. Vetter.

Ele continua parado, olhando para mim.

? Está dispensado Brad, ou vai ficar olhando para meu rosto o dia todo?

? Sim, senhora. Quer dizer, não senhora. — Responde todo atrapalhado.

? Brad? — chamo fazendo parar na porta. ? Fique tranquilo, você está fazendo um bom trabalho, eu não vou comer seu fígado. Ainda. — Digo segurando o riso.

Ele arregala ainda mais os olhos, saindo apressado de minha sala. Vejo ele desabar em sua cadeira.

Pouco minutos depois sua voz soou tremula em minha sala, anunciando que minha mãe aguardava na linha.

? Mãe.

? Finalmente Ângela, estou ligando para seu celular desde ontem.

? Meu telefone ficou sem bateria.

? Como estão Melanie e Ed?

? Estão bem. — Respondo assinando um documento e devolvendo-o para a pasta.

? Seu pai quer marcar um final de semana em Sag Harbor, queríamos muito que você, Paul e as crianças fossem.

? Isso será meio impossível.

? Por que impossível? O que está acontecendo que você não está me contando?

Suspiro deixando o trabalho de lado. ? Paul e eu vamos nos separar.

? Como? Ângela pare de brincadeira!

? Não estou brincando, bem que gostaria.

? Angel, minha filha, como? O que houve?

? Paul está me traindo.

? Você tem provas, tem certeza?

? Ainda não.

Ela ficou um instante em silêncio. ? Minha filha, Paul sempre foi extremamente apaixonado por você e pelos filhos. Tem certeza que não é apenas um mal-entendido? Vocês estão sobre pressão, desde que Ed nasceu nunca mais foram viajar apenas vocês.

Virei olhando a vista de Nova York, os prédios altos, a avenida em constante movimento e o horizonte ao longe.

? Mantenha a calma, querida.

? Claro, depois nos falamos. Quem sabe um café no final da tarde?

? Perfeito, vou aguardar sua ligação.

Coloco o telefone de volta na base, só havia um jeito de descobrir se meus pressentimentos estavam corretos. Pego novamente o telefone ligando para o celular de Paul, toca até que cai na caixa postal. Desligo sem gravar qualquer mensagem. ? Paul Vetter, ah, se você estiver aprontando algo. Eu arranco suas bolas, pode ter certeza! — murmuro para mim mesma.

Não me dou por convencida e ligo na empresa.

? Escritório de Paul Vetter.

? Transfira a ligação para Paul.

? Desculpe, mas ele não está aceitando ligações no momento. Quem deseja?

? É Ângela Vetter. Quem está falando?

? Sra. Vetter, ele não vai poder atendê-la. Quer deixar algum recado?

? Quem está falando? — pergunto trincando os dentes.

? Claudia.

Claudia? Quem era a porra da Claudia? Onde estava Gabby ou até mesmo a desmiolada da Alexis?

? Transfira a ligação para Paul Vetter. Agora.

? Não posso, Sr. Paul pediu que ninguém atrapalhasse.

Meu sangue ferve como um vulcão em erupção. Bato o telefone na cara da tal de Claudia, querendo arremessá-lo do outro lado da sala.

Fazia anos que não discava esse número e não tive como evitar as lembranças amargas que tomaram meu pensamento, enquanto esperava a pessoa atender.

Escuto uma tosse carregada do outro lado. ? Vejo que não abandonou seus charutos.

? Srta. Berlin, quer dizer, Sra. Vetter. Faz um bom tempo que não nos falamos. O que devo a ligação?

? Carl você tem pessoas em Washington? — questiono.

? A senhora iria se surpreender até onde vai meus contatos.

? Ótimo.

? Pelo que conheço a senhora é com urgência, correto?

? Sim, o quanto antes.

? Qual seria o serviço? Sabe que algo ilegal, é tabela dois...

? Preciso que investigue uma pessoa, não quero nada ilegal.

? Nome?

Engulo o bolo que se formava em minha garganta. ? Paul Vetter.

? Vou começar imediatamente, Sra. Vetter.


Paul Vetter

 

Eu conhecia minha mulher e, por conhecê-la eu sabia que isso não ficaria assim. Mas eu tinha que prosseguir com o plano, mesmo que ela me ameaçasse novamente com o divórcio. Ela só poderia estar completamente louca!

Quando liguei para Philip e soube que ela estava praticamente soltando fogo pela boca, eu soube que era questão de tempo. Levanto a cabeça quando ouço batidas na porta de vidro.

? Entre.

? Estou indo almoçar, tem certeza que não quer vir? ? questiona Jordan.

? Preciso terminar de resolver essas coisas.

? Você tem certeza que está fazendo? Não é nada apropriado irritar uma mulher, ainda mais quando ela é Ângela.

Solto uma risada baixa. ? Sim. Ela está furiosa.

? Eu não quero ser você quando ela descobrir.

? Obrigado por ter voltado mais cedo e ainda ceder sua viagem.

? Imagina cara, Hilary está empolgada com as mudanças de planos. Ela nunca gostou muito da ideia de ficar numa ilha deserta na Grécia.

? Seu dia dos namorados parece bem interessante, carregador de sacolas. — Caçoo.

Ele revira os olhos sorrindo, no fundo ele estava feliz mesmo que fosse para carregar sacolas pelas ruas de Paris. ? Estou saindo para almoçar, qualquer coisa me ligue.

? Pode deixar.

Meu celular começa a vibrar pela mesa. Philip.

? Como estão as coisas?

? Está dando certo, Sr. Vetter. Ângela está investigando o senhor.

? Deixe que eles encontrem o que estão procurando.

? Sr. Vetter? Desculpe falar com tal liberdade.

? Fale, Philip.

? Você tem certeza desse plano, dizendo de forma educada. Hoje não é um bom dia para cruzar com a Sra. Vetter.

Sorrio ainda mais. ? Sim, manteremos o combinado. Arrume uma mala com algumas roupas minhas e de Ângela, qualquer coisa peça para Célia organizar isso.

? Sim, senhor.

? Não deixe que Ângela perceba.

? Sim, senhor.

? Estarei retornando apenas para buscar a mala, me encontre no aeroporto no horário marcado.

? Sim, senhor. O piloto já está avisado, ele também seguirá com o plano quando a Sra. Vetter for atrás do senhor.

? Perfeito.

? O senhor tem certeza que ela irá até o fim?

? Por um pequeno instante eu pensei que não iria, mas ela seguira até o final. Ela irá para Grécia.


Ângela Vetter


? Sra. Vetter.

? Diga de uma vez, Carl. — sento esperando pela confirmação.

? Foi relativamente fácil descobrir as coisas sobre seu marido. Fácil demais eu diria.

? O que você quer dizer com fácil demais?

? Seu marido não esconde as coisas. Ele passou o dia na empresa, saiu apenas uma vez com Jordan Vetter e Hilary Thompson, após essa breve saída ele seguiu direto para o aeroporto internacional.

O bolo em minha garganta ficou maior.

? O Sr. Vetter fez uma pequena parada em Nova York onde encontrou seu segurança e logo seguiu para outro voo particular.

? Voo particular? Que porra é essa? — explodo. ? Você sabe o destino, Carl?

? Grécia, Sra. Vetter. Ilha de Paros.

Grécia, Sra. Vetter. Ilha de Paros.

Sinto meu coração afundando, ele tinha uma amante. Paul nunca comentou nada sobre a Grécia, muito menos tínhamos qualquer tipo de negócio ali. E qual seria o motivo para ele viajar perto do dia dos namorados? Se não fosse para curtir o dia com a amante.

? Tudo bem Carl, obrigada pelo serviço. Vou enviar seu pagamento, se puder me envie tudo por e-mail.

? Claro, senhora.

Dirigir até minha casa foi um trabalho complicado, consegui controlar as lágrimas até estar na privacidade do carro, deixando que o choro viesse forte, nublado minha visão. Como ele pode fazer isso comigo, com nossos filhos e com nosso casamento?

Paro o carro na vaga, fungando e tentando controlar os soluços pelo choro forte. Abro o espelho ajeitando a maquiagem, era óbvio que todos percebem que algo tinha acontecido, meu nariz estava vermelho assim como meus olhos.

Assim que entro em casa noto Patrick parado no corredor.

? Senhora, boa noite.

? Boa noite. Melanie e Ed estão com meus pais?

? Sim, Sra. Vetter.

? Ótimo. Vou realizar uma ligação, depois preciso que me leve até o aeroporto.

? Claro, senhora. Estarei pronto aguardando.

Ando apressada até o quarto jogando uma pequena mala sobre a cama, parei por um instante vendo que uma das malas grandes que usávamos para viajar estava faltando. “Ele pousou brevemente em Nova York, onde encontrou seu segurança e logo seguiu viagem.” — a voz de Carl soou em meus ouvidos, me enchendo de raiva. E isso era ótimo, Paul iria enfrentar minha raiva, não meu tolo coração traído.

Jogo alguns itens pessoais, assim como algumas pessoas de roupa fechando a mala. Eu não iria voltar atrás, iria até o fim.

Aperto a discagem rápida. Aguardando na linha.

? Sra. Vetter, em que posso ajudá-la?

? Quero saber quem deu a autorização para Paul Vetter sair com o jatinho da Solftk sem eu autorizar o plano de voo?

Sidney gagueja do outro lado da linha. ? Eu sinto muito, senhora .

? Onde está o Roberto?

? Seguiu viagem com o Sr. Vetter.

? Estou indo para Grécia, espero que um jatinho esteja preparado e me aguardando quando chegar ao aeroporto.

? Sim, senhora. Ele estará.

O caminho até o aeroporto foi em completo silêncio, Patrick não ousou falar nada, ele viu que não era um bom momento, nem mesmo para uma pequena palavra de conforto.

Patrick passa minha mala para o comissário, parando ao lado do carro.

? Avise minha mãe que estarei de volta em breve, liguei imediatamente para Brad e peça para ele agendar um horário com Lorran.

? Sim, Sra. Vetter. Espero que faça uma boa viagem.

Arqueio a sobrancelha, fazendo um pequeno aceno. Logo entrando no avião.

? Boa noite Sra. Vetter, podemos prosseguir com a viagem?

Por um momento eu quis dizer não, sair daquele avião, pegar meus filhos e sumir. Até que Paul surgisse com sua cara de pau, por que eu sabia que ele viria e então o faria engolir o divórcio. Mas não foi isso que saiu de minha boca. ? Podemos.

Tínhamos nove horas de viagem pela frente e a questão do fuso horário. Fiquei tempo suficiente encarando o teto, minha mente se perdendo em imagens fragmentadas de Paul com outra mulher, toque esses que ele direcionava para mim.


PAUL VETTER


Ela está vindo. Eu sabia assim que cheguei à ilha. Philip tinha me mandado uma mensagem dizendo exatamente à hora que o avião estaria pousando. A ansiedade estava me corroendo, eu sabia dos riscos.

Quando Megan me ligou, eu comprovei o que já sabia. Ângela estava pensando o pior e confesso que saber que seus pensamentos rumavam para uma traição me deixou chateado. Como ela podia sequer supor que eu estava traindo-a, traindo tudo que construímos esses anos? Nosso amor e nossa família.

Fiz questão de explicar tudo para minha sogra e ainda matar um pouco da saudade de meus filhos. A medida que a hora ia avançando eu fui ficando mais impaciente. Faltava pouco menos de duas horas para que ela chegasse na ilha.

A paisagem estava do jeito que eu havia planejado, o sol estava começando a se pôr, dando ao céu um espetáculo de cores. Conferi o champanhe, a suíte, a música, assim como todo caminho preparado para Ângela.

? Senhor.

Virei sorrindo para a governanta.

? Philip pediu para avisá-lo que sua esposa já está no barco, logo o senhor poderá escutá-la chegando.

? Ele informou se ela desconfiou de algo?

? Não senhor, ela está com Markus. Sem nenhum imprevisto.

Sorri ainda mais ansioso para encontrá-la. Meus dedos rasparam sobre seu presente em meu bolso, fazendo meu sorriso ficar ainda maior, se é que pudesse.


Ângela Vetter


O barco cruzava o mar em alta velocidade, dando pequenos trancos ao cortar as ondas produzidas pelo avanço.

? Estamos chegando, senhora.

Desvio os olhos do azul profundo que era o mar da Grécia. Markus desacelera, diminuindo o barulho e também as pequenas gotas que respingavam sobre mim.

Vi ao longe a areia branca, deixando o mar quebrar preguiçosamente nela.

? Markus. ? Chamo o belo rapaz, sua pele bronzeada fazia um enorme contraste com os dentes brancos e os olhos esverdeados.

? Sim, senhora.

? Aquela é a Ilha de Paros? ? aponto para a areia branca alguns quilômetros à frente.

? Isso mesmo. Mas estamos indo para a parte isolada da ilha.

Minha mente era atormentada pelo fluxo constante de perguntas, porém preferir engoli-las afinal já estava chegando. Não havia motivo perguntar para Markus sobre Vetter se logo eu poderia ver com meus próprios olhos.

A ilha se aproximava cada vez mais e Markus diminuía a velocidade, deixando o barco entrar no pequeno cais. O motor foi desligado, restando apenas as batidas descompassada de meu coração. Markus me ajudou a sair do barco, a casa era uma bela mansão. O segundo andar era ladeado por uma enorme sacada branca. Mesmo ainda parada no cais eu podia ver as pétalas de rosas espalhadas pela areia e o caminho de madeira.

Obrigo meus pés seguirem em direção a casa, meu coração acelerado. As portas da varanda estavam abertas, a música chegava até meus ouvidos fazendo meu estômago se enojar.

Caminho em silêncio, esperando ouvir a risada de Paul deitado nu com uma mulher enroscada sobre seu corpo. Mas ao entrar na sala, a decoração branca estava repleta de pétalas de rosas, a lareira mais adiante estava acessa e na mesa de centro um champanhe estava aberto e duas taças já esperando seus amantes para bebê-las. Minha respiração travou na garganta quando vi Paul parado de costas, vestindo apenas uma bermuda branca agarrada a sua bela bunda. Os braços e peitoral expostos, ele pega um pêssego da fruteira dando uma mordida generosa.

Fecho os olhos por um instante esperando a voz feminina surgir, a silhueta atraente vir abraçá-lo.

? Minha linda.

Abro os olhos, Paul estava parado olhando para mim, o sorriso no rosto, o pêssego comido pela metade na mão.

? Vetter. Seu filho da puta. ? Explodo.

Eu queria voar em seu pescoço. Mas antes queria ter o prazer de agarrar os cabelos daquela vadia e chutar sua bunda para longe. ? Nem comece, onde está sua amante? Quero ter o prazer de chutar a bunda dela até o inferno.

Ele solta a gargalhada alta e gutural que eu tanto amava, caminhando até mim, para quando estava a centímetros do meu corpo. Dou um passo para trás, recuando, evitando seu toque.

? Ângela, não existe ninguém. Não tenho amante, o que é uma pena considerando o fato que adoraria vê-la chutando a tal mulher até o inferno. — diz rindo.

Eu queria estrangulá-lo.

? Você fica tão sexy quando está com ciúmes.

? Não me provoque Vetter, estou a um passo de estrangulá-lo.

? Minha linda, se não acredita em mim, dê uma olhada. — Ele se afasta comendo o resto da fruta. — Olhe pela casa, garanto que mesmo que tivesse alguém não daria tempo para fugir, a menos que seja uma sereia.

Aquela situação era ridícula, eu sair caçando sua amante. Só me faltava agora olhar em armários e debaixo da cama.

? Tem certeza que não quer dar uma olhadinha debaixo da cama? Ou no closet? — diz se divertindo da minha cara, esbanjando o melhor sorriso cretino.

? Imbecil. — Explodo.

? Amor, um homem só se faz de rogado quando deseja foder a mulher em questão.

Seguro o sorriso, lembrando a primeira vez que disse esse ditado. Estamos indo jantar com meus pais, minutos antes dele me pedir em namoro.

? Eu conheço a mulher que tenho, soube que viria assim que seu investigador começo a cheirar meu rabo.

? Maldito Philip, por isso veio para Nova York, para me controlar.

Paul solta outra gargalhada segurando-me pela cintura, fazendo meu corpo estremecer de saudade. Sua boca se aproximando da minha, mudando a direção e indo para meu pescoço, fazendo uma trilha de pequenos beijos e lambidas por ali.

? Antes de tudo.

Ele se afasta tirando a caixinha de veludo do bolso, mostrando a aliança ali dentro. Pequenas safiras faziam a decoração da aliança, era lindo. Perfeito.

? Paul...

? Cada safira representa um ano nosso. — diz colocando na minha mão direita, dando um beijo casto no dorso de minha mão. — Eu queria ter tido mais tempo para preparar algo realmente especial, mas estávamos sempre atolados em trabalho, com nossos filhos. Quando a ideia surgiu eu corri para preparar tudo.

? É perfeito, eu nunca desconfiaria, eu juro que acreditei... Acreditei que você tinha uma amante.

Paul me puxa mais contra seu corpo. ? Eu nunca terei uma amante, ninguém nesse mundo me completa como você marrentinha, ninguém pode me fazer feliz. A não ser você.

O beijo começa doce, leve, banhando minhas veias com seu amor, suas mãos estavam em todos os lugares, sua boca deixava a minha apenas para que respirássemos, beijando meu pescoço, meus seios até onde a abertura da camisa social de cetim permitiam. Minhas mãos percorriam todo seu corpo, suas costas, arranhando, puxando-o para mim. Eu queria me fundir a ele. Quando engancho meus dedos em sua bermuda ele se afasta sorrindo.

? Com calma minha linda, temos todo o tempo do mundo e quero saborear todo seu corpo com muita calma.

Paul media todos os seus atos, retira minha blusa, liberando botão por botão. Até que ela cai aos meus pés, espalha beijos e lambidas por todo meu peito, minha barriga, parando ao limite de minha cintura, brincando com a língua. Testando meus limites.

? Paul... — Reclamo.

Ele faz que não com a cabeça, pegando minha mão me puxando para o sofá, o calor que a lareira espalhava pelo cômodo estava fraco perto do que Paul estava causando em minha pele.

Paul se senta confortavelmente, me colocando no meio de suas pernas, ainda de pé. Desce o zíper da minha saia sem presa, beijando cada pedaço de pele que aparecia em sua frente, por fim ele me deixa apenas de lingerie, me olhando como se tivéssemos em nossa primeira vez.

Eu sabia que a fera dentro dele queria uma ação, via sua vontade de me jogar contra as paredes e me possuir de uma vez, mas também me sentia poderosa por ele se controlar, dele querer fazer nosso momento durar.

Paul beija minhas coxas, assim como traça um caminho para o meio de minhas pernas, tirando minha calcinha e sugando e saboreando minha excitação.

Seguro firme em seus ombros para não perder o equilibro enquanto Paul chupava a parte mais sensível de mim, fazendo minha cabeça girar e o ar faltar de meus pulmões. Paul se levanta me jogando sobre o sofá, sua bermuda foi tirada e esquecida assim como o resto de minhas roupas.

O olha cretino estava ali, se deliciando com a imagem que via. Eu deitava completamente e exposta e sedenta pelo seu corpo, Paul abriu minhas pernas, apoiando uma no encosto do sofá me penetrando de maneira profunda e muito bem-vinda. Nossos gemidos saíram em uníssono, assim como nossos corpos buscavam um do outro como se não existisse amanhã.

Inverto as posições, sentando sobre seu colo, ditando nossos movimentos. Paul fechou os olhos saboreando o momento, sua boca passava de beijos no meu pescoço para mordidas em meu seio. Levando meu corpo na beirada do limite só para recomeçar tudo de novo.

? Angel, isso... Assim mesmo. — Ele agarra minha cintura forçando meu corpo para baixo cada vez que eu descia sobre seu membro, intensificando as estocadas.

Jogo a cabeça para trás permitindo meu corpo percorrer o caminho insano do prazer que Paul me guiava, deixando cada fibra que existia dentro de mim se quebrar por completo, cada vez que erguia meu corpo deixando uma mínima parte de Paul ainda dentro de mim, ele apertava mais minha cintura.

Eu intercalava minhas descidas, hora de forma bruta, outras descendo bem lentamente sobre seu membro. Arrancando de Paul gemidos graves e altos, guiando-me para um orgasmo violento. Não demora muito para Paul se entregar em grandes espasmos, soltando alguns gemidos, curtindo as últimas gotas do seu orgasmo. Nossa respiração ofegante, entrecortada. Um no braço do outro, como deveria ser.

Essa não foi à única vez que nos amamos, o sol já começava a brilhar no mar da Grécia, quando Paul me colocou de joelhos na cama, meu corpo mesmo sonolento correspondendo prontamente ao seu desejo. Seu corpo colado em minhas costas, seu membro roçando de forma deliciosa entre meu anus e minha fenda, enquanto ele me provocava.

Paul beijava cada espaço de pele que conseguia, por fim me penetrando de forma lenta e torturante. O brilho da manhã e do sol atravessava a cortina banhando nossa cama com um calor deliciosamente receptivo. Seus toques eram firmes assim como o movimento dos nossos corpos, suas mãos apalpando meus seios, apertando o bico já intumescido...

Éramos perfeitos juntos, sempre fomos e foi com satisfação que deixei Paul Vetter me levar para mais um orgasmo.

? Amo você. — Sussurrou apertando-me em seus braços, nos rolando na cama, fazendo eu deitar em seu peito.

? Eu te amo. — Afasto meu rosto para olhá-lo nos olhos. — Feliz dia dos namorados.

Paul deixa um beijinho de leve na ponta do meu nariz, sorrindo de forma travessa, parecendo mais um menino do que um homem adulto e pai de família. — Feliz dia dos namorados minha amante.

Solto uma gargalhada. — Idiota.

E ali eu soube poderiam vir mais dois, três ou dez anos. Anos fáceis ou difíceis, mais filhos ou apenas o crescimento dos nossos. Nosso envelhecimento, mas nada, nada mesmo iria mudar nosso amor ou os votos trocados todos os dias.

Casamento não é fácil e quem disse que seria? Casamento é uma coisa complexa, que conquistamos todos os dias, com o simples levantar. Casamento é um trabalho árduo, como o simples fato de cuidar do outro, amar sem pedir nada em troca, pois você sabe que ele fará a mesma coisa por você. É perdoar uma toalha molhada sobre a cama, ou as maquiagens espalhadas na pia do banheiro.

Casamento é isso e se tínhamos um ao outro, tínhamos tudo.

Eu amava Paul, desde o dia que ele entrou em minha empresa. E hoje foi apenas mais uma prova do quanto éramos malucos um pelo outro...

 

                                                                  A. K. Raimundi

 

 

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