Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


RETRIBUIÇÃO / J.C. Wilder
RETRIBUIÇÃO / J.C. Wilder

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

 

Depois de anos de tortura, Jennifer Beaumont encontrou a um amante que deveria durar uma eternidade. Em vez disso, se viu obrigada a afastar-se, trancou seu coração a fim de manter seu amor a salvo da vingança de seu amo, o vampiro Mikhail. Com o coração partido, Jen luta por reconstruir sua vida e o impensável acontece, é jogada de retorno aos braços do homem que ama e a traiu. Conor MacNaughten esteve vivo durante nove séculos e seduziu milhares de mulheres, mas nenhuma o cativou tanto como Jennifer, a única mulher capaz de resistir seus avanços sexuais, a única mulher que amou. Entretanto, seu belo rosto esconde um coração negro e ela o deixou por outro. Agora, anos depois, a vida de uma amiga está na linha e Valentin pede que trabalhe com a única mulher que odeia a fim de salvar a essa outra. O jogo começa com um sequestro, que reúne duas pessoas que não podem perdoar nem...

 

 

 

 

Na atualidade - Londres, Inglaterra.

Conor MacNaughten se apoderou dos generosos quadris de sua companheira enquanto a penetrava. Seus magníficos peitos sobressaíam-se no duro sol do meio-dia, jogava com seus movimentos e com cada investida um grito emocionado saía dos lábios dela. Seu úmido cabelo loiro obscurecia os traços enquanto ela se afundava nos lençóis com suas unhas de cor vermelha enredadas. O aroma de sexo enchia o ar.

Catherine tinha os melhores peitos que viu em anos. Grandes e duras auréolas de cor coral sombreavam os mamilos distendidos, essas belezas eram um presente para um homem morto de fome. E Conor MacNaughten se considerava um homem morto de fome. Seus quadris não frearam, inclinou tomando o firme mamilo em sua boca e o chupou profundamente. Um grito rouco saiu da boca de Catherine enquanto se retorcia violentamente debaixo dele enquanto estirava o cabelo. Mordeu o peito, deixando uma pequena mordida de amor antes de dar atenção ao outro enquanto continuava suas estocadas lentas. Rodando os quadris brandamente enquanto deslizava em seu calor úmido, sentindo um leve formigamento na parte posterior das panturrilhas que marcava que seu orgasmo se aproximava.

— Conor...

Mac se deteve afogando um gemido. Enquanto seu corpo era o sonho úmido de qualquer homem de dezessete anos, sua voz era um problema definido. Um pouco estridente e melancólica, a voz de uma petulante menina de cinco anos, não a sexualmente amadurecida de uma mulher aventureira. E definitivamente não estava de humor para escutá-la agora. Haviam passado mais de três semanas da última vez que teve sexo e tinha um pouco de tempo perdido para compensar.

Sem nem sequer um “por sua ausência”, retirou-se de seu úmido calor e reuniu as dispersas almofadas do chão. Enquanto se inclinava seu medalhão em uma fina corrente de ouro girou para frente e o golpeou no nariz. Impaciente o pôs em cima de seu ombro e continuou sua tarefa, pondo os travesseiros na cama. Agarrando-a pela cintura deu a volta sobre a pirâmide de seda para que seu generoso traseiro agora apontado para cima.

— O que está...

Ele a cortou empurrando brandamente sua cara para baixo nos lençóis levando seu traseiro mais alto e expondo sua brilhante carne interior. Empurrou de novo profundamente e o surdo grito de alegria dela emanou dos lençóis. Tomando um firme controle sobre seus quadris, Mac se acomodou em um passeio sem pressa.

Dia atual - Sul do Manchester, Inglaterra.

O terror e a ira lutavam na alma de Jennifer Beaumont ao entrar na extensa casa. A raiva estava ganhando a batalha. A grande porta da entrada se estrelou com um ruído surdo enquanto a chutava fechando-a. Seus sapatos de couro italiano fizeram clique fortemente no piso de mármore enquanto ia para porta dupla da biblioteca. Jogou a bolsa em direção da mesa com coberta de cristal no centro do hall onde ricocheteou no vaso de gladíolos 1 rosados e brancos. O arranjo cambaleou perigosamente antes de parar.

— Maldito esconderijo miserável — jurou enquanto arrancava o trinco de latão. Golpeou a porta de carvalho com a palma de sua mão, golpeando para trás a parede com um destruidor golpe na acolhedora cena no interior. O vampiro Mikhail parou frente à chaminé vendo sua entrada com um sorriso indulgente. Centenas de anos atrás, ela tinha pensado que Mikhail fosse um homem bonito. Com seus quase 1,90 altura, cada centímetro deles sem gordura, mas musculoso, representava uma figura impressionante. Seu cabelo era dourado pálido cortado debaixo das orelhas e cuidadosamente penteado para trás para revelar um rosto estreito com maçãs do rosto requintadas, nariz afiado e uma boca cheia. Com suas impecáveis calça de couro preta que acentuava suas pernas fortes de corredor e sua camisa de seda branca, parecia com um dos piratas de ouro de antigamente. Foi só quando olhou aos olhos que pôde ver seu único defeito. Não tinha alma. Seus gelados olhos azuis refletiam só vazio.

— Maldito coração negro, Mikhail — Jennifer soltou. — Foi muito longe esta vez.

Ele riu brandamente e manteve seus braços como se esperasse um abraço de bem-vinda.

— Querida Jennifer, é este os modos de saudar seu amo?

Jennifer tentou controlar a raiva que estalava enquanto ele falava.

Queria gritar até que o cristal fino do abajur se rompesse chovendo sobre eles em fragmentos. Queria arrancar extremidade por extremidade, atirando as partes até os limites da terra.

Queria acompanhar pessoalmente sua alma negra às portas do inferno.

Exortando a sua infame vontade de ferro se conteve. Lançar um ataque frente a Mikhail obteria muito pouco. De fato, só lhe daria a vantagem.

— O que tem feito? — Ela murmurou.

Mikhail sorriu brandamente com movimentos fluídos pegou uma taça de cristal de Baccarat que encheu com um líquido vermelho e espesso. Jennifer captou o aroma do sangue-frio, como frias e úmidas moedas, enquanto ele lentamente virava a taça.

— Não tenho nem ideia do que está falando, Jennifer — ronronou ele. Sem afastar os olhos dela tomando um gole do líquido. Jennifer mascarou sua repugnância quando ele bebeu. O sorriso de Mikhail se ampliou quando passou a língua pelos lábios e a cabeça se

 

1 Erva (Gladiolus communis) de folhas ensiformes, flores grandes em longas espigas e frutos capsulares, nativa do Sul da Europa e Norte da África, e muito cultivada, com inúmeras variedades; palma-de-santa-rita.

 

voltou ligeiramente para ela.

— É este um exemplo de seus legendários costumes, Jennifer? Entra como uma tormenta a minha casa, danificando minha coleção da parede e rudemente ignorando minha hóspede — Com uma mão magra, pálida fez um gesto à mulher sentada no sofá. — Sua mãe se envergonharia de você. Fazendo caso omisso de sua brincadeira, os lábios do Jennifer se fecharam enquanto se voltava para ver Gabrielle DesNoir. Os olhos azuis de Gabrielle brilhavam em contraste com a brancura de seu cabelo longo e pele pálida. Seus lábios estavam pintados de um vermelho brilhante. Seu corpo estava perfeito com um vestido de couro branco, combinando com as meias de seda e com saltos de quatro de dez centímetros. Contudo, era um anúncio perfeito para uma princesa de gelo do inferno. Gabrielle era bem conhecida e não muito querida na maioria dos círculos de vampiros. Sua apelação residia no fato de que seu amante Mikhail, era um dos vampiros mais poderosos do planeta. Muito poucos imortais se atreviam a lhe dizer não. Gabrielle era uma jovem vampira, só tinha cerca de cem anos e ainda estava aprendendo. Com Mikhail como seu mentor estava muito mais avançada que um vampiro com o meio século de idade. Era também conhecida por sua falta de escrúpulos que a convertia na companheira perfeita para ele. Jennifer inclinou a cabeça em direção a Gabrielle.

— Gaby — saudou sabendo como a mulher detestava o encurtamento de seu nome.

—Chère, 2 Jennifer, é tão bom vê-la de novo. — A voz de Gabrielle estava cheia de um sotaque francês que Jennifer sabia que era tão falso como a cor de cabelo atual.

Jennifer se voltou para Mikhail.

— Onde ela está?

— Não tenho nem ideia do que estamos falando. — Apoiou o ombro contra o suporte da chaminé adornada.

Seus olhos brilharam como se houvesse fogo crepitando neles. Recordava a um gato selvagem e elegante preparando para saltar sobre sua despreparada presa. Embora pudesse ser sua próxima vítima, não sem uma briga.

— Quem se perdeu? — A expressão dele era desconcertada.

— Miranda de Glencoe.

Jennifer não perdeu a faísca de satisfação que estalou em seus olhos antes que fingisse

 

2 Do francês: cara, prezada, querida.

 

surpresa.

— Sério? Miranda sumiu? Que terrível. Meu amor, — dirigiu-se a Gabrielle. — Quando foi à última vez que vimos Miranda? Gabrielle se levantou do sofá com sua graça sobrenatural e se aproximou de seu amante.

— Bom, acredito que pode ter sido faz uns anos, pelo menos. Talvez na festa de aniversário de Kitty Von Helgen? Acabava de fazer 371 apesar de que não aparenta mais de 40 anos. — Ela chegou ao lado de Mikhail e pegou a taça dele logo se voltou para Jennifer. — Não recordo ter te visto nessa festa. Não te convidou? — Ela tomou um gole com seus penetrantes olhos olhando a Jennifer sobre a borda do copo.

Jennifer lutou para manter sua expressão impassível.

— Espero que a próxima vez que veja Kitty Von Helgen seja para cuspir sobre seu cadáver em decomposição — disse de maneira uniforme. Fazendo caso omisso da expressão de surpresa de Gabrielle, voltou sua atenção a Mikhail.

Seus olhos gelados estavam divertidos. — Foi muito longe esta vez Mikhail — advertiu.

— Querida Jennifer, fere-me. — Pôs uma mão sobre seu magro coração, como se suas palavras tivessem dado um golpe mortal.

— Como posso ferir alguém que não é humano? — Ela viu o olhar divertido de Mikhail e o de satisfação de Gabrielle. Estavam apresentando uma frente unida. Talvez agora fosse um bom momento para pôr uma pitada a isso. Um pouco de dissensão nas filas do inimigo era algo bom quando se enfrentam em uma guerra aberta.

—Tanto você quanto eu sabemos que na realidade nunca poderia machucá-la, Mikhail.

— Jennifer se moveu a uma cadeira azul marinho de couro e se acomodou no braço. Com cuidado, arrumou-se a saia cor vinho, o que permitiu a Mikhail um brilho de sua coxa. Ela tragou sua repulsão ao sentir seu olhar interessado percorrendo a carne.

— Entretanto — ela se inclinou sobre o respaldo da cadeira com sua postura aparentemente casual. O decote em V de sua blusa se abriu um pouco, o que permitiu a Mikhail uma vista sem obstáculos do sutiã de renda preta. — Os dois sabem que seria uma perda de tempo e energia.

Mikhail sorriu fracamente. Gabrielle vaiou seu desgosto enquanto o olhar de seu amante se detinha na exposta carne de Jennifer. Mikhail não fez conta.

— O que quer de mim pequena Jennifer?

— A verdade — Jennifer se moveu para que sua blusa uma vez mais obstaculizasse seu show pessoal. — Renault encontrou provas de drogas e te viu e a uma mulher gato levando Miranda longe. Quero saber por que o fizeram. Como você sabe, Miranda é uma velha e querida amiga minha e é natural que me preocupe com seu bem-estar. O sorriso de Mikhail vacilou e logo retornou a ela com toda sua força.

— Tanto sigilo, querida — disse à arrepiada Gabrielle. Olhando de novo a Jennifer — E eu que pensava que estava sendo tão ardiloso. Jennifer não se deixou enganar. Mikhail não era um homem estúpido. Desequilibrado e imprudente sim, mas idiota não. Quis que Renault os visse a ele e Gabrielle levarem Miranda. Era tão certo quanto sabia que o próprio nome deste pequeno “deslize” era uma parte de seu plano. Agora só tinha que averiguar os efeitos de suas ações e como tirar Miranda disso.

— O que fez com ela?

— Escondi-a em um lugar seguro.

— Quero vê-la.

— Não — grunhiu Gabrielle. — Não pode vê-la. Agora dá seus primeiros passos fora e lhe diga a Va...

Jennifer olhou Gabrielle concentrando-se brevemente na taça de cristal na mão da outra mulher. Um segundo depois explodiu com uma chuva de sangue e cristal caindo sobre Mikhail e Gabrielle, que estalaram em gritos enquanto Mikhail a olhava doído.

— Realmente Jennifer era uma taça Baccarat. Isso era realmente necessário? — Ele tirou um lenço branco como a neve do bolso da calça e secou a parte dianteira da camisa de seda em ruínas. — Acredito que danificou minhas posses o suficiente por um dia. Primeiro, danificou a parede puxando a porta ao abri-la e agora isto… — Maldita cadela — grunhiu Gabrielle com seu sotaque trocado de tons a um áspero francês do Brooklyn.

Jennifer tomou nota com satisfação de que o delicioso cristal cortou profundamente a mão da mulher.

O sangue fluiu da ferida e se era possível ela parecia ainda mais pálida que antes.

Jennifer se pôs a rir brevemente.

— Não é como se não te curasse. — Ela se levantou do braço da cadeira e fixou seu olhar no Mikhail. — Digo a sério Mikhail, quero ver Miranda antes que isto continue mais tempo.

Mikhail jogou o tecido empapado de sangue ao fogo com um assobio.

— Muito bem. Eu...

— Não pode levá-la A... — Gabrielle o interrompeu.

— Silêncio — ordenou Mikhail. Ele olhou para baixo ao atoleiro que se expandia lentamente de sangue a seus pés. — Está arruinando meu Aubusson 3. Consegue uma toalha e vai gotejar a outro lugar. Gabrielle embalou sua mão ferida contra o peito enquanto se dirigia para a porta e lançava um venenoso olhar a Jennifer.

— Te pegarei por isso cadela — grunhiu ela. — É só uma revenant 4, uma servente do mestre e pode morrer… — E você é uma mulher de palavra, não é assim, Gaby? — O sorriso de Jennifer era fino. — Vê por suas raízes, elas necessitam assistência — À medida que a mulher vampiro saía da sala, Jennifer sabia que se arrependeria do que dissera, cedo ou tarde. Seu sorriso desvaneceu. Gabrielle não esqueceria este pequeno deslize e ela acabaria pagando um alto preço por ter a última palavra. Jennifer só podia esperar que não terminasse pagando com sua vida. Mikhail riu entre dentes provocando uns calafrios que desceram por suas costas.

— E pensava que eu era mau...

Jennifer forçou um sorriso zombador.

— Você, senhor, não é um amante muito atento.

Ele pôs os olhos em branco teatralmente.

— Se minha querida Gaby estivesse realmente em perigo de morte, por assim dizer, eu saltaria até os limites da terra para salvá-la, ou ao menos à cidade para conseguir umas ataduras.

Mas nós dois sabemos que se curará em poucos minutos e voltará a cravar seu lado com outro espinho.

— O que sabemos é que fará muito pouco ou nenhum dano permanente a mim também — Jennifer disse levemente.

— Touché. — Mikhail sorriu enquanto se movia pela sala para tomar seu braço. — Pediu para ver Miranda. Ela está por aqui.

Ela respirou fundo escapando de seu toque. À medida que sua fria mão apertava o braço, o frio se afundou instantaneamente através da seda de sua camisa e o medo uma vez mais se reafirmou. O primeiro que faria quando retornasse a casa era queimar sua roupa e tomar um banho quente e comprido. Entretanto, assentiu com serenidade e permitiu guiá-la pela habitação. Mikhail a acompanhou ao caminho de entrada para a parte de trás da casa.

— Escutou o velho ditado, Tome cuidado com o que deseja porque logo poderia

 

3 Tapete originado da cidade com o mesmo nome, Aubusson. A textura é igual a da tapeçaria, exceto que, para cobertura do chão é empregado um ponto mais grosso, o que resulta em um tecido mais pesado que para suspensão. Estes tapetes franceses eram produzidos exclusivamente para os palácios do rei e de sua corte.

 

conseguir? — Perguntou ele.

Jennifer fez caso omisso de sua crescente sensação de inquietação. — Que espera obter? Ele riu e um estremecimento ondulou através de sua pele.

— Você deveria saber a resposta a essa pergunta, Jennifer. Quero retribuição de Val. — Ele encolheu os ombros com facilidade e abriu uma pequena porta escondida debaixo da gigantesca escada. Fez um gesto para que ela fosse primeiro. — Me deve isso… Ela olhou com inquietação a estreita escada que se torcia. O aroma de mofo, podridão e papelão não fazia fácil definir o que chegava ao nariz. Ela não acreditava que Mikhail jogasse parvo com ela, ele a necessitava muito para obter o seguinte passo neste mortal jogo que jogava. Mas ela não estava ainda cem por cem segura. Além disso, nunca tinham gostado dos lugares pequenos e escuros.

— Tem medo?—A suave voz de Mikhail era de brincadeira.

Jennifer endireitou os ombros e saiu pela porta para o fedor detendo-se no pequeno descanso na parte superior das escadas que descendiam em sua própria versão pessoal do inferno.

— O que Val te deve? — Perguntou desesperada por manter sua mente fora da escuridão anestésica que esperava nas estreitas escadas.

— Por onde devo começar? Roubando minhas mulheres, por exemplo. Shai era minha como sua mãe foi antes dela. Maeve também era uma escolhida igual a sua irmã Rebeca. E não se esqueça de você, querida Jennifer. Você foi meu maior triunfo até que ele o arruinou. Val não tinha direito a interferir em meus planos.

Ele fechou a porta com um suave clique e a escuridão foi completa. Ela apertou as costas contra a parede enquanto manobrava por passar com sua mão dobrada convulsivamente ao redor do corrimão de ferro forjado. Ele tomou a oportunidade para pressionar-se com força contra ela, e ela sentiu o ferro de sua excitação. Mordendo-os lábios até que tiveram sabor de sangue, ela ficou rígida, inflexível quando chegou a seu redor com seu fôlego acariciando sua garganta desprotegida.

— Lembra-se daquela noite? — As pontas frias de seus dedos acariciaram a pele exposta. — A noite em que te fiz imortal?

— Quando me fez um monstro quer dizer? — Jennifer se afogou incapaz de ocultar a amargura de seu tom.

— Não é um monstro, querida e sabe. Viverá para sempre, igual a mim — sua voz se perdeu enquanto punha um pequeno beijo contra da base de sua garganta. — Igual a mim...

— Não sou nada como você — disse ela. Levou as mãos a seu peito e o empurrou, mas ele não cedeu nenhuma polegada. O pânico floresceu em seu peito enquanto que seus demônios gêmeos da escuridão e o vampiro começavam a arranhar sua alma.

— Ah querida é exatamente como eu. Mais como eu do que nunca saberá. É por isso que te escolhi. Poderia te amar para sempre, Jennifer. Pus-te por cima de todos outros, inclusive de Shai. Mas então me deixou. — Seu tom era triste enquanto suas mãos se moviam por suas costas para agarrar sua parte traseira e ele mesmo se impulsionava contra ela ainda mais.

— Escapar é o que quer dizer. Está zangado com Val por te tirar Shai e resgatar Maeve ou porque ele também escapou? É porque te venceu em seu próprio jogo? É um dos poucos vampiros que não cedem ante você e isso te incomoda Não é assim?— Ela se concentrou em suas palavras mais que no homem que se pressionava com tanta força contra ela. O pânico ameaçou estrangulando-a enquanto um grito crescia em seu peito.

Ele a empurrou, golpeando sua cabeça contra a parede com um golpe seco.

— Não me derrotou nem você tampouco. Voltou para mim não faz muito tempo e fará outra vez — grunhiu. Suas mãos deslizaram até retornar a agarrar seus ombros, com o fôlego rançoso de sangue velho em sua bochecha. — Você me traiu. Mas de uma vez traiu todos os homens em sua vida não, querida?

Jennifer ficou rígida em sua acusação verbal.

— Me ensinou o mestre. Não estamos um pouco velhos para andar tateando em um armário? — Ela replicou lutando por um tom de desprezo.

Mikhail riu e logo a soltou bruscamente. Moveu um interruptor na parede e a estreita escada se iluminou.

— Se preferir uma cama posso arrumar. — Ele se afastou fazendo um gesto a ela para que começasse a baixar os degraus tortos.

—Não em toda sua vida. — Ela começou a descer a escada caracol, agachando a cabeça para evitar golpear-se com os degraus de cima.

— Não apostaria por isso se fosse você. — A mão dele deslizou limpamente sob o peso de sua longa cabeleira procurando a parte sensível de sua nuca em seu pescoço.

Ela tropeçou e teve que pôr suas mãos na parede rugosa para evitar cair nos degraus restantes. — Sobre a vida de quem apostará? A de Miranda?

— Deixa de fazer isso. — Ela espetou.

Mikhail riu de novo e retirou sua mão.

— Os deuses odeiam aos covardes.

— Não chamaria covardia. Chamaria de bom gosto, — respondeu ela, começando a descer pelas escadas de novo, esta vez mantendo-se pelo menos três passos diante dele.

— Ainda machucada pelo Conor MacNaughten, querida? Ou devo chamá-lo “O que escapou” Que tal o Cavalheiro de Bronze Prateado? — Zombou — Se foi e nenhuma vez olhou para trás, verdade? Chamando-te uma pequena escolha de nomes se me lembro bem. É óbvio seu nome era Lilith então, não? Foi sua traição o nome do meio, também, querida Lilith? Jennifer se aferrou ao estreito corrimão agradecida que Mikhail não pudesse ver sua expressão de pânico. Tinha afastado Mac por seu próprio bem, não porque ele tivesse visto dessa maneira, ou se conhecia as circunstâncias de sua deserção. Ambas as vidas se danificaram, a sua de maneira irrevogável, por suas ações. Nessa noite fazia mais de um século não tinha ficado outra opção. Mas não esta vez. O vampiro ganharia este jogo e com muito gosto perderia sua vida em um esforço para que deixasse de destruir as vidas de outros. Ela forçou um sorriso despreocupado apesar do nó na garganta.

— Separamo-nos suficientemente amistosos faz mais de um século, Mikhail. Todo mundo sabe isso. Por que tirar uma história antiga?

— É isso tudo o que é? O amor de sua vida foi relegado a uma “história antiga” em sua mente? — Ele riu entre dentes e Jennifer queria muito cravar um prego oxidado em seu coração. — De algum jeito não acredito. Acredito que se importava muito e ainda o faz, muito mais do que está deixando ver. É óbvio, só sei que realmente não era o homem para você.

—Então uma vez mais Mikhail, equivoca-se como naquele tempo. Nunca pensei que fora o homem para mim.

Absorta na conversa, Jennifer perdeu o último degrau. Cambaleou-se à porta, agarrando o marco da porta para recuperar o equilíbrio. Ele abriu as portas a um corredor estreito e úmido alinhado com três portas pretas cada uma com pesados cadeados.

Ela olhou Mikhail.

— É isto “façamos um trato” e escolho uma porta?

Ele sacudiu a cabeça, com seu cabelo loiro brilhando a tênue luz.

— Não, eu diria que se parece mais a minha câmara pessoal de delícias. — Ele se moveu a seu redor com facilidade e se aproximou da porta do meio. Abriu o cadeado e a porta de uma vez, e deu um passo atrás, o que lhe permitiu uma vez mais ver o caminho.

Jennifer viu em um começo que as paredes do pequeno quarto estavam cobertas de um material refletivo que brilhava. A luz das velas brilhava nas paredes, dando um brilho dourado. Ela sentiu como se tivesse sido envolta em papel de alumínio. Com uma inspeção mais acelerada, viu as folhas finas de prata esterlina que foram colocadas nas paredes, chão e teto pelo que nenhuma greta de gesso ou madeira fosse visível. Nenhum vampiro ou revenant com vida seria capaz de conectar telepaticamente com alguém no exterior e pedir ajuda. Incluindo ela. A porta se fechou com um estalo suave e ela lutou para terminar seu crescente pânico. Tragou saliva, obrigando-se a centrar-se no problema em questão. Agora não era o momento de ficar histérica. Miranda necessitava que estivesse calma e enfocada. A vida de sua amiga dependia dos resultados dos próximos minutos. No controle se voltou para a cama estreita e à mulher maltratada que estava presa nela. Em circunstâncias normais, Miranda de Glencoe era uma mulher de beleza extraordinária. Com quase 1,80 de altura, era construída como uma estátua rubenesca 5. Agora estava deitada sobre a cama, abatida e pálida. Seu longo cabelo preto estava sujo e enredado, os pulsos estavam atados com correntes de prata que a mantinham imobilizada. Jennifer tomou nota da roupa feita farrapos e as marcas de mordida parcialmente curadas na garganta da mulher.

— O que tem feito com ela? — sussurrou sem poder ocultar seu horror. Mikhail sorriu.

— Só o que sabia que ia trazer Val correndo aqui.

Jennifer tragou a bílis que queimou a parte posterior da garganta. A raiva se afundou como garras em seu coração. Até tomava tudo o que tinha e o resto de seus dias na terra, ela se encarregaria de que Mikhail pagasse pelo mal que fez a Miranda. Mesmo que isso a matasse no processo, era um pequeno preço que pagar por uma mulher que tinha sido uma de suas únicas amigas em muito tempo.

Ela se obrigou a mover-se para a cama, com seus movimentos, geralmente graciosos, que agora eram saltos. Sentou-se na borda da cama antes que seus joelhos a fizessem desabar.

Vacilante agarrou a mão da mulher, onde um anel de ouro brilhava com um nó celta. Jennifer passou seus dedos sobre o padrão familiar que combinava com o anel de prata em sua mão direita.

Um anel de eternidade dado fazia uma vida por um velho vampiro a uma revenant jovem e assustada.

Um gemido escapou de Miranda. Devido ao tom pálido de sua pele e sua aparente debilidade, supôs que havia passado algum tempo desde que a vampiro se alimentou. Por sorte Miranda era uma antiga e podia passar um longo período de tempo sem comer e não sofrer nenhum dano duradouro.

5 As mulheres de Rubens são mulheres com curvas sem serem gordas como as de Botero. Sua sensualidade está nos modelos imperfeitos dos clássicos de Rafael, por exemplo.

— Miranda, sou eu, Jennifer. — Ela acariciou brandamente o cabelo escuro da mulher até que seus olhos revoaram.

— Jen.— sussurrou com lábios gretados.

— Calla. Tinha que ter certeza que estava bem. — As lágrimas ardiam atrás de seus olhos enquanto procurava nos ocos da expressão do Miranda. O que tinha suportado, Jennifer não sabia, mas tinha algumas ideias do terror que recebeu da mão de Mikhail.

— Está em perigo. Deixa este lugar. — sussurrou Miranda. — Diga a Val que lhe causei suficiente dor...

— Que nobre —Mikhail zombou.

— Diga que leve sua mulher daqui. — A voz de Miranda falhou.

— Não — gritou Mikhail. — Não se atreva a dizer.

Em um abrir e fechar de olhos, Jennifer foi arrojada fora do lado de Miranda.

Golpeou a parede de metal e deslizou para baixo no escorregadio piso. Aturdida, lutou por levantar-se enquanto Mikhail ia sobre a indefesa mulher atada à cama.

Ao levantar a mão para golpear Miranda, Jennifer se lançou a suas costas. Pegou-lhe duro, fazendo-o que perdesse o equilíbrio o suficiente para evitar que caísse sobre sua amiga. Juntos caíram sobre o pé da cama e ao chão. Uma e outra vez lutou até que ele terminou com seu corpo sobre o dela. Ele se meteu entre as coxas, pressionando a virilha contra seu ápice.

— Amo às mulheres que lutam. — Disse ele capturando seus agitados braços.

Ela lutou, com o medo enlouquecendo-a, e tratou de fazer algo para afastar-se dele.

Arranhou-o em suas mãos, mas foi incapaz de infligir algum machucado devido que segurava os pulsos com muita força. Movendo sua cabeça ao redor, ela se lançou contra ele com seus dentes.

Bruscamente ele empurrou seu braço contra sua traqueia o que obrigou a sua cabeça levantar-se para encontrar-se com seu olhar.

— Se me morder te farei em pedaços e alimentarei meus corvos. — Ele falou lentamente. Deslizando a mão abaixo ao redor de seu peito.

Jennifer forçou sua voz a permanecer constante.

— E se me viola nunca obterá sua retribuição de Val. Vou me encarregar que leve Shai e Maeve o suficientemente longe de você para que nunca as encontre.

Ele parou sua áspera carícia.

— Está fazendo isto tão difícil — grunhiu. Sacudiu seus quadris contra ela. — Hum...

Poderia mudar meu plano de jogo. Talvez deixar que Miranda se vá se você se submeter a mim, Jennifer. Lembra o muito que nos divertíamos? Poderíamos ter isso de novo, mas estragará tudo, verdade?

— Diversão — cuspiu. — Não lembro nada divert... — Ela engasgou. Ele sacudiu a cabeça com tristeza.

— Então não lembra, como eu. Que lástima que não possa lembrar a noite faz muito tempo quando...

— Lembro-me tudo dessa noite. Tudo — ela grunhiu.

Ele sacudiu seus quadris contra ela de novo e ela deu um grito afogado antes que pudesse fazer-se ouvir.

— Poderíamos ter isso de novo — sussurrou ele afundando os dedos dolorosamente em seu peito.

Ela olhou os olhos sem alma com sua respiração severa.

— Escute-me agora, Mikhail. Nunca gostei de me submeter a você.

Ele encolheu os ombros:

— Como se sua vontade fizesse alguma diferença para mim. Tomo o que quero e destruo o que não posso ter. Que assim seja.

— Não acredito que Gaby gostaria de vê-lo nesta posição, certo? — Jennifer tratando de fazer caso omisso da mão que começava a apertar dolorosamente. Ela definitivamente teria alguns hematomas amanhã.

Mikhail riu:

— Gaby faz o que eu diga, não o reverso. Entretanto, provavelmente deveria manter minha mente nos negócios, Certo? — Ele moveu seu peso para cima longe de seu peito. Com ternura acariciou a esbelta linha da garganta com movimentos metódicos. — Precisa ir e dizer a Val que tenho a sua pequena Miranda. Aceitarei em troca de sua miserável vida, uma reunião com ele.

Deverá ir sozinho ao Chapel dê Anges nos subúrbios do Calais, França quatro dias a partir desta noite a meia-noite.

Ela ficou tensa quando ele afastou seu cabelo a um lado do pescoço. Tragou audivelmente enquanto os dedos acariciavam brandamente a base de sua garganta.

—Não — ela protestou renovando sua luta. Um grito começou a crescer já que sabia que o impensável ocorreria à medida que ele baixava a cabeça.

— À meia-noite, querida Jennifer. — Seus lábios gelados acariciaram a garganta enquanto um grito saía, contra sua vontade, de sua alma. — A meia-noite. — A dor atravessou seu corpo enquanto Mikhail começava a alimentar-se.

 

Subúrbios do Guildford, Inglaterra.

—Você cheira como um bordel…

Conor MacNaughten levantou a taça de brandy e saudou seu amigo. — Quando demanda minha presença em qualquer momento, assume as consequências. Val começou a rir.

— A maioria dos simples mortais não está tendo sexo ao meio-dia em qualquer dia da semana, meu amigo.

— Só se tiverem sorte. — Mac sorriu.

— Se tivesse que esperar que chegasse um momento em que não estivesse tendo relações sexuais, então seria muito tarde. Como diz, “que o inferno congele primeiro”? — Val afogou sua risada. — Deve ser tedioso saber que nenhuma mulher pode resistir a seus encantos...

Exceto uma.

Mac franziu o cenho. Agora, de onde tinha vindo esse pensamento? Forçou um sorriso.

— Algo que vale a pena fazer, vale a pena fazê-lo bem. Trato de me sobressair em meu dever com as damas e nunca as deixo voltar para casa decepcionadas. É um mandato moral.

— Interrompi-te, verdade? —Val riu.

— Não me interrompeu, mas a senhora não recebeu o seu. — Mac começou a rir ao recordar a cara enfurecida de Catherine quando saiu da cama. — Por outra parte, já tinha tido quatro antes desse. Em uns poucos minutos ia a...

A risada de Val soou de novo.

— Um verdadeiro cavalheiro não revela nada...

— Agora espera um minuto! Isso não saiu de sua boca. Valentin, o sedutor de Paris, de finais do século XVII está se burlando de mim? Val, o homem que faz referência rindo como o cavalheiro que nunca está desarmado porque leva a espada na calça? Lembra a noite em que você, os trigêmeos Armand e eu rompemos uma cama na Provença. E logo estava à baronesa Von Ravensfeld e seu trio de alunas, certo? Embora apostasse que o que ela estava ensinando não era pelo que seu mère 6 pagou. — Mac levantou sua taça de brandy em sinal de saudação. — Foi um animal, para o deleite das damas… Val sorriu com a lembrança.

— Ah, sim, Belle, Murielle, Elise e Grunhilde. Como vou esquecê-las? Se me lembro bem, você e eu tínhamos problemas para caminhar de volta ao carro de noite…

— Não pude caminhar por uma semana. — Ele sorriu com carinho a seu amigo vampiro. — Isso é o melhor de ser revenant. Tem todas as mulheres que pode desejar... Ela era a exceção sua mente se burlava. Tomou outro gole, disposto a deixar a voz desaparecer e que o deixasse em paz. Val assentiu.

— Esses tempos ficaram atrás, meu amigo. Agora tenho Shai e meus velhos costumes loucos sossegaram para sempre… Mac moveu o copo de líquido ambarino lentamente, com o cenho franzido.

— Embora saiba que tipo de joia é Shai, não teme se aborrecer com ela?

A ruptura da risada de Val atraiu seu olhar à taça.

— É óbvio que não, Mac. Conheceu Shai os últimos dez anos. Há algo remotamente aborrecido nela? Essa mulher me excita mais que todas as outras juntas. Só tenho que olhá-la e sei que estou profundamente metido nela e isso está muito bem. Não, nunca haverá outra mulher para mim.

Inesperadamente, as imagens de Lilith Snowden encheram a mente de Mac.

Rindo, cantando, correndo através do Bois Boulogne 7 às 2 da manhã, o sabor de seus lábios e os sons baixos que fazia com a garganta quando se excitava. Quase imediatamente ficou duro. Ele franziu o cenho.

— Vejo que sabe o que quero dizer, — disse Val lentamente.

Ele afastou as imagens e sem piedade tratou de controlar suas rebeldes emoções. Lilith o deixara por outro homem. Ele nunca poderia perdoá-la, nem esquecer.

Um dia pagaria pela dor que infligira a sua alma. Uma dor que mal admitia para si mesmo. Ele escolheu interpretar mal deliberadamente, entender os fios que atiravam de seu maltratado coração.

— Chatty Cathy é dificilmente alguém com quem desejei passar o resto da eternidade — ele arrastou as palavras. — Mas posso suportá-la durante umas poucas horas cada vez. A mulher não se dá conta de que o silêncio é verdadeiramente ouro.

Val deixou passar o momento sacudindo a cabeça e tratando de sufocar, sem êxito, um sorriso.

— Está sendo tão mau como foi no século XVII. Ninguém nunca te disse que não deve falar de uma dama dessa maneira?

— Só se for uma dama e, confia em mim, Catherine não é dama. É um caminho

 

7 Em português Bosque Bolonha é um parque situado em Paris, França.

 

trilhado. — Mac fechou os olhos e tomou um longo trago desfrutando das fortes queimaduras do antigo líquido e as fracas, imprecisas e amargas lembranças que era melhor esquecer.

— Não te pedi que me falasse sobre sua vida amorosa — a voz de Val se voltou estranhamente grave. — Tenho algumas notícias a respeito de nosso ilustre amigo Mikhail. Retornou e parece que sequestrou Miranda da casa de Sinjin na Cornualha. Mac se sacudiu e seus olhos se abriram de repente. Procurou no rosto de seu amigo, por qualquer sinal de risada em seus olhos. Não viu nenhuma. Isto não era nenhuma brincadeira. Ele conhecia a história de Val com a bela Miranda de Glencoe. Veio à vida de Valentin em um momento de desespero. Os vampiros que viviam durante um período longo antes ou depois se encontravam com problemas de adaptação. O mundo mudava rapidamente, enquanto que os vampiros se mantinham estáticos. Amigos mortais e conhecidos se casavam, tinham filhos e se ficavam velhos e depois morriam enquanto que os vampiros os olhavam como uma espécie de macabro voyeur. Como se a raça humana fora um teatro posto em jogo para benefício dos vampiros. Isto era suficiente para voltar louco ao mais forte dos vampiros e passava com bastante frequência. Miranda tinha salvado Val desse destino. A amizade entre eles tinha séculos de profundidade e se estendia. Sua ruptura só tinha sido pela chegada de Shai à vida de Val. Miranda tinha cometido o engano de se apaixonar por seu velho amigo, mas quando Shai chegou, ela se foi com elegância. Embora não tinham falado nos últimos dez anos, Mac sabia que Val perdera sua amiga. A ação de Mikhail, aos olhos de Val, era equivalente à guerra.

— Então, o que vamos fazer? — perguntou em voz baixa pondo a taça em um extremo da pequena mesa.

Os olhos escuros de Val se reuniram com os seus com gratidão e Mac se viu refletido em seu fundo preto.

— De acordo com Jennifer, Mikhail quer reunir-se comigo na próxima semana.

Ele ficou rígido com a pronúncia desse nome amado e odiado. Lilith, Jennifer dois nomes muito diferentes para a mesma decepcionante mulher.

— O que ela tem que ver com isto?

— Jennifer enfrentou Mikhail cedo esta noite. Foi a sua casa e pôde ver Miranda.

— Ela fez o que? — Surpreso ele saltou da cadeira.

— Foi à Residência do Mikhail nos subúrbios de Manchester no começo desta tarde.

Ouviu que Renault Gabrielle DesNoir e Mikhail tinham sequestrado Miranda. Por alguma razão foi sozinha ali para enfrentá-lo. A ira correu através de seu sistema e com isso um toque de medo que o surpreendeu.

Temor por Jennifer? Isso era absurdo. Mac sabia muito bem quão perigoso era Mikhail, mas Jennifer tinha uma larga relação com o vampiro. Enquanto que ele ainda não sabia exatamente o que tinha acontecido entre Jennifer e Mikhail fazia um século, sabia que era suficiente para escolher ao vampiro sobre ele mesmo. Teria ela estado apaixonada por Mikhail? Certamente tinha tratado de convencê-lo disso, mas de algum jeito não acreditava. Sua história de amor eterno com um vampiro nunca lhe pareceu verdadeiro. Algo sobre o assunto não tinha sentido. Era algo no que nunca poderia pôr o dedo e Jennifer nunca confiou. Não é que se importasse agora. Ela fez suas escolhas, agora podia viver com as consequências. Ele sem dúvida estava fazendo. Mac olhou Val e captou a pergunta em seu olhar. Ele olhou para outro lado.

— De todas as coisas estúpidas... — começou ele. —Pagou o preço. — Val acrescentou em voz baixa. — Repreende-a se for necessário, mas pagou o preço de sua loucura. Mac lutou pela calma enquanto sua mente girava como um redemoinho. Apesar de que Jennifer se afastou dele quando mais a tinha necessitado, ainda tinha assuntos pendentes com ela. Imagens de Jennifer machucada e sangrando encheram sua mente. Se Mikhail a tinha machucado, com muito gosto mataria ao vampiro com suas mãos e alimentaria os lobos com seu cadáver. A força de suas emoções o surpreendeu.

— Está bem?— Grunhiu ele.

— Foi sacudida, mas parece estar lidando com isso.

Ele assentiu bruscamente e se acomodou no braço da poltrona. Olhou com tristeza a abandonada taça de brandy. O fogo piscava sobre os restos do líquido no copo, dando uma profunda cor âmbar. Se alguma vez necessitava uma taça em sua vida, este era o momento para isso. Ele não a alcançou.

— Supõe que Mikhail vai atrás de Shai?

— É possível. Ou talvez vá atrás de Maeve. Ela é a única que escapou dele com vida.

Jennifer poderia também ser um objetivo, mas duvido. Ele a deixou ir esta noite. — Val encolheu os ombros. — Talvez vá atrás de todos nós. Neste momento não sei. Algo deve ter saído mal, muito mal para que ele tenha chegado a pôr suas mãos sobre Miranda.

— É certo. Miranda é uma mulher inteligente. Mikhail deve tê-la enganado de algum jeito. — Mac se levantou da cadeira e tomou o copo que o chamava. — Qual é o plano? — Ele jogou o resto do brandy no fogo. As chamas azuis brilhantes saltaram violentamente.

— Enviei Maeve à casa de Sinjin no norte de Escócia. Depois do ocorrido na Cornualha, estará completamente segura ali. Levaria também Shai, mas tenho a sensação de que não ficaria ali a menos que a encadeasse. Embora seja uma ideia a ter em conta, nunca me perdoaria por isso. — Ele sacudiu a cabeça e sorriu com tristeza. — É uma pistola. Vou mantê-la comigo por agora. Mikhail quer reunir-se comigo no Chapel dê Anges nos subúrbios do Calais em quatro dias a partir de agora.

— O que necessita que faça?

— Ver se pode liberar Miranda da casa de Mikhail. Se algo for mau, quero saber que Miranda está segura.

Pela primeira vez em sua larga vida o sabor do brandy azedou.

— Terá que matá-lo de uma vez por todas — disse em voz baixa.

Val o olhou fixamente aos olhos, com expressão enfeitiçada.

— Palavras mais verdadeiras que disse meu amigo, mas o Conselho de Anciões nunca nos respaldaria.

— Maldito seja o Conselho — grunhiu Mac. — Esta é a segunda vez em dez anos que Mikhail vai atrás de você. Só a deusa sabe quantas vezes foi atrás de outros menos afortunados antes. Era bastante mau quando estava matando seres humanos, mas agora vai atrás de sua mulher, de um vampiro e de uma revenant. Se tiver êxito, ele nunca parara de matar, independentemente da decisão Do Conselho. Você e eu sabemos, já é hora de que termine.

Val se levantou da cadeira e se aproximou onde Mac estava.

— Tem razão, mas por agora minhas mãos estão atadas até que me dirija ao Conselho.

— Quando falará com eles?

— Alexandre Saint-Juste me enviou uma mensagem esta tarde. É o atual chefe Do Conselho e espero ter notícias em breve.

— E o que vai fazer se o Conselho negar sua solicitude?

— O que posso fazer a não ser matar Mikhail, independentemente de seus ditados? Tem que ser detido, inclusive se tiver que renunciar a minha vida para fazê-lo — Val sacudiu a cabeça, com uma expressão triste. — Como chegou a isto? Mikhail tem feridas purulentas que nunca vimos, e se volta mais perigoso com o passar dos anos. Inteirei-me recentemente que Mikhail mentiu para mim no primeiro dia.

— Como é isso?

— Quando conheci Mikhail no Kiev, supus que tinha nascido ali. Falava o idioma como um nativo, vestia-se como eles e conhecia um grande número de pessoas na cidade. Cheguei, ou seja, recentemente por Jennifer que é Irlandês ou Escocês. Tomou um grande esforço em ocultar sua origem — Val sacudiu a cabeça. — Ao princípio pensei que fomos amigos, agora sei que mentiu desde a primeira palavra.

Mac pôs sua mão sobre o ombro de Val.

— Mikhail é uma alma perdida. Perdeu-se quando era humano e está ainda mais perdido agora. Não te castigue pelo que nunca poderia ter previsto. É quase de dia, e temos quatro dias para conseguir a aprovação do conselho e tirar Miranda de sua casa antes que te encontre com Mikhail. Val pôs uma mão sobre o ombro de Mac e deu um rápido apertão.

— Jennifer esteve vivendo na casa dos Fayne no Westhumble durante os últimos três meses. O que fará com ela?

— Posso lidar com Jennifer — disse Mac. — E a manterei a salvo queira ou não.

— Morta, é ainda mais linda do que foi em vida.

Shai começou sua cantoria detendo-se na metade enquanto a voz áspera se introduzia em sua solidão. Ela se afastou de seu pequeno tronco de carvalho cheio de garrafas com óleos essenciais, com sua busca da rosa absoluta esquecida quando se voltou a olhar ao homem que tinha roubado seu coração fazia dez anos em uma escura noite.

Valentin se apoiou na ombreira da porta da sala olhando-a com seus olhos escuros sem fundo, com expressão sombria. As pálpebras pesadas olhando-a causaram a dor no centro de seu peito e se expandiu. Pelos últimos dez anos adorou este homem. Vivido com ele, amando-o pelas noites, rindo com ele, chorando com ele e tinha previsto passar a eternidade com ele. E nestes anos nunca viu seu amante ver-se tão atormentado como fazia agora.

Ela forçou um sorriso zombador em seus lábios.

— Você sim que sabe como adular a uma mulher.

— Mesmo se você não pode cantar? — Um sorriso aliviou sua expressão. — Deve pedir emprestado aos es, meu amor, não destrui-los.

Shai se aproximou dele com a risada borbulhando em sua garganta.

— Está tratando de me dizer que não posso cantar?

Seu olhar queimou sua pele enquanto o empurrava fora de seu lugar de descanso e chegava a ela.

— Não, meu amor, não pode cantar. Entretanto... — Ele apanhou o laço do roupão de seda verde esmeralda e puxou. — Tem outros talentos em abundância.

Um suspiro escapou de seus lábios enquanto seu vestido se deslizava com a seda sussurrando através da pele. Levantando suas mãos capturou a bainha antes que sua pele nua fora revelada.

— Mac já se foi?

— Sim. —A contra gosto soltou o laço e se afastou dela. — Se foi há algumas horas para verificar Jennifer, sem dúvida. — Pouco a pouco se aproximou da cama king size, subindo se colocou na borda do colchão. Seus movimentos eram de um homem velho, lento e cauteloso, como se tivesse medo de romper algo.

— Ainda está apaixonado por ela, já sabe. — Shai atou o roupão e fechou o espaço onde Val esteve antes. Ele começou a rir enquanto tirava uma adaga adornada com joias de sua cintura e a jogava sobre a cama.

— Ele não sabe. Se perguntar agora negará com seu último fôlego.

— Pergunto-me se ele ama a mulher de carne e osso que Jennifer é ou se a deseja porque ela o deixou por Mikhail. — Shai atou o nó de suas mãos. — Mac acredita que nenhuma mulher é imune a seus encantos. Sua exceção feriu seu delicado ego masculino. Acredito que o fato de que ela se negar a consumar seu grande amor faz tantos anos realmente é o que queima seu traseiro.

Val lançou um olhar curioso.

— Acredita que sim? — Ele começou a desabotoar a camisa. — Acredito que o está interpretando mal.

A vista do peito musculoso do amante a levou através do quarto. Shai subiu ao estrado e tirou suas mãos afastando os botões.

— O que estou interpretando mal, Mac? — Subiu a seu colo, montando-se sobre ele enquanto começava a tirar a camisa. — Sei que Mac viaja pelo mundo e que se respaldou, mas pode abrir seu coração a ela? Está tão obcecado pelo fato de que não tem lembranças de seu passado que não pode confiar em si mesmo para amar a alguém? Ele parece pensar que a falta de lembranças de seu passado o faz menos homem por alguma razão. Homens! — Suspirou ela. — Acredita que possa amar Jennifer da forma em que deve ser amada?

— Conheço Jennifer, é sua uma velha amiga e é muito leal. Mas, acredito que você tem um torcido a seu favor e nubla seu julgamento. Mac está realmente obcecado por sua falta no passado. Não recorda nada antes do século XI, o dia que Renault o encontrou inconsciente na muralha do Adriano e isso o consome. Ele não sabe quem o converteu nem por que. Quem ou o que era sua família, nada disso. — Ele deixou cair suas mãos para acariciar os joelhos dela.

— Até que não decifre ou que possa viver com a memória perdida, nunca será o homem que Jennifer necessita. —Shai sacudiu a cabeça. — Constantemente correrá em círculos só para encontrar-se amarrados a nós...

— Por que não dormiram juntos naquele tempo? — Val a interrompeu. Shai estremeceu enquanto as mãos acariciavam suas coxas, afastando brandamente a seda de seu vestido. Desejava ceder à força do desejo que se estendia através dela com seu toque. Mas estavam tendo uma conversa, não era assim? Limpou garganta antes de continuar.

— Jennifer me disse que uma dama em seu tempo simplesmente não acreditava no sexo promíscuo. Era muito perigoso. Apesar de que era uma imortal, sua educação estava pega nela suponho. Ele soprou — Sei que muitas damas da época não se aderiam a essa teoria. Ela sorriu, — Aposto que sim. E fez a missão de sua vida em descobrir a essas mulheres, certo? — ele suspirou enquanto seus fortes polegares começaram uma lenta ascensão até o interior das coxas.

— Sei que os dois ficaram terrivelmente feridos pelo acontecido. Minha pergunta é se pode ou não perdoar Mac ou se o fará pagar uma eternidade. Há um montão de coisas que ele não sabe desse então.

Os movimentos dele se detiveram.

— Como o que?

Shai negou.

— Prometi a Jen que nunca diria. Só espero que eles possam resolver antes que se machuquem de novo. Qualquer idiota pode ver que precisam estar juntos.

— É assim? — Val abandonou suas coxas e deslizou os braços ao redor de sua cintura puxando-a para si. — Isso ainda está por vir. Neste momento temos problemas maiores.

Ela olhou seus olhos escuros. Podia deixar de ver a dor enterrada ali antes que ele a puxasse para um forte abraço. Val e Miranda tiveram uma larga relação da qual ela sabia muito pouco. De certa maneira, sua alma estava ciumenta da bela vampira. Mas não podia estar ciumenta por muito tempo. Se não fora pelo Miranda, Val nunca teria vivido para ser tão velho como era. Ela foi quem o salvara da escuridão e o tinha ajudado a adaptar-se ao mundo que mudava rapidamente a seu redor. Era a Miranda a quem tinha que agradecer porque o amor de sua vida estivesse inteiro e são e a sustentara agora.

Shai deslizou os braços ao redor de seu pescoço e devolveu o abraço.

— Então, qual é o plano?

— Acabo de ouvir do novo Conselho de Anciões. Foi-me concedida uma audiência para amanhã pela tarde. Apresentarei minha alegação por escrito em favor à execução.

— Que tipo de oportunidade tem? — Ela se afastou para olhá-lo aos olhos. — Acha que cederão a sua petição? A expressão de Val foi sombria e seu coração deu uma pontada.

— Um motivo para execução não foi concedido em mais de 400 anos. — O apertou com mais força pela cintura. — Não parece bom. Shai sacudiu a cabeça lentamente com a garganta fechada. — O que acontece se negam a solicitude? O que acontece se permitem que Mikhail siga em liberdade?

— Então, o matarei de todos os modos. É a única maneira de garantir sua segurança e a de Maeve. As lágrimas arderam em seus olhos e piscou furiosamente, cravou os dedos profundamente em seus ombros como se pudesse fundir-se garantindo sua segurança.

— E o que passa se mata Mikhail de todos os modos?

Os olhos dele escuros se fixaram nela.

— Se for contra o conselho me condenarão a morte.

Um lamento ficou em sua garganta e Shai se separou dele. Lutou por ficar de pé enquanto o medo fazia estragos em sua alma. Tropeçando com sua larga túnica se desviou para a porta. Logo que sentiu as fortes mãos que a agarraram pelos ombros até que foi acolhida no abraço de seu amante. Por um segundo lutou, com uma explosão de pranto saindo de seus lábios que teria quebrado os tímpanos de um mortal. Um delicado vaso de vidro explodiu, enviando uma chuva de água e rosas em uma mesa de mogno e no tapete. Soluçando, caiu inerte sobre o amplo peito de Val.

Ela o amava mais que a sua vida, não podia perdê-lo agora.

—Não vou deixar que isso ocorra — soluçou ela. — Não vou permitir que as ações de Mikhail o afastem de mim.

— Minha amada, não há nada escrito em pedra — sussurrou ao ouvido. — Ainda temos a oportunidade de fazer isto da maneira correta. Por favor, tenha fé em mim, farei tudo o que esteja ao meu alcance para proteger aos que amo.

— Tenho fé em suas habilidades para proteger-nos — protestou ela dando a volta em seus braços para ele. — Mas, quem te protegerá?

Ele sorriu, pondo um suave beijo em sua bochecha úmida.

— Essa é minha Shai, olhando sempre para outros. Sou um ancião, um dos vampiros mais antigos e mais fortes do planeta.

— Mikhail também — argumentou ela.

— Sim, mas ele não te tem. Com você a meu lado posso desafiar o diabo e ganhar.

Shai apoiou a testa contra seu peito, saboreando a sensação dos braços fortes ao redor dela. O Conselho afastaria Val dela? Destruiria seu futuro e a deixará sozinha por toda a eternidade?

Não tinha fé neste Conselho sem nome e sem rosto e do que ouviu nos últimos anos, sua falta de fé estava justificada. Poderia ocorrer, poderiam destruir a ambos, Val e Mikhail.

Ela se afastou e se encontrou com seu olhar.

— Faça amor comigo — sussurrou ela.

A admiração iluminou a escuridão de seus olhos. — Será um prazer.

Shai se moveu de seu abraço. Deixando cair seu vestido, escutou seu gemido afogado enquanto a seda se separava, deixando a nudez descoberta. Como se estivesse paralisado, Val se aproximou arrastando os dedos por cima de sua clavícula. Acariciou brandamente sua pele enquanto seguia a borda do roupão por seu corpo, com seus olhos fazendo culto dela.

— Amo-te — sussurrou ele.

Ela sorriu. Com o amor florescendo em seu peito, empurrando o medo e a ira longe por agora. Se o destino conspirava para tirar este homem, queria amá-lo tudo o que pudesse no tempo que tinha.

Ela tinha dor.

Mac estava fora da isolada casa no campo dos arredores Westhumble. Logo o sol sairia, mas por agora a escuridão era um bálsamo para a ira que agitava suas vísceras. Apertou sua mão contra a porta de carvalho maciço e imediatamente foi golpeado com uma onda de emoções mescladas.

Ele fechou os olhos, mas contra sua vontade, as imagens invadiram sua mente.

A escada estreita e tortuosa que conduzia à escuridão, o rosto de Mikhail rindo e Miranda torturada enquanto estava atada à cama estreita. Exalando lentamente, Mac tirou sua caixa de gazuas do bolso e extraiu uma seleção de arames finos. Com facilidade por uma longa prática, agachou-se à altura da sólida fechadura e começou a trabalhar.

Em questão de segundos os mecanismos ressonaram, então ficou em silêncio.

Substituindo sua ferramenta, pôs a caixa no bolso, abriu a porta e entrou na casa. O silêncio e a luz dourada de um pequeno abajur envolveram a ele como uma colcha quente.

Mac em silêncio fechou a porta e entrou na guarida de Jennifer. Esteve na casa em várias ocasiões para visitar Fayne. Era uma casa confortável com todas as comodidades e os últimos dispositivos. Fayne era uma grande fã da tecnologia, dos brinquedos novos e melhores que havia.

Enquanto caminhava para o arco da sala de estar, fez caso omisso dos cômodos móveis e das belas obras de arte. Em troca, centrou-se nos pequenos detalhes da mulher tinha amado com loucura fazia mais de um século.

Um lenço de seda vermelha estava jogado descuidadamente sobre o respaldo do sofá de couro cinza. Um par de brincos de diamantes brilhou na mesa de café enquanto que as botas de cano longo de couro preto estavam debaixo desta. Desceu os três degraus à sala de estar, movendo-se instintivamente para a chaminé grande.

A biblioteca que ladeava a mesma estava transbordam com diversos livros com capas de couro, livros de bolsos maltratados e pequenas quinquilharias. Um pequeno fetiche indígena de urso americano brincava com um unicórnio de porcelana em um cinzeiro de argila desequilibrado, enquanto que um anjo de cristal Lalique, via-os de cima. Não havia desenho nem forma no conteúdo, só harmonia resignada, igual à mulher. Ele se encontrou alcançando o anjo, segundos antes de deter seus dedos de roçar o cristal. Deixou cair seu braço e se afastou das estantes e as contradições que se apresentavam ante ele. Carvões brilhavam na chaminé enquanto caminhava para ela. No suporte da chaminé havia uma variedade sem igual de candelabros com velas brancas, e no centro do suporte havia rosas. Uma dúzia de rosas em um vaso de vidro de cristal negro. Um eixo de dor o apunhalou enquanto olhava as brilhantes floresça. Recordou o dia fazia muito tempo na Alemanha. Estava chovendo e o sol se escondeu durante muito tempo atrás das nuvens pretas quando se encontraram com um soprador de vidro. No entardecer, tinham-no visto por horas, fascinado, enquanto criava as delicadas flores. Comprou uma dúzia para a mulher que amava. A mulher que amava. A mulher que amou se corrigiu. Não a queria agora. Franziu o cenho aos florescentes casulos, desejando desprender o manto quebrado da chaminé de pedra. Embora se apaixonasse completamente por ela há mais de um século, Ela o teria amado alguma vez? Tinha-o deixado sem dúvida em um abrir e fechar de olhos correndo tão rápido como podia para Mikhail. A larga raiva enterrada zumbiu ao longo de sua pele. Aborrecido, obrigou-se a afastar-se da chaminé, mas algo nos carvões chamou sua atenção. Franzindo o cenho, agachou-se e tirou o objeto das cinzas. Uma parte de tecido cor bordô escapou das chamas. Franziu o cenho de novo. O que Jennifer queimou na chaminé? Tomou o atiçador e moveu as brasas que ensinando um vulto fundido unido a uma parte de tecido. Por que estava à roupa queimava na chaminé? Olhou para o teto. Necessitava um pouco de respostas e a única pessoa que podia responder a elas provavelmente estaria acima dormindo profundamente. Decidido a encontrar essas respostas, voltou-se para a escada e se meteu no sótão escuro. Ali encontrou Jennifer. O brilho de várias pequenas velas dava uma variedade de grossos movimentos pela luz verde do sistema de iluminação da sala à mulher que jazia na cama com dossel. Estava deitada de lado, aconchegada em uma parcial posição fetal. Seu cabelo úmido estava esparso sobre o travesseiro e parecia estar dormindo. Calça amarela e uma camiseta cinza e grossas meias esportivas brancas cobriam a generosa figura da cabeça aos pés. Uma garrafa pequena de medicamento estava no criado mudo junto a um copo meio cheio de água. Recolhendo a garrafa, ele franziu o cenho ao ler a etiqueta. Sedativos? Nunca imaginou que Jennifer recorreria aos sedativos, sem importar qual fora a situação. Por outra parte, nunca teria imaginado que preferisse dormir com a roupa posta tampouco. Tinha parecido à espécie de mulher de seda e renda. Não porque alguma vez a tivesse visto em um dormitório antes. Em sua relação anterior, Jennifer sempre foi a que pôs um alto a sua vida sexual antes de consumá-la, muito a seu pesar. Pareceu, então, que era a única mulher que podia resistir a seus encantos e que isso a fazia ainda mais desejável para ele. Foi incapaz de resistir a Mikhail? Franziu o cenho ante a ideia inquietante de Mikhail e Jennifer fazendo o amor. Com um grunhido, aproximou-se da cama e olhou à mulher dormindo. Viu imediatamente que estava muito pálida. Sem pensar conscientemente, levantou seu braço e roçou o decote da camiseta de novo revelando sua magra garganta. Um assobio escapou dos dentes ao ver os hematomas que marcavam sua pele. Mikhail tinha se alimentado de Jennifer. Mas foi consensual ou contra sua vontade? Aproximando-se, viu os buracos dentados no centro da pele salpicada. A mordida de um Vampiro, quando bem-vinda era suave e uniforme, com muito poucos hematomas. Estes definitivamente foram feitos à força. Nenhuma outra coisa poderia explicar o tamanho e o alcance da lesão. Para uma mulher equivalia uma violação. A fúria o golpeou no peito, impulsionando o fôlego de seu corpo. Cambaleando longe da cama, apagou a necessidade de uivar à Deusa e à injustiça das ações do vampiro contra esta mulher e seus amigos. Queria destruir tudo o que a assustou ou a machucou alguma vez em sua vida. Quis envolvê-la em algodão e mantê-la quente e segura. Desejava a cabeça de Mikhail em uma espada. Pouco a pouco, deu uma profunda baforada de ar enquanto se esforçava por conter a raiva que lutava em seu interior. Essa raiva podia ser sua perdição se não a aplacava imediatamente. Permaneceu sobrenaturalmente quieto com os olhos fechados, dando respirações profundas pelo nariz e exalando pela boca. Pouco a pouco a razão voltou e uma vez mais esteve em controle. Abriu os olhos e se dirigiu à cama. À medida que se aproximava dela, o pendente contra seu corpo começou a esquentar-se. Fez uma pausa. Procurou dentro de sua camisa, tirou o pendente e o pôs em cima de sua cabeça. Estava na palma de sua mão, a pedra de ouro e topázio brilhava fracamente contra sua pele.

Era o sol.

Muitos anos antes, enquanto estava em Veneza, Jennifer dissera o muito que amava a luz do sol. Sentia que tinha nascido milhares de anos muito tarde para poder ter uma adoradora do sol no Egito em tempos de Akhenatón. Apesar de que não estava na moda em uma mulher de seu tempo, ela construiu um pequeno solar em sua casa e passava muitas horas no sol. Em umas poucas semanas adquiriu um bronzeado dourado pálido. Ele quis beijar cada centímetro de sua pele dourada para ver exatamente o que a cobria enquanto o sol a tinha adorado. Havia rumores, então, que tomava sol nua.

Encarregado um joalheiro de Veneza que criasse o pendente de ouro e topázio que não era maior que uma coroa Americana. Quando era sustentado na chama de uma vela, os raios de luz dourada brilhavam disparando-se do teto em uma imitação débil do sol. Recordava sua alegria quando dera o pendente. Seus lábios se esquentaram e se incharam com beijos roubados no balcão do teatro Fenece de Veneza, ela colocou o pendente no pescoço e disse que nunca o tiraria.

Mas tinha mentido.

O tirou no dia que escolheu Mikhail a ele. O dia que o deixou. O dia em que Mac tinha posto o pendente ao redor de seu pescoço, onde permanecia até agora. Uma lembrança amarga de quão perigoso é dar o coração a uma mulher volúvel.

Negou. Tanto tempo perdido. O lapso de vida dos mortais, um abrir e fechar de olhos para os imortais, mas perdido para os dois, não obstante. O tempo que nem ele nem Jennifer podiam reclamar, mesmo se quisessem. Esfregou os dedos sobre a pedra antes de colocá-la de novo ao redor do pescoço. Ele o colocou debaixo da camisa onde descansaria a centímetros de seu coração.

Uma onda de esgotamento atirou de seus membros. Só haviam passado 12 horas desde que deixara à cama de Catherine, mas o sonho foi a última coisa em sua mente. Passaram quase 36 horas desde que dormido por um longo tempo e estava morto de cansaço. Silenciosamente tirou as botas e se meteu na cama junto a Jennifer.

Cuidando de manter uma boa distância entre eles, Mac estirou seus músculos cansados relaxando. Nos próximos dias seriam exaustivos, trataria de descansar o melhor que pudesse.

Fechando seus arenosos olhos, foi à deriva em um sono profundo.

Algo não estava bem. Sacudindo-se para despertar, ele ficou consternado ao encontrar que em seu sonho ambos se moveram e a zona que os separava e tinha deixado entre eles se foi.

Jennifer estava aconchegada a seu lado, com sua cabeça apoiada em seu ombro e sua mão como um punho em sua camisa. Seu aroma único a jasmim e a mulher quente provocou uma reação imediata debaixo da cintura.

Com o cenho franzido, desenredou sua mão da camisa e depositou sua cabeça sobre o travesseiro. Rodou ao lado mais afastado dela e em questão de minutos ela se moveu novamente, desta vez tocando suas costas. Seus peitos firmes ficaram esmagados contra ele enquanto sua ereção se pressionava dolorosamente contra seu encerramento. Ele se afastou dela outra vez só para escutar seu grunhido em sinal de protesto. Suspirando, captou seu braço e o arrastou ao redor de sua cintura, assegurando-a as costas. Ao parecer, encontrava-se em uma miserável sesta. Estava tão excitado, sentia-se como que não tivesse uma liberação em um mês, em lugar de umas poucas horas. Ele gemeu e fechou os olhos ignorando o fato de que pela primeira vez em um século, sentia que tudo estava bem no mundo.

 

Alguém estava na cama com ela.

Os olhos de Jennifer se abriram enquanto uma grande mão masculina deslizava em sua calcinha, tomando o traseiro, enquanto que outra mão acariciava seu peito. Sonolenta os olhos cor chocolate a olharam profundamente. Olhos muito familiares. Olhos que ela tinha sonhado, mas estava certa que nunca voltaria a ver.

— Mac — disse com voz rouca.

Ele a rodeou. Seus braços, pernas, seu aroma, sua masculinidade se envolveram a seu redor como a manta viva. Empurrou o amplo peito tratando de pôr um pouco de espaço entre eles.

— Hum — ele murmurou puxando-a para trás até que ficou em seu contrário como se fora o envoltório de um caramelo. — Não se mova — sussurrou ele contra sua clavícula.

— Como você...? — Ela grunhiu sem fôlego enquanto Mac dava um beijo úmido na garganta com a língua saboreando sua pele. De uma vez seu corpo respondia a suas carícias.

Apertou as coxas sólidas como uma rocha contra o centro de suas pernas e uma umidade saltou à vida. Calafrios ondularam sobre sua pele enquanto a luxúria zumbia através das veias. Este homem podia reduzi-la a uma massa de necessidade trêmula de carne. Enredando os dedos em seu longo cabelo, tentou tirar a boca de sua pele e ordenar a seu corpo rebelde a entrar de novo em ordem.

— O que está...? — Um gemido escapou enquanto a língua de Mac acariciava a base da garganta. Um suspiro escapou quando involuntariamente impulsionou a metade inferior de seu corpo contra ele.

A mão dele tocava seu traseiro, forçando seus quadris a uma dança sensual enquanto sua outra mão soltava seu peito e acariciava seu ventre. Habilmente desatou o cordão da calça e o afrouxou colocando a mão entre suas coxas e afundando-se no calor úmido que o esperava.

— Eu não... — Um pequeno grito magro saiu da boca enquanto seus talentosos dedos encontravam o broto sensível contido em seu interior. O calor banhou seu corpo enquanto os dedos pareciam chegar ao fundo de sua alma, arrancando as fibras de seu coração. Liberando seu apertão de morte do cabelo, ela agarrou aos largos ombros. Abriu suas coxas, dando a bem-vinda a seu peso, enquanto ele dava a volta na parte superior dela, pressionando-a contra o colchão.

— Sim você sim, Jennifer — soprou contra sua garganta. — Necessita isto tanto quanto eu. — Deu pequenos beijos ao longo da mandíbula. — Posso sentir dentro de você. — Seus dentes morderam o lóbulo de sua orelha. — Assim como eu desejo estar enterrado profundamente dentro de você. — A beijou levemente nos lábios, acariciando fracamente carne com carne, em uma antecipação do que estava por vir.

Jennifer gemeu, desejando muito mais que um casto beijo. Necessitava muito mais.

Agora.

Ela tomou sua cabeça e puxou a boca para sua pele.

— Mais. — Ela suspirou.

Concentrado em sua boca, viu a satisfação masculina em seus olhos.

Inclinando-se, ele tomou seu lábio inferior entre os dentes e o puxou com ternura, provocando ondas de desejo como foguetes através dela. Com um último puxão soltou sua carne.

Seu escuro olhar se encontrou com a dela.

— Sim, mais — ele suspirou antes de capturar a boca completamente.

Ele a comia com a boca como um homem faminto e ela devolvia.

Com estocadas ele a invadiu, acariciando o sensível céu da boca antes de manobrar a condições de luta contra a maré de calor com sua língua. Um suave gemido escapou enquanto Mac chupava sua língua. Contra sua vontade, os dedos se enredaram em seu longo cabelo. Aferrando-se a sua cabeça, devolveu o beijo voraz, como se ela também morrera de uma fome que só um homem poderia satisfazer. Aferrou-se a ele enquanto as sensações sacudiam todo seu corpo. Uma necessidade sem nome superou seus membros, enquanto ele se movia para os joelhos para alinhálos com seus magros quadris. Ela se voltou para baixar o zíper, avivando as chamas de seu desejo a um inferno.

Ofegando, ele rompeu o tórrido beijo. Surpreendida, Jennifer abriu os olhos e olhou os seus. O fogo de seu desejo queimava vivo dentro de seus olhos. Queria derrubar-se em seu calor até cobrir cada centímetro de sua pele e esquentar o núcleo de sua gelada alma.

Deu um pequeno beijo na ponta do nariz.

— Diga-me o que deseja Jennifer. — Deu um beijo pequeno no canto da boca, com sua língua jogando com a união de seus lábios. — Diga-me que me deseja. — Ordenou dando um beijo debaixo do centro de seu lábio inferior. Deu outro no queixo. — Diga-me que deseja isto. — Ele sacudiu seus quadris contra a umidade entre as coxas, causando que uma labareda ao vermelho vivo de desejo rasgasse através de sua alma.

— Desejo-te — suspirou ela acomodando seus joelhos com mais força nos quadris. Deu um beijo no canto oposto da boca.

— Quanto me deseja? — Ele se balançou contra ela, esta vez prolongando o movimento para cima até que um grito saiu dela. — Quanto deseja isto?

— Por favor, — rogou ela, fazendo caso omisso da advertência que soava no fundo de sua mente. Esforçou-se desesperadamente por perceber de que estava fora de seu alcance. Com a liberação que só este homem podia dar.

Mac se moveu e sujeitou os braços ao colchão.

— Suplicou a ele, também?

Confusa, olhou-o aos olhos. Com o amante tenro de faz uns momentos fora da vista.

— Q-q- que? — balbuciou ela.

— Perguntei-te se rogou a ele também.

— Do que está falando?

O agarre em seus braços se apertou enquanto a boca se enrugava com desgosto.

— Rogou a Mikhail que a fodesse?

Jennifer ficou tensa, com a dor de seu golpe verbal mais intenso que qualquer dor física que já enfrentou. Ficou cega momentaneamente, enquanto as lágrimas alagavam seus olhos. Piscou furiosamente para afastá-las. Morreria antes de chorar diante deste homem.

— Solte-me — grunhiu ela.

— Esteve tão excitada e selvagem debaixo dele como está para mim neste momento?

Posso sentir sua excitação, Jennifer. Gozou com ele? Mais de uma vez? — Exigiu.

Jennifer fez uma careta quando cada palavra caía como um golpe a seu coração.

— Disse-te... — Ela engasgou. — Que me soltasse. — Ela ficou mortalmente quieta, mal respirando enquanto olhava os olhos do homem que uma vez amou com todo seu coração. O mesmo homem que a estava cortando com cada palavra que dizia.

— É tão fácil — espetou ele.

Ela se sentiu aliviada quando Mac a deixou em liberdade. Enquanto saía, Jennifer saltou da cama. Com uma mão se agarrou à parede para manter-se em posição vertical, enquanto os joelhos trêmulos ameaçavam jogá-la sobre o tapete e com a outra aferrou o cordão caído da calça.

— Não me volte a tocar — sussurrou ela com voz trêmula.

Mac se levantou da cama afastando-se com expressão de irritação.

— Com muito prazer…

— Agora, sai desta casa.

Ele negou.

— Não tão rápido. Você e eu temos um assunto pendente, Jennifer. E resolveremos aqui e agora. Hoje.

Ela deu meia volta, negando-se a olhá-lo mais, aterrada de que visse o muito que estava passando em seu interior. O sol fez gestos através das persianas e por um momento desejou estar fora, envolta em seu calor e não presa neste quarto escuro com um homem que a estava matando pouco a pouco.

Dando uma respiração pouco profunda, esforçou-se por acalmar-se. Ao ver a porta do banheiro aberta, viu sua rota para escapar. Bendita solidão. Isso era o que necessitava para acalmar-se, para recuperar seu equilíbrio que atualmente escapava.

Instável, se dirigiu à porta.

— Não acredito e não temos nada que dizer um ao outro.

Ele parou diretamente frente a ela, obrigando-a a olhá-lo.

— É tão má, Jennifer. Temos muito que dizer. — Fez um gesto para a porta aberta. — Por agora pode escapar, mas não poderá se ocultar para sempre. — Ele se voltou e pegou as botas.

— Vou te esperar no andar debaixo. Não cometa o engano de me manter esperando durante muito tempo, ou voltarei aqui e te arrastarei. Não me evitará desta vez.

Jennifer se sentou no tapete grosso enquanto Mac saía pela porta. Seus passos se desvaneceram pelas escadas. Levando os joelhos contra seu peito, afundou a cara neles enquanto os soluços ameaçavam asfixiá-la. Com o punho da mão contra sua boca, lutou para acalmar sua angústia. Fracassou miseravelmente. Um lamento como de animal se liberou enquanto seu coração se rompia uma vez mais.

Desta vez sabia que a mataria.

O sol da manhã caía quente e acolhedor em seus ombros enquanto Mac levantou à xícara de café a boca e bebia um gole da bebida profundamente preta e espessa. Em sua mente, não podia suportar sozinho uma colherada da xícara de café, então não valia a pena tomá-lo. Agora bem, se tivesse um pastel redondo quente do Café du Pode de Nova Orleans, então sua manhã estaria completa.

Em seu lugar havia um fumegante prato de vingança, ainda quente pela imposição.

Franziu o cenho e girou a delicada corrente de ouro de Sol ao redor dos dedos, surpreso por seus sentimentos de vergonha pelo que fez a Jennifer. Seu pranto dilacerador quase o desfez. A Casa de Fayne era pequena e acolhedora, portanto cada dilacerador soluço se ouvia por toda a casa. Finalmente, em seu desespero por escapar da tortura, fugiu à extensa cozinha para preparar uma xícara de café, só para derramar a metade dela em sua camisa, porque suas mãos tremiam pelo som de angústia dela. Franziu o cenho à camisa manchada como se tivesse jogado o café em vez de ser ao reverso. Entrava alegremente a brisa fria do alpendre e o aroma de café jogado na pia da cozinha. Ainda a desejava. Possivelmente mais agora que fazia um século. Maldita fora sua alma negra por fazê-lo desejá-la de novo. O sabor de sua pele ressonava na boca e nem sequer o mais espesso café preto de chicória podia eliminá-lo. O aroma de sua excitação se aferrava a pele sem importar quantas vezes tratasse de lavá-lo. Seus gritos entrecortados ainda ressonavam nos ouvidos enquanto sua excitação continuava roendo o zíper. Fechou o punho com o Sol afundando-se em sua mão.

— Maldição — sussurrou. — Maldito seja Mikhail e maldito eu — Lançou seu punho e olhou para baixo para olhar o pendente. Um sol radiante brilhava no coração dos topázios cegando-o de momento. Colocando o pendente no bolso da calça jeans, pôs a xícara de café com um golpe no corrimão e respirou fundo, com o ar gelado limpando-o. O solstício de inverno se aproximava e o ar era frio contra seu peito nu que dava na parte onde a jaqueta não fechava. Sempre havia sentido uma profunda afinidade pelo solstício de inverno e nunca soube realmente por que. O fato de que não pudesse recordar grande parte de sua vida antes do século XI o incomodava profundamente. Era evidente que foi um amante pagão de algum tipo, mas além desse instintivo conhecimento, não tinha nem ideia de onde vinha. Nenhum país ao que chamar casa, nem gente a que chamar dele. Só existia um vazio em sua psique, onde seu passado devia residir. Não havia pistas de suas origens antes de despertar em um nicho na muralha do Adriano com Renault agachado a seu lado. Um começo pouco auspicioso para estar seguro. Durante os muitos anos de sua vida adquiriu algumas lembranças boas do dia mais curto do ano. Quando vivia na Europa medieval, o solstício de inverno era a véspera da grande caça do Yule log e longas e escuras horas cheias de festa e cerveja. Mais de uma jovem tinha perdido sua virgindade com ele nessa noite. Sua boca se curvou em um leve sorriso ao recordar a uma encantada ruiva, com uma garrafa de vinho tinto e toda uma sessão fazendo o amor que o deixou satisfeito pelo menos durante uma semana. Ana com suas curvas luxuriosas e talentosos lábios e seus gritos de vai, vai!

Visões de Jennifer excitada e desejosa em seus braços se impunham sobre a imagem da Ana. Seu sorriso desvaneceu. Maldição. Jennifer colocou o suéter preto grande pelos braços enquanto olhava ao homem que tinha invadido seu santuário. Em todos seus anos, Conor MacNaughten seguia sendo o homem mais devastadoramente bonito que tinha visto. Com pouco mais de 1,80 de altura, Mac carecia do tamanho absoluto que Val possuía. Em seu lugar, era elegante, magro e forte como um felino da selva, e era muito forte. Seu comportamento habitual era inquieto, sensual e com um toque hedonista. Tinha uma energia que atraía às pessoas ou a enviava longe. Tinha um temperamento forte e reflexos sem igual. Era um homem de profunda paixão e emoções fortemente atadas e escondidas atrás de um exterior alaissez-faire 8. Sentia muito profundamente as coisas apesar do muito que tentava ocultar. Era uma das muitas coisas que encontrava irresistível e a atraído há um século. Seu jeans gasto abraçava sua parte traseira e acentuavam suas pernas longas. Sua jaqueta de couro preta cobria seus largos ombros e ressaltava a cintura estreita. A jaqueta estava aberta, dando um vislumbre de seu peito ligeiramente bronzeado. O cabelo grosso, ondulada cor marrom escura roçava seus ombros e com o sol golpeando suas mechas, como agora davam a ilusão de um halo dourado. A boca dela se curvou com amargura. Este homem não era um anjo, era letal, com ela pelo menos. A dor correu por sua garganta enchendo-a de vergonha enquanto suas bochechas pareciam em chamas. Como podia ter agido dessa forma desenfreada? Sabia exatamente como se sentia Mac por ela. Soube antes de hoje e sabia ainda mais claramente agora. Ela era o alvo de seu desprezo. Que assim fora. Tudo o que tinha que fazer era sair desta situação com a maior parte de sua dignidade e orgulho intactos como possível. Obrigou-se a respirar de maneira uniforme, lutando para acalmar-se enquanto olhava ao homem que quase esteve em seu interior. Em seu interior. Jennifer franziu o cenho e esmagou o pensamento. Havia passado um século da última vez que tinha posto os olhos nele. O último que precisava era que reaparecesse e causasse estragos em sua vida. Sabia que era ingênuo pensar que Mac não queria ouvir falar sobre o incidente com Mikhail. Seria por isso que estava aqui agora? Empurrou esse pensamento. Conor MacNaughten se importava o suficiente para cuspir

 

8 É parte da expressão em língua francesa "laissez faire, laissez aller, laissez passer", que significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar".

 

sobre ela, se estivesse em chamas. Uma pontada de dor atravessou os restos de seu coração. Ele a amou uma vez e o destruiu seus preciosos sentimentos de um só golpe. Sua opinião atual dela não poderia ser mais clara se pagasse a alguém para escrevê-lo no céu. Assim por que estava aqui e o que queria? Jennifer ergueu os ombros e alisou sua melhor saia preta em seu lugar. Olhá-lo na cozinha como uma espécie do Tom Peeping não obteria respostas a suas perguntas. Orgulhava-se de ser o tipo de garota que pegava o touro pelos chifres e agora era um bom momento para pôr a prova essa teoria. Ela saiu a terraço à luz do sol brilhante.

— Realmente deve comprar um pouco de comida — disse Mac sem virar-se.

— Por quê? Não necessito muito. — Respondeu Jennifer.

— O que passa quando seus amigos te visitam?

— Ninguém me visita.

Mac a olhou por cima do ombro, com o cenho ligeiramente levantado.

— Nem vampiros?

O olhar de Jennifer hesitou e depois se separou dele.

— Não. Ninguém é bem-vindo aqui. — A palavra não dita “nem você”, flutuou no ar.

— Bem — disse Mac com decisão.

O olhar dela se encontrou com o dele uma vez mais.

— O que tem de bom nisso?

Ele se voltou para ela com a expressão distante e fria.

— Queria me assegurar de que ninguém esteve dormindo em meu lado da cama, desde que fui.

Ela o olhou boquiaberta.

— Nunca teve um lado da cama — ela balbuciou.

— Até agora. — Ele pegou a xícara de café e bebeu um gole. — Preferiria o lado esquerdo mais próximo à porta, por favor.

— Até agora, nada — respondeu ela. — Quem diabos acha que é? Você e eu somos notícia velha e não tem voto nas visitas a minha cama. Nenhum absolutamente — Jennifer se deteve quando uma onda forte de enjoo passou sobre ela.

Procurou o corrimão enquanto seus joelhos começavam a dobrar-se.

Umas mãos fortes a apanharam antes que caísse ao chão e se encontrou nos braços de Mac. Em questão de segundos foi levada a casa e depositada brandamente no sofá de couro cinza.

— Tem que comer — ele afirmou sem rodeios. — Perdeu muito peso. — Agarrou uma almofada cor nata de uma cadeira de balanço perto e pôs nas pernas. Jennifer se esfregou a testa enquanto a vertigem começava a dissipar-se.

— Era uma vaca quando me conheceu antes. É óbvio que perdi peso. Normalmente não enjoo quando, tenho que comer...

— Normalmente não atua como um jantar para um ancião sádico — assinalou Mac. Ele se acomodou no sofá junto a ela. — E se mantivesse mais mantimentos frescos em todo o lugar em vez de pizza congelada e Burritos Congelados do Pepe, estaria em melhor forma física.

Ela gemeu e deixou que sua cabeça caísse de novo no braço do sofá.

—Não me diga que se converteu em um bobo de mantimentos saudáveis. — Ela tentou afastar-se da perna morna, muito masculina que se apertava contra seu quadril. Deliberadamente ele se moveu contra o respaldo do sofá sentando-se na borda de sua saia capturando-a com eficácia.

— Sou apenas um bobo de mantimentos saudáveis, mas sim sei que há mais no mundo epicurista que burritos congelados e pizzas mordidas. — Um sorriso leve curvou na boca. — Hoje comeremos toucinho e ovos mexidos com pão torrado, já que é tudo o que tem disponível. Importase de comer na cozinha ou prefere no sofá?

À vista do sorriso em seus ímpios lábios, sua boca secou. Ela trocou de posição com seu olhar longe enquanto o coração pulsava um pouco mais rápido. Seus olhos percorreram a extensão do peito nu a seu jeans. Não, não olhe ali, nem sequer pense nisso! Fixou seu olhar nos pés do sofá.

— Aqui, por favor — murmurou com os lábios secos.

Ele agarrou o queixo e a obrigou a encontrar-se com seu olhar.

— Eu te diria que coma cada bocado. Mikhail parece ter conseguido muito de você. — A voz dele era suave.

Lágrimas picaram seus olhos. Como podia ser tão insuportavelmente brutal em um minuto e logo agir como se quase se preocupasse com ela no seguinte? Que tipo de jogo estava jogando agora?

— Obrigada. — Ela se separou de seu toque.

Mac assentiu bruscamente e se levantou do sofá. Quinze minutos depois voltou a aparecer com a camisa úmida intacta e com uma bandeja cheia de copos de suco de laranja e dois pratos repletos de toucinho, ovos mexidos e torradas. Em silêncio, estendeu um copo de suco.

Enquanto Jennifer tomava, seus nervos cantaram enquanto ele se inclinava para ela.

Seus dedos a roçaram e um calafrio passou pela pele. Rapidamente tomou o copo e se afastou dele, fazendo caso omisso da sobrancelha levantada dele. Ela murmurou seu agradecimento e levou o copo aos lábios bebendo com avidez. Mac deixou a bandeja sobre seus joelhos retirando um copo e um prato.

— Por que enfrentou Mikhail ontem à noite? — Perguntou enquanto se acomodava no chão no lado oposto da mesa de café. Jennifer desceu o copo.

— Tinha que me assegurar de que Miranda estivesse bem.

— Ele poderia ter te matado.

— Necessita muito para me matar — suspirou Jennifer. — Preciso informar Val o que está passando. Minha ida ali foi uma armadilha desde o começo.

— E te colocou direto nela?

— Não tive outra opção. — Jennifer pôs o copo na bandeja e começou a comer os ovos.

Eram suaves e estavam enfeitados com manjericão e um toque de alecrim. Quis gemer em voz alta enquanto engolia o primeiro bocado. — Feito e terminado. — Tomou uma parte de pão torrado carregado de manteiga e com geleia de limão que adorava. Dando uma grande mordida tratou de mastigar engolindo a comida surpresa de estar tão faminta.

— O que vai fazer? — Perguntou em voz baixa.

Jennifer parou com uma fatia de toucinho fresco a meio caminho da boca.

— Bom, não vejo que haja muitas opções sobre o tema. Tenho que encontrar a forma de conseguir que Miranda saia dali. — Imagens da sala prateada e de seu terror encheram sua mente.

Sacudiu a cabeça para livrar-se das inquietantes imagens. — E rápido.

—Então, acredito que teremos que ir busca-la — ele respondeu levemente.

Ela deixou cair o toucinho no prato.

— Não temos que fazer nada. Cuidarei de mim mesma.

— Nunca conseguirá.

Ela olhou Mac.

— Eu...

— Admite Jennifer. Mikhail te assusta e não pode levar isto a cabo por sua conta.

Necessita ajuda. —O tom dele foi forte e zangado.

— E não pensará duas vezes antes de te matar — replicou ela. — Revenant ou não, nos dois seguimos sendo humanos e não se equivoque, ele te matará.

— Maldição. — grunhiu ele. — Que diabos te faz pensar que necessito sua proteção?

Vivi os últimos mil anos sem que você cuidasse todos meus passos e ainda estou aqui. Sou mais de 700 anos mais velho que você. Deixa de me tratar como um colegial com calça curta. Você é a que necessita de um cuidador. Mikhail poderia ter te matado hoje.

— Não teria me matado — grunhiu ela. — Não entende, necessitava-me para levar a mensagem a Val a respeito de Miranda...

— Não pode ser que seja tão ingênua Jennifer. Mikhail poderia ter contratado um serviço de mensageiros para entregar sua maldita mensagem a Val — Mac ficou de pé com seu almoço ao meio do comer. — Pare com isso Jen. Tem que haver uma razão melhor para que arriscasse sua vida que levar uma mensagem a Va. Ela tragou e negou. —Miranda é minha amiga, uma de minhas poucas amigas — ela disse em voz baixa. — Eu posso arrumar. Não quero que participe desta confusão.

— Pode solucionar este problema melhor que ninguém? — Sua voz era grave e mortal.

— O que te faz tão segura que não esteja te usando para vingar-se de Val?

A dor apertou seu coração enquanto falava.

— Mikhail é meu... — a palavra ficou presa na garganta. —... Mestre. Não me fará mal.

O silêncio foi opressivo só aliviado pelo fraco som do vento nas árvores. Jennifer se enfrentou de dar uma olhada a Mac e estremeceu ao ver a expressão em seu rosto. Seu olhar se foi completamente e sua cara era de pedra.

— Sabia que isto aconteceria? Sabia que Mikhail sequestraria Miranda?

Ela sacudiu a cabeça.

— Não, não soube até que Renault me chamou. Não tinha falado com...

— Empacota suas coisas — rompeu ele. — Para três dias. Tiraremos Miranda desse buraco do inferno que seu mestre fez para ela.

— Mac — sussurrou —eu só...

— Não quero escutar — interrompeu de novo. — Uma vez que tenhamos obtido isso, espero que você e seu mestre apodreçam no inferno juntos. Mas te digo isto, Jennifer, se me entregar uma vez mais, com muito gosto eu mesmo te matarei.

Os restos de seu destroçado coração se romperam em mil pedaços quando assentiu em silêncio. Inexpressivamente pôs a bandeja de comida sem terminar na mesa de café e ficou em pé.

Indo às escadas, Jennifer se deteve enquanto uma mão tomava seu braço. Ficou olhando fixamente ao chão de pinheiro, negando-se a olhá-lo nos olhos até que tomou o queixo e a obrigou a retornar, com seu olhar chocando-se com o seu.

— Não se incomode em empacotar roupa íntima, não necessitará — Mac sorriu.

Era um sorriso cruel que enviou calafrios a sua espinha. — Quando te enviar a seu amante será meu nome o que marcará seus lábios, e não o dele.

Jennifer escapou de seu braço, cansada de todo coração de lutar contra os homens que queriam dominá-la e dobrar sua vontade. Homens que queriam possuí-la e destruir a pouca de alma que ficava.

— Não sem minha permissão, Mac — Grunhiu ela. — Nunca sem minha permissão. Ele começou a rir enquanto ela subia as escadas.

— Veremos quanto tempo pode durar, Jennifer, já veremos.

 

Londres

Jennifer apoiou a frente contra o frio cristal da janela. Chelsea se estendia ante ela sob uma grossa camada de reluzente neve, com as luzes brilhando como um brega colar vitoriano. Quanto tempo havia passado desde que ficou em Londres por algum de tempo? Amava esta cidade. Classificava-a há altura de Paris, em seu coração. Adorava o ambiente das concorridas ruas e as lojas pequenas cheias de mercadorias. Enquanto Monmatre 9 matava a fome aos artistas que vendiam suas mercadorias em troca de uma comida quente, uma garrafa de vinho barato ou de dinheiro vivo, nos subúrbios de Londres, havia milhares de rincões e gretas para conseguir perder-se nelas. O verde da campina inglesa à distância e os castelos históricos apodrecendo-se devoravam sua alma. Embora retirada de Londres fosse difícil marcar a passagem do tempo, quando retornava ficava em sua casa. Com as mudanças evidentes na Torre e outros lugares históricos, era dilacerador recordar a pessoas e tempos passados. Cedo na noite, o bulício das compras natalinas, a congestão do tráfico e os pedestres nas ruas criavam uma cacofonia de música para sua alma de uma maneira como muito poucas coisas o faziam. Assim como o homem do outro quarto chegou em seu coração que pensava fazia tempo que tinham perdido a luz. Mas agora a meia noite, as ruas estavam quietas e em silêncio. Durante as últimas dezessete horas, desde que despertou para encontrar Mac em sua cama, sua mente esteve funcionando em círculos tratando de encontrar a maneira de tirar Miranda dessa confusão. Estava mais perto das respostas do que tinha estado antes. Se havia passado algo era que estava mais confusa agora que nunca.

 

9 É um bairro boêmio da cidade de Paris, na França. É uma colina que, já no tempo dos gauleses, se destinava a lugar de

culto. Deve seu nome, provavelmente, aos inúmeros mártires cristãos que foram torturados e mortos no local por volta do ano 250. Consagrada a São Dionísio, tornou-se, na Idade Média, um lugar de peregrinação. Em 1133, passou para a jurisdição de monges beneditinos, que, ali passaram a cultivar uvas para produção de vinho, atividade que permanece sendo exercida até hoje no local.

 

Um suave golpe interrompeu sua meditação.

— Está aberta.

A porta se abriu e uma luz dourada se derramou no quarto escuro. Os ombros largos de Mac encheram a porta com seu rosto sombrio.

— Pedi um pouco de comida para nós. Precisamos comer e depois tentar descansar um pouco. Renault estará aqui ao redor do meio-dia.

Jennifer fez um esforço por deixar de ver a janela. A cena dessa manhã a fez sentir terrivelmente vulnerável e exposta. Gostaria muito de evitar Mac por outros cem anos, mas isso não aconteceria, ao menos não até que Miranda fora livre e pudessem ir por caminhos separados.

— Trará o plano da casa de Mikhail? — Ela se maravilhou com o som fresco de sua voz. Um estranho nunca saberia que este homem tinha quebrado seu coração e o destruiu tão somente essa tarde. Ela se moveu através da porta de entrada apesar de que Mac não se moveu para conceder mais espaço. Seu ombro roçou seu peito e se obrigou a não retroceder ante o contato.

— Sim. Trará e estabeleceremos nosso plano de ataque. Quanto antes tiremos Miranda dali melhor.

E quanto antes te libere de mim também. Assentiu em silêncio enquanto se dirigia à saída do quarto e pelas escadas. O repentino calor e a luz da sala fez dar-se conta de como fria estava à ventilada habitação. O ataque de Mikhail tomou mais dela do que pensou.

O aroma de pão recém-feito e salsichas impregnava o ambiente e seu estômago grunhiu em resposta. Uma pequena mesa coberta de pratos de porcelana e talheres de prata estava instalada diretamente frente às portas francesas. A noite de veludo e as luzes de Londres lhe fizeram gestos.

Ela deslizou em uma das cadeiras, agarrando um dos guardanapos a colocou. Uma grande variedade de carne de porco e salsichas de cordeiro a esperavam afogou um gemido enquanto inalava os mesclados aromas.

De repente, com uma fome voraz, começou a servir-se de salsichas em seu prato.

Croissants, pãezinhos e pão-doces estavam em uma cesta de vime coberto com um pano de linho fino. Outro prato coberto anunciava uma seleção de tamanho de um bocado de quiches e ovos pequenos, individuais e suflés de queijo. Colocou queijo e quiche de cogumelos na boca. Seus olhos se fecharam e não pôde evitar um grunhido de prazer enquanto o rico cheddar e os cogumelos Porto Belo picados cantavam um ária de perfeição em seu paladar.

— É tudo de seu gosto? — A voz de Mac se entremeteu em seu concerto de êxtase.

Jennifer abriu os olhos aos seus que a olhavam surpresos. Engoliu a quiche com força.

— Delicioso — murmurou repentinamente envergonhada. — Não cozinhou tudo isto, certo?

— Posso cozinhar, você sabe. — Ele sorriu. — Também tenho um pessoal incrível. Hilde deixou a maior parte disto no congelador com instruções muito detalhadas. — Ele alcançou uma jarra de suco de laranja, encheu sua taça de champanha na metade. — Sempre teve bom apetite.

— Sempre fui uma porca, quer dizer? — Escolheu um suflê de espinafre e cogumelos pequenos e o meteu na boca. Mac abriu a tampa da garrafa de champanha.

— Eu nunca disse nada desse tipo. — Ele serviu o champanhe sobre o suco de laranja.

Sua voz baixou um tom. — Eu gosto de ver uma mulher que se entrega ao apetite.

Jennifer se deteve na contemplação da quiche e franziu o cenho para ele.

— Não flerte comigo. Não sou uma de suas saias ligeiras. — Cegamente selecionou vários quiches e os deixou cair em seu prato.

Sacudindo a cabeça, ele voltou a colocar a garrafa no cubo de gelo.

— E quando te tratei como uma?

— Acaba de fazê-lo esta manhã. — Maldição! Ela amaldiçoou em sua língua díscola.

Por não ter evitado esse tema por completo. Tomou sua taça com uma mimosa.

— Ah, perguntava-me se poderia falar a respeito desta manhã.

Jennifer franziu o cenho enquanto o via encher de comida seu prato. Seu apetite se foi de repente, enquanto que o dele estava como sempre bem. Na verdade, não era justo que algumas pessoas pudessem comer como cavalos e não ganhar nenhum quilo.

— Assumiu que eu tiraria o assunto? — Ela se esforçou por manter sua voz leve e despreocupada.

Mac estava sorrindo enquanto agarrava em sua faca a uma gorda salsicha.

— Você, minha querida, não é nada a não ser previsível. Pelo menos quando se trata do tema de você e eu.

Ela bebeu um bom gole de sua mimosa.

— Hummm, não me dava conta que havia um você e eu.

— Sempre houve um você e eu. — Simplesmente não quer admitir para si mesma. Se aceitasse isso, você e eu estaríamos juntos, então não teria que seguir lutando esta batalha uma e outra vez. É óbvio, as coisas serão muito diferentes nesta ocasião, posso assegurar isso.

O olhar de Mac era quente e sentiu as brasas do desejo acender-se em seu ventre.

Jennifer esmagou seu crescente desejo e quase arrojou a bebida restante a seu colo com a mão trêmula.

— Acredito que supõe muito, senhor MacNaughten. — Ela se esforçou por falar em um tom arrogante, mas fracassou.

— Suponho nada, Senhorita Beaumont. — Ele falou com uma voz extremamente tranquila. Foram-se a brincadeira e a risada do homem que recordava fazia muitos anos, agora com uma grave voz suave, era um homem estranho para ela. — Simplesmente estou informando de minhas intenções. Não podia afastar o olhar do seu. Suas palavras se fechavam na garganta, ameaçando afogá-la. Amou este homem durante a maior parte do século passado e ainda tinha medo às vezes. Certamente temia por ele enquanto Mikhail pudesse matá-lo rapidamente tendo muito prazer em fazê-lo. A única forma de manter a salvo era ignorar a atração entre eles como fez desde fazia muito tempo. Mac vivo e odiando-a para sempre era preferível a um mundo sem Mac nele.

— Não quero uma relação com você, Mac. E não me sinto da mesma forma com você — sussurrou ela com o coração apertado. — E não posso fazer isto de novo. Simplesmente não posso voltar ali.

A emoção nua brilhou em seus olhos. Dor? Jennifer por uma fração de segundo pensou que suas palavras chegaram por um momento e logo seus olhos se voltaram frios uma vez mais.

— Não recordo ter dito nada a respeito de como me sinto. Não te amo não se engane em pensar isso. Entretanto, desejo-te e te terei. Sei o que sente por mim está escrito em sua cara. Olheme aos olhos e me diga isso Jennifer. — Insistiu. — Olhe-me aos olhos e me diga que não me deseja.

Ela tragou dolorosamente. Cuidadosa de manter seu rosto inexpressivo respondeu.

— Não é que desejei um você e eu. Não te amo, Mac. — Ela mentiu. — Nunca te amei.

— A dor passou através de seu coração, roubando o fôlego dos pulmões enquanto olhava para outro lado. Caminhou, e pôs a taça de champanha abaixo golpeando a borda do prato como um anel cortante enquanto a deixava cair sobre a mesa. Começou a afastar-se quando foi detida pela aparição repentina de um peito coberto de seda branca. Uns braços fortes se dobraram a seu redor, enquanto tratava de mover-se ao redor o impediam.

— Alguém já te disse que é uma terrível mentirosa?

Jennifer suspirou e cedeu à tentação de inclinar a cabeça contra seu peito.

Estava tão cansada de lutar contra ele e contra Mikhail. O que fez para inspirar tal profundidade de emoções nos dois? E por que sempre eram más emoções? Quando menina nem sequer podia despertar os instintos maternais o suficiente da mulher que a pariu para ganhar um abraço ou uma palavra de apreço. E agora havia dois homens grunhindo sobre ela como se fora um osso com carne. Alguém alguma vez a teria amado só por ser ela?

— E te disse alguma vez que se move condenadamente rápido? — sussurrou ela. Os batimentos do coração dele como uma tatuagem em sua orelha. Ele riu e enviou vibrações que fizeram cócegas.

— É o gato da selva em mim.

Jennifer não pôde evitar uma gargalhada indigna apartando-se dele. — Um gato de beco seria mais apropriado para você.

Fortes dedos se fecharam ao redor dos pulsos, com seus polegares acariciando preguiçosamente a pele macia do interior dos pulsos provocando um calor que respondeu para ampliar-se em seu ventre e mover-se languidamente através dos membros.

— Temos que terminar de comer. Necessitará sua força para mais adiante.

Ela se rompeu. Este homem via muito dela que precisava manter em privado com o fim de manter sua prudência.

Ela queria ir-se de lado e chorar sua perda uma vez mais, em particular, mas não a deixaria fazê-lo. Maldita fora sua debilidade por este homem. E maldita fora sua capacidade de ver muito do que tratava de manter oculto dele.

— Acredito que tenho que ir à cama...

Ele baixou a cabeça e Jennifer se surpreendeu quando os lábios quentes acariciaram o interior do pulso esquerdo.

— Prometo não te morder — sussurrou contra sua pele quente.

Sacudindo-se ela se separou dele e voltou para o assento.

— Não acredito que deva fazer promessas que não tenha nenhuma intenção de manter — sentenciou com voz trêmula.

— Parece-me que a dama protesta muito. — Mac sentou-se à mesa e Jennifer invejou a maneira fácil com a que agarrou seus talheres e começou a cortar as grossas salsichas.

— E sigo pensando que você presume muito — respondeu pegando um croissant.

Ele sorriu enigmaticamente e Jennifer teve que afastar o olhar de seus olhos, sabendo-o com o coração na garganta.

Jennifer não estava muito segura do que pensar a respeito de Renault.

Não tinha nada estranho no que ela pudesse pôr o dedo. Em realidade não era muito diferente a qualquer outro revenant que tivesse conhecido. Só que não estava segura de que fora um revenant absolutamente. Seu passado era ainda mais escuro que o do Mac. Ninguém sabia de onde vinha ou que idade tinha. Certamente, nunca oferecia informação a respeito de si mesmo. Nem sequer sabia se Renault era seu nome ou sobrenome. Para ele e todos outros conhecidos era simplesmente como Renault e tinha estado aí sempre, ou isso parecia. Renault desdobrou um plano grande na mesa de café. Vestido com calça de couro cor veio que se aferravam a cada centímetro das pernas musculosas, botas negras e um colete de veludo negro de pecado que fazia alarde de seu amplo peito e braços grossos se via intimidante, ameaçador e sexy como o inferno. Seu grosso e negro cabelo parecia ser de seda à luz da sala. Era mais como o cabelo grosso de um gato rico que de homem. Caía como seda até a metade das largas costas. Hoje o prendeu com um broche de prata esculpido com um intrincado desenho celta. Enquanto que Renault era inquietantemente atraente e surpreendentemente sexual, não mantinha uma vela aos olhos do Mac. Jennifer afogou um suspiro. Talvez se Renault a atraíra e tivesse um romance quente e pesado com ele finalmente pudesse desterrar Mac de sua vida. Jogou uma olhada a Mac sentado no sofá. Por outra parte, talvez não. Vestido com calça jeans gasta azul que estava desbotada quase até ser brancos e um pulôver de cachemira cinza com decote em V, fazia que a boca fizesse água do bonito que era. Seu cabelo castanho grosso estava penteado atrás da cara e seus excitados olhos cor chocolate queimavam sua alma quando olhava fixamente a ela como agora. Ele emitiu um assobio enquanto Renault terminava de desenrolar a folha de papel.

— Esta é uma senhora casa. Quando fez Mikhail construir essa monstruosidade?

— São trinta e dois mil metros quadrados. Comprou a mansão original há sete anos e a remodelou. Faz três anos se anunciou como uma das grandes restaurações do século na frente da Architectural Digest — Renault ficou de joelhos à mesa de café seu movimento elegante e curiosamente quase animal com graça.

Jennifer esfregou a dor que a roía atrás do esterno. Algo estava terrivelmente mal.

Seria Miranda? Não o podia dizer com certeza, mas algo no ar não estava bem.

Uma ameaça espreitava a cidade além das janelas e ela podia senti-lo, esperando por ela. Esperando por eles.

Ela se obrigou a afastar-se da chaminé. Dirigiu-se para a poltrona frente a Mac.

Os fortes dedos capturaram seu pulso, detendo seu passo e puxando-a ao redor da mesa de centro para baixo ao sofá ao lado de Mac, com sua coxa acariciando-a. Tensa, ela começou a afastar do forte braço que rodeava seu ombro, ele a apertou mais contra seu lado. Ela o olhou e ele nem sequer estava olhando em sua direção. Já estava memorizando os planos. Preguiçosamente sua mão começou a fazer pequenos círculos sobre seu ombro, um calor saltou em resposta à vida.

— Não sou exatamente um leitor do Architectural Digest — O tom de Mac foi seco.

— Não sabia que podia ler absolutamente — respondeu brandamente Renault.

Jennifer sorriu a Renault gostava mais cada segundo.

— Gosta das fotos brilhantes — brincou. — Pensa que são muito bonitas. — Voltando sua atenção aos planos se inclinou para frente deslizando-se com eficácia de debaixo do braço de Mac. — A porta de entrada ao porão não está neste plano. — Assinalou ela direto à longa escada de caracol. — Está aqui exatamente debaixo da escada. Renault encolheu os ombros. —Não é muito surpreendente. — Esta casa foi remodelada a partir dos restos de uma fortaleza do século quinze. Não está mais à frente do pensamento de Mikhail que mantivera intactas as masmorras. Mac se inclinou com o ombro acariciando Jennifer e ela se obrigou a não retroceder por seu contato.

— Existe um plano das masmorras? — O leve aroma a sândalo e a homem excitado se enroscou a seu redor fazendo que seus sentidos girassem.

— Este é um plano da planta baixa. — Renault tirou outra folha em que se mostrava um grande porão de aproximadamente o tamanho da casa. Sem paredes ou habitações marcadas no diagrama.

Jennifer olhou as dimensões do porão e sacudiu a cabeça.

— Não. Isto não é o suficientemente fundo como onde Miranda está. Estas dimensões estão a aproximadamente quatro metros debaixo da casa. Estive a um mínimo de vinte e cinco metros debaixo dessa profundidade. Tem que haver um subporão. Havia pelo menos trinta e cinco degraus na escada de espiral para baixo e são muito levantados. Este porão não é o suficientemente profundo para ter tantos degraus.

Renault franziu o cenho.

—Não é tão difícil conseguir os planos alterados pelo preço correto — assinalou. — A entrada a este subporão é por este lado? — Inclinou-se e procurou na planta principal de novo. — Há algum tipo de sistema de alarme na casa?

— É um sistema Excalibur, mas posso conseguir o código para desarmá-lo — Jennifer se esticou quando a mão de Mac passou por sua cintura.

— Bem — assentiu Renault. — Alguma placa de pressão no chão ou olhos eletrônicos?

Ela sacudiu a cabeça.

—Estou acostumado a de mármore no caminho da entrada e não há olhos eletrônicos.

Mikhail pensa que sua reputação por si só evita a alguém entre os mortais. Não é mais que sua arrogância a que assume que todo o imortal também os mantém a distância.

Mac assentiu.

— Que tal amanhã às dez? Quero me assegurar de que Mikhail e sua diaba estejam profundamente dormidos quando chegarmos.

— Mikhail pode caminhar durante o dia. E se não estiver em seu pequeno ataúde sonhando sonhos sangrentos?

Renault começou a recolher pelo piso os planos ordenadamente. — Pode ser, mas seria estranho. Geralmente mantém um horário de sono normal — disse Jennifer. Sentiu ao Mac endurecer-se a seu lado.

— Bem —Renault rodou os planos e os pôs de novo em um tubo oco. — Vemo-nos amanhã então, e resgataremos à fada Miranda deste louco. — Ele se levantou com graça sobre seus pés.

Jennifer se levantou de seu assento. Movendo-se para Renault pôs sua mão no antebraço musculoso. Em seguida sentiu a onda de seus músculos movendo-se como felino debaixo de sua dourada pele.

— Obrigada e, por favor, tome cuidado — sussurrou ela. Ficou quieta pelo estranho impulso de averiguar mais e mover-se por sua pele quente e ver se ele ronronava por ela.

Os olhos dourados do Renault brilharam por um segundo e Jennifer pensou que diria algo. Com uma brusca inclinação de cabeça deu a volta e tomou a jaqueta de couro. Um calafrio repentino agitou seu corpo.

Ela envolveu seus braços ao redor de si mesmo, viu Mac caminhar para a porta de trás que conduzia à garagem da planta baixa.

Poderiam chegar a Miranda com vida? O medo serpenteou ao redor de seu coração enquanto o desespero formava uma dor na garganta. Que floresceu ameaçando estrangulando-a. As lágrimas picaram os olhos enquanto tropeçava para as portas francesas abertas e as empurrava. O vento gelado penetrou em sua roupa, enquanto as lágrimas começavam a correr por suas bochechas.

Contendo sua necessidade de uivar sua agonia colocou o punho na boca em um vão intento por reprimir seus soluços.

Mac fechou a porta trás de Renault, com a frustração roendo suas vísceras.

A ideia de deixar Miranda no inferno um minuto mais, agitava seu interior como um ácido queimando tudo o que tocava. Em silêncio, enviou uma oração por seu bem-estar. Sempre tinha tido debilidade pelo Miranda. Era uma boa companheira de bebida, apesar de que não beber e amava caçar parceiros sexuais dispostos quase tanto quanto ele. Vampiro ou não, ela tinha um grande coração e sempre estava disposta a ajudar a qualquer, mortal ou imortal. Não merecia ser um peão de um lunático. Ninguém merecia esse destino.

Voltou para a sala de estar.

—Jen... — começou. A sala estava vazia. Franziu o cenho e começou a ir para as escadas, quando o mais fraco dos sons chegou a seus ouvidos. Um som que os ouvidos mortais não detectariam. Deteve-se abruptamente e se voltou para as portas francesas que agora estavam abertas.

Londres estava iluminado com centenas de cadeias de chamativas luzes de Natal e a neve começava a cair uma vez mais. Mas seus olhos não estavam na cidade diante dele. Estavam na mulher que estava na esquina do terraço coberta de neve chorando em silencio com as mãos apertadas. A ira queimou através de seu coração ao ver esta mulher incrível chorando tão forte. Maldito Mikhail. Os ombros dela estremeciam com a força de suas lágrimas, com o som facilmente discernível escapando. Ele alcançou seu ombro e ela fez uma careta quando ele a tocou. Fazendo caso omisso de seus movimentos evasivos a tomou em seus braços. O aroma de mulher quente e jasmim chegou enquanto a puxava perto. Ficou rígida como uma mesa contra ele enquanto lentamente acariciava as costas com movimentos longos e com ternura. Deslizando uma mão debaixo sua grossa cabeleira à pele macia de seu pescoço, esfregou pequenos círculos em seus atados músculos, desejando que ela relaxasse e se apoiasse nele. Pouco a pouco, ela se inclinou para ele. As mãos dela primeiro em punhos se moveram de sua cara para rodear a cintura. Ele deixou sair o fôlego que não se deu conta que segurava até que sentiu seu contato nele. Ele a apertou e ela se moveu inquieta, como se estivesse tratando de meter-se dentro de sua pele, dentro de sua alma. Deu um beijo suave na parte superior da cabeça enquanto um gemido surdo soou em seu peito.

— Chore Jen.

Um som de protesto escapou e quase instantaneamente um soluço foi arrancado de sua garganta enquanto se afundava contra ele com os joelhos cedendo.

Habilmente ele a apanhou e a girou em seus braços. A luz da sala acenou, mas ele as ignorou caminhando pelas escadas às habitações de cima. Seu quarto estava em penumbras, só iluminado pelo brilho dourado de uma vela. A escuridão era sempre preferível quando tinha um arrebatamento emocional. A cama era branda e acolhedora, enquanto deixava a Jennifer nela. Ela emitiu um gemido quebrado e ele a liberou, alcançando um travesseiro. Ela ficou de joelhos em posição fetal enquanto ele se movia ao redor da cama. Sentando-se na borda começou a tirar as botas. Atrás dele, sentiu que ela se movia.

— O que está fazendo?—Perguntou ela com voz rouca e com lágrimas.

— Colocando-me na cama — ele deixou cair suas botas sem cuidado e pegou o cinto de couro preto.

— Aqui? — Chiou ela.

Mac sufocou seu sorriso.

— Aqui. — Deixou cair o cinto na parte superior de seus sapatos e se meteu na cama. Jennifer se surpreendeu porque ele alcançou o travesseiro e a lançou à borda e caiu.

— Oh, não, não.

Ele tomou pela parte traseira da saia antes que pudesse dar a volta, impedindo-a de sair da cama king-size. Um grito de frustração escapou enquanto a puxava para o centro. Seus braços se agitaram, deu no queixo com um cotovelo enquanto ele a agarrava pelos braços.

— Opa... Agora pare! — Ele lutou em sua posição, então, segurou-a capturando sua saia entre ele e a cama. — Vai se machucar...

— Deixe-me ir e logo ficarei quieta. — Disse ela, duramente.

Ele apanhou seu punho antes que desse direto no olho.

— Temo-me que não é uma opção. — Cuidadosamente ele apanhou suas persistentes mãos estirando os braços sobre sua cabeça e mantendo-a em seu lugar com a outra mão.

— Uma opção para quem? — Ela grunhiu, torcendo-se desesperadamente para liberarse das mãos ou seu corpo. Conseguiu trabalhar para liberar uma perna da costura da saia. Ele perdeu seu triunfal sorriso e ela levantou seu joelho em um movimento rápido, sacudindo-o.

Movendo-se, Mac evitou o joelho na virilha. Franziu o cenho e tomou a perna e lançou suas pernas abaixo das suas, sujeitando-a na cama. Olhando-a aos enfurecidos olhos, sorriu.

— Não está melhor?

— O que, o que? — Ela estava sem fôlego e ficou sem fôlego ao respirar.

— De estar de barriga para cima. Deitada é quase sempre a melhor posição para estar.

— Deu um beijo na testa e ele captou os calafrios que vibravam em seu corpo.

Estava tão terrivelmente pálida. As olheiras danificavam a perfeição do rosto bonito. O ataque de Mikhail e o estresse que seguiu levaram mais dela do que jamais admitiria. Se ela o reconhecia a um nível consciente ou não, ela o necessitava. Seu corpo sabia embora não admitiria para si mesma.

—Não permitirei que me use — grunhiu ela.

Ele sorriu a sua expressão enfurecida. Acariciando com o dedo indicador sua bochecha brandamente, repetiu o movimento até que sua expressão começou a relaxar e seus olhos deixassem de olhar que seus olhos ao redor da habitação como se procurassem um escape, ou uma arma para usá-la contra ele.

— Não farei nada que não queira fazer.

— Então, deixe-me ir — sussurrou ela. — Por favor, — sua voz se quebrou.

Mac sabia o muito que esse rogo lhe custava. Soltou a mão e enquanto se movia ele envolveu os braços a seu redor, abraçando-a contra o peito, com seu coração dando uma espetada incômoda pelo ajuste perfeito. Por um longo momento se ocupou de seu corpo tenso embalado contra ele, até que finalmente relaxou.

— Não posso fazer isso, Jennifer. Não posso deixá-la ir — murmurou. Um suspiro soou na região de seu suéter.

— Está muito cansada. Deve tratar de dormir um pouco.

— É um mandão. Deixa de me tratar como a uma menina.

Ele riu de seu tom petulante. Deslizando a mão sob a prega do suéter marfim, acaricioua por debaixo da pele quente. Ela se moveu como se queria afastar-se de seu toque, em troca ele arrumou para pressioná-la mais de perto. Seu joelho roçou sua crescente excitação.

— Confia em mim, carinho, não te vejo como a uma menina.

— Típico homem — grunhiu sem calor.

Ele se revolveu na cama até que estiveram frente a frente. Aproximando-a ainda mais, deslizou sua perna entre eles, tomando-a por surpresa.

— Isso te faz uma mulher com sorte — captou a explosão de calor em seus olhos, baixou a cabeça à pele suave revelada pelo decote em V do suéter.

— Não, isso te faz um homem vaidoso — replicou ela.

— É presumir ser consciente das próprias capacidades? Não acredito. — Deu um beijo suave na carne exposta. Sua língua se deslizou para fora a saboreando.

— Mac — ela pressionou as mãos contra seu peito como se fosse detê-lo.

Deixando de lado o pulôver acariciou a parte superior de um seio com o dedo indicador.

Como saberia, perguntou-se. Doce como o açúcar ou picante como a cidra quente? Como quer que fosse, mal podia esperar para saber. Colocou um dedo no bordo do sutiã e ela ficou rígida em seus braços.

Sabia-se ou não, necessitava isto mais que ele. A contra gosto deixou de acariciar a pele e voltou sua atenção ao suéter. Os botões delicados de pérola se deslizaram através dos buracos e acariciou a tenra carne tal como era revelada. Abrindo o último botão, estendeu as duas metades do pulôver para revelar à mulher debaixo.

Pele pálida brilhou a luz das velas e o veludo de cor rubi do sutiã se via escuro e erótico contra dela. Preguiçoso, passou o dedo sobre uma ponta levantada e sorriu a seus aturdidos olhos.

— Jennifer, não tinha nem ideia de que tinha um gosto tão impressionante pela roupa íntima.

Repentinamente viu um brilho em seus olhos escuros.

— Foi um presente .— Ela fingiu um bocejo.

Mac soltou cuidadosamente o fecho e depois sorriu enquanto o pânico a sobressaltava e se esforçava por cobrir seus peitos completos.

— Sério. — Ele mudou de posição na cama até que os peitos estiveram em sua boca. Seu um beijo na parte inferior de um pálido montículo. — Um presente. — Percorreu a pele exposta. — De quem?

— Não o conhece — ela balbuciou tratando de chegar ao veludo para conservar sua modéstia.

— Ele, né? — Seu mamilo apareceu através dos dedos abertos e deu uma lambida rápida. Um estremecimento o percorreu por um chiado de surpresa que ela não pôde esmagar. — Qual é seu nome?

— N-n-nome? — Ela disse com voz trêmula enquanto ele renovava seu assalto à pele exposta.

— Sim. — Respirou contra a úmida V entre os peitos. — Seu nome. Assumo que seu benfeitor de roupa íntima tem um nome. Por minha parte, queria que enviasse uma nota de agradecimento. Eu gosto de muito desse conjunto de veludo.

— A-a-agradeceria-u-uma nota? — Sua voz se quebrou, enquanto ele se apressava a chegar a borda do sutiã retirando-o e expondo-a a ele.

— Oh, sim... — Ronronou enquanto pegava o mamilo e o mamava profundamente.

Sua resposta foi instantânea. Seu corpo se arqueou, inclinando-se para ele, tratando que tomasse mais em sua boca. O desejo a eletrificava, pondo a cada terminação nervosa de seu corpo em estado de alerta enquanto as mãos estavam em punhos no cabelo dele, mantendo-o em seu lugar.

Ele alargou a mão para o outro mamilo enquanto prodigalizava atenção ao que atualmente tinha na boca. Deu à volta a perolada carne contra o céu da boca, jogou com os dentes, tudo ao tempo mantinha uma pressão constante que fazia Jennifer fazer sons de gemidos que proviessem de sua boca.

A contra gosto soltou seu botão. Beijando e mordiscando o caminho para o vale de seus peitos e movendo-se ao outro, sugando-a até que esteve úmido e levantado com atenção. Inclinouse, encontrando a prega da saia feita farrapos. Levantando-a, colocou os dedos dentro do vestido de seda tensa nas coxas, arrancando um grito dela.

Facilmente a rodou sobre as costas e separou as pernas. Juntando a saia em sua cintura, acomodou-se contra a cúpula da excitação de suas coxas. Sacudiu os quadris enquanto a contra gosto soltava seu mamilo. Picante, como suspeitava. Fazendo um movimento de balanço rítmico, seus quadris estiveram contra as dela.

—OH, Meu deus—sussurrou ela, arqueando-se debaixo dele para conseguir mais. Mac riu entre dentes contra sua pele quente. Beijou-a na delicada pele da garganta, provocando um ronrono.

— Oh Deusa...! — Corrigiu.

— Q-q- o que? — Balbuciou ela.

Ele se incorporou sobre os cotovelos para olhar sua luxúria aturdida nos olhos.

— Deusa. — Deu um beijo no queixo. — É oh minha Deusa, não Deus. — Pôs beijos ao longo da linha de sua mandíbula.

— Sério? — Ela sorriu. — Por favor, explique-se.

— Bom, de fato... Meu oh D-d-deus... — Sua linha de pensamento foi para o sul até a virilha quando ela o apertou com as coxas imitando seus movimentos de balanço. Jennifer tinha grandiosas coxas. Vinham de todos os passeios a cavalo que estava acostumado a fazer. E se ele se abria caminho, essas deliciosas coxas logo estariam sobre seus ombros.

— O que estava dizendo? — Uma voz divertida o tirou a atenção de sua virilha para estar de novo à mulher debaixo dele.

Mac sorriu aos olhos bonitos e a sua expressão satisfeita de si mesmo e excitada.

—Direi que terei que te rogar misericórdia... — E renovou seu ataque contra a pele exposta.

Com uns últimos beijos em sua garganta, viajou ao vale dos peitos e por todo o terreno brando de seu ventre. Ao chegar à banda de sua saia, tomou o elástico. Levantou os quadris e deslizou a saia pelas coxas e pés atirando-a descuidadamente atrás dele. Voltando-se para aplicar a si mesmo na tarefa, beijou-a e acariciou a suave pele do ventre e voltou para sua tranquila viagem por sua pele.

Fazendo uma pausa para jogar com o umbigo, colocando sua língua no buraco, fazendoa retorcer-se com um grito. Sorrindo sobre sua pele, pôs pequenos beijos no ventre, movendo-se cada vez mais abaixo até chegar à estreita tira de veludo da calcinha.

Jennifer ficou tensa entre suas mãos quando ele chegou a calcinha.

Deu um puxão ao tecido que cobria sua pele úmida, com a boca aberta dava beijos desenhados para atraí-la e excitá-la.

— Mac — ela chiou enquanto sua mão intimamente a acariciava.

— Hum... — grunhiu contra sua pele.

— Acredito que...

— Ali está seu problema — ele moveu seu corpo até que esteve sentado sobre os calcanhares entre seu traseiro. — Pensa muito — moveu a mão de sua coxa ao joelho e depois para baixo outra vez. Pela dilatação das pupilas, suas carícias a fascinavam e excitavam ao mesmo tempo. — Necessita de deixar de falar e começar a sentir. Só te deixe levar.

Ele enganchou um dedo na tira de renda larga da parte superior das meias de seda.

— Realmente eu gosto disto — comentou-o. — É muito sexy, mas tem que ir — as desceu pelas coxas, massageando cada centímetro da pele, até que sua perna caiu inerte na cama. Então, trocou sua atenção para a outra perna prodigalizando a mesma atenção também, até que em silêncio esteve tremendo completamente aberta e vulnerável a ele. Mac a acariciou com ternura, com prazer encontrando o rico veludo rubi úmido com seu rocio. Deslizando um dedo passou o tecido que rodeava uma perna, deslizou um dedo no prêmio que o esperava. Roçou ligeiramente a pequena e dura carne no centro de seu ser e foi recompensado com um grito afogado que saiu dela. Desejava voltar a vê-la, toda ela, agora. Desejava que estivesse completamente nua debaixo dele enquanto gozava e queria vê-la encontrar a plenitude. Despojou-a da roupa íntima de veludo, com seus olhos cheios de paixão observando todos seus movimentos. Elevando-os a sua boca, viu como seus olhos eram grandes enquanto sua língua serpenteava degustando o veludo áspero. Imediatamente, um estremecimento se acumulou em seu corpo enquanto seu sabor doce salgado o golpeava. Sua ereção se equilibrou contra o fecho da calça jeans e se perguntou por um segundo se poderia conter-se por mais tempo. Fazendo uma careta de dor, moveu-se tratando de encontrar uma posição mais cômoda. Não encontrou nenhuma, só estivesse enterrado em seu interior. Um suspiro saiu dele. A única forma de aliviar a dor era tirar a calça e se o fazia a tomaria aqui e agora. Nada poderia detê-lo. Mas desta vez não se tratava dele. Era por ela, para ela e só ela. Puxando a calcinha para unir-se ao resto de sua roupa desprezada, agachou-se para acariciar os cachos que cobriam o áspero montículo feminino. Seus quadris se moveram para frente enquanto deslizava os dedos no poço de mel que esperava. Um grito de Jennifer soou surdo e a toda pressa enquanto ele com cautela inseria um grosso dedo. Um gemido escapou enquanto seu corpo se estreitava em torno dele, dando à bem-vinda e insistindo-o a seguir adiante. Era tão apertada como uma virgem. Quando se inundasse nela, teria sorte de durar mais que umas quantas estocadas. Fazendo uma pausa em sua deliciosa tortura, levantou-se sobre ela, com os dedos ainda enterrados nela.

— O que deseja Jennifer? — Sussurrou com sua voz soando estranhamente tensa e muito diferente da dele.

Sua luxúria estava no olhar drogado quando encontrou o seu.

— Você.

— É minha — Ele se moveu em sua posição de modo que as coxas abertas mais separadas, deixando-a completamente aberta a seu olhar e ao seu tato. — Minha e só minha. — Pressionando os dedos mais fundo dentro dela, acariciou sua pele úmida com movimentos longos, inclusive enquanto ela se retorcia na cama, com seu corpo arqueando-se, obrigando a seus dedos a ir mais fundo. Em questão de segundos ela alcançou seu ponto máximo, com seus gritos e aroma enchendo o quarto, com as mãos arranhando os lençóis enquanto se convulsionava ao redor de seus dedos. Nunca tinha visto nada mais bonito em sua vida. Como amante, ele sabia que sua capacidade de agradar a uma mulher era legendária e no comprido lapso de sua vida tinha satisfeito a milhares delas. De fato, fazia uma missão de sua vida arruinando a todas as mulheres que tocava para outro homem que viesse depois. Mas nenhuma das outras mulheres nunca tinha significado para ele que esta. Seu olhar se fechou na atônita dela. Pouco a pouco retirou a mão de seu corpo. Encolhendo-se desde sua posição estendida, acomodou-se entre suas pernas levando seu rosto ao nível do dele. Levemente acariciou os lábios com seus dedos úmidos memorizando sua forma, sua plenitude enquanto ela o olhava com olhos saciados. Ela moveu os quadris debaixo dele e sua ereção aumentou dolorosamente. Perguntou-se se teria uma marca permanente de zíper em seu membro.

— Diga — sussurrou ele com suavidade abrindo seus lábios, o que permitiu um pouco de sua própria excitação. Ela gemeu enquanto a língua suave e deliciosa tocava a ponta de seu dedo, degustando-a, acariciando-a. — Diga que é minha — grunhiu. Ela tomou sua mão e a puxou aos lábios. —Sou tua, Mac — seus olhos brilhavam com lágrimas. — Sempre fui sua. Mac não pôde falar, com seu triunfo preso na garganta. Em silêncio baixou a cabeça para beijar a mulher debaixo dele. Pondo nesse beijo o que não se atrevia a dizer.

 

Subúrbios de Zarnesti, Romania

Shai se esticou quando viu Mikhail entrar na sala do Conselho.

— O que está ela fazendo aqui? — Grunhiu.

— Permitiu-se falar em sua própria defesa — disse Val secamente.

— Defesa — espetou Shai. A ira vibrava por todo seu corpo, provocando um ligeiro tremor em nas mãos enquanto as apertava juntas. Ela olhou fixamente ao sorridente vampiro loiro, com o ódio coalhando em sua alma, enquanto estreitava a mão e intercambiava saudações com vários espectadores na galeria detrás dela. — Deve arrastar e esquartejar. Ela se moveu nervosamente, sentindo o impulso quase esmagador de lançar-se à garganta de Mikhail. Os poucos metros que os separavam podiam ser cobertos facilmente. Só tomaria... Val envolveu os longos dedos ao redor do pulso. Imediatamente ela se acalmou e olhou seus olhos de cor azul como a meia-noite. Uma sensação estranha de fusão a golpeou totalmente no peito.

— O Conselho não tolerará essas tolices, Shai. — Sua voz era muito séria. — Detenha agora, meu sangrento-amor. Vejamos o que tem que dizer em sua defesa. — Val deu um beijo na ponta do nariz. Liberando o pulso os dedos se entrelaçaram com os dela, acariciando brandamente sua pele com o polegar. Ela soprou enquanto seu toque calmante enviou tiras de relaxamento através de seu corpo.

— Não me importa o que tenha que dizer — respondeu ela secamente voltando sua atenção a seu entorno.

Vozes em uma multidão de línguas foram e vinham a seu redor. De acordo com Val, o Conselho da câmara mudou muito pouco nos últimos 800 anos.

Esculpida no coração de pedra dos Reis no profundo das Montanhas dos Cárpatos na Rumania, a sala parecia uma sala redonda completa com galerias e assentos em balcões que estavam rapidamente enchendo-se a transbordar. Em lugar de jurado e juízes, havia um palco com cinco cadeiras de respaldo alto dispostas em um semicírculo. Esculpidos, os respaldos de mogno e amplos assentos confortáveis brilhavam por anos de polir-se à luz das velas. Numerosos velas enchiam a habitação com um resplendor dourado e com o aroma da cera derretida mesclada com incenso de sândalo.

Uma suave risada chamou a atenção e Shai jogou uma olhada a Mikhail enquanto ele amavelmente ajudava ao Gabrielle DesNoir com seu assento. Pela primeira vez nos anos em que ela sabia de sua existência, Gaby parecia quase normal. Seu cabelo era agora um visom marrom intenso com um coque suave na nuca. Seu amadurecido corpo estava vestido com um traje feminino cinza que ocultava as generosas curvas. Pérolas brilhavam brandamente nas orelhas e ao redor da garganta. Parecia-se mais a uma jovem executiva que a amante de um sádico assassino. O que acabava por demonstrar que mesmo as pessoas mais doentes podiam parecer perfeitamente normais.

Shai olhou Mikhail e se surpreendeu ao encontrá-lo olhando para ela.

Obrigando um leve sorriso em seus lábios, inclinou a cabeça em sua direção. Estava secretamente contente de ver o assombro de Mikhail. Seus olhos se estreitaram.

A sala se calou quando as portas de mogno maciças próximas ao assoalho se abriram. O Conselho entrou na sobrenaturalmente tranquila sala. Uma mulher miúda, vestida simplesmente com um traje Chanel marfim e pérolas brilhantes quase idênticas às de Gaby, foi primeira em passar pela porta. Com seu tom de pele cor oliva e o cabelo negro brilhante se via vagamente grega enquanto descendia. Um homem vestido de branco com a pele e o cabelo coincidindo a seguia muito de perto. Seria um vampiro albino? Isso parecia. A seu lado caminhava um menino mortal do sexo masculino que parecia ter uns seis anos. A mão magra do Albino estava sobre o ombro do menino, dobrada possessivamente sobre seus finos ossos. O menino estava vestido cuidadosamente com um traje preto e sapatos brilhantes, com seus olhos escuros solenes. Com o cabelo castanho escuro perfeitamente penteado para trás de seu rosto, mas bem estreito, parecia absurdamente saudável em comparação com o homem morto que caminhava a seu lado. Shai se inclinou e sussurrou a Val.

— O que faz um menino humano aqui?

— Edward, o albino, é mudo. O menino é telepático é meio dotado. Edward pode falar através dos meninos e comunicar-se com o mundo exterior.

Ela estava horrorizada.

— O que acontece a seus pais?

— O venderam a Edward — O tom de Val expressou seu desgosto.

— Quando aconteceu isso?

— Perto de dois anos.

Ela se tornou para trás e franziu o cenho ao albino. O coração deu um pequeno giro estranho enquanto olhava ao menino. Era fisicamente bonito, mas seus olhos eram antigos em contraste com o rosto infantil.

Outro homem entrou na sala, simplesmente vestido com calça justa de veludo preta e uma camisa de seda branca. A cor gengibre do cabelo grosso corria por suas costas e os olhos eram de uma cor violeta muita impactante. Esses olhos procuraram na multidão reunida, avaliando todos os reunidos, e Shai soube que esse homem não perdia nada. Ocupou seu assento, com seu grande corpo estendido na cadeira como se fosse muito esforço incorporar-se.

Uma pequena mulher o seguiu, com o cabelo loiro e olhos azuis e anciões.

Vestida com um vestido de cor rosa pálido, parecia uma boneca de porcelana delicada seguindo ao gigante ruivo. Shai sentiu a rigidez de Val enquanto a mulher subia ao estrado e tomava posse de seu assento. Ela o olhou com curiosidade, mas sua cara era impassível. O Ancião do Conselho, Alexandre Saint-Juste, entrou e os sussurros furtivos estalaram em várias partes da sala. Vestia um traje preto Armani sobre seu corpo alto e amplo que ficava à perfeição acompanhado por uma camisa branca e gravata que fazia combinava com a cor fresca dos penetrantes olhos verdes. Com movimentos fluídos subiu ao estrado e tomou a cadeira do centro. A voz dos sussurros cessou com um de seu sozinho olhar. Reinava o silêncio, enquanto todos continham a respiração à espera de suas palavras. Ninguém moveu um músculo. Alexandre se manteve em silêncio enquanto examinava a habitação. Seu olhar se deteve em cada cara como se fora a memorizar cada uma delas antes de seguir adiante, permitindo que a tensão aumentasse até que Shai quis gritar. Por fim falou.

— Valentin — sua voz fluiu na sala e percorreu sua pele como uma brisa fresca fazendo que sua pele ficasse arrepiada. — Trouxe quatro acusações de sequestro de um vampiro e um intento de violação de uma revenant contra Mikhail. O que diz? Dando um apertão em sua mão Val se levantou de seu assento e deu três passos para frente.

— Apoio às acusações.

Alexandre fez um gesto forte e moveu uma mão para a mulher, escreva. A mulher aficionada aos livros que estava sentada no extremo direito da sala assentiu em resposta e assinalou os cargos em um tira de couro grande. Sua pluma voava com fúria através da página.

— Mikhail, ouviu as acusações contra você por seu mestre Valentin. O que diz?

Mikhail se levantou do assento. Shai teve problemas para conter a bílis que se agitavam no estômago enquanto o vampiro urbano dava três passos para frente. Vestido com calça fina de marfim e jaqueta combinando com uma camisa de seda branca parecia um anjo. Ela o conhecia melhor.

— Sou inocente dessas acusações. — Falou com claridade garantindo que todos na abarrotada sala o escutassem.

Com suas palavras sussurrou freneticamente atrás dela. Com um convincente Alexandre olhar silenciado.

— Acredito que essas acusações são caluniosas ao extremo... — Mikhail começou.

— Silêncio Mikhail — ordenou Alexandre. — Terá sua oportunidade de falar. No momento, sente-se e observa.

Risadas soaram pelo tom depreciativo de Alexandre. Ela esfregou as mãos sobre os lábios para ocultar a diversão ante a expressão atônita de Mikhail que se voltou bruscamente mal dissimulando a raiva. Se as olhadas matassem, Alexandre Saint-Juste teria um buraco do tamanho de um prato de comida. Shai olhou à cara de pedra de Alexandre. Seus olhos eram escuros, com seu rosto inexpressivo. Algo interessante estava em movimento. Rapidamente, Mikhail recuperou a compostura e ofereceu ao Conselho uma reverência antes de tomar assento uma vez mais. —Valentin, por favor, explica as circunstâncias dessas acusações — Demandou Saint-Juste.

— Recebi a notícia ontem pela tarde de que Miranda de Glencoe foi sequestrada na casa de um amigo na Cornualha. Segundo Renault, Miranda estava na casa de Damien St. James por uns dias para fazer algumas investigações. Sinjin não se encontrava na residência nesse momento. Renault chegou à cena enquanto eles fugiam com Miranda. Na casa encontrou sinais de luta e uma seringa usada. — Val fez uma pausa enquanto sussurros frenéticos estalavam na galeria. Alexandre olhou à multidão até que se instalou o silêncio. Assentiu Val para que continuasse.

— Jennifer Beaumont escutou sobre este crime e imediatamente partiu para a casa de Mikhail nos subúrbios de Manchester. A sua chegada encontrou Mikhail entretendo a Srta. DesNoir na biblioteca. Exigiu saber o que aconteceu com Miranda e nesse momento Mikhail admitiu o crime. Jennifer pediu que lhe permitisse ver Miranda pelo que Mikhail a levou aos calabouços originais da velha mansão onde Miranda se encontrava. Jennifer disse que Miranda tinha sido terrivelmente maltratada às mãos de Mikhail. — Val se deteve de novo esta vez tragando audivelmente. A ira irradiada por cada centímetro de seu tenso corpo. — É nesse ponto Mikhail tentou violar Jennifer e contra sua vontade se alimentou dela.

Vozes estalaram na galeria uma vez mais causando que Alexandre se levantasse.

— Não haverá mais interrupções. — Ordenou. — Ou expulsarei a todos desta câmara e levarei a cabo estas acusações em privado.

Shai afogou um sorriso enquanto a galeria ficava imóvel. Os vampiros eram tão previsíveis. Nada poderia açoitar a um grupo de assassinos sobrenaturais à submissão mais rápido que a ameaça de levar o drama que se desenvolvia longe deles. Eles amavam suas pequenas intrigas.

O chefe do Conselho se sentou em seu assento de novo e indicou a Val que terminasse sua declaração.

Val olhou ao imperturbável Mikhail.

—É minha acusação que Mikhail e sua amante Gabrielle DesNoir sequestraram Miranda em um intento de vingar algumas lesões imagináveis em seu contrário supostamente perpetradas por mim.

As lágrimas picaram os olhos de Shai enquanto observava seu amante. Estava de pé forte e sólido com suas convicções. O amor brotou em seu interior enquanto observava seu orgulhoso perfil. Estava pondo sua vida e sua reputação na linha para deter o dano que Mikhail estava infligindo. Amava-o mais neste momento do que nunca tinha feito antes. O silêncio da sala os envolveu enquanto ele terminava.

— Tem alguma razão para duvidar da palavra de Renault ou de Jennifer Beaumont? — Alexandre perguntou.

— Nenhuma absolutamente — respondeu Val.

— Não é Jennifer Beaumont uma das revenants de Mikhail? — A mulher de olhos gregos azulados falou, com seu sotaque fazendo suas palavras quase irreconhecíveis.

— Casiopea — Val inclinou a cabeça em reconhecimento. — Sim é.

— Não é possível que isto pudesse ser um caso de... Como se diz... Uvas azedas?— Encolheu os de ombros, com seus olhos negros brilhando a luz das velas.

— Mikhail toma à bonita mulher DesNoir como dela e lança a esta Jennifer ao frio...

Como se diz... Como lixo passado? — Sua voz se perdeu enquanto agitava a mão para retirar as acusações de Jennifer.

Shai ficou rígida lançando dardos a Casiopea com os olhos.

Val sacudiu a cabeça com sua voz calma.

—Isso não é assim absolutamente. Jennifer deixou Mikhail faz muitos anos. Não guarda rancor e não quer ter nada que ver com ele. Declarou em várias ocasiões que Gabrielle é mais que bem-vinda com Mikhail.

— Onde está Jennifer, Valentin? Não podemos escutar isto de seus próprios lábios? — A pequena loira lhe perguntou.

— Ela. —Val reconheceu sua pergunta com um gesto. — Está se recuperando de suas feridas. Pensei que era melhor ficar em um lugar seguro no momento. Não necessita o estresse acrescentado de estar aqui em público.

Casiopea encolheu os ombros com sua voz desdenhosa.

— Eu digo que quem não aparece ante nós tem algo que ocultar ao Conselho. — Seus olhos brilharam com triunfo mal dissimulado enquanto olhava Valentin.

Shai franziu o cenho. Quantos inimigos tinha seu amante? Parecia como se estivesse sempre tropeçando com um. Por outra parte sabia que Val poderia ser irritante às vezes, especialmente com os que não se levava.

Alexandre franziu o cenho ante a expressão de Casiopea. Edward apertou o ombro do menino. O menino se sacudiu como se uma corrente elétrica passasse através de seu corpo. Sua voz soou estridente na sala do Conselho.

— Acredito que será necessário que o Conselho fale com os dois, com Renault e com Jennifer. Shai captou o olhar de desgosto que brilhou nos olhos de Alexandre enquanto olhava aos albinos. Com uma expressão mascarada se voltou para Val.

— Organizará isso?

Val assentiu a contra gosto.

— Falarei com eles para ver se estão dispostos a vir aqui para fazer frente ao Conselho.

Entretanto, ainda existe o problema imediato do sequestro de Miranda. Solicito que o Conselho force Mikhail a deixá-la em liberdade imediatamente e peça que apareça aqui e fale por si mesma.

Alexandre fez um gesto a Mikhail para que se levantasse. Quando Bakunin tinha dado três passos para frente, Alexandre falou.

— O que diz sobre isto Mikhail? Onde está Miranda do Glencoe?

— Miranda foi realmente uma convidada minha faz tempo — admitiu o vampiro.

Shai bufou com as palavras de Mikhail, ganhando um olhar de Casiopea e um olhar de advertência de Val.

—Ela me contatou faz uns dez anos, quando Valentin a deixou, cruelmente poderia acrescentar, pela então mortal Shai — Moveu a mão em direção a ela e ela ficou rígida. Podia sentir centenas de olhos cravados em suas costas. A atenção do Conselho passou de Mikhail a si. Ela lutou por permanecer-se impassível sob seus olhos de sondagem. Algumas dos olhares eram curiosos, alguns malévolos.

Discretamente Shai se moveu sentando-se mais direita. A irritação começou a fogo lento em seu sangue enquanto o vampiro continuava.

—Miranda estava é óbvio, devastada pela inconstância de Valentin e o abuso de seus sentimentos de ternura para ele — continuou Mikhail com uma expressão triste diligentemente pelo suposto abuso. — E quando ele a deixou por Shai, perseguiu à humana sem vergonha, é óbvio. — Uma vez mais, olhou em sua direção, com expressão desgostada. Enfrentou de novo ao Conselho.

— Não tinha a ninguém para que lhe desse comodidade já que Shai ficou com seu único amor.

Val se esticou com a mão esquerda em punhos. Quando seus nódulos ficaram brancos, abriu-os lentamente. Exceto por ter flexionado sua mão estava imóvel.

Bem, agora pensarão que sou uma chupa-sangue. Seu sangue chegou ao ponto de ebulição enquanto Mikhail se encontrava movendo-se através da sala, mas se obrigou a permanecer imóvel enquanto o Conselho de novo a olhava com olhos curiosos. De frente se encontrou com o olhar do gigante ruivo e se surpreendeu quando piscou um olho com um sorriso divertido.

Mikhail negou com as mãos cruzadas sobre seu peito como se estivesse imitando um coração quebrado.

— Miranda está sepultada nas catacumbas da mansão original. Não tenho ideia de quanto tempo tem a intenção de permanecer lá. Bravo, Mikhail. Shai olhou ao vampiro. Não era algo inaudito que um vampiro fora clandestinamente, como o fazia. Era quase impossível para qualquer um, mesmo para outro vampiro, encontrar alguém que não queria ser encontrado. Violar um vampiro em seu exílio automóvel-imposto seria considerado um insulto e uma grosseria. Um estalo de risadas surpreendeu a todos na câmara. Pouco a pouco o gigante ruivo se levantou de seu assento cabisbaixo no estrado. Para surpresa de todos levantou as mãos pouco a pouco, com cada aplauso soando ensurdecedor através da sala.

— Bem feito, Mikhail, bem feito.

Shai trocou um olhar atônito do gigante a Mikhail. Os olhos do vampiro se reduziram, mas sua cara era inexpressiva.

— Fayne — disse sem alterar — Está me acusando de mentir?

Fayne deixou aplaudir, com seu sorriso desagradável.

— Eu nunca te acusaria de nada, Mikhail. Entretanto, diria que sua atuação aqui ganharia um Oscar no mundo dos mortais. Um desempenho tão bom nunca o tinha visto.

Shai se surpreendeu ao ver Val dobrar de risada.

Um grunhido baixo saiu de Mikhail. Surpreendida, Shai se voltou para ver Gaby saltar levantando-se. Gaby colocou-se frente a Mikhail, com as mãos sobre seu peito como se fosse detêlo.

Sua expressão era de intenção. Mas não disse nenhuma palavra, seus olhos diziam tudo.

— Basta — Alexandre pôs de pé, dizendo a Fayne que voltasse para seu assento.

— Sente-se imediatamente. — Falou com Gaby.

Gaby deu a Mikhail outro olhar de advertência antes de voltar a sorrir em tom de desculpa em direção a Alexandre. Alisando o cabelo imaculado retornou ao assento.

Alexandre esperou até que ela se sentasse antes de seguir falando.

—Valentin, Mikhail declarou ante o Conselho que Miranda de Glencoe é uma convidada em sua casa. O que diz dessa afirmação?

— É uma mentira. —A voz de Val foi tranquila e segura.

Alexandre assentiu uma só vez antes de passar ao enfurecido Mikhail.

— Mikhail, Valentin declarou que mentiu ante o Conselho. O que diz dessa acusação?

Mikhail visivelmente se recompôs, lançando olhares de irritação ao divertido Fayne.

— Não menti ao Conselho. Val está mentindo para proteger-se e proteger a sua prostituta. Estão tratando de levantar calúnias a meu bom nome. Val apertou o punho uma vez mais enquanto o rosto do Alexandre se voltava de pedra.

— Você é o que está em julgamento aqui Mikhail, não a consorte de Val, e se absterá de pôr em dúvida seu nome ante o Conselho.

— E quem se absterá de pôr em dúvida meu bom nome? — Mikhail rugiu.

— Se tivesse um bom nome, então não estaria aqui, em primeiro lugar — riu Fayne.

— Agora olhe aqui... — Casiopea se opôs ficando de pé.

— Basta! — Alexandre entrou em erupção e outra vez a sala sumiu no silêncio. — Não tolerarei mais argumentos. Atualmente nos encontramos em um beco sem saída, cavalheiros.

Mikhail está acusado de sequestrar a um vampiro e de intento de violação de uma revenant.

Atualmente essas acusações não têm fundamento. Mikhail é responsável por localizar o paradeiro de Miranda de Glencoe nas próximas vinte e quatro horas. Não fazê-lo resultará em uma multa de cem anos de exílio na cova. Entendeu-me?

Mikhail se encolheu, com a raiva gravada em cada centímetro de seu tenso corpo.

— Entendo por completo.

— Além disso, emitirá uma desculpa pública à companheira de Valentín, à Senhorita Jordan, nos próximos dois minutos, entende? — A voz de Alexandre era fria como o gelo e Shai estremeceu por suas palavras arremetendo no silêncio da sala.

— Eu nunca... — começou.

— Pedirá desculpas ou sofrerá as consequências. —A voz de Alexandre se voltou mais fria e a temperatura caiu na sala. — Não tolerarei nenhuma negativa a isso, Mikhail. Peça perdão ou pagará a multa.

O poder dos dois vampiros deu a volta à câmara em um duelo em silêncio.

Shai se sentou no bordo de seu assento, com a tensão na sala insuportável. Seu poder estalou ao redor da sala, provocando que as velas piscassem freneticamente enquanto a temperatura seguia baixando. O temor se mostrou no rosto do menino pequeno enquanto estava na cadeira com o Edward. Tratou de afastar-se como se fora a correr pela habitação, mas Edward o manteve firmemente em seu lugar. Shai viu que o menino se estremecia sob a pressão de seu agarre, mas o albino se manteve estável sem se permitir mover-se. Alguém gritou de medo na parte traseira da galeria.

De repente, tudo terminou e Mikhail estremeceu como se tivesse recebido um golpe no estômago. Shai não perdeu o rápido olhar de medo antes que sua expressão se mascarasse em uma camada fina de civilização. Com uma inclinação brusca de cabeça em direção a Alexandre, voltouse para ela, com expressão zombadora.

— Minha querida senhora — fez uma reverência em sua direção, — lhe ofereço minhas desculpas aqui ante o Conselho e os reunidos. Se houve algo que disse aqui hoje que não tenha sido certo, rescindo minhas palavras e peço perdão. Na verdade espero não tê-la ofendido. Shai olhou Val encontrando seu olhar sobre ela, com a ira persistente nas profundidades escuras. Um sorriso lento se estendeu pelo rosto e piscou um olho. Ela olhou por cima de Mikhail e deu uma piscada afiada. Com seu olhar de triunfo, uma sensação de calamidade iminente se apoderou dela. Alguém pagaria por essa leve humilhação por volta do Mikhail hoje. Só esperava que não fosse Miranda. Alexandre falou de novo.

— Mikhail, provará além de qualquer sombra de dúvida que Miranda do Glencoe está sã e salva. Levará Bliss e Fayne a seu lugar de descanso. Miranda não será afetada. Eles verão seu corpo são e salvo e isso será tudo. — Seu olhar esmeralda se cravou no Mikhail. — Concorda com isso? — Shai se deu conta de que Mikhail quis objetar, mas guardou silêncio. Seu olhar era zangado enquanto olhava Fayne. Ele assentiu bruscamente para reconhecer sua aquiescência. Alexandre se dirigiu a Val.

— Valentin, trará tanto Jennifer Beaumont como Renault ante o Conselho. Eles darão seu testemunho do que viram. Voltará para esta câmara com eles à meia-noite dentro de dois dias.

Val assentiu.

— O Conselho se despede até a meia-noite em dois dias a partir de agora — Alexandre deu um passo pelo soalho enquanto as vozes estalavam em toda a câmara. Desapareceu pela porta com outros membros do Conselho atrás dele.

Val se voltou para Shai e doeu o coração quando viu sua expressão frustrada.

— Eu... — começou quando Mikhail a interrompeu.

— Ganharei, sabe. —Sussurrou Mikhail a Val. — Não importa o que tente fazer Val, ganharei outra vez.

— Não haverá ganhadores aqui, Mikhail — disse Val com a voz tranquila. — O Conselho decidirá o que é bom e mau neste caso.

— O Conselho. — Cuspiu Mikhail — é um quinteto de déspotas e tiranos. Não têm autoridade real sobre mime tratarei com eles a minha própria maneira. — A luz da loucura brilhava em seus olhos.

Val deu a volta, pegando à mão de Shai, mas Mikhail o agarrou pelo braço, fazendo-o girar para ficar frente a ele. Ela abriu a boca enquanto Val chegava à garganta de Mikhail, mas uma voz suave de aço o deteve.

— É suficiente. — Bliss se moveu entre eles separando-os efetivamente com seu pequeno corpo. Ela não chegava aos ombros deles, entretanto, pôs uma mão sobre o peito de cada homem, mantendo-os longe. — Vá buscar sua mulher e vai, Mikhail. Não aceitarei as ameaças contra o Conselho ou encontrará ainda mais acusações contra você.

— Isto não terminou. — Val grunhiu.

— É óbvio que não terminou. — Disse de novo. — Tem muito pelo que responder.

Mikhail deu um olhar cheio de raiva à mulher tão pequena enquanto Gaby agarrava seu braço e o levava da câmara. À medida que despareciam na multidão, Bliss se voltou a Val, com sua expressão fria.

— Mais te vale que suas testemunhas sejam convincentes, Valentin. Mikhail não perdoará esta queda se não forem.

Val olhou à pequena mulher com seu olhar quente e seu sorriso ligeiramente zombador.

— Estou certo, Bliss.

A mulher sorriu com tristeza e sacudiu a cabeça.

— Entretanto é um cavalheiro branco, não é assim Val? Sempre tratando de matar os demônios dos perseguidos e os oprimidos. Dá-se conta de que um dia poderia você cair?

Ele encolheu os ombros com facilidade.

— Não posso ir contra meus princípios Bliss, sabe.

Shai viu como Bliss suspirava, chegando até a bochecha de Val e acariciando-a levemente.

— Sim, sei.

Shai lançou olhadas furiosas a Bliss enquanto a outra mulher dava a volta e se dirigia para a porta do Conselho, com movimentos tão elegantes como uma bailarina de balé. Sempre tinha odiado às mulheres que se moviam com tanta graça. Sempre se sentia como uma vaca pesada ao lado delas com sua altura e estrutura óssea grande.

Val riu entre dentes e puxou Shai para seus braços. Ela relaxou contra o peito largo, envolvendo seus braços ao redor da cintura. Segura nos braços de seu amante, observou à diminuta mulher de pé. O ciúme se derreteu como a neve sob o sol constante. Ela sentiu que dava um suave beijo na testa e um suspiro escapou.

—Val — a voz de Bliss os interrompeu da porta do Conselho. — O que acontece se Mikhail se afasta de seus supostos crimines?

O peito de Val retumbou debaixo da orelha de Shai.

— Vou matá-lo.

— Dá-se conta que se mata Mikhail sem a bênção do Conselho também se condenará a morte? — Bliss falou de maneira uniforme, procurando em seus olhos.

Ele assentiu.

— Às vezes temos que fazer o que acreditamos que é correto sem importar as consequências. Bliss esboçou um sorriso e sacudiu a cabeça.

— Então cavalheiro branco... — Ela deu a volta e deslizou através da porta.

Shai retrocedeu e olhou os escuros olhos de Val.

— O que...?

Ele sacudiu a cabeça pondo um dedo em seus lábios suaves.

—Vamos a casa — sussurrou ele.

A contra gosto ela assentiu. À medida que avançavam entre a multidão para a porta temeu em silencio pelo que as próximas 48 horas pudessem trazer.

Seu primeiro pensamento ao despertar foi que estava contente de que sua ereção finalmente tivesse desaparecido. Não era fácil dormir vestido com uma ereção do tamanho do Texas quando havia uma mulher disposta aconchegada contra ele.

Agradecendo à deusa por sua resistência de ferro ou que houvesse passado toda a noite sem ter puxado Jennifer e pô-la debaixo dele ou a colocaria debaixo dele e a tiraria da forma como seu corpo exigia. Seu segundo pensamento foi que algo estava terrivelmente errado.

Imediatamente se sentou. A neve caía abundantemente fora das janelas, provocando que uma grossa camada de nuvens estivesse sobre a cidade. As velas no quarto faziam tempo que se queimaram e a única luz se filtrava pelo corredor vinha da porta.

Amaldiçoando os lençóis enredados em suas pernas deu um chute para liberar-se delas quando um som suave chegou a seus ouvidos e congelou. O silêncio rugia em seus ouvidos até um som suave enviou calafrios pela espinha.

— Jennifer?

Silêncio.

Ele ficou em pé tropeçando com os lençóis revoltas ao escutar outro som.

Soava suspeitosamente como um soluço. Agarrou um suéter preto e o pôs enquanto se equilibrava para o interruptor da parede.

— Jennifer, onde está? — Ordenou. Acionou o interruptor e a luz alagou o quarto. Ela não estava à vista. Colocou a cabeça no banheiro. Vazio.

Seus pés soavam na madeira de carvalho do corredor ao sair correndo pela porta do quarto, as luzes brilhantes temporariamente o privaram da vista.

Piscando furiosamente escutou o som estranho outra vez, enquanto umas unhas arranhavam a madeira.

— Jennifer — Gritou. — Responda.

Silêncio.

Correu pelos degraus, com os olhos explorando a sala de estar quando se deteve. Seu olhar se deteve em Jennifer de pé frente às portas francesas. As cortinas cobriam seu corpo nu, enquanto ficava de pé contra o cristal com os braços em linha reta dos ombros com a cabeça pendurando a um lado como se seu pescoço estivesse muito fraco para apoiá-la.

— Jennifer?

Seria sonâmbula? Mac desceu os cinco degraus restantes. Estaria doente?

Ela não se moveu enquanto ele se movia através da sala de estar para ela. Afastou as cortinas a um lado, olhando com ansiedade suas lesões. Pôs os dedos em seus ombros e ela estremeceu com um protesto escapando de seus lábios. Apesar de que a habitação era quente, sua pele estava terrivelmente fria. O som se repetiu e olhou a um lado. Suas unhas tinham feito profundos sulcos na madeira, danificando a pintura branca. Agora ela se aferrava à madeira com todas suas forças com os braços tremendo de esgotamento.

— Jennifer —Mac manteve a voz baixa e tranquila. — Sou eu, Mac. Quero que o solte, carinho. — Ele rodeou o pulso trêmulo com a mão e acariciou a pele desejando liberar seu domínio.

— Por favor, querida, vamos. — Ele continuou murmurando palavras tranquilizadoras enquanto lançava seu abraço soltando-a da danificada madeira. Apertou o braço ao redor dela, aproveitando a mão em seu peito. Repetiu o processo em seu outro pulso até que ela soltou a madeira. Como se não tivesse ossos, ela se apoiou em seu peito.

Habilmente a girou em seus braços e a aproximou do sofá. Depositou-a no sofá e a cobriu com uma manta azul. Ela estremeceu violentamente debaixo da lã enquanto calafrios sacudiam seu corpo.

Ele se aproximou do termostato e o subiu até os vinte seis graus. Quando escutou um chute se voltou para a mulher no sofá. Seus olhos estavam abertos, mas não via nada ao arredor.

Seu olhar era distante e horrorizado, presa em um pesadelo que ele não podia ver.

Ele se moveu a seu lado e se sentou na borda do sofá.

— Jen?

— Ele a está matando — sua voz era plana, sem vida.

Ele exalou ruidosamente, com o alívio fluindo através dele.

— Quem está matando quem? — Pediu desesperado para mantê-la falando.

— Mikhail a está a matando neste momento. — Sua voz se perdeu. Pouco a pouco voltou à cabeça para as janelas do leste, onde em poucas horas o sol se poria sobre o horizonte. Os tremores sacudiam mais seu corpo enquanto seu frio piorava.

Mac olhou pela janela, o amanhecer era o terror de sua alma. Não o faria... Não se atreveria.

— Onde Jennifer, onde está? — Ele olhou sua cara imóvel pálida. Seus olhos se abriram ainda mais distantes. Olhando a cena que só ela podia ver.

— Ela está sobre uma laje de pedra no centro em um círculo de pedra. As pedras são de cor azulada e há treze com um altar grande e uma plana pedra vermelha no meio. Acredito que é um antigo círculo pagão. Os símbolos das pedras são celtas...

Mac sentiu correr o sangue de seu rosto enquanto descrevia o círculo de pedra.

Com um repentino brilho de intuição, soube onde se encontrava esse círculo apesar de que nunca esteve ali. Algo se retorceu dolorosamente no profundo de sua alma, logo ficou em silêncio e esperou. O círculo que descreviam seus sonhos e que o tinham atormentado sempre desde que podia recordar era uma de suas primeiras lembranças.

E um pesadelo recorrente.

— Definitivamente celta — murmurou dirigindo sua atenção longe de seus torturados pensamentos.

— Jennifer...

A voz de Jennifer mudou o sotaque e a língua foi claramente escocês antigo.

— Ha Maister o'nor Stane, micht um pooerfae... — Ela desfaleceu. — Oye ma rupo o'yer...

Mac congelou quando as palavras se verteram sobre ele. Antigos sussurros, esquecidos por homens mortais soava nitidamente do fundo das lembranças de seu Mestre. O Mestre Hail da pedra do norte, forte e poderosa. Escuta o grito de seu... E soube as palavras que seguiam. Conhecia-os como se tivessem sido esculpidas em seu coração. Era uma deformação de uma antiga invocação à deusa, que se utilizava para chamar as forças das trevas por volta da luz do dia. Eram as mesmas palavras que tinha ouvido em sonhos milhares de vezes antes, mas nunca as tinha podido entender com claridade.

Algo se deslizou ao longo de sua espinha, uma lembrança esquecida do passado, mas se tinha mantido oculta pela névoa do tempo. Algo importante aconteceria. E igual a um trem de carga fora de controle, não havia maneira de poder detê-lo. O temor reduziu em seu coração, ameaçando roubar o fôlego dos pulmões.

A sala girou vertiginosamente ao redor dele e deslizou até o chão. Estava a ponto de encontrar-se cara a cara com seu passado?

— Ela está morrendo...

Uma coisa de uma vez, uma coisa de uma vez. Mac se concentrou em regular a respiração até que pôde restringir o pressentimento que o tinha imobilizado temporariamente. Por que estava tão assustado? O que espreitava em sua mente que pudesse fazê-lo sentir tão apavorado como a um menino? Era um homem, estava bem desenvolvido. No passado lutou com guerreiros dez vezes mais fortes que os homens de hoje em dia. O medo era algo que se controlava, não era uma regra. Dando uma respiração profunda Mac olhou o rosto de Jennifer com lágrimas correndo pelos olhos e pelo cabelo.

— Sei onde ela está. — Ele se obrigou a ficar de pé, aliviado quando as pernas suportaram seu peso. — Tratarei de salvá-la. — Correu pelo vestíbulo onde as botas de montanha estavam junto à porta. Colocando as meias, colocou os pés neles atando rapidamente. Correu ao lado de Jennifer, que tinha os olhos fechados e sua respiração era trabalhosa. Calafrios ainda sacudiam seu corpo, mas tinham diminuído.

— Jennifer, precisa aguentar. — Deu um beijo na testa, dividido entre deixá-la só e tratar de salvar Miranda.

A mão dela pressionou levemente contra seu peito como se estivesse tentando de afastálo.

—Vai. — Sussurrou ela com voz rouca.

Mac pegou sua mão. Tomou nota das contusões que estavam se formando da terrível experiência com a janela. Conhecia os poderes restauradores de um revenant e no momento em que retornasse muito pouco ficaria das lesões.

Inclusive depois de todos esses anos, esses poderes ainda o impressionavam. Deu um beijo rápido com ternura na palma da mão logo e cobriu o braço com a manta.

Depois de um último olhar a seu pálido rosto, pegou o celular e correu para a cozinha.

Discou enquanto saía pela cozinha e pela porta traseira. Ao momento em que chegou ao final da escada estreita que levava a garagem, estava em uma corrida sem saída. Com o coração na garganta, Mac correu para o BMW, enquanto uma voz em sua mente cantava que era muito tarde... É muito tarde...

Uma voz sensual, sonolenta respondeu no telefone.

— Alô?

—Addy, preciso de um favor...

S.W. Inverness, Escócia

Mac agarrou o volante com um apertão de morte, suas palmas escorregavam enquanto sua mente rebuscava em círculos. Pensamentos ao azar se perseguiam até a morte sem resposta. Perguntou-se se finalmente estaria ficando louco. Teria centenas de anos de pesadelos e imagens rotas e danos irreparáveis torturando sua mente? Quando se voltou para o antigo caminho que o levaria perto do círculo, uma pontada de inquietação se apanhou entre os ombros. A chuva gelada mesclada com neve se limpou por um breve instante, e o círculo apareceu ao longe no topo da colina como se estivesse esperando por ele. Resultava familiar muito familiar. Como podia ser? Alguma vez tinha visitado essa parte da Escócia antes, não? Não tinha nenhuma lembrança antes do dia em que Renault o encontrara uns mil anos antes em um nicho no muro Adriano. Algo antes desse tempo estava em branco. Até agora. O Land Rover deslizou sobre a estrada coberta de gelo, fazendo chiar seus pensamentos. Com um mínimo de esforço, tomou o giro e foi para o círculo na distância. Temia que fosse muito tarde. Mentalmente, agradeceu a sua amiga Marshall Adeline-Smythe, Addy para os amigos, o colocou no voo a Inverness em um tempo recorde. Sem ela, tudo teria se perdido. A tração nas quatro rodas raspou no caminho coberto de mato, mas não fez conta. Sacudiu-se quando chegou a objetos maiores e mesmo assim acelerou. As nuvens se moviam na borda oriental da paisagem e raias de cor rosa iluminava o céu enquanto se aproximava do círculo na distância. Esteve aqui antes, não havia dúvida. A paisagem era tão familiar que era como seu próprio rosto, apesar dos redemoinhos de neve. O peito apertou com a tensão elevando-se quando se aproximou mais às pedras e o sol continuou sua inexorável ascensão. Os pneus para caminhões giraram na lama grossa enquanto dava a volta na última curva da estrada. Com a facilidade de uma longa prática se dirigiu a ela, endireitando a caminhonete e indo para o círculo. O sol alcançou seu ponto máximo no horizonte enquanto o motor de repente estancou. Um juramento saiu de seus lábios enquanto desacelerava e os freios de potência se negavam a deter o veículo. Uma grande pedra cinza apareceu justo diante. Golpear a pedra a essa velocidade o mataria com segurança. Mac procurou provas seu cinto de segurança. Escapando-o, abriu a porta e se lançou para os redemoinhos de neve. Rodando sobre a erva gelada, agachou a cabeça para o choque que estava certo que viria. Silêncio. Levantou a cabeça. O quadrado Land Rover azul estava envolto em uma crescente tormenta, parou a escassos centímetros da pedra. Ele ficou de pé olhando com incredulidade. Não havia forma em que um veículo desse tamanho pudesse parar na erva gelada com tão pouca distância, não à velocidade a que estava viajando. O mal-estar gotejou sua coluna. Algo estava definitivamente gerando algo errado aqui. Podia sentir a respiração em seu pescoço. Um grito fraco, como o de uma mulher se elevou.

— Miranda! — gritou e saiu correndo à colina. O mato gelado e coberto de neve impediu sua viagem ao tentar de subir pela levantada ladeira. As ervas altas esmagadas e geladas rapidamente se meteram debaixo das botas, por isso foi impossível permanecer em posição vertical. Algo não queria que chegasse ao topo. Mikhail? Os vampiros podiam controlar o tempo? Nunca tinha ouvido falar de um ser capaz de fazê-lo. Fez uma pausa em sua batalha contra os elementos enquanto o pelo do pescoço se arrepiava. Alguém ou algo o estava olhando. Resistiu à tentação de olhar ao redor, optando por continuar sua exaustiva ascensão. Deu outro passo e deslizou para trás dois passos mais.

— Maldição — grunhiu devorando-se a um plano na ladeira. Abriu caminho para cima.

Um som de lamento baixo chegou a seus ouvidos, provocando que um grunhido brotasse dele. Redobrando seus esforços fez caso omisso da chuva gelada picando sua pele exposta e continuou sua viagem arranhando. Rapidamente seus dedos adormeceram enquanto fragmentos de gelo e erva gelada cravavam suas mãos.

O lamento dilacerador aumentava de volume à medida que chegava à parte superior.

Ventos gelados se batiam ao redor das pedras com seu assobio inquietante aumentando os golpes em seu corpo. Seus pulmões gritaram em sinal de protesto enquanto o sol aparecia entre as nuvens de neve espessa.

— Não! — ficou sem fôlego.

No mesmo instante um grito desumano chegou do centro do círculo. Os ventos, muito mais ferozes aí, puxaram sua roupa e seu cabelo preso se soltou enquanto ficava de pé a tempo para ver algo explodir em chamas no altar. Com um grito de guerra que teria impressionado seus antepassados celtas, Mac lutou contra os ventos torrenciais e se lançou através do arco ocidental.

Caiu sobre os joelhos.

Imediatamente se deu conta de que não havia ventos no círculo interno, mas sim formavam redemoinhos grosseiramente ao redor dos limites como se sua ira negasse deixá-lo entrar nesse lugar sagrado. Levantou o olhar para o altar à pedra vermelha enorme no centro do círculo, como se tivesse crescido ali. O altar estava em chamas e em meio delas pôde ver a figura de uma mulher em uma cruz de madeira. Gritos sobrenaturais saíam de sua boca aberta enquanto se retorcia e se queimava com o implacável sol. Já era muito tarde. Lágrimas encheram seus olhos enquanto avançava pesadamente em seus pés, sentindo de repente todos os dias de seus mil anos pesar sobre os ombros. Aproximou da cabeça ao altar e colocou as mãos a cada lado. A pedra se sentia gelada sob seu toque, enquanto que o calor do inferno queimou a pele. No momento que tocou o altar, o rugido dos ventos gelados fora do círculo se acalmaram.

— Por quê? — Ele disse. Jogou para trás a cabeça com um grito dilacerador de sua garganta. — Mither,whit wey hae ye forsakye childr? — O antigo idioma escocês saiu de sua boca sem um só pensamento. Seus punhos estavam atados e os olhos cheios de lágrimas. Uma brisa quente se verteu sobre ele, tomando suas palavras e formando redemoinhos para cima no céu. Baixou a cabeça com seu queixo contra seu peito enquanto os soluços sacudiam seu corpo.

— Por que nos abandonou? — Sussurrou abrindo os olhos de novo.

Levantou a vista para o pequeno pedaço de céu azul pálido visível sobre a capa de nuvens cinza.

Por cima dele as nuvens formaram redemoinhos e espessas como um túnel começaram a formar-se ao redor da porção de céu azul sobre o altar. Quase imediatamente o fogo se apagou ficando só cinzas e pedaços de roupa carbonizada.

Os ventos gelados voltaram a elevar-se fora do círculo e a grossa camada de neve que os envolvia começou a cair ocultando o círculo com um sudário branco e cegante. Olhou a imagem perfeita como em 3D de Miranda, um raio apanhou seus olhos.

O anel de ouro dela brilhava sob o sol fraco. Ele se moveu para o lugar onde estava uma boneca atada à cruz. Sua mão estava perfeitamente formada como uma imagem pálida com o ouro brilhando em seu dedo indicador que ela usou por centenas de anos. Olhou seu rosto pálido sereno em repouso e logo deu volta ao anel que brilhou a luz. Hesitante tirou o anel. Enquanto seus dedos roçavam o ouro a mão se desintegrou. As cinzas se formaram redemoinhos em torno de sua mão como o acariciando como um toque final de despedida antes de dissolver-se sobre a madeira.

O anel estava em sua palma.

Um sentido de retidão descendeu sobre ele enquanto o ouro se esquentava com seu toque. Sem questionar seus instintos, deslizou o anel no dedo onde encaixou perfeitamente. Um vento quente se precipitou através do círculo de cima, perturbando as cinzas no altar. Mac deu um passo atrás enquanto o vento sem cessar apagava a imagem. O vento se fez cada vez mais forte, concentrando-se só na zona do altar. As cinzas se levantaram como um tornado e um funil se formou. Imagens dançaram no funil, com as sombras movendo-se e balançando-se. Jogando com seus olhos, não mostrando nada embora fizessem alusão às imagens que estavam por vir. Os ventos desaceleraram e o funil se abriu como um casulo cinza revelando uma imagem fantasmagórica de Miranda completamente formada e sólida como a tinha visto em vida. Seu sorriso era sereno, pacífico e seu olhar quente enquanto olhava Mac. Seu coração se deteve quando viu Miranda, levitando a uns metros por cima do altar. As lágrimas continuaram fluindo pelas bochechas enquanto os ventos quentes puxavam o cabelo.

— Pal — sussurrou, com o coração dolorido por sua perda.

— É o destino, MacNaughten. — Sua voz melódica e suave era um bálsamo para sua alma. — Meu último presente para você é seu destino. Salvará você e aos que ama... — Com um sorriso de despedida elevou a vista para o emplastro azul visível na parte superior da nuvem no céu.

O casulo se fechou lentamente ao seu redor e ela desapareceu para sempre de sua vista.

Imediatamente o vento se voltou frio como o gelo e o sol desvaneceu deixando redemoinhos de nuvens em cima do círculo negro. Mac grunhiu enquanto o vento o movia do altar.

Cambaleando, estrelou-se com o portal ocidental. Enquanto tocava a pedra fria, as imagens se estrelaram contra sua cabeça com a velocidade de um trem de carga fora de controle. Um anel de adoradores vestidos de preto cantavam em um círculo ao redor do altar com a pedra vermelha coberta de sangue.

Mulheres nuas dançavam ao redor da pedra. Uma faca de prata brilhou em um céu cheio de estrelas com uma lua cheia. Uma encurvada figura usava uma grande túnica.

Um gemido sobrenatural chamou a atenção no centro do círculo enquanto os restos da madeira queimada da cruz começavam a levantar-se no antigo altar. A uns metros da pedra uma greta repentina rasgou o ar e a cruz explodiu em centenas de pedaços. Mac se deixou cair ao chão, com o nariz pego à neve para evitar ser golpeado pelos perigosos fragmentos.

Ao seu redor o mundo parecia estar a ponta de sair de seu eixo. Nada voltaria a ser o mesmo.

— Levante-se, idiota — grunhiu uma voz.

Ele piscou enquanto a erva rangente dava um golpinho no nariz.

Levantando a cabeça, viu dois homens vestidos transportando uma figura sobre seus pés que se balançava como bêbada. A túnica ricamente bordada com fios de ouro e seda azul representava uma variedade de símbolos celtas que deram uma nota de nostalgia no coração do Mac. Ele conhecia essa pessoa, não? A túnica era sem dúvida bastante familiar. Sua mãe a fez em seu décimo verão... Sua mãe? Ele não tinha mãe. Lentamente ficou de pé olhando a cena diante dele. O ar fresco se mesclava com o aroma da fumaça de madeira em uma enorme fogueira. O som do canto soou em seus ouvidos enquanto olhava a seu redor para ver um anel preto de figuras vestidas caminhando em círculo ao redor do altar. Suas palavras monótonas eram adormecedoras quase reconfortantes por sua familiaridade. No centro do altar, um homem alto estava vestido com uma túnica escura com uma capa ocultando o rosto. Estava em silêncio como uma pedra com os braços em alto com a cara para a lua cheia. O terror floresceu no peito de Mac enquanto olhava a cena fantasmagórica. Ele sabia com grande certeza que era seu tio Manfred. Esse homem era o único irmão de seu defunto pai. E o assassino de seu pai. O conhecimento se estrelou contra a cabeça de Mac cambaleando para trás, para a pedra ocidental. O que? Sacudiu a cabeça tratando de desfazer-se das imagens, mas estas não mudaram. Queria afastar-se da pedra, mas seus membros não obedeciam. A cabeça estava desconectada, como se tivesse sido drogado. Seu olhar piscou sobre a cena antes de centrar-se em seu tio. A luz do fogo piscava no fio de ouro da túnica de seu tio enquanto ele pouco a pouco baixava os braços. Deu a volta por volta dos dois homens e a pequena figura que se mantinha em posição vertical entre eles. —Traga meu filho — entoou. Os dois homens conduziram o menino sem resistência para o altar. Mac olhou seus pés descalços, enquanto caminhavam ao longo da rangente gelada que cobria a erva. Que época do ano era? Na colheita talvez? Desejou mais que qualquer outra coisa lutar contra a letargia que o mantinha contra a pedra, mas o corpo se negava a responder a sua chamada urgente. Uma sensação de um medo se apoderou dele. Não queria ver o que estava a ponto de acontecer com o menino.

— Não — sua mente gritou ao menino quando foi apresentado ante o altar. Com eficiência enérgica os dois homens jogaram para trás o capuz para revelar a cabeça do menino. Mac olhou com horror a imagem perfeita do menino que era ele. Os dois homens deram um passo atrás deixando um Mac de quatorze anos para enfrentar só a seu tio. O choque deixou Mac imóvel enquanto via as imagens de um passado longínquo ante ele.

— Eu não sou seu filho — gritou sua mente enquanto a cena continuava para mostrar seus efeitos. Seu tio se adiantou tomando a corda do traje preto do menino-Mac. Puxou-a até que escapou e junto com ela o manto do corpo do menino sem resistência deixando-o nu à intempérie. A lua brilhava sobre sua pele cor branca leitosa que se estendia mais pálida no menino-Mac. Contusões e feridas purulentas cobriam sua pele pálida, enquanto os ossos apareciam na pele machucada, o que o fazia luzir como um esqueleto ambulante em lugar de um menino saudável de quatorze anos, como o menino que deveria ter sido. Sussurrou.

— Deusa... — Com os lábios mal se movendo.

A ira agitou o intestino de Mac enquanto observava ao menino que uma vez foi e ao homem que deveria tê-lo amado e protegido.

Seu tio levantou a mão e fez um gesto a duas pequenas figuras vestidas. Estas se aproximaram, tirando as roupas enquanto se moviam deixando-se descobertos a si mesmos como as mulheres. Cuidando de manter os olhares baixos, insistiram ao menino-Mac à pedra fria. Deitandoo, com cuidado o banharam em água quente perfumada com alecrim, camomila e hortelã enquanto o resto das figuras vestidas começavam seu canto monótono uma vez mais.

O claro céu noturno brilhava em cima de Mac enquanto os via mover as mãos sobre o corpo prejudicado do menino. Seu toque era leve, quase impessoal.

Quando terminaram sua limpeza esfregaram óleos perfumados na pele. O aroma de murta ficou no ar em substituição aos aromas das ervas.

Quando terminaram de lubrificar o azeite de cima a abaixo se separaram da pedra e o deixaram a seu destino abandonando-o no altar.

O canto parou e uma vez mais o círculo esteve em silêncio exceto pelo crepitar do fogo.

Seu tio apareceu à vista de novo tomando sua posição à cabeça da pedra de sacrifícios. Levantando os braços em cima de sua cabeça falou.

— Mestre na noite deste inverno aceita a oferta deste menino virgem. Inocente e puro como o dia que nasceu conhecido como Conor, o bom filho. Oferecemos sua vida a seu serviço — ele abriu uma pequena bolsa em sua cintura.

— Oferecemos sua vida a seu serviço — repetiu ao círculo.

Seu tio tirou um punhado de ervas e as jogou sobre o frágil corpo do menino-Mac.

— Aceita o sacrifício de nós e deste menino a vida para que possamos adorar seu nome.

— Em seu nome — cantou o círculo.

—Aceita nosso presente da carne deste menino para que possamos lavrar sua vontade — entoou seu tio.

— Seja sua vontade — disse círculo em coro.

O tio tirou uma faca de prata. O terror deixou um sabor metálico na boca de Mac enquanto via reluzente à lâmina à luz da lua. Mesmo sabendo de que sobreviveu ao ataque não dissipava o medo que o mantinha imóvel parecido contra a pedra como uma espécie de espécime científico. O círculo vestido começou a mover-se de novo desta vez em sentido dos ponteiros do relógio cantando baixo e sonoro. Ao tempo marcado seu tio elevou a faca sobre o peito do pequeno emagrecido. Os pés dos fiéis e as palavras se aceleraram.

Deixando escapar um grito que voltou frio o sangue de Mac, seu tio afundou a faca no peito do menino e logo rapidamente o retirou. Imediatamente a dor atravessou seu corpo enquanto a lembrança da faca rasgando sua pele voltou com toda sua força. Ele gritou enquanto o menino se retorcia no altar, com seu próprio guincho fazendo eco. Mac. O sangue brotou à ferida e cobriu o peito do maltratado menino.

Mac se aferrou ao peito surpreso de estar ileso. As náuseas revolveram o estômago enquanto a dor da inexistente ferida florescia, envolvendo-o e fazendo-o ficar de joelhos.

Os fiéis subiram para o altar e inundaram seus dedos no sangue do menino-Mac, que já brotava de seu peito. Mãos reverentes acariciaram a carne até que o pintaram de cor vermelha da cabeça aos dedos do pé. Suspiros de êxtase da boca dos fiéis encheram a noite enquanto acariciavam ao moribundo menino e beijavam a borda do manto de seu tio. Seus gritos ressonavam nas pedras enquanto Mac via seu ser mais jovem morrer no altar.

Um grito sobrenatural soou de fora do círculo detendo os fiéis em sua delirante exalação.

Surpreso Mac voltou à cabeça para o som. Uns olhos dourados brilharam na escuridão a fora do anel.

— É o mestre — sussurrou alguém.

— Tolices — grunhiu o tio. — Sou o único mestre e saberia de sua chegada. — Sua voz aumentou. — Quem se atreve a misturar-se em nosso círculo? — Uma vez mais o grito sobrenatural soou seguido pelo rítmico de um caminhar de passos pesados.

Passos de animais.

Com um grito soluçante a mais jovem das mulheres ficou de joelhos. Um som de lamento selvagem surgiu enquanto a maioria dos adoradores fazia o mesmo. Clamaram ao céu escurecido e a seu mestre a espreitava do exterior do círculo. Os passos acolchoados continuaram seu ritmo mais à frente do alcance da luz do fogo. Um som surdo, golpe, golpe, golpe.

E logo veio um ofego entrecortado que enviou calafrios pela coluna de Mac. Os gritos dos adoradores se elevaram a um volume quase ensurdecedor. Um grito como o de uma mulher estrangulada cortou a noite e calaram suas vozes. Através da porta norte entrou uma pantera. Seu cabelo preto brilhava sob a luz do fogo oscilante enquanto se movia com inquieta graça animal. Seus olhos dourados estavam fixos em seu tio. Um grunhido escapou do gato.

— Como se atreve a profanar este lugar — sussurrou seu tio. O gato grunhiu de novo interrompendo-o. Com seus músculos atados debaixo da grossa capa. Os adoradores ficaram de pé e se separaram de seu tio deixando-o sozinho à frente do altar. Os olhos dourados nunca se separaram de sua presa, o gato começou a caminhar para frente e atrás, adiante e atrás, lentamente e metodicamente. Sua completa atenção estava centrada em seu tio. Parecia como se uma eternidade dessa forma, como se cada um medisse ao outro. Então, seu tio se moveu. O gato esteve sobre ele em questão de segundos. A pantera pôs as enormes patas sobre os ombros de seu tio encerrando-o no terrível baile. Os gritos de seu tio eram horripilantes enquanto as garras do gato atravessavam o manto da pele. O capuz golpeou suas costas e Mac esteve apanhado em um brilho de prateado e seu cabelo dourado. O sangue surgiu das horrendas feridas e seu corpo se estrelou contra o chão ao outro lado do altar. Os fiéis se dispersaram com seus gritos desaparecendo no ar. Mac se esticou quando o gato se aproximou do altar. Com um salto de graça o gato caiu sobre a pedra sem tomar cuidado de não pisar ao menino ferido. Deixou-se cair com seu grande corpo cobrindo ao menino. Colocando uma pata enorme sobre a ferida do peito do menino, lambeu o sangue da cara do menino-Mac. Viu o menino revolver-se sob o calor do corpo do felino e seu ronrono tranquilizador. Periodicamente, o gato levantava uma pata para comprovar a ferida até que pareceu satisfeito porque a hemorragia parou. Levantando o gato chutou ao menino obrigando-o mover-se. Pouco a pouco o menino se sentou movendo a cabeça como se estivesse enjoado. O menino-Mac baixou as pernas sobre a borda do altar e tratou de levantar-se sobre seus pés com o grande gato ajudando-o. Mas seus joelhos ossudos cederam enviando-o de bruços à neve. Neve? Dolorosamente Mac se deu a volta com a chuva gelada pegando em sua cara enquanto contemplava o céu tormentoso do século XX. Calafrios sacudiram seu corpo nu enquanto tratava de reunir a vontade para ficar de pé. O esgotamento puxava seus membros enquanto a enormidade de sua experiência se apoderava dele.

Minha Deusa sou o filho de um alto sacerdote pagão do século XI. Familiares olhos dourados apareceram enquanto Renault se inclinava sobre ele obscurecendo sua visão do céu de nuvens carregadas. Mãos fortes o sentaram enquanto Renault caía de cócoras apoiando Mac a seu próprio corpo.

— Mac?

— Sei — sussurrou Mac a seu salvador de faz séculos. Alcançou a ver a antiga túnica cerimoniosa quando seus olhos se fecharam. Sentiu Renault envolver a lã ao redor dele enquanto ele ia à inconsciência ouviu Renault sussurrar — Já é hora irmão.

Pouco depois de que Mac se foi, uma chuva gelada começou a cair.

Depois de oito horas, finalmente começou a diminuir, mas o dano estava feito.

Jennifer estava junto à janela da sala vendo a cena debaixo dela. O gelo recobria tudo com um brilho pelo sol da tarde. Os ramos nus das árvores, suas almas reveladas observando casualmente elevando-se ao céu de chumbo.

Seus ramos se estrelaram juntas estalando seu descontente pelo tempo.

Miranda estava morta.

A dor em seu coração dizia isso. Sua melhor amiga tinha morrido.

Desaparecido da face da terra onde caminhado mais de mil anos. Como era possível?

Depois de 300 anos de amizade, litros de lágrimas e milhões de risadas, Miranda já não caminhava pela terra.

Pela primeira vez em sua vida Jennifer estava realmente sozinha.

Se seu coração não estivesse encerrado em gelo como o mundo fora estava, pensava que choraria. No momento estava muito aflita para fazer nada mais que olhar para fora o mundo de gelo e perguntar-se se nunca sentiria nada de novo. Alguma vez encontraria o valor para amar a alguém?

Uma voz insidiosa sussurrou em sua mente, o que acontece com Mac?

O pânico revoou em seu peito ante a ideia de Mac. Amava-o. Nunca tinha deixado de amá-lo e era o momento de admitir isso, ao menos para si mesma.

Enquanto vivesse amaria Conor MacNaughten.

E enquanto Mikhail caminhasse nessa terra nunca poderia ter uma relação com Mac.

Não seria seguro para eles, para Mac. Graças a ela, Mikhail o queria morto.

Mas, Mac ainda a desejava? Tinha-a amado antes, ela estava segura. Disse que não era nada mais que sexo, mas teria sido uma mentira? Odiava o que ela era e o que era seu mestre. Esse conhecimento finalizaria sua relação? Poderia aceitar seus termos? Poderia encontrar satisfação em uma relação estritamente sexual com Mac? Poderia viver com apenas ter sexo com ele? Sem ter o coração dele comprometido como o seu?

Poderia viver sem isso? Uma voz de zombaria.

— Tenho feito até agora — sua voz rompeu o silêncio da habitação. Mas ela queria seguir dessa forma? Vazia e sozinha? Sem nunca conhecer o toque de um homem de sua escolha?

A porta de uma pequena casa cruzando a rua se abriu e um jovem casal saiu. Por uns poucos momentos ficaram na porta e se maravilharam da camada de gelo que cobria tudo. O homem fechou a porta e de braços dados começaram sua perigosa viagem pela rua. Enquanto riam e escorregavam se agarravam pelos braços um do outro para permanecer em posição vertical.

Fazendo uma pausa na esquina, o homem de cabelo escuro se agachou e em questão de segundos, na esquina da rua deserta os jovens amantes se envolveram em um quente beijo.

Ela se sentiu como uma olheira à medida que o homem deslizava sua mão dentro do casaco da mulher com seu toque sacudindo-a e logo ela se inclinou para ele. Sem prévio aviso o homem perdeu o equilíbrio caindo sobre o gelo, enviando aos dois ao chão da calçada gelada. Suas risadas mescladas chegaram os ouvidos de Jennifer quando viu a mulher que estava embalada em seus braços. A mulher se inclinou para sussurrar algo a ele e então revolveu seu corpo, deixando-o depois com a boca aberta. A mulher ficou a poucos metros do homem com seu sorriso tão cheio de amor que o coração do Jennifer doeu com a vista dela.

A mulher levantou lentamente sua saia e mostrando a calcinha. A fez girar com um dedo logo jogou no homem, caindo no peito. Assombrado, o homem ficou de pé e se equilibrou sobre ela, com a pálida calcinha de cor rosa em uma mão. A mulher gritou de risada, evitando-o facilmente e se deslizou de retorno pela porta da qual saíram momentos antes.

Enquanto arrumava para abrir a porta, o homem a apanhou. Girando-a ao redor em seus braços, abriu a porta empurrando-a através dela. Empurrou-a até parede com um beijo e seu grande corpo, enquanto que cegamente ela chegava atrás dele tratando de encontrar a porta para fechá-la.

Jennifer sorriu fracamente quando a porta se fechou definitivamente. Era isso o que desejava? A ideia desse tipo de intimidade dava medo. Sabia que era uma covarde quando se tratava das relações. Inclusive se desejava Mac fisicamente, poderia escapar dos limites em que tinha vivido durante tanto tempo? Desejava prová-lo, saber o que se sentia fazer o amor com um homem que amava com todo seu coração e alma. Talvez poderia reunir o valor suficiente para jogar sua calcinha a Mac em algum momento...

Estava olhando quando a porta de trás da cozinha deu um golpe forte.

Dando a volta, agarrou o atiçador da chaminé, sustentando-o ante ela no que esperava fora uma postura ameaçadora. Seu coração deu um salto em sua garganta quando Renault encheu a porta, carregando a um semiconsciente Mac nos braços.

— Está... — ela hesitou, com os joelhos cambaleando perigosamente. —Não, mas necessita ajuda. — O homem grande se moveu através da sala de estar até as escadas que conduziam direto ao quarto de Jennifer, pisando os calcanhares. — Têm que conseguir esquentá-lo e rápido. — Renault deixou a Mac na cama. Ela olhou a estranha capa bordada que Mac usava.

— Ele não saiu daqui com isso. Onde está sua roupa?

— É uma longa história — disse ele brevemente.

Ela afastou os olhos enquanto Renault rapidamente despojava do manto ao corpo inconsciente de Mac. Ela se ocupou de recolher mantas extras da parte superior do armário. Quando deu a volta, Renault o cobriu com a roupa de cama.

Ela acrescentou as mantas enquanto tremores sacudiam seu corpo.

— O que aconteceu?

Renault sacudiu a cabeça

—Isso ele deve dizer. — Com uma eficiência enérgica Renault voltou sua atenção à pequena chaminé. Em momentos tinha estabelecido o fogo, enquanto Jennifer se ocupava de esfregar as geladas extremidades de Mac através da camada de mantas. Em questão de minutos o fogo crepitou alegremente dando um aconchegante calor à sala contra o congelado mundo exterior.

Renault se levantou de sua posição de cócoras frente ao fogo. Jennifer pôde sentir seu olhar nela. Ela olhou encantada aos olhos dourados.

— Cuida dele — disse em voz baixa. — Tenho que fazer algo.

Ela assentiu e olhou para outro lado.

— Eu... — Sua garganta fez um nó enquanto via o anel de ouro no dedo de Mac. Pouco a pouco se agachou enlaçando seus dedos com os frios dele até tocar o anel de Miranda. Quantas vezes ela e Miranda tinham feito exatamente o mesmo? Entrelaçar seus dedos para que os anéis ficassem lado a lado, cantando uma canção tola infantil sobre a amizade. Centenas de vezes?

Milhares?

— Foi-se — disse ela com voz rouca. Com a dor ameaçando roubar a voz.

Jennifer sentiu a mão de Renault em seu ombro apertando-o brandamente, o que confirmou o que sabia em sua alma. Por um segundo pensou que seu coração deixaria de pulsar e os pulmões só deixariam de respirar. O mundo pendurava imóvel e em silêncio. Então, seus pulmões se expandiram novamente. Talvez viveria com isso.

— Teve um mau choque. Tem que subir a temperatura de seu corpo e deixá-lo descansar. Despertará quando estiver preparado. Ela se virou e olhou seus olhos incomuns.

— Obrigada Renault, por trazê-lo de novo a mim. Com outro apertão, soltou-a saindo do quarto. Momentos depois ouviu a porta de trás abrir e fechar-se uma vez mais. O crepitar do fogo foi sua companhia enquanto via o homem que amava. Seu rosto estava mortalmente pálido e quieto, sem nada da animação que geralmente residia ali. Um súbito desejo de estar perto dele se apoderou dela. Sem questionar seus instintos, levantou-se e tirou a roupa. Vestida com a roupa íntima, levantou a coberta e se meteu na cama ao lado do homem que amava. Com o primeiro toque a sua fria carne, o fôlego escapou dos pulmões. Decididamente tinha que massagear sua fria pele debaixo das mantas. Os calafrios tomaram seu corpo enquanto trabalhava seu caminho para baixo de cada braço. À medida que esfregava seu caminho pelas pernas longas, os estremecimentos lentamente diminuíram até que finalmente cessaram por completo. Realmente era construído magnificamente. Com pouco mais de 1,80 de altura, tinha largas e maravilhosas extremidades musculosas. Jennifer trabalhou as mãos em seu peito, massageando com movimentos longos e pesados para estimular o fluxo de sangue. Seu peito estava sem pelo e com uma ampla e marcada cicatriz magra no peitoral direito. Os grossos músculos do corpo dourado pelo sol de Mac era o sonho de toda mulher. Ela não desejava nada mais que embalar-se contra seu peito durante os próximos mil anos. Quando terminou sua massagem nos pés, Mac estava dormindo pacificamente. Esgotada, estendeu-se ao lado dele. Passando seu braço, moveu-se para frente até que seus lábios brandamente roçaram seu ombro. Inalou o aroma quente a sândalo e homem que era único de Mac, ela apoiou a cabeça contra seu braço. O cansaço puxou seus membros enquanto seu calor começava a filtrar-se por sua pele, relaxando-a. O que aconteceria se ele se encontrasse com Mikhail? Abraçou seu braço com força. Não podia suportar a ideia de perdê-lo agora que o encontrou de novo. Agora bem, se tão somente pudesse convencê-lo de que a necessitava tanto como ela a ele. Fechou os olhos, se pudesse fazer isso, tudo estaria bem com seu mundo.

— Então, o que acontece com os óculos de sol, James Dean? Jennifer olhou as largas costas de Mac enquanto ele ria e puxava Shai a um abraço esmagador. Tinha despertado bruscamente quatro horas antes, exigindo que ela se levantasse e se vestisse imediatamente. Era fácil para ele fazer demandas, estava um momento e já estava vestido completamente. Estranhamente vestido. A calça jeans e gola alta azul escura eram normais, mas os óculos de sol pretos eram um toque estranho, mesmo para Mac. Esperava que em qualquer momento ele proclamasse “Quero estar sozinho”, ou “Sem fotografias, sem autógrafos”. Em troca, ele a tinha empurrado a colocar roupa e a sair de viagem ao perigoso mundo de gelo para a casa de Val até os subúrbios de Guildford. Era uma viagem de duas horas, em circunstâncias normais. Devido ao gelo levaram quase três horas. Durante a viagem não deu nenhuma explicação ou resposta alguma a suas perguntas. Em seu lugar, tinha acariciado a mão dizendo que tudo seria revelado mais tarde, como se fora um grande mago. Jennifer inalou, chutando a porta e fechando-a atrás dela. Havia sem dúvida algo diferente nele, algo que não podia determinar. Sua energia era diferente. Antes, Mac tinha sido intimidante com sua presença física. Imprevisível e selvagem como um animal, sua energia era predadora, perigosa. Era com um sentido de moderação. A energia era predadora que emanava bastante ao longo de sua pele. O que se passou e de onde esta mudança veio, não tinha nem ideia. Era desconcertante e paradoxalmente tranquilizador ao mesmo tempo. Shai a agarrou em um abraço, sacudindo-a para tirá-la de sua concentração.

— Querida menina!

Jennifer sorriu ao carinho familiar. O aroma da canela a envolveu enquanto devolvia o abraço.

— Senti sua falta.

Ela se afastou, com um amplo sorriso animando seu rosto.

— E eu. — O olhar dela se voltou de pergunta. — Está bem?

Jennifer assentiu com lágrimas cravando seus olhos à cara de preocupação de sua amiga.

— Sim. Como está Val?

A expressão de sua amiga se voltou triste.

— Nunca o vi assim. Está tão ferido e zangado agora... — Sussurrou.

— Temo que fará algo imprudente.

Jennifer tomou o braço de Shai e se dirigiu para a porta da biblioteca, onde Mac desapareceu só uns momentos antes.

— Sei. Sinto-me tão impotente neste momento. Não sei o que fazer... — sua voz se apagou quando entraram. Mac estava no centro da sala, com seu olhar concentrado em Val, onde se encontrava ante a escura janela. Val parecia esgotado, como se não tivesse comido ou dormido no dia. Ardiam os olhos com uma ímpia luz e estavam concentrados no Mac. A tensão na sala era evidente quando os dois homens se olharam um ao outro, por isso ninguém se atreveria a romper o silêncio do outro primeiro e olhar para outro lado. Durante uns segundos, todos ficaram congelados no tempo. Shai rompeu o silêncio.

— Bom, acredito que é mais ou menos suficiente. — Shai deixou o braço de Jennifer e entrou na sala. — Alguém pode unir-se a este concurso de mijadas ou se limitará só aos machos territoriais?

Val relaxou visivelmente, sem nunca vacilar seu olhar enquanto Shai se aproximava dele. Ignorando o fato de que era um dos vampiros mais poderosos do planeta e que poderia matá-la com um olhar, deu um passo diretamente frente a ele entrelaçando seus braços ao redor da cintura.

— Alguém quer me dizer o que está acontecendo aqui? — Shai perguntou.

— Pergunte a ele — Val assentiu para Mac.

Jennifer se moveu ao lado de Mac, pondo a mão sobre o braço. Os músculos dele se esticaram e logo relaxaram sob seus dedos.

— Fiz todo o possível por salvá-la — voz de Mac era dolorida. Seu braço tremeu levemente debaixo de seu tato. Ela o apertou, conseguindo um sorriso fraco.

— Quero escutar tudo. — A voz de Val foi a carne viva.

Jennifer resistiu o impulso de tampar os ouvidos. Não queria ouvir falar da agonia que Miranda sofreu. Ela se afastou, mas o braço de Mac serpenteou a seu redor, puxando-a a seu lado.

Surpresa manifestou em olhou seus escuros óculos de sol.

Franziu o cenho enquanto as lentes escuras só refletiam sua imagem e nada do homem atrás delas.

Ela levantou a mão para tirar, mas ele a deteve, e deu um tenro beijo na palma de sua mão. Um calafrio percorreu as costas. Estendeu a mão sobre seu coração, com o ritmo constante e tranquilizador sob seu tato.

— Jennifer despertou ao redor de quatro e meia desta manhã. Estava em uma espécie de transe e me disse que Mikhail estava matando Miranda. Ela me descreveu o lugar onde levou Miranda e o reconheci. Como, não sei, mas fiz. Assim que fui e deixei Jennifer no sofá e dirigi a um círculo de pedras. — Ele sacudiu a cabeça. — O tempo estava ruim. Era quase como se algo conspirasse contra mim. Quanto mais perto chegava mais longe do círculo parecia estar. Jennifer apertou a cintura em simpatia.

— Quando finalmente me aproximei da colina onde se encontravam as pedras, meu Land Rover falhou. Todo o sistema elétrico, o motor, não pôde fazer nada. O veículo se dirigiu diretamente a uma das pedras na base da colina. Tive que me arriscar a saltar do veículo ou estelar me com ele a quarenta milhas por hora. Milagrosamente, o Land Rover se deteve antes de chegar. Ainda não entendo devia ter golpeado a pedra. — Ele se sacudiu com sua meditação. — Comecei a subir a colina, mas o vento parecia estar tratando de evitar que chegasse ao topo. Tive que cair de joelhos e subir o caminho de quatro. Seguia rezando para que as nuvens se mantivessem e a protegessem do sol — sua voz ficou rouca pela reprimida emoção. — Quando cheguei ao topo da colina, o sol se abriu. — Se separou de Jennifer com movimentos agitados. — Já era muito tarde — sussurrou. Jennifer chegou às cegas a uma cadeira próxima e se afundou como sem ossos nela. Suas mãos tremiam enquanto se limpava as repentinas lágrimas. Através de olhos chorosos viu Mac olhar a chaminé. Ele colocou suas mãos no suporte da chaminé agarrando a borda de mármore. O anel de Miranda brilhou a luz de fogo.

— Muito tarde. — Sussurrou de novo. A sala ficou imóvel enquanto Mac ficava olhando o fogo. A expressão de sua cara chegou a seu coração. Sua tortura estava ali para que todos vissem. Claramente estava revivendo algo que ela não podia começar a compreender. Depois de uns tensos minutos sacudiu a cabeça eliminando assim o passado.

— Aproximei-me do altar onde Miranda estava encadeada a uma cruz de madeira. — Sua voz era plaina sem emoções.

— A uma cruz? — a voz de Val era rouca pela emoção.

Mac assentiu.

— Quando me aproximei do altar o fogo me queimou e só tinha deixado cinzas. — Franziu o cenho. — Nunca vi nada igual. Era uma forma perfeita a imagem tridimensional de Miranda encadeada à cruz... Mas era feita de cinzas.

Jennifer procurou lenços na bolsa, só para se dar conta que não os tinha levado com ela.

Uma mão apareceu diante de sua cara uma caixa com lenços. Com mãos trêmulas os arrebatou de Val e limpou os olhos.

—Vi o anel e me disse que tomasse. — Mac continuou. — Enquanto tocava o dedo, a mão se desintegrou. Então... Silêncio.

Ela deixou de se limpar e olhou Mac. Ficou de pé imóvel como uma pedra ante a chaminé. Shai se aproximou dele pondo a mão sobre o ombro.

— Não posso explicar o que aconteceu depois. Não entendo, entretanto... — Sua voz era desigual e cheia de frustração. Ele se separou de Shai e se voltou para Jennifer. O coração dela se estreitou com o condenado olhar que estava em seu rosto. Ofereceu um sorriso aguado tratando de animá-lo a seguir adiante.

— Acredito que tive uma visão de meu passado. Vi quem era e de onde venho. — Com frustração ele passou suas mãos pelo cabelo fazendo que pusessem de ponta. — Reconheci as pedras paradas quando Jennifer as descreveu apesar de que nunca estive ali. Sabia como chegar até ali e sabia o que encontraria, mas não sabia como sabia.

Shai se deixou cair no sofá em frente à Jennifer com sua expressão atônita.

Val se aproximou de sua amante sentando-se no braço do sofá unindo seus dedos com os de Shai.

— Sabe de onde vem? — Perguntou.

— Acredito que sim. — Mac exalou ruidosamente. — Sei que sim. Enquanto que tirava o anel de Miranda, apareceu uma nuvem sobre o altar levantando as cinzas. Quando a nuvem se abriu Miranda apareceu tão viva como sempre. Disse algo a respeito de me dar o presente do destino e que salvaria aqueles que amo. Logo desapareceu. Quão seguinte soube foi que estava deitado de barriga para baixo sobre a erva de outono. A neve tinha desaparecido e a erva estava coberta de geada. A meu redor havia um círculo de homens vestidos de preto. Era um menino pequeno e estava sendo levado a altar no centro das pedras. Estava vestido só com uma túnica cerimoniosa.

Jennifer o olhou boquiaberta.

— Como com a que retornou?

Mac assentiu sabiamente.

— Seguro que se parece com a mesma. O nome de meu pai era Mireen e era um poderoso sacerdote pagão do século XI. Era o último de sua linhagem e estava tratando de que eu tomasse seu lugar. Seu irmão Manfred era um mago negro. Estava ciumento do poder que meu pai possuía. Em um ataque de raiva meu tio matou a meu pai oferecendo em sacrifício à deusa. Pensou que se fizesse um sacrifício suficientemente grande a deusa poderia outorgar seus dons como tinha feito com meu pai. Seu plano fracassou. Em troca trouxe a fome a seu povo. Muitos morreram.

Quando isto passou, Manfred deu as costas à Deusa e abraçou ao mestre da escuridão ao que chamava “O que permaneceria sem nome”. Depois da morte de meu pai, Manfred teve a minha mãe e a mim em sua casa como serventes. Vivíamos na adega e eu trabalhava nos estábulos cuidando dos cavalos e do gado. Minha mãe... Sua voz se quebrou —... Morreu em poucos meses, seu coração se rompeu. Simplesmente não pôde viver sem meu pai.

— Que idade tinha? — Jennifer perguntou com o coração dolorido pelo menino sem pais.

— Ao redor de onze verões mais ou menos. Uns anos mais tarde depois que as colheitas não tinham melhorado, Manfred decidiu que tinha que fazer outro sacrifício, um sacrifício maior ao mestre. Queria sacrificar a seu próprio filho para demonstrar que estava disposto a sofrer por sua devoção, mas sentiu que seu próprio filho estava defeituoso. Seu filho tinha uma peculiaridade, uma aflição que Manfred via como maldição. Sentia que se oferecesse seu filho ao mestre este o veria como um insulto. Necessitava a alguém virgem e puro de coração para esse último sacrifício.

— A você? — Shai sussurrou com voz rouca.

— Manfred mandou seu próprio filho à casa de verão em preparação para o grande evento. Decidiu o fechamento do exercício pagão, a colheita era o melhor momento para fazer sua oferenda. Assim em uma noite fria de outono se reuniram nas pedras. Drogaram-me e me arrastaram até lá. Depois cantaram e invocaram ao Mestre e me deitaram no altar.

Por sua expressão fechada, Jennifer soube que havia muito mais que isso. Mas não quis pressioná-lo por agora. Podia sentir sua tensão e confusão, mesmo a uns metros de distância.

— O que aconteceu? — Perguntou.

— Meu tio tratou de me matar, me sacrificando a seu escuro Deus — Mac cuspiu as palavras. Com sua expressão apertada com sua dor à vista.

Jennifer não pôde aguentar mais. Levantou-se da cadeira e se aproximou dele.

Deslizando seus braços ao redor de sua cintura, ele tirou o fôlego que estava contendo e a segurou com os braços a seu redor, sustentando-a com força, como se nunca queria deixá-la ir.

— Aí é de onde provinha a cicatriz, não? A que está em seu peito? — A voz dela era abafada contra sua camisa.

Ela o sentiu inclinar a cabeça.

— Como sobreviveu? — Shai perguntou. — Como escapou?

— Alguém chegou ao momento oportuno e me salvou. Matou a meu tio e me salvou a vida.

Jennifer levantou a cabeça para olhá-lo, com seu reflexo devolvendo o olhar em seus óculos de cor preta.

— Quem? Quem te salvou?

Mac levantou a mão e se tirou os óculos de sol do rosto. Os bonitos, excitantes olhos cor chocolate estavam abundantemente salpicados de ouro, brilhando enquanto a olhava. Cortou a respiração em sua garganta enquanto o poder dos olhos de gato se derramava sobre ela, nela, esquentando-a de dentro para fora. No profundo de seus olhos, tão diferentes e, entretanto os mesmos havia um conhecimento além de seus sonhos mais loucos. Com o que também estava familiarizada.

— Renault? — Ela disse com voz trêmula.

Mac assentiu, com o olhar sem nunca deixar seu rosto. — Renault é o filho de meu tio, meu primo. Era conhecido como Niall naquele tempo e eu ia ser sacrificado em seu lugar. Salvou-me a vida.

— Seu nome — grasnou Shai. Seu nome significa “Bom filho”.

Mac assentiu.

— Sabia isso faz muito tempo, mas nunca soube o que significava. Suponho que Renault me deu o nome, já que não era meu nome de menino. Meu pai era um homem bom, e amável. — Sacudiu a cabeça com tristeza. — Tanta perda de vidas.

— Me alegro de que encontrou seu destino, Mac — Jennifer disse com força apertando seu braço ao redor da cintura. — Sabia o muito que se obcecava.

Esses olhos dourados marrom percorreram seu rosto, esquentando-a.

—Também estou contente de ter encontrado meu destino. — Ele se inclinou com acariciando sua orelha. — E estou agradecido de ter te encontrado outra vez.

Jennifer ficou imóvel, com seus sentidos entrando em estado de alerta total.

Ela se afastou, olhando seus misteriosos olhos e perdendo outro pedaço de seu coração por ele.

— Eu...

— Shhh. — Ele pôs a ponta do dedo morno sobre seus lábios. — Agora não. — Deu um beijo leve na testa antes de liberá-la.

Comovida ela cambaleou para o extremo do sofá e se sentou sobre ele.

Era seu desejo mais profundo tornando-se realidade? Mac poderia realmente amá-la?

Sabendo qual seria a reação de Mikhail poderia arriscar-se a amá-la?

— Não entendo como Mikhail acredita que pode sair se com a sua — disse Shai. — Tem que saber que o conselho irá atrás dele.

— Não acredito que se importe — respondeu Val. — Quer burlar do Conselho para que vá atrás dele igual quer que eu vá atrás dele. — Val olhou Mac com cautela, como se fora incapaz de decidir quanto seu velho amigo mudou.

— Acredito que poderia ser o momento de uma reunião. Mac assentiu.

— Estou de acordo. É hora de que isto termine. Enviamos uma mensagem a Mikhail para que se reúna conosco amanhã de noite na Capela dês Anges Perdu? Jennifer franziu o cenho ante o “nós” em sua declaração. Mac se voltou como se soubesse de sua resistência a falar.

— É minha luta também — disse ele em voz baixa.

— Tão macho. — Ela espetou com o medo em suas palavras mais cortante do que tinha pretendido. — Eu irei também. Mikhail é por desgraça, meu mestre e tenho certo interesse nisto.

Shai franziu o cenho.

— O que acontece se mata Mikhail, Val? O que acontecerá a Jennifer e Maeve?

Val olhou Jennifer com expressão especulativa.

— Honestamente não sei o que aconteceria. Não sei se algo passaria com elas.

Mac também olhou Jennifer.

— Então não sabe o que acontece com um revenant quando seu amo morre? Sabe de qualquer vampiro que tenha aparecido quando os matam?

Val sacudiu a cabeça.

—Miranda é o primeiro vampiro morto em centenas de anos. Contrariamente ao que diz Bram Stoker 10, somos um grupo relativamente pacífico.

— O que acontece a tradição dos vampiros? Há algo na tradição que pudesse nos dar uma pista? — O olhar do Mac se manteve fixa no Jennifer.

— Terei que me pôr em contato com Sinjin — disse Val. — Tem feito uma extensa investigação sobre vampiros e seus humildes iniciantes. Poderia ter as respostas que necessitamos.

Mac assentiu.

— Então acredito que terminamos aqui. — Estendeu a mão e o coração de Jennifer saltou em sua garganta. Vacilante pôs a mão na sua e permitiu ajudá-la. — Temos que voltar para Londres. Quero pegar Renault pela manhã.

Val ficou de pé com expressão solene.

— Peço perdão com respeito a minhas ações anteriores. Nunca duvidei de que fizessem todo o possível para salvar Miranda.

A expressão de Mac foi igualmente grave. Estendeu a mão livre.

— Dê-me a mão, irmão, e tudo já se esqueceu.

Val sorriu por seu uso do idioma escocês.

— O idioma voltou a você também? — Perguntou enquanto estreitava a mão de Mac.

 

10 Foi um romancista, poeta e contista irlandês, mais conhecido atualmente por seu romance gótico Drácula, a principal obra no desenvolvimento do mito literário moderno do vampiro.

 

— Algumas coisas. É o idioma com o qual cresci — Mac sorriu. — E se sente muito bem saber esse fato. Jennifer se levantou de seu assento e seguiu aos outros três enquanto caminhavam pela biblioteca à sala principal aproximando-se da porta. Muitas coisas mudaram na última hora e não podia dirigi-las. Sentia-se aturdida, intumescida e ansiosa tudo ao mesmo tempo. O ar noturno se sentiu frio em sua pele enquanto entrava na escuridão com seu homem a seu lado. Val deteve seu caminhar e a puxou para um abraço rápido.

— Tome cuidado Jennifer. Tudo sairá bem, — sussurrou. O sorriso dela foi instável.

— Prometa isso, me prometa que não importa o que acontecer, fará todo o possível para mantê-lo a salvo.

O sorriso de Val foi amável.

— Prometo isso.

Ela o soltou. Mac estava junto ao carro, e o calor se estendeu através dele enquanto devolvia o quente olhar. Estendeu a mão uma vez mais.

—Vamos para casa.

Algo mudou no interior dela quando ouviu essas palavras. Assentindo em silêncio, caminhou pelas escadas para o homem que a esperava.

 

Chelsea, Londres

— Acorda, dorminhoca.

Jennifer se moveu. De sua posição reclinada no assento dianteiro do BMW parecia incrivelmente incômoda. Como tinha levado seu pescoço a essa posição?

— Hummm — murmurou ela.

— Adoro uma mulher que articula. — Mac sorriu quando ela se moveu a uma posição mais acessível. Inclinando-se para diante, deu um beijo leve na maçã do rosto. Aspirou seu aroma de mulher quente e jasmim, uma mescla única de Jennifer. Acariciando com os lábios sua bochecha abriu caminho a mandíbula detendo-se beijar a pele exposta do pescoço. O pulso dela revoou debaixo de seus lábios. Ele deslizou sua língua para prová-la e então mordeu sua pele conseguindo uma reação dela.

— O que... — ela se moveu afastando-se dele.

Cativado, viu como pouco a pouco despertava. Abrindo suas pálpebras. Logo se esticou completamente como um gato satisfeito de sonho. Primeiro, levantou os braços e arqueou as costas, afastando a jaqueta e o suéter à parte superior da saia preta deixando seu ventre suave vulnerável a seu olhar. As coxas fizeram ruído enquanto se movia sinuosamente. Ela esticou as pontas dos dedos dos pés abrindo o vestido de seu corpo. Sua virilha se apertou com a sensualidade inata de seus movimentos. Fixando o olhar na extensão de pele exposta se inclinou e pressionou um beijo úmido com a boca aberta sobre seu ventre. O ar saiu dos pulmões enquanto seus lábios a tocavam.

— O que está...

Ele mordiscou a carne macia provocando um chiado dela. Seus dedos se enredaram em seu cabelo e puxou com suavidade, como se pudesse afastar de seu bocado.

Logo ventilou uma framboesa em seu ventre.

Gargalhadas estalaram de Jennifer enquanto a framboesa soava com força no silêncio do carro. Ele perdeu os dedos por seu lado enquanto ela se retorcia abandonando o agarre sobre seu cabelo. Gritando, tratou de evadir seus dedos invasores.

—Isso faz cócegas — gritou ela arqueando-se violentamente como se queria desfazer-se disso.

Mac riu entre dentes contra sua pele a adornando-a com outro beijo, este em cima do umbigo. Sua mão deu um golpinho na parte inferior do suéter antes de cair debaixo para explorar o território desconhecido. Pondo beijos em seu estômago, empurrou o suéter de forma que chegou ao sutiã de renda preta.

— Eu adoro sua roupa íntima — sussurrou ele contra sua pele.

Jennifer riu e ele se deleitou com o som. Essa mulher não ria o suficiente. Ele teria que ver se iria rir muito mais no futuro.

— Shai me comprou isso em meu aniversário. Fomos a uma festa de lingerie juntas.

Ele olhou a renda preta e seu escasso montículo coberto e cremoso.

— Val é um homem afortunado. — Abrindo o fecho frontal seus peitos se derramaram fora. — Não tão afortunado como eu, entretanto.

Jennifer gritou enquanto seus lábios acariciavam a ponta perlada do peito.

Seus dedos se enredaram em seu cabelo enquanto rodava à mulher quente debaixo dele.

Moveu-se para chegar mais de sua pele macia e gemeu em frustração quando golpeou seu joelho no volante.

— Temos que sair deste carro. — Ele se afastou dela e da tentação que apresentava.

Ela o olhou com olhos imprecisos.

— Aonde vamos? — Ela se moveu com um pé e esfregou a coxa dele, com um sorriso sensual curvando seus lábios.

— A minha cama. — Mac murmurou com voz rouca. Agarrou-a pelos pés, baixando a cabeça antes de levantar os olhos para ver os seus. — Te quero debaixo de mim, sobre mim, me rodeando, agora.

Os olhos dela se abriram. Ela tragou.

— Ok — disse com voz rouca. Ela lambeu os lábios e Mac mal pôde conter um gemido.

Acaso não sabia o que isso provocava nele?

Jennifer estremeceu enquanto Mac abria a porta do carro e uma rajada de ar frio açoitou o carro. Ele a agarrou pela cintura e a ajudou a passar sobre o console.

— Meus sapatos. — Ela os alcançou no chão do lado do passageiro, mas a tomou nos braços em seu lugar. — Espera...

— Não há tempo — grunhiu ele.

Chutando a porta do carro para fechá-la se dirigiu à porta principal. Suas botas rangiam na neve enquanto ela envolvia seus braços ao redor do pescoço e se relaxava em seu peito. Quando foi a última vez que alguém a tratou com tanta ternura?

Desde a última vez que Mac esteve em sua vida.

Triste, mas certo. Ninguém nunca a tratou como este homem. Por direito deveria odiála pelo que ela era e o que fez. Mas não se questionava o fato de que a deusa tinha considerado que recebesse uma segunda oportunidade. Agarraria e se aferraria a ela com as duas mãos. Deu um beijo suave no pescoço. Cheirava a neve, a couro e a homem. Animada pelo grunhido que emitiu quando os lábios tocaram sua pele, ela mordeu a pele excitada pelo sabor e a proximidade dele.

— Tenha piedade mulher. — Deu uma palmada na parte traseira.

Uma gargalhada escapou enquanto ele subia os degraus da porta principal. Liberou-a deixando-a sobre suas pernas pondo-a sobre o cimento coberto de neve. De maneira nenhuma ia pô-la sobre os pés com apenas meias na neve! Ágil, ela enredou suas pernas ao redor dele e se aferrou como um marisco a seu amplo corpo e lambeu a garganta.

— Está jogando com fogo, menina — grunhiu.

Jennifer foi para trás e deu o que esperava fora um sorriso sexy.

— Promete-me isso?

A respiração dele ficou presa.

— Para sempre.

A porta se abriu e ele caiu nela, obstaculizado por suas pernas ao redor dele. Pôs-se a rir quando esteve a ponto de terminar no chão de mármore do hall. A imagem do casal na rua fazendo quase o mesmo passou pela mente. A alegria se ampliou em seu coração. Fechando a porta atrás dele, inundou-os na escuridão só aliviada pelo resplendor de um pequeno abajur na parte superior da escada. Jennifer se afundou em um poço de melaço de desejo, retirando-se profundamente na sensualidade da escuridão. Tremeu enquanto a estreitava contra a porta larga de carvalho, pressionando sua ereção contra suas coxas. Querida Deusa, ela o desejava. Com cada fibra de seu ser desejava que este homem a possuísse. Ela o desejava com uma necessidade tão feroz que já não podia ser negada. A respiração de Mac era urgente enquanto se apoiava fortemente nela, pressionando sua ereção no corpo suave. Tirou a jaqueta movendo-se longe da porta o suficiente para deslizar o objeto atrás dela e deixando-a cair ao chão. Os dedos dele se enredaram no cabelo longo, puxando a cabeça para trás para aceitar o impulso profundo da língua em sua boca. Ela gemeu em sua boca movendo-se sem descanso contra ele em um vão intento por aplacar a crescente dor entre as coxas. Suspirava para que ele enchesse o vazio em seu interior. O mesmo vazio que rápido crescia umedecendo-se com sua necessidade. Com pressa tirou a jaqueta dos ombros, querendo sentir sua pele nua sob as mãos. O couro golpeou os azulejos enquanto passava as mãos debaixo do suéter. Pele quente masculina, úmida de suor, esperava-a. Tomou e acariciou as almofadinhas grossas de seus músculos agitandose debaixo de seu tato. Os dedos dela encontraram seus mamilos enquanto um estalo de gemidos saía da garganta dele. Com avidez ela tragou seu grito enquanto os chupava com força e os acariciava com sua língua. Estava relutante a romper o tórrido beijo, mas precisando sentir mais dele, moveu-se. Mac ficou sem fôlego, com seu corpo cheio de raiva enquanto tirava o suéter de gola alta, jogandoo na escuridão. Ela umedeceu os lábios inchados, degustando a essência de Mac antes de puxar a cabeça para baixo à sua para a rodada dupla em seus sensuais mamilos. Ele se inundou imediatamente com a boca dura enquanto mordia a sua. A cabeça dela cambaleou pelas excitantes sensações e se aferrou a ele para evitar flutuar. Ele era sua âncora em um mundo escurecido pelo desejo. Ela suspirou enquanto deslizava as mãos debaixo do pulôver cavando seus peitos contra a grande palma de sua mão. Ele os amassou, com os calosos polegares acariciando as pontas tensas, o que desencadeou outra explosão que causou que um gemido rompesse de seus lábios. Como se entendesse o que necessitava, Mac rompeu o beijo desta vez puxando o suéter sobre a cabeça.

Jogou-o descuidadamente sobre seu ombro. Ela soltou do sutiã meio desabotoado deixando-o cair ao chão. Com os peitos descobertos para o tato dele, deslizou um braço debaixo de seu traseiro, levantando-a mais alto. Sua boca infalível encontrou um mamilo e o roçou com seu queixo. Com avidez se pegou a ele, mamando a dura ponta perlada. Ela gritou enquanto a nova sensação corria através dela, detendo-se entre as coxas. Ela se arqueou contra ele como se fora a arrastar-se mais perto ou a jogá-lo fora de seu corpo, não sabia o que. Ele respondeu puxando-a com mais força contra ele, movendo sua ereção contra ela. O balanço erótico de seu movimento provocou uma reação em cadeia. Um grito de lamento alto escapou dos lábios enquanto a tensão em espiral crescia com mais força, descendo em seu ventre. Enquanto a mão esquerda acariciava seu peito erguido, o êxtase a alagou. Ela se aferrou aos ombros largos de Mac enquanto se convulsionava contra ele, com seus gritos escapando dos lábios enquanto o milagre se apoderava dela em ondas. Sua respiração fez estragos em seus pulmões e a cabeça caiu sobre seu ombro enquanto tremores residuais se apoderavam dela. Ela se aferrou sem forças ao homem que a abraçava tão meigamente embalandoa contra seu peito.

— Essa foi à coisa mais bonita que vi — murmurou Mac em seu úmido ombro. Jennifer se levantou rindo.

— Não vejo como você pode ver algo aqui.

— Eu vejo tudo — respondeu ele com voz solene.

Jennifer forçou a cabeça de seu ombro e olhou a falta de definição que era seu rosto. O rosto que amava, que era tão querido. Na escuridão seus olhos brilharam com uma luz interior, com sabedoria que não podia começar a compreender.

Ela queria estar perto dessa luz, dessa sabedoria, e sobre tudo, do homem.

Queria meter-se em sua pele e permanecer nela, segura e rodeada de sua alma.

Um nó se formou na garganta.

— Faça amor comigo. — Ela sussurrou.

— Com muito gosto. — Mac se separou da porta e se dirigiu às escadas.

Ela esteve aturdida quando não subiram. Em troca a sentou na borda do primeiro degrau, igualando o olhar com a seu. A luz do abajur por cima iluminou o rosto amado.

— O que acontece ao quarto? — perguntou ela.

— Muito longe, nunca conseguiremos. — Ele mordeu a pele úmida da garganta com um quente beijo de boca aberta.

Jennifer ronronou enquanto sentia o movimento dos músculos debaixo de sua pele. O que poderia ela fazer para que este homem grande e forte perdesse o controle. Ela queria cantar com toda a potência disso. Acariciou as costas, com seus músculos contraindo-se debaixo do toque das mãos enquanto o acariciava. Ele empurrou sua saia e ela se moveu, levantando-se ao redor da cintura. O ar frio estremeceu sua pele exposta e a madeira brilhante onde a pôs estava fria contra seu traseiro.

— Onde está sua calcinha? — Perguntou com voz áspera.

— Não levo nenhuma.

Um grunhido surgiu de Mac enquanto a agarrava pela parte de trás dos joelhos. Ela se deleitou com sua força. Separou as coxas empurrando-se entre eles uma vez mais.

Sua cabeça caiu para trás e um gemido escapou dela quando seu zíper roçou o núcleo de seu desejo.

Bruscamente suas mãos a deixaram e ela se balançou vertiginosamente. Apoiou sua mão para não cair para trás.

Olhou-o à luz do pálido abajur abrindo a calça jeans.

Sorrindo deteve seus movimentos deslizando as próprias mãos sobre sua ereção, tomando-o entre elas. Suas mãos caíram e viu quando seus olhos se dilataram com luxúria. A sensação de poder saltou dentro dela enquanto o apertava brandamente, provocando um gemido dele. Deu um involuntário impulso contra sua palma.

— Se segue fazendo isso, isto vai acabar muito rápido — se queixou.

Jennifer começou a rir com uma risada gutural suave.

— E o problema com isso é...

O olhar retornou sexy.

— Quero estar dentro de você quando gozar.

A boca secou. Com essa imagem erótica em sua mente o desejo floresceu deixando-a sem fôlego. Desejava isso mais que tudo no mundo. Desejava este homem enterrado profundamente dentro dela. Desejava que embalasse seu corpo, sua alma e o desejava já.

Com mãos trêmulas, finalmente conseguiu tirar o jeans e sua carne cheia de sangue se liberou. Realmente era magnífico. E tão grande. Não tinha ideia de que a anatomia masculina pudesse ser tão grande. Deslizou sua mão ao redor de sua longitude de aço e o ar assobiou em seus pulmões. Caberia? Brandamente o acariciou da cabeça inchada à raiz, maravilhada por seu tamanho e a sensação de tê-lo em suas mãos. Doeria? A sensação de suave dele enquanto o acariciou a deixou paralisada. Uma gota de líquido escapou da ponta.

— Acredito que será melhor que pare agora — disse ele entre dentes e esses apertados.

Ela sorriu relutante a renunciar a seu brinquedo novo. —E estava me divertindo. — Com um último golpe deslizou as mãos por seu duro ventre, rodeando os mamilos com os dedos. Ligeiramente apertou um e o puxou entre os dedos.

— Vou mostrar diversão. — grunhiu ele.

Ele se moveu, pressionando a ponta da ereção contra suas dobras úmidas. — Quero estar dentro de você, agora. — Grunhiu. Deslizando a mão entre suas coxas e acariciando a carne úmida com movimentos lentos e longos até que ela se retorceu em seus braços.

Pôs um dedo em sua melosa carne afundando-se nela. Jennifer estremeceu com seu tato, por instinto dobrou seus joelhos até levá-lo mais profundo. O desejo ameaçava engolindo-a. Ela moveu os quadris tentativamente, desejando mais, mas sem saber muito bem o que fazer.

— Essa é minha garota. — Respirou. — Só segue assim. — Meigamente explorou sua carne úmida, persuadindo-a e jogando preparando-a para sua entrada.

Um gemido escapou dela enquanto seu polegar roçou o nó sensível na parte superior de seu sexo. Ela terminou com os braços ao redor de seu pescoço, aproximando-o dela enquanto o mundo se inclinava violentamente sob suas peritas mãos.

Os movimentos dela se fizeram mais rítmicos e os quadris se sacudiram em resposta, os músculos de seu interior abraçaram sutilmente seu dedo e respondeu ao emparelhamento.

De repente, impaciente, Mac tirou seus dedos e os substituiu com a cabeça larga de sua ereção.

Jennifer ficou tensa quando começou a entrar nela. Todo seu ser estava centrado na pressão cada vez maior entre suas coxas enquanto ele se empurrava mais profundo. Uma pontada de dor a tratou de afastar de sua tensão. Ele entrelaçou um braço por sua cintura, sujeitando-a em seu lugar. As mãos acariciavam sua pele úmida.

— Psiu, — sussurrou ele contra sua garganta. — Pode-me aguentar. Relaxe um pouco. — À medida que falava sacudia seus quadris, com movimentos lentos e firmes, deslizando só milímetros com cada movimento.

Ela gemeu, retorcendo-se em seus braços. Arqueou-se contra ele, tratando de aceitar sua invasão mais facilmente. Ele deslizou uma mão entre suas coxas.

Encontrando seu sensível centro, acariciando-o brandamente com padrões de oito.

Suaves gemidos se arrancaram dela deslumbrando sua carne e seus quadris se moveram em resposta. Com cada movimento ele deslizava um pouco mais até que sentiu que ia estalar.

Jennifer se aferrou a ele, pegando-se a ele como o musgo a uma árvore, com medo de mover-se. Era tão enorme que sentia que se podia romper em qualquer momento. Certamente não caberia nela. Ele deslizou as mãos pela parte exterior de suas coxas.

Capturando-a debaixo de cada joelho, levantando as pernas mais acima. A pequena mudança de posição permitiu a ele enterrar-se até a raiz. Ela ficou sem fôlego na garganta enquanto a ereção acariciava seu tão sensível centro, enviando calafrios por seu corpo. Olhando profundamente aos misteriosos olhos, ela viu a ternura brilhando em suas profundidades. Algo no interior dela relaxou e se liberou florescendo em sua alma. Ela sorriu, apertando as coxas ao redor de sua cintura e confiando nele que não lhe fizesse mal. Ele trocou de posição uma vez mais, movendo-se contra ela. Um leve grito foi arrancado dela. Agarrou pela cintura e começou a empurrar. O fogo percorreu seu corpo e se agrupou entre suas pernas. Fechou os olhos concentrando-se nas sensações que se disparavam através de seu sangue. Suas mãos fortes a sustentaram enquanto se cravava nela, com cada impulso levando-a mais alto que o anterior. Suas unhas se cravaram em seus ombros enquanto a obrigava a chegar a um segundo orgasmo. Ela gritou com a força por sua liberação, com seu corpo arqueando-se contra o seu. Ele seguiu empurrando com lentos movimentos de ondulação de seus quadris que prolongaram seu êxtase. Fluindo através dela de novo e outra vez, rodando sobre ela em ondas lentas. Não queria que esse sentimento finalizasse. Pouco a pouco, retornou a terra, aferrando-se a Mac.

— Bom?

— Sim...

Logo que tinha contido o fôlego quando ele começou a empurrar a sério. Em questão de segundos outro grito se arrancou de seus lábios enquanto um gemido áspero estalava dele. Com a cabeça arremessada para trás e sua cara retorcida, ela o abraçou com força enquanto se aproximava do profundo.

Era a coisa mais bonita que tinha visto.

Alguém a estava acariciando.

Jennifer franziu o cenho. Umas mãos peritas acariciaram seu lado, tocando o osso do quadril e logo começando uma ociosa viagem ascendente. Um ronrono escapou de seus lábios enquanto a mão mágica fazia uma pausa para dar massagem a seu ombro. Quentes lábios tocaram o braço.

— É hora de despertar, dorminhoca — A voz de Mac soou em seu ouvido.

Abriu os olhos para ver seu amante de pé a seu lado com uma bandeja em uma mão.

— O que passa com você e por que está me despertando? — Grunhiu ela tendo que procurar o lençol para cobrir sua nudez.

— Não quero que passe sua vida inteira dormindo — sorriu ele. O coração deu um pequeno giro com a vista de seu sorriso. Afastou o olhar.

— Não é como que não tenha toda a eternidade...

— Exatamente. Tem todo o tempo do mundo para dormir. — Ele pôs a bandeja sobre a cama. — Mas por agora temos que falar.

Jennifer se moveu longe dele pondo o lençol sobre os peitos nus enquanto ele subia à cama. Ela olhou a seus jeans desabotoados.

— Preciso de um pouco de roupa. — O último que queria fazer agora era falar! Os acontecimentos dos últimos dias a fizeram sentir em carne viva, expondo-a. Coberta com seu espetacular sexo, não estava segura de poder formar uma frase coerente nesse ponto. Precisava de tempo, distância para acalmar-se.

— Vê-se perfeita tal e como está — Mac sorriu pegando um croissant. — Se insistir, por favor, faça uso de alguma da roupa que está no armário.

Jennifer olhou fixamente como punha generosamente manteiga no croissant acrescentando um pingo de canela. Olhando a extensão do chão de madeira polida entre a cama e o armário, uma ideia diabólica se aproximou dela. Esperou até que Mac tivesse a boca com o pão, e em tom desafiante jogou para trás o lençol. Levantando-se da cama, passeou para o armário, consciente da completa quietude do homem atrás dela. Fingindo um bocejo se estirou sinuosamente arqueando seu corpo antes de chegar a haste da porta.

— Isso te retornará à cama — grunhiu Mac.

Ela sorriu para si mesma.

— Como se pudesse deixar de comer o suficiente. Além disso, pensei que queria falar… — Replicou ela. Escolheu um vestido de seda branco. O deslizou sobre os ombros e voltou para a cama. Ele a olhava com olhos quentes e uma pontada de desejo se desdobrou em seu ventre.

— Isso quero.

O olhar dele queimou a pele enquanto abotoava o vestido, fazendo uma pausa para assegurar-se de que cada botão estivesse seguro antes de passar ao seguinte. No momento em que terminou de vestir-se, o croissant de Mac estava esmagado em sua mão.

— Pois bem. — Acrescentou um pequeno giro a seu caminhar enquanto ela serpenteava através do quarto. — Talvez possa te fazer mudar de opinião? — Ela subiu à cama sobre as mãos e joelhos, deleitando-se na forma em que Mac observava cada movimento. Arrastou-se entre ele e a bandeja, colocando a baixela na cama se sentou no seu colo. Sua crescente ereção deu um golpe em seu quadril. — Certamente acredito que posso. — Ronronou ela retorcendo-se contra seu calor. Enredando seus braços ao redor do pescoço dele, levantou a cabeça por um beijo. Justo antes que seus lábios se tocassem, ele disse:

— Ainda temos que falar

Jennifer hesitou. Ela realmente não queria falar, mas parecia importante para ele. Ela o liberou e começou a sair do colo, mas ele a deteve sustentando-a em seu lugar.

— Pode ficar ali.

Ela se aconchegou contra ele enquanto seu coração dava outro salto tolo.

— Pode me dar de comer. — Ela ordenou.

— Ah, sim. — Mac riu entre dentes. Deixou cair seu destroçado croissant na bandeja e selecionou outro. Estendeu molhou na coalhada de limão, tal e como gostava. — Seus desejos são minhas ordens Ela sorriu e deu uma dentada no croissant que oferecia.

— Do que quer falar? — murmurou ela com sua boca cheia.

— De Mikhail.

Ela calou tragando com força.

— Por que quer falar dele?

— Não quero falar dele para nada, Jennifer. Mas temos que falar dele. É necessário falar do que aconteceu o que preciso saber.

Ela não perdeu a dor de sua voz enquanto falava. Com cansaço fechou os olhos e se apoiou em seu calor. Tanto tempo perdido. Tantas vistas tinham sido destroçadas pela traição de Mikhail. Teria a força para contar sua história?

— Eu estava tão perdida quando conheci Mikhail — sua voz era baixa. Com o batimento do coração de Mac escutando-o em seu ouvido a tranquilizando. — Tinha vinte e quatro anos. Minha mãe tinha estado doente durante muitos anos, prostrada na cama. Ela dizia que era como um consolo para ela e rogou a meu pai que não me casasse até que ela se fosse. Meu pai foi o visconde Lynnford, um segundo filho humilde, mas herdeiro de um imóvel no sul de Whitehall, Inglaterra. A avó de meu pai deixou tudo a ele. Compadeceu-se dele, suponho.

Ela sentiu a inclinação de Mac.

— É da realeza, — afirmou. — Lady Lilith?

Ela sacudiu a cabeça.

— Meu nome não era Lilith então. Era Margaret. Depois de que finalmente escapei de Mikhail mudei para Lilith.

Ele começou a acariciar seu cabelo, com movimentos calmantes.

—Não te vejo como uma Margaret

Jennifer começou a rir.

— Nunca me senti como uma Margaret, nem sequer quando era uma. Sempre fui a menina estranha suponho. Minhas duas irmãs estavam casadas com maridos ricos e meu irmão se casou com a filha de um Duque. Acredito que a deixou grávida, na verdade. Foi um matrimônio real à força, por assim dizer. Meu pai dependia dos matrimônios de seus filhos para elevar seu status na vida. Todos os matrimônios eram com bons partidos, ao menos para ele. Quando minha mãe morreu, meu pai quase imediatamente me desposou com Marshall Whiting, duque do Waverly. Havia duas mulheres antes e um punhado de meninos bastante desagradáveis. Senti-me como se estivesse à venda ou outra forma de escravidão. A enfermidade de minha mãe me tinha mantido em seu leito durante quase oito anos e quando tive a oportunidade de estender minhas asas um pouco, vende-me ao melhor lançador. Jennifer escutou a amargura em suas palavras. Mesmo depois de 300 anos da traição de seu pai era uma pílula difícil de tragar.

— Whiting era um homem cruel. Dava chicotadas em seu filho menor por derramar tinta sobre um tapete. Quase o mata. Suas esposas tinham morrido em circunstâncias um tanto suspeitas. Uma tinha cometido suicídio, enquanto que a outra morreu em um suposto acidente de carruagem. Vários dos serventes afirmavam que Whiting a jogou pelas escadas logo tomou elaboradas medidas para ocultar seu delito. Independentemente do que passava eu sabia que não podia me casar com ele. Mac apertou os braços ao redor dela, mas não disse nada.

— Tinha o hábito de ir montar a cavalo ao entardecer. Tolo e perigoso sei, mas fiz de todos os modos. Pouco depois do compromisso saí a meu passeio habitual. Meu pai por temer que fizesse algo para evitar o compromisso, contratou um guarda para velar por mim. Era um homem grande, mas um pouco estúpido. Era fácil despistá-lo enquanto tinha uma namorada no porto. Eu adorava cavalgar na noite. Tudo o que podia fazer era ir ao caminho entre Whitehall e a casa de meu vizinho Charlbourough Hall. Eram perto de 4 milhas 11 imagino. Foi então quando conheci Mikhail.

Mac ficou tenso deixando de acariciá-la.

— Não era como agora. Era encantador. Muito bonito e me disse tudo o que queria ouvir. Depois de que nos tínhamos nos encontrado várias vezes em segredo decidi bobamente que estava apaixonada por ele. Agora sei que estava jogando comigo. Estava tão perdida e procurava desesperadamente uma saída. Faria algo por escapar. — Jennifer suspirou. — Era estúpida e ingênua e ele reconheceu isso. Ofereceu que fugíssemos e que se casaria comigo e eu acreditei.

 

11 Aproximadamente 6,43 quilômetros.

 

Ela se deteve, recordando o terror que sentiu ao sair do único lar que tinha conhecido e o alívio de saber que tinha frustrado os planos de seu pai. A carícia continuou surpreendendo-a em seus pensamentos.

— As coisas saíram mal com bastante rapidez. Naquele tempo Mikhail não tinha a capacidade de caminhar durante o dia. Em lugar de me levar a Gretna Green, levou-me a sua casa na Irlanda. Foi ali onde comecei a dar conta de que não era humano. Inclusive quando o enfrentei não estava zangado. Ofereceu-me a imortalidade. Acredito que ele se deixou enganar ao pensar que também me amava. Ou talvez realmente me amasse tanto como Mikhail pudesse amar a alguém. Acredito que realmente queria passar sua vida comigo. Jennifer sacudiu a cabeça tristemente. —Chamei-o monstro e disse que nunca me submeteria a ele. Disse que me mataria primeiro. Encerrou-me em uma torre da casa. — Ela riu. — Igual à fada má de um conto. A pobre princesa encerrada na torre à espera do resgate de um príncipe que nunca chegaria. Teve-me ali por quase um ano. Vinha para mim cada semana e tratava de me obrigar a aceitá-lo. Eu me neguei Sua voz tremeu. —Estava tão cansada, tão cansada. Só queria que terminasse. Queria um pouco de paz e não me importava como conseguisse. Ele veio para mim uma noite. Quando entrou na câmara deixou a porta aberta para burlar-se de mim com a liberdade tão perto que podia prová-la. Poderia ir se me submetesse a ele. Queria que fosse a ele por minha própria vontade. Não posso te dizer quantas vezes estive a ponto ceder a ele. Essa noite me sentia tão desesperada. Quando me aproximou o afastei da porta. Quando se distraiu comecei a correr. Tratei de descer as escadas da torre. Jurei que me mataria. Mac deteve seu movimento e as lágrimas dela brotaram de seus olhos enquanto dava um beijo na parte superior da cabeça. Pela primeira vez em 300 anos seu coração queria chorar à mulher que tinha estado perdida. Em seu lugar deteve sem piedade suas rebeldes emoções sob um controle de ferro. O único legado de seu pai não foi seu cabelo escuro, a não ser sua vontade de ferro. Quando teve suas emoções sob controle voltou a falar maravilhada pelo tom frio de sua voz.

— Não tinha ideia de que os vampiros podiam mover-se em um abrir e fechar de olhos e nunca tive uma oportunidade. Ele me deteve de me jogar pelas escadas. Zombou de mim durante horas e horas e tudo o que pude fazer foi chorar a seus pés como uma menina quebrada — O asco deslizou por sua voz. — Me deixou essa noite. Estava tão vazia. Deitei-me na cama e orei por morrer. Rechacei todos os alimentos e a água. Mikhail sabia que acabaria com isso de uma maneira ou outra. Finalmente perdeu a paciência. Depois de uns poucos dias sem água estava me desvanecendo rapidamente. Estava morrendo e ele sabia. Tinha tanta raiva. Nunca o tinha visto tão zangado. Essa foi à noite que me fez imortal. Mac ficou tenso.

— Contra sua vontade?

— Sim, mas nunca me tocou sexualmente essa noite. Abriu a porta da torre e fiquei com ele por quase cinco anos, porque não sabia que mais fazer. Não tinha aonde ir e estava em choque. Acredito que tomou um tempo me dar conta das ramificações do que ele me tinha imposto.

— Jennifer suspirou. — Então conheci Miranda. Mikhail tinha saído da mansão por algumas semanas e Miranda chegou sem prévio aviso. Nunca tinha conhecido a outro vampiro, nem sequer sabia se existia outro. Até esse momento Mikhail tinha me mantido muito isolada.

Quando alguém se aproximava, escondia-me na torre até que se foram. Miranda ficou comigo durante umas poucas semanas. Ensinou-me muito e sempre estarei agradecida por me salvar de minha própria ignorância. Ensinou-me a respeito das possibilidades que minha vida tinha e do que era estar destinada à imortalidade. Soube então que tinha que me afastar de Mikhail. Tinha que ver o que podia fazer por mim mesma. Iria antes de sua volta, mas ele chegou cedo. Então se zangou e evitou que o deixasse. Foi essa noite que me pediu que submetesse a ele sexualmente.

Disse-me que me amava. — Jennifer sacudiu a cabeça. — Eu estava tão perdida e só queria ser livre para averiguar o que queria. Eu me neguei e ele me violou.

Mac reforçou seu controle. Pôs o braço ao redor de sua cintura e se aferrou a ela tirando forças de sua cercania. Depois de uns momentos ela voltou a falar.

— Miranda retornou essa noite com Val. Não sabiam que Mikhail tinha retornado.

Voltou para tentar me convencer de que me fora essa noite. Em seu lugar me encontrou inconsciente e um pouco pior. De acordo com Miranda, Val como mestre de Mikhail exigiu que me liberasse. Mikhail se negou e Val teve que lutar contra ele. Mikhail foi brutalmente golpeado e me levaram com eles essa noite. Fiquei com eles durante os vinte anos seguintes, atuando como seu guardião enquanto dormiam durante o dia. Ensinaram-me muitas coisas. Tinham vivido durante tanto tempo e tinham tido tantas aventuras maravilhosas. Minha família se negava a ficar em contato comigo e um por um, morreram. Eu estava sozinha no mundo à exceção de Val e Miranda.

— Assim foi a primeira pessoa que Val tirou de Mikhail?

Jennifer assentiu.

—Sim, Val me salvou. Deixei Miranda e Val depois desses vinte anos. Suponho que levou algum tempo diminuir o temor o suficiente para poder funcionar por minha conta. Passei muitos anos na Itália, Paris, Alemanha, Veneza e Espanha. Nunca ouvi uma palavra de Mikhail embora não tenho dúvida de que manteve os olhos em mim. Durante esses anos, ainda passei muito tempo com Val e Miranda. Que me visitavam ou os visitava. Ela riu.

— Ouvi muitos contos de MacNaughten que são revoltantes e de seu grupo de belas damas. Suas façanhas eram legendárias, meu amigo. Mac riu entre dentes.

— É assim?

— Oh, sim, e muito. Quando finalmente te conheci nos dezoito... dezenove estava muito em guarda.

Jennifer suspirou e se aconchegou mais perto.

— Era tão encantador e tão seguro de si mesmo. Foi o primeiro homem, além de Val, que na realidade escutou o que estava dizendo em vez de olhar meu peito.

— Estava fazendo isso também. — Deu um abraço muito rápido.

— Sim, mas realmente amava as mulheres, tudo sobre elas. Sabia que estava tratando de ocultar sua inata bondade debaixo dessas histórias infernais, mas pude ver através disso. Adoreite desde o primeiro momento em que te vi.

Mac deu um beijo na testa e permaneceu em silêncio.

— Precisava tanto alguém como você. Não sabia se ficaria comigo ou não, mas soube que tinha que ser o primeiro ao que permitiria penetrar minhas defesas. Sentia-me tão só. — Ela suspirou. — Estávamos paquerando momento antes que Mikhail escutasse falar de nós. Suponho que enquanto não mostrasse nenhum interesse em nenhum homem, ele ainda poderia me deixar de lado. Mais tarde, depois da noite da ópera, na noite que me deu o pendente do Sol Mikhail chegou a mim. Exigiu que te deixasse ou te mataria. Estava tão assustada, soube então que ia te perder, sem importar o que escolhesse fazer. Decidi que não te ter seria mais fácil de suportar que se estivesse morto. Vivo e me odiando era preferível a te perder com a morte. Não poderia viver com isso.

Assim no dia seguinte te disse que amava Mikhail e que voltaria para ele. Foi a coisa mais difícil que já fiz. — Ela sussurrou. — Estive com ele durante uns meses por temor principalmente. Não estava segura de que realmente honraria a sua palavra e te deixaria em paz. Val me disse mais tarde que nunca soube nada de você e de mim até que se embebedou e quase derramou suas vísceras.

Uma vez mais, Miranda foi ao meu resgate. Tirara-me da casa de Mikhail enquanto ele estava ausente. Nunca vi ou escutei dele até a uns dias.

Mac limpou garganta.

— Tomou muita coragem ir a sua casa.

— Fiz por Miranda. Faria tudo por ela. Ela me salvou muitas vezes e ao final não pude fazer nada para salvá-la. — Jennifer suspirou. Ele a abraçou com força.

— Sei que Miranda sofreu em seus últimos dias na terra, Jennifer. Mas quando a vi pela última vez havia alegria em seu rosto.

— É tão difícil de acreditar nisso. — sussurrou Jennifer contra seu peito.

— Acredita — Ele colocou a mão em seu bolso e tirou o sol. Brandamente o colocou ao redor de seu pescoço onde ficou situado entre os peitos, onde deveria ter estado durante os últimos cem anos.

— Nunca tirarei isso. Desta vez digo a sério. — Se apartou e o olhou fixamente aos olhos. — Importa que tenha estado com Mikhail? — Sua voz foi hesitante, assustada. Ela mordeu o lábio.

Ele olhou com ternura à mulher que amava mais que à vida, gravando cada um dos traços em seu amado coração antes de falar.

— As coisas que acontecem em nossas vidas estão fora de nosso controle. Não nos mancham de maneira nenhuma. Fazem-nos ser quem somos. Como o aço reforçado pelo fogo, as pessoas são da mesma forma. Não, não me importa. — O alívio no rosto dela o enfureceu. Maldito Mikhail...

— É óbvio, está o pequeno assunto de todas as mulheres com quem esteve...

Mac viu o olhar travesso entrando em seus olhos.

— Ah, sim?

— Hum... — Jennifer se estirou pressionando seus peitos cobertos de seda contra ele.

— Acredito que tenho que dar as graças a elas — ronronou ela entrelaçando os braços ao redor de seu pescoço.

— Sério? Por quê? — Seu olhar estava fixo em sua boca. Podia saboreá-la já.

— A prática faz ao mestre — suspirou ela apertando os lábios contra os seus.

Mac riu rompendo o beijo.

— Acha que sou perfeito?

Jennifer começou a rir.

— Estava falando de suas proezas sexuais, não de sua personalidade. Que necessita trabalho.

Seu sorriso se fez maior:

— Acha que sou perfeito na cama?

Ela suspirou

— Bom, não de tudo. Acredito que poderia estar um pouco oxidado. Entretanto, com um pouco de prática... — ela chiou enquanto Mac a puxava de seu colo e a sujeitava à cama.

— Mostrarei como perfeito sou...

 

Jennifer levantou a cabeça do travesseiro quando ouviu fechar a porta dianteira. Mac estaria de volta já? Olhou o relógio. Só meia hora passou desde que tinha saído da casa. Teria esquecido algo? Bocejou, virando de barriga para baixo. O sol iluminou seu pendente. Mudou de posição e logo estirou os braços rodando seus ombros para desfazer as torceduras. Estava completamente saciada. Inclusive um movimento era muito esforço. E não podia apagar o sorriso de seu rosto. Tomou o travesseiro de Mac e afundou seu rosto no algodão suave. No travesseiro afogou sua risada enquanto a alegria cantava em suas veias. Fazer amor com Mac tinha superado todas suas fantasias mais profundas e tinha inventado umas poucas, também. Aspirou ao aroma do homem que fez seus sonhos realidade nas horas mais escuras da noite. A frouxidão derivou através de seu corpo e suspirou de novo movendose para enterrar a cabeça no travesseiro uma vez mais. Passos soou na escada. Um sorriso puxou seus lábios quando enfiou a cabeça do travesseiro. Levantando-se moveu o lençol para baixo até que ficou em um canto cobrindo sua parte traseira. Talvez poderia atraí-lo de volta à cama... Os passos chegaram ao piso superior enquanto ela se acomodava nos travesseiros de costas à porta aberta. Um passo... Dois... Ela conteve a respiração. Deteve-se na porta. Silêncio.

— Esqueceste algo? —chamou dobrando um joelho e agitando seu pé no ar. Silêncio.

— Mac?

Um rangido de couro.

—Por que... — Ela deu a volta. O choque fez o sangue gelar. Um gigante estava na porta olhando-a e enorme era a única palavra para descrevê-lo.

Enchia a porta de acima a abaixo e de lado a lado. Vestido completamente de negro sua cabeça era tão calva como uma bola branca e um brinco de ouro brilhava em sua orelha. Seus traços eram grossos com o nariz torcido como se tivesse estado quebrado em várias ocasiões. Seus olhos negros estreitos penetraram nela. Jennifer arrebatou o lençol e se cobriu.

— Quem é você? — Perguntou ela esperando que seu medo não se mostrasse. Um sorriso apareceu no rosto do homem. À medida que se aproximava seu medo percorria as costas convertendo-se em uma corrente.

— Um amigo me enviou para te pegar. — Sua voz era surpreendentemente culta para quão duro a olhava. O homem se meteu pela porta fechando brandamente a porta atrás dele. — Deseja uma visita contigo, como sua convidada de honra, é óbvio. — Se agachou e levantou a camisa que Mac tinha tirado de seu disposto corpo só uma hora antes. — Ponha isso — Ele a jogou sobre a cama.

— Não irei a nenhuma parte com você — Jennifer saltou ao lado da cama procurando provas o lençol.

— Na realidade, fará. — Ele estendeu as mãos. — Pode fazer da maneira a fácil ou pela difícil. É sua escolha senhorita Beaumont.

Ela olhou as mãos carnudas do homem. Embora provavelmente não pudesse matá-la, exceto por decapitação, um revenant virtualmente era impossível de matar, mas poderia infligir uma grave dor. Deteve a retirada. Talvez devesse tratar de tomar à ofensiva? Convocando um tom frio disse.

— Por favor, espera na porta enquanto me visto — ordenou imperiosamente.

O homem fez uma pausa, e logo inclinou a cabeça ligeiramente. Ainda com as mãos estendidas para mostrar que era inofensivo, retrocedeu a apoiar-se contra a porta. Seu olhar foi insolente ao vê-la jogar o lençol de novo a seu lugar.

—Vire-se tenho que me vestir — Ela ordenou.

— Não acredito senhorita Beaumont. É possível que tenha uma arma oculta em alguma parte. — Ele sorriu com os olhos passando em cima de figura coberta pelo lençol. — Não tem nada que não tenha visto. — Ele olhou seu relógio. — Tem três minutos Jennifer ficou rígida. Esta besta de algum jeito tinha visto ela e Mac fazendo o amor?

Olhou pela janela. A casa se sentava em uma ligeira ascensão e a janela dava à estreita rua e ao teto da casa onde os amantes viviam. Sentiu-se violada e um pouco enrugada em seu interior. Nunca se sentiria segura de novo.

— Dois minutos e meio, senhorita Beaumont.

Ela o olhou e farejou imperiosamente dando as costas. Alargou a mão e arrebatou a camisa. Lutou com ela enquanto tratava de manter o lençol em seu lugar. Enquanto a fechava, olhou ao redor do quarto furtivamente por uma arma de algum tipo. Infelizmente para ela, Mac era mais um amante que um lutador. Franziu o cenho, Não foi montanhês fazia alguns séculos? Jogou uma olhada às espadas cruzadas penduradas sobre a cama. Não tinha possibilidade de chegar a elas muito rapidamente. Ao parecer o século XX tinha relaxado a guarda de Mac. Sua mão se fechou sobre a delicada corrente de sol. Envolvendo os dedos ao redor do pendente deu um puxão rompendo a corrente. Faria um grande show lançando o lençol na cama, enquanto deixaria cair o Sol no travesseiro de Mac. Voltou-se para o armário quando um brilho chamou sua atenção. Sobre uma pequena mesa perto da janela, um ornamento brilhava sob o sol. Dirigiu-se ao armário mais perto da mesa. Abriu a porta do armário e o exibiu em busca de uma calça. Calculou a distância entre a porta do armário e a mesa. Um bom salto e talvez poderia chegar à faca cerimoniosa. Encontrando uma calça na parte superior do armário a tirou. Mantendo-a frente a ela, entrou nela com uma perna. Levantando a outra perna deliberadamente perdendo o equilíbrio, fazendo-se tropeçar com a mesa.

— Vá com isso, senhorita Beaumont. Embora eu gosto de machucar mulheres, não acredito que você o desfrute da mesma forma. Ela se esticou com a meia perna fora e a outra metade da perna na calça. Pouco a pouco se endireitou puxando a calça e atando o cordão.

— Não tenho ideia do que está falando — disse ela em tom tranquilo. A arma se encontrava só dois metros de distância e suas palmas ficaram mais suadas.

— É uma mentirosa terrível, senhorita Beaumont.

Jennifer começou a rir bruscamente

— Onde ouvi isso antes?

Ela se agachou para ajustar a perna da calça comprida, equilibrando-se sobre a mesa. Sua mão se fechou sobre o couro gasto enquanto 137 quilos de homem a golpeavam no flanco. A mesa explorou debaixo de seu peso combinado enviando os dois a cair ao chão. O ar saiu de seus pulmões enquanto o ombro se afundava em seu diafragma. Com falta de ar agarrou a adaga enquanto se retorcia debaixo dele, desesperada por puxar oxigênio e conseguir sua liberdade. Muito rápido a falta de ar causou que as coisas dançassem ante seus olhos. Seu agarre se debilitou. Sem esforço, tirou a faca cerimoniosa de sua mão. Jogou-a sobre as costas com tanta facilidade como faria com uma criança. Ela ficou deitada de barriga para cima sobre o piso com ele sentado em seu torso. Atou as mãos com um pouco de fita adesiva que tirou de um bolso da jaqueta de couro.

— Filho de puta — ofegou. — Não se sairá com a sua.

— Isso veremos. — Ele sorriu, era um sorriso malévolo com intenção.

Recuperou a faca e agitou ante seus olhos. — Te pedi que me acompanhasse e fui muito amável. Mas não, tinha que fazer que a machucasse. Acredito que tem que pagar o preço desta pequena indiscrição. — Ele lambeu os lábios. — Vendo que é um revenant, não é como se em realidade pudesse te matar, não?

Jennifer calou quando viu a antecipação em seu olhar. Estava desfrutando disso. Ela lutou por manter a calma e ganhou por um fio.

— Seu empregador não gostará que leve seus bens danificados.

Ele encolheu os ombros.

—Vai se curar. Seu tipo sempre faz. — Ele se aproximou e agarrou a borda do lenço que ela tinha descartado na cama. Acariciou seu pescoço, a garganta agitando a navalha, assegurando-se de que ela o olhava enquanto baixava para pressionar a ponta contra a pele. A faca estava gelada e ela se sacudiu em resposta, com um desesperado gemido preso na garganta. O peso de sua mão a sustentava em seu lugar. Ela não podia se mover um centímetro. Gemeu enquanto a ponta atravessava sua pele.

Ele se inclinou com seu quente fôlego na cara.

— Alguma vez te disse que eu adoro fazer às mulheres gritar?

A dor abriu caminho através dela enquanto a lâmina cortava sua pele. Um gemido foi arrancado de sua alma fazendo que o homem sacudisse a cara afastando-se dela. Por um segundo o tempo se deteve.

Bendito silêncio.

Vagamente escutou a explosão e as janelas desabaram. Jennifer não sentiu os fragmentos de cristal chovendo sobre ela. Sua atenção se centrou na dor que se desencadeou por sua lesão. Estendeu-se pelo pescoço e clavícula com seu sangue bombeado pela ferida ao ritmo de seu coração.

Amaldiçoando, o gigante a olhou.

— Bruxa — grunhiu.

Ela sussurrou entre dentes.

—Não conhece nem na metade delas.

Arrebatou o lençol e a umedeceu com seu sangue. Deixando cair o lençol manchado ao piso, sem piedade a jogou sobre seus pés e a jogou sobre a borda da cama. A primeira onda de dor se afastava enquanto ele atava seus tornozelos. Os atou com força cortando a circulação e fazendo hematomas em sua pele. Jennifer fez uma careta e ele pôs sua mão firme em cima do ombro para deter o fluxo. A perda de sangue fazia que tivesse vertigem. Concentrou-se em tomar uma profunda respiração inclusa respirando até que as manchas pretas começaram a desaparecer. Atirando da cinta nos tornozelos ele repassou seu trabalho. Seus movimentos bruscos tinham tirado a camisa expondo seu estômago. O asco se arrastou através de sua pele enquanto o gigante se detinha e a olhava. Levantou-se e a levantou. —Não se preocupe senhorita Beaumont, eu gosto dos meninos pequenos. O asco se arrastou sobre sua pele. Convocando os restos de sua energia cuspiu em sua cara.

— Bastardo

Ela respirou profundo enquanto seu rosto escurecia de ira. Ele retirou a mão e apertou seu punho com o objetivo de dar na cara.

A dor atravessou sua mandíbula enquanto a escuridão a abraçava.

A borda do Sol cortou a palma de Mac enquanto contemplava a destruição de seu dormitório. A ira correu por seu sangue enquanto seu olhar passava sobre o lençol empapado de sangue outra vez. Vagamente ouviu o murmúrio das vozes na rua enquanto a gente de emergências e seus vizinhos formavam redemoinhos em torno com desconcerto. Todas as janelas em 50 metros de sua casa tinham sido destruídas.

Só ele sabia qual foi a causa.

Uma calma mortal descendeu quando chegou ao telefone com os vidros rangendo sob seus pés. Discou o número e quando a voz do outro lado respondeu, falou.

—Levou Jennifer e eu irei atrás dele. Desta vez é homem morto. Acompanha-me?

MacNaughten apertou os punhos com sua paciência chegando rapidamente a seu fim.

— Onde Gabrielle está?

Gabrielle DesNoir lambeu os lábios com seu olhar movendo-se sem cessar sobre ele.

Ela o olhava como se fora um prato de crème brulée e ela uma mulher morta de fome. Lambeu os lábios antes de falar.

—Não vi Jennifer desde que invadiram nossa casa faz uns dias. Quanto a Mikhail não disse onde estaria só que tinha negócios com um animal ou alguma tolice.

— Mentirosa.

Seus olhos brilharam com moléstia antes que os evitasse.

— Agora de verdade Conor que grosseiro — ronronou ela. Moveu-se em sua cadeira com o roupão de seda cor rubi abrindo-se para revelar a curva interior dos peitos abundantes.

— O que fiz a você grande homme 12, para merecer semelhante tratamento?

Mac franziu os lábios com o tom carinhoso.

— Sinceramente duvido que te doa Gaby — Tomou uma garrafa de champanha que estava sem abrir em um cubo de gelo. Com a facilidade de uma longa prática tirou a cortiça, verteu um pouco em uma taça e a levou aos lábios com uma saudação de brincadeira. — Alguma vez pensou que talvez não seja o que tem feito, mas sim a companhia que busca?

Ela riu.

— Sei que você e Mik tiveram suas diferenças, mas realmente acredito que é hora de deixar ir essa animosidade. — Ela encolheu os ombros e o roupão deslizou de seu ombro. — Os meninos são os meninos.

Tomou um longo gole de champanha a fim de dar tempo para seu humor esfriar-se.

— Terá que me perdoar se não pensar no assassinato como uma brincadeira no pátio de colégio — respondeu.

— Certamente não acha que Mik teve algo que ver com esse terrível incidente? — Gaby agitou seus olhos inocentemente. — Realmente esteve esmagado quando se inteirou da querida Miranda. Considerava-a uma boa amiga; foi uma grande perda pessoal para ele.

Conheciam-se há anos, já sabe. Ele me disse uma vez que Miranda tinha conservado a alma mais humana que viu em um vampiro.

Olhou para a cara champanhe com o sabor voltando-se amargo na boca.

— Ainda retém alguma humanidade, Gaby?

Ela deslizou a seus pés. Seu caminhar era fácil, predador.

— Que pergunta. É óbvio que mantenho uma grande quantidade de minha humanidade.

— As mãos se moveram à faixa do roupão. Com um movimento prático do pulso a abriu deixando seu corpo perfeitamente esculpido descoberto. Sua pele pálida brilhava como mármore à luz do fogo. Os peitos grandes com mamilos eretos marrons, com o torso magro, uma cintura pequena e quadris estreitos. O pelo bem cortado no púbis e era tão loiro como o cabelo de sua cabeça.

Ele lançou um olhar aborrecido a seus exagerados encantos.

— Bom, isso responde a uma pergunta — zombou. Seus olhos se estreitaram e logo se suavizaram de novo com um sorriso nos lábios.

 

12 Do francês: homem.

 

— Tenho uma ideia maravilhosa...

Seu vestido deslizou de seu ombro ante que ela o alcançasse. Aproximando-se apertou o amadurecido corpo contra o seu. Pondo os braços ao redor de seu pescoço e sussurrou.

— Por que simplesmente não se esquece de Mik e Jennifer. Podemos subir as escadas e poderia me mostrar as delícias dos gostos dos quais nunca viu antes...

Mac estremeceu quando o frio de sua pele se filtrou através de sua camisa. Pôs sua taça no canto da mesa.

— Apesar de que é uma oferta tentadora, — ele alcançou suas mãos entrelaçadas e as tirou do pescoço — temo que deva recusar. — Ele deu um passo atrás. — Perguntarei isso de novo.

Onde estão?

Ela suspirou.

— Realmente não sei do que está falando...

Ele a agarrou pelos ombros e deu uma sacudida o suficiente como para que seus dentes se pressionassem juntos.

— Você e eu sabemos que Mikhail levou Jennifer. — Ele a soltou resistindo à necessidade de eliminar a sensação da fria pele de suas mãos. — Se conserva o mínimo de humanidade como o afirma, dirá onde estão.

— Como se me importasse com sua amante, — Gaby espetou. — Ela não tem feito nada mais do que fazer Mikhail miserável. Fazendo alarde dela e de sua grande história de amor.

Espero que a mate lentamente e dolorosamente. Espero que a faça pagar por tudo o que tem feito a ele.

Viu como a raiva torcia o bonito rosto a sua frente. Gaby e Mikhail eram da mesma espécie sedenta de poder, vingativa e muito louca. Continuar com esta conversa seria infrutífera.

Não conseguiria nada mais dela. Olhou-a fixamente aos olhos.

— Vou matá-lo. E se interferir em meu caminho, te destruirei também.

Ela riu.

— Pode tentar Conor. Entretanto, não terá êxito. Mik é mais forte do que nunca sonharia. Você é só um revenant. — Tomou o roupão e o pôs. — Sabe poderia perdoar sua vida em troca de um pouco de algo...

Viu-a ir ao escritório. Sentou-se na borda com o roupão para revelar as largas extremidades.

— E isso seria?

— Maeve. Que a trouxesse para mim.

Ele negou.

— Seu preço é muito alto. Não trocaria uma vida pela de uma inocente.

— Perderá, Conor. Mik destruirá Jennifer, Val e todos vocês perecerão e não de uma maneira boa. Sua única oportunidade é te salvar e... — Suas palavras terminaram em um chiado mudando sua expressão de ira a horror.

— É assim? — Val entrou na sala detendo-se junto a Mac. — Não seria tão temerário em planejar a dança da vitória, Gabrielle. — Seu tom era aparentemente preguiçoso.

Ela cobriu seu choque com um sorriso zombador.

— Val, não deveria estar em casa com sua pequena puta?

— É tão previsível. Dá-se conta que posso te matar com um dedo — respondeu de maneira uniforme. Mac captou o brilho nos olhos dele.

— Não te faria mal a uma dama. Agora é muito civilizado — cuspiu a palavra.

— Só se houver uma dama presente — Val sorriu zombeteiramente.

— Oh, mas há. — Shai dançou entrando na sala. — Só uma de nós é uma dama, entretanto. — Deu a Val um sorriso quente e beijou a bochecha de Mac. — Olá, moço querido! — Jogou uma olhada a Gaby e logo depois de retorno a Mac. — Realmente não posso dizer que gosto de suas amizades, Mac.

Ela se voltou para Gaby.

— Agora, você e eu teremos um pequeno bate-papo.

Gaby franziu o cenho a Shai.

— Quero todos vocês fora daqui.

Shai fez um ruído grosseiro de timbre como se tivesse errado um jogo.

— Resposta equivocada Gaby. Agora, acredito que a pergunta atual é, aonde Mikhail levou Jennifer? Tem dez segundos para responder. Por favor, recorda a frase de sua resposta como uma pergunta. Caso contrário será desqualificada.

— Como se pudesse me machucar, Shai — sorriu Gaby. — Sou anos mais velha e muito mais...

Um grito surgiu enquanto o punho de Shai saiu disparado e golpeava Gaby no nariz. O sangue salpicou a frente do roupão. Shai sacudiu a cabeça com tristeza.

— Dói, não? Realmente não é uma lesão grave, mas um nariz quebrado dói como o inferno. É como uma bomba que estala em seu nariz e a dor é horrível. Esse tipo de lesão faz tão difícil pensar em outra coisa que a dor. Por não mencionar que é tão duro respirar. — Ela olhou Val com os olhos brilhantes com malícia. — Os vampiros precisam respirar carinho?

— Não, na realidade — disse Val. Cruzando os braços sobre o peito e apoiando-se no braço de uma cadeira.

— Não acredito. — Shai olhou Gaby uma vez mais. — Não está com sorte? Gaby gritou outra vez e colocou as mãos sobre o nariz enquanto o sangue se derramava pelas bochechas. Cambaleou para a chaminé.

— É uma maldita — soluçou.

— Como nunca ouvi isso antes. — Shai pôs os olhos em branco e olhou Val. — Não sei querido, dez segundos mais?

Val assentiu imperceptivelmente.

Shai voltou sua atenção à vampiro chorona.

— Uma segunda oportunidade, Gaby. Por favor, responde a pergunta.

— Vou massacrá-la… — murmurou Gaby.

Val fez uma careta e sussurrou ao Mac.

— Olhe isto.

— Resposta errada número dois — Shai sacudiu a cabeça. Em um movimento de torvelinho deu a Gaby no peito com um chute de artes marciais. Tirando a vampiro de balanço, Shai a apanhou atrás do joelho e a golpeou no piso com as costas. Sorriu a Val. — Como estou fazendo, carinho?

— Muito bem, amor. Quer saber se precisa de qualquer ajuda —Val falou com Mac — Caratê. Gosta dessas coisas. Passa muito tempo vendo filmes de Jackie Chan.

Mac viu com incredulidade enquanto Shai caía sobre o corpo de Gaby, provocando um som na vampira sangrenta. Gaby com os braços sujeitou sua cintura e se sacudiu amplamente, mostrando seus dentes para mordê-la.

Shai agitou o dedo a sua vítima.

— Agora Gaby, se me morde tirarei os dentes. Então, como ficaria? Um vampiro sem dentes é como um sorvete sem chocolate quente. Qual é o ponto disso, pergunto?

Gaby deu outro grito de raiva e tentou escapar de Shai.

— Opa cavalinho... — Ela deu uma piscada a Val. — Carinho, se esta cadela do inferno me morder, precisarei de vacina de tétano ou a vacina contra a raiva?

Val fingiu examinar a situação.

— Ambas, possivelmente. É possível que deseje tomar cuidado já que ouvi que as dentadas são muito dolorosas.

Shai assentiu satisfeita com a resposta. Voltou sua atenção a Gaby.

— Então, onde estávamos? Ah, sim — Shai se moveu levando o joelho ao lado de Gaby. — Fala. E advirto isso, uma má resposta mais e te arrancarei a garganta.

Mac captou o olhar de raiva nos olhos de Gaby.

— Você sabe, — disse a Val — Shai será uma mulher morta quando Gaby ficar de pé. Val sacudiu a cabeça.

— Subestima Shai. Gaby não se levantará logo. — Fez uma careta ao som de carne contra carne. — Está bem, amor? — Chamou a Shai.

— Só bonita — disse Shai de volta.

— Pode encontrar Renault? —Val perguntou a Mac.

— Não, é como se tivesse desaparecido da face da terra. Não se pude encontrá-lo.

Mac viu com horrível fascinação enquanto Shai quebrava um dos dedos de Gaby.

— É uma viciosa. Onde estava durante a Idade Média?

Val sorriu.

— Ela é minha. Vá procurar a sua.

Mac levantou as mãos.

—Não poderia suportá-la. É um pouco má, mesmo para meu gosto.

Os gritos de Gaby estalaram e os dois homens voltaram sua atenção às mulheres enquanto Shai tomava o lóbulo da orelha de Gaby duramente.

— O círculo. Ele a levou a círculo — gritou Gaby.

Shai soltou o lóbulo da orelha de Gaby.

— Finalmente, uma ganhadora. — Mac viu que ela fazia sua mão um punho e o enviava a estelar na mandíbula de Gaby, deixando-a fria. — Não há ronda de bonificação para ela.

— Foi brilhante, querida — Val aplaudiu enquanto Shai ficava de pé.

— Hum, na realidade não foi uma opositora muito boa, entretanto. Não aguentou nada.

— Ela sacudiu as mãos. — Um tem que perguntar-se como passou aos juízes preliminares.

Mac bufou de risada.

— Obrigado por sua ajuda, Shai. Não poderia ter feito isso a uma mulher, embora fosse Gaby.

Shai riu entre dentes.

— Sempre suspeitei que fosse um cavalheiro.

Val sacudiu a cabeça.

—Não tocaria isso nem por um pau de três metros.

Shai deu uma cotovelada nas costelas de Mac

— Não deixe que te minta, Mac. Não tem um poste de três metros, ou se tem nunca o encontrei e confia em mim que olhei... Val a bateu com força na parte traseira e ela chiou

—Se comporte jovenzinha. O sol se elevará dentro de pouco e temos que conseguir um lugar seguro. Shai franziu o cenho.

— Quanto tempo passará até que possa caminhar à luz do dia? Val a puxou pelo braço e a conduziu fora da sala.

— Como te parece o ano 3000?

 

A luz estava minguando.

Jennifer lançou outro olhar de preocupação ao farol pendurado na parede e sobre sua cabeça. A chama estava definitivamente diminuindo. Uma pequena chama era o único que evitava estar sozinha na escuridão. Jennifer olhou através da estreita e úmida câmara as filas de nichos cavados que cobriam a parede. Os restos humanos estavam colocados cuidadosamente para fora, um corpo para cada nicho, com dezenas empilhadas como livros em uma prateleira. É óbvio, não eram mais que ossos e partes de tecido que estiveram aí durante centenas de anos, mas eram restos humanos, entretanto. Ela estremeceu. Odiava as coisas mortas. Os vampiros estavam mortos, mas não os odiava. Um deles talvez, verdade, um deles definitivamente. Uma risadinha nervosa escapou. Colocou uma mão sobre o coração que batia grosseiramente. Estava em perigo de voltar-se histérica. Jennifer deu uma respiração profunda. Calma, calma... Posso fazer isto... Posso sobreviver a isto... As paredes das catacumbas estavam úmidas e viscosas em certos pontos e o frio arrepiante roía desde sua pele até o osso. Ela estremeceu, com os joelhos perto de seu corpo para manter o calor. O abajur piscou e jogou uma olhada nervosa. A chama sem dúvida estava morrendo. Odiava a escuridão. Sempre odiou a escuridão. Já de menina era a única coisa que podia paralisá-la pelo medo e enviá-la à habitação mais próxima acesa. Quando seu pai se inteirou de seu quase paralisante temor à escuridão o utilizou contra ela como Mikhail estava fazendo agora. Jennifer se moveu com cautela. O piso de terra debaixo dela estava frio e úmido. Fez uma careta quando seu pé golpeou algo viscoso. Pôs seu pé mais perto do corpo, movendo-se com prudência, com a dor em seu ombro fazendo-a esticar a mandíbula. O escapulido de pés diminutos soou em um lugar escuro. Ela estremeceu. Ratos. Odiava-os muito. Respirou profundamente o úmido e fétido ar. Tinha sabor de morte. A sua morte? Inclinou a cabeça para trás contra a parede de pedra. Não tinha medo de morrer. Durante muitos anos quis morrer antes que continuar com Mikhail sem descanso atrás de cada um de seus passos. Agora que Mac estava de volta em sua vida, por um breve e brilhante momento esperou que tudo saísse bem. Era uma idiota. Ainda poderia tudo sair bem. As lágrimas queimaram seus olhos. Tudo o que podia fazer era esperar e orar. Jennifer não se considerava uma pessoa particularmente religiosa, mas sem dúvida Mac parecia acreditar em sua Deusa. Algo seria de ajuda nesse ponto. Juntou as mãos sujas e fechou os olhos.

— Deusa — sua voz se quebrou e esclareceu garganta. — Deusa, não me conhece, mas meu nome é Jennifer. Sou uma boa amiga de Conor MacNaughten. Tenho a esperança de que possa me ajudar aqui. — Fez uma pausa enquanto um rumor soava, seguido das unhas arranhando. Tragando, continuou. — Realmente quero que mantenha meus amigos a salvo. E se puder me ajudar a sair daqui... Um tênue assobio fez que os olhos de Jennifer se abrissem bem a tempo para ver o desvanecimento da luz.

— Não — sussurrou.

A noite caiu.

Ela ficou imóvel, piscando rapidamente, como se pudesse devolver a luz. Ainda estava escuro. Rodeou com os braços seus joelhos, enquanto um gemido quebrado escapava. Uma rocha cai do muro se afundou em sua coluna enquanto ela se apertava. Por uma fração de segundo pensou que podia fazê-lo suficientemente pequena para simplesmente desaparecer na mesma rocha.

Algo roçou seu pé e um grito escapou de seus lábios. A escuridão a enchia, roubando a respiração e causando que seu coração pulsasse violentamente. Cambaleou sobre seus pés e encontrou ao longo uma das paredes. Moveu as mãos diante dela, um lamento saiu de sua garganta.

As teias de aranha roçaram sua bochecha como uma carícia mortal. Ela as sacudiu e tropeçou ao longo da parede. Finalmente encontrou o santuário que estava procurando. Em cócoras, encolheu-se no canto sentindo-se marginalmente mais segura até que escutou pés correndo. Cravou as unhas em sua palma em um inútil esforço por acalmar os gritos que arranhavam sua garganta. Um rato brincou de correr atrás da cabeça sobre um pequeno suporte, uma longa cauda robusta golpeou sua bochecha enquanto o corpo rechonchudo roçava seu cabelo. Isso foi tudo. Seu terror se desatou e as catacumbas retumbaram com seus gritos. —Já estão aqui. A voz de Mac era plana, carente de emoção enquanto saía do carro. Val olhou pela janela ao campo coberto de neve ao seu redor; o temor puxou seus membros. Ao sair do carro ele captou o tênue aroma do sangue na brisa gelada. Acalmou-se. Podia sentir Mikhail perto, e havia outras pessoas com ele. Fayne golpeou a porta do carro com o ruído obscenamente alto no silêncio.

— O que é isso?

Val procurou nas pedras guardiãs antes que um tremor de branco chamasse sua atenção. Franziu o cenho e se aproximou da pedra do centro. Apanhada sob uma rocha estava uma camisa de seda branca manchada de sangue.

— Que diabos... — Disse ele.

A mão de Mac chegou à seda antes que Val o fizesse.

— É minha — Mac puxou a camiseta tirando-a da rocha. — Jennifer a usava ontem à noite. — Estendeu a seda. Na parte de trás havia o que era, sem dúvida, sangue e havia um círculo irregular completo no altar.

Val viu Mac apertar sua expressão e os finos lábios. O poder zumbiu ao longo de sua pele e Val teve que afastar-se dele. Os vampiros eram extraordinariamente sensíveis à energia dos outros. Alguns tinham um poder narcótico, aditivo, deixando os vampiros desejando por mais.

Enquanto outros poderes eram perigosos para os vampiros, inclusive mortais em algumas circunstâncias. Não estava muito seguro de que tipo de energia Mac emanava dele e estava um pouco indeciso em averiguar.

— É o círculo — Mac disse, tocando a seda.

Val não perdeu o tremor que açoitou o corpo de Mac enquanto seu dedo tocava o sangue.

— Ela estará bem Mac — disse Fayne. — Tem que estar.

Alexandre deu um passo adiante com expressão fechada enquanto olhava o círculo encarapitado na cúpula.

— Estão nos esperando.

Val pôs uma mão sobre o ombro de Mac e uma descarga de pura energia percorreu todo o corpo com seu toque. Liberou rapidamente seu velho amigo. Pela primeira vez, em centenas de anos, sentiu uma pontinha de medo enquanto começavam a subir pela colina. Estavam se aproximando. Mikhail mal podia conter sua emoção. Tantos anos de planejamento e preparação tinham tido lugar, todo o qual o tinha levado a este momento, seu momento sob o sol. Olhou em cima do altar onde Jennifer estava inconsciente. Com seu longo vestido branco, parecia um anjo, ou uma noiva. Riu das imagens. Ela tinha sido meticulosamente banhada e penteada para eliminar qualquer rastro dele. A visita às catacumbas a tinha deixado um pouco pior que um trapo. O vestido cobria seus múltiplos pecados, entretanto. Era uma simples capa de seda branca, sem mangas e recolhido no pescoço. A túnica era encaixe de pescoço alto e de manga longa, cobrindo-a até os dedos do pé. Miçangas intrincadas e delicadas estavam bordadas no pescoço e as mangas, em todo o corpo realçavam o estilo e davam um ar vestido de noiva. Seu longo cabelo preto encaracolado estava solto sobre os ombros em vivas grossas cordas de seda. Uma coroa de rosas de lavanda e fitas de seda branca adornava sua cabeça e o altar estava coberto, também, em rosas. Era o monumento ao seu amor, a sua Margaret, a sua Lilith, a sua Jennifer. Sua bonita, ardente Jennifer. É óbvia, sua pequena excursão às profundidades das catacumbas a tinha mudado irremediavelmente. Não fisicamente, é óbvio, fisicamente estava perfeita como sempre. Mentalmente, não era a mesma mulher. Horas na enjoativa escuridão tinham quebrado seu espírito e sua alma estava destroçada. Agora só era uma sombra do que foi. Isso a ensinaria a desafiá-lo. Afastou-se de sua vista e olhou através do portal de pedra ao oeste. Franziu o cenho enquanto via Alexandre Saint-Juste e Fayne quando começaram sua ascensão na colina. Seus lábios se franziram com a intrusão de Fayne. Não importava que todos viessem. Voltou-se e arrasou o olhar o círculo e às pessoas reunidas ali por ele. Estavam aqui para compartilhar esse dia de triunfo, seu dia de retribuição. Voltou a olhar aos quatro homens que avançavam para a colina. Que todos viessem, todos morreriam. Mac se deteve enquanto Alexandre estendia a mão detendo seu avanço. Tanto Alexandre como Val se detiveram com seus sentidos vampíricos explorando a área ao redor deles.

Inclusive os corvos que tinham anunciado sua chegada estavam em silêncio. A ligeira brisa fazia um ruído lúgubre, enquanto puxava sua capa. Algo não estava bem aqui.

— Casiopea — disse Fayne em silêncio. Sua cabeça se levantou como se estivesse farejando o vento.

— E Edward. — Alexandre acrescentou.

— Não é de surpreender-se — comentou Val. — Ambos foram um desafio desde o primeiro dia de seu reinado.

Mac viu o olhar de Alexandre se estreitar e sua boca voltando uma linha sombria. O quarteto reatou sua ascensão à colina. Se Casiopea e Edward voluntariamente entravam no círculo com Mikhail, isto significava que se tornaram contra o Conselho. Seu castigo seria a morte.

Uma nuvem passou pelo sol roubando-a luz. Reprimiu um calafrio. Muitos morreriam por suas ações esse dia. Mac reatou a ascensão com seus amigos em linha atrás dele. Queria lutar até a morte por Jennifer e o faria com muito prazer.

Morria-se hoje, seria pela vontade da deusa, não pela vontade de Mikhail.

Ao passar através do portal oeste, Mac pensou que tinham caído numa festa no jardim do inferno.

Um pequeno grupo de vampiros se alinhava ordenadamente em filas ante o altar, ocultando-o de sua vista. Todos levavam as cores pálidas branca, cru ou marfim. Mikhail estava à cabeça do grupo vendo-se diabólico em preto dos pés a cabeça.

— Bem-vindos meus amigos — Mikhail inclinou ligeiramente a cabeça. — Posso oferecer um suco? — Fez um gesto a alguém atrás dele e dois homens se deram a conhecer levando a um maltratado humano entre eles.

Sem contemplações o jogaram nos pés de Alexandre.

Mac soube quem era antes que caísse ao chão.

Renault.

Um grunhido surgiu de Fayne. Adiantou-se e Val o impediu.

— É óbvio que não será saboroso para Mac. Possivelmente tenha algo mais que seja?

— Mikhail sorriu. A gente se separou para revelar o altar e à mulher que jazia sobre ele. — Agora, não se vê simplesmente deliciosa?

O coração de Mac deu um tombo a sua garganta ao contemplar à mulher que amava.

Via-se sã e salva, possivelmente dormida e muito frágil nesse vestido branco.

Casiopea saiu de trás do altar, com os olhos olhando a Alexandre.

— Sigamos com isto — disse com impaciência.

Mikhail sorriu com indulgência a ela.

— Paciência, querida minha, paciência.

— Escolheu estar aqui por sua própria vontade, Casiopea?—Alexandre perguntou.

— Bom, claro que sim, você é estúpido pavoneando. Acha que queria viver sob as leis de sua antiga cavalaria para sempre? — Espetou. — Seu sentido equivocado da honra e do dever será o fim de nós. É o momento de sangue novo, de novas regras.

— E também optei por estar aqui — chiou uma voz infantil. Edward apareceu com a mão sobre o ombro do menino. — É hora de que surjam mudanças em nosso clã. — O menino comentou.

Mac captou o olhar de desgosto no rosto de Val enquanto olhava Edward.

Mikhail sorriu.

— Honestamente, acreditou que obrigaria estas pessoas a me assistir? — Negou com a cabeça. — Que mal pensa de mim.

— O que quer Mikhail? — A voz de Val era suave, baixa. — Quer lutar comigo? Quer me fazer pagar pelos enganos que supostamente cometi contra você no passado? — Sustentou sua mão estendida. — Aqui estou.

Casiopea começou a rir.

— Oh, homenzinho. É isso o que pensa que é isto? Acha que Mikhail orquestrou o golpe magnífico só para vingar-se de você?

— De acordo com Jennifer, Mikhail quer uma retribuição exata de minha parte, — respondeu Val de maneira uniforme.

— Pensa muito — disse o menino. — Olhe o quadro total.

Mac viu os rostos reunidos. Algo mais estava em jogo, algo maior que uns poucos imaginários desprezos de Mikhail.

— Disse a Jennifer só parte da história — A mão de Mikhail se moveu alegremente. — Não quero a retribuição de Val, equivocam-se sobre isso. O que quero é a retribuição dos quatro. — Olhou Fayne. — Não esperava que estivesse aqui, assim acredito que sua presença será uma vantagem extra, por assim dizer.

— Que sorte a minha — murmurou Fayne.

O olhar de Mikhail se fechou no de Alexandre.

— Invoco a lei dos sete.

Silêncio.

Mac conteve o fôlego. O vento começou a soprar um pouco, com esse grito lúgubre, que cortava ao redor das pedras. Uma só rosa vermelha caiu do altar como uma gota de sangue.

— Não sabe o que faz. — Murmurou Val.

— É óbvio que sim — Mikhail sorriu com uma luz maníaca nos olhos. — Estou desafiando Alexandre por ser o chefe do Conselho. Ao matá-lo assumirei o controle do Conselho dos Anciões. Governarei sobre todas as criaturas sobrenaturais. Vampiros. Revenants. Weres. E logo regerei sobre as bruxas, também. Sobre todos.

— Está louco — sentenciou Fayne.

— Oh, minha linda gatinha, gatinha. Aos de seu tipo os amarei acima de todos. — Mikhail cantou. — Pelo que entendo os were-gatos como você, podem fazê-lo toda a noite. É isso certo? Esse tipo de entretenimento compila grande quantidade de dinheiro no mercado negro. As escravas sexuais estão em alta demanda entre os famosos.

Um grunhido escapou de Fayne.

Mikhail riu com deleite.

— Vamos, gatinha-gatinha. Devo encontrar um novelo de linho para que jogue. Talvez um agradável e suculento camundongo ou um pouco de erva felina?

O rugido se fez mais profundo, mais selvagem. Com os punhos apertados Renault tremeu, com um gemido escapando dele.

— Basta — ordenou Alexandre. — Invocar a lei dos sete é uma provocação para mim a um duelo a morte. Que assim seja.

Mikhail franziu o cenho por ter interrompido seu jogo.

— O que acontece a Jennifer? —Mac deu um passo adiante.

— O que acontece a ela? É minha e não a terá novamente — Mikhail encolheu os ombros. — É minha revenant, fará o que me agrade. Como pode ver a vesti como minha noiva. Esta noite a farei minha — Os olhos dele brilhavam.

— Errado. Sua propriedade sobre ela terminou faz quase 300 anos, quando Miranda e eu tomamos posse dela. — Respondeu Val. — Ela é minha.

Mikhail olhou Val.

— Não mais. Eu sou seu mestre. Sou eu quem decide seu destino.

Enquanto os homens argumentavam, Mac procurou no círculo. Algo que seu pai o ensinou e que estava na parte traseira de seu cérebro. O que era?

Algo a respeito das origens do círculo e dos que moravam nele.

— A quem importa a puta? — Casiopea estava dizendo.

A voz de seu pai caiu em sua mente.

A tripla lei e as leis da luz sempre prevalecerão no chão sagrado das pedras levantadas. Por isso foi benta pela Deusa. E qual era a tripla lei? Sua mente se revolveu procurando uma resposta. O que fora entrasse no universo voltaria com acréscimo. Este era um lugar sagrado. Um lugar sagrado e bento pela Deusa... Bento pela deusa... Seus olhos se fecharam enquanto as vozes em torno dele retrocediam. A quietude se estendeu por sua mente, e invadiu seu corpo. A lei da luz não faria mal a ninguém e faria só boas obras ao mundo. Seus olhos se abriram fixando-se em Mikhail. Sua presença no círculo era uma afronta à Deusa. Como se atrevia a invadir esse lugar sagrado durante milhares de anos, com sua escuridão, com sua corrupção? Seu tio tinha profanado esse lugar santo primeiro. A ira floresceu em sua alma. Seu pai era um homem bom, um homem santo. Assassinado por seu irmão neste lugar, no mesmo altar. Voltou-se para onde Jennifer jazia em seu leito de rosas. Sua Jennifer, o amor de sua vida. Franziu o cenho. Por que neste lugar? Por que Mikhail os teria atraído a este lugar? O que poderia este lugar significar possivelmente para um vampiro? Ele sabia, sem dúvida, que não tinha sido uma casualidade que terminassem aqui.

— Por quê? — Mac falou. — Por que veio aqui? Por que nos trouxe para este lugar? Mikhail se voltou para ele, com um sorriso arrepiante adornando seu rosto.

— Não descobriu ainda, certo?

Algo mudou, como se uma cortina do passado se abrisse e as imagens desabassem para trás. Seu pai, rindo, agarrando seu filho e abraçando-o com força. Sua mãe, sacudindo a cabeça enquanto movia a borda de sua capa uma vez mais. Imagens de seu pai morto no altar, de seu irmão de pé sobre ele.

De seu tio.

As imagens se sobrepuseram, combinando-se em uma só. Seu tio, seu pai.

Mikhail.

Seu pai, seu irmão, seu tio.

— Você. Você matou a meu pai. — A voz de Mac era plana.

Mikhail riu.

— Seu pai era um idiota incompetente. Salvei a ele e a seu povo de si mesmo e de sua ignorância.

O horror fechou a garganta de Mac, sua respiração se afogou enquanto contemplava ao homem que tinha assassinado seu pai e destruído sua mãe.

— Meu pai era um homem bom — Ele engasgou — um bom homem...

— Seu pai era um idiota. Mas, era um idiota com poder. Assim que tomei, e a você.

Tomei tudo e te deixei com nada. Levei seu conhecimento, levei sua mulher, e tentei levar seu filho.

— Deu um chute à perna de Renault. — Se não fora por este idiota teria tido êxito. Renault, filho de minhas vísceras. — Começou com dureza. — Uma abominação para o Senhor. Um were-gato — Cuspiu. — Não poderia tê-lo sacrificado em meu serviço ao Mestre. Isso deixou a você. Ao querido filho de meu defunto irmão. Virgem, o santo Filho de um santo homem. O único filho vivo de um supremo sacerdote pagão. O último sacrifício.

— E saiu errado.

— Oh sim, saiu errado. Depois que voltei a mim, os habitantes do povoado se levantaram contra mim. Venderam-me como escravo. Meu mestre viajou a Kiev. — Olhou em direção a Val. — Foi à intervenção de Val que me salvou, a que me fez um deus. — Riu com dureza. — Governarei para sempre.

Mac sacudiu a cabeça.

—Esqueceu uma coisa.

— Não me esqueci de nada — sorriu Mikhail.

Mac se aproximou da cabeça do altar, separando aos vampiros reunidos à perfeição.

Olhou para baixo ao rosto sereno da mulher que amava.

— Esquece-se de mim.

— Você — Mikhail riu. — Como se pudesse fazer algo para me deter.

Mac roçou ligeiramente seu dedo pela bochecha de Jennifer. Sua pele estava tão fria como o gelo. Não estava morta.

Podia sentir seu espírito em seu interior. Acovardado, ferido, mas não morto.

Deu um passo atrás do altar. Levantando os braços, falou.

— Eu, Conor MacNaughten, invoco a tripla lei e a lei da luz sobre este círculo.

Mikhail sorriu e Casiopea deu uma risadinha atrás dele.

— O que está fazendo? — O menino falou.

— Isto deverá ser um bom espetáculo — Mikhail riu. — Antes de matá-lo.

Mac ignorou as palavras que o rodeavam. Fechou os olhos, concentrando-se na luz que crescia em seu interior. Entoou a antiga linguagem dos escoceses.

— Guardiões da pedra do Norte, porteiro antigo da terra, peço que me assista aqui. — Debaixo dos pés o solo deu um leve tremor.

Mac abriu os olhos enquanto Mikhail começava a rir. Começou a aplaudir enquanto murmúrios rompiam entre os vampiros.

— Guardiões da pedra do Leste, guardas antigos do ar, peço que me assistam aqui.

Um pouco de vento se levantou alvoroçando sua roupa e puxando o cabelo. As nuvens começaram a reunir-se sobre o círculo. Mikhail deixou de aplaudir.

— Guardiões da pedra do Sul, encarregados antigos do fogo, peço que me assistam aqui.

A greta de um raio atravessou o céu, golpeando um dos antigos carvalhos. A madeira se estilhaçou, enquanto estalava em chamas, com o aroma da camada de ozônio e da fumaça da madeira impregnando o ar. O vento fez um uivo baixo enquanto vários dos vampiros menores se apressavam a procurar refúgio contra as pedras no leste.

— Deixa de fazer isso—Mikhail espetou.

— Guardiões da pedra do oeste, antigos porteiros da água, peço que me assistam aqui.

Um trovão rasgou o ar enquanto grossos flocos de neve começavam a cair fora do círculo. Val, Alexandre e Fayne recolheram o corpo inerte de Renault e o levaram a entrada oeste.

Acomodaram-no ao terreno do refúgio das grandes pedras. O resto dos vampiros estava pego à pedra do Sul, deixando Mikhail sozinho aos pés do altar.

— Deusa, mulher maravilhosa da lua, amante da noite. Mãe solteira, bruxa, Oh sábia, soberana do reino elementar, faço um chamado a seu poder agora. Emite seu poder neste círculo. — O vento se converteu em um grito e Mac teve que gritar para ser escutado.

— Deusa Mãe, escuta as palavras de seu servo MacNaughten. Aqui, no círculo sagrado, invoco a tripla lei e a lei da luz.

A greta de um raio rasgou o ar causando que a terra tremesse sob seus pés e os olhos de Mac se abriram. Jogou a cabeça para trás enquanto o feroz poder rasgava através dele, com a escuridão dançando ante seus olhos.

Val viu com assombro que vários dos seguidores de Mikhail eram lançados, literalmente, do círculo enquanto Mac chamava os guardiões. O vento arrancou a roupa e os atirou para baixo da colina gelada, com seus gritos desvanecendo-se na tormenta. Val olhou aos restantes vampiros enquanto se aferravam às pedras.

Casiopeia e Edward se amontoavam junto à pedra do Sul, com olhares de horror abjeto em seus rostos. O menino se aferrava à perna do albino soluçando violentamente.

Mikhail estava ao pé no altar, com os punhos apertados à pedra vermelha, com seus olhos lançando olhares de fúria ao Mac, com os lábios curvados em uma careta selvagem.

— Peço que vejam nos corações dos aqui reunidos. — Mac rugiu, com o poder saindo dele em ondas. — Expulsem deste lugar mágico todos os que procuram suas leis secretas.

Um raio transpassou o céu, golpeando o dintel da pedra para o leste. Gritos selvagens surgiram de vários dos vampiros enquanto os que estavam mais perto das pedras estalavam em chamas. Presas do pânico, os vampiros sobreviventes se dispersaram. Alguns correram a Mikhail enquanto outros corriam fora do círculo de pedra e abaixo da colina. Casiopea e Edward se olharam com inquietação.

— Eu te destruirei — gritou Mikhail. Sacudiu os vampiros que se aferravam a suas pernas. — Destruirei e a todos os de sua classe. Mac baixou a cabeça e enfrentou Mikhail com seu olhar. Val ficou sem fôlego, com o choque obstinando seu coração. Os olhos de Mac estavam completamente dourados e agora brilhavam misteriosamente. A visão dos brilhantes dourados olhos deu inclusive uma pausa de Mikhail.

— Você — trovejou Mac. — Corrompeu este sagrado lugar e os que habitavam nele. Perverteu o poder da Deusa ao fazer o mal e não ver o que faz. Não vê o crime que cometeu neste, o mais sagrado dos lugares. — Elevou os olhos ao céu e às nuvens negras que faziam um círculo no céu. — Peço que me use, Deusa, como sua arma contra o mal. Como uma unidade da escuridão no círculo de luz e para restaurar a harmonia aqui. As nuvens escuras se abriram e um raio de sol radiante brilhou no altar iluminando a Mac e Jennifer. Mac jogou os braços a seu lado, e o vento apanhou a lã velha de sua capa, separando suas dobras. O sol brilhava sobre o peito nu de Mac e pareceu expandir-se ante os olhos de Val. Como se se tratasse de uma coleta de energia, absorvendo a energia do sol e do homem que o levava. Um brilho dourado rodeou Mac, expandindo-se para incluir Jennifer. Mac de repente se sacudiu enquanto um raio de luz se expulsava do pendente, dando ao Mikhail na cara. Gritos selvagens estalaram quando o vampiro cambaleou atrás da luz brilhante. Juntando as mãos sobre sua cara, caiu ao solo retorcendo-se de dor. Os restantes dos vampiros se revolveram afastando-se dele, correndo ao portal do sul e a sua liberdade. Casiopea cambaleou sobre seus pés enquanto o albino agarrava ao menino de sua perna. Ela correu ao lado de Mikhail enquanto ele gritava e arranhava a cara. O fedor à carne queimada encheu o ar. Agarrou um dos braços de Mikhail e agarrou ao Albino com a outra e começaram a puxá-lo do círculo. Val ficou de pé com a intenção de ir atrás deles quando Alexandre o agarrou o braço. Assinalou o altar. A enorme pedra vermelha tremia como se tivesse uma grande pressão em algumas do interior. Agarrando o braço de Alexander, os dois homens brigaram com o vento aumentando tratando de chegar ao altar. Os olhos de Jennifer estavam ainda fechados, com o cabelo encaracolado e sua coroa torta. Alexandre tomou em seus braços com cuidado para evitar o feixe de luz brilhante que ainda emanava da pedra ao redor do pescoço de Mac. Lutaram contra o vento chegando à pedra Ocidental enquanto Fayne aparecia com o menino em seus braços.

Val e Alexandre colocaram Jennifer no chão junto a Renault entre as pedras, para protegê-los do vento. Uma greta rompendo-se rasgou o ar enquanto o corpo de Mac dava um violento puxão. A luz do pendente golpeou o altar enquanto caía de costas ao chão. O altar se rompeu pelo centro, deixou ao descoberto o cru interior. Um líquido vermelho e espesso se derramou das gretas e ao chão. O aroma nocivo do sangue poluído encheu o ar, enquanto se combinava ao redor da rocha rachada.

— Temos que sair daqui — gritou Alexandre por cima do vento. — Se ficarmos aqui, morreremos. Val assentiu.

— Desce-os. Vou por Mac.

Alexandre assentiu. Val o ajudou a levantar. Alexandre lançou Jennifer sobre um ombro e tomou ao menino de Fayne. Val os viu correr pela colina antes de ajudar Fayne levantar Renault e pô-lo sobre um dos ombros. Quando Fayne começou a descer a colina, Val se voltou para ir por Mac. Ficou imóvel a uns metros do destruído altar. A acumulação de sangue já rodeava suas botas e avançava rapidamente para as pernas como se fosse devorá-lo. Val se meteu no vento que aumentava e lutou por chegar ao lado de seu amigo. Agarrando as mãos, arrastou-o para o portal, ao oeste e à liberdade.

Os ventos fizeram impossível que Val fizesse algum progresso. No momento em que chegou à pedra Ocidental, ofegava e Mac não se moveu. Apertando os dentes, tirou Mac fora do círculo enquanto os ventos aumentavam. Era como se algo não queria tirar Mac desse lugar.

Frustrado, Val gritou:

—Se de verdade for a Deusa e este é seu escolhido, me ajude a salvá-lo — Uma rajada de ar quente, familiar e reconfortante se envolveu a seu redor.

Infundido com o aroma de jasmim e algo picante, o fôlego ficou apanhado na garganta.

Miranda?

A ladeira cedeu debaixo e ele e Mac caíram. Envolveu seus braços ao redor do inconsciente homem, tratando de salvá-lo de lesões graves ao rodar pela colina. Quando chegaram a uma parada na parte inferior, Alexandre e Fayne os estavam esperando. O vento era muito mais tranquilo e só uma pouca neve caía.

Ele se sacudido, permitindo que Fayne tirasse Mac de seus maltratados braços.

— Desceu a colina como um morcego saído do inferno — disse Alexandre sorrindo. — Está bem, meu amigo? Val assentiu trêmulo.

— Sim, acredito que sim. Pensei por um momento que morreríamos.

— Eu também acreditava. Olhei para cima e te vi lutando, depois um brilho de luz branca apareceu e desceu da colina. — Alexandre negou. — Poderia ter jurado que vi Miranda nessa luz. Val sorriu, com seu coração aliviado.

— Acredito que sim, meu amigo. Acredito que sim.

 

Cinco Meses depois

Jennifer não era a mesma mulher que foi antes de seu sequestro. Mac se deteve na porta para ver a mulher que roubou seu coração. Estava de pé na esquina do balcão, jogando miolos de pão sobre a borda para os pássaros. Um arco íris de cores se movia sobre a erva enquanto os pássaros brigavam pelos pedaços e tragavam com avidez. Seu coração deu um salto quando viu o sorriso que cruzou seu rosto. Mikhail a tinha marcado e por um momento pensou que de maneira irrevogável. Disse que não recordava nada de seu sequestro depois de ter sido tirada do quarto. Mas as sombras que ficaram em seus olhos diziam que talvez se lembrasse de algo e não era agradável. Pequenas coisas nela tinham mudado. Aterrorizava-se com as tormentas. Onde antes se deslocaria fora a abraçar a fúria da ira da natureza, o trovão agora a enchia de pânico que a fazia entrar no armário procurando proteção. Negava-se a ir à cama nua. Sem importar quantas vezes ele a despisse e fizessem o amor, ela se vestia antes de ir dormir. E sempre estava armada, inclusive na ducha. Quanto tempo passaria até que se sentisse segura de novo? Quanto tempo até que todos se sentissem seguros? Só quando Mikhail estivesse morto.

— No que está pensando? — A voz de Jennifer rompeu seus pensamentos. Viu seu rosto bonito.

— Estava pensando em quão bonita é. — Ele riu quando ela ruborizou. — E me perguntava onde estará o entregador de pizza. Estou morto de fome.

— Não sei se possa passar toda a eternidade com um homem que não come carne em sua pizza. — Seu sorriso era sério.

Ele se separou dos marcos das portas e soltou uma risada. — Bom, isso não te impediu de comer mais de sua parte. — Ele caminhou pelo balcão e a puxou para seus braços. — A semana passada tive que lutar para salvar minha parte. Teria morrido de fome se não... Jennifer pôs os olhos em branco.

— Oh, pobre pequeno — Acariciou o ventre. — Tem o suficiente para sobreviver por um tempo.

Mac olhou seu plano estômago.

—Incomoda-me esse comentário, senhorita. Tenho o corpo de um homem da uma décima parte de minha idade.

— Pois o deveria devolver porque provavelmente o estará procurando agora. — Ela soltou uma risadinha.

Mac a agarrou pela cintura e a fez girar contra o corrimão do balcão.

Antes que pudesse respirar apertou seu corpo ao dela, deslizando uma perna entre suas coxas.

— Está rindo de mim?

Jennifer sorriu, passando os dedos pelo ventre.

— Com todo meu coração.

Deu um sonoro beijo na clavícula. Ela gritou e se estirou pela surpresa, empurrando a sacola dos miolos do corrimão a erva debaixo.

— Olhe o que me fez fazer — disse rindo.

Ele não se incomodou em dar uma olhada ao desastre.

— As aves limparão. — Se balançou brandamente contra seu corpo, captando a faísca de desejo que saltou à vida nas profundidades de seus olhos. — Todos os pequenos vampiros dormem em seus caixões. O que faremos pela tarde?

Jennifer riu.

— Shai e Val não dormem em caixões. Dormem em uma cama como gente normal.

— Hum — Mac baixou a cabeça e beijou o vale sombreado entre os peitos, perdendo-se no aroma de sua pele. Um som débil de trovão fez que se tencionasse em seus braços. Levantou a cabeça para ver seu olhar fixo nas nuvens de tormenta longínquas. A dor atravessou o coração ao ver a expressão de medo que raspou sua cara. Puxou-a pelo queixo, voltando-a para ele. — Só sinto que Mikhail te fez mal. Repreendo-me todos os dias por ter te deixado sozinha aquela manhã. Ela sacudiu a cabeça.

— Não mentirei. Mikhail me fez mal esse dia, e outros também. Quero vê-lo sofrer por isso. Ao final, sem sua intervenção não te teria, e por isso sempre estarei agradecida a ele. Comovido, Mac se inclinou contra seu peito.

— Temo pelo futuro, Jen. Mikhail está ferido. Por isso Val me disse, possivelmente esteja cego. Mikhail é um homem procurado e que está sendo açoitado por muitos dos sobrenatural. Não se sabe o que fará. Jennifer estremeceu.

— O que acha que acontecerá? Invocou a lei dos sete, fez um desafio direto à autoridade do Conselho. O que acontecerá a Alexandre?

— Se Mikhail pode desafiar Alexandre e ganhar, pode tomar o controle do Conselho, independentemente de suas ações passadas. Encabeçará a competência das autoridades dos sobrenaturais como você e como eu. Há muitos lá fora que acreditam que o tempo de Alexandre da lei de ferro não existe mais. Querem a liberdade para criar mais criaturas à vontade.

— Alexandre quer o melhor para todos nós — objetou. — Quão último precisamos é uma afluência maciça de novos vampiros correndo.

— É um homem justo, e um homem duro. Para si mesmo e com outros. Tudo o que podemos fazer agora é esperar até que Mikhail ressurja e até então, temos que tratar de manter todos sãos e salvos. Especialmente Maeve.

— Pobre Maeve, há passado por muito. O que acontecerá a Fayne e Renault?

— Fayne tomou ao menino do albino. — Mac riu entre dentes. — Não acredito que alguma vez pensou que seria pai a esta altura.

— O menino é mortal?

— Sim. Foi muito abusado em mãos de Edward. Fayne disse que o menino tem alguns dons psíquicos muito incomuns. O albino o utilizava como intérprete, já que era mudo. Quanto ao Renault, ninguém o viu desde que se foi daqui faz uns meses. Bliss diz que se não voltar a aparecer dentro de poucos meses irão atrás dele.

Jennifer sacudiu a cabeça,

— Tantas vidas arruinadas, tudo para que?

— Por poder, prestígio, pela capacidade de governar aos mais débeis — Mac a beijou na garganta. — Os homens mataram por menos.

— Mikhail não se dá conta, mas é o mais fraco de todos eles. — Os dedos de Jennifer se enredaram em seu cabelo. — O que há a respeito de você, meu supremo sacerdote, o que fará?

Ele a beijou na delicada pele do interior de seu peito, provocando um suspiro.

— Acredito que estudarei as formas mais antigas e farei o amor com a minha mulher.

Jennifer começou a rir.

— Sua mulher?

Ele sorriu e mordeu sua pele, com seu nariz acariciando seu sol. — Minha garota? Minha velha, mi...

— Eu não sou de ninguém. — Ela riu e deu um murro leve no ombro.

— Não esqueça.

— Então, como devo te chamar? — Ele se retirou para olhar seus olhos.

— Que tal Jennifer? — Ela sorriu.

— Que tal Deusa do amor?

— Eu gosto da parte de deusa...

— O que te parece o coração de meu coração?

Ela ficou quieta.

— Parece-me bem — grunhiu ela.

— Fica comigo, Jennifer. Deixe-me te amar pela eternidade.

Ela sacudiu a cabeça e seu coração se deteve.

— Pode fazer isso — ela engasgou com as lágrimas alagando seus olhos. — Deixe-me te amar por uma eternidade, Mac. Amo-te tanto que me dói aqui — pôs a mão no centro de seu peito.

O alívio o alagou e puxou Jennifer contra ele.

— Sabia mesmo se não dissesse. — Ele beijou sua testa. — Então, me diga algo, isso significa que quer estar em cima?

 

 

                                                                  J.C. Wilder

 

 

              Voltar à “Página do Autor"

 

 

                                                   

O melhor da literatura para todos os gostos e idades