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Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites
Rimance da Menina da Roça
A menina da roça está no terreiro cosendo a toalhinha pró seu enxoval... - “ Que céu tão lindo!, e o encanto da mata!... Ai, tanta beleza no cafezal...”
A menina da roça terá poesia terá poesia nos olhos de mel?
A menina da roça chega à janela e na estrada branca a vista alonga... - “É o carro a vir?” Não... é o bater compassado do aço de enxadas dos negros na tonga...
A menina da roça tem é um namoro tem um namoro com um motorista
A menina da roça veio à varanda e os olhos erra no verde à toa - “Está ele a chegar?!” Ah... são negros pilando dendém para azeite na grande canoa
(Prucutum, lá do telheiro, vai chamar o meu amor)
A menina da roça acorda à noite ouviu um barulho na escuridão - “O carro chegou!...” Oh... é o pulsar apressado do seu coração
(Por que bates tão depressa, coração alucinado? Coração alucinado, espera que o dia amanheça)
- “Já viu a minina?...” “Hem... tem cor marela do mburututu...” - “E não come nem nada...” - “E os olhos de mel tão-se afundar num lago azul que faz sonhar...” Conversam as negras à boca apertada
(minha dor, ninguém a saiba – não há peito em que ela caiba)
A menina da roça escuta dorida a triste canção que vem do rio
Que vem do rio? – Que vem do peito: baixinho, lá dentro, chora de amor o coração.
Menina da roça – águas do rio saudades da fonte... desejos de amar.
Viriato da Cruz
Carlos Cunha Arte & Produção Visual
Planeta Criança Literatura Licenciosa